O MARKETING NOS CUPONS DE DESCONTOS
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Ano 11 • Nº 132 • Outubro 2005
A MODA DOS ALIMENTOS SEDUTORES
Empreendedor
ÉTICA – AS VANTAGENS DO JOGO LIMPO
Ano 11 • Nº 132 • outubro 2005
TECNOLOGIAS MUDAM A RECICLAGEM
ISSN 1414-0152
Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Fábio Braga, Fábio Salles e Grupo Keystone Foto da Capa: Grupo Keystone Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Alexsandro de Souza Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Executivos de Contas: Cláudio Miranda Rolim e Vanderleia Eloy de Oliveira Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Comunicação Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 2252-5788 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3426-7315 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Prol Editora Gráfica Ltda. Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
ANER 4 – Empreendedor – Outubro 2005
Nesta Edição PÁG. 18
Ética de resultados As conseqüências da corrupção vão além da perda de produtividade para uma empresa: ela pode azedar o clima de trabalho em uma organização e expô-la aos golpes dos próprios empregados. Para reverter esse quadro, é preciso assumir o jogo limpo da ética: oferecer programas educacionais para os colaboradores, coletar opiniões do público interno, recolocar funcionários demitidos, criar projetos de responsabilidade social, realizar auditoria permanente, ficar atento a todas as áreas da empresa, consolidar a confiança dos fornecedores e clientes, ter uma atitude cidadã com o meio ambiente e promover o comércio justo, entre outras providências.
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Caixa de anúncios Imprimir propagandas no verso da nota fiscal de supermercados populariza a idéia, já disseminada nos Estados Unidos, dos cupons de descontos. A nova mídia coloca o consumidor em contato direto com o anunciante. Com valores infinitamente menores em relação à televisão, é possível atingir um público amplo e fiel.
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Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor.com.br]
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A sedução dos alimentos Com clientes mais informados e exigentes, a indústria brasileira de alimentos tem que se reinventar e se aprimorar diariamente. Não basta satisfazer as necessidades dos consumidores, é necessário surpreendê-los com novos produtos, conceitos diferenciados e na forma de apresentação dos alimentos. Na maioria das vezes, a empresa ganha espaço no mercado quando as iniciativas não empurram o produto para os clientes. Ao contrário, cativam os clientes a ponto de eles o indicarem a outras pessoas.
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A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
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Entrevista: Cláudio Vargas
Reciclar é negócio. Graças às inovações que surgem nos processos de reciclagem, toda a cadeia vive um aumento de valor. É um leque de rendimentos que abrange desde as famílias pobres que fazem a coleta de dejetos, informalmente ou organizadas em cooperativas, passando por quem os comercializa e quem os recicla, além de quem pesquisa o tema, até aqueles que reutilizam o material ou vendem os produtos derivados. A reciclagem também pode ser empregada como um diferencial frente a concorrentes e como incremento de projetos sociais.
Oportunidades à vista
CARLOS PEREIRA
Tecnologias da reciclagem
Formado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP e com MBA na Universidade de Columbia, Cláudio Vargas assumiu o cargo de diretor de operações do Instituto Empreender Endeavor. Para ele, inovar não significa necessariamente revolucionar. “Pode ser, por exemplo, atender melhor a um mercado ou a um nicho que não está sendo bem-atendido pelas empresas instaladas, ter capacidade de enxergar um ganho de escala ou de escopo que não está sendo visto pelos concorrentes, trazendo ganhos de eficiência que geram valor tanto para o empreendedor quanto para o cliente.”
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Perfil: Fernando Janikian Foco no dinamismo
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Franquia total: Tradição renovada A pizzaria Babbo Giovanni há 88 anos soma tradição e qualidade ao jeito familiar de tratar os clientes. Mas a natural expansão de sócios na passagem da segunda para terceira geração dos descendentes do fundador Giovanni Tussato e a dedicação destes em outras profissões e negócios resultaram numa necessidade de profissionalização.
GUIA DO EMPREENDEDOR
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Produtos e Serviços ............................... 68 Do Lado da Lei ........................................ 70 Leitura ...................................................... 72 Análise Econômica .................................. 76 Indicadores .............................................. 77 Agenda ..................................................... 78
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Outubro/2005
A súbita aparição do presidente da Fotoptica, em meio a funcionários deslumbrados, vestido a caráter e assumindo a imponência do gesto de quem carrega uma prometida macarronada, surgiu como resposta a um desafio: “Eu disse que me vestiria de garçom e serviria uma macarronada para os funcionários da loja que atingissem a meta antes dos outros. Cumpri a promessa”. Em vez de ser um mero expediente de marketing interno para disseminar a concorrência entre colaboradores, a idéia do presidente foi focar a imagem da empresa em algo mais importante, o movimento.
LEIA TAMBÉM Cartas ................................................. 7 Empreendedores ................................. 8 Não Durma no Ponto ........................ 14 Pequenas Notáveis ........................... 52 Empreendedor na Internet .............. 82 Outubro 2005 – Empreendedor – 5
Editorial
de Empreendedor para Empreendedor
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C
orrupção é uma maneira segura de perder dinheiro, apesar das evidências em contrário. Pode enriquecer alguns, mas por quanto tempo? Para as empresas, é sempre prejuízo, pois mais cedo ou mais tarde acaba se refletindo na imagem corporativa e inoculando no público interno os piores hábitos. O exemplo vem de cima, dos responsáveis pelos empreendimentos. Hoje, existe um leque de opções de novos negócios a partir do exercício da ética de resultados. O bom relacionamento com o meio ambiente pode gerar uma série de idéias para empreender, assim como os caminhos da responsabilidade social, a transparência das contas e a atenção nas áreas críticas da empresa. Por toda a parte, existem oportunidades para mudar processos e fidelizar colaboradores e clientes por meio de um jogo limpo. Não se trata, portanto, dessa espécie de moralismo que no fundo acaba gerando mais corrupção. Sabemos que muitos dos que se colocam como paradigmas da virtude e vivem dando conselhos para os outros muitas vezes escondem intenções e práticas que acabam se revelando danosas para toda a sociedade. O que há de precário no
humano deve ser compensado pela busca permanente de aprimoramento, e isso inclui a ética nos negócios. Sabemos que são muitas as tentações. Existem exemplos de sobra de empresas fantasmas, notas frias, desvios de dinheiro e golpes na praça, mas nesse acervo deve ser incluída também a falta com os compromissos, a demissão injusta, as operações que contrariam o interesse comum, os dribles nos procedimentos legais, etc. Há muito o que se observar quando um contrato de compra e venda está sendo negociado. Tudo depende da cultura da empresa, dos indivíduos envolvidos, do ambiente externo, das tendências da praça. Tudo isso é levado em consideração quando se aborda alguém para essa mútua convivência de necessidades complementares que é a vida empresarial. Estar a serviço dos negócios limpos, sem descuidar de nenhum detalhe, pode fazer a fama de uma marca e a glória de uma empresa. Nesta edição, destacamos alguns desses exemplos, que servem como inspiração para toda a cadeia produtiva nesta época em que se fala tanto em ética. Precisamos cada vez mais de seriedade e justiça para sobreviver com dignidade. Nei Duclós
Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.
6 – Empreendedor – Outubro 2005
Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 224-4441 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.
Cartas Jovens Achei estimulante a matéria de capa da Empreendedor no 131, sobre jovens empresários. Minha intenção é seguir essa vocação, pois nenhuma faculdade me atrai e quero mesmo é adquirir experiência em vários setores das empresas para mais tarde tocar meu próprio negócio. Por isso foi esclarecedor encontrar informações valiosas nesta revista. Parabéns. Alexsandro Gordini
Belo Horizonte – MG
Coluna Parabenizo a revista Empreendedor pelo conteúdo de qualidade que a consagra como uma das fontes de informação mais importantes para o empresário brasileiro. Destaco ainda a coluna “Empreendedores”, que estimula as iniciativas empresariais e conquistas nos diferentes setores. Solon Dimitrios, diretor da Athenee Mármores e Granitos
São Paulo - SP
Turismo Sou aluna da Universidade Católica de Salvador (BA) e curso o 7º semestre de Administração de Empresas com habilitação em Hotelaria. Fui à biblioteca da universidade e li a revista de agosto/2005, ano 11, nº 130, com o seguinte tema: “Turismo de Negócios” e adorei! Como tenho algumas disciplinas voltadas ao turismo, essa matéria em si me chamou atenção. Outra matéria que eu também gostei e tem tudo a ver com uma disciplina que estou cursando agora foi: “Trabalho seguro evita prejuízo”. Juliane Araujo de Souza
Salvador - BA
Carros nacionais Matei a saudade dos carros nacionais cult que estão na matéria Brasil automotivo (Empreendedor 131). Nosso país poderia apostar mais nos seus talentos e não ficar tão preso ao design das multinacionais. Carlos Alberto Gaumont
São Paulo - SP
Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus e-mails. Também pedimos que sejam informados o nome da cidade e do Estado de onde estão escrevendo.
Outubro 2005 – Empreendedor – 7
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E mpreendedores José Vicente Testani
Meta entre plumas José Vicente Testani, da Plooma, vai investir US$ 350 mil nas instalações em sua fábrica, que hoje é líder na América do Sul na fabricação de travesseiros e edredons com pluma de ganso. A meta do empresário é aumentar a capacidade de produção para concentrar as vendas aos hotéis nacionais através de seu Núcleo de Hotelaria, que já atende as redes Sofitel, Accor e Blue Tree Hotels. Além do serviço especializado, a Plooma oferece produtos com tamanhos especiais para atender as necessidades de cada hotel. A expectativa de faturamento da empresa para 2005 é de R$ 20 milhões. www.plooma.com.br
Daniel Holzhacker
Médico high-tech O empresário Daniel Holzhacker, em parceria com a Rede D’or de Hospitais, desenvolveu um software para dinamizar a relação médico–paciente e o atendimento em clínicas e hospitais brasileiros. A novidade, batizada de DX-Imagem Rede D’or, permite a associação das avaliações clínica e fisiológica de um paciente com a análise de informações dos exames complementares de imagem em um único equipamento. O diferencial do produto, que segundo Daniel é inédito no sistema hospitalar brasileiro, é a possibilidade de o paciente internado em uma UTI poder visualizar todos os exames no próprio leito em um monitor, com alta resolução e qualidade de imagem. Para o empresário, sua idéia pode contribuir para a economia de tempo através da obtenção de resultados e da maior proximidade com o médico na hora do tratamento. www.dixtal.com.br
8 – Empreendedor – Outubro 2005
André Novis
Oficina de marca Pioneira em serviços da marca Mitsubishi Motors no Brasil, a Brabus, do empresário André Novis, inaugurou mais uma concessionária na capital paulista. A nova loja, considerada pela montadora a maior da América Latina, conta com mais de 7.000m2 de área construída e também com diferenciais, como heliponto, cybercafé, sala de espera climatizada e o inédito serviço de drive-thru,
onde o cliente é recebido – ainda dentro do carro – por um consultor técnico assim que chega à oficina. André Novis também montou oito equipes de mecânica para atender a demanda de mil veículos por mês na oficina e reforçou o estoque de veículos, peças e acessórios, firmando-se como referência em suprimentos Mitsubishi para as seguradoras em atividade no país. www.brabus.com.br
Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br
Dennis Penna
Essências naturais Em apenas dois anos de atividades, a Essence de la Vie Cosméticos, do empresário Dennis Penna, conta com boa aceitação no mercado nacional e já exporta seus produtos para Portugal, Suíça, Bélgica, Japão e Estados Unidos. Com cinco linhas diferentes de cosméticos, a empresa desenvolve produtos com ingredientes naturais e já contabiliza mais de 6 mil pontos-de-venda. Entre os projetos do empresário para os próximos meses estão a ampliação das vendas nacionais, a busca de parceiros em novos países e a criação de um novo canal através da venda por catálogos, além do lançamento de novos produtos, como a linha específica para cabelos. www.essencedelavie.com.br
Silvana Nasrallah Bedran
O luxo da tilápia A preocupação com as questões ambientais, aliada ao crescimento do mercado de artigos de luxo no Brasil, fez surgir uma demanda por produtos de alto padrão e ecologicamente corretos. Atenta a essa tendência, a designer Silvana Nasrallah Bedran, da SNB, criou uma linha de bolsas produzidas com couro de tilápia, uma espécie de peixe nobre criada em cativeiro. A novidade é resultado da parceria entre a SNB, a empresa de pescados Mar & Terra e a Business Relationship Office (BRO). A empresária está otimista com o produto – cada bolsa chega a custar US$ 500 no mercado externo – e está vendendo a novidade na Europa, no Caribe e nos Estados Unidos. Com o lançamento, a projeção de crescimento da empresa, até o final de 2005, é de 30%. www.snbacessorios.com.br
Fátima Lomba
Moda personalizada Com o conceito de consumo inteligente – que direciona o cliente a adquirir roupas e acessórios de acordo com o seu próprio estilo, independentemente das tendências atuais da moda – a Novamente, da empresária Fátima Lomba, trabalha com as principais grifes nacionais e também com peças de sua própria marca. A
loja, que foi a primeira da capital fluminense a investir num multiespaço para café, leitura, relaxamento e moda, também oferece o serviço de organização pessoal de guarda-roupa na casa do cliente e investe no bem-estar dos funcionários como estratégia para motivação profissional e pessoal da equipe. (21) 2221-0477
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Entrevista
Cláudio Vargas
Uma receita estimulante A soma de objetividade, inovação e fé nas próprias forças é a composição ideal para se obter sucesso no mundo dos negócios por
Fábio Mayer
Cláudio Vargas acredita no planejamento, na criatividade e na atitude para aumentar e ampliar a intensidade do empreendedorismo. Nesta entrevista, ele se apóia no seu conhecimento adquirido na área de marketing e de novos negócios, que trouxe perspectivas estimulantes para sua trajetória profissional. Formado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP e com MBA na Universidade de Columbia, o executivo tem a experiência de atuar em empresas como Banco Itaú, Procter & Gamble e Net Serviços de Comunicação na área de pay-TV e TV digital. Recentemente, obteve mais uma conquista ao assumir o cargo de diretor de operações do Instituto Empreender Endeavor, entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo gerar empregos e renda no Brasil por meio do fomento ao empreendedorismo de oportunidade e inovação. Vargas fala sobre sua missão na entidade e suas iniciativas como novo membro da equipe. Ele lida com duas frentes complementares de trabalho: a de serviços de apoio e a da disseminação da cultura empreendedora. “A Endeavor vê a necessidade de contribuir com a criação de exemplos bem-sucedidos, para que sirvam de referência no Brasil e ajudem a democratizar e a viabilizar a expansão do conhecimento a um maior número de pessoas”, diz.
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Empreendedor – Quais as ferramentas para o desenvolvimento de novas linhas de negócio?
Cláudio Vargas – Resumindo em três palavras eu diria: técnica, arte e intuição. A técnica é a parte mais objetiva e tangível, que passa por pesquisas de mercado, dimensionamentos, análises competitivas, formatação de planos de negócio, planejamento econômico-financeiro e criação de vantagens competitivas. A arte tem a ver com a capacidade de criar, inovar e fazer diferente. É a capacidade de antecipar, influenciar e algumas vezes fazer tendências sem que necessariamente exista um estudo científico fundamentando esta tendência. Já a intuição é aquele componente que, aliado à atitude, gera a ação. Pode até ser que o empreendedor não tenha mais intuição que qualquer outra pessoa, mas, pelo menos, ele acredita mais na intuição e efetivamente age. Empreendedor – Como descobrir um nicho que ainda não está sendo atendido?
Vargas – Não sei até que ponto o único segredo para empreender está em descobrir um nicho que ainda não está sendo atendido. A idéia da “ilha inexplorada”, onde o empreendedor consegue facilmente trazer produtos e serviços inéditos, jamais pensados, me parece às vezes um pouco utópica num
mundo globalizado, competitivo e onde várias pessoas estão olhando, ao mesmo tempo, os mesmos mercados. Claro que sempre existem novos nichos, como foi, por exemplo, o caso de todo o mercado gerado pela onda da internet. Existem ainda empresas que investem em P&D e, eventualmente, trazem grandes e inquestionáveis inovações de produtos. Há também os “empreendedores-inventores”, que pensam em soluções e mudam o jeito com que as pessoas enxergam uma determinada realidade. Mas, na prática, inovar não significa necessariamente revolucionar. Pode ser, por exemplo, atender melhor a um mercado ou a um nicho que não está sendo bem-atendido pelas empresas instaladas, ter capacidade de enxergar um ganho de escala ou de escopo que não está sendo visto pelos concorrentes, trazendo ganhos de eficiência que geram valor tanto para o empreendedor quanto para o cliente. Empreendedor – Onde garimpar informações para atuar na área escolhida?
Vargas – O empreendedor pode recorrer a fontes primárias, como, por exemplo, pesquisas ou até mesmo conversas com consumidores, fornecedores e potenciais competidores. Vale até mesmo analisar mercados comparáveis para entender melhores práticas e replicar exemplos bem-sucedidos. Mas, na maioria das vezes, os empreendedores acabam escolhendo atuar num mercado em que eles já possuem algum conhecimento ou experiência, o que é natural: a curva de aprendiza-
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do é mais acelerada; e os riscos, minimizados. Empreendedor – Em relação a novos negócios, realmente estão surgindo novos nichos de mercado?
Vargas – Sim, estão surgindo novos nichos de mercado. A economia é extremamente dinâmica. Existem mercados que têm lugar para novas oportunidades de negócio e que se tornam lugares perfeitos para a iniciativa empreendedora. Alguns exemplos atuais são: a gradativa substituição da tecnologia analógica pela digital e o crescimento da internet, da telefonia celular e dos alimentos orgânicos e funcionais. Todas essas mudanças geram oportunidades e o empreendedor é aquele que consegue aproveitá-las e preenchê-las para criar ou aumentar o seu negócio. A questão do marketing de massa versus o marketing de segmentação está sendo muito discutida. É fato que a globalização, a abertura de mercados, a entrada de novos empreendedores e a alavanca social e econômica do Brasil e do mundo nos últimos anos fez com que se criassem muito mais alternativas de produtos e serviços para atender desejos e necessidades específicas de diferentes clientes. Isto é, criou-se uma cultura maior de segmentação, até mesmo por uma necessidade de estar mais próximo aos clientes, que ganhou espaço, veio para ficar e é fundamental dentro de uma estratégia empresarial. Mas não significa que o marketing de massa acabou. Empreendedor – O marketing contribui para a visibilidade de uma empresa. Que tipo de campanha recomenda aos micro e pequeno empreendedores e de que forma os investimentos podem ser feitos com maior facilidade?
Vargas – Toda vez que alguém fala de campanha de marketing todo mundo
Inovar não significa necessariamente revolucionar. Pode ser a capacidade de enxergar um ganho de escala que não está sendo visto pelos concorrentes
já pensa no comercial de 30 segundos que vai passar no horário nobre da TV. O problema é que, no geral, o mundo da propaganda tradicional é muito caro e pouco acessível para o pequeno e micro empreendedor. É preciso ser criativo. Qualquer empresa ou empreendedor relaciona-se com clientes, fornecedores, funcionários, amigos e parentes que efetivamente podem ser um canal promocional da sua empresa. Iniciativas do tipo cliente apresenta cliente, por exemplo, são baratas e podem trazer ótimos resultados. A carteira de clientes é também um potencial de crescimento para o negócio. O empreendedor deve sempre analisar se é possível vender mais para o mesmo cliente, pois, na maioria das vezes, isso aumenta a fidelidade do cliente com a sua empresa e é mais barato que conquistar um novo consumidor. Existem ações promocionais que podem ser feitas a baixo custo, como o marketing on-line e um site na internet. Outra dica importante é aproveitar qualquer possibilidade de mídia espontânea, ou seja, conceder entrevistas à imprensa. Este canal, além de mais barato que a publicidade, pode trazer mais credibilidade aos produtos e serviços. Mas é fundamental ter os objetivos da comunicação bem-definidos e os recursos disponíveis e bem-aplicados. No final das contas, o importante é gastar o dinheiro da empresa de forma racional e consciente para que os esforços de marketing ajudem a empresa a crescer de maneira sustentável, e não a quebrar. Empreendedor – Quais as estratégias que o senhor considera necessárias para fortalecer a atuação da entidade no país e proporcionar a troca de experiências e informações entre empreendedores?
Vargas – Fortalecer o portfolio de empreendedores apoiados e consolidar a marca da Endeavor para efetivamente colocar a missão da instituição (gerar Outubro 2005 – Empreendedor – 11
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renda e emprego) na pauta de transformação do país. Também basear cada vez mais a sustentabilidade da instituição e do modelo proposto no próprio crescimento dos empreendedores, que, ao retornarem todo o apoio recebido por meio de doações e ajuda a novos empreendedores, retroalimentam o círculo virtuoso da instituição e viabilizam o crescimento da atuação. Sem dúvida, a experiência é muito importante para que os conceitos e a prática do empreendedorismo de oportunidade e inovação fiquem impregnados no indivíduo de maneira efetiva. Mas existe um componente técnico importante que pode e deve ser ensinado e discutido. É uma mistura de técnica e atitude. Vale a pena relembrar que a melhor maneira de educar as pessoas e a sociedade é efetivamente agindo. É a história da criança que aprende muito mais com a ação dos pais que com o que lhe é dito. É exatamente por isso que a Endeavor acredita que, para criar um real impacto no país, ela precisa apoiar empreendedores de sucesso e que vão efetivamente influenciar a cultura empreendedora no Brasil. Empreendedor – Quais as principais ações que gostaria que marcassem sua atuação como diretor de operações da Endeavor?
Vargas – Gostaria que minhas ações fossem marcadas pela continuidade do bom trabalho que vem sendo feito tanto para o crescimento dos negócios, ajudando a se tornarem mais lucrativos e a gerarem empregos, quanto na consolidação como referências de admiração em um país que ainda carece de exemplos de empreendedorismo de oportunidade. É importante estruturar um modelo de apoio que equilibre o foco e a capacidade da Endeavor com as necessidades e o potencial dos empreendedores e também continuar e eventualmente expandir os programas de disseminação do conhecimento. Por exemplo: os workshops, a videoteca e a biblioteca virtual, de maneira a garantir as diretrizes e o foco estratégico da instituição. Mais que dificul-
12 – Empreendedor – Outubro 2005
É preciso rever as legislações tributária e trabalhista, que oneram as atividades e eventualmente podem motivar a informalidade
dades, enxergo desafios, como encontrar e consolidar alternativas para a sustentabilidade da Endeavor que, além de consistentes, não tirem a instituição de seu escopo de atuação. Empreendedor – Na sua opinião, como fomentar o empreendedorismo no Brasil?
Vargas – Existem diversas maneiras que passam por incorporar o empreendedorismo ou pelo menos o “ e s -
pírito” empreendedor. A começar pela educação elementar, passando pelas instâncias mais superiores, até trazer para o Brasil ações bem-sucedidas lá fora e que podem ser assimiladas considerando as particularidades do nosso país. Mas cada agente de transformação que deseja efetivamente fomentar o empreendedorismo deve escolher e determinar seu foco de atuação para maximizar os esforços e não dispersar e diluir grandes programas em pequenas iniciativas isoladas. É exatamente por isso que a Endeavor definiu uma linha de ação clara de atuação e em relação ao perfil das empresas que apóia. Esse não é o único jeito, mas dentro da estrutura da instituição e das necessidades do país foi a maneira encontrada para melhor aplicar as competências e o potencial da organização para efetivamente criar um impacto relevante. Não tenho dúvida que os próprios empreendedores podem fomentar o empreendedorismo no Brasil. Afinal, é a história de sucesso deles, sua integridade moral e ética e sua capacidade de agir como um catalisador social que motivam as novas gerações e mostram para todos que empreender é possível e que é uma alternativa viável e extremamente recompensadora. Em termos de políticas públicas, muito pode ser feito, por exemplo, rever a legislação tributária e trabalhista, que oneram as atividades e eventualmente podem motivar a informalidade, desburocratizar o processo de abertura e até mesmo de fechamento de uma empresa, passando pelas leis de concordata e falência, e implantar uma política fiscal mais voltada para o crescimento, garantindo estabilidade e crescimento sustentável. A Endeavor não tem por missão mudar as regras do jogo, mas apoiar empreendedores a jogar limpo e de acordo com essas regras, por mais difícil que seja o ambiente regulatório e macroeconômico.
