Empreendedor 156

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PRÊMIO ETHOS DE JORNALISMO 2007

ARTESANATO: MULHERES DOMINAM SETOR DE R$ 28 BI

OPORTUNIDADE: COMO MONTAR UMA PADARIA E DESTACÁ-LA NO MERCADO

Ano 13 Nº 156 Outubro 2007 – R$ 9,90

Empreendedor

ISSN 1414-0152

www.empreendedor.com.br

O CLIQUE DE MIDAS

Ano 13 • Nº 156 • outubro 2007

GESTÃO: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO TRAZ MAIOR PRODUTIVIDADE


2 – Empreendedor – Outubro 2007


Outubro 2007 – Empreendedor – 3


A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Nesta Edição

Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] Repórteres: Ana Carolina Dionísio, Débora Remor, Francis França e Natacha Amaral Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Eliana Vieira, Index Open, Lio Simas e Rodrigo Dias Foto da capa: Index Open Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Érika Kaiser, Gesner C. Vieira e Nassara Kedman Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666

Acelerador de produtividade

PG. 20

As tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais avançadas e ao alcance de empresas de todos os tamanhos. É possível fazer todo o controle financeiro de seu negócio, com agilidade e segurança, por apenas R$ 45, no caso de microempresas. Com a convergência digital, é possível fazer interurbanos como se fosse um simples ramal, e reunir-se com pessoas de todo o mundo, via videoconferência, sem que ninguém tenha que sair do escritório. Conecte-se a esta nova era de produtividade.

Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jczcomunicacoes@gmail.com] FCF - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar 70305-900 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-2034 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

Capa

INDEX OPEN SAF/MDA

Mercado Mulher rendeira PG. 28

As artesãs dominam um mercado que envolve 8,5 milhões de pessoas e movimenta R$ 28 bilhões por ano. Cada vez mais profissionalizado, esse ramo vê suas exportações subirem ano a ano: de US$ 10 mil, em 2002, para US$ 2,1 milhões, em 2006. INDEX OPEN

Gestão A imagem e o tempo PG. 32

Qualquer reclamação de cliente representa um problema. Confira como evitar isso e que providências tomar para corrigir as falhas e contornar a situação. A saída para não estar sempre correndo atrás do prejuízo está na organização pessoal e na gestão do tempo disponível para a realização de tarefas conforme grau de relevância: importante, urgente e circunstancial. Melhore sua produtividade e, de quebra, sua saúde.

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

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INDEX OPEN

Meio Ambiente O mercado do carbono PG. 38

Preservar, agora, ganha mais um significado: lucrar. Cada tonelada de gás carbônico e de outros gases do efeito estufa pode ser comercializada no mercado mundial de créditos de carbono, mecanismo instituído pelo Protocolo de Kyoto.


Outubro/2007

Memória Mão na massa

RODRIGO DIAS

PG. 42

PG. 12

Entrevista

Alaor Silvério Chaves

O consumo de pães aumenta continuamente no Brasil, e mesmo assim ainda os brasileiros consomem metade da quantidade recomendada pela OMS. Na releitura de uma matéria publicada na primeira edição, saiba como abrir uma padaria e se destacar.

O presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) alerta para a falta de pesquisadores nas empresas – 90% estão em universidades e institutos públicos – e aponta soluções para reverter esse quadro.

Crédito Fomento à inovação PG. 46

Empresas de qualquer tamanho podem solicitar recursos à Finep e instituições estaduais de apoio à pesquisa para o desenvolvimento e implantação de projetos de inovação de produtos e processos. Veja como proceder para solicitar essas verbas.

LIO SIMAS

PG. 48

Gerhard Dannapel O alemão que, com um sócio irlandês, lançou no mercado brasileiro um alimento de origem chinesa, mas difundido pela culinária japonesa: o tofu. O segredo do sucesso deste empreendedor está na tropicalização do produto, mais consistente e durável.

Franquia Sem pressa PG. 58

Antes de abrir uma franquia, é preciso conhecer o negócio tanto como consumidor quanto como franqueado. O processo de degustação é importante para desfazer possíveis ilusões que o empreendedor tenha a respeito do negócio.

Perfil

CASA DA PHOTO

PG. 54

A voz da experiência

Benedita Ricardo de Oliveira

TI Segurança na rede PG. 66

Entre para a era digital com segurança máxima. A assinatura digital substitui a manuscrita convencional e permite a execução de várias atividades burocráticas, antes realizadas apenas presencialmente, agora de maneira remota.

A chef Benê Ricardo, de 68 anos de idade e 45 de carreira, nem parece uma mulher só. Ela prepara receitas em eventos, dá aulas e palestras, presta consultoria, cuida de uma linha de congelados e participa de programas de TV – além de escrever um livro.

LEIA TAMBÉM

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 7 0

Cartas ................................................................. 7

Produtos e Serviços .......................................... 72

Empreendedores .................................................. 8

Leitura ............................................................... 74

Não Durma no Ponto ......................................... 16

Análise Econômica ............................................ 76

Pequenas Notáveis ............................................ 52

Indicadores ....................................................... 77

Empreendedor na Internet ................................ 82

Agenda .............................................................. 78

Outubro 2007 – Empreendedor – 5


de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-9797979. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8 h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação de assinatura pela internet (www.empreendedor.com.br) ou pelo e-mail assine@empreendedor.com.br.

Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-1020 Rio de Janeiro: (21) 3231-9017 Brasília: (61) 3322-2034 Curitiba: (41) 3079-4666 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 2106-8666 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

Internet Anote nossos endereços na grande rede: http://www.empreendedor.com.br redacao@empreendedor.com.br

Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ

Editorial P

rodutividade. Só pelo aumento deste fator, o uso das tecnologias de informação e comunicação já se justificaria. Some à melhora da produtividade a economia de tempo e dinheiro, a simplificação de processos e o ganho de mobilidade, tudo com segurança e agilidade. Por que, então, não adotar essas novas ferramentas? Existem soluções para empresas de todos os tamanhos. Nesta edição, a repórter Francis França apresenta algumas tecnologias desse novo ambiente corporativo. Uma delas automatiza a administração financeira (controle de contas bancárias, cobrança de clientes, pagamento de fornecedores e emissão de notas fiscais), gerando uma economia de até 90% em relação aos métodos tradicionais. Há ainda a possibilidade de utilizar a internet para conversas telefônicas (a um custo até 70% menor do que a telefonia comum) e para a realização de videoconferências – o que evita deslocamento de profissionais. É a era da convergência digital. Mas nem só com tecnologia se melhora a produtividade – em alguns casos, se mal usada, ela pode ter até efei-

to contrário. A repórter Natacha Amaral apresenta outro caminho: o gerenciamento do tempo e a organização pessoal, acompanhados de um ambiente de trabalho que desfavoreça distrações e bom senso na realização de reuniões. Bem, mesmo nesse caso, a tecnologia dá uma mão: softwares de organização pessoal podem centralizar todos os dados, informações e compromissos do usuário, disponibilizando-os na rede para permitir acesso em outros lugares. Enfim, não há como negar: todos os empreendedores podem se beneficiar com as novas tecnologias de informação e comunicação. Até mesmo os artesãos, como pôde verificar a repórter Ana Carolina Dionísio. Aliás, eles em quase nada diferem de outros empresários: o artesão está inserido em um mercado e precisa de estratégias. Ainda nesta edição, inauguramos uma seção: Memória. Cada mês, será feita a releitura de uma reportagem publicada em números anteriores da Revista Empreendedor, que em novembro entra em seu 14º ano de circulação. Alexsandro Vanin

Brasília: FCF - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar - 70305-900 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.


Cartas

Crianças empreendedoras

Investidor estrangeiro Li a matéria “Sotaque nos trópicos” (Empreendedor 152, de Francis França) e preciso de algumas informações, se possível. Por exemplo, se algum estrangeiro quiser abrir um empreendimento no Brasil, ele precisaria investir antes no país ou pode tentar primeiro o visto de permanência?

Sou professora municipal e faço parte de um grupo que trabalha com crianças empreendedoras. É um projeto que visa a criar desde cedo na criança o espírito empreendedor. Gostaria que vocês pudessem nos auxiliar com atividades, pois já trabalhamos a primeira etapa, na qual elas criaram o negócio delas, fizeram maquetes e colocaram em prática, e encerramos com uma feira onde elas próprias venderam seus produtos numa simulação. Agora, estamos com dificuldade de buscar novas idéias envolvendo todas as disciplinas. Será que vocês podem me ajudar? Roselia Lopes

Taciana Hania

A repórter: Pelas informações apuradas, para abrir um empreendimento no Brasil, o estrangeiro precisa primeiro realizar o investimento e só então solicitar o visto. Ele também precisa comprovar o investimento do capital externo, com um documento que é fornecido pelo banco no momento em que ele faz o câmbio. Para mais informações, você pode entrar em contato com a dra. Ziara Abud pelo telefone (11) 3286-0655. Recomendo também o site www.vistobrasil.com.br para mais esclarecimentos.

Nota da Redação: Um bom ponto de partida é você ler a entrevista com Luiz Fernando Garcia, consultor e especialista em manejo comportamental, publicada na edição 152 (maio/2007) sob o título “Empreendedores desde criancinha”. Para mais informações, você pode entrar diretamente em contato com o Luiz Fernando pelo telefone (48) 3334-5585.

Exemplo empreendedor

Inovação no espaço

Gostei muito da matéria “Criador incansável” (Empreendedor 154, de Natacha Amaral). Parabéns pelo excelente trabalho.

Ficou ótima a matéria “O olho que tudo vê” (Empreendedor 153). A Orbisat pediu para agradecer, todos adoraram.

Severino Felix da Silva, diretorpresidente da Escol@ 24 Horas

Carla Dias, da Rossi Comunicação

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Empreendedores Sidney Mônaco e Uirá Peixeiro

Camiseta on-line Oferecer uma camiseta completamente única e com a cara do cliente sem precisar fazê-lo sair de casa para escolher ou pagar pelo produto. Essa é a proposta da nova loja virtual Camisettas, que acaba de chegar ao mercado on-line. Na página www.camisettas.com.br, o usuário pode montar sua própria peça, escolhendo modelagem, cores e estampas, além de explorar cada opção de visual disponível antes de concluir seu pedido. Também é possível enviar um desenho, imagem ou foto para a loja caso haja interesse em um trabalho ainda mais customizado. O publicitário e idealizador do sistema, Sidney Mônaco, explica que sempre quis oferecer produtos inovadores

ao mercado. Assim, fez parceria com seu colega de profissão Uirá Peixeiro e apostou no desenvolvimento do projeto. “Trabalhamos seis meses somente na programação do site, que foi muito complexa”, explica Mônaco. Mas a dedicação valeu a pena. “A ferramenta permite o cruzamento de centenas de opções”, diz Peixeiro, atual diretor de marca da empresa. A loja disponibiliza quatro modelos masculinos e dois femininos de camiseta, oito cores e oito temas de estampa gravados com a técnica silk-screen para dar maior longevidade às figuras. As peças são 100% de algodão e padrão fio 30.1 penteado para oferecer maior conforto ao cliente. (11) 3254-7627

Carise Pedralli

Paixão pernambucana A grife pernambucana Gatos de Rua abriu em setembro sua primeira franquia no Sul do país. A nova loja, localizada no Shopping Iguatemi de Florianópolis, está sob o comando de Carise Pedralli. Farmacêutica por formação, Carise decidiu trocar a vida nos laboratórios pela profissão de empresária depois de uma viagem de férias para Recife. Lá se apaixonou pelas peças do artista plástico, designer e criador da marca, Beto Kelner, e decidiu largar seu antigo emprego de oito anos. No Nordeste mesmo, Carise começou a fazer contatos com a Gatos de Rua para uma futura parceria. “O trabalho do Beto, além de ter um componente social muito forte, é a cara da mulher brasileira”, explica sua escolha. A grife chama a atenção pelas formas inusitadas e temática criativa dos acessórios, utilitários e objetos de decoração inspirados na cultura pernambucana. Criada em 2000 por Kelner, a Gatos de Rua começou como um projeto social para adolescentes pobres. Hoje, é uma rede com nove lojas no Brasil, uma em Portugal e 150 colaboradores – todos vindos de famílias de baixa renda. www.gatosderua.com.br

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João Ferreira Dias Filho

Da árvore ao papel O médico-cirurgião paranaense João Ferreira Dias Filho, de 67 anos, está hoje entre os cinco maiores produtores de papel sanitário do país, tendo como carro-chefe o papel higiênico Paloma. A história da empresa Sepac começou na década de 1970, quando ele e o irmão também médico Amílcar começaram a investir em reflorestamento. A área de 500 hectares plantados com eucalipto e pinus daquela época hoje ultrapassa os 8 mil hectares. Depois de dez anos, Dias Filho resolveu industrializar a madeira, primeiro com serraria, até chegar à fábrica de celulose semiquímica. “Ampliamos a fábrica de papel no final da década de 1980 e hoje nos dedicamos exclusivamente a fazer papel sanitário”, disse ele, antes de informar que em 2008 a Sepac fabricará também papel para a área hospitalar. Atualmente, a empresa distribui para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, além de exportar para Uruguai, Argentina e Paraguai. “Estamos fazendo investimentos de R$ 100 milhões para modernizar a fábrica, adquirir máquinas de tecnologia de ponta e melhorar a infra-estrutura. Até o ano que vem, nossa produção deve dobrar, alcançando um total de 180 toneladas por dia, e a distribuição será estendida a todo o território nacional.” (41) 3322-5606

Roberto Miglioli

Látex protetor A idéia de criar uma capa 100% impermeável para câmera fotográfica surgiu do proprietário da Outex, Roberto Miglioli, que queria utilizar sua câmera durante as trilhas de jipe sem se preocupar em molhá-la ou deixá-la cair na lama. O produto foi feito para liberar o fotógrafo para produzir fotos na chuva ou mesmo de dentro do mar com um equipamento leve e de fácil manuseio, já que o Outex pesa apenas 150 gramas, em

comparação com as pesadas caixas de acrílico que existem no mercado. “Depois de inúmeras tentativas com diversos materiais, eu concluí que o látex natural era o mais adequado, pois sua composição estica até dez vezes o seu comprimento inicial, sem deformação plástica e com alta resistência à propagação do rasgo e à abrasão”, explica o engenheiro mecânico. (11) 5181-9241/www.outex.com

Kamal Soueid

Jeans para chineses Acreditando na modelagem e criatividade como diferencial do jeans brasileiro, o empresário Kamal Soueid investe agora no mercado chinês. Com apenas 24 anos, Soueid é dono da Dust, empresa brasileira de confecção em jeans para jovens com clientes de Portugal, Espanha, e países da África do Sul e Central. “O nosso jeans é famoso pela modelagem, que é confortável e bonita. A criatividade em trabalhar o denim também é outro ponto forte que atrai o comprador estrangeiro.” Em recente viagem para Espanha, Itália e China, Soueid fez pesquisas de tendências e aumentou os contatos para futura exportação para estes países. “Além de vestir os brasileiros, a Dust quer agora conquistar os

fashionistas chineses”, aposta o mineiro, que comanda 40 funcionários em duas fábricas. (11) 6291-7623 Outubro 2007 – Empreendedor – 9


Empreendedores Gustavo Palillo

Segurança nas estradas Até há pouco tempo, as estradas brasileiras precisavam de equipamento importado para verificar a qualidade da sinalização das pistas. A Easylux chegou para preencher este espaço e pretende agora ganhar a América Latina. O engenheiro Gustavo Palillo criou o sistema de retrorrefletômetro nacional, já implantado por 15 clientes, em geral concessionárias e prefeituras. A empresa nasceu há seis anos e atualmente funciona na Incubadora Tecnológica de Santo André, em São Paulo. A experiência de oito anos em mercado sinalizador, com foco no sistema viário, foi fundamental para o sucesso do produto. “Os aparelhos utilizados na Europa não se adaptavam bem no Brasil por causa da diferença de temperatura, dificuldade de manutenção e calibração. Desenvolvemos um retrorrefletômetro adequado à realidade brasileira que ainda por cima é 50% mais barato”, conta Palillo. Ele lembra que a segurança ainda não é uma cultura das estradas latinas, por isso é preciso muita dedicação para conseguir exportar para os países vizinhos. (11) 3438-3448

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Duda Simões e Júnior Simões

Nada óbvio Há dez anos no mercado, a agência de criação Tangerina.Ag incorporou à sua rotina de trabalho o slogan “o inusitado é o nosso óbvio”, desenvolvendo soluções sempre originais. A começar por sua própria logomarca – um nada óbvio caju. Dirigida pelos irmãos Júnior e Duda Simões, a agência atua em três áreas: design gráfico, web design e produção de eventos. Entre os projetos recentes, está a concepção da logomarca da Caminhada Mundial de Controle do Diabetes realizada pelo laboratório farmacêutico Merck em 45 países em abril deste ano. A Tangerina.Ag acumula um histórico de trabalhos variados que incluem a ambientação e sinalização da fábrica da Coca-Cola e a elaboração das festas de fim de ano da Globo.com e do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). A empresa, criada pelos irmãos baianos que escolheram o Rio de Janeiro para trabalhar, é um escritório colorido e irreverente na Barra da Tijuca que conta com uma ampla área externa onde a equipe se reúne para criar, muitas vezes noite afora, nos seus famosos happy hours criativos. Há dez anos, eram apenas duas pessoas, um computador e muitas idéias na cabeça no home office que foi crescendo. “A Tangerina.Ag nasceu de uma brincadeira em casa, talvez quando ainda meu irmão e eu éramos crianças e brincávamos despretensiosamente na prancheta do nosso pai, que era ilustrador. De lá para cá, a agência só cresceu, mas fazemos questão de não deixar a brincadeira acabar. Inventar para divertir é o que nos faz levar a Tangerina.Ag a sério”, diz Júnior Simões. (21) 2512-0060


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Entrevista

Alaor Silvério Chaves

O poder da inovação O Brasil tem pesquisadores, mas ainda não aprendeu a transformar conhecimento em riqueza por

Natacha Amaral

RODRIGO DIAS

O atual presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e professor do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alaor Silvério Chaves, afirma que o Bra-

sil tem um número expressivo de pesquisadores, mas utiliza pouco seu potencial de inovação para alavancar competitividade das empresas e transformar conhecimento em riqueza no país. Com a bagagem de quem já trabalhou em um dos maiores centros de desen-

volvimento de tecnologia privado do mundo, Chaves chama a atenção para o fato de que quase 90% dos doutores no Brasil estão concentrados em universidades e institutos governamentais. Nos países de Primeiro Mundo, são as empresas que mais absorvem esse tipo de profissional qualificado. Em 1984, Alaor Chaves integrou o laboratório de pesquisas da AT & T, a gigante das telecomunicações America Telephone Telegraph. Na época, a norte-americana contava com um quadro de 12 mil cientistas e dedicava cerca de US$ 5 bilhões só para o desenvolvimento de novos produtos. Com um histórico de investimento pesado nessa atividade, a AT & T lançou no mercado tecnologias inéditas e históricas, tais como o transistor, lasers, radares

12 – Empreendedor – Outubro 2007


e ligações telefônicas com fibra ótica. Para o presidente da SBF, esse esforço de inovação precisa ser copiado por empreendedores brasileiros, mesmo que os recursos para tal área se dêem em menor escala. A iniciativa exigiria adequações na atual legislação do país, maior incentivo governamental e até mesmo mudanças culturais. Por outro lado, a adoção de uma nova postura em aplicação de ciência e tecnologia agregaria maior competitividade e solidez às empresas, hoje num mercado global cada vez mais aberto, e transformaria em riqueza o conhecimento acadêmico desenvolvido no país.

gio Rezende, o título do documento foi mudado para “Ciência para o Brasil competitivo: papel da Física”. Agora, queremos fazer um estudo com uma comissão multidisciplinar incluindo outras ciências. O objetivo é propor ao governo medidas que levem essas ciências a também contribuir mais para o desenvolvimento econômico do país. Empreendedor – Em 1981, o Brasil produzia 0,44% dos artigos científicos do mundo. Hoje, esse índice chegou a quase 2%, fazendo o

Empreendedor – Quais são os objetivos atuais da SBF?

Alaor Silvério Chaves – A nossa meta mais importante neste momento é conseguir uma maior inclusão da ciência na vida do país. Pretendemos até mesmo criar uma organização multidisciplinar para empreender ações nesse sentido. Para isso, estamos buscando a aproximação com outras associações científicas, como Matemática, Química, Astronomia e Ciências Materiais. Outro grande objetivo nosso é lutar pela reforma do ensino superior de Física. Empreendedor – Como o senhor avalia a atuação do Estado na área de C & T?

Alaor Silvério Chaves – O governo formulou uma política industrial, tecnológica e de comércio exterior cujo potencial é muito grande, mas que precisa ser complementada com outras medidas. Empreendedor – A SBF já fez algo para ajudar nesse trabalho?

Alaor Silvério Chaves – Fizemos uma pesquisa por encomenda da Capes intitulada “Física para um Brasil competitivo”, que teve receptividade muito grande e já foi considerada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A pedido do atual ministro da Ciência e Tecnologia, Sér-

Tecnologia de ponta nunca está à venda, apenas obsoleta. Ninguém entrega a galinha dos ovos de ouro

país assumir o 15º lugar na produção científica mundial. Como o senhor avalia o desempenho?

Alaor Silvério Chaves – A ciência do Brasil está se desenvolvendo muito rapidamente. Isso é resultado de um esforço, por parte do governo, na formação de programas de pós-graduação. Desde a década de 1970, esse sistema é bastante eficiente no país. Hoje, o Brasil já tem 70 mil doutores e forma outros 10 mil, de todas as áreas, a cada ano – número que aumenta 15%. Não se sabe como essa situação vai ser mantida por muito tempo, mas o fato é que logo formaremos 20 mil doutores anualmente, o que vai criar uma capacitação científica muito grande no país.

Empreendedor – O artigo 218 da Constituição Federal assegura que a pesquisa tecnológica deve se voltar especialmente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo. Isso tem ocorrido na prática?

Alaor Silvério Chaves – Embora tenhamos desenvolvido um programa de pós-graduação muito bem-sucedido, não previmos a utilização desse pessoal qualificado no setor produtivo. O ponto que falta agora é esse. Do contrário, vamos produzir boa ciência, mas sem gerar riqueza para o país. É como se o Brasil tivesse aprendido a transformar dinheiro em conhecimento, mas ainda não tenha aprendido a transformar conhecimento em dinheiro. Se a ciência, que é mantida pelo povo, não gerar riqueza para o país, o povo vai patrociná-la para quê? Essa é a questão. Empreendedor – Mas para onde vão os pesquisadores e doutores formados no país?

Alaor Silvério Chaves – Os últimos dados revelam que 88% deles estão em universidades e institutos governamentais, e só 11% em empresas – 1% está em outras áreas ainda. Essa situação é exatamente oposta nos Estados Unidos, por exemplo, onde 80% dos pesquisadores estão nas organizações empresariais. Empreendedor – A que o senhor atribui o comportamento brasileiro?

Alaor Silvério Chaves – Tem várias origens. Uma delas é a gênese da nossa indústria. Depois da Segunda Guerra Mundial, tentamos criar uma indústria por meio de um processo bem rápido. Então, o que houve foi a internalização de pacotes tecnológicos completos. A indústria siderúrgica, por exemplo, veio com tecnologia importada. O mesmo ocorreu com a automobilística, que era formada por empresas estrangeiras. Empreendedor – Então, há uma Outubro 2007 – Empreendedor – 13


Entrevista

Alaor Silvério Chaves

questão cultural envolvida?

Alaor Silvério Chaves – Sim. No nosso processo de desenvolvimento industrial, o capital foi visto como o bem mais importante. Assim, a empresa brasileira sempre teve origem baseada no capital. Já nas empresas norteamericanas, desde o século 19, o conhecimento e a inovação para gerar o capital é que eram valorizados. Muitas organizações norte-americanas até mesmo foram criadas por inventores. A General Eletric (GE) e a RCA, por exemplo, foram fundadas por Thomas Edson. Essa cultura é a razão pela qual, até hoje, surgem empresas gigantes lá como Microsoft e Google. Empreendedor – Que outros fatores contribuíram para a falta de pesquisadores nas empresas no Brasil?

Alaor Silvério Chaves – Após o nascimento da nossa indústria, surgiram governos com políticas econômicas nas quais predominava a idéia de que tecnologia era algo que poderia ser adquirido. Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda de Fernando Henrique) afirmou certa vez: “Tecnologia é algo que se compra”. Isso é uma desinformação das maiores. Tecnologia de ponta nunca está à venda, apenas tecnologia obsoleta. Ninguém entrega a galinha dos ovos de ouro. Então, todo país que quiser ter tecnologia precisa desenvolvê-la. Mas o nosso governo acordou para isso e fez algumas tentativas para estimular a inovação dentro das empresas. Depois do Lula, vieram medidas interessantes como a Lei da Inovação e a Lei do Bem. Empreendedor – Como o senhor avalia a Lei de Inovação (nº 10.973 de 2004)? Facilita realmente a aproximação entre universidade e empresariado?

Alaor Silvério Chaves – Sim, embora essa lei não esteja completa, já que ainda precisa ser regulamentada. Mas é claro que facilitará a aproximação das academias com o setor produtivo por-

14 – Empreendedor – Outubro 2007

que abre espaço, por exemplo, para professores pesquisadores entrarem mais em contato com empresas. Anteriormente, isso era proibido, porque se acreditava que o procedimento violava o regime de dedicação exclusiva. Nos Estados Unidos, já é diferente. Professores universitários trabalham com dedicação exclusiva, mas são obrigados a estar presentes na instituição apenas quatro dias da semana – têm um dia livre para prestar assessoria a empresas. Isso promove um intercâmbio muito importante entre pesquisadores e setor produtivo, porque, de um lado, eles repassam informações úteis de congressos científicos para as empresas e, de outro, detectam as carências e necessidades do mercado, e trazem isso para dentro da universidade. E muito desses cientistas são profissionais renomados, com prêmio Nobel. Empreendedor – O senhor acredita existir um preconceito ideológico por detrás do vácuo existente entre universidade e setor produtivo, já que, no senso comum, há uma oposição entre setor público e privado, lucro e gratuito?

Alaor Silvério Chaves – Existe um pouco desse fator, mas já está sendo superado. Mesmo o empresário que é apenas “capitalista” já está percebendo que sem inovação ele morre. Empreendedor – E quanto a obstáculos financeiros?

