Empreendedor 138

Page 1

ADAPTAÇÃO

COPA DO MUNDO

FERRAMENTA DE MUDANÇA

IMPULSO PARA CLIENTES ESPECIAIS

MEDALHAS DE CHOCOLATE

ISSN 1414-0152

Ano 12 • Nº 138 Abril 2006 • R$ 8,90

www.empreendedor.com.br

Ano 12 • Nº 138 • abril 2006 OS NOVOS EMPREENDEDORES DO PETRÓLEO

Empreendedor

TREINAMENTO


2 – Empreendedor – Abril 2006


Abril 2006 – Empreendedor – 3


Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor.com.br]

Nesta Edição PG. 18 ANDRÉ TEIXEIRA

A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Ader Gotardo, arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo e Index Stock Foto da Capa: André Teixeira Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Carla Kempinski Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Alessandra G. Alexandre e Vanderleia Eloy de Oliveira Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]

Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Comunicação Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 2221-0088 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3426-7315 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

Empreendedores das minipetrolíferas Verinaldo Almeida, hoje um dos principais investidores do ramo petrolífero no Brasil, nasceu em Macambira, no sertão de Sergipe, filho de caminhoneiro. Nos anos 80, conseguiu juntar dinheiro, comprar um caminhão e virar prestador de serviços para distribuidoras. Hoje ele é um dos empreendedores que surpreenderam numa convocação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que abriu em 2005, pela primeira vez, a participação para pequenos empresários interessados nos campos terrestres.

PG. 24

Necessidades radicais O mercado de adaptação cresce para atender os 24,5 milhões de brasileiros que, de acordo com resultados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possuem alguma dificuldade de enxergar, falar, ouvir, locomover-se ou com alguma outra necessidade relacionada à parte física ou mental. Ainda há pouca variedade de produtos e serviços oferecidos no mercado e em alguns casos é difícil encontrar um equipamento adequado que de fato auxilie na hora de suprir as necessidades.

PG. 30

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan. Gráfica. Editora . Ctp Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Abril 2006

O espetáculo do treinamento As ações de treinamento são hoje um investimento estratégico e prioritário, principalmente se existe um processo de mudança organizacional ou de expansão. Novas ferramentas estão sendo utilizadas para alcançar esse objetivo: games para empresas, a fim de implementar modernas técnicas de gestão e ensinar ao público interno as nuances de cada teoria; e-learning; ensino a distância; treinamento in company (fechado), que responde às necessidades específicas das empresas; e conferênciasespetáculo, voltadas a usuários de produtos e serviços.

INDEX OPEN

Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441


Abril/2006

Países continentais têm mercados pulverizados em micro-regiões, nichos com diferenças de cultura e costumes que desafiam os empreendedores. Trabalhar com foco nas necessidades de cada nicho formado em países com tantas disparidades é um trunfo que serve para empreender com eficácia e também como treinamento para conquistar espaços no exterior, onde o fenômeno se repete.

PG. 40

Copa da Alemanha: A hora do chocolate O Chocopa, produto lançado pela Personal Chocolate Promocional, são medalhas de chocolate cunhadas com o design e formato similares aos prêmios oficiais entregue aos jogadores. Elas podem, inclusive, ser fornecidas com o revestimento de alumínio nas categorias ouro e prata e são usadas por empresas que querem agradar seus funcionários ou clientes.

Caderno de TI MENSAGENS INSTANTÂNEAS ........................ 49

PG. 10

Freddy Poetscher, consultor especializado em performance no trabalho, diz que nem todo stress é prejudicial à saúde e ao rendimento no emprego. A ansiedade moderada, ou o stress positivo é considerado saudável, ao contrário do tipo tóxico. No trabalho, por exemplo, é possível enxergar a competitividade como motivação para encarar os desafios e não como uma dificuldade que apenas desgasta e traz preocupação.

Perfil: José Eduardo Querido A porção Brasil da Singer

CASA DA PHOTO

Micromercados

Entrevista: Freddy Poetscher Ansiedade moderada

PG. 42

Ele é o primeiro brasileiro a presidir a Singer do Brasil, a segunda maior operação comercial do grupo no mundo. “Além da responsabilidade corporativa, tenho o dever, como brasileiro, de não falhar. Mais do que um reconhecimento pessoal, a nomeação é um reconhecimento da competência dos brasileiros, e que não é necessário importar talentos”.

THOMAS MAY

PG. 38

LEIA TAMBÉM Cartas ..................................................... 7 Empreendedores ..................................... 8 Não Durma no Ponto ............................ 14

– Empresas descobrem a agilidade e a

Pequenas Notáveis ............................... 46 Empreendedor na Internet .................. 82

importância do bate-papo

GUIA DO EMPREENDEDOR .... 67

on-line

Produtos e Serviços ............................ 68 Do Lado da Lei ..................................... 70 Leitura ................................................... 72

AUTOMAÇÃO .................................................... 53 – Uma estratégia nos planos de crescimento do Grupo Elgin

Análise Econômica ............................... 76 Indicadores ........................................... 77 Agenda .................................................. 78 Abril 2006 – Empreendedor – 5


Editorial

de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 85,44. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação

de

assinatura

pela

internet

(www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-5938 Rio de Janeiro: (21) 2221-0088 Brasília: (61) 3426-7315 Curitiba: (41) 3257-9053 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 3224-4441 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro - 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ

saga dos empreendedores é uma fonte de narrativas de onde jorram, generosas, as lições básicas da aventura humana: acreditar numa idéia, mudar o destino, influenciar os contemporâneos, destacar-se. Quando a área escolhida é a clássica conquista do petróleo, cheia de exemplos inesquecíveis, o interesse fica maior. Ainda mais quando se trata de pessoas como nosso personagem da capa, que foi criado pobre no Sergipe, mas cresceu em constante movimento: o transporte por caminhão, que seu pai exercia junto com a família em direção periódica ao coração do Brasil. Essa experiência mutante da infância serviu para ensinar que as paisagens, as pessoas, as atividades se transformam ao ritmo da viagem. E fez nascer este novo empreendedor do petróleo, que descobriu oportunidades num nicho complicado, mas que agora está aberto a quem está fora do perfil das gigantes do setor. Partir de uma área inexplorada até chegar a postos de gasolina abertos ao público é uma trajetória que diz muito sobre o

A

Brasil de oportunidades, quando existe apoio, pois gente determinada sobra por todo canto. Não há limites quando muitas pessoas não se conformam com o que o mercado oferece. No caso dos produtos de adaptação para quem tem dificuldades físicas ou mentais, alguns pioneiros decidiram criar o que não estava disponível, inventar o que parecia impossível e insistir mesmo que nos primeiros passos as coisas tenham se mostrado difíceis. E para quem tem uma empresa, o caminho para ficar em constante movimento e manter a saga empreendedora é o treinamento, semente da inovação. Esses temas pontuam nossa edição, trazidos pelas evidências nas atividades produtivas no Brasil, uma nação que já aprendeu a manter o prumo, mesmo que muita coisa conspire contra. É uma vocação, essa de continuar reinventando o destino. Especialmente quando há o estímulo da oposição ao que queremos fazer de verdade. A vitória então tem mais sabor. Nei Duclós

Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 -

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

6 – Empreendedor – Abril 2006

Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


Cartas Informações Como empreendedora, costumo achar nesta revista temas que são abordados de maneira superficial em outros veículos. Gostaria de dar os parabéns a esta dinâmica equipe e espero que estejam sempre procurando fazer o melhor, para que os leitores possam se beneficiar de informações e textos que acrescentam realmente algo a nossas atividades profissionais. Marta Assumpção Tornado

Rio de Janeiro – RJ

Pets 1 Sr. Wendel Martins: lemos a reportagem intitulada “Companhia animada” (Empreendedor edição 137). Elogios para o site e para suas reportagens. André Borges e Leila Lucas Borges

Bambuí – MG

Pets 2 Wendel: a matéria “Companhia Animada” (Empreendedor edição 137) ficou ótima! Um abraço. Christiane Costa

Porto Alegre – RS

Perfil É sempre gratificante ler histórias como a do Sr. Rui Altenburg, que soube fazer da empresa herdada da família um patrimônio notável. É muito comum acontecer o contrário. Mas quando uma família conta com a vocação empreendedora dos seus herdeiros, pode agradecer aos céus. Carlos Azevedo Benitez Porto Alegre – RS

Vírus

Copa

Quanto mais a tecnologia avança, mais existe vírus. Imagino o que passa pela cabeça dessas pessoas que criam problemas tão graves para os usuários, fazendo que a gente perca tempo e dinheiro com isso.

Muito boa a seqüência de reportagens sobre o empreendedorismo brasileiro na Copa do Mundo que será disputada na Alemanha. É uma chance de mostrar que temos muita coisa além do já conhecido.

Tibúrcio Jamil Caló

Thales Minerva Molinari

Belo Horizonte – MG

Salvador – BA

Abril 2006 – Empreendedor – 7


Empreendedores Dario Teixeira

A DGT, fundada e presidida por Dario Teixeira, está completando dez anos de vida e é especializada em Logística de Material Promocional, de Malotes e de Transporte. Desde de 1996, quando a empresa foi criada, são feitos investimentos freqüentes em tecnologia. O módulo desenvolvido para a internet do software de Gerenciamento de Estoque é um exemplo, que ajuda a melhorar o atendimento. Por meio dele, o cliente pode acompanhar on-line toda a operação, desde a solicitação até a entrega no destino final. A tecnologia reforça a sustentabilidade do negócio alcançado por meio de um cuidadoso controle de entradas e saídas. O sistema de gerenciamento para armazenagem e transporte da empresa também permite fazer a consulta do estoque disponível, visualização de fotos e dados técnicos dos produtos, solicitação de materiais, acompanhamento de pedidos e emissão de relatórios de movimentação e entrega. (11) 2199-6955

Gustavo Dorta

Carro novo num clic Com mais de cinco mil acessos diários, o portal www.carrobauru.com.br tornou-se, em pouco mais de dois anos, uma das principais referências em compra e venda on-line de veículos no interior de São Paulo. O endereço funciona como uma central de ofertas de veículos, onde os interessados podem comparar preços, condições de pagamento, modelos disponíveis nas revendas cadastradas e os veículos à venda nos locais de atuação do site, além de visualizar fotos dos produtos negociados e suas características. “Já temos bases em 12 cidades, e nossa próxima meta é chegar ao litoral paulista”, diz Gustavo Dorta, criador do CarroBauru. Recentemente, o site passou por uma reestruturação e abriu espaço para pessoas físicas fazerem anúncios. “Oferecemos ao internauta uma central de pesquisa e de mídia, mas não intermediamos as negociações. A pessoa escolhe os carros de seu interesse e contata diretamente os vendedores”, diz Gustavo.

8 – Empreendedor – Abril 2006

LIANE VARSANO

Dez anos de DGT

Ruddy

Cabeça feita Com mais de quatro décadas de carreira, a cabeleireira Ruddy divide o seu tempo em atender a clientela (que inclui as atrizes Suzana Vieira, Yoná Magalhães e Isabel Fillardis) e participar de eventos de divulgação da linha de cosméticos Nutra Hair, desenvolvida por sua irmã, Eline Pinho. Para Ruddy, o setor de beleza no Brasil está um pouco saturado e falta, no mercado, cabeleireiros que ofereçam bons serviços. “Houve uma grande massificação, por isso precisamos de profissionais que levem a sério a profissão e que sejam comprometidos com a qualidade”, diz. Enquanto analisa propostas para se apresentar no exterior – foi convidada para participar de um evento em Paris, no mês de outubro – Ruddy estuda as tendências em cortes e químicas e resume seu estilo profissional assim: “Não sou técnica, sou artista”. www.ruddycabeleireiros.com.br


Show de soluções Para incentivar suas revendas a investirem no mercado de pequenas e médias empresas, a Mude – distribuidora de soluções em TI – realiza desde o início do ano, em parceria com a Cisco Systems, o evento itinerante Road Show Cisco SMB – A Mude Tem, que já passou por 13 cidades brasileiras. A última edição, realizada em Salvador, reuniu todas as revendas da Bahia, que conheceram as novidades do Plano de Canais Cisco e participaram de treinamentos e palestras. “A Mude, com sua experiência de distribuição das soluções Cisco, quer aproveitar a demanda do mercado de pequenas e médias empresas por soluções em TI e Telecom, e com o road show quer mostrar que existem soluções desenvolvidas especialmente para esse mercado”, explica Fernando Grecco, diretor de marketing da Mude e um dos organizadores do evento. www.mude.com.br

Carolayne Bernardo

Mais que uma brincadeira Apesar da pouca idade, a jovem empreendedora Carolayne Bernardo é sucesso na cidade de São Carlos (SP) onde mora, graças à criatividade que dedica a sua linha de bijouterias. O que começou como uma brincadeira virou uma fonte de lucros, e hoje Carolayne concilia os estudos, as brincadeiras com as amigas e as encomendas, que não param de crescer. O tino para os negócios, segundo o pai, começou cedo, aos quatro anos de idade. “Ela sempre gostou de brincar de comércio, simulando compra e venda dos objetos de casa, e fazendo planilhas no computador”, diz Peterson Bernardo. No último Natal, Carolayne criou uma coleção de cartões (que vendeu para vizinhos), e na mesma época começou com as bijouterias. “Procuro saber o gosto da pessoa que vai usar o meu produto para fazer algo que ela goste e que combine com seu estilo”, diz. Carolayne atualmente pesquisa novos materiais, a fim de atender aos pedidos e conquistar os clientes, e investe na criação de novos modelos. carolaynebernardo@hotmail.com

LIANE VARSANO

Fernando Grecco

João Garcia e Augusto Aragão

Paixão pelos peixes “Montar um aquário em casa é coisa séria”, dizem os empresários João Carlos Garcia e Augusto Aragão. Com esse lema, fundaram, em parceria com Jorge Pinet, a Aquarium Care, que há seis anos presta serviços de consultoria para quem deseja ter “um pedaço da natureza” em casa, e de assessoria para aquariofilistas e criadores. “Nós realizamos um estudo do ambiente onde será instalado o aquário, e com base em dados como umidade e incidência de luz decidimos qual o tipo de material para usar no projeto, bem como os peixes que vão ter compatibilidade com o ecossistema a ser criado”, diz João Carlos. A idéia de oferecer este tipo de serviço é resultado da falta de profissionalização do setor: “95% dos vendedores de pet shops não são especialis-

tas e não há cursos específicos sobre o assunto”, diz Augusto. Além de auxiliar na montagem e manutenção de aquários, os empresários realizam testes de rações, equipamentos e acessórios e oferecem cursos sobre o assunto para

leigos e profissionais. “Temos muita experiência para compartilhar, como o estudo comportamental da raça Beta (peixe ornamental), e queremos passar esse conhecimento para o público”. www.aquariumcare.cjb.net Abril 2006 – Empreendedor – 9


Entrevista

Freddy Poetscher

O stress positivo A ansiedade moderada pode ser um estímulo para o desempenho dos empreendedores e funcionários Fábio Mayer

CASA DA PHOTO

por

10 – Empreendedor – Abril 2006

Freddy Poetscher, consultor especializado em performance no trabalho, afirma nesta entrevista que nem todo stress é prejudicial à saúde e ao rendimento no emprego. Existem três tipos, associados ao nível e à freqüência em que a pessoa sente os seus efeitos. Um deles contribui para melhorar os resultados da vida pessoal e aumentar o desempenho profissional do empreendedor e também dos funcionários. A

ansiedade moderada ou o stress positivo é considerado saudável, ao contrário do tipo tóxico. O considerado tóxico aumenta o número de faltas e reduz a produtividade, causa baixa performance e está relacionado a diversas doenças, como acidente vascular cerebral (AVC), pressão alta, diabetes e também com o uso de substâncias químicas como álcool ou tranqüilizantes. Poetscher


avalia que 70% das causas deste tipo de stress têm origem em problemas estruturais nas empresas. Para evitá-lo é necessário fazer mudanças nos processos de trabalho. Uma delas é definir metas e prazos de acordo com a capacidade e a disponibilidade do empreendedor e do funcionário. No trabalho, por exemplo, é possível enxergar a competitividade como motivação para encarar os desafios e não como uma dificuldade que apenas desgasta e traz preocupação. “A cobrança é fundamental. Abaixo de um certo nível, o funcionário perde a competitividade e passa a produzir menos do que

poderia, prejudicando a carreira.” Na hora de avaliar os impactos e elaborar os métodos para minimizar os efeitos nocivos do stress, Poetscher explica que são feitos diversos estudos com acompanhamento médico, garantindo qualidade de vida ao trabalhador e melhores índices produtivos. A metodologia inclui a correção dos procedimentos em seis áreas: controle decisório, apoio dos colegas, relacionamento na empresa, papéis e responsabilidades, exigências da função e mudança organizacional. Empreendedor – Na busca da realização, tanto pessoal quanto profissional, é preciso realmente ter stress?

Poetscher – Tem que ter uma cobrança, definir metas e atribuições e ter uma auto-motivação. Por exemplo, antes da largada, um corredor de atletismo tem stress, o que é considerado bom porque vai ajudá-lo no desempenho. O atleta vai ter uma quantidade maior de adrenalina no sangue, o que vai contribuir para alcançar respostas mais rápidas, conseguindo correr mais rápido. Também é assim para o empreendedor,

É preciso manter sempre uma saúde adequada, preocupar-se bastante com a ergonomia, nutrição e condicionamento

que em algumas situações vai ter a mesma sensação do corredor na largada. Isso é bom. Mas é ruim se ele ficar com esse stress durante muito tempo, como o dia inteiro, a noite inteira e todo o mês, o que acaba danificando totalmente o organismo. Depende do nível e da freqüência. O frio na espinha de vez em quando ajuda. Empreendedor – Qual tipo de stress é fundamental para alcançar melhores resultados profissionais?

Poetscher – Existem três tipos que estão associados à performance profissional. Essa é uma relação orgânica. No stress baixo, a pessoa tem uma performance também baixa. Por exemplo, quando não está sendo cobrada, ou não tem exigência. Por outro lado, a pessoa extremamente estressada também tem uma performance baixa, o que é ruim até por causa das doenças pelas quais ela vai estar suscetível, por exemplo, acidente vascular cerebral (AVC), pressão alta, diabetes e o uso de substâncias químicas como álcool ou tranqüilizantes. Chegam até a desenvolver transtornos de personalidade. O terceiro tipo é o médio, que dá um pico de performance, ou seja, um resultado alto. É considerado saudável, porque a pessoa desempenha normalmente as suas funções, tem um bom rendimento de suas atividades e consegue produzir bastante sem danificar o organismo e sem nenhum impacto negativo no ambiente de trabalho. Empreendedor – Como é possível atingir o stress saudável?

Poetscher – Primeiro é preciso manter sempre uma saúde física adequada, preocupar-se bastante com a ergonomia, nutrição e condicionamento físico. A saúde mental também é outro ponto importante e não dá para esquecer da saúde social. Hoje ficamos muito no computador e na internet, por exemplo, e não nos sociabilizamos mais. Abril 2006 – Empreendedor – 11


Freddy Poetscher

CASA DA PHOTO

Entrevista

A falta de apoio gera ansiedade e, consequentemente, o stress tóxico. Isso faz com que a performance vá para baixo

Então, é interessante procurar algumas atividades que são feitas em grupos, como clubes, eventos, aula de dança ou de línguas. Empreendedor – Como o stress afeta as áreas mencionadas acima?

Poetscher – O stress não-saudável ou tóxico vai deteriorar essas três áreas. Por exemplo, vai causar estafa e transtornos de personalidade e a saúde mental acaba indo “para o brejo”. Também afeta o comportamento e a saúde social e causa obesidade e hipertensão, comprometendo a saúde física. Todas as relações com o meio, incluindo a performance do empreendedor, vão ser baixas. Uma pessoa extremamente estressada, com transtorno de comportamento ou que utiliza o álcool com freqüência não vai ter uma boa performance com a equipe abaixo dela. Empreendedor – O que deve ser feito para aumentar a performance?

Poetscher – A pessoa tem que procurar o equilíbrio nessas três áreas, que pode ser alcançado, em grande parte, cuidando para não cair no stress tóxico. O equilíbrio permite que a pessoa se fortaleça e não fique suscetível ao tipo que é nocivo.

12 – Empreendedor – Abril 2006

Empreendedor – Gostar do que se faz está associado ao stress saudável?

Poetscher – Sim. Podemos relacionar o stress saudável com seis diretrizes que chamamos de Carpem, uma corruptela do Carpe Diem, que é aproveitar o dia de trabalho. Para preservar o ambiente saudável é preciso ter controle para tomar decisões sobre a sua tarefa no dia-a-dia, sem que nada lhe seja imposto, além de apoio e suporte para realizar um trabalho. A falta de apoio gera ansiedade e, consequentemente, o stress tóxico. Isso faz com que a performance vá para baixo. A terceira são os relacionamentos no trabalho que favoreçam às práticas éticas para não haver, por exemplo, ameaças em uma negociação com um grande concorrente. Outra é definir os papéis e as responsabilidades que cada sócio ou membro da equipe deve ter, porque podem esperar um resultado que não vai acontecer, gerando atrito e insegurança. Também é necessário determinar as exigências, o que se está planejando conseguir com o empreendimento e se há capacidade física e intelectual para atingir os resultados que foram previamente determinados. A última diretriz é a mudança, o quanto é possível interferir no mercado em

que se está empreendendo ou na equipe. A mudança é mais relevante para a equipe, porque o empreendedor já aceita as regras e sabe do risco do mercado, como troca de Governo, alta do dólar, etc. Empreendedor – Esse perfil do empreendedor de sucesso estaria relacionado com os seis itens citados?

Poetscher – Se ele conseguir direcionar a gestão da empresa nessas seis áreas, vai criar um ambiente propício para somar as competências dos colaboradores. Pessoas física, mental e socialmente saudáveis contribuem para alcançar o sucesso empresarial. Empreendedor – O que deve ser feito para diminuir a incidência do stress tóxico?

Poetscher – Existem treinamentos cognitivos, da pessoa aceitar ao que está exposta e toda vez que ela tem um estímulo estressante, filtrar e ficar mais fortalecida, reduzindo a incidência do stress.

