Empreendedor 154

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Ano 13 • Nº 154 • agosto 2007

RESPONSABILIDADE SOCIAL: EMPRESAS QUE GERAM EMPRESAS

CRÉDITO: RECURSOS PARA PRESERVAR O MEIO AMBIENTE

PRÊMIO ETHOS DE JORNALISMO 2007

Ano 13 Nº 154 Agosto 2007 R$ 9,90

ISSN 1414-0152

WEB AZEITADA

Alexandre Canapella e Luiz Lapetina, do Cyber Cook

Empreendedor/www.empreendedor.com.br

PERFIL: A JORNADA EDUCADORA DE SEVERINO FÉLIX DA SILVA


2 – Empreendedor – Agosto 2007


Agosto 2007 – Empreendedor – 3


A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Nesta Edição INDEX OPEN

Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] Repórteres: Ana Carolina Dionísio, Débora Remor, Francis França e Natacha Amaral Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas e Index Open Foto da capa: Divulgação Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Gesner C. Vieira e Karen Klix Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]

Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jczcomunicacoes@gmail.com] SCS - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar 70305-900 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-2034 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

PG. 20

Capa

Revolução na web O aumento da interatividade na internet vem transformando a maneira de fazer negócios na rede, gerando oportunidades também para usuários sem conhecimentos de programação. É o caso dos blogs, por exemplo, antes simples espaços para auto-expressão que hoje se consolidam como fonte de renda principal para seus autores. O modelo ganha força com as novas ferramentas para reunir grupos virtuais e programas de marketing que conectam as propagandas do comércio eletrônico ao conteúdo da página de forma contextualizada.

Capacitação Aprendizado lúdico PG. 32

INDEX OPEN

Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666

Cresce o uso de jogos em processos de seleção, capacitação e desenvolvimento de recursos humanos. Eletrônicos, de tabuleiro ou de cartas, eles promovem a interação entre os participantes e criam um ambiente desafiador que ajuda na assimilação de conceitos.

Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Agosto 2007

Responsabilidade Social Formação de empreendedores PG. 38

Em vez de treinar jovens para serem bons empregados, algumas empresas preferem formar empreendedores responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento social de suas comunidades.

INDEX OPEN

Assinaturas


Agosto/2007

Meio Ambiente Gestão ecológica PG. 42

Consultorias orientam as empresas a conciliar a geração de lucro com a preservação do meio ambiente. O melhor aproveitamento dos recursos naturais, bem como riscos menores de acidentes e processos jurídicos, geralmente vem acompanhado da abertura de mercados.

Franquia Parceiro de peso

PG. 12

Entrevista

Paulo Queija O diretor da MQS Consultoria e Treinamento Empresarial diz que a base de qualquer tipo de negócio, indústria ou serviço, físico ou virtual, é a construção do plano de negócios. A regra é colocar as idéias no papel e verificar a viabilidade para evitar perdas.

PG. 58

A Microcamp firmou nova parceria com a Microsoft que garante certificação diferenciada e mais benefícios a seus alunos. Fidelizar clientes é o objetivo da empresa, que tem planos de expansão no Sul e Sudeste do país.

Crédito Verbas para ações ambientais PG. 46

A adoção de tecnologias mais limpas representa boa gestão empresarial, e cada vez mais é uma exigência do mercado. Atendendo a essa demanda, bancos têm disponibilizado linhas de crédito voltadas para projetos de melhorias ambientais de pequenas e médias empresas.

PG. 48

Perfil

Severino Félix da Silva Conheça a história deste empreendedor nato, que aos 15 anos vendeu sua bicicleta para trabalhar no Rio como office-boy e hoje é o criador da Escol@24horas, metodologia pedagógica inovadora que já conquistou mais de 700 mil alunos aqui e no exterior.

PG. 54

A voz da experiência

Marcel Malczewski

TI Caça-talentos virtual PG. 66

A ferramenta E-Hunter, desenvolvida pela Profit Tecnologia e Marketing, auxilia profissionais de RH na hora da seleção de pessoal. O tempo gasto com esse processo é 70% menor, e a economia chega a 40%, comparada com os métodos tradicionais.

A primeira experiência empreendedora de Marcel Malczewski, co-fundador da Bematech S.A., foi um choque – literalmente. Isso lhe ensinou a não esmorecer diante de crises, assim como ele aprendeu a não se acomodar com êxitos ao longo de sua trajetória.

LEIA TAMBÉM

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 7 0

Cartas ................................................................. 7

Produtos e Serviços .......................................... 72

Empreendedores .................................................. 8

Leitura ............................................................... 74

Não Durma no Ponto ......................................... 16

Análise Econômica ............................................ 76

Pequenas Notáveis ............................................ 52

Indicadores ....................................................... 77

Empreendedor na Internet ................................ 82

Agenda .............................................................. 78

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de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-9797979. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8 h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-1020 Rio de Janeiro: (21) 3231-9017 Brasília: (61) 3322-2034 Curitiba: (41) 3079-4666 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 2106-8666 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ

Editorial Q

uem nasceu a partir da década de 1980 não imagina um mundo sem internet e sua infinidade de possibilidades de comunicação, relacionamento e negócio. Sua origem, no entanto, remonta aos anos 1960 e 1970, no auge da Guerra Fria, como sistema militar seguro para troca de informações sigilosas. Em uma segunda fase, ela evoluiu para um meio de comunicação para universidades e institutos de pesquisa. Foi a partir de 1996, no Brasil, que a internet ganhou configuração comercial – ou pública – e passou a crescer exponencialmente. Desde então, não parou de evoluir. Hoje, 36 milhões de brasileiros estão conectados à rede, conforme dados do IBGE, e, somente no primeiro trimestre deste ano, o varejo on-line faturou R$ 4,4 bilhões, 57% a mais do que no mesmo período de 2006, segundo levantamento da E-Consulting e Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net). Se no início da fase aberta apenas quem tinha conhecimentos de programação podia se aventurar a produzir uma simples página na internet, com a evolução das ferramentas hoje qual-

quer um com o mínimo de familiaridade com o meio pode criar e manter sites dinâmicos. Acompanhadas da democratização cada vez maior do acesso, as novas tecnologias ampliam consideravelmente a interatividade do sistema, e recursos de marketing potencializam a capacidade de geração de renda na internet. É por isso que a repórter Francis França traça uma radiografia dessa nova geração da internet, chamada de Web 2.0, uma evolução que deve ser observada por todos: entre outros, interessa a quem procura uma fonte de renda, a quem já possui empresas estabelecidas, e deseja manter e ampliar seu mercado, e também aos consumidores, que podem emitir e consultar opiniões de outras pessoas. Isso não significa que sair logo montando um blog, por exemplo, vai proporcionar retorno publicitário para seu criador ou melhorar o relacionamento de uma organização com seus clientes. Assim como em qualquer outro negócio, é preciso planejar bem antes de se aventurar. Alexsandro Vanin

Brasília: SCS - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar - 70305-900 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.


Cartas

Congratulações 1

Reconhecimento Como cientista entrevistado, devo dizer que fiquei muito feliz com a matéria (Enxada Eletrônica, edição 152) e com a forma como foram conduzidas as reportagens. Seriedade e competência dignas de elogios. Que sigam assim, trilhando a verdade e a isenção naquilo que vai ser divulgado, e dando a personalidade aos assuntos de tal maneira que surpreendem até os envolvidos. Irineu de O. Santos

empresário e inventor

Supimpa

O Instituto Algar de Responsabilidade Social tem a grande satisfação em parabenizá-lo pelo Prêmio Ethos de Jornalismo. A matéria “Novos negócios do clima” foi um bom exemplo para o tema deste ano, “Gestão de negócios e sustentabilidade”. Ana Flávia Martins

diretora-executiva do Instituto Algar

Congratulações 2 Escrevemos para parabenizá-lo pelo Prêmio Ethos de Jornalismo, que representa uma importante referência dos veículos de comunicação e dos profissionais que realmente se dedicam à busca de informações relevantes sobre a responsabilidade social empresarial e a sustentabilidade. Elisa Leite e Ana Luiza Veloso

Parabéns pelo Ethos de Jornalismo. Tanto o prêmio quanto a matéria “Novos negócios do clima” dignificam nossa atividade de jornalista. É unânime entre nós, leitores: a revista Empreendedor se tornou imprescindível na construção da história de Santa Catarina e do Brasil. E a edição de julho está supimpa! Aldo Grangeiro

Comunicação Corporativa da Fiat Automóveis

Congratulações 3 Parabéns pelo Prêmio Ethos de Jornalismo, parabéns pelo reconhecimento. Diretoria de Assuntos Corporativos da Natura Cosméticos

jornalista do Sinepe – SC

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Empreendedores César Cini

Portas abertas no exterior Venezuela e Uruguai passam a receber mobiliário de vidro e alumínio da empresa gaúcha Cinex. O contrato de exportação de produtos, estimado em US$ 165 mil, é motivo para comemoração de César Cini, fundador e presidente da Cinex. “Vamos mobiliar com portas de alumínio um condomínio residencial situado no badalado balneário de Punta Del Este.” Já para o mercado venezuelano, a Cinex firmou contrato com fabricantes de cozinha. “Nesse caso, fechamos um pedido com portas de alumínio e vidro, e prateleiras iluminadas”, acrescenta. Com matriz em Bento Gonçalves (RS), a Cinex responde por 90% do setor de mobiliário de alto padrão de vidro e alumínio no Brasil e é líder na América Latina. Os produtos da empresa são distribuídos em todos os Estados brasileiros e no Chile, Porto Rico, Paraguai, Peru, Argentina, Colômbia, Bolívia, México, Canadá e Estados Unidos. (54) 3455-2222

Moisés de Assis Sirvente

McAtendimento O diretor executivo da Jocar, Moisés de Assis Sirvente, colhe os bons frutos de uma idéia de seis anos atrás. Em 2001, na tentativa de melhorar o atendimento de uma das três lojas da rede de autopeças, ele contratou um ex-funcionário da rede de fast-food McDonald’s – atualmente, são nove. “A colocação destes profissionais modificou a cultura de atendimento da empresa, e hoje os novos funcionários acham que esta qualidade sempre existiu”, afirma. Sirvente, filho do fundador da empresa, está com uma nova tarefa. Há pouco mais de um ano, a Jocar lançou um portal de e-commerce, mas ele ainda é pouco conhecido. “Precisamos avançar. Uma loja virtual é muito diferente de uma loja física, mas estamos bem entusiasmados com o desafio”, completa Sirvente. (11) 3797-0700/www.jocar.com.br

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Vítor Litwinczik Alexandre Silva

Barulho permitido

Marca diferenciada

O isolamento acústico de ambientes não é uma tecnologia recente. Mas o engenheiro Vítor Litwinczik, sócio da Eco Acústica, empresa incubada na Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia, trouxe uma solução inovadora para projetos deste tipo. Através de uma parceria com a Intuere Arquitetura e a EB Engenharia, Vítor participou do planejamento e da execução da Suíte do Garoto, um modelo de quarto com tratamento acústico formulado especialmente para adolescentes. A novidade apresentada no projeto foi o tipo de porta utilizada no quarto. “A diferença é que colocamos uma porta de vidro, normalmente usada para isolar um ambiente do meio externo”, explica o engenheiro-empresário. Além de não ocupar muito espaço, esse dispositivo garante que garotos e garotas possam manter hábitos típicos da idade, como jogos eletrônicos e música alta, sem incomodar os vizinhos e os demais moradores do apartamento. Vítor lembra como, apesar de sutil, sua intervenção no projeto é importante: “Nossa parte quase não aparece no ambiente. Mas dá para sentir.” (48) 2107-2722

O presidente da rede de idiomas Yázigi Internexus, Alexandre Silva, recebeu em junho o prêmio “Homem do Ano 2007”, promovido pela Adela Villas Boas Produções (AVB). Formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, Alexandre trabalha no Yázigi desde 1990 e há três anos e meio atua como presidente, tendo como principal desafio a diferenciação da marca. “Há muitas marcas no mercado de ensino de idiomas, e nem sempre os consumidores sabem distinguir bem. Muitas vezes, são levados pelo fator preço e, quando percebem que uma determinada escola não oferece um bom ensino, já se passaram 18 meses ou mais”, afirma. A rede Yázigi, composta por 380 escolas por todo o Brasil, ensina inglês e espanhol a 160 mil alunos anualmente, e para isso conta com 4,5 mil funcionários. No último ano, o Yázigi foi eleito a “Melhor Franquia do Brasil”, entre todas as categorias participantes. (11) 2132-9600

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Empreendedores Luiz Fernando Milani

Clima espanhol O empresário e proprietário da Krahô Consultoria e Marketing, Luiz Fernando Milani, é um encantado pela gastronomia, ainda mais a culinária espanhola. Com o I Festival Gastronômico de São Caetano do Sul (SP), Milani pretende investir nos futuros profissionais e aproximá-los das grandes empresas. “É um programa que visa a contribuir para a capacitação dos alunos através da oportunidade de atuação, fortalecendo a troca de informações, e habilidades entre a empresa e a entidade de ensino”, explica. No jantar do dia 22 de agosto, serão apresentados pratos típicos da Espanha elaborados por alunos vencedores do concurso gastronômico realiza-

do no ano passado. O projeto intitulado “Terra à Vista”, que inclui o festival, rendeu ao empresário o Prêmio Top Empreendedor em 2006. Este ano, a idéia tem a parceria da Faculdade Edi-

Nara Guichon

Tramas responsáveis O que poderia virar lixo, a gaúcha Nara Guichon, de 52 anos, transforma em arte. Utilizando redes de pesca que demorariam cerca de 400 anos para se decompor no meio ambiente, ela confecciona bolsas, xales, casacos e mantas. Os restos de couro da indústria calçadista servem de matériaprima para tapetes e adornam outras peças. Os materiais são comprados de pescadores de Itajaí ou de fábricas do Rio Grande do Sul e depois cortados à mão no ateliê Nara Guichon, em Florianópolis. Além de inovar os materiais, a artesã experimenta formas alternativas de tingimento. Folhas de manga e louro, cascas de cebola e flor de macela são alguns dos “tons” que ela utiliza. Para atingir cores mais vivas, contudo, é preciso recorrer a corantes químicos. “Eu não gosto muito de usá-los, mas já que o mercado exige...”, diz Nara. Só as fibras naturais – algodão, linho, seda e lã – são tingidas. As redes de pesca, um dos únicos materiais sintéticos que entram nas tramas da peças, permanecem com sua cor original, assegurando a exclusividade dos produtos. Para manter este empreendimento ecologicamente sustentável, Nara fez uma parceria com mulheres de comunidades do sul de Florianópolis economicamente fragilizadas com a decadência da pesca artesanal. O ateliê tem 12 funcionárias, que cortam as redes e os restos de couro, fiam a lã, tingem as fibras, tecem e costuram as peças. Para explicar o funcionamento da parceria, a artesã foge do discurso da responsabilidade social: “Elas precisam de serviço, e eu preciso de gente para trabalhar. É isso.” (48) 3237-7081

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tora Nacional (Faenac) e do Buffet Samuy, que sediará o evento. Música, decoração e duas apresentações de dança completam o clima espanhol. (11) 4229-1131


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Entrevista

Paulo Queija

Essência da longevidade É preciso explicar para a equipe aonde se quer chegar e mostrar qual o papel de cada um por

Francis França

A falta de planejamento é a maior causa de mortalidade entre as micro e pequenas empresas no Brasil. Apesar de o número de MPEs abertas no país crescer ano a ano, dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que 59,9% das empresas encerram suas atividades antes de completarem quatro anos de fundação, o que representa um prejuízo de R$ 15 bilhões em perdas financeiras. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, mais da metade dos novos empresários desconhecem ou não procuram informações sobre a qualificação da mão-de-obra necessária ao negócio, o número de clientes que teriam e seus hábitos de consumo. A falta de conhecimento pode trazer resultados amargos e levar ao fechamento da empresa. De acordo com Paulo Queija, diretor da MQS Consultoria e Treinamento Empresarial, especializado em gestão, a base de qualquer tipo de negócio, indústria ou serviço, físico ou virtual, é a construção do plano de negócios (PN). O PN não deve ser feito apenas na hora de abrir a empresa. Reestruturação de setores, lançamento de novos produtos e serviços, e a simples avaliação do andamento da empresa são muito mais eficientes com um plano. A regra é colocar as idéias no papel e verificar sua viabilidade para evitar perdas. Empreendedor – O que o empresá-

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rio deve levar em conta na hora de planejar o futuro de uma empresa?

Paulo Queija – A primeira coisa é construir o plano de negócios. O empresário deve definir a idéia e pesquisar a tendência de resultados com base nesses objetivos: o que ele pretende com o negócio, como funcionam os mercados consumidor e fornecedor, quem são os concorrentes. Essas informações variam conforme o segmento, mas são indispensáveis. Empreendedor – Onde o empresário pode pesquisar as informações para construir o PN?

Paulo Queija – O IBGE e o Ibope têm bastante material para a pesquisa demográfica e de perfil do consumidor. O Sebrae também tem uma base de dados bem estruturada com essas informações. Ele também pode pesquisar em Câmaras de Dirigentes Lojistas e Associações Comerciais da região onde planeja abrir a empresa. Empreendedor – Quanto tempo demanda fazer o planejamento?

Paulo Queija – Isso depende da complexidade do negócio e do tempo que ele vai dedicar para fazer o PN. Geralmente, varia entre três meses e um ano. O empresário precisa dedicar boa parte das suas horas livres para fazer a pesquisa. Empreendedor – Na prática, como se constrói um PN?

Paulo Queija – O empreendedor

precisa ter em mente aspectos financeiros, estruturais e de mercado. Hoje em dia, já existem modelos de PN em português. No próprio plano, há um campo para a composição da idéia e, no passo-a-passo, o empresário define o que é o negócio, em que área vai atuar, se vai industrializar, prestar serviços ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo. No modelo, também é necessário descrever quem é o público-alvo, quais são os custos, que margem de lucro o empresário pretende alcançar, e assim por diante. Ele precisa ter muito claro quanto é o capital inicial que precisa ter em mãos para abrir o negócio, e, na falta do capital, a que riscos está sujeito. São todos os itens que envolvem mercado consumidor, formação de preço e custos. Empreendedor – É necessário reservar recursos para a elaboração do plano?

Paulo Queija – Depende. Se o empresário for fazer o plano sozinho, terá mais gasto de tempo na busca de informações, talvez tenha despesa com viagens, ligações telefônicas. Se ele preferir contratar uma consultoria, terá o custo dos honorários, que varia muito. Conforme o tamanho da empresa, um PN pode custar R$ 3 mil ou R$ 20 mil. Não existe uma média. Se o empreendedor escolher a consultoria, é importante que ele faça o plano junto com o consultor, senão não funciona. O empresário precisa dar valor ao PN, e perceber quais são as dificuldades e facilidades que vai enfrentar. Se ele não se envolver com a construção do PN, terá dificuldade depois para implantá-lo, principalmente quando se trata de pequenos negócios. Empreendedor – Se resolver elaborar o PN sozinho, o empresário pode contar com a ajuda de softwares ou sites de internet?

Paulo Queija – Sim. O site do Sebrae/SP (www.sebraesp.com.br) tem disponível um link de um software chamado Spplan, que pode ser baixado gra-


Se o empreendedor escolher uma consultoria, é importante fazer o plano junto com o consultor

tuitamente. Algumas pessoas podem ter um pouco de dificuldade para navegar, pela falta de experiência, mas lá estão todas as informações que precisam ser pesquisadas para a empresa. Existe um outro software chamado MakeMoney, que é pago (preço em julho/2007: R$ 154,00 – sujeito a alterações), e com o qual você pode fazer vários planos. Também há a alternativa de fazer o curso do Sebrae Nacional pela internet, chamado “Iniciando um pequeno grande negócio”. O curso dura 60 dias, e oferece um modelo de plano para o aluno construir e depois fazer o download em seu computador. Empreendedor – E quais as vantagens de contratar uma consultoria especializada?

Paulo Queija – A efetividade no resultado. Quem é especialista em PN sabe os pontos principais a serem vistos, aquilo a que quem não tem experiência não se atenta. Às vezes, a pessoa abre um negócio e esquece de ver um detalhe que é justamente o que viabiliza a empresa. Já vi casos em que, para abrir a empresa, a primeira compra precisava ser à vista com um alto custo que não foi previsto, e isso inviabilizou o ne-

gócio. Algumas pesquisas são primordiais para obter informações necessárias ao sucesso da empresa. Outro aspecto do PN é que se pode chegar à conclusão, no final das contas, que ela não é viável. Empreendedor – O que o empresário deve fazer se os seus objetivos e os resultados do PN indicarem direções opostas?

Paulo Queija – Isso é bastante complicado, porque estamos lidando com o sonho das pessoas. Às vezes, o negócio é bom, mas a forma escolhida de

implantá-lo não é a ideal. O empresário pode não viabilizar da forma que planejou, mas há outras possibilidades. Por exemplo, se eu quero montar uma loja, meu público está espalhado pelo Brasil, e os custos de viabilização são muito altos, posso montar uma loja virtual, então tenho o resultado que eu quero. A idéia pode ser boa, basta mudar a estratégia. Tem muito a ver com a ambição da pessoa, o que ela espera. Existem pessoas que montam um negócio para se manterem em um nível de vida médio, então, para essa pessoa, o negócio está bom. A expectativa, às vezes, é Agosto 2007 – Empreendedor – 13


Entrevista

Paulo Queija

muito alta para aquilo que se quer investir. Além do sonho, envolve a expectativa de retorno financeiro. Isso acontece muito com os cafés. É perigosíssimo. Não são muitos os casos de pessoas que abrem um café e têm um grande retorno financeiro. Às vezes, o empreendedor perde todo o dinheiro que investiu. Conheço casos de pessoas que saíram de uma empresa em um plano de demissão voluntária com a idéia de que agora vai ser livre, e acaba se complicando e se frustra terrivelmente. É a falta de planejamento, de verificar a viabilidade do negócio com antecedência. Empreendedor – Quais são os maiores desafios para o empresário na hora de construir um planejamento?

Paulo Queija – Falta de informações verdadeiras. Ele precisa pesquisar dados concretos, e não inventar números de acordo com o que ele gostaria que fosse. Não se podem montar estatísticas ilusórias. Depois, o empresário diz “meu plano de negócio é viável”, mas isso não é uma informação, é um achismo. Se fizer um plano mais ou menos, ele terá um negócio mais ou menos, e, geralmente, mais para menos. Isso é um desafio constante, porque as pessoas não estão acostumadas a planejar, no Brasil. Outro problema é a pessoa querer um retorno rápido e não pensar em médio e longo prazos. Às vezes, a empresa não dá dinheiro no começo a ponto de sobrar, ela requer um reinvestimento para garantir a sustentabilidade no futuro. Empreendedor – Depois que foi iniciada a empresa, como dar seqüência a esse planejamento?

Paulo Queija – O principal é controlar a parte orçamentária. No primeiro ano, é aconselhável fazer acompanhamento mensal. A partir do segundo ano, ele pode ser anual. O mais importante é detalhar a parte financeira, seja na busca de faturamento, seja nas despesas. Isso é primordial. Quando olhar para frente, o empresário precisa planejar de que forma vai expandir esse negócio até

14 – Empreendedor – Agosto 2007

Os pequenos empresários acham que planejamento é coisa de grande empresa. Não é

chegar ao tamanho planejado. O ideal é detalhar passo a passo e continuar o planejamento com plano estratégico e prático-operacional, que é a execução do dia-a-dia. Os pequenos empresários acham que isso é coisa de grande empresa. Não é. Só muda o tamanho, a gestão deve ser a mesma. Empresas de qualquer tamanho ou segmento precisam planejar o dia-a-dia: que ações fará para aumentar faturamento, quem contratar, qual a estrutura física necessária. O PN não deve ser feito apenas quando se abre a empresa, o empresário pode fazer um plano para checar como está a empresa e que rumo ele quer dar a ela. Também pode fazer um plano para expandir áreas da empresa, lançar novos produtos ou serviços, tudo precisa estar na ponta do lápis. Empreendedor – Empresários que já começaram sem tomar as devidas precauções podem recorrer a um PN quando o negócio já estiver em andamento?

Paulo Queija – Podem e devem. O empresário vai com isso colocar no papel suas idéias, traçar planos específicos de ação e fazer com que as pessoas que estão na empresa saibam quais são os planos e executem as ações necessárias para chegar ao resultado que ele, empresário, almeja. Muitas vezes,

ele pensa, mas as pessoas que estão com ele não sabem. É preciso colocar no papel e explicar para a equipe aonde se quer chegar e mostrar qual o papel de cada um nessa caminhada. Empreendedor – Quais são os erros mais comuns que os empresários cometem?

Paulo Queija – O principal erro é um fator cultural sobre essa questão do planejamento, o brasileiro não está muito acostumado. Esse é um dos fatores de quebra das pequenas empresas. É recorrente o discurso ser um, e a ação ser outra. Acontece de a empresa entrar em colapso e o empresário não ver porque está envolvido demais nas coisas imediatas. O primeiro passo é o mais importante, porque, depois que você tem o plano macro, os demais são elaborados com muito mais rapidez, é mais fácil. Empreendedor – Que prejuízos o empresário pode ter em não elaborar o PN?

