Empreendedor 135

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GESTÃO A IMPORTÂNCIA DE SABER FAZER

www.empreendedor.com.br ISSN 1414-0152

Ano 11 • Nº 135 • Janeiro 2006

PERFIL: CARLOS WIZARD O MAGO DOS IDIOMAS

Empreendedor

PRODUTOS QUE ENCANTAM GERAÇÕES

Ano 11 • Nº 135 • janeiro 2006

CADERNO DE TI ESCOLHA O VoIP CERTO

A resistência das marcas antigas


2 – Empreendedor – Janeiro 2006


Janeiro 2006 – Empreendedor – 3


A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Nesta Edição

Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor.com.br]

PÁG. 18

Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo e Index Stock Foto da Capa: Index Stock Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Carla Kempinski Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Gerente Comercial: Fernando Sant´Anna Borba Executivos de Contas: Cláudio Miranda Rolim e Vanderleia Eloy de Oliveira Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]

Almanaque da longevidade Por que duram as marcas muito familiares, que conseguem consolidar uma sólida tradição em mercados mutantes e voláteis? Identificação e confiança são fatores decisivos para essa longevidade, pois geram hábitos de consumo passados de uma geração à outra. Alguns produtos que são fabricados há mais de cinco décadas disputam espaço entre tantas opções e novidades que chegam ao mercado todos os anos e a maioria das vezes têm a preferência do consumidor. Alguns exemplos destacados nesta edição:

Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441

Pomada Minâncora Fórmula de 1915, na lata redonda e de cor laranja.

Escritórios Regionais

Água Mineral Ouro Fino No mercado há seis décadas.

Rio de Janeiro Triunvirato Comunicação Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 2221-0088 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3426-7315 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

Guaraná Jesus Faz parte do folclore do Maranhão

Guaraná Pureza Desde 1925 na região de Florianópolis, SC.

Panetone Bauduco O berço foi uma doceria do Brás, em São Paulo.

Manteiga Aviação Sabor caseiro completa 85 anos

Pó Granado O polvilho antisséptico usado por Dom Pedro II

Tintas Coral Muitas mudanças em 52 anos de vida

Chocolates Pan Aos 70 anos, marcou diversas gerações.

Xarope Melagrião

Extrato Elefante Criado pela Cica, é produzido pela Unilever

Criado em 1918, cresce 15% ao ano

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br]

PÁG. 31

A fonte do fazer

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Prol Editora Gráfica Ltda. Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Janeiro 2006

O conselho de Aleksander Mandic, um dos maiores empreendedores da internet no Brasil, é abrir um negócio que você saiba fazer, que tenha conhecimentos sobre sua operação e mercado e conheça os riscos e dificuldades a enfrentar. Não é preciso ser um especialista, mas isso facilita. E por isso existem tantas empresas que se beneficiam da experiência profissional de seus fundadores.


Janeiro/2006

PÁG. 10 Eduardo Alcides Dall’Agno O diretor-executivo da GVT prevê que, dentro de no máximo cinco anos, com o fim do conceito de longa distância, ela se converterá em uma grande vantagem frente às operadoras que herdaram o sistema Telebrás. Dall`Agno discorre sobre empreendedorismo e o futuro das telecomunicações.

INDEX STOCK

PÁG. 45

Entrevista:

Caderno de TI O desafio do excesso .................................................................. 45 Nos Estados Unidos o verbo da moda é voiping, uma clara referência ao sucesso da tecnologia VoIP, que permite a transmissão de voz em tempo real via internet. Uma novidade que quebra paradigmas, possibilitando até mesmo fazer ligações gratuitas para qualquer lugar do mundo. Aplicada aos negócios, pode ter forte impacto na redução de custos operacionais, mas para o empreendedor é difícil fazer a melhor escolha entre as cerca de 50 empresas que atuam em telefonia pela internet no Brasil ou mesmo as centenas de integradores que existem no país.

Giga expansão .............................................................................. 48 Up-grade faz Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) operar em até 10 gigabits por segundo.

CASA DA PHOTO

Perfil: Carlos Wizard O ensino das línguas é um instrumento poderoso para Carlos Wizard exercer a liderança e promover o bem comum. Hoje ele lidera uma grande família formada por mais de 15 mil funcionários e meio milhão de alunos, distribuídos em cerca de 1,5 mil unidades, 15 delas no exterior, sendo dez nos Estados Unidos, quatro no Japão e uma em Portugal, instalada no ano passado como base para a expansão no mercado europeu.

Conexão sem fio .......................................................................... 49 O crescimento do mercado de comunicação de dados via telefone móvel está engordando a receita das operadoras de celular. Os recursos provenientes dessa área já representam 5%, em média, no faturamento, e têm boas chances de aumentar nos próximos anos.

INDEX STOCK

PÁG. 38

PÁG. 36

Drogas, fora A maior parte dos empreendedores brasileiros tem mais preocupações com a gestão financeira, a necessidade de manter margens de lucro, a competição com a concorrência e o aumento da produtividade do que com problemas sociais. A Bordare, empresa da área têxtil com sede em Curitiba, é um daqueles exemplos que desmente o senso comum, destinando parte de sua renda ao patrocínio para o tratamento de usuários de drogas.

GUIA DO EMPREENDEDOR

67

Produtos e Serviços ............................... 68 Do Lado da Lei ........................................ 70 Leitura ...................................................... 72 Análise Econômica .................................. 76 Indicadores .............................................. 77 Agenda ..................................................... 78

LEIA TAMBÉM Cartas ................................................. 7 Empreendedores ................................. 8 Não Durma no Ponto ........................ 14 Pequenas Notáveis ........................... 42 Empreendedor na Internet .............. 82 Janeiro 2006 – Empreendedor – 5


Editorial

de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 85,44. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação

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Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-5938 Rio de Janeiro: (21) 2221-0088 Brasília: (61) 3426-7315 Curitiba: (41) 3257-9053 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 3224-4441 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro - 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF

O

que faz um produto ainda ser produzido, consumido e aceito depois de 50, cem anos? Tradição não é suficiente para explicar essa longevidade , apesar de ser um estímulo importante, já que o hábito está carregado de memória e emoção. Os motivos podem ser sintetizados em alguns itens: a fórmula revelouse, desde o início, útil para quem compra, e não foi superada; os responsáveis pelo produto souberam adaptarse às transformações ocorridas ao longo do tempo; e as mudanças do mercado não foram suficientes para derrubar o uso, pois nenhuma novidade é capaz de substituir um relacionamento que deixou raízes profundas no mercado graças à competência de quem produz. São inúmeros os exemplos desse tipo de sucesso de marcas da terceira idade que fazem parte da família. Selecionamos alguns deles para mostrar como são capazes de sobreviver mesmo com a avalanche de certezas sobre um remédio idêntico aos que eram vendidos antigamente: a chamada modernidade a qualquer custo. O que esses veteranos nos dizem é que houve vida inteligente no passado, tanto é que foi capaz de sobreviver à concorrência. Existem provas tão explícitas

de fôlego que em alguns casos as multinacionais se renderam às evidências e mantiveram esses maratonistas que jamais deixam de freqüentar a arena. E não se trata apenas de panacéias simpáticas, de uso farmacológico, que continuam sendo usadas apesar dos avanços da ciência e do mercado. Os velhinhos concorrem em setores como o das bebidas e outros supérfluos, fazendo valer não apenas o charme da embalagem ou da cor excêntrica, mas o produto em si, que continua de mão em mão dando lições para quem está chegando. Isso significa que tudo pode conviver em harmonia, sem a autofagia costumeira que acaba devorando, de maneira equivocada, produtos que fizeram a cabeça de gerações e que são deixados de lado por puro preconceito. Apostar numa idéia considerada antiga e não perder mercado sabendo modificar o que já estava pronto são as lições que podemos tirar dessa reportagem sobre produtos que freqüentavam os velhos almanaques. Hoje, em pleno marketing da extrema competitividade, eles ainda ocupam um lugar de honra reservado aos vencedores. Nei Duclós

Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

6 – Empreendedor – Janeiro 2006

Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


CASA DA PHOTO

Cartas Honrada e feliz Caríssimos amigos: Estou muito honrada e feliz por participar do grupo de empreendedores que vocês apontaram como exemplo em 2005. Deixar um bom exemplo é a grande motivação da minha vida. Estou duplamente privilegiada por estar ao lado de empreendedores que quero muito bem e admiro muito, como Sérgio Amoroso e Elcio de Lucca. Muito obrigada pela honra e um 2006 maravilhoso para vocês. Um grande abraço, Christina Carvalho Pinto

CASA DA PHOTO

Presidente do Grupo Full Jazz de Comunicação e Sócia da The Key Organizações e Marcas Cidadãs São Paulo - SP

Preparo Obrigada, Wendel Martins. A matéria sobre o Cláudio Szajman (edição 134 da Empreendedor) ficou ótima. Aliás, seu texto é muito bom e foi um dos poucos jornalistas que demonstraram ter se preparado para entrevistar o Cláudio. Obrigada e conte conosco em 2006! Analu Andrigueti

RP1 Comunicação São Paulo - SP

Correção Parabéns pela matéria Os Segredos da Nova Gestão, ficou interessante a abordagem do repórter Wendel Martins. Apenas como reparo, o número do meu telefone saiu errado. O correto é 3138-7154. João Fender Filho

Assessoria da Presidência CTEEP São Paulo – SP

Votos Desejo a toda equipe da Emprendedor um ano repleto de realizações. Que a revista continue sua trajetória de informar corretamente e levantar assuntos de interesse para quem depende do próprio negócio para sobreviver. Torço para que o trabalho de vocês seja cada vez mais reconhecido, pois o conteúdo é exemplar para outras publicações, já que aposta na ousadia das abordagens e no ineditismo de muitos assuntos desenvolvidos pelos repórteres. Vera Mantega Jordelli

Rio de Janeiro – RJ Janeiro 2006 – Empreendedor – 7


Empreendedores Roseli Swistalski

Beleza orgânica

Rodrigo Silva

Pranchas em 3D Fabricante de pranchas de surf desde os 15 anos de idade, o empresário Rodrigo Silva desenvolveu um equipamento de alta precisão para a usinagem computadorizada de suas criações. A máquina, batizada de High Speed Surf Machine (HSSM), usa programação CNC (comando numérico computadorizado) e software de CAD/CAM, o que torna possível modelar as peças em três dimensões com velocidade e rigidez. O projeto da HSSM foi desenvolvido em parceria com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina e surgiu a partir de uma necessidade pessoal de Rodrigo, que procurava uma máquina de usinagem diferente das que existiam até então no mercado brasileiro. O equipamento ajudou Rodrigo a aumentar sua produção em mais de 15% em apenas três meses e permitirá a venda de pranchas em quatro países da América do Sul em 2006. (48) 3237-5493

8 – Empreendedor – Janeiro 2006

Ao associar os cuidados com a beleza à preservação do meio-ambiente, a empresária Roseli Swistalski criou a Planeta Natureza, considerada a primeira linha de cosméticos orgânicos produzida no Brasil. Diferente dos cosméticos naturais, que são produzidos com extratos de plantas cultivadas, a linha da Planeta Natureza é elaborada com matérias-primas orgânicas certificadas, que foram cultivadas em solo descontaminado e sem o uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. O sistema de produção orgânica nos cosméticos, segundo Roseli, reflete como ela age em relação à pele. “Usando o cosmético orgânico, a pessoa percebe o efeito imediato na

pele, o organismo sente a diferença e o resultado é visível e rápido”, diz. Em sua loja, a empresária também comercializa outros produtos orgânicos, como vinho, café, açúcar, chocolate, geléia e biscoitos, e só utiliza embalagens confeccionadas em papel reciclado. (11) 4226-7221

André Luiz Boavista

Parcerias do Mr. Chocolate Além de delicioso e quase uma unanimidade em termos de aceitação, o chocolate também pode se reverter em um negócio lucrativo, principalmente quando se utiliza esta iguaria de maneira inusitada e criativa. Pelo menos esta tem sido a receita de sucesso dos empresários André Buzzo, Alexandre Buzzo e André Luiz Boavista (foto), que dirigem a Mr. Chocolate. A empresa, que faz locação, comercialização e terceirização de fontes de chocolate para eventos, oferece o produto em diversos tamanhos (de acordo com as necessidades do cliente) e só utiliza chocolate puro, sem adição de gordura hidrogenada. Com unidades de comercialização em Maringá e São Pau-

lo, os empresários buscam parceiros em outras cidades – como Rio de Janeiro e Brasília – e projetam um crescimento de 30% para 2006. www.mrchocolate.com.br


Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br

Edson Góes de Camargo

Chope de vinho Edson Góes de Camargo, gerente de produto da Vinícola Góes, comemora o aumento de 60% nas vendas de sua empresa neste verão. Um dos pro-

dutos que está agradando o público brasileiro – e que foi lançado em primeira mão no mercado nacional pela Vinícola Góes – é o Grape Cool, bebida gaseificada à base de vinho, refrescante como o chope e com apenas 5% de teor alcoólico. Inicialmente servido através de chopeiras, o Grape Cool passou a ser vendido no varejo em latas de 250 ml em 2005. Segundo o empresário, a bebida alia frescor e sabor intenso e pode ser consumida em todos os meses do ano. “O Grape Cool é ideal para servir em festas, baladas, happy hours e eventos”, diz. Atualmente, a Vinícola Góes produz cerca de um milhão de litros por ano do produto. www.vinicolagoes.com.br

Marco Bruno Pederneiras

Aulas de samba O empresário Marco Bruno Pederneiras, sócio da academia Ipanema Sport Site Club, aproveitou a proximidade do verão e do Carnaval para investir em uma nova modalidade de aula de samba. A idéia de Marco combina a aula tradicional com o ensino de percussão e é direcionada para quem quer desfilar nas escolas de samba. O perfil dos alunos que procuram este tipo de aula mescla estrangeiros

que sonham em desfilar na bateria (e que não querem “fazer feio” na avenida) com pessoas que querem malhar em horários alternativos – uma vez que a Ipanema Sport Site Club funciona 24h. Única do gênero no Rio de Janeiro, a academia possui mil m2 de infra-estrutura e é freqüentada por diversas celebridades, como o estilista norte-americano Calvin Klein. www.ipanemasportclub.com.br

Raul Gaspar Martins

Prédio é mercado O engenheiro e empresário Raul Gaspar Martins, da Álamo Engenharia (RJ), foi nomeado para a presidência da Abemp – Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Manutenção Predial. A entidade, que tem sede em Brasília e reúne as mais importantes empresas do segmento, realizou nos últimos dois anos um trabalho nacional para conscientizar a população sobre a importância da manutenção predial periódica. Para dar maior amplitude às suas ações, a nova diretoria – sob o comando de Raul – inaugurou uma representação em São Paulo, a fim de fortalecer sua atuação na maior cidade do país, e abriu seu quadro à participação de novas empresas que atuam no segmento. Segundo Raul, sua gestão será pontuada no sentido de colaborar no aprimoramento e na busca de melhores condições de trabalho para o mercado de manutenção predial. www.abemp.com.br

Carlos Hilsdorf

Mágico da motivação Autor do livro “Atitudes Vencedoras” (publicado pela editora Senac), o conferencista Carlos Hilsdorf é hoje um dos nomes mais cotados no país para palestras de aprimoramento profissional e pessoal em empresas. Formado em economia e marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Hilsdorf também realiza estudos a respeito do comportamento humano e já participou de

eventos em seis países. Suas palestras se pautam pelo senso de humor, no uso de truques de ilusionismo e na metodologia de maximização da absorção conceitual. Hilsdorf também se preocupa em manter a relação entre o con-

texto do tema abordado e a realidade do mercado de Recursos Humanos e Administração. “O conteúdo de minhas apresentações é constantemente atualizado para estar sempre adequado à realidade”, diz. www.carloshilsdorf.com.br Janeiro 2006 – Empreendedor – 9


Entrevista

Eduardo Alcides Dall’Agno

Fim da longa distância Mercado nacional de telefonia cresce graças à inovação adaptada às demandas dos segmentos da clientela por

Alexsandro Vanin

A tão sonhada concorrência no mercado residencial de telefonia ainda está distante para a maioria da população brasileira. Falhas no modelo regulatório não permitiram que as empresas-espelhos vingassem nesse filão. A Global Village Telecom (GVT), por exemplo, procurou outros meios para crescer, focando em segmentos de mercado, com produtos e serviços com tecnologias inovadoras. Eduardo Alcides Dall’Agno, diretorexecutivo da GVT, chama a atenção para o espírito empreendedor da empresa ao adotar essa estratégia e prevê que, dentro de no máximo cinco anos, com o fim do conceito de longa distância, ela se converterá em uma grande vantagem frente às operadoras que herdaram o sistema Telebrás. Dall’Agno discorre sobre empreendedorismo e o futuro das telecomunicações na entrevista a seguir. Empreendedor – As mudanças ocorrem cada vez mais em uma velocidade maior. Qual a postura que deve ter o empreendedor diante desta realidade?

Eduardo Alcides Dall’Agno – O empreendedor tem que ter a habilidade de adaptação rápida às mudanças, quer aquelas provocadas pelo

10 – Empreendedor – Janeiro 2006

mercado ou aquelas provocadas pela estratégia da empresa. Na realidade, temos que avaliar constantemente as expectativas do consumidor, seja pessoa física ou jurídica – ele quer ter suas necessidades atendidas com o máximo de qualidade, agilidade, baixo custo e, acima de tudo, quer ser entendido. Na busca de entender as expectativas, entra o espírito empreendedor que está em ter iniciativa, não ficar esperando que as coisas aconteçam e sim fazer acontecer, aceitando riscos em alguma medida, não ser atormentado pelo medo paralisante do fracasso e tomar decisões aceitando a responsabilidade que elas acarretam. É preciso ainda controlar a ilusão e a ansiedade sendo realista, com uma pitada de conhecimento administrativo e uma boa dose de otimismo, pois atitude pessimista é fatal para o empreendedor. Empreendedor – O empreendedorismo é uma característica nata ou pode ser desenvolvido? O desafio é um dos passos do empreendedorismo?

Dall’Agno – Uns pontos estão presentes no nosso DNA e se manifestam quando provocados, outros são adquiridos durante o tempo – aperfeiçoamos todos eles com as ex-

periências do dia-a-dia. Os desafios aparecem constantemente, devemos identificá-los e não ter o receio de enfrentá-los. O primeiro grande passo dado mostra que podemos continuar andando. Nessa caminhada, muitos outros passos e novos pontos surgem, como a necessidade de nos conhecer e assim identificarmos onde somos fortes e onde necessitamos de pessoas para nos complementar. Ninguém é bom em tudo. É importante saber o que fazer, como fazer e se a gente gosta daquilo, pois escolher um ramo de atividade do qual possamos efetivamente gostar e com o qual possamos nos envolver emocionalmente é condição para a sustentação do entusiasmo. Temos que ter a sensibilidade de identificar nossa habilidade e vocação e saber a hora de mudar de rumo. Empreendedor – Mas não basta saber, é preciso “fazer acontecer”. Como isto é possível?

Dall’Agno – Para isso é preciso que elementos fundamentais sejam estabelecidos. Os mais importantes, no meu ponto de vista, são as prioridades pessoais do empreendedor, que passa por conhecer a si mesmo e se sentir à vontade com seus pontos fortes e fracos. É preciso não se deixar derrotar pelas suas defi-


DIVULGAÇÃO

ciências e sim buscar reforçar essas áreas e obter ajuda dentro da equipe. Outro aspecto importante é a mudança de cultura, ou seja, não adianta ter uma estratégia e uma estrutura inerte. Necessitamos ter uma crença e um comportamento ligados à melhoria dos resultados do negócio. Avaliar e selecionar as pessoas certas para a posição certa com perfil para elaborar e moldar estratégias factíveis e convertê-las em planos operacionais, também é fundamental. Além disso, temos que saber executar, criar equipe, delegar e ter firmeza emocional para estar aberto a qualquer informação que seja necessária, independente do fato de se gostar ou não de ouví-la. Empreendedor – Que novas tecnologias, como o VoIP, estão sendo utilizadas pela GVT, e que benefícios elas trazem para os em-

preendedores, especialmente os micro e pequenos empresários?

Temos que estar atentos ao que acontece, não somente à nossa frente, mas sim em todas as direções. A visão do empreendedor tem que ter 360 graus

Dall’Agno – A aplicação de tecnologias inovadoras para a formatação de serviços relevantes é capaz de romper barreiras. Nosso objetivo é sempre buscar atualizações para atender o crescimento das médias e pequenas empresas com novas opções de serviço, redução de custos e otimização de infra-estrutura. A GVT foi a primeira grande operadora de telefonia fixa, do grupo das prestadoras de serviço convencional de telecomunicações, a ingressar no mundo VoIP. Em 14 meses de atuação neste nicho de mercado, a empresa desenvolveu e continua criando soluções inovadoras a partir da tecnologia VoIP em diferentes frentes de atuação e com foco em públicos-alvo diversos. Produtos como o Vox3G (www.vox3g.com.br), que é uma plataforma de terceira geração capaz de Janeiro 2006 – Empreendedor – 11


Entrevista substituir e integrar serviços de telefonia, equipamentos como PABX e sistemas de informática transformam a forma como os empresários utilizam telecomunicações. Agora, eles ganham autonomia e total controle sobre os serviços sem precisar contratar vários fornecedores, economizando até 60%. Outra novidade é a comunicação via internet, mas com número telefônico disponível. O produto chama-se Vono e concorre com genéricos VoIP, como o Skype, porém com mais qualidade e funcionalidades – faz e recebe ligações para qualquer telefone comum, tanto fixo como móvel, no Brasil ou no exterior. Permite ligar para 146 cidades brasileiras com custo de ligação local e ainda oferece utilização grátis por 30 dias (www.vono.com.br). Temos também o PAPO POP que elimina o interurbano em conversas com pessoas de 190 cidades. Na telefonia convencional, os micro e pequenos empresários também podem optar pelo Economix Flex, uma solução que oferece, de uma só vez, ligações locais mais baratas, transparência na conta, cobrança por minutos, linhas agrupadas, ferramentas de controle, franquias únicas compartilhadas em vários endereços, internet banda larga, além de descontos em interurbanos e em chamadas para celular. Empreendedor – Como é o dia-adia na empresa e como o sr. imprime nessa rotina a tomada de decisões estratégicas?

Dall’Agno – Para ser realmente competitivo na área de telecomunicações, é necessário ser muito criativo e prever as movimentações do mercado no curto e médio prazo em termos de novas facilidades, atratividades e serviços aos usuários. Faz parte da ação estratégica oferecer ao mercado o que ele busca, aquilo que proporciona conforto, conveniência e comodidade, além da credibilidade

12 – Empreendedor – Janeiro 2006

sive para ligações locais), tarifação por minuto em todas as ligações, a garantia do menor custo utilizando o 25, planos especiais para pequenas empresas, voz sobre internet, ADSL em alta velocidade além de qualidade e rapidez na instalação, entre outras características. Empreendedor – Mas como crescer 40% ao ano, num mercado dominado por empresas que praticamente mantêm o monopólio?

É importante ter a sensibilidade de identificar nossa habilidade e vocação e saber a hora de mudar de rumo

e da segurança de estar pagando corretamente pelo que utiliza. Assim é a cultura GVT, implementada desde o início de suas atividades, baseada em uma relação de respeito e transparência com o consumidor. É por isso que o cliente GVT tem à disposição serviços que nenhuma outra companhia oferece, como conta detalhada (inclu-

Dall’Agno – Focando no cliente, buscando uma identificação positiva com ele, de tal forma que o mesmo perceba que na GVT sua acolhida é entusiástica, naturalmente. Outra coisa é jamais termos uma atitude arrogante em relação aos concorrentes. Não entrar no negócio como se fosse uma guerra, e achar que os concorrentes são incompetentes e que eles não vão reagir, apesar do monopólio ainda existente. Não ter pressa em ganhar, manter a ansiedade dominada, realizar as coisas certas e necessárias para a consolidação do negócio, saber recuar para fortalecer e avançar com espírito e visão empreendedora. Temos que estar atentos ao que acontece, não somente à nossa frente, mas sim em todas as direções. A visão do empreendedor tem que ter 360 graus. Empreendedor – E o que a GVT faz para identificar e reter clientes rentáveis?

Dall’Agno – A GVT tem a vocação de ouvir o mercado – o que os clientes precisam agora para melhorar sua vida sem descartar o que investiram no passado, um futuro cada vez mais convergente. Trabalhamos como especialistas em telecomunicações para que as empresas-clientes GVT possam dedicar total atenção aos seus respectivos negócios enquanto cuidamos de toda sua comunicação. Queremos proporcionar ao cliente a


tranqüilidade de que está recebendo o que é mais adequado à sua necessidade, pelo preço mais justo e com total transparência. Se algo novo surgir, a GVT leva até o cliente, propõe mudanças, apresenta oportunidades. Vemos em cada consumidor uma relação de longo prazo e procuramos criar vínculos fortes com eles – de respeito e confiança. Utilizamos ferramentas de database, marketing e comunicação dirigida para estabelecer esses vínculos. Pesquisas e cruzamentos de dados fundamentam decisões, como a inauguração da regional em Santa Catarina, que aconteceu em 2005. O Estado é estratégico para a GVT e a iniciativa mostrou ser necessária para nos dar condições de falar a mesma linguagem do cliente catarinense. Em resumo, a gestão do nosso relacionamento é o nosso maior patrimônio. Empreendedor – Quais são suas expectativas para 2006, em relação à economia brasileira e, mais especificamente, ao segmento de telecomunicações no Brasil?

