Ano 14 • Nº 157 • novembro 2007
MERCADO: SANEAMENTO BÁSICO E INICIATIVA PRIVADA
ISSN 1414-0152
A ERA DAS S.A.
Empreendedor
ESTRATÉGIA: TERCEIRIZAÇÃO EXIGE CUIDADOS E CONTROLE
Ano 14 Nº 157 – Novembro 2007 – R$ 9,90 www.empreendedor.com.br
PRÊMIO ETHOS DE JORNALISMO 2007
OPORTUNIDADE: ANGOLA, UM PAÍS EM RECONSTRUÇÃO
18 – Empreendedor – Outubro 2007
Outubro 2007 – Empreendedor – 19
A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
Nesta Edição
Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] Repórteres: Ana Carolina Dionísio, Débora Remor, Francis França e Natacha Amaral Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Index Open e Lio Simas Foto da capa: Casa da Photo Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Érika Kaiser, Gesner C. Vieira e Nassara Kedman Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666
PG. 18
Capa
De capital aberto Em compasso com outros países emergentes, como China e Rússia, o Brasil registra um crescimento acentuado no número de empresas que se lançam no vibrante mercado acionário. Sete companhias lançaram suas ações na Bovespa em 2004, nove em 2005, 26 em 2006, e neste ano o número de IPOs deve chegar a 54. A abertura de capital é vista por empresas de diferentes setores e ramos como uma forma segura e menos onerosa de captar recursos de longo prazo para financiar o crescimento. CASA DA PHOTO
Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jczcomunicacoes@gmail.com] SCS - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar 70305-900 - Brasília - DF Fone: (61) 3322-2034 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900
Mercado Saneamento em expansão PG. 30
A regulamentação da Lei do Saneamento Básico e os recursos prometidos pelo PAC abrem um caminho seguro para a participação privada nos serviços de saneamento básico, grave deficiência no Brasil que se reflete na saúde, na educação e no meio ambiente.
Estratégia Olhos para a África PG. 36
Com a facilidade da mesma língua-mãe e uma economia em reconstrução, após anos de guerra civil, Angola se mostra uma ótima oportunidade para empreendedores brasileiros. A ABF e a Apex Brasil apóiam os interessados.
Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
4 – Empreendedor – Novembro 2007
Inovação Pele artificial PG. 40
Invenção brasileira à base de componentes naturais, sem compostos químicos, acelera em três vezes a regeneração de queimaduras de primeiro e segundo graus, reduz a dor e protege contra infecções. Seu nome: Nanoskin.
Novembro/2007
Memória Segredos da terceirização PG. 42
PG. 12
Entrevista
Hélio Zylberstajn
A terceirização é uma estratégia consolidada, adotada intensamente pelas empresas na década passada. Na releitura de uma matéria publicada na segunda edição, saiba como estabelecer um processo seguro de terceirização e as novas tendências na área.
O economista e presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret) diz que todos – patrões, empregados e governo – perdem com a falta de modernização da legislação trabalhista, imobilizada há mais de 70 anos.
Crédito Fomento mercantil PG. 46
Bancos não são a única opção para quem precisa de recursos de curto prazo. O factoring garante o adiantamento de valores de vendas a prazo, e ainda oferece assessoria nas áreas administrativa, financeira e tributária, agindo praticamente como uma consultoria.
PG. 48
Magrid Teske A enfermeira e administradora de hospitais praticamente criou o mercado fitoterápico no Brasil. Ela é proprietária do Herbarium, maior laboratório brasileiro do gênero, presente em 15 países e com faturamento previsto de R$ 57 milhões em 2007.
Franquia Rede de segurança PG. 60
O aumento dos assaltos e da violência faz o mercado de segurança eletrônica crescer ano a ano – de 2005 para 2006, o faturamento cresceu 14%. Como forma de expansão dos negócios, empresas de monitoramento vêm adotando o franchising.
Perfil
CASA DA PHOTO
PG. 56
A voz da experiência
Guido Savian
TI Projetos em 3D PG. 66
Ferramenta para desenho em três dimensões apresenta facilidade de manuseio e capacidade de realizar testes de validação do produto em desenvolvimento, o que representa ganho de produtividade e economia de tempo.
Ao lado do colega Juarez Antônio, ele deixou a confortável posição de executivo para fundar o Consórcio Nacional Embracon. Apostando no valor das pessoas e não deixando passar oportunidades, a empresa chegou a um faturamento de R$ 780 milhões.
LEIA TAMBÉM
GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 9
Cartas ................................................................. 8
Produtos e Serviços .......................................... 70
Empreendedores ................................................ 10
Leitura ............................................................... 72
Não Durma no Ponto ......................................... 16
Análise Econômica ............................................ 76
Pequenas Notáveis ............................................ 54
Indicadores ....................................................... 77
Empreendedor na Internet ................................ 82
Agenda .............................................................. 78
Novembro 2007 – Empreendedor – 5
de Empreendedor para Empreendedor
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Editorial A
brir o capital da empresa é como abrir o coração. O mercado vai conhecer a intimidade da companhia, e transparência é essencial – para não dizer obrigatória – neste relacionamento que exige regras bem claras, autocontrole e tratamento sem diferenciação entre os envolvidos. Isso pode parecer indesejável, mas para aqueles que pensam grande pode ser a melhor solução para crescer com segurança. A abertura de capital é hoje uma das melhores formas de captação de recursos no mercado financeiro – não está atrelada à taxa de juros escorchadora nem submetida ao especulativo spread bancário –, chegando em alguns casos a ter um custo 50% menor do que qualquer outra forma de captação. Empresas de qualquer ramo e de quase todos os tamanhos podem lançar ações em bolsa. Para facilitar a entrada de empreendimentos de pequeno porte, a Bovespa até criou um novo segmento, o Bovespa Mais. O processo de abertura, no entan-
to, não é simples. Além de atender à legislação e normas das instituições reguladora e operadora, é preciso adotar comportamentos e sistemas bemvistos pelo mercado. Mas todos esses ajustes, por si só, ajudarão a empresa a obter melhores resultados. A repórter Natacha Amaral mergulhou fundo na questão e produziu um verdadeiro guia para os interessados. Um material digno para ser lido e relido, e guardado para futuras consultas. Nesta edição, a Empreendedor também trata de um tema de extrema importância social e ambiental para o país: o saneamento básico. Os indicadores brasileiros na área são péssimos, e o reflexo é sentido na saúde e educação da população, sem contar os efeitos desastrosos para a economia. Com a regulamentação da participação da iniciativa privada, surge uma esperança de reverter esse quadro lastimável, como revela a reportagem da jornalista Francis França. Alexsandro Vanin
Brasília: SCS - Quadra 1 - Edifício Gilberto Salomão - 14º andar - 70305-900 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 -
Cartas para a redação
Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto
Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde moram.
605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.
6 – Empreendedor – Novembro 2007
Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.
Novembro 2007 – Empreendedor – 7
Cartas
ANDRÉ KOPSCH
Empreendedorismo Estou estudando na Anhembi Morumbi, fazendo um curso de MBA em Gestão de Projetos. Uma das matérias sobre a qual trata esse trabalho se chama Técnicas de Empreendedorismo. Realmente, das matérias publicadas sobre a Stefanini, a mais completa foi a da Empreendedor 153, “O valor da perseverança”, da repórter Natacha Amaral. Gostaria bastante de ter acesso a outras edições, pois, além de ajudar na pesquisa para os meus trabalhos no curso, poderei saber mais sobre outros empresários também. Larissa Maggi, estudante
Consultoria Eu quero abrir uma empresa de consultoria em RH, para prestar serviços na área de pesquisa de mercado, contratação temporária, plano de cargos e salários, entre outros trabalhos. Você pode me enviar alguns artigos? Os temas que tenho interesse são: RH, controladoria, logística e previdenciário. Isac Teixeira, funcionário público
Da Redação: Parabéns, Isac! Buscar informações previamente é primordial para quem tem vontade de abrir um negócio. Como seus interesses são vários, sugerimos que faça uma busca desses assuntos no Portal Empreendedor (www.empreendedor.com.br), utilizando a ferramenta de procura no canto superior direito da tela. Existem vários artigos, entrevistas e reportagens de seu interesse, principalmente na área de RH.
Perfil Gostaria de agradecer pela brilhante matéria “Em compasso com o tempo”, publicada na Empreendedor 155, ficou ótima. O próprio Dimas de Melo Pimenta II elogiou muito o trabalho da revista.
Luiz Carlos Palmquist, diretor de Administração e Estratégia da Unimed do Brasil, André Cia, do jornal A Notícia, e Alexsandro Vanin, da Empreendedor
Presença no pódio A Revista Empreendedor esteve no pódio de mais um prêmio de jornalismo. A reportagem “Ouro contra o bronze”, de Alexsandro Vanin, publicada na edição 148 (fevereiro de 2007), foi finalista na categoria Jornal/Revista do 6º Prêmio Unimed de Jornalismo, que registrou 173 inscrições, 19 a mais do que na edição anterior. O trabalho, que aborda os perigos da exposição excessiva e sem proteção aos raios solares, foi selecionado entre 66 obras inscritas na categoria (17 a mais do que no ano anterior). Concorria na final com a matéria “Cai o número de mães até 19 anos”, sobre gravidez na adolescência, publicada no jornal A Notícia, de Joinville (SC), e a série de reportagens sobre a falta de saneamento básico “Bem perto da calamidade”, publicada no jornal Diário Catarinense, de Florianópolis, que levou o primeiro lugar. “O fato de ser classificado como um dos três melhores trabalhos é muito gratificante, pois, apesar do mote da matéria ser a prevenção em saúde, o enfoque são os negócios relacionados à exposição segura”, diz Vanin. “Espero que o trabalho, além de ser reconhecido pela classe médica, ajude a conscientizar as pessoas sobre a importância de se proteger.”
Débora Araújo, da Ricardo Viveiros & Associados
Errata
Sustentável
O cargo correto de Oriovaldo Filho, da Danone, é gerente de Crédito e Cobrança, e não financeiro, como informado na edição de outubro.
Aproveitamos para parabenizála (Ana Carolina Dionísio) pela ótima qualidade da matéria “As peças da construção verde”, publicada na Empreendedor 155. Ficou bastante completa e consistente.
Por um erro de digitação, foi informado errado o contato da Your Office, empresa citada na matéria “Flat comercial” (Empreendedor 156). O telefone correto é 0800 11 6065.
8 – Empreendedor – Novembro 2007
Maria Augusta Baptista e Gabriel Gallarza, arquitetos
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Empreendedores RENATO GAMA
Neide Veronese
Garantia de satisfação O desejo de abrir uma casa de produtos eróticos e sensuais vinha contido em Neide Veronese, então dona de casa, desde sua primeira visita a uma sex shop, no centro de Florianópolis. “Fui muito mal atendida. A vendedora praticamente me ignorou e não saciou minha curiosidade sobre os produtos. Saí de lá decepcionada”, lembra Neide. Com a chegada de uma herança familiar, Neide resolveu investir em algo que satisfizesse sua vontade e de outras pessoas interessadas em incrementar a vida sexual. A loja inaugurou com dois ambientes e com R$ 6 mil em produtos em dezembro de 1999. Hoje, o tamanho triplicou, e há mais de 3 mil itens, com uma taxa de crescimento nas vendas entre 5% e 10%. A qualidade no aten-
Antonio Macedo
De volta às raízes O pizzaiolo Antonio Macedo, da Camelo Pizzaria, tradicional rede de pizzarias da cidade de São Paulo, comemorou no berço da pizza o primeiro lugar conquistado na 1ª Copa Brasileira de Pizzarias, que reuniu 160 estabelecimentos. Ele e José Roberto da Silva, seu ajudante durante a competição, fizeram um roteiro de dez dias que passou por Milão, Pisa, Florença, Roma e Veneza. Macedo é um dos mais antigos pizzaiolos em atividade em São Paulo. Há 43 anos na Camelo, ele é responsável pela criação das pizzas do cardápio e pelo controle de qualidade do que é feito diariamente na cozinha das quatro unidades da rede em São Paulo. www.pizzariacamelo.com.br
10 – Empreendedor – Novembro 2007
dimento é o que garante o sucesso do empreendimento. Duas vendedoras discretas e ágeis dão dicas de uso e mostram os produtos da sex shop. Aos que fazem a sua primeira visita a uma loja
do ramo, as meninas, como são carinhosamente chamadas por Neide, dão um verdadeiro tour no mundo das novidades do sexo. www.fetichesexshop.com.br
Eduardo Costa
Beleza sustentável Rumo à meta de neutralizar, a partir deste ano, todas as emissões de carbono de sua cadeia de produção, a Natura está substituindo o álcool comum pelo álcool orgânico em seus perfumes e desodorantes. Produzido de forma sustentável e socialmente responsável, o álcool orgânico vem da cana-de-açúcar cultivada sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos e queimadas. Integrada a áreas de vegetação nativa, como pequenas matas, rios e lagos, a plantação do álcool orgânico conserva a biodiversidade local. Com essa iniciativa, a Natura torna-se pioneira mundialmente na utilização em larga escala de álcool orgânico na fabricação de cosméticos. “É no cotidiano que as empresas exercem cidadania, seja na aquisição de matérias-primas que favoreçam o meio ambiente, seja no desenvolvimento social ou na escolha de tecnologias que geram economia de recursos naturais”, acredita Eduardo Costa, diretor de marketing da empresa. www.natura.net
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Entrevista
Hélio Zylberstajn
Legislação imobilizada Leis trabalhistas não sofrem alterações estruturais desde sua criação, há mais de 70 anos por
Débora Remor
Empresas e empregados não conseguem entender a imobilidade da legislação trabalhista. Desde a era Vargas, quando foi instituída a CLT, ocorreram mudanças como a internet, tecnologias da informação, empregos virtuais e a própria dinâmica do mercado de trabalho, mas as relações trabalhistas não foram acompanhadas pela regulamentação. Este é o cenário que influenciou a criação do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret), uma associação de caráter multidisciplinar que reúne acadêmicos e profissionais de diversas áreas para debater, analisar e refletir as relações de trabalho no Brasil. Formalizado em dezembro de 2006, o Ibret tem uma diretoria provisória, e seu presidente é o economista e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) Hélio Zylberstajn. Ele conta que, finalmente, o país entrou na discussão mundial das relações de emprego e que, no futuro, este ambiente de debate tende a produzir efeitos positivos para a necessária reforma trabalhista.
Instituto não tem posição oficial sobre isso, ele pretende criar um espaço para trocar idéias e propor o diálogo. Falo em meu nome. O problema é que temos uma legislação montada nas décadas de 1930, 1940, portanto há 70 anos, 80 anos, e ela continua praticamente a mesma hoje. O Brasil e o mundo mudaram muito, e
Temos uma legislação montada há décadas. O mundo mudou muito, e precisamos repensar a regulação do mercado de trabalho
precisamos repensar a regulação do mercado de trabalho.
Empreendedor – Pensando atualmente no conceito, quais são os maiores erros e distorções da nossa legislação?
Empreendedor – E desde que foi criada, não se fez nenhuma modificação?
Hélio Zylberstajn – Primeiro, o
Zylberstajn – Foram feitas algu-
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mas modificações, como o Fundo de Garantia, que substituiu a estabilidade depois de dez anos de serviço. Essa foi uma, e tivemos outras de menor importância, mas a estrutura permaneceu a mesma. Por exemplo, continuamos com a Justiça do Trabalho. Hoje, temos 1,8 milhão de reclamações, por ano, na Justiça do Trabalho, e essas reclamações são sempre as mesmas: reclamações sobre direitos trabalhistas e direitos rescisórios, muito parecidas umas com as outras. Então, cada juiz tem, em média, oito casos para julgar por dia. É uma coisa muito atrasada. Empreendedor – Esses casos poderiam ser resolvidos sem a interferência da Justiça?
Zylberstajn – São reclamações que o empregado faz depois que é demitido, porque não existe diálogo durante a relação de emprego. Os conflitos vão sendo armazenados e guardados. Quando se desfaz a relação de trabalho, o empregado vai reclamar na Justiça do Trabalho. Então, temos 1,8 milhão de reclamações, isto mostra que existe uma indústria da reclamação. Algumas pessoas ganham com isso, mas o país perde, porque é uma forma ineficiente, atrasada e não democrática de lidar com essas coisas. Empreendedor – Esta indústria da reclamação está inserida na legislação trabalhista?
Zylberstajn – Sim, na medida em que ela encaminha todas as reclamações para a Justiça do Trabalho. A única maneira de encerrar definitivamente um litígio é na Justiça. Então, você encaminha e canaliza tudo na Justiça do Trabalho. A relação de trabalho fica reduzida a um litígio judicial. Empreendedor – E quem é o mais prejudicado por estas distorções, o empregador?
Zylberstajn – É o próprio empregado, porque ele é vítima de um sistema arcaico de relações de trabalho.
Empreendedor – Que recursos seriam estes?
Zylberstajn – Mecanismos de negociação dentro da empresa. A reforma trabalhista e a reforma sindical teriam que cuidar disto. Substituir o litígio na Justiça por um diálogo dentro da empresa. Este é um aspecto. Outra coisa é toda a questão sindical. Hoje em dia, é um negócio muito lucrativo abrir sindicato, tanto sindicato de empresa como sindicato de trabalhador. Porque você tem receita
garantida, uma reserva de mercado, unicidade sindical, contribuição sindical. É um ótimo negócio para quem abre um sindicato. Já os trabalhadores que são representados, os interesses deles são colocados em absoluto segundo plano. O resultado é que temos 18 mil sindicatos no Brasil, cada um tirando uma casquinha da contribuição sindical. Isso é outra coisa que precisaria ser modificada. Não é acabar com o sindicato nem com a contribuição sindical, mas é
Empreendedor – De que forma isso faz do empregado a vítima?
Zylberstajn – Porque, devido a este cenário, não se consegue estabelecer um clima de confiança entre a empresa e o trabalhador, não há confiança recíproca. A produtividade não cresce, e, portanto, o salário não cresce. A empresa perde porque deixa de ter trabalhadores produtivos. E o trabalhador perde, porque o salário nunca vai crescer. Este ambiente impede que as relações sejam mais harmoniosas. Empreendedor – É possível estabelecer este diálogo antes do fim dessa relação?
Zylberstajn – No mundo inteiro, a Justiça é o último recurso, sempre existem mecanismos para acertar diretamente entre trabalhador e empresa. No Brasil, é o contrário. O primeiro e único recurso é “pôr a empresa no pau”, ir à Justiça do Trabalho. Não existe espaço para conversar e esclarecer, saber se é devido ou não. Já vai para a Justiça. Empreendedor – Nós não temos estes mecanismos de diálogo ou temos e não os utilizamos?
Zylberstajn – A gente não tem estes recursos, a legislação não permite. Novembro 2007 – Empreendedor – 13
Entrevista
Hélio Zylberstajn
construir um sistema em que os controles sociais permitam que a representação dos trabalhadores seja mais legítima e mais eficiente.
o ajuste da força de trabalho por meio da demissão e se queixam de que o mercado de trabalho é rígido no Brasil, mas isto não é verdade. Os dados oficiais do Ministério do Trabalho, que são fornecidos inclusive pelas empresas, mostram que metade dos trabalhadores brasileiros não completa um ano de casa, quer dizer, uma enorme rotatividade. As empresas se acostumaram a simplesmente demitir. Outra vez, isto é ruim para a produtividade. Se eu sei que vou ficar pouco tempo no emprego, não vou investir neste emprego. A empresa também, se ela sabe que aquele trabalhador vai sair logo, ela não vai investir no trabalhador. E o resultado são essa baixa produtividade, a desconfiança, e o número enorme de demissões e de reclamações levadas à Justiça do Trabalho. É um círculo vicioso que nós precisamos romper. O Ibret pretende ser um espaço onde estas coisas possam ser debatidas com liberdade, objetividade e profissionalismo.
Empreendedor – Isso será revisto quando se fizer uma reforma trabalhista?
Zylberstajn – O governo Lula tentou fazer isso. Ele produziu no Fórum Nacional do Trabalho um projeto de lei de reforma sindical com quase 400 artigos, e tenho a impressão de que ia ficar mais complicado do que é hoje ainda. Então, é muito difícil você mexer nestas coisas com seriedade, com conseqüência. Não sei quando vamos ter um governo com discernimento e poder político para fazer esta tarefa. O fato é que nós não estamos andando, não estamos caminhando, infelizmente. Empreendedor – A carga tributária também é um dos principais problemas da legislação atual?
Zylberstajn – O empregado custa mais ou menos 50% a mais do que ele recebe. Se ele recebe 100, ele custa para a empresa 150. Essa cunha fiscal é um problema. Não é que ela seja grande, mas o trabalhador não recebe de volta. Se ele recebesse de volta na forma de serviço, para ele ou para a família, até seria indiferente receber mais salário ou mais serviço, mas ele não tem nenhum dos dois. Ele não tem nem escola, nem saúde, nem previdência social. Ele paga um imposto enorme, e o pior é que ele nem sabe o quanto paga, pois essas coisas são todas disfarçadas. A questão tributária sobre a folha é realmente um problema. Empreendedor – Que outros podemos salientar?
Zylberstajn – Os pontos importantes são Justiça do Trabalho, a questão tributária, a estrutura sindical e o regime de demissão. No Brasil, as empresas se acostumaram a demitir os trabalhadores, quer dizer, elas fazem
14 – Empreendedor – Novembro 2007
Existe uma indústria da reclamação. Algumas pessoas ganham com isso, mas o país perde, porque é uma forma ineficiente, atrasada e não democrática
Empreendedor – O Supersimples trouxe alguma melhoria das relações trabalhistas para as micro e pequenas empresas?
Zylberstajn – Acho que o Supersimples é um grande equívoco. Ele acaba sendo um impedimento ao crescimento. A empresa sabe que, ficando pequena, ela paga menos imposto, então ela fica no limite deste “ficar pequena”. O passo para crescer, ela não vai dar porque sabe que não vai compensar, quer dizer, esta política é um tiro no pé. Precisaríamos ser muito mais sérios no tratamento da tributação e remover a tributação de todas as empresas. As empresas deveriam ser iguais em relação ao fisco, sem privilégios, nem para as grandes nem para as pequenas. Por que precisamos tratar diferentemente grandes e pequenos? Por que a grande precisa pagar mais? O imposto tem que ser neutro, ele precisa ser pequeno, mas pequeno para todo mundo.
Zylberstajn – Não existe modelo, porque cada país tem suas especificidades. É importante que você conheça o que os outros fazem e tente adaptar o que achar de melhor para o seu país. Temos países com problemas semelhantes aos nossos e países com problemas diferentes, países mais atrasados e países mais avançados. É este conhecimento que a gente quer trazer para o trabalhador brasileiro. Por exemplo, o profissional brasileiro não sabe que a Justiça do Trabalho é uma exceção. A gente pensa que é uma regra, que todo país deve ter uma Justiça especializada para as questões trabalhistas. Isto não é verdade. Existem muitos países bemsucedidos que não têm Justiça do Trabalho, e as coisas não vão pra Justiça comum, elas são resolvidas de outra forma. Precisamos saber como elas são resolvidas.
Empreendedor – Antes da reforma trabalhista, precisamos fazer a reforma tributária? É isto o que o senhor propõe?
Zylberstajn – Não diria se é antes ou depois, sei que precisamos das duas coisas. E elas precisam ser compatíveis. Não podemos fazer uma reforma trabalhista sem olhar para a questão tributária, e vice-versa. Empreendedor – O Ibret vai chamar a sociedade civil para discutir a questão trabalhista. Quem são estes participantes?
Zylberstajn – Todas as pessoas que trabalham nesta área de todos os lados: sindicalistas, assessores sindicais, pessoal das empresas de recursos humanos de relações sindicais, advogados, acadêmicos, funcionários do governo que lidam com estas coisas, a Justiça do Trabalho. As pessoas vão se engajar como pessoas físicas, não há representação institucional. São pessoas físicas que vêm discutir profissionalmente estas questões. Empreendedor – Como está o calendário de eventos do Ibret?
Zylberstajn – Estamos promovendo nos dias 5, 6 e 7 de novembro a 1ª Conferência Brasileira de Relações de Emprego e Trabalho, em São Paulo. Chamamos conferencistas internacionais que vão contar como são os sistemas de relações de trabalho nos seus países: Estados Unidos, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, África do Sul, Argentina e Chile. Vamos poder comparar o sistema brasileiro com os sistemas que existem no mundo. Entender as diferenças e as formas possíveis de melhorar o nosso sistema. Não precisamos inventar a roda, a roda já foi inventada, precisamos saber que outras rodas existem. Empreendedor – Existe um país modelo ou buscamos uma mistura de bons modelos?
Empreendedor – O que mais deve sair deste espaço de discussão?