Paulo Queija – Ele pode perder todo o capital se não fizer o planejamento certo. Ou pior, pode perder o capital que investiu e ainda ficar com dívidas. Conheci um caso de um empresário que tinha um negócio havia dez anos e percebeu que nos últimos dois meses vinha entrando no cheque especial. Quando fomos fazer as contas, o negócio dele já estava inviável, e foi muita sorte ele ter percebido isso rápido. Ele havia construído um patrimônio, inclusive pessoal, aí o mercado mudou, e as margens tiveram que diminuir. Segundo os cálculos que fizemos, ele precisava vender 150 mil por mês e vendia 20 mil. Se ele não tivesse refeito o planejamento, ele precisaria começar a vender seus bens para pagar as contas e pulverizar todo o patrimônio que construiu em dez anos. É esse tipo de coisa que acontece sem planejamento.

Linha Direta Paulo Queija (13) 3288-2946


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Não Durma no Ponto Ouse divertir-se com os problemas Todos querem aumentar sua capacidade de resolver problemas e ser mais criativos. A necessidade de criar com desenvoltura não é uma necessidade restrita ao ser humano. As empresas precisam muito gerar idéias com amplo potencial de se transformar em resultados. Você sabia que a maior parte dos resultados da sua empresa, nos próximos cinco anos, virão das idéias geradas por sua equipe de trabalho? Se sabia e concorda, por que boa parte dos problemas não são resolvidos de forma criativa? Por que a maioria das empresas se parece mais com uma oficina de reparos do que com uma usina de idéias? Confira algumas respostas que, rotineiramente, se pode dar a isso: porque as pessoas costumam adotar a primeira solução que lhes vêm à cabeça, quando diante de um problema. Porque as pessoas não gostam de problemas. Porque as pessoas não querem perder tempo. Porque as pessoas não querem despender esforços. Porque as pessoas estão limitadas nas suas maneiras de pensar. Todas elas podem estar certas. Mas existe um fator determinante: poucos se preocupam com a maneira como pensam. Na era industrial, o apelo à conquista e à competição, aliado à pressa, fez com que o homem moderno dedicasse pouco tempo à reflexão ou a qualquer outra coisa que não seja fazer. De imediato. Pensar é uma delas! Muitas das nossas limitações, quando nos confrontamos com o desafio de resolver problemas ou produzir idéias, têm relação direta com a nossa maneira de pensar (ou de não pensar). Assim, antes de tudo é preciso ter consciência sobre o nosso estilo de pensamento, encontrando a partir daí a pista sobre os nossos bloqueios mentais. Esse é o primeiro passo para eliminálos. Ou, quando for o caso, administrá-los e tirar o melhor proveito deles. Bloqueios para a criação Existem vários tipos de bloqueio que limitam a nossa capacidade de pensar e criar. Geralmente, todas as pessoas têm alguns deles, mas não na mesma intensidade; há diferenças em sua manifesta-

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ção. É bom saber quais são os mais acentuados, no seu caso, para atuar sobre eles de maneira bem efetiva. Surgem de diversas origens e são adquiridos durante a vida, sem que a gente perceba muito bem como se instalam. Uma criança de até seis anos de idade possui muito poucos bloqueios e isso demonstra que aperfeiçoar a maneira de pensar e de criar está muito mais relacionado a desaprender do que a aprender. Os bloqueios de percepção são os mais comuns. Têm a ver com os preconceitos (ou seja, os conceitos pré-

A maior parte dos resultados da sua empresa virá das idéias geradas por sua equipe de trabalho

vios, que a gente elabora sem base na realidade) e embaçam a visão da realidade. Um preconceito é difuso, sem imagem nítida, porque não resulta de informação clara. Decidir, portanto, a partir dessa base nebulosa não pode gerar decisão de boa qualidade. Os preconceitos estão lá, armazenados em um banco de dados que acionamos sempre que estamos diante de um problema, de uma decisão, de uma nova idéia. Parecem úteis, na medida em que nos dão a (falsa) impressão de rapidez ao decifrar o enigma. Há, até, um arsenal de recursos criado para “ajudar”, inclusive a interpretação da personalidade alheia através de sinais como gestos, modulação da voz, atitude, olhar, roupa etc. Tudo, claro, no mesmo pacote de informações pré-concebidas, que alguns até ousam chamar de feeling. O fato concreto é que os preconceitos impedem a boa percepção dos

problemas e limitam (quando não anulam) as possibilidades de solução. Por essas e por outras, os preconceitos são grandes inimigos da inovação, tanto por seu efeito de pré-conceber idéias como por seu efeito de abortar idéias que poderiam ser originais, mas são negadas a princípio, como negativas, em função desses mesmos conceitos prévios sem base na realidade. E não pára por aí: preconceitos em relação às pessoas também nos impedem de olhar um problema sob vários e diferentes ângulos, fora do que consideramos “noarmalidade”. Uma boa maneira de lidar com isso é abandonar, mesmo que temporariamente, nosso “mapa mental”, para utilizar o de outra pessoa – caso não seja, também essa atitude, fruto de preconceito. Para olhar algo sob o filtro de um mapa alheio, é preciso, realmente, olhar com os olhos dela – não os que achamos que são dela. Essa atitude corajosa e despojada é um instrumento formidável para lidar com os nossos próprios bloqueios. Existem também os bloqueios emocionais. Aí entram a autocensura, o medo de que nos considerem ridículos e o constrangimento diante do absurdo. A defesa veemente do ego e a tentativa de esconder nossas imperfeições conduzem à inibição ao defender idéias. Também o medo de falhar, de se arriscar, de conviver no caos e, principalmente, do julgamento, são fatores que bloqueiam a capacidade humana de criar e resolver problemas. Acha que é muito? Mas a lista é bem maior, quando a gente acrescenta os bloqueios culturais, como: “trabalho não é brincadeira”, “você é um adulto, não pode agir como criança”, “brincar é coisa de criança”, “empresa é coisa séria”. Nessa maneira arcaica de pensar, o que conta é razão e lógica, não intuição e imaginação. Muito comum nas empresas, ainda, são os bloqueios ambientais: chefes autoritários, normas e regulamentos, aversão ao risco, punição dos erros, chacota por parte dos colegas de trabalho e reações desestimulantes por parte da gerência.


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

Existem também os bloqueios intelectuais pelo pouco uso ou ausência de algumas inteligências. A mente é ainda um fenômeno a ser melhor compreendido. Estudiosos de Harvard descobriram que existem pelo menos nove tipos de inteligência. Há pessoas que se saem bem com algumas delas, outras aproveitam melhor diferentes modalidades. É difícil que alguém use todas, em sua máxima capacidade. Portanto, isso reforça a necessidade ainda maior do trabalho em equipe, pois várias inteligências combinadas podem se unir na busca da solução de problemas e de produção de idéias. No nosso tipo de educação, é muito comum o uso das inteligências lingüísticas e lógico-matemáticas. Bom, quando os problemas apresentados são resolvidos eficazmente com elas; ruim, se o desafio requer qualidades próprias das inteligências espacial ou pictórica, por exemplo. Bloqueios não faltam. Por isso, temos de saber lidar com eles, a partir de sua identificação. É o primeiro passo para, também de maneira consciente, eliminá-los, superá-los. Outra alternativa é usar um tipo de pensamento que lida melhor com os bloqueios mentais. Pensamento sistêmico Resolver problemas e criar novas soluções depende de uma linguagem interna muito mais ampla. O pensamento sistêmico cumpre esse papel. Se o pensamento analítico é como uma ferramenta para cavar buracos cada vez mais fundos, o pensamento sistêmico é uma ferramenta para cavar o maior número possível de buracos. No primeiro caso, se o buraco estiver no lugar errado, nada conduzirá você ao lugar certo. Exemplo: o que fazer com um tijolo? O pensamento analítico pensaria em alternativas do tipo: construir um muro, uma casa, uma lareira, uma churrasqueira, uma loja de roupas, uma banca de jornal etc. O pensamento sistêmico seria capaz de criar alternativas do seguinte tipo: barragem para água, nivelamento de barro, matéria-prima para uma escultura ou pintura, decoração, brinquedos para crianças etc. O pensamento sistêmico abre as possibilidades de maneira infinita, ultrapassando o que se conhece, ou seja, o uso convencional. O pensamento analítico pode julgar

uma idéia insignificante. A mesma idéia, porém, relacionada a outras e com mais informação, pode ter extrema importância. Muitas vezes, a combinação de idéias aparentemente absurdas pode levar a uma conclusão espetacular. E isso é que faz, naturalmente, o pensamento sistêmico: interliga diferentes dados, contextualizando-os em enredos e histórias. Costumamos lembrar de informações em contextos, e o contexto entra em nossa memória juntamente com a informação. O pensamento analítico quer logo investigar causas e providenciar uma solução. Evita o estágio da incubação, em que o inconsciente ajuda na solução de

Pessoas motivadas procuram e encaram problemas como uma bela oportunidade de se divertir

problemas. Quantas vezes solucionamos problemas ou temos idéias sensacionais como num estalo, enquanto vemos um filme ou nos divertimos, com a mente totalmente voltada a outra coisa? É a mente sistêmica combinando naturalmente informações díspares e buscando soluções para os problemas. O pensamento sistêmico é causa e também efeito de um jeito diferente de viver. Atua como um conjunto de observadores atentos a tudo, capazes de ao mesmo tempo colher informações e dar respostas amplas às demandas de determinados ambientes, os mesmos em que estavam focados. Com isso, cria um universo mais rico. Lida bem com a ambigüidade e não está preocupado em ter convicções ou empacar em determinados pontos de vista. Tem maior capacidade de captar idéias e correlacioná-las. Produz sínteses mais ricas. E consistentes.

A ousadia de ir muito, muito além! O pensador sistêmico não despreza nenhuma ajuda que possa obter e, por isso, não desperdiça inteligências e conhecimentos de outras pessoas. Reconhece que a solução de problemas e a produção de idéias em equipe são muito mais eficazes do que individualmente. O brainstorming é uma técnica conhecida e consagrada de solução de problemas em grupo. Criada por Alex Osborn, a técnica do brainstorming segue algumas regras: a) não é permitido nenhum tipo de julgamento. Excluir julgamentos é uma forma muito eficaz de aumentar a capacidade criativa; b) idéias desvairadas são permitidas e até estimuladas; c) as idéias devem ser produzidas em quantidade; d) os participantes devem correlacionar idéias para criar novas. Os observadores aguçados, que praticam essas regras (na verdade, ausência de preconceitos), podem enxergar muito além do que a maioria das pessoas, convencionais, consegue. São mentalmente desinibidos, mais conectados a seu inconsciente, destituídos de censura, e entregues a fantasias e devaneios, capazes de gerar resultados fantásticos, justamente porque inusitados. Realizam continuamente auto-sessões de brainstorming. Porque estão sempre em atitude inovadora. Pode parecer paradoxal, mas uma boa estratégia para atingir esse estágio é tentar manter a mente limpa de preconceitos e abastecida de informações ilimitadas. De várias fontes. Não apenas científicas, embora estas devam ser contempladas, obviamente. O pensamento sistêmico, muitas vezes de maneira inconsciente e intuitiva, faz com que vejamos o mundo de outras formas. Quem o pratica vive mais plenamente, porque mantém a abertura para a curiosidade. Está à procura. Com total disposição para descobertas. E pleno de entusiasmo. Criatividade e resolução de problemas estão relacionados com a auto-realização, um dos fatores de motivação das pessoas. E pessoas motivadas procuram e encaram problemas como uma bela oportunidade de se divertir. Agosto 2007 – Empreendedor – 17


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Capa

Web 2.0: clique para lucrar Internautas ganham importância com novo modelo de negócios na internet e viram empresários por

Francis França

INDEX OPEN

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A interatividade característica da nova geração da internet, que já causou impacto nas relações interpessoais em comunidades como Orkut e MySpace, chega agora para revolucionar o mundo dos negócios. A Web 2.0, como ficou conhecida, trouxe ferramentas para reunir grupos virtuais e deu aos internautas poder para produzir conteúdo, sem a necessidade de conhecimento em programação. A participação massiva dos usuários – possibilitada pela expansão do acesso à banda larga – e o agrupamento em torno de interesses comuns favorecem o mercado publicitário e as empresas, que passam a conhecer melhor seu público-alvo, e a oferecer produtos e serviços direcionados. Enquanto no modelo antigo as páginas de internet criadas pelas empresas tinham papel secundário e pouco envolvimento com os clientes, na geração Web 2.0 as páginas tornaram-se as próprias empresas, e os clientes, personagens fundamentais no desenvolvimento dos negócios. Com 250 mil usuários cadastrados e uma equipe de 25 colaboradores, o portal de gastronomia e culinária Cyber Cook completou dez anos de trabalho exclusivamente virtual e acompanhou a tendência de interatividade para continuar crescendo: há três meses, inaugurou a comunidade Meu Cyber Cook União, em parceria com a Nova América, dona do açúcar União. A novidade trouxe para o site mais de 60 mil novos cadastrados em menos de dois meses. “Antes, o usuário se cadastrava apenas para ter acesso ao boletim e ao livro de receitas. Agora, quando ele se cadastra, é para participar de uma comunidade gastronômica, com a vantagem de poder colocar a sua foto, a foto da receita que fez, trocar idéias com os outros usuários”, diz Alexandre Canapella, diretor-geral do portal. O termo Web 2.0 – criado pelo norte-americano Tim O’Reilly, em 2004 – formaliza um conceito de interação que o Cyber Cook procurou empregar em sua página desde que foi criado, em 1997. Segundo Canapella, o Cyber Cook nunca buscou ser um veículo de comunicação tradicional do universo culiná-


rio. “O site foi criado em volta das pessoas, não para ser uma revista, mas um gerenciador de informação. O novo projeto foi definido como Web 2.0 porque ficou mais com cara de Orkut, mas essa comunidade sempre existiu, sempre trocou receitas”, explica. O Cyber Cook foi criado um ano depois do marco da internet comercial no Brasil (1996). O acesso, que até então era restrito às universidades, foi aberto ao público com o surgimento dos primeiros provedores. O fundador do Cyber Cook, Luiz Lapetina, usou o site como exercício de construção de homepages e publicou algumas receitas que possuía nos livrinhos tradicionais. O conteúdo foi divulgado para os poucos amigos que tinham e-mail, as pessoas gostaram e começaram também a sugerir receitas. Antes de completar um ano de fundação, o projeto, que era feito nas horas vagas e finais de semana, recebeu um prêmio iBest, ganhou importância na internet, e atraiu a atenção dos portais on-line e de grandes empresas do setor alimentício. Quando a empresa foi formalizada, em 1998, e assinou par-

ceria com o Portal UOL, o Cyber Cook já lucrava com publicidade. Pouco tempo depois, com o boom da internet, recebeu aporte de capital de risco e pôde, finalmente, investir em estrutura empresarial e de gestão. O Cyber Cook foi uma das poucas empresas que sobreviveram ao “estouro da bolha” – prejuízo de trilhões de dólares entre os anos 2000 e 2001 na bolsa Nasdaq depois da superestimação do valor de mercado de empresas virtuais –, que levou 95% das empresas de internet no mundo todo à falência. Canapella atribui a vitória à postura realista que os empresários mantiveram em relação ao boom da internet e que mantêm agora, em relação à Web 2.0. “Sobrevivemos porque nunca acreditamos em uma nova economia, achamos que o que existia era uma evolução. Implantamos princípios de gestão comuns, receita versus despesa, preocupação com lucratividade, e decidimos levar a cabo os planos, mesmo que as coisas estivessem mudando rápido, e para pior. Com a Web 2.0, é a mesma coisa, acreditamos que seja uma evolução”, diz.

A nova geração da internet traz o receio de uma segunda bolha, mas, para Canapella, o aprendizado com a primeira trouxe maturidade para as empresas online. “Algumas coisas não deram certo talvez por um problema de timming, o erro foi na gestão, não no conceito.” Segundo ele, hoje, o cenário é de uma internet consolidada e de grandes oportunidades para os empreendedores. Com estrutura sólida, o Cyber Cook conquistou a parceria com a União em 2006. Em troca dos investimentos, o portal oferece à empresa serviço de business inteligence, em que analisa o comportamento das comunidades – sem individualizar os participantes – e fornece dados para entender as preferências de consumo dos usuários. A vantagem para a União é poder direcionar a publicidade de acordo com as expectativas do público. “Temos observado empresas que chegaram à casa dos 80 anos, como a União e a Sadia, e procuram entender como sobreviver aos próximos 80 anos. E a internet realmente é algo com muito a se descobrir e tem permitido a essas

Canapella: dez anos de trabalho exclusivamente virtual e ênfase na interatividade Agosto 2007 – Empreendedor – 21


Capa marcas uma nova forma de segmentação da comunicação com o público”, diz Canapella. Entender a própria evolução e se manter alinhado ao público também é tarefa para o Cyber Cook, que se prepara para atender agora às expectativas de uma nova geração de usuários, nascida e criada na era da internet. O primeiro passo para atingir o público on-line é levar a marca aonde ele está. As ferramentas disponíveis na Web 2.0 oferecem oportunidades de ganho com publicidade na internet tanto para pessoa física quanto para empresas, incluindo pequenos empreendedores que não tenham verba para gastar com consultorias especializadas em soluções para a web. “Dependendo do segmento e da concorrência, com R$ 100 é possível fazer uma propaganda muito efetiva, muito restrita ao público-alvo da empresa”, diz Michel Lent, diretor da 10’Minutos Interactive, agência de comunicação especializada em planejamento na internet. O valor corresponde ao investimento nos chamados links patrocinados, considerados por Lent como a ferramenta com melhor resultado para quem quer gastar pouco. Eles divulgam a empresa dentro do contexto do site. Uma empresa especia-

lizada em artigos esportivos, por exemplo, pode anunciar em um blog (página pessoal) sobre esportes, com propaganda destacada na página ou no próprio texto, vinculada a uma palavra-chave. Cada vez que o leitor clica no link patrocinado, a empresa paga ao dono do blog pela publicidade. A diferença em relação ao padrão antigo é que, antes, o anunciante pagava para aparecer na página. Com as novas ferramentas, desembolsa apenas quando a propaganda gerar resultado de fato. Os links patrocinados são suficientes como passo inicial, mas, para metas de comunicação que demandam maior alcance de público, é necessário utilizar simultaneamente várias ferramentas.

Lent: “Com R$ 100 é possível fazer uma propaganda on-line muito efetiva”

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“Quando se trata de produto de massa, como refrigerante ou cinema, posso usar também ações em redes sociais como Orkut, Youtube, ou mesmo estratégias de banner em portais de maior volume de audiência. Através de grandes canais como UOL ou Terra, é possível atingir 6 milhões de pessoas em um único dia, com um único investimento”, diz Lent. A publicidade na internet vem crescendo de forma expressiva nos últimos três anos. Em 2007, de acordo com dados do Projeto Inter-Meios – que contabiliza o investimento na mídia brasileira –, enquanto o mercado publicitário geral apresentou retração de 2,6% em relação a 2006, na internet houve crescimento de 40% no mesmo período. A liderança é resultado do baixo custo. A publicidade na internet é extremamente mais barata do que na televisão – inclusive na TV a cabo – e já desponta como segundo maior veículo de massa do país. “A estratégia para atrair esses investimentos é justamente a demonstração de resultados. Quando se compara a despesa gerada pela internet com um canal tradicional, o meio se prova imbatível”, diz Lent. Em média, a publicidade on-line custa o equivalente a 10% do investimento em outros meios. Além das vantagens para quem anuncia, a interatividade tornou a publicidade interessante para o público, na forma de entretenimento. “No começo, havia simplesmente um banner e um clique, e não se podia pedir a participação do usuário de nenhuma maneira. Hoje, já fizemos promoções em que os clien-


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MELHORES DA WEB 2.0

Focusnetworks: seis projetos em Web 2.0 para uma única empresa em menos de um ano

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tes criaram vídeos, fizeram fotos de determinado assunto, criaram livros em off-set para receber em casa. A mensagem de marketing tem muito mais alcance.” Segundo Lent, isso é possível graças à Web 2.0 e ao momento de amadurecimento dos internautas, que já têm capacidade de produção e estão mais acostumados a produzir.

Novos projetos Depois de passar quatro anos sem muitas novidades, o salto da internet para a geração 2.0 movimentou também os negócios das empresas de tecnologia que oferecem soluções na rede. Com as novas ferramentas de interatividade, a Focusnetworks, especializada no desenvolvimento de sistemas, já entregou seis projetos em Web 2.0 para uma única empresa em menos de um ano. O principal crescimento foi junto a clientes antigos que voltaram a fazer pedidos. “Hoje, não vemos possibilidade de fechar negócios se não estivermos usando a plataforma da Web 2.0”, diz Rafael Kiso, sócio-fundador e diretor de tecnologia da Focusnetworks. O frisson dos clientes por causa das novas ferramentas foi tão grande, que a empresa desenvolveu um guia de Web 2.0, disponível para download em sua página, com o objetivo de instruir as empresas em como atuar nessa nova onda. Para se manter atualizada, a Focusnetworks tem uma equipe de pesquisa destacada para analisar as tendências do mercado internacional e trazer

as novidades para o Brasil o mais rápido possível. Segundo Kiso, a Web 2.0 possibilitou a interligação de ferramentas para aplicações em tecnologia. No projeto desenvolvido para a Splice do Brasil, subsidiária do grupo multinacional que atua em vários ramos de telecomunicações, a Focusnetworks combinou as funcionalidades do Google Maps, que exibe fotos de satélite, com a tecnologia dos radares e criou uma ferramenta para que os municípios possam monitorar os radares via Google Maps. A combinação de serviços disponíveis em sites diferentes, remodelados para criar uma terceira ferramenta, é chamada de Mashup. De acordo com Kiso, a nova funcionalidade teve forte impacto comercial para a Splice. “Eles passaram a oferecer uma solução inovadora em relação aos concorrentes, isso fez com que essa empresa ganhasse grandes editais de municípios. Eles acabaram não só inovando, mas contribuindo com uma funcionalidade que ninguém no mundo tem”, diz. Na aplicação de ferramentas para interação entre internautas nos ambientes virtuais, é possível criar “orkuts” exclusivos, dando ao cliente poder para falar o que pensa em relação à empresa. O resultado mais importante é a relação de proximidade com o usuário. “Isso estabelece uma relação de transparência, que, em termos de governança corporativa, é muito importante”, analisa Kiso. As soluções mais solicitadas pelos clientes da Focusnetworks

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Capa são justamente os ambientes colaborativos, como portais de conteúdo em que os usuários podem comentar assuntos, votar em notícias e se reunir em comunidades com interesses comuns. A ferramenta de comunidade foi implantada na Cia. Athletica, maior rede de academias da América do Sul, com o objetivo de conhecer melhor seus alunos para oferecer serviços personalizados e, conseqüentemente, aumentar seu faturamento. O Gentecia é o “orkut” da Cia. Athletica, exclusivo para alunos e colaboradores. A página conta com fóruns de discussão, comunidades sobre programas especiais e modalidades esportivas, além de classificados e sistema de busca de usuários por meio de nome, interesse ou profissão. “Agora, passamos a fornecer também todos os treinos dos alunos no site, para que ele acesse de qualquer unidade. O resultado que percebemos até agora é a fidelização. Ainda é recente, mas sentimos que os alunos saem menos da academia”, diz Marcos Nisti, diretor de Comunicação e Marketing da Cia. Athletica. Com quase 2 mil inscritos em suas 13 unidades no Brasil, a Cia. Athletica estima que 10% dos alunos já participam da comunidade, aberta há apenas dois meses. “Já temos planos de am-

pliar a comunidade, e, este ano, o orçamento para o projeto é quatro vezes maior do que no ano passado”, diz Nisti. Com o Gentecia, a página da empresa teve um salto de visitação de 6 mil para 50 mil acessos por mês.