Dall’Agno – A economia brasileira vem avançando e aparenta ter um futuro brilhante, mas há uma preocupação sobre a duração dos bons tempos. Temos que avaliar como a própria economia mundial vem se comportando. A tendência geral é de crescimento, depois dos problemas do final dos anos 90 – estouro do setor ‘pontocom’, terrorismo e problemas históricos que voltaram. É preciso tornar o período positivo em base para o crescimento sustentável. Para isso, o Brasil necessita manter a capacidade de atração de novos investimentos. Por exemplo, no setor automobilístico o país se prepara para crescer como desenvolvedor e produtor para mercados emergentes. Com a retomada das economias, as empresas estão prontas para aposentar tecnologias

É preciso saber executar, criar equipe, delegar e ter firmeza emocional para estar aberto a qualquer informação

superadas e os investimentos em software, hardware, e serviços relacionados devem crescer muito. No setor de telecom, ainda há pouca competição no mercado residencial, o que reflete uma fraqueza do modelo regulatório atual que não incentiva o investimento das empresas no mercado doméstico. Apesar dis-

so, a GVT, com o foco no empreendedorismo, encontrou outros meios para crescer: foco em mercados específicos, formatação diferenciada de produtos e novas tecnologias aplicadas a serviços, onde a grande demanda por banda larga aquece o restrito mercado de internet. A banda larga é o novo objeto de desejo do usuário e vai integrar distintas formas de serviços, como telefonia, internet, mensagens, serviços agregados, provocando um crescimento e novas tecnologias mais eficientes e mais baratas que irão modificar o cenário nos próximos anos. O atual conceito de longa distância será eliminado completamente nos próximos 3 a 5 anos, assim como o roaming, que é a longa distância do celular. Empresas de celular brigam por penetração no mercado e não por lucro, elas terão que rever sua forma de atuação. Fabricantes de equipamentos passarão a produzir modelos compatíveis com telefonia celular e VoIP. O usuário poderá acionar sua linha fixa a partir do aparelho móvel, pagando valor de ligação local e sem necessitar da operadora móvel. A GVT tem uma perspectiva de crescimento muito grande com o fim das barreiras geográficas, provocadas pelo acesso ao mundo IP, clientes em Natal, Austrália, Recife, Tóquio, Florianópolis, enfim, no mundo inteiro, falando com tarifas locais. Respeitamos nossos concorrentes, mas estamos diante de uma mudança de paradigma no que se refere ao modelo de negócio das operadoras de telecomunicações. As empresas que herdaram o sistema Telebrás terão mais dificuldade do que a GVT em se alinhar com o novo paradigma, regido por tecnologias inovadoras.

Linha Direta Eduardo Alcides Dall’Agno (51) 3025-1102 Janeiro 2006 – Empreendedor – 13


Não Durma no Ponto Como resolver problemas Se você é dirigente de empresa, possui uma ou a lidera em cargo de direção ou gerência, provavelmente lida com inúmeros problemas todos os dias. Grandes e pequenos. Graves e agudos. Urgentes e emergentes. Novos e antigos. Com essa vivência de quem sabe resolver problemas, ao longo de anos e anos, é possível que tenha tomado gosto pela coisa, a ponto de ter desenvolvido habilidades sofisticadas para tratá-los a cada dia. Em suma: com o gosto aliado à técnica, o problema é que você não vive mais sem eles. Os problemas se transformaram no seu principal material de trabalho. Você precisa deles para preencher a agenda e ocupar o tempo. Reforça, portanto, a crença de ser uma criatura imprescindível. Claro, tenta controlar o volume dessas pendências, evitando que cheguem ao ponto de sufocar, mas sem dar margem a brechas para outras providências. Assim, mantém a rotina diária assoberbada, da primeira hora do dia até o anoitecer. Quando você sente que o estoque de problemas está diminuindo, você os requisita de seus subordinados: “coloque isso num papel”, “me mande por e-mail”, “deixe que eu vou pensar no assunto”, “eu faço o esboço e depois eu mando para você concluir”, “está anotado na minha agenda”, “eu envio a resposta amanhã pela manhã”, “vou analisar no final de semana”. Sorrateiro vício Você de fato gosta de problemas, ainda que reclame deles. Como todo ser humano, sonha com férias e descanso. Mas os problemas impedem que consiga usufruir adequadamente desses deleites. Quando consegue momentos de apaziguamento, sente um vazio, um incômodo, um tipo de abstinência.

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Aí está a questão: você se viciou em problemas. Não consegue mais viver sem eles, porque mantêm a adrenalina em alta. Tem gente que considera fundamental viver no limite do estresse, porque só assim parece estar mesmo vivo. Na verdade, você crê piamente que eles mantêm o seu emprego ou a sua posição na empresa.

Aí está a questão: você se viciou em problemas. Não consegue mais viver sem eles, porque mantêm a adrenalina em alta

Pela vivência de longos anos no trato com problemas, além de achar que eles são imprescindíveis, apaixonou-se por eles, assim como Narciso se enamorou da própria imagem refletida no lago. E aí está o maior problema: você se transformou num problema! O problema dos problemas Você é o problema! A conclusão é frustrante, não é? Você que sempre se viu como vanguarda, chefe de cruzada na eterna luta contra erros e anomalias, sempre em guerra em nome

da ordem e da normalidade, de repente chega à conclusão de que é a antítese disso tudo. Logo você, que sempre teve as informações, os conhecimentos e as habilidades necessárias para resolver todas as dificuldades. Logo você, que pensava ser a solução e que tinha a resposta para todas as dúvidas dos seus subordinados. A fonte do poder e do controle sobre todos os problemas da sua empresa. Aí está a origem de tudo: você apoderou-se das informações e dos conhecimentos. Impediu que os outros aprendessem. Tornou-os dependentes. É claro que você queria manter o controle do negócio, mas veja o que você ganhou: um vício do qual não se livra e uma legião de pessoas, sem iniciativa, compromisso e idéias. Talvez você se sinta bem quando requisitado por tantos dependentes, alguns até massageiam seu ego, declarando admiração por sua inteligência e determinação. Mas e daí? Os problemas proliferam e alguns já criaram raízes de tantos anos de existência. São eles que impedem sua empresa de ir à frente a passos largos, com saltos qualitativos que a credenciem para se transformar no empreendimento progressista e único, capaz de gerar sentimentos de orgulho em todos que lá trabalham. Você quis se divertir absolutamente só, chamando a si todas as complicações. Não permitiu que cada um se divertisse com os problemas de sua respectiva alçada. Deixou para os outros apenas as tarefas a serem feitas. Sempre do mesmo jeito, sem muita qualidade. Longe da excelência. O bom (na sua maneira de ver as coisas, sob o filtro do vício) é que você se sente no controle quando tem de corrigí-las ou refazê-las. Afinal, ninguém chega a seus pés quando se


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

trata de esmero no trato com dificuldades! Você leva menos tempo e faz muito melhor. Você é craque nesse binômio qualidade/produtividade. Ensinar os outros vai levar muito tempo e, quando eles estiverem prontos, mudam de emprego, não é isso? Então você continua fazendo o papel de paladino das soluções provisórias e transitórias. Algumas atitudes podem fazer bem para o seu ego, mas definitivamente são ruins para o negócio e para a empresa. A centralização das decisões pode gerar em você a ilusão de se sentir competente, mas evita que os outros aprendam, não desenvolve equipes de trabalho e não forma novos líderes. Diante disso, a sua empresa está fadada a enfrentar crises, que nada mais são do que o mau aproveitamento das oportunidades. E as oportunidades estão aí a cada novo dia, mas quem está preparado para cuidar delas? Você! Somente você. Sabe o que vai acontecer? Você irá transformá-las em problemas. Lembre-se que você é um perito em solucioná-los, mas não em aproveitar oportunidades. Logo elas se transformarão em problemas, e os ganhos que resultariam delas se transformarão em novos custos e prejuízos. Entendeu como funciona? As verdadeiras razões No fundo você acredita que os problemas são os outros. São eles que não fazem o que deveria ser feito, são eles que não assumem responsabilidades, são eles que não se comprometem e não se preparam para enfrentar os desafios. Mas quem tirou a iniciativa deles, antes mesmo que pudessem exercê-la? Quem tomou para si todas as chances de aprendizado? Quem os isentou dos desafios

e os colocou em zonas de conforto? Não adianta amaldiçoar a árvore pelos frutos que ela não gera, antes é preciso avaliar a qualidade do solo em que está plantada. E a pessoa responsável pela qualidade do solo é você! O livro sagrado do taoísmo, o Tao Te Ching, diz que estamos constantemente divididos: de um lado, a ten-

Liderar é muito menos matemática, contabilidade e engenharia e muito mais o conhecimento da natureza humana

tação de dez mil coisas que demandam ação. Todas não essenciais. Do outro lado está a única coisa: o essencial, justamente a raiz das dez mil perturbações. Sabedoria é livrar-se das dez mil coisas não essenciais a superlotar a agenda diária de ações que não levam para lado nenhum e concentrar-se no essencial. E o que é essencial? “Botar a coisa para andar” e sair por aí apagando incêndios, isso você já sabe fazer muito bem, graças a um longo aprendizado. Você também fi-

cou especialista em matar um leão por dia. O ruim disso tudo é que você acreditou que é esse o papel de um líder. É preciso rever urgentemente essa imagem incorporada do que seja um líder. Aí está um desafio essencial: mudar o seu modelo mental de liderança. Para isso, é preciso assumir o papel de educador ou de educadora. Alguém que vai facilitar o aprendizado dos outros. Que vai se responsabilizar pelo desenvolvimento profissional e humano de todos os seus subordinados. Que compreende que liderar é muito menos matemática, contabilidade e engenharia e muito mais o conhecimento da natureza humana. Que o verdadeiro significado do trabalho está muito menos nas medições numéricas e muito mais nas percepções das pessoas que fazem o trabalho. Para isso, você terá que substituir aquelas velhas reuniões voltadas à resolução de problemas e obtenção de resultados e coordenar reuniões voltadas à melhorar a qualidade dos relacionamentos e ao aprendizado. Liderar, formar uma equipe de alto desempenho e construir uma empresa progressista e única são desafios de primeira ordem. Estão relacionados a vivências em conjunto: aprender, inventar, reinventar, fazer e refazer. Com ingredientes sadios e fundamentais, como a atenção, a solidariedade, o compartilhamento de experiências, a abertura para ouvir e acrescentar novidades à vida. Para que tudo isso aconteça, você terá de sair do controle, deixar o ego de lado, conversar sem preconceitos e julgamentos e desgarrar-se da obsessão pelo resultado. Somente assim conseguirá livrar-se da sina de criar e alimentar problemas. Em troca, você será a verdadeira solução, a melhor contribuição, luz por onde quer que ande. Janeiro 2006 – Empreendedor – 15


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Almanaque Brasil

Os segredos das marcas muito familiares, que carregam uma sólida tradição em mercados mutantes e voláteis por

Fábio Mayer

A identificação e a confiança são fatores decisivos na compra e na recomendação de um produto ou marca, sendo hábitos de consumo passados de uma geração a outra. Isso ocorre principalmente com os que estão um tempo maior no mercado. Alguns que são fabricados há mais de cinco décadas, por exemplo, disputam espaço entre opções e novidades que chegam ao mercado todos os anos e a maioria das vezes, têm a preferência do consumidor. Do ponto de vista da viabilidade econômica, não teriam

essa longevidade se não dessem lucro, muito menos se não tivessem qualidade, que aliada à tradição, são atributos importantes para conquistar e manter clientes. “Confiamos naquilo que nos é familiar ou que é familiar a pessoas que conhecemos”, diz Mario Persona, consultor de estratégias de comunicação e marketing. Não é exclusividade dos que têm mais de 50 anos, é regra geral: a qualidade traz resultados para as empresas. Mas para permanecer mais tempo no mercado é preciso ir além dessas características. É necessário atender as crescentes demandas dos consumidores e, aos poucos, ir ganhando o seu respeito e a sua lealdade. Como em qualquer tipo de relacionamento, mantê-los fiéis requer afinidade de valores e proximidade para que as atitudes e competências possam ser avaliadas, e freqüentemente lapidadas. “A grande estratégia para se manter no mercado é estar co-

Os produtos 18 – Empreendedor – Janeiro 2006


Há 50 anos... Desde 1922, o principal meio de comunicação era o rádio. Ele ainda reinava absoluto no país, mesmo com a chegada da televisão em 18 de setembro de 1950, data da primeira transmissão no Brasil. Por ser muito caro, cerca de Cr$ 9 mil, na época quase três vezes mais do que uma vitrola, poucas pessoas compraram o aparelho – estima-se que existiam pouco mais do que 350. Com um alcance reduzido para a fixação da marca, os anúncios publicitários eram mais baratos do que os veiculados em rádio ou em revistas. Um segundo de propaganda na televisão custava Cr$ 200.

nectado com as necessidades e desejos do consumidor. Um produto ou serviço relevante para ele pode trazer benefícios tangíveis e até mesmo emocionais”, diz Susan Betts, diretora de estratégia da FutureBrand, consultoria. Muitos deles se beneficiam mais pelo boca a boca, que auxilia na perpetuação do uso, do que por campanhas publicitárias, também importantes para a disseminação de uma marca. Para Persona, a lealdade depende muito de “quem indica”; ainda que os consumidores sejam atraídos e até testem as novidades, acabam voltando ao antigo produto até por uma questão de dependência afetiva. “Às vezes dão uma escapada da herança genético-consumidora, mas o leite em pó, a pomada ou o amido de milho que a filha usava era mais uma tradição familiar, herdada da mãe e da avó, do que uma conseqüência de uma exposição maciça às mensagens dos meios de comunicação”, diz o consultor.

Há cinco décadas, a agilidade com que a tecnologia se propaga e a maior precisão e facilidade de acesso às informações vêm gerando transformações constantes. Isso ocorre tanto em mercados, relações de trabalho, hábitos de consumo, quanto nas pessoas, que se tornam mais críticas e exigentes.

eternos

É comum encontrar um pouco de tudo nos almanaques farmacêuticos. As informações são ao mesmo tempo de caráter didático e de utilidade pública, mas principalmente têm o objetivo de proporcionar uma leitura agradável. Esse gênero editorial já era popular antes de 1800 e desde essa época vem sendo disseminado com sucesso. Em Histórias e Leituras de Almanaques no Brasil, a pesquisadora paulista Margareth Brandini Park conta que, no século passado, os almanaques começaram a ser produzidos em maior volume com a tarefa de educação sanitária. Muitos deles continuam sendo publicados como o Almanaque Iza, criado pelo laboratório Kraemer em 1930, e o Almanaque Sadol (antigamente chamado de Renascim Sadol), do laboratório Catarinanense, que circula há 54 anos.

FOTOS INDEX STOCK

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Almanaque Brasil Identidade e Marca Brasil A alegria e a descontração são características que dão força à identidade brasileira e também aos produtos nacionais. Mas isso não é exclusividade das fabricações brasileiras. Muitos produtos que vêm de fora e têm estratégias semelhantes acabam tendo boa aceitação no mercado interno e até em outros países. Outro atributo do empreendedor brasileiro é a criatividade para inovar, que associada à tradição e à diversidade cultural e de produtos, pode trazer diversos benefícios, incluindo os de apelo emocional. “Há mercados que, por diversas razões, estão muito enraizados em nossa nacionalidade. São parte de nossa linguagem e de nosso curriculum vitae de brasileiro”, diz Fernando Jucá Bentivegna, diretor associado da Troiano Consultoria. Não dá para

esquecer que o país também é reconhecido lá fora por sua excelência tecnológica na área bancária e em aviação. E mesmo esses nichos, que precisam passar uma imagem de constante avanço e desenvolvimento, podem estar ligados à tradição sem perder a modernidade ou ter menos competência. Desde que utilizadas de forma adequada, as várias características incorporadas na identidade do brasileiro podem estar associadas aos produtos sem que eles se tornem algo ultrapassado. Um bom exemplo é a sandália Havaianas que alia simplicidade, descontração e alegria. “As pessoas muitas vezes reforçam e constroem as suas próprias identidades por meio das marcas que preferem e utilizam”, diz Betts. Em países como EUA e Inglaterra, principalmente em decorrência da insegurança, os consumidores costumam optar pela compra dos que são fabricados no próprio país. “Em al-

gumas categorias específicas é provável que tenham um apelo ou vínculo mais emocional com a identidade brasileira, por meio da matéria-prima, por exemplo, como é o caso do guaraná Antarctica”, diz Betts. A longevidade dos produtos pode fazer com que sejam incorporados à cultura. É comum, por exemplo, as pessoas mencionarem a marca e não o produto na culinária, quando vão passar uma receita. Assim também acontece em tratamentos de saúde, quando utilizam somente o slogan, em determinadas situações do cotidiano. É o caso do Catupiry, que virou nome de pizza. “Sempre que passam a fazer parte da cultura e da convivência humana, podem se transformar em mitos associados a benefícios reais ou fictícios. O mecanismo de memória e resgate não difere muito das fábulas e superstições, que acompanham os povos em qualquer sociedade”, diz Persona.

A estima pelo que é único Criar maior proximidade com os consumidores exige uma definição antecipada das estratégias. Uma delas é resgatar a herança histórica sobre a empresa ou produto e inserí-la nas táticas de comunicação e na forma de tradição e experiência. Isso contribui para aumentar a credibilidade, adicionar valor e fortalecer a ligação afetiva, além de ajudar a se diferenciar da concorrência. Essas condições facilitam a aceitação por parte dos consumidores, pois eles se convencem que estão comprando não só o produto, ainda que seja de alta tecnologia, mas toda uma bagagem adquirida ao longo dos anos. “Esse é um fator importantíssimo para o qual muitas empresas começam a acordar. A história gera confiança, pois, culturalmente, costuma-

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mos atribuir sabedoria, conhecimento e experiência ao tempo”, diz Persona. Nos últimos 50 anos, jamais houve tanta disseminação quanto agora da cultura da cópia – de serviço, embalagem e até preço. É importante ter alguns cuidados. O tempo de permanência e de aceitação que uma marca irá alcançar começa a ser definido antes de ser lançada, durante a sua construção e planejamento. Buscar um novo posicionamento ou até expressar valores diferentes das outras marcas que estão no mercado são estratégias que ajudam a fortalecer e a criar maior afinidade com o consumidor. No desenvolvimento, o empreendedor deve levar em consideração a importância que ela vai ter para o público. Isso também ajuda a torná-

la menos vulnerável às oscilações da constante dinâmica do mercado. “A diferenciação e a relevância retornam na forma de estima e familiaridade por parte dos consumidores, atributos que geram longevidade”, diz João Francisco de Carvalho Pinto Santos, sócio-diretor da The Key – Organizações e Marcas Cidadãs. Mesmo as marcas que têm mais de 50 anos podem ser aperfeiçoadas. Iniciativas constantes que assegurem a sua jovialidade, por exemplo, são sempre bem-vindas. Não se trata de criar um novo produto, mas de investir na evolução e atualização sem abandonar nem gerar conflito com sua tradição, que sempre é um importante atributo. “As marcas mais antigas vivem num contexto de oportunidade e risco bastante claro. Há a


No cruzamento, siga em frente As incertezas podem fazer o consuAgora, se a intenção for realmente midor seguir por outro caminho e deixar comprar a participação de mercado, é de comprar aquele produto que estava necessário ter cuidado na transição, para acostumado a consumir. Uma dessas que os clientes não percam sua afinidaencruzilhadas pode surgir na compra ou de e identificação. As mudanças são fusão de empresas. Nesses casos, uma mais fáceis e rápidas de serem realizaestratégia muito comum é tomar a deci- das quando o cliente tem um contato são de manter a fabricação mais direto e com maior de produtos consagrados. freqüência com o produMas o empreendedor tamto, diferente de processos bém pode planejar substituir em que o ciclo de recomalgumas marcas por outras pra é mais longo. “Muitas que julgar ter mais força. “Há fazem essa transição de formercados de alta inovação, ma gradual e planejada. No como eletrônicos e moda, início aparecem as duas e, que se beneficiam muito do com o decorrer do tempo, ‘espírito global’. Se atuar em uma delas vai gradativaoutros mais tradicionais, talmente tendo menor destaPersona: mitos vez valha a pena mantê-las que e tamanho, até desalocalmente”, diz Bentivegna. associados a parecer”, diz Bentivegna. “Foi o que aconteceu com benefícios Existe a opção ainda de as marcas brasileiras de adotar uma marca global café, incorporadas por eme nacionalizar a comunicapresas internacionais e sabiação, criando campanhas mente mantidas.” regionalizadas. É o que fa-

zem a Intel, nas ações de marketing, a Coca-Cola, na linguagem diferenciada para manter-se jovem, e a alemã Faber-Castell, uma das mais antigas do mundo e solidificada no mercado brasileiro, com iniciativas que enaltecem valores locais. Muito mais do que seu papel funcional, tem a função de levar emoção e identidade. Por mais que assuma roupagens novas e de massa, ainda continuará tendo o impacto mais importante aquela propaganda, se é que podemos chamá-la assim, que era passada de geração a geração, ao redor da fogueira, desde os primórdios da civilização. “Ainda que a luz bruxuleante de nossa fogueira hoje seja a TV, no centro da tribo moderna, sempre continuará tendo grande peso o comentário de pais ou avós para o produto que aparece na tela: ‘Eu sempre usei esse aí’”, diz Mario Persona, consultor de estratégias de comunicação e marketing.

loco, no ambiente familiar – como pessoas que entram na casa dos consumidores e observam hábitos, atitudes, disposição e tipo dos móveis e dos objetos. “O que eles compram, o que costumam consumir, como decoram a casa, o que têm dentro do armário. Com isso é possível tirar muitas idéias e conhecimento por pura observação das pessoas nos seus cotidianos“, diz Susan Betts, diretora de estratégia da FutureBrand. Muitos empreendedores modernizaram as em-

balagens de acordo com sua evolução no mercado, mas antes ouviram a opinião dos clientes e explicaram quais modificações seriam feitas. Com as informações em mãos, a maioria deles optou por alterar pouco ou tiveram o cuidado de manter a comunicação visual, como formato, cor, tipologia e logomarca, para manter a afetividade com o produto. As pesquisas ajudam a implantar iniciativas direcionadas de marketing, outra boa estratégia. Marcas que passam uma mensagem consistente ao longo dos anos para os clientes, têm maiores chances de longevidade no mercado. “O consumidor confia, pois sabe que pode contar com elas”, diz Fernando Jucá Bentivegna, diretor associado da Troiano Consultoria.

oportunidade de serem percebidas com mais confiança e credibilidade, ao mesmo tempo em que o risco de se tornarem velhas e ultrapassadas é latente”, diz Santos. A consolidação também depende de um trabalho de pesquisa, principalmente em relação aos consumidores. Ela pode ser feita de diferentes formas, desde as mais tradicionais, quantitativas ou analíticas, até as não-convencionais, relevante para saber o que pensam os consumidores e manter a marca na dinâmica e no curso do mercado. Uma forma é fazer estudos in

Santos: risco de se tornar ultrapassado é latente

Susan: rotinas definem hábitos de consumo

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Almanaque Brasil Carisma peso pesado O extrato de tomate Elefante foi concebido pela Cica e agora é produzido pela Unilever Bestfoods Brasil O produto que tinha como “garoto-propaganda” um elefante, criado em 1941, ganhou força pela versatilidade e tradição. Incluído até como ingrediente em diversas receitas, o extrato de tomate Elefante, concebido pela Cica e agora produzido pela Unilever Bestfoods Brasil, é uma das marcas mais antigas desse nicho no país. “Por estar no mercado e fazer parte da vida da consumidora brasileira há muitos anos, a

marca é sinônimo de expertise em alimentos”, diz Daniella Brilha, gerente de atomatados da Divisão de Alimentos da Unilever. O que também contribuiu para a permanência do produto foi a simpatia do mascote, que conquistou clien-

Extrato de tomate: criado em 1941, ganhou força pela versatilidade e tradição

Receita geral A Bauduco fermenta o seu panetone por 55 horas, para garantir o mesmo resultado da época artesanal O hábito de consumir panetone durante as datas comemorativas de fim de ano se disseminou a partir da Itália, no século 15. Uma das versões da história do panetone diz que ele foi inventado na cidade de Milão por um jovem apaixonado pela filha de um padeiro chamado Toni. O rapaz, para impressionar o pai da moça, fez um pão com uma receita diferente. Daí O incentivo ao uso do produto como presente existe desde a primeira embalagem

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surgiu o nome: pão do Toni. No Brasil, uma das pioneiras na fabricação do produto foi a Bauducco, uma doceria localizada no bairro do Brás, em São Paulo, que desde 1950 comercializava o produto feito de forma artesanal. Doze anos depois, com os pedidos de encomendas e as vendas em plena expansão, a empresa começou a produção industrial na fábrica recém construída em Guarulhos. “A estratégia está em manter a receita original, com o processo de fermentação natural, que dura mais

tes de diferentes gerações. Criado por Maurício de Souza em 1962, o Jotalhão se tornou símbolo do produto depois de ter sido incorporado como estrela das campanhas de marketing desde o final da década de setenta. “O carisma do personagem Jotalhão auxilia na consolidação de uma imagem de marca amiga e confiável, companheira da consumidora para os mais variados pratos.” Atualmente, uma iniciativa da empresa para trabalhar a marca é utilizar estratégias de comunicação que mostrem os benefícios do produto. “O objetivo destas ações é esclarecer que a conservação do produto é advinda de seu processo de fabricação, e não da adição de substâncias artificiais”, diz Brilha.

de 55 horas, o que garante textura e sabor originais”, diz Débora Vasconcellos Micchi, gerente de marketing da empresa. Uma tática implementada em 1965 e que continua a ser utilizada é investir em embalagens específicas. No início, eram feitas de papelão com a meta de preservar o panetone do hábito bem brasileiro de tocar e apertar os produtos nas gôndolas. Nos últimos anos, também começaram a ser embalados em latas, “para incentivar o uso do produto como presente”, diz a gerente de marketing. Para que a marca tenha maior força no mercado, a empresa optou pela diversificação do produto com a criação de linhas, como a de chocotones, para atender o público que tem resistência a frutas cristalizadas. Aliada à receita e à embalagem, a expectativa com a chegada do produto nos últimos meses do ano também contribuiu para a continuidade no mercado. “Hoje o panetone é um dos símbolos do Natal brasileiro”, diz Micchi.


