Empreendedor 141

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PROPRIEDADE INTELECTUAL

PERFIL

EDUARDO GIANNETTI DA FONSECA

IDÉIAS PROTEGIDAS DÃO LUCRO

JOSUÉ GOMES DA SILVA, DA COTEMINAS

Ano 12 • Nº 141

ISSN 1414-0152

Empreendedor

Julho 2006 • R$ 9,90

www.empreendedor.com.br

Terapias ocupacionais, atividades físicas, alimentação natural e técnicas de relaxamento podem gerar negócios de US$ 1 trilhão até 2010

O MERCADO DO BEM-ESTAR

Ano 12 • Nº 141 • julho 2006

ENTREVISTA


2 – Empreendedor – Julho 2006


Julho 2006 – Empreendedor – 3


Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Index Open e Thomas May Foto da Capa: Index Open Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Carla Kempinski

Nesta Edição PG. 16

A indústria do bem-estar

Sedes

Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-3391 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Gráfica Pallotti Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Julho 2006

INDEX OPEN

São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Alessandra G. Alexandre e Vanderleia Eloy de Oliveira Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]

Hoje o bem-estar é considerado produto de primeira necessidade. Inclui consumir alimentos nutritivos ricos em vitaminas, freqüentar academias, usufruir de serviços especializados como spas e centros de beleza e comprar e fazer tudo o que puder, com a meta de conseguir e manter a forma e a saúde desejadas. É no mesmo ritmo, desenfreado e frenético, que esse mercado vai movimentar US$ 1 trilhão até 2010 em todo mundo. Não está distante se for tomando como referência a cifra que atingiu mundialmente, em 2005, cerca de US$ 200 bilhões. No Brasil, esse valor ultrapassa R$ 2,06 bilhões por ano.

PG. 24

A proteção das idéias

A proteção de marcas e patentes aumenta a eficiência econômica e incentiva as empresas a investirem em qualidade e prestígio, permite ganhos de escala, contribui para melhorar a qualidade e segurança dos produtos e induz a inovação. O tema propriedade intelectual ainda é um desafio no Brasil, onde o gasto em pesquisa e desenvolvimento responde por 1% da receita líquida anual. As micro e pequenas empresas, que são a maioria, não têm acesso a instrumentos de fomento para investir, mas existem vários exemplos de iniciativas bem-sucedidas.

PG. 32

Crédito: 45 anos de BRDE O BRDE, autarquia interestadual voltada ao fomento da região Sul, foi criado em 1961. Quatro anos depois, a instituição recebeu a credencial número um para operar repasses do Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais (Finame), tornando-se o primeiro agente financeiro credenciado pelo BNDES para operar no país. Como instrumento governamental para a promoção do desenvolvimento da região Sul, o BRDE financiou, em 45 anos de atividade, um montante acumulado de US$ 16,1 bilhões, induzindo investimentos totais de US$ 37 bilhões, distribuídos entre mais de 41 mil projetos. Eles resultaram na geração e manutenção estimada de 1,3 milhão de postos de trabalho e em um adicional de arrecadação, para os Estados controladores, da ordem de US$ 4,7 bilhões.

INDEX OPEN

A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor


Julho/2006

PG. 36

Caderno de TI

Pólos de mercado

INDEX OPEN

Dois grandes mercados se destacam e despontam como promissores para os próximos cinco a dez anos. Um deles voltado para a pequena, mas cada vez mais abastada, parcela da população formada pelas classes A e B, e outro dedicado a consumidores pertencentes à cada vez mais numerosa classe de baixa renda (C, D e E). No primeiro, a receita está concentrada em poucas operações, enquanto no segundo, os ganhos estão diluídos em muitas transações. Ambos estão em expansão e despertam o interesse das mais variadas áreas comerciais, mas cada um tem suas particularidades para se explorar.

A EFICÁCIA DO USO ........................................ 47 Limpar o terreno e facilitar a vida de quem utiliza a tecnologia é o caminho mais rápido para alcançar resultados ARQUIVOS VELOZES ........................................ 50

PG. 10

Como ganhar tempo e eficiência usando a

Entrevista: Eduardo Giannetti da Fonseca Os juros e o futuro

tecnologia para gerenciar pastas virtuais ANÚNCIOS EM TODA PARTE ........................... 52

Planejar o futuro e conseguir romper os limites impostos por um ambiente desfavorável aos negócios depende de atitudes firmes e esclarecidas da política e da macroeconomia, segundo Eduardo Giannetti da Fonseca. Ele é Ph.D. em Economia pela Universidade de Cambridge e professor de Economia das Faculdades IBMEC de São Paulo.

Painéis eletrônicos ganham força entre as novas plataformas de publicidade CONSERTO A DISTÂNCIA ................................ 53 Telediagnóstico reduz tempo de solução de problemas mais complicados

LEIA TAMBÉM Cartas ..................................................... 7

PG. 40

Josué Christiano Gomes da Silva, de 45 anos, superintendente geral da Coteminas e co-presidente da Springs Global, é o filho do fundador que levou a Coteminas à internacionalização e à liderança mundial na área de cama, mesa e banho. A Springs Global é a maior companhia têxtil desse segmento, detentora de aproximadamente 7,5% deste mercado em todo o mundo, o que corresponde a uma receita de cerca de US$ 2,5 bilhões. Trata-se de um conjunto de 36 fábricas que empregam 25 mil pessoas em cinco países e com sede no Brasil.

Empreendedores ..................................... 8 Não Durma no Ponto ............................ 14 RICARDO BENICHIO/VALOR/FOLHA IMAGEM

Perfil: Josué Christiano Gomes da Silva O líder da gigante

Pequenas Notáveis ............................... 44 Empreendedor na Internet .................. 82

GUIA DO EMPREENDEDOR .... 67 Produtos e Serviços ............................ 68 Lei .......................................................... 70 Leitura ................................................... 72 Análise Econômica ............................... 76 Indicadores ........................................... 77 Agenda .................................................. 78 Julho 2006 – Empreendedor – 5


Editorial

de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 85,44. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação

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Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial

star de bem com a vida está longe de ser uma opção pela renúncia. No momento em que as pessoas deixam de consumir determinados produtos em função da saúde do corpo e da satisfação de viver, acabam gerando demanda em outras áreas. Deixar de lado o excesso de calorias significa buscar alimentos naturais que nem sempre estão disponíveis e quando são encontrados, podem custar acima da média. Relaxar em uma banheira de hidromassagem pode ser uma impossibilidade se a pessoa não encontrar o produto certo, adequado às suas necessidades. Isso tudo faz com que as oportunidades se acumulem nos negócios, já que o bem-estar incentivado pela mídia e a medicina é uma fonte permanente de empreendedorismo. Nem sempre o estímulo ao consumo tem uma resposta à altura dos investimentos nessa área. Por isso as pessoas que enxergam as oportunidades costumam criar produtos e serviços que atendam a crescente procura, fa-

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zendo com que esse movimento, como tantos outros no Brasil, surja de baixo para cima. É a partir de pequenos investimentos, de riscos corridos por pessoas que enxergaram o potencial desse consumo, que acontece esse mercado de grande diversidade, sofisticado em alguns aspectos e popular em outros. A indústria do bem-estar é apenas um dos muitos nichos a serem explorados no Brasil, terra de oportunidades que ainda oferece um ambiente pouco favorável aos negócios. Na entrevista, o autor best-seller e eminente economista Eduardo Giannetti da Fonseca, explica a falta que faz na cultura brasileira a educação financeira, já que existe um grande desperdício por parte das pessoas que compram sem atentar para a ameaça dos juros. Na reportagem sobre Propriedade Intelectual, fazemos um balanço da situação das idéias que precisam de proteção para que possam florescer e permitir que o país deslanche na era do conhecimento. Nei Duclós

bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


Cartas Consulta Olá! Sou estudante do curso de Pedagogia do Centro Universitário Unilasalle, Canoas (RS). Estou construindo um trabalho de conclusão de curso sobre o tema “A pedagoga empresarial face à engenharia do bem-estar”. Li na revista Empreendedor, Ano 11 – Nº130, agosto de 2005, a reportagem Inovação, Gestão e Valor aos Negócios, onde abordava a temática sobre a engenharia do bem-estar. Peço o favor, se for possível, de me remeterem o nome do autor da reportagem, pois não consta. E peço indicação de outras bibliografias sobre o assunto (engenharia do bem-estar). Grata pela atenção! Lauren B. de Azevedo Prates

lbaprates75@hotmail.com

Resposta do repórter Fabio Mayer: A reportagem sobre a engenharia do bem-estar é um complemento da matéria: “Trabalho seguro evita prejuízo”, escrita pelo repórter Fábio Mayer (fabio@empreendedor.com.br) e publicada nessa mesma edição – agosto de 2005, número 130. Referências sobre o tema podem ser encontradas no livro “Projeto do Trabalho Humano: Melhorando as Condições de Trabalho”, da pesquisadora Ingeborg Sell – (47) 323-5570 – e nos sites da Agência Brasil de Segurança (ABS) (www.abs.org.br) e do Instituto de Psicologia Aplicada (InPA) (www.inpaonline.com.br).

Franquias A matéria especial sobre Franquias na Empreendedor 140 é um estímulo para quem ainda está pensando em abrir um negócio próprio. Realmente o sistema de franchising é o mais seguro para quem decide deixar de lado a dúvida e entrar para valer no mundo empresarial. Tadeu Sinval Corrêa

Rio de Janeiro – RJ

Entrevista Para o repórter Alexsandro Vanin: Confirmo recebimento dos exemplares da Empreendedor 139. Agradeço e o parabenizo pelo texto bem elaborado. José Miguel Chaddad

Beleza negra Reportagem reveladora sobre a beleza negra na Empreendedor 140: com ela, descubro que nenhum preconceito pode ser vitorioso diante da determinação de ter um negócio próprio, que tenha originalidade e atenda realmente uma necessidade de mercado. Teresa Matiussi Lexter

Porto Alegre – RS

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Empreendedores David Ostrowiack

Celular gaúcho

Sérgio Amoroso

Educação ambiental O Grupo Orsa, por meio de seu braço social – a Fundação Orsa – coloca em prática o Projeto Estação Ecoviver. O objetivo é incentivar a educação ambiental e a preservação dos recursos naturais. O projeto atenderá crianças e jovens das escolas públicas de oito municípios do Paraná e de São Paulo, localizados ao longo das estradas administradas pelo grupo EcoRodovias. Cerca de 60 mil crianças participarão do programa até dezembro. “Por meio de

atividades lúdicas, linguagem teatral e música, a Estação Ecoviver transmitirá à comunidade assuntos relacionados ao meio ambiente, busca e conscientização de líderes comunitários”, afirma o empresário Sérgio Amoroso. O projeto também prevê a mobilização de estudantes para a questão da poluição ambiental ao longo de rodovias e o incentivo da reciclagem e da utilização do lixo para atividades artísticas. www.grupoorsa.com.br

Rodrigo Abreu

Reforço na Cisco A Cisco Systems anunciou a contratação de Rodrigo Abreu para comandar a recém-criada Diretoria de Desenvolvimento de Novos Negócios para a América Latina. Conhecido no mercado pelo trabalho desenvolvido junto às empresas Promom Tecnologia e Nortel Networks do Brasil (da qual foi presidente), Abreu atuou nas áreas de engenharia de sistemas, vendas, marketing, desenvolvimento de negócios e planejamento estraté-

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gico nos últimos 15 anos. Na Cisco, será responsável pela criação e implementação de novos modelos de negócios e alianças em toda a região. A meta da empresa, que é líder mundial em soluções para internet, é desenvolver em um curto prazo estratégias de crescimento nos países latino-americanos e reforçar o trabalho em equipe das diferentes áreas operacionais na região. www.cisco.com/br

Pioneira na fabricação de telefones celulares GSM fora do eixo Manaus–São Paulo, a Venko lançou uma linha de aparelhos em parceria com a Teikon, especializada na manufatura de produtos eletrônicos. A produção, que será comercializada a partir do Rio Grande do Sul, será de 1 milhão de unidades até junho de 2007. “Ao todo, investimos junto com a Teikon US$ 3,5 milhões, e vamos concentrar nossa atuação nas regiões Norte e Nordeste, que já corresponde a 15% das vendas das operadoras locais”, diz David Ostrowiack, gestor da Venko. Também faz parte de expansão da empresa o estabelecimento de parcerias tecnológicas com empresas globalizadas, como a norte-americana Analog Devices, para melhorar a qualidade dos aparelhos. “Nossos aparelhos estão mais resistentes e leves que os da versão anterior e possuem recursos como amplo display, toques polifônicos, alerta vibratório e superjogos”, diz Ostrowiack. www.venkobrasil.com.br


Luciano Desimon e Edison Ronchi

Griffe na web Quando formataram o website da griffe de sapatos Melissa, em 2000, os empresários Luciano Desimon e Edison Ronchi, da Grafia, já tinham planos para viabilizar uma loja virtual da marca, até então um recurso encarado como novidade. “O mercado de e-commerce, há cinco anos, ainda engatinhava, mas resolvemos investir porque a Melissa é uma empresa muito conhecida”, diz Edison. A idéia deu certo e hoje a Grafia também é responsável pelas lojas virtuais das marcas Coza, Tropical Brasil, Imaginarium e Sul Nativo. “Nosso diferencial está na estratégia de comunicação e marketing com planejamento específico para cada caso, onde identificamos o público-alvo e, a partir daí, desenvolvemos um plano de ação, que passa pelo conteúdo direcionado, planejamento logístico e e-commerce” diz Luciano. www.grafia.com.br

Juliano Hartz

Jóias para os pés Com 15 anos de experiência no mercado de design, o gaúcho Juliano Hartz aos poucos se firma como um dos principais criadores de calçados femininos de luxo do Brasil. Todos os modelos desenvolvidos por Juliano, que já trabalhou nas griffes Uffizi, Bibi, Mia e Ralph Lauren, são feitos sob medida para cada cliente. O destaque da coleção 2006 é a linha Exclusive Shoe, que traz detalhes de aplicações de jóias verdadeiras, como brincos, colares, pingentes, pulseiras, cristais Swarovski, peles e metais. “No momento da criação, penso em componentes, bases e estruturas minimalistas que tragam em sua essência todos os sentidos de bem-estar e conforto, presentes desde a construção até os acabamentos”, diz. O estilista desenha peças exclusivas e de acordo com a vontade da cliente, que opina sobre cada detalhe. A paixão por sapatos, segundo Juliano, vem desde

a infância, quando participava do diaa-dia dos pais, que trabalhavam na indústria calçadista gaúcha. www.julianohartz.com.br

rar o espaço cultural Cine Lapa (que contará com cineclube, bar, galeria de artes e espaço para festas e shows) e colocar no ar o Portal Casa da Matriz, que reunirá informações de

todas as festas produzidas, blogs de DJ’s, links para empresas parceiras, dicas de baladas e músicas para download na internet. www.matrizonline.com.br

DIVULGAÇÃO/ADRIANA LORETE

Leo Feijó

Agitador cultural Aos 31 anos, o carioca Leo Feijó considera-se um empreendedor compulsivo. Jornalista e fotógrafo por formação, Leo começou a investir na carreira de empresário aos 22 anos, quando resolveu transformar a casa dos avós em um espaço para artes plásticas. O sucesso foi imediato e logo o local se transformou em um point para as festas dos amigos, o que obrigou Leo a se profissionalizar no setor. Até 2001, conseguiu conciliar a vida de repórter com as funções de produtor cultural. “Tenho saudades da vida de repórter, mas de certa forma continuo com esse trabalho, sempre recebendo informações e identificando tendências”, diz. Em abril, Leo finalizou o CD da Festa Loud!, um evento que realiza há mais de cinco anos. Agora se prepara para inaugu-

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Entrevista

Eduardo Giannetti da Fonseca

A miopia coletiva Falta visão de futuro e um ambiente pró-negócio ao Brasil, que precisa urgente de educação financeira, diz o especialista em economia comportamental por

Alexsandro Vanin

Os juros existem desde que o homem nasceu. Os juros monetários, que incidem sobre o crédito, são apenas um pequeno aspecto de uma ampla realidade: “a vida é permeada de trocas temporais, que fazemos por comparação de valores, e os juros são o termo de troca entre presente e futuro”, diz Eduardo Giannetti da Fonseca, economista e autor do livro “O valor do amanhã – Ensaio sobre a natureza dos juros” (Companhia das Letras). O conceito se aplica a pessoas e instituições, inclusive empresas e o Estado. As escolhas temporais ocorrem conforme a paciência e a impulsividade de cada um, influenciadas também pela cultura e fase da vida. “O Brasil sofre de uma miopia temporal coletiva”, diz Giannetti. Há uma nítida falta de visão de futuro, do cidadão aos governos, até mesmo de empresas, que não se preocupam com planejamento. O brasileiro dá muito valor ao presente, esquecendose do amanhã. Não há poupança, e os mais pobres, justamente aqueles que menos podem esbanjar, compram um bem de consumo e acabam pagando por dois, metade só de juros, sem ao menos se dar conta do desperdício. Sinal da falta de educação financeira da população, um dever do Estado. Os governos, aliás, deixam de investir em educação e em outras medidas que fomentam a geração de emprego e renda, como o empreendedorismo, e dão preferência a programas assistencialistas, que pouco ou nada fazem para tirar as pessoas

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de situações precárias. Eduardo Giannetti da Fonseca é graduado em Economia e Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e PhD em economia por Cambridge, na Inglaterra, onde lecionou de 1984 a 1987. Nos três anos seguintes deu aulas na FEA/USP e atualmente é professor do Ibmec São Paulo, sendo que em 2004 foi eleito economista do ano pela Ordem dos Economistas de São Paulo. É autor dos best-sellers “Auto-engano” e “Felicidade”, entre outros livros, sempre dentro da linha da economia comportamental, ramo empírico dessa ciência teoricamente complicada. Empreendedor – O que são os juros?

Eduardo Giannetti da Fonseca – A vida é permeada de trocas temporais, que fazemos por comparação de valores. E os juros são o termo de troca entre presente e futuro. É o viver agora e pagar depois, ou poupar agora e viver depois. Você pode abrir mão de algo agora, para ter um benefício maior depois. Essa é a posição credora, e nesse caso, os juros são o prêmio pela espera. Ou você se compromete a fazer um sacrifício no futuro para ter um benefício agora. Esta é a posição devedora, e nesse caso, os juros são o preço da impaciência. Os juros monetários são um caso particular, na verdade, são um aspecto dessa realidade mais ampla que é a relação intertemporal e seus termos de troca, e são aplicados nos casos de empréstimos de dinheiro. Empreendedor – Como se formam as preferências temporais?

EGF – Uma grande área de pesquisa hoje é entender melhor como se formam as preferências temporais. Por que algumas pessoas conseguem esperar para ter benefícios mais à frente e outras, ao contrário, são extremamente impacientes e muitas ve-

zes metem os pés pelas mãos, assumindo compromissos que não terão condições de honrar no futuro? As preferências temporais, além de ter influência cultural, são reflexos da paciência e impulsividade de cada indivíduo e variam a cada etapa da vida, conforme a percepção diferenciada de tempo. Na juventude há a explosão da impulsividade, enquanto na maturidade há um equilíbrio de forças, devido a uma visão mais clara dos li-

Enquanto não temos o dinheiro com que contamos, fazemos planos de investimento e consumo, mas quando o recebemos gastamos rapidamente

mites temporais e da questão de ter dependentes. O grande paradoxo, no entanto, é que a juventude é a época das grandes decisões temporais de longo prazo, como a escolha da profissão. E a maturidade é a época de se fazer poupança. O cérebro humano vive numa competição de forças. O sistema límbico luta pelos prazeres imediatos e toma decisões emocionais e o córtex pró-frontal busca estabilidade e toma decisões racionais. Na economia ocorre o mesmo. Enquanto não temos o dinheiro com que contamos, fazemos

planos de investimento e consumo, mas quando o recebemos gastamos rapidamente. Somos ótimos poupadores do dinheiro que ainda não ganhamos. Nos Estados Unidos, uma pesquisa apontou que 76% das pessoas preferem descontos automáticos na folha de pagamento ou conta bancária para montar uma poupança, pois de outra forma gastariam esse dinheiro. Um estudo chamado Gratificação Postergada, realizado com crianças de 4 a 12 anos, levanta uma possibilidade: quem tem mais paciência tem mais sucesso na vida. Um adulto entra com uma criança em uma sala e mostra que de um lado há um chocolate, e do outro duas unidades do mesmo chocolate. Ele faz então a seguinte proposta: vou deixar você aqui, e você pode me chamar a qualquer hora, tocando essa sineta, e eu lhe darei o chocolate. Mas se você agüentar até eu retornar, ganhará dois chocolates. Nenhuma criança de 4 anos aguardou o retorno, e 60% das crianças com 12 anos resistiram os 20 minutos do teste. Os menores tiveram um acompanhamento posterior, e foi verificado que, aqueles que agüentaram mais tempo, tiveram melhores desempenhos na escola e no trabalho e se envolveram menos em problemas sociais e drogas. Empreendedor – As pessoas podem ser divididas em perfis, conforme seu comportamento e costumes de poupança e compras?

EGF – Existem quatro tipos de poupadores: os planejadores, 26% da população que consegue manter poupança; os batalhadores, 21% da população que está sempre recomeçando a poupança, sabe de sua importância, mas não consegue mantê-la; os negadores, 20% da população que não se preocupa em poupar; e os impulsivos, 33% da população que sente euforia por comprar e vive endividada. Julho 2006 – Empreendedor – 11


Entrevista

Eduardo Giannetti da Fonseca

Empreendedor – Qual é o perigo em privilegiar o presente, o viver o hoje sem se importar com o amanhã?

Estamos em constante formação. É preciso entender que em alguns momentos da vida alguns sacrifícios a curto prazo se justificam para obter benefícios no futuro. Aceitar uma queda de padrão de vida temporária, ao largar uma atividade que lhe dê renda para estudar, ou utilizar recursos para abrir uma empresa, faz todo sentido se o resultado é um salto profissional. É importante lembrar que não estamos mais lidando com um ciclo médio de vida de 50, 60 anos. Estamos falando em 70, 80 anos, em breve 90 anos, o que requer uma dose de cuidado muito maior do que antes, quando a vida era mais curta. A dose de cuidado com o amanhã precisa ser maior devido ao aumento da expectativa de vida. E tem o aspecto financeiro disso. Em 2020 serão mais de 1 bilhão de pessoas com mais de 60 anos no mundo, contingente maior do que toda a população mundial em 1820. Os valores da cultura deixarão de ser da juventude, como tem sido até hoje, e serão valores de uma população muito mais madura. Essa supervalorização da condição jovem que vivemos está com os dias contados. E isso traz muitas implicações para a educação e para a formação da sociedade. É preciso desenvolver algum talento, alguma competência, algo que lhe dê prazer, sentido para vida, senão a velhice pode ser um grande fardo. Empreendedor – Como o brasileiro se comporta em relação as suas escolhas temporais?

EGF – O Brasil sofre de uma miopia temporal coletiva. Privilegia-se o aqui e agora e não se valoriza o amanhã. Por isso pagamos um preço extremamente elevado no futuro, por antecipar recursos. E isso ocorre em todos os níveis, do indivíduo ao Es-

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O varejo e os bancos brasileiros deitam e rolam em cima da população de baixa renda, porque ela é imediatista

ros, e a grande maioria nem se dá conta dessa extravagância. O varejo e os bancos brasileiros deitam e rolam em cima da população de baixa renda, porque ela é imediatista, não tem paciência. Mas ela não sabe fazer contas porque não teve educação financeira, só vê se a parcela mensal cabe ou não no salário. Isso é intolerável. A primeira coisa a se fazer é de ordem legal: não pode ter preço à vista igual a preço a prazo, não existe isso em lugar algum do mundo, como existe então no Brasil, onde os juros são o que são? Os vendedores não apresentam claramente a diferença do que é pagar à vista ou pagar em 12 ou 24 vezes. Tecnicamente isso não pode ser igual, eles estão embutindo os juros no preço a vista e estão mais interessados em vender o crédito do que o produto. Uma medida legal seria tremendamente pedagógica. O mínimo que o consumidor deveria exigir é o direito de saber quanto é o preço à vista e a diferença em comprar à vista poupando antes e comprar a prazo se endividando. O cadastro de bons pagadores ajudaria muito também, para que ele não precisasse pagar o custo do inadimplente. Empreendedor – Que conselho o senhor daria ao brasileiro?

tado. O descaso secular com a educação é um exemplo disso, assim como a destruição irrefletida de nossos recursos ambientais, o desmatamento, a poluição. A Previdência necessita de reformas drásticas, pois somos um país ainda jovem e com gastos previdenciários de um país idoso. O déficit supera o custo de educar 37 milhões de crianças. Outro aspecto causa espanto em economistas de todo o mundo: aqueles que menos podem esbanjar hoje, aqui no Brasil, compram uma geladeira e pagam duas, uma delas de ju-

EGF – Temos que chegar a uma visão mais equilibrada entre o hoje e o amanhã, todo exagero tem custos altos. O Japão, por exemplo, sofre de hipermetropia temporal. Os idosos receberam certa vez bônus de consumo, para aquecer a economia, mas guardaram os papéis como medida de segurança econômica. Não há como mudar rapidamente a formação de preferências intertemporais coletivas, mas medidas de curto prazo fazem diferença ao longo do tempo. Educação fundamental de qualidade, por exemplo, seria muito positivo para que as pessoas planejassem melhor sua passagem pela vida.


Empreendedor – O senhor é um crítico feroz de programas assistenciais, como o Bolsa Família, por que isso não incentiva uma mudança de vida, não traz oportunidades de crescimento. O empreendedorismo, pelo contrário, mostra-se uma excelente forma de geração de emprego e renda, mas a falta de uma política favorável ao mesmo é clara. O que é preciso mudar na economia e em outras esferas para estimular o empreendedorismo?

EGF – O Brasil é um país com forte vocação empreendedora. Nós temos um povo com bom espírito empreendedor, isso é demonstrado em várias pesquisas. O que nos falta é um ambiente de negócios que permita que essa vocação floresça e desabroche. O sistema tributário é muito complicado. O mercado de trabalho é proibitivamente caro para o pequeno empreendedor contratar, o que acaba empurrando nosso empreendedorismo para a informalidade e condena as empresas a serem pequenas, porque elas não têm crédito, não podem aparecer e não podem aumentar a produtividade. Precisamos melhorar urgentemente no Brasil o arcabouço de regras do jogo da economia, começando com uma corajosa reforma trabalhista, simplificando muito a legislação, reduzindo encargos e o risco contratual, e concretizando uma reforma tributária para tornar o sistema muito mais limpo e transparente. Empreendedor – A política de controle da inflação, por meio de metas anuais estabelecidas em acordo com o FMI, baseada na variação da taxa básica de juros, é cada vez mais questionada por economistas. O senhor acredita que é preciso mudar essa tática para permitir o crescimento da economia ou discorda dessa corrente?