Foco no profissionalismo O pioneiro Orkut também serviu de inspiração para o Via6, primeiro portal de networking do Brasil. Os fundadores do site, Diego Monteiro, 24 anos, e Renato Shirakashi, 23 anos, ainda eram estudantes de Computação quando perceberam a oportunidade de utilizar os fundamentos do Orkut para criar um ambiente profissional, com foco em debates sobre empreendedorismo, administração e marketing. Com esse objetivo, criaram o Via6 – no quarto de suas casas – em 2005. Ao longo do trabalho, conheceram iniciativas parecidas no exterior, como o LinkedIn, site de networking com mais de 10 milhões de usuários, voltado exclusivamente para relações profissionais. O Via6 decidiu dar um passo a mais e focar na produção de conteúdo e debates, e na aproximação de interesses. “Uma ferramenta muito importante que implantamos foi o ‘neting’, para ligar pes-

soas com interesse comum. Por exemplo, se alguém está interessado em vender servidores de internet, o Via6 vai mostrar quem está interessado em comprar esse produto”, diz Diego Monteiro. Em julho de 2006, com crescimento acelerado e destaque na mídia, os criadores do site decidiram buscar investimento de capital de risco. Depois de seis meses de tratativas e elaboração de plano de negócios, a empresa recebeu aportes da Confrapar. Com o investimento, mudou-se para um escritório e conta com dez funcionários, servidores de internet e infra-estrutura técnica. Para os internautas, ficou mais fácil gerar negócios, encontrar pessoas e conseguir emprego. O perfil do usuário traz, além do currículo, possibilidade de inserção de conteúdo, como arquivos de apresentação, vídeos ou planilhas, e o usuário pode usar o perfil no Via6 como página pessoal (via6.com/nomedaempresa). Como a plataforma é gratuita, o faturamento da Via6 vem da publicidade. O modelo foi implantado recentemente, com banners e links patrocinados que podem ser negociados no próprio site. Além do Via6, a empresa lançou o Rec6, sistema de indexação de notícias que está fazendo sucesso entre usuários Schonenberger: site de orientação vocacional com conselhos de profissionais

Diego e Renato: ambiente profissional com fundamentos do Orkut

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– com o objetivo de responder a pergunta que assombra muitos jovens prestes a ingressar no mercado de trabalho: “o que eu quero fazer na vida?”. O ponto forte da página serão os vídeos de profissionais falando sobre seu dia-a-dia e dando conselhos para quem pretende seguir a mesma carreira. A empresa contratou três jornalistas que passam o dia inteiro entrevistando profissionais das mais diversas áreas, além de estudantes, recém-formados e pessoas famosas. Alguns profissionais entrevistados inclusive manterão blogs no Ikwa. A biblioteca já conta com 200 vídeos e deve chegar a 500 para o lançamento. A versão experimental será aberta apenas a algumas escolas e universidades convidadas de São Paulo (SP). A fase de testes deve durar dois meses, e, em outubro, o portal será aberto aos internautas. “Com a Web 2.0, temos a possibilidade de acrescentar um toque humano ao serviço, porque muitas coisas desse mundo profissional ainda são feitas da mesma forma que eram feitas em 1940, com um listão em ordem alfabética e índice remissivo. Nossa proposta é de aproximar as pessoas, exibir um vídeo da pessoa que conta como é o trabalho dela, essa pitada de reality show, de entender o dia-a-dia”, diz Schonenberger. A idéia de criar o Ikwa surgiu por uma dificuldade particular de encontrar informação para sua própria carreira. Indeciso, ele cursou Processamento de Dados, prestou vestibular para Veterinária, Administração, Educação Física, Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica. Trabalhou com Engenharia Mecânica e depois com conselho de estratégia. E agora virou empresário. “Sempre tive dificuldade na hora da mudança, em decidir o que eu queria fazer e encontrar informações legais, pessoas para conversar e saber o que de fato faz um consultor de estratégia, por exemplo, que eu não sabia”, diz. Além do contato com os profissionais, os usuários também poderão participar de comunidades divididas por ramo de atividade, proporcionando a interação

Linkk http://www.linkk.com.br/ Publicação e votação de notícias

Overmundo

MELHORES DA WEB 2.0

e produtores de conteúdo on-line. O Rec6 é um botão que, incluído em um blog ou página de notícias, redireciona as matérias para uma página e as submete à votação dos próprios usuários. Além de garantir a leitura por um número muito maior de pessoas, a ferramenta aumenta a audiência dos blogs e, por conseqüência, os ganhos com publicidade. Com a ampliação do portfólio, foi lançado também o Indica6, ferramenta de indicação para quem procura clientes, fornecedores ou funcionários. “A grande diferença do Indica6, em comparação com outros serviços, é relevância na relação profissional, porque alguém está indicando, assina embaixo, não é uma pessoa que apareceu do nada”, diz Monteiro. Maurício Thomas Schonenberger, criador do Ikwa, que será lançado em versão experimental neste mês, optou por criar um portal com participação dos usuários, mas sem descartar a produção de conteúdo próprio. O Ikwa é um site de orientação vocacional que pretende combinar Guia do Estudante, Cieee (Centro de Intermediação de Estágios), Catho e tudo o que for relacionado ao desenvolvimento profissional dos internautas – escolha da profissão, alocação em um estágio, emprego, mudança de emprego

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Capa entre pessoas que trabalham no mesmo ramo ou informações a respeito do mercado de trabalho e de empresas. No próprio perfil, os usuários podem colocar seus currículos e buscar oportunidades de trabalho nas comunidades. O público não pagará nada para participar do Ikwa. A idéia é que o custo seja coberto pelas escolas e universidades, em troca de serviços mais especializados para seus alunos e acesso a um maior número de especialistas.

Segmentação Muito mais do que uma moda passageira, a Web 2.0 alterou a forma pela qual as pessoas se comunicam e deve gerar um grande impacto social e econômico. É o que diz Carlos Nepomuceno, jornalista, consultor e autor do livro Conhecimento em rede, o primeiro do país a discutir a web interativa. Para ele, as pessoas se deparam não apenas com reengenharia empresarial, novas formas de administrar ou mais um marketing dentro das empresas, mas com mudanças radicais de comunicação que aconteceram poucas vezes na história da humanidade. “A Web 2.0 é uma evolução que, no fundo, trouxe a internet para o que ela sempre foi: um meio de interação de massa, porque antes tínhamos apenas meios de comunicação de massa”, explica Nepomuceno. Segundo ele, os empreendedores precisam estar atentos a esse novo cenário e se preparar para uma revolução na forma de fazer negócios. Pequenas empresas que insistirem em trabalhar apenas com o foco local dificilmente sobreviverão à concorrência da rede, porque seu público consumidor passa a ser um público planetário, à medida que as pessoas se habituarem a comprar pela internet. “A tendência é que a geração dos filhos dos fregueses, já adaptada ao mudo virtual, tenha outro perfil de consumo. E a questão é: o meu negócio tem futuro?”, diz. O melhor caminho para os pequenos empreendedores entrarem na rede,

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segundo Nepomuceno, é buscar parcerias com outros comerciantes e aproveitar para fazer negócios pensando em um público global. Ele usa o exemplo dos criadores de tilápia, que têm pequena produção e vendem para um público restrito. Com a Web 2.0, a idéia é que todos eles se organizem na internet e interajam em comunidades para trocar informações e fazer negócios. A interação pode facilitar a compra de produtos de forma cooperativa ou o atendimento de um grande comprador. “De repente, uma empresa no Japão precisa comprar uma tonelada de tilápias, que certamente um criador no Rio Grande do Sul não tem condição de produzir, mas, se ele se articular com outros 30 criadores, pode ganhar o negócio.” A segunda regra é apostar em nichos de mercado, para conquistar uma parcela específica do público. Quanto mais especializado o serviço, maior a chance de sucesso com a publicidade segmentada. “Não interessa você vender tapete. Interessa se você vender tapetes com mensagens ecológicas e materiais reciclados para o público específico que consome esse tipo de produto”, diz Nepomuceno. A eliminação da barreira geográfica entre empresas e consumidores possibilitou às empre-

sas escolher o público que pretendem atingir, não importa onde ele esteja, pois, com a internet, o custo para levar a mensagem de marketing ao outro extremo do país é o mesmo de levá-la ao vizinho do bairro. Junto com pesquisadores do Instituto de Inteligência Coletiva (ICO), Nepomuceno desenvolveu o Icox, software livre com investimento do governo federal que funciona como um Orkut que pode ser instalado em qualquer página de internet e criar comunidades exclusivas. Ferramentas como o Icox, blogs, comunidades e enquetes podem otimizar a relação entre empresa e seus clientes ou fornecedores. “Não importa qual seja o segmento, de qualquer maneira é importante você ter ferramentas em que as pessoas troquem informações, tenham espaço para comentar, escrever, colocar vídeos, fotos, é para isso que o mercado está caminhando”, diz Nepomuceno. “Os empresários podem ficar assustados com tanta mudança, mas, infelizmente ou felizmente, nós somos contemporâneos da maior mudança na história das comunicações. Nunca as coisas mudaram de forma tão rápida, em tão pouco tempo. A gente tem que saber aproveitar isso.”

Nepomuceno: empreendedores precisam se preparar para uma revolução


Novas ferramentas de publicidade transformam blogs em fonte de renda principal A perspectiva de lucrar com publicidade transformou os blogs, que serviam apenas como espaço para auto-expressão, em atividade profissional com dedicação exclusiva para muitos bloggers – ou blogueiros, na adaptação para o português. As ferramentas desenvolvidas na plataforma Web 2.0 aumentaram o potencial de monetarização das páginas. Programas de marketing conectam as propagandas do comércio eletrônico ao conteúdo do blog de forma contextualizada, ampliando a relevância do anúncio. É o que faz o Boo-box, ferramenta de marketing contextual que vem ganhando uma multidão de fãs neste universo. Ao ser instalado na página, o Boobox liga palavras-chave do texto, escolhidas pelo blogger, a produtos relacionados ao seu significado. Em um blog sobre cinema, por exemplo, um artigo sobre determinado filme pode ter um link para a compra do DVD. O Boo-box abre as ofertas em uma pequena caixa e, se quiser, o leitor pode comprar o produto na mesma hora em que está lendo sobre o assunto. O anunciante ganha pela publicidade altamente direcionada, o blogger, pela comissão de venda, e o leitor, pela praticidade. “Nosso objetivo é fazer com que as propagandas tenham mais a ver com o que está escrito, que sejam contextualizadas e menos intrusivas, pois ficam dentro do texto, sem ocupar espaço na página. O marketing fica em uma segunda dimensão”, diz Marcos Tanaka, diretor do Boo-box. A idéia para criar o Boo-box surgiu em dezembro do ano passado. Um dos sócios, Marco Gomes, profissional em desenvolvimento de aplicativos e interface para internet, viu uma foto da modelo Gisele Bündchen fazendo propaganda do tênis All Star e percebeu a oportunidade de usar a imagem como elemento de marketing, para que o usuário pudesse com-

prar no momento em que o produto chama mais a atenção, apenas clicando na imagem. Depois de um mês de trabalho durante as noites, a ferramenta foi lançada em versão beta (experimental). Foi o suficiente para ganhar adeptos no mundo inteiro e destaque na mídia especializada. Com menos de um ano de fundação, os criadores do Boo-box enfrentam o desafio de aprimorar a ferramenta e, ao mesmo tempo, administrar a rápida transformação de um projeto entre amigos em uma empresa que tem como objetivo mudar a forma como o marketing de internet é feito no mundo inteiro. “Acho que o que trouxe toda essa visibilidade foi o fato de ser uma solução para um problema que aflige boa parte dos publicadores de conteúdo”, diz Tanaka, que já tinha experiência em administração de grandes companhias antes de fundar o Boo-box. Os sócios estão agora na fase de constituição do negócio e formação de equipe para viabilizar o crescimento da empresa.

GoogleDocs http://www.google.com/docs/ Compartilhamento de documentos

MELHORES DA WEB 2.0

Profissão: blogueiro

Wikipédia http://pt.wikipedia.com/ Enciclopédia livre

Flickr http://www.flickr.com/ Compartilhamento de fotos

Wallpapr http://www.marcogomes.com/ wallpapr/pt/index.php Buscador de papéis de parede baseado no banco de dados do Flickr

Boo-box: propagandas contextualizadas e menos intrusivas Agosto 2007 – Empreendedor – 27


Capa O Boo-box é gratuito para os usuários e serve tanto para blogs quanto para grandes sites. Os publicadores de conteúdo cadastram-se em programas de afiliados, disponíveis nas maiores lojas de comércio eletrônico, como Amazon, Buscapé e Mercado Livre, e passam a receber pelo resultado da publicidade em sua página. Todo o faturamento vem de doações e dos lojistas – que pagam conforme o número de vendas ou cliques. Segundo Tanaka, a idéia é que as lojas paguem pelo fato de a ferramenta aumentar a quantidade de propagandas que o anunciante pode colocar na página, além de elevar o grau de contextualização da publicidade. Cada link do Boobox abre seis ofertas de produtos. Existem outros programas de anúncios, como o Google AdSense, que vinculam publicidade ao conteúdo automaticamente. A evolução promovida pelo Boo-box foi o método de edição, que usa a inteligência do produtor de conteúdo em vez de algoritmos matemáticos. “O blogger é o editor do conteúdo e tem o poder de decidir qual o marketing será linkado ao texto ou à foto. Com isso, conseguimos uma contextualização quase perfeita, e a oferta entra quase como um complemento da informação”, explica Tanaka. Segundo ele, o sistema garante maior grau de satisfação da audiência e, por conseqüência, o maior retorno sobre o investimento em marketing. Janio Sarmento criou seu blog, em 2004, com a mesma intenção da maioria das pessoas: expressar suas opiniões. Em meio às pesquisas para or-

ganização de um livro – que nunca foi publicado –, descobriu, nos Estados Unidos, pessoas que estavam ganhando dinheiro com publicidade em seus blogs e resolveu se profissionalizar. Sarmento descobriu que a propaganda nesse meio era mais eficiente do que em sites de jogos, por exemplo, porque o Google, ao mostrar os resultados de uma pesquisa, dava prioridade ao conteúdo dos blogs – pela quantidade de texto e atualização freqüente –, mostrando-os na primeira página. O Blogue do Janio tem hoje cerca de mil visitas por dia, e Sarmento não vive apenas dele porque, segundo ele, é muito ambicioso, pois o dinheiro gerado pelos anúncios são sua principal fonte de renda. “O que eu ganho com o blog é mais do que o salário do meu último emprego, e só não me dedico exclusivamente porque tenho um cliente de consultoria que me paga muito bem, e tenho pena de abrir mão desse dinheiro”, diz.

Pro-bloggers A possibilidade de se sustentar com a internet tem seduzido muitos jovens, mas, segundo Sarmento, é preciso ter paciência, porque o resultado demora a aparecer. “As pessoas pensam que é simplesmente encher o blog de conteúdo, botar meia dúzia de anúncios do AdSense, e o dinheiro aparece. Não é bem assim. Demora. Eu demorei um ano para começar a ver o dinheiro mesmo”, diz Sarmento, que faz parte de uma nova classe de internautas surgida com as ferramentas de

publicidade da plataforma Web 2.0: os pro-bloggers (blogueiros profissionais). São nove horas de trabalho por dia, entre pesquisa e atualização para o Blogue do Janio e para o Lucrando na Rede, também de sua propriedade. O conteúdo é de autoria própria ou com informações de blogs de tecnologia e marketing norte-americanos. Ele também tem uma empresa de hospedagem de sites, a Porto Fácil, que figura como patrocinadora de seus blogs. Na verdade, Sarmento usa o blog para fazer propaganda da empresa, e vice-versa, então, como ele diz, é o patrocinador de si mesmo. Além dos anúncios, os pro-bloggers também têm a possibilidade de ganhar com resenhas pagas, em que a empresa paga por um comentário sobre seu produto no blog. Sarmento garante que as opiniões sobre os produtos são isentas e honestas, e que é pago mesmo quando o comentário é negativo. Seja qual for a forma de remuneração escolhida, segundo ele, os probloggers precisam tratar sua página como um negócio e adotar as mesmas estratégias que um empresário do mercado tradicional. “Pro-blogger também precisa de planejamento. Ele tem que saber que será atingido por sazonalidade, porque o Carnaval, por exemplo, vai reduzir drasticamente sua audiência. Eu sei de antemão qual vai ser meu orçamento com hospedagem, serviço de estatística e custos de manutenção”, diz. Com o sucesso, Sarmento já planeja dar suporte a novos blogs, oferecendo infra-estrutura técnica, posicionamento

Sarmento: nove horas de trabalho por dia, entre pesquisa e atualização

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Orkut http://www.orkut.com/ Portal de comunidades

MELHORES DA WEB 2.0

Edney: “Conteúdo é o verdadeiro produto da internet”

Youtube www.youtube.com Portal de compartilhamento de vídeos

Del.icio.us de anúncios e escolha de palavras-chave em troca de um percentual dos lucros. A estratégia já é utilizada com sucesso por Edney Souza, dono do blog Interney.net, que, em 2007, completou dez anos on-line. Quando a internet chegou ao Brasil, ele já trabalhava com informática e criou o site como ferramenta para aprendizado. Por solicitação dos amigos, começou a colocar dicas de informática na página. A audiência foi tão grande, que ele precisou começar a pagar pela hospedagem. Foi quando resolveu incluir publicidade on-line para pagar, pelo menos, as despesas. “A primeira experiência não só pagou os custos do site como me deu lucro”, conta. Ao ver o resultado, ele passou a investir mais tempo na publicidade e hoje vive exclusivamente do Interney.net. No início de 2005, Edney Souza trabalhava como gerente de sistemas e ganhava, com o blog, mais dinheiro do que o seu salário. Na metade daquele ano, pediu demissão e passou a se dedicar só ao site. Depois de um tempo, percebeu que o crescimento do negócio era limitado à sua capacidade de produção de conteúdo e criou o Interney Blogs, que funciona como um condomínio. “Eu tinha uma audiência muito grande, aí tive a idéia de aproveitar essa audiência para divulgar outros blogueiros com conteúdo bacana, mas que não tinham planejamento de

marketing e, em troca, dividimos os lucros.” Os bloggers que fazem parte do grupo não têm preocupação com publicidade, hospedagem ou detalhes técnicos, basta escrever. A idéia foi ampliar conteúdo, que, segundo Edney Souza, é o verdadeiro produto da internet. Atualmente, existem 21 blogs no condomínio. A meta é chegar a 50 no próximo semestre. Os “condôminos” são escolhidos por Alexandre Inagaki, parceiro de Edney Souza no projeto, conforme os assuntos com maior potencial de público ou pela quantidade de audiência que o blogger já tenha conquistado. Todos os blogs do condomínio têm contrato em que a obrigação é atualizar uma vez por mês, mas, na prática, quanto maior a freqüência de atualização, maiores são os ganhos com publicidade. O Interney.net tem cerca de 80 mil acessos por dia. Qualquer assunto pode ser abordado em um blog. Os nichos presentes em outros tipo de mídia podem servir de inspiração e ser transportados para a internet, e, segundo Edney Souza, mesmo os assuntos que ficam de fora nos meios tradicionais, por serem muito restritos, podem ser abordados na rede, que não tem custos de publicação. “A oportunidade dos pro-bloggers está nos micromercados. O ideal é apostar nos nichos mais segmentados”, diz. Diferente da maioria, que cria blogs

http://del.icio.us/ Compartilhamento de links

Meebo http://www.meebo.com/ Site de mensagens instantâneas que reúne MSN, Google Talk, ICQ, etc.

Pixenate http://pixenate.com/ Editor de fotos on-line

Last.fm http://www.last.fm/ Compartilhamento de músicas

PageFlakes http://www.pageflakes.com/ Permite a personalização da homepage de acordo com as preferências do usuário Agosto 2007 – Empreendedor – 29


Capa Web 3.0, o futuro Os usuários mal se acostumaram à segunda geração da internet, e já se fala em Web 3.0. A versão ainda está por nascer e promete acrescentar à interatividade atual um alto padrão de inteligência na interpretação dos dados. Quando o usuário fizer uma busca pela palavra “pneu”, por exemplo, o Google será capaz de saber que tipo de pneu o usuário procura, baseando-se em seu histórico de navegação. Se nos dias anteriores a pessoa acessou sites de carros, o sistema eliminará da busca as ocorrências para pneu de caminhão ou “pneumonia” e apresentará resultados muito mais refinados, adaptados ao perfil do usuário. De acordo com Franco Lazzuri, coordenador de TI do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec/USP), a chegada da Web 3.0 depende da velocidade de expansão do acesso à internet. Grandes empresas como AMD, Intel e Microsoft calculam que 50% da população mundial esteja conectada à rede em 2015. O Cietec tem atualmente 43 empresas trabalhando com tecnologia de informação. Segundo Lazzuri, todos os projetos já são desenvolvidos em plataforma 2.0 e participam da construção da próxima geração. Entre eles, está a possibilidade de fazer narração de eventos ou editar vídeos on-line, e também o desenvolvimento de ferramentas para mandar vídeos, mensagens de voz ou texto de um celular para um sistema on-line que funciona como um blog. As pesquisas também contemplam a área presencial, como o ensino em três dimensões, em que o aluno poder entrar no corpo humano, ver a movimentação dos músculos, a respiração, tudo em tempo real, com professor explicando. Na área de gestão das empresas, a tendência com a Web 3.0 é o compartilhamento de informações on-line em tempo real. Processos internos que demoravam dias para ser concluídos passam a ser executados 100% eletronicamente. Segundo Lazzuri, o processo de implantação é doloroso, pois demanda mudança nos padrões de gestão, mas os benefícios, em médio e longo prazos, compensam. “A empresa que consegue trabalhar on-line é mais eficiente na comunicação, no relacionamento com os clientes e na gestão”, diz Lazzuri.

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Cris Zimermann: empreendedora virtual bloga exclusivamente por dinheiro

particulares, a pro-blogger Cris Zimermann foi contratada para escrever sobre empreendedorismo para uma corporação norte-americana. O blog Brasil Business Opportunities foi criado em 2005 e segue a pauta enviada pelo diretor da empresa, Dane Carlson. Mais do que uma blogueira profissional, Cris Zimermann se define como “business blogger”, uma empreendedora virtual: ela escreve para mais de seis blogs, incluindo o sucesso Virtual Entrepreneur, o primeiro blog brasileiro bilíngüe. Além de empreendedorismo e franquias, aborda também assuntos segmentados, como no Shower Enthusiast, sobre banheiros, e no Chandelier, sobre lustres. A abordagem segmentada é focada em um público restrito e conta com os anúncios das empresas do ramo. Cris Zimermann é uma das poucas mulheres blogueiras no Brasil, e sua postura empreendedora vem lhe rendendo muita popularidade. Sempre presente nos debates sobre a web e defendendo a opinião polêmica de blogar exclusivamente por dinheiro, sua fama já lhe rendeu um convite para posar na Revista Playboy. Ela se diverte com o convite e mantém o suspense sobre sua resposta: “É muito de febre, hoje é a Cris Zimermann, amanhã é uma outra. Eu não fico deslumbrada, acho bacana e aproveito esse bom momento para divulgar o meu trabalho”, diz. Segundo Cris, um pro-blogger de

sucesso precisa se preocupar também com as relações fora do mundo virtual. “O networking é tudo. Você precisa de bons relacionamentos, participar de eventos, senão acaba bitolado, só sabe o que está acontecendo na web e não tem como acrescentar nada do que está acontecendo fora.”

Linha Direta Alexandre Canapella alexandre@e-midia.com Carlos Nepomuceno pontonet@pontonet.com.br Cris Zimmermann zimermanncristian@yahoo.co.uk Diego Monteiro diego@via6.com Edney Souza edney@interney.net Franco M. Lazzuri franco@cietec.org.br Janio Sarmento janio@sarmento.org Marcos Nisti marcos@ciaathletica.com.br Marcos Tanaka tanaka@boo-box.com Mauricio Schonenberger (11) 3031-5190 Michel Lent michel@10minutos.com.br Rafael Kiso rafael.kiso@focusnetworks.com.br


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Capacitação

Aprender com prazer Jogos tornam treinamentos de recursos humanos mais divertidos e eficazes

por

Ana Carolina Dionísio

Como incentivar, todos os meses, 8 mil jovens a entrarem para o Exército? Nos Estados Unidos, as Forças Armadas optaram por uma estratégia lúdica para cumprir as metas de alistamento militar, que lá é facultativo, e lançaram em 2002 o America’s Army. O game, disponível para download gratuito, simula a rotina de soldados do exército norte-americano. Quarenta e quatro especialistas do Departamento de Defesa dos EUA trabalharam durante três anos no desenvolvimento do produto, que custou US$ 6 milhões. Dois anos depois do lançamento, o America’s Army já tinha mais de 3 milhões de usuários. Mesmo com o extremo nível de realismo garantido por softwares avançados, o America’s Army não está muito distante do velho jogo de xadrez. Ambos simulam combates e exigem que o jogador treine seu lado estrategista para obter o resultado esperado. Mas não é só para a guerra que os jogos servem como ferramenta de treinamento. No ambiente empresarial, tem crescido o uso de recursos lúdicos em processos de seleção, capacitação e desenvolvimento de recursos humanos. Segundo a Associação Brasileira de Games, os segmentos dos business games, voltados para simulações de rotinas corporativas, e

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dos advergames, que servem para divulgação de produtos e empresas, já respondem por 20% do mercado de jogos eletrônicos no país. O sucesso do IT Manager Game, simulador empresarial produzido pela Intel, é um exemplo do crescente interesse por estes recursos no Brasil, onde foi lançado em março. Disponível para download gratuitamente, o ITMG apresenta um panorama dos problemas e necessidades de gestão de pessoal e rotinas administrativas de um departamento de tecnologia. No país, são registrados cerca de 200 novos jogadores diariamente, fazendo com que os brasileiros representem 35%

Dornelas: valores empreendedores são significativos para diversos públicos

dos usuários do programa no mundo, ultrapassando até os Estados Unidos e a Inglaterra, que juntos respondem por 27% da audiência. O game da Intel é dirigido para cargos de gerência, com o objetivo de simular o cotidiano de uma empresa. Mas atividades lúdicas podem servir também para o treinamento de funcionários em outros níveis hierárquicos. O uso de jogos, tanto eletrônicos quanto de cartas ou de tabuleiro, pode propiciar mais rapidez na assimilação de conceitos do que as tradicionais aulas ou palestras. “Os jogos voltados à capacitação possuem um nível de adequação à realidade atual muito maior do que os programas de capacitação convencionais, nas quais existe uma distância entre o detentor do conhecimento – o professor – e os receptores – os participantes”, explica Renilda Ouro, especialista em estratégia empresarial do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. “Colocando as pessoas para jogar em equipe, a contextualização da aprendizagem emerge sempre do próprio grupo, que precisa encontrar as soluções para suas questões e desafios.” A interação entre participantes e o ambiente desafiador contribui para tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso. Para treinamentos de equipes de representantes comerciais,


VANTAGENS DE CADA UM Jogos eletrônicos

INDEX OPEN

Realismo dos cenários – facilitando o envolvimento dos participantes com o enredo proposto. Possibilitam explorar o processo de tomada de decisões individuais e grupais. Facilidade no controle de aplicação. Rapidez na geração de resultados em tempo real, o que leva os participantes a se motivarem. Possibilita mais informações para fazer o fechamento e conclusões do jogo.

