Empreendedor
A RESISTÊNCIA DO SABÃO DE PEDRA
RESTAURANTES FORA DO LUGAR COMUM
Abril 2007 • R$ 9,90
ISSN 1414-0152
Ano 13 • Nº 150
www.empreendedor.com.br
A FÉ MOVE OS NEGÓCIOS
Ano 13 • Nº 150 • abril 2007
MOTOS POPULARES ACELERAM SUNDOWN
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Abril 2007 – Empreendedor – 3
A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
Nesta Edição
Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação
Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Gesner C. Vieira e Márcia Marafon Projetos Especiais: José Lamônica (Lamônica Associados) Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivos de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executiva de Atendimento: Luana Paula Lermen [luana@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666
PG. 16
Capa
O estímulo da fé
O mercado religioso no Brasil movimenta R$ 11 bilhões ao ano, atraindo os empreendedores que investem nos grandes eventos, nos centros de peregrinação e em lojas tradicionais que não dependem mais da sazonalidade das datas consideradas sagradas. A visita do Papa em maio e a canonização de frei Galvão estimulam os que procuram fazer negócios nesse nicho com aumento constante de vendas.
TOMAS MAY
Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas, Index Open e Tomas May Produção e Arquivo: Carol Herling Foto da capa: Tomas May Revisão: Renato Tapado
Escritórios Regionais
Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Gráfica Pallotti - Porto Alegre Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
ANER 4 – Empreendedor – Abril 2007
PG. 28
Gastronomia Fora do lugar-comum
A receita pode ser até a mesma, mas os pratos certamente não saem iguais. Dependem da combinação de ingredientes extras como conhecimento, prática e criatividade na culinária. E o mais importante: vocação para cozinhar. Esse é o principal quesito para atuar em um mercado que corresponde a 2,4% do PIB brasileiro e congrega cerca de um milhão de empresas, gerando seis milhões de empregos diretos em todo o país.
PG. 36
Mercado Sabão sem desmanche
Simplicidade e eficácia são características típicas do sabão em barra (ou pedra), e o segredo de sua permanência no mercado de higiene e limpeza. Consagrado por seu maior rendimento na limpeza, o produto se mantém há tempo sem alterações significativas na formulação e na apresentação ao consumidor final. E continua vendendo, com bons resultados: a margem de lucro fica entre 30% a 40%, em média.
INDEX OPEN
Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-3391 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900
PG. 62
Abril/2007
TI
Nanoprodutos Agronegócio, engenharia e saúde se beneficiam das aplicações empreendedoras da nanotecnologia no Brasil, como a Língua Eletrônica, um sensor gustativo para avaliação de bebidas, entre elas, água, vinho e café, desenvolvida pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
PG. 10
Entrevista: Gilberto Bomeny
Pólo empresarial Desde o início da década de 1970, Gilberto Bomeny, presidente do World Trade Center (WTC) Brasil, já pretendia montar um centro de comércio no país, mais especificamente na cidade de São Paulo. Acreditava ser uma boa oportunidade, em uma época em que pouco se falava sobre centros empresariais no Brasil. Mas foi preciso persistir, ao longo de vinte anos, até concretizar seu empreendimento. PG. 52
Perfil: Antônio Carlos Romanoski
INDEX OPEN
O homem da moto popular
PG. 42
Franquia
Rede de complementos Produtos para emagrecer, aumentar massa muscular, performance e qualidade de vida fazem da SNC uma rede de franquias muito procurada por pessoas que se identificam com o assunto. Impulsionada por uma demanda crescente, a explosão do mercado de suplementos alimentares e vitaminas atinge hoje 17,4 bilhões de dólares em todo o mundo.
O presidente da Brasil & Movimento S.A. (B&M), líder na fabricação de bicicletas com a marca Sundown, em 2002 ampliou a sua participação no segmento de duas rodas com a fabricação de motos de baixa cilindrada. Em pouco mais de três anos de mercado, a Sundown Motos tornou-se a terceira marca mais vendida do país, com 4,9% de participação no mercado.
PG. 58
A voz da experiência: Aleksandar Mandic
O carteiro digital Ele é o pioneiro na internet no Brasil, criador do primeiro provedor do país. Hoje, está à frente da Mandic, uma empresa que oferece serviços de e-mail para grandes negócios. Foi um dos primeiros no mundo a vislumbrar e-mails de grande capacidade, na frente de companhias internacionais como o Google. Trabalha como um carteiro na internet, garantindo a entrega de mensagens grandes para os clientes.
LEIA TAMBÉM
GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 7
Cartas ................................................................. 7
Produtos e Serviços .......................................... 68
Empreendedores .................................................. 8 Não Durma no Ponto ......................................... 14
Lei ..................................................................... 70 Leitura ............................................................... 72 Análise Econômica ............................................ 76
Pequenas Notáveis ............................................ 50
Indicadores ....................................................... 77
Empreendedor na Internet ................................ 82
Agenda .............................................................. 78
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de Empreendedor para Empreendedor
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Editorial idelizar os clientes é um lugarcomum no mundo dos negócios. É a meta de todo empreendimento que se proponha a sobreviver e crescer. Mas possivelmente só dois setores tenham a fé como insumo básico nas suas atividades: o futebol e a religião. Assim como o torcedor que passa a vida vibrando pelo seu time, e quando morre é enterrado enrolado na bandeira da sua predileção, da mesma forma o fiel de uma igreja tem a convicção que jamais se apaga e a essa certeza dedica sua passagem pela terra. Quem lida com produtos e serviços do mercado religioso conta com essa vantagem da empatia dos seus clientes. Mas, como em qualquer outro ramo, é preciso oferecer o que há de melhor, pois o cliente com fé voltará sempre a consumir, e o hábito traz embutida a necessidade de dispor das soluções mais adequadas, dos artigos considerados à altura da devoção ao sagrado. Nossa matéria de capa traz a diversidade dos empreendedores da fé, aqueles que, religiosos ou não, procuram atender clientes com as mes-
F
mas características encontradas nos outros setores: exigentes e críticos, eles pressionam para que a imagem, a música, o livro, o terço, a fita, entre tantos outros itens, sejam o veículo ideal dos sentimentos e idéias que levam pela vida afora. Um evento poderoso como a visita do Papa em maio é apenas um detalhe dessa atividade que está em ascensão e já não depende mais da sazonalidade das festas e datas escolhidas para as celebrações. O que conta é ter disponível, no centro de peregrinação, no próprio bairro, na feira temática, tudo o que é necessário para se identificar com determinada religião. Pois é disso que se trata: a fé faz parte da identidade pessoal, e multidões acorrem às lojas, tendas, fábricas e aos profissionais especializados para ter à mão o que falta para que essa identidade fique explícita e seja uma espécie de carta de apresentação da pessoa que trafega tanto pela vida íntima quanto a profissional. Nei Duclós
bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR
Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.
Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.
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Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.
Cartas NCH Cultura Estou com a Empreendedor que traz a matéria sobre a Nossa Cultura em mãos! Gostaria de parabenizar o repórter Wendel Martins pelo trabalho e agradecer pela divulgação do meu cliente. Sempre que precisar, é só chamar. Estarei aqui à disposição. Janaína Azzoni
Rosa Arrais Assessoria de Comunicação
Tatuagens Carol, parabéns pela matéria “As grifes da tatuagem”. Muito legal a pauta, e melhor ainda o texto! Eldi Willms
Vi minha entrevista na Empreendedor (edição número 149, de fevereiro), está legal, porém o nome da empresa é NCH, ao invés de NHC. Agradeceria se pudesse corrigir. Mirian Zacareli
NCH Corporation
Jeito Moleque Sobre a matéria publicada na Revista Empreendedor do mês de março com o título “Shows Planejados”: o que acontece é que na mátéria o nome do empresário do Jeito Moleque está errado, já que Alexandre Baptestini é apenas um parceiro da WFA Eventos, empresa responsável pela carreira do Jeito Moleque e que tem como empresário Fabio Ponte. Após a publicação, recebemos muitas ligações questionando se o Jeito Moleque havia trocado de empresário, só depois que tomamos conhecimento da matéria em sua revista é que entendemos por que os questionamentos. Como assessora de imprensa do grupo, estou esclarecendo a vocês da Revista Empreendendor, e algumas pessoas que nos questionaram, que o empresário do Jeito Moleque é Fabio Ponte, que sempre respondeu pela carreira do grupo. Desde já, agradeço sua atenção e coloco-me à disposição para esclarecimentos. Dagmar Alba – WFA
Assessora de Imprensa (11) 3803-9979
São Paulo – SP
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Empreendedores Edson Filho
Convívio erudito Em três anos de atividades, o Espaço Cultural É Realizações, em São Paulo, proporciona ao visitante música erudita, contato com os filósofos contemporâneos mais controversos, uma charmosa livraria, além de eventos culturais exclusivos. “Nossa editora lançou, desde 2000, mais de 38 títulos, e em 2004, com a abertura do Espaço Cultural, passamos a promover eventos, cursos e shows que são apresentados de forma interdisciplinar, evidenciando
nossa vocação educacional”, diz Edson Filho, diretor do espaço. Um dos cursos mais solicitados no ano passado foi o de Degustação Musical, ministrado pelo compositor Sérgio Molina, que engloba aulas de iniciação à audição de compositores eruditos, como Mozart, Rachmaninoff e Ligeti. Para o mês de maio, o espaço cultural prepara um curso de história e evolução da MPB, que também será ministrado por Sérgio Molina. www.erealizacoes.com.br
Marcelle e Tamille de Souza Zanatta
Herdeiras da moda As jovens Marcelle e Tamille de Souza Zanatta, filhas de Tida Zanatta e netas de Adelina Hess de Souza – matriarca do Grupo Dudalina –, estão herdando da família o prazer pelo comércio de roupas e planejam investir no segmento de festa. Elas, que já atuaram nas lojas da família, inauguraram seu próprio espaço, voltado exclusivamente para multimarcas de
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luxo. Com conceito do renomado arquiteto Sig Bergamin, o espaço reflete o gosto da dupla pela moda contemporânea e também abriga a primeira franquia da Le Lis Blanc em Florianópolis. Formadas em Administração de Empresas e também em moda “pela convivência em família”, as irmãs prometem fazer um trabalho diferenciado e cheio de estilo.
Orlando Pavani Júnior
Transformação empresarial A Gauss Consulting, empresa de consultoria instrumental e assessoria especializada, nomeou Orlando Pavani Júnior como CEO da empresa. Pavani, que já atuava na companhia como consultor e instrutor, assume o cargo com a responsabilidade de adequar as áreas de atuação da organização com a demanda atual de seu público e, conseqüentemente, aprimorar os serviços da Gauss junto ao mercado. Formado em Administração de Empresas com especialização em Administração Industrial e pós-graduado em Economia Empresarial, Pavani acumula 27 anos de experiência na área de gestão organizacional e estuda “ciência do comportamento”, com mais de 20 cursos específicos relacionados ao assunto. O objetivo é conciliar a avaliação das equipes com o crescimento das companhias. “Meu foco de atuação será no desenvolvimento de nossa área comercial para promover o crescimento sustentado de nossas divisões e consolidar nossa imagem como especialistas em Transformação Empresarial, explorando nossa capacitação e credenciamento nas áreas de estatística empresarial, desenvolvimento humano e excelência da gestão organizacional.” www.gaussconsulting.com.br
Patricia Martinez
Arquiteta global Em oito anos de profissão, a arquiteta Patricia Martinez já desenvolveu mais de 250 projetos comerciais e residenciais de alto padrão, e agora vem ganhando prestígio e muito trabalho no mercado internacional, com a finalização de obras em Nova York, Estocolmo e Madri. Sócia do Núcleo de Arte Contemporânea do MAM (Museu de Arte Moderna), onde estreita sua relação com curadores, artistas, formadores de opinião e pessoas relacionadas a este universo, Patricia trabalha a funcionalidade, e o rigor estético dos espaços e ambientes que projeta. O comprometimento com o design brasileiro original, mas com novas propostas que utilizam variadas opções de matéria-prima da terra, linhas finas e modernas, e toques de leveza chama a atenção de norteamericanos e europeus. Recentemente, Patricia foi convidada para participar da Casa Cor Estocolmo como representante da arquitetura brasileira. “Com os recursos da era digital e algumas visitas ao espaço, consigo trabalhar a distância e garantir que o projeto saia exatamente como planejei. Devido à integração do mundo globalizado, meus projetos – mesmo os nacionais – contam com as melhores soluções que cada país no mundo tem a oferecer.” (11) 3078-3815
Caio Romano
Kit Bixo De olho em um público exigente, com poder de consumo e potencial de opinião, o empresário Caio Romano, através da sua agência Mundo Universitário, criou o Kit Bixo. A inspiração vem dos kits entregues tradicionalmente pelas faculdades e suas entidades acadêmicas aos alunos nos primeiros dias de aula. Os “bixos” – como são conhecidos os calouros universitários –, recebem brindes como camisetas, canecas, adesivos, bonés, entre outros souvenires, patrocinados por empresas que desejam fixar suas marcas junto a este público. O projeto já teve a participação de grandes empresas e este ano conta com patrocínio total do Guaraná Schin. Atualmente, Romano faz a distribuição de seus kits em 18 universidades do Estado de São Paulo, e cada ação atinge em média 30.000 estudantes. www.mundouniversitario.com.br Abril 2007 – Empreendedor – 9
Entrevista
Gilberto Bomeny
Um núcleo de eventos Criar um centro empresarial no Brasil com marca internacional, forte e conhecida, serviu para gerar um pólo dinâmico de novos negócios por
Fábio Mayer
Desde o início da década de 1970, Gilberto Bomeny, presidente do World Trade Center (WTC) Brasil, já pretendia montar um centro de comércio no país, mais especificamente na cidade de São Paulo. Acreditava ser uma boa oportunidade, em uma época em que pouco se falava sobre centros empresariais no país. Mas foi preciso persistir, ao longo de vinte anos, até concretizar seu empreendimento. Para gerar negócios em escala mundial, não bastava oferecer apenas uma estrutura de serviços e equipamentos. Era necessário começar com uma presença forte no mercado internacional, calcado em uma marca importante, de preferência conhecida em todo o mundo. Encontrou no WTC sua oportunidade para pôr em prática seu projeto. É uma instituição internacional que, atualmente, está presente em mais de 80 países, possui mais de 500 mil empresas afiliadas e promove o intercâmbio econômico. Ela exerce uma estratégia compatível ao que vislumbrava. Em 1972, entrou com o pedido para se filiar à WTC Association e conseguiu a licença da WTC para o Brasil. “Na época, o governo brasileiro se balizava pelo bordão ‘Exportar é o que importa’, criado pelo então responsável pela economia, Delfim Neto”, diz. Mas o início das obras ocorreu somente duas déca-
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das mais tarde. Com o apoio de 33 fundos de pensão e um investimento de US$ 200 milhões, o empreendimento foi finalmente inaugurado em 1995. O WTC São Paulo é hoje um dos maiores e mais modernos complexos empresariais da América Latina. “O complexo coloca à disposição tudo o que é necessário para a realização de negócios: escritórios e salas de reuniões, escritórios temporários, espaço para feiras, exposições e eventos, videoconferência, clube de negócios, sofisticados restaurantes, práticos fast-foods, academia, lojas de decoração e design, hotel e uma infinidade de serviços.” A unidade localizada na capital paulista compreende torre de escritórios (WTC Tower), hotel (Gran Meliá), Clube de Relacionamento (WTC Club), centro de convenções, e shopping de decoração e design (D&D Shopping). Além de São Paulo, há uma unidade em Santos. “Nosso objetivo, em longo prazo, é poder estender o WTC às diversas capitais brasileiras.” A nova aposta de Bomeny é gerar oportunidades no mercado interno, oferecendo espaço e estrutura para a realização de negócios. “O complexo tem condição de se espalhar e ajudar até no próprio mercado interno, que é muito grande. Pode
gerar relacionamentos internos com isso, não precisa ser externo.” Dez anos depois da inauguração do WTC em São Paulo, ocorreu uma grande expansão imobiliária em torno da localização do complexo. “É lógico que os negócios que estão ocorrendo aqui em volta não têm a assinatura do WTC, mas depois que trouxemos o empreendimento para cá, surgiu um novo centro empresarial em São Paulo, gerando centenas de milhares de empregos”, diz. Empreendedor – Como o World Trade Center São Paulo está inserido no ambiente de negócios do Brasil e do mundo?
Gilberto Bomeny – O World Trade Center (WTC) é um centro de comércio internacional, uma central de negócios em escala mundial, uma estrutura de serviços e equipamentos para os profissionais das transações com o exterior. A marca WTC está inscrita hoje em cerca de 300 cidades membros, em mais de 80 países, com mais de 500 mil empresas afiliadas. No Brasil, somos dois WTCs. Um em São Paulo e outro em Santos. Além da missão internacional da rede WTC Association, temos a missão nacional de oferecer uma completa infra-estrutura e serviços para a geração de negócios como hotel, centro de convenções, shopping, torre de escritórios, clube de negócios e relacionamento. Por exemplo, a Samsung realizou um evento aqui, em que ela convidou todos os seus representantes na América Latina e durante dois ou três dias fez suas vendas mundiais para essa região. Geramos a oportunidade pelos espaços que oferecemos à empresa para fazer isso. Empreendedor – Existe alguma cooperação ou interação entre os WTCs espalhados pelo mundo para o estímulo ao desenvolvimento de negócios?
Bomeny – Essa é a missão da WTC Association, promover o intercâmbio de informações e aproximar empresários do mundo todo para geração de negócios.
Temos a missão de oferecer uma completa infraestrutura e serviços para a geração de negócios
O lema da WTC Association é Peace & Stability Through Trade (Paz e Estabilidade através do Comércio). Quanto mais negócios houver entre os países, menos guerras acontecerão. Tem um dado muito interessante, que 2005 foi o único ano, na história do mundo, que não houve guerra entre nações. Ocorreram atos terroristas, mas não guerra. O motivo verificado pelo Cato Institute (fundação sem fins lucrativos de pesquisa em política pública) é que esse ano houve maior intercâmbio de comércio entre as nações. Empreendedor – O intercâmbio de negócios promovido pelo WTC é uma alternativa para buscar e consolidar a participação em novos mercados? Como o senhor avalia o mercado dos espaços para os negócios na inserção das pequenas empresas em grandes estruturas como o WTC?
Bomeny – As grandes empresas multinacionais têm representantes nas principais cidades do mundo, já têm com quem falar. Mas um empresário que queira ir para a Rússia tentar fazer um determinado negócio vai gastar com passagem, ficar uma semana e, provavelmente, se encontrar com pessoas erradas, demandando uma nova viagem. Pelo fato de ter um WTC naquele país, o empreendedor pode, pelo menos, con-
seguir informações prévias. Por exemplo, contar com a ajuda de alguém para prontamente marcar as entrevistas e fazer pesquisas de mercado. Tudo isso a um custo muito menor, sem precisar gastar uma grande soma em viagem, e quando precisar ir, ele vai muito consciente do que pode encontrar. Às vezes, isso é mais importante do que o próprio negócio, evitar gastos desnecessários e falar com as pessoas certas. Empreendedor – O que o complexo oferece?
Bomeny – O WTC São Paulo é o
maior e mais moderno complexo empresarial da América Latina. A unidade é composta pela torre de escritórios WTC Tower, pelo WTC Hotel, pelo Clube de Relacionamento WTC Club e pelo mais completo centro de decoração e design, o D&D Shopping. O complexo coloca à disposição tudo o que é necessário para a realização de negócios: escritórios e salas de reuniões, escritórios temporários, espaço para feiras, exposições e eventos, videoconferência, clube de negócios, sofisticados restaurantes, práticos fast-foods, academia, lojas de decoração e design, Abril 2007 – Empreendedor – 11
Entrevista
Gilberto Bomeny
hotel e uma infinidade de serviços. Empreendedor – Quem certifica e como é o processo de certificação de um WTC no mundo?
Bomeny – Temos um comitê (WTCA Board) e uma auditoria que visita e avalia todos os WTCs que têm uma infra-estrutura. Este trabalho é realizado de quatro em quatro anos, e o WTC São Paulo foi reconhecido com a categoria Silver por atender a todos os requisitos: Trade Information Service, Trade Education Service, WTC Club Facilities, Conference Facilities, Exhibit Facilities, Group Trade Mission, Tenant Services e Trade Technology Innovations. Empreendedor – Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou para trazer o WTC para o Brasil?
Bomeny – Entrei com o pedido para se filiar à WTC Association em 1972 e estava com a licença da marca WTC para o Brasil. Mas somente duas décadas depois conseguimos dar início às obras. Na época, o governo brasileiro se balizava pelo bordão “Exportar é o que importa”, criado pelo então responsável pela economia, Delfim Neto. Empreendedor – Qual era o cenário nacional em relação às oportunidades de negócio quando obteve a licença da marca WTC para o Brasil, na década de 1970? A situação atual da economia brasileira é propícia à realização de novos negócios?
Bomeny – O cenário político e econômico tão favorável na ocasião experimentava turbulências, alterações, e se passaram 20 anos até que as condições voltassem a ser favoráveis. Só ao tempo da abertura da economia brasileira, iniciada no governo Collor, nos anos 1990, apresentamos o projeto à Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). O conceito foi apresentado aos representantes de trinta fundos patrocinados por empresas públicas e privadas de di-
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ferentes setores. Aberto a pequenos, médios e grandes investidores, o projeto oferecia a oportunidade de representantes dos fundos acompanharem todas as etapas das obras, do início ao fim. Empreendedor – Existia alguma resistência, na época, por parte dos empreendedores?
Bomeny – Não. A visibilidade que temos vem dos espaços que oferecemos e da infra-estrutura que criamos. Isso é imbatível, mesmo para quem não quer saber de nada lá fora.
Pode-se falar o que quiser por telefone e internet, mas os grandes negócios são realizados olho no olho
gastos das empresas, atrás apenas de despesas com insumos e folha de pagamento, em geral. Esse é um dado correto? Houve crescimento nos últimos anos?
Bomeny – Sim, em São Paulo notase um crescimento. A cidade realiza um evento a cada seis minutos e cada vez mais vai sobreviver do turismo de negócios. Não tem mar nem praia, é business puro. Até mesmo nos fins de semana um grande número de turistas chega à capital paulista, para fazer compras e também apreciar a gastronomia. Empreendedor – A popularização da telefonia (videofone, por exemplo) pode desencadear uma redução nos gastos com viagens?
Bomeny – Não acredito. Pode-se falar o que quiser por telefone e internet, mas os grandes negócios são realizados olho no olho. O acordo presencial nunca vai deixar de existir. É comum querer tocar no produto antes de concretizar uma compra, por exemplo. O aumento das feiras e dos eventos especializados comprova isso. Empreendedor – Quais as perspectivas de expansão do WTC no Brasil?
Empreendedor – Desde aquela época, quais as mudanças mais significativas, na sua opinião?
Bomeny – Nesses dez anos, ocorreu uma grande expansão imobiliária, e, hoje, não existe mais terreno. No início, tínhamos 300 quartos de hotel, que representavam 100% da oferta e, atualmente, temos 2.800 e somos menos de 10% da oferta. É lógico que os negócios que estão ocorrendo aqui em volta não têm a assinatura do WTC, mas depois que trouxemos o empreendimento para cá, surgiu um novo centro empresarial em São Paulo, gerando centenas de milhares de empregos. Empreendedor – O turismo de negócios é o terceiro item na lista de
Bomeny – Nosso objetivo, em longo prazo, é poder estender o WTC às diversas capitais brasileiras. Hoje, estamos, além de São Paulo, apenas na cidade de Santos, mas o complexo tem condição de se espalhar e ajudar até no próprio mercado interno, que é muito grande. Pode gerar relacionamentos internos com isso, não precisa ser externo. Empreendedor – Crescer cada vez mais no mercado de eventos?
Bomeny – Exatamente. Esse é o nosso foco. Hoje, temos um evento, semana que vem temos outro, e é isso que faz o complexo ter vida.
Linha Direta Gilberto Bomeny wtcnews@wtc.com.br
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Não Durma no Ponto Síndrome da prosperidade tardia Sim! Há quem sabote o seu próprio sucesso. Em geral, são as mesmas pessoas que procuram explicações externas, fora de si e por isso de sua responsabilidade, para justificar o próprio insucesso. E muitos são os culpados, claro: a economia, o mercado, a concorrência, a pressão dos fornecedores ou dos clientes. Sempre existe um culpado, que mora ao lado. E age de maneira incontrolável, predatória. Não resta aos sabotadores de si mesmos senão sucumbir. Parece que essa questão de identificar um culpado fora de si está na origem da história da humanidade. É só dar uma olhada na Bíblia. Quando Deus perguntou a Adão quem foi que transgrediu a lei e comeu a maçã da árvore proibida, ele foi logo jogando a culpa em Eva. Ela, por sua vez, também tratou de tirar o corpo fora, quando interpelada: “foi a serpente”, justificou-se. Então... É bem provável que esteja aí, nessa atitude descompromissada, a diferença entre o ser humano que se considera uma simples criatura e o que se assume criador. A criatura sempre está à mercê das circunstâncias, pois acha que a solução de seus problemas não depende dela. É uma vítima, sempre. Por isso, espera, aguarda e trabalha para objetivos que, em geral, não são seus. O criador, por sua vez, escolhe o mundo em que quer viver, constrói o seu futuro e se responsabiliza por ele, na certeza de que está dirigindo o leme, e dele, como condutor, dependem tanto os bons como os maus resultados. Voltemos ao início. Dizia que há quem sabote o seu próprio sucesso. E isso requer esforço. É como nadar contra a maré. Qualquer pessoa sabe que é desgastante (e improdutivo) contrariar a natureza. Ainda mais porque a nossa natureza é de evolução, de expansão, tem como fermento uma promessa de progresso. Assim, o sucesso é ineren-
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te à existência. Por que, então, nem todos prosperam? Uma das razões pelas quais isso ocorre é porque muitos sofrem da síndrome da prosperidade tardia. E do que se trata? Simplesmente, postergar a prosperidade para um futuro indefinido e sempre longínquo, enquanto corremos atrás dela. Um horizonte que se afasta, a cada passo que a pessoa dá.