O polvilho centenário A Casa Granado mudou de mãos, mas não de receita: ainda fabrica o produto que já foi usado pelo Imperador Quando adquiriu a Casa Granado, em 1994, Christopher Freeman sabia que comprava parte de uma história. Não só porque a empresa permaneceu com a família Granado até a terceira geração e atendeu, durante sua trajetória centenária, clientes ilustres como D. Pedro II, Ruy Barbosa e José do Patrocínio, mas também por ser a fabricante de um dos produtos brasileiros mais antigos e conhecidos, o Polvilho Antis-

séptico. Com essa visão, ele preservou a continuidade do produto já consagrado depois de assumir definitivamente a presidência da empresa 100% nacional. “O polvilho foi mantido pela tradição, é fantástico estar há mais de cem anos no mercado”, diz Freeman. Produzido e comercializado desde 1903, o polvilho faz parte da história de muitos brasileiros e isso é válido como referência para o con-

sumidor até hoje, o que tornou o produto líder no seu nicho de mercado, segundo pesquisa da ACNielsen. Como o polvilho já tinha conquistado seu espaço, a estratégia de Freeman foi mantê-lo sem muitas alterações. “É um produto que funciona, caso contrário, um dia ou outro as pessoas não usariam mais.” É a mesma fórmula utilizada pela família Granado, desde o início da fabricação, o que mudou um pouco foi a embalagem. “Basicamente o produto é o mesmo. A embalagem mudou um pouquinho, antes ela era de lata, mas na Segunda Guerra Mundial começou a faltar metal no mercado para fazê-las, virou cartão. Cinco anos atrás mudou para plástico.” Desde que assumiu a empresa, Freeman procurou reforçar ainda mais a imagem do polvilho. Investiu

em campanhas que mostravam a confiança dos consumidores no produto, no fato de ter tradição no mercado e em iniciativas como o uso de expositores para ampliar a visibilidade e as vendas. Em 1999, o polvilho ganhou diferentes versões. A diversidade teve por objetivo aumentar o público usuário. Para o presidente, também é importante manter um preço acessível à população e estar presente em todo o país. “Temos perspectiva de crescimento para os próximos anos. Fizemos vários investimentos em equipamentos, máquinas e em informática.” A Casa Granado foi fundada em janeiro de 1870 pelo português José An-

Freeman e Polvilhos Granado: a diversidade tem por objetivo atingir um público maior

tonio Coxito Granado, que chegou ao Brasil com 14 anos, em 1864, e começou a trabalhar na mesma farmácia que, seis anos mais tarde, seria comprada por ele pela quantia de sete contos de réis. A fórmula do Polvilho Antisséptico foi criada por seu irmão, João Bernardo Coxito Granado, que era formado em Farmácia. Na época, a empresa tinha uma pequena gráfica, onde fazia a impressão dos receituários, embalagens do produto e do almanaque O Pharol da Medicina, publicado até a década de 40. Janeiro 2006 – Empreendedor – 23


Almanaque Brasil Tradição e preços populares A pomada Minacora cruzou o tempo sendo usada como panacéia para pequenas turbulências da pele Está no verso da embalagem da pomada Minancora, “indicada para doenças da pele, tais como espinhas, frieiras (desidroses), escaras e ainda como coadjuvante no tratamento de picadas de insetos, urticárias e pequenos ferimentos superficiais, inclusive os ocasionados pelo barbear. Previne os odores desagradáveis das axilas e dos pés e o ressecamento da pele”. O tradicional produto, do Laboratório Minancora, teve poucas alterações desde que foi criado, em 1915. Uma delas foi sua embalagem, que a partir de 1992 deixou ser de metal, passando a ser envasada e comercializada em recipientes plásticos. Mas manteve o consagrado formato redondo e de cor laranja. Em 90 anos, a estratégia mantida pelo laboratório para continuar firme no mercado foi manter um preço popular, acessível a todas as classes econômicas e sociais. A confiança e a identificação na pomada, passada e recomendada de uma geração a outra, sempre

foi enaltecida nos slogans mais antigos: “Um verdadeiro tesouro!”, “Sempre preferida!” ou “Mais de 30 anos de existência!”. Hoje, o foco é reforçar o reconhecimento do público e a distribuição para todo o país: “A pomada do Brasil” ou “Cuidando bem da pele do Brasil”. A empresa também aproveitou o momento para ampliar a família de produtos, com o lançamento, na última década, do Creme Infantil, do Alívio para os Pés, da Minancora Faces e da Minancora Action. A marca Minancora é uma

Sonho cor-de-rosa O guaraná Jesus, do Maranhão, faz parte das tradições folclóricas e culturais e virou atração turística O guaraná Jesus é fabricado desde a década de 20 na cidade de São Luís, no Maranhão. Conhecido pelo slogan “Sonho cor-de-rosa”, devido à sua cor, o produto faz parte das tradições folclóricas e culturais e virou atração turística. É comum encontrar referências sobre o guaraná Jesus até mesmo em diversos sites como o do Governo do Estado do Maranhão e do Portal Brasileiro de Turismo, mantido e atualizado pelo Mi-

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nistério do Turismo. De tão popular, chegou a desbancar marcas consagradas de refrigerantes na região. Conquistou o mercado também por ter sido, durante bastante tempo, o único refrigerante produzido e comercializado no Estado. O produto faz parte até do imaginário local. Existe uma lenda que conta a história da invenção do guaraná, criado por acaso pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes. Ele ti-

junção das palavras Minerva, homenagem feita pelo fundador da empresa, Eduardo Augusto Gonçalves, à deusa grega da sabedoria, e âncora, que simbolizava a permanência definitiva dele no Brasil. Gonçalves nasceu em Portugal e graduou-se em Farmácia na Universidade de Coimbra. Recebeu o convite de um tio, que possuía um hotel em Manaus, para vir conhecer a rica diversidade da flora brasileira. Ao chegar no país, encontrou as matérias-primas que necessitava para suas pesquisas e o desenvolvimento de remédios populares. Estabeleceu-se em Joinville, município catarinense no qual começou a produzir artesanalmente a pomada. Minancora: o foco é reforçar o reconhecimento do público e a distribuição para todo o país

nha importado uma máquina de gaseificação para fabricar um remédio popular, na época usado no tratamento de acidez estomacal. Como o negócio não deu certo, a máquina ficou sem uso. Então, um dia no quintal de casa resolveu fazer uma bebida para agradar os netos. Ao misturar 17 ingredientes chegou na fórmula do refrigerante, que até hoje é a mesma e mantida em segredo, fazendo sucesso entre a garotada. Tempo depois, o gosto por consumir o guaraná com leve sabor de canela se espalhou para toda a população e o hábito, passado de geração a geração. Em 2002, a Companhia Maranhense de Refrigerantes, franqueada da Coca-Cola, comprou os direitos de fabricação e distribuição da bebida.


O vôo do sabor As vantagens da tradição artesanal adotadas nos processos industriais é o segredo da longevidade da manteiga Aviação A receita da manteiga Aviação para estar no mercado há mais de 85 anos é manter o sabor do produto o mais próximo do caseiro. A estratégia da Laticínios Aviação de apostar na tradição foi incorporada até no processo de fabricação que, mesmo totalmente automatizado, deve sempre ter a maior semelhança possível com o artesanal. “Existem muitas inovações na área que melhoram o processo industrial, mas também se perdem um pouco da qualidade e do sabor, características que as pes-

natural do produto. Só não pode expor ao sol e ao calor ”. Manter a fabricação e comercialização dos produtos em embalagens tradicionais não quer dizer que a empresa deixa de investir em tecnologia de ponta. Conforme a diretora, as tendências do mercado são acompanhadas de perto e implantadas quando há necessidade. Tanto é que a Laticínos Aviação foi a primeira a importar uma máquina de refrige-

soas realmente esperam encontrar nos laticínios”, diz Ana Luísa Pimenta, diretora administrativa da empresa. Até o site institucional procura resgatar a memória da Laticínios Aviação, criada em 1920. A lembrança dos primeiros produtos permanece na embalagem em lata e de cor laranja, modelo no qual a manteiga ainda hoje é embalada e que teve apenas uma alteração. Em 1940, foi feita uma mudança no desenho do avião da logomarca, que antes era de um modelo biplano (estilo “Barão Vermelho”, o herói da I Grande Guerra) e passou a ser um trimotor. A tradição de vender a manteiga começou na lata, porque na década de 20 não existiam geladeiras. Com essa embalagem, o produto não precisa de refrigeração. “A folha de flandres conserva a consistência da manteiga na lata e o sal é o conservante

rados no Brasil para a fabricação do produto em tablete. “Queremos sempre inovar e também manter a tradição da manteiga em lata”, diz. Mas a meta de aliar tradição ao desenvolvimento tecnológico por pouco não naufragou em 1996. Foi feita uma busca para encontrar uma máquina que melhorasse o envase da manteiga vendida na lata, porém ela não era vendida separadamente. “Acabamos comprando todo um processo, que incluía uma batedeira automática, na qual o creme entra e, em questão de minutos, já sai a manteiga”. Com a troca dos equipamentos, a empresa passou por alguns problemas e teve que dar uma resposta rápida aos consumidores. “O processo mudou um pouco a textura e a consistência da manteiga e isso chocou os consumidores, no início. O impacto foi violento, tivemos que tra-

balhar muito para explicar que a manteiga era a mesma e que a mudança foi em benefício do produto”. O nome Latícinios Aviação é uma homenagem feita pelos fundadores Antônio Gonçalves, Oscar Salles e Augusto Salles às companhias aéreas em 1925. Na época, eles mantinham um comércio de secos e molhados, na capital paulista, e uma indústria de laticínios, na cidade de Passos, Minas Gerais. A empresa está localizada hoje em São Sebastião do Paraíso, MG, cidade considerada estratégica por ser uma das maiores bacias leiteiras. “Com o marketing um pouco mais agressivo e o aumento da variedade do produto, todo ano fazemos

O nome Latícinios Aviação é uma homenagem feita pelos fundadores às companhias aéreas em 1925

um ou dois lançamentos. Há um incremento em vendas e isso tem sido estimado em 5% ao ano em volume.” Ter bem definidos os ingredientes que vão compor cada etapa da cadeia produtiva também contribuiu para a gestão e crescimento das vendas, assim como, “estar de olho no mercado, investir no desenvolvimento tecnológico de equipamentos e processos, buscar sempre melhorar a qualidade, saber quais exigências fazer ao fornecedor da matéria-prima e realizar um trabalho intenso de distribuição”, diz Ana Luíza Pimenta. A empresa tem representantes em todos Estados brasileiros e está presente no pequeno comércio e nas grandes redes. Janeiro 2006 – Empreendedor – 25


Almanaque Brasil A fonte da inovação Água mineral Ouro Fino, embalada com design de vanguarda, cruza os anos e conquista o exterior Como viver de água mineral em um país que detém a maior quantidade de recursos hídricos do planeta? O segredo de Augusto Mocellin, neto do fundador e presidente da Empresa da Águas Ouro Fino, para conquistar o espaço de uma empresa que está em atividade desde 1946, é investir em tecnologia. Nos três últimos anos, foram destinados US$ 1,2 milhão para modernizar equipamentos e fazer adaptações e melhorias no processo de envase do produto. O objetivo de inovar é sempre voltado para quem compra e toda alteração é sempre muito bem planejada. “As modificações são realizadas em conjunto, obtendo uma harmonia entre tipo de resina, formato da garrafa, cor, tampa e rótulo. Buscamos a modernidade e a tendência do mercado nacional ou internacional”, diz Mocellin. É a confiança dos consumidores no produto que mantém a água mineral Ouro Fino no mercado há 60 anos. “A criação do marketing de relacionamento propiciou uma introdução direta do produto com seus consumidores, desenvolvendo um trabalho direcionado e constante em escolas e clubes da melhor idade, por exemplo, para levar nossa mensagem sobre a importância da água para a saúde humana”, diz. A facilidade de manuseio e o design das embalagens são ações incisivas de Mocellin. É a área em que a empresa mais apresenta novidades, para cativar e tornar o produto referência para os consumidores. Mesmo antes, no início

da produção industrial, as garrafas de vidro já se destacavam pela originalidade. Eram de cor âmbar e fechadas com rolhas de cortiça, ganhando, na época, a Medalha de Prata no Congresso de Águas Minerais realizado em Turim, na Itália. “Atualmente, os produtos são fabricados em Pet, tendo passados pela era do Policarbonato, Polipropileno e PVC. Como a tradição de inovar perdura até hoje, no ano de 2004 fomos premiados com a embalagem de vidro 300 ml com tampa de rosca.” Ano passado, a marca recebeu o prêmio Design Awards 2005, concurso internacional realizado em Dubai, Emirados Árabes, durante o 2º Congresso Mundial de Águas Envasadas, no qual concorreram 113 marcas de 24 países. A garrafa feita em Pet de formato arredondado, com a parte de baixo plana, também foi considerada uma das mais criativas pela Associação Brasileira de Embalagem, que lhe conferiu um prêmio, categoria bebidas não-alcoólicas, na 5ª edição do Prêmio Abre de Design & Embalagem. Aliado ao design da embalagem, os rótulos dos produtos são trabalhados para passar sensação de tranqüilidade, frescor, pureza e leveza. O sol nascente por entre as araucárias, árvore típica da região Sul, é um exemplo e lembra o Parque Ecológico mantido pela empresa. Sediada na cidade paranaense de Campo Largo, em uma área rica em fontes hidrominerais, batizada no século 16 pelos índios de Bateias, ficou famosa pelas jazidas de ouro. Daí o

nome Ouro Fino. Outra curiosidade é que os primeiros rótulos vinham com informações em diversos idiomas, mesmo o produto sendo comercializado, naquela época, apenas no Brasil. Mas a intenção de exportar era clara e sempre esteve nos planos de Mocellin, tanto é que a Ouro Fino é pioneira no Brasil a ter o selo National Sanitation Fundation (NSF). A certificação é exigida para a importação do produto em países da Europa e nos Estados Unidos. Em 2002, a empresa fechou uma parceria com a Sadia para comercializar a água mineral no Oriente Médio. A água mineral natural tem composição ou propriedades físico-químicas diferentes da comum. A sua origem é explicada, na geologia, por meio de duas teorias, a meteórica (mais aceita) e a magmática. A primeira refere-se à infiltração lenta da chuva pelo solo até alojar-se a grandes profundidades e que por meio de pressão e temperatura se mineralizou. Enquanto a outra prova que a água é proveniente de resultados de atividades vulcânicas. Na mitologia, foi criada por Poseidon, deus grego do mar, que depois de ter feito secar todas as fontes de água, em um momento de fúria contra os seres humanos, uma bela jovem sedenta lhe pediu ajuda. Encantado, fez brotar água cristalina de uma rocha com o toque de seu tridente.

Mocellin: Pet de formato arredondado ganhou a 5ª edição do Prêmio Abre de Design & Embalagem

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Recheado de criatividade Chocolates Pan mantém a identidade com seus produtos que marcaram época Quem se lembra dos cigarrinhos de chocolates? E das Balas Paulistinha? Os dois produtos criados pela Chocolates Pan, que completou 70 anos em dezembro passado, marcaram diversas gerações. As balas, inspiradas na revolução de 1932, ainda são fabricadas e o cigarrinho, que começou a ser produzido em 1940, permaneceu no mercado até o final da década de 80, quando foi substituído pelos chocolates de lápis de cor, Chocolápis. “Dar continuidade é preservar o sabor da infância para muitas pessoas”, diz Silvio Roberto Daidone, diretor financeiro da empresa. Foi com essa determinação que a empresa 100% nacional contornou os momentos ruins, principalmente os enfrentados em 1999, devido à desvalorização cambial. Em dois anos a crise foi revertida para crescimento, chegou a 3% em 2005, e todas as dificuldades superadas. Só mesmo com muita criatividade, tanto na criação quanto na elaboração e comercialização dos produtos, para concorrer com as gigantes desse mercado. “A Pan enfrenta as demais concorrentes multinacionais, mas sempre procura não bater de frente”, diz Silvio. A criatividade sempre foi o forte da Pan desde a inauguração da empresa, em 1935. Os sócios, Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero, bolaram uma estratégia de marketing com o objetivo de chamar a atenção para o acontecimento que marcaria a fundação da Produtos Alimentícios Nacionais (Pan). Inspirados nas histórias de Júlio Verne, disseram que seria lançado um foguete à lua, no antigo aeroporto chamado Campo de Marte, localizado na cidade de São Paulo. Curiosas, muitas pessoas foram até lá para prestigiar, mas o homem só chegaria ao satélite natural em 1969.

O foguete tornou-se símbolo da empresa a partir daí. Passou a ser incorporado em outras campanhas, a estar presente na fachada da empresa e até em cima dos veículos que faziam as entregas dos produtos. As carrocerias dos carros eram adaptadas para compor o formato de uma espécie de avião e, já na época, ficaram conhecidas como “carvião”. Os motoristas também foram alvo da imaginação dos empreendedores: tinham que estar trajados como pilotos, com terno e quepe. Para os fundadores da Pan, não havia limites para a capacidade inventiva. Em 1941, criaram um álbum de figurinhas baseado na obra de Verne, que dava prêmios como microscópios, binóculos e máquina fotográfica. Tudo isso para aproximar e cativar os clientes. “Nosso chefe é o povo, pois é ele que se dispõe a consumir. Então, temos que fazer um produto com qualidade a um menor custo possível, para ele comprar, gostar e tornar a comprar”, diz Daidone. Nessa área de atividade, a permanência no mercado depende de sempre investir em inovação. Do processo de fabricação à embalagem, a tática é apresentar novidades freqüentes para surpreender os consumidores. “Com os anos, buscamos modificar sempre as embalagens para deixá-las mais modernas e competitivas.” No início, todos os produtos eram feitos manualmente. Para a fabricação das balas, por exemplo, os confeiteiros tinham que encontrar o “ponto” do produto e depois, por meio de uma prensa, dar o formato desejado, para finalmente embrulhá-las, uma de cada vez. Hoje, o processo e os equipa-

Chocolates Pan: dar continuidade aos produtos é preservar o sabor da infância para muitas pessoas

mentos são todos automatizados. “É preciso ficar sempre alerta para o que está acontecendo no mundo. Quem estiver dormindo cai fora do mercado, fica para trás.” Também importante, na opinião de Daidone, é a expansão da empresa no mercado interno. “Se a pessoa comprou é porque o produto estava acessível, gostou e tornou a comprar.” A meta é ampliar a representatividade para atender o Nordeste e o interior do Estado de São Paulo e estar presente nos principais supermercados do país. Atualmente, a empresa conta com a colaboração de 300 funcionários, instalada em uma área de 13 mil m2, sediada no bairro Santa Paula, mesmo local da fundação, na cidade de São Caetano do Sul. Balas, bombons, pães-de-mel, lápis de cor e moedas de chocolate fazem parte do portifólio de produtos. “Temos também mais algumas novidades, mas não posso contar ainda porque é segredo”, diz Silvio. Janeiro 2006 – Empreendedor – 27


Almanaque Brasil A reinvenção da tinta Acelerar os processos de mudança é o trunfo da Tintas Coral para continuar no espaço que ocupa há mais de meio século A marca Tintas Coral vai fazer 52 anos em 2006, depois de passar por muitas mudanças. A começar pela localização da sede da empresa, de Santo André, em São Paulo, para a também paulista Mauá – hoje possui mais uma unidade em Recife, Pernambuco. Também mudou de dono. Criada em 1954 pela Bunge Brasil, na época um braço do grupo argentino Bunge y Born no país, a empresa foi adquirida pela britânica Imperial Chemical Industries (ICI) em 1996. Mas nada se compara com as inúmeras alterações e melhorias no produto desde que foi lançado. “Devemos sempre ter em mente que enfrentaremos desafios ainda maiores: a Coral terá que ‘reinventar-se’ num espaço de tempo muito mais curto do que nos últimos dez anos”, diz Maurício Gasperini, gerente de produtos da Tintas Coral. A estratégia da empresa na busca incessante pela inovação tem o propósi-

to de se manter no mercado de tintas. Para isso, conforme Gasperini, é preciso identificar as necessidades, tendências e oportunidades. “O sobe e desce das matérias-primas e o surgimento de produtos substitutivos fazem com que a empresa pesquise constantemente novas formas de melhorar a performance de seus produtos e propiciar mais conveniência a seus consumidores”, diz. Um exemplo é em relação às matérias-primas. Antigamente, a elaboração do produto era feita com minerais e vegetais em seu estado natural e sem beneficiamentos. Hoje, é possível sintetizar os elementos, trazendo o benefício de poupar o meio-ambiente. “Nosso primeiro produto foi a tinta composta com óleos minerais para tingir e proteger madeiras. Depois veio o esmalte sintético, na mesma linha da tinta a óleo, mas com perfor-

mance superior e custos menores, pois não se utiliza de recursos finitos, tão caros quanto os originais (naturais).” Com a intenção de reposicionar a marca, a empresa está com uma nova campanha para promover o uso da cor como linguagem. Transmitir sensações e experiências que as cores proporcionam no cotidiano das pessoas e o poder delas na criação e na renovação de ambientes são exemplos. Como curiosidade, vale citar que o nome Coral já existia quando a empresa foi criada. Pertencia a Mesbla, na época revendedora de tintas, e era própria para

ser usada em barcos. Depois de uma negociação, a Tintas Coral comprou os direitos de utilizá-lo. Atualmente, produz um total de 160 milhões de litros por ano e exporta para 13 países.

Respaldo fitoterápico O xarope Melagrião é avalizado por sucessivas gerações desde 1918 A continuidade da fabricação do xa- dades vendidas nos últimos três anos. rope Melagrião foi uma estratégia cer- “O que sempre chama atenção é a conteira do Laboratório Catarinense. O pro- fiança do consumidor no produto”, diz duto já estava no mercado desde 1918 e Adriano Bornschein Silva, diretor cofoi adquirido pela empresa em 1946, no mesmo ano de sua fundação. Juntamente com o tônico fortificante Sadol é um dos símbolos do laboratório. Ele se destaca por ser um dos primeiros xaropes fitoterápicos nacionais a estar entre os mais consumidos no Brasil, com um crescimen- Melagrião: um dos primeiros xaropes fitoterápicos to médio de 15% em uni- nacionais está entre os mais consumidos no Brasil

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mercial da empresa. “Quando fazemos pesquisa com nosso consumidor o resultado é sempre: ‘eu já tomei porque minha mãe tomava, ou minha avó me ensinou a tomar.’” O diretor atribui a eficácia do xarope ao bom desempenho no mercado e o respaldo de gerações anteriores que o avalizam. Mas existem outros ingredientes, além do guaco, bálsamo-deitu, mel e agrião, que contribuem para o acréscimo constante nas vendas. Nesse caso, a forte divulgação e exposição na mídia e o in-


De pai para filho Guaraná Pureza é distribuído em um raio de 200 quilômetros a partir de Florianópolis, SC, desde 1925

Gasperini: a Coral terá que ‘reinventar-se’ num espaço de tempo muito mais curto do que nos últimos dez anos

vestimento na diversificação do produto também ajudaram no crescimento. “A marca Melagrião é uma família de produtos: xarope, spray e pastilhas, cada um com sua indicação terapêutica.” A marca foi alterada para Melagrião alguns anos depois da criação do xarope, antes ela se chamava Agriomel. Outra mudança, só que bem mais recente, foi na embalagem. As cores originais, laranja e branco, foram mantidas, mas foi feita uma pequena alteração para destacar ao consumidor as plantas que fazem parte da composição. “Quando começamos a explorar mais isso, ele percebeu que estava levando uma composição mais completa do que outros xaropes que são monodrogas”, diz o diretor.