Não existe modelo, porque cada país tem suas especificidades. É importante que você conheça o que os outros fazem e tente adaptar o que achar de melhor
Zylberstajn – O Ibret é uma associação. Na conferência, vamos ter produção de documentos e contribuir para este debate. O desafio do Ibret é criar uma rede de profissionais que atuam nesta área, integrar os profissionais brasileiros na rede internacional. O Ibret está se filiando à Associação Internacional de Relações Industriais, que tem 60 associações nacionais filiadas. Então, o Brasil era um dos poucos países importantes que não tinha uma associação deste tipo, e agora tem. Vamos poder participar de congressos internacionais, integrar essa reflexão global. Hoje, o problema da regulação do trabalho é uma questão global, e estávamos fora disto. Queremos colocar o profissional brasileiro neste circuito de diálogo global.
Linha Direta Hélio Zylberstajn www.ibret.fea.usp.br ibret@usp.br Novembro 2007 – Empreendedor – 15
Não Durma no Ponto Histórias para contar Momentos de descontração! Sem as pesadas indumentárias (às vezes, até fantasias e máscaras) da função ou do cargo, as pessoas se apresentam como verdadeiramente são. E se divertem ao relembrar situações de trabalho significativas. Todos gostam de revisitar momentos difíceis, aparentemente sem saída, mas que foram resolvidos – para perplexidade de todos – até por iniciativa de alguém de quem não se esperava nada. Recordações como essas costumam ter aspectos hilariantes e inusitados. São uma constante fonte de boa conversa. Não raro, tornam-se fontes de aprendizado. Caso as pessoas estejam realmente abertas a incorporar essas vivências como exemplares. Ou inspiradoras. “Qual foi a melhor experiência que você teve no trabalho?” Essa pergunta dispara uma série de histórias que ilustram o passado de uma empresa, vivo e presente na memória dos envolvidos. Não pense, no entanto, que serão lembrados aqueles planejamentos estratégicos em que se combinava o futuro. Nem aquelas ocasiões em que se tentava, seguindo à risca, cumprir os acordos combinados e os procedimentos pactuados. Muito menos os interregnos em que tudo corria bem, conforme garantiam as normas. Nem as exaustivas sessões de avaliação de orçamentos, entediantes quando as metas eram atingidas, insuportáveis quando não eram. A rotina diária é como um filme enlatado que, uma vez ou outra, assistimos para relaxar em uma tarde de domingo, para esquecer por completo, em seguida. Jamais estará entre os relatos memoráveis. Em geral, as melhores experiências estão relacionadas a momentos
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de crises e de dificuldades. Impasses desafiadores em que todos foram colocados nos seus limites e tiveram de pensar em soluções criativas. Como aquela ameaça de enchente, em que todos tiveram de trabalhar unidos, independente da hierarquia, para criar as barragens que impediram a invasão das águas. Ou como a ameaça da perda de um grande pedido ou de um grande cliente, diante de exigências que até ali pareciam inviáveis. Assim, foi necessário passar por cima de antigas normas da empresa
As melhores experiências surgem quando cada um consegue ser o que verdadeiramente é, e isso está além dos cargos e funções
para tornar viáveis as condições em jogo. Ou ainda aquela mudança abrupta da regra do jogo por parte do sindicato ou associação de classe, que jogou por terra acordos e estratégias, fazendo com que a empresa se reinventasse rapidamente. Momentos tensos e desafiadores, mas que exigiram de cada um competências que nem ao menos julgavam ter. E que em anos
de trabalho cumprindo rotinas jamais de manifestaram.
Muita habilidade, pouco talento As melhores experiências não vêm das rotinas estabelecidas, nem das normas concebidas, nem das atribuições das funções, e muito menos das descrições dos cargos. Isso tudo pode ser considerado necessário, em razão do alto investimento que as empresas fazem para instituir esses modelos operacionais. Mas, se depender da memória, esse repertório absolutamente comum não tem nada de empolgante nem fica para a história. As melhores experiências surgem quando cada um consegue ser o que verdadeiramente é, e isso está além dos cargos e funções. É quando cada um precisa extrapolar seu conjunto de conhecimentos e habilidades, e trata de usar outras aptidões – até mesmo insuspeitadas. É quando um precisou da ajuda do outro para superar os desafios, de maneira que todos se sintam – naturalmente – unidos. É quando há trocas e aprendizados. Por que, então, não criar essas condições com mais freqüência no dia-a-dia de trabalho? O trabalho, na forma como foi concebido em suas origens, parece não ter sido idealizado para gerar boas experiências, na maior parte do tempo. Exige mais soluções técnicas do que soluções criativas. Requer muito das habilidades e pouco dos talentos. Mas o trabalho pode, sim, virar uma experiência memorável. Como? Transforme-o num projeto que tenha propósito e significado, para que desperte o compromisso emocional dos envolvidos.
por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net
Muito além da rotina Como um projeto, o trabalho pode ser um jogo, com variedade, desafios adequados, metas e resultados esperados, claros para todos. Basta que se esqueça a hierarquia. Quem se reporta a quem pode gerar confusão e até mesmo ritmo lento, quando não paralisia em determinados momentos? Evite, portanto, normas e regras definidas burocraticamente. A responsabilidade de todos quanto à meta será bem maior, pode acreditar, do que a
Você quer mesmo construir histórias, enquanto produz os melhores resultados? Então, prepare-se para abrir mão do controle
observada no trabalho convencional. Mas, para isso, lembre de uma regra de ouro: quando as pessoas começam a se comprometer, a sua melhor atitude como líder é se conter, abrindo espaço para o talento alheio. Mais que isso: se for preciso e se essa é a preferência da equipe, deixe que outras pessoas assumam a liderança
naquele projeto. Para tanto, não é preciso ter um posto formal de chefia. É bom quando as equipes de projeto elegem os seus próprios líderes. Projeto é uma forma de descobrir novas lideranças. Confie e dê autonomia para que todos possam desempenhar bem os seus papéis.
Abra mão do controle Você quer mesmo construir histórias, enquanto produz os melhores resultados? Então, prepare-se para abrir mão do controle. Se você aprendeu a liderar na era industrial, então gosta de saber onde as pessoas estão e se trabalham além dos horários previstos. Você planejava e avaliava, e elas executavam. O trabalho por projeto funciona de outra maneira. Se você não sabe onde seu pessoal está hoje, isso é um bom sinal. Significa que seus colaboradores ultrapassam as delimitações das suas funções para ir ao encontro dos clientes, pesquisar, estudar... Ou seja, estão se dedicando a tudo o que é realmente necessário para fazer um trabalho memorável. Você tem a disposição de deixar que o cliente conduza os seus negócios? Outro desafio do líder que quer construir histórias é decorrente do anterior: os desejos do cliente prevalecem sobre a sua vontade de líder. Superar as expectativas do cliente passa a ser o principal propósito da equipe, e isso deve vir antes dos seus desejos, como líder.
Espaço para a camaradagem Conversar faz parte, de maneira indissolúvel, do trabalho por projeto. É preciso que o propósito de um pro-
jeto seja o propósito de todos. Viver seus próprios propósitos é viver a sua vida! Afinal, é isso o que ocorre, embora ninguém se dê conta: as pessoas passam pelas empresas a caminho dos seus respectivos propósitos. E esses propósitos comuns são definidos através do diálogo e da busca do consenso. Mantenha sempre presentes a camaradagem e os momentos de descontração. Confiança é fundamental! Crie espaços de trabalho e convivência para as pessoas envolvidas com o projeto. Comemore as vitórias! A camaradagem conta muito, quando as pessoas lembram as suas melhores experiências.
Onde está a graça Não tente, diante de outros desafios, repetir os feitos de um projeto bemsucedido. Contenha a vontade de engessar o êxito! Cada projeto é um projeto. Conquistar mercados e produzir resultados, hoje, é algo que deriva de uma seqüência infinita de projetos. As conquistas são passageiras. Valem para um momento ou outro, mas não para todos. A inconstância é a tônica. Nada está garantido. Aí é que está a graça. O que prevalece é a capacidade de mudar e de recriar projetos diante das novas condições. Transformar um projeto em rotina é morder a isca e voltar àquele mundo que não constrói memórias. Lembre-se de que você não está gerando somente os melhores resultados. Está construindo as histórias marcantes, que atravessarão os tempos e servirão de aprendizado para as futuras gerações da empresa. No fundo, é o que fica. Para sempre! Novembro 2007 – Empreendedor – 17
Capa
Futuro em ação
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Grande capacidade de captação de recursos do mercado financeiro estimula abertura de capital
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por
Natacha Amaral
Nos últimos anos, um número crescente de empresas vem despertando para o lançamento de ações no mercado. Cada vez mais companhias optam por esse caminho como forma de captar recursos para viabilizar sua estratégia de crescimento. O resultado é um aumento expressivo na quantidade dos chamados IPOs, processos de abertura de
capital. Até outubro deste ano, no Brasil, 59 empresas entraram no mercado financeiro e captaram R$ 45 bilhões. A cifra representa o dobro de IPOs realizados no ano passado e é oito vezes o número de aberturas de capital de 2004, período a partir do qual o mercado de ações brasileiro começou a receber novos participantes de forma contínua. Até o final do ano, mais 29 companhias devem concluir seu processo de IPO.
O perfil dos novos integrantes também passou por grandes transformações. Conhecida pela participação de setores tradicionais como energia elétrica, telecomunicações, siderurgia, mineração, petroquímico e financeiro, a bolsa brasileira agora recebe cada vez mais empresas de outros segmentos, tais como de cosméticos, internet, saúde, tecnologia e educação. Setores de grande peso na economia, mas até então pouco repre-
sentados no mercado de ações, também ganharam espaço. É o caso de agronegócios e construção civil. “O fortalecimento da economia no país recentemente permitiu esse movimento”, explica o analista de desenvolvimento de empresas da Bovespa Rogério Santana. “E com a participação de todos, o desempenho da Bolsa acaba refletindo o desempenho da economia brasileira de modo geral”, acrescenta.
No Brasil Evolução das aberturas de capital (IPO) 90 80 70 29
60 50 REALIZADO
EM ANDAMENTO
40 30 20 10
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1
1
7
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0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Evolução do valor captado 2004 .............................R$ 4,5 bilhões 2005 .............................R$ 5,4 bilhões 2006 .............................R$ 15,4 bilhões 2007 (até outubro) ....... R$ 45 bilhões Fonte: Bovespa
No mundo Número de IPOs Total .............................................. 1.729 EUA ................................................. 187 Japão ................................................ 185 China ............................................... 175
Valor captado Total .......................... US$ 246 bilhões China ........................ US$ 56,6 bilhões EUA .......................... US$ 34,1 bilhões Rússia ........................ US$ 18 bilhões
Os mercados emergentes continuam sendo a principal fonte de histórias de crescimentos mais vibrantes, em que a China alimenta os mercados asiáticos, a Rússia é a propulsora dos mercados europeus e o Brasil da América Latina. A atividade combinada de IPO nos países Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) registrou acentuado crescimento, sendo que o montante originado desses mercados passou de US$ 29 bilhões em 2005 para US$ 86 bilhões em 2006, enquanto a quantidade de lançamentos em bolsa quase dobrou, para 279, conforme o Relatório Globalization, levantamento anual da Ernst & Young.
Em 2006. Fonte: Ernst & Young
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Capa A tendência atual é a entrada gradativa de empresas com porte menor. Em 2006, a maioria das companhias de capital aberto tinha receita líquida entre R$ 1 bilhão a R$ 5 bilhões. Por outro lado, empresas com faturamento abaixo de R$ 100 milhões já representavam o terceiro maior grupo integrante da Bolsa. Segundo o analista, essa transformação continua acontecendo até agora e pode apontar uma futura participação de pequenas e médias empresas no mercado.
Captação de recursos Um dos fatores que mais contribui para atual onda de IPOs no Brasil é a grande capacidade de captação de recursos do mercado financeiro. “O empresário vê o potencial do seu negócio, mas não tem dinheiro suficiente para fazer o que deseja lá dentro. Então, entra no mercado e usa parte dos recursos obtidos na bolsa para realização de seus projetos”, explica o sócio-fundador da especialista em finanças corporativas Cypress Associates, Luiz Felipe Alves. Segundo ele, essa tendência é percebida pelo aumento de ofertas primárias na Bolsa, que são as emissões e vendas de novas ações ao mercado realizadas pela empresa. Já as ofertas secundárias referem-se aos títulos revendidos pelos próprios acionistas. Neste caso, os valores pertencem ao acionista, e não à companhia. De 2004 a 2007, a oferta primária subiu de 40% para 68%, e a secundária, de 60% para 32%. “Acredita-se que, cada vez mais, esse percentual suba aos poucos Isso mostra que o empresário está colocando menos dinheiro no bolso e mais dinheiro na empresa”, diz Alves. A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), subsidiária do Grupo Camargo Corrêa, foi uma das empresas que decidiu abrir seu capital para captar recursos, tendo em vista o grande crescimento do setor imobiliário. Participante do
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mercado de bolsa desde o início deste ano, a CCDI dedicou 92% (R$ 478 milhões) do valor captado na venda inicial de suas ações para expandir suas atividades de incorporação. “Utilizamos 80% dos recursos para implementar nosso já existente banco de terrenos, que era grande, e os restantes 20% para aquisição de novas áreas”, explica o diretor de Finanças da empresa, Paulo Mazzali. Com a medida, a CCDI conseguiu dobrar de tamanho. Em 2006, realizou lançamentos no valor de R$ 450 milhões e, para este ano, prevê um número de R$ 1,2 bilhão. “Fizemos bom uso do dinheiro captado e passamos a operar em outro patamar. Sem dúvida, foi uma decisão acertada”, avalia Mazzali. O uso do mercado de capitais como fonte de financiamento é especialmente vantajoso para o ciclo financeiro de determinados negócios. “Isso se dá no caso de concessões rodoviárias, um tipo de empreendimento que demanda alto investimento, mas gera retorno só depois de 20, 30 ou 40 anos”, exemplifica Rogério Santana. Sem a obrigação de devolver de imediato o valor captado pela venda de suas ações aos investido-
res, empresas com esse perfil vêem no mercado de bolsa a fonte de financiamento mais adequada. Além disso, companhias de capital aberto podem usar suas ações como moeda de troca na hora de realizar novas aquisições, inclusive de concorrentes. “Grande parte das fusões que ocorrem no mundo hoje são feitas dessa maneira”, explica o analista da Bovespa Thiago Almeida. Foi o que o Itaú fez ao adquirir as operações latinas do Bank of Boston no ano passado. O banco brasileiro utilizou parte de seus títulos como forma de pagamento pela aquisição. O mesmo procedimento foi utilizado pela América Latina Logística (ALL) ao comprar a Brasil Ferrovias recentemente. Essa manobra evita a descapitalização da companhia, ou seja, permite que a empresa mantenha seus recursos em caixa para outras finalidades. Conquistar liquidez patrimonial tanto para o negócio como para os sócios, criar um referencial de avaliação para a empresa e melhorar a sua imagem institucional são outros motivadores para a demanda crescente de IPOs atuais. Mas, além dos benefícios, a entrada no mercado de ações traz uma série de responsabilidades.
Camargo: 92% (R$ 478 milhões) do valor captado no IPO foi usado para expandir suas atividades de incorporação
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Além da lei Uma abertura de capital bem-sucedida exige a tomada de atitudes bemvistas pelo mercado Para entrar no mercado de ações, a empresa precisa abrir seu capital, caso seja uma sociedade limitada ou uma sociedade anônima de capital fechado. Além disso, deve solicitar seu registro de companhia aberta e de primeira oferta de ações, o IPO propriamente dito (Initial Public Offering), para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão máximo do sistema acionário brasileiro. Também deve listar-se na Bovespa, seu futuro ambiente de negociação. Todos esses procedimentos por si só exigem o cumprimento de uma série de obrigações previstas tanto na legislação (Lei das Sociedades Anônimas nº 6.404/ 1976) como nas normas adicionais da CVM e da Bovespa. A lista de exigências é extensa, e, por isso, o ideal é que a empresa interessada em atuar no mercado já realize ajustes internos gradativos agora para garantir um futuro processo de abertura de capital mais suave e rápido. “Quem se prepara com antecedência tira um pouco da pesada carga de tarefas que terá de realizar quando já estiver atuando no mercado”, explica o advogado especialista em mercado de capitais Alexandre Barreto, do escritório Souza, Cescon. Com experiência no acompanhamento de diversos processos de IPO, Luiz Alves orienta a construção de quatro pilares-base na empresa que deseja já ir se preparando para o mercado de bolsa. O primeiro deles tem a ver com a nova estrutura societária da organização. “É preciso elaborar, desde o começo, um acordo de acionistas, um documento que estabeleça regras mínimas de gestão e participação de cada sócio no negócio”, diz Alves. O acordo deve prever o que será feito caso
Etapas do processo de IPO Abertura da empresa (contratação de auditoria externa independente, intermediário financeiro e advogados) Pedido de registros na CVM e listagem na Bovespa Análise de documentação na CVM Liberação para apresentações aos potenciais investidores (road-show) e publicação de aviso ao mercado Saída para 15 a 20 dias de road-show com prospecto preliminar e material de marketing para investidores Processo de coleta dos preços (bookbuilding) Precificação das ações (pricing), envio do prospecto definitivo para CVM Saída do registro de IPO da CVM (liberada venda efetiva das ações) Anúncio de início da oferta Início das negociações na Bolsa Liquidação financeira dos valores após três dias (como qualquer negociação de bolsa) Novembro 2007 – Empreendedor – 21
Capa um dos participantes queira sair da empresa, por exemplo. “Qualquer decisão atrelada à ação (título) e que possa impactar negativamente no negócio tem que ser minimamente prevista.” É necessário também fazer as devidas adaptações no documento que formaliza a existência da empresa, o chamado estatuto social. “Alguns dizem que isso é óbvio, mas há empresas com estatuto tão antigo que não contempla o que ela faz hoje”, ressalta o executivo. Realizar um levantamento de tudo aquilo que pode trazer impacto negativo para o negócio é outro procedimento fundamental. “O empresário deve contratar um advogado e um contador e perguntar a eles: ‘o que eu tenho de contingências trabalhistas, fiscais e previdenciárias?’” diz. Segundo Alves, alguns empreendedores deixam de fazer esse mapeamento por afirmarem conhecer muito bem o seu negócio. “Mas, às vezes, ficam tão preocupados com a execução do negócio em si que se esquecem do simples, do bê-á-bá”, contra-argumenta. “É preciso saber o que exatamente pode impactar na empresa.” Finalmente, como companhia aberta, a organização terá de prestar informações mensais e trimestrais à CVM e à Bovespa, bem como seguir uma série de exigências desses dois órgãos. Deve haver alguém para checar se essas regras estão sendo cumpridas, caso Alves: “Área de comunicação é fator crítico na abertura de capital e fundamental no processo pós-IPO”
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contrário, seu registro de companhia aberta pode ser suspenso. O segundo pilar-base para preparação da empresa rumo ao mercado está relacionado com o aumento de seus controles internos. Isso envolve assegurar que o trabalho de cada setor esteja funcionando conforme os procedimentos estabelecidos, bem como entender quais são os principais processos do negócio e os riscos que estes trazem. “Certo empreendimento pode ter uma área de venda de produtos químicos capaz de fechar o negócio”, exemplifica Alves. Sabendo da existência desse risco, por meio de controles internos, o administrador pode decidir se deseja acabar com esse setor ou aceitar o risco como algo administrável. “Riscos sempre existem, o importante é identificá-los”, diz. Segundo ele, infelizmente a maioria dos gestores de médias e grandes empresas não faz isso. O terceiro pilar sustentador do processo de abertura é a comunicação da empresa. Diferente de uma limitada, a sociedade anônima de capital aberto pode ter centenas ou até mesmo milhares de sócios – os acionistas. Assim, precisa constantemente prestar contas e passar diversas informações para o mercado, tal como um fato relevante no negócio que possa afetar a decisão de compra ou venda das ações por parte dos investidores. O princípio é transpa-
rência total. “Trata-se de uma mudança muito grande dentro da empresa, especialmente em termos culturais”, diz Thiago Almeida, da Bovespa. “Por isso, a companhia precisa ter o desejo de informar tudo o que faz e adotar uma nova mentalidade”, enfatiza Alves, que acautela contra o perigo de simplesmente se deixar levar por modismos. Preparar um bom processo de comunicação requer determinação de estratégias de comunicação interna e externa. É preciso também criar um website e nomear um diretor responsável pelo novo Departamento de Relações com o Investidor (DRI). “A companhia aberta tem como base informar – e saber informar. Por isso, a área de comunicação é um fator crítico na abertura de capital e fundamental no processo pós-IPO”, afirma o executivo da Cypress. Caso haja ineficiência nesse processo, a empresa pode ter sua imagem comprometida e o valor de suas ações afetado. “É importante lembrar que o DRI responde legal e até criminalmente por qualquer coisa que seja divulgada sem espelhar a verdade da operação. Se houver algum problema, é do RI que a CVM vai cobrar”, acrescenta.
Governança corporativa Por fim, o quarto e último pilar de preparação para o IPO está relacionado à chamada governança corporativa. Trata-se do sistema pelo qual a empresa é dirigida e monitorada por todas as partes envolvidas em sua gestão. O procedimento leva em conta princípios tais como transparência e eqüidade – o tratamento igualitário de sócios majoritários e minoritários. Também exige maior prestação de contas e responsabilidade social, que inclui tanto interação com a comunidade como cuidados com questões ambientais. Os procedimentos de governança vão além do que a legislação prevê para as S.A., mas hoje são requisitos básicos para a conquista de credibilidade no mercado. “Boas práticas de governança aumentam o valor da empresa e melhoram seu desempenho.
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Também facilitam seu acesso ao capital e contribuem para sua perenidade. Podem até elevar o preço da ação. Por isso, 75% das empresas que vão ao mercado, atualmente, adotam níveis de governança mais avançados”, explica Alves. “É algo do qual os investidores não abrem mão”, diz Almeida, da Bovespa. O motivo é que o exercício da governança corporativa reduz ao mínimo o risco societário (aquele não associado diretamente ao negócio, mas sim a conflitos entre acionistas) e o de falta de informações da companhia. Também permite o acompanhamento e a fiscalização de perto da empresa da qual o investidor está se tornando sócio. A estrutura básica de uma companhia que adota práticas de governança consiste em acionistas, diretoria, conselheiros, auditores independentes e conselho fiscal. É necessária a presença e a participação na empresa de todos esses integrantes – cada qual no seu papel. Organizações que ainda não têm auditores independentes devem contratá-los para agregar maior confiabilidade aos demonstrativos financeiros do negócio. “A preparação dos números é uma das partes mais complexas do trabalho”, comenta o advogado Alexandre Barreto, do escritório Souza, Cescon. Constituir um conselho de administração também é fundamental. Os conselheiros atuam como representantes dos proprietários do capital da empresa e são por ele indicados para dirigir o negócio. Pelo menos 20% dos integrantes precisam ser totalmente desvinculados da organização. São membros independentes, mas alinhados com os valores e propósitos dos sócios da companhia. “As empresas (que ainda não participam do mercado) podem escolher um profissional que admirem e convidá-lo para opinar nos seus negócios de modo informal”, sugere Alves. “É uma forma de já ir adquirindo essa cultura na organização.” Ainda como prática de governança, a empresa precisa ter uma estrutura que garanta o cumprimento de seus resultados, bem como processos jurídicos e
Faça já Recomendações práticas para empresas interessadas em se preparar para a abertura da capital A) Societário Elabore um acordo de acionista para evitar qualquer disputa societária Separe pessoa física de pessoa jurídica (patrimônio pessoal x patrimônio da empresa) Estabeleça critérios e contratos para administrar operações entre a empresa e os sócios baseados em condições de mercado. Ex.: um sócio tem as empresas A, B e C. Se esses empreendimentos trabalham entre si, é necessário ter contrato entre eles Adapte o regime tributário à natureza do negócio Formalize relações comerciais com fornecedores/parceiros através de contratos. Com o contrato, você terá maior poder de barganha numa negociação, no caso de exclusividade Mantenha um advogado e um contador (interno e/ou externo) competentes para administrar contratos e relações comerciais Defina relatórios com critérios objetivos e mantenha-os atualizados, identificando contingências e provisionamentos B) Controles internos Documente os principais processos para padronizar atividades e efetuar controle sobre elas Dissemine dentro da empresa a cultura de controle interno como forma
de atingir resultados esperados, e não como burocratização do negócio Crie um mecanismo em que os próprios gestores consigam avaliar o nível de controle de seus processos (questionário simples e específico) Avalie riscos do negócio x controles existentes (entendimento e mitigação) Automatize o máximo de processos possíveis para diminuir erro humano e aumentar a produtividade Implemente o conceito de segregação de função (quem aprova não pode negociar) C) Governança corporativa – Recomendações práticas Realize exercício de planejamento estratégico: onde estou e aonde quero chegar Desenvolva plano de negócios e de investimentos, que maximize pontos fortes e oportunidades, e mitigue pontos fracos e ameaças Analise a adequação da estrutura organizacional. Tem mais ou menos gente do que precisa? Estabeleça sistemas de informação Estabeleça indicadores para gestão do negócio que devem ser monitorados constantemente. Indicadores que podem ser usados: receita líquida, custo dos produtos vendidos, despesas com vendas, gerais e administrativas, EBITDA, lucro líquido Fonte: Cypress Associates
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Capa financeiros minimamente adequados à Lei das S.A. Além disso, deve elaborar um plano de negócios (business plan), que aponte o que a empresa será em médio e longo prazos. Nada mais é do que determinar o tamanho atual da empresa, aonde ela vai chegar no futuro e como o empresário fará isso. “É como você vai sair de R$ 100 milhões para R$ 200 milhões”, exemplifica Alves. O executivo também lembra a necessidade da criação de um código de conduta. “Nas grandes corporações, de 10% a 15% dos resultados são perdidos por situações de falta de controle. Parte disso se deve à conduta inadequada de pessoas”, justifica. A função de um código, neste caso, seria estabelecer o que pode e o que não pode ser feito dentro da organização. Os ajustes internos na empresa para abrir capital realmente podem ser extensos. “Todo processo de preparação para IPO em si é uma grande arrumação da casa”, compara o advogado Alexandre Barreto. “É trabalhoso, mas, se desejar abrir capital, a empresa deve se adequar minimamente a esses conceitos, de modo gradativo, desde já. O momento é agora”, opina Alves.