Alaor Silvério Chaves – O retorno ao se investir em inovação é gigantesco e de longo prazo. Empresas que querem ser inovadoras têm que criar laboratório de pesquisas, fazer investimento nessa área, etc. Como no Brasil o custo do capital é muito alto porque é um bem escasso, os investimentos com retorno mais tardios são desestimulados. Você quebra antes de ter o retorno. Por isso, é importante que o governo forneça crédito a juro subsidiado. Recentemente, o BNDES abriu uma linha de crédito com juros

a 4,5% ao ano para empresas que queiram desenvolver tecnologia. Atualmente, o banco está sendo dirigido pelo Luciano Coutinho, que é um economista consciente da importância da tecnologia para a indústria. Empreendedor – Quais são as possíveis soluções para estimular a inovação nas empresas?

Alaor Silvério Chaves – Vários países estão exigindo como condição para que uma empresa estrangeira atue em seu território que esta internalize parte de seu desenvolvimento tecnológico. Isso significa não trazer a tecnologia

A empresa brasileira sempre teve origem no capital. Nos EUA, o conhecimento e a inovação é que são valorizados

toda pronta, mas desenvolver parte dela dentro do país. O Brasil poderia exigir isso tanto das organizações estrangeiras que querem vir ou que já estão estabelecidas aqui. É uma forma de barganha que está nas mãos do governo. Nenhuma empresa vai sair do país por causa desse requisito. Outra medida é o governo criar uma entidade que ajude empresas de médio e grande portes a se tornarem inovadoras, orientando no desenvolvimento de laboratórios de pesquisa e outros procedimentos. Muitas vezes, a organização quer fazer isso, mas nem


sabe como começar. Grandes empresas de tecnologia às vezes estão com o mesmo grau de imaturidade e inexperiência que as pequenas. Estas têm o Sebrae como instrumento de orientação. Seria interessante criar uma assessoria semelhante para empresas que desenvolvem tecnologia.

duas décadas, pode ser o maior produtor de alimento do mundo. Então, talvez o governo tenha que criar um equivalente à Embrapa para a indústria. Por isso, estamos propondo a concepção da Empresa Brasileira de Ciência e Tecnologia Industrial. Talvez a idéia venha a ser aceita.

Empreendedor – Como seria o trabalho desse órgão orientador?

Empreendedor – Além da criação do órgão e a aplicação de políticas governamentais mais agressivas nessa área, há outras medidas?

Alaor Silvério Chaves – A nossa situação de atraso tecnológico é tão grave, que o governo talvez tenha de atuar diretamente na produção de inovações, semelhantemente ao que fez na

RODRIGO DIAS

área agrícola ao criar a Embrapa, que passou a desenvolver tecnologia e disponibilizá-la para uso de agricultores e pecuaristas. Depois da sua criação, a nossa tecnologia começou a avançar em um ritmo totalmente distinto. Se acompanharmos a evolução da agropecuária brasileira cinco anos após a fundação da Embrapa – quando começaram a surgir seus resultados –, percebemos que a nossa economia passou a se desenvolver de forma muito mais rápida, de modo que hoje temos tecnologia avançada em vários setores. Hoje, o Brasil é uma potência agrícola e, em

Alaor Silvério Chaves – Uma delas é a renúncia fiscal, que poucos países fazem. A outra é o uso das chamadas encomendas tecnológicas, que funcionam da seguinte maneira: o governo encomenda um certo volume de tecnologia para a empresa e banca seu desenvolvimento. Patrocina a inovação adiantando e fornecendo o dinheiro para pagar integralmente suas despesas com inovação. Depois disso, deixa a tecnologia para a empresa. Grande parte do desenvolvimento tecnológico do setor produtivo do Primeiro Mundo é bancado pelo governo, e não pelo empresário. Esse procedimento é realizado com verdadeira maestria pelos norteamericanos, que têm programas específicos para isso. O homem na lua, por exemplo, foi resultado de um conjunto de encomendas tecnológicas, tais como para o desenvolvimento de combustíveis melhores, de computadores especiais para as naves e de turbinas muito mais possantes para foguetes.

Empreendedor – E é possível inovar em pequenas e médias empresas?

Alaor Silvério Chaves – Sim. É comum que empresas de médio porte tenham laboratórios e dediquem grande parte desse faturamento para pesquisa. Há vários exemplos, e, em alguns, pequenas empresas até viraram gigantes. A Sony é uma delas. Foi criada em 1948, com capital de US$ 150 mil, por dois empresários: um físico e

outro engenheiro eletrônico. Tudo o que a Sony fez na década de 1950 foi esforço de inovação. Era uma empresa pequena, mas que investia tudo em pesquisa porque sabia que o importante era a invenção. Em 1957, já tinha lançado o primeiro radinho a pilha. No Brasil, já existem empresas com esse espírito. A Opto, de São Carlos (SP), é um exemplo. Tem porte médio e está se expandindo muito rapidamente. Dedica parte do seu faturamento à pesquisa e, recentemente, ganhou concorrência internacional para imagens de satélite. Agora, vai contratar 15 doutores para desenvolver imageadores infravermelhos de satélite. Mas é o primeiro caso, que conheço, de encomenda tecnológica no país. Empreendedor – Qual é a vantagem para o governo ao realizar investimentos em C & T?

Alaor Silvério Chaves – Há estudos de alguns países ligados à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entre países em desenvolvimento mostrando que o dinheiro que o governo coloca em empresas retorna rapidamente na forma de imposto, porque ele aumenta a competitividade das empresas do país, produção e exportações. As empresas ganham dinheiro do governo e depois começam a gerar riqueza e impostos. Empreendedor – Qual é a importância de inovar?

Alaor Silvério Chaves – Inovar é vital. Significa mudança, que é desafio e oportunidade. Se você não inovar, fica para trás, não sobrevive. Essa é a razão pela qual o empresário brasileiro precisa acordar pra isso. Com a abertura do mercado, a nossa empresa está perdendo competitividade. Conseguiu resistir até hoje porque estava muito protegida, mas agora o mercado se abriu. Então, sem inovação não há futuro.

Linha Direta Alaor Silvério Chaves: (31) 3499-5641 Outubro 2007 – Empreendedor – 15


Não Durma no Ponto A cunha e o ímã Uma empresa pode ser movimentada de duas maneiras. Por meio de um ímã ou por meio de uma cunha. Explico. Ambos são eficientes. Comprovadamente, conseguem fazer com que as pessoas se empenhem e produzam resultados. Mas funcionam de maneira muito diferente. Não utilizar nenhum deles é complacência. E complacência nos negócios é morte!

ve, causar problemas financeiros para a empresa e para todos aqueles cujas remunerações estão atreladas a eles. Como a cunha é mensurável e as pessoas fazem aquilo que é medido, parece não haver dúvidas de que ela cria movimento e coloca a atenção de todos nos resultados a conquistar.

O poder da cunha

Aqui, a dinâmica é outra. Existe um propósito, algo pelo qual as pessoas estão dispostas a dedicar os seus

A cunha é objetiva e direta. Explícita e mensurável. Costuma ser representada por números e é comumente reconhecida por alguns nomes: meta, indicador, índice, margem, taxa, nível etc. Esses nomes comumente vêm acompanhados de palavras como produtividade, qualidade, lucratividade, rentabilidade, desempenho, performance. Exemplo: meta de desempenho, indicador de performance, índice de produtividade, margem de lucratividade, taxa de rentabilidade etc. A dinâmica no uso da cunha consiste no seguinte: esses números são fixados pelo líder com ou sem a participação de sua equipe, e, então, todos se empenham em conquistá-los. Em muitas empresas, atingir os números é fundamental. Nada é mais importante. Todos se arvoram e se desarvoram nesse exercício. E não é sem motivo. São os parâmetros para quase tudo na empresa (os orçamentos de vendas, de compras, de receitas, de despesas etc.), e isso inclui a recompensa da equipe, ou seja, o que ela ganhará com isso. Quando a cunha é o principal meio para obter resultados, são considerados bons profissionais aqueles que sempre “atingem seus números”. Não atingi-los pode, inclusi-

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O poder do ímã

Quando a cunha é o principal meio para obter resultados, são considerados bons profissionais aqueles que sempre “atingem seus números”

Algo mais qualitativo do que quantitativo, mas que tem o poder de seduzir as pessoas, fazê-las se envolver e se desenvolver por iniciativa própria. O ímã é capaz de inspirar um compromisso emocional que a cunha dificilmente conseguirá. Exemplos de propósitos que funcionam como ímã: “participar do projeto de vida de uma casa especial” (no caso de uma construtora); “realizar sonhos de surfistas que gostam de baladas, novidades e têm consciência ecológica” (para uma rede de lojas surfwear); “cuidamos da auto-estima das mulheres” (quando se trata de uma indústria de cosméticos); “fabricamos alegria” (mote de uma indústria de brinquedos); “servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, num ambiente limpo e agradável” (meta de uma rede de fast-food). Esses propósitos influenciam os processos de trabalho nas empresas. As tarefas precisam ser organizadas de tal maneira que as tornem exeqüíveis. Uma vez compreendido o propósito, cada um dos colaboradores envolvidos no processo tem a oportunidade de descobrir a melhor forma de oferecer sua contribuição para que seja atingido.

O pior dos mundos esforços e muitas vezes o fazem, sem poupar-se. Diferentemente da cunha, o ímã é subjetivo e indireto. Nem sempre tão claro, em geral não é mensurável. É mais emocional do que racional. Mais sistêmico do que analítico. Mais imagético do que preciso. Mais criativo do que funcional. Entenda por um propósito um objetivo maior, uma missão, uma causa.

É quando, por ausência de uma visão sistêmica, a cunha cria uma força contrária ao ímã. É quando o propósito pretende levar a empresa para o sul, mas a cunha empurra para o norte. Diante disso, em vez do movimento, tem-se a estagnação. Tome como exemplo uma rede de lojas de surfwear que tenha aquele tal propósito de realizar sonhos de sur-


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

fistas. Mas, por conta das metas de faturamento, fica atirando a esmo, na tentativa de vender para outros públicos que não correspondem ao definido no propósito. Diante do impasse, cunha e ímã perdem o seu poder de gerar ações e resultados. Considere outro exemplo: a indústria que pretende fabricar alegria por meio de brinquedos infantis, mas para atingir seus índices de produtividade otimiza sua capacidade ociosa para produzir itens que não têm nada a ver com o que foi definido.

sempre gera uma ação consistente. Os resultados não decorrem de movimentos a esmo, mas sim de ações consistentes. Ação consistente é aquela em que o ímã atrai e a cunha empurra, num exercício que flui com facilidade, porque se obtém o máximo de resultados com o mínimo de esforços. A esse movimento coerente e consistente, dáse o nome de efeito-sinergia. Esse, sim, é o melhor dos mundos. O mundo dos resultados, almejado por todos os líderes, mas cuja dinâmica nem sempre é compreendida.

Em resumo:

Os resultados não decorrem de movimentos a esmo, mas sim de ações consistentes. Ação consistente é aquela em que o ímã atrai e a cunha empurra

Esses exemplos são muito comuns e sempre acontecem quando a cunha se sobrepõe ao ímã. Melhor será utilizar apenas um dos meios. Seu uso concomitante anula o efeito de ambos.

O melhor dos mundos É bom lembrar que movimento nem

Não ter cunha nem ímã é como nadar a esmo, contra a maré e despendendo um esforço terrível, para morrer na praia. Imperdoável no mundo dos negócios! Adotar ambos os meios em sentidos contrários, na expectativa de obter os melhores resultados, é como jogar fora a água da bacia do banho do bebê junto com a criança. O pior dos mundos, portanto. Adotar apenas a cunha ou apenas o ímã para obter resultados é uma medida razoável, que até pode gerar bons resultados. Talvez não o tempo todo nem com o máximo potencial. A maestria na obtenção dos resultados está em compatibilizar cunha e ímã na medida certa. Trata-se de harmonizar o compromisso emocional, proporcionado pelo ímã, com a capacidade racional, desafiada pela cunha, de tal forma que os números acrescentem informações e desafios a um contexto mais amplo, inspirado em um propósito. É o alto desempenho. E essa conquista é a lição de casa! Outubro 2007 – Empreendedor – 17


18 – Empreendedor – Outubro 2007


Outubro 2007 – Empreendedor – 19


Capa

Edson, da Nexxera: “Quem desenvolve a tecnologia são pessoas, como as que temos aqui”

20 – Empreendedor – Outubro 2007


ELIANA VIEIRA

Transferência de ouro Novas ferramentas permitem transações eletrônicas e transmissão de dados, voz e imagens pela rede por

Francis França

Segurança e agilidade. Por trás dessas duas palavras, está o desenvolvimento de ferramentas sofisticadas que vêm transformando o mundo corporativo. São serviços de tecnologia da informação, um mercado que movimenta, por ano, mais de US$ 1 trilhão em todo o mundo e agora se dedica à criação de soluções que aumentam expressivamente a produtividade nas empresas. Uma das facetas desse mercado é conhecida como convergência digital, conceito de uma era em que o empresário pode gerenciar seus negócios de qualquer ponto do planeta onde seja possível conectar-se à internet, como se estivesse no próprio escritório. Nesse novo ambiente, através de uma única rede, ele pode fazer transações financeiras ou fiscais, reuniões a distância com clientes, transmitir dados ou falar por telefone com filiais em diferentes cidades – e até mesmo países – utilizando um ramal interno. Como benefício adicional, desfruta das soluções de mobilidade, em que ele tem acesso a todos os processos de gestão da empresa, via celular ou computador portátil, tanto no escritório quanto em casa ou no aeroporto. De acordo com o Índice Brasil de Convergência Digital (IBCD), a convergência no país cresceu 13,05% entre 2005 e 2006. As vantagens oferecidas pelas ferramentas eletrônicas de gestão têm atraído cada vez mais empresas, pela possibilidade de, por meio

de uma senha em um portal digital, ser possível fazer a movimentação financeira da conta, gerenciar a relação com clientes e fornecedores, realizar pagamentos e recebimentos. A administração on-line desses processos garante economia de tempo e dinheiro, com investimentos acessíveis a empresas de qualquer porte. Os altos custos eram, até hoje, o principal empecilho à adoção de soluções eletrônicas, mas, fazendo os cálculos, os processos automatizados oferecem economia de 90% em relação aos métodos tradicionais de administração financeira. A estimativa é da Nexxera, empresa especializada em ambientes eletrônicos de negócios e responsável pela criação de recursos com custo proporcional à necessidade das empresas, podendo variar de R$ 45,00

por mês, para as microempresas, a R$ 5 mil, para as grandes corporações. “Uma pequena empresa gasta por mês conosco o equivalente a menos de um dia de trabalho de um funcionário”, diz Edson Silva, presidente da Nexxera. Os custos são calculados com base no volume de documentos bancários que as empresas trafegam via computador. Diferente dos sistemas de gestão interna das empresas (ERP), a Nexxera funciona como um ERP de um conjunto de empresas, apresentando, em um único site, as informações comuns entre elas. Uma indústria consegue enxergar todos os supermercados para os quais fornece, por exemplo, e o supermercado tem acesso a todos os seus fornecedores. As empresas e suas redes de relacionamento são integradas através de

Índice Brasil para Convergência Digital e seus componentes Dimensões

2005

2006

Variação

Ambiente da convergência (43% do Índice)

Conectividade Telecomunicações Mídia E-commerce

7,11 5,53 2,50 6,76

7,78 5,83 2,91 8,15

9,27 % 5,35 % 16,20 % 20,40 %

Plataforma tecnológica (28% do Índice)

Hardware Software Serviços

6,87 4,48 4,50

8,26 4,96 5,16

20,07 % 10,71 % 14,62 %

Formação e inclusão (29% do Índice)

Inclusão digital Formação superior em TI Educação em TI

3,69 4,68 5,15

4,55 5,07 5,34

23,33 % 8,33 % 3,57 %

5,13

5,80

13,05 %

Índice Brasil

Fonte: Instituto Brasil para Convergência Digital / RCR Consultoria e Gestão

Outubro 2007 – Empreendedor – 21


Capa INDEX OPEN

Transações financeiras nas empresas PORTE

TED

DINHEIRO

CARTÃO

CHEQUE

Micro

2%

67%

6%

22%

Pequena

7%

31%

5%

55%

12%

19%

5%

63%

Média

Fonte: Sebrae

MÁRCIA GOUTHIER/ASN

sistemas de pagamento e cobrança eletrônica de contas. Ao acessar o portal na internet, com uma senha que direciona a uma área criptografada particular, o empresário consegue administrar contas bancárias, enviar boletos de pagamento para clientes, pagar fornecedores, emitir notas fiscais, sem gastar uma única folha de papel. “Imagine uma empresa com 10 mil fornecedores precisar usar o call center para checar previsão de pagamentos. É um gasto muito grande com telefone. Com o sistema eletrônico, fica tudo publicado na web, a empresa sabe quanto tem a pagar e a receber”, diz Silva. A Danone tem um volume de 70 mil cobranças por mês e, até implantar o ambiente eletrônico, em maio deste ano,

Guerra: maior produtividade, processos simples e oportunidades de ampliação de mercado

22 – Empreendedor – Outubro 2007

precisava baixar cada cobrança manualmente do sistema. Para dar conta do trabalho, o funcionário precisava chegar à empresa às 6 h, de segunda a sábado. Com o novo sistema, as operações são feitas eletronicamente durante a madrugada, economizando diariamente três horas de trabalho. Além do aumento da produtividade, a Danone reduziu custos com horas extras, transporte e telefonia. “As atividades operacionais precisam funcionar, não podem ser um empecilho para o negócio. Freqüentemente, tínhamos o problema de perder a conexão com a internet e não conseguir baixar um arquivo no site dos bancos. Hoje, como fazemos de madrugada pelo sistema da Nexxera, eu não corro mais o risco de comprometer as vendas do dia”, diz Oriovaldo Filho, gerente financeiro da Danone. A empresa implantou também o sistema de cobrança eletrônica, que encaminha o boleto por e-mail para os clientes cinco dias antes do vencimento, com a possibilidade de, para quem não está cadastrado, acessar o documento diretamente no site da Nexxera. Segundo o gerente financeiro, a solução reduziu o custo de ligações recebidas via 0800 para solicitação de segunda via. Quando o cliente visualiza o boleto, o acesso é registrado, para comprovar o conhecimento da dívida. Se o documento não for acessado no site, o sistema encaminha para a gráfica, e a empresa manda pelo correio. Caso o cliente não pague até a data de vencimento, o site oferece uma ferramenta que recalcula o valor da cobrança e emite a segunda via eletronicamente. A Nexxera atende a uma demanda de 500 empresas diariamente, e, para

implantar a tecnologia em todo o sistema, demora apenas um dia. Tanto a parte financeira quanto a tecnológica são projetadas pelos irmãos e sócios Edson e Edenir Silva. Quando foi fundada, em 1992, a Nexxera vendia softwares de terceiros, voltados à comunicação corporativa. Em 1996, decidiram investir em tecnologia própria e viram o faturamento da empresa cair para zero de um mês para outro. Aos poucos, foram conquistando grandes contas, primeiro com sistemas avançados de comunicação entre pontos distantes nas empresas e, mais tarde, começaram a agregar processos de gestão financeira. Hoje, além da Danone, atendem também a outras grandes companhias como Bosch, Perdigão, Bradesco e Tramontina.

Tecnologia nacional Com sede em Florianópolis, a Nexxera compete no mercado com gigantes como IBM e Microsoft e, segundo Edson Silva, não se intimida com o porte das concorrentes. “Quem desenvolve a tecnologia são pessoas, como as que temos aqui”, diz ele, que já venceu a General Eletric em concorrências internacionais com a tecnologia 100% brasileira. Para atender aos padrões das multinacionais, a Nexxera é auditada freqüentemente segundo padrões internacionais, como o Citibank, que realiza as auditorias baseado nas leis norteamericanas. “Chega ao ponto de não podermos ter quaisquer placas de indicação sobre onde estamos no prédio, porque, se alguém invadir a empresa, não saberá em que setor está”, diz.


ELIANA VIEIRA

A empresa tem um setor inteiro só para análise de segurança, e os dados são arquivados em dois data centers espelhados, um em Florianópolis e outro no Rio de Janeiro, que trabalham com processos idênticos e simultâneos. “Tudo o que acontece neste momento num data center acontece no outro. Se um avião cair neste prédio, o outro assume na mesma hora”, explica. O processo é repetido dentro do próprio banco de dados, em que todas as máquinas são duplicadas, e algumas são espelhadas dentro delas mesmas. Além da gestão eletrônica, as ferramentas desenvolvidas pela Nexxera permitiram uma revolução na vida financeira das empresas. Por meio de convênios firmados com todos os bancos, tornou possível a antecipação de créditos a receber com taxas de juros equivalentes a operações de baixo risco. Um pequeno fornecedor que tenha pagamentos a receber de um grande varejista, por exemplo, pode antecipar esses valores pagando ao banco taxas em torno de 2,5% ao mês. De acordo com dados do Sebrae, as transferências eletrônicas representam pouco mais do que 2% das transações de microempresas, 7% nas de pequeno porte e 12% nas companhias de médio porte. De acordo com Alexandre Guerra, consultor do Sebrae nacional, em médio e longo prazos elas tendem a perder mercado para as empresas que adotam processos automatizados, e, por isso, têm melhor poder de negociação. “Essas empresas precisam entender os benefícios dos meios eletrônicos de pagamento para o seu negócio, como aumento de produtividade, simplificação de processos e identificar as oportunidades de ampliação de mercado”, diz. Segundo o consultor, para expandir o mercado junto às empresas de menor porte é necessário aumentar a escala de produção das soluções tecnológicas e conhecer as necessidades dos pequenos negócios. Para Guerra, a implantação dessas ferramentas vai de-

Nexxera: dados arquivados em dois data centers espelhados, um em Florianópolis e outro no Rio de Janeiro

Sem filas Para comemorar o aniversário de 15 anos, a Nexxera preparou um novo salto tecnológico marcado pelo lançamento do sistema “Sem Filas”, software de gerenciamento de contas. Mais eficiente do que o próprio internet banking, o sistema envia os dados da conta para o celular do usuário sem a necessidade de preencher códigos. Na data do vencimento, a pessoa precisa apenas autorizar o pagamento, e o crédito vai direto para

a conta do prestador de serviço. A segurança foi um aspecto importante no desenvolvimento da solução. O sistema usa redes seguras de conexão com criptografia e VPN (Rede Privada Virtual, na sigla em inglês), que garantem um ambiente estável para autorização. Em desenvolvimento há dois anos e com investimento de R$ 2,5 milhões, o “Sem Filas” pode ser aplicado a qualquer tipo de conta bancária. Outubro 2007 – Empreendedor – 23


Capa mandar, antes de tudo, investimento na capacitação desses empresários. A estratégia da Nexxera para conquistar esse público é demonstrar a simplicidade e os baixos custos de implantação da tecnologia. Segundo Edson Silva, todo o sistema fica armazenado no data center, sem a necessidade de instalar softwares na máquina do cliente, que só precisa de um ponto de acesso à internet. Para chegar até esses empresários, a Nexxera conta com incentivadores, chamados “hubs”, como os grandes varejistas, que acabam estimulando a adoção de ferramentas eletrônicas pelas empresas com as quais se relacionam. “Nós fizemos um estudo com mil empresas de pequeno porte, e todas aderiram ao modelo, porque não gastaram quase nada e passaram a ter gerenciamento sobre o seu fluxo de caixa”, diz Silva, que trabalha atualmente com 300 corporações que envolvem milhares de empresas. Em um dos casos, uma única indústria alimentícia tem 52 mil fornecedores e 102 mil clientes no varejo. Com faturamento de R$ 28 milhões em 2006, a Nexxera pretende crescer 1.000% em cinco anos e chegar a 2012 com R$ 280 milhões. A projeção é feita com base em contratos já fechados só no mercado nacional. A internacionalização da empresa também já está em fase de negociação com investidores. A meta é, até o final do ano que vem, começar as operações nos Estados Unidos e na China, além de um país na Europa e outro na Ásia que ainda não foram definidos. O maior desafio, segundo Silva, é desenvolver estrutura para atender à demanda e manter o ritmo de inovação. “Temos que pensar num conceito de serviço, e não mais de venda de soluções. Quando desenvolvemos tecnologia e permitimos o acesso, as empresas se interessam mais, porque deixam de ter custo de aquisição, manutenção, upgrade. Com o conceito de licença, isso acaba. A tecnologia tende a virar commodity, por mais sofisticada que seja”, diz Silva.

24 – Empreendedor – Outubro 2007

Três em um Serviços digitais reconfiguram a comunicação e a maneira de fazer negócios Principal motor da convergência digital, a plataforma IP permitiu integrar transmissão de dados, voz e vídeo, alterando definitivamente a maneira de fazer negócios. Com as novas ferramentas, é possível manterse permanentemente on-line, em contato com clientes e colaboradores, a qualquer hora e em qualquer lugar. O segmento de maior sucesso da plataforma é o sistema VoIP (voz sobre IP), que deve gerar este ano receita superior a US$ 6 bilhões no mundo inteiro, e, no Brasil, cresce a uma taxa de 22% ao ano. Segundo pesquisa do IDC, o VoIP deve ultrapassar a telefonia tradicional no país em 2010. Videoconferências economizam tempo e dinheiro gasto em viagens

Além da eficiência, a comunicação via internet proporciona economia de até 70% em relação ao serviço tradicional e se consagra como tendência mundial. As próprias operadoras de telecomunicação começaram a oferecer os serviços de VoIP, e os fabricantes já lançam equipamentos que suportam tanto o modelo antigo quanto o digital. A Intelbrás, líder no mercado brasileiro de centrais telefônicas, lançou no segundo semestre seu primeiro aparelho telefônico com tecnologia IP, que dispensa o uso de roteador e permite a conexão com até três linhas de operadoras VoIP. De acordo com Álvaro


dos Santos, da área de marketing de produtos da Intelbrás, a tecnologia deve se tornar mais barata e acessível de acordo com o aumento da demanda. “O mundo vai caminhar para o VoIP. Se compararmos com outros países, as empresas já baratearam os custos prometendo até 24 Mb ao usuário final, com transmissão, inclusive, de TV pelo link”, diz. Quando fala em custos, Santos refere-se ao preço da qualidade. Para garantir o fluxo de transmissão das soluções chamadas de triple play – dados, voz e vídeo –, é necessário ter uma linha exclusiva para internet, conhecida como link dedicado ou link corporativo, que é diferente da popular ADSL, de uso doméstico. A internet dedicada tem velocidade e banda garantida pelas operadoras, mas exige investimentos ainda inacessíveis à maior parte das pequenas em-

presas. O custo de um link dedicado de 2 Mb, por exemplo, passa de R$ 1 mil por mês. Em pouco tempo, não só a demanda pelos links corporativos vai impulsionar o barateamento dos serviços como o aumento no número de acessos vai levar à expansão da própria internet no mundo todo. A partir de 2010, deve entrar em cena o IPv6, nova versão do IP que aumenta de 32 para 128 bits o número possível de endereços de internet. A ampliação tem proporções astronômicas. Para se ter uma idéia, o IPv4, que é o modelo atual de 32 bits, suporta cerca de 4 bilhões de endereços. Com o IPv6, esse número seria de 340 bilhões, seguido por mais 27 casas decimais. Na prática, cada computador voltará a ter o seu próprio número de identificação – como era no início da internet.