Linha Direta Cláudio Vargas (11) 3147-7900
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Não Durma no Ponto A essência do negócio Toda empresa deveria ter uma identidade. Algo que representasse a sua essência e que pudesse ser traduzido em nome, marcas, logotipos e anúncios. De fato nomes, marcas, logotipos e anúncios declaram, de maneira mais ou menos explícita, uma imagem, que muitas vezes oscila entre os valores essenciais e a estratégia comercial e traz implícitas as intenções que existem por trás do negócio. No campo do comportamento e da psicologia humana, a noção de identidade é um reflexo das características, inclusive qualidades, que tornam uma pessoa única. Não é diferente com as empresas, ou pelo menos não deveria ser. Assim como acontece com as pessoas, uma empresa também precisa reunir um conjunto de traços que favoreça a sua distinção em um universo de congêneres, e assim expressar-se como única. Ser única e diferenciada é o desejo de toda empresa que pretende se destacar num mercado altamente concorrido. É uma forma de chamar a atenção dos clientes e dar-lhes uma opção que os incentive a se fidelizar, simplesmente porque reconhecem que vale a pena. E não é apenas para o público externo, incluindo fornecedores e investidores, que uma identidade reconhecida é útil e necessária; é também para o público interno, líderes e funcionários. Uma identidade reconhecida é capaz de fomentar o orgulho naqueles que lá trabalham, e isso, por si só, funciona como uma fonte de energia e de motivação. Opacas e sem energia Pense no contrário. Sem uma imagem que seja reconhecida e admirada, resta o combate pela força. Nesse caso, empresas sem identidade e muito parecidas entre si lutam com unhas e dentes para garantir o seu pedaço de mercado. Possuem um vácuo organiza-
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cional no lugar em que deveria haver uma identidade. A conseqüência é uma sobrecarga de trabalho, tanto para os líderes como para os funcionários, na busca de resultados, que são obtidos às custas de muito sangue, suor e lágrimas, quando não com manhas e artimanhas. Afinal, não é nada fácil conseguir o melhor desempenho de funcionários que não se sentem orgulhosos com aquilo que fazem. Assim como
Sem uma imagem que seja reconhecida e admirada, resta o combate pela força
é muito improvável obter a fidelidade de clientes que não se reconhecem nos produtos e serviços que adquirem. A questão é: por que algumas empresas possuem uma identidade forte e contagiante, admirada por funcionários, clientes, fornecedores e investidores, capazes de reconhecer seu fascínio e carisma, enquanto outras empresas são opacas, sem luz e energia? Somente mergulhando nos subterrâneos de uma empresa seremos capazes de compreender as razões que fazem com que uma identidade tenha mais ou menos força diante do mercado em que atua. Nesses subterrâneos,
encontram-se as verdadeiras intenções que movimentam o negócio. Bicho sem pé e sem cabeça Algumas empresas ficam atreladas às questões econômicas, tais como capacidade de produção, demanda de mercado, procedimentos comerciais e organizacionais, com a intenção de alcançar resultados positivos no balanço financeiro. Até aí, nada de errado. Aparentemente. Sim, porque se trata da cartilha empresarial básica seguida pela grande maioria. E talvez esteja aí a primeira armadilha: se todos seguem a mesma cartilha, o resultado final é a construção de negócios muito parecidos, em que pese o grande esforço feito, individualmente, para sobressair-se da massa amorfa, pasteurizada. É verdade que algumas dessas empresas alcançam taxas elevadas de produtividade, mas não conseguem imprimir uma identidade que as tornem únicas e apreciadas aos olhos dos clientes. Ao contrário: muitas dessas empresas deixam de existir porque teimam em vender produtos que as pessoas não querem mais ou dos quais não precisam. Empresas sem semblante, preocupadas com a própria sobrevivência, não conseguem criar, com o reconhecimento do mercado, uma identidade que as torne reconhecidas. Estão atribuladas com os problemas de fluxo de caixa e não sobra tempo para compreender os clientes, saber por que compram ou deixam de comprar. Míopes, seus líderes continuam culpando uma suposta crise que só existe na fatal ausência de olhos para enxergar com lucidez a verdadeira realidade. Com isso, transformam suas empresas em bichos sem pé e sem cabeça. Bicho de sete cabeças Empresas sem semblante são aquelas que se identificam mais com os seus
por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net
produtos ou serviços do que com os clientes e suas necessidades. Mas existem aquelas que são voltadas para o mercado e reconhecidas pela sua capacidade empreendedora e sua criatividade. São inovadoras no lançamento de produtos e serviços e estão sempre surpreendendo o mercado com novidades. Nada, porém, está relacionado com a demanda, as necessidades e os anseios dos clientes. Não conseguem construir a sua identidade nas múltiplas idéias lançadas. Na ausência dessa identidade e diante de tantas idéias, essas empresas mais se parecem com um bicho de sete cabeças. Embora os objetivos sejam diferentes, elas se assemelham às empresas sem semblante porque ambas estão preocupadas com a sobrevivência. Os lançamentos não têm o intuito de melhorar os resultados do cliente, mas os próprios resultados. Por isso, estão mais voltadas para as questões comerciais do que envolvidas no esforço de representar a essência dos seus valores mais virtuosos. Empresa com semblante Voltar-se para o cliente, comprometer-se com os seus problemas, aliar-se aos seus propósitos, essas são buscas diferentes da tradicional corrida para somente manter a estrutura viva, funcionando. Toda a atenção está em fazer o melhor para cativá-lo e surpreendê-lo. E isso requer interesse e atenção, traduzidos em ações criativas realmente eficazes. Está aí a palavra que faz com que uma empresa se destaque num universo de semelhantes: criatividade, mas com idéias inspiradas no cliente e direcionadas às suas necessidades; portanto, com um foco bem-definido. Contudo, atenção: uma empresa inovadora deve ser percebida pelo cliente
como tal. Essa criatividade não está nas grandes engenhosidades e inventividades, não advém dos departamentos de marketing ou de pesquisa e desenvolvimento, está na maneira peculiar com que o cliente é atendido, na generosidade com que é acolhido, na atenção dada aos detalhes, na sutileza nos relacionamentos e no esmero com que são elaborados os produtos e serviços. É o que a faz única e especial aos olhos dos clientes.
Uma empresa deve ser compreendida como um organismo vivo, dotado de corpo, mente e alma
Identidade e carisma Há algo de muito especial em alguns tipos de empresa: seus funcionários trabalham com entrega total, como se estivessem contribuindo para uma missão divina; suas ações são revestidas de magia e encantamento, capazes de contagiar o cliente e torná-lo um aliado do negócio. Sem dúvida, o que caracteriza esse tipo de empresa são os valores essenciais presentes nos seus produtos e serviços, nas suas estratégias e políticas, na forma de se relacionar não apenas com seus clientes, que contribuem, com toda a razão, para o seu sucesso, mas
também com funcionários, fornecedores e investidores. É um conjunto virtuosíssimo de seres satisfeitos. Essas empresas conseguiram extrapolar a dimensão física do negócio, que define o portfolio de produtos e serviços, e evoluíram para uma dimensão mais filosófica, que define o tipo de contribuição que querem deixar para o mundo. Essas são as empresas mais admiradas por clientes, funcionários, fornecedores e investidores. Sua identidade, envolvida pela auréola de valores virtuosos, faz com que viva um mundo de abundância e de oportunidades. O verdadeiro desafio da liderança Talvez esteja aí o principal desafio da liderança: criar uma história unificada para a sua empresa, que conte como as coisas são e como elas podem ser. Trocando em miúdos: definir uma identidade para a empresa. Quem somos nós? O que representamos? O que proporcionamos de diferente? Qual é o nosso lugar? Essas são as perguntas mais representativas que os líderes de uma empresa podem fazer a si mesmos e às suas equipes. Quem não somos nós? Em que não devemos nos meter? Buscar respostas a essas questões talvez seja o exercício contínuo e o mais legítimo da liderança. Nenhuma vida pode ser vivida integralmente e nenhuma empresa pode se tornar plena sem antes descobrir, definir e construir a sua identidade. Uma empresa deve ser compreendida como um organismo vivo, dotado de corpo, mente e alma. O desafio organizacional assemelha-se ao desafio humano, ou seja, a essência precisa estar presente na experiência. É isso que faz as melhores pessoas e também as melhores empresas. Outubro 2005 – Empreendedor – 15
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Ética
O lance certo
para virar
o jogo A corrupção não é exclusiva do Brasil ou dos governos. Dentro das empresas, onde as fraudes são cada vez mais freqüentes, o importante é o exemplo do empreendedor, a seleção criteriosa dos colaboradores e a eficácia das auditorias por
Wendel Martins
Nos Estados Unidos, golpes como maquiagem de resultados, corrupção, falsidade ideológica, furto de informações, espionagem, chantagem e extorsão, desvios de recursos e pagamento de propinas chegam a US$ 600 bilhões por ano, o que equivale a US$ 4,5 mil para cada trabalhador americano. “Os números nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e no Brasil são equivalentes. Em média, 6% do PIB”, informa Marcelo Gomes, especialista em consultoria e perícia contábil com dez anos de experiência no setor. Ele contraria o senso comum de que, em tempos de crise política, a corrupção está mais institucionalizada no órgão público do que na iniciativa privada. “Não existe diferença”, diz. “O fraudador age independentemente de onde quer que trabalhe.” Gomes acredita que está cada vez mais fácil roubar dentro das empresas. Em todo o mundo, crimes contra as corporações constituem hoje a
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segunda maior fonte arrecadadora ilícita de dinheiro, perdendo apenas para o narcotráfico, segundo estudo elaborado pela Deloitte na Europa. As conseqüências da corrupção vão além da perda de produtividade para uma empresa, ela pode azedar o clima de trabalho em uma organização. Gomes nota que a convivência no trabalho fica pior se a fraude é cometida pelo próprio dono. Empresas que corrompem fiscais para sonegar impostos, que degradam o meio ambiente ou que instruem seus funcionários a fazerem o que for preciso para ganhar um contrato estão mais expostas a golpes de seus empregados. “Quando um chefe ou dono pratica algum tipo de delito, passa a mensagem que todos podem fazer o mesmo.” Por isso, um dos motivos mais comuns para se cometer crimes dentro das organizações é a vingança ou insatisfação dos funcionários. O investigador relata uma história em que o empregador dizia que a situa-
O respeito ao código Instituições privadas que possuem um código de ética respeitado têm maiores chances de sucesso. Por isso, cada vez mais empresários optam por adotar princípios éticos para serem seguidos por todos os funcionários, clientes, fornecedores e prestadores de serviços. Foi o que fez a Cesar Reis Office, especializada em tecnologia de impressão, que acaba de formalizar seu próprio código de condutas éticas. “O empresário que obtém um rápido ganho financeiro tirando vantagens pode até ter lucro em curto prazo, mas a confiança que perdeu depois dessa negociação jamais será restaurada em suas relações profissionais”, afirma Martinho Reis, presidente da empresa. O código de ética deixa bem claro aos colaboradores e fornecedores quais são as regras, normas e procedimentos que a casa aceita. Fora desse escopo, é possível que exista uma transação que vá contra os princípios da companhia, como tráfico de influências, troca de favores ou pagamento de propinas. Atitudes, isoladas ou não, prejudicam a ima-
ção estava difícil, que as vendas não cresciam, que os salários e horas extras precisavam ser revistos e, por isso, possivelmente optaria por demissões para cortar custos. “Mas, de repente, ele gasta R$ 1 milhão na festa de quinze anos da filha caçula. Vai ser muito difícil que algum funcionário mal-intencionado não se sinta apto para conduzir uma fraude.” Ele também alerta que os crimes são praticados em todos os níveis hierárquicos, individualmente, em pequenos grupos ou em quadrilhas com dez pessoas ou mais. “Não existe raça, sexo, nível de escolaridade ou hierarquia que determine a ocorrência de fraude. Sabemos, entretanto, que quanto mais novo e menos graduado for o funcionário, menores serão as fraudes em valor e maiores em volume de ocorrências. Se ele for mais velho e graduado, roubará valores maiores e em eventos menores”, diz. E não é só o departamento comercial o alvo dos estelio-
gem da empresa e transmitem insegurança aos parceiros. Reis afirma que o código de ética faz parte da estratégia da companhia de se posicionar como uma empresa segura e manter a reputação no campo da ética. A empresa já dispunha de políticas de qualidade, mas, com a implantação da ISO 9000, esta preocupação foi reforçada entre todos os setores dela. Para tanto, não basta redigir um código de regras, elas devem estar afinadas com o pensamento da empresa – o exemplo deve sempre vir dos cargos hierárquicos superiores. O segundo passo é conseguir transmitir esses ideais aos funcionários, que são o cão de guarda da ética dentro da corporação. “Promovemos palestras, editamos uma cartilha. É preciso desenvolver uma nova perspectiva capaz de habilitar dirigentes e funcionários a lidarem com as questões de natureza ética, pois fica claro que a reflexão ética é um processo de aprendizagem permanente, que exige participação integral e intensiva de todos que estão na empresa”, diz Reis.
natários: “A fraude ocorre em qualquer área da empresa. Não há exceção. Hoje em dia não tenho visto situações em que os valores envolvidos sejam menores do que US$ 1 milhão”. Mais de 50% dos casos de corrupção são cometidos por empregados aliciados por gente de fora da empresa. A grande dúvida é: como uma empresa pode combater a corrupção se até um colaborador participa de falcatruas? A resposta está na fiscalização, no uso correto de sistemas de auditoria, na implementação de melhorias dos controles internos e sistemas de informações econômicas ou financeiras, na verificação regular das atividades externas dos principais executivos da companhia e na valorização do auditor interno. Ajudam também investimentos maiores em auditoria externa, evitando que a empresa ofereça outros serviços além dos contratados. Por fim, agir eticamente. O importante para o empreendedor é sempre lembrar que não existe
GRUPO KEYSTONE
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Ética empresa imune à fraude. “Seria o mesmo que dizer que nunca seremos assaltados ou atropelados no trânsito. Um dia acontece e nada será capaz de evitar. O que todos os profissionais de auditoria procuram é minimizar os efeitos das fraudes para as empresas”, afirma Gomes. O grande desafio é que o trabalho de perícia é árduo, e Gomes não se sente incomodado em relatar um insucesso. “Já conduzimos três investigações sobre a mesma pessoa e, mesmo com todas as suas contas encerradas e seus ativos bloqueados por causa de uma falência, essa pessoa vive uma vida tranqüila e com gastos que corresponderiam a rendimentos mensais de R$ 20 mil líquidos. Ele é o responsável por uma área estratégica de uma grande instituição filantrópica e não é remunerado. Existe sempre a suspeita de que ele receba propina de fornecedores e prestadores de serviços, mas até hoje nada foi descoberto. Outras duas empresas também já atuaram e nada acharam contra ele.” Mesmo assim, Gomes acredita que o cenário não é pessimista. “A Justiça nunca esteve tão aparelhada e com tanto acesso internacional. Há dez anos, políticos com dinheiro no exterior estavam tranqüilos. E hoje? Quem está?” Na sua opinião, as empresas estão vivenciando erros cometidos ao longo da década de 80 e 90 e criando ferramentas que possibilitem ajustes após os escândalos contábeis de 2001. Ele arrisca uma previsão: de que as situações de lavagem de dinheiro vão passar a envolver cada vez mais as empresas, porque os controles sobre os bancos já estão institucionalizados há mais de uma década e o movimento natural dos corruptos é buscar um segmento ainda não-controlado para suas atividades, ou seja, a indústria, o comércio e os serviços. Essa tendência se repete em qualquer lugar do mundo, não apenas no Brasil. “Temos sempre essa idéia de que devemos ser primeiros em tudo. Por quê? Ora, o brasileiro não é mais ou menos corrupto que os estrangeiros. A fraude está ligada à necessidade do fraudador, na oportunidade que ele tem para cometer a fraude e ao raciocinar que seu delito não poderá trazer prejuízos a sua pessoa.”
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As dez regras para prevenir fraudes nas empresas 1. Para evitar fraude, evite contratar um fraudador – A primeira regra é a empresa ser criteriosa na seleção de funcionários. É importante conhecer os problemas financeiros do novo colaborador antes de ele entrar na empresa, verificar seus antecedentes e seu currículo, obter informações através do Banco Central ou do serviço de proteção ao crédito. Mas vale ressaltar: possuir dívida ou antecedentes criminais não são restritivos para contratação. 2. Ética nos negócios – O empresário acredita no mito de que ninguém na empresa sabe que ele sonega, tem caixa dois, compra fiscais da Receita ou do Estado, entre outros “jeitinhos” de administrar. Puro engano, pois essa atitude leva o colaborador a pensar: “Se ele pode e faz, por que eu também não posso?” 3. Faça a contabilidade trabalhar para você – Por menor que seja a empresa e por mais simples que seja seu controle contábil, é por meio dele que se detecta a maioria das fraudes em andamento. Saber interpretar e planejar os resultados econômicos e financeiros da empresa é ainda a melhor forma de combater a fraude. 4. Qualidade de vida no ambiente de trabalho – Horas extras em atraso, sujeira, escuridão, entre outros fatores de baixa qualidade de vida, levam o funcionário a buscar uma “alternativa” de recursos para deixar a sua empresa. 5. A sua imagem é tudo – Pagar salários miseráveis, reclamar da crise e desfilar de carro importado em frente aos seus funcionários não combina. 6. Faça parte do time – Uma vez por mês, faça tarefas que seriam dos seus colaboradores: fique no caixa, manobre carros, embale produtos, varra a oficina. Mostre que o negócio é seu e como você quer que as coisas sejam feitas. Demonstre humildade e a importância das tarefas mais simples. Conquiste sua equipe! 7. Realize trabalhos voluntários – Mais do que a visão empresarial, as empresas precisam ter uma preocupação social. Elabore um programa social, colabore com entidades reconhecidas e deixe seus colaboradores saberem disso. E principalmente: incentive-os a ajudar também as entidades que você escolheu. A fraude pode não diminuir, mas os colaboradores sensibilizados tendem a denunciar quem está causando prejuízos e a conseqüente redução na colaboração às entidades beneficentes. 8. Abra canais de comunicação – Café da manhã, almoço, eventos em domingos e reuniões não-programadas com os colaboradores podem trazer informações sobre o dia-a-dia da empresa e aproximá-lo dos eventuais problemas. 9. Treinamento, treinamento, treinamento – Todo colaborador deve ser incentivado a se aprimorar. Primeiro, ensine-o a cuidar das contas pessoais; depois, incentive-o a buscar cursos na sua área de atuação. Deixe seus colaboradores prontos para o mundo e eles não pensarão em revanche. 10. A fraude nunca acaba – Embora tenha cumprido todas as etapas anteriores, no máximo você estará minimizando fraudes e prejuízos. É importante saber que o problema existe e que ele nunca deve ser esquecido.
Um gesto de simpatia Biblioteca no açougue ou telecentros comunitários são algumas ações que definem o perfil da empresa Lucro não é tudo, é preciso participar. Não basta o discurso, é necessário acreditar que investimentos em programas de responsabilidade social são cada vez mais uma tendência. Mas os empreendedores devem ficar atentos para não cair na tentação do marketing. O balanço social – que é a divulgação dos investimentos da empresa para os públicos internos e externos – devem pautar ações concretas, e não comerciais de TV. Esse é o lema da GVT, empresa de telefonia que iniciou em 2001 um projeto de inclusão digital chamado Educando GVT, que pretende ajudar a popularizar a rede mundial de computadores entre os brasileiros – apenas 15% da população possui computador e menos de 10% têm acesso à internet. “Não temos benefício fiscal, nem faço campanha para falar do projeto. Como somos uma empresa jovem, buscamos um gesto de simpatia, tentar criar um vínculo duradouro com a comunidade”, diz Tatiana Weinheber, gerente de comunicação corporativa. A meta do Educando GVT é criar uma rede de telecentros em instituições de todo o país – principalmente escolas – e beneficiar os alunos e a comunidade através do processo de aprendizado pela internet. A empresa doa uma linha telefônica para instituições que possuem projetos de educação digital, com laboratório de informática, mas ainda sem recursos suficientes para manter os computadores conectados
à internet. Os alunos e a comunidade utilizam a linha para acessar a internet e a escola é totalmente isenta da conta. “Aprendemos que, se chegamos numa comunidade com uma solução completa, ela não é tão valorizada e, às vezes, é subutilizada. Eles não se sentem envolvidos com o projeto”, diz Weinheber. A companhia telefônica já investiu aproximadamente R$ 100 mil no projeto, Tatiana e o projeto Educando GVT: laços firmes com a comunidade
que beneficiou cerca de 50 mil pessoas em 20 cidades do país. O contrato é firmado diretamente entre a GVT e a secretaria municipal de Educação da cidade – que é responsável por indicar a escola beneficiada, levando em conta a quantidade de alunos atendidos e o programa pedagógico desenvolvido. As escolas abrem no final de semana e colocam à disposição para a comunidade os serviços de internet, para buscar uma informação ou tirar uma segunda via de um documento. Outra maneira de selecionar as instituições é ouvir os colaboradores e fornecedores, uma rede de agentes “que estão no campo, respeitam as realidades locais e têm a percepção de onde estão as maiores demandas”. Um exemplo é o convênio feito com a Sociedade Copa Lord, uma escola de samba de Florianópolis, em que um executivo da GVT morava no mesmo prédio que um dirigente da escola de samba. Os laboratórios de informática também são utilizados para a capacitação de professores e a companhia elaborou uma cartilha explicativa contando a história da internet, oferecendo dicas de pesquisa e ensinando a tirar o melhor proveito da rede mundial de computadores. A GVT incentiva os funcionários a trabalhar como voluntários, prestando um suporte técnico para as comunidades assistidas. “Prezamos pelo uso consciente da internet. Resgatamos a história da rede e desmistificamos o uso do computador. Apesar de ser uma grande ferramenta educativa, a web também pode
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Ética
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Talentos do público interno Programas educacionais são a melhor maneira de aproximar a empresa dos funcionários No mundo empreendedor, novos questionamentos vêm surgindo em relação aos direitos dos trabalhadores, com tendência para a flexibilização e desregulamentação das leis trabalhistas. A vantagem para o empresário é clara: menor custo de produção e passivo trabalhista. Mas, num cenário de liberdade total, como fidelizar e estimular o funcionário? Que tipo de garantias ele terá sem a CLT? Essa resposta vem sendo esboçada por empresas éticas que estimulam iniciativas para os colaboradores terem prazer em trabalhar e com isso colocam em prática uma política de retenção de talentos. Uma dessas soluções é a capacitação dos funcionários, oportunidade para os colaboradores que acaba se tornando um diferencial competitivo no mercado, como faz a construtora carioca Carmo e Calçada, que investiu R$ 100 mil numa parceria com o Sesi e o Si-
duscom (Sindicato da Indústria da Construção Civil) para a alfabetização e o ensino fundamental de seus colaboradores. Foram construídas salas de aula dentro do próprio canteiro de obra e mais de 80 operários já participaram do programa, que conta atualmente com uma turma de 23 estudantes e mais 45 funcionários pré-inscritos à espera do início das aulas. “É uma iniciativa que visa mais a inclusão social do que o aprendizado. Tínhamos funcionários que não sabiam ir ao banco e assinar um cheque. Outros tinham que pegar o ônibus pela cor”, diz Luiz Carlos de Matos, diretor administrativo e de recursos humanos. Um dos métodos pedagógicos utilizados é o desenvolvimento das aulas a partir de temas como pintura ou poesia. Isso só é possível porque a empresa promove atividades extraclasse, uma série de passeios mensais, como DIVULGAÇÃO
desinformar”, afirma Weinheber. A empresa pretende ampliar o programa centralizando as ações nas 20 cidades já escolhidas, ao invés de optar por uma rede mais pulverizada. “Não faz tanta diferença. Estamos dando um passo do tamanho de nossa perna, para não tropeçar”, diz Weinheber. Se a GVT escolheu uma ação de responsabilidade corporativa alinhada com o negócio da empresa, o empresário Luiz Amorim montou uma biblioteca em seu negócio, o Açougue T-Bone. Dono de um faturamento de R$ 300 mil anuais, o empreendedor, que é apaixonado por literatura, hoje tem um acervo de 15 mil livros, de uso gratuito, para a comunidade da Asa Norte, em Brasília. “Por curiosidade, muitos visitam a biblioteca e se tornam clientes do açougue.” A atitude de Amorim tem uma simbiose com a sua história: alfabetizado aos 18 anos, leu o primeiro livro aos 21, comprou a empresa dos antigos proprietários com um crédito amigável e começou a receber doações para montar a sua coleção. E a empresa ainda incentiva grupos de teatro, escritores, músicos e artistas locais: investe de 5% a 10% do lucro em eventos culturais. Um festival de cultura realizado duas vezes por ano já entrou para a agenda oficial de Brasília. Outra parceria da biblioteca comunitária T-Bone foi com a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) para a realização do projeto Sede de Cultura, que visa atingir cerca de 60 crianças, entre 7 a 14 anos, para trocar idéias em cursos de teatro e de música. Nas aulas, a inclusão social se dá por meio da arte, da educação ambiental e da leitura. Tamanho esforço foi reconhecido pela Sodexho Pass – empresa mundial especializada em gestão de benefícios –, que laureou Amorim com o Prêmio Vida Profissional 2005 na categoria pequenas empresas. “Só podemos fazer um país melhor com educação. Esse é o meu sonho e minha meta”, diz Amorim, provando que as pequenas atitudes podem fazer toda a diferença.
Luiz Carlos: salas de aula no canteiro de obras promovem a inclusão social
percorrer a Bienal do Livro, conhecer a obra de Cândido Portinari em museus ou visitar monumentos. Outro incentivo para aumentar a adesão dos funcionários é a publicação de um livro de poesias escritas pelos próprios operários. “Ainda não conseguimos definir esses custos em retorno de produtividade, mas é visível o aumento de atenção na execução da obra. A qualidade é nosso grande diferencial e temos que ter uma mão-de-obra compatível”, diz Matos, explicando que não existe uma obrigatoriedade em participar das aulas e que estar em sala de aula não é condição para ser contratado ou continuar na empresa. “Mas damos uma atenção especial aos analfabetos, sensibilizando-os para que freqüentem a escola.” Outra iniciativa da empresa para valorizar os funcionários é o Tijolino, um comitê formado por cinco funcionários da obra que negociam com o departamento de recursos humanos sugestões de melhoria para a qualidade de vida dos funcionários. Uma das idéias mais esperadas é uma creche no município de Duque de Caxias para cerca de quarenta crianças, filhos dos empregados, todos na faixa dos dois a cinco anos de idade. “O resultado alcançado com este projeto é uma maior interação dos funcionários com a empresa, tanto que conseguimos atender cerca de 95% dos pedidos”, diz Matos. Os investimentos vêm fazendo tanto sucesso que a empresa ainda espera expandir para o ensino médio o trabalho de educação dos funcionários. Desde a década de 90, mais de 10 mil operários da construção civil passaram pelas escolas construídas por empresários do setor nos canteiros de obras do Estado do Rio de Janeiro. “Na maioria das vezes, essas escolas levam os primeiros conhecimentos de leitura e escrita aos operários emigrados do interior do país. Sentimos uma deficiência e corremos atrás. Estamos apenas cumprindo o nosso dever como empresário para a formação da cidadania”, diz Matos.
Valores do comércio justo O movimento do comércio justo propõe ampliar o acesso de pequenos produtores ao mercado. O conceito se baseia na importância de o consumidor adquirir produtos comercializados de maneira responsável, que possibilite remuneração justa e condições de trabalho favoráveis, incluindo o uso sustentável dos recursos naturais. Essa forma de troca comercial entre pequenos produtores do Hemisfério Sul e países do Norte teve início nos anos 60, em iniciativas isoladas, mas hoje o comércio justo está muito difundido em países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, tendo inclusive associações internacionais com assento na ONU.