Jogos de tabuleiro Interação entre os jogadores. Troca de experiências e conhecimentos ao longo do jogo – os que conhecem mais a respeito do tema auxiliam aqueles que conhecem menos. Facilidade de observação do surgimento de lideranças, conflitos, trabalho em equipe, isolamentos, eficiência X eficácia na solução dos problemas que surgem ao longo das jogadas. Podem ser misturados diferentes níveis hierárquicos sem grandes dificuldades para a condução do jogo. Fonte: Serafim Pires de Oliveira

que têm focos em resultados, jogar pode ser uma forma de incentivar a força de vendas a buscar o aprimoramento. “Por criar um desafio, o jogo motiva os participantes a quererem sempre mais e melhor”, afirma Constanza Hummel, gerente de treinamento do laboratório farmacêutico Novartis. De acordo com Serafim Pires de Oliveira, consultor de Recursos Humanos, são principalmente os jogos de tabuleiro que geram maior interatividade entre as pessoas. Outras vantagens deste tipo de recurso são a facilidade e rapidez de aplicação, que não exigem equipamentos ou softwares complexos. Os jogos eletrônicos, por outro lado, possibilitam a criação de ambientes mais realísticos, e por isso são tão usados para criar simuladores empresariais. Além disso, podem ser utilizados em qualquer lugar e momento, por não exigir a presença de todos os participantes no mesmo local ao mesmo tempo. “Se você estiver a distância, a vantagem do computador é óbvia: primeiro, a pessoa pode jogar na hora que quiser ou puder. Segundo, onde ela estiver, ela poderá participar do jogo”, diz Marcos Barbatto, da Be! Interactive, empresa que há oito anos produz e entrega games para empresas. Barbatto não separa os jogos de acordo com os segmentos empresariais que os utilizam, mas em função do perfil dos participan-

tes. No caso de técnicos, eles são geralmente em formato binário, estilo quiz – há somente uma resposta certa para cada questão. Para cargos gerenciais, o foco é a tomada de decisões, em que o jogador precisa ponderar suas respostas para não escolher a única opção errada. Para cargos de diretoria, há games em que são exercitadas as capacidades estratégicas de quem participa. Em todas estas situações, o computador oferece uma resposta mais rápida do que uma atividade de tabuleiro, por exemplo.

Sob medida Um aspecto positivo das atividades lúdicas é que elas podem ser feitas sob medida para as corporações. “Os candidatos geralmente já têm um nível de escolaridade alto. O que é necessário é desenvolver habilidades específicas para aquela empresa”, afirma Oliveira. Renilda Ouro destaca que os jogos são eficazes no aprimoramento do que ela chama de competências transversais: qualidades que todos os colaboradores, independente do cargo ou função, precisam trabalhar para que a corporação atinja seus objetivos na prestação dos serviços, como atuação em equipe, cooperação e espírito de liderança. “Além de conhecer as suas tarefas, é importante que cada pessoa saiba como pode contribuir para

o trabalho do outro”, explica. Atentas a esta demanda, produtoras de jogos estão se especializando no segmento do ludismo corporativo. A carioca Be! Comunicação, de Barbatto, já produziu e aplicou games para McDonald’s, HSBC, Shell, Intelig, Petrobrás e Telemar. A idéia de atender a este segmento surgiu a partir de um treinamento do McDonald’s do qual o publicitário participou em Chicago. “Naquele momento, oito anos atrás, havia menos recursos de tecnologia do que hoje. Mas algumas metodologias apareceram ali. Depois, eu trouxe pra cá, e a gente começou a ‘abrasileirar’ as mecânicas, principalmente a linguagem”, conta. Uma das adaptações feitas na Be! foi a utilização da internet para produzir jogos que podem ser usados a distância. Na paulistana SB Jogos, os produtos voltados para treinamento respondem por cerca de 50% da receita. A empresa fabrica jogos de cartas e de tabuleiro, tanto corporativos quanto de entretenimento. Formada pela união de um jornalista, uma autora de livros infantis e um engenheiro, a empresa faz produtos sob encomenda para organizações, levando em média dois meses para desenvolvê-los. Atuando no mercado desde 1996, a SBJogos já atendeu a Natura, Petrobrás, Novartis, Caloi e Accenture. Além de auxiliar na solução de questões problemáticas nas corAgosto 2007 – Empreendedor – 33


Capacitação porações – trabalho em equipe, planejamento de vendas, tomada de decisão –, os jogos também podem servir como brindes. Foi o que aconteceu na multinacional de bebidas Diageo, para quem a SB Jogos criou o Reserve, um jogo com fichas e cartas que simula um leilão. “Pelo lado do funcionário, essa ferramenta tinha um sentido duplo: treinar tanto o conhecimento do representante quanto sua capacidade de negociação”, explica o jornalista André Zatz, um dos sócios da SB Jogos. As peças vinham dentro de uma caixa especial, tornando o produto um presente agradável. A Insólita Studios, residente no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec/USP), produz games educativos desde 2004. A partir de 2005, resolveu investir no segmento corporativo. Junto com José Dornelas, professor da USP especialista em empreendedorismo, criou o Ottomax, um simulador de ambiente empresarial que analisa 15 habilidades do jogador, formulando um relaTreinamento na Novartis: desafio motiva participantes a quererem sempre mais e melhor

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tório personalizado de empreendedorismo. Com um cenário totalmente fictício – uma fábrica de robôs –, o jogo é adaptável a várias situações: seleção de trainees, cursos de MBA e graduação, e capacitação de lideranças empresariais. “Os valores empreendedores são significativos para diversos públicos”, afirma Dornelas. A equipe do Ottomax, com apenas quatro pessoas, levou seis meses para transformar os conceitos propostos por Dornelas em game, que já foi usado na Boehringer, no Bradesco, na Telefônica e na Solví.

Médias e grandes Praticamente, todos os clientes destas produtoras são corporações médias e grandes. “No caso das pequenas empresas, ainda se vê no mercado muito mais o trabalho de recrutamento e seleção, buscando profissionais prontos para esse tipo de empresa, do que esforços em treinamento de pessoal”, afirma Oliveira. Para José Dornelas, professor da USP e consultor empresarial, “os pequenos às vezes nem têm orçamento para falar em treinamento de

funcionários. Não é preconceito em não utilizar. O próprio treinamento não é algo muito visado em uma pequena empresa”. Independente do tamanho da organização, especialistas em treinamento e produtores de games lembram que eles devem ser usados em conjunto com outras estratégias de capacitação, de acordo com os interesses da empresa. “Não podemos confundir os jogos com uma panacéia que resolve todos os males organizacionais. É preciso que o jogo, seja ele eletrônico, seja de tabuleiro, esteja alinhado com o conteúdo que se pretende explorar”, diz Oliveira. Para Barbatto, “o jogo é uma ferramenta de consolidação de conceitos, correção de determinado rumo, de reforço, que jamais vai prescindir de você colocar determinados conceitos para o sujeito, principalmente pessoal técnico”. Constanza ressalta que eles constituem apenas um dentre os múltiplos facilitadores na assimilação de conceitos: “O jogo, com suas metáforas, faz a pessoa entender muitas coisas. Como se fosse uma graxa. Ele engraxa as engrenagens da aprendizagem”.


Treinamento lúdico Atividades ajudam representantes de laboratórios farmacêuticos a assimilarem novas informações Recrutando candidatos com formação universitária e até pós-graduação, mas freqüentemente fora da área da saúde, os laboratórios farmacêuticos precisam garantir que os representantes assimilem conhecimentos sobre patologias e medicamentos para lidar com seus clientes, os médicos. Para isso, muitos utilizam jogos como recurso de treinamento da força de vendas. “A complexidade do trabalho na indústria farmacêutica é muito grande. Isso exige ferramentas mais agressivas e eficazes de treinamento. O jogo pode ser uma saída para simplificar essa complexidade”, explica Constanza Hummel, gerente de treinamento do laboratório farmacêutico Novartis. A Novartis utiliza tanto jogos feitos na própria empresa quanto produzidos externamente sob medida. “Na fase de recrutamento e seleção, usamos muitos jogos de competências, de análise de perfil. Nós é que desenvolvemos

estas dinâmicas”, diz Constanza. Para o treinamento dos representantes, são mais usados jogos de tabuleiro, alguns feitos pela SB Jogos. Segundo a gerente, os resultados aparecem na qualidade do treinamento, que se torna mais rápido e eficaz: “No jogo, é possível trabalhar com questões práticas, como simulações, e aí ganhamos tempo. Ao contrário de uma aula de três horas, em que a interação é menor e fica mais difícil aprender fazendo.” Na Farmoquímica, quase 300 representantes utilizam há seis meses os jogos educativos produzidos pela Portway, de Campinas. Formada por várias perguntas e respostas sobre os produtos, a ferramenta foi desenvolvida para que o representante jogue nas horas vagas, como quando espera um cliente. O processo é todo monitorado por uma central, que verifica os erros e acertos do jogador. A cada 22 dias, os representantes têm que jogar de dez

a quinze vezes. Após este ciclo, as questões são trocadas. Através deste acompanhamento, é possível verificar em quais pontos a equipe de vendas tem dificuldades. “Se alguma questão tem muitos erros, podemos identificar uma necessidade de treinamento”, afirma Ana Paula Cortez, responsável pela área de treinamento da Farmoquímica. A Portway começou a produzir games corporativos há quatro anos, a partir de um pedido de outro laboratório farmacêutico, a Glaxo Smith Klein. A partir daí, desenvolveu uma linha de três jogos, todos em formato quiz, que já foram usados na Souza Cruz, Bandeirantes Química e Cobra Rolamentos, sempre complementando outras capacitações. O segmento farmacêutico mostrou-se tão receptivo, que uma campanha focada nesta indústria está nos planos da empresa. Segundo Marcelo Assumpção, proprietário da Portway, os games fazem tanto sucesso neste setor porque facilitam a assimilação de informações. “Em um curso normal, geralmente o propagandista absorve cerca de 20% do conteúdo. Jogando várias vezes, esse índice cresce exponencialmente.”

Marcelo Assumpção: jogos da Portway buscam fixação de conhecimentos sobre produtos

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Capacitação

Atendimento não é brincadeira Call centers incluem jogos na rotina de trabalho para melhorar os serviços Com uma equipe de colaboradores jovens, muitos no primeiro emprego, a prestadora de telesserviços ACS Call Center, sediada em Uberlândia (MG), tem dificuldades em lidar com a alta rotatividade de mãode-obra. Segundo Allan Tavares, gerente de RH da empresa, uma pessoa fica de dois a três anos no cargo de atendente. Após esse período, pode ser promovida a supervisor e depois analista. Grande parte dos atendentes, contudo, permanece de oito a dez meses na função. Este cenário exige rapidez nos treinamentos, que precisam ser adaptáveis também ao horário de trabalho. “No nosso mercado, não podemos tirar a pessoa da posição de atendimento para treiná-la. Mas precisamos garantir que ela cumpra o treinamento até o fim.” Tentando solucionar estes problemas, a empresa adotou há dois anos

e meio um sistema de ensino a distância, que já ajudou a reduzir os custos de treinamento e o tempo médio de espera dos clientes na linha. Para acentuar este processo, a empresa experimentou o Missão Possível, um game que busca aprimorar a comunicação falada e escrita do participante, trabalhando vícios de linguagem, concisão e interpretação de texto. Produzido por três empresas durante quase dois anos de trabalho – Univoz, W3net e Am3 –, o jogo foi feito para atender a uma demanda da Telemig Celular. “Precisávamos ensinar os atendentes a se comunicarem melhor, pois este problema estava repercutindo nas nossas pesquisas de satisfação dos clientes”, afirma Izabela Tostes, responsável pela área de tecnologia da educação da Telemig. Optaram por um jogo para solucionar este problema pelo caráter de “aprender fazendo” desta ferramenta. “O desafio proposto pelo jogo mantém a atenção do treinando até o final.” Garantir um ambiente desafiador foi um dos principais objetivos da

Am3, empresa que presta consultoria a contact centers e que roteirizou o Missão Possível. “Quando existe um desafio, você presta muito mais atenção, quer atingir a máxima pontuação com o mínimo de tempo”, diz Ana Maria Monteiro, da Am3. Utilizando ferramentas lúdicas, ela acredita que é possível reverter os índices de desistência dos programas de e-learning, que estão na faixa de 66%. Ana Maria lembra que, assim como outros jogos, o Missão Possível não substitui as capacitações convencionais. “Mas ajuda para dar uma base técnica para um treinamento presencial.”

Linha Direta SB Jogos: (11) 3872-1855 www.ludomania.com.br/sbjogos Portway: (19) 3295-0585 Be! Interactive: (21) 2529-2101 Am3: (11) 3082-7010 Insólita Studios: (11) 3039-8381 José Dornelas: www.josedornelas.com.br Renilda Ouro: (21) 2233-9388 Serafim Pires de Oliveira: (19) 3836-2109

Ana Maria Monteiro, da Am3: Missão Possível promove o aprendizado de forma bem-humorada

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Responsabilidade Social INDEX OPEN

Vida nova Empresas incentivam o empreendedorismo juvenil com capacitação e até microcrédito Por

Ana Carolina Dionísio

Nas seis maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre –, há 2,3 milhões de desempregados. Destes, cerca de 1 milhão (45%) são jovens de 16 a 24 anos. É também nesta faixa etária que a taxa de expansão do desemprego é maior. Entre 1995 e 2005, o índice aumentou 107%, enquanto para trabalhadores mais velhos cresceu 90,5%. De acordo com o IBGE, que coletou estes dados, a falta de qualificação e experiência profissional são os principais obstáculos que os mais novos enfrentam para conseguir o tão sonhado serviço de carteira assinada. Tentando criar alternativas de geração de renda, empresas colocaram na pauta dos compromissos de responsabilidade social o incentivo ao empreendedorismo juvenil. Ao invés de treinar os jovens para serem bons empregados, a tônica de projetos como o Iniciativa Jovem, promovido pela Shell e pelo Instituto Dialog no Rio de Janeiro, e o Empreendedorismo Juvenil, parceria do Citigroup e da Fundação Abrinq em São Paulo, é formar empreendedores responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento social de suas comunidades. Garantir a sobrevivência e a sustentabilidade dos empreendimentos dos jovens é outro desafio destes projetos. Assim como os índices de desemprego dos mais novos, a taxa de mortalidade infantil das micro e pequenas empresas brasileiras também é alta. De acordo com o Sebrae, quase 50% delas fecham an-

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tes de completar dois anos de vida. “Muitas vezes, se abre um negócio por uma necessidade imediata de geração de renda, mas sem planejamento. Esse é um problema dos pequenos empreendedores em geral, e dos jovens também”, explica Maria do Carmo Krehan, coordenadora do programa de Empreendedorismo Juvenil e Microcrédito da Abrinq, que desde 2006 já auxiliou 90 jovens de 18 a 24 anos a abrirem suas empresas. Para este ano, já foram selecionados outros 120, que atualmente estão na fase de formação em análise de mercado e plano de negócios, desenvolvida pelo Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP). Eles também serão encaminha-

dos a cursos técnicos voltados para o tipo de empreendimento escolhido. Essas capacitações têm como objetivo amenizar um dos principais problemas dos pequenos empresários de todas as faixas etárias: a falta de conhecimentos na gestão sustentável de negócios. Além da formação, o programa concede, através do Citi, um microcrédito de R$ 550 para os empreendedores juvenis que poderá ser quitado em até seis meses. A operação é realizada por uma instituição parceira do projeto, o Centro de Profissionalização de Adolescentes Padre Bello. O investimento da corporação de serviços financeiros no programa somará R$ 1 milhão em quatro anos e, mesmo destinado a empresários


que freqüentemente sofrem com a falta de credibilidade do mercado em função da idade, é visto com segurança pelo grupo. “Nós não entendemos essa concessão de crédito como um risco, mas como um investimento num projeto que acreditamos inovador”, afirma Vanessa Pinsky, gerente de responsabilidade social do Citi. Mas, para os que ainda estão na fase das idéias, a parte financeira quase sempre fica em segundo plano. “Porque, como os jovens ainda estão iniciando o negócio, têm só a idéia e a vontade, o microcrédito ainda não é tão importante. O sonho é relevante, mas precisa estar somado a uma formação para ter, de fato, esse pequeno negócio”, diz Maria do Carmo. “O crédito vale mais para aquele jovem que já tem o negócio em andamento, mas que ainda representa uma minoria no projeto”, completa. Dos jovens que participam da formação, cerca de 70% recebem o financiamento. Após esta fase, cada negócio pode contar, durante nove meses, com o acompanhamento de voluntários do Citi que prestam consultoria nas áreas de marketing, vendas, administração e finanças. Segundo Vanessa, a relação entre consultores e jovens empresários está baseada na troca: “O aprendizado não é só do jovem que recebe algumas dicas, muitas vezes o voluntário passa por um processo de aprendizado ainda maior”. A meta do projeto é beneficiar 720 jovens até 2008. No ano seguinte, a Abrinq e o Citi pretendem sistematizar a experiência e disponibilizá-la para outras instituições financeiras e organizações sociais que tenham interesse em continuá-la. O foco continuará sendo os jovens de baixo poder aquisitivo que têm o empreendedorismo como uma oportunidade de gerar renda. “E nós não falamos só em negócios, falamos também de projeto de vida. Esse empreendimento que o jovem sonha desenvolver precisa estar associado a uma visão de futuro”, afirma Maria do Carmo. O público-alvo do Iniciativa Jovem (IJ) é diferente, abrange jovens de diversas faixas de renda. “A gente tenta

trabalhar com o público mais heterogêneo possível, justamente por acreditar que isso faz muita diferença no desenvolvimento de negócios”, explica Gabriela Morena, gerente do programa. Iniciado em 2001, o projeto já capacitou 873 jovens e ajudou a consolidar 302 empresas juvenis, apresentando uma taxa de sobrevivência no mercado de 71%. O apoio oferecido é um dos fatores que contribuem para este sucesso acima da média. “Afinal, não é um garoto sozinho pensando numa empresa. É um empreendedor que tem por trás de si uma estrutura de desenvolvimento de planos de negócios, consultores e apoio metodológico”, diz Gabriela. O programa é dividido em três fases. O Laboratório de Idéias, que dura um mês, consiste em dinâmicas e workshops em que 120 jovens trabalham em equipe conceitos ligados ao empreendedorismo. Vinte são selecionados para a próxima etapa do programa, a Oficina de Projetos. Durante cinco meses, os futuros empreendedores montam planos de negócios, que depois são apresentados a uma banca especializada. Aqueles que são aprovados seguem para a Fábrica de Negócios, onde os participantes terão seis meses para montar e começar a operar suas empresas. Para isso, participam de um ciclo de atividades voltadas para aspectos práticos de gestão empresarial, como legalização, jurisdição e busca de capital – o IJ não financia nenhum projeto.

Até 2005, o Iniciativa Jovem funcionava no bairro de Santa Teresa, como uma incubadora em que os jovens alugavam salas para começarem suas empresas. Com a expansão do programa, alguns integrantes eram beneficiados com o uso do espaço físico, e outros não. “Para não haver mais essa diferenciação, nós optamos pelo fim da incubação física e pelo desenvolvimento do modelo de incubação virtual. E hoje oferecemos os mesmos serviços a todos os participantes do programa”, conta Gabriela. Na incubadora virtual, ao invés de salas, os jovens podem utilizar um espaço no site do IJ para divulgar suas empresas. “Estamos desenvolvendo também um espaço de fórum no site, além de um portal de conhecimento, com uma biblioteca de temas relacionados ao empreendedorismo.” Os participantes que têm sucesso na Fábrica, comprovando a viabilidade econômica do negócio, entram para a Rede de Empreendimentos Sustentáveis do Iniciativa Jovem. Mas sucesso, ali, não é sinônimo apenas de rentabilidade. Os empreendedores precisam também demonstrar preocupação com o desenvolvimento territorial e com o controle do impacto ambiental causado pela empresa. “Não basta ser um empreendimento rentável, é preciso ter compromisso social e responsabilidade ambiental”, afirma a gerente do programa. Desde 2001, 108 jovens receberam o Selo Empreendedor Sustentável.

Projeto já capacitou 873 jovens e ajudou a consolidar 302 empresas juvenis Agosto 2007 – Empreendedor – 39


Responsabilidade Social

Olhar atento Leitura cuidadosa do mercado e apoio do Iniciativa mudam a vida de jovens cariocas Uma tela de 800 metros quadrados mudou a paisagem noturna da Lagoa Rodrigo de Freitas durante os Jogos Pan-Americanos do Rio. Para confeccioná-la, foi usado um material que impressiona pela simplicidade: água. Jatos de uma bomba submersa na lagoa produzem um painel em forma de leque. A partir do nome da atração, Aqualume, é possível supor qual é seu outro componente: luz. Três projetores de alta performance instalados numa balsa lançam imagens na tela, onde também podem ser vistos filmes e clipes. O projeto, que agora será itinerante, foi patrocinado pela Petrobrás e realizado pela Biruta Mídias Mirabolantes, agência de mídia exterior dos jovens empreendedores Alan James, 31 anos, e Rafael Liporace, 26. Alan James participou do Iniciativa Jovem em 2002. Na época, a Biruta já existia há seis anos e era especializada principalmente em propaganda aérea, tendo a Coca-Cola na lista de clientes. Mas faltava profissionalizar a administração da empresa, que já estava descapitalizada e sem escritório. “Não conseguíamos ter crescimento e sustentabilidade”, conta James. Na Oficina de Projetos, ele decidiu trazer para o Brasil idéias de mídias alternativas que já davam certo na Europa. “Entendi que o mercado de mídia podia

ir muito além da propaganda aérea.” Na Fábrica de Negócios, ele enfrentou o problema de falta de espaço: todas as salas da incubadora já estavam ocupadas. A solução foi montar a empresa no banheiro mesmo. Quando eles saíram da incubadora, o térreo já era todo Biruta. Em dois anos, a agência atingiu um faturamento de R$ 2 milhões. Atualmente, tem 22 funcionários e conduz cerca de 15 campanhas anuais. A leitura cuidadosa do mercado foi um dos estímulos que Thiago Henrique Santos, 21 anos, teve para entrar no Iniciativa Jovem em 2005. Trabalhando num estúdio desde os 18 anos, ele compreendeu as dificuldades que os músicos independentes tinham para fazer cópias de seus álbuns a preços acessíveis. “O mercado independente tem um potencial absurdo e uma cadeia interessante”, afirma Santos. Com estúdios de gravação baratos, músicos que fazem trabalhos interessantes e formas de divulgação alternativas, como em bancas de jornal, o principal obstáculo para os artistas é a reprodução em massa dos CDs. Analisando este cenário, ele decidiu abrir uma empresa de duplicação de CDs e assessoria fonográfica voltada para a música independente. O Iniciativa Jo-

vem forneceu a capacitação que o empreendedor precisava para transformar sua idéia em realidade. Ao sair do programa, em 2006, Santos entrou para a Rede de Empreendimentos Sustentáveis. Para capitalizar a empresa, pegou de um amigo um empréstimo de R$ 10 mil reais, que usou para comprar o maquinário, instalado na garagem de sua casa. O acesso ao crédito, aliás, é uma das principais dificuldades que ele ainda enfrenta na gestão da DupliMaster. “No caso de um empreendedor jovem, a questão da credibilidade também é problemática, ainda mais tratando com um negócio em que o cliente precisa ter confiança em ti”, diz. Mas os obstáculos não diminuem a determinação dele: “Sempre soube que iria fazer isso”. Buscando aperfeiçoar sua experiência como empresário, neste ano Santos entrou no curso de Administração de Empresas da PUC-RJ. Continua com o trabalho na DupliMaster, que já tem uma sala própria e atende principalmente músicos do ramo gospel. Além da duplicação de CDs, Santos pretende fortalecer o setor de assessoria fonográfica e atuar na distribuição dos produtos, apostando em estratégias diferenciadas. “Estamos fechando parcerias com igrejas para inserir os CDs diretamente lá, através de um portfólio de artistas.” Para colocar os planos em prática, o jovem empreendedor avalia que ainda precisa investir na marca da empresa para ganhar credibilidade no mercado e profissionalizar a estrutura interna do negócio.