Ampliação de banda Para a transmissão de uma estrutura maior de dados, como a TV digital, também conhecida como IPTV, será necessária ainda a ampliação de banda da internet. Essa tecnologia, entretanto, não tem data para começar a ser utilizada no Brasil, pois ainda depende de regulamentação e investimento por parte das operadoras de telecomunicação. A IPTV será semelhante à TV a cabo, com a diferença de que os dados chegarão pela linha telefônica e serão lidos por um modem triple player, que vai converter a informação e exibi-la no televisor. Por enquanto, as empresas têm desfrutado ao máximo as possibilidades oferecidas pela telefonia digital.

Receita gerada pelo serviços de IP em todo o mundo 2006 4,6 BILHÕES 2007 6 BILHÕES

Número de usuários de telefonia IP no Brasil 2006 2007

213 MIL 420 MIL

Quando um cliente telefona para a Katálysis, empresa de equipamentos de instrumentação científica, a primeira coisa que percebe é a inovação no sistema de ramais: em vez de digitar, é preciso falar a opção desejada. E essa é só a parte audível das mudanças. Com a adoção do sistema VoIP nos três escritórios que a empresa mantém em São Paulo, Santo André e Rio de Janeiro, os gastos com telefone caíram pela metade. Os interurbanos entre os escritórios passaram a ser feitos via ramal, e o contato com as duas empresas que representa, na Inglaterra e no Canadá, teve custo reduzido. A empresa tem dois números externos de telefone, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, mas todas as ligações são processadas pelo mesmo servidor, que repassa para o ramal necessário, independente da cidade ou do país em que o responsável pelo setor esteja. O ramal pode ser levado para qualquer lugar em um

INDEX OPEN

Outubro 2007 – Empreendedor – 25


Capa

notebook, então até os funcionários que trabalham a partir do home office ficam disponíveis pelo telefone geral. O sistema VoIP foi instalado na Katálysis há um ano e já apresenta resultados positivos. A empresa vai passar a usar um ramal portátil instalado no notebook inclusive nas viagens de negócios ao exterior, em vez de habilitar uma linha internacional de celular. “Na última viagem, dois funcionários passaram duas semanas nos Estados Unidos e gastaram com celular o equivalente ao consumo mensal de telefone dos três escritórios. Com o VoIP, nosso gasto adicional é zero”, diz Hélio Minei, diretor de TI da Katálysis. A empresa investiu R$ 50 mil em ferramentas de convergência e paga cerca de R$ 4,5 mil por mês pelos serviços. Além da telefonia, os escritórios também mantêm contato por videoconferência e têm sistema de compartilhamento de vídeos para fazer seminários a distância. Segundo Minei, o investimento compensa, e já existe projeto para implantar ramais VoIP nos escritórios no exterior. “Hoje, o tempo é muito escasso, e com essas soluções economizamos um tempo que gastaríamos em viagens para fazer reuniões e visitas de suporte a clientes”, diz.

26 – Empreendedor – Outubro 2007

Soluções sofisticadas exigem equipamentos potentes que, por sua vez, são caros e se tornavam um obstáculo à informatização das empresas. Com o surgimento dos data centers, essa barreira foi removida pela possibilidade de terceirizar a gestão dos sistemas das empresas. Os bancos de dados apresentam potencial de crescimento expressivo

Pereira: guardar toda a informação da companhia em um disco magnético não é seguro

e têm mais a ver com os bancos tradicionais do que se imaginava. “Cada vez mais, as empresas percebem que não é seguro guardar toda a informação da companhia em um disco magnético dentro da própria empresa, é preciso colocar isso em um banco de dados”, diz o consultor do Sebrae Jorge Pereira. Segundo ele, os data centers proporcionam tanta segurança para os dados das empresas quanto um banco para o dinheiro. Mesmo com as garantias, antes de implantar sistemas de gestão e migrar todos os dados da empresa para um local terceirizado, é importante checar se a empresa se adapta a esse padrão. A NetMicro, integradora de soluções corporativas de TI, telecomunicação e internet, oferece um período de testes para o cliente se adaptar às mudanças e entender melhor os benefícios mensuráveis da solução. “Qualquer nova tecnologia, em qualquer tipo de ambiente, precisa de um plano piloto e testes de aderência antes da sua efetiva adoção”, diz João Alfredo Pimentel, sócio-diretor da NetMicro. Segundo ele, são feitas análises de impacto e acompanhamento de todo o plano de capacitação. As possibili-


Escritório de bolso

Pimentel, da Net Micro: qualquer nova tecnologia precisa de testes de aderência

dades de crescimento da empresa também são estudadas. A NetMicro monitora as evoluções na infra-estrutura que o negócio exige e adapta os serviços conforme a demanda. Para o consultor Jorge Pereira, as soluções digitais de transmissão e armazenamento de informações devem transformar rapidamente o mundo corporativo, e o ganho com a convergência será significativo para o mercado. A falta de conhecimento sobre as soluções tecnológicas ainda é um empecilho para as empresas de pequeno porte, mas, segundo ele, a redução de custos vai acabar superando os fatores culturais. “As pessoas vão se acostumando e passam a confiar na informação digital. Não tem como o mundo empresarial não evoluir para 100% de convergência.”

Linha Direta Alexandre Guerra: (61) 3348-7238 Álvaro dos Santos: (48) 3281-9769 Edson Silva: (48) 2106-5698 Hélio Minei: (11) 2122-0206 João Alfredo Pimentel: (11) 4191 8233 Jorge Pereira: 0800 7280202 Oriovaldo Filho: (11) 2144-5170 Renato Citrini: (11) 3847-6686

O segmento de produtividade é o que mais cresce entre as tecnologias para a convergência. Aparelhos de celular que funcionam como ferramentas de trabalho e parecem computadores em miniatura são cada vez mais comuns entre os executivos que querem ter o escritório sempre na palma da mão. A tendência para a tecnologia não é necessariamente tornar os equipamentos menores, mas oferecer cada vez mais funcionalidades no mesmo espaço. É o que prometem os modelos Q GSM e A1200 da Motorola. O primeiro tem display maior, com teclado igual ao do computador, para facilitar a navegação na internet. O aparelho roda o sistema operacional Windows e permite não só abrir como também editar arquivos do Microsoft Office, além de abrir arquivos compactados. O modelo A1200 vem com sistema Linux, com tela sensível a toque e flip transparente. O modelo não tem teclado, e, para escrever uma mensagem, a própria tela transforma-se em um teclado touchscreen, que pode ser digitado com os dedos ou com a ajuda de uma canetinha que acompanha o aparelho. O A1200 também permite acesso aos documentos do Office, mas sem a função de editar. Outra ferramenta disponível é o leitor de cartão de visita, em que o usuário tira uma foto do cartão, e o aparelho é capaz de ler e armazenar os dados na agenda, sem a necessidade de digitar. “Todas essas ferramentas dão agilidade para um executivo que trabalha fora do escritório, como um

executivo de vendas, que viaja muito”, diz Renato Citrini, gerente de produtos da Motorola Brasil. Segundo ele, com a chegada da terceira geração na telefonia móvel, será possível, com a conexão mais rápida, oferecer serviços de videoconferência e outras ferramentas mais complexas que os aparelhos ainda não suportam. A terceira geração dos celulares, popularmente chamada de 3G, já está consolidada na Europa, mas no Brasil ainda depende de regulamentação. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pretende realizar o leilão das faixas de freqüência até o final deste ano, e os serviços devem começar a ser oferecidos ainda em 2008. “Os serviços que eles já têm [na Europa] vão chegar aqui de uma maneira muito mais rápida, porque já estão desenvolvidos”, diz Citrini.

Outubro 2007 – Empreendedor – 27


Mercado

Sucesso feito à mão Mulheres dominam o mercado de artesanato, que movimenta mais de R$ 28 bilhões ao ano por

Ana Carolina Dionísio

Cantando “Mulher rendeira” nas andanças pelo Nordeste no início do século XX, o bando de Lampião propunha uma troca para as moças dos lugarejos por onde passava: “Tu me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorar”. Quase 70 anos depois da morte do cangaceiro, o “fazer renda” continua sendo considerado uma prática feminina. O mesmo ocorre com o bordado, a cestaria, a tecelagem e outras formas de artesanato. Durcelice Mascêne, coordenadora do Programa de Artesanato do Sebrae, afirma que não há um diagnóstico atual formalizado do mercado de artesanato, mas estima que a participação feminina varia de 70% a 80%. Na Superintendência do Traba-

28 – Empreendedor – Outubro 2007

lho Artesanal das Comunidades do Estado de São Paulo, 75% dos profissionais cadastrados são mulheres. Na ArtMundi, uma das principais feiras internacionais de artesanato do país, realizada em setembro, elas representavam 70% dos expositores. Durcelice destaca a habilidade manual e a capacidade criativa como fatores do predomínio feminino no ramo. Para Malba Aguiar, consultora que em 30 anos já atuou em projetos para o artesanato em instituições governamentais e no Sebrae, a atividade possibilita que a mulher complemente a renda familiar sem precisar sair de casa. “No Nordeste, isso é muito forte, principalmente entre as rendeiras, tecelãs, bordadeiras. Estatisticamente, não sei, mas a predominância da mulher com certeza é maior.” Com um papel tão relevante no ramo, as artesãs têm mexido com mais do que corações de cantadores. No Brasil, a cadeia produtiva do artesanato envolve 8,5 milhões de pessoas e em 2000 já movimentava R$ 28 bilhões por ano, de acordo com o Ministério do Desenvol-

vimento, Indústria e Comércio Exterior. E o volume de exportações cresce a cada ano, segundo dados da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil). Em 2002, o montante ficou em US$ 10 mil. Em 2003, alcançou a cifra de US$ 203 mil. Em 2004, US$ 400 mil e, no ano passado, as exportações saltaram para US$ 2,1 milhões, dos quais US$ 621 mil gerados por Minas Gerais. Seja como complemento de renda, seja como opção de independência financeira ou oportunidade de negócio, a atividade tem possibilitado a difusão de manifestações culturais tradicionais através da inserção no mercado. Vai longe o tempo em que, para ser artesão – ou artesã –, era preciso apenas talento. “Só duas coisas diferenciam o artesão de outro empresário: o produto dele é predominantemente manual e tem uma base cultural. No mais, esse artesão está voltado para o mercado e tem que usar as estratégias de qualquer outro empresário”, diz Malba. Itens como design, marca, embala-


que também abriram negócios na área de joalheria”, diz. Adeguimar ressalta que a participação em cursos da área de gestão, principalmente em cursos do Sebrae, foi fundamental para a consolidação da Jazidas de Goiás. “Mas muita coisa aprendi errando. Foi difícil sobreviver a todos os planos econômicos do país, até criar uma certa estabilidade”, afirma. Com um público fidelizado, Adeguimar afirma que a divulgação de seus produtos é feita pelos próprios clientes. A estratégia de Jadires Aires Pimenta, artesã de 36 anos, é diferente. Em Ponte Alta do Tocantis, a 200 quilômetros de Palmas, ela também produz brincos, anéis e colares, mas não de metal. Sua matéria-prima é o capimdourado, planta típica do cerrado do Jalapão, no leste do Estado, que tem se tornado a principal fonte de renda da população local. Jadires aprendeu a tecer a planta com sua mãe, mas demorou a deixar de lado o crochê e o bordado, que lhe rendiam cerca de R$ 200 mensais. “No começo, não queria, porque machuca as mãos. Fica igual de quem trabalha na roça”, diz. Percebendo a demanda crescente pelos acessórios, bolsas e peças de decoração feitos com a planta, resolveu trocar os novelos de linha pelos maços de capim. “Quando comecei a trabalhar com o capim-dourado, era um complemento de renda. Depois, vi que

era mais do que isso. Aí resolvi encarar mesmo, vi que valia a pena investir no negócio”, conta. Participou de cursos do Sebrae-TO e do Programa Comunidade em Ação, resultado de parceria entre governos estadual e federal. Conseguiu um microcrédito no Banco da Amazônia para compra de matéria-prima, e incentivou os filhos e o marido, que trabalhava como motorista, a participarem da produção. “Depois, não quis mais fazer financiamento. Os juros são muito altos”, diz. A falta de crédito para o artesanato é uma das principais dificuldades apontadas por Jadires para exercer a atividade. Ela afirma que participar de feiras, por exemplo, ainda não é possível pela falta de recursos. Mas ela já conseguiu comprar um computador e instalar um ponto de acesso à internet em casa. A rede é seu principal meio de divulgação. Expõe em dois portais voltados ao mercado norte-americano e já vendeu peças para a Suíça, Alemanha e Canadá, mas a maior parte dos clientes estão no Brasil. “Passo horas colocando anúncios em todos os classificados grátis que encontro. Vou juntando tudo, cuidar da casa, costurar capim e ficar na internet”, diz.

DIVULGAÇÃO PEDRO WILSON MOURA

DIVULGAÇÃO SAF/MDA

gem e preço devem ser planejados no produto artesanal da mesma forma que os de outros setores. E, mesmo regulado pelas leis de oferta e procura, deve ter uma referência cultural, estar ligado ao seu lugar de origem. A transmissão das técnicas produtivas através de gerações, o uso de matérias-primas características da região e a representação de temáticas da cultura local são alguns itens que diferenciam a peça artesanal da manual, que é simplesmente feita à mão. A joalheira Adeguimar Arantes, 46 anos, de Goiás, conseguiu aliar habilidade artesanal com sucesso mercadológico. Foi ao “artesanar” suas jóias que ela consolidou seu posicionamento no mercado. Filha de joalheiro, Adeguimar exerceu a atividade apenas manual entre 1985 e 2002. Neste tempo, abandonou a carreira de funcionária pública para abrir um ateliê em Caldas Novas, a 160 quilômetros de Goiânia. Após participar de um projeto do Sebrae-GO, decidiu fortalecer a identidade cultural dos produtos para lhes agregar valor. O lançamento da coleção Karajás, com jóias que buscam retratar aspectos culturais da tribo indígena do cerrado goiano, representou um marco na sua obra. “Foi depois que ela se tornou artesanato que comecei a ganhar dinheiro. As pessoas passaram a ter um olhar diferente. Antes, era só beleza”, afirma. De lá pra cá, o reconhecimento só tem crescido: vencedora dos prêmios Top 100 Artesanato e Mulher Empreendedora, do Sebrae, Adeguimar participa todos os anos de exposições coletivas e já foi duas vezes mostrar seu trabalho em Milão, onde também tem representação comercial. Além de visibilidade, ela conseguiu segurança no negócio. Abriu uma empresa, a Jazidas de Goiás, para comercializar os produtos feitos no ateliê. O marido deixou o emprego para trabalhar com ela e cuida da parte administrativa da empresa, com o auxílio da filha. O filho gerencia a comunicação eletrônica e a divulgação, fotografando as jóias e formulando folders. “E a gente estimulou e mostrou o caminho para outras pessoas,

Coleção Karajás, de Adeguimar: jóias retratam aspectos culturais da tribo indígena goiana Outubro 2007 – Empreendedor – 29


Mercado

Do lixo para o ateliê Mulheres de pescadores fazem produtos a partir do couro do peixe, antes jogado fora

DIVULGAÇÃO SEBRAE/LENA TRINDADE

30 – Empreendedor – Outubro 2007

Organizadas Reciclando o Peixe (AmorPeixe), fundada em 2003. A ex-presidente, Wânia Alecrim de Lima, de 39 anos, ganhou em 2005 o Prêmio Mulher Empreendedora do Sebrae e estava entre as finalistas do Prêmio Cláudia 2006, reconhecimentos pelo trabalho dela junto às mulheres de pescadores, que envolve não só a geração de renda, mas também educação ambiental. Mãe de quatro filhos, Wânia não trabalhava fora de casa até participar de uma capacitação do Senai sobre o couro de peixe. Além de aprimorar suas habilidades com artesanato, buscou concluir seus estudos. Fez um supletivo para terminar o Ensino Médio e, com o dinheiro da venda dos móveis da sua copa, matriculou-se na faculdade de turismo. Percebendo a inovação representada pelo couro de peixe, tentou organizar as mulheres da comunidade para produzir artesanato com ele. Após tentativas frustradas, conseguiu uma doação da WWF Brasil, onde já estava estagiando, para o capital de giro da associação, que teve assessoria do Sebrae. “Muitos não acreditavam, achavam que era um sonho. Mas quando eu acredito em algo, vou embora”, diz. Hoje, as dez integrantes da associação têm uma renda de cerca de R$ 400 mensais. “A pele

Trabalho de Wânia envolve não só geração de renda, mas também educação ambiental DIVULGAÇÃO SEBRAE/LENA TRINDADE

O que antes ia para o lixo hoje gera renda e reconhecimento para mulheres de pescadores de Corumbá, Coxim e Miranda, no Mato Grosso do Sul. O couro de peixe tornou-se, nas mãos destas artesãs, matéria-prima para confecção de agendas, carteiras, brincos, colares, bolsas e roupas. Com o apoio do Sebrae e do Programa Talentos do Brasil, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, elas se reuniram em associações para buscar mais espaço no mercado. Marlene Mendonça, 43 anos, foi uma das fundadoras, em 2002, da Associação Reciclando o Peixe, de Coxim, 240 quilômetros ao norte de Campo Grande. Afirma que, além da complementação de renda, a atividade mexe com a auto-estima das associadas. “A mulher do pescador sofre muita discriminação. A maioria é semi-analfabeta. Tem dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Aqui elas se sentem empresárias.” Em 2006, a Arpeixe estava entre os vencedores do Top 100 Artesanato do Sebrae, que premia as 100 melhores unidades produtivas do país, e participaram da Rio Fashion Week. Do outro lado do Pantanal, em Corumbá, a 420 quilômetros de Campo Grande, está a Associação Mulheres

do peixe se tornou melhor pra gente do que a carne. Com um quilo de piranha, ganha-se R$ 3,50 com a venda da carne e R$ 50 com o couro”, afirma Wânia, que abandonou a faculdade de Turismo, formou-se em Zootecnia no ano passado, e faz pós-graduação em Educação e Gestão Ambiental. Desvinculouse da associação, e agora dá palestras e presta consultorias para geração de renda em comunidades de pescadores, inclusive fora do Brasil. E ela não está acomodada: “Ainda quero fazer doutorado. Nem que seja com 45 anos.”


DIVULGAÇÃO MÁRCIO VIANNA/ACERVO IPHAN

Patrimônio nacional Ofício de paneleiras do ES é tombado pelo Iphan, e artesãs ganham catálogo No bairro de Goiabeiras, em Vitória, fazer panelas de barro é um ofício passado de mãe para filha há gerações. Antes produzindo individualmente em casa, há 18 anos as paneleiras de Goiabeiras decidiram se juntar em uma associação. Hoje, a Associação de Paneleiras de Goiabeiras reúne 40 artesãs, que têm um galpão onde podem moldar e queimar as peças produzidas. O galpão também é o principal ponto-devenda dos produtos. Cada associada paga uma mensalidade de R$ 7, que custeia as contas de água, luz e possíveis reformas na instalação. Lucilina Lucidato, 65 anos, é a atual presidente da Associação. Conta que, “no começo, era muito difícil”, mas cada ano as paneleiras conseguiam mais incentivos para continuarem trabalhando. Contrataram um rapaz para extrair e amassar o barro. A prefeitura cede um carro para transportar o barro, colhido no Vale de Mulembá, também em Vitória. Empresas de construção civil repassam a madeira utilizada nas obras para elas queimarem as panelas. Em 2002, o ofício de paneleira foi tombado como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que em agosto deste ano lançou um catálogo sobre a atividade. É possível comprar panelas a partir de R$ 3 na Associação. Lucilina não contabiliza quanto cada associada arrecada com a venda dos produtos, mas afirma que sua renda com a atividade varia de R$ 300 a R$ 400. Ela reclama, contudo, que o acesso difícil ao bairro atrapalha as vendas e que um dos objetivos da associação é facilitá-lo. O Sebrae capacitou as paneleiras

Para superar as dificuldades de mercado, o Sebrae capacitou as artesãs para o associativismo

para o associativismo, considerado, assim como o cooperativismo, uma forma de superar as dificuldades de mercado. “A participação em associações e cooperativas facilita a compra conjunta, a articulação de parceiros pra comprar matéria-prima, a construção de infra-estrutura, além de aumentar a capacidade produtiva”, afirma Durcelice Mascêne, coordenadora do Programa de Artesanato do Sebrae. É difícil contabilizar quantas associações e cooperativas de artesãos existem no país, mas só o Sebrae ajudou a organizar 200. Além da capacitação para administrar, associados e cooperados recebem também orientações sobre produção em conjunto. “Como o artesão é individualista, isso tem que ser muito trabalhado; o associado não vai dividir o conhecimento, mas somar esforços pra atingir o mercado”, diz Durcelice.

Linha Direta Adeguimar Arantes: aametais@dicaldas.com Associação das Paneleiras de Goiabeiras: (27) 3327-0519 Amor-Peixe: (67) 3232-2325 Arpeixe: (67) 3291-3984 Jadires Pimenta: jadires.pimenta@hotmail.com Wânia Alecrim: alecrimlima@hotmail.com Outubro 2007 – Empreendedor – 31


Gestão

Imagem manchada

INDEX OPEN

Desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor ainda é realidade em muitas empresas

32 – Empreendedor – Outubro 2007

por

Francis França

Produto com defeito ou serviço mal prestado, aliado a um atendimento pós-venda precário, é a fórmula perfeita para tirar o cliente do sério. Esses são os erros mais comuns cometidos pelas empresas, que acabam figurando nas listas de reclamação dos consumidores. Segundo Roberto Pfeiffer, diretor-executivo do Procon/ SP, para preservar a imagem junto aos clientes, é preciso se preocupar em apresentar soluções rápidas para os problemas. “Não adianta atender bem o cliente na hora de vender e estar despreparado quando surgem os problemas”, diz. Os órgãos de proteção e defesa do consumidor divulgam, regularmente, rankings de reclamações fundamentadas, isto é, que geram processos administrativos. Os setores campeões de reclamação são as empresas de telefonia fixa, seguidas dos fabricantes de aparelhos celulares e das empresas de cartão de crédito. A inclusão na lista de reclamações não é considerada uma punição, mas arranha a credibilidade das empresas, que perdem pontos na confiança dos consumidores. O acesso à informação permite que o consumidor escolha os fornecedores com melhor reputação e, nos segmentos onde haja pouca oferta, esteja ciente dos problemas que podem ocorrer e decidir se vai ou não contratar determinada empresa. As punições previstas no Código de Defesa do Consumidor incluem desde multa – que pode variar de R$ 200,00 a R$ 3 milhões – até veiculação de contrapropaganda. O cadastro no ranking de reclamação, segundo Ricardo Morishita, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), garante transparência aos consumidores com relação ao comportamento das empresas diante das reclamações dos clientes. As penalidades impostas pelo Procon são apenas administrativas, com o objetivo de responsabilizar as em-


Campeões de reclamação

Punições previstas no Código

1. Telefonia fixa 2. Aparelhos de telefone 3. Cartões de crédito e lojas 4. Bancos 5. Telefonia celular 6. Móveis 7. Veículos 8. Computadores e acessórios 9. Financeiras 10. Planos de saúde

1. Multa 2. Apreensão do produto 3. Inutilização do produto 4. Cassação do registro do produto junto ao órgão competente 5. Proibição de fabricação do produto 6. Suspensão de fornecimento do produto ou serviço 7. Suspensão temporária de atividade 8. Revogação de concessão ou permissão de uso 9. Cassação de licença do estabelecimento ou de atividade 10. Interdição total ou parcial de estabelecimento, obra ou atividade 11. Intervenção administrativa 12. Imposição de contrapropaganda

O Cadastro Nacional de Reclamações Fundamentadas do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) está disponível no endereço eletrônico: www.mj.gov.br/dpdc

presas por desrespeito aos direitos do consumidor. Entretanto, se o objetivo for receber indenização pelo dano causado por uma empresa, o melhor caminho é entrar com um processo na Justiça comum. “O Procon pode notificar a empresa e dar subsídios para provar responsabilidades, mas, em alguns casos, principalmente quando o dano é subjetivo, é necessário entrar na Justiça para garantir a reparação”, explica a advogada Fabiana Bona. Se conquistar um cliente é difícil, reconquistá-lo, depois de uma reclamação, exige um esforço muito maior dos empresários. A primeira providência que precisa ser tomada, diz Roberto Pfeiffer, é descobrir o que levou o consumidor a reclamar, aprender com o erro e resolver o problema. Ele recomenda que a empresa adote mecanismos de resolução interna, como os call centers. “Se a empresa tem uma boa comunicação com o consumidor e consegue ter canais rápidos de solução, sem precisar recorrer a órgãos externos, o prejuízo é muito menor”, diz. Além de chamar a atenção dos consumidores para as empresas com maior número de reclamações, o ranking orienta também as atividades de fiscalização do próprio Procon. “Damos preferência aos setores com maior impacto para a sociedade, o que acaba redundando em um maior número de multas aos reincidentes”, diz Pfeiffer. Para melhorar a relação com os consumidores, o Procon/SP realiza reuniões periódicas, chamadas de câmaras téc-

Morishita: credibilidade é um diferencial na hora de conquistar um cliente

nicas, divididas por setores, para orientar as empresas a se readequarem. Os bancos passaram a obedecer às normas do Código de Defesa do Consumidor no final de 2006, depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, mas já ocupam a quarta posição na lista de reclamações por causa da resistência em aplicar o Código. Com as empresas de telefonia fixa, o problema, segundo Pfeiffer, é a falta de concorrência nas áreas de concessão. “Infelizmente, as empresas tendem a ser monopolistas em suas áreas de concessão, e, obviamente, a falta de concorrência induz ao menor respeito aos direitos do consumidor”, diz. Presente em nove Estados e no Dis-

trito Federal, a empresa de telefonia fixa Brasil Telecom se defende dizendo que o número de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor é maior porque o número de clientes é muito grande. De acordo com a assessoria de imprensa, o número de reclamações atendidas entre fevereiro e julho deste ano foi 53% menor do que no mesmo período do ano passado, e 85% dos casos foram solucionados. A empresa não divulga o número absoluto de reclamações. Ainda segundo a assessoria de imprensa, a empresa desenvolve um “constante trabalho interno de redução das reclamações e melhoria no índice de atendimento ao consumidor, tanto no call center, feito por empresa terceirizada, quanto nos serviços diretamente fornecidos pela empresa”, e alega que os índices de reclamação estão abaixo do limite estabelecido pela Anatel. “O grande prejuízo para a empresa é a perda da confiança do cliente. Hoje, os produtos e serviços têm se tornado cada vez mais commodities, e a credibilidade é um diferencial na hora de conquistar um cliente”, diz Morishita. Esse fator precisa ser avaliado pelas empresas, segundo ele, porque a quebra de confiança desencadeia um descontentamento que passa de boca em boca.