Linha Direta Freddy Poetscher (11) 5181-9872 www.testmat.com.br


Abril 2006 – Empreendedor – 13


Não Durma no Ponto Tome cuidado! Crash! Barulho de travessa quebrada num daqueles barulhentos almoços de domingo... A dona da casa, aflita, tenta juntar os cacos com uma tristeza de fazer gosto... Ao seu redor, filhos, netos e convidados constrangidos – ninguém entende muito bem porque tamanho mal estar causado por uma simples travessa. Acontece que para ela não é só uma simples travessa. Nela está contida uma história que começa em Portugal, muitos anos atrás, quando os artesãos de Algarves imprimiram a sua arte na louça. Naqueles arredores, onde moravam seus ancestrais, fora adquirida pelo seu avô como presente à esposa num alegre Dia das Mães. A filha herdou a travessa. Muitos anos depois cruzou o Atlântico com ela na bagagem. Sempre que servia o almoço de domingo para toda a família, reservava aquela peça para servir os quitutes mais deliciosos. A cada vez, repetia toda a história para os comensais; sim, eles já sabiam, mas gostavam de ouvir de novo, com toda a riqueza de detalhes, como crianças que jamais se cansam de ouvir as mesmas lendas. A travessa, nesse fatídico domingo, acabou-se, estilhaçada em centenas de partículas. Não foi um final feliz e a dona de casa chorou a grande perda. Apego por simples objeto? Não! A travessa trazia em si toda uma trajetória familiar, recheada de carinho, afeto, saudade, lembrança. O que havia era um sentimento de cuidado. A dimensão do cuidado O cuidado é um valor esquecido. Na era do descartável, nada mais parece ter valor que não seja

14 – Empreendedor – Abril 2006

o de uso e o de troca. O valor sentimental pelas coisas parece ter ficado de lado. É assim com o jovem e os seus CDs, o adolescente e o seu par de tênis, as crianças e os seus brinquedos. Infelizmente, o desleixo e o descuido tomaram o lugar do zelo e do cuidado. Basta usar ao máximo e jogar fora. Sim-

O trabalho, antes criativo e desafiador, transformou-se, na era industrial, numa repetição que parece não ter fim

plesmente substituir algo por outro. É uma pena. O que de melhor existe nas coisas não é aquilo que a gente pega. É aquilo que a gente não pega! Não é a perda da travessa que fez a dona de casa se ressentir. É o que ela representava e essas coisas intangíveis valiam mais do que a porcelana de Algarves. Leonardo Boff nos ensina que “o ser humano é um ser de cuidado, mais do que um ser de razão e de vontade”. Para ele, o cuidado é uma relação amorosa para com a realidade e em tudo os humanos colo-

cam e devem colocar cuidado. É do cuidado que surge o sentimento de responsabilidade, de respeito, de apreço. O poeta Horácio (65-8 a.C.) bem dizia: “o cuidado é o permanente companheiro do ser humano”. E Boff complementa: “sem cuidado, a vida perece”. A vida só sobrevive se for cercada de cuidado, de zelo e de atenção, é isso que os mestres nos ensinam. A mesma e sutil sabedoria pode (e deve) ser aplicada ao ambiente organizacional. O que nos faz concluir que sem cuidado, a empresa também perece. Cuidados com o corpo “Existia simplicidade e beleza nas formas, capazes de despertar emoções e admiração, mas ao mesmo tempo, perfeitamente harmonizadas com a função”. Assim, Domenico de Masi descreve a maneira como se fabricava uma cadeira na era pré-industrial. Pura arte contemplada pelo criador, maravilhado diante do que acabava de concluir. Ao observar sua obra, o artesão analisava a si mesmo. Enxergava o seu talento, avaliava a sua habilidade, orgulhava-se do tempo bem empregado. O trabalho produzia cansaço e até sofrimento, mas o resultado inspirava orgulho. Havia cuidado. O trabalho, antes criativo e desafiador, transformou-se, na era industrial, numa repetição que parece não ter fim. Ao olhar a obra que ajudou a fazer, o operário não a reconhece e nem se reconhece nela. Sua alma não está lá. Ela não lhe inspira cuidados. A voracidade pelo lucro faz com que as empresas busquem otimizar


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

os ganhos de produtividade. Isso implica o máximo de produto com o mínimo de insumo. Na busca desenfreada por maximizar essa relação, não há espaço para o cuidado. E se não existe cuidado com o produto final, não existe com as matérias-primas que o compõe. Se não há cuidado com as matérias-primas, também não haverá com os ambientes que as armazenam. Se não há cuidado com os ambientes, também não haverá com toda a infra-estrutura necessária para que uma fábrica funcione. Cuidados com a alma A alma de uma empresa é decorrente da qualidade das relações entre as pessoas que fazem o trabalho. Aquelas mesmas que fazem os produtos, que elaboram, que estocam, que embalam, que expedem, que vendem, que recebem, que pagam. Se não há cuidado com os produtos e com suas tarefas, também não há cuidado com os relacionamentos. Sem cuidado, o ambiente tornase árido. O que predomina é a ausência de gentileza, a falta de delicadeza, as relações frias e superficiais. Não há respeito e cordialidade. Sem cuidado, a empresa é um ambiente insípido, em que os resultados valem mais do que as pessoas que fazem os resultados. Numa empresa em que falta o cuidado, a comunicação é falha e as pessoas não são convidadas a participar das decisões. Também não são informadas das estratégias, dos objetivos, dos resultados. São pagas para fazer, e não para pensar. Sem cuidado, o ser humano é tratado como mão-de-obra. Numa empresa em que falta o

cuidado, a mentira e a fofoca prevalecem sobre a verdade e a assertividade. Os valores materiais contam mais do que os valores morais e éticos. Sem cuidado, não existe liderança. Sem liderança, não existe equipe. Sem equipe, não existe uma empresa promissora.

Sem cuidado, a empresa é um ambiente insípido, em que os resultados valem mais do que as pessoas que fazem os resultados

Cuidados com a mente A mente da empresa cuida das relações com os clientes. De não considerá-lo um simples freguês, muito menos um paciente ou um mero comprador. Cuidado com o cliente é tratá-lo como cliente, e isso implica parceria. Existe pouco cuidado na maior parte das relações com clientes. Numa transação comercial típica, as cotações são feitas, os preços, ajustados, as mercadorias, despachadas até que só resta, ao final, uma rela-

ção fria de pagamento e recebimento. Tudo sem muito cuidado. Cuidar do cliente é, antes de tudo, interessar-se por ele. E isso acontece no primeiro contato com a empresa. É quando já devem aparecer os primeiros sinais de cuidados. Na maneira como é acolhido, na forma como é ouvido, na compreensão do seu problema, na atenção que é dada às suas demandas e problemas, no empenho em dar a ele as melhores respostas, no sentimento de orgulho em exceder as suas expectativas. Cuidado com o cliente é ter com ele uma ligação estreita, não apenas comercial, mas também emocional. É reinventar o futuro com ele e reconhecê-lo como um companheiro de negócios e jornada. É ter por ele um grande interesse. Isso implica ganhar quando ele ganha e perder quando ele perde. Cuidar do cliente é dar a ele mostras legítimas de confiança. A sabedoria do cuidado Se uma pessoa tiver cuidado com o seu trabalho, isso se estenderá para a sua equipe. Se a equipe tiver cuidado com as outras equipes, isso se estenderá para a empresa como um todo. Se a empresa tiver cuidado com outras empresas, isso se estenderá para o mercado. Se o mercado dessas empresas tiver cuidado com os demais mercados, isso se estenderá para a economia. Se a economia tiver cuidado com os seus agentes, isso se estenderá para as nações, para os povos e para as múltiplas possibilidades de geração de riquezas. E isso é prosperidade para todos! Em resumo, tudo o que sonhamos – um futuro melhor e mais humano. Abril 2006 – Empreendedor – 15


16 – Empreendedor – Abril 2006


Abril 2006 – Empreendedor – 17


Minipetrolíferas

ANDRÉ TEIXEIRA

Os poços dos pequenos

Empreendedores como Verinaldo Almeida surpreendem na conquista de um mercado complexo

18 – Empreendedor – Abril 2006


por

Carol Herling

Foi surpreendente a resposta a uma convocação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), quando abriu pela primeira vez a participação para pequenos empresários interessados nos campos terrestres. Na sua sétima rodada de leilões, em outubro de 2005, foram negociados 17 blocos de exploração, que integraram a reserva estratégica da Petrobras e tinham deixado de ser explorados. Contrariando as expectativas, 90 empresas estavam habilitadas para a disputa e 50 chegaram a apresentar proposta na data estipulada, considerado um re-

ANDRÉ TEIXEIRA

Reservas da Petrobras são disputadas por empreendedores que aprendem a lidar com um negócio caro, mas promissor

Obras da central de distribuição de combustíveis da Alcom, em Duque de Caxias

corde por especialistas. “A competição foi extremamente acirrada e a maioria das empresas seguiu à risca os critérios da ANP”, diz o empresário Nelson Moraes, acionista da ALE, empresa tradicional no ramo de distribuição de combustíveis. A ALE, que participou da disputa integrando um consórcio, adquiriu dois campos de alto potencial – um na Bahia e outro em Sergipe. Apesar do bom resultado, Nelson Moraes acredita que os primeiros lucros serão baixos e que este trabalho inicial é uma escola para a empresa. “Resolvemos adquirir esses campos como uma forma de aprendizado, sem ter que realizar um grande investimento e acumular o máximo de conhecimento possível”, diz. “É tudo novo para nós, assim como é para todos, mas estamos dispostos a pagar o preço da experiência”. A compra desses campos marginais é considerada um negócio de baixo risco. Os locais colocados à venda foram utilizados pela Petrobras e devido ao alto preço de exploração na década de 1950, quando o valor do barril de petróleo extraído no Brasil era 35% maior que o preço de importação, foram deixados de lado. Quando a estatal decidiu concentrar seus esforços na exploração marítima, os campos se transformaram em reserva. “A maioria já possui poços perfurados e alguns contam com parte da estrutura necessária para a exploração, ou seja, o petróleo existe”, diz a advogada Elisabeth Baère. Conhecida como uma das maiores especialistas em petróleo em atividade no Brasil, Elisabeth presta assessoria

jurídica para pequenos empresários e traça o perfil daqueles que buscam oportunidades na exploração do petróleo. “Trata-se de um grupo heterogêneo, mas todos têm uma bagagem no assunto, porque petróleo é um segmento que não dá para entrar sem ter um mínimo de conhecimento”, diz. Além da experiência prévia, a empresa tem que estar com o departamento jurídico em dia – sem nenhuma ação judicial em curso – e também contar com um bom mecanismo de divulgação positiva de suas atividades. “O candidato tem que estar preparado para enfrentar as grandes empresas do setor, porque todos estão de olho nas chamadas ‘pequenas’”, afirma. Segundo a advogada, as gigantes estão atentas ao avanço das novas empresas, e existe uma mobilização – considerada por ela “padrão e normal” – no sentido de frear esse crescimento. “O segredo é saber lidar de uma forma tranqüila com a tendência que existe de associar os nomes das pequenas empresas com negócios ilícitos”, diz. Se o preparo psicológico é indispensável, o embasamento técnico para fazer bons negócios com petróleo é fundamental. Antes de apresentar as propostas para compra em um leilão, o interessado deve contratar uma equipe técnica que analise todas as possibilidades de exploração e os tipos de materiais que podem ser encontrados no local para então escolher o campo mais adequado para investir. O investimento inicial para inscrição, formação de equipe e pesquisa, segundo empresários que participaram da última rodada, é de R$ 200 mil. De acordo com as reAbril 2006 – Empreendedor – 19


INDEX OPEN

Minipetrolíferas gras estabelecidas pela ANP, o limite de compra por rodada é de três campos, e quando há desistência do vencedor, o campo é negociado com outros interessados que ficaram bem colocados na disputa. Foi o que aconteceu com Verinaldo Almeida, presidente da Alcom Petróleo. Após arrematar o campo Jacarandá, em São Sebastião do Pacé (BA), o empresário teve a oportunidade de fechar a compra de mais dois campos – as negociações com a ANP estão na fase final e ele promete não parar. “Estou me preparando para o próximo leilão da ANP e espero, um dia, poder explorar poços no mar também”, diz. A primeira preocupação de quem compra um campo, após o leilão, é correr contra o relógio. A ANP determinou um prazo máximo de dois anos e seis meses para o início dos investimentos necessários para a produção. E alguns empresários não sabem Elisabeth alerta contra se será possível cumindústria das prir à risca a determi- indenizações nação por um motivo curioso: o edital do leilão é bem específico e diz que a ANP concede apenas o subsolo, ficando por conta e risco de cada empreendedor preparar a área para o trabalho. Há quem acredite que isso pode se transformar em uma missão impossível. “Conheço o caso de um empresário, que não posso identificar, que escolheu um campo onde havia apenas uma casa. Após a divulgação dos leilões, o local atraiu um número considerável de pessoas que ocuparam o terreno em busca de indenizações”, diz a advogada Elisabeth Baère. “Agora essa pessoa está enfrentando a burocracia e correndo contra o tempo para poder, literalmente, preparar o terreno e começar a trabalhar”, completa. Companhias e investidores estran-

20 – Empreendedor – Abril 2006

O Raio-X do novo nicho Segundo a advogada Elisabeth Baère, especialista em petróleo, as empresas que vão iniciar a extração do produto nos campos marginais leiloados pela ANP apresentam o seguinte perfil: 1. São administradas por pequenos investidores, que não têm acesso ao Sindicom, o sindicato formado pelas grandes empresas do setor; 2. Não há um padrão de idade dos empreendedores, mas todos têm uma experiência prévia no assunto; 3. Procuram se “armar” com mecanismos de divulgação positiva de suas atividades, como forma de coibir a “ação predatória” do mercado; 4. Têm capacidade para gerar até 5.000 empregos indiretos; 5. Os principais cargos administrativos, na maioria das empresas, são delegados a pessoas de extrema confiança do empreendedor, como familiares. “Empresa privada de petróleo só funciona se for familiar, eu mesma conto com meu filho para me auxiliar”; 6. Os bancos não promovem dificuldades para as empresas porque, desde o começo, elas são obrigadas a ter um capital considerável; 7. Os empreendedores são workaholics assumidos, e buscam apenas profissionais com formação específica – desde a equipe técnica, passando pelo departamento jurídico até os caminhoneiros que lidam com a carga de combustíveis; 8. Há uma cultura de consulta ao advogado antes de assinar contratos e documentos. “Os empresários ‘menores’ são vigiados constantemente pelas autoridades e acabam se precavendo em dobro, porque se errar uma vez, pode ser a última; cada passo é extremamente estudado”; 9. Não há economia quando o assunto é compra de equipamentos, contratação de pessoal ou realização de pesquisas; 10. Os empresários do setor não se consideram apenas concorrentes, e sim parceiros, uma vez que buscam soluções em conjunto para as dificuldades iniciais – como no caso da formação da Apon – Associação Nacional dos Pequenos Produtores de Petróleo.


LIANE VARSANO

geiros analisam, alguns bem de perto, o potencial dessas novas empresas que surgem e tentam conquistar espaço. A tendência refletiu-se desde a fase prévia do leilão. “A busca hoje por petróleo é desesperadora”, diz Verinaldo Almeida. “Empresas de fora vieram participar. Só os Estados Unidos absorvem 52% da produção mundial”. Segundo o empresário, corporações chinesas já demonstraram interesse em fazer parcerias para exploração e investimento em seus poços. A participação estrangeira, para Almeida, pode ser saudável, mas também envolve dificuldades para essas empresas. “O empreendedor estrangeiro enxerga o petróleo brasileiro com cobiça, não para tomar para si, e sim para participar do contexto. Entretanto, os critérios da ANP são tão rígidos que sei de empresas que venceram a licitação, mas não puderam assumir os campos porque não conseguiram completar a documentação exigida”, diz. “Essas exigências são importantes, porque se por um lado limita a participação de mais empresas, seleciona melhor quem está apto a participar do processo”. Passado o impacto da novidade e a euforia da entrada em um mercado que é para poucos, os empresários começam a perceber que as metas são parecidas e que a união pode fazer o diferencial. A Alcom Petróleo e o consórcio integrado pela ALE, por exemplo, planejam vender toda sua produção para a Petrobras. “Nosso tipo de petróleo interessa à Petrobras”, diz o empresário Nelson Moraes. Para Verinaldo Almeida, a motivação é um pouco mais complexa: “A nossa prioridade é o Brasil, sou uma pessoa patriota, uma célula que pode ajudar o meu país, então vou buscar a Petrobras – desde que ela nos atenda satisfatoriamente – para criar um contrato de fornecimento”. A Petrobras olha positivamente para a nova experiência, afirmam Almeida e Moraes.

Auto-suficiência brasileira A meta da Petrobras de 1,910 milhão de barris/dia coloca o país na elite mundial dos produtores O Brasil chega à sua auto-suficiência na produção de petróleo de acordo com a meta da Petrobras de conseguir manter a produção estável do combustível na casa de 1,910 milhão de barris/dia. Para conseguir esse feito, a empresa vai colocar em operação a Plataforma P50 em Campos (RJ), que irá produzir diariamente 180 mil barris de óleo. A P50 será a unidade de maior potencial de processamento no país (com capacidade de armazenamento de meio bilhão de barris de óleo e 6,9 milhões de metros cúbicos de gás) e marcará o ingresso do Brasil na pequena lista de países industrializados auto-suficientes em petróleo. A P50 é um FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, em português) e será ligada a 16 poços produtores e 14 injetores que entrarão em produção gradativamente até dezembro. A previsão é que dos 16 poços – todos eles dispersos de forma milimétrica no campo de 225 km2 e em lâmina d’água que varia de 955 metros a 1.665 metros – jorrem 180 mil barris de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás por dia. Além da P50, outras três plataformas, de menor porte, vão entrar em operação este ano: P34 (60 mil barris por dia), no Campo de Jubarte; SSP-300 (20 mil barris por dia), no Campo de Piranema; e o FPSO Capixaba (100 mil barris por dia), no Campo de Golfinho. No mesmo campo, começará a operar em 2007 o FPSO Cidade de Vitória (100 mil barris por dia). Só com a P50, serão gerados 16.800 empregos, sendo 4.200 diretos e 12.600 indiretos.

A Petrobras já alcançou o patamar da auto-suficiência mais de uma vez. Com o início das atividades da P50, o processo será consolidado e sem risco de reversão. “É a chamada sustentabilidade”, diz Alan Kardec Pinto, gerenteexecutivo de refino da Petrobras. A empresa ocupa, hoje, a sétima posição mundial no setor de refino. A meta para os próximos cinco anos é ambiciosa, já que pretende alcançar a primeira posição no mercado. A expectativa é de que até 2010, de forma gradativa, a produção média cresça mais que o consumo ano a ano. No fim de 2008, por exemplo, as projeções indicam que o consumo médio ficará em torno de 2 milhões de barris por dia; já a produção chegará ao patamar de 2,1 milhões barris diários. Em 2010, a Petrobras deve atingir o patamar de 2,3 milhões de barris processados (com consumo de 2,06 milhões/dia), e vai investir, a partir deste ano, US$ 28 bilhões para bater a meta. Além dos investimentos, a descoberta de novas áreas de exploração indica boas perspectivas de produção para os próximos anos. Em dezembro, a Petrobras declarou a viabilidade comercial de cinco novos campos, entre eles o gigante de Papa-Terra, na Bacia de Campos. Outra frente de trabalho para garantir a auto-suficiência está na área de novas concessões exploratórias. Em outubro de 2005, na 7ª Rodada de Licitações promovida pela ANP, a companhia adquiriu 96 – sendo 42 com exclusividade e 54 em parcerias – dos 109 blocos que disputou. A área total desses blocos soma quase 40 mil km2. Abril 2006 – Empreendedor – 21


Minipetrolíferas

A vitória do retirante Verinaldo Almeida nasceu pobre no Sergipe e em 17 anos montou um império petrolífero Às 6h30 Verinaldo Almeida já fez seus 40 minutos diários de meditação, tomou café, leu os jornais, memorizou os compromissos e se prepara para vencer o trânsito entre a sua casa e o trabalho. A rotina do empresário também envolve o preparo de seus dois filhos para os negócios, reuniões de trabalho com a esposa e dedicação para futuros projetos sociais, além de viagens internacionais – quando quase sempre mescla trabalho e lazer – e as visitas técnicas em seus campos de petróleo, localizados na Bahia. Como muitos empresários brasileiros, seu dia tem hora certa para começar, mas não para terminar. A trajetória de um dos principais investidores do ramo petrolífero no Brasil é curiosa por dois motivos: pela diversidade de profissões que já exerceu antes de entrar para o setor e pela capacidade de se reinventar a cada mudança. A origem é como a de muitos brasileiros: humilde, marcada pelas dificuldades e por muita luta. Da infância em Macambira, no sertão de Sergipe, guarda poucas lembranças, a maioria do interior de um caminhão. “Meu pai era caminhoneiro e o sonho dele era ficar no Nordeste, mas ia para o Rio de Janeiro trabalhar e levava a família (Almeida, a mãe e duas irmãs). Sempre que ganhava um dinheirinho, a gente voltava para o Nordeste”, diz. “Só que meu pai não planejava as coisas, o dinheiro acabava e a gente sempre voltava para o Rio de Janeiro”. As constantes andanças e a necessidade de dinheiro forçaram o futuro empresário a abandonar cedo os estudos e a entrar para o mercado de trabalho aos 14 anos, como funcionário em uma fábrica da calçados. “Completei o segundo grau e fiquei na fábrica até os 18 anos, quando fui servir o Exército. A corporação me abriu portas, pois lá tirei minha carteira de motorista e iniciei minha trajetória como caminhoneiro”. Depois do serviço militar, Almeida conciliou o trabalho dos fretes com a vida de policial militar, função que exerceu por mais de 20 anos. No fim da década de 1980 veio a virada: “Juntei dinheiro e comprei

22 – Empreendedor – Abril 2006

ANDRÉ TEIXEIRA

Verinaldo: a fé é a motivação maior para tirar os projetos do papel


ANDRÉ TEIXEIRA

um caminhão, assim passei a trabalhar no ramo de petróleo como prestador de serviços para distribuidoras”. A era Collor, que muitas pessoas ainda lembram como um pesadelo recente, foi para Almeida o momento decisivo. “A abertura do Collor foi para mim um divisor de águas, ele introduziu a concorrência de mercado no ramo de petróleo, porque antes só tinha poucas empresas, e estrangeiras”. Por trabalhar para distribuidoras, Almeida estava atento às mudanças e usou as informações que acompanhava a seu favor. “Até então, era proibido abrir empresas no ramo. Quando foi possível, abri uma nos moldes de TRR (TransportadorRevendedor-Retalista) e desenvolvi posteriormente uma pequena fábrica de lubrificantes”. Assim, há 17 anos, surgia a Alcom. O empresário acredita que também teve um pouco de sorte e que soube aproveitar a oportunidade da melhor forma . “Não havia tantas exigências como hoje. Se fosse agora eu poderia não conseguir, mesmo com as minhas idéias e a minha força de vontade. Na época do TRR eu simplesmente abri um cadastro no CNP e me concederam um título; hoje, só para começar, você tem que ter uma base de tancagem de 75 mil litros, atender a portaria 201, que faz uma série de exigências, demonstrar capacidade financeira e ter um capital social de R$ 200 mil. Qual o pobre que tem capital social de R$ 200 mil? Nenhum! Hoje em dia, pobre não tem mais chance de entrar para o meio”. As exigências barraram a entrada de muita gente num ramo promissor, mas ao mesmo tempo selecionaram os empresários nos leilões. “Nesse mercado entraram muitos aventureiros, que abriram empresas de fundo de quintal para fazer falcatruas, adulterar combustível” – uma cultura que veio com a abertura. Para Almeida, o petróleo hoje no Brasil é muito promissor, por isso a sua decisão de investir nos chamados campos marginais. “Seremos responsáveis por parte do desenvolvimento do país – apesar da economia não permitir muito – e temos boas perspectivas”. Tamanha prosperidade, no entanto, deve ser trabalhada com muito cuidado, “no sigilo e com pessoas da mais alta confiança”, como define a especialista Elisabeth Baère. Por isso, o empresário desig-

Futuro posto da Alcom: a nova marca chega ao público consumidor nou para funções-chave na Alcom a esposa e os filhos. “Minha esposa me ajuda a tomar conta das finanças e meus filhos se encarregam da parte administrativa”. A tendência de liderar também é outra característica marcante do empresário. Tanto que articulou a fundação, em fevereiro, da Apon (Associação Nacional dos Pequenos Produtores de Petróleo). O objetivo era unir a categoria para a solução de problemas comuns. O principal, nesse início de trabalho para os novos empreendedores, é a escassez de equipamentos. “A Petrobras absorve todos os equipamentos produzidos hoje no país, por isso vamos importar em conjunto uma sonda top de linha para perfurar poços de 3 mil metros e atender aos associados”, diz Almeida. O equipamento, que custa cerca de US$ 3 milhões, terá o custo dividido entre as dez empresas que integram a Apon. Paralelamente ao trabalho nos campos recém-adquiridos, Almeida está investindo na abertura de novos postos com a bandeira Alcom – serão 13 postos em funcionamento até o final do ano, e a estratégia, segundo o empresário, é dar mais visibilidade à marca. “Já conquistei meu espaço no mercado empresarial brasileiro, mesmo minha empresa sendo uma das menores no segmento, e pretendo levar ao público consumidor a minha forma de trabalhar: com honestidade, legalidade e transparência, sem abrir mão da qualidade”. O empresário também finaliza a construção de uma central de distribuição primária na cidade de Duque de Caxias (RJ). O local – que segundo Elisabeth Baère será o mais moderno do país e o primeiro com mecanismo 100% digital para acompanhamento via internet de qualquer parte do mundo – receberá investimento total de R$ 10 milhões e terá capacidade para 7,8 mi-

lhões de litros de combustível. Dentro dos tanques haverá medidores digitais para a verificação imediata da quantidade de produto armazenada e 35 câmeras vão ajudar na vigilância. Estão previstos no projeto um auditório para treinamentos internos, alojamento para colaboradores em trânsito, um sistema de segurança que engloba um tanque exclusivo para água de 780 mil litros e duas bombas para combater incêndios (uma elétrica e outra a diesel). “Investimos em treinamentos de segurança para evitar acidentes, porque é difícil encontrar uma empresa disposta a segurar uma distribuidora de combustíveis”, diz Almeida. Em sua base, em Duque de Caxias, também haverá uma capela. Para Verinaldo Almeida, a fé é a motivação maior para tirar todos os seus projetos do papel. “Eu tenho uma missão social, até esotérica posso dizer, mas vivo com simplicidade e com fé, graças a Deus. Tem gente que acha isso tudo uma conquista, e para mim é um desafio chegar de uma região pobre e montar toda uma estrutura de desenvolvimento. Ser empresário é matar um leão por dia. Apesar das dificuldades que passamos, somos heróis, porque lutamos contra um sistema público que não dá direito a nada”.