EGF – Eu defendo o sistema de

to prazo são bons, são positivos: a meta da inflação será cumprida, a dívida pública não está crescendo, as contas externas estão superavitárias; e a parte vazia é que estamos crescendo muito abaixo do que seria necessário e do que os países mais dinâmicos. Isso é profundamente desconfortador, países como Índia, China, Coréia do Sul e o Chile apresentam crescimento consistente de 7% a 8% ao ano. A média de crescimento no Governo Lula está dentro dos padrões verificados ao longo do Plano Real. E não há risco em voltar a crescer como desejamos, se forem feitas mudanças de ambiente institucional e de finanças públicas.

O que nos falta é um ambiente de negócios que permita que a vocação empreendedora floresça e desabroche

metas, acho que é o melhor para o Brasil. E nós vamos cumprir a meta de inflação este ano. Os juros são muito altos no país não por causa da inflação, mas porque o Brasil poupa pouco, tem um setor público muito desequilibrado, uma dívida pública muito elevada e a maneira de reduzir os juros de forma consistente não é tolerando mais inflação, é melhorando as finanças públicas. A economia brasileira hoje é um copo metade cheio e metade vazio. A metade cheia é que os indicadores macroeconômicos de cur-

Empreendedor – Medidas para a obtenção do superávit primário fazem parte da política econômica adotada nos últimos governos. Até que ponto isso é salutar para a economia do país, tendo em vista a escassez de recursos para investimentos em infra-estrutura?

EGF – É preciso aumentar ainda mais as metas de superávit para reduzir mais rapidamente a dívida. O problema foi que fizemos um ajuste fiscal muito ruim, com aumento de arrecadação e aumento dos gastos públicos. O ajuste fiscal de 99 para cá implicou numa enorme deterioração da carga tributária, e é isso que sufoca o empreendedor brasileiro. Um fato preocupante no Brasil é que está desaparecendo a classe média das empresas. Ou elas são muito grandes, conseguem se manter na economia formal, ou são muito pequenas e acabam descambando para a informalidade. Eu costumo dizer que se a Microsoft tivesse surgido no Brasil ela ainda não teria conseguido sair da garagem de onde nasceu.

Linha Direta Eduardo Giannetti da Fonseca (11) 4504-2400 Julho 2006 – Empreendedor – 13


Não Durma no Ponto A foca assassina A era industrial foi marcada pela incansável busca da produtividade. Diversos eram os mecanismos utilizados para conquistar este feito, dentre eles, um modelo de liderança autoritário e, portanto, coercitivo. Mecanismos de pressão e controle funcionavam favoravelmente, ainda que gerassem grandes insatisfações no trabalho. Mas o problema era contornado pela substituição de mão-de-obra por outras levas, que aguardavam ansiosamente oportunidades no grande contingente de desempregados. Foi assim. E se você acredita que ainda é assim, não leve a mal, mas você parou no tempo. Vive no passado. Essa história tem cem anos e, enquanto ela se perpetua em muitas empresas, outras começam a compreender os novos ventos da mudança. E percebem que as melhores oportunidades não estão nas condições internas de trabalho voltadas prioritariamente a fazer mais com menos. E que as melhores chances de lucros também não estão no monitoramento rígido das contas de receitas e despesas. E que o modelo de gestão centralizador e autoritário deixa escorrer entre os dedos as melhores alternativas de negócios. Descobrem, então, a existência de um novo insumo para geração de resultados: as idéias. Elas são capazes de criar novos mercados, novos produtos e serviços, novas abordagens e processos. São decorrentes de um exercício fundamental, o da criatividade. Esse exercício parte de premissas muito diferentes daquelas utilizadas para obter a produtividade. As diferenças são tão contrastantes que os cientistas organizacionais resolveram marcar essa ruptura como uma mudança de era. Não mais a industrial, especializada na produtividade, mas a era do conhecimento, direcionada à criatividade. Mas, onde está a criatividade? Você acha que tem criatividade? Você acredita que sua equipe seja criativa? Não sei quais são as suas respostas, mas se acompa-

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nharem a tendência que observo nos líderes organizacionais, posso afirmar que menos de 1/3 afirma ter criatividade e que o índice despenca quando avalia o potencial de suas equipes. Tal resultado é compreensível. Afinal, os mecanismos geradores de produtividade funcionam no sentido contrário ao da criatividade. É claro que muitos líderes já despertaram para esse equívoco e resolveram alterar seus modelos de gestão, criando ambientes mais abertos e

o modelo de gestão centralizador e autoritário deixa escorrer entre os dedos as melhores alternativas de negócios

participativos. O máximo que conseguiram, no entanto, foi tornar o processo decisório mais lento e soluções que orbitam ao redor da mesmice. Por que? A Tática da Foca Alguém já viu o espetáculo que as focas amestradas, que vivem em aquários para divertir visitantes, oferecem quando são alimentadas? Cada peixe depositado na boca de uma foca faminta fará com que ela faça praticamente qualquer coisa para manter o fornecimento. Os alimentadores dos animais, em verdade treinadores, são extremamente eficazes na utilização de estímulos para obter os comportamentos desejados –

nesse caso, dos peixes. Espetáculos dessa natureza parecem comprovar o poder das recompensas como uma excepcional técnica motivacional. “Se funciona tão bem com as focas”, muita gente costuma deduzir, “também deve funcionar com filhos e funcionários”. A “tática da foca” parte de um princípio simplório: recompense o comportamento desejado e a probabilidade de que ele se repita também aumentará. A questão é que tão logo os alimentadores desaparecem, também findam os comportamentos divertidos tão desejados. Se estão famintas e ninguém as alimenta, as focas não têm interesse em bater suas nadadeiras ou em acenar para a platéia. Os estímulos realmente funcionam, nesse sentido, mas somente quando e enquanto houver recompensas. E, pior: as atitudes serão sempre as mesmas, cópias sem fim de um mesmo ponto de origem - a certeza de que uma gracinha oferecida corresponderá a uma coisa nutritiva ou saborosa. Compensadora, portanto. Na empresa, funciona mais ou menos assim: os líderes esperam que os comportamentos desejados continuem, mesmo quando não jogam mais peixes. Os líderes gostariam que todos continuassem a aprender, a produzir, a cumprir metas, a ser criativos e inovadores, mas nada disso acontece sem estímulos, quando essa foi a prática inicial e é a esperada. Ou seja, a disposição ao novo só existe na presença do velho e surrado recurso. Peixes tóxicos Os tempos mudaram, mas a tática continua a mesma. Aí está o x da questão: os peixes que garantiam saltos produtivos são incapazes de proporcionar saltos criativos. Apenas para ser drástico: os peixes que antes alimentavam, agora assassinam! Veja, por seus respectivos nomes (sem subterfúgios ou máscaras), como são capazes deste feito. 1) Ameaças A ameaça não pretende punir, mas sim estimular as pessoas a fazer algo


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

para evitar punições. Apresenta-se na forma de vigilância ou controle e está no ambiente de trabalho, em formas muito sutis. Veja por exemplo a figura do supervisor, muito valorizada na era industrial. O supervisor é aquele que ronda as pessoas, fazendo-as sentir que estão sendo constantemente observadas enquanto trabalham. Em outras empresas, o supervisor é substituído pelo mezanino. Também herança da era industrial, muitos leiautes de empresas projetam o mezanino, um ambiente na forma de um aquário, com o intuito de abrigar os líderes, e proporcionar a eles condições físicas de vigilância constante. Em outras empresas, supervisores e mezaninos foram substituídos por câmeras, espalhadas por todas as dependências, respaldadas no discurso pouco convincente de zelo e segurança patrimonial. Quaisquer que sejam as razões, sob observação constante as pessoas evitam assumir responsabilidades e o impulso criativo se retrai. Só fazem o que acreditam que delas se espere, segundo modelos que constroem a partir da observação do que ocorre ao seu redor. 2) Julgamentos Idéias detestam o banco dos réus. Por isso, elas não se dão bem com o julgamento. Quando este entra por uma porta, a idéia sai pela outra. Idéias são sensíveis e afloram apenas em ambientes de compreensão e aceitação. Nesse sentido, e por mais que se evite, a tradicional avaliação de desempenho remete a um julgamento, que conduz em direção diametralmente oposta à da criatividade. Fazer com que as pessoas se preocupem com o julgamento alheio de seu trabalho impede que se atenham às suas realizações, com espírito livre para encontrar melhores e mais interessantes formas de agir. Justamente as que estejam fora dos manuais implícitos. 3) Recompensas Uso excessivo de prêmios, como

medalhas, botons, canetas e bônus, para estimular comportamentos considerados “adequados” (e, por isso mesmo, com determinado formato), não funciona para as idéias. Isso porque as pessoas acabam por dividir suas atenções entre o ato de criação e a recompensa. O processo de criatividade exige atenção absoluta. Em geral, as idéias são muito generosas e nem um pouco mercenárias. Não se vendem por um preço qualquer, mas se oferecem por vontade própria. As recompensas podem ser monetárias e psicológicas. Ambas são pei-

Idéias gostam da vida ao ar livre. Por isso, o autoritarismo, mesmo aquele dissimulado, age contra a expressão

xes tóxicos. O elogio é um exemplo de recompensa psicológica e, dependendo das intenções, o tiro pode sair pela culatra. Muitos elogios são feitos no intuito de exercer controle sobre o outro. Quando isso é percebido, as idéias se esvaem. Até mesmo porque as pessoas começam a fazer um “inventário” do que é elogiado e tendem, também, a repetir caminhos. Como ocorre no processo de adestramento das focas. 4) Competição Sugere a escassez, pois oferece um único primeiro lugar no pódio para a criatura que vence as demais. Muitas vezes, inclusive, provoca uma disputa desespe-

rada, a ponto de tornar-se predatória. Destrói qualquer espírito de equipe. Na competição, todos os envolvidos se preocupam em vencer, o que afasta a atenção da atividade em si. Pressionar as pessoas a vencer, o que parece vir tão naturalmente em situações competitivas, é capaz de provocar um efeito negativo, mesmo para os vencedores. Pior ainda, para os perdedores, com certeza. Idéias não gostam da escassez, só proliferam na abundância. Este é o melhor adubo, a terra naturalmente generosa e fértil. 5) Pressão e controle excessivo Uma ênfase demasiada na pressão, no controle e na obediência parece fazer errar a pontaria. Vários estudos já confirmaram que o desempenho de qualquer atividade que requeira profundidade, concentração, intuição ou criatividade pode ser prejudicado quando a estratégia motivacional é baseada em controles. Portanto, forçar a barra, colocando as pessoas à prova, em desafios que estão muito além de suas aptidões, também é uma forma de afugentar as idéias. Idéias gostam da vida ao ar livre. Por isso, o autoritarismo, mesmo aquele dissimulado, age contra a expressão. Dizer às pessoas o que devem fazer e como devem fazer é tolher por completo o exercício criativo. Esse microgerenciamento não permite a manifestação de qualquer ímpeto de iniciativa e responsabilidade. O papel do líder Se você pensa que tem muito a fazer para instalar a criatividade na sua empresa, saiba que não. As mentes criativas já estão por lá, ávidas para se apresentar, caso o ambiente esteja aberto para essa prática. E aí está seu papel: desaprender a “tática da foca” e dar cabo dos peixes tóxicos. Sem eles, surgirá uma nova vida, fertilíssima de idéias. Divirta-se! Julho 2006 – Empreendedor – 15


Mercado

Lucros em boa forma Empreender na área do bem-estar é apostar num mercado crescente e ter chances de gerar negócios saudáveis por

Fábio Mayer

O que importa é ter saúde e qualidade de vida. Pode até parecer modismo regado a um certo exagero, que em alguns casos beira à obsessão, mas é assim que a indústria do bem-estar vem se firmando como produto de primeira necessidade. Fazer bem a si mesmo para viver melhor. Para isso, vale consumir alimentos nutritivos ricos em vitaminas, freqüentar academias, usufruir de serviços especializados, como spas e centros de beleza, e comprar e fazer tudo o que puder com a meta de conseguir e manter a forma e a saúde desejadas. É no mesmo ritmo, desenfreado e frenético, que esse mercado vai movimentar US$ 1 trilhão até 2010 em todo o mundo. Não está distante, se for tomar como referência a cifra que atingiu mundialmente em 2005: cerca de US$ 200 bilhões. Não basta comercializar ou oferecer serviços que visem uma vida mais sau-

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dável, é preciso planejar, criar alternativas e ao mesmo tempo estar atento às tendências. Isso pode ser feito ouvindo o consumidor, principalmente suas reclamações, algumas até muito comuns. Muitas pessoas, que fazem exercícios físicos, se queixam de problemas gerados pela falta de acompanhamento de profissionais da educação física e área médica. O treinador pessoal (personal trainer) é profissão em voga e há explicação. O mercado segue uma tendência de segmentação, abrindo espaço para esses profissionais prestarem serviços, por exemplo, nas empresas e em residências. A estratégia está dando certo também dentro das academias, que passaram a oferecer atendimento personalizado aos alunos. O Brasil é hoje um dos maiores mercados de academias da América Latina, com cerca 7 mil em todo o país, freqüentadas, em média, por 2 milhões de pessoas. Em 2005, as academias movimentaram R$ 1,6 bilhão. O objetivo também é descansar, res-

pirar e meditar em busca de equilíbrio. Aliar sossego e entretenimento – bemestar – para proporcionar satisfação. Mas como diminuir a ansiedade, o stress e revigorar as energias perdidas no atribulado dia-a-dia, se quem oferece o serviço não transparece qualidade de vida, pois vive em ritmo alucinado? Existem muitos empreendedores que são extremamente ocupados, pressionados e estressados, o inverso do resultado do serviço que oferecem. Com isso, estão fadados ao fracasso, pois o mercado já não aceita, ou dá menos espaço, a esse tipo de perfil. Melhorar a qualidade de vida também de quem atua no ramo é um dos quesitos que Patrícia Castellar Pirozzi, proprietária da academia Triathon, localizada em São Paulo e há 21 anos no mercado, adota em sua gestão. “É até exigência da academia que todos cuidem da saúde e tenham tempo para treinar, porque como vão conseguir vender o produto se não o conhecem ou não fazem


Mais valor uso? Qualquer atitude do profissional pode significar em resultados negativos para o cliente e para a empresa”, diz a empreendedora. Em sua avaliação, cuidando-se, o profissional aumenta a performance, fica mais tranqüilo, age mais pela razão e tende a tomar decisões mais equilibradas. Valores que ela considera importantes no atendimento e relacionamento com o cliente. Oferecer serviços de qualidade sempre foi estratégico, mas a questão era como se destacar da concorrência, que também tem esse foco como referência nos serviços que presta. Com essa preocupação, a tática foi adicionar outro componente: o desenvolvimento de projetos feitos pelos próprios funcionários. “Minha preocupação hoje é pensar em como vai ser a empresa no futuro. A conclusão é sempre criar novidades e empreender de maneira diferente, envolvendo toda a equipe”, diz Patrícia. Moldada de maneira que todos participem, a gestão que implantou na academia permite maior integração e motivação de todos os funcionários. São feitas reuniões anuais com responsáveis pelos departamentos, onde cada um apresenta projetos que podem acrescentar na manutenção ou reestruturação da qualidade dos serviços prestados pela empresa. A idéia de adotar essa forma de gerenciamento veio durante a análise dos relatórios que faziam. “Percebi que existia uma certa confusão do que era de fato um planejamento e que muitos itens se repetiam de um ano para outro”. O projeto, na opinião dela, é um empreendimento temporário, que tem

como objetivo criar resultados ou serviços exclusivos. “Fiz a equipe entender que cada um deles é empreendedor do seu departamento, que funciona como uma unidade de negócio dentro da empresa”, diz Patrícia. “É necessário o trabalho de todos, com metas específicas e resultados definidos, para que a mudança de participação no mercado possa realmente ocorrer e a empresa se destacar da concorrência”. A iniciativa segue o caminho do mercado do bem-estar, que tende a se segmentar. A expectativa de crescimento da Triathon para 2006 é de 20%, mesma taxa dos últimos anos. Outra tendência são os centros de bem-estar, que reúnem serviços como ginástica, ioga, alongamento, relaxamento e massagens. Na verdade, aplicação “revigorada”, mas não menos importante, de conceitos mais antigos já utilizados pelos spas e centros de estética e beleza. Também em moda é o método pilates, sistema de exercícios de ginástica e condicionamento físico elaborado, em 1920, por Joseph Pilates, fisioterapeuta e atleta alemão. A percepção de Enrico Ferrari, que existe demanda nessa área do mercado do bem-estar, veio com a acirrada concorrência no ramo em que atuava, o de equipamentos odontológicos e hospitalares. Esse nicho já era preenchido por marcas muito fortes, há mais tempo no mercado, sendo difícil levar a empresa adiante. Mudar o foco do negócio foi praticamente inevitável. O que aconteceu oito meses após a fundação da catarinense Metalife, aberta em junho de 2004, passando a fabricar equipamentos para pilates.

Terapias ocupacionais: O artesanato, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic) movimenta R$ 28 bilhões anuais no país e abrange 8,5 milhões de trabalhadores. Atividades físicas: Em 2005, as academias movimentaram R$ 1,6 bilhão no Brasil. São cerca de 7 mil, freqüentadas, em média, por 2 milhões de pessoas. Alimentação natural: De acordo com o Instituto Biodinâmico (IBD), os alimentos orgânicos geram US$ 26,5 bilhões no mundo. De carona, os suplementos nutricionais giram cerca de US$ 1 bilhão anual. No Brasil, esse valor chega a R$ 300 milhões. Técnicas de relaxamento: Nicho que ultrapassa os R$ 3 bilhões por ano no país. São 30 milhões de clientes potenciais, considerando as proporções em relação ao povo brasileiro dos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostram que 20% da população mundial procuram centros de estética, spas e tratamentos como massoterapia. Total: Em 2005, o mercado gerou cerca de US$ 200 bilhões em todo o mundo. A perspectiva é atingir US$ 1 trilhão até 2010.

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Mercado O jovem empreendedor que herdou do pai, consultor empresarial, o gosto por empreender foi atrás de algo que estivesse despontando, um nicho novo, mas também com boas perspectivas. Decidiu apostar no pilates. Os primeiros equipamentos foram fabricados já aos seis meses de atividade da empresa, no início de 2005. Foi para atender um atleta que estava em reabilitação, após uma intervenção cirúrgica. Em pouco tempo a procura aumentou. “Percebi que podia deixar de ser apenas mais um no mercado no qual trabalhava para se tornar referência, com possibilidades maiores de retorno e visibilidade”, diz. Mesmo com a mudança, a linha de produção não sofreu modificações significativas. Como já tinha a maioria dos maquinários, Ferrari precisou apenas complementar com mais alguns equipamentos que permitiam trabalhar com madeira. O que estava além da capacidade de fabricação da empresa foi suprido por fornecedores, que por meio de parcerias passaram a desenvolver produtos específicos e personalizados. Neste segundo ano de atividades no ramo do bem-estar, Ferrari tem a oportunidade de expandir a participação da Metalife no mercado internacional. A empresa abriu um escritório de representação na Itália, que atende e opera em toda Europa. Em breve, vai enviar a primeira remessa para lá e já está em negociação para exportar também para a França. No Brasil, a empresa atua na região Sul e São Paulo, fabricando seis tipos de equipamentos e acessórios utilizados no método. A meta do empreendedor é crescer 30% até o final de 2006 e a expectativa nos próximos três anos é triplicar a produção e atingir todos os Estados brasileiros. “É um mercado que está engatinhando e tem grande capacidade, seja pelas academias que ainda não entraram com força nesse mercado, seja pelo constante aprimoramento da técnica pilates e o desenvolvimento de novos equipamentos”, diz Ferrari.

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Banho de resultados Criar soluções para hidromassagem ou nutrição faz parte da luta pelo consumidor A estratégia da paulistana Pretty Jet para ser referência no mercado é ousar e criar novidades, desenvolvendo os próprios modelos. A empresa, 100% brasileira e sediada em São Bernardo do Campo, é especializada na fabricação de banheiras de hidromassagens e ofurôs, atuando na área há 28 anos. A intenção é sempre proporcionar satisfação ao usuário, oferecendo produtos que possam transformar o banho em uma espécie de ritual. Muitos modelos são equipados com acessórios tecnológicos que permitem, por exemplo, espalhar bolhas de ar (blower) e a prática da cromoterapia, uso das cores para proporcionar saúde e bem-estar. A tática adotada vem trazendo resultados. Alguns produtos como a banheira Smart Hydro, são reconhecidos no mercado internacional e ganharam diversos prêmios na Alemanha e no Japão. “As banheiras brancas são as campeãs de vendas e continuarão a ser por muito tempo, mas não podemos nos prender apenas em fórmulas já estabelecidas, apostamos na criação de novas tendências”, diz

Gustavo Granado, diretor de marketing da Pretty Jet. Mas nessa área de atividade nem tudo gera na satisfação de um banho de ofurô com pétalas de rosas. “O ponto negativo é a informalidade que algumas empresas trabalham no Brasil, prejudicando a imagem do setor”, diz Granado. “Estamos começando a trabalhar para formar uma Associação dos Fabricantes de Hidromassagem no Brasil, o que será muito bom para o mercado (visto que nivelará os fabricantes) e para os consumidores”. A estimativa da empresa para 2006 é crescer 12% ao lançar produtos que oferecem relaxamento, diminuição do stress e qualidade do sono.

Terapia do mel Os alimentos naturais também ganham destaque no mercado do bemestar, já que a nutrição é uma das principais formas de se obter boa forma e manter a saúde. É nisso que aposta Célio Silva, proprietário da Apis Nativa, catarinense da cidade de Araranguá e detentora da marca Prodapys. Ele

Granado: “Banheiras brancas são as campeãs de vendas, mas não podemos nos prender apenas em fórmulas já estabelecidas”


Sílvia Andrade: aumento da expectativa de vida consolida uma cultura de prevenção

produz mel orgânico e compostos com outros ingredientes como gengibre, própolis, pólen, guaco e agrião. A empresa comercializa, ao todo, 40 produtos naturais como geléia real, cera de abelha e apitoxina (veneno de abelha). O empreendedor está no ramo da apicultura desde 1979, e tem seu trabalho reconhecido no país com a conquista de vários prêmios como o Talentos Empreendedores e Empresário Padrão na categoria indústria. A Apis Nativa também conseguiu se posicionar no mercado externo. Em 2002, época em que o Brasil vivenciou seu melhor momento na exportação do mel, a empresa aproveitou para comercializar para outros países, principalmente da Europa. Mas a constante queda da cotação do dólar, nos anos seguintes, prejudicou o desempenho das

vendas externas. “Tivemos muitas dificuldades em 2005, pois foi um ano muito difícil para as exportações, principalmente do mel, e por último tivemos quebra de safra no Sul do país”, diz Tarciano Santos da Silva, gerente de exportação. Em 2006, vai ser difícil reverter o quadro negativo gerado pelo câmbio nas exportações, mas a empresa não desistiu de investir para ampliar a participação lá fora. Ela está acostumada a freqüentar feiras como a da Biofach, evento de produtos orgânicos e naturais realizados em todo mundo, um deles em Nuremberge, na Alemanha, país responsável por 60% das vendas externas da Apis Nativa. “Temos sempre grande contato com as tendências, mas o objetivo principal é encontrar novos clientes para a linha de mel orgânico e também manter contato com os clientes tradicionais”, diz Silva. Na última feira, o produto da empresa que deu melhor retorno foi o mel orgânico a granel, vendido em tambores de 290 kg. De carona no mercado do bem-estar, a área de suplementos nutricionais gira cerca de US$ 1 bilhão anual em todo mundo. No Brasil, esse valor chega a R$ 300 milhões. De olho no consumidor, a Galena Química e Farmacêutica firmou parceria com a americana Embria Health Sciences para lançar no Brasil o EpiCor, suplemento alimentar à base de leveduras, com função de fortalecer o sistema imunológi-

co. “Com a crescente busca da população por maior bem-estar e também devido ao aumento da expectativa de vida, passa a ser disseminada e consolidada uma cultura de prevenção. Nesse novo tipo de comportamento, existe uma atenção maior com alimentação correta, mais atividades físicas e também a suplementação daquilo que não se consegue obter naturalmente”, diz Silvia Andrade, gerente de marketing da empresa. A Galena visualizou uma oportunidade de atender a demanda no país e a Embria de expandir mercado. Em relação às estratégias gerenciais, para trazer o produto ao Brasil, a gerente de marketing da empresa destaca que foi decisivo o nível científico relacionado à pesquisa e desenvolvimento do EpiCor e seu caráter inovador. O produto surgiu em 2004, quando analistas de uma seguradora americana notaram que operários de uma empresa, que produz ingredientes à base de leveduras, tinham taxas baixas de afastamento do trabalho, devido a problemas de saúde. Depois de uma avaliação clínica, constatou-se que os trabalhadores que ficavam em contato direto com as leveduras tinham maior defesa imunológica. “O Brasil teria a oportunidade de ter, em primeira mão, um suplemento alimentar inédito no mundo apoiado em uma larga experiência de pesquisadores internacionais. Isso garantiria segurança e eficácia aos consumidores”, diz Silvia. Julho 2006 – Empreendedor – 19


Mercado Pioneiros contra o stress Descobrir a verdadeira demanda é uma tarefa para quem abre caminho com esforço e intuição Não bastou a paixão por uma descoberta para que Regina de Castro Ferreira conseguisse se manter no ramo de velas artesanais. Ela foi pioneira na fabricação de velas repelentes à base de andiroba, árvore originária da Amazônia, e desenvolveu modelos estéticos para eventos, bares e restaurantes. Mas o vínculo com o trabalho era tão intenso, que ocupava quase todas as horas livres de Regina. Foram mais de onze anos sem férias. Tamanho empenho a levou a uma estafa, o que a obrigou a se afastar e tempo depois encerrar as atividades da empresa. Formada em jornalismo, Regina fazia uma reportagem na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 1997, sobre repelentes feitos com andiroba quando decidiu montar a Natuscience. “Fui como repórter e saí como empreendedora.” Na época, o óleo retirado da semente de andiroba já tinha mercado, algumas multinacionais e empresas o utilizavam para a fabricação de cosméticos, mas o bagaço que sobrava em decorrência da extração era descartado. “Tive senso e visão da grande oportunidade, é claro que existiam projetos maravilhosos de sustentabilidade das comunidades da Amazônia, mas fiquei tão apaixonada, envolvida e empolgada com esse, que larguei meu trabalho e peguei um avião para lá.” Ela queria conhecer melhor o processo de retirada da matéria-prima, principalmente, se estava dentro dos conceitos de um manejo com responsabilidade ecológica e social e uma relação justa e adequada. Também queria saber se as possibilidades de trabalhar com a andiroba tinham boa perspectiva. “Foram três Estados que visitei, Amapá, Pará e Acre, e pesquisei as comunidades e tribos que estavam começando a se envolver nesse projeto”, diz. A andiroba é uma árvore nativa da

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região Amazônica, que nasce em pequenas altitudes ou em áreas de várzea, próximas a rios e igarapés. Na tradição local, as mulheres são responsáveis pela coleta das sementes usadas para produzir o repelente. Elas as deixam cair naturalmente e as mergulham na água até amolecerem. Depois as colocam em “tipitis”, cestos cilíndricos feitos artesanalmente, por exemplo, de bambu, para serem em seguida prensadas com o objetivo de retirar primeiro o óleo, que chamam de gordura, manteiga ou banha de andiroba. A polpa seca e desidratada é achatada manualmente formando uma bola, que será queimada embaixo das palafitas, produzindo uma fumaça com efeito repelente. Foi a partir desta observação que os técnicos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), em parceria com a Fiocruz, procuraram desenvolver uma forma mais segura e industrial para utilizar o princípio ativo (repelente). Como ele se desprende quando é queimado, a solução encontrada foi misturá-lo jun-

to com a parafina para a comercialização do produto em forma de vela. Durante o processo de fabricação, o bagaço das sementes de andiroba é acrescentado e depois retirado por meio de uma tecnologia patenteada e distribuída pela Fiocruz, que permite atingir 80% do ponto de eficácia. A partir disso, a equipe da Natuscience aperfeiçoou a técnica, chegando a 100%. Regina também criou um projeto chamado de Resíduo Zero, que recicla todo o material utilizado na fabricação. Quando o bagaço é colocado e retirado da parafina, fica um resíduo industrial de grande quantidade – 35% a 40%. “Do resíduo da vela passamos a fazer a tocha de andiroba para ser usada na área externa com bom nível de repelência e iluminação, e do detrito da tocha criamos o toquinho, um acendedor natural de lareira”, diz. No início, as ações de Regina na empresa foram norteadas pela paixão, sem nenhum planejamento. Ela abriu a empresa sem capital inicial, capital de giro e conhecimento das regras que regulam essa área. “As dificuldades foram enormes, porque nunca tinha sido empreendedora, e acho que me meti em uma aventura que deu certo por um tempo, mas também deu muita dor de cabeça.” A Natuscience foi uma das cinco empresas (foi escolhida uma empresa de cada continente) que recebeu o prêmio da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), realizada pelas Nações Unidas em Joanesburgo, na África do Sul, em 2002, devido a responsabilidade ecológica e social, perspectiva financeira positiva e produtos com qualidade que atendam a necessidade do mercado.