Liporace e James trouxeram para o Brasil idéias de mídias alternativas que já davam certo na Europa

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Rendas de arte Música e grafite são negócios incentivados pelo Empreendedorismo Juvenil em São Paulo

Cardoso (acima): “Não vendemos grafite, vendemos decoração e comunicação visual no estilo grafite”

Não é só o nome que liga Raimundo Fagner Martins, 20 anos, à música. Morador de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, o jovem participa desde 2004 da banda Kah-hum-kah (a pronúncia é “carranca”), que baseia parte de seu trabalho nas manifestações culturais afrodescendentes. Raifah, como é chamado, também já atuou no grupo de teatro Bolinho de Arroz e tem experiência com artes circenses. Nestas vivências e na atuação no conjunto Toadas e Trovadas, em que também toca, ele aprendeu a desmanchar e remontar instrumentos musicais. Sabendo que viver de arte no Brasil não é tarefa fácil, ele decidiu transformar estes talentos em oportunidade de geração de renda e entrou no programa de Empreendedorismo Juvenil da Abrinq em 2006. Com os R$ 550 recebidos do microcrédito, comprou materiais como madeira, couro e cola para confeccionar instrumentos musicais e depois vendê-los. “O projeto me possibilitou continuar a trabalhar com arte, mas com sustentabilidade”, afirma o músico. A fabricação dos pandeiros, alfaias e atabaques é feita por ele mesmo, em sua casa, artesanalmente, em pequena escala. Os objetivos de Raifah vão além do lucro: “O importante é fazer também o resgate cultural.” Por enquanto, os principais meios de divulgação dos produtos são as bandas em que ele toca. Mas ele pretende buscar assessoria com os voluntários do Citi para potencializar a área de marketing da futura empresa. O envolvimento com a arte durante a adolescência também impulsionou a trajetória empreendedora de Carlos Moreira dos Santos, 23 anos, e Valdemir Pereira Cardoso, 24. Os dois já desenhavam com spray em muros de São Paulo há quase dez anos e em 2000 entraram para o mundo do grafite, “com muita ideologia e rei-

vindicação”, diz Cardoso. “Por esse nosso ato, conseguimos uma projeção na cena do grafite. Temos trabalhos em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba e Santiago do Chile.” Em 2003, eles trouxeram esta prática para o projeto social Venaar (Vencendo com Arte), que conduziam junto com outros colegas, dando oficinas de grafite para 20 adolescentes da zona leste de São Paulo durante um ano. Com o término do projeto, os grafiteiros abriram um estúdio. Os rapazes não queriam colocar o nome de uma iniciativa social em um empreendimento comercial. Diante dos perigos que o mundo dos negócios apresentava a eles e pensando na base do trabalho do estúdio, os jovens criaram a marca Risco. Quando a dupla entrou para o programa da Abrinq, a Risco já tinha participado de campanhas do Banco do Brasil e da MTV. “Mas nós não vendemos grafite, porque ele está nos guetos e nas favelas. Nós vendemos decoração e comunicação visual no estilo grafite, um trabalho mais voltado para artes plásticas”, explica Cardoso. A Risco funciona em uma sala alugada em São Paulo, “mas isso nunca foi pretexto de ficar parado”.

Linha Direta Programa Empreendedorismo Juvenil Abrinq e Citi (11) 3848-8799 Programa Iniciativa Jovem (21) 2233-6050 Biruta Mídias Mirabolantes (21) 2438-6245 Duplimaster (21) 3527-1780 ou 8678-4093 Raimundo Fagner Martins (11) 4825-0730 ou 8656-5327 Risco (11) 6851-1508 ou 8933-2323 Agosto 2007 – Empreendedor – 41


Meio Ambiente

Orientação verde Especialistas ajudam na adoção programada de procedimentos de gestão ambiental Natacha Amaral

INDEX OPEN

Por

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Nunca se falou tanto em desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma expressão abrangente que traduz a busca pelo desenvolvimento econômico da sociedade acompanhado de seu progresso cultural e socioambiental. Mas, em tempos de efeito estufa e valorização dos recursos naturais cada vez mais escassos, a vertente que ganhou maior destaque nesse conceito foi a preservação do meio ambiente. Com o aperto na legislação nos últimos anos e o desenvolvimento de uma sociedade ecologicamente mais consciente no Brasil, a implantação de políticas ambientais deixou de ser apenas opção para se tornar uma prática quase indispensável no setor empresarial. A cada dia, cresce o número de consumidores que valoriza uma postura ambientalmente responsável das empresas. O fenômeno exige que empreendedores de todas as áreas busquem orientação para acompanhar as novas necessidades e exigências do mercado. As consultorias em gestão ambiental são empresas com equipes multidisciplinares cujo propósito é ajudar outras organizações a conciliar a geração de lucro com a preservação do meio ambiente. O trabalho consiste em realizar um diagnóstico das empresas e propor ações para corrigir os impactos identificados. Já em eventos, o objetivo é minimizar possíveis agressões à natureza. Os resultados, no geral, são melhor aproveitamento dos recursos naturais, bem como riscos menores de acidentes e processos jurídicos por parte de órgãos públicos fiscalizadores. A prática contribuiu tanto para o ganho de credibilidade das organizações perante a comunidade, parceiros e clientes, que a gestão ambiental já transcende seu intento principal de não-agressão ao planeta para ser usada agora como ferramenta de marketing. Uma das consultorias que têm se destacado nesse ramo é a Reclicagem. No mercado há oito anos, a


Cidades sustentáveis empresa participou do Rally dos Sertões, São Paulo Fashion Week e Intermodal, maior evento de comércio exterior, logística e transportes do Cone Sul. Nas feiras, o trabalho envolve desde a construção até a desmontagem da estrutura. Uma das atividades desenvolvidas é a administração de resíduos, com o envio do maior número possível de lixo para reciclagem. A medida diminui custos. “Uma empresa que manda dez toneladas de material para aterro sanitário paga taxas de transporte e destinação sobre a quantidade enviada, R$ 5 mil reais, por exemplo”, explica o diretor de Marketing da Reclicagem, Caio Pereira de Queiroz. Com o programa de coleta seletiva, grande parte desses resíduos pode ser revendida como reciclável. Dentro das feiras, contêineres e coletores com comunicação visual são colocados nas áreas interna e externa para facilitar o recolhimento do material. Além disso, há preocupação com o uso racional de água e energia. Isso envolve técnicas simples, como a colocação de torneiras com sensores ativados pelo movimento das mãos e o uso de combustíveis ecológicos.

Materiais reciclados Fibras de coco, papelão e até fralda reciclada viram paredes e estandes, enquanto embalagens de pasta de dente se transformam em lixeiras. De acordo com Queiroz, os materiais dão grande impacto visual. “A São Paulo Fashion Week parecia um lego, com módulos de papelão que são reaproveitados em todas as edições. A idéia é tornar o lixo um luxo para as pessoas acharem legal e interagirem”, explica. Assim, o evento não só desenvolve um trabalho ambientalmente res-

Lixeiras feitas de embalagens de pasta de dente: nada se perde

ponsável, mas também atrai a atenção da imprensa. A geração de mídia espontânea contribui para a divulgação do evento, que passa a ganhar credibilidade e uma imagem mais positiva. Trata-se do marketing ambiental. Outra atividade desenvolvida pela consultoria é a neutralização de carbono. Na planilha, contas; no campo, árvores. Com um cálculo que considera, entre outras coisas, expectativa de público e volume de material produzido para o evento (folhetos e cartilhas), chega-se a um valor aproximado de toneladas de CO 2 emitidas no meio ambiente. A partir daí, estima-se a quantidade de árvores necessárias para neutralizar o gás. “Nossa empresa parceira tem uma área de preservação já reservada para as mudas. Cada evento que assumimos fica com um lote específico”, explica Queiroz. A lista de benefícios da implantação do sistema de gestão é extensa. Inclui desde respeito pelo meio ambiente até proteção para a integridade dos negócios. Essa é a opinião da bióloga Gisele Sessegolo da Ecossistema, consultoria que atua há 20 anos nesse segmento. Segundo a profissional, o grau de exigência da legislação ambiental aumentou muito durante os úl-

Além do surgimento de consultorias em gestão ambiental para empresas, há iniciativas do setor público para auxiliar municípios no desenvolvimento de atividades ambientalmente responsáveis. Em junho, foi inaugurado o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), que servirá como núcleo de irradiação de informações para o uso racional de recursos naturais em Minas Gerais. O espaço também servirá como articulador na formação de parcerias entre poder público, iniciativa privada e terceiro setor. O objetivo é unir forças para a realização de projetos de estímulo ao consumo consciente, reutilização de resíduos e reciclagem de materiais nas cidades. Localizado em Belo Horizonte, o CMRR tem 4 mil metros de área construída com oficinas, salas de treinamento e exposição, auditório e espaços de convivência para a comunidade. O local possui cozinha experimental para oficinas de gastronomia, que abordarão a utilização integral de alimentos. Nesses ambientes, serão realizados cursos e palestras de capacitação de pessoal, incluindo jovens estudantes de escolas públicas, para suprir a demanda do Estado por profissionais especializados em gestão ambiental. Hoje, o espaço multifuncional apóia o Minas Sem Lixão, programa estadual cuja meta é reduzir em 70% os depósitos de lixo a céu aberto nas cidades mineiras até 2011. Em agosto, o CMRR disponibilizará em seu website (www.cmrr.mg.gov.br) o Inventário de Resíduos do Estado. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Lavras, o projeto é inédito no Brasil. A ferramenta para consulta pública permite a visualização geográfica das áreas de maior incidência e do depósito final de resíduos domésticos e industriais nos 853 municípios mineiros. Mostra também o sistema adotado nos municípios para disposição de lixo (aterro sanitário, usina de triagem e compostagem, aterro controlado ou lixão), bem como a situação atual das operações nessas áreas. O Centro Mineiro de Referência em Resíduos está sob responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, e tem o apoio da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). A instituição pretende não só estimular órgãos públicos e sociedade à incorporação de atitudes ambientalmente corretas, mas gerar novas oportunidades de trabalho e renda para a população.

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Meio Ambiente

Feiras: contêineres e coletores com comunicação visual colocados nas áreas interna e externa para facilitar o recolhimento do material reciclável

timos anos. “Sem a gestão, o empresário fica sujeito a penalidades por parte dos órgãos de fiscalização, como multas e embargo nas obras ou atividades. O risco para o investimento é muito grande”, diz. Além disso, a própria população, mais preocupada com essas questões, serve como fiscal. “A sociedade cobra uma postura diferenciada e hoje reclama, questiona e denuncia.” Embora a adoção de políticas ambientais ainda seja uma decisão voluntária por parte das empresas, Gisele lembra que a medida ajuda no cumprimento das legislação. Isso dá margem de segurança nas atividades e serve como diferencial. “Quem saiu na frente nessa questão teve uma melhora na imagem e acabou se destacando. As empresas que hoje não investem na área ficarão para trás em termos de mercado e concorrência”, prevê. A bióloga se refere especialmente ao mercado externo, que valoriza certificações da área ambiental, como a ISO 14000. Gisele acredita que a tendência dos próprios consumidores também é preferir, cada vez mais, produtos de organizações preocupadas com o meio ambiente. “Até o funcionário veste mais a camisa e sente satisfação de trabalhar num lugar ecologicamente responsável”, acrescenta Queiroz, da Reclicagem. Se há tantas vantagens em im-

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plantar gestão ambiental, por que então muitas empresas ainda não o fizeram? Segundo profissionais da área, a razão é que, na hora de elaborar a planilha de custos, investimentos nessa atividade geralmente são deixados de lado. Para Queiroz, isso tem a ver com o fato de que muitos ainda encaram a adoção do sistema como despesa indesejável, em vez de necessidade ou oportunidade de negócio. De acordo com o tipo de empreendimento, os custos para eliminar conflitos ambientais podem ser bem elevados. Em geral, isso ocorre com empresas cujas atividades têm alto potencial de contaminação.

Sistemas simples Mas, ao passo que existem controles complexos e caros, há outros mais simples que envolvem apenas mudanças de técnicas e metodologias de trabalho. “O importante é desenvolver a consciência de que algo deve ser feito, identificar as necessidades e correr atrás de recursos para viabilizar a implantação do sistema”, explica a bióloga da Ecossistema. Para ela, a captação de recursos pode se dar por meio de financiamentos e realização de parcerias. Além do mais, os procedimentos de gestão ambiental não precisam ser adotados da noite para o dia. “É um projeto de médio

a longo prazo, que pode ser implantado gradativamente”, explica. Assim, com uma boa dose de organização e planejamento, é possível inserir no orçamento recursos para proteção do meio ambiente. As empresas que atualmente recorrem a consultorias em gestão ambiental se concentram no setor industrial papeleiro, químico, automobilístico, de autopeças, cimenteiro e metalúrgico. Organizações da área de mineração e de infra-estrutura também têm utilizado o serviço. “É algo que todo mundo precisa fazer”, salienta Queiroz, da Reclicagem, que atende a empresas de todos os portes e segmentos. Além de eventos, seus clientes são empreendimentos imobiliários, shopping centers e redes de supermercado. Segundo o diretor, a procura está aumentando, e a atividade tem grande potencial de crescimento. “As empresas estão mais solidárias e responsáveis, conscientes de que não é só montar um projeto e ganhar dinheiro. É um boom que veio para ficar. Quanto mais profissionais entrarem nessa área, melhor. Tem lugar para todo mundo.”

Linha Direta Caio Pereira de Queiroz (Reclicagem) (11) 3032-1936 Gisele Sessegolo (Ecossistema) (41) 3296-2638


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Crédito

Preservar é lucrativo Investir em melhorias ambientais reduz contas e abre mercados para pequenas e médias empresas por

Ana Carolina Dionísio

Se há algum tempo falar em tratamento de resíduos, reutilização da água ou uso de energias limpas era coisa de “eco chato”, agora estas medidas representam boa gestão empresarial. “Até cinco anos atrás, as empresas só passavam a se preocupar com questões ambientais quando eram autuadas. Mas estão despertando para o fato de que o descuido com questões socioambientais faz com que as empresas percam competitividade”, afirma Linda Murasawa, diretora de produtos sócioambientais do Banco Real ABN Amro. Além da redução nas contas de água e luz, investir em melhorias ambientais possibilita à empresa atender às licenças cada vez mais requisitadas pelo mercado. Principalmente, no caso das micro e pequenas empresas, esse enquadramento significa expansão de negócios. “Quando um empresário implanta um projeto socioambiental, ele pode, por exemplo, virar fornecedor de uma grande empresa, entrar nessa cadeia produtiva. E isso faz com que esse empresariado cresça”, explica Linda. Para Eduardo Bandeira de Melo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, ser ecologicamente responsável tornou-se sinônimo de marketing positivo para os empreendimentos: “Qualquer empresa, hoje, está sujeita até a uma certa pressão dos fornecedores, investidores, acionistas e clientes para que tenham uma postura posi-

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tiva em relação ao meio ambiente. Isso aí é estratégia de divulgação”. Buscando atender a estas demandas, bancos têm disponibilizado linhas de crédito voltadas para projetos de melhorias ambientais. No Real ABN Amro, os produtos do gênero são dirigidos para os pequenos e médios empresários. “É nesse segmento que temos interesse de atuar fortemente, pois sabemos que estamos atuando na base da economia brasileira para transformar a visão socioambiental dos empresários do país”, afirma Álvaro Silveira, gerente de Negócios para Pessoa Jurídica do banco. Para estimular a aquisição do crédito, o Real ABN Amro focou seus produtos em financiamentos de médio e longo prazos. Para empresas pequenas, o prazo de pagamento é de até três anos. No caso da compra de equipamentos para aumentar a eficiência energética, e tratamento e reutilização da água, por exemplo, o banco financia até 100% do valor. Como garantia, o empresário pode deixar o equipamento alienado ao banco. “Este setor estava acostumado a receber seis meses, no máximo 12 meses para pagar. A oferta destas condições faz com que o empresário veja que tem uma alternativa de investimento”, diz Linda. Não é à toa que o número de contratos nesta linha fechados desde 2002, quando ela foi aberta, cresceu exponencialmente: de 40, no primeiro ano, para 4 mil, em 2006, movimentando cerca de R$ 15 milhões. Os pequenos varejistas constituem a maior parte dos clientes da linha so-

cioambiental do Real ABN Amro. Já no caso do BNDES, os produtos são utilizados principalmente por indústrias médias e grandes da área de infra-estrutura e siderúrgica. Segundo Melo, como muitas operações são feitas através de agentes financeiros ou entram como subcréditos de financiamentos maiores, fica difícil contabilizar dados sobre a quantidade de contratos fechados. “Ainda há investimentos em meio ambiente que fazem parte das linhas tradicionais do BNDES, embutidos em um processo de modernização.” Ele ressalta como a atitude de modernizar a empresa tem cada vez mais implicações do ponto de vista ambiental. “As novas tecnologias são sempre mais limpas. O que confirma que investir em meio ambiente é um bom negócio.” Melo coloca os investimentos em eficiência energética como os mais solicitados ao banco, destinados tanto aos usuários finais quanto às empresas de serviços de conservação de energia (Esco), que são contratadas para planejar e implementar sistemas de economia energética para empresas. As Escos são remuneradas com cláusulas de risco: intervêm na planta do cliente e só começam a receber quando for constatada a redução. “Este é um setor já dinâmico em países desenvolvidos. O BNDES busca contribuir para a consolidação destes serviços aqui”, afirma Melo.

Pró-Ambiente Indústrias e prestadoras de serviços ambientais também são clientes de peso do Programa Gaúcho de Apoio à Preservação Ambiental do BRDE. Lançado em novembro de 2006, o PróAmbiente disponibiliza R$ 50 milhões para projetos de redução na geração de resíduos industriais. São financiados equipamentos , estações de tratamento e softwares de gestão que contribuam para diminuir os impactos ambientais da atuação das empresas. A construção de uma central de tratamento de resíduos sólidos em Santa Maria, re-


DIVULGAÇÃO NICOLA LABATE

Mendes: “Hoje em dia, ou você está adequado ou está fora do mercado”

Processo consciente

gião central do Rio Grande do Sul, é um dos projetos financiados. A responsável pela sua execução é a Tecnoresíduos Serviços Ambientais. O BRDE financiará 70% da construção, que custará R$ 2 milhões. A estação, que poderá armazenar até 300 toneladas de resíduos domiciliares por dia, beneficiará 500 mil habitantes em 43 municípios da região de Santa Maria. No caso das empresas que não contratam prestadoras de serviços ambientais, os investimentos em meio ambiente têm repagamento rápido. Melo, do BNDES, calcula que um investimento em eficiência energética na área comercial, por exemplo, pode dar retorno em até dois anos. “No caso do reuso de água, a partir do momento em que o empresário investe num projeto deste tipo, ele tem em 18 ou 24 meses o pagamento de investimento”, diz Álvaro Silveira, do Real ABN Amro. Contribuindo para a redução de custos, as melhorias ambientais reforçam a sustentabilidade financeira da organização.

A promoção de melhorias ambientais significa competitividade para a Via Néctare, empresa que produz polpas de frutas tropicais em Taquaritinga, a 333 quilômetros de São Paulo. Para conseguir aumentar sua produção, a Via Néctare investiu na construção de uma estação de tratamento de água, atendendo às solicitações da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), responsável pela aprovação do projeto de expansão da empresa. “Quando ainda tínhamos uma planta pequena, usávamos essa água residual para irrigação de pomares”, explica Marco Antonio Mendes, diretor industrial da empresa. Com o aumento da produção, subiriam o consumo de água e a produção de resíduos líquidos. “E não poderíamos simplesmente jogar tudo isso no rio.” A Via Néctare solicitou ao Banco Real ABN Amro o financiamento para construção da estação, que teve custo total de R$ 280 mil, pagos em 36

vezes. A estação, formada por um lago isolado do solo em que a água é oxigenada e recebe produtos químicos, começou a funcionar no ano passado. Desde então, o montante de frutas processadas aumentou de 3 mil toneladas para 15 mil toneladas anuais. Com a adequação ambiental, a empresa busca consolidar sua posição no mercado exterior, que consome 70% da produção. “Hoje em dia, ou você está adequado ou está fora do mercado. Principalmente, na Europa e nos Estados Unidos, os compradores só fecham negócio se têm certeza de que o processo produtivo é socioambientalmente correto”, diz Mendes.

Linha Direta Banco Real 0800 707 2399 BNDES (21) 2172-8888 BRDE (51) 3215-5000 Via Néctare (16) 3253-9393 Agosto 2007 – Empreendedor – 47


Perfil

Severino Félix da Silva

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SEVERINO FÉLIX DA SILVA

Criador incansável Seja funcionário, seja empresário, o segredo do sucesso é inovar sempre por

Natacha Amaral

“Para começar, sou imigrante de uma das cidades mais importantes do Nordeste: Ingá do Bacamarte. Você deve conhecer.” É com esse bom humor que Severino Félix da Silva conta sua história de vida. Empreendedor nato, o menino paraibano que aos 15 anos vendeu sua bicicleta para trabalhar como office-boy no Rio de Janeiro é hoje o criador da Escol@ 24horas, metodologia pedagógica inovadora que já conquistou mais de 700 mil alunos aqui e no exterior. O sistema levou a escola presencial para dentro da internet com todos seus elementos – desde sala de aula até professores. É a primeira estrutura de educação online lançada no Brasil para alunos do Ensino Infantil ao pré-vestibular. Fundada em 2000, a escola que nunca dorme já ganhou prêmio Endeavor e atualmente é considerada modelo de empreendedorismo na América Latina. O sucesso profissional foi preco-

ce, mas não fácil para Silva. Nascido no Nordeste e criado na região cafeeira do Paraná, ele decidiu abandonar a pequena Jandaia do Sul para buscar melhores condições de vida na cidade do Rio. O primeiro emprego foi numa confecção de roupa masculina, onde trabalhava como atendente. “Era tudo novidade, e eu ficava nervoso. Não conseguia fazer as coisas direito. Meu chefe maltratava as pessoas e me xingou de burro umas três vezes”, lembra. Por isso, o adolescente resolveu se demitir, decisão que considera hoje uma das mais importantes da sua vida. E foi mesmo. Livre para novas oportunidades, entrou no programa de trabalho para menores da antiga Ciba-Geigy – hoje laboratório farmacêutico suíço Novartis. O emprego de office-boy foi uma verdadeira escola. “Você conhece todo mundo e tem acesso desde ao presidente até o menor funcionário. Intuitivamente, absorvi muita coisa em termos de relacionamento humano. Vários empregos que

Escol@24horas e sua versão para empresas, o Viva24horas

Idade: 53 anos Local de nascimento: Ingá (Paraíba) Nome da empresa: Escol@24horas Ano de fundação: 2000 Cidade-sede: Rio de Janeiro Linha direta: (21) 2271-3151

tive depois foram a partir dessa experiência lá.” Após dois anos, Silva foi dispensado pela empresa para servir ao exército. Agora morando com a mãe e a irmã no Rio de Janeiro, o rapaz era arrimo de família e resolveu não se alistar. Conseguiu emprego como auxiliar de escritório num grupo financeiro e, em pouco tempo, já era assistente de diretoria. Com mais experiência no mercado de trabalho, não demorou muito para conquistar a função de gerente na Companhia Nacional de Engenharia. Mas foi aos 23 anos que Silva ingressou no mundo da educação pelo qual é fascinado até hoje. A porta de entrada para a paixão foi uma editora tradicional de livros técnicos e científicos, a LTC. Foi fazendo carreira dentro da empresa que o então gerente financeiro ganhou bagagem para se transformar em empresário de destaque na informática educacional mais tarde. “Tive contato com universidades, professores-autores e editores estrangeiros. Isso me deu uma visão muito ampla e privilegiada da educação”, diz. Além disso, no começo dos anos 1980, ocorreu o boom da informática no Brasil, o que fez a editora publicar vários livros sobre o assunto. Sinônimo de criatividade, Silva não esperou para inovar. “Costumo dizer que você pode empreender muito na empresa como diretor, gerente ou mesmo empregado. Via oportunidades para a editora e sempre tentava aproveitálas.” Nesse espírito, propôs, desenvolveu e implantou diversos projetos empreendedores. Entre eles, a criação de uma empresa de treinamento para granAgosto 2007 – Empreendedor – 49


LINHA DO TEMPO

Perfil

Severino Félix da Silva

1954 – Nasce Severino Félix da Silva em Ingá do Bacamarte, Paraíba. 1959 – Muda-se com a família para a terra do café em Jandaia do Sul, Paraná. 1969/1970 – Aos 15 anos, vende sua bicicleta e vai morar sozinho no Rio de Janeiro. Começa a trabalhar numa loja de confecção masculina como atendente e depois se torna office-boy da antiga Ciba-Geigy, hoje laboratório farmacêutico suíço Novartis. 1972 – Trabalha como auxiliar administrativo e, mais tarde, como assistente de diretoria de um grupo financeiro. 1976/77 – Torna-se gerente financeiro da Companhia Nacional de Engenharia. 1977 – Tem seu primeiro contato com a área educacional aos 23 anos, ao se tornar gerente financeiro da LTC, editora tradicional de livros universitários técnicos e científicos no Rio de Janeiro. 1985 – Depois de assumir as funções de gerente administrativo e de marketing, torna-se o principal executivo da editora aos 31 anos. 1986 – Cria e implanta o Cedeg, empresa de treinamento da LCT. 1989 – Sai da LCT para seguir carreira solo com a fundação de empresa própria, a Trend Tecnologia Educacional, prestadora de consultoria em informática educacional para escolas. 1999 – Cria o projeto piloto da Escol@24horas. 2000 – Trend migra para o modelo de internet e se transforma na Escol@24horas. 2001 – Escol@24horas é reconhecida como modelo de negócio pela Endeavor entre 385 projetos concorrentes na América Latina. 2002/2003 – Escol@24horas ganha versão em língua espanhola, o Aula24horas, e vai para o exterior. Ganha espaço no México, Peru, Chile, Honduras e Guatemala. Começa a atender à comunidade deskassegui no Japão e à hispânica nos Estados Unidos. 2005 – Escol@24horas desenvolve site para empresas, o Viva24horas. 2006 – Silva faz parceria com a BrasilTelecom e disponibiliza serviços da escola virtual ao público por meio da assinatura da internet banda larga BrTurbo.

