Empreendedor 149

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Empreendedor

Ano 13 • Nº 149

NEGÓCIOS CRIATIVOS: ELEMÍDIA E IMAGINARIUM

Março 2007 • R$ 9,90

GPS: OS SERVIÇOS DO MERCADO DE LOCALIZAÇÃO

www.empreendedor.com.br

Thiago Paes Brussi: chances a partir da pesca na infância

ISSN 1414-0152

QUANDO O HOBBY VIRA NEGÓCIO

Ano 13 • Nº 149 • março 2007

O SUCESSO DA TATUAGEM COM GRIFE


2 – Empreendedor – Março 2007


Março 2007 – Empreendedor – 3


A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br]

Nesta Edição

Redação

PG. 20

Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Camila Stähelin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas, Index Open e Tomas May Produção e Arquivo: Carol Herling Foto da capa: Casa da Photo Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Gesner C. Vieira e Márcia Marafon Projetos Especiais: José Lamônica (Lamônica Associados) Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivos de Contas: Vitor Manuel de O. Guilherme [vitor@empreendedor.com.br] Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Carlos Gilberto Abella dos Santos [gilberto@empreendedor.com.br] Contato comercial: (48) 3223-0088 Executiva de Atendimento: Luana Paula Lermen [luana@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-3391 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

PG. 16

Capa

Hobby dá futuro

Transformar uma paixão pessoal num empreendimento é o caminho que pode levar ao sucesso, pois o hobby possui um dos principais insumos do empreendedorismo: a persistência. É uma espécie de combustível motivacional, que tem sido utilizado nos negócios, como fez Thiago Pais Brussi com suas iscas artificiais, André Zatz e o cunhado Sérgio Halaban, com os jogos de tabuleiro, ou Gizalda Mariano, com seu jardim particular. Mas é preciso tomar alguns cuidados, para que o prazer não se transforme em pesadelo.

PG. 26

Tendência As grifes da tatuagem

Os mais solicitados empreendedores da tatuagem investem em infra-estrutura, no atendimento personalizado e no marketing boca a boca. Assim como clínicas médicas e consultórios odontológicos, os estúdios de tatuagem são constantemente fiscalizados pela Vigilância Sanitária e dependem de uma série de alvarás para funcionar, por isso os cuidados com biossegurança não podem ser deixados de lado. CASA DA PHOTO

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Gráfica Pallotti - Porto Alegre Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Março 2007

PG. 36

Negócios Criativos

Vantagens da diversidade Imaginarium, a rede de lojas de presentes e artigos de uso pessoal com foco em design; e Elemídia, a empresa que implantou no Brasil o marketing nos elevadores são os cases desta edição sobre negócios criativos, uma tendência cada vez mais presente na preferência do público.


Março/2007 CASA DA PHOTO

PG. 10

Entrevista: Mirian Zacareli

Gestão participativa PG. 62

TI

Novos serviços do GPS O mercado de localização ainda é recente no Brasil, mas os serviços ligados ao GPS (sigla em inglês para sistema de posicionamento global) prometem grandes frutos. No mundo a expectativa é chegar aos U$ 21,5 bilhões em 2008, contra os U$ 13 bilhões registrados em 2003. A abertura do mercado doméstico de navegadores GPS para carros atrai gigantes dos setores automotivo e eletrônico. Outras aplicações são para setor agrícola, transportes, segurança e até marketing. PG. 40

Franquia

O planejamento integrado precisa da participação de todos para se saber até que ponto os interesses se conflitam ou somam para que se possam encontrar melhores soluções, segundo Mirian Zacareli. Símbolo de empreendedora bem sucedida, com carreira multifuncional desenvolvida há 33 anos em um grupo norte-americano de empresas de produtos químicos, a executiva atua em administração geral, planejamento, produção, processo e controle, cultura organizacional, motivação, liderança, trabalho em equipe e vendas para clientes de grande porte. CARLOS PEREIRA

PG. 52

Perfil: João Adibe Marques

A marca do herdeiro Herdeiro de uma tradicional família que concentra 15 empresas do ramo de medicamentos, João Adibe Marques, de 35 anos, dispensou o papel dos distribuidores em sua cadeia de vendas e deu visibilidade à sua marca através do Marketing Esportivo.

Espaços no exterior Antes de entrar num mercado desconhecido, como num país estrangeiro, as redes de franquias brasileiras estabelecem planos de ação que incluem pesquisas de campo, seleção de master franqueados e procura por pontos privilegiados. A rede de cursos de formação profissional Bit Company utilizou bem os ensinamentos, e a troca de experiências nos eventos e seminários internacionais, e abriu frentes em Portugal e Equador.

PG. 58

A voz da experiência: Ladmir Carvalho

Bússola empresarial Os responsáveis pela Alterdata Tecnologia em Informática levantam os pontos cardeais que orientam a empresa fundada em 1989 e que desenvolve softwares para automação e gestão. O destaque é a criação de indicadores de desempenho conforme as necessidades e o monitoramento permanente desde o início das atividades.

LEIA TAMBÉM

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 9

Cartas ................................................................. 7

Produtos e Serviços .......................................... 70

Empreendedores .................................................. 8

Leitura ............................................................... 72

Não Durma no Ponto ......................................... 14

Análise Econômica ............................................ 76

Pequenas Notáveis ............................................ 50

Indicadores ....................................................... 77

Empreendedor na Internet ................................ 82

Agenda .............................................................. 78

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de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8 h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-6093 Rio de Janeiro: (21) 3231-9017 Brasília: (61) 3322-3391 Curitiba: (41) 3257-9053 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 2106-8666 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Brasília: SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF

Editorial rabalhar naquilo de que se gosta é o princípio das vocações, mas nem sempre se descobre a tempo a famosa "queda" por alguma atividade. A vocação costuma ser decisiva na hora de escolher um rumo, e, quando há indecisão, pode haver conflito entre o mundo real e o mundo inventado pela paixão. Esse tipo de dúvida não existe para quem consegue transformar um hobby num empreendimento, aliando assim o sonho com a sobrevivência. Mas, como em qualquer outra opção, há perigos no caminho do negócio que nasce a partir de um hobby (que é fruto sempre de uma vocação). O prazer, quando entra no território da receita e despesa, deve obedecer aos mesmos parâmetros de prudência e eficiência que regem os empreendimentos. Na reportagem de capa desta edição, apresentamos alguns exemplos de como as pessoas conseguem insistir no projeto das suas vidas e se destacam ao testar o próprio fôlego na hora de encarar, de verdade, o que um dia começou como brincadeira. E quando a vocação é simplesmente empreender, independente do ramo? A

T

matéria também destaca o que pensam os consultores e especialistas, hoje às voltas com a necessidade de trabalhar a motivação tanto dos responsáveis pelas empresas quanto dos seus colaboradores. A fonte do dinamismo empresarial está no envolvimento das pessoas com o tempo que dedicam a ganhar a vida. Não há produtividade, nem salto de qualidade, nem gestão eficaz, se todos não estiverem focados no entusiasmo, que só pode vir da vontade de realizar aquilo que gratifica. É por isso que o assunto que trazemos nesta edição se refere ao amplo espectro de mudanças que estão sendo implementadas, por necessidade, no universo empresarial. No fundo, a essência do empreendedorismo é essa energia que nasce do gosto de realizar, e se impõe pela vontade em longo prazo que consegue superar obstáculos em série. É por isso que hobby, vocação e motivação fazem parte dos nossos assuntos. A revista procura despertar o impulso para empreender, acompanhar as vivências diversas dessa decisão e alertar para o que é realmente importante. Nei Duclós

Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


Cartas Matéria didática Li a matéria “O mercado da exposição segura”, de Alexsandro Vanin (nota: capa da edição 148 da revista, fevereiro de 2007), no site www.empreendedor.com.br. Ela ficou fabulosa. Em particular, eu gostei muito dos dados estatísticos e técnicos que o repórter utilizou, além das diversas referências sobre IUV, IC, câncer, etc. Acho que ficou um material muito interessante e didático para qualquer profissional, e mesmo para um público mais leigo. Vanin escreve realmente muito bem. Parabéns. Aproveito para te agradecer pela oportunidade de divulgar meu trabalho, produto e empresa. Fábio Monaro Engelmann

NanoBras – Dep. Pesquisa e Desenvolvimento São Paulo – SP

Grão premiado Lendo a matéria “Sabor da oportunidade”, de Alexsandro Vanin (Empreendedor 147, janeiro 2007), me ocorreu perguntar se o grão premiado da Fazenda Esperança está à venda no varejo em São Paulo. Sou também jornalista e “viciado” num bom café. Se puderem me ajudar... Luiz Weis

São Paulo – SP

Nota da redação: Infelizmente, não teremos o prazer de desfrutar o melhor café do Brasil. Toda a produção (pequena ainda, apenas 21 sacas) foi arrematada por um grupo chinês (Maruyama Coffee for Mikatajuku Group, Orsir Coffee, Taiwan) no último leilão da BSCA. O e-mail da Fazenda Esperança é koebsch@vsc.microlink.com.br, e o telefone é 35 3348-4551. Mas existem os cafés premiados pela ABIC, que são adquiridos por torrefadoras nacionais. Logo, ele deve ser oferecido nos supermercados e lojas especializadas (em São Paulo, talvez ele já esteja disponível no Pão de Açúcar, que também oferece os melhores da safra paulista). O lote premiado em primeiro lugar, da Fazenda Divino Espírito Santo (BA), foi adquirido por Café Guidalli, Sobesa e Astória Real. Março 2007 – Empreendedor – 7


Empreendedores Hideaki Iijima

Dia de Faxina Hideaki Iijima, fundador do Soho Cabeleireiros, foi um dos responsáveis por mais uma edição do evento anual promovido pela organização Zeladoria do Planeta, e literalmente fez uma faxina na Avenida Paulista e no Colégio Rodrigues Alves. O evento, que contou com a participação de mais de mil pessoas – entre elas, oito delegados da Zeladoria vindos diretamente do Japão –, firma-se a cada ano como uma das principais iniciativas ecologi-

camente corretas realizadas no Brasil. Iijima afirma que promover a cidadania por meio da limpeza dos espaços públicos, como varrer ruas e lavar os banheiros públicos, só demonstra carinho por São Paulo e pelo mundo. “Precisamos desenvolver a consciência de que somos zeladores do planeta, estamos aqui de passagem, e é nossa obrigação preservar as condições de vida para as gerações futuras.” www.sohohair.com.br

Edson Garcia

Especialista em gestão esportiva, o administrador Edson Garcia assumiu a presidência do Sindicato dos Clubes Esportivos do Estado de São Paulo. A gestão, que tem duração de três anos, foi uma aposta do setor na experiência profissional de Garcia, que há mais de três décadas trabalha em prol do esporte nacional, e cujo apoio foi fundamental para a promulgação da lei de incentivo ao esporte e bolsa-atleta. “Minha principal ação será aproveitar os Jogos Pan-Americanos para atuar de forma efetiva junto aos clubes que participarão das competições com seus atletas, estreitando o relacionamento com ações como identificação de espaços e estruturas esportivas para o treinamento e aperfeiçoamento dos atletas, que fortaleçam as instituições e os atletas em nível mundial.” www.sindiclubesp.com.br

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CASA DA PHOTO

Expert em esporte


Natália Osório Gomes e Vanessa Paiva Vaz Netto

Saúde e qualidade de vida As farmacêuticas Natália Osório Gomes e Vanessa Paiva Vaz Netto comemoraram, recentemente, o primeiro aniversário da Bluepharma, que atua no segmento de manipulação. Apesar do pouco tempo de mercado, a empresa destaca-se em Porto Alegre e região pelo foco na qualidade de vida dos clientes, tanto no atendimento personalizado quanto na fabricação dos produtos. A dupla, que trabalha principalmente com produtos para dermatologia e estética, aplica um rígido controle de qualidade em seus produtos e investe em linhas pioneiras, como a de neurocosméticos – que estimulam os sentidos humanos através do olfato –, e a de fitoterápicos feitos à base de hoodia gordonni, uma planta que, manipulada em cápsulas, atua como um emagrecedor. A meta, para este ano, é abrir uma filial no interior gaúcho. www.bluepharma.com.br

Alexandre Baptestini

Michel Salgado e Sergio Machado

Shows planejados

Pilates sob medida

Organizar shows e oferecer toda a infra-estrutura necessária para eventos no Brasil e no exterior é o foco do trabalho realizado há dez anos pelo carioca Alexandre Baptestini. O empresário, que comanda uma das maiores produtoras do segmento no Brasil – a A3B Music –, também está apostando e investindo em novos talentos do cenário nacional, como a funkeira teen Perlla e o grupo de pagode Jeito Moleque, que há meses figura entre os artistas mais tocado nas rádios do Brasil. O diferencial do trabalho de Baptestini é sincronizar as ações de sua equipe de produção com a equipe de vendas, que trabalham juntas em um espaço on-line que facilita e viabiliza a agilidade na execução de seus diversos eventos. Através da home page da empresa, o cliente encontra todas as informações atualizadas sobre riders técnicos, releases e fotos de divulgação. www.a3bmusic.com.br

Profissionais da área de fisioterapia, Michel Salgado e Sergio Machado, hoje, se destacam no mercado de bem-estar graças ao trabalho no ensino do método Pilates para reabilitação. A dupla, que vislumbrou na modalidade física uma oportunidade para tratar de forma mais completa as patologias que surgiam no consultório, fundou a Metacorpus e, além de dar aulas e formatar cursos, investe na fabricação de equipamentos próprios para os exercícios. O diferencial dos aparelhos, que seguem especificações internacionais de pesos e medidas, são as juntas metálicas em aço inoxidável. “Já fechamos várias encomendas e temos muita procura, pois nossos produtos têm preços mais acessíveis que os similares existentes”, afirmam. Presente em 15 Estados, a Metacorpus ministra cursos regularmente e possui estúdios próprios em várias capitais, além da fábrica localizada no Rio de Janeiro. www.metacorpus.com.br Março 2007 – Empreendedor – 9


Entrevista

Mirian Zacareli

Gestão com qualidade Executiva defende que adição de ISO é oportunidade para revisar seu sistema de gestão por

Wendel Martins CASA DA PHOTO

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Mirian Zacareli é símbolo de executiva bem-sucedida. Com carreira multifuncional desenvolvida há 33 anos na NHC, grupo norte-americano de empresas de produtos químicos, a executiva atua em administração geral, planejamento, produção, processo e controle, cultura organizacional, motivação, liderança, trabalho em equipe, e vendas para clientes de grande porte e contas-chave. É pós-graduada em Administração de Marketing pela Uniso (Universidade de Sorocaba), e participou de cursos e seminários de desenvolvimento profissional no Brasil, Estados Unidos, Canadá, México, Peru, Argentina e Chile. Atualmente, ocupa o cargo de diretora de recursos humanos e, devido à sua visão estratégica, consagrou-se também como conselheira do comitê da empresa para o Brasil, Chile e Argentina, sendo também responsável pela definição de planejamento integrado, gestão de desempenho, controle e acompanhamento para assegurar que todas as etapas do processo fossem cumpridas.Uma das grandes contribuições de Mirian para a corporação foi a implantação do Sistema de Qualidade, e obtenção de certificação nacional e internacional da ISO 9001 e Gestão Sistêmica da Qualidade. Mirian também participa ativamente da Associquim/Sincoquim, da qual é diretora, foi nomeada como membro do International Who’s Who of Professional Management em 2003, é conselheira do Ciesp e Fiesp – Sorocaba, coordenadora do Comitê de Comércio Exterior do Fiesp – Sorocaba, e professora do curso de pós-gradução da Facens – módulo de Gerência. A administradora conquistou a Certificação no Programa de Atuação Responsável (Abiquim), que é a versão brasileira do Responsable Care, reconhecido no exterior como uma das principais iniciativas para melhora de desempenho da indústria química nas áreas de saúde, segurança e meio ambiente. A executiva defende que a par-


ticipação no processo de certificação oferece uma oportunidade às empresas para contribuírem com o desenvolvimento e a melhoria da competitividade e, principalmente, revisar seu sistema de gestão em relação aos critérios de avaliação do Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão (PPQG), que estão alinhados aos critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, que representam o consenso global sobre práticas de gestão e valores organizacionais.

as suas tarefas e suas responsabilidades, a sua autonomia, passa a perceber o conjunto de uma forma diferente. Ela prioriza e consegue melhorar logo de início. E isso, obviamente, vai agregar valores ao grupo e à empresa. Essa é a primeira reflexão, depois vem o exercício da própria integração com a equipe, a mentalidade muda, pois você não pode trabalhar pensando em departamentos, e sim em processos. Empreendedor – Por quê?

Empreendedor – Qual é a sua definição de um planejamento integrado?

Mirian Zacareli – É quando todas as pessoas responsáveis definem um planejamento, os objetivos e as metas, mas com a participação de todos para ver até que ponto os interesses se conflitam ou somam para que se possam encontra melhores soluções. Empreendedor – Como reduzir a burocracia e implementar um sistema de qualidade com o próprio staff?

Mirian Zacareli – É uma questão de habilidade da liderança. Tem que encontrar formas mais atrativas que estimulem as pessoas a aderirem a um plano de qualidade ou qualquer outro plano que se vai adotar. Empreendedor – Quais as vantagens de adotar uma norma ISO?

Mirian Zacareli – Por exemplo, o empresário tem a oportunidade para revisar quais são os procedimentos da sua empresa. E, nessa revisão, normalmente encontra coisas que não são tão necessárias, importantes como se esperava, pois estavam sendo feitas há muito tempo. É uma oportunidade para a empresa e para a equipe de revisão e melhorias. Já no início, a empresa começa um exercício de reflexão muito interessante. E cada pessoa, na hora em que revisa

Mirian Zacareli – Porque o foco é o cliente. Então, todos têm que pen-

O líder tem que ter habilidade para fazer da adoção de uma norma ISO uma oportunidade para simplificar o processo

sar em como suas atividades vão refletir para o cliente. E, normalmente, nas empresas que ainda não têm implementado um sistema de gestão de qualidade, as pessoas pensam muito para dentro. Então, se deve começar a dividir e pensar no processo: quem vem antes de mim e quem vem depois de mim. Em que área e que momento os processos vão ser afetados com a modificação que eu vou fazer. Com esse tipo de pensamento, já começa a se fazer um exercício de integração. Deve-se consultar a cadeia para quem está fornecendo, quem é

o seu cliente interno e, ao mesmo tempo, colaborador, e é um fornecedor interno, é também um cliente interno daquele que antecede a você. Empreendedor – A adoção de uma norma ISO pode aumentar a produtividade?

Mirian Zacareli – Depende, pois aí se envolve o segredo de liderança. Se o líder ou a pessoa responsável acha que deve fazer um manual para mudar um sistema e ficar bonito, ele vai ter problemas. Porque, na verdade, você tem que escrever o que se faz e fazer o que está escrito. Isso não quer dizer que você tenha que enfeitar o pavão ou que você tenha que aumentar a burocracia, muito pelo contrário. O líder tem que ter habilidade suficiente para fazer da adoção de uma norma ISO uma oportunidade para simplificar o processo. Empreendedor – As normas ISO passaram a ser uma panacéia, uma resolução de todos os problemas da empresa. Pensar assim é correto?

Mirian Zacareli – Eu diria que é uma forma de padronizar, pelo menos na nossa empresa e nas companhias de que eu tenho conhecimento. As normas ISO são tão primordiais e necessárias, que eu não vejo hoje uma empresa que não tenha isso como princípio. Hoje, nós estamos pensando muito mais em como vai melhorar com a ISO 14.000, como vai melhorar com a responsabilidade social, como vai melhorar com a responsabilidade ambiental, também. Então, é como na vida, se não se tem os princípios, como você vai avançar? Você vai avançar de uma forma incorreta. Hoje, na minha maneira de pensar, a ISO é imprescindível tanto em empresas de manufatura como em empresas de serviço. Eu diria que é uma condição sine qua non. Empreendedor – Como uma emMarço 2007 – Empreendedor – 11


Mirian Zacareli

presa pode crescer e ser ambientalmente responsável ao mesmo tempo?

Mirian Zacareli – Ela tem obrigação de fazer isso, porque, com a conscientização através dos líderes e dos planos de melhoria, vai se tornando uma coisa tão normal na cabeça das pessoas. Ela acaba aprendendo muito com a empresa, e levando isso para casa e para a comunidade. Então, é absolutamente viável e factível, e é o que todo mundo tem que pensar, acreditar e lutar para encontrar meios para que isso aconteça. A empresa em que eu trabalho é uma empresa química, então nós temos um cuidado maior desde há muito tempo. Ela é uma empresa multinacional que existe desde 1919, e as primeiras palavras que eu ouvi e tive conhecimento da filosofia da empresa é que sempre temos que fazer alguma coisa para a preservação do meio ambiente e a excelência operacional. Então, como uma empresa química, todos estão conscientes do que têm que fazer, do que não podem fazer. A empresa participa muito do trabalho junto às associações, participa de todas as reuniões para estar sempre atualizada e levar para o pessoal essa atualização. Os riscos que existem, os cuidados que se devem tomar. Você começa de uma coisa simples, que é a separação do lixo, por exemplo, na própria empresa. Esse é um exercício saudável, e ninguém mais tem coragem de jogar metal onde é papel, pois já considera uma agressão, mas antes precisa de uma consciência. Esse hábito vai para casa, para a sociedade. Empreendedor – Como fazer uma gestão de negócios com qualidade?

Mirian Zacareli – Uma gestão de negócios com qualidade é você estar consciente do seu negócio e tendo visão não só do que acontece internamente, mas do que acontece externa-

12 – Empreendedor – Março 2007

em relacionamentos duradouros, em consistência, em uma equipe auto-sustentável. E, para isso, é necessário ter a pessoa certa no lugar certo.

mente. O líder, que vai ser a mola propulsora desse processo, buscando idéias, discussões, opiniões tanto fora como dentro do negócio. Isso abre muito a mente. O empresário não fica preso, restrito aos seus pensamentos, aos seus medos. Você corre mais riscos, mas é mais consciente, por outro lado, pois você tem mais pessoas participando, mais cúmplices na verdade.

Empreendedor – Quando a empresa decide que tem de mudar, qual deve ser a sua principal preocupação?

Mirian Zacareli – Hoje, o líder já não é mais um chefe, ele tem que ser um facilitador, e a palavra mais moderna para isso é coaching (treinador em inglês). Ele vai não tomar as decisões

Empreendedor – Quais são os canais para o empreendedor buscar essa nova forma de pensamento? CASA DA PHOTO

Entrevista

Se não tiver princípio, não tiver valor, qualquer caminho que se tomar, mesmo de crescimento, vai ser curto

Mirian Zacareli – É ter na sua equipe pessoas com os perfis específicos para cada posto, com as características necessárias para o trabalho, para que o colaborador tenha um conhecimento maior e possa contribuir. É importantíssimo o início, os primeiros passos. Pois, se não tiver princípio, não tiver valor, qualquer caminho que se tomar, mesmo de crescimento, vai ser curto. Então, se deve pensar

pelas pessoas, mas ajudar as pessoas a tomar as decisões. Então, tem que ter cuidado, quando o empreendedor vai mudar, ele tem que envolver todas as pessoas, não controlar as pessoas como era antigamente, mas dar mais poder, um pouco mais de autonomia. Ao invés de centralizar a autoridade, ele deve dar uma distribuída na liderança. E sempre estar conciliando a visão de mudança e pensando estrategicamente.


Empreendedor – Como informar bem a equipe das mudanças que são necessárias?

Mirian Zacareli – O primeiro passo é que as pessoas participem ao máximo. Por exemplo, vamos dizer que a diretoria esteja fazendo com que as mudanças aconteçam, obviamente ela vai ter contato com gerentes e com os líderes das equipes. E esses líderes vão falar com seus subordinados olhando nos olhos, para que as pessoas percebam que realmente é necessária a mudan-

Essa aproximação, esse olho no olho, essa sensação de que sempre tem alguém do seu lado para apoiar é super importante na hora da mudança. Empreendedor – Difundir as idéias de qualidade dentro de uma empresa é uma forma de buscar a adesão dos funcionários?

Mirian Zacareli – Depende, se você anuncia, provavelmente, vai ter um monte de problemas. Agora, se as pessoas participam da decisão de uma forma aberta e sentem que existe uma confiança; que elas são parte dessa equipe e que são absolutamente necessárias para que um plano novo dê certo e que as mudanças realmente tenham sucesso; aí você tem uma chance muito maior de que a reforma dê certo. Agora, se só anunciar, as pessoas vão até o início, dá impressão que aceitam, mas em longo prazo a chance é muito pequena de dar certo. Empreendedor – Os empresários têm medo do novo?

Mirian Zacareli – Eu tenho certeza. Porque os empresários são pessoas, e as pessoas têm medo de mudar seus hábitos. Porque mudar o hábito exige muito esforço. Empreendedor – Como um empresário deve se preparar para lançar produtos e serviços em mercados competitivos?

ça. Porque a rotina é muito mais cômoda, as pessoas tendem a buscar aquilo que já conhecem, é uma zona de conforto. As mudanças vão requerer muito acompanhamento, tem que dar um apoio muito maior. A tendência das pessoas é voltarem a fazer aquilo que faziam antes. Vira um paradigma, pela própria acomodação, como te falei. Mas o mais difícil é aceitar a mudança, ela é dolorosa.

Mirian Zacareli – É uma missão super importante, disso depende o futuro da empresa. Então, tem que realmente se juntar aos seus parceiros, trocar idéia e ter competência. Fazer as pesquisas antes da decisão e usar o ferramental da administração é importante nessa hora. Às vezes, você tem um produto maravilhoso, que o mercado não está pronto para aceitar. E ter sempre à mão um plano de contingência, um plano B para que, se não der certo alguma coisa, como vão ser as reações, então, tem que ser bem

consciente, porque um erro de lançamento pode tirar a visão da realidade, e lógico que isso não pode acontecer. Empreendedor – Quais são as principais dificuldades de um líder gerenciar um trabalho em equipe?