O criador escolhe o mundo em que quer viver, constrói o seu futuro e se responsabiliza por ele
Está na sua frente, mas inatingível como uma miragem no deserto. Trata-se de um paradoxo, mas é a pura verdade. Vejamos como funciona. Sabotagem 1: É preciso lutar pela sobrevivência e garantir o sustento. Cada um de nós pula bem cedo da cama, sai para o trabalho a que se dedica, devotadamente, não raro mais que oito horas por jornada, e nem sempre apenas nos chamados dias úteis. É o desafio de assegurar o “leite das crianças”, como diz o jargão popular. Significa lutar pela sobrevivência, garantir o sustento próprio e da família. Pelas dificuldades que sempre aparecem no caminho, esse dia-a-dia é uma
luta constante, nada menos que uma guerra, com sucessivas batalhas nos negócios. Parece que há poderosos inimigos a combater: a ganância do fornecedor, a voracidade do concorrente, o oportunismo do cliente, o mercenarismo do funcionário. Um triste e devastador cenário. Daí, surge a primeira sabotagem comum: o tempo despendido na artilharia e as habilidades adquiridas para esse fim impedem que se direcionem as atenções para ampliar os conhecimentos e habilidades fundamentais à conquista da prosperidade. Ou seja, quem luta pela sobrevivência não pensa em outra coisa. E a prosperidade está na “outra coisa”, e não em perpetuar a busca da sobrevivência. Uma armadilha mortal. Enquanto se luta pela sobrevivência com sofreguidão, perde-se a oportunidade de encontrar a prosperidade, que, por incrível que pareça, mora ao lado, de tão próxima, ou mora dentro de cada um de nós, de tão íntima. Tremendo paradoxo! Por vivê-lo (e essa é uma escolha nossa), adiamos a prosperidade, na eterna espera de chegar a ela por um passe de mágica e sempre no futuro. Somos vítimas da síndrome da prosperidade tardia, que se torna quase tão real como uma criatura. Ela, de fato, existe. Mas nós mesmos a criamos e fortalecemos. Dia após dia, construímos a armadilha que nos suga. Sabotagem 2: Os mais fortes devoram os mais fracos. A luta pela sobrevivência costuma se transformar numa arena de guerra, em que os mais fracos são abatidos pelos mais fortes. Daí, a necessidade de combater ou, como se diz nos negócios, competir. Mas competir implica focalizar a atenção no adversário, em vez de mantê-la apontada para o que, de fato, traz a prosperidade. Faz
por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net
parte das estratégias e táticas lançar mão de recursos suicidas, como cobrir as ofertas dos concorrentes, ainda que às custas de prejuízos. Tal procedimento acontece mais pelo instinto de competição ou pela ânsia de eliminar o concorrente do jogo do que de sair em busca de resultados que levem à prosperidade. Competir para preservar mercados conquistados ou tomar mercados dos concorrentes é uma das facetas dessa terrível e desgastante arena de guerra. Ocorre que, muitas vezes, essa arena de guerra se instala no interior da própria empresa, representada pela desconfiança que o líder tem de seus liderados. É quando ele vê os próprios funcionários como uma ameaça, porque acha que podem se transformar em futuros concorrentes ou de aliar-se a estes, levando informações vitais ao “inimigo”. Com isso, a sabotagem acontece em grau elevado: esconder ou omitir dos colaboradores, que fazem os resultados, informações importantes sobre o mercado, os clientes, as estratégias, o futuro e mesmo os próprios resultados. Informações fundamentais que facilitariam aos funcionários atingir os melhores desempenhos. É como dar um tiro no próprio pé. Esse tiro no pé é mais um dos sintomas da síndrome da prosperidade tardia.
para que ele fique, de preferência na sua totalidade, nas próprias mãos. Com isso, toda a luta pela sobrevivência, bem como a competição que beira o predatório, tem como principal objetivo extrair o máximo dos agentes envolvidos no negócio: fornecedores, clientes, funcionários, governo. É quando pensamentos e intenções estão voltados a extrair o máximo des-
Sabotagem 3: O lucro como uma conta de soma zero. Quando se vive nesse espaço de sobrevivência e competição, pensa-se no lucro como um somatório de aquisições obtidas, quando se consegue extrair o máximo do mundo ao redor. O lucro é compreendido como matéria, algo escasso que muda de mãos como resultado da dinâmica do próprio mercado. E como é escasso e muda de mãos, faz-se um esforço gigantesco
Sabotagem 4: A profecia que se realiza. As três sabotagens que acabamos de definir partem de uma única premissa: a de que os negócios são escassos. O mercado é visto como um lugar precário, e, portanto, cada um para si, e Deus para todos. Só existe um primeiro lugar, e o pódio é de quem for capaz de ser o mais forte, o mais ligeiro e o mais competitivo. Daí que, nessa maratona, se desenvolvem competências que têm como pro-
Não é no pódio que está a prosperidade, nem nas competências aprendidas para chegar lá
ses agentes, que, ao contrário, o máximo que se consegue é o mínimo ao longo do tempo. Aqui está outra triste faceta da síndrome da prosperidade tardia, embora num primeiro estágio existam sinais enganosos de prosperidade.
pósito superar os outros, e isso implica força, velocidade e competição. Mas não é no pódio que está a prosperidade, muito menos no conjunto de competências que foram aprendidas para chegar lá. Quando o que existe é apenas a solidão de ocupar o primeiro lugar no pódio, esse “vencedor” tem uma única certeza: de que a escassez realmente existe, tais são o distanciamento e o isolamento provocados por esse tipo de sucesso. É quando o sucesso traz como saldo a própria ruína. É uma corrosiva e tacanha vitória de Pirro, em que as perdas são maiores do que os ganhos. Ao final, acentua-se ainda mais a crença na escassez, ao invés da fé na abundância, que é onde mora a verdadeira prosperidade. Bebendo do próprio veneno Foi Nietzsche quem disse que o “vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro”. A síndrome da prosperidade tardia está relacionada ao mau amor que temos por nós mesmos. E de não conseguirmos ver os outros como parte de nós. Extraímos dos outros e nos sabotamos. Adiamos nossa própria prosperidade, ad eternum. Nesse caso, os outros são meios através dos quais obtemos o nosso êxito, ao invés de um fim em si. Uma guerra de perde-perde. Sem vencedores. Uma verdadeira indústria de fabricar miséria. Prosperidade significa zelar por todos os que nos acompanham nessa jornada. Preservar essa comunidade. Para tanto, precisamos colocar a cooperação no lugar da competição e a contribuição no lugar da extração. Isso implica outro conjunto de competências, que tem de ser aprendido e incorporado. E tudo começa quando tiramos os óculos que só enxergam a escassez. A boa mágica é trocá-los, definitivamente, por óculos que enxergam a realidade como ela é, feita de abundância e prosperidade. Abril 2007 – Empreendedor – 15
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Empreendedores Fiéis ou não, pequenos e grandes empresários disputam o agitado mercado religioso no Brasil e no exterior por
Alexsandro Vanin
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No Brasil, apenas 7,4% da população declara não ter religião, de acordo com o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os teístas, segundo a mesma pesquisa, formam um grupo de 157,3 milhões de pessoas, e 73,6% dos brasileiros designam-se católicos, 15,4%, evangélicos, e 1,34%, espíritas. Para atender esses fiéis e aqueles de países de todos os continentes, existem milhares de
pequenos negócios – e também grandes empresas – iniciados por inspiração religiosa ou mercadológica. Esse mercado, que gira R$ 11 bilhões por ano, conforme dados da Promocat Marketing de Serviços, se encontra agora em polvorosa com a visita do líder espiritual do conjunto mais numeroso, o Papa Bento XVI, e a canonização do primeiro santo de origem brasileira, frei Galvão.
da fé A comercialização de artigos religiosos existe há quase tanto tempo quanto a própria religião. Uma das histórias mais antigas de que se tem conhecimento é a revolta de Jesus Cristo por causa da venda de animais para sacrifício e câmbio de moedas no templo de Jerusalém. Mas, segundo o doutor em história Moacyr Flores, esse mercado começou a ganhar maiores proporções quando a Igreja Católica se TOMAS MAY
refugiou nas catacumbas, realizando rituais junto a restos mortais de mártires. Surgiu aí o costume de que cada igreja deveria ter uma relíquia de um mártir, depois santo. “Tudo servia como relíquia: dentes, falanges, caveira, pedaços de roupa, qualquer coisa.” Tornou-se um vasto campo para a falsificação desses itens, principalmente na Idade Média, época em que até mesmo um lugar no céu passou a ser vendido. Católicos fervorosos, os portugueses instalaram no Brasil o mesmo modelo. Cada igreja fabricava e vendia imagens de santos, relíquias, terços, estampas e orações para ajudar na construção ou manutenção do templo, conta Flores. Para o sociólogo Gamaliel Carreiro, esse comércio sempre foi intenso, sobretudo dentro do catolicismo popular e, mais recentemente, entre alguns movimentos neopentecostais, porque a sociedade brasileira é muito ligada à magia. E, nos últimos anos, o Brasil se tornou um país onde outras tradições religiosas passaram a ser consumidas, em geral fruto de modismos, tais como algumas religiões orientais (budismo, taoísmo e new age, entre outras), o que dinamizou consideravelmente este mercado. “Soma-se a isso o processo de financeirização e empresarização pela qual passaram algumas instituições religiosas e a necessidade de trabalharem cada vez mais com recursos financeiros”, diz Carreiro, que desenvolve uma tese na Universidade de Brasília sobre as teorias econômicas e administrativas aplicadas às instituições religiosas.
Peregrinações As religiões mais antigas têm as peregrinações como fundamento de fé. Segundo o antropólogo Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, um visitante a Lourdes, na França, Jerusalém, em Israel, Mashad, no Irã, ou Benares, na Índia, se impressionará com a multidão de peregrinos e também com a incessante atividade nos mercados que existem perto – ou mesmo dentro – dos santuários, onde os devotos se transformam em ávidos consu-
midores. O fato é que o turismo religioso movimenta a economia de cidades e regiões, gerando receita não só no comércio, mas também na área de serviços, como alimentação e hospedagem. No Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), os principais roteiros do gênero são Aparecida do Norte (SP), Nova Trento (SC) e Nova Jerusalém (PE). A religião foi apontada como razão para viagens em 2006 por 3,2% dos turistas internos e 0,4% dos estrangeiros. Aparecida do Norte, localizada a 160 quilômetros de São Paulo, atrai 8 milhões de turistas por ano – 10% desse contingente visita a cidade em outubro, mês comemorativo a Nossa Senhora Aparecida –, que em média deixam na localidade R$ 50 cada. O Santuário Nacional, a Basílica Velha e o Morro do Cruzeiro são os principais atrativos do município, e alimentam de consumidores as 1,2 mil lojas e 3 mil barracas de ambulantes – sem contar aqueles que atuam na informalidade. Somente em Aparecida, mais de 150 indústrias fornecem artigos para esse grande mercado. O anúncio da glorificação de frei Galvão, em dezembro, modificou a vida de uma cidade vizinha, Guaratinguetá (SP), fundada em 1630. A terra natal do beato recebia em média 80 a 90 ônibus por final de semana, mas a partir deste ano o número subiu para 180. E a expectativa é de que a peregrinação aumente após a cerimônia de canonização, marcada para 11 de maio, durante a missa que Bento XVI celebrará no Campo de Marte, em São Paulo. Os principais pontos turísticos são a Catedral de Santo Antônio, o museu e a Casa de Frei Galvão, além da gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Estima-se que o visitante que se hospeda gasta quase três vezes mais do que o romeiro que passa apenas o dia em Aparecida, onde existem cerca de 27 mil leitos disponíveis em mais de 150 estabelecimentos. Devido à proximidade com Guaratinguetá e Cachoeira Paulista (cidade-sede da comunidade católica CanAbril 2007 – Empreendedor – 17
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Nova Jerusalém (acima), Basílica de Aparecida e catedral de Santo Antônio, em Guaratinguetá: núcleos dinâmicos
ção Nova, cujo objetivo é a evangelização através dos meios de comunicação), e a perspectiva de uma visitação anual de 10 milhões de pessoas, o Sebrae e entidades públicas e privadas desenvolveram o projeto Circuito da Fé para aumentar a permanência dos turistas na região – calcula-se um incremento de pelo menos 5%. O Sebrae está promovendo cursos gerenciais para proprietários e funcionários de hotéis, pousadas, restaurantes e lojas, e um guia dessas casas será distribuído antes da visita do Papa. Em cada município, placas informarão os demais atrativos do circuito. Nova Trento, pequena cidade de colonização italiana distante 80 quilômetros de Florianópolis, tornou-se famosa após a canonização de madre Paulina, a primeira santa do Brasil, em 2002. Mais de 30 mil devotos por mês dirigem-se ao município para rezar e agradecer graças alcançadas no Santuário Santa Paulina – inaugurada há um ano – e visitar a réplica da casa onde ela morou, a Colina da Madre, antigo local dos seus retiros espirituais, o Museu da Colonização, os Marcos do Milênio, da Beatificação e da Canonização, e o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, antigamente cuidado pela religiosa. Nova Trento ainda conta com o Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro, construído entre 1899 e 1912, a 525 metros de altitude, e mais de 40 oratórios de capelinhas espalhados pelos bairros. Segundo a pre-
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feita Sandra Regina Eccel, nos últimos três anos o governo do Estado investiu R$ 3 milhões em obras de infraestrutura na cidade, como a melhoria do acesso viário à cidade e ao Santuário, o que beneficia toda a população: “Existe a Nova Trento de ontem, que sofreu décadas com falta de investimento, e a de hoje, em que é possível vislumbrar um futuro.” O documentário “Cammino”, de 30 minutos de duração, conta a trajetória da Santa Paulina de Vigolo Vattaro, na Itália, sua terra natal, a Nova Trento, onde cresceu e passou quase toda a sua vida. A obra traz ainda a história da recuperação da cruz comemorativa à visita do Papa João Paulo II a Florianópolis, em 1991, encontrada parcialmente destruída em um lixão, e que atualmente se encontra em Nova Trento. Segundo a produtora Sandra Coelho, os objetivos são divulgar os carismas de Santa Paulina e estabelecer um roteiro na região, a exemplo de Santiago de Compostela. “Esperamos fomentar o turismo religioso e com isso trazer melhorias para a população regional.” A rota liga Florianópolis a Nova Trento, passando por Antônio Carlos e Major Gercino, em dois dias de trilhas entre matas e cachoeiras da Serra do Mar. “Cammino”, que possui versões em português, inglês, italiano, alemão e espanhol, tem uma extensa agenda de lançamentos no Brasil e no exterior.
Com a melhoria da infra-estrutura e o aumento da divulgação, a prefeita Sandra espera atrair investimentos privados, especialmente na área de hospedagem. “É preciso que o devoto permaneça na cidade, o que aumentaria seus gastos, hoje concentrados apenas na alimentação durante o dia de visita.” Mas não faltam restaurantes na cidade, onde se encontram a comida típica dos imigrantes italianos e um bom vinho, normalmente produzido na cidade, de maneira artesanal. Outro atrativo da região são as belezas naturais, como a vegetação exuberante que molda os caminhos que levam a Nova Trento, e as trilhas que levam a belas cachoeiras, córregos e cascatas.
Paixão Nova Jerusalém é uma cidade-teatro construída em Fazenda Nova, a 180 quilômetros do Recife, para a encenação da Paixão de Cristo durante a Semana Santa. O espetáculo, que já atraiu cerca de 2 milhões de espectadores e conta com uma equipe de produção de 400 profissionais, reúne a cada noite dos oito dias de apresentação uma média de 8 mil pessoas. Elas se transformam em figurantes e acompanham por pouco mais de duas horas a movimentação de atores de renome nacional por nove palcos. O ingresso varia de R$ 30 a R$ 40, dependendo do dia, mas um pacote de turismo
TOMAS MAY
Exposição permanente Feiras dinamizam mercado cada vez mais atraente realização do Salão Peregrinus, evento internacional de turismo religioso, além da ExpoVocacional, exposição de trabalhos de ordens religiosas, e do Conage, seminário sobre administração de paróquias e casas religiosas. “As novas atrações devem atrair um público 25% maior do que o registrado na edição de 2006”, diz Fábio Castro, diretor da ExpoCatólica. Os visitantes da ExpoCristã se dividem em líderes e pastores (35% do público), jovens e crianças (21%), músicos e técnicos de sonorização (21%), e produtores e distribuidores de artigos para lojistas (10%). “A feira se tornou mais do que um referencial para o segmento, transformou-se em uma vitrine de oportunidades de negócios e, por isso, atrai cada vez mais interessados”, diz Eduardo Berzin Filho, coordenador da ExpoCristã. Participam do evento até a indústria do mobiliário, fabricantes de instrumentos musicais, instituições de responsabilidade social, bancos e administradoras de cartão de crédito, como o Bradesco Visa, que oferece cartões de fidelidade para entidades religiosas.
EXPOCRISTÃ 2007 – 6ª EDIÇÃO
EXPOCATÓLICA 2007 – 5ª EDIÇÃO
De 11 e 16 de setembro Expo Center Norte - Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme - São Paulo. Mais informações: EBF Eventos (11) 4411-1600 www.expocrista.com.br
De 16 a 19 de agosto Expo Center Norte - Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme - São Paulo. Mais informações: Promocat Marketing de Serviços (11) 6257-1688 www.expocatolica.com.br TOMAS MAY
interativo na Pousada da Paixão – onde artistas e técnicos do evento ficam hospedados – vai de R$ 450 a R$ 800, conforme o tipo de acomodação. O valor inclui participação nos coquetéis oficiais e a oportunidade de figurar próximo ao elenco e com figurino da época. A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém começou a ser montada em Fazenda Nova em 1951, graças à iniciativa do patriarca Epaminondas Mendonça. Depois de ter lido em uma revista como os alemães da cidade de Oberammergau encenavam a Paixão de Cristo, Mendonça teve a idéia de realizar um evento semelhante para atrair turistas e movimentar o comércio da vila. As primeiras apresentações aconteceram nas ruas, e contavam com a participação de familiares e amigos. A cidade-teatro, idealizada pelo genro e jornalista Plínio Pacheco, começou a ser construída em 1963. Com 100 mil metros quadrados, a área total da Nova Jerusalém corresponde a um terço da área murada da Jerusalém dos tempos de Jesus, e a paisagem em seu entorno é muito semelhante à da Judéia. A arte, o artesanato, a música e a dramaturgia unem-se, assim, à gestão dos negócios, num movimento crescente e cada vez mais amplo, que procura atender à grande diversidade de clientes. E que não depende mais da sazonalidade dos eventos religiosos, já que todo dia é dia de fé e também de atender às necessidades dos fiéis.
Um bom espelho do mercado religioso no Brasil são as duas principais feiras do setor, a ExpoCristã e a ExpoCatólica, ambas realizadas em São Paulo. A primeira atrai um público de cerca de 100 mil pessoas e conta com 300 expositores, em média, que no último ano obtiveram uma receita de mais de R$ 50 milhões, conforme levantamento da EBF Eventos, promotora do evento. A segunda registra uma média de 25 mil visitantes e 200 expositores, de acordo com dados da Promocat Marketing de Serviços, organizadora da feira. Nas feiras, instituições religiosas, lojistas e empreendedores encontram toda a gama de produtos necessários ao seu funcionamento: vestes e paramentos, bíblias, livros, CDs, DVDs, roupas para fiéis e artigos populares, como terços, velas, chaveiros, relicários e imagens, entre muitos outros. Eventos paralelos ajudam a atrair o público especializado. Na ExpoCristã, temas atuais, que visam à qualificação, atualização e aperfeiçoamento dos livreiros, lojistas, pastores e líderes, são discutidos por grandes nomes do setor. Na edição da ExpoCatólica deste ano, está prevista a
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Vitrines da diversidade Fabricantes e lojas de artigos para fiéis ganham pelo grande volume de vendas de pequeno valor A diversidade de religiões no Brasil – apesar de católicos e evangélicos representarem quase 90% da população – é por si só um grande leque de oportunidades para fabricantes e comerciantes de artigos religiosos. Juntamse a isso as diferenças de poder aquisitivo, faixa etária, grau de instrução, datas comemorativas, costumes regionais e gostos pessoais, entre outros fatores de influência na hora da compra. Existe ainda o vasto mercado internacional, que algumas empresas vêm conquistando com a qualidade e criatividade de seus trabalhos, apesar de prejudicadas nos últimos anos pela valorização do real. Há quem vislumbrou esse mercado
na primeira metade do século passado. Gaspar Ferreira Dias abriu a Casa de Velas Santa Rita em 1934. Localizado na Praça da Liberdade, ao lado da Igreja das Almas, o estabelecimento atraía um grande número de fiéis interessados em velas para pedir e agradecer graças. Seu filho, Nelson Ferreira Dias Rodrigues, atento às características de seus clientes, passou a diversificar a oferta de artigos religiosos, até que em 1956 abriu a Imagens Bahia. Hoje, a empresa vende produtos para diversas crenças, como catolicismo, umbanda, candomblé e até mesmo esoterismo, além de velas decorativas. “As pessoas chegam a se perder na loja, pelo seu tamanho e variedade de oferta: são mais
de 15 mil itens em exposição”, diz Nelson Ferreira Dias, neto do fundador. Além da tradição e do ponto bem localizado, os preços competitivos ajudam a Casa de Velas e Imagens a manter sua clientela e enfrentar a concorrência. Existem artigos de R$ 0,30 a mais de R$ 1 mil, mas a grande maioria é coisa barata. “O povo está sem dinheiro, temos que ganhar no volume de vendas”, diz Dias. Mas, segundo ele,
Gaspar e Nelson: Casa de Velas Santa Rita, fundada em 1934, vende produtos para diversas crenças
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FOTOS CASA DA PHOTO
os ambulantes informais incomodam os negócios. Uma das saídas é o mercado externo, onde procura se firmar pela qualidade dos produtos. A equipe de mais de 80 profissionais se atualiza constantemente para oferecer novas técnicas de escultura e pintura em gesso, madeira, resina e outros materiais. A empresa exporta velas e imagens para oito países da América do Sul, América do Norte e Europa. O casal Paulo e Ana Mauerberg iniciou uma pequena confecção, há 15 anos, em São Paulo, com o objetivo de desenvolver um produto de qualidade e moderno que levasse a mensagem de Jesus Cristo. “Procuramos atender a uma demanda do mercado cristão, que cresce e se estrutura a cada dia”, diz Mauerberg. A Hpice conta com 20 funcionários e produz por ano 10 mil peças, entre camisetas, baby looks, camisetas infantis e moletons, sempre com estampas e dizeres cristãos, de forma descontraída. “São roupas para as pessoas usarem não somente em marchas e acampamentos, mas no diaa-dia, para transmitir Jesus de forma bonita.” Elas podem ser encontradas em lojas próprias, multimarcas e de produtos cristãos, além de serem vendidas por telefone e internet. “Temos clientes fiéis à nossa marca, mas sabemos que a cada dia temos o desafio de atendê-los bem, já que a concorrência em nosso setor é grande”, diz Mauerberg. Segundo ele, para conquistar mercado é preciso ter um produto muito bom, uma boa estrutura de distri-
buição e divulgação. Todo ano, a Hpice participa da ExpoCristã (principal feira brasileira de artigos para a comunidade cristã) e investe em propagandas em revistas dirigidas aos seus clientes em potencial. Para 2007, a expectativa é de um aumento de 10% nas vendas. A Aramon Fabricação e Comercialização de Artigos Religiosos, de Santo Antônio da Platina (PR), foi criada em 1992 por dois ex-seminaristas, Adilson de Araújo Silva e Francisco Monteiro. Durante o seminário, onde passaram nove anos, os dois faziam terços e vendiam para a comunidade. Depois que saíram da instituição, trabalharam em um banco, já com a intenção de juntar reservas para montar um negócio a partir da experiência anterior. “O mercado era pouco explorado, poucas empresas se dedicavam ao nicho com uma produção em grande escala”, diz Merly Paula Baroni, secretária-administrativa. “Hoje, há bastante concorrência, por isso procuramos sempre inovar, sem ferir as tradições religiosas.” Outra estratégia é o atendimento de encomendas personalizadas, com a produção de peças exclusivas.