Linha Direta Fabiana Bona: (48) 9153-0909 Ricardo Morishita: (61) 3429-3105 Roberto Pfeiffer: (11) 3824-0446 Outubro 2007 – Empreendedor – 33


Gestão

Escravos da urgência Especialista em gestão do tempo ensina a auto-organização para aumentar a produtividade por

Natacha Amaral

Enquanto você executa as atividades rotineiras do trabalho, o telefone toca. De repente, o chefe passa na sua mesa e pede, para daqui a cinco minutos, aquele relatório com entrega prevista antes apenas para semana que vem. Tentando dar conta do pedido, você abre sua empanturrada caixa de e-mails para pegar algumas informações e vê uma nova mensagem brotar na tela. É a convocação para uma reunião de última hora com a equipe. E a pilha de tarefas pendentes se acumula. Se você já se viu em pelo menos uma dessas situações, é muito provável que tenha se perguntado como fazer tantas coisas em tão pouco tempo. Para o especialista em gestão do tempo e produtividade Christian Barbosa, a resposta está diretamente ligada à organização pessoal. “A falta de objetivos claros, planejamento e de dizer ‘não’ levam o ambiente corporativo a uma urgência constante. Tudo é para ontem, e não sobra tempo para as pessoas se dedicarem às atividades importantes, que trazem retorno pessoal e profissional”, explica. Antes de se organizar, porém, é preciso primeiro identificar o modo como seu tempo é gasto no dia-a-dia. Para ajudar na tarefa, Barbosa elaborou uma teoria de sucesso que ficou conhecida como tríade do tempo. Segundo ele, nossas atividades podem ser classificadas de três formas: importantes, urgentes e circunstanciais. O princípio é fácil de entender. Im-

34 – Empreendedor – Outubro 2007

portante é tudo aquilo que tem tempo para ser feito. São ocupações que trazem sensação de realização, prazer e bem-estar, ou seja, qualidade de vida. A decisão do que entra nesse grupo é muito pessoal e pode incluir desde a execução de metas profissionais até relacionamentos pessoais e lazer. Já o urgente são tarefas realizadas com pressa, porque o tempo é curto ou já estourou. Trazem muito estresse, pressão ou preocupação. Entre os exemplos típicos, estão acidentes, relatórios de última hora, problemas imprevistos com clientes, esquecimentos e reuniões emergenciais. A diferença do conceito de tempo da tríade para outros métodos de classificação é que não existe importante e urgente ao mesmo tempo. “Se você precisa ir ao cardiologista dentro de 15 dias para um check-up, isso é importante, mas se estiver enfartando nesse momento, a consulta passa a ser algo urgente”, exemplifica Barbosa. Finalmente, o circunstancial inclui aquelas atividades que consomem tempo à toa. Não passam de afazeres desnecessários e que não trazem resultado algum para a vida, como ir obrigado a festas apenas para ser sociável, limpar caixa de e-mails cheia de spams (mensagem eletrônica não-solicitada enviada em massa) ou levar meia hora num cafezinho que normalmente duraria cinco minutos. Com essas três esferas de divisão do tempo, a tríade serve como um indicador de produtividade pessoal. Apesar de não existir uma fórmula única,

as experiências com a ferramenta mostram que o segredo para fazer o tempo render mais está em aumentar a quantidade de ocupações importantes e reduzir ao máximo o que faz parte das outras duas categorias, já que é impossível eliminá-las completamente. “Pessoas extremamente eficazes têm nível de importante entre 55% a 70%, urgente de 15% a 25% e circunstancial abaixo de 5%”, diz o especialista. Bar-


INDEX OPEN

Coloque a vida em dia Se você já tem uma agenda extrapolada de atividades e com mais urgências do que tempo para realizá-las, veja as dicas de como colocar a casa em ordem. 1 – QUAL O TAMANHO DO ESTRAGO? A primeira providência para resolver seu caos é listar todas as atividades pendentes, verificar reuniões, e-mails e tarefas inacabadas. Ao lado de cada atividade, coloque a duração prevista (em minutos ou horas) para executá-las. 2 – CLASSIFIQUE SUAS ATIVIDADES Como tudo está pendente mesmo, boa parte dessas tarefas não são verdadeiras urgências. Uma parte pode aguardar para ser resolvida, outras podem até ser canceladas ou delegadas. Ao lado da duração das tarefas, classifique os itens como importantes, circunstanciais ou urgentes, respectivamente. 3 – PRIORIZE E PLANEJE O QUE DEVE SER FEITO O próximo passo é priorizar as urgências. Coloque uma ordem numérica e seqüencial das urgências que devem ser resolvidas primeiramente (priorize as coisas com menor duração, que são mais rápidas e fáceis de serem resolvidas). Depois, continue sua ordenação com as atividades importantes e, por último, as circunstanciais. Depois, coloque suas prioridades no calendário da próxima semana, seguindo a ordem dos itens ao longo dos dias. Neste período, o ideal é minimizar ou evitar períodos de reuniões. Esteja pronto para dizer “não” para qualquer atividade circunstancial que aparecer. Priorize para cada dia apenas aquilo que será feito. Não coloque coisas demais, pois este não é o momento de gerar mais atrasos. Seja bem realista com você mesmo. 4 – PEÇA AJUDA E NEGOCIE Você está em estado de calamidade pública, e não é a hora para querer ser um herói solitário. Converse com a sua equipe ou com seu chefe, e mostre seu plano de ação para resolver as pendências. Peça a colaboração para evitar ser interrompido, ajuda para as novas atividades e o bom senso no uso de e-mails. Veja se algo pode ser delegado e passe para a equipe. 5 – COMPROMISSO COM VOCÊ MESMO Finalmente, para sair do sufoco, é necessário estar bastante comprometido com você mesmo. Nessa semana, provavelmente precisará trabalhar um pouco mais, cancelar atividades pessoais e ter um foco mais ativo. Lembre-se de que momentos assim devem ser raros. Se você está entrando nesse caos constantemente, algo pode estar errado com a forma como você tem planejado sua vida. Fonte: www.triadedotempo.com.br

bosa explica também que a flexibilidade dessa composição ocorre, porque cada pessoa tem conceitos particulares sobre o que é qualidade de vida (para saber como é a sua tríade, acesse o site www.empreendedor.com.br e clique no link teste_triade). Uma vez identificada a composição de sua tríade, o próximo passo para sair da correria é aumentar a esfera de atividades importantes por meio de orga-

nização pessoal. Isso pode ser feito com o simples uso de uma agenda, que pode ser tanto um caderninho de bolso até um programa de computador. “Há pessoas que são mais high-tech, outras, tradicionais, e tem gente ainda que é a mistura dos dois estilos”, diz Barbosa. Independentemente de sua preferência, é indispensável escolher um tipo de ferramenta que melhor saiba usar. A única ressalva é quanto a fazer

gestão de tempo por memória. “Muita gente pensa no que precisa fazer durante o dia e depois vai executando seus afazeres. Isso não funciona. É preciso descarregar as ansiedades e preocupações em algo”, afirma. Além disso, duas características são necessárias para uma boa ferramenta: unidade e distribuição. Em outras palavras, deve-se usar apenas um instrumento de organização, mas, por outro Outubro 2007 – Empreendedor – 35


Gestão lado, mantê-lo disponível para onde quer que o usuário vá. No caso de cadernos, isso é fácil, mas se a pessoa utiliza um gerenciador de e-mails como o Microsoft Outlook como agenda em casa, precisa tornar essas informações acessíveis em qualquer lugar por meio de outras ferramentas como smartphone e internet. Agenda escolhida, agora está na hora de preenchê-la. A seqüência e a duração das tarefas devem levar em conta o ciclo natural de produtividade de cada pessoa, que é o ritmo de funcionamento do organismo, composto por momentos de alto e baixo desempenhos durante o dia. Há, por exemplo, pessoas que se sentem mais produtivas de manhã, outras, à tarde, ainda outras, à noite. Assim, períodos de alto desempenho precisam ser usados para execução de tarefas mais complexas, ao passo que os de menor rendimento devem ser reservados para atividades mais simples e rotineiras. Com isso, evita-se a procrastinação, com-

Barbosa: “Tudo é para ontem, e não sobra tempo para atividades importantes”

36 – Empreendedor – Outubro 2007

portamento que gera estresse futuro. Afinal, o importante negligenciado hoje será o urgente de amanhã, segundo o idealizador da tríade do tempo. O ambiente de trabalho também pode exercer influência direta na produtividade. Um local onde há pouca conversa paralela e interrupções desordenadas propicia maior concentração. Segundo a Universidade de Yale, Estados Unidos, um indivíduo leva até 11 minutos para retomar o foco de uma atividade que interrompeu por conta de outra. Nessa questão, o grande desafio é evitar que as tecnologias cada vez mais disponíveis em toda parte se tornem uma fonte de distração. Entre esses grandes vilões do tempo, estão telefones, aparelhos celulares, internet, emails e programas de bate-papo. Uma pesquisa realizada em 2005 pela equipe de Christian Barbosa com quase mil diretores e pesquisadores de Tecnologia da Informação revelou que 30% dos entrevistados passavam de uma a duas horas lendo e enviando e-mails – muitas vezes, eliminando spams –, e 22% gastavam mais de três horas navegando na internet para visitar especialmente websites técnicos e noticiários. Noventa e dois por cento dos profissionais faziam isso em horário comercial (veja o quadro “Como usar bem seu e-mail”). Reuniões improdutivas e mal conduzidas também são um grande problema. “O mundo corporativo criou péssimos hábitos. Não há cumprimento de horários, as pessoas são chamadas de última hora e muitas vezes desconhecem o real propósito da reunião”, diz Barbosa. O especialista explica, porém, que isso é algo fácil de resolver com a adoção de algumas medidas. A primeira delas é expor claramente o objetivo da reunião para a equipe e listar por tópicos os assuntos que serão discutidos. Os encontros também devem ser breves – nunca ultrapassar duas horas –, e usados para estabelecer tarefas específicas e com data de conclusão para cada presente. Além disso, o ideal é que seus participantes

Tríade do tempo dos brasileiros Brasileiro desperdiça 2/3 de seu tempo com atividades inúteis, sem sentido ou urgentes 30,09%

30,45%

39,47% Importante Urgente Circunstancial

sejam avisados com pelo menos dois dias de antecedência para que tenham tempo de se planejar para o encontro. O uso equilibrado do tempo muitas vezes requer apenas colaboração da equipe como um todo. “Faça uma reunião toda sexta-feira de planejamento e pergunte: ‘Pessoal, o que na próxima semana pode gerar urgências para nós?’. Discuta isso entre a equipe e tente criar estratégias para reduzir o volume de urgências do dia-a-dia”, aconselha Barbosa. Se focar em prioridades no dia-adia é uma grande proeza para funcionários, quem dirá para líderes que precisam administrar negócio próprio. Dividido em tantos afazeres, esse tipo de profissional é um forte candidato a se perder nas coisas pequenas da rotina e deixar de lado o que realmente é importante para a empresa, como o planejamento, a estratégia, a criação de metas, o plano de negócios e o desenvolvimento de parceiros. “Isso é muito comum entre empreendedores”, relata Barbosa, que também atua como instrutor do Empretec, seminário oferecido pelo Sebrae para o desenvolvimento de empreendedores no país. “É como se o dono de uma padaria qui-


INDEX OPEN

sesse fazer o pão porque é um excelente padeiro, em vez de se concentrar em como melhorar a produtividade do seu negócio. Se ele fizer isso, a empresa só conseguirá crescer até onde ele puder abraçá-la. Mas como seu tempo é limitado, logo a empresa também o será”, exemplifica. Por isso, delegar tarefas é fundamental. Métodos de gestão de tempo como planejamento e organização são muito úteis, mas segundo Barbosa não há técnica eficiente o bastante que substitua o passo inicial para qualquer aumento na produtividade: a conscientização. “A pessoa que acha estar sempre certa não consegue fazer mudanças”, diz. O especialista salienta que estar determinado a melhorar comportamentos é um pré-requisito básico para qualquer profissional moderno, uma vez que o espírito de urgência é bastante valorizado no ambiente corporativo atual. Conforme explica, é muito comum a presença de chefes que seguram tarefas em vez de repassá-las logo à equipe exatamente para criar urgências na rotina. Isso produz uma ilusão de eficiência, capacidade e segurança. “A pessoa se sente um super-herói, mas, na verdade, prejudica a equipe, fica depois do expediente, leva trabalho para casa, se afasta das pessoas importantes na sua vida e fica doente.”

Experiência própria Idealizador da teoria da tríade do tempo e criador hoje da empresa que leva o mesmo nome, o especialista em produtividade Christian Barbosa já esteve nessa situação antes mesmo de imaginar o que era gestão do tempo. O jovem que aos 14 anos já tinha seu próprio negócio, aos 18 desempenhava função de liderança na Blue Eagle, empresa de tecnologia que passava por grande expansão na época. “Eu trabalhava de 16 a 18 horas por dia e fiquei muito doente. Adquiri uma gastrite, que mais tarde se tornou uma úlcera e depois um tumor”, relata. Assustado com o caso inédito para a idade do paciente,

o médico recomendou que o rapaz fizesse um curso de Gestão de Tempo. Desde então, Barbosa se interessou pelo assunto, fez especializações e decidiu elaborar sua própria teoria atualizando o método de divisão matricial do tempo elaborado pelo ex-presidente norteamericano Dwight Eisenhower. Em 2004, lançou suas idéias no formato de um livro, A tríade do tempo: a evolução da produtividade pessoal (Editora Campos), que fez grande sucesso. Hoje, a Tríade do Tempo é uma empresa que presta consultoria, treinamento, e oferece produtos para gestão do tempo e produtividade. Desenvolveu softwares de organização pessoal que centralizam todos os dados, informações, compromissos do usuário em uma só ferramenta, disponibilizando-os na rede para permitir acesso em outros lugares. Um desses programas é o Neotriad (www.neotriad.com.br), que também faz classificação automática de atividades inseridas na ferramenta e alimenta o banco de pesquisas da Tríade do Tempo, atualmente com 2 milhões de atividades gerenciadas por meio do sistema. O Neotriad é usado como complemento das consultorias realizadas pela empresa, já que fornece uma rica quantidade de dados. “Chegamos ao nível de precisar qual é o pior dia de produtividade do funcionário xis para que seu supervisor delegue mais tarefas a ele exatamente nos seus picos de rendimento”, explica Barbosa. “Também podemos dizer se um profissional se dá melhor com tarefas de longa ou curta duração a fim de adaptar a forma de execução da atividade para seu perfil.” Mais do que produtividade, Barbosa acredita que seus produtos e teoria ajudam os profissionais a ganharem mais qualidade de vida. “A vida passa rápido demais para quem vive de urgências e circunstâncias, e não de importâncias, coisas que realmente nos realizam.”

Linha Direta Christian Barbosa: (13) 3226-1580

Dicas para usar bem seu e-mail A mensagem eletrônica é o maior fator de interrupção e distração das pessoas que trabalham em frente ao computador. Quantas vezes você parou alguma atividade por causa do bip ou do ícone que avisa a chegada de novos e-mails? 1. Tenha dois endereços eletrônicos – Quando precisar se registrar em websites duvidosos ou em malasdiretas, utilize sempre um e-mail opcional para evitar que seu e-mail principal fique cheio de bobagens. 2. Crie horários – Feche seu programa de e-mail e crie horários específicos para checar novas mensagens, que devem ser verificadas, no máximo, até cinco vezes durante o dia para evitar interrupções constantes. Se precisar muito, crie uma regra em seu software para avisá-lo quando o e-mail de uma pessoa realmente importante chegar. 3. Tome uma ação imediata – Se o e-mail exigir alguma ação que vai tomar até 3 minutos do seu tempo, então faça logo. Se deixar para depois, você terá que ler tudo de novo e fazer o que já poderia ter feito antes. Se exigir um tempo maior, delegue ou crie uma tarefa na sua agenda para atender a esse e-mail em um horário mais apropriado. 4. Evite caixa de entrada cheia – Muitas mensagens podem significar muitas pendências. Se você precisa fazer algo referente a um e-mail, defina isso em sua agenda e apague-o da sua caixa de entrada. E-mails acumulados podem ser fontes de esquecimentos, problemas e dificuldade em localizar informações quando precisar. Fonte: www.triadedotempo.com.br

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Meio Ambiente

Moeda verde Empresas brasileiras já lucram com a preservação ambiental no mercado de créditos de carbono Além da preocupação com a natureza, empresas que realizam atividades com algum impacto ambiental agora têm motivo extra para combater o efeito estufa: dinheiro. Isso mesmo. Atualmente, é possível gerar receitas com a implantação de projetos antipoluição nos negócios. O benefício financeiro é previsto e garantido pelo Protocolo de Kyoto, tratado internacional discutido em 1997 no Japão, que obrigou países industrializados signatários a diminuírem em 5,2% suas emissões de gases do efeito estufa até o ano de 2012. Para facilitar o cumprimento da meta, várias medidas foram propostas, entre elas a adoção dos chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDLs). O princípio é simples. Países ricos estão autorizados a atingir suas cotas de redução literalmente comprando o direito de poluir de nações menos industrializadas, onde empresas locais, por sua vez, investem em projetos de neutralização de carbono. A recompensa pela medida é o ganho de bônus comercializáveis no mercado internacional. É o chamado mercado de créditos de carbono. Para cada tonelada de carbono seqüestrada, a empresa anfitriã do projeto ganha uma unidade de crédito representada pelo Certificado de Redução de Emissões (CER). Esses títulos podem ser comprados ou vendidos diretamente entre as partes interessadas ou então negociados nas chamadas plataformas ou esquemas de negociação, que nada mais são do que bolsas ambientais. Atualmente, existem 2.220 projetos em atividade no mundo, sendo 250 pleiteados pelo Brasil. Do montante nacional, aproximada-

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mente 120 obtiveram créditos, e cerca de 50 empresas do país já se beneficiaram com operações nesse mercado. Entre os compradores de títulos brasileiros, estão Alemanha, Holanda, Inglaterra e Japão. Calcula-se que, em todo o globo, mais de 202 milhões de toneladas de carbono tenham sido neu-

por

Natacha Amaral

tralizadas e negociadas com a adoção de MDLs. E os recursos previstos para essa finalidade até 2030 estão estimados em 3% do PIB mundial. Todo o processo de entrada no mercado de crédito de carbono envolve o cumprimento de regras claras e rígidas. É acompanhado de perto pela


Sadia: dejetos de suínos são fermentados por bactérias em tanques cobertos, evitando a emissão na atmosfera de gás metano, substância 21 vezes mais poluente que o CO2

Organização das Nações Unidas (ONU) por meio de representações locais distribuídas em diversas partes do globo. Os projetos de neutralização, por exemplo, devem ser aprovados tanto pelo governo do país exportador de créditos como pelo governo do comprador. No Brasil, a autoridade responsável designada é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, comitê executivo da ONU localizado no Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília. É nesse órgão técnico que os projetos são recebidos e analisados em primeira instância. Segundo o especialista em mercado de crédito e consultor da MAR Assessoria Ambiental Roulien Vieira, o primeiro passo para a elaboração de um projeto consistente é verificar qual o fluxo de carga ambiental da empresa, ou seja, a quantidade de poluentes por ela gerados. Com os dados, é possível determinar que procedimentos devem ser modificados a fim de tornar sua produção mais limpa. As melhorias podem incluir captura de gás metano em aterros sanitários, tratamento de dejetos suínos, geração de energia por fontes renováveis, reflorestamento e substituição de combustíveis utilizados em caldeiras ou meios de transporte. “Uma indústria, por exemplo, pode instalar novos filtros de chaminé que reduziam em 20% sua poluição. É sobre esse percentual que ela ganharia créditos”, explica Vieira. Todas essas informações devem ser descritas na chamada linha de base do projeto. A grande novidade nesse mercado agora é que projetos antipoluição de pequena escala também são aceitáveis. Anteriormente, a ONU exigia neutralização mínima de 150 mil toneladas de

carbono. Hoje, o número caiu para 15 a 30 mil toneladas, dependendo do poluente. “Isso, com certeza, está ao alcance, por exemplo, de indústrias menores”, afirma Vieira. O especialista explica que é possível prever não só a neutralização do carbono em si, mas também de outros gases parametrizados para carbono no Protocolo de Kyoto. “Uma indústria plástica, por exemplo, emite gases com potencial poluidor 14 mil vezes maior do que o dano gerado pelo gás carbônico. Mitigando alguns gramas daquele gás, é possível contemplar um projeto de pequena escala, porque seu valor pode ser multiplicado, neste caso, 14 mil vezes”, exemplifica.

Certificação Propostas as melhorias de redução de poluentes, a próxima medida é descrever no projeto como se dará o acompanhamento, dentro da empresa, dos trabalhos de seqüestro de carbono. Certificadoras credenciadas pela ONU são encarregadas de verificar, posteriormente, o sistema de monitoria proposto e emitir relatórios de avaliação. Para cada tipo de atividade, existe uma entidade específica. “A certificadora para uma central hidrelétrica é diferente daquela solicitada para averiguar processos de filtragem industrial”, diz Roulien Vieira. Com linha de base e sistema de monitoria determinados, o documento já pode ser enviado para a Comissão Interministerial da ONU, onde será sub-

metido à análise por até dois meses. Segundo Vieira, esse período não é resultado de burocracia no processo, mas sim de uma análise profunda e séria. “Brasília é simplesmente um filtro para que o projeto não chegue à ONU sem os padrões necessários”, explica. Ainda na representação brasileira do órgão, caso algum procedimento sugerido no projeto necessite de mudanças pequenas, sua aprovação se dará com ressalvas e prazo estipulado para cumprimento dos ajustes. Somente após sua realização é que o projeto será validado e liberado para execução. Prevendo o tempo que todo esse processo inicial leva, empresas têm se preparado com até um ano de antecedência para entrar no mercado de crédito de carbono. “A média de espera entre envio do projeto e sua validação é de 8 a 12 meses”, diz Vieira. As causas mais comuns para a demora, porém, são despreparo da empresa na elaboração do documento e na implantação de atividades ambientais, além de atrasos na chegada e instalação de novos equipamentos. Caso a empresa tenha interesse em realizar melhorias antes mesmo da aprovação de seu projeto na ONU, também poderá ter direito aos créditos, mas somente após a homologação dos títulos. “É necessário, porém, documentar tudo para mostrar que ela estava contando com os créditos para fazer as mudanças”, acrescenta o especialista. Assim que o projeto entra em atividade, os créditos são emitidos e liberaOutubro 2007 – Empreendedor – 39


Meio Ambiente

Raudi: utilização de CO2 renovável neutralizará 120 mil toneladas de gás carbônico até 2011

dos para negociação. Daí podem ser registrados na agência ambiental do país onde há interesse em vendê-los. Muitas vezes, essas instituições são as próprias plataformas de negociação, locadas nos países ricos que fazem parte do grupo denominado Anexo-1 pelo Protocolo de Kyoto. Segundo Vieira, ao registrar créditos é fundamental levar em conta as bolsas que oferecem o melhor preço e determinar qual das modalidades de registro será mais rentável à transcrição dos títulos. “No mundo, há plataformas que negociam não só carbono, mas também metano, óxido nitroso, energia ou água. Posso registrar meu cliente na bolsa que compra os elementos poluidores de sua empresa. Assim, garanto um melhor valor de venda para ele”, explica o consultor da MAR Assessoria Ambiental. Nas bolsas ambientais, a empresa operadora pode vender lotes cuja quantidade mínima exigida geralmente é de 150 mil certifica-

dos. Após o fim de cada transação, é possível optar por outra bolsa ambiental ou investidor.

Dejetos suínos No Brasil, não existem plataformas ambientais, apenas o banco de projetos, mas várias empresas do país já operam no mercado internacional de títulos. Entre elas, a Sadia, indústria de alimentos que instalou biodigestores em 90% das propriedades de seus fornecedores. Com o novo equipamento implementado pelo Programa 3S da empresa, os dejetos de suínos gerados nas granjas são fermentados por bactérias em tanques cobertos, evitando a emissão na atmosfera de gás metano (CH4), substância 21 vezes mais poluente que o dióxido de carbono (CO2). Para realizar o investimento, a companhia contou com financiamento do BNDES no valor de R$ 60,5 milhões e, em maio de 2006, fechou contrato de

Potencial poluidor dos gases do efeito estufa CO2 CH4 N2O HFC PFC SF6

Dióxido de carbono Metano Óxido nitroso Hidrofluorcarbono Perfluorcarbono Hexofluor sulfuroso

= = = = = =

1 21 310 140 ~ 11.700 6.500 ~ 9.200 23.900

Linha Direta

A mesma quantidade de diferentes substâncias tem potencial poluidor distinto. O potencial de aquecimento global do gás metano, por exemplo, é 21 vezes maior do que a capacidade do dióxido de carbono. Isso significa que uma tonelada de metano reduzida corresponde a 21 créditos de carbono. Fonte: Wikipédia

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R$ 80 milhões com o European Carbon Fund (ECF) pela venda de 2,5 milhões toneladas de carbono em mercado futuro. Cada lote de crédito do 3S (410 mil toneladas) será entregue anualmente até o final de 2013. Pequenas e médias empresas também já se preparam para operar no mercado. Desde 2004, a paranaense Raudi iniciou sua fabricação de sais químicos utilizando CO2 renovável. “Usamos fermentação alcoólica como fonte geradora do gás”, explica o sócio-diretor da empresa, Ricardo Audi Filho. A substância é uma das matérias-primas do processo de obtenção de sais, tal como o bicarbonato de sódio utilizado em bolos, antiácidos, pastas de dente e extintores de incêndio. Com o processo ambientalmente limpo, a empresa prevê a neutralização de 120 mil toneladas de CO2 até 2011. Embora todos os procedimentos para uso de MDL sejam públicos, é recomendada a contratação de uma consultoria ambiental. O acompanhamento dos processos por assessores qualificados pode aumentar o potencial de aprovação dos projetos, agilizar a homologação dos créditos e até mesmo poupar as empresas de custos adicionais, caso as exigências da ONU não sejam rigorosamente seguidas.