Linha Direta Elisabeth Baère (21) 2531-1514 Verinaldo Almeida (21) 2676-2724 Nelson Moraes (31) 3247-6580 Petrobras (21) 3224-4477

Abril 2006 – Empreendedor – 23


Inovação

Necessidades especiais O mercado de adaptação cresce para atender as pessoas que possuem alguma dificuldade relacionada à parte física ou mental Fábio Mayer

INDEX STOCK

por

24 – Empreendedor – Abril 2006

As pessoas portadoras de necessidades especiais (PPNE) ficaram tempo demais fora do mercado. Não apenas como consumidoras, mas afastadas das oportunidades plenas de qualquer cidadão de exercer e crescer na profissão, do incentivo para abrir o próprio negócio e do direito de ter uma vida independente. Na última década, a exclusão deu lugar ao bom senso e trouxe do exílio forçado 14,5% da população do país. São 24,5 milhões de brasileiros, de acordo com o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que possuem alguma dificuldade de enxergar, falar, ouvir, locomover-se ou com alguma outra necessidade relacionada à parte física ou mental. Dificuldade não é sinal de falta de capacidade, muito menos de esforço e persistência, mas falta de condições para realizar atividades, tanto no trabalho quanto em casa. Ainda há pouca variedade de produtos e serviços oferecidos no mercado e em alguns casos é difícil encontrar um equipamento adequado que de fato auxilie na hora de suprir as necessidades. Em uma cadeira de rodas, por exemplo, são muitas variáveis que precisam ser consideradas, como ângulo, espessura do tronco, largura do peito e do assento da cadeira, altura da cabeça, pescoço e joelho e tamanho do braço. Foi o que aconteceu com o artista plástico Luiz Antônio Alves. Depois de ficar paraplégico devido a um acidente de moto,


INDEX OPEN

teve que se adaptar da melhor forma possível a sua nova realidade como PPNE, mas não foi fácil se acostumar com a cadeira de rodas. Alves aproveitou sua habilidade e as ferramentas da oficina que tinha como artista plástico para fazer ajustes e, mais tarde, confeccionar os próprios equipamentos. Ao mesmo tempo, pensou em levar adiante a profissão, só que em vez de objetos para decoração, com os quais estava acostumado a trabalhar, iniciou a fabricação de brinquedos (bicicletas e velocípedes) para crianças com necessidades especiais. As oportunidades foram surgindo e dando outro rumo a sua vida. “Comecei a fazer as modificações para mim porque tinha necessidade, depois as pessoas souberam e passaram a me procurar e a fazer cada vez mais pedidos ligados à adaptação”, diz. A demanda cresceu tanto que Alves e sua esposa, Mônica, tiveram que criar a LM Criações e Adaptações. Ele conta que o negócio deu certo porque não existem hoje no mercado muitas empresas que fazem esse tipo de trabalho. Para fazer adaptações é preciso ter uma oficina com muitos equipamentos e acessórios com soldas diferentes a cada material, como os inoxidáveis, de alumínio e de ferro. Na opinião dele, é um investimento muito alto para pouca rentabilidade. “Mesmo quando se monta uma oficina cara como essa, é normal que a pessoa faça outros tipos de serviços, porque

esse não dá muito lucro.” Como ele já tinha a oficina montada e o interesse em trabalhar nessa área, resolveu enfrentar o desafio. “Faço para mim também, mas se fosse parar e começar do zero, não tinha pago nem as máquinas até hoje.” Fundada há dez anos, a empresa conta com a colaboração de 14 funcionários para realizar as adaptações, principalmente em banheiros, fabricar cadeiras de banho (sitting position), mesa ortostática (para que os paraplégicos fiquem na posição vertical) e cintos de segurança. “Somos mais focados em atender pessoas com paralisia cerebral (PC), porque são as que mais precisam de adaptação. Os fabricantes mandam para o mercado produtos padronizados e é um tipo só de equipamento para todo mundo.” Os serviços específicos de certa forma dificultam a atuação nesse ramo, pois é impossível fabricar os equipamentos como em uma linha de produção. É preciso fazer um trabalho personalizado para cada cliente, pois cada caso é único. “É uma peça individual, não dá para fazer em escala. As pessoas nos procuram exatamente para que façamos as adaptações.” O reconhecimento vem em forma de elogios até pela internet. “Nunca sofri preconceito, pelo contrário, sempre fui muito elogiado, as pessoas dão muita força.” Para uma maior atuação nesse mercado, as alianças com outras empresas são uma exigência. É o que faz a Cavenaghi. No ramo de adaptação veicular

Mais tecnologia nos produtos voltados a 14,5% da população, ou 24,5 milhões de brasileiros

há 37 anos, desenvolve equipamentos por meio de parcerias com montadoras. A empresa faz parte do projeto Mobilidade da Volkswagen e do programa Fiat Autonomy para fornecer veículos adequados às PPNEs. A meta é criar e produzir peças específicas e preparar o automóvel para que o portador de necessidade especial possa ou conduzir ou ser transportado por ele com maior segurança e conforto. “As parcerias com as montadoras de veículos são fundamentais para o que fazemos. Buscamos efetuar um trabalho de mão dupla, a maior parte das parcerias, ou aquelas que se preocuparam com esse mercado, têm consciência de que precisam da Cavenaghi e nós delas”, diz Mônica Cavenaghi, diretora da empresa. A aliança foi feita para atender tanto a parte técnica quanto a comercial. No primeiro caso, o objetivo é desenvolver modelos de adaptações devidamente padronizados a cada carro que vai ser lançado no mercado. A Cavenaghi mantém contato direto com as engenharias das montadoras, que anunciam as principais alterações realizadas nos novos veículos. Algumas delas, também do ponto de vista técnico, fazem questão de ter sempre os produtos homologados, para garantir que o cliente não perca a garantia de fábrica. “Do ponto de vista comercial, precisamos um do cliente do outro. Na medida que vende Abril 2006 – Empreendedor – 25


Inovação um carro para esse público, a preocupação da montadora é de prestar o serviço completo.” Mônica mantém convênio com auto-escolas que habilitam as pessoas portadoras de necessidades especiais e parcerias com as principais concessionárias do país. Importantes na opinião dela para se ter um link comercial contínuo com o mercado. “Atualmente temos 40 pontos-de-venda, empresas parceiras nesse projeto, e queremos crescer 50% esse ano. Temos a intenção de chegar no final de 2006 com 60 empresas em todo o Brasil.” Em 2005, a empresa teve um aumento de 20% no faturamento. A Cavenaghi realiza serviços em três linhas: direção, transporte e cadeiras de rodas e acessórios, como prolongamento de cintos, rampas especiais, plataformas elevatórias, sistemas de fixação da cadeira de rodas no piso do carro e automatização do sistema de embreagem. Ela também presta serviços de consultoria: recebe diariamente uma enxurrada de e-mails e telefonemas de consumidores com dúvidas sobre o tipo de carro que devem comprar ou aonde ou com quais características. “A Cavenaghi acaba orientando, e mesmo que tenhamos um certo custo, retemos o cliente e nos mantemos como referência nesse mercado. Ele vem apenas a um local e acaba tendo um conjunto de informações: legislação, habilitação,

1 2

4 3 5

Cavenaghi: seqüência do sistema Acessa Fácil

Pessoas famosas portadoras de necessidades especiais Ludwig Van Beethoven Nasceu em 1770 na cidade de Bonn, na Alemanha, tornou-se o maior e mais influente compositor do século XIX. Aos 26 anos, começam a surgir os sintomas de deficiência auditiva. Em 1824, quando estava quase surdo, compôs a Sinfonia n° 9 em Ré menor, considerada a sua obra-prima.

26 – Empreendedor – Abril 2006

Louis Braille Educador, organista e violoncelista, nasceu em Coupvray, na França, em 1809, e ficou cego aos três anos de idade depois de ter perfurado um dos olhos enquanto brincava na oficina do pai. O machucado infeccionou e atingiu também o outro olho, afetando por completo sua visão. É o inventor do alfabeto Braille para deficientes visuais.

Luís Vaz de Camões Poeta lírico nascido em Lisboa, Portugal, em 1524. Perdeu um dos olhos ao participar de uma batalha contra os Mouros em Ceuta, em 1549.


automóvel e isenção de impostos”, diz. A oportunidade de Fernando Maciel, fundador da ATC Comércio de Produtos para Cegos, de entrar no mercado foi encontrada depois de atender um pedido de seu pai, assistente social que auxilia na reabilitação de deficientes visuais. Em 1989 começou com a fabricação de bengalas para cegos devido à falta desse equipamento. “Não existia na época bengala no mercado de São Paulo e acabei sendo cada vez mais solicitado até que iniciei formalmente a empresa.” Para solucionar as necessidades da demanda e ampliar o crescimento das vendas, ele põe em prática diversas iniciativas. Uma delas é fazer pesquisas freqüentes, dentro e fora do país, para acompanhar as tendências e assim desenvolver novos produtos. Atualmente, produz e comercializa bengalas, incluindo as próprias para crianças, material escolar como regletes (aparelho que permite a escrita – o papel é colocado entre duas placas de metal ou plástico e depois pressionado para que fique em relevo), mapas em alto relevo, papéis braille, e em informática faz adaptações em teclados e impressoras. Também realiza visitas constantes em redes de ensino para a divulgação dos materiais disponíveis. Para 2006, a expectativa de crescimento é de 5%. “A maior dificuldade é a logística, os benefícios vêm do fato de que este mercado foi pouco explorado”, diz Maciel.

Miguel de Cervantes Romancista espanhol, autor de Dom Quixote. Na batalha de Lepanto sofreu um ferimento que lhe causou a perda da mão esquerda em 1571. Nasceu em 1547.

Adriana: o trabalho de divulgação fortalece um novo mercado no país

Estratégias da inclusão Divulgar os avanços do segmento ajuda a eliminar inúmeras dificuldades Poder contribuir de alguma maneira com a inclusão das PPNEs é uma característica comum a muitos empreendedores que apostam em produtos e serviços voltados para essa área. Mas a principal queixa e desvantagem de estar presente nesse nicho continua sendo a falta de conscientização sobre a importância de oferecer condições para que as PPNEs tenham uma vida mais independente. É o que muitas em-

Antônio Francisco da Costa Lisboa Nascido em 1730, na cidade mineira de Vila Rica. Também conhecido como Aleijadinho, foi um dos maiores escultores do barroco brasileiro. Uma característica de suas obras é esculpir um dos dedos das mãos mais alongado, marca registrada ou sinal da doença que lhe causou deformidades.

presas tentam alertar por meio de estratégias de divulgação juntamente com os produtos, o que também ajuda a fortalecer esse mercado no país. “O principal benefício para nossa empresa é poder participar da inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade”, diz Adriana Bussaglia, coordenadora comercial da Indemetal. Fundada há 28 anos, a empresa fabrica etiquetas, placas e painéis convencionais e em braile, utilizados para a orientação em elevadores, pavimentos, corrimãos, sinalização para banheiros e bebedouros e identificação de portas e

Lars Grael Enquanto participava de uma regata em Vitória, Espírito Santo, em 1998, o velejador brasileiro e medalhista olímpico perdeu uma das pernas em um acidente, depois que sua embarcação foi atingida por uma lança. Hoje, aos 42 anos, pretende participar dos Jogos PanAmericanos realizados no Rio de Janeiro, em 2007. Abril 2006 – Empreendedor – 27


Inovação ambientes. “Primeiramente houve a solicitação dos clientes fabricantes de elevadores que os insertos fornecidos tivessem a inscrição em braile devido uma obrigatoriedade. A partir daí começamos a sugerir a inscrição em braile em todas as identificações”, diz. Desde o início do desenvolvimento das identificações, Adriana conta que entraram em contato com várias associações de deficientes visuais para aprender um pouco sobre essa leitura. Também tiveram que disponibilizar técnicos para fazer um estudo detalhado da norma ABNT NBR 13994 sobre braile para elevadores e da ABNT NR 9050 de acessibilidade. “Isso viabilizou métodos de confecção e processo produtivo para atender a demanda do mercado não somente de deficientes visuais.” Outra ação é fabricar uma linha padronizada de identificações e vender em pequenas quantidades, mesmo as peças sendo personalizadas. O faturamento da empresa, somente com as identificações em braile, foi de R$ 312 mil em 2005. Para este ano a previsão é de R$ 436 mil.

Fim das barreiras Produtos eletrônicos aproximam os sentidos dos objetos distantes Em 1995, Valdemir Ribeiro Borba escolheu esse nicho para contribuir com a integração das PPNEs na sociedade e no mercado de trabalho. Fundador da Terra Eletrônica, ele criou equipamentos como mouses especiais para pessoas com dificuldades motoras e a lupa eletrônica para deficientes visuais, usada principalmente para facilitar a leitura. Se a pessoa tem dificuldades de enxergar o que está escrito em um documento impresso, por exemplo, pode utilizar o aparelho para visualizar o texto fazendo a reprodução da sua imagem diretamente na televisão ou no computador. A lupa também está sendo utilizada em outras áreas, como na medicina, para ajudar na clipagem das linhas nas agulhas de sutura. Formado em eletrônica, trabalhou no Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e em outras empresas do ramo tecnológico, mas sempre desenvolveu

projetos paralelos por curiosidade. “O projetista está sempre bolando novidades que ainda não existem no mercado”, diz. Na década de 90, teve a criatividade de fazer equipamentos que usavam interface de voz. “Comecei a brincar com aquilo e descobri como gravar o som em um chip, que fazia qualquer coisa falar. Meu chevette falava, por exemplo: a gasolina está baixa.” Ele conta que entrou no ramo praticamente por acaso enquanto fazia uma demonstração dessa tecnologia em uma feira do Sebrae, em 1991, apresentando um tapete que, ao ser pisado, ativava uma frase por meio de um sensor. “Um senhor apareceu e me perguntou sobre o equipamento, expliquei como funcionava e que podia fazer qualquer objeto falar. Então ele me pediu para desenvolver um projeto para ajudar seu filho, que tinha paralisia cerebral, a se comunicar.” A partir daí, Borba percebeu que poderia usar o que inventou em benefício das PPNEs. “Criei uma prancheta, o VoxTable, que fala frases prégravadas para atender as necessidades de alguém que não fala ou que não consegue falar por algum outro motivo temporário”, diz. Para isso basta apertar uma tecla para dizer, por exemplo, estou com sede, quero ir ao banheiro ou estou com calor. VoxTable emite frases prégravadas para pessoas que não falam

Lupa eletrônica para deficientes visuais: utilizada também na medicina

28 – Empreendedor – Abril 2006


Motores da liberdade Veículos especiais são decisivos na mudança de vida de quem precisa Salomão Katz, fundador da Kapra Medical, resolveu atuar nesse mercado no começo da década de 90, depois que viu os primeiros veículos adaptados para esse público, em uma viagem que fez aos Estados Unidos. Enquanto assistia a uma peça de teatro observou na platéia uma senhora portadora de necessidades especiais em um scooter elétrico (espécie de triciclo motorizado). Terminada a peça ele se dirigiu à mulher. Soube que o equipamento a ajudou a ter uma vida mais independente, já que nos últimos seis anos ficou dentro de casa, quase sempre em uma cama. “Ela passou a fazer compras, visitas, ir a espetáculos, passeios e programas sociais que desfrutava antes de ficar com meio corpo paralisado”, diz Katz. Com o auxílio de um amigo e após visitar diversas fábricas norte-americanas decidiu optar pela maior manufatura desses veículos do país. Em

1994, abriu a empresa e começou a importar e comercializar os equipamentos no Brasil. Hoje, é uma das maiores distribuidoras da América do Sul de triciclos e quadriciclos, cadeiras de rodas motorizadas e manuais, camas articuladas motorizadas e aparelhos para auxiliar na locomoção e na reabilitação. “O investimento inicial, tendo em vista que a fábrica só se interessava por full containers, foi de aproximadamente R$ 550 mil em mercadorias, instalações, oficinas e depósitos em Porto Alegre, além de uma pequena equipe de funcionários.” A empresa vende em média três equipamentos por dia e até o final deste ano espera aumentar essa quantia para cinco. Katz conta que um dos benefícios de estar nesse ramo é a redução de impostos concedidos a alguns produtos. “E, sem dúvida, o mesmo motivo de há 12 anos que resultou na criação da empresa: a volta à sociedade de pessoas antes imobilizadas em poltronas e camas”, diz. Para ele isso é muito gratificante. “Realmente dá a sensação de utilidade ao próximo, uma das fórmulas mais seguras de tranqüilidade, senão de felicidade.”

Kapra Medical, a equipe e os produtos: auxílio na locomoção e na reabilitação

Linha Direta Adriana Bussaglia (Indemetal) (11) 4023-1712 www.indemetal.com.br Fernando Maciel (Fênix) (11) 5541-9333 fenixmac@terra.com.br www.aerorig.com.br/dv.htm Luiz Antônio Alves (LM Criações) (21) 2234-1351 lmrio@lmrio.com.br www.lmrio.com.br Mônica Cavenaghi (Cavenaghi) (11) 3719-3739 www.cavenaghi.com.br Valdemir Ribeiro Borba (Terra Eletrônica) (12) 3916-5025 terra@terraeletronica.com.br www.terraeletronica.com.br Abril 2006 – Empreendedor – 29


Treinamento Uma fonte de soluções para quem quer redirecionar a empresa e precisa perder menos e criar mais por

Wendel Martins

Em tempo de mudança Treinamento nunca foi uma palavra tão em voga. Favorece a aquisição de habilidades e aptidões através da prática. É instrumento de aperfeiçoamento e de motivação para o público interno. Nos negócios, pode ser a diferença entre fechar ou não um contrato. É visto como um investimento estratégico e prioritário, adotado por empresas em processo de mudança organizacional ou que desejam expandir o seu negócio. Pode ser realizado por questões gerenciais ou até por pressões do mercado. Por ser uma prática recente, seu retorno é difícil de ser mensurado em termos absolutos, mas quem investe, aprova. Estimula novas idéias, amplia as capacidades produtivas, diminuindo os desperdícios e a rotatividade de vagas. O tipo de programa de educação profissional que as empresas forne-

30 – Empreendedor – Abril 2006

cem aos seus colaboradores varia de acordo com as necessidades do empreendimento. Os mais modernos podem achar desnecessário o conceito de turma como concebido na escola tradicional, em função da faixa etária dos alunos, do gênero ou do nível de conhecimento. Grupos flexíveis, listas de discussão, chats, comunidades virtuais, pesquisas cooperativas, são algumas das possibilidades de um novo cenário educacional: flexível, aberto e interativo. Até o problema do tempo é superado, já que não é preciso parar de estudar porque “bateu o sinal”. Foi a introdução da tecnologia que permitiu o respeito ao ritmo de aprendizado de cada aluno. Mas a avalanche de informação pode implicar na desorientação dos alunos. A nova relação com o tempo pode trazer os riscos da dispersão, es-

pecialmente para profissionais que só rendem sob pressão. É sempre bom lembrar que o aluno não vai sair um especialista no assunto, mas deve ter condições de travar um diálogo compreensivo com parceiros, como clientes e fornecedores. Entre as formas de pensar o treinamento estão os games para empresas, uma brincadeira séria que é uma ferramenta útil para implementar modernas técnicas de gestão e ensinar ao público interno as nuances de cada teoria. O ensino a distância seduziu o mercado corporativo com a promessa de economia de tempo e de dinheiro. Outra modalidade de treinamento é o in company, que responde às necessidades específicas das organizações. Por fim, as certificações elevam as chances de profissionais e empresas serem bem sucedidas num mundo conectado.


Sala de aula virtual Crescimento da educação a distância revela a importância do conhecimento na era da informação Economia de tempo e de dinheiro são palavras que soam como mágica em qualquer departamento de RH. São também as principais razões para o elearning ser considerada uma das principais ferramentas nos processos de treinamento e desenvolvimento. Investimento nessa modalidade pode ser de 40% a até 60% mais barato que métodos convencionais. Além das vantagens econômicas, dispensa o deslocamento dos funcionários para participar dos cursos e há possibilidade de manter a freqüência nas aulas, mesmo estando em viagem. “É possível excluir o tripé viagens, hospedagem e alimentação para o aprendizado do funcionário. Isso tem impacto no custo do programa”, diz Cesar Braga, da Gestum, empresa especializada em educação corporativa. Outro benefício é que o e-learning permite que a informação se transmita de maneira mais rápida dentro da companhia. “Imagina se uma empresa do varejo, com 300 pontos-de-venda em todo o Brasil quiser um curso de gestão de vendas. Pelos métodos tradicionais, a visita de loja em loja ia demorar muito para fechar esse ciclo”, diz Braga, que tem entre os seus clientes, gigantes do mercado, como Colombo, Renner, HP e Grupo Randon. No e-learning, os estudantes não necessitam estar presentes fisicamente num local durante o período de formação, na maioria dos casos utiliza-se um computador e internet como ferramenta de estudos. O conceito existe no Brasil há tempos – basta lembrar o sucesso dos cursos por correspondência –, mas se popularizou no mercado corporativo com a adoção de tecnologias como chats, videofones e a própria internet. O ritmo de crescimento dessa modalidade de aprendizado, que começou tímido em meados

dos anos 90, hoje está acelerado e chega a 40% ao ano. Foi um acréscimo de 1040% desde o ano 2000 e estima-se que em 2010 as corporações brasileiras vão gastar cerca de R$ 2,7 bilhões nesse segmento. Atualmente, segundo dados da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), 45 instituições de todo o país, sendo 30 públicas e 15 particulares, estão credenciadas pelo MEC para oferecer 56 cursos diferentes de graduação nessa modalidade de ensino. Mas clicar num computador é diferente de ter um professor, e não são poucos os que acreditam num aprendizado menos humano. Para Andrea Ramal, diretora da ID Projetos Educacionais, que atende companhias como a Companhia Vale do Rio Doce, a Petrobras e a Fundação Roberto Marinho, dá para manter a mesma qualidade do ensino tradicional. Mas para isso é necessário adaptar o curso às necessidades de cada companhia: não é apenas transferir um conteúdo para a internet. Outro desafio é manter as aulas sempre atualizadas, já que os alunos têm acesso a outras fontes de informação por meio

da web. “Fazemos antes uma consultoria para desenhar o melhor projeto pedagógico, e só então partimos para a coleta de conteúdo, que inclui livros, internet e também entrevistas com funcionários da empresa”, diz Andrea. Braga diz que “a empresa não pode economizar na hora do conteúdo, pois bons programas se pagam com o tempo, se não no primeiro, mas no segundo ciclo de atualização”. Entre os benefícios do e-learning, ele aponta o treinamento individual, onde o aluno determina o tempo de aprendizado. “A carga horária não é imposta, e sim sugerida”. Ele também afirma que acha importante acompanhar o aprendizado dos alunos, com o uso de tutores. Algumas empresas montam uma espécie de “minicall center”, onde cada aluno recebe a ligação de um profissional que navegava com ele no ambiente virtual e ensinava a interagir. “Um chat permite uma grande interação, existem técnicas para tornar essa relação mais afetiva, tanto que temos uma evasão próxima do zero”, diz Andrea. Ela cita um tutor que começa as aulas comentando as notícias da televisão e criando fóruns de discussão para depois, sem os alunos perceberem, entrar no tópico da aula. Outro modelo muito usado é o blended (misturado, em inglês) que, além do curso a distância, também existe em aulas

Andréa: empresa não pode economizar na hora de produzir o conteúdo Abril 2006 – Empreendedor – 31


Treinamento com o professor presente. A aula fora do ambiente virtual, além de sentir o interesse dos alunos, é também uma maneira de trabalhar a cultura da organização, pois normalmente o público interno “está acostumado aos formatos tradicionais de cursos e ainda sentem resistência a cursos e-learning”, diz Braga. “Ainda é grande o número de pessoas que fazem uma aula de educação a distância pela primeira vez”. Andrea cita o caso da Vale do Rio Doce que contornou essa resistência dos colaboradores e associou os progressos em educação ao plano de carreira. “Quanto mais estudar, mais progride na empresa”. Outra vantagem que ela indica “é aumentar o network, conhecendo profissionais de outros Estados, países e empresas”. Um ponto importante sobre e-learning é que os custos são diluídos em escala. Uma das premissas é escolher uma tecnologia que permita rápida disseminação de informações. “Meu lema é pensar grande e iniciar pequeno, com grande capacidade de crescimento”, diz Braga, que gosta de fazer para seus clientes um comparativo entre cursos presenciais e a educação a distância para “na ponta do lápis saber qual é a melhor abordagem”. Já Andrea acredita que essa solução é válida para empresas que não conseguem reunir uma equipe em uma sala ou auditório e talvez por isso tem sido utilizada mais por grandes companhias. “É um curso caro para ser montado, é bom que centenas ou milhares de funcionários estejam aprendendo ao mesmo tempo”, diz ela. Para popularizar essas ferramentas, Braga comenta sobre a parceria da Gestum com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), onde estão os cursos genéricos, também conhecidos no mercado como de prateleiras. “Se uma farmácia precisar de um curso de gestão de tempo vai poder comprar algumas licenças e aplicar aos seus funcionários. É uma forma de atender as necessidades de pequenos que não podem gastar muito”.