Tino mercadológico O aquecimento do mercado levou a dupla empreendedora a criar mais uma empresa, a Jacarandá, em 1999, exclusivamente para a fabricação de capelinhas e bolinhas de madeira (utilizadas na confecção dos terços). Juntas, elas empregam 70 pessoas. A Aramon ainda
fabrica medalhas, chaveiros, crucifixos e bijuterias em geral, num total de mais de 6 mil itens. A produção é vendida para distribuidores de todo o Brasil, por meio de representantes e internet, e há cinco anos também começou a ser exportada, atualmente para dez países. A percepção de um mercado em franca expansão fez a Gladys Religiosos ajustar o seu foco. Há quatro anos, a empresa deixou de produzir bijuterias e acessórios da moda, e passou a fabricar artigos de inspiração religiosa. São mais de 3 mil itens, entre 500 tipos de escapulário, medalhas de aproximadamente 300 santos, fitas, imagens em cobre, mantos de santos, relicários, terços, anjos e bijuterias, como pulseiras, colares, broches e pingentes em forma de cruz, e muito mais. Os produtos personalizados, segundo a gerente Tatiana Castro Dias, também têm bastante saída. A Gladys atende a todo o Brasil, a partir da venda pela internet, por um representante no Rio de Janeiro e na loja própria, na Ladeira Porto Geral, no centro de São Paulo, próximo à Rua 25 de Março. “Nosso ponto é chamativo e possui tradição no comércio da cidade”, diz Tatiana. O estabelecimento foi ampliado neste ano, e abriga também os setores de bijuterias e acessórios, além do escritório de comércio exterior. Há três anos, a empresa entrou no mercado internacional, e agora 30% da produção é exportada para a Europa. “A mudança para o mercado de artigos religiosos foi uma excelente decisão, pois é um nicho que Abril 2007 – Empreendedor – 21
Capa vem crescendo ao longo dos anos.” Remy de Andrade Filho iniciou em 1988 um pequeno negócio de fabricação de bijuterias na sua própria residência, em Campinas (SP), para venda para pequenas lojas ou diretamente a amigas. No ano seguinte, mudou-se para Itajubá (MG) e regularizou a empresa. Devido à proximidade geográfica com Aparecida do Norte (SP), Andrade Filho percebeu a oportunidade de inserir bijuterias temáticas no mercado religioso. “Os artigos tiveram boa aceitação, e atualmente a Vilma Artigos Religiosos atende a todo o Brasil, e exporta para cerca de 20 países 30% de sua receita.” Hoje, a empresa gera quase 100 empregos e tem um faturamento médio de R$ 300 mil por mês. Os principais produtos são as pulseiras e os colares com motivações católicas. A linha tradicional de terços e medalhas também apresenta grande aceitação, e a possibilidade de personalização atrai clientes mais exigentes. “Nosso foco é criar produtos que permitam aos católicos portarem produtos bonitos e de moda”, diz Andrade Filho. Segundo ele, muitos clientes fazem compras mensais há mais de cinco anos, e a média de crescimento das vendas é de 20% ao ano. Os artigos são comercializados, predominantemente, com lojistas especializados, casas de presentes, paróquias e santuários. O atendimento ao consumidor final responde por menos de 5% da vendagem e é desenvolvido através da internet. Segundo Andrade Filho, o mercado religioso é muito sensível aos fatores econômicos, e isto causa dificuldades em épocas de baixo aquecimento. Os lojistas deste nicho usualmente têm perfil pequeno e sentem rapidamente as épocas de crise. Para driblar a fragilidade do ramo e a concorrência, além da qualidade de impressão de imagens, a empresa investe na divulgação por meio do website, catálogos e feiras. Todo ano, a Vilma Artigos Religiosos está presente na ExpoCatólica, e em abril deste ano participa da Koiné, na Itália, o principal evento do mercado católico mundial.
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Moda eclesiástica Empresas que atendem às necessidades dos clérigos ganham destaque com visita do Papa Bento XVI Um grupo de empreendimentos do mercado religioso dedica-se ao fornecimento de artigos essenciais para o funcionamento das igrejas e execução de seus ritos. Elas produzem desde vestes e paramentos até softwares, como o Safig – sistema composto por módulos interligados que atendem às necessidades administrativas das instituições, com versão exclusiva para cada denominação religiosa. “É um ramo em franca expansão, e há nichos para todos: produtos customizados ou personalizados, baratos ou caros, e de diferente qualidade, mas sempre de acordo com a tradição e simbologia”, diz Mozzart Souza, gerente comercial da Arte Sacro. A visita do Papa Bento XVI colocou esse dinâmico mercado em evidência, e as cerimônias celebradas pelo Sumo Pontífice serão uma grandiosa vitrine para os fornecedores de vestes e paramentos, entre outros. Durante os quatro dias em que permanecerá no Bra-
sil, exclusivamente no Estado de São Paulo, Bento XVI se encontrará com 30 mil jovens católicos latino-americanos no Estádio do Pacaembu – evento que deve ser presenciado por 300 mil devotos a partir de telões instalados nas redondezas –, rezará uma grande missa no Campo de Marte, quando são esperadas cerca de 2 milhões de pessoas, e comandará a missa de abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, no Santuário de Aparecida, para um público superior a meio milhão de fiéis. O ateliê catarinense Arte Sacro empenha-se na confecção de 2 mil estolas, 500 casulas e 500 mitras a serem utilizadas pelos padres e bispos presentes na missa no Campo de Marte, quando frei Galvão será canonizado. Bento XVI também terá à sua disposição vestes produzidas pela Arte Sacro, mas não há confirmação se ele utilizará estas ou peças trazidas do Vaticano. Segundo Sou-
Madalena Benchaya: peças de qualidade conquistaram sacerdotes
Ateliê catarinense Arte Sacro: com a visita do Papa, há produção intensificada de estolas, casulas e mitras
za, a empresa vai intensificar o foco no mercado paulista para aproveitar a visibilidade obtida pela marca com a visita do Papa. Hoje, as vendas são fortes no Centro-Oeste, no Amazonas e no Rio de Janeiro. No exterior, sacerdotes da Itália, Espanha, Estados Unidos, Japão e África do Sul trajam vestes da Arte Sacro, que planeja aumentar as exportações com a instalação de uma revenda na Europa, provavelmente na Itália, no segundo semestre deste ano.
Vestes para padres Uma grande evolução para quem teve um início modesto: Madalena Benchaya de Moraes costurava para fora. Em 1998, confeccionou uma pequena quantidade de vestes para padres de Campinas (SP), no próprio apartamento onde morava, e percebeu que este era um mercado carente de peças de qualidade. Dois anos depois, já com dois funcionários e instalada em uma sala comercial, surgiu uma encomenda de um grande número de peças para o clero presente no ano do jubileu da diocese de Campinas. O aumento do número de pedidos exigiu a transferência do ateliê inicialmente para um sobrado e depois para um prédio de 500 metros quadrados, em 2006, quando a Arte
Sacro foi convidada a produzir todos os paramentos utilizados pelos religiosos participantes do Congresso Nacional Eucarístico. O imóvel, que também é utilizado como showroom, está localizado às margens da BR-101, em Balneário Camboriú, próximo ao Santuário de Santa Paulina. A divulgação da empresa também evoluiu com o tempo. O modesto – porém eficiente – boca-a-boca foi substituído pela elaboração de catálogos e fôlderes com a linha de paramentos de 2004. Outra medida foi participar das feiras ExpoCatólica, no Brasil, desde 2003, e da Koiné, na Itália, a partir de 2005, além de anunciar seus produtos em catálogos europeus. Segundo Souza, o número de pedidos vem crescendo ano a ano, mas a produção ainda é pequena devido à personalização dos produtos. “Somos um ateliê, tudo é feito sob medida e com materiais de alta qualidade, buscando o conforto, e é justamente esse o motivo do aumento da procura”, diz Souza. Para atender à encomenda das vestes para a missa de canonização de frei Galvão, a equipe de 33 costureiras e bordadeiras foi ampliada para quase 50, e as perspectivas são de manter a ampliação da equipe. A D&A – Decorações e Artesanato Litúrgico, de São Paulo, está con-
feccionando os paramentos para o uso do Papa Bento XVI e de aproximadamente 300 bispos durante a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. O projeto foi elaborado de forma que desenhos, gregas e outros elementos mantenham uma unidade de cor e temática entre todos os presentes nas cerimônias do evento, que se estende até 31 de maio. Segundo Maria Laura Faria dos Santos Correia, diretora-executiva e responsável pela criação e produção das peças, em todas as vestes litúrgicas aparecerão conchas douradas com uma pérola, simbolizando a presença de Jesus Cristo no íntimo da Virgem Maria. Maria Laura veio de Portugal para o Brasil em 1960, trazendo consigo o gosto pelos bordados e pela arte sacra. Incentivada por alguns padres, e sem deixar suas atividades profissionais, logo passou a criar paramentos e alfaias que se destacavam pela originalidade e beleza dos bordados, e pelo equilíbrio estético. Por quase 40 anos, em que procurou se aprimorar na Itália e no Peru, continuou a desenvolver peças personalizadas para o clero, chegando a elaborar os elementos litúrgicos usados por João Paulo II na celebração das missas em Curitiba e no Rio de Janeiro, durante sua passagem pelo Abril 2007 – Empreendedor – 23
Capa país, em 1980, assim como as toalhas e alfaias que o pontífice utilizou, em 1997, na cerimônia de inauguração da nova Catedral do Rio de Janeiro. No ano seguinte, decidiu se dedicar plenamente ao ramo e fundou a D&A. A empresa produz e comercializa paramentos, imagens, quadros, palas, cálices e estandartes, além de manter à venda livros religiosos. Há produtos prontos para uso, mas o forte são as vendas personalizadas, com desenhos especiais e exclusivos, e com materiais diversos, elaborados por Maria e produzidos por uma equipe de 17 artesãs de costura e bordado. “Há competição nesse mercado, mas nossos clientes são atraídos pela criatividade de nosso trabalho verdadeiramente artístico, sem descuidar dos simbolismos e da tradição religiosa”, diz Maria. O trabalho artesanal da D&A conquistou clérigos de vários países após uma participação na feira italiana Koiné. Surgiram compradores da Austrália, Congo, Índia, Japão, Costa Rica, Estados Unidos, Polônia, Espanha e Portugal. No Brasil, a empresa participa da ExpoCatólica, mas, segundo Maria, a principal propaganda são a satisfação e a fidelidade dos clientes, que se encarregam de divulgar as obras da artista.
Música cristã Indústria fonográfica ressente-se da pirataria, e religiosos desaceleram O mercado brasileiro de música movimentou R$ 615,2 milhões em 2005, uma queda de 12,9% em relação ao ano anterior, conforme pesquisa da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). Foram vendidas 52,9 milhões de unidades (CDs, DVDs e VHSs musicais), um volume 20% menor do que em 2004. O gênero religioso disputa normalmente a segunda ou terceira posição no ranking de vendas – liderado por pop rock – com sertanejo e pagode ou samba. Em 2005, segundo dados da ABPD, as músicas religiosas tiveram uma participação de 10% no mercado total, abaixo da média do gênero – em torno de 13% – e bem inferior ao recorde registrado em 2003, 19%, quando esteve a apenas nove pontos percentuais da liderança. Uma das pioneiras do ramo é a Bompastor Produções Artísticas e Phonográficas. Ela surgiu há 37 anos, quando praticamente nada se produzia no nicho evangélico. “A maior motivação em desenvolver o negócio foi justamente oferecer ao público uma alternativa para a prática cristã por meio da música”, diz José Donizetti Morbidelli, diretor de marketing. A empresa iniciou sua produção musical com o cantor
Armando Filho: aceitação popular
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Luiz de Carvalho, responsável pelo lançamento do primeiro LP evangélico no país. Até hoje, ele continua na gravadora e, ao lado de Armando Filho, é um dos artistas que mais vendem. Já lançaram trabalhos pelo selo Cristina Mel, Jeanne Mascarenhas, Nelson Ned, Eduardo & Silvana e Paulo César Baruk. “Muitos ganharam projeção na música cristã pelo trabalho sério desenvolvido pela gravadora.” A concorrência entre gravadoras não chega a incomodar a Bompastor. Segundo Morbidelli, é comum surgirem novas empresas, em razão do aumento do número de evangélicos, mas que não duram muito tempo por falta de conhecimento de mercado e cautela. O problema está na pirataria física e virtual, que possibilita a aquisição de músicas sem que as gravadoras recebam um centavo por isso. “O mercado está um pouco enfraquecido, e as gravadoras maiores e mais antigas, como a Bompastor, estão ainda se adequando a essas mudanças.” De acordo com informações da ABPD, o Brasil, assim como outros países emergentes, não consegue compensar a queda nas vendas de formatos físicos com a comercialização legítima de música através da internet e da telefonia móvel. A Bompastor sempre procura ter uma relação bem próxima com as rádios evangélicas, usando todas as ferramentas de comunicação disponíveis. Com isso, muitas emissoras espalhadas pelo país divulgam suas músicas, além de receber os artistas em suas sedes para entrevistas. “É uma relação de fidelidade e cumplicidade, pois todos estão envolvidos num objetivo comum.” O número de programas de televisão é pequeno em relação às emissoras de rádio, mas encontra-se em expansão. Sites, jornais, revistas e feiras, como a ExpoCristã, também fazem parte da estratégia de divulgação da gravadora.
Bíblias lideram vendas As publicações religiosas crescem, enquanto o mercado editorial diminui Toda doutrina possui um livro-base, outros para disseminar seus valores, alguns para informar seus fiéis, e toda a sorte de tipos. No Brasil, 20% do número de exemplares vendidos em 2005 tinham como tema principal a religião, conforme pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL). No tocante ao faturamento, o nicho responde por uma fatia de 12% do total do mercado editorial, atingindo R$ 231,3 milhões, valor 2,85% menor do que o de 2004. No entanto, a quantidade de exemplares produzidos e vendidos aumentou 21,85% e 24,05%, respectivamente, no mesmo período. Em relação a esses dois indicadores, o gênero religioso cresceu acima da média de mercado, que registrou uma queda de 4,26% na produção e acréscimo de 18,89% na venda de exemplares. Segundo Whaner Endo, diretor da Associação dos Editores Cristãos (Asec), um dos fatores que faz o mercado editorial religioso crescer continuamente – o pico foi 26%, entre 2003 e 2004 – é o aumento constante do número de evangélicos no país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eles representavam 9% da população em 1991, e em 2000 já eram 15,4%, um contingente de 26,2 milhões de pessoas. O aumento da qualidade dos livros produzidos e o incremento da distribuição de Bíblias, além da melhoria do nível educacional dos brasileiros, ajudam a explicar o bom desempenho. O grande responsável pela boa vendagem do setor é a Bíblia. Segundo Erni Walter Seibert, diretor da Sociedade Bíblica Brasileira (SBB), estimase que seja distribuída uma média de 8 milhões a 9 milhões de Bíblias por ano no Brasil. Normalmente, 50% a 60% desse volume é produzido pela
SBB, que no ano passado atingiu o pico de 5,5 milhões de exemplares distribuídos somente no país. “O número de 2006 surpreendeu até mesmo a instituição, que credita o crescimento a um aumento do uso da Bíblia nos projetos sociais e de evangelização das igrejas”, diz Seibert. A Bíblia é o livro mais vendido e traduzido do mundo. Existem 2,4 mil traduções totais ou parciais, mais de um terço de um total estimado de 6,5 mil línguas faladas. Em 2005, somente as sociedades bíblicas distribuíram 24,3 milhões de exemplares ao redor do planeta. No ano passado, a SBB encaminhou para o exterior 2,7 milhões de exemplares, principalmente para entidades irmãs de países da América Latina, Egito, África do Sul e Nigéria (em inglês e duas línguas locais). “A Gráfica da Bíblia, da SBB, é uma das maiores gráficas especializadas em Bíblias no mundo”, afirma Endo. Cresce também, a cada ano, a ex-
portação de livros evangélicos para Portugal e demais países lusófonos africanos. Segundo Endo, a Asec tem um projeto de envio de livros subsidiados para Angola e Moçambique, com o objetivo de aumentar o acesso ao livro cristão nesses países. Conforme pesquisa da entidade entre seus 65 associados, os temas publicados mais recorrentes são vida cristã, teologia e doutrina, estudos bíblicos, liderança e aconselhamento. Mas o Brasil é ainda um grande importador de autores. Dentro do nicho evangélico, uma dos livros mais vendidos nos últimos anos foi Uma Vida com Propósito, de Rick Warren, publicado pela Editora Vida, com mais de 350 mil exemplares desde seu lançamento em 2003. Também são consideradas bestsellers obras de autores como Max Lucado, Stormie Omartian e Philip Yancey, publicadas no país pelas editoras Mundo Cristão, CPAD e Thomas Nelson. “A quantidade de títulos traduzida ainda é muito grande, embora nos últimos anos a Asec tenha se esforçado para aumentar a presença de autores nacionais nos catálogos das editoras evangélicas brasileiras”, diz Endo. A pesquisa da CBL apontou um aumento de 35,5% no número de títulos tradu-
Erni Seibert: média de 8 milhões a 9 milhões de exemplares por ano no Brasil
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Capa zidos em 2005, enquanto a quantidade de obras publicadas por autores brasileiros cresceu 27%.
Revistas evangelizadoras Já os personagens da Editora Luz e Vida levam a mensagem do evangelho a cerca de 20 países dos cinco continentes por meio de gibis, filmes e diversos produtos licenciados. O mais famoso deles é o Smilingüido, uma criação de Márcia D’Haese e Carlos Tadeu Grzybowsk em 1980. É uma turma das Formigamigas, com histórias e aventuras que trabalham valores universais, como amor, amizade, perdão, compreensão e preservação da natureza. Mais de 30 empresas estampam em seus produtos o Smilingüido, sempre acompanhado de mensagens bíblicas. São centenas de itens, como agendas, cartões, marcadores de página, jogos, chocolates e material escolar. A Turminha Querubim foi lançada pela Editora Luz e Vida, em parceria com a Cartoon Pro, de Londrina (PR), em maio de 2001, voltada para um público de até sete anos de idade. São crianças que, embora tenham características angelicais, não têm como propósito representar os anjos. Elas encontram nestes a inspiração para trabalhar a favor das pessoas e ser mensageiros de Deus para elas. Mais de 100 itens, entre cartões, minilivros, livros de atividades com jogos e desafios, mochilas e cadernos, já foram licenciados. Segundo o superintendente Samuel Eberle, a Turminha teve uma ótima inserção no mercado norte-americano, e o lançamento de um desenho animado em 3D, neste ano, deve intensificar a aceitação dos personagens. A Editora Luz e Vida foi fundada, em 1954, por um grupo de missionários evangelistas do movimento pietis-
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ta, com o objetivo de facilitar o acesso ao conteúdo do Evangelho. Durante os primeiros 30 anos, a editora era custeada por uma fundação alemã, e os produtos eram distribuídos gratuitamente. Com o fim dos subsídios, em 1984, Eberle foi contratado para buscar iniciativas que gerassem receita e sustentassem a empresa, sem que fosse necessário deixar de lado seus objetivos iniciais. É o caso do Smilingüido, editado pela Luz e Vida desde 1989. “O Smilingüido tornou-se meio e fim, sustenta a editora e ainda cumpre sua finalidade.” No campo do jornalismo, a Eclésia foi uma das primeiras revistas evangélicas a surgir no Brasil, em 1995. A iniciativa pioneira do Grupo Bompastor, que atua no ramo musical há 37 anos, segundo José Donizetti Morbidelli, diretor de marketing, partiu da carência de um periódico de qualidade que levasse informação isenta de corporativismo religioso para o grupo crescente de evangélicos. “Com o tempo, ela se tornou a mais respeitada publicação cristã do país, provendo informação e cultura por meio de matérias, entrevistas e artigos.” São apurados com rigor temas como sociedade, comportamento, política, conjuntura internacional, igreja, espiritualidade, educação, cultura, gente e liderança, entre muitos outros fatos que influenciam e repercutem na vida dos evangélicos. A Eclésia tem uma tiragem mensal de mais de 50 mil exemplares e conta com uma carteira de 15 mil assinantes. A revista é distribuída em todo o território nacional pela Dinap, e é vendida também em Portugal e na Espanha. “Apesar dos mais diversos meios de acesso à informação, a distribuição de uma revista de qualidade como a Eclésia só tende a crescer, acompanhando o aumento da população evangélica e a
necessidade, também cada vez maior, do público em se manter bem informado”, diz Morbidelli. A publicação já recebeu vários prêmios, entre eles o Areté 2005, concedido pela Asec. Segundo Armando Antongini, diretor-executivo da CBL, o mercado editorial religioso sempre se mostra crescente, com mais ênfase nos últimos anos, e isso não ocorre só no Brasil, é um fenômeno mundial. “As pessoas estão cansadas da violência e de sua banalização. Elas querem resgatar a paz, procurar estilos de vida que não as massacrem. Veja o caso de Paulo Coelho, sucesso em vários países”, comenta Antongini: mais do que tratar de temas espirituais, ele diz em suas obras para as pessoas viverem suas lendas pessoais, para elas terem seus objetivos e correr atrás deles.
Linha Direta Aramon e Jacarandá (43) 3534-3139 Arte Sacro (47) 3366-2946 Casa de Velas Santa Rita e Imagens Bahia (11) 3208-7022 D&A – Decorações e Artesanato Litúrgico (11) 3361-8815 Editora Luz e Vida (41) 2169-2244 Gamaliel Carreiro gamasc@bol.com.br Gladys Religiosos (11) 3312-0325 Grupo Bompastor (11) 3346-2000 Hpice (11) 3112-3004 Moacyr Flores mflores@pucrs.br Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto nucs@vm.uff.br Paixão de Cristo de Nova Jerusalém (81) 3228-7326 Sandra Coelho (48) 9102-8094 Vilma Artigos Religiosos (35) 3623-7477
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Gastronomia
O toque sutil A diferença entre fazer sucesso com restaurante ou cair no lugar-comum está no detalhe por
Fábio Mayer
INDEX OPEN
A receita pode ser até a mesma, mas os pratos certamente não saem iguais. Dependem da combinação de ingredientes extras como conhecimento, prática e criatividade na culinária. E o mais importante: vocação para cozinhar. Esse é o principal quesito para atuar em um mercado que corresponde a 2,4% do PIB brasileiro e congrega cerca de um milhão de empresas, gerando seis milhões de empregos diretos em todo o país. A gastronomia é um ramo que não comporta mais aventureiros. Cresce de maneiras diferentes dependendo da lo-
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calidade, mas em todas elas a busca é por aperfeiçoamento contínuo, profissionalizar-se para sobreviver. Somente assim é possível alcançar resultados e fidelizar os clientes. O consumidor é o responsável pela árdua disputa nesse mercado. O hábito da alimentação fora de casa já representa 26% dos gastos dos brasileiros com alimentos, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), entidade presente em 24 Estados, que tem como missão promover essa área no país. A exigência, para a grande maioria, é ser bem atendido e comer bem. “Os empreendedores devem
investir na elaboração de cardápios atraentes, com impressão em outras línguas como inglês e espanhol, na diversificação para atender a uma gama nova de clientes que chegam ao mercado, como idosos, diabéticos e pessoas com restrições ao glúten, e outras particularidades, por exemplo, oferecer a possibilidade de um alimento mais natural, com produtos orgânicos”, diz Paulo Solmucci Júnior, presidente da Abrasel nacional. Para se destacar nesse mercado, empreendedores põem em ação estratégias que tenham o consumidor como alvo. Um bom atendimento é essencial para o sucesso do negócio. A qualidade dos alimentos servidos é consensual e indiscutível, sob risco de fechar as portas do bar ou restaurante. Também é importante elevar o padrão da apresentação dos pratos e sempre que pos-
sível oferecer novidades gastronômicas. Atualmente, há maior facilidade em encontrar fornecedores especializados para adquirir ingredientes e criar novas receitas, simples ou sofisticadas. Nas capitais, mais do que em outros lugares, existe muita variedade dos itens em alimentação disponíveis nas gôndolas de supermercados, por exemplo. “É preciso investir cada vez mais na capacitação de sua equipe para oferecer serviços de qualidade a seus clientes, sem esquecer também dos investimentos na qualificação para o alimento seguro (que não oferece perigos à saúde e à integridade do consumidor).”