Ricardo Audi Filho (Raudi Sais Químicos) (11) 3089-9800 Roulien Vieira (MAR Assessoria Ambiental) (48) 3028-2426 Sadia (11) 3147-7900


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Memória

Na boca do povo Número de padarias não cresce há quase uma década, mas consumo de pães está em ascensão Débora Remor

Você já tomou seu café com pão hoje? Comprou na padaria ou no supermercado? Quantas padarias perto da sua casa ou do seu trabalho você conhece? Essas são perguntas simples que revelam não só a importância do pão na sociedade como seu significado econômico. Atualmente, existem mais de 52 mil estabelecimentos da área de panificação no Brasil, e eles movimentaram R$ 35 bilhões no ano passado, respondendo por 2% do PIB nacional. Mesmo com cifras tão significativas, o número de padarias não cresce há quase uma década. “Diferente dos anos 1990, quando tivemos mais de 10 mil padarias fechadas, há sete anos não aumenta a quantidade de padarias, ocorre apenas troca de donos”, afirma Márcio Rodrigues, presidente do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC) e um dos coordenadores nacionais do Programa de Apoio à Panificação (Propan). Ele explica que “hoje a abertura é mais ordenada, e o pessoal, mais preparado”. Mas se os vendedores não estão aumentando em número, o consumo do brasileiro está, sim, em forte ascensão. Em 1984, a média de consumo era de 19 quilos de pão per capita ao ano, em 1995 pulou para 27 quilos, e, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip), no ano passado os brasileiros chegaram a consumir 30 quilos de pão per capita. A comemoração pela alta nos índices, porém, não é completa, já que a cifra corresponde apenas à metade do que a Organização Mundial de Saúde (OMS)

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INDEX OPEN

por

Perfil da panificação

Consumo de pão per capita

52 mil empresas no país 105 mil empresários atuando no setor 35 milhões de clientes por dia está entre os seis maiores segmentos industriais do país fatura cerca de R$ 35 bilhões por ano (2% do PIB)

Brasil ..................................... 30 kg/ano Argentina ............................... 73 kg/ano Chile ...................................... 93 kg/ano Alemanha .............................. 80 kg/ano Bulgária ............................... 110 kg/ano * A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 60 kg/ano

Fonte: ABIP e Propan (2007)


Há 14 anos...

Delicatessen São José recebeu Prêmio Bunge por ações de marketing

recomenda: 60 quilos per capita ao ano. Estatísticas da Abip mostram que existe uma padaria para cada 3 mil habitantes. Mas apenas o cheiro de pão quentinho não é suficiente para manter a casa cheia, o empreendedor precisa de criatividade para se destacar no meio. José Marcos Andrade de Souza, dono da Delicatessen São José, em Jequié (BA), achou uma maneira inusitada de chamar a atenção e deixar muita gente com vontade de participar. Ele fez um convite às crianças para decorarem a torta para presentear no Dia dos Pais, com divulgação em outdoor, nas rádios e em murais das escolas. Este foi o mais marcante, mas Souza aposta nos eventos que realiza para divulgar a marca, como o Festival do Rocambole, com 22 variedades, e o Festival do Dia das Crianças. A estratégia lhe valeu o Prêmio Bunge de Empreendedorismo em Panificação, na categoria Marketing. Para Souza, que abriu a São José em 1993, o pulo do gato veio mesmo quando começou a fazer pesquisas de mercado há quatro anos. As pesquisas são feitas a cada quatro meses numa determinada área, com variação de dois a seis quilômetros de raio, e uma vez por ano abrange toda a cidade, que fica a 368 quilômetros da capital, Salvador. “Desde o início, a São Jose deu um salto de qualidade, pois fazemos reuniões por setor depois do resultado e melhoramos em tudo.” O empresário construiu um auditório com capacidade para 40 pessoas, onde realiza as reuniões e os treinamentos. A modernização dos processos e mudanças na vida social também influ-

enciaram transformações na área de panificação. Atualmente, padaria é sinônimo de loja de alimentos prontos, e vários estabelecimentos estão se consolidando na venda de refeições. Implantar essas combinações, entretanto, requer profissionalismo baseado em informação e treinamento. “O conceito de padaria hoje está relacionado com refeição rápida e ambiente aconchegante, para manter as pessoas no local”, acredita Suzane Taube, proprietária da DonaBella Casa de Delícias, de Taubaté (SP). Ela, o pai e mais três irmãos abriram a matriz em abril de 2002 e hoje têm outros três pontos-devenda, sendo um deles uma cafeteria. A empresária conta que a panificadora nasceu com a idéia de agregar inovação, a começar pela localização. “Estamos na praça, que tinha decaído muito desde o tempo que era centro industrial da cidade até chegar a ponto de pros-

Na primeira edição da Revista Empreendedor, foi publicada a matéria “Mão na massa”, escrita pelo repórter João Lombardo para a seção “Como fazer”. Hoje, 14 anos depois, a jornalista Débora Remor faz uma releitura da reportagem. De lá para cá, muita coisa mudou. O Brasil já não é mais “tão instável economicamente quanto um avião em turbulência”, como se referiu Lombardo na época, ano em que entrou em circulação o real e década em que mais de 10 mil padarias foram fechadas. Criatividade, capacitação, eficiência administrativa e produtiva, planejamento e fortalecimento da produção própria ajudaram a mudar esse quadro. Muitas outras coisas, no entanto, continuam iguais. A afinidade com o ramo escolhido ainda é requisito para abrir um negócio, assim como reunir o máximo de informações possíveis para obter uma visão realista do empreendimento. Dedicação à empresa, controle financeiro, e qualidade de produtos e serviços são essenciais para o bom andamento dos negócios. Algumas tendências se consolidaram. As lanchonetes no interior das padarias, por exemplo, já são comuns. E novas ondas surgiram, como a oferta de refeições no estabelecimento, delivery e a produção própria de sorvete – o que não deixa de ser uma volta às origens desse mercado.

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Memória tituição. Aos poucos, conseguimos resgatar a história e revitalizar a praça”, relembra. A DonaBella nasceu para “transmitir uma certa magia, e não apenas para vender o produto”, explica Suzane. Segundo ela, foi implantado um modelo europeu de apresentar os itens, os produtos ficam expostos numa mesa, e através do self-service os clientes escolhem os bolos e tortas que querem levar. Mas o diferencial da DonaBella é mesmo a equipe que trabalha lá. A padaria é uma das poucas que estabeleceu um setor de recursos humanos (RH). “Desde o começo, esta filosofia de gestão estratégica estava presente, mas a política foi sendo moldada até amadurecer a este ponto.” Hoje, os 50 funcionários da matriz e outros 40 espalhados pelas filiais contam com psicólogo, responsável pela análise de perfil do colaborador e contratação de pessoal, e um plano de carreira que estimula a permanência na empresa. “A rotatividade sempre existe, mas conseguimos diminuir em 60% criando um vínculo com o empregado. Hoje, os funcionários da empresa sabem que podem crescer aqui, eles começam como atendente e podem chegar a coordenador de loja”, exemplifica Suzane, que recebeu o Prêmio Bunge na categoria RH. Antes de investir aquela herança ou a economia de anos na abertura de uma padaria, é preciso prestar atenção às dicas e buscar uma entidade com experiência em orientação deste segmento. “Sem suporte e conhecimento, as chances de dar certo são muito pequenas. A competição está muito acirrada”, aponta Rodrigues, do ITPC. De acordo com o diretor, para começar o negócio, são três os principais pilares: a localização – que vai determinar o público freqüentador –, as questões legais específicas da região e um plano para definir o perfil, o porte e a produção do estabelecimento. Para uma padaria de porte médio, o investimento inicial gira em torno de R$ 250 mil, sem contar a parte física do empreendimento, e o retorno leva em média quatro

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anos. Para grande porte, são pelo menos R$ 800 mil. O constante treinamento do pessoal e cursos de atualização dos administradores também deve ser observado. Três entidades são lembradas pelo apoio dado aos empreendedores da área de panificação. A Abip fornece informações básicas, enquanto a Propan oferece suporte para montar o negócio. Já o Sebrae ajuda na modernização dos equipamentos. Quem sabe explicar bem como é esta preparação antes de abrir a própria padaria é Cláudio Henrique de Faria. Ele administrava um motel às margens da BR-020, que liga Brasília à cidade satélite Sobradinho. “Quando eu chamava o pessoal para abrir uma padaria aqui, eles não aceitavam, porque o local fica longe de residências, entre quatro e cinco quilômetros, e apesar de ficar numa região com muitos condomínios, os consumidores precisam ir de carro”, conta. Como ninguém aceitou a sugestão, Faria entrou de cabeça nos cursos de apresentação de produtos e ferramentas de administração,

consultorias e treinamentos, e em 2002 abriu a Via dos Pães. Tanta capacitação rendeu a Faria o Prêmio Bunge na categoria Administração Financeira Eficiente este ano, e ele logo solta a língua: “se o preço da farinha sobe, eu sei exatamente quanto devo aumentar no preço do pão”. Na padaria dele, o pão é vendido a peso, as pessoas se servem no balcão, e a casa já nasceu com atendimento 24 horas, “por isso não temos nem porta para fechar”, afirma Faria. Com um espaço de venda de 120 metros quadrados, a circulação no horário de pico, entre 17 h e 20 h, chega a 1,1 mil pessoas. Mas ele não se dá por satisfeito, agora está finalizando a segmentação do processo produtivo, o que vai dobrar a produtividade dos funcionários. Um padeiro que faz 30 quilos por dia vai fazer 60 quilos de pão. Para ajudar quem quer abrir uma padaria, programa Negócio Certo do Sebrae chama a atenção para alguns itens. O empreendedor precisa fazer registro do estabelecimento na Junta

Curiosidades

Foram os egípcios, há mais de 6 mil anos, que descobriram a fermentação do trigo, sem querer, e desta forma o pão. Desde a sua descoberta até hoje, o pão sempre esteve ligado à vida do homem, tanto como alimento quanto como símbolo econômico, político, religioso, artístico e cultural.

Hoje em dia, o valor do pão está em ser um alimento barato, nutritivo e muito saudável. O bom é que hoje, diferente do que acontecia no Mundo Antigo e na Idade Média, a gente sempre pode encontrar um pão quentinho bem perto de casa.

Santa Isabel é a padroeira dos padeiros e panificadores, e seu dia é 8 de julho.


Comercial, na Secretaria da Receita Federal, na Secretaria da Fazenda, na prefeitura do município, no INSS e no sindicato patronal. Antes dessa maratona, é interessante obter informações junto à prefeitura sobre as instalações físicas e o alvará de funcionamento. O Procon também é fonte para o administrador conhecer as especificações do Código de Defesa do Consumidor. O Sebrae ainda sugere o conhecimento da Legislação Sanitária Federal (nº 6.437/ 77) e das Normas Básicas sobre Alimentos (Decreto-Lei nº 986/69).

Universidade do pão

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Se você quer mesmo abrir uma padaria, prepare-se, pois “o negócio ficou tão complexo, que a gente precisa de muita informação técnica”, declara Rodrigues, do ITPC. Ele sugere que, antes mesmo de abrir seu negócio, é necessário procurar orientação. A Propan ministra cursos nas áreas de administração, gestão de pessoas, de ambi-

ente e de processo, atendimento ao cliente, e marketing e vendas. A entidade também oferece consultoria e treinamento para panificadoras de diversos portes. Alguns cursos são denominados, entre os alunos, de “Universidade da Panificação”. Segundo dados da assessoria de imprensa, no ano passado 468 empresas foram atendidas pela Propan, e este ano, até setembro, estavam em curso 532 atendimentos. Feitos os cursos, os investimentos e a escolha do ponto, começam a montagem e a gestão da panificadora. Como o custo fixo sobre o lucro líquido varia de 52% a 68%, e o salário de um funcionário da indústria representa entre 25% a 35% do que ele produziu, é preciso eficiência no processo, seja padronizando as etapas, seja modernizando o maquinário. Foi através da melhoria no controle da produtividade, do estoque de matéria-prima e implantação de novas tecnologias que Marcelo Bacelo Amorim conseguiu modernizar e aumentar o faturamento da Santa Efigê-

Não esqueça Custo fixo sobre o lucro líquido: 52% a 68%. A matéria-prima representa em média 22% a 35% do preço de venda dos produtos produzidos. A venda do pão francês sobre a venda total da padaria varia entre 14% a 32%, com uma média de 21%. O salário de um funcionário de indústria deve representar entre 25% a 35% do que ele produziu.

nia Pão & Cia., de São Paulo, e de quebra ainda ganhou o Prêmio Bunge na categoria Processo Produtivo. O estabelecimento conta com 67 funcionários e média de 1.550 vendas por dia, entre panificação, confeitaria, restaurante e telentrega para empresas. Depois do investimento feito no ano passado para modernizar o processo, o faturamento com a produção própria alcançou 90%, dividido entre a padaria e confeitaria, que gera 26%, o restaurante, com outros 26%, a lanchonete, em 17%, e os salgados e café, 15%. “Com tanta diversificação do mix de produtos, é preciso ter muita estrutura para conseguir administrar o que acaba sendo um negócio complexo: comércio, indústria e serviço”, explica Amorim. As padarias brasileiras são freqüentadas por 35 milhões de pessoas diariamente, e cada cliente gasta, em média, entre R$ 1,50 e R$ 9,00, mas a maioria não passa dos R$ 4,00. Por isso, os estabelecimentos têm diversificado os itens de produção própria, que geram mais lucro. “A produção artesanal garante a credibilidade junto ao público, mas a venda de alimentos prontos nas padarias cresce muito. Os pequenos estão se reinventando, fazendo a diversificação dos produtos, profissionalizando o atendimento e atendendo também a empresas”, afirma Rodrigues, da ITPC. Foi neste filão que Amorim apostou sua criatividade. A Santa Efigênia se localiza numa área estritamente comercial, então não fazia sentido abrir aos domingos. Em contrapartida, fechou parceria para entregar almoços, lanche e servir coffee break para eventos corporativos, além do delivery por telefone e pela internet.

Linha Direta ABIP: www.abip.org.br/(61) 3327-3332 DonaBella: (12) 3633-3616 Padaria Delicatessen : (73) 3525-6461 Propan e ITPC: www.propan.com.br Santa Efigênia Pão&Cia: (11) 3311-6632 Via dos Pães: (61) 3302-3210 Outubro 2007 – Empreendedor – 45


Crédito

A cultura da mudança Capacitação em gestão da inovação auxilia empresas na obtenção de financiamentos para P & D por

Débora Remor

Vencer os preconceitos da administração e incluir a cultura de inovação na gestão das empresas ainda parece uma tarefa difícil, mas aos poucos as áreas de pesquisa e desenvolvimento, marketing e produção estão conseguindo ultrapassar estes obstáculos. Depois da quebra de paradigma, os resultados aparecem rapidamente e com engorda nos números de faturamento. Foi o que aconteceu com a Karsten, fabricante de tecidos de cama, mesa e banho, com sede em Blumenau (SC). A empresa começou a formar núcleos de inovação em 2004, e em três anos o faturamento com produtos inovadores passou de 3% para 9% do total. “Os núcleos vieram da necessidade de se organizar para transformar as idéias em produtos e projetos para o mercado. Os funcionários, clientes, a chefia e o pessoal externo davam muitas idéias, mas poucas eram levadas adiante, sobrava muita idéia”, conta Leoni Pasold, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Karsten. A organização e a estruturação da empresa para pensar a inovação como princípio e inseri-la na gestão demandam passos importantes de capacitação e no investimento. Recursos disponíveis para a inovação tecnológica existem, principalmente de financiadoras públicas e bancos como o BNDES, mas para isso é preciso amadurecer os projetos, e criar a cultura entre direto-

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ria e funcionários. “Ainda existe dificuldade de elaborar e apresentar os projetos. Em geral, as empresas não sabem apontar os resultados e a maneira de implantar esses projetos”, observa Rodrigo Coelho, representante da Finep para Santa Catarina e Paraná. Algumas entidades, entre elas Unicamp, Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi), oferecem cursos de capacitação em Gestão da Inovação para empresas. O IEL-SC promove Núcleos de Gestão da Inovação (Nugin) desde 2005 e, dos sete implantados no ano passado, seis conseguiram obter financiamentos do go-

verno. “Fazemos, primeiro, o diagnóstico da inovação para identificar os pontos fortes, a cultura da inovação e as barreiras para este desenvolvimento. Depois, apresentamos um projeto para implementar o processo de inovação indicando um grupo de pessoas de várias áreas para integrar e otimizar o trabalho”, explica Eliza Coral, coordenadora de Inovação e Transferência Tecnológica do IEL-SC. Para a Karsten, a maior dificuldade no início deste processo foi a aceitação da inovação como peça-chave para o desenvolvimento. “A administração via a necessidade, mas não dava tanta importância. A inovação era uma atividade isolada e paralela. Foi preciso mu-

Modelos de financiamento da Finep A Finep opera através de Programas, abrangendo quatro grandes linhas de ação: I. Apoio à inovação em empresas (a) Financiamento às empresas PRÓ-INOVAÇÃO – Financiamento com encargos reduzidos para a realização de projetos de P & D e inovação. As operações de crédito nesta modalidade são praticadas com encargos financeiros que dependem das características dos projetos. APGEFOR – Financiamento com encargos reduzidos para a realização de estudos e projetos de pré-investimento que visem à implementação de obras de geração de energia elétrica a partir

de fontes renováveis, sejam elas alternativas, sejam convencionais, a serem realizados por empresas brasileiras de engenharia consultiva. JURO ZERO – Financiamento ágil, sem exigência de garantias reais, burocracia reduzida para atividades inovadoras de produção e comercialização em pequenas empresas atuantes em setores priorizados pela Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). (b) Programas de capital de risco (c) Apoio financeiro não-reembolsável e outras formas de atuação PAPPE – Apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos, elaboração de planos de negócios e


Karsten, Eliza Coral e Rodrigo Coelho: Núcleo de Gestão da Inovação aumentou faturamento da empresa

dar a cultura dentro da empresa, e hoje ela já é bem difundida e vista como fundamental”, explica Pasold. Ele acrescenta que, depois da organização para a inovação, houve também a implantação de metodologias para aproveitar as idéias e planejar os produtos inovadores. “Já conseguimos obter recursos do governo, com dois financiamentos. Quando engrena, depois da mudança, a coisa anda por si só. E vemos que os benefícios que estamos colhendo são muito melhores do que a expectativa”, completa Pasold. Ainda para este ano, financiamentos na base dos R$ 2 bilhões devem ser anunciados pelo governo federal através da Financiadora de Estudos e

Projetos (Finep). O segundo edital para subvenção econômica para inovação foi anunciado no final de agosto. Os recursos não-reembolsáveis, no valor de R$ 450 milhões, são destinados a empresas inovadoras, e seus projetos não precisam estar ligados a universidades. Os projetos devem estar voltados para a inovação tecnológica, visando a agregar valor aos produtos. Outros R$ 26 milhões foram lançados pela Finep com objetivo de apoiar exclusivamente micro e pequenas empresas inovadoras. As linhas dos financiamentos são divididas em reembolsáveis e não-reembolsáveis, que necessitam da publicação de edital. “Buscamos cooperação entre universidades e empresas para

inovação aberta. As empresas recorrem ao ambiente externo para solução de idéias e inovação de produtos. Universidades e centros de pesquisa são parceiros naturais, mas não os únicos”, salienta Coelho. Desde o ano passado, a Finep contratou R$ 171 milhões em projetos de cooperação entre empresas e universidades, R$ 480 milhões em subvenção econômica e outros R$ 19 milhões em financiamentos reembolsáveis a juro zero.

estudo de mercado, prioritariamente em empresas de base tecnológica, sob a responsabilidade de pesquisadores que atuem diretamente ou em cooperação com elas.

empresas brasileiras e ICTs. PPI-APLs – Apoio financeiro a atividades desenvolvidas por ICTs, voltadas para assistência tecnológica, prestação de serviços e solução de problemas tecnológicos de empresas formando aglomerados característicos de Arranjos Produtivos Locais. ASSISTEC – Assistência e consultoria tecnológica (extensionismo) por Institutos de Pesquisa Tecnológica (IPTs) a micro e pequenas empresas para solução de problemas tecnológicos variados. PROGEX – Apoio à assistência tecnológica por Institutos de Pesquisa Tecnológica (IPTs) para melhoria do desempenho exportador de pequenas empresas. Inclui adequação tec-

nológica de produtos. PRUMO – Apoio à assistência e prestação de serviços tecnológicos por Institutos de Pesquisa Tecnológica (IPTs) a micro e pequenas empresas por meio de unidades móveis dotadas de equipamentos laboratoriais. RBT – Apoio a projetos entre empresas fornecedoras e ICTs, para a substituição competitiva de importações em setores selecionados (atualmente, petróleo, gás e energia).

II. Apoio às Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) III. Apoio à Cooperação Empresas e ICTs (a) Financiamento reembolsável para empresas e apoio não-reembolsável para ICTs COOPERA – Apoio financeiro a projetos cooperativos de P & D e inovação entre

Linha Direta Eliza Coral (IEL-SC): (48) 3231-4608 Leoni Pasold (Karsten): (47) 3331-4000 Rodrigo Coelho (Finep): (48) 3231-4393

IV. Apoio a Ações de C&T para o Desenvolvimento Social Fonte: Finep (www.finep.gov.br)

Outubro 2007 – Empreendedor – 47


Gerhard Dannapel

LIO SIMAS

Perfil

48 – Empreendedor – Outubro 2007


Samurai alemão Fabricante aumenta validade de tofu orgânico e conquista grandes redes do Brasil por

Francis França

O alemão Gerhard Dannapel sempre gostou de cozinhar. A paixão surgiu na infância, quando ajudava a mãe a preparar doces e confeitos. Ele já investiu em confeitarias, conheceu e experimentou a culinária de diversos países, mas foi com a produção de tofu orgânico, conhecido como “queijo de soja”, que Dannapel conquistou as maiores redes de supermercado do Brasil. A Samurai Tofu foi criada em 2005, em Florianópolis, com a proposta de dar cara nova a um alimento milenar. Consumido há 2 mil anos pelos chineses, o tofu é feito a partir da coagulação do leite de soja, método parecido com o do leite de vaca, mas, apesar do nome popular, o tofu é bem diferente do queijo. Dannapel acrescentou temperos e sabores ocidentais à receita tradicional e desenvolveu uma linha de produtos responsável por um crescimento médio de 400% ao ano na empresa. Instalada em uma casa alugada e com 16 funcionários, a Samurai Tofu cresceu mais rápido do que Dannapel esperava e deve mudar de endereço em breve para dar conta da produção. São fabricadas mensalmente 12 toneladas de alimento, com previsão de faturamento de R$ 1,2 milhão em 2007. Com menos de dois anos de fundação, a empresa passou a fornecer para redes como Pão de Açúcar, Wal-Mart e Casa Santa Luzia. A receita para o sucesso combina três ingredientes principais: a variedade de sabores, que desfaz o mito de que alimentos à base de soja não agradam ao paladar; a utilização de soja orgânica com certificação internacional; e o se-

gredo do chef – a tecnologia de pasteurização garante um prazo de validade de 70 dias para o produto. Até então, o tofu produzido no Brasil durava no máximo cinco dias. “A validade longa permite a venda em mercados que não têm um giro muito grande e que o pessoal não conseguia comprar, porque estragava tudo. Para quem vende dois ou três pedaços por semana, não valia a pena, ainda mais a longas distâncias, em que o produto levava um dia só para chegar ao mercado”, diz Dannapel. O tofu produzido pela Samurai tem consistência mais sólida e o dobro de soja dos tradicionais. Justamente por isso, segundo Dannapel, não chega a concorrer com o produto clássico japonês, que é mais macio. “O nosso é mais firme, se adapta melhor à cozinha ocidental, para aqueles que querem fazer outras coisas, moer, processar, marinar, refogar.” A fórmula ocidental e a técnica de pasteurização foram trazidas da Alemanha, onde Dannapel trabalhou durante seis anos na Taifun, maior fabricante de tofu da Europa. Depois de três anos no Brasil produzindo guloseimas em sua confeitaria, com o nascimento do primeiro filho, ele voltou para a terra natal em busca de segurança, estrutura e um estilo de vida mais saudável em 1996. O emprego na Taifun veio a calhar e apresentou a Dannapel uma parte do Brasil que ele não conhecia – os produtores de soja orgânica do interior do Paraná. Todos os meses, a empresa comprava cinco contêineres de soja orgânica brasileira. O produto certificado e proveniente da agricultura familiar tem alto valor para os alemães, em função do caráter socioambiental.

GERHARD DANNAPEL Idade: 39 anos Local de Nascimento: Köln, Alemanha Formação: técnico industrial Nome da empresa: Samurai Tofu Ano de fundação: 2005 Cidade-sede: Florianópolis

Quando voltou ao Brasil em 2003, Dannapel já começava a estudar o mercado para investir em uma nova confeitaria, mas a falta de tofu nas gôndolas dos mercados lhe chamou a atenção. Ele entrou em contato com os donos da Taifun e sugeriu que a empresa fizesse uma avaliação para investir aqui, então passou a desenvolver o projeto para a empresa, mapeando o mercado e negociando com fornecedores de soja orgânica como a Agro Orgânica (PR), que hoje produz toda a soja da Samurai Tofu. Os sócios vieram ao Brasil para estudar os mercados e trouxeram amostras da Alemanha, mas, no último momento, um deles desistiu.