Com o tempo, foram conquistadas definições comuns sobre o comércio justo, o que facilita a ampliação da compreensão internacional do conceito do fair trade: uma relação comercial baseada no diálogo, na transparência, no respeito, na justiça e no desenvolvimento sustentável. Os valores envolvidos nos negócios do comércio internacional triplicaram nos últimos vinte anos, porém os benefícios desse comércio não foram divididos igualmente entre os países. Os 48 países menos desenvolvidos do mundo tiveram suas exportações diminuídas para 0,4% do total mundial nessas duas décadas, enquanto os Estados Unidos e a União Européia representam hoje 50% do movimento mundial.
Treze passos para o equilíbrio Contratos de longa duração Apoio para aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades Ausência de trabalho escravo e infantil Ambiente de trabalho cooperativo Igualdade entre homens e mulheres Estímulo a práticas ambientais sustentáveis Remuneração justa ao produtor com preço justo para o consumidor Humanização da cadeia comercial, diminuindo a distância entre produtor e consumidor Respeito à cultura, à identidade e às condições de vida dos produtores Apoio aos produtores e trabalhadores marginalizados para que alcancem a estabilidade econômica Despertar da responsabilidade do consumidor no apoio à produção sustentável e à inclusão social de produtores marginalizados Contribuição para a diminuição da pobreza nos países do Sul por meio do estabelecimento de relações comerciais que permitam a produtores desses países ter acesso ao mercado do Norte Busca do equilíbrio de relações entre produtores do Hemisfério Sul e importadores, lojas, organizações certificadoras e consumidores do Norte
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Ética
Conselhos úteis
capturar a real percepção do cliente dos produtos e do serviço que colocamos no mercado.” Votorantim convida revendedores para Lass faz questão de dizer que o espaço é democrático, ouve desde um pesentar na cadeira do diretor-presidente queno varejista ao dono de uma megasSer ético no comportamento de ges- construção”, diz Marcelo Lass, diretor tore da construção. Tanto que a Vototor significa dar a informação relevante, comercial da região Sul. É verdade tam- rantim, no início de uma reunião – reaavaliar e fornecer feedback, abrir espa- bém que a primeira composição do con- lizada a cada dois meses – faz um feedço à contribuição criativa e instituciona- selho tinha dois terços de convidados back de todas as sugestões: observa se lizar canais de comunicação. Estar aber- contra um terço de indicados pela Voto- viraram ações de negócio, os detalhes to às críticas, reclamações e sugestões rantim. Com o tempo, essa composição de como foram implementadas e em que não é mais uma atitude diferencial para se tornou mais homogênea, até porque prazos. “Até uma simples frase pode qualquer empresa, e sim uma obrigação. o estatuto exige a troca de 50% dos con- passar por uma análise empresarial de Mais do que um dever, as linhas diretas selheiros ao fim do período de um ano. viabilidade. Quando recebemos uma e os serviços de atendimento ao consuSão esses clientes que discutem toda sugestão, pedimos a procedência daquemidor são a melhor maneira de fidelizar a estratégia da empresa – desde mar- la idéia. Se for de uma empresa, fazemos o processo de benchos consumidores. A Votorantim Cimen- keting e logística até atenmarking e, se possível, tos leva tão a sério a máxima do “cliente dimento e formas de créadaptamos a idéia e fazetem sempre razão” que superou todos dito. Os conselheiros primos com que ela evolua.” os modelos existentes quando criou um orizam os assuntos mais Ele reforça que a experiênem 2003, o conselho de clientes, a me- importantes a serem discia diária dos clientes perlhor maneira que a companhia encon- cutidos e apresentam sumite que a companhia crie trou para olhar o mercado do ponto de gestões ou críticas ao desoluções para os problemas vista do cliente. Ou seja, convidou re- sempenho da companhia. de todos os seus clientes. vendedores para se colocarem na ca- “Ganhamos velocidade de Uma das melhorias de deira do diretor-presidente. decisão por estarmos tão que o conselho de clientes São 400 conselheiros, espalhados afinados com a nossa esparticipou foi a criação de por 20 conselhos localizados em mer- tratégia, que é fazer tudo alternativa de crédito a pecados estratégicos do país. “A escolha para o cliente”, comenta quenos lojistas – uma reifoi feita em conjunto com o mercado, Lass. “Essa idéia faz par- Marcelo Lass: vindicação das revendas de dividimos as cadeiras de assento com te de um processo que clientes discutem menor porte, que assim formadores de opinião, como associa- começou no final da dé- a estratégia da empresa ganham maior competitição de revendedores de materiais de cada de 90, que era tentar
Ação em cadeia Fornecedor é um parceiro, não um inimigo. A ética nas relações é uma vantagem competitiva para as empresas que fazem do respeito aos fornecedores e concorrentes uma marca de sua atuação. Adotar padrões éticos significa construir relações duradouras e obter bons negócios a longo prazo. A empresa que consegue ganhos rápidos tirando vantagens dos fornecedores pode até contabilizar lucros imediatos, mas estará comprometendo sua imagem e anulando a possibilidade de construir relações ou parcerias sólidas nos seus negócios, como minimizar os custos, com melhores prazos e maiores benefícios
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para ambas as partes. É importante aprender que o fornecedor joga no mesmo time, e a máxima que pauta esse relacionamento é o “ganha-ganha”. Desde que adotou a SA 8000, uma certificação internacional de responsabilidade corporativa, a Votorantim vem querendo ampliar a sua ação social para além dos portões de sua fábrica. A estratégia da empresa é estar voltada para todos os trabalhadores de todas as empresas envolvidas na cadeia de fornecimento e serviços, ou seja, estar protegida integralmente pela lei. Os esforços nesse sentido são vastos: a empresa é a primeira cimenteira das três Américas a
obter o SA 8000 e é a primeira empresa do Brasil com o sistema de gestão integrada, que incorpora cinco certificações internacionais em qualidade, meio ambiente, saúde, segurança operacional e responsabilidade social. A Votorantim está numa cruzada contra o trabalho infantil, o trabalho forçado e a discriminação no ambiente de trabalho. Cada empresa deve prezar pela liberdade de associação e negociação coletiva e pagar uma remuneração compatível com o trabalho. A Votorantim afirma que a SA 8000 é uma norma democrática, sua eficácia será maior à medida que se multiplicarem os atores envolvidos.
Aliança com a natureza A preservação do meio ambiente é uma ação empresarial, uma atitude cidadã e é um bom negócio É importante para o empreendedor ter uma visão de sustentabilidade, saber que a natureza é uma aliada. A gestão ambiental ocupa o seu espaço no planejamento das empresas em todo o mundo, prática que ganha ares de tendência no Brasil. Até porque o objetivo é fazer com que o uso de recursos naturais seja reduzido e, em alguns casos, diminuir gastos. Para provar que a preservação do meio ambiente é um bom negócio, a BSH Continental Eletrodomésticos implementou um processo de boas práticas de gestão ambiental para que as ações comerciais e produtivas das empresas não causem problemas ao meio ambiente. “Nossa visão de sustentabilidade está integrada às atividades produtivas, desde o nascimento do projeto na prancheta até o desenvolvimento do projeto. Conseguimos reduzir custos, otimizar processos, diminuir índices de poluição e reduzir riscos ambientais”, diz Ivana Ribeiro, gerente de meio ambiente e relações institucionais. Para tanto, foi instituída uma série de indicadores para saber quanto de lixo
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vidade no mercado e podem atender melhor o cliente final. A adoção de um sistema informatizado também reduz o tempo de espera e garante pontualidade e estoque. “Nossos clientes reclamavam que o atendimento era confuso e um pouco demorado. Agora é possível ligar para fazer um pedido e marcar um horário, otimizando todo o processo.” Um programa de computador oferece rapidez e clareza na troca de informações com clientes, que remotamente acompanham seus pedidos, programam carregamentos e verificam extratos, créditos e cobranças. Outro projeto, chamado Diga Sim a Você, premia os pontos-de-venda com melhores resultados com materiais de merchandising. O marketing é uma área em que havia muitas reclamações. Agora, quando o cliente compra, acumula pontos e troca por camisetas, entre outros prêmios. Atenta às práticas de boa gestão corporativa, a Votorantim instituiu a transparência nesses acordos através de um portal web, onde o cliente digita o seu CNPJ e uma senha e tem acesso à quantidade de pontos acumulados. “São idéias simples, mas de grande valor, que quebram muitos paradigmas na companhia”, diz Lass, afirmando que desde 2003 todas as decisões de valor para a empresa passaram pelo conselho de clientes.
Praça Votorantim: natureza identificada com as ações corporativas
cada eletrodoméstico vai produzir, quanto tempo as mais variadas matérias-primas – alumínio, aço, plástico – vão demorar a se degradar no ambiente. “Utilizamos papel alumínio em vez de lã de vidro ou rocha, que são menos biodegradáveis.” Ribeiro também elogia a adoção de normas técnicas pelo Inmetro, além do Procel, um programa do Inmetro que premia empresas que produzem eletrodomésticos que consomem menos energia. Um exemplo é a linha de refrigeradores que substituiu o CFC pelo butano, o que permite um sistema de circulação de ar frio que resfria mais rapidamente e polui menos, um investimento da ordem de R$ 3 milhões. A BSH Continental também investiu no Projeto Tietê, uma parceria com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cepesb) que visa despoluir o rio através do tratamento de efluentes, do gerenciamento de resíduos – que reduziu em 98% a carga inorgânica dos processos industriais – , do controle de emissão atmosférica e da eliminação de matérias-primas tóxicas. Ao mesmo tempo, introduziu técnicas de reutilização da água – hoje cerca de 90% da água da empresa é reaproveitada. “Fomos bastante pioneiros, começamos uma estratégia de gestão ambiental em 1997 porque fazia parte de nossa cultura”, diz Ribeiro. A BSH Continental também optou pela substituição do óleo BTE por gás natural, um investimento de aproximadamente R$ 4 milhões que irá contribuir para a redução do efeito estufa e a retenção de 99% da emissão de gases nocivos à atmosfera. Outra iniciativa foi a substituição de equipamentos por outros mais eficientes que aproveitam toda a matéria-prima, eliminando a geração de resíduo e o desperdício, com reaproveitamento de 100% do resíduo sólido do esmalte, que vira matéria-priOutubro 2005 – Empreendedor – 25
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Ética
Nelson e o Grupo Hübner: processos não-convencionais evitam poluição e estimulam reciclagem
ma. “É uma ação efetiva antes dos problemas nos atingirem”, afirma Ribeiro. Todo esse esforço foi recompensado com a adoção da ISO 14001, que exigiu de cada funcionário uma mudança de postura quanto à forma de tratar as questões ambientais, o que requereu um trabalho muito grande de conscientização envolvendo não somente os funcionários próprios, mas também os terceiros. Uma das formas de a empresa dar exemplo, através de atitudes simples, é com a coleta seletiva e o gerenciamento de resíduos. “Incentivamos os nossos funcionários a reciclarem. Muitos trazem lâmpadas, pilhas, baterias de celular para a fábrica porque sabem que não podem jogar em um lixo comum”, diz Ribeiro. A empresa também ganhou dez prêmios nos últimos três anos de instituições como Fiesp, Câmara de Comércio Brasil-México e CNI. Já o Grupo Hübner – um conglomerado de empresas que atua nas áreas de briquetagem, carvoaria, siderurgia, fundição, usinagem e implementos rodoviários – vai investir na primeira fábrica de carvão ecológica. Com a aquisição da Siderlinea Siderurgia, o Grupo Hübner passou a ter uma grande necessidade do insumo, uma das principais matérias-primas para a fabricação do ferro-gusa. Foi quando se passou a in-
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vestir na Bricarbras. “A produção de carvão no Brasil é um trabalho que utiliza mão-de-obra escrava e infantil e é altamente poluidora mesmo com grandes empresas. A Bricarbras é um conceito voltado à área de reflorestamento, gestão de resíduos e produção de carvão de uma forma ambientalmente correta”, diz Nelson Hübner Júnior, diretor de marketing. Outra vantagem é que a Bricarbras vai utilizar como matéria-prima a serragem da madeira, que normalmente acaba virando um lixo ambiental nas madeireiras; quando chove, corre para os rios e causa problemas de assoreamento. Também não pode ser queimada, porque é poluente. Na proposta da Hübner, a serragem é prensada e vira o briquete, que é uma espécie de lenha, para então ser carbonizada e produzir o carvão. A qualidade do produto é tão boa que a empresa acredita num potencial de exportação. “Na Europa, eles têm uma consciência ambiental muito grande e existe um consumo enorme de briquetes por causa da calefação.” Outra preocupação da Hübner foi com a fumaça gerada pela carbonização, pois ela contém elevados níveis de dióxido de carbono, grande poluente e o maior responsável pelo aumento do
efeito estufa. Para solucionar esse problema, foi feita uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa e se desenvolveu um modelo inovador de forno através do qual o carvão será produzido em um tempo bem menor do que o convencional e, o mais importante, sem emissão de poluente algum. “É um forno que tem um sistema de filtro e queimadores específicos, em que toda a fumaça é utilizada na carbonização novamente, como um ciclo”, diz Hübner Júnior. O processo também pode utilizar madeira de reflorestamento ou galhos de madeiras. O forno terá alta produtividade: no processo convencional a fabricação do carvão demora até dez dias; na Bricarbras vai se dar em até oito horas. A empresa também vai investir no treinamento da mão-de-obra para garantir a otimização do investimento de R$ 12 milhões na nova fábrica de carvão. A Bricarbras não é o único investimento em ações ambientalmente corretas, o grupo também investe em coleta seletiva do lixo e tratamento de resíduos industriais e instalou a reciclagem de água em uma de suas unidades. “A sustentabilidade está inserida na estratégia da empresa. Mas, mais do que uma ação empresarial, é uma atitude cidadã”, diz Hübner Júnior.
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Ética
Demissões sem susto Recolocar funcionários que perdem o emprego é uma tendência que fortalece a imagem e gera renda
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Conseguir recolocar 95% dos demitidos foi uma obra socialmente responsável da Kaiser em 2002, seguindo uma tendência das empresas, que, desde o final da década de 70, estão passando por sofisticados processos de reestruturação, fruto natural de fusões e terceirizações. São as demissões econômicas, que se dão não por incapacidade do funcionário, mas por um apelo muitas vezes sensível para o bolso do acionista: corte de gastos. Por isso, hoje, o grande desafio das companhias que iniciam um programa de reestruturação é se preocupar com o impacto social e econômico na comunidade. A maneira de realizar demissões de forma socialmente mais adequada é dar apoio e reorientação aos profissionais demitidos na busca de novas oportunidades de trabalho e renda. Foi esse o dilema que a Kaiser viveu em 2002. Através de uma fusão com a canadense Molson, a Kaiser se viu obri-
gada a encerrar atividades em três fábricas e reduzir a produção de uma quarta. O resultado foi que a empresa teve que demitir cerca 422 funcionários, incluindo o fechamento da unidade de Ribeirão Preto, uma das fábricas mais antigas da empresa, com 75 anos, e também uma das menos eficientes. “Tínhamos em Jacareí, há 45 minutos, a fábrica mais moderna da empresa, que produzia dez vezes mais”, diz Paulo Macedo, diretor de assuntos corporativos e comunicação. A solução foi criar um plano de assistência que desse aos funcionários demitidos chances de conseguir se recolocar no mercado. “Queremos que nossos funcionários sejam tratados com absoluto respeito e dignidade. A ética também é uma fortaleza da Kaiser”, diz Macedo, referindose ao fato de a Kaiser ser formada por ex-funcionários da Coca-Cola e ter uma história em que o quadro corporativo foi composto de baixo para cima. “Por isso
temos uma cultura de responsabilidade com o funcionário, crescemos com base nessa crença, muito antes de começarem a falar, de virar moda.” Por isso foi natural para a empresa agregar ao Programa de Demissão Voluntária (PDI) um aspecto de responsabilidade social. E o resultado na cervejaria foi melhor que o esperado: cerca de 80% dos ex-colaboradores conseguiram uma nova fonte de renda – um novo emprego, abrir uma empresa ou trabalhar como consultor ou autônomo em cerca de três meses. Ao fim de um semestre, este índice já era de 95%. “Demos aos funcionários apoio financeiro, profissional e psicológico. Nos preocupamos com um funcionário que passa muito tempo em casa, por exemplo.” A Volkswagen também adotou um programa semelhante, disponibilizando uma célula de emprego, ou seja, uma espécie de escritório para os ex-funcionários, que é equipado com computador, internet, fax e conta com a participação efetiva de consultores que ajudam desde a escrever um currículo até administrar a indenização. “Não é uma simples questão de ministrar cursos ou palestras. É o começo de um processo de auto-avaliação de suas competências. Por vezes, um
Ações sociais da Volks Como também se preocupa com questões ambientais que dizem respeito ao tratamento de esgoto e a potabilidade da água, a Volkswagen mantém sob contrato dois laboratórios na fábrica Anchieta. A EP Engenharia cuida do esgoto industrial, enquanto a Water Lab garante a potabilidade da água. A Fundação Volkswagen tem como foco de atuação a educação, dividida em dois eixos norteadores: a educação formal – apoiar projetos que contribuam para o aprimoramento da gestão do ensino, formação de professores e aprendizagem de alunos das escolas públicas de ensino fundamental do país – e a educação complementar.
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ex-funcionário decide que ram um desperdício.” quer trabalhar em outras funOutra vantagem é que ções, sair de uma área técnia empresa se apresenta no ca e passar para a gerência”, mercado como socialdiz Raimundo Ramos, gemente responsável, emborente executivo e de desenra combinar a estratégia volvimento de recursos hude demissão e marketing manos da montadora alemã. não seja das mais aconseO programa – que teve a parlháveis. “Não fazemos isso ticipação de cerca de 850 Raimundo: muda o para ganhar imagem. Eu foco da avaliação funcionários demitidos – não preciso dizer que sou das competências conquistou inclusive o apoio bonzinho para acreditarem do sindicato, sendo citado como exem- em mim. Isso foi quase uma exigência plo e novo paradigma. dos funcionários, e não uma decisão cor“O mais importante é eliminar o porativa”, diz Macedo. Por fim, a demedo dos que ficam de serem atingi- missão socialmente responsável minimidos. É um estímulo, uma motivação, faz za os problemas judiciais, algo incomum com que acreditem na empresa”, diz Gil- no Brasil – campeão mundial de demanberto Guimarães, diretor da BPI, con- das judiciais, com 2,5 milhões de novos sultoria especializada em recolocação do processos por ano. “É muito importanprofissional no mercado. “O demitido te para nós que o ex-funcionário não se põe um dinheiro no bolso e encontra uma sinta injustiçado”, diz Ramos. nova ocupação, transformando aquela Para Guimarães, existe uma certa culindenização em poupança real”, afirma. tura indenizatória na legislação trabalhisRamos concorda e acrescenta que a ex- ta brasileira, pois, para uma empresa depectativa do funcionário perante esses mitir, ela é obrigada a pagar multa do funtipos de programas é sempre positiva. do de garantia, entre outros encargos. “Na “Ele fica com a impressão de que a em- Europa, esse conceito de demissão respresa, mesmo com dificuldade, vai lhe ponsável é lei. Se uma empresa demite dar todo o suporte; que na hora da de- mais de dez funcionários num período missão, os muitos anos de casa não fo- curto, de 90 dias, ela precisa montar um
plano social e é obrigada a ser responsável socialmente pela recolocação dos profissionais.” Mesmo com tantos benefícios, Ramos acredita que vai demorar para esse conceito se tornar na prática um padrão no mercado. “Nossa realidade é de pequenas e médias empresas que ainda não vislumbraram o retorno que esse tipo de ação traz. Ainda não temos essa maturidade”, afirma. De acordo com Guimarães, esse processo não é caro, custa praticamente o valor de um salário médio por profissional acompanhado, o suficiente para ser compensado em imagem, motivação dos funcionários, eliminação de greves e, principalmente, com ausência de demandas judiciais. “A relação custo–benefício é largamente compensadora para a empresa e, claro, para as pessoas. E para o país também, porque não gera novos desempregados, pessoas em condições sociais delicadas”, explica Guimarães. Mesmo assim, Macedo, da Kaiser, confessa que não gostaria de estar envolvido em outro processo de demissão: “Ninguém gosta de demitir alguém, nem precisamos disso, já que a empresa está em fase de crescimento. Mas se tivesse que fazer isso, iria ampliar os benefícios, dar algo a mais para os funcionários”.
Ações sociais da Kaiser O Centro de Voluntários Kaiser foi criado para estimular os funcionários a trabalhar como mão-de-obra voluntária em instituições filantrópicas. O projeto Esfera Azul valoriza a qualidade da água para atender a cidade de Gravataí (RS). O projeto Tibagi Vivo busca conscientizar as comunidades ribeirinhas, os pescadores e o público em geral para a necessidade de conservar o Rio Tibagi. O sistema de gestão ambiental Kaiser está baseado na norma internacional Iso 14.001 e é aplicado nas oito unidades da empresa. Foi criada uma ferramenta para a avaliação do estágio de cada unidade, chamada Rating Ambien-
tal, além de serem formados técnicos especializados na área. A Kaiser foi uma das pioneiras da indústria nacional a instalar sistemas de co-geração de energia elétrica e a vapor em suas fábricas. Hoje, com o sistema instalado, as unidades de Jacareí (SP) e Pacatuba (CE) são completamente auto-suficientes na geração de energia elétrica, necessária para a operação de seus processos produtivos. A compostagem do iodo biológico das estações de tratamento de efluentes, transformando-o em adubo orgânico, garante uma destinação adequada para o principal resíduo sólido gerado pela empresa. Com o tratamento dos efluentes é possível utilizar a água reciclada e diminuir o consumo. Outubro 2005 – Empreendedor – 29
Ética
O programa da casa própria Atuar em áreas críticas motivando os colaboradores faz parte de uma bem-sucedida estratégia de benefícios Um dos preceitos que envolvem a habitacional é de 7,2 milhões de casas. tão almejada qualidade total é coletar Foi por isso que a empresa investiu, opiniões do público interno para identi- desde janeiro de 1997, cerca R$ 12,5 ficar os fatores que provocam satisfa- milhões de reais, já ergueu 605 casas e ção e insatisfação no trabalho. Mas não até o final do ano planeja investir mais basta ouvir, é necessário implantar R$ 3 milhões de reais para a construmelhorias nas áreas críticas, seja com ção de 122 moradias. programa motivacional, seja com esUm dos motivos para a implementatratégia de benefícios. Para gerenciar ção do Programa Habitacional Perdigão as necessidades de seus funcionários, (Prohab) era uma certa aflição dos funa Perdigão colocou em ação um plano cionários devido aos altos aluguéis paque facilita a compra da casa própria gos, em especial os de baixa renda. Por para sua equipe de profissionais. “So- isso, só podem solicitar financiamento mos uma empresa preocupada com funcionários que recebem salários de até questões sociais. NotaR$ 2 mil por mês e já estão mos uma dificuldade em há três anos na empresa. habitação e a empresa tiPara reduzir o preço do imónha ativos inoperantes, vel e facilitar o financiamencomo lotes de terras. Por to realizado com os recurisso, resolvemos favoresos do FGTS e da Caixa cer os trabalhadores e disEconômica Federal, a Perponibilizamos um projeto digão gerencia todo o procompleto de residência”, jeto de construção das modiz Dorival Carlos Borga, radias, incluindo o trabalho gerente de recursos hudos engenheiros e arquitemanos. Ele acredita que o tos que desenvolveram madesafio da companhia é teriais alternativos para bacondizente com a realida- Dorival: déficit é de ratear a construção. A emde do país, onde o déficit 7,2 milhões de casas presa também se incumbe
de construir toda a infra-estrutura sanitária, elétrica e de pavimentação e revende os terrenos aos funcionários por cerca de 70% do valor de mercado, fornecendo até uma consultoria para o colaborador escolher melhor o imóvel, entre as seis opções disponíveis. “Nós fugimos do mutirão pela falta de padrão técnico e por ser menos aconchegante. Preferimos contratar uma construtora e deixamos aberta a opção de personalizar a casa, como aumentar a cozinha, construir mais um quarto, colocar um piso de cerâmica ou escolher a cor das paredes”, explica Carlos Borga, que conseguiu atingir a meta inicial: as prestações mensais dos imóveis ficam em torno de R$ 200. “Não queremos ganhar dinheiro com essa atitude, nem somos paternalistas. Apenas acreditamos que esse é um benefício que se diferencia, tanto que somos um parâmetro no mercado.” Esse projeto mantém um alto nível de satisfação, tanto que pesquisas internas demonstram uma aprovação de cerca de 99%. Quando o funcionário não consegue o financiamento por um banco, a em-
Outras ações sociais da Perdigão Em parceria com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social e a Prefeitura de Rio Verde (GO), a Perdigão investiu R$ 3 milhões no Programa Atende para construir nove centros de saúde conjugados a postos policiais em pontos estratégicos da cidade, descentralizando o serviço de atendimento à população. E a empresa também construiu e entregou ao município um posto avançado do corpo de bombeiros. Com o objetivo principal de despertar o interesse dos jovens para a leitura de jornais, a companhia criou o Programa Cidadão do Futuro, através do qual contribui com a assinatura de um jornal para um aluno, que o recebe em sala de aula.