Mirian Zacareli – É lidar com vários tipos de pessoa, com pensamentos diferentes. Principalmente, se você tem uma equipe muito forte, normalmente você vai ser muito mais questionado. O principal de um líder é ter domínio e conhecimento daquilo que ele faz. Não basta ser um líder carismático, isso é uma habilidade que sustenta a liderança até certo ponto. Os liderados têm que ter certeza de que o modelo de líder que eles têm é de uma pessoa competente, que tem domínio do assunto. Empreendedor – Quais foram os primeiros desafios encontrados na sua carreira e quais são os próximos?

Mirian Zacareli – Acho que o primeiro desafio foi esse: como mulher, eu não sabia como seria aceita numa equipe que só tinha homens. Mas eu encarei isso de uma forma muito natural, é óbvio que eu me esforcei muito mais para ter domínio do assunto, para ter uma consciência maior. E sempre estudando, sempre buscando onde eu poderia melhorar, e acabou dando certo. Os próximos desafios são esse meu trabalho diretamente com recursos humanos, com a gestão de talentos. A empresa está numa fase de crescimento bem acelerada, e eu tenho essa missão de buscar pessoas que ajudem a somar, já que a equipe atual é muito boa, para que esse crescimento realmente seja sustentável.

Linha Direta Mirian Zacareli (11) 8371-6747 Março 2007 – Empreendedor – 13


Não Durma no Ponto Coragem para descarrilhar Existem muitas maneiras de enxergar uma empresa. Uma delas é vê-la como uma máquina. E não se trata de uma analogia nova. A era industrial foi construída com base nesse paradigma, sustentado pelas teorias dos ilustres cientistas Taylor e Fayol, considerados os pais da ciência da Administração. Eles acreditavam (e isso fazia sentido para a época em que viveram) que uma empresa tinha de funcionar como um infalível relógio ou como uma locomotiva, programada para cumprir, rigorosamente, seus tempos de paradas e locomoção, de maneira a garantir o andamento do sistema ferroviário, sem atrasos nem acidentes. Para isso, colocaram a produtividade como principal meta, assegurada por um sistema técnico de alta eficiência. As teses de Taylor e Fayol funcionaram por muitos anos e, embora o contexto tenham se alterado inteiramente, ainda estão muito vivas. Mas há que considerar alguns pré-requisitos para a sua validade. Uma empresa até pode se parecer com uma máquina, quando existe uma tarefa contínua a ser desempenhada. Nesse caso, a mecanização da tarefa, de maneira integralmente repetitiva, pode diminuir a quantidade de erros. O mesmo raciocínio continua valendo, se a empresa estiver situada em um ambiente estável, ou seja, onde os fatores externos pouco ou nada interferem no seu desempenho. Ou ainda quando não há nenhuma mudança no produto, fabricando sempre do mesmo jeito. Ou quando a infalibilidade é o principal propósito. Ou quando a criatividade, produto mais nobre e valioso do sistema humano, é considerada indesejável. Diante desses pré-requisitos, responda: eles fazem parte da sua realidade? Caso tenha dito sim, embora estejamos em pleno terceiro milênio, é possível considerar que sua empresa tenha permanecido no passado, na era industrial do século XIX e início do XX. E não está sozinha. Muitas outras se amontoam nesse contexto

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de suplícios que teima em sobreviver, um cenário de competição selvagem, em que todas competem por um lamentável primeiro lugar entre as mais pobres e sem chances de realmente progredir. As margens de lucro diminuem a cada dia, a concorrência é predatória, os clientes exigem a última gota da energia vital, na forma de descontos e abatimentos. Pense bem: muitas coisas estão mudando de maneira contundente. Na verdade, todo o contexto. E continuamente. Tornar as tarefas repetitivas para eliminar erros é, talvez, o maior equívoco em que podemos incorrer. Afinal, os erros

A ausência de significado é um triste denominador comum para quem produz e para quem consome

acontecem justamente quando o indivíduo liga o “piloto automático”. E o “piloto automático” é acionado quando o trabalho a ser feito não traz significado algum para aquele que o executa. Destituído de sentido, o trabalho se transforma em tarefa chata e enfadonha, que traz apenas aborrecimento, o que, por sua vez, gera a pressa de acabar logo com aquela tortura, na ânsia de reencontrar a alma deixada na porta de entrada da empresa, ao lado do marcador de ponto. Alguns líderes querem resolver o problema dos erros e da produtividade recorrendo a algum sistema técnico que lhes pareça infalível. Instituem, em ge-

ral, um plano de recompensa, para remunerar os funcionários com base no que foram capazes de produzir. Quanto mais, melhor... O trabalho continua sem propósito e significado, mas agora os funcionários já têm para onde olhar com um arremedo de entusiasmo: os bolsos. A anomia e a alienação continuam, gerando os mesmos problemas, quando não se agravam ainda mais, para desespero dos líderes. Outro pré-requisito que justifica a imagem da empresa como máquina é estar situada em um ambiente estável. Oras! Vivemos a era da velocidade, do jornal on-line, da adhocracia (ad hoc, aqui e agora), termo criado por Alvin Toffler, em que nada se repete e tudo se renova. Afinal, ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, já ensinava – na Antigüidade! – o filósofo Heráclito. Burocratizar uma empresa é colocá-la na contramão do fluxo natural dos negócios. Produzir o mesmo produto o tempo todo: é mais um pré-requisito a sustentar a tese da empresa-máquina ou locomotiva. Parte da hipótese de que todas as pessoas são iguais e querem as mesmas coisas. Integra o conjunto de paradigmas da crença na necessidade de padronizar o trabalho interno, reduzindo-o a tarefas mecânicas e repetitivas, e que também pasteuriza os produtos, nada além de simples e baratas commodities, disponíveis aos interessados em pagar cada vez menos. A ausência de significado é um triste denominador comum para quem produz e para quem consome. Não se consegue gerar comprometimento nas pessoas que produzem, nem se conquista a lealdade das que compram e pagam a conta. Outro pré-requisito é a teoria da infalibilidade, muito apregoada nos anos 1990 e sustentada pelas teorias da qualidade, que exigiam, entre outras coisas, o zerodefeito. Tornou-se uma obsessão nas organizações, que passaram anos e anos ensinando a seus funcionários tudo o que


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

podiam sobre erros e anomalias, mas continuam sem saber nada sobre acertos, para que servem e a quem servem. Por fim, mas não por último em uma escala de valores, a criatividade vista como algo indesejável, uma verdadeira ameaça aos alicerces e motores dessa empresa-máquina. Acreditava-se, no apogeu da era industrial, que a tecnologia seria capaz de resolver todos os problemas organizacionais. Era uma crença tão arraigada, que até merecia um gracejo. Diziam que uma fábrica funcionaria bem se contasse apenas com um robô e um cachorro. O robô para ligar as máquinas, e o cachorro, para impedir que algum ser humano se aproximasse. Ironia à parte, essa anedota revela claramente os desejos escondidos nos recônditos do velho administrador. Ingresse, agora mesmo, nesse mundo novo! Enxergar uma empresa como uma máquina traz um estranho tipo de consolo ao administrador. Sugere uma certa independência do sistema humano, o que pode gerar algum alívio, em razão do imponderável implícito nesse delicado (e até temido) contexto. Afinal, o sistema técnico não reclama, não se altera, não reivindica, não conflitua, não pensa e, sobretudo, não sente. Exige apenas conservação, manutenção e atualização. O máximo que pode oferecer de risco é a obsolescência. Afinal, a tecnologia está aí para contornar esse risco, cada dia mais acessível e barata. Mas existe aí, nessa crença enraizada dos benefícios da mecanização, um imenso perigo, não latente, mas real: a cada dia, se perde mais mercado, os lucros declinam, até que a máquina de produzir riqueza se transforma numa máquina de produzir pobreza. Ainda assim, o administrador com visão ultrapassada (e há muitos jovens nesse barco...) insiste nos seus métodos arcaicos de gestão. O que explica tamanha insanidade? Provavelmente, a sua obsessão pelo controle. O sonho anacrônico

de que tudo pudesse funcionar sem problemas com um simples apertar de botão: a matéria-prima virando produto acabado; o produto acabado compondo o estoque, que logo se transmuta em contas a receber, o que, por sua vez, se materializa em dinheiro na conta corporativa, na data do vencimento da fatura. Um ciclo perfeito, com ressarcimento dos custos incorporados nos processos de produção e comercialização, deixando ainda um excedente, também conhecido como lucro. Para o administrador arcaico, ultrapassado, esta seria a maravilha das ma-

Ao invés da empresa assemelhada a uma máquina, pense na empresa como um organismo vivo

ravilhas. Mas tal previsibilidade não faz parte do mundo dos negócios. O que o velho administrador ainda não percebeu, tenha ele vinte, trinta ou sessenta anos, é que negócios são sistemas humanos, negócios são, sobretudo, pessoas. São elas que compram e vendem, que produzem e consomem, que pagam e recebem, que criam e destroem. É preciso que o velho administrador compreenda que seus conhecimentos de Engenharia, Matemática e Contabilidade, embora muito úteis, são insuficientes para compreender a dinâmica dos mercados e dos negócios. É preciso atentar também para a Psicologia, a Sociologia, a

Filosofia, a História, a Antropologia e outras ciências que tentam explicar como funciona a natureza humana.

A recompensa no fluxo natural Faça o exercício: substitua a analogia. Ao invés da empresa assemelhada a uma máquina, pense na empresa como um organismo vivo, dotada de corpo, mente e alma. Assim como um ser humano, um todo formado por partes interdependentes. Como um processo contínuo de fazer e refazer-se. Um devir. Enquanto a empresa mecanicista ignora o ambiente ao seu redor, a empresa orgânica molda-se para adaptar-se às novas tendências. De olho nos movimentos externos, a empresa orgânica está sempre procurando o equilíbrio entre a mente (as estratégias), o corpo (a estrutura) e a alma (os valores). Reconhece a importância das dimensões humanas e valoriza a criatividade, já que o ambiente interno é flexível e dinâmico. Transforma o trabalho, antes rotineiro e sem atrativos, em projetos com propósitos e significados. Faz brilhar os olhos dos colaboradores. Renova, reaviva as energias. Está aí um bom ponto de partida para uma mudança organizacional contundente. Troque a imagem, refaça a analogia! A empresa considerada como um organismo vivo (exatamente o que ela é, na realidade) conduz, naturalmente, a uma nova busca gerencial. Essa visão substitui a velha necessidade de controle e de colocar a empresa nos trilhos. Sugere o inverso, ou seja, um constante descarrilhar, movimento que coloca a empresa num outro fluxo, este, sim – por renovado e instigante –, capaz de gerar resultados consistentes, temperados com entusiasmo. A salvo, portanto, dos vãos esforços dos que lutam, inglória e insanamente, contra a natureza básica dos negócios. Venha agora mesmo para esse novo mundo! Vale experimentar! A recompensa está em cada etapa do caminho. Março 2007 – Empreendedor – 15


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O apelo do hobby Transformar uma paixão pessoal num empreendimento é o caminho que pode levar ao sucesso, desde que se tomem alguns cuidados Fábio Mayer

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por

Ser o empreendedor do próprio hobby é o caminho encontrado pelas pessoas que decidem unir paixão e negócios. É o caso de Thiago Paes Brussi e as iscas artificiais que fazem sua alegria e, acredita, poderão um dia garantir totalmente sua sobrevivência, atualmente dividida entre um trabalho regular e a empresa que criou a partir de antigo hábito da infância. Outras pessoas como ele, enfocadas ao longo desta reportagem, começam sua atividade

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prazerosa com uma coleção, um jardim, um jogo e acabam descobrindo um caminho para se dedicar totalmente àquilo de que realmente gostam. A vocação para um determinado tipo de negócio é imprescindível para levar um empreendimento ao sucesso? Pelo menos, pode servir de norte para melhorar o desempenho de uma empresa no mercado. Existem aqueles que vão além, são obcecados pelo que fazem, atraídos pelo prazer da realização pes-

soal e profissional. Daí vem a persistência necessária para dar certo. Acertam, erram, porém nunca deixam de tentar. Mas a palavra-chave é a paixão, ela, sim, tem o poder transformador capaz de se manifestar, no início, apenas como um hobby, uma vocação latente, e depois, nutrido e aprimorado com informações e planejamento, virar negócios bem-sucedidos. “Gostar de empreender é um atributo importante para o sucesso de um determinado negócio.


Vantagens e riscos Serve de estímulo e dedicação, uma espécie de combustível motivacional. Quem gosta do que faz quer melhorar sempre, desde a gestão do negócio até o atendimento ao cliente. Contribui para identificar uma oportunidade de desenvolvimento ou comercialização de um produto, na busca incessante por novidades, cultivando pesquisa e inovação. “A vantagem é a adrenalina que pessoas apaixonadas têm para começar a partir do zero, desbravar territórios, arar terras jamais cultivadas”, diz Mario Persona. Thiago, da Sua Isca: a verdadeira vocação

E quem faz o que gosta tende a fazer com boa disposição, com prazer e satisfação”, diz Luiz Guilherme Brom, superintendente da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), doutor em Ciências Sociais (PUC-SP), diretor do Centro de Estudos Interdisciplinares do Trabalho (CEIT/Fecap) e autor do livro A crise da Modernidade pela lente do trabalho, lançado em 2006 pela Editora Saraiva. A paixão gera entusiasmo, estímulo

e dedicação superiores, proporcionando realização tanto na área profissional quanto pessoal. É uma espécie de combustível motivacional, que deve ser utilizado nos negócios. A relação entre vocação e empreendedorismo é mais complexa, mas pode muito bem ser explicada de uma maneira bem simples: quem gosta do que faz quer melhorar sempre, desde a gestão do negócio até o atendimento ao cliente. Sentir maior realização pessoal e profissional é um campo fértil para cultivar pesquisa e inovação, e também contribui para se destacar dos concorrentes. Contribui para identificar uma oportunidade de desenvolvimento ou comercialização de um produto e na busca incessante por novidades. Quem sente prazer pelo negócio que dirige busca fazer o melhor. O contrário, sem dúvida, é bem menos provável. Sem gostar do que se faz, não há entusiasmo nem força de vontade em aprender, refletindo negativamente no desempenho de um negócio. A proporção é válida: quanto mais o empreendedor encontrar algo que ele goste de fazer, maiores são as chances de sucesso. “As coisas já são difíceis, o mundo é competitivo, imagine, então, trabalhar em um lugar ou em algo de que não se gosta, fica tudo muito pior. Faça algo que lhe dê prazer, eu garanto que seu desempenho e seus resultados serão muito melhores”, diz Paulo Araújo, administrador de empresas, pós-gra-

O grande risco está no apego, na paixão cega que certamente leva à ruína. O empreendedor pode acreditar que todo mundo gosta daquilo que ele faz e acaba focando os investimentos de forma que não ofereçam os melhores retornos financeiros. Algumas atividades são mercadologicamente melhores que outras, dependendo da época, área de atuação e público-alvo. “O risco do apaixonado demais é sempre deixar seus empreendimentos inacabados e saírem em busca das novas sensações existentes em novos empreendimentos”, diz Persona.

duado em Marketing e em Gestão pela Qualidade e Produtividade, e autor do livro Seja dono de sua própria vida (Editora Qualitymark). A dica dele é se divertir enquanto se trabalha para encontrar um significado pessoal no cotidiano corporativo. “A rotina é algo que inibe a criatividade, então, temos de criar uma rotina diferente. Use o bom humor e de tempos em tempos pense em criar desafios novos. Como um jogo, crie estímulos para melhorar a qualidade de seu trabalho”, diz Araújo. Gastronomia, artesanato, livros, pesca, antigüidades, plantas e entretenimento como filmes, jogos e brinquedos, por exemplo, são conhecimentos específicos que complementam interesses pessoais de conquista do próprio prazer. Seguir uma vocação ajuda a ser feliz e não, necessariamente, a trazer lucro. A diferença está na compreensão dos resultados, nem sempre eles estão associados, ou seja, se transformados em empreendimentos, podem não ter viabilidade financeira ou demanda suficiente para se manterem como um negócio. “O simples gostar tem suas limitações: o desejo de acertar não garante o acerto”, diz Brom. O empreendedor pode acreditar que todo mundo gosta daquilo que ele faz e acaba focando os investimentos de forma que não ofereçam os melhores retornos financeiros. Algumas atividades são mercadologicamente melhores que Março 2007 – Empreendedor – 17


Capa outras, dependendo da época, área de atuação e público-alvo. “Nesse sentido, o desejo pessoal pode funcionar como uma armadilha do pensamento, que nos leva a tomar decisões que não necessariamente são as melhores ou as mais racionais. As decisões empresariais mais acertadas podem não coincidir com a nossa vontade.” Uma maneira de evitar que a vontade e a preferência pessoal prevaleçam e contaminem as decisões empresariais é “despersonalizar” a própria empresa. “Uma coisa é gostar de fazer algo, outra é saber fazer”, diz Brom. Na teoria, o filósofo francês René Descartes, conforme Brom, defendia a idéia de que o ser humano já nasce com determinadas habilidades e aptidões. “Já os filó-

sofos empiristas ingleses (Bacon, Hobbes, Locke e Hume) defendiam o contrário: que o conhecimento e a habilidade são conseqüências exclusivas da experiência ao longo da vida”, diz. Vocação ou vocatione, originária do latim, pode ser traduzida por chamado, uma predestinação de cada pessoa. Porém, não significa atitude, essa é uma palavra inerente ao ato de empreender. “Assim, pode ser não apenas aprendido, mas apreendido. Não apenas compreendido, mas vivenciado”, diz Tom Coelho, graduado em Publicidade pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, com especialização em Marketing pela Media Marke-

ting School e em Qualidade de Vida no Trabalho pela Fundação Instituto de Administração (FIA/USP). A vocação é imprescindível, mas não é suficiente para o êxito de um empreendimento. O grande risco está no apego, na paixão cega que certamente leva à ruína. Exige-se mais do que apenas gostar para melhorar o desempenho e garantir o sucesso de uma empresa. É preciso aliar paixão a um conjunto de atributos como conhecimento, inovação e relacionamento. E somente com muito estudo, pesquisa e análise (plano de negócios), é possível entender o mercado, o negócio, a concorrência, o produto, as estratégias de preço e a cadeia de fornecedores e clientes, ter informação qualificada para um bom planejamen-

Pesca prazerosa O gosto de pescar de Thiago levou-o à obsessão pelas iscas artificiais, hoje um empreendimento promissor Com a tradicional varinha feita de bambu apoiada no ombro, Thiago Paes Brussi, ainda menino, ia para mais uma pescaria. Aos sete anos, descobriu a paixão pela pesca, seja na praia, seja em rios ou em lagoas. Mas foi a partir dos quatorze que realmente começou a querer saber tudo sobre o tema, hobby que mais tarde viraria o próprio negócio. Fundada em dezembro do ano passado, a Sua Isca cria e desenvolve iscas artificiais personalizadas. “Sempre quis ter o meu próprio negócio, e hoje, aos 28 anos, consegui. É algo de que gosto e tenho muito carinho de fazer”, diz Brussi. Conforme o tempo passava, a paixão pela pesca ia aumentando, e, atualmente, ele se considera um obcecado por iscas artificiais. Na época, os preços das iscas eram o único impedimento para praticar o hobby, no mercado só existiam as importadas, e elas eram muito caras. Quando sobrava um dinheiro no final de mês, com muita dificuldade, comprava uma ou duas, mas

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como é normal em uma pescaria, acabava perdendo-as por causa de um enrosco, ou o peixe cortava a linha, ou mesmo a isca se quebrava. Não queria ficar sem pescar, então a alternativa foi iniciar a fabricação das próprias iscas. A matéria-prima das primeiras foi madeira, utilizando pedaços de cabo de vassoura, as esculpia até dar a forma tosca de um pequeno peixe. “Ficavam feias, mas funcionavam, e como eram para meu uso pessoal, não tinha problema”, diz Brussi. A busca da matéria-prima foi um dos problemas que precisou solucionar. Foram várias tentativas em utilizar diferentes materiais, até chegar ao polietileno (plástico), que permitiu um preço final mais acessível (quase metade do valor do mercado). Porém, a maior dificuldade foi encontrar fornecedores que atendessem com a qualidade que desejava para manter um padrão no processo de fabricação das iscas. Não foi fácil, pois a produção va-

riava entre 26 modelos, e os moldes tinham que ser de silicone, que contribuiu para diminuir o custo de cada peça e manter a produção artesanal. “Fazer um molde para máquina injetora só valeria a pena se a produção fosse acima de duas mil iscas.” Faltava, agora, fazer alguns aperfeiçoamentos para melhorar o acabamento das iscas. Também pôr em prática a estratégia que, certamente, o destacaria da concorrência: fisgar o pescador pela vaidade. A idéia foi permitir que os clientes personalizassem suas iscas, colocando o nome nela, escolhendo a cor e


e apelarmos para parcerias, sociedades e terceirizações na hora de colocar em prática um empreendimento.” Mas afinal: vocação se adquire ou descobrimos se temos ou não? Na verdade, os termos se complementam. Sem nenhum esforço em descobrir e também aprimorar uma vocação, é condenar-se fatalmente à resignação. “Perdemos a capacidade de nos apaixonar pelas coisas que fazemos – e pelas pessoas que conhecemos. Entregamo-nos aos hábitos, regras, normas e convenções. E assim permitimos que os relacionamentos se despeçam da emoção, as refeições declinem do aroma e do sabor, a vida se viva sem cor”, diz Tom Coelho. Com isso, se sufoca, em definitivo, qualquer tipo de atitude empreendedora.

Gente, Receitas de Grandes Negócios e Crônicas de uma Internet de Verão. Persona compara quem possui um perfil empreendedor, mas não se preocupa com a gestão, a um bandeirante. Na sua avaliação, os bandeirantes se destacavam na arte de desbravar novas fronteiras e não davam continuidade à exploração dos territórios já descobertos. Partiam em outras missões. “Atrás do perfil empreendedor, do desbravador, deve vir o perfil de quem executa o trabalho na monotonia do dia-a-dia e do administrador, que controla tudo. A empresa ideal deve agregar perfis empreendedores, além de pessoas com perfil de execução e administração”, diz. “Infelizmente, nem sempre somos assim, daí a necessidade de reconhecermos nossas deficiências

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to. “O ideal é unir a atitude empreendedora à competência do empresário. Quando a vocação está presente, temos empresas feitas para durar. Mas tudo depende de qual é a vocação”, diz Coelho. A capacidade de gerenciamento dá a sustentação necessária para que a paixão impulsione os resultados da empresa. “É comum vermos grandes idéias serem transformadas em negócios de grande potencial que, depois, acabam em desastre por falta de experiência, ou tino comercial e empresarial de seus criadores. Investe-se tempo e dinheiro no processo para morrerem na praia da mesmice administrativa”, diz Mario Persona, consultor, professor de estratégias de comunicação e marketing e autor dos livros Marketing de

o modelo. “Não tem nada semelhante no mercado, porque os fabricantes produzem as iscas em massa”, diz. “O que torna viável entrar nesse mercado já saturado são o preço baixo e a personalização.” As iscas que produz variam de 6 a 18 centímetros e atendem em 90% às pescarias em água doce, principalmente para peixes considerados mais “brigadores” como dourado, traíra, tucunaré, bicuda e cachorra. O próximo passo é abrir uma linha exclusiva para a pesca em água salgada. Antigamente, conforme Brussi, a maioria dos pesque-pagues utilizavam

somente iscas naturais como massa, salsicha, ração e minhoca. “Hoje, aos poucos isso está mudando. Alguns pesqueiros se adequaram à demanda e possuem lagos para pesca esportiva com iscas artificiais. Esse é um dos nichos de mercado que tenho.” Para atender a todo o Brasil, a solução foi montar um site, receber os pedidos e fazer as vendas pela internet. Uma forma de diminuir os riscos, encontrada por ele, é trabalhar com poucas mercadorias em estoque. Produz apenas o que vende. O tempo de fabricação é em torno de três dias, e a entrega é feita no máximo em oito dias

THIAGO PAES BRUSSI Idade: 28 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Formação: Engenharia Agronômica, com especialização em Marketing Empresa: Sua Isca Ramo de atuação: Artigos para pesca (iscas artificiais) Ano de fundação da empresa: 2006 Cidade-sede: São Paulo (SP) Site: www.suaisca.com.br

úteis. O envio é feito por Sedex, e o cliente faz o pagamento quando recebe o produto. Em três meses, foram vendidas mais de 500 iscas. Também fabrica brindes como canetas e camisetas. Por enquanto, a empresa tem uma receita pequena, que ajuda Brussi como renda extra – ele atua como engenheiro agrônomo, especializado em Marketing. “Creio que, se me esforçar e me dedicar mais, vou fazer dela a minha renda principal. Estou no começo, mas planejo crescer muito mais”, diz. A intenção é tocar as duas atividades enquanto ainda depende financeiramente de uma delas. “Tenho intenção de procurar revendedores e também investidores que venham agregar na empresa para poder ampliar a produção e as vendas.” E continuar a fazer algo de que gosta. Março 2007 – Empreendedor – 19


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Jardim didático Aposentada de 73 anos dá exemplo de empreendedorismo no extremo da Amazônia por

Válber Lima

VÁLBER LIMA

O espírito empreendedor não escolhe idade nem localização geográfica para aparecer. Numa das mais isoladas cidades amazônicas, uma senhora de 73 anos está dando um exemplo singular para os empreendedores brasileiros. A septuagenária Gizalda Mariano abriu uma empresa de jarros e mudas nativas da Amazônia que tem ganhado cada vez mais espaço no ramo de negócios das plantas (uma área que desperta o interesse no mundo todo, graças à grande biodiversidade da floresta amazônica). A empresa foi batizada de Gizalda Flores e funciona no município de Cruzeiro do Sul, no

Acre, distante cerca de 4 mil quilômetros do Sudeste do país, e localizada na porção mais ocidental da Região Norte. Apesar da idade avançada e das dificuldades de localização geográfica da sua cidade de origem, a professora aposentada não se acomodou nem desistiu de inovar. Partiu para um novo trabalho. Oficializou a empresa há seis anos, quando ela ainda tinha seus 67 anos. Hoje, o negócio tem dois funcionários com carteira assinada e presta serviço para dezenas de órgãos públicos, empresas e particulares na manutenção de jardins e decoração interna. Gizalda acendeu nos cruzeirenses a paixão pela jardinagem. É ela quem cuida dos jardins dos bancos, praças, comércios e residências. A empresa até já adquiriu um veículo utilitário zero quilômetro para realização dos serviços em domicílio. É a própria Gizalda quem conduz o carro para qualquer ponto da cidade onde o jardim do cliente se encontre.