Modelos atrativos Bovespa revitalizou o mercado ao criar segmentos que exigem a adoção de práticas de governança Reforçar o compromisso das companhias com a adoção de governança coorporativa. Esta foi a intenção da Bovespa ao criar três novos níveis de listagem de empresas em 2000. Até então, havia apenas o segmento tradicional, que exigia o cumprimento das exigências legais básicas. Nessa época, a bolsa brasileira detectou um forte temor de investidores estrangeiros aplicarem seus recursos no Brasil. Isso se dava por conta de questões macroeconômicas, alta taxa de juros e fragilidade da legislação em proteger os direitos dos acionistas minoritários, bem como garantir boas práticas de governança corporativa. A partir desse diagnóstico, a Bovespa traçou algumas linhas de atuação, sendo a principal delas a criação de segmentos de listagem com requisitos diferenciados de governança. Criou os segmentos Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado, sendo
A bolsa do Brasil Instituição centenária, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) hoje é o único centro de comercialização de ações no Brasil. Seu objetivo é proporcionar um ambiente de negociação entre empresas e investidores, fornecer informações para companhias e mercado, bem como supervisionar o trabalho de suas sociedades corretoras, que atuam como intermediários financeiros nas transações de compra e venda dos títulos. Está sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão máximo do mercado acionário brasileiro. Atualmente, a Bovespa é a maior bolsa da América Latina e representa 70% de todo o volume negociado em mercado de capitais na região. Entre as bolsas
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dos mercados emergentes, ocupa o terceiro lugar, atrás apenas das chinesas de Shangai e Hong Kong. Nos últimos anos, a Bovespa passou por um rápido crescimento. Atualmente com 447 empresas listadas, captou quase R$ 2 trilhões no mercado financeiro até junho deste ano – valor cinco vezes maior do que o captado no inteiro ano de 2001. São cerca de R$ 4 bilhões em ações trocando de mão por dia. Esse aumento expressivo se deve tanto à própria valorização das companhias participantes, como Petrobrás e Vale do Rio Doce, como à mudança de perfil das 79 novas empresas que entraram no Bolsa a partir de 2001 com um valor de mercado diferente e volume maior de ações negociadas.
este último o mais exigente de todos. Com essas medidas, o mercado brasileiro se revitalizou. Inaugurado pela paulista Companhia de Construções Rodoviárias (CRC) em 2002, o Novo Mercado é o segmento de listagem mais avançado da Bolsa e o principal anfitrião da maioria das novas aberturas de capital hoje. Nos últimos três anos, foi responsável pela listagem de 75% das empresas. “Governança corporativa tem uma forte relação com o preço da ação, que, por sua vez, é muito importante na hora de o empresário tomar a decisão de abrir ou não seu capital. Nesse momento, adotar governança significa preço maior da ação e, portanto, maior abertura de capital”, explica Thiago Almeida. E além dos requisitos de governança, o grande diferencial desse segmento é que as empresas nele listadas devem assumir única e exclusivamente ações ordinári-
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as (dão direito a voto ao acionista) em seu capital social. Preocupada com as companhias que já integravam a Bolsa, a Bovespa também criou dois outros segmentos: o Nível 2, que aceita ações preferenciais (não dão direito a voto ao acionista), e o Nível 1, que apenas tem requisitos de transparência além da legislação. “Pode-se dizer que todos esses segmentos já estão em fase de consolidação e têm representatividade na Bovespa. São 124 companhias neles listadas, e isso tem crescido num ritmo bastante acelerado”, diz Almeida.
Pequeno porte E para atingir empresas de todos os tamanhos, a Bovespa preparou um segmento de listagem adicional que contempla companhias de porte menor: o Bovespa Mais. “Sabemos que nossa economia é limitada em termos de grandes organizações. Além disso, há empresas menores do que as já listadas na Bolsa e que gostariam de ter acesso ao mercado de capitais, mas não têm espaço. Por isso, lançamos esse produto”, explica Almeida. Enquanto as ofertas de ações no Novo Mercado, em
o mercado. Ao contrário dos demais segmentos, no Bovespa Mais a companhia ganha liquidez gradativamente, com leilões, nos quais comercializa seus títulos por meio do mercado de balcão, modalidade de negociação que funciona como um “pré-vestibular” para empresas que pretendem mais tarde ter suas ações comercializadas na bolsa de valores – apresenta vantagens como maior número de participantes na negociação, diferente do mercado de bolsa, que só permite a atuação das corretoras. A Bovespa já conta com companhias interessadas nesse produto e prevê seu lançamento para este ano ainda.
geral, são acima de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões, no Bovespa Mais não há um patamar mínimo. “Pode ser que, no começo, as empresas façam oferta de R$ 30 milhões, R$ 50 milhões ou R$ 80 milhões”, exemplifica o analista. O objetivo do Bovespa Mais é tornar o mercado acionário fonte alternativa de financiamento para um maior número de empresas e também um momento de preparação para entrada futura no Novo Mercado, uma vez que este tem regras muito parecidas. Além disso, promove a visibilidade dessas empresas para um público grande de analistas e investidores, funcionando como uma vitrine para
Perfil das empresas
Evolução do Novo Mercado
Receita líquida em 2006
Número de companhias listadas por segmento
(amostra: 304 cias.)
13%
21%
29%
27%
10% até 100M
de 100M a 500M
de 500M a 1B
de 1B a 5B
acima de 5B
Nível 1 Nível 2 Novo Mercado
71 44 2 3
2 3
7 7
18 10
14
15
18
24
31
33
37
36
38
2001
2002
2003
2004
2005
2006
junho 2007
Do total de 124 empresas, 73 deram entrada no mercado acionário a partir de 2004
A Bovespa no ranking mundial
8ª maior bolsa de valores em captação de recursos com ações 7ª em volume de IPOs 3ª entre mercados emergentes Período janeiro a maio de 2007 Novembro 2007 – Empreendedor – 25
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Reta final Parceiros especializados em processos de IPO são essenciais para a conclusão da abertura de capital Após analisar o melhor segmento de listagem na Bolsa e realizar ajustes internos na empresa, é hora de começar o processo de IPO propriamente dito. Para isso, é preciso contar com parceiros. A companhia terá que contratar obrigatoriamente um banco de investimento para fazer a operação, e um escritório de advocacia especializado em questões societárias e de abertura de capital para assessorá-la no processo. “A participação dessas outras figuras é importantíssima”, diz Rogério Santana, da Bovespa. O banco de investimento é responsável por toda parte comercial do processo de IPO. “É ele quem vai atuar perante a CVM como distribuidor das ações”, explica o vice-presidente do grupo de Equity Capital Markets do Citibank, Pérsio Dangot. O banco opera como agente de venda da empresa. Seu papel é ir atrás de seus clientes e realizar o marketing da oferta. Além disso, ajuda a companhia a determinar seu valor no mercado. “Ao determinar quanto uma empresa vale, é possível saber
também o valor de seus títulos e assim propor uma faixa de preços aos investidores em potencial”, diz o superintendente da área de mercado de capitais do Banco Fator, Caetano Fabrini. Dangot, do Citibank, acrescenta que é muito comum a participação de um pool de bancos no processo de venda das ações, esquema que permite a atuação de várias instituições financeiras simultaneamente, embora apenas uma delas seja designada líder. No processo de IPO, os advogados dão formatação jurídica ao negócio para que a empresa se torne pública e receba novos acionistas. São esses profissionais que identificam contingências e verificam as práticas comerciais da companhia do ponto de vista jurídico. Também executam possíveis atualizações no estatuto social e prestam assessoria na hora de realizar o pedido de registros na CVM. “Ajudamos nessa área que é totalmente burocrática, uma vez que há exigência de um número muito grande de informações. Nesse momento, trabalhamos em parceria com audi-
Banco de investimento é responsável por toda parte comercial do IPO
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tores e a empresa para cumprir todos os requisitos”, explica Alexandre Barreto, do escritório Souza, Cescon. Para ter sua existência reconhecida, a empresa precisa solicitar seu registro de companhia aberta na CVM, o que implica o cumprimento da instrução nº 202 do órgão. Além disso, deve indicar se a negociação de seus papéis se dará em bolsa ou no mercado de balcão. Simultaneamente, a empresa solicita sua listagem na Bovespa (resoluções nº 282 e 310) e seu registro de oferta pública das ações na CVM, o IPO propriamente dito. Segundo Barreto, para o processo de lançamento das ações, contratamse normalmente quatro escritórios de advocacia. “São dois para cada lado – banco e empresa –, sendo um para operações no Brasil e outro no exterior”, diz. Dangot, do Citibank, explica que a maioria das transações realizadas no Brasil hoje são feitas num formato que permite a venda de títulos para investidores internacionais. Tudo sem a necessidade de um registro no exterior, como na SEC (United States Securities and Exchange Commission), a CVM norte-americana. Por outro lado, é necessária a presença de assessores jurídicos que verifiquem o cumprimento das exigências legais de cada local. O advogado da companhia também é quem assessora a empresa na elaboração de seu prospecto. Trata-se de um documento legal ou livro com informações completas da empresa, tais como história, mercado de atuação, operação de IPO em si e seus riscos, balanços e demonstrativos financeiros dos três últimos anos da companhia. Também traz um tabela com a sugestão de uma faixa de preços mínimo e máximo de suas ações. Quando a empresa pede o seu registro na CVM para lançamento de títulos no mercado, ela já o faz com um prospecto preliminar em mãos. Este fica disponível tanto no site da empresa como no da CVM. “É algo de responsabilidade da companhia, mas também dos bancos e auditores que deram OK para o documento”, diz Dangot.
CASA DA PHOTO
A CVM leva 20 dias úteis para analisar o pedido de IPO da empresa e, se não tiver nenhuma outra exigência, libera a companhia para começar seu road-show, processo no qual visita com seu banco de investimento uma série de clientes durante 15 a 20 dias a fim de vender suas ações. Trata-se do marketing da operação. Antes de realizar as viagens em busca de investidores, a empresa publica seu aviso no mercado, indicando que está pronta para negociações. Durante o tour, ocorre o bookbuilding, momento em que investidores mostram quais são suas ofertas de preço e a quantidade de títulos que estão interessados em comprar. No último dia do road-show, um preço específico é definido (pricing) e inserido no prospecto definitivo da empresa. Na manhã seguinte, a companhia publica seu anúncio de oferta de ações para o mercado e, um dia depois, realiza sua Initial Public Offering (IPO). A empresa está liberada para negociar na Bolsa. Existem algumas exigências quanto à distribuição das títulos, dependendo do segmento de listagem da companhia. Empresas do Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2 devem destinar no mínimo 10% da oferta-base para o varejo. Fora isso, a empresa costuma definir em comum acordo com seus intermediários finan-
Principais despesas com IPO Auditoria externa Preparação de documentação Publicações legais (para jornal) Confecção do prospecto Comissão do intermediário financeiro – o banco Processo de marketing de distribuição Empresa de consultoria para definição do plano de abertura de capital, organização interna da empresa e avaliação preliminar da companhia (como a oferta será estruturada) Consultoria jurídica especializada – fundamental, especialmente quando o prospecto tem em média 400 páginas
Custos para manter uma companhia aberta Serviços Auditoria externa anual e trimestral Anuidade na bolsa Taxa de fiscalização da CVM Atendimento aos acionistas
Valores Depende da complexidade das demonstrações financeiras Conforme o patrimônio líquido Conforme o patrimônio líquido Variável em função do número de acionistas e da quantidade de eventos
Gastos em anuidades
Barreto: exigência de um número muito grande de informações
Empresa de pequeno porte (até R$ 200 milhões) ........................ R$ 537 mil Empresa de médio porte (de R$ 200 milhões a R$ 500 milhões) .... R$ 990 mil Empresa de grande porte (acima de R$ 500 milhões) ................. R$ 2 bilhões Fonte: Bovespa
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CASA DA PHOTO
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Tipos de valores mobiliários Ações: títulos nominativos negociáveis que representam, para quem os possui, uma fração do capital social da empresa. É o valor mobiliário mais utilizado atualmente. a) Ordinárias: ações que conferem ao titular direitos essenciais do acionista, especialmente participação nos resultados econômicos da empresa, direito a voto em assembléias e direito de eleger a diretoria da empresa. b) Preferenciais: ações que não dão direto a voto, mas garantem ao titular maior participação nos resultados da empresa, como prioridade na distribuição do dividendo, fixo ou mínimo e/ou prioridade no reembolso do capital, com ou sem prêmio. Bônus de subscrição Debêntures Notas promissórias Gelmir, da Renar: recursos destinados à exportação
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ceiros quanto vai alocar para cada tipo de investidor. “Na prática, o que acontece é que as ações geralmente ficam assim distribuídas: 10% para o varejo, 70% para o investidor estrangeiro e 20% para investidores institucionais brasileiros”, diz Almeida da Bovespa. O analista explica que a maior participação de investidores estrangeiros se dá por conta de sua disponibilidade de recursos e atenção dirigida ao mercado brasileiro. A duração do processo de abertura de capital varia de acordo com o grau de preparação da companhia para o mercado. “Se a empresa ainda é uma limitada e não tem auditoria, acredito que pode demorar de um ano e meio até dois”, diz Almeida da Bovespa. Há casos de organizações que levam muito tempo avaliando essa decisão. Esse foi o caso da Natura, que se preparou quase dez anos para a abertura de capital. Por outro lado, há empresas que em menos de seis meses se transformam em companhias abertas atuantes no mercado. “Essas já têm balanços auditados, contato com bancos e advogados, conselho de administração constituído e área de RI estruturada”, explica. E, para um processo de IPO sem traumas, a empresa deve avaliar também se tem porte suficiente para que os custos não se tornem pesados. Segundo Almeida, a Bovespa Mais tentou reduzi-los, mas estes ainda existem porque são decorrentes da legislação brasileira, algo que a Bolsa não pode mudar. Embora não exista uma regra para tamanho das empresas, o executivo da Cypress aconselha o mercado de ações para companhias com receitas a partir
de R$ 150 milhões. “A partir daí, o negócio já tem um porte para fazer movimentos mais ousados de consolidação”, justifica. De acordo com Alves, uma empresa que faz oferta de ações para captar R$ 100 milhões no mercado gasta em média R$ 4 milhões no processo de IPO. “Assessoramos uma companhia que teve despesas de US$ 80 mil só em fotocópias para entrega de documentações”, lembra. Outros gastos significativos incluem publicações legais em jornais e comissão do intermediário financeiro. “O banco é o mais caro de todos, por isso a empresa deve negociar bem com ele. A despesa com qualquer trabalho de assessoria é mínimo perto do que o banco cobra, mas vale a pena porque é ali que se ganha o dinheiro.”
Agronegócio na bolsa Ainda assim, os custos envolvidos no processo de abertura não significam que as empresas interessadas no mercado precisem ser gigantes. “Um exemplo disso é a Renar, companhia relativamente pequena em relação às demais do mercado, mas que abriu seu capital em 2005”, exemplifica o gerente da área de registros da CVM, Felipe Mota. Segundo o diretor de Relações com o Investidor da produtora e operadora do mercado de maçãs, Gelmir Bahr, os custos de abertura da companhia foram relativamente baixos. “Ficaram em torno de 50% mais baratos que o custo de qualquer outra espécie de captação disponível na época, no mercado financeiro”, compara. Um dos objetivos da entrada na Bolsa foi o de proporcionar cresci-
Banco Fator: experiência na abertura de empresas como Nossa Caixa, Random, Brasil Ecodiesel, Metalfrio e Hering
mento à empresa. Assim, os R$ 16 milhões captados no mercado foram destinados a atividades ligadas à exportação, tais como compra de máquinas de embalar em sacolas e aquisição de maiores volumes de frutas de terceiros. A Renar também economizou tempo e levou menos de um ano para o processo de abertura, uma vez que já exercia governança corporativa nos seus processos. “A companhia já tinha suas contas auditadas desde 1993 e contava com a atuação de Conselho Fiscal desde 1997. Sua diretoria era profissionalizada há muitos anos, e os sistemas internos de controle e gestão já eram integrados. Esses fatores foram decisivos para o IPO e a entrada no Novo Mercado”, explica Bahr. Com experiência na abertura de capital de empresas tais como Nossa Caixa, Random, Brasil Ecodiesel, Metalfrio e Hering, o superintendente do Banco Fator, Caetano Fabrini, avalia o crescimento do número de IPOs como uma
nova onda no mercado. Atualmente, o banco participa de cinco operações de abertura de capital. “São empresas de diversos setores, com porte e potencial para crescimento.” Segundo ele, as perspectivas para o incremento no interesse por IPOs são as melhores. “É com certeza uma tendência”, avalia. Para Luiz Alves, da Cypress, o momento para se preparar é agora. “O empresário vê Submarino, UOL, Gol, TAM na lista de aberturas de capital recentes e pode pensar que está muito longe de chegar lá. Mas na lista de IPOs deste ano podemos ver empresas que, há 12 meses, também mal imaginavam abrir seu capital”, argumenta. Assim, de acordo com o executivo, é possível que novas empresas entrem no mercado, desde que comecem a analisar a possibilidade e estabelecer um plano de longo prazo, e estejam muito atentas aos movimentos no mercado. “Nós, que seremos empresa aberta daqui a uns cinco anos, temos que pensar como aberta
desde já, porque daí subimos à regra e conquistamos um nível de exigência muito maior. Ou o empresário escolhe viver em um mundo menor ou vai pensar grande e se ajustar para isso.”
Linha Direta Alexandre Barreto (Escritório Souza, Cescon): (11) 3089-6500 Caetano Fabrini (Banco Fator) (11) 3049-9100 Felipe Mota (CVM): (21) 3233-8241 Gelmir Bahr (Renar Maçãs) (49) 3251-2505 Luiz Felipe Alves (Cypress Associates) (11) 2165- 2165 Paulo Mazzali (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário) (11) 3841-5002/3841-5880 Pérsio Dangot (Citibank) (11) 2109-2484/0800-7092484 Rogério Santana e Thiago Almeida (Bovespa) (11) 3233-2003 / 2004
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Mercado
Hora da limpeza
LIO SIMAS
Regulamentação do saneamento básico promete forte expansão do mercado em 2008
30 – Empreendedor – Novembro 2007
por
Francis França
Depois de décadas em segundo plano por não render votos – como acreditava há até bem pouco tempo a classe política brasileira –, o saneamento básico volta à cena prometendo movimentar um mercado gigantesco, tanto em investimentos quanto em potencial de expansão. Com a sanção do marco regulatório, em janeiro, depois de 20 anos tramitando no Congresso, as regras para o setor foram definidas e criaram terreno fértil para a participação da iniciativa privada. Quem ganha é a população, com as metas da tão esperada universalização do saneamento no país. A injeção de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, junto com a sanção de leis que regulam, de um lado, as concessões privadas e, de outro, a possibilidade de consórcios entre municípios fazem parte de um pacote de medidas para favorecer o desenvolvimento do setor, que ainda tem muito para crescer. Segundo dados do IBGE, apenas 52% dos municípios brasileiros são atendidos por rede de esgotos e, destes, apenas 31,5% têm tratamento efetivo dos resíduos. No mundo inteiro, a falta de saneamento atinge cerca de 2,6 bilhões de pessoas. Quando se fala de saneamento básico, tem-se à disposição um leque de números alarmantes, principalmente em relação à saúde e ao meio ambiente. Mais de 75% dos domicílios brasileiros despejam esgoto sem tratamento em rios, lagos e praias, por exemplo. Outro dado conhecido é que, para cada R$ 1 aplicado em saneamento, economiza-se R$ 5 em saúde pública; uma grande vantagem, se for levado em conta que, de acordo com estimativa do SUS, somente em 2005, mais de 900 mil pessoas foram internadas por doenças relacionadas à falta de sanea-
mento. O problema de esgoto também afeta a educação: 34% das faltas escolares de crianças até seis anos de idade são causadas por esse tipo de doença. As perspectivas para reverter essas estatísticas se tornaram mais promissoras a partir deste ano, com a regulamentação da Lei do Saneamento Básico. O sistema vigente na maior parte do país, até então, contava com empresas estatais que controlam a maior parte das concessões municipais, ainda de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Planasa), estabelecido na década de 1970. Na época, foram criadas empresas estaduais que assinaram contratos de concessão por 30 anos, em média, com os municípios de cada Estado. Em 1995, a lei das concessões previu que, terminada a vigência dos contratos, seria possível municipalizar os serviços ou concedê-los para um operador escolhido em licitação, que poderia ser a própria empresa estadual ou uma empresa privada. Foi então que se abriu a possibilidade de a iniciativa privada ingressar nesse mercado e mostrar que, mesmo com um marco regulatório ainda jovem para se ter uma noção concreta do crescimento do setor, saneamento básico é um bom negócio, e as expectativas em curto prazo são bastante otimistas. De acordo com dados da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), o Brasil possui 65 concessões privadas de serviços de água e esgoto em operação, que atendem 9,5 milhões de pessoas (7% da população), com investimentos comprometidos na ordem de R$ 4,5 bilhões. “O setor vai crescer em direção à universalização dos serviços, e a iniciativa privada deve atender a 30% da população até 2017”, diz Paulo Roberto de Oliveira, diretor vice-presidente da Abcon, que foi criada em 1996 e está presente em 210 municípios. As empresas privadas podem participar desse mercado em parcerias público-privadas (PPPs), com contrapartida de recursos do governo, ou por meio de concessões,
em que a empresa é a única responsável por todo o investimento. Neste caso, a concessionária constrói o sistema e tem direito de operá-lo durante determinado prazo – geralmente, de 25 anos. Vencido o prazo da concessão, a responsabilidade sobre os serviços volta para as mãos do poder público, que pode abrir nova concorrência ou assumir a operação do sistema. O ganho da empresa vem da tarifa cobrada pelo tratamento de esgoto. “A viabilidade do sistema depende de uma tarifa que o usuário tenha condições de pagar e que, ao mesmo tempo, compense o investimento feito para implantar todo o sistema”, explica Oliveira. Essa relação nem sempre é vantajosa. Em alguns municípios, o investimento precisa ser alto, e o poder aquisitivo da população é baixo para arcar com a tarifa, e, segundo Oliveira, torna-se necessário contar com subsídios governamentais. Atualmente, as concessionárias privadas estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país, com exceção de algumas companhias no Tocantins, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. “O custo operacional de sistemas de tratamento de esgoto é caro, e as empresas tendem a se instalar nas regiões onde já está comprovada a viabilidade. Nos outros casos, a solução é o apoio do governo na complementação dos recursos, como está acontecendo agora com o PAC, que vai financiar a expansão do saneamento nas regiões mais carentes.” Outra possibilidade para os municípios com baixo retorno econômico é a união. Com a lei dos consórcios, que entrou em vigor em 2005 e foi regulamentada este ano, surgiu a possibilidade de municípios se associarem para implantar os serviços de saneamento, o que permite diluir custos e conseguir viabilizar o tratamento para toda uma região. “Eu ainda não conheci uma cidade em que não fosse viável implantar um sistema de captação e tratamento de esgoto”, diz Manoel Motta Netto, diretor administrativo da concessionária
Investimentos R$ 178 bilhões São necessários para a universalização do saneamento básico no Brasil
R$ 11 bilhões Por ano precisam ser aplicados para atingir essa meta
R$ 40 bilhões Estão previstos pelo PAC Saneamento até 2010
R$ 4,5 bilhões É o montante comprometido pelas concessionárias privadas instaladas, com contratos de 25 anos
65 É o número de concessões privadas de água e esgoto operando no Brasil atualmente Fonte: Instituto Trata Brasil
Oliveira: iniciativa privada deve atender a 30% da população até 2017 Novembro 2007 – Empreendedor – 31
Mercado Águas de Itapema, no litoral catarinense. Segundo ele, tudo depende da adequação do valor da tarifa. Depois de implantada a concessão, o município de Itapema viu sua cobertura de saneamento saltar de zero para 60% em um ano e meio de obras. A cidade tem cerca de 35 mil habitantes fixos, mas chega a atingir 300 mil durante a temporada, flutuação já prevista pelo sistema. Só este ano, foram implantados 57 quilômetros de rede coletora de esgoto e instalado um módulo biológico que permitirá o tratamento de um volume maior de resíduos. Desde fevereiro, quando a estação de tratamento de esgoto (ETE) foi inaugurada, 600 milhões de litros de esgoto deixaram de ser despejados diretamente no meio ambiente. A concessão tem validade de 25 anos, e a empresa, que assumiu o serviço em 2004, já investiu aproximadamente R$ 40 milhões. A meta é chegar ao final de 2008 com 90% da população atendida. Para essa realidade se estender a todo o país, serão necessários R$ 178 bilhões, de acordo com estudo encomendado pelo Ministério das Cidades. A cifra refere-se ao montante necessário para universalizar o atendimento da população urbana e rural com água e tratamento de esgoto em 20 anos. Desse total, R$ 40 bilhões estão previstos pelo
Estação de tratamento de esgoto em Ribeirão Preto
32 – Empreendedor – Novembro 2007
PAC até 2010, e R$ 4,5 bilhões estão comprometidos em concessões já contratadas. Os R$ 134 bilhões restantes, segundo Paulo Roberto de Oliveira, da Abcon, terão de vir da união de esforços entre poder público e empresas. “Vamos precisar de uma ação conjunta. Isoladamente, nem empresas públicas nem privadas chegarão a lugar nenhum”, diz. Além dos investimentos em grandes obras, um dos principais desafios do mercado é convencer a população sobre a importância do serviço e, principalmente, sobre seus custos. “Todo mundo acha bonito tratar esgoto, mas ninguém quer pagar por isso. Não podemos esquecer que a água do mundo é fixa, e a população não pára de crescer, ou seja, a quantidade disponível per capita é cada vez menor. Precisamos deixar claro que isso tem um custo com o qual nós teremos que arcar”, diz João Carlos Rosa, coordenador de saneamento da Alpina Ambiental. Segundo ele, a tendência é haver uma mudança de postura em curto prazo, em função da evolução nas leis sobre o setor e também da pressão do próprio mercado. Rosa destaca que cada vez mais é cobrada uma postura ambientalmente correta das empresas, principalmente em negociações que envol-
vem acionistas ou clientes no exterior. A Alpina oferece sistemas de tratamento de efluentes para as indústrias que buscam tratar os próprios resíduos. O contrato segue os mesmos padrões de uma concessão, mas é firmado entre empresas privadas. “Nós construímos o sistema, operamos a planta por um período suficiente para amortizar os investimentos e depois transferimos a instalação para o cliente”, explica Rosa.