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O Programa 5S nas Escolas pretende introduzir os conceitos de qualidade total no dia-a-dia de estudantes, tanto na escola como em casa. Hoje alcança cerca de 6 mil estudantes do ensino fundamental de instituições de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Os estudantes são incentivados a atuar na preservação do patrimônio escolar por meio de ações de jardinagem, controle dos mobiliários, reciclagem de materiais e formação de grupos teatrais para a disseminação desses conceitos para a comunidade. A formação de mão-de-obra qualificada é a meta do Programa de Formação de Jovens e Adultos, que possibilita a todos os funcionários da Perdigão concluírem o 1° grau. “Antes as em-
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Imóveis construídos por crédito da Perdigão com recursos de um fundo específico para esse tipo de financiamento
presa fornece um crédito da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo Perdigão (Crediperdigão) através da manutenção de um fundo específico para financiamento de moradias. Um critério para atender a grande demanda por novas casas é a quantidade de filhos: quanto maior for a família, mais possibilidades o empregado tem de ser contemplado. A importância desses projetos extrapola os limites da empresa e beneficia toda a comunidade. Somente em Videira, uma das quatro cidades em que a empresa se dedica ao programa, cer-
ca de 31% da população dependem diretamente da empresa e calcula-se que mais de 60% da população estejam vinculadas indiretamente à Perdigão. “Uma companhia tem que estar junto com a comunidade. Este é um reconhecimento aos nossos funcionários e, ao mesmo tempo, uma forma de deixarmos clara sua importância para a empresa.” Para Borga, benefícios e promoções como o Prohab – que possibilitam o acesso à casa própria para pessoas que dedicaram boa parte de suas vidas à empresa – abrem um novo horizonte
presas queriam apenas mão-de-obra, não importando o conhecimento. Hoje, elas querem cérebros e necessitam de um patrimônio intelectual”, diz Carlos Borga. A empresa financia o ensino gratuitamente, pagando o material escolar e construindo colégios, patrimônio que acaba se revertendo para a comunidade. Desde a implantação do programa, mais de 5 mil alunos já concluíram o ensino fundamental e a empresa já implementou um período para o 2° grau. Facilitar a retirada e a regularização de documentos, fornecer informações úteis sobre os diversos serviços públicos, proporcionar atendimentos odontológicos e médicos – especialistas em fonoaudiologia, oftalmologia, cardiologia, pedia-
de oportunidades de crescimento dentro da empresa. As conseqüências são sempre positivas: baixa rotatividade, maior comprometimento e aumento de rendimento e produtividade. “Nós ajudamos a realizar um sonho. Sinto-me abençoado por testemunhar a festa no dia da entrega da chave”, finaliza Borga. Ele sabe que o sucesso das novas empresas que investem em ética está relacionado principalmente ao sucesso dos seus colaboradores e que as empresas que não investirem neste fator, certamente, enfrentarão dificuldades.
tria e otorrinolaringologia – e oferecer lazer às crianças: esses são alguns dos princípios da Ação Perdigão Social, desenvolvida nos municípios onde a empresa mantém unidades. Ao todo foram feitos mais de 36 mil atendimentos. No evento, a empresa também realiza campanhas preventivas e de orientação sobre trânsito, acidentes domésticos, tabagismo e outras dependências químicas. Um evento itinerante, que acontece de dois em dois anos e mobiliza delegações de todas as unidades da empresa, as Olimpíadas Perdigão prezam por promover a integração, a confraternização e o fortalecimento de laços de amizade e companheirismo por meio do esporte. Outubro 2005 – Empreendedor – 31
Inovação
A mídia dos cupons Como fazer um bom negócio: imprimir propagandas no verso da nota fiscal de supermercados O empresário paranaense Clovis Boguszewski, franqueador máster da Ticket-Achats, investiu cerca de R$ 1 milhão em um conceito simples, mas que pode colocar o consumidor em contato direto com o anunciante: imprimir propagandas no verso da nota fiscal de supermercados. “Nosso diferencial é que nesta mídia a medição de audiência é menos subjetiva que na televisão, por exemplo. Você consegue mensurar o número de pessoas que vão entrar em contato com o seu anúncio, e isso chega próximo de um anúncio de televisão, dependendo do horário, com valores infinitamente menores”, diz Boguszewski. A idéia é popularizar pelo país uma espécie de mania nos Estados Unidos e na Europa: o cupom de desconto, “que é uma coisa que não vingou no Brasil porque nessas várias tentativas nunca foi feito um trabalho contínuo”, afirma Boguszewski. Ele espera que o público brasileiro adote o cupom com a mesma paixão com que exerce a pechincha. O empresário explica que nos Estados Unidos é comum recortar o cupom do jornal e ir numa loja para trocar um desconto. “Mas a nossa idéia é mais direta, o cliente recebe na mão, já que todo supermercado dá nota fiscal”, diz, lembrando que no Brasil o número de pessoas que compram jornal é muito menor do que nos Estados Unidos. Na carteira de clientes figuram empre-
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sas como Carrefour, McDonald’s, Beto Carrero, Café Damasco, Drogamed, Havan, Losango e Pollo Shopping. Outro comprometimento da Ticket-Achats é que, se um determinado anunciante fecha um negócio, a empresa garante exclusividade e não publica outro anúncio de um concorrente. “Se eu procuro uma concessionária de automóvel e ela se interessa e participa, durante o período que anunciar não vai ter outra concessionária.” Os contratos são renovados a cada dois meses, quando são trocadas as bobinas dos supermercados com novos anúncios. “Se o nosso cliente mudar o anúncio, fazer outra promoção, ele não pagará mais por isso. O valor estipulado para que ele participe é sempre o mesmo”, diz Boguszewski. O desenvolvimento e a criação do anúncio são serviços incluídos, embora a empresa também aceite trabalhos feitos por agências de publicidade. Além do retorno em propaganda, o anunciante também tem a opção de, na hora de trocar o cupom ou dar um desconto, usar ferramentas de cadastro e manter mala direta sem ter que desembolsar por isso. O empreendedor vai montar a estrutura TicketAchats no Brasil em forma de franquias. Espera ter cerca de 50 unidades até o fi-
por
Wendel Martins
nal de 2007, com forte presença em todas as capitais do país. A grande vantagem do sistema de franquias é a gerência autônoma, o que compõe um importante diferencial de mercado: a customização do anúncio. “O anunciante que se interessa pela três lojas do Carrefour, por exemplo, pode ter um anúncio diferente para cada loja, procurando atrair um cliente diferente para cada espaço. Essa é uma vantagem que outra mídia também não oferece. Se você fizer um anúncio em outros veículos, você vai ter que fazer aquela mídia e atingir a cidade, o Estado ou o país com aquela informação.” Outra vantagem é que o anunciante pode ter uma avaliação ou o controle de uma promoção através da contagem dos cupons. “Tudo isso cria no conceito Ticket-Achats uma forma de mídia bastante interativa, em que o cliente também participa. É uma novidade que vem para ficar.”
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Anúncio passa no caixa O produto Ticket-Achats é o único meio de comunicação que permite aos seus anunciantes tirar partido do grande fluxo de clientes das redes de lojas através dos cupons de caixa emitidos em cada transação. A iniciativa conta com projeto de marketing, com merchandising e treinamento para valorizar o ticket e incentivar o consumidor a utilizar os cupons veiculados. Para o lançamento, a companhia escolheu as empresas que têm maior percepção de qualidade para o consumidor de Curitiba nas variadas áreas de mercado. O Carrefour, por exemplo, parceiro da Solicom na França, foi eleito para iniciar a campanha de lançamento devido às comemorações dos 30 anos do supermercado francês no país. A expectativa é que circulem cerca de 100 mil pessoas ao mês em cada unidade do Carrefour na capital paranaense. Mas são os pequenos e micro empresários que podem explorar o novo filão de mídia regionalizada. Entre as diversas promoções ofertadas aos clientes da rede de supermercados, está a do Lady & Lord Cabeleireiros e Estética, que aposta nos cupons de desconto como uma forma de atrair um público maior para seus serviços: quem apresenta o cupom ganha 30% de desconto na limpeza de pele. O restaurante Ipon, também em Curitiba, especializado na culinária japonesa, é outro dos 40 primeiros clientes anunciantes que oferece desconto em determinados pratos ou isenção da taxa de entrega. A empresa acredita que os clientes vão guardar os cupons e usá-los quando for conveniente, criando retenção de imagem e aumentando as expectativas de vendas. “Todo mundo vai a um supermercado para comprar algo para comer ou para a casa. Além de proporcionar retorno para o anunciante, é útil para a rede varejista. Bom para os dois lados”, diz Clovis Boguszewski, que acredita que os comerciantes filiados à Ticket-Achats podem ter um importante diferencial competitivo.
Clovis investiu cerca de R$ 1 milhão num conceito simples, mas eficiente
O franqueado da Ticket-Achats não é um mero vendedor, é um consultor. Deve conhecer quem vai anunciar e saber o potencial do cliente para fazer uma oferta. “É preciso mostrar para o cliente que em alguns supermercados o anúncio vai aparecer cerca de 100 mil vezes. Se ele fizer uma promoção interessante e 1% atender o chamado, ele vai ter mil pessoas interessadas e terá que atender essa demanda”, afirma Boguszewski. Se o franqueado não tiver esse cuidado, serão muitos os casos de anunciantes pedindo para retirar o anúncio, porque não suportam o retorno. “Uma maneira de administrar melhor, e que estamos recomendando, é definir dias específicos para a promoção; por exemplo, chope de graça sempre às terças e quintas.” Boguszewski insiste em buscar um franqueado com um perfil que não vá comprometer o desenvolvimento da rede. A taxa de franquia pode variar de R$ 10 mil a R$ 54 mil e o franqueado cuida de um determinado grupo de lojas. Se a cidade é menor, o potencial a ser explorado também é menor e os valores têm que se adaptar a essa realidade. “Ele não pode ser só o investidor ou alguém que disponha do valor para adquirir a franquia, tem que ter a experiência com vendas de anúncio ou conhecer certos detalhes de impressão, procurar ser acessível, trocar idéias. O crescimento da franquia se dá de forma lenta e cuidadosa, é um trabalho de formiguinha.” O empresário também
acredita que, como é um negócio novo, isso vai exigir um empenho maior dos primeiros franqueados para mostrar o potencial que o Ticket-Achats tem como veículo de mídia. “Porque muitos anunciantes, quando são procurados, ficam naquela dúvida. Mas, no momento que eles vêem a possibilidade de novos negócios, muitos se convencem.” Além de uma idéia inovadora, a história de Boguszewski e da TicketAchats no Brasil demonstra que é necessário para o empreendedor sensibilidade para estar no lugar certo e na hora certa. O grupo Solicom, dono da marca mundial, procurava um representante no Brasil para expandir operações. O gigante francês que atua nas áreas de consultoria em comunicação e de edição de jornais e revistas criou a divisão do cupom de compras em 2.000 e logo conquistou grandes redes lojistas, como Carrefour, Leclerc e McDonald’s. Boguszewski diz que o contato com os franceses surgiu através de um amigo que já era franqueado máster em Portugal. “Nós fomos candidatos e, após um processo de seleção, fomos escolhidos. Ficamos com o mercado brasileiro só para a gente. Ao mesmo tempo em que é uma alegria, é uma responsabilidade.”
Linha Direta Ticket-Achats www.ticketachats.com.br Outubro 2005 – Empreendedor – 33
Valor
A reinvenção dos alimentos CASA DA PHOTO
Apostando em novos produtos ou fortalecendo a tradição, empresas cativam os clientes por meio de uma estratégia que inclua aroma, textura, sabor, criatividade e marketing
Marco Alfredo, terceira geração da Di Cunto: embalagens com edição limitada e receita exclusiva
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por
Fábio Mayer
sacia e ao mesmo tempo incita a vontade de comer mais. Na conquista também vale apostar em um relacionamento transparente, atender de forma criativa, fornecer orientações e investir em marketing e divulgação. Como parte da estratégia, o empreendedor deve acrescentar esses elementos à política corporativa e ao modelo de gestão para ter sinais positivos de consolidação e crescimento. Na maioria das vezes, a empresa ganha espaço no mercado quando as iniciativas não empurram o produto para os clientes; ao contrário, cativam os clientes a ponto de eles o indicarem a outras pessoas. Nessa batalha por fascinar e ganhar a preferência dos consumidores, é necessário saber previamente o que eles gostam. A maioria dos empreendedores tem interesse de conhecer o mercado em que atuam e corre atrás para acompanhar as tendências. Para se inteirar e superar as expectativas, as pesquisas de mercado são uma boa solução. “A resposta básica é em vendas, mas independentemente disso a indústria pode contratar empresas de pesquisa para ouvir a opinião do consumidor sobre o produto. Normalmente, fazem isso antes do lançamento, mas ao longo da vida útil também é importante”, diz Denis Ribeiro, diretor econômico da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). Ouvir e proporcionar o que os clientes querem é um exemplo de iniciativa realizada pela Unilever. Pedidos registrados via contatos pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa e também por meio de pesquisas levaram a marca AdeS, da Divisão de Alimentos da Unilever, a lançar um novo sabor da bebida à base de proteína de soja. A estratégia foi adotada depois de detectar que os consumidores tinham o hábito de misturar achocolatado em pó à bebida. Depois de colocar o produto no mercado, um novo estudo foi feito para saber a opinião sobre ele. O resulta-
do teve 89% de aprovação. As gôndolas dos supermercados comprovam que a indústria de alimentos no Brasil tem padrão internacional. Na condição técnica, no aprimoramento e na variedade dos produtos que são oferecidos ao consumidor, a indústria brasileira não deixa nada a desejar a de outros países. Ano passado esse nicho movimentou cerca de R$ 180 bilhões, o que corresponde a 10% do PIB, e exportou US$ 17 bilhões. “Isso prova que temos força para competir no mercado mundial. Tem muitas empresas brasileiras que são fornecedoras internacionais e tem também as multinacionais que atuam CASA DA PHOTO
Com clientes mais informados e exigentes, a indústria brasileira de alimentos tem que se reinventar e se aprimorar diariamente. Não basta satisfazer as necessidades dos consumidores, é necessário surpreendê-los com novos produtos, conceitos diferenciados e na forma de apresentação dos alimentos. As cores, por exemplo, são muito utilizadas para atrair a atenção. E não só a visão, mas o estímulo dos outros sentidos também contribui para influenciar a decisão de compra. O aroma desperta o desejo de provar, a textura torna agradável o ato de mastigar e o sabor
Novos sabores: o importante é se tornar referência e ser divulgado de forma natural
em diversos mercados”, diz Ribeiro. A gama de alimentos oferecida no mercado também mostra a acirrada concorrência desse nicho no país, na tentativa de ampliar o número de clientes. Por serem bens de consumo não-duráveis, precisam ser comprados diariamente ou uma vez por semana, e isso demanda que os empreendedores aprimorem ou criem novidades a toda hora. As grandes indústrias lançam em média 50 produtos novos ao ano. As micro, peOutubro 2005 – Empreendedor – 35
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Café que atrai o consumidor é a saída encontrada para enfrentar a concorrência De um momento difícil pelo qual a empresa passava, Afonso Jorge Schmolz de Mattos encontrou o ponto de partida para reinventar o próprio negócio. A família vem atuando na cafeicultura há quase um século, mas, com a acirrada competição do mercado na última década, estava perdendo espaço na área. A solução para conquistar um número maior de clientes foi unir aroma e sabor com informações que valorizassem ainda mais o produto. Junto com a mãe e dois irmãos, em 2001, fundou a Braúna Coffee, uma das primeiras torrefações a trabalhar unicamente com café especial (ou gourmet) no Brasil. “O que a gente vê no futuro do nosso negócio são clientes cada vez mais especializados, que valorizam o máximo possível o processo de qualidade. Chamamos isso de teoria do pull (do inglês, puxar), e não do push, que empurra produtos para o cliente”, diz.
Depois de identificada a demanda, a rastreabilidade foi uma das formas encontradas para contar aos clientes as características do café. “É uma proposta completamente nova no mercado, que leva em consideração o clima local onde é produzido os grãos e o próprio comportamento dos empresários com responsabilidade ambiental”, diz. Conforme o empreendedor, o respeito e a proteção ao meio ambiente hoje são quesitos básicos para a fidelização dos consumidores. Com essa meta, ele implantou um Programa de Gestão Socioambiental na empresa e com freqüência realiza cursos e treinamentos para os funcionários, incluindo a administração, adequarem-se e adotarem esse novo modelo de gestão. A preocupação em atender bem o consumidor final fez com que Mattos desenvolvesse vários serviços, como os cursos, um deles voltado aos donos de cafeterias, para que conheçam
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quenas e médias empresas têm que acompanhar o avanço das maiores, procurando também inovar, principalmente nos detalhes, como, por exemplo, na personalização dos produtos. Para inovar, o empreendedor tem que destinar recursos constantes – a curto, médio e longo prazo – para a pesquisa e desenvolvimento, normalmente a área que recebe a maior parte das verbas. Também não é só querer lançar uma novidade no mercado: “Primeiro exige investimento alto e segundo exige planejamento, mas a indústria vive disso. É necessário colocar a idéia no papel, saber o que se quer do produto e testá-lo. Eventualmente, até realizar uma degustação, oferecendoo a alguns consumidores para saber se eles aprovam ou não”, explica Ribeiro. Depois de escolhida a embalagem, mais adequada à identidade da empresa e que esteja em conformidade com o conteúdo, o alimento vai para o processamento industrial. A próxima etapa é conseguir autorização do Ministério da Saúde e de órgãos responsáveis pela liberação. “Isso tudo toma tempo. Leva-se no mínimo um ano desde a concepção até o lançamento de um produto”, diz Ribeiro. O empreendedor não deve esquecer de reservar recursos para o marketing e a divulgação, normalmente ressaltando os diferenciais e as inovações do produto. A orientação sobre a melhor forma de preparar e consumir o alimento, incluindo informações nutricionais e outros dados que valorizem o produto, ajudam a esclarecer dúvidas e tem um grande peso na conquista e fidelização do cliente. A Unilever é umas das pioneiras no país em realizar ações como essa. Para Carla Dias Araú-
Cliente fiel ao sabor
Mattos: “Vamos do plantio do grão na fazenda até a xícara dos consumidores”
e entendam as características do produto, e outro aos atendentes. “Se o funcionário não for treinado, pode prejudicar todo o trabalho na hora de colocar o café na xícara.” Outra ação foi fazer uma auditoria externa para assegurar que os produtos tinham de fato todos esses atributos. De acordo com ele, também há o objetivo de oferecer maior proteção para o cliente. “Contratamos uma empresa independente, da Suíça, para fazer verificações por meio de uma série de procedimentos e normas. Quem compra sabe que é de origem controlada e que a família trabalha há quase um século na cafeicultura, primando pelas ações sociais e pelo cuidado com o meio ambiente.” Com isso, Mattos recebeu, em 2004, o certificado de origem e qualidade do produto da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), entidade brasileira de âmbito internacional. Hoje, o Braúna Coffee direciona parte de sua produção para os Estados Unidos, com embarques previstos de 1.800 sacas de grão verde a cada ano. O empreendedor planeja agora prospectar novos mercados no exterior e entrar no nicho de cafeterias. Ele pre-
tende inaugurar a primeira até o final deste ano. “Apostamos na verticalização máxima do produto. Vamos do plantio do grão na fazenda até a xícara dos consumidores”, diz. Mattos começou a trabalhar no negócio da família com 15 anos, quando o pai teve de deixar o comando da empresa por problemas de saúde. “De certa forma, isso acabou precipitando melhorias na gestão e a busca de novos mercados, o que costuma ser sempre mais difícil em empresas familiares.” Situada na Região das Matas de Minas Gerais, que era tida como produtora de café de baixa qualidade, ele ajudou a reverter essa situação. Nos últimos cinco anos, o segmento da cafeicultura na região recebeu vários prêmios pela melhoria na qualidade do produto, entre eles o Cup of Excellence. “Trabalhar no que a gente gosta facilita muito as coisas. Hoje somos reconhecidos pela comunidade como referência aqui na região e isso é muito gratificante.” Para ele, não basta querer dar um upgrade na empresa sem estar disposto a correr atrás dos objetivos.
Afonso Jorge Schmolz de Mattos,33 anos, formado em Zootecnia, com MBA em Gestão Estratégica. Braúna Coffee, fundada em 2001 (torrefação), com sede em Araponga e Ervália (MG), atua no ramo de cafeicultura. Teve faturamento de R$ 1,25 milhão em 2004, tem 40 funcionários diretos e 200 indiretos na época da colheita.
jo, gerente de culinários da empresa, os clientes querem conhecer acerca dos produtos que consomem, principalmente em relação à saúde. “Prestar o serviço da informação só tem a contribuir com o entendimento que eles têm de nossos produtos, diminuindo eventuais dúvidas e dando maior tranqüilidade para sua decisão de compra”, diz. Nesse sentido, uma das iniciativas da empresa foi a de desmistificar o processo de produção e conservação dos alimentos. As embalagens de atomatados, por exemplo, foram reformuladas, agora contêm frases e informações com o objetivo de atingir a meta estabelecida. “O principal ponto a ser esclarecido pela empresa é a questão da naturalidade de nossos produtos. Tanto a nossa linha de sopas quanto a de atomatados sofrem com o preconceito de que são utilizados conservadores em seu processo de preparo, fato que não corresponde à realidade”, diz Daniella Brilha, gerente de atomatados da Unilever. A reação do público foi positiva, na avaliação dela, pois ele passou a enxergar os produtos como aliados na busca por uma alimentação saudável. Outra ação que traz resultados é criar e cultivar a tradição e o costume na produção de alimentos. É o que faz Marco Alfredo Di Cunto Júnior, terceira geração da família a trabalhar na Di Cunto, uma das mais antigas fabricantes de panetones artesanais ainda em atividade no país. A confeitaria completou 70 anos este ano e tem o produto como carro-chefe. “Temos embalagens diferenciadas com edição limitada e estudamos a possibilidade de produzir alguns novos sabores para os panetones”, conta Di Cunto Júnior. A exclusividade, com receita própria, pode Outubro 2005 – Empreendedor – 37
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Soja saudável Longe da transgenia, um produto que atende as exigências de consumidores ávidos por qualidade Alguns produtos, como a soja, estão sendo bem-recebidos por um crescente número de consumidores, ávidos por uma melhor qualidade de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a proteína de soja de alto valor biológico, pois contém todos os componentes essenciais (aminoácidos) necessários para o funcionamento e manutenção do organismo humano. O hábito de consumir alimentos saudáveis já é desejado por grandes proporções do público, o que contribui para que esse mercado tenha resultados mais positivos a cada ano. De olho nessa demanda, a Caramuru Alimentos desenvolveu diversas iniciativas com o objetivo de atender as necessidades dos clientes e conquistá-los. Na avaliação de César Borges de Souza, vice-presidente da empresa, as ações não se resumem em oferecer alimentos que ajudem a proporcionar bem-estar às pessoas. “Nos
últimos cinco anos, entendemos que há um grande número de consumidores querendo uma soja não-transgênica e passamos a ter uma estrutura montada para atendê-los.” A idéia de fornecer produtos feitos com soja não-transgênica surgiu devido à legislação brasileira. Há uma lei que obriga os fabricantes a identificar os alimentos que são à base de transgênicos, mas não os que são feitos sem. A empresa optou pela estratégia de informar isso nas embalagens dos produtos. Para isso, foi implantado um sistema de rastreabilidade, que identifica e certifica a origem e a natureza dos grãos. “Isso é uma exclusividade em relação ao tratamento dado ao consumidor final, que o respeita e dá oportunidade dele saber o que tem em cada produto”, diz. O lançamento de produtos inovadores faz parte da estratégia da empresa para surpreender os clientes. Produzir DIVULGAÇÃO
ser encontrada o ano inteiro. Desde a fundação da empresa, em 1935, a regra é sempre ouvir o cliente e aceitar sugestões. O fato de ajudar no atendimento atrás do balcão possibilita ver a reação dele no momento em que consome o produto e saber se este está agradando ou não. Segundo Di Cunto Júnior, isso fez com que a empresa conseguisse se tornar referência no mercado, sendo divulgada de forma natural. “O mais importante é o boca a boca, que também chamamos de marketing viral. É um sistema que, quando o cliente é conquistado, faz com que ele promova o nome de sua empresa. Isso é muito valioso, quem não gosta de que sua empresa seja bem-falada?” A trajetória para se tornar conhecida, com esse grau de reconhecimento por parte dos consumidores, não foi fácil. O fundador Donato Di Cunto veio para o Brasil com 17 anos, mas o destino, na verdade, era a cidade de Montevidéu, no Uruguai. Quando embarcou em Nápoles, na Itália, foi orientado a desembarcar no terceiro porto depois da travessia pelo Oceano Atlântico. Devido a um surto de doença a bordo, o navio teve que fazer uma parada forçada, que confundiu Di Cunto e o fez saltar em Santos (SP). Mesmo sem compreender o idioma, ele tentou se adaptar da melhor maneira possível. Logo, conseguiu um emprego de ajudante de carpinteiro. Mais tarde, em 1985, junto com o irmão José, que acabava de chegar ao Brasil, fundou uma das primeiras padarias de São Paulo (SP). Cinco anos depois, ele retornou ao país de origem. Somente em 1935, os filhos reabriram a empresa no mesmo endereço em que ela começou a funcionar, na Rua Borges de Figueiredo, na Mooca. Hoje, a empresa conta com 180 funcionários, fabrica mais de mil produtos diferentes, possui três lojas próprias na capital paulista e atende outras cidades por meio de distribuidores e revendedores.