Mas a clientela dessa ousada empreendedora não se restringe ao mercado local. Gizalda conquistou clientes em vários outros municípios da região e também de outros Estados. Seus jarros são muito disputados, graças ao charme, sofisticação e carinho com que são feitos por ela própria e seus funcionários. Muita gente vem de longe atraído pela fama da ex-professora de Pedagogia. Um jarro seu chega a custar R$ 400. “Cuidar das plantas é uma arte. Os jarros que preparo são feitos com amor e alegria. É por isso que as pessoas gostam tanto”, diz. O viveiro de Gizalda já virou quase um ponto turístico obrigatório para os visitantes de Cruzeiro do Sul (município com 80 mil habitantes, localizado a 680 km da capital do Acre, Rio Branco). O local tem 6 mil metros quadrados de área plantada, onde ela catalogou cerca de 500 espécies nativas. Além de adquirir jarros com plantas raras da Amazônia, o visitante faz um agradável passeio por entre as flores enquanto escolhe o tipo que quer levar.

Gizalda: a dedicação às plantas virou empresa que assessora e orienta população e governo local

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FOTOS VÁLBER LIMA

GIZALDA COELHO SAMPAIO Idade: 73 Local de nascimento: Cruzeiro do Sul (AC) Formação: Professora Empresa: Gizalda Flores Ramo de atuação: Jardinagem e paisagismo Ano de fundação da empresa: 2001 Cidade-sede: Cruzeiro do Sul (AC)

Gizalda conta que abriu o negócio após um longo período de aposentadoria ociosa. O primeiro passo foi decidir por encarar o desafio de frente e abandonar a rotina monótona comum à maioria dos aposentados. O próximo passo foi se preparar. Como ex-professora, ela sempre soube que o conhecimento é tudo. Procurou, então, aprimoramento na área de plantas e de gestão de negócios. Fez vários cursos a distância. O resultado é que hoje ela deu um salto na qualidade de vida trabalhando com aquilo de que mais gosta. A paixão pelas plantas, Gizalda já tinha desde criança, afinal, morando diante da floresta, é impossível não gostar de plantas e não conhecer alguns segredos dessa riqueza toda. Gizalda procurou ainda mais conhecimentos. Decidiu persistir nos estudos para que a empresa atingisse objetivos maiores. “Eu percebi que a demanda por uma empresa de jarros e plantas, uma empresa que não só vendesse espécies ornamentais, mas também cuidasse de jardins utilizando os melhores procedimentos, fazia falta na nossa cidade, e acreditei que havia espaço para isso dar certo. Afinal, quem é que não gosta da alegria das flores?”, destaca ela. O negócio de Gizalda Mariano também tem uma espécie de hospital de plantas. Os clientes a procuram muito quando as plantas estão danificadas. Segundo ela, muitas vezes as pessoas não têm tempo para tratar com cuidado dos jarros, e por isso ocorre algum tipo de fungo que debilita a espécie. “As plantas são como as pessoas e precisam de atenção. Quando o jarro não está bem cuidado, os clientes me procuram aqui para salvar a planta”, explica.

Raízes no jornalismo A história de Gizalda Mariano é semelhante à de muitos nordestinos que ocuparam a Amazônia no século XX. Filha de cearense, ela faz parte das primeiras gerações de acreanos natos. Gizalda tem um museu de família em sua casa. Um museu que conta parte das muitas histórias que viveu e que também se confundem com a própria história do Acre. Seu pai foi personalidade influente no Acre dos anos 1950. O jornalista João Mariano, natural de Aracati (CE), era dono de dois jornais com circulação no Vale do Alto Rio Juruá. Dizem que num dos jornais ele criticava, no outro ele se contrapunha. Pelo menos, é o que muitos falam, mas o certo é que , durante décadas, Gizalda participou, junto com o pai, da elaboração dos dois jornais mais importantes do Vale do Juruá. Podemos dizer que, ao lado do cearense João Mariano, ela foi uma das pioneiras do jornalismo acreano. Se-

gundo ela, toda a família se envolvia no preparo do jornal (impresso ainda no sistema tipográfico manual). “Na época, eu era uma adolescente e gostava bastante de montar as páginas palavra por palavra, letra por letra”, lembra. Em seu jardim, Gizalda abriga um verdadeiro patrimônio natural do Vale do Juruá. Centenas de espécies nativas de flores. Como se não bastasse, o local ainda abriga o pequeno museu do jornalismo acreano com as antigas máquinas de impressão utilizadas pelo pai e um acervo de todas as edições publicadas dos jornais O Juruá e O Rebate. A coleção mantém viva a história dos bravos brasileiros que ocuparam essa região há 100 anos e fizeram da floresta amazônica parte da nação brasileira. Gizalda Mariano é um exemplo de empreendedorismo e sucesso que merece o respeito e a reverência de toda a sociedade acreana e de todos os brasileiros. Março 2007 – Empreendedor – 21


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No tabuleiro das idéias Faturar com uma antiga paixão da infância foi a saída para dois sócios especializados em jogos Mesmo depois de um dia cheio de trabalho, o expediente continua para André Zatz e o cunhado Sérgio Halaban. Costumam se reunir com freqüência para se divertir com jogos de tabuleiro. É a hora em que se transportam para mundos diferentes e assumem o papel de personagens do século IX ou coordenam a campanha de partidos políticos em uma acirrada corrida presidencial. Também é o momento de maior concentração e criatividade, no qual surgem novas idéias e estratégias da empresa. O passatempo preferido virou negócio, em 1997, com a fundação da SB Jogos, que cria e desenvolve jogos para entretenimento, ação educativa, treinamento corporativo e até como brindes de campanhas promocionais. A proximidade familiar – Halaban é casado com Sílvia, irmã de Zatz – virou sociedade. Ao lembrar da infância, Zatz conta que sempre gostou de jogos de tabuleiro, em especial o xadrez. Aprendeu com o pai o movimento das peças e algumas jogadas, mas foi praticando que aumentou sua paixão pelo jogo. Em casa, na escola e no clube, sempre que podia, desafiava ou era desafiado para uma partida. Chegou até a participar de campeonatos. Mas, independente disso, o legal mesmo era jogar, e não só xadrez. Hábito que o sócio, Halaban, mantém até hoje e desenvolveu quando ainda era criança. Gostava de inventar as próprias brincadeiras. Era de costume, por exemplo, pegar seus carrinhos e organizar a forma com que iriam competir, e quem quisesse

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brincar tinha que entrar no clima da grande corrida. Apesar da prática do mesmo hobby, os dois só descobriram a afinidade para o negócio muito tempo depois de começarem a se reunir para jogar. A idéia de abrir uma empresa nesse nicho surgiu de muita observação e garimpagem de informações sobre o mercado. Atentos às novidades, eles visitavam sites de fabricantes nacionais com freqüência e, sempre que possível, paravam para observar as vitrines das lojas em busca de novos jogos. Mas não havia muitos lançamentos. A estratégia das empresas da área passa a ser republicar os jogos já consagrados, é verdade que clássicos, porém antigos. Encontrar os mesmos brinquedos da época da infância foi uma mistura de sensações. De agradável surpresa, com o passar do tempo virou marasmo, quase beirando a decepção. Também trouxe diversos questionamentos, na tentativa de entender o que estava ocorrendo com esse mercado no país. Como estavam procurando um nicho de negócios, na época, uma dúvida era se haveria espaço para um novo empreendimento. Por participar de um concurso de brinquedos, Halaban, engenheiro especializado em design de produtos, descobriu que, em geral, os autores licenciavam os jogos criados para os fabricantes. É assim que funciona tanto aqui no Brasil como lá fora. “Resolvemos bolar um jogo, mas sem imaginar que um dia isso viria a se tornar a nossa profissão”, diz Zatz.

Prática O caminho escolhido para iniciar a criação de um jogo era muito interessante e divertida, na opinião de Zatz. O estudo do mercado iniciouse pela simples prática para compreender a lógica envolvida, compraram

a maior quantidade de jogos que encontraram e começaram a exercitar. Depois de seis meses, surgiu a idéia que deu origem ao primeiro título desenvolvido pela SB, em 1998. Passaram mais alguns meses ajustando e, em seguida, foram atrás das empresas de brinquedos para oferecer o produto. Tiverem um retorno rápido, e logo o novo jogo de tabuleiro estava nas prateleiras das lojas. “Ficamos muito animados com o resultado e decidimos dar continuidade”, diz Zatz. Fervilhando de novas idéias, descobriram que empreender por vocação não era tarefa fácil. Muito do que era criado não foi aceito pelas empresas, seja pela espera de um momento mais adequado para o lançamento, seja pela falta de espaço estratégico na gestão, ou mesmo por desinteresse. Mas a persistência fez com que se mantivessem firmes, e, aos poucos, foram conseguindo aumentar o número de jogos publicados. Depois de alguns anos no mercado, a SB se tornou mais conhecida, e os próprios fabricantes de brinquedos começaram a fazer pedidos e encomendar produtos.


André Zatz e Sérgio Halaban: empresa precisa produzir e testar em média de oito a dez jogos novos por ano

Na categoria brinquedos, são mais de trinta jogos criados. A maioria deles publicados e distribuídos no país por grandes empresas como Estrela, Grow, Toyster e Bungee. Com o negócio consolidado no Brasil, a SB luta para conquista um espaço lá fora. As portas da União Européia começaram a ser abertas com o desenvolvimento de um jogo de palavras feito especialmente para a alemã Kosmos, uma das maiores e bem-sucedidas nesse nicho no mundo. E é na Alemanha que essa área tem maior crescimento, porque é um hábito difundido. Conforme Zatz, o país está na vanguarda desse mercado, possui maior potencial de aceitação por parte do público consumidor, e está mais preparado e estruturado para receber novidades. A principal ação estratégica para ingressar é semelhante à que é adotada pelo mercado editorial, por exemplo. Na sua avaliação, o principal produto é a idéia, ela é que vende. O histórico da empresa, principalmente nos quesitos conhecimento e experiência, também conta muito e ajuda a dar segurança para a tomada de decisão por parte de quem pretende publicar

o jogo. Apostando no potencial, os sócios estão entrando no mercado norte-americano. De início, com um jogo que vai ser publicado em quatro línguas: inglês, alemão, francês e holandês. “Isso é algo totalmente inédito para autores brasileiros. Estamos começando no mercado externo, mas nossa intenção é poder publicar cada vez mais jogos lá fora”, diz Zatz. A tática vem dando certo, mas é necessário fazer ainda mais para gaANDRÉ ZATZ E SÉRGIO HALABAN Idade: 33 / 43 Local de nascimento: Genebra (Suíça) / Quito (Equador) Formação: Jornalismo / Engenharia e Design de Produtos Empresa: SB Jogos Ramo de atuação: Brinquedos e jogos corporativos Ano de fundação da empresa: 1997 Cidade-sede: São Paulo (SP) Site: www.ludomania.com.br/ sbjogos

rantir a viabilidade econômica da SB. Os sócios têm que estar antenados a todas as oportunidades, mesmo se for necessário diversificar o produto, e precisam se dedicar ao máximo ao que fazem. Para quem gosta do que faz, assim como eles, não parece ser nenhum sacrifício, porém não dá para ficar parado, sob pena de perder espaço e, pior, encerrar as atividades. Por ano, precisam fazer em média de oito a dez jogos novos. “Hoje, 50% da nossa atividade está voltada para o mercado de jogos, no restante do nosso tempo, utilizamos o mesmo know-how e expertise que desenvolvemos ao longo desses anos, e nos colocamos a serviço de atividades corporativas variadas”, diz Zatz. Aprenderam a trabalhar com as mais diversas situações, como as propiciadas pela encomenda de jogos personalizados. É comum receberem pedidos de clientes para desenvolver jogos com a finalidade de treinamento de funcionários em uma empresa (público adulto) e com temas educativos direcionados para crianças. Diversificar é importante para todas as áreas no país, porque qualquer mercado Março 2007 – Empreendedor – 23


Capa aqui é instável, principalmente o de brinquedos, que não é gigante. No Brasil, existem poucos fabricantes, e somente os maiores, apenas três, têm capacidade produtiva para publicar e lançar o número de títulos que a SB precisa para se manter. Fazer jogos corporativos foi a saída. Abrir novas frentes e diversificar o produto foram iniciativas que vieram com a prática de mercado. “Fomos intuindo isso logo no começo, mas como nossa dedicação não era em tempo integral, na época, o principal objetivo era lançar o primeiro jogo; nem imaginávamos que o trabalho teria seqüência”, diz Zatz. Criavam produtos para apresentar aos fabricantes de brinquedos, mas também sabiam que existia uma demanda de jogos corporativos, principalmente relacionada com eventos como convenções. “É claro que sempre procuramos nos informar cada vez mais e desde o começo também fomos fazendo um projeto e planejando”, diz. O segredo foi direcionar o negócio para um caminho em que poderiam usar todo o conhecimento e a experiência adquiridos. “No mercado de jogos corporativos, tivemos que descobrir como o produto poderia ser utilizado. Por quatro anos, fomos consultores da TV Globo em jogos para televisão, em um das frentes que abrimos”, diz. Outros clientes: Bradesco, Livrarias Nobel, Natura Cosméticos, BCN, Petrobras, Accenture, Caloi, Bombril, Museu de Arte Moderna (MAM) e HP. Para o futuro, Zatz e Halaban estão otimistas quanto às perspectivas de crescimento no cenário mundial e mantêm firme a certeza de que o jogo de tabuleiro não vai desaparecer. “É uma realidade muito mais antiga do que os jogos eletrônicos e tem algumas características que não são equiparáveis, como permitir uma grande interação com outras pessoas, olhando cara a cara o adversário, e a interação física com os componentes, jogando os dados e mexendo as peças.”

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Pisani (ao lado, voando) e o TAV 1000, que auxilia na identificação de correntes de ar, mostra altitude em relação ao nível do mar, à decolagem, temperatura e tempo de vôo

Engenheiro voador Gostar de parapente serviu para o salto em direção aos instrumentos especializados O parapente deixou de ser apenas um hobby para Renato Pisani, desde que ele descobriu como aliar o esporte aos negócios. O gosto por aventurar-se no céu transformou-se em paixão. O hábito de praticar essa modalidade começou no final de 2002, aos 28 anos, e passou a fazer parte e ocupar cada vez mais tempo em sua vida. No ano seguinte, fundou a Tirante A – Adventure Instruments, especializada em instrumentos para esportes de aventura e localizada na cidade de Itajubá, Minas Gerais. “O vôo-livre é um esporte fácil de se apaixonar, a interação com a natureza, o desafio à lei

da gravidade e a necessidade de tomadas rápidas de decisão fazem o praticante sentir uma enorme sensação de liberdade”, diz Pisani. A identificação com a prática de vôo-livre contribuiu para ir atrás das informações necessárias para abrir a empresa, dados que foram levantados em poucos meses devido à vontade de associar o que gosta de fazer com a atitude de empreender. Mas, para o negócio dar certo, não podia ter um conhecimento superficial, era preciso entender o mercado, identificar concorrentes e desenvolver produtos que, de fato, atendessem à demanda.


A oportunidade encontrada foi suprir o mercado de equipamentos que auxiliassem a prática dessa modalidade esportiva. “Estávamos estudando o potencial de diversos mercados dentro da nossa área de conhecimento, quando o vôo-livre surgiu como alternativa”, diz. Com o foco definido, utilizou recursos tecnológicos de última geração para criar os próprios produtos. A experiência como engenheiro eletrônico serviu de base sólida para cumprir a missão à qual se propunha a realizar e compartilhar: aliar prazer e segurança aos praticantes de esportes de aventura. “Desde o início da minha carreira profissional, trabalho no desenvolvimento de projetos eletrônicos, sempre para terceiros, como prestador de serviço; ter um produto próprio sempre foi uma meta, mas era necessário adquirir experiência e levantar algum

capital”, diz Pisani. A expectativa é investir em expansão da equipe de desenvolvimento. A empresa já tem apoio e suporte da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (Incit), e, depois de se consolidar no mercado nacional, o próximo passo é partir para a exportação. Conforme Pisani, o mercado de esportes de aventura está em franca expansão no Brasil, mas em países como França, Alemanha e Austrália, ele é muito maior. “Estamos estudando exportação, mas é preciso dar um passo de cada vez”, diz. A empresa atende a todo o país por meio de uma rede de distribuição. “Nossos distribuidores são instrutores em escolas de vôo em todo o território nacional.” Um dos equipamentos criados por Pisani é o TAV 1000, utilizado para a navegação em esportes aéreos de

RENATO PISANI Idade: 33 anos Formação: Engenheiro eletrônico Empresa: Tirante A – Adventure Instruments Ramo de atuação: Instrumentos para esportes de aventura Ano de fundação da empresa: 2003 Cidade-sede: Itajubá (MG) Site: www.tirantea.com.br

aventura. De fabricação inédita no Brasil e com preço final menor em relação ao similar importado, mede a taxa de ascendência e descendência, auxilia na identificação de correntes de ar, mostra altitude em relação ao nível do mar e em relação à decolagem, temperatura e tempo de vôo. “O vôo-livre é apenas o começo”, diz Pisani. Março 2007 – Empreendedor – 25


Tendência

Arte à flor da pele Empreendedores da tatuagem investem em infra-estrutura, atendimento e marketing para se destacar em um mercado cada vez mais concorrido por

Carol Herling

Sérgio, Manoel, Daniela e Carlos moram em diferentes pontos do Brasil e são profissionais muito solicitados, não só pela qualidade de seus serviços, como também pelo valor que conseguiram agregar aos seus negócios. Leds, Frank, Dani Mãos de Fada e Carlos Monstro, como são conhecidos, integram o chamado “primeiro time” dos tatuadores brasileiros, e hoje seus apelidos são mais que simples alcunhas: transformaram-se em verdadeiras grifes da tatuagem nacional. Apesar de serem de gerações diferentes e possuírem técnicas e trajetórias distintas, estes quatro empreendedores têm alguns pontos em comum: adoram o que fazem, destacam-se diante da concorrência graças à visão empresarial e procuram estar sempre um passo à frente quando se trata de tendências, infraestrutura e medidas de segurança. E, apesar da disputa acirrada que há no meio, tratam o trabalho alheio com

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muito respeito. Acredita-se que a tatuagem tenha surgido há mais de 3.500 anos e que servia, segundo pesquisadores, para expressar a personalidade ou para identificar indivíduos de uma mesma comunidade. Existem registros de múmias egípcias, datadas do século XIV a.C., com marcas azuis em suas peles, e acredita-se que tais marcas sejam tatuagens. No Brasil, a tatuagem chegou em 1959 através das mãos do dinamarquês Knud Harald Lucky Gegersen, também conhecido como Lucky ou Mr. Tattoo. Lucky estabeleceu-se em Santos, que, por ser uma cidade portuária, concentra um número elevado de marinheiros e estivadores, o que em tese reforçava o estereótipo de que tatuagem é “coisa para marinheiro”. Apesar do preconceito que a tatuagem despertava e das técnicas até então rudimentares para a aplicação dos desenhos na pele, Lucky ficou conhecido por ser um bom dese-

nhista e despertou a curiosidade de muita gente, principalmente dos jovens, para seu corpo coberto de figuras. Foi o que aconteceu com Manoel Edson Del Hoyo, o Frank Tattoo. Pioneiro da tatuagem na Região Sul do Brasil, Frank tinha 13 anos na época em que Lucky desembarcou em Santos e teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o dinamarquês em uma de suas estadas na cidade. “Quando vi o Lucky pela primeira vez, eu simplesmente me apaixonei por esse lance, e não tirava da minha cabeça a idéia de ter o corpo ta-


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tuado.” Frank, que é filho de espanhóis e foi criado em Marília (interior de São Paulo), lembra que chegou a pensar que Lucky era “alguém do além” por ter tantas tatuagens e que chegou a ter vergonha de cogitar a hipótese de ser tatuador um dia. “Eu pensava coisas como ‘será que vou me transformar em marinheiro?’ ou ‘será que vão me chamar de bandido?’, e acabei me distanciando um pouco do meu sonho.” Em 1983, Frank voltou a ter contato com a profissão em Garopaba (SC), e então a velha paixão voltou com força total.

“Decidi juntar dinheiro e procurar o Lucky, para que ele me ensinasse as técnicas, mas não deu tempo, pois o Lucky havia morrido havia três meses.” Mesmo assim, Frank não perdeu a viagem e conheceu o genro do dinamarquês, que acabava de chegar de Nova York com um verdadeiro arsenal de produtos. “Eu nunca havia visto uma máquina de tatuagem na vida, conhecia só a técnica do nanquim, e quando peguei em minhas mãos um catálogo de produtos, senti uma responsabilidade imensa.” Passados 23 anos e mais de cinco

mil trabalhos realizados, Frank faz uma reflexão cuidadosa quando questionado sobre a ética da profissão e destaca o papel-chave do cliente: “Em primeiro lugar, sempre e acima de tudo, vem o respeito ao cliente, porque, se ele procura, é porque valoriza o seu trabalho, e se ele quer o seu trabalho, você tem que dar o melhor de si”. Para chamar a atenção e manter a clientela fiel, estes empreendedores realizaram investimentos pesados e constantes em infra-estrutura. Assim como clínicas médicas e consultórios odonMarço 2007 – Empreendedor – 27


Tendência tológicos, os estúdios de tatuagem são constantemente fiscalizados pela Vigilância Sanitária e dependem de uma série de alvarás para funcionar, por isso os cuidados com biossegurança não podem ser deixados de lado. “Tudo o que inclui sangue envolve riscos, por isso a segurança nunca pode ficar em segundo plano”, explica Frank, que tem um procedimento um tanto inusitado para comprovar a limpeza de seu espaço de trabalho. “Costumo andar com meias brancas no estúdio e, acredite, saio com os meus pés limpos no fim do dia.” Estimativas do mercado apontam que, para abrir um estúdio, inicialmente, se gasta, em média, R$ 30 mil, isso apenas na compra dos equipamentos de esterilização e de tatuagem. Isso sem contar a administração do negócio em si, que costuma deixar muitos profissionais com os “cabelos em pé”.