32 – Empreendedor – Abril 2006

Brincadeira séria Jogos para o mercado corporativo são a forma mais segura de aprender com os próprios erros Muita gente diz que é bobagem, daquelas novidades que surgem e logo envelhecem. Mas quem se assusta com competidores estourando balões numa seleção de trainees, ficará espantado ao saber que uma das modernas técnicas para gerenciar uma empresa é o jogo. Pode ser no computador, num tabuleiro, carteado ou num cenário construído numa sala. Os partidários dessa teoria dizem que uma experiência lúdica induz ao aprendizado e que os jogos voltados para o mercado corporativo são ferramentas para simular o dia-adia do empresário. “Não é um videogame com bonequinhos se mexendo”, diz Douglas Gilson da Decision Models, empresa especializada em jogos corporativos. “São fórmulas matemáticas pesadas que permitem um executivo testar diferentes estratégias para enfrentar um competidor”. Essa técnica educacional alternativa desenvolve a capacidade intelectual, a criatividade, a sociabilidade e as competências para estabelecer estratégias empreendedoras e inovadoras. É uma ferramenta para treinar recursos humanos ou para exercitar novas atividades. Serve para um colaborador desempenhar

melhor as suas funções ou para um chefe avaliar o potencial de contratação ou promoção. Além disso, desenvolve o jogo de cintura para ações empresariais e tomadas de decisões. Maurício Lima, professor do Centro de Estudos em Logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead – UFRJ) diz “que da mesma forma que físicos, químicos e biólogos realizam experimentos em laboratórios, ou um piloto utiliza um simulador de vôo, os executivos podem utilizar os jogos de empresa em programas de difusão do conhecimento ou até mesmo para reflexão sobre determinado tema”. O professor César Gonçalves, também do Coppead, afirma que 80% dos alunos se sentem mais motivados com a competição. É fácil entender o porquê: na maior parte das companhias é raro encontrar ambiente propício a discussão. Por isso, os jogos corporativos também são indicados como ferramenta motivacional, já que uma das habilidades adotadas é o trabalho em equipe. Mesmo assim, “na ânsia de acertar, os participantes esquecem de discutir uma questão importante. É o que mais acontece. Mas o que vale é aprender através dos própri-


os erros sem ter que pagar o preço dessa decisão na vida real”, diz Gonçalves. Os jogos para empresas são como andar de montanha russa: sente-se o friozinho no estômago, mas sabe-se que não vai cair no chão. Ainda sobre a análise comportamental, Lima diz que “dá para saber qual é a reação dos envolvidos num momento de pressão”. É um bom meio de avaliar questões sensíveis como liderança, relacionamento, adaptação às diversas situações do cotidiano, agressividade, passividade, integração, ritmo, cooperação. Nos jogos customizados essa experiência é levada ao extremo, já que são criados ambientes parecidos com a realidade, permitindo enxergar as soluções de problemas. “Eu já vi um diretor de planejamento de uma grande companhia alterar a sua política dentro da empresa depois de um jogo”, diz Lima.

Como funciona Todos os jogos para a empresas têm uma apresentação inicial, que explica a lógica da competição e serve para esclarecer as eventuais dúvidas sobre as regras. A fase seguinte é mais dinâmica. São as rodadas de decisão, na qual os grupos decidem ações e recebem resultados. A última etapa é a apresentação final, momento em que se discute quais foram as jogadas certas e erradas. Essa atividade pode durar horas ou dias, dependendo da complexidade

do jogo. Encontrar o equilíbrio entre o divertimento e a teoria é o maior desafio de quem constrói um jogo. “Simular em minutos o que levaria meses para se tornar realidade pode gerar distorções, mas se todos os variáveis presentes no cotidiano estivessem presentes no jogo ele se tornaria complexo e pouco dinâmico”, diz Lima. O certo é que um jogo não pode ter erros, senão o participante perde a confiança: ele tem que ser similar à realidade do mercado. Paula Falcão, diretora da KDP Kepler bolou um jogo que não é de tabuleiro, mas sim um cenário artificial que imita um arquipélago do Pacífico: “É um exercício de vendas. Os participantes têm que administrar a ilha como se fossem agentes de turismo”. Ela já montou jogos para companhia como Cargil, Santista e Novo Nordisk. Ele investe em jogos cooperativos que ensinam que mais importante que competir é cooperar. “Uma guerra predatória de preço, por exemplo, é ruim. Porque o jogador gasta mais energia bolando estratégias de como derrotar o outro jogador do que desenvolvendo o seu produto”. Já a lógica por trás dos games da Decision Models é formular uma estratégia e tentar adivinhar a movimentação do concorrente. Vale a lei da soma zero: para ganhar, alguém tem que perder. “Nosso novo lançamento é uma adaptação da teoria dos jogos. É importante para o empreendedor pensar

que a concorrência não é passiva e que qualquer ação incômoda terá uma reação”, diz Gilson. Ele afirma que ao avançar as rodadas os participantes têm a oportunidade de corrigir a rota original e reformular o seu pensamento. A Coppead lançou títulos específicos para o aprendizado de logística, que envolvem decisões relativas ao suprimento e transporte de matéria-prima, apoio à produção, distribuição de produtos acabados e até estratégia de marketing. O LOG, o LOG-Advanced, o BR-LOG simulam um ambiente competitivo no qual cada equipe é responsável pelo gerenciamento de uma das empresas concorrentes que atuam em mercados comuns. Lima diz que o grande atrativo destes jogos é o das equipes disputarem um mercado comum. “Assim, uma determinada empresa pode, por exemplo, aproveitar o problema de disponibilidade de produto de um dos seus competidores para ganhar mercado”, diz Lima. Não são poucos que acreditam que essa modalidade de treinamento possa transceder o mercado corporativo e se tornar um nicho de mercado interessante para o público comum. Essa é a expectativa de Paula, da KDp Kepler, que está fechando um acordo com fabricantes de jogos para licenciar algumas de suas criações. “Precisamos apenas dosar a quantidade de desafio para que o comprador não desista da brincadeira. Acho que essa é a melhor maneira de aprender conceitos complexos”.

Cenários artificiais e jogos corporativos simulam situações que desafiam os participantes e estimulam a busca de soluções

Abril 2006 – Empreendedor – 33


Treinamento Aulas para vips Treinamentos fechados fazem sucesso no mundo enpresarial A Engevix Engenharia SA, empresa de construção em Florianópolis, se uniu a uma universidade para criar um curso de pós-graduação totalmente focado nas atividades da empresa. O Curso de Especialização em Gerenciamento de Projetos de Engenharia une a experiência de mais de 40 anos da Engevix com a estrutura e o quadro docente da Unisul Business School, voltada para administração e negócios. “Estamos em processo de mudança. Tínhamos um corpo técnico forte, mas também passamos a oferecer serviços de gerenciamento. Uma atua-

lização do público interno era fundamental”, diz o coordenador do projeto pela Engevix, Rodolfo Pinto. “Todos aprendem as funções de gerência e passam a conhecer a empresa por dentro, seus ramos e aplicações”. A Engevix percebeu que mais vale apostar em programas de cursos e treinamentos e qualificar do que investir em contratações no mercado. As vantagens são típicas de qualquer treinamento: ao passo que os colaboradores ampliam seu campo de atuação dentro da empresa, as aulas influenciam na motivação e no comprometimento com a equipe. Essa modalidade é conhecida no mercado como in company, onde respeitadas instituições de ensino realizam treinamentos preparados de acordo com as necessidades e objetivos da companhia contratante. As formas podem ser variadas, desde cursos, passando por palestras

e seminários de reciclagem profissional, até mesmo matérias regulares. Também são oferecidos MBAs fechados para diretores e gerentes e cursos de extensão universitária para gerentes e supervisores de companhias. Algumas escolas oferecem a opção de aplicar os programas em inglês ou espanhol. “O investimento em programas fechados tem custo menor que programas abertos com carga horária similar. Com a vantagem de que o conteúdo é estruturado sob medida para atender objetivos específicos”, diz Fernando Gomez Carmona, coordenador dos cursos de especialização em Administração para graduados da FGV-SP. A maior parte das escolas tem grande interação com os recursos humanos para a confecção de conteúdos, que funcionam de maneira análoga a uma empresa de consultoria. É elaborado um estudo aprofun-

Turma da Engevix na Unisul Business School: pós-graduação totalmente focada nas atividades da empresa

34 – Empreendedor – Abril 2006


Pautados pela ética A RHS é uma consultoria que ensina profissionais de licitação a comprar e vender, abrangendo tanto empresas que fornecem para o Governo quanto compradores públicos. A intenção é desmistificar licitações para empreendedores que desejem atingir a excelência na atuação nesse mercado avaliado em R$ 120 bilhões. “Pequenas empresas têm medo de participar de licitações, tudo por falta de informação”, diz Helena Mesquita, diretora de eventos e treinamentos. Ela afirma

dado da empresa, que destaca as principais características, situação e realidade, necessidades e expectativas, além do perfil dos funcionários que irão participar das atividades. Muitas escolas realizam provas e devolvem resultados para a empresa como uma informação adicional para o processo seletivo. O treinamento pode ser realizado nas instalações da empresa, de forma flexível, com horário e duração conforme interesse do contratante. Outro fator é o alto grau de aproveitamento em virtude do perfil mais homogêneo dos participantes. “Por outro lado, em comparação com os cursos abertos, existe uma menor riqueza de experiências”, diz Carmona. “Em grandes companhias é uma oportunidade para funcionários de setores diferentes se conhecerem”. Carmona cita o caso da Embraer, que pediu um curso sobre mercado internacional com um módulo voltado para a indústria aeronáutica. Outra vantagem que ele aponta é que ao final do curso os alunos desenvolvem trabalhos e podem colocar em prática, dentro da companhia, os conhecimentos aprendidos durante as aulas. “Pode ser, por exemplo, um lançamento de um novo produto ou

que a fama de mau pagador do Governo está mudando. “Hoje em dia as administrações mais modernas estão pagando em dia”. Além de ensinamentos jurídicos e técnicos, como por exemplo impugnar um edital se ele fere algum princípio ou artigo da lei de licitações, Mesquita também avalia o lado comportamental. “O aluno tem que ter atenção aos detalhes senão ele perde para os concorrentes”. Outra vantagem é que depois do treinamento, muitas empresas adotam uma normatização para dispu-

tar compras do Governo. Mesquita diz que elas aproveitam uma convenção anual para contratar palestras, mas também oferece cursos mais aprofundados ou até mesmo customizados para determinados mercados. ”Fiz treinamento in company para os maiores laboratórios do Brasil que têm suas especificidades, como certificados e documentação médica exigida pelas variadas esferas do poder público. Vamos transformar essa área de qualidade pautada pela ética”.

Waldomiro de Olia implementação de proveira Barbosa Júnior, cesso moderno de gesassessor de negócios da tão. A melhor avaliação é Universidade Presbiteridas empresas, que repeana Mackenzie, diz que tem esse processo ao os conteúdos são nelongo do tempo. É o cessários para as mocaso do Bradesco ou do dernas companhias e Itaú, que fazem cursos que existem empresas com a FG há cerca de que compram toda a bidez anos”, diz. bliografia de um curso. Na Engevix, ao final O Mackenzie oferece do curso os quarenta aluesses cursos há cerca nos estarão aptos para Carmona: a melhor de 30 anos, inicialmenrealizar uma prova do avaliação é te para o setor elétrico PMI, do Project Manage- das empresas num momento em que ment Institute, uma certificação reconhecida mundialmente o país tocava grande obras de infrapela comunidade profissional de ge- estrutura. Hoje, além da engenharia, renciamento de projetos. Para o en- áreas como direito e administração genheiro de estruturas e aluno do também são contempladas. O Mackenzie tem grande preocurso Sérgio De Pauli Basso, que atua na empresa há nove anos, o curso cupação pela ética quando o assunconsolida conceitos de gerenciamen- to é a proteção das informações dito de projetos: “vai somar ao nosso vulgadas em sala. Durante as aulas, currículo e nos dar um bom suporte os funcionários tocam em assuntos técnico na área”. A empresa vai cus- estratégicos da empresa e números tear 50% dos estudos dos participan- confidenciais. Ou o professor pode, tes e como forma de incentivo vai num futuro, dar o mesmo curso para premiar o melhor aluno do curso com um concorrente. “Muitos empresas um laptop. Rodolfo diz que não es- pedem um contrato de confidencipera retorno financeiro em curto pra- alidade, mas são poucas. É mais zo, pois o “investimento é mais qua- uma questão de confiança”, diz Barbosa Júnior. litativo que quantitativo”. Abril 2006 – Empreendedor – 35


Treinamento Atestado de qualidade Aumenta a procura de certificações por empresas e funcionários em busca da competitividade Cada vez mais profissionais, especialmente de áreas dinâmicas que exigem muita flexibilidade, como a de tecnologia de informação, estão buscando uma capacitação que traz prestígio e aumento de oportunidades. São as certificações que, segundo pesquisa do Institute Data Corporation (IDC) Brasil, são responsáveis por um acréscimo de 53% nas chances de se conseguir um emprego, índice que pode ser ainda mais elevado de acordo com o certificado. O profissional que tem um desses diplomas é como um automóvel off-road, que

ultrapassa todos os terrenos, e os salários podem ter rendimento de até 100% da média do mercado. Se do ponto de vista do profissional as certificações são um grande negócio, foram as empresas que perceberam nessa modalidade de treinamento um importante aliado para melhorar o seu posicionamento no mercado. “É uma garantia de que a tecnologia vai funcionar na empresa e nos parceiros”, diz José Roberto Toledo, diretor executivo da QoS, prestadora de serviços, consultoria e treinamento. Para o empreendedor que presta

Toledo, da QoS: é importante ter um bom suporte no pré-venda

36 – Empreendedor – Abril 2006

serviços, ter uma equipe gabaritada com certificação demonstra credibilidade e que os fabricantes e a companhia estão trabalhando juntos. “É importante ter um bom suporte no pré-venda, um profissional que esteja preparado para oferecer a solução correta ao mercado”, diz Toledo. Outro claro benefício é poder cobrar mais pelo serviço ou obter mais margem sobre a comercialização de um produto. Para gerentes de recursos humanos que têm funcionários desapontados com as suas funções, é uma ferramenta de motivação, pois as certificações possibilitam uma mudança no curso de uma carreira. Mas a oferta de certificações é muito diversificada para atender às necessidades dos profissionais, que devem identificar as vantagens e desvantagens de cada curso. “É importante definir a tecnologia em que se especializar para depois buscar um curso reconhecido no mercado”, diz Toledo, que alerta para a existência de muitos treinamentos de baixa qualidade no país. “Um dos grandes diferenciais da QoS para os concorrentes é que o mesmo especialista que realiza o treinamento também atua em campo, estando sempre atualizado”. Outra vantagem da empresa é que ela investiu pesado em contratações – de 35 para 62 colaboradores em menos de um ano – e conta com laboratórios de última geração. Um dos negócios recentes que Toledo fechou foi com a Aker Security Solutions, fabricante nacional de soluções de segurança da informação. A QoS passou a ser o centro de treinamento para seus produtos e a Aker vai subsidiar cursos de pré-vendas para revendas e novos clientes. O investimento nas competências do público interno vem dando resultado: a companhia que crescia 35% nos últimos quatro anos fechou 2005 com um acréscimo de faturamento


com a Linux Professipróximo dos 80%. onal Institute aconteRefletindo a importânceu quando um dos recia cada vez maior de tecpresentantes canadennologia open source ses visitou o país e se como uma solução viável encantou com a quanpara clientes corporatitidade de jovens estuvos, as certificações em dando linux. Logo tecnologias independenpensou na possibilidates vêm ganhando o esde de criar uma afiliapaço que antes era sobeda brasileira. “Mas nós rano de qualificações essó aplicamos a prova, pecíficas de fornecedoque são corrigidas no res. “As duas modalidaCanadá”, diz Gobbi, ao des de certificação vão Gobbi: certificações falar da isonomia do coexistir, uma não vai ainda são vistas em segundo plano certificado. substituir a outra. As cerEle recomenda a LPI tificações genéricas dão uma base de conhecimento supérflua para profissionais recém-formados, e a tendência do mercado é a espe- um momento em que a certificação faz cialização”, diz Toledo, que fornece uma grande diferença na carreira. “É certificações de multinacionais como ideal para esse perfil de profissional a Extreme Networks, Juniper e Nor- novo no mercado e que ainda não tem tel, sempre na área de segurança e como montar um bom currículo. Com a LPI basta estudar e mostrar o que telecomunicações. Mesmo assim, de acordo com o sabe”, diz Gobbi, que também é diresite Certcities.com, especializado em tor executivo da 4Linux, uma prestacertificações, a prova do Linux Pro- dora de serviço, consultoria e de professional Institute (LPI) está entre as jeto com ênfase na área de segurança dez mais procuradas do mundo no ano e que já capacitou cerca de 11.500 propassado. O LPI é uma organização fissionais em cinco anos de existênsem fins lucrativos sediada no Cana- cia. “Nós temos tido crescimento da dá que criou um programa de certifi- ordem de 30% a 40% nos últimos dois cação internacional para linux. A novi- anos”, diz ele, provando que a demandade atesta se o profissional é mesmo da existe, especialmente dos jovens. A 4Linux tem cerca de vinte curexpert no sistema operacional. Rodolfo Gobbi, presidente do LPI no Brasil, sos em software livres e vem lançandiz que as provas são difíceis e base- do um novo treinamento a cada biadas no Linux Standard Base, um con- mestre. Também criou experiências junto de normas que servem de pa- pedagógicas bem diferentes, como o dronização para manter a compatibili- Boteco 4Linux, um ambiente para todade entre as diferentes versões e dis- mar cerveja e discutir sobre tecnologia, e a “Mundo GNU Linux”, uma tribuições do sistema operacional. “Ao contrário de outros países peça de teatro que mostra em tom de como EUA e Japão, no Brasil o que comédia os benefícios do linux. Mesvale é se o profissional sabe ou não mo assim, ele acredita que o mercarealizar uma tarefa e as certificações do interno brasileiro é pequeno e não ainda são vistas em segundo plano. tem volume suficiente para ganhar Mas isso vem mudando e as certifi- competitividade no espaço internacicações ganham status de atestados onal. O treinamento em software lide qualidade”, diz Gobbi. A parceria vre é uma das opções para reverter

esse quadro. “Não dá para definir qualquer caminho para a indústria brasileira de TI sem que consideremos ganhar parte do comércio internacional. O Brasil está entre os seis países com mais profissionais certificados na LPI, mas tem apenas 2% de mercado de TI mundial. Temos que mudar essa equação”, diz.

Linha Direta Andrea Ramal (21) 2524-7799 contato@idprojetoseducacionais.com.br Cesar Braga (53) 3229-1620 cesar.braga@gestum.com.br César Gonçalves (21) 2598-9898 cesar@coppead.ufrj.br Douglas Gilson (21) 2294-5511 douglasgilson@decision-modelscourses.com.br Fernando Gomez Carmona (11) 3281-7700 carmona@fgvsp.br Helena Mesquita (11) 3677-0777 helena@licitacao.com.br José Roberto Toledo (11) 3704-0400 qos@qos.com.br Maurício Lima (21) 2598-9898 mplima@coppead.ufrj.br Paula Falcão (11) 6239-6702 paulafalcao@kdpkepler.com.br Rodolfo Gobbi (11) 2125-4747 rodolfo@lpi.org.br Rodolfo Pinto (48) 2107-0321 rodolfo@engevix-sc.com.br Waldomiro de Oliveira Barbosa Júnior (11) 2114-8852 waldomiro.pos@mackenzie.com.br Abril 2006 – Empreendedor – 37


Estratégia

Foco nos minimercados Países continentais têm consumo pulverizado em micro-regiões, nichos com diferenças de cultura e costumes que desafiam os empreendedores por

Alexsandro Vanin

Assim como na China, Índia e outros países de dimensões continentais – o próprio Brasil é um exemplo –, o mercado está pulverizado em micro-regiões onde existem diferenças que desafiam os empreendedores. Trabalhar com foco nas necessidades de cada nicho formado naturalmente num país com tantas disparidades é um trunfo que serve para empreender com eficácia e também como treinamento para conquistar

Gregori: foco total no lançamento em algumas cidades-chave

38 – Empreendedor – Abril 2006

espaços no exterior, onde o fenômeno se repete. “A estratégia é aplicável até mesmo para países pequenos”, diz Marco Gregori, um dos fundadores do Centro de Empreendedorismo e Inovação da Business School São Paulo (BSP) e diretor de investimentos da Stratus Investimentos. O primeiro passo é conhecer, mapear, estudar, pesquisar a fundo o país e identificar os nichos. Em cada uma dessas micro-regiões, é preciso observar a cultura, hábitos, costumes e comportamentos, legislação, logística, capacitação e custo da mão-deobra, distância dos mercados consumidores e outras questões mais específicas, como clima, geografia e renda, por exemplo. O ideal é ter alguém local, seja parceiro, associado ou funcionário. “A vivência local é imbatível”, diz um investidor sinobrasileiro que não pode se identificar por questões contratuais. Gregori aconselha que se comece o contato por feiras e outros eventos internacionais. “Tem que ter paciência, tem que se tornar conhecido.” “Nesses grandes mercados, precisamos atacar de forma pulverizada”, diz o sino-brasileiro. Mesmo um país como a China, que passou boa parte

da segunda metade do século passado como uma economia fechada, e sob um regime comunista, não pode ser vista como um todo, como um mercado só. Segundo ele, isso é logisticamente inviável, pois a economia chinesa é voltada para a exportação, e o mercado interno ainda é carente de infra-estrutura. Por isso ele sugere foco total no lançamento em algumas cidades-chave, com produtos e serviços posicionados em relação à renda e geografia. Após estabelecer a marca e o mercado, é possível expandir por meio de distribuidores locais. “Aquela velha idéia de enrique-


INDEX STOCK

Índia

China

País asiático que ocupa a maior parte da região Sul da península do subcontinente indiano. É o sétimo maior território do mundo e o segundo mais populoso.

Terceiro maior país do mundo, ocupa grande parte da Ásia oriental. Projeções da ONU indicam que ela será responsável por 40% das exportações em 2020. O mais populoso dos países apresenta distribuição desequilibrada: no litoral leste alcança mais de 400 hab/ km², nas regiões centrais mais de 200 hab/km² e a noroeste menos de 10 hab/km².

Área: 3.287.590 km² Língua principal: inglês e híndu Capital: Nova Deli Fuso horário: + 5 horas População: 1,1 bilhão Densidade Demográfica: 329 hab/km² Crescimento populacional: 1,5% por ano (1995) Tempo de vida: Mulheres 65,2 anos / Homens 63,6 anos Analfabetos: Moeda: Rúpia indiana Religião: hinduísmo (81,8%) PIB por habitante: US$ 3.019 Exportação principal: Chá, tabaco e algodão são os produtos típicos para o mercado externo, além de desenvolvimento de softwares e serviços relacionados à tecnologia da informação, principalmente no modelo de outsourcing. Fontes: Embaixada da Índia, Wikipédia

cer vendendo uma escova de dentes igual para cada chinês é balela, e ainda por cima logisticamente inviável.” No entanto, Gregori considera mais seguro iniciar o negócio em outro país a partir de produtos e serviços voltados para a massa. Segundo ele, o empreendedor deve se concentrar inicialmente no que é comum ao mercado, atendo-se às principais peculiaridades do país, antes de passar a atuar em nichos mais específicos. A sociedade da Índia, por exemplo, pode ser dividida entre hindus e muçulmanos. Somente depois de ter uma noção melhor do mercado, e de ava-

Área: 9 .572.909 km² Língua principal: Chinês (Mandarim) Capital: Pequim (Beijing) Fuso horário: + 7 horas População: 1,5 bilhão Densidade Demográfica: 128 hab/km² Crescimento populacional: 1,3% por ano Tempo de vida: Mulheres 71 anos / Homens 69 anos Analfabetos: 17% Moeda: 1 Renminbi Yuan (RMB.Y) = 10 Jiao = Fen Religião: Confucionismo (maioria), budismo, taoísmo, islamismo, cristianismo PIB por habitante: US$ 2.920 Exportação principal: Roupas, produtos eletrônicos, máquinas, alimentos Fontes: Embaixada da República Popular da China, Portal China On-Line (http:// www.chinaonline.com.br)

liar o potencial real de uma expansão por nichos, é que se deve empregar tal estratégia. Mas, para o sino-brasileiro, há muitos micro-mercados interessantes e suficientes por si só, e muitas vezes o resto do país pode não se mostrar tão atrativo, bastando o foco nessas praças-chave. Estar fisicamente instalado na região é outra questão: enviar produtos manufaturados ou apenas matéria-prima para reprocessamento? Montar uma filial ou firmar uma parceria de representação? A resposta depende do tipo de produto e mercado e da capacidade da própria empresa. Companhias

brasileiras como Embraer e Marcopolo, por exemplo, montaram unidades em território chinês nos últimos anos. Americanos, europeus e japoneses já estão lá há muito tempo. Na China, assim como na Índia, é preciso conversar muito, reunir-se muitas vezes até fechar um acordo transparente, com vantagens claras e mútuas. O empreendedor deve estar ciente que estes são projetos de longo prazo e demandam investimentos significativos.