César Borges: identificação e certificação da origem e da natureza dos grãos
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óleos com sabor, por exemplo, de manjericão, limão e alho foi uma das oportunidades identificadas. “As pessoas da área de vendas trazem informações de campo, o marketing tenta traduzir os dados coletados e temos uma área de novos negócios com competência para desenvolver os produtos que foram anteriormente levantados e sugeridos como oportunidades.” A Caramuru Alimentos, atualmente, é uma das maiores empresas de processamento de grãos com capital nacional. Com 41 anos de atividade, o grupo tem capacidade de processamento de 1,2 milhão de toneladas de soja e 677 mil toneladas de milho por ano. A companhia refina 230 mil toneladas anuais de óleos de milho, soja, girassol e canola e a sua capacidade de armazenamento soma 1,8 milhão de toneladas de grãos. Em 2004, o faturamento da empresa chegou a R$ 1,8 bilhão. Outra empresa que tem investido muito nesse nicho é a Vitao Alimentos. Criada em 1989, é uma das pioneiras na fabricação de produtos integrais. “Dos últimos cinco anos para cá houve um grande crescimento dessa indústria e hoje não existe mais perfil de consumidor, todo mundo que experimenta passa a virar consumidor do produto integral devido aos benefícios da alimentação, principalmente no que tange a parte digestiva”, diz Edoardo Thomé, diretor comercial da empresa. A estratégia da Vitao é a de buscar novos ingredientes para adicionar mais sabor aos produtos integrais. Thomé conta que no começo o alimento era confundido com comida para cachorro, ou seja, não tinha muito gosto. Com o tempo, houve um maior interesse dos nutricionistas e culinaristas, surgindo uma série de receitas. “À medida que foi sendo agregada tecnologia ao processo de produção se conseguiu fazer produtos industrializados integrais sem perder o sabor, como sopa, macarrão, biscoitos, granola e cereais de frutas.” As estratégias de inovação e desenvolvimento de um novo produto são norteadas por três fatores: opinião do
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Nutrição consciente Mundo Verde acredita que não basta ao consumidor alimentar-se bem, é preciso mudar de comportamento Ao retornar à sua terra natal, Pe- dutos orgânicos a partir deste ano, o que trópolis (RJ), depois de anos morando é o grande futuro no mercado de alimennos Estados Unidos, onde tinha uma tos no mundo todo.” Seguindo o mesmo loja de roupas, Jorge Eduardo Antu- conceito mercadológico de qualidade de nes da Silva trouxe na bavida, criou um novo projegagem a semente de um to, ainda em fase-piloto, na negócio inovador. A percepárea de sucos e lanches nação de uma nova tendência turais, integrais e dietéticos: mundial de comportamento a Mundo Verde Sucos. No – a busca de qualidade de cardápio, sucos simples e vida, beleza e saúde – fez mistos de frutas diversas, ticom que decidisse abrir a gela de açaí e lanches com Mundo Verde, franquia de produtos como hambúrguer produtos naturais e dietétie salsicha feitos de soja. cos, em 1987. Desde a criSilva procura atender ação da empresa, ele acomas necessidades dos clienpanha o crescimento do Silva: vantagens tes com produtos e ações mercado e da demanda de da dieta saudável que enfatizem a reeducaconsumidores, que estão e equilibrada ção alimentar e a prevenmais atentos aos benefícios ção de doenças. Os conde uma alimentação saudável e equili- sumidores contam com o apoio de uma brada. “As pessoas estão cada vez mais equipe de nutricionistas e têm à dispoconscientes de que não basta apenas sição outras iniciativas que evidenciam alimentar-se bem, é preciso também o tema, como informativos e receitas. ter um comportamento voltado para o Para manter um padrão de qualidade e bem-estar e para o consumo consci- atendimento, o departamento de superente, que a meu ver será o maior atri- visão da Mundo Verde adota uma rotibuto competitivo deste século”, diz. na de visitas freqüentes às unidades O sócio-proprietário também inves- franquedas e realiza treinamento conte com freqüência na busca de novos tínuo de franqueados e funcionários. nichos. “Estamos priorizando os proA Mundo Verde é o que se chama de FOTOS DIVULGAÇÃO
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Loja Mundo Verde: produtos orgânicos são considerados o futuro do mercado
franquia de terceira geração (transferência do know-how desenvolvido pelo franqueador ao franqueado em tudo o que diz respeito à instalação, operação e gestão do negócio). “Buscamos a excelência também na gestão participativa nos processos de decisão, fazendo com que nossos funcionários e franqueados definam em conjunto os novos rumos e as estratégias nas relações com os fornecedores e clientes.” A parceria inclui suporte para manutenção da padronização da rede, pesquisa de mercado e definição do mix de produtos – hoje em torno de 27 mil itens, entre alimentação natural, produtos para atletas, ecológicos, cosméticos, dietéticos, esotéricos, complementos alimentares, CDs e mais de 1,5 mil títulos de livros neste segmento. “O ponto mais forte da empresa é a força de sua marca e os principais objetivos estratégicos relacionam-se com o seu valor: queremos torná-la cada vez mais conhecida e valiosa através do reforço de nossa filosofia e da fidelidade aos ideais que nos fizeram crescer.” Hoje a rede é composta por 107 lojas em 11 Estados, com 1,2 mil funcionários que atendem em média 45 mil clientes por dia. A meta é abrir 70 lojas na região ao longo dos próximos cinco anos. A Mundo Verde iniciará sua expansão internacional no primeiro semestre de 2006. Silva acredita que o grande desafio é crescer sem perder os valores e os princípios adotados e a satisfação em trabalhar com o bem-estar. “Contagiar 1.200 funcionários e 45.000 clientes que atendemos diariamente com a nossa ética é um pouco mais difícil do que pode parecer, mas é fundamental para o futuro do negócio e é assim que pretendemos nos manter fortes.” Jorge Eduardo Antunes da Silva, 48 anos, nascido em Petrópolis (RJ), formado em engenharia civil. Mundo Verde, fundada em 1987, com sede em Petrópolis (RJ), atua no comércio de produtos naturais e dietéticos. Faturou R$ 48 milhões em 2004 e tem 1,2 mil funcionários.
Giro rápido As indústrias, em geral, sofrem com juros altos e câmbio valorizado no Brasil. “Isso é um pé no freio no consumo. Não adianta a indústria querer crescer porque o consumidor está devagar”, diz Denis Ribeiro, diretor econômico da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). Em 2005, a perspectiva de crescimento desse mercado é de aproximadamente 4% no volume de produção e de 3,5% nas vendas efetivas. De acordo com Ribeiro, para os próximos anos o aumento desses números vai depender de um maior aquecimento da economia. A Anuga, uma das maiores feiras de alimentos do mundo, será realizada entre os dias 8 e 12 de outubro na cidade de Colônia, na Alemanha. Para esse evento, que desde 1971 está incluído no calendário oficial de feiras do governo brasileiro, estão confirmadas 125 empresas nacionais de 14 Estados. Na feira essas empresas estarão expondo matérias-primas, conservas especiais, doces e produtos para lojas de conveniência, alimentos finos e dietéticos, congelados e produtos de sorveteria e bebidas em uma área de 2.560m2. A previsão é receber cerca de 6 mil indústrias vindas de mais de 100 países. O consumidor gasta mais com alimentação, segundo estudo da Federação do Comércio de Santa Catarina. A Pesquisa de Situação Econômica do Consumidor revelou que, em agosto de 2004, 36,8% de uma amostragem de 400 consumidores da Grande Florianópolis gastavam mais com essas despesas. Um ano após, esse número saltou para 51%.
consumidor, que sugere novos produtos através do site e do telefone; inovações tecnológicas, adquiridas através da participação em feiras para trazer as principais novidades para o mercado; e criatividade, já que a empresa está sempre buscando melhorar as receitas. “Começamos trabalhando com produtos integrais para macrobióticos. Mais tarde foi incorporada toda uma filosofia de alimentação chinesa, por isso o nome Vitao – ‘vi’ de vida e ‘tao’ de taoísmo, que quer dizer equilíbrio em chinês.” A Vitao comercializa o que produz para mais de 20 mil pontos-de-venda por meio da venda direta ou por distribuidores, atendendo em todo o Brasil. Aproveitando a expansão da indústria brasileira para outros mercados, neste ano a empresa realizou as primeiras exportações para Taiwan, e elas se preparam para embarcar também para a Arábia Saudita. “Nossa proposta é prover alimentos para que o consumidor, em algum momento da sua alimentação diária, tenha a opção de consumir o produto integral.” Não importa o local, os consumidores são tão ou mais exigentes que os
brasileiros. O americano, por exemplo, pode escolher entre produtos do mundo inteiro, sendo apontado por Thomé como o mais exigente e crítico. Taiwan já vem de uma filosofia de alimentação integral, e o chinês tem por hábito comer alimentos integrais, aceitando melhor os produtos. “Acredito que o consumidor de uma forma geral está cada vez mais exigente.”
Linha Direta Afonso Jorge de Mattos (32) 3554-1658 Carla Dias de Araújo (11) 3054-9766 César Borges de Souza (11) 3021-4830 Daniella Brilha (11) 3054-9766 Denis Ribeiro (11) 3030-1353 Edoardo Thomé (41) 3025-6500 Jorge Eduardo da Silva (21) 2226-1347 Marco Alfredo Di Cunto Júnior (11) 6292-7522 Outubro 2005 – Empreendedor – 41
Inovação
Reciclagem renovada Novas tecnologias aperfeiçoam a recuperação de dejetos, agregando valor a toda a cadeia e reduzindo os impactos ao meio ambiente
Alexsandro Vanin
Reciclar é sinal de responsabilidade social e ambiental. Mas reciclar também é negócio. E, graças às inovações que surgem nos processos de reciclagem, toda a cadeia vive um aumento de valor. É um leque de rendimentos que abrange desde as famílias pobres que fazem a coleta de dejetos, informalmente ou organizadas em cooperativas, passando por quem os comercializa e quem os recicla, além de quem pesquisa o tema, até aqueles que reutilizam o material ou vendem os produtos derivados. As empresas Tetra Pak, Klabin, Alcoa e TSL Ambiental desenvolveram um sistema inédito de reciclagem de embalagens longa-vida (papel cartonado). O processo possibilita a separação total do papelão, do plástico e do alumínio – os
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modelos anteriores mantinham esses dois elementos unidos – com emissão de poluentes próxima a zero e eficiência energética em torno de 90%. “A grande vantagem é agregar mais valor ao plástico e ao alumínio (cerca de 30%), repassar o ganho para as cooperativas e, com isso, aumentar o volume de reciclagem”, diz Fernando von Zuben, diretor de meio ambiente da Tetra Pak. Os integrantes do grupo têm interesses comuns e tarefas específicas. A Klabin recicla a camada de papel das embalagens na sua planta de Piracicaba (SP), que nos últimos anos recebeu recursos na ordem de US$ 2,5 milhões. O material com o restante dos componentes é então encaminhado para a fábrica recicladora – um investimento conjunto de R$ 12 milhões –, adminis-
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Concentração de produtos reciclados em lingotes: menos poluição e mais aproveitamento e rendimentos, vantagens apontadas por Fernando Von Zuben
trada pela TSL Ambiental, que também desenvolveu o método. Nessa unidade, inaugurada em maio deste ano, é aplicado à mistura de plástico e alumínio um jato de plasma a 15 mil graus Celsius (obtido a partir de energia elétrica). O processo transforma o plástico em parafina, vendida para a indústria petroquímica, que utiliza a substância na fabricação de velas, cremes hidratantes e amaciantes de roupa e recupera totalmente o alumínio, em forma de lingotes de alta pureza, repassados à Alcoa para a produção das folhas finas de alumínio, utilizadas nas embalagens longa-vida da Tetra Pak. A iniciativa permitirá a reciclagem de 32 mil toneladas de papel cartonado por ano. Referência mundial A tecnologia, pesquisada há sete anos, inicialmente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), já chamou a atenção de pesquisadores e empresários estrangeiros. Em dezembro, uma planta de reciclagem nos mesmos moldes será inaugurada em Valência, na Espanha, pela fabricante de papel Nesa, um investimento de 6 milhões de euros. Outra fábrica recicladora está em fase inicial de implantação na Alemanha, e empresários da Itália, França e Holanda já demonstraram interesse pelo sistema, assim como suecos e chineses, que chegaram a organizar missões para conhecer a planta-piloto ainda no ano passado. “O Brasil tem um histórico exemplar de reciclagem de alumínio e, conseqüentemente, um grande potencial para tornar-se referência no reaproveitamento de embalagens longa-vida”, diz Franklin Feder, presidente da Alcoa América Latina. Já a Tramppo, empreendimento residente no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), em São Paulo (SP), desenvolveu no Brasil um equipamento para recuperar o mercúrio presente nas lâmpadas fluorescentes a um preço (R$ 600 mil) que representa apenas 20% do valor de uma máquina de tecnologia similar, importada da Suécia. O sistema permite tra-
balhar com pequenas quantidades e com pouquíssima perda, em um processo a seco, cuja eficiência é de 98%. Outro diferencial é que a Tramppo vai prestar esse serviço para seus clientes. Um protótipo será lançado em outubro e até abril do ano que vem o aparelho será produzido em escala, informa Gilvan Xavier Araújo, diretor da empresa. Foram três anos de pesquisa desde que Araújo, profissional da área de iluminação industrial e tratamento de afluentes, percebeu a oportunidade de negócio. Segundo ele, o Brasil produz 100 mil lâmpadas fluorescentes por ano e recicla 2,2 mil unidades; o que não é reaproveitado é dispensado no meio ambiente. O problema reside na coleta desse material. E a solução adotada por Gilvan será a logística reversa: ao comprar lâmpadas fluorescentes, o consumidor entregará as usadas. Inicialmente a Tramppo vai operar na região onde está instalada, mas com o tempo expandirá a atuação para todo o país e também utilizará a tecnologia para recuperação do mercúrio presente no amálgama e em baterias, por exemplo. A logística de fluxo reverso, em combinação com sistema geográfico de informações e tecnologia de banco de dados, é a base do Sistema Ciclo, projeto para otimizar o segmento de reciclagem desenvolvido pela empresa homônima, incubada no Cietec. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2000 (PNSB/IBGE), apenas 0,05% dos resíduos sólidos produzidos no Brasil – cerca de 125 mil toneladas por dia – é encaminhado para triagem antes de ser depositado em aterros ou, pior, em lixões, como é mais comum. Uma perda, conforme estimativa de especialistas, de R$ 8 bilhões por ano, agravada pela desorganização e informalidade do mercado. “Existe a necessidade clara de um serviço de informações que englobe todo o fluxo reverso”, diz Sérgio Finger, sócio-proprietário da Sistema Ciclo. O banco de dados envolve toda a cadeia: fornecedores (indústrias geradoras de resíduos, comércio varejista,
Destinação final dos resíduos sólidos no Brasil Lixão
71,95%
Aterro sanitário
15%
Aterro controlado
13%
Estação de triagem
0,05%
Dados: PNSB 2000/IBGE
etc.), triagem (prefeituras e cooperativas de catadores de lixo) e compradores (empresas de beneficiamento, indústria de processamento de materiais recicláveis e aparista). Essa abrangência permite oferecer serviços, como formação de redes para exploração da reutilização e reciclagem, bolsa de resíduos georreferenciada, geração instantânea de soluções por demanda (rotas, disponibilidade, materiais, preço, quantidade, cálculo de frete, combustível e pedágio) e leilão reverso, entre outros. O sistema – que entra em operação até o final do ano – funciona de forma dinâmica, em que as empresas inseridas alimentam o banco de dados com novas informações. “A expectativa é que é a união de integrantes da mesma cadeia e a oferta de informações – com o Sistema Ciclo atuando como elemento propulsor e de coesão – proporcionem uma organização maior ao setor e um conseqüente aumento da reciclagem”, diz Finger. A profissionalização do ramo de reciclagem é a estratégia da Khemia, empresa incubada no Cietec que desenvolveu um equipamento para recuperar a prata de efluentes de hospitais, gráficas e laboratórios fotográficos. Segundo o diretor Jonny Almeida, algumas empresas – na sua maior parte sucateiros – atuam nesse nicho, mas com métodos inadequados e sem cerOutubro 2005 – Empreendedor – 43
Inovação DIVULGAÇÃO/TRAMAWEB
Acima, Gilvan Xavier e o aparelho que recupera mercúrio das lâmpadas fluorescentes. Ao lado, Jonny Almeida: “É possível fazer o bem e ganhar dinheiro com isso”
tificação de órgãos oficiais do governo, causando danos ao meio ambiente. As leis nacionais são exigentes, mas não são cumpridas com eficiência. “É possível fazer o bem e ganhar dinheiro com isso”, diz Almeida. Garimpeiro do esgoto A prata é eliminada durante o processo de revelação de filmes de fotografia e raio X e dispensada no esgoto. O sistema da Khemia, totalmente automatizado, recupera praticamente 100% do elemento, por meio de eletrólise e resina iônica, sem liberação de substâncias nocivas ao meio ambiente. Algumas empresas de São Paulo já utilizam a solução, em caráter experimental, e no ano que vem as primeiras unidades serão produzidas em escala comercial. O equipamento, em desenvolvimento há três anos – atualmente em fase de certificação no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) –, será oferecido em versões para pequenas, médias e grandes empresas. Em uma segunda etapa, a tecnologia será estendida para a recuperação de cromo e outros metais. Existem diversas substâncias passíveis de reciclagem ou reaproveitamen-
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to, inclusive a pavimentação asfáltica, e o custo é indiscutivelmente menor, sem perda significativa de qualidade e durabilidade. Para asfaltar um quilômetro de uma rodovia simples, é necessário o investimento de R$ 1 milhão. Utilizando técnicas de reciclagem, esse valor cai pela metade, pois a pista já deteriorada é reaproveitada como matéria-prima – evitando assim sua colocação em aterro sanitário – e, no caso do sistema in sito à frio, não há emissão de gases tóxicos nem a necessidade de retirar pedras do meio ambiente, segundo Walter Rauen, diretor-presidente da Ciber Equipamentos Rodoviários, braço do Grupo Wirtgen na América Latina. Além disso, como o próprio nome explicita, o processo ocorre no local, o que reduz os custos com transporte, e a reabertura das pistas para o tráfego é muito mais rápida. O sistema foi desenvolvido, na última década, na Europa, onde é bastante utilizado na manutenção constante das rodovias. A técnica também vem sendo muito adotada na África do Sul e na Ásia. “No Brasil a reciclagem in sito à frio é pouco conhecida, falta reconhecimento do governo, que não inclui o método como opção nas licitações”, diz Rauen. O processo consiste na fresa-
gem do asfalto, que recebe a adição de uma emulsão conhecida como espuma asfáltica, mistura que é depositada e compactada sobre a pista. Segundo ele, essa é a tecnologia mais indicada para projetos de restauração de rodovias degradadas – situação da quase totalidade da malha rodoviária brasileira. Tendência A reciclagem também pode ser empregada como um diferencial frente a concorrentes, como fez a Femepe – Indústria de Pescados de Navegantes (SC) – em seus produtos. Desde setembro, o Atum Pescador, nas versões light sólido, em pedaços e ralado, vem em latas de alumínio com tampa “abrefácil”, e no prazo de um ano todos os produtos da empresa – que detém as marcas Alcyon e Navegantes – serão comercializados nessa embalagem. “Este é o primeiro alimento sólido brasileiro envasado em uma embalagem totalmente reciclável. Mais do que um diferencial, pretendemos criar uma tendência”, diz Cássio Zanin, supervisor de vendas e marketing. O sistema abre-fácil da nova embalagem dispensa o uso de abridor e não oferece risco de corte, pois a tampa tem uma dobra de segurança. Em rela-
Mercado de reciclagem ção às tradicionais latas de aço (folhasde-flandres), a embalagem de alumínio não oxida (ferrugem), não altera o sabor do pescado ao longo do tempo, preserva suas propriedades naturais, pode ser colocada diretamente no forno e armazenada na geladeira após aberta. E é reciclável. Segundo Zanin, a alteração vai reduzir os custos para a empresa e aumentar o controle do padrão de qualidade, levando a um incremento de 40% nas vendas de atum light e de 33% no faturamento total, o que significa passar dos R$ 88 milhões obtidos em 2004 para cerca de R$ 120 milhões em 2006. A embalagem foi desenvolvida em parceria com a Novelis, a maior produtora mundial de alumínio. Foram investidos R$ 2 milhões (divididos entre as duas empresas) e três anos de pesquisa para se chegar ao produto final, a “Alu-lata”, da qual a Femepe tem exclusividade de uso por dois anos. Depois desse período, abre-se uma nova oportunidade de negócio. Por ser uma empresa verticalizada, que controla todas as etapas de produção, desde a construção de embarcações e captura do pescado até o transporte do produto, passando pela produção da embalagem (inclusive da tampa abre-fácil), a Femepe poderá vender os recipientes recicláveis para o restante da indústria alimentícia. Negócio verde No Rio de Janeiro, um projeto de reciclagem também se tornou o negócio da empresa que o implementou. Em 2001, a Coco Verde era a maior distribuidora de cocos verdes na capital fluminense. Preocupada com os resíduos (para cada copo de 250ml de água de coco é gerado 1 quilo de lixo), que são pesados e ocupam muito espaço nos aterros, ela passou a recolhê-los e a reciclá-los. A distribuição e a reciclagem aconteceram paralelamente até 2004, quando a empresa desistiu da venda de cocos por causa da concorrência desleal dos distribuidores informais.
ALUMÍNIO Quantidade: 8,2 bilhões de latas recicladas por ano (89% da produção nacional) – 112 mil toneladas Preço: R$ 3,5 mil por tonelada (75 mil latas) Coleta: sucateiros (50%), supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas Peso no lixo: menos de 1% dos resíduos urbanos Destinação: lingotes de alumínio para fabricação de latas Ciclo de reciclagem: 33 dias Gasto energético: 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário PAPEL ONDULADO (PAPELÃO) Quantidade: 1,95 milhão de toneladas de papel ondulado reciclado por ano (77,3% do volume total de papel ondulado consumido no Brasil) Preço: variável por região Coleta: sucateiros Peso no lixo: aproximadamente 19% Destinação: fibras de papel para fabricação de caixas de papelão Gasto energético: 50% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de papel ondulado (10 a 50 vezes menos água) PAPEL DE ESCRITÓRIO Quantidade: 1 milhão de toneladas (33% do papel em circulação no país em 2003) Coleta: sucateiros Peso no lixo: 11% do lixo urbano Destinação: matéria-prima para fabricação de papel EMBALAGEM CARTONADA (LONGA-VIDA) Quantidade: 30 mil toneladas (20% das embalagens longa-vida consumidas no Brasil) Coleta: sucateiros e coleta seletiva Peso no lixo: 1,2% do lixo urbano Destinação: caixas de papelão, lingotes de alumínio, parafina, produção de móveis e telhas, banquetas, vassouras, etc. Gasto energético: 10% (processo por plasma) VIDRO Quantidade: 390 mil toneladas (45% das embalagens de vidro produzidas no Brasil) Coleta: sucateiros e coleta seletiva Peso no lixo: 3% dos resíduos urbanos Destinação: vidro para embalagem PET Quantidade: 120 mil toneladas (40% das embalagens pós-consumo) Coleta: sucateiros, coleta seletiva e fábricas Peso no lixo: 10% do lixo urbano Destinação: pellets para fabricação de cordas e cerdas para vassouras e escovas, produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, termoformadores, formadores a vácuo, placas de trânsito e sinalização, embalagens para produtos não-alimentícios, resinas e, em sua forma mais nobre (multifilamento), para uso na indústria têxtil Fonte: Cempre
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Inovação FOTOS CARLOS PEREIRA
Zuleica Nunes: colaboradores aprendem a manter um negócio e adquirem uma visão empreendedora
A fibra de coco resultante do processo é utilizada como matéria-prima para a produção de vasos, placas, filtros, climatizadores para caminhão, material de decoração, placas acústicas e térmicas, entre outros itens. “Esta é uma tecnologia nova, sem similares no mundo, pois não utiliza a adição de látex artificial. É uma quebra de paradigma”, diz Felipe Mayer, gerente de projetos. Uma das principais vantagens é a possibilidade de substituir o xaxim na confecção de vasos. O xaxim é uma planta que leva de 50 a 100 anos para crescer um metro – por isso é considerada um fóssil vivo – e seu corte e a sua exploração, por ser uma espécie ameaçada de extinção, são proibidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Com a saída do mercado de distribuição de cocos, no entanto, a Coco Verde precisou encontrar outras formas de adquirir os resíduos. Desde o ano passado ela tem como fornecedores alguns vendedores de coco verde e engarrafadoras de água de coco (uma economia de 80% para estes), e, quando a demanda aumenta, é comprada fibra de coco seco do Nordeste, o que possibilita produzir cerca de 20 toneladas por dia. “Se as prefeituras implantassem coletas seletivas e repassassem o material, poderíamos gerar muitos empregos”, diz Mayer.
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Cidadania em cadeia A reciclagem gera empregos até mesmo dentro de instituições prisionais, ajudando na recuperação dos detentos. É o caso do projeto Cidadania em Cadeia, do Instituto da Terra, implementado no Presídio Masculino de Florianópolis (SC). O índice de reincidência nas prisões brasileiras, conforme o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), é de 82%, enquanto a taxa de reincidência entre os cerca de 600 presos que passaram pelo projeto ao longo de seus oito anos de existência não chega a 10%. “É uma tecnologia social, parte de um trabalho de recuperação social. Ao reciclar o papel, eles reciclam o papel deles na sociedade”, diz Zuleica Nunes da Silva Medeiros, criadora da ONG. Os participantes do projeto passam por todas as etapas do processo de reciclagem e do negócio, como estabelecimento de preços, atendimento a clientes e gestão. “Eles convivem com a rotina e os hábitos de uma empresa, aprendendo a como manter um negócio e adquirindo assim uma visão empreendedora”, diz Zuleica. Um grupo de 6 a 26 detentos trabalha permanentemente e, conforme aumento da demanda, outros internos são selecionados. Cada um recebe um pagamento equivalente a 75% do salário mínimo (entregue à família) e um kit de higiene pessoal, e nos períodos de maior deman-
da há gratificações por produtividade. Reciclagem é um bom negócio – para todos. Mas, para serem ampliados os resultados positivos, é preciso que a coleta seletiva também seja vista como negócio, como uma atividade sustentável que gera emprego e renda, o que passa por organização do poder público e educação da população. “Todo material gera impacto ambiental. Mas quanto maior a reciclagem, menor o impacto e maior o benefício social”, diz Fernando von Zuben, diretor de meio ambiente da Tetra Pak. Bom para o meio ambiente, bom para a sociedade e bom para os empreendedores.