Sabor Brasil O cliente se ganha nos detalhes, e na valorização e promoção da gastronomia. Esse é o objetivo da Abrasel, Ministério do Turismo e Sebrae, que se uniram em torno do programa Movimento Brasil Sabor. O programa possui uma série de iniciativas que têm como foco a profissionalização do setor de alimentação fora do lar, começando pela qualificação para o alimento seguro, gestão e excelência em atendimento. Uma delas, o Programa Qualidade na Mesa (PQNM), realiza cursos de boas práticas e de Multiplicador no Local de Trabalho (MLT), uma metodologia nova para impulsionar o atendimento. “Esse programa qualifica os profissionais e contribui de forma significativa para que os empreendimentos que passam pelos treinamentos possam ocupar um lugar diferenciado no mercado”, diz Solmucci. Mas o carro-chefe do programa é o festival Brasil Sabor, que cria oportunidade para empreendedores apresentarem toda a qualidade de seus serviços aos clientes. “É, sem dúvida, uma grande ação de promoção da gastronomia, do setor e dos restaurantes participantes, pela visibilidade e projeção que ele proporciona. O sucesso do festival é tão grande, que muitos restaurantes incorporam o prato do evento em seus cardápios”, diz o presidente da Abrasel. O
Paulo Solmucci, da Abrasel: diversificação de cardápios e clientes
evento contribui para divulgar a culinária regional e promover a imagem da gastronomia brasileira no exterior. Para o Brasil Sabor 2007, que será no período de 17 de abril a 20 de maio, a meta é dobrar o número de participantes e de cidades envolvidas. “O Brasil Sabor é uma ação de extrema importância para demonstrar que, além de seus belos roteiros turísticos e de sua valiosa cultura, o Brasil possui uma riqueza de dar água na boca: a gastronomia.” O mercado de gastronomia é um prato cheio para outros nichos como o de eventos e o do turismo. “A gastronomia brasileira é muito rica e diversificada e é, sem dúvida, um forte instrumento para estimular estas áreas no país.” O estudo “Economia do Turismo: Análise das Atividades Características de Turismo”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprova essa vocação para fomentar o empreendedorismo. Das 81 prestadoras de serviço no turismo, 49% são empresas de alimentação. Esse nicho também é responsável por 31,18% da receita operacional líquida do turismo. “França, Espanha, Itália e, mais recentemente, Japão e México já estão apostando de forma consistente no setor de alimentação fora do lar como instrumento para impulsionar as áreas de turismo e economia, com resultados excelentes.” Diante dessa realidade, não há nenhum ingrediente exótico e de difícil acesso para aprimorar ainda mais a gastronomia brasileira. O cliente está na mesa, à espera, e com muita fome. Abril 2007 – Empreendedor – 29
Gastronomia
Panelas com amor Gostar de cozinhar passou de divertimento para uma rede de restaurantes A melhor receita de Sergio Arno é combinar gastronomia e negócios. Filho de Ana Maria Ferraz de Oliveira Dias e Carlos Arno, empreendedor bem-sucedido no ramo de eletrodomésticos, ele encontrou na culinária a sua vocação. Nunca precisou de um motivo, de uma razão específica, sempre teve prazer em cozinhar. Por gostar e ter aptidão na arte de preparar alimentos, é considerado um dos cinco melhores chefs do mundo em culinária italiana. Em 2001, abriu a rede de restaurantes La Pasta Gialla, franquia com nove unidades em São Paulo e outras três no Paraná, Pernambuco e Alagoas. Começou a cozinhar com sete anos, ajudando sua mãe em casa. Aos 12, ele já fazia sozinho os primeiros pratos, receitas mais simples como molhos para saladas e arroz. Na adolescência, tinha muita dificuldade de concentração e acabava tirando notas baixas na escola. Por não ser um bom aluno, conforme os padrões educacionais da época, o pai propôs que ele fosse trabalhar na fábrica, mon-
Sergio Arno Idade: 46 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Empresa: La Pasta Gialla Ramo de atuação: Alimentação Ano de fundação da empresa: 2001 Cidade-sede: São Paulo (SP) Site: www.lapastagialla.com.br
Sergio: “O objetivo é fazer o cliente feliz e valorizar a culinária”
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tando enceradeira e outros eletrodomésticos. Mas nunca sofreu pressão da família para seguir carreira na empresa. “A pressão era justamente ao contrário, para não ficar. Era para cada um se virar sozinho na vida e não depender de ninguém”, diz Arno. Cozinhar sempre foi o que melhor sabia e gostava de fazer. Mais tarde, conheceu a italiana Maria Graça, que se tornou sua namorada e depois sua esposa. Foi com a mãe dela que começou a se interessar pela gastronomia daquele país. Foi morar na Itália e, para se manter, trabalhou numa subsidiária da Pirelli; sua função era carregador de pneus, ajudava a transportá-los até os caminhões. O tempo que passou no país, aproveitou para aprimorar sua técnica e conhecimento na gastronomia. Foi estagiário de um restaurante e lá começou a cozinhar profissionalmente. “Tive que aprender na prática e ler muito. São mais de 15 mil livros lidos.” Em 1987, voltou ao Brasil com muita vontade de abrir o próprio negócio na área. Como andava sem dinheiro, pediu emprestado ao pai para poder se tornar sócio de um restaurante. Mas seu pai lhe fez uma proposta: fazer dois jantares; caso aprovasse o seu desempenho, ele emprestaria, era essa a condição. Mesmo achando apenas regular, financiou o filho, mas com uma quantia que mal deu para adquirir as panelas. O empreendimento recém-inaugurado começou a fazer sucesso, mas também dava bastante trabalho. De início, tinha que fazer tudo, manobrar carros, recepcionar os clientes e atendê-los nas mesas, cozinhar e fechar as contas. Após uma semana, já esgotado e sem dormir direito, pensou em fechar o restaurante.
Itália com Japão Porém, a paixão pelo empreendimento fez com que continuasse a colocar em prática sua aptidão. Depois desse restaurante, montou ainda mais três empresas na área, a mais recente, La Pasta Gialla, tem no cardápio massas e bruschettas como pratos principais. “Existe muita concorrência em todo o ramo de alimentação, e em cada segmento é necessário atuar de maneira diferente, dependendo do público, mas todos os meus empreendimentos têm algo em comum, que é a paixão pelo negócio”, diz. Na sua avaliação, é preciso saber cozinhar e gerenciar, não uma ou outra, mas aliar as duas coisas. “Não tratar o negócio como se fosse um investimento qualquer ou, como muitas pessoas fazem, sobrou um dinheiro, abrem um restaurante porque acham legal, isso não cabe mais hoje em dia.” A rede tem crescimento de 9% ao ano, e o plano de expansão para 2007 é abrir cinco novos restaurantes. “A filosofia é igual para todas as unidades, e o cardápio é exatamente o mesmo, exceto alguns pratos mais regionais nos quais não interferimos”, diz. “A receita é essa, tem dado certo, e temos feito bons negócios.” Eleita a Melhor Cantina da Cidade de São Paulo por dois anos consecutivos, 2003 e 2004, na Revista Gula, também recebeu o prêmio de Melhor dos Melhores Gula 2005. “O prêmio é maravilhoso, mas não cozinho para ganhar, gosto de cozinhar e acho que as pessoas têm que comer bem. O objetivo é fazer o cliente feliz e valorizar a culinária.” Para despertar a vocação de cozinhar em outras pessoas, Arno escreveu dois livros de culinária. O primeiro em 1990, La Vecchia Cucina, A Cozinha Renovada, e, em 1999, A Cozinha do Amor e da Paixão. “Esse é um dos poucos ramos que se tem de fazer com amor, senão é melhor desistir e fazer outra coisa.” Tem que ter dom.
Pratos típicos de países diferentes podem conviver no mesmo restaurante Japão é logo ali perto da Itália, pelo menos quando se trata da culinária servida no mesmo restaurante. Palavras japonesas como Gohan, Kanten e Ebi (arroz cozido, gelatina de algas marinhas, camarão) estão presentes no cardápio do I Piatti Sushi Bar, que serve tradicionais pratos da culinária oriental. No mesmo local, só que no andar de baixo de um casarão em Botafogo, no Rio de Janeiro, funciona o I Piatti Ristorante, especializado em cozinha italiana. A sócia proprietária Suzi Clementino Niv, aprendeu a não misturar sushi e sashimi com lasagna e spaghetti. Combinar os pratos não faz parte da sua estratégia. O objetivo é oferecer dois tipos de culinária para satisfazer todos os gostos dos clientes. A diversidade tem dado destaque para a casa. São três andares, no qual funcionam o restaurante e o Sushi Bar, que alternam a forma de servir, dependendo do horário. Para atender à clientela durante o dia, por exemplo, o primeiro piso serve comida italiana à la carte, no segundo tem um buffet a quilo de pratos variados, e no terceiro, também por peso, comida japonesa. “À noite, a diferença é que servimos rodízio no segundo andar e no terceiro piso alugamos o salão para eventos, festas e banquetes”, diz.
Suzi Clementino Niv Idade: 43 anos Local de nascimento: Piabetá (RJ) Formação: Direito e Gastronomia Empresa: I Piatti Ano de fundação da empresa: 1988 Cidade-sede: Rio de Janeiro (RJ) Número de funcionários: 70
Suzi optou pelas duas cozinhas depois de observar o mercado. Tanto a culinária italiana quanto a japonesa fazem sucesso aqui no Brasil há algum tempo. Com decoração temática, apostou na variedade e riqueza gastronômicas de cada cultura para criar uma novidade inusitada, mas que foi bem recebida e deu certo. “Sempre ficava de olho no que tinha de novo no mercado, mas não tinha recursos para abrir o negócio.” A infância pobre trouxe a responsabilidade cedo. Ainda quando criança, ela era encarregada de tirar o leite das vacas para vender na vizinhança, em Piabetá, distrito de Magé, município localizado a 50 km da cidade do Rio de Janeiro. Com muita determinação e sempre em busca de superação a cada novo dia, graduou-se em Direito. E não parou de estudar. “Fiz vários cursos sobre gestão em restaurante e culinária no Sebrae e no Senac, e depois, quando tive a oportunidade, me formei em Gastronomia, pela Estácio de Sá.” Foi uma árdua batalha, mas conseguiu montar o empreendimento que pretendia. Antes, teve que virar empreendedora do ramo têxtil. Conseguiu dinheiro emprestado com o tio e se tornou sócia de uma confecção de roupas. Mais tarde, com a clientela formada e o negócio consolidado, seguindo de vento em popa, aproveitou o momento para tomar uma decisão radical. Vendeu sua parte na empresa, e usou o dinheiro para quitar sua dívida com o tio e montar o tão sonhado restaurante, em 1985. “Já gostava de gastronomia, fui me envolvendo cada vez mais, troquei e deu certo.” Gradativamente, foi fazendo investimentos. “Quando abrimos o restaurante, convidei um sócio que tinha experiência fora do Brasil na área, tínhamos apenas quatro funcionários. O crescimento foi aos poucos, mas foi bem sólido”, diz Suzi. Abril 2007 – Empreendedor – 31
Negócios Criativos
O senhor do tempo Wall Street Institute oferece aulas personalizadas de inglês para profissionais em busca de ascensão por
Wendel Martins
A falta de tempo para fazer cursos regulares, em turmas e com dias e horários definidos, está fazendo com que profissionais procurem cada vez mais escolas com métodos de ensino personalizados. Este é o caso do Wall Street Institute, que em 2006, em suas unidades da Haddock Lobo (São Paulo-SP) e Salvador (BA), teve aumento de 40% de alunos comparado com o ano anterior. Sérgio Giaxa, diretor-geral da empresa e com duas décadas de experiência no ensino da língua inglesa, explica que a franquia pensa em expansão para aumentar o faturamento de R$ 4,8 milhões do ano passado. São cinco centros espalhados por todo o Brasil, e o crescimento vai começar pela cidade de São Paulo. “Combinamos o melhor da tecnologia multimídia com aulas presenciais por meio de uma linha de ensino única, tanto que o aluno pode ter aula em qualquer centro do mundo.” Há mais de 30 anos no mercado, o Wall Street Institute é o líder mundial no ensino de inglês para profissionais. Presente em 26 países, tem 450 unidades espalhadas pelo mundo e já formou mais de 1 milhão de alunos. No Wall Street Institute, o curso é 100% flexível. Isto porque as aulas podem ter no máximo quatro alunos, e é o estudante que agenda os dias e horários de sua preferência. O aproveitamento pedagógico é total, já que não há faltas, e se estuda no ritmo deseja-
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do, além de poder definir, no início do curso, qual seu objetivo, como preparar-se para um exame de proficiência, aperfeiçoar a escrita ou adquirir fluência verbal. Na escola, inclusive, não há mensalidades, o aluno paga por seu objetivo, como cursar um número definido de unidades. “Alinhamos a participação nas aulas virtuais com as presenciais, trabalhamos com conceitos de avaliação contínua, feita pelo próprio aluno, que pode solicitar a recuperação de conteúdo se assim desejar.” Ele explica que as aulas virtuais são pré-requisitos para as aulas em sala. Para Sérgio Giaxa, outros fatores além do tempo escasso vêm fazendo os profissionais se interessarem mais por cursos personalizados. “Muitos nos procuram porque desejam complementar sua formação curricular, fazendo MBA ou cursos no exterior, o que exige deles um domínio da língua inglesa. E, com aulas individuais, o resultado é alcançado mais facilmente, até porque elaboramos um projeto personalizado para esse aluno, com base nos objetivos estabelecidos por ele, definindo metas e habilidades a serem trabalhadas dentro da disponibilidade de tempo do aluno. O custo-benefício é excelente.” O perfil do público do Wall Street Institute é de profissionais na faixa de 25 a 50 anos, sendo 55% homens e 45% mulheres. “São pessoas em ascensão na carreira, que buscam uma maior empregabilidade ou que já fize-
ram cursos normais, em turmas, e não alcançaram o resultado esperado.” No Wall Street Institute, os cursos possuem 17 níveis, do básico à proficiência, e seis módulos de fluência e o ritmo de estudos ficam a critério do aluno. Há também o curso de Business, que possui sete especialidades: Gerência Geral, Secretária Executiva, Recursos Humanos, Finanças, Marketing, Vendas e Informática.
Segredo Um dos segredos do Wall Street Institute é um software que gerencia o agendamentos da aulas. Ele garante que os alunos que vão cursar as aulas têm o mesmo nível de aprendizado. “Não existe heterogeneidade, e assim o ensino é mais fácil.” Cálculos estatísticos determinam quais são os horários de pico, para a escola ter o maior número de professores disponíveis. “Muitos imaginam que o horário flexível é uma jogada de marketing. Mas, graças ao software, podemos firmar um contrato de aprendizagem de língua inglesa com nossos alunos. Tanto que entregamos um certificado de garantia para que os objetivos dos alunos sejam alcançados.” Giaxa diz que, no atendimento de novos estudantes, a escola faz uma entrevista de 40 minutos com os interessados para poder traçar objetivos, planejamento de tempo de estudo e carga horária. Os avançados recursos multimídia de estudo são outro destaque do Wall
Sérgio Giaxa: metodologia flexível adaptada às necessidades dos alunos faz empresa crescer
Street Institute. Eles encontram-se à disposição on-line, 24 horas por dia, sete dias por semana, com uso ilimitado de horas. Os programas possibilitam resultados rápidos, situações reais, simulação de diversos sotaques, exercícios de fixação, livro de apoio e consulta e prática de pronúncia, além da flexibilidade total, já que é possível estudar quando, onde e quantas vezes se
quiser. Um dos softwares é o The Village, uma cidade virtual que nunca termina a construção. “Entregamos um login e senha para o aluno tirar suas dúvidas através de salas de bate-papo, manual de business, games e artigos. Aprende como se fosse um jogo, e nosso foco é o conteúdo.” Entre as vantagens que Giaxa apontar em ter fluência em inglês, estão o
aumento da empregabilidade, melhor desenvolvimento profissional, aumento salarial, integração cultural e possibilidade de cursar pós-graduação, mestrado e MBA. A empresa também oferece aulas de conversação para a consolidação do aprendizado. “O usuário está usando o que está aprendendo, e o aluno não é passivo, tem que trabalhar tanto quanto o professor.”
Abril 2007 – Empreendedor – 33
Negócios Criativos
Eucalipto com glicerina Brasileiros descobrem uma solução original de grande impacto no mercado internacional de papel para cigarros por
Alexsandro Vanin
Amaral e Vologhi: papel tinha patente expirada e era utilizado na embalagem de doces
34 – Empreendedor – Abril 2007
Primeiro, existiam as artesanais palhas de milho. Depois, surgiram no Brasil os papéis industrializados para cigarro. A partir dos anos 1990, o mercado brasileiro foi invadido pelas centenárias fábricas européias, como a espanhola Miquel Y Costas & Miquel e as francesas Rizla, Abadie e Zig-Zag. Agora, é a vez da brasileira aLeda, que
está conquistando consumidores de todo o mundo com o papel transparente. “Recebemos centenas de mensagens de apoio e congratulação por nosso sucesso, acabamos descobrindo um patriotismo que desconhecíamos”, diz Fernando Amaral. A fagulha que deu início a essa revolução foi um sonho de Amaral e seu
FOTOS CASA DA PHOTO
amigo Renato Vologhi: lançar um papel para cigarros original e com qualidade suficiente para concorrer com a indústria européia. Vologhi havia visto em algum lugar, mas não lembrava onde, um papel transparente, característica que viria a viabilizar o negócio – os tradicionais, fabricados a partir do arroz, são geralmente brancos. Os dois iniciaram uma busca por fabricantes e distribuidores e, depois de um ano e meio, e muitos reais gastos em telefonemas e estacionamento, quando estavam prestes a desistir, eles receberam em casa uma amostra do material procurado. Originalmente, esse papel, cuja patente expirou há décadas, era utilizado na embalagem de doces. Ele é feito a partir de celulose regenerada, proveniente da polpa da madeira de eucalipto, tratada com glicerina, emoliente que proporciona maciez e brilho. Com R$ 1,5 mil, a dupla produziu 6 mil livretos (caixas que embalam o produto) e, no dia 5 de maio de 2006, colocou a pequena quantidade em lojas especializadas da Avenida Paulista, em São Paulo. A novidade despertou o interesse de consumidores, que passaram a indicar para outros e a levar para
o exterior. Em agosto, a marca esteve presente no Boom Festival, tradicional evento de arte, cultura e música eletrônica de Portugal, e no mesmo mês os contratos internacionais começaram a ser fechados. Hoje, aLeda pode ser encontrada em todo o Brasil e mais 40 países. “Exportamos para países que nunca imaginamos, como Afeganistão e Uganda; aliás, nunca imaginamos um sucesso tão grande, apesar de acreditarmos na viabilidade do produto”, diz Amaral. Neste ano, aLeda foi eleita melhor produto de 2007 pela High Life Barcelona Fair e se tornou o primeiro papel para cigarro a ganhar um prêmio na High Times Cannabis Cup, simplesmente as duas principais feiras de um mercado que movimenta US$ 300 milhões por ano no mundo.
Concorrência opaca Como no mundo dos negócios um cria, e todos copiam, logo vieram as imitações. No início, a qualidade e o pioneirismo – como a expressão “the original one” atesta em sua embalagem – pareciam ser suficientes para suportar a
competição, mas com o tempo alguns dos mais de 20 concorrentes passaram a utilizar expedientes pouco honestos, como links falsos na internet, e aLeda sofreu uma pequena retração nas vendas. “Queremos trabalhar a marca, deixá-la mais visível e conhecida, e não ser lembrado apenas por ser o papel transparente”, diz Amaral. Os esforços estão concentrados no exterior, que absorve 99% da produção de mais de 4 milhões de livretos por mês. Uma das ações será o lançamento de um anúncio mundial para a seleção de obras de artistas gráficos independentes. As embalagens de aLeda já trazem em seu verso desenhos de Guilherme Kramer, e no site (www.aleda.com.br) há uma galeria de outros desenhos, fotos, músicas, poemas, vídeos e histórias em quadrinhos, entre outros trabalhos. A empresa também apóia shows e festas alternativas na Europa e no Brasil, como a Freak Eletronic Rendez-Vous em Paris e a turnê brasileira de Zion Train, um dos principais astros do gênero musical dub. Na área de esportes, o apoio é direcionado a eventos independentes, como o campeonato de estreantes e anônimos promovido pelo ex-pugilista Nilson Garrido – que criou uma academia de boxe embaixo do viaduto do Café no bairro paulistano da Bela Vista –, e esportistas radicais, como o pára-quedista Ipiranga no campeonato mundial de pouso de alta performance e o surfista Simão Romão no circuito WQS. “Vamos aos pontos-de-venda conversar com nossos consumidores, descobrir diretamente o que eles estão querendo, para continuar inovando e não decepcionar nosso público”, diz Amaral. Segundo ele, a semente plantada no sonho dos amigos cresceu rapidamente nessa terra – o Brasil – e deu frutos, como a EtcTrade, distribuidora e exportadora dos livretos de papel aLeda, que juntas empregam diretamente 40 pessoas, além de aproximadamente 200 terceirizados para a produção (corte das folhas de papel transparente e montagem dos livretos). Abril 2007 – Empreendedor – 35
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Mercado
A barra do sabão em pedra A indústria saboeira não produz apenas bolhas, e surpreende mercado de higiene e limpeza por
Fábio Mayer
Simplicidade e eficácia são características típicas do sabão em barra (ou pedra), e o segredo de sua permanência no mercado de higiene e limpeza. Consagrado por seu maior rendimento na limpeza, o produto se mantém há tempo sem alterações significativas na formulação e na apresentação ao consumidor final. E con-
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tinua vendendo, com bons resultados: a margem de lucro fica entre 30% a 40%, em média. Mas é mesmo em épocas de crise que o sabão em barra ganha fama e é o preferido na compra, fazendo parte dos lares brasileiros, escolas, hospitais e diversos estabelecimentos comerciais. “Certamente, o sabão em barra já está incorporado aos hábitos do consumidor brasileiro e vai ter sempre seu
espaço”, diz Maria Eugenia Proença Saldanha, diretora-executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla) e do Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos de Limpeza (Sipla). Em relação ao consumo do sabão, algumas regiões se destacam mais do que outras. O Nordeste, por exemplo, aumentou em 43%, de 1994 a 2003, segundo dados da ACNielsen, empresa especializada em fazer pesquisas e análises de mercado. Mas o acréscimo é menor na produção do sabão em barra. Em 2006, foram fabricadas 301 mil toneladas, de acor-
Cartilha MAIORES ÁREAS DE CONSUMO 34% Nordeste 18% Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro 15% interior de São Paulo PRINCIPAIS DIFICULDADES Competição acirrada nesse mercado pelo grande número de empresas. Informalidade dos pequenos negócios de fundo de quintal ajuda a pulverizar a produção. Fidelização: os consumidores tendem a trocar facilmente o produto por um de outra marca ou mesmo o sabão em barra pelo detergente em pó. TENDÊNCIAS Inovação entra na lista de prioridades. Aliar investimentos em tecnologia, para diminuir impactos ambientais, e em marketing. Princípios ativos naturais, como óleos e essências, ajudam a complementar o produto final. Matérias-primas menos poluentes são a nova ordem mundial na produção.
PLANEJAMENTO O empreendedor precisa ter pleno conhecimento do processo produtivo ou, então, deve contratar um profissional experiente para assessorá-lo. Mercado consumidor: residências, hospitais, colégios, empresas públicas e privadas, e lavanderias. A distribuição é feita por supermercados, atacadistas de produtos de limpeza, pequenos comércios, mercearias. NORMAS As exigências legais e as normas estabelecidas pelos órgãos competentes devem ser seguidas à risca. É importante também observar as exigências do código de defesa do consumidor junto ao Procon. Para iniciar as operações, a empresa tem que obter o registro na Junta Comercial, registro da marca, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), e do produto, na Divisão de Produtos Domissanitários do Ministério da Saúde (Diprod).
LOCALIZAÇÃO A posição geográfica deve ser analisada antes da implantação da empresa, com o objetivo de avaliar se existe mercado para o produto. Um ponto estratégico contribui para diminuir gastos com logística na distribuição, aquisição de máquinas e equipamentos e de matériasprimas, e no destino adequado dos rejeitos industriais. SAZONALIDADE No verão, as vendas da indústria saboeira aumentam. Na avaliação de Afonso Celso, gerente de vendas da Force News, é o período em que as crianças brincam mais fora de casa, as pessoas saem com maior freqüência e realizam uma série de atividades que se refletem em sujar e lavar roupa. “A sazonalidade existe, sim, e as vendas ficam 30% acima do resto do ano”, diz.
Fonte: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT) e Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerias (Indi).
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do com informação da Abipla. Isso mostra que a produção permaneceu praticamente estável em relação a 2005, quando foram fabricadas 299 mil toneladas. O volume total de consumo só não é maior, porque os números dos negócios informais acabam sendo deixados de lado nas estatísticas. A verdade é que não há como contabilizar. As fábricas de fundo de quintal proliferam rapidamente no país, como alternativa de geração de renda, e isso implica mais produtos à venda. Mas são poucas que sobrevivem. Empreender nesse mercado se tornou um desafio: de um lado, as empresas legalizadas, atualmente, são mais de 150, comandadas por gigantes multinacionais, e de outro, um batalhão de informais a cada dia. A produção altamente pulverizada gera uma grande concorrência nesse ramo. Esse é um dos principais entraves ao crescimento dos próprios
Maria Eugenia: clandestinidade menor, mais expansão
negócios informais e do mercado de produtos de limpeza, em geral. “O aumento da eficiência da inspeção sanitária, seu fortalecimento e aparelhamento certamente contribuirão para a redução do índice de clandestinidade no setor e, conseqüentemente, para sua expansão”, diz Maria Eugenia. Uma das ações da Abipla é mostrar ao público consumidor e ao governo que produtos de limpeza estão relacionados à saúde pública. Com a remoção de sujeiras e de microorganismos, o índice de transmissão de doenças diminui. “É desta forma que acreditamos que estes produtos devam ser tratados. Portanto, é necessário que tenhamos uma Vigilância Sanitária firme, com regulamentos claros, que possam ser cumpridos pelos grandes e pequenos fabricantes, mas que, sobretudo, garantam a segurança do consumidor e a eficácia do produto.” Qualidade é assunto indiscutível Abril 2007 – Empreendedor – 37
Mercado executiva da Abipla. As vendas se concentraram em países do sul do continente africano, em especial a África do Sul. O aumento do consumo do sabão na América do Sul contribuiu para elevar as exportações.
Lapidar arestas Existem outros aspectos que impedem uma maior evolução dos nú-
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também para aumentar as exportações do ramo, que vêm crescendo substancialmente nos últimos anos. Em 2004, foram comercializadas 8.700 toneladas. No ano seguinte, mais que duplicou, chegando às 19.000 toneladas, mas o salto se deu em 2006, alcançando 41.500 toneladas. O consórcio formado por fabricantes brasileiros fomentou grande parte desse crescimento, na análise da diretora-
Celso: o sabão é para tratar as roupas e preservar o meio ambiente
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meros e ajudam a fazer da indústria saboeira uma das mais competitivas do país. A inovação tem que estar na lista de prioridades de empreendedores que querem se destacar e permanecer no mercado. Os fabricantes investem pouco em inovação de produtos já consagrados. Em alguns casos, são aprimoramentos pontuais, mas que já surtem resultados. A substituição total ou parcial das matérias-primas é um exemplo. Para a saponificação (reação na qual se produz o sabão), o principal ingrediente pode ser de origem animal, o popular sebo, em geral de gado, ou vegetal, óleo extraído de sementes de babaçu. Também podem ser combinados. “Sempre que um fabricante troca de matéria-prima, deve olhar para um ou mais dos seguintes fatores: custo, qualidade e segurança, disponibilidade, eficácia, produção e posicionamento de seu produto no mercado como um todo”, diz Maria Eugenia. Outro exemplo dado pela diretora-executiva da Abipla é a utilização de princípios ativos naturais, que complementam o produto final, como óleos e essências. “Recentemente, apesar das dificuldades, algumas empresas conseguiram inovar adicionando ao produto substâncias que lhe agregaram valor, tais como aloe vera ou glicerina. Esta é uma tentativa de reaquecer um mercado que vem se mantendo estável ao longo do tempo”, diz Maria Eugenia. Essa é a estratégia da Ypê, localizada em Amparo, interior paulista. Conforme informações do Departamento de Marketing da Ypê, a empresa investiu no ano passado no desenvolvimento de duas novas versões de sabão em barra: Flores e Frutas, e Aloe Vera. Também relançou as versões Multiativo, Fresh e o tradicional Neutro. Para atrair o cliente em um mercado tão acirrado, a empresa sempre apostou na divulgação e manutenção da marca. A idéia é passar uma
Restrição vigente No momento, o conceito de produto ecológico é inadequado ao sabão em barra e não deve ser utilizado em quaisquer tipos de artifícios para atrair consumidores, muito menos estar presente nas embalagens. O motivo é a presença, na composição do produto, de elementos como o ácido sulfônico, colocado para produzir espuma. Segundo Carlos Augusto Moura, assessor de imprensa da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há na regulamentação da entidade a previsão de produto de limpeza ecológico. “Por isso, essa afirmação não é permitida no rótulo do produto”, diz Moura. Conforme definição do Ministério do Meio Ambiente (MMA), produto ecoeficiente (ecológico) é todo artigo que, artesanal, manufaturado ou industrializado, de uso pessoal, alimentar, residencial, comercial, agrícola e industrial, seja não-poluente, não-tóxico, reciclável, notadamente benéfico ao meio ambiente e à saúde, contribuindo para o desenvolvimento de um modelo econômico e social sustentável. O conceito surgiu durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e adotado pelo programa Agenda 21, com o aval de 170 nações.