A aposta no regionalismo permi- plena ascensão, foram incluídos notiu ao Guaraná Pureza se fortalecer e vos sabores na linha de bebidas: laestar há 81 anos no mercado de re- ranjinha, limão, abacaxi, laranja, frigerantes. Fabricado pela família framboesa e o cola, mas desde aqueSell, quarta geração no comando da la época as vendas giravam de 80% a empresa, o produto é distribuído em 90% em torno da Pureza. “Antigaum raio de 200 quilômetros a partir mente, era chamado só de Pureza, de Florianópolis, Santa Catarina, des- não tinha o guaraná, que foi incorpode 1925. Na época, a entrega era fei- rado depois na formulação.” ta por meio de carros de boi. O que Manter parte do envase do pronão mudou foi o gosto do refrigeran- duto em embalagens de vidro retorte. A estratégia de preservar o sabor náveis foi uma estratégia que deu cerda bebida chama a atenção do consu- to. Até as marcas líderes nesse mermidor até hoje, virou tradição. “Foi cado estão aderindo a volta, pelo passando de pai para filho, que já diziam: ‘esse guaraná me lembra meu pai, isso é do tempo do meu avô’”, diz Sérgio Sell, diretor comercial da Bebidas Leonardo Sell. Localizada em Rancho Queimado, município catarinense a 60 quilômetros da capital do Estado, a empresa foi criada por AlfreSell: a produção do Sell em 1905. Quando da empresa é de completou 21 anos, o funcerca de 350 mil dador comprou os equipalitros por mês mentos para a fabricação de licores e cerveja escura e abriu o próprio negócio. Com a sobra do que era produzido, começou a fazer uma menos parcial, dos tradicionais “casbebida que as pessoas chamavam de cos”. “Iniciamos a produção do Pet, cerveja doce, porque tinha álcool. em 1994, mais pela necessidade, tanto Esse antecessor do refrigerante con- que o processo era feito de maneira quistou o público local e fez com que, meio artesanal. Hoje fazemos a garmais tarde, a empresa mudasse o foco rafa aqui dentro, rotulamos e envado empreendimento. samos com equipamento todo autoNa década de 50, a produção de mático”, diz. A relação com os forbebidas alcoólicas da empresa foi sus- necedores de matéria-prima também pensa, os esforços foram concentra- está presente na pauta de investimendos na fabricação de refrigerantes. A tos da empresa. Conforme Sell, muidecisão tinha o propósito de acom- tos deles são parceiros há décadas. A panhar o crescimento dessa indústria produção da empresa é de cerca de no país. Em 1956, com o negócio em 350 mil litros por mês. Janeiro 2006 – Empreendedor – 29


Gestão

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Gestão

Saber fazer por

Alexsandro Vanin

“Cada macaco no seu galho”, disse Aleksander Mandic aos empreendedores Endeavor e a outra centena de pessoas presentes a uma de suas palestras. O conselho de um dos maio-

res empreendedores da internet no Brasil é abrir um negócio que você saiba fazer, que tenha conhecimentos sobre sua operação e mercado, conheça os riscos e dificuldades a enfrentar. Não que o empreendedor precise ser um especialista, pelo contrário, é desejável que ele tenha conhecimentos multifuncionais. Mas isso facilita. E por isso existem tantos negócios que se beneficiam da experiência profissional de seus fundadores. O ex-campeão europeu de Fórmula Opel, Marcelo Battistuzzi, transfere seus conhecimentos adquiridos em pis-

tas de corrida pelo mundo para simuladores eletrônicos utilizados para treinamento ou diversão em eventos no Brasil. “Minha participação em todas as etapas de desenvolvimento do software proporciona um produto final mais fiel à realidade”, diz. O ex-integrante da equipe Prost Jr. de Fórmula 3000 teve a idéia enquanto ainda participava de competições profissionais – círculo para o qual ele pretende voltar neste ano, provavelmente Stock Car. “Sempre gostei de jogos, por diversão e também por treinamento; muitos pilotos utilizam simuladores para estudar circuitos.” Inicialmente, o simulador foi desenvolvido com auxílio de um empresário inglês do ramo para treino da equipe. Com o fim da escuderia, Battistuzzi adaptou o projeto para uso em eventos, idéia prontamente abraçada por seus ex-patrocinadores, agora seus primeiros clientes. Logo a demanda aumentou e novas versões foram criadas. A Virtual Grand Prix, iniciada em 2001 com um simulador de Fórmula

FOTOS CARLOS PEREIRA

A experiência profissional anterior é a base de grande parte dos empreendimentos

Kano: pessoas de todas as idades chegam a ficar até duas horas na fila para experimentar a emoção do simulador Janeiro 2006 – Empreendedor – 31


Gestão Limonta e Unimóveis: 30 anos de experiência são repassados aos seus marceneiros, para que os trabalhos saiam exatamente ao gosto do cliente

1, hoje atende em média 50 eventos por ano, com versões para Stock Car, Fórmula Indy, Fórmula Truck, avião da Segunda Guerra Mundial, Off Road, kart, motocross, motovelocidade, dirigível, entre outros. O simulador é personalizado para cada cliente, desde a parte gráfica do jogo até a do cockpit, operação que leva de uma a duas semanas. Independente do evento, seja uma feira, uma convenção, um congresso, o GP Brasil de F-1 ou o Salão do Automóvel, o simulador vira uma atração. Um dos técnicos da empresa – sempre há um deles para operar o sistema e auxiliar os usuários –, Ronaldo Kano, diz que pessoas de todas as idades chegam a ficar até duas horas na fila para experimentar a emoção do simulador. Marcenaria Francisco Limonta, proprietário da Unimóveis, de São Paulo (SP), acompanha de perto o trabalho dos colaboradores. Os conhecimentos adquiridos ao longo de 30 anos de atividade no ramo – a primeira metade como funcionário – são repassados aos seus marceneiros, para que os trabalhos saiam exatamente ao gosto do cliente. “A minha experiência no negócio me ensinou que tenho que buscar uma

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uniformidade e por isso examino todo o processo, desde o projeto, a marcenaria, até a montagem da obra.” Ele começou a trabalhar como desenhista de uma marcenaria aos 21 anos de idade. Nessa empresa, de médio para grande porte, que produzia conjuntos estofados de alta qualidade, ele trabalhou por 12 anos, desempenhando também as funções de vendedor e gerente. Na segunda metade da década de 80, Limonta assumiu a gerência de vendas de outra loja do ramo, onde permaneceu por três anos, até que surgiu a oportunidade de abrir seu próprio negócio. Iniciava-se a década de 90 e a modesta marcenaria, de apenas dois funcionários, recém-inaugurada na Cidade Universitária da USP, já enfrentava seu primeiro obstáculo: o Plano Collor. Limonta não desistiu e, apoiado em seus conhecimentos de gerência, enfrentou as dificuldades, que dentro de quatro meses começaram a ceder. Menos de um ano depois, aquela pequena empresa já contava com 18 funcionários, e a intenção de abrir uma loja era bem mais acessível. Ela já era realidade na época do Plano Real, que se configurou como o melhor período de vendas da história da Unimóveis. A grande virada, no entanto, foi dada

aos 10 anos da empresa. O impulso na economia gerado pelo Plano Real chegara ao fim há algum tempo, puxando para baixo as vendas da Unimóveis. Limonta via duas soluções para continuar no mercado: investir alto – recurso que ele não possuía – ou terceirizar. “Peguei meus melhores marceneiros e os transformei em parceiros, cada um com sua pequena marcenaria, no esquema de facção, como é comum na indústria do vestuário. Hoje eles ganham, no mínimo, o dobro do que ganhavam antes.” Design, pesquisa de novos materiais, marca e comercialização ficam ao encargo da empresa. As vendas atuais, que chegam a R$ 1 milhão por ano e ocupam 60% da capacidade produtiva, ainda não correspondem à metade das registradas há 10 anos, auge do Plano Real, segundo Limonta. “Mas as perspectivas são muito boas para daqui a dois ou três anos.” Mas, para isso, “é preciso estabelecer prazos reais e cumprí-los com rigor”. A tática evita falhas na produção, que dessa forma não trabalha sob pressão, e fideliza a clientela, 90% dela formada por arquitetos e engenheiros. Estes profissionais são a ponte para o público consumidor de produtos personalizados, pessoas das classes A e B. Wanderley Carlos Zambonin, de


32 anos de idade, trabalhou em uma churrascaria por quase 15 anos, passando por todas as funções em quatro cidades e dois países, para hoje ser proprietário de restaurantes, farmácias e uma produtora de eventos no Planalto Serrano e Meio-Oeste catarinense. Empreendimentos estabelecidos desde o final de 2001. “O conhecimento de todas as funções e segredos de um restaurante têm sido essenciais para os bons resultados obtidos”, afirma. Natural de Pato Branco (PR), cedo ele partiu para São Paulo, onde começou a trabalhar como lavador de espetos na Churrascaria Pegorini, empresa na qual se manteve até encerrar sua carreira de empregado. Durante esse período, foi evoluindo de função, passando a açougueiro, churrasqueiro, garçom e maître até assumir a gerência de uma das casas. Mesmo que para isso ele precisasse mudar de cidade: Rio de Janeiro (RJ), Toronto (em Ontário, no Canadá) e Florianópolis (SC). O despertar veio de uma conversa com um cliente, dono de uma rede de postos de combustível na Grande Florianópolis, no início de 2001. Este comentou que um ótimo investimento seria abrir um posto em Anita Garibaldi, município do Planalto Serrano de Santa Catarina, a 315 quilômetros de Florianópolis. A região contava com a construção de três usinas hidrelétricas, uma delas com canteiro de obras baseado na cidade. Ele então convidou Zambonin para gerenciar o negócio. Os dois foram conferir o local, mas quem decidiu empreender em Anita Garibaldi foi Zambonin, ao ver que na cidade não havia uma lanchonete que servisse comida, bebidas e petiscos em geral. A lanchonete aberta em dezembro daquele ano, com recursos economizados ao longo da vida de funcionário, prosperou rapidamente. Logo ele

abriu um restaurante, com capacidade para 250 pessoas, e em 2003 começou a trabalhar com alimentação para eventos (coffee-break, coquetéis e banquetes). “O ramo de eventos proporciona um giro rápido, um bom retorno.” Normalmente ele cobra metade antecipada por seus serviços, e o restante na hora da execução, estratégia que lhe permite usar o dinheiro do próprio cliente para comprar os insumos necessários. Diversificação Zambonin resolveu diversificar. Propôs à sua mulher, farmacêutica com habilitação em bioquímica, abrir uma

farmácia em Anita Garibaldi, pois só havia uma na cidade. O negócio deu bons resultados, o que animou o casal a abrir duas filiais em municípios vizinhos, Campo Belo e Cerro Negro. Uma quarta unidade, que já está em fase de planejamento, será aberta em Campos Novos até o ano que vêm. Campos Novos, aliás, é o seu novo Eldorado. A mudança ocorreu após Zambonin ganhar uma concorrência da rede Bristol Hotéis e Resorts, ano passado, para gerenciar o restaurante (com capacidade para 240 pessoas), o piano bar e o setor de eventos da unidade no município, o Bristol Bebber Hotel. “Em menos de dois meses à frente do estabelecimento, já estava no lucro”. Qual o segredo? Nenhum, afirma Zambonin. Basta comida de qualidade, boa apresentação – afinal, também se come com os olhos! –, bom atendimento, saber comprar bem e evitar desperdícios, além de muita higiene. “Conversar com os clientes, ouví-los e fazer eles se sentirem bem, também é fundamental.” E o ímpeto empreendedor de Zambonin não se esgota. Agora ele planeja abrir uma churrascaria em Campos Novos. “Não é concorrência”, apressa-se em dizer. É outro público, ou pelo menos mais abrangente do que o freqüentador do hotel, mais elitizado, na sua opinião. “Todo mundo gosta de churrasco”, diz. E trata-se de um negócio que ele conhece bem. Para suprir os quadros dos dois estabelecimentos, ele mesmo vai promover um curso de garçom na cidade.

Linha Direta

Bristol Hotel: conhecimento de todas as funções e segredos do negócio têm sido essenciais para os bons resultados obtidos

Francisco Carlos Limonta (11) 3097-8091 Marcelo Battistuzzi (19) 3875-6020 Wanderley Carlos Zambonin (49) 3551-0500 Janeiro 2006 – Empreendedor – 33


Gestão

Pré-estréia do empreendedor Negócio Certo, do Sebrae, orienta quem começa e consegue fazer sucesso com lições práticas por

Fábio Mayer

FOTOS CARLOS PEREIRA

Em busca de informações sobre como montar e gerir seu próprio negócio, Ana Claudia Dalagnoli descobriu nos programas de capacitação do Sebrae a fonte de respostas para suas dúvidas. Hoje, ela é sócia-fundadora da Editora Ipê-Amarelo, sediada na cidade de Itajaí, em Santa Catarina. Antes de abrir a editora, há seis meses, Ana tinha apenas uma vaga noção de empreendedorismo. “Já tínhamos a idéia, mas não sabíamos como executá-la”, diz.

É claro que na área de atuação da sua empresa e de sua formação, jornalismo, ela já tinha conhecimento da parte prática do negócio, que era a prestação de serviços. Mas não sabia como resolver as questões relacionadas com a parte administrativa e a burocrática, principalmente de abertura da empresa. “Começamos a empresa há pouco tempo e o programa Negócio Certo facilitou na parte administrativa, porque tem muitos processos de gestão que não temos conhecimento”, diz.

Spyros: programa superou as expectativas e será estendido a todo país

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O programa que Ana se refere é pioneiro no país e foi idealizado e desenvolvido pelo Sebrae-SC. Lançado há oito meses, já efetuou 23 mil atendimentos a empreendedores e possui mais de 14 mil cadastros. É oferecido de forma gratuita, tanto por meio digital quanto disponibilizado em material impresso, e tem como objetivo dar orientações práticas sobre planejamento, abertura e gestão de novos negócios. “O Negócio Certo facilitou isso, ajudando muito mesmo, pois tiramos todas as dúvidas e tivemos várias dicas, por exemplo, qual o caminho mais fácil para abrir e a melhor maneira de gerir a empresa e até em que categoria poderíamos enquadrá-la“, diz Ana. Para Spyros Achylles Diamantaras, gerente de Comunicação e Mercado do Sebrae-SC, o programa superou todas as expectativas e vai ser estendido a todo país, pelo Sebrae Nacional, no primeiro semestre de 2006. O Negócio Certo é destinado a candidatos a empresários, pessoas que querem montar seu próprio negócio, os informais e os empreendedores recém-estabelecidos que procuram verificar a viabilidade econômica do negócio, registrar a empresa e aprimorar o gerenciamento de um negócio já existente. “A grande estratégia do Sebrae com o programa é justamente fazer com que nenhum empreendedor tenha dificuldade em aces-


Etapas do programa

Como fazer contato

Para facilitar o aprendizado, o programa de auto-atendimento Negócio Certo foi dividido em cinco etapas, que não necessariamente precisam ser seguidas em ordem.

O Programa Negócio Certo Sebrae é destinado a candidatos a empresários, pessoas que pretendem montar seu próprio negócio, os informais e os empreendedores recém-estabelecidos que procuram:

Etapa 0 Ambientação do Programa Negócio Certo Etapa 1 Geração de idéias de negócios Etapa 2 Verificação da viabilidade do negócio Etapa 3 Formalização do negócio escolhido Etapa 4 Organização administrativa para manutenção do negócio Fonte: Sebrae-SC

sar informações para abertura de um negócio ou administrar uma empresa já existente”, diz o gerente do Sebrae-SC. O participante estuda o conteúdo existente em cartilhas, cd-rom e internet e caso tenha dúvidas pode pedir orientações por telefone, e-mail, chat e estações de auto-atendimento, nas agências do Sebrae, prefeituras e universidades conveniadas. O programa conta com tutorias realizadas por assessores treinados para responder as questões que podem surgir ao longo do atendimento. “Existe uma equipe de consultores que prestam assessoria gratuita à distância para quem tiver dúvidas ao longo desse percurso”, diz Diamantaras. O programa foi criado para atender as necessidades do público-alvo (empresários e candidatos a empreendedores) que até então o Sebrae não conseguia responder. Baseado na leitura desse quadro é que foi formada uma comissão dentro da agência catarinense que analisou as principais demandas e pôs em prática o Negócio Certo. “Isso está dentro da tática do

Uma idéia de negócio; Verificar a viabilidade; Registrar a empresa; Orientação para a gestão. Quem se enquadrar nesse perfil e quiser participar do programa pode entrar em contato com a agência do Sebrae-SC de sua cidade, via telefone (0800 643 0401) ou internet (www.sebrae-sc.com.br/negociocerto). A pessoa também escolhe a maneira que deseja participar do programa. Pode optar por receber gratuitamente uma cartilha (material impresso) em casa, entregue pelos Correios, destinado aos que não possuem computador e não podem ir ao Sebrae. Para os que têm computador em casa, mas não possuem acesso à internet, outra maneira é solicitar um cd-rom e instalar o programa. O terceiro caso é por meio da internet e o quarto são as estações de auto-atendimento, localizadas em alguns pontos do Estado, como agências do Sebrae, prefeituras e universidades conveniadas.

Sebrae de ser pró-ativo e dar a possibilidade de todos terem o mesmo acesso de forma democrática”, diz o gerente do Sebrae-SC. Ao participar desse programa, Margarete Cardoso teve a confirmação de que seu modelo de gestão no comando do próprio negócio, Comércio de Rações MD, estava no caminho certo. As orientações que recebeu a ajudaram a contornar a falta de segurança e a investir mais na empresa, localizada em Joinville, município catarinense. “Percebi que estava faltando dinheiro para meu negócio crescer“, diz Margarete. Ela recebeu a cartilha pelo correio e completou a última etapa em casa. Atualmente, no Brasil existem 10,3 milhões de empresas informais, 33% atuam no comércio e reparação, se-

gundo pesquisa realizada pelo IBGE em parceria com o Sebrae no primeiro semestre do ano passado. Muitos preferem continuar na ilegalidade por causa de fatores como a alta carga tributária e a burocracia, mas têm dificuldades de crescer, pois lucram menos. O Negócio Certo dá as orientações e informações necessárias para os que querem sair da informalidade. Um dos participantes atendidos pelo programa em Tijucas, Santa Catarina, que preferiu não se identificar porque sua empresa ainda está em fase de legalização e teme perder sua marca antes de conseguir o registro definitivo, faz questão de elogiar a eficiência da assessoria. “Foi fantástico participar do programa, para nós, que estamos começando, é muito complicado”, diz. “Até fiquei amigo dos consultores que me atenderam, eles foram muito prestativos e se prontificaram a fornecer tudo o que precisei, até fora das apostilas, não se limitaram apenas ao curso.” Ele foi até a agência do Sebrae para pegar o material e depois, durante o andamento do estudo, manteve contato direto com os tutores por e-mail e por telefone. Janeiro 2006 – Empreendedor – 35


Responsabilidade Social

Contra as drogas por

Wendel Martins

O Brasil dispõe de um solo fértil para empreendedores com um forte impulso para resolver problemas sociais. Já faz muito tempo que o tema responsabilidade social está na agenda das maiores corporações do país. Mas para os empresários de pequenos negócios, esse tipo de atitude parece não combinar com o moderno mundo de negócios – a maior parte dos empreendedores brasileiros tem mais preocupações com a gestão financeira, a necessidade de manter margens de lucro, a competição com a concorrência e o aumento da produtividade. A Bordare, empresa da área têxtil com sede em Curitiba, é um daqueles exemplos que desmente o senso comum, destinando parte de sua renda ao patrocínio para o tratamento de usuários de drogas. O investimento é válido não só pela importância do assunto em si, mas também porque o tema, apesar de muito discutido, ainda é um tabu na maior parte das empresas brasileiras. Quem não conhece casos de operários que tomam uma cervejinha no almoço antes de voltar ao trabalho? Ou não ouviu um colaborador dizer que o “fumódromo” é uma área de socialização dentro da empresa? Uma ameaça que pode ser invisível, como afirma o médico Higino Bozdiak, especialista no tratamento de usuários de drogas: não existe um estereótipo do consumidor de substâncias entorpecentes, o que torna difícil de de-

36 – Empreendedor – Janeiro 2006

INDEX STOCK

As exceções no trato de um problema recorrente nas empresas, que ainda não é combatido de maneira ampla


JOSÉ ANTÔNIO G. SHARDONG/DIVULGAÇÃO

tectar o problema. A situação piora quando o comportamento é aceito ou incentivado pelos colegas de trabalho e tolerado pelo empregador. “De cada mil trabalhadores, cerca de 80 usam regularmente algum tipo de droga”, diz Bozdiak. Mas estudos comprovam que o uso das drogas é a principal causa de violência no Brasil. Além de o consumo aumentar cerca de 15% ao ano, a idade de iniciação é cada vez menor. Segundo dados da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC), 5,8% da população brasileira com mais de 15 anos usa maconha, 0,8%, cocaína e 0,7%, anfetaminas. Outra pesquisa, realizada pela Secretaria Nacional Antidrogas em 2002, apontou que a dependência de álcool entre os brasileiros é de 11,2% e do tabaco de 9%. “E engana-se quem pensa que as drogas estão apenas nas favelas. Estão em muita boate de alta classe”, diz Edvaldo Borgo, administrador da Bordare. O desafio do empreendedor é adaptar uma empresa que existe há 12 anos a uma nova fase: conciliar a necessidade de atender as demandas econômicas e sociais ao mesmo tempo. “Hoje a missão da Bordare é dar sustentabilidade à Comunidade Terapêutica Dia. Não visamos grandes lucros, nem queremos enriquecer ninguém”. O Ctdia é uma nova proposta na recuperação dos dependentes, uma alternativa para o tratamento da dependência química onde a pessoa não fica isolada da sociedade durante o período de desintoxicação. Uma equipe composta por médicos, psicólogos, agentes terapêuticos e voluntários, ministra oficinas e palestras para os pacientes no período diurno. Bozdiak cita uma oficina de propaganda, onde especialistas auxiliaram os pacientes na criação de vídeos que desestimulam o uso de drogas. À noite, o paciente retorna para casa mantendo o

Bozdiak: não existe um estereótipo do consumidor de substâncias entorpecentes, o que torna difícil de detectar o problema

vínculo com seus familiares e a comunidade, diminuindo o risco de retornar ao vício. Campanha O tratamento dura em média três meses e os resultados têm se mostrado surpreendentes: 89% dos pacientes se recuperam totalmente do vício. “Estamos fazendo uma campanha para sensibilizar os empresários, mas quem lembra dos usuários de drogas?”, diz Bozdiak. Ele gostaria de ver uma mobilização da sociedade para assumir as drogas como um problema social permanente, analisa as ações do governo na área como tímidas e acredita que as igrejas tentam desempenhar um papel que não lhe cabe, por nem sempre utilizar técnicas médicas recomendadas. O apoio que Bozdiak busca é o cerne da Bordare, que tenta dobrar a sua fatia de mercado utilizando a efetiva participação no CTdia como marketing social. “Hoje financiamos seis vagas, mas esperamos que em um ano e meio estejamos contribuindo com todas as vagas”. Até o boca a boca é uma forma de comercializar o portfólio de bordados da companhia, a empresa adota a postura de venda direta – conta até com a cola-

boração de parentes dos pacientes para vender camisetas com slogans contra a venda de drogas. Mas os uniformes para empresas e escolas são o grande filão da empresa, que corresponde a cerca de 60% do faturamento da empresa. “É um mercado em que estamos consolidados. Temos uma história, um trabalho de alto acabamento e acabamos de comprar uma máquina japonesa que vai dobrar a nossa capacidade de produção”, diz Borgo. Para os empresários que apoiarem a iniciativa, além de bons preços, a empresa oferece, em contrapartida, palestras de conscientização contra drogas e Aids. “Além disso, os funcionários e dependentes passam automaticamente a ter direito a uma vaga no CTdia, se for necessário”, diz. Borgo aprendeu que trazer esclarecimento, buscar o diálogo e oferecer uma assessoria é a melhor maneira de tratar o problema. E ele ainda tem a satisfação de poder deitar à noite no travesseiro com a sensação de dever cumprido. “Criamos um vínculo de amizade muito grande com os pacientes. E sempre recebemos um retorno, seja quando conseguem um emprego ou passam no vestibular. É isso que faz valer a pena”. Janeiro 2006 – Empreendedor – 37


Carlos Wizard Martins

CASA DA PHOTO

Perfil

38 – Empreendedor – Janeiro 2006


A vocação da vitória O ensino das línguas é um instrumento poderoso para Carlos Wizard exercer a liderança e promover o bem comum por

Alexsandro Vanin

Uma das principais características de um líder é ter um sonho que inspire outras pessoas a buscar sua realização para satisfação geral, tanto de seu criador, como de todos aqueles que participam de sua construção. Carlos Wizard Martins e sua equipe, formada por sócios, franqueados, funcionários e alunos, são um belo exemplo de dedicação e conquista. Cada pessoa nasce com uma vocação, um talento latente e inconsciente num primeiro momento, mas é preciso acreditar. Nem todos assumem o desafio de explorar o próprio potencial, a responsabilidade de liderar e levar cada integrante do seu grupo ao desenvolvimento. “Sonho sem ação nos leva ao anonimato; ação sem sonho nos leva a copiar o que já existe”, diz Martins, fundador da Wizard, a maior franquia de ensino de línguas do Brasil. Martins lançou, em setembro do ano passado, mais uma ferramenta: a WizardTV, um investimento de R$ 20 milhões nos próximos cinco anos para levar a todo o país a possibilidade de aprender uma nova língua e se desenvolver profissional, cultural e socialmente. “A educação é o principal fator

da formação de homens livres e de cidadãos ativos de nossa sociedade.” A Wizard TV possui dois canais de TV no principal satélite brasileiro, o B1, sendo o principal canal de TV digital do franchising brasileiro, ficando 24 horas no ar, sete dias por semana. “A Wizard TV é um canal fechado que transmite sinal criptografado de treinamento diário para funcionários, professores e toda a equipe de diversas empresas do grupo”, explica o diretor Artur Hipólito. A programação é voltada para o ensino bilingüe, principalmente o inglês. A grade conta com programas produzidos para a comunidade Wizard, jogos do Wizard/Campinas e de outros eventos esportivos patrocinados pela empresa, além de programas do canal educativo da Universidade de Brigham Young, do Estado de Utah, nos Estados Unidos. O espírito de liderança de Martins contamina todos a seu redor e se espraia em todos os níveis. Sob o slogan “inglês com liderança”, a Wizard usa uma metodologia que estimula a livre expressão, a vitória sobre inibições e bloqueios, além de desenvolver técnicas de automotivação e liderança. Muitos alunos e ex-alunos ocupam cargos de comando nas empresas que trabalham ou nas comunidades em que vivem. Luiz Pegoraro, diretor de marketing da Wizard, conta a história de um menino pobre do Rio de Janeiro, exaluno da parceria entre a empresa e a Fundação Xuxa. O garoto, que havia sido morador de rua na infância, conseguiu um emprego de estoquista em

uma loja carioca logo após a conclusão do curso de inglês. Certo dia, foi até o estabelecimento um casal de americanos que não sabia uma palavra em português, da mesma forma que os funcionários do atendimento nada sabiam de inglês. Para surpresa geral, o jovem estoquista deixou por um momento o que estava fazendo, foi até a frente da loja e começou a falar fluentemente com o casal, que só então pode ser atendido corretamente. Depois disso, o garoto foi promovido. Superexposição Martins dedica parte considerável de seu tempo a atividades comunitárias, sociais e religiosas, mas no momento, toda sua atenção está voltada para o fortalecimento e consolidação das empresas do Grupo, em especial para reforçar o posicionamento de liderança da marca Wizard. Nunca foi investido tanto em marketing quanto nos últimos três anos. No ano passado, a Wizard virou grife, numa parceria com a Bunny’s, e promoveu diversos eventos, inclusive no exterior, como o Luau Mie 2005, que atraiu um público de 6 mil pessoas e se consolidou como o maior evento de verão do Japão, além de patrocinar a turnê nacional da banda pop Capital Inicial. Para 2006, a empresa renovou o contrato com a Rede Globo para o patrocínio dos Jogos Mundiais de Verão, experiência bem sucedida na temporada passada. Como é ano de Copa do Mundo, e todas as atenções voltamse ao futebol, Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção brasileira, foi contratado como novo representante da Janeiro 2006 – Empreendedor – 39


Carlos Wizard Martins

FOTOS CASA DA PHOTO

Perfil

1956

Nasce Carlos Wizard Martins, em Curitiba (PR)

1969

Carlos Wizard teve os primeiros contatos com a língua inglesa, em aulas com missionários americanos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

1974

Já com um domínio maior da segunda língua, Martins parte para os Estados Unidos, onde fica por um ano e meio, e de lá segue como missionário mórmom para a Europa, onde permanece por mais dois anos. Depois de retornar ao Brasil e se casar com Vânia, Martins vai novamente para os Estados Unidos, desta vez para estudar idiomas na Universidade de Brigham Young, em Utah, onde depois veio a trabalhar como professor. Dessa experiência, Martins desenvolveu a metodologia Wizard.