Produção artesanal Dannapel ficou com um plano de negócios pronto para a produção de tofu, entre outras possibilidades de emprego e investimento. Foi então que ele conheceu o irlandês James Kelly, veterinário e entusiasta dos alimentos orgânicos. Em janeiro de 2005, os dois começaram a produzir as primeiras unidades de forma artesanal, com pequenos equipamentos instalados na garagem da casa de Dannapel, em Florianópolis. Em junho daquele ano, a empresa foi oficializada. Do tofu natural, surgiram a versão com ervas finas e o tofu defumado. A Outubro 2007 – Empreendedor – 49


Perfil

Gerhard Dannapel

LINHA DO TEMPO

1967 Nasce Gerhard Dannapel. 1972 Cursa escola técnica em Köln. 1982 Forma-se técnico de indústria. 1986 Muda-se para Berlim para terminar os estudos. 1990 Vai morar na Itália, onde trabalha na indústria, mas aproveita para aprender mais sobre culinária. 1993 Casa-se com uma brasileira e vai morar em Florianópolis. 1994 Abre sua primeira confeitaria. 1996 Com o nascimento do primeiro filho, Dannapel volta para a Alemanha, onde julga ter melhor estrutura para crianças. 1997 Entra na empresa Taifun, onde passa seis anos trabalhando com a produção de tofu orgânico. 2003 Viaja seguidamente ao Brasil para avaliar possibilidades de investimento. 2005 Funda a Samurai Tofu, junto com seu sócio irlandês James Lawson Kelly. Começa a fornecer para grandes redes de supermercados em Santa Catarina, como Imperatriz e Angeloni. 2006 A Samurai Tofu torna-se fornecedora do Grupo Pão de Açúcar, atendendo a toda a rede de supermercados e também a outras bandeiras do grupo, como Extra, Comprebem e Sendas. 2007 Assina contrato com a Wal-Mart Brasil, para fornecer produtos à bandeira “Mercadorama”, em Curitiba. Passa a fornecer também para grandes redes do Rio Grande do Sul, como Nacional e BIG.

50 – Empreendedor – Outubro 2007

linha de hambúrgueres à base de soja e tofu também foi ganhando novos temperos, assim como a linha de patês de tofu, direcionados aos adeptos de uma alimentação saudável. Apesar de pequena, a clientela fiel e engajada garantiu o crescimento da empresa. Por ser um alimento 100% vegetal, com poucas calorias, isento de colesterol, lactose ou glúten e considerado pela medicina um inibidor natural do câncer, o tofu conquistou um público que busca alternativas saudáveis à alimentação. Dannapel não é vegetariano, mas procura manter uma dieta coerente com os alimentos que produz. “Minha alimentação particular é mista, e isso é um dos segredos para manter a saúde, bastantes vegetais e, de vez em quando, carne.” Ele pratica cooper, natação e procura comer muita salada, mas não dispensa uma caipirinha – eleita a bebida predileta dos alemães – com os amigos, e, às vezes, encara uma churrascaria. “Privar-se de uma vida de prazeres também não faz sentido, provar uma bela torta, de vez em quando, também faz parte, com certeza.” A paixão pelas tortas – e confeitarias – ainda não passou. A primeira confeitaria de sua vida foi aberta no Brasil, em 1994, dentro do conceito: “se você quer alguma coisa bem-feita, faça você


LIO SIMAS

mesmo”. Dannapel era convidado para as festas de aniversário dos amigos e não ficava satisfeito com o padrão das tortas comercializadas aqui. Com o espírito empreendedor e o incentivo dos amigos, decidiu começar a produzir quitutes para fornecer aos bares da região. Chegou a abrir um ponto de atendimento com café, mas o foco do negócio sempre foi abastecer as prateleiras dos outros estabelecimentos. Dannapel era o confeiteiro-chefe e coordenava uma equipe de seis pessoas. Quando foi para a Alemanha, vendeu a confeitaria, mas até hoje os filhos o aconselham a não desistir do sonho. Com a experiência na produção de alimentos naturais, ele já pensa em uma confeitaria diferente, com ingredientes orgânicos e igualmente gostosos. Em casa, gosta de cozinhar macarronada, com as receitas de molho que aprendeu no tempo em que morou na Itália, antes de vir para o Brasil. Apesar de ter talento especial para a cozinha italiana, segundo diz, as receitas são feitas por prazer, sem pretensões de abrir uma trattoria. O tempero das massas serve de inspiração para os produtos da Samurai Tofu. Este mês, será lançada na Biofach América Latina – maior feira de produtos orgânicos do mundo – a

nova linha Tofu Premium, desenvolvida especialmente para acompanhar saladas e lanches, nos sabores “shiitake”, “shiitake defumado”, “al pesto” e “tomate seco”.

Vendas no varejo Apesar de jovem, a Samurai Tofu serve de exemplo para muitas empresas produtoras de alimentos orgânicos, pelo sucesso de comercialização não só em feiras alternativas, mas no varejo tradicional. Quando perguntam como Dannapel conseguiu entrar em redes como Pão de Açúcar e WalMart, ele responde: “é só ir”. Ele foi, pessoalmente, em cada rede, bateu na porta e apresentou os produtos. Segundo diz, foi relativamente fácil tornar-se fornecedor, embora o tempo entre a aceitação e a efetiva comercialização demorasse alguns meses. Levar a Samurai Tofu para todo o país tem sido um aprendizado para Dannapel. “O Brasil é um país muito grande, geográfica e culturalmente, e a estrutura comercial e logística requer desafios bem diferentes dos que eu estava acostumado na Europa.” A abertura de filiais que funcionem como pontos de distribuição está nos planos de expansão da empresa. Os altos

investimentos na produção, segundo ele, não justificam ainda a abertura de franquias. “Fazer tofu dá muito trabalho. Apesar de ter poucos ingredientes – soja, água e alguns coagulantes –, o processo é muito demorado e complexo.” A idéia é criar pontos de fabricação do tofu natural, que não precisa de muitos equipamentos, e, para as linhas que requerem investimentos maiores, servir apenas como ponto de distribuição. Exportar não está nos planos da Samurai Tofu. Há possibilidade de expandir a distribuição para Montevidéu e Buenos Aires, mas a intenção é crescer no Brasil. “Temos que expandir para um raio de abrangência que faça sentido para nós, porque é um produto refrigerado, e a validade, apesar de longa para o nosso nicho, ainda é curta para a exportação.” Padrão cosmopolita, a empresa tem, afinal, é formada por um alemão e um irlandês, que produzem, no Brasil, um produto tradicional da culinária japonesa, mas de origem chinesa. Dannapel diz que multiculturalidade não atrapalha a identidade do produto. “O importante é tentar fazer a coisa certa em qualquer lugar onde se esteja.”

Linha Direta Gerhard Dannapel: (48) 3226-7321 Outubro 2007 – Empreendedor – 51


Pequenas Notáveis

O espaço da micro e pequena empresa

Poder Público deve comprar R$ 90 bilhões por ano de pequena empresa Lei Geral garante diferenciação das MPEs nos processos de compras governamentais, medida que pode gerar até 3 milhões de empregos to regulamenta, no âmbito federal, o capítulo V da Lei Complementar 123/ 06, conhecida como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. “Atualmente, cerca de 150 mil micro e pequenas empresas vendem para os governos. Com essa política, esse número pode crescer muito, considerando a grande quantidade de empresas do segmento existentes no país”, destaca o gerente de Políticas Públicas do Sebrae nacional, Bruno Quick. A avaliação é que os R$ 39 bilhões a serem adquiridos dessas empresas possam gerar 971 mil postos de trabalho diretos

e superar dois milhões indiretos. Bruno Quick explica ainda, com base em números do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que dos cerca de R$ 300 bilhões comprados pelo Poder Público atualmente, apenas 17% são adquiridos de micro e pequenas empresas. A meta é aumentar em 13% o volume de compras desse segmento, atingindo 30% no período de cinco anos. O decreto federal nº. 6.204 foi publicado no Diário Oficial da União no dia 6 de setembro, com data de 5 de

DIVULGTAÇÃO JOSE PAULO LACERDA

Dentro dos próximos cinco anos, os governos federal, estadual e municipal devem aumentar em, aproximadamente, R$ 39 bilhões anuais o volume de compras de bens, serviços e obras de microempresas e empresas de pequeno porte. Isso significa que esse montante de aquisições feitas do segmento passará dos cerca de R$ 52 bilhões atuais para aproximados R$ 90 bilhões. A boa previsão de novos tempos para os pequenos negócios nesse mercado das compras públicas veio com a publicação, no Diário Oficial da União, do Decreto nº. 6.204. O decre-

Micro e pequenas empresas têm exclusividade nas contratações públicas no valor de até R$ 80 mil

52 – Empreendedor – Outubro 2007


O QUE MUDA COM A LEI GERAL DAS MPEs Item

Como é hoje

O que muda com a Lei

1 - Compras governamentais

As MEs e EPPs concorrem nas mesmas condições impostas às grandes empresas. As exigências burocráticas e os grandes lotes são impeditivos da participação das pequenas empresas nas compras públicas.

Fixa o limite preferencial de R$ 80.000,00 para compras de MEs e EPPs, sempre que houver empresas desse porte em condições de fornecer a preços competitivos. Prevê, ainda, a simplificação na participação em licitações e o fornecimento parcial de grandes lotes, ressalvada a exigência de lei local para que se utilizem tais mecanismos. Por fim, prevê a negociação do empenho com bancos.

2 - Volume de compras públicas de bens, serviços e obras de MPEs

R$ 52 bilhões (2006)

R$ 90 bilhões (previsão para 2012)

Compras públicas Volume total 2006 R$ 300 bilhões

Participação atual de MPEs 17%

Participação de MPEs dentro de 5 anos 30%

Os efeitos da medida na geração de empregos Acréscimo no volume de compras públicas de MPEs R$ 39 bilhões

Postos de trabalho direto 971 mil

Postos de trabalho indireto Mais de 2 milhões Fonte: Sebrae

setembro. A norma facilita a participação dos pequenos negócios nas compras governamentais. Entre os benefícios previstos no decreto, o segmento de micro e pequenas empresas tem exclusividade nas contratações públicas de bens, serviços e obras no valor de até R$ 80 mil, além de preferência em caso de empate com empresas de maior porte. Nas licitações do tipo menor preço, é considerado empate valor igual ou até 10% superior ao menor preço apresentado por uma empresa de maior porte. Nas modalidades tipo pregão, esse valor é igual ou até 5% superior à menor proposta. Nos dois casos, a microempresa ou a pequena empresa mais bem classificada pode apresentar proposta com valor mais baixo. O decreto também prevê a possibilidade de subcontratação de micro e pequenas empresas por aquelas de maior porte vencedoras de licitações públicas em até 30% ou mais do valor total do contrato. Possibilita também

que esse percentual atinja limite superior a 30%, desde que fixado em edital. A medida ainda impede que, na definição dos bens a serem adquiridos, sejam utilizadas especificações que restrinjam a participação dessas empresas no processo e institui outros mecanismos destinados a ampliar a participação do segmento nas licitações.

Decreto e benefícios “O decreto traduz com clareza que o uso do poder de compra do Estado brasileiro assume seu papel de promover desenvolvimento econômico, geração de oportunidades e inovação tecnológica pela preferência à contratação das micro e pequenas empresas”, avalia Bruno Quick. Para ele, com o decreto federal, agora Estados e municípios dispõem de parâmetros para as regulamentações locais ou podem utilizar diretamente o decreto, “como aconteceu com a Lei de Licitações, a 8.666, quando os municípios seguiram a re-

gra federal”. O decreto entra em vigor no dia 7 de outubro, contados 30 dias após a data de sua publicação, e vale para órgãos da administração pública federal direta, fundos especiais, autarquias, fundações e empresas públicas, além de sociedades de economia mista e entidades controladas pela União. Bruno Quick alerta que o decreto deve ser amplamente divulgado para que a informação chegue aos empresários. O Sebrae e o Ministério do Planejamento vão oferecer treinamento para órgãos públicos envolvidos no processo, e empresários de micro e pequenas empresas. O Ministério vai treinar os compradores, que são os gestores públicos, e o Sebrae ficará encarregado dos fornecedores, ou seja, os empresários de micro e pequenas empresas. “A expectativa é chegar em 2008 com 50 mil empresas orientadas”, adianta Bruno Quick. O trabalho será desenvolvido em parceria com o setor contábil e entidades empresariais e municipais. Outubro 2007 – Empreendedor – 53


A voz da experiência

Benedita Ricardo de Oliveira

Com a alma na cozinha Aliar simplicidade a qualidade, uma receita de sua avó, é o segredo do sucesso da incansável chef

54 – Empreendedor – Outubro 2007

por

Ana Carolina Dionísio


CASA DA PHOTO

Moqueca capixaba de robalo, fettuccine aos quatro queijos com salmão defumado, filé de pescada à jangadeiro com molho de camarão. Para quem não gosta de peixe, galinhada com frango caipira. Aos ouvidos da maior parte dos mortais que diariamente enfrentam filas para almoçar em buffets a quilo, essas palavras podem representar uma orgia gastronômica. Mas, para Benedita Ricardo de Oliveira, elas significam trabalho, admiração e sucesso. A chef, de 68 anos, além de preparar estas e outras receitas em banquetes e eventos, também dá aulas e palestras em cursos de Gastronomia e presta consultorias para restaurantes em todo o país – isso quando não está gravando participações em programas de televisão ou cuidando da linha de congelados que ela faz para um empório paulistano. Entre tantos compromissos, ela ainda conseguiu tempo para escrever um livro, Culinária da Benê – Dicas e Segredinhos, lançado em 2005. Em todas estas ocasiões, ela demonstra a maestria com que domina a culinária brasileira e internacional, construída ao longo de 45 anos de carreira. Mas Benê, como é carinhosamente conhecida, afirma que cozinhar pratos elaborados não é o maior desafio de sua profissão. “A comida mais difícil de fazer é a mais simples. Fazer pratos sofisticados é fácil. O difícil é fazer o simples ficar sofisticado.” A habilidade para aliar simplicidade e qualidade, ela aprendeu com a avó, dona Eugênia Ponciana da Costa, quituteira conhecida em São José do Mato Dentro, distrito do município de Ouro Fino, no sul de Minas Gerais: “Minha avó, de um simples feijão com arroz, fazia um banquete”, lembra. Benê perdeu a mãe e a avó ainda menina. Aos 17 anos, mudou-se para São Paulo para trabalhar na casa de uma família. De lá, foi contratada por outra família, os Buck, de origem alemã. Deles, recebeu incentivo para continuar aprimorando os dotes culinários, inclusive numa temporada de sete

meses na Alemanha em 1974. De volta ao Brasil, venceu um concurso de receitas da Editora Abril e foi convidada para trabalhar na cozinha experimental da empresa, onde ficou três meses. Reprovada no exame psicotécnico, não pôde ser contratada. Frustração? Não, estímulo. Sempre convidada, Benê assumiu uma cozinha industrial. Ao mesmo tempo, começou a investir na carreira autônoma, preparando banquetes em domicílio. Mexendo no caldeirão étnico das famílias paulistanas, ela aprendeu pratos de cozinhas internacionais: israelense, árabe, italiana, francesa, além da germânica, treinada com os Buck. Num destes eventos, o ex-presidente Geisel e José Papa Júnior, então presidente da Fiesp, quiseram conhecer a autora do chucrute feito com sumo de batatas servido no jantar. Encantado com Benê, Papa Júnior a indicou para a Escola de Hotelaria do Senac em Águas de São Pedro, no interior de São Paulo. “O diretor do Senac era alemão, e o chef de lá não sabia fazer a comida germânica. E ele me deixou ir, porque eu sabia”, conta. O ingresso de Benê é um marco na instituição: ela foi a primeira mulher a estudar lá. A presença feminina era um tabu não só na Escola de Hotelaria do Senac, mas no meio dos chefs em geral, em que os homens ainda predominam entre os profissionais. Benê, contudo, não se vitimiza e diz que sempre buscou ter uma atitude que não dá margem a preconceitos. “Geralmente, quando o homem percebe que a mulher não pede, que ela faz e sabe, ele passa a respeitá-la. Eu nunca chamei homem pra desossar um boi nem um porco pra mim. Nem pra carregar um saco de feijão. Eu que faço. Por isso, meus colegas me respeitam.” Diplomada em 1981, logo assumiu a supervisão da cozinha do hotel Maksoud Plaza, na capital paulista, onde trabalhou durante quatro anos. Buscando aperfeiçoamento, fez cursos no Sesc, Senai, Instituto Brasileiro de Ali-

Benê Ricardo de Oliveira Cidade de Nascimento: Ouro Fino (MG) Idade: 68 Formação: 1.º Cozinheiro, Grande Hotel de São Pedro – Senac. Empresa: Buffet e Eventos Benê Ramo de atuação: Gastronomia Ano de fundação: 1986 Cidade-sede: São Paulo Número de funcionários: variável

mentos Supergelados, Academia Brasileira de Cozinha e Nestlé Food Services. Mas destaca que não adianta apostar somente na qualidade do curso. “Quem faz a escola é o aluno, que primeiro tem que confiar nele mesmo.” Passou por restaurantes e grandes companhias, até abrir sua própria empresa em 1986, a Buffet e Eventos Benê, em São Paulo.

Parceiros confiáveis Foi cozinhando para eventos que Benê cometeu um dos grandes erros de sua trajetória. Confiando em clientes nem sempre dignos de credibilidade, não assinava contratos nem exigia pagamento adiantado. Diversas vezes, deixou de receber pagamento pelos serviços prestados. “Muita gente ganhou dinheiro às minhas custas”, afirma. Ao invés de desistir da carreira, ela aprendeu com os erros e foi atrás de parceiros confiáveis. “Assim, conheci muita gente boa, conheci o Brasil”, conta. Uma das parcerias mais felizes da chef é com a Casa Santa Luzia, empório gastronômico paulistano, para quem ela desenvolve, desde 2001, uma linha de congelados, a By Benê, com pratos como Bobó de Frango, Feijão Tropeiro, Vatapá e Bacalhau Desfiado com Purê de Feijão Branco. A chef afirma que nunca houve reOutubro 2007 – Empreendedor – 55


A voz da experiência

Benedita Ricardo de Oliveira

CASA DA PHOTO

BÚSSOLA EMPRESARIAL ACERTOS Buscar parceiros confiáveis Apostar em pratos simples feitos com qualidade Exigir pagamento de metade do serviço antes de um evento Investir constantemente na capacitação Participar de feiras e eventos para divulgar seu trabalho

ERROS Confiar demais nas pessoas erradas Não firmar contratos Não pedir pagamento adiantado pelos serviços

clamações sobre sua comida. Mas ela não se contenta só com o reconhecimento dos consumidores. Também busca consolidar sua carreira participando de concursos. Em 1999, teve uma importante consagração, vencendo o Concurso Chef Talento Sadia São Paulo, seletiva para o Nestlé Toque d’Or, em que ela também foi a primeira mulher a participar. Na final, realizada no Copacabana Palace Hotel em agosto de 2000, Benê recebeu uma menção honrosa de melhor prato de carne do concurso. Atestando sua versatilidade, foi premiada por suas criações com camarão, risoto e comida hebraica em outros eventos. Na terra natal, ela também não foi esquecida: ganhou, em 2004, o troféu Menino da Porteira, concedido pela Prefeitura de Ouro Fino. Tanto sucesso só trouxe mais trabalho para a chef, que foi chamada para lecionar em cursos de Gastronomia de três faculdades e dois cursos de hotelaria – inclusive no Senac de São Pedro, onde ela se formou. Também passou a ser requisitada para participar de feiras gastronômicas, que constituem outro espaço de divulgação do seu trabalho. Estas duas atividades constitu-

56 – Empreendedor – Outubro 2007

em a principal parcela do faturamento da chef. “Só não gosto muito de dar consultoria em restaurantes”, diz. Mesmo assim, já deu dicas para profissionais de pelo menos 15 casas de São Paulo e Minas Gerais.

Trabalho duro O glamour, contudo, não ilude a mineira. “Eu vejo que o povo está muito preocupado com o tanto de dinheiro que vai ganhar. E não é fácil essa profissão, tem que pôr a mão na massa também.” E Benê põe mesmo. Diz que trabalha muito mais agora do que quando começou a carreira, ainda na casa dos Buck. “Quando você entra num evento, não tem hora pra terminar.” Só que, como em toda sua trajetória, a rotina pesada não é motivo para reclamações: “Sempre digo que uma experiência não supera um diploma. E um diploma não supera uma experiência. A gente tem que ter os dois. Eu agora estou usando muito a minha experiência”. Mesmo aposentada há quatro anos, ela diz que pretende “morrer trabalhando”. Com quase meio século de forno e fogão – e agora congelador –, ela conti-

nua tendo prazer em criar pratos, serviço que já prestou para a Nestlé, Ajinomoto, Marfrig, Ateliê Gourmand, Laticínios Catupiry e Javalix. Sobre seus segredos culinários, ela não faz mistério. Revela-os para quem quiser ouvir. “Quem segura os outros esquece de crescer. Se você fica preocupado em segurar os outros, os outros crescem, e você fica.” Foi centrando nos seus objetivos sem levar em conta os obstáculos que ela conseguiu o reconhecimento atual. “Quando você quer entrar numa profissão, não pode ficar olhando muito para os lados, tem que seguir o seu caminho. Sem dar muita importância para o que os outros fazem ou dizem. Ser você mesmo.” Pensando assim, talvez Benê nunca tenha deixado de ser aquela menina simples de São José do Mato Dentro. Temperando singeleza com dedicação, no estilo da avó Eugênia, ela encontrou uma receita infalível: “Nunca imaginei que um simples feijão com arroz bem-feito pudesse mudar tanto minha vida como mudou”.

Linha Direta Benedita Ricardo de Oliveira (11) 6221-0630


Outubro 2007 – Empreendedor – 57


F ranquia Degustação de franquias Antes de assinar contrato, é preciso conhecer o negócio sob a ótica do cliente e do proprietário por

Francis França

O momento de abrir o próprio negócio é sempre cheio de entusiasmo. Quando se trata de franquia, a segurança é ainda maior, porque o empresário conta com o suporte do franqueador e com as estatísticas favoráveis ao sucesso – segundo o Sebrae, apenas 15% das franqueadas fecham as portas antes de completar cinco anos, contra 80% nas empresas tradicionais. Mas, em alguns casos, a despeito dos números, depois de alguns meses, vem a decepção – a franquia escolhida não rende dinheiro suficiente, exige dedicação demais ou simplesmente não combina com o perfil do empresário. O que falta é intimidade com o negócio. Especialistas em franquia procuram orientar os empreendedores a buscarem negócios com os quais eles se identifiquem, antes de investirem um capital, que, muitas vezes, é a economia de uma vida toda. De acordo com Daniel Guedes, diretor-executivo de operações da rede de

franquias Microlins, é comum empresários resolverem mudar de ramo quando pesquisam a fundo um segmento. Uma maneira de ter certeza sobre a afinidade com o negócio é fazer o que os especialistas chamam de degustação de franquias, que nada mais é do que um teste de diferentes situações sobre a empresa. A degustação deve ser feita em dois momentos: como consumidor e como potencial comprador. “A maior parte dos franqueados começam a se interessar pelo negócio na condição de consumidores. Eles gostam do produto, da forma como são atendidos e, então, buscam informações sobre essa franquia”, diz Guedes. Nessa fase de análise, o empresário deve ir à loja na condição de cliente e observar a forma como é atendido, a qualidade dos produtos ou serviços e os diferenciais em relação aos concorrentes. O ideal, segundo Guedes, é que ele evite a opinião do franqueador nesse primeiro momento e tire as próprias conclusões. Foi o que fez Mirian Funabashi, proprietária de duas franquias do Instituto Embelleze. Ela estudava a possibilidade de abrir um salão de beleza em 2006, quando fez os cursos de cabeleireiro, maquiagem profissional e penteado do Instituto. Ela começou a praticar em casa o que aprendeu no curso, e ficou

satisfeita com os resultados e com a proposta pedagógica. No final do ano, comprou uma unidade em Sumaré, interior de São Paulo. Mirian e o marido receberam o plano de negócios da franqueadora e começaram a avaliar as potencialidades, até que decidiram concretizar a compra. Hoje, o marido cuida do setor financeiro, enquanto ela toma conta da parte pedagógica da unidade, acompanhamento dos alunos, preparação das aulas. “Foi muito válido eu ter feito o curso antes, principalmente para poder avaliar melhor os profissionais na hora de fazer a contratação, de direcionar as aulas. Se eu não tivesse o conhecimento técnico de quando fiz o curso, teria que contratar alguém para cuidar disso”, diz Mirian. Com o conhecimento detalhado da franquia, o negócio decolou, e Mirian adquiriu a segunda unidade do Instituto Embelleze em junho deste ano, em Hortolândia (SP). As duas franquias já somam cerca de 400 alunos, e a projeção é chegar a 600 em curto prazo. Algumas das principais motivações dos empreendedores – liberdade, autonomia, fim da pressão imposta pelo chefe – podem ser traiçoeiras e trazer resultados negativos para o negócio. Segundo Daniel Guedes, o maior erro dos

Antes de abrir uma empresa, Marta trabalhou dois anos com a metodologia da Number One na garagem de casa

58 – Empreendedor – Outubro 2007


candidatos a franqueados é achar que, ao comprar uma franquia, basta abrir as portas e pagar as taxas que o sucesso vem, sem esforço. “Franquia não é um título de capitalização, o empresário vai ter que trabalhar e se identificar com aquele trabalho.” A franquia é um modelo de negócio mais seguro, mas não significa que o franqueado não precise investir, além do dinheiro, tempo, trabalho e dedicação. O processo de degustação é importante justamente para desfazer possíveis ilusões que o empreendedor tenha a respeito do negócio. “O setor que mais recebe interessados é o de alimentação, mas o candidato não sabe o que é o trabalho em um restaurante, ele está acostumado em ir como cliente, mas não conhece os bastidores. Aí, depois de um mês tendo que ficar até 22h30 num shopping, por exemplo, é que ele percebe que não tem identificação com o negócio”, diz. O segundo passo da degustação é conhecer o negócio pela ótica de outras pessoas que trabalham no ramo, de preferência na mesma franquia que ele pretende adquirir. Segundo Guedes, o ideal é conhecer o trabalho antes de se apaixonar por um negócio apenas como consumidor. Algumas perguntas devem ser feitas sem receio a outros franqueados, a respeito de rentabilidade e rotina de trabalho. A fase de acompanhamento junto ao franqueado pode variar de rede para

Mirian e o marido: segunda unidade em menos de um ano

rede. Alguns franqueadores têm programas específicos para colocar os candidatos em contato com o negócio. Determinadas franquias têm sistemas de observação, em que o candidato faz apenas um pré-contrato, que lhe dá a chance – de maneira formal e com o próprio apoio do franqueador – de verificar se ele se identifica com o trabalho, antes de se começar a falar de investimento. Caso a franqueadora não ofereça um programa formal de avaliação do negócio, o candidato deve solicitar a indicação de outros franqueados para conversar. A professora de inglês Marta Cunha decidiu voltar a trabalhar aos 40 anos de idade, depois de ter se afastado da profissão para se dedicar à casa e aos filhos. Ao estudar a possibilidade de abrir o próprio negócio, ela conheceu a franquia de idiomas Number One, em Belo Horizonte, por intermédio de uma amiga norte-americana que dava aulas na rede. Antes de abrir a empresa, ela passou dois anos trabalhando com a metodologia da Number One na garagem de casa, dando aulas para filhos de amigos, familiares, para testar o método de ensino. “Eu queria conhecer porque gostava dos cursos que tinha lecionado, mas, como mineira, desconfiada, queria saber o que eles tinham a oferecer”, diz. Ela passou por uma avaliação do nível de conhecimento de idiomas, foi treinada para ser professora, foi auxiliada na parte de coordenação e administração. A experiência deu certo, e, hoje,

Marta representa a marca na condição de máster franqueadora, responsável pela expansão e movimento mensal nas unidades da região do Triângulo Mineiro. O treinamento é uma das etapas mais importantes durante o processo de aquisição da franquia, pois é geralmente quando o candidato identifica as incompatibilidades com o negócio. O pré-contrato vai até essa fase, em que o candidato tem a chance de desistir da compra, ou o franqueador, da venda. Se mesmo com todas as precauções o franqueado perceber no meio do caminho que tomou a decisão errada, a melhor atitude é entrar em um acordo e buscar uma saída amigável com o franqueador, que pode recomprar a franquia ou achar um outro comprador, mas nunca abandonar o negócio, o que, segundo Guedes, acontece muito quando o empresário desanima. Para evitar quebra de contrato e prejuízos, o melhor caminho é experimentar e conhecer bem o ramo em que se pretende atuar. “O investimento em uma franquia geralmente é alto, então o empreendedor precisa entrar muito consciente. Se constatar que não é bem o que ele imaginava, é melhor que perceba isso antes de comprar”, diz.