Mas nem sempre é possível modificar todo um conceito de marketing de uma só vez. Sem solução, foi preciso manter o foco principal na logomarca, que precisa estar bem visível e em destaque, como fazem todos os concorrentes. Apesar de utilizar um recurso antigo, mas ainda eficiente para chamar a atenção, a em-
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relação de confiança do consumidor com o sabão. A imagem de um produto tradicional, no qual o seu uso passa de mãe para filha, foi construída baseada no tempo de mercado: a Ypê produz sabão em barra desde 1950. A empresa possui unidades nas cidades de Salto (SP) e de Simões Filho (BA). Mas as maiores mudanças são em relação à divulgação e ao marketing do produto. São os consumidores que tornam os negócios sustentáveis economicamente ou não. Facilmente, trocam o produto por um de outra marca ou mesmo o sabão em barra pelo detergente em pó. A Force News, há dois anos no mercado de limpeza e cosméticos, lançou uma nova linha de produtos com esse objetivo, conquistar e fidelizar os consumidores. A tática da empresa foi adotar conceitos baseados na conscientização ecológica, bastante difundida em todo o mundo. Os produtos são biodegradáveis, fazendo a ação de decomposição em dez dias, segundo testes realizados pela empresa. “O sabão não é para lavar, mas tratar as roupas e preservar o meio ambiente”, diz Afonso Celso, gerente de vendas da empresa. Trazem também novidades na embalagem. O objetivo é se destacar, não ser mais um no ramo, pois isso implica ter maior dificuldade de introdução do produto no mercado e ter que virar um vendedor de preço, brigar para diminuir o custo final. No caso do sabão de coco, fabricado pela Force News e vendido em caixas com cinco barras de 100 gramas, a estratégia foi desenvolver uma embalagem diferente das já conhecidas pelo público consumidor. “No supermercado, as embalagens são um mar de mesmice”, diz Celso.
presa conseguiu apresentar novidades. Com base na proposta de inovar, foram utilizadas imagens fotográficas da Amazônia como fundo. O que parecia ser uma saída memorável, fora do senso comum mercadológico, quase vira dor de cabeça para os executivos. A decisão de usar fotos em vez de desenhos, cosAbril 2007 – Empreendedor – 39
tumeiro em outras marcas, dificultou a impressão das embalagens. Foi necessário realizar muitos testes, e constantes aprimoramentos e ajustes para chegar ao resultado considerado ideal, mostrar com maior riqueza de detalhes e melhor definição as imagens de fundo. Resolvido o contratempo, surtiu o efeito desejado: a embalagem atrai o consumidor, que rapidamente se identifica com o forte apelo ecológico. A missão de conquistar e fidelizar o consumidor com uma embalagem atrativa não poderia ser feita apenas nas gôndolas. O sabão também precisava oferecer alguma novidade e, principalmente, ser condizente com a imagem de produto que a embalagem mostrava. Foi desenvolvida uma nova composição com a substituição parcial e a adição de alguns ingredientes. Passaram a utilizar uma combinação de óleo de coco de babaçu e sebo (gordura animal). Dessa mistura, de acordo com Celso, conseguiram minimizar os impactos ao meio ambiente, principalmente economizando água. O grande produtor de babaçu, espécie de palmeira, é o Estado do Maranhão. A Force News tem parceiros na região, dos quais compra o óleo utilizado como matéria-prima na produção do sabão de coco.
Nova ordem Atualmente, é consenso mundial que o mercado aceita menos a poluição. Com esse objetivo, a Force News diminuiu a quantidade de ácido sulfônico no produto, que gera a espuma produzida pelo sabão durante o seu uso. Mas isso significou mexer com o imaginário dos consumidores. “Não adianta ter um excelente produto que não tenha espuma, porque criou-se na cabeça da dona-de-casa que espuma
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limpa, mas é a principal causa poluidora”, diz Celso. “Conseguimos um produto que limpa melhor, atende às necessidades de ser ecológico, não é agressivo, e que tem espuma.” Também foram implantadas medidas no processo de fabricação, tornando-o menos poluente. A empresa utiliza equipamentos que permitem reduzir os resíduos. São duas torres, uma de secagem e outra de tratamento, nas quais foram investidos cerca de US$ 12,5 milhões. “A primeira torre faz um produto de qualidade, põe a receita, ela faz. Na segunda, é possível misturar duas receitas ou agregar ingredientes, ou seja, fazer um produto mais bem acabado”, diz. Com a segunda torre, a de tratamento, é possível utilizar corantes e fragrâncias originários da Amazônia para perfumar o sabão, por exemplo. Para a dona-de-casa, o perfume é muito importante e tem muito peso na decisão de comprar ou não. “O mercado recebeu muito bem o produto. Esperávamos sucesso, mas não tão rápido assim como está acontecendo”, diz Celso. Mesmo com alterações mínimas e pouca inovação no produto, o sabão em barra atingiu maturidade no mercado brasileiro há muito tempo. No decorrer dos anos, o povo o elegeu como bem de primeira necessidade. A oportunidade, agora, é aliar investimentos em tecnologia, matérias-primas menos poluentes e marketing.
Linha Direta Maria Eugenia Proença Saldanha (11) 3816-2762 Afonso Celso (11) 5051-2400
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Mercado
Barro, gordura e cinzas O sabão teria sua origem no ano 2.800 a.C., na antiga Babilônia. Inscrições gravadas em cilindros de barro encontrados durante escavações arqueológicas contam que os habitantes tinham o hábito de ferver gordura juntamente com cinzas, fazendo uma espécie de sabão, não se sabe para qual finalidade. Mas o produto se tornou conhecido, sendo batizado com esse nome, muito tempo depois e por outra civilização. Os primeiros romanos costumavam sacrificar animais em uma montanha chamada Sapo. Quando chovia, a água que descia pela montanha levava barro misturado com gordura e cinzas dos animais mortos para as margens do Rio Tiber. As mulheres que lavavam as roupas no rio perceberam que, ao utilizar essa combinação resultante da reação de saponificação, precisavam esfregar menos para deixar as peças mais limpas, pois a sujeira acabava saindo mais fácil. Com a queda do Império Romano do Ocidente, o sabão ficou esquecido por um bom tempo. Ressurgiu apenas no século IX em Savona, na Itália, cidade que perpetuou o nome do produto, mas era de uso exclusivo dos nobres. Somente no século XVIII, se tornou mais difundido e começou a ser produzido em larga escala. A primeira patente da fabricação é de 1791, mas só depois da década de 1920 surgiram novos hábitos e tendências do mercado. Um deles era o uso do sabão esfarelado, quando a barra era cortada e dissolvida em água quente. Em 1946, passou a ser vendido também na forma líquida.
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Franquia
Pioneiro com suplementos Sozinha no mercado, a franquia de alimentos complementares planejou sua expansão com cuidado e passou a oferecer produtos com marca própria por
Sara Caprario
Produtos para emagrecer, aumentar massa muscular, performance e qualidade de vida fazem da SNC uma rede de franquias muito procurada por pessoas que se identificam com o assunto. Impulsionada por uma demanda crescente, a explosão do mercado de suplementos alimentares e vitaminas atinge hoje 17,4 bilhões de dólares em todo o mundo. Quando iniciou o negócio de venda de suplementos nutricionais, no Rio de Janeiro em 1991, Fábio Ramos encontrou um mercado ainda pouco explorado. Durante oito anos, ele mantevese com foco no varejo, importando produtos que não eram encontrados no país e ampliando as filiais da SNC (Sports Nutrition Center), chegando ao número de oito lojas. O aumento do consumo deste tipo de alimento possibilitou esta expansão, e cada vez mais apareciam interessados em ter uma revenda daquele tipo. “Fizemos duas cessões de marca, mas havia o receio de entregar o negócio e não ter mais a exclusividade. Foi aí que começamos a pesquisar o sistema de franchising”, diz Fábio. Entre 2000 e 2001, houve uma grande reestruturação da SNC. Para concretizar as mudanças, foram realizadas pesquisas e iniciado um outro processo, o lançamento de uma marca própria com produtos sob encomenda feitos por empresas terceirizadas. “Atravessamos nesta época uma mudança na economia, a desvalorização do dó-
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lar, o que nos permitiu oferecer produtos nacionais mais baratos”, diz o presidente da rede. As três fábricas terceirizadas, duas em São Paulo e uma em Santa Catarina, utilizam insumos importados, sendo a embalagem e o layout padronizados pela SNC. Com a implantação da franquia, o foco no varejo foi sendo aos poucos complementado pela prestação de serviços necessária aos franqueados que começaram a montar a rede. A empresa, que conta hoje com 38 unidades – três próprias e 35 franqueadas – nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Brasília, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Pará, investirá até o final deste ano R$ 2 milhões em expansão e marketing. A meta é chegar a dezembro com mais 25 lojas abertas, praticamente dobrando esse número em menos de um ano. Segundo dados da empresa, cerca de 10% das pessoas utilizam algum tipo de suplemento alimentar. Destes, os jovens são a maioria. Mas o trabalho de expansão já vem ajudando a incluir estes produtos no dia-a-dia de mais pessoas. O que antes era visto como alimento apenas de atletas ou como fonte alternativa de dietas especiais hoje já é usado como complemento importante para garantir a ingestão de nutrientes fundamentais para uma vida mais saudável. “A rotina de trabalho faz com que
muita gente se alimente com escassez de proteína, por exemplo. Por isso, os suplementos já são vistos como essenciais”, diz Fábio. A grande explosão na demanda pelos produtos também está ligada ao clima tropical e à vaidade dos homens e mulheres no país, o que colocou o Brasil na lista dos “Top 10” no consumo desses produtos, segundo informações da SNC. Sobre metas, o presidente diz que “esse ano quer entrar em todos os Estados do Brasil, sem exceção, e internacionalizar a marca para países da Europa, África, América do Sul e Central, que são excelentes mercados para suplementos nutricionais”. A empresa tem a maior média de compradores do segmento. Na unidade da Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro, são 15 mil clientes cadastrados por ano, que compram cerca de R$ 120,00 por mês cada um. Quatro novas lojas já estão em processo de abertura. No Rio, os bairros são Ilha do Governador e Barra. Em São Paulo, o município escolhido foi São José do Rio Preto e, na Europa, Lisboa receberá a primeira franquia internacional.
Fábio Ramos: o que antes era visto como alternativa de dietas especiais hoje é usado para manter uma vida mais saudável
Perfil do franqueado Para ser um franqueado nessa área, é importante realmente se identificar com o conceito do negócio. A SNC diz que outras características são essenciais para o dinamismo da nova função, como dedicação, espírito empreendedor e comprometimento. “Os novos franqueados não precisam ter qualificações especiais na área, mas quem nos procura geralmente são entusiastas, utilizam os produtos, querem difundir os benefícios e gostam do tema. Damos todo um suporte, que vai desde a central de compras e negociações passando pela seleção de ponto comercial, software padronizado de controle, treinamentos para franqueados e funcionários, entre outros tipos de serviço. Para maior comodidade e conveniência, a loja é entregue ao franqueado montada e pronta para operar”, explica Fábio Ramos.
Números da rede Crescimento em 2006: 20% Previsão de crescimento em 2007: 50% Investimento inicial para abrir a loja: R$ 75 a 148 mil Taxa de franquia: R$ 25 a 28 mil Royalties: 1,95% por mês sobre o faturamento Marketing: 1% por mês sobre o faturamento Retorno financeiro do capital investido: 12 a 20 meses
Linha Direta SNC www.sncshop.com.br (21) 2421-7544 Abril 2007 – Empreendedor – 43
F ranquia Pan movimenta redes Com a expectativa de receber em torno de 500 mil visitantes durante os 16 dias de competições dos Jogos PanAmericanos, as redes de franquias também se preparam para o aquecimento nas vendas. A Jani-King, de serviços de limpeza comercial, é uma delas e projeta crescimento de 40% na atuação do Rio de Janeiro. Um dos objetivos é aumentar a participação no setor de condomínios. Com 80 franqueados brasileiros que atendem 1.200 clientes em 13 Estados, a empresa atua ainda nos segmentos de escolas e escritórios, entre outros. (11) 3709-5111
Três em um O ensino integrado de curso profissionalizante, informática e idiomas está repercutindo bem entre os alunos da rede de capacitação profissional Data Byte. Batizado de E3i, o método agradou os franqueados, que afirmaram terem aumentado a procura pelos cursos. “Vemos um interesse por parte das pessoas, muitos perguntam sobre o novo método, e quando explicamos o que é, eles acham super vantajoso”, diz Andréia Azevedo, da unidade Data Byte República (SP). Ao escolher o método, o aluno pode optar pelos cursos de sua preferência, nas áreas profissionalizante e informática, e uni-los ao aprendizado do inglês, com vantagens no custo. As aulas acontecem em dias alternados, sob a supervisão de professores especializados, que têm um plano de aula previamente elaborado para cada aluno. (11) 3168-7149 www.databyte.com.br
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Mais perfumes A Parallèle é uma empresa nacional, apesar do nome, e se dedica à produção e venda de cosméticos e perfumes. Em 2006, a marca atingiu 20 pontos-de-venda, sendo 17 no modelo de franquia. O negócio nasceu da união dos amigos João Vianna e Simon Levi. Os perfumes Parallèle são desenvolvidos pelo perfumista Fabio, e as matérias-primas, importadas da França. No total, são 240 itens divididos em perfumes, hidratantes, desodorantes, sabonetes e shower gel. Uma outra prioridade da
empresa é com a identidade visual dos pontos-de-venda. “O layout dos quiosques Parallèle são planejados para oferecer conforto, praticidade e bem-estar ao consumidor”, diz Vianna. No ano passado, o faturamento foi de, aproximadamente, R$ 4,5 milhões. Mas com o crescimento rápido, há muita expectativa por parte dos criadores da Parallèle. A rede lançará novos produtos, almeja atingir 35 pontos-de-venda e encerrar o ano com um faturamento na casa de R$ 7 milhões. (11) 3362-2122
Franquias Made in Brazil “O Brasil já é considerado um grande exportador desse modelo de negócio, prova disso é que já existem 30 marcas nacionais presentes no exterior, com cerca de 500 lojas em vários países, principalmente, Portugal, Espanha, Estados Unidos e México. O modelo brasileiro de franchising é bem formatado e tem excelentes condições de se adaptar aos países de destino. O setor de franchising tem contribuído muito para a economia nacional, e a expectativa para os próximos anos é de um crescimento contínuo tanto em faturamento como em número de redes e unidades.” Artur Noêmio Grynbaum, presidente da Associação Brasileira de Franchising e vice-presidente do Boticário
Momento favorável Cuidados animais
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A rede de clínicas veterinárias Pet Life abre a segunda unidade própria, no bairro Campo Belo, na zona sul da capital paulista. A meta é abrir outras cinco unidades até o final deste ano, apostando no crescimento do mercado. Além de outros três pontos na Grande São Paulo, a rede também negocia com interessados no Rio de Janeiro e no Paraná. Entre os serviços oferecidos, estão o hotel e creche canina, cursos de adestramento e etiqueta animais, atendimento clínico com diversas especialidades, piscina para recreação, condicionamento físico e fisioterapia, além de veterinária especializada em comportamento animal. “Nosso conceito é ser um verdadeiro centro de
bem-estar animal, onde o cão pode encontrar tudo o que precisa para ser alegre e saudável em um único ambiente”, diz Rodrigo Tchakerian, franqueador da rede, que investiu R$ 180 mil na nova unidade, de 400 metros quadrados. Os dados de 2006 da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Companhia (Anfal Pet) revelam que o Brasil possui 28,8 milhões de cães e ocupa o segundo posto no ranking mundial. Os Estados Unidos estão em primeiro. O negócio deste setor movimenta em torno de R$ 16 bilhões por ano no país, com crescimento anual de cerca de 20%, segundo a entidade. (11) 3758-1366
Não é de hoje que as redes de ensino de idiomas anunciam números de expansão e destacam como momentos favoráveis cada início de ano, quando muitas pessoas decidem iniciar um curso. Apesar de o grande boom deste mercado já ter ocorrido, ainda há potencial para crescimento. A Skill começou este ano com sete novas unidades, e o diretor de expansão, Fábio Müller, diz que planeja um crescimento de 45% em 2007, abrindo 50 novas escolas, passando para 400 no país e em 2008 expandir a bandeira para outros países. Outra rede, a Uptime, inaugurou cinco novas franquias neste começo do ano em dois Estados brasileiros, São Paulo e Minas Gerais. O franqueado da unidade de Patos de Minas (MG), Robert Levy, está otimista. “Estou na cidade-pólo da região do Alto Paranaíba, que vem se destacando cada vez mais com atividades de agronegócio”, diz. (31) 3261-0737
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FFranquia ranquia
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FRANQUIAS EM EXPANSÃO
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2007 Métodos– deEmpreendedor Trabalho, TR- Treina- – Abril mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek
Alps
Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br
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Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso
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Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br
Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses
* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.
Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br
Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Pequenas Notáveis Editado por Alexandre Gonçalves
CONJUNTURA
Frente Parlamentar quer dinamizar implementação da Lei Geral das MPEs e diferenciado para o segmento. “Perderíamos muito esforço, se esse tratamento simplificado e diferenciado não fosse implementado", disse o dirigente durante a solenidade de lançamento da Frente, no último dia 14. Já para o presidente da Confederação Nacional das Entidades de Micro e Pequenas Empresas do Comércio e Serviços (Conempec), José Tarcísio da Silva, o envolvimento do Congresso reforça as negociações com os governos, já que muitos dispositivos da lei precisam ser regulamentados pelos governos federal, estaduais e municipais. “Isso contribui para que os benefícios da lei cheguem à ponta, às micro e pequenas empresas.” Segundo José Pimentel, entre as ações da Frente Parlamentar, estão a estruturação da subcomissão de micro e pequenas empresas e várias iniciativas de interesse do segmento,
MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE
A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ganhou mais um aliado importante para que possa representar realmente um novo tempo para os empreendedores de pequeno porte, com a criação da Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas no Congresso Nacional. Integrada por 200 deputados e 30 senadores, a Frente será presidida pelo deputado José Pimentel (PT-CE) e vai acompanhar a regulamentação e implementação da Lei Geral. “Sempre soube que são as micro e pequenas empresas que mais geram empregos no país”, avalia o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para quem a Lei Geral será importante para a distribuição de renda e a geração de empregos. Para o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a Frente será fundamental para assegurar a efetivação do conceito de tratamento simplificado
como contatos com o Tribunal de Contas da União para discutir a sistemática de prestação de contas, e licitações das micro e pequenas empresas e facilitar o acesso do segmento às compras governamentais. Os integrantes da Frente também se reunirão com o Comitê Gestor da parte tributária da Lei Geral para debater sobre a Guia Única de recolhimento de tributos, e o cadastro único de micro e pequenas empresas previsto na Lei. Ele disse que também será definida uma agenda de reuniões com integrantes da União, Estados e municípios, para tratar de assuntos relativos à regulamentação da Lei Geral. A idéia é que também sejam instaladas frentes parlamentares estaduais para acompanhamento da regulamentação da Lei Geral. (Com informações de Dilma Tavares/Agência Sebrae)
Livro conta batalha pela Lei Geral
Presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (à frente), destaca geração de emprego e distribuição de renda como benefícios da Lei Geral
50 – Empreendedor – Abril 2007
O processo de mobilização empresarial e política em torno da Lei Geral é contado no livro Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas: uma História que Veio fazer História. O livro é de autoria do jornalista Márcio Metzker e foi escrito a partir de depoimentos de quem esteve diretamente envolvido com a construção e aprovação da lei. Além disso, o livro também reúne artigos de personalidades do mundo político e empresarial que participaram do processo de mobilização pela aprovação e sanção da lei.
O espaço da micro e pequena empresa OPORTUNIDADES
Definido calendário do circuito Feira do Empreendedor Anote na agenda Confira a seguir o calendário completo do Circuito Feira do Empreendedor 2007 (maiores informações podem ser obtidas nas unidades locais do Sebrae).
MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE
Promovido pelo Sebrae desde 1994, o Circuito Feira do Empreendedor já tem data para começar em 2007: 9 a 13 de maio, em Brasília (DF). No ano passado, o circuito recebeu mais de 247 mil visitantes, reuniu 1.821 expositores e contou com 1.556 turmas de cursos e palestras, nos quais se capacitaram mais de 72 mil pessoas. Segundo a gestora nacional do circuito, Andrea Faria, da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, 80% do públicoalvo do evento compõese de potenciais empreendedores e de candidatos a empresários. Nas feiras, o visitante encontra informações sobre como abrir e gerenciar a própria empresa, além de conferir de perto oportunidades de negócios e novas tendências de mercado. “Levamos aos participantes capacitações que permitem pensar na melhor forma de começar o empreendimento e que contribuem para que suas empresas não acabem nas estatísticas de mortalidade precoce, que atingem micro e pequenas empresas em seus dois primeiros anos de funcionamento”, diz Andrea.
Brasília (DF): 9 a 13 de maio Petrópolis (RJ): 31 de maio a 3 de junho Palmas (TO): 28 de junho a 1º de julho Itaperuna (RJ): 19 a 22 de julho Cuiabá (MT): 15 a 19 de agosto Maceió (AL): 15 a 19 de agosto Goiânia (GO): 23 a 26 de agosto João Pessoa (PB): 4 a 7 de outubro Macapá (AP): 19 a 28 de outubro São Luís (MA): 1º a 4 de novembro Salvador (BA): 8 a 11 de novembro Volta Redonda (RJ): 8 a 11 de novembro
OPINIÃO
Três lições para um marketing eficiente por Franco Rosário e Flávio Demarchi Dificilmente um brasileiro nunca entrou em contato com uma micro ou pequena empresa. Em todo o país, são mais de 5 milhões de pequenos estabelecimentos que lutam diariamente por clientes, mercado e espaço. Milhares de brasileiros também trabalham ou já trabalharam em uma pequena fábrica de autopeças ou agência de turismo, enquanto outros tantos são proprietários de um pequeno negócio. Além de ser cliente e ter trabalhado em pequenas empresas, atualmente sou sócio de uma pequena agência de pu-
blicidade. Unindo minhas experiências, quero compartilhar três lições que acredito importantíssimas para um marketing eficiente para pequenas empresas. 1) Não deixe ninguém sem resposta: mapeie todos os canais de contato de seus públicos com sua empresa e garanta resposta a todos. Nada é pior para a reputação de um negócio, principalmente pequeno, do que ser contactado e não dar retorno. E você ainda pode receber uma boa proposta de negócio ou conhecer um funcionário incrível. 2) Compartilhe informações com seus
funcionários: trabalhei em um site de internet no qual, pelo menos, uma vez por mês, os funcionários tomavam café da manhã juntos, e o presidente da empresa falava sobre seus planos e resultados. Isso deixava todos muito mais ligados à empresa e engajados em fazêla crescer, criando um clima de confiança mútua e cooperação. 3) Mãos à obra: planejar é importantíssimo, mas só se aprende realmente com o dia-a-dia. Faça planos, mas coloque suas ações em prática, sempre verificando os resultados.
