Empreendedor 143

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Ano 12 • Nº 143 • setembro 2006

GOOGLE BRASIL

PERFIL

INOVAÇÃO

LUCROS COM SERVIÇOS ON-LINE

MARIO CESAR DE ARAUJO, DA TIM

PRÊMIO PARA OS PEQUENOS

Ano 12 • Nº 143

Setembro 2006 • R$ 9,90

www.empreendedor.com.br

ISSN 1414-0152

Empreendedor

NOVAS E PODEROSAS

Empresas que já nascem grandes


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Setembro 2006 – Empreendedor – 3


Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Camila Stähelin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Index Open e Lio Simas Foto da Capa: Index Open Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Carla Kempinski Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Alessandra G. Alexandre e Vanderleia Eloy de Oliveira Projetos Especiais: José Lamônica (Lamônica Associados) Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]

Nesta Edição PG. 22

O impacto das supernovas Empresas gigantes surgem da noite para o dia e causam impacto no mercado, desencadeando forças empreendedoras para todos os lados. Elas nascem grandes e com visibilidade instantânea no universo empreendedor. Emitem um brilho único, como os provocados pela explosão de supernovas. Quando surgem, geram impacto no mercado e ajudam a criar um ambiente propício para o desenvolvimento de negócios, atraindo empresas satélites, que atuam como fornecedoras e parceiras na cadeia produtiva, e mão-de-obra com maior qualificação.

Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-3391 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

PG. 30

Inovadoras premiadas Perfil de três empresas destacadas no Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec): a Reivax, empresa especializada em reguladores de tensão para grandes usinas hidrelétricas; a Meantime, que produz jogos eletrônicos para computador; e a Lupa Tecnologia, que fabrica produtos eletroeletrônicas.

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Gráfica Pallotti - Porto Alegre Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

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PG. 38

Design é igual a negócio Um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) demonstra que cada dólar investido em design traz US$ 5 de retorno. O importante é definir o design não só como uma preocupação estética ou decorativa, mas como um fator que minimiza risco de perdas e fracasso do produto, diminui custo final, aumenta a competitividade e o ciclo de vida do objeto e o torna mais prático.

INDEX OPEN

A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor


Setembro/2006

A cara do Google

Caderno de TI INDEX OPEN

Entrevista:

PG. 12 Alexandre Hohagen CASA DA PHOTO

O diretor geral do Google no Brasil, Alexandre Hohagen tem como missão convencer empreendedores de todos os portes de que representa uma ferramenta de negócios. Para isso, a empresa, que aportou no país no ano passado, comprou uma companhia de tecnologia mineira Akwan. Ela se tornou a base do centro de pesquisa e desenvolvimento para a América Latina. Estimativas mostram que o mercado brasileiro de anúncios via internet é de US$ 100 milhões e que cerca de 2 milhões de empresas no Brasil poderiam estar usando links patrocinados.

UP-GRADE JURÍDICO ..................... 49 Atualização em TI dobra o atendimento de banca de advocacia ATENDIMENTO RÁPIDO ................. 51 Atender em menos de quatro horas é um desafio assumido pela MGI Soluções Técnicas

PG. 40

Perfil: Mario Cesar Pereira de Araujo

MANIPULAÇÃO ESTRATÉGICA ..... 52

A lógica de chegar antes Para garantir o crescimento da empresa é preciso investir na qualidade do produto e do serviço, diz Mario Cesar Pereira de Araujo, presidente da TIM Participações, holding das operadoras de telefonia celular da TIM no Brasil – subsidiária do Grupo Telecom Itália. Graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, à frente da única operadora de celular presente em todos os Estados do Brasil, ele diz que “sempre procuramos ter a vanguarda no mercado”.

Pesquisa revela uso crescente do gerenciamento eletrônico de documentos LEIA TAMBÉM Cartas .................................................. 7 Empreendedores ................................... 8 Não Durma no Ponto .......................... 18 Pequenas Notáveis ............................. 46 Empreendedor na Internet ................. 82 GUIA DO EMPREENDEDOR ................. 6 7 Produtos e Serviços ............................ 68 Lei ....................................................... 70 Leitura ................................................. 72 Análise Econômica .............................. 76 Indicadores ......................................... 77 Agenda ................................................ 78 CARLOS PEREIRA

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de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 85,44. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-5938 Rio de Janeiro: (21) 3231-9017 Brasília: (61) 3322-3391 Curitiba: (41) 3257-9053 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 3224-4441 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial

Editorial combustível do empreendedorismo é a diversidade: tudo pode virar negócio, desde que haja atenção para as oportunidades. Nesta edição, a força das Supernovas, empresas que são conglomerados formados da noite para o dia, poderia assustar quem não tem cacife para fazer concorrência. Mas quando há flexibilidade e inteligência, todo espaço deixa brechas que merecem ser ocupadas pelas idéias cada vez mais estimuladas pelos avanços tecnológicos, pela integração dos mercados e pelas possibilidades que se abrem quando há determinação, intuição e fôlego. Não há limites para essa geração contínua, desmascarando, assim, o pessimismo de quem vê os nós do mercado como algo eternamente insolúvel. É o caso da publicidade na internet: como dimensionar o pagamento para uma mídia poderosa, que veio quebrar todos os paradigmas? Quanto deverá pagar um anunciante e quando deverá ganhar um autor de conteúdo? Na nossa entrevista, temos o relato completo dessa nova ativida-

O

de por meio da pessoa que assumiu o desafio de encarar o Brasil como sério protagonista na rede mundial dos computadores. Há também os exemplos de pequenas empresas incubadas ou recém-saídas da incubação. Elas ganharam prêmios criando alternativas para os usuários e fazendo, assim, concorrência pesada a produtos estrangeiros, tidos como imbatíveis. A criatividade brasileira une-se à necessidade de inovação que toma conta das atividades produtivas. O resultado são produtos sintonizados com os saltos qualitativos, dados para atender clientes exigentes, acostumados à excelência dos produtos que chegam para mudar tudo. É por isso que os inovadores são destaque nesta edição dedicada à vanguarda de processos e produtos. Eles estão por toda a parte, presentes nos momentos mais importantes desta grande virada rumo ao desenvolvimento sustentável, que só será consolidado quanto mais empreendedorismo inovador tivermos. Nei Duclós

bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


Cartas

Consulta

Bem-estar Gostaria de parabenizar o repórter Fábio Mayer pela matéria sobre a indústria do bem-estar (Empreendedor 141). Achei o texto extremamente inteligente! Kátia Camargo

Campinas – SP

Mulheres Gostei da edição que deu especial atenção para as mulheres (Empreendedor 143). Da capa sobre a herdeiras de uma empresa familiar à entrevista com o mago do 1,99, as mulheres obtiveram informações preciosas sobre o mundo dos negócios. Margarida Hipólito Severiano

Recife – PE

Equipe Gostaria de dar os parabéns para a equipe da Empreendedor, que a cada dia se supera em qualidade de texto e informações. É difícil encontrar publicações sérias hoje em dia e por isso é um alívio quando a Empreendedor chega nas bancas. Marcio Jorge A. Fagundes

Porto Alegre – RS

Sou estudante de Direito e comecei a me interessar a respeito de franquias, um assunto tão em voga no momento. Porém, tenho uma dúvida que nenhum livro ou documento conseguiu sanar: “Como fazer para que eu possa vir a criar, no Brasil, uma empresa franqueadora? Quais os requisitos, as exigência legais para isso?”. Tenho ciência da lei 8955 de 1994, mas ela trata das exigências advindas da relação entre franqueador e franqueado. Ficaria muito grato se pudesse obter uma resposta quanto antes. Agradecido desde já pela atenção dispensada e pela futura resposta. Gustavo Flausino Coelho

Nota da redação: A Lei de Franchising (nº 8955, de 1994) possui algumas cláusulas que também servem para quem pretende escolher o sistema de franquias como estratégia de expansão de uma marca. No entanto, além de seguir a legislação, para tornar-se um franqueador é preciso saber se a empresa tem perfil de franqueadora, quais os serviços de suporte e apoio que precisam ser oferecidos aos franqueados, enfim, uma série de pontos que caracterizam o franchising. Para saber mais sugerimos que você conheça os mecanismos de outras redes e procure a Associação Brasileira de Franchising (ABF), dê uma olhada no site (www.abf.com.br) ou entre em contato: (11) 3814.4200.

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Empreendedores

Grupo Sirena

Inspiração italiana

Cláudia Sabbá

Excelência em fitness Pioneira no conceito de macroacademia no Rio de Janeiro, Cláudia Sabbá, que dirige a rede Rio Sport

Ricardo Vilaça

Produto premiado A AgeMcia, que integra a Incubadora de Empresas de Teleinformática do Cefet/RJ (Ieti-Cefet/RJ), recebeu o Prêmio Rio Info 2006 (categoria Tecnologia Emergente), da Rede de Software Rio. O prêmio se deve à criação do software HVN (Homem Virtual de Negócios), direcionado ao mercado de seguros. “O HVN possui uma inteligência artificial que identifica os potenciais clientes, segmentando-os de acordo com o perfil de relacionamento, suas necessidades mercadológicas, seus interesses e elasticidade financeira”, diz Ricardo Vilaça, diretor da AgeMcia. Para o empresário, o troféu conquistado é um verdadeiro selo de qualidade, que atesta o potencial da empresa e do produto. www.agemcia.com.br

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(com unidades na capital fluminense e em Belo Horizonte), comemora dez anos de atuação no mercado mineiro. Para manter o ritmo de crescimento da rede e a aceitação no mercado, Cláudia investe constantemente em qualificação profissional e em infra-estrutura. “O resultado da atualização permanente é que oferecemos tecnologia de ponta, aparelhagem moderna e profissionais altamente treinados para nossos alunos”, diz. A empreendedora, que teve a inspiração de trabalhar na área de fitness no início dos anos 90, após uma temporada em Los Angeles, mantém a maior academia do Brasil (na Barra da Tijuca, com 33 mil m2) e faz planos para franquear sua marca nos próximos meses. “Gosto tanto do que faço que considero administrar a rede de academias uma brincadeira de criança grande”, diz. www.riosportcenter.com.br

No melhor estilo “Quinteto Irreverente”, o Grupo Sirena, formado pelos empresários Paulo Zegaib, Carlinhos Kalil, Gustavo Medlan e Fernando Martins (na foto, com o designer Marcelo Rosenbaum), mais o sócio Jairo Chansky, teve como inspiração a Itália para abrir em São Paulo o bar Buco. Com projeto arquitetônico de Marcelo Rosenbaum e cardápio assinado pela badalada chef Ana Soares, o espaço (cujo nome, Buco, significa “buraco”

Gestão integrada No momento em que as agências de publicidade questionam a existência da área de atendimento em sua estrutura, a Futura!dcr, do empresários Augusto Diegues, Nicola Raggio e Sidney Campos, segue na contramão da tendência. Ela investe em capacitação


em italiano) retrata a rua de um típico vilarejo: chão e paredes de pedra, iluminação com lampiões e balcão que lembra uma venda – com temperos, queijos e frios. Experiência para tocar o empreendimento não falta, pois o grupo administra a boate Sirena – que completou 13 anos recentemente, o bar-restaurante Morocco (point badalado em Maresias) e a Casa Pizza (em São Paulo). Há previsão para um próximo empreendimento, mas os planos ainda são secretos. www.sirena.com.br

Augusto Diegues, Nicola Raggio e Sidney Campos

para praticar um jeito diferente de se relacionar com os clientes: próximo, próativo e ágil, em que o profissional responsável pela conta tem autonomia para colocar em prática tudo o que foi planejado. “Tudo é acompanhado de perto por todas as outras áreas da agência e pelos

nossos principais executivos, que mantêm atenção permanente sobre todas as iniciativas geradas a partir da agência”, diz. Entre os atuais clientes da Futura!dcr, que possui escritórios em São Paulo e em Brasília, destacam-se a Holcim (Concretex, Cimentos Barroso, Paraíso, Ci-

minas e Alvorada), Gold Nutrition, Dorma, Dana, Affinia (Nakata, Spicer, Urba e Brosol), Prysmian, Caesb, Câmara Legislativa do DF, TV Record MG e Brasília, Bovespa, Pirelli, APAE, Schering-Plough e OK Automóveis. www.futuradcr.com.br

Jeroem De Winter

Cerveja envelhecida O empresário Jeroem De Winter, importador de cervejas européias, traz para o Brasil a Strong Suffolk. A única cerveja da Inglaterra que passa por um processo de dois anos de maturação armazenada em tonéis de carvalho. A bebida possui teor alcoólico que varia entre médio e alto (6%), o que a caracteriza como Vintage Ale, um tipo inédito no mercado brasileiro, e é fermentada em quantidades limitadas. “Por ser um produto com sabor extremamente apurado, a cerveja do tipo Ale recebe a mesma conotação de um vinho, ou seja, é uma bebida para ser apreciada”, diz De Winter. A Strong Suffolk foi a primeira cerveja a receber a medalha de ouro do Brewing Industry International Awards, evento que premia os melhores produtores de cerveja do mundo. A bebida pode ser encontrada nos principais pubs, empórios e mercados do Brasil. www.boxernet.net Setembro 2006 – Empreendedor – 9


Empreendedores

Rogério Cizeski

Expansão imobiliária

Genilde Guerra

Advogada nos EUA Genilde Guerra, advogada gaúcha radicada nos Estados Unidos, segue com o trabalho de assessoria jurídica para brasileiros que desejam abrir empresas e realizar negócios na terra do Tio Sam. “Aqui há menos burocracia e mais facilidade de se formar uma empresa, isso abre caminho para a comercialização com países europeus, sem contar que as taxas são bem mais baixas que no Brasil”, diz. Sócia do Escritório de Advocacia Kravitz & Guerra, sediado em Miami, Genilde tem presença forte na comunidade brasileira. Graças a sua atuação em questões empresariais, foi convidada para apresentar um programa sobre Direito Internacional na recém-criada TV Brasil Internacional, a primeira emissora brasileira sediada no exterior. www.kravitzlaw.com

Marcos Tendler

Franquia de vacinas Com 19 unidades franqueadas nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, a Prophylaxis (primeira rede especializada em vacinação privada do Brasil) busca empreendedores interessados em explorar novos nichos de mercado.

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Segundo o empresário Marcos Tendler, grande parte dos franqueadores é formada por médicos recémformados em busca de espaço no mercado de trabalho ou médicos experientes que querem diminuir a rotina de plantões. Fundada em 1992, a Prophylaxis tornou-se referência na área de prevenção por vacina e há mais de dez anos lidera o mercado privado deste setor no Rio de Janeiro. “Graças à familiaridade com as tecnologias de desenvolvimento e produção de vacinas, nosso modelo é considerado único e até hoje somos a única rede de clínicas de vacinação privada em todo o território brasileiro”. www.prophylaxis.com.br

Estatísticas revelam que as cidades do interior de Santa Catarina são, hoje, as que mais atraem investimentos no setor produtivo e de serviços no Sul do país. Com foco nesse mercado em crescimento, o empresário Rogério Cizeski, da Criciúma Construções, está expandindo sua área de atuação para cidades de diversas regiões catarinenses, como São Joaquim (na Serra Catarinense), Jaraguá do Sul (no Planalto Norte) e Sombrio (no Sul do Estado). “Embora esses locais apresentem taxas significativas de crescimento, faltam empreendimentos de qualidade”, diz Cizeski. Outra aposta do empresário foi no setor hoteleiro. Em 2005 inaugurou o Cecomtur Executive Hotel, em Florianópolis, um empreendimento que considera um “laboratório” para investimentos futuros. “Investi no ramo para observar a rentabilidade neste mercado e o investimento poderá crescer de acordo com o resultado obtido”. www.criciumaconstrucoes.com.br


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Entrevista

Alexandre Hohagen

O senhor dos cliques Google ensina ao mercado como ganhar dinheiro com a internet por

Wendel Martins

CASA DA PHOTO

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O diretor geral do Google no Brasil, Alexandre Hohagen tem como missão convencer empreendedores de todos os portes de que representa uma ferramenta de negócios. Para isso, a empresa, que aportou no país no ano passado, comprou uma companhia de tecnologia mineira Akwan, que se tornou a base do centro de pesquisa e desenvolvimen-

to para a América Latina. Estimativas mostram que o mercado brasileiro de anúncios via internet é de US$ 100 milhões e que cerca de 2 milhões de empresas brasileiras poderiam estar usando links patrocinados. É difícil posicionar o Google no mercado publicitário, mesmo on-line, tanto no Brasil quanto no exterior. A


empresa não gosta de revelar números, mas sabe-se que é líder desse nicho tanto em audiência como em receita. É também consenso que a companhia ensina o mercado a como ganhar dinheiro na internet. Ao contrário de concorrentes como Yahoo! e eBay, continua a crescer virtiginosamente: no último trimestre seu lucro chegou a US$ 721 milhões, um aumento de 110% em comparação ao mesmo período do ano passado e com um faturamento anual de US$ 2,46 bilhões, um acréscimo de 77%. Esse gi-

gante da internet mundial, que se tornou uma das marcas mais visadas, foi fundado há apenas oito anos e tem como missão organizar todas as informações do planeta. Parte do sucesso da companhia pode ser explicada pelo apetite com que se lança a novas frentes de negócios. Sinônimo de sistema de busca na web, o Google lançou a moda de email gigantes (Gmail), oferece um comunicador instantâneo (Gtalk), mantém um serviço que permite ver fotografias de satélite de todos os lugares

O Brasil é um país que adota tecnologias rapidamente e tem quase 27 milhões de usuários de internet

do mundo (Google Earth), copiou um serviço de informações financeiras (Google Finance), pretende digitalizar todos os livros do mundo e colocálos na rede (Google Book Search), criou um serviço de páginas amarelas nos Estados Unidos baseado no mapa das cidades (Google Maps), proporciona hospedagem para blogueiros (Blogger), traduzir documentos em 36 línguas (Google Translate), auxilia o consumidor no momento da compra (Froogle), facilita a busca de conteúdos audiovisuais (Google Vídeo), investe em tecnologias móveis, comprou parte da América Online e vai fornecer internet banda larga gratuita para algumas cidades dos Estados Unidos.

Na entrevista a seguir, Hohagen explica como lucrar sem cobrar pelos serviços. Empreendedor – Quais foram as principais ações da companhia para o Brasil esse ano?

Alexandre Hohagen – Foi, sem dúvida, a formação da equipe no Brasil, já que a operação tem pouco mais de um ano e o nosso foco absoluto foi a contratação de novos talentos que pudessem dar suporte aos clientes que a gente já tinha no país. Além de fomentar a aquisição de novos clientes. Até bem pouco tempo o Google ainda não tinha o suporte on-line local. Esse trabalho era feito fora do Brasil por pessoas que falavam português. Hoje esse apoio on-line aos clientes já é realizado daqui. Houve contratações na parte técnica, na parte comercial, no marketing, em finanças, em todas as áreas. Empreendedor – Por que o Google resolveu abrir uma filial no país e qual é o balanço das atividades após pouco mais de um ano da chegada da companhia no Brasil?

Hohagen – O Google resolveu abrir uma filial no Brasil porque o país é de extremo potencial, é reconhecidamente um país que adota tecnologias rapidamente e tem quase 27 milhões de usuários de internet. E a gente já observava que mesmo antes da operação física do Google no Brasil, a empresa já tinha muito sucesso com os usuários na parte de busca e com os clientes na parte de links patrocinados. Isso já havia sido constatado, o que nos levou a expandir o relacionamento com o mercado brasileiro. Empreendedor – Quais são os principais produtos que o Google pretende desenvolver no país? Eles serão sempre gratuitos ou a companhia pretende cobrar por serviços de valor agregado?

Hohagen – Não, a companhia não pretende cobrar por serviços: todos continuarão sendo gratuitos. A empreSetembro 2006 – Empreendedor – 13


Entrevista

Alexandre Hohagen

sa pretende, a exemplo do que faz em todos os países do mundo, nacionalizar e localizar todos os produtos que a gente desenvolve nos Estados Unidos e na Europa. Hoje a gente já tem, entre outros, a busca do Google, o Gmail (serviço de e-mail), Google Desktop (aplicativo que fornece acesso às informações contidas no seu computador), Picasa (organizador de fotos) e o Google Notícias. Empreendedor – Quais novos serviços têm prioridade de nacionalização?

Hohagen – Todos os serviços são importantes, mas é claro que existem alguns que são mais importantes que outros. Nesse momento estamos definindo prioridades em função da aceitação desses produtos aqui no Brasil.Não posso informar qual vem primeiro, qual vem antes. Empreendedor – O senhor quer mostrar ao mercado que o Google não é só uma ferramenta de buscas, mas uma ferramenta de negócios. Como a empresa pode impulsionar os negócios de empreendedores brasileiros?

Hohagen – O Google é uma ferramenta extremamente simples de usar e que vai dar oportunidade ao pequeno empreendedor de se comunicar com 27 milhões de pessoas, investindo aquilo que ele pode investir e pagando pelo resultado que ele tiver. Isso é uma revolução e o Google pretende ter uma penetração em todo o tipo de empresa, não importa se de grande, médio, pequeno porte ou até microempresas. Somos uma solução de negócios que vai conectar esses empreendedores a milhares de pessoas na internet que fazem buscas todos os dias. Vamos revolucionar esse mercado e já estamos fazendo isso de uma maneira impressionante. O crescimento do Google no Brasil superou, inclusive, as nossas expectativas. Isso por oferecer uma ferramenta simples ao pequeno empreendedor – que tem uma pequena indús-

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tria ou uma pequena fábrica de produtos – e que acha difícil fazer um plano de propaganda em jornais, revistas e rádio. Ele pode utilizar o Google, que é uma ferramenta muito mais simples de conectar esses milhares e milhares de consumidores ao produto dele. Empreendedor – Como o Google pretende disseminar essa novidade no mercado, já que investe pouco em publicidade em meios tradicionais, por exemplo?

Hohagen – A gente já vem fazendo um trabalho forte de divulgação, através da participação de eventos em setores específicos, como por exemplo, estivemos presentes na Feira Internacional de Produtos e Serviços para Alimentação Fora do Lar (Fispal). É o maior evento brasileiro do setor de produtos e serviços voltados para a alimentação. A gente também esteve presente em alguns eventos organizados pela Câmara Americana de Comércio. A companhia vem fazendo uma campanha de marketing on-line para mostrar quais são os atributos do Google a pessoas e empresas que estão conectadas na internet. Existe ainda o nosso trabalho de relacionamento com a imprensa, para justamente passar aos empreendedores a idéia do que a companhia oferece e como pode agregar valor a essas empresas. E, claro, nos apoiamos na própria ferramenta, no que a marca Google representa para as empresas e para a internet. Empreendedor – Como funciona o AdWords e o AdSense?

