HERB GREENBERG, DA CALIPER: UM HOMEM DE VISÃO
CRÉDITOS DE CARBONO: GERAÇÃO DE ENERGIA EM ATERROS
MICROCRÉDITO: YUNUS QUESTIONA MODELO BRASILEIRO
Empreendedor
Ano 14 Nº 159
Janeiro 2008 – R$ 9,90
ISSN 1414-0152
PEQUENOS DA GIGANTE
Ano 14 • Nº 159 • janeiro 2008
www.empreendedor.com.br
2 – Empreendedor – Setembro 2007
Setembro 2007 – Empreendedor – 3
A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
Nesta Edição
Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] Repórteres: Ana Carolina Dionísio, Débora Remor, Francis França, Marco Britto e Natacha Amaral Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas e Purestockx Foto da capa: Geraldo Falcão/Petrobras Revisão: Renato Tapado
PG. 20
Capa
Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Érika Kaiser, Gesner C. Vieira e Nassara Kedman Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3231-9017 Brasília Ulysses C. B. Cava [ulyssescava@gmail.com] [ulysses@agenciamidiax.com.br] Fone: (61) 3326-8441/9975-6660 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-9797979 [assine@empreendedor.com.br]
Mercado de ouro negro A Petrobras está ampliando sua rede de fornecedores. Em parceria com o Sebrae, micro e pequenas empresas (MPE) são capacitadas para atuar na cadeia de produção de combustíveis, tanto de origem fóssil quanto vegetal. Desde 2005, 6 mil MPE foram habilitadas, e 2,7 mil delas participaram de rodadas de negócios com 300 grandes empresas, movimentando R$ 1,3 bilhão. Milhares de agricultores familiares também estão garantindo renda extra com a produção de oleaginosas para fabricação de biodiesel.
Meio Ambiente Energia do lixo PG. 28
O processo de decomposição do lixo emite metano, que tem potencial poluidor 21 vezes maior do que o gás carbônico. O biogás, no entanto, pode ser aproveitado para a geração de energia, numa operação que gera créditos de carbono.
Marketing Renovação da mídia PG. 34
A mídia indoor ganha novo impulso com a proibição de outdoors em São Paulo e a queda nos preços de monitores LCD e plasma. Aos poucos, esse tipo de propaganda sai dos banheiros, e ganha novos espaços e formatos em estabelecimentos de variadas áreas.
Mercado Climatização interna PG. 38
Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda.- São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
4 – Empreendedor – Janeiro 2008
A indústria da refrigeração cresce quase 20% ao ano no Brasil, puxada pelo fenômeno de vendas do modelo split. A procura por esse tipo de condicionador de ar, em 2007, aumentou 190% em relação ao ano anterior, quando o crescimento foi de 115%.
Janeiro/2008
Memória Qualidade total PG. 40
A gestão da qualidade é vital para empresas de qualquer porte, por isso é um tema recorrente na Revista Empreendedor: foi capa da primeira edição e logo no número cinco voltou a ser abordado. Conheça os benefícios dessa prática salutar.
Crédito Migalha significativa
PG. 14
Entrevista
Belmiro Castor Planejamento estratégico. O especialista na área afirma que a ferramenta é essencial para que micro e pequenas empresas possam crescer com segurança, e alerta para o perigo do envolvimento excessivo com a rotina do cotidiano.
PG. 44
O microcrédito se expande ao redor do mundo como método eficaz de combate à pobreza e de desenvolvimento de empreendedores de baixa renda. O Brasil, no entanto, segue caminho oposto ao modelo apregoado pelo criador do sistema, Muhammad Yunus.
Franquia Shopping X rua PG. 58
Shopping ou rua, onde abrir a loja? Não há motivo para arrancar os cabelos, mas é necessária a realização de estudos preventivos. Veja os conselhos de consultores especializados em franchising e os exemplos de franqueados.
PG. 48
Perfil
Albano Schmidt Membro da terceira geração de uma família de empreendedores de sucesso, Schmidt retoma empresa criada pelo pai, a Termotécnica, e lidera mercado brasileiro de transformação do poliestireno expandido (EPS), o popular isopor.
PG. 54
A voz da experiência
Herb Greenberg
TI Quadro mágico PG. 66
O aplicativo TalkAndWrite potencializa serviços de VoIP, permitindo que os usuários apontem, escrevam, desenhem, apaguem, grifem e digitem simultaneamente sobre o documento enquanto fazem uma conferência virtual.
O norte-americano cego tirou do preconceito a força para inventar sua fórmula do sucesso e ajudar outros a fazer o mesmo. Hoje com 78 anos, Greenberg é presidente de uma das maiores consultorias em gestão de talentos do mundo: a Caliper.
LEIA TAMBÉM
GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 9
Cartas ................................................................. 8
Produtos e Serviços .......................................... 70
Empreendedores ................................................ 10
Leitura ............................................................... 72
Não Durma no Ponto ......................................... 16
Análise Econômica ............................................ 76
Pequenas Notáveis ............................................ 52
Indicadores ....................................................... 77
Empreendedor na Internet ................................ 82
Agenda .............................................................. 78
Janeiro 2008 – Empreendedor – 5
de Empreendedor para Empreendedor
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Editorial Q
uando o tema é petróleo, tudo é gigante. A começar pelo mercado, o maior dentre todas as commodities, que em 2006 movimentou em todo o mundo aproximadamente US$ 2 trilhões (considerando-se uma demanda diária de 85 milhões de barris, a um preço médio de US$ 65 cada) – o café, segunda maior commodity, não ultrapassa a barreira dos US$ 100 bilhões. Tamanha produção, é claro, exige estruturas descomunais de extração, beneficiamento e transporte. É justamente nesta cadeia de valor que a Petrobras, uma das dez maiores companhias petrolíferas do mundo, com receita bruta de R$ 205,4 bilhões em 2006, abre oportunidades de negócios para micro, pequenas e médias empresas. Com apoio do Sebrae, essas organizações estão sendo capacitadas para atuarem como fornecedores ou subfornecedores de produtos e serviços para a estatal. Sem contar que o rigor do processo de qualificação da Petrobras representa um atestado de qualidade e tem ajudado a abrir portas de multinacionais no Brasil e no exterior. O cenário é promissor: o Campo de Tupi deve ampliar as reservas nacionais em cerca de 50%, e o Brasil anun-
ciou investimentos de US$ 128 bilhões na cadeia de produção do petróleo e gás natural – três vezes mais do que o valor aplicado nos últimos 50 anos. Mas não menos promissor é o mercado de biocombustíveis, especialmente os de etanol e de biodiesel. Agricultores familiares de todo o País também estão sendo capacitados e inseridos nessa cadeia de produção, seja pelo cultivo de oleaginosas destinadas às refinarias que possuem o selo social, seja pelo cultivo de cana-de-açúcar e produção conjunta do produto em miniusinas administradas por cooperativas. Para que esses nichos ganhem consistência, é necessário, no entanto, planejamento estratégico: do governo, das instituições de apoio e das empresas, independente de seu tamanho. Essa ferramenta fundamental é tema que permeia toda esta edição da Revista Empreendedor. Está presente na Entrevista, nas reportagens (como esta, da Capa, e a da seção Memória, sobre qualidade total), na resenha da seção Leitura e nos artigos de colaboradores. Sem planejamento, não se chega a lugar algum, ninguém cresce, nem mesmo se mantém gigante. Alexsandro Vanin
Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 conjunto 1 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE
Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde moram.
Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor, e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.
6 – Empreendedor – Janeiro 2008
Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br.
Janeiro 2008 – Empreendedor – 7
Cartas
Trabalho laureado
Moda íntima Estava lendo a matéria “Sucesso na intimidade” (Empreendedor 142, por Fábio Mayer) sobre o mercado de lingerie e me interessei por mais informações, pois estou desenvolvendo uma marca. Onde posso encontrar mais dados de mercado, segmentação, crescimento econômico, como montar a marca e qual nicho de mercado devo atuar? Renata Franco
Da Redação: Você pode encontrar mais informações sobre o mercado de lingerie no Brasil na Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção – www.abit.org.br), no Sindvest (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo e Região – www.sindvest.com.br) e na APEX-Brasil (www.apexbrasil.com.br). O Sebrae pode orientá-lo no desenvolvimento de sua marca, incluindo como registrá-la e fortalecêla no mercado.
Do Venceslau A Empreendedor 157 acabou de chegar às minhas mãos. Que revista linda, vou ler toda. Na banca de revista aqui perto de meu escritório/residência, não tem, por isso só conhecia na internet. Já passei os olhos e vi que gostei. Aliás, já li vários artigos no site em outras oportunidades e sempre gostei do que li. Achei genial você destacar frases retiradas do livro. Eu tenho uma coleção de frases que tiro dos artigos e livros que leio. Parece que você fez a mesma coisa. Gostei muito de ver a interpretação do que escrevi (resenha “Da pedra, o degrau”, por Alexsandro Vanin). Grande abraço.
Pela terceira vez em 2007, a Revista Empreendedor esteve na final de um prêmio jornalístico. Desta vez, a reportagem “Empreendedores da fé”, do jornalista Alexsandro Vanin, publicada na edição 150 (abril do ano passado), foi uma das finalistas do 15º Prêmio CNH de Jornalismo Econômico. Quase 300 matérias de jornais e revistas concorriam à premiação, a principal da área econômica do País. O grande prêmio, no entanto, ficou para a Época Negócios, com a reportagem “Sua empresa é verde?”, e para o jornal Zero Hora, com a matéria “A economia corroída pelo crime”. “Todo mundo quer voltar com o troféu para casa, mas nem sempre é possível. Mas figurar entre os finalistas do maior prêmio de jornalismo econômico do Brasil já é uma grande vitória”, diz Alexsandro Vanin, atual editor-executivo da publicação. A Revista Empreendedor também se distinguiu no 7º Prêmio Ethos de Jornalismo – o principal na área de responsabilidade social empresarial – com a matéria “Novos negócios do clima”, que recebeu o título Destaque (a melhor matéria entre as 15 finalistas de cinco categorias), e no 6º Prêmio Unimed de Jornalismo, com a reportagem “Ouro contra o bronze”, finalista na categoria Mídia Impressa. Ambos os trabalhos são de autoria do jornalista Vanin. “Sinto-me imensamente gratificado por tamanho reconhecimento, o que me estimula a continuar a fazer um trabalho ainda melhor. E, em minha nova função, espero contribuir para que os repórteres sob minha edição possam trilhar o mesmo caminho.” GISELE ROCHA
Sonia Jordão, autora de E agora, Venceslau? Como deixar de ser um líder explosivo!
Qualidade premiada Prezado Acari Amorim, o Banco CNH, braço financeiro da Case New Holand, uma das maiores fabricantes mundiais de equipamentos agrícolas e para construção, tem o prazer de agradecê-lo e cumprimentá-lo pela qualidade da reportagem inscrita pela Revista Empreendedor (“Empreendedores da fé”, do jornalista Alexsandro Vanin) na 15ª Edição do Prêmio CNH de Jornalismo Econômico, finalista na modalidade “Revista”. Valentino Rizzioli, diretor-superintendente, e Milton Rego, diretor de Comunicação.
8 – Empreendedor – Janeiro 2008
O jornalista Alexsandro Vanin recebe certificado do presidente do Banco CNH Capital, Hélvio Quintão Branco
Janeiro 2008 – Empreendedor – 9
Empreendedores Tiago Aguiar
Limpeza de bolso Criado pela DryWash em 1996, o sistema de lavagem de carros a seco acaba de ser inovado pelas mãos de Tiago Aguiar, um dos sócios da empresa. O DryWash Wipes, que alia a tecnologia do spray Dry Wash a um lenço umedecido, pode ser utilizado pelo consumidor final a qualquer hora e em qualquer lugar, e não só para automóveis, mas também para motos, barcos e aviões. Ambientalmente correto, o produto permite a economia de até 300 litros de água, média de gasto para lavar um carro, segundo Aguiar. “Considerando que uma pessoa consome, por dia, cerca de 100 litros de água, cada vez que você leva o seu carro para lavar, três pessoas ficam sem água”, calcula. Antes de chegar ao mercado nacional, contudo, a tecnologia DryWash Wipes deve chegar a países que agregam problemas com o abastecimento de água e consciência ambiental. A expectativa, segundo o idealizador do projeto, é que ele esteja pronto para ser exportado até o final do ano. (11) 6954-8688
Mauro Turzi
Diferencial no atendimento Enquanto alguns call centers adotam a estratégia de oferecer equipes cada vez maiores, um outro perfil de empresa, com menos funcionários, vem conquistando espaço em um mercado em pleno desenvolvimento no Brasil. Com 80 posições de atendimento (PAs) e cerca de cem profissionais, a Turzi Marketing, especializada em marketing de relacionamento por meio de contact center, é um exemplo desta proposta diferenciada. “Oferecemos uma estrutura compacta e altamente eficaz, o que permite, entre outras coisas, que o gerenciamento das operações seja mais efetivo, garantindo qualidade e resultado. Nossa meta é chegar a 200 PAs, no máximo”, explica Mauro Turzi, diretor-geral da companhia. Para ele, em grandes contact centers, na maioria das vezes, o cliente passa a ser apenas um número, e o relacionamento é mais frio, inflexível e burocrático, o que vai contra a missão deste tipo serviço. “Este é o principal motivo pelo qual as taxas de satisfação com os serviços de contact centers vêm caindo no Brasil”, completa. Uma das vantagens dos pequenos call centers é a menor rotatividade de colaboradores, que em grandes estruturas chega a ser de 10% ao mês. Segundo Turzi, o turn over mensal da Turzi Marketing não chega a 2%. “Quanto menor a rotatividade, melhor é o serviço prestado, já que o colaborador que permanece mais tempo na empresa passa por mais treinamentos, e adquire mais conhecimento sobre o cliente e o serviço para o qual trabalha”, explica a consultora de RH Thaís Oliveira, que desenvolve diversos tipos de treinamento na área de call center. (11) 6824-3000
10 – Empreendedor – Janeiro 2008
Sergio Arno
Mais chic, menos fast Caindo no gosto de chefs, o hambúrguer está cada vez mais próximo de uma refeição sofisticada. O restauranteur paulista Sergio Arno é um dos que aprovam essa inovação. “Os hambúrgueres e as salsichas são um sucesso mundial, porque as pessoas adoram, e, se o público adora, é só fazer melhor que os outros para fazer sucesso”, afirma o chef, que incluiu no menu de seu mais novo empreendimento em Salvador, o 33 Sergio Arno, versões diferenciadas de hambúrguer com molhos criados especialmente para estes pratos. Além de Sergio Arno, outras casas badaladas de Salvador têm incluído o pão com carne grelhada no menu. O Bar e Restaurante DOC Casual Dinning, recém-inaugurado no Shopping Itaigara, é uma delas, assim como a Barbacoa, no centro da cidade. (71) 3433-1333
Sérgio Madjarof
Cooperação certificada Fruto do trabalho de um grupo de ex-funcionários de uma empresa falida, a Cooperativa de Caixas e Chapas de Papelão Ondulado (Coopercaixa), localizada em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, se prepara para a segunda onda de crescimento sustentável, agora com um parque técnico comparável ao das empresas mais organizadas do setor na América Latina. “A fábrica ressurgiu das cinzas”, diz Sérgio Madjarof, diretorexecutivo da Coopercaixa. Com seis anos de existência, a meta da cooperativa é, nos próximos três anos, dobrar a produção, que atualmente é de 3 mil toneladas/mês. A obtenção da certificação ISO 9001:2000, atestando que a Coopercaixa possui um Sistema de Gestão da Qualidade que atende às normas internacionais, pode dar um novo impulso a este crescimento. A Coopercaixa será a primeira cooperativa do ramo de produção de papelão ondulado no Brasil a obter a ISO 9001:2000. www.coopercaixa.com.br
Janeiro 2008 – Empreendedor – 11
Empreendedores Frederico Vasconcelos
Jogo sério A pirataria no mercado de games foi um dos impulsos para a mudança de atuação da produtora de jogos Jynx, de Recife. Fundada em 1999, a empresa começou focada nos massive multiplayers, jogos de computador que podem ser usados por várias pessoas ao mesmo tempo, em locais distintos. “Você faz jogos para o mundo. Apesar dessa máxima, precisávamos começar a vender em algum lugar. Mas aqui tinha muita pirataria. Quando a conta do massive multiplayer começou a cair, apostamos nos serious game, de demanda corporativa”, afirma Frederico Vasconcelos, sócio-fundador da empresa. Agora, um dos principais produtos da Jynx são os advergames, jogos eletrônicos que, além de divertir, buscam divulgar uma marca. Petrobras, Visa e Bridgestone são alguns dos clientes da empresa, que começou com os cinco sócios e atualmente conta com 45 colaboradores. Os advergames representam 70% da receita da Jynx, mas a demanda por jogos para celular também vem crescendo. A empresa já entregou 36 jogos para a Samsung e a LG. Para Vasconcelos, vale a pena apostar em diversas plataformas: “A gente não se define por uma tecnologia, mas por soluções, seja em entretenimento, seja em jogos sérios”. (81) 3419-8115
Rubem Dias
Conquista internacional Especializada no desenvolvimento de softwares para gestão da energia elétrica, a catarinense Way2 Tecnologia comemorou recentemente a entrada de duas empresas colombianas na carteira de clientes. Agora, além de atender Tractebel Suez, EDP, Brascan e Eletropaulo, a empresa passa a fornecer meus serviços e produtos também para as colombianas Empresa de Energia de Tolima (Enertolina) e a Centrales Elétricas del Cauca S.A. (Cedelca). As distribuidoras da Colômbia adotaram o software que faz a leitura dos pontos de medição e fornece os dados relativos a qualidade da energia, compatível com o nível de exigência dos agentes internos do país vizinho. “O nosso software entrou na Colômbia como uma solução única”, afirma Rubem Dias, um dos três sócios da Way2 Tecnologia. Há oito anos dando suporte as empresas, com o desenvolvimento de sistemas que fazem a medição remota, análise de risco e retorno e planejamento de médio e longo prazo, a Way2 investe fortemente em soluções customizáveis. Estes sistemas ajudam agentes do setor a acompanhar as modificações do mercado e das legislações vigentes. www.way2.com.br
12 – Empreendedor – Janeiro 2008
Janeiro 2008 – Empreendedor – 13
Entrevista
Belmiro Castor
Hora de acordar Para as MPE crescerem, empresários precisam pensar estrategicamente, e o poder público, criar condições favoráveis por
Alexsandro Vanin
Os conselhos não são de qualquer um. Quem faz o alerta é Belmiro Valverde Jobim Castor, quatro vezes secretário de Planejamento do Paraná e uma vez secretário estadual de Educação. Introduzido ao tema planejamento na Cooperation Technique, de Paris, e pós-graduado com louvor na University of Southern Califórnia (USC), nos Estados Unidos, Castor é autor de O Brasil não é para amadores e do recém-lançado Tamanho não é documento: estratégias para a pequena e a microempresa brasileira (a resenha da obra pode ser conferida na seção Leitura).
14 – Empreendedor – Janeiro 2008
Para Belmiro Castor, o micro e pequeno empresário precisa se livrar do cotidiano, deixar um pouco o dia-adia do negócio e pensar nele como um todo, olhar para fora e descobrir que ameaças e oportunidades se apresentam. Essa é a essência do planejamento estratégico, e o renomado consultor, especialista na área, recomenda sua adoção para quem quer fazer sua empresa crescer. Unir-se a outros empresários do ramo e da mesma cadeia de valor, para diminuir custos e riscos, é outro caminho apontado. O esforço conjunto, no entanto, exige a participação do poder públi-
co, que Belmiro Castor conhece muito bem. Ele reconhece um grande avanço na Lei Geral das MPE, ao estabelecer um tratamento diferenciado para o grupo, mas entende que o governo precisa se esforçar para que esses benefícios cheguem rápido e a cada vez mais empreendedores. Com instituições públicas de ensino e pesquisa, o objetivo é buscar capacitação e desenvolvimento tecnológico, tão necessários à longevidade das empresas, mas ainda distantes da realidade de micro e pequenas, apesar dos esforços de entidades como o Sebrae.
Empreendedor – Qual sua avaliação sobre o comportamento de micro e pequenos empresários? Eles têm procurado uma maior capacitação administrativa e o uso de ferramentas como o planejamento estratégico?
quena empresa isoladamente. É o caso dos investimentos em design e marketing, de que os clusters italianos são um exemplo muito interessante de trabalho associativo com resultados fantásticos.
Empreendedor – As incubadoras são ilhas de segurança num ambiente pouco favorável ao empreendedorismo como o Brasil. Qual sua opinião sobre essas instituições?
Belmiro Castor – O pequeno e o microempresário são reféns do cotidiano. Como passam o tempo todo apagando incêndios, correndo atrás de banco, de procurar clientes, de fornecedores que os tratam mal porque são pequenos, não fazem o essencial, que é pensar sobre seu negócio, e as modificações na sociedade e na economia, que é onde eles encontrarão oportunidades para se desenvolver e identificar ameaças que podem destruílos. O Sebrae e algumas outras agências têm trabalhado muito bem na capacitação dos pequenos e microempresários, mas ainda há muito a fazer.
Empreendedor – Você concorda que as micro e pequenas empresas devem ter um tratamento diferenciado? Por quê? Qual sua opinião sobre a Lei Geral das MPE?
Belmiro Castor – As incubadoras são indispensáveis ao desenvolvimento industrial do País e como tal deveriam ser fortemente estimuladas e multiplicadas em número e tipo exponencialmente.
Empreendedor – Como está o ambiente para as micro e pequenas empresas? O que pode ser feito – e por quem – para melhorá-lo?