Franco Rosário e Flávio Demarchi são consultores da Social e Comunicação e escrevem o blog Comunicação Democrática (www.comunicacaodemocratica.wordpress.com)
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Perfil
Antônio Carlos Romanoski
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Em busca de equilíbrio O presidente da Sundown faz a empresa crescer com motos populares e parcerias estratégicas dentro e fora do país por
Wendel Martins
Casar um crescimento vertiginoso com qualidade de produto, explorar novos segmentos e, ao mesmo tempo, atender à fatia mais popular do mercado, vender em regiões consideradas pouco lucrativas e emplacar uma parceria ao invés de comprar tecnologia. Esses são os segredos do sucesso da Brasil & Movimento S.A. (B&M), líder na fabricação de bicicletas com a marca Sundown, que em 2002 ampliou a sua participação no segmento de duas rodas com a fabricação de motos de baixa cilindrada. Em pouco mais de três anos de mercado, a Sundown Motos tornou-se a terceira marca mais vendida do país, com 4,9% de participação no mercado. “Entre janeiro e outubro de 2006, houve um aumento de 80% nas vendas. O número é importante, mas é necessário explicar que a nossa base não era tão grande. O crescimento veio em função dos lançamentos de algumas novidades como a motoclicleta de 90 cilindradas. Estamos lançando uma linha off-road de 200 cilindradas. E temos uma scooter também”, diz o personagem à frente dessa revolução, Antônio Carlos Romanoski, curitibano de 62 anos, que se tornou presidente da companhia em 2003. O neto de imigrantes de origem polonesa e alemã começou sua carreira aos 14 anos como contínuo de banco. Aos 20, ingressou na Companhia de
Energia Elétrica do Paraná, onde ascendeu da área burocrática para comandar uma Usina em Salto Osório, a 445 km de Curitiba, e teve a experiência de administrar um acampamento para 5.000 pessoas, com toda a infra-estrutura de uma cidade, como escola, hospital, segurança. Formado em Direito com pós-graduação em Economia, quis se tornar advogado, mas a vida acabou levando-o para outros caminhos. Gosta de ser chefe e tem como característica a capacidade de gerir crises com diplomacia. Ao sair da Copel, ingressou na Prosdócimo, que tinha acabado de comprar a Clímax, a Sanyo e a Wap. Transformou cinco empresas em uma, ANTÔNIO CARLOS ROMANOSKI Idade: 62 Local de nascimento: Curitiba (PR) Formação: graduação em Direito e pós-graduação em Economia Empresa: Brasil & Movimento S.A. Ramo de atuação: Bicicletas, motocicletas e fitness Cidade-sede: São Paulo Número de funcionários:1.200 (São Paulo, Manaus e China) Faturamento em 2005: R$ 287 milhões e 789 mil Faturamento no 1º semestre de 2006: 164 milhões e 977 mil
a Refrigerações Paraná (Refripar). Fez carreira na empresa e em 1996, quando a Eletrolux comprou o controle acionário da companhia, foi alçado à condição de presidente. Foi chamado para dirigir a Sundown no momento em que a companhia – que emprega 1.200 funcionários diretos e 4.000 indiretos – queria entrar no mercado de motocicletas. “Para mim, uma situação desafiadora, e foi difícil resistir. Era preciso encontrar um caminho alternativo neste segmento que tem no Brasil a hegemonia de duas grandes empresas, a Honda, com 80% de mercado, e a Yamaha, com 16%.” O caminho para vencer essa concorrência era se aliar a indianos, coreanos ou chineses. Optou pela China, onde se fabricam 30 milhões de motos por ano, trinta vezes o tamanho do mercado brasileiro. A Sundown Motos formou uma joint-venture com a Jinan Qingqi Motorcycle, empresa estatal e a quarta maior produtora de motos da China, com mais de um milhão de unidades vendidas. O objetivo é fabricar as motos no Brasil, com tecnologia e preços chineses. “Há cinco anos, nós temos essa parceria com eles, que hoje é bem sólida. Temos na China um escritório e uma base avançada de engenharia justamente para desenvolver produtos para o Brasil.” A parceria começou com a produção de duas linhas de baixa cilindrada (50 cc e 100 cc). No final de 2003, a Sundown lançou outros três modelos Abril 2007 – Empreendedor – 53
Perfil
Antônio Carlos Romanoski
1945 - Nasce Antônio Carlos Romanoski
LINHA DO TEMPO
1959 - Primeiro emprego como contínuo no Banco Comercial 1965 - Ingressa como executivo na Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) 1979 - Torna-se o diretor mais jovem da Copel, aos 29 anos de idade 1982 - Ingressa na Prosdócimo 1996 - Torna-se diretorpresidente da Eletrolux no Brasil 2003 - Ingressa na Sundown como presidente
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e entrou na briga por uma fatia do competitivo mercado de 125 cilindradas, com preços 20% menores que os da concorrência, em média. Com os chineses, ele aprendeu que existe um padrão de quantidade e que a qualidade é desejável. Para isso, mantém em território chinês uma área de 8 mil metros quadrados e doze engenheiros que validam qualquer produto que venha para o Brasil para ajustá-lo aos padrões e procedimentos técnicos da Sundown. “Não é que a gente pega o produto chinês e traz para cá. Porque a referência do produto no Brasil com qualidade e desempenho foi estabelecida pelos que estão aqui. Então, não podia ser um produto que se diferenciasse muito disso. Por isso, contratamos técnicos altamente especializados capazes de fazer um produto competitivo.” Além do desenvolvimento dos produtos, o segundo grande desafio era montar uma rede de concessionárias qualificadas. Era um processo duro, já que a marca era conhecida no mercado pelas bicicletas e vinculada a bronzeadores e medicamentos. Dois caminhos se abriram à sua frente: atacar o mercado de São Paulo, responsável por 60% do mercado brasileiro, ou entrar em praças menores, no interior do país. Romanoski preferia a capital paulista, mas foi voto vencido na diretoria, que optou pela regionalização. “Essa decisão se mostrou a opção correta, porque indo para o interior você tem uma avaliação do produto em regiões diferentes como Norte, Nordeste e Sul, e nesse período todo pudemos avaliar como o produto se comportava.” Então, a Sundown Motos abriu concessionárias em Macapá (AP), Belém (PA),
Bagé (RS) e Pato Branco (PR). Outro motivo para lançar produtos em cidades menores é que a mídia é mais barata. À medida que a empresa foi crescendo, os próprios concessionários, boa parte vendendo também automóveis, divulgaram nas suas convenções que era um bom negócio a Sundown Motos. “E, com isso, a empresa conseguiu formar uma rede bem qualificada, já com experiência nessa relação com o consumidor, e essa rede é uma das razões do sucesso do crescimento da Sundown.” Romanoski acredita em três pilares para vender e ter sucesso: o primeiro é o produto, o segundo foi a rede de distribuição, e o terceiro é uma comunicação eficiente. As ações de marketing para divulgar a marca incluem, pelo terceiro ano consecutivo, assumir o papel de moto oficial da Fórmula I – GP Brasil e pelo segundo ano a moto oficial da Stock Car. “Nós linkamos a nosso moto com eventos como a Stock Car, nós somos patrocinadores exclusivos da banda Calypso, estamos presentes também em eventos da área náutica, como o raly náutico e o Boat Show. Sempre estivemos juntos nesses eventos, porque esse público também compra moto.” Outro fator de compras é o Consórcio Nacional Sundown, que corresponde a 10% das vendas. “O nosso consórcio não é muito forte ainda, porque estamos começando. Estamos trabalhando esse quesito para ter um crescimento mais sólido.” Nos três anos em que a empresa atua no segmento, já produziu cerca de 100 mil motos, uma média 5 a 6 mil unidades por mês. Mas a empresa tem uma salvaguarda, que é uma capacidade fabril de produzir cerca de 120 mil
motos por ano, e ainda estão investindo para dobrar a atual capacidade de produção. “Agora, a nossa ação é dobrar o tamanho da fábrica e depois expandir a rede. Uma praça importante como Porto Alegre só foi inaugurada em janeiro deste ano. Nós temos muito cuidado nesse quesito, já que no ano passado criamos uma média de 11 concessionárias por mês até chegar a duzentas. Agora, vamos ampliar a rede, a gente deve crescer mais umas 40 concessionárias este ano.” Ele não revela quais são os mercados que a companhia pretende atacar, mas informa que vai estendê-la a algumas cidades em que a companhia ainda não tem presença. “Então, a rede já está em todo o Brasil, mas existe muito espaço no Nordeste, Centro-Oeste e também no Norte do Brasil.” Ele diz que a Sundown Motos é uma empresa direcionada para o consumidor de baixa renda, que não tem motocicleta e comprava uma moto usada, e agora pode comprar uma nova, com assistência e garantia. O perfil do público da empresa é aquele que prefere um produto e não quer pagar muito. “Lançamos essa moto de 90 cc, que é popular e custa R$ 2.990. A prestação é de R$ 120, R$ 4 por dia. Você pode ter um motocicleta em vez de pagar um ônibus.” Romanoski informa, ainda, que a moto Scooter de 100 cilindradas é destinada para mulheres: cerca de 60% das vendas são para o público feminino. “Tem muita mulher usando a moto de casa para trabalho, profissionais que preci-
sam se deslocar. Então, nós estamos focando o consumidor que precisa de motocicleta para transporte, lazer e trabalho.” O produto pode ser testado e avaliado, esse tipo de consumidor conhece mecânica, motor e consumo de combustível. A concorrente Honda acabou de lançar um modelo Pop, mas a entrada da líder de mercado nesse segmento não assusta o executivo. “Eu acho que o mercado tem espaço para todo mundo. A Honda justamente lançou esse modelo, porque nós lançamos a 90 cilindradas, e eles viram que estávamos avançando muito nesse modelo.” Ele explica que moto de baixa cilindrada roda há cerca de 30 anos na Ásia e com sucesso. A Honda viu que esse espaço estava aberto e fez um downgrade na sua linha lançando uma 100 cilindradas, ou seja, quando a Sundown lançou o modelo de 125 cc, a Honda tinha tirado esse moto de linha e colocado a de 150 cc no lugar. “Nós nem nos posicionamos como concorrentes da Honda. Ela tem outro potencial, outro tamanho, nós somos uma opção de mercado que está entrando para atender aos espaços e indo diretamente ao interesse do consumidor, basicamente o consumidor típico brasileiro mesmo.” Em 2002, quando a empresa lançou motos, a decisão de entrar num mercado que já era dominado pelos japoneses foi difícil. “Em nenhum outro lugar do mundo, uma empresa vai ter 80% do mercado, como é o caso
da Honda. No mundo, isso já não existe mais.” A empresa lançou modelos que não tinham algo como uma Scooter de 90 cilindradas. Ele argumenta que o bom desempenho da empresa vai permitir que outros produtores da Ásia se estimulem para vir ao Brasil, que é um mercado de 1 milhão de motos por ano. “Provavelmente, virão mais chineses, indianos, tem muita gente estudando o mercado brasileiro. Porque a hegemonia de uma linha de produto não funciona.” Ele lembra que o mercado do automóvel, originalmente, era restrito aos norte-americanos e europeus, e que pouco tempo depois os japoneses entraram, seguidos pelos coreanos. “O consumidor está cada vez mais globalizado, querendo mais opções. Essa linha de moto é que estava parada, e a gente conquistou mercado quando viu uma oportunidade. Tinha alguns espaços que estavam sendo deixados pelos líderes.” Uma das novidades da empresa é um quadriciclo, um produto que no mundo inteiro tem crescimento. Em algumas cidades da Europa, a tendência tem sido muito forte para o quadriciclo. Na Espanha, por exemplo, se verifica um significativo aumento de vendas. “Já tem gente trazendo quadriciclo, mas é um mercado que vai ter que ser desenvolvido. É basicamente usado em hotéis. Mas esse segmento ainda será secundário.” Romanoski acredita que os detalhes são importantes na hora de conquistar o consumidor. “Um fator que diferencia nossos produtos é a partida elétrica.” Outro acessório que faz sucesso é o sensor de celular. “Quando toca o aparelho e o motoqueiro está com capacete no painel, um sensor indica que o celular está sendo chamado. No painel, ele aciona, visualiza Abril 2007 – Empreendedor – 55
Perfil
Antônio Carlos Romanoski
e pode decidir atender ou não.” A empresa ataca pelas beiradas e fechou uma parceria com a Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição (Confenar). A proposta é oferecer às revendas associadas preços especiais para a compra das motos Hunter 90 e 125 cilindradas, e Max SE, padronizadas conforme cor e adesivagem dos produtos Ambev, ambas com motor de quatro tempos e cinco marchas, ideal para o uso urbano. A parceria contempla também a realização de testes piloto nos quais as revendas podem identificar o modelo mais adequado para a sua necessidade e avaliá-lo por um período de 15 a 30 dias antes de decidir sua aquisição. Para os revendedores Ambev, as motos terão um desconto bastante significativo e poderão ser adquiridas à vista ou financiadas pelo cartão BNDES. A expectativa de adesão é grande. Em todo o país, as revendas associadas possuem uma frota de seis mil, sendo a motocicleta uma alternativa muito utilizada na sua força de vendas. Se a empresa é pequena no mercado de motos, no segmento de bicicletas é líder, com uma linha completa para consumidores de todas as idades. Os modelos da Sundown Bikes vão de infantil a adulto, específicos para a prática de esportes como mountain bike e
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uma nova linha de bicicletas Top, voltada para o público especializado de bicicleta. Com um parque fabril totalizando 54 mil metros que abrigam duas fábricas, a empresa foi uma das primeiras indústrias a receber a Certificação de Qualidade ISO 9001/2000, a versão mais moderna do certificado de qualidade ISO. Os grandes fabricantes de bicicleta, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), em 1991 tinham 93,4% e hoje 52%. Mesmo assim, Romanoski acredita que essa é um área de atividade que tende a crescer. “O mercado de bicicleta não vai parar nunca. Todo mundo vai ter uma bicicleta. E hoje está sendo usada também para lazer, esporte e saúde.” Ele demonstra que pequenos fabricantes regionais conseguem comprar todos os componentes e montam as bikes com menor custo, porque não têm uma estrutura tão grande. “O consumidor final que não é especializado compra por preço, já que são produtos parecidos.” Entre as líderes de mercado, estão a Sundown, Caloi, Monark, Houston e a Fischer, no Sul do país. “Os grandes fabricantes concorrem com uma centena de pequenos no Brasil todo. E como eles não estão registrados em as-
sociação, não se sabe o tamanho das vendas de bicicleta. Mas é um mercado que cresceu muito com essa diversificação de produção.”
Linha Top A expectativa da empresa é levar os consumidores de bicicletas médias para um mercado mais top, para produtos de maior valor agregado. “Nós estamos investindo muito nas bicicletas mais sofisticadas, nós temos as melhores bicicletas da linha alta. Oferecendo uma linha Top e trabalhando muito nessa área, tem menos volume e uma rentabilidade maior que o mercado de acesso.” Mas nessa linha de bicicletas voltadas para competição, a Sundown tem que enfrentar uma concorrência com os produtos importados. Entre os diferenciais da companhia, estão a assistência técnica local e a reposição de peças em território nacional. “Sabemos que não é um mercado grande, e nós já adquirimos um bom conceito de marca nos produtos altos. A gente tem estrutura de fazer produtos de alta competição. Outra linha que rende frutos é a linha infantil, que é sempre um mercado grande.” Em 2004, a empresa criou uma nova unidade de negócios, Fitness, que completa o seu leque de atuação no Brasil. Para esta nova linha de produtos, foi lan-
Com 54 mil metros que abriga duas fábricas, a empresa foi uma das primeiras indústrias a receber a Certificação de Qualidade ISO 9001/2000
çada a marca INOfit. Mas Romanoski diz que está revendo essa posição de fitness, porque é um mercado que também tem bastantes produtores pequenos. “É uma área de atividade na linha de alta performance. Tem que ter muita qualidade, pois são produtos usados em academias. Então, na área de fitness estamos revendo para conseguir uma posição realmente rentável. Hoje, ele meio que complementa a linha, mas achamos que devemos melhorar muito nessa área.” Entre os programas sociais que a empresa oferece aos funcionários, está o Casa do Trabalhador. A companhia comprou uma máquina de fazer tijolos de concreto, e nas horas em que os operários não estão trabalhando, fazem uma espécie de mutirão. Depois, escolhem qual o empregado vai ser o sorteado para fazer a arrumação na sua casa. O Programa Casa do Trabalhador, da Brasil & Movimento, foi o grande vencedor da 3ª edição do Prêmio Vida Profissional Sodexho Pass 2006. Os cases foram analisados e julgados pela Escola de Administração de Empresas da FGV de SP. É voluntário e tem tido uma boa repercussão porque dá ao trabalhador a oportunidade de ter uma casa nova, e com isso o empregado se dedica mais. E na comunidade de Manaus, muitas vezes a casa não é legalizada, às vezes a população é ribeirinha, e o próprio mu-
nicípio está fazendo benefícios para que o trabalhador tenha uma residência legalizada. “Hoje, o trabalho de responsabilidade social é quase uma exigência do mercado. A empresa tem que ter um comportamento social adequado. E nós não exploramos muito isso, não usamos na nossa mídia, é um tarefa que fazemos com convicção mesmo.” Esse projeto contou pontos para a empresa receber prêmios como Top de Marketing, Oscar de Varejo e Personalidade de Vendas da ADVB. “Nós temos mantido em toda a empresa uma postura muito ética em relação ao consumidor, às obrigações fiscais e sociais. Porque o consumidor pensa o produto, ele pensa a empresa, e vice-versa, pois não pode ter um produto bom se a empresa for ruim. Nem uma empresa ruim faz um produto bom.” A Revista Exame, na edição Melhores e Maiores 2006, elegeu a Sundonwn como a segunda melhor empresa no ano de 2005. A companhia também conquistou outra importante avaliação do mercado, um segundo lugar na classificação geral do setor de “Veículos e Peças” no Ranking Valor 1000, do jornal Valor Econômico. Além disso, a Sundown foi considerada a melhor em desempenho por setor nas regiões Norte e Centro-Oeste. A Sundown Motos recebeu duas homenagens durante o 7º Prêmio da Associação Bra-
sileira dos Motociclistas (Abram) como “Empresa Parceira do Motociclista” e pela “Difusão da Motocicleta em Grandes Eventos”, como a Stock Car, confirmando sua trajetória como importante empresa do segmento. E com o case “Audaciosa estratégia de marketing desafia marcas poderosas e conquista valioso espaço no mercado”, a Brasil & Movimento foi uma das premiadas no Top de Marketing 2006 da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), sendo a única do segmento de Duas Rodas. Por conta do expressivo crescimento da marca Sundown Motos em 2005, a empresa conquistou o Top de Vendas 2006, também da ADVB. Pelo 3º ano consecutivo, a Sundown Bikes recebeu o Prêmio Mérito Lojista, o Oscar do Varejo, promovido pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Já a Sundown Motos repete o sucesso do ano passado e ganha o troféu pela segunda vez consecutiva. “Ser a personalidade de vendas é uma honra para mim, pois sou novo em São Paulo, e a nossa empresa não é tão grande para receber essa distinção. Esse nosso jeito de levar as coisas tem a cara do Brasil. A bicicleta é um bom símbolo para o país, pois precisa de equilíbrio e de energia para andar, e se você não pedalar, cai.” Abril 2007 – Empreendedor – 57
A voz da experiência
Aleksandar Mandic
As lições do carteiro Pioneiro na internet, Mandic aposta em e-mails de grande capacidade para mercado corporativo por
Wendel Martins
Aleksandar Mandic foi o pioneiro na internet no Brasil, criador do primeiro provedor do país. Hoje, está à frente da Mandic, uma empresa que oferece serviços de e-mail para grandes empresas. Foi um dos primeiros no mundo a vislumbrar e-mails de grande capacidade, antes de companhias internacionais como o Google. Trabalha como um carteiro na internet, garantindo a entrega de mensagens grandes para os clientes. Tem missão de fornecer bons serviços e acredita que o Mandic Mail tem um atendimento de classe. “O confronto com o cliente é derrota certa, mesmo em caso de vitória. Se um empreendedor entender bem essa frase, está feito”, diz. A idéia de montar o Mandic Mail surgiu, porque ele notou que os emails eram a ovelha negra dos provedores. “O provedor que investir no e-mail está jogando dinheiro fora. Então, eu pensei que, se eu só investisse em e-mail, eu achei que podia dar certo, porque vou ser especialista.” Aos 53 anos, comenta a sua trajetória de acertos e erros. “A Mandic é uma grife, e eu sempre quis ser a Ferrari da internet, o Safra da web.
58 – Empreendedor – Abril 2007
Aleksandar Mandic Eu não queria ser o supermercado.” Formado em Eletrônica, ele se considera um péssimo aluno. Acredita que a formação acadêmica não é tão importante, salvo exceções como médico ou mesmo um engenheiro de telecomunicações. Diz que o conceito das escolas de hoje tem de mudar, mas não acredita em revoluções do dia para a noite. Gosta de pensar em evoluções diárias e que o conhecimento acumulado pela prática pode ser mais útil que as lições acadêmicas. De vez em quando, imagina o quão importante seria para o país se as escolas tivessem aulas de empreendedorismo. Pensa que a formação empresarial é mais ou menos como um cavalo de corrida. “Tem duas condições para um cavalo de corrida competir num páreo. A primeira condição é que seja da raça de corrida, e a segunda é que tenha treino. Se não treinar, não ganha páreo. Então, tem que ter classe de empreendedorismo.” Acredita que o primeiro passo no sentido de corrigir um erro é reconhecê-lo, o que considera uma característica do empreendedor nato. “O sucesso na carreira não é o quanto você sabe fazer o trabalho, mas sim o quanto você é criativo.” Costuma falar que ser é poder fazer e acha ideal quando o empresário consegue e tem vontade de fazer as coisas acontecerem. Não gosta de citar clientes, porque a “urucubaca é grande, e o concorrente pode vir atrás.” Mandic trabalhou na Siemens de 1976 a 1992, sempre mantendo interesse por computadores. Acredita que trabalhar numa empresa de grande porte traz mais vantagens do que desvantagens. Divaga sobre como deve ser o comportamento de um funcionário numa multinacional, onde sabe que a estrutura é mais engessada. “Você não tem que ser tão criativo, mas tem que executar as coisas, porque tem gente criativa lá dentro que faz as coisas acontecerem.” Na época, a Siemens tinha 500 mil funcionários, e ele imagina a dificuldade de fazer meio milhão de pessoas em 128 países marcharem igual.
Idade: 53 Local de nascimento: São Paulo Formação: Técnico em Eletrônica Empresa: Mandic Ramo de atuação: Internet Cidade-sede: São Paulo Faturamento: R$ 5 milhões Número de funcionários: 30
“Se tem um cara que fica ultrapassando pela direita, ele está errado, embora em nível pessoal possa estar certo.” Em 1989, descobriu a maravilhosa possibilidade de transmitir dados de uma máquina para outra por modem. Então, estudou todas as possibilidades e sugeriu para a Siemens implementar um BBS, sigla que significa Bulletin Board System, um sistema que oferece serviços de correio eletrônico, repositório de arquivos e outros serviços como conversação on-line. Seus assinantes tinham acesso através de linhas telefônicas utilizadas via computador pessoal e modem. Era a pré-história da internet. A primeira dificuldade foi lhe dizerem que a idéia era boa, mas que não teria dinheiro, mesa e computador para implementá-la. Decidiu fazer ele mesmo, que nem o Ferdinand Porsche, que falou “não encontrei o carro dos meus sonhos, então resolvi fazer o meu próprio”. Uma linha telefônica custava quatro mil dólares naquele tempo, mas ele tinha uma sobrando em casa e também os equipamentos. Depois de três meses, descobriu que ninguém tinha acessado o sistema. “A maior dificuldade foi fazer o mercado entender.” Qualquer um teria desistido, mas ele resolveu contornar esse bloqueio. Como? Insistindo. “A internet está aí, é uma coisa milhões de vezes mais do que eu fazia, mas emplacou.” Considera a persistência uma característica do empreendedorismo. “Nunca se pode desistir.” A migração dos sistemas BBS para a internet aconteceu de maneira natural, quase no automático. “A gente usava linhas telefônicas, e foi uma evolução de tecnologia. Esse momento não foi de dificuldades, mas sim de vantagem competitiva.” Em
1995, no primeiro dia que a internet começou a funcionar no Brasil, ele já estava no ar. Com um porém: começaram a surgir vários portais, com muito dinheiro, e a Mandic não tinha recursos suficientes para investir e crescer no mesmo ritmo do mercado. A solução foi procurar um fundo de investimento. Existe um senso comum, quase uma caricatura do investidor financeiro, que está mais preocupado com os balanços e o seu retorno financeiros do que propriamente com a qualidade do serviço prestado. Para ele, essa imagem é real. “Quem manda você nascer inteligente e pobre?” Faz uma analogia com um carro de Fórmula 1 que tem o melhor pneu, o melhor piloto e a melhor aerodinâmica. “Mas não adianta, você tem que ter dinheiro, alguém tem que colocar o combustível.” Em 1999, o El Sitio fez uma boa proposta, vendeu o provedor Mandic, e a parte de infra-estrutura foi vendida para a Impsat. Diz que se desfez da empresa porque tinha visão. “Ou melhor, porque eu não enxergava mais nada, já não fazia mais sentido para mim.” Tomou a decisão na hora certa. Pouco tempo depois, “a bolha” estourou. “Era uma ciranda financeira, não era mais a tecnologia.” Depois, foi um dos fundadores do IG, que começou com um modelo de internet grátis que não se mostrou sustentável em longo prazo. No começo, ele não vislumbrou que a companhia teria de mudar a estratégia da empresa em pouco tempo. “Fomos evoluindo. Sempre me interessei por saber por que uma empresa prospera ou não. Acho que ela evolui como o corpo humano. Se o corpo não renovar as células, ele morre. O modelo de negócios do IG era um, depois foi outro, e hoje é um terceiro.” Ficou dois anos e um dia no IG, o tempo em que não poderia usar a marca Mandic por contrato. “O lobo perde o pêlo, mas não perde o vício. Eu acabei montando a empresa sem saber direito o que eu ia fazer. E deu certo.” Abril 2007 – Empreendedor – 59
A voz da experiência Não sabe dizer se a Mandic Mail já atingiu o ponto de equilíbrio. Acredita que empresa que cresce não dá lucro. “Quadruplicamos de tamanho no ano passado. Não posso ascender desse jeito e dar lucro, porque todo o dinheiro que vem tem que ser investido. Ainda bem que é assim.” O faturamento da empresa no ano passado foi de R$ 5 milhões, e ela tem hoje 30 colaboradores. A empresa poderia ser maior, se o crédito fosse abundante. “O dinheiro de banco é dinheiro barato, o do investidor custa caro. Mas quando você é pequeno, os bancos não querem te dar dinheiro.” Ele explica que os executivos das empresas de capital de risco dão dinheiro para um empreendimento crescer, mas para isso ficam com a metade da companhia. “Porque a tua empresa um dia fica grande. Se o empreendedor conseguir pegar dinheiro em banco, é uma vantagem. O Mandic Mail foi criado através de empréstimos. Porque um dia você consegue pagar toda a dívida, e a empresa é tua.” Entre as características de um empreendedor que quer fazer sucesso, está conhecer o mercado. “Dizem que árvores transplantadas raramente prosperam. Então, a melhor coisa é entender daquilo que você faz.” Se lhe falassem para montar uma construtora, como não entende nada de ferro, cimento, iria demorar anos para chegar ao nível da concorrência. A segunda dica é não desistir, pois uma hora o empreendedor pensa que é melhor fazer outra coisa. “Quando você resolve desistir, o teu concorrente fala: um a menos.” Entre as áreas que considera promissoras na internet, hoje, estão a busca e a pesquisa. Mas acredita que esse mercado é para “gente grande”. Também sabe que o fio está desaparecendo e que o hábitat da web no futuro vai ser o ar. Acha que o multiprocessamento é uma área que prospera. Explica que cada vez mais se tem máquinas mais poderosas, mas pensa que tudo tem um limite. “São milhões de computadores ligados na internet, e imagina que se
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Aleksandar Mandic
roube um pouco de processamento de cada uma delas. Se distribuísse uma tarefa com centenas de milhares de computadores na rede, eu teria um computador cem mil vezes mais rápido. É nesse mercado que eu daria o foco.” Quando perguntado se isso tem a ver com redes peer-to-peer, diz que não entende da área técnica e prefere ficar no conceito. “Eu não sei programar.” Aleksandar achou “legal” a experiência de escrever Mandicas, livro composto por 167 frases que representam a maneira de pensar e agir de um dos principais empreendedores do Brasil. Ele mesmo selecionou algumas frases ditas por empresários e pessoas renomadas da história, que lhe serviram como filosofia de vida e o ajudaram a alcançar o sucesso. O livro emplacou, em uma semana vendeu quatro mil exemplares. O projeto de negócio começou com uma mania de colocar di-
tados no ar. Então, lhe perguntaram “por que você não compila isso tudo e joga num livro?”. Ele respondeu que era uma boa idéia. “O livro nasceu de trás para frente, devia nascer do papel e ir para a web, mas foi o inverso.” Seu livro da cabeceira é o O mundo de aventuras, da família Schürmann, que, apesar de ser um relato de viagens, ele toma como parte do universo do empreendedorismo. “O livro tem um ditado que diz que melhor que sonhar é realizar o sonho. Isso é muito forte e ficou na minha cabeça.”