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des organizações e instituições públicas, utilizando autores de primeira linha da própria LCD. Assim, nasceu o Centro de Ensino e Desenvolvimento Gerencial (Cedeg). Numa época em que a internet era desconhecida, o Centro realizava cursos presenciais e de ensino a distância. “Fazíamos tudo com papel e pelo correio.” Em dois anos, o Cedeg faturava mais do que a empresa-mãe. Esse sucesso fez com que o agora diretor-superintendente, principal cargo da editora, parasse para analisar que rumo profissional tomaria. “Ficou a dúvida: será que consegui isso porque tinha um grupo forte por trás ou seria capaz de fazer o mesmo sozinho?”, relembra. Na mesma época, Silva começou a pensar no desenvolvimento de projetos de informática integrados com as escolas que contemplassem jovens estudantes. Embora adorasse seu trabalho na editora, não resistiu à idéia de experimentar a carreira solo. Em 1989, fundou a Trend Tecnologia Educacional, empresa especializada na implantação de informática educacional. Além da montagem de laboratórios e treinamento de professores, realizava produção de software em CD para instituições de ensino. Cerca de 500 mil alunos espalhados em 20 Estados brasileiros utilizaram seus serviços. Em 1999, a Trend mudou seu modelo de negócio e se transformou na Escol@24horas. “Era um momento em que o aluno encontrava tudo na internet e precisava enxergar sua escola também”, diz. A idéia era fazer com que as instituições quebrassem seus muros e fossem à casa do aluno através de um meio de comunicação que estava se fortale-


cendo. Assim, o empresário começou a imaginar uma escola 24 horas que simulasse na rede os mesmos ambientes e serviços prestados presencialmente por uma instituição de ensino, como salas de aula, biblioteca, secretaria, pátio de recreação e professores. Com a idéia na cabeça e projeto no papel, Silva conquistou 70 clientes inicialmente. O até então projeto piloto se transformou no primeiro portal educacional do Brasil com esse perfil. Já em 2002, o sistema foi levado para o México, Chile e Peru. “Essa idéia não existia em lugar nenhum do mundo. Passamos nossa tecnologia, software, know-how, e eles produziram conteúdo local”, explica. Atualmente, a Escola atende dekasseguis no Japão e conta com a versão em espanhol Aula24horas, disponível também para Guatemala, Honduras e comunidades hispânicas nos Estados Unidos.

Professor virtual A ferramenta é completamente inovadora, especialmente na criação do Professor Web. O aluno, cuja escola é cliente do sistema, recebe um login e senha para entrar no ambiente virtual (www.escola24horas.com.br). De lá, é remetido a um portal personalizado para sua instituição, onde pode tirar dúvidas com um professor particular disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. As respostas são dadas em até 15 minutos em 90% dos casos. “A idéia é que o aluno faça o dever de casa e recorra ao professor quando tiver certa dificuldade que o impeça de ir adiante”, diz Silva. Pela senha, o sistema identifica série, idade e histórico de

perguntas do estudante, o que permite um atendimento personalizado. A Escol@24horas também fornece atualidades, material interativo para pesquisa, jogos educativos, aulas on-line com animação, biblioteca virtual de obras clássicas prontas para download, chats com especialistas em diversos assuntos e dicas de vestibular em mp3. Há também ambientes exclusivos para professores, que podem discutir projetos pedagógicos em fóruns na rede, construir banco de provas, encaminhar agenda de trabalhos e testes aos alunos, e até enviar newsletters para os pais. Além disso, o site sugere atividades para aulas de laboratório. “Esse é o nosso negócio, buscar o que está acontecendo em termos de tecnologia e adequar isso para o uso da educação pedagógica”, resume Silva. Para ele, o objetivo da ferramenta não é substituir a escola tradicional, mas sim complementar seu trabalho. “O estudante tem a possibilidade de trabalhar de uma outra forma os assuntos que não entendeu bem na sala de aula.” Além disso, o site fornece material sobre temas atuais, como meio ambiente e violência, para contextualizar os assuntos abordados na escola. Mesmo oferecendo esse pacote completo de informações, o portal tem espaços reservados para a escola inserir seus próprios conteúdos curriculares, bem como atividades, trabalhos e eventos. Já com uma ferramenta robusta e bem estabelecida, Silva decidiu entrar em novos nichos de mercado. Recentemente, disponibilizou a Escol@24horas para empresas. O objetivo é que organizações contratem o portal como benefício para seus funcionários preocupados com a educação dos filhos. “Há até um senti-

mento de culpa dos pais em não ajudar as crianças nas tarefas escolares como gostariam”, diz. A escola virtual pode servir de auxílio para os jovens na hora de fazer dever de casa durante a ausência dos pais que trabalham ou viajam. Desde o ano passado, a Escol@24horas deixou de ser um sistema fechado e agora está disponível ao público. Por meio de uma parceria firmada com a Brasil Telecom, os assinantes da internet banda larga BrTurbo recebem o BrTurbo Educa como serviço adicional. “Além de comprar internet, compram nosso conteúdo. Assim, os filhos não ficam só nos joguinhos e bate-papos”, explica Silva. No total, o projeto de Félix da Silva conquistou 600 clientes e 400 mil alunos só no Brasil, além de 300 mil estudantes no exterior. “Há escolas que estão conosco desde o começo, o que é um indicador de que o serviço realmente contribui para elas.” O segredo para o sucesso, segundo ele, é a vontade de criar, sempre. Foi essa vontade que levou o paraibano de origem humilde a revolucionar a educação com um site que virou referência mundial. Em 2001, a Escol@24horas concorreu com 385 projetos ao prêmio da Empreender Endeavor, ONG internacional que fomenta o empreendedorismo em diversos países. O projeto de Severino Félix da Silva foi escolhido com pontuação máxima por se destacar também pelo potencial de impacto social, bem como negócio gerador de riqueza e emprego. Depois de trinta anos, o menino de Ingá do Bacamarte mostrou que é possível fazer a diferença no mundo dos negócios realizando sonhos com criatividade e inovação. Agosto 2007 – Empreendedor – 51


Pequenas Notáveis

O espaço da micro e pequena empresa

Capacitação a distância atende Cursos oferecidos pelo Sebrae contribuem para promover mudanças de atitude profissionais e pessoais Quase 600 mil pessoas já participaram gratuitamente dos cursos de Educação a Distância (EAD) oferecidos pelo Sebrae na internet desde 2001. Mais do que levar informações sobre empreendedorismo, esses cursos contribuem para promover mudanças de atitude profissionais e pessoais, e incentivam o surgimento de empresas mais bem estruturadas. Não importa onde esteja, com um pouco de tempo disponível, acesso à internet e vontade de ir adiante, o aluno dos cursos de EAD do Sebrae vai longe. Com a internet, o Sebrae utiliza uma das mais eficazes ferramentas a serviço do aprendizado, com enorme alcance no Brasil. Conforme revelam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 71% das pessoas que entram na internet fazem isso para estudar. Mais de 32 milhões de brasileiros encontram-se conectados à rede. Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEad), o número de alunos que participam de cursos a distância no Brasil cresceu 62% em 2005, girando em torno de 1,2 milhão de pessoas. Os cursos gratuitos do Sebrae pela internet oferecem conhecimentos sobre empreendedorismo e gestão dos negócios para que o interessado possa estudar no horário de sua conveniência. Assim, ele adquire informações que contribuem para o desenvolvimento de sua empresa. O aluno tem até 30 dias para concluir o curso em que faz a inscrição. No momento, 28 mil estudantes participam dos cinco cursos oferecidos. São eles: “Iniciando um Pequeno Grande Negócio (IPGN)”, “Aprender

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a Empreender”, “Como Vender Mais e Melhor”, “Análise e Planejamento Financeiro” e “D-Olho na Qualidade”. Além do número de alunos, surpreende a satisfação de quem participa dos cursos, que fica acima de 90%.

Perfil contemporâneo Na visão do gerente de Atendimento Individual do Sebrae Nacional, Enio Pinto, a metodologia de educação a distância atende às necessidades de aprendizado do empreendedor contemporâneo. “Na maior parte das vezes, ele não dispõe de muito tempo para participar de capacitações, cursos e outras atividades de estudo”, diz o gerente. “Com o dinamismo da vida moderna, é fundamental que haja flexibilidade no processo de capacitação, a qualquer hora do dia, com qualidade e baixo custo”, aponta Enio Pinto. “Estamos adaptando nossos processos educacionais à gestão das empresas”, informa. Com uma concepção inspirada nas idéias de educadores como Paulo Freire, José Libâneo e Bárbara Freitag, o Sebrae leva em conta que a educação precisa considerar a realidade do aluno e suas referências culturais. A consultora da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional e gestora das ações de educação a distância, Márcia Matos, destaca que, com essa referência teórica, os cursos da instituição levam aos empresários e empreendedores as questões mais importantes sobre gestão de negócios. Ela explica que todos os cursos têm o propósito de, além de transmitir conhecimento, desenvolver competências para que o aluno possa apli-

car o que aprende em seu cotidiano de empreendedor. As capacitações abordam temas relacionados à análise do mercado, à escolha do ponto onde montará sua empresa, à importância do bom atendimento, ao controle das receitas, aos gastos das empresas e a várias outras questões.

Fóruns Para fazer os cursos, o interessado deve entrar na página do Sebrae Nacional (www.sebrae.com.br), clicando no canto esquerdo da página em “Aprenda com o Sebrae – Cursos pela Internet”. Ou, então, deve aces-


ao perfil do empreendedor atual Número de alunos do ensino a distância no Brasil cresceu 62% em 2005, atingindo 1,2 milhão de pessoas

sar o endereço http://educacao.sebrae.com.br e escolher o curso que deseja fazer. No ambiente virtual, o estudante tem acesso a todo o material do curso, que inclui textos, exercícios e ilustrações. O empreendedor pode fazer o download desse material, para imprimir e estudar quando não houver possibilidade de usar um computador. Junto ao conteúdo didático, o aluno tem a oportunidade de se comunicar por e-mail com os tutores do seu curso, profissionais responsáveis pelo seu acompanhamento e que podem tirar dúvidas, passar informações adicionais e opinar sobre o processo de

aprendizado. Os tutores trabalham sob orientação dos tutores-coordenadores dos cursos. Para que o estudante mantenha comunicação com os educadores, o ambiente de estudo reúne chats (salas de discussão com horário marcado), a ferramenta tira-dúvidas, os fóruns, que permitem que os estudantes aprofundem determinados temas e troquem idéias com os tutores e com seus colegas, o e-mail e o telefone.

Aprendizagem em parceria “Todos esses instrumentos permitem o acompanhamento do aluno e

não deixam que ele fique sozinho em seu processo de aprendizado”, explica Rita Guarezzi, gerente de Educação do Instituto de Estudos Avançados (IEA), de Santa Catarina. Desde 2001, o IEA desenvolve e personaliza para o Sebrae o curso IPGN. No ambiente dos cursos, existe ainda o Mural, que mantém o aluno bem informado sobre o desenvolvimento de suas atividades educacionais. O Mural reúne dados como o registro da última entrada no ambiente, em que ponto da matéria o aluno interrompeu o estudo e se o tutor respondeu às dúvidas que ele encaminhou. Os cursos de educação a distância são realizados totalmente pela internet. Após estudar 100% da programação, o aluno recebe pelo correio um certificado de conclusão. Na opinião de Márcia Matos, quando um empresário faz os cursos, como os de educação a distância do Sebrae, se capacita para gerenciar melhor os seus negócios. Em conseqüência, o bom funcionamento de sua empresa traz uma série de benefícios sociais. “Se a empresa se viabiliza economicamente, se apresenta bom desempenho, gera empregos e renda. Isso traz benefícios ao empreendedor, para as pessoas que trabalham com ele, para as suas famílias, e o cliente fica mais satisfeito com o resultado final do produto ou do serviço oferecido”, diz Márcia. Somada à internet, a estratégia de educação a distância do Sebrae utiliza cursos pelo rádio, televisão e kits educativos para estudo autônomo. Agosto 2007 – Empreendedor – 53


A voz da experiência

Marcel Malczewski

Caminho de choques e êxitos Nem esmorecer nem se acomodar, essa é a receita de um empreendedor de sucesso por

Ana Carolina Dionísio

Foi aos treze anos, montando jogos de luzes em festas de garagem em Ponta Grossa, no interior do Paraná, que Marcel Malczewski aprendeu uma lição útil para sua trajetória empreendedora: “Para vencer, tem que apanhar muito”. Sem nenhum conhecimento de Eletrônica, o menino havia ficado responsável pela parte elétrica da “empresa” de sonorização que havia fundado com o irmão e alguns primos. “Eu fazia tudo sozinho, ligava os fios antes de a festa começar, então, cansou de primo meu ter que me puxar da tomada, porque eu estava tomando choque”, lembra. Quase trinta anos depois, como diretor da Bematech S.A., empresa que desde 1999 quadruplicou seu faturamento e atingiu R$ 192 milhões no ano passado, o executivo recorda esta experiência que misturou brincadeira e empreendedorismo como um momento marcante, em que precisou assumir responsabilidades e ter persistência para colocar seus objetivos em prática. Assim como não desistiu da “empresa de sonorização” na primeira vez em que ficou grudado em uma tomada, Malczewski não deixou que as seguidas crises pelas quais a Bematech passou abalassem sua vontade de construir um negócio de sucesso.

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Por outro lado, os êxitos sucessivos não significaram comodismo para o executivo: “O avanço em fechar um projeto de aquisição, em fazer investimento num novo produto, em abrir uma subsidiária fora do Brasil, são coisas muito arriscadas, mas alguém tem que tomar essas decisões, o que normalmente tira as pessoas de uma situação de conforto”. Desde o início da carreira, como estudante de Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Malczewski conviveu com investimentos desconfortantes. Em 1986, terminando a graduação e fazendo estágio em um banco, abriu uma software-house. Diploma na mão, era lógico que ele associaria seu trabalho

Marcel Malczewski Local de nascimento: Ponta Grossa (PR) Idade: 42 Formação: Engenharia Elétrica (UFPR) e pós-graduação no Cefet–PR Empresa: Bematech Ramo de atuação: soluções em automação comercial Ano de fundação da empresa: 1990 Cidade-sede: Curitiba (PR) Número de funcionários: 1 mil Faturamento: R$ 192 milhões (2006)

na empresa com a atuação de funcionário efetivo no banco. Contrariando estas expectativas, o recém-formado engenheiro resolveu deixar as duas ocupações para fazer pós-graduação no Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet–PR). Além do título de mestre, a vivência no Cefet trouxe a Malczewski a parceria de Wolney Betiol. Aos dois, veio a possibilidade de transformar os estudos que desenvolveram em suas dissertações, sobre sistemas de impressão matricial por impacto, na primeira empresa incubada no Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), em 1989. Era o início da Bematec (ainda sem o agá), abreviatura de Betiol & Malczewski Tecnologia, nome “duro de dizer e de entender”, nas suas próprias palavras. Desde o nascimento, as crises acompanharam a trajetória da Bematech. “A entrada na incubadora já foi, de certa forma, uma conversa difícil”, conta Malczewski. Isso porque os sócios perderam o apoio da empresa que financiaria os equipamentos para fabricação de impressoras para telex. Em vez de desistirem da idéia, resolveram tentar outras alternativas: “Conseguimos acertar com a incubadora que ela não nos cobraria nada no início e apostaria no projeto junto conosco. Foi um risco para eles também, mas conseguimos vender a idéia de eles arriscarem conosco.” Já na saída da incubadora, o empresário teve que exercitar a habilidade de investir em novos produtos


antes que os atuais perdessem mercado. Da fabricação de equipamentos para telex, passaram para o desenvolvimento de miniimpressoras, que foram aproveitadas principalmente nos caixas de atendimento automático dos bancos. Em 1995, fechando o ano com um faturamento de US$ 5 milhões, a empresa sofreu um golpe com a retração do mercado de automação bancária. Partiram, então, para a automação comercial, nicho em que se tornaram líderes. “Talvez, o que está por trás disso tudo seja a idéia original de querermos construir um empreendimento de sucesso, e não um produto de sucesso.” Não é à toa que, atualmente, a Bematech reverte cerca de 5,5% do faturamento para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Mas o empresário ressalta que é preciso ter cautela no momento de criar projetos. Um dos erros que Malczewski aponta em sua trajetória é o investimento excessivo em vários produtos novos ao mesmo tempo.

Angel investors Este foi mais um dos equívocos cometidos pela falta de uma administração centralizada da empresa. Quando a Bematec saiu da Tecpar em 1991, após várias negativas de agências de fomento e bancos públicos, tornou-se propriedade de um pool de investidores: seis pessoas jurídicas, representando diversas empresas do Paraná, e três pessoas físicas, entre elas Betiol e Malczewski. “Nós tínhamos construído, apesar de não termos ainda um produto consistente e muito menos vendido, algo que valia em torno de US$ 150 mil, e nós precisávamos de US$ 150 mil para começar o negócio. Os investidores entraram com esse valor, postados entre meados de 1991 e meados de 1992, e ficaram com 50% do negócio”. Foi em 2001, já completando dez anos, que a Bematech (agora com o Agosto 2007 – Empreendedor – 55


A voz da experiência agá) passou a ser liderada por um executivo principal, que atuava junto com um conselho formado pelos proprietários. “Escolher este executivo só em 2001 representou gastos excessivos, decisões erradas em projetos, estruturação equivocada. A empresa teria que ter escolhido o principal executivo antes”, destaca Malczewski. Ele reconhece, contudo, que essa pulverização do comando foi fundamental para a capitalização e consolidação inicial da Bematech. Mesmo dedicando 11 horas de seu dia para o negócio, Malczewski não teve medo de entregar parte dele para angels investors, e critica quem tem este receio. “O empreendedor, às vezes, tem medo de perder parte do negócio quando está começando, esse é um medo errado. Entregar parte do negócio para um grupo de investidores, que, além do dinheiro também trazem apoio na governança da empresa, foi um acerto muito grande.”

Nova grafia A presença de investidores com personalidades distintas influenciou até o próprio nome da empresa. A grafia dos tempos da incubadora – “Be” de Betiol, “Ma” de Malczewski” e “Tec” de tecnologia – recebeu o “h” no final pela sugestão de um dos angels investors, que gostava de numerologia e acreditava que o nome do negócio deveria ter oito letras. “Mas a gente não queria mudar o nome, pois achava que Bematec já tinha pegado”. A solução foi adicionar o agá, mantendo a sonoridade e o bom enquadramento numerológico do nome. “Não tivemos a intenção de internacionalizar o nome, foi mais para satisfazer um dos acionistas, que queria um nome com oito letras.” É também na parte da gestão que Malczewski destaca outro passo errado em seu percurso empreendedor: a contratação tardia de um profissional da área de administração e finan-

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Marcel Malczewski

ças. “Nós começamos a empresa como engenheiros, técnicos, construindo os produtos, e achamos que conseguiríamos desenvolver o negócio ao longo do tempo dessa forma.” Tanta autoconfiança não deu os frutos esperados. Principalmente entre 1995 e 1997, com a decadência da automação bancária e a necessidade de mudança para a área comercial, a empresa enfrentou momentos de crise que, segundo Malczewski, poderiam ser evitados com a presença de um administrador financeiro experiente, que chegou em 1997. “Acho que, se tivéssemos trazido já em 1994 alguém para nos ajudar na parte administrativa e financeira de estruturação de equipe, tudo teria sido muito mais fácil.” Apesar de desgastantes, os reveses reforçaram em Malczewski a necessidade de se antecipar às crises, mesmo que, para isso, seja necessário sair do comodismo e assumir responsabilidades imprevistas. “Isso aconteceu na mudança de impressora de telex para impressora de automação bancária e dessa para impressora de automação comercial. E agora, estamos passando por uma nova mudança, passando para soluções completas para automação comercial. Em todas elas, a empresa não esperou o negócio degringolar para fazer isso”, afirma o executivo. Nesta seqüência de transformações que asseguram a permanência da empresa, a Bematech entrou, em abril de 2007, no mercado de capitais da Bovespa. Mas a operação não representa, para Malczewski, uma ruptura, mas uma continuidade de um processo incremental da empresa, que sempre teve como objetivo ser uma S.A. de capital aberto. A abertura de escritórios em Atlanta (2001), Taipei (2003) e, neste ano, em Berlim e Buenos Aires faz parte desta expansão.

Linha Direta Marcel Malczewski (11) 3061-9596

BÚSSOLA EMPRESARIAL

ACERTOS Trazer um grupo de investidores para capitalizar o início da empresa. Não se acomodar com o sucesso atual de produtos. Apostar em novos projetos, mesmo que arriscados. Ser perseverante, apesar das crises.

ERROS Contratar tardiamente um profissional da área de administração e finanças. Manter uma direção descentralizada da empresa por cerca de dez anos. Investir em muitos projetos novos ao mesmo tempo.


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F ranquia Parceria reforçada Microcamp e seus alunos recebem tratamento diferenciado da Microsoft por

Natacha Amaral

A Microcamp, uma das maiores franqueadoras do segmento de educação e treinamento no Brasil, firmou nova parceria com a Microsoft na ABF Expo Franchising 2007 para oferecer certificação diferenciada e mais benefícios a seus alunos. A partir de agora, o estudante formado pela rede pode se certificar como Microsoft Office Specialist (MOS), título reconhecido internacionalmente que torna o profissional um especialista nos aplicativos Office. Os alunos também terão direito a uma cópia de todos os programas da Microsoft, além de ganharem o Windows Vista, sistema operacional que substituirá o atual XP. Segundo o diretor de franquias da Microcamp, João Abaade, a formação de novas parcerias é uma estratégia para fidelizar clientes. “Trazem um ganho de qualidade para o nosso produto e tornam o aluno mais competitivo no mercado”, explica. Além

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de receber seu certificado pela rede brasileira, o estudante já formado pode prestar um teste on-line direto com a sede da Microsoft nos Estados Unidos para obtenção do MOS. “Somos a franquia com maior número de pontos cadastrados para oferecer esse tipo de certificação no Brasil”, diz. Com reconhecimento recente de dois cursos técnicos pelo Ministério da Educação (MEC), a Microcamp conseguiu estreitar seu relacionamento de 20 anos com a Microsoft e dar caráter educacional aos contratos realizados anteriormente apenas como empresariais. Isso significa suporte não apenas operacional para uso de softwares, mas também apoio ao sistema de ensino. “Posso solicitar apresentação sobre os temas que quiser, e eles nos atendem”, diz o coordenador pedagógico da franquia, Marcos Alexandre Lopes, referindo-se ao programa de palestras on-line e presenciais sobre programas e mercado de trabalho oferecido pela Microsoft para a rede. Conferências on-line são pré-agendadas e divulgadas para os alunos, que podem assisti-las em todo o país sem custo algum. Já as presenciais ocorrem em unidades de determinada re-

gião. Os palestrantes são sempre Most Valuable Professionals (MVPs), especialistas renomados por sua grande experiência nos produtos da Microsoft. Em todo o mundo, somente 202 profissionais possuem esse título máximo concedido pela empresa. Ainda com a parceria, a multinacional disponibiliza material para consulta, estudo e realização de cursos por meio de um portal criado exclusivamente para a Microcamp, o Technet. Com esses diferenciais, a empresa já faz planos de expansão nos merca-


Lopes e Abaade (na outra página): aluno mais competitivo no mercado

dos menos explorados. “Nossas grandes oportunidades estão no Sul. Também no Nordeste, onde criamos seis unidades ano passado”, explica Abaade. Bem estabelecida em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, o foco agora são Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com a criação de três ou quatro franquias até o final deste ano, a partir de uma escola localizada em Porto Alegre. A rede de ensino de informática mais antiga do país, fundada em 1977, tem hoje o total de 90 franqueados e 183 lojas, sendo 46 próprias. Em

1999, montou uma escola em Lisboa e expandiu-se para o interior de Portugal. O número de unidades aumentou expressivamente no Brasil a partir de 1994, quando deu início ao seu processo de franchising. A grande prioridade da rede, porém, nunca foi o crescimento territorial, mas sim a criação de pontos-de-venda rentáveis. “Por isso, nosso jeito de ocupar os lugares é um pouco diferente da maioria das outras bandeiras. Evitamos, por exemplo, a competição entre pontos-de-venda, levamos em conta a di-

mensão do mercado e a qualidade do franqueado” explica Abaade. Quando interessados em abrir uma franquia Microcamp entram em contato com a sede em Campinas, agenda-se um encontro para analisar o perfil do candidato e fornecer esclarecimentos sobre o negócio. O objetivo é construir um relacionamento entre ambas as partes, que podem analisar seu grau de interesse no investimento no decorrer do tempo. Para a abertura de um novo pontode-venda, há recrutamento e treinamento de funcionários e professores, utilizando o próprio pessoal da localidade com a ajuda de um representante da rede. O trabalho pode ser feito também no Instituto Microcamp, que funciona desde 1995 para apoio do franchising. Há 30 anos no mercado, a rede já formou mais de um milhão de alunos de todas as faixas etárias, com seus 60 cursos, tais como Windows, inglês, webdesigner, hardware e, mais recentemente, técnico em informática. Além disso, é a única escola no país com curso técnico profissionalizante em tradução e interpretação bilíngüe reconhecido pelo MEC.

Linha Direta Microcamp (sede) (19) 2116-2500

Dados da franquia Investimento mínimo para abertura de uma loja: R$ 200 mil. Área mínima: 300 m2 Taxa de franquia: R$ 30 mil. Royalties: 15% do faturamento bruto. Capital de giro (necessário apenas nos primeiros sete meses): R$ 35 mil. Faturamento bruto: média de R$ 70 mil. Lucro líquido: de 20% a 32% do faturamento bruto. Tempo de contrato: 60 meses. Tempo de retorno de capital: 18 meses.

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F ranquia

Mobília de negócios A empresa paranaense de móveis para escritório Funcional aderiu ao sistema de franquias para avançar no mercado nacional e pretende inaugurar dez lojas nos próximos cinco anos. Fabricando e comercializando móveis nas duas unidades de Curitiba e outra em Pinhais (PR), a Funcional quer abrir a primeira franquia fora do Paraná ainda este ano.