Linha Direta Daniel Guedes: (17) 3216-8700 Marta Rodrigues: (31) 3291-9525 Mirian Funabashi: (11) 5094-6660 Outubro 2007 – Empreendedor – 59


F ranquia

Fast bistrô

Pequenos empreendedores A base para o empreendedorismo trabalhada desde a pré-escola, este é o conceito de ensino da Peixinho Feliz, rede de franquia em que as crianças aprendem habilidades como iniciativa, diálogo, negociação, determinação e liderança. Desde 2006 no mercado de franquias, a Peixinho Feliz é a

primeira pré-escola neste sistema e pretende lançar mais dez unidades em um ano. “A Peixinho Feliz é uma proposta alegre, atraente e efetiva de educação infantil, e ótima opção de negócio destinada a educandários, empresários e novos empreendedores, com possibilidades reais de ganho financeiro e retorno significativo”, explica Damir Forner, proprietária da franquia. O franqueado adquire uma consultoria nas áreas administrativa, de comunicação e marketing, jurídica, arquitetônica e sanitária. A Peixinho Feliz fornece o material didático e pedagógico, e faz a capacitação e o treinamento de pessoal. A supervisão da rede, e o auxílio na análise e escolha do ponto também estão incluídos. O investimento inicial exigido é de R$ 78 mil, com prazo de retorno por volta dos 24 meses. Os royalties (10%) e a taxa de propaganda (2%) são cobrados após o primeiro ano, e cinco é o número mínimo de funcionários na etapa inicial. www.peixinhofeliz.com.br

A rede gaúcha de alimentação Bella Gula, que mistura oferta de fastfood com bistrô, pretende conquistar mercados no Sudeste e Nordeste até 2010. Com 14 anos de mercado, a Bella Gula conta com três franquias em São Paulo e uma em Florianópolis, e deve abrir uma nova loja em Maceió. A meta agora é chegar ao Paraná, Rio de Janeiro e Brasília. No Estado natal, a empresa acredita no potencial de ampliação nas cidades de Caxias, Gramado, Canela, Novo Hamburgo e Santa Maria. O investimento inicial médio gira em torno de R$ 300 mil, com faturamento que varia de R$ 75 mil a R$ 150 mil, e o prazo de retorno é de 24 a 30 meses. O franqueado paga R$ 50 mil de taxa de franquia e tem oferta de abastecimento de 50% do mix de produtos, auxílio na escolha do ponto, seleção e treinamento de equipe, suporte, acompanhamento e pesquisas mercadológicas constantes. (51) 3361-6161/ contato@bellagula.com.br

Expansão sob medida Há 49 anos no mercado gaúcho, a Tevah, especializada em confecção masculina, busca parceiros para ampliar sua rede de franquias em outros Estados, principalmente Paraná. Para levantar recursos – o investimento médio inicial é de R$ 120 mil –, o franqueado pode contar com a linha de financiamento BB Franquias, do Banco do Brasil. “As taxas são inferiores a 1% ao mês. O franqueado tem até quatro anos para pagar e conta com um ano de carência”, explica Valdimir Portes, da Top Marcas e Franquias, que gerencia a abertura de unidades Tevah. Para ele, o grande chamariz do negócio é o Sob Medida Por Computador, serviço que personaliza trajes através de um software, que pode ser utilizado tanto na loja quanto na casa do cliente. “Ele escolhe o tipo de roupa que necessita, o modelo que mais se adap-

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ta a seu físico, os tecidos e cores que mais agradam. Em seguida, o consultor de moda tira as medidas, insere o peso e a altura do cliente, e registra os dados no programa. As informações são

enviadas automaticamente para a indústria, que já inicia a produção das peças. O cliente recebe seu traje num período de quatro a sete dias úteis”, diz Portes. (51) 3024-3366/www.tevah.com.br


Logística inteligente De olho no grande filão que desponta dos setores da construção civil e imobiliário, e com um plano de expansão bastante agressivo, a Portobello Shop, rede de franquias de revestimento cerâmico, apóia-se num modelo de logística estrategicamente planejado para sustentar o crescimento no volume de itens comercializados, que chegou a 30% no primeiro semestre de 2007, em comparação a 2006. Grande parte desse sucesso está atrelada à logística praticada pela empresa, que, desde sua implantação em 1998, optou por um centro único de distribuição. “Na prática, como se trata de um produto pesado e de uma venda di-

ferenciada, para clientes que estão construindo ou reformando, sempre é possível combinar o melhor período para a entrega, conciliando com o cronograma da obra. Como todas as lojas, de Porto Alegre até Manaus, estão conectadas ao estoque da empresa, em tempo integral, assim que o pedido é emitido, a central já inicia o processo de separação

e expedição”, explica o gerente de Logística, Sérgio Marques. É esse modelo estratégico que isenta as lojas e os franqueados da gestão de estoque da responsabilidade sobre o produto final, e da separação, manuseio e distribuição dos itens. Outra vantagem é a parceria com oito empresas transportadoras, operadas pela indústria Portobello através do FOB Dirigido (Free on Board). Dessa forma, a logística determina o transportador e elimina das lojas os custos que elas teriam para manter um sistema de transporte adequado às suas cargas pulverizadas. (48) 3279-2222 www.portobello.com.br

Demanda por metro quadrado Os espaços são pequenos, mas os indicadores são vultosos. Com áreas variando de dois a 15 metros quadrados, cada um dos 130 Quiosques Chopp Brahma espalhados em oito Estados brasileiros vendem, em média, todos os meses, 4,5 mil litros de chope. “Esse formato de franquia foi especialmente desenvolvido para corredores de shoppings, aeroportos, rodoviárias e galerias. Trata-se de uma oportunidade para esses estabelecimentos atraírem novos e diferenciados negócios”, explica João Paulo Badaró, gerente de desenvolvimento de mercado da Ambev. Os quiosques têm design diferenciado, com balcões e banquetas estilizados. Segundo Badaró, a intenção é que o consumidor se identifique com a comodidade e praticidade da marca. O investimento inicial para abrir um varia de R$ 30 mil a R$ 120 mil, já incluindo taxa de franquia, quiosque, equipamentos e capital de giro. O varejista tem o retorno entre 18 e 24 meses. (11) 3709-3709 Outubro 2007 – Empreendedor – 61


F ranquia Cinqüentona a mil Prestes a comemorar 50 anos de fundação, a rede de ensino de idiomas Fisk espera alcançar a meta de mil escolas abertas até o final de 2008. Hoje, a empresa possui 930 unidades espalhadas por todo o território nacional, com a maioria (70%) no Estado de São Paulo. A rede também agrega 105 escolas na Argentina, Angola, Estados Unidos, Japão e Paraguai. Segundo o executivo de marketing da empresa, Christian Ambros, a meta de expansão inclui um aumento de 50 unidades na Região Sudeste e a ampliação da atuação nos Estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul, e no Distrito Federal. “Atingir a marca de mil escolas até dezembro de 2008 é o mínimo que a Fisk deseja”, afirma. franchising@fisk.com.br

Mix de serviços Estudo divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) comprova que as redes de fast-food realmente preferem instalar suas lojas dentro de shopping centers. Atualmente, 48% dessas lojas estão localizadas em shoppings; 34%, em ruas; 13%, em outros locais; 4%, em hipermercados; e 1%, em galerias ou centros comerciais. Um exemplo dessa preferência é a Rede Bob’s de Minas Gerais: todas as seis lojas do grupo em Belo Horizonte e Contagem estão localizadas em shoppings. E dos oito quiosques, apenas um não está em centro de compras. “Estamos com maior ênfase nos shoppings por um fator

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Mãos de cera muito simples: é onde nosso cliente prefere nos encontrar, devido a uma série de fatores, como segurança, acessibilidade, estacionamento e o mix de prestação de serviços do local”, explica Mauro Bastos Pinhel, master-franqueado no Estado. Tantas vantagens, contudo, estão relacionadas a maiores gastos com manutenção. Em alguns shoppings, este custo chega a representar até 26% do faturamento, sendo a média de 14,69%. Este índice passa para 10,82% nas lojas de ruas e para 9,7% em centros comerciais, galerias e hipermercados. O ideal, afirma o empresário, é que estes custos sejam inferiores a 10%. www.bobs.com.br

A Mãos de Cera anunciou duas novas unidades da rede de franquia, uma em Campinas (SP) e outra em Maringá (PR). Iniciada em 1999 e com sede em São Paulo, a empresa já conta com franquias em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Piauí. O sócio-fundador Marcelo Moretti acredita que a expansão da rede através de franquias mostra que o mercado tem espaço para entretenimento inovador, como a Mãos de Cera, que fabrica moldes de cera de pés e mãos para festas infantis e eventos corporativos. As unidades podem ser instaladas em quiosques em shoppings, e a venda do equipamento também é oferecida para buffets infantis. (11) 30831100/www.maosdecera.com.br


FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek

Alps

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM material e do método de enTaxas de Franquia: entre R$10 mil sino, além do comprometie R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


TI

Identidade digital Assinatura eletrônica diminui burocracia e garante segurança nas operações pela internet Imagine firmar contratos, realizar transações bancárias e entregar sua declaração de imposto de renda sem nem mesmo levantar da cadeira, enfrentar fila, guichês ou correr atrás de papelada – tudo com segurança máxima. Pois são essas facilidades que a assinatura digital proporciona hoje. Ferramenta cujo uso já se transformou em procedimento de rotina para milhares de empresas brasileiras, o recurso tecnológico substitui a assinatura manuscrita convencional e permite agora a execução de várias atividades burocráticas, antes realizadas apenas presencialmente, agora de maneira remota. A solução representa ganho de agilidade e transparência nos processos, otimização de prazos e até mesmo redução de gastos, especialmente para pessoas jurídicas. Além disso, impossibilita a aplicação de fraudes e assegura maior sigilo das informações. Para fazer uso dessa nova modalidade de assinatura, é necessário ad-

Nunes: “As pessoas não deviam olhar o custo, mas sim o valor que o certificado digital traz”

66 – Empreendedor – Outubro 2007

quirir um certificado digital, documento eletrônico que confere identidade a uma pessoa no mundo online, assim como uma certidão de nascimento comprova sua existência dentro de um país. O documento eletrônico é emitido por Autoridades Certificadoras (ACs) e validado por uma Autoridade de Registro (AR), ambas sob a supervisão e padrões de um órgão regulador denominado ICP (Infra-Estrutura de Chaves Públicas). No Brasil, o sistema de certificação oficial mais robusto tecnologicamente é o ICP-Brasil, que ditas as regras para emissão de eCPFs, e-CNPJs (versões eletrônicas desses documentos físicos), bem como outros certificados válidos em todo o território nacional. Documentos e assinaturas digitais são amplamente utilizados por grandes empresas, como a Serasa, e instituições governamentais, como a Receita Federal. Ao acessar a página eletrônica do Fisco para realizar operações digitalmente, por exemplo, o órgão pede a inserção do certificado do usuário no sistema por meio de seu computador pessoal. Em seguida, solicita a digitação de uma senha para comprovação do documento eletrônico. Trata-se da assinatura digital. Com o reconhecimento dos dados cruzados, as informações são liberadas. O nível de segurança de documentos eletrônicos é determinado por seu modo de armazenamento. Certificados gravados em computadores pessoais ou notebooks estão mais sujeitos a serem danificados por softwares da própria máquina, vírus ou cavalos de tróia. Além disso, podem ser roubados mais facilmente. Já mídias portáteis que utili-


INDEX OPEN

zam o sistema de embaralhamento de informações conhecido como criptografia proporcionam nível de segurança ideal. É o caso dos smartcards ou cartões inteligentes. “A diferença desses dispositivos é que todo o procedimento realizado com o certificado, como as assinaturas, ocorre dentro do chip, ou seja, não vai para a memória do computador. Isso impede qualquer clonagem”, explica o diretor de Produtos e Marketing da certificadora digital CertiSign, Márcio Nunes. Segurança adicional é garantida pelo mecanismo de funcionamento dos certificados, que utilizam sistema de chaves intrinsecamente vinculadas entre si (a pública e a privada – o que uma faz, somente a outra verifica, e vice-versa). Ao assinar digitalmente algum documento, a chave pública é conhecida e pode ser “vista” por outros sistemas, já a privada, não, uma vez que é protegida por senha. “O segredo não é compartilhado com ninguém, nem mesmo conosco que emitimos certificados, diferente do que ocorre com senhas convencionais de internet banking, por exemplo, que ficam armazenadas em algum banco de dados sobre o qual o usuário não tem domínio”, explica. O uso de certificados como assinatura também proporciona agilidade e economia de tempo especialmente para órgãos públicos, instituições financeiras e setores de contabilidade de empresas. Sem a troca de papel físico, carimbos e assinatura manuscrita de documentos, há otimização de prazos na troca ou entrega de informações burocráticas. Tendo em vista esses benefícios, diversos bancos já adotaram a assinatura digital para fechamento de contratos de câmbio, procedimento autorizado pelo Banco Central desde 2004. A Receita Federal também é um dos grandes usuários do sistema eletrônico. Até mesmo criou o Centro de Atendimento ao Contribuinte Eletrônico (e-CAC) via inter-

net, onde contribuintes físicos e jurídicos podem acessar dados sobre sua vida fiscal e realizar uma série de operações usando seu e-CPF ou e-CNPJ. É possível acompanhar declarações de imposto de renda, realizar retificações, saber se está na malha fina ou fazer escrituração digital – tudo sem a necessidade de ir pessoalmente a um posto de atendimento do órgão. A redução de custos é outro benefício da ferramenta digital. Segundo dados da Câmara E-Net, o processo de emissão, impressão, guarda de via, escrituração e contabilização de uma nota fiscal custa cerca de R$ 1,9 mil por ano para a empresa. “Proporcionalmente, o certificado digital sai mais barato. Um e-CPF com leitora e validade de três anos sai em torno de R$ 350, e um e-CNPJ, por R$ 450”, diz Nunes. “Muitos dizem que é um investimento caro, mas trata-se de um documento que vai permitir fazer milhões de notas fiscais por ano. As pessoas não deviam olhar o custo, mas sim o valor que o certificado digital traz”, defende. No Brasil, há cerca de 15 Autoridades Certificadoras ligadas ao ICPBrasil até o momento, entre elas a CertiSign. Para adquirir uma assinatura digital, é necessário recorrer a uma dessas entidades responsáveis pela emissão do documento. Logo após, é preciso validá-lo em uma Autoridade de Registro (AR), ligada a uma AC. Há 11 anos no mercado, a CertiSign tem 150 pontos de atendimento no Brasil e diversas parcerias com ACs não usuárias do sistema ICP-Brasil. “No total, já emitimos cerca de um milhão de certificados digitais, mas o número ainda é pequeno, tendo visto o potencial desse mercado aqui”, avalia o diretor de Produtos e Marketing da empresa. (Natacha Amaral)

Linha Direta Márcio Nunes (CertiSign) (11) 4501-1880 Outubro 2007 – Empreendedor – 67


TI

Controle remoto Terceirização da administração de banco de dados é solução com boa relação custo-benefício Empresas interessadas em melhorar o desempenho e a disponibilidade de seus bancos de dados sem a necessidade de criar ou manter uma equipe interna para executar essa tarefa agora podem terceirizá-la por meio do serviço de DBA (Data Base Administrator) remoto. Bastante utilizada nos Estados Unidos, a solução tem conquistado espaço também no Brasil mais re-

Cláudia Ramos: “Pegamos o problema bem antes de o próprio usuário perceber”

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centemente por apresentar uma série de vantagens. Entre elas, o atendimento e a monitoração do sistema de dados 24 horas por dia, sete dias por semana, a rápida detecção e correção de problemas, e uma boa relação custo-benefício. Prestadora de serviços em TI, a Triscal (em inglês, amuleto associado ao sol, e à idéia de continuidade e de permanente evolução) é uma das empresas que vêm aumentando seu foco na oferta de DBA remoto. De acordo com o sócio-diretor da empresa André Portella, o procedimento é uma excelente opção para pequenas e médias empresas, que não têm demanda suficiente para criar equipes internas de DBA, porém necessitam de pessoal na administração de seus bancos de dados. “A manutenção desses sistemas exige conhecimento e experiência, além de flexibilidade na solução de problemas”, explica Portella. O trabalho é fundamental, especialmente para quem mexe com grande volume de informação, como instituições financeiras e sites de varejo. A indisponibilidade de bancos de dados nesses locais, mesmo que por uma hora, por exemplo, pode acarretar graves prejuízos. Grandes empresas com equipe de DBA já formada também podem se beneficiar da administração remota. Com a contratação do serviço, seus profissionais são liberados para outras atividades não operacionais e igualmente importantes para o negócio, tais como o planejamento e a execução de novos projetos. Além disso, o banco de dados passa a ser monitorado ininterruptamente. “Mesmo empresas com DBA próprio não conseguem dedicar tanto tempo a essa tarefa”,

explica Cláudia Ramos, consultora da Triscal. Com esse acesso remoto permanente às máquinas dos clientes, a equipe da Triscal consegue detectar e corrigir rapidamente as possíveis falhas do sistema. “Pegamos o problema bem antes de o próprio usuário perceber”, diz a consultora. Assim, os serviços de gerenciamento de informações na empresa se tornam eficientes e estão sempre disponíveis. O trabalho é executado com acompanhamento periódico do cliente, que recebe relatórios mensais e tem acesso a um histórico completo de seu banco de dados. “Tudo o que executamos é documentado”, explica Cláudia. A segurança dos procedimentos é garantida pelo uso da VPN (Virtual Private Network), conexão virtual que permite transferência de dados com privacidade. “A ferramenta que utilizamos para trocar arquivos com o cliente também é criptografada”, acrescenta. Além da monitoração, o serviço de DBA remoto inclui transporte de dados para outros sites e recomendações para implementação da política de segurança. Segundo Cláudia Ramos, outra vantagem da contratação do DBA remoto é seu custo-benefício. Com o compartilhamento de profissionais entre vários clientes, a Triscal consegue oferecer seus serviços por valores mais reduzidos. Além disso, a equipe terceirizada conta com pessoal certificado e experiente, o que torna possível que empresas menores, por exemplo, tenham acesso a profissionais com elevado nível de qualificação. (NA)

Linha Direta Triscal: (21) 2507- 2010


Baixo consumo, alto desempenho A VIA Technologies e a ASI Corporation, líder no mercado mexicano de distribuição de TI, lançam o Alaska Wolf PC. Com processador VIA C7-D, monitor LCD de 17” e Windows Vista Starter Edition, a máquina combina baixo consumo de energia com sistema econômico de desempenho das aplicações multimídias. O Alaska tem foco nos clientes corporativos e residenciais, e está sendo comercializado por US$ 485 (por enquanto, apenas na rede Wal-Mart do México). www.via.com.tw

Dados criptografados Content Encryption é a solução da SafeBoot que protege dados confidenciais de arquivos e pastas mesmo quando as informações são enviadas por e-mail ou salvas em mídias removíveis. O programa é totalmente integrado ao Windows e só permite a visualização do conteúdo aos usuários autorizados, mas possibilita ao administrador determinar quais usuários, departamentos ou grupos de funcionários terão acesso a pastas específicas da rede. Outra opção é o Pointsec PC 6.2,

um programa de criptografia para notebooks e PCs para proteger dados de empresas que já utilizam o sistema operacional Windows Vista. Anunciada pela Check Point Software Technologies em setembro, a solução inclui suporte para proteção de dados nas plataformas Windows 2000, Windows XP, Microsoft Server 2003 e o popular Tablet. A criptografia completa oferecida pelo Pointsec vem acompanhada de um controle de acesso inteligente. www.safebootbrasil.com.br www.checkpoint.com

Terceirização do e-commerce Pequenas e médias empresas que querem entrar no comércio virtual, mas não dispõem de estrutura e conhecimento, podem terceirizar o serviço de gestão de e-commerce, ganhando profissionalismo e agilidade. É isto que a ferramenta de e-commerce do iBuscas oferece: administrar o ambiente on-line da empresa, assu-

mindo o dia-a-dia da gestão do negócio virtual com serviço especializado, novos investimentos no site e servidor de internet. Com o iBuscas E-commerce Terceirizado, a corporação paga o licenciamento de uso e um percentual de remuneração baseado no resultado das vendas on-line. (11) 3251-3355 www.ibuscas.com.br/ecommerce

Voz na rede Serviços de voz e dados sobre IP ganham gerenciamento que aumenta a disponibilidade e o desempenho através de monitoramento, alerta, diagnóstico e relatórios. Os softwares lançados pela EMC Smarts VoIP realizam o gerenciamento da infraestrutura de TI, e analisam dados automaticamente e em tempo real para resolver os problemas críticos destes recursos. As soluções EMC Smarts VoIP Performance Manager e EMC Smarts VoIP Performance Reporter fornecem informações sobre extensões telefônicas, chamadas telefônicas, qualidade de voz, disponibilidade do serviço telefônico e interconexões com fornecedores de telecomunicações. A partir destes dados, constrói relatórios completos sobre a performance dos serviços de VoIP e IP, oferecendo aos clientes a simplificação do gerenciamento de ambientes híbridos e geograficamente dispersos. www.emc2.com.br 0800-55-3622

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Guia do Empreendedor Flat comercial Aluguel de escritórios inclui mobília e serviços, com menos burocracia e custos Empresas de diversos portes estão descobrindo a facilidade de alugar salas comerciais mobiliadas em locais de prestígio, com alta qualidade nos serviços corporativos e sem a burocracia de uma imobiliária. A flexibilidade dos pacotes também chama a atenção dos clientes, sejam eles multinacionais, sejam profissionais liberais, que optam por algumas horas numa única sala com gestão de agenda ou a personalização de um andar ou prédio inteiro. É ideal para quem quer começar imediatamente, seja matriz, seja filial, permanente ou temporário. Os serviços de flat comercial, como estão sendo chamados, suprem todas as necessidades corporativas: número telefônico e atendente, agendamento de compromissos, serviços postais de correio, Sedex, UPS, recebimento e envio de fax, motoboy e office-boy, e locação de equipamentos como projetor multimídia e notebook. “Uma vez, meu cliente estava chegando a São Paulo de avião e disse que precisava de uma cadeira de rodas, pois teve um acidente. Eu providenciei o serviço e resolvi o problema dele”, conta Otávio Ventura, diretor da Your Office. Os escritórios são oferecidos em diversos tamanhos e localidades. A Your Office atua em São Paulo e em Alphaville, com mais de 8 mil metros quadrados de área, sendo 100 salas executivas, auditórios e salas de reunião. “A maioria das empresas usa as salas em tempo integral, apenas aumentando ou diminuindo a quantidade de salas”, afirma Ventura, que atende a mais de 100 clientes. Já a pioneira Infinity, com operações desde 1991, oferta escritórios em

70 – Empreendedor – Outubro 2007

Flexibilidade dos pacotes agrada de profissionais liberais a multinacionais

São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Porto Alegre, Salvador e Recife. Os mais de 600 clientes têm acesso aos serviços de recepção, copeira e faxineira, cybercafé e suporte diário com alto nível de infra-estrutura, qualificação profissional e tecnologia de informação. Outros serviços são a construção de identidade corporativa (com ou sem estrutura física), cartão com endereço para receber correspondências, números de telefone e telefonista, além de planejar, organizar e monitorar eventos corporativos sob medida. A economia com condomínio, IPTU e custos operacionais agrada grandes empresas como Nokia, Natura, Johnson & Johnson, White Martins e C&A. Mas as pequenas e até profissionais liberais também aderem ao serviço, que flexibiliza a ocupação dos espaços. A Your Office aluga salas comerciais com pacotes a partir

de 20 horas mensais, ou seja, o cliente pode passar apenas uma hora por dia no escritório. Outros serviços são a recepção em aeroporto, prospecção de clientes em São Paulo e até reserva de passagens aéreas. O aluguel de salas de reunião e auditórios com os equipamentos necessários está entre as opções, que podem ser locados por horas, dias ou meses. A construção e a manutenção da estrutura física, e o gerenciamento de equipes e serviços para empresas ficam a cargo da prestadora do serviço. Segundo Mauro Koraicho, presidente da Infinity Officing, este tipo de serviço não é novo em países desenvolvidos, mas poucas empresas aqui no Brasil conhecem o atendimento corporativo completo. (Débora Remor)