“Pagar os impostos, salários, fazer a manutenção, isso sem contar os cuidados para ficar em dia com a fiscalização, são coisas que tomam muito tempo, e eu sou artista, não administrador”, afirma Carlos Marcos Oliveira Pires, o Carlos Monstro. Ele dá uma dica que pode ajudar quem não sé dá tão bem com a calculadora: “Se você tem uma noção básica de como administrar uma empresa, pode tranqüilamente terceirizar tudo com um contador, na minha opinião é a melhor saída”. Integrante da geração mais nova de profissionais, Carlos Monstro é proprietário do Anúbis Tattoo, no Rio de Janeiro, que coordena junto com Marcelo Maia, muito solicitado no circuito carioca. “Já trabalhamos juntos em um dos maiores estúdios do Rio de Janeiro, e desde então aprendi muito com ele, que, mais que um sócio, é um grande amigo.” Apesar

Maia: solicitado no circuito carioca

Frank e equipe: a segurança nunca pode ficar em segundo plano

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do pouco tempo de profissão – apenas quatro anos –, Carlos Monstro já mantém uma clientela fiel e conquistou seu lugar de destaque, o respeito e a admiração dos colegas. “Hoje, nossos trabalhos estão equiparados em termos de técnica, e sem dúvida o Carlos ainda vai longe”, diz Marcelo Maia. Um consenso entre os profissionais do ramo é que, para ser um bom tatuador, não adianta apenas dominar o equipamento: a pessoa tem que saber, acima de tudo, desenhar. E, além de praticar bastante, ter vocação. Sérgio Maciel, o Leds, era artista plástico e já tinha renome no circuito paulista antes de acrescentar 20 mil trabalhos de tatuagem ao currículo. “Eu desenho desde os seis anos de idade, estudei na Academia Paulista de Belas Artes e me dedicava a isso, até o dia em que eu conheci o Sérgio Soncini, que veio dos Estados Unidos e abriu um estúdio em São Paulo. Eu fiquei fascinado porque


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Carlos Monstro: “Eu sou artista, não administrador ” Sérgio Maciel, o “Leds”: técnicas de artes plásticas

vi que podia aplicar as técnicas de artes plásticas na pele das pessoas.” Leds sugeriu a Soncini que preparasse uma pessoa para auxiliá-lo no estúdio. “Ele me disse que teria de buscar alguém no exterior, porque no Brasil não havia artistas. Me senti desafiado, porque temos pessoas muito talentosas por aqui.” Leds saiu à procura de pessoas que vendiam os equipamentos e testava em pele de porco conforme aprendia. “Há 25 anos, quase não se tatuava, então, o que eu fazia eram os trabalhos de cobertura (cover-ups), só que a procura foi tanta que passei a tatuar em tempo integral.” Durante dez anos, Leds manteve seu estúdio em sociedade com outro profissional, mas a parceria não deu certo por divergências pessoais. “Comecei a tatuar nos fundos da casa do meu ex-sócio, mas me sentia mal com isso. A minha grande oportunidade surgiu quando eu comprei a loja do Marco

Leoni, que resolveu voltar para a Itália.” A loja de Leoni, a Tattoo You, fez história entre os jovens paulistas na década de 1980, e ao comprar o empreendimento, Leds adicionou a sua marca ao nome da loja – e assim surgiu a primeira grife da tatuagem no Brasil, a Leds Tattoo & Tattoo You. “Depois que eu dei uma ‘levantada’ na Tattoo You, resolvi ficar com apenas uma loja e contratei pessoas para me ajudar, e assim formei minha equipe.” Hoje, ele mantém uma loja de 450 m2, que, segundo suas palavras, “contém o que há de melhor”, e coordena uma equipe de oito profissionais. A propaganda boca a boca foi muito importante ao longo desse processo, e Leds reconhece que esta é uma de suas principais ferramentas de marketing. “A recomendação é, sem dúvida, a forma mais eficaz de atrair os clientes.” O apoio da imprensa também foi fundamental para consolidar seu nome

no mercado. Ao todo, calcula que já fez mais de 60 apresentações em TV ao vivo para fazer tatuagem, fora as entrevistas. A última aparição foi na casa do Big Brother Brasil, reality show exibido pela Rede Globo, em que tatuou um dos participantes do programa. Ao longo de 25 anos de carreira, Leds aproveitou o fato de ser reconhecido não só pelos clientes, mas também pelos colegas e por profissionais das mais variadas áreas, para trabalhar a favor da tatuagem como expressão de arte. “Batalhei muito para que a tatuagem perdesse o estigma, e nessa luta aproveitei bastante o apoio da imprensa.” Em 2004, foi homenageado pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, e recebeu uma medalha e um diploma. “Todo segmento artístico já passou por alguma discriminação, e por todos houve uma luta.” Leds acredita, sem falsa modéstia, ter feito o mesmo pela arte da tatuagem. Março 2007 – Empreendedor – 29


Tendência

Toque feminino Motivos da preferência pela arte feita por mãos de mulher Assim como Carlos Monstro e seu sócio Marcelo Maia, a gaúcha Daniela Vasconcellos – nome de batismo de Dani Mãos de Fada – também começou tatuando em grandes estúdios para depois investir no próprio negócio. A diferença entre Dani e seu colega Carlos Monstro é que ele se tornou tatuador aos 28 anos, e ela está no ramo desde os 14. Embora a maioria dos tatuadores tenha predominância de mulheres em suas carteiras de clientes, para muita gente ainda é novidade ver uma mulher desenhando e, ainda por cima, pilotando a maquininha. “Comecei a desenhar com dois anos de idade, e quando eu tinha 13 anos, participei de um concurso de desenhos, mas deu confusão, porque as pessoas pensavam que o meu desenho tinha sido feito por um profissional.” Daniela não se conformou e mandou uma carta para a organização do concurso alegando que o desenho era, de fato, de sua autoria. “Eu disse para eles que poderia desenhar o que eles quisessem, como quisessem e na hora em que determinassem. Fiquei triste, porque o prêmio era uma bicicleta, mas aí eles me enviaram de presente uma caixa com os lápis Caran D’Ash, que são os mais caros que existem.” Dani aproveitou o presente e participou do mesmo concurso no ano seguinte, conquistando novamente o primeiro lugar. O caso da menina-prodígio, que na época vivia em São Paulo, chamou a atenção de pessoas que dependem de desenhos com padrão de qualidade para se destacar no mer-

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cado: os tatuadores. “Comecei, então, a trabalhar com desenhos sob encomenda, e um dia um profissional que era meu cliente quis me ensinar a profissão em troca da exclusividade do meu trabalho.” Aos quinze anos, Dani retornou a Porto Alegre e começou a tatuar profissionalmente. O apelido surgiu por causa do tamanho de suas mãos, que sempre protege no trabalho com luvas cirúrgicas tamanho PP. Assim como Leds, no começo treinava a técnica em pedaços de pele de porco. “Na pele do cliente, não tem como você errar, então pratiquei bastante em uma pele que tem a textura semelhante à pele humana antes de executar meu primeiro trabalho.” Aos 18 anos, Dani abriu seu primeiro estú-

Dani Mãos-de-Fada: a exmenina prodígio praticou em pele com textura semelhante à humana antes de executar o primeiro trabalho


dio, e na mesma época foi convidada para apresentar um programa de TV sobre música, variedades e, é claro, tatuagem. “Até que um dia, eu fui para o Rio de Janeiro, me apaixonei pela cidade, larguei tudo e fui trabalhar com grandes nomes da tatuagem brasileira, e depois escolhi Florianópolis para me estabelecer.” Ela acredita que muita gente busca o seu trabalho justamente pelo fato de ser mulher. “Homens, geralmente, têm poucos desenhos de tamanho grande; já as mulheres gostam de ter desenhos menores e espalhados pelo corpo, e muitas gostam de tatuar em locais estratégicos, por isso o fato de eu ser mulher talvez seja menos constrangedor para algumas clientes.” Famosa nos quatro cantos do país, Dani soma mais de 7 mil trabalhos, coleciona clientes ilustres – de jogadores de futebol a modelos e artistas de televisão – e regularmente viaja para outros Estados para atender as pessoas. E, apesar do ritmo puxado – trabalha em média 40 horas por semana –, não deixa de praticar esportes radicais e regularmente joga futebol. Também participa de eventos do setor, pesquisa novos materiais e marcas, e acompanha as tendências dos desenhos. A administração e a parte financeira de seus negócios ficam a cargo do pai – afinal, Dani também é artista.

Arte de exportação Paraísos turísticos fora do país atraem o talento nacional Bem distantes do Brasil, do outro lado do planeta, países como Tailândia, Indonésia e Austrália são o paraíso para quem aprecia o surfe e a gastronomia oriental. E também para quem gosta de tatuagem. A quantidade de empresas do ramo de tatuagem e body piercing sediadas em Bali, um dos paraísos turísticos deste país, atrai muita gente que busca novidades, tendências e equipamentos. Foi o caso de Paulo Perin, que, em busca de oportunidades de trabalho no exterior, percorreu a Europa, morou dez anos na Nova Zelândia e teve diversas profissões antes de se ligar ao universo da tatuagem: na Inglaterra, trabalhou como técnico agrícola em uma plantação de maçãs e como garçom; em Israel, ganhou a vida como lavador de pratos e empregado de uma plantação de tomates, e na Nova Zelândia, trabalhou como servente de pedreiro. “Depois disso, eu fui pedreiro para construir a minha própria casa, em um ano e meio eu levantei tudo.”

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Após se estabelecer na Nova Zelândia, Paulo e sua esposa, a neozelandesa Ann Davidson, decidiram trabalhar importando prata da Tailândia para a Oceania. “Fui para a Tailândia a passeio, gostei muito da prataria típica de lá e comecei a trabalhar com isso.” Por vender peças que remetiam ao mundo da moda – como anéis, colares e pulseiras, entre outros artigos –, Paulo ficava atento às novidades do mundinho fashion, até que um dia teve o insight de ampliar sua oferta de produtos com uma linha de body piercings. “Em 1999, foi uma verdadeira febre à procura por piercings, e eu vi nessa onda a possibilidade de fazer negócios no Brasil.” E fundou, assim, a Tetra Piercing. Só que, com a expansão de diversos negócios para a China, várias fábricas de piercing entraram na disputa pelo mercado, e nem sempre a qualidade era priorizada. “Muitas fábricas despejaram produtos de má qualidade no mercado com o preço bem abaixo do praticado, e quem trabalhava exclusivamente com piercing teve que buscar outras alternativas para continuar em atividade.” A salvação de Paulo foram os produtos para tatuagem, que passou a importar dos Estados Unidos para o Brasil. “Comecei a trabalhar com suprimentos, justamente numa época em que a tatuagem perdia, aos poucos, o ar marginal e começava a ganhar status de arte.” Para dar mais foco aos seus negócios, Paulo decidiu voltar para o Brasil e estabeleceu-se, inicialmente, em Saquarema (RJ) e, posteriormente, em Florianópolis (SC). Mesmo afastado dos grandes centros de comércio do Brasil, consegue realizar as vendas através de representantes e de uma aliada fundamental: a internet. “Mantenho um atendimento por telefone, tenho meus representantes em diversos pontos do país, uma loja na Galeria do Rock em São PauMarço 2007 – Empreendedor – 31


Tendência lo, e vendo muito pelo meu site, que registra uma média de 13 mil acessos por mês e que corresponde a 60% de meus negócios.” No portal, Paulo divulga todos os lançamentos, atende ao público e fecha os pedidos. Apesar de ser reconhecida como a maior distribuidora de body piercings e equipamentos para tatuagem do país, a Tetra Piercing mantém uma infra-estrutura enxuta: apenas cinco funcionários integram a equipe. “Trabalho com minha esposa, e o irmão é um de meus representantes, por isso considero a minha empresa como familiar.” Depois de um tempo importando produtos, Paulo passou a trabalhar com maquinário produzido no Brasil. Um dos carros-chefe das vendas pelo site é uma máquina exclusiva, fabricada sob encomenda e com garantia de cinco anos. O marketing boca a boca também é fundamental para a sobrevivência de seus negócios. “Há muita troca de informação e de experiência nesse meio, então a recomendação de um cliente para o outro, de um profissional para o outro nos eventos ligados ao setor, vale ouro.”

Agenda cheia Disseminar a tatuagem por meio de revistas e eventos mantém os compromissos em dia Lidar com informações deste universo tão particular e socializar da melhor forma possível o conteúdo são as motivações do empresário Alexandre Oazen. Dono da revista Tattoozone, espécie de Bíblia do segmento, Oazen foi professor de artes marciais como kickboxing e muay thai antes de trabalhar com tatuagem. “Acho um mercado muito pouco explorado, e que deveria ser encarado como profissão pelas pessoas envolvidas e por toda a sociedade. Acho, também, que se trata de uma profissão de risco, e assim de-

veria ser encarada por todos”, diz. A idéia de ter uma revista surgiu pelo fato de ser consumidor e não encontrar publicações que o agradassem. “Gosto muito de desenhos, tenho nove tatuagens e sempre comprei revistas, mas a qualidade não me agradava, e eu achava que um dia faria algo melhor.” Para ele, simplesmente, “não existe mercado editorial voltado para este segmento, e o que existe ainda é feito por amadores”. Segundo Oazen, sua revista não tem como foco apenas tatuadores e tatuados, mas também formadores de

CURIOSIDADES Carlos Monstro e Alexandre Oazen também foram designers antes de se envolverem com tatuagem. Dani Mãos de Fada cursa a faculdade de Direito. Sérgio Maciel, o Leds, é um dos fundadores do Sindicato dos Tatuadores do Estado de São Paulo, considerado o primeiro do Brasil. Alexandre Oazen é o atual presidente do Sindicato dos Tatuadores Profissionais do Rio de Janeiro. Manoel Edson Del Hoyo, o Frank, ganhou o apelido quando era estudante. “Diziam que eu parecia um americano por causa do cabelo comprido, das sardas e das calças jeans. Muitas vezes, penso que é meu nome, e me assusto quando me chamam de ‘Manoel’.” CASA DA PHOTO

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Mídia especializada procura mostrar tatuagem como profissão

opinião, artistas, esportistas e jovens de todas as idades. “Meu objetivo é mudar a cara da tatuagem, apresentar nossa verdadeira arte e mostrar que tatuagem é uma profissão.” Além da revista, Oazen mantém um site e também trabalha na organização de eventos itinerantes da Tattoozone. Realizados em diversas partes do Brasil desde 2004, os encontros costumam reunir até 20 mil pessoas por edição. Participar de eventos faz parte da agenda de praticamente todos os ta-

tuadores. São nesses encontros que acontece a apresentação das novidades em materiais, produtos e suprimentos, além da oportunidade de fazer contato com alguns dos principais profissionais do circuito internacional. A Convenção Internacional de Tatuagem do Brasil, realizada há mais de uma década, é organizada por Sérgio Maciel, o Leds. O evento, que já chegou a ter a participação de tatuadores e expositores de 29 países, é considerado o maior do país. Entre os tatuadores famosos do exterior, já participaram o inglês Luke Atkinson, os austríacos Bernie Luthier e Klaus Fuhrman, a alemã Sabine, o argentido Sergio (do badalado estúdio Sancast Tattoo), o norte-americano Paul Massaro e o japonês Sabado. Leds não revela quanto a convenção movimenta em termos de dinheiro, mas calcula que a próxima edição, prevista para este ano, receba 15 mil pessoas de 15 países, entre profissionais, expositores e público. Testemunha ocular da evolução da história da tatuagem no Brasil, Manoel Edson Del Hoyo, o Frank Tattoo, acredita que o pensamento da socie-

dade mudou com relação à tatuagem. “Ter uma tatuagem pode ser um status tanto para as pessoas que querem demonstrar ter alguma atitude quanto para as pessoas que estão de acordo com as últimas tendências da moda. Gualtier foi o primeiro estilista a incorporar a tatuagem como conceito em uma coleção de moda.” E quanto à dor de fazer um desenho na pele, Frank acredita que existem coisas bem piores. “Tatuagem dói, mas nada dói mais que a vida, e cada um nessa vida sabe somente de si.”

Linha Direta Alexandre Oazen (Revista Tattoozone) www.tattoozone.com.br Carlos Marcos Oliveira Pires (Monstro) www.anubistattoo.com.br Daniela Vasconcellos (Dani Mãos de Fada) www.fotolog.com/danitattoo Manoel Edson Del Hoyo (Frank Tattoo) www.cobrarei.com.br Paulo Perin (Tetra Piercing) www.tetrapiercing.com.br Sérgio Maciel (Leds Tattoo) www.ledstatoo.com.br www.tattoobrazil.com.br

Detalhes da vida e da história de alguns dos principais tatuadores do Brasil Leds fez a primeira tatuagem da filha; Frank Tattoo fez a primeira tatuagem de seu pai. Dani Mãos de Fada fez sua primeira tatuagem na mãe e também fez a primeira do pai.

Frank Tattoo iniciou um novo negócio e, além de seu estúdio, trabalha com uma criação de cobras. Possui, em sua coleção particular, 18 cobras. “Ter uma cobra tem tudo a ver com tatuagem.” Carlos Monstro tem um problema de LER (Lesão por Esforço Repetitivo), que “herdou” dos tempos em quem “morria na frente do computador quando era designer”. Atualmente, trata com fisioterapia. Muitos tatuadores sofrem com problemas físicos, principalmente dores nos braços e na região lombar. Lucky Tattoo é o autor do famoso “dragão tatuado no braço” de José Artur Machado, o Petit, ambos imortalizados na canção “Menino do Rio”, de Caetano Veloso.

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Responsabilidade Social

Loja engajada Grife que virou instituto de educação e preservação ambiental chega ao Sul do país por

Alexsandro Vanin

Murilo Machado Meyer, master franqueado da Aqualung

34 – Empreendedor – Março 2007

Crescimento sustentado é o que o Instituto Ecológico Aqualung (IEA) quer para a economia brasileira e para as lojas da marca, segundo o engenheiro agrônomo Murilo Machado Meyer, master franqueado da rede no Sul do país. A primeira unidade na região foi aberta neste verão na Praia Brava, em Florianópolis (SC), no Kioske do Pirata, point badalado da área, que também passou a ser alvo das ações de preservação e educação ambiental do grupo, como a coleta de microlixo realizada em fevereiro. O início, com um pequeno ponto de venda praticamente na areia, remete à origem da marca, um quiosque aberto na praia de Búzios (RJ) em 1984. Foi a forma que seu criador encontrou para divulgar suas idéias. Logo, passou a apoiar projetos de conservação e recuperação do meio ambiente marinho, tendo inclusive feito o grafismo do projeto Tamar (defesa de tartarugas-marinhas). O IEA surgiu em 1994, devido à necessidade de contar com uma instituição sem fins lucrativos para atuar na área de conservação e recuperação de ecossistemas marinhos com projetos próprios. Uma parcela de

5% das vendas é destinada às ações do Instituto. Mas a escolha do local faz parte da estratégia de crescimento da marca na região. Um quiosque tem um custo de abertura bem menor do que uma loja de shopping, por exemplo. Segundo Meyer, o investimento inicial foi de R$ 60 mil a R$ 70 mil, entre infra-estrutura (cerca de R$ 20 mil a R$ 30 mil), estoque e marketing. Os planos são de ampliar o número de quiosques na Ilha de Santa Catarina, tanto em praias como em shoppings e no aeroporto, e ainda em 2007 abrir uma loja de rua. “Precisaremos de uma instalação que quebre a sazonalidade da praia”, explica. Para 2008, o planejamento prevê a abertura de novos pontos-de-venda em Santa Catarina, possivelmente em Garopaba e Balneário Camboriú. A expansão será calcada na parceria com novos franqueados. O interessado deve ter um perfil empreendedor e estar disposto a se engajar nos projetos de preservação e educação ambiental. Além das próprias camisetas e outros artigos, que não deixam de ser peças de conscientização, por seu grafismo e mensagem, fran-


FOTOS CARLOS PEREIRA

Educação ecológica na Praia Brava: perigo do microlixo para o ambiente marinho

queados e funcionários também vão fazer captação de novos associados e participar das ações do IEA. Cursos também deverão ser promovidos na região, prevê Meyer, que trabalha com consultoria ambiental há cinco anos. A rede conta com mais 23 lojas e quiosques no Sudeste, Norte e Nordeste brasileiros, além de seis unidades na Itália e no Canadá, e pontosde-venda em Portugal. As camisetas são o carro-chefe da marca, respondendo por 70% do faturamento das lojas. Mas a linha ainda compreende batas, bonés, chaveiros, mochilas, bolsas, agendas, livros, vídeos, bichos de pelúcia, pôsteres, adesivos e acessórios em geral para todas as faixas de consumidores – homens e mulheres, de bebês a adultos. Tudo sempre engajado com a preservação do meio ambiente, em especial os ecossistemas marinhos. Até mesmo na hora de embalar seus produtos, a preocupação está presente: a sacola da marca é biodegradável. Ela entra em decomposição em apenas seis meses após ser descartada, uma vantagem considerável diante dos 100 anos necessários para a decomposição do plástico.

Bloco da limpeza O Instituto Ecológico Aqualung (IEA), com o apoio da Associação Praia Brava (APBrava), desenvolveu sua primeira ação ambiental em Florianópolis: o projeto Limpeza na Praia. Voluntários retiraram aproximadamente meia tonelada de pontas de cigarro, tampinhas de garrafa, canudinhos, palitos e preservativos, entre outros tipos de microlixo presentes na areia da Praia Brava. Antes, assistiram a uma mini-palestra sobre os efeitos nocivos da poluição e receberam um material educativo, além de um par de luvas e de uma sacola biodegradável. Mais do que recolher a sujeira, o objetivo da ação, desenvolvida simultaneamente em praias do Rio de Janeiro, é alertar sobre o perigo do microlixo para o ambiente marinho. Por ser de pequena proporção, o microlixo acaba desaparecendo na areia, mas suas conseqüências vão desde o aumento de incidências de doenças de pele e verminoses até a alteração das cadeias alimentares dos habitantes do ambiente marinho. Segundo a ONU/Unep, a ponta de cigarro é o inimigo número um das praias de todo o mundo. “Ao contrário do que se pensa, este tipo de lixo é mais nocivo do que o lixo de grande porte, pois os próprios animais confundem estes pequenos resíduos com comida, engolem e acabam morrendo”, diz Murilo Meyer, representante da Aqualung no Sul do Brasil.

Março 2007 – Empreendedor – 35


Negócios Criativos

Marketing nos elevadores Elemídia investe em publicidade e conteúdo em espaços inéditos por

Wendel Martins

Os elevadores são, geralmente, associados a lugares confinados em que a conversa sobre o clima e o futebol são as únicas distrações para os usuários. Foi pensando nisso que a Elemídia investiu em monitores LCD para ganhar a atenção desse público, fornecendo conteúdo jornalístico e entretenimento, e faturando com publicidade. Simultaneamente aos anúncios, uma parceria exclusiva com o Portal Terra proporciona aos “elespectadores” notícias em tempo real. Assim, a programação reúne notícias e vinhetas comerciais de 15 segundos, sem áudio. De 60 monitores de LCDs instalados em elevadores em São Paulo em 2004, a empresa cresceu e hoje mantém 800 monitores instalados em 195 edifícios corporativos, espalhados em oito capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória e Salvador. “Temos o desafio de criar um novo meio de comunicação em locais de espera forçada”, diz Felipe Forjaz, presidente da companhia. Criada há três anos, a Elemídia é pioneira em mídia digital em elevadores no Brasil e se tornou a segunda maior do mundo no ramo, ficando atrás apenas da norte-americana Captivate Network. Acaba de receber aporte do fundo norte-americano Ti-

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Marquez e Forjaz: empresa atinge cerca de 357 mil pessoas por dia


Elemídia pretende ainda segmentar o conteúdo de acordo com o perfil do prédio comercial

ger Global e anuncia expansão para a América Latina. “Hoje, o crescimento do número de telas não é proporcional ao crescimento de anunciantes, mas nossa intenção é expandir a rede independente do faturamento”, diz Forjaz. A empresa traça planos para atingir 4.000 monitores instalados no Brasil até o final de 2008 e instala cerca de 60 novas telas por mês em todo o país, metade na capital paulista. Somente em São Paulo, a empresa espera fechar o ano com cerca de 120 edifícios e 400 monitores. Visa também ao mercado argentino – onde pretende colocar telas em 80 edifícios até novembro de 2007 – e o Chile, onde a meta é de 60 prédios até o final do ano. Para agilizar o crescimento, a empresa se organiza em franquias, internamente chamadas de unidades de negócio. “Não tínhamos recursos para investir no Brasil todo e queríamos crescer rápido para não criar concorrentes. Esse também é um mercado em que se vende pela escala”, diz Felipe. Ele garante que toda a manutenção técnica e gerência de conteúdo é feita pela sede em São Paulo, bastando ao franqueado vender a publicidade local. A empresa deve entrar em Porto Alegre com rede própria e negocia as praças de Salvador, Belém e Campinas. “Existe um certo medo de

novas idéias, o mercado publicitário ainda é receoso”, diz Eduardo Gomes Reis, diretor da Elemídia em Florianópolis, unidade de negócio que prevê um crescimento de 100% no primeiro trimestre do ano.

Audiência A Elemídia atinge cerca de 357 mil pessoas por dia, uma audiência superior à de muitos veículos tradicionais. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, o conteúdo destes monitores obtém 94% de audiência e 63% de recall, ou seja, interesse comercial despertado por algum produto ou serviço. O público é, na sua maioria, de classes A e B, formado por executivos e profissionais liberais. A adesão a essa forma de publicidade já sensibilizou anunciantes como Air France, American Express, Fiat, Pfizer, Microsoft, Citibank, Peugeot, Construtora Setin, Samsung, Sul América Seguros, McDonald’s, Oracle e Intel, entre outros. No layout da tela, 60% do espaço é dedicado ao anunciante. Outro bloco garante as notícias e o entretenimento, enquanto um quadro específico informa sobre índices financeiros, câmbio e meteorologia. Nos elevadores cariocas e paulistas, foi criado mais um espaço para veicular, especifica-

mente, as condições do trânsito. A empresa pretende ainda segmentar o conteúdo de acordo com o perfil do prédio comercial. “Se o edifício tem muitos consultórios, podemos ter uma grade de programação mais voltada para a área de saúde”, diz Felipe. Para o anunciante, outra vantagem da Elemídia é a possibilidade de atendimento personalizado a empresas de diferentes portes, em termos de tempo e locais de inserção. É possível escolher os elevadores em que a publicidade vai ser veiculada, e os preços de inserção começam em R$ 350. “Mais de 70% dos principais anunciantes renovam suas cotas, e algumas campanhas tiveram que ser retiradas do ar antes do previsto, em função de venda total dos produtos em oferta”, diz o presidente da empresa, Felipe Forjaz, ressaltando que a Elemídia já se consolidou como um complemento a mídias eletrônicas, ao lado da TV e internet. “A mídia em elevadores é algo novo e que veio para ficar”, declara Forjaz. “Queremos nos tornar a maior empresa de mídia digital do país. Hoje, o nosso foco é nos elevadores, mas também podemos explorar outros ambientes”, avisa.

Linha Direta Elemídia www.elemidia.com.br Março 2007 – Empreendedor – 37


Negócios Criativos

Um novo produto por dia Imaginarium cria presentes e artigos pessoais com design Carlos Zilli é daqueles executivos inquietos que buscam novas emoções. Depois de vinte anos na Hering, mudou para a Imaginarium, rede de lojas de presentes e artigos de uso pessoal com foco em design. De tênis e sem gravata, o diretor-executivo vive todos os dias uma ambiente festivo, onde existe espaço para um balão em formato de idéia – símbolo da empresa – na porta da empresa e tempo para parar e tomar um café em conjunto. Diz que descobriu na Imaginarium um novo modelo de empresa, com mais velocidade de decisão e maior liberdade criativa. “Uma empresa menor tem mais agilidade, mas, por outro lado, tem menos estrutura, dependendo muito da cabeça das pessoas que estão ali. Não tem colaboradores especializados em cada uma das áreas, como em uma corporação. Mas a vantagem é quando você vem de muita experiência de fora, isso ajuda na tomada de decisão. O trabalho que a gente vem desenvolvendo hoje é justamente atrair pessoas que tenham a contribuir para o nosso negócio.”