Sistema biológico No mercado de saneamento básico há cinco anos, a Alpina já começa a mudar o foco, antes voltado às indústrias, para atender aos pequenos municípios, com sistema biológico que permite o tratamento de esgoto em locais onde o sistema público não chega. Para pequenas estações, que atendam a até cinco mil pessoas, por exemplo, o custo de instalação de uma unidade de tratamento ficaria em torno de R$ 150 por habitante. Com os recursos previstos pelo PAC, a empresa espera um forte crescimento no próximo ano. Segundo Rosa, a Alpina tem dois projetos – mantidos em sigilo – em vias de execução, com municípios que tiveram direito à verba do programa. “O PAC foi impor-
tante principalmente para os sistemas municipais, pois muitos projetos que estavam na gaveta, com verbas já aprovadas, começam agora a entrar em licitação para serem implantados”, diz. O PAC sofreu alterações no mês passado para facilitar o acesso aos recursos. O governo acabou com uma série de exigências, como a necessidade de comprovar a vigência do plano de saneamento, e a existência de órgão para regular e fiscalizar os serviços. Pelas novas regras, o Estado ou município que não tiver plano de saneamento básico ou de abastecimento de água terá até 31 de dezembro de 2010 – último dia do governo Lula – para regularizar a situação. Antes das alterações, embora as verbas estivessem disponíveis, a burocracia dificultava o acesso. De acordo com Marise Barroso, diretora corporativa de Marketing da Amanco, a lei é essencial, mas seus reflexos só serão sentidos a partir do próximo ano. “Não houve ainda um movimento em termos de projeto, apesar de já ter sido outorgada a verba através do PAC. Estamos vendendo para o básico, e não ainda para grandes obras novas, que é a nossa expectativa”, diz. Segundo ela, faltam ainda dois fatores importantes para o setor deslan-
char: a disposição das prefeituras em contratar profissionais para fazer os projetos nos moldes exigidos pelo governo e a conscientização da população sobre a necessidade de saneamento. “Isso hoje não é uma realidade no Brasil. Quando se fazem pesquisas, o principal problema apontado pelas pessoas é a saúde. Todos pedem mais postos de saúde, menos filas, sem se darem conta de que o saneamento está diretamente ligado a isso.” A multinacional fabricante de tubos e conexões aposta em 2008 como o ano de crescimento do mercado de tratamento de esgoto, que responde atualmente por 10% dos negócios da empresa. No mesmo segmento, a brasileira Tigre espera que, a partir do próximo ano, os equipamentos voltados para esse mercado sejam responsáveis por 30% dos negócios da empresa. De acordo com Fernando Lente, gerente de Produtos e Infra-Estrutura, o volume de orçamentos no setor triplicou desde a publicação do marco regulatório. “Temos percebido uma grande movimentação por parte das concessionárias. As compras ainda não foram realizadas, mas temos recebido muitas consultas para 2008, quando acreditamos que deve haver um acréscimo significativo nas obras de saneamento”, diz.
Saúde 80 % Das doenças da infância são causadas por falta de saneamento básico
900 mil Pessoas foram internadas em 2005 por doenças relacionadas à falta de saneamento
1,8 milhão De crianças morrem todos os anos devido à diarréia e outras doenças provocadas por água suja e más condições de saneamento
34 % Da ausência de crianças de zero a seis anos em creches e salas de aula deve-se a doenças relacionadas com a falta de saneamento
R$ 5 São economizados em saúde pública para cada R$ 1 investido em saneamento básico, segundo a Organização Mundial da Saúde Fonte: Instituto Trata Brasil
Bernardo, da MS Instrumentos: empresa espera crescer 20% no ano que vem e abarcar 10% do mercado de instrumentação industrial Novembro 2007 – Empreendedor – 33
Mercado LIO SIMAS
Cobertura 75,6 % Dos domicílios brasileiros despejam esgoto sem tratamento em rios, lagos e praias
52 % Da população brasileira não tem acesso à rede de coleta de esgoto Cobertura de saneamento em Itapema saltou de zero para 60% em um ano e meio de obras
Com a expectativa de crescimento do mercado, a Tigre investiu cerca de R$ 10 milhões em dois projetos com produtos específicos para tratamento de esgoto. “Esse valor foi investido independente de qualquer pacote dar certo ou não. Se toda a expectativa que se tem sobre o saneamento não se concretizar, mesmo assim a Tigre vai apostar. Esse é um risco que a empresa vai correr”, diz Lente. Segundo ele, se a Tigre já investia quando o cenário não era favorável, agora, com o clima positivo nos mercados e na legislação, a empresa só tem a ganhar. Boa parte do mercado relacionado ao saneamento básico está fazendo o mesmo. A Acqua Manager, empresa que desenvolve ferramentas para a gestão comercial das concessões de saneamento, reformou toda a fábrica para acompanhar o crescimento do mercado em 2008. Além de modernizar o parque tecnológico e trocar todos os computadores, a empresa criou um data center e se prepara para oferecer sistemas on-line de gestão para atender também às pequenas companhias. “Esse investimento foi uma ação planejada em função do crescimento do mercado. Temos muita perspectiva de demanda e temos que estar preparados para a hora que começar”, diz Lara Paz, do Departamento de Marketing. Com foco nas concessões privadas,
34 – Empreendedor – Novembro 2007
31,5 % Dos lares em que há coleta têm efetivamente tratamento dos resíduos
a empresa foi criada há dez anos e hoje está presente em companhias como a Prolagos, em Cabo Frio (RJ), e Águas Guariroba, em Campo Grande (MS), atendendo a cerca de 70% deste mercado. Segundo Lara, que trabalha com mapeamento de mercado, há muitos consórcios em formação entre municípios e empresas se mobilizando para entrar nesse mercado. “Nossas perspectivas são bastante positivas, porque nosso sistema busca uma gestão mais inteligente dos negócios, e, com as concessões, a eficiência nos processos torna-se obrigatória”, diz. Uma gota no oceano do PAC vai significar um incremento de R$ 600 mil nos negócios da MS Instrumentos, especializada em equipamentos para medir a vazão das ETEs. Segundo Pedro Bernardo de Figueiredo Filho, gerente de Saneamento, a empresa espera crescer 20% no ano que vem e abarcar 10% do mercado de instrumentação industrial, isso contando apenas com os recursos previstos pelo programa, sem levar em conta novos projetos na iniciativa privada. A empresa fornece equipamentos para automação de ETEs, permitindo fazer a leitura da vazão do esgoto sem necessidade de contato físico do instrumentador com o material. A tecnologia funciona tanto em canais abertos quanto fechados, e atende a
40 % Da população mundial não tem acesso a saneamento básico Fonte: Instituto Trata Brasil
ETEs de qualquer porte, com tubulações cujo diâmetro varia de 12 milímetros a 5 metros. De acordo com Figueiredo Filho, a empresa aposta no crescimento contínuo desse mercado, e, embora ainda haja dificuldade para a aprovação de alguns projetos, a expansão depende apenas da adaptação das empresas a esse novo mercado. “Nunca se colocou tanto dinheiro em saneamento, e percebemos que as empresas estão prontas para encarar os desafios”, diz.
Linha Direta Fernando Lente (Tigre): (47) 3441-5000 João Rosa (Alpina Ambiental): (11) 4059-9991 Lara Paz (Acqua Manager): (11) 5095-3489 Manoel Netto (Águas de Itapema): (47) 3268-8200 Marise Barroso (Amanco): 0800-701-8770 Paulo Oliveira (Abcon): (16) 3962-8100 Pedro Bernardo de Figueiredo Filho (MS Instrumentos): (21) 2493-0588
Novembro 2007 – Empreendedor – 35
Estratégia
Horizonte livre
Angola, jovem país em reconstrução, atrai empreendedores brasileiros por Ana Carolina Dionísio Nos indicadores sociais, Angola corresponde ao quadro que geralmente formulamos dos países da África subsaariana: o índice de desenvolvimento humano é um dos 20 mais baixos do mundo, e dois terços da população, que tem uma expectativa de vida de 41 anos, vive com menos de US$ 2 por dia. Por outro lado, o país, que desde 2002 está em processo de pacificação após 26 anos de guerra civil, tem apresentado um crescimento médio de 9% do PIB – em 2006, o aumento foi de quase 20%. A exploração de diamantes e petróleo – a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola prevê que até 2012 serão 255 poços perfurados – é a principal fonte de renda da ex-colônia portuguesa, que para sua reconstrução tem aberto oportunidades de expansão para empresas brasileiras. Um dos ícones mais festejados da “nova” Angola é o Bellas Shopping, o primeiro do país. Situado na zona sul
36 – Empreendedor – Novembro 2007
da capital, Luanda, foi construído e é administrado por brasileiros. A angolana HO Gestão de Investimentos detém 70% da participação acionária do empreendimento, que custou US$ 35 milhões. Os outros 30% são da construtora brasileira Odebrecht. A operação do estabelecimento é feita pela Enashopp, administradora de três shoppings em Salvador e que está na sua primeira incursão fora do Brasil. Desafiada por um diretor da Odebrecht em 2003, a Enashopp aceitou a provocação de construir um shopping center num país recém-saído da guerra. “A partir de visitas a Luanda e pesquisas de mercado, percebemos que a cidade tinha um comércio forte, mas informal, desorganizado. O shopping traria essa organização”, afirma Édison Resende, diretor da Enashopp. Entre projeto e construção, passaram-se dois anos. Inaugurado em março de 2007 – quem comandou o cerimonial foi o presidente
do país, José Eduardo dos Santos –, o Bellas já está passando pelo primeiro processo de expansão, com acréscimo de 60 lojas às outras 100 existentes. “Fizemos esse shopping projetado para o futuro, pensando em cinco expansões”, completa Resende. Diariamente, circulam cerca de 20 mil pessoas no Bellas, com picos de 35 mil nos finais de semana. Segundo Resende, essa é a média de circulação dos shoppings recém-inaugurados em cidades médias no Brasil. “Diz-se que um shopping começa a definir-se depois do terceiro Natal.” Rogério Feijó, gerente de relacionamento da Associação Brasileira de Franquias (ABF), afirma que, apesar das altas taxas de pobreza que restringem o consumo da maioria da população, a crescente classe média formada por militares tem grande interesse em produtos brasileiros. Essa demanda impulsionou Jorge Antunes, dono da rede de produtos naturais Mundo Verde, a apostar numa franquia em Angola. “Os angolanos são excelentes clientes das nossas lojas no Rio”, afirma. A Mundo Verde ado-
Ao fundo, Luanda. Ao lado, Jorge Antunes, da Mundo Verde: capacidade de abrir loja em Angola do mesmo jeito que em qualquer outra cidade no Brasil
tou o sistema de master franquia no país, em acordo com a empresa angolana Nutrição e Saúde pelos próximos seis anos, período em que está prevista a abertura de seis novas lojas. A parceria com a distribuidora
Organic Life ajuda a superar as dificuldades de logística. “Hoje, temos capacidade de abrir loja em Angola do mesmo jeito que no Rio ou em outra cidade no Brasil”, garante Antunes.
Afinidade
Feijó: crescente classe média tem interesse em produtos brasileiros
Para Feijó, a língua portuguesa pode ser um fator significativo para a instalação de empresas brasileiras em Angola, mas não determinante. Mas, no caso da Livraria Nobel, outra franquia brasileira que aportou lá, o idioma facilitou bastante a aceitação dos produtos no país, que não tem uma indústria editorial consolidada. Quase todos os livros vendidos na Nobel do Bellas Shopping são em português, e o grande foco são os títulos brasileiros. Eduardo Pires, gerente de expansão da rede, afirma que os romances são os mais procurados, mas também tem crescido a demanda na área de gestão e administração – reflexo da estruturação do setor de serviços no país. A rede de escolas de idiomas Fisk foi outra marca brasileira que aprovei-
tou a similaridade da língua para investir em Angola, pois a metodologia de ensino é voltada principalmente para pessoas que falam português e que querem aprender inglês. A primeira unidade foi inaugurada no ano passado em Huambo, cidade a 700 quilômetros de Luanda. Todas as 300 vagas oferecidas inicialmente já foram ocupadas. “Tive muita sorte desde o início, não somente com o preenchimento das vagas, como também com o nível dos profissionais”, destaca Manuel Pires, proprietário da unidade Angola da Fisk. A qualificação da mão-de-obra não foi problema para a Fisk. Mas, segundo Feijó, para outros empresários é um obstáculo. “E, como o país não tem indústria, também não tem geração de empregos”, completa. Para ele, a franquia é uma opção interessante para o país porque preenche estas necessidades: cria postos de trabalho e promove treinamento do pessoal. Tudo isso, com baixo investimento. Só no Bellas Shopping, estão presentes dez franquias brasileiras, principalmente de vestuário, serviços e alimentação. Além da Mundo Verde Novembro 2007 – Empreendedor – 37
Estratégia
Aproximação comercial A instalação de franquias brasileiras em Angola foi estimulada com a participação da ABF e da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) na Feira Internacional de Luanda (Filda), um dos principais encontros de negócios do sudoeste africano. Neste ano, 35 companhias brasileiras geraram US$ 5,5 milhões em negócios na Filda, e a estimativa é de movimentar mais US$ 35 milhões a partir dos contatos feitos com 20 países além de Angola. Fora do calendário de eventos,
Carvalho (ao centro), da Alterdata: mercado de informática é promissor, por que Angola tem pouca estrutura no setor
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as relações comerciais entre Brasil e Angola estão cada vez mais estreitas. Exportamos US$ 837 milhões para lá em 2006, 60% mais do que no ano anterior. Açúcar, gasolina, tubos de ferro e aço para gasodutos são os principais itens. Neste ano, a balança está negativa para o Brasil. A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento contabilizou US$ 793 milhões em exportações brasileiras para Angola até setembro, e US$ 838 milhões em importações, principalmente de petróleo e derivados.
e da Nobel, a Sapataria do Futuro é um exemplo de rede que precisou investir pesado na capacitação dos colaboradores, além do próprio franqueado, que passou 30 dias no Brasil. Depois, a empresa mandou uma equipe para realizar um treinamento de 45 dias. “Eles tinham um processo muito simples de conserto, enquanto a técnica da Sapataria do Futuro contempla um conjunto de equipamentos que minimizam a participação humana”, explica Wagner D’Almeida, diretor de Expansão Internacional da Golden Services, detentora da marca. “Mas todos os funcionários estavam interessados em aprender, pois sabem que eles sairão na frente do mercado por estarem aprendendo o que é levado para lá. A mão-de-obra sabe que tem que se aperfeiçoar.” Além do sistema de franquias, a instalação de escritórios regionais é outra possibilidade de expansão para empresas brasileiras em Angola, como fez a produtora de softwares Alterdata, que abriu a filial no país em ou-
Bellas Shopping, o primeiro do país, construído e administrado por brasileiros: US$ 35 milhões de investimento
tubro. Ladmir Carvalho, sócio-diretor da empresa, afirma que, assim como a construção civil, o mercado de informática é promissor em Angola, que tem pouca estrutura neste setor. “O problema é que, diferente da construção civil, a informática exige mão-de-obra qualificada. Tenho que ter o mínimo de qualificação do funcionário para treiná-lo no nosso sistema”, diz Carvalho.
Informática Aproveitando o crescimento e a organização do comércio local, a Alterdata está focada em aplicativos de automação comercial e de gestão. Carvalho afirma que, assim que o país tiver um sistema fiscal consolidado, pretende investir também em programas para contabilidade e cálculo tributário. Segundo ele, Angola sempre comprava programas de informática portugueses, que têm uma qualidade similar aos brasileiros, mas com um custo maior. É por isso que ele acredita que a Alterdata tem competitividade no mercado angolano. A empresa espera implantar 500 sistemas lá até o fim de 2008, estimando que dentro de um ano Angola representará 5% das vendas. Após essa data, a estimativa é que a base represente 13% nas vendas gerais da empresa.
Até agora, a única adaptação necessária nos programas da Alterdata foi a moeda, de real para kwanza. Já a publicidade precisou ser toda reformulada, com um material adequado à região. Para abrir um salão de beleza no Bellas Shopping, a rede Werner Coiffeur também precisou fazer alterações no mix de produtos e na publicidade. “Lá os cabelos são diferentes, tem uma demanda maior pelos étnicos”, afirma Adriana Araújo, supervisora da rede. A modelo Adriana Bombom protagonizou a campanha publicitária da Werner Coiffeur em Angola.
ANGOLA Independente de Portugal desde 11 de novembro de 1975 População: 15,5 milhões Área: 1.246.700 quilômetros quadrados Capital: Luanda
Linha Direta Adriana Araújo (Werner Coiffeur) (21) 2542-7777 Édison Resende (Enashopp) (71) 3272-1449 Eduardo Pires (Livraria Nobel) (11) 3706-1440 Jorge Antunes (Mundo Verde) (21) 2226-1346 Ladmir Carvalho (Alterdata) (21) 3461-4616 Manuel Pires (Fisk) mpiresbrazil@hotmail.com Rogério Feijó (ABF) (11) 3814-4200 Wagner D’Almeida (Sapat. do Futuro) (11) 3749-3300
Principais cidades: Benguela, Huambo, Malanje. Idioma: Português (oficial) e mais cerca de 20 dialetos PIB (2006): US$ 45 bilhões Renda per capita (2006): US$ 2,5 mil Moeda corrente: Kwanza Índice de Desenvolvimento Humano: 0,439 Presidente: José Eduardo dos Santos Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e FMI
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Inovação
Nova pele Filme natural acelera em até três vezes a recuperação de queimaduras por Débora Remor Para os bombeiros, ala de queimados de hospitais e até consumidores de simples curativos, uma novidade está para ser lançada no mercado. O nome comercial vai ser Nanoskin, mas pode chamar de pele artificial, invenção brasileira que utiliza componentes naturais, sem compostos químicos. Nanoskin é um filme natural com aparência de papel de seda. Feito a partir da mistura entre bactérias e levedura do caldo de cana, acelera em três vezes a regeneração de queimaduras
Bernardo e a Nanoskin: pele será comercializada em três tamanhos
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de primeiro e segundo graus, reduz a dor e protege contra infecções. Também é indicado para casos de feridas, úlceras por pressão ou venosas, ferimentos de diabéticos e até em áreas de transplante. Como o material é transparente, o processo de cicatrização pode ser acompanhado, e não é necessário trocar o curativo, pois sua duração vai até a regeneração total. Apesar de descoberta em 1982, apenas agora seu uso está sendo pensado para comercialização. Peterson José Bernardo é um identificador de inovações a serviço da Innovatecs – multinacional alemã que investe em transferência de tecnologias – e, para os inventores, oferece aportes de recursos para pesquisas e melhorias, e também compra a patente, dependendo do acordo. Bernardo prefere não divulgar o nome do inventor, um professor de Aracaju, nem o total investido na melhoria da fórmula desde 2005, quando teve a primeira conversa com ele. Mas antecipa que, nestes dois anos, da idéia inicial já surgiram outros produtos, que formam a família Nanoskin. A linha terá, além da pele artificial, máscara para tratamento facial, isopor, papel biológico e papel eletrônico. São cinco patentes já depositadas, e há outras em andamento. A princípio, a pele será comercializada em três tamanhos, 6x6 cm, 10x10 cm e 15x10 cm, com preço mínimo de R$ 18 para o consumidor final. O site, que hoje funciona apenas para demonstração e divulgação, também será um canal de venda da família Nanoskin. Atualmente, o material é produzido em escala laboratorial, pois o prédio em que serão instaladas a fábrica
com ambulatório e a sede da Bionanofuture, em São Carlos (SP), ainda está em construção. Os trâmites legais também não estão concluídos, faltam os pareceres da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal, mas a animação de Bernardo se antecipa à burocracia. Ele fechou um convênio com a Escola Atheneu, especializada em cursos técnicos na área da saúde. Com a parceria, os alunos poderão fazer estágio na empresa com acompanhamento dos professores, que também podem usar o laborató-
FAMÍLIA NANOSKIN Pele artificial Usado em lesões e queimaduras, o produto funciona como curativo e não precisa ser trocado durante a cicatrização.
Máscara facial A pele artificial acrescida de colágeno. Serve para proteger e ajudar a regeneração de peelings (tratamento estético em que ocorre a descamação superficial da pele).
Isopor A pele artificial passa por um tratamento e ganha propriedades do isopor de petróleo. O material será usado para isolamento acústico e térmico, mas ainda não suporta umidade.
Papel biológico Com o acréscimo de uma bactéria à pele artificial, o produto será usado para fazer papel, seja para escrever, seja para embrulhar. A fórmula evita a derrubada de árvores.
Papel eletrônico A pele artificial ganha uma camada de semicondutores. Com isso, pode ser usado como monitor de computador ou de televisão. O material fica leve e até dobrável. Testes também apontam o uso como cardápio eletrônico. O cliente seleciona o que deseja e o sinal vai direto para a cozinha ou caixa, e o garçom se encarrega apenas de trazer o prato.
rio da empresa como ambulatório para tratar de queimados, diabéticos, realizar curativos em geral e tratamentos de estética. “Se tudo correr dentro do esperado, a inauguração oficial será no início de janeiro de 2008, vamos encerrar o ano com tudo certinho e já começar um novo ano com o pé direito.” Se no Brasil a idéia de um curativo 100% natural se arrasta na formalização da empresa, a Nanoskin já tem representantes em outros países. Nos Estados Unidos e na França, a fórmula da pele artificial foi paten-
teada e, na Venezuela e no Uruguai, representantes foram selecionados para vender os produtos. “Caso o representante tenha interesse e as leis locais não forem tão burocráticas como as do Brasil, podemos montar uma planta industrial em cada país ou até mesmo licenciar os direitos de patente para os interessados produzirem lá”, declara Bernardo.