Descanso rentável

Andiroba: processo industrial utiliza o princípio ativo (repelente)

O objetivo é aplicar técnicas de artesanato para relaxar. Mas o hobby pode se tornar lucrativo e aumentar a renda. Dotan Mayo, um dos sócios fundadores, percebeu a demanda e investiu no próprio negócio, criando em 1999 a African Artesanato. No início das ati-


Regina: “Percebemos a oportunidade porque sentimos que as pessoas queriam fazer as velas e não comprá-las”

vidades, a empresa vendia velas artesanais para a decoração de ambientes, eventos, vitrines e residências. Mas não demorou para ajustar o foco do negócio. Conforme Mayo, muitos clientes apareciam na empresa para ter informações de como produzir as velas e de onde podiam conseguir fôrmas e materiais. “Percebemos a oportunidade porque sentimos que as pessoas queriam fazer as velas e não comprá-las prontas”, diz. “Decidimos colocar um pouco de matéria-prima para vender e deu certo”. Hoje, oferece mais de dez cursos que ensinam técnicas artesanais para a confecção de velas, sabonetes, mosaicos, perfumaria, pinturas em madeira e essências. Também fornece matériaprima para quem pretende continuar fabricando o que aprendeu durante o curso. “A partir daí abrimos uma loja atrás da outra e também incrementamos as linhas de produtos”, diz Mayo. Ao todo são mais de 7 mil itens oferecidos em 12 lojas próprias e 4 franquias. A opção pela franquia foi para solucionar problemas de administração e atendimento, gerados pela grande expansão da empresa, em curto espaço de tempo. Depois de abrir 14 lojas pró-

prias, o empreendedor teve que recuar, pois ficou muito difícil manter o controle da empresa e a gestão dos suprimentos. “O franqueado consegue absorver muito melhor esses problemas e resolvê-los de maneira mais fácil e rápida. Também pode cativar e atender bem o cliente, procurando novos meios de ministrar os cursos”. Os investimentos em marketing contribuíram para ampliar o volume das vendas. Para estimular a procura pelo artesanato por parte dos consumidores, foram planejadas promoções mensais, seguindo o mesmo padrão em todas as lojas da rede, que ofereciam vantagens para quem participasse dos cursos ou adquirisse produtos. Entre 2004 e 2005, foram aplicados cerca de R$ 100 mil para reformular a identidade visual da marca e padronizar a comunicação visual das lojas. A empresa é uma das maiores no Brasil que utiliza a estratégia do “faça você mesmo”. Esse conceito, assim como o mercado, na análise do sócio da African Artesanato, são recentes aqui no Brasil. Apesar disso, se desenvolveram rapidamente e já acompanham o mesmo ritmo do crescimento da atividade no mundo. Hoje

cada vez mais adeptos têm no artesanato um hobby ou uma fonte de renda no país. “Há cinco anos, se a pessoa quisesse fazer uma pintura, por exemplo, tinha que comprar os materiais como tinta em lojas de construção e em grandes quantidades”. Atualmente os fornecedores ainda são responsáveis pelas principais dificuldades enfrentadas pela empresa. Realidade que complica até na hora de fazer a homologação deles para o atendimento das franquias. “Falta um pouco mais de profissionalização, pois muitos ainda fazem a matéria-prima no fundo de casa como uma caixinha para decorar o sabonete, e também aprimoramento, por exemplo, investimento em catálogos, tabela de preço e sites”, diz Mayo. Com faturamento anual acima de R$ 5 milhões, a perspectiva neste ano é crescer 40% no número de lojas e franquias. A meta é abrir 100 pontos-devenda em oito anos. “O artesanato consegue pegar todos os públicos, tem um campo muito grande”, diz o sócio da African Artesanato. O artesanato, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic) abrange 8,5 milhões de trabalhadores em todo o país. Julho 2006 – Empreendedor – 21


Mercado Em busca do equilíbrio Ayurveda, massoterapia e hipnoanalgesia: técnicas de reabilitação conquistam novos adeptos “O stress é o grande inimigo causador de doenças e está envolvido com a alimentação, vida social e profissional do ser humano moderno”, diz Delma Santos, diretora presidente do Instituto Brasileiro de Terapias Ayurveda (Ibrata) e terapeuta. Para ela, a prevenção com práticas que auxiliem no combate ao stress é a melhor maneira das pessoas adoecerem menos ou terem maior capacidade de reabilitação. Foi com esse pensamento que ela iniciou o aprendizado da Ayurveda, adotando o nome de Ma Prem Ila, como é conhecida. A Ayurveda está sendo mais difundida no Brasil, mas ainda é uma terapia muito cara, acessível apenas a uma parcela da sociedade. A pessoa que se propõe a trabalhar com a Ayurveda também tem que se capacitar continuamente para estar apta a atuar como terapeuta. O Ibrata ofe-

rece cursos no Rio de Janeiro e São Paulo que duram, no mínimo, dois anos. “O aprendizado é contínuo, pois acima de tudo é uma filosofia indiana de vida. Há onze anos vou anualmente à Índia para aprimorar minha formação, diretamente na raiz”, diz Prem Ila. A atividade teve origem há 5 mil anos na Índia e tem como objetivo a prevenção de doenças. “A intenção é entender quais são as tendências que a pessoa tem de adoecer por meio do conhecimento do biotipo inerente a cada um”, diz. Há uma série de aplicações de condutas alimentares, de meditação, massagens e terapias corporais, por exemplo, a Shirodhara (do sânscrito, que significa “fluxo continuo na cabeça”). Essa técnica é utilizada para o tratamento da síndrome do pânico, cansaço, depressão, insônia e irritabilidade e é realizada ao pingar continuamente

sobre a testa líquidos (em geral oleosos) em temperatura morna. A procura pela massoterapia também segue no ritmo do crescimento do mercado do bem-estar. Kiyoshi Nagaoka, trabalha na área há mais de 30 anos, oferecendo serviços para o tratamento de enxaqueca, tireóide e tensão muscular. Conforme Nagaoka, as técnicas de massagem ajudam na prevenção de doenças, principalmente as que atacam mais durante o inverno como hipertensão, diabetes e cardíacas, pois há um gasto de energia maior para se aquecer. Outra técnica em moda, que proporciona bem-estar, é a hipnoanalgesia. Ela utiliza a hipnose com sedação nos tratamentos odontológicos. De acordo com João Rosa, presidente da Associação Brasileira de Analgesia (Abasco) e diretor-clínico da AlphaOdonto, a técnica permite potencializar o anestésico, ajuda no controle das náuseas e os movimentos da língua e da salivação. “A hipnoanalgesia é mais confortável e foi criada especialmente para o bem-estar do paciente”, diz. No Brasil, a hipnose nos consultórios dentários foi regulamentada em agosto de 1966.

Delma Santos: ayurveda na luta para prevenir doenças

Nagaoka: massoterapia X enxaqueca

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Hipoanalgesia nos tratamentos odontológicos


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Inovação

Segredos geram negócios Investir em propriedade intelectual ainda é desafio no Brasil

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por

Wendel Martins

O tema propriedade intelectual é tratado como coisa séria em todos os países do mundo, menos no Brasil. Empreendedores que desejam registrar uma marca ou a patente de um invento tem que enfrentar a morosidade da burocracia – enquanto nos Estados Unidos esse processo leva cerca de um ano, aqui pode demorar uma década. Uma parte do problema é que ainda não existe entre os empresários a cultura de investir em pesquisa e desenvolvimento. No Brasil, este gasto responde por 1% da receita líquida anual, enquanto lá fora atinge a marca dos 3%. Só as multinacionais instaladas aqui pedem 60% mais patentes no Brasil do que empresas e pesquisadores brasileiros. As micro e pequenas empresas, que são a maioria, não têm acesso a instrumentos de fomento para investir em P&D e as exceções são grandes corporações que têm uma estratégia global de produção e exploração de tecnologia própria. A contribuição da universidade é essencial, mas o conceito de inovação só existe quando alguma empresa coloca um produto ou novo processo no mercado. No Brasil, o dilema de transformar as idéias nascidas em laboratórios em inovação passa também por uma modernização da cultura universitária, que por muitas vezes considera um pecado atrair investimentos da iniciativa privada. A parceria é a melhor solução em médio prazo, até porque cerca de 85% dos doutores atuam na academia. Em países como Coréia do Sul e Estados Unidos, esse quadro é inverso: só 15% realizam pesquisas nas universidades. Parte do problema está no sucateamento do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) a partir da década de 70. O pró-


prio presidente do INPI, Roberto Jaguaribe, afirma que no mundo globalizado a política industrial deve ser baseada em diretrizes tecnológicas e de inovação. O órgão vem sendo reestruturado, com a contratação de 450 novos examinadores e com investimento em tecnologia, como o sistema eletrônico de registro de marcas, que promete agilidade e redução de custo. A meta é reduzir de 600 mil para 100 mil o estoque de pedidos de marcas e reduzir o prazo de análise dos atuais 60 meses para 12 meses. É consenso no mercado que essas mudanças são motivos de aplausos, mas a impressão é que o movimento ainda é tímido, seja na velocidade de andamento dos pedidos ou na qualidade de atendimento da instituição. A proteção de marcas e patentes aumenta a eficiência econômica e induz barreiras para a entrada de concorrentes. Também provém incentivo para as firmas investirem em qualidade e reputação, permite ganhos de escala, contribui para melhorar a qualidade e segurança dos produtos e induz a inovação. Historicamente, o Brasil sempre teve bons quadros para gerar ciência e tecnologia, fruto mais da iniciativa privada do que de políticas de Estado. O país também está acostumado a assistir pela janela grandes momentos de mudanças tecnológicas. O rádio, a fotografia, a máquina de escrever e o avião são exemplos de tecnologias que levam a assinatura brasileira, mas se tornaram sucesso de vendas e empreendedorismo no exterior. Outro caso recente é do inventor brasileiro da Bina – sistema que permite identificar o número de telefone de quem está ligando. Ele luta para receber os royalties de sua invenção de sucesso. Resta saber de que lado o país vai ficar: daqueles que lucram ou dos que reclamam.

Arruda: levar a biotecnologia nacional a um nível mundial

Corrida de obstáculos Dificuldades e soluções dos empreendedores que dependem das invenções para existir no mercado Um dos exemplos de empresa que investe em propriedade intelectual é a Alellyx Applied Genomics. Apesar do nome em inglês, é uma companhia de capital nacional que se dedica à pesquisa e desenvolvimento de biotecnologia aplicada. A Alellyx demonstra que ciência e negócios podem ter um bom diálogo: está instalada num prédio com área de 2,3 mil m2, próximo ao campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e recebeu um aporte de R$ 30 milhões da Votorantim Novos Negócios para implantar laboratórios e custear projetos. Ela modela seu plano de negócio para prestar assistência técnica à agroindústria, especialmente nas culturas da cana-de-açúcar, laranja e eucalipto. Para tanto, conta com uma equipe de aproximadamente 50 profissionais, sendo 40 pesquisadores, que buscam soluções para problemas que comprometem a produção de laranja – como a praga do amarelinho e o cancro cítrico – e investigam formas de aumentar a produtividade dos setores açucareiro e papel e celulose, melhorando a qualidade da

cana-de-açúcar e do eucalipto. A descoberta do inseto responsável pela transmissão do vírus da Morte Súbita, que aflige os laranjais brasileiros, colocou a empresa na corrida para o desenvolvimento de testes para o diagnóstico do vírus. Ainda pouco se sabe sobre como evitar a Morte Súbita, mas a experiência mostra o perigo: nos anos 40 o vírus da Tristeza dizimou os pomares brasileiros e no cenário atual, cerca de 145 milhões de pés de laranja e uma receita anual de US$ 5 bilhões estariam em risco. Paulo Arruda, sóciodiretor da Alellyx, diz que a idéia não é vender o diagnóstico, nem a cura, mas uma variedade resistente à doença. “Queremos levar a biotecnologia nacional a um nível mundial, mas este é um trabalho de longo prazo e a gente precisa de cérebros para se destacar globalmente”. A criação de empresas como a Alellyx resulta da convergência de três eixos: uma agroindústria nacional competitiva, disponibilidade de capital de risco e a competência dos pesquisadores brasileiros, formada ao longo de 20 anos de investimenJulho 2006 – Empreendedor – 25


Inovação to nas universidades e, particularmente, durante o Programa Genoma. A genômica básica no Brasil começou em 1997, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e convertê-la em tecnologia é a missão da Alellyx. “A natureza das pesquisas nos dois ambientes é semelhante: aqui é mais rápida e precisa”, compara Arruda, que ainda dedica parte de seu tempo às aulas e pesquisas no Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Unicamp. “Na universidade, trabalha-se com a visão acadêmica da pesquisa, que tem como foco a formação de recursos humanos. Aqui, o foco está na investigação, e os pesquisadores dedicam-se o tempo todo a isso”, diz. Nem sempre a escola tradicional atende às necessidades e conveniências de quem deseja aprender. Apaixonado por engenharia e mecânica, o funcionário público aposentado Roberto de Sá Gonçalves, de 63 anos, não cursou faculdade, mas na garagem de casa, na Praia de Sepetiba, no Rio de Janeiro, buscou as mais variadas soluções para economizar combustível no carro sem ter que usar gasolina aditivada. Em 1972 encontrou um jeito de poupar até 30% do consumo de um veículo e o batizou de Q.Métér-Mix. Existem vários tipos de inventores e Sá Gonçalves se encaixa no perfil do autodidata, que supera a falta de conhecimentos técnicos com a ajuda de terceiros. Tanto que já foi apelidado por amigos de “professor Pardal”, numa alusão ao personagem de Walt Disney. Ele sintetiza o inventor brasileiro como o que está mais para o aper-

Sá Gonçalves e o Q.Métér-Mix: queima uniforme do combustível

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feiçoador de processos do que o cientista que trabalha em sofisticados laboratórios em empresas ou universidades. Tanto que a maioria dos inventos apresentados ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) é de baixo conteúdo tecnológico. A grande invenção de Sá Gonçalves, de tão simples, parece aqueles anúncios dos comerciais de TV que prometem o mundo, dão um desconto e não cobram frete. Mas ele jura que o Q.Métér-Mix funciona. Tratase de um estabilizador eletrônico de tensão, que promove a queima do combustível de maneira mais uniforme. A idéia não é diminuir o fluxo de combustível e sim aproveitá-lo totalmente. “O produto é colocado na ignição, estabiliza a centelha e faz a queima total da gasolina”, diz Sá Gonçalves. Basta substituir o cabo original que liga a bobina e o distribuidor e em 10 minutos está pronto. Ele afirma que

qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento sobre motores, pode fazer a substituição. Não necessita de ferramentas e pode ser instalado em qualquer tipo de automóvel, moto ou barco, de qualquer marca. O dispositivo custa em torno de R$ 140, tem garantia de dois anos e também reduz em torno de 25% a emissão de poluentes. Possibilita uma partida mais rápida, não deixa “bater o pino”, (quando a combustão ocorre em momento errado) e evita a carbonização (ao dar a partida com o motor frio uma grande parte do combustível contamina o óleo e a queima gera uma fuligem). O aparelho também aumenta a vida útil do motor e conserva as velas limpas, que em condições normais duram 15 mil km, número que com Q.Métér-Mix quadruplica. Sá Gonçalves já ganhou o prêmio de invento do ano nos Estados Unidos. A Renault comprovou a eficiência do dispositivo e já demonstrou interesse em produzí-lo em escala mundial. Embora o inventor pretenda viver de royalties, ainda não tem o registro de propriedade intelectual no Brasil. Ele abriu o processo no INPI, em 1975, mas até 2003 a patente não havia sido concedida. Por cautela, registrou a propriedade intelectual em 107 países. Para incentivar outros empreendedores a buscarem soluções cri-


THOMAS MAY

Alellyx: foco na investigação, com dedicação total dos pesquisadores

ativas, fundou a Academia Brasileira de Inventores, sediada no Rio de Janeiro e que conta com mais de mil membros. Ele mesmo inventou um pula-pula, um capacete com retrovisor e um papel higiênico cultural. Mas foi o Q.Métér-Mix que se tornou o seu carro-chefe. Hoje o empreendedor conta com distribuidores no Sul e Sudeste do país. Mesmo tendo desistido da patente no Brasil, ele arrisca um palpite para fazer negócios. “Trabalhamos sob encomenda e vamos crescendo aos poucos”.

Demora A demora do INPI para registrar uma propriedade intelectual é apenas um dos obstáculos que os empresários brasileiros têm que enfrentar para investir em tecnologia e inovação. O empreendedor Luiz Augusto Mazon, sócio-diretor da Soletrol, maior fabricante de aquecedores solares do continente americano, afirma que as pequenas e médias empresas não recebem incentivos para contratar profissionais com níveis de doutorado e mestrado. “Não temos profissionais com conhecimentos específicos para esse tipo de atividade. Fazemos uma pesquisa voltada ao mercado, não temos recursos para a pesquisa básica”, o que Mazon também considera importante.

Ele resolveu driblar esse desafio por conta própria e em 1998, a companhia inaugurou o primeiro e único centro de treinamento em aquecimento solar do mundo. O objetivo é qualificar profissionais e esclarecer tanto estudantes quanto o público em geral acerca dessa tecnologia. O investimento foi focado em laboratórios para demonstração de sistemas de aquecimento solar de água. Mazon conta que divulgar a tecnologia junto aos profissionais do setor é estratégia da empresa desde a fundação, em 1981. Hoje ele é lider do mercado brasileiro, com 50% de share. A empresa expandiu esse conceito para criar em 2004 a Universidade do Sol, que também investe em publicações específicas e na organização de eventos. “Quebrar os limintes do próprio conhecimento sempre é possível. Basta apenas uma idéia”. A instituição oferece cursos para instaladores hidráulicos, técnicos em aquecimento solar, engenheiros, arquitetos, revendedores. A instituição também é a porta de entrada para formar parcerias com outras fundações, com o Governo, empresas e instituições acadêmicas. “A universidade não nos procura e não existe essa interface para projetos conjuntos”. Apesar de reclamar da falta de comunicação da universidade com o mercado, Mazon também comenta que os

pequenos e médios empreendedores do país não têm a cultura de investir em pesquisa e desenvolvimento. “A maioria das empresas não tem recursos sobrando e os empresários não gostam de correr risco para manter a pesquisa”, diz o empreendedor que investe cerca de 2,5% do faturamento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Os resultados são evidentes e a Soletrol cresceu cerca de 20% no ano passado, apostando num segmento com demanda reprimida. “Acreditamos que inovação é estratégia, mas o Governo está distante do chão do mercado e não promove ações de inclusão dos empresários de pequeno e médio portes”. Mazon começou a jornada no empreendedorismo aos 19 anos e diz estar disposto a apostar em jovens que queiram investir em inovação. “Se um dia tiver recursos, vou olhar com atenção os jovens e espero ajudar muita gente cheia de vontade”. Dados do IBGE mostram que em 2003, apenas 9,9% das empresas industriais brasileiras podiam ser classificadas como de alta intensidade tecnológica, ou seja, investiam entre 0,96% e 2,72% da sua receita líquida em inovação. Os setores de alta tecnologia detêm os maiores valores em receita e investimento por empresa, salário médio e produtividade do trabalho. “Nosso sucesso adveio do fato dos produtos não serem um bichopapão para instalar. Não precisa quebrar a parede, por exemplo”, diz Mazon. A Soletrol tem cerca de 30 processos de propriedade intelectual em curso, 12 deles deferidos. Alguns, como a leitura digital da temperatura da água, têm patente mundial em regiões estratégicas, como nos Estados Unidos, Europa e Ásia. O dispositivo, ao invés de tirar uma média do nível térmico, mede ponto a ponto e serve como referência para um sistema de monitoramento totalmente informatizado. “Temos a preocupação de ter todas as patentes Julho 2006 – Empreendedor – 27


Mercado Inovação na nossa mão. Mesmo assim os concorrentes nos copiam”, diz Mazon. Ele reclama da morosidade da Justiça e relata que mais de uma vez tentou, sem sucesso, processar concorrentes. “Eles usam de subterfúgios e te processam. Não existem mecanismos ágeis, mesmo que você tenha direito. O nosso departamento jurídico fica anos brigando com isso. Em um dos casos a empresa faliu e o concorrente sumiu. Como vou conseguir uma indenização?”. Além da questão ética e individual de copiar a idéia de um concorrente, o país padece da falta de varas especializadas em propriedade intelectual. Cláudio Barbosa, diretor da Associação Brasileira de Propriedade Intelecual (ABPI), afirma que a legislação atual, de 1996, já prevê foros privilegiados. “Um dos juízes tem na sua mesa 300 ações contra o INSS e domina o assunto. Agora, para se inte-

rar das peculiaridades de uma questão de patentes, ele vai perder muito tempo”, diz Barbosa, que cita exemplos de câmaras especializadas no Rio de Janeiro. Ele afirma que falta ao país debater sobre o tema. “Investimos em inovação de maneira intuitiva e não programada, mas dificilmente protegemos a propriedade intelectual. Não é só um problema do Governo é também a falta de formação. Poucas escolas de administração têm disciplinas específicas sobre o assunto”, afirma. Dependendo do segmento industrial, algumas empresas podem preferir não registrar uma patente e sim manter a tecnologia em segredo industrial, assim como faz a Coca-Cola com a famosa fórmula do refrigerante. Mas no mercado, existe a prática polêmica da engenharia reversa, que permite a um concorrente entender como um produto funciona e o que

faz exatamente todas as suas propriedades em qualquer circunstância. A engenharia reversa pode ser aplicada para softwares, peças mecânicas, componentes eletrônicos e é usada quando se quer trocar ou modificar uma peça por outra com as mesmas características, mas não existem todas as informações sobre essa peça. “Se a tecnologia é descoberta via engenharia reversa, não existem motivos para não registrar a propriedade intelectual. Só em áreas sensíveis como a química fina e a farmacêutica isso é possível”, diz Barbosa. Fernando Braune, gerente do departamento de patentes da Daniel Advogados, afirma que para um empreendedor obter uma patente é necessário seguir alguns requisitos. O primeiro e mais importante é o da novidade, ou seja, o trabalho não pode ser divulgado em seminários, congressos, estudos acadêmicos, feira de negócios

Histórico da pesquisa e tecnologia SÉCULO XVI Os índios criaram o tipiti, um cesto cilíndrico usado para espremer a polpa da mandiocabrava e torná-la comestível. Ao prensá-la, eles eliminavam o líquido venenoso, que contém ácido hidrociânico. O tipiti era tão eficaz para o processamento da mandioca que não havia uma casa de farinha no século XIX sem ele. As pequenas indústrias de farinha da Amazônia usam até hoje essa tecnologia. SÉCULO XVIII Enquanto no Brasil vigorava a escravidão, o pioneirismo britânico, na era da Revolução Industrial, era exemplificado na figura de James Watt, construtor de instrumentos musicais que inventou a máquina a vapor em 9 de agosto de 1768.