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Ele não acredita que exista um momento ideal para profissionalizar uma empresa e contratar um executivo do mercado. Diz que não existe uma regra, mas aponta um caminho: quando uma companhia quer entrar num segundo estágio ou atingiu um tamanho que os donos não têm mais condição de controlar sozinhos. “Acontece que todo empreendedor desenvolve o negócio com coração. Então, quando chega a hora de dar um passo de crescimento, uma empresa que não cresce diminui.” Segundo Zilli, esse é o momento de contratar experiências de fora, investir em novos modelos de gestão, trabalhar com indicadores e governança. “O coração continua existindo, mas tem que dividir espaço com a profissionalização.” A Imaginarim, que hoje conta com 120 funcionários, dez na área criativa, abriu as portas em 1991, mas foi cinco anos depois que investiu em vitrines temáticas e atingiu um ponto de diferenciação no varejo. “Os concorrentes nunca conseguiram se aproximar da Imaginarium na forma de apresentar

produtos, esse foi um momento importante.” Depois, em 1999, a empresa começou um trabalho de licenciamento, o que motivou a desenvolver novos produtos, como CDs de música, camisetas, acessórios e bijuterias. “A primeira vez que licenciamos uma marca foi com a revista Capricho e atraímos consumidores mais jovens para as lojas. Saímos só de produtos para presente, já éramos de complementos de decoração e avançamos ainda mais, para uso pessoal.” Hoje, a linha de produtos de uso pessoal significa uma parcela de 20% do faturamento total da empresa, que ano passado foi de R$ 50 milhões. A companhia pretende crescer no mínimo 15% este ano através de novos produtos. “Tivemos um crescimento de 20% no Natal, um grande impulso que se deu através de lançamento de 120 novos produtos no final do ano. Nós não temos um plano muito audacioso, não, nós precisamos crescer através do que nós temos hoje. Estamos trabalhando mais em qualificação do que em expansão.” A intenção é que os estandes sejam melhorados e ampliados. Zilli diz que o modelo de franquia é uma tecnologia que se disponibiliza para o franqueado para que ele siga as regras do jogo. A Imaginarium tinha intenção de criar pon-


tos-de-venda no formato de quiosques, mas recuou dessa decisão. “Porque os quiosques ainda não entraram no espírito que a gente vem desenvolvendo, não são prioridade.” A empresa é divida em três unidades, a Imaginarium Design, em Florianópolis (SC), Imaginarium Franchising e a distribuidora Engros, em Teresópolis (RJ). O escritório de criação da Imaginarium trabalha com uma média de 30 lançamentos por mês. “Nós temos uma meta de desenvolver um novo produto por dia. Essa é nossa obrigação. Todo mundo tem que vir com idéia nova todo dia.” A discussão da área criativa é pautada pelo mercado e pelas tendências – informação que vem de fora do país – mas que é traduzida na cultura local. “Mas sempre tem também a história do consumidor, mesmo na loja, que pergunta se a empresa não tem uma bolsa, e aí vem o estalo. Pois essa é a expectativa que ele tem de uma marca como a Imaginarium.” A produção de todos os produtos é terceirizada para outros fabricantes: não existe fábrica que comporte uma linha tão diversificada como papel, caneta, camiseta, acessórios de madeira. “Nosso maior

desafio é surpreender o tempo inteiro. Não precisamos copiar nada.” No final de 2005, a empresa montou um site de vendas pela internet, que funciona como uma franquia virtual. “O projeto de um ano e dois meses de uma loja virtual ainda é um bebê.” Ele explica que, primeiro, tem que atingir um público que está acostumado a comprar através da web, depois, que esteja disposto a comprar produtos da Imaginarium e ainda saber se o produto tem como destino o próprio consumidor ou se vai para presente. “São muitas variáveis que a gente tem que aprender muito para poder definir como um grande canal de vendas. Hoje, não é, mas amanhã nós temos certeza que será. O mais importante é que todo mês ele cresce um pouquinho.” Zilli garante que o consumidor recebe os produtos em três dias pelo correio. Para estreitar o relacionamento com o consumidor, a Imaginarium criou o site de relacionamentos Funclube em 2004, que no ano passado atingiu a marca de 350 mil sócios. O Funclube nasceu porque a marca Imaginarium tinha alta fidelidade entre os consumidores. “Então, nós conseguimos criar um am-

FOTOS LIO SIMAS

Design na loja: escritório de criação da Imaginarium trabalha, em média, com 30 lançamentos por mês

Carlos Zilli: atrair pessoas que possam contribuir para o negócio

biente onde conversamos com os consumidores, geramos informação e conteúdo, fazemos promoções específicas para datas; cada vez mais, o sócio do Funclube vai ser tratado de uma forma diferenciada do que não é sócio. Mas nós queremos que todos sejam sócios.” A idéia é investir na divulgação por meio do marketing viral (boca a boca) com produtos e preços diferenciados. “É uma coisa que a Imaginarium faz muito bem, é uma empresa que antecipa conceitos. Então, nós estamos sempre antenados no que está acontecendo no mundo inteiro. E o nosso público gosta de informação, gosta de se antecipar.” Para manter os preços estáveis, a rede de lojas passou a importar produtos da China e da Índia, sempre atenta à questão de qualidade. Ele acredita que existe uma evolução muito forte e rápida na qualidade dos produtos chineses. “Os contatos são feitos através de feiras, hoje o mundo é pequeno, não precisa nem viajar para comprar. É um ovo.”

Linha Direta Imaginarium www.imaginarium.com.br Março 2007 – Empreendedor – 39


Franquia INDEX OPEN

Marca nova, países novos A Bit Company fez pesquisa e planejamento para abrir unidades em Portugal e Equador por

Sara Caprario

40 – Empreendedor – Março 2007

Antes de entrar num mercado desconhecido, como num país estrangeiro, as redes de franquias brasileiras estabelecem planos de ação que incluem pesquisas de campo, seleção de master franqueados e procura por pontos privilegiados. Desde que foi firmada uma parceria entre a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e a Agência de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), esse tra-

balho ganhou em estímulo e transparência na relação com investidores europeus, norte-americanos e latinoamericanos. Entre as várias empresas participantes, a rede de cursos de formação profissional Bit Company utilizou bem os ensinamentos e a troca de experiências nos eventos e seminários internacionais realizados. A gerente de Operações Internacionais da rede, Ângela Manzoni, afirma


que a preparação da empresa para chegar ao Equador e a Portugal, primeiros países onde serão abertas unidades da rede, começou com uma pesquisa sobre as necessidades locais, os tipos de cursos mais adequados e em seguida partiu para efetivar a escolha dos parceiros, os chamados master franqueados. “Com o apoio da parceria entre Apex e ABF, tivemos muitos contatos com investidores de vários países, assim como nas feiras em que participamos pudemos conhecer o funcionamento das franquias no exterior”, diz Ângela.

Suporte A função do master franqueado vai além da gestão das próprias unidades, mas também é a de oferecer o suporte ao grupo de franqueados que vai supervisionar. No Equador, na cidade de Guayaquil, a primeira unidade deve estar em funcionamento em maio e até o final deste ano outras sete devem ser abertas. Segundo o gerente de Processos e TI da Bit Company, Fernando Cofiel, existe muito espaço para a rede crescer em território equatoriano, onde a população tem características semelhantes às da brasileira. “Há um grande número de jovens que, sem condições de acesso à educação formal adequada, busca qualificação profissional para se inserir no mercado de trabalho. Além disso, não há concorrência estruturada em nosso segmento de atuação”, diz. As perspectivas da rede são de abertura de 20 a 30 unidades no país. O master franqueado é um investidor espanhol que tem outros negócios no Equador. “Fizemos contato com ele durante a feira de franquias de Valência (Espanha) em 2005. As negociações com investidores estrangeiros são mais morosas. Eles querem ter a certeza de que estão fazendo um bom negócio”, explica Cofiel. Ele afirma que não existe lei de franquias no Equador, mas outras leis

Ângela Manzoni: pesquisa sobre necessidades locais e tipos de cursos mais adequados antes de efetivar a escolha dos parceiros

protegem o investimento. Para a abertura da master franquia, o investimento deve alcançar U$ 125 mil. Na Europa, o primeiro país a receber uma unidade Bit Company será Portugal. “A primeira escola será própria, para podermos realizar uma prospecção de território, mas há possibilidades de já franquearmos outras unidades em breve”, diz Ângela. “Vamos expandir para outros países da comunidade européia depois de abrir o mercado em Portugal. A logística a partir dali vai facilitar esta expansão.” A gerente de operações diz que há outros contatos em andamento para abrir unidades também na África, em especial países de língua portuguesa, e em outros lugares da América do Sul. Com mais de 60 tipos de cursos de formação profissional para oferecer, a rede Bit Company faz composições variadas de duração do curso (intensivo, semi-intensivo e extensivo) e trabalha os temas de acordo com a região. Além disso, existem cursos que podem ser realizados dentro das próprias empresas contratantes, como em áreas de vendas, marketing,

Trajetória de expansão O Grupo Novarede, idealizador da Rede Bit Company, fundado em 1992, criou uma rede de unidades de treinamento em informática. Dois anos depois, iniciou-se o processo de expansão da rede através do franchising. Em 2001, a Bit Company lançou os primeiros cursos de Administração e decidiu investir na abertura de uma Escola Técnica, empregando o know-how em treinamento de informática. Nesse mesmo ano, a empresa lança a extranet, chamada BITNet, que disponibiliza vários serviços aos franqueados. Nos dois anos seguintes, a franqueadora implantou o novo sistema de gestão e em 2003 passou a expandir seus negócios através de master franqueados, permitindo uma atuação mais próxima das unidades em cada localidade. Em 2005, a convite da Associação Brasileira de Franchising, a Bit Company integrou o grupo de empresas interessadas na exportação de seus conceitos, iniciando-se, assim, seu processo de expansão internacional. Março 2007 – Empreendedor – 41


Franquia Investimento Capital para Instalação: R$ 55.000 a 125.000 Taxa de Franquia: R$ 15.000 a 45.000 Capital de Giro: R$ 20.000 a 30.000 Investimento (Taxa de Franquia + Capital para Instalação + Capital de Giro): 180 mil reais Faturamento Médio Mensal: R$ 55.000 Retorno: de 24 a 36 meses Taxa de Propaganda: 4,90 % Base de Cálculo: Receita mensal Taxa Royalties: 9,00 % Base de Cálculo: Receita mensal

No exterior Investimento de uma franquia em Portugal: 80 mil euros Investimento de uma franquia no Equador: 75 mil dólares Meta para Portugal: abertura de 20 - 30 unidades Meta para Equador: abertura de 20 - 30 unidades

informática e outros. “No exterior, não vai ser diferente. Sentimos, tanto na Europa quanto na América do Sul, que há uma demanda pelas áreas de informação e gestão de vendas.”

Identidade Até mesmo a logomarca da empresa foi modificada para ficar mais de acordo com o processo de internacionalização. Com 138 unidades nas principais regiões do Brasil, a Bit Company está com uma nova identidade visual, que traduz o atual posicionamento mercadológico da empresa: moderno e voltado para o mercado internacional. “Mantivemos a essência e as cores da marca Bit Company, porém, agora com uma fonte mais limpa e firme. Também foi estrategicamen-

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te implementado um globo azul na comunicação visual, visando a transmitir um conceito mais abrangente da marca, integrando as formas e remetendo ao crescimento da rede no Brasil e no exterior”, afirma Alexandre Moraes, gerente de Marketing. A expectativa para 2007 é inaugurar mais 30 novas unidades, contabilizando 170 franquias implantadas e em operação em todo Brasil. Com um faturamento atual de R$ 61,9 milhões, a Bit Company tem a expectativa para este ano de um aumento de 10%, atingindo a marca de R$ 68 milhões. “Atitude é ser Bit Company” é o slogan da campanha promocional de 2007 da franqueadora. Com vigência de um ano, a campanha vai sortear entre os alunos matriculados um dos

principais sonhos de consumo da população brasileira, a casa própria. Com um investimento de R$ 1,5 milhão, a ação promocional atinge todas as unidades, e o sorteio será realizado no mês de dezembro. A empresa possui o Instituto Bit Company, órgão responsável pelo planejamento, organização e realização de todas as ações sociais da rede. Diversos projetos em benefício das comunidades onde existem escolas da rede já foram premiados, como o recebimento do Selo Empresa Amiga da Criança e o Selo Empresa Amiga da Febem.

Linha Direta Bit Company www.bitcompany.com.br


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F ranquia Academia expressa As academias expressas exigem apenas quatro funcionários e uma área de 120 a 200 metros quadrados. Elas viraram moda no mercado norte-americano há oito anos e foram exportadas como tendência de saúde e boa forma. A rede Citrus Gym, inaugurada no Brasil por John Kersh, está há um ano com sede própria instalada no Jardim Europa, São Paulo, e outras no sistema de franquia em Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Brasília (DF) e, em breve, Londrina (PR) e Rio de Janeiro (RJ). A rede Citrus Gym tem o conceito de academia expressa integrada, ou seja, 30 minutos em três sessões por semana para homens e mulheres. www.citrusgym.com.br

Mais carros no Sul A Região Sul do Brasil é uma das prioridades da Unidas para a instalação de franquias. A rede de locação de veículos lançou novo modelo há dois anos, o “Franquia Chave na Mão Unidas”, e agora divulga que cada unidade se tornou 80% mais barata do que as concorrentes. Com 20 anos de experiência no mercado, a Unidas define como investimento necessário para adquirir uma franquia cerca de R$ 250 mil, já incluídos os custos de instalação e montagem da loja, todos os equipamentos, 25 carros no pátio para abrir a loja e já começar a trabalhar, e uma taxa de R$ 40 mil. Enquanto o fran-

Cafezinho brasileiro

Mercado internacional

Todo café servido nas lojas do McDonald’s no Reino Unido será proveniente de fazendas certificadas pela Rede de Agricultura Sustentável (Rainforest Alliance Certified). O grão será fornecido pela Kenco Coffee Companhy, subsidiária da Kraft Food Inc., que compra os grãos de várias fazendas no Brasil, inclusive da Daterra Atividades Rurais, localizada no Cerrado Mineiro e de fazendas certificadas da Colômbia. O selo da Rede só é dado a quem cumpre normas de produção sustentável, que incluem a conservação do meio ambiente, e o respeito aos trabalhadores e à região onde as propriedades certificadas estão inseridas. A rede serve cerca de 143 mil xícaras de café por dia em suas lojas britânicas. Em toda a Europa, o número chega a um milhão de xícaras por dia, o que corresponde a 50 mil sacas de café por ano. A idéia é estender a prática para toda a rede européia até o final do ano. (11) 4196-9757

A parceria entre ABF (Associação Brasileira de Franchising) e Apex-Brasil (Agência de Promoção da Exportação) está ainda mais intensa para o próximo biênio. No plano de intercâmbio empresarial, estão previstas participações das redes brasileiras em feiras de negócios e missões comerciais em dez países: Argentina, Chile, Colômbia, México, Equador, Peru, Estados Unidos, Portugal, Itália e Espanha. O novo formato permite a participação das redes em feiras internacionais de acordo

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queado é selecionado e treinado nas cidades de interesse para expansão, a empresa franqueadora monta a loja completa e entrega a chave da loja na mão do novo empresário local para iniciar seu negócio. As próximas cidades escolhidas em cada estado são: Cascavel e Foz do Iguaçu (uma única loja), Ponta Grossa e Maringá, no Paraná; Itajaí e Balneário Camboriú (uma única loja), Lages, Blumenau e Joinville, em Santa Catarina; e Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ao todo no Brasil, a Unidas abrirá 100 novas unidades até o final de 2008. www.unidas.com.br/franquias

com os mercados de interesse de cada uma. Para integrar o grupo de exportação, a empresa deve optar por participar de quatro, seis ou dez eventos durante os dois anos do projeto. A ABF estará presente, também, em outras feiras internacionais fora do calendário APEX. Em decorrência dessas participações, os representantes da Associação poderão distribuir material dos interessados em prospectar nesses mercados. O calendário de algumas destas feiras é este:

Expocomer – Cidade do Panamá – Panamá, 7 a 10/3/07 – www.expocomer.com Franchise Expo Paris – Paris – França 23 a 26/3/07 – www.franchiseparis.com FIF – Feria Internacional de Franquicias – Cidade do México – México 28/02 a 2/3/2007 – www.fif.com.mx Feria Franquicias y Negocios – Buenos Aires – Argentina 10 e 11/05/2007 – www.franquiciasynegocios.com.ar Feira Expofranchise Lisboa – Lisboa – Portugal 18 a 20/5/2007 – www.infofranchising.pt ABF - (11) 3814-4200


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FFranquia ranquia Fotos e ótica

REDES NA REDE

Com experiência de seis anos realizando expansão pelo sistema de franchising, a Fotoptica, rede de lojas de fotografia e ótica, anuncia um plano de expansão com foco nas Regiões Sul e Sudeste. Devem ser dez novos pontos-de-venda abertos este ano. “Todos os primeiros contratos que chegaram à fase de renovação foram renovados. A estrutura, a segurança e o respaldo oferecidos pela marca, aliados à dedicação do franqueado, são uma receita de sucesso”, afirma Patrícia Alvim, gerente de expansão da rede. O Estado de São Paulo é um foco importante para a marca. “Acreditamos que ainda existe muito potencial de crescimento em São Paulo, principalmente em shoppings e centros de conveniência”, diz Patrícia. “Nos próximos cinco anos, a rede deve ter um crescimento de 80%.” Hoje, com 75 lojas, sendo 43 franquias, a rede oferece aos interessados modelos de unidades que variam entre 170 e 450 mil reais de investimento inicial. (11) 3175-1400

A Turma no prato Os personagens da Turma da Mônica são a novidade na rede de restaurantes Montana Grill Express. A cada compra de um prato de grelhado, as crianças vão ganhar um brinquedo educativo dos personagens do Mauricio de Sousa. São quatro opções de jogos de tabuleiro: Ludo Espacial do Cebolinha, Aventuras da Mônica na Pré-História, Aventuras do Cascão Rio Abaixo e Magali no Parque. Todos

são certificados pelo Inmetro. A promoção faz parte do lançamento do filme Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo, que teve estréia no cinema em fevereiro. O Montana Grill Express tem 62 unidades no Brasil. A parceria entre Montana Express e Mauricio de Sousa Produções foi anunciada em um evento na sede da Buena Vista Internacional, distribuidora do filme. www.montanagrill.com.br

DICA PARA FRANQUEADOR

Central de Negociação Chocolates no site Que tal se deliciar com as novidades da rede Kopenhagen pela internet? O site da fábrica de chocolate apresenta os detalhes de cada produto, fala dos lançamentos, explica como funciona o KopToCompany (produtos customizados as empresas) e fornece informações para os interessados em ter uma franquia da marca. www.kopenhagen.com.br

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A Central de Negociação é uma ferramenta de Negociação Centralizada junto aos fornecedores, que permite à rede o acesso a melhores condições comerciais, maior facilidade operacional no processo de suprimentos, melhora no relacionamento com fornecedores, agilidade dos processos e maior segurança na qualidade das compras. Como funciona – Em geral, o franqueador negocia com os fornecedores e oferece para seus fran-

queados o acesso a esses fornecedores, facilitando o processo de suprimento. Depois disso, fornecedores se relacionam diretamente com os franqueados, realizando análises de cadastro financeiro, entregas e faturamento. Em caso de problemas de inadimplência, alguns franqueadores “entram no circuito” e atuam diretamente com franqueados para minimizar problemas. Fonte: Grupo Cherto. www.franquia.com.br


FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2007 Métodos– deEmpreendedor Trabalho, TR- Treina- – Março mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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Wizard

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Pequenas Notáveis Editado por Alexandre Gonçalves

VINÍCIUS FONSECA/AGÊNCA SEBRAE

MAPA ESTRATÉGICO

Projeto vai traçar perfil de micro e pequenas empresas

INICIATIVA

São Paulo cria fórum para discutir Lei Geral Promover discussões com lideranças políticas, empresariais e representantes da sociedade, em nove cidades-pólo do Estado de São Paulo, sobre a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. É com essa missão que nasceu o Fórum Permanente Realidade para os Pequenos Negócios, lançado oficialmente no últmo dia 12, em solenidade na Federação do Comércio de São Paulo. “É uma oportunidade de juntar empresários e outros setores da sociedade, possibilitando aprofundar as questões relativas ao tratamento simplificado que devemos dar aos pequenos negócios no país”, disse o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. “Eu espero que as unidades do Sebrae sigam o exemplo de São Paulo.” “O governo federal bancou e capitaneou a Lei Geral, e, sem regulamentação, não poderemos fazer nada

50 – Empreendedor – Março 2007

com a lei. Por isso, aqui em São Paulo estamos lançando o fórum”, disse o novo superintendente do Sebrae em São Paulo, Ricardo Tortorella, que tomou posse na mesma solenidade. Para ele, a lei é um grande passo para a formalização das empresas. “Para cada milhão de empresas que venham a se formalizar, serão criados 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada.” Oito pólos regionais no interior: Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos Campos, Bauru, Sorocaba, Santos, São José do Rio Preto e Campinas vão sediar os seminários voltados a empresários, autoridades municipais e contabilistas, que acontecerão sempre às sextas-feiras, entre 23 de março e 25 de maio, quando o fórum retorna a São Paulo. (Com informações de Beth Matias/Agência Sebrae)

Um mapa estratégico para as micro e pequenas empresas dos setores de Turismo, Comércio e Serviços, focado no período entre 2007 e 2015. Assim pode ser definido o resultado de convênio firmado entre o Sebrae Nacional e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), que uniram forças para realizar o estudo Competitividade dos Setores de Comércio, Serviços e Turismo, para as micro e pequenas empresas que atuam nesses segmentos. “Os projetos que a CNC e o Sebrae vão desenvolver vão gerar conhecimento, que é essencial para o empresário. Muitas vezes, ele tem noções de procedimentos importantes, mas não sabe como aplicá-los”, disse o senador Adelmir Santana, vicepresidente da CNC e presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae, que acredita na importância do trabalho como ferramenta para o cotidiano das empresas. “Não queremos apenas saber como será nosso desempenho nos próximos oito anos. Temos um papel no futuro do país, para a geração de empregos e no combate à concentração de renda”, dz o diretor-técnico do Sebrae nacional, Luiz Carlos Barboza. Ele enfatiza que é preciso estimular a organização das micro e pequenas empresas com a finalidade de que elas possam competir com as grandes companhias. “Quando 40 empresas de pequeno porte do mesmo segmento se unem, podem pensar em estratégias e soluções comuns”, exemplificou. (Com informações de Marcelo Araújo/Agência Sebrae)


O espaço da micro e pequena empresa RIO GRANDE DO SUL

RIO DE JANEIRO

Empreendedores ganham linha de crédito especial

Pesquisa revela que empresas estão mais dinâmicas e confiantes Pesquisa realizada em dezembro pelo Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas apontou que o Índice de Dinamismo (Idin) das micro e pequenas empresas fluminenses, mensurado trimestralmente, aumentou 6,5% em relação ao terceiro trimestre, atingindo 19,2 pontos. Isso quer dizer que as empresas aumentaram investimento em máquinas e equipamentos, capacitação de pessoal, ações de associativismo e prevenção ambiental. O maior crescimento foi a adoção de novos aplicativos de Tecnologia da Informação, cujo índice saltou de 3,4% para 7,8%. Já o Índice de Confiança nos Ne-

gócios (Icon), que analisa a expectativa das empresas para os próximos seis meses, mostra que, para a grande maioria (66%), as perspectivas são muito boas ou boas; 28% têm perspectivas razoáveis; e apenas 6%, fracas ou muito fracas. “A pesquisa revela a constante preocupação dos empresários em apostar nas ações que aumentem sua competitividade. Empresas socialmente responsáveis, que investem na capacitação de funcionários e gestores, e adotam novas tecnologias e processos, estão mais preparadas para enfrentar os desafios do mercado globalizado”, afirma o superintendente do Sebrae no Rio, Sérgio Malta.

A obtenção de crédito será facilitada para 260 pequenos empreendedores (formais e informais) da cidade de Torres (RS) que participam do Programa Empreender. Para eles, o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) vai disponibilizar uma linha de crédito especial com um prazo de carência de quatro meses e que terá a Prefeitura Municipal como avalista das operações realizadas. O Programa Empreender funciona desde 2005 em Torres e reúne núcleos nos segmentos de confecções, minimercados, automecânicas, gastronomia, lojas de confecções e calçados, lojas de material de construção e farmácias.