Belmiro Castor – De uma forma geral, o ambiente está melhorando. As pessoas e as empresas maiores não vêem mais os micro e pequenos como empresinhas de fundo de quintal, e sim como empresas de nicho e começam a interagir com elas de maneira muito positiva. Para melhorar, há necessidade de um esforço conjunto, dos próprios empresários, do poder público e das universidades, cuja contribuição tecnológica e científica pode ser importantíssima para viabilizar as micro e pequenas empresas. Empreendedor – Que vantagens o associativismo pode trazer às micro e pequenas empresas? O senhor recomenda a adesão a esses grupos?
Belmiro Castor – A vantagem de diluir custos fixos que não poderiam ser suportados por uma micro ou pe-
O pequeno e o microempresário são reféns do cotidiano. Não fazem o essencial, que é pensar sobre seu negócio, e as modificações na sociedade e a economia
Belmiro Castor – Concordo. As pequenas e microempresas nunca foram tratadas como empresas tanto pelo governo como pelo sistema financeiro, por exemplo, e assim não conseguiam competir por créditos e eram submetidas a exigências burocráticas muito semelhantes às que se aplicam às grandes empresas. Acho a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas um enorme avanço, mas devemos ser realistas em relação à rapidez com que os avanços da lei vão se transformar em uma efetiva facilitação da vida dos pequenos empresários.
Empreendedor – A abertura de capital é uma alternativa de capacitação de recursos para pequenas e médias empresas? Que vantagens e riscos ela pode oferecer?
Belmiro Castor – Não, ainda não. Abertura de capital não é para pequenas empresas. O que deveria ser fomentado é o mercado de capitais típico desse porte de empresa: o chamado “angel capital”, que é aquele aporte inicial de recursos baseado na confiança de que uma determinada idéia do candidato a empresário merece ser apoiada, e o “venture capital”, que é o capital aportado por investidores que acreditam na idéia e aceitam correr grandes riscos até que ela dê – ou não – certo em troca de uma parte nos lucros futuros. Empreendedor – Os empregados são um dos elos mais críticos na rede de stakeholders, já que seu comportamento influi diretamente na criação de valor para os demais integrantes. Como uma boa gestão de recursos humanos pode evitar a destruição de valor?
Belmiro Castor – Alguns aspectos são bem conhecidos, como o exercício de uma liderança salutar, a transparência de propósitos dos empresários, a disposição de repartir os eventuais frutos do sucesso com os funcionários. Mas, além disso, é necessário treinar, capacitar as pessoas, coisa que muito empresário míope Janeiro 2008 – Empreendedor – 15
Entrevista É necessário capacitar as pessoas, o que muito empresário míope não faz sob a alegação de que gastará dinheiro com o funcionário e depois ele vai para o concorrente
não faz sob a alegação de que gastará dinheiro com o funcionário e depois ele vai trabalhar para o concorrente, o que é um equívoco enorme. Empreendedor – Quais são os principais números contábeis que um empresário deve saber ler, e para quê?
Belmiro Castor – Todo empresário, de qualquer tamanho, deveria ser capaz de ler um balanço, um balancete e uma demonstração de resultados. E todo empresário, de qualquer tamanho, deveria ter preocupação em ter uma contabilidade atualizada, e não apenas a contabilidade fiscal feita por um contador. Ele iria aumentar tremendamente sua capacidade de entender seu negócio e suas dificuldades. Além disso, fazer a contabilidade de uma microempresa é muito fácil, e o próprio empresário deveria aprender como. Empreendedor – A criação de uma cultura estratégica é essen-
16 – Empreendedor – Janeiro 2008
cial para o sucesso de um plano estratégico. Mas uma mudança cultural, em geral, demanda tempo. Como intensificar esse processo numa empresa já existente e que se prepara para fazer seu primeiro planejamento estratégico?
Belmiro Castor – Cultura é uma palavra traiçoeira. Uma cultura estratégica se forma praticando a administração estratégica, observando os
erros cometidos e os sucessos alcançados, e corrigindo os cursos de ação. Tão logo o empresário sentir que a administração estratégica está sendo útil para impulsionar seus negócios, ele se converterá à cultura estratégica rapidamente.
Linha Direta Belmiro Castor belmirocastor@gmail.com
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Não Durma no Ponto Faça de sua empresa uma comunidade Uma empresa deveria ser uma comunidade. Afinal, é formada por um grupo de pessoas que, pelo menos em tese, deveria comungar de uma mesma crença ou ideal. Não é, porém, o que se vê por aí, comumente. Se tiver alguma dúvida, faça o teste. Pergunte para funcionários de diferentes níveis hierárquicos, separadamente, qual é o propósito da empresa em que trabalham. Na certa, você terá respostas tão díspares que podem chegar a ser até antagônicas. Mas não pense que essas distorções são causadas pela distância das pessoas do grupo que concentra as decisões. Mesmo sócios e executivos não possuem uma crença ou ideal comum para nortear o negócio, e é isso que define uma comunidade. Nada a ver, entretanto, com um amontoado de pessoas domesticadas e obedientes, incapazes de manifestar opiniões distintas. Divergências fazem parte das melhores comunidades. É por meio das divergências, aliás, que se constrói uma comunidade. Elas derivam justamente do grau de engajamento de seus membros e da liberdade de expressarse, dialogando até que cheguem a um consenso, definindo propósitos comuns. E aí está o xis da questão. Muitos líderes querem que suas empresas funcionem como uma comunidade, como de fato deveriam ser, mas são os primeiros a impedir que isso aconteça. Uma empresa deveria ser uma comunidade, o que é muito diferente de um punhado de pessoas que trabalham sob o mesmo teto, no mesmo endereço e atreladas, por laços contratuais, à mesma razão social. Estas estão mais para agrupamentos do que equipes. Sabemos muito bem que, diferentemente das equipes, agrupamentos não obtêm o mesmo desempenho nem produzem resultados e riquezas de mesma magnitude.
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Não transformar uma empresa numa comunidade, portanto, é uma grande perda. Nada menos que o maior prejuízo que ela possa contabilizar.
Por onde começar Como, então, transformar uma empresa em comunidade? Primeiramente, é preciso aceitar esse desafio. Afinal, o seu desejo é liderar um punhado de gente que não se entende ou uma equipe de alto desempenho? Isso vai dar trabalho, é certo, mas essa é a
Afaste a tentação de criar uma comunidade a partir das suas necessidades e seus interesses pessoais
sua missão, como líder. E será altamente recompensadora, tanto do ponto de vista profissional como pessoal. Existem alguns passos que devem ser seguidos para que isso aconteça. Antes, porém, é bom ressaltar o que não deve ser feito. Afaste a tentação de criar uma comunidade a partir das suas necessidades e seus interesses pessoais. Nem se atreva a dizer aos membros dessa improvável comunidade como ela deve ser. Evite com todas as suas forças o erro de
prescrever ou de definir as suas intenções. Isso é o que fazem os líderes de empresas que jamais chegarão a se transformar em comunidades, condenadas a permanecer como sempre foram: nada além de um bando de criaturas entre desanimadas e ansiosas, que nada têm em comum senão interesses mercenários, em geral não declarados. Ou, pior: mascarados em discursos demagógicos. Para construir uma empresa-comunidade, comece pelas percepções e expectativas das pessoas. Deixe que elas externem suas próprias idéias e imagens a respeito. É provável que busquem exemplos em comunidades já conhecidas e exemplos louváveis de grupos de pessoas que fizeram uma grande diferença no mundo dos negócios ou na história da humanidade. Ambas as fontes são muito positivas e motivadoras. E esse é o primeiro passo: construir uma imagem positiva do que seja e para que serve uma comunidade.
As regras de ouro, na base Feito isso, definem-se, em consenso, as regras de ouro desse embrião de comunidade, que sempre terá como base um conjunto dos valores que todos estão dispostos a apoiar. Esses valores e as condutas deles decorrentes formam o “código de ética” que define uma comunidade e a distingue de uma empresa qualquer. Os valores definem o que pode e o que não pode; o que é recomendável e o que não é recomendável; o que é aceitável e o que é inaceitável; o que é desejável e o que é indesejável. Essas regras de ouro balizarão as decisões e as ações desse grupo de pessoas que, nesse instante, já têm e compartilham intenções comuns. Assim, com esse esteio fundamental, os membros de uma equipe verda-
por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net
deira serão capazes de fazer outras escolhas. E a próxima é definir o propósito dessa comunidade, a sua razão de existir, a quem ela se destina. Se os valores definem “quem somos”, o propósito define “para quem somos”. Estamos tratando aqui, especificamente, de comunidades de negócio, embora o processo seja semelhante para as de outro tipo. Uma empresa, na forma de uma comunidade de negócio, possui clientes. Eles são o “para quem somos”. É a partir deles que se define um propósito. Esse propósito costuma ser chamado de missão, definição de negócio ou macro-objetivo. Não importa o nome que receba, o importante é que toda a comunidade que se preza precisa de um propósito claro, compreendido e apoiado por todos os seus membros.
Da intenção para a ação Do propósito principal, decorrem objetivos e metas. Qualitativos e quantitativos. Muitos líderes começam seus planejamentos por aqui. Cometem o erro de lançar apenas desafios numéricos, mas só isso não transforma um agrupamento em equipe. Objetivos e metas são importantes, mas antes de defini-los é preciso construir uma personalidade e uma identidade de grupo. Isso não se faz com metas numéricas, mas a partir das respostas àquelas duas questões existenciais: “quem somos” e “para quem somos”. Uma empresa comum e obsoleta obriga seus colaboradores a mergulhar em uma porção de tarefas e afazeres, sem nenhuma conexão nem significado. Falta a liga, e essa liga reside nas questões existenciais. Sem a definição do que seja vital, as pessoas continuam totalmente desarvoradas, esfalfando-se para atingir desafios triviais e colhendo pífios resultados, quando comparados
ao tamanho do esforço despendido. Uma vez definidos, então, os valores, o propósito, os objetivos e as metas, é preciso delinear os papéis e as responsabilidades deles resultantes, sem os quais a turma continuará a ser apenas um agrupamento de pessoas com boas intenções. Escalar o time adequadamente é fundamental para que a comunidade tenha êxito. Essa escalação, como qualquer outra que cansamos de ver em times esportivos, tem de aproveitar ao máximo os pontos fortes e os potenciais de cada membro da equipe.
Para construir uma empresacomunidade, comece pelas percepções e expectativas das pessoas
O passo seguinte é definir os sinalizadores que mostram se a comunidade está no caminho certo. São os indicadores de desempenho, parâmetros também escolhidos por consenso e que ajudam a “medir a temperatura” de tempo em tempo, para corrigir e ajustar a rota.
Expansão dos limites Uma comunidade pode durar muito... Ou pouco. Depende de sua própria capacidade de renovação e da ex-
pansão dos seus limites. Ou seja, de seu ritmo, de sua propensão ao movimento. Estagnação é morte na certa, disso todos sabem. Mas, em geral, a acomodação é mais comum do que se imagina. Principalmente, depois de alguma prosperidade. No mundo dos negócios, os desafios são renovados a cada instante. Ser apenas uma comunidade com ideais comuns não é suficiente. É preciso ser uma “comunidade de aprendizado”, que se renova cada dia e se transforma de tempos em tempos. Entenda por uma “comunidade de aprendizado” um grupo ajustado e coeso de pessoas interessadas em ampliar as suas competências. Unidas também pelo anseio comum de buscar novos conhecimentos e novas habilidades. Continuamente. Não apenas aqueles necessários para o bom desempenho dos seus papéis e responsabilidades. Elas devem procurar descobrir seus potenciais e testar seus dons e talentos. Afinal, é para isso que existe uma empresa. Para gerar riquezas em prol de todos os envolvidos. Essa riqueza está no que ela oferece para os seus clientes, mas também no que cada membro da equipe seja capaz de perceber em si, como um ser humano em constante evolução. É essa poderosa soma de elementos que faz a mágica, transformando um agrupamento de gente reunida sob um contrato de trabalho em uma comunidade de negócio, de aprendizado e de geração de riquezas. Os elementos são esses. Dependem uns dos outros, ao mesmo tempo em que, existindo, se nutrem, mutuamente. Um desafio que, uma vez encarado e vencido, tem como recompensa o bem geral. Não só dos negócios, mas da própria comunidade! Janeiro 2008 – Empreendedor – 19
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Os pequenos da gigante
DIVULGAÇÃO PETROBRAS
Sebrae e Petrobras investem na capacitação de empresas de menor porte para a cadeia produtiva de combustíveis
por
Francis França
Nos próximos cinco anos, serão injetados no Brasil cerca de US$ 128 bilhões na cadeia de produção do petróleo e do gás natural. A cifra equivale a três vezes o valor investido nos últimos 50 anos pela Petrobras e pelo setor privado juntos. A tarefa, agora,
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é desdobrar esses números bilionários e traduzi-los em negócios palpáveis, para que as empresas de micro e pequeno portes possam participar da divisão desse mercado. Existem oportunidades em todos os segmentos, desde confecção de uniformes e alimentação até biotecnologia e nanotecnologia. Fazer parte da cadeia
produtiva não significa necessariamente fornecer para a Petrobras – a maior parte das micro e pequenas empresas (MPE) vai negociar com fornecedores e subfornecedores da estatal. Sebrae nacional e Petrobras atuam juntos desde 2005 para contribuir com os objetivos do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e
Oportunidades Máquinas e equipamentos Antenas e guindastes Arames e amarras Bobinas e transformadores Bombas manuais e mecânicas Brocas Cabos de aço e de fibra Centrifugadores e filtros Cilindros e botijões Computadores e microcomputadores Ferramentas manuais e motorizadas Materiais e componentes Adesivos naturais e sintéticos Plásticos e borrachas Caixas e engradados Corantes e indicadores Cordas e barbantes Engrenagens e polias Fusíveis e pára-raios Latas e tambores Óleos, graxas e ceras Parafusos, porcas e arruelas Diversos Aparelhos de iluminação Aquecedores de água Artigos de escritório Calçados Condicionadores de ar Equipamentos de combate a incêndio Gravação e reprodução de imagem Limpeza Placas e cartazes Vestuário A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) tem catalogadas 219 diferentes atividades, com 2.448 fornecedores cadastrados. As informações completas estão na internet: www.onip.org.br
Gás Natural (Prominp) do governo federal. Cada um investiu R$ 6 milhões na viabilização dos 14 projetos presentes em 11 Estados onde a Petrobras possui unidades de exploração, produção e refino. Outros R$ 3 milhões vieram da contrapartida das empresas e de parceiros do convênio. Até agora, mais de 6 mil MPE participaram das
atividades, e a expectativa é aumentar o volume de recursos e projetos em 2008, com a inauguração do convênio nos Estados de São Paulo, Pernambuco e Santa Catarina. Para participar dos projetos, o caminho é procurar o Sebrae estadual para avaliar se a atividade se enquadra na cadeia produtiva. Em caso positivo, a
empresa é encaminhada para uma rede de cooperação de fornecedores, chamada Rede Petro. Atualmente, mais de dois mil empreendimentos estão vinculados a uma das dez redes Petro em operação no País. Para fazer parte desses grupos, é necessário cumprir alguns requisitos, que variam para cada Estado. Em geral, o candidato precisa passar por um Janeiro 2008 – Empreendedor – 21
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DIVULGAÇÃO GAVEA SENSORS
programa de capacitação para fornecimento e é avaliado segundo critérios do Prêmio Nacional de Qualidade. “As redes reúnem empresas de múltiplos setores que vendem ou pretendem vender para a cadeia do petróleo”, diz Eliane Borges, coordenadora nacional de projetos do Sebrae para a cadeia de petróleo e gás. Geralmente, esses grupos são formados apenas por MPE, mas algumas redes aceitam a participação de médias e até grandes empresas. Este ano, o Sebrae pretende discutir a padronização dos critérios de seleção. Segundo Eliane, a união é importante para colaborar com as metas do projeto de ampliar a visibilidade, o volume de negócios e o faturamento. A estratégia tem dado certo para a Gavea Sensors, empresa de base tecnológica que planeja ampliar o faturamento de R$ 6 milhões registrado no ano passado para R$ 22 milhões em 2009. A previsão para este ano é che-
Gavea Sensors: 90% do faturamento em atividades com petróleo e gás
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gar a R$ 8 milhões. De acordo com Eduardo Costa, sócio-diretor da companhia, em 2008 ainda serão instalados projetos piloto na Argentina e na Venezuela, e, no ano que vem, a meta é fornecer equipamentos em larga escala no Brasil e no exterior.
Spin-off A Gavea Sensors surgiu de um projeto realizado em parceria entre PUCRio e o centro de pesquisa da Petrobras. Pesquisadores do departamento de Engenharia Mecânica desenvolveram sensores de fibra ótica para a medição de parâmetros como temperatura e pressão no fundo dos poços de petróleo. Mais tarde, os mesmos profissionais fundaram a empresa, graduada na incubadora da universidade. “Somos um spin-off de um laboratório para atender ao mercado e especificamente à Petrobras, que financiou a tec-
nologia e depois nos licenciou para comercializar os produtos”, diz Costa. Hoje, além das atividades com petróleo e gás, que respondem por 90% do faturamento, a empresa também oferece sensores para monitoração nos setores de infra-estrutura civil, naval, aeroespacial, energia e meio ambiente. Dentro da cadeia, a expectativa é levar sensores de fibra ótica a um percentual significativo dos poços de petróleo. A tecnologia fornece informações sobre o comportamento do reservatório para otimizar a produção e aumentar a vida útil dos equipamentos. A Gavea Sensors se inscreveu no programa do Sebrae para inserção na cadeia de fornecedores de petróleo e participou de todo o processo de formação. “Tivemos acesso a muitas empresas e pudemos compartilhar inclusive negócios. Além disso, ficou mais fácil entrar na Petrobras, só o fato de passar pelo processo de qualificação
DIVULGAÇÃO GERALDO FALCÃO
deles já é um cartão de visitas de grande valor”, diz Costa. Apresentar essas empresas ao mercado nacional e internacional faz parte das metas do convênio, que pretende aumentar o número de MPE no cadastro da Petrobras, da Petronect – empresa responsável pelas compras eletrônicas da estatal – e também da Organização Nacional da Indústria do Petróleo e Gás Natural (ONIP). “O cadastro da ONIP é muito importante para dar visibilidade, porque está acessível a todos na internet, e as empresas estrangeiras que se instalam no Brasil conseguem ter acesso aos fornecedores”, diz a coordenadora do projeto. O objetivo do Sebrae é mobilizar as grandes empresas para participarem do processo de inserção das MPE na cadeia. Desde o início do programa, cerca de R$ 1,3 bilhão foram movimentados em rodadas de negócios que envolveram 300 grandes empresas e 2,7 mil
Combustível para inovação O desenvolvimento das micro e pequenas empresas de base tecnológica no mercado de petróleo e gás também poderá contar, este ano, com o apoio do fundo setorial CT-Petro, do Ministério de Ciência e Tecnologia. Tradicionalmente voltado para grandes empresas, o fundo terá uma parte dos recursos destinada a fortalecer a base da cadeia, para aumentar a competitividade em todos os níveis. “Fornecer uma instalação completa é atributo de grandes empresas, mas pequenos fornecimentos de materiais, como parafusos, peças e serviços como de metalúrgicos são feitos por MPE”, diz Celso Rey, coordenador do CT-Petro na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Devem entrar em operação este ano duas ações com foco nas empresas de menor porte: uma em parceria com incubadoras e outra de caráter extensionista. Na primeira, a Finep vai apoiar 15 incubadoras do País com atuação na cadeia de petróleo e gás natural, segundo informações da Agência Sebrae. O resultado foi divulgado no início de janeiro, e as incubadoras selecionadas receberão aporte total de R$ 14 milhões, que serão injetados ao longo de dois anos. Dos projetos selecionados, 53% são da região Sudeste, 33% do Sul e 14% do Nordeste. A lista com o nome das incubadoras selecionadas está disponível no site da Finep (www.finep.gov.br).
A ação extensionista é o programa “Centros de excelência em tecnologia avançada para a cadeia de petróleo e gás – CETA Petróleo”. O projeto piloto prevê dois núcleos de extensão, um no Rio de Janeiro e outro na Bahia. Os técnicos visitam as empresas, identificam as necessidades tecnológicas e elaboram projetos, que são encaminhados às instituições de tecnologia. Os primeiros começam a ser executados ainda neste semestre. Estão previstos R$ 3,5 milhões para o programa, destinados a projetos com valor médio de R$ 100 mil. O CT-Petro foi o primeiro fundo criado depois da lei das privatizações, em 1999, com o objetivo de estimular a inovação na cadeia produtiva de petróleo e gás natural. As ações envolvem a formação e qualificação de recursos humanos e desenvolvimento de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de Ensino Superior ou centros de pesquisa do País. O orçamento do CT-Petro este ano deve chegar a R$ 150 milhões. Com a regulamentação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico, haverá mudanças na forma como os fundos são geridos. Até então, o destino dos recursos era definido apenas pelo comitê gestor de cada fundo. A partir de agora, a decisão será de uma cúpula acima dos comitês, que vai organizar os recursos e dividir as prioridades.
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FOTOS DIVULGAÇÃO MÁRCIA GOUTHIER/ASN
Substituição das mantas de alumínio pelas esteiras gerou uma economia de 30% na manutenção dos dutos
MPE. “Queremos que as grandes percebam que é um bom negócio trabalhar com as pequenas e que façam isso de forma coletiva, daqui para frente.” Segundo Eliane, quando capacitadas, as micro e pequenas empresas trazem vantagens por serem mais flexíveis, ágeis e terem maior capacidade de inovação. De acordo com José Luiz Reis, gestor do convênio na Petrobras, outra vantagem é o benefício socioeconômico para as comunidades nas áreas de influência da estatal. “A participação das MPE na cadeia traz retorno direto e imediato para a economia local, porque promove a geração de renda no entorno das unidades. O efeito de transformação na região é potencializado”, diz. Um exemplo dessa mudança vem acontecendo no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, a 208 quilômetros de Natal. Há quatro anos, o Projeto Car-
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naúba Viva transformou artesãs que trabalham com a palha da carnaúba em fornecedoras da cadeia de petróleo e gás. As esteiras costumavam ser vendidas como artesanato ou embalagem de rapaduras por R$ 1. “Mas não tinha comprador, então elas estavam até com material encostado”, diz Gracia Ramalho, coordenadora do projeto. Hoje, através da parceria com a Petrobras, cada esteira é comprada por R$ 6,50.