Linha Direta Marco Gregori (11) 3044-4177 Abril 2006 – Empreendedor – 39


Copa da Alemanha

Sabor de medalhas Empresa de chocolate promocional aproveita o futebol para lançar nova linha de produtos por

Wendel Martins

40 – Empreendedor – Abril 2006

Vicente Afonso é daqueles empreendedores que numa simples idéia consegue unir duas paixões dos brasileiros. No caso dele foi o chocolate e a Copa do Mundo. O Chocopa, produto lançado pela Personal Chocolate Promocional, são medalhas de chocolate cunhadas com o design e formato similares aos prêmios oficiais entregues aos jogadores. Elas podem, inclusive, ser fornecidas com o revestimento de alumínio nas categorias ouro e prata e são usadas por empresas que querem agraciar seus funcionários ou clientes. “É uma brincadeira com o sucesso e ao mesmo tempo não é agressiva. Reforça uma

imagem através do prazer e do paladar. O público-alvo não imagina que está comendo uma propaganda”, diz. Nos últimos anos, presentes e brindes de chocolate não dependem apenas da Páscoa para fomentar negócios. Essa “mídia alternativa”, como se refere Afonso, que é publicitário por formação, está em franca expansão na área corporativa. Cerca de 90% das vendas da Personal Chocolate Promocional estão ligadas ao departamento de marketing e agências de publicidade, o resto se destina a hotéis, restaurantes e eventos. O mercado de chocolate promocional no Brasil produz cerca de 20 toneladas – mais de cinco milhões de


pequenas barras – que deliciam execu- disponíveis – existem fôrmas de totivos em reuniões ao receberem brin- dos os tipos, do clássico formato de des contendo logomarcas personaliza- coração e flores até sofisticadas pedas no doce, acompanhando o cartão ças sacras ou mesmo estampa de personalidades famosas. de visitas. O carro-chefe da empresa é o ChoCom um market-share de 70% desse negócio no Brasil, a Personal Cho- co-logo – logomarcas, imagens e mencolate Promocional produz cerca de 3,5 sagens estampadas em alto relevo nas milhões de barras de chocolate perso- barras de chocolate. “Nada de brindes nalizados, cerca de uma tonelada por que acabam esquecidos na gaveta. A mês. A diversificada linha de produtos sensação de sentir o paladar da logoatende tanto empresas como pessoas marca gravada no chocolate tem apelo físicas. Só o Chocopa vai ser respon- inusitado, e deve ser bem explorada”, sável pelo faturamento de 8% da com- diz Afonso, que tem na sua carteira de panhia este ano, que beirou os R$ 1,5 clientes cerca de duas mil marcas, enmilhões em 2005. Afonso espera que a tre elas Motorola, Unibanco, Santantaxa de crescimento de 10% seja man- der, Petrobras, Fiat, TIM, Embratel e tida também em função da competição Claro. Ao adquirir o produto, o cliente mundial de seleções. A Copa do Mun- não paga por unidade e sim pelo quilo do é outra “temporada” para o cresci- do chocolate. Os preços giram em tormento das vendas, assim como a tra- no de R$ 169 para aproximadamente dicional Páscoa, os preparativos para 130 medalhas. Mas a companhia tem o inverno em Campos de Jordão e o uma política agressiva de descontos Natal. “A sazonalidade nos atrapalha um para grandes encomendas, que podem pouco, mas trabalhamos duro para au- chegar até 30%. A Personal também montou um sismentar nossas encomendas. Como prestamos atendimento personalizado tema apurado de logística para entregar as encomendas de chocolate, uma não podemos ter estoques”. Além do Choco-logo, a companhia vez que o produto é perecível e se também vende o Choco-gift – table- compromete com o prazo máximo de tes com mensagens pessoais embala- sete dias, para qualquer lugar do Brados em caixa de presente e que têm sil. Mas Afonso garante que, depengrande procura em datas especiais, dendo do caso, o cliente pode optar como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia pelo serviço Express e expedir as medos Namorados além de aniversários. dalhas em até 48 horas. “Isso é possíOutra idéia é vender fôrmas de PVC vel porque a empresa dispõe de uma equipe que trabalha 24 para donas de casa, que horas para atender os peassim ganham um dinheididos de última hora, ro extra fazendo modelos mas claro que cobramos artesanais de ovos de pásuma taxa adicional pela coa e peças de chocolaurgência”. Nas encote. Afonso também é mendas fora do Estado dono da São Judas Fôrde São Paulo, a compamas, que vende pela innhia usa a via aérea e caiternet cerca de dois mil xas térmicas para manformatos diferentes com ter a mesma qualidade e um preço médio de R$ 1. sabor. O fornecedor do Para facilitar ainda mais principal insumo da o acesso às fôrmas, a loja companhia é a Nestlé, virtual dispõe de um sisque define seu produto tema de busca para o clicomo “chocolate para ente encontrar rapida- Afonso: o público adulto”, ou seja, não é mente todos os modelos come a propaganda

amargo nem doce. Os dois tipos são misturados ao leite, batidos por um período de 12 horas. “Atingimos um meio termo. Isso porque o chocolate amargo não é a preferência brasileira e chocolate doce é mais voltado para o público infantil”, diz Afonso. A idéia de montar chocolates sob medida se deu há oito anos, quando a companhia tinha sobra de produção de até 40%, e ainda de maneira embrionária começou a confeccionar as matrizes para vender chocolates promocionais. “Já tínhamos os empregados e uma estrutura enxuta funcionando. Então resolvemos profissionalizar esse departamento quando notamos uma demanda do mercado”. Afonso conta que antes da Personal, um empreendedor que procurasse esse tipo de brinde tinha que encomendar os moldes numa empresa, fabricar as fôrmas em outra companhia para então contratar um fabricante de doces que atendesse o seu pedido. “Desburocratizamos esse serviço”, diz Afonso, que acredita em perspectivas positivas para o futuro. Além da modernização do maquinário, a empresa ainda pretende ter núcleos de produção que atendam as especificidades dos mercados locais através do sistema de franquias. “Os gostos e necessidades dos clientes do Norte e Nordeste, por exemplo, são muito diferentes dos consumidores do Sudeste”. Mas, transformar-se numa franqueadora ainda é um projeto a longo prazo, e a idéia é vender as formas e embalagens para integradores locais se responsabilizarem pela produção do doce. “Espero que esse sonho se concretize nos próximos cinco anos”, diz Afonso, que na procura de bons negócios pode desmentir os astecas que chamavam uma bebida preparada a partir da fruta do cacaueiro, de xocolatl, ou seja, água amarga.

Linha Direta Vicente Afonso (Personal Chocolate Promocional) (11) 6695-0745 www.choco-logo.com.br Abril 2006 – Empreendedor – 41


José Eduardo Querido

THOMAS MAY

Perfil

42 – Empreendedor – Abril 2006


Maestro da inovação José Eduardo Querido é o primeiro brasileiro a presidir a Singer do Brasil, a segunda maior operação comercial do grupo centenário por

Alexsandro Vanin

O livro que acompanha José Eduardo Querido atualmente é O decolar de um sonho, de Osíris Silva, em que o autor conta sua vida e carreira e a trajetória de ascensão da Embraer. Algumas semelhanças entre os dois não passam despercebidas, a começar pelas estratégias de crescimento das empresas baseadas na inovação e o estilo de liderança. Mas, acima de tudo, são exemplos para seus compatriotas. Eduardo é o primeiro brasileiro a presidir a Singer do Brasil, a segunda maior operação comercial do grupo no mundo. “Além da responsabilidade corporativa, tenho o dever, como brasileiro, de não falhar. Mais do que um reconhecimento pessoal, a nomeação é um reconhecimento da competência dos brasileiros, e que não é necessário importar talentos”. Competência que, no caso de Eduardo, deve-se a sua entrega total a tudo o que se compromete a fazer. Nos negócios, ele procura sempre desenvolver e oferecer melhores produtos, com roupagem mais atraente e a um custo menor e com a mesma confiabilidade técnica. Isso exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e constantes análises de valor, novos materiais e novas alternativas de manufatura (outras localidades e até mesmo métodos). “A vida

do consumidor depende muito do desenvolvimento de melhores produtos, do atendimento de demandas específicas”. E atender diretamente as necessidades do consumidor final é o que Eduardo mais gosta no seu trabalho. Se alguém não o encontrar em sua sala, pode procurar direto no departamento de engenharia de produtos, onde ele participa com idéias e acompanha o serviço de colegas. O crescimento da participação no mercado permite à empresa dar um retorno maior aos seus colaboradores, ajudando a mantê-los motivados – condição essencial para o sucesso da estratégia da empresa. O estilo funcional de liderar e administrar de Eduardo reforça o estrategismo. “Sou exigente, mas próximo às equipes e informal no relacionamento”. Com isso, o ambiente se torna propício à geração de novas idéias e as pessoas se sentem seguras para expô-las. É justamente essa estrutura dinâmica e a proximidade com o consumidor final que retém Eduardo na Singer há quase 20 anos. “A agilidade operacional da empresa gera muitas oportunidades de trabalho e crescimento”. Depois de 10 anos atuando como engenheiro na Clark, atual Eaton, em Valinhos (SP), Eduardo foi admitido como gerente de engenharia na Singer. Entre outros cargos e funções desempenhadas nos anos seguintes, ele

A era das máquinas de costura “Fui para o lado soviético com meus tios e três filhos deles... Um polonês levava a gente por uns caminhos complicados, para não cair nas mãos da guarda fronteiriça... Minha tia carregava uma cabeça de uma máquina de costura Singer, pesada.” O relato de D. Rosa, judia polonesa que fugiu da perseguição nazista no início da década de 40 (extraído do livro Memórias de vida, memórias de guerra, de Fernando Frochtengarten), demonstra a importância da máquina de costura para as mulheres, que podiam realizar suas tarefas de forma mais produtiva: o equipamento reduzia os custos e o tempo aplicado na confecção de roupas, fonte de renda essencial à sobrevivência de muitas famílias. A idéia de costurar através de uma máquina surgiu em 1760 e passou muito tempo despercebida. Em 1850, o mecânico Isaac Merrit Singer conheceu, na oficina de Orson Phelps, uma máquina de costura. Ao analisar cuidadosamente o seu funcionamento, sugeriu modificações que revolucionaram sua fabricação e, em 11 dias, estava pronta a primeira máquina de costura de alta eficiência. Isaac solicitou uma patente em 1851 e continuou a melhorar sua máquina até sua morte, em 1875, aos 63 anos. No século passado, cerca de 46 mil patentes de máquinas de costura de várias espécies foram emitidas. Em 1851, foi fundada a Singer. Inicialmente foram enfrentados sérios problemas para introduzir o produto, pois o público não acreditava que a máquina funcionava corretamente. Mas, aos poucos, foi ganhando credibilidade, e, para facilitar a compra, a Singer introduziu o sistema de vendas a prazo. A empresa cresceu no mercado mundial e o nome Singer se firmou como sinônimo de máquina de costura. No Brasil, o primeiro ponto-devenda das máquinas foi aberto no Rio de Janeiro, em 1858. Hoje, The Singer Company, a maior empresa na indústria de máquinas de costura, presente em mais de 150 países, produz cerca de 250 modelos diferentes e emprega diretamente quase 10 mil pessoas.

Abril 2006 – Empreendedor – 43


Perfil

José Eduardo Querido

1851

Isaac Merrit Singer funda a Singer

1955

Inauguração da primeira fábrica de máquinas de costura da América Latina, em Campinas (SP) José Eduardo Querido nasce em São José dos Campos (SP)

1972

Querido forma-se na Escola Técnica Everardo Passos (Etep), de São José dos Campos Graduação em Engenharia Mecânica pela USP de São Carlos

1978

Admissão no primeiro emprego – Clark, atual Eaton, em Valinhos (SP), empresa onde já trabalhava como estagiário desde o ano anterior

1988

Admissão na Singer como gerente de engenharia

1990

Promovido a gerente de fábrica – 2,7 mil pessoas sob seu comando

1993

Encarregado da montagem da manufatura da Singer Xangai, na China Promovido a diretor industrial da Singer Brasil

1997

Promovido a presidente da Singer do Brasil Duplicação da fábrica no Nordeste

THOMAS MAY

2006

Encarregado da montagem e inauguração da fábrica da Singer no Nordeste

44 – Empreendedor – Abril 2006

foi encarregado da montagem da manufatura da Singer Xangai, na China, onde morou de 1993 a 1997, e da montagem da fábrica em Juazeiro do Norte (CE), em 1997, quando retornou ao Brasil para dirigir a área industrial do grupo no país. “Sou um empreendedor, não nos moldes tradicionais, sou o que se chama de intra-empreendedor”. Neste ano, em que ele assume a presidência, a reforma que duplicou a unidade nordestina foi concluída (as atividades fabris do grupo foram concentradas no local) e fixaram a meta de aumentar a produção em 50%. “É muito prazeroso ver idéias e métodos concretizados, desafios superados. Ver a fábrica de Xangai em funcionamento e novos produtos com sucesso no mercado traz uma sensação de realização e me motiva a continuar a empreender”. As exigências da posição tomam o dia todo de Eduardo. No pouco tempo que lhe sobra, procura se informar em jornais e revistas e lê descompromissadamente livros como “O monge e o executivo”, de James Hunter. No trânsito, prefere ouvir música erudita e sacra para relaxar. Mas o que ele mais gosta é de viajar, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo ele, tudo o que as pessoas fazem entra para um banco de dados pessoal, base que depois ajuda a tomar decisões, das mais corriqueiras às mais importantes, tanto pessoais quanto corporativas. Por isso aconselha explorar ao máximo as coisas novas a que se tem contato. “É preciso estar sempre atento às janelas de oportunidade que se abrem e pronto para aproveitá-las, pois elas permanecem disponíveis por pouco tempo”. JOSÉ EDUARDO QUERIDO Idade: 50 anos Local de nascimento: Guaratinguetá (SP) Formação: Engenharia Mecânica Empresa: Singer do Brasil Ramo de atuação: Indústria Ano de fundação: 1955 Cidade-sede: Campinas (SP) Telefone: (19) 4009-4401


Abril 2006 – Empreendedor – 45


Pequenas Notáveis MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE

Editado por Alexandre Gonçalves

APOIO

Jovens recebem recursos para investimentos

PONTAPÉ INICIAL

Sebrae festeja resultado da primeira Feira do Empreendedor de 2006 A primeira feira do Circuito Nacional de Feiras do Empreendedor de 2006, realizada em Brasília entre os dias 23 e 26 de março, atraiu mais de 40 mil visitantes. Promovida pelo Sebrae, a feira possibilitou que 340 expositores pudessem comercializar produtos e serviços, gerando cerca de R$ 800 mil de receita durante o evento. O Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade recebeu a visita de empresários e futuros empresários em busca de novidades para incrementar ou abrir o seu negócio. No total, 5.585 pessoas participaram dos cursos, palestras, oficinas, videoteca e unidades móveis, enquanto que nas lojas do Sebrae e do Senac, 1,5 mil publicações foram comercializadas. Além disso, como prova do interesse dos visitantes por obter informações a respeito de empreendedorismo, o Portal Atendimento Integrado realizou 16.157 atendimentos a empresários e empre-

46 – Empreendedor – Abril 2006

endedores por meio de informações, orientações empresariais e consultorias. Outra atração da feira no Distrito Federal foram as Rodadas de Negócios que colocaram frente a frente vendedores e compradores, facilitando a comercialização nos setores de bares, restaurantes, hotéis, hospitais, supermercados, sacolões e mercearias. Isso resultou na movimentação de cerca de R$ 3,5 milhões em negócios e expectativa de vendas superior a R$ 10 milhões em até três anos. Este ano, estão previstas 13 feiras, sempre com o objetivo de criar oportunidades para os negócios e empreendimentos locais de acordo com as potencialidades regionais. Além da que foi realizada em Brasília, o circuito de Feiras do Empreendedor passará por Recife, Fortaleza, Aracaju, Campo Grande, Florianópolis, Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo, Teresina, Belém, Natal e Porto Alegre.

Durante a Feira do Empreendedor, em Brasília, os jovens Hélio Júnio de Carvalho Vaz, de 21 anos, e a namorada, Nayara Souza Lima, 19, receberam do Banco do Brasil um financiamento de R$ 45 mil, concedido pelo programa Jovem Empreendedor, uma iniciativa do Governo Federal. O financiamento será usado para a compra de equipamentos e adequações estruturais de um cyber café, em São Sebastião, no Distrito Federal. Hélio e Nayara pretendem usar os recursos para uma reforma no local, compra e instalação de computadores. O projeto Jovem Empreendedor atende jovens desempregados, de 16 a 24 anos, integrantes de famílias com rendimento de até meio salário mínimo por mês, que estejam cursando ensino médio ou fundamental. O objetivo é criar oportunidade de geração de ocupação e renda para jovens de classes sociais menos favorecidas por meio do estímulo ao desenvolvimento de pequenos negócios. Para isso, os financiamentos podem chegar a R$ 50 mil, na modalidade microempresa. O Sebrae, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste atuam no programa que dispõe de R$ 100 milhões de recursos. Os empréstimos são garantidos pelo Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa (Fampe), do Sebrae, e o Fundo de Aval para Geração de Emprego e Renda (Funproger), administrado pelo Banco do Brasil.


O espaço da micro e pequena empresa

FACILITADOR

A proposta de construção de um Sistema Nacional de Garantias para facilitar o acesso ao crédito por parte dos empresários de micro e pequenos negócios foi apresentada pelo gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos durante uma das plenárias da Conferência sobre Financiamento para o Empreendedorismo e o Crescimento das Pequenas e Médias Empresas, realizada em Brasília. O evento reuniu especialistas mundiais sobre o assunto e delegações de 63 países. Segundo Santos, no Brasil, os micro e pequenos negócios formais e informais estão distribuídos em três consideráveis blocos: o das empresas estruturadas, competitivas, com acesso garantido aos bancos; o das empresas também estruturadas e com boas perspectivas, mas sem condições de darem as contrapartidas exigidas para obtenção de empréstimos; e a grande massa de empreendedores informais, trabalhando por conta própria. Na avaliação do gerente, para o primeiro bloco são necessárias medidas que garantam acesso aos recursos com menos burocracia e custos. Já para o segundo bloco, a ampliação considerável do crédito como fator de competitividade e de redução da mortalidade nos primeiros dois ou três anos de vida, está

MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE

Sistemas de Garantias de Crédito em debate

Para que o Sistema de Garantias de Crédito vingue, na avaliação de Carlos Alberto dos Santos, é preciso superar o protagonismo empresarial local, legislação adequada e a instituição do fundo de segundo piso

condicionada a mecanismos ágeis, eficientes e abrangentes de garantias que dêem conforto para os bancos trabalharem cada vez mais com o segmento. Finalmente, para o terceiro bloco, o foco está em medidas que incentivem a formalidade e, ao mesmo tempo, programas como os que já entraram em vigor no Brasil, de bancarização e de microcrédito. Todas essas medidas podem ser concretizadas através de um Sistema Nacional de Garantias de Crédito, que incentiva os empresários a se organizarem em associações, espécies de cooperativas que, em vez de crédito, via-

bilizariam avais mútuos. A idéia é que funcionem conveniadas com instituições financeiras e fiquem responsáveis pela análise de risco do crédito e até pela modificação do projeto, se necessário. Segundo Carlos Alberto, colocar essa idéia, de comprovado sucesso internacional, em vigor no Brasil, depende da superação de três grandes desafios: protagonismo empresarial local; legislação adequada e a instituição do fundo de segundo piso, que será, na prática, o grande fiador do sistema. (Com informações de Clara Favilla/ Agência Sebrae)

NOVELA – O projeto da Lei Geral das MPEs estava na pauta de convocação extraordinária do Congresso Nacional. Agora, aguarda a votação no Plenário da Câmara dos Deputados, mas só deve ser votado após as Medidas Provisórias e projetos com urgência Constitucional, que trancam a pauta, além dos processos de cassação de deputados.

NOVELA II – “Se não houver unidade, se não buscarmos objetivos comuns para resolver nossas angústias, vamos continuar no estágio em que estamos”. A frase é de Alencar Burti, presidente da Confederação Nacional das Associações Comerciais e Empresarias do Brasil, sobre a demora pela aprovação e pela regulamentação da Lei Geral das MPEs.

TOME NOTA LEI GERAL DAS MPES – Ao abrir a 14ª Feira Internacional da Indústria da Construção Civil, no dia 4 de abril, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, do Congresso Nacional, a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas empresas. Ele lembrou que o projeto “está no Congresso Nacional há muito tempo”.

Abril 2006 – Empreendedor – 47


48 – Empreendedor – Abril 2006


Caderno de Nº 6

Bate-papo na empresa O uso das mensagens instantâneas no ambiente de trabalho é uma fonte segura de soluções Programas de mensagens instantâneas permitem, em tempo real, a comunicação entre duas ou mais pessoas através de uma rede. Essa ferramenta de bate-papo vem mudando a forma de se entrar em contato

com amigos, parentes e colegas de trabalho. Só o número de usuários corporativos é estimado em 300 milhões, de acordo com um estudo da consultoria IDC. Trata-se de um canal de comunicação interna que traz vantagens para as empresas porque dissemina a informação de forma ágil e abrangente, mas sua utilização ainda é encoberta por uma polêmica: é difícil convencer os funcionários de que esses aplicativos devam ser utilizados apenas como instrumento de

trabalho. Muitas empresas optam por controles, tanto técnicos quanto éticos, para coibir sua utilização indevida. Mesmo assim, essa ferramenta vem se popularizando, tanto pela facilidade de uso como por combinar o imediatismo de um telefonema (sem interrupções) e a conveniência do e-mail (sem o atraso). “O programa de mensagens instantâneas é o coração da internet batendo, ele dá uma sensação de presença. Sem ele, sinto isolamento”,

Abril 2006 – Empreendedor – 49


TI diz Rene de Paula, direcadastro todos os usu- sua máquina, dentro da sua empretor de produtos do ários para não ter a des- sa”, diz Lucarelli. “É uma forma seguYahoo!, o maior portal culpa de não usar”, diz ra de a matriz se comunicar com a do mundo com cerca de Rodrigues, afirmando filial”. Outra alternativa é bloquear o 400 milhões de usuários que a aceitação do sof- acesso a outras redes. “Consideramos e um dos líderes no segtware no público inter- o MSN Messenger uma boa ferramenmento das mensagens no é excelente. ta, porém vemos com restrição para instantâneas. O Yahoo! É consenso geral no o cenário corporativo”, diz Laércio Messenger tem cerca de mercado que as solu- Geronasso, diretor administrativo-fi22 milhões de cadastros, ções corporativas são nanceiro da Brasil & Movimento, dona atrás do MSN (27 minormalmente mais segu- da marca Sundown Bikes. “Adotamos lhões) e do AOL (53 mi- Reghin: chat privado ras que os programas uma ferramenta que tem o recurso de lhões). De Paula diz que com mensagens fornecidos gratuitamen- integrar vários servidores, até de paro software permite a in- não-gravadas ta na internet, como afir- ceiros, o que desobriga o uso de tegração com outros ma Claudio Landucci, outros programas”. produtos do portal: desde agenda, diretor operacional da Tia Lingerie, A Brasil & Movimento buscava passando pelo calendário, e-mail, pre- que utiliza um sistema de mensagens uma ferramenta para dinamizar as covisão do tempo, até rádios persona- instantâneas há cerca de dois anos. municações internas, que fosse simlizadas. Ele acredita que a ferramen- “Optamos pela solucão paga, pois a ples e barata, e adotou o Comunita vai ganhar mercado, pois vai se co- segurança vem em primeiro lugar, as cador IntraChat em 2001. Entre as municar com o Windows Live Messen- opções gratuitas sempre têm uma en- vantagens do programa, Geronasso ger, novo programa da Microsoft a ser trada desprotegida”. Landucci só tem aponta que cada gestor de área é o lançado no segundo semestre deste elogios para o conceito: é econômi- responsável em conceder ou restrinano. Em resposta ao crescimento do co, já que “para conversar não utilizo gir os acessos. “O programa permiSkype, a companhia também lançou os pulsos telefônicos”, aumenta a pro- te um chat privado de texto ou de um serviço pago que permite fazer li- dutividade, “pois evita linhas ocupa- voz confidencial para gerentes e digações telefônicas pela internet. “Fo- das e centraliza no computador to- retores, onde as mensagens não são mos os primeiros a permitir tráfego das as ferramentas de comunicação”. gravadas”, diz Ricardo Francis Rede voz de computador para compuAlém da segurança, outro ponto ghin, administrador da Easynet, que tador, mesmo que isso não seja mui- em que o empreendedor deve pres- desenvolve o software. Ele também to alardeado”. tar atenção é a privacidade: não é cita funcionalidades, como a criação Jorge Rodrigues, gerente do de- muito animador saber que os docu- de salas de discussão públicas, aberpartamento de tecnologia de infor- mentos da empresa ficam circulando tas à participação de todos, ou primação do Grupo Bezerra & Oliveira, pela internet. “Com o nosso sistema, que vende peças automotivas, tam- os contéudos ficam armazenados na bém se rendeu às mensagens instantâneas há cerca de três anos. Hoje, Mantovam: nova onda aproximadamente cem colaboradode ataque de vírus res da empresa se comunicam através da rede interna “de maneira mais ágil e que vai além do ramal telefônico”. O aplicativo permite realizar chats (bate-papo) com várias pessoas simultaneamente, enviar ou receber arquivos e enviar mensagens até mesmo para colegas off-line, ou seja, mesmo que o destinatário não esteja conectado ao sistema. “Assim que ele ligar o computador, vai receber a mensagem. É o fim dos recadinhos pendurados no computador”, diz Flávio Zarur Lucarrelli, da LucaNet, empresa que comercializa no Brasil o Merak Instant Messaging, software adotado pela Bezzera & Oliveira. “Já

50 – Empreendedor – Abril 2006


comunicação vadas, onde os usuários devem ser convidados. Mas para não perder o acesso a outros contatos fora da companhia, parceiros e fornecedores, muitos empreendedores não descartam o uso do MSN Messenger, líder de mercado no Brasil com cerca de oito milhões de usuários. “Para conversar com fornecedores e clientes, usamos o software da Microsoft, mas neste caso existem regras mais rígidas, combinadas com ferramentas de proteção, como antivírus e antispywares”, diz Landucci. Essa precaução é importante, pois as mensagens instantâneas são alvo “da nova onda de ataque de vírus”, afirma Leandro Mantovam, da Winco, especialista em segurança de redes. O número de ataques a comunicadores instantâneos e às redes de troca de arquivo (P2P) aumentaram 1.218% no quarto trimestre de 2005 comparado com o primeiro trimestre, segundo a consultoria FaceTime Communications. “Quando se tem um relacionamento com clientes não-voláteis, um dos passos para unir essa cadeia é criar a cultura de um sistema de mensagens instantâneas interno e fechado”, diz Mantovam. Se isso não for possível, ele diz que o ideal é restringir o acesso a aplicativos externos somente para quem o utiliza no trabalho. “Um diretor de vendas necessita do MSN Messenger, já a recepcionista ou o office boy não”. Landucci é usuário do Winco Messenger que tem, entre outras funcionalidades, um firewall integrado, com regras de acesso simplificadas. “As empresas têm que controlar o uso por motivos de seguraça, mas os comunicadores intantâneos são ferramentas espetaculares, você fica conectado em tempo real, podendo dar soluções a problemas imediatamente. Se a empresa proíbe o uso, ela está abdicando de uma ferramenta que, além de econômica, é extremamente rápida. E em termos de tecnologia, acaba se tornando arcaica, pois esse é o futuro”.