BÚSSOLA EMPRESARIAL
UM FRASISTA IMPECÁVEL Alguns insights de Mandic que podem servir de orientação para quem se arrisca nos negócios: O confronto com o cliente é derrota certa, mesmo em caso de vitória. Não cito clientes, porque a urucubaca é grande, e o concorrente pode vir atrás. Somos uma grife, e eu sempre quis ser a Ferrari da Internet. O conhecimento acumulado pela prática pode ser mais útil que as lições acadêmicas. O sucesso na carreira não é o quanto você sabe fazer o trabalho, mas sim quanto você é criativo. A maior dificuldade é fazer o mercado entender. É como Fórmula 1. Não adianta ter o melhor pneu, o melhor piloto e a melhor aerodinâmica. Você tem que ter dinheiro, alguém tem que colocar o combustível. Por que uma empresa prospera ou não? Acho que ela evolui como o corpo humano. Se o corpo não renovar as células, ele morre. A melhor coisa é entender daquilo que você faz. Quando você resolve desistir, o teu concorrente fala: “um a menos”. A escolha errada geralmente parece mais razoável. Não fale em estatísticas em casa de morto por raio. Se mentir, seja breve. Planejamento é a mãe do sucesso, porém a audácia é o pai. Coisa boa, ninguém precisa explicar.
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INDEX OPEN
TI
Agronegócio, engenharia e saúde se beneficiam das aplicações empreendedoras da nanotecnologia no Brasil
Pequeno grande mundo Uma das aplicações no Brasil para a nanotecnologia é o agronegócio. A Língua Eletrônica, por exemplo, um sensor gustativo para avaliação de bebidas, entre elas, água, vinho e café, foi desenvolvida pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, em parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e representa um avanço no controle de qualidade para a indústria alimentícia, vinícolas, estações de tratamento de água e, possivelmente, a indústria farmacêutica. O sensor permite com rapidez, precisão, simplicidade e a um custo baixo verificar a qualidade da água, se existem contaminantes, pesticidas, substâncias húmicas e metais pesados. A Língua Eletrônica diferencia sem dificuldade os padrões básicos de paladar, doce, salgado, azedo e amargo, em concentrações abaixo do limite de detecção do ser humano. O sistema também apresenta excelentes resultados na diferenciação de bebidas com o mesmo paladar, sendo possível distinguir diferentes tipos de vinho, café, chá e água mineral. No café, a Língua é capaz de avaliar e classificar, segundo o seu pala-
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dar, qualidade, regiões e, possivelmente, produtores, detectar adulterações nos produtos comercializados, e monitorar a consistência de paladar e qualidade dos produtos produzidos no país. Os resultados obtidos até o momento são bastante animadores. Já se conseguiu, por exemplo, diferenciar e classificar todos os cafés analisados, como blends de arábica e robusta, cafés comerciais tradicionais, superior e gourmet, solúvel e descafeinado. A próxima fase de análise prevê o
Língua eletrônica: mais capacitada do que os melhores enólogos
estudo do efeito da temperatura de torra no paladar da bebida; a classificação do café quanto aos padrões de paladar (estritamente mole, mole, duro, riado, rio, rio zona); a classificação dos cafés e correlação com a sua acidez, amargor, sabor e, possivelmente, outras características da bebida; estudo da evolução do paladar dos cafés em função do tempo de estocagem para avaliar as condições adequadas para a bebida do café; desenvolvimento de um “nariz eletrônico” para avaliação de aroma de café, conjuntamente com paladar da bebida; e verificação da presença de adulterantes e contaminantes. “Ela serve para avaliar a qualidade de líquidos como cafés e sucos. Comparada com a língua humana, ela é dez mil vezes mais sensível. São dez sensores com microeletrodos envolvidos com uma camada nanométrica de polímetro condutor, o que aumenta a área de contato. Ela dá nota ao café como os degustadores. O equipamento é uma ferramenta para auxiliar o homem, permitindo medidas contínuas e de maior precisão”, diz João de Mendonça Naime, pesquisador à frente do projeto. Hoje, os
O QUE É NANOTECNOLOGIA A nanotecnologia pode ser considerada como um conjunto de atividades ou mecanismos que ocorrem em uma escala extremamente pequena, mas que têm implicações no mundo real. Esses mecanismos estão além da percepção dos olhos humanos e operam em uma escala chamada nanométrica. Um nanômetro é a bilionésima parte de um metro, ou seja, se dividirmos o diâmetro de um fio de cabelo humano em 80 mil partes, teremos um nanômetro = uma parte. A Figura 1 apresenta uma escala de tamanhos até a escala nanométrica. Esse ramo da ciência foi previsto em 1959 pelo físico norte-americano Richard Feynman, que discorria sobre a possibilidade de, em um futuro não distante, investigar a
construção de dispositivos pela manipulação átomo a átomo. Feynman propôs, entre outras coisas, escrever os 24 volumes da Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete. “A cabeça de um alfinete tem uma dimensão linear de 1/16 de polegada. Se você ampliá-la em 25 mil diâmetros, a área da cabeça do alfinete será equivalente às páginas da Enciclopédia Britânica. Então, tudo o que é preciso fazer é reduzir o tamanho de tudo o que está na enciclopédia 25 mil vezes.” A possibilidade de manipular átomos e moléculas é hoje uma realidade e abre um novo mundo de possibilidades. A chamada “ciência dos materiais” é o conceito fundamental neste contexto. Além dos já larga-
mente empregados semicondutores e circuitos integrados (chips), dispositivos como polímeros condutores, filmes finos, membranas permeáveis de alta seletividade, sínteses de compósitos pela combinação de porções orgânicas e inorgânicas, mecânicas e biológicas, ou biológicas e eletrônicas, entre muitas possíveis combinações, estes serão os materiais responsáveis por novas especificações e aplicações. A biologia, integrada com tecnologia eletrônica e mecânica, será o maior mercado para a nanotecnologia, criando a possibilidade de ferramentas analíticas e implantes que interliguem computadores e dispositivos avançados com conexões neurais.
testes para avaliação do paladar de bebidas são feitos por degustadores, enquanto a avaliação de água é feita por análise química em laboratório, e são bastante demorados. Com a Língua Eletrônica, é possível fazer testes contínuos na linha de produção em tempo real e em segundos.
da está incubada na Positiva, a incubadora da UFPE. Pesquisador responsável pela empresa, Petrus conta que ela funciona como um “braço tecnológico” do Laboratório Associado de Nanodispositivos Fotônicos (Land-Foton), que ele montou há dez anos no Centro de Ciências Exatas e da Natureza da universidade, e do qual é coordenador. “Criou-se no Brasil uma cultura perversa de comprar a tecnologia de fora. A nanotecnologia muda os paradigmas e os processos em todas as indústrias. É uma janela para entrarmos em outro patamar de tecnologia. Comprar soluções nacionais é ótimo para o país, para sua independência tecnológica e desenvolvimento social, e também pode ser ótimo para o empresário, econômica e moralmente.” Segundo ele, muitas das teses de pós-graduação em Química e em Ciência de Materiais que orienta no LandFoton têm potencial para gerar um produto inovador, e algumas delas até já começam com esse objetivo. A ídéia é despertar o interesse de companhias maiores pelo licenciamento dos produtos, mantendo a marca da Ponto Quântico. A Ponto Quântico tem seis
produtos nanotecnológicos nas áreas de meio ambiente e saúde em fase de desenvolvimento de protótipo, organizados em um ranking de prioridades de lançamento. Quem ocupa o topo da lista é o n-Domo, dosímetro anterior ao n-Domoled. Segundo Petrus, trata-se do primeiro equipamento pessoal para medir a exposição à radiação UV. A dosagem é feita por uma molécula instalada em uma pequena área do crachá de identificação dos operários de uma fábrica, por exemplo. Terminado o expediente, os trabalhadores passam seus crachás por um leitor, que identifica a quantidade de radiação UV que incidiu sobre cada um. As informações são analisadas por um software, que alerta quando o nível de exposição for superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o período em questão. Se isso ocorrer, tornase necessário o uso de equipamentos de proteção individuais. O n-Domoled é o segundo produto no ranking de prioridades da Ponto Quântico. O diferencial do n-Domoled em relação ao dispositivo anterior é o fato de ele permitir que o próprio
Nano-saúde O professor Petrus Santa-Cruz, do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destaca o n-Domoled, produto pioneiro no mundo a usar diodos emissores de luz orgânicos (oleds, sigla em inglês), comuns em displays e em iluminação, para dosimetria – no caso, para indicar o nível de exposição de trabalhadores à radiação ultravioleta (UV), vinda do Sol ou de fontes artificiais. O dosímetro é uma das principais apostas da empresa Ponto Quântico Nanodispositivos, que tem como estratégia desenvolver e licenciar produtos para produção em larga escala por outras companhias. A Ponto Quântico foi a primeira empresa de nanotecnologia a ser criada no Brasil, em 2000, e ain-
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TI trabalhador confira, a qualquer momento, a quantidade de radiação UV que está recebendo. Essa característica faz com que o dosímetro seja mais indicado para quem trabalha ao ar livre, como os guardas de trânsito. Já o n-Domo é mais recomendado para o uso na indústria, pois a verificação é feita só no fim do expediente e, portanto, não desvia os trabalhadores de suas atividades. “Temos um tripé de pesquisa que inclui desenvolver sensores e dosímetros, filtros solares de baixo custo e biochips com objetivo de diagnóstico do câncer de pele.” O SPA-Foton é um sensor para detectar poluentes metálicos em água potável, que tem origem na tese de doutorado de Israel Costa, defendida em 2004. O equipamento absorve uma certa quantidade de água e faz aumentar a concentração do poluente, para facilitar sua detecção. Para cada tipo de metal encontrado, emite luz com um espectro diferente. Esse espectro passa por um leitor e é analisado por um software, que indica qual poluente está presente na água. A vantagem do SPA-Foton é que ele usa um único protocolo para detectar vários tipos de metais, o que não acontece em outros equipamentos. O protótipo final do sensor já está pronto; para o leitor
Minijet: gasto mínimo de tempo
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ROBÔS ANTIENFARTE
Com a nanotecnologia, “robôs” menores do que uma célula poderão mover-se livremente por nossos corpos eliminando bactérias, desentupindo artérias, liberando medicamentos em pontos específicos ou atacando enfermidades em suas exatas localizações.
Portadores biológicos que localizam pragas na lavoura poderão liberar agrotóxicos na medida e em posições exatas, sem desperdício ou danos secundários ao meio ambiente.
Sensores que indicam o melhor momento de colheita ou de consumo de um alimento serão usuais.
Baterias solares minúsculas, de baixo custo e com alta eficiência, substituindo com vantagem a eletricidade, a combustão ou a energia nuclear, serão acessíveis a produtores rurais.
Fábricas
limpas, com manufaturas que não gerem nenhum refugo ou poluição, serão possíveis.
Materiais
altamente resistentes, mas extremamente leves, que associam fibras naturais com metais e plásticos, ao serem transformados em implementos, vão permitir maior eficiência operacional com reduzido consumo de combustível.
Telas e teclados de computadores dobráveis, que podem ser dobrados e desdobrados no momento do trabalho, já estão para serem lançados.
e o software, por enquanto, existem apenas protótipos para pesquisa. Na linha de torneamento, a Seco oferece uma nova tecnologia de cobertura, graças à manipulação da estrutura atômica, que tornou possível proporcionar tanto elevados níveis de tenacidade quanto resistência ao desgaste. “Através da nanotecnologia e pela engenharia, alteramos a formação dos cristais de uma maneira nunca feita anteriormente e, ao mesmo tempo, mudamos as características da superfície para também reduzir a tendência à formação de aresta postiça”, diz Cristiano Jorge, coordenador de marketing da companhia. As melhorias resultantes nas propriedades mecânicas, químicas e térmicas são dez vezes mais resistentes ao desgaste quando comparadas com as pastilhas tradicionais. A TP2500 da Seco, a primeira classe a usar o DurAtomic, fornece desempenho imbatível em uma ampla gama de operações de torneamento de aços. “Nós também projetamos um novo quebra-cavacos, o MF5, diferente de tudo o que você já viu, com
visual aberto e exclusivo, e foi projetado para gerar esforços de corte muito baixos. Em breve, para os aços inoxidáveis teremos a nova linha TM2000 e TM4000 junto com o novo quebracavacos MF4, combinado com a tecnologia DurAtomic.” A Polimate apresenta dois produtos da empresa alemã Thermo Fischer Scientific tendo como destaque a nanotecnologia. A miniinjetora Haake Mini Jet prepara corpos de prova de forma fácil e rápida, com gasto mínimo de tempo, esforço e material, e condições reprodutíveis igualmente mínimas. A miniextrusora Haake Mini Lab, por sua vez, foi desenhada para trabalhos com pequenos volumes de amostras, ideal para uso de materiais de alto custo como nanocompostos, biopolímeros ou farmacêuticos. A extrusora custa em torno de R$ 70 mil, e a injetora, cerca de R$ 25 mil. “Nosso mercado são a indústria e os centros de pesquisa. A nanotecnologia parece uma febre, todos os pesquisadores seguem nessa direção”, diz Eduardo Sovierio, gerente de negócios da companhia.
Antivírus sem falhas A Internet Security Systems, empresa do grupo IBM, descobriu por meio de sua equipe de pesquisa e desenvolvimento uma falha no principal mecanismo de antivírus da Microsoft, componente básicos das soluções de segurança Live OneCare e Defender, incluindo o Defender para o novo Windows Vista. Esta vulnerabilidade permite que um hacker envie um arquivo no formato PDF para os usuários que vai desencadear um heap overflow no mecanismo de antivírus, resultando na execução remota do código malicioso e controle do sistema ao hacker. Os clientes da Internet Security Systems, no entanto, estão protegidos contra esta falha desde janeiro. A ISS também oferece proteção para outras três vulnerabilidades do Internet Explorer, divulgadas no boletim MS07-016 da Microsoft. “A mais importante delas é uma falha no FTP que pode ser explorada por uma má formação de resposta a um servidor malicioso. Como é relativamente fácil direcionar um web browser para um FTP URL, reforçamos a atenção para este assunto”, diz Marcelo Bezerra, gerente Técnico da ISS para a América Latina. www.iss.net
Treinamento na Sun Dando continuidade ao programa de capacitação de sua equipe de vendas, lançado em 2006, a Sun Microsystems realizou mais dois primeiros treinamentos este ano. A iniciativa aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, e reuniu cerca de 250 participantes, entre parceiros e colaboradores diretos. O objetivo da Sun Academy é manter os profissionais capacitados para identificar novas oportunidades de negócios, e conhecer em detalhes a linha de produtos e soluções da empresa. O treinamento, que durou dois dias, incluiu palestras de especialistas focadas nas atualizações das práticas de Storage, Sistemas,
Software e Serviços da companhia, e nos diferenciais de cada linha. Além disso, os participantes tiveram a oportunidade de testar os conhecimentos apreendidos. Os próximos cursos da Sun Academy estão previstos para este mês e, em função da demanda, devem ocorrer novamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Para consultar datas e locais, acesse www.sun.com.
ISO 20.000 para a Asyst A Asyst Sudamérica, empresa especializada em Gestão e Operação de TI, conquistou a certificação ISO 20.000, focada em gerenciamento de serviços em Tecnologia da Informação, e passa a ter seus processos baseados nesse padrão internacional. A companhia, que já detinha outros 43 certificados ISO 9001/ 2000, é a primeira na América Latina, especializada em service desk, a ter o ISO 20.000. Para obter o cer-
tificado inédito, a empresa contou com o trabalho integral de dois colaboradores, num período de quatro meses, e todos os processos foram realizados internamente. A companhia foi auditada pela DQS (Deutsche Gesellschaft zur Zertifizierung von Managementsystemen) do Brasil. A meta da Asyst Sudamérica é conquistar selos de qualidade para todos os seus 48 projetos até 2008. www.asystsudamerica.com
Expansão nas consultas A VeriSign anunciou a implantação do Project Titan, que vai expandir e diversificar em dez vezes a capacidade de sua infra-estrutura global de internet até 2010. O objetivo do projeto é monitorar o crescimento explosivo de interações à medida que o comércio eletrônico, o social networking e dispositivos wireless habilitados para internet impõem novas e grandes demandas à internet e, ao mesmo tempo, proteger contra ataques cibernéticos cada vez maiores tanto em escala quanto em sofisticação. Nos próximos três anos, a VeriSign estenderá a capacidade de con-
sultas diárias ao Sistema de Nomes de Domínios (DNS) de 400 bilhões para mais de 4 trilhões de consultas. Também ampliará o leque proprietário de sistemas de resolução para aumentar a largura de banda de mais de 20 gigabits por segundo (Gbps) para acima de 200 Gbps. Além disso, ao distribuir sua infra-estrutura para um número diversificado de locais ao redor do globo, os sistemas de pontocom e pontonet terão maior redundância e menor latência, o que aprimorará a experiência para usuários ao reduzir os gargalos e aumentar a velocidade. www.verisign.com.br
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Guia do Empreendedor
Orientações às MPEs No Brasil, cerca de 30% das empresas não completam o primeiro aniversário, e um dos fatores que levam à mortalidade é a falta de um plano de trabalho que mapeie corretamente os processos para a abertura do negócio. De olho nesta estatística alarmante, o Portal Universia (www.universia.com.br) preparou em seu canal de Empreendedorismo um tutorial que orienta as pequenas e médias empresas sobre como abrir um negócio, lidar com investimentos e arcar com os impostos. As cartilhas apresentam passo a passo os procedimentos corretos para abertura da empresa e também as informações necessárias sobre a documentação exigida, registro em órgãos federais, estaduais e municipais. Sobre os investimentos, o tutorial mostra um planejamento para investir na empresa, quais são as prioridades e o foco, as modalidades, incluindo comentários de especialistas sobre educação financeira. Além disso, a Universia procura orientar quais são os principais impostos existentes em um negócio, o que é preciso para que os empreendedores possam se planejar para realizar os pagamentos dos tributos e descreve todos os tributos relacionados a quatro diferentes segmentos: serviço, comércio, indústria e tributos financeiros.
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Parceiros da Microsoft A Microsoft Brasil iniciou em março a terceira edição do Pé na Estrada, road show direcionado aos parceiros que percorrerá 20 cidades do Brasil até o início de junho. O conteúdo, que varia de acordo com o local visitado, inclui informações técnicas e comerciais para preparar os parceiros Microsoft que desejam conquistar novos negócios e aumentar suas vendas. O evento também visa a atrair novas empresas interessadas em conhecer o programa de parceiros da Microsoft
(Microsoft Partner Program – MSP), além das já cadastradas. A agenda dos eventos é composta por sessões sobre novidades em benefícios do MSP, certificações Microsoft, ferramentas de engajamento, obtenção de descontos em licenciamentos, diferenciais Microsoft, processo de vendas e treinamentos técnicos da plataforma Microsoft. Informações sobre as cidades visitadas, datas e valores das inscrições estão no site www.microsoft.com/brasil/parceiros.
Agrogibi Para otimizar o canal de relacionamento com seu público, a Interchange Indústria Veterinária lançou o gibi Sulfomec, que mostra produtos para suinocultura, bovinocultura e avicultura em histórias de linguagem simples e acessível. Com oito páginas e tiragem inicial de dez mil exemplares, a revista é distribuída gratuitamente em todo o Brasil e conta com textos escritos por Ermete Antonio Wegher, veterinário e presidente da empresa. “A história conta as dificuldades enfrentadas por dois fazendeiros, suas experiências no dia-a-dia e a ajuda mútua para a conquista de um melhor desempenho de seus rebanhos, pois só quem vivencia o trabalho dos pecuaristas pode ter noção do trabalho que é juntar centenas, milhares de cabeças de gado para vermifugar”, diz Ermete. www.interchange-vet.com.br
Produtos & Serviços
Monitores para iPod Para quem aproveita todas as funcionalidades do iPod, a Viewsonic criou dois monitores com tela LCD em formato widescreen, com telas de 19 polegadas (modelo VX1945 wm) e 22 polegadas (modelo VX2245 wm). O principal destaque dos novos integrantes da linha Viewsonic é a base multimídia – a primeira específica para iPod –, que permite a acoplagem de qualquer modelo para downloads diretos de músicas, além de um microfone embutido de alta
sensibilidade, entrada para fone de ouvido, quatro portas USB para múltiplas aplicações e dispositivos externos de áudio e vídeo. Para os aficionados por jogos, os dois lançamentos proporcionam um tempo de resposta de 5 milésimos de segundo, o que garante um alto desempenho com imagens nítidas, sem borrões e totalmente livre de “fantasmas” – condições ideais também para a visualização de DVDs no formato de tela 16:9. www.viewsonic.com/br
Novos mercados
Text-to-speech
A eCentry, especializada em gestão de relacionamento via web, abriu seu primeiro escritório no exterior e escolheu a Argentina para a empreitada internacional. Com clientes de peso nos quatro continentes – como Lufthansa, Bosch, Intel, Roche, TIM Sul, Ipiranga, Johnson & Johnson e McDonald’s – a eCentry visualiza no mercado argentino possibilidades para ganhar participação na América Latina. Com base em uma pesquisa que revelou aspectos favoráveis como custos baixos, fácil acesso (já que Buenos Aires fica a apenas três horas de avião), grande oferta de mão-de-obra qualificada e possibilidades reais de crescimento do setor –, a empresa espera faturar US$ 1 milhão no segundo ano de funcionamento e atuará como uma unidade de negócios para explorar o mercado local, prospectando clientes nos países latinos de língua espanhola. www.ecentry.com.br
O EasyCall Message Studio, desenvolvido pela Dígitro Tecnologia, ajuda a criar mensagens de áudio com interface web dispensando a gravação, edição e produção realizadas em estúdio. Direcionado a sistemas de vocalização como URA e atendimento mecanizado de ramais, o EasyCall conta com a avançada tecnologia Text-to-Speech (TTS) que converte texto em fala, o que facilita a alteração de menus tanto em call centers como em empresas com atendimento automático. “O principal diferencial da tecnologia Dígitro é a humanização da voz, que respeita os padrões fonéticos do português brasileiro, propiciando ao ouvinte uma experiência natural de interação por voz”, diz Sandro Alberton, gerente de soluções e integrações da Dígitro. O produto também gera arquivos de áudio via TTS no padrão WAV (ALAW e ADPCM), que podem ser acessados pela Interface Web, e pode ser adquirido em uma versão customizada. www.digitro.com.br Abril 2007 – Empreendedor – 69
Guia do Empreendedor
Do Lado da Lei
Rapidez na Justiça A chamada Súmula vinculante vai desatolar o Judiciário, e gerar velocidade e eficiência na tramitação dos processos Entrou em vigor, em meados de fevereiro de 2007, a Lei nº 11.417/2006, que regulamentou o art. 103-A da Constituição Federal e alterou a Lei nº 9.784/ 1999. Portanto, agora vale a Súmula vinculante. Com esta ferramenta, o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre uma matéria constitucional, editar um enunciado que é chamado de Súmula. A Súmula diz o que é certo ou errado a respeito de um tema em discussão em diversos processos semelhantes. A partir de sua publicação, a Súmula terá efeito obrigatório em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Com isso, há uma grande possibilidade de o Judiciário se desatolar e, finalmente, prestar uma Justiça mais rápida e, portanto, efetiva. O fator positivo é que uma Justiça lenta é elemento de custo e de incerteza, principalmente para os agentes econômicos privados, os empreendedores, que necessitam ter previsibilidade em seus negócios. Como ter certeza do retorno do investimento se, por exemplo, uma disputa sobre um determinado imposto pode levar décadas e ser decidida de forma diferente para empresas do mesmo setor, como ocorria até então? De outro lado, esta guinada de agilidade poderá ter outros efeitos ainda mais benéficos, que é fazer a União, os Estados e os Municípios não conti-
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nuarem entulhando a Justiça com recursos e mais recursos, porque os procuradores destes entes são obrigados a recorrer, recorrer até a última instância. A última instância, agora, vai se fazer presente mais rápido e para todos, uniformemente. O enunciado da Súmula terá por objetos a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. As Súmulas serão, portanto, determinantes norteadores para juízes, tribunais inferiores e superiores, e órgãos da administração, e não pelo próprio STF. O Supremo pode editar tais Súmulas ou determinar sua revisão e cancelamento, bem como garantir sua aplicação. Não há dúvida de que há um reconhecimento nacional de que a Justiça não é apenas lenta, mas também acaba se transformando num dos componentes do custo do país, juntamente com a elevada carga de impostos e a complexidade tributária. Imediatamente ao início da vigência da nova lei, a comissão de jurisprudência do Supremo já elaborou sete propostas de enunciados, a serem debatidos pelos ministros do STF e analisados pelo procurador-geral da República. O conteúdo das primeiras iniciativas de Súmulas se relacionam a: FGTS e desconsideração do acordo firmado
pelo trabalhador; competência da União para legislar sobre loterias e bingos; competência da Justiça do Trabalho para julgar ação de indenização por danos morais e materiais em acidente de trabalho; observância ao contraditório e à ampla defesa em processos no TCU; progressão de regime em crime hediondo; Cofins – conceito de receita bruta; Cofins – majoração da alíquota. Vários Estados estão criando métodos alternativos de distribuição e prestação de serviços de Justiça, para dar agilidade e rapidez. São Paulo, por exemplo, é um Estado que está em situação crítica há vários anos. Os processos demoram muito para serem julgados e anos para terem seus recursos apreciados. O Estado continua a receber quase 400 mil processos novos e mais de 30 mil recursos por mês, e tem um estoque de mais de 17 milhões de processos para serem sentenciados e 600 mil recursos para serem julgados. Lembre-se que somente após o julgamento final dos recursos é que as decisões começam a ser executadas. Portanto, uma importante iniciativa para a redução dos custos das empresas e incentivo aos investimentos novos ou ampliação dos existentes é uma Justiça rápida tanto em questões de interesse nacional e coletivo, quando de interesses individuais. Portanto, Justiça! Rápida e rápido!
Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871-0269
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Guia do Empreendedor
Na rota do crescimento Idéias para mobilizar os empresários e acabar com o fosso entre Estado e iniciativa privada por
Alexsandro Vanin
A frase “colocar o Brasil nos trilhos para voltar a crescer”, que já virou bordão, soa vazia após quase três décadas de tentativas e de resultados pífios. Cabe aos governantes a tarefa de criar um ambiente favorável aos negócios, e aos empresários, gerir seus empreendimentos de forma que eles obtenham os melhores resultados, com responsabilidade social, ambiental e fiscal. Ineficiências à parte, existe uma lacuna entre os atores. “Quem perde com isso é a sociedade, e também o Estado, uma vez que este deveria àquela servir, e não dela servir-se, como acontece com freqüência”, diz Rodrigo Costa da Rocha Loures, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Segundo ele, os empresários precisam ser protagonistas na mudança desse cenário. “Faltam lideranças esclarecidas, com capacidade de mobilizar as forças do país na direção do crescimento.” Juntar os empresários e os pensadores foi a forma encontrada pela entidade para tentar solucionar a deficiência. “Os empresários sentem na pele os problemas da economia, às vezes sem compreendê-los na plenitude, e não conseguem se mobilizar para mudar a situação. É preciso agir, não há como viver em sociedade sem exercer as funções políticas”, diz Marcos Mueller Schlemm, diretor da Universidade da Indústria (Unindus), co-organizadora do projeto. A série de palestras com economistas, cientistas políticos, advogados e administradores públicos promovida em Curitiba no ano passado deu origem ao livro Para o Brasil voltar a crescer: evidências, reflexões e caminhos, lançado em março pela Editora Ibpex.
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A falta de mobilização política é um problema central, de acordo com o cientista político Bolívar Lamounier. Segundo ele, o fato de o Brasil ter se transformado em uma sociedade industrial de massa antes de ter amadurecido suas instituições político-partidárias desabilitou o brasileiro para a discussão de assuntos cívicos. E as características do regime representativo adotado em nosso país levam a um profundo distanciamento entre representantes e representados, inibindo a mobilização. O economista John Henry Schulz lembra que as esferas da economia privada e da ação política do Estado estão em permanente interação, e que os atores de cada uma devem interagir pelo bem de toda a sociedade. “Não se trata de uma manobra egoísta; quanto melhor a economia, mais empregos as empresas podem gerar e melhores salários pagar”, diz Loures.
Oportunidades O embaixador Rubens Antonio Barbosa aponta o Brasil como uma das nações que podem emergir como um dos países desenvolvidos até 2020, juntamente com Rússia, Índia e China, desde que haja condições internas para isso. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC, posterior às conferências), nesse sentido, gera expectativas enormes, pois infra-estrutura é um dos tópicos mais necessários para a retomada de um crescimento forte. “A grande interrogação é saber se o governo vai conseguir desembolsar os recursos, pois cerca de três quartos dos investimentos necessários são desembolso do governo, e nos últimos quatro anos houve muita dificuldade em
Para o Brasil Voltar a Crescer Evidências, Reflexões e Caminhos Autores: John Henry Schulz, Bolívar Lamounier, Cláudio de Moura e Castro, Rubens Antonio Barbosa, Paulo Roberto Haddad, Sebastião Toledo Cunha, Belmiro Valverde Jobim Castor Prefácio: Rodrigo Costa da Rocha Loures, presidente da FIEP Editora Ibpex – 200 páginas
liberar verbas”, diz Barbosa. Segundo o advogado Sebastião Toledo Cunha, a dívida pública, apesar de equacionada, representa uma sangria permanente da capacidade de investimento público e afeta o nível de competitividade internacional do país pelo agravamento do custo-Brasil. O Ph.D. em Administração Pública Belmiro Valverde Jobim Castor aprofunda a questão e destrinça dois fatores: o Brasil tem sido penalizado pela rigidez das estruturas político-administrativas do setor público, e a falta de distinção entre as estruturas orçamentárias e programáticas do setor público e as estruturas de financiamento da dívida pública. Segundo ele, é preciso uma reforma institucional que diminua os níveis de rigidez estrutural e funcional do setor público e permita a ampliação da eficácia dos gastos governamentais. Medida que deveria ser acompanhada de uma reforma dos mecanismos de controle externo para assegurar maior acesso dos cidadãos e das organizações intermediárias que os representam aos atos praticados pelos governantes. “O Brasil possui graves problemas institucionais”, diz Schulz. Ele dá como exemplo a hipoteca, fundamento medieval que não é respeitado adequadamente no Brasil. Outra deficiência preocupante, na sua opinião, é o sistema tributário. “É urgente uma reforma, o sistema atual é extremamente perverso, obriga as
DESTAQUES
“O Brasil vive hoje uma entressafra de lideranças.” Bolívar Lamounier, pg. 47
Leitura
“Não existe câmbio livre com taxas de juros a 16,5%. Seria livre se as taxas fossem normais, entre 9 ou 10%”. John Henry Schulz, pg. 39 “Vivemos hoje a ressaca de uma turbulência, onde houve erros,equívocos e preguiças institucionais. Recebemos uma herança de problemas não resolvidos.” Cláudio de Moura Castro, pg. 68 “Não basta ter infra-estrutura econômica adequada, nem ter capacidade física de produção, o que determina o desenvolvimento é o grau de mobilização local.” Paulo Roberto Haddad, pg. 140
pessoas a buscarem a informalidade.” Schulz ainda critica a manutenção da taxa primária de juros em patamares excessivamente elevados, gerando sobrevalorização da moeda local e desestimulando as atividades de produção voltadas à exportação. A tarefa não exige apenas reformas nos sistemas fiscal e tributário, político e eleitoral, e na administração pública. As modificações que ocorreram nos processos econômicos e produtivos demandam uma crescente capacitação educacional dos operários e dos agentes de produção em geral, lembra o economista Cláudio de Moura Castro. Além disso, acrescenta o ex-ministro do Planejamento e da Fazenda, Paulo Roberto Haddad, a nova equação produtiva deve estar ancorada em uma nova filosofia de produção, consumo e exploração de recursos naturais que leve em consideração aspectos como a capacidade de gerar riqueza e de distribuí-la com respeito ao ecossistema. Do século XIX a 1980, segundo Haddad, o Brasil estava entre as economias de maior crescimento, principalmente entre as décadas de 1930 e 1980, quando viveu seus dois maiores momentos: o desenvolvimentismo de JK e o chamado milagre econômico durante o governo militar. Desde que o Brasil venceu a inflação, em 1994, após 12 tentativas, existe a expectativa de voltar a crescer. “No entanto, o que se viu foi um crescimento pífio, com aumento da população e do desemprego, enquanto o mundo entrou em crescimento acelerado”, diz Haddad. O livro apresenta causas da estagnação da economia, e sugestões para sanar as deficiências e embarcar nessa nova onda de crescimento da economia mundial. Falta organização e mobilização da sociedade para pressionar e cobrar as reformas dos políticos, e orientar os governantes a este caminho. Abril 2007 – Empreendedor – 73
INFORMAÇÃO E CRÉDITO
A gestão de notas fiscais eletrônicas A Serasa, a SAP, a Sun Microsystems e a Neoris formalizaram parceria para oferecer ao mercado o Bureau de Serviço de Gestão de Notas Fiscais Eletrônicas
Presidentes da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, e da SAP, José Ruy Antunes, sentados, e em pé, Ton Nogueira, diretor de indústria e soluções da Neoris, e Cleber Morais, presidente da Sun Microsystems, no ato de assinatura da parceria
74 – Empreendedor – Abril 2007
U
ma solução simples e acessível para a administração do processo de uso da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) será possível com a operação conjunta entre Serasa, SAP, Sun Microsystems e Neoris. O uso do meio eletrônico ganhou especial relevância para os negócios de
todos os segmentos e portes com a informatização do controle de recolhimento tributário. Mas as empresas, sobretudo as de médio e pequeno portes, teriam que arcar com investimentos em máquinas, sistemas e processos para administrarem o uso da Nota Fiscal Eletrônica. A parceria entre SAP, Serasa, Sun
Microsystems e Neoris viabiliza às companhias o acesso a uma solução completa que envolve toda a infra-estrutura, hardware, aplicativos e certificação digital para o processo de uso da NF-e, sem que as empresas precisem se preocupar em criar essa estrutura internamente. O diretor de Operações de Telemática da Serasa, Dorival Dourado, explica que a emissão da Nota Fiscal Eletrônica envolve, em várias etapas, a certificação digital. “Como a Serasa já possui experiência em certificação digital, o desenvolvimento de uma solução para o processo de Nota Fiscal Eletrônica foi uma decorrência natural. Entendendo o modelo, em parceria equacionamos os demais aspectos que permitiram oferecermos uma solução completa ao mercado.”
Inovação Para o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, “a inovação que representa o Bureau de Serviço de Gestão de Notas Fiscais Eletrônicas é mais uma prova de que a certificação digital esta aí para simplificar processos, reduzir custos, e aumentar a segurança e a eficiência nos negócios”. As estimativas divulgadas pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo apontam cerca de 60 milhões de notas fiscais por mês e 900 mil empresas no Estado, e a expectativa é de que 50% desse volume de notas seja emitido eletronicamente até o final de 2007 só em São Paulo. “A solução que essa parceria viabiliza representará uma economia em torno de 20% dos custos envolvidos no processo de faturamento”, estima Dorival Dourado. A Serasa foi a primeira empresa privada homologada pelo governo federal como Autorida-
de e Certificadora integrante da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). O Bureau de Serviço de Gestão de Notas Fiscais Eletrônicas é baseado na solução de Nota Fiscal Eletrônica, desenhada pela SAP Brasil em conjunto com a Neoris, e buscou atender às necessidades de demanda do cliente e do governo.
Fácil e ágil A solução da SAP inclui, além de um sistema de faturamento ou “billing”, um sistema de gerenciamento da nota fiscal que agora é eletrônica e precisa ser guardada não em uma caixa de papelão ou num diretório da rede, mas em uma solução integrada que ofereça facilidade e agilidade para atender às auditorias internas e à fiscalização da Secretaria da Fazenda. “A SAP acredita que pode disponibilizar uma solução robusta, completa e de alto valor agregado que seja acessível a todos os tamanhos de empresas e assim ajudar as companhias a atenderem à regulamentação e também ao governo na adesão da NFe”,
afirmou José Ruy Antunes, presidente da SAP Brasil. A Sun Microsystems participa do acordo fornecendo toda a infra-estrutura do sistema, o que inclui servidores, sistema operacional Solaris 10, softwares de segurança e gestão de identidade, unidades de disco e armazenamento de dados, além de todos os serviços também relacionados à infra-estrutura como suporte, manutenção e monitoramento. “Participar dessa iniciativa é uma excelente oportunidade para a Sun Microsystems. Estamos atendendo a uma demanda de mercado aliando tecnologia de ponta, infra-estrutura eficiente e serviços de qualidade”, afirma Cleber Morais, presidente da Sun Microsystems no Brasil. Ton Nogueira, diretor de indústria e soluções da Neoris, desenvolvedora do software que será utilizado na solução em conjunto com a SAP e coimplementadora do projeto, afirma que “essa iniciativa visa a apoiar as empresas do país na adesão crescente ao modelo de Nota Fiscal Eletrônica e impulsionar a massificação dos recursos tecnológicos de gestão fiscal”.
O que permite o novo serviço: enviar e reenviar NF-e ou lotes de NF-e; verificar a situação de uma NF-e na Secretaria de Fazenda; cancelar ou inutilizar uma NF-e; gerar e imprimir um Danfe – Documento Auxiliar de NF-e; consultar transmissões de um período; realizar o download de NF-es e Danfes; emitir relatórios e arquivar Nf-es. Abril 2007 – Empreendedor – 75
Guia do Empreendedor
Dicas para administrar o seu dinheiro Um profissional que se diz gestor de recursos deve ter em mente algumas funções que jamais podem ser colocadas de lado A gestão de recursos de terceiros deve ser encarada hoje como uma atividade extremamente especializada. Um profissional que se diz gestor de recursos deve ter em mente algumas funções que jamais podem ser colocadas de lado, como: Independência e Alinhamento de Interesse: Ao contrário do que ocorre no Brasil, nos países considerados desenvolvidos, a atividade de gestão de recursos de terceiros é feita, na grande maioria, por empresas independentes. O gestor nunca pode esquecer que seu foco é o cliente, deve sempre tomar sua decisão com base em fatos, nunca guiada por emoções. Por este motivo, não pode estar envolvido com outras atividades financeiras que não estejam obrigatoriamente alinhadas aos interesses do cliente. Foco e Transparência: A dispersão pode ocasionar perda de oportunidades e desatenção com relação aos riscos assumidos. Bons relatórios detalhados e didáticos, com periodicidade não superior a um mês, são imprescindíveis para que o cliente acompanhe as estratégias de investimentos adotadas. Perfil: Conservador, moderado ou arrojado. Qual o perfil do cliente? Este questionamento é o primeiro a ser amplamente discutido. Qual sua expectativa de retorno? Em que prazo? Qual o
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grau de risco que está disposto a correr? Somente depois de resolvidas e entendidas estas questões é que o trabalho deve começar. Realização dos Lucros: Deve-se tomar bastante cuidado com relação a este item. É natural, e temos observado isto com freqüência, que o cliente tem a tendência de realizar os lucros, em muitas situações, antes do momento ideal. O contrário ocorre nos momentos de perda, o cliente acaba carregando uma posição que, às vezes, não vale mais a pena. Nesta situação, cortar o prejuízo o mais rápido possível é a solução. Trabalhe com limites de perda. O contágio e a emoção podem ser fundamentais para o fracasso. Quem está de fora – me refiro ao gestor – não deve se envolver emocionalmente, pois somente assim terá discernimento para tomar ou sugerir a decisão mais correta. Diversificação: Regra número um do mercado: “nunca coloque todos os ovos numa mesma cesta”. É verdade, mas o excesso de diversificação pode conduzi-lo a investir em áreas, setores, empresas onde você detém pouco conhecimento. Portanto, pulverize seus investimentos, mas não faça disso uma salada de frutas com legumes. Além destas informações, que julgamos extremamente importantes
para você tomar suas decisões no momento de investir, você deve ainda avaliar bem quem lhe dará suporte. A experiência mais óbvia que podemos relatar é aquela que se aplica à pessoa que deseja construir uma casa, não adianta economizar no projeto com o arquiteto, um projeto bem elaborado com profissional especializado com certeza lhe proporcionará uma redução de custos e maximização do resultado. Finalmente, gostaríamos de reforçar: 1) a única maneira de proteger o valor dos investimentos é aplicando em alternativas que superem a taxa inflacionária; 2) o mercado sempre oferece oportunidades de ganho, seja nos momentos de crise, seja mesmo nas euforias e; 3) mantenha-se, na medida do possível, atualizado com relação aos seus investimentos: faça reuniões rotineiras com seu gestor, exija transparência. As aplicações devem ser feitas sempre em seu nome, da sua conta-corrente para o investimento, e vice-versa, e, por último, verifique se seu consultor está habilitado perante a CVM para o exercício da atividade, e bons negócios.
Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor do Departamento de Economia da UFSC
Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO
TIPO AÇÃO
Acesita PN ALL América Latina UNT N2 Ambev PN Aracruz PNB Arcelor BR ON Bco Itaú Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Brasil ON Braskem PNA CCR Rodovias ON Celesc PNB Cemig PN Cesp PNB Comgas PNA Copel PNB Cosan ON Cyrela Realty ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PNB Embraer ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Natura ON Net PN Pao de Açúcar PN Perdigão ON Petrobras ON Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Submarino ON TAM PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp PN Tim Participações ON Tim Participações PN Transmissão Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Vivo Part PN Votorantim C P PN
PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA
0,339 1,31 1,41 0,77 1,87 3,18 4,22 1,68 0,54 0,71 1,16 1,70 1,69 1,11 0,48 2,06 0,69 0,324 1,27 1,51 0,65 1,25 1,73 0,47 1,25 1,15 2,75 0,95 100,00 0,53 1,78 0,59 0,72 0,80 2,04 0,67 0,98 2,19 3,56 11,99 0,74 1,18 3,04 0,58 1,03 1,16 0,60 1,75 3,28 0,46 0,352 0,394 1,12 0,42 1,77 4,67 2,87 11,67 1,66 0,78
VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 19/3/2007)
27,9 7,50 2,50 -17,50 11,90 -5,30 -8,10 19,50 13,10 4,50 4,60 5,80 5,70 -8,30 -9,4 -6,10 8,60 4,8 -4,20 -18,60 -9,30 -11,90 -10,60 -10,1 6,30 5,00 2,20 -10,50 -1,70 16,30 2,50 4,90 -4,20 -22,00 4,70 -19,30 -9,40 -15,70 -10,00 -16,70 -4,40 8,70 23,90 8,80 13,90 -12,90 -15,00 0,90 -9,30 -5,2 -9,7 -26 -13,30 -4,3 -11,50 10,00 19,20 18,40 -17,00 -10,70
Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Fevereiro 0,27 0,23 0,44 0,33
Juros/Aplicação
(%)
Fevereiro 0,87 0,87 0,57 1,34
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Ano 0,77 0,66 0,88 1,00
Ano 1,96 1,96 1,30 4,60
Indicadores imobiliários Fevereiro 0,16 0,07
CUB SP TR
(%)
Ano 0,37 0,29
Juros/Crédito Março 19/Março
(em % mês) Março 16/Março
2,05 4,01 0,85 2,25
2,05 3,99 0,90 2,25
Desconto Factoring Hot Money Giro Pré * * taxa mês
Câmbio (em 19/3/2007)
Cotação R$ 2,0792 US$ 1,3304 US$ 0,0085
Dólar Comercial Ptax Euro Iene
Mercados futuros (em 19/3/2007)
Abril
Dólar Juros DI
Maio
R$ 2,082 R$ 2,090 12,65% 12,59%
Junho R$ 2,101 N/D (em 19/3/2007)
Abril
Ibovespa Futuro
43.820 Abril 2007 – Empreendedor – 77
Guia do Empreendedor 6/5 a 8/5/2007
COMMUNICATIONS BRASIL Expo Center Norte São Paulo/SP (11) 3170-7000 www.questex.com.br 7/5 a 11/5/2007
Agenda
Em destaque 21/5 a 26/5/2007
QUALIDADE 2007 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP (11) 4191-4324 www.feiradaqualidade.com.br
BRASILPLAST 2007 Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP (11) 4191-4324 www.brasilplast.com.br 13/5 a 17/5/2007
FEINCO 2007 Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP (11) 5073-7799 www.feinco.com.br 13/5 e 14/5/2007
HIDROPELE 2007 Centro de Convenções Rebouças São Paulo/SP (11) 3392-2584 www.hidropele2007.com.br
A qualidade dos produtos não é apenas uma preocupação do consumidor, mas também das empresas que os fabricam. A Feira Internacional do Controle da Qualidade, realizada desde 1991, é a vitrine dos produtos desse setor. Esta edição contará com a presença de mais de 100 empresas do Brasil e do exterior, que vão expor máquinas, equipamentos e instrumentos para ensaios (destrutivos ou não destrutivos), medições, calibração, inspeção, controle e regulagem de grandezas como pressão, temperatura, umidade, vazão, peso, dureza e superfície.
19/5 a 23/5/2007
23/5 a 25/5/2007
15/5 e 16/5/2007
LXXXVIII CCMA
BRASEG 2007
TELA VIVA MÓVEL 2007
Hotel Inter-Continental Rio Rio de Janeiro/RJ (11) 5505-7272 www.reedexpo.com.br
Minascentro Belo Horizonte/MG (11) 5585-4355 www.cipanet.com.br
21/5 a 26/5/2007
28 a 30/5/2007
FEIMAFE 2007
NETCOM 2007
Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP (11) 5511-2351 www.convergeeventos.com.br 15/5 a 17/5/2007
FCE PHARMA 2007 Transamérica Expo Center São Paulo/SP (11) 4613-2000 www.fcepharma.com.br
Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo/SP (11) 4191-4324 www.feimafe.com.br 22 a 24/5/2007
LINUXWORLD CONFERENCE & EXPO Gran Meliá WTC São Paulo São Paulo/SP (11) 5505-7272 www.reedexpo.com.br
Expo Center Norte São Paulo/SP (11) 3824-5300 www.arandanet.com.br 29 a 31/5/2007
EXPOSEC 2007 Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP (11) 5585-4355 www.cipanet.com.br
Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) 78 – Empreendedor – Abril 2007
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www.empreendedor.com.br
O conteúdo que faz toda a diferença
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Os empreendedores que têm história para contar A seção Perfil, onde são publicadas as trajetórias de grandes empreendedores brasileiros, é uma das mais visitidas no site Empreendedor. E a razão para o alto grau de interesse neste tipo de reportagem é simples: conhecer a história de grandes empresários, dos que já acertaram o “alvo”, serve de aprendizado e de inspiração para quem recém ingressou no mundo dos negócios ou para quem pensa em ingressar. Sendo assim, preparamos uma lista com dez histórias de empreendedores que estão disponíveis na seção Perfil do site Empreendedor. Visite, aprenda e inspire-se à vontade.
O gigante do varejo
A loja de um homem só
Depois de sobreviver a um campo de concentração nazista, Samuel Klein encontrou no Brasil sua verdadeira vocação ao fundar a Casas Bahia, maior rede varejista do país.
Conheça a história de Alexandre Moraes, o jovem empresário criador da Social Web, uma loja virtual que vende produtos relacionados ao terceiro setor e só no último mês de dezembro faturou cerca de R$ 30 mil operando em casa e sem funcionários.
A estratégia da inteligência A vocação do visionário Laércio Consentino, da Totvs, que fundamenta sua ação no acerto das equipes e nas duras decisões orientadas para a competência.
O visionário do ganha-ganha Ter sucesso na vida e nas empresas é importante, mas não é tudo. O sonho de Miguel Abuhab, chairman da Datasul, é contribuir decisivamente para que o Brasil também atinja a auto-superação.
De olho no futuro da fotografia No comando das lojas De Plá, o empresário Daniel Plá conta como transformou a rede fundada pelos pais em uma franquia de sucesso, em sintonia com as novas tecnologias.
A vendedora assumida Luiza Helena Trajano, diretora-superintendente do Magazine Luiza, soube descentralizar o poder sem medo de perdê-lo e transformou gerentes em empreendedores.
O poder da imaginação Pioneiro da internet no Brasil e criador de várias empresas, Marcos Wettreich prefere enriquecer seu conhecimento do que perseguir a riqueza.
Teoria na prática Além de administrar com competência uma das mais tradicionais redes de vestuário gaúchas, Eduardo Tevah ainda encontra tempo para viajar pelo país e lotar auditórios com suas palestras sobre gestão varejista.
A vocação da vitória Descubra por que para Carlos Wizard o ensino das línguas é um instrumento poderoso para exercer a liderança e promover o bem comum.
A cartilha pessoal do sucesso No comando da rede de salões de beleza Soho Hair Internacional, Hideaki Iijima faz gerente limpar banheiro, investe em teoria oriental, varre a rua de sua casa e sobe na vida.
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