Palha de carnaúba As esteiras de palha de carnaúba – palmeira típica da região – substituem as mantas de alumínio que revestem as linhas de vapor nos campos de petróleo da unidade Alto do Rodrigues (RN). Depois de uma série de testes e da fabricação de um impermeabilizante especial para a palha, o revestimento foi aprovado pe-
los técnicos de segurança da Petrobras, e hoje o Carnaúba Viva envolve 350 artesãs de seis assentamentos no Rio Grande do Norte e um no Ceará. A substituição das mantas de alumínio pelas esteiras gerou uma economia de 30% na manutenção dos dutos. Desde o início do projeto, as artesãs já forneceram o equivalente a 50 quilômetros do produto. A parceria gera um incremento de um salário mínimo, em média, para cada trabalhadora – quantia considerável, se comparada às condições em que as famílias viviam antes do projeto. “Antes, muitas delas não tinham renda. Algumas trabalhavam na raspagem da castanha e ganhavam no máximo R$ 50 por mês. Os maridos trabalham na pedreira no período de seca e tiravam mais ou menos R$ 150, mas na época de chuva ficavam sem trabalho e sem dinheiro”, conta Gracia.
Mapa do incentivo
Convênio Sebrae Petrobras Em operação Sem implantação prevista
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Implantação em 2008
Redes Petro Em operação Implantação em 2008
Há seis meses, foi criada uma cooperativa com o mesmo nome, e os gestores do projeto criaram mecanismos para incentivar a atuação em conjunto. “A gente procura explicar para eles que unidos é que eles têm mais chance de conseguir as coisas. A trança, por exemplo, a gente compra a R$ 0,30 o metro, enquanto o preço de mercado é R$ 0,20 a braça (2,2 metros), mas só as artesãs cadastradas têm direito ao preço diferenciado”, diz Gracia. A Petrobras não compra esteiras produzidas individualmente, e o preço diferenciado vale só para quem trabalha em grupo. As artesãs ganham por produção e fornecem de acordo com a demanda da Petrobras. Só no mês de dezembro, o pedido foi de 15 mil cintas e mais de 4 mil esteiras. O contrato é renovado uma vez por ano, mas, segundo Reis, tem caráter permanente. “Quando es-
tivermos substituindo as mantas de alumínio no último quilômetro de tubovias, as esteiras instaladas há quatro anos precisarão ser renovadas, então é um projeto definitivo naquela região.” As perspectivas de crescimento do mercado de petróleo e gás são animadoras, e em 2008 a Petrobras deve começar a execução de projetos de grande porte, como a nova unidade de refino em Pernambuco e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), já em fase de produção, com navios encomendados e revitalização da indústria náutica. De acordo com Reis, as atividades iniciais desses empreendimentos cabem a grandes empresas, mas, a reboque, surge uma gama de serviços que vão demandar a participação de MPE. Além da fase adiantada de montagem de navios e plataformas no Brasil,
a Petrobras ainda planeja duplicar as atividades de todas as suas refinarias. “Teremos uma parada zero, como chamamos, para fazer a manutenção de todas as refinarias. Se não houvesse nenhum plano de investimentos em novas obras, só a manutenção dessas 12 refinarias já seria significativo para micro e pequenas empresas”, diz Reis. Em novembro passado, foi descoberto o maior poço do Brasil. O Campo de Tupi, na Bacia de Santos, abriga pelo menos 40% de todas as reservas já descobertas no País e tem capacidade para produzir até 8 bilhões de barris de petróleo e gás natural de boa qualidade. Se os dados anteriores à descoberta já mostravam perspectivas bastante otimistas para o mercado, com Tupi, o cenário é ainda mais favorável e promete um salto nos negócios da cadeia produtiva. Janeiro 2008 – Empreendedor – 25
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Campo energizado Inclusão de agricultores familiares na cadeia da agroenergia traz incentivos fiscais a grandes empresas O crescimento da demanda por fontes renováveis de energia obrigou o Sebrae a ir além da cadeia de combustíveis fósseis e desenvolver programas específicos para agroenergia. Conhecido como combustível verde, o biodiesel entrou na matriz energética brasileira em 2005, a partir do marco regulatório do setor, que foi caracterizado pelo fomento à inclusão social, com a concessão de incentivos fiscais às empresas que compram matéria-prima de agricultores familiares. A medida deu certo, e as refinarias começaram a buscar produtores em várias regiões do Brasil, familiares ou de assentamentos, que estivessem interessados em cultivar oleaginosas para fornecer ao mercado de biodiesel. O
contrato de compra e venda da produção é requisito necessário para receber o selo social, que dá direito à redução de impostos. Para ajudar na organização dos produtores e capacitá-los a fornecer para a cadeia de biodiesel, o Sebrae estruturou, em 2007, uma unidade de agroenergia que já desenvolve projetos em oito Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí, Alagoas e Bahia). Este ano, o programa deve entrar em operação no Espírito Santo e em Goiás. Na Região Norte do País, o Sebrae ainda está na fase de avaliação da viabilidade econômica. O objetivo do programa não é atingir todos os Estados. De acordo com
Wang Ching, coordenadora de projetos de agroenergia do Sebrae nacional, as ações são desenvolvidas onde já existam grupos de produtores estruturados que queiram trabalhar com oleaginosas. “Primeiro, percebemos a vontade do grupo; depois, fazemos um diagnóstico com estudo de viabilidade econômica, e só então começamos a apoiar e capacitar”, diz. O Sebrae trabalha na intermediação entre produtores e usinas, e negocia os contratos de garantia de compra e o valor mínimo para a matéria-prima. “Fazemos todo o trabalho de capacitação e organização social, porque o mercado de biocombustível demanda volume de produção”, explica Wang Ching. O projeto mais adiantado está no
Projeto implantado no Piauí em 2004 capacitou para a produção da mamona mais de 5 mil produtores familiares em 31 municípios DIVULGAÇÃO CARLOS AUGUSTO
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DIVULGAÇÃO BRASIL ECODIESEL
Piauí, onde começou em 2004 e hoje tem mais de 5 mil produtores familiares em 31 municípios do sul do Estado capacitados para a produção da mamona. A meta é atingir 7,5 mil agricultores. Os produtores piauienses estabeleceram conexão com a Brasil Ecodiesel, maior produtora de biodiesel do País. Quando foi firmada a parceria, o Sebrae calculou o custo de produção e o preço de compra até chegar a um valor satisfatório para empresa e produtores. “Nossa preocupação foi garantir que haveria mercado, porque a quantidade de produtores que queriam cultivar a mamona era muito grande. Cada produtor é pequeno, mas a área coletiva deles ultrapassa dez mil hectares”, diz. De acordo com Wang Ching, o papel da Brasil Ecodiesel nada tem de assistencialista. Além da redução de impostos garantida pelo selo social, o volume de matéria-prima fornecido pelo grupo de produtores é significativo para a empresa. No Rio de Janeiro, o projeto foi discutido durante todo o ano de 2007, e o contrato, firmado em dezembro. Nos demais Estados, os acordos de compra e venda ainda não foram firmados. Em Alagoas, por exemplo, ainda está fase de análise de possibilidades de negociação. Primeiro, os produtores precisam aprender sobre manejo, forma correta de cultivo e poda, e todo o ciclo de vida da mamona. Os projetos têm prazo de amadurecimento mais lento do que a média por causa da fragilidade do segmento da agricultura familiar, diz Wang Ching. “Preferimos deixar muito claro para todos – parceiros, produtores e equipe – o que vai ser feito, como e quais são os riscos inerentes antes de começar, porque a responsabilidade é dobrada.”
De acordo com a legislação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), é obrigatória a mistura de 2% de biodiesel ao óleo diesel comum, e, em 2013, o proporção será de 5% – mas a meta pode ser antecipada, porque a capacidade industrial instalada no País está crescendo mais rápido do que o previsto. A única possibilidade de comercializar biodiesel, entretanto, é por meio da Petrobras. Existem exceções na produção para consumo próprio ou experimental, que dependem de licenças especiais.
Matéria-prima O principal setor de desenvolvimento para os pequenos na cadeia de valor da agroenergia é a produção de matéria-prima. Existem ainda oportunidades na prestação de pequenos serviços, como esmagamento das sementes, aproveitamento da torta ou mesmo em cooperativas de coleta de óleo de refugo da indústria. O mercado de subsistência energética também desponta como alternativa para a produção de agroenergia. Wang Ching conta que já existem experiências bem-sucedidas em setores como a suinocultura, que transforma os dejetos em biogás para abastecer os tratores e carros da fazenda. “Esse tipo de modelo, já começamos a replicar em Goiás, com um grupo de suinocultores. Como eles vendem cortes especiais, a sobra de gordura é transformada em combustível”, diz. A iniciativa eliminou uma série de problemas ambientais e de saúde, e ainda com redução significativa de custos. Além do biodiesel, o álcool combustível pode se tornar acessível para pequenos produtores com o surgimento
das miniusinas de etanol. Os estudos de viabilidade estão sendo elaborados pela Comissão Nacional de Cana-deAçúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O Sebrae se prepara para apoiar pequenos produtores – o porte é avaliado de acordo com tamanho de área, valor de faturamento e número de empregados. Algumas experiências de etanol com batata-doce e mandioca, tradicionais da agricultura familiar em todo o Brasil, já estão em andamento e servem para a indústria farmacêutica, devido ao alto grau de pureza do produto. Existe, ainda, a possibilidade de reaproveitamento da produção da cachaça. As partes cabeça e calda da cana, que não servem para a produção de bebida de qualidade, passam por novo processo de destilação para dar origem ao etanol. O mercado já se estrutura para atender a essa demanda, inclusive com financiamentos voltados para a produção de biodiesel. Segundo Wang Ching, as pequenas empresas não têm como competir com os grandes produtores, mas esse não é o objetivo do Sebrae. “Nosso foco são as soluções locais, para que essas iniciativas, por menor porte que tenham, conquistem um espaço à luz, mesmo que não seja na mesma velocidade do mercado tradicional.”
Linha Direta Celso Rey (Finep): (21) 2555-0232 Eduardo Costa (Gavea Sensors): (21) 2580-6221 Eliane Borges (Sebrae): (61) 3348-7444 Gracia Ramalho (Projeto Carnaúba Viva): (84) 3331-3881 José Luiz de Oliveira Reis (Petrobras): (21) 3229-1877 Wang Ching (Sebrae): (61) 3348-7419 Janeiro 2008 – Empreendedor – 27
Meio Ambiente
Energia do lixo Aproveitamento de biogás dos aterros também pode render créditos de carbono por
Ana Carolina Dionísio
Entre sacos pretos e sacolinhas de supermercado, cestas e contêineres, o Brasil produz, em média, 160 mil toneladas de lixo por dia. O dado é de 2000, quando o IBGE realizou a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Nos últimos sete anos, o volume de resíduos produzidos atualmente deve ter aumentado. Por um lado, o cenário pode parecer assustador, já que o processo de decomposição do lixo emite metano, que tem potencial poluidor 21 vezes maior do que o gás carbônico. Por outro, é propício à geração de energia e para negócios no mercado de créditos de carbono.
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Os R$ 34,5 milhões que a Prefeitura de São Paulo arrecadou no primeiro leilão de créditos de carbono do Brasil, em setembro do ano passado, vieram, por exemplo, da queima do metano emitido pelo aterro Bandeirantes, um dos maiores da América Latina, desativado desde março de 2007. Durante 25 anos, 30 milhões de toneladas de resíduos depositados no aterro ficaram “fermentando” e emitindo biogás. Em 2004, a Biogás Energia Ambiental S.A. e a prefeitura assinaram um contrato para a exploração do gás, inaugurando a Usina Termoelétrica Bandeirantes, que produz 20 megawatts/hora. Além de gerar energia suficiente
para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes, a combustão do metano reduz a emissão de carbono na atmosfera. Nos quase três anos de operação da termoelétrica, 1,6 milhão de toneladas de carbono deixaram de ser emitidas, gerando o mesmo número de créditos. A Biogás ficou com 800 mil créditos, que foram vendidos para o Banco KFW, da Alemanha. A outra metade, que era da prefeitura, foi comprada pelo holandês Fortis Bank no leilão de setembro. Segundo Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, os recursos obtidos no leilão serão revertidos para as comunidades no entorno do Bandeirantes. A isenção da taxa de distribuição
Aterro e dreno no CTR Candeias, concebido com células de drenagem para aproveitamento do biogás
Brasil lidera MDL em aterros O Brasil é o país que tem mais projetos de aproveitamento de biogás em aterros sanitários registrados na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Alguns, como o Novagerar, acontecem em várias cidades. Brasil ................................... 17 Chile ...................................... 6 Argentina ................................ 5 China ..................................... 5 México ................................... 3 África do Sul, Coréia do Sul e Tunísia ................................. 2 Armênia, Bangladesh, Bolívia, Costa Rica, Egito, El Salvador, Equador, Geórgia, Israel, Malásia, Peru, Tanzânia ........... 1 Total .................................... 54 Fonte: Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
para energia produzida em termoelétricas impulsionou a exploração do biogás do Bandeirantes. “A questão dos créditos de carbono não foi decisiva”, afirma João Wagner Alves, gerente da divisão de questões globais da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb). Mas, para o engenheiro Marcos Eduardo Cunha, professor da PUC de Campinas e consultor em Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), a possibilidade de gerar créditos de carbono é o que tem incentivado a implantação de MDL em aterros sanitários no Brasil. “A legislação brasileira não exige o tratamento dos gases dos aterros, só a drena-
gem. Com o Protocolo de Kyoto, percebeu-se que o tratamento do biogás poderia reverter em dividendos.” O primeiro projeto de MDL em aterro sanitário para aproveitamento do biogás – aliás, o primeiro do mundo registrado na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas – foi o da Central de Tratamento de Resíduos Nova Iguaçu, na zona metropolitana do Rio de Janeiro. A Novagerar, empresa do grupo S.A. Paulista que detém a concessão para implantar e operar o aterro sanitário do município, registrou o projeto em novembro de 2004, pouco antes da ratificação do Protocolo de Kyoto, em fevereiro de 2005. Através de tubos e
sugadores, o metano é captado da massa de lixo – que aumenta em 1,5 mil toneladas diariamente – e queimado dentro de um flare (equipamento específico para isso). O investimento para esta estrutura foi de R$ 6 milhões. Entre 2008 e 2012, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de gás carbônico deixarão de ser emitidas. Os créditos gerados já foram vendidos para o governo holandês, por 5,3 euros a tonelada. No leilão dos créditos do aterro Bandeirantes, o Fortis Bank pagou 16,2 euros a tonelada de carbono, um pouco abaixo dos 19 euros que costumam ser pagos no mercado internacional. Segundo Adriana Felipetto, diretora da Janeiro 2008 – Empreendedor – 29
Meio Ambiente CTR Nova Iguaçu, a Novagerar negociou os créditos a um preço abaixo desta média, porque o contrato de venda é antigo e a redução nas emissões ainda não estava concluída, situação diferente do Bandeirantes. “Quando são créditos futuros, que ainda serão produzidos, o preço varia, pois existe uma taxa de risco. Atualmente, o valor para créditos não emitidos está entre 10 e 12 euros”, afirma. Adriana explica que a estratégia da Novagerar é de fazer um mix, vendendo créditos futuros e emitidos conforme a oscilação de preços. A contagem dos créditos gerados na CTR Nova Iguaçu começará no primeiro semestre deste ano, quando uma termoelétrica entrará em operação no local. A estimativa é que a usina produza 6 megawatts/hora, que pode prover a iluminação pública de uma cidade de 1 milhão de habitantes. De acordo com Adriana, a estimativa de receita gerada com a termoelétrica gira em torno de R$ 8 milhões a R$ 12 milhões, dependendo do preço de venda do megawatt/hora. A Novagerar pretende implantar MDL em aterros de outros três municípios. Em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, a principal função da CTR Alcântara ainda é de recuperação so-
Para onde vai o lixo? 47% para aterros sanitários 23,3% para aterros controlados 30,5% para lixões 0,4% para compostagem 0,1% para triagem Fonte: Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, IBGE, 2000.
cioambiental da área do aterro, antes ocupada pelo Lixão de Itaóca. Além de um programa de conscientização e qualificação profissional, os catadores que atuam no local participam de uma cooperativa, que coordena a Fábrica de Vassouras PET de Itaóca e a Unidade de Compactação de Resíduos de Marambaia. A captação e queima do gás deve começar em 2009. Recebendo cerca de mil toneladas de lixo por dia, a CTR Alcântara deve
gerar, entre 2009 e 2012, cerca de 450 mil créditos de carbono. Em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, a Novagerar tem uma iniciativa parecida. Atualmente, a maior parte dos resíduos da capital pernambucana – 2,4 mil toneladas – segue diariamente para o Lixão da Muribeca, que também fica em Jaboatão e que é o local de trabalho de aproximadamente 1,5 mil catadores de lixo. Com o esgotamento de sua capacidade, o Lixão da Muribeca está perto de ser desativado. Parte dos resíduos serão encaminhados para a CTR Candeias, que desde setembro do ano passado recebe 200 toneladas por dia de lixo, principalmente industrial. Lá, a Novagerar pretende instalar uma usina de beneficiamento de materiais recicláveis, envolvendo inicialmente 50 catadores. A empresa também vai explorar gás de aterro em Petrolina, no sertão pernambucano. Fábio Lopes, engenheiro responsável pelos aterros da Locar, parceira da Novagerar em Pernambuco, explica que o projeto da CTR Candeias já foi concebido com células de drenagem para aproveitamento do biogás. Mas, como o volume de resíduos ainda é pequeno, não é possível captar o metano. “Quando estivermos recebendo Nesta página: Adriana Felipetto e o flare da CTR Nova Iguaçu, que vai gerar energia suficiente para iluminação pública de cidade de 1 milhão de habitantes
30 – Empreendedor – Janeiro 2008
Projetos de aproveitamento de biogás em aterros no Brasil UF ATERRO/CTR
CIDADE
EMPRESA
RJ CTR Nova Iguaçu
Nova Iguaçu
Novagerar
São Gonçalo
Novagerar
SP Aterro Bandeirantes
São Paulo
Biogás
Aterro São João
São Paulo
Biogás
CTR Caieiras
São Paulo
Essencis
Aterro Sasa
Tremembé
Onyx Sasa
Central Gerenc. de Resíduos Paulínia
Paulínia
Estre
Aterro Lara
Mauá
Lara CTR Ltda.
Aterro Quitaúna
Guarulhos
Quitaúna Serviços Ltda.
Centro Gerenc. de Resíduos Itapevi
Itapevi
Estre
Aterro Urbam
São José dos Campos
Araúna Participações e Investimentos Ltda.
A. S. de Bragança Paulista
Bragança Paulista
Araúna Participações e Investimentos Ltda.
Aterro Anaconda
Santa Isabel
Anaconda Ambiental
CTR Alcântara
PE CTR Candeias
Jaboatão dos Guararapes Novagerar
CTR Petrolina
Petrolina
Novagerar
ES Aterro Marca
Cariacica
Marca Ltda.
BA Aterro Metropolitano
Central
SalvadorBattre
Salvador
Conestoga & Roovers Associates
PA Aterro do Aura
Belém
Conestoga & Roovers Associates
RS Central de Resíduos do Recreio
Minas do Leão
SIL – Soluções Ambientais Ltda.
Aterro Canabrava
Fonte: Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
Nesta página: aterro, usina e geradores da Termoelétrica Bandeirantes, que produz 20 megawatts/hora Janeiro 2008 – Empreendedor – 31
Meio Ambiente 500 toneladas por dia, poderemos viabilizar a questão dos créditos de carbono”, diz. Para atingir esta meta, Lopes aposta na desativação da Muribeca. “Em Pernambuco, há uma política de repassar uma parcela do ICMS para municípios que fazem a destinação correta dos resíduos. Atualmente, nenhum recebe este recurso. Isso pode ser mais um fator para fecharmos parcerias com os municípios.” Assim como em Nova Iguaçu, a Novagerar quer instalar termoelétricas em São Gonçalo e em Jaboatão dos Guararapes. Antes de estas começarem a funcionar, deve ser inaugurada a termoelétrica do aterro São João, em São Paulo. Segundo João Wagner Alves, o início da operação está previsto para 26 de janeiro. A Biogás, que também atua no Bandeirantes, será responsável pela exploração e queima do metano, que acontece no aterro desde junho de 2007. Estima-se que até 2012 serão produzidos 6 milhões de créditos de carbono. Por causa do desabamento de uma
montanha de lixo, o São João, que tinha vida útil estimada até outubro do ano passado, foi desativado alguns meses antes deste prazo. É a CTR Caieiras, da Essencis, subsidiária do grupo franco-belga Suez, que agora recebe quase 70% do lixo da grande São Paulo, uma média de 8 mil toneladas por dia. A central, que entrou em operação em 2002, já capta e queima 2,5 mil metros cúbicos de metano por hora, que possibilitariam a geração de 2 megawatts/hora de energia. Luzia Alegre Galdeano, gerente operacional da CTR, explica que, como o custo da produção da energia termoelétrica ainda é alto, a administração espera ter um volume maior de lixo para, em 2009, começar a geração com 5 megawatts/hora. “Depois do período de deposição de resíduos, que deve terminar em 2030, estimamos mais uns 20 anos de exploração comercial do metano remanescente”, diz. Segundo Luzia, a usina produzirá 40 MW/h quando operar com capacidade plena.