1987

Martins regressa ao Brasil em 1986, e no ano seguinte, cria a Wizard Idiomas, escola com metodologia diferenciada e formato de negócio pioneiro para a área, o franchising.

1997

350 unidades espalhadas pelo país

1998

A Wizard começa a desenvolver pesquisas de tendências de mercado para ampliar seus negócios.

1999

500 unidades em todo o país

2000

A Wizard lança o programa “Chave na mão”, o que a caracteriza como uma franquia de quinta geração.

2001

Surge a Alps Idiomas, uma proposta de ensino relâmpago de inglês e espanhol.

2003

O Grupo expande sua área de atuação com a criação da Worktek, escola de cursos profissionalizantes.

2004

A Wizard patrocina a exibição dos Jogos de Verão na Rede Globo, a turnê da banda pop Capital Inicial e o Concurso Nacional de Modelos com a top model Ana Hickmann. Lança no mercado nacional a Cebest – Central Brasileira de Estagiários.

2005

Lançamento da WizardTV.

2005/2006

A Wizard patrocina a exibição dos Jogos de Verão na Rede Globo e lança Campanha Alemanha 2006, com Carlos Alberto Parreira.

40 – Empreendedor – Janeiro 2006

Wizard, escola que levará o vencedor do concurso Alemanha 2006, com acompanhante, ao país-sede da competição. “O esporte está diretamente ligado com a idéia de conquista e vitória, e uma vez que a Wizard é uma empresa campeã, uma empresa líder em seu segmento, nós achamos interessante relacionar nosso nome a atividades desportivas”, diz Martins. O apoio a atletas e a eventos esportivos já é uma tradição consolidada entre as ações da franqueadora e dos franqueados. O atual campeão brasileiro de basquete feminino, o Ourinhos/Wizard, segue firme rumo ao bi-campeonato. Outra parceria vitoriosa ocorre nas quadras de vôlei, com o Wizard/Campinas, equipe remanescente do Suzano/Wizard, que ganhou diversos torneios nacionais e internacionais. O ciclista Carlos Henrique Ribeiro enfrenta o desafio de pedalar 45 mil quilômetros, com o patrocínio da Wizard, para entrar no Guinness Book Internacional. Clodoaldo Gomes da Silva, único brasileiro a subir no podium nas últimas edições da São Silvestre, é outro atleta a fazer parte dos patrocinados da escola. A Wizard Jaraguá do Sul, de Santa Catarina, patrocinou o time de base da Malwee (atual campeão brasileiro) na Olimpíada Estudantil Catarinense 2005. Outros franqueados apóiam atletas de judô, jiu-jítsu e outras modalidades individuais e coletivas. A cultura está presente no universo Wizard de todas as formas, inserida na metodologia e no marketing da rede. Está nas festas de datas comemorativas realizadas em unidades de todo o país e nos encontros nacionais de es-


DIVULGAÇÃO

Carlos Wizard com os filhos (à esquerda): gestão dinâmica extrapola os limites das salas de aula e inclui ações comunitárias e campanhas agressivas de marketing, com a inclusão do técnico Parreira

tudantes e franqueados, realizados em grandes parques de diversão, como Beto Carrero World, Hopi Hari e Wet’n Wild. E está, sobretudo, no aprendizado das línguas estrangeiras. “Aprender outro idioma é fabuloso, principalmente quando a cultura está integrada”, diz a aluna Keila Gonçalves. Martins se diz satisfeito ao ver que os alunos, ao completarem seus cursos, “estão aptos para irem aos Estados Unidos, para faculdades do exterior, sendo qualificados em exigentes exames internacionais. Essa é nossa maior contribuição cultural”. A franqueadora ainda promove o Wizard Rock Festival, show e concurso de bandas formadas por alunos da rede, que no ano passado contou com mais de 50 inscrições. Responsabilidade A Wizard promove diversas ações, locais e regionais, de envolvimento com a comunidade. Os responsáveis pela área de ação social na empresa sabem que se o trabalho não for bem feito e planejado, os esforços não conseguem passar do terreno das boas intenções. Uma medida que dá a prova da importância desse trabalho é a escolha de parceiros renomados, como a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e a Fundação Xuxa Meneghel. “Aprender é o mais importante, no caso das minhas crianças na Fundação, tudo o que elas podem aprender a mais para brigar no mercado de trabalho e ter uma vida mais digna é fundamental”, diz a mais famosa apresentadora de programas infantis da história da televisão brasileira. A líder nacional no ensino de idiomas foi uma das primeiras empresas a

consolidar uma parceria com a entidade mantida por Xuxa há 15 anos e que atende crianças, jovens e famílias em situação de risco social em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Mais de 250 crianças recebem aulas de professores coordenados e treinados por franqueados da Wizard Rio de Janeiro e todo o material didático é doado pela Wizard Brasil, que também oferece bolsas de estudo nas suas unidades normais. Também é freqüente a realização de gincanas, por meio dos franqueados, para angariar alimentos a serem distribuídos para entidades assistenciais. Uma outra preocupação constante da empresa é garantir o atendimento de pessoas com necessidades especiais, uma importante iniciativa para a inclusão social. A Wizard é pioneira no país na produção de material didático em braile, uma inovação que permite o aprendizado de deficientes visuais. Quem já se beneficiou desse sistema exclusivo da rede é a maior velocista cega do mundo em todos os tempos, a mineira Ádria Rocha dos Santos, que em 2004 conquistou em Atenas a quarta medalha de ouro em sua quinta participação em Jogos Paraolímpicos, aumentando sua coleção para 12. “Fazer inglês ajuda nas viagens internacionais, facilita a comunicação; em Atenas foi muito útil”, diz a atleta. “Já tinha tentado estudar inglês em outros cursos, mas era difícil acompanhar por causa da falta de um material adequado.” A pequena Eduarda Emerik, deficiente visual de nove anos e aluna da Wizard Botafogo, no Rio de Janeiro, orientou Bruna Marquezini, estrela mirim da Glo-

bo, em sua atuação como cega na novela América, chegando inclusive a contracenar com ela em alguns episódios. Martins é um missionário mórmom que recentemente passou três anos, em companhia de sua mulher, desenvolvendo atividades religiosas, culturais e sociais com jovens brasileiros e americanos no Nordeste do país. Nesse período, seus filhos seguiram seus passos e assumiram a diretoria da empresa, o que lhe deixou muito orgulhoso. “Hoje uma satisfação que eu tenho é ver que meus dois filhos estão assumindo cada vez mais responsabilidade no Grupo, e eu vejo que muitos franqueados têm seus filhos participando do negócio Wizard em conjunto”, diz Martins. Uma grande família formada por mais de 15 mil funcionários e meio milhão de alunos, distribuídos em cerca de 1,2 mil unidades, 15 delas no exterior, sendo dez nos Estados Unidos, quatro no Japão e uma em Portugal, instalada no ano passado como base para a expansão no mercado europeu. CARLOS WIZARD MARTINS Idade: 49 anos Local de nascimento: Curitiba (PR) Formação: Idiomas, Brigham Young University (Utah, EUA) Empresa: Wizard Ramo de atuação: franchising de ensino Ano de fundação da empresa: 1987 Cidade-sede: Campinas (SP) Faturamento: não informado Número de funcionários: 15 mil Janeiro 2006 – Empreendedor – 41


Pequenas Notáveis Edição: Alexandre Gonçalves alexandre@empreendedor.com.br

Projeto de lei favorece gaúchos com Simples Enquanto a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas não é finalmente aprovada no Congresso Nacional, os pequenos empreendedores podem se contentar com ações na esfera estadual. É o caso do Projeto de Lei do Simples Gaúcho, aprovado por unanimidade pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, que entrará em vigor no dia 1º de julho de 2006. Elaborado a partir de proposta do Sebrae estadual e entidades empresariais, o projeto beneficiará cerca de 300 mil empresas gaúchas e, em linhas gerais, aumenta o limite de enquadramento para microempresas no Simples Gaúcho. Além disso, também prevê a isenção de pagamento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para as empresas com receita bruta anual de até R$ 240 mil (o limite atual é de até R$ 107.769,81). “Com o aumento do limite de enquadramento e a inserção da tabela progressiva para as de pequeno porte, as faixas de alíquotas fixas de 2%, 3% e 4%, simplificam o processo de apuração do imposto, permitindo a adesão de novos empreendedores, diminuindo a informalidade e possibilitando o aumento de arrecadação”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio-RS e do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae, Flávio Sabbadini.

42 – Empreendedor – Janeiro 2006

PRÊMIO FINEP

Empresa de Goiás é a mais inovadora do país Acomodação não combina com inovação. Por isso mesmo o empresário Alexandre Rodrigues, proprietário da PCtel Soluções Inteligentes, vencedor do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2005, na categoria pequena empresa, não pretende deixar de inovar. Entre suas metas estão a conquista de novos mercados, a ampliação das exportações, que hoje representam 15% do faturamento, a modernização dos equipamentos e a contratação de novos colaboradores. Para Rodrigues, o prêmio demonstra que a empresa tem potencial de crescimento e desenvolvimento. “Sem dúvida, o prêmio é uma vitrine e um incentivo para buscarmos cada vez mais a inovação tecnoló- Solenidade de entrega do prêmio aconteceu gica”, afirma o empresário. A no Palácio do Planalto, com a presença disposição de atingir novas do presidente Luís Inácio Lula da Silva metas passa também pela conquista de novos prêmios que servem Há três meses, a PCtel foi certifide atestado para o trabalho desenvolvido pela empresa com sede em Goia- cada pela ISO 9001/2000 BVQI e Cerna. Na lista, estão a participação pelo tificada no Inmetro, além de não Prêmio Nacional de Qualidade e por deixar de lado as ações sociais, se uma concorrida vaga no Instituto Em- tornando uma Empresa Amiga da Criança, da Fundação Abrinq. A PCtel já preender Endeavor. Não por acaso, a PCtel foi a pri- ganhou um projeto do Centro Naciomeira empresa goiana incubada a re- nal de Desenvolvimento Científico e ceber o certificado de graduação. O Tecnológico (CNPq) no valor de R$ principal produto da empresa é um apa- 94 mil, dois projetos do Programa de relho capaz de gravar conversas tele- Apoio à Pesquisa em Empresas (PAfônicas quando acoplado no computa- PPE), no valor total de R$ 160 mil, e dor. É utilizado, principalmente, por está pleiteando um projeto do Produempresas que trabalham com serviços zir, do Estado de Goiás. de teleatendimento, segurança, impren- (Com informações de Adrianne Vitorelli/Agência Sebrae) sa, entre outros.

JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA RADIOBRAS

BENEFÍCIOS


O espaço da micro e pequena empresa

INCLUSÃO SOCIAL

Microcrédito faz a diferença na periferia de São Paulo Muitas vezes não falta espírito empreendedor. Nem vontade de crescer. Muito menos dedicação e esfoço. O que falta mesmo é aquele empurrão com um R e um $ na frente, especialmente quando se trata de pequenos empreendedores de lugares carentes como o Jardim Ângela, periferia de São Paulo. Com o apoio financeiro do Programa São Paulo Confia/Crédito Popular Solidário, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), administrada pela Secretaria Municipal do Trabalho, empreendedores dessa localidade conquistaram a independência financeira. Para se ter uma idéia do papel do São Paulo Confia, nos primeiros dez meses de 2005, o programa concedeu 11.239 empréstimos, totalizando R$ 10.823.266,34. O público-alvo são pessoas de baixa renda com espírito empreendedor, mas que não conseguem acessar o sistema bancá-

rio tradicional porque têm restrições cadastrais, por exemplo, o nome consta no SPC ou Serasa, falta de comprovante de renda e não oferecem garantias de pagamento. O valor médio dos empréstimos concedidos foi de R$ 963,01. Um detalhe curioso do projeto é o estímulo ao associativismo, uma vez que não é possível conseguir o dinheiro sozinho, já que só é concedido a grupos formados por quatro a sete empreendedores. Nesses grupos, batizados de “grupos solidários”, são reunidas pessoas de diversos ramos de atividades, que não podem ter qualquer tipo de parentesco e que se comprometem a garantir solidariamente, cada um, o pagamento do crédito concedido a todos os integrantes. Com isso, o programa espera fazer com que cada um do grupo tenha responsabilidade, fiscalize e acompanhe o pagamento das prestações dos demais.

SALDO POSITIVO Em dez meses, 11.239 empréstimos e um total de R$ 10.823.266,34.

TOME NOTA Projeto Comprador – Promovidas pelo Sebrae do Rio Grande do Sul, as rodadas de negócios e edições do Projeto Comprador geraram cerca de R$ 15,9 milhões em negócios em 2005. Participaram do projeto 515 empresas dos setores metalmecânico, de petróleo e gás e de software e serviços. O valor, que deverá crescer nos próximos meses, corresponde a um faturamento médio de R$ 31 mil por empresa. Os resultados servirão de base para a elaboração de uma programação de atividades para 2006.

Marca Brasil – Além dos craques da Seleção Brasileira, a Alemanha também receberá ações de promoção comercial desenvolvidas pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A meta é ampliar a divulgação da Marca Brasil e aumentar o potencial da geração de negócios em 2006, principalmente na Europa, além de gerar um volume imediato de negócios no valor de US$ 420 milhões.

Fácil – Será inaugurada em março de 2006, a Central de Atendimento Empresarial Fácil de Vitória, uma iniciativa do Sebrae do Espírito Santo em parceria com a Junta Comercial. O órgão contará com 16 funcionários e pretende reduzir o tempo de abertura de empresas, processo que atualmente pode levar até seis meses. O projeto também tem o objetivo de reduzir a informalidade, em virtude de exigências burocráticas das empresas em funcionamento.

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INDEX STOCK

Caderno de

Nº3

Um mar

de opções Nos Estados Unidos o verbo da moda é voiping, uma clara referência ao sucesso da tecnologia VoIP, que permite a transmissão de voz em tempo real via internet. Uma novidade que quebra paradigmas, possibilitando até mesmo fazer ligações gratuitas para qualquer lugar do mundo. Aplicada aos negócios, pode ter forte impacto na redução de custos operacionais, mas para o empreendedor é difícil fazer a melhor escolha entre as cerca de 50

país. Mesmo as empresas tradicionais de telefonia fixa e móvel já têm a sigla em seus planos. Para muitos empresários é um investimento de risco, pois se trata de um mercado ainda sem regulamentação. Não existem operadoras VoIP no país, uma vez que não é considerado um serviNúmero de empresas de telefonia ço, mas uma tecnologia, e via internet confunde empresários por isso não há uma licença específica. No momento, a empresas que atuam em telefonia pela posição da Anatel é de estimular o internet no Brasil ou mesmo as cen- uso de tecnologias que ofereçam vantenas de integradores que existem no tagens, comodidades e utilidade ao

usuário, para que diversifique e amplie a oferta de serviços. “O importante não é definir o prestador, mas saber quais são os serviços que a empresa necessita”, diz Cláudio Akira Endo, diretor de tecnologia e projetos da Telsinc, especializada em telecomunicações com foco em serviços corporativos, baseados em tecnologias de IP. Isso porque o VoIP permite outras aplicações que não apenas a voz, mas também dados. Além da tradicional agenda eletrônica, é pos-

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TI tos e software, o leque de opções se torna muito amplo. Além das empresas prestadoras de serviços, fabricantes de equipamentos que antes se preocupavam apenas com a venda de produtos buscam ganhar mercado através da terceirização de serviços para o nicho corporativo. “As empresas não precisam mais das operadoras de telefonia se um pequeno ou grande integrador pode dar conta do recado”, diz o executivo da Damovo, que construiu e implementou mais de 1 milhão de portas de redes de voz e dados no país. Um desses exemplos é a Comgás, maior empresa de distribuição de gás natural do Brasil, que conseguiu uma redução de 16% nos custos com telefonia fixa numa parceria que se estende desde 2001. Os serviços da Damovo incluem o gerenciamento de uma completa estrutura de comunicação e técnicos e atendentes que dão suporte a cerca de mil usuários. A Dacasa Financeira, que atua no mercado oferecendo soluções em crédito para lojistas e clientes em todo o Espírito Santo e sul da Bahia, também optou por uma solução de telefonia IP para ampliar seus negócios e melhorar as operações de call center. “Era um projeto que começava do zero, não fazia sentido não optar pelo IP”, diz Akira Endo, se referindo à

CARLOS PEREIRA

sível ter uma secretária eletrônica acessível por meio da internet, notícias on-line, acesso a banco de dados, informações de trânsito ou do clima, até mesmo sistema de videoconferência. “As possibilidades são infinitas, dependem apenas das necessidades dos empreendedores”, diz César Augusto Correia, diretor da Damovo, empresa especializada em tecnologia convergente que oferece serviços de consultoria, implantação e gerenciamento de projetos. Para Augusto Correa, os empreendedores não estão apenas atentos para uma nova era tecnológica na comunicação de voz, mas na melhor forma de conciliar o interesse da organização e dos usuários. Um dos motivos, segundo Augusto Correa, é que apesar da redução de custo, a transição tem que ser feita da maneira mais gradual possível, sem grandes rupturas. “A migração das tecnologias analógica e digital para a telefonia IP não vem ocorrendo de acordo com a velocidade esperada.” É necessário fazer uma atualização, levando em conta o investimento que já foi feito em estrutura de telefonia. A tecnologia VoIP é um padrão aberto, o que apresenta vantagens e desvantagens. Ao passo que o empreendedor não fica preso a apenas um fornecedor de equipamen-

construção de uma nova sede da empresa. “A melhor prova de que selecionamos a solução adequada é o resultado que estamos atingindo com os nossos clientes. Eles percebem, a cada contato, que atendemos com agilidade e, por este motivo, somos reconhecidos. Além disso, a telefonia IP permitiu e permitirá nossa expansão de filiais com facilidade de integração de nossos sistemas”, explica Ronaldo Silva, gerente de TI da Dacasa Financeira. Mas para Akira Endo, as pequenas e médias empresas precisam de muito mais do que redução de tarifas, pois a crescente busca de soluções de telefonia IP faz com que esse mercado seja ainda mais exigente. Ele acredita que os integradores, além dos tradicionais serviços de consultoria e venda, precisam criar valor para o cliente e devem atuar em conjunto com as operadoras. O executivo aposta na diplomacia ao enfrentamento. “Nós temos experiência no meio empresarial, as operadoras têm o desafio de trazer essa tecnologia para o cliente final”. Na sua visão, os fornecedores de equipamentos, além de vender software e hardware, têm que desenvolver aplicações que integrem soluções de voz, dados, imagem e conteúdo. “A telefonia IP ainda está buscando a maturidade”, diz.

Banda larga

Correia: migração para VoIP não atingiu a velocidade esperada

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A explosão do VoIP só aconteceu devido à disseminação das conexões de alta velocidade nos últimos anos, um mercado que deve fechar o ano com 2,9 milhões de usuários. Em 2002, eram cerca de 700 mil. Houve, portanto, um crescimento de 414%. Mesmo assim, as redes de alta velocidade estão disponíveis para apenas 4,1% da população, um índice comparável com a China e Colômbia, mas abaixo dos 27% dos Estados Unidos e longe dos quase 80% da Coréia do Sul.


VoIP

Akira Endo: pequenas e médias empresas precisam de muito mais do que a redução de tarifas Para isso, as operadoras terão que realmente mudar não só na tecnologia, mas também em tópicos especialmente sensíveis, como tarifas: “As operadoras tradicionais podem oferecer um pacote de serviços, vender um ponto de telefone e cobrar por serviços”. A escolha deve obedecer critérios como disponibilidade, independência da estrutura, serviços, aplicações e controle de qualidade: “Como posso atrelar um serviço que

é baseado num serviço de internet banda larga de outra empresa?” A batalha entre empresas de telefonia por internet e as operadoras tradicionais já ganhou contornos de batalha comercial. Os usuários do Velox, serviço de conexão em banda larga da Telemar, não podem contratar outras empresas que oferecem mecanismos para usar a internet como telefone. A Anatel refutou os argumentos da empresa, afirmando “que não há restrição regulamentar que impeça uma prestadora de Serviço de Comunicação Multimídia usar a tecnologia Voz sobre IP no provimento de comunicação de voz”. A Telemar voltou atrás. O importante, para Akira Endo, é analisar qual a estratégia empresarial da prestadora de serviços, a fim de visualizar a sua sobrevivência num mercado que também deve ser ocupado pelas companhias telefônicas tradicionais. A GVT está investindo cerca de R$ 20 milhões para criar a Vono, uma subsidiária exclusivamente baseada em VoIP, que vai atender 146 cidades. O consumidor pode escolher entre comprar R$ 15 em créditos iniciais e depois fazer a recarga quando for conveniente. Toda a operação é baseada na internet e a empresa quer conquistar cem mil usuários até 2006.

Novidades Quem domina o mercado brasileiro de VoIP é o Skype Out – o Brasil tem o quarto maior número de usuários do Skype no mundo, cerca de 3,8 milhões, e está atrás dos Estados Unidos, Alemanha e Polônia. A empresa abriu uma filial no país e colocou a venda de cartões pré-pagos de telefonia pela internet em mais de 30 mil estabelecimentos, incluindo bancas de jornal. Ela acredita que a melhor tática para ganhar mercado é construir alianças com operadoras locais para conquistar dinheiro em escala. O Yahoo!, maior portal da internet, também anunciou um serviço de telefonia on-line, que permite ao usuário de computadores fazer e receber chamadas a partir de telefones comuns em 180 países, incluindo o Brasil. A companhia planeja cobrar US$ 0,01 por minuto de conexão para usuários do Yahoo! Messenger que ligarem dos Estados Unidos e uma tarifa de US$ 0,02 por minuto de telefonemas originados de outros países.

No mundo Porcentagem de casas com acesso banda larga.

No Brasil Milhares

2002

2003 2004

2005

ADSL

530

983

1883

2406

TV a cabo

135

203

367

452

Rádio

ND

13

30

44

Total

694

1199

2280

2902

Fonte: Arthur D. Little

Países Emergentes

Países em crescimento

Malásia Brasil República Tcheca China Croácia Venezuela Colômbia

Suíça Holanda Bélgica Estados Unidos Suécia Áustria França Espanha Portugal Itália Alemanha Reino Unido

4,6% 4,1% 4,1% 4,0% 2,8% 2% 0,5%

40,1% 39% 29,5% 27,4% 26,6% 25% 16,3% 14,7% 14,5% 13,9% 13,5% 11%

Países Maduros Coréia Hong Kong Taiwan Japão Cingapura

79,2% 65,5% 56,1% 43% 42,2%

Janeiro 2006 – Empreendedor – 47


TI

suporte

Giga expansão Um sonho para qualquer usuário doméstico ou corporativo, um privilégio para universidades, centros de educação tecnológica e institutos de pesquisa: a nova Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), backbone que interliga mais de 240 instituições, vai proporcionar a mais de 1 milhão de usuários em todo o país taxas de comunicação de até 10 gigabits por segundo – cerca de 200 mil vezes mais rápida que uma conexão discada. Estão sendo investidos R$ 40 milhões na implantação de novos enlaces do backbone e na criação de 27 redes ópticas metropolitanas. A RNP integra todos os 26 Estados do Brasil e o Distrito Federal por meio de uma rede de alto desempenho, criada para dar suporte à pesquisa avançada e à educação brasileira. A maior parte dos projetos são

lidade de serviço. No ano passado, foram atualizadas as conexões entre dez unidades da federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília, a 10 Gbps, e Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pernambuco e Ceará, a 2,5 Gbps. Os demais Estados estão conectados por links de até 34 Mbps, mas a previsão do Governo é de que todos passem a operar com taxas na ordem de gigabits até 2007. “A ampliação da capacidade de transmissão de dados da RNP vai viabilizar o desenvolvimento e uso de novas aplicações e a colaboração à distância em níveis muito mais avançados que os atuais”, diz Mannarino. A RNP é suporte para diversos programas interminisUp-grade faz Rede Nacional de teriais. O Ministério da EducaEnsino e Pesquisa (RNP) operar ção pretende lançar ainda em até 10 gigabits por segundo neste ano a Universidade Aberta do Brasil, ampliando, colaborativos, nos quais grupos de por meio do ensino à distância, a capesquisadores de diversas institui- pacidade de formação de profissioções somam competências e recur- nais de nível superior. O Ministério da sos, o que requer um ambiente de Cultura utiliza a rede para a realizarede para a comunicação e troca de ção de projetos de desenvolvimento informações entre os participantes. O correio eletrônico, a transferência de arquivos e a publicação de dados em websites são ferramentas de rede que atendem a essas demandas. Ou melhor, atendiam. Segundo Marcus Vinícius Mannarino, gerente de comunicação e marketing da RNP, estão em andamento no Brasil pesquisas que exigem infraestrutura de rede com grande capacidade de transmissão de dados e suporte ao uso de aplicações especiais. Pesquisadores de áreas como física de altas energias, meteorologia, astronomia e telemedicina têm necessidade de manipulação, armazenamento, processamento e acesso a Resende: nova RNP é parte de um grandes volumes de dados, com qua- grande projeto de inclusão digital

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de conteúdos culturais e de democratização do acesso a eles, como o ciclo de palestras “O Silêncio dos Intelectuais”, promovido em 2005. Outra iniciativa, do Ministério da Ciência e Tecnologia, chamada Rede-Conhecimento, prevê a geração e integração de conteúdo e a ampliação do sistema nacional de computação de alto desempenho. Para o ministro desta pasta, Sérgio Resende, a nova RNP é “parte de um grande projeto de inclusão digital da sociedade brasileira”.