Hohagen – O AdWords é uma ferramenta baseada na busca do Google, na qual o produto ou o serviço de um cliente do Google é apresentado no momento em que uma pessoa tem a intenção de conhecer ou de comprar aquele produto ou serviço. De uma maneira um pouco mais simplificada, um empreendedor tem uma floricultura e quer vender flores na internet. Ele vai fazer uma campanha e vai definir algumas palavras-chave que podem associar o

seu produto a uma intenção. Por exemplo, a palavra casamento teoricamente pode levar a uma intenção de compra de flores. Ele pode definir como palavras-chave casamento, aniversário de casamento, flores, flores para esposa, flores para o marido. E quando a pessoa digita casamento no Google, a gente apresenta uma floricultura. O que a gente quer é conectar o usuário no momento em que ele tem a intenção de comprar um produto com aquela empresa. Isso é o Adwords, é o resultado que o internauta vê do lado direito da página de resultado de busca do Google. Qualquer empresa pode fazer, é muito simples, basta entrar no www.google.com. br/publicidade e nós vamos explicar como fazer e como criar a sua própria campanha. Já o Adsense conecta as empresas de acordo com o conteúdo que o internauta está lendo. Diferente do Adwords, que é necessário fazer uma busca, no Adsense o Google apresenta um anúncio ou um link patrocinado que tenha relação com o texto que está sendo lido. Usando novamente o exemplo da floricultura, se eu estiver lendo no site de um parceiro, como o Jornal do Brasil, uma matéria sobre flores, o Google permite associar a esse conteúdo um link da floricultura que é nosso cliente. Ou seja, se uma pessoa está lendo sobre flores, significa que ela tem algum interesse por flores e se eu apresento um anúncio de links patrocinados, naquele momento a chance de um usuário clicar e efetuar uma compra é muito grande. Esse é o conceito do Adsense, anúncios de links patrocinados na rede de parceiros que produzem conteúdos. Empreendedor – O fato da empresa não ter uma tabela de preço para anúncios não assusta os potenciais clientes? Não existe uma cultura de pagar determinado valor para atingir determinado objetivo?

Hohagen – Não, pelo contrário. Acho que esse é justamente um dos grandes trunfos e diferenciais do Google. Na companhia o cliente é que de-


termina o quanto ele quer pagar. Como o nosso processo de links patrocinados é baseado em um leilão dinâmico, o que determina o valor é a relevância do seu anúncio. É uma equação que soma o quanto você quer pagar mais o quão bom o seu anúncio é. Aqui no Google quem determina preço é o cliente. Se ele quiser pagar mais, ele vai ter um posicionamento melhor, se ele quiser pagar menos, vai ter um posicionamento mais abaixo. Esse modelo gera menos discussão, é muito mais transparente e não depende de relacionamentos entre pessoas. É um processo extremamente simples, no qual o próprio cliente pode gerenciar a sua campanha de publicidade on-line.

Hohagen – O Google está sempre buscando alternativas de oferecer serviços diferenciados para seus clientes. Então, se a gente puder achar uma tecnologia única e desenvolvê-la a ponto de oferecer aos milhares e milhares de anunciantes novos formatos de mídia, vamos considerar. Isso não significa que estamos buscando mídias tradicionais necessariamente. Acabamos de lançar um programa chamado Clickto-play, em que qualquer cliente, sem precisar ter uma grande produtora ou produzir grandes vídeos, pode fazer o upload (transferência de arquivos de um cliente para um servidor) de seu vídeo e disponibilizá-lo para que as pessoas assistam. Esse vídeo vai estar relacionado ao conteúdo de uma página. Esse é um exemplo claro de como nós buscamos novas alternativas. O poder de conectar milhares de clientes a novos formatos de mídia, como rádio via satélite, usando a nossa plataforma, é fantástico. Mas é importante entender que tudo isso é automatizado, que qualquer pessoa pode fazer e que a gente permite a democratização de novos formatos de mídia para a nossa base de anunciantes.

Empreendedor – Para difundir o Adwords, sua ferramenta de propaganda, o Google Brasil oferece um bônus de R$ 40 para novos clientes. Qual é o motivo para essa promoção ?

Hohagen – Essa é uma campanha bastante específica de aquisição de novos clientes que o Google está fazendo em alguns meio de comunicação. A empresa oferece às pessoas que se cadastram no nosso serviço de Adwords um bônus de R$ 40 para testar o produto. Isso nada mais é do que, no jargão técnico de trial, um teste. Onde os nossos clientes podem ter a oportunidade de conhecer e saber como funciona o Adwords. Mas não é algo eterno e faz parte de uma estratégia de aquisição de novos clientes. Empreendedor – A companhia nos Estados Unidos fechou uma parceria com uma rádio por satélite para vender publicidade através do Adwords. Alguns analistas interpretaram esse fato como uma tendência: de que o Google estaria tentando vender formas tradicionais de mídia, como revistas, jornais, rádios e vídeos. Esse pensamento é voz corrente, é comentado, tem apoio dentro da companhia ou ainda é mera especulação?

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Quem determina preço é o cliente. Esse modelo gera menos discussão e é muito mais transparente

Empreendedor – Cerca de 75% dos usuários do Orkut são brasileiros. Quais as razões para o sucesso do serviço no país e como a empresa pretende ganhar dinheiro com a ferramenta sem prejudicar a privacidade dos usuários?

Hohagen – Esse dado varia de 75% a 80%, mas o fato da maioria dos usuários do Orkut serem brasileiros ainda é tema de discussão interna e externamente. Uma das hipóteses que a empresa verificou e levantou foi de que o Orkut chegou ao Brasil no momento correto, para as pessoas certas e que tinham uma conexão muito grande com outras pessoas. O Brasil era absurdamente carente de um serviço de comunidades como o Orkut. Uma das teses é que existe uma comunidade de Linux muito forte no Brasil e quem trabalha com esse sistema operacional tem uma Setembro 2006 – Empreendedor – 15


Entrevista

Alexandre Hohagen

verdadeira paixão pelo programa. São pessoas que se relacionam e trocam idéias, quase ativistas. Acreditamos que o Orkut chegou para essa comunidade de programadores em Linux e que eles, por serem uma comunidade muito fechada, mas que se conhecem entre si, ajudaram a divulgar e difundir o Orkut. Com isso foi criada uma massa crítica que tornou o produto interessante. Porque ninguém quer acessar um site de comunidade que tenha 10 mil ou 20 mil pessoas. A preferência é por um site que tenha 20 milhões. Porque o conceito da comunidade é justamente achar amigos e eu posso assegurar que não existe nenhum projeto, nenhuma intenção de se monetizar o Orkut. Obviamente todos os produtos desenvolvidos pelo Google são considerados para algum tipo de projeto de monetização, mas nesse momento não existe nada para o Orkut. O Joga.com, site de relacionamento desenvolvido para a Nike, é um exemplo de como ganhar dinheiro através do licenciamento de plataformas que eventualmente pode ser usado por outras grandes marcas. Empreendedor – O Google não se considera um concorrente da mídia tradicional, fala em parcerias. Mas com o crescimento da publicidade on-line, a empresa não pode roubar anunciantes dos parceiros?

Hohagen – Eu acho que tem espaço para todo mundo e ocupamos um mercado bastante inexplorado. Devese considerar que a mídia on-line representa 1,7% do bolo publicitário e para o Google começar a roubar verba dos outros parceiros que não estão on-line ainda faltam 98,3% de crescimento. A partir do momento em que não tiver mais espaço para ninguém crescer, nós vamos começar a discutir e a brigar por esse mercado. Mas enquanto a gente vislumbrar essa possibilidade de crescimento, não, não vamos tomar o espaço de ninguém. Empreendedor – A empresa é conhecida por prezar por processos

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colaborativos e decisões colegiadas. Fale mais sobre esse estilo de gestão da empresa, considerada menos sisuda e mais informal em relação à média do mercado.

Hohagen – O Google é uma empresa que preza pelo trabalho colaborativo entre todos os departamentos, em todas as áreas e em todos os países. Se você imaginar que tudo o que o Google faz está baseado na colaboração do usuário, de uma certa forma essa política que a gente tem internamente remete para o usuário fora. Todos os nossos produtos são lançados em beta, porque a gente acredita – diferente de outras companhias de tecnologia – de que o valor da opinião do usuário é maior do que a opinião pura dos nossos engenheiros. Geralmente nós lançamos um produto com códigos abertos para que pessoas de fora os melhorem. Nós abrimos as portas para que as pessoas dêem feedback e sugiram melhorias nesses produtos. A partir dessas respostas nós vamos aperfeiçoando os serviços. Acho que o conceito de colaboração com os usuários se reflete no trabalho interno. Empreendedor – Vocês recentemente nacionalizaram o blog do Google no Brasil, que é um indicativo da natureza colaborativa da gestão da empresa. É consenso de que o blog pode ser uma grande ferramenta de comunicação corporativa, mas são poucas as empresas que se utilizam bem dela. Como elas podem contornar o medo de ter informações importantes divulgadas na internet e aproveitar o blog como uma ferramenta de negócio?

Hohagen – O blog é totalmente seguro. O usuário tem total controle sobre a informação que vai para o ar. Ter medo de que uma informação confidencial vaze pode acontecer em qualquer outro meio de comunicação. Não vejo essa preocupação. A gente vê que em outros países, um pouco mais desenvolvidos, a utilização dos blogs é

muito mais freqüente do que no Brasil, porque aqui ainda é uma tendência. As pessoas estão começando a entender o potencial que o blog tem. Se pensar fora do lado corporativo, o Brasil já tem alguns exemplos de blogs que são utilizados com bastante sabedoria. Tem de políticos, de jornalistas que fazem um tremendo sucesso. Acho que falta ainda às empresas vislumbrarem o potencial do blog para que comecem a se comunicar com as pessoas que se interessam por seus produtos, como acontece nos Estados Unidos, como a Ford ou a General Motors e outras companhias. Empreendedor – Assim como a Microsoft, o Google causa fascínio e medo: não são poucos os que temem por um monopólio do Google e se dissemina a crença de que a companhia quer dominar o mundo. Como crescer e ao mesmo tempo participar de um ambiente competitivo de mercado?

Hohagen – Eu já falei um pouco sobre a nossa filosofia de colaboração e de abertura. Não é possível dominar o mundo se deixamos todos os seus códigos abertos e se pedimos para que as pessoas colaborem. O que a gente quer, e essa é a nossa missão, é disponibilizar todas as informações e tornálas acessíveis. A gente não prega, de forma alguma, o monopólio, pelo contrário, nós somos um dos precursores da web 2.0 e o Google é uma das empresas que mais investem em tecnologias que estão disponíveis para todo mundo, como o navegador Mozilla Firefox. A preocupação que as pessoas têm vem de uma neurose relacionada à informação, se a companhia mantém informação ou não. Mas hoje em dia a nossa vida está cercada de empresas que detêm informação a seu respeito, seja o banco, a operadora de cartão de crédito ou até mesmo um posto de gasolina. Quando o consumidor passa um cheque, qualquer vendedor tem o seu número da carteira de identidade, CPF e muitas vezes até o seu endereço.


afeta muito pouco. Quando se escuta falar, parece que o problema é muito sério. No Brasil, temos um índice zero desse problema. Não é uma questão que demande um desenvolvimento específico. O spam é um problema muito mais sério do que o clique. É quando as pessoas estão roubando a sua identidade, o seu e-mail para enviar mensagens indesejadas. Não tem nem comparação.

Quem quiser usar essas informações para ações menos nobres, consegue, mas esse não é o nosso caso. Acho exagerada essa crença e em nenhum momento existe essa intenção. O que a gente quer realmente é tornar todas as informações acessíveis. Empreendedor – Um problema real que a empresa está enfrentando é a fraude do clique. Ela acontece quando máquinas ou pessoas clicam em anúncios de concorrentes sem comprar seus produtos com objetivo de aumentar os custos para o anunciante. Que tipo de ações a empresa está implementando para que essa fraude não abale toda a credibilidade do sistema?

Hohagen – O Google acabou de implementar um sistema no qual torna absolutamente transparente algum indício de fraude dentro de uma campanha. Com isso, buscamos minimizar a possibilidade de cliques fraudulentos sem que o usuário perceba e damos oportunidade para que o cliente, ao perceber que existem cliques fraudulentos, suspenda a sua campanha. É importante frisar que esse é um processo, ou seja, a cada semana existem ferramentas novas para fraudar e são criados mecanismos novos para inibir a fraude. Então, hoje, por exemplo, se o Google percebe que de uma mesma máquina há vários cliques seguidos em um espaço de tempo determinado, imediatamente a gente bloqueia o computador e não permite que ele faça mais cliques em uma campanha. Essa é uma das formas para se tentar inibir a questão dos cliques fraudulentos. Empreendedor – O senhor acha que a fraude do clique pode virar um problema como o spam (mensagem eletrônica não-solicitada enviada em massa), que tem sido combatido ao longo do tempo?

Hohagen – Não, porque o problema da fraude do clique existe, mas

Empreendedor – Qual é a sua visão de futuro para a internet?

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Os próprios usuários – a partir dos blogs e das ferramentas de busca – vão determinar como vai ser a internet no futuro

Hohagen – Muito se fala sobre convergência, quando nós vamos efetivamente ver a convergência da internet com a televisão, da televisão com rádio. Eu acho que vai acontecer e a gente já esta indo por esse caminho. A internet vai ser efetivamente um território em que os usuários determinam o que é bom e o que é ruim. No passado, tudo o que tinha na internet era determinado pelos grandes portais e grandes empresas de mídia. Aos poucos esse processo foi se diluindo. O que eu acho que vai acontecer é que os próprios usuários – a partir da utilização dos blogs, das comunidades, das ferramentas de busca, de alternativas de mídia como o videoweb – vão determinar como vai ser a internet no futuro. Eu não vejo que a convergência seja só de meios, ela vai ser justamente do que você conectar. Os usuários que determinarão o que é e o que não é importante. Acabou aquela era onde uma empresa empacotava uma série de programas, oferecia por um preço alto e determinava que essas pessoas só poderiam rodar outros aplicativos se eles fossem proprietários. Hoje a internet é feita justamente do que as pessoas querem, é juntar a inteligência coletiva para conseguir algo que seja benéfico para todo mundo.

Linha Direta Alexandre Hohagen (11) 3797-1263 www.google.com/publicidade Setembro 2006 – Empreendedor – 17


Não Durma no Ponto Abençoados conflitos “Na minha empresa reina a paz e a harmonia!”. Ouvi esta frase muitas vezes, quase sempre proferida com orgulho. Por vezes, acertava meu prognóstico. Junto à paz e harmonia, lá estavam a letargia, a ausência de iniciativa e idéias, a anomia. Em síntese, uma empresa calma, tão calma como calmos são os campos onde pastam mansamente as ovelhas. Ora! Mercados não são ambientes calmos. Ao contrário, são agitados, inconstantes, irregulares, erráticos. Qualquer tentativa de construir uma empresa regular e estável está em dissonância com as pressões e turbulências de seu próprio meio ambiente. Mercados exigem movimentos! Isso inclui mudanças e mudanças promovem conflitos. Mas não torça ainda o nariz. Conflitos não são assim tão ruins. Há gente, porém, que dá um boi para não entrar numa briga e uma boiada para continuar de fora. Adota comportamentos passivos e pacíficos, assim como quem quer demonstrar boa educação. Não raro, sua imagem é de serenidade e prudência. Nada mais distante da realidade! Passividade não evita conflitos, só faz postergá-los. É preciso, isso sim, admitir que os conflitos existem, compreender sua natureza e como funcionam. À frente de cavalos selvagens Primeiramente, é bom desmistificar o componente negativo da palavra conflito. Conflitos fazem parte do trabalho. Mais ainda: equipes de alto desempenho são geradoras de conflitos. E isso acontece porque equipes de alto desempenho são compostas por pessoas comprometidas. Elas querem fazer valer seus

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pontos de vista. Não aderem com facilidade, não se omitem, não entregam os pontos. Lutam por suas idéias e convicções e estão dispostas a ceder somente quando convencidas por argumentos irrefutáveis. Nesse ambiente, não reina a paz e a harmonia, mas os melhores desempenhos e resultados. E muita energia! Uma liderança autoritária, por ou-

As emoções falam mais alto e, quando prevalecem, o bom senso e a inteligência de pouco valem

tro lado, concede pouco espaço à participação. Nessas circunstâncias, as pessoas estão pouco dispostas a defender seus pontos de vista e expor suas idéias. O acordo tácito recomenda que o melhor é fazer o que precisa ser feito e resguardar os sentimentos e idéias. Assim, sai totalmente de cena o melhor de cada um. Baixo risco de conflitos, ínfimas chances de resultados. Aí está a primeira escolha do líder: conduzir cavalos selvagens ou açoitar cavalos mortos. Conduzir cavalos selvagens é tarefa exaustiva,

mas jamais aborrecida. Diferença fundamental Certamente você já participou daquelas reuniões em que alguém defende determinado ponto de vista em contraposição a outro que discorda veementemente. Quando um diz A, o outro diz B. E não há o que faça com que mudem de idéia, cada um em sua posição irredutível. Costuma acontecer, também, que ao longo do evento, as criaturas opostas troquem de posição. Quem defendia o ponto de vista A, agora argumenta a favor de B e aquele que defendia o ponto de vista B, se esvai nos argumentos a favor de A. Não se trata, pois, de conflitos de idéias. Trata-se de confronto entre pessoas. Claramente, ambas não estão dispostas a facilitar a vida uma da outra. E aí há que entender a diferença entre conflito e confronto. No conflito, as pessoas estão dispostas a defender seus pontos de vista, mas sempre com a intenção de preservar a continuidade da relação. As divergências ocorrem no plano das idéias, das opiniões, das percepções. No confronto existe sempre o componente hostil, em que as pessoas se opõem no plano pessoal. Idéias, opiniões e percepções são secundárias. Aliás, no confronto as partes não estão interessadas em escutar os argumentos alheios. As emoções falam mais alto e, quando prevalecem, o bom senso e a inteligência de pouco valem. É preciso reconhecer que os confrontos são provenientes de conflitos mal administrados e da ausência de comportamentos assertivos. Maturidade e respeito Atitudes passivas ou pacíficas são


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

adotadas por pessoas que evitam os comportamentos agressivos. Preferem a política da boa vizinhança. Temem o conflito. Dourar a pílula é mais prudente do que enfrentar pressões contrárias. No fundo, elas desejam agradar e temem desagradar. Acreditam ser esse o comportamento mais adequado. Estão equivocadas. É certo que comportamentos agressivos são negativos. O tipo “bateu, levou”, que não leva desaforos para casa, é um criador de casos. Fomenta o confronto e a hostilidade. E torna a vida na empresa (ou em qualquer outro ambiente) um verdadeiro barril de pólvora. Para ele, toda divergência é motivo de disputa. Ao final, tudo acaba com vencedores e perdedores. E como quem adota comportamentos agressivos não é dado a perder, os conflitos tendem, inexoravelmente, a se transformar em confrontos. Pessoas assim não conseguem enxergar uma situação de conflito como uma oportunidade de aprendizado e consenso. Muitas vezes, o comportamento agressivo resulta de uma atitude constantemente passiva, e que depois de um certo tempo explode, como “a gota d’água no copo transbordante”. Então, nem lá e nem cá. Nem a falsa prudência dos comportamentos passivos, nem a parca paciência dos comportamentos agressivos. É papel do líder, como administrador de conflitos, estimular comportamentos assertivos. Este sim é o comportamento adequado. Às vezes a autenticidade e a franqueza são confundidas com agressividade, por aqueles que adotam o comportamento passivo. Mas não é o caso. Está certo que assertividade implica ser verdadeiro, mas sempre em estreita harmonia com o respeito. Comporta-

mentos assertivos estão alicerçados na seguinte filosofia: “isto é o que penso, isto é o que sinto, isto é como eu vejo as coisas e isto é o que eu considero que se deve fazer, mas estou disposto a reconhecer o que você pensa, o que você sente e o que você considera que precisa ser feito”. Esta forma de viver traduz maturidade e profundo respeito por nós

É preciso fugir do pensamento derrotista e negativo diante dos impasses e das divergências

mesmos e pelos outros. Impede que conflitos se transformem em confrontos, pois a disputa é substituída por um problema comum a ser resolvido por ambas as partes. A sábia (e imprescindível) prática do consenso O consenso é a melhor prática para impedir que os conflitos se transformem em confrontos. Isso implica algumas regras de conduta que vale a pena discutir com a sua equipe: – É importante defender a idéia ou posição com base em argumentos ló-

gicos e de maneira clara, sempre considerando a posição dos outros. De nada adianta ser redundante na argumentação se os demais não compraram a idéia. – Consenso é uma negociação, com vistas a um resultado positivo para todos, de maneira a gerar uma sensação geral de vitória. É preciso tirar da cabeça que sempre há ganhadores e perdedores. – Mudar de opinião apenas para evitar o conflito é adotar o comportamento passivo e este não é o comportamento adequado. É preciso resistir às pressões para ceder, mas também é saudável mudar de posição quando os argumentos contrários são convincentes. – Técnicas de decisão por maioria de votos, média de opiniões, barganha, cara ou coroa nada têm a ver com consenso. E consenso também nada tem a ver com unanimidade. Peter Drucker dizia que: “se todos estão de acordo, comece a discussão”. Por isso, é preciso desconfiar da concordância imediata. – Consenso implica discussão de bom nível, em que todos oferecem seus conhecimentos, experiências, informações, percepções em prol da melhor decisão. As divergências são consideradas naturais, positivas e úteis. Conflitos são bons! Necessários! Saudáveis! É preciso fugir do pensamento derrotista e negativo diante dos impasses e das divergências. Passe a olhá-los de maneira positiva. Assim, você estará conseguindo as melhores decisões e estas levarão aos melhores resultados. E isso não é tudo: você estará construindo uma equipe de alto desempenho, capaz de enfrentar desafios cada vez maiores. Abençoados conflitos! Setembro 2006 – Empreendedor – 19


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Inovação Tendência

O brilho das

SUPER NOVAS Empresas gigantes surgem da noite para o dia e causam impacto no mercado, desencadeando forças empreendedoras para todos os lados por

Fábio Mayer Alexsandro Vanin

colaborou

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Empresas que nascem grandes têm visibilidade instantânea no universo empreendedor, emitem um brilho único, como os provocados pela explosão de supernovas. Nesse ambiente, em constante movimento e formação, poucas conseguem se transformar rapidamente em gigantes ou eclodir com tanta intensidade. Quando surgem, geram impacto na economia de uma região ou mesmo de um país. De imediato o retorno é de imagem e aos poucos, feito de forma planejada, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de negócios, atraindo empresas-satélites, que atuam como fornecedoras e parceiras na cadeia produtiva e como mão-deobra com maior qualificação. Dois exemplos se destacam nesse fenômeno da economia globalizada: a Tropical Bio Energia S.A., do setor energético, e a Braskem, do petroquímico. A oportunidade que o Grupo Maeda, um dos líderes nacionais no cultivo de algodão e presidido por Jorge Maeda, encontrou no mercado para diversificar as operações foi investir na produção de açúcar, álcool e na cogeração de energia elétrica. Com a Usina de Açúcar e Álcool MB Ltda, que é uma joint-venture entre a Vale do Rosário e a Santa Elisa, gigantes do ramo sucro-alcooleiro, criaram a Tropical Bio Energia S.A. Com o brilho de uma supernova, a estimativa da empresa é plantar 15 mil hectares de cana-de-açúcar. Em dois anos, a meta é alcançar capacidade de moagem de 1,3 milhão de toneladas e atingir 2,5 milhões


de toneladas até 2010. Tempo previsto para que a co-geração de energia represente 50% do faturamento do Grupo Maeda. A gestão vai ser compartilhada entre os dois grupos controladores, e já nasce com práticas de governança corporativa, de gestão ambiental e de responsabilidade social. O incentivo aos produtores locais, para o fornecimento de matéria-prima, faz parte da estratégia de desenvolvimento regional e da sustentabilidade da empresa. Em um primeiro momento vão ser gerados 1,9 mil empregos diretos. Outra tática, muito bem planejada, é a questão da logística de escoamento da produção. Pela proximidade do Rio Paranaíba, que possibilita a navegação, e por estar a menos de 800 km do porto de Santos (SP) por vias rodoviárias, a Tropical vai ter facilidades para atender tanto o mercado interno quanto externo. O valor do investimento é de R$ 200 milhões, 20% com recursos próprios e o restante adquirido por meio de financiamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Capaz de dominar e estabilizar o desequilíbrio econômico, que é força desafiadora dos negócios, e definir estratégias a curto, médio e longo prazo com eficiência e eficácia, a Braskem foi criada de olho no futuro. A palavra-chave no dicionário da empresa é planejamento. Ela nasceu, em 2002, como a maior companhia petroquímica da América Latina, com faturamento anual superior a R$ 7 bilhões e ativos avaliados em R$ 12 bilhões, fruto da fusão de seis com-

panhias a partir de uma iniciativa dos grupos Odebrecht e Mariani: Copene, OPP Química, Trikem, Polialden, Copesul e Nitrocarbono. Depois de colocar todas no mesmo ritmo, duplicar a receita inicial e mais do que triplicar as exportações, hoje em torno de US$ 1 bilhão, agora a gigante se concentra em fazer a diferença no turbulento mercado do petróleo.