“Será o maior projeto do mundo em termos de captação de energia.” A contagem dos créditos de carbono na CTR Caieiras começou em 2006. Até 2012, serão gerados 2,8 milhões de créditos. Metade já foi vendida para uma empresa japonesa, que subsidiou a instalação do sistema de captura e queima do metano. O restante da venda vai ocorrer quando for comprovada a eficiência do tratamento do gás. O investimento total para a construção da CTR, incluindo as primeiras estruturas da termoelétrica, foi de R$ 90 milhões.
Linha Direta Adriana Felipetto (CTR Nova Iguaçu): (21) 2212-5150 Biogás Ambiental: (11) 5506-9990 Fábio Lopes (Locar): (81) 2127-2525 João Wagner Alves (Cetesb): (11) 3133-3000 Luzia Alegre Ruas (CTR Caieiras): (11) 4442-7300 Marcos Eduardo Cunha: (19) 3258-6335
Só lixo não adianta
Alves: só aterro bem gerenciado pode colocar em prática a captura de biogás para geração de energia
32 – Empreendedor – Janeiro 2008
Lixo em decomposição, emissão de metano, combustão, geração de créditos de carbono. A equação parece simples, mas há algumas condições para que ela chegue ao resultado esperado. A produção de créditos de carbono e de energia a partir do biogás não é viável em qualquer depósito de lixo. “Se existe uma lei geral, é que a captura de biogás não se aplica a lixões. Só um aterro bem gerenciado pode colocar isso em prática”, afirma João Wagner Alves. Ele explica que a exploração do biogás é possível se o aterro é planejado para escoar os efluentes líquidos e gasosos, possui impermeabilização do solo e cobertura dos resíduos com terra dentro de padrões mínimos. Além da estrutura do aterro, ele destaca que é necessária uma quantidade mínima
de resíduos para que a geração de biogás seja economicamente interessante. Também é preciso avaliar a composição dos resíduos, a umidade e o clima da região. “Sempre deve haver um estudo caso a caso.” Se a disposição correta do lixo é requisito para a exploração do biogás, ela não é possível para maioria dos municípios brasileiros, principalmente os pequenos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE, quase 60% das cidades jogam os resíduos em lixões. Para viabilizar a construção de Centrais de Tratamento de Resíduos, o professor Marcos Cunha defende a formação de consórcios de municípios. Atualmente, ele trabalha na formação de um consórcio na região de Campinas, no interior de São Paulo.
Janeiro 2008 – Empreendedor – 33
Marketing
Bem perto do alvo Entre as novas apostas da mídia indoor, estão os monitores de LCD, que eliminam custos de logística e impressão por
Débora Remor
As pequenas cidades começam a descobrir a “mídia indoor”, que chega em painéis estáticos aos banheiros de bares e academias de ginástica. Nos grandes centros urbanos, publicitários e donos de pontos-de-venda investem em telas de LCD e avançam sobre novos espaços para explorar o tempo ocioso dos consumidores. Em qualquer dos casos, privilegiando horários e locais de espera forçada ou de descontração, as peças publicitárias chamam a atenção pela criatividade e ousadia. O impulso para intensificar a
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interiorização das campanhas surgiu em São Paulo, com o Projeto Cidade Limpa de setembro de 2006, que riscou da lista a opção de anunciar em outdoors. Mas o movimento já existia em outros países como os Estados Unidos, não se resume à capital paulista e ganha força nas cidades do interior. “Confesso que, no início, não foi fácil chegar a uma empresa ou comércio e falar para o proprietário que iríamos divulgar a marca dele dentro de um banheiro”, comenta Jéferson Pereira Conti, diretor da Zeus Mídia, empresa com dois anos no mercado e presente em Jaú, Bauru, Itapeva e Votuporanga, cidades no Estado de São Paulo. Banheiros femininos e masculinos de bares e academias se apresentam como novo ambiente de divulgação e trazem vantagens como a segmentação total do público, conforme faixa etária e nível social do consumidor. Nas cidades do interior, os anunciantes conhecem e freqüentam os lugares onde suas propa-
gandas estão expostas. “Nossos maiores anunciantes são pequenas e médias empresas. Temos clientes como instituições de ensino e faculdades locais, o Senac local, a revendedora de veículos e motos”, exemplifica Conti. A exposição de um cartaz na porta do banheiro, em frente a mictórios e pias, foi apenas o início da entrada de campanhas em ambientes internos. Aos poucos, tanto anunciantes quanto agências de publicidade descobrem novos espaços e formatos para a mídia indoor, e abusam da criatividade para adentrar no dia-a-dia dos cidadãos. Em bares, a logomarca está presente em guardanapos, bolachas de chope, jogos americanos, uniformes dos garçons e em adesivos nos espelhos. Em academias, já decoram esteiras e espelhos, sem contar os dispensadores de banheiro com amostras das novidades de desodorantes, xampus e sabonetes líquidos. Nas capitais, onde os anunciantes já se acostumaram à mídia indoor, quase todos os
estabelecimentos são possibilidades de anúncio: salão de beleza, farmácia, rede de departamento, lan house. Exemplos como esses são desenvolvidos por empresas como a Enox Indoor Experience. “Apostamos na diversificação dos locais, na criação da campanha e inovação de formatos”, afirma Rafael Cordeiro, diretor de planejamento. Com sede em Alphaville, São Paulo, e presente em 2,5 mil estabelecimentos de 13 capitais, a empresa começou investindo nos painéis de banheiro há quatro anos. Hoje, este ponto representa apenas 10% do faturamento, e a Enox tenta se distanciar da mídia de banheiro. Outros formatos e campanhas especiais são pensados para surpreender o cliente e destacar a marca do anunciante. Além de reforçar a inovação e experimentação que a campanha diferenciada pode trazer aos anunciantes, Cordeiro garante: “vendemos mais do que a exposição da marca, a qualidade do anúncio é o ponto forte”. O diretor explica ainda que pequenos e médios anunciantes só têm a ganhar quando apostam na mídia interna. “O fato de segmentar o público que recebe o anúncio otimiza o investimento da publici-
dade, e não vai ter outras marcas concorrendo naquele mesmo ambiente.” Desde 1999, o Metrô Rio Mídia explora os espaços de terminais cariocas e dos vagões para apresentação de formatos publicitários. Podendo escolher as estações, o ponto estratégico e os horários, os anunciantes alcançam um público diversificado e de grande quantidade – cerca de meio milhão de pessoas diariamente. Elizabeth Oliva, gerente comercial do Metrô Rio Mídia, conta que todo mês são trocadas entre 70 e 100 campanhas.
Underground No metrô do Rio de Janeiro, os grandes anunciantes fazem suas marcas gritarem em painéis luminosos, na entrada ou escadas, coladas em adesivos no chão ou cobrindo toda a parte externa do vagão. Às pequenas empresas, como salões de beleza, cursos de instituições locais e lojas de roupa, restam anúncios em displays menores e adesivos de janela, além de quiosques. Para elas, o benefício está na proximidade do ponto-de-venda com a saída dos usuários do transporte.
Os produtos anunciados são bem diversificados, entre eles cursos, bebidas, produtos e salões de beleza, roupas, imóveis, financeiras e restaurantes. “Como temos ponto-de-venda dentro do metrô, gera inclusive uma comodidade para o usuário. É quase como um shopping, e a expectativa é crescer”, diz Elizabeth. E, somando-se aos 25 formatos estáticos e rotativos já disponibilizados, os anunciantes vão ter mais uma opção: o suporte digital. Elizabeth afirma que o metrô deve investir forte em telas de LCD no ano de 2008. Quem compra muitos monitores por mês é a Elemidia, que coordena a publicidade digital em 1,7 mil elevadores de 550 edifícios comerciais em 11 capitais brasileiras e em Buenos Aires. Segundo Eduardo Gomes Reis, diretor da Elemidia para Santa Catarina, as mensagens vistas durante a espera forçada do elevador geram retorno garantido para o anunciante. Uma pessoa que trabalha em prédio gasta dois minutos no elevador, em quatro viagens por dia, em média. “Temos um recall de 60% e dispersão zero. Além disso, a propaganda ocorre próxima ao ponto-de-venda, onde a compra se realiza.” Janeiro 2008 – Empreendedor – 35
Marketing
Reis, da Elemidia: propaganda próxima ao ponto-de-venda
Reis explica que as pequenas e médias empresas se beneficiam do veículo, geralmente próximo do ponto onde se realiza a compra e com fácil percepção de retorno, e atualmente respondem por 20% dos anunciantes. Ele salienta que os pacotes são fechados por edifício, e o custo é por monitor. Com R$ 40, o anunciante consegue 630 inserções de dez segundos durante uma semana em um monitor. “Ele pode anunciar apenas no prédio onde a empresa está localizada”, salienta. Ou optar por uma campanha de abrangência simultaneamente nacional e local.
Irreversível A sinalização digital é mesmo um processo irreversível, confirma Augusto Nascimento, publicitário e consultor de marketing. Segundo ele, a diminuição dos custos dos equipamentos, a grande possibilidade de transmissão e a dinâmica desta comunicação são fatores-chave para que as telas de LCD se espalhem pelo varejo. “O ponto-devenda vai sofrer uma grande transformação, e as áreas internas serão exploradas de forma profissional”, declara ele, lembrando que é preciso cuidado para que a população não rejeite a publicidade interna por causa da poluição em longo prazo. Nascimento percebe que redes va-
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Cordeiro, da Enox: diversificação dos locais e inovação de formatos
rejistas começam a se associar e, no modelo de cooperativas, compram em conjunto aparelhos e fazem projetos profissionais para transmitir as mensagens publicitárias. “Os fôlderes de banheiro geram custos de logística, impressão e distribuição que o modelo digital elimina. A sinalização digital tem baixo custo de manutenção, possibilita a pulverização dos meios de massa e gera uma fonte de renda para o varejo.” O diagnóstico reforça os novos investimentos da Elemidia e da Enox. Recentemente, a empresa de mídia de elevadores ampliou o número de pontos transmissores e o perfil de clientes ao fechar contratos com uma rede de hotéis, academias, duas universidades e até uma rede de lojas de conveniência. Nestes ambientes, os monitores expostos em elevadores e cafés permitem atingir públicos bem determinados, tanto pela faixa etária quanto pelo estilo de consumo. Há poucos meses, a Enox fechou uma parceria com uma rede de farmácias e deve implantar telas de LCD nos pontos-de-venda do varejo. Para Cordeiro, a migração da comunicação estática para digital é uma evolução natural, mas que pode não se adaptar a todos os ambientes. “Num restaurante, a tela não vai ser tão boa quanto um display que está na mesa, que o consumidor pode pegar e interagir”, exemplifica. A profissionalização dos anúncios
para ambientes internos é tanta que, em maio, surgiu a Associação Brasileira de Mídia Indoor (Abramid). Com dez empresas publicitárias fundadoras, a entidade prevê a criação de um selo de qualidade “para sinalizar as empresas que têm o compromisso de entrega e conduta ética no mercado”, informa o presidente Michel Eberhard. “A associação nasceu com o intuito de realizar cursos, concursos, seminários e atividades profissionais para entender como funciona a mídia indoor, seu potencial, as características.” Apesar da franca expansão, não existem pesquisas para saber a abrangência e aceitação da mídia indoor. Outra incumbência para a Abramid: levantar os dados de mercado, a participação e o faturamento gerado por espaços internos de publicidade. “Mas uma coisa é certa: esse mercado pode crescer muito ainda, pois a exploração deste tipo de mídia ainda é tímida no Brasil”, afirma Eberhard.
Linha Direta Abramid: www.abramid.org Augusto Nascimento: (11) 5105-5788 Enox Ind. Experience: www.enox.com.br Elemidia: www.elemidia.com.br Metrô Rio Mídia: (21) 3211-6467 Zeus Mídia: (14) 3624-8944
Janeiro 2008 – Empreendedor – 37
Mercado
Temperatura ideal Indústria da refrigeração cresce quase 20% ao ano, puxada pelo fenômeno de vendas split por
Natacha Amaral
A previsão de dias cada vez mais quentes em 2008 aumentou o interesse do comércio na importação de condicionadores de ar. E o calor do verão promete aquecer também as vendas do setor, que já acumula um histórico de forte crescimento nos últimos dois anos. Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), só as vendas de condicionadores modelo split em 2005 atingiram 270 mil aparelhos. O número saltou para 420 mil em 2006, e a expectativa para este ano é de que chegue a 600 mil unidades. De olho nesse mercado, empresas do segmento já começaram a se preparar para incrementar seus negócios.
38 – Empreendedor – Janeiro 2008
Entre elas, o grupo brasileiro de comércio exterior First Premium, que recentemente se uniu a uma das maiores fabricantes de condicionadores de ar do mundo, a chinesa Midea. Da joint venture, surgiu a Midea do Brasil, localizada em Florianópolis. A empresa foi constituída com 60% de capital da First e 40% da gigante estrangeira, e os investimentos do acionista brasileiro foram da ordem de US$ 15 milhões. Metade do valor está sendo usado para a construção de um centro de distribuição dos produtos em Palhoça, região metropolitana da capital catarinense, e o restante, para compra de peças de reposição e estoques. A entrega da primeira etapa do projeto está prevista para março. O objetivo da First com essa parceria é não só facilitar o processo de importação, mas também permitir a transferência de conhecimento e tecnologia chineses para cá. Com produtos em mais de 200 países, os artigos de climatização da Midea atualmente lideram o mercado de condicio-
nadores de ar e representam 20% do total de aparelhos vendidos no mundo. Com esse aliado de peso, a empresa brasileira ganhou um departamento de engenharia e desenvolvimento com profissionais da China que ficarão aqui para analisar o mercado e as características climáticas do País a fim de desenvolver produtos específicos à realidade local. A Midea do Brasil espera dobrar seu faturamento este ano. Já para os meses de verão, a expectativa é incrementar em 50% as vendas de condicionadores em relação a dezembro de 2007. Segundo o presidente da instituição, Natanael de Souza, a previsão se baseia no bom momento do setor favorecido pelas atuais tendências de crescimento econômico, fácil acesso a crédito, temperaturas cada vez mais altas e troca dos modelos antigos de condicionadores pelos modernos splits – agora com preços mais acessíveis. Nesse cenário, a importadora de aquecedores, condicionadores de ar e pisos Komeco também tem previsões
Mercado aquecido
Cristina, da Komeco: pedidos programados para evitar atrasos
Natanael, da First: conhecimento e tecnologia chineses da Midea
otimistas para a estação mais quente do ano. Com a intenção de superar o crescimento médio das vendas do mercado, a empresa investiu num sistema ágil de entrega de produtos. “Há um bom tempo, realizamos pedidos programados para que todos sejam atendidos sem falta de condicionadores”, diz a vice-presidente da Komeco, Maria Cristina de Freitas. A importadora também acredita em sua experiência e familiaridade com o mercado local para conquistar novos
clientes em todos os segmentos. “Mesmo atuando com concorrentes extremamente competitivos, muitos deles até multinacionais, acreditamos, como empresa brasileira, ter condições de conhecer melhor as necessidades e vontades dos consumidores, e oferecer-lhes produtos e serviços que superem suas expectativas”, diz Maria Cristina. Atualmente, o mercado de condicionadores de ar tipo split vive um ótimo momento no País e apresenta significativos índices de crescimento. A partir de 2004, as vendas desses modelos mais modernos e silenciosos começaram a crescer com maior intensidade no Brasil. Em 2007, o seu uso aumentou 190% em relação ao ano passado, período durante o qual as vendas também cresceram 115% se comparadas ao ano anterior. “Os splits estão tomando conta do mercado por causa de seu design, eficiência energética e economia”, afirma Souza, da Midea. Segundo ele, a meta da empresa é tomar conta de 15% das vendas totais do modelo. A fabricante de eletrodomésticos das marcas Cônsul e Brastemp no Brasil, a Whirlpool S.A., também aposta na nova geração
De acordo com a Abrava, o faturamento das indústrias do setor de refrigeração, arcondicionado, ventilação e aquecimento instaladas no Brasil mais que dobrou nos últimos seis anos, saltando de R$ 6,4 bilhões em 2001 para R$ 13,6 bilhões no ano passado. O crescimento anual apontado pela entidade está na ordem de 18,5%, e os quatro setores representam pelo menos 0,70% do PIB brasileiro de acordo com estatísticas de 2006.
de ar-condicionado. “Notamos que o consumidor hoje entende, cada vez mais, as facilidades e os benefícios desse produto, o que, conseqüentemente, elevou a sua procura”, diz a gerentegeral Andrea Apponi. Para 2008, a Whirlpool aposta em suas duas novas linhas de split hi-wall com design mais moderno e consumo menor de energia: Ambience e Inspire. Os novos produtos agregam funcionalidades tais como filtros antifungos, ácaros e bactérias, e ajuste automático de temperatura. Já a Komeco aposta na consolidação das novas linhas de produtos lançadas em 2007 com ampla aceitação do mercado. “Entre as mais promissoras, estão os condicionadores de ar portáteis, os janeleiros, o multiclimatizador e a novíssima linha de cortinas de ar muito procurada para ambientes comerciais como farmácias, padarias, supermercados e pequenos estabelecimentos”, explica a vice-presidente da empresa.
Linha Direta Maria Cristina de Freitas (Komeco) (48) 2106-4328 Natanael de Souza (Midea Brasil) (48) 3027-1003 Whirlpool S.A: 0800 970 0999 Janeiro 2008 – Empreendedor – 39
PURESTOCK
Memória
Eterna busca Gestão permanente da qualidade traz aumento da produtividade e redução dos desperdícios
por
Débora Remor
Empresas de pequeno e médio portes despertam para a importância de ter processos bem organizados, descobrem que investir em gestão da qualidade dá retorno concreto e, de quebra, ganham certificação e prêmios. Mantendo o foco na satisfação dos clientes, os programas de qualidade incluem todos os agentes da cadeia – fornecedores, funcionários e sociedade – na mira dos executivos, que passam a ter uma visão holística da organização. Com crescimento e disseminação pelos Estados, os movimentos em busca da excelência tentam formar uma ge-
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ração de empresários conscientes, e amadurecer os conceitos comprovadamente eficientes para aumentar a produtividade e diminuir desperdícios. Chamados de Qualidade Total quando implantados no Brasil, no início da década de 1990, os programas visando a aumentar a produtividade das empresas já viam a gestão como fator importante, mas o chamariz era o certificado concedido pelo Inmetro, o ISO 9000. Ao se deparar com os temas “não aceitação de erro” e “mudanças em todo o processo”, o empresário levava um susto e enfrentava resistência para aplicar os princípios dentro da fábrica. Depois do esforço e do investimento
feitos pelos gestores, vinham os resultados mais do que positivos: desperdício reduzido e melhor aproveitamento da matéria-prima. Esses dois objetivos continuam sendo fundamentais para verificar a qualidade da empresa, após quase duas décadas. A influência de outros pontos do desenvolvimento da organização, como o poder da liderança e a responsabilidade social, é que cresceu muito em comparação àquela época. Marciano Alves, sócio-proprietário da NGT Ferramentas, fabricante de ferramentas de corte e precisão de Jaraguá do Sul (SC), descobriu isso em 2003 e não parou mais de investir em treinamento
Alves, da NGT: incremento de 50% na produtividade
e satisfação do seu pessoal. Ele começou padronizando os processos da empresa para garantir a qualidade dos produtos, diminuir tempo e custo e, assim, ter uma melhoria dos resultados. Conquistou o ISO 9000 em 2004 e seguiu fazendo cursos de aperfeiçoamento e certificação. “Tivemos um incremento de 50% na produtividade, e os custos com matéria-prima, retrabalho e refugo caíram de 5% do faturamento em 2003 para 0,7% atualmente”, diz. Alves instituiu um comitê da gestão, formado por quatro funcionários, que se reúne uma ou duas vezes por mês para avaliar o desempenho. Outro princípio implantado por Alves é o planejamento estratégico. Definindo os planos de curto e médio prazos e usando os 40 indicadores de desempenho montados pela NGT, é possível balizar o andamento dos trabalhos. Com o plano de ação nas mãos e a medição mensal do desempenho, os gestores sabem exatamente como corrigir as falhas de cada item. Desde 2004 com este sistema, Alves avalia positivamente o programa de gestão da qualidade. “O ambiente melhorou, e o pessoal acompanha a medição e os informativos, pois eles se interessam e se beneficiam com o prêmio de participação nos resultados. Assim, todos trabalham com a mentali-
dade de grupo, procurando executar os planos de ação.” Para Roberto Tavares de Albuquerque, consultor do Sebrae/SC, montar planos de ação com prioridades, datas, responsável e resultado esperado é fundamental para executar uma mudança de postura da empresa que precisa se organizar e melhorar a gestão para continuar crescendo. Os programas de qualidade, compostos por cinco módulos de quatro horas, determinam que, em cada encontro e tópico abordado, a empresa faça um plano e envolva os funcionários na execução das ações. É assim que se concretiza o que foi falado e estudado durante os treinamentos.
Há 14 anos... O tema abordado na capa da edição inaugural da Empreendedor sempre esteve presente na revista, com reportagens específicas, como na edição nº 5 e agora, quase 15 anos depois, ou indiretamente, dentro do contexto de outras matérias.