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SÉCULO XIX A institucionalização do ensino superior no país ocorreu após a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808. O príncipe regente D. João VI (1767-1826) criou escolas de nível superior brasileiras, entre elas, a Academia Real Militar, em 4 de dezembro de 1810. Atualmente a instituição é chamada de Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1899, Vital Brazil funda o Instituto Butantã, em São Paulo, pioneiro nas pesquisas em medicina experimental. A idéia era conter as doenças que assolavam as grandes cidades. Entre os estudos mais destacados, está a vacina contra a febre amarela e seus esforços para evitar que a peste bubônica, que chegava com os navios, se alastrasse. O conceito de máquina de escrever foi inventado pelo padre paraibano Francisco João de Azevedo. Ele recebeu, em 1861, a medalha de ouro na primeira Exposição Nacional de Inventos. O for-

mato era o de uma pianola e possuía 16 teclas que, quando digitadas, erguiam uma haste correspondente à letra. O papel, com largura de apenas três dedos, era pressionado em uma chapa metálica fixa e recebia a carimbada da ponta da haste. A máquina de escrever do padre Azevedo veio depois do projeto inglês de Henry Mill, patenteado em 1714, mas nunca foi construído. A primeira máquina produzida em série foi a Malling Hansen, inventada e desenvolvida pelo pastor Johan Rasmus Malling Hansen, da Dinamarca, em 1870. Se a Malling Hansen foi a primeira produzida em série, o protótipo do inglês Christopher Latham Sholes foi o primeiro a ser fabricado em escala, em 1874, pela empresa Remington. Sholes também foi responsável pelo teclado Qwerty. SÉCULO XX O padre gaúcho Roberto Landell de Moura foi pioneiro na transmissão da voz. Ele utilizou equipamentos de rá-


ou na imprensa. A primeira lição que os inventores devem aprender é de que é preciso garantir os direitos de propriedade industrial antes de anunciar ao mundo uma boa nova. Outra diretriz do INPI é a atividade inventiva, ou seja, os resultados da pesquisa não podem ser óbvios para um técnico especializado no assunto. “Por exemplo, a mudança de um material, como o metal por plástico, porque enferruja menos”. Por fim, a possibilidade de produção industrial, ou seja, a invenção deve ter aplicação em larga escala. A patente assegura a reserva de mercado ao inventor por um período de até 20 anos. Isso em países como Brasil e Estados Unidos e em mercados como a União Européia. “O empresário sabe que tem a exclusividade de um produto novo e que os direitos não vão ser infringidos”, diz Braune. Ele afirma que o primeiro passo para

dio de sua construção, patenteados no Brasil em 1901, e posteriormente nos Estados Unidos em 1904. Landell transmitiu a voz humana utilizando seu transmissor de ondas e um microfone eletromecânico. Ele também foi o precursor da fibra ótica, mas foi o italiano Guglielmo Marconi que levou a fama da invenção. O francês radicado no Brasil, Antoine Hercule Romuald Florence, descobriu um processo de gravação através da luz e o batizou de photografie, em 1832. Louis Daguerre teve a mesma idéia e hoje é considerado o pioneiro da fotografia. Alguns pesquisadores consideram a técnica brasileira mais eficiente do que a inventada por Daguerre. O caso mais emblemático é o de Alberto Santos Dumont, o primeiro a decolar a bordo de um avião, impulsionado por um motor aeronáutico. Em 23 de outubro de 1906, voou cerca de 60 metros, a uma altura de 2 a 3 metros, com seu 14 Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris. Dumont queria que os aviões tivessem preço de automóvel e não ficou contente com os projetos de aviões

Mazon, da Soletrol: “Não há mecanismos ágeis, mesmo que você tenha direito”

registrar uma patente é fazer uma busca nos bancos de dados de patentes, em especial os da União Européia e Estados Unidos. “É bom saber se você está infringindo o direito dos outros para tomar uma decisão ou traçar a estratégia”. Também é preciso tomar cuidado com pessoas, empresas e associações que oferecem assessoria ao inventor e cobram taxas indevidas ou abusivas. Checar se existem processos contra tais assessores nos órgãos de defe-

sa do consumidor e na Justiça pode evitar futuras dores de cabeça. “Se o empreendedor tiver conhecimento, não é necessário contratar um escritório especializado, mas um pedido de proteção mal-feito pode entregar o ouro ao bandido”, diz Braune ao explicar que o INPI publica todos os pedidos de patentes na internet. Também é preciso cumprir todas as exigências técnicas do órgão para conseguir uma patente e pagar taxas anuais.

maiores e mais caros. Chegou a vender 40 Demoiselles, o sucessor do 14 Bis, considerado menor, mais veloz e versátil. Não se opunha que outros copiassem o projeto e o comercializassem. Tanto que os irmãos Wright são tidos como os inventores do avião, devido a uma decolagem em 17 de dezembro de 1903.

mente a indústria de serviços de Tecnologia da Informática (TI) fatura US$ 1,2 trilhão por ano. Os Estados Unidos detém 75% do mercado de software do mundo. A Bina é um termo técnico relacionado à Central de Atendimento Telefônico. O aparelho recebe a chamada telefônica e identifica o número do telefone de quem está ligando. Nélio José Nicolai ainda luta na justiça brasileira para ser reconhecido como o inventor do dispositivo e para ganhar dinheiro com royalties no Brasil e no exterior.

ANOS 80 A indústria da computação nos anos 80 demorou uma década para decolar no Brasil em função da Lei da Informática. Ela protegia o mercado e privou uma geração de ter acesso aos computadores baratos e potentes. Ao priorizar o hardware ao invés do software, o país perdeu o compasso da indústria mundial de computação, pois foram os programas de computador que se tornaram a força principal por trás da inovação. O faturamento anual da indústria de software no mundo evoluiu de US$ 1 bilhão em 1970 para US$ 10 bilhões em 1980 e US$ 110 bilhões em 1990. Atual-

ANOS 90 Nesta década os investimentos em pesquisas nas áreas de ciência e tecnologia interferem diretamente na riqueza das nações. A Coréia, por exemplo, investiu pesado no setor, principalmente a partir da década de 90. Desde então o seu Produto Interno Bruto (PIB) multiplicou 5,5 vezes. Já o Brasil, que não aplicou os recursos necessários em P&D, teve um crescimento de 1,5 do PIB. Julho 2006 – Empreendedor – 29


Inovação Alto retorno Pesquisador reconhece a difícil relação entre universidade e empresa, mas destaca que resultados compensam riscos Roberto de Alencar Lotufo, nascido em Avaré (SP), é pesquisador de processamento de imagens e desde março de 2004 é diretor executivo da Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A idéia do Inova é fortalecer as parcerias da Unicamp com empresas, órgãos de Governo e demais organizações da sociedade. Por isso, não trata diretamente de orçamento para pesquisa e sim de gerenciar as negociações e convênios de projetos de pesquisa com o setor empresarial. “Quando licenciamos uma tecnologia, a Unicamp recebe royalties, onde 33% são dos inventores, 33% da faculdade ou instituto a que pertence o inventor e 33% da reitoria”, diz. Além de licenciar tecnologias – foram 10 contratos em 2004 e 12 em 2005 – a Unicamp faz também pesquisa sob encomenda, baseada na demanda das empresas. Ele explica que a instituição recebe pedidos de unidades de pequeno e médio portes. “Estes contratos de licenciamento são de longa duração e não existe nenhuma universidade da América Latina que faz isto e neste volume”. Lotufo acredita que a parceria universidade–empresas é difícil em qualquer lugar do mundo e no Brasil não é exceção. Um dos principais problemas de investir em inovação tecnológica é o risco. Ele explica que a pesquisa tem uma margem de risco e o erro faz parte, seja a pesquisa básica ou aplicada. Os cientistas estão acostumados com essa variável, mas os empresários, de uma maneira geral, têm uma visão mais imediatista. No entanto, ele não acredita que essa diferença de abordagem gere conflitos. Lotufo comenta que a universidade pode se dar ao luxo de realizar uma pesquisa com alto grau de risco, pois o objetivo principal é o da formação de recursos humanos, seja numa tese de doutorado ou dissertação de mestrado. “A empresa tem que correr menos riscos, mas a grande vantagem da inovação tecnológica é o altíssimo retorno”. Na entrevista a seguir, ele comenta o fato da Unicamp liderar o ranking de pedidos de patentes feitos ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). A Petrobras per-

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deu a liderança do ranking este ano, depois de três décadas como a maior depositante de patentes. A universidade fez 191 pedidos entre 1999 e 2003. A Petrobras fez 171 no mesmo período. Não por acaso os dois primeiros lugares da lista são ocupados pela Unicamp e Petrobras. As duas mantêm uma relação de cooperação desde 1987, quando foi criado o Centro de Estudos do Petróleo (Cepetro) e de onde saíram mais de 250 mestres e doutores, hoje na companhia. Empreendedor – Quais as vantagens de se proteger uma propriedade intelectual? Lotufo – Temos pouquíssima experiência neste assunto no Brasil, mas a grande vantagem para a empresa é a de preservar o seu conhecimento e poder negociá-lo se necessário. Veja um exemplo. O Brasil investiu mais de um ano intensamente em diversos projetos da TV digital, mobilizando uma centena de pesquisadores e instituições. Se não forem depositadas patentes a respeito dos trabalhos realizados, corremos o sério risco de perder a maior parte do investimento feito nestes projetos. Empreendedor – O processo de registro de patentes demora em média seis anos no Brasil. O Sr. já pensou em, ao invés de registrar uma patente, manter a tecnologia sob sigilo industrial? Lotufo – Apesar da demora da concessão da patente, uma vez concedida, ela é válida a partir da data de depósito. O sigilo industrial não ajuda no desenvolvimento tecnológico. A grande vantagem da patente é justamente estimular a divulgação do invento, mediante uma proteção de exploração comercial, permitindo que a ciência e a tecnologia avancem. Empreendedor – Quantas patentes a Agência de Inovação da Unicamp registrou no Brasil e no exterior nos últimos cinco anos? Lotufo – Foram 284 patentes no INPI e 10 no exterior, desde 2001. A instituição mantém um departamento específico para tratar do assunto, o setor de Propriedade

Lotufo: temos pouca experiência Intelectual, que fica sob a alçada da Inova. Empreendedor – A Petrobras perdeu a posição para a Unicamp no número de patentes registradas no INPI. Alguns economistas afirmam que um dos motivos foi a definição de linhas de pesquisa com base nas necessidades da iniciativa privada. O Sr. concorda com esta análise? Lotufo – Esta análise não é simples de se fazer. As razões pela qual a universidade deposita patentes é diferente das razões de uma empresa. Na minha opinião, acho que a Petrobras deveria depositar um número muito maior de patentes, mas esta análise é superficial e pode ser que a Petrobras tenha razões que desconhecemos para patentear pouco. A Unicamp tem uma política de propriedade industrial já há algum tempo, tanto que a primeira patente foi depositada em 1989. Desde o início, a Unicamp nasceu com uma forte ligação com os problemas da sociedade. Empreendedor – Qual a importância da Inova para esses resultados? Lotufo – Nós da Inova comemoramos mais o fato de liderarmos na América Latina na questão de comercialização de patentes. De nada adianta termos um enorme estoque de patentes na universidade se elas não são usadas. A Inova tem sido um modelo exemplar de transferência de tecnologia e nos orgulhamos muito disto. Empreendedor – O INPI está sendo reestruturado com a contratação de 450 novos examinadores e investimento em tecnologia. O Sr. já sentiu essas mudanças na prática, seja na velocida-


de de andamento dos pedidos, seja na qualidade de atendimento que a instituição presta à Agência de Inovação da Unicamp? Lotufo – Temos um ótimo relacionamento com o INPI e a dificuldade em que o ele se encontra não tem sido um entrave para o nosso sucesso nas comercializações. Entretanto, sou muito favorável que o INPI melhore o seu funcionamento. Empreendedor – O Sr. Roberto Jaguaribe, presidente do INPI, afirma que hoje a política industrial é fundamentalmente uma política tecnológica. Também comentou que a “Propriedade Industrial não é um ramo do direito, mas uma atividade cujo objetivo recíproco é permitir o desenvolvimento tecnológico e industrial do país”. O Sr. concorda com essa afirmação? Lotufo – Temos que usar a propriedade industrial como política de desenvolvimento tecnológico. A PI deve ser cada vez mais assunto de engenheiro e menos de advogado. É normal que o advogado apareça mais na mídia, pois ele se destaca na hora do litígio, enquanto que os engenheiros usam a PI no seu desenvolvimento com menor destaque. Empreendedor – No Brasil, cerca de 85% dos doutores atuam na academia, enquanto em países como Coréia do Sul e Estados Unidos realizam pesquisas dentro de empresas. É essencial para o país inverter essa eqüação? E quais medidas, tanto do Governo quanto das empresas, podem acelerar esse processo? Lotufo – Esta é a grande pergunta que é difícil de responder. Todos temos um papel nesta contribuição. O da universidade é formar bons profissionais, com experiência em inovação tecnológica, de modo que disseminem este espírito quando forem contratados pelas empresas. A Unicamp estimula os doutores formados a ingressarem na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), criada em 2001. Também temos um programa de incubação de projetos que procura estimular os alunos a discutir e analisar idéias e como elas poderiam virar temas de projetos de inovação tecnológica em empresas. Este programa envolve as Empresas Juniores da Unicamp.

Clube internacional O Brasil ainda não aderiu ao protocolo de Madri, que permite registrar marcas de qualquer parte do mundo em um só local O Protocolo de Madri permite registrar marcas de qualquer parte do mundo em um só local, o que barateia os custos, diminui prazos e complexidades para obtenção dos registros. O Brasil não aderiu ao Protocolo, decisão já tomada por governos de 78 países. “Apesar da indecisão do Governo brasileiro, a adesão do Brasil deve ser buscada o mais rápido possível. A proteção da propriedade intelectual, em particular, e do direito de propriedade é fundamental para o fortalecimento das instituições que asseguram o processo de desenvolvimento sustentável do país”, afirma Luiz Nelson Porto Araújo, diretor da Trevisan Consult. Ele elaborou um estudo que aponta vantagens a favor da adesão: maior eficiência econômica; simplificação do processo de registro; possibilidade de indução a uma política nacional para inovação e registro de marcas; maior conhecimento de marcas brasileiras no exterior; e possibilidade de fortalecimento da governança e da infra-estrutura do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Mas existem aqueles que criticam o Protocolo com o argumento de que empresas que buscam registro em poucos países podem incorrer em custos desnecessários. Roberto Poletto, dono da Practica Global Media, especializada na duplicação de mídia como CDs e DVDs, agradece o fato do país não ter assinado o tratado. Ele defende o argumento de que é necessário melhorar a organização do INPI para entrar nesse pacto internacional. Sua empresa produz cerca de 120 mil CDs e 20 mil DVDs para clientes como Telefonica, Banco Real, San-

Poletto, da Practica: é necessário melhorar a organização do INPI

tander Banespa e Unibanco. É uma das companhias brasileiras com o maior número de pedidos de reconhecimento de marcas no país. Ela entrou com cerca de 518 pedidos, desses, 122 envolvem a expressão “on demand”. O slogan é a origem de um processo contra a multinacional IBM, que também adota o termo como estratégia global. “Incomoda ouvir que a Practica copiou a IBM”, diz Poletto. Ele pediu registro em 2001 e a IBM só passou a usar o slogan em 2003. Chegou a conversar com advogados da IBM, mas como ainda não tem o pedido deferido no INPI, preferiu não vender a marca. “Para aderir ao Protocolo de Madrid teríamos que ser mais ágeis”, explica Poletto. Julho 2006 – Empreendedor – 31


Finanças

A força do BRDE Banco completa 45 anos de investimento na economia da região Sul, dando destaque para empreendimentos de micro e pequeno portes por

Alexsandro Vanin

Uma pesquisa histórica das principais empresas do Sul do país mostraria um ponto comum entre elas nos últimos 45 anos: o fomento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). “Nenhuma indústria de médio e grande portes cresceu na região sem o apoio do BRDE, incentivamos o desenvolvimento dos mais diversos setores”, afirma Geovah José de Freitas Amarante, vicepresidente e diretor administrativo da instituição. O foco principal do Banco está nos micro e pequenos empreendimentos, tanto na área urbana quanto rural (agricultura familiar). A carteira de financiamentos abrange 33,8 mil clientes e é composta por 37,9 mil operações ativas de crédito de médio e de longo prazo, com saldo devedor médio de R$ 74,3 mil, o que evidencia a vocação da instituição para o atendimento às micros, pequenas e médias empresas e aos mini e pequenos produtores rurais. Nos últimos três anos (2003/2005) foram contratados R$ 2,14 bilhões em operações de crédito, volume superior a R$ 420 milhões para micro e pequenos, uma média anual superior a R$ 140 milhões. No ano passado, os contratos somaram R$ 33,1 mi-

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lhões em financiamentos para 4.430 mini e pequenos produtores rurais (média de R$ 7,47 mil por produtor) e R$ 138,9 milhões para 1.429 micro e pequenas empresas (média de R$ 97,2 mil por empresa), totalizando R$ 172 milhões para o segmento. “A função do BRDE é estimular a formação de ativos fixos produtivos na região Sul, repercutindo na geração de emprego e renda, que são as bases do desenvolvimento sócioeconômico. Neste sentido, as micro e pequenas assumem um papel relevante, especial-

Geovah Amarante: alto conceito entre todos os setores da economia

mente pela sua característica de grande geradora de empregos e oportunidades com investimentos relativamente baixos, além da desconcentração da atividade produtiva”, diz Fernandes. O BRDE possui apenas três agências, uma em cada capital da região, mas seus investimentos chegam a 80% dos municípios. A capilaridade é atingida graças a convênios com cooperativas de crédito rural, prefeituras e associações comerciais e industriais. No entanto, uma das metas da instituição é pulverizar ainda mais o financiamento a pequenos e médios empreendimentos urbanos. Principalmente entre aqueles que compõem arranjos produtivos locais (APL), segundo Amarante, via cooperativas de crédito, projeto ainda em estudo. “A expansão de operações de crédito na área urbana, através de cooperativas, é uma experiência relativamente nova sobre a qual ainda não temos um histórico com conclusões definitivas, mas entendemos ser uma alternativa importante a ser utilizada”, diz o superintendente de Operações. Fernandes sugere que a época ideal para uma micro e pequena empresa procurar o BRDE é, geralmente, após dois anos de atividades, quando já possui uma melhor visão do mercado e dos investimentos necessári-


O que o Banco financia

os para seu crescimento. A instituição financia investimentos fixos. O capital de giro só é financiado em caráter complementar. A documentação necessária é solicitada geralmente para tomada de créditos oficiais, sendo que o empecilho mais comum é a falta de informações sistematizadas sobre o desempenho da firma. No site do Banco (www.brde.com.br) encontra-se detalhada toda a informação necessária. O BRDE atende empreendimentos da agricultura, indústria, comércio, serviços e infra-estrutura. No entanto, cada Estado tem sua particularidade. No Paraná, há um número maior de operações ligadas ao agronegócio, via cooperativas; no Rio Grande do Sul o panorama é semelhante, mas o setor industrial é mais expressivo; e em Santa Catarina a carteira é mais diversificada, com predominância das indústrias, mas as operações via cooperativas ligadas à cultura da maçã e reflorestamento são relevantes. Vem ganhando importância também os investimentos em infra-estrutura, principalmente financiamento para construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e melhoria de portos. “O BRDE, que com apenas três agências possui o 24º maior patrimônio líquido entre bancos no Brasil, é uma ins-

– Construção e reforma de prédios e instalações; – Aquisição de máquinas e equipamentos novos nacionais; – Aquisição de máquinas e equipamentos usados nacionais, quando associado a investimento fixo; – Capital de giro associado, ou seja, capital de giro necessário ao financiamento do aumento de produção e vendas decorrente do investimento realizado; – Programas ou projetos em Gestão para a Qualidade; – Capacitação tecnológica e desenvolvimento de produtos e processos; – Controle ou gestão ambiental e tratamento de resíduos; – Conservação de energia; – Conversão de plantas industriais para o uso do gás natural como fonte energética; – Conversão ao gás metano veicular, nas modalidades: oficinas de conversão de veículos; instalações para gás em postos de combustíveis; conversão de frotas de veículos de transporte de passageiros; – Outros empreendimentos associados à utilização do gás natural como fonte energética; – Treinamento de pessoal e qualificação profissional; – Aquisição e desenvolvimento de software (sob condições); – Equipamentos turísticos.

Exigências mínimas – Situação fiscal e previdenciária em dia; – Cadastro satisfatório; – Bom retrospecto; – Projeto viável e enquadrável nas políticas operacionais e de risco de crédito do BRDE; – Comprovação da disponibilidade dos recursos próprios necessários à realização do empreendimento; – Entrega das informações e documentação básica para enquadramento e para a posterior análise do financiamento. A disponibilidade de informações sobre a empresa e o empreendimento e a presteza no fornecimento da documentação solicitada são fatores determinantes para a velocidade com que tramita a solicitação de financiamento.

tituição que goza de alto conceito entre todos os setores da economia da região Sul”, diz Amarante.

Atuação recente No ano que antecedeu seus 45 anos de fundação, o BRDE quebrou um recorde. Ultrapassou, pela primeira vez em sua história, a marca de R$ 1 bilhão em aprovações de crédito, em contratações que superaram mais de 40% a meta estabelecida para o exercício. As operações contratadas pela

instituição viabilizaram investimentos totais da ordem de R$ 1,8 bilhão na região Sul. Os impactos socioeconômicos em empregos gerados ou mantidos chegam a 52,2 mil postos e acréscimo de receita de ICMS na ordem de R$ 200,9 milhões por ano. Com as liberações e recebimentos ocorridos, o saldo de financiamentos encerrou o exercício no valor de R$ 2,7 bilhões, dos quais 40,8% aplicados na agropecuária (incluindo as cooperativas de produtores rurais), 30% na indústria, 12,1% em infra-estrutura e 17,1% em Julho 2006 – Empreendedor – 33


Finanças comércio e serviços. A carteira de financiamentos abrange 33.779 clientes e é composta por 37.867 operações ativas de crédito de médio e de longo prazos, com saldo devedor médio de R$ 74,3 mil, o que evidencia a vocação da instituição para o atendimento às micros, pequenas e médias empresas e aos mini e pequenos produtores rurais. Importante salientar que, apesar de contar com agências apenas nas capitais da região Sul, o Banco possui clientes em 942 municípios, atingindo, portanto, 79,3% do total de municípios da região. Em 2005, o BRDE alcançou o primeiro lugar no ranking nacional entre as instituições que operam a linha BNDES/Automático, predominantemente voltada ao apoio às pequenas e médias empresas, tanto em termos de desembolsos quanto em número de operações. No mesmo ano, a instituição posicionou-se em nono lugar, pelo critério de desembolsos totais, entre os 84 agentes credenciados que operaram com recursos do Sistema BNDES. Se considerada apenas a região Sul, ocupa a terceira colocação em

Linha do tempo repasse de recursos do sistema, e a segunda posição pelo critério de operações aprovadas. Entre os motivos apontados como fundamentais ao bom desempenho, a diretoria cita a implantação do Sistema Consulta de Informações de Clientes e Operações (CICLO), que compila os históricos de relacionamento entre o BRDE e seus clientes em um único aplicativo. Outros motivos são: o aperfeiçoamento dos controles internos; o desenvolvimento e implantação de um novo sistema de pesquisa cadastral (que reúne, de forma automatizada, as informações disponíveis nas várias bases de dados internos com as informações da Central de Risco do Banco Central e de entidades de proteção ao crédito como Serasa e SCI); a modernização dos sistemas de processamento de dados e de comunicação do Banco; e a celebração de convênio com o Fondo Financiero para el Desarrollo de la Cuenca Del Plata (Fonplata), instituição multilateral de fomento integrada pelo Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.

JUNHO DE 1961 Os governadores de Santa Catarina, Celso Ramos, do Paraná, Ney Braga, e do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, criam o BRDE com a missão de promover e liderar ações de fomento ao desenvolvimento econômico e social. Além de apoiar as iniciativas governamentais e empresariais, através do planejamento e do apoio técnico, institucional e creditício de médio e longo prazos.

1965 O BRDE torna-se o primeiro agente financeiro credenciado pelo BNDES para operar no país.

2004 O BRDE alcança o primeiro lugar no ranking nacional entre as instituições que operam a linha BNDES/Automático, tanto em termos de desembolsos quanto em número de operações.

2005 Montante de operações de crédito aprovadas supera a marca histórica de R$ 1 bilhão.

Financiamentos ultrapassam US$ 16 bi Como instrumento governamental para a promoção do desenvolvimento da região, o BRDE financiou, em 45 anos de atividade, um montante acumulado de US$ 16,1 bilhões. Somados aos outros recursos aplicados nos projetos contemplados, temos um investimento total de US$ 37 bilhões, distribuídos entre mais de 41 mil projetos, que resultaram na geração e manutenção estimadas em 1,3 milhão de postos de trabalho e em um adicional de arrecadação, para os Estados controladores, da ordem de US$ 4,7 bilhões. Com o trabalho do BRDE, a região foi mudando, diversificou sua economia, gerou novas atividades produtivas e desenvolveu parques industriais de porte internacional. A tradicional estrutura produtiva, de base agropecuária, ganhou novos contornos, com o crescimento da

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indústria e do setor terciário. Também são marcos da instituição o apoio a importantes segmentos da economia, como o Pólo Petroquímico no Rio Grande do Sul, a Itaipu Binacional, no Paraná, e o pólo metalmecânico de Santa Catarina. O BRDE possui agências em Porto Alegre (onde também está localizada a sede), Florianópolis e Curitiba, sendo que cada uma delas é responsável pela condução dos negócios no respectivo Estado. Conta ainda com escritório de representação externa no Rio de Janeiro e espaços de divulgação nos municípios gaúchos de Passo Fundo, Pelotas, Lajeado e Caxias do Sul. A estrutura atual é formada por 559 funcionários, 271 deles da área técnica, responsáveis pela administração ativa de 39.139 operações de crédito de 33.779 clientes, no montante de R$ 2,7 bilhões.