Allegretti: sistema aproxima o atendente on-line do consumidor e facilita a resposta

Cliente on-line O chat é o melhor caminho para transformar centrais de atendimento num canal de relacionamento As mensagens instantâneas também podem ser usadas para o atendimento ao consumidor. Essa é uma tendência que surgiu no final da década de 90, quando os provedores de acesso à internet perceberam que o chat poderia ser mais que um canal de entretenimento e se transformar numa ferramenta ideal de relacionamento e comunicação com usuários que costumavam freqüentar as salas de bate-papo. Uma pesquisa do instituto Forrester aponta que, ainda neste ano, mais de 60% das chamadas de consumidores no mundo serão atendidas via internet. “A maior parte dos contatos é feita através do e-mail, mas o chat é um canal novo e está crescendo num ritmo acelerado”, diz Norma Thuha, sócia da StarCoach Consultoria, especilizada na formação de equipes para televendas e atendimento ao cliente. Já Carlos Umberto Allegretti, diretor executivo da Associação Brasileira de Telesser-

viços acredita que o “sistema aproxima o atendente on-line do consumidor e facilita a resposta das dúvidas, já que a conversa escrita pode ser complementada pela comunicação por voz ou imagem (se ambos tiverem microfone ou câmeras) ou pela troca de arquivos”. No Brasil, o crescimento do web call center só não é maior porque a internet ainda não é acessível para a maior parte da população, mas os cases de sucesso no país vêm aumentando dia-a-dia. Prova disso é a quantidade crescente de empresas que estão transformando as suas centrais de atendimento em canais de relacionamento, onde é possível receber o atendimento pessoal, por telefone, e-mail ou chat. “Quando fui gerente de call center do provedor de acesso O Site, consegui reduzir em 60% os postos de atendimento por telefone e uma economia na ordem de 40% com telefonia”, diz Norma. Além do menor gasto com o uso do telefone, principalmente se a empresa disponibiliza um 0800 para seus clientes, através do chat, é possível efetuar até seis atendimentos simultâneos, uma redução no investimento de recursos humanos. Mas a especilista alerta que as

Abril 2006 – Empreendedor – 51


TI empresas precisam ser criteriosas nesse dimensionamento, pois exigir alta produtividade pode comprometer a qualidade: o que determina a quantidade ideal de atendimentos simultâneos é o tipo de serviço prestado. Nos esclarecimentos de cobrança por chat, por exemplo, onde o atendente precisa fazer uma análise de caso, não é recomendável ter seis atendimentos simultâneos, já que o colaborador necessita de uma grande concentração. Já em vendas livres no varejo, onde o colaborador precisa apenas consultar o estoque, nada impede que a empresa faça de quatro a seis atendimentos. É preciso também manter o profissionalismo diante de um canal de relacionamento informal, mas sem recorrer a um script, que torna o atendimento automatizado e impessoal. “Recomendo a utilização de respostas-padrão curtas onde o atendente pode e deve interferir no texto para personalizar o atendimento, como, por exemplo, utilizar o nome do cliente”. Numa época em que a internet está criando uma nova forma de se relacionar com a língua, Norma apoia o uso das abreviaturas para digitar com maior agilidade. “Não sou contra as abreviações como o vc (você), tbem (também), qdo (quando), msg (mensagem), etc. O atendimento por chat é caracterizado pela objetividade, pela agilidade na digitação e pela linguagem informal”. Mas Norma é contra a criação de novos verbetes como naum (não), aki (aqui), vlw (valeu) e v6 (vocês). “Este é um recurso extremamente nocivo aos jovens brasileiros, que entraram na era da imagem sem ter a leitura estabelecida como hábito. É o empobrecimento da linguagem escrita, é estarrecedor ver adolescentes escrevendo nas provas escolares como se estivessem num chat”. Nas salas de bate-papo, ela prefere a utilização dos emoticons como forma de expressão à invenção de novos verbetes, mas desaconselha esse recurso no atendimento por chat. “Embora informal, é uma relação empresa-cliente”.

52 – Empreendedor – Abril 2006

Vainzof: “É ilegal monitorar o MSN particular dos funcionários”

Exposição polêmica Conversa no meio empresarial pode ser monitorada? Outra vantagem dos programas de mensagens instantâneas é o sistema de auditoria: toda a conversação entre usuários pode ser gravada e arquivada para fins administrativos e legais. Esse recurso ainda é polêmico, pois existe muita indefinição legal a respeito. Não há um consenso do que pode ser fiscalizado pelas empresas, nem qual o limite do direito à intimidade e privacidade do empregado. Tanto que muitos desenvolvedores chegam a esconder essa funcionalidade de seus clientes para não ter problemas legais futuros. “Há uma tendência no Supremo Tribunal Federal de se considerar a violação das mensagens eletrônicas não como uma violação de correspondência, mas como ofensa à privacidade, o que não permitiria equiparar a correspondência eletrônica à carta comum. E algumas decisões afastam a confidencialidade das mensagens eletrônicas, por entender que as mesmas não poderiam ser utilizadas para fins particulares, tendo em vista as regras da empresa”, diz Aires José Rover, professor de Direito na Universidade Federal de Santa Catarina. Bruno Pires, advogado especialista em Direito Empresarial, Tecnologia da Informação e diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito da Informática (IBDI) concorda com essa argumentação, uma vez que é preci-

so diferenciar o e-mail pessoal do correio eletrônico corporativo. “Os programas de mensagem instantâneas são uma ferramenta de trabalho, não são de propriedade do empregado. Entendo ser legal a fiscalização, pois quem fornece os meios para se trabalhar também tem seus direitos”, diz. “Se um empregado remete uma mensagem com vírus para terceiros e causa prejuízos, sua empregadora poderá ser obrigada a ressarcir os danos, materiais e morais, da mesma maneira, sem contar a questão relativa à publicidade negativa que isso trará para seu nome”. Rony Vainzof, especialista em Direito de Informática do Opice Blum Advogados Associados afirma que as empresa podem monitorar tanto o email corporativo como o acesso a programas de mensagem instantânea. “A rede interna da companhia pertence à empresa e a ela responde civilmente, tanto pela circulação de dados indevida – como segredos profissionais – quanto por acesso a sites ilegais, como cassinos ou pedofilia”. Também aconselha o empregador a esclarecer a política de utilização e fiscalização da empresa quanto ao uso do correio eletrônico, da navegação na rede e de mensagens instantâneas. E se a empresa não tem programas de mensagem instantânea interna ou prefere comunicadores como MSN Messenger, é recomendável fazer cadastro no nome da empresa e distruibuir as contas entre os funcionários. “É ilegal monitorar o MSN particular dos funcionários”, diz Vainzof.


automação

Ampla costura Grupo Elgin migra das commodities para soluções personalizadas O Grupo Elgin, corporação de negócios variados, acabou de criar, em parceria com a Aris, uma joint venture para produção de terminais de auto-atendimento e autoserviço em geral. Um investimento de US$ 1,3 milhão foi destinado à ampliação do parque fabril da Elgin Automação Comercial, responsável pela fabricação dos equipamentos e assistência técnica, enquanto a Aris dedica-se ao desenvolvimento de softwares. O empreendimento é mais um passo da estratégia de crescimento do Grupo, iniciada em

maior influência virá do 2003, que consiste na contrato com um banmigração de um mercaco nacional (o nome da do de commodities para instituição não pode a oferta de soluções perser revelado por quessonalizadas. “É mais tões contratuais), mas rentável e não compete o empreendimento já com o baixo custo chiconta com clientes do nês”, diz Wilson Antuporte de Ambev, Fiat, nes, diretor de operaVivo, Alcoa e Natura. ções da Elgin Automação. Conforme dados Antunes: a tecnologia “São companhias muida Federação Brasilei- tem grande potencial to grandes em geral, e estamos participando ra dos Bancos (Febra- para exportação de várias concorrênban), o mercado de soluções de auto-atendimento cres- cias, o que pode alterar significativamente o faturamento de uma hora ceu 30,4% em 2005. Fundado em 1952, o Grupo El- para outra”, diz Antunes. A curto e médio prazo o mercagin entrou no mercado de automação em 1998, quando absorveu a do interno vai continuar respondentecnologia de fabricação de caixas do pela maior parte da receita da registradoras com a aquisição da empresa, devido à imensa demanDismac. A Elgin Automação perma- da local. “Mas o mercado externo neceu em segundo plano até 2003, não será esquecido, pois a tecnoquando foi reconhecido o potenci- logia tem grande potencial para exal do mercado – dominado por portação”, diz Antunes. Neste ano companhias nacionais – e o a tecnologia será apresentada em segmento passou a receber eventos internacionais e em 2007 a investimentos pesados. Segun- Elgin Automação espera somar US$ do Antunes, o montante já su- 1 milhão em vendas externas. A Bull pera US$ 5,5 milhões, aplicados já foi contratada para a distribuição na aquisição da Schalter (im- das soluções na Europa e a reprepressoras fiscais) e na diversifi- sentação nos Estados Unidos aincação da linha de produtos. So- da está em negociação. O Grupo Elgin mantém negociamente no primeiro semestre deste ano, 25 novos itens estão sen- ções com mais três empresas para do lançados. Hoje a empresa já aquisição ou estabelecimento de joresponde pelo quarto maior fatu- int ventures. São empresas que doramento do Grupo (ranking enca- minam tecnologias líderes de merbeçado pelo segmento de refri- cado, como a Aris em sua área. Segeração) e figura entre as três mai- gundo Antunes, a conclusão desses ores do ramo no Brasil, com taxa negócios vai assegurar a segunda média de crescimento de pratica- posição no ranking brasileiro de aumente 100% nos últimos três anos. tomação comercial para a Elgin, que A parceria vai proporcionar um ainda conta com a vantagem de ser novo salto nos resultados da a maior e a mais bem capitalizada. Elgin Automação. A pers- Todos os investimentos até agora fopectiva é passar dos ram praticados com recursos própriUS$ 12 milhões regis- os, o que a mantém afastada da citrados em 2005 para randa financeira. Em 2005 o Grupo US$ 30 milhões neste faturou US$ 150 milhões e este ano ano e US$ 40 milhões em 2007. A espera fechar em US$ 250 milhões.

Abril 2006 – Empreendedor – 53


TI

produtos

Destaques na SecurityWeek

Inventário eletrônico

Novas soluções em monitoramento de informações, além de lançamentos em certificação digital, foram os destaques dos expositores da 5ª Security Week Brasil – Conferência e Exposição Internacional de Gerenciamento de Risco e Segurança da Informação, que aconteceu entre os dias 27 e 29 de março em São Paulo. O evento, que é a principal referência da América Latina em gerenciamento de risco e segurança da informação, contou este ano com a participação de gigantes do setor, como QualiSoft, Global e-Secure, 3Com, 3Elos e Consoft. Entre os produtos apresentados estão programas específicos para o monitoramento de processos de segurança e geração de relatórios para auditoria, soluções para certificação digital e plataformas integradas de segurança de redes. A demanda nacional por serviços em segurança de informação, segundo especialistas, está em alta – só este ano, o mercado nacional irá movimentar US$ 450 milhões. www.securityweek.com.br

O software Centennial Discovery 2005, distribuído pela Multimídia Brasil, destinase à localização, identificação e auditorias de hardwares e softwares de uma rede corporativa. Com o produto é possível reduzir custos e tempo na administração de redes em diversas plataformas e também gerar relatórios com informações sobre configurações específicas, níveis de utilização e detalhes de localização dos ativos de TI. Com o sistema de visualização, um usuário autorizado pode determinar instantaneamente quantos aplicativos instalados na empresa podem ser prejudiciais em uma blitz antipirataria, ou quais ativos podem ser transferidos e reaproveitados para evitar novos custos na renovação de licenças. O Centennial Discovery 2005 inclui auditoria dinâmica de hardware e suporte para o Active Directory e o AIX da IBM, sendo a única solução de gerenciamento de ativos de TI certificada pela NGS. www.mmbrasil.com

Aposta no mercado SMB A NetByNet, integradora de serviços e soluções em TI, fechou parceria com grandes fabricantes do setor – como Symantec e Linksys – para aumentar a oferta de projetos baseados em consultoria end-to-end (que garante a estabilidade dos ambientes de TI e maximizam os benefícios do uso da tecnologia em toda a organização) direcionados a pequenos e médios empresários. Em 2005, a empresa investiu em infra-estrutura física e operacional para aumentar a capacidade de atendimento e também consolidou suas parcerias com as empresas Microsoft, HP, Samsung, Intel e LG. “Hoje oferecemos serviços com a mesma qualidade utilizada pelas grandes organizações. Selar parcerias com fabricantes de renome no mercado traz vantagem competitiva e garante a mesma qualidade de soluções das grandes empresas para o mercado SMB, por um preço mais acessível”, diz Eduardo Papa, diretor da NetByNet. A empresa fechou 2005 com um crescimento de 15% e planeja crescer mais 30% este ano. www.netbynet.com.br

54 – Empreendedor – Abril 2006

Autogerenciamento A Skype, empresa global de comunicação via internet, desenvolveu um produto específico para os pequenos empreendedores. Com o nome de Skype for Business, o novo sistema integra um conjunto de soluções para gerenciamento de sistemas de comunicação em microempresas e é um reflexo da procura dos chamados “pequenos” pelo serviço. “Sabemos que 30% de nossos 75 milhões de clientes usam regularmente o Skype em seus negócios, e a maioria deles é de pequenas empresas”, diz Niklas Zennström, co-fundador da empresa. O Skype for Business permite aos administradores centralizar o gerenciamento dos gastos e das ferramentas de utilização, e possui painel de controle disponível em 18 idiomas e em seis moedas. “Esse painel de controle oferece a característica de autogerenciamento, que capacita grupos de administradores a efetuar grandes compras de crédito para uma única conta e, simultaneamente, distribuir os créditos Skype para todas as contas de usuários”, diz Zennström. Os créditos podem ser usados para os serviços premium, que incluem SkypeIn, SkypeOut, correio de voz, personalização e conferência telefônica. www.skype.com


Abril 2006 – Empreendedor – 55


56 – Empreendedor – Abril 2006


Franquia Total

Suplemento Especial da Revista Empreendedor – Ano V – Nº 56

Rede de inclusão social tidade beneficiada pela ação deste franqueador. Segundo a diretoria da Associação, formada por executivos das empresas franqueadoras e consultores do setor de franchising, estes eventos têm sido cada vez melhores e com adesão crescente. “Apesar de não estarmos focados em conseguir novos associados, passamos de 32 empresas a 50 rapidamente, de junho, quando foi criada, a outubro de 2005. Acreditamos que, Há muito tempo que redes de franquando as empresas perceberem o quias atuam com projetos sociais na valor da responsabilidade social na área educacional, da saúde, do meio gestão da corporação, naturalmente se ambiente, entre outros. Isoladamenengajarão às atividades”, diz Eléine. te, estas ações já conseguem efeitos Os dois maiores projetos da Afras imediatos de inclusão social e de prepara este ano é o Movimento Aprenservação, como a profissionalização diz, que capacita profissionalmente de adolescentes e melhorias em hosjovens entre 14 e 24 anos e os encapitais públicos com doações e reciminha para o mercado de trabalho clagem de materiais. Hoje, cerca de dentro do franchising, e o Cofrinho 20% das mais de mil redes de franAfras, criação de um fundo de Eduquias participam de algum tipo de pro- um encontro mensal que inclui a pa- cação e Treinamento Profissional de jeto social. Mas, para dar continuida- lestra de um consultor de negócios jovens. No Movimento Aprendiz o de e estimular outras empresas a tam- ou pessoa representativa do Terceiro trabalho será em conjunto com Insbém incluirem a responsabilidade so- Setor para falar sobre RSE (respon- tituto Ethos, Fundação Abrinq e Gol cial na gestão do seu negócio, foi sabilidade social empresarial). Para de Letra. A Associação já faz parte criada uma nova rede: a Associação complementar, é convidado sempre do Grupo de Trabalho sobre AprenFranquia Solidária (Afras). um franqueador que tenha um case dizagem Profissional no Ministério A Associação surgiu com a finali- associado ao tema e, às vezes, a en- do Trabalho e Emprego em Brasília. dade de centralizar em um único No projeto Cofrinho, fazem parlugar a disseminação dos projetos te até agora o Instituto Ronald sociais apoiados por todos os inMcDonald’s e Ashoka. tegrantes do sistema de franchiOutra frente de ação é justasing associados à Associação Bramente ajudar as empresas a viasileira de Franchising (ABF). “A bilizar projetos. Para isso estão missão da Afras é fomentar ações sendo organizados cursos como através da conscientização sócio“Entendendo RSE”, para disseambiental e implantação de ações minação do conceito. Muitas práticas para seu desenvolvimenempresas querem mudar de atito”, afirma Eléine Bélaváry, diretude pensando na sustentabilidatora executiva da associação. de do seu negócio, mas não saEsse processo de sensibilizabem como fazer. ção ocorre com visitas às emprePara Claudio Tieghi, diretor sas, campanhas e eventos educa- Krivkin: incentivo à Eléine: crescimento de relacionamento da Afras e tivos como o “Café Solidário”, atuação continuada rápido de associados executivo da rede de escolas

Acostumados com o trabalho em equipe, as empresas de franquias e consultores da área se uniram para organizar as ações de responsabilidade social

Abril 2006 – Empreendedor – 57


Franquia Total Yázigi, grandes e pequenas empresas já perceberam que não basta dedicar esforços ao mero assistencialismo, esteja ele voltado a suprir necessidades imediatas ou a estratégias de marketing. Embora seja sempre positiva, a doação de dinheiro, alimentos ou quaisquer outros recursos materiais merece ser vista com cautela. De preferência, como postura emergencial, em situações específicas. “O que importa de fato é garantir aos cidadãos carentes uma oportunidade. E para isso, o principal caminho, talvez único, é a geração de empregos. Não há assistencialismo que resista a um cenário de pessoas sem ocupação e sem perspectiva de enfrentar o presente e construir o futuro”, afirma Cláudio. O objetivo é gerar empregos, mas tão importante quanto essa definição é a filosofia que alimenta o projeto. O que leva a empresa a seguir este ou aquele caminho? Que comunidade será beneficiada? Como será a participação do público interno? As respostas, segundo o diretor, devem estar condicionadas à missão e aos valores da própria organização benfeitora. E, acima de tudo, não se deve levar em conta apenas a visibilidade, mas essencialmente o alcance solidário de qualquer atividade no Terceiro Setor.

Resultados Com toda a experiência que possuem nas áreas de treinamento, gestão em rede e transferência de knowhow, as empresas que estão como sócias fundadoras da Afras, juntamente com o respaldo da ABF, estão criando ferramentas que possibilitarão alcançar os resultados. A criação de um banco de dados é um destes mecanismos, onde informações atualizadas pelas empresas associadas diretamente pelo sistema de recadastramento on-line (Recad) poderão colaborar na troca de experiências. Assim como há a difusão de materiais sobre o tema responsabilidade social,

58 – Empreendedor – Abril 2006

Atuação da Afras Entre as várias ações a serem realizadas pela Associação, foram definidas três que organizam as prioridades a curto e médio prazo: 1. Vitrine Social: a entidade divulgará as melhores práticas das empresas associadas e promoverá, sempre que possível, a exposição e destaque de suas ações, diferenciando-as como empresas socialmente responsáveis nos meios de comunicação da ABF (Guia de Franquias, Revista Franquia ABF, Portal do Franchising) e na mídia em geral. 2. Networking Social: a entidade atuará como facilitadora no contato entre as empresas associadas e projetos / entidades sociais já apoiadas pelo sistema ou aquelas que tenham sinergia com os objetivos da Afras (projeto de reciclagem de alimentos não-utilizados e rede da área de alimentação). 3. Suporte a Práticas de Responsabilidade Social: a entidade dará o suporte necessário para a empresa incorporar a responsabilidade social à gestão de seu negócio.

há também a identificação e apresentação de projetos sociais já implantados com sucesso. A Associação vai criar o Ranking do Bem, lista de empresas socialmente responsáveis dentro de cada segmento do franchising, e implantar o Selo de Excelência Social, um destaque das empresas associadas na divulgação de suas melhores práticas sociais, diferenciando-as dentro das publicações da ABF. “Com a organização dos dados, o incentivo à atuação continuada e a tro-

Quem faz parte Empresas associadas à Afras 100% Vídeo Advoc. Felizardo Barroso Amor aos Pedaços Astral Saúde Ambiental Bit Company Bob's Bon Grillê Casa do Pão de Queijo China House Delivery China In Box Cna - Inglês e Espanhol Dannemann Data Byte Drogaria Max-Padrão Enjoy Modas Escolas Fisk Farmais Franchising Fbd Distribuidora Flytour Franchising 20 Golden Services Grupo Cherto H2web Hoken International Jani-King Lamônica & Associados

Lig-Lig Limpidus Master Rental Mcdonald's Md Comunicação Microcamp Internacional Microlins Franchising Militelli Busin. Consulting Multfinanciamentos Mundo Verde Novoa Prado Number One O Boticário Franchising Pizza Hut Rede Prima Rei do Mate Restaura Jeans Space Box Spoleto Tms Call Center Tng Tribecca Vecchi & Ancona Vivenda do Camarão Yázigi Internexus

ca de experiências promovida pela associação, o empresário vai se sentir mais seguro e passará a compreender que é essencial estar inserido em um mundo socialmente responsável”, diz Beno Krivkin, presidente da Afras e executivo da rede Tribecca.