Atenção personalizada Para facilitar a participação das micro e pequenas empresas nos cursos, as redes estaduais do Sebrae montam programas para grupos de oito a 12 empresas, diluindo os custos sem derrapar na atenção personalizada – o consultor responsável visita todas as empresas para ajudar na execução do plano de ação. Em Santa Catarina, desde 1993, o Sebrae já ministrou o curso Janeiro 2008 – Empreendedor – 41
Memória Boombastic: redução do desperdício e aumento de 30% do aproveitamento de matéria-prima, graças ao 5S
para 23 mil empresas, e só este ano foram montados 35 grupos para o Programa de Gestão da Qualidade. Albuquerque ressalta que tanto o setor de serviços como o comércio e a indústria estão preocupados com o quesito. O consultor diz que mesmo as pequenas empresas podem participar do curso, que custa R$ 2,75 mil e pode ser parcelado em 12 vezes. “Perto do retorno que ele pode alcançar, o investimento na qualidade não é tanto.” Nos grupos, cada empresa envia dois representantes, que se tornam multiplicadores e levam os conceitos para os outros funcionários. Depois de concluído o Programa, que dura 12 meses, eles são responsáveis por manter vivos os comportamentos de organização, limpeza e higiene, por exemplo. “O coordenador tem que estar atento, animar o processo e apontar sempre as melhorias”, alerta Albuquerque. Esta é uma função bem determinada na NGT. Marciano Alves contratou uma pessoa exclusivamente para o cargo de gestor da qualidade. “Ele ajuda o pessoal a desenvolver as metas, faz o acompanhamento e motiva todos”, explica. Além deste trabalho diário e do grupo gestor, a empresa contrata uma auditoria cada três meses para verificar o desempenho. “Em novembro, na última visita, uma das oportunidades
42 – Empreendedor – Janeiro 2008
para melhorar apontada pela auditoria era aumentar a participação no mercado. Já o ponto forte destacado foi o comprometimento das pessoas”, afirma Alves, ganhador do Prêmio Talentos Empreendedores, na categoria Indústria, em 2006, concedido pelo Sebrae/SC e Grupo RBS. Os prêmios regionais, estaduais e nacionais para reconhecer o empenho
Albuquerque, do Sebrae/SC: “Perto do retorno, o investimento na gestão da qualidade não é tanto”
das empresas pela qualidade da gestão e organização – depois de consolidados entre as grandes – apontam agora para as pequenas e médias. Segundo pesquisa da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), os critérios para excelência usados por empresas de menor porte nos últimos cinco anos ajudaram a reduzir em 50% os índices de mortalidade das organizações brasileiras. A preocupação pela gestão pode ser vista no número de inscritos para os prêmios, que exigem que as empresas se sujeitem a avaliação e visita de especialistas. A quantidade de empresas candidatas a prêmios regionais e estaduais aumentou 20% entre 2006 e 2007. “Produto com qualidade não garante a perenidade da organização. Este é apenas um pedaço do contexto maior”, define Tadeu Pagliuso, superintendente-geral da FNQ. Para ele, a gestão é um fator de competitividade e não pode ser ignorado nem mesmo pelas pequenas empresas. E esta percepção parece ser compartilhada pelas organizações que se inscrevem nos prêmios, colocando seus modelos de gestão à prova e delegando a terceiros o poder de apontar o que está bom e o que pode melhorar. Adriano Krwiecien, proprietário da Boombastic Áudio, fez exatamente isso: abriu as portas da empresa fabricante
Critérios de excelência liderança estratégia e planos clientes sociedade informações e conhecimento pessoas processos resultados Pagliuso: “As ferramentas servem para todo tipo de empresa, o que varia é a maturidade da gestão da organização”
de peças automotivas de Pomerode (SC) para ser avaliado e, pelo segundo ano consecutivo, conquistou o primeiro lugar na região do Vale do Itajaí como indústria e ganhou o prêmio destaque Jovem Empreendedor, da edição Talentos Empreendedores 2007. Fundada em 2003, a Boombastic fez o programa D’Olho na Qualidade do Sebrae no segundo ano de funcionamento, depois o curso Método de Processo e o workshop Empretec. “Há três anos, não aumento a minha tabela de preço porque consigo baixar o desperdício e aumentar em 30% o aproveitamento de matéria-prima. O 5S foi a base para a mudança, foi primordial para os programas seguintes”, conta o empresário de 34 anos que emprega 13 funcionários.
Faxina geral O 5S determina que os funcionários façam uma faxina geral no ambiente de trabalho – com descarte de insumos desnecessários, limpeza e higiene – e também no comportamento das pessoas, para que não voltem a acumular lixo, mantenham a ordem e tenham a mente aberta para novas práticas. Nisto consiste o segundo módulo do programa do Sebrae, que utiliza os fundamentos da excelência indicados pela FNQ. As práticas comprovadamente efi-
cientes para aumentar a produtividade das empresas são disponibilizadas pela FNQ, assim como todo o conhecimento recolhido e desenvolvido pela entidade. Cursos e materiais gratuitos para gestores de primeira viagem estão à disposição na internet. A entidade organizou os oito critérios de excelência difundidos nacionalmente em dez cadernos, como um passo-a-passo com os fundamentos para melhorar a gestão. O download pode ser feito no endereço www.fnq.livronline.com.br. “Em 2006, cerca de 13 mil pessoas fizeram o curso gratuito da FNQ, e, em 2007, foram mais de 20 mil. Temos ainda um software de auto-avaliação da gestão, que ajuda o empresário a identificar os pontos para melhoria e ter um diagnóstico do gerenciamento”, afirma Pagliuso. Em âmbito local, as entidades estaduais incentivam as empresas a investirem na gestão e, pela proximidade, ajudam na capacitação e apóiam sistemas de avaliação. Um exemplo é o Movimento Catarinense para Excelência (MCE), nascido em 2004 para estimular a competitividade através da melhoria de gestão. De acordo com Luciana Matos Santos Lima, diretoraexecutiva, em 2007 houve crescimento de 30% na procura por cursos e seminários, e 1,2 mil pessoas foram ca-
pacitadas pelo Movimento. Para ela, existe um ambiente favorável a este estímulo. “Como no Estado muitas empresas são fornecedoras de grandes corporações, estas pressionam a cadeia, e ocorre um efeito cascata positivo”, avalia Luciana. Devido à grande procura, em 2008 a entidade vai validar profissionais voluntários para ajudar as empresas a avaliarem seus sistemas de gestão. Luciana considera que “conhecendo o perfil da organização, o ambiente e o mercado, podemos sugerir práticas adequadas à realidade das empresas, com o diferencial de respeitar a cultura e o setor de atuação”. Mas Tadeu Pagliuso, da FNQ, alerta que os critérios usados por pequenas empresas são os mesmos de grandes organizações. “As ferramentas servem para todo tipo de empresa, o que varia é a maturidade da gestão da organização.”
Linha Direta Boombastic Áudio: (47) 3395-1576 Fundação Nacional da Qualidade www.fnq.org.br Roberto Tavares de Albuquerque (48) 3221-0893 Movimento Catarinense para Excelência (48) 3231-4601 NGT Ferramentas: (47) 3371-6211 Janeiro 2008 – Empreendedor – 43
Crédito
O país na contramão Microcrédito produtivo orientado no Brasil segue caminho oposto ao recomendado por Yunus por Francis França
O microcrédito se expande ao redor do mundo como método eficaz de combate à pobreza e de desenvolvimento de empreendedores de baixa renda, excluídos do sistema financeiro tradicional. No Brasil, as operações caminham devagar, em busca de um modelo de negócios que se adapte à economia interna. Na opinião de quem entende do assunto, o País ainda está longe do ideal. A estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é de que, atualmente, apenas 2% da demanda por microcrédito produtivo orientado (MPO) – voltado à atividade econômica – seja atendida no País. Em termos mundiais, o microcrédito também tem muito para crescer, com oferta de US$ 20 bilhões para uma demanda que ultrapassa a casa dos US$ 300 bilhões. No Brasil, as operações de crédito para microempreendedores movimentaram, em 2007, cerca de R$ 750 milhões, com valor médio de R$ 900 por empréstimo e prazo de cinco meses para pagar. O MPO é direcionado a atividades de pequeno porte executadas por trabalhadores formais ou mesmo informais, a grande maioria no País. De acordo com José Caetano Lavorato, presidente da Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de Microcrédito (Abcred), faltam recursos para atender à demanda.
44 – Empreendedor – Janeiro 2008
“Não estamos falando de um simples crescimento do sistema bancário formal, e sim de uma alternativa para empreendedores de baixa renda. Precisamos ter fluxo de fundos, tanto públicos quanto privados, para fortalecer e multiplicar as instituições que trabalham com microcrédito”, diz. Segundo Lavorato, dos R$ 2 bilhões em recursos privados que poderiam ser aplicados no microcrédito, apenas 10% estão disponíveis.
Yunus: “É preciso manter o governo longe do microcrédito, ambos não combinam”
A escassez de recursos é uma questão de ponto de vista. Muhammad Yunus tinha apenas US$ 27 de capital quando começou a desenvolver o programa de microcrédito mais bem-sucedido do mundo. Conhecido como “banqueiro dos pobres”, o vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006 fundou o Grameen Bank há três décadas em um pequeno vilarejo de Bangladesh – país vizinho à Índia com área equivalente ao Estado do Amapá e população de 150 milhões de habitantes. Hoje, o Grameen Bank (banco da aldeia, em bengalês) tem mais de 7,5 milhões de sócios, 12 mil funcionários e está presente em 50 mil vilarejos. Em 2007, as operações de microcrédito somaram US$ 750 milhões – quase o dobro da movimentação brasileira – e atingiram cerca de 80% da população. Desde o primeiro empréstimo, em 1976, o banco criado por Muhammad Yunus já operou mais de US$ 6,6 bilhões. A instituição passou a atuar de forma independente em 1983, e o grande trunfo de Yunus foi provar ao mundo que as pessoas pobres pagam seus empréstimos. A taxa de inadimplência do Grameen Bank é de apenas 1%. Muhammad Yunus, que esteve recentemente no Brasil participando de uma conferência sobre energia renovável, explicou que o valor médio dos empréstimos é de US$ 140, mas cada cliente co-
PURESTOCK
meça tomando emprestado valores menores, a partir de US$ 40. O banco não exige qualquer garantia, e o crédito aumenta conforme a pessoa quita seus débitos. Yunus garante que o Grameen Bank tem lucro e retorna aos proprietários – os próprios tomadores de empréstimos – 100% do valor investido em forma de dividendos. Ele participa apenas como conselheiro e não detém ações. Os resultados têm dado tão certo, que há quatro anos o banco começou a fazer empréstimos a mendigos, para a aquisição de produtos que eles vendem de porta em porta. “Eles gostaram, as pessoas que compram gostaram, nossa equipe gostou, e se tornou um programa muito popular. Achamos que teríamos quatro mil mendigos interessados, mas hoje temos mais de cem mil, e dez mil deles já pararam de mendigar completamente – passaram a ser vendedores ambulantes. Os outros 90 mil podem ser chamados de mendigos em tempo parcial”, conta Yunus. O Grameen Bank cobra uma taxa de 20% ao ano de juros simples. No caso dos mendigos, não são cobrados juros. O mesmo vale para a construção de casas em circunstâncias especiais, como a que o país vem atravessando desde que foi assolado por um ciclone, em novembro passado. O papel do microcrédito desenvolvido por Yunus tem transformado a realidade de Bangladesh. Segundo ele, em 2006, 64% das pessoas que contaram com a ajuda do Grameen Bank saíram da miséria. Quando o país foi criado, em 1971, a pobreza atingia 80% da população. Em 2000, o índice caiu para 40%. A meta de Yunus é reduzir a 20% até 2015 e erradicar a pobreza em 2030. Para a fórmula dar certo, Yunus alerta para a necessidade de o sistema ser executado por uma instituição independente, de preferência pertencente às pessoas pobres, sem interferência do Estado. “É preciso manter o governo longe do microcrédito, ambos não combinam. O governo é uma entidade política e, quando faz empréstimos para pessoas po-
bres, a política acaba interferindo”, diz. Pois foi a primeira coisa que o Brasil fez. Em 2005, vinculado aos ministérios do Trabalho, Fazenda e Desenvolvimento Social, surgiu o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), que criou regras sobre as características dos tomadores de empréstimo e das operadoras de crédito. De acordo com o PNMPO, são considerados empreendedores populares as pessoas com renda bruta anual de até R$ 60 mil. A fonte de recursos é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que pode ser operado pela Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), consideradas instituições oficiais. Os bancos comerciais podem operar recursos de depósitos à vista destinados ao microcrédito. Para trabalhar com o MPO, instituições como cooperativas de crédito, agências de fomento, sociedades de crédito e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) precisam se cadastrar, firmar um termo de compromisso e passar por um processo de
Rocha, do BPB: foco em empreendedores populares reduziu taxa de inadimplência
habilitação no site do PNMPO. De acordo com José Caetano Lavorato, da Abcred, o excesso de regras no programa, que limita, inclusive, a taxa de juros em 4% ao mês, desestimulou o setor privado a aplicar recursos no microcrédito.
Ambiente de incentivo Lavorato defende que o governo crie um ambiente de incentivo para a participação das instituições de microcrédito, mas sem interferir na autonomia das operadoras. “Yunus está certo, não podemos entregar a gestão do sistema para o governo, até porque ocorrem mudanças de governo, como estamos vivendo agora com o Ministério do Trabalho. É preciso criar condições para que as instituições funcionem com liberdade e autonomia”, diz. Para Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da Fundação Getúlio Vargas (FGVEaesp), o desenvolvimento do microcrédito no Brasil está vulnerável a mudanças bruscas na composição do governo. “A própria maneira pela qual o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado tem sido gerido, com muitas mudanças políticas, acaba afetando as possibilidades de melhoria dentro do programa”, diz. O crescimento da oferta de microcrédito no País, segundo Gonzalez, depende de dois fatores principais: envolvimento maior dos bancos comerciais e profissionalização das instituições de microcrédito. Ele explica que a presença dos bancos tradicionais é fundamental para dar conta da demanda. Já as instituições de microcrédito independentes, como as Oscip, precisam aderir às melhores práticas de governança corporativa, como gestão, controle de informações, administração de risco, estratégia e lançamento de novos produtos financeiros para terem acesso a recursos em maior escala e poderem ampliar a carteira. “Se aderirem às melhores práticas, essas instituições não precisarão ficar na fila do governo, elas terão acesso a recursos Janeiro 2008 – Empreendedor – 45
Crédito
Valor das operações (em milhões de reais) 661,36
privados também, inclusive dos próprios bancos”, diz Gonzalez. A experiência do Banco Popular do Brasil (BPB), criado especialmente para financiar a microeconomia, foi bastante tortuosa nos primeiros anos. O prejuízo acumulado em 2005 passou dos R$ 60 milhões, mas os resultados vêm melhorando paulatinamente. Em 2006, as perdas foram de R$ 40 milhões e, em 2007, ficaram em torno de R$ 20 milhões. Considerada a sexta maior instituição de microfinanças da América Latina, o BPB movimentou, nos últimos dois anos, cerca de R$ 396 milhões em mais de 3 milhões de empréstimos concedidos, com valor médio de R$ 123. “Cada trimestre, o resultado negativo diminui, apontando para breve o equilíbrio”, diz Robson Rocha, presidente do Banco Popular do Brasil. Segundo ele, o déficit era esperado pelo fato de ser uma operação pioneira no País e demandar investimentos muito altos.
Ajuste de foco O prejuízo do BPB foi causado pela inadimplência, já que a grande maioria das operações era voltada ao crédito pessoal, e não ao MPO. Há cerca de um ano, o banco começou a focar no financiamen-
Anversa, do Banco Real: meta é se tornar segunda maior operadora de microcrédito do País
46 – Empreendedor – Janeiro 2008
700.000,00
600,55
600.000,00 458,87
500.000,00 400.000,00 300.000,00
250,07
200.000,00 100.000,00 0,00 2004
2005
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2007 (até outubro)
to de empreendedores populares e registrou taxa mínima de inadimplência, em torno de 1%, como ocorre no Grameen Bank. Apesar do custo operacional mais alto, o BPB comemora os resultados do MPO e tem firmado parcerias com Oscip, associações e cooperativas de crédito para repassarem recursos em nome do banco. “Os agentes dessas instituições orientam a aplicação do crédito, acompanham a utilização, e a inadimplência realmente é bem menor”, diz Rocha. Orientar os clientes sobre como investir o dinheiro do empréstimo é o serviço mais importante que os bancos podem oferecer. Essa é a opinião de José Giovani Anversa, diretor do Real Microcrédito, unidade de negócios criada em 2002 pelo Banco Real para trabalhar apenas com operações de MPO. “Se você usar o microcrédito como uma financeira, cobrar 2% ou 10% de juros ao mês, não vai fazer diferença nenhuma. O que esse cliente precisa é de orientação”, diz. O banco tem hoje uma carteira de 51 mil clientes e movimenta cerca de R$ 57 milhões em empréstimos, com valor médio de R$ 1,1 mil cada. A meta é encerrar 2008 com 120 mil clientes e se tornar a segunda maior operadora de microcrédito do País. Anversa destaca que as operações orientadas têm alto custo operacional, e a sustentabilidade depende de escala. “Nós temos ONG que trabalham muito bem, mas não têm escala. Para ter competitividade nesse mercado, você precisa de 50 mil a 100 mil clientes para começar”, diz. Segundo Lavorato, da Abcred, apesar do custo mais alto do que o sistema
financeiro tradicional, muitas instituições, tanto no Brasil quanto no exterior, são sustentáveis e com taxas de juros baixas. “Mas a taxa não é o mais importante, e sim o acesso ao crédito. Um dos erros do governo foi limitar a taxa de juros. Quando você cria regras para baixar o custo do dinheiro antes mesmo de torná-lo acessível, você impede que esse recurso chegue a quem precisa”, diz. Segundo ele, a diferença está em ter modelos de negócios adequados a cada realidade, definindo a forma de abordagem, o modelo de pagamento e o perfil da população de baixa renda. Para Muhammad Yunus, o modelo de sucesso do microcrédito não é exclusividade de Bangladesh. Ele ensina que a metodologia do Grameen Bank foi elaborada para funcionar em qualquer parte do mundo – como a operação é localizada, basta ser replicada, independentemente do tamanho do país. “Há mais de 200 programas de microcrédito só nos Estados Unidos, e o sistema também funciona na Inglaterra, Noruega, França, Kosovo, Bósnia, Itália.” Yunus foi categórico ao dizer que, se por alguma razão o microcrédito não estiver funcionando, a culpa não é das pessoas pobres, mas dos administradores, que não sabem gerir o sistema.
Linha Direta Giovani Anversa (Real): (11) 3553-4080 José Lavorato (Abcred): (11) 3541-2271 Lauro Gonzalez (FGV): (11) 3151-3012 Muhammad Yunus: yunus@grameen.net Robson Rocha (BPB): (61) 3310-3566
Janeiro 2008 – Empreendedor – 47
Perfil
Albano Schmidt
48 – Empreendedor – Janeiro 2008
Casa em ordem Vindo de uma família de empreendedores de sucesso, Schmidt retoma empresa criada pelo pai e lidera mercado brasileiro por
Marco Britto
Líder do mercado brasileiro de transformação do poliestireno expandido (EPS), conhecido popularmente como isopor, a Termotécnica cresceu 7,7% no último ano. A sexta fábrica, um investimento de R$ 15 milhões localizado em Rio Claro (SP), deve entrar em atividade ainda neste primeiro semestre, aumentando a capacidade de atendimento na região de São Paulo. A produção anual da empresa chega a 20 mil toneladas, o que faz com que a Termotécnica seja responsável por 36% de todo o EPS produzido no País – 55 mil toneladas, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes de Poliestireno Expandido (Abrapex). Mesmo acumulando bons resultados e dando a impressão de uma confortável primeira posição em seu segmento, o presidente da empresa, Albano Schmidt, classifica o ano passado como ruim. Segundo ele, as falhas de fornecimento e um aumento no preço dos insumos para produção de EPS puxaram os lucros para baixo. Contudo, o empresário faz questão de olhar para frente, anunciando inovações, tanto na gestão quanto na produção, para elevar ainda mais os números e a qualidade dos serviços da sua empresa. “Se não inovar, você está fora”, sentencia. A maior demanda entre os produtos da Termotécnica é por embalagens de proteção para as linhas branca (geladeiras, microondas, fogões, lavadoras de roupas) e marrom (televisores e eletroeletrônicos em geral), que dominam 70% dos pedidos. A
construção civil, que utiliza placas de EPS para isolamento térmico e acústico, vem em segundo lugar, absorvendo cerca de 20% da produção da empresa. Itens de utilidade doméstica, como conservadores térmicos e chapas decorativas, que um dia compuseram a linha principal da marca, hoje ocupam 10% dos pedidos. Em 2008, a área da atuação deve expandir-se. Após 46 anos dedicados à transformação de EPS, a empresa apura uma operação para se consolidar também no segmento de especialidades químicas. Atualmente, a Termotécnica produz cerca de 70% da matéria-prima que consome. A Termocell é a subsidiária responsável pelo suprimento majoritário de EPS. A tecnologia que permite à empresa produzir a própria matéria-prima acabou possibilitando também a elaboração de outros produtos químicos, que têm sido comercializados para indústrias dos segmentos de tintas, resinas e solventes. “Estamos dando os primeiros passos, e espero consolidar isso em 2008 para crescer com força em 2009”, planeja Schmidt. O empresário destaca o trabalho com a Universidade Federal de ALBANO SCHMIDT Idade: 46 anos Empresa: Termotécnica Ltda. Número de funcionários: 1.000 Mix de produtos: 1.200 Faturamento: R$ 260 milhões Site: www.termotecnica.com.br
Santa Catarina (UFSC), parceira há 13 anos no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções para processos químicos. “Nós apostamos no crescimento do Brasil. Somos líderes, e para mantermos esta posição é primordial investir em estruturas cada vez mais eficientes.” Apesar de não ser um material biodegradável, o EPS é 100% reciclável. Assumindo a responsabilidade de cuidar do destino de seus produtos após o uso, Schmidt quer alcançar neste ano o status definitivo de empresa amiga do meio ambiente. Para aperfeiçoar as normas de gestão ambiental em todas as unidades industriais, a Termotécnica capacitou as seis fábricas para a reciclagem do EPS. A planta de Manaus, que atende à produção de eletroeletrônicos do Pólo Industrial de Manaus, foi a primeira a adequar-se e recebeu a certificação ISO 14001 em agosto de 2006. Schmidt ressalta o fato de ter priorizado Manaus, uma vez que o pólo está alojado na Floresta Amazônica. A primeira conquista apenas iniciou o processo de implantação das normas em todas as fábricas da empresa, num planejamento amplo de reaproveitamento do EPS e conscientização ambiental da sociedade. Numa ação conjunta com o Banco Real / ABN-AMRO, que trabalhou na obtenção do financiamento junto ao Banco Mundial, iniciou-se o projeto, que se divide em três fases. A primeira, já em andamento, consiste em equipar todas as unidades da Termotécnica para a reciclagem de EPS e adequá-las à norma ISO 14001. O Janeiro 2008 – Empreendedor – 49
Perfil
Albano Schmidt
LINHA DO TEMPO
1961 Nasce Albano Schmidt, em Joinville (SC). A Termotécnica é fundada em 29 de agosto por Hans Dieter Schmidt, como parte do Grupo Tupy. A empresa entra no mercado de transformação de EPS produzindo utilidades domésticas e artigos para festas. 1974 A primeira filial é inaugurada na cidade de Contagem (MG), onde é iniciada a produção de matéria-prima. 1979 É fundada a Termocell, em Joinville (SC). Atualmente, a subsidiária produz 70% do EPS utilizado pela empresa. 1981 Morre o fundador Dieter Schmidt, vítima de um acidente aéreo aos 49 anos. O controle acionário permanece com a família, porém a empresa passa a ser administrada por executivos contratados. 1983 A Termotécnica inaugura mais uma filial, em Manaus. Em 2006, a fábrica foi a primeira do grupo a receber a certificação ISO 14001. 1995 Uma operação de cisão separa a Termotécnica da Fundição Tupy, que passou a ser administrada por fundos de pensão. Albano Schmidt adquire o controle acionário da empresa e passa a administrá-la. Na época, o faturamento da empresa era de R$ 35 milhões. 1996 É inaugurada a unidade em Sumaré (SP), reforçando a presença na Região Sudeste. 2003 A Termotécnica investe no desenvolvimento de produtos com tecnologia de ponta para construção civil e adquire uma planta de recortados em EPS em Pirabeiraba, distrito de Joinville (SC), que é destinada exclusivamente para reciclagem. 2005 A empresa inaugurou sua filial em São José dos Pinhais (PR). 2006 A Termotécnica se instala na região Centro-Oeste, com uma unidade em Goiânia (GO). É inaugurada a nova fábrica em Rio Claro (SP), um 2007 investimento de R$ 15 milhões.