Sedes do BRDE em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre


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Mercado Consumo

Pólos de consumo As diferentes estratégias para consumidores em posições opostas na pirâmide social por

Alexsandro Vanin

Dois grandes mercados se destacam e despontam como promissores para os próximos cinco a dez anos. Um deles voltado para a pequena, mas cada vez mais abastada parcela da população formada pelas classes A e B, e outro dedicado a consumidores pertencentes à cada vez mais numerosa classe de baixa renda (C, D e E). No primeiro, a

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receita está concentrada em poucas operações, enquanto no segundo, os ganhos estão diluídos em muitas transações. Ambos estão em expansão e despertam o interesse das mais variadas áreas comerciais, mas cada um tem suas particularidades para se explorar. “O consumidor de baixa renda compra algo para fazer parte de um círculo social, ele procura inclusão. É justamente o contrário do consumidor classe A, que procura exclusividade”, diz Renato Meirelles, publicitário com cinco anos de experiência no mercado e atual sócio-diretor do Data Popular. Marta Tartari, diretora das lojas Gamine, que explora o conceito de luxo em Porto Alegre,

afirma que suas clientes procuram cortes diferenciados e exclusividade, além de durabilidade. “A qualidade precisa ser indiscutível, desde matérias-primas, mão-de-obra, processos de fabricação e distribuição até o pósvenda”, diz Carlos Ferreirinha, de São Paulo, consultor especializado em mercados de alta renda. Os menos abastados procuram o melhor custo-benefício. Segundo Meirelles, a publicidade voltada para esse nicho precisa ser didática, pois ele compra algo por suas funcionalidades, não pelo status e exclusividade, destaques na publicidade dirigida ao consumidor de alta renda. “É a lógica da repetição. Ele tem a necessidade de entender os benefícios do


produto e não pode errar”. Já a tomada de decisão nos integrantes das classes A e B é emocional. “É preciso encantá-los, emocioná-los, seduzí-los; a mensagem deve ultrapassar a necessidade e o produto ou serviço surpreender pelos detalhes, ir além da qualidade. Eles são impulsivos e emotivos”, diz Ferreirinha. As diferenças são, na maior parte, culturais. O consumidor de baixa renda tem um repertório diferente, mais regionalizado e menos globalizado. E, por vezes, sutis, como o gosto por cores. De acordo com Meirelles, a preferência entre os integrantes das classes de menor poder aquisitivo são as cores primárias. A Unilever, por exemplo, utilizou em 1996 esses tons na embalagem do sabão em pó Ala, destinado a consumidoras das classes D e E do Nordeste e Norte do Brasil. A multinacional estuda esse mercado

desde a primeira metade dos anos modelo, há três anos. Agentes auto90, com executivos visitando as re- rizados trabalham por nichos (naquegiões mais pobres do país e até les em que as outras estratégias não mesmo morando com pessoas des- têm resultados satisfatórios), principalmente da área resises lugares para conhedencial de baixa renda e cer o dia-a-dia delas. micro e pequenas emA proximidade entre presa s , c l i e n t e s q u e comprador e vendedor precisam de atenditambém conta. É um mento diferenciado. hábito brasileiro mistu“Temos um conjunto rar negócios com relade serviços muito efições pessoais. Muitas ciente, um portfólio pessoas chegam a gasconvergente que utilitar um pouco mais com zamos em vendas focaalguém que conhecem a das, modulando a ofereconomizar comprando ta de acordo com o bolem uma loja, principalmente as da base da pi- Ferreirinha: mensagem so do cliente”, diz Luiz Antônio da Costa Silrâmide, onde há uma deve ultrapassar va, diretor da operadoforte relação de confi- a necessidade ra em Santa Catarina. ança e reciprocidade. Na hora de fidelizar, o essencial – Esse é um dos motivos que faz da venda direta um sucesso neste meio, em qualquer caso – é ter uma boa ree levou a Brasil Telecom a adotar o lação com o cliente e cumprir o que

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Inovação Consumo se promete. Isso garante a manutenção de consumidores e, inclusive, a conquista de novos, principalmente no público de baixa renda. Segundo Meirelles, quando eles têm uma reclamação, a fazem em toda a sua rede de relacionamento, diferente do consumidor das classes altas, que procuram dar retorno às empresas. O boca a boca, no entanto, também é uma importante ferramenta de divulgação entre os clientes do Jurerê Internacional, empreendimento de alto padrão da Habitasul em Florianópolis (SC). Segundo Ricardo Cotrim, diretor de marketing, os turistas e moradores da cidade conhecem o condomínio e o divulgam nos meios onde freqüentam. “Os turistas são muito importantes para a renovação de nosso quadro de investidores”. A fidelidade de um consumidor de alta renda também se dá pela forma contínua e surpreendente de se comunicar. Elizeu Simon Pereira, diretor da Savarauto, concessionária Mercedes-Benz

Pereira, da Savarauto: fidelidade dos consumidores de alta renda

em Porto Alegre, diz que os clientes, em geral, já participam de círculos comuns de relacionamento. Além de coquetéis e jantares na própria empresa, a Savarauto procura estar presente em eventos freqüentados pelo seu público-alvo, como torneios de golfe, hipismo e tênis.

O mercado de produtos e serviços voltado para as classes altas movimenta US$ 2,3 bilhões no Brasil e vem registrando um crescimento médio anual de 30% nos últimos cinco anos, de acordo com Ferreirinha. “Vejo ainda 10 anos de crescimento forte, a exploração é recente”. Na

Proteção à família Canal de oferta e desenho de produto adequado colocam os seguros na lista de consumidores de baixa renda A AON Affinity do Brasil atua no mercado de baixa renda desde 1999, registrando um crescimento médio de 35% ao ano. A seguradora conseguiu transformar pessoas de menor poder aquisitivo em clientes ao oferecer seus produtos em contas de serviços essenciais, como energia elétrica e telefonia fixa. Para

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Medeiros: oferta adequada às expectativas

2006, a meta é expandir 40%, ampliando as parcerias com redes de varejo. “É preciso ter um canal de oferta e desenho de produto adequado às expectativas e possibilidades do consumidor”, diz César Medeiros, superintendente de marketing. O foco na comunicação dos benefícios completa a estratégia da empre-

sa. E, neste caso, o maior benefício é a proteção à família, conforme apontado por 80% dos entrevistados em uma pesquisa encomendada ao Data Popular. Por um acréscimo de apenas R$ 3,99 à conta mensal de energia elétrica, por exemplo, o segurado recebe cobertura financeira contra desemprego, invalidez, danos à residência cau-


Valorização contínua A estratégia vencedora da Habitasul em Jurerê Internacional

outra ponta estão 85% da população, que detém 47% da renda disponível no país. “O futuro está na base da pirâmide, todo planejamento estratégico deve incluir esse mercado num horizonte de cinco anos”, diz Meirelles. Defina o alvo e escolha as armas corretas para essa guerra.

sados por problemas elétricos e uma assistência domiciliar 24 horas de serviços. Para reter os clientes, são ofertados novos produtos ou a readequação e melhoria da cobertura. No ano passado, a AON Affinity iniciou sua expansão pela América Latina, com a abertura de unidades no México e na Argentina, onde pretende replicar o modelo de atuação utilizado no Brasil. A base é composta por pesquisas que definem o perfil do consumidor e fornece elementos para estabelecer o tipo de produto, benefícios, proteção, preço e comunicação de novos programas de seguro. Assim, o cliente se sente atendido de forma personalizada e individual, como se estivesse frente a um produto único, embora desenhado para atender milhares de consumidores. No Brasil, a carteira da empresa é de 4,5 milhões de segurados ativos.

O grupo gaúcho Habitasul, há mais de 20 anos, prepara a infra-estrutura de Jurerê Internacional. Trata-se de um condomínio de alto luxo, em uma área de 500 hectares no norte da Ilha de Santa Catarina. O conceito explorado no local é a qualidade de vida, e para isso, um master plan delineia a evolução do empreendimento e a oferta comercial. “Não fazer isso seria o mesmo que dar um tiro no pé, pois é isso que nos garante rentabilidade; não vendemos imóveis, vendemos qualidade de vida”, diz Ricardo Cotrim, diretor de marketing. A área hoje é uma das mais valorizadas do país, comparável às regiões nobres de São Paulo. O preço do metro quadrado varia de R$ 850 (terrenos do Morai Ville, empreendimento focado em ecologia, passeios, ciclovias, fontes naturais de água, sem fios aparentes e totalmente arborizado) a R$ 10 mil (área útil do edifício Il Campanário, hotel-residência em construção). Segundo Cotrim, a valorização é contínua e nos últimos anos houve grande avanço de vendas. “Não temos do que reclamar, o verão 2005/2006 foi o melhor de nossa história em termos de comercialização.” Tanto moradores quanto investidores vêem como principal atrati-

vo do empreendimento a qualidade de vida, principalmente no que se refere à sofisticação, natureza exuberante, disponibilidade de serviços, tranqüilidade e segurança. “Isso significa deixar o carro na frente da casa, todas sem muro, levar os filhos à escola a pé e ir ao shopping também caminhando, num condomínio à beira mar e a 15 minutos do centro”, diz Cotrim. Os clientes se dividem em três tipos: morador da cidade ou região, turista e investidor, em geral pessoas de Florianópolis, São Paulo, Curitiba e até mesmo europeus e americanos. O investidor compra já no lançamento e vende depois de pronto, procurando valorização e rentabilidade. A rentabilidade é garantida principalmente pela oferta controlada de lotes e imóveis. Enquanto o plano diretor de Florianópolis permite uma densidade de 143 habitantes por hectare, em Jurerê Internacional convivem atualmente 91 habitantes por hectare. A média final, no entanto, será de 45 por hectare, pois os 60% da área total ainda não comercializada terão uma ocupação de 26 habitantes por hectare. Outra estratégia da empresa é a presença permanente em seus empreendimentos. Os serviços de água e esgoto – o único local do Brasil com redes a vácuo – são prestados pela própria Habitasul, que também é proprietária das áreas comerciais (open shopping, supermercados, restaurantes e escolas).

Il Campanário, hotel-residência em construção: qualidade de vida Julho 2006 – Empreendedor – 39


Josué Christiano Gomes da Silva

RICARDO BENICHIO/VALOR/FOLHA IMAGEM

Perfil

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Herdeiro no comando Filho do fundador leva Coteminas à internacionalização e à liderança mundial na área de cama, mesa e banho por

Alexsandro Vanin

A Springs Global é a maior companhia têxtil de cama, mesa e banho do mundo, detentora de aproximadamente 7,5% deste mercado em todo o planeta, o que corresponde a uma receita de cerca de US$ 2,5 bilhões. Trata-se de um conjunto de 36 fábricas que empregam 25 mil pessoas em cinco países. Com sede no Brasil, possui 11 das unidades e 16 mil funcionários, resultado da fusão da brasileira Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas) e da americana Springs Industries, uma união de marcas fortes como Springmaid, Wamsutta, Regal, Artex e Santista. Um dos principais responsáveis por essa operação é Josué Christiano Gomes da Silva, de 45 anos, superintendente geral da Coteminas e co-presidente da Springs Global. Filho do fundador da Coteminas, José Alencar, ele assumiu o comando em 1996, mesma época em que seu pai se afastou dos negócios para se dedicar à carreira política após erguer um empreendimento sólido com uma administração caracterizada pela construção de ativos, foco em commodities, constante modernização tecnológica e ampliação da produção pela estratégia de comercialização de fios e tecidos de qualidade pelo menor preço. A abertura do mercado brasileiro, no ano seguinte, pôs fim a esta fase.

Josué aprendeu contabilidade com o pai aos 8 anos de idade e aos 15 iniciou sua trajetória pela companhia, da qual se afastou somente para cursar MBA na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Retornou em 1989 com a medalha de ouro por seu desempenho – assim como nos cursos de Engenharia e Administração que fez simultaneamente no Brasil . Ele tinha pela frente o duro desafio de reposicionar a Coteminas, agora em um mercado global. Uma das primeiras medidas do executivo foi a abertura do capital da Coteminas, ainda em 1997, para angariar recursos – a um custo muito menor do que o do crédito tomado

JOSUÉ CHRISTIANO GOMES DA SILVA Idade: 42 anos Local de nascimento: Ubá (MG) Formação: Engenharia e Direito Empresa: Coteminas Ramo de atuação: Têxtil Ano de fundação da empresa: 1967 Cidade-sede: São Paulo Faturamento: R$ 1,7 bilhão Número de funcionários: 16 mil (no Brasil) Linha direta: (11) 2145-4426

em instituições financeiras – suficientes para o estabelecimento de novas estratégias. Entre elas, os estudos de mercados externos que deram origem às primeiras exportações para a América Latina e a aquisição de uma fábrica na Argentina. Segundo Josué, é natural que o processo de internacionalização comece por essa região, devido às semelhanças culturais, lingüísticas, de mercado e de sistemas político-econômicos. Como medidas de fortalecimento, mudou o foco para produtos de consumo e passou a adquirir marcas famosas, utilizando-se de grandes clientes para a distribuição. “Esta foi uma fase de intenso aprendizado”, diz. No ano de 2000, Josué deu uma de suas cartadas mais audaciosas. Ciente do final do Acordo Multifibras (barreiras alfandegárias), marcado para 2004, e da falta de competitividade produtiva americana neste futuro cenário, ele firmou um acordo com a centenária Springs Industries. Esta ficava com a exclusividade do mercado dos Estados Unidos, mas se comprometia a ter como único fornecedor a Coteminas. Assim Josué mudava o foco para exportações direcionadas a grandes mercados de consumo, diversificava produtos e mercados e transferia a distribuição para grandes varejistas e lojas de departamento. A partir do ano seguinte, quando a aliança entrou em operação, Julho 2006 – Empreendedor – 41


Perfil

Josué Christiano Gomes da Silva nor do que a brasileira. Na opinião de Josué, foi um casamento perfeito: a união da eficiência e baixo custo de produção da Coteminas com a força de marketing, design e relacionamento com redes globais de varejo da Springs. De acordo com ele, dentro de um prazo de até dois anos, a união gerará sinergias de até US$ 100 milhões anuais.

Nova fase Em janeiro deste ano entrava em operação a Springs Global, cujo maior concorrente tem apenas 40% de seu tamanho, marcando o foco de uma nova fase para a Coteminas, a internacionalização. A joint-venture tem forças suficientes para enfrentar a expansão da indústria chinesa nas Américas e competir na própria Ásia, onde está prevista a construção de duas fábricas. Na Europa, também

considerada um mercado prioritário, a Coteminas tem uma aliança – semelhante a que mantinha nos Estados Unidos – com a portuguesa Coelima, e Josué não descarta a possibilidade deste acordo ter o mesmo destino daquele com a Springs. “Precisamos atender clientes que se internacionalizam cada vez mais, como o Carrefour e o Wal-Mart, que avançam rapidamente no mercado asiático. Isso não quer dizer que deixamos de investir no Brasil”, afirma Josué. Parte da estratégia da Springs Global é redistribuir sua produção, concentrando-a no Brasil, Argentina e México, países com mão-de-obra mais barata do que os anglo-americanos. Especula-se que duas novas mil vagas devem ser abertas nas unidades brasileiras. “Buscamos a internacionalização para firmar a liderança regional e ganhar força na competição global, aproveitando nossas vantagens

RICARDO BENICHIO/VALOR/FOLHA IMAGEM

as exportações para aquele país passaram a crescer exponencialmente, chegando a um valor próximo a US$ 250 milhões no ano passado. No entanto, a Coteminas já fornecia 65% de todas as toalhas vendidas pela Springs naquele mercado e a tendência era de crescimento do fornecimento, o que representaria um grande risco para as duas corporações. A proposta de fusão partiu da Springs, mas foi de Josué a atitude de ligar para Crandall Close Bowles, presidente da Springs (e co-presidente da nova companhia), e chamar para eles e os demais acionistas a responsabilidade da discussão. Em três meses chegaram a um acordo: a jointventure englobaria a área de cama, mesa e banho das duas empresas, que controlariam cada uma metade do capital. A americana ainda precisou inteirar a operação com US$ 200 milhões, visto ter uma rentabilidade me-

Coteminas faz parte de uma holding com 36 fábricas, que empregam 25 mil pessoas em cinco países

42 – Empreendedor – Julho 2006


competitivas e gerando receita em moeda forte, além de fugir do baixo crescimento da economia e do alto custo do capital no país. Mas o ideal é aliar um bom mercado doméstico a uma forte atuação no exterior”. Josué, assim como o pai – embora vice-presidente da República –, é um severo crítico da política econômica adotada pelos últimos Governos. Desde o ano passado ele preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), principal centro de ideologias empresariais do país, e também a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para ele, a indústria e serviços brasileiros têm plenas condições de competir no cenário internacional, faltam apenas as condições internas ideais. “Não precisamos ter medo de mercados livres. O Brasil deixou de lado acordos bilaterais importantes ao privilegiar o Mercosul, que apresenta sinais claros de degradação, e a Rodada de Doha, que dificilmente terá sucesso”. A grande reclamação é a taxa de juros e a volatilidade do câmbio, o que tem desacelerado o crescimento da economia, muito abaixo do resto do mundo, após ter apresentado os melhores resultados nas sete primeiras décadas do século passado. Outra é a falta de investimentos e a má aplicação dos recursos existentes em educação. “Podemos crescer a grandes taxas, o Brasil é melhor que a China, Rússia ou Índia, somos tão trabalhadores e dedicados quanto eles, mas somos mais criativos e temos melhores estruturas”, conclui.

1931

Nasce o fundador da Coteminas, José Alencar, em Muriaé (MG).

1963

Nasce Josué Christiano Gomes da Silva, em Ubá (MG).

1967

A Coteminas é criada por José Alencar, em Montes Claros (MG).

1969

É aprovado pela Sudene o projeto que dá bases ao crescimento da empresa.

1975

Início das atividades de fiação e tecelagem, tendo como estratégia a comercialização de fios e tecidos de qualidade por menor preço.

1990

Início da integração vertical

1996

Josué assume a superintendência geral da Companhia.

1997

2000

2001

2005

A abertura do mercado brasileiro marca o fim da primeira fase da empresa, caracterizada pela construção de ativos, foco em commodities e constante modernização tecnológica e ampliação da produção. Abertura do capital da Coteminas e início dos estudos de mercados externos, dando origem, nos anos seguintes, às primeiras exportações. A aliança com a americana Springs é firmada. A operacionalização do acordo marca o fim da segunda fase, caracterizada pelo foco em produtos de consumo, agregação de valor via aquisição de marcas, distribuição via grandes clientes e diferenciação via produtos e mercados. A mudança de foco para exportações direcionadas a grandes mercados de consumo, como EUA e EU, dá origem a terceira fase, caracterizada também pela diversificação de produtos e mercados e distribuição via grandes varejistas e lojas de departamento. Josué assume a presidência do IEDI, principal centro de ideologias empresariais do país e combatente vigoroso da política econômica adotada pelos últimos Governos Federais. É anunciada a fusão da Coteminas e da Springs, marcando o início da quarta fase, que tem como foco a internacionalização.

2006

Entra em operação a Springs Global, a maior empresa do setor têxtil de cama, mesa e banho do mundo, com sede no Brasil.

2007

Projeto de expansão na Ásia e na Europa para atender clientes que também se internacionalizam rapidamente. Julho 2006 – Empreendedor – 43


Pequenas Notáveis Editado por Alexandre Gonçalves

APOIO

Oportunidade para pequenos por

Kátia Negreiros Site Empreendedor

A necessidade de crescer, de se aprimorar, de competir com grandes fabricantes, é um problema para a maior parte das micro e pequenas empresas no Brasil. Para conquistar o sucesso é preciso buscar caminhos alternativos, como a união em arranjos produtivos, locais ou núcleos setoriais. O Empreender é um exemplo de programa que tem aumentado a sobrevivência das pequenas empresas através da participação em Associações Comerciais e união em núcleos setoriais. Segundo informações do Sebrae,

da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), foi estendido a outros sete Estados. Atualmente o projeto alcança 530 cidades, em 2,7 mil núcleos setoriais e mais de 34 mil empresas em todo Brasil. “Já chegamos a ter mais de 800 cidades no projeto, mas muitas não tiveram potencial de desenvolvimento e sobrevivência depois que nós retiramos nossa ajuda de custo inicial. Agora estamos investindo mais em qualificação, em desenvolvimento de ações de apoio e preparo para obter resultados”, explica o Coordenador Nacional do Empreender, Carlos Alberto Rezende.

61% dos novos negócios não sobrevivem ao primeiro ano de vida, principalmente porque não se preparam com análises do mercado, da concorrência ou um plano de negócios. Ao longo de 12 anos de implantação do Empreender, dados mostram que a sobrevivência das empresas ligadas a núcleos setoriais é de 90%, contra 20% das empresas isoladas. O projeto começou nas regiões Norte e Nordeste de Santa Catarina, em 1991, com parceria entre Facisc (Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina) e Sebrae. Com o sucesso, a iniciativa foi expandida para todo Estado em 1997 e, em 2000, com o apoio

Leia a reportagem completa no site Empreendedor: www.empreendedor.com.br/empreender

EDITAL

Para aumentar a interação entre empresas de pequeno e grande portes, o Sebrae e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) lançaram no último dia 20 uma chamada pública no valor de R$ 5 milhões. O objetivo é dar apoio financeiro a projetos de inovação tecnológica em micro e pequenas empresas com potencial para fornecer ou comprar de médias e grandes empresas, conceito conhecido como encadeamento empresarial. Os projetos contemplados devem ser executados por Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT), públicas ou privadas. Além disso, as empresas envolvidas nos projetos precisam estar inseridas nos chamados APLs (Arranjos Produtivos Locais) ou integrarem setores estabelecidos

44 – Empreendedor – Julho 2006

MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE

Parceria disponibiliza R$ 5 milhões para incentivar interação entre pequenas e grandes empresas

como prioritários pela Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) do Governo Federal. Dos R$ 5 milhões, 50% serão aplicados pelo Sebrae e 50% pela Finep. Do total de recursos disponíveis, no mínimo 30% deverão ser aplicados em pro-

jetos cuja Instituição Executora esteja localizada nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. As propostas devem conter solicitação de apoio financeiro de no mínimo R$ 200 mil e no máximo R$ 500 mil. “Há potencial de interação entre micro e pequenas e médias e grandes empresas em diversos arranjos produtivos e setores inseridos na política industrial. Setores como os de petróleo e gás e metalmecânico são alguns que podem ser contemplados pelo edital”, assinala Paulo Alvim (foto), gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae. O edital e todas as informações para a participação estão disponíveis no site da Finep (www.finep.gov.br). As propostas devem ser encaminhadas até o próximo dia 15 de agosto.


O espaço da micro e pequena empresa

MARCELO SOARES/DIGNA IMAGEM

SEM BUROCRACIA

Entidades discutem simplificação na abertura de empresa

APRIMORAMENTO

Convênio ABF-Sebrae beneficia franqueados e franqueadores Realizado durante a edição 2006 da ABF Expo Franchising, o Fórum Setorial de Franquia trouxe uma grande notícia para quem deseja ingressar no mundo dos negócios através do sistema de franquias. Tratase do anúncio e assinatura do convênio do Programa Nacional de Desenvolvimento de Franquias para Micro e Pequenas Empresas, firmado entre a ABF (Associação Brasileira de Franchising) e o Sebrae no valor de R$ 573 mil. Desse total, o Sebrae participa com R$ 398 mil e o segmento, R$ 175 mil. “Esta parceria supera a anterior firmada com o segmento, que se tratava de uma parceria para patrocínio e eventos. Neste caso, nós entramos de cabeça junto com o setor para construir um alcance de maiores resultados, sendo parceiros desde o princípio”, diz César Rech (foto), diretor de Administração e Finanças do Sebrae. “Mais do que palavras, são com gestos como estes que nós afirma-

mos a nossa crença na importância deste segmento, gerador de empregos, de boas práticas de trabalho e garantia de qualidade em grande medida”, avalia Rech. Para ele, o convênio ajudará a qualificar ainda mais o trabalho dos franqueados. Isso através dos instrumentos de gestão do Sistema Sebrae, colocados à disposição dos franqueadores nas áreas de marketing e vendas, finanças e custos, planejamento estratégico, acesso ao mercado, acesso à tecnologia e ao crédito. Além do representante do Sebrae, o Fórum Setorial de Franquia contou também com a participação do presidente da ABF, Artur Grynbaum, do presidente da Alshop, Nabil Sayoun, da diretora do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Aneli Dacas Franzmann, do superintendente da Caixa Econômica Federal, Tarcísio Luiz Dalve, e do secretário-executivo do MDIC, Ivan Ramalho.