Cultura e costumes O comandante de todo esse arranjo é José Carlos Grubisich, presidente da empresa. Cada unidade tem sua cultura e seus costumes. Então sua primeira medida foi definir um conjunto de valores e princípios para todas, e um código de conduta comum. “É preciso que as regras do jogo sejam claras a todos”. O passo seguinte foi o alinhamento de salários e, por fim, a implantação de sistemas de medição para controlar o planejamento. “A parte mais complexa foi, sem dúvida, a gestão de pessoas. Sabíamos que cada um tinha sua expectativa, mas a adaptação aconteceu de forma natural. Hoje temos 3 mil empregados diretos e 5 mil indiretos espalhados por 13 fábricas localizadas em Alagoas, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul”, afirma. A equipe está tão afinada que um estudo do Boston Consulting Group aponta a Braskem como uma possível concorrente de grandes grupos mundiais, hoje líderes de mercado. Somente outras sete empresas brasileiras foram citadas no levantamento, entre elas WEG, Embraco, Vale do Rio Doce e Embraer. Mas a Braskem, uma das três mai-

ores companhias de capital privado do Brasil, tem com o que se preocupar. “Não há como prever preços de commodities, mas as petroquímicas precisam se acostumar a conviver com o preço do petróleo em alta”, diz o executivo. Por isso a ênfase na busca de novos fornecedores de matéria-prima, como pôde ser verificado no contrato recentemente assinado com a Pequiven, braço petroquímico da estatal PDVSA, da Venezuela, onde o conglomerado vai construir um dos maiores complexos industriais da área nas Américas. Um investimento de US$ 1 bilhão, previsto para entrar em atividade em 2012. Possíveis aquisições de ativos no exterior também são analisadas. Outra importante medida estratégica da Braskem é o investimento em inovação. A companhia possui um dos melhores centros de tecnologia petroquímica da América Latina, premiado pela Finep e Abiquim, que procura continuamente o melhor aproveitamento energético e de matérias-primas. É o caso de um processo que permite fazer uma sacola plástica mais resistente e com menos insumos, por exemplo. A diversificação de matérias-primas também é foco do centro, inclusive etanol e outros combustíveis vegetais. “Já desenvolvemos a tecnologia, mas ela ainda não é viável economicamente”. O trabalho de seus quase 130 pesquisadores, cerca de um terço deles doutores, já resultou também no depósito de centenas de patentes, entre elas a primeira de nanotecnologia feita por uma petroquímica no país. Mas no Brasil, o ambiente é me-

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Tendência Grubisich: equipe afinada é destaque de um estudo que aponta a Braskem como uma possível concorrente de grandes grupos mundiais

Braskem Presidente: José Carlos Grubisich Ramo: Petroquímico Criação: 2002 Participação: Grupos Odebrecht e Mariani Presente: América Latina Funcionários: 3 mil empregados diretos e 5 mil indiretos Faturamento: R$ 7 bilhões www.braskem.com.br

nos propício para o nascimento de gigantes do que em outros países como os europeus, os Estados Unidos e o Japão. A conta que mostra isso é simples de ser feita. Quanto maior for o número de empresas que brilham, mais oportunidades favoráveis podem ser criadas para que surjam supernovas, desencadeando forte concorrência nas suas áreas de atividade. Para que isso aconteça com mais freqüência no Brasil, é preciso mudar a cultura empreendedora.

Dornellas: pensar de maneira estratégica e a longo prazo

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Poucos brasileiros têm a ambição de ter um grande negócio e de internacionalizar a sua empresa. Isso indiferente da área e de estarem motivados ou não. O que acontece com freqüência quando a empresa atinge patamares mais elevados é a venda. Receber uma boa proposta de compra tem peso dobrado nas decisões e é preponderante por aqui em casos nos quais se torna a única opção para resolver dificuldades financeiras. Com o dinheiro em mãos, muitos partem em busca de realizações em novos empreendimentos. Porém, com essa atitude, às vezes podem perder a chance de emplacar como candidatos a líder no mercado mundial. Um conhecido exemplo é o da Brahma. Com receio da possível vitória de Lula nas eleições para presidente, a família resolveu vender, em 1989, a empresa que comandava desde sua fundação, em 1888. Quem assumiu o controle acionário da cervejaria foi o Banco Garantia, na época controlado pelos investidores Jorge Paulo Lehman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. A transação foi realizada em apenas uma semana e a partir daí começou uma nova história da empresa. Em 15 anos, contados a partir da venda, transformou-se em líder mundial no ramo de bebidas. As aquisições e fusões já faziam parte da estratégia

e trajetória corporativa, mas a de 1999 foi a maior já realizada no Brasil. Fato que marcou o surgimento da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) e gerou muita controvérsia, porque a fusão aconteceu entre as duas maiores cervejarias do país: a Companhia Cervejaria Brahma e a Companhia Antarctica Paulista. A AmBev já nasceu gigante, posicionando-se como a quinta maior do mundo. Depois de quatro anos, assumiu a terceira posição com a compra da argentina Quilmes. Finalmente, em 2004, foi criada a InBev, presidida por Carlos Brito, a número um em produção e distribuição global, com a participação da belga Interbrew, que hoje detém quase 50% das ações da empresa. Fomentar o meio para o nascimento de gigantes é uma das contribuições do processo de fusão e aquisição. Com a abertura da economia na década de 90, houve um aumento do número de empresas que passaram a utilizar essa estratégia para crescer. A postura e visão a curto prazo do empreendedor brasileiro também têm mudado nos últimos dez anos. Atualmente, há mais empresas nacionais


Tropical BioEnergia S.A. Ramo: Açúcar, álcool e co-geração de energia elétrica Criação: 2006 Participação: Grupo Maeda e Usina de Açúcar e Álcool MB Ltda. Produção (estimativa): moagem de 1,3 milhão de toneladas de cana a partir de 2008

Jorge Maeda: para criar a Tropical, Grupo Maeda uniu-se à Usina de Açúcar e Álcool, joint-venture entre a Vale do Rosário e a Santa Elisa

abrindo filiais e franquias em outros países com o pensamento de internacionalizar o negócio. Mas isso ainda é muito recente e restrito àqueles que encontraram oportunidades globais. “Nesse aspecto, a maioria das empresas brasileiras carece de uma abordagem inovadora. O foco sempre é voltado para a economia de escala e com isso o Brasil acabou competindo com a China e países asiáticos, que deixaram em xeque, hoje, quem apostou nessa estratégia”, diz José Dornelas, professor doutor pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em empreendedorismo e idealizador do portal gratuito: Plano de Negócios

Inbev Presidente: Carlos Brito

(www.planodenegocios.com.br). Incentivar a formação de gigantes em uma determinada região, por exemplo, não é uma decisão muito simples. Para a maioria dos grandes conglomerados, a responsabilidade sócio-ambiental é um dos fatores decisivos na escolha de uma ou outra localidade. “Não adianta apenas facilitar que uma empresa se estabeleça, tem que pensar de maneira estratégica, sempre a longo prazo, e fazer um projeto mais abrangente, como criar antes as condições para o desenvolvimento das pessoas e da infra-estrutura local”, diz Dornelas. Somente planejamento não basta para atingir o brilho intenso como o Carlos Brito: a soma da Ambev com a argentina Quilmes mais a belga Interbrew resultou na número um do mundo

das explosões das supernovas. Empresas que surgem da noite para o dia, ocupando lugar de destaque, necessitam de condições adequadas na conquista da visibilidade no universo empreendedor. Juros altos, impostos extorsivos, câmbio desfavorável, dificuldade de acesso e o custo do crédito são fatores que prejudicam o desempenho das companhias nacionais e inibem o nascimento de gigantes. Nesse ambiente, é preciso repensar as políticas públicas de incentivo, principalmente em áreas estratégicas, para que as empresas brasileiras possam se fortalecer e ganhar visibilidade. Senão, raro vai ser o brilho das supernovas no país. DIVULGAÇÃO INBEV

Funcionários: 1.900 empregos até 2010

Ramo: Cervejaria Criação: 2004 Participação: Interbrew e Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) Presente: 32 países Funcionários: 77 mil Faturamento: US$ 10,47 bilhões (2004) www.inbev.com Setembro 2006 – Empreendedor – 25


Tendência

Luta à sombra de gigantes Utilizar o vácuo deixado pelas concorrentes maiores é o caminho mais curto para atingir o ápice e expandir os negócios Nos nichos dominados por gigantes, as empresas menores geralmente ficam à sombra do mercado. Nesse espaço, as condições de crescimento são menos favoráveis, porém, nem sempre inférteis. Enquanto conglomerados moldam suas estruturas, capazes de atender a demanda em vários países para se unir e formar uma empresa de primeira magnitude, as de menor porte possuem táticas diferentes, muitas vezes com alto potencial . Elas têm a seu favor maior agilidade nas decisões e facilidade de adequação dos processos à solicitação dos clientes, ocupando espaços deixados de lado ou não vislumbrados pelas grandes. Quando a definição da trajetória do empreendimento é planejada com antecedência, utilizar como referência o vácuo deixado pelas concorrentes maiores é o caminho mais curto para atingir o ápice e expandir os negócios. Mas é decisivo saber onde e como elas estão posicionadas nas efemérides e alte-

rar a rota de acordo com as necessidades para não colidir, nem se desviar dos objetivos propostos. Os resultados, em alguns casos, surpreendem. Existem inúmeros exemplos de micro e pequenos empreendimentos que conseguiram frutificar seus negócios e se destacaram mesmo nos ambientes mais hostis. As iniciativas comuns, que os ajudaram a cruzar o emaranhado de dificuldades e tornar seus negócios promissores, foram acreditar que é possível e principalmente elaborar um detalhado Plano de Negócios (PN). O documento contém informações valiosas para formular as estratégias e definir a trajetória gerencial da empresa. É de posse dele que o empreendedor demonstra a viabilidade, mensurando o desempenho, e se orienta para atingir suas metas. Somente com essa ferramenta operacional é possível consolidar a participação de investidores, essenciais na geração de gigantes. Os recursos servem como combustível que permitem ultrapassar o véu invisível, que separa as maiores empresas das menores, e por meio do espaço deixado por elas, despontar no mercado. Graças a um bom plano de negócios, o empreendedor Gustavo Caetano conseguiu abrir a Samba Tech, em 2004, para distribuição de soluções multimídia para celular – aproximada-

Caetano (de pé): Samba Tech distribui soluções multimídia para celular

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mente 75 mil itens como jogos, papéis de parede, proteção de tela (screensavers), imagens, vídeos e toques para celular (ringtones). Como fazia graduação em Marketing na ESMP do Rio de Janeiro e trabalhava no departamento de marketing de uma empresa nacional de planos de saúde, ele estava habituado com determinadas práticas no empreendedorismo. E perceber uma brecha no mercado não foi difícil. Na época, esse ramo de atividade no país ainda era incipiente, porém próspero e veloz. Em dois anos de funcionamento, a empresa tem escritórios em três países diferentes. A oportunidade que encontrou surgiu por necessidade própria. Ele comprou um celular e tentou baixar alguns joguinhos, mas as operadoras não forneciam esse tipo de serviço. Enxergou um negócio com chances promissoras. A área já era rentável e bem conceituada nos países em que esse mercado estava mais desenvolvido como França, Inglaterra, Coréia e Japão. Com ajuda do amigo e sócio, Lucas Arantes, definiu o foco estratégico da empresa, o qual permitiria atender a demanda no Brasil: unir as duas pontas da cadeia os produtores com quem tem interesse de comercializar. Mas para realizar o sonho de abrir a Samba, o desafio era enfrentar as dificuldades. A alternativa era primeiro conseguir um aporte financeiro. E para isso, precisavam elaborar um plano de negócios (PN) para comprovar a viabilidade. “Sabia que seria dispendioso, pois os custos para abrir os canais de distribuição são altos; teríamos que viajar muito para o exterior para participar de feiras e apresentar a empresa”, diz Caetano. Mas não havia referências na área que pudessem ser seguidas ou utilizadas como modelo. Dados foram obti-


Fernando Peixoto: softwares personalizados e a um custo adequado à realidade nacional

dos por meio de pesquisas e mesmo assim havia uma grande diferença entre as informações dispostas no papel e as da realidade. “Aprendemos que no nosso primeiro plano éramos uma empresa totalmente diferente do que somos hoje e se tivéssemos insistido muito provávelmente não estaríamos mais no mercado”, diz. “Se houver disparidade entre o mapa e o terreno, é lei aqui na Samba ficar com o terreno. Quer dizer, tivemos que fazer algumas mudanças no dia-a-dia porque na prática tudo é diferente, mesmo que o PN esteja o mais próximo da realidade”. As atualizações freqüentes, principalmente durante os seis meses iniciais, ajudaram a nortear e dar maior credibilidade e transparência junto aos investidores. Não demorou muito para conseguirem os primeiros recursos, provenientes do Grupo Gentil de Florianópolis (que atua nas áreas de hotelaria e construção civil). Com isso, a Samba alçou vôo. “O começo foi a parte mais difícil, porque são diversas variáveis que não têm como mensurar”. Mas o crescimento de 80% ao ano comprova que tudo foi muito bem planejado. Caetano localizou algumas empresas que atuam nessa área na Europa e foi em busca de parceiros. Uma companhia inglesa se interessou pelo mer-

cado brasileiro e propôs a ele um desafio. Se pudesse provar que sua idéia de montar um negócio no Brasil desse lucro, firmava o acordo de distribuição. Fizeram um PN em inglês e o apresentaram. “Com o PN era possível mostrar como era o mercado brasileiro, no qual eles tinham interesse”. Não foi surpresa efetivarem a parceria com a participação do investidor e a partir daí conquistaram outras alianças. No total, possui acordos com fornecedores de 40 países como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Venezuela, Equador e Peru para a distribuição na América Latina. A empresa hoje é líder na distribuição de jogos, com aproximadamente 70% do mercado, fornecendo para operadoras como Oi, TIM, Vivo, Claro, Brasil Telecom, Telemig Celular, CTBC Telecom. A empresa recentemente decidiu abrir o leque de atuação na área, fechando acordo com os principais produtores de jogos para computadores. O objetivo é pagar royalties para os fabricantes e ganhar com a distribuição. Com recursos próprios, investiu R$ 1 milhão no portal de internet batizado de combogame para hospedagem, entrega e cobrança de games para PC, que serão distribuídos por via 100% digital. O usuário acessa o site, preenche um cadastro e pode baixar o jogo que desejar pela internet. A empresa faz também a cobrança. “Temos um sistema de afiliação no qual é possível terceiros venderem os jogos por meio da nossa rede”, diz. A capacidade de hospedagem, conforme

Caetano, é de mil games, cada um com um gigabite, em média. Adquirir conhecimento o suficiente com objetivo de desbancar gigantes foi a estratégia de Fernando Peixoto. Isso ele fez para conquistar seu espaço em um mercado dominado por grandes multinacionais, o ramo de diagnóstico por imagem. Antes de abrir o próprio negócio fez um estudo de viabilidade. Nele, o sócio da Pixeon, empresa catarinense fundada em maio de 2003, encontrou uma brecha: fornecer softwares personalizados a cada cliente e a um custo adequado à realidade financeira das instituições de saúde no Brasil.

Mapa oficial Mas o foco principal para ganhar visibilidade é provocar mudanças no processo de gestão de imagens médicas. A empresa criou um sistema no qual imagens geradas em equipamentos de diagnóstico, como ultra-sonografia, endoscopia, tomografia, ressonância magnética, mamografia e raiox, sejam digitalizadas, armazenadas e transmitidas via rede de computadores ou salvas em cd-rom. Hoje, a empresa é uma das líderes na área, no Sul do país, e tem alto potencial explosivo, em decorrência do impacto positivo da tecnologia desenvolvida, iniciando a expansão para outras regiões. “O domínio total da tecnologia oferecida permite que a empresa remodele os sistemas sempre que necessário, para que eles atendam aos clientes com total grau de Setembro 2006 – Empreendedor – 27


Tendência efetividade”, diz Peixoto. O plano de negócios é uma das exigências na hora de obter um financiamento. É por meio dele que o investidor vai analisar os riscos e as potencialidades do negócio. Para Paulo Uebel, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), é preciso ser o mais verdadeiro possível e fiel à realidade, em relação às chances potenciais de retorno dos recursos investidos. “Quem investe está preocupado com o retorno do capital. Se o empreendedor omite algum dado, já cria uma relação com a falta de transparência, o que pode até arruinar futuros negócios”, diz. O empreendedor no Brasil, conforme Uebel, peca em não detalhar os riscos ou por superdimensionar os benefícios para tentar conseguir os recursos de qualquer maneira. Por a credibilidade à prova é o primeiro movimento para o desastre. Na opinião dele, até é possível enganar o investidor, mas por pouco tempo, porque as evidências logo aparecem, no caso de haver má fé ou alguma maquiagem nos resultados. “Tem que pensar em uma aliança de longo prazo e apresentar todas as variáveis (quanto mais, melhor), que podem ocorrer na economia e no cenário político que podem prejudicar o negócio dele”. Referente à análise financeira do PN, não se pode esquecer do desempenho da empresa. O conselho é fazer um retrospecto, destacando a lucratividade ou prejuízos que teve nos últimos anos. “Mesmo que os números sejam deficitários é importante colocar no seu histórico e justificar: ‘era um momento inicial de muito investimento ou isso ocorreu porque existia uma forte concorrência’. O investidor é como um parceiro e se ele aceita em participar é porque também abraçou a causa”, diz Uebel. Na hora de mostrar uma perspectiva de retorno do capital a dica é não criar uma expectativa muito grande. Por exemplo, se o retorno vai ser de 4%, deve falar em 3% ou 3,5%. Assim, quando o investidor perceber que

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DIVULGAÇÃO TANIA MAINERZ

Para nascer com segurança O plano de negócios é uma das exigências na hora de obter um financiamento. Seguem algumas dicas para a sua elaboração com o objetivo de consolidar a participação de investidores.

Conhecimento do negócio Por meio de estudos de viabilidade e pesquisas de mercado é possível entender peculiaridades específicas da área de atividade Paulo Uebel: falta de transparência pode arruinar futuros negócios

o resultado foi melhor que o esperado vai se surpreender, aumentando as chances de um novo investimento. Mas essa tática também é utilizada com outras intenções, para captar recursos o mais rápido possível ou um número maior de investidores. “Cria-se uma estimativa que não é verdadeira ou mesmo muito otimista, e quando isso não acontece é inevitável dar explicações porque os investidores vão ficar insatisfeitos”, diz o presidente do IEE. Tem que se preocupar também em abordar qual é o mercado em que vai estar inserido, quais são os principais concorrentes e se as variações da taxa do câmbio podem afetar ou não. “É justamente nas peculiaridades específicas de cada área de atividade que o empreendedor tem que ser mais detalhista, porque a maioria dos investidores conhece as que são comuns a todos os negócios”, diz Uebel. Com as informações do PN, o empreendedor pode traçar a trajetória de sua empresa e encontrar espaços antes não explorados. As estratégias quando bem planejadas servem de insumo, que fomenta e acelera o crescimento, e as atitudes consolidam a credibilidade e atraem investimentos. O destino pretendido, o sucesso, é alcançado a passos de gigantes e com brilho fortalecido.

Atualizações constantes A consulta e as atualizações do plano de negócios devem ser uma prática freqüente, principalmente durante os seis meses iniciais, pois ajudam a nortear o negócio e dar maior credibilidade e transparência junto aos investidores.

Transparência É por meio dela que o investidor vai analisar os riscos e as potencialidades do negócio. Ser o mais verdadeiro e fiel à realidade, em relação às chances de retorno dos recursos investidos, detalhar os riscos e nunca superdimensionar os benefícios para tentar conseguir os recursos, ajudam.

Histórico Fazer um retrospecto do desempenho da empresa. Mesmo que os números sejam deficitários, colocar a lucratividade ou prejuízos nos últimos anos.

Efeito surpresa Por exemplo, se o retorno vai ser de 4%, deve falar em 3% ou 3,5%. Assim, quando o investidor perceber que o resultado foi melhor que o esperado vai se surpreender, aumentando as chances de um novo investimento.