Linha Direta Cássio Zanin (47) 342-9091 Felipe Jean Mayer (21) 2473-6887 Fernando von Zuben (19) 3879-8313 Gilvan Xavier Araújo (11) 3039-8382 Jonny Franciso Ros de Almeida (11) 3039-8380 Sergio Finger (11) 3039-8338 Walter Rauen (51) 3364-9201 Zuleica Nunes da Silva Medeiros (48) 333-0857
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Fernando Janikian
DIVULGAÇÃO
Perfil
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O valor do movimento O presidente da Fotoptica mostra como estimular os funcionários e atrair clientes intensificando ações que identificam a empresa como fonte permanente de dinamismo Tem dias que Fernando Janikian acorda com idéias estranhas. Como a de assumir o papel de um simples garçom, por exemplo. Não que ele esteja querendo mudar de vida, o que seria compreensível para alguém que se destacou na área financeira, considerada excessivamente técnica e muitas vezes monótona. A vocação para os números, aliada à sua experiência em outras empresas, permitiu que ele ajudasse a acertar o tom da Fotoptica há cinco anos, quando a empresa tinha se desvinculado dos fundadores e precisava adequar sua gestão e estrutura interna ao nível e crescimento atingidos. Seria natural que ele quisesse sair um pouco para fora do sufoco que é a responsabilidade de gerir orçamentos, custos, balanços e pensasse em outras atividades. Mas o fato é que as idéias extravagantes, como vestir gravata borboleta e pilotar uma bandeja carregada para fregueses sorridentes, estão mais vinculadas ao que aconteceu depois dessa fase bem-sucedida. Foi quando, por ter acertado a mão na receita que manteve a Fotoptica no alto do pódio no setor onde atua, virou presidente da empresa. Nesse momento ele se desvinculou um pouco das limitações das funções exclusivamente financeiras e partiu para um trajeto mais amplo, adotando um comportamento mais carregado de significados. É
daí que veio a abertura para fazer algumas coisas, como servir a mesa. Antes que o confundam com um excêntrico, desses executivos que, para descarregar o stress, resolvem reunir os amigos em torno de um prato especial, é melhor explicar direito essa história. Sua súbita aparição, em meio a funcionários deslumbrados, vestido a caráter e assumindo a imponência do gesto de quem carrega uma prometida macarronada, surgiu como resposta a um desafio: “Eu disse que me vestiria de garçom e serviria uma macarronada para os funcionários da loja que atingissem a meta antes dos outros. Cumpri a promessa”. Em vez de ser um mero expediente de marketing interno para disseminar a concorrência entre colaboradores, a idéia do presidente foi focar a imagem da empresa em algo mais importante, o movimento. O que fazer para manter o dinamismo empresarial num país onde a crise limita os recursos disponíveis para as compras, já que o crescimento não está vinculado à distribuição de renda? A excessiva concentração cria dificuldades para as empresas e o jeito é sair a campo compondo uma série de ações que deságüem na maior quantidade de compras por meio de uma clientela que ainda pode pagar. Vender fica complicado, a não ser que você aposte no
por
Nei Duclós
valor para compensar a falta de aumento em volume. Quem faz ou pode fazer sombra à Fotoptica? Redes menores e pequenas óticas, que exibem o preparo dos seus donos, que atendem diretamente no balcão e oferecem essa diferenciação para enfrentar uma companhia que possui 32 lojas próprias e 45 franqueadas. Como reage o gigante diante dos pequenos? Primeiro, coloca um consultor em cada loja. Ele exerce o papel de orientador, que na loja pequena gera credibilidade. É um especialista, que se diferencia dos outros funcionários e dá segurança ao cliente num ramo que não é apenas moda ou design, mas também saúde pública (os óculos), lazer e trabalho (as máquinas fotográficas). Qualidade e segurança são o binômio que os consumidores enxergam na Fotoptica, segundo Janikian. E, para ampliar a rede, a empresa disfarça-se também de pequeno: acaba de implantar um sistema de licenciamento para todo tipo de negócio, ou seja, uma padaria pode ter um canto da Fotoptica. Alguns conceitos, como os hoje famosos óculos em uma hora, impulsionam a rede para a frente, permitindo que ela tenha um crescimento de 20% ao ano. Treinamento intensivo dos funcionários, preparados diante das novas exigências; pesquisa reforçada Outubro 2005 – Empreendedor – 49
Perfil
Fernando Janikian
Uma história de vanguarda
FOTOS DIVULGAÇÃO
Em 1920, o migrante húngaro Desidério Farkas fundou a Fotoptica no Brasil, filial da empresa Hafa, de propriedade da sua família. Nessa época a fotografia começava a se transformar em hobby popular no Brasil, cada vez mais acessível à maioria das pessoas. Os lambe-lambes – figuras muito populares nesse tempo – fotografavam famílias e casais de namorados nas praças, e a primeira loja na Rua São Bento tinha na fachada o logotipo desenhado por Desidério: uma máquina fotográfica, um olho e um galo, que representava a sua disposição de criar uma empresa “boa de briga”, disposta a conquistar o país. No início dos anos 20, quando já expunha em suas vitrines as grandes novidades da época, as câmeras Brownie, da Kodak, e a Leika, de 35mm, a Fotoptica procurou manter uma posição de vanguarda, lançando tecnologias e até mesmo criando tendências em fotografia e ótica, como o jornal Luz e Sombra, que promovia fotógrafos amadores e concursos de fotografia. Em 1941 foi inaugurada a segunda loja, na mesma Rua São Bento. Nessa época, as câmaras fotográficas já não eram luxo restrito ao público abasta-
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do. O design simples associado a materiais como a baquelita baratearam os equipamentos, que, a partir de então, multiplicaram-se cada vez mais: em uma única década, foram fabricadas 250 mil câmaras Leika M3. No início da década de 50 a empresa lançou o tablóide Novidades Fotoptica, referência para profissionais e amadores. O sucesso foi tão grande que, em pouco tempo, o jornal mudou de formato e pas-
trou de vez nas lojas, equipadas com modernos laboratórios para oferecer revelação rápida de filmes. Em 1997, toda a rede já estava apta a aviar receitas de óculos em até uma hora e a empresa decidiu investir na modernização e padronização de suas unidades seguindo a linha revolucionária de exposição ampla dos produtos e auto-atendimento. Neste mesmo ano, deixou de ser
sou a se chamar Revista da Fotoptica, a primeira revista de fotografia do Brasil a atingir o mercado internacional. Assim como a fotografia, a óptica também evoluía: o plástico invadiu o mercado de armações. Nos anos 70, a Fotoptica continuava a crescer e inaugurou a loja do Shopping Center Iguatemi. Na década de 80, espalhou quiosques de revelação de filmes por toda a cidade de São Paulo: em menos de um ano, eles chegaram a 250. Em 1984, os quiosques foram embora e a tecnologia en-
uma empresa familiar: sob o comando do Brazil Private Equity Fund L.P., transformou-se na maior rede de fotografia e óptica do Brasil. Em 2001, a empresa lançou o primeiro minilaboratório digital do Brasil e introduziu no mercado os serviços de fotografia digital, que agora, em 2004, ganham reforço com a reformulação deste site, que traz a mais moderna – e exclusiva – tecnologia para impressão de fotografias digitais pela internet.
por meio das teleclínicas; consultoria rigorosa em técnica e estética; fortalecimento da comunicação visual dentro das lojas e campanhas de marketing de massa são as ferramentas diversas usadas pelas estratégias de Janikian. Migrar idéias de outros setores, como as coleções sazonais – que vieram importadas da indústria têxtil –, é uma das maneiras de usar bem a marca. Sugerir a aposentadoria de óculos muito usados, lembrar aos consumidores que o mercado está em movimento, as tendências mudam e é preciso adequar aparência a novos produtos faz parte desse esforço continuado de luta pelo movimento. Lançar a primeira lente de contato com marca própria, a Vision, no Brasil, é uma inovação que também faz diferença. Com a Vision, a emprersa passou a concorrer em um mercado que movimenta anualmente cerca de R$ 150 milhões. Principal revendedora de lentes de contato do Brasil, com 10% do total comercializado por ano, a Fotoptica espera aumentar suas vendas em 20% com a novidade. Para Janikian, esta é uma excelente oportunidade para investir em novos negócios. “Buscamos sempre inovar e, ao mesmo tempo, oferecer produtos de excelente qualidade e preços convidativos aos clientes”, diz. Além disso, de acordo com Janikian, com o lançamento da linha Fotoptica Vision, a empresa prevê conquistar novos usuários para a categoria de lentes de contato. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram
que, atualmente, cerca de 100 milhões de brasileiros apresentam alguma forma de deficiência visual, como miopia e hipermetropia, que pode ser corrigida por meio de cirurgia, óculos de grau ou lentes de contato. Deste total, 16% optam pelo uso das lentes. Embora essa participação ainda seja pequena, pesquisas realizadas pela Fotoptica apontam que 74% dos usuários exclusivos de óculos declaram-se propensos ao uso de lentes de contato. O principal entrave para a compra, no entanto, é o alto custo do produto. Qual a ação para enfrentar essa barreira? Um valor 10% inferior aos produtos mais em conta que existem no mercado. Hoje Janikian se sente contaminado pelo movimento que ajudou a implementar na empresa. Nem sempre ele acorda com vontade de virar garçom, mas fatalmente começa o dia pensando em como manter a peteca no ar sem perder o bom humor nem a gentileza no trato, marca de sua personalidade, que deveria ser obrigatória em toda liderança. Nome: Fernando Janikian Idade: 39 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Formação: Administração de Empresas Empresa: Fotoptica Ramo de atuação: rede de fotografia e óptica Ano de fundação: 1920 Cidade-sede: São Paulo (SP) Faturamento: R$ 100 milhões
Balanço de uma estratégia É importante recuperar a trajetória de Fernando Janikian, já conhecida no mercado graças ao sucesso alcançado. Ele foi contratado, em maio de 2000, para fazer uma reestruturação da área financeira e administrativa, adotar práticas para um maior controle no gerenciamento e uma organização conjunta e alinhada, acompanhando a sua evolução. Depois de três anos como diretor financeiro, ele passou à posição de presidente. Uma das principais estratégias adotadas por Janikian para a reestruturação da empresa foi garantir o comprometimento de todos os seus colaboradores. Foi ele quem decidiu transformar a empresa em uma rede de franquias, em 2001. Já no início, fornecia estudos de viabilidade aos pretendentes a franqueados, fazendo uma análise detalhada sobre a região de interesse para implantação de novas unidades. Isso incluía a identificação e qualificação do fluxo de pessoas, dos pontos comerciais, dos concorrentes diretos e indiretos e do potencial do negócio. Janikian também criou duas ferramentas para auxiliar os franqueados na gestão do negócio e na gestão da qualidade e dos resultados. A primeira delas apura dados mensais de tráfego, aproveitamento das vendas, formas de pagamento, dias e horários de maior fluxo, faixa etária do público e composição de vendas. A segunda prevê a realização de visitas técnicas nas lojas para avaliar a equipe de atendimento, laboratório óptico e de fotografia, loja, comunicação visual, exposição de produtos, gerenciamento financeiro e de recursos humanos. A partir das informações coletadas é possível desenvolver estratégias para melhorar o desempenho do franqueado. A pesquisa serve também para nortear os investimentos e saber que tipo de ação promocional deu mais certo e qual é o gosto e os hábitos dos clientes e consumidores em geral. “Os indicadores de performance nos permitem aferir rapidamente quando e onde é necessário agir.” Outubro 2005 – Empreendedor – 51
Pequenas Notáveis Edição: Alexandre Gonçalves alexandre@empreendedor.com.br
RESULTADO
Pesquisa aponta melhor participação de pequenas empresas nas exportações O diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, diz que o apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APL) é uma das ações que a entidade vem desenvolvendo como forma de ampliar a participação das micro e pequenas empresas nos números das exportações. “A experiência mostra que, em diversos setores, há um desempenho significativo tanto na produção quanto nas vendas internas e externas de um grupo de empresas quando estão reunidas em APL”, disse Barboza. Como exemplo dessa estratégia, Barboza cita o caso dos calçadistas da cidade de São João Batista, em Santa Catarina. “Lá, cerca de 80% das empresas que exportam se utilizam da produção de outras pequenas para incrementar a sua própria produção.”
ARQUIVO EMPREENDEDOR
As micro e pequenas empresas industriais exportaram 22,6% a mais em 2004 em comparação com o desempenho obtido em 2003. É o que mostra a pesquisa As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira – Brasil e Estados – 1998/2004, divulgada pelo Sebrae e pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Para o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro, o desempenho das micro e pequenas empresas nas exportações tem tudo para ser ainda maior nos próximos anos. Na avaliação dele, um dos fatores que pode contribuir para isso é a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (leia na página ao lado).“O anteprojeto da Lei Geral aponta soluções para um ambiente favorável às exportações das micro e pequenas empresas”, analisa.
Principais resultados da pesquisa 17.973 empresas de todos os portes exportaram um total de US$ 96,5 bilhões em 2004. 681 empresas exportaram pela primeira vez; desse total, 345 eram micro e pequenas empresas. O aumento do valor médio anual exportado por empresa passou de US$ 213,3 mil para US$ 248,1 mil; desse total, empresas de pequeno porte atingiram melhor desempenho, com crescimento de 15,1%. Cerca de dois terços das microempresas exportadoras realizaram exportações inferiores a US$ 50 mil; menos de 20% do total das microempresas exportaram entre US$ 100 mil e US$ 300 mil. Em relação às pequenas empresas, 52,6% do volume total de exportações em 2004 concentraramse em 12% das empresas, com exportações entre US$ 1 milhão e US$ 2,5 milhões.
Tipo exportação: as pequenas indústrias de calçados de São João Batista (SC) são exemplo de como os Arranjos Produtivos Locais contribuem para aumentar as chances de entrar no mercado externo
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Houve forte concentração de empresas (28%) em uma faixa intermediária de exportação, entre US$ 100 mil e US$ 500 mil, responsáveis por quase 20% das exportações desse segmento em 2004.
O espaço da micro e pequena empresa
JOVENS EMPRESÁRIOS
LEI GERAL DAS MPES
Cresce mobilização pela aprovação do anteprojeto com base em reivindicações do segmento, o anteprojeto da lei quer assegurar um ambiente favorável aos pequenos negócios com propostas como a unificação da arrecadação de tributos e a criação do Simples Geral, em substituição ao atual Simples, que aumentaria o teto da receita bruta anual das empresas para inclusão no sistema: o teto das microempresas passaria de R$ 120 mil para R$ 480 mil; e o das pequenas empresas, de R$ 1,2 milhão para R$ 3,6 milhões. Atualmente, o anteprojeto encontra-se em análise técnica pelo governo federal. Finalizada essa etapa, há possibilidade de que ele seja encaminhado ao Congresso Nacional ou por meio de projeto de lei complementar, ou em forma de substitutivo ao Projeto da Pré-Empresa, que concede benefícios para empreendedores informais.
EUGÊNIO NOVAES/AGÊNCIA SEBRAE
Até a última semana de setembro, mais de 64 mil pessoas já haviam registrado apoio formal, por meio de abaixo-assinados e pela internet, à aprovação do anteprojeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A coleta dos apoios está sendo realizada pelo Sistema Sebrae em parceria com entidades ligadas à classe empresarial e é parte da mobilização nacional comandada pela Frente Empresarial, que luta pela aprovação da lei ainda neste ano. Até o final de outubro, a meta é alcançar a marca de 200 mil assinaturas em todo o país. E, para que isso possa ocorrer, o Sebrae está disponibilizando no site www.sebrae.com.br um sistema de adesão à lei por meio eletrônico. Nunca é demais lembrar a importância da Lei Geral para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas. Elaborado pelo Sebrae
Ponto alto: manifestação realizada em Brasília no dia 8 de junho deste ano reuniu milhares de empresários de todo o país como prova de força da mobilização pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas
Participação em congresso supera expectativas O XI Congresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais, realizado de 15 a 17 de setembro em Fortaleza, superou as expectativas dos organizadores, entre os quais a Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), e reuniu cerca de 1.500 pessoas para debater questões relacionadas ao tema central do evento, “O Brasil que dá certo”. Foram abordados, através de palestras e painéis, assuntos do interesse do jovem empresário em segmentos como agroindústria, esporte, turismo, negócios internacionais, política e marketing. “O congresso serviu para mostrar à população que existe um Brasil que dá certo e que esse Brasil está muito mais próximo da gente do que imaginamos. Quebramos recordes de Estados presentes e de participantes vindos de outros Estados. Acho que isso mensura de forma positiva o resultado para a Conaje”, comentou o presidente da entidade, Doreni Caramori Júnior (foto). No ano que vem, o XII Congresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais será realizado em agosto, em Florianópolis, e terá como tema “Um show de competência – talento dos empreendedores”. Outubro 2005 – Empreendedor – 53
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Suplemento Especial da Revista Empreendedor – Ano V – Nº 49
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Franquia Total
Tradição se rende ao franchising Pizzaria com 88 anos de história abre as portas para o futuro através da expansão em rede Os caminhos para o sucesso são repletos de fatores que somados proporcionam os bons resultados. Na pizzaria Babbo Giovanni essa soma vem sendo feita há 88 anos, na capital paulista, onde a tradição, a qualidade do produto e o jeito familiar de tratar os clientes fizeram com que a empresa alcançasse excelentes resultados nestas décadas de existência. No entanto, a natural expansão de sócios na passagem da segunda para
a terceira geração dos descendentes do fundador Giovanni Tussato e a dedicação destes em outras profissões e negócios resultaram numa necessidade de profissionalização. Na implantação da nova política de crescimento veio a decisão de expansão através do sistema de franquia e o lançamento ocorreu justamente na feira anual da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em junho deste ano. Em menos de três meses
já foram abertas quatro unidades franqueadas, juntando-se às quatro pizzarias próprias, e outras três franqueadas estão em fase de construção. Por enquanto todas em São Paulo, mas o planejamento da rede é estar presente em todo o país. “Há alguns anos já havia procura de interessados que sempre questionavam sobre a possibilidade de uma franquia”, diz Pedro Paulo Couto, diretor de expansão da Babbo Giovanni. As ações para aderir ao franchising foram sendo facilmente implantadas, porque os cuidados e critérios de gestão adotados nas unidades que Outubro 2005 – Empreendedor – 55
Franquia Total existiam foram a base do trabalho de padronização, formatação e manualização da rede. A marca forte e consolidada abriu caminho no momento que foi divulgada a abertura de franquias. No total, 87 potenciais franqueados interessados em investir no negócio de pizza apareceram somente durante a Expo ABF. “A vantagem que a Babbo Giovanni oferece ao cliente é o produto de alta qualidade”, diz Pedro Paulo. A gestão tornou-se totalmente profissional, mas uma das filosofias do fundador seguidas até hoje é o prazer que o cliente deve sentir ao estar numa pizzaria Babbo Giovanni. Na apresentação da empresa, no site e nos folhetos promocionais, há um destaque em dizer que não é fast-food, mas que é ideal para quem curte comer uma entrada, saladas e pizzas com calma acompanhadas da bebida preferida. Metas As metas de expansão da rede são grandes. Em um prazo de 15 anos, a Babbo Giovanni espera abrir 100 pizzarias em todo o país. No Nordeste, por exemplo, as principais cidades de interesse são Salvador, Fortaleza e Natal. No Rio de Janeiro, a rede procura um master franqueado que queira abrir mais de 10 pizzarias em um prazo de 15 anos. Em São Paulo, além das quatro casas já inauguradas, outras deverão ainda ser abertas. Todas as pizzarias estão localizadas em pontos nobres da cidade, pois o público da Babbo Giovanni é formado pelas classes A e B. Até o final deste ano, a expectativa é abrir mais 10 unidades. Em setembro, o diretor de expansão esteve em Curitiba na Feira Nacional de Franquias 2005
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A saga de uma família As quatro unidades próprias estão situadas na capital paulistana desde 1979. A história da Babbo Giovanni, porém, teve início em 1917, quando Giovanni Tussato, filho de imigrantes italianos, trouxe ao país a receita do que se tornaria uma grande paixão dos brasileiros: a pizza. Sim, foi Giovanni Tussato o responsável pela pizza no Brasil. Os Tussatos, família de imigrantes italianos que se fixaram no interior de São Paulo no início do século 20, enfrentaram enormes dificuldades, porém, com muita determinação e duras jornadas de trabalho, criaram os filhos, formando uma nova geração de empreendedores que, pelos seus anseios e necessidades, partiram para a conquista de novos espaços. Foi assim que, saindo das plantações de café de Ribeirão Preto, vieram para a capital paulista e estabeleceram-se no ramo de extração de areia do Rio Tietê. Giovanni Tussato, o mais jovem dos Tus-
satos, conheceu Celeste e apaixonou-se por ela. Diante da necessidade de aumentar seus rendimentos para poder casar-se, tentou outras alternativas de trabalho. Após várias tentativas, ingressou no ramo de panificação e rapidamente aprendeu todos os segredos da especialidade, desenvolvendo a arte de preparação de pizzas. Era o ano de 1917 e Giovanni Tussato tornava-se o primeiro pizzaiolo do Brasil de que se tem notícia. Foi nesse ano que Valentin e Giovanni Tussato apresentaram pela primeira vez a receita que reunia na Itália famílias inteiras ao redor da mesa e que viria a ser uma das paixões do paulistano e depois do brasileiro. Ganharam fama e, a partir daí, não puderam mais interromper a trajetória de sucesso que haviam iniciado. Incentivado pela esposa Celeste, Giovanni partiu para novas conquistas. A fama e o sabor de suas “redondas” correram a cidade e as pessoas vinham de todos os bairros para experimentá-las. Convidado pela família Siniscalchi, Giovanni assumiu a pizzaria Castelões e algum tempo depois a Girodano, mas seu objetivo era ter sua própria casa. E logo conseguiu inaugurar (juntamente com um sócio) a Uei Pasano. Os filhos, já crescidos e unidos pela vida e pela vocação, conseguiram atingir seu destino maior: uma casa exclusiva da família Tussato. Eram os anos 50 e nascia a Cantina e Pizzaria Celeste, localizada no Jardim Paulista, bairro da elite paulistana da época. Herdeiros da fama e da determinação dos seus pais, os Tussatos decidiram dar continuidade à sua obra e os homenagearam criando a Babbo Giovanni, que este ano passou a ser franqueada para todo o país. Pedro Paulo Couto: 87 interessados de primeira hora
FOTOS DIVULGAÇÃO
A PIZZA EM NÚMEROS Taxa de franquia: R$ 30 mil Investimento em equipamentos e mobiliário: R$ 150 mil Verba inicial para publicidade: R$ 50 mil Capital de giro: R$ 50 mil Obra civil (reforma do ponto): a partir de R$ 20 mil Royalties: 4% sobre o faturamento bruto Taxa mensal de publicidade: 2% sobre o faturamento bruto Faturamento bruto: média de R$ 100 mil/mês Lucro líquido: 15% do faturamento Tempo de retorno do investimento: 24 a 36 meses Espaço mínimo para instalação: 250m2 Linha direta: franquia@babbogiovanni.com.br
e a expectativa é que os contatos realizados resultem em 15 contratos de abertura de unidades nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu, regiões de interesse da rede. Pedro Paulo Couto diz que o objetivo é espalhar a bandeira por todo o Brasil. “O negócio é promissor porque brasileiro adora piz-
za, e pizza boa e reconhecida como a da Babbo Giovanni é algo muito difícil de se encontrar, especialmente fora de São Paulo.” O investimento total para abertura de unidade Babbo Giovanni gira em torno de R$ 300 mil, com faturamento estimado em R$ 100 mil ao mês e lucro líquido de 15% sobre o
faturamento (veja quadro). As cidades apropriadas para receber uma pizzaria da rede são aquelas com mais de 250 mil habitantes e o tempo estimado para retorno do investimento é de 24 a 36 meses. As unidades da rede hoje têm à escolha dos clientes mais de 60 sabores, entre outros itens no cardápio.
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Franquia Total A Fisk começou em formato de franquia para depois se consolidar como maior rede de escolas de idiomas do país A rede Fisk, franqueadora de escolas de idiomas, está hoje com 920 escolas da marca Fisk e PBF no Brasil. A história da rede é o inverso da pizzaria Babbo Giovanni, já que o início de tudo foi com licenciamento do método criado pelo fundador Richard H. Fisk, que veio para o Brasil em 1950 apenas para fazer uma visita, mas se encantou pelo país. Neste primeiro semestre de 2005 foram abertas 28 novas escolas Fisk no Brasil. Também surgiram outras quatro escolas na Argentina e na Angola e duas nos Estados Unidos, totalizando 10 unidades no mercado internacional. De acordo com Bruno Caravati, vice-presidente da Fundação Richard H. Fisk, instituição mantenedora das marcas Fisk e PBF, “o processo de expansão continua no segundo semestre, tanto para o Brasil como para o exterior”. Esta velocidade em abrir novas unidades ocorre depois de uma mudança estratégica importante na rede, que foi a decisão de não abrir mais unidades próprias e explorar o mercado da cidade de São Paulo para franqueados. Somente nos últimos dois anos foram inauguradas 20 unidades na capital paulista. “Resolvemos focar nossas ações nos franqueados, na rede”, conta Caravati. Os planos de expansão prevêem mais 22 novas unidades até o final do ano. Nos Estados Unidos a área de concentração é Massachusetts: a capital, Boston, concentra milhares de moradores brasileiros, o que faz aumentar a demanda pelos cursos de inglês. Apesar das metas, o vice-presidente da Fundação diz que em primeiro lugar estão os critérios rigoro-
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O fundador Richard Fisk e a rede com 920 escolas, que alia expansão com escolha rigorosa dos franqueados
sos de escolha de um novo franqueado. O perfil do empreendedor é estudado com cautela, assim como são exigidos alguns requisitos, como ter boas noções de administração. O domínio total da língua inglesa não é obrigatório, mas aí outra pessoa com essa característica deve assumir a função de coordenador pedagógico.