Em reunião realizada no último dia 21, em Brasília, técnicos do Sebrae, do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) intensificaram as discussões em torno de alternativas para simplificar e desonerar o processo de abertura, manutenção e fechamento de empresas. “Todos estão fazendo ações semelhantes com o mesmo objetivo. Com debates e definições de iniciativas conjuntas evita-se duplicação de trabalho, uns podem complementar ações de outros e os resultados serão mais eficazes”, explica Helena Rego, consultora de Desburocratização do Sebrae. Segundo Helena, o Sebrae já possui um sistema de mapeamento das obrigações legais das empresas, ainda restrito aos Estados de Pernambuco e Minas Gerais, mas que já está em estágio de aprimoramento para se tornar mais ágil e prático a fim de ser implementando em todo país. Da mesma forma, o DNRC trabalha um novo portal com reforço no apoio ao registro de empresa, que está em fase de implantação. Ele prevê também pesquisa sobre nome empresarial e elaboração de documentos necessários à abertura dos empreendimentos. Já James Matos, assessor da CNM, adianta que a instituição se encarregará de conscientizar as prefeituras sobre a importância de facilitar e desonerar a vida das empresas. “É benefício não só para as empresas, mas para a municipalidade como um todo, contribuindo, por exemplo, para a geração de emprego e renda, para a formalização dos empreendimentos e aumento da arrecadação, facilitando os investimentos das prefeituras em outras áreas”, diz. Julho 2006 – Empreendedor – 45


46 – Empreendedor – Julho 2006


INDEX OPEN

Caderno de Nº 8

A eficácia do uso Limpar o terreno e facilitar a vida de quem utiliza a tecnologia é o caminho mais rápido para alcançar resultados A facilidade de uso é o principal critério para a permanência, escolha e recomendação de sites entre usuários. Na internet, as chances do internauta se tornar cliente aumentam quanto maior for a usabilidade. Ou seja, facilidade e rapidez com que as necessidades são supridas. Sites que não oferecem, de forma acessível, as informações que o usuário procura perdem em eficácia, eficiência e satisfação. Associadas à usabilidade estão propriedades que valorizam e prendem a atenção, como, por exemplo, forma de navegação, composição visual (design), conteúdo, textos, imagens e aplica-

ções que permitem maior interatividade. Tudo isso ajuda a somar qualidade na árdua luta contra a concorrência, em um ambiente no qual pode-se ganhar ou perder o cliente em apenas um clique. A usabilidade também é condição básica e decisiva para melhorar a produtividade dos funcionários que utilizam redes internas de computadores como ferramenta de trabalho. Mas na maioria das empresas ocorre justamente o contrário. Por questões de segurança, o acesso à intranet é restrito. É muito comum o usuário precisar de mais de uma senha para entrar em deter-

minadas áreas. Ou ainda ter que digitá-las mais de uma vez. Mesmo depois de já ter entrado com sua identificação (login), o sistema solicita que ele preencha novamente os dados, prejudicando o seu desempenho. “Além da irritação, essa exigência traz prejuízo para a empresa, porque o funcionário está perdendo um tempo que poderia ser utilizado de forma produtiva”, diz Mercedes Sanchez, especialista em usabilidade. Para alcançar o objetivo proposto em ambientes empresariais, a dica é incluir, desde os primeiros esboços, avaliações em todas as fases do projeto. O usuário deve

Julho 2006 – Empreendedor – 47


TI ser o foco de todo o processo. ConNa opinião da especialista, o forme a especialista, sites com vi- Google é o exemplo mais claro de sual caprichado e mil atributos tec- boa usabilidade. “Tudo facilita a vida nológicos despertam o interesse do do usuário: a caixa de busca é o eleinternauta, mas vai por água abai- mento principal da página inicial, xo se ele não souber como usá-los não há elementos que distraiam ou ou levar muito tempo para realizar perturbem o usuário, o tamanho da atividades básicas. “Não adianta letra e o contraste com o fundo fapensar só na tecnologia, nas cores cilitam a leitura, os links são claraou no conteúdo que vai ser inseri- mente identificados e o principal: a do em um site ou intranet. É neces- busca funciona”. sário pensar também em quem vai Tanto a funcionalidade quanto a usar tudo isso”, diz Mercedes. disposição do conteúdo também Cada ambiente virtual deve ser são importantes nesse processo. O avaliado com base nos objetivos a usuário é bombardeado por uma inque se propõe e com o negócio que finidade de informações e muitas verepresenta. De uma forma geral, boa zes não consegue selecionar as que legibilidade, conteúdo no formato realmente necessita. É o exemplo que a web exige, bons resultados dos mega portais. Eles oferecem na para a busca, navegação clara e di- capa uma variedade gigantesca de reta, formulários simples de preen- links e possibilidades de cliques que cher facilitam o uso. “Para saber se podem tumultuar a cabeça do interum site é fácil de usar e se atende nauta. A personalização do conteúàs necessidades, só tem um jeito: do, de acordo com as necessidatestá-lo com usuários reais”. Ao des do usuário, pode ser o camicontrário, os que restringem o con- nho para oferecer serviço nos molteúdo ou criam cadastros, mesmo des propostos pela usabilidade. “Os gratuitos, para que o portais vieram com a usuário tenha acesso, proposta de filtrar a insão exemplos de falta formação para o usuário. de usabilidade. “Se Eles não vão acabar, tem uma coisa que o mas a tendência, hoje, é usuário de internet que fiquem cada vez odeia é perder tempo. mais segmentados”, diz Se para acessar, tiver Frederick van Amstel, que se cadastrar, ele professor do Curso de desiste na hora, até Tecnologia em Web Deporque sempre há ousign do Grupo Educaciotro site que não pede nal Opet e autor do blog cadastro. Num clique Usabilidoido, que trata ele dá adeus e vai para do tema. o c o n c o r r e n t e ” , d i z Frederick: portais A história da usabilimais segmentados Mercedes. dade começou quando

Resultados da facilidade no uso – Aumento das vendas no site (e-commerce); – Aumento das vendas fora do site (produtos bem promovidos); – Aumento da satisfação do usuário; – Aumento do número de visitantes; – Diminuição dos gastos com suporte/call center; – Melhora a imagem da empresa.

48 – Empreendedor – Julho 2006

Quesitos para mensuração – Eficácia: O usuário consegue encontrar o que necessita? É capaz de se cadastrar, de fazer uma compra, um download ou outra atividade típica do site? – Eficiência: Quanto tempo ele levou para encontrar o que precisava, quantos cliques precisou dar, quanto tempo levou para aprender a usar o esquema de navegação? – Satisfação: O visual permitiu que o usuário navegasse sem problemas, ele ficou satisfeito, voltaria a navegar no site, o que poderia melhorar ou o que mais poderia ser oferecido?

!


usabilidade o ser humano passou ência que visa melhorar a a utilizar ferramentas, atividade produtiva e a como pedras usadas adaptação do trabalho para macerar o aliao homem. Atualmente, é mento. Depois aprimuito utilizada para menmorou o formato da surar as facilidades de pedra, pontiaguda de uso em ambientes virtuum lado e redonda ais. “A facilidade permite de outro, para que aprendizagem mais rápifosse mais eficiente e da, oferece segurança não machucasse a para não cometer erros, mão. A pedra foi mais o usuário fica mais seguuma vez lapidada e a Mercedes: testes ro do que está fazendo e ponta deu lugar à for- evitam transtornos aumenta sua performanma totalmente arrece e eficiência na utilizadondada, surgindo, assim, a roda. ção de um determinado artefato ou Mas o conceito só nasceu após a sistema”, diz Amstel. Segunda Guerra Mundial, com maiA usabilidade é relativa a cada or preocupação, pesquisa e investi- pessoa (depende da cultura, idade, mentos na área da ergonomia – ci- dificuldades físicas ou mesmo psicológicas), sendo mais fácil o entendimento e uso para uma do que para outra. Somente com pesquisa de mercado para conhecer e definir o público-alvo e não deixar o empreendedor correr o risco de se basear apenas em estereótipos. Os testes feitos diretamente com usuários reais são os únicos capazes de entender como eles pensam, agem e classificam as informações fornecidas no site. Existem técnicas que ajudam a avaliar a usabilidade, levando-se em conta a fase em que o projeto está. Se estiver no início, por exemplo, os testes podem ser feitos com protótipos de papel ou páginas da web. “A vantagem é que você testa o site a um custo baixíssimo e evita que os problemas só apareçam lá na frente, quando é mais difícil, demorado e caro corrigir os pro-

?

Dicas – Conhecer muito bem o público-alvo, não se basear em estereótipos para tomar decisões; – Focar no público-alvo desde a fase do planejamento; – Testar o site com usuários do seu público-alvo; – Observar como eles navegam, onde clicam, por que, as dificuldades que enfrentam, o que funciona e não funciona para eles; – Estar preparado para lidar com exceções, no caso do produto ser lançado para um determinado público, mas ser melhor recebido e utilizado por outro diferente; – Analisar o site com especialistas. blemas”, diz Mercedes. Observar o usuário, durante a avaliação, também pode contribuir para ajustar possíveis problemas relacionados à facilidade de uso. Nesse método, o internauta é chamado para utilizar o produto, com a missão de realizar determinadas tarefas. Isso é feito com câmeras de vídeo para filmar as reações e com softwares que rastreiam os pontos do site nos quais o usuário passou, clicou e permaneceu mais tempo. “Se um site não for fácil de usar, não será usado (ou não o quanto se gostaria) e o investimento estará seriamente comprometido, porque não haverá o retorno esperado”, diz Mercedes. (Fábio Mayer)

Resultados da falta da usabilidade – Se é difícil, complicado, as pessoas simplesmente não acessam; – Quando obrigadas a usar um sistema complicado, as pessoas desperdiçam tempo; – Mesmo obrigadas a usar o sistema, as pessoas farão de tudo para interagir com ele o menos possível; – Requer mais horas de suporte; – Requer mais horas de trabalho para mudanças e ajustes. INDEX OPEN

Junho Julho 2006 – Empreendedor – 49


TI

Arquivos velozes Como ganhar tempo e eficiência com tecnologia para gerenciar pastas virtuais Quando o empreendedor precisa encontrar documentos nos tradicionais arquivos, comuns em muitas empresas, no mínimo tem que realizar uma série de ações. Levanta da cadeira, caminha até a gaveta, encontra a pasta e os documentos desejados, faz o caminho inverso, os utiliza, depois retorna, devolve a papelada no seu devido lugar e, por fim, volta à sua mesa. Alguns acreditam que isso é até saudável porque ajuda a se movimentar e, nessa peregrinação, aproveitam para avaliar o trabalho dos funcionários, orientar e resolver problemas. Mas no quesito agilidade, perde-se muito, porque a simples ida ao arquivo pode postergar outros compromissos e atividades, muitas vezes mais urgen-

tes. Com o tempo, a rotina se transforma em cruzada, mesmo em ambientes corporativos organizados. Para solucionar a perda de tempo e atender a demanda por mais agilidade, surgiu o Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) ou Document Imaging. O objetivo é gerir imagens digitais feitas a partir de papéis ou microfilmes, por meio de escanerização ou digitalização. Isso facilita o acesso e a visualização do documento e permite ao empreendedor armazenar, localizar e recuperar arquivos com maior rapidez. Na prática, a aplicação dessa tecnologia contribui para melhorar a velocidade e a eficácia das decisões empresariais, aumentar o controle do negócio e diminuir custos com có-

Edison: “Estão surgindo novas necessidades e modalidades de controle”

50 – Empreendedor – Julho 2006

pias ou impressão de documentos, armazenagem, mão-de-obra qualificada na procura ou arquivo de documentos, extravio ou destruição, trânsito entre setores da empresa ou localidades e envio (correio/fax) de documentos. A GED também pode dar apoio a outras tecnologias como o ERP e CRM. Além disso, ajuda no clipping (arquivo de recortes) de reportagens ou anúncios da empresa em jornais e revistas, bibliotecas digitais, catálogos de peças, listas de preços e até na conversão de acervos históricos de documentos. “A tecnologia ajuda a aumentar a receita, diminuir o custo dos processos administrativo e operacional, melhorar a eficiência dos processos críticos, criar um diferencial competitivo, melhorar o atendimento ao cliente e preservar o ‘capital intelectual’”, diz João Albeto Lisot, Diretor da ArqDigital – Tecnologia em Arquivos. Empresas de quaisquer áreas e portes podem utilizar e se beneficiar do GED. O valor do investimento depende dos equipamentos e programas que serão utilizados e da aplicação da ferramenta. Mas antes é necessário responder algumas questões como: a instalação requer maior ou menor espaço? Isso será determinado pela quantidade e o tipo de documentos que serão armazenados. Em que resolução e formato a imagem deve ser digitalizada? Geralmente no formato JPG e a resolução varia conforme a qualidade final do documento: quanto melhor, maior vai ser o tamanho do arquivo. Outra dúvida muito comum é se a empresa precisa de um terminal com um banco de dados para acessar os documentos. O empreendedor pode optar por manter um equipamento e alimentar a base de dados com documentos digitalizados. Nesse caso, as consultas são feitas por rede interna (intranet) ou pela internet, se na empresa for usado um provedor, restringindo ou não o


gestão Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) Facilidades – Redução com cópias, uma vez que os documentos estão disponibilizados em rede. – Aproveitamento de espaço físico. – Aumento de produtividade devido ao gerenciamento automatizado do processo. – Evita-se extravio e falsificação de documentos. – Aproveitamento da base de informática já instalada na empresa. – Inúmeras possibilidades de indexação e localização de documentos. – Agilidade no atendimento ao cliente com respostas precisas e instantâneas. – Integração com outros sistemas e tecnologias. – Recuperação da empresa após catástrofes ou desastres (incêndios, enchentes, etc), uma vez que podese manter cópia de toda a documentação fora da empresa.

Aplicabilidades acesso aos credenciados. “Cada companhia tem um projeto específico e estão surgindo novas necessidades e modalidades de controle”, diz Edison Pedro Bom, diretor comercial da Star System. A decisão também pode ser pela contratação de uma empresa que presta serviço na área. A documentação é submetida a uma classificação por tipo de documento. É feita também uma preparação do que será digitalizado, pois os papéis não podem ter grampos e resíduos de cola, para não dificultar o processo. “É feita uma avaliação para saber que tipos de controles o empreendedor pretende para sua organização e, num segundo passo, é realizado um levantamento dos equipamentos que ele dispõe e os investimentos necessários”. Depois de digitalizados, o empreendedor já pode utilizar os arquivos. (Fabio Mayer)

– Acesso a manuais operacionais e técnicos, a contratos de clientes e fornecedores, a relatórios contábeis e financeiros e a processos, decisões, contratos, petições. – Apoio ao gerenciamento do conhecimento, ERP, CRM, comércio eletrônico e outras tecnologias. – Arquivos de recortes de jornais e revistas (clipping). – Automação de cartórios. – Bibliotecas digitais. – Catálogos de peças e listas de preços. – Controle completo de compras, do pedido à entrega do produto. – Conversão de acervos históricos. – Documentos em geral. – Gerenciamento de correspondência, fax, e-mail e outros veículos. – Gerenciamento de ordens de serviço. – Processos de importação e exportação. – Prontuários das áreas de recursos humanos, incluindo recrutamento e seleção. – Resultados de exames laboratoriais. Julho 2006 – Empreendedor – 51


TI

marketing

Anúncios em toda parte Painéis eletrônicos ganham força entre as novas plataformas de publicidade Não há limites – a não ser legais – para a exposição de conteúdo publicitário. A vedete do momento é a internet, especialmente os anúncios Google, mas os media tradicionais perdem cada vez mais espaço para as mais variadas plataformas, de verso de cupons fiscais a peças gráficas em banheiros de locais públicos. Na vanguarda, despontam os painéis eletrônicos, inclusive sensíveis ao toque (touchscreen), e os dispositivos móveis de comunicação, principalmente celulares, que no Brasil já contam com mais de 88 milhões de linhas ativas. Os aparelhos de última geração proporcionam uma infinidade de recursos tec-

nológicos, muito além de mensagens de texto (SMS), como fotos, vídeos, jogos e animações. A publicidade em celulares só não é mais explorada porque ainda existem poucos estudos sobre a receptividade dos usuários e os custos ainda são altos. “Ninguém quer arriscar, não se sabe qual será a reação e muito menos qual será o retorno”, diz Cristiano Miano, presidente da Digipronto. A empresa, de São Paulo, tem sete anos de experiência em desenvolvimento de sistemas para internet e para clientes como Ambev, Porto Seguro, Schering do Brasil, General Mills e Saint Gobain Glass. Uma saída para não ser invasivo é

montar um portal com serviços via celular e permissão para o envio de propagandas atreladas ao mesmo. Uma empresa de insumos agrícolas, por exemplo, pode oferecer a previsão do tempo e na mesma mensagem inserir conteúdo publicitário de seus produtos. Diversas instituições e empresas já oferecem conteúdo para aparelhos que se comportam como centros portáteis de mídia, como demonstrado nas feiras internacionais: Cebit 2006 e CTIA Wireless 2006. O Vaticano envia aos usuários cadastrados o Pensamento do Dia, e a editora britânica Universalis oferece serviço eclesiástico 24 horas. No Japão, torna-se comum o download de trailers de filmes em celulares. No aeroporto internacional O’Hare, em Chicago, nos Estados Unidos, foi instalado recentemente pela Accenture, empresa global de consultoria de gestão, serviços de tecnologia e outsourcing, um monitor touch-

Monitor interativo sensível ao toque exibe notícias, previsões do tempo e informações sobre esporte

52 – Empreendedor – Julho 2006


inovação screen interativo. Ele exibe as últimas notícias, previsões do tempo e informações sobre esporte por meio do toque das pessoas na tela. O aparelho, que mede 2 metros de altura e 3 de largura, atende mais de um usuário simultaneamente e permite a geração de gráficos, imagens e outros dados de forma interativa, características não presentes nos painéis eletrônicos disponíveis no mercado. O projeto faz parte da Accenture Interactive Network, metodologia que combina novos softwares e tecnologia de ponta. Segundo Teresa Poggenpohl, diretora-executiva da área Global Advertising e Brand Management da Accenture, essa configuração exposta no aeroporto de Chicago representa uma prévia do futuro próximo da propaganda em aeroportos e espaços públicos devido a sua versatilidade. Outro monitor será instalado no aeroporto internacional JFK, em Nova York. O barateamento da tecnologia touchscreen tem facilitado a instalação de equipamentos sensíveis em vários estabelecimentos, principalmente bares, restaurantes e casas noturnas. Eles são utilizados pelos garçons, por meio de máquinas portáteis, e nas ilhas (caixas e terminais). O uso desses sistemas, além de proporcionar agilidade no atendimento, devido ao seu manuseio fácil, tem como vantagem a facilidade no treinamento das equipes. Há diferentes tecnologias no mercado, sendo quase todas compatíveis com monitores LCD e CRT. Basta instalar o software adequado e conectar o equipamento às portas seriais do computador para que o teclado e o mouse sejam substituídos pelo toque no monitor. Um dos aplicativos compatíveis é o SnackControl. Ele é capaz de garantir a administração de estabelecimentos de qualquer porte, de uma pequena lanchonete a um parque temático com 200 pontos-devenda, como verificado pelos clientes do produto da Elo TouchSystems, líder mundial em tecnologia touch. (Alexsandro Vanin)

Conserto a distância Telediagnóstico reduz tempo de solução de problemas mais complicados Ficar com o automóvel parado, por não achar solução para os problemas apresentados, não chega a ser uma preocupação para os proprietários de veículos Audi. A montadora alemã criou um programa de telediagnóstico. Ele permite aos técnicos da sede da unidade brasileira, em São Paulo, acompanharem, on-line e a distância, o reparo dos sistemas eletrônicos de comando dos carros nas oficinas de qualquer uma das 28 revendedoras da marca no Brasil. Quando um automóvel Audi é levado para reparo, é feito inicialmente um check-up eletrônico para avaliação dos componentes. O diagnóstico é coletado por um equipamento chamado VAS 5051, capaz de analisar até 70 unidades eletrônicas de comando e suas centenas de sensores de maneira rápida e precisa ao ser conectado ao veículo e à internet. O serviço de telediagnóstico entra em ação quando os mecâ-

nicos da concessionária encontram algum tipo de problema eletrônico mais complicado e crítico no veículo. Nessa hora é acionado o sistema de comunicação, que conecta on-line o computador da concessionária à central de auxílio técnico da Audi. Assim, os especialistas ajudam remotamente os mecânicos a solucionarem o defeito. Segundo Norberto Kroeger, responsável pela área de suporte técnico da Audi Brasil, a empresa ganhou produtividade e rapidez na resolução de problemas com o novo sistema. Nos dois primeiros meses de uso, 30 veículos foram reparados com o auxílio do telediagnóstico. Todos os modelos Audi, mesmo os mais antigos, podem ser checados por esse equipamento, que recebe atualizações a cada um ou dois meses da fábrica da Audi AG, na Alemanha, para incorporar as novidades acrescentadas aos novos modelos. (AV)

Audi: especialistas ajudam remotamente os mecânicos a solucionarem defeitos Julho 2006 – Empreendedor – 53


TI

produtos

Incentivo à informática A Confederação Nacional do Comércio (CNC) criou recentemente a Câmara Brasileira de Informática (CBI), que surge com a proposta de tornarse o grande mobilizador do setor em conjunto com instituições representativas do cenário nacional. A entidade tratará exclusivamente de informações e serviços que não existiam no meio sindical de TI, como questões tributárias, padronização de acordos coletivos de trabalho e criação e coordenação das ações de sindicatos esta-

duais, com reuniões periódicas para ações padronizadas. Para presidir o novo órgão consultivo foi nomeado o vice-presidente da Fecomércio-RS e presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio Grande do Sul (Seprorgs), Renato Turk Faria, que ficará no cargo até 2009. “O surgimento desta câmara é um reconhecimento da CNC ao setor da informática como área significativa no segmento do comércio de bens e de serviços”, diz Faria. www.cnc.com.br

Convergência na Intelbrás A linha de centrais ImPacta, com modelos para empresas de pequeno, médio e grande porte, integra a nova geração de soluções em telefonia da Intelbras. Os equipamentos permitem interfaces de comunicação via protocolo IP e Ethernet, com programação via PC, Palm Top ou USB, o que os tornam flexíveis para atender os mais variados segmentos do mercado corporativo. A economia, segundo a Intelbrás, está na possibilidade de integrar dois ambientes de trabalho distintos como um ramal interno, o que reduz custos em empresas que

desejam, por exemplo, melhorar o desempenho nas comunicações entre matriz e filial. Disponível nos modelos 220, 140, 68 e 16, a linha ImPacta também oferece facilidades de comunicação com aplicativos extras e é indicada para clínicas médicas, escritórios e indústrias. www.intelbras.com.br

Segurança sem fio A Internet Security Systems (ISS), especialista em segurança de redes sem fios para bancos e órgãos governamentais, alerta sobre os perigos e ações preventivas necessárias para a implementação e uso das redes wireless. A recomendação para empresários e usuários domésticos das conexões sem fio é redobrar os cuidados com a segurança das informações. “Até 2009, mais de 200 milhões pessoas em todo o mundo usará algum tipo de aplicativo móvel, e a quantidade de pontos de acesso ul-

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trapassará a casa dos 200 mil”, diz Marcelo Bezerra, diretor Técnico da ISS para a América Latina. Os métodos de proteção das redes wireless, segundo o especialista, são similares aos das redes convencionais, com uma pequena diferença consiste na implementação das soluções. “É importante fazer um plano abrangente de segurança, com protocolos específicos, medidas de gerenciamento remoto da rede e regras rígidas de acesso à internet, entre outras medidas”, diz Bezerra. www.iss.net

Webcams para Skype A Creative Technology, fabricante de acessórios para entretenimento digital, recebeu certificação do Skype em sua linha de webcams para a utilização do aplicativo Skype Vídeo. A chancela possibilita aos usuários de webcams da Creative realizarem vídeos de conferências gratuitas na Internet. “Este acordo com a Creative faz parte da estratégia do Skype de aprimorar continuamente a experiência do consumidor. Assim, seus usuários na América Latina podem se comunicar facilmente com familiares e amigos pela Internet, utilizando voz e vídeo”, disse Carlos Pires, gerente de desenvolvimento de mercado da Creative para América Latina. Preços e modelos podem ser consultados no site. www.us.creative.com

Uso do PC no Brasil Com o objetivo de mapear os principais mercados e direcionar futuros investimentos no Brasil, a Intel realizou uma pesquisa para identificar os hábitos de consumo de tecnologia do brasileiro. As conclusões do estudo serão usadas pela Intel para avaliar o potencial de compra de um novo PC por usuários e não-usuários de computadores. Como resposta única, as pessoas entrevistadas consideraram a “educação” como o principal motivo para adquirir um computador pela primeira vez, assim como “navegar na internet” e “melhorar a comunicação”. A pesquisa foi qualitativa com oito grupos de cada segmento (classes A, B e C), e também quantitativa, com mais de 4 mil entrevistas realizadas entrevistas nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Uberlândia, Santo André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Teresina, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió, Salvador, Contagem, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Campinas, Guarulhos e Osasco. www.intel.com.br


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Franquia Total

Suplemento Especial da Revista Empreendedor – Ano V – Nº 56

CASA DA PHOTO

Mudança no mapa Num movimento natural de busca de novos mercados, o crescimento do franchising está focado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil Grande parte das franquias brasileiras nasceram na região Sudeste e a expansão mais forte ocorreu justamente ao redor desta área, alcançando aos poucos o Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Hoje existe uma saturação de algumas marcas, e de alguns setores, no eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais, o que faz com que as redes busquem novos mercados consumidores a todo instante. E nos últimos anos as regiões Norte e Nordeste têm sido o foco de muitos investimentos, não só pelas características turísticas, mas pela própria potencialidade revelada pelo enriquecimento progressivo da população. O Estado de Pernambuco, por exemplo, teve um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2005, maior do que a média do Brasil O consultor Hamilton Marcondes, da HM Consultoria, sediada em Recife (PE), afirma que esse movimento crescente está aliado também a uma extraordinária receptividade dos consumidores locais às marcas de fora. “Alguns estados estão tendo um crescimento econômico muito forte, com grandes investimentos de grandes empresas, inclusive do exterior”. A região Nordeste teve também uma revitaliza-

ção dos aeroportos de quase todas as atestar que algumas das melhores lojas capitais e há um incremento do turis- de faturamento estão instaladas no Normo que força uma demanda muito for- deste”, diz o consultor Hamilton Marte por produtos de outros centros. “Ar- condes. Nas regiões Norte e Nordeste é risco até em dizer que nos próximos possível atingir todos os segmentos de cinco anos, o grande foco do cresci- consumidores. “O caminho não é fácil mento do franchising no Brasil está pois existe uma diferença cultural entre as regiões, mas a principal dificuldade é nestas regiões”, diz Hamilton. O aumento do número de shopping a renda per capita. O Nordeste, apesar centers, principalmente nas capitais, é de apresentar um crescimento acima da outro fator que revela o potencial para média nacional, ainda tem uma baixa rena entrada do franchising nas regiões. da per capita, ou seja, poder de consu“Se visualizarmos o índice de ocupa- mo ainda inferior ao do Sudeste”, afirção dos shoppings com marcas que são ma o diretor regional da ABF. É essencial ficar atendo franchising, vamos to ao fato de que são merperceber que em São cados muito diferentes do Paulo este índice regula Sul e Sudeste, com caracacima dos 60 %, cheterísticas diferentes entre gando até 100 % de marsi. O consultor Marcondes cas franqueadas, como é destaca que o mercado da o caso do Iguatemi. No Bahia não é igual ao merNordeste este índice cai cado de Pernambuco e ao para abaixo de 30 % em do Ceará, principalmente média”, diz Leonardo no segmento de alimentaLamartine, diretor regioção. “Por isso, é necessánal da ABF para Norte e rio um trabalho de prosNordeste e diretor do pecção e de pesquisa basGrupo Bonaparte. tante sério antes de entrar “Se analisarmos os Marcondes: melhor rankings de algumas re- faturamento está nas nestas regiões, até porque já existem redes locais des de franquia vamos lojas do Nordeste Julho 2006 – Empreendedor – 57


Franquia Total bem estruturadas competindo com igualdade de condições com as redes de fora”, diz. E são justamente estas redes que estão realizando o movimento contrário, ou seja, expandindo suas marcas para outras regiões do país, levando a experiência de atuação no mercado nordestino e adaptando-se às demandas de estados bem diferentes. “As franqueadoras do Nordeste têm investido bastante nesta adaptação. Eu diria sem medo de errar que a maioria das redes nascidas no Nordeste estão prontas para ingressar no mercado Sudeste”, diz Leonardo Lamartine. O próprio Grupo Bonaparte, rede de restaurantes, é um exemplo. A maioria das unidades foram, naturalmente, sendo abertas em Pernambuco, Estado onde a marca iniciou as atividades, e seguindo pelos outros estados do Nordeste e chegou até o Amazonas. Mas a rede também está presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, devendo ampliar ainda mais o número de restaurantes em outras regiões. O cardápio da rede tem como base ave, carne, peixe e até 15 opções de acompanhamento, com inúmeras possibilidades de combinação entre si. Aliando isso a uma cozinha que pode ser vista

pelo consumidor, o Bonaparte inovou o conceito geralmente atribuído a refeições rápidas, que fixava a idéia de uma alimentação pobre em sabor e nutrientes. Também no ramo de alimentação, a rede Camarão & Cia começou sua história no Nordeste, através do Grupo Secom (Aqüicultura Indústria e Comércio), do Piauí, e teve sua primeira loja inaugurada no Shopping Recife, em Pernambuco. Hoje, presente em seis estados – Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Bahia e Santa Catarina – o Camarão&Cia oferece aos clientes um produto sobre o qual tem o controle absoluto, desde a reprodução em laboratórios até as mesas dos restaurantes. A empresa está com um ousado plano de expansão e pretende chegar a todo o país. A estratégia está baseada num bem estruturado projeto com apoio total ao franqueado. O investimento para abrir uma loja de 40 m 2 varia entre R$160 a R$180 mil fora o ponto comercial. Outras marcas fazem o mesmo trajeto, saindo das regiões Norte e Nordeste em direção aos centros de RioSão Paulo ou Sul do país. A rede Movimento, de moda praia e ginástica, a Pharmapele, rede de farmácias de manipulação, a Contours Express – aca-

Bob’s trocou um dos sucos no cardápio do Norte e Nordeste pelo de acerola

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demia só para mulheres e a Sueldo’s, rede de acessórios em couro, são outros exemplos. E ainda há outras iniciando no franchising. A HM Consultoria, só em dezembro, entregou dez processos de formatação de franquia.