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Inovação

Estímulo à excelência Prêmio da Anprotec destaca empresas por Wendel Martins pioneiras em soluções inteligentes

O resultado do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 2006, iniciativa promovida pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) com apoio do Sebrae e da Microsoft, destacou a criação de pólos de excelência com trabalho contínuo em Santa Catarina e uma área de pesquisa vital para o país: a energia elétrica. Empresas como a Reivax e Lupa Tecnologia e Sistemas, vencedoras das categorias Melhor Empresa Graduada e Melhor Produto Inovador respectivamente, são exemplos de companhias que abastecem o setor com produtos inovadores. Enquanto primeira se dedica a criar sistemas de controle na área de geração,

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com foco em usinas hidrelétricas e termoelétricas, a segunda é voltada para a fabricação de equipamentos de automação em redes elétricas. A Reivax é destaque dentro do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), que se transforma em referência de incubadora no país ao ganhar o prêmio de Melhor Programa de Incubação de Empreendimentos Inovadores Orientadores para o Desenvolvimento de Produtos Intensivos em Tecnologia. O Celta surgiu em 1986 com a proposta de aproveitar os talentos e o conhecimento gerados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi pioneira ao ganhar o Prêmio Anprotec de Incubadora do Ano, em 1997 e por manter

um programa de avaliação das empresas incubadas, em que a cada semestre são feitas avaliações de desempenho que identificam os potenciais de melhoria no processo produtivo ou até na comercialização. Entre as empresas que ainda não romperam o cordão umbilical com a incubadora, o destaque foi para Meantime, que venceu na categoria Melhor Empresa Incubada de 2006. Residente no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), a companhia está focada no segmento de jogos para celulares e foi criada a partir de um projeto desenvolvido em conjunto pela Motorola e Cesar. Atualmente, os jogos da Meantime são comercializados no Brasil, nos EUA e em alguns países


Geração de lucros Reivax supera obstáculos com equipamentos que regulam a tensão da energia elétrica

da América Latina, Europa e Ásia. A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Federal de Viçosa (Centev/UFV) venceu na categoria Melhor Programa de Incubação de Empreendimentos Inovadores orientados ao Desenvolvimento Local e Setorial (DLS) de 2006. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) venceu na categoria Melhor Projeto de Promoção da Cultura do Empreendedorismo Inovador por desenvolver e implantar mecanismos que permitem a criação e consolidação de empresas de base tecnológica agropecuária, onde foi aplicada a transferência de tecnologia das diversas unidades de pesquisa para a sociedade.

Castro Soares, que trabalhou durante uma década na Eletrosul e hoje é diretor de pesquisa e desenvolvimento da Reivax, explica que nos anos 80 o setor elétrico ainda se organizava em estatais e que as empresas multinacionais não atendiam bem as compaO ano de 1987 foi hostil para o nhias brasileiras. Tanto que vendiam empreendedorismo: o Plano Bresser equipamentos de segunda linha, tecestava em ação, Governo aumentou nologias obsoletas em seus países de vários impostos e a economia era ins- origem. Não percebiam que o país titável, em função do congelamento de nha um corpo técnico de bom nível e preços. No final do ano, a inflação as consultorias do setor estavam enchegou a 366%. Na opinião do enge- tre as mais avançadas do mundo. “Os nheiro eletricista João Marcos Castro americanos e europeus tinham uma Soares, o Brasil “era uma nação sel- idéia monolítica do Brasil e nos idenvagem e quando abríamos o jornal era tificavam mais como índios do que para sofrer”. Por ironia foi naquele como engenheiros. Não entendiam as momento que Castro Soares resolveu necessidades de um usuário mais sofundar a Reivax, empresa especializa- fisticado”. Um dos primeiros sucesda em reguladores de tensão para sos da companhia foi um regulador grandes usinas hidrelétricas. Os de- digital – tecnologia simples em uma safios eram imensos, já que na época época que a microeletrônica se popuo país cortava os gastos com infra- larizava – que passou a equipar usiestrutura e adiava grandes obras como nas de todo o país, bem como todo o a Ferrovia Norte-Sul e o trem-bala parque elétrico da Argentina. “Lá eles entre Rio e São Paulo. Mesmo assim, tinham sérios problemas operacionais Castro Soares acreditava no potencial e a economia que obtiveram com os da sua idéia por um simples cálculo: a nossos produtos pagou todo o invescada 1% de crescimento do PIB o timento em apenas um ano”. Atualmente, a Reivax contabiliza Brasil precisa de 1,5% a mais de energia. Também confiava em um lema em sua carteira de negócios 583 equisimples, mas que deu certo: respeitar pamentos entre os sistemas já em operação, em instalação ou e atender bem o clienem fase de projeto para te. “Nós tivemos que clientes nacionais e do aprender a caminhar mercado externo. No topelas próprias pernas”. tal, esses equipamentos Após 19 anos o esforestão vinculados ao conço foi recompensado e trole e supervisão da gea Reivax foi eleita a ração de 51,6 GW (gigamelhor empresa grawatts ou seja, bilhões de duada pelo Prêmio watts) de energia elétriNacional de Empreenca, o que equivale à mededorismo Inovador da tade de toda a potência Associação Nacional elétrica hoje instalada no de Entidades PromotoBrasil. A companhia tamras de Empreendimentos Inovadores (An- Soares: “índios” fazem bém vem consolidando o regulador digital trabalho de exportação – protec) Setembro 2006 – Empreendedor – 31


Inovação

Jogo da estratégia Empresa incubada desenvolve e comercializa jogos para celulares

Soares e equipe: “Um dos engenheiros foi para a Colômbia e vestiu roupa de militar para evitar seqüestro”

no início eram os estrangeiros que vinham ao Brasil comprar e não a empresa que buscava vendas. Sem dinheiro para gastar em marketing, os produtos da companhia fizeram fama por meio de publicações técnicas e divulgação em seminários. A Reivax exporta para mais de 12 países, todos da América do Sul, com exceção do Chile e Venezuela. Castro Soares também investe em mercados novos como o de Angola e sonha em vender em escala para os Estados Unidos. Apesar de ser competitiva em termos de preço, a empresa precisa conquistar certificações técnicas que lhe dê status de vencedora. O mercado asiático também está nos planos, com atenção especial para contatos já iniciados na Índia. O plano de expansão também contempla aumentar a venda de serviços de consultoria em campo. “Fomos para uma usina no Peru, onde os equipamentos só chegavam a 80% de seu potencial. Depois da nossa visita e de alguns ajustes, eles obtiveram 100% da carga”. Esse ano, os serviços de consultoria já respondem por 10% do faturamento da Reivax, mas ele não acredita que possa reviver os tempos áureos da década de 80. Mesmo assim, afirma que os requisitos para esse tipo de serviço não são os mais agradáveis. “Um dos nossos engenheiros foi trabalhar na Colômbia e

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teve que vestir uma roupa de militar para não correr o risco de seqüestro”. Simultaneamente ao investimento em serviços, Castro Soares reforça o foco em hardware e software e afirma que a empresa destina cerca de 5% do faturamento para Pesquisa e Desenvolvimento. Diz que para manter a qualidade dos equipamentos todos os componentes são testados antes de serem vendidos. E anuncia uma nova plataforma, mais ecológica, pois economiza fiação e permite que os componentes não sejam centralizados em um rack, mas espalhados de acordo com as necessidades do cliente. “Queremos atingir um padrão mundial de equipamentos e um domínio amplo do processo. Desenvolver é aprender e quem não paga pelo erro não pode ser empresário”.

Reivax Controle e Automação Nome completo: João Marcos Castro Soares Formação: Engenheiro Elétrico Ramo de atuação: setor elétrico Ano de fundação da empresa: 1987 Cidade-sede: Florianópolis Número de funcionários: 130

A visão estratégica de mercado foi decisiva para Haim Mesel e Geber Ramalho encontrarem uma oportunidade e criarem, em julho de 2003, a Meantime, empresa que desenvolve e comercializa jogos para celulares. Para encontrar uma solução que atendesse a demanda existente, foi necessário dominar a tecnologia envolvida na produção e conhecer todos os benefícios e dificuldades desse nicho. Somados aos nove anos de experiência e atuação profissional, ter a certeza de que o ramo escolhido é promissor contribuiu para a evolução do negócio. O reconhecimento pelo trabalho realizado vem desde a fundação da empresa. Em três anos como empreendedores Mesel e Ramalho receberam diversas premiações. Conquistaram, em 2003, o primeiro e segundo lugar na categoria Series 60 de um concurso promovido pela Nokia. Em 2005 ganharam o Troféu GameWorld, como melhor desenvolvedora nacional de jogos e, neste ano, receberam o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador como Melhor Empresa Incubada, concedido pela Anprotec. Uma das iniciativas que eles destacam para o fortalecimento e o reconhecimento para receber o prêmio foi ousar. “Apostamos alto e entramos, de forma pioneira e inovadora, no mercado de jogos para celulares antes que existisse aqui no Brasil”, diz Messel. “Poderíamos ter errado, mas não foi esse o caso. Quando o mercado local de jogos para celulares começou a nascer,


nós já estávamos estabelecidos e tínhamos domínio total da tecnologia envolvida, então ficamos em uma posição privilegiada”. A Meantime é uma das empresas referência hoje nessa área no país. São mais de 60 jogos distribuídos no Brasil, nos Estados Unidos, em toda a Europa e em alguns países da América Latina e Ásia. Nos últimos 12 meses, foram produzidos dez novos games e anexados cerca de 300 ao portfolio, desenvolvidos por terceiros. Atualmente, possui como clientes LG Eletronics, Motorola, Nokia, Samsung, Globo, Ronaldinho Gaúcho e Instituto Ayrton Senna e é pioneira no trabalho com marcas nacionais como Casseta & Planeta, Big Brother Brasil e Playboy Brasil. Conforme Messel, desde o nascimento, a empresa tem seu foco direcionado, principalmente, para o mercado externo. É uma estratégia de posicionamento, mas também uma necessidade, em decorrência da tecnologia, a qual permite o download de conteúdos para o celular, que era muito incipiente no Brasil. “Além de buscar uma posição de destaque no mercado interno, nunca fechamos os olhos para o mercado externo e, desde muito cedo, começamos a exportar nossos produtos e serviços. Atualmente, temos contrato com mais de 30 operadoras e canais de distribuição de fora do Brasil”, diz. “Entender as diferenças culturais entre os

vários países para os quais vendemos nossos conteúdos é, sem dúvida, um fator muito importante para o sucesso em nossas vendas”. A Meantime é uma empresa incubada no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). A equipe é formada por 75 integrantes que se dividem em programadores, artistas, designers, produtores, profissionais de marketing, comunicação e gerenciamento. No início do processo de incubação ela recebeu apoio da Finep para elaborar um plano de negócios de um protótipo de servidor de jogos multiusuários e de alguns jogos. “O apoio do Cesar foi fundamental, pois canaliza recursos e agrega serviços para as incubadas como as-

sessoria jurídica, financeira e de marketing e isso cria o espaço necessário para que o empreendedor possa se preocupar especificamente com o seu negócio”, diz. Depois da formalização da empresa e o começo do processo de incubação, uma das dificuldades foi a escassez de recursos para investimentos e a própria estruturação da empresa, de acordo com Mesel. “Superamos com a entrada da FIR Capital (empresa gestora de fundos de capital) na sociedade, pois com o dinheiro aportado conseguimos fazer os investimentos necessários.” Para este ano, os principais investimentos previstos são para a prospecção de novas marcas e expansão internacional da empresa.

Meantime Mobile Creations

Haim e Geber: mais de 60 jogos distribuídos no Brasil, nos Estados Unidos e em toda a Europa

Proprietários: Haim Mesel e Geber Ramalho Formação: Ciência da Computação / Engenheiro Eletrônico Ramo de atuação: Tecnologia da Informação Ano de fundação da empresa: 2003 Cidade-sede: Recife (PE) Número de funcionários: 75 www.meantime.com.br Setembro 2006 – Empreendedor – 33


Inovação

Chaves da proteção Empresa oferece sistema sete vezes mais barato do que os similares estrangeiros A Lupa Tecnologia apostou na automação da rede de distribuição de energia elétrica e conquistou a categoria “melhor produto inovador” do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 2006. Seu Sistema LAR (Lupa Automação de Religadores) adapta religadores microprocessados aos eletromecânicos e analógicos. A tecnologia é pioneira no Brasil e seus únicos concorrentes no país, os equipamentos americanos e os europeus, são cerca de sete vezes mais caros. Além disso, os produtos importados exigem a substituição dos religadores atuais, enquanto que o LAR não. O sistema começou a ser desenvolvido em novembro de 2002 e cinco meses depois foi implantada a primeira unidade. Os religadores são chaves de proteção de grande alcance, capazes de interromper o fornecimento de energia para um grande grupo de consumidores (cerca de 5 mil). A interrupção, ou abertura do circuito, acontece quando ocorre uma falha no sistema de distribuição de energia, fazendo com que os religadores atuem desligando e retornando com a alimentação na tentativa de sanar o problema. As falhas podem ser transitórias ou permanentes. Um exemplo do primeiro caso é quando há ocorrência de descargas atmosféricas sobre a rede de energia elétrica. Como a falha desaparece, o religador abre o circuito e o fecha novamente, solucionando o problema. No segundo caso, sendo a falha permanente, um exemplo é quando ocorre o rompimento de um cabo que vai ao chão. O religador faz de duas a três tentativas, ligando e desligando a alimentação, deixando o circuito aberto e o fornecimento de energia interrompido. Assim, é necessário que a concessionária tome conhecimento

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para restabelecer o abastecimento. Com a utilização dos religadores eletromecânicos e analógicos, as concessionárias só passam a ter conhecimento do problema a partir das reclamações dos consumidores via telefone. Depois disso, enviam uma equipe de técnicos para percorrer a rede – que possui vários quilômetros de extensão e muitas ramificações – e encontrar o local da falha. Faz-se o reparo para depois ir até o religador e, através de um bastão isolado, realizar seu fechamento. Esses religadores são projetados para identificar a falha e abrir automaticamente o circuito, mas não para fechálo, sendo necessário um procedimento manual. Com o Sistema LAR, assim que há uma falha na rede, os próprios religadores, que são controlados a distância, avisam o problema para as concessionárias via telefonia fixa ou móvel. Não é mais preciso esperar ligações dos usuários, enviar equipes para mapear o local e identificar o religador para fechá-lo. Ele diminui o tempo de interrupção no fornecimento de energia e os prejuízos causados por ele. O produto foi desenvolvido em parceria com a Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora e a Companhia Energética Minas Gerais (Cemig). Atualmente, tem inserção apenas no mercado mineiro. Ao todo, desde 2002, foram vendidas 20 unidades do sistema para Cemig e quatro para a Companhia Força e Luz Cataguazes Leopoldina (Catleo) – que através de um projeto de pesquisa vinculado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) programou, para este ano, a aquisição de mais 40

Sistema LAR O Sistema LAR é composto: 1- Adaptação do religador eletromecânico (“retrofiting”) através de algumas modificações internas e inclusão de um kit; 2- Instalação, junto ao religador, de uma unidade remota microprocessada (hardware) capaz de estabelecer uma conexão direta com a concessionária através de linha telefônica fixa ou telefonia móvel, permitindo o controle total do religador remotamente; 3- Um software (S2R – Sistema de Supervisão de Rede) que recebe as ligações telefônicas e permite que os operadores enviem comandos aos religadores.

Lupa Tecnologia Ramo de atuação: Fabricação de equipamentos e aparelhos eletroeletrônicos Ano de fundação da empresa: 2002 Cidade-sede: Juiz de Fora / MG Faturamento: R$181.327,62 (em 2005) Empresa incubada (01/09/2002 01/09/2007) da Incubadora de Base Tecnologica – Critt/Ufjf


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Inovação unidades. A empresa pretende ampliar sua participação no mercado nacional e entrada no mercado internacional através de visitas a concessionárias e participações como expositora em feiras do setor de energia elétrica. Não é a primeira vez que a Lupa Tecnologia conquista o primeiro lugar na categoria “produto inovador”. Em 2002, a empresa recebeu o prêmio com o produto APCI (Acessório de Proteção Contra Concorrentes de Inrush) – também para o setor de distribuição de energia –, no Prêmio de Inovação Tecnológica Sebrae-MG. A Lupa foi criada por engenheiros que participaram durante seis anos da equipe de pesquisadores do Núcleo de Eletroeletrônica do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (Critt/UFJF), o que contribuiu para que adquirissem experiência e conhecimento na concepção e no gerenciamento de projetos das áreas de eletroeletrônica e automação industrial. A empresa está instalada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Critt/UFJF e atua na área de prestação de serviços e geração de soluções para os diversos setores produtivos através da aplicação de tecnologias em eletroeletrônica. Recentemente contratou novos funcionários e expandiu em mais de 100% suas instalações físicas para estruturar uma linha de produção e suprir o crescimento das vendas. Em 2007, a empresa será graduada e espera uma vaga no Condomínio de Empresas de Base Tecnológica que a UFJF pretende implantar dentro do espaço da universidade. Além disso, prepara-se para receber o Prêmio Juiz de Fora de Qualidade e Produtividade (Pjfqp) e, posteriormente, obter uma Certificação de Qualidade Total.

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Habitat de idéias O impacto de projetos inovadores em um país que não possui uma cultura consolidada nessa área Parece que o Brasil segue sempre na contramão e tenta recuperar o tempo perdido. Pelo menos essa é a conclusão de quem olha atentamente o desenvolvimento da tecnologia no país. Ao contrário da maior parte dos países desenvolvidos, que investiram primeiro em parques tecnológicos e depois em incubadoras, o Brasil dirige um carro inglês. O conceito de facilitar o intercâmbio entre universidades e empresas surgiu nos Estados Unidos, nos arredores da Universidade de Stanford, ainda na década de 50, e foi responsável pela construção do Vale do Silício e de grandes empresas como a Hewlett-Packard. Nos anos 60 ganhou adeptos em países como Reino Unido, França e Alemanha, mas no Brasil a idéia só obteve destaque a partir dos anos 80, com a abertura das primeiras incubadoras. Já os parques tecnológicos só tiveram investimentos significativos a partir da década de 90. Entre

as justificativas, pode-se apontar a falta de financiamentos para a infra-estrutura ou crédito fácil para o empresário. Trata-se de uma diferença de grandezas. Enquanto para construir uma incubadora requer gastos na casa dos milhares (em torno de R$ 500 mil, se contabilizar o custo de um imóvel), um parque exige um desembolso de R$ 20 milhões a R$ 50 milhões por ano, com o tempo pode chegar a bilhões de reais. Por conseqüência, os parques tecnológicos tendem a abrigar empresas que geram mais riquezas para o país, tanto em patentes tecnológicas quanto em impostos para o Governo; embora registrem um crescimento menor do que as incubadoras, estimado em 20% ao ano. Realidade que está prestes a mudar, pelo menos se depender de José Eduado Fiates, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Fiates defende que o movimento brasileiro de incubadoras e parques – atualmente o país dispõe de cerca de 400 incubadoras e de 33 parques tecnológicos (como o Sapiens Park, em Florianópolis), 10 já em operação – precisa mudar de estratégia para pro-


Taiwan; outros projetos nascem mover o empreendedoriscomo extensão de grandes cenmo e realizar um salto de tros de pesquisa, como no Insqualidade e de quantidade. tituto de Tecnologia de MassaEle pretende transformar chusetts (MIT), na cidade de as incubadoras em cenBoston. Fiates afirma que para tros de apoio a novos emque esses habitat de inovação preendedimentos. “Hoje dêem certo é necessário captunós atendemos dezenas de rar talentos quando estão curinteressados e respondesando a Universidade. E para mos suas dúvidas. Temos isso é necessário estreitar aincapacidade para atender da mais o relacionamento das milhares de jovens empreinstituições. Ele cita dados que sários com novas idéias”, mostram que a taxa de sucesdiz Fiates. Ele também so desse tipo de empreendediacredita que o setor pode mento chega a 90% a longo gerar mais inovação, o que Fiates: “Temos capacidade para atender milhares prazo, bem acima da média naresultaria em um índice de jovens empresários com novas idéias” cional, onde metade das empreainda maior de faturamensas fecha após três anos. to. “Estamos conduzindo Os motivos que levam o brasileiro projetos extremamente inovadores, em parques industriais, dinheiro que se a empreender ainda distanciam o país um país que não possui uma cultura multiplicou por sete em 15 anos. consolidada nessa área”. Os parques e incubadoras criam de uma situação ideal. O número de Fiates afirma que as incubadoras ambientes favoráveis à instalação de empreendedores que têm vocação ou não são mais uma experiência e sim empresas intensivas em P&D, que se descobriram novos nichos no mercauma realidade e para que esse novo beneficiem da convivência, da troca de do (7 milhões) é timidamente superior modelo dê certo é necessário não só experiência, de projetos cooperativos àqueles que se lançam na atividade emampliar os investimentos no setor, mas com instituições de pesquisa e universi- presarial por falta de opções de trabaassegurar que sejam constantes e pre- dades. Mas a experiência internacional lho (6 milhões). “Temos que formar visíveis. “Políticas públicas sérias são mostra que não existe um modelo, um gente capacitada para transitar entre os planejadas para dez anos e depois são roteiro de como montar parques tecno- dois meios, universidades e empresas, implementadas e não podem sofrer lógicos: existem países que optam por o que seria o melhor dos dois mundos. descontinuidade”. Ele cita o case de estimular a atividade oferecendo terre- Acredito que os parques tecnológicos e sucesso da Espanha, que investiu um nos e infra-estrutura a partir de planos incubadores vão se tornar a plataforma bilhão de euros na construção de 20 estratégicos nacionais, como a China e para uma nova era de empresas”.

Sapiens Park: o movimento brasileiro de incubadoras e parques precisa mudar de estratégia para promover o empreendedorismo e realizar um salto de qualidade e de quantidade Setembro 2006 – Empreendedor – 37


Valor

Comunicar é vender Empreendedores aprendem que design não é atributo, mas fundamento Wendel Martins

Cada vez mais empreendedores se convencem de que investir em design é um bom negócio e os números reforçam essa idéia. Um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) demonstra que cada dólar investido em design traz US$ 5 de retorno. Em um mundo onde produtos têm funções, componentes e até mesmo performances similares, o design do produto pode fazer toda a diferença. Mas é importante defini-lo não só como uma preocupação estética ou decorativa, mas como um fator que minimiza risco de perdas e fracasso do produto, diminui custo final, aumenta a competitividade e o ciclo de vida do objeto e o torna mais prático. A velocidade das mudanças tecnológicas e culturais faz com que as empresas estejam atentas para as necessidades dos consumidores, usando design com bom senso na introdução de novos produtos ou na revitalização dos antigos. “Uma boa comunicação visual demonstra o profissionalismo no cuidado com a marca, que é um ativo importante para qualquer franquia. Bons empreendedores reconhecem isto e buscam franquias que tenham cuidado com este importante ativo intangível”, diz Lindolfo Dias de Paiva, 41 anos e dono da Mr. Cheney, companhia especializada em doces americanos que quer se tornar uma rede de franquia com presença nacional.