Linha Direta Peterson Bernardo (16) 9114-5314 www.bionanofuture.com.br Novembro 2007 – Empreendedor – 41
Memória
Nas mãos de terceiros Terceirizar atividades é uma estratégia consolidada, mas é preciso cuidado na escolha e no controle das empresas Débora Remor
(IBGE) em 2005. Ao mesmo tempo consolidada e polêmica, a terceirização traz, no século 21, duas novas fórmulas: a quarteirização, para gerenciamento das empresas terceirizadas, e a primarização ou desterceirização, incorporação de serviços antes contratados. Nos Estados Unidos, onde se originou durante a Segunda Guerra Mundial, o processo conhecido por outsourcing buscava aumentar a produtividade, repassando serviços interDIVULGAÇÃO ZARIFE ASSI
por
Quando chegou ao Brasil, no fim da década de 1960, a prática de transferir atividades a terceiros era vista com desconfiança ou como um modismo que logo passaria. Quase meio século depois, o segmento de serviços gera R$ 450 bilhões em receita operacional líquida, ocupa 7,5 milhões de pessoas e é a razão de ser de quase 950 mil empresas, segundo levantamento da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Setor é o maior empregador formal do país, com 2,2 milhões de carteiras assinadas
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Há 14 anos... Na segunda edição da Revista Empreendedor, foi publicada a matéria “Do papel para a prática”, escrita pela jornalista Roseli Vargas. A terceirização era o tema central da reportagem, que partiu do fato de a empresa gaúcha Riocell ter sido a primeira indústria de papel e celulose da América Latina a obter a certificação ISO 9002 por ter adotado essa estratégia em 1989. Hoje, 14 anos depois, a repórter Dé-
bora Remor faz uma releitura da matéria. De lá para cá, muita coisa mudou. A Riocell, integrante do Grupo Klabin desde 1982, foi vendida pela mantenedora para a Aracruz em 2003. Das empresas que surgiram para atender àquela demanda específica, poucas ainda prestam serviços para a unidade da Aracruz ou para o mercado em geral. Algumas, no entanto, cresceram com a onda de terceirização
que varreu o Brasil na década de 1990, como a Guaíba Service. Depois de muitas experiências bem-sucedidas e muitas outras malsucedidas, surgem atualmente duas novas estratégias: a quarteirização, nada mais do que a contratação de uma empresa para gerenciar todos os serviços repassados a terceiros; e, mais radical, a primarização, que é a retomada dos serviços terceirizados.
mediários ou atividades-meio a fornecedores especializados. Por se concentrar apenas no seu foco, a empresa ganha competitividade ao dar transparência nas prioridades, ao diminuir custos com contratação e treinamento de pessoal, e no recebimento de tecnologias específicas. E foi com este tom, o de dar mais competitividade às corporações a partir da abertura de mercado, que a terceirização se firmou no Brasil. A atividade, no entanto, foi e é usada por algumas companhias com o objetivo único de gastar menos com funcionários, e nem sempre a história tem final feliz. Parceiros não comprometidos ou sem competência e problemas com a legislação trabalhista são apenas alguns riscos deste processo, que demanda planejamento e controle. Especialistas sugerem que, antes de terceirizar, a empresa faça uma boa análise interna para decidir quais as atividades podem ser transferidas sem perda de qualidade e um estudo detalhado sobre o parceiro a ser contratado. Depois da decisão tomada e escolhido o prestador de serviço, formule e assine um contrato escrito e fiscalize o serviço prestado. Outra dica importante se refere aos processos trabalhistas, já que a legislação garante os direitos do empregado, independente de qual empresa seja responsável pelo pagamento. A empresa contratante deve exigir da terceirizada comprovantes de que está em dia com o recolhimento dos tributos e encargos trabalhistas dos funcionários. “No Brasil, de maneira geral, não existe ainda um padrão de acompa-
nhamento da qualidade dos serviços terceirizados nem das obrigações contratuais ou legais. E é justamente por isso que os tribunais estão abarrotados de questões trabalhistas”, explica Carlos Pessoa dos Santos, vicepresidente de Relações Trabalhistas da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Ele fala principalmente dos casos em que a empresa terceiriza como forma de subcontratar funcionários. “A lógica não deveria ser simplesmente baixar os custos com a mão-de-obra, o ganho deve ser em produtividade. Isto implica contratar alguém com maior conhecimento e experiência em determinadas atividades e que possa executálas melhor. Mas, infelizmente, estamos longe disso.”
A terceirização como estratégia de negócio é irreversível, e o setor “se apresenta como o maior empregador formal do país, com 2,2 milhões de carteiras assinadas”, afirma Vander Morales, diretor de Comunicações da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), baseado em pesquisa setorial. A regularização veio em 1993, quando o Tribunal Superior do Trabalho publicou a Súmula 331, cujo entendimento é que só se podem delegar a terceiros atividades auxiliares, e nunca a atividade principal, a contratação deve ser de pessoas jurídicas, e não físicas, e o empregado é subordinado à contratada, e não ao tomador de serviço. A expansão da terceirização se tornou responsável por grande parte do processo produtivo, e na prática a atividade é tão complexa que se podem dividir os tipos e especificar os serviços, diferenciar por qualificação ou dependência. Por isso, a pesquisa do IBGE vem acompanhada do seguinte comentário: “os serviços prestados às empresas são diversificados e heterogêneos. Suas atividades abrangem tanto os serviços de tecnologia avançada e mão-de-obra qualificada, como atividades de consultorias técnicas, quanto serviços executados por mão-deobra de baixa qualificação, tais como serviços de vigilância e de limpeza”. A Guaíba Service, uma das pioneiras a fornecer serviços de limpeza na área industrial, é um dos exemplos da expansão da terceirização de serviços de apoio. Depois da abertura de mercado, na década de 1990,
Morales: contratação deve ser de pessoas jurídicas, e não físicas
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Memória a empresa buscou “diversificar e modernizar seu escopo, passando a atender aos segmentos de manutenção, logística, facilities, e, hoje, o serviço de limpeza representa 30% do faturamento atual”, declara o presidente da Guaíba, José Antônio Estanislau. Com 3,2 mil funcionários, a empresa atende clientes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Amazonas. De acordo com o PAS 2005, o segmento de serviços técnico-profissionais gerou receita operacional líquida de R$ 46,6 bilhões e representa 50% dos serviços prestados às empresas, que são R$ 94,1 bilhões. É neste setor que opera a RCS Auditores. No mercado há seis anos e hoje com 90 funcionários, a RCS presta serviços contábeis, dá consultoria tributária e realiza auditorias a mais de 200 clientes, entre pequenas e médias empresas. “Com profissionais especializados, garantimos a qualidade dos serviços e 35% de economia para as empresas que terceirizam o departamento financeiro”, assegura Francisco Luciano Merege, gerente de Departamento da RCS. Para ele, o trabalho de contador executado pela empresa
está ligado a um relacionamento de longo prazo. “Um caso interessante é o da IDT Telecomunicações, que contratou a RCS em janeiro de 2005. Com o crescimento do faturamento e da estrutura da operadora, nós crescemos juntos e hoje precisamos alocar pessoal na empresa.”
Informática Outro segmento crescente e que hoje é um dos mais promissores é a terceirização da área de informática e infra-estrutura de TI. No ano passado, o Brasil movimentou cerca de US$ 1,1 bilhão neste setor, segundo estimativa da Frost & Sullivan. A consultora acredita que grande parte deste valor se deve às médias empresas, que substituíram os parques e contrataram terceirizadas. Uma das que se beneficiam do crescimento da contratação de outsourcing é a SuperCom Digital, com foco na terceirização de servidores, roteadores, suítes e terminais multiusuário. A empresa foi fundada em 2001, vendendo computadores para clientes corporativos, mas foi mudando gradualmente para prestadora de serviço. “Em outubro de 2006, assinamos os primeiros con-
Cláudio de Paula: gastando entre R$ 300 e R$ 370, é possível contratar suporte de até dez horas por mês de atendimento Merege: “Garantimos a qualidade dos serviços e 35% de economia para as empresas que terceirizam o departamento financeiro”
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tratos, e hoje a venda de equipamentos representa apenas 30% do faturamento da empresa”, afirma Cláudio Lima de Paula, diretor comercial da SuperCom. A vantagem de terceirizar a área de tecnologia da informação atinge também as pequenas e médias empresas, que podem manter os equipamentos atualizados, garantem a segurança da rede e pagam os serviços conforme a demanda. “Nas pequenas e médias empresas, os funcionários de TI são despreparados e custam caro para o negócio. Gastando entre R$ 300 e R$ 370, é possível contratar suporte de até dez horas por mês de atendimento, e o equipamento fica alocado na empresa para cerca de dez usuários”, exemplifica de Paula, que declara ter 32 empresas clientes, na sua grande maioria de médio porte. “Outro diferencial para as PMEs é que os computadores são usados como ferramentas para os funcionários, elas não precisam comprar os equipamentos e não perdem com o descarte depois. Quando a SuperCom atualiza o parque tecnológico da empresa, coloca sempre softwares originais”, reforça. Com a contratação de serviços de apoio (limpeza, jardinagem, manuten-
DIVULGAÇÃO ZARIFE ASSI
Terceirizar serviços intermediários, como reposição de estoque, permite à empresa focar na atividade principal
ção elétrica, por exemplo), de atividades intermediárias (distribuição, embalagem, logística) e de tecnologia avançada (TI ou financeiro), é preciso gerenciar todas essas empresas terceirizadas. Foi aí que surgiu a quarteirização, que ainda acompanha os processos e identifica desperdícios em cadeias terceirizadas, atuando quase como uma auditoria. “A quarteirização é uma ferramenta de gestão realizada por especialista que possibilita a redução do custo da operação da terceirizada”, conceitua Morales, da Asserttem. Em 2003, por exemplo, a Natura contratou a Foco para coordenar o redesenho das caixas de transporte dos produtos, gerando economia de US$ 300 mil por ano com a economia de compra e estoque de matéria-prima das embalagens. A quarteirização foi implantada há menos de uma década e é utilizada principalmente por grandes empresas. Para as de menor porte, o mais indicado é contratar esse serviço como consultoria.
Toda essa onda de enxugamento da estrutura organizacional, com empresas parceiras trabalhando para o “ganha-ganha”, tem o outro lado da moeda: falta de identidade da empresa, funcionários não preocupados com a qualidade e clientes insatisfeitos. Seja por erro na terceirização, seja por mudança na estratégia, algumas entidades estão trazendo os serviços contratados de volta ao corpo de funcionários, numa inversão do processo de terceirização. As principais razões apontadas para a desterceirização ou outsourcing reverse são a aproximação com o cliente e o envolvimento do funcionário com a companhia. Esses foram os argumentos usados por indústrias do ABC paulista, principalmente do ramo automobilístico, e até de empreiteiras como Ormec e da BLG, fornecedoras da Companhia Siderúrgica Nacional e da Volkswagen, respectivamente. A Unimed Paulistana, na metade deste ano, internalizou o Serviço de Atendimento ao Consumidor para ter
pleno controle sobre a operação de chamadas; processo também optado pela operadora de telefonia Brasil Telecom, que vai reincorporar o serviço de call center. A TAM também preferiu admitir funcionários e acabar com os contratos terceirizados para serviços de atendimento. Em 2001, foi a Embraer quem provocou susto nas terceirizadas ao anunciar que desterceirizaria setores da produção de peças para aproveitar funcionários da fábrica que estavam parados. Assim como a transferência de serviço para outras empresas, a primarização de setores também está ligada à melhoria do processo produtivo para aumento da competitividade, razão pela qual estes processos foram implantados.
Linha Direta ABRH: (11) 3124-8850 Asserttem: (11) 3258-1204 Guaíba Service: (51)21183400 RCS Auditores: (11) 3045 5885 SuperCom Digital: (11) 6262-1468 Novembro 2007 – Empreendedor – 45
Crédito
Parceiro de peso Empresas de factoring garantem adiantamento de recursos e assessoria administrativa, financeira e tributária por
Débora Remor
Uma das razões apontadas para a mortalidade de pequenos e médios empreendimentos, a falta de crédito não é empecilho para mais de 125 mil empresas que se beneficiam do serviço de fomento mercantil. Junto com os recursos financeiros, as companhias ganham um parceiro de peso para barganhar com fornecedores e também recebem suporte nas áreas administrativa, financeira e tributária. As 764 sociedades brasileiras de fomento mercantil, com público exclusivo nas PME, movimentaram R$ 60 bilhões em 2006 e devem chegar a R$ 75 bilhões este ano. O pioneiro do fomento mercantil no Brasil e fundador da Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil (Anfac), Luiz Lemos Leite, acredita que, além do talento dos empreendedores, os negócios precisam da aju-
Leite: “É preciso ter cuidado para trabalhar com empresas sérias”
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da de pessoas experientes e que conheçam o mercado. “Nas empresas, vemos grandes profissionais que entendem tudo do seu ofício, mas não têm conhecimento e competência na parte administrativa e de gestão.” Por isso, o factoring oferece serviços de contabilidade, gestão financeira, tesouraria, controle de caixa e de estoque, analisa a qualidade dos produtos, e a possibilidade de crescimento e de vendas. Hoje fornecedora de brindes para a Disney, a Agarradinho nasceu em 1991 no fundo do quintal de uma casa. Há cinco anos, a empresa passava por problemas de descapitalização e não conseguia empréstimos em bancos. Foi então que descobriu a Lastro Fomento Mercantil e conseguiu capital de giro, e assessoria contábil e jurídica. A sociedade ajudou a reestruturar a Agarradinho, e, atualmente, o empreendimento com sede em Conchal (SP) produz 700 mil peças por mês e tem como clientes a Multibrink, Babybrink, Plastibrink, Grow e a Cinemark/Disney. Ao entrar em contato com a Anfac, o empresário recebe a visita de uma sociedade de fomento, que faz levantamentos da situação da empresa e do seu mercado, fala com fornecedores e clientes, e avalia a compra de vendas mercantis. Quando a fábrica vende seus produtos para o varejo, por exemplo, dá prazo para pagar e acaba ficando sem capital para comprar matéria-prima e fabricar novos produtos. A sociedade de fomento compra o direito das vendas mercantis, pagando à vista o valor negociado com um desconto de 3% pela operação. Com o novo parceiro, a empresa ainda conta com um banco de dados e poder de barganha junto a fornecedores, e uma rede
Valores movimentados 2005 2006 2007*
R$ 51 bilhões R$ 60 bilhões (+ 17,6 %) R$ 75 bilhões (+ 22,5 %) * estimativa da Anfac
Direcionamento das operações em 2006 Metalurgia ..............................26 % Empresas comerciais ..........17,5 % Prestação de serviços ............14 % Têxtil e confecções ............... 8,5 % Química ................................... 6 % Gráfica ..................................... 4 % Sucro-alcooleiro ................... 4,5 % Transportes ........................... 1,5 % Outras ....................................18 %
de contatos de clientes. Pelo cadastro e avaliação, a sociedade de fomento cobra 1% sobre todas as vendas a título de comissão de serviço. Por causa da grande quantidade de golpes aplicados, há sete anos a Anfac não divulga mais o nome das filiadas. “A empresa procura a Anfac, e nós encaminhamos a solicitação ao factoring, assim não há risco dos estelionatários”, declara Leite. “É preciso ter cuidado para trabalhar com empresas sérias.” A atividade de factoring chegou ao Brasil em 1982, com o impulso dado por Luiz Lemos Leite. Ao sair da diretoria do Banco Central, ele fundou a Anfac, mas levou seis anos para ver a atividade comercial ser reconhecida pelo BC. Na comemoração dos 25 anos da Anfac, Leite reconhece os avanços e conquistas, principalmente por parte das empresas, que perderam o medo de trabalhar com o fomento mercantil.
Linha Direta Luiz Lemos Leite (Anfac) (11) 3549-4852 www.anfac.com.br
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Perfil
Magrid Teske
A desbravadora das ervas Postura inovadora ajudou a consolidar a fitoterapia no Brasil e a conquistar mercados de 15 paĂses
48 – Empreendedor – Novembro 2007
por
Francis França
Magrid Teske começou a plantar por prazer, em seu próprio sítio, no interior de São Paulo. Ela pretendia pôr em prática pesquisas de correção ecológica do solo e adubação orgânica que estavam funcionando na Inglaterra, segundo estudara, e semeou 25 mil pés de confrei. Porque seus planos iniciais não deram certo, hoje ela é proprietá-
ria do Herbarium, maior laboratório especializado em medicamentos fitoterápicos do Brasil, presente em 15 países e com faturamento que deve atingir os R$ 57 milhões em 2007. Uma reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, sobre as propriedades medicinais do confrei obrigou Magrid a rever os rumos da plantação e se dedicar à produção de chás. Enfermeira por formação, com especialização em Administração Hospitalar, seu primeiro contato com plantas medicinais aconteceu na Alemanha, onde morou durante um ano depois que saiu da universidade. Conhecida como berço da fitoterapia moderna, lá surgiram as primeiras pesquisas sobre propriedades terapêuticas de plantas hoje populares como camomila, calêndula e erva-doce. A notícia falava sobre experiências com o confrei no exterior, pois o cultivo da planta no Brasil era raro. Em questão de semanas, a demanda interna pelo chá cresceu assombrosamente, e Magrid teve que suprir o mercado sem ter sequer capacidade industrial para atender aos pedidos. “Eu não tinha nem estrutura de secagem. Usei o processo de desidratação por congelamento, um serviço que eu terceirizava em São Paulo, com as indústrias de alimentos, e depois vendíamos para farmácias de manipulação, que estavam começando a se instalar no mercado”, conta. Magrid adaptou-se rapidamente à nova realidade. Graças às noções de gestão que teve no curso de Administração Hospitalar, foi capaz de tomar decisões que exigiram criatividade, iniciativa e reação rápida às necessidades do mercado. “Quando você passa oito anos fazendo gestão hospitalar e precisa resolver problemas como medicar um paciente sem ter seringa no estoque, você se torna capaz de lidar com qualquer situação. Depois do que eu tive que enfrentar no hospital, industrializar o confrei do dia para a
noite foi um hobby delicioso.” De fato, ela já tinha enfrentado situações bem mais difíceis. Quando voltou para o Brasil, em 1981, a inflação subia a uma média de 70% ao mês, o hospital estava há quatro meses sem pagar salários, e toda a equipe com quem trabalhava antes de viajar tinha saído. Na época, ela cumpria a jornada no hospital das 6 h às 14 h, dava aulas no Senac das 14 h às 18 h e ainda fazia treinamento para monitoria na Prefeitura de São Paulo, das 19 h às 22 h. “Eu nunca parei e sempre fui acostumada a ter uma carga pesada, isso não era novidade nenhuma”, diz. Foi então que surgiu a oportunidade de coordenar uma escola técnica. Ela continuava trabalhando nos três turnos, mas agora se dedicava à coordenação e formatação dos cursos e, eventualmente, lecionava. Nos finais de semana, cultivava confrei. No início da década de 1980, a planta era considerada quase miraculosa na cura de doenças graves como leucemia e outros tipos de câncer. Mais tarde, com a obrigatoriedade de testes toxicológicos, estudos mostraram que o chá de confrei possuía toxinas prejudiciais à saúde, e, mais tarde, o Ministério da Saúde restringiu sua aplicação ao uso externo que, até hoje, é comprovadamente eficaz como cicatrizante e não tóxico. Para Magrid, a plantação foi encarada como um hobby auto-sustentável durante dois anos, até exigir dedicação exclusiva. Com o crescimento da demanda, outras plantas começaram a ser produzidas, e a partir da década de 1990 o setor passou a ter forte influência regulatória, principalmente a partir da criação da Anvisa (1999). Foi quando o Herbarium precisou fazer várias adequações que, segundo Magrid, foram cruciais para o crescimento da empresa. No curso de Administração Hospitalar, Magrid aprendeu sobre Contabilidade, Administração e Gestão. Mas, Novembro 2007 – Empreendedor – 49
Perfil
Magrid Teske
LINHA DO TEMPO
1954 Nasce Magrid Teske. 1976 Forma-se enfermeira pela Faculdade Adventista de Enfermagem de São Paulo. 1977 Conclui a especialização em Administração Hospitalar pela Faculdade São Camilo – SP. 1978 Especializa-se em Enfermagem do Trabalho pela Escola Paulista de Medicina. 1979 Viaja para a Alemanha, onde conclui a especialização em Enfermagem Neurocirúrgica pela Universidade de Bonn. 1981 Deixa o trabalho no hospital para coordenar uma escola técnica de Enfermagem e começa a plantar confrei em seu sítio, no interior de São Paulo. 1983 Durante cinco semanas consecutivas, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibe reportagens sobre o confrei, impulsionando Magrid a destinar a safra para a produção de chás. Junto com um sócio, Magrid abre a Apothecarium, mistura de ervanário com farmácia de manipulação, em São Paulo. 1985 Deixa a Apothecarium e muda-se para Curitiba, onde funda o Herbarium. 1986 Firma convênio com a Universidade Federal do Paraná para o controle de qualidade dos produtos. 1989 Apresenta o Prímoris à classe médica, em um congresso de ginecologia, com a proposta inovadora de um estande só com mulheres. 1990 Faz ensaio clínico do Prímoris com o dr. Alfredo Barros, na USP. 1992 Herbarium lança o Gamaline, primeiro produto 100% natural para prescrição médica. 1996 Ganha prêmios da Secretaria da Indústria e Comércio do Paraná por exportar para países que nunca tinham feito negócios com o Estado, como Cingapura, Malásia e Egito. 2001 Herbarium é eleito pelo Guia Exame com uma das 100 melhores empresas para se trabalhar. 2004 A empresa figura pela segunda vez consecutiva como uma das dez melhores empresas para a mulher trabalhar, segundo o MAGRID TESKE Guia Exame – Revista Você S.A. Idade: 53 anos 2005 Herbarium é eleito pela segunda vez consecutiva uma das 100 Local de nascimento: Rio do Sul (SC) melhores empresas da América Empresa: Herbarium Latina para se trabalhar pelo The Great Pleace do Work Institute. Ramo de atuação: Indústria 2007 O laboratório do Herbarium é Farmacêutica escolhido pelo Ministério da SaúAno de fundação: 1985 de como oficial de análises em Cidade-sede: Colombo (PR) fitoterapia. Figura, pela sexta vez, no Funcionários: 380 ranking das 100 melhores emSite: www.herbarium.net presas para se trabalhar.
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como hospitais públicos não lidam com estratégias de marketing, ela teve que aprender na prática a promover seus produtos. “E eu aprendi pagando, lógico. Existiam muitas lojas de produtos naturais se instalando no mercado, muita gente inexperiente, ainda dentro daquele clima meio hippie, pós-Woodstock, aí as pessoas transformavam a garagem de casa em loja, e, obviamente, muito do que eu vendia acabava não recebendo ou não via mais sequer o dono da loja, porque já estava fechada quando eu voltava.” Apesar das experiências malsucedidas, Magrid conseguiu encontrar representantes de confiança, que vinham procurar a empresa e propunham parcerias. Muitos deles, segundo ela, continuam no Herbarium até hoje. Em um dos casos, Magrid já trabalha com a segunda geração de uma família no Ceará. A parceria começou com o pai, que faleceu, e agora passou para as mãos do filho. Encontrar essas pessoas, segundo ela, foi um golpe de sorte. “Tem um ditado que diz que criança, bêbado e louco, Deus protege. Eu não era nem criança nem bêbada, mas estava, com certeza, no grupo dos loucos, insanos. E aí a minha proteção divina falou alto”, diz ela, que construiu sua equipe apostando na própria intuição. No começo, sem condições para empregar farmacêuticos especializados na área, Magrid contratou estagiários que, hoje, figuram na lista dos maiores nomes da fitoterapia no Brasil. O maior desafio para o Herbarium era conquistar a confiança dos médicos, que nunca tinham ouvido falar de plantas medicinais até então. Magrid chegou à conclusão de que o melhor caminho seria participar de congressos e começou a freqüentar eventos para traçar sua estratégia. O que viu foram estandes com profissionais da indústria farmacêutica, geralmente homens, vestidos de maneira sóbria, treinados para fazer discursos a respeito de seus produtos.
Herbarium: maior laboratório fitoterápico do Brasil deve ter faturamento de R$ 57 milhões em 2007
Depois de estudar o comportamento dos concorrentes nos eventos, Magrid decidiu fazer tudo ao contrário. Primeiro, decidiu levar um único produto para um congresso, o Prímoris, indicado para tensão pré-menstrual, nostalgia e depressão pós-parto, com fórmula 100% natural. Mas a principal inovação foi o fato de ter levado para o estande apenas mulheres, farmacêuticas, recém-formadas e uniformizadas. Os médicos que iam até o estande recebiam, em vez de brindes, orientações técnicas sobre o produto e a sugestão de um curso sobre Fitoterapia, para que pudessem conhecer mais sobre os princípios ativos das plantas. A estréia do Herbarium causou tanto impacto, que gerentes de marketing de grandes empresas iam visitar o estande para saber por que chamava tanta atenção. “O que fizemos foi, no mínimo, atrevido. Um desses marketeiros profissionais disse: ‘eu investi R$ 5 milhões e tenho anos de experiência só em eventos, e não consigo atrair o público para o meu estande como vocês’. Então, acabamos marcando o nosso diferencial, fizemos grandes amigos nessa área e aprendemos muito com eles.” O Herbarium também ensinou bas-
tante, inclusive aos próprios médicos. O termo “tensão pré-menstrual”, a famosa TPM, foi trazido para o Brasil pelo laboratório neste mesmo evento, em 1993, o 45º Congresso Brasileiro de Ginecologia, em Salvador. Até então, só existia a definição em inglês, pre-menstrual syndrome (PMS), que era desconhecida pela classe médica brasileira.