Passaporte da nova era O novo sistema permite ao Brasil participar de avançados programas científicos internacionais. É o caso do CMS, que envolve 1.870 cientistas distribuídos em 150 instituições de 31 países. Os 30 pesquisadores brasileiros (físicos, engenheiros e cientistas da computação) necessitavam de conexões compatíveis para acesso e processamento de uma massa de dados de 20 petabytes gerada anualmente pelo novo acelerador do Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, do francês Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire). Outro exemplo é a participação do Brasil como líder do consórcio internacional SOAR (Southern Observatory for Astrophysical Research), que implantou um telescópio para observações astronômicas no Chile. O telescópio pode ser operado remotamente, assim como o acesso às imagens também pode ser feito via rede. Na área de telemedicina já existem projetos em andamento para desenvolver técnicas de manipulação remota de instrumentos cirúrgicos e permitir a realização de operações à distância. Isso é possível porque a nova infra-estrutura da RNP


wireless

Wap-se! adota o estado da arte em tecnologias de rede, baseadas em fibras ópticas. O backbone brasileiro inicia um novo ciclo e se equipara às principais redes avançadas do mundo, como Internet2 (EUA), Géant2 (Europa) e CaNet*3 (Canadá). A tecnologia óptica ainda possibilita rápida evolução para novos patamares de velocidade a um custo relativamente baixo. O Brasil é pioneiro no uso desta tecnologia na América Latina, com o Projeto Giga, rede experimental inaugurada em maio de 2004 pela RNP e pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), e a atual rede óptica da RNP é a primeira rede não-experimental deste tipo na região. Para Mannarino, há uma tendência de que as novas aplicações que serão desenvolvidas a partir de necessidades do meio acadêmico sejam adaptadas às necessidades de mercado e oferecidas por empresas, como vem ocorrendo desde que a rede acadêmica foi criada. A RNP – primeiro backbone do Brasil – teve participação ativa no início das atividades comerciais ligadas à internet, em 1995, elaborando guias para a criação de provedores de acesso e de informação, atendendo usuários e conectando empresas enquanto os provedores comerciais estavam se estruturando. “A transferência de tecnologia e de recursos humanos para o setor privado foi um resultado positivo para o país”, diz. Ao excluir operadoras de telecomunicações, as instituições ligadas a RNP constituem a primeira organização a apresentar demanda dessa ordem – gigabits – para serviços de transmissão interestadual e internacional de dados. Mannarino diz, no entanto, que a evolução do uso de conteúdo multimídia e a convergência de mídias e tecnologias certamente exercerá uma pressão por maior capacidade de transmissão de dados em ambiente comercial.

O crescimento do mercado de comunicação de dados via telefone móvel está engordando a receita das operadoras de celular. Os recursos

A conexão sem fio é uma tendência obrigatória provenientes dessa área já representam 5%, em média, no faturamento, e têm boas chances de aumentar nos próximos anos, a exemplo do que aconteceu em outros países, em que essa taxa é bem maior – cerca de 20%. O investimento nesse nicho contribui para dar novo fôlego à tecnologia Wireless Application Protocol (Wap), protocolo internacional que faz a transmissão sem fio de conteúdo da internet para dispositivos móveis, aparelhos de telefonia móvel, por exemplo. Encontrar oportunidades nessa área é o foco de muitas operadoras. Muitas utilizam o Wap para oferecer serviços originais aos clientes, como permitir atualizar blogs e fotologs, enviando textos e imagens via celular. É o caso da CTBC, empresa de telefonia do grupo Algar – que atua no ramo de telecomuni-

Valor do acesso à lista

cações, agronegócios, entretenimento e infra-estrutura. A CTBC também criou um serviço recente que permite ao usuário de celular consultar a lista telefônica via Wap. Ao todo, são 530 mil números de telefones fixos, mesmo número da lista impressa, que poderão ser acessados de qualquer lugar dentro da área de concessão da operadora nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. O cliente tem a opção de fazer a busca por produto ou serviço, nome, sobrenome, endereço ou telefone. Segundo Fernanda Campolina Nogueira Rauber, coordenadora de Negócios Móvel da CTBC, o serviço de lista Wap tem como objetivo oferecer maior comodidade ao cliente, facilitando e agilizando a consulta. E até reduzir custos, pois a taxa de ligação para o auxílio à lista tem um custo mais alto. “O usuário não paga assinatura do serviço, apenas o tráfego que pode ser por tempo ou Kbyte, conforme escolha do cliente.” Ela conta que a empresa espera atender 40 mil acessos por mês, em média, provenientes de aparelhos Gsm e Tdma, tanto pré-pago quanto pós-pago. “Projetamos ter um crescimento de 10% de acesso por mês durante o primeiro ano de lançamento do serviço”, diz.

TDMA: cobrança por tempo varia de R$ 0,06 a R$ 0,14 (de acordo com o pacote de minutos escolhidos).

GSM: possui duas modalidades de cobrança: kbyte: R$ 0,008/kbyte tempo: R$ 0,25 a R$ 0,35. Janeiro 2006 – Empreendedor – 49


TI

Integração à distância Muitos empreendedores visualizam a área de TI como uma vitrine que serve mais para impressionar clientes e parceiros, sem nenhuma ligação com a estratégia da empresa, retorno em produtividade, redução de custos e até mesmo facilidade de uso para os colaboradores. É um engano analisar a pujança de uma empresa com base no seu gasto em tecnologia. Comprar um sistema de videoconferência não é um enfeite para colocar na mesa. É entender que a comunicação face a face permite nuances e desvendar sutilezas, mesmo que não se esteja no mesmo local que o interlocutor. “É possível descobrir a reação com quem se está conversando. A apresentação de um novo projeto pode estar muito longe, e podemos saber se um cliente torceu o nariz para uma proposta comercial”, diz José Alfredo Souza, gerente da divisão de videoconferência da Mude, representante de multi-

Souza: mercado é avaliado em cerca de US$ 10 milhões no país

Isso porque os modernos sistemas de videoconferência permitem que se trabalhe de forma cooperativa, compartilhando informações e materiais de trabalho sem a necessidade de locomoção A videoconferência deixa de ser um geográfica. É possível agregar aplicações poacessório e passa a se incorporar pulares como uma plaao modelo de negócios das empresas nilha de cálculo, um editor de texto e de imanacionais líderes em tecnologia nas gem ou até mesmo um software para áreas de redes, armazenamento e desenho técnico. “Cada vez mais, os segurança. executivos e empreendedores estão Além de fatores não mensuráveis, preocupados com a qualidade da inembora essenciais, como o estado de formação, com o que posso colocar espírito de um possível comprador, na tela de um videofone para ajudar uma das maiores vantagens do video- na comunicação”. fone é a economia em viagens de A Mude comercializa uma solução negócios. Trata-se de um dos maio- da Tandberg, uma das líderes mundires custos no orçamento das grandes ais em soluções para videoconferênempresas atrás apenas dos gastos cia. Para Souza, qualidade do equioperacionais e de recursos humanos, pamento conta: “Ele tem baixos gasem muitos casos à frente até dos in- tos com manutenção e a Tandberg se vestimentos em tecnologia de infor- compromete em substituir peças e vimação. “Quando um executivo viaja, deofones que derem problema”. Esse leva muitas informações com ele, se- mercado é avaliado em cerca de US$ jam impressas ou num laptop. Com 10 milhões no país e com apenas um a videoconferência ele não precisa se ano de operação a Mude já alcançou preocupar em alugar um projetor um nível próximo a 10%. Um dos para demonstrar o potencial de um maiores clientes da empresa é a Braproduto”, diz Souza. sil Telecom, que investiu em cerca de

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60 equipamentos compactos, mais fáceis de usar do que uma sala de conferência. “Como a demanda por videoconferência era grande, a empresa resolveu investir em equipamentos para serem colocados na mesa de trabalho dos gerentes”. Além do segmento corporativo – por exemplo, a integração entre matriz e filial – que corresponde a cerca de 40% do faturamento da divisão de videofonia na Mude, a empresa também investe em outros mercados, como governamental, telemedicina (o especialista pode opinar sobre um procedimento cirúrgico em tempo real) e educacional (o chamado distance learning permite criar uma sala de aula remota em que o professor pode interagir com os alunos e viceversa). O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo economizou cerca de R$ 300 milhões ao substituir por teleconferência o deslocamento de prisioneiros de alta periculosidade de Presidente Bernardes, o que normalmente exige um escolta armada. É possível também reduzir os custos de treinamento de pessoal para o departamento de recursos humanos. A videfonia é um sonho antigo, expresso em filmes e séries como Jor-


novos negócios nada nas Estrelas e os Jetsons. No início da década de 90, ela parecia se tornar uma realidade com o desenvolvimento do padrão ISDN, sigla em inglês para rede digital de serviços integrados, mas não foi o que aconteceu, porque os preços dos terminais eram inviáveis para a grande maioria dos usuários. Mas hoje a tendência é que, finalmente, a tecnologia chegue até o consumidor final. Testes já têm sido feitos com os celulares de terceira geração que recebem dados em alta velocidade, embora não transmitam de maneira satisfatória.

Somado aos avanços dos processadores e de melhores esquemas de compressão de dados fizeram de softwares como o Skype e o Messenger da Microsoft um sucesso. Estes programas tornaram viável a videoconferência pelo computador. Ao contrário das soluções corporativas, eles não exigem salas privadas ou equipamentos especiais e caros, apenas um serviço de banda larga e uma webcam que custa em média R$ 50. Só como comparação, a solução mais barata da Mude custa cerca de US$ 2500; a mais cara uns US$ 80 mil.

Mesmo assim, Souza não analisa esses softwares como uma ameaça. “Esses tipos de serviço podem até desacreditar a videoconferência porque não tem uma qualidade esperada. Trabalhamos com soluções profissionais”. Mesmo assim, a Mude quer tirar proveito da popularização da videofonia, pois a demanda deve aumentar, a qualidade dos equipamentos melhorar e o custo diminuir. “A tendência é a videofonia virar commodities: cada vez mais barato e inteligível. Cada vez mais parecido com o telefone”, diz Souza.

O videofone que conquistou a Europa A Urmet Daruma, presente no Brasil e na América Latina e dona de um terço do mercado nacional de telefones públicos, pretende fabricar no país um aparelho de videofone que já é sucesso na Itália e no México. O equipamento permite conversar ao vivo com outra pessoa e transmitir imagens por meio de uma ligação de telefone fixo para fixo através de um modem interno e uma tela de 10 cm2 que fica do lado superior direito e mostra as imagens das duas pessoas. O aparelho também possui uma mini câmera para captar o rosto de quem está telefonando. Outra vantagem é um leitor de sim card, que permite ao usuário repassar os números da agenda do celular para o videofone. O aparelho também registra as imagens das pessoas que ligaram, desta forma, quando o usuário receber mais tarde a mesma ligação, a imagem aparecerá com o sinal da chamada, identificando visualmente quem está ligando. É possível também utilizar vários toques musicais. “O design é bastante didático e simples,

para funcionar basta conectá-lo à tomada telefônica”, diz Edson Galindo, diretor comercial de telecomunicações. O videofone já vem preparado para operar serviços de SMS e MMS, muito populares nos celulares, basta que a operadora ofereça o serviço. Essa tecnologia não precisa do acesso à internet banda larga. Uma linha telefônica convencional já basta para conversar com acesso a imagens. O know-how é italiano e num

primeiro momento deve ser importado até que a linha de montagem em Taubaté esteja pronta. As empresas de telefonia fixa queriam o videofone para o Natal, mas houve atrasos na homologação. A Urmet Daruma também aguarda os planos das empresas de telefonia para a comercialização. Na Europa, o aparelho é um sucesso, só a Telecom Itália vendeu 500 mil linhas e não cobra a mais do assinante para utilizar o serviço. “Eles ganham com o aumento de tráfego na rede, o que acaba compensando o investimento”, diz Campo Grande. O aparelho deve custar no Brasil menos de R$ 1 mil e, a exemplo do que acontece com os celulares, as operadoras de telefonias fixas podem optar por subsidiar os aparelhos, como a Telmex fez no México.“O videofone representa um grande estímulo para a telefonia fixa, que tem perdido clientes de forma gradual e progressiva para os celulares”, diz Campo Grande. Ainda não existem estimativas de venda no país.

Galindo: design é didático e simples e para funcionar basta conectá-lo à tomada telefônica

CARLOS PEREIRA

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TI

Por Carol Herling (carol@empreendedor.com.br)

produtos

TI para pequenas e médias empresas Como estratégia para fidelizar clientes entre as micro e pequenas empresas, a Cisco Systems fechou parceria com a distribuidora Mude para a aprovação do faturamento direto aos usuários finais de suas tecnologias, como a videoconferência por telefonia IP (foto). O objetivo é

Internet em locais remotos

INDEX STOCK

O Broadband OmniWhere (BBO), serviço de internet móvel desenvolvido pela Impsat, é indicado para quem precisa de conexão com qualidade e custo acessível em lugares remotos ou de difícil acesso. O pacote de serviços oferece disponibilidade 24h, sem a necessidade de encargos extras por tempo e volume, além de conexão de banda larga e IP fixo em qualquer lugar da América Latina. O BBO é baseado em tecnologia satelital avançada e disponível ao usuário em três modalidades, com velocidades de download de 400 kbps, 700 kbps e 1 Mbps. As velocidades de upload chegam a 128 kbps. A tecnologia fornece ainda um IP público na localidade remota. www.impsat.com.br

possibilitar maior acesso pelo mercado às novidades em TI e Telecom e expandir sua atuação entre as pequenas e médias empresas. Com a idéia, a Mude espera realizar negócios com canais que hoje não traba-

Empresa aposta no mercado paranaense A Seprol, líder em Santa Catarina em suprimentos e soluções para TI, iniciou suas atividades em Curitiba com o lançamento de um escritório. Até fevereiro, a empresa oficializa a abertura da sua filial no Paraná. Com foco no mercado corporativo da região Sul, a Seprol também atua em outras localidades brasileiras e conta com a parceria dos principais líderes mundiais do segmento tecnológico, como IBM, BMC, CA, Critical Path e HP. A escolha

do Paraná pela Seprol é estratégica, já que o Estado vem se destacando nos cenários nacional e internacional devido ao crescimento no setor de tecnologia de informação e comunicação. “Esse crescimento foi possível devido à boa qualidade de ensino em suas universidades, que atuam em parceria com centros de pesquisas, Governo estadual e municipal”, afirma Octávio Guimarães, consultor de negócios da Seprol no Paraná. www.seprol.com.br

Mobilidade para cooperativas De olho no mercado de cooperativas agrícolas – que no Brasil reúne 1,5 milhão de trabalhadores associados em mais de duas mil entidades – a MGI lançou o pacote Cooperate Mobile, composto por Pocket HP com soluções em mobilidade para o agronegócio. O serviço tem como objetivo promover a total automação do comércio de insumos para engenheiros

e técnicos agrônomos, sendo que o Pocket possibilita que um produtor, ao receber a visita de um engenheiro agrônomo, tenha um acompanhamento pontual de sua produção através da tecnologia. Segundo a MGI, os benefícios para o usuário de cooperativa são o controle do planejamento de plantio e a automação das vendas de produtos. www.mgi.com.br

Rede organizada Com a proposta de desenvolver ferramentas de trabalho para as empresas atenderem seus consumidores finais pela internet, o empresário e especialista em TI, Eduardo Favaretto, desenvolveu o portal iBuscas (www.ibuscas.com.br). Segundo Favaretto, depois do boom da internet a partir do final do ano 2000, a rede passa agora por um novo momento, chamado pelos analistas de Web 2.0, em que é necessário organizar as informações e ferramentas para melhor aproveitamento. “Tornou-se vital filtrar informações, usar ferramentas adequadas para a realiza-

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lham com a Cisco, principalmente pela restrição do faturamento direto. A expectativa é aumentar em 50% o número de canais em 2006 e, conseqüentemente, um aumento na mesma ordem para vendas no mercado SMB. www.mude.com.br

ção de cada tarefa on-line para tornálas úteis ao nosso dia-a-dia”, explica. Entre os primeiros produtos e serviços oferecidos pelo iBUSCAS estão o iBUSCAS NewsLetter (ferramenta de e-marketing para o envio de comunicados sobre lançamentos e promoções), o iBUSCAS SiteSubmit (que faz divulgações de sites, lojas virtuais, produtos e serviços em mecanismos de buscas nacionais e internacionais) e o iBUSCAS Ecommerce (que já está em fase de comercialização e permite ao usuário terceirizar todo o processo de administração de seus negócios on-line).


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Franquia Total

Suplemento Especial da Revista Empreendedor – Ano V – Nº 52

Crescimento além da meta Redes atraem mais empreendedores e atingem índice acima da média nacional O franchising é um dos setores que mais se expandiu nos últimos anos, superando sempre os índices de crescimento da economia brasileira. As redes conseguem manter os planos de expansão e ganham força com ações conjuntas de marketing e de gestão, que minimizam os custos entre os franqueados. Segundo o consultor André Friedheim, da Francap, “a expansão em 2005 deve ficar um Someday: sete novas franquias em um ano e 21 lojas em 15 cidades pouco acima da meta fixada no início do ano, de 10% de crescimento”. amento. Tudo isso, somado aos es- na Someday, que encerrou 2005 com É um resultado importante, “que tra- forços individuais das empresas do excelentes resultados e vendo cumduz a força do sistema, em especial sistema, explica o crescimento regis- pridas todas as metas estabelecidas se comparado ao desempenho do trado”, afirma o consultor. para o ano. Nos últimos 12 meses PIB, que deve ficar na faixa de 3,5% Dados da Associação Brasileira de foram inauguradas sete novas frana 4%”, afirma o consultor. Franchising mostram que, em 2004, quias, contabilizando um total de 21 Friedheim diz que o faturamento do sistema lojas em 15 cidades brasileiras. Além cada vez mais empreencresceu 9% em relação a disso, a empresa de Santa Catarina sudedores estão sendo atra2003, atingindo R$ 31,6 bi- perou a marca de distribuição em 200 ídos por esse crescimenlhões. No mesmo período, lojas multimarcas. “Este ano chegato, por intuir que o beneo número de empresas que mos em Santo André e São José dos fício é mútuo. “Novas aderiram ao sistema cres- Campos, no Estado de São Paulo, e empresas e algumas inceu 20%. Para 2006, a ex- também nas capitais Aracaju (SE), dústrias aderiram ao sispectativa é manter o mes- Natal (RN), Salvador (BA) e Rio de tema. O Governo vê o mo ritmo de crescimento Janeiro (RJ), além de estrearmos em franchising como uma Maringá, uma das mais importantes em torno dos 10%. alternativa para a geração cidades do Paraná”, conta Volnei Mude empregos e abre disniz de Moura, gerente comercial da Pontos-de-venda cussão por meio de câAlgumas redes conse- empresa. Até o final de dezembro ele maras setoriais. Os banguiram ultrapassar ainda contabilizou o índice de 45% de crescos perceberam o poten- André Friedheim: mais esses números, re- cimento durante o ano. cial do setor e abriram interesse do Governo velando a força do setor. Das 96 multimarcas do final do novas formas de financi- e dos bancos É o caso da grife femini- ano passado, a Someday mais que Janeiro 2006 – Empreendedor – 55


Franquia Total dobrou a sua distribuição, ultrapassando a marca de 200 pontos-de-venda. Mantém show room permanente e trabalha com a ferramenta e-commerce. Também ampliou o número de representantes, que atuam nas regiões Sul e Sudeste e renovou pedidos para Portugal e Grécia. A Espanha deve ser o próximo destino internacional. Esses fatores são bem favoráveis às estimativas para 2006, que prevêem um crescimento de pelo menos 35%. Alimentação No ramo da alimentação, uma das redes que se consolidou foi a Empada Brasil, que aderiu ao sistema em 2002. No início de 2003 possuía 13 unidades (12 no Rio de Janeiro e 1 em São Paulo). Hoje são 56 lojas em sete Estados e no Distrito Federal, sendo que 18 delas foram abertas em 2005, um crescimento de 47%. “Atingimos a meta estabelecida para este ano. Em 2006, esperamos obter o mesmo desempenho”, afirma Francisco Christóvão, proprietário. Cada unidade fatura, em média, R$ 30 mil por mês. Outra rede no setor que teve bom desempenho foi o Montana Grill Express, que começou o ano com 27 unidades e hoje está com 41, além de outras nove já negociadas, um crescimento de 85%. O faturamento mensal de cada loja é de R$ 80 mil. Antecipando as perspectivas anunciadas, a rede de franquias Rei do Mate anunciou em dezembro a assinatura do contrato de número 200. Há 35 anos no mercado, com faturamento previsto para R$ 60 milhões ao ano, a rede de franquias vem registrando crescimento anual de 18%. Em 2004, foram inauguradas 31 novas unidades. Enquanto 2005 serão 35 lojas, somando um movimento de R$ 5 milhões. “Os resultados positivos são fruto de um trabalho árduo de prospecção e garantia de boas condições de negócios, apoio ininterrupto e de parceria com os nossos atuais e futuros fran-

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queados”, conta o diretor comercial e de marketing do Rei do Mate, Antônio Carlos Nasraui. Os números contabilizados pela empresa em relação ao desempenho de sua cadeia de franqueados também

são muito positivos. Hoje, os registros mensais indicam vendas de 250 mil xícaras de café gourmet, 1,2 milhão de copos de mate e 4 milhões de pão de queijo para cerca de 1,4 milhão de clientes.

Bons resultados O fim do ano é o período mais importante para a rede de cosméticos O Boticário. A expectativa de fechamento para 2005 era contabilizar um incremento de até 20% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Para atingir a meta, a empresa investiu em várias frentes: um novo produto, a volta de edições limitadas, brindes exclusivos, ações de marketing e campanha publicitária. Além dos cerca de 550 itens disponíveis regularmente nas lojas, O Boticário preparou 13 estojos promocionais especialmente para o Natal, com embalagens diferenciadas, elegantes e que valorizam ainda mais os produtos da marca. “Além das sugestões preparadas pelo O Boticário, o cliente teve a opção de escolher um presente de acordo com o perfil da pessoa a ser presenteada”, ressalta Andrea Mota, Diretora Comercial do O Boticário. A estratégia de vendas contou ainda com ações de marketing e publicida-

de que foram divididas em dois momentos. O primeiro foi a campanha “Antecipe seu Natal”, que começou em novembro. A partir de primeiro de dezembro, a imagem de anjos apresentaram o Natal Boticário. “Independente de crença ou religião, eles são reconhecidos como mensageiros, emissários da bondade, do amor incondicional, da bem-aventurança” explica Márcia Magno, diretora de Comunicação do O Boticário. Uma área especial também foi desenvolvida na página do O Boticário na internet (www.boticario.com). Além de dicas de presentes e apresentar os kits preparados pela empresa, o espaço trouxe uma brincadeira, a corrente do bem: quem acessava o hot site podia enviar mensagens de Natal para parentes e amigos. A cada mensagem enviada, uma flor era colocada na asa do anjo com o nome do remetente. Quanto mais mensagens eram enviadas, mais anjos eram criados.

O Boticário: um novo produto, a volta de edições limitadas, brindes exclusivos, ações de marketing e campanha publicitária


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CASA DA PHOTO

Franquia Total Evite atropelos Apesar dos bons resultados do sistema de franchising, sempre vale a dica de que todo cuidado é pouco para evitar atropelos. As metas de expansão devem estar bem respaldadas nas possibilidades que a franqueadora pode oferecer aos franqueados. A consultora Cláudia Bittencourt, sócia Diretora da Bittencourt Consultoria e Academia do Franchising & Negócios, alerta que franquear um negócio significa conceder o direito de uso de uma marca, associada muitas vezes à distribuição de produtos de forma exclusiva ou de serviços e de um conceito de negócio que deu certo. O ato de franquear exige o “dar o exemplo”. E como o empresário pode dar o exemplo? Primeiro, repensando a empresa como um todo e definindo um plano de metas para curto, médio e longo prazo, com base na missão proposta para a empresa, de forma a preservar os valores e os princípios éticos e morais da instituição, dos sócios e dos colaboradores. Depois deve reavaliar os resultados da empresa e o crescimento verificado nos últimos anos, se é auto-sustentável ou se está dependente de capital de terceiros. Este é um dos principais fatores a ser analisado antes de um processo de expansão com franquias. Aí sim, pode passar para a etapa de rever os processos, o sistema de gestão administrativa, financeiro, comercial, enfim, avaliar o quanto as operações da empresa estão sob controle e se as ferramentas são adequadas, se o nível de tecnologia utilizado gera economia, se evita desperdícios, se é eficaz e se permite agregar valor ao produto, ao serviço e ao atendimento do cliente. Analisar o perfil dos funcionários, se estão capacitados para atuar de forma eficaz com os novos processos, deve ser outra etapa realizada antes de expandir. “Agora sim, cumpridas as etapas acima o empresário terá toda condição de formatar o sistema de franquias de forma a replicar o motivo do seu sucesso”, afirma a consultora.

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Master Rental: crescimento em 2005 de 38% em relação a 2004

Serviços Além da alimentação, os serviços também garantiram bons resultados em 2005. As franquias de locação de veículos souberam aproveitar o crescimento econômico. A Master Rental, por exemplo, uma das maiores do setor, faturou R$ 55 milhões em 2005, um crescimento de 38% em relação a 2004. A rede começou o ano com 29 unidades (19 próprias e 10 franqueadas). Hoje são 45 lojas em 15 Estados e no Distrito Federal (29 próprias e 16 franqueadas). Para 2006, a meta é abrir mais oito franquias e quatro lojas próprias. “Os resultados mostram o motivo pelo qual o Governo, os bancos e diversas empresas investem no sistema. Ao contrário do que alguns pensam, o franchising ainda tem muito espaço para crescer no Brasil, um país de dimensões continentais e com regiões ainda pouco exploradas”, conclui o consultor André Friedheim. E isso sem contar a crescente tendência de algumas redes de iniciarem operações no exterior, como é o caso das escolas BIT

Company, Wizard, Fisk, das redes de fast food Habib’s, Spoleto, entre outras dezenas de franqueadoras. Esta atuação ganha respaldo na parceria da ABF com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX-Brasil) que incentiva a participação nas feiras internacionais, tendo como foco os mercados mexicano, americano, português e espanhol.