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A Mr. Cheney mantém uma unidade própria em São Paulo e conta com um plano de expansão para abrir outras na capital paulista. Além de ter recebido propostas de interessados em quase todos Estados brasileiros. O sucesso aconteceu depois da participação na ABF Franchising 2006, maior feira do setor. Como dado concreto, a empresa espera crescer cerca de 66% em 2006 e fechar o ano com um faturamento de R$ 500 mil. Entre os motivos dessa ascensão estão os investimentos em novos equipamentos e no treinamento dos colaboradores. Mas também há os ganhos de uma boa programação visual. “O Mr. Cheney quer se associar com empreendedores que reconheçam e valorizem os princípios que nossa marca representa, assim fica clara a ligação entre uma comunicação visual e branding eficiente com os princípios do empreendedorismo”, diz Paiva. Ele ensina que a primeira lição para investir em comunicação visual é contratar um profissional da área. Os desafios são muitos: é necessário fazer uma análise das necessidades dos clientes, descrever possibilidades ergonômicas, sociais, técnicas, econômicas, pensar em pesquisas de campo e até examinar produtos de concorrentes. “Entendemos o design e a comunicação visual dentro de um contexto moderno em que possa traduzir os con-

INDEX OPEN

por


Gabriela e seu cliente Mr. Cheney: design vem antes da propaganda

ceitos de qualidade, sabor e aroma inconfundíveis de nossos cookies”. Ele explica que os produtos da Mr. Cheney não são como os “cookies que se costuma ver no Brasil e sim os autênticos americanos, idênticos ao preparados pelas mais tradicionais famílias norte-americanas, crocantes por fora, macios e recheados por dentro”. Mesmo assim, Paiva sabe o quanto é difícil mensurar o impacto do design no faturamento da empresa. Segundo ele, a comunicação visual das embalagens e a loja estão incorporadas em sua estratégia empreendedora. “Nossa meta é que o design não seja saliente, mas que esteja totalmente integrado com o uso dos produtos e leve a mensagem da marca para a mente dos consumidores de forma integrada. Nossos clientes se sentem atraídos pelo design, mas dirigem seus elogios para os produtos e o atendimento. Achamos que isto é uma força do design bem aplicado e eficiente”. A designer Gabriela Tischer, que trabalha há sete anos no mercado e é dona da Spice Design – empresa sediada em São Paulo – afirma que 90% das empresas brasileiras não têm verba para publicidade e que muitos empreendedores acham caro ou um luxo investir em comunicação visual. Seu mote para responder a esse mito é de que a embalagem é o seu melhor vendedor. “Co-

locar a marca em sacolas, folders, cardápios e cartões faz muita diferença, pois eles viram verdadeiros outdoors ambulantes”. Ela conta que as ações podem ser simples, como comprar uniformes ou transformar a frota da empresa em uma espécie de cartão de visita para quem está no trânsito. Diz que design vem antes da propaganda, pois tem a capacidade de propiciar um produto da forma correta e é uma maneira de uma pequena ou microempresa se diferenciar no mercado. “É preciso ser para depois propagar. A Cocacola, por exemplo, é um líquido preto, mas é líder, pois as pessoas compram a embalagem. A comunicação visual é a representação visual de tudo o que está na estratégia, não é um conceito estético, mas toda a informação que o empreendedor está pensando”, diz. Ela afirma que nas gôndolas de um supermercado, por exemplo, uma pequena empresa não briga em porte ou em faturamento, mas em como chamar a atenção do consumidor. E que é mais fácil conseguir esse objetivo no lançamento de um produto. “Consertar um design mal feito sai mais caro do que começar certo. Porque se deve informar aos consumidores que já adquiriram o produto os motivos da mudança”. Ela cita um exemplo de um empreendedor que não colocou as informações técnicas em seu rótulo. Ele foi no-

tificado pela Anvisa e para não receber uma multa que inviabilizaria o seu negócio, teve que retirar todos os produtos do mercado e refazer a embalagem. Gabriela também luta contra a cultura do excesso: empreendedores que contratam profissionais sem formação adequada e que hipoteticamente investe em uma logo com letras roxas, fundo verde e com um toque final de purpurina. A estes empresários ela afirma que o bom designer tem que saber combinar todos os elementos expostos para melhorar a comunicação com o seu público, embora não exista uma fórmula universal. “O pequeno empresário tem que entender que de graça nem injeção na testa. Não se pode confiar em um fornecedor de fachada, que só para vender seu produto vai acabar gerando mais poluição visual para as cidades e menos valor para o seu negócio”. Outro ponto que a designer reforça é que as ações têm que ser contínuas e que as agências de design têm que se adequar à receita do cliente. “Ninguém fica com o mesmo corte de cabelo por 20 anos. Seu produto também deve demonstrar essa evolução”. Gabriela relata que os clientes, depois que conhecem o impacto de uma boa comunicação visual, não conseguem mais lançar um produto sem estudar seu impacto junto ao público. “Design não é um atributo é fundamento”. Setembro 2006 – Empreendedor – 39


Mario Cesar Pereira de Araujo

CARLOS PEREIRA

Perfil

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Pautado pela lógica O bom aluno de matemática dirige a Tim Participações voltado para a excelência tecnológica e a sintonia com os clientes por

Camila Stähelin

Mario Cesar Pereira de Araujo, presidente da TIM Participações, holding das operadoras de telefonia celular da TIM no Brasil – subsidiária do Grupo Telecom Itália – acredita que para garantir o crescimento da empresa é preciso investir na qualidade do produto e do serviço. “Não é só lançar um produto. Atrás dele há todo um suporte técnico, uma equipe grande trabalhando para que o investimento funcione, dê certo”. Objetivo e direto, o empresário diz que “as oportunidades aparecem e fazem jus ao esforço dedicado”. Graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, escolheu o curso porque na época de escola gostava muito de matemática e havia a lógica: “se é bom em Matemática, é bom em Engenharia”. Além disso, Mario Cesar diz sempre estar atrás de novidades. “Era o começo da Engenharia, era tudo muito novo”. Esse gosto pelo novo o acompanhou para além dos bancos da faculdade. Hoje, à frente da única operadora de celular presente em todos os Estados do Brasil, ele diz: “sempre procuramos ter a vanguarda no mercado”. Foi buscando aperfeiçoamento e inovação que a TIM Brasil investiu recentemente R$ 300 milhões na criação de um centro tecnológico no mu-

nicípio de Santo André, na grande São Paulo. A região do ABC paulista possui 11 universidades, uma população muito escolarizada, que acaba se transformando em um excedente de mão-de-obra especializada não absorvido na cidade. Por isso, os moradores se deslocam até a capital em busca de emprego. Segundo o presidente da empresa, o objetivo da construção desse pólo tecnológico é utilizar essa força de trabalho para o desenvolvimento de softwares. “A idéia é não mais só importar tecnologia da Itália, e sim começar a exportar, sendo que a mão-de-obra brasileira é muito mais barata”. MARIO CESAR PEREIRA DE ARAUJO Idade: 57 anos Local de nascimento: Itajaí/SC Formação: Engenharia Eletrônica na UFRJ Empresa: TIM Participações Ramo de atuação: Telefonia celular Ano de fundação da empresa: 1998 (Brasil) Cidade-sede: Rio de Janeiro Faturamento: R$ 3,2 bilhões Número de funcionários: 9.307 diretos e 36 mil indiretos

Algumas parcerias entre as universidades locais e a TIM estão sendo firmadas para desenvolver projetos. Outras empresas de software também estão se fixando na região com o objetivo de aproveitar essa mão-deobra especializada. Mario Cesar acredita que para conseguir bons resultados nos negócios é necessário “trabalhar feliz, com lealdade aos companheiros. Nunca olhando só o lado profissional, mas o humano também”. Diz sempre ter trabalhado com o coração. Assim, considera imprescindível a companhia estar empenhada em melhorar a atenção ao cliente. Funcionários de diferentes áreas da empresa têm a oportunidade de passar um dia na central de atendimento ao cliente e outro em uma loja para ver como é o cotidiano e quais são os principais problemas da empresa. “Ainda não estou satisfeito com nosso atendimento, vamos melhorar muito”. O investimento no atendimento ao cliente é um dos principais focos da companhia. Além do desenvolvimento de tecnologia, o centro tecnológico de Santo André também possibilitou mais 2 mil novos postos de trabalho através da instalação da “central de atendimento ao cliente”. Enquanto muitas empresas terceirizam os serviços dos chamados call centers, a companhia Setembro 2006 – Empreendedor – 41


Perfil

Mario Cesar Pereira de Araujo

investe em funcionários próprios para o relacionamento com o usuário. Mario Cesar acha importante essa iniciativa e defende que a mudança de cultura da empresa implica investimentos em programas de treinamento, capacitação e em sistemas de informação que permitam conhecer melhor o cliente. A preocupação do empresário em melhorar cada vez mais os produtos e os serviços prestados pela TIM deve-se ao fato também de que ainda há espaço para a telefonia móvel celular crescer no Brasil. Ele acha que nos próximos três anos a taxa de penetração deva girar em torno de 60% a 75%, contra os 48% atuais. Considera que existem dois tipos de mercado em que ainda há possibilidade de crescimento: o de uso e o de churn. O empresário classifica as pessoas menores de 8 e maiores de 80 anos de idade como não-participantes de um mercado em potencial para o uso de aparelhos celulares. Resta a quantia de 130 milhões de pessoas do to-

tal de 160 milhões de brasileiros. “Atualmente há 90 milhões de telefones celulares no Brasil e um mercado de 30 milhões para crescer”. Esse é o mercado de uso em que a TIM pretende investir. Há também o mercado do churn, que representa a migração do cliente de uma operadora para outra. Nesse caso, quando perguntado sobre como a decisão da operadora concorrente Vivo – cujo nome raramente pronuncia, chamando-a, inúmeras vezes, de “aquela” – de adotar a tecnologia GSM (Global System for Mobile Communications) implica no mercado churn e na estratégia da TIM, o empresário diz que “em primeiro lugar, quem mais ganha é a população”. Isso porque vai aumentar a escala de produção para os aparelhos GSM, diminuindo custos e aquecendo o mercado. E também porque o usuário passa a ter direito de escolher mais do que uma operadora a preço baixo, trocan-

do apenas o chip. “Em segundo lugar quem ganha é a TIM, já que ela é a maior empresa na utilização de GSM”, pioneira desta tecnologia no país, podendo atrair os clientes da concorrente. “Na verdade, não é só conquistar clientes dos outros, é também manter a sua base com clientes satisfeitos”. Para isso, a operadora tem que dar muita atenção ao usuário e ter uma marca com credibilidade. “Pode até parecer mais caro nossos serviços, mas às vezes o cliente prefere pagar um pouco mais pelo mesmo produto para ter uma empresa que tenha a imagem da TIM. Queremos oferecer qualidade, produto”.

Portabilidade A portabilidade numérica – o direito do usuário em manter o seu número do telefone celular ao trocar de prestadora de serviços – também é bem vista pelo empresário. “Eu gostaria que a portabilidade se concretizasse, principalmente agora que a Vivo vai mudar para GSM.” Isso porque acredita que o número telefônico muitas vezes mantém o cliente refém da operadora. “Às vezes é um médi-

Integração à comunidade “Sempre penso que ao prestar serviço para uma comunidade, temos que nos integrar à ela, valorizando a cultura local, sem esquecer das dificuldades sociais ali enfrentadas”. Dessa forma, o presidente da TIM Brasil Mario Cesar Pereira de Araujo confere grande importância aos projetos de responsabilidade social e cultural desenvolvidos pela empresa. Para o empresário, o “chefe de linha” desses projetos sociais, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, é o ‘Tim música nas escolas’. O objetivo desse projeto é possibili-

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tar a crianças e adolescentes, entre 7 e 15 anos de idade, o acesso a diferentes modos de aprendizagem e a atuação na sociedade como cidadãos, utilizando, para isso, a linguagem musical. Criado em 2003, atualmente o projeto atende 15 mil alunos de escolas da rede pública de ensino em oito cidades: São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Florianópolis. “Através da música, essas crianças estão tendo uma motivação maior para permanecer na escola”. Segundo Mario Cesar, o papel didático e estimulante que o projeto vem

desempenhando “ajuda na conquista da auto-estima das crianças das comunidades onde estão inseridas”. Ele também destaca a necessidade da consistência do processo. “Não basta assinar o convênio. Não é um trabalho de dois ou seis meses e sim de dois anos”. A música é o instrumento mais utilizado pela empresa nos seus projetos em escolas, festivais e prêmios. E não é por acaso. Mario Cesar diz que a opção está em consonância com o slogan da operadora, já que “a música é um meio muito universalizante, que atinge todas as camadas da população”.


LIO SIMAS

co, que todos os pacientes têm aquele número há muito tempo, daí não quer mudar porque seria um grande transtorno”. Sendo assim, a portabilidade implicará necessariamente no aumento da qualidade do serviço prestado, já que as empresas terão que se empenhar mais para garantir seus clientes. No segundo trimestre de 2006 a TIM atingiu a marca dos 22,3 milhões de usuários (um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior); conquistou 1,3 milhão de novos clientes, correspondente a 56,1% das adições líquidas do mercado no período; reduziu seu prejuízo operacional em 25% (em comparação ao ano anterior); aumentou o seu Ebtida (resultado operacional antes das despesas financeiras líquidas, excluindo depreciação e amortização) em 73,4%, graças ao aumento das receitas de voz (com aumento dos clientes pós-pagos) e serviços

Ações de marketing (acima), atendimento ao cliente (no meio) e Tim música nas escolas Setembro 2006 – Empreendedor – 43


Perfil

Mario Cesar Pereira de Araujo CARLOS PEREIRA

1948 Nasceu em Itajaí/SC.

LINHA DO TEMPO

Graduou-se em Engenharia Eletrônica pela UFRJ e inicia sua carreira profissional na área de telecomunicações na 1971 Telerj, RJ. Atua na área de desenvolvimento de normas para os serviços de comunicação de dados. Trabalhou como gerente de serviços de comunicação de dados e textos, assistente do diretor de 1977 engenharia e gerente do departamento de clientes corporativos da Embratel. Diretor de serviços da Splice, atuou nas áreas de 1997 paging, trunking, internet e participou das atividades de implantação da BCP e da BSE.

1998

Assumiu a presidência da Tele Centro Oeste Celular (TCO).

2003 Tornou-se presidente da TIM Brasil. Assume o cargo de presidente da TIM Participações e também desempenha a função no Conselho de Administração da Associação Nacional das Operadoras 2006 Celular (Acel), no Conselho Científico do Instituto Ronald McDonald, além de membro do Conselho Superior de Infra-Estrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

de valor adicionado. Amparado no bom desempenho da empresa que dirige, Mario Cesar aposta no crescimento saudável da companhia. Também se apóia na última pesquisa realizada sobre o índice ARPU (Average Revenue Per User) – que equivale à receita média do usuário por mês – onde “a TIM apresenta o maior índice no Brasil, R$ 31”, seis pontos na frente da operadora segunda colocada. Outra estratégia adotada pela empresa é oferecer produtos e serviços para mercados específicos, tais como blackberry e roaming internacional, mantendo-se à frente das outras operadoras. Há ainda a tecnologia EDGE (Enhanced Data Rates for Global Evolution), que o presidente considera “a porta de entrada da terceira geração”. O diferencial entre as duas tecnologias é que a 3G tem vídeo-chamada (em que o usuário fala e vê). Esta tec-

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nologia é utilizada na Europa, mas, segundo Mario Cesar, “ainda não pegou” naquele continente. “A cada quatro pedidos, só um é aceito. As pessoas não querem ter que atender ao telefone despenteadas, desarrumadas, por isso negam o pedido.” Além disso, o aparelho da 3G é cerca de três vezes o valor do que o que utiliza a tecnologia EDGE, não sendo um negócio rentável para o momento. Investimentos altos e rápidos trouxeram bons resultados à companhia, de acordo com Mario Cesar. “Desde o começo de sua implantação (em 1998) a TIM tinha como propósito a cobertura nacional, e foi nisso que ela investiu desde o primeiro dia”. E se orgulha ao dizer que “o brasileiro, onde quer que ele esteja no país, sente-se cliente da TIM, é por isso que nós falamos em ‘viver sem fronteiras’”. Para ele, no Brasil é preciso mudar a relação que se tem com o

aparelho celular, já que seus usos ainda não são muito difundidos. São poucos os que usam o celular para o seu negócio, a maioria se limita a utilizálo para comunicação de voz e enviar e receber mensagens de texto. “Ainda existe um grande mercado para se fazer com que o escritório seja móvel mesmo, ou seja, que o usuário faça operações a partir do celular, ou de outro dispositivo móvel, como se estivesse no escritório”. E cita o exemplo da Itália, onde os chips utilizados nos aparelhos são também usados em laptops e automóveis. Outra mudança que acredita ser necessária no país, com interferência direta no mercado da telefonia celular, é em relação à carga tributária, considerada abusiva por Mario Cesar. “Tenho certeza que se os impostos diminuíssem uma maior parcela da população teria acesso ao mercado da telefonia celular”.


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Pequenas Notáveis Editado por Alexandre Gonçalves

DOCUMENTO

DIVULGAÇÃO

O pensamento do jovem empreendedor Como resultado do 12º Congresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais, realizado de 23 a 25 de agosto, em Florianópolis, o Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), organizadora do evento, elaborou uma carta onde faz considerações a respeito do novo protagonismo do jovem empresário. Batizado de “Carta de Florianópolis”, o documento reafirma o propósito dos trabalhos dos líderes, que é de estímulo à atividade empreendedora, desenvolvimento econômico e social da nação e a renovação do pensamento e das práticas políticas do Brasil. Leia a seguir, na íntegra, o documento divulgado pela Conaje.

Carta de Florianópolis Nós, reunidos no Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (CONAJE) para discutir a PARTICIPAÇÃO POLÍTICA PROATIVA DA SOCIEDADE CIVIL, reafirmamos o propósito originário de estímulo à atividade empreendedora e renovação de lideranças como forma prioritária de incentivar o desenvolvimento econômico e social da nação e a renovação do pensamento e das práticas políticas de nosso País. É ilusório e enganoso crer na competência empreendedora e no sucesso dos negócios como se fossem questões apartadas do processo político. Considerando o cenário político atual, produto da impunidade e alienação, o momento é de indignação. E configura-se como oportunidade para a juventude empresarial brasileira expressar suas convicções: 1 – A mudança de comportamento dos líderes políticos priorizando a coletividade em detrimento do individualismo dominante. 2 – O incentivo à participação dos jovens na política, acelerando a quebra de paradigmas. 3 – O estimulo à conscientização, a mobilização, o inconformismo e a persistência como atributos próprios da juventude. 4 – A realização, de modo urgente e eficaz, das reformas política e partidária. 5 – O fortalecimento da atuação propositiva da sociedade civil. Assumindo estas bandeiras, poderemos anistiar o Brasil libertando-o da condenação ao atraso a que tem sido submetido historicamente. Florianópolis (SC), 25 de agosto de 2006 Doreni Caramori Júnior Presidente da CONAJE

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Marcus Abdo Hadade Presidente do Conselho Consultivo

Exemplos de sucesso para os mais novos Durante os três dias de evento, o Congresso da Conaje reuniu palestrantes de peso como o apresentador e empresário Luciano Huck, o empresário Beto Carrero, o economista e ex-Ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, além do vicepresidente da República, José Alencar (na foto ao lado de Doreni Caramori Júnior, presidente da Conaje). Os palestrantes contaram um pouco de suas trajetórias, incluindo as dificuldades que passaram para abrir e manter seus negócios, a uma platéia formada basicamente por jovens empreendedores. Outra atração do evento foi a Rodada de Negócios que possibilitou aos participantes fazer novos contatos e abrir canais para futuros negócios.


O espaço da micro e pequena empresa

NO RIO DE JANEIRO

EM SÃO PAULO

NO PARANÁ

Inscrições abertas para V Jornada de Estudos

Rede de apoio ultrapassa 100 pontos

Sebrae lança planejador de marketing

Até o dia 15 de setembro, estudantes de graduação e professoresorientadores de 12 instituições de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro podem inscrever seus trabalhos na V Jornada de Estudos de Casos da Pequena Empresa. Serão premiados autores dos trabalhos sobre empresas nas categorias Base Tecnológica e Setores Tradicionais. A Jornada é uma iniciativa do Sebrae do Rio de Janeiro e tem o objetivo de estimular o empreendedorismo no meio acadêmico, a partir da produção de trabalhos sobre empresas brasileiras que possam disseminar práticas de gestão de micro e pequenas empresas. Mais informações no site do Sebrae no Rio (www.sebraerj.com.br).

Com as inaugurações de mais dois postos no mês de agosto, o Sebrae de São Paulo chega a 69 Postos Sebrae de Atendimento ao Empreendedor (PAE) inaugurados. Somados aos 32 escritórios regionais já existentes, a rede de atendimento ao empreendedor ultrapassa cem pontos de atendimento no Estado. “É um novo modelo de atendimento, a junção das forças políticas, econômicas e sociais no Município para fazer frente aos desafios do trabalho no século XXI”, diz o diretor-superintendente do Sebrae em São Paulo, José Luiz Ricca. Os PAE oferecem serviços e produtos da instituição, como cursos, treinamentos e orientação empresarial para quem quer abrir ou melhorar uma pequena empresa.

O Sebrae do Paraná acaba de lançar o Planejador de Marketing, uma ferramenta on-line que ajuda de maneira prática e com baixo custo o plano de marketing de micro, pequenas e médias empresas. “O planejador, mais do que planificar as ações de posicionamento, estimula o empresário a fazer uma avaliação do próprio negócio, do seu mercado de atuação e o incentiva a desenvolver planos em outras áreas, o que facilita o estabelecimento de metas e prioridades e potencializa resultados”, destaca o consultor Elmo Silveira, consultor do Sebrae do Paraná. Mais informações sobre como utilizar o Planejador de Marketing podem ser obtidas no endereço eletrônico www.planejador.com.br.

INTERNACIONAL

BID promove evento sobre microempresas De 13 a 15 de setembro acontece em Quito, no Equador, o 11º Fórum Interamericano sobre Microempresas, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), principal fonte de financiamentos para o desenvolvimento de microempresas na América Latina e no Caribe. Para se ter uma idéia da participação do Banco no desenvolvimento das microempresas, o BID já investiu mais de US$ 1 bilhão em mais de 500 projetos direcionados a empresas desse porte. O tema do Fórum deste ano será “Acesso a Novos Mercados e Melhores Serviços para a Maioria”, com o foco voltado para a inclusão econômica e social. Serão apresentados quatro conceitos que refletem o novo enfoque do BID em relação ao desenvolvimento dos pequenos empreendimentos: Qualidade, Gestão de Pessoas, Visão Empreendedora e Concorrência na Pequena Economia. Conforme informações da Agência Sebrae, uma comitiva do Sistema Sebrae, liderada pelo diretor-técnico da instituição, Luiz Carlos Barboza, também irá representar o Brasil no Fórum. Para ter mais informações basta acessar a Unidade de Serviços Financeiros do Sebrae Nacional no endereço eletrônico: www.uasf.sebrae.com.br. INDEX OPEN

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INDEX OPEN

Caderno de Nº 10

O escritório de advocacia Staben e Associados atualizou a sua área de tecnologia de informação e investiu em um software para gerenciar melhor as tarefas administrativas. A banca, sediada em Salvador e com filial em Recife, atendia 2,5 mil casos. Depois da implementação passou a contar com cerca de 5 mil. Mesmo com um crescimento surpreendente, a estrutura de TI ainda pode suportar um aumento imediato de 200% na sua carteira de ações, sem a necessidade de qualquer investimento. De acordo com o sócio fundador Hermann Staben, a ferramenta “agilizou processos internos, proveu diagnósticos precisos, corrigiu distorções financeiras e introduziu uma nova cultura”. A Staben e Associados é um exemplo de que a automação de departamentos jurídicos e escritórios de advocacia é tendência consolidada, especialmente entre os grandes do setor. A idéia é simples: responder no menor tempo as necessidades dos clien-

Up-grade jurídico Atualização em TI dobra o atendimento de banca de advocacia Setembro 2006 – Empreendedor – 49


TI

gestão

tes. Marcelo Souccar, sócio da BCS Informática, especializada em soluções para advocacias e departamentos jurídicos, diz que esse movimento começou a partir da Lei dos Juizados Especiais. As demandas na área aumentam muito, especialmente entre bancos e empresas de telefonia. Antes o consumidor que procurava o Procon e resolvia entrar na Justiça era residual. “As empresas querem ter o controle de quanto dinheiro pode perder e em quanto tempo, e os escritórios têm que ser ágeis para passar essa informação”, diz Souccar. Outra novidade bastante comum entre as corporações modernas é consultar advogados para verificar aspectos legais no lançamento de um produto, ou antes da tomada de decisão. Essa é a forma de minimizar e até evitar futuras brigas na Justiça.