Marcas de sucesso No caminho inverso, as redes que chegam lá se adaptam às necessidades e acabam até trazendo para todas as unidades as novidades encontradas no Nordeste. É o caso da rede de fast food Bob’s, que trocou um dos sucos oferecidos no cardápio do Norte e Nordeste pelo de acerola. Logo foram feitos testes no restante do Brasil e a aceitação foi tão positiva que a acerola substituiu o maracujá em todos os 458 pontos de venda da rede. O diretor de marketing e expansão do Bob’s, Flávio Maia, contou a história para exemplificar como o fato de ter que se adaptar dentro das diversidades brasileiras podem trazer bons resultados para todos os que fazem parte da rede. O Bob’s tem 5% das suas unidades no Norte e 13% no Nordeste, sendo que estes números vem crescendo sistematicamente ano a ano. No início do ano foi assinado contrato para a abertura de um restaurante no Acre, colocando o Bob’s como única rede de fast food em todas as capitais brasileiras. “O crescimento da rede tem sido em todas as regiões do país, mas estamos sentindo que o potencial de consumo dos turistas do Norte e Nordeste tem crescido e isso é interessante”, diz Flávio Maia. A empresa registrou em janeiro um crescimento de 44% nas vendas, em relação ao mesmo período de 2005. E no ano passado teve um crescimento do número de lojas em 20%. A meta é chegar ao fim de 2006 com 560 pontos de venda em todo o Brasil. O Bob’s espera crescimento de 54% no Norte com abertura de 15 novas lojas. Atualmente a região tem 27 lojas. O Nordeste deve registrar aumento de 32% com abertura de mais 21 lojas. Atualmente a região possui 66 pontos de venda.


FOTOS CASA DA PHOTO

Master: parcerias no segmento de turismo que direcionam negócios para os franqueados da região

Detalhes que importam Exemplos de quem conseguiu entrar no mercado nordestino A rede de locação de veículos Master desenvolveu um método que indica a viabilidade ou não de abertura de unidades em diversas cidades brasileiras. “Este estudo leva em conta o potencial turístico, o índice de uso de carro-reserva das seguradoras, o desenvolvimento de indústrias, do setor comercial e de serviços da região, a densidade demográfica e o poder aquisitivo da população de cada uma das cidades do país para apontar onde devem ser abertas as novas unidades”, diz Renato Fraga, gerente de franchising da marca. Foi através dessa pesquisa e da identificação de um grupo de empresários que tinham interesse em investir no Nordeste que a Master entrou naquela região. O Nordeste tem atraído um número cada vez maior de turistas bra-

sileiros e estrangeiros. Algumas indústrias se instalaram na região e, simultaneamente, trouxeram a perspectiva para alugar a corporações. “Desde o ano passado nossos franqueados na região tem se superado em quantidade de locações, gerando um crescimento da frota de veículos”, diz Fraga. As maiores dificuldades ocorreram nas locações para clientes locais que desconfiavam de uma marca nova, do Sudeste, na região. Outra dificuldade natural foi o período de divulgação inicial, identificando mídias adequadas para atingir o público alvo. No entanto, a vocação turística do Nordeste forçou a Master a enxergar e procurar parcerias no segmento de turismo que direcionassem negócios para os franqueados da região. As franquias de outras regiões direcionam seus negócios para clientes corporativos, principalmente através do aluguel de frota. “Lá, tivemos que priorizar o aluguel diá-

rio, voltado ao turismo de lazer e a negócios e realizar o trabalho corporativo, com aluguel de frotas ao mesmo tempo, para garantir a rentabilidade constante do negócio, sem ter que ficar preso aos ganhos sazonais”, afirma o gerente.

Linha Direta Bob’s (21) 2536-7500 Bonaparte (81) 2126-1111 Camarão & Cia (81) 3465-6668 Contour Express (11) 3868-3141 HM Consultoria (81) 3327-9430 Master Rental (11) 3352-8906 Movimento (81) 3338-1840 Pharmapele (81) 3305-5080 Julho 2006 – Empreendedor – 59


Franquia Total A Antídoto Cosméticos teve um aumento de R$ 10 milhões em seu faturamento total no ano passado, resultado de um ano excelente para o setor, que cresceu 68,92% nos últimos dez anos. Depois da década de 90, marcada pela vaidade como fonte geradora do conceito de se vestir, a partir do ano 2000, um novo conceito, que associava a beleza física com a busca de uma vida saudável, impulsionou o crescimento e a liderança do setor de saúde e beleza. “Além de oferecer um investimento a partir de R$ 33,2 mil para a abertura de um quiosque, é uma franquia cuja lucratividade do franqueado gira em torno de 150%. Isso sem falar da grande aceitação e atratividade dos produtos em todo o Brasil, já que todas as linhas possuem cosméticos naturais à base da Aromaterapia. A novidade combina essências de flores e frutas, com preços que cabem em qualquer bolso”, completa Marcelo Sarpe, diretor de negócios e expansão. (11) 4330-1908

Ginástica em meia hora O que era moda já virou rotina nos Estados Unidos e no Brasil está cada vez mais caindo no gosto das mulheres. São as academias de ginástica que oferecem circuitos de exercícios de meia hora em equipamentos específicos e só para elas. Uma das redes americanas é a Contour Express, que chegou em 2004 no Brasil pelas mãos do empresário cearense Cassiano Ximenes e este ano mais do que dobrou o número de unidades: alcançou 30 contratadas. “Nossa meta é comer-

INDEXOPEN

Mercado ampliado

cializar 60 unidades em 2006 e chegar a 100 em 2007”, diz Ximenes. O investimento para abertura de uma unidade é de R$ 150 mil com previsão de retorno de 24 meses. (11) 3868-3141

Tradição vira franquia Não só as apostilas, como todo o sistema de ensino do Colégio Anglo-Americano está sendo anunciado como franquia. De acordo com Rodrigo Suassuna, vice-presidente do Grupo Educacional Anglo-Americano, o objetivo é expandir o modelo de educação para todo país. Para implantar a estratégia, o Anglo-Americano investiu cerca de R$ 250 mil. A expectativa é ter oito escolas franqueadas em 2007 e alcançar, até 2015, um total de 60

franquias. Além dos empreendimentos inteiramente novos (investimento de R$ 600 mil a R$ 3 milhões), também podem se tornar franqueados outros colégios, a chamada “franquia de conversão” (com investimento a partir de R$ 100 mil). “A franquia educacional do AngloAmericano é, sem dúvida, uma opção promissora de negócios, que irá muito além da utilização de material didático”, afirma Suassuna. www.angloamericano.edu.br

Saúde é o que interessa Mistura de prestação de serviços e venda de um produto inovador, a rede Migun do Brasil tem 23 unidades. A meta é abrir mais 18 este ano. O foco são as regiões Sul e Sudeste. A franquia Migun está presente em 34 países e oferece sessões de massagem em um aparelho desenvolvido na Coréia do Sul. Trata-se de uma cama especial de massagem térmica que utiliza os princípios da Quiropra-

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xia (alinhamento e alongamento da coluna vertebral), do Shiatsu (massagem com a pressão dos dedos para estimular pontos meridianos do corpo) e a Moxabustão (estímulo dos pontos vitais do corpo por meio do calor). Para abrir uma unidade, o investimento varia entre R$ 75 mil e

R$ 120 mil, e depende do número de aparelhos adquiridos, que pode ser de 6 a 10. Cada loja tem de dois a três funcionários e o aparelho também pode ser vendido. “Não cobramos royalties e nem taxa de propaganda e o empreendedor que gosta de trabalhar com público consegue faturar de R$ 6 a 10 mil apenas com sessões de massagem”, diz Hong Chun, diretor da rede no Brasil. (11) 3313-7410


Locação em alta A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) prevê que o setor tenha no mês de julho movimento em média 40% superior em relação aos meses de baixa estação. Os turistas de lazer representam 27% do total das locações no país. A rede Master Rental aposta no Nordeste como a região preferida dos turistas. Além das nove lojas já existentes no local, a rede investiu mais de R$ 400 mil na abertura de quatro novas. “A expectativa é superar 80% na taxa de utilização durante o mês de férias, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado”, diz Jorge Iazigi, diretor de aluguel diário da rede. O perfil de quem procura esse tipo de serviço varia, mas é, majoritariamente, formado por casais com filhos. (11) 3352-8906

Mais de uma A rentabilidade de uma unidade da Microcamp, rede de ensino de idiomas e informática, é o que mais tem atraído investidores. Cada escola oferece em torno de 30% do faturamento bruto. O diretor de franquia, João Abbade, afirma que o alto índice de franqueados que reinvestem na marca pode comprovar isso. “Temos parceiros com até cinco franquias”. Hoje são 120 unidades franqueadas e 44 próprias instaladas no Brasil e em Portugal. “Nas escolas próprias podemos testar novos produtos, de-

senvolver tecnologias, implantar novos métodos e investir na qualidade antes de repassar aos franqueados”, afirma Abbade. Com a busca constante de aperfeiçoamento, a rede tem cursos para vários públicos, como o Microcamp Júnior para crianças de quatro a dez anos, o Dot Net Teens para jovens, o Hardware sobre montagem e manutenção de computadores, além do Web Design Developer para quem quiser desenvolver e administrar sites, entre outros. (19) 2116-2500

Jubileu de prata Ao completar 25 anos de história no ramo da alimentação, a rede de fast food Giraffa’s apresenta algumas novidades, como incremento no cardápio e expansão mais forte no Nordeste e no Rio Grande do Sul. Segundo o diretor de expansão, Cláudio Miccieli, a empresa sentiu a força da marca ao promover um festival de rock em Brasília (DF), em plena Esplanada dos Ministérios. Estima-se que 150 mil pessoas tenham participado do evento que durou 12 horas. Na pesquisa de satisfação realizada entre os franqueados, os itens que alcançam quase a nota máxima são os que dizem respeito ao momento da aquisição da franquia, a imagem da franqueadora e os canais de comunicação. A rede Giraffa’s tem 190 unidades em dez Estados brasileiros e o faturamento de 2005 alcançou os R$ 180 milhões, 33% acima do ano anterior, sendo que a expectativa é chegar a R$ 240 milhões até o final deste ano. (61) 2103-1800 Julho 2006 – Empreendedor – 61


F ranquia ABF Bons negócios na despedida do ITM Expo A ABF Franchising Expo se despede do ITM Expo, onde foi realizada por mais de 10 dez anos, com resultados positivos para as redes que participaram da feira. A partir do próximo ano passa a acontecer no Expo Center Norte. A 15ª edição proporcionou bons resultados tanto para os expositores quanto para os visitantes. No caso da Góoc, primeira empresa brasileira a fabricar calçados com solado de borracha reciclada de pneus, o evento serviu para consolidar bons contatos. A rede recebeu em seu estande mais de três mil visitantes interessados em conhecer o conceito da marca e seus diferenciais. Segundo Danilo Andreolli, responsável pelo departamento de Franquias da empresa, as parcerias firmadas foram um grande passo tanto para representantes do mercado interno como de outros países. A expectativa da Góoc é inaugurar seis espaços até o final de 2006. A feira foi muito positiva também para a rede Mundo Verde, lojas de produtos naturais, que teve uma média de 25 contatos focados em obter uma

franquia da marca. A empresa espera fechar negócio com pelo menos 50% desses interessados. “Nós fomos procurados por profissionais realmente interessados em fazer negócios e vários deles de Estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso do Sul, além do interior de São Paulo”, explica Jorge Antunes, sócio-diretor da empresa. A Spoleto, rede de culinária rápida italiana do Brasil, registrou a entrada de 600 pessoas no seu estande durante toda a feira. Do total de contatos, 35% são parceiros potenciais. Outro destaque foi a rede de grelhados Bon Grillê, que recebeu cerca de 400 pessoas nos quatro dias de evento e percebeu o interesse de 25% dos visitantes em fechar negócio. A Akakia, empresa de cosméticos de Santa Catarina, completou um ano de existência nesta edição da ABF Franchising Expo. Para a empresa, a participação pelo segundo ano consecutivo trouxe excelentes resultados. “Ano passado lançamos a Akakia e conseguimos abrir 70 pontos-de-venda. Este ano devemos

atingir a meta de 150 lojas em operação até o natal”, ressalta Guilherme Jacob, diretor da empresa. O estande recebeu mais de 700 visitantes, número maior do que o esperado pela empresa. A expectativa da rede de ensino de inglês Fisk é de que 10% das prospecções de negócios dêem certo. Já a Eurodata recebeu cerca de 150 pessoas por dia no estande e tem 5% de expectativa em expandir seus negócios.

ABF Franchising Expo 2007 16ª ABF Franchising Expo Data: 27 a 30 de junho de 2007 Local: Expo Center Norte – São Paulo

Costa do Sauípe recebe a 6ª Convenção ABF do Franchising Evento discutirá os principais temas que envolvem o sistema no Brasil Com o tema Crescendo no Brasil, Conquistando o Mundo, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) realizará, entre os dias 4 e 8 de outubro, a 6ª Convenção ABF do Franchising, no hotel Sofitel Costa do Sauípe, na Bahia. Considerado o maior encontro de franqueadores da América Latina, o evento tem por objetivo promover o desenvolvimento do franchising brasileiro, classificado como um dos maiores mercados mundiais. Durante os quatro dias de conven-

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ção, os participantes terão a oportunidade de debater os principais temas de interesse do setor, além de trocar informações sobre práticas em gestão, marketing e operação, entre outros. Pela primeira vez, o evento contará com a presença de membros do World Franchising Council (WFC) e de representantes internacionais, o que demonstra o amadurecimento e evolução do sistema no país. O encontro terá como um dos

principais destaques a participação do especialista internacional em estratégias de consumo Shaun Smith, que apresentará a palestra Construção de Marcas. Também estão programados painéis com a consultora de carreiras Mariá Giuliese, da Lens & Minarelli, empresa especializada em outplacement e aconselhamento de carreiras, e da professora Regiane Relva Romano, especialista em tecnologia para varejo. A Convenção contará também com um espaço destinado aos fornecedores especializados em produtos, serviços e soluções para as redes de franquia.


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2006 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Julho – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Wizard

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


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Guia do Empreendedor Empreendedores conectados Em cinco anos, Sebrae capacitou cerca de 360 mil empresários em cursos on-line A expansão da internet aumenta as oportunidades de carreira e negócios. Atento a essa demanda, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) desenvolveu um projeto de educação a distância que capacitou 357.559 empreendedores em cinco anos. O Sebrae mantém cinco cursos: Iniciando um Pequeno Grande Negócio, Aprender a Empreender, Análise e Planejamento Financeiro, Como Vender Mais e Melhor e D’Olho na Qualidade. A média de evasão ainda é alta, cerca de 71% dos alunos não terminam o curso. Mas Márcia Maria de Matos, técnica da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae, considera o índice uma vitória, já que a rotina de trabalho e estudo é muito puxada para alguns empreendedores. “Mesmo não sendo uma instituição voltada para a educação, estamos no topo do ensino a distância, juntamente com grandes escolas de todo o país. Por isso mesmo, o Sebrae já recebeu um prêmio da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, que certifica a qualidade e dá a dimensão dos nossos cursos”, diz. Ela conta que o curso preferido é Iniciando um Pequeno Grande Negócio (IPGN), que desde 2001 já capacitou cerca de 140 mil pessoas. O IPGN orienta o empreendedor a organizar suas idéias e indica passo a passo como elaborar um Plano de Negócios. Nas aulas, pode-se discutir temas como o perfil do empreendedor, idéias, oportunidades e definição do negócio, análise de mercado, concepção dos produtos e serviços e análise financeira. Outra vantagem é a rápida duração, cerca de 60 dias.

Márcia Matos: “Estamos no topo do ensino a distância, juntamente com grandes escolas de todo país”

A professora de ginástica Daniela Itaborahy dos Santos, dona da Academia Sport Life, em Belo Horizonte (MG), contou com o auxílio do Sebrae para lidar com números de balancetes, faturas, contas, fluxo de caixa. “Para quem só lidava com o bem-estar físico das pessoas, começar a trabalhar com contabilidade, administração de empresa e gerenciamento de funcionários foi uma tarefa muito difícil”, diz Daniela. Ela participou de quatro cursos do Sebrae via internet e hoje faz pós-graduação, também na base do ensino a distância. No Sebrae, aprendeu as principais ferramentas de mercado para aumentar suas vendas, a partir de um modelo de gestão, planejamento e de ação comercial da empresa. Além disso, resolveu investir em publicidade para atrair mais clientes para a academia de ginástica. “Tiramos recursos do próprio bolso para fazer uma pequena reforma nas instalações da academia, realizar publicidade no jornal do bairro e comprar uns aparelhos de musculação, já que os nossos estavam ultrapassados”, diz. Mauro Lemos de Carvalho, tutor do curso on-line “Como Vender Mais e Melhor” diz que as aulas pela internet são uma tendência no mundo inteiro e uma forma do profissional se especializar e estar mais bem preparado para o mercado. “Os cursos oferecidos pelo Sebrae via internet permitem que os tutores tenham mais liberdade de ação junto aos alunos, tornando esse contato bem mais personalizado. Isso ajuda muito, inclusive para evitar a evasão nos cursos”, afirma. O Sebrae conta, em todo o país, com 116 tutores que fazem a inter-relação entre o aluno e o conhecimento. Julho 2006 – Empreendedor – 67


Guia do Empreendedor Fora da sala de aula A CC&G Gestão de Pessoas e a Sociesc lançaram uma pósgraduação inédita no Brasil, que combina aulas vivenciais e teóricas. Baseada no modelo das principais escolas de negócios dos Estados Unidos e da Europa, a pós: Liderança e Inovação – Alta Performance para Executivos alinhará o conteúdo ministrado em sala de aula com práticas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC), onde os executivos aprenderão a velejar. Segundo os criadores do curso, o formato facilita a absorção de conteúdos – os executivos aplicarão conceitos típicos do iatismo com o mundo dos negócios – e estimula o aprendizado, a troca de experiências e o networking. Os módulos teóricos serão administrados por professores – mestres e doutores – com formação em gestão de negócios e reconhecidos nacional e internacionalmente. A pós terá duração de 18 meses e as aulas iniciam no dia 23 de junho. www.sociesc.com.br

Automação personalizada Direcionado para bares e restaurantes, o Microterminal TC3000 da Elgin é formado por hardware e software e capazes de administrar registros de pedidos, controles de entrega e gerar relatórios de vendas e de comissionamentos. O equipamento possui teclado de 43 teclas, display em cristal líquido e pode operar sozinho ou integrado a outras soluções de automação comercial, como leitores de códigos de bar-

Capacitação em transporte O Sebrae e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), por meio do Instituto de Desenvolvimento de Transportes (IDT), vão oferecer sete cursos para empresas de transporte rodoviário de cargas e de transporte rodoviário de passageiros a partir deste mês. O objetivo é capacitar as micro e pequenas empresas do setor para aprimorar a gestão empresarial de seus negócios. “Nosso foco é desenvolver a capacidade empreendedo-

Puxadores com design A Fixtil, que trabalha com produtos de fixação, complementa sua linha de acessórios para móveis e lança novos puxadores em ABS, alumínio e madeira, com acabamentos que destacam cores como dourado, cromado e cromado fosco. Além de aumentar a resistência dos produtos, a Fixtil investiu no design das peças como forma de ampliar as possibilidades de composição para o consumidor. “Um simples puxador pode alterar completamente o visual de um móvel e, conseqüentemente, todo o projeto de decoração, por isso desenvolvemos puxadores para atender a dois segmentos: móveis novos e reposição”, diz Adriana Lopez, gerente da Fixtil. www.fixtil.com.br

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ras, balanças e impressoras remotas. Além de permitir que o atendente se comunique com a cozinha através de um pedido impresso ao invés de fazê-lo verbalmente, o Microterminal TC 3000 pode armazenar em sua memória mais de 2 mil produtos com 15 caracteres para descrição, mais de 5 mil cadastros de clientes delivery e operar até 15 terminais em rede, com até 100 metros de distância. www.elgin.com.br

ra de profissionais e empresários para profissionalizar ainda mais o setor”, diz Marilei Menezes, coordenadora do programa no IDT. A expectativa, segundo o Sebrae, é de que cerca de 10 mil empreendedores do segmento sejam beneficiados pelo programa. Os cursos são gratuitos e as inscrições poderão ser feitas diretamente nas unidades operacionais do Sest/Senat em todo país. www.sebrae.com.br


Produtos & Serviços

INDEX OPEN

O HDI Brasil está com inscrições abertas para treinamentos em help desk e suporte ao cliente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Com esta iniciativa, serão habilitados mais de 300 profissionais em 18 turmas. Os cursos, que desenvolvem treinamento para todos os níveis de profissionais, são baseados nas práticas atuais do mercado e abordam desde técnicas de atendimento ao telefone até o estudo de processos-chave que asseguram o sucesso no desempenho do centro de suporte. Segundo Luiz Couto, diretor geral do HDI Brasil, “as vantagens de as organizações de suporte contarem com profissionais treinados e certificados aumenta a credibilidade junto aos clientes e também é um diferencial estratégico sobre os concorrentes, pois mostra a expertise e a maturidade da empresa na prestação de serviços de qualidade”. Para conhecer os treinamentos e o calendário de aulas, acesse o site www.hdibrasil.com.br.

E-mail protegido A CipherTrust, líder mundial em soluções de controle de conteúdo e Anti-spam, quer aumentar em 200% seu faturamento no Brasil. Ela fechou parceria com a MUDE para distribuir seus produtos em todo o país. Segundo a CipherTrust, a iniciativa vai permitir o atendimento às demandas de parceiros no mercado nacional, aumentar as oportunidades dos canais e oferecer uma variedade de programas de treinamento, suporte técnico e serviços de logística. Entre as novidades que as revendas poderão oferecer aos seus clientes estão o IronMail (que

Segurança no elevador

protege os sistemas de mensagens de mais usuários de e-mails corporativos), o IronMail Edge (que realiza a proteção no perímetro da rede e é utilizado para grandes volumes de tráfego), o IronIM (dispositivo de proteção para troca de mensagens via e-mail e sistemas de mensagens instantâneas) e o RADAR (aplicado para o monitoramento de uso indevido de marcas no fluxo de mensagens na internet). As soluções da CipherTrust são voltadas para empresas e segmentos verticais como finanças, governo e indústria. www.mude.com.br

INDEX OPEN

Treinamento itinerante

Indispensável para quem vive ou trabalha em edifícios, o elevador pode deixar de ser prático e provocar acidentes se não receber manutenção regular ou se os responsáveis não conhecerem os equipamentos de segurança. Para explicar a importância do kit preventivo – que é obrigatório por lei e reúne acessórios como escadas, botoeiras braille, sinalizadores e guarda-copos – a Atlas Schindler passou a distribuir um material explicativo direcionado aos síndicos, zeladores e condôminos de prédios que possuem os modelos mais antigos da marca. O material informativo pode ser solicitado pelo telefone 0800-0551918. Julho 2006 – Empreendedor – 69


Guia do Empreendedor

Do Lado da Lei

Caminhos para o empreendedor social DIVULGAÇÃO

A partir da qualificação, a entidade privada pode receber recursos públicos, através de contrato de parcerias A Lei 9.790, de 23 de março de 1999, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, conhecidas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público ou OSCIP. Sociedades civis, associações ou fundações privadas podem requerer o reconhecimento junto ao Ministério da Justiça. Esta forma de trabalhar traduz-se na possibilidade de empreender no terceiro setor. A lembrança é oportuna quando se vê que este nicho vem sendo pouco explorado por aqueles que têm vocação empreendedora e, ao mesmo tempo, atua com um viés social. Isto porque a legislação ampliou as áreas de atuação onde tais entidades privadas podem empreender. Assim, a qualificação é concedida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais têm, pelo menos, uma das seguintes finalidades: I – Promoção da assistência social; II – Promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – Promoção gratuita da educação, observando a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; IV – Promoção gratuita da saúde, observando a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; V – Promoção da segurança alimentar e nutricional; VI – Defesa, preservação e conservação do meio am-

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biente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – Promoção do voluntariado; VII – Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; VIII – Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; IX – Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; X – Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. O mais interessante é que a partir da qualificação, a entidade privada pode receber recursos públicos, através de contrato de parcerias que vier a celebrar com agentes públicos, sem a necessidade de licitação. De outro lado, também são elegíveis a receber recursos privados, em particular, objeto de renúncia fiscal. A inovação mais interessante para quem empreende é que, ao contrário do que ocorre com entidades de utilidade pública, não é vedada a remuneração dos dirigentes ou gestores, ainda que isto implique na perda de isenção do Imposto de Renda da pessoa jurídica, fato

que ainda depende da boa vontade do Governo Federal em dotar as OSCIPs deste benefício. A Lei aplicada ao terceiro setor que precede a 9.790/99 é bastante complexa, porque foi criada numa época em que o perfil dos empreendedores sociais era diferente do atual. Portanto, a Lei das OSCIP é uma conquista que precisa ser utilizada. Em relação aos incentivos fiscais, segundo legislação tributária em vigor, as entidades sem fins lucrativos têm isenção do Imposto de Renda, independentemente de qualquer qualificação, desde que não remunerem seus dirigentes (Lei 9.532/97). Em relação aos incentivos fiscais para doações, a Receita Federal reconhece o direito das OSCIPs de receberem doações dedutíveis do Imposto de Renda das pessoas jurídicas. De acordo com a Medida Provisória nº 2113-32 de 21, de junho de 2001, artigos 59 e 60, a Lei nº 9.249/95 passa a abranger também as entidades qualificadas como OSCIP. Ela permite a dedução no imposto das pessoas jurídicas até o limite de 2% sobre o lucro operacional das doações efetuadas a entidades civis. O mecanismo está ai, basta utilizá-lo.

Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269


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Guia do Empreendedor

Uma ilusão revisitada Autores criam um método para ganhar dinheiro com o próprio livro. Mas o leitor acha que está apenas aprendendo lições práticas de marketing em geral por

Nei Duclós

vadora, típica do americanismo fordiano e heróico). Mas Ries e Trout confiam na imortalidade da sua descoberta, a teoria que aplica as verdades aprendidas nos campos de batalha à sobrevivência e conquistas das marcas famosas. Como se fossem a IBM, que celebram na maior parte do livro, eles pretensamente ocupam (na cabeça do leitor e não de fato) um lugar de destaque, hegemônico. São, segundo a própria percepção, líderes em seu segmento. O que fazem para provar isso? Ensinam como líderes devem se comportar, ou seja, praticando a defensiva. Um dos seus mais preciosos ensinamentos (como demonstra o entusiasmo com que sempre voltam a esse detalhe) é que o líder precisa atacar a si mesmo antes que os outros o façam. É o que aplicam, como a Gillette, que criou vários produtos para evitar que os concorrentes fizessem o mesmo, os autores lançam um livro pretensamente atualizado, um novo produto que substitui a atuali-

Os dois consultores americanos Al Ries e Jack Trout merecem: eles aplicam à perfeição o método do seu clássico, Marketing de Guerra. O livro, agora revisitado depois de vinte anos da edição original, vem vestido para matar. Qual é o truque para dar novo alento às vendas do livro que mexeu tanto com a imaginação do mercado? Trabalhar a percepção do leitor e convencê-lo de que está diante de um líder no seu segmento – o da consultoria sobre estratégia de marketing. Para alcançar esse objetivo, eles utilizam vários expedientes. Na base, estão os ensinamentos de Clausewitz, o militar prussiano que no século 19 refletiu sobre tudo o que presenciou nos campos napoleônicos de batalha e se tornou referência obrigatória com seu On War (Da Guerra, no Brasil, edição da Martins Fontes). A lógica militar aplicada ao mundo dos negócios é a coluna mestra. E na superfície estão os comentários que pretensamente atualizam os insights. Os autores não reconhecem que este é um livro datado, que usa como principal tema as grandes empresas dos Estados Unidos. A obra mantém a falta de atenção aos japoneses, emergentes nos anos 80, e ignora totalmente a China e sua força avassaladora nos últimos anos. Além disso, despreza completamente o mercado financeiro, tratado como obstáculo ao mundo mágico da produção e do con- Jack Trout e Al Ries: tese brilhante sumo (uma visão, portanto, conser- que estimula mais de uma leitura

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Marketing de Guerra Al Ries/Jack Trout M. Books 224 páginas – R$ 69,00 zação que outros poderiam fazer. Um dos expedientes mais sedutores do livro é o desplante dos autores. Eles não evitam ser cruéis o tempo todo, justificando essa atitude como se ela pertencesse ao limbo e não ao inferno. Essa perversidade que esquece os clientes para atacar os concorrentes diante das novidades da última década, como responsabilidade social e produção ambientalmente correta, não faz parte do livro. Podemos adivinhar que, a seguir à risca os ensinamentos da obra, isso é pura perda de tempo. O importante é ter reservas “frescas”, ou seja, na guerra, gente para gastar e nos negócios, recursos de todos os tipos – pessoas inclusive. A embalagem da teoria é pura mistificação eficiente. O texto está cheio de meias verdades, ou seja, trata de exemplos ciscados aqui e ali que acabam confirmando a teoria. O que destoa do mapa traçado é punido sem dó. Para usar suas expressões favoritas, Tries e Trout amarram os inimigos no chão e não fazem prisioneiros. Quem se negou a seguir seus conselhos pagou com a ruína. O livro está cheio de exemplos como esse. A toda hora, eles dão um conselho e como não foram seguidos, paga-se caro.


Leitura Mas quem são seus inimigos, seus adversários? Os consultores e generais de marketing. Minando a confiança das empresas em seus concorrentes, os autores consolidam suas posições como conferencistas e aconselhadores profissionais. Seguindo o exemplo que eles dão sobre o McDonald, que escolhe um produto para anunciar (o hambúrguer), outro para vender (as fritas) e outro para ganhar dinheiro (o refrigerante), podemos dizer que os autores fazem o mesmo. Anunciam a estratégia de marketing, vendem consultoria, mas lucram mesmo é com seus livros, principalmente este, que foi lido pelos profissionais de marketing e adotado como um talismã. Serve para vencer discussões, convencer clientes, mas não se aplica à prática, com sucesso, o tempo todo, como Tries e Trout dão a entender. É irresistível seguir o rumo de frases pinçadas como a do general Patton, da Segunda Guerra, que ganhou competente biografia no cinema, interpretado por Goerge C. Scott. As tiradas de Patton/Scott servem perfeitamente para abrilhantar os cases de marketing, como seu já conhecido “não queremos que você morra pela pátria, mas faça o inimigo morrer pela pátria dele”. Soa inteligente, tem uma dose cavalar de eficácia verbal e se ainda não for conhecida em uma roda, pode mover montanhas. Mas sabemos que o mundo real é muito mais complicado do que uma teoria formatada como um manequim sólido e como um enunciado científico, que não admite contestações. Os autores tomam o cuidado de não deixar margens muito rígidas ao que ensinam, para que tudo no final caiba no que pregam. Por isso, sobra para todo mundo, inclusive para o General Patton (nem precisavam dele para ocupar a Europa, segundo o livro). Dar uma no cravo e outra na ferra-

DESTAQUES A concorrência está ficando brutal. O nome do jogo passou a ser “tomar o negócio de alguém”. Pg. 37 É difícil se tornar o oposto do líder quando você tem um nome (BF Goodrich) que é quase o mesmo da marca lider (Goodyear). Pg. 64 Para testar sua estratégia de marketing, pergunte-se: Que palavra queremos possuir nas mentes? A Federal Express decidiu possuir a palavra Overnight e, no processo, a empresa se tornou um sucesso fenomenal. Pg. 73 “Ataque a si mesmo” é a estratégia de um líder de mercado, e foi exatamente o quem a IBM fez com sua linha de PC. Pg. 167 Insistimos com Ken Olsen, presidente da DEC, para ser o primeiro a lançar um computador de 16 bits. Combata a IBM aos socos, foi nosso conselho. Mas Olsen achava que seria melhor deixar para mais tarde. Pg. 160

dura, com frases vestidas para um desfile militar, tem o mesmo efeito dos mísseis falsos da velha URSS: impressionavam a opinião pública, mas eram ocos. Isso não significa que o livro não tenha valor. O que não tem valor é a pretensão de ser infalível, é a falsa atualização e é o estrago que podem provocar nos incautos, os espectadores que se convencem que os autores falam para eles, que os incluem no rol dos eleitos, os chamados vencedores. O valor do livro é a sua performance de linguagem. Não chega a ser um primor, mas é adequado ao que preten-

de: enganar todo mundo sobre um marketing ofensivo, infalível, flexível, conquistador, brilhante, autocrítico e de vanguarda. O livro é saboroso e acabamos acreditando que a Coca-Cola não deveria ter se enganado tanto com a linha light, que a IBM é indestrutível, que a guerra do marketing está mesmo limitada à defensiva para os líderes, à ofensiva para quem ocupa o segundo lugar, o flanqueamento para quem vem depois e à guerrilha para quem está por último. Pretensamente, este livro é dirigido para quem não tem outra opção senão a guerrilha – pois foi escrito para ser best-seller. Mas aí está a esperteza dos autores: eles se dirigem à camada dos ególatras, os que se sentem o próprio Lee Iacocca, o próprio general Patton, o próprio Clausewits. Você sai da leitura vestido de soldadinho de chumbo e rosna para quem você acha que são seus concorrentes. Mas passado algum tempo, diante do pesadelo real, você acaba voltando ao desafio de matar um leão por dia, de sobreviver num mundo movediço, que exige muito mais livros do que fórmulas mágicas inconsistentes, apesar de brilhantes. A idéia do relançamento é fazer do livro um case eterno – enquanto existir economia americana, enquanto existir grandes empresas engolindo as menores, enquanto existir empreendedores que sonham com o sucesso. É um livro ao portador e só deve ser levado a sério por ser extremamente perigoso. Um momento de calafrio é quando o texto elogia Eisenhower em ação na Segunda Guerra, que tinha na sua mesa uma caixa de entrada e outra de saída. A guerra é uma metáfora doentia quando transplantada para a vida diária de pessoas pacíficas e honestas. Mas parece que Ries e Trout se sentem bem. Pudera, estão ricos. Eles vendem milhões de exemplares. Julho 2006 – Empreendedor – 73


Informação e Crédito

Expansão de negócios com micro Nova solução da Serasa vai auxiliar organizações a conceder mais crédito aos estabelecimentos de pequeno porte

A

Serasa lançou a campanha Micro e Pequenas Empresas: plataforma para novos negócios. O objetivo é alavancar e expandir negócios a micro e pequenas empresas (MPEs), que representam a grande maioria de organizações do país e são as maiores empregadoras. No dia do evento, realizado em 28 de junho, na sede da Serasa, em São Paulo, foi apresentada a Solução Serasa para Mi-

cro e Pequenas Empresas, a mais avançada ferramenta de análise de risco de crédito do país que vai auxiliar as grandes organizações a conceder mais crédito ao segmento e alavancar os negócios. A campanha da Serasa visa ampliar a interação das MPEs no ambiente econômico, em condições de mercado que favoreçam a prosperidade de seus negócios. A Serasa vem desenvolvendo, ao longo da última década,

a maior base de dados das micro e pequenas empresas do país, buscando criar o histórico de seu relacionamento financeiro, que é condição básica e determinante para o acesso ao crédito, com taxas de juros menores. “Hoje, as micro e pequenas empresas deixaram de ser um universo à parte e sofrem, direta ou indiretamente, a competição e as oscilações do mercado financeiramente globalizado. Assim, essas empresas devem estar preparadas com critérios e referências internacionalmente praticados para garantir sua perpetuação. Com a nova solução, a instituição pretende contribuir para transformar a base da economia brasileira, micro e pequenas empresas,

Elcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa: “Acesso à informação é requisito de competitividade” 1


e pequenas empresas em plataforma para novos negócios, o que certamente se traduz em benefícios para o Brasil e para todos os brasileiros, que são, por vocação, um dos povos mais empreendedores do mundo”, diz o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca. “A Serasa disponibiliza às MPEs metodologia adequada para que elas também concedam crédito com maior segurança, em sintonia com as novas demandas do mercado. Ou seja, o que antes era exclusividade das grandes empresas, agora também é cotidiano das micro e pequenas. Acesso à informação é requisito de competitividade, que é a palavra de ordem para o sucesso de qualquer empresa, principalmente das micro e pequenas no Brasil, cuja sobrevivência é atributo de vencedor”, afirmou o presidente da Serasa. No lançamento, a Serasa contou com palestras de especialistas e líderes do setor: Luciano Coutinho, Sócio-Diretor da LCA Consultores, que apresentou a palestra: “Análise prospectiva da importância das micro e pequenas empresas para o desenvolvimento do Brasil”; Luiz Carlos Barboza, Diretor Técnico do Sebrae, “Panorama das micro e pequenas empresas no Brasil: potencial de crescimento e Profissionalização da Gestão”; e Laércio Oliveira Pinto, Diretor Produtos PJ da Serasa, “A Solução Serasa para Negócios com Micro e Pequenas Empresas”. O consultor Luciano Coutinho apontou o importante papel que as MPEs têm na economia brasileira. “Elas eram cerca de 15,3 milhões em 2003, sendo 5,1 milhões formais e

Serasa, segurança e excelência em gestão Criada em 1968, a Serasa é a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo no segmento de pesquisas, informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios. Constantemente orientada para soluções inovadoras em informações para negócios, a Serasa contribui, há mais de uma década, para a transformação da cultura de crédito no Brasil, com a incorporação contínua dos mais avançados recursos de inteligência e tecnologia. Hoje, apóia cerca de 3,5 milhões de negócios por dia, para mais de 400 mil

10,2 milhões informais. Davam ocupação a nada menos do que 30 milhões de pessoas (entre empregadores e empregados), montante que correspondia a aproximadamente 71% do total de ocupados no Brasil. Além disso, respondiam por quase 27% do total das receitas das empresas que atuam em território nacional”, afirmou. O consultor ressaltou, no entanto, a elevada taxa de mortalidade das MPEs, reflexo das várias dificuldades enfrentadas pelos micro e pequeno empreendedores no país, dentre as quais se destacam a elevada carga tributária (que joga boa parte das MPEs para o setor informal), as bar-

clientes diretos ou indiretos. A Serasa foi a vencedora do Prêmio Nacional da Qualidade 2005, em sua 14ª edição, conferido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), e tornou-se a primeira e única empresa brasileira a ter conquistado, pela terceira vez, esse que é o maior prêmio à excelência em gestão no Brasil. Ela também é a única no mundo com três reconhecimentos dessa categoria a seu modelo de gestão. Com essa conquista, a instituição reafirma sua condição, há mais de uma década, de Empresa Classe Mundial.

reiras ao crédito (em parte decorrente da própria informalidade) e a evolução desfavorável da conjuntura econômica nos últimos anos (baixo crescimento médio do PIB e muita volatilidade macroeconômica). “A perspectiva de um desempenho macroeconômico mais favorável nos próximos anos deve ser vista como uma condição apenas necessária, mas não suficiente, para melhorar a situação das MPEs. Políticas de apoio (redução da carga de impostos e da burocracia, incentivos à constituição de Arranjos Produtivos Locais, dentre outros) também precisam ser implementadas e intensificadas, visando fortalecer as MPEs brasileiras”, afirmou Coutinho.


Guia do Empreendedor

O círculo vicioso afeta a economia Mudar o modelo que gera atraso no Brasil poderá entrar em choque com quem lucra com a atual situação Tantos anos de insatisfação em relação aos políticos não são uma “conquista” apenas dos brasileiros. Escândalos já foram noticiados em todos os países, do Japão aos Estados Unidos, passando evidentemente pelos menos desenvolvidos. O Brasil, no entanto, tem como base um nível de educação abaixo da média, e que serve como terreno adubado para o plantio de ervas daninhas. Aquela frase já surrada de que “cada povo tem o Governo que merece”, dentro dessa ótica, é cruel. As pessoas votam com a intenção de acertar, em que pese interesses pessoais no processo do toma lá dá cá. Só que a decisão do voto é muitas vezes cega, o eleitor não tem conhecimentos básicos, claridade mental para discernir o certo do errado. Mensalão? Quantos milhares de nordestinos, dentre outros brasileiros, têm consciência do que significou essa palavra para o país? E aí chegamos a uma conclusão: a de que a democracia tem a sua importância, mas que ela é realmente cabível em países com melhor nível cultural e educacional. De outra maneira, a turma serve de massa de manobra. A dissimulação campeia, a hipocrisia se mostra em tonalidades jamais imaginadas e a corrupção é a conseqüência mais nefasta

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desse quadro escuro. Da prática de corrupção surge também uma derivada: a revolta por parte de muitos agentes econômicos, empresários, e mesmo de parte da população em relação às suas obrigações para com o Estado. O que se faz em Brasília repercute na boa ou má intenção de muitos de nós em relação as nossas atitudes pessoais e profissionais, até porque o caixa dois foi admitido pelo próprio presidente da república como algo normal, que faz parte da política brasileira. O desarranjo vem de cima, e aí a sujeira só aumenta, não tem jeito. Outro potencializador dessa tendência de comportamento, para os que estão abaixo do cetro presidencial, é o custo elevadíssimo dos impostos em nosso país. Como uma das distorções podemos citar o fato da tributação sobre o faturamento das empresas, independente da mesma ter obtido lucro ou prejuízo. Esse é um dos maiores desestímulos ao empresariado em nosso país, além, é claro, das alíquotas e superposição de tributos. A crise moral, baseada na falta de educação da população que acaba dando poder a pessoas de má índole moral e técnica, acaba, portanto, tendo reflexos diretos na economia. É certo que todos nós pagamos

uma parte dessa conta, diariamente. A medida que o país for melhor visto, tendo como base uma conduta mais próxima da ilibada (porque a distância da perfeição ainda é muito grande), teremos consideráveis melhoras nos custos de captação, na avaliação do risco Brasil pelos organismos internacionais, no nível de investimento e na confiança dos empresários. O resultado principal será o fortalecimento de toda a economia, em bases sólidas. A educação, tanto moral quanto técnica, são as bases para um país sadio e com economia forte. Resta responder se a mudança do modelo não entra em choque direto com os interesses da maioria dos políticos. Quem “lucra” hoje pode adotar, mesmo que no subconsciente, a estratégia de que time que está ganhando não se mexe. E o círculo vicioso continua: por não ter educação a população vota mal, e por termos políticos desonestos não temos uma mudança efetiva na educação. É a roda viva da estagnação, fazendo a economia patinar em relação ao mundo que nos cerca.

Ivan Wagner Analista da Leme Investimentos


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

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TIPO AÇÃO

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PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,53 1,26 1,01 1,65 2,96 4,26 1,32 0,57 0,77 1,73 1,01 3,08 0,86 0,75 0,19 2,13 0,40 0,37 0,03 0,036 0,037 0,20 1,27 1,12 2,21 0,47 0,38 0,76 2,60 1,13 3,06 100,00 0,58 1,69 0,58 0,62 2,29 0,82 2,27 11,46 0,82 1,23 3,67 0,51 0,92 1,05 6,25 0,55 0,45 0,40 0,89 0,47 1,64 5,25 2,43 12,32 1,75 1,01

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 23/05/2006)

31,73 6,85 22,79 29,28 8,78 9,70 27,95 17,85 -17,09 -11,40 27,31 -21,10 -8,08 6,77 5,28 1,54 40,47 3,77 -6,58 5,98 -9,16 -32,15 13,47 22,60 8,47 -10,00 3,33 -17,25 -4,43 15,28 19,63 7,94 14,98 19,97 23,74 -10,75 2,86 -11,94 21,18 17,43 30,26 -11,73 41,63 16,09 -23,61 17,40 -20,90 -1,18 -6,69 25,19 1,23 -15,86 4,73 33,03 9,41 1,57 -32,11 7,83

Inflação (%) Índice IGP-M (abril) IGP-DI IPCA IPC – Fipe

Maio 0,38 0,38 0,10 -0,22

Juros/Aplicação

(%)

(até 20/06)

Junho 0,73 0,73 0,69 0,43 -16,33

CDI Selic Poupança CDB pré 30 * Ouro BM&F

Ano 0,65 0,61 1,75 0,40

Ano 7,30 7,30 3,33 6,46 7,51

(até 12/06)

Indicadores imobiliários Maio 2,77 0,19

CUB SP * TR

(%)

Ano 3,13 0,98

* Abril

Juros/Crédito Junho 20/junho

(em % mês) Junho 19/junho

2,20 4,40 3,35 2,80

2,25 4,39 3,35 2,85

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré * * taxa mês

Câmbio (em 20/6/2006)

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Cotação R$ 2,2506 US$ 1,2568 US$ 0,0087

Mercados futuros (em 20/6/2006)

Julho

Agosto

Setembro

Dólar R$ 2,255 R$ 2,273 R$ 2,294 Juros DI 15,18% 15,09% 14,98% (em 20/6/2006)

Ibovespa Futuro

Agosto

34.200 Julho 2006 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor 4/7 a 7/7/2006

FRANCAL 2006 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 4689-3100 www.francal.com.br 4/7 a 7/7/2006

BLUSOFT BRASIL 2006 Pavilhão de Exposições da PROEB Blumenau/SC Telefone: (47) 3326-4267 www.latinevent.com.br 4/7 a 13/7/2006

ARTE POPULAR 2006 Centro de Convenções de Pernambuco Olinda/PE Telefone: (81) 3217-7300 www.pe.gov.br/fenneart

Em destaque 24/7 a 28/7/2006

ENEAD Floripa 2006 Centro de Convenções Florianópolis/SC Telefone: (48) 3334-6649 www.enead.org.br O 32º Encontro Nacional dos Estudantes de Administração vai reunir em Florianópolis mais de 3 mil universitários de diversas instituições do Brasil. Com o tema Administração: Profissão, Ciência e Arte, o evento vai promover o intercâmbio entre os estudantes, empresários, pesquisadores, administradores públicos e professores através de palestras, workshops e mini-cursos. Entre os nomes confirmados para o evento estão a empresária Luiza Helena Trajano, o vicepresidente de Marketing da GOL Linhas Aéreas Tarsício Gargioni, o vicepresidente da Softway Topázio Silveira Neto, o fundador da Embraer Ozires Silva, o presidente da Conaje Doreni Caramori Júnior e Robert Wong, considerado um dos maiores headhunter no mundo. 13/7 a 16/7/2006

17 a 20/7/2006

FEICCAD 2006

FISPAL FOOD SERVICE 2006

Maxi Shopping Jundiaí Jundiaí/SP Telefone: (19) 3532-1532 www.adelsoneventos.com.br 5/7 a 7/7/2006

MINASPÃO 2006

15/7 a 16/7/2006

Expominas Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3241-2096 www.cepromocoes.com.br

ESTÉTICA & MODA MANAUS 2006

12/7 a 15/7/2006

SALÃO DE REPARAÇÃO 2006 Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 6221-2702 www.remanrecon.com.br 13/7 a 15/7/2006

EXPODEGUSTARE 2006 Pestana Bahia Hotel Salvador/BA Telefone: (71) 453-8000 www.pestanaangra.com.br

78 – Empreendedor – Julho 2006

Agenda

Studio 5 Centro de Convenções de Manaus Manaus/AM Telefone: (92) 216-3517 www.portalamazonia.globo.com/feiras

Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 3759-7090 www.fispal.com 18/7 a 20/7/2006

GEOBRASIL SUMMIT 2006 Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP Telefone: (11) 4191-4324 www.alcantara.com.br 25/7 a 27/7/2006

17/7 a 19/7/2006

EXPONOR Centro de Convenções da Bahia Salvador/BA Telefone: (21) 2537-4338 www.fagga.com.br

BRICOLAGE 2006 25 a 27 de Julho de 2006 Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 5687-8522 www.bricolage.com.br

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)


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www.empreendedor.com.br Espaço para opinião Se você escreve artigos, crônicas e comentários relacionados aos temas tratados no site, envie para alexandre@empreendedor.com.br. Todos os textos serão avaliados e os que estiverem dentro da linha editorial, publicados. Coloque na área “Assunto” a palavra “opinião”.

Assine a newsletter As novidades do site direto no seu e-mail Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e na página inicial, clique em “Cadastra-se”, na área “Login”, na coluna à esquerda. Em seguida, preencha o cadastro e assinale a opção: “Quero receber a newsletter e-Empreendedor”.

Formato RSS Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.

Esclarecimento Bate-papo transferido Por causa da Copa do Mundo, o site Empreendedor optou por transferir a conversa via MSN Messenger entre leitores e integrantes de produção das publicações da Editora Empreendedor (Empreendedor e Revista do Varejo), marcada para o último dia 20. O bate-papo acontecerá no dia 20 de julho, às 15h. Para participar, o leitor deve ter o MSN instalado e uma conta para usar o programa. Depois é só adicionar o e-mail empreendedor@empreendedor.com.br à sua lista de contatos.

Nova parceria Criada área para oferta de vagas e currículos Os internautas que acessam o site Empreendedor agora têm à disposição um serviço específico para ofertas de vagas e currículos profissionais. O serviço é fruto de uma parceria entre o site e a Catho, uma das maiores consultorias especializadas em colocação no mercado e recursos humanos. Com a prestação desse novo serviço, o site Empreendedor e a Catho esperam ajudar tanto quem busca profissionais capacitados quanto quem procura formas de ampliar seu leque de ofertas e possibilidades de emprego. Batizado de Empreendedor Empregos, o serviço pode ser acessado ao clicar o logotipo colocado no alto da coluna direita do site.

82 – Empreendedor – Julho 2006

O conteúdo que faz toda a diferença

Página inicial

Resultado de enquete confirma interesse por franchising Terminou, no último dia 30, a enquete especial do site Empreendedor que quis saber o grau de interesse e de envolvimento dos internautas com o sistema de franchising. A contagem final, com um total de 265 votos, apontou o seguinte resultado: Acredita no sistema de franquias como alternativa para empreender Como empreendedor, pensa no formato de franquia para expandir seu negócio Já é franqueado

56,2%

30,9% 12,8%

E por falar em franchising, no site Empreendedor você tem mais informações de como adquirir a edição 2006 do Guia Oficial de Franquias. Basta clicar na capa do guia, na coluna à direita, na página inicial do site.

Site Empreendedor no Orkut O site Empreendedor possui uma comunidade no site de relacionamento Orkut aberta à participação de leitores interessados em interagir com a equipe e com outros internautas. Acesse o Orkut (www.orkut.com) e na área Comunidade digite “site empreendedor”. Entre na página e depois clique em “participar” para começar a trocar idéias e experiências, além de dar sugestões de pautas para o site e para publicações da Editora Empreendedor.


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84 – Empreendedor – Julho 2006


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