TENDÊNCIAS

Empresas incubadas de olho na Web 2.0 no início de 2008, vai além das análises que atualmente são realizadas por meio de planilhas de Excel. Já a Infomobile, que atua na área de tecnologia para a saúde, desenvolveu o Mobile Medical Manager, um módulo baseado em uma rede sem fio STOCK.XCHNG

A internet não é mais a mesma. No melhor sentido da expressão, a internet agora é muita mais interativa a ponto de receber uma denominação específica para o seu novo perfil: Web 2.0. Basicamente, os sites desenvolvidos a partir do conceito da Web 2.0 permitem a participação do usuário de modo mais ativo no conteúdo, gerando uma série de possibilidades de novos negócios. De olho nesse potencial, empresas incubadas no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), considerada a maior incubadora da América Latina, já desenvolvem produtos para atender às oportunidades criadas pela Web 2.0. A Agriaf, por exemplo, desenvolve um software de análise e gestão de risco para o agronegócio que cruza as informações existentes no mercado e a produção do agricultor. O produto, que deve ser lançado

instalada no hospital. A partir dessa rede, o médico, utilizando um Palm ou Pocket PC, pode consultar qualquer tipo de informação a respeito do paciente, como dias de internação, evolução, sinais vitais, exames laboratoriais, prescrição de medicamentos e antecedentes. Dessa maneira, utilizando as informações via Web, o médico pode atender o paciente da maneira mais rápida e com mais atenção. Também incubada no Cietec, a Compass usa tecnologias de posicionamento e localização geográfica para desenvolver aplicações e serviços de alto valor agregado, conhecidos como Location Based Services (LBS). Com base nos conceitos de Web 2.0, os produtos da Compass são desenvolvidos para dispositivos móveis como celulares, PDAs e smartphones, e utilizam a rede de telefonia celular para posicionamento e para tráfego de dados. Março 2007 – Empreendedor – 51


João Adibe Marques

CARLOS PEREIRA

Perfil

52 – Empreendedor – Março 2007


Trabalhar é o melhor remédio Vender bastante e barato é a estratégia de João Adibe Marques, inquieto herdeiro de tradicional família proprietária de indústrias de medicamentos por

Carol Herling

A energia que move a vida de João Adibe Marques é uma combinação de três ingredientes: a paixão pelo trabalho, o apreço pelos esportes e o comprometimento permanente com os resultados, não importa a atividade que desenvolva. É, também, uma pessoa “família”, e foi justamente a família que passou o gosto por trabalhar em uma das atividades mais indispensáveis e, ao mesmo tempo, lucrativas do mercado: o setor de medicamentos. O avô de João Adibe, o empresário João Marques, foi um dos pioneiros da indústria farmacêutica no Brasil. Na década de 1950, fundou o Laboratório Prata, empresa que foi o embrião dos 14 laboratórios que são controlados atualmente pelos Marques. “Todos na minha família trabalham no ramo, são concorrentes diretos e disputam entre si uma fatia do mercado. Meus tios, meus primos, e também os filhos e netos do irmão do meu avô são do ramo.” O pai de João Adibe e seus três irmãos trabalhavam juntos no laboratório de seu avô, até o dia em que ele resolveu trabalhar sozinho. “Meu pai ficou assim por dez anos, e quando eu tinha 15 anos me chamou para ajudar.” Hoje, uma ala da família domina o Grupo Castro Marques, considerado um dos gigantes do setor no Brasil.

Até a adolescência, João Adibe se dedicava aos estudos e, nas horas vagas, sonhava com corridas de automobilismo. Quando o trabalho passou a fazer parte de sua vida, mergulhou de cabeça no universo farmacêutico e parou de estudar. E não sente a menor vontade de voltar. “Me considero bem atualizado, estou em todos os eventos do setor, em todas as feiras nacionais e regionais, e também nos congressos. Acredito que poucos no Brasil conheçam o mercado tanto quanto eu”, afirma, sem falsa modéstia. Apesar da pouca idade, João Adibe teve papel decisivo na expansão dos negócios do pai e, conseqüentemente, na fundação do Grupo Cimed. “Comecei a trabalhar com o meu pai quando ele tinha a Hornoterápica; depois, compramos uma empresa chaJOÃO ADIBE MARQUES Idade: 35 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Formação: Segundo Grau completo Empresa: Cimed Ramo de atuação: Indústria Farmacêutica Ano de fusão da empresa: 2004 Cidade-sede: São Paulo (SP) Número de funcionários: 1.200 Site: www.grupocimed.com.br

mada Cimed e, posteriormente, adquirimos o Laboratório Windson. Foi a fusão das três marcas que originou o Grupo Cimed.” O Brasil, segundo João Adibe, é um dos países mais rigorosos em termos de fiscalização sanitária, quando o assunto é indústria farmacêutica. E isso torna complicado crescer no setor. “Quem está no mercado é porque é realmente bom, a indústria brasileira é referência em qualquer mercado do mundo.” E, como poucos no mercado, João Adibe usou a liberação dos medicamentos genéricos a seu favor. “No começo, as leis eram muito prejudiciais às indústrias, porque 90% delas tinha capital 100% nacional e tiveram que se adequar totalmente.” Com a abertura, aproveitou para fortalecer a marca em uma nova guerra: a competição dos preços. “O surgimento dos genéricos fez com que as pessoas voltassem a pedir por algo nas farmácias e também deu a elas mais opções para compra.” Com grande parte da população carente e sem acesso a medicamentos caros, os genéricos surgiram para suprir necessidades básicas. “Vivemos em um país de 200 milhões de habitantes, e apenas 10 milhões de pessoas têm acesso a uma saúde de qualidade. Eu trabalho com uma lacuna de 190 milhões de pessoas que não têm condições de comprar remédios caros, e foi em função dessa carência que a Cimed entrou para oferecer qualidade Março 2007 – Empreendedor – 53


Perfil

João Adibe Marques

Cimed: 300 produtos marcando presença com os pontos-de-venda

com preços competitivos.” A Cimed conta, atualmente, com uma linha de 300 produtos, entre genéricos, similares e OTCs (produtos que não são tarjados, como pastilha para garganta, comprimidos para gripe e xampu para piolhos). O grande diferencial, segundo João Adibe, é que a empresa rema contra as tendências do mercado e investe no relacionamento direto com os pontos-de-venda. “A concorrência costuma terceirizar a parte das vendas, e nós somos os únicos a ir diretamente aos clientes. Esse relacionamento mais próximo fez com que a empresa crescesse 90%. Para atender de forma eficiente à clientela, investimos constantemente em novos produtos para abastecer de A a Z o ponto-de-venda.” Com 11 bases de distribuição espalhadas pelo país, a Cimed atende, em média, de 20 mil a 25 mil pontos-de-venda por mês, e possui dois parques industriais: um no sul de Minas Gerais, que concentra a maior parte da produção, e uma fábrica de injetáveis em São Paulo. “Este laboratório de medicamentos injetáveis foi a última empresa que adquirimos, e em breve também será incorporada ao grupo.” Fixar a marca Cimed exigiu uma estratégia de marketing cuidadosa,

54 – Empreendedor – Março 2007

porque o nome lembrava planos de saúde. “Rima com Unimed, e isso confundia muito as pessoas no começo.” Para alcançar a maior parcela possível da população, decidiu investir em marketing esportivo, para primeiro deixar a marca Cimed forte e, posteriormente, divulgar os produtos. “O que vende não é Cimed, e sim o produto da marca Cimed, então eu quero que a pessoa chegue à farmácia, peça um Cimegripe e saiba que aquele produto é fabricado pela Cimed.” O primeiro investimento realizado foi o patrocínio do time Vila Nova, de Goiás, em 1992 e 1993. “Escolhi este time, porque estávamos entrando no Estado e precisávamos ter visibilidade. O Vila Nova era, na época, o maior time de torcida de Goiás, mas relativamente desestruturado, e em um ano fomos campeões.” A primeira experiência deu a visão de inserir profissionalismo no esporte. “Na verdade, é uma troca dupla, pois levamos a nossa experiência comercial para o esporte, e a experiência e os valores esportivos para o lado comercial.” Depois de um tempo, o empresário decidiu priorizar a qualidade de vida, mudando-se com a família para a cidade de Florianópolis (SC). E levou para a capital catarinense a estratégia

de investir em times locais. “Patrocinamos por seis meses o Avaí, mas percebi que mexer com futebol é mexer com paixões, então, decidi investir em um esporte que tenha grande abrangência como o futebol, mas sem interferir na preferência do torcedor, daí migramos para o vôlei masculino.” A Cimed fez uma co-parceria com a Unisul, e João Adibe gostou do resultado. “Achei o esquema tão interessante que acabei montando o Cimed Esporte Clube, um clube de vôlei da Cimed.” Para a gestão do novo braço da empresa, convocou o ex-jogador da Seleção Brasileira Renan Dal Zotto, com quem trabalhou na Unisul. Com a conquista de títulos e a forte projeção da marca, Adibe resolveu ampliar as opções e apostou algumas fichas em uma antiga paixão: o automobilismo. “Desde criança, gosto de automobilismo, mas acho difícil aliar a uma profissão. No meu caso, por exemplo, chegou uma hora em que tive que me decidir, porque correr não é brincadeira, eu saía sexta-feira de manhã do escritório para treinar cheio de pepinos para resolver, e a minha cabeça não desligava.” João escolheu a categoria Stock Car, que considera uma das mais profissionalizadas do país, para investir em patrocínio. No início,


Investir em esporte foi uma estratégia considerada “campeã” para a projeção institucional da marca

apoiou uma equipe e, semelhante ao que aconteceu com o vôlei masculino, decidiu ter a sua própria equipe e, paralelamente, correr na categoria Gentlemen Drivers da Maserati. “É uma categoria só para empresários. No primeiro ano, fiquei em quarto lugar, e no outro, fui campeão. Como sou apaixonado pelo esporte, fiquei um pouco descentrado, aí recuei para trabalhar nos bastidores da Stock Car e contratei os pilotos Luciano Burti e Thiago Marques.” Além de concentrar os esforços na equipe, João Adibe planeja “brincar” de rally de velocidade este ano. “Eu gosto de correr para tirar o estresse, só que, se me dá estresse, eu saio.”

Time próprio A Cimed também formou uma equipe feminina de vôlei e almeja voltar em grande estilo aos gramados nacionais. “Planejo entrar em um time de futebol, mas não para ser um simples patrocinador. Minha idéia é gerenciar o time, ou então ter um time próprio.” Se não for possível formar um time, João Adibe quer patrocinar um campeonato inteiro ou, então, uma equipe que dispute campeonatos na Região Nordeste. Independente da es-

colha, o importante é montar o projeto. “Acho que o foco nesse primeiro momento é o retorno, e por ser um projeto campeão, o investimento versus o retorno pode ser de 20 vezes.” Investir em esporte foi uma estratégia “campeã”, como define o próprio João Adibe, mas isso, segundo o empresário, não interferiu tanto no faturamento. “A marca teve uma projeção muito forte, mas se você me perguntar se aumentou o faturamento por causa disso, eu te digo que não. ‘Ah, mas como vocês gastam, então, o dinheiro?’, me perguntam, e eu explico que estamos fazendo um institucional da empresa.” Para o ano que vem, a Cimed entrará com o patrocínio dos nomes dos medicamentos de sua linha. “Nós fazemos tudo que é teste para ver se alguém tem alergia a alguma coisa, fazemos exames constantemente, e fisicamente nossos times são os melhores do Brasil, e nosso índice de contusão é zero.” Quando decidiu disputar o mercado de genéricos, o empresário preferiu não terceirizar os procedimentos dos testes de bioequivalência dos produtos e optou por montar um instituto de pesquisas próprio, que demandou investimentos na ordem de R$ 20 milhões, realizados apenas com recur-

sos próprios. “Hoje, eu poderia ter mais produtos em minha linha, mas preferi construir meu próprio laboratório, o Instituto Cimed de Pesquisas e Desenvolvimento. Posso estar atrasado, mas daqui a cinco anos estarei bem adiantado. Somos, hoje, num universo de 500 empresas em atividade no Brasil, uma das seis ou sete que possui o seu próprio instituto de pesquisa. Em Minas Gerais, nós somos a única empresa que faz os seus próprios testes, e no futuro posso até terceirizar para a concorrência.” Segundo as leis que regulamentam as atividades do setor, nos próximos cinco anos todos os remédios similares terão que passar por testes de equivalência. “Caberá à empresa querer ser genérico ou ser de medicamento de marca.” Com forte presença na Região Sudeste, principalmente em São Paulo, a Cimed abriu uma base nova em Manaus, um mercado que João Adibe ainda não domina e que tem um problema sério de logística. “Às vezes, um caminhão chega lá só 40 dias depois, estou aprendendo a contornar isso, pois, além de sermos uma indústria farmacêutica, somos uma distribuidora.” No planejamento da empresa, também está fortalecer a marca no CentroMarço 2007 – Empreendedor – 55


Perfil

João Adibe Marques

Oeste, inaugurando uma base no Distrito Federal, que ainda é atendido via Goiás. “Também quero ter uma no Maranhão e depois uma no Mato Grosso. Tem Estados como o Ceará, que atende ao Piauí e ao Rio Grande do Norte, e eu preciso fortalecer estes centros de distribuição. O nosso grande diferencial é fazer o transporte até os CDs e dali em diante terceirizar a entrega.” Para atender às encomendas, a fábrica opera em três turnos, e, mesmo assim, a demanda continua maior

que a produção. “Temos de 10 a 12% de falta por mês, mesmo com 1.200 funcionários e a fábrica operando de forma ininterrupta.” A previsão de faturamento para 2007 é de R$ 300 milhões, e para alcançar a meta, João Adibe também investe na profissionalização do empreendimento. “Um dos grandes segredos é saber profissionalizar uma empresa familiar. Embora a empresa esteja entrando agora na profissionalização, a cabeça é profissionalizada faz

tempo. Somos uma média empresa, e quem está na nossa frente são somente as gigantes do setor; antes eu ‘dava pedrada’, e hoje ‘tomo pedrada’ porque comecei a ganhar mercado.” Hoje, a Cimed tem produtos com 500.000 unidades vendidas a cada mês. “Meu produto mais vendido é o meu antiinflamatório Probenxil, que é líder em sua categoria, assim como em outros 30 produtos.” A Cimed vende, atualmente, cerca de R$ 20 milhões por mês. “Ano passado, vendemos mais de 60 1972 - Nasce, em São Paulo, o empresário João Adibe Marques. 1977 - O pai do empresário desiste de trabalhar com os irmãos e monta o seu próprio laboratório, a Hornoterápica. 1987 - Aos quinze anos, é convocado pelo pai para ajudar nos negócios. Pára de concorrer nas categorias de automobilismo. 1993 - A Hornoterápica compra o Laboratório Cimed. 1992 - Investe, pela primeira vez, em marketing esportivo, patrocinando o time goiano de futebol Vila Nova. 1998 - Compra o Laboratório Windson. 2003 - Muda-se com a família para Florianópolis. Patrocina, por seis meses, o Avaí, time de futebol catarinense. Posteriormente, decide investir no vôlei masculino, primeiro apoiando o time da Unisul, depois com o seu próprio time.

CARLOS PEREIRA

2004 - Volta a correr em provas de automobilismo na categoria Maserati Gentlemen Drivers. Torna-se campeão da categoria em 2005. No mesmo ano, faz a fusão de seus laboratórios, funda o Grupo Cimed, e também inaugura o Instituto Cimed de Pesquisas e Desenvolvimento.

56 – Empreendedor – Março 2007

2006 - Forma uma equipe de automobilismo na Stock Car Brasil e investe também no vôlei feminino.


milhões de unidades (em caixas), aí basta abrir cada caixinha, contar as pílulas e multiplicar por 20... Dá para perder a conta.” Segundo estatísticas do setor, os números da Cimed são gigantes, quando comparados aos da concorrência. “Olha que ainda estamos naquela fase de crescimento, de conquistar prateleiras e de abrir o mercado.” Mais uma vez contrário às tendências, a Cimed não tem como prioridade migrar para a internet e televendas. Pelo contrário. “Estou no caminho inverso porque acho que vender é uma tradição. Eu nasci vendendo medicamentos, cresci fazendo isso, estou no ramo há 20 anos e conheço praticamente todos os meus clientes porque foco demais na parte comercial dos negócios.” Com 450 representantes diretos e universos regionais bem diferenciados, João Adibe aposta na personalização para atender bem a todos e equilibrar as receitas. “Em Santa Catarina, por exemplo, as pessoas pagam no boleto bancário, na Bahia, é com cheque pré-datado, e você tem que ter toda uma logística de cobrança para não perder o controle.” Fazer a mercadoria “girar”, para o jovem empreendedor, é uma das principais dificuldades do negócio. “Vender remédios não é igual a vender comida ou cerveja, que você vê o anúncio, vai lá, compra, e fim; remédio, você só compra mesmo quando precisa; fazer girar o medicamento envolve a concorrência com produtos que já têm uma tradição, é difícil você brigar de frente com uma Novalgina ou contra um Buscopan, que são líderes de mercado. É um grande negócio, mas para tudo há um preço, e o preço que eu pago, mesmo sendo de uma família tradicional do setor, é porque a minha empresa é relativamente nova, e tem gente que está aí há quase 100 anos.” Entre os planos futuros, estão trabalhar com os produtos cosmocêuticos, que combinam cosméticos e medicamentos e que são vendidos ape-

Linha de produção: planos incluem novas fábricas em Minas e Manaus

nas em farmácias. “Já que temos um canal de distribuição formado, será bem interessante. Esse é o próximo passo depois que eu ‘genericar’ toda a minha linha.” João Adibe não quer diversificar seus negócios, pelo simples fato de ser “apaixonado por isso”. “O mercado ainda vai crescer tanto, e eu vou abrir o mercado de forma tal que ainda vou distribuir ‘n’ linhas diferentes, vou construir mais uma fábrica em Minas Gerais e também uma planta de cosméticos em Manaus. Com essa minha malha de distribuição já formada, depois de tudo pronto, é só ir anexando as linhas.” Investir em farmácias próprias também está fora de cogitação. “Meu perfil não é ficar parado esperando o cliente entrar e comprar, eu gosto é de ir até a farmácia vender e colocar a mão na massa. E não penso em me aposentar, quero trabalhar mais 50 anos, porque a coisa mais gostosa do mundo é trabalhar”. Fazer do trabalho um prazer e levar isso à equipe esportiva e aos funcionários é, nas palavras de João Adibe, o “jeito Cimed de trabalhar”. “Eu tento mostrar como fazer um time dentro da empresa e vice-versa, incentivo o time a visitar os centros de distribuição, levo o departamento comercial aos jogos e trabalho o endomar-

keting simultaneamente. Um time assim não tem como não ganhar, e estamos afiados para todos os campeonatos e também para quando o inverno chegar, que é quando decolam as vendas dos produtos.” Concorrer diretamente com 14 laboratórios na família não é motivo de preocupação para o empresário, que, gentilmente, troca informações de mercado com os parentes. “O único vendedor da família foi o meu avô, depois dele ninguém quis encarar a parte comercial. Sou o único dos herdeiros que trabalha na parte comercial, e todos vêm me perguntar o que rola no mercado.” João Adibe deseja que os seus três filhos trabalhem, futuramente, na empresa. “Faço questão, sou bem ‘caxias’ nisso, e vou bater sempre nessa tecla, pois, se eu trabalho com remédios, eles têm que trabalhar também, afinal, eu vou deixar isso aqui pra quem? Só se eles não quiserem isso.” Mesmo voando 45 horas por mês para atender aos clientes e trabalhando até 16 horas por dia – afinal, “quem é do departamento comercial não tem horário” –, não perde o foco em meio ao acirrado mercado. “Meu segredo, simplesmente, é vender muito e barato, para que todos possam ter acesso aos nossos medicamentos.” Março 2007 – Empreendedor – 57


A voz da experiência

Ladmir Carvalho

Receita caseira Empresa que nunca deixou de crescer diz que o motivo é o sucesso dos clientes por

Alexsandro Vanin

Começar do nada, em 1989, contando somente com o capital intelectual, na região serrana do Rio de Janeiro e, sem nunca se endividar, chegar a todo o país e, em breve, ao exterior, é a trajetória da Alterdata Tecnologia em Informática. A empresa desenvolve softwares para automação e gestão para

Ladmir Carvalho e José Ronaldo da Costa: experiência ajuda a formatar princípios e a revisar erros

58 – Empreendedor – Março 2007

indústrias, comércio varejista e atacadista, prestadores de serviços e escritórios, principalmente de pequeno e médio portes. A receita não é nenhum segredo: planejamento intenso com acompanhamento permanente, e excelência no atendimento aos clientes. Aliás, é a essência das soluções oferecidas pela empresa. Ladmir Carvalho e José Ronaldo da Costa tinham apenas uma idéia e um microcomputador cada um em suas casas, onde começaram a desenvolver o programa primogênito. Um ano e meio depois, foi montado o primeiro escritório, em um imóvel alugado de um parente. Hoje, a sede da empresa

está localizada em um edifício próprio de 2 mil metros quadrados – que já não comporta mais o volume de negócios –, e 24 filiais e 27 representações. É um total de 350 profissionais, que atendem em todo o Brasil, gerando um faturamento anual que beira os R$ 20 milhões. Mais de 60 mil sistemas Alterdata instalados ajudam 12 mil clientes ativos a buscar organização e eficiência em seus negócios. A empresa cresceu a partir do capital que ia sendo gerado. Nunca foram feitos empréstimos em bancos comerciais e de desenvolvimento, ou agências de fomento. O prédio da sede, por exemplo, foi todo construído com di-


nheiro de caixa – certa vez, a obra precisou ser interrompida por quatro meses. “Em uma empresa de serviços, o que vale é o trabalho”, diz Carvalho. Segundo ele, quando um empresário se endivida, a maior parte da margem de lucros vai para os bancos. “Ambição demais, querer resultados rápidos, não dá certo. É possível crescer fazendo as coisas devagar, no seu tempo certo.” A estratégia exige um planejamento constante de gastos e investimentos. Em 2007, por exemplo, será dado início à construção de uma nova sede, com recursos próprios.

Relacionamento A gestão do relacionamento com o consumidor (CRM, na sigla em inglês) permeia a história da Alterdata. Primeiro, como conceito, base da estratégia da empresa; depois, como sistema interno, ferramenta dos departamentos de suporte, marketing e desenvolvimento de produtos, entre outros, e finalmente como software para o mercado. “Monitoramos atentamente o atendimento a clientes, e com isso chegamos a nos antecipar às suas necessidades”, diz Carvalho. Tudo é controlado por um software de CRM, no qual todos os chamados, telefônicos ou pessoais, são registrados, e, a partir deles, são montadas agendas e estatísticas para melhorar os produtos ou mesmo a forma de o setor de suporte trabalhar, de forma a dar respostas com maior brevidade e precisão. As características de cada cliente são listadas pelo sistema, o que permite dar tratamento diferenciado a cada um. “O que gera negócio é satisfação.” As informações alimentam também as filiais e representações, responsáveis pela venda dos produtos desenvolvidos pela matriz. A Alterdata adota um modelo de negócios que, tecnicamente, é uma franquia, devido a seu monitoramento e padronização, mas, juridicamente, é diferente. “Isso nos garante agilidade na tomada de decisões”, diz Carvalho. Os gerentes de filiais e representações são

Alterdata: sede em edifício próprio de 2 mil metros quadrados, 24 filiais e 27 representações, num total de 350 profissionais

acompanhados e avaliados intensamente com o apoio de um sistema próprio de Balanced Scorecard (BSC, metodologia de controle da gestão a partir de indicadores balanceados de desempenho). O grupo, junto com os operadores de telemarketing, vende por mês uma média de 600 softwares. A quarta parte disso é vendida por telefone, o que tem um custo muito baixo para a empresa. Dez pessoas trabalham no telemarketing ativo e passivo, abrindo cada um a média de mil prospectos por mês. “O mercado no país é muito grande e tem ainda muito fôlego para crescer”, diz Carvalho. No ano passado, foi registrado um crescimento de 25% nas vendas em relação a 2005. Um pouco

menor do que o observado no período anterior (30%), um ano de lançamentos voltados para a base já instalada de clientes. Em 2007, a margem de crescimento deve voltar a subir, segundo Carvalho, com a entrada no mercado de ERP (Enterprise Resource Planning, sistema de gestão empresarial que integra os diversos departamentos) para pequenas empresas, nicho ao qual o custo da Alterdata já está ajustado. “Nossa filosofia é ganhar um pouco de cada um, para ganhar muito de todos, e não ganhar muito de poucos.” Também foi iniciado, recentemente, um trabalho de divulgação junto aos clientes para tornar a marca mais conhecida. Segundo Carvalho, a participação Março 2007 – Empreendedor – 59


A voz da experiência em eventos internacionais demonstrou que as soluções da Alterdata têm qualidade e competitividade no mercado externo. Mas há o problema da linguagem (tradução de todo o sistema), um investimento muito alto, e a necessidade de adaptação técnica a diferentes legislações, o que torna o processo lento. A saída encontrada foi buscar, inicialmente, clientes de países de língua portuguesa. O primeiro contrato para a abertura de uma representação no exterior será assinado em março com uma empresa de Angola, onde deve ser introduzido o software de ERP da Alterdata. Mas a grande dificuldade da Alterdata não está no mercado internacional nem mesmo em seus concorrentes. Faltam profissionais capacitados tanto para a área de desenvolvimento quanto de vendas. “Precisamos de pequenos empreendedores em cada ponta. Se tivéssemos as pessoas certas, cresceríamos a 40%, 45% ao ano”, diz Carvalho. Uma das estratégias é atrair esses profissionais dos concorrentes, mas a principal é treinamento intensivo. “Hoje, somos um grande formador de profissionais. Muita gente reclama de falta de pessoal adequado, mas também não procura formar o profissional desejado.” Formar pessoas faz parte das atividades de Carvalho, ao lado da direção executiva e da articulação de estratégias da Alterdata, que nunca deixou de crescer em seus 18 anos de existência. Ele ministra palestras e workshops em seminários e congressos por todo o país, difundindo a importância do CRM como foco de administração de negócios e da utilização de softwares de gestão, além de outros conceitos importantes para empreendedores e empresários. Sua ação como administrador e disseminador de conhecimentos levou no ano passado à sua identificação como um dos “Empreendedores do Novo Brasil” pelo Instituto Empreender Endeavor. Espelhar-se nesta história já é uma aprendizagem, e Carvalho ainda deixa para os leitores dicas e alertas, inaugurando esta seção “A voz da experiência”.