Novos conceitos No começo, o conceito não foi levado muito a sério. “Os médicos começaram a dizer: ‘vocês, mulheres, não são normais; vocês são hormonais, isso é a prova’. Tinha gente que entrava no nosso estande só para tirar sarro da nossa cara, mesmo.” A gozação durou até o momento em que três ginecologistas de renome foram até o estande do Herbarium para discutir o mecanismo de ação do Prímoris, que, inclusive, já prescreviam para suas pacientes. No dia seguinte, o estande encheu de curiosos, e, a partir daquele momento, o laboratório passou a ser respeitado e conhecido como fabricante de remédio para TPM. O segundo salto na trajetória do Herbarium também foi, casualmente,
por causa de uma reportagem. Magrid participava de um congresso em Florianópolis, e uma equipe de televisão foi ao evento fazer uma matéria. Como o estande do Herbarium era o que mais chamava a atenção, a equipe de TV entrevistou as meninas. Naquela noite, um médico que havia estado em um congresso internacional no Rio de Janeiro assistiu à matéria e foi visitar o estande no dia seguinte. Magrid conta que ele se apresentou e disse ter ouvido falar do Herbarium, no congresso, por um médico famoso da Inglaterra. O assunto era o óleo de prímula, e o presidente do congresso, Alfredo Barros, da USP, perguntou se seria possível importar o produto para o Brasil. Foi quando um médico de Belém do Pará se levantou no auditório e contou que já tinha mais de 200 pacientes tratados com o Prímoris, do Herbarium, cuja base é o mesmo princípio ativo. Quando voltou do congresso em Florianópolis, Magrid encontrou uma correspondência de Alfredo Barros, perguntando se o laboratório aceitaria fazer ensaio clínico do produto na USP. Era o que ela mais queria. No dia seguinte, estava no consultório dele, em São Paulo, para discutir as adequações necesNovembro 2007 – Empreendedor – 51
Perfil
Magrid Teske
sárias no produto. Dessa parceria, nasceu o Gamaline, versão concentrada do Prímoris, para prescrição médica. Segundo Magrid, o Prímoris gerava reações contraditórias. Pelo fato de ter flores desenhadas na caixa do produto, alguns médicos diziam que não tinha cara de remédio, e as pacientes não levavam a sério. Outros achavam ótimo ter flores na caixa, porque não tinha cara de remédio, e as pacientes aceitavam com mais facilidade. A empresa optou por fazer duas apresentações: o Gamaline, mais concentrado, com aspecto sério, para prescrição médica; e o Prímoris, de venda livre. Assim, surgiu oficialmente a divisão farmacêutica do Herbarium. Depois do Gamaline, surgiram outros produtos à base de plantas medicinais, com indicações terapêuticas bastante específicas, que levaram os médicos a ter mais confiança na empresa. Os próprios pacientes começaram a ordenar a demanda, ao pedir tratamentos que não causassem efeitos colaterais.
Referência Hoje, o laboratório Herbarium é referência no Brasil em fitoterapia, tanto pelos produtos quanto pelo controle de qualidade. Trata-se do único laboratório fitoterápico regulado no Brasil, pertencente à Rede Brasileira de Laboratórios de Saúde Pública (Reblas), que credencia o Herbarium a emitir laudos analíticos de perícia para plantas medicinais. “Isso foi uma surpresa para nós, porque nosso foco não é serviço analítico, é vender produto. O pessoal do Ministério da Saúde nos auditou, analisou e reconheceu como laboratório oficial de fitoterapia, em função do nosso rígido controle de qualidade.” O Herbarium é encarregado pelas perícias e pelo controle de qualidade dos produtos dos próprios concorrentes, o que, segundo Magrid, gera certo constrangimento, mas, por força regulatória, ocorre. Além dos processos industriais, o
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Rígido controle de qualidade é reconhecido pelo Ministério da Saúde
Herbarium também se destaca na qualidade de relacionamento entre sua equipe e figura, desde 2001, no ranking das 100 melhores empresas para se trabalhar, promovido pelo Guia Exame e pela Revista Você S.A. Magrid explica que a fórmula para manter o crescimento da empresa sem perder o caráter humano entre os colaboradores é composta basicamente de transparência e verdade. “Nós sabíamos que, para que o crescimento acontecesse de forma rápida, seria absolutamente necessário delegar poderes e assumir os riscos por terceiros, o que deu uma confiança muito grande aos colaboradores e parceiros, e se consolidou como uma cultura da empresa. Isso faz com que nós tenhamos, hoje, um grupo perfeitamente identificado com esses valores.” Ela gosta de compartilhar responsabilidades e conquistas, mas ainda se encarrega pessoalmente das principais de-
cisões da empresa. “E eu acompanho isso tudo de perto, sem dúvida. A distância, não tem a menor graça.” Na vida pessoal, Magrid procura ser coerente com o estilo de vida que prega no ambiente profissional. Embora não ache que tenha trabalhado demais alguma vez na vida, ela reconhece que hoje tem uma rotina muito mais saudável do que há dez anos. Acorda às 5h45 e passa a primeira hora do dia na sala de ginástica, cuidando de si mesma. “Não sou uma pessoa que aprecia a vida noturna, tenho uma vida bastante intimista, de poucos amigos, mas extremamente seletos. Também não gosto de ostentar.” Pelo menos três vezes por ano, ela se desliga do trabalho e sai para viajar, sua forma de “reciclar a energia”.
Linha Direta Magrid Teske: diretoria@herbarium.net
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Pequenas Notáveis
O espaço da micro e pequena empresa
CONHECIMENTO E NEGÓCIOS
Sebrae aposta em novas mídias para atender empreendedor Canais na internet e no Second Life são lançados durante comemoração dos 35 anos da entidade O Sebrae deu mais um passo para revolucionar seu atendimento, e tornar seus serviços e produtos mais eficazes e próximos de empreendedores, empresários e candidatos a empresários. Na comemoração de seus 35 anos de criação, no dia 9 de outubro, em Brasília, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, a instituição lançou o projeto Sebrae do Futuro, que reúne quatro produtos: o novo portal do Sistema Sebrae, o ponto de atendimento no Second Life, a Feira do Empreendedor On-Line e a Bússola Sebrae. Durante a festa, também foi lançado o Prêmio Sebrae de Jornalismo. O concurso vai reconhecer os trabalhos Portal na internet agora pode ser customizado Ambiente tridimensional no Second Life será usado para cursos, palestras, simulações de empresas e feiras
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veiculados na mídia nacional e regional que abordem o universo das micro e pequenas empresas no Brasil. Poderão ser inscritas as matérias publicadas no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2007. As inscrições seguem até o dia 5 de janeiro de 2008. Serão sete premiações, para matérias impressas de jornais e revistas – de público geral e segmentado – de rádio, televisão e internet. Além disso, haverá o Prêmio Especial para a melhor matéria inscrita sobre a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, e o Grande Prêmio para a melhor matéria inscrita em qualquer uma das categorias. Ao todo, serão distribuídos R$ 100 mil aos vencedores. A premiação é organizada pela Revista Imprensa, com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). No lançamento dos produtos, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, destacou a possibilidade de o acesso ao novo portal ser customizado. O endereço eletrônico é o www.sebrae.com.br. No portal, além de selecionar seu momento empresarial, o visitante pode realizar a busca de informações por Estados ou por setores, como Turismo, Agricultura Orgânica, Comércio Varejista e Fruticultura. No endereço, o visitante tem à sua disposição links para acessar o conteúdo de todas as unidades estaduais do Sebrae pelo país. De qualquer forma, as pessoas continuam podendo entrar no site do Sebrae de seus Estados pelos próprios endereços eletrônicos locais. “O Sebrae pretende atuar da forma mais plural possível para chegar aos seus clientes, utilizando do rádio à internet”, afirma Enio Pinto, geren-
FELIPE BARRA/ASN
Cerimônia teve a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva
te da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae nacional. “As mudanças em nosso portal servem para enfocar ainda mais o atendimento pela internet e tornam o acesso ao conhecimento mais direto”, acrescenta Márcia Matos, uma das responsáveis pela implantação do projeto.
Ambiente virtual Outra inovação do Sebrae foi apostar na criação de um ponto de atendimento no Second Life, que significa Segunda Vida, em português. O ponto de atendimento da instituição fica localizado na ilha São Paulo Itaim e pode ser acessado pelo link http://slurl.com/secondlife/Sao%20 Paulo%20Itaim/95/226/26. Ambiente virtual e tridimensional concebido para simular vários aspectos da vida real, o Second Life ampliou suas perspectivas para as oportunidades de negócios e a educação. Inicialmente, o ponto do Sebrae terá atendimento, exibirá vídeos, mostrará produtos e serviços da instituição, e poderá encaminhar os visitantes ao seu portal (www.sebrae.com.br). O espaço também poderá ser usado para cursos, palestras, simulações de empresas e feiras, com um foco forte na educação.
O Sebrae do Futuro também traz a Bússola Sebrae, ferramenta que ficará disponível nos pontos de atendimento da instituição nos Estados, a partir do dia 5 de novembro, para empresários e candidatos a empresários. A Bússola utiliza-se do sistema de georreferenciamento. Assessorado por um funcionário do Sebrae, o empreendedor poderá se informar sobre a viabilidade de abertura de um negócio, por exemplo, em um determinado bairro de uma cidade. Ele saberá quantos empreendimentos como o seu já existem na área e dados sobre o padrão socioeconômico dos moradores. Para Enio Pinto, estes conhecimentos darão mais subsídios para que o empreendedor ou o empresário tome decisões para abrir ou gerenciar seus negócios. A ferramenta contém o mapeamento de pessoas físicas e jurídicas nos mil maiores municípios do Brasil. Essas localidades cobertas pela Bússola Sebrae reúnem 75% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e concentram mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, conforme dados do Banco Central do Brasil. Nesses territórios, estão 126 milhões de pesso-
as físicas, três milhões de empresas e 34 milhões de domicílios. Finalmente, o Sebrae do Futuro apresenta a Feira do Empreendedor On-Line, versão virtual do circuito da Feira do Empreendedor, evento que percorre cidades brasileiras levando informação, capacitação, serviços e oportunidades de negócios desde 1994. O endereço da feira virtual é o www.feiradoempreendedoronline.sebrae.com.br. Ao entrar na Feira do Empreendedor On-Line, o visitante tem de escolher a opção “Quero Apresentar uma Oportunidade de Negócio” ou “Quero Encontrar uma Oportunidade de Negócio”. Para ter acesso aos serviços, deve se cadastrar no site, preenchendo dados como nível de escolaridade, atual ocupação, se vai abrir um negócio no futuro, se quer abrir um negócio ou se pretende aprimorar a empresa que já possui. O visitante também tem a possibilidade de procurar oportunidades de negócios por unidade da Federação. “Pela Feira On-Line, podem-se buscar oportunidades de negócio como franquias, máquinas e equipamentos, ou mesmo um representante comercial ou um sócio”, informa Andréa Faria, coordenadora do projeto. Novembro 2007 – Empreendedor – 55
A voz da experiência
Guido Savian
O encantador de pessoas A coragem para mudar e o lucro como conseqüência – não foco – fizeram da Embracon uma das dez maiores do ramo de consórcios Ana Carolina Dionísio
CASA DA PHOTO
por
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Você já passou dos 30 anos de idade. Ao longo de dez anos de trabalho, conseguiu um cargo de diretor na empresa, o que lhe garante um salário mais do que digno e o sustento de sua família. Teria coragem de largar essa posição confortável para começar um negócio num ramo em que já existem grandes empresas atuando e em que a taxa de inadimplência dos clientes é considerável? A história pode parecer enredo de livro de auto-ajuda, mas aconteceu com Guido Savian, um dos sócios-fundadores do Consórcio Nacional Embracon, que em 2006 atin-
giu um faturamento de R$ 780 milhões, reunindo 98 mil consorciados ativos em sete Estados. Savian e Juarez Antônio, seu sócio, eram diretores de outra administradora de consórcios quando decidiram, em 1989, comprar uma pequena empresa do ramo. Mas esta não foi a primeira vez que Savian colocou uma situação confortável em risco. Aos 21 anos, inquieto com a rotina de contador numa empresa em Olímpia, cidade no interior paulista onde nasceu, mudou-se para São Paulo, mas sem perspectivas de trabalho na capital. A única referência que ele tinha era o irmão, vendedor da empresa de consórcios em que ele seria diretor mais tarde. “Ia toda manhã para lá recortar os anúncios de emprego na área de contabilidade ou administração de empresas, que era minha formação. E saía procurando emprego. Fiquei uns dois meses nessa.” Até que um supervisor o chamou para vender consórcios. Mesmo sem experiência com vendas, Savian “pegou a pastinha” e começou a carreira de vendedor, atividade que exerceu durante dois anos. Foi neste início dos anos 1980 que ele conheceu Juarez Antônio, que logo se tornou seu concorrente, pois eles fizeram carreira juntos: foram supervisores, gerentes e diretores de vendas. A ascensão profissional, no entanto, não era o bastante para os dois. “Lá, embora tivéssemos um resultado financeiro adequado, não estávamos realizados profissionalmente. Essa empresa era muito boa, mas muito voltada para a área financeira, com foco quase exclusivo no lucro.” Por volta de 1985, os diretores concorrentes começaram a discutir a possibilidade de virarem sócios de uma nova empresa. Mas foi só em 1989 que eles resolveram comprar uma pequena administradora, o Consórcio Aires de Lima. Savian tem uma visão negativa e outra positiva sobre a decisão: por um lado, acha que foi tardia, que eles ficaram muito tempo “ensaiando”. Por outro, acredita que
Guido Savian Idade: 51 anos Local de nascimento: Olímpia (SP) Formação: Administração de Empresas Empresa: Embracon Ramo de atuação: Consórcios Cidade-sede: São Paulo Faturamento (2006): R$ 780 milhões Número de funcionários: 712
foi um acerto ter ousadia para começar tudo de novo: “O que eu tinha a perder era um cargo. Se eu fico, por exemplo, na segunda empresa, estaria bem, com cargo de diretoria. Mas na questão profissional, a minha realização é muito mais completa aqui, porque consigo aplicar valores que não conseguíamos lá”. Para Savian, um dos valores mais relevantes para a Embracon é o foco nas pessoas, antes do lucro. Segundo ele, estimular os colaboradores e buscar a satisfação dos clientes são duas práticas que ajudaram a empresa a crescer. Os funcionários dispõem de planos de auxílio educacional e de participação nos resultados, ambos atrelados ao desempenho individual, avaliado mensalmente. Para os clientes, os canais de comunicação da empresa estão abertos. Se o primeiro atendimento por telefone não é satisfatório, o orientador dos atendentes retorna a ligação para o cliente. “Nós vamos atrás do cliente, não deixamos que ele chegue aos órgãos de defesa do consumidor”, explica Savian. Para ele, é este trabalho de valorizar as pessoas, tanto colaboradores quanto clientes, que explica o fato de a Embracon estar entre as dez maiores administradoras de consórcios do país, mas não figurar na lista das que recebem mais reclamações, de acordo com o Banco Central. É óbvio que a engrenagem nem sempre girou tão azeitada assim. Novembro 2007 – Empreendedor – 57
A voz da experiência Quando o novo negócio ainda era pequeno, reunindo menos de 100 consorciados, e a concorrência era grande, a saída para os dois foi, depois de anos em cargos de diretoria, pegar a pastinha de vendedor de consórcios e ir atrás dos clientes da antiga empresa, pois eles não tinham recursos nem para contratar vendedores. “Até os contratos que nós fazíamos eram xerocados, pois não tínhamos como imprimir”, lembra Savian. Com o aumento da operação, ele foi diminuindo sua atuação na área comercial para cuidar mais dos assuntos administrativos, enquanto Juarez se dedicava integralmente às vendas. Savian conta que, neste momento, resgatou a experiência de administrador de empresas e contador que deixara em Olímpia. O próximo passo foi adquirir carteiras de outros consórcios que estavam fechando as portas. Quando a Embracon foi fundada, o ramo de consórcios era regulado pela Receita Federal, que permitia que as administradoras ficassem com possíveis saldos dos grupos de consorciados, conseguindo lucros muito acima dos que seriam aferidos apenas com as taxas de administração. Em 1991, o Banco Central passou a ser o regulador das operações de consórcios, implantando uma norma que passava o saldo dos grupos para os consorciados, não mais para as administradoras. “Quando entraram estas regras do Banco Central, muitas administradoras, que na época eram grandes e estavam consolidadas, reclamaram, dizendo que elas quebrariam o sistema de consórcio”, conta Savian. Num cenário de aparentes dificuldades, Savian e Juarez enxergaram uma oportunidade para crescer. “Os grandes ocupavam grandes espaços. Eles foram desativando, não conseguiram viver com menos recursos. Foram saindo do mercado e abrindo espaço para as pequenas entrarem.” Com uma estrutura enxuta, a ainda pequena Embracon conseguiu se adaptar à diminuição de recursos, tra-
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Guido Savian
balhando apenas com as taxas de administração. Das empresas que fecharam as portas, comprou as carteiras de consórcios, trazendo também as equipes de vendedores, que fortaleciam a presença regionalizada da empresa. A primeira compra foi em 1995. O pagamento foi feito ao longo do prazo de duração da carteira, com seus próprios recursos. “Como nós já tínhamos a estrutura administrativa, pudemos absorver essa carteira sem agregar muito custo. Conseguimos, nessa época, alavancar um crescimento de 50% da empresa”, diz Savian. Outra aquisição vultosa foi do consórcio DPaschoal, em 1998, cuja montagem havia sido orientada pela Embracon, em 1993. “Fazemos isso até hoje. Qualquer empresa que quiser vir aqui para aprender de consórcio, nós abrimos as portas. Isso é política nossa. Porque nós entendemos que o concorrente pode copiar os processos, mas não a cultura da empresa.” Quando a DPaschoal resolveu deixar o ramo de consórcios para focar no negócio de pneus, foram atrás dos “padrinhos” Savian e Juarez. “Apesar de não ter a mesma condição financeira que outras empresas tinham, eles venderam com facilidades para nós. Com esta aquisição, a empresa cresceu 80% do dia pra noite”, conta Savian.
Organização O crescimento acelerado trouxe alguns problemas para a empresa, que já não tinha estrutura administrativa para controlar tantas operações. Savian afirma que a falta de organização era tanta, que ele trabalhava entre 12 e 14 horas por dia, e ainda tinha que usar os finais de semana para fazer o fechamento das contas. Hoje, com práticas e rotinas conceituadas e escritas, planejamentos de longo prazo e trabalho conjunto com os colaboradores, ele dedica de sete a oito horas diárias à Embracon. O excessivo envolvimento com as operações financeiras, característico
Complementação: “O Juarez é totalmente vendedor, enquanto eu tenho um pensamento mais de administrador”
do período de aquisição inicial das carteiras, afastou Savian dos colaboradores e, conseqüentemente, da realidade cotidiana da Embracon. Ele percebeu isso em 2003, quando fez uma pesquisa com a equipe para saber o que pensavam da empresa os diretores, líderes e supervisores. “O nosso foco, desde o início, eram as pessoas. Se elas estão motivadas, prestarão um bom trabalho, o cliente vai ficar satisfeito, e absorveremos mais clientes, e o lucro acontece. O lucro é conseqüência de todo este trabalho. Não é o foco. E, com essa primeira pesquisa, cheguei à conclusão de que não estávamos colocando isso em prática.” Desavenças entre líderes e colaboradores, e falta de sistematização das práticas eram os principais problemas de-
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BÚSSOLA EMPRESARIAL PRINCIPAIS ACERTOS Ter ousadia para mudar Transformar dificuldades em oportunidades Focar o trabalho nas pessoas, clientes ou colaboradores, não simplesmente no lucro Organizar a empresa para fazer planejamento de longo prazo Aquisição de carteiras e equipes de vendas Buscar o feedback dos colaboradores Estimular os colaboradores, com planos de benefícios para estudantes e de participação nos resultados
PRINCIPAIS ERROS Não ter iniciado o empreendimento próprio antes Organização tardia da empresa Comprar carteiras muito grandes sem que a empresa tivesse estrutura para administrá-la. Mas faria novamente.
correntes da desorganização de uma empresa com líder ausente. “Mas não adianta sair jogando pedra achando que todo mundo está errado. Tenho que procurar o erro em mim. Se tudo estava distorcido, algo em mim estava errado. E o que estava errado era que eu não estava achando tempo para ouvir as pessoas”, diz Savian. A partir daí, buscar o feedback dos mais de 700 colaboradores se tornou mais uma atribuição do diretor administrativo da Embracon. Anualmente, ele realiza esta pesquisa e lê tudo o que é escrito pela equipe. “A ferramenta que isso representa na administração da empresa é inigualável. Porque eu consigo captar o pensamento do colaborador. Eu jamais conseguiria saber o que está acontecendo em Forta-
leza. Mas, com este recurso, consigo ter uma idéia melhor.” No escritório de Savian, logo atrás de sua mesa está a placa em vermelho, cinza e preto – mesmas cores da logomarca da empresa e que dão o tom do mobiliário do ambiente – que diz: “Gerar encantamento”, frase eleita como missão da Embracon após a solução destas crises e que, segundo o diretor, “abrange todas as pessoas, pode ser cliente, colaborador ou líder”. Savian afirma que todos têm a missão de encantar as outras pessoas. “É mais que atender bem, é mais que prestar um serviço de qualidade. Encantar está ligado a pequenas atitudes cotidianas.” É com esse olhar minucioso que ele controla a Embracon. Na sua mesa, estão empilhados relatórios das
atividades organizados por segmento, por unidades, projeções de participação de cada produto na receita até 2011, tabelas de planejamento de atividades futuras, além da avaliação do trabalho de cada área da empresa. Convivendo com tantos dados, Savian afirma que muitas vezes tem que frear o entusiasmo comercial de Juarez Antônio, diretor responsável pelas vendas da empresa. “O Juarez é totalmente vendedor, enquanto eu tenho um pensamento mais de administrador, com foco no longo prazo.” Apesar das diferenças pessoais, a combinação parece estar dando certo.
Linha Direta Guido Savian www.embracon.com.br Novembro 2007 – Empreendedor – 59
F ranquia Expansão segura Empresas de vigilância aderem ao modelo de franchising para difundir as redes por
Ana Carolina Dionísio
“Sorria, você está sendo filmado.” Tentando ser simpática, a mensagem indica a presença de câmeras de vigilância num local, sistema que tem se tornado cada vez mais comum em estabelecimentos comerciais e residências no país, assim como outros recursos de segurança eletrônica, como alarmes e detectores de presença. Não surpreende, então, a taxa de crescimento do setor no Brasil, que, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), faturou US$ 1,026 bilhão em 2006, 14% a mais do que no ano anterior. Cerca de 8 mil empresas atuam neste ramo no Brasil. Metade são revendedoras e instaladoras de produtos, e 30% fazem monitoramento. Destas, algumas têm optado pelo sistema de franquias para expandir os negócios. A dedicação do franqueado ao empreendimento é uma vantagem destacada pelas empresas. “Com o know-how da franqueadora e o franqueado na frente, trabalhando para que o negócio dê certo, as chances de sucesso são maiores do que com um gerente cuidando de uma filial”, diz Sérgio Monteiro de Oliveira, da New Line Alarmes, baseada em Goiânia e que está começando no franchising. “É melhor administrar tendo a pessoa como sócia ou dona de uma franquia, seguindo os padrões estabelecidos pela franqueadora, do que com um monte de filiais”, diz Adroaldo Francisco Companhoni, diretor da Inviolável Segurança Privada, empresa
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sediada em Toledo, no interior do Paraná, que trabalha com franqueados desde 1998 e agora tem unidades em 103 cidades das regiões Sul, CentroOeste e Norte. Para Oswaldo Oggiam, diretor de comunicação da Abese, uma franquia de sistemas de segurança eletrônica é vantajosa para o franqueado se o monitoramento for centralizado, recebendo por sinais de satélite os chamados de alarmes espalhados em diversos pontos e acionando os serviços de segurança locais. “Atualmente, a tecnologia permite que se monte a operação local, mas não com uma central de monitoramento, que freqüentemente inviabiliza o custo de uma franquia”, afirma. No caso da Inviolável, cada uma das franquias tem uma central de monitoramento. Mas Companhoni afirma que a empresa está caminhando para a unificação, que poderá estar presente nas nove lojas que a empresa pretende abrir ainda este ano. A New Line Alarmes, que está há 12 anos no mercado, pretende abrir 180 franquias nos próximos dez anos e já começará a expan-
são com os serviços de monitoramento centralizados. De acordo com Oliveira, “a idéia viabiliza o negócio para futuros franqueados, para que eles não tenham que, separadamente, montar uma estrutura de equipamentos para vigilância dos estabelecimentos clientes”. Desta forma, todos os franqueados serão considerados donos da central de monitoramento, constituindo uma cooperativa, e todo o processo de inovação tecnológica e controle de qualidade é feito pela franqueadora. As novas lojas da New Line terão tamanho-padrão de aproximadamente 150 metros quadrados, com áreas de
Inviolável trabalha com franquias desde 1998 e tem unidades em 103 cidades
Inviolável Investimento total: de R$ 135 mil a R$ 200 mil Taxa de franquia: de R$ 15 mil a R$ 80 mil Taxa de royalties: R$ 3 por mês por cliente do franqueado Retorno do investimento: 36 meses
New Line Alarmes Investimento total: R$ 300 mil Taxa de franquia: R$ 30 mil Taxa de royalties: 7% sobre o faturamento bruto Retorno do investimento: 30 meses
vendas, administrativa e técnica, além de recepção com vitrine, espaços para realização de instalações, vistorias ou manutenções e estacionamento. A empresa afirma que os pontos definidos para implantação das novas unidades têm capacidade para fechar até 927 contratos, com uma estimativa de crescimento anual de 42% nos cinco primeiros anos de operação. A New Line Alarmes ainda não tem nenhuma franquia aberta, apenas uma unidade piloto e cinco filiais no Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás. Os investimentos para abrir uma franquia Inviolável ou New Line Alar-
mes variam. Companhoni estima que, para uma cidade de 50 mil a 100 mil habitantes, o investimento médio para uma loja Inviolável é de R$ 135 mil a R$ 200 mil, incluindo a taxa de franquia, com retorno previsto em 36 meses. Por este valor, o franqueado recebe treinamento, manuais, suporte para informática, padronização do estabelecimento e trâmites jurídicos. Para utilizar o software de gestão e monitoramento fornecido pela franqueadora, é cobrada uma taxa mensal de R$ 3 por cliente. A Inviolável contrata uma agência para elaboração do marketing, mas a divulgação é por conta do franqueado. Sobre o perfil do franqueado, Companhoni explica que “não precisa ter experiência, mas tem que ser o gestor do negócio, não pode colocar um gerente para administrar, ele é quem tem que fazer o dia-a-dia”. Além disso, o candidato não pode ter passagem pela polícia nem estar com o nome registrado no Serasa ou outro órgão fiscalizador. O franqueado precisa dispor de R$ 300 mil para abertura de uma franquia New Line Alarmes, que incluem a taxa de franquia, e todo o mobiliário e equipamentos para abrir a loja, além de um veículo – a cada 350 contratos fechados – e capital de
giro para manter o negócio por um ano. Assim como o monitoramento, a gestão da rede também é centralizada em um banco de dados único. “A segurança dos dados e o backup são geridos pela franqueadora”, afirma Oliveira. A taxa de royalties para utilização dos softwares é de 7% sobre o faturamento bruto do franqueado, e a taxa de propaganda, de 2% também sobre o faturamento bruto. O diretor da empresa projeta o retorno do investimento para 30 meses.