Integração com bancos A BCS Informática oferece o Sisjuri, um sistema ERP (sigla em inglês para planejamento de Recursos Empresariais) que consegue analisar um grande volume de documentos, processos, casos e solicitações endereçadas aos departamentos jurídicos, além de também ter um módulo de gerência financeira para o escritório. O software cuida da gestão de compras e algumas versões do aplicativo permitem a integração com o sistema bancário. Através dele, pode-se pagar e receber débitos online, calcular despesas e emitir notas fiscais. A empresa faturou cerca de R$ 12 milhões em 2005, espera fechar o ano com uma receita de R$ 15 milhões e registrou um crescimento de 50% no número de implantações do aplicativo. Além do software, a BCS oferece suporte e serviços de personalização frente a diferentes demandas dos clientes. “O pós-venda e a capacidade de retenção de clientes são o nosso forte e fazemos várias alterações para atender as necessidades deles. Por

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Souccar e o BCS: preços especiais para pequenas e médias empresas e facilidades para departamentos jurídicos

exemplo, quando a legislação do PIS e do Cofins mudou, nós alteramos também nossa base de dados”. A companhia de software pretende investir no mercado de departamentos jurídicos e já conquistou grandes clientes como a Eletroupaulo e Dona Benta. A Souccar aposta também na BCS Flex, solução voltada para pequenos e médios escritórios, com até cem advogados, grande responsável pelo crescimento da companhia nesse ano. “Depois que participamos de uma feira de negócios, o BCS Flex propulsionou muito a nossa base de usuários”, diz. O custo de uma licença do Sisjuri é

de R$ 50 por usuário e o preço de implementação gira em torno de R$ 8 mil a R$ 12 mil, mas são oferecidos preços especiais para pequenos e médios e facilidades para departamentos jurídicos. A BCS também pretende operar um plano de expansão no Brasil, com destaque para as filiais em Porto Alegre, Brasília e Salvador e flerta com exportação para a Argentina e Estados Unidos, embora não tenha estruturado um plano de negócios. “Isso é para médio prazo, no momento queremos primeiro transformar escritórios de advocacia de todo o país em empresas”, resume Souccar. (Wendel Martins)


suporte

Atendimento rápido A exigência pela qualidade do suporte é a mesma em relação aos serviços prestados em São Paulo Atender em menos de quatro horas é um desafio assumido pela MGI Soluções Técnicas, que acaba de anunciar a instalação do seu 80º ponto de suporte no mercado brasileiro. “Firmamos sempre parcerias com empresas locais para fornecer suporte a servidores, computadores, notebooks, impressoras, projetores multimídia e plotters com a mesma qualidade de quem está próximo da nossa matriz em São Paulo”, diz Marcelo Baroudi Rabelo, gerente Técnico. Segundo o executivo, a empresa tem 30 contratos de suporte fora da capital paulista. “Parte dos nossos clientes atendidos fora de São Paulo possuem contratos SLA, que determinam que a MGI deve dar uma solução ao seu problema em, no máximo, quatro horas”, diz Rabelo. O contrato de Nível de Serviço (Service Level Agreement) tem como objetivo especificar os níveis mínimos

de desempenho que um provedor de serviços deverá manter à disposição do cliente. E o não cumprimento implica em penalidades estipuladas no contrato de serviço. Todo o suporte feito fora de São Paulo é centralizado no call center da MGI na Capital. Após a abertura das chamadas do cliente, os parceiros locais de suporte são identificados e instruídos para prestarem pronto-atendimento. “Todos os nossos parceiros são exaustivamente treinados e qualificados no mesmo padrão de atendimento da matriz da MGI, com base na certificação ISO 9001/2000” diz o gerente. Ele acrescenta que a empresa está no processo final de certificação dos seus profissionais dentro do padrão IT Infrastructure Library (ITIL), práticas destinadas à melhoria da qualidade do suporte aos serviços. Rabelo diz ainda que todo o atendimento aos clientes fora da base de

Rabelo: parceiros treinados e qualificados no mesmo padrão da matriz

São Paulo é monitorado pela MGI. Ela garante a qualidade dos serviços prestados por uma rede de mais de 70 parceiros por todo o país. “Eles são avaliados mensalmente e quando estão em campo, trocamos informações técnicas sobre os serviços e o que pode ser melhorado”, observa o executivo.

Mobilidade Fundado em 1991, o grupo MGI é dedicado a criar e integrar soluções ao mercado de médias e grandes empresas, oferecendo produtos CA (Computer Associates), HP, entre outras. Com a CA a parceria abrange toda a linha de produtos para Gestão de Infraestrutura, Armazenamento e Segurança. Na área de mobilidade, a MGI é hoje líder de mercado, representando 70% das vendas de pockets PC’s e HP no país, além de ser a única autorizada a reparar a linha iPAQ no período de garantia. A empresa é especializada em cluster e outsourcing de impressão e missão crítica, além de prestar assistência técnica às soluções que vende. Também fornece monitoramento e suporte a redes e servidores. Para assegurar a qualidade de suas vendas e dos serviços corporativos a MGI investiu em infraestrutura operacional e no desenvolvimento de sua equipe de colaboradores. O resultado desta qualificação se vê nas certificações ISO 9001: 2000 conquistadas por todas as unidades do Grupo. Entre os parceiros MGI estão fornecedores internacionais de tecnologia como CA, HP, Microsoft, Socket, D-Link, Sony, Lexmark, Epson, Oky e Samsung. www.mgi.com.br/(11) 6972-8700 Setembro 2006 – Empreendedor – 51


TI

Manipulação estratégica Pesquisa revela uso crescente do gerenciamento eletrônico de documentos O uso do Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) movimenta R$ 250 milhões no mercado brasileiro. Com ele, empresas e organismos públicos podem aumentar a produtividade em até 400% e estima-se que ele crescerá 44,2% no período 2006/2007. Os dados são de Antonio Paulo de Andrade e Silva, diretor do Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação (Cenadem), órgão que participou de uma pesquisa internacional sobre TI. Ele justifica esses números dizendo que o documento eletrôni-

co, aliado à segurança e aos aspectos probatórios da certificação digital, está se tornando o cerne dos processos de negócios. Na recente pesquisa, conduzida pela Association for Information and Image Management – EUA (AIIM), State of ECM Industry 2006, ficou evidente que os projetos de TI que mais interessam entre os próximos 12 meses a 18 meses são controle de documentos (66%) e Gestão Documental (64%). Nesse mesmo espaço de tempo, 74% citam a tecnologia do GED como foco dos projetos, seguida por gerenciamento de conteúdo web, com 54%, e Workflow e BPM, com 53%. Cerca de 90% dos entrevistados acreditam que o gerenciamento de documentos é importante para os

Antônio Paulo: documento eletrônico está se tornando o cerne dos processos de negócios

Gerenciamento Eletrônico de Documentos O universo da pesquisa contemplou 308 questionários referentes a 168 diferentes empresas. Isso porque o GED e suas tecnologias podem ser utilizados como solução departamental ou corporativa. Ou seja, uma mesma empresa pode desenvolver sistemas diversos internamente ou mesmo em outras regiões diferentes das sedes. Os profissionais entrevistados são das mais diversas áreas de atuação, das quais 28% de Tecnologia da Informação, 25% de Documentação, Biblioteconomia e Arquivologia, 11% de GED, 10% de Gerência da Informação, 8% de Informática, 4% de Enterprise Content Management (ECM), 4% de O&M, 3% de Gerenciamento do Conhecimento, 2% da Área de Internet e 5% de outras áreas. Um item de muita importância para se verificar o comportamento do mercado quanto ao interesse pelas tecnologias envolvidas pelo GED é a área das instituições financeiras (bancos, seguradoras e previdências) que

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representam 11,9%, seguida pela química, petroquímica e farmacêutica, com 11,6%. As áreas dos Governos Federal, Estadual e Municipal são as que demonstram também muito interesse em GED e tecnologias afins: 10,6% dos respondentes. Os tribunais também somam 10,6%. Outro dado importante é que, dos entrevistados, 63% têm poder de decisão em suas empresas. Os demais são fortes influenciadores em potencial para a implantação de sistemas. Vinte e sete porcento das empresas pretendem ter sistemas de GED; 20,1% têm sistemas em uso; 18% pensam sobre o assunto; 17,1% têm projeto-piloto; 15,5% têm múltiplos sistemas em uso e 0,4% têm sistema terceirizado. Esses números revelam que, no total, 53,1% de alguma forma preocupam-se ou têm sistemas em uso. Sobre a integração com outras tecnologias, do universo pesquisado, 21,2% das empresas e organismos pensam sobre a possibilidade de in-

tegração de sistemas ERP, CRM, eBusiness e e-Commerce; 15,3% pretendem ter algum tipo de integração; 10,3% já têm algum tipo de integração em uso; 8,9% têm múltiplos sistemas integrados e 34,4% têm projeto-piloto. Apenas 1,5% não está preocupada com isso. “O mercado do GED e suas tecnologias associadas está em expan-


informação

INDEX OPEN

objetivos estratégicos de suas empresas. A pesquisa foi realizada em nove países, incluindo o Brasil, onde foi feita em conjunto com o Cenadem. Setenta e dois por cento dos brasileiros entrevistados acreditam na importância desse fator. Isso justifica o interesse que o GED e suas tecnologias exercem no mercado mundial. Mundialmente, a pesquisa teve 1.217 participantes dos Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Holanda, Alemanha, Brasil, Canadá, Bélgica e Luxemburgo. As perguntas, 15 no total, foram on-line, sendo que algumas permitiam mais de uma opção. No Brasil, 567 interessados acessaram a pesquisa e foram consideradas respostas completas o montante de 250 respondentes.

são. Ao que tudo indica, muito brevemente fará parte da vida corporativa, pois está deixando para trás o aspecto departamental e passando a ser visto, pelos executivos e tomadores de decisão, como uma tecnologia fundamental para o tratamento do maior bem que uma empresa pode ter: o conhecimento”, diz o executivo.

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TI

produtos

S.O.S Backup Para evitar a interrupção dos serviços de TI e a perda de informações confidenciais por acidentes, catástrofes naturais ou assaltos, a Virtos desenvolveu e lançou no mercado brasileiro o primeiro software para automação de backups específico para a recuperação em caso de desastres. O S.O.S Backup DR (Disaster Recovery) já é utilizado por mais de 150 clientes em todo o país e funciona de forma independente, acrescentando funcionalidades de recuperação de desastres e ferramentas de outros programas da linha S.O.S Backup (backup completo e incremental, compactação de informação, backups via internet, gravação de arquivos abertos, acesso à rede e gravação de CD/DVD). www.virtos.com.br

Resposta rápida

e-Marketing Com foco nas empresas que realizam campanhas virtuais de publicidade e propaganda, a Navita lançou a plataforma Navita Marketing Direto, destinada a ações promocionais ou de marketing via e-mail e SMS. O usuário pode gerenciar o disparo de mensagens e contabilizar as ações de e-mail e mobile marketing em tempo real, visualizando dados numéricos e gráficos na tela de relatórios. O programa, segundo o fabricante, segue as condutas sugeridas pela Associação Brasileira de Marketing Direto (Abemd) e possibilita importar informações de diversas bases de dados, confeccionar listas segmentadas para campanhas específicas e programar o momento de envio dos e-mails. O serviço pode ser contratado no modo aluguel como forma de economizar custos de infra-estrutura e manutenções localizadas (bastando apenas um login via web para acesso). www.navita.com.br

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A Citrix Systems, provedora de soluções de infra-estrutura de acesso, recebeu da Oracle a validação de integração para o Citrix NetScaler System e para o Citrix Access Suite com o Oracle E-Business Suite. Segundo Jair Longo, gerente geral da unidade brasileira da Citrix, a validação vai estimular a adoção da plataforma de acesso Citrix para projetos CRM, ERP e business intelligence da Oracle. “A internet é o caminho escolhido por muitas empresas brasileiras para entregarem soluções a seus cli-

entes, fornecedores e parceiros. Com o Citrix NetScaler, por exemplo, foi registrado um recuo de 89% no tempo de resposta de certas soluções Oracle baseadas em web via rede local (LAN)”. A Citrix recebeu a validação ao passar por testes desenvolvidos e aplicados pela Oracle, que demonstraram a compatibilidade de integração entre os produtos dos dois fabricantes. “A integração é segura no âmbito funcional e técnico e pode fornecer valor adicional aos clientes finais”, diz Longo. www.citrix.com.br

Engenharia modular Seguindo a tendência global de automatização de processos, o setor de construção civil busca alternativas para otimizar seus sistemas de gestão. Para atender este mercado, a Softplan/Poligraph desenvolveu o Sistema Integrado de Engenharia (Sienge). Em cinco módulos integrados (gerencial, comercial, financeiro, suprimentos e engenharia) o programa ajuda a padronizar processos, estabelecer rotinas, evitar re-trabalhos e reduzir os custos nas construções. O desenvolvimento modular do Sienge permite que ele seja adap-

tado conforme a necessidade e o porte da empresa através de sistemas customizados. Nele é possível integrar todas as pessoas que trabalham com o sistema ou bloquear o acesso a algumas informações caso seja necessário. Uma equipe formada por profissionais de consultoria, engenharia e informática, com experiência na indústria da construção civil, dão o suporte necessário para a implantação do sistema. Mais de 500 empresas do segmento já adotaram a tecnologia. www.softplan.com.br


Franquia Pacote de acertos Entrar em um mercado competitivo como o de cosméticos não é tarefa para qualquer um. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2005, existem no Brasil 1.367 empresas do setor formalizadas no mercado. No ano passado surgiram 109 fábricas, um acréscimo de 8,7%. Elas estão presentes em praticamente todos os Estados e os números confirmam o poder deste segmento. Entre 2000 e 2004 houve um crescimento de 8,2%, enquanto o PIB amargava 2,6% e a indústria em geral 2,4%. Na área de franquias, os cosméticos também estão entre os que mais crescem no país, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Guilherme Jacob, formado em Administração de Empresas, vislumbrou seu caminho para atingir o sucesso com a marca Akakia. Lançada durante a Feira da ABF em 2005, a marca com sede em Palhoça (SC) comemorou um ano com mais de 70 pontos-de-venda espalhados em todo o Brasil e planos de duplicar esse número até o final deste ano. Apenas nos seis primeiros meses de existência a Akakia faturou R$ 3,5 milhões e a previsão para 2006 é de que atinja os R$ 20 milhões. A empresa se prepara também para entrar no mercado internacional. O empresário diz que investiu na área de fran-

Guilherme Jacob: mais de 70 pontosde-venda e previsão de faturamento para este ano de R$ 20 milhões

DIVULGAÇÃO/RENATO GAMA

Franquias, venda porta a porta, qualidade e preços acessíveis garantem rápida expansão da marca Akakia

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F ranquia

Foram quatro anos de investimento até chegar aos 500 produtos que a Akakia oferece hoje no mercado

quias porque encontrou no sistema a forma ideal de expansão aliada à venda porta a porta. Segundo Jacob, “os investimentos foram bem direcionados na criação de uma linha completa para o mercado brasileiro. Ou seja, produtos de qualidade com preços mais acessíveis ao bolso do consumidor”. Foram quatro anos de investimento até chegar aos 500 produtos que a Akakia oferece hoje no mercado. Neste semestre, a marca deve entrar no ramo de estética, a chamada linha profissional, voltada para salões de beleza, spas e centros de estética. “Nosso crescimento nos fez melhorar a estrutura de suporte aos franqueados, além de termos aberto escritório

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em São Paulo e contratado profissionais experientes na área de venda porta a porta para lidar com nossos distribuidores”. O franqueado de Maceió (AL), Júnior Nobre, vende a marca Akakia das duas maneiras. Com uma loja de rua na capital alagoana e vendedores externos, Júnior conta que o faturamento gira em torno de R$ 15 mil mensais, tendo picos de R$ 30 mil no mês de maio, em função do Dia das Mães. “Desenvolvi um sistema para supervisionar as vendas externas. Assim controlo as operações e ainda ofereço vantagens aos meus colaboradores”, diz. Os produtos são fáceis de vender. “Temos boa apresentação, qualidade que faz o cliente pedir mais e preço justo”. Para conseguir mercado, Jacob também diminuiu o preço da franquia, em geral 20% menor do que o das franquias concorrentes. Para a montagem de cada loja, o investimento médio é de R$ 40 mil. A taxa de franquia da Akakia é de R$ 5 mil e não possui taxa de royalties, nem de publicidade. A carreira do catarinense Guilherme Jacob começou na empresa da família (a Pincéis Tigre, fundada pelo

avô) como office-boy e foi subindo até chegar a assessor direto do presidente, mesmo depois da empresa ter sido vendida para o Grupo Tigre, em 1997. Em fevereiro de 2002, o então executivo abre sua própria empresa, a AGE do Brasil, fabricante de perfumes e cosméticos para terceiros, tendo entre os clientes um licenciado Disney, que exportava para 14 países. Dois anos depois, ampliou em 80% a capacidade produtiva da fábrica, assumiu a licença da Warner e passou a atuar na área de distribuição.

Produtos Hoje a Akakia dispõe de uma linha completa de produtos que incluem mais de 170 itens, como loções hidratantes para o corpo, óleos bifásicos, sabonetes líquidos, desodorantes, body splash, shampoos, condicionadores, leave on, perfumes femininos e masculinos, demaquilante, batom líquido, delineador, sombra em pó, caneta delineadora, lápis para olhos e lábios. Entre as novidades estão os perfumes Lovers, Stars e Z, com aromas para atender todos os gostos. www.akakia.com.br


Sapato com sola de pneu Reciclagem e responsabilidade social é a alma do negócio para a marca Goóc Mineiros, paulistas e capixabas já conhecem a marca Goóc, que possui oito lojas próprias em cada um dos seus Estados. E a fama vai aumentar. Neste ano a empresa, que fabrica calçados com solado de borracha reciclada de pneus e roupas e acessórios com lona tratada e resistente, lançou sua formatação de loja no sistema de franchising. A previsão é de abrir 20 novas franquias até o final deste ano e 100 em cinco anos. “A marca está em plena ascensão, realiza investimentos em marketing sem custo para o franqueado e entre 24 meses a 30 meses o dono da franquia começa a colher os lucros, que vão de 15% a 18%”, diz Danilo Kindro Andreoli, responsável pelas franquias da empresa. A origem da Goóc, assim como seu conceito de produto, está totalmente ligada à história de vida de seu proprietário, o vietnamita Thai Quang Nghia. Em 1978, com 21 anos, Nghia saiu de seu país e foi resgatado em alto mar por um navio da Petrobras. Décadas após ter fixado residência no Brasil, Nghia criou a Goóc, que desenvolve calçados de borracha feitas a partir de material reciclado, como pneus e materiais com lona de automóveis. Já existem mais de 5 mil pontos-devendas que possuem produtos Goóc em todo o território nacional e 15 Espaços Goóc, sendo sete franquias e oito lojas próprias. Com conceito irreverente e original, a Goóc produz 12 mil pares de calçados por dia e prospecta comercializar 210 milhões de pares no Brasil até 2014, quando, estima-se, esse número vai coincidir com a população nacional prevista para o ano. Junto com o grupo Domini, que completa 20 anos, a Goóc emprega 900 funcionários diretos e indiretos com a expansão de mercados e produtivi-

Goóc: produção original e criativa de 12 mil pares de calçados por dia

dade, coroada com a inauguração da fábrica em Feira de Santana, a 150 km de Salvador, na Bahia. Ela pretende concentrar nos próximos anos toda a produção de borracha da empresa. Com pontos-de-venda espalhados em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Londrina, Maringá, Florianópolis e todo o Norte e Nordes-

te do país, a Goóc foca sua estratégia em conceitos como originalidade, simplicidade, reciclagem e qualidade de vida. Desde 2005 exporta para Itália, Portugal, Dinamarca, Espanha, Argentina, Venezuela, Alemanha, Colômbia, Líbano, Paraguai, Suriname, Israel, Bolívia e Estados Unidos. 0800.7703556 ou www.gooc.com.br Setembro 2006 – Empreendedor – 57


F ranquia

Italiana no Sul

Treinamento especial

NOVAS REDES

A Master Rental, rede de locação de veículos, está investindo em cursos especiais para seus colaboradores. A iniciativa atinge trabalhadores de todos os cargos, da diretoria aos ajudantes gerais. “O capital intelectual é fator determinante para o sucesso”, afirma Eliane Bergamaschi, gerente de Recursos Humanos da rede. Foram criados cursos de curta e média duração nas mais variadas áreas, como treinamento de liderança, matemática financeira, etiqueta no trabalho, planejamento e administração do tempo. “A cada seis meses fazemos uma reavaliação e identificamos as principais oportunidades de melhoria. Com o levantamento, elaboramos um cronograma de treinamento, envolvendo todos os profissionais da empresa”, diz a gerente da Master. (11) 3352-8906

Com forte influência da imigração italiana, a região Sul é a sede da empresa Spedini Trattoria Expressa. Rede de fast food de comida italiana, ela se prepara para abrir quatro novas unidades nos Estados mais frios do país. A franqueadora fica em Curitiba (PR), onde será inaugurada a primeira loja de rua da rede, mas tem unidades quase prontas em Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). O gerente comercial da rede, Romano Fressato Neto, diz que a meta é alcançar 20 unidades até o final de 2007. Hoje são oito. A empresa estudou um novo formato para a abertura de lojas de rua, que exigem mais investimentos por serem maiores. Apesar de manter o tipo de atendimento, foram realizadas algumas modificações de infra-estrutura. Outras mudanças foram feitas no cardápio, nos acordos com fornecedores e nos uniformes da equipe de colaboradores. Para abrir uma unidade da Spedini é necessário um investimento de R$ 170 mil a R$ 350 mil, já inclusa a taxa de franquia. Esse valor não inclui o ponto comercial e as despesas de contratação de pessoal. (41) 33362-5522

Serviços segmentados Os serviços especializados também estão aderindo ao sistema de franchising, como a nova rede Clivo (Centro Livre de Odontologia), especializada em implantes dentários. Inicialmente a empresa vai abrir unidades nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A Clivo fez parceria com o programa BB Franquia do Banco do Brasil para oferecer aos futuros empreendedores oportunidade de financiar o investimento inicial, que pode variar entre R$ 67 mil e R$ 165 mil, dependen-