Linha Direta Bittencourt Consultoria (11) 3673-9401 Empada Brasil (24) 2237-7979 Francap (11) 3709-3709 Master Rental (11) 3352-8888 Montana Grill Express (11) 3709-3709 O Boticário (41) 381-7000 Rei do Mate (11) 3081-9335


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Franquia Total

Hora do empréstimo

Verão leve A chegada da estação quente leva a rede China House, de comida chinesa, a adaptar o cardápio para agradar mais consumidores. Com seis unidades na capital paulista, a empresa passa a oferecer saladas, peixes e pratos à base de camarão para atender os que buscam opções mais leves entregues em domicílio. Oferecer um cardápio variado, além dos tradicionais pratos da culinária chinesa, faz parte da estratégia da rede para crescimento e conquista de clientes. “Entre famílias, casais e amigos, há sempre alguém preocupado em não consumir produtos muito calóricos. Por outro lado, o consumo

de saladas se intensifica no verão. Por isso, esperamos que esses pratos representem 10% das vendas nos próximos meses”, diz Jorge Torres, diretor de franquias da China House. A entrega rápida também é considerada estratégica para o aumento de vendas e fidelização de clientes. A rede conta com uma equipe especializada na entrega de pedidos, com um número de motoboys acima da média praticada no mercado e tempo recorde de entrega estipulado em no máximo 30 minutos. Os pedidos podem ser feitos por telefone ou pela internet. www.chinahouse.com.br ou (11) 6239-9900

Massas para todo lado Rio de Janeiro e São Paulo serão os principais alvos da expansão da Spedini Trattoria Expressa nos próximos dois anos. Com nove lojas atualmente, a meta da rede de restaurantes especializados em massas é alcançar 20 unidades em um prazo de 12 a 24 meses. A rede negociou a inauguração de mais uma unidade em Curitiba (PR) e outra em Florianópolis (SC), em dois novos shoppings que serão inaugurados nessas capitais. A expansão da Spedini vai criar cerca de 260 novos postos de trabalho. Cada unidade emprega, em média, 13 funcionários. Apesar de todas as unidades estarem instaladas em shoppings, a rede estuda um novo formato para a abertura de unidades de rua, mas sem mudar o tipo de prestação de serviço. “A idéia é transferir o fast food do shopping para a rua, exatamente nos mesmos moldes”, afirma o gerente Comer-

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cial da Spedini, Romano Fressato Neto. A rede prepara outras mudanças para a nova fase de expansão. Cardápio diversificado, acordos unificados com fornecedores e novos uniformes estão entre as iniciativas imediatas. No mês de dezembro foi realizada uma campanha natalina de distribuição aos clientes de 10 mil minipanetones, todos produzidos por Portadores de Necessidades Especiais (PNEs) atendidos por uma entidade da capital paranaense. (41) 3625522 ou www.spedini.com.br

O Banco do Brasil possui produtos específicos para o setor de franchising. Além de manter convênio com várias empresas franqueadoras dos mais diversos setores da economia, disponibilizando linhas de crédito para empréstimos de capital de giro, taxa de franquia, antecipação de recebíveis, financiamentos de investimentos, comercialização de franquias brasileiras no exterior, possui também serviços e facilitadores de atendimento exclusivos para as empresas que atuam no setor de franquia. O BB Franquia, por exemplo, é um programa criado para estimular o sistema de franquias, apoiando a realização de negócios de empresas franqueadoras e franqueadas. Atualmente, as linhas de crédito mais utilizadas são a PROGER Urbano Empresarial, BNDES, BB Giro Rápido, Desconto de Cheques e Antecipação de Crédito ao Lojista (ACL). Há ainda o Proex Financiamento de Franquias, um programa com o objetivo de financiar a comercialização de franquias brasileiras no exterior. O exportador (franqueador) recebe os recursos do programa à vista, podendo conceder prazo para o importador. O contrato de cessão da franquia poderá contemplar o financiamento de treinamento, fornecimento de mercadorias, projeto de instalação da loja, fornecimento de equipamentos, projeto arquitetônico, marca e divulgação. www.bb.com.br


Bob’s de cinema Um restaurante fast food temático, localizado em São Paulo, na avenida Domingos de Morais, está homenageando o cinema. A decoração da loja do Bob’s conta com cortinas que remontam as entradas das salas de cinema, câmaras antigas, rolos e banners de filmes espalhados por todo o salão. Além disso, promoções constantes proporcionam aos clientes ingressos para os melhores filmes em cartaz, geralmente lançamentos. Na inauguração da loja, atores vesti-

dos de Marilyn Monroe e Charles Chaplin estiveram presentes, chegando em uma charmosa limusine conversível vermelha, o que causou um enorme congestionamento no local. A franqueada responsável pelo pioneirismo e originalidade, Marisa Mastrovier, diz que a inovação deve ser uma constante para agradar o público. Hoje

Naturebas em ação

Moda cearense O plano de expansão da rede de moda feminina Dona Florinda está de olho nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Há possibilidade de crescimento na região Sudeste, com foco no interior de São Paulo, nas principais cidades. Criada em 2001 no Ceará por Fátima e Miguel Brilhante, junto com o estilista cearense Josenias Júnior, a rede trouxe ao mercado uma moda colorida. A proposta da marca, com foco no público adolescente e jovem feminino, é criar tendência e se tornar referência em seu segmento. Hoje a Dona Florinda conta com lojas nos principais shopping centers de Fortaleza (CE), Recife (PE) e Belém (PA). Com quatro cole-

Orientação estética Mais do que uma apresentação da empresa, com dados sobre a rede de franquias e as promoções, o site da Vita Derm Day Clinic (www.vitaderm.com) traz artigos que orientam sobre cuidados com a pele, novidades na área da estética, entre outras informações. É uma boa fonte para quem busca dicas, especialmente no verão.

a rede está presente em 23 Estados, com 365 franquias e 63 lojas próprias, e anuncia um amplo investimento no mercado paulista. Até o final deste ano, a rede abrirá mais quatro unidades no mercado paulista, que conta hoje com nove pontos-de-venda próprios e 64 franqueados, somando 73 lojas. (21) 2536-7500

ções anuais, a rede, que tem sede na cidade cearense de Pacajus, fomenta de forma antenada e descolada um mercado que é extremamente exigente e ávido por coisas novas: o das adolescentes. Por isso, a empresa investe em pesquisa para criar. Para ser franqueado, a rede dá preferência para quem tiver experiência comprovada no varejo e possa se dedicar integralmente à franquia. Saber formar e liderar equipe e transmitir um alto grau de motivação e comprometimento com o negócio e seus princípios são outras características valorizadas pelos empreendedores Fátima e Miguel Brilhante. (85) 3348-8000

A rede de cafeterias Casa do Pão de Queijo relança neste verão os sucos de frutas com polpas misturadas. Em janeiro, “Os Naturebas” estarão novamente disponíveis no cardápio da rede. Com o objetivo de aumentar em 22% as vendas de sucos, a rede investiu R$ 500 mil em uma nova campanha de marketing com características e cores da estação. “A rede vende cerca de 480 mil sucos por mês, sendo que os especiais representam mais de 40% dos sucos vendidos na Casa. Por isso, estamos relançando “Os Naturebas”, já conhecidos do público”, explica Susana Ziliotto, gerente de marketing da rede. Os sucos estão disponíveis em seis sabores: Beto Mangaxi (manga com abacaxi), Ana Abacarola (abacaxi com acerola), Edu Abacaju (abacaxi com caju), Malu Laranju (laranja com caju), Zé Laranjola (laranja com acerola) e Didi Mangaranja (manga com laranja). Com 420 lojas franqueadas nos principais shoppings, hipermercados, galerias, ruas e avenidas de todo o Brasil, a Casa do Pão de Queijo tem ainda 800 pontos-de-venda presentes em postos, escolas, restaurantes de empresas através de um licenciamento de marca. www.casadopaodequeijo.com.br Janeiro 2006 – Empreendedor – 61


F ranquia ABF ABF anuncia novidades para 2006 Brasil será sede pela primeira vez do World Franchise Council A Associação Brasileira de Franchising (ABF) fechou 2005 com grandes resultados e anuncia ações para 2006. Em seu primeiro ano à frente da ABF, Artur Grynbaum, presidente da ABF e vice-presidente do O Boticário, concentrou esforços na busca pelo reconhecimento da importância do franchising no cenário sócio-econômico do país. Para tanto, atuou firmemente na abertura de novas oportunidades no exterior, no desenvolvimento de franquias públicas e nas atividades do Fórum Setorial de Franquia junto ao Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior. A ABF, hoje, é o órgão máximo de representatividade do franchising junto ao Governo Federal e está acompanhando de forma pró-ativa os trâmites do Projeto de Lei de Franquia, que propõe alterações na legislação que rege o setor. A associação também desenvolveu um trabalho em conjunto com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para agilizar o registro das marcas, que atualmente pode demorar até seis anos.

Com a reabertura do Fórum de Franquia, em agosto de 2004, a ABF criou uma cartilha para a divulgação do conceito de franchising e iniciou a participação nas feiras internacionais, que fazem parte do acordo com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX-Brasil). Essa parceria visa a exportação das marcas nacionais e tem como foco os mercados mexicano, americano, português e espanhol. Para apoiar o desenvolvimento do setor, a ABF firmou recentemente um convênio de cooperação técnica com o Banco do Brasil, por meio do qual franqueadores e franqueados terão à disposição uma rede de 90 agências capacitadas para atender as necessidades dos empresários do sistema com condições especiais. Outro importante acordo foi selado com a Caixa Econômica Federal, no qual serão oferecidas linhas de crédito para os franqueadores que vão atender desde micro até empresas de grande porte, que poderão financiar de R$ 20 mil até R$ 2 milhões. O BNDES, por sua vez, aumentou o limite do seu cartão

de crédito para franquias de R$ 50 mil para R$ 100 mil.

tadas pela ABF ao longo do ano. A participação nas feiras sob a marca Pavilhão Brasil, a divulgação das atividades no Brasil e no exterior, o material

produzido e distribuído durante as feiras estão alinhados com o objetivo da APEX Brasil de divulgar marcas brasileiras fora do país.

Expectativas para 2006 O ano de 2006 será um marco para o franchising nacional. Em outubro, pela primeira vez será realizada no Brasil a reunião anual do World Franchise Council, que contará com representantes da França, Inglaterra, Alemanha, Canadá, Austrália, EUA, China, Filipinas e México. A ABF renovou o acordo com a APEX com vistas a dar continuidade aos esforços para a internacionalização das marcas nacionais. A ABF Franchising Expo 2006 contará novamente com um pavilhão internacional que reunirá delegações dos seguintes países: Equador, Peru, Argentina, Venezuela, México e Espanha. Além disso, durante a feira, acontecerá em conjunto com o Sebrae a Rodada de Negócios, que tem por finalidade aproximar potenciais compradores e vendedores para que negociem produtos, realizem joint-ventures, sociedades, investimentos e transferência de tecnologias, entre outros.

APEX faz balanço de 2005 O projeto Pavilhão Brasil está no caminho certo. Em reunião especial, promovida pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos/APEX-Brasil, em Brasília, no início de dezembro, foi possível trocar experiências com outros setores, o que mostrou que o resultado desse primeiro ano de parceria foi muito positivo. Essa avaliação vale não apenas para os resultados práticos das empresas participantes dos projetos, mas também para organização e práticas ado-

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2006 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Janeiro – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ 1.500,00 tais, pilhas, lanternas, filmes Capital de giro: R$ 5 mil para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Prazo de retorno: 6 a 12 meses A franquia estuda a inclusão de Contato: Shlomo Revi novos produtos. PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

Babbo Giovanni Franchising Negócio: Pizzaria Telefone: 11-9985-4438 11-5573-0730 franquia@babbogiovanni.com.br www.babbogiovanni.com.br

Apetite por bons negócios? Rede de pizzaria no mercado desde 1917. Participe de um grupo de 88 anos de atuação. Receba nossa experiência na busca e escolha do ponto, treinamento ao franqueado, seleção e treinamento de funcionários, marketing cooperado e central de compras. Comer pizza para nós é um ritual de prazer. Todas as nossas unidades funcionam à noite, servindo as mais deliciosas pizzas, feitas de maneira artesanal, recheadas com os melhores ingredientes e assadas exclusivamente em forno à lenha. Tudo na frente dos clientes, nossa razão de ser. Todos os alimentos são preparados na própria cozinha do restaurante e o franqueado não depende de um abastecimento central. Os ingredientes são fornecidos por empresas de ponta, sempre aprovadas por nossa chefe-nutricionista. Nº de unidades: 9 Área de interesse: todo o Brasil O franqueado BABBO GIOApoio: AJ, EI, FI, MP, OM, PA, PF, VANNI tem a missão de dirigir PM, PN, PO, PP, TR, SP seu próprio estabelecimento, Taxas: franquia R$ 30mil; royalties sempre preocupado com o óti4%; propaganda 2%. mo atendimento a seus muitos Investimento total: R$ 300 mil clientes. Também é responsável Capital de giro: R$ 50 mil por compras, administração e Prazo de retorno: 36 meses marketing. Contato: Pedro Paulo Couto PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


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Guia do Empreendedor Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br

Relações conscientes Teoria provoca impacto no trabalho em equipe e pode fazer a diferença no desenvolvimento das empresas Com o achatamento das pirâmides de reengenharia deixou as pessoas desesorganizacionais no início dos anos 90, truturadas, por isso investir na equipe é a muitas empresas passaram pelo processo chave de tudo. O empreendedor tem que de reorganização de suas estruturas ope- entender que se as pessoas estão bem, há racionais e de seus quadros de funcioná- alta produtividade e comprometimento rios, gerando extinção de cargos, redução com os resultados”, diz. de hierarquias e demissões em massa. Este No seminário O Elemento Humano: fenômeno, que ocorreu com mais inten- Auto-Estima e Liderança Autêntica, Marsidade nas grandes corporações, deixou condes defende que a troca da adminismarcas que exigem, por parte das em- tração por conflitos pela aplicação das presas, a aplicação de políticas com foco chamadas relações conscientes é o atalho no aperfeiçoamento das relações interpes- para os gestores de uma empresa alcansoais entre os funcionários. Ao mesmo çarem melhorias no desempenho operatempo em que aqueles que “sobrevive- cional e na tomada de decisões por parte ram” às mudanças tiveram que se adap- da liderança. E também aborda como o tar à nova realidade do mercado de tra- empreendedor deve se preparar para venbalho, as empresas começaram a ter con- cer a resistência do colaborador, que semtato com correntes teóricas que pregam pre visualiza a crítica, a não-aceitação, o a valorização das pessoas. abandono ou a rejeição quando confronEssas correntes surgiram nos Esta- tado com a possibilidade de estabelecer dos Unidos e que até hoje são utilizadas relações abertas. “A pessoa imediatamenpelos departamentos de recursos huma- te imagina reações negativas, e isto denos. Uma delas, conhecida como O Ele- corre do entendimento de que dizer a vermento Humano, foi criada pelo psicólogo dade equivale necessariamente a revelar norte-americano Will Schutz e consiste as nossas críticas”, diz o sociólogo. Como num modelo tridimensional das relações na abordagem O Elemento Humano a exhumanas. Schutz parte da premissa de que periência de cada um é levada em conta, o bom trabalho em equipe ocorre quando as pessoas reconhecem e admitem (tanto para si mesmas quanto para os outros) as suas reações ao se sentirem ameaçadas. O estudo serve como principal referência para o sociólogo Odino Marcondes, que é representante de Schutz no Brasil. Com quase 30 anos de experiência na área e mais de 40 mil pessoas treinadas no currículo, Marcondes acredita que a valorização do funcionário é fundamental para as empresas que almejam crescimento, não Marcondes: alto Coletta: segredo só do faturamento, mas também da desempenho é sentir antes equipe como um todo. “O movimento para funcionários de pensar

bem como os comportamentos, sentimentos e pensamentos, ser aberto, portanto, significa estar disposto a revelar-se ao outro. “A abertura corresponde à auto-expressão natural, a um trabalho menos tenso e com mais energia”, diz. “Normalmente as pessoas acreditam que dar feedback é falar dos outros; o meu esforço é apoiar as pessoas a não falar do outro, e sim da sua relação com o outro.” Um dos cases de sucesso das teorias de Schutz aplicadas pelo sociólogo Odino Marcondes é o Ciclo de Desenvolvimento Organizacional, que foi instituído na multinacional Kimberly Clark. O executivo Pedro Coletta foi o principal responsável por essa reestruturação, que teve início em 2003 na área de supply chain – da qual é diretor e que compreende o relacionamento com fornecedores, planejamento, distribuição, segurança corporativa, importação e exportação – e hoje prossegue como metodologia de trabalho e relacionamento em todos os departamentos da empresa. O trabalho, cuja participação do funcionário é opcional, baseia-se no conceito de “sentir antes de pensar”. “Dando à pessoa a chance de sentir, ela aprende tudo mais rápido que numa faculdade e incorpora melhor a política de trabalho da empresa”, diz. Uma das diretrizes da Kimberly Clark, dentro do Ciclo de Desenvolvimento Organizacional, está na formação das lideranças com foco na gestão de pessoas. “Os futuros líderes são aqueles que hoje cuidam da gestão de pessoas e, daqui a um tempo, os grandes executivos estarão mais próximos dos filósofos que dos engenheiros”. Para Coletta, a eficácia das teorias de Schutz “está no entendimento do ambiente para depois entender os outros. O trabalho melhorou o desenvolvimento das pessoas e seu relacionamento com a empresa e com o mundo. O importante é que as pessoas passaram a tratar os problemas de forma mais aberta e também a desenvolver o lado humano e o lado profissional em sintonia”. Janeiro 2006 – Empreendedor – 67


Guia do Empreendedor

Por Carol Herling carol@empreendedor.com.br

Resgate rápido de arquivos O transtorno de perder um arquivo no computador e não o encontrar mais pode estar com os dias contados. O aplicativo MediaRECOVER foi projetado e testado para a recuperação de arquivos perdidos, corrompidos, apagados ou formatados, seja no disco rígido, em um drive removível (como pen drive ou zip drive), ou em memória da câmera digital. A interfa-

ce do software permite uma pré-visualização de detalhes, para que o usuário tenha certeza do dado que pretende resgatar. Através do sistema de navegação, pode-se buscar arquivos por data, tipo e tamanho e recuperá-los com os nomes originais. Também é possível restaurar documentos com problemas e impedir futuras recuperações. www.drivemix.com

Antivírus reforçado

Seguro para eventos

Para os usuários de computadores que se preocupam com ataques de vírus através da internet, a Office Media traz para o mercado brasileiro o programa antivírus NOD32. O produto protege tanto as redes quanto os computadores pessoais contra vírus desconhecidos, já que detecta códigos maliciosos ou comportamentos suspeitos através de Análises Heurísticas Avançadas. Uma das principais características deste antivírus é a tecnologia ThreatSense, que bloqueia de forma automática – sem a necessidade de atualização – mais de 80% dos vírus que aparecem diariamente na internet ou que chegam através de emails. Segundo o fabricante, o produto também protege a máquina contra malware, spyware, adware e phishing e rastreia a base de dados dos programas MS Outlook e Outlook Express, muito utilizados para download de e-mails. Disponível em CD-ROM e compatível com todas as versões do sistema operacional Windows. www.officemedia.com.br

Todos os anos, mais de 36 mil empresas participam como expositoras nas principais feiras de negócios do Brasil. Com foco neste público, a UBRAFE (União Brasileira dos Promotores de Feiras) – em parceria com a Aon e a Royal & SunAlliance – lança o Seguro Estande, que cobre os danos materiais e pessoais ocorridos nos estandes durante os eventos de negócios. Válido durante todo o período de montagem, realização e desmontagem das feiras, o Seguro Estande cobre responsabilidade civil (da-

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nos causados a terceiros por responsabilidade do expositor), danos de causa externa a equipamentos utilizados no estande (inclusive os alugados) e acidentes pessoais (morte ou invalidez de funcionários ou pessoas contratadas para trabalhar no estande durante a realização da feira). Além da cobertura – que será a maior disponível no Brasil – o Seguro Estande proporciona aos usuários facilidade na aquisição dos pacotes, que pode ser feita através da internet, no site www.seguroestande.com.br.

Foto pré-paga A Fotoptica lançou no mercado brasileiro o primeiro cartão prépago para impressão de fotografias digitais. Com um sistema de controle de créditos, o produto registra o histórico das revelações digitais feitas pelo usuário, bem como o saldo ainda disponível. Com opções de 100, 300, 500, 1.000 e 1.900 revelações, o cartão pode ser recarregado quantas vezes o consumidor desejar, de acordo com os pacotes comercializados pela rede. O crédito tem validade de 18 meses, pode ser controlado durante o uso e dá direto a imagens nos formatos 10x15 cm e/ou 13x18 cm. A expectativa da Fotoptica

é de que o novo produto atenda diretamente a dois perfis de consumidores: o freqüentador assíduo de lojas de fotografia, que procura praticidade na hora da revelação, e o usuário de câmeras digitais que não possui o hábito de imprimir as fotos, mas que pode se tornar um potencial consumidor deste produto. www.fotoptica.com.br


Produtos & Serviços

Comida para Nelore Após aceitar o desafio de um fabricante líder em rações para gado, a Êxito Rural desenvolveu um programa nutricional exclusivo para fêmeas da raça Nelore. A pesquisa realizada com 30 animais do plantel da Fazenda Fortaleza (localizada em Valparaíso/SP) apontou que a adequação da dieta dos bovinos – a fim de proporcionar equilíbrio entre energia e proteínas metabolizáveis – pode resultar em bons índices de cio natural nos animais de cocheira e em economia para o pecuarista. O índice de fertilidade das fêmeas submetidas ao teste aumentou em 50% e as despesas com alimentação caíram pela metade para o criador. O programa nutricional é indicado para fêmeas que foram submetidas precocemente ao manejo reprodutivo e à máxima exploração do potencial genético para aumento de peso. www.exitorural.com.br

Navios sob medida Criar projetos de embarcações com redução de força de trabalho, queda nos custos de matéria-prima e sem desperdícios de material é a proposta do Intelliship 6.0, desenvolvido pela Intergraph e distribuído no Brasil pela Sisgraph. A nova versão do software, que hoje é um dos mais usados por engenheiros navais e estaleiros do circuito internacional, oferece funções que possibilitam rendimento de performance no modelamento de estruturas, planejamento de manufatura, novos tipos de

desenhos isométricos e ortográficos e também melhorias na geração automática de desenhos (contemplando isométricos de tubulação). O usuário pode criar e editar versões simplificadas de relatórios ou acessar modelos de relatórios prontos. O estaleiro Geoje, localizado na Coréia do Sul e considerado um dos maiores do mundo, já utiliza o programa e recentemente divulgou índices de redução de erros e custos em sua linha de produção. www.sisgraph.com.br INDEX STOCK

A MegaData, especialista em operações de distribuição no segmento de suprimentos para informática, fechou parceria com a Hewlett Packard (HP) para a distribuição de CDR’s e DVD’s da empresa norte-americana em todo o Brasil. Para Flávio Potame, diretor comercial da MegaData, CDR’s e DVD’s se tornaram indispensáveis nas atividades diárias de quem usa um computador. “Hoje, as pequenas e médias empresas utilizam cada vez mais estes produtos para fazerem os seus backup’s, e o usuário doméstico tem migrado da tecnologia magnética para a óptica, pois um computador novo só vem com drive de disquete se o comprador pede”, diz. A expectativa da MegaData com esta parceria é atingir a marca de R$ 17 milhões de vendas em 2006. www.mdata.com.br

INDEX STOCK

MegaData com a HP

Notebooks sem assaltos A facilidade em transportar os notebooks – considerado o principal atrativo pelos usuários – também chama a atenção dos assaltantes. Para evitar a ação de criminosos e garantir a segurança de quem trabalha com arquivos confidenciais, a IBM desenvolveu um novo modelo de notebook com dispositivo de segurança. A novidade é composta por um cilindro metálico embutido no teclado da máquina, que checa a identidade do usuário através da impressão digital. Se a impressão não corresponder àquela previamente cadastrada, o aparelho não pode ser ligado. Segundo André Matias, diretor da PowerSolu-

tions e distribuidor do produto no país, a IBM acredita que os notebooks com esta tecnologia serão uma tendência a partir deste ano. www.powers.com.br Janeiro 2006 – Empreendedor – 69


Guia do Empreendedor

Do Lado da Lei

Feliz 2006? DIVULGAÇÃO

A cena no ambiente legislativo é crítica quando se vê que o ano que acabou foi marcado pela paralisia das CPIs Normalmente os votos de felicidade vêm acompanhados de um ponto de exclamação. Contudo, 2006 nos permite grande interrogação. Se empreender requer um mínimo de previsibilidade jurídica e econômica, certamente, neste ponto da trajetória nacional, olhando para 2005, pode-se dizer que pouco é positivamente previsível para 2006. A cena no ambiente legislativo é crítica quando se vê que o ano que acabou foi marcado pela paralisia das CPIs e mais uma vez pela rotina das Medidas Provisórias. Soma-se a tudo isso um ano eleitoral majoritário e certamente pode-se pouco esperar das casas legislativas. Pena, porque o desenvolvimento econômico capilar, das pequenas e médias empresas, depende de muitos projetos de incentivo e desoneração. De outro plano, o investimento público, que é em países emergentes a maior mola propulsora dos agentes econômicos privados, bateu recordes de contingenciamento e arrocho fiscal. Talvez pela proximidade das eleições citadas, o que pode ser ruim no ambiente legislativo, possa ser símbolo de alguma esperança em 2006, porque é tradição, ainda que triste e irresponsável muitas vezes, que as torneiras sejam abertas nestes períodos, com vistas à campanha eleitoral. Neste aspecto, a tendência intervencionista e regulatória do atual Governo pode aniquilar os benefícios do retorno de dinheiro do Estado à economia, eis

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que não há setor no país que não esteja sofrendo custos e encargos acessórios criados por uma nova burocracia, a tecnológica, que exige cada vez mais informações e controles das empresas. Mas não fosse só isso, há ainda o Judiciário. O ano de 2005 foi marcado pelo embate do início de funcionamento do Conselho Nacional de Justiça, como órgão de controle externo do judiciário. De um lado a corporação resiste ao novo órgão, de outro ele se mostra como um fio de esperança do cidadão comum de que alguém ou algo poderá intervir para fazer ser mais efetiva a busca pela justiça. Ocorre que efetividade não combina com lentidão, não combina com despreparo e falta de infra-estrutura. O que se vê é que nos Estados onde está concentrado o maior número de empresas, em particular o de São Paulo, a justiça caminha a “passos lerdos”, levando às vezes uma década para a simples resolução de um conflito contratual. Sofrem vários Estados, ainda com a falta de estrutura física, tecnológica e de pessoal, desincentivado a permanecer ou aderir à carreira pública do Judiciário. Em contrapartida, proliferam com agilidade os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, que passam a ser muitas vezes abusivamente utilizados por consumidores, como balcão de negócios onde empresas de pequeno e médio porte não estão conseguindo enfrentar os custos de serem demandadas em qualquer local do país, especialmente quando têm

razão. Se é certo que o sistema de proteção ao consumidor brasileiro é exemplar, o exercícios destes direitos, muitas vezes provoca custos aos empreendedores que são “incentivados” a acordos menos “caros” que os processos. Esta prática alimenta uma máquina perigosa semelhante ao que ocorre há décadas com a Justiça do Trabalho. Por falar em direitos trabalhistas, aqui seria urgente a revisão dos pesados custos decorrentes de uma legislação inflexível e distanciada da nova realidade econômica e social global. Isto iria acontecer em 2005. Não “rolou”. Finalizando, o ano de 2005 também fica marcado como aquele em que a opinião pública julgou que o Supremo Tribunal Federal está se politizando demais e merecia uma mudança na forma de indicação de seus membros. Contudo, o atual Presidente da República deverá nomear mais um Ministro, o que lhe dá quase metade da composição do principal Tribunal brasileiro. Por se verificar que poucas destas condições podem ser alteradas em 2006, fica aqui realmente a dúvida de que será difícil um quadro muito melhor no cenário jurídico, regulatório, fiscal e econômico para as empresas, a partir dos três poderes deste Estado democrático de direito. Feliz 2006!

Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269


Janeiro 2006 – Empreendedor – 71


Guia do Empreendedor

Sob a pele de cordeiro A fábula inserida na abertura de artigos especializados serve para atrair os leitores avessos aos temas pesados da economia Todo empreendedor sabe: a essência da economia é o livro-caixa. Trabalhar sob os princípios básicos de receita e despesa é a lição longeva nem sempre levada em consideração, mas que é decisiva para a sobrevivência dos negócios. Ao redor dessa coluna mestra, os assuntos da economia proliferam com suas promessas, como o crescimento sustentado, o superávit primário, a estabilização monetária e ameaças, como os juros altíssimos, a dívida externa, inflação, estagflação, recessão, risco-Brasil, entre outros sustos. São temas recorrentes que tomam conta de boa parte do noticiário, mas que se dirigem a um público seleto, ambientado com as nuances de uma ciência com mais armadilhas do que consenso. Eliana Cardoso, p.h.d em economia pelo MIT, professora visitante da FGV-São Paulo e colunista do jornal Valor Econômico propõe ampliar esse leque de leitura, usando de um recurso literário: o de seduzir os não iniciados por meio de aberturas de interesse geral, normalmente romances, filmes, casos de história geral, entre outras atrações. A autora corre o risco de, algumas vezes, forçar o link entre a fábula e o núcleo do artigo, mas como escreve de maneira clara, o resultado é sempre bom. Não chega a ser o que o ex-ministro Pedro Malan diz na contracapa, de que ela escreve “como poucos” . O texto da professora não é uma exceção, já que a análise econômica há muito tempo desvinculou-se dos jargões e encontra em personalidades importantes o mesmo critério de tratar a economia no contexto da cultura universal. Basta lembrar que desde os anos 80 o professor Luiz Gonzaga Belluzzo já usava Jorge Luis Borges como epígrafe dos seus artigos. No grande espaço ocupado pelos autores debruçados sobre economia, temos

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textos de primeira água, desde o equilíbrio de Paulo Nogueira Batista Junior até a contundência de Maria da Conceição Tavares. Eliana Cardoso escreve como vários dos seus pares, já que faz parte de um quadro privilegiado de pensadores com noção do impacto da mídia bem resolvida na cabeça dos leitores. Os especialistas João Sayad ou Rubens Ricúpero convivem com outros textos de origem jornalística, mas que alcançaram o mesmo status de excelência, como é o caso de Luis Nassif ou Celso Ming. Na televisão, temos o exemplo de Joelmir Betting, que no texto enxuto, quase minimalista, vira do avesso os jargões para dar sua mensagem em poucas linhas, exigência do veículo que usa. Todos procuram fazer como a professora Cardoso: atrair a atenção dispersa dos leitores, que sucumbem diante da intrincada teia de conceitos e mudanças da vida econômica e que, no Brasil, foi o cenário de momentos fundamentais da vida nacional, desde a época em que o regime de 1964 impôs os rigores de Bulhões, Gudin e Delfim Netto (outro caseur excepcional nos textos que publica). Quando chegou a fase dos pacotes heterodoxos, que revelou uma nova geração de economistas, o embrulho não foi menor, e até mesmo mais avassalador. Vítima da hiperinflação e das mudanças sucessivas de moeda, até chegar às certezas e dúvidas do Plano Real, a população apela para os entendidos em assuntos econômicos para assim preservar seus negócios, seus patrimônios e até mesmo a sobrevivência física. Acenar com parábolas em assuntos tão candentes é para quem é do ramo. Eliana Cardoso se sai bem nessa tarefa, apesar de às vezes parecer que o lobo veste-se de cultura para exercer o poder encantatório que não possui de fato.

Fábulas Econômicas Eliana Cardoso Editora Pearson/selo Financial Times/ Prentice Hall. 320 páginas R$ 55,00

Destaques “Policarpo Quaresma pode ter identificado a instituição errada, mas sua intuição de que o crescimento depende de boas instituições estava mais do que certa.” Página 11

“A história atrás da história de Sindicato dos Ladrões são os conflitos da consciência. Conflitos que em agosto de 2005 pareciam fora de moda diante dos escândalos políticos desencadeados pelas denúncias de Roberto Jefferson.” Página 114

“Ao contrário de Ali Babá, Robert Zellig, representante do comércio dos Estados Unidos, teria de mover não só interesses pesados, mas também a desconfiança sistemática da diplomacia internacional.” Página 117


Por Nei Duclós nei@empreendedor.com.br

Leitura

Lealdade ou vida própria? Samurai: O Lendário Mundo Dos Guerreiros Stephen Turnbull M.Books 228 páginas R$ 59,00 O tema deste livro belissimamente ilustrado é o lendário culto dos guerreiros de elite do antigo Japão, que levavam vidas regidas pelos ditames da honra, da integridade pessoal e da lealdade. Nesse universo, sob a constante pressão das demandas opostas, como lealdade e auto-afirmação, o homem de negócios encontrará pistas sobre a conciliação entre as forças da mudança e as da estabilidade. Juntas, elas moldaram o mundo dos samurais. O autor se graduou pela Universidade de Cambridge e se doutorou pela Universidade de Leeds com uma pesquisa sobre a história religiosa do Japão. Seu trabalho foi agraciado com a concessão do Prêmio Canônico da Associação Britânica de Estudos Japoneses e do Prêmio Literário do Festival do Japão. Ele é Pesquisador Honorário do Departamento de Estudos do Leste Asiático na Universidade de Leeds.

Paternalismo X Democracia Gestão de Pessoas em Empresas Inovadoras Jean Pierre Marras Editora Futura 208 páginas R$ 29,90 O livro quer ser um alerta para quem pretende “virar a própria mesa”, pois, segundo a editora, até pouco tempo atrás, o setor de Recursos Humanos vinha a reboque de outras duas áreas dentro de uma empresa: a física e a financeira, enfoque que está sendo substituído pela gestão de pessoas. São abordados sistemas; os mitos da área de RH; os impactos da globalização na relação entre capital e trabalho; a metamorfose ocorrida nas organizações brasileiras nas últimas décadas; o significado da nova cultura corporativa. O professor Jean Pierre Marras tenta responder a perguntas como: por que o nível de emprego cai no mundo todo? A flexibilização e o investimento no capital intelectual são formas de manipulação psicológica? A gestão participativa é uma falácia? O modelo de cultura paternalista dentro das empresas brasileiras é compatível com uma gestão democrática? Qual é, afinal, a real responsabilidade da área de RH? Baseado em fontes atualizadas do pensamento brasileiro e internacional, além de ampla base histórica e abrangente pesquisa de campo, o livro propõe as saídas para esses problemas.

Uma Década de Governança Corporativa - História do IBGC, Marcos e Lições da Experiência Saraiva/Saint Paul Institute of Finance 224 páginas R$ 59,00 Livro especialmente editado para celebrar o décimo aniversário de fundação do IBGC – Instituto Brasileiro de Gestão Corporativa. Retrata a história do IBGC, os marcos da governança – no Brasil e no exterior – além de casos de companhias e pessoas que têm exercido esse conceito. Oficialmente, governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua permanência. A expressão é designada para abranger os assuntos relativos ao poder de controle e direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de seu exercício e os diversos interesses que, de alguma forma, estão ligados à vida das sociedades comerciais.

Janeiro 2006 – Empreendedor – 73


Informação e Crédito

Serasa lança guia de cuidados Segundo especialistas, só este ano a fraude na internet cresceu 700%, e nos meses de novembro e dezembro são registrados sempre os maiores números. Atitudes preventivas são a melhor forma de se proteger contra essas fraudes

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A

nova publicação da série Serasa Cidadania, o Guia Serasa de Orientação ao Cidadão – Saiba como reduzir o risco de vírus, hackers e outras ameaças, e ter mais segurança na internet, distribuído gratuitamente nas agências da Serasa, pretende contribuir de forma efetiva para a redução das ocorrências de fraudes no ambiente eletrônico. O Guia aborda, numa linguagem bastante didática, dicas de cuidados na grande rede para todo o cidadão, principalmente aquele que não é iniciado nos assuntos de informática. Foi elaborado com base em entrevistas e consultoria de profissionais de reconhecida competência no assunto, como o Promotor de Justiça Augusto Eduardo de Souza Rossini; o diretor do Instituto de Peritos em Tecnologias Digi-

tais e Telecomunicações (IPDI) e fundador do Capítulo Brasileiro da Information Systems Security Association (ISSA), Otávio Luiz Artur; do advogado, economista e professor Renato Ópice Blum, autor de diversos livros que abordam o Direito Eletrônico; e Anna Carolina Aranha, responsável por toda a estratégia de Segurança da Microsoft Brasil e Marketing de Segurança para América Latina. Segundo especialistas que colaboraram para a publicação, o guia chega num importante momento, pois só este ano a fraude na internet cresceu cerca de 700%, tendo nos meses de novembro e dezembro seu maior registro. A publicação mostra que não é preciso investimento financeiro e conhecimento técnico para estar seguro na internet. “Os cuidados que nos protegem contra 80% dos ataques são feitos de educação e bom senso. O guia traz grande parte dessas orientações que podem ajudar o cidadão significativamente em seu dia-a-dia”, afirma a Security Leader da Microsoft Brasil, Anna Carolina Aranha. “A Serasa, com este guia, dissemina a mensagem de que a internet e tudo o que ela nos propicia, em termos de acesso à informação, facilidade de comunicação, praticidade na hora de realizarmos nossas compras e pagarmos nossas contas, deve ser usufruída em sua plenitude por todos nós, mas não podemos esquecer que esse meio nada mais é do que uma evolução ou uma extensão do nosso mundo real e físico, com todas as vantagens e desvantagens que ele sempre apresentou e apresentará”, diz Otávio Luiz Artur, do IPDI. “Por isso, todos os cuidados que tomamos, e que ensinamos aos nossos filhos a tomar, devem também ser levados para esse universo virtual. Fazendo assim, esta-


na internet

Dicas dos especialistas

remos usufruindo de tudo o que ele tem de bom e nos protegendo daquilo que ele tem de perigoso”, recomenda o especialista. O promotor Augusto Rossini, no lançamento do Guia na Sede Serasa, destacou a importância de ações preventivas, como a que representa o guia, em todas as circunstâncias que atentem contra as pessoas. A publicação está disponível na internet, com acesso livre, no endereço eletrônico www.serasa.com.br/guiainternet.

Cuidados com a senha Elaborar sempre uma senha que

Série Serasa Cidadania O Guia Serasa de Orientação ao Cidadão – Saiba como reduzir o risco de vírus, hackers e outras ameaças, e ter mais segurança na internet é o nono título da Série Serasa Cidadania, que tem o objetivo de investir em publicações que contribuam para melhorar a vida dos brasileiros, alavancar o espírito de cidadania e civismo e construir um país melhor. Os títulos Dinheiro não é brincadeira (gibi para crianças);Saiba como evitar a inadimplência e garantir o seu futuro; Saiba como Reduzir o Risco de se tornar Vítima da Violência; Saiba como amadurecer mantendo a saúde, os direitos, o prazer e o bom humor; Saiba como ter mais qualidade de vida com saúde, alegria e equilíbrio; Cantando e Conhecendo os Hinos Brasileiros; Vencedor não usa Drogas, do psicólogo Edson Ferrarini; e Direitos do Portador de Necessidades Especiais, de Antonio Rulli Neto, foram publicados pela série Serasa Cidadania.

contenha pelo menos oito caracteres, compostos de letras, números e símbolos, alternando maiúsculas com minúsculas. Uma regra prática para gerar senhas difíceis de serem descobertas é utilizar uma frase qualquer e pegar a primeira, a segunda ou a última letra de cada palavra. Por exemplo, usando a frase “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão”, podemos gerar a senha “!Bqnsepc” – o sinal de exclamação foi colocado no início para acrescentar um símbolo à senha. Jamais utilize como senha seu nome, sobrenome, números de documentos, placas de carros, números de telefones, datas que possam ser relacionadas com você. Esses dados são muito fáceis de serem obtidos. Evite palavras constantes em dicionários, pois existem softwares que tentam descobrir senhas combinando e testando palavras em diversos idiomas. Geralmente esses programas possuem listas de palavras (di-

cionários) e listas de nomes (nomes próprios, músicas, filmes etc.). Utilize uma senha diferente para cada serviço. Altere a senha com freqüência, pelo menos a cada dois ou três meses. Nunca informe suas senhas a ninguém, mesmo que a pessoa se identifique como funcionário do banco, da administradora de cartões ou do provedor de acesso. Proteja seu computador. Invista em recursos de segurança contra vírus e spams. Instale uma barreira de proteção (firewall) para acesso à internet, conjunto de programas ou hardware cuja função é evitar que pessoas não autorizadas acessem sua rede ou computador. Mantenha atualizado o software antivírus. (Dicas extraídas do capítulo “Como evitar golpes on-line”, do guia: Saiba como reduzir o risco de vírus, hackers e outras ameaças, e ter mais segurança na internet)

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Guia do Empreendedor

Dilemas da política econômica em ano eleitoral DIVULGAÇÃO

O ano de 2005 iniciou com uma expectativa pessimista sobre o desempenho da economia brasileira, expressa em previsões de baixo crescimento econômico e elevada taxa de inflação. Essas previsões estavam ocorrendo apesar do Banco Central estar em pleno curso de uma política monetária contracionista, aumentando mensalmente a taxa de juros. Ao longo do ano, as expectativas se tornaram menos pessimistas influenciadas pela redução das taxas de inflação e pela continuidade do crescimento econômico. No segundo semestre, entretanto, este otimismo foi novamente revertido, especialmente quanto ao crescimento econômico. Os dados mostraram um aumento razoável no segundo trimestre do ano e queda da produção no terceiro. Estes resultados foram influenciados pela política monetária rigorosa, que manteve as taxas reais de juros elevadas, tanto na expectativa quanto nos dados observados. Mesmo quando iniciado o processo de redução da taxa de juros básica, este foi muito comedido. O que ocorrerá com a política monetária em 2006 não depende apenas de questões econômicas. O interesse na reeleição de Lula pode influenciar a condução da política, embora isto signifique,

76 – Empreendedor – Janeiro 2006

O Brasil tornou-se menos vulnerável e por isso a trajetória do crescimento sustentado pode ser retomado em 2006 necessariamente, a troca da equipe econômica, especialmente da diretoria do Banco Central. Uma maior pressão pela vitória eleitoral pode levar a uma redução excessivamente rápida dos juros, gerando uma demanda incompatível com a capacidade produtiva da economia brasileira. Este seria o inverso do excesso de rigor adotado pelo Banco Central durante todo o ano de 2005. Um dos efeitos da política monetária foi uma tendência forte de apreciação da moeda brasileira ao longo do ano. Apesar do real valorizado, as contas externas continuaram apresentando resultados favoráveis, especialmente a balança comercial. A entrada de recursos externos, tanto em transações correntes quanto na financeira, possibilitou intervenções do Banco Central no mercado cambial, elevando as reservas internacionais. Isto possibilitou a decisão do Governo de não renovar o acordo com o FMI no início do ano e, no final do ano, de pagar antecipadamente a dívida com o órgão internacional. Os destinos da taxa de câmbio também estão vinculados à política monetária, pois uma redução dos juros reduzirá a atratividade do país aos capitais internacionais. Esta menor oferta de moeda estrangeira pode levar a uma desva-

lorização do real, acalmando os ânimos dos exportadores. O outro lado é que o real valorizado foi muito conveniente para combater a inflação ao longo do ano. Um último aspecto, muito discutido no final de 2005, é a condução da política fiscal. A obtenção de superávits primários, com o objetivo de controlar a dívida pública, foi posto em questão pelos defensores da expansão dos gastos estatais. Em termos imediatos, isto poderia gerar uma elevação da demanda agregada, estimulando a produção, mas incorre-se no risco do descontrole da dívida pública. Esta questão só pode ser resolvida com um drástico aumento da produtividade do Governo, o que não é questão de política fiscal e tem sido um flagrante fracasso dos últimos governos. O desempenho da economia em 2006 certamente será influenciado pela eleição presidencial, mas isto não impede que a economia retorne a uma trajetória de crescimento sustentado, especialmente com a menor vulnerabilidade externa que se está conseguindo nos últimos anos.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor de Economia da UFSC


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO

Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Bco Itau Hold Finan PN Belgo Mineira ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil ON Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Braskem PNA Caemi PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Contax ON Contax PN Copel PNB CRT Celular PNA Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part PN Gerdau Met PN Gerdau PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia SA PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tele Centroeste Cel PN Tele Leste Celular PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tim Participacoes ON Tim Participacoes PN Transmissao Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ DEZEMBRO/2005)

0,82 1,32 0,93 2,44 1,19 3,80 0,98 1,05 0,48 1,08 2,75 1,85 4,11 0,89 0,21 2,40 0,53 0,41 0,07 0,41 1,41 0,46 1,41 3,18 0,55 0,47 1,01 2,96 1,28 4,43 100,00 0,59 1,51 0,42 0,13 1,92 1,88 7,49 0,89 1,02 3,87 0,55 0,83 0,43 1,27 1,17 9,14 0,76 1,47 0,55 0,38 1,34 0,56 1,39 5,67 1,86 7,04 1,04

-19,72 43,78 -3,27 45,74 2,09 124,41 43,30 35,01 26,31 15,97 1,81 -41,16 56,98 30,43 39,79 45,34 2,70 7,17 59,24 20,62 -1,18 5,24 35,14 19,66 8,29 33,64 16,65 28,63 27,08 9,08 62,86 -18,41 -43,78 154,96 56,12 54,80 5,83 12,08 12,65 -13,37 7,96 4,15 5,32 30,47 7,15 25,94 -49,94 8,38 73,16 49,26 92,30 75,74 10,66 31,44 35,07 -31,24

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Novembro 0,40 0,33 0,55 0,29

Juros/Aplicação

Ano 1,21 1,16 5,31 4,22

(%)

Dezembro Ano 0,80 18,22 0,81 18,27 0,69 8,42 0,72 16,40 7,39 0,80

CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F até dia 16/12

Indicadores imobiliários Novembro 0,36 0,11

CUB SP TR *

(%)

Ano 4,89 2,88

* Até o dia 16/12/2005

Juros/Crédito Dezembro 15/dezembro

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (*)

(em % mês) Dezembro 14/dezembro

2,70 4,63 3,40 3,35

2,50 4,64 3,40 3,00

* taxa mês

Câmbio (em 14/12/2005)

Cotação R$ 2,3100 US$ 1,1979 US$ 116,27

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Mercados futuros (em 14/12/2005)

Janeiro

Fevereiro

Março

Dólar R$ 2,311 R$ 2,335 R$ 2,354 Juros DI 17,91% 17,75% 17,60% (em 30/11/2005)

Fevereiro Abril

Ibovespa Futuro

34.015 34.824

Janeiro 2006 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor

Agenda

Em destaque 15/3 A 17/3/2006

10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores Palácio das Convenções do Anhembi São Paulo/SP Site: www.wsyebrasil.com.br Realizado pela primeira vez em um país da América do Sul, o 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores (World Summit of Young Entrepreneurs) reunirá mais de mil jovens de vários países, que terão a oportunidade única de aprender, na prática, os mais avançados conceitos de negociações globais. O evento, que terá como tema “Let’s Make a New Deal”, é um programa de parceria global desenvolvido pela ONU em conjunto com governos, agências multilaterais e empresas multinacionais com o objetivo de promover o networking, criar parcerias e gerar negócios entre os jovens empreendedores de pequenas e médias empresas de vários países.

Poderão participar do evento os empresários que já têm empresa constituída e buscam novas tecnologias e negócios; empreendedores que estão começando sua empresa e têm poucos recursos, mas querem expandir sua atuação; e futuros empreendedores, que pretendem abrir seu próprio negócio, mas ainda não definiram seu mercado. As inscrições podem ser feitas com antecedência no site do evento.

14/2 a 17/2/2006

14/3 a 17/3/2006

16/3 a 19/3/2006

Vitória Stone Fair 2006

Revestir 2006

Salão do Móvel Brasil 2006

Pavilhão da Carapina Vitória/ES Telefone: (27) 3337-6855 Site: www.milanezmilaneze.com.br

Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.exporevestir.com.br

ITM Expo São Paulo/SP Telefone: (11) 3151-6444 Site: www.exponor.com.br/ salaodomovel

Fenatec Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 3291-9111 Site: www.fenatec.com.br

14/3 a 17/3/2006

Kitchen & Bath Expo

24/4 a 27/4/2006

Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.kitchenbathexpo.com.br

Abrin 2006

INDEXSTOCK

7/3 a 9/3/2006

7/3 a 10/3/2006

Centro de Convenções Horácio Coimbra Curitiba/PR Site: www.abtcp.org.br

Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 3170-7000 Site: www.questex.com.br

Movelsul Brasil 2006 Parque de Eventos Movelsul Brasil Bento Gonçalves/RS Site: www.movelsul.com.br

78 – Empreendedor – Janeiro 2006

20/6 a 22/6/2006

Expocelpa Sul

Telexpo 2006

13/3 a 17/3/2006

Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 4689-3100 Site: www.feiraabrin.com.br

15/3 a 18/3/2006

Feinco 2006 Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.exporevestir.com.br

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)


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80 – Empreendedor – Janeiro 2006


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Empreendedor na Internet

www.empreendedor.com.br

Página inicial

Destaque

O valor da interatividade

As dicas de Leila Navarro

Em 2005, além de consolidar sua proposta de ser o ponto de referência do empreendedor brasileiro na internet, o site Empreendedor desenvolveu algumas ações no sentido de ampliar a interatividade com seus leitores-internautas. Entre as ações, além da newsletter semanal que leva aos internautas os principais destaques do site, também inovamos com a criação de uma comunidade no Orkut. Lá, os internautas trocam informações, fazem sugestões e emitem suas opiniões. Para participar da comunidade é preciso se cadastrar no Orkut. Depois, na área “comunidade”, digitar “site Empreendedor” e clicar em “participar”. Mas a ação mais interativa adotada em 2005 foi o bate-papo entre a equipe do site e da revista Empreendedor com leitores e internautas através do programa de conversação instantânea MSN Messenger. O bate-papo acontece uma vez por mês. Além de inúmeros pedidos e sugestões de pauta, as conversas serviram também para medir a qualidade dos leitores-internautas, especialmente daqueles que já são donos do próprio negócio. Isso proporcionou não apenas a interatividade com as equipes do site e da revista, mas também entre eles próprios, leitores ajudando leitores com seus conhecimentos e experiências. Em 2006, o bate-papo será retomado no dia 15 de fevereiro. Para participar, basta adicionar o e-mail empreendedor@empreendedor.com.br à sua lista de contatos no MSN Messenger.

82 – Empreendedor – Janeiro 2006

Desde outubro, o site Empreendedor conta com a participação da consultora e palestrante Leia Navarro. Conhecida também pelo seu bom-humor, Leila tem se dedicado a escrever artigos com dicas e conselhos valiosos para os empreendedores. O leitor pode conferir os artigos já publicados no site Empreendedor. Os erros clássicos dos empreendedores (www.emprendedor.com.br/leila01) Empreender é diferenciar-se (www.emprendedor.com.br/leila02) Saia da rotina e feche negócios (www.emprendedor.com.br/leila03)

Ferramentas Para onde vai o seu negócio? Se há uma coisa que não pode faltar no perfil de um empreendedor é a consciência de que sem planejamento não se chega a lugar algum. Não por acaso, esse é um dos assuntos que mais ganham destaque no site Empreendedor. Na área Meu Negócio, há um tópico específico sobre planejamento, com destaque para as dicas sobre a elaboração de um plano de negócios

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e um plano de marketing. E não fica só nisso. Utilizando a ferramenta de busca do site e digitando a palavra “planejamento”, o internauta terá um resultado completo que inclui, além de textos didáticos, muitas notícias com exemplos que mostram a diferença que o planejamento bem feito é capaz de gerar. Planeje logo uma visita ao site Empreendedor e saiba exatamente para onde seu negócio vai.

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84 – Empreendedor – Janeiro 2006


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