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Bússola empresarial, segundo Ladmir Carvalho A existência de indicadores para medir o que está acontecendo é a bússola que todos os empresários devem possuir para administrar o seu negócio em um terreno sólido, sem surpresas, e com condições de fazer correções de rumo a qualquer tempo. Todos os empreendedores devem estar atentos para criar os seus indicadores de desempenho, mesmo que a empresa esteja muito bem, pois navegar sem bússola é para aventureiro, e ser um empreendedor aventureiro é um passo para transformar-se em um empresário falido. A importância de monitorar desde o início – Quando montei a Alterdata, uma desenvolvedora de software, há 18 anos, já tinha a noção que era importante acompanhar cada passo da empresa para compreender com precisão onde estava acertando e onde estava errando. Apesar de ter 25 anos na época, já sabia que, sem medidores eficientes, eu não conseguiria comandar a empresa, quando ela tivesse muitos funcionários, como hoje, cerca de 300 distribuídos em 24 filiais. Todos sendo medidos mensalmente, para uma comparação histórica. Estabeleça indicadores conforme a necessidade – Criei uma planilha

com um único gráfico do faturamento mensal, inicialmente, e depois, gradativamente, a cada nova necessidade, fui criando outros indicadores, como vendas, lucratividade geral, quantidade de funcionários (maior custo), lucratividade por funcionários, número de clientes conquistados por indicação de outros clientes, satisfação dos clientes, número de clientes ativos, quantidades de novos clientes comparado com perdas de clientes, comparativos de receitas fixas com custos fixos e muitos outros. Avalie as inter-relações – Todos os negócios, independente da atividade, podem ter indicadores que medem o desempenho e o rumo que o negócio está tomando. Se a empresa está indo mal em algum indicador, certamente outro será afetado em seguida, podendo comprometer todo o negócio. E, mesmo que a empresa vá bem, se um indicador crescer demais, poderá ser um problema para outro indicador, o que exigirá uma ação. Um exemplo claro é quando as vendas crescem demais, afetando, no meu caso, a qualidade do atendimento, por isso estabelecemos um alerta para que medidas sejam tomadas quando este indicador aumentar além de um limite.

Linha Direta: Ladmir Carvalho (21) 2643-9540


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TI

O mundo na palma da mão O GPS revoluciona a localização de pontos físicos no Brasil e gera novos serviços O mercado de localização ainda é recente no Brasil, mas os serviços ligados ao GPS (sigla em inglês para sistema de posicionamento global) prometem grandes frutos. No mundo, a expectativa é chegar aos U$ 21,5 bilhões em 2008, contra os U$ 13 bilhões registrados em 2003. A abertura do mercado doméstico de navegadores GPS para carros atrai gigantes dos setores automotivo e eletrônico, de olho em uma das maiores frotas circulantes do mundo, com cerca de 22 milhões de veículos. Outras aplicações são para setor agrícola, transportes, segurança e até marketing. O sistema GPS é baseado em 24 satélites que orbitam a 12.000 milhas de altitude e provêm a

GPS na bicicleta: uso se multiplica

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Terra inteira com sinais extremamente precisos para posicionamento e navegação, 24 horas por dia, sob qualquer condição climática. Uma das soluções baseadas em GPS é o Sistema de Chamada de Táxi, da empresa porto-alegrense Safesat. Um aparelho integrado ao painel do carro permite a comunicação direta entre o táxi e a central que gerencia o serviço. “A idéia é fazer um upgrade do atual sistema de rádio-táxi para o nosso software, que pode funcionar com um número ilimitado de táxis”, diz Amilcar Luz Fernandes, diretor da equipe de vendas da empresa. O cliente liga para a central e, antes de solicitar um táxi, faz um cadastro com número telefônico, informa qual é o veículo

preferido – modelos com duas ou quatro portas, ar-condicionado ou com sachê de perfume – e diz qual é a sua localização. Com os dados dos clientes, o computador faz uma filtragem dos táxis livres e escolhe o que estiver mais próximo através de um mapa. Envia, então, uma mensagem de texto para o taxista – que pode recusar a chamada – com o endereço e o telefone do cliente. A aplicação da Safesat também mantém botões de pânico para o caso de ações criminosas. A sofisticação é tamanha, que sensores instalados no carro informam se o taxista está dentro do porta-mala. No caso de furto, o motor do carro pode ser cortado ou o sistema pode acionar o


Pagliaci: meta é ter mais 15 cidades mapeadas até o final do semestre alarme. É possível, também, determinar cercas eletrônicas, ou seja, o programa emite um alerta, caso o carro saia de determinada região, seja ela uma avenida, seja um bairro. Outra funcionalidade a ser implementada é o pagamento da corrida através de cartão de crédito ou débito, que funcionaria sem leitura óptica, através da digitação dos códigos num teclado. O projeto levou dois anos de concepção até os testes pilotos. “Agora, ele está com maturidade para entrar no mercado.” O preço começa em R$ 2.993, mas, na compra de cem unidades, cai para R$ 1.800, e a mensalidade é de R$ 43 por módulo instalado. A empresa mantém interessados em capitais como Belo Horizonte, João Pessoa, Salvador e São Paulo. Em Porto Alegre, a Safesat implementou o serviço da central de chamadas, que funciona como cópia de segurança para os clientes, além de realizar o treinamento dos taxistas. O sistema é pioneiro na América Latina e utiliza a rede celular de alta velocidade (GPRS) para o envio dos dados.

Comercialização A venda de aparelhos GPS cresce em todo o mundo, e no Brasil não é

diferente. A GPS Center, representante exclusiva no Brasil da Garmim, maior fabricante de aparelhos de localização no mundo, deve crescer cerca de 40% este ano. “Todo mês, tem lançamento de produtos novos”, diz Augusto Pagliaci, diretor da empresa que atua no mercado em segmentos como náutico, aventura, offroad, aeronáutico e automotivo. “Uma das vantagens da Garmim é que ela desenvolve 100% dos produtos, não compra hardware de ninguém. É a Apple dos GPS.” Entre as novidades que a empresa vem tentando implementar, há um sistema de informação de tráfego em tempo real. “Funcionaria através de assinatura, mas o custo disso não é barato.” A empresa já oferece mapas de cidades da Grande São Paulo, Campinas, Jundiaí, Guarujá, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A meta é ter mais 15 cidades mapeadas até o final do semestre. Junto com os mapas, a empresa fornece cerca de 30 mil pontos de interesse, como endereço e telefone de hotéis e restaurantes em todo o Brasil. A GPS Center dispõe de aparelhos para carros e motos. “Temos modelos para todos os gostos e bolsos. Num deles, temos integração com o celular através do bluetooth, que pergunta ao usuário se quer telefonar para determinado local. Outro aparelho tem MP3 player integrado, um terceiro fala o nome da rua em que o motorista está, e existem até os que dão um alerta quando se ultrapassa uma velocidade programada.” Pagliaci garante que todos são à prova d’água, e os preços são a partir de R$ 1.600 até R$ 5.000. “Todo dia, é um desafio diferente, e o nosso ponto de honra é manter produtos adequados ao nos-

so consumo.” A GPS está trabalhando em acordo com montadoras de automóveis para mostrar a qualidade e confiabilidade dos produtos. Outra empresa que investe no mercado de localização é a Wavekey, que fabrica antenas GPS para aparelhos embutidos. De capital 100% nacional, a companhia desenvolveu um produto com poucos concorrentes no mundo e já aposta em exportação para países da Comunidade Européia, como a Itália, e vem procurando canais de venda no México e na Argentina. O empreendimento, que pertence à Incubadora Inova de Santo André, faturou pouco mais de R$ 100 mil no ano passado e aposta no crescimento para 2007. “Nosso produto tem preço competitivo com os similares chineses e assistência técnica local. Nosso suporte ensina como instalar e escolher corretamente a antena”, diz Jefferson de Sousa, diretor da companhia. Sousa pretende atuar no rastreamento dos três milhões de caminhões que circulam no Brasil; destes, cerca de 500 mil são rastreados. Um dos diferenciais da empresa é contar com um estoque local para concorrer com os similares chineses, dos quais o cliente tem que importar uma quantidade mínima, pagar caro pelo frete de avião ou esperar muito tempo pela chegada de navio. “Apesar de ser um produto barato, na faixa dos US$ 12, ele é pesado para transporte”, diz Sousa. Os produtos são destinados para placas eletrônicas, diferentes dos comerciais, com botões e telas de indicação. “Faço uma analogia com a televisão, que precisa de antena para funcionar. Trabalho só com empresas e não estou focado no cliente final.” O empresá-

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TI

Rafael Siqueira, do site Apontador: “Queremos ser a Wikipedia dos mapas”

rio afirma que, se necessário, customiza a antena para atender a projetos personalizados de clientes. Entre os planos da companhia, está desenvolver antenas para o projeto Iridium, uma constelação de 66 satélites ao redor da Terra que oferece serviços de telecomunicações. Outro ramo de atividade que cresce com a popularização do GPS é o aluguel de carros, tanto no Brasil quanto no exterior. Oscar Kedor, da Mobility, que atua no aluguel de carros na Europa e nos Estados Unidos, explica que, em dois anos, todos os carros alugados no exterior vão sair com algum tipo de localizador. “O GPS, é óbvio que gera negócio, pois facilita a localização de um executivo em qualquer lugar do mundo.” Ele explica que existem três tipos de GPS na Europa, um com uma tela de DVD integrado ao painel do carro, onde é possível selecionar o destino, o segundo é uma versão integrada em forma de rádio, por fim o “tom tom”, que é um aparelho portátil preso por uma ventosa no vidro do carro. Uma das dificuldades de alugar carros com GPS na Europa é o fato de ser necessário devolver o aparelho no país de origem. Nos Estados Unidos, a situação é diferente, e todos os carros alugados saem com algum tipo de localizador integrado ao painel. Graças ao GPS, a empresa vem crescendo cerca de 50% ao ano, enquanto o mercado sobe 20%.

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Usando o conceito de comunidades, a Webraska Brasil desenvolveu o Apontador (www.apontador.com.br), um site de mapas e trajetos que dá ao usuário o melhor itinerário possível, possibilitando rotas com trânsito menos congestionado ou mesmo informando qual é o melhor trajeto para se fazer a pé. Ele conta com o apoio dos usuários, que indicam quais são os seus pontos de interesse, os melhores locais para comprar, comer, vender ou passar um final de semana. É possível mesmo adicionar um vídeo da sua casa, links para um blog ou acessar uma imagem aérea do edifício de trabalho. Essa abertura com a comunidade poupa a empresa de listar quais são os melhores pontos de interesse em cada cidade.

Veículos Um dos mercados da companhia é o rastreamento de veículos, para fornecer mapas para clientes das áreas de transporte e segurança privada que podem utilizar os serviços da empresa para controle de logística, como medida para economizar combustível, por exemplo. O segundo nicho em potencial são portais, como Globo.com. Listel, Hagah, da empresa gaúcha RBS, entre outros, que utilizam a base de dados da companhia para fornecer serviços de mapas e rotas, e lista telefônica para os usuários.

O terceiro mercado que a Webraska Brasil vislumbra é o setor de telefonia, no qual a empresa fornece software de navegação e buscador de pontos de interesse para companhias como Nextel, Vivo e Claro. Toda a base de dados de mapas da companhia é proprietária. Outra área de atividade é store locator, em que empresas como Amil, Santander e Carrefour podem saber em tempo real qual é a loja mais próxima de determinado CEP. Por fim, o site Apontador vêm demonstrando equilíbrio financeiro, graças a patrocinadores como a Ford. “Hoje, os grandes anunciantes já percebem o potencial de retorno e o valor agregado para patrocínio de sites como o Apontador. Atualmente, o consideramos um software, e não uma página da internet”, diz Rafael Siqueira, sócio da companhia. O site mantém uma versão para celulares GSM, que suporta aparelhos com software Java instalado. Siqueira começou nesse mercado “brincando nos finais de semana”, quando desenvolvia um produto para a América Online, até que encontrou investidores coreanos dispostos a destinar recursos a um produto próprio. “Queremos ser a Wikipedia dos mapas. Nosso próximo passo é trazer a localização em tempo real de pessoas e trazer para os mapas tudo o que está no mundo real.” (Wendel Martins)


Pré-estréia virtual Softwares permitem a realização de testes de produtos ainda na fase de concepção Tempo é dinheiro. A máxima do mundo dos negócios é a razão perfeita para o uso da simulação computacional no desenvolvimento de produtos. Um exemplo é a indústria automotiva. Antigamente, a criação de um carro levava cerca de dez anos. Hoje, é possível lançar um novo modelo em 18 meses de projeto. “Num mercado tão dinâmico quanto o atual, antecipar o lançamento de um produto é uma grande vantagem diante dos concorrentes”, diz José Ricardo Nogueira, diretor do Grupo Smarttech, que atende às áreas de mecânica, plástico, vibroacústica, elétrica e fluidos. A simulação é feita por meio da tecnologia conhecida como CAE (computer-aided engineering), conjunto de softwares para a área de engenharia que dá suporte ao desenvolvimento de produtos. Eles permitem verificar um produto antes mesmo do protótipo, antecipando sua visualização e teste ainda na fase de concepção. Com isso, é possível verificar o comportamento das estruturas quanto a aquecimento, acústica, durabilidade, tempo de fadiga e outros fatores, em menos tempo e com menos custos do que pelo sistema tradicional. “É possível chegar mais rápido a uma solução mais eficiente e robusta, e mais próxima do gosto do consumidor”, diz Nogueira. Outra vantagem é a diminuição da possibilidade de ocorrência de problemas posteriores e a necessidade de fazer um recall. Na WEG Equipamentos Elétricos, os programas de simulação computacional ajudam a confirmar a qualidade e a performance de peças de plástico injetado aplicadas em seus produtos. “Essa tecnologia permite a antecipação do lançamento de produtos, com redução de custos de

desenvolvimento e fabricação”, confirma Denílson Rodrigues, engenheiro do departamento de ferramentaria da WEG. A Caio Induscar, empresa de carrocerias, utilizou a ferramenta de análise estrutural e resistência mecânica na homologação de um ônibus para a África do Sul. Já a Schneider contratou os serviços da Smarttech para a simulação de preenchimento plástico do painel do novo Fiat Idea Adventure. Segundo Nogueira, esse mercado se encontra superaquecido no Brasil, e não há sinais de desaceleração. Até há pouco tempo, os projetos eram feitos fora do país, e a intervenção se limitava a ajustes de mercado. Mas a situação começou a mudar nos últimos quatros anos, principalmente nos dois últimos, devido também ao crescimento do nicho de outsourcing. A Smarttech conta, atualmente, com mais de 300 clientes ativos, quase todos brasileiros, com a exceção de alguns sul-americanos. O grupo tem intensificado a prospecção de clientes no exterior, inclusive em breve deve anunciar o contrato com uma empresa dos Estados Unidos.

A área que mais cresceu na Smarttech nos últimos dois anos foi a de serviços, que teve o faturamento quadruplicado no período. Segundo Nogueira, há demanda no mercado para desenvolvimento de projetos para empresas que se encontram sobrecarregadas ou despreparadas. A empresa responsável pela área de serviços conta com cerca de 80 clientes nas áreas de mecânica, plástico, segurança veicular, vibração e outras. Outro empreendimento do grupo é voltado à área de treinamento. “Agregar tantas funcionalidades ajuda a abordar os problemas dos clientes da forma mais abrangente possível, são ‘n’ fatores que fazem um projeto dar certo”, diz Nogueira. O Grupo Smarttech completa dez anos em 2007, com faturamento superior a US$ 4 milhões. Nogueira e o sócio perceberam o potencial de mercado das ferramentas de simulação computacional, logo que as primeiras versões começaram a aparecer. Eles compraram o setor de engenharia da empresa onde trabalhavam e decidiram se dedicar exclusivamente a este nicho. Atualmente, a companhia conta com cinco sócios e 45 profissionais, mas o número pode aumentar. O topo do plano de carreira, de acordo com a política de recursos humanos implementada recentemente, para qualquer funcionário, conforme desempenho e resultados proporcionados, é se tornar sócio.

Ricardo Nogueira: “É possível chegar mais rápido a uma solução mais eficiente e robusta, e mais próxima do gosto do consumidor”

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TI Suporte incondicional A Alog, especialista em Hosting Gerenciado e serviços de infra-estrutura de IDC (Internet Data Center), adotou uma nova metodologia de atendimento aos clientes: o Suporte Incondicional. A proposta é prestar atendimento personalizado em seus serviços de Data Center. “O Suporte Incondicional consiste na melhoria contínua do atendimento aos clientes por meio da motivação permanente da equipe, de ciclos de treinamentos semanais e em resultados”, diz Nelson Mendonça, gerente de serviços da Alog. Com a nova estratégia de atendimento, a Alog alcançou o patamar de 94,6% de clientes satisfeitos. www.alog.com.br

Aliança na Cisco A Cisco do Brasil lançou o programa Cisco SMB Select, um sistema de seleção de canais especializados no mercado de pequenas e médias empresas (Small and Medium Business – SMB). O programa pretende selecionar 250 parceiros em um ano e prevê uma série de benefícios, como abatimento nas linhas de produtos Cisco e subsídios ou descontos significativos em treinamentos de capacitação contínua. Um dos destaques é o programa OIP (Opportunity Incentive Program), que remunera, semestralmente, os canais que trouxerem oportunidades ainda desconhecidas da Cisco. O SMB Select também oferece a vantagem do marketing cooperado, que prevê a conversão de 3% das vendas alcançadas no semestre para atividades de marketing do parceiro. Já a SMB University oferecerá treinamento de vendas de tecnologias Cisco para quem estiver focado em SMB. No primeiro semestre deste ano, a SMB University terá quatro cursos para 61 turmas, divididas em 13 cidades em todo o país. www.cisco.com/global/BR/ smbselectbr.shtml

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Rosto no celular A sul-coreana Pantech lançou o primeiro celular com tecnologia de reconhecimento facial no mundo. Com design ultrafino e cobertura de metal, o IMU170 vem com uma câmera embutida que traça os movimentos da face do usuário, e é através deste mecanismo que o dono do celular controla os jogos e utiliza as demais funções do aparelho. O IM-U170 vem com o Graphical User Interface (GUI), que funciona como animador de gráficos que inclui papéis de parede e descansos de tela, por meio da tecnologia do programa Flash, e também com uma câmera dupla, com 2 megapixel ou VGA, que pode ser utilizada para o serviço de videotelefonia. Outros destaques do aparelho são a tela de QVGA LCD com 2,2 polegadas, 260 mil cores, 128 toques polifônicos, MP3 player e visualizador de documentos, que possibilita aos usuários navegarem pelo arquivo no formato MS, padrão dos escritórios. www.pantechbrasil.com.br

StrikeForce com Novatec A Novatec passa a integrar o time de vendas corporativas dos sistemas de segurança da informação da StrikeForce Technologies no Brasil. A distribuidora vai atuar no segmento de grandes corporações com todas as linhas de produtos de segurança de informação desenvolvidos pela empresa. “Além de prover tecnologia de proteção avançada e inovadora, queremos consolidar a marca Novatec

Corporation como importante instrumento de marketing e vendas de produtos de TI no Brasil e, em futuro próximo, em outros países da América Latina”, diz Laudemir Rodrigues Valente, presidente da Novatec Corporation, que, recentemente, ganhou o prêmio de Campeão do “Winners Circle 2007” como o melhor distribuidor Laserfiche da América Latina. www.novateccorp.com

Novo Automidia A Automídia Informática, especialista no desenvolvimento de softwares para gerenciamento de serviços e controle de ativos, promoveu a atualização da versão 4.3 do software Automidia Service Management. O programa, que funciona como um conjunto de aplicações para o gerenciamento de serviços de TI, é dividido em módulos para Service Desk, Change Management e Asset Management. “Essa versão coloca no mercado uma ferra-

menta que viabiliza os processos de rateio de custos ou cobrança com a utilização de regras variadas para a apuração dos valores”, diz Márcio Vinholes Ferreira, Diretor Executivo da Automídia. A empresa credita ao software grande parte do crescimento registrado em 2006, superior a 25%: o segredo são o atendimento e uma ferramenta 100% nacional com funcionalidades exclusivas, de custo acessível. www.automidia.com.br


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INDEX OPEN

Guia do Empreendedor

Apoio especializado Rede nacional de escritórios oferece assessoria jurídica para pequenas e médias empresas Manter um negócio em uma localidade isolada deixou de ser desafio para os pequenos e médios empresários em tempos de globalização. As facilidades de comunicação e a modernização dos processos deram agilidade às transações. Entretanto, tanta modernidade usada a distância, muitas vezes, ficava emperrada, até há pouco tempo, nos processos burocráticos que somente um advogado em contato permanente com a organização pode resolver. De olho neste mercado, um grupo de escritórios resolveu criar uma rede composta por unidades de pequeno e médio portes, a Lexnet. Lançada com seis escritórios e 80 advogados em novembro de 2004, a Lexnet pulou para mais do que o dobro da sua oferta: 14 escritórios e mais de 200 advogados. “Somos parte de uma iniciativa ousada e pioneira que segue o exemplo bem-sucedido de formato de negócios na Europa e nos Estados Unidos, congregando empre-

endimentos de advocacia de todo o país”, diz Lúcia Zimmermann, diretora-executiva da Lexnet. A rede reúne escritórios de pequeno e médio portes de advocacia empresarial para a atuação em rede em todo o território brasileiro, e o foco são as pequenas e médias empresas. “O principal objetivo é funcionar como elo entre os membros, não só na coordenação dos serviços a serem prestados, como também na comunicação entre eles por meio da internet, intranet, site, newsletter, entre outros”, diz Lúcia. Apesar de ter um trabalho semelhante ao de uma filial, todos os escritórios ligados à rede possuem gestão independente, mas sem deixar de seguir o padrão único de atendimento, fazendo com que o cliente possa ter imediato acesso a um serviço de outro Estado, via rede. Cooperativas como a Lexnet, segundo Lúcia Zimmermann, ganham a cada dia mais espaço no cenário do Direito empresarial mundial. “Além de poderem

contar com a agilidade, comprometimento com a informação e a qualidade do serviço prestado, os clientes têm acesso a um leque de especialistas que dificilmente poderia ser reunido em apenas um escritório, ainda que este fosse de porte médio. Cada unidade, por sua vez, também se beneficia, pois pode oferecer serviços que estão fora do seu escopo de atuação, ampliando, assim, a sua capacidade de prospecção e atendimento.” Para o presidente da Lexnet, Plínio Ribeiro, a rede funciona como uma ferramenta para que as unidades possam ter, acima delas, alguém que zele pelas relações e que se preocupe para que todos os integrantes trabalhem dentro da mesma proposta. “Feita a intermediação, a rede sai de cena, o sigilo profissional é mantido, e o cliente é preservado. Os detalhes do caso só são abertos entre os dois advogados”, explica Ribeiro. Em 2007, a Lexnet planeja sua internacionalização, expandindo a rede para Buenos Aires e Paris. “A empreitada faz parte de um projeto de crescimento, tanto em território nacional quanto no exterior, e ampliar ainda mais a nossa capacidade de atendimento”, diz Lúcia Zimmermann. www.lex-net.com Março 2007 – Empreendedor – 69


Guia do Empreendedor Monitores certificados Com o lançamento oficial do Windows Vista, a Acer lançou uma linha completa de monitores LCD testados pelo WHQL (Windows Hardware Quality Labs) e prontos para este sistema operacional. Os estudos realizados mostraram que as linhas Value, X, Office, Performance e Gamers adaptaram-

Cartão Corporativo Como parte da estratégia em se firmar como o maior banco de varejo em atividade no Brasil, o HSBC lançou o Business Card, o primeiro cartão de crédito corporativo do banco no país. O novo produto, que levará a bandeira Mastercard, será oferecido a todos os clientes jurídicos do banco, o que corresponde a mais de 300 empresas de micro, pequeno e médio portes. Entre as facilidades do Business Card, estão o controle simplificado da fatura, no qual todas as despesas são organizadas em um único boleto, e os portadores recebem relatórios individuais dos seus gastos, seguro contra perda e roubo, clube de benefícios (que converte os valores das compras realizadas por pontos que podem ser trocados por brindes), primeira anuidade gratuita e número ilimitado de cartões adicionais. www.hsbc.com.br

se ao Windows Vista e permitem que os usuários aproveitem todas as inovações do novo sistema operacional, como a Barra Lateral, Office 2007, Vista Media Center, painéis Tab Browsing, Navigation, Preview do Internet Explorer 7 e modos Reading Pane do Explorer. Entre as novidades, estão os moni-

tores LCD de 20, 22, 24 e 26 polegadas e proporção de imagem de 16:10, que ampliam o espaço em tela para as aplicações oferecidas pelo programa. Todos os monitores portarão um selo certificado que comprova a compatibilidade com o novo sistema. www.acer.com/br

Lava-rápido ágil Com foco no segmento de estacionamentos e lava-rápidos, a Sinapse Tecnologia & Negócios (STN) desenvolveu o EasyPark, um sistema utilizado em PDAs que permite aos recepcionistas otimizarem o atendimento aos clientes e eliminarem o uso de papel dos processos administrativos. Além de possuir as funções básicas de registro de entrada e saída de veículos, o software também conta com o recurso de auditoria de pátio, o que ajuda no combate às fraudes. As empresas interessadas podem adquirir a ferramenta por meio de mensalidades, e o serviço custa, em média, R$ 100 mensais. Na mensalidade, estão incluídas as taxas de atualização e de suporte técnico, e o usuário não precisa pagar pela manutenção do produto. www.stn.com.br

Anti-rachaduras Indicado para trincas e fissuras em paredes de concreto e alvenaria, o Selatrinca Vedacit é a novidade da Vedacit/Otto Baumgart para o segmento de construção civil e arquitetura. Com ótima resistência às in-

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tempéries e aos raios solares, o produto pode ser aplicado tanto em superfícies internas como externas, e serve a aberturas de no máximo 5 milímetros. Após aplicado, o Selatrinca Vedacit aceita pinturas à base

de látex ou de emulsões acrílicas, isentas de solvente. A aplicação deve ser feita com espátula sobre a superfície perfeitamente limpa e seca, e a secagem leva, em média, quatro horas. www.vedacit.com.br