Representantes comerciais e revendedores, há dois anos, já levam os produtos Funcional para Florianópolis (SC), São Paulo (SP) e Natal (RN). “O custo operacional é menor com franquias, porque são como empresas independentes, e isso torna o negócio todo mais competitivo e com maiores chances de sucesso”, explica Miguel Barbosa, dire-

tor da Massa Crítica Consultoria em Franchising, responsável pelos estudos de expansão da Funcional. O valor da taxa de franquia da Funcional Móveis é de R$ 20 mil, e o investimento mínimo exigido de R$ 85 mil. Dois anos é o prazo de retorno, e a área física mínima requerida, de 100 m2. (41) 3033 7040 / www.funcional.com.br

Pizza de aniversário

Pulverização das vendas

A comemoração dos 90 anos de fundação da Pizzaria Babbo Giovanni será feita conjuntamente à inauguração de cinco novos restaurantes. A marca, que tem 19 unidades no Estado de São Paulo, planeja alcançar cem casas em dez anos através do sistema de franchising. “Queremos expandir nossa rede, através de master franqueados, não só no Brasil, mas também na América do Norte, Oceania e Europa”, afirma Pedro Paulo Couto, diretor de expansão da Babbo Giovanni. A rede está sempre inovando com receitas diferentes e sabores diversificados como pizzas lights e doces, preparadas de maneira artesanal e assadas exclusivamente em forno a lenha. Por mês, são vendidas cerca de 5 mil pizzas por loja, o que garante um faturamento médio de R$ 150 mil. www.babbogiovannipizzaria.com.br

A Akakia comemora dois anos de existência, 110 pontos-de-venda e uma linha com mais de 300 produtos femininos, masculinos e infantis. “Nossa intenção é expandir a Akakia para o mercado externo”, afirma Guilherme Jacob, diretor da empresa. Para o ano que vem, a rede espera entrar em outros continentes, como o europeu e o asiático, onde já existem investidores interessados. No Brasil, a rede pretende abrir cerca de cinco lojas por mês, totalizando aproximadamente 170 pontosde-venda até o final do ano. “A pulverização dos pontos-de-vendas é fundamental para que o consumidor tenha facilidade no atendimento Akakia”, conclui Jacob. A empresa aceita franquias em quatro estilos: loja ou quiosque próprio, como distribuidor para lojas, com loja virtual na internet ou vendendo através de visitas ao consumidor. O capital de giro é estimado

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em R$ 7 mil, a taxa de franquia, em R$ 10 mil, e o investimento necessário, por volta de R$ 15 mil. O prazo estimado de retorno pode chegar a 24 meses. www.akakia.com.br


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F ranquia Hospitalidade Accor O grupo Accor, que mudou a denominação mundial do braço hoteleiro para Accor Hospitality, conta no Brasil com nove hotéis franqueados em operação e negocia outros 15. Estudos em mais de cem cidades no Brasil contemplam a expectativa de ampliar o número de unidades nos próximos anos das marcas Íbis, Mercure e Novotel. “Nossa previsão é que, por ano, de 10 a 15 novos hotéis sejam

inaugurados e administrados pela Accor Hospitality, operados pelo sistema de franquias”, diz Amilcar Mielmiczuk, gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios e Franquias. “Hoje, 27% dos hotéis Accor pelo mundo são franqueados. No Brasil, este índice deverá atingir 10% em 2008, e nossos estudos de desenvolvimento apontam para um crescimento exponencial”, afirma Mielmiczuk. (19) 3733-7700

Banho de loja

Doces lucros Com a promessa de baixo investimento e retorno rápido, a rede Nutty Bavarian de castanhas glaceadas já atraiu 50 franqueados e acaba de lançar um plano de expansão da rede para aproveitar o aumento das vendas com o inverno. Há novas oportunidades de franquias nas cidades de Porto Alegre e Caxias do Sul (RS), Blumenau (SC), Rio de Janeiro e Salvador, entre outras. “Atualmente, toda a rede Nutty Bavarian consome em média 20 toneladas de nuts por mês, somando 240 toneladas anuais. Isso gera um faturamento médio na casa dos 10 milhões de reais ao ano”, afirma Daniel Miglorancia, CEO da Nutty Bavarian para o Brasil e América do Sul. “Se, antes, a maior demanda ocorria no período de festas, agora, o brasileiro descobriu as castanhas e passou a consumi-las em qualquer época”, avalia. Os pontos-de-venda se caracterizam por quiosques em aeroportos e shopping centers. O negócio exige investimento de R$ 45 mil e tem 15 meses de prazo para retorno. O faturamento mensal médio fica entre R$ 18 mil e R$ 22 mil, dependendo da região. (11) 3849 9002 ou faleconosco@nuttybavarian.com.br

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Uma linha diferenciada de cosméticos naturais para banho é a proposta da Antídoto Cosméticos. A rede de franquias pretende expandir os negócios em 2007 com a abertura de 35 novas lojas, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. No primeiro ano operando com sistema de franquia, cinco lojas foram instaladas em diferentes cidades brasileiras. Hoje, são 120 pontos-de-venda oferecendo cerca de 600 produtos. “A rede apresentou um crescimento médio em torno de 30% nos últimos três anos. Outro indicativo do sucesso da Antídoto é que vários de nossos franqueados têm mais de uma loja”, destaca Marcelo Sarpe, diretor de negócios e expansão da Antídoto. A Antídoto oferece três formatos para suas franquias, entre lojas e quiosques. O investimento inicial inclui o estoque, mobiliário, luminoso, software de gerenciamento e todo o treinamento no showroom, fora o ponto comercial. A rede não cobra taxas de franquia e royalties, e a expectativa de retorno do investimento é de 18 a 24 meses. (11) 4330-1908


FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek

Alps

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM material e do método de enTaxas de Franquia: entre R$10 mil sino, além do comprometie R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


TI

INDEX OPEN

Seleção eletrônica Queda nas despesas com processos de escolha em grandes empresas chega a 40%

por

Natacha Amaral

A cada novo processo seletivo, é a mesma história. Uma lista infindável de telefonemas para agendar testes, entrevistas, dinâmicas de grupo, sem falar na caixa de e-mails empanturrada com currículos anexados. Com o objetivo de acabar com essa realidade na hora de se-

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lecionar candidatos para empresas é que a Profit Tecnologia e Marketing desenvolveu a ferramenta eletrônica E-Hunter. O sistema, que facilita a vida dos profissionais em Recursos Humanos (RH), representa uma economia de tempo e recursos na escolha de pessoal, especialmente para grandes empresas – uma versão para pequenas e

médias está em desenvolvimento. O software é constituído por um banco de dados e transporta todo o processo seletivo e de recrutamento para dentro da internet. O conteúdo lançado no E-Hunter não fica disponível abertamente na rede, mas é inserido no website das companhias que compraram a ferramenta já adaptada às suas necessidades. As informações inseridas no sistema são exclusivas da organização. Entrando nos links “Trabalhe conosco” ou “Carreiras”, o candidato ganha login, senha, faz sua inscrição e preenche formulários. Logo em seguida, recebe confirmação de cadastramento via correio eletrônico e assim fica habilitado para realizar testes on-line, agendar encontros e dinâmicas de grupo com o avaliador. Com a ferramenta, a seleção também se torna disponível ao pessoal interno da empresa, permitindo que esta aproveite melhor as habilidades do funcionário já empregado. A idéia é colocar a pessoa certa no lugar certo. Além dos serviços oferecidos ao candidato, o E-Hunter tem uma interface voltada ao empregador. Com alguns cliques, o gestor em RH pode enviar e-mails, elaborar relatórios de acompanhamento e resultado de entrevistas. O avaliador consegue filtrar sua busca pelo perfil ideal, digitando no sistema apenas as características desejadas. Uma vez selecionado o candidato, o empregador também consegue gerir o processo de contratação, já que o E-Hunter realiza o controle da entrega de documentos necessários na admissão de pessoal, tais como CPF, carteira de trabalho, bem como resultado de exames médicos. Mesmo antes da abertura de uma vaga, o software já é útil. Uma de suas funções adicionais é interligar as diversas partes da empresa que avaliam a necessidade de criação de cargos. Os setores que avaliam função, salário, orçamento disponível podem, assim, conversar com a área da empresa que constatou a necessidade


de novos funcionários e decidirem se têm reais condições de iniciar um processo seletivo. De acordo com o sócio-fundador da Profit, José Louis Essabba, a redução de tempo entre a abertura da vaga e a contratação do profissional é de 70%. Isso significa que um trabalho cuja duração levaria o mês inteiro agora gasta pouco mais de uma semana. A Tim Celular foi uma das usuárias do E-Hunter e sentiu diferença nos seus processos seletivos. Para um de seus call centers, a empresa precisava contratar 600 pessoas em dois meses. Só na inscrição de candidatos, já havia conseguido 200 pessoas com o perfil desejado.

Tempo é dinheiro E redução de tempo significa também economia de dinheiro. Antes de usar o E-Hunter, a GE Air Craft Índia, uma das empresas da General Eletric, utilizava os serviços de uma consultoria em RH para contratar dez estagiários anualmente. O custo do trabalho era de R$ 1 mil para cada pessoa admitida. “Este ano, o pessoal da GE me ligou dizendo que havia feito todo o processo usando apenas o E-Hunter. Só nessa brincadeira, a empresa economizou R$ 10 mil”, diz Essabba. Isso sem contar a diminuição de gastos com telefonemas, já que a comunicação com os concorrentes à vaga é feita totalmente via e-mail e internet. “Hoje em dia, quando você vai entrar em contato com algum candidato, não se consegue mais falar no telefone fixo, só em celular. Imagine o custo disso para uma empresa no final do mês”, raciocina Essabba. Com o E-Hunter, as dinâmicas de grupo, por exemplo, são marcadas via e-mail. O candidato recebe a informação de que há opções de horário no website da empresa onde concorre à vaga e

Essabba: “redução de tempo entre a abertura da vaga e a contratação do profissional é de 70%”

Origem global Nascida na PUC do Rio de Janeiro em 1996, a Profit se formou como empresa incubada em 2001, ano a partir do qual se concentrou exclusivamente no desenvolvimento do E-Hunter e produtos relacionados à ferramenta. Até então, a Profit desenvolvia websites para se manter no mercado. Entre seus primeiros clientes, estavam a Warner Music e a Editora Record. As sementes do E-Hunter foram lançadas em 1997, quando a Rede Globo apresentou às empresas incubadas da PUC seu interesse em realizar parte de seu programa de estágios – o Estagiar – na internet. O objetivo era captar os currículos via rede. A Profit foi selecionada para executar o trabalho e conseguiu 5 mil inscrições em menos de um mês, numa época em que poucas pessoas tinham acesso à internet. A ferramenta desenvolvida serviu como portfólio para a Profit, que apresentou seu trabalho a outras empresas. Vários profissionais acharam a idéia interessante e começaram a sugerir aprimoramentos. Entre eles, gestores de RH da Módulo, hoje uma das maiores organizações brasileiras especializadas em segurança da informação. Na época em que conheceu Essabba e seu sócio na Profit Rodolfo de Paula, a Mó-

dulo precisava dobrar o número de seus funcionários. Com a aplicação do recém-nascido E-Hunter, a empresa conseguiu triplicar de tamanho. Em 2001, Essabba ganhou o apoio de Rudolf Höhn, então presidente da IBM do Brasil, e seu gestor em RH, Clênio Fonseca. Ambos se tornaram sócios da Profit, e, a partir daí, a empresa começou a se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento do EHunter. Hoje, a Profit desenvolve uma versão mais padronizada da ferramenta para pequenas e médias empresas. O lançamento está previsto para o fim deste ano ou começo de 2008. Agora com um escritório também em São Paulo, a Profit tem planos de entrar nos mercados europeu e asiático, bem como nos Estados Unidos. “Já estamos contratando alguém para cuidar dessa área”, diz Essabba. Para o empresário, existe muita concorrência lá fora, mas há várias formas de chegar ao exterior, como por meio de alianças. Além disso, Essabba aposta na qualidade da ferramenta para apresentar um trabalho diferenciado. “Em 2006, investimos cerca de R$ 1 milhão apenas em segurança. Temos uma infra-estrutura de primeiríssima linha. Nossos servidores são de dentro da Embratel”, argumenta.

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TI faz seu auto-agendamento. A queda nas despesas com processos de seleção em grandes corporações chega a 40%. “É uma ferramenta que se paga sozinha. A economia que gera faz o software sair de graça. O empresário gasta xis mil reais para contratar o E-Hunter, mas economiza xis mais dois”, explica Essabba, que já conquistou 50 clientes e 2 mil usuários do software, entre estes Coca-Cola, Embraer, Natura, General Eletric, Banco Santander, Rede Globo, Peugeot e Vale do Rio Doce. São mais de 3 milhões de candidatos cadastrados no sistema e sete países da América Latina usufruidores de produtos relacionados ao programa. O fator fundamental para o sucesso, de acordo com Essabba, foi a capacidade única do software de se adaptar completamente às necessidades do cliente. A idéia foi dada pelo ex-presidente da IBM do Brasil, Rudolf Höhn, empresário que contribuiu para o aprimoramento do E-Hunter e, mais tarde, se tornou sócio-patrocinador da Profit. “Rudolf sempre nos orientou a criar um sistema que servisse como uma luva para o usuário”, lembra Essabba, referindo-se à época em que prestava serviços à multinacional. O software, desenvolvido até então para a IBM, era engessado. “Ou se mudavam todos os processos da empresa para se adequar ao programa ou ele não funcionava”, explica. Assim, a Profit começou a customizar o sistema para cada cliente. O resultado foi identificação. “Quando apresento a ferramenta para o pessoal de RH, eles ficam fascinados, porque é exatamente aquilo de que precisam”, diz Essabba. Para o empresário, a capacidade de entender as necessidades dos clientes veio pela disposição de ouvi-los e aplicar suas sugestões em cada trabalho. “Compreendemos que quem entende de RH é o RH. Nós entendemos de software”, diz. Outro diferencial do software é sua comercialização como serviço. Com infra-estrutura instalada totalmente no

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Desenvolvida no modelo ASP, a ferramenta pode ser utilizada por meio de acesso remoto pelo pagamento mensal de assinatura Brasil, o E-Hunter pode ser vendido para qualquer parte do mundo. Desenvolvida no modelo Application Service Provider (ASP), a ferramenta pode ser utilizada por meio de acesso remoto pelo pagamento mensal de assinatura, cujo valor, neste caso, varia de R$ 2 mil a R$ 20 mil. O ASP parte do conceito de que o maior benefício para o cliente é a utilização do software, e não sua aquisição. A vantagem é a inexistência de gastos com licenças e atualizações do programa, além de outras despesas.

Testes on-line Um das funções no processo de seleção do E-Hunter é a aplicação de testes on-line muito usados pelas empresas como pré-filtro. Por meio das provas via rede, o candidato prova se as informações que inseriu anteriormente nos formulários realmente procedem. Caso esteja concorrendo a uma vaga no setor financeiro da empresa, o candidato fará um teste de matemática financeira, por exemplo. E assim se dá com as diversas áreas de conhecimento. Em algumas delas, são estabelecidas notas mínimas de desempenho.

Para Essabba, testes dessa natureza são confiáveis e eficientes. “O índice de fraude é por volta de 3%. E isso é fácil de descobrir”, diz. O empresário explica que o E-Hunter elabora provas de forma randômica. Para uma avaliação com dez questões, o sistema usa seu banco de dados com 200 perguntas. Assim, os testes são montados de forma diferenciada para cada candidato. “O candidato não tem como ligar para o colega da faculdade e pedir as respostas”, exemplifica Essabba. Além disso, as empresas checam a veracidade dos resultados dos testes durante suas dinâmicas de grupo. Se o candidato tirou uma nota alta em inglês, por exemplo, o avaliador vai marcar uma dinâmica com os concorrentes à vaga cuja nota teve o mesmo nível de desempenho. Durante o encontro, os candidatos são avisados de que falarão apenas no idioma em que foram testados. “Quem fraudou vai sair correndo, como acontece muitas vezes”, diz Essabba.

Linha Direta José Louis Essabba (11) 3086-2320


Próximos ao cliente A Creative, multinacional de produtos multimídia e periféricos para PC, acaba de associar-se à Superkit, distribuidora brasileira de materiais de informática. Já está disponível na Superkit a linha completa de caixas de som, MP3 players, web cam e placas de som da Creative para os canais de vendas e consumidores de todo o Brasil. “Para os parceiros locais, comprar de um distribuidor oficial significa ter todo o suporte necessário no país, além de vantagens

como garantia local, política de RMA, treinamento, entre outros”, afirma Marcelo Poltronieri, gerente de Vendas e Marketing da Superkit. “Com a chegada da Creative, pretendemos atender à demanda cada vez mais diversificada e ampliar a oferta para o grande e médio varejo, aproximando as soluções da fabricante do consumidor. Para conquistar este público, apostamos no

Controle e satisfação

Comunicação rápida O novo software da Debit, empresa pioneira de soluções para a realização de cálculos trabalhistas e de correção monetária, chegou para facilitar a comunicação da empresa com os clientes, através de mensagens instantâneas em tempo real. O Debit Call Center “foi desenvolvido com a mais nova tecnologia Web 2.0, com isso, é possível oferecer diversos recursos de maneira simples e rápida”, afirma Marcelo Rozgrin, diretor da Debit.

As vantagens oferecidas pelo programa são o controle do número de atendimentos de cada operador – mantendo a qualidade do serviço e a segurança das informações através de senhas de acesso e sistema contra vírus –, backup automático, velocidade da comunicação e tráfego de mensagens criptografadas, como opcional. No site, é possível testar e adquirir o programa, cujos preços variam até R$ 289 mensais. www.debit.com.br

Mapeamento mental Utilizado em grandes corporações para criação de material de suporte a projetos e brainstorms, o software de “mapeamento mental” MindManager chega ao mercado brasileiro na sua mais recente edição, com lançamento simultâneo à apresentação do produto no mercado norte-americano. Representado no Brasil pela Katálogo Software, o MindManager 7 passa a rodar em Windows Vista, além do XP. “É um software que permite transformar conceitos e idéias em mapas que dão um cenário claro, contextual e objetivo de situações de negócios”, explica Tatiana Camara, gerente de Marketing da Katálogo. “Isso explica o alto nível

design exclusivo e no preço acessível das soluções Creative”, explica o gerente. Visando a expandir seus negócios e facilitar a relação com compradores de outros Estados, a Superkit também atende em sua loja virtual, com estrutura operacional voltada aos revendedores, integradores, atendimento a lojas e ao usuário final. (11) 6942-4270 www.superkitb2b.com.br

de uso do MindManager em corporações, nas quais executivos precisam manipular grandes volumes de informações e incluir nelas seus insights e os de colaboradores.” (11) 3405-4500 www.katalogo.com.br

Desenvolvida a partir de ferramentas de plataforma aberta, sem custo de licença, a solução CRM da Plug In centraliza e disponibiliza aos atendentes e à equipe de suporte técnico todos os fluxos de chamadas recebidas por chat, email e telefone. Com o sistema, os atendentes podem localizar a ficha cadastral do cliente e identificar, por mecanismo de busca e classificação por palavra-chave, as possíveis causas de falhas técnicas, os imprevistos que adiaram a solução e outras informações que permitem rápida solução. “Antes, não tínhamos nenhum controle qualitativo. A nova solução já apresenta o número de casos protestados, o que ajuda a localizar clientes com alta possibilidade de cancelamento dos serviços e tomar providências para reverter essa situação”, explica Juliano Baladão, gerente de desenvolvimento da Plug In e idealizador do projeto. Adaptado às regras de negócio da empresa e às necessidades operacionais de cada departamento, o sistema aponta se o caso foi solucionado ou protestado pelo cliente, o que faz com que o processo retorne várias vezes até que seja finalizado. www.plugin.com.br

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Guia do Empreendedor Cliente-surpresa Método de avaliação sistemática aponta falhas de atendimento e relacionamento em todos os setores Independente do setor em que a empresa ou indústria esteja inserida, o cliente é a alma do negócio. Qualquer que seja o produto ou serviço, o consumidor precisa estar satisfeito para gerar retorno. Saber se ele está sendo bem atendido, se encontra o que procura quando entra no site, se consegue sanar as dúvidas ligando para o teleatendimento, enfim, para entender o seu cliente é preciso estar no lugar dele. Ou chamar alguém que saiba fazer esta avaliação de forma sistematizada, possa apontar as falhas e ainda sugerir melhorias no relacionamento com o cliente. A ferramenta de gestão de processo do Instituto Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC), chamada de Cliente-Surpresa, já foi contratada por 50 empresas, e a demanda aumentou cerca de 50% nos últimos seis meses. “Essa prática de avaliação existe desde a industrialização. Nos Estados Unidos, é utilizada por quase todas as empresas, mas no Brasil diminuiu com o tempo. A partir do Código de

Defesa do Consumidor e de institutos de avaliação como o Inmetro, ela vem sendo reativada nos últimos cinco anos”, diz Alexandre Diogo, presidente do IBRC. A avaliação do Cliente-Surpresa é feita de forma totalmente customizada, e todos os setores podem ser avaliados. “O investimento é baixo, varia de R$ 3,5 mil a R$ 35 mil por mês, dependendo do tamanho da empresa, e o retorno chega em dois ou três meses”, garante Diogo. Segundo ele, os resultados com novos negócios geram aumentos de 15% a 25% em seis meses, para o varejo e serviços, e dois anos, em média, para a indústria. Além, é claro, da satisfação do cliente, item difícil de mensurar, “mas que traz aumento nas compras por tempo indeterminado, às vezes para sempre”, afirma. O primeiro passo é entender o que a empresa precisa e determinar a amostragem desta auditoria. Para fazer a análise propriamente, os vinte funcionários do IBRC visitam pontos-

Principais falhas de relacionamento No varejo: a abordagem. O cliente é atendido de forma inadequada ou até ignorado pelo vendedor No serviço: despreparo de quem está na linha de frente. Falta treinamento para receber o cliente Na indústria: lidar com os parceiros e prestadores de serviço. Falta garantir que o produto que chega à loja também alcance o cliente final com qualidade No atendimento por telefone: a longa espera e a não resolução dos problemas. “As empresas não estão preparadas.” No atendimento via e-mail: metade das mensagens enviadas não é respondida. “Este é o pior canal de comunicação com o cliente.”