Produtos de qualidade Para Eduardo Vinocur, coordenador do grupo de segurança eletrônica da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), no Brasil há necessidade de regulamentação e normalização de produtos, ainda inexistente neste recente mercado. Pensando neste controle de qualidade, as franqueadoras centralizam a compra e distribuição de produtos, vendidos a preços abaixo do mercado para as franquias. “Em casos de emergência, a gente libera a compra de outros fornecedores”, diz Companhoni, da Inviolável. Se o franqueado quiser utilizar um produto mais inovador, precisa passar por um período de teste de seis meses para ser aprovado ou não pela franqueadora. “Quando vamos negociar com um fornecedor, trabalhamos com grandes quantidades. Então, o produto tem que ser bom.” Segundo Oliveira, da New Line, por esse mesmo motivo a franqueadora consegue preços até 30% abaixo do mercado. “O franqueado está à vontade para adquirir produtos mais próximos da região dele, mas dificilmente vai conseguir com mais vantagens do que da franqueadora”, afirma.
Linha Direta
New Line: expansão com serviços centralizados de monitoramento
Inviolável: www.inviolavel.com New Line Alarmes: www.newlinealarmes.com.br Novembro 2007 – Empreendedor – 61
F ranquia Administração de imóveis Depois de conquistar o mercado paranaense, o primeiro sistema de franquias imobiliárias do Brasil começa a expansão para outros Estados. Além das 34 unidades no Paraná, a rede Apolar tem uma loja em Santa Catarina, na cidade de Camboriú, e está buscando parceiros em todo o país. O francês Joseph Galiano, idealizador da Apolar Imóveis, veio para o Brasil em 1959 e baseou-se no modelo internacional de franquias imobiliárias para iniciar seus negócios no país. O Sistema de Franquias Apolar administra mais de 6 mil imóveis de locação, oferecendo toda assistência para os franqueados: institucional, jurídica, empresarial, organizacional, TI e marketing. O investimento total estimado para montar a franquia é de R$ 150 mil, com retorno em até 24 meses. www.apolar.com.br
Café distinto A Vanilla Caffè, há apenas dois anos no mercado, encontra-se em plena expansão. São seis unidades, e até dezembro deste ano serão inauguradas mais 14 lojas. E os sócios prevêem uma expansão de 100 estabelecimentos para os próximos cinco anos. Em 2006, o faturamento da rede foi de R$ 3,8 milhões de reais, valor que neste ano deve dobrar, conforme previsão. Este crescimento é reflexo do aquecimento do mercado de cafés especiais, que é uma tendência nacional: atuar com um produto com todo cuidado diferencial, desde o plantio até a preparação da bebida. Enquanto o consumo de café tradicional cres-
ce em torno de 10%, o de cafés especiais aumenta cerca de 20% ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais. O faturamento médio mensal de cada unidade Vanilla Caffè é de R$ 60 mil. A empresa também proporciona todos os treinamentos aos franqueados e suportes necessários para a instalação, e constantes visitas para acompanhar a rotina do estabelecimento. A previsão para o retorno do investimento é de 24 a 36 meses. A estimativa de investimento para abrir uma loja da rede é de R$ 200 mil, não incluído o ponto comercial. A taxa de franquia é R$ 35 mil. www.vanillacaffe.com.br
Presença internacional Investindo na ampliação da presença das grifes infantis Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre no exterior, o grupo Marisol inaugurou a primeira loja Lilica & Tigor no Chile. Localizada no bairro nobre de Vitacura, em Santiago – onde também estão as grifes internacionais Diesel, Hermes, Louis Vuitton, Ermenegildo Zegna –, a nova franquia da Lilica & Tigor disponibilizará roupas com os personagens das marcas que já conquistaram o público infantil na América do Sul, América Central e Europa. Hoje, a rede de franquias Lilica & Tigor possui 18 lojas no exterior em países como Portugal, Espanha, Itália, Guatemala, Colômbia, Peru, Costa Rica e no Oriente Médio. 0800 888 2600
FRANQUIAS EM EXPANSÃO
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek
Alps
Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br
Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br
Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM material e do método de enTaxas de Franquia: entre R$10 mil sino, além do comprometie R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses
Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br
Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses
* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.
Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br
Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
TI
Terceira dimensão Software para desenho em 3D realiza testes de validação e simulação de funcionamento do produto A SolidWorks lançou recentemente uma nova versão de seu principal software de CAD 3D (desenho auxiliado por computador em três dimensões), o SolidWorks 2008. O programa foi desenvolvido para auxiliar equipes de designers, engenheiros e projetistas a desenhar produtos com qualidade superior de forma mais rápida e econômica. Com 250 novos melhoramentos solicitados pelos usuários, o SolidWorks 2008 foi construído a partir de três princípios: facilidade de uso, capacidade de reutilização de desenhos antigos e validação dos projetos desenvolvidos. “A ferramenta é simples o suficiente para que não se torne um fator restritivo às questões técnicas do projeto”, explica o country manager da SolidWorks Brasil, Oscar Siqueira. O executivo explica que a facilidade de manuseio do programa permite que o usuário se concentre no desenvolvimento do projeto em si, em vez de perder tempo tentando compreender o funcionamento do software. É possível, por exemplo, personalizar a ferramenta optando pela visualização apenas das funcionalidades usadas com mais freqüência pelo projetista. “O usuário não precisa ficar andando por uma infinidade de menus”, explica. Além disso, o fluxo do trabalho é intuitivo, uma vez que o software prevê quais ferramentas serão necessárias de acordo com o contexto da tarefa específica em andamento e as coloca imediatamente à disposição do usuário. O programa também permite a reutilização de desenhos já construídos para elaboração de novos projetos, o que resulta em economia de tempo. Um dos maiores diferenciais do SolidWorks 2008, porém, é a capacidade de realizar testes de validação do pro-
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duto em desenvolvimento. “Se você deseja construir uma mesa que suporte 500 quilos, por exemplo, poderá fazer uma simulação dentro do próprio software”, explica o country manager. E o SolidWorks também realiza simulações de máquinas em funcionamento. Na construção de um motor, é possível testar cada componente, diagnosticar prováveis pontos de desgaste e determinar qual é a vida média do equipamento. Isso permite a realização de melhorias no projeto, tal como a utilização de materiais mais resistentes. Essa nova funcionalidade dispensa a necessidade de construção de protótipos para testes práticos e resulta no aumento da qualidade. Além disso, há ganho de produtividade e economia de tempo. Segundo Siqueira, esses fatores contribuem para uma redução no custo e maior agilidade na entrega dos produtos a seus clientes. Com uma carteira de usuários que
Siqueira: retorno do investimento é rápido por causa do aumento de produtividade
inclui Gerdau, Marcopolo, WEG e centenas de empresas de offshore como a Petrobrás, o SolidWorks 2008 foi construído para todos os públicos. “Qualquer empresa que fabrique algo é um usuário em potencial. Temos clientes de todas as áreas, desde fabricante de copos, calçados e mp3 players até ônibus e aviões”, diz Siqueira. Segundo ele, o software é economicamente acessível. “Noventa por cento de nossos clientes são de pequeno e médio portes.” Além disso, o retorno do investimento realizado no programa é rápido por causa do aumento de produtividade proporcionado. “A ferramenta permite que um só engenheiro faça o traba-
lho de dois profissionais. Esse ganho permite que o SolidWorks 2008 se pague rapidamente.” Atualmente, a SolidWorks lidera o processo de migração de projetos 2D para 3D no mercado. Outro foco importante de atuação da empresa é o de usuários de ferramentas 3D que estão transferindo sua preferência por softwares SolidWorks. Só na Região Sul, mais de 150 empresas migraram para a marca no último ano. Para Oscar Siqueira, isso se deve aos diferenciais de seus produtos, que proporcionam maior agilidade para o usuário e atendem às suas necessidades. “Temos um esquema de comunicação com nossos clientes por meio do qual pedimos sugestões de aprimoramento de nossos programas durante o ano. Os usuários nos dizem o que gostariam de ver nas novas versões e implementamos tudo o que é possível no próximo lançamento”, explica. Para a versão 2008 do SolidWorks, a empresa recebeu mais de dez mil requisições de novas funcionalidades. Noventa por cento dos pedidos puderam ser atendidos já nessa nova versão. A solução está disponível em 13 idiomas, inclusive em português, e pode ser adquirida diretamente em qualquer uma das 13 revendas da empresa localizadas em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Linha Direta SolidWorks Brasil (11) 3186-4150/0800 772 4041
Banda larga top A mais nova solução para acesso de banda realmente larga é a FTTH (Fiber to the home, em inglês), rede de fibra óptica com infra-estrutura semelhante à da telefonia fixa no Brasil. Devido às promessas de convergência, com conteúdos de internet agregando telefonia, vídeo, dados e, futuramente, televisão de alta definição e DVR (Digital Video Recorder), usuários passam a buscar mais velocidades. Por isso, a tecnologia de fibra óptica promete até 100 MB de banda com velocidade entre 10 Mbps e 1 Gbps. Em países desenvolvidos, a FTTH já é realidade e chega à casa de 3 milhões de franceses, 1,2 milhão de usuários nos EUA, e no Japão são 8,8 milhões de residências atendidas. Operadoras gigantes no mundo, como a AT&T, British Telecom, China Telecom e France Telecom optaram pela tecnologia de fibra ótica. No Brasil, a FTTH ainda está em estudo por operadoras que pretendem oferecer a tecnologia a clientes residenciais. A Furukawa é a única fabricante de infra-estrutura de rede com laboratório para demonstração e é parceira da operadora Telefônica, que está realizando testes em São Paulo, no bairro dos Jardins. Na prática, as operadoras de te-
Durigan: consumidores precisam pressionar as operadoras
lecomunicação, TV a cabo e provedores de internet que optarem por esta tecnologia vão oferecer aos usuários uma rede segura, à prova de ligações clandestinas, com durabilidade de mais de 30 anos, e mais confiável do que as atuais redes de par trançado, coaxiais e sem fio, para conteúdos de serviço de comunicação e entretenimento, vídeos interativos e conteúdo com voz, imagem e dados. “O mercado de pequenas e médias empresas não exige porque não sabe que a tecnologia existe. Por isso, os consumidores precisam pressionar as operadoras para que elas busquem e invistam na infra-estrutura”, afirma Hélio Durigan, diretor de Marketing da Furukawa.
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TI
Pendrive inviolável
Construtor de websites A LocaWeb oferece gratuitamente para as empresas um construtor de websites para a criação de páginas da internet. Dividido em cinco passos, da escolha do tema à publicação, o programa oferece ao empresário a possibilidade de escolher o design, a estrutura das páginas e o conteúdo de seu próprio site, sem necessidade de conhecimento técnico. Além da criação de páginas, a empresa também oferece gratuitamente um ambiente para comércio eletrônico, chamado de “loja-exemplo”. A LocaWeb disponibiliza uma loja pronta, com todos os recursos necessários para funcionamento, desenvolvida em ASP para ambiente Windows. O download pode ser feito em www.lojaexemplo.com.br. www.locaweb.com.br
Banda larga via celular
INDEXOPEN
Modem de mesa comercializado pela Vivo é voltado a residências, pequenos escritórios, pousadas e condomínios que estão longe dos grandes centros urbanos e querem uma conexão de banda larga por meio da telefonia móvel. Distribuído no país pela Luxicom, o modelo SC893 é fabricado pela Yiso e estará disponível nas lojas a partir do final deste ano com preço sugerido entre R$ 200,00 a R$ 300,00. A tecnologia de conexão do modem é CDMA EV-DO 800 MHz, com velocidade máxima de 2,4 Mbps. O lançamento é compatível com equipamentos Apple – exceto os que possuem processador Intel – e também com os sistemas operacionais Windows XP, 2000, Vista, Vista 64bits e Linux. www.luxicom.com.br
CNPJ Global Semelhante aos tradicionais códigos de barras, o GLN (Global Location Number) agiliza operações comerciais e minimiza erros nas entregas. Ao se associar à GS1 Brasil (Associação Brasileira de Automação), a empresa recebe uma faixa de números capaz de identificar – por meio de códigos de barras – produtos ou localizações físicas, como companhias inteiras, filiais ou escritórios regionais, e também lo-
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A Microdia lança no Brasil o Micro-Flash BIO, pendrive com capacidade de armazenamento de até 8 GB e acesso seguro, liberado a partir do reconhecimento de impressões digitais. A mídia possui software embutido que maximiza sua tecnologia avançada, mecanismo biométrico de autenticação de impressão digital, sensor avançado para captura de digitais em tempo real, sensor de digitação flexível que comporta até dez impressões digitais e permite ao usuário ter acesso ao sistema, e o fornecimento de senhas com portabilidade de gerenciamento. Para usá-lo, basta conectar o pendrive à porta USB do computador. O Micro-Flash BIO chega ao Brasil com capacidade de armazenamento de 512 MB (preço sugerido: R$ 124,28), 1 GB (R$ 138,35) e 2 GB (R$ 175,87). Sua velocidade de leitura é de 9,4 MB/seg, e sua velocidade de escrita é de 3,6 MB/seg. (11) 3093-9200/ www.microdiabrasil.com.br
calizações funcionais dentro da empresa, como a porta de armazém, um ponto de entrega ou um ponto de transmissão. A GS1 Brasil compara o GLN ao CNPJ das empresas, com a vantagem de identificar outras localidades dentro ou fora de uma mesma organização, com padrões internacionais, o que é cada vez mais exigido pelas multinacionais nos contratos com seus fornecedores. www.gs1brasil.org.br
Guia do Empreendedor No caminho certo Software auxilia na avaliação da gestão empresarial As estratégias estão mais aprimoradas, as vendas aumentaram, a empresa consolidou-se no mercado. Mas ainda não tem recursos para contratar um consultor e avaliar a administração do negócio. Foi pensando nesta situação, comum nas micro e pequenas empresas, que o professor Carlos Schauff, da Fundação Getúlio Vargas, formulou o Sideral Auto RG, um software de auto-avaliação de gestão empresarial. Schauff, que desde 1993 é examinador voluntário do prêmio da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ), havia desenvolvido em 1998 um sistema para avaliar as empresas candidatas ao prêmio. A partir desta experiência, ele organizou os parâmetros da FNQ num programa que pode ser usado por empresários a qualquer momento. “A auto-avaliação já é praticada há muito pelas empresas. Faltava uma ferramenta que facilitasse o trabalho”, explica Schauff. O questionário do Si-
deral Auto RG é baseado nos oito critérios de avaliação do prêmio. Sete são utilizados para avaliar processos gerenciais: Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas e Processos. E um – Resultados – para avaliar os resultados organizacionais, que representam entre 40% e 45% da pontuação. Depois de responder as perguntas, o usuário recebe um relatório que compara o desempenho de sua empresa com o Modelo de Excelência em Gestão da FNQ. “O relatório também diz como estão o enfoque, o aprendizado e a integração da gestão da empresa em cada um dos temas. Especificamente para os resultados, avalia a relevância do resultado, a tendência ou evolução do resultado na empresa e o nível do resultado comparado com o mercado”, diz Schauff. “Além disso, esse relatório pode ser utilizado para preparar a inscrição aos prêmios de gestão que a empresa desejar”, completa. Além de atender à demanda de pequenas e médias empresas, o Sideral Auto RG auxilia o trabalho de consultores. O programa está disponível para um teste gra-
tuito no site da produtora, a Compumax (www.compumax.com.br). São oferecidos três tipos de licença: “uso ilimitado”, “até cinco avaliações” e “uma única avaliação”. Uma licença anual e individual para avaliação ilimitada de empresas custa R$ 150. “Esta alcança principalmente o mercado de consultores”, destaca Schauff. Para empresas que possuem diversas unidades de negócios, Schauff afirma que o ideal é a licença para até cinco avaliações, no valor de R$ 120. Para receber a licença, o usuário envia seus dados (nome, e-mail, telefone, CPF, número de licenças desejadas) à Compumax, pelo e-mail compumax@compumax.com.br, junto com o comprovante de pagamento da licença. O usuário receberá uma contra-senha também por e-mail, que o habilitará para realizar a avaliação. O pagamento cobre garantia contra falhas, liberação de novas versões com ajustes e melhorias relativas a um mesmo ciclo anual, e suporte técnico por e-mail ou telefone. (Ana Carolina Dionísio)
Linha Direta Carlos Schauff: (11) 8267-1592
Schauff: “A auto-avaliação já é praticada, faltava uma ferramenta que facilitasse o trabalho” Novembro 2007 – Empreendedor – 69
Guia do Empreendedor
Locação de móveis Alugar a mobília de uma empresa ou escritório pode ser um bom negócio para evitar alto valor de investimento necessário para comprar móveis, além de reduzir a carga tributária pela possibilidade de abater o valor da locação da base de cálculo do IR e demais encargos como PIS e Cofins. A empresa
Telelok oferece desde a estruturação física até a expansão de layouts, permitindo ampliar ou modificar o layout conforme a demanda das empresas. A solução também é indicada para eventos temporários, como feiras, em que a necessidade de móveis é apenas por períodos curtos. Com frota pró-
pria e garantia de entrega rápida, a Telelok possui mais de 70 mil itens (cadeiras, mesas, gaveteiros, armários, estações de trabalho, sofás e acessórios), com soluções para necessidades de médio e curto prazos ou demandas emergenciais. Mais informações: www.telelok.com.br.
Cartório on-line A Central Registral de Serviços Eletrônicos Compartilhados (CRSEC) oferece na internet os principais serviços dos cartórios de registro. Desenvolvido com tecnologia nacional, o portal permite que registros de documentos e assinaturas de contratos sejam feitos de forma 100% digital. O portal reúne funcionalidades
como o depósito legal de documentos eletrônicos, que armazena arquivos de forma segura, além de oferecer registro digital e a assinatura de contratos de forma virtual. Para utilizar a ferramenta, o usuário precisa possuir um certificado digital, que pode ser adquirido no próprio portal. www.crsec.com.br
Crédito para 13º A Caixa Econômica Federal oferece linhas de crédito para antecipação do 13º salário. A instituição dispõe de R$ 1 bilhão para financiar o pagamento, proporcionando maior agilidade comercial e financeira às empresas. As taxas de juros variam de 0,83% a 3,2% ao mês, e o prazo pode ser de até 12
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meses. As linhas de crédito destinadas a esta modalidade ficarão disponíveis até 29 de fevereiro de 2008, possibilitando também o financiamento da antecipação de parte do 13° salário no início do ano. A empresa interessada deve procurar qualquer agência da Caixa. www.caixa.com.br
Produtos e Serviços E-mail registrado
Arquivo remoto Quando se fala em segurança da informação, não são apenas os dados digitais que precisam ser guardados com cuidado – os documentos físicos também precisam de proteção. A empresa Iron Mountain lança o serviço de guarda de papel voltado a pequenas empresas, com a proposta de reduzir custos de manutenção de espaço próprio, funcionários para manusear os documentos e sistemas de proteção contra furto ou incêndio. Além da guarda dos arquivos, a
Iron Mountain oferece gerenciamento de informações, organização dos arquivos, digitalização de documentos, armazenamento de originais fonográficos, gerenciamento de arquivos eletrônicos e a destruição segura de documentos e mídias. Os documentos da empresa podem ser consultados pela internet, por meio de uma senha de identificação de usuário, permitindo acesso controlado e relatórios de gerenciamento em tempo real. www.ironmountain.com.br
Assistência a viagem A Assist-Card, organização focada em assistência ao viajante, traz aos executivos o cartão Privileged, que, além de seguro contra acidentes pessoais, oferece assistência em caso de doenças preexistentes, com cobertura de despesas médicas de até US$ 5 mil para cartões com vigência anual e US$ 2,5 mil para cartões emitidos em bloco de dias. Há ainda reembolso com gastos por atraso do vôo (mais de seis horas)
ou cancelamento de embarque. O cartão Privileged também oferece seguro contra extravio de bagagens, assistência jurídica e auxílio em caso de roubo ou extravio de documentos ou cartões de crédito. Há ainda o serviço de envio de executivo substituto, isto é, caso o profissional que esteja em viajem sofra algum acidente ou adoeça, a Assist-Card cobre as despesas de viagem de um segundo profissional. Os clientes podem contar, ainda, com traslado de um familiar para acompanhamento, quando o titular precisar ficar hospitalizado por mais de 20 dias, além de cobertura para regresso antecipado caso ocorra alguma emergência na residência do titular. www.assist-card.com
O serviço de registro de e-mail substitui a postagem convencional de cartas e promete altos níveis de eficiência com baixo custo. O E-mail Registrado é um sistema avançado de registro de mensagens eletrônicas da RPost, multinacional norte-americana que detém tecnologia exclusiva de e-mail segundo marcos regulatórios mundiais. O serviço assegura a entrega de documentos enviados como anexos ou no corpo do email e substitui as cartas registradas. A tecnologia é capaz de comprovar a autoria, o conteúdo, data, hora de envio e de recebimento, e o serviço custa em média metade do preço de uma carta registrada convencional. O sistema da RPost, diferentemente dos demais serviços disponíveis no mercado, não grava cópias das mensagens, o que assegura total privacidade, e pode ser configurado para que os avisos cheguem em diversos idiomas. Mais informações: www.rpost.com.br (11) 3156-9677
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Guia do Empreendedor Da pedra, o degrau Obra sobre liderança servidora trata do enfrentamento de adversidades e mudança de comportamentos Venceslau é um executivo esforçado, competente e comprometido com os resultados da organização em que trabalha. No entanto, foi demitido de duas empresas após pouco tempo de trabalho e na terceira já recebera o ultimato: não seria tolerada mais nenhuma explosão emocional. Um novo fracasso – com proporções avassaladoras para sua carreira – não estava em seus planos, por isso Venceslau dispôs-se a mudar, como conta a consultora organizacional e pessoal Sonia Jordão na obra ficcional E agora, Venceslau? Como deixar de ser um líder explosivo!. Gritar com colaboradores na frente dos colegas era uma das atitudes mais comuns de Venceslau, quando achava que uma pessoa cometera um erro. Muitas vezes, ele nem percebia que tratava os companheiros agressivamente, e nem importava se os acertos daquela pessoa haviam sido muitos até o momento, quando ele ficava nervoso, só focava o erro. Pedir desculpas era impensável para ele, porque achava que não precisava, em função de o outro ter realmente cometido um erro. Posturas como essas marcavam a personalidade colérica de Venceslau. Decidido a melhorar seu comportamento, o protagonista empenha-se neste desafio. Essa é a primeira medida, conscientizar-se da necessidade de mudança em suas atitudes, enxergar que está agindo
de forma errônea. Inicialmente, ele procurou se isolar, buscando o autoconhecimento, mas depois sentiu a necessidade de saber como ele era visto por outras pessoas, como familiares, amigos e colegas de trabalho, e ainda buscou ajuda profissional, no caso a de um psicólogo. Tudo acompanhado por muita pesquisa em revistas, livros e sites da internet. Ao longo dessa jornada, Venceslau percebeu que liderava na base do “comando e controle”, e tomou ciência de estilos de liderança em voga. Entendeu que é possível conseguir resultados positivos sem impor nada, que é preciso as pessoas compreenderem os porquês para melhorar. Aprendeu que cada temperamento tem seus aspectos positivos e negativos, nenhum é melhor do que o outro, e que uma equipe deve ser formada com pessoas que complementem pontos fracos e potencializem pontos fortes. Como diz o administrador Márcio Pereira Primo no prefácio, “somos cercados de mudanças a todo o momento; e, como não temos o poder de controle de tudo, temos que mudar-nos, pouco ou muito, mas somos obrigados a mudar”. Algumas pessoas que se deparam com uma pedra no meio do caminho desistem de seus objetivos, mas outras a transformam em um degrau. Terá sido este o caso de Venceslau? E você, conseguiria ser um líder melhor?