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do do ponto comercial e se o profissional já possui equipamentos. Atualmente a Clivo tem uma unidade própria em funcionamento no Rio de Janeiro, com 200 m 2, e uma franquia piloto também na capital carioca. A

franquia foi formatada em sistema modular, permitindo a abertura de unidades com um, dois ou três módulos de atendimento. “São 20 anos de experiência à frente de clínicas odontológicas. Somos pioneiros no sistema de franchising na especialidade e, por isso, buscamos um investidor que tenha espírito empreendedor, idoneidade e que se dedique exclusivamente ao negócio”, avalia a dentista Claudia Pinto, diretora comercial da Clivo. www.clivo.com.br


Brasileiros em Portugal Muitas redes encontram em Portugal um mercado para seus produtos através de parceiros para crescimento e expansão de marcas e franquias. A expressiva participação de uma delegação portuguesa na Feira da ABF, em junho, demonstrou que existem possibilidades tanto dos brasileiros lá quanto das novidades lusas por aqui. A consultoria Global Franchise Net exporta franquias brasileiras como as marcas Golden Services, Microlins, Embelleze e Combate. Elas estão a procura de master-fran-

queados ou operadores regionais para expandir a operação em Portugal. De acordo com Paulo César Mauro, fundador da Global Franchise Net, o modelo brasileiro de franquia é sinônimo de sucesso. “Adotamos o conceito, aprendemos a superar as dificuldades e transformamos empresas em grandes redes. Tudo isso fez com que ganhássemos respeito em âmbito internacional”, explica o empreendedor, que foi um dos responsáveis pela introdução do franchising no Brasil. Para Mauro, a exportação de franquias é ainda uma alternativa para as franqueadoras, que já atingiram um bom crescimento no país, evitarem a estagnação. “Para elas, a expansão internacional é uma opção atraente para continuar crescendo, além de também favorecer o reconhecimento internacional de suas marcas e consolidar a operação”. www.globalfranchise.net

Marca própria Com 24 itens, a linha de alimentos naturais Dr. Grão é a novidade das 111 lojas da rede Mundo Verde, presente em 12 Estados brasileiros. A marca própria tem produção terceirizada em parceria com a Nutrihouse Alimentos. “Queremos agregar mais valor à rede, que preza pela credibilidade na venda de produtos de qualidade, saudáveis e sem agrotóxicos”, destaca o sócio-diretor da Mundo Verde, Jorge Eduardo Antunes. O controle de qualidade da linha Dr. Grão está presente desde a inspeção da matéria-prima, recebida apenas mediante a apresentação de laudo técnico, até os dizeres da rotulagem, que devem obedecer à legislação em vigor. Os produtos são armazenados e separados por categorias com o devido controle de temperatura e umidade. (24) 2237-2528

INDEX OPEN

Franchising Fair A quinta edição da Franchising Fair – Feira Nacional de Franquias – ocorre este ano em Florianópolis (SC), entre os dias 14 e 16 de setembro, no Centro de Convenções CentroSul. No ano passado, em Curitiba, o evento gerou um volume de negócios na ordem de R$ 12 milhões e reuniu mais de 150 empresas franqueadoras dos segmentos de cosméticos, perfumaria, vestuário, alimentação, idiomas, informática, decoração, entre outros. Além da própria exposição de marcas e produtos, a Feira tem programada a realização de duas palestras sobre os temas “Como escolher uma franquia” e “Como se tornar um franqueador”. (47) 3372-1748 ou www.franchisingfair.com.br Setembro 2006 – Empreendedor – 59


F ranquia

Novo modelo

Negócios no frio

REDES NA REDE

A taxa de crescimento da 100% Vídeo é um dos pontos fortes nos últimos dois anos, com um índice médio de 20% ao ano. A meta da rede de videolocadoras é de até 2009 alcançar o número de 140 lojas em operação por todo o país. Atualmente são 83 lojas em funcionamento em 17 Estados, com faturamento médio de R$ 80 mil cada. Este ano a 100% Vídeo está com foco voltado para as principais cidades do Sul do país, especialmente as do Paraná. Depois de inaugurar lojas em Londrina e Ponta Grossa, foi fechado contrato com a cidade de Maringá e em breve Curitiba. “Os moradores do Sul são mais interessados em cultura e investem mais no seg-

mento. Além disso, as temperaturas mais baixas colaboram com o sucesso do setor”, explica o diretor de franchising da rede, Carlos Augusto. De acordo com pesquisa do Instituto A/ C Nielsen, os cinemas brasileiros tiveram uma queda de 20% nas vendas de ingresso no ano passado. Fatores como violência, preço alto dos ingressos e valores acessíveis aos aparelhos eletrônicos foram determinantes para a queda de público nas salas de projeção. Em 2005, os brasileiros compraram 20 milhões de discos de DVD, ou seja, 60% a mais referente ao ano anterior. Para quem quer abrir uma loja 100% Vídeo, o investimento inicial gira em torno de R$280 mil. www.100video.com.br

Franqueados de serviços A franquia PostNet, rede americana de serviços de escritório, apresenta na internet – www.postnet.com.br – o que as lojas estão preparadas para fazer. Com cinco unidades em São Paulo, duas no Rio e Janeiro e uma em Belo Horizonte, a empresa oferece em um único local serviços e produtos nas áreas de informática e escritório, impressão e cópias, remessas e embalagens. Agora a rede está em plena fase de expansão e busca franqueados nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De acordo com Jacques Kann, empresário que assumiu o controle da rede no país, o franqueado tem a segurança de investir em um segmento ainda pouco explorado no Brasil e contar com empresas líderes como DHL, FedEx, UPS e Xerox. (11) 3062-6292

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Depois de um ano com a implantação do novo modelo de franquia, que reduziu os investimentos de R$ 1 milhão para R$ 250 mil para quem deseja se tornar um franqueado, a rede de locação de automóveis Unidas comemora os bons resultados. A primeira loja aberta depois da reestruturação, em Ribeirão Preto (SP), tinha 45 carros e aumentou em 30% a sua frota em menos de um ano. Para atender a demanda na região foi contabilizado um aumento de 35% no faturamento em relação aos resultados dos primeiros meses de operação. A outra loja nestes moldes, inaugurada há quatro meses em Sorocaba (SP), iniciou suas atividades com 25 carros para locação e fez um pedido à Unidas de mais 18 veículos. A rede está mexendo nas demais unidades, padronizando a qualidade do atendimento em todo o país. Segundo os franqueados Edvaldo Ghirardelli, de Ribeirão Preto e Durval de Moraes Caramante, de Sorocaba, os resultados se devem a vários motivos, entre eles a operação estruturada neste novo modelo, já que os dois receberam a chave da loja pronta, totalmente montada e equipada, com os carros zero quilômetro no pátio fornecidos pela própria Unidas. Em abril deste ano, a rede recebeu um aporte de capital de R$ 100 milhões para a aquisição de 6 mil novos veículos da matriz SAG, maior grupo automotivo de Portugal que adquiriu a rede em 2002. www.unidas.com.br


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F ranquia ABF

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2006 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Setembro – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Wizard

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


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Guia do Empreendedor O mapa da raiva no trabalho Uma pesquisa recente, realizada pela Universidade da Carolina do Norte (EUA), aponta que a raiva no trabalho deixou de ser um mito e assumiu contornos de doença. De acordo com o estudo, 12% da população em idade economicamente ativa já se afastaram do trabalho, pelo menos uma vez, por conta do problema. Entre os diversos sintomas apresentados por quem enfrentou o processo, o stress, a angústia e o sofrimento chamaram a atenção dos consultores em recursos humanos. No Brasil, as estatísticas são imprecisas, mas estudos similares ao realizado nos Estados Unidos são conduzidos por entidades e pesquisadores de RH. O que se sabe, por enquanto, é que os fatores psicológicos são a segunda maior causa de afastamentos e que setores com forte concorrência interna e alta rotatividade de funcionários – como o de telemarketing – são os que mais acumulam indivíduos propensos à raiva no ambiente de trabalho. “Empresas que têm discurso humanista e não o pratica ou que submetem os funcionários a atender um número de pessoas/clientes muito maior do que elas podem suportar são as que mais têm prejuízos com o problema”, diz o conferencista e pesquisador Carlos Hilsdorf. Em seus estudos sobre o comportamento humano em grandes empresas e corporações, Hilsdorf percebe que a questão da raiva no trabalho está diretamente ligada a equívocos de gestão, principalmente o distanciamento dos chefes imediatos de seus subordinados. “As pessoas introvertidas, que costumam não verbalizar seus descontentamentos, geralmente passam despercebidas aos gestores, e quando conseguem exteriori-

zar é porque estão em uma situação crítica de raiva”, diz. “Uma solução que dá resultados rápidos é fazer com que as pessoas em cargos de chefia desenvolvam canais de acesso para os subordinados se expressarem”. A oportunidade do primeiro emprego ou a chance de realizar estágio é o sonho comum à maioria dos jovens brasileiros com idade acima dos 18 anos, principalmente entre aqueles que cursam uma universidade. Para algumas pessoas, a pressão constante faz a experiência se tornar a pior possível e, ao contrário do que muita gente pensa, não se trata da folclórica “síndrome do estagiário”, e sim de uma tendência de mercado. “A pessoa que está em seu primeiro emprego ou faz estágio é a que menos recebe atenção na escala hierárquica e, ao mesmo tempo, é transformada em bode expiatório quando acontece algo de errado”, diz Carlos Hilsdorf. A raiva, mais uma vez, está no centro da questão. “O status de um funcionário em uma organização

está ligado ao quanto ele pode demonstrar o que sente e, como o indivíduo inexperiente tem medo de perder a oportunidade, acaba não exteriorizando o que sente, tornando cada vez mais comum o fenômeno da raiva desencadeada já no primeiro emprego”. Investir em treinamentos específicos para reduzir o afastamento de trabalhadores faz parte da teoria defendida pelo consultor Orlando Pavani. Ele acredita ser o medo de mudanças, a acomodação e a incapacidade de lidar com novas realidades os principais fatores desencadeantes da raiva no ambiente de trabalho. “É muito mais fácil alguém dizer que não concorda com algo do que dizer que não consegue fazer algo”, diz. Com mais de 3 mil pessoas treinadas em quatro métodos próprios nos últimos cinco anos, Pavani explica que é mais fácil para as empresas adotarem uma série de medidas complementares para implantar mudanças – como palestras, eventos e suporte psicológico – do que substituir funcionários. “Ao demitir um trabalhador resistente, o gestor também perde força intelectual na empresa”. Para o consultor, é importante trabalhar no sentido de redimensionar a mentalidade do funcionário, para que ele possa assimilar as mudanças e lidar com sentimentos extremos – como a raiva – para ter como resultado final o aumento em sua produtividade. “Muita gente faz do erro e da acomodação um modus operandi que leva à raiva, mas, a partir do momento que o empreendedor reverte esse quadro, o que ele vê é a otimização dos potenciais de cada indivíduo”. www.carloshilsdorf.com.br www.gaussconsulting.com.br Setembro 2006 – Empreendedor – 67


Guia do Empreendedor Propaganda virtual Com um crescimento de 34,16% no primeiro trimestre deste ano, a propaganda em internet mostra que deixou de ser um luxo virtual e conquistou espaço nos planos de comunicação de empresas de todos os portes. A modalidade de links patrocinados, em princípio dominada pelas norte-americanas Google e Yahoo, agora também é oferecida pela brasileira eCentry, que lançou o portal AdMarket (www.admarket.com.br). Criado para ser uma ponte entre anunciantes e webmasters que tra-

balham em sistema de parceria, o AdMarket tem cadastrado 1,5 mil sites com espaço para a publicidade e conta com ferramentas para anúncios em diferentes formatos (flutuantes, expansíveis e contextuais). Ao longo de oito meses de pesquisa e desenvolvimento, a eCentry focou o AdMarket na realidade nacional, fazendo com que o produto sirva tanto para um anunciante único como para agências de propaganda que queiram realizar o gerenciamento múltiplo de clientes. www.ecentry.com.br

Minipetrolíferas A Petrobras e o Sebrae implantaram, nos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia, a segunda fase do Curso de Capacitação de Micro e Pequenas Empresas em Direcionamento Estratégico. A parceria faz parte do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), criado pelo Governo Federal para aumentar a participação de fornecedores brasileiros de bens e serviços. Os mais de 70 empresários baianos e fluminenses que farão parte desta etapa já cumpriram a primeira parte do curso. Agora eles vão estudar os aspectos legais, técnicos e financeiros exigidos para entrar no cadastro das grandes empresas do setor. As empresas passarão por uma análise profunda de processos de administração, produção, compra e materiais para mapear as chances de competitividade dentro da cadeia produtiva nacional. O processo de capacitação envolve cursos coletivos formados com grupos de, no máximo, 15 empresas. E os empresários contarão com consultores do Sebrae para resolver problemas específicos. www.sebrae.com.br

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Oportunidades sem juros Um acordo entre a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE) e a SC Parcerias permitirá às empresas catarinenses que desenvolvem inovação tecnológica ter acesso ao programa Juro Zero, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). No total, serão aplicados em 18 meses R$ 20 milhões para apoiar micro e pequenas empresas inovadoras nos segmentos de semicondutores, software, bens de capital, fármacos e medicamentos, biotecnologia, nanotecnologia, biomassa, maricultura, turismo e entretenimento. As linhas de crédito variam entre R$ 100 mil e R$ 900 mil, sem juros, sem garantias reais e com pagamento dividido em até cem parcelas corrigidas pelo IPCA. Criado pelo Governo Federal através da Finep, o programa Juro Zero tem como objetivo estimular o desenvolvimento de micro e pequenas empresas nos aspectos gerenciais, comerciais, de processo ou de produtos e serviços, viabilizando o acesso ao crédito. Para participar do programa, o empreendedor precisa apresentar um plano que assegure a inovação do seu negócio, comprovar faturamento no ano anterior entre R$ 334 mil e R$ 10,5 milhões, possuir solvência financeira e certificado digital ICP-Brasil. A aprovação do crédito e a liberação dos recursos levam, em média, 50 dias. www.jurozero.finep.gov.br


Produtos & Serviços Micros resistentes A distribuidora Anacom lançou com exclusividade no Brasil a linha de computadores à prova de fogo Triton, fabricada pela empresa alemã Kontron. Criada para a indústria petroquímica e de gás, a linha Triton segue normas técnicas do setor e é composta por três modelos (D1, Z2 e PM). Eles são resistentes a choques, líquidos corrosivos, trepidações, vapor e umidade, além de possuir um sistema de ve-

dação que repele partículas grossas encontradas em condições atmosféricas inflamáveis ou explosivas. “Os modelos contam com o sistema de proteção de tela glass on glass (camadas de vidro sobre vidro) e com recursos que permitem operar em diferentes níveis de luminosidade, inclusive com luz do sol direta na tela do monitor”, diz Rodrigo Ferreira, gerente de produto da Anacom. www.anacom.com.br

Apoio à educação O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP recebeu gratuitamente da Sisgraph e Intergraph a solução Intelliship e outros programas para projetos educacionais. O conjunto de softwares possibilita uma melhoria de performance em termos de modelamento de estruturas e planejamento de manufatura, com redução de força de trabalho, economia de materiais e controle de desperdícios de construção. “Teremos à disposição soluções para aplicação

em projetos de navios, acompanhamento de toda construção, integração com fornecedores e gerenciamento de produção”, diz o engenheiro Marcos Mendes de Oliveira Pinto, professor doutor do departamento. www.sisgraph.com.br

Controle atualizado Os usuários do software Rodosis Global, que rastreia e monitora rotas veiculares, podem fazer o download gratuito da nova versão do programa no site do fabricante (www.rodosis.com.br). Direcionado a embarcadores, gerenciadoras, transportadoras, seguradoras e autônomos, o Rodosis Global tem como diferenciais a parametrização (configuração personalizada do sistema), a criptografia de dados recebidos e enviados, delimitação de áreas de risco em mapas e rotas pré-existentes e acesso a mapas viários dos países do Mercosul. A nova versão também traz a ferramenta “caixa de eventos”, em que o administrador do sistema tem um controle detalhado do que acontece com os veículos rastreados e organiza as informações recebidas pelo sistema. O programa também registra todas as operações do veículo rastreado, identificando mensagens, comandos, posicionamentos, horários, atuações e operadores responsáveis por seu monitoramento. Setembro 2006 – Empreendedor – 69


Do Lado da Lei

DIVULGAÇÃO

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Marketing atualizado para prêmios e brindes Autorização é burocrática e requer planejamento, sob pena de inviabilizar o projeto idealizado pelo empreendedor A utilização de distribuição gratuita de prêmios pelos empreendedores tem sido uma ferramenta de promoções útil para a alavancar vendas ou divulgar produtos e serviços. Esta atividade é sujeita à regulamentação por duas normas legais antigas, a Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971, e o Decreto nº 70.951, de 9 de agosto de 1972. Recentemente o Ministério da Fazenda editou a Portaria MF 184/06, de 19 de julho de 2006, dispondo sobre o pedido de autorização para a distribuição gratuita de prêmios, a título de propaganda, mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação semelhante. Com isso, foram atualizados os procedimentos a serem utilizados pelas empresas interessadas no uso desta modalidade de “marketing”. O pedido deve ser formulado à Caixa Econômica Federal (CEF), quando a requerente for empresa comercial, industrial ou de compra e venda de bens imóveis, ou à Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (SEAE), quando a CEF, ou qualquer outra instituição financeira, inclusive seguradoras, administradoras de cartões de crédito, participar da sistemática promocional. As promoções se dão pelas modalidades de sorteio; vale-brinde; concurso ou

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operação semelhante. Trata-se da modalidade concebida a partir da combinação de fatores apropriados a cada uma das modalidades de distribuição gratuita de prêmios, preservando-se suas características, como meio de habilitar concorrentes e apurar os ganhadores. O enquadramento da atividade comercial obedecerá as regras da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. São considerados inviáveis planos de operação destinados à promoção de produtos que não demonstrem sua sustentabilidade independente da distribuição gratuita de prêmios. Não poderão ser objeto de promoção, mediante distribuição gratuita de prêmios a título de propaganda, bens e serviços que necessitem de qualquer forma de descarregamento de dados via telefonia ou internet, incluindo, porém, não se limitando, serviços de mensagens curtas (SMS) e serviços multimídia (MMS). Somente sendo viável caso se verifique que, nos últimos 12 meses, o bem ou serviço foi comercializado ininterruptamente. Os pedidos devem ser protocolizados na CEF, no endereço que se encontra disponível no site www.caixa.gov.br ou, se a requerente for instituição financeira ou assemelhada, na Coordenação-Geral de Análise de Mercados (SEAE), no

prazo mínimo de 40 e máximo de 120 dias antes da data do início da promoção. Após a protocolização do pedido de autorização, a empresa promotora não poderá substituir, a seu critério, o plano de operação apresentado. A autorização somente será concedida a empresas, comprovadamente quites com as contribuições à Previdência Social, quanto à Dívida Ativa da União e Tributos Federais, Estaduais e Municipais de caráter mobiliário. Importante notar que o certificado de autorização, emitido a título precário, pela CEF ou pela SEAE, é o único documento que habilita a realização de distribuição gratuita de prêmios, a título de propaganda. É vedada a prática de qualquer ato relacionado com o lançamento, divulgação e execução da distribuição gratuita de prêmios antes da emissão do respectivo Certificado de Autorização. Portanto, como se nota, a obtenção da autorização é burocrática e requer planejamento, sob pena de inviabilizar o projeto idealizado pelo empreendedor, mas geralmente é um bom recurso de divulgação.

Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269


Setembro 2006 – Empreendedor – 71


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O enigma decifrado Nos links patrocinados do Google Adwords, a esperada solução para quem procura retorno anunciando na internet Com o Google Awards, o empreendedor só paga quando o anúncio é acessado pelo usuário. As formas de pagamento são flexíveis, assim como todo processo deste novo paradigma do marketing, pioneiro nas soluções para a internet. Na outra ponta do balcão, o responsável pelo site hospedeiro também é remunerado, via Google Adsense, pelo número de clics, feitos de livre vontade. Isso significa um ganha-ganha permanente e a multiplicação do potencial de retorno, pois a cada dia novos conteúdos são adicionados, novos espaços criados e mais usuários se somam às multidões já em atividade. Com um pouco de atraso, o primeiro livro sobre o Google Adwards sai em português. No Brasil, os fenômenos importantes são sempre recebidos ou com desconfiança ou com indiferença. Leva um tempo para que os pioneiros possam abrir uma clareira na floresta de dúvidas. Quando o terreno está aplainado, aí começam a vir os oportunistas a deitar auto-ajuda, fazendo com que a novidade, que em pouco tempo é superada, cristalize-se em livros, cursos, conceitos, etc. Não é o caso deste lançamento que compara o Google Adwords à arte da guerra, o clássico de Sun Tzu. O livro ensina pequenos empresários, profissionais liberais e publicitários a criar, manter e otimizar campanhas de links patrocinados (payper-click) no Google. “No ano passado, a receita global do Google com o Adwords foi de US$ 6 bilhões, e

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este ano deve aumentar para US$ 9 bilhões. Mas senti que muitos brasileiros ainda não sabem como explorar esta ferramenta para beneficiar seu negócio. Procuro mostrar a melhor forma de uma pessoa ou uma empresa usar links patrocinados para aumentar suas vendas e conquistar novos clientes”, diz Ricardo Vaz Monteiro, autor do livro e diretor da empresa Nomer.com. O livro explica como funciona o sistema – que permite inserir anúncios nas diversas páginas de respostas do Google – e utiliza conceitos básicos de estratégia militar e citações de Sun Tzu. O objetivo é orientar melhor seus leitores sobre como e quando escolher uma estratégia de atuação de propaganda on-line. É possível ainda aprender a otimizar título, descrição, grupos de anúncios, palavras-chave e páginas de destino, testar a usabilidade do site, calcular o retorno do investimento, escolher e implementar estratégias de atuação, acompanhar conversões por meio do sistema Google Analytics, utilizar ferramentas auxiliares do Adwords, como o Google

Sitemap e o Rodots.txt, e melhorar a posição na área gratuita do Google. Ricardo Vaz Monteiro é sócio-fundador do Nomer.com, cursou bacharelado em Física, na Universidade de São Paulo (USP), é membro da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, membro da Associação Brasileira de Empresas de Software e jurado do prêmio Ibest. Ele também é autor dos livros Escolha seu.com, um guia definitivo sobre como é fácil escolher um domínio na internet, e Quanto vale seu domínio?, que ensina a avaliar o valor de venda de um domínio na internet. DESTAQUES “Existem dois tipos de campanhas que podem ser administradas no Adwords: campanha por palavrachave ou por site. As segmentadas por palavra-chave são de links patrocinados ou PPC (Pay-perclick), ou seja, você paga para cada clique que ocorre em um anúncio seu. As segmentadas por site você paga por CPM, ou seja, pela apresentação do seu anúncio, independente do seu retorno.” – Pg. 29 “Os instrumentos de pesquisa possuem sistemas anti-fraude que não contabilizam cliques de um mesmo endereço IP em um determinado intervalo de tempo, porém esse sistema não é perfeito. Recomendamos que você acompanhe os relatórios de visitação e no caso de algum valor muito diferente, entre em contato com o instrumento de pesquisa. Quando uma fraude é identificada eles fazem o reembolso.” – Pg.151

Google Adwords – A Arte da Guerra Ricardo Vaz Monteiro Brasport Editora 280 páginas – R$ 53,00


Leitura

Profecias do passado Gente Que Faz Luiz Fernando Garcia Editora Gente 128 páginas – R$ 25,00 Não precisa morrer de trabalhar para ter sucesso, garante este livro, apresentado como um manual prático para quem quer aprender os segredos dos grandes realizadores. Aqueles que transformam trabalho em resultados e vêem o fruto do seu suor desabrochar em lucros. O autor fez a análise da trajetória de pessoas reconhecidamente bem-sucedidas e descobriu um conjunto de características que as conduziu para o caminho de conquistas. O apelo é veemente: “Não importa quem você é, como foi sua criação, a carga genética que você carrega, suas referências de vida. O que importa é que você pode se transformar em gente que faz! Aceite esse desafio e obtenha os resultados que deseja”. Não é a primeira vez, nem será a última, que a profecia do passado (vislumbrar o que já está comprovado) alimenta livro de auto-ajuda. O desafio seria entender como alguém, sem condições nenhuma de vencer e fazendo tudo ao contrário dos vencedores, conseguiria provar que pode chegar lá. Mas isso exigira um trabalho de reflexão e pesquisa muito mais árduo, que levasse a uma metodologia mais confiável de percepção desse tipo de segredo.