Produtos & Serviços Banco eletrônico A PanData desenvolveu a nova versão 4.0 do PanData Internet Banking, uma solução de auto-atendimento via web capaz de suportar um grande leque de operações, como consulta, extratos, transferência eletrônica, DOC, aplicações financeiras e diversos tipos de pagamento. A solução é direcionada para instituições interessadas na rápida ativação de um novo serviço de Internet Banking, ou para bancos que procuram novas funcionalidades ou maior nível de integração e segurança para plataformas legadas de serviço web. Entre os recursos na nova versão, estão o suporte à integração com celulares e computadores de bolso em soluções de mobile bank e integração com email. O sistema oferece diversos níveis de hierarquia de acesso e suporte a operações, como boleto bancário, e com módulos opcionais de gestão de movimentação financeira. A plataforma PanData Internet Banking tem um de seus enfoques principais na aderência a toda e qualquer plataforma de hardware e de software em uso nas instituições financeiras do país. www.pandata.com.br

Impacto motivacional A Gauss Consulting, empresa de consultoria instrumental e assessoria especializada, vai realizar em abril mais uma edição do seu treinamento de alto impacto Olho de Tigre. Durante o curso, os participantes são estimulados a viver sensações e desafios para aprimorar características como confiança, segurança, trabalho em equipe, senso de liderança e trabalhos sob pressão. O treinamento permite uma vivência única por meio de dinâmicas e atividades motivacionais com alto impacto, pelo tempo de duração – cerca de 16 horas de dinâ-

micas ininterruptas – e atividades que retratam o cotidiano do ser humano como alegria, medo, tristeza e raiva. “O Olho de Tigre proporciona uma reavaliação de comportamento, contribuindo para a evolução profissional e pessoal, e os benefícios são percebidos em curto, médio e longo prazos. A idéia é uma revisão de conceitos para maior conhecimento de si e capacidade de decisão”, diz Orlando Pavani Jr., diretor-executivo da Gauss Consulting. Informações sobre valores e locais dos cursos no site www.olhodetigre.com.br

parceria com o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento), e pode ser utilizado com foco no cliente ou no funcionário. Em áreas de auto-atendimento, muito freqüente em bancos e

rodoviárias, o Telefone para Surdos oferece a acessibilidade necessária para a realização dos serviços. Empresas como Banco Real, Safra e Citibank, que oferecem grande opção de serviços via telefone, já adquiriram o Telefone para Surdos para seus funcionários e clientes de todo o Brasil. Estima-se que, no Brasil, vivam hoje cerca de seis milhões de pessoas com deficiência auditiva. www.koller.com.br

Telefone especial A Koller, empresa graduada do Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas), desenvolveu o Telefone para Surdos dirigido às empresas, um produto inédito na América Latina. Trata-se de um equipamento de comunicação telefônico no qual os surdos podem se comunicar com outras pessoas escrevendo suas mensagens em um teclado e visualizando em um display as mensagens que lhe são enviadas. O produto usa tecnologia brasileira, desenvolvida em

Março 2007 – Empreendedor – 71


Guia do Empreendedor

Esse obscuro objeto de desejo O livro não descartável é a personagem principal de uma novela que resgata a paixão pelo conhecimento por

Nei Duclós

Qual o objetivo do desejo? Testar o próprio limite, nos diz Carlos María Domínguez em sua impressionante novela A Casa de Papel (Francis, 100 páginas). Amontoar livros até ser enterrado pela própria biblioteca, por exemplo. Como os outros vícios, os livros também são perigosos, adverte o autor (argentino, que vive no Uruguai, premiadíssimo). Podem participar de um ou mais crimes. Quais as pistas deixadas por Domínguez? São elas: todos os livros são imprescindíveis, mas eles exigem mais de uma vida para que você saiba o que merece saber; como você não consegue chegar até o teto da sua ambição, acaba adquirindo a cor dos pergaminhos, como o personagem Delgado, o homem que dá a chave para entender

o enigma que envolve o narrador. Você pode ser um colecionador (como Delgado) ou um estudioso (como Carlos Brauer, a personagem-chave da trama). O primeiro pode manter a sanidade (o ego dividido entre a sobrevivência e o prazer da leitura), enquanto o segundo pode enlouquecer. Por que Carlos Brauer enlouqueceu? Porque, aposentado e com boa herança, dedicava todo seu tempo à sua paixão. Porque descobriu afinidades entre autores de nações opostas, que se tornam, assim, complementares. Porque enxergou uma arquitetura subliminar no design de letras e linhas nas páginas impressas, o que significa uma partitura oculta que acompanha, em silêncio, a leitura. Porque não quis para sua biblioteca o destino de tantas outras, dilapidadas pelos espertalhões, decomposta para melhor pro-

Histórias na mesa Origens e trajetória do café, numa caprichada edição bilíngüe O livro revela histórias do café com fotos produzidas especialmente para este trabalho e imagens históricas inéditas. Editada pela Dialeto, a publicação é bilíngüe, em português e inglês, e numa parceria inovadora será também encontrada em lojas da maior rede de cafeterias do Brasil, a Fran’s Café. O projeto foi realizado com o patrocínio do Grupo Rede (www.gruporede.com.br) e Lei de

72 – Empreendedor – Março 2007

Incentivo à Cultura/Minc. A editora lembra que a origem do café ainda está perdida em um labirinto de suposições. Porém, evidências botânicas sugerem que o cafeeiro é originário da atual Etiópia. Com o passar do tempo, a planta desceu aos vilarejos da planície costeira daquele país para transformarse em uma bebida muito apreciada pela gente local. Dali, o café alcançou os portos do Mar Vermelho, onde ganhou interesse particular de governos e de agricultores. A disseminação do grão dava, naquele instante, seus primeiros passos para

A Casa de Papel Carlos María Domínguez Francis 104 páginas R$18

conquistar o mundo árabe. Após conquistar o Oriente Médio e gerar muita riqueza, as sementes ganharam as terras do Egito, Síria, Turquia e Grécia. Na Turquia, Europa e países árabes, as casas de café consagravam-se como ponto de encontro de comerciantes, intelectuais, religiosos e artistas. No outro lado do Atlântico, o grão conquistava os Estados Unidos, dando combustão para sua independência – mais tarde, o país se tornaria o maior consumidor de café do planeta. Através de caminhos clandestinos, as sementes alcançaram a Guiana Francesa. E foi da colônia da França, nas proximidades da Linha do Equador, que o café seria trazido também por “vias ocultas” para


Leitura

veito de um mercado de antigüidades e, por fim, disputada em seus exemplares raros em detrimento de outros considerados menores, o que é um crime contra a obsessão que reuniu todos os títulos. Carlos Brauer enlouqueceu porque tentou organizar sua biblioteca no espaço de que não dispunha, num fichário excêntrico que, no fim, o acaso queimou. E, talvez, porque não se ligou aos contemporâneos com a mesma intensidade com que acumulou seus livros. Deixou marcas da sua passagem em corações afins, como a catedrática inglesa tão culta quanto ele e que foi capaz de morrer atropelada lendo poemas de Emily Dickinson. Seu crime foi ter deixado passar a oportunidade de um amor que o libertasse da loucura e que, no fim, não deixou vestígios, a não ser um velho exemplar de A Linha da Sombra, de Joseph Conrad. A indiferença existente no mundo dos livros não era a mesma de Brauer em relação a seus semelhantes. O estudioso que se deixou soterrar pela própria biblioteca não compartilhava

com o universo de patranhas de autores, livreiros, editores, jornalistas, professores. Era um outsider no mundo encadernado e de brochuras infinitas. Procurava (ou seria o narrador?) a porção européia dos autores latino-americanos. Procurava mais do que isto: as respostas para os mistérios que os livros encerram ou acobertam. Mas não acha o principal: o amadurecimento de uma vida que só se consegue com renúncia e não com autopiedade ou autofagia. Brauer se refugiou na praia e construiu uma casa que tinha os livros como tijolos. Procurou desesperadamente o livro de Conrad, que é sobre o rito de passagem entre a vida juvenil e a adulta, mas não sabia o significado dessa busca. Quando o encontrou e remeteu pelo correio até a catedrática inglesa, já era tarde demais. Uma vida tinha se desperdiçado. O narrador precisou ir até os confins da sua terra para entender a tragédia. Descobriu, no caminho, o vazio das multidões brincando com as novidades eletrônicas, apartadas, como os autores frustrados ou célebres, de

brotar em solo brasileiro. A Dialeto Latin American Documentary (www.dialeto.com), empresa de produção cultural multimídia, foi criada em 1995. Vito D’Alessio é coordenador da Dialeto. Como fotógrafo e jornalista, é colaborador dos principais veículos de comunicação do Brasil e de agências internacionais. Como produtor cultural, foi responsável por projetos como: Projeto Xingu, Expedición Morrillos, Mehinaku – Message From Amazon, Cinco Órfãos, Caiapó Metutire, Cem Anos Luz, Sorocabana – Uma Saga Ferroviária, Avenida Paulista, Claro Jansson – O Fotógrafo Viajante, Dias de Caiçara, entre outros. Sérgio Túlio Caldas é jornalista

adepto ao pé na estrada, já esteve em numerosos países, ora cruzando terras chinesas em direção à Europa, ora em regiões do Himalaia ou cobrindo o tsunami, no Sri Lanka. Trabalhou para o jornal O Estado de S. Paulo, revistas Veja e Terra, além da TV Record. Seus trabalhos pelo mundo e país adentro levaram-no a dirigir a redação da revista Discovery Magazine, no Brasil, e a tornar-se colaborador da BBC-Wildlife, de Londres, National Geographic-Brasil e Rádio Eldorado, além de dirigir documentários para a Rede Sesc TV, gravados na Índia, Ásia Central e Brasil. É autor dos livros Nas Fronteiras do Islã (Editora Record) e Arara-Azul (DBA), entre outros.

uma vida espiritual plena, que só se consegue quando há ascendência do humano sobre o papel, da vida sobre a imobilidade da representação. Uma lição que Domínguez nos apresenta como um conto policial que dispensa a astúcia dos protagonistas, mas não deixa de lado os pequenos assassinatos das nações globalizadas. E que mergulha na história universal do livro como um guia de primeira grandeza, sem exibicionismos, pois sabe onde existe o conteúdo que faz falta: aquele que não ilude com as filigranas da falsa sabedoria, mas que leva pela mão até o tesouro oculto da cultura acumulada por séculos de celebração e dor. Por isso, é preciso ler a literatura de Carlos María Domínguez nesta época em que as inutilidades se acumulam nas vitrines (alugadas) das grandes livrarias. Às vezes, na longa espera de um avião, a companhia de um livro como este é mais útil do que a perda de tempo num título qualquer de auto-ajuda ou de filosofia barata (aquela que economiza neurônios ao ser consumida).

Café – Um Grão de História Sérgio Túlio Caldas (texto) e Vito D’Alessio (fotos) Dialeto Latin American Documentary – 120 páginas Preço: R$ 98,00

Março 2007 – Empreendedor – 73


ESTUDO ESPECIAL SERASA

Cresce rentabilidade das empresas de serviços Estudo elaborado pela Serasa, com mais de 10.000 empresas, tanto de capital aberto quanto fechado, revela a mudança de patamar da rentabilidade, tanto das grandes como das pequenas e médias empresas de serviços

MARGEM DE LUCRO

A

s grandes empresas tiveram lucro nos quatro últimos períodos, alcançando 7,8% do faturamento líquido em setembro de 2006, revertendo os prejuízos obtidos em 2001 e 2002. As pequenas e médias empresas também apresentaram importante mudança de patamar de rentabilidade, crescendo ano a ano até atingir o nível superior a 6% das vendas em 2005 e 2006. A rentabilidade das grandes empresas, aquelas com faturamento acima de R$ 50 milhões, entre as quais predominam prestadoras de serviços de utilidade pública que necessitam grandes investimentos, mostrou-se crescente devido às condições de consumo e ao nível de atividade da economia doméstica que foram favoráveis. Os segmentos de saneamento, telefonia fixa e energia apresentaram rentabilidade acima da média do setor de serviços, atingindo 16,4%, 11,8% e 11,1%,

respectivamente, no período de janeiro a setembro de 2006. Vale ressaltar que, no segmento de saneamento, a amostra é composta principalmente pelas empresas da Região Sul e Sudeste, e a rentabilidade foi influenciada pelos reajustes tarifários, além da recuperação dos volumes cobrados de água e esgoto após um longo período de estiagem e pelo acréscimo da população atendida.

Telefonia A rentabilidade do segmento de telefonia fixa foi beneficiada pelo crescimento das chamadas entre telefones fixos e móveis, além da expansão dos serviços de comunicação de dados, devido ao crescimento da base de clientes de banda larga (ADSL), entre outras tecnologias, que representam maior valor agregado, em relação ao acesso discado. No segmento de energia, o aumento do consumo total de energia elétri-

% do faturamento líquido

GRANDES EMPRESAS

4,5

4,1

7,8

2005

2006

7,6

-1,0

-8,7 2001

2002

74 – Empreendedor – Março 2007

2003

2004


ca, decorrente da expansão da atividade econômica no período, influenciou a rentabilidade das empresas do segmento.

Os 10 maiores lucros das empresas EMPRESA

Celular no vermelho Dentre os que apresentaram desempenho negativo, destaca-se o segmento de telefonia celular, que revelou prejuízo líquido equivalente a 6,8% das receitas em 2006, devido à elevação das despesas das operadoras com campanhas de marketing em face à acirrada competição para aumentar a base de clientes. As pequenas e médias empresas, aquelas com faturamento até R$ 50 milhões, não exigem uso intensivo de capital, compreendem os mais variados segmentos de atuação e apresentam desempenho próximo ao revelado pelas grandes empresas, tendo obtido margem equivalente a 6,4% do faturamento líquido no último período. Deve-se destacar que, enquanto no biênio 2001/2002 as grandes empresas registraram prejuízos, as pequenas e médias, por não utilizarem volume elevado de financiamentos onerosos para manter suas atividades, apresentaram lucro em todos os períodos.

LUCRO – R$ MIL

RENTABILIDADE – %

Telesp

2.092.944

19,7

Telemar

1.056.499

9,9

Tractbel

790.321

44,3

Sabesp

698.936

17,3

CPFL

569.705

17,0

CHESF

449.778

17,6

AES Tietê

448.993

43,3

MRS Logística

390.937

27,1

COELBA

378.033

18,7

Elektro

366.954

22,0 FONTE: SERASA

Essa situação começa a se reverter em 2003 e se estabiliza em 2005.

Destaques Os segmentos que se destacaram são serviços de laboratório e análises clínicas, cuja rentabilidade obtida em 2006 foi de 18,1%; serviços técnicos, com concentração em informática, que teve margem líquida de 7,5%; e serviços relacionados à construção

civil, com margem líquida de 10,4%. O estudo elaborado pela Serasa, maior empresa do Brasil em pesquisas, análises e informações econômico-financeiras para apoio a decisões de crédito e negócios, revela que, não obstante, alguns segmentos tiveram rentabilidade abaixo da média do setor de serviços. Entre esses, as empresas do segmento de transportes, que apresentaram rentabilidade equivalente a 4,1% das vendas no último período.

FONTE: SERASA

PEQUENAS/MÉDIAS EMPRESAS

5,5

6,1

6,4

4,6

3,1

2001

2,8 2002

2003

2004

2005

2006 Março 2007 – Empreendedor – 75


Guia do Empreendedor

O câmbio no xadrez da macroeconomia Baixar os juros, com inflação sob controle, diminuiria a pressão sobre a desvalorização do dólar e o aumento da dívida pública É impossível deixar de observar os interessantes acontecimentos no mercado cambial brasileiro neste início de 2007. O que ocorre tem explicação, mas com pouca conseqüência, o que torna a análise ainda mais interessante. O Banco Central do Brasil e o Tesouro Nacional estão fazendo intervenções sistemáticas no mercado, com o objetivo de evitar a queda do preço do dólar. A explicação adotada ao longo de 2005 e 2006, de que as compras se destinavam a recompor as reservas, não faz mais sentido, quando o país tem reservas próximas a 100 bilhões de dólares. A causa imediata da queda do preço do dólar, que o Banco Central procura evitar, é a sua elevada oferta em comparação à demanda. O primeiro aspecto a ser considerado é a origem desse volume de oferta. Dois canais trazem essa moeda: o superávit comercial e transações financeiras. O superávit comercial está sendo favorecido pelo elevado preço dos produtos exportados pelo Brasil, especialmente agrícolas e minerais. Apesar do aumento das importações, estimuladas pela taxa de câmbio, ainda ocorre superávit comercial. Este superávit, juntamente com as remessas de recursos de brasileiros que estão no exterior, está permitindo que o país consiga pagar com folga as suas despesas com serviços e pagamentos de juros, e remessas de lucros. Como está sobrando moeda estrangeira, caso não apa-

76 – Empreendedor – Março 2007

recesse o governo comprando, o preço cairia. A queda do preço do dólar, entretanto, poderia ser ainda maior, porque há uma segunda fonte de dólares, as transações financeiras. A elevada taxa de juros praticada no Brasil, quando comparada a outros países, atrai aplicadores estrangeiros. Para fazerem os investimentos no Brasil, esses investidores necessitam trocar a moeda estrangeira por brasileira, o que significa que há mais um aumento da oferta de divisas. O governo, portanto, tem de adquirir a moeda para evitar que o real valha mais. Caso não fizesse as intervenções no mercado, a queda no preço da moeda estrangeira levaria a um aumento ainda maior das importações, o que acaba por diminuir a produção local dos produtos que são importados. No médio prazo, a tendência seria uma desindustrialização da economia brasileira. Para evitar o agravamento desses efeitos de médio e longo prazos, que exigem adaptações das empresas para impedir perda de competitividade, tanto para exportar quanto para competir com produtos importados, é que o governo faz as compras de dólares. A conseqüência macroeconômica das compras é, de imediato, um aumento do número de reais em circulação na economia. Como o Banco Central definiu uma meta para a taxa Selic, o maior volume de reais em circulação faria cair essa taxa, e a de-

cisão do Copom não seria cumprida. Para evitar a queda nos juros, o Banco Central tem de reduzir a quantidade de reais em circulação, o que faz pela venda de títulos públicos. O que se vê, portanto, é um aumento da dívida pública decorrente do aumento das reservas internacionais. O custo disso é evidente, porque o rendimento obtido com as reservas internacionais é menor que a taxa de juros paga sobre a dívida pública interna. Como o objetivo do governo é evitar a queda do preço da moeda estrangeira, uma alternativa seria induzir uma redução da oferta. Isto ocorreria se os investimentos no Brasil se tornassem menos atraentes. Em outras palavras, se a taxa de juros brasileira fosse mais baixa, não entrariam tantos dólares, e o esforço para evitar a queda do preço seria menor. A questão, então, é: há condições para reduzir mais rapidamente os juros? A resposta é afirmativa. A inflação está controlada, tanto a que está ocorrendo quanto as suas expectativas, não há falta de capacidade produtiva, pelo menos em curto prazo. Isto sem considerar os efeitos positivos da redução dos juros sobre investimentos e custo da dívida pública.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor do Departamento de Economia da UFSC


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

TIPO AÇÃO

Acesita PN ALL América Latina UNT N2 Ambev PN Aracruz PNB Arcelor BR ON Bco Itaú Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Brasil ON Braskem PNA CCR Rodovias ON Celesc PNB Cemig PN Cesp PNB Comgas PNA Copel PNB Cosan ON Cyrela Realty ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PNB Embraer ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Natura ON Net PN Pao de Açúcar PN Perdigão ON Petrobras ON Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Submarino ON TAM PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp PN Tim Participações ON Tim Participações PN Transmissão Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Vivo Part PN Votorantim C P PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,276 1,21 1,36 0,80 1,64 3,39 4,59 1,59 0,48 0,65 1,03 1,76 1,92 1,11 0,50 2,05 0,61 0,292 1,31 1,46 0,72 1,36 1,84 0,50 1,08 1,09 2,72 1,04 100,00 0,46 1,87 0,53 0,79 0,97 2,02 0,76 0,93 2,39 3,52 13,08 0,69 1,08 2,57 0,57 0,93 1,36 0,60 1,66 3,28 0,46 0,354 0,44 1,14 0,437 1,91 4,18 2,70 10,92 1,78 0,80

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 20/2/2007)

13 17,50 4,40 -8,50 16,40 -0,70 -3,30 22,70 7,3 1,30 2,00 4,70 -0,40 -6,80 -5,40 -4,10 2,80 -2,8 2,40 -8,90 2,40 -8,20 -4,40 -1,10 8,80 12,40 11,20 3,90 3,10 20,3 9,00 1,50 9,70 -8,00 10,60 -12,10 -10,00 -9,30 -5,10 -10,20 2,40 -2,90 24,20 5,90 10,60 -0,40 -8,50 6,10 -5,60 -2,5 -0,5 -11,7 -7,70 1,2 0,20 23,80 18,20 18,40 0,10 -1,90

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Janeiro 0,50 0,43 0,44 0,66

Juros/Aplicação

(%)

Janeiro 1,08 1,08 0,72 0,57 3,22

CDI Selic Poupança CDB (até 16/2) Ouro BM&F

Ano 0,50 0,43 0,44 0,66

Ano 1,08 1,08 0,72 1,30 3,22

* (até 24/1)

Indicadores imobiliários Janeiro 0,21 0,22

CUB SP TR

Ano 0,21 0,22

Juros/Crédito

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *

(%)

Fevereiro 16/Fevereiro

(em % mês) Fevereiro 15/Fevereiro

1,15 4,00 1,54 2,25

ND 4,00 1,54 2,20

* taxa mês

Câmbio (em 16/2/2007)

Cotação R$ 2,0913 US$ 1,3134 US$ 0,0084

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Mercados futuros (em 16/2/2007)

Março

Abril

Maio

Dólar R$ 2,095 R$ 2,105 R$ 2,115 Juros DI 12,88% 12,74% 12,66% (em 16/2/2007)

Ibovespa Futuro

Abril

44.980 Março 2007 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor

MAQTÊXTI 2007 Expominas Belo Horizonte/MG (31) 3372.5663 www.maqtextil.com.br 3/4 a 5/4/2007

CARDS 2007 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP (11) 3051.3150 www.rpmbrasil.com.br 3/4 a 6/4/2007

BIO BRAZIL FAIR 2007 Parque do Ibirapuera São Paulo/SP (11) 4689.3100 www.biobrasilfair.com.br 4/4 a 8/4/2007

EXPOLUX 2007 Expo Center Norte São Paulo/SP (11) 4191.4324 www.expolux.com.br

Em destaque 12/4 a 15/4/2007

REATECH 2007

INDEX OPEN

2/4 A 4/4/2007

Agenda

Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP (11) 5067.6767 www.cipanet.com.br

A quinta edição da Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade – Reatech, considerada a mais importante da América do Sul, tem como foco principal a apresentação de novas tecnologias e lançamento de produtos, equipamentos e serviços, inclusive do exterior, para pessoas com deficiências físicas, mentais, visuais, auditivas e múltiplas, seus familiares e profissionais da área de reabilitação e inclusão. Em 2006, a Reatech recebeu cerca de 30 mil visitantes e espera bater esse recorde em 2007. A novidade este ano é a programação voltada para o seu público, com grupos de artes cênicas, grupos de dança de pessoas com deficiência, eqüoterapia, galeria de arte, parque infantil adaptado, quadras para a prática de esportes adaptados, test-drive com veículos adaptados e palestras. O setor de produtos e serviços para reabilitação movimenta, por ano, cerca de R$ 1 bilhão no país, R$ 100 milhões só com vendas de cadeiras de rodas, e mais de R$ 400 milhões em automóveis com isenção de impostos e adaptações veiculares.

10/4 a 12/4/2007

13/4 a 16/4/2007

18/4 a 21/4/2006

AUTOCOM 2007

HAIR BRASIL 2007

FENAM 2007

Expo Center Norte São Paulo/SP (11) 3063.2911 www.hairbrasil.com.br

Expotrade Pinhais Pinhais/PR (41) 3335.3377 www.diretriz.com.br

10/4 a 14/4/2007

12/4 a 22/4/2007

23/4 a 26/4/2007

AUTOMEC 2007

BOAT SHOW 2007

ABRINQ 2007

Marina da Glória Rio de Janeiro/RJ (21) 2205.6716 www.boatshow.com.br

Expo Center Norte São Paulo/SP (11) 3045.3710 www.abrinq.com.br

16/4 a 18/4/2007

24/4 a 27/4/2007

RESTAUBAR 2007 DELISHOW 2007

MOVEXPO 2007

Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP (11) 5531.3899 www.ideti.com.br/autocom

Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP (11) 4191.4324 www.automecfeira.com.br 10/4 a 12/4/2007

AVESUI 2007 CentroSul Florianópolis/SC (15) 3262.3133 www.avesui.com.br

Transamérica Expo Center São Paulo/SP (11) 4689.1935 www.siennainterlink.com.br

Centro de Convenções de Pernambuco Olinda/PE (11) 3817.8711 www.movexpo.com.br

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) 78 – Empreendedor – Março 2007


Março 2007 – Empreendedor – 79


80 – Empreendedor – Março 2007


Março 2007 – Empreendedor – 81


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Desde o mês de fevereiro, o site Empreendedor está com todo o seu conteúdo liberado para acesso de todos os leitores, cadastrados ou não como usuários. Mas somente os cadastrados recebem toda semana por e-mail a newsletter que informa aos assinantes as novidades do site. A newsletter é distribuída uma vez por semana e traz indicações para novas reportagens, entrevistas e artigos. Também indica o caminho para que o leitor encontre informações sobre um determinado assunto. Para não perder nenhuma novidade do site, assine agora mesmo a newsletter do site Empreendedor. Para isso, acesse www.empreendedor.com.br e na página inicial clique em “Cadastre-se”, na área “Login”, no canto superior direito, ao lado do cabeçalho do site. Em seguida, preencha o cadastro e assinale a opção: “Quero receber a newsletter e-Empreendedor”. Para mais esclarecimentos sobre a newsletter, escreva para site@empreendedor.com.br.

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