No ano passado a Fundação Richard H. Fisk foi escolhida como franqueadora do ano em nível nacional. A instituição teve faturamento de R$ 43 milhões, com previsão de encerrar este ano com crescimento de 16%, atingindo a marca de R$ 50 milhões. (11) 5573-7000
FOTOS DIVULGAÇÃO
Uma história de encantamentos
e Outubro 2005 – Empreendedor – 59
Franquia Total DIVULGAÇÃO
Sucesso mútuo Na relação com os donos das franquias, a rede Fran’s Café tem cuidados especiais. São mais de 90 lojas, em São Paulo (capital e interior), Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba, todas elas com relacionamento direto com os gestores da empresa. Consultores visitam freqüentemente cada unidade e oferecem suporte a todos os movimentos dos franqueados. Um time de 15 pessoas qualificadas na área de franchising, nove delas diretamente ligadas às lojas, cuida para que tudo funcione. No station, versão mais simplifica-
da da franquia, que já conta com mais de 15 unidades na capital paulista, a importância desse processo é ainda mais visível. “Procuramos fazer com que o franqueado seja multiplicador, para que possa levar adiante seu negócio com segurança”, explica Tavares, consultor da rede para as chamadas stations. O relacionamento da empresa com suas afiliadas é alimentado pela comissão de franqueados, que participa das decisões de cada etapa da empresa, especialmente com relação a novos produtos. (11) 5056-0043/www.franscafe.com.br
Perfumes sensuais A Água de Cheiro aposta no aroma do morango com champagne para seduzir as mulheres com dois inovadores e atraentes produtos da linha Doce Pecado: um body splash e uma loção hidratante. O body splash é uma deo-colônia que pode ser usada a qualquer hora do dia e aplicada no corpo todo. Sua fragrância floral frutada combina notas de frutas vermelhas, como o morango e a framboesa, em equilíbrio com o corpo floral de gerânio, lírio do vale, rosa, jasmim, peony e muguet. As notas
Estimulação infantil de almíscar e nuances amadeiradas no fundo conferem uma agradável sensação de conforto e bem-estar. A loção hidratante Morango com Champagne reúne em sua composição elementos que proporcionam uma gostosa sensação de maciez e saúde à pele. Enriquecida com manteiga de cupuaçu, sua formulação garante emoliência e hidratação. Apresenta uma fragrância levemente frutada que, associada ao cítrico do champagne, proporciona um perfume suave e agradável. (31) 3689-9333
Bebida mais leve A rede Bob’s, atualmente com 405 pontos-de-venda distribuídos em 23 Estados brasileiros, e a Coca-Cola fizeram parceria para oferecer aos clientes a bebida Nestea. As praças do Rio de Janeiro e de São Paulo já podem saborear sanduíches ou saladas acompanhados de Nestea nos sabores limão ou pêssego. Nos demais Estados, o produto começa a ser vendido a partir deste mês. O contrato assinado entre as duas empresas garante exclusividade de Nestea para categoria de chás gelados. Consumido em 32 países, Nestea é a marca que mais cresce na categoria de chás
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gelados prontos para beber no país. Foi lançado no Brasil em 2002. O produto será apresentado na embalagem de copos de 300ml, 500ml e 700ml. Os sabores exclusivos tangerina e maracujá, além das versões light, poderão ser encontrados em latas em todo o país. “Essa parceria contribuirá ainda mais para fortalecer o cardápio do Bob’s. A partir de agora estaremos oferecendo aos nossos clientes um produto de altíssima qualidade e que combina com todos os nossos produtos”, diz o diretor de marketing, expansão e franquias do Bob’s, Flavio Maia. (21) 2536-7500
Um centro de estimulação infantil para bebês e crianças de até 5 anos: este é o conceito da rede Gymboree, que nasceu nos Estados Unidos há 30 anos, está no Brasil há 4 e quer chegar a todas as capitais e cidades mais importantes do país. “Até o final de agosto, estaremos abrindo a terceira unidade em São Paulo, no Shopping SP Market”, diz o masterfranqueado do Brasil Felipe Moreira, que também possui unidades nos bairros Morumbi e Moema. O funcionamento do centro de estimulação infantil inclui aulas desenvolvidas especificamente para crianças menores de 5 anos, sempre com estímulos focados no desenvolvimento potencial de cada criança. As aulas incluem música, artes, fitness, yoga e muita diversão. Uma unidade da Gymboree requer um espaço de, no mínimo, 200m². O investimento necessário numa unidade é de R$ 250 mil, em média, podendo ser mais alto devido à reforma do imóvel. A marca cobra 6% de royalties e 2% de taxa de publicidade cobrados sobre faturamento bruto. “O retorno previsto do investimento é de 36 meses”, avisa o master-franqueado. 0800 77 22 787
Por Sara Caprario franquiatotal@empreendedor.com.br
Norte barra limpa A rede Limpidus, especializada em serviços de limpeza, abriu mais um escritório regional, em Belém (Pará), que se somará aos de outras capitais do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Bahia. “A abertura deste escritório em Belém e do recém-inaugurado na Bahia são passos importantes em nossa estratégia de fortale-
cimento nas regiões Norte e Nordeste do país”, afirma Luiz Teixeira, sócio-diretor da Limpidus. A Limpidus atende hoje mais de 1.500 clientes, entre eles Ambev, AGF, Nokia, Andrade Gutierrez, DHL, McDonalds, Localiza, Hotéis Meliá, Pepsico, Yakult Eternit, Laboratórios Delboni, entre outros. (11) 3845-8894 ou www.limpidus.com.br
Surf em novas praias A Sul Nativo, rede de lojas de produtos para surf, vai abrir a segunda franquia em Florianópolis (SC), o que marca o plano de expansão da rede. A loja da Lagoa da Conceição, na capital catarinense, com 350m2, foi a primeira franquia aberta em janeiro de 2004. Segundo Ricardo Voltolini, sócio da rede, é a maneira mais adequada para a
expansão. “Passamos a planilha de custos para o franqueado e ele assume tudo, desde que mantenha a qualidade de atendimento que prezamos”, diz. A Sul Nativo oferece cursos constantes de atualização e padronização do atendimento. Além de Santa Catarina, a meta é abrir unidades em outros Estados nos próximos cinco anos. A partir de R$ 80 mil, é possível ter uma franquia Sul Nativo, que trabalha com renomadas grifes de surfwear do mercado. “O mercado de surfwear é muito forte no Brasil e esperamos o momento certo para entrarmos nesta nova fase, já que temos duas décadas de experiência no ramo”, explica Pedro Raymundo, sócio de Voltolini. Atualmente, a Sul Nativo tem cinco lojas, sendo três em Florianópolis, uma em São José e, a maior delas (500m2), em Garopaba. (48) 3028-2823
Lingerie na rede A franquia da loja Puket, de roupas íntimas e meias, já conta com nove unidades nas cidades de São Paulo, Florianópolis e Campinas. A Puket iniciou suas atividades em 1988 e, atualmente, é uma das indústrias de meias, lingerie e linha noite mais expressivas do país, detentora de 8% de participação no mercado nacional de meias. Produz um milhão de pares de meias e 150 mil peças de lingerie
por mês. Os produtos são distribuídos em lojas multimarcas e, desde agosto de 2003, nas lojas franqueadas Puket. O investimento numa unidade da Puket varia de R$ 100 mil a R$ 150 mil, incluindo a taxa de franquia de R$ 25 mil. O estoque inicial, que pede um montante de R$ 30 mil a R$ 50 mil, não está contabilizado neste valor, assim como o ponto comercial. (11) 3838-0857
Posto avançado Quem procura um negócio franqueado de baixo investimento, mas seguro, deve conhecer o Matriz Serviços, correspondente bancário do HSBC, que oferece toda assessoria para quem deseja se filiar à marca e abrir uma nova agência. Segundo o gerente de marketing do Matriz, Darrell Marinho, o investimento inicial para abrir uma franquia é de R$ 17 mil. Nessa estimativa de custos, estão incluídas a taxa de franquia, sinalização, móveis, hardware, software, reforma estrutural e ponto comercial. “O retorno vem em 18 a 24 meses e o faturamento mensal médio é de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, depois de um ano de negócio”, explica Marinho. Esse valor pode aumentar de acordo com o perfil do franqueado e com seu grau de envolvimento no negócio. Uma outra opção para o franqueado é abrir um posto avançado dentro de um estabelecimento comercial já existente, como uma padaria, uma farmácia ou um mercadinho. Isso reduz os custos com infra-estrutura e agrega fluxo e renda ao negócio. O Matriz tem hoje 200 agências em Pernambuco, 13 próprias e as demais no sistema de franquias, gerando cerca de 600 empregos diretos e indiretos. A meta é abrir mais 60 agências até o fim do ano, com foco na interiorização. O Matriz foi criado em 1999 e já responde por 37% do market share entre os correspondentes bancários. (81) 3463-2400
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F ranquia ABF Marcas brasileiras são destaque no principal evento de franquias da Europa Uma das atrações do Salón Internacional de la Franquicia (SIF), realizado de 19 a 22 de outubro, na cidade de Valência, Espanha, será o Pavilhão Brasil Trata-se de uma iniciativa pioneira da Associação Brasileira de Franchising (ABF ) e do governo do Brasil através da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O Pavilhão Brasil visa apoiar a internacionalização das redes de franquia brasileiras. Nele, o visitante da feira conhecerá 12 redes brasileiras que desejam ingressar ou ampliar seus negócios na Espanha. No estande da própria ABF, o visitante poderá, também, obter mais informações sobre o mercado brasileiro de franquias, que hoje ocupa a sexta posição mundial.
O Salón Intenacional de la Franquicia é o quarto destino desse grupo de empresários, que já marcou presença no México, nos Estados Unidos e em Portugal. Juntamente com a ABF e a Apex eles investirão cerca de US$ 565 mil em dois anos para ações de divulgação, difusão e inserção das marcas brasileiras no mercado externo. Nos planos do grupo estão outros quatro eventos internacionais. A expectativa é fechar 2006 com mais de US$ 5,3 milhões exportados. As franquias que estarão expondo suas marcas no Pavilhão Brasil do SIF são: Bit Company, Livraria Nobel, Bon
ABF participa de feira de franquias na Venezuela A Associação Brasileira de Franchising (ABF) participou da Expo Franquicias, que foi realizada de 22 a 25 de setembro na cidade de Caracas, na Venezuela. Durante o evento, Ricardo Camargo, diretor executivo da entidade, fez uma palestra para empresários locais sobre o sistema de franchising brasileiro. A participação da ABF na Expo Franquicias faz parte do projeto de atuação internacional da entidade, que apóia a exportação de redes de franquia brasileiras. Segundo Ricardo Camargo, a Venezuela é um país que funciona como ponto de apoio para atingir a América Central. “Muitas redes venezuelanas operam em Honduras, na Guatemala, no Panamá, na Costa Rica e em El Salvador”, diz. Cerca de 60 empresas participaram da feira. O mercado de franquias da Venezuela tem 64% de marcas locais, conta com 332 redes e aproximadamente 6.755 unidades e gera mais de 66 mil empregos diretos. A maioria das empresas está concentrada na área de serviços, mas existem boas perspectivas para os segmentos de vestuário, acessórios e calçados, alimentação, educação, beleza e turismo. Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF, em palestra realizada na Venezuela
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Grillê, China in Box, Vivenda do Camarão, Carmen Steffens, ShowColate, Golden Services, Wizard, Oceanic, Lilica Ripilica e Movimento. A maioria das redes brasileiras espera conquistar parceiros na Espanha que operem como máster-franquias, ou seja, que possam garantir a expansão das marcas por todo o território espanhol. Outras, que já atuam na Espanha, desejam conquistar novos parceiros. Segundo o diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo, o franchising brasileiro é reconhecido mundialmente por sua criatividade e seu padrão de qualidade. “Várias franquias brasileiras já operam com sucesso no México, nos Estados Unidos e diversos países da Europa. Com esse projeto queremos facilitar a ida de outras empresas brasileiras ao exterior”, afirma.
FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br
Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses
Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br
Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ 1.500,00 tais, pilhas, lanternas, filmes Capital de giro: R$ 5 mil para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Prazo de retorno: 6 a 12 meses A franquia estuda a inclusão de Contato: Shlomo Revi novos produtos. PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2005 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Outubro – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br
Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso
Babbo Giovanni Franchising Negócio: Pizzaria Telefone: 11-9985-4438 11-5573-0730 franquia@babbogiovanni.com.br www.babbogiovanni.com.br
Apetite por bons negócios? Rede de pizzaria no mercado desde 1917. Participe de um grupo de 88 anos de atuação. Receba nossa experiência na busca e escolha do ponto, treinamento ao franqueado, seleção e treinamento de funcionários, marketing cooperado e central de compras. Comer pizza para nós é um ritual de prazer. Todas as nossas unidades funcionam à noite, servindo as mais deliciosas pizzas, feitas de maneira artesanal, recheadas com os melhores ingredientes e assadas exclusivamente em forno à lenha. Tudo na frente dos clientes, nossa razão de ser. Todos os alimentos são preparados na própria cozinha do restaurante e o franqueado não depende de um abastecimento central. Os ingredientes são fornecidos por empresas de ponta, sempre aprovadas por nossa chefe-nutricionista. Nº de unidades: 9 Área de interesse: todo o Brasil O franqueado BABBO GIOApoio: AJ, EI, FI, MP, OM, PA, PF, VANNI tem a missão de dirigir PM, PN, PO, PP, TR, SP seu próprio estabelecimento, Taxas: franquia R$ 30mil; royalties sempre preocupado com o óti4%; propaganda 2%. mo atendimento a seus muitos Investimento total: R$ 300 mil clientes. Também é responsável Capital de giro: R$ 50 mil por compras, administração e Prazo de retorno: 36 meses marketing. Contato: Pedro Paulo Couto PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br
Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses
* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
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Guia do Empreendedor Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br
Atalhos econômicos Serviço de mapas on-line gerenciam rotas terrestres, calculam gastos com combustível e dinamizam o atendimento via internet
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Com mais de 75 mil quilômetros de malha rodoviária, o Brasil é um país com grande concentração de empresas de transporte, que aproveitam a diversidade de estradas (mesmo que muitas estejam em precárias condições de uso) para incrementar – ou mesmo embasar – a logística de entrega de seus produtos. Se por um lado as opções de rotas facilitam a vida do empreendedor que usa o modal rodoviário para fazer negócios de norte a sul, há quem fique perdido na diversidade na hora de escolher o caminho certo. Um dos segredos para ser bem-sucedido no ramo está no uso das chamadas “rotas econômicas”, que não consomem tempo nem combustível em excesso. Além de manter a pontualidade nas ações, descobrir a rota certa pode aumentar a vida útil da frota de veículos, uma vez que diminui a sobrecarga gerada pelas longas distâncias. Na internet existem vários domínios que oferecem
mapas virtuais e outros serviços de localização instantânea, sendo o Portal MapLink o site mais visitado do gênero no Brasil, com 18 mil clientes e freqüência mensal média de 1 milhão de acessos. “O portal funciona para auxiliar no planejamento, no aumento de produtividade e na redução de custos para o deslocamento, desde simples viagens até operações complexas de transporte e logística”, diz Guilherme Gomide. Criador do produto, o empresário desenvolveu, de 1996 a 1999, um CD-ROM de páginas amarelas e mapas e, em 2000, passou a divulgar o serviço de localização em forma de site. Ao acessar o endereço www.maplink.com.br, o internauta pode ler gratuitamente notícias de trânsito (como avisos de engarrafamentos, acidentes, trechos em obras e preços de pedágio) e localizar endereços. Para gerar rotas, calcular gastos com combustível ou táxi e obter detalhes dos trechos a serem percorridos, é necessário ser assinante do serviço, que possui anuidades que variam de R$ 29,90 a R$ 219,00. O diferencial entre os seis planos de assinatura disponíveis está na quantidade de mapas que podem ser gerados, sendo os “planos corporativos” os mais completos em possibilidades de consulta. Além de pessoas físicas e microem-
presários, grandes empresas já incorporaram o serviço às rotinas de logística. Com uma frota de 75 caminhões, 16 cargueiros e 120 aviões de passageiros, a Variglog é um dos exemplos de empresa que descobriu as vantagens do site. Responsável pelo transporte de 25.000 toneladas de carga por mês – boa parte da Zona Franca de Manaus –, a Variglog usa o MapLink praticamente em sua totalidade. “Meu setor é responsável pelas rotas rodoviárias e tínhamos dificuldade em selecionar o menor trecho com a melhor estrada e custos de pedágio reduzidos. Com o MapLink posso fazer 1.500 mapas por mês”, afirma Adriana da Silva Gesteira, analista de planejamento logístico. Segundo Adriana, as respostas às consultas são imediatas e o acesso ao site é simples e rápido. “Não imagino mais o meu trabalho sem o serviço”, diz. Uma das modificações que o MapLink sofreu nestes cinco anos em que está no ar foi a recente associação com o Google Maps, que possibilita ao usuário digitar o endereço que busca e, ao mesmo tempo, ter acesso à vista aérea do local pesquisado. “A parceria agregou mais valor aos usuários gratuitos, e a nossa expectativa é que a audiência aumente 15% nos próximos 3 meses”, afirma Gomide. www.maplink.com.br www.variglog.com
Guilherme: localização no MapLink ajuda no planejamento
Variglog: trechos selecionados para 25 mil t/mês Outubro 2005 – Empreendedor – 67
Guia do Empreendedor FOTOS DIVULGAÇÃO
Vale postal eletrônico Os correios planejam lançar neste mês o serviço de vale internacional eletrônico, que possibilitará mais agilidade para quem precisa enviar dinheiro para outros países ou receber valores vindos do exterior. As transações entre os correios e as demais instituições que pertencem à rede internacional de transferências levam, atualmente, 26 dias pela via convencional. A proposta dos correios com a implantação do novo serviço é reduzir este prazo para até cinco dias úteis. Inicialmente, o vale eletrônico estará disponível em 4 mil agências em todo o território brasileiro – número que será ampliado conforme a necessidade do público e a disponibilidade tecnológica. www.correios.com.br
Site da Nelore Patrocínio amigável A Patrolink, empresa pontocom que atua como uma central de patrocínios, lançou em seu site o serviço de calculadora on-line, destinado às empresas que precisam identificar instantaneamente, com base em diversas leis de incentivo, seu potencial para investimentos em patrocínio. A ferramenta foi criada após a análise de um estudo do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), que apontou o desconhecimento da legislação como a principal causa do baixo índice de patrocínios no país – apenas 5,41% das empresas com direito ao benefício conhecem as regras. O serviço é gratuito e voltado para cinco áreas de interesse – esporte, meio ambiente, educação, social e cultura. www.patrolink.com.br
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A Associação Paulista dos Criadores de Gado Nelore (APCN) reformulou seu website e traz para os internautas novos links e informações sobre a raça nelore, uma das mais valorizadas no mercado. Além da modificação do layout, o site divulga assuntos de interesse dos pecuaristas brasileiros, como resultados dos rankings paulista e nacional em exposições
do setor, agenda de eventos, notícias do agribusiness, informações sobre criadores e também serviços como previsão do tempo e cotações de mercado atualizadas. O objetivo da APCN com esta ação é promover a integração entre os criadores nacionais e fortalecer a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). www.nelorepaulista.com.br
Hotel do futuro A Perto, que atua na área de automação bancária e auto-atendimento, lançou o PertoWebFit Multiserviços, um equipamento voltado para hotéis que tem como proposta facilitar os serviços. O equipamento permite ao hóspede com reserva feita realizar checkin e check-out na máquina sem a presença de um funcionário, acessar todos os gastos durante a estadia e fazer o pagamento da conta com cartão de crédito ou débito. O hotel também pode programar o PertoWebFit para câmbio com euros, dólares e reais e saques (desde que essas operações sejam compartilhadas por vários bancos nacionais e internacionais) e também acrescentar softwares com sites de shows, cinemas, companhias aéreas e bancos para reservas ou compras on-line. www.perto.com.br
Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br
Mobilidade em espaços restritos Projetado para o uso em centros de armazenagem com corredores estreitos e o transporte de cargas para locais altos, a empilhadeira retrátil R 17B BR!, da Linde, pode elevar cargas em até 11,525m. Derivada de um similar alemão, a empilhadeira foi completamente adaptada às condições dos armazéns brasileiros e tem capacidade para 1.700kg. Entre os diferenciais do produto estão o freio regenerativo, o controlador de elevação e o uso de eletricidade para o funcionamento. O equipamento pode ser incrementado com opcionais, como altímetro e pré-selecionador de altura digitais e indicador de posição da roda de tração. www.lindeempilhadeiras.com.br
Climatização regulada A Newtork lançou, durante a última edição da Febrava, dois sistemas flexíveis de climatização destinados a grandes ambientes – inéditos no mercado nacional – e que receberam o Selo Destaque Inovação do evento. O Newtork Downflow, indicado para utilização em escritórios e prédios públicos por economizar espaço vertical, insufla o ar pelo piso e funciona com um sistema de difusores que distribuem o ar nos ambientes de acor-
do com a necessidade captada por sensores. Já o Newtork Upflow, desenvolvido para hospitais, foi adotado pelo Hospital 9 de Julho e é ideal, segundo o fabricante, para ambientes como UTIs. Com evaporadores embutidos no teto, o produto permite a regulagem da temperatura por controle remoto, bem como a renovação de ar e o resfriamento ou aquecimento do local. comercial@newtork.com.br
Produtos & Serviços
SPC para o mercado imobiliário As imobiliárias de todo o Brasil passam a contar com um sistema on-line de proteção ao crédito, o ImobCred, que coloca na internet os dados de compradores e corretores de imóveis. Ao acessar o site, a imobiliária poderá verificar previamente se existe alguma restrição de crédito de qualquer natureza, bastando apenas informar o número de CPF da pessoa. Conectado aos principais bancos de dados nacionais, o ImobCred também ajuda a evitar práticas lesivas ao segmento imobiliário, como golpes, fraudes, falsificações e assaltos. www.imobcred.com.br
Vivo mais veloz A operadora de telefonia móvel Vivo, que conta hoje com 28 milhões de clientes em todo o Brasil, aumentou sua velocidade de conexão à internet com o lançamento do serviço Vivo Zap. A novidade permite ao usuário acessar a internet em banda larga, de qualquer lugar dentro da área de cobertura CDMA, sem ter uma rede fixa, precisando apenas de um laptop ou PDA com placa PCMCIA ou de um celular Vivo compatível com o serviço e com o cabo de conexão. “Temos
exemplos variados de utilização do Vivo Zap, como fotógrafos profissionais que transmitem imagens direto dos estádios de futebol e também de fazendeiros que realizam consultas de valor de grãos e cotações direto do campo”, diz Clenir Wengenowicz, diretora da Regional Sul Vivo. Entre as vantagens do serviço estão os chamados “planos de navegação”, em que o usuário paga apenas pela quantidade de dados que utilizar. www.vivo.com.br Outubro 2005 – Empreendedor – 69
Guia do Empreendedor
Do Lado da Lei
Deflação, o nome próprio da recessão DIVULGAÇÃO
Os fundamentos da economia vão bem, mas a empregabilidade e o sucesso do pequeno e médio empreendedor vão muito mal Diante da desastrosa experiência histórica do país com inflação galopante e planos econômicos, como fica uma questão sempre presente nos contratos utilizados pelas empresas ou mesmo por pessoas físicas, a da indexação de obrigações pecuniárias que vencem no médio e longo prazo? Elas costumam ser ajustadas em prestações periódicas, como aluguéis, empréstimos, aquisição de imóveis, contratos de prestação de serviços e tudo mais. Normalmente se ajusta cláusula de correção monetária, que nada mais é do que o acertamento do valor absoluto de um crédito, ao poder aquisitivo da moeda no momento da liquidação da obrigação. Desse modo, diante da experiência, as questões mais tormentosas são o ajustamento da periodicidade do reajuste e o índice inflacionário a ser escolhido. Quanto à periodicidade, tem se cumprido a regra de que as obrigações pecuniárias devem ser corrigidas em periodicidade não-inferior a um ano, ainda que se possa defender a periodicidade menor se aceita por ambas as partes. No mercado imobiliário se admite a antecipação das diferenças da correção monetária junto com o mês competência, ou o pagamento do resíduo inflacionário a cada doze meses. Acontece que há alguns meses certos índices de medição inflacionária são negativos, ou seja, menor do que zero. Uns dizem tratar-se de estabilidade econômica, de “blindagem” da economia.
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Prefiro dizer, recessão mesmo. Recessão, contudo, diferente, em que os fundamentos da economia vão bem, como se diz, e o elementar, que é a empregabilidade e o sucesso do pequeno e médio empreendedor, vão muito mal. Com isso, torna-se importante notar que vários contratos não contêm mais cláusulas que vedem a incidência de aplicação de “deflação” sobre o valor das obrigações e, portanto, muitos pagamentos não-acertados pontualmente podem ser honrados pela incidência da cláusula de correção monetária em valor menor do que o nominal. Alguns recomendam tornar aos contratos a cláusula de vedação de redução do valor nominal. Todavia, a questão é controversa, pois, de outro lado, outros poderão dizer que o contrato perderia seu equilíbrio ao permitir que, em favor do credor, o valor nominal seja “majorado” e “reduzido”. No entanto, isso não é apenas o problema. Note-se que, de anos para cá, tem sido praxe utilizar os índices da Fundação Getúlio Vargas, que historicamente retratavam percentuais mais elevados de correção monetária. Isso se deve ao fato de que a estrutura de composição do IGP leva em conta prioritariamente os preços no atacado, em seguida os preços ao consumidor e uma parte menor com base nos preços da construção civil. O mercado de atacado é o que tem mais relação com a variação cambi-
al. Como o dólar anda de lado há muito tempo, atualmente os outros índices, como IPCA, do IBGE, têm mais adequadamente retratado a perda do poder aquisitivo da moeda (ou sua variação). Muitos fornecedores e credores agora estão na dúvida se migram ou não de índices; nesse braço-de-ferro acaba prevalecendo a “lei do mais forte”. Portanto, é necessário muito cuidado ao se pactuar condições de correção monetária. No que diz respeito à deflação, é interessante tentar arbitrar se há incidência de deflação ou não e a partir de que periodicidade; quanto aos índices, tentar encontrar aquele que melhor se assemelhe ao tipo de negócio do empreendedor em relação ao seu credor ou devedor. De qualquer maneira, nas prestações periódicas, como parcelamento, aluguéis, contratos de prestação de serviços, remuneração de licenças, entre outros exemplos, é importante que se combine a não-incidência de deflação em períodos curtos, porque os índices negativos podem ser anulados pelos positivos no médio prazo, mas no curto prazo podem significar perda instantânea da íntegra do valor do principal.
Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269
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Guia do Empreendedor
A trilha do equilíbrio Recursos da ficção levam o leitor para o caminho da descoberta no mundo complicado dos negócios Por ser um nicho de leitores capitalizados, que dispõem de recursos para investir em leitura proveitosa, a literatura de negócios se encontra em franca expansão. A extrema complexidade dos negócios, sempre em mutação e ao mesmo tempo ancorados em experiências de sucesso, costuma
produzir um efeito devastador. Há muito livro descartável, com capas e títulos apelativos, tentando atrair quem não dispõe de muito tempo para ler e precisa de respostas rápidas. Só que esse processo já dura mais de uma década e o público-alvo já está escaldado. Por isso, é de merecido destaque a produção de autores como Roberto Adami Tranjan, um especialista que, nas suas intervenções, costuma acertar na mosca. Aparentemente, Tranjan segue o curso conhecido, de abordar temas re-
Pegadas – Descubra por que fazer a travessia traz abundância nos negócios e na vida Roberto Adami Tranjan Editora Gente – 220 páginas – R$ 34,90
correntes e com apelos muito explorados, como acenar com caminhos para o sucesso. Mas, em seu texto, existe uma diferença fundamental: no lugar de trilhar a senda da redundância e da tautologia, muito comuns nessa área, ele procura dar o salto necesário para que sua produção seja realmente imprescindível. Quando lançou “Metanóia”, em que aborda a tomada de decisão que muda radicalmente a vida de um empreendedor, ou “Não durma no ponto”, em que apresenta vários cases de empresas nacionais, Tranjan já tinha demonstrado sua competência. Neste novo lançamento, ele usa os recursos da ficção, como fez em “Metanóia”, para levar o leitor a uma confluência de contradições e de lá extrair lições práticas e iluminadoras de como sair do impasse. Por ser um autor sério, Tranjan não cai na tentação de posar de guru dos negócios, pois sabe como ninguém o quanto uma pessoa envolvida num empreendimento conhece do seu mercado e de suas funções. Ele não faz o leitor perder tempo com obviedades, auxilia-
Zen contra os vícios A idéia básica do livro é: enquanto os empreendedores tomam conta de uma idéia, os zen-empreendedores deixam que uma idéia tome conta deles. A partir disso, “Espírito de dragão” apresenta pensamentos inovadores a respeito de liderança, administração, empreendedorismo, marketing e sucesso. Pretende ser uma revisão sobre os vícios do mundo dos negócios com uma proposta de mudança baseada na sabedoria antiga e em visões de vanguarda. Para ilustrar o conceito de zen-empreendedorismo, os autores utilizam o símbolo do dragão a fim de mostrar como os zen-empreendedores, assim como os dragões, têm o poder de libertar seu verdadeiro po-
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Espírito de dragão (Dragon spirit: how to self-market your dream) Ron Rubin e Stuart Avery Gold (tradução de Luciana di Tota Boni) Editora Tecmedd, selo Novo Conceito 160 páginas – R$ 29,90
tencial e realizar inúmeras mudanças e transformações na vida. Os autores Ron Rubin e Stuart Avery Gold ensinam que, ao deixar de lado o objetivo da participação de mercado, provocamos o processo orgânico de compartilhar pensamentos e, assim, atingimos
uma consciência coletiva em que a filosofia de vida dos zen-empreendedores incorpora a filosofia dos negócios. Por possuírem o poder da mudança, eles percebem que são um só com seus sonhos e com sua natureza — sua força criativa e espiritual.
Por Nei Duclós nei@empreendedor.com.br
o na busca de soluções, ao mesmo tempo que o envolve com um texto instigante. Os recursos da ficção são usados para deixar claro seu recado, e não para embalar e alienar o leitor. É uma demonstração da força do autor em relação aos instrumentos que usa, as palavras. Cada frase (curta, a maioria das vezes, mas jamais repetitiva ou monótona) tem a densidade de uma máxima: “No fundo, Hilário aprecia mesmo os benefícios, mas detesta os sacrifícios”. Ou: “O ingrediente mágico das equipes é a confiança, que se ganha com a verdade e a integridade”. Assim ele vai contando a história de dois empreendedores, amigos da juventude, que estão diante do desafio de fazer a travessia para descobrir o significado da vida no trabalho. A vida não faz graça com ninguém. Não é lamentando ou desistindo que as soluções vão aparecer. É agarrando o touro à unha, mas de que maneira? Qual o segredo? Tranjan traz algumas respostas, todas embasadas em sólido aparato conceitual e com o talento dos escritores de verdade.
Leitura
Como contratar pessoas especiais Glaucia é advogada, mestre em Direito e Economia, pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho e professora de cursos de graduação e pós-graduação em Direito do Trabalho. A idéia do livro é levar ao conhecimento de advogados, estudantes de Direito e leigos as leis e a importância da inserção de deficientes físicos no mercado de trabalho. A análise é feita a partir da comparação de outros países e das normas da OIT. E a conclusão da autora é que há necessidade de mudanças nas normas do Brasil. Revela Glaucia: “No Brasil, os dados mais recentes a que tivemos acesso foram os publicados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1999, que indicam a existência de 16 milhões de pessoas portadoras de deficiência (cerca de 10% do total da população), e os dados do Censo 2000, que revelam a existência de 24,5 milhões de portadores de deficiência no país (14,5% do total da população). Estima-se que, do total das pessoas portadoras de deficiência, 9 milhões encontram-se em idade de trabalhar, mas apenas 1 milhão delas trabalham formal ou informalmente.”
A inserção do portador de deficiência no mercado de trabalho – A efetividade das leis brasileiras Glaucia Gomes Vergara Lopes Editora LTr – R$ 30,00
Conquiste aquela vaga Na disputa por uma posição de gerente ou executivo em um mundo globalizado, diploma e segundo idioma deixaram de ser vantagens competitivas. Este livro ensina aos leitores como se preparar para uma entrevista de emprego e se posicionar diante do entrevistador para obter o alto cargo almejado. O conteúdo traz a opinião de consultores de executivos a fim de estabelecer perfis de líderes que fazem toda a diferença na hora da seleção. Sharon Voros entrevistou 150 dos melhores consultores que forneceram estratégias e táticas específicas utilizadas para avaliar o perfil de líder em gerentes e executivos. Para isso, ela selecionou os comentários e conceitos fun-
Como conquistar uma ótima posição de gerente ou executivo... e dar um salto importante em sua vida profissional Sharon Voros – M. Books 210 páginas – R$ 49,00 damentais que melhor demonstravam o que procuram os responsáveis pela seleção de profissionais para altos cargos em organizações. Algumas certezas: a habilidade da comunicação é o mais importante para ocupar um cargo de líder; carisma, por despertar o entusiasmo e estar diretamente relacionado à autoconfiança de um executivo e ao interesse em outras pessoas, não tem mais tanto valor; a adequação à cul-
tura da empresa é, também, um aspecto positivo para este perfil de profissional, pois a capacidade de reconhecer as regras básicas de comportamento da organização e agir de acordo com elas é fundamental para o modo como um executivo é percebido e respeitado. Outubro 2005 – Empreendedor – 73
Informação e Crédito
ADRIEL CASSOLA
Excelente para se trabalhar A Serasa figura entre as melhores desde 1999 e em 2005 foi eleita a 7ª melhor empresa para se trabalhar no Brasil e a 2ª melhor para a mulher trabalhar
A
Serasa é a 7ª na lista das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, entre 488 empresas concorrentes, de acordo com classificação do Great Place to Work Institute para o Guia Exame e a revista Você S/A, conforme premiação realizada em setembro pela editora Abril, em São Paulo. O Guia Exame e a Você S/A também deram à Serasa o prêmio de 2ª melhor empresa para a mulher trabalhar no Brasil. Desde 1999 a Serasa figura consecutivamente no Guia Exame como uma das melhores empresas para se trabalhar. “O reconhecimento é conseqüência de um modelo de gestão em que todos os que trabalham na Serasa são estratégicos. Por isso, a Serasa investe na qualidade de vida de seus profissionais, contemplando seu bemestar profissional, físico, social, material e espiritual”, afirma o presidente Elcio Anibal de Lucca. “Esse destaque reflete a coerência da Serasa em sua atuação como empresa cidadã, cujos beneficiários mais imediatos são os seus profissionais, ao mesmo tempo em que são também agentes dessa atuação, uma vez que a Serasa somos todos nós, que trabalhamos na empresa”, comemora Elcio Anibal de Lucca.
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Tales Alvarenga, diretor editorial de Veja e Exame, que fez a entrega do troféu à Serasa, ao lado do diretor de desenvolvimento humano, Milton Pereira; da superintendente de dinâmica de mercado, Marina Rutter; e do presidente, Elcio Anibal de Lucca
Em 2004, a empresa, que tem hoje cerca de 2.100 profissionais, dos quais 51% são mulheres, também foi escolhida pelo Great Place to Work Institute para inaugurar a inédita lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar na América Latina. Ainda no ano passado, foi eleita, pelo segundo ano consecutivo, uma das melhores empresas para a mulher trabalhar no Brasil, segundo as revistas Exame e Você S/A, da Editora Abril, ficando entre as dez primeiras colocadas. As práticas de qualidade de vida na Serasa, para o bem-estar de todo Ser Serasa – forma como são chamados os profissionais da empresa –, começam pelo cuidado criterioso com o ambiente de trabalho, desde os jardins com música ambiente e espaços para convivência, meditação,
oração e passeios, passando pela ergonomia, até a Promoção da Saúde, que inclui programas antitabagismo, Vigilantes do Peso e Saúde da Mulher, além de outros. Para promover o crescimento pessoal e profissional do Ser Serasa, a Escola Serasa oferece cursos de ensino médio, graduação em Administração de Empresas – com campus na própria sede –, MBA, escola de música, coral, um centro de conhecimento, entre outras iniciativas afins. O incentivo e o apoio para o voluntariado, como prática que contribui para a satisfação e realização pessoal do Ser Serasa, é outro aspecto bastante significativo na cultura organizacional da empresa. Pesquisas internas na Serasa mostram elevado nível de satisfação dos profissionais, de 93%.
Gestão premiada A Serasa, maior empresa do Brasil em pesquisas, informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios e referência mundial no segmento, é reconhecida pelo seu modelo de excelência em gestão. Foi a primeira organização brasileira a conquistar, em 1995, o Prêmio Nacional da Qualidade. Em 2000, tornou-se a primeira empresa a receber o PNQ pela segunda vez. Também foi a primeira empresa a receber o reconhecimento internacional do Prêmio Ibero-Ame-
ricano da Qualidade, em 2002. Comprometida com a cidadania empresarial, a ação da Serasa fundamenta-se em princípios éticos e sociais de valorização do ser humano e no compromisso com a construção de uma sociedade que harmonize as realizações econômicas com a preservação do meio ambiente. Oferece nas capitais e principais cidades do país o Serviço Serasa Gratuito de Orientação ao Cidadão, por meio do qual as pessoas têm acesso a todas as informações necessárias para regularização de pendências financeiras.
GREAT PLACE TO WORK O Great Place to Work realiza, há 25 anos, pesquisas em outros 24 países nas Américas, Europa e Ásia, o equivalente a um universo de mais de 10 milhões de funcionários em todo o mundo, em mais de 5.000 empresas, o que o torna uma referência mundial de qualidade no ambiente de trabalho. O seu objetivo é avaliar o grau de confiança existente no ambiente de trabalho e melhorar a qualidade das relações entre as pessoas.
Programa Saúde da Mulher é Top
ROSANA MOMI
O Programa Serasa de Saúde da Mulher foi reconhecido com o Prêmio Top de RH ADVB 2005. As mulheres são 51% dos mais de 2 mil profissionais da Serasa e, como a empresa está instalada em todo o Brasil, com agências em todas as capitais e principais cidades do país, desenvolve o programa em âmbito nacional. O objetivo do programa é estimular o envolvimento das Ser Serasa em programas de educação e
prevenção das doenças femininas de maior prevalência, entre elas destacamos: câncer de mama e colo uterino, osteoporose e tensão pré-menstrual (TPM). Por meio do programa, a empresa visa realizar diagnósticos precoces; esclarecer dúvidas relativas à saúde; prestar tratamento imediato quando da ocorrência de agravos à saúde; proporcionar segurança, rapidez, conforto e praticidade à Ser Serasa que de-
sejar atendimento ginecológico; e, dessa forma, diminuir os problemas de saúde na área de ginecologia e obstetrícia. O programa envolve uma equipe multidisciplinar de profissionais, como ginecologista, clínico geral, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, acupunturista, dentistas, enfermeiros, nutricionista e psicólogo. Em 2004, realizou 738 atendimentos, e, até junho de 2005, já foram 454.
Na festa da premiação, da esquerda para a direita, Elcio Trajano Jr., gerente de planejamento de pessoas; Elizia Capanema, analista de desenvolvimento humano; os médicos Luis Fernando Rensi Cunha e Patrícia de Oliveira, da Promoção da Saúde; Milton Pereira, diretor de desenvolvimento humano; e Mário Sérgio Sampaio, gerente de qualidade de vida
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Guia do Empreendedor
Excesso de zelo na política monetária O exagero tem efeito negativo sobre a dívida pública, que cresce desnecessariamente, além de comprometer o crescimento da economia DIVULGAÇÃO
A partir de setembro de 2004 o Banco Central elevou os juros, num processo que, em maio de 2005, levou a meta para a taxa Selic para 19,75% ao ano, patamar em que permaneceu por quatro meses. Em setembro de 2005 a taxa foi reduzida para 19,5% ao ano. A idéia em se utilizar elevações da taxa de juros como política de combate à inflação é reduzir a demanda, o que reduziria a capacidade das empresas de aumentar os seus preços. Essa política funciona, mas há sérias discussões sobre qual é a taxa que equilibra o controle da inflação com os seus efeitos negativos. A condução da política monetária pelos bancos centrais não é uma tarefa trivial, porque as variáveis envolvidas não são perfeitamente previsíveis, além de as relações econômicas não serem estáticas. A base para as tomadas de decisão são modelos econométricos que levam em conta as inter-relações entre as variáveis econômicas ao longo do tempo. Um dos grandes problemas envolvidos é a defasagem entre a adoção da medida e a manifestação do seu efeito. Um aumento da taxa de juros tem efeitos sobre as decisões de consumo das famílias e de investimento das empresas, além de afetar a taxa de câmbio e as contas do governo.
76 – Empreendedor – Outubro 2005
As decisões de consumo e investimento são influenciadas por uma série de outros eventos, inclusive as expectativas sobre o comportamento futuro da economia, não sendo fácil distinguir as origens das variações e o tempo durante o qual as alterações nos juros estão afetando os resultados. Com tal complexidade e a aleatoriedade inerente ao comportamento de famílias, empresas, governo e o resto do mundo, necessariamente os resultados da política econômica não serão exatos. Por isso, o bom senso indica que a intensidade das medidas de política econômica adotadas deverá ser menor do que o indicado pelo modelo econométrico, porque, caso o modelo esteja sugerindo uma medida mais forte do que a de fato é necessária, não há necessidade de reverter a medida em excesso sugerida inicialmente. Com isso não se gera instabilidade ao longo do tempo, porque a medida exagerada afetou as decisões e a sua reversão causará nova alteração de comportamento. A conseqüência é que, vários meses depois, ainda estarão ocorrendo alterações desnecessárias no desempenho da economia. Caso a medida sugerida pelo modelo tenha sido correta, essa constatação permitirá a adoção de um aprofundamento da po-
lítica nos meses seguintes. O que se tem observado nos últimos meses na economia brasileira é que, apesar de sucessivos sinais de que a inflação estava sob controle e aproximando-se da meta estabelecida pelo governo, ocorreu a continuidade do aperto monetário. Este exagero na condução da política monetária tem efeito negativo sobre a dívida pública, que cresce desnecessariamente, além do efeito sobre o bemestar social, com a menor expansão do consumo, e de comprometer o crescimento futuro da economia, pela postergação de investimentos. A insistência do Banco Central em manter os juros reais elevados, apesar da redução da inflação, gera um custo muito elevado comparativamente ao pequeno benefício na redução adicional da inflação. O preciosismo da busca da meta de inflação, mesmo com base nos modelos, provoca perdas muito superiores ao ganho de credibilidade obtido pelo Banco Central. Otimistamente, o conservadorismo poderia ser menor na queda da taxa do que o ocorrido na subida.
Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e Professor do Departamento de Economia da UFSC
Análise Econômica
Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO
Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Bradesco PN Bradespar PN Brasil ON Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Braskem PNA Caemi PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Contax PN Copel PNB CRT Celular PNA Eletrobrás ON Eletrobrás PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part PN Gerdau Met PN Gerdau PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itaú Hold Finan PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia SA PN Sid Nacional ON Sid Tubarão PN Souza Cruz ON Tele Centro-Oeste Cel PN Tele Leste Celular PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tim Participações ON Tim Participações PN Transmissão Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN
PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA
VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 23/08/2005)
1,02 1,37 0,99 3,18 1,03 1,06 0,51 0,95 2,11 2,56 3,97 1,02 0,20 2,55 0,55 0,45 0,23 1,44 0,40 1,56 3,41 0,59 0,46 1,02 2,34 1,19 4,23 100,00 0,62 2,52 1,44 0,50 0,16 1,67 2,09 8,12 0,98 1,10 4,57 1,42 0,55 0,68 0,21 1,12 1,07 8,19 0,72 1,50 0,54 0,30 1,06 0,56 1,26 6,24 1,95 7,30 1,23
-7,01 34,80 -9,23 71,69 42,77 39,80 34,80 -0,80 -17,35 -23,21 51,44 29,49 27,28 39,55 2,70 11,32 39,46 4,14 2,99 5,79 43,38 4,70 -0,51 11,53 2,37 12,96 19,46 6,59 36,65 39,85 -9,86 -31,52 102,94 55,34 52,58 2,77 4,75 23,08 9,33 -19,75 -13,88 -52,16 -4,72 21,19 -6,43 9,11 -51,96 1,01 35,40 8,29 84,16 42,57 10,20 31,23 35,26 -29,92
Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Agosto -0,65 -0,79 0,17 -0,20
Juros/Aplicação
Ano 0,74 0,33 3,59 2,82
(%)
Setembro * Ano 1,14 13,68 1,14 13,71 0,80 6,10 1,03 12,31 2,72 -9,33
CDI Selic Poupança CDB Pré 30 Ouro BM&F * até dia 23/09
Indicadores imobiliários Agosto -0,15 0,35
CUB SP TR
(%)
Ano 4,26 1,92
Juros/Crédito (em % mês) Setembro 22/setembro
Setembro 23/setembro
Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (*)
2,80 4,67 3,40 3,35
2,80 4,68 3,40 3,50
Câmbio (em 23/09/2005)
Dólar Comercial Ptax Euro Iene
Cotação R$ 2,2660 US$ 1,2041 US$ 112,51
Mercados futuros (em 23/09/2005)
Outubro Novembro Dezembro
Dólar Juros DI
R$ 2,272 R$ 2,298 19,46% 19,34%
R$ 2,323 19,22%
(em 23/09/2005)
Outubro
Ibovespa Futuro
Dezembro
31.469 32.169
Outubro 2005 – Empreendedor – 77
Guia do Empreendedor Em destaque
Uit Américas Telecom 2005
5/10 a 7/10/2005
Centro de Convenções da Bahia Salvador/BA Telefone: (61) 2312.2063 Site: www.anatel.gov.br
EXPOCARGO 2005
3/10 a 6/10/2005
Hobbyart Shop Show 2005 Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 5687.8522 Site: www.midiagrupo.com.br 4/10 a 7/10/2005
Brasiltec 2005 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 3291.9111 Site: www.alcantara.com.br 4/10 a 7/10/2005
Instalar Building 2005 Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP Telefone: (11) 5585.4355 Site: www.cipanet.com.br 5/10 a 7/10/2005
6ª Feira de Movimentação, Armazenagem e Terminais de Cargas, Transporte e Logística Parque de Exposições da Fenac Novo Hamburgo/RS Telefone: (51) 3225.9169 Site: www.sinalcom.com.br Em sua sexta edição, a Expocargo promete atrair mais de 15 mil exportadores, importadores e outros operadores de comércio exterior de diversos locais, como Austrália, Alemanha, Estados Unidos, União Européia, Venezuela, China, Chile, Uruguai, Paraguai e Argentina. O evento – considerado a maior feira de logística do Sul do país – é reconhecido como um fórum de integração entre exportadores e importadores, faz parte do calendário internacional de iniciativas do segmento e tem o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 8/10 a 16/10/2005
17/10 a 20/10/2005
20ª Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó
38º Congresso Internacional de Celulose e Papel
Pavilhão de Exposições Expominas Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3282.7559 E-mail: sipamig@fiemg.com.br
Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves Chapecó/SC Telefone: (49) 328.4669 Site: www.chapeco.sc.gov.br
5/10 a 7/10/2005
12/10 a 14/10/2005
Feira Internacional de Esquadrias, Ferragens e Componentes
9º Congresso Paulista de Técnicos em Prótese Dentária
Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP Telefone: (11) 5585.4355 Site: www.cipanet.com.br
ITM Expo São Paulo/SP Telefone: (11) 3287.1933 Site: www.apdesp.org.br
Minaspão 2005
8/10 a 11/10/2005
54ª Exposição de Produtos Farmacêuticos e Equipamentos Médicos Centro de Cultura e Convenções de Goiânia Goiânia/GO Telefone: (21) 2240.8927 Site: www.sbcp.org.br
78 – Empreendedor – Outubro 2005
DIVULGAÇÃO
3/10 a 6/10/2005
Agenda
17/10 a 19/10/2005
19ª Feira de Produtos e Serviços para Supermercados Pavilhão de Exposição Expominas Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 2122.0500 Site: www.amis.org.br
Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 3874.2700 Site: www.abtcp.org.br 18/10 a 20/10/2005
7º Salão Internacional de Joalheria e Relojoaria Centro de Convenções Fecomércio São Paulo/SP Telefone: (11) 3151.6444 Site: www.exponor.com.br 18/10 a 22/10/2005
Fenatran – Salão Internacional do Transporte Pavilhão de Exposições Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 6221.9908 Site: www.fenatran.com.br
Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)
Outubro 2005 – Empreendedor – 79
80 – Empreendedor – Outubro 2005
Outubro 2005 – Empreendedor – 81
Empreendedor na Internet www.empreendedor.com.br
Página Inicial
Do internauta
Novo formato completa um ano
Empresa júnior
Em outubro do ano passado, quando o atual formato do site Empreendedor entrou no ar, o compromisso da Editora Empreendedor era criar um ponto de referência para os empreendedores brasileiros. Um ano depois, os números da audiência do site e o retorno dado pelos internautas mostram que esse objetivo vem sendo atingindo. O site já está próximo da marca de 1,3 milhão de page views, com uma média mensal superior a 300 mil visitas únicas. Os números revelam que o foco que o site Empreendedor tem dado ao conteúdo vai ao encontro dos anseios dos leitores. E isso ficará ainda mais forte nos próximos meses, quando o site passará por uma mudança em sua página de abertura para a inclusão de novas áreas de conteúdo, como a que irá destacar per-
Meu nome é Juliara, sou acadêmica do 4º semestre do curso de Administração da Universidade Federal de Santa Maria e venho parabenizá-los pela iniciativa de colocar em seu site uma reportagem que trate do movimento empresa júnior. Sou integrante da Objetiva Jr., maior empresa do Estado do Rio Grande do Sul em número de membros, e sei que uma iniciativa como essa refletirá em nosso trabalho, não só em termos de visibilidade, mas também no aspecto motivacional de nossos membros. A existência de uma empresa júnior na formação profissional do acadêmico é de grande valia, pois é um dos únicos momentos na universidade em que podemos realmente aplicar o que aprendemos em sala de aula. É como se fosse um laboratório para que os alunos, principalmente os da área das ciências sociais e humanas, possam aplicar os conhecimentos na prática. O ideal seria que todas as IES possibilitassem esse “laboratório” que é a empresa júnior para os acadêmicos. Enfim, o MEJ agradece pelo apoio.
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fis de grandes empreendedores. Tudo isso vem embalado por um trabalho cada vez maior da equipe do site em manter uma relação direta com os internautas. Atualmente, a e-Empreendedor, newsletter distribuída toda segunda-feira, tem sido o grande elo do internauta com o site. Tanto que desde o final de setembro, a e-Empreendedor conta com o patrocínio do Terra, primeiro anunciante a investir no informativo semanal do site. Outra inciativa que começa a ser desenvolvida são as edições extras da newsletter, sempre abordando assuntos específicos. A primeira e-Empreendedor Edição Extra traz notícias sobre o mercado de franquias e já pode ser assinada pelos internautas interessados nesse assunto (envie um e-mail para newsletter@empreendedor.com.br solicitando sua inclusão).
Enquete No mês de outubro, a enquete do site Empreendedor quer saber se a responsabilidade social é praticada pelas empresas porque (1) é apenas mais uma ação de marketing que ajuda a melhorar e incrementar a imagem que os consumidores têm dela ou (2) demonstra uma preocupação real com questões sociais que envolvem a comunidade na qual está inserida.
JULIARA FONSECA, diretora da Objetiva Jr. Assessoria Empresarial – www.objetivajr.com.br
Leia sobre empresas juniores no site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)
Encontro marcado A redação do site Empreendedor está com um novo e-mail para contato através do MSN Messenger. Agora, adicione o e-mail empreendedor@empreendedor.com.br à sua lista de contatos. Todo dia 15 de cada mês, a redação do site Empreendedor e, eventualmente, integrantes das revistas da Editora Empreendedor estarão on-line para conversar com os internautas, sempre a partir das 15h. Todos estão convidados.
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