Gestão na prática Administração Para Não-Administradores Edmir Kuazaqui (org.) Editora Saraiva 376 páginas – R$ 69,00 O livro procura contribuir para a criação, a manutenção e o desenvolvimento das qualidades e competências humanas, técnicas e funcionais de todos aqueles que necessitam dos conceitos e aplicações práticas da ciência da Administração. Discute temas como Gestão de Pessoas, Ética, Filosofia, Responsabilidade Social, Comportamento do Consumidor, Planejamento Estratégico, Comunicação Empresarial, Escolas de Administração, Gerência Multicultural e Liderança Servidora, além da Estatística e a Pesquisa Científica em Administração. Os autores são: Adriano Gomes, Carlos Frederico Lúcio, Celso Likio Yamaguti, Claudia Nice Franciscone Tonelli, Cláudio Sunao Saito, Edmir Kuazaqui, Eduardo César Sansone, Ernesto Michelangelo Giglio, José Fausto de Morais, João Pinheiro de Barros Neto, Márcia Gamboa, Robson M. Marinho e Sandra Mônica Szwarc.

Vencer sem stress Gerentes e Executivos Poderosos Chuck Martin Editora M.Books 190 páginas – R$ 65,00 Arrasar em uma corporação sem deixar que o stress o aniquile é a promessa de Chuck Martin. Ele garante soluções práticas aos desafios que todo gerente ou executivo enfrentam no dia-a-dia. Também descreve um conjunto de princípios e práticas utilizados nas empresas de melhor desempenho, objetivando realizar mais. Sua intenção é levar o leitor qualificado a produzir e crescer mais, mantendo, ao mesmo tempo, o stress nos níveis mais baixos. Com depoimentos de profissionais da IBM, Northern Trust, Mercer, Merrill, Lynch, Lucent e DuPont, oferece orientação sobre sete habilidades que todo gerente ou executivo deve conhecer: Concentre-se nos Resultados; Force as Decisões Difíceis; Comunique-se com Clareza; Permaneça Flexível; Prove seu Valor para a Empresa; Force a Colaboração; Gerencie com Eficácia sem Ser Rígido demais. Martin escreveu o livro ao descobrir o estrago que o stress provoca nessa área. E viu aí uma chance de fazer negócios: publicar em livro que os tempos difíceis fazem aflorar aquilo que os mais bem-sucedidos profissionais de negócios têm de melhor. Uma palavra-chave é usada pela divulgação: o conteúdo promete também resultados. Setembro 2006 – Empreendedor – 73


Informação e Crédito

Elcio Anibal de Lucca é o novo Mais amplo e organizado espaço para o empresário brasileiro, o Fórum de Líderes completa 30 anos de existência em 2007

E

lcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa, tomou posse em São Paulo, em 31 de julho, como novo presidente do Fórum de Líderes Empresariais Gazeta Mercantil, com a presença de lideranças empresariais de todo o país. “Queremos ser ouvidos como uma voz representativa do se-

tor empresarial, com propostas e ações no sentido de encontrar solução para os principais problemas estruturais do Brasil”, afirmou Elcio Anibal de Lucca. Na solenidade de posse, foi realizada uma pesquisa, em tempo real, na qual líderes presentes ao evento expuseram suas opiniões sobre política social e econômica, segurança, infra-estrutura e educação. Esse levantamento é o início de um trabalho que vai reunir o pensamento de mais de mil líderes do Fórum e lançá-lo ainda antes das eleições, como um manifesto aos candidatos à presidência da República. O Fórum, que em 2007 completa 30 anos, é o mais amplo e organiza-

do espaço para o empresário brasileiro. Foi criado pelo jornal Gazeta Mercantil e, nos anos 90, tornou-se um instituto. Os membros do Fórum são eleitos, anualmente, como lideranças estaduais e como lideranças setoriais, dentre os quais sai a indicação de um líder nacional. As ações dos Líderes Empresariais contribuíram, de modo decisivo, tanto para a redemocratização do Brasil quanto para a abertura do mercado nacional em tempos de globalização da economia. O presidente anterior foi o empresário Hermann Wever, da Siemens, que passou a integrar o Conselho de Líderes Permanentes da entidade. Elcio Anibal de Lucca, presiden-

Da esquerda para a direita, Júlio Moreno, Elcio Anibal de Lucca, Luiz Fernando Levy, Hermann Wever e Abílio dos Santos compõem a mesa durante a posse do novo presidente do Fórum de Líderes Empresariais 1


presidente do Fórum de Líderes te da Serasa desde 1991, tem na gestão da qualidade a linha mestra e compromisso de sua administração, que levou a empresa a destacar-se como a primeira a conquistar por três vezes o Prêmio Nacional da Qualidade (1995, 2000 e 2005). E a única a trazer para o Brasil o Prêmio Ibero-Americano da Qualidade (2002). Ele também faz parte do Conselho Curador da Fundação Nacional da Qualidade e foi um dos empresários idealizadores do Movimento Brasil Competitivo (MBC), do qual é vice-presidente. Em 2003, foi eleito pela ADVB Líder Empresarial Nacional de Responsabilidade Social e, em 2004, foi escolhido Administrador Emérito

pelo Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP).

Excelência em Gestão Paranaense de Ribeirão Claro, onde nasceu em 14 de janeiro de 1947, Elcio Anibal de Lucca é casado, tem quatro filhos e dois netos. Administrador com mestrado pela Fundação Getulio Vargas, de São Paulo, sua atuação profissional está centrada na área de serviços e no setor financeiro, há mais de três décadas. Seu reconhecido modelo de gestão levou a Serasa a dar saltos de crescimento. Nos últimos 15 anos, o número de clientes saltou de 300 para 400 mil, e o número de consultas saiu da marca de 1 milhão por mês para registrar 3,5 milhões por dia. Em 2005, a empresa faturou R$ 570 milhões. Por seu envolvimento nos grandes temas do país, Elcio Anibal de Lucca é líder permanente dos Fóruns Empresariais: Nacional, de Responsabilidade Social e do Mercosul da Gazeta Mercantil. Sua atuação também se expande para o meio acadêmico. É vice-presidente do Conselho de Administração da EAESP/FGV. Como líder empresarial, Elcio Anibal de Lucca possui destacada participação. É presidente da Associação Latino-americana de Crédito - ALACRED; membro da Comissão de Ética do Conselho Regional de Administração de São Paulo; dos Conselhos da ADVB e da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal); do Conselho Empresarial Brasil-Peru; e coordenador do Comitê Brasil-Itália de Intercâmbio Comercial, Cultural e Social, dentre outros.

Envolvido em diversas ações sociais, é membro dos Institutos Akatu e Ethos, do Conselho Supervisor do Prêmio Bem Eficiente e da Ação Comunitária do Brasil. A excelência das práticas de gestão da Serasa, lideradas por Elcio Anibal de Lucca, é amplamente reconhecida pelo mercado. Está no ranking da revista Exame, pelo sétimo ano consecutivo, como uma das melhores empresas para se trabalhar e, pelo terceiro ano seguido, como uma das melhores para as mulheres trabalharem no Brasil. A Serasa figura, ainda, pela segunda vez, na lista das melhores empresas para se trabalhar na América Latina, e conta também com reconhecimentos em todas as suas áreas de atuação. Desenvolve o reconhecido Processo Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, apontado como modelo pela ONU. No dia 31, Elcio de Lucca anunciará os planos de sua gestão para amplificar a voz das lideranças empresariais brasileiras. O jornal Gazeta Mercantil tem papel significativo nessa ação. Ao lado do novo presidente, perfilará Luiz Fernando Levy, idealizador do Fórum e atual presidente do Conselho Curador do instituto. Grandes personalidades formam o Conselho de Líderes Permanentes do Fórum de Líderes Empresariais, composto pelos Srs. Abílio dos Santos Diniz, Antônio Ermírio de Moraes, Cláudio Bardella, Hermann Wever, Jorge Gerdau, José Mindlin, Luiz Fernando Furlan, Olavo Egydio Setúbal e Rinaldo Campos Soares. Membros do Conselho de Líderes Permanentes e do Conselho Curador ajudam o presidente a definir as diretrizes da entidade.


Guia do Empreendedor

Catastrofismo dos mercados Ótimas oportunidades para quem tem a maturidade de entender que o mundo não vai acabar e que a crise faz parte do processo cíclico dos mercados Em todos os tempos, desde o início da história dos mercados organizados, houve fases de desarranjo e “caos”. Como imaginar o valor da moeda de um povo quando este era subjugado por outro? Qual a variação de preço que se poderia imaginar para um produto agrícola após o ataque de uma praga inexplicável nos tempos medievais? Não existia a tecnologia, o transporte era limitado, as regiões relativamente isoladas... Nas últimas duas décadas podemos recordar, sem muito esforço, alguns fatos bem marcantes. Dentre eles destacamos aqui a chamada “crise do México” em 1994, a “crise da Ásia” em 1997, a “crise da Rússia” em 1998 e a instabilidade gerada pelos atentados às torres gêmeas em 2001. Foram todos acontecimentos que mexeram com a economia mundial, com reflexos não apenas para os países emergentes. Um ponto comum, no entanto, é que apesar das perdas momentâneas geradas (sim, momentâneas, pois a recuperação veio após cada um desses eventos), em todos os casos tivemos excelentes oportunidades de ganho aos que tiveram o entendimento e a tranqüilidade suficientes para por em prática o ensinamento básico do mercado: que devemos comprar na baixa e vender na alta. Isso não é si-

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nônimo de comprar pelo valor mínimo e vender pelo valor máximo, pois para isso precisaríamos de bolas de cristal para prever o dia e a hora da reversão dos movimentos. Isso significa ter o entendimento claro de que o momento ideal para compra é quando todos parecem querer vender, quando estamos vivendo algum período de grande “anormalidade”, quando se vê o instinto de manada nos participantes do mercado. No sentido oposto, na alta, podemos considerar que é chegada a hora de vender quando todos parecem querer comprar. Ao mesmo tempo, surgem justificativas futuristas quanto ao preço dos papéis: estamos vivendo um momento de revolução tecnológica que nunca se viu antes, e isso justifica o preço relativamente alto das ações. Nesse sentido, procurou-se, principalmente às vésperas do ano 2000, justificar a extrema valorização das ações de tecnologia nos EUA. Como o mercado tende a antecipar o futuro no preço dos papéis, caso ele se concretizasse e refletisse em lucros maiores para as empresas, o valor por isso já havia sido pago. Portanto, não se tinha maior espaço para nova valorização. Por outro lado, se o lucro não viesse conforme os mais otimistas apregoavam, ficaria claro que uma bolha havia surgido. A que-

da do índice Nasdaq, após março de 2000, foi a prova desse tipo de comportamento. Onze de setembro de 2001: nova e grande turbulência para o mercado financeiro mundial. Passado apenas uma semana do pior momento, o preço das ações em todo o mundo já começava a dar sinais de recuperação. Foi, novamente, uma grande oportunidade. Em todas, absolutamente todas essas “catástrofes”, tivemos ótimas oportunidades para quem teve a maturidade de entender que o mundo não iria acabar, que isso faz parte do processo cíclico dos mercados e que as principais oportunidades aparecem em momentos de desequilíbrio extremo, registrado através do pessimismo ou do otimismo exagerado. Aguardem, pois novas crises virão. Mais cedo ou mais tarde veremos o mesmo filme de outras épocas. Talvez mude o nome, os personagens, mas será basicamente o mesmo enredo. Isso não tem a ver com previsão, futurologia, mas com tempo. É só uma questão de tempo.

André Hahn Diretor-presidente da Leme Investimentos


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

Acesita Ambev Aracruz Arcelor BR Bco Itau Hold Finan Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telecom Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cemig Cesp Comgas Contax Contax Copel Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Metropo Embraer Embratel Part Gerdau Met Gerdau Ibovespa Ipiranga Pet Itausa Klabin Light Net Perdigao Petrobras Petrobras Sabesp Sadia Sid Nacional Souza Cruz Telemar Norte Leste Telemar-Tele NL Par Telemar-Tele NL Par Telemig Celul Part Telesp Tim Participacoes Tim Participacoes Transmissao Paulista Unibanco Usiminas Vale Rio Doce Vale Rio Doce Vivo Part Votorantim C P

TIPO AÇÃO

PN PN PNB ON PN PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB ON PN PNA PNA ON PN PNB ON PNB PNA ON PN PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON PN ON ON PNA ON PN PN PN ON PN PN UnN1 PNA ON PNA PN PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,56 1,24 0,98 1,78 3,05 4,25 1,24 0,58 0,71 1,59 0,82 2,43 0,98 0,80 0,21 2,32 0,33 0,39 0,03 0,16 1,46 1,05 2,12 0,44 1,23 2,83 1,21 3,25 100,00 0,66 1,63 0,53 0,62 2,42 1,03 2,29 12,03 0,90 1,45 3,95 0,53 0,83 0,94 5,49 0,46 0,51 0,33 0,74 0,47 1,64 5,23 2,34 12,32 1,55 1,07

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 22/08/2006)

41,83 4,92 26,06 37,73 16,29 5,14 25,71 4,27 -17,95 -11,43 20,69 -30,50 10,70 18,23 7,47 1,49 36,67 20,37 -16,07 -39,37 25,39 32,66 19,45 -0,50 9,21 4,92 24,37 26,49 9,63 22,29 25,72 8,06 -2,28 18,45 -0,96 22,52 22,27 49,15 -12,36 50,32 28,04 -23,91 16,63 -24,66 -20,15 13,04 35,40 0,54 -16,85 12,97 30,59 -1,73 -2,11 -31,55 20,17

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC – Fipe

Julho 0,18 0,17 0,19 0,21

Juros/Aplicação

(%)

Julho 1,17 1,17 0,62 1,14 3,49

CDI Selic Poupança CDB pré 30 * Ouro BM&F

Ano 1,59 1,45 1,73 0,30

Ano 9,02 9,04 4,82 10,49 15,28

* (até 21/08)

Indicadores imobiliários CUB SP TR (agosto)

Julho 0,17 0,24

Ano 3,56 1,41

Juros/Crédito

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *

(%)

Agosto 21/agosto

(em % mês) Agosto 18/agosto

2,20 4,30 2,70 2,40

2,30 4,29 2,70 2,50

* taxa mês

Câmbio (em 21/8/2006)

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Cotação R$ 2,1361 US$ 1,2891 US$ 0,0086

Mercados futuros (em 6/7/2006)

Setembro Outubro

Novembro

Dólar R$ 2,138 R$ 2,152 R$ 2,166 Juros DI 14,64% 14,43% 14,37% (em 21/8/2006)

Ibovespa Futuro

Outubro

37.890

Setembro 2006 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor Festa Nacional do Calçado Parque de Exposições da Fenac Novo Hamburgo/RS Telefone: (51) 587-3366 www.fenac.com.br 7/9 a 10/9/2006

Simpósio Sul-Americano de Clínica Médica Parque de Eventos de Bento Gonçalves Bento Gonçalves/RS Telefone: (54) 3452-6042 www.giordaniturismo.com.br 11/9 a 14/9/2006

Rio Oil & Gas

Em destaque

INDEX OPEN

7/9 a 10/9/2006

Agenda

23/9 a 26/9/2006

Cosmoprof Cosmética 2006 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 4191-4324 www.cosmoprofcosmetica.com.br

Dirigida a compradores, distribuidores, varejistas, importadores, executivos, proprietários de salões de beleza, cabeleireiros, hairstylists, esteticistas, entre outros profissionais da área, a Cosmoprof Cosmética trará pela segunda vez as Rodadas de Negócios e outros eventos paralelos, como o Congresso Internacional (que este ano terá como tema a proteção solar) e cursos específicos de aprimoramento técnico para a área de Cabelo e Estética. Em 2005, a feira contou com a participação de mais de 400 empresas, 700 marcas brasileiras e internacionais, 2 mil lançamentos de produtos e 78 mil compradores profissionais vindos de 45 países. 13/9 a 17/9/2006

19/9 a 22/9/2006

Decore 2006

Fenasucro 2006

Parque Barigüi Curitiba/PR Fone: (41) 3335-3377 www.diretriz.com.br

Centro de Exposições Zanini Sertãozinho/SP Telefone: (16) 2132-8936 www.multipluseventos.com.br

14/9 a 17/9/2006

20/9 a 22/9/2006

Franchising Fair 2006

Pet South America 2006

CentroSul Florianópolis/SC Fone: (48) 3251-4000 www.centrosul.net

Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-2000 www.vnu.com.br

17/9 a 22/9/2006

20/9 e 21/9/2006

Feira Ítalo-Brasileira de Eng. Sanitária e Ambiental

Congresso Brasileiro de Embalagens

Marina Park Fortaleza/CE Fone: (21) 2537-4338 www.fagga.com.br

Centro Fecomercio de Eventos São Paulo/SP Telefone: (11) 3254-1671 www.fecomercioeventos.com.br

18/9 a 22/9/2006

21/9 a 24/9/2006

Expoman

Hobbyart Nordeste

Minascentro Belo Horizonte/MG Telefone: (21) 2240-1237 www.abraman.org.br 19/9 a 21/9/2006

Centro de Convenções de Pernambuco Olinda/PE Fone: (81) 3427-8000 www.empetur.com.br

CNASI São Paulo 2006

21/9 a 23/9/2006

Brazil Scrapbooking Show

Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP Telefone: (11) 3472-2000 www.freicanecashopping.com.br

Rio de Janeiro/RJ Telefone: (11) 5585-4355 www.cipanet.com.br

Centro de Eventos São Luís São Paulo/SP Fone: (11) 3722-3344 www.wrsaopaulo.com.br

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

Riocentro Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2442-1300 www.rio.rj.gov.br/riocentro 12/9 a 14/9/2006

Food Tech 2006 Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-2000 www.vnu.com.br 12/9 a 14/9/2006

Cavet 2006 Mendes Convention Center Santos/SP Telefone: (13) 3228-7500 www.mendesconventioncenter.com.br 12/9 a 14/9/2006

Construmetal 2006 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP Fone: (11) 3816-6597 www.abcem.org.br 12/9 a 15/9/2006

Feindi 2006 Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (41) 3027-6707 www.hanover.com.br 13/9 a 16/9/2006

78 – Empreendedor – Setembro 2006

Reacess 2006 – Riocentro


Setembro 2006 – Empreendedor – 79


80 – Empreendedor – Setembro 2006


Setembro 2006 – Empreendedor – 81


www.empreendedor.com.br

O conteúdo que faz toda a diferença

Página inicial

Maioria acredita que motivação para empreender é mais importante Durante dois meses a Enquete do site Empreendedor pediu aos internautas que, entre quatro opções, escolhecessem aquela que consideram a mais importante no perfil de um empreendedor. E o resultado da Enquete, com um total de 877 votos, apontou que a maioria acredita que ter motivação para empreender é o mais importante, seguido por atitude próativa, capacitação gerencial e comportamento criativo. Confira a seguir o resultado final: Motivação para empreender ....................... 34,5% ............................ (303) Atitude próativa ........................................... 30,1% ............................ (264) Capacitação gerencial .................................. 20,3% ............................ (178) Comportamento criativo ............................. 15,1% .............................. 132)

Contato direto Fale com a redação do site Empreendedor A partir do mês de setembro, os leitores poderão conversar diariamente com a equipe do site Empreendedor através do MSN Messenger. Para isso, é preciso ter o programa instalado no seu computador e adicionar o e-mail empreendedor@empreendedor.com.br à sua lista de contatos. “Como a experiência do bate-papo coletivo deu ótimo resultado, resolvemos expandir esse contato direto com os leitores”, diz Alexandre Gonçalves, editor de conteúdo do site. “Através desse contato, esperamos aproximar ainda mais o conteúdo do site das necessidades dos internautas”.

Assine a newsletter As novidades do site direto no seu e-mail Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e na página inicial, clique em “Cadastre-se”, na área “Login”, coluna à esquerda. Em seguida, preencha o cadastro e assinale a opção: “Quero receber a newsletter e-Empreendedor”.

Site destaca trajetória de empreendedores de sucesso Uma das razões para a audiência crescente do site Empreendedor é o fato de apresentar informações de utilidade para o desenvolvimento de empreendedores e de quem quer empreender. Para isso, o site também reserva um espaço de destaque para contar a história de empreendedores de sucesso, especialmente nas áreas Perfil e Entrevista. A partir do resultado da enquete, fica a sugestão: acesse o site Empreendedor e confira na trajetória de grandes empreendedores qual característica ou atitude teve papel fundamental no surgimento e desenvolvimento da empresa.

Tranjan no site Leia os artigos do colunista da revista Empreendedor Um lembrete para os leitores que acompanham os artigos sobre gestão, empreendedorismo e formação do consultor Roberto Adami Tranjan na coluna Não Durma no Ponto, publicada na revista Empreendedor: os textos também são reproduzidos no site Empreendedor. Para ler todos os artigos do colunista, basta acessar o site (www.empreendedor.com.br) e na área de procura (na coluna à esquerda) digitar “roberto adami tranjan” (assim mesmo, entre aspas). Após o “enter”, aparecerá a lista com os títulos e respectivos links dos artigos já publicados. Para quem ainda não conhece, vale a dica.

Formato RSS – Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.

82 – Empreendedor – Setembro 2006


Setembro 2006 – Empreendedor – 83


84 – Empreendedor – Setembro 2006


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