E agora, Venceslau? Como deixar de ser um líder explosivo! Autora: Sonia Jordão – Editora: Santa Clara – Preço: R$ 14,90 72 – Empreendedor – Novembro 2007
Frases Quando se busca o cume da montanha, não se dá importância às pedras do caminho. O questionamento é a chave para a melhoria contínua. Pedir desculpas minimiza o problema, mas não resolve. Pratico o Kaizen, filosofia oriental em que se busca melhorar um pouquinho todo dia. Quando uma pessoa está nervosa, ela olha sem ver e escuta sem ouvir. Serenamente controlada, seu cérebro funciona melhor. Uma manifestação de desrespeito pode virar um caso de assédio moral, desde que se torne repetitiva e evidencie a intenção de constranger e humilhar. Certa vez, eu o escutei dizendo que havia aprendido a fazer de cada erro um aprendizado, já que seu pai sempre o motivava a tentar novamente, e que o lema de seu pai era: “todos cometem erros, o que não se pode é cometer o mesmo erro duas vezes”. O mais importante é influenciar os outros a fazerem o que se quer, sem se preocupar em saber de quem é a idéia. Aí fica bem mais fácil de se conseguir os resultados que se quer.
Leitura As 21 irrefutáveis leis da liderança Editora: Thomas Nelson Brasil Autor: John C. Maxwell Preço: R$ 34,90 A obra de Maxwell ganhou uma edição comemorativa dos dez anos de sucesso, e foi atualizada com novos exemplos e aplicações no cotidiano. Conhecido como um dos mais importantes livros sobre o tema, As 21 irrefutáveis leis da liderança: uma receita comprovada para desenvolver o líder que existe em você vendeu um milhão de exemplares nos Estados Unidos, e seu relançamento está baseado na meta de Maxwell de treinar um milhão de líderes no mundo todo. O livro é um verdadeiro manual de ensino, fundamental a todos os que desejam desenvolver a liderança.
Branding: design e estratégias de marcas Editora: Demais Autor: Álvaro Guillermo Preço: R$ 35,00 Destinado a empresários e profissionais da área, o livro do arquiteto e designer Álvaro Guillermo revela a importância e as estratégias para agregar valor à marca, traz exemplos na criação, desenvolvimento e implantação de marcas, produtos e projetos no mercado mundial. O autor explica como projetar e administrar marcas desde a etapa primordial das estratégias de branding, propondo dicas para o início do trabalho de design estratégico. “Espero que com este livro os leitores encontrem exemplos que demonstram a importância da marca e de uma boa assessoria profissional nessa área”, afirma Guillermo.
Gigantes da liderança Organizador: Raúl Candeloro Editora: Resultado Preço: 24,50 O terceiro livro da série Gigantes apresenta artigos dos 25 maiores nomes da liderança no Brasil. Gigantes da liderança foi pensado e escrito para ser mentor e conselheiro daqueles que assumem a responsabilidade de liderar profissionais e organizações.
Manual jurídico para franqueadores e franqueados Organizadora: Tiziane Machado Editora: Aleph Preço: Não informado Com o objetivo de orientar profissionais do setor de franquias e interessados em investir no segmento, que registrou faturamento de quase R$ 40 bilhões no ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o Grupo Machado lança o Manual jurídico para franqueadores e franqueados. Coordenado pela advogada Tiziane Machado, o livro esclarece dúvidas freqüentes e ajuda na tomada de decisões. Outros temas como questões societárias, tributárias e trabalhistas também estão presentes.
Vendas! técnicas para encantar seus clientes Editora: Bookman Autores: Matheus Alberto Cônsoli, Luciano Thomé e Castro e Marcos Fava Neves Preço: R$ 34,00 O objetivo do livro é auxiliar e apoiar o desenvolvimento de vendedores com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho comercial. Dividido em cinco módulos, apresenta conteúdos simples, aplicáveis ao cotidiano dos profissionais da área de vendas e mostra que o vendedor tem que confiar em seu instinto para encantar seus clientes. “Chamamos a atenção do vendedor para as formas e os critérios de procurar atrair novos clientes, bem como ‘qualificar’ essa clientela para o atendimento de vendas”, destaca Matheus Alberto Cônsoli, um dos autores. Novembro 2007 – Empreendedor – 73
INFORMAÇÃO E CRÉDITO
Inclusão com eficiência Para Barbara Murrey, especialista da OIT em Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, programa da Serasa é referência mundial
A
Serasa trouxe ao Brasil, para o 17º Fórum Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, a convidada internacional Barbara Murrey, especialista sênior em Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, do Skills and Employability Department, da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, Suíça. O fórum contou também com a palestra de José Pastore, professor da Universidade de São Paulo e autor do livro Oportunidade de trabalho para portadores de deficiência (LTr Editora). Barbara Murrey compartilhou sua vasta experiência adquirida nos vários países em que a OIT atua, e apresentou exemplos de qualificação e contratação de pessoas com deficiência nas empresas privadas e governamentais desses países. A especialista declarou-se impressionada com a reputação da Serasa nessa área. O professor José Pastore fez um painel sobre a realidade da empregabilidade nas empresas privadas e públicas brasileiras. Muito concorrido, o fórum contou com a presença e participação no debate de representantes de empresas privadas de todos os setores, de empresas públicas e também do Terceiro Setor. A Serasa realiza, há cinco anos, os Fóruns Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência com o objetivo de promover a troca de experiências e fazer com que esses encontros se traduzam numa ferramenta eficaz de responsabilidade so-
74 – Empreendedor – Novembro 2007
cial, para o crescimento da empregabilidade das pessoas com deficiência no país. “Os desafios da inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho vêm sendo permanentemente discutidos nesses fóruns, de forma muito produtiva para o conjunto da sociedade”, afirma o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca. Desde 2001, a Serasa desenvolve o Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, que visa a oferecer às pessoas com deficiência física, visual, auditiva e intelectual qualificação profissional e contratação na própria Serasa ou em outra organização, e é uma das ações do processo de Cidadania Empresarial da empresa. Por meio do programa, a Serasa recruta e seleciona pessoas com deficiência que tenham potencial para desenvolver tarefas profissionais segundo suas aptidões e seus talentos pessoais. A base do programa é o desenvolvimento da competência profissional dos seus integrantes. Procura atingir dois objetivos: buscar empregabilidade e oferecer crescimento profissional. Norteado por esses objetivos, não adota qualquer forma de assistencialismo, benemerência ou paternalismo. Preparada para receber bons profissionais, independentemente de portarem alguma deficiência, a Serasa busca o potencial profissional das pessoas com deficiência. Empregabilidade, para a Serasa, não é tão-somente empregar portadores de deficiência, mas abrange ações de inclu-
são e permanência mais efetiva desses profissionais no mercado de trabalho, com perspectivas de desenvolvimento e ascensão profissional. Por sua vez, as pessoas com deficiência devem demonstrar seu potencial, buscar o crescimento e o desenvolvimento profissional, e apresentar independência e autonomia pessoal. Pessoas com deficiência física podem usar cadeiras de rodas,
Barbara Murrey, da Organização Internacional do Trabalho
órteses, próteses, bengalas ou muletas, mas devem ter independência para ir e vir. Pessoas com deficiência auditiva podem ser surdas, mas devem conhecer a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Pessoas com deficiência visual ou cegas devem ter facilidade de ambientação e conhecer softwares sintetizadores de voz (leitores de tela). A sede da Serasa, maior empresa do Brasil em pesquisas, informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios, e referência mundial no segmento, recebeu, em 2003, da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, certificado de edificação adaptada às pessoas com de-
ficiência, pela conformidade à NBR 9050 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em outubro último, a certificação foi renovada, após auditoria, por recomendação da Fundação Vanzolini. O edifício, em São Paulo, conta com rampas, portas e passagens adequadas para cadeirantes; corrimãos; catracas especiais para usuários de cadeira de rodas; “piso tátil”, com texturas e relevos diferenciados, para pessoas com deficiência visual; banheiros masculinos e femininos adequados em todos os pavimentos, desde o subsolo; sintetizador de voz nos elevadores (informa o andar em que se está e se vai subir ou descer) para
as pessoas com deficiência visual; indicadores em braile nas teclas dos elevadores; portas automáticas para facilitar tráfego de pessoas com deficiência visual (dotadas de sensores, abrem-se mediante aproximação); guias rebaixadas e sinalizadores de solo no entorno do prédio; vagas demarcadas na garagem para motoristas portadores de deficiência que tenham carros adaptados; interruptores de luz, relógios de ponto, alarmes ao alcance de usuários de cadeira de rodas e pessoas com nanismo; telefone público para pessoas surdas (TDD); mesas com tampos reguláveis, bem como mobiliário ergonômico para todos os profissionais. FOTOS ADRIEL CASSOLA
Barbara, da OIT; José Pastore, da USP; João Ribas, coordenador do Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, e Tomás Carmona, gerente de Cidadania Empresarial da Serasa Novembro 2007 – Empreendedor – 75
LIO SIMAS
Guia do Empreendedor Precisamos de uma pausa na redução dos juros? Alta nos preços de alimentos não é decorrente de excesso de demanda, mas de choques de oferta No último dia 17 de outubro, o comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu por unanimidade a manutenção da taxa de juros básica da economia brasileira (a taxa Selic) em 11,25% a.a. O argumento é que a demanda interna está muito aquecida, e isto pode gerar pressões inflacionárias nos próximos meses. Será? No Brasil, o controle de preços é feito através do sistema de metas de inflação. Neste sistema, o Banco Central faz seu controle dos preços utilizando a taxa de juros para conter pressões inflacionárias advindas de pressões de demanda. Quando há pressões de demanda, o BC deve aumentar a taxa de juros, caso contrário, poderá baixá-la. O objetivo é tentar evitar que a demanda cresça mais do que a oferta. No entanto, para que haja aumento de oferta, o empresário precisa investir em aumento de produção e só o fará se constatar que haverá aumento de demanda. Portanto, este é um trabalho difícil para os bancos centrais, fazer com que a demanda cresça o suficiente, mas não mais do que o ritmo do crescimento da capacidade instalada da economia. Atualmente, o nível de investimento da economia brasileira está crescendo a passos largos, o que dará mais folga para a demanda futura. Nos meses de julho e agosto, vimos um aumento nos índices de preços causado basicamente por altas nos
76 – Empreendedor – Novembro 2007
preços dos alimentos. Vale ressaltar que estes aumentos não foram causados por excesso de demanda, mas sim por choques de oferta, ou seja, problemas climáticos que nem os juros mais altos poderiam resolver. Passados esses dois meses, também vimos o índice de preços ao consumidor (IPCA) medido pelo IBGE apresentar variação de apenas 0,18% em setembro, mostrando que não há nenhum descontrole inflacionário aparente no momento. Cabe ainda ressaltar que o Banco Central, quando toma alguma decisão de política monetária, sabe que esta só terá efeito sobre a economia depois de uns seis meses. Além do mais, a taxa de juros não visa apenas a manter a inflação baixa, mas, principalmente, as expectativas. No momento em que o Copom decidiu por uma pausa na queda dos juros, a expectativa para o IPCA no ano de 2008 estava em 4,10%. Esta expectativa já havia incorporado as recentes altas nos preços dos alimentos citadas anteriormente, e também a rápida desvalorização na taxa de câmbio, ocorrida durante uma crise financeira internacional em meados de maio. O câmbio também tem grande influência sobre os preços. Quando se desvaloriza, alguns preços sobem; em caso de apreciação cambial, o contrário também é verdadeiro. Há ainda outro ponto interessante. A taxa de juros também não pode
ficar muito longe da paridade com a taxa de juros norte-americana. Se compararmos nossa taxa com a praticada nos EUA, veremos que, mesmo com o risco-país nos níveis atuais (cerca de 170 pontos), há um grande atrativo em aplicar dinheiro no Brasil. Isto ocasiona uma grande entrada de recursos financeiros no país, que acaba pressionando a taxa de câmbio. Apesar de ajudar na inflação, sabemos que vários setores exportadores estão com dificuldade de vender seus produtos no exterior com o nível atual da taxa de câmbio (algo em torno de R$ 1,80). Sabemos também que o Banco Central está preocupado com o câmbio, pois continua com sua política de leilões diários para compra de dólares. Finalizando. Se a meta de inflação para 2008 é de 4,5%, a capacidade produtiva está aumentando a passos largos, a inflação corrente mostra arrefecimento, a expectativa do mercado para inflação está em 4,10%, e a taxa de câmbio segue sua tendência de queda, não estaria o Banco Central do Brasil sendo demasiadamente conservador em sua condução da política monetária? Ou, então, estaria ele buscando uma meta de inflação abaixo da estipulada pelo Conselho Monetário Nacional?
Januário Hostin Júnior Analista da Leme Investimentos
Análise Econômica
Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO
Acesita ALL Amér Lat Ambev Aracruz B2W Global Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyre Com-ccp Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Ipiranga Pet Itaubanco Itausa Klabin S.A. Light S.A. Lojas Americ Lojas Renner Natura Net P. Açúcar-CBD Perdigão S.A. Petrobras Petrobras Sabesp Sadia S.A. Sid Nacional Souza Cruz TAM S.A. Telemar N L Telemar Telemar Telemig Part Telesp Tim Part S.A. Tim Part S.A. Tran Paulist Unibanco Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo
TIPO AÇÃO
PN UNT N2 PN PNB ON PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN PN ON ON PN ON PN ON ON PN PNA ON PN PN PN ON PN PN UnN1 PNA PN ON PNA PN
PA R T I C I PA Ç Ã O OUTUBRO I B OV E S PA (ATÉ 24/9/2007)
0,17 2,00 1,24 0,90 1,39 3,96 1,72 0,42 0,60 0,86 1,72 1,09 1,09 0,30 1,64 1,06 0,23 0,82 2,04 0,81 0,12 1,26 0,67 1,21 1,44 0,85 0,83 0,73 0,84 2,33 1,47 100,00 0,34 2,81 2,06 0,66 0,49 0,75 0,90 1,24 1,62 0,65 1,06 2,52 14,03 0,60 0,87 2,40 0,56 1,69 0,31 0,94 1,90 0,26 0,27 0,54 1,19 0,36 2,38 3,47 0,78 3,21 12,39 1,05
7,80 6,70 4,40 0,90 3,60 6,20 -5,40 6,00 -3,60 6,10 -3,90 -3,00 -16,00 6,00 -6,20 -1,80 5,60 -4,00 4,80 5,10 1,70 3,60 1,10 -1,80 0,00 7,10 7,90 -8,90 8,10 7,50 5,30 3,60 5,50 1,80 -0,40 10,00 15,50 3,80 9,90 4,60 -5,70 -0,70 19,30 12,30 14,40 -2,00 16,30 7,70 -2,30 -2,00 2,70 11,50 -4,10 -0,10 2,00 0,30 3,90 4,80 7,40 1,20 5,40 -4,20 -4,60 17,70
VA R I A Ç Ã O % ANO
60,90 26,40 36,80 6,80 32,70 98,50 50,60 49,80 76,60 42,50 12,90 12,00 22,80 11,90 33,60 39,70 17,30 -40,70 37,40 44,60 69,30 4,00 14,80 36,60 0,40 -11,80 57,30 51,20 -24,70 40,80 63,20 24,30 30,40 52,20 54,20 59,00 32,80 -20,60 16,90 -25,60 61,20 46,40 39,90 22,90 69,40 121,90 32,40 -24,80 39,50 24,00 27,80 35,50 15,50 -10,20 7,10 54,20 31,70 69,30 33,10 87,90 85,80 19,90
Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Setembro 1,29 1,17 0,18 0,24
Juros/Aplicação
(%)
Setembro 0,80 0,81 0,54 3,77
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Ano 4,07 4,44 2,99 2,96
Ano 8,96 9,00 5,93 1,15
Indicadores imobiliários Setembro 0,26 0,04
CUB SP TR
(%)
Ano 5,32 1,21
Juros/Crédito
Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *
Outubro 24/Outubro
(em % mês) Outubro 23/Outubro
1,88 4,02 3,40 2,09
1,88 4,01 3,40 2,08
* taxa mês
Câmbio (em 24/10/2007)
Dólar Comercial Ptax Euro Iene
Cotação R$ 1,7969 US$ 1,4248 US$ 0,0088
Mercados futuros (em 24/10/2007)
Novembro
Dezembro
Janeiro
Dólar R$ 1,806 R$ 1,812 R$ 1,819 Juros DI 11,12% 11,12% 11,12% (em 24/10/2007)
Dezembro
Ibovespa Futuro
63.300
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Guia do Empreendedor Em destaque
10/11/2007
3º CONGRESSO NACIONAL DE LIDERANÇA E EMPREENDEDORISMO Hotel Transamérica – São Paulo (SP) (11) 3059-5800 www.klatreinamentos.com.br No encontro de um dia de treinamento, palestrantes como Robert Wong, Família Schürmann, Leila Navarro e José Gasalla, Clemente Nóbrega e Alfredo Rocha apresentam conceitos inovadores sobre temas empresariais e comportamentais. 18 a 20/11/2007
25º ENCONTRO ECONÔMICO BRASIL-ALEMANHA Vila Germânica – Blumenau (SC) (11) 5187-5100 www.ahkbrasil.com A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha reúne empresários brasileiros e alemães, e entrega o 13º Prêmio Personalidade, visando a reconhecer o trabalho de profissionais que contribuem para as relações entre os dois países. 20 a 23/11/2007
TECNOPLAST 4ª Feira de Tecnologias para a Indústria do Plástico, Borracha, Moldes e Matrizes Centro de Exposições da Fiergs Porto Alegre (RS) (51) 3338-0800 www.feiratecnoplast.com.br Das 14 h às 21 h, cerca de 300 expositores apresentam as novidades dos segmentos de máquinas injetoras e estruturas, fabricantes de produtos plásticos e de resinas sintéticas, indústria de base e matéria-prima, produtos químicos, equipamentos e acessórios, ferramenta, moldes, instrumentos, controle e automação, entidades, serviços, projetos e publicações técnicas. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor www.empreendedor.com.br
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Agenda
27/11/2007
SEMINÁRIO MELHORES PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS PARA ABERTURA DE CAPITAL Centro de Treinamentos Canal Executivo – SP (11) 3079-9910 www.canalexecutivo.com Só no primeiro semestre desde ano, 31 novas companhias entraram na Bovespa. Com o ingresso de muitas corporações em bolsas de valores, executivos se perguntam se não está na hora de a sua empresa abrir o capital e também ganhar com o mercado de ações. Para esclarecer as dúvidas deste público, o Canal Executivo promove a segunda edição do Seminário, que pretende demonstrar de forma prática e interativa as principais etapas de estruturação e lançamento de ações no mercado de capitais. Os benefícios e resultados de empresas que captaram recursos no mercado de ações serão apresentados por profissionais dos bancos UBS Pactual e Itaú, da Bovespa, da Embraer e da Financial Investor Relations Brasil (FIRB). Com temas divididos em sete módulos, os palestrantes abordam a avaliação macroeconômica do cenário nacional, motivações e possibilidades da bolsa, a imagem do investidor perante os acionistas e a comunicação com os investidores, legislação e regulação do mercado, viabilidade e desafios, entre outros. O Seminário acontece das 8 h às 18 h, e o custo é de R$ 1.890, mas o valor e as condições podem ser negociados para grupos. 22 a 25/11/2007
27 a 29/11/2007
19º SALÃO DE NEGÓCIOS TURÍSTICOS DO MERCOSUL
FEIRA INTERNACIONAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS, ALTERNATIVAS E CO-GERAÇÃO
Centro de Feiras Serra Park Gramado (RS) (54) 3295-8500 / 3286-3313 www.festivalturismogramado.com.br Quase dois mil expositores se apresentam no que é a mais abrangente feira de turismo da América Latina. Com expositores dos cinco continentes, a feira registra a presença de operadoras de turismo, hotelaria, companhias aéreas e de navegação, organismos oficiais, centros de lazer e parques temáticos.
ITM Expo Feira e Convenção São Paulo (SP) (47) 3338 - 4850 / (11) 5521-6008 www.latinevent.com.br/energias O evento se propõe a ser o ponto de encontro entre a oferta e a demanda no processo das novas formas de energia. Além dos estandes, congresso e seminários sobre os diversos tipos de energia com palestrantes nacionais e internacionais estão programados para as tardes dos três dias.
28 a 30/11/2007
XVI CONGRESSO E EXPOSIÇÃO INTERNACIONAIS DE TECNOLOGIA DA MOBILIDADE Transamérica Expo Center – Santo Amaro (SP) (11) 3287-2033 – www.saebrasil.org.br O maior evento de tecnologia da mobilidade do Hemisfério Sul reúne as engenharias das diversas áreas, compostas por montadoras de automóveis, ônibus, caminhões, máquinas agrícolas e de construção, aeronaves e trens, assim como a indústria de autopeças, para debater, apresentar e mostrar as tendências tecnológicas do setor, que poderão equipar os veículos no futuro.
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www.empreendedor.com.br
O conteúdo que faz toda a diferença
Página inicial
Eventos em tempo real O site Empreendedor começou com o pé direito a idéia de divulgar, em tempo real, a cobertura dos principais eventos de setores que envolvem o mundo empresarial. Para inaugurar a iniciativa, entre os dias 1º e 4 de outubro, o site divulgou as principais novidades mercadológicas e empresariais de um dos maiores eventos do setor de Telecomunicação da Infor-
mação da América Latina, o Futurecom. Ao todo, participaram da feira, realizada em Florianópolis (SC), mais de 200 expositores, 150 empresas nacionais e internacionais, além de 7 mil visitantes. Neste mês, a segunda cobertura on-line está marcada para os dias 28 a 30, no que promete ser um dos maiores fóruns internacionais de energia renovável já realizados, o EcoPower Conference. O encontro, que já tem confirmadas renomadas autoridades
internacionais em energia alternativa e meio ambiente, lideranças mundiais, cientistas, políticos, economistas e ativistas, ganhará repercussão no site Empreendedor com matérias e fotos exclusivas. Acompanhe o site diariamente e aguarde maiores novidades! Para ter acesso à cobertura on-line do mês de outubro, entre no www.empreendedor.com.br, vá até a área “Categorias”, na coluna à esquerda, e clique em “todas”. Lá você vai encontrar a opção “Futurecom”, com todas as matérias realizadas durante os três dias de evento.
Programe-se
ENQUETE
Acesse o site Empreendedor e, na página inicial, clique em “Agenda”, no canto superior direito, logo abaixo do cabeçalho. Você terá acesso aos principais eventos do mês de novembro e poderá se atualizar, diariamente, com os seminários, congressos e feiras dos próximos meses. Além do local, hora e data, o site oferece um pequeno resumo do evento a ser realizado.
Você pratica a auto-organização?
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A enquete do mês de novembro quer saber com que tipo de tarefas você mais gasta seu tempo diário. Para participar, vá até a área “Enquete”, à esquerda do site Empreendedor, logo abaixo das categorias, e escolha, entre as opções: a) com as que têm tempo para serem realizadas; b) com as que precisam ser realizadas com pressa; c) com as que consomem tempo à toa, a que mais se aproxima da sua opinião. Para ajudar a identificar a resposta mais adequada ao seu perfil, leia a matéria “Escravos da Urgência”, da Revista Empreendedor, publicada na edição de outubro, disponível em www.empreendedor.com.br. A reportagem divulga um teste que ajuda a descobrir como seu tempo é gasto no dia-a-dia. Criado por Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo e produtividade, o teste foi desenvolvido a partir de uma teoria baseada no tempo que cada pessoa
leva para realizar atividades rotineiras. Em média, o brasileiro desperdiça 2/3 de seu tempo com tarefas inúteis, sem sentido ou urgentes.
Desemprego é principal estimulante de negócios próprios Com a pergunta: “Quais os motivos que levaram você a constituir sua empresa?”, a enquete do mês de outubro constatou que o desemprego é o fator que mais leva as pessoas a serem empreendedoras. A opção recebeu 61,4 % dos votos, enquanto “capital disponível” recebeu 31,3 %, e “incentivos governamentais”, 7,3 %. Confira a contagem final: Capital disponível ............. 31,3 % (329) Desemprego .................... 61,4 % (646) Incentivos governamentais ...... 7,3 % (77) Total de votos: .............................. 1.052
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