Linha Direta Infinity: (11) 2111-4111 Your Office: 0800 11 665


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Guia do Empreendedor Grandes impressões A Akad lança a impressora de grande formato Infiniti Fina 250. À base de solvente, a impressora é ideal para grandes formatos, imagens de alta qualidade e ótima relação custo-benefício. A Infiniti possui calibração automática das cabeças de impressão, controlador de aquecimento de substratos, secador de

impressão, e os modos especiais de impressão chegam a 720 dpi até 1.140 dpi de qualidade, com velocidade de 29 m²/h. Ideal para impressão de banners, faixas, adesivos e ampliações, a Infiniti Fina 250 é oferecida pela Akad com suporte técnico e demonstrações. (11) 3829-7713/www.akad.com.br

Executivo voluntário O projeto Executivo Voluntário tem o objetivo de compartilhar a experiência de grandes empresários para contribuir com o crescimento dos negócios do setor de tecnologia da informação. Lançado pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet, Regional de Santa Catarina (Assespro-SC), o projeto propõe que um gestor de sucesso, através da sua vivência e conhecimento, ajude micro e pequenas empresas a elaborarem e executarem um planejamento estratégico. As empresas interessadas em participar podem se inscrever na secretaria da associação, que elabora uma lista de executivos interessados em compartilhar o seu conhecimento. O programa é gratuito, e envolve apenas os custos de transporte e hospedagem do empresário. (48) 3223-3358/ www.assespro-sc.org.br

O Podcast VoIT é um site especializado em informações corporativas e comemorou seus dois anos no ar com o aporte de R$ 2 milhões da empresa nacional Adrenax Capital. O veículo de comunicação migrará para o ambiente Web 2.0 e, segundo o jornalista Guido Orlando Jr., idealizador do VoIT, será disponibilizado o que existe de mais moderno para interação dos usuários. Voltado para o mercado corporativo, o Podcast VoIT foge dos padrões normais e já alcançou a marca de 500 mil visitas por mês. O site tem foco também na criação, produção, publicação, distribuição e gerenciamento de conteúdos para empresas, nos formatos de áudio, vídeo, texto e imagem. Já o Podcast Informativo é alimentado por comentários e análise do mercado. www.voit.com.br

72 – Empreendedor – Outubro 2007

INDEX OPEN

Informações corporativas


Produtos e Serviços Para todos os bolsos A Sociale Comunicação, agência paulistana dos sócios Franco Rosário e Flávio Demarchi, criou uma ferramenta para auxiliar na divulgação das pequenas e médias empresas do Brasil. Através do site www.sociale.com.br, empresas, profissionais liberais e entidades podem solicitar a criação de qualquer peça de comunicação através do preenchimento de um simples formulário passo a passo. São criados desde folhetos até sites de internet, passando por outdoors, malas-diretas e logomarcas. Tudo é feito através da internet, e o cliente ainda escolhe o valor do seu investimento, ou seja, quanto vai pagar pelo trabalho. Isto é possível, porque a agência trabalha com uma equipe de profissionais freelance de diversas áreas. São eles os responsáveis pela criação das peças, sob supervisão da agência, que garante a qualidade do trabalho e o prazo de entrega. www.sociale.com.br

CO2 Global

Transporte na rede O portal Multitransportes mudou de nome e agora chama-se Transpo On-line. Ele oferece cobertura dos principais movimentos do setor de transporte rodoviário de cargas e passageiros, e é destinado a transportadores, embarcadores, redes de distribuição de veículos e componentes, executivos e técnicos de montadoras, e outros fabricantes de insumos e implementos do setor de transportes. O espaço dá destaque ainda a reportagens, novidades sobre legislação, treinamentos e o anuário Caminhões. www.transpoonline.com.br

A Handcase lançou um programa gratuito para controle de emissões e gerenciamento de créditos de carbono. Com o CO2 Global, é possível gerenciar a compra e venda de créditos de carbono, fazer o planejamento das ações sustentáveis e de controle de emissão, organizar os certificados comprados ou vendidos, estabelecer índices de adicionalidade, emissão, redução e muito mais. A ferramenta é exclusiva e roda em todos os sistemas da plataforma Palm, com download grátis pelo site da Handcase. O CO2 Global ainda apresenta uma tabela de índices para cálculo de créditos de carbono e traz uma relação de links importantes sobre créditos de carbono e desenvolvimento sustentável. www.handycase.com

Empresário do futuro O Instituto Brasileiro do Futuro Empresário (Ibrafem) oferece assessoria empresarial e de comunicação, e consultoria jurídica por apenas R$ 50 por mês. Com sede em Campinas (SP), a entidade tem o objetivo de oferecer apoio ao empresário desde sua formação e auxílio através de assessorias administrativas. O site oferece aos filiados um Guia de Negócios com dicas sobre diversas áreas e um Guia do Empreendedor, mostrando as ferramentas para auxiliar. O Ibrafem apresenta ainda faculdades de administração de empresas e colégios técnicos para aprimorar o aprendizado dos filiados. (19) 3756-2100/www.ibrafem.com.br INDEX OPEN

Outubro 2007 – Empreendedor – 73


Guia do Empreendedor Empresas humanas Autores questionam modelos de gestão que reduzem as pessoas a um simples fator de produção No ano em que se celebra o 30º aniversário do desaparecimento do economista Ernst Friedrich Schumacher, os brasileiros Messias Mercadante de Castro e Lúcia Maria Alves de Oliveira lançam A gestão ética, competente e consciente, inspirado no clássico escrito por ele Small is beautiful: economics as if people mattered (O negócio é ser pequeno, na tradução brasileira). Os autores, segundo o embaixador Rubens Ricupero, que assina o prefácio, “fazem uma ampla reflexão acerca dos efeitos perniciosos de um gênero de capitalismo distorcido, pensado e praticado ainda na base do laissez-faire absoluto e da busca imoderada da acumulação ilimitada e concentradora da riqueza”. Castro e Lúcia Maria propõem um modelo empresarial que eles denominaram “empresa consciente”: instituição voltada não apenas à busca do lucro, mas também à promoção do bem-estar, da redução das desigualdades, da responsabilidade social e do equilíbrio ambiental, segundo Ricupero. A peça-chave neste modelo são as pessoas que, no exercício de suas funções, moldam a personalidade dos negócios, constroem sua história, criam sua cultura e imagem. São elas que estabelecem relacionamentos com clientes, fornecedores, prestadores de serviço, instituições financeiras e outros agentes externos. Elas não são meros recursos, são parte vital de um organismo vivo, cujo criador é o empreendedor. Um empreendimento surgido e instalado a partir da concretização de uma boa idéia necessita de uma boa administração para torná-lo viável – não necessariamente seu criador. É preciso uma liderança ética, compe-

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Frases Os números econômico-sociais dos quais ele (Schumacher) se valeu para tecer comentários perspicazes há 30 anos, uma vez atualizados, comprovariam que os temas abordados e criticados em suas linhas não apresentaram melhorias evolutivas; pelo contrário, alguns deles atingiram níveis mais assustadores. A edificação empresarial sobre alicerces pouco confiáveis gera problemas que se tornam visíveis na acentuada ampliação de desequilíbrio social, no aumento acelerado do desemprego e em desastres ambientais que, futuramente, comprometerão seus próprios interesses, desvinculados que estão de valores éticos e consistentes. Boas idéias e projetos inovadores são intimidados por essa agressividade predatória que veda as oportunidades de quem almeja se estabelecer, crescer e vencer com legitimidade no universo empresarial.

A gestão ética, competente e consciente Autores: Messias Mercadante de Castro e Lúcia Maria Alves de Oliveira Editora: M.Books Preço: R$ 35,00

tente e consciente de suas responsabilidades, capaz de disseminar para toda a organização essa nova cultura, gerando um movimento sinérgico em busca do lucro e do cumprimento de seu papel social, o que, segundo os autores, garantirá seu futuro no mercado. Em suma, é preciso substituir o individualismo exacerbado, que corrói a sociedade, pela cooperação, compaixão e solidariedade em todas as instâncias da vida, até mesmo – e principalmente – nos negócios. Um sonho? É possível que não. Consumidores e acionistas cada vez mais valorizam o bom comportamento das empresas.

Ao tornar-se consciente, a empresa se transforma em unidade produtiva vigorosa, apta a inibir com maior facilidade os riscos de fracasso. Atitudes, esquemas de comando, finalidades e comprometimentos corporativos precisam ser urgentemente revistos. O grande erro é que a economia, não se constituindo uma religião, passou a atribuir-se tal qualificação, ditando normas comportamentais e apregoando dogmas.

Principais obras de Schumacher Em português: O negócio é ser pequeno (Editora Zahar, 1983) Em inglês: Small is beautiful: economics as if people mattered (1973) A guide for perplexed (1977) Good work (1979) Nascimento: 16/8/1911 Morte: 4/9/1977


Leitura Conceitos atuais Ernst Friedrich Schumacher pregava antes da metade do século passado conceitos que hoje são base do desenvolvimento sustentável. A economia proposta pelo intelectual alemão, que desenvolveu carreira na Inglaterra, é oposta ao consumo excessivo de materiais (especialmente não-renováveis), crescimento sem sentido, dominação pelas grandes empresas e sistemas de escala mundial, com tecnologias centralizadas e de capital intensivo. Ainda em 1958, ele alertou para os perigos da dependência máxima do petróleo do Oriente Médio e as implicações políticas desta situação, além de se tornar um opositor da energia nuclear, devido à acumulação de grandes quantidades de resíduos tóxicos. Observador atento da natureza e interessado em ensinamentos de sábios budistas e taoístas, Schumacher desenvolveu uma compreensão diferenciada da complexa relação entre sistemas vivos. Na segunda metade da década de 1950, durante sua permanência em Myanmar como consultor econômico da ONU, elaborou os princípios da chamada “economia budista”, baseado nas crenças de que bom trabalho é essencial para o desenvolvimento humano e de que a produção a partir de recursos locais para a solução de necessidades locais é o sistema econômico mais racional. Sua obra Small is beautiful: economics as if people mattered, de 1973 (lançada no Brasil dez anos depois com o título O negócio é ser pequeno), é considerada um dos 100 livros mais influentes publicados após a Segunda Guerra Mundial. Tiveram grande influência no trabalho de Schumacher os pensamentos do economista austríaco Leopold Kohr sobre a grandeza de escala: “Se uma sociedade cresce acima do seu tamanho ótimo, os problemas vão eventualmente acabar por ultrapassar o crescimento das faculdades humanas que são necessárias para lidar com eles”. Fonte: E. F. Schumacher Society e Wikipédia

A Meta na Prática: Livro de Exercícios da TOC Editora: Nobel Autor: Eliyahu M. Goldratt Preço: R$ 95,00 Criador da Teoria das Restrições, Goldratt lança agora um livro prático para a solução de problemas logísticos. A Meta na Prática vem acompanhado de um CD-ROM que contém um simulador de produção de empresas, permitindo apreciar a situação, os gargalos e repensar o método de avaliar a produção. Como um videogame que diverte e ensina ao mesmo tempo, o simulador de produção possui várias fábricas diferentes. A ênfase do livro recai sobre como conduzir a empresa às mudanças e identificar os problemas, como chegar rapidamente às soluções e ao desempenho otimizado da produção.

O Antídoto Editora: Pearson Education Autores: Anand Sharma e Gary Hourselt Preço: R$ 55,00 O guia completo para executivos enfrentarem os desafios corporativos propõe a substituição do antiquado sistema de negócios de comando e controle pela fórmula de um modelo transformacional de negócios. Os autores apresentam um roteiro para as companhias conquistarem e manterem a vantagem competitiva sobre a concorrência com foco na eliminação do desperdício. A inovação pelo valor e a relação direta com o cliente ainda são os marcos essenciais para transformações positivas, mas os autores mostram também como criar uma cultura de resposta rápida e de melhoria contínua.

Gestão de Marcas em Mercados – B2B Editora: Bookman Autor: Philip Kotler Preço: R$ 41,00 Neste livro, o guru do marketing aborda com profundidade a metodologia da construção de marcas de produtos, seus conceitos e teorias, e oferece cases que ilustram o sucesso do branding bem-sucedido. Ele defende que construir, promover, apoiar e proteger marcas sólidas é compromisso de todos os profissionais da empresa para fazer frente à grande semelhança entre os produtos. Os resultados mostram que marcas fortes se recuperam mais rapidamente após as tragédias e proporcionam retornos mais sólidos às respectivas companhias. Outubro 2007 – Empreendedor – 75


Guia do Empreendedor Elevação da inflação e política monetária A expansão do investimento no primeiro semestre e a observação de que não há setores no limite da capacidade permitem a continuidade da redução de juros A recente turbulência nos mercados financeiros internacionais coincidiu com a elevação das taxas de inflação no Brasil, o que obviamente gerou discussões sobre a condução da política monetária em reação a esses acontecimentos. Com dois anos de redução dos juros básicos da economia, é natural que haja questionamentos sobre a possibilidade de continuidade da diminuição das taxas. A redução da taxa de 19,75% ao ano para os atuais 11,25% ao ano ocorreu com um cenário externo e interno amplamente favorável, que auxiliou na unanimidade em torno do processo, sendo discutida somente a velocidade da queda. Um elemento fundamental para o controle da inflação nesse período foi a apreciação da moeda brasileira. Se o real valorizado gerou reclamações por parte dos exportadores, por outro lado permitiu a importação de insumos e produtos acabados mais baratos, o que dificultou a elevação dos preços, ou seja, ajuda a controlar a inflação. A volatilidade e preocupações com o crescimento da economia internacional afetaram a economia brasileira com intensidade muito mais baixa agora do que em situações anteriores, o que foi possível com a menor vulnerabilidade externa do país. Isto foi obtido com aumento das reservas internacionais, redução da dívida externa e manutenção dos superávits em transações correntes, o que quer dizer uma maior capacidade de o país atender a seus

76 – Empreendedor – Outubro 2007

pagamentos internacionais. Isto foi possível, apesar da apreciação da moeda brasileira, e para isto foi importante a elevação dos preços dos produtos básicos no mercado externo, que são a maior parte da pauta de exportação brasileira. Com isso, o preço mais alto em moeda estrangeira compensava a queda do preço do dólar no mercado brasileiro. A elevação do preço das commodities é influenciada pelo crescimento da economia internacional, e este pode ser um problema para a inflação brasileira. Como o preço desses produtos é estabelecido no mercado internacional, o preço dentro do país tende a se aproximar do preço externo e, com a interrupção da valorização da moeda brasileira, isto pode gerar pressão inflacionária. Um exemplo é o preço do petróleo, que, quando aumenta no exterior e não tem o aumento correspondente em seus derivados no mercado interno, significa uma perda para a Petrobrás. Da mesma forma, produtos minerais e commodities agrícolas acompanham no mercado interno o preço no exterior, o que acaba por pressionar os preços em várias cadeias produtivas. Também ocorrem aumentos de preços e localizados, associados a comportamentos de oferta sazonais e de mercados específicos, como o caso do leite e da carne bovina nos meses de julho e agosto. Estes casos e os fatores discutidos acima não são influenciados pela política monetária,

cujo efeito é basicamente sobre a demanda no mercado interno. Só ocorrerá expansão da produção e da renda na economia caso haja aumento da demanda, e o risco de elevação da inflação aparece quando a expansão da demanda é superior à expansão da oferta. A dificuldade tradicional para a decisão dos juros é permitir que a demanda seja suficiente para estimular a produção e não excessiva a ponto de gerar inflação. A situação atual da economia brasileira é de uma taxa real de juros mais baixa do que a do Banco Central, e os analistas da economia conhecem os seus efeitos. Mesmo quando há esse conhecimento, ele é limitado, o que tende a tornar os movimentos da taxa de juros mais lentos. O Banco Central está seguindo, portanto, o que diz a teoria. O ponto definidor para o controle da inflação será a capacidade produtiva para atender à demanda. Neste sentido, a expansão do investimento observada no primeiro semestre é uma ótima notícia que, quando complementada com a observação de que ainda não há setores que estejam no limite da capacidade, permite a continuidade por algum tempo da redução de juros.

Roberto Meurer Consultor da Leme Investimentos e professor do Departamento de Economia da UFSC


Análise Econômica

Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO

Acesita ALL Amér Lat Ambev Aracruz B2W Global Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyre Com-CCP Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Ipiranga Pet Itaubanco Itausa Klabin S.A. Light S.A. Lojas Americ Lojas Renner Natura Net P.Açúcar-CBD Perdigão S.A. Petrobras Petrobras Sabesp Sadia S.A. Sid Nacional Souza Cruz TAM S.A. Telemar N L Telemar Telemar Telemig Part Telesp Tim Part S.A. Tim Part S.A. Tran Paulist Unibanco Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo

TIPO AÇÃO

PN UNT N2 PN PNB ON PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN PN ON ON PN ON PN ON ON PN PNA ON PN PN PN ON PN PN UnN1 PNA PN ON PNA PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

0,17 2,02 1,19 0,94 1,36 3,82 1,58 0,43 0,67 0,93 1,65 1,22 1,10 0,31 1,70 1,06 0,25 0,92 2,04 0,80 0,14 1,26 0,67 1,27 1,44 0,84 0,88 0,73 0,85 2,30 1,50 100,00 0,33 2,71 1,98 0,66 0,46 0,73 0,89 1,33 1,60 0,71 1,05 2,57 14,37 0,63 0,87 2,33 0,51 1,77 0,33 1,07 2,03 0,29 0,31 0,60 1,33 0,40 2,26 3,28 0,84 2,99 11,59 1,17

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ 21/9/2007)

43,30 16,60 29,90 1,10 16,50 92,50 44,20 57,90 65,40 33,80 14,20 25,00 10,10 16,20 35,60 30,50 18,40 -43,60 27,50 22,80 59,20 3,20 12,00 17,90 -5,20 -12,10 39,30 37,00 -31,30 30,00 43,20 13,10 19,70 32,10 30,40 46,40 18,50 -20,60 18,00 -25,10 25,00 28,90 20,80 28,90 35,10 90,20 23,30 -26,70 35,60 16,70 30,40 36,80 17,60 -11,50 4,80 43,10 16,00 55,90 24,00 79,50 76,40 0,80

Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Agosto 0,98 1,39 0,47 0,07

Juros/Aplicação

(%)

Agosto 0,99 0,99 0,65 2,42

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Ano 2,75 3,24 2,80 2,72

Ano 8,09 8,12 5,36 -2,53

Indicadores imobiliários Agosto 0,50 0,15

CUB SP TR

(%)

Ano 5,05 1,17

Juros/Crédito

Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *

Setembro 21/Setembro

(em % mês) Setembro 20/Setembro

1,94 3,97 3,40 2,15

2,00 3,98 3,38 2,22

* taxa mês

Câmbio (em 21/9/2007)

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Cotação R$ 1,8618 US$ 1,4084 US$ 0,0087

Mercados futuros (em 21/9/2007)

Outubro Novembro Dezembro

Dólar R$ 1,869 R$ 1,876 Juros DI 11,13% 11,09%

1,882,04 11,06% (em 21/9/2007)

Outubro

Ibovespa Futuro

57.920

Outubro 2007 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor 15 a 18/10/2007

XL CONGRESSO INTERNACIONAL DE CELULOSE E PAPEL Transamérica Expo Center – SP (11) 3874-2708 abtcp@ abtcp.org.br www.abtcp-zellcheming2007.org.br O evento oferece a oportunidade de encontro entre técnicos nacionais e estrangeiros, além de promover o intercâmbio de conhecimentos nas diversas áreas do setor de celulose e papel. Possibilita, ainda, o reconhecimento de novas tecnologias e soluções avançadas para inúmeros problemas. A organização da quadragésima edição do Congresso espera receber 1,2 mil congressistas e 250 expositores de máquinas, equipamentos, instrumentação e controle de processo, produtos químicos, engenharia, projetos e montagem.

Agenda Em destaque

16 a 18/10/2007

BIOFACH E EXPOSUSTENTAT Transamérica Expo Center – SP www.biofach-americalatina.com.br/www.exposustentat.com.br A BioFach é a versão latino-americana da maior feira mundial de produtos orgânicos e encontra-se na quinta edição no Brasil. O evento conta com rodadas de negócios, apoiadas pela Apex, com compradores internacionais e atividades focadas na ponta do varejo para o aumento do consumo interno dos orgânicos. Já a Feira Internacional de Bens e Serviços Sustentáveis acontece pela terceira vez, e conta com diversas empresas e organizações comprometidas com a responsabilidade social e ambiental, que já trabalham de forma sustentável, trazendo para o mercado produtos e serviços que não esgotam as reservas naturais. Palestrantes brasileiros e internacionais estarão na Expo Sustentat para falar de pagamentos de serviços ambientais, cosméticos, biodiversidade, mercado justo, construção sustentável, entre outros.

15 a 19/10/2007

FENATRAN Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi – São Paulo – SP (11) 6283-5011 www.fenatran.com.br O 16º Salão Internacional do Transporte abre este ano com expectativa de recorde de público. Os mais de 270 expositores trazem as novidades de transporte de carga, montadoras de veículos, fabricantes de implementos, autopeças, motores e pneus, distribuidores de petróleo e derivados, equipamentos para oficinas e terminais de carga. 23 a 25/10/2007

4ª FEIRA CORTE & CONFORMAÇÃO DE METAIS Expo Center Norte, Pavilhão Azul – SP (11) 3824-5300 www.arandanet.com.br O evento da área de processamento de chapas metálicas atrai profissionais, especialistas e fornecedores de máquinas, ferramentas, acessórios, sistemas de apoio, software, metal-mecânica e tubos metálicos. No congresso paralelo, serão discutidas novas técnicas de conformação que permitem reduzir o ciclo e custos de fabricação, além de garantir economia de matéria-prima com menos descarte e menos refugo.

78 – Empreendedor – Outubro 2007

23 a 26/10/2007

WSC – CONGRESSO INTERNACIONAL DE SEGURANÇA Pestano Bahia Hotel – BA (47) 3338-4850/(11) 5548-9651/www.worldsecuritycongress.com A quarta edição da feira e do congresso sobre segurança terá cerca de 40 expositores de armamento, consultoria em segurança empresarial, bancária, do transporte, da informação e eletrônica, segurança contra incêndio, contra roubo e seqüestro, e sistemas de controle e acesso. Os organizadores esperam um público estimado em 1,5 mil pessoas para os três dias de evento, que apresenta também painéis de trabalhos científicos sobre a área de segurança. 23 a 26/10/2007

2º SALÃO DO JEANS Parque de Exposições Maraponga, Fortaleza – CE (85) 3495-2122/www.marapongamartmoda.com.br A exposição nasceu da idéia de aproximar a indústria de jeans de potenciais compradores nacionais e internacionais, de forma rápida, direta e eficiente. O evento concentra os melhores fabricantes de jeans do Norte e Nordeste, beneficiando diretamente lojistas, representantes comerciais e fornecedores. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor www.empreendedor.com.br


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80 – Empreendedor – Outubro 2007


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O conteúdo que faz toda a diferença

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Cobertura on-line Atualize-se no site Empreendedor sobre as maiores novidades mercadológicas e empresariais, divulgadas entre os dias 1º e 4 de outubro, durante o principal evento do setor de Telecomunicação da Informação da América Latina, o Futurecom. Criado em 1999 e realizado anualmente em Florianópolis, Santa Catarina, no Centro de Convenções – Centro Sul, o Futurecom possui dois segmentos principais: o Seminário Internacional e o Business Trade Show. Nesta edição, o seminário foi realizado com apresentações simultâneas em seis auditórios, onde fo-

ram debatidos os temas mais atuais e as tendências dos setores de telecomunicações e de tecnologia da informação. Mais de 200 painelistas e palestrantes, do Brasil e do exterior, discutiram as tendências tecnológicas, empresariais e de mercado. E o Business Trade Show, a mais qualificada exposição realizada na América Latina e a única no Brasil, contou com a participação de aproximadamente 150 empresas, nacionais e internacionais. Além de discutir e apresentar novos produtos e tendências, a Futurecom teve como principal objetivo criar oportuni-

dades para fechar novos negócios, aproveitando a participação de operadoras, distribuidores de bens e serviços, clientes corporativos e pesquisadores. Para ter acesso à cobertura online, realizada nos períodos da manhã, tarde e noite durante os quatro dias de evento, entre no www.empreendedor.com.br, vá até a área “Categorias”, na coluna à esquerda, e clique em “todas”. Lá você vai encontrar a opção “Futurecom”, com todas as matérias sobre as principais novidades do evento.

Teste seu grau empreendedor Um dos destaques de maior repercussão do site Empreendedor no mês de setembro foi o teste desenvolvido por Luiz Fernando Garcia – consultor e especialista em manejo comportamental, empreendedorismo e negócios – com base na concepção original de T. Venkateswara Rao, especialista sobre o tema. Com o nome “Teste seu grau empreendedor”, o objetivo foi ajudar a identificar se o internauta testado é um empreendedor franco, possui conduta empreendedora, aceita feedbacks ou impõe a sua própria verdade. Editado de maneira criativa pelo editor de multimídia do site, Fábio Mayer, o teste foi motivo de muitos e-mails, como este ao lado, do professor Cezar Magalhães, diretor presidente da Coopecia–Cooperativa de Consultores, Instrutores e Auditores e professor da Faculdade Novo Milênio – Vila Velha – ES. Para ter acesso ao teste, vá até a área de busca do site Empreendedor, do lado direito do cabeçalho, e digite, entre aspas, a frase: “Teste o seu grau empreendedor”.

“Acabo de ter contato com o teste proposto por Luiz Fernando Garcia, baseado na concepção original de T. Venkateswara Rao e publicado no site www.empreendedor.com.br, que tem sido uma das minhas mais ricas fontes de estudo, pesquisa e atualização na minha função de professor universitário de Empreendedorismo. A razão deste contato se prende ao fato de estar escrevendo um livro sobre empreendedorismo e ser um defensor da introdução do ensino deste tema como disciplina regular de nossas faculdades. Uma idéia que sempre me acompanhou foi a de criar algum teste que pudesse ser aplicado no início e no final de qualquer curso, superior ou não, e que pudesse servir para aferir o eventual aumento do nível de empreendedorismo do aluno durante seu período discente. Gostaria de poder obter dos responsáveis pela divulgação do teste uma autorização para a divulgação do endereço eletrônico, onde o leitor de nossa modesta contribuição literária pudesse se auto-avaliar e, desta forma, cumprir um dos mais perseguidos objetivos da obra que pretendo estar lançando nos próximos meses. Agradecendo desde já a atenção de sua resposta.”

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84 – Empreendedor – Outubro 2007


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