50 – Empreendedor – Janeiro 2008
segundo passo será estabelecer uma rede coletora, através de parcerias com prefeituras e empresas, criando pontos de coleta e condicionamento, para retornar peças usadas de outras cidades, além das que alojam as fábricas. Na terceira etapa, será elaborada uma campanha para escolas e comunidades do Brasil, divulgando a natureza renovável do EPS, e conceitos de reciclagem e preservação do meio ambiente. “É uma consciência que precisa ser desenvolvida, tanto no meio empresarial quanto na sociedade como um todo.” Acumulando as presidências da sua empresa, da Abrapex e do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Santa Catarina (Simpesc), Schmidt busca unir segundo e terceiro setores, para numa ação conjunta organizar a reciclagem do EPS. “Se as lojas de departamento e supermercados se engajarem, armazenando as embalagens, cada um ajudando um pouco, nós podemos re-
solver este problema. Os empresários acham que é um problema do governo, um problema dos outros, e isso é o que eu procuro combater, respondendo que este problema é nosso”, afirma. De acordo com Schmidt, o transporte é a etapa mais onerosa na cadeia de reciclagem do EPS. Por se tratar de um material leve (constituído de 98% de ar na sua composição), porém de grande volume, acarreta gastos consideráveis, arcados pelos produtores.
Origens A história da Termotécnica está ligada à outra importante empresa catarinense, a Fundição Tupy S.A. Fundada em 1938 por Albano Schmidt – avô do atual presidente da Termotécnica – e mais dois sócios, a indústria prosperou trabalhando inicialmente uma fórmula do ferro fundido maleável, utilizado na fabricação de conexões, que então eram
conhecidas no País apenas pela importação. A Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), que provocou uma escassez de artigos importados no Brasil, ocasionou o crescimento dos fundidos brasileiros, o que deu fôlego à Tupy. Em 1958, com a morte do fundador, seu filho Hans Dieter Schmidt assumiu a empresa. Nos anos 1960, outro ciclo industrial importante na história do País veio favorecer a metalúrgica: o advento da indústria automobilística. Vendo a empresa configurar-se num empreendimento de grande porte, Dieter concluiu que era o momento de investir em um novo ramo de atividade. Assim, os Schmidt entraram no negócio do EPS. Em 1961, foi fundada a Termotécnica, que transformava o EPS em artigos para festas e utensílios domésticos. Inesperadamente, Dieter faleceu num acidente aéreo, aos 49 anos, em 1981. Nos dez anos seguintes, a administração da empresa ficaria a cargo de executivos contratados, num período em que o atual presidente classifica como “acéfalo”, referindose à ausência de um membro da família na gerência do próprio negócio. Ainda assim, em 1983 se estabeleceu a fábrica de Manaus, passo importante para a Termotécnica, que passou a atender diretamente à indústria eletroeletrônica no pólo industrial da capital amazonense.
A partir de 1994, substituindo o papelão nas embalagens moldadas de refrigeradores e itens da “linha branca”, a empresa consolidou sua posição de principal transformador de EPS do País. Em 1995, Albano Schmidt, neto do fundador da Tupy, assumiu o controle da Termotécnica. Na mesma época, uma operação de cisão separou a empresa da Fundição Tupy, que passou a ser administrada por fundos de pensão. Iniciava-se um novo ciclo, mais uma vez com um Schmidt no comando. Após o período inicial de reestruturação, principalmente societária, as ações da Termotécnica, pulverizadas entre diversos familiares, foram adquiridas por Schmidt, que passou a ter controle total. Em dez anos de gestão, o faturamento da empresa pulou de R$ 35 milhões, registrados em 1995, para R$ 260 milhões no último ano. Mesmo com a operação brasileira consolidada, com novas unidades, em Goiânia, e a recém-inaugurada em Rio Claro (SP), o empresário mostra ter sempre a visão voltada para o futuro de seu patrimônio, assumindo claramente a responsabilidade de levar adiante a tradição familiar de empreendimentos bem-sucedidos. “Estamos trabalhando para construir uma empresa de porte mundial.”
Linha Direta Albano Schmidt: (47) 3451-2603 Janeiro 2008 – Empreendedor – 51
Pequenas Notáveis
O espaço da micro e pequena empresa
CONHECIMENTO E NEGÓCIOS
Empresas têm novo prazo para aderir ao Simples Nacional Período de adesão vai de 2 a 31 de janeiro, e quem não optar nesse prazo terá que esperar mais um ano nicipais: IRPJ, IPI, CSLL, Cofins, PIS, INSS patronal, ICMS e ISS. Até novembro de 2007, 2.797.064 empresas estavam inscritas no regime. Podem aderir ao Simples Nacional empresas com receita bruta anual de até R$ 2,4 milhões, desde que não estejam entre as atividades vedadas. Quem tiver débitos ou irregularidade cadastral terá que resolver o problema também até 31 de janeiro, se não, fica de fora. As adesões serão feitas pelo portal do Simples Nacional, via site da Receita Federal do Brasil. O endereço é www.receita.fazenda.gov.br. Os empresários também podem solicitar a adesão acessando o endereço www.receita.fazenda.gov.br/simples-
CARLOS PEREIRA
Proprietários de micro e pequenas empresas têm novo prazo para aderir ao Simples Nacional: de 2 a 31 de janeiro de 2008. Quem não entrar nesse período terá que esperar para janeiro de 2009, uma vez que as adesões são feitas cada início de ano. A exceção é para empresas novas, que podem ingressar no sistema até dez dias após a efetivação do último procedimento de registro da empresa. O Simples Nacional é o novo sistema de tributação das micro e pequenas empresas em vigor desde julho de 2007. Criado pela Lei Complementar 123/06, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o sistema unifica tributos federais, estaduais e mu-
nacional/, conforme ocorreu em julho deste ano. O resultado das opções será publicado nesse mesmo portal. Segundo o secretário-executivo do Comitê Gestor do Simples Nacional, Silas Santiago, se a empresa tiver débitos, deverá quitá-los ou fazer o parcelamento convencional, que no caso da União é de até 60 meses. Nos Estados e municípios, esse parcelamento obedece às respectivas legislações. A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa tem por base proposta do Sebrae elaborada a partir de sugestões de empresários do segmento. Entre os objetivos da lei está a redução de burocracia e tributos. “Os empresários precisam fazer as contas e, se confirmada a vantagem, não perder o prazo”, alerta o gerente de Políticas Públicas do Sebrae nacional, Bruno Quick.
Empresários devem verificar se é vantagem ou não aderir ao regime e ficar atentos ao prazo
52 – Empreendedor – Janeiro 2008
Lei Geral completa um ano Na tarde do dia 14 de dezembro de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionava a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Essa data histórica foi lembrada pelo diretor de Administração e Finanças do Sebrae nacional, Carlos Alberto dos Santos, durante a 12ª Reunião Plenária do Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas e Empresas de Pequeno Porte, realizada em dezembro, em Brasília. Para Carlos Alberto, além da redução da carga tributária, houve, principalmente, um avanço na simplificação, já que, agora, todos os tributos estão concentrados numa mesma guia, reduzindo o número de papéis e, conseqüentemente, a burocracia. Ele ressaltou também que mais de cem municípios do País regulamentaram a lei, de acordo com a realidade socioeconômica da região onde estão localizados. Referindo-se também à Lei Geral, o ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando de Mello Meziat, afirmou que, com a aprovação da Lei, o Brasil finalmente reconheceu a prioridade das micro e pequenas empresas, que são responsáveis por 54,6% dos empregos no País e 20% do Produto Interno Bruto (PIB). “A Lei Geral veio atender aos anseios da sociedade brasileira. Para alavancar essas empresas, é necessário investir em tecnologia e na diversificação de mercado com foco na exportação. Para este ano, a inovação tecnológica terá um capítulo exclusivo na agenda do governo”, afirmou.
Feira do Empreendedor percorre 11 cidades em 2008 Empresários elogiam feira pelas oportunidades de negócio e oferta de conhecimentos sobre o mercado O circuito nacional da Feira do Empreendedor já tem calendário definido para 2008. O evento, que leva capacitação e oportunidades de negócios, será realizado em 11 cidades das cinco regiões do País. “Preparamos melhor nossas feiras para atender ao candidato a empresário, alinhando oportunidades de negócios com informação e capacitação simultaneamente”, explica Andrea Faria, gestora nacional do circuito. Em 2007, a feira foi visitada por um total de 258 mil pessoas nas 11 cidades por onde passou, segundo balanço divulgado pelo Sebrae Nacional. O evento tem como finalidade levar informa-
ções, serviços e oportunidades de negócios a empreendedores e empresários. No ano passado, foram preenchidas mais de 50 mil vagas nas capacitações oferecidas. A feira teve como um dos principais enfoques, em 2007, a gestão ambiental relacionada à oportunidade de negócios. O evento procurou chamar a atenção de empreendedores e empresários sobre a importância de as empresas funcionarem com padrões adequados do ponto de vista ambiental. Também chamou a atenção para possibilidades de negócios neste terreno como a criação de produtos com materiais reciclados.
Calendário da Feira do Empreendedor 2008 Belém (PA)
Londrina (PR)
9 a 12 de abril Contato: Carmélia Oliveira (91) 3181-9075 carmelia@pa.sebrae.com.br
13 a 17 de agosto Contato: Andre Basso (43) 3373-8000/abasso@sebraepr.com.br
Recife (PE)
21 a 24 de agosto Contato: Siomara Cals de Abreu (48) 3221-0874 siomara@sc.sebrae.com.br
13 a 17 de maio Contato: Tereza Nelma Alves (81) 2101-8400 terezanelma@pe.sebrae.com.br
Palmas (TO) Junho Contato: Rogério Maracaipe (63) 3219-3349 rogerio.maracaipe@to.sebrae.com.br
Campo Grande (MS) 3 a 6 de julho Contato: Thaise Coelho Calaça (67) 3389-5411 thaise.coelho@ms.sebrae.com.br
Fortaleza (CE) 23 a 26 de julho Contato: Horácio Melo (85) 3255-6707/3255-6600/ 9944-1921 horacio@ce.sebrae.com.br
Florianópolis (SC)
Belo Horizonte (MG) 2 a 5 de setembro Contato: Julio Júnior (31) 3371-9054/julioj@sebraemg.com.br
Teresina (PI) 10 a 13 de setembro Contato: Marilda Melão (86) 3216-1373/melao@pi.sebrae.com.br
Mossoró (RN) 6 a 9 de novembro Contato: Eduardo Viana (84) 3616-7900 eduardo@rn.sebrae.com.br
Porto Alegre (RS) 20 a 23 de novembro Contato: Vânia Fernandes (51) 3216-5215/vaniaf@sebrae-rs.com.br
Janeiro 2008 – Empreendedor – 53
A voz da experiência
Herb Greenberg
Uma nova visão para o mundo Deficiente visual desde a infância, Greenberg criou método de avaliação profissional que potencializa talentos
CASA DA PHOTO
por
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Natacha Amaral
Se fosse possível descrever Herb Greenberg em apenas uma palavra, esta seria superação. O empresário norte-americano que perdeu completamente a visão ainda criança, após uma doença grave, tirou do preconceito a força para inventar sua própria fórmula do sucesso e ajudar outros a fazer o mesmo. Hoje com 78 anos, Greenberg é presidente de uma das maiores consultorias em gestão de talentos do mundo: a Caliper Estratégias Humanas. Seu inovador método de avaliação profissional, desenvolvido e aprimorado durante quatro décadas de pesquisa, já foi utilizado por FedEx, Caterpillar, Johnson & Johnson e aplicado em mais de 2,5 milhões de pessoas, desde jogadores de basquete até presidentes de organizações multinacionais. A história profissional de Greenberg começou aos 22 anos de idade no Departamento de Bem-Estar Social da Cidade de Nova York. “Minha função era ajudar pessoas pobres a arrumar emprego”, explica. Ironicamente, três anos mais tarde, era ele mesmo quem encontrava dificuldade para entrar no mercado de trabalho. “Eu havia acabado de concluir meu doutorado pela Universidade de Nova York e preenchi mais de 600 solicitações para vagas em todo o país, desde magistério, serviço social até consultoria”, lembra. “Recebi alguns pedidos de entrevista, mas quando informava que era cego, desistiam”, conta. Os freqüentes episódios de rejeição fizeram Greenberg tirar dos obstáculos a motivação para superar seus limites. Em pouco tempo, tornou-se professor-assistente da Texas Tech University e, mais tarde, da Rutgers University, no Estado de Nova Jersey. Enquanto
lecionava, foi contratado por uma grande companhia de seguros para analisar detalhadamente todos os testes psicológicos disponíveis na época e determinar se algum deles podia predizer a capacidade de um indivíduo ser um bom vendedor. “Gastamos cerca de três meses observando as avaliações existentes e não descobrimos nada que pudesse prever o sucesso das vendas”, diz. Mas a execução desse projeto despertou em Greenberg seu espírito empreendedor. Com a nova oportunidade em mente, o então professor usava os momentos de folga da sala de aula para desenvolver seu método de avaliação profissional. Após quatro anos de pesquisa, decidiu deixar a universidade para começar seu próprio negócio em parceria com seu colega David Meyer. Em 1961, fundou a Caliper com US$ 15 mil dólares emprestados de uma pequena corretora de valores. Greenberg relata que o investimento não era suficiente para sustentar uma empresa recém-criada nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, manter sua família e a de seu sócio por muito tempo. “Mas tínhamos confiança de que estávamos na direção certa”, conta. Além do orçamento apertado, o jovem empresário enfrentava outro desafio: o descrédito. “Podíamos fazer o que nos propusemos, mas na época as pessoas não sabiam disso e não acreditavam em nós. Tentar convencê-las se tornou nosso trabalho.” Já com todas suas economias consumidas em poucos meses, Greenberg estava prestes a fechar a empresa. Até que um dia foi contatado pela General Motors. “Era um executivo de visão da GM que decidiu apostar na nossa idéia de avaliar potencial e prever sucesso”, diz Greenberg. A história da Caliper tomou um rumo diferente a partir dessa parceria. A consultoria ganhou recursos, validou suas pesquisas, e Greenberg passou a escrever artigos para conceituadas revistas de liderança e marketing. O mais destacado deles, publicado em julho de
1964 na Harvard Business Review, deu início ao processo de expansão internacional da Caliper, a princípio para a Inglaterra e Espanha. O objetivo inicial da empresa era utilizar o teste, que ficou conhecido como Perfil Caliper, para prever o sucesso de vendas de profissionais de diversas companhias – uma das atividades mais importantes da consultoria até hoje. Mas Greenberg logo descobriu que tinha produzido uma ferramenta muito mais abrangente. A partir de 1981, seu método de avaliação começou a ser utilizado na seleção de atletas para equipes universitárias e profissionais de basquetebol, basebol e futebol americano. “Colocávamos ótimos times na quadra”, lembra. Inclusive, foi por essa técnica de seleção de talentos que o jogador brasileiro Nenê passou antes de entrar para a principal liga de basquetebol do mundo, a National Basketball Association (NBA).
Meio século Com quase meio século de vida e 21 aprimoramentos, o Perfil Caliper ainda é usado por treinadores de equipes esportivas famosas como Orlando Magic e Los Angeles Lakers. O método ganhou espaço também entre executivos de grandes empresas como Boticário, Renault e Wal-Mart. No total, cerca de 27 mil organizações de 39 países já utilizaram os serviços de treinamento, capacitação e desenvolvimento pessoal da Caliper. Greenberg, quando questionado sobre o segredo do sucesso, aponta fatores como sorte, inteligência para saber aproveitar oportunidades, apoio de pessoas que depositaram confiança no seu trabalho e uma boa medida de ousadia para começar o que parece loucura. Foi assim que o executivo reinventou o modo de avaliar pessoas e prever sucesso profissional. O Perfil Caliper é uma ferramenta inovadora de autoconhecimento. Por meio desse questionário com 191 per-
Herb Greenberg Idade: 78 anos Local de nascimento: Detroit – Michigan (Estados Unidos) Formação: Mestre em Psicologia pelo City College de Nova York e Ph.D em Relações Humanas e Psicologia pela Universidade de Nova York Empresa: Caliper Corporation Ramos de atuação: Gestão Estratégica de Talentos Cidade-sede: Princeton, New Jersey (Estados Unidos) Número de funcionários: 200 (Estados Unidos)
guntas, é possível avaliar 30 traços de personalidade, identificar competências, motivações internas, pontos fortes e fracos dos indivíduos. Esses dados compõem o perfil do profissional avaliado e ajudam seu examinador a determinar que atividades dentro de uma companhia o candidato desempenharia da melhor maneira. “Numa entrevista de trabalho, as pessoas simulam o que são para causar uma boa impressão e ganhar a vaga. Já com o Perfil Caliper, isso não ocorre, porque o teste mostra o que os entrevistados realmente são”, explica Greenberg. Além disso, segundo sua experiência de trabalho, de 55% a 60% dos profissionais no mercado não exercem funções adequadas às suas características. Isso indica que o mero exame de currículos por parte de head hunters não é um método totalmente confiável de seleção. “Um diretor com dez anos de experiência pode ter repetido dez vezes uma mesma experiência ruim de um ano”, exemplifica. “Por isso, é preciso contratar pessoas baseado no que elas têm dentro de si, e não naquilo que fazem”, salienta. Os anos de experiência na aplicação do Perfil Caliper dentro do mundo corporativo permitem a Greenberg dar algumas sugestões para realização de procesJaneiro 2008 – Empreendedor – 55
A voz da experiência sos seletivos dentro das empresas. “Em vez de cometer erros bastante comuns nesse meio, tais como prestar atenção demais na experiência profissional ou roubar talentos dos concorrentes, é preciso compreender quem seu candidato realmente é, utilizando todas as técnicas disponíveis para isso, como testes psicológicos, entrevistas e consulta respeitosa de referências”, recomenda. “Hoje, esse é nosso trabalho. Colocar as pessoas certas no lugar certo, seja qual for a função, e ajudá-las a ter uma alta performance na sua atividade.” Greenberg também relata as lições que tirou de seus próprios erros como diretor. “Deixei de contratar e de demitir pessoas, um erro típico entre diretores. Às vezes, você contrata alguém e não consegue se desfazer dele porque acredita numa melhora futura. Não reconhecer que houve um equívoco na seleção enfraquece o empresário e traz desgaste à toa”, comenta. “Também cometi erros na hora de saber em quem posso ou não confiar.” Para Greenberg, porém, as experiências negativas são sinônimo de aprendizado, e nunca uma desculpa para a desistência, especialmente quando há amor por aquilo que se faz. “Descobrimos em todas as nossas pesquisas que ninguém pode ser totalmente bem-sucedido se não fizer o que ama”, diz. Por isso, o princípio da Caliper até hoje é encorajar profissionais a procurar o que realmente gostam de fazer. “Isso é o que realmente quero, deixe-me tentar e ver se sou capaz de persuadir uma empresa a me dar a oportunidade” é o modo correto de um candidato a qualquer vaga pensar, segundo Greenberg. No seu best-seller O sucesso tem fórmula?, lançado no fim do ano passado no Brasil pela Editora Campus/Elsevier, o executivo entrevista profissionais que superaram seus limites e se destacaram nos esportes, na política, nas artes e no entretenimento. Entre eles, o pianista brasileiro João Carlos Martins, que virou maestro após enfrentar a incapacidade de tocar por causa de sérias lesões nas mãos; o jogador
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Herb Greenberg
Caliper: mais do que uma técnica, a ferramenta é uma filosofia de vida para Herb Greenberg
BÚSSOLA EMPRESARIAL ACERTOS Ter acreditado na ferramenta que criou Ter expandido os negócios para outros países Ter ousadia para agarrar oportunidades e investir em áreas consideradas não promissoras pelas pessoas da época Fazer o que mais gosta, unindo habilidades e prazer no negócio
ERROS Dificuldade em aceitar ter cometido erros na contratação de profissionais Deixar de contratar ou demitir funcionários Confiar nas pessoas erradas
de basquete de 1,60 metro que, contra todas as expectativas, conseguiu se tornar membro da NBA; e o sobrevivente do Holocausto Samuel Pisar, que reconstruiu sua vida e atuou como advogado de vários presidentes norteamericanos. “Percebemos que todas essas pessoas se conheciam muito bem, amavam o que faziam e sabiam agarrar as oportunidades”, diz Greenberg. Essa é a principal proposta de trabalho da Caliper – ajudar outros a encontrarem seu próprio potencial e usálo da melhor maneira possível. Mais do que uma técnica, a ferramenta Caliper para Herb Greenberg é uma filosofia de vida, um modo de encarar a realidade que fez do jovem empresário da década de 1960 um homem de sucesso hoje. A perda da visão aos dez anos de idade impossibilitou Greenberg ser jogador de basquete, um sonho de infância, mas não o impediu de buscar sua própria fórmula do sucesso e inventar uma nova maneira de fazer o mundo enxergar melhor.
Linha Direta Herb Greenberg hgreenberg@calipercorp.com.br
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F ranquia
Ponto exato Escolher a localização de uma loja exige estudos preventivos, como o de geomarketing por
Natacha Amaral
Shopping ou rua, onde abrir a loja? Determinar a melhor localização do ponto-de-venda para uma franquia pode ser um grande dilema para qualquer empreendedor. Mesmo sob as asas de uma marca renomada, estar no lugar errado significa custos mais altos, demanda pequena, e conseqüentemente, baixo retorno financeiro. Segundo profissionais em análise de mercado, porém, não há motivo para desespero. Embora cada ambiente – rua e shopping – tenha características próprias, não existem regras complexas a serem seguidas. Seja qual for o local escolhido, o importante é entender as despesas envolvidas na aquisição e manutenção da nova loja, e compreender plenamente questões tais como conceito do negócio, públicoalvo e demanda local. “A primeira coisa a ser analisada é
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se o retorno financeiro compensará os investimentos na unidade”, diz a diretora da consultoria de estratégia e gestão Vecchi & Ancona, Ana Vecchi. Segundo ela, os gastos com a compra do ponto variam de R$ 150 mil a R$ 2 milhões e geralmente não estão descontados no valor de retorno financeiro do negócio fornecido pelo franqueador. “É preciso estar atento a isso, caso contrário o empresário poderá ter prejuízos, especialmente numa saída precoce da rede”, acautela. Calculado o custo-benefício, o próximo passo para decidir a melhor localização é entender plenamente as características da franquia adquirida, ou seja, para que tipo de consumidor seus produtos e serviços são direcionados. Dados tais como idade, sexo, características socioeconômicas e capacidade de compra ajudam a identificar de modo preciso o público-alvo para evitar equívocos. “Não adianta colocar uma perfumaria popular dentro de um shopping classe A ou uma lavanderia na periferia da cidade, onde as pessoas não têm hábito de lavar roupa fora”, exemplifica Vecchi. “É preciso fazer a coisa certa, para as pessoas
certas, no local certo”, enfatiza. “Independentemente se o produto é voltado para loja de rua ou de shopping, deve-se levar em conta qual é a concentração da demanda na região”, complementa o presidente da consultoria em análise de mercado GisTarget, Cláudio Bessa. Com o perfil do consumidor em potencial traçado, é possível checar se o local onde o franqueado deseja instalar a nova unidade tem o tipo de público de que precisa, em quantidade suficiente, para viabilizar o empreendimento. O presidente da Rizzo Franchise, Marcus Rizzo, explica que, na média, 80% dos clientes de uma loja se deslocam no máximo até três quilômetros para consumir. É a chamada área de influência do negócio. “Por isso, tente identificar o que os consumidores locais fazem nessa região, se estudam, trabalham ou moram ali e se esse público garante o faturamento mínimo esperado para a operação”, diz. Um território que combine todos esses fatores tem grande potencial de contribuir para o sucesso do negócio. Além disso, é preciso estar atento a questões culturais da população envolvida. “Em algumas cidades do in-
Bessa, da GisTarget: “Deve-se levar em conta qual é a concentração da demanda na região”
terior, ainda é muito forte o hábito de comprar em lojas de rua. Nesses locais, os shoppings não são visitados com freqüência e funcionam apenas como centros de compra mais arrumadinhos”, explica Bessa. E Rizzo acrescenta um alerta para os franqueados. “Se o território não tiver o perfil necessário, não insista. Caso contrário, você descaracterizará o negócio muito rapidamente, tentando mudar o mix de produtos e fazendo outras alterações na operação para acomodar o público existente – e não aquele que deveria existir para a manutenção do padrão do negócio”, adverte.
Segurança Entender as peculiaridades de cada local, benefícios e desvantagens também contribui para uma escolha correta. Estacionamento, segurança e comodidade são alguns dos diferenciais de shopping centers. Foram alguns desses motivos, por exemplo, que levaram Jefferson de Carvalho a transferir sua segunda loja de produtos naturais Mundo Verde da rua para o Shopping Metrô Tatuapé em São Paulo. Segundo ele, a decisão foi estra-
tégica. “A loja de rua estava indo bem, só que o bairro se tornou muito violento, e precisávamos fechar no mesmo horário das demais lojas ao redor para garantir a segurança dos funcionários”, explica. Com horário reduzido, a loja começou a aglomerar maior movimento nos finais de semana. “A mudança para o shopping em março veio ao encontro da necessidade de melhorar o atendimento aos nossos clientes, cujo perfil é de pessoas da classe A e B que trabalham direto. Hoje, abrimos 364 dias por ano, das 10 h às 22 h. Agora, há mais comodidade para eles”, explica. Para Carvalho, a mudança exigiu sacrifícios, como a entrada numa loja menor, mas também trouxe benefícios. “Lá dentro, você tem vida própria, com uma estrutura competente, circulação permanente de pessoas e marketing direto. Com isso, posso focar num melhor atendimento e fornecimento de bons produtos, em vez de me preocupar com essas questões, como ocorre numa loja de rua”, compara. Segundo o empresário, hoje a unidade Tatuapé da Mundo Verde já conseguiu dobrar seu movimento em apenas quatro meses.
Em shoppings, porém, é preciso estar atento à maturidade do empreendimento. “Não é porque é shopping e franquia que o sucesso do negócio está garantido”, diz o presidente da Rizzo Franchise. De acordo com ele, centros de compra nunca maturam antes de quatro anos, e a instalação de lojas nessa fase inicial pode resultar em gastos maiores do que retorno. “Por isso, faça uma previsão cuidadosa de suas receitas para ter certeza de que aquilo que você vai pagar valerá a pena”, diz. Importante também é saber escolher a localização da nova loja dentro do ambiente. Carvalho, da Mundo Verde, por exemplo, optou pelo piso térreo para facilitar o acesso de clientes que usam bancos e outros serviços localizados nessa área. Nunca se deve esquecer que diferentes andares e corredores têm tráfegos e possibilidades de negócio completamente distintos. “O primeiro andar do Iguatemi de Salvador é como um terminal rodoviário muito mal estruturado. Já o quarto andar é tão sofisticado quanto o Iguatemi de São Paulo”, exemplifica Rizzo. O profissional também chama a Janeiro 2008 – Empreendedor – 59
F ranquia vai na leva de anúncios e de assessoria de imprensa de outras lojas, o que acaba divulgando de graça sua empresa”, diz Ana.
atenção para a necessidade de analisar a variabilidade de produtos oferecidos no local como um todo. “Shopping adora colocar 50 lojas de calçados. Não há cuidado com o mix, porque o negócio deles, muitas vezes, é vender o ponto e, lá dentro, cobrar o aluguel. Depois, o negócio seguinte é colocar o empresário para fora para cobrar multa e vender o ponto para outro”, critica. Já Cláudio Bessa, da GisTarget, acredita que shopping center pode ser um bom local para os negócios desde que tenha lojas-âncoras fortes, vagas sempre disponíveis no estacionamento e localização num bairro de renda semelhante ao público que o franqueado deseja atingir. “Além disso, o shopping em si deve ser coerente com a renda média da cidade”, diz. O especialista em análise de mercado explica que um empreendimento só não daria certo em centros de compras caso fosse um negócio muito específico como serviço automotivo, funilaria, madeireira, etc. “Há alguns tipos de produtos que não cabem nesse ambiente, mas são poucos.” Ruas, por outro lado, comportam
a implantação de qualquer tipo de empreendimento, desde que sua localização tenha sinergia com a demanda esperada. “Se você é dono de uma loja de roupa muito sofisticada, é claro que na Rua Oscar Freire terá grande sucesso”, diz Bessa, referindo-se a uma região nobre de São Paulo onde há concentração de boutiques com as grifes mais famosas e caras do País. “A Oscar, por exemplo, vende muito mais do que qualquer shopping para esse tipo de segmento”, acrescenta. Estar em ruas tematizadas, como as existentes nas grandes cidades, onde há concentração de lojas especializadas em iluminação, decoração, móveis, roupas e aparelhos eletrônicos ajuda a divulgar o negócio e facilita o acesso ao consumidor. “É o conceito de conveniência, ou seja, cada vez mais as pessoas buscam comprar onde encontram, no mesmo espaço, tudo aquilo de que precisam”, afirma Ana Vecchi. Assim, o ideal é que as lojas de rua estejam em bairros ou ruas onde haja concorrentes. Além de atrair o consumidor pela praticidade, isso pode reduzir os custos com marketing. “Às vezes, você
Rizzo: “Não é porque é shopping e franquia que o sucesso do negócio está garantido”
Telex: localização próxima a hospitais e clínicas atrai clientes
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Vitrine “Vendemos muito para transeuntes que vêem nossa fachada e se interessam pelos aparelhos expostos na vitrine”, diz Fábio Gonçalves, franqueado em Belo Horizonte da empresa de equipamentos audiológicos Telex. O empreendedor utiliza o próprio pontode-venda, localizado em uma região nobre da cidade e próxima a hospitais e clínicas, para atrair clientes. “Nessa região, profissionais da área médica podem nos indicar para seus pacientes”, diz. Um outro fator que levou Gonçalves a abrir sua segunda unidade de rua em Minas Gerais foram os custos mais acessíveis de instalação e manutenção da loja. “Shopping tem muita taxa e horário de funcionamento maior. Com isso, é preciso realizar turnos de profissionais – um gasto a mais. Já na rua, podemos administrar esse tempo”, argumenta. Em busca de ajuda para conseguir
Mundo Verde: shoppings oferecem maior comodidade aos clientes
a melhor localização, muitos franqueados optam pela contratação do chamado trabalho de geomarketing ou site location. Trata-se de um mapeamento completo de regiões da cidade, que inclui análise de mercado e de público-alvo, e fornece dados como melhor bairro, rua e até mesmo quadra para abrir o negócio. “Um franqueador experiente já teria todo esse levantamento, porque isso é papel dele”, afirma Rizzo. Segundo ele, a pesquisa de localização deveria estar inclusa na taxa de franquia, uma vez que nela já estão embutidos os serviços de busca e negociação da nova unidade. Assim, para o consultor, antes de se filiar a qualquer rede é fundamental procurar por franqueadores que selecionam pontos-devenda de forma profissional. Caso isso não esteja disponível na rede em que o empreendedor demonstrou interesse, então a recomendação realmente é contratar uma avaliação. “Vale a pena investir em estudos de geomarketing, porque é uma medida muito preventiva”, afirma Ana Vecchi. Para Jefferson de Carvalho, que contratou por conta própria o tra-
balho da GisTarget quando decidiu abrir sua primeira loja em São Paulo, a pesquisa foi essencial. “Sem ela, eu não teria a menor condição de achar um ponto bem situado porque não conhecia profundamente a região de Santana”, diz. “Por mais inexperiente que o empreendedor seja ou por menos suporte que ele tenha da franquia, com o estudo, saberá onde está pisando e vai estar subsidiado de informações que nem imaginava existir”, diz Carvalho. De acordo com o presidente da GisTarget, os custos da análise de mercado reduziram consideravelmente nos últimos anos e hoje são acessíveis até mesmo para micro e pequenas empresas. Excluídas despesas de viagem e transporte da equipe a campo, os estudos de vocação de ponto para franqueados custam em torno de R$ 5 mil e podem ser ainda menores de acordo com a área solicitada para mapeamento. Ainda assim, alguns empreendedores preferem fazer sua própria pesquisa com base em ferramentas fornecidas pelo franqueador. Este foi o caso de Gonçalves, da Telex, que uti-
Ana Vecchi: pessoas buscam comprar tudo que precisam no mesmo espaço
lizou todas as informações da própria franquia sobre regiões da cidade carentes de unidades e dados sobre público-alvo. O empreendedor realizou, por conta própria, um trabalho adicional de visitação a profissionais da área de saúde e parceiros da região para receber sugestões. “Escolher um bom ponto era um dos meus grandes receios por não ser natural de Belo Horizonte, mas fizemos a escolha certa e hoje estamos muito bem localizados”, comemora. Com ou sem assessoria, o segredo está em escolher uma franquia profissional e buscar pela localização que integre filosofia do negócio, público e demanda da região.
Linha Direta Ana Vecchi (Vecchi e Ancona) (11) 3841-9676 Cláudio Bessa (GisTarget) (11) 5532-0022 Fábio Gonçalves (Telex) (31) 3273-8352/3222-3783 Jefferson de Carvalho (Mundo Verde) (11) 6950-2467/ 6225-3171 Marcus Rizzo (Rizzo Franchise) (11) 4022-7345 Janeiro 2008 – Empreendedor – 61
F ranquia Estudos no exterior A Cia do Intercâmbio, especializada em cursos no exterior e intercâmbio cultural, acredita em franquias desde 2001 como forma de expansão pelo País. Com sede em Natal, a rede marca presença em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, e aposta no potencial de crescimento do mercado, baseada na expectativa de 15% de aumento na procura dos estudantes brasileiros por oportunidades no exterior. (13) 3591-4557 www.ciadointercambio.com.br
Expansão dos grelhados A rede de grelhados fast-food Montana Grill Express encerrou o ano de 2007 com 80 unidades em funcionamento ou prestes a abrir, crescendo em 25% no total de lojas e de faturamento em relação ao ano anterior. O interior paulista, o Estado carioca e a Região Sul são localidades onde a marca pretende se expandir e aumentar presença. As novas franquias carecem de investimento inicial de R$ 250 mil
Sem pêlos Trabalhando exclusivamente com depilação feminina, o Instituto Pello Menos foi aberto há 11 anos e projeta a expansão de 70% da rede através de franquias. Sete pontos já foram negociados e devem abrir no primeiro semestre em São Paulo. Para manter a qualidade, e padronização do atendimento e do método utilizado, as depiladoras, atendentes e gerentes passam por um treinamento de quatro meses. A rede calcula que, para uma franquia nova dar certo, a loja precisa realizar cerca de 60 atendimentos por dia, e as clientes da localidade devem proporcionar tickets médios de R$ 23. Além de se identificar com a área de beleza, o futuro franqueado deve dispor de um investimento inicial de R$ 250 mil a R$ 290 mil, e é preciso pagar R$ 100 mil de taxa de franquia. O faturamento inicial mensal gira em torno de R$ 45 mil, mas mensalmente 12% do faturamento bruto é destinado à taxa de royalties, e outros 3%, para a taxa de propaganda. www.pellomenos.com.br
62 – Empreendedor – Janeiro 2008
e R$ 25 mil de capital de giro. A taxa de franquia fica em R$ 40 mil, e são cobrados 2% sobre o faturamento bruto para taxa de publicidade e 5% de royalties. A rede sugere que o número de funcionários seja de 16 por unidade, numa área mínima de 33 metros quadrados. O faturamento bruto é estimado em R$ 90 mil, sendo 15% o lucro líquido, em média. (11) 3709-3709
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PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br
Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses
* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.
Zets Negócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) 3871-8556 franquia@zets.com.br www.zets.com.br
Tenha uma loja em sua mão A Ezconet S.A. detentora da marca Zets é uma empresa de tecnologia e distribuição de telefonia celular e aparelhos eletrônicos que, através de um sistema revolucionário denominado “BBC” (business to business to consummer) agrega novos serviços e valores a cadeia de distribuição. Realiza a integração entre o comércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções completas de e-commerce e logística para seus parceiros. Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizar para pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negócio próprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, sem riscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. Como Funciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtual Zets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, catalogo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. Quais Produtos são comercializados: Celulares e acessórios para celulares, calculadoras, telefoNº de unidades próp. e franq.: 20 nes fixos, centrais telefônicas, Áreas de interesse: Brasil acessórios para informática, baApoio: PP, TR, OM, FI, MP terias para filmadoras, baterias Taxa de Franquia: R$ 5 mil para note-book e câmeras digiInstalação da empresa: R$ tais, pilhas, lanternas, filmes 1.500,00 para maquina fotográfica, cartuchos para impressoras, etc. Capital de giro: R$ 5 mil A franquia estuda a inclusão de Prazo de retorno: 6 a 12 meses novos produtos. Contato: Shlomo Revi PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
TI
Convergência simples Aplicativo potencializa serviços de VoIP, que passam a ter interação escrita dinâmica Mais uma vez, se confirma o dito de que as coisas mais simples são as que melhor funcionam. Até mesmo para assuntos digitais. O TalkAndWrite acrescenta o canal imagem ao conhecido comunicador de voz pela internet, o Skype, e possibilita aos usuários de VoIP a interação escrita por um quadro. A lousa tem um ponteiro para cada participante – o que permite a sua utilização simultânea por mais de um usuário – e aceita todos os tipos de documento. O programa é recomendado para relacionamento com o cliente, para fechar negócios, para discutir projetos, realizar treinamentos e apresentações a distância. Desenvolvido pela empresa de mesmo nome em agosto de 2006, o TalkAndWrite foi pensado para dar um choque de dinâmica, motivação e interatividade à educação a distância, e garantir a retenção dos alunos. Depois de testado e recomendado pelo MEC, mais de 1,2 milhão de estudantes utilizaram o programa, segundo levantamento da Associação Brasileira de Educação a Distância. O sistema de interação permite que os usuários apontem, escrevam, desenhem, apaguem, grifem e digitem sobre o documento enquanto fazem a conferência pelo Skype ou outro programa de VoIP utilizado pela empresa. “Ele é um programa leve, rápido e prático. Usa apenas 5% da capacidade do computador”, garante Marcelo Rezende, diretor da empresa. A segurança da solução está na criptografia das informações trocadas. Para as melhorias do TalkAndWrite a serem anunciadas em breve, Rezende destaca a gravação do histórico da conferência, tanto da voz como dos movimentos. Hoje, o programa permite
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Rezende e o TalkAndWrite: “Programa leve, rápido e prático”
apenas que o produto final seja salvo. O TalkAndWrite virou plug-in Premium do Skype em abril de 2007 e registrou mais de sete mil downloads por semana. “Até o final do ano, vamos chegar a 2 milhões, e ainda acho pouco”, enfatiza Rezende. Para empresas que usam outro comunicador de VoIP, a ferramenta de interação pode ser customizada, como já acontece com os três mil clientes da TalkAndWrite, entre médias e grandes empresas. Além delas, professores de línguas, engenheiros, arquitetos, advogados, designers e outros profissionais liberais estão explorando o aplicativo para análise e customização de seus serviços. No próprio site, é possível testar
gratuitamente a versão básica do software, que permite a interação de dois participantes por até dez minutos. Ela é reduzida em relação à versão profissional, que pode ser contratada por período de um mês, um ano ou três anos, não tem limite de tempo, e pode ser usada por até dez usuários simultaneamente e com atualização do software garantida. Em todo o mundo, há 1,5 milhão de usuários do TalkAndWrite, sendo a maior parte nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. (Débora Remor)
Linha Direta TalkAndWrite: (48) 2107-2714 www.talkandwrite.com.br
Memória de elefante A MegaData, distribuidora de suprimentos para informática autorizada da Sony, anuncia a comercialização da linha de mídias magnéticas para uso corporativo.
A capacidade de armazenamento das mídias Sony varia de oito até 320 Gigabytes de memória, com garantia vitalícia. (11) 2149-2900 www.mdata.com.br
Antivírus de aluguel As ameaças virtuais, vírus de e-mail, trojans e spywares não são uma preocupação exclusiva das grandes empresas. Porém, no mercado observa-se que as grandes preferem prevenir, enquanto as pequenas optam por remediar. Para mudar esse quadro, a Mapa Brasil, em parceria com a Hauri, lançou um produto voltado especificamente para micro e pequenas empresas: o aluguel mensal de uma solução antivírus, com suporte para manutenção e gerenciamento remoto de TI. A proteção pode ser adquirida a partir de R$ 7 mensais, por computador atendido. Destaca-se a praticidade para resolução de problemas, uma vez que o técnico da Mapa tem acesso a distância a toda rede do cliente, e a partir de levantamento de dados emite um relatório on-line de soluções. (11) 5589-2143 www.mapabrasil.com.br
Gerenciador digital de contratos Se sua empresa não sabe mais como administrar tantos contratos com terceiros, clientes e fornecedores, uma boa solução para gerir estes documentos é o CLM, desenvolvido pela New Age Software. A sigla resume a atividade do software, que na tradução se torna um expert em “Gerenciamento do Ciclo de Vida do Contrato”. Idealizado para atender a
empresas de médio e grande portes, o sistema administra a criação dos modelos, aprovação e ativação, execução e análise de desempenho, até o encerramento do contrato. O programa também monitora o cumprimento das cláusulas contratuais presentes, bem como reajustes e renovações, além do prazo para a entrega dos produtos. (11) 3054-7888
Controle preciso Controller é a nova solução da Intelbras para controle do custo de chamadas telefônicas. Instalado em ambiente Windows, o aplicativo permite monitoramento de PABX e possibilita até 22 acessos simultâneos ao banco de dados. Dispondo os gastos através da emissão de relatórios e gráficos, o serviço é direcionado às pequenas e médias empresas que buscam um controle mais preciso do custo das ligações. O gerenciamento traz vantagens como a relação da tarifação de todos os tipos de chamada, controle de chamada por código de conta, não necessita de um computador dedicado e incorpora automaticamente a configuração da central telefônica. Os arquivos de relatórios podem ser enviados por email, assim como a listagem das chamadas externas e internas. O preço sugerido é R$ 480. (48) 3281-9500/www.intelbras.com.br
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TI Contas em dia Os impostos estão pesados em seu orçamento? Talvez você realmente esteja pagando mais do que deveria. Para ajudar na hora de acertar as contas, a IOB, empresa com 40 anos de atuação em informações empresariais nas áreas contábil e jurídica, lança o IOB Classificação Fiscal de Mercadorias e Monitoramento. Além da classificação dos impostos com base na Nomenclatura Comum do Mercosul, o serviço também monitora mudanças de códigos de forma personalizada, atendendo às necessidades de cada empresa. Antes de calcular os valores de tributos, o empresário pode enviar uma lista com os itens que serão comercializados, e a IOB, por meio da solução on-line, faz a classificação atualizada, evitando prejuízos ou desentendimentos com o fisco. (11) 2188-7900/www.iob.com.br
Mobilidade total O mercado de PC ultramóveis (UMPC, na sigla em inglês) ainda não desembarcou no Brasil, mas se você está com viagem marcada para a Europa, pode voltar com um exemplar da última geração de computadores portáteis na bagagem. A fabricante espanhola Ahtec entra na disputa pelo consumidor com o lançamento do modelo X60GT, que ini-
cialmente será comercializado por 699 euros (aproximadamente R$ 1.820). O computador pesa 454 gramas, roda Windows XP, e possui sistema GPS (localização geográfica via satélite) e sintonizador de canais de TV, com tela LCD de 6,5 polegadas. É equipado com conexões wireless e bluetooth, além de webcam integrada. http://www.ahtec.net/
Videoconferência de alta performance Para assessorar na alta performance de videoconferências, a Telesul Sistemas lança no Brasil o Vega X5. O dispositivo é indicado para sessões com grandes grupos, garantindo qualidade elevada de áudio e vídeo. Possui tecnologia de seguimento de voz, na qual a câmera segue e enquadra o orador, além
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de cancelamento de eco e supressão automática de ruído. O sistema permite a troca de dados através de apresentações de PowerPoint e ainda suporte multimídia, com recursos de criptografia que garantem a segurança das mensagens. Preço: R$ 16 mil. (11) 2106-5003/www.telesul.com.br
Guia do Empreendedor Marketing de baixo custo Consultorias temporárias individuais e serviços compartilhados por grupos de empresas são novas opções das agências A taxa de mortalidade das empresas mostra que sobreviver no Brasil não é uma tarefa fácil. Segundo informações do Sebrae (2005), metade delas não consegue ultrapassar dois anos. Encarando uma competição acirrada, seja em qual for o segmento, os empreendimentos de menor porte procuram alternativas para se tornarem mais eficientes e lucrativos, e uma delas é o planejamento de marketing. De olho nesse público, que abrange nada menos que 99,2% das empresas formais do País (IBGE/Sebrae, 2002), agências de publicidade e comunicação estão oferecendo os serviços de seus departamentos de marketing na forma de consultorias, com condições especiais de acordo com o poder aquisitivo do cliente. “Nós buscamos estabelecer uma cultura de marketing nas empresas, pois são clientes com estruturas pequenas e poucos profissionais com formação na área”, explica Ricardo Lima, presidente da Mercado Propaganda, de Florianópolis. O recém-divulgado serviço de consultoria da agência desen-
volve atualmente dois projetos em Santa Catarina. Nestes trabalhos, são feitas análises detalhadas do posicionamento das empresas no mercado, e também a forma de atuação delas nos mais variados pontos de contato com o cliente, como material promocional, conteúdo na internet, e até a abordagem utilizada pela equipe de vendas, por exemplo. Lima destaca que este novo serviço permite abordar um perfil que normalmente estava fora dos planos da agência. “Nosso cliente pode ser uma indústria que fornece produtos para outras empresas, e que não necessita propriamente de anúncios na mídia, pois não busca o consumidor final.” Na consultoria, o empresário estabelece um contrato temporário com a Mercado, que dura em média três meses, até a apresentação do diagnóstico com sugestões para aperfeiçoar o funcionamento da empresa utilizando ferramentas de marketing. “A partir dos resultados, o cliente desenvolve um trabalho conosco, ou mesmo com outra agência, se ele desejar”, afirma Lima.
Lima: estabelecer uma cultura de marketing nas empresas com poucos profissionais com formação na área
Kelly: a assessoria de imprensa é diluída, mas atende às necessidades individuais do cliente
O chamado marketing de baixo custo aparece como arma para arrebanhar clientes de menor poder aquisitivo, e já existem agências especializadas. Na KG8 Comunicação e Marketing de Baixo Custo, de São Paulo, as empresas que não podem arcar com o preço de uma consultoria exclusiva obtêm o serviço de forma compartilhada. Um trabalho de assessoria de imprensa, por exemplo, que custa em média R$ 3,6 mil, pode ser dividido por até seis empresas, pagando R$ 600 mensais cada. A idéia do “Caldeirão”, como a KG8 chama o serviço, além de outras opções de baixo custo da agência, são produtos direcionados exclusivamente às empresas pequenas, que isoladas podem não ter uma verba expressiva para marketing, porém juntas se constituem num ótimo cliente. A diretora de Conteúdo e Novos Negócios da agência, Kelly Gomes, garante que, mesmo com a atenção dividida entre os clientes, o serviço busca considerar as especificidades de cada um. “A assessoria de imprensa é diluída, mas atende às necessidades individuais do cliente. Fazemos um estudo de mercado, de produto, e traçamos um plano de necessidades de acordo com cada perfil”, afirma. Além da assessoria de imprensa, outros serviços do departamento de Marketing da KG8 também podem ser contratados da mesma maneira, com o custo dividido entre um grupo de empresas. Com dois anos de atuação, a agência acaba de ser incorporada pela Fênix Editora e passa a operar como um braço da consultora Kamararrá, mantendo-se no perfil de consultoria especializada para marketing de baixo custo. (Marco Britto)
Linha Direta Kelly Gomes: (11) 3717-2517 Ricardo Lima: (48) 3324-8004 Janeiro 2008 – Empreendedor – 69
THOMAS MAY
Guia do Empreendedor
Sites prontos
OceanAir oferece estadia grátis em SP Se você não reside em São Paulo e planeja uma viagem para fora do País, aqui está uma boa opção para tentar se prevenir contra o desgaste entre uma escala e outra. A empresa aérea OceanAir oferece hospedagem gratuita na cidade de São Paulo para os passageiros que forem percorrer a rota internacional com destino à Cidade do México. Partindo de Florianópolis, Curi-
tiba, Salvador, Recife e Belo Horizonte, o hotel fica por conta da companhia, inclusive para quem for chegar um dia antes na capital paulista. Os serviços devem ser solicitados por e-mail 48 horas antes da saída do vôo, e nas partidas de domingo e segunda-feira, os e-mails devem ser enviados até às 10 h da sexta-feira que antecede os vôos. promo.oceanair@oceanair.com.br
A Simples Consultoria lançou na web o portal Beyond Skins (www.beyondskins.com). A primeira versão do site, em inglês, foi lançada durante a Plone Conference em Nápoles, Itália. No portal, o cliente escolhe a opção de pacotes de serviços de website que melhor se adapta ao seu objetivo final. Cada Skin (layout de página) é integrado ao sistema Plone de gerenciamento de websites, o que permite aos usuários criar e manter um website na internet com facilidade. Dois novos layouts são adicionados por mês. Você escolhe o serviço de acordo com a necessidade: pode comprar o design e adaptar à sua tecnologia própria, comprar a tecnologia e adaptar ao seu design, ou ainda o pacote completo. As opções de website prontas para uso são comercializadas a partir de US$ 100. Há também uma versão básica disponível para download gratuito no site www.beyondskins.com.
Aula com os melhores CEOs A MindQuest, empresa de soluções em e-learning, promove nos aeroportos da Região Sudeste o programa CEO Lessons. Em totens para recarregar a bateria do celular, e também em exibição nas salas de espera, executivos de grandes empresas do Brasil e do mundo dão lições sobre como sobreviver e obter sucesso no mundo dos negócios. O conteúdo completo pode ser adquirido em formatos para disponibilização on-line em portal web ou via TV, IPODs, PDAs, Ian MacLaurin, Smartphones, celulares e até impresso no formato livro. presidente do Ideal para aprimoramento pessoal durante pequenos moConselho de mentos de folga, bem como para integrar o conteúdo do Administração portal corporativo e ser usado como material de apoio da Vodafone para apresentações. www.mindquest.com.br
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DIVULGAÇÃO GUSTAVO YUGO SHINZATO DA CUNHA
Produtos e Serviços Mídia no celular Precisando aproximar sua marca do público-alvo? A Cellmídia oferece o serviço de campanhas de mobile marketing (mensagens para celular). O banco de dados da empresa catarinense abrange 4,4 mil cidades de todo o Brasil e tem mais de 1,6 milhão de pessoas cadastradas. A ferramenta possibilita o envio de mensagens publicitárias ou de relacionamento, tanto para a base de dados do cliente quanto para o banco de dados da própria Cellmídia, o qual pode ser rastreado em busca do perfil exato de consumidor desejado pela empresa. A vantagem da seleção do público receptor das mensagens reside na precisão da campanha, que atinge exatamente o público esperado. (48) 3232-8328 ou www.cellmidia.com.br
Novo site para celulares O jornal O Globo lançou uma nova ferramenta para dar acesso mais amplo ao seu conteúdo para os leitores via celular. Em novembro, entrou no ar o site “OGlobo.mobi” (globoon.mobi), configurado a partir do novo padrão “mobi”, que deve resultar numa evolução em relação à primeira geração de sites WAP. A ferramenta oferece os principais conteúdos do Globo On-line e permite a participação dos usuários. Além de trazer conteúdos editados em tempo real, o “OGlobo.mobi” permite que o usuário recomende notícias, faça comentários em matérias e blogs, envie conteúdo do site para o e-mail de outros leitores e ainda participe da cobertura, enviando matérias para a sessão Eu-repórter. Segundo Daniel Stycer, gerente de planejamento do Globo On-line, cerca de 40% dos aparelhos em circulação no Brasil já permitem acesso a sites desenvolvidos no novo padrão.
Tempo é dinheiro Como diz o velho e sábio ditado, tempo é dinheiro. Para evitar o desperdício desse bem tão precioso com assuntos não relacionados ao ambiente de trabalho, como bate-papos em redes de relacionamento ou serviços de mensagens instantâneas como o MSN Messenger, a Micro Frequency desenvolveu o ÚnicoNet, um sistema corporativo completo para gerenciamento da internet. A ferramenta permite que o administrador bloqueie o acesso a websites, controle a entrada e saída de e-mails de todas as contas da empresa, e ainda monitore e bloqueie em tempo real conversas realizadas pelo Messenger. (11) 4799-8111/www.uniconet.com.br
Calculadora de competências Na hora de selecionar profissionais para uma nova vaga de emprego, a seleção por competências, que auxilia na identificação do perfil comportamental do candidato, ganha cada vez mais importância para a área de Recursos Humanos. Para reduzir o nível de subjetividade a que esse processo se submete, a AncoraRH, especializada em soluções de TI, desenvolveu um software capaz de mensurar o nível de competências de um candidato pelo processo de entrevis-
ta comportamental. Denominada “Calculadora de Competências”, a ferramenta ajuda a empresa a ter uma impressão mais próxima do profissional em questão. Os resultados da análise são gerados em gráficos, e as informações para o entrevistador são consolidadas por meio de dois tipos de apuração: quantitativa (Escala Simples) ou qualitativa (Escala Ponderada). A nova ferramenta está disponível gratuitamente para teste no site da AncoraRH (www.ancorarh.com.br). Janeiro 2008 – Empreendedor – 71
Guia do Empreendedor Caminho seguro Livro apresenta os conceitos de planejamento estratégico e como aplicá-los em micro e pequenas empresas A maioria das grandes empresas nasce pequena e cresce com o tempo, à medida que tem sucesso com seus produtos e demonstra compreender os desejos e as necessidades dos consumidores, respondendo ou antecipandose a eles. Em contrapartida, há empreendimentos bem-sucedidos quando pequenos, mas incapazes de manter alguns dos atributos que os levaram ao sucesso quando crescem. E há ainda empresas que preferem ser e permanecer pequenas, oferecendo um serviço altamente personalizado e reagindo rapidamente às tendências da tecnologia e do mercado, a partir de um ambiente propício para ousar, inovar, criar e experimentar. O problema dos empreendimentos do segundo caso é a falta de planejamento estratégico. Este é o tema do novo livro de Belmiro Valverde Jobim Castor, Tamanho não é documento: estratégias para a pequena e a microempresa brasileira. Na obra, o especialista apresenta em linguagem simples e direta os conceitos básicos do planejamento estratégico e a importância deles, para depois aprofundar-se nos principais e em sua aplicação em micro e pequenos negócios (99% das empresas do País se enquadram nessa classificação), exemplificados por casos hipotéticos. Planejamento estratégico é o pensamento estratégico aplicado aos recursos e às circunstâncias de uma determinada empresa em particular. Pensar estrategicamente é a capacidade de entender um problema empresarial complexo em suas múltiplas dimensões: econômicas, tecnológicas, sociais, culturais, políticas e ambientais. Da análise do ambiente, que abrange ainda as Forças Competitivas (entrantes, substitutos, grandes fornecedores
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e grandes clientes, além dos concorrentes) e dos Fatores-Chave do Sucesso (FCS – atributos, qualidades e características de bens e serviços que influenciam o mercado a consumi-los), são identificadas as ameaças e oportunidades. As forças e fraquezas são reconhecidas a partir da análise dos recursos internos disponíveis e de como eles podem ser combinados para criar valor para seus stakeholders – todos aqueles que têm algum interesse no destino da empresa e de seu sucesso, como proprietários ou acionistas, clientes e consumidores, e funcionários. A partir das análises sistêmicas, são tomadas as decisões estratégicas. Elas devem ser de conhecimento e divulgação restritos, e deve ser estabelecido claramente quem deve saber e o que deve saber a respeito delas. A partir da definição dessas estratégias globais, cada um dos elos da cadeia de valor contará com uma estratégia específica, cujo conjunto se denomina “estratégias funcionais”. Estas são detalhadas de modo a estabelecer claramente o que efetivamente fazer, quem está encarregado de fazê-lo, como, onde e quando fazê-lo, e a que custo. É preciso ainda estabelecer mecanismos de controle para acompanhar permanentemente a execução das estratégias traçadas, os resultados efetivamente obtidos em comparação com os previstos, bem como o comportamento dos fatores ambientais. Um bom controle é multifacetário e associa quatro dimensões: desempenho financeiro, satisfação da clientela, eficiência dos processos administrativos e produtivos, e capacidade de aprendizagem e perenização. Esse feedback faz com que o sistema possa continuar a funcionar direito, permite corrigir deficiências e defeitos, evita pro-
Tamanho não é documento: estratégias para a pequena e a microempresa brasileira Autor: Belmiro Valverde Jobim Castor Editora: Ebel Consultoria Preço: R$ 45,00 blemas e melhora o desempenho no futuro. “Fim da jornada? Não, pois o ciclo estratégico é contínuo, circular, nunca acaba”, frisa o autor. O empresário que introduzir o sistema estratégico deve antes promover um processo geral de sustentação em todos os escalões, criar uma cultura estratégica, ou ficará extremamente vulnerável aos jogos internos de poder e prestígio de seus membros, especialmente dos que a dirigem. Depois, todas as pessoas devem ser ouvidas, mas a empresa não tem obrigação de adotar os pontos de vista particulares desse ou daquele membro ou grupo. Muitas vezes, a utilização de consultores externos para assessorar na organização e condução do processo estratégico é desejável exatamente para evitar a inibição de alguns indivíduos e a frustração de outros. Para adquirir um exemplar, o interessado precisa apenas entrar no site www.belmirovalverde.com.br, preencher o formulário e emitir o boleto no valor de R$ 45. O pedido é atendido em até 48 horas após a comprovação do pagamento.
Leitura As quatro capacidades estratégicas
Estratégia e táticas de preço: um guia para crescer com lucratividade
Frases
Autores: Thomas Nagle e John Hogan Editora: Pearson Education Preço: R$ 59,00 Chegando à quarta edição, a obra foi atualizada com uma linguagem mais didática e acessível, e apresenta exemplos atuais, definindo elementos de estratégia com o objetivo de ajudar na tomada de decisões relativas a precificação. Tendo o público entre executivos e profissionais das áreas de marketing, finanças e vendas, os autores fornecem uma percepção mais aprofundada sobre como criar processos eficazes e identificar os principais obstáculos à sua implementação.
“Euclides da Cunha, em Os sertões, definiu o sertanejo, eternamente em luta contra as adversidades do clima, do solo e da política, como antes de tudo um forte. A frase se aplica com perfeição ao pequeno e microempresário brasileiro.”
Inovação em serviços intensivos em conhecimento
pensar estrategicamente planejar estrategicamente a atuação da empresa executar eficazmente as estratégias definidas controlar os resultados estratégicos obtidos
Regras para identificação dos FCS ser específico em relação aos produtos e consumidores que lhe interessam procurar descobrir o que atualmente não é oferecido ao consumidor que se deseja atrair no nível de preços que ele está disposto a pagar analisar os FCS na conjuntura atual, mas não esquecer das tendências
Regras para a criação de uma cultura estratégica o envolvimento e a liderança estratégica do principal dirigente da empresa são condições sine qua non não acredite na dicotomia entre pessoas “que pensam” e pessoas “que agem” crie um clima receptivo à troca de informações, análises e opiniões coíba ou controle o “fogo amigo” não permita que a administração estratégica se transforme em um grupo de liturgias ou rituais atribua responsabilidades claramente
“A primeira e mais importante maneira de ampliar os recursos de uma pequena empresa é ampliar os recursos do pequeno empresário.” “A regra de gestão em uma pequena empresa é saber crescer, isto é, incorporar um maior volume de clientes, consumidores e faturamento sem jogar fora – como dizem os ingleses – a criança junto com a água suja do banho, ou seja, sem destruir seu próprio negócio.” “É perfeitamente possível para uma pequena organização superar grandes organizações no processo de criação de valor. A chave para que isso ocorra é, em primeiro lugar, conhecer os stakeholders a quem pretende atender; e, em segundo, estabelecer com clareza o tipo de valor que ela criará para seus stakeholders.” “Recursos humanos bem preparados, com perspectivas reais de carreira e de progresso profissional associadas ao progresso da própria empresa são fatores importantíssimos para criar valor.” “Peter Drucker definiu bem a essência da gestão empresarial ao dizer que uma empresa em si própria só gera custos, e o que gera lucros é um relacionamento eficaz com o mercado.” “Nada tem maior capacidade de criar valor do que o trabalho, a criatividade, a iniciativa, a capacidade profissional, a lealdade e o entusiasmo dos membros de uma empresa; e, ao mesmo tempo, nada tem maior poder destruidor do valor do que o mesmíssimo fator, as pessoas.” “Em uma empresa de pequeno porte, o fator mais importante em termos estratégicos é a capacidade de criação e de inovação, enquanto o elemento limitador fundamental é a escassez de capital.”
Organizadores: Roberto Bernardes e Tales Andreassi Editora: Saraiva – Preço: R$ 99 Composto por trabalhos de diversos estudiosos na área de serviços, o livro aborda a inovação no setor de serviço, e apresenta um panorama geral e moderno da área no Brasil e no mundo. Organizado pelo professor Roberto Bernardes, com o apoio de Tales Andreassi, da Fundação Getúlio Vargas, o livro traz textos de Bráulio Alexandre Contento de Oliveira, Melby Karina Zuniga Huertas, Suzane Strehlau e Theodoro Augustinho Peters Filho.
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INFORMAÇÃO E CRÉDITO
Elcio Anibal de Lucca assume presidência do Conselho Superior do MBC Movimento pretende viabilizar projetos de aumento da competitividade das organizações e da qualidade de vida da população no Brasil
O
empresário Elcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa, é o novo presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, organização da sociedade civil de interesse público, voltada ao estímulo e ao fomento do desenvolvimento da sociedade brasileira