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Diogo: “Essa prática de avaliação existe desde a industrialização, e no Brasil vem sendo reativada nos últimos cinco anos”

de-venda, ligam para o serviço de teleatendimento ou navegam pelo site da empresa. “Por fim, apresentamos um relatório com todos os passos percorridos e documentados, demonstramos as falhas e apontamos sugestões para melhorar o relacionamento com o cliente.” O Cliente-Surpresa também pode ser aplicado aos concorrentes para fazer comparações e melhorar os resultados. A avaliação abrange não apenas a venda, mas também o ambiente da interação, o atendimento em si, a proatividade e conhecimento dos atendentes sobre os produtos, a higiene, e os itens de defesa do consumidor e da vigilância sanitária. A ferramenta de gestão de relacionamento pode ser feita de forma continuada ou pontual. “O Cliente-Surpresa não deve ser usado apenas em períodos de crise, pelo contrário, ele serve para evitar a crise.” (11) 3372-4080/www.ibrc.com.br atendimento@ibrc.com.br


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Guia do Empreendedor Cálculo de resultados Uma parceria recém-fechada entre a Labbo Negócios Digitais, empresa especializada em ferramentas web, e a agência de publicidade Studio de Idéias tem tornado mais inteligente o envio de material publicitário pela internet. O sistema chamado LabboMailer proporciona às empresas o controle e a mensuração de resultados alcançados com as campanhas via e-mail. “Com o LabboMailer, as empresas contratantes da solução têm maior controle quanto a envios e o impacto de campanhas via internet. Elas podem saber, por exemplo, exatamente quantas pessoas leram o material enviado e quantos acessos ao próprio site vieram como conseqüência”, explica Fernanda Luchi, gerente comercial da Labbo. O sistema permite também o cadastro de contatos separados por grupos específicos, o que facilita a abordagem e a elaboração de cada campanha. “A vantagem de aliarmos o LabboMailer a uma agência de qualidade como a Studio de Idéias é a qualidade do material enviado”, diz. www.labbo.com.br

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Quadro mágico O aplicativo brasileiro TalkAndWrite foi alçado a plug-in Premium do Skype 3.0 e está entre os cinco com o maior número de downloads. A ferramenta possibilita que duas pessoas apontem, escrevam, desenhem, grifem, apaguem e digitem sobre qualquer documento, de qualquer extensão. Desenvolvido em Santa Catarina, o TalkAndWrite é o único software nacional certificado e distribuído pelo Skype. Em abril, com a superação da marca dos 7 mil downloads semanais, o aplicativo foi promovido à posição Premium, ficando a apenas um clique de ser instalado pelo usuário. Hoje, o TalkAndWrite está na quarta posição no ranking do Skype. “O TalkAndWrite é como se fos-

se uma folha de papel mágica, sobre a qual duas pessoas podem fazer anotações simultaneamente, ainda que se encontrem em localidades geograficamente opostas no globo terrestre”, explica Marcelo Rezende, sócio da TalkAndWrite. A inovação deste plug-in em relação aos outros “whiteboard” é a visualização dos dois ponteiros de mouse, que se movem independentemente, de acordo com os movimentos realizados pelo mouse de cada usuário que compartilha o documento. Todas as informações trocadas entre os usuários são criptografadas, inviabilizando a interceptação por um terceiro e garantindo a segurança do conteúdo da interação. www.talkandwrite.com.br

INDEX OPEN

Locação de móveis Estruturação física rápida, eliminação de custos com manutenção, não-imobilização de ativos e contabilização dos valores pagos como despesas dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. Essas são apenas algumas vantagens da locação de mobiliário no mundo corporativo oferecido pela Telelok, que desenvolve soluções para suprir as necessidades de mobiliário de maneira prática e ágil, acompanhando a expansão das empresas em períodos pré-definidos. Fatores como a necessidade de reestruturação logística (expansão ou redução de escritórios); início de operações de novos departamentos ou desativação de seções; empregados temporários e salas de treinamentos; ou urgência de estabelecer novos espaços após aciden-

tes foram algumas das situações em que a locação de móveis se apresentou como a opção mais adequada e econômica para estabelecer, num curto prazo de tempo e com economia, um ambiente de trabalho otimizado. 0800 014 2357


Fomento mercantil INDEX OPEN

Produtos e Serviços

Controle de frotas Facilitar o controle sobre a frota de uma empresa é o objetivo da ferramenta Datacar, lançada pela Autocorp. O buscador de veículos do país reúne informações de revendas e concessionárias, localiza automóveis em diferentes portais, anuncia carros gratuitamente e ainda avisa com antecedência sobre a ocorrência de multas. O Datacar foi concebido com o objetivo de se tornar um “Google” de carros. A empresa aposta na facilidade do serviço, concentrando informações de vários sites em um único portal. O buscador ainda oferece outras facilidades, como o Data Multa. O aplicativo informa, via e-mail, quando uma multa é lançada no sistema do Detran para o veículo do cliente cadastrado, podendo acionar um

especialista para a defesa prévia. “Desenvolvemos esse serviço pensando, também, em empresas que possuem grandes frotas e em pessoas que trafegam com carros que não estão registrados no próprio nome, como carros de empresas, por exemplo”, diz Felipe Zurita, diretor comercial da Autocorp. Outro diferencial do buscador refere-se aos sistemas de financiamento e consórcio. O cliente cadastrado pode financiar a compra do automóvel de uma pessoa física sem recorrer à negociação via loja de automóveis. A vantagem está no pagamento à vista ao vendedor, no ato da assinatura do contrato, enquanto o comprador paga financiado. www.datacar.com.br

Gestão de documentos Com a necessidade cada vez maior de otimizar a gestão de documentos por via eletrônica, a Selbetti passa a oferecer três soluções. A ferramenta GED/ECM armazena os documentos eletrônicos com sistema de segurança e acesso remoto, workflow e digitação de acervo. O software de bilhetagem contabiliza as impressões realizadas por todos os

equipamentos da organização, e o sistema NF-Laser de emissão de notas fiscais ajuda na redução de custos e personaliza layout com segurança contra falsificações. Especializada em serviços de outsourcing de impressão, a catarinense Selbetti Gestão de Documentos já tem na carteira de clientes a Univille, Tupy, Tigre, Embraco e Marisol. (47) 3455-1395

A nova Lei de Recuperação e Falências, que acaba de completar dois anos de vigência, cria mecanismos para auxiliar empresas economicamente viáveis que passem por dificuldades momentâneas. Neste processo de recuperação, o fomento mercantil pode ser uma alternativa para o empresário, seja na prestação de serviços, seja na compra dos direitos creditórios da empresa, que, por estar justamente em fase de reestruturação, sofre algumas restrições de acesso ao crédito bancário. Entre os serviços oferecidos, estão análise da carteira de clientes, busca de melhores condições com seus fornecedores, orientação quanto a contas a pagar e receber, e viabilização do processo produtivo. “O fomento mercantil assessora o empresário para a melhoria da gestão de seus negócios, tanto no aspecto administrativo quanto financeiro”, avalia José Luis Dias da Silva, assessor da Presidência da Anfac (Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring). (11) 3549-4855/www.anfac.com.br

Nota eletrônica A Alliance Consultoria, provedora de soluções e serviços para a área fiscal, preparou um pacote específico para as empresas do mercado de combustíveis líquidos, que terão de aderir à nota fiscal eletrônica (NF-e) até janeiro de 2008. “O segmento de combustíveis líquidos se caracteriza por um alto volume de transações, e a adaptação às exigências da nota fiscal eletrônica torna-se crucial para o dia-a-dia dos negócios”, explica Wilton Boldrini, sócio e diretor comercial da Alliance Consultoria. A oferta da Alliance Consultoria consta do software NF-e Alliance e de um aplicativo para SPED Fiscal e Contábil integrado no Gerenciador Fiscal Alliance. Os sistemas são complementados por serviços de consultoria para revisão de processos fiscais. “É essencial mapear e entender os procedimentos da empresa, ver quais informações estão disponíveis e, caso não estejam, definir projetos para obtê-las”, conclui Boldrini. www.allianceconsultoria.com.br Agosto 2007 – Empreendedor – 73


Guia do Empreendedor A renovada arte de vender Publicação traz 21 estratégias de marketing aplicadas à gestão de vendas Toda empresa precisa vender – bem – para sobreviver no mercado. Para José Luiz Tejon e Marcos Cobra, autores de Gestão de vendas: os 21 segredos do sucesso, boas vendas são orientadas não apenas para o mercado, mas pelo mercado. A prática da venda pessoal e a administração de vendas têm mudado como resultado da crescente atenção para as relações entre compradores e vendedores. A ênfase é a construção de relacionamentos sustentáveis. Não existe marketing sem venda nem venda sem marketing, dizem os autores. As estratégias de marketing, direcionadas por meio da segmentação do mercado, do posicionamento do produto e da comunicação adequada com o mercado, dependem de saber “o que vender, para quem, como, quando e onde”. Uma empresa, para ter sucesso em seu negócio, precisa ter bons produtos ou serviços, saber a que clientes vender, e ter bons e competentes vendedores. O vendedor deve ser um gestor de clientes, uma vez que as vendas estão deixando de ser ações estáticas para se tornar ações estratégicas. O amadorismo está cedendo lugar a novas tecnologias do marketing virtual (vendas na internet) e do marketing viral (ações de 360 graus que incluem promoção, propaganda e vendas). Hoje, o lucro das vendas, mais do que estar relacionado ao desempenho financeiro, está relacionado à satisfação do cliente.

74 – Empreendedor – Agosto 2007

Gestão de vendas: os 21 segredos do sucesso Autores: José Luiz Tejon e Marcos Cobra Editora: Saraiva Preço: Não informado

OS 21 SEGREDOS DO SUCESSO A gestão de canais de marketing... 1. É a construção uma rede de relacionamento com os canais de marketing (distribuição) 2. É a integração de ações de marketing com as atividades de vendas, com vitalidade, velocidade, visão e vivência A gestão da inteligência em vendas... 3. É a inteligência em vendas como base do trabalho do vendedor moderno 4. É preciso utilizar a geografia de mercado para estabelecer territórios de vendas rentáveis A gestão de produtos... 5. É básico que o vendedor deva ser um gestor de produtos 6. É o vendedor saber agregar valor às suas marcas A gestão de clientes... 7. É o vendedor vender benefícios 8. É o vendedor conhecer o estilo e a personalidade do cliente 9. É saber identificar as necessidades de cada cliente 10. É uma percepção acurada dos negócios com base no uso da inteligência emocional 11. É o vendedor fazer marketing de relacionamento A gestão do próprio desempenho... 12. É o vendedor ser um bom ator 13. É o vendedor criar o seu verdadeiro papel 14. É o vendedor não ter medo de vender 15. É o vendedor agregar valor à sua venda 16. É o vendedor ter uma competência diferenciada 17. É o vendedor agir como um líder e empreendedor 18. É o vendedor conseguir superar seus mitos de vendas 19. É o vendedor saber negociar com bom senso A gestão de desempenho financeiro de vendedores... 20. É o vendedor ter automotivação para vendas 21. É o vendedor ter sempre um desempenho lucrativo Fonte: Os autores

FRASES “O vendedor deve entender cada venda não como um desafio momentâneo, mas como um desafio de vida.”

“A venda é a arte da comunicação e do relacionamento que objetiva conquistar compradores, transformando-os em clientes por muito tempo.”

“Este é o novo papel do vendedor: ser um líder e um empreendedor.”


Leitura O grande livro do marketing Autor: Francisco Alberto Madia de Souza Editora: M. Books Preço: R$ 95,00 A criação, aplicação, utilização e evolução do marketing são os temas do livro, que se propõe a descrever com detalhes o setor. O autor apresenta as informações mais importantes e atuais sobre as melhores práticas do marketing, enriquecido com cases. Destinado a profissionais, executivos e estudantes, O grande livro do marketing esclarece conceitos e ferramentas práticas para utilização acadêmica e profissional.

Gestão estratégica da armazenagem Autor: Paulo Roberto Ambrosio Rodrigues Editora: Aduaneiras – Informações Sem Fronteiras Preço: R$ 41,00 Para compras: (11) 3120-3030 ou www.aduaneiras.com.br A obra conceitua características e riscos das mercadorias, trata de embalagem, utilização de cargas e debate os princípios e funções da armazenagem, retratando diferentes instalações, suas dimensões, layouts e fluxos. Pós-graduado em Administração de Materiais, Rodrigues analisa ainda as interfaces da armazenagem com o comércio exterior, opinando sobre os principais portos brasileiros e a armazenagem alfandegada.

Empreendedorismo criativo: a nova dimensão da empregabilidade Autor: Geraldo Ferreira de Araújo Filho Editora: Ciência Moderna Preço: 95,00 Escrito em estilo limpo e instigante, o livro resgata a história do mercado de trabalho desde o tempo dos sumérios e chega aos dias atuais, na onda pós-tecnológica, como define o autor, que ainda faz algumas projeções para o futuro cenário planetário. Ferreira também estuda casos de sucesso através de seis relatos de empresas brasileiras.

Os 4 Es de marketing e branding Autores: Robert Lauterborn e Augusto Nascimento Editora: Campus Preço: R$ 45,00 Com abordagens que certamente vão aguçar o interesse de todos aqueles que trabalham direta ou indiretamente com marketing e vendas, Os 4 Es de marketing e branding mostra a evolução das diferentes correntes de pensamento já propostas para esses temas e propõe algo novo, unificando o que passou. Como conclusão, um novo olhar para a matéria.

Project Finance: financiamento com foco em empreendimentos Autor: José Virgílio Lopes Enei Editora: Saraiva Preço: R$ 88,00 O advogado estuda os mecanismos mais modernos de financiamento de projetos e analisa seus aspectos jurídicos, sem perder de vista as questões econômicas e empresariais. Entre os pontos abordados, estão a alocação de riscos, o poder de controle externo exercido pelo financiador, a responsabilidade ambiental, a rede de contratos coligados, seus contratos principais e garantias, além de um exame das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e a aplicação de técnicas do financiamento de projetos à nova Lei de Falências.

A quinta onda dos serviços no varejo Autor: Marcos Gouvêa de Souza Editora: Gouvêa de Souza & MD Preço: R$ 38,00 A incorporação de serviços ao sortimento de produtos vendidos é a nova revolução estratégica do segmento de varejo na opinião de Marcos Gouvêa de Souza. O autor discute os fatores e aspectos deste movimento e a agregação dos serviços como processo irreversível para a sobrevivência das empresas. A quinta onda dos serviços no varejo ainda apresenta uma pesquisa inédita sobre a visão do consumidor a respeito do tema. Agosto 2007 – Empreendedor – 75


Guia do Empreendedor Possibilidades para a política monetária A inflação é preocupação básica do Bacen, mas as taxas de câmbio e de crescimento da economia também influenciam a Selic Após a segunda redução seguida de 0,5 ponto percentual na meta para a taxa Selic, aumentam os questionamentos sobre as próximas decisões do Banco Central. Motivos para isso não faltam: as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) não estão sendo unânimes, e as atas das reuniões continuam misteriosas como sempre. A preocupação básica do Banco Central para a sua tomada de decisão é a inflação, o que acontece por definição em um regime de metas de inflação. Mas, por outro lado, o Banco Central não pode deixar de olhar, e é pressionado constantemente para isso, o que acontece com outras variáveis como a taxa de crescimento da economia e a taxa de câmbio, que também influenciam a inflação. Os dados sobre inflação são animadores, porque não se percebe foco de aumentos estruturais de preços. Há alguma pressão pontual, como aconteceu com os preços dos alimentos nos últimos meses, mas que não são permanentes. Colabora para isso a maturação de investimentos efetuados em períodos anteriores, que permitiram a expansão da capacidade produtiva e, por conseqüência, o aumento da produção em caso de ocorrer aumento da demanda. A taxa de câmbio, que tanta reclamação tem gerado por parte dos setores exportadores, também colabora para

76 – Empreendedor – Agosto 2007

a contenção da inflação. Como o dólar está barato, os produtos que podem ser negociados no mercado externo não têm como aumentar de preço internamente, porque a elevação do preço viabilizaria a importação de produtos concorrentes. O mesmo acontece para os produtos exportáveis. A apreciação da moeda brasileira nos últimos anos, que faz com que a mesma quantidade de moeda brasileira compre mais no exterior, está auxiliando diretamente no controle da inflação. A depreciação do dólar está sendo causada pelo bom desempenho das exportações, especialmente de produtos primários, e pela entrada de capitais, tanto para investimento direto quanto para o mercado financeiro. O bom desempenho da balança comercial decorre do rápido crescimento da economia mundial, que aumenta a demanda por esses produtos. Com isso, a perda de valor das exportações pela queda de preço do dólar em relação ao real é, de certa forma, compensada pelo aumento de preços em dólar dos produtos exportados. A entrada de dólares para investimento direto e para bolsa de valores é influenciada pelas boas perspectivas para a economia brasileira, enquanto a ainda elevada taxa de juros atrai recursos para o restante do mercado financeiro. A redução da taxa de juros influenciará o fluxo dos recursos para as operações de renda fixa.

Sob este aspecto, mesmo que a redução dos juros torne menos atrativo o mercado brasileiro de renda fixa, não deverá inviabilizar que sejam atingidas as metas de inflação, mesmo que a moeda brasileira perca valor. As atas do Copom desde o início do ano estão mostrando preocupação do Banco Central com a ocorrência de inflação de demanda, o que significa que não haveria capacidade produtiva da economia para atender à eventual maior procura. Caso não exista esta capacidade, é claro que não pode haver crescimento da economia. Quando se analisam os dados de utilização da capacidade produtiva, não parece haver gargalos que estejam próximos a travar o crescimento, o que decorre da elevação do investimento na economia. Por este aspecto, não há problema na continuidade da redução da taxa de juros por parte do Banco Central. As preocupações com capacidade produtiva, entretanto, são justificadas quanto à infra-estrutura e energia, o que não é responsabilidade do Banco Central, mas onde a gestão estatal pode, novamente, parar o ciclo de expansão da economia.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor do Departamento de Economia da UFSC


Análise Econômica

Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

TIPO AÇÃO

Acesita PN ALL América Latina UNT N2 Ambev PN Aracruz PNB Bco Itaú Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Brasil ON Braskem PNA CCR Rodovias ON Celesc PNB Cemig PN Cesp PNB Comgás PNA Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Eletrobrás ON Eletrobrás PNB Eletropaulo Metropo PNB Embraer ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Lojas Renner ON Natura ON Net PN Pão de Açúcar PN Perdigão ON Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Submarino ON TAM PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp PN Tim Participações ON Tim Participações PN Transmissão Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Vivo Part PN Votorantim C P PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,19 1,68 1,29 0,97 3,23 4,27 1,58 0,44 0,72 1,09 1,96 1,36 1,13 0,38 1,86 0,79 0,24 1,30 1,36 0,86 1,03 1,45 1,75 0,63 0,84 1,08 2,83 1,19 100,00 0,32 1,95 0,56 0,45 0,82 1,17 1,70 0,89 1,15 2,64 14,84 0,84 0,91 2,44 0,51 1,21 1,74 0,57 1,51 3,03 0,38 0,37 0,51 0,97 0,46 2,04 4,01 2,58 9,71 1,33 0,92

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 19/7/2007)

8,9039,10 6,1027,10 1,7032,40 0,90 1,70 8,3022,70 11,0020,80 15,5069,80 -3,5051,20 15,4054,00 18,5060,70 11,8048,80 4,8021,80 3,4029,60 -1,2017,00 -0,9024,40 1,7043,40 -1,1032,30 4,3044,90 7,50-24,20 2,9039,70 6,2025,00 -2,6011,30 -2,3024,30 -0,7019,20 -5,20 1,30 -1,0053,60 3,7049,60 -14,00-12,40 5,8029,40 -0,6035,00 8,1034,50 2,8033,50 -0,1033,70 7,5028,40 -5,00 -9,80 5,9039,80 7,30 7,70 -0,8022,30 9,9020,40 8,8014,70 8,5024,50 7,5037,40 4,2066,30 5,3034,20 7,7039,50 -6,10 -7,90 6,8018,30 -2,3036,70 5,5025,20 7,6032,40 6,7026,90 0,40-12,70 0,10 -7,90 11,5039,80 8,9018,80 2,5043,90 10,2050,30 12,3051,90 -1,30 9,00 16,0022,00

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Junho 0,26 0,26 0,28 0,55

Juros/Aplicação

(%)

Junho 0,90 0,91 0,60 -3,41

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Ano 1,46 1,44 2,08 2,37

Ano 6,01 6,03 4,01 -2,30

Indicadores imobiliários Junho 1,43 0,10

CUB SP TR

(%)

Ano 3,93 0,87

Juros/Crédito

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *

Julho 18/Julho

(em % mês) Julho 17/Julho

1,92 3,95 3,42 2,12

1,92 3,96 3,42 2,12

* taxa mês

Câmbio (em 19/7/2007)

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Cotação R$ 1,8609 US$ 1,3795 US$ 0,0082

Mercados futuros (em 19/7/2007)

Agosto

Setembro

Outubro

Dólar R$ 1,918 R$ 1,926 R$ 1,935 Juros DI 11,45% 11,41% 11,30% (em 19/7/2007)

Agosto

Ibovespa Futuro

57.830 Agosto 2007 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor 13/8 a 15/8/2007

Agenda

Em destaque

EXPO LOGÍSTICA 2007 Hotel InterContinental Rio de Janeiro/RJ (21) 3323-2200 www.expologistica.com.br As novidades e tendências do setor de logística serão apresentadas na 8ª Feira de Produtos, Serviços e Soluções para Logística. Os 40 expositores trazem produtos e serviços para consultoria, suprimento, distribuição, armazenamento, software e transporte. O ambiente de relacionamento entre empresários e executivos possibilita atualização profissional e realização de negócios. No ano passado, a feira recebeu 1,8 mil visitantes nos três dias de evento. 15/8 a 17/8/2007

FEIRA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA Centro de Convenções do Ceará Fortaleza/CE www.dinamicaeventos.com.br Em sua terceira edição, o evento procura fortalecer a cultura da inovação tecnológica e a divulgação de tecnologias. Com destaque para logística em busca da competitividade, a feira vai contar este ano com 40 expositores de produtos e serviços na área de telecomunicação, tecnologia da informação, automação, energia, máquinas e equipamentos, gestão de processos, instalações e componentes eletro-eletrônicos e biotecnologia. 25/8 a 2/9/2007

EXPOINTER 2007 Parque de Exposições Assis Brasil Esteio/RS (51) 2123-6500 www.expointer.rs.gov.br A tecnologia agropecuária e agroindustrial estará em destaque na 30ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer). Nos nove dias de evento, cerca de 2,4 mil expositores de animais, máquinas, implementos, insumos e produtos veterinários, veículos, equipamentos, serviços e artesanato mostram a qualidade de sua produção em cada segmento.

78 – Empreendedor – Agosto 2007

20/8/2007

2º DESAFIO GV-INTEL VENTURE CAPITAL E EMPREENDEDORISMO www.cepe.fgvsp.br/desafio desafio@fgv.br Alunos de graduação e pós-graduação podem tirar os projetos de tecnologia da gaveta e concorrer ao “Desafio GV-Intel – Venture Capital e Empreendedorismo”. Com o objetivo de estimular o empreendedorismo, a Intel e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGVEaesp) promovem a segunda edição da competição de planos de negócios na busca de idéias promissoras. Para participar da etapa brasileira, é preciso inscrever-se até 13 de agosto e enviar o plano de negócios até o dia 20 de agosto para o Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da FGV (Gvcepe). Os critérios são a viabilidade da criação do negócio, o grau de inovação e o potencial de globalização. “Esperamos receber mais de 100 planos de negócios este ano”, diz Tiago Cruz, coordenador executivo do Desafio na FGV. Os 20 melhores projetos serão selecionados e os autores receberão treinamento especializado com profissionais de empresas líderes em Venture Capital e Private Equity para colaborar com a elaboração dos planos. Mais uma peneira, e os dez melhores planos decidem a final da competição em outubro. O primeiro e segundo colocados recebem prêmios de R$ 40 mil e R$ 20 mil, respectivamente, e dois integrantes de cada projeto podem representar o Brasil na disputa internacional, em novembro, nos EUA.

28/8 a 31/8/2007

28 e 29/8/2007

STONE FAIR

CURSO DE LIDERANÇA E TRABALHO EM EQUIPE

Parque de Exposição Carlos Caiado Barbosa Cachoeira de Itapemirim/ES www.feiradomarmore.com.br A 24ª Feira Internacional do Mármore e Granito (Stone Fair) mostra a diversidade e incentiva o uso de rochas ornamentais brasileiras. Os cerca de 350 expositores apresentam lançamentos de máquinas, equipamentos, ferramentas e outros insumos utilizados pela indústria do mármore e granito.

Hotel Mercure – São Paulo/SP (11) 3338-0460 ou 0800 7707475 www.milioni.com.br Custo: R$ 600 O curso de 15 horas é destinado a gerentes, chefes e supervisores. Promovido pela Assert RH e ministrado pela professora Carla Baddini, o evento trata sobre o conceito de líder, as competências interpessoais e motivação, as funções do gerenciamento e os métodos para tomada de decisão.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)


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80 – Empreendedor – Agosto 2007


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www.empreendedor.com.br

O conteúdo que faz toda a diferença

Supersimples

Página inicial

Referência há 11 anos Prestes a completar onze anos, o site Empreendedor é hoje um dos principais pontos de referência dos empreendedores brasileiros na internet. Mantido pela Editora Empreendedor, que publica a Revista Empreendedor, a Revista do Varejo, o Guia Completo de Franquias e a Empreendedor Rural, vem obtendo índices recordes de audiência. No início de julho, atingiu a média mensal de um milhão de acessos. Os resultados são fruto do interesse despertado pelos temas ligados ao empreendedorismo e da utilização de ferramentas como a newsletter e-Empreendedor, distribuída duas vezes na semana com os

principais destaques do site. Além do conteúdo das publicações da Editora Empreendedor, o internauta que navega pelo site tem acesso a notícias especialmente produzidas ou editadas para o portal, além de artigos, entrevistas, agenda de feiras e eventos do setor. O site traz também, em parceria com a CMA e a PR Newswire, as principais notícias do mundo dos negócios e economia. O objetivo é buscar cada vez mais informação de qualidade e tornar o portal Empreendedor não apenas o ponto de referência, mas também o ponto de encontro dos empreendedores brasileiros.

Inovações à vista O portal está no ar desde 1996. Em 2004, passou a apresentar um novo design e também um novo conceito editorial. Em janeiro de 2006, teve mudanças no layout e conteúdo, oferecendo ainda mais serviços aos internautas. Agora, o site está entrando em uma nova etapa. Seguindo as tendências mundiais da web, a intenção é torná-lo, nos próximos meses, mais interativo, dinâmico e objetivo. Neste mês, já foram incluídas ferramentas multimídias, como áudio, imagem e vídeo em matérias de destaque do site. A meta, para os próximos meses, é oferecer mais interatividade e opção de conteúdo de maneira rápida e prazerosa para o internauta. Acesse o endereço: www.empreendedor.com.br/multimidia/trem/ trem.swf e www.empreendedor.com.br/multimidia/moda/ moda.swf e confira as primeiras novidades da implantação da web 2.0 no site Empreendedor.

82 – Empreendedor – Agosto 2007

Para oferecer mais informações sobre o Simples Nacional, um dos assuntos mais procurados pelos internautas do site Empreendedor, estão sendo divulgados artigos de consultores e especialistas no assunto, notícias diárias relacionadas ao tema, matérias da Revista Empreendedor e Revista do Varejo sobre o assunto, e divulgados cursos e palestras que têm por objetivo dar mais informações sobre o Supersimples. Para ter acesso a estas informações, basta acessar o site e, na área de busca (na coluna à esquerda), digitar palavras-chave, como “Simples Nacional”, “Supersimples” e “Lei Geral”, (assim mesmo, entre aspas). Desta maneira, aparecerá uma lista com opções de conteúdo e os respectivos links dos assuntos já publicados sobre o tema.

Dê sua opinião Aproveitando a ampliação do prazo para adesão ao Supersimples (de 31 de julho para 15 de agosto), o site Empreendedor prorrogou a enquete, que também trata sobre o novo sistema da Lei Geral. Para participar, acesse www.empreendedor.com.br e, na página inicial, vá até a área “Enquete”, no canto esquerdo. Responda qual é, na sua opinião, a principal vantagem de aderir ao Supersimples: menos burocracia, mais oportunidade de negócio, acesso ao crédito ou, para você, não há vantagens.

Assine a newsletter Acesse o site Empreendedor e, na página inicial, clique em “Cadastre-se”, na área “Login”, no canto superior direito, ao lado do cabeçalho do site. Em seguida, preencha o cadastro e assinale a opção: “Quero receber a newsletter e_Empreendedor”. FORMATO RSS – Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.


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