Linha Direta AFRAS www.franquiasolidaria.com.br (11) 3814-4200


Abril 2006 – Empreendedor – 59


Franquia Total NOVAS REDES

Bijuterias para o mundo Três empresas do ramo de bijuterias – a Companhia da Montagem, Belle Bijou e a Club da Miçanga – estão se preparando para entrar no sistema de franquias e expandir as marcas primeiro no Norte, Nordeste e logo até para a Europa. Estes são os planos, segundo Hamilton Marcondes, da HM Consultoria, que atua em Recife (PE). Ele diz que há um movimento crescente na região em busca de outros mercados, assim como existe também a atração cada vez maior de franquias de alimentação, confecções e educação vindas do saturado mercado do Sudeste. Além das marcas de bijuterias, a Broomer, do segmento de artigos do vestuário masculino desde 1993 e que opera hoje três lojas próprias, também está formatando sua entrada no mercado de franqueadores com a ajuda da HM Consultoria. (81) 3327-3384

Brinde nas locações A Videoteca Videolocadora completou 15 anos de atuação com um crescimento de 33% no número de lojas somente em 2005. Com um total de 20 unidades no mercado de Santa Catarina e do Paraná, a rede tem planos de expansão para toda a região Sul com a abertura de mais dez unidades, dependendo das oportunidades. “Queremos expandir com a responsabilidade de poder continuar oferecendo a estrutura e o respaldo que o franqueado precisa. A qualidade no atendimento para garantir a fidelização do cliente é um dos pontos-chave da Videoteca”, diz o franqueador Victor Camargo. Bons exem-

Novos nichos

Picanha no pão

O faturamento da Master Rental cresceu 53,2% em 2005 em relação a 2004. A rede fechou o ano com receita bruta de R$ 61 milhões. A meta de crescimento era de 25% e agora, para 2006, é de 30%. “Estamos ampliando nossa rede de atendimento e atuando com mais força em outros nichos do mercado”, afirma Eduardo Vannuchi, diretor-executivo da Master. A rede começou o ano passado com 28 lojas. Hoje, está presente em 16 Estados com 45 unidades (28 próprias e 17 franqueadas) e os planos são de abrir mais 12 unidades em 2006. 0800 55 5544 ou www.masterental.com.br

Considerada a quarta maior rede de refeições rápidas do Brasil, a Giraffa’s completa 25 anos com um bom desempenho no setor. Hoje, com 183 pontos-de-venda em nove Estados e no Distrito Federal, e um faturamento de R$ 180 milhões, a expectativa é atingir 210 pontos-devenda e faturar R$ 240 milhões até o final deste ano. E o alvo da expansão é o Sudeste. A previsão é abrir mais 20 lojas na região, sendo 12 em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro, três em Minas Gerais e uma CASA DA PHOTO

60 – Empreendedor – Abril 2006

plos são as promoções “Preço de Bandeja”, que reduz para R$ 3,85 todas as locações nas terças, quartas e quintas-feiras nos meses de março e abril e o “Vídeo Troco”, que dá uma locação de acervo de brinde para quem pagar com moedas. Ações como estas são discutidas entre os franqueados da rede e até em reuniões com os gerentes das lojas, valorizando as idéias e sugestões de quem está em contato direto com o público. Os interessados em ter uma franquia precisam investir inicialmente cerca de R$ 140 mil, incluindo taxa de franquia, reforma, equipamentos, acervo e propaganda. (48) 3028-6680


Cartão na farmácia Emprego à vista O portal das escolas profissionalizantes Microlins mantém um espaço para cadastro de currículos de quem está à procura de uma vaga no mercado de trabalho. Com isso, é possível ir além da divulgação de informações a respeito do dia-a-dia das unidades e do relacionamento entre alunos, professores e colaboradores. O acesso dos usuários é através de senha. www.microlins.com.br

Investir no couro A Restaura Jeans, que oferece serviços de tingimento e costura de roupas, lavagem e renovação de peças de couro e até lavanderia, está à procura de franqueados na região Sul do país. Com 208 lojas, sendo duas próprias, é necessário investir R$ 40 mil para ter uma franquia da marca. Ela tem forte interesse em Santa Catarina e para concretizar sua ida para mais de dez cidades negociou com seus fornecedores e prestadores de serviços a redução da taxa de franquia – que varia entre R$ 5,5 mil e R$ 10,5 mil – em 10% para o pagamento à vista. Outra opção disponível ao franqueado é pagar o valor, sem os 10% de desconto, em cinco parcelas fixas. A taxa

está incluída no investimento inicial previsto para a abertura da unidade. As peças para tingimento e restauração do couro são processadas na usina da empresa, localizada em Santa Cruz do Sul (RS). Já as peças para costura serão processadas na própria loja, reduzindo o prazo de entrega ao cliente. Toda a expertise do negócio consiste no treinamento realizado na sede da empresa durante uma semana. A Restaura Jeans possui uma loja-escola, onde o franqueado recebe orientações para administrar o negócio e atender o cliente. Também é lá que as costureiras aprendem os segredos da costura realizada pela empresa. (51) 3719-1908

A Farmais aproveita suas 615 lojas espalhadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país para incrementar os benefícios do Farmais Card, cartão de crédito próprio que completa seis anos de existência. Além de funcionar como um cartão de crédito convencional, onde os medicamentos e produtos de perfumaria podem ser pagos na data da fatura que o cliente desejar, possui características exclusivas: nas compras acima de R$ 30 é possível pagar em até três vezes sem juros e também realizar saques no banco 24 Horas. A meta para este ano é aumentar em mais de 100 mil o número de clientes do Farmais Card em todo o Brasil. A rede de farmácias fechou 2005 com faturamento total de R$ 680 milhões, um aumento de 12% em relação ao desempenho obtido em 2004. No ano passado, a Farmais abriu 55 lojas e, neste ano, o plano de expansão prevê mais 85 unidades, a grande maioria aberta no sistema de conversão de franquias, ou seja, empresários do varejo farmacêutico são convidados a fazer parte da rede Farmais e os interessados fazem as adaptações necessárias no layout de suas drogarias. Das novas lojas prospectadas este ano, 50% serão na região Sudeste e os demais 50% na região Sul do Brasil. (11) 3141-9222

no Espírito Santo. Serão inaugurados pontos-de-venda também nas regiões Sul e Centro-Oeste, com as primeiras unidades no Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A rede deve duplicar o investimento em marketing, colocando R$ 10 milhões em campanhas institucionais e R$ 1,5 milhão para campanhas e brindes infantis, linha que, em 2005, representou 5% do faturamento da rede. O Giraffa’s também está com novo cardápio e a novidade são os sanduíches no prato à base de picanha. (61) 2103-1800 Abril 2006 – Empreendedor – 61


F ranquia ABF ABF reúne elite do franchising em evento no Rosa Rosarum No próximo dia 27 de abril, a ABF realizará no Buffet Rosa Rosarum, em São Paulo, a grande festa na qual serão anunciados os vencedores da 12ª edição do Prêmio ABF Destaque Franchising e os nomes dos franqueadores chancelados com o Selo de Excelência em Franchising, referente ao desempenho no ano de 2005. O Prêmio ABF Destaque Franchising será conferido a cinco categorias – Franqueador, Franqueado, Jornalismo (Jornal e Revista), Trabalho Acadêmico e Parceiro do Franchising, visando prestigiar e reconhecer o esforço dos premiados pelo fortalecimento e crescimento do franchising no país. O Selo de Excelência em Franchising, por sua vez, será entregue a 61 redes de franquia. Nessa edição, a ABF registrou um aumento de 20% no número de franquias interessadas em obter a chancela, em relação ao ano anterior. “Os critérios para a chancela do Selo são aprimorados a cada ano e as redes também demonstram um interesse cada vez maior de profissionalizar sua performance”, afirma Ricardo Camargo,

Anote em sua agenda: Jantar ABF Local: Espaço Rosa Rosarum Endereço: Rua Francisco Leitão, 416 – Pinheiros – São Paulo Data e Horário: 27 de abril a partir das 20 horas Informações e inscrições ligue para o Depto. de Eventos da ABF: (11) 3814-4200 ramais 17 e 24 ou envie uma mensagem para eventos@abf.com.br.

diretor executivo da ABF. A expectativa é de reunir cerca de 400 pessoas ligadas ao mercado de franchising nacional.

ABF oferece plataforma de e-learning para seus associados A primeira apresentação do projeto Conexão Franchising foi muito bem recebida pelos participantes do café da manhã promovido pela ABF, que reuniu cerca de 30 pessoas entre franqueadores e consultores. Antes mesmo do lançamento oficial do Conexão Franchising, a ABF, juntamente com seu parceiro Américas Brazil, promoverá outros encontros para apresentar o projeto e trocar experiências com os associados com o intuito de agregar ainda mais valor ao Conexão Franchising. Desenvolvido pela ABF e pela América Brazil, empresa especializada em consultoria e treinamentos há 13 anos no mercado e com grande experiência na área de franchising e varejo, o Sistema Integrado Conexão Franchising é uma plataforma de e-learning (ensino a distância) que tem dois objetivos: disponibilizar e democratizar conteúdo de aprimoramento e gestão de franchising para o mercado de forma geral e proporcionar às empresas associadas a possibilidade de utilizar essa plataforma para disseminação de seus próprios conteúdos (palestras, cursos, apresentações, etc) para suas redes.

ABF participa da convenção anual da IFA Entre os dias 25 e 28 de fevereiro de 2006, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) participou da 46ª Convenção Anual da International Franchise Association (IFA), realizada na cidade de Palm Springs, Califórnia, EUA. O diretor de cursos e eventos, João Baptista da Silva Jr. e o diretor jurídico, Luiz Henrique do Amaral foram os representantes oficiais da associação no evento. O encontro reuniu 2.500 congressistas de todo o mundo, dos quais cerca de 500 eram novos empreendedores. A convenção promoveu uma série de

62 – Empreendedor – Abril 2006

cursos com os mais variados temas, reuniões entre associações internacionais, painéis de discussões e uma feira de fornecedores do sistema de franchising, que apresentou muitos expositores e contou,

inclusive, com ofertas de produtos e serviços de empresas internacionais. De acordo com João Baptista, a intensa discussão sobre internacionalização, com foco para os mercados da China, foi o ponto alto da convenção. A ABF participou do evento com o objetivo de estreitar relacionamentos com as associações internacionais de franquia, promover o sistema de franchising brasileiro e a ABF Franchising Expo 2006, checar tendências, novos modelos de negócios e ferramentas de gestão, entre outros.


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2006 Métodos– deEmpreendedor Trabalho, TR- Treina- – Abril mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

63


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Worktek Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


66 – Empreendedor – Abril 2006


Guia do Empreendedor A prevenção possível Cursos especiais para empresários atentos aos perigos de uma pandemia de gripe aviária Um grupo de médicos está organizando uma série de treinamentos direcionados a empresas que queiram fazer um trabalho de preparação para minimizar o impacto econômico que uma possível pandemia de gripe aviária poderá causar em seus negócios. “Os empresários estão diretamente ligados à questão da responsabilidade social, por isso focamos o curso para empresas, onde cada funcionário, após o preparo, será um multiplicador do conhecimento e passará as informações a seus familiares e amigos, atingindo o maior número possível de pessoas”, diz Flávia de Castro, médica especialista em Medicina Preventiva. O trabalho, na opinião da médica, deve ser feito junto às empresas como forma de assegurar a cadeia produtiva (uma vez que além dos funcionários, fornecedores e clientes também estão sujeitos ao contágio) e evitar um impacto drástico na economia. “Nossa idéia é ajudar a planejar a empresa contra a pandemia nos mesmos moldes do que é feito lá fora, com módulos de treinamento direcionados a cada nível hierárquico, para minimizar o impacto de um evento que vai atingir 25% das forças de trabalho no mundo”. O risco de uma pandemia (epidemia global, generalizada e sem fronteiras, que além de poder matar os infectados provoca o caos socioeconômico) relacionada à questão da gripe aviária é real e bem próximo. “Uma pandemia afeta substancialmente toda uma população, gerando desabastecimento e ruptura dos serviços essenciais, por isso quanto maior o preparo, menor o impacto gerado”, diz a Dra. Miriam Tendler, médica infectologista com 30 anos de experiência e douto-

rado em doenças infecciosas e parasitárias. Segundo a especialista, o que caracteriza uma pandemia é a simultaneidade, ou seja, focos de uma doença transmissível ocorrendo em vários locais e ao mesmo tempo, causando o colapso coletivo. Um exemplo é a gripe espanhola, que no início do século XX infectou um quarto da população global e matou 40 milhões de pessoas. Acredita-se que a próxima pandemia poderá ter impacto semelhante pelas características atuais do vírus H5N1. Dos casos humanos reportados até agora, a mortalidade foi de 50% e o risco se estende a todos os países, inclusive o Brasil. “A progressão da escalada epidemiológica chegou a um estágio considerado irreversível, e não há a menor possibilidade do nosso país ficar de fora deste cenário”, diz Miriam. A Organização Mundial de Saúde faz um trabalho permanente de informação e conscientização através de manuais

estruturados por órgãos específicos, com orientações e normas para situações extremas. Cabe, a cada país, se preparar da melhor maneira. Nos Estados Unidos, por exemplo, a preocupação com uma nova pandemia teve início ainda na década de 80, intensificou-se após 1997 (quando a OMS fez uma recomendação formal a respeito do H5N1) e ganhou contornos de prioridade nacional após 2005, quando o Congresso liberou uma verba superior a US$ 3 bilhões para ações específicas de preparo para a pandemia. “Os EUA empreendem ações para atender a uma demanda futura por medicamentos. Atualmente não existe capacidade mundial para uma produção em massa de vacinas, e mesmo quando for conhecida a fórmula definitiva do vírus pandêmico, uma vacina específica levará de seis a oito meses após a eclosão da pandemia para ser formulada”, diz Flávia de Castro. “A pandemia não é como desastre natural localizado, que torna possível a ajuda humanitária, a transferência de recursos financeiros e o envio de alimentos e remédios. A tendência é de isolamento, e que cada país use seus recursos e suprimentos para si”. pandemiagripe@gmail.com

Granja de aves: possibilidade de contaminação provoca alerta Abril 2006 – Empreendedor – 67


Guia do Empreendedor Blogs corporativos Popular entre os internautas que gostam de escrever e compartilhar seus textos, o blog também desponta como ferramenta de comunicação dentro das empresas. “Blogs corporativos são uma crescente tendência em todos os segmentos, e o conteúdo publicado pode abranger temas diferenciados”, diz Gilberto Mautner, diretor de novos negócios do provedor LocaWeb. O blog em uma empresa, segundo Gilberto, pode servir para comunicar novidades internas, promover debates e integrar os membros de diferentes equipes e setores aos clientes. A LocaWeb, atenta à tendência, criou um serviço de blog gratuito para seus clientes, com 100MB de espaço em disco e possibilidade de atualização da página via interface web, e-mail ou telefone celular. O usuário pode programar o uso de recursos como corretor ortográfico, álbum de fotos, diferentes templates e contador de visitas. www.locaweb.com.br/blog

Notebooks widescreen A tecnologia widescreen, utilizada nos cinemas para melhor aproveitamento visual, é o diferencial dos dois novos modelos de notebook da Intel (InfoWay Note W7620 e InfoWay Note W7210), com monitores de até 15,4 polegadas. O novo formato, segundo a fabricante, acompanha a tendência internacional de amplitude de imagens e é “o mais favorável para a visão humana, que tem formato natural panorâmico”, diz Luis Gabriel da Silva, gerente de produtos. Os primeiros compradores vão receber acesso grátis à internet com tecnologia wi-fi (wireless fidelity), que dispensa fios ou cabos. Os produtos podem ser configurados com processadores com tecnologia Pentium M ou Celeron M da Intel. www.itautec.com.br

68 – Empreendedor – Abril 2006

Como terceirizar Contratar funcionários terceirizados e delegar funções às empresas de serviços se tornou procedimento comum em todos os segmentos. Entre os atrativos para quem investe na terceirização estão a especialidade no serviço, agilidade, redução de custos e setores e eficiência. “Prestar muita atenção na hora de fechar o contrato é a chave do sucesso”, diz a advogada e consultora Maria Lúcia Benhame. O interessado em terceirizar serviços deve verificar a idoneidade da empresa contratada no mercado e buscar referências. “Isso ameniza o risco de contratar alguém que não poderá se responsabilizar pelos serviços prestados”, diz. Para uma transação segura, segundo Benhame, é necessário saber que o empregado deve ser de total responsabilidade da empresa terceirizada e subordinado unicamente a ela, mas que numa ação jurídica movida por ele, a empresa contratante tem responsabilidades e pode ser cobrada pelos direitos trabalhistas eventualmente descumpridos. Também é importante cuidar para não terceirizar serviços proibidos pela legislação trabalhista ou contratar autônomos exigindo exclusividade. “Observando esses cuidados, o empreendedor não contrata um serviço, e sim fecha uma importante parceria”. maria.lucia.benhame@benhameetresrios.com.br


INDEX OPEN

Produtos & Serviços

Fazendas on-line Para quem quer comprar ou vender propriedades rurais, o site Fazenda Negócios (www.fazendanegocios.com.br) reúne informações sobre fazendas à venda e fornece dados comerciais para facilitar as transações – como dicas para a regularização de documentos, por exemplo. Cada propriedade à venda conta com um link próprio, onde o potencial comprador tem acesso a fotos e informações técnicas. A idéia, segundo os criadores do portal, é divulgar e incentivar a negociação de áreas rurais, oferecer ferramentas para diminuir a burocracia nas negociações e manter um sistema atualizado de consultas de preços e mercado para cada região. O Fazenda Negócios promove regularmente o intercâmbio de ofertas entre produtores e elementos de outros setores envolvidos no agronegócio. Além disso, também viabiliza eventos para a troca de experiências comerciais e informações.

Knauf inova site Engenheiros e arquitetos que usam o sistema Drywall de construção a seco em seus projetos podem pesquisar sobre a tecnologia no novo site da Knauf (www.knauf.com.br). Uma das inovações do portal, que também é direcionado a construtores e consumidores, é o link Passo a Passo da Instalação. Descrito em textos e ilustrado com fotos, ele mostra o processo de montagem de paredes e tetos, aplicação de revestimentos, fixação de carga e manutenção dos sistemas. Também foram criados links para acesso a informações sobre proteção acústica e resistência ao fogo – dois dos atrativos para quem adota o Drywall em projetos – e calendário de cursos e palestras promovidos pela Knauf. Para estudantes que buscam material de consulta, o site oferece entrevistas, cases e artigos.

Nova geração de câmeras IP A TrendNet lança no mercado brasileiro uma nova linha de câmeras IP, destinadas ao monitoramento de áreas amplas, com recurso de articulação Pan/Tilt. O usuário pode monitorar diversas câmeras em uma única tela, habilitar detecção de movimentos para gravação automática e enviar notificações de alerta por e-mail. Além de transmitirem vídeos de alta qualidade sobre conexão cabeada (modelo IP 400) ou wireless (modelo IP 400W) graças à CPU interna e ao servidor de web agregados, as câmeras funcionam como dispositivos autônomos e podem ser acessadas de qualquer lugar por meio de um web browser. Outra vantagem da nova linha é o sensor CMOS, que exibe imagens mais claras e nítidas, além do software IPView, que proporciona opções de arquivo dos vídeos diretamente no computador. www.network1.com.br

Som na caixa Compatível com os MP3 players Zen Nano Plus e o iPod® Shuffle, o TravelDock 900, desenvolvido pela Creative, é o primeiro sistema portátil de caixas acústicas e docking station desenvolvido para tocadores de MP3 baseados em flash. Compacto e com a aparência de um estojo de óculos de sol, o produto possui um conector de áudio estéreo embutido, que permite a conexão instantânea, dois micro drivers NeoTitanium Premium e um amplificador digital para som superior, com capacidade de 30 horas de reprodução. O TravelDock 900 também traz os recursos Wide Stereo Effect (que oferece maior amplitude de som) e Auto-Power Off (que desliga o sistema de caixas acústicas automaticamente quando o produto é fechado). www.metrocommstore.com.br Abril 2006 – Empreendedor – 69


Guia do Empreendedor

Do Lado da Lei

Contradições nos benefícios das PPD’s DIVULGAÇÃO

Sistema de cotas obrigatórias gera distorções quando aplicado a casos concretos de Pessoas Portadoras de Deficiência A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como um dos pilares de sustentação da ordem econômica nacional a valorização do trabalho, com a finalidade de propiciar existência digna e distribuir justiça social, através da redução de desigualdades sociais. Essa diretriz fundamental foi ainda cercada pelo seguinte programa em relação às Pessoas Portadoras de Deficiência (PPD’s): proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (art. 5° caput, e 7° inc. XXXI da C.F). De carona na Lei 8213/91, foi introduzido o sistema de quotas para portadores de deficiência nos preenchimentos de cargos. Deste modo, a empresa com cem ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas na seguinte proporção: I – até 200 empregados, 2%; II – de 201 a 500, 3%; III – de 501 a 1.000, 4%; IV – de 1.001 em diante, 5%. Além da questão das quotas, as empresas que se enquadrarem no perfil citado ficam impossibilitadas de dispensar o deficiente habilitado, salvo se contratarem um substituto de condição semelhante. Com a Portaria 1199/ 2003 de 28/10/2003 do Ministério do Trabalho e Emprego, criou-se a possibilidade dos auditores fiscais do tra-

70 – Empreendedor – Abril 2006

balho imporem as referidas multas. Muitas das leis só são cumpridas por força de outras normas que determinem a aplicação de multas. Se há obrigação, mas não há sanção, ela acaba por se tornar uma faculdade. No presente caso, a multa aplicada pelos fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou do Ministério Público do Trabalho (MPTbE), respeita os limites constantes do artigo 2° da referida Portaria, mas é importante que se ressalte que o cálculo da multa é feito com base nas quotas de PPD’s não preenchidas. Pode-se dizer que é “razoavelmente nova” a Portaria que autorizou a aplicação de multas como forma de obter o cumprimento da lei. A questão da inclusão social, somada à preocupação do Governo de “criar empregos”, tornou a questão dos PPD’s uma verdadeira febre em todo o território nacional. São diversas as empresas “convidadas” a comprovar o preenchimento das quotas. Quando não preenchidas, automaticamente já saem autuadas pela fiscalização das DRT’s. Outro problema é que os portadores de deficiências, ao se empregarem, perdem o benefício da Previdência Social (Lei 8742/93), que concede um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e dificulta as empresas de cumprirem o regime das cotas para funções de salários menores. Com efeito, o §1° do artigo 2° da

referida Lei impõe que o benefício seja suprimido tão logo o beneficiário adquira emprego, já que nessa hipótese passará a possuir meios próprios de prover a própria manutenção. Transformar-se-á então em um empregado economicamente ativo, perdendo o benefício previdenciário. Assim, se o deficiente físico já vem recebendo pensão previdenciária paga em decorrência da Lei 8742/93, enquanto perdurar a condição de inativos economicamente, resta a dificuldade criada pela referida Lei para que as empresas consigam atingir a quota legal, ou seja, encontrar pessoas portadoras de deficiência que estejam dispostas a trabalhar para, ao final, receberem salários quase que equivalente ao benefício previdenciário, que já receberiam mesmo sem estar trabalhando. Outro ponto que deve ser analisado está no fato de que as PPD’s que forem contratadas em um local de trabalho perdem a condição de inativo economicamente, já que estarão comprovando que possuem condições de prover o próprio sustento. Não poderão mais pleitear o benefício, nem mesmo em caso de desemprego. Realmente todo modelo de cotas cria distorções quando aplicado a um caso concreto.

Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269


Abril 2006 – Empreendedor – 71


Guia do Empreendedor

Em busca da identidade Criar uma empresa a partir de um produto inovador nada significa se o consumidor não perceber a identidade corporativa por

Nei Duclós

Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz identificável entre muitas outras, escreveu um dia Mario Quintana. Tirar da poesia uma frase tão apropriada ao mundo corporativo ajuda a entender a abordagem deste livro, que alerta especialmente os engenheiros sobre o perigo de deixar o marketing de lado na hora de criar uma empresa. A autora é do ramo, ou seja, é engenheira eletricista e mestre em automação e controle industrial. Abraçou o marketing quando viu o furo que havia em inúmeras empresas inovadoras, que não conseguiam passar para o mercado o rosto apropriado que as identificasse. “Ao longo da minha variada e eclética vida profissional, trabalhei muitos anos programando robôs, elaborando softwares para automação de máquinas e realizando projetos na área de tecnologia. Adorava esse trabalho, mas comecei a me incomodar ao perceber que o sucesso de uma empresa não era diretamente proporcional à competência técnica das suas equipes”. Esses indivíduos fascinados pela tecnologia, diz a autora, “crêem com fervor que um produto bem desenvolvido e tecnologicamente brilhante tem a capacidade de atrair compradores por si só. Eles administram empresas como se fossem laboratórios de desenvolvimento”. Essa descoberta a transformou, como ela mesmo diz, “numa chata de plantão”, pois parece incrível, mas há muita resistência entre os es-

72 – Empreendedor – Abril 2006

Quem Sua Empresa Pensa Que É? Lígia Fascioni Ciência Moderna 136 pgs. R$ 29,00

CONCEITOS “A identidade corporativa é o conjunto de características que, combinadas, tornam uma empresa única, especial, inigualável. Assim, a identidade de uma empresa é a sua essência, seus princípios, crenças, manias, defeitos, qualidades, aspirações, sonhos, limitações. Se uma pessoa é um ser extremamente complexo, imagine-se então uma empresa, formada por várias (às vezes muitas) pessoas diferentes.” “Quem fornece as pecinhas do quebracabeças para a montagem do quadro é a própria empresa. Assim, quando uma pessoa liga para a empresa e é bem atendida, ela coloca uma pecinha lá na tela do seu cérebro. Passa pelo carro da empresa e vê o motorista furando o sinal; lá vai outra pecinha. Ora, não é difícil imaginar que às vezes esse quebra-cabeça vira uma bagunça e a pessoa não sabe o que pensar a respeito da empresa, pois as peças não se encaixam. E é disso que a Gestão Integrada da Identidade Corporativa® trata”. “A gestão integrada abrange todas as

pecialistas em tecnologia em relação à divulgação do que fazem. Suas pesquisas a levou a criar o método GIIC (Gestão Integrada da Identidade Corporativa). A imagem, a identidade corporativa, é “um quebra-cabeças que as pessoas montam em suas mentes com as peças que a empresa distribui e o design é a ferramenta que consegue traduzir a identidade e dar forma a essas peças.” Os passos são os seguintes: primeiro, sensibilizar os

manifestações físicas da empresa de maneira que elas traduzam a sua identidade. Quantas empresas você conhece que dizem que são uma coisa, mas parecem outra? Restaurantes que se apresentam como ícones da boa cozinha mas que oferecem banheiros sujos? Empresas que dizem que o cliente é o seu bem mais importante mas lhe enviam correspondências fotocopiadas e sem assinatura? Designers que se oferecem para fazer websites, mas têm um monte de links “quebrados” no seu próprio? Escolas com erros de português no material publicitário? Empresas que se dizem inovadoras com logos completamente conservadores?” “A Gestão Integrada da Identidade Corporativa® é um serviço concebido para fazer a gestão das pecinhas do quebra-cabeças que a empresa distribui por aí. Ela redireciona, realinha e organiza essas peças de acordo com a identidade da empresa, para que o quadro que as pessoas montam em suas cabeças seja o mais fiel possível ao original”.

colaboradores para cada um saber o que lhes cabe na distribuição de peças; segundo, definir a identidade; e terceiro, administrar as peças. São detalhados os módulos de aplicação: nome, visual, impressos, apresentações, webdesign, ambiente, atendimento, pessoas, comunicação e produtos. No capítulo final, são discutidas as relações entre o método GIIC e o planejamento estratégico da empresa e em que situações ele pode ser aplicado.


Leitura

A força que vem da Ásia Olhares ao Leste – o Desafio da Ásia nas Relações Internacionais Organizador: Thiago Rodrigues 119 pgs. R$ 22,00 Editora: Desatino/FASM O livro reúne artigos de especialistas sobre as grandes forças asiáticas na atualidade: China, Japão e Indonésia. Diz o organizador: “A China tem demonstrado incrível peso na política e na economia internacionais contemporâneas. A Indonésia, por sua vez, ocupa uma posição bastante inusitada: não-árabe, é o maior país muçulmano do mundo e vive sob regime democrático. O Japão, além de ser mais próximo de nós, brasileiros, e de sua grande importância para a economia internacional, tem procurado, nos últimos anos, recuperar o prestígio e peso político perdidos com a derrota na Segunda Guerra Mundial.” Thiago Rodrigues é bacharel e mestre em Relações Internacionais pela PUC/SP. O prefácio é de Clodoaldo Bueno, professor de História da Universidade Estadual Paulista. Entre os articulistas, estão nomes como Amaury Porto de Oliveira, que já atuou como embaixador e hoje é membro do Instituto de Estudos Avançados (IEA) e do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (GACINT) – ambos da USP. Alexandre Ratsuo Uehara é mestre e doutor em Ciência Política pelo Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (USP). Atualmente pesquisa a integração regional na Ásia e as relações bilaterais Brasil–Japão e é analista político-econômico da Jetro (Japan External Trade Organization). Masato Ninomiya, mestre e doutor em Direito pela Universidade de Tóquio, é professor do Departamento de Direito Internacional da USP e professor visitante das Faculdades de Direito das Universidades de Tóquio e Keio. O holandês Peter Demant, autor de O mundo muçulmano (Contexto, 2004), é historiador especialista em questões do Oriente Médio. Doutor pela Universidade de Amsterdã, leciona no Departamento de História da Usp. É assessor do Laboratório de Análise Internacional (LAI) da Faculdade Santa Marcelina.

Idéias para aparecer A Grande Mudança Seth Godin (editor) 283 pgs. – R$ 39,00 Editora Manole www.manole.com.br Quais os principais pontos para se tornar uma empresa de sucesso? Como se destacar no mercado? As respostas para essas e muitas outras perguntas sobre o mundo dos negócios estão no livro A Grande Mudança, editado por Seth Godin, da Editora Manole. A obra reúne 33 dos mais renomados pensadores de negócios, que revelam as suas melhores idéias para que empresário e empresa se destaquem. As histórias vão desde o atendimento a um cliente extraordinário e a dedicação de um funcionário exemplar até exemplos de projetos ousados e de lideranças reconhecidas.

Uma nova ordem O Capital e o Reino Autor: Timothy J. Corringe Paulus 256 pgs. – R$ 49,00 Com a proposta de uma nova ordem social e a aplicação de uma economia mundial diferente, a obra de Timothy J. Corringe denuncia a violência cometida contra a natureza em nome do progresso. Ao longo das quatro partes da obra, o autor propõe reflexões profundas que abrangem pontos nevrálgicos da vida e dos modos de viver do ser humano contemporâneo, questionando sua práxis para chamá-lo a uma nova visão da realidade. O Capital e o Reino evidencia a necessidade de uma discussão ética entre humanos de diferentes credos e pontos de vista, visando o estabelecimento de novas formas de estruturas sociais e econômicas. Thimothy J. Corringe é capelão no St. John’s College, Oxford, onde é professor de Novo Testamento. Abril 2006 – Empreendedor – 73


Informação e Crédito

Academia Serasa de Crédito Crédito com tecnologia e conhecimento

A

Academia Serasa de Crédito mantém um programa de cursos regulares e de cursos que podem ser realizados para grupos de funcionários no local da conveniência da institui-

ção (in company), destinados à atualização, especialização, aperfeiçoamento técnico e conceitual sobre crédito e cobrança. “O crédito deve ser concedido de maneira científica, com metodologia e agilidade para que todos possam tirar proveito dele, pois cumpre o papel de sustentabilidade no desenvolvimento do país”, afirma o diretor da Serasa, Ricardo Lourei-

ro, ressaltando a importância da atualização permanente nessa área. Entre os diversos temas dos cursos oferecidos pela Academia Serasa de Crédito, estão Análise de Crédito ao Consumidor; Análise Financeira para Empresas; Análise de Crédito de Pequenas e Médias Empresas; Como Analisar e Conceder Crédito para Empresas de Grande Porte; Gestão de Cobrança para Pessoa

Cronograma dos treinamentos no 1º semestre de 2006 Análise Financeira para Empresas

DURAÇÃO 8 horas

CURSOS PROGRAMADOS PARA SÃO PAULO Gestão de Cobrança Concessão de Crédito para Empresas de Grande Porte Análise de Crédito de Pequenas e Médias Empresas Análise de Crédito ao Consumidor CURSOS EM PARCERIA COM A FGV-EAESP (SÃO PAULO) Análise de Crédito de Middle e Corporate Gestão de um Sistema de Escoragem Gestão do Risco e Crédito ao Consumidor CURSOS EM CERTIFICAÇÃO DIGITAL Módulo I - Introdução à Certificação Digital

DURAÇÃO 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas DURAÇÃO 24 horas 16 horas 16 horas DURAÇÃO 8 horas (1 dia)

Módulo II - Certificados Digitais e Sistemas Criptográficos

8 horas (1 dia)

Módulo III - Desenvolvimento de Sistemas com Certificação Digital

40 horas (1 semana)

DATAS Belo Horizonte - 06/04/06 Porto Alegre - 08/05/06 Curitiba - 10/05/06 Rio de Janeiro - 14/06/06 Campinas - 20/06/06 DATAS 22/03/06 19/04/06 e 07/07/06 11/05/06 23/06/06 DATAS 15, 16 e 17/03/06 e 6,7 e 8/06/06 11 e 12/04/06 16 e 17/05/06 DATAS Belo Horizonte - 20/03/06 Rio de Janeiro - 23/03/06 Porto Alegre - 04/04/06 Campinas - 17/04/06 Distrito Federal - 18/05/06 São Paulo - 25/05/06 Belo Horizonte - 21/03/06 Rio de Janeiro - 24/03/06 Porto Alegre - 05/04/06 Campinas - 18/04/06 Distrito Federal - 19/05/06 São Paulo - 26/05/06 São Paulo - 29/05/06 a 02/06/06

Datas e locais sujeitos a confirmação. A realização dos cursos está condicionada à inscrição de número mínimo de participantes por turma. Mais informações, inclusive sobre outros cursos, acesse serasa.com.br/cursos, ligue para (11) 3078 4766, das 11 às 17horas, ou envie e-mail para academiadecredito@serasa.com.br. 1


Jurídica; e Gestão de Cobrança para Pessoa Física. Os cursos in company têm flexibilidade de duração, além da comodidade de o instrutor ir à instituição, em qualquer lugar do país. Os regulares são realizados em datas e locais definidos, e abertos a qualquer profissional que queira participar. As inscrições são realizadas pelo site serasa.com.br/cursos.

Cursos sob medida

Ricardo Loureiro, diretor da Serasa

Crédito no DNA A Unicred Central São Paulo tem o crédito no DNA de sua atividade, assim como a Serasa. O diretor administrativo da Unicred Central São Paulo, Emerson Assis, falou ao BIS sobre essa parceria entre as duas e a importância do programa de treinamento, por meio da Academia Serasa de Crédito, para a Unicred Central. O que levou a Unicred Central procurar treinamentos em crédito? Faz parte da vocação da Unicred, por seus estatutos e por determinação do Banco Central, promover a capacitação das cooperativas filiadas. E sabe-se que o risco de crédito é uma das ameaças mais importantes ao patrimônio. Por isso estamos realizando esses treinamentos: por filosofia, vocação e planejamento estratégico. Por que selecionar a Serasa para a aplicação dos cursos de crédito? A Serasa tem importante papel no cenário do crédito, com experiência de mercado e importantes ferramen-

tas para a adequada da gestão de crédito. Ambas, Serasa e Unicred, têm um envolvimento maior com o crédito. Por isso temos também um projeto maior com a Serasa. Qual a sua expectativa após o término do programa de treinamento? Teremos, ao final do programa, uma qualificação maior na gestão do crédito, para mitigar os riscos, por meio de uma análise mais aprimorada. Este programa servirá para atender uma necessidade pontual ou espera-se que se torne algo contínuo? A gestão de crédito não se aprende em apostilas. É uma experiência que se constrói e se aprimora continuamente. Por isso, é um processo, não é uma ação pontual. A Serasa desenvolve ferramentas de gestão de crédito e análise de risco que podem ser aplicadas de forma sinérgica entre todas as cooperativas associadas. Isso nos permitirá, no futuro, uma política integrada entre todas as associadas.

A Unicred Central São Paulo fechou uma parceria com a Academia Serasa de Crédito para a realização de um pacote de cursos, ao longo deste ano. Os cursos abordam temas diversos que se aplicam às análises de crédito e cobrança de pessoa física e de pessoa jurídica. Os programas são personalizados e adequados ao perfil dos participantes e ao tipo de análise que as cooperativas associadas à Unicred Central São Paulo necessitam. Nessa modalidade, as aulas são realizadas nas dependências da Unicred, em horários definidos pela própria instituição. “Os grupos, quando formados por profissionais com o mesmo perfil e provenientes de um mesmo setor da economia, como é o caso da Unicred, são beneficiados com ganho de produtividade e maior aproveitamento, por ser um público homogêneo”, afirma o diretor de produtos da Serasa, Ricardo Loureiro. A realização deste programa de cursos já se iniciou e o número de participantes da primeira turma superou as expectativas, com alto índice de satisfação. Para Norberto Cerutti, Assessor Técnico responsável pela área de capacitação da Unicred Central São Paulo e participante da primeira turma “o curso foi excelente, pois além do professor ter boa didática e ser dinâmico, fizemos exercícios práticos, aliando a teoria com a realidade das cooperativas Unicreds de São Paulo”. 2


Guia do Empreendedor

Taxas menores atraem mais investimentos Arrecadar mais não resolve os custos provocados pelo juro alto, que ao beneficiar o investidor estrangeiro provoca aumento da dívida interna O Banco Central do Brasil aumentou a taxa de juros a partir do segundo semestre de 2004 em um ritmo gradual. O mesmo gradualismo está sendo observado na redução das taxas, após dominadas as pressões inflacionárias. O custo da política monetária contracionista foi o usual: a redução da taxa de crescimento da economia em 2005, com efeitos que podem se estender por 2006. O ganho foi a manutenção da taxa de inflação dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. O controle da inflação foi obtido através da redução da demanda interna e como efeito secundário dos juros sobre a taxa de câmbio. Os bons resultados das contas externas, especialmente da balança comercial, favorecida pelo alto preço dos produtos primários exportados pelo país, contribuíram para que houvesse oferta de divisas no mercado. A abundância de moeda estrangeira leva à queda do seu preço. A oferta dessa moeda foi ampliada pela entrada de capital estrangeiro em busca da elevada rentabilidade propiciada pelos juros elevados praticados no país. Com isso, a moeda brasileira ficou ainda mais valorizada. O efeito da valorização do real foi o aumento das remessas de lucros e dividendos, das importações e das despesas com servi-

76 – Empreendedor – Abril 2006

ços, como as viagens internacionais. Essa demanda por moeda estrangeira, decorrente de preço baixo, não freou a queda do preço do dólar. A perda de competitividade das exportações brasileiras por causa do câmbio, embora ainda não tenha se manifestado nos números do comércio exterior, é fonte de preocupação, inclusive do Banco Central, que passou a comprar moeda estrangeira. Oficialmente as intervenções no mercado de câmbio se davam para repor as reservas internacionais, embora seja clara a preocupação com a taxa de câmbio. O aumento das reservas internacionais permitiu que o país pagasse antecipadamente a dívida com o FMI e o Clube de Paris e o anúncio de um plano de resgate antecipado de títulos da dívida externa emitidos na década de 1990 quando foi renegociada a dívida vencida na década de 1980. A liquidação das dívidas, levando a dívida externa total a reduzir consideravelmente, teve como efeito a melhoria da avaliação de risco externo da economia brasileira. No plano doméstico, entretanto, os juros elevados levaram ao aumento rápido da dívida interna. Mesmo o aumento da arrecadação de impostos não foi suficiente para compensar o aumento das despesas com juros. Aí aparece a contradição da po-

lítica econômica. Enquanto os juros elevados contribuíram para a atração de capital externo, aumento das reservas e redução da dívida externa, ao mesmo tempo geraram elevação da dívida interna. As intervenções do Banco Central no mercado de câmbio não se mostraram suficientes para evitar a apreciação da moeda brasileira, o que pode levar a problemas estruturais na economia através de aumento de importações e dificuldades para as exportações. A única maneira de evitar estragos ainda maiores é acelerar o ritmo da redução da taxa de juros. Não há necessidade de a economia brasileira trabalhar com taxas de juros reais superiores a 10% ao ano. Juros menores levariam a uma maior taxa de investimentos, que assegura a possibilidade de crescimento da economia, além de reduzir as despesas com os juros da dívida pública, que chegam a 10% do PIB. A redução da proporção da dívida em relação ao PIB também abre a possibilidade de redução da carga tributária, embora os governantes tendam a querer aumentar os gastos com a folga orçamentária.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e Professor do Departamento de Economia da UFSC


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

Acesita Ambev Aracruz Arcelor BR Bco Itau Hold Finan Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telecom Brasil Braskem Caemi Celesc Cemig Cemig Cesp Comgas Contax Contax Copel CRT Celular Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Metropo Embraer Embraer Embratel Part Gerdau Met Gerdau Ibovespa Ipiranga Pet Itausa Klabin Light Net Petrobras Petrobras Sabesp Sadia SA Sid Nacional Souza Cruz Tele Centroeste Cel Tele Leste Celular Telemar Norte Leste Telemar-Tele NL Par Telemar-Tele NL Par Telemig Celul Part Telesp Cel Part Telesp Operac Tim Participacoes Tim Participacoes Transmissao Paulist Unibanco Usiminas Vale Rio Doce Vale Rio Doce Votorantim C P

TIPO AÇÃO

PN PN PNB PNB PNB PN PN PN PN ON PN PN PN PNA PN PN PN ON – ON PN PN PN PNA PN ON PN ON ON PN PN PN UnN1 PN PNA ON PN PNA PN PN PN ON ON ON ON ON PNB PN PN PN ON PN PNA ON PN PN PNA ON

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,84 1,14 0,91 1,63 3,02 4,16 1,12 0,56 0,75 2,07 1,22 2,47 3,73 0,89 0,18 2,25 0,70 0,42 0,03 0,22 1,47 0,34 1,36 2,90 0,47 0,41 0,70 1,37 1,31 4,08 100,00 0,73 1,83 0,55 0,34 1,99 2,05 9,69 0,86 1,04 4,97 0,63 0,63 0,16 0,87 6,45 0,98 0,68 1,41 0,51 0,40 1,21 0,44 1,67 6,93 1,91 7,25 1,03

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 29/03/2006)

21,03 3,49 23,03 20,10 17,80 16,13 22,09 -2,36 -10,41 -0,50 23,48 -11,69 13,20 24,50 6,74 8,78 88,61 19,27 -6,58 -3,91 18,95 3,50 28,29 21,09 3,50 12,22 -11,11 -29,41 22,90 24,78 12,92 11,50 26,22 17,62 -10,29 0,93 15,66 17,54 16,56 -5,29 43,42 18,41 1,57 -1,22 -12,60 -13,13 -11,07 9,91 2,26 14,10 40,51 35,94 -9,09 13,80 45,97 10,89 12,07 18,28

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Fevereiro 0,01 -0,06 0,41 -0,03

Juros/Aplicação

(%)

Março 1,36 1,36 0,71 1,22 6,14

CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F

Ano 0,93 0,66 1,00 0,47

Ano 3,97 3,99 1,38 3,57 7,51

até dia 30/3

Indicadores imobiliários Março 0,32 0,21

CUB SP * TR

(%)

Ano 0,48 0,51

* Fevereiro

Juros/Crédito Março 29/março

(em % mês) Março 28/março

2,40 4,56 3,40 3,00

2,40 4,57 3,40 3,00

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré * * taxa mês

Câmbio (em 29/3/2006)

Cotação R$ 2,2100 US$ 1,5757 US$ 117,79

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Mercados futuros (em 30/3/2006)

Abril

Maio

Junho

Dólar R$ 2,218 R$ 2,235 R$ 2,256 Juros DI 16,48% 16,26% 16,01% (em 3/3/2006)

Abril

Ibovespa Futuro

37.958 Abril 2006 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor

Expo Center Norte (Pavilhão Azul) São Paulo (SP) Telefone: (11) 3291-9111 site: www.feicon.com.br 6/4 e 7/4/2006

Reatech – V Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade Centro de Exposições Imigrantes São Paulo (SP) Telefone: (11) 5585-4355 Site: www.cipanet.com.br 18/4 a 20/4/2006

FCE Cosmetique Transamérica Expo Center São Paulo (SP) Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.fcecosmetique.com.br

INDEXSTOCK

Em destaque

4/4 a 8/4/2006

Feira Internacional da Indústria da Construção

Agenda

24/4/2006 a 27/4/2006

Abrin 2006 – 23ª Feira Brasileira de Brinquedos Expo Center Norte São Paulo (SP) Telefone: (11) 4191-8188 Site: www.feiraabrin.com.br Em sua 23ª edição, o evento, que é o mais importante do calendário nacional de brinquedos, apresenta lançamentos e reúne cerca de 15 mil profissionais. A ABRIN 2006 contará com 200 expositores de vários Estados brasileiros, número 11% maior que a última edição, numa área de 13 mil m². São empresas representantes de um mercado que ano passado faturou em torno de R$ 900 milhões, gera 15 mil empregos diretos e quatro mil indiretos, e deve produzir, em 2006, 160 milhões de unidades, alcançando um crescimento de 5%. Voltada a varejistas e distribuidores, a ABRIN 2006 apresenta as novidades que estarão nas prateleiras durante o ano todo, especialmente no Dia das Crianças e no Natal – datas responsáveis por grande parte das vendas: 35% e 31%, respectivamente. Além dos 1,5 mil lançamentos esperados e de outros modelos consagrados pelas crianças, artigos de puericultura, acessórios, produtos licenciados, livros, CDs e DVDs infantis serão mostrados aos visitantes.

18/4 a 20/4/2006

20/4 a 23/4/2006

1/5 a 5/5/2006

Exposição Internacional de Tecnologia para a Indústria Farmacêutica

Bio Brazil Fair 2006 – 2ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia

15th World Congress on Information Technology

Transamérica Expo Center São Paulo (SP) Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.fcepharma.com.br 20/4 a 23/4/2006

NaturalTech – 2ª Feira Internacional de Produtos Naturais e Medicina Complementar Bienal do Ibirapuera São Paulo (SP) Telefone: (11) 4191-8188 Site: www.naturaltech.com.br

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

78 – Empreendedor – Abril 2006

Bienal do Ibirapuera São Paulo (SP) Telefone: (11) 4191-8188 Site: www.biobrasilfair.com.br 24/4 a 28/4/2006

Brasilpack 2006 – Feira Internacional da Embalagem

501 Congress Avenue, Suite 210 Austin, Texas (EUA) Telefone: (+1 512) 505-4086 e-mail: media@wcit2006.org 2/5 a 4/5/2006

Expovinis Brasil 2006 – Salão Internacional do Vinho

Parque Anhembi São Paulo (SP) Telefone: (11) 3291-9111 Site: www.brasilpack.com.br

ITM Expo São Paulo (SP) Telefone: (11) 3151-6444 Site: www.exponor.com.br/ expovinisbrasil

25/4 a 29/4/2006

4/5 a 6/5/2006

Hobbyart 2006

Glass South America 2006

Expo Center Norte São Paulo (SP) Telefone: (11) 5687-8522 Site: www.hobbyart.com.br

Transamérica Expo Center São Paulo (SP) Telefone: (11) 4613-7000 Site: www.glassexpo.com.br


Abril 2006 – Empreendedor – 79


80 – Empreendedor – Abril 2006


Abril 2006 – Empreendedor – 81


Empreendedor na Internet

www.empreendedor.com.br

Página inicial

Enquete

Site adota sistema de categorias para facilitar acesso ao conteúdo

Maioria já participou de eventos

Seguindo uma tendência mundial já adotada por inúmeros informativos on-line, o site Empreendedor passou a organizar os seus conteúdos usando também a classificação por categorias (ou tags). Em linhas gerais, o uso delas ajuda o internauta a ir direto no assunto que mais lhe interessa. A ferramenta também permite que, ao acessar uma reportagem, seja possível observar em qual categoria ela está classificada e ler também todos os conteúdos a respeito do mesmo assunto. Um dos grandes diferenciais proporcionados pelo uso das categorias é a classificação praticamente infinita (o sistema permite a sua criação sempre que necessário) e possibilita ainda a combinação de categorias. Ou seja, uma reportagem sobre o aumento no percentual de exportação de um Arranjo Produtivo Local poderá ser classificada nas categorias Exportação e Arranjo Produtivo. Você pode acessar a área de Categorias clicando na própria palavra, localizada na coluna à esquerda, logo abaixo de Página Inicial.

82 – Empreendedor – Abril 2006

A enquete realizada pelo site Empreendedor ao longo do mês de março apontou que a maioria dos 329 internautas que votaram já participaram de feiras e eventos comerciais mais de uma vez. Confira abaixo o resultado final da enquete. Com que freqüência você participa de feiras e eventos comerciais? Mais de uma vez ...... 34 Nunca participa ..... 33.7 Uma vez por ano ...... 17 Eventualmente ....... 15.2

% % % %

Nova pergunta Em abril, a enquete quer saber um pouco mais sobre o perfil de quem acessa o site. A pergunta é a seguinte: Com que freqüência você acessa o site Empreendedor?

Outra novidade Outra novidade do site Empreendedor é a área Links (na coluna à esquerda, abaixo de Página Inicial). Nessa área, o site irá listar os links para as principais associações e entidades de apoio aos empreendedores brasileiros.

Diariamente Uma vez por semana Eventualmente Primeira vez hoje

Newsletter Receba a newsletter e-Empreendedor com as novidades do site Empreendedor Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e na área “Login”, na coluna à esquerda na página inicial, clique no terceiro ícone. Em seguida, preencha o cadastro que irá garantir não apenas o acesso a áreas restritas, mas também o recebimento da newsletter distribuída semanalmente pelo site Empreendedor.


Abril 2006 – Empreendedor – 83


84 – Empreendedor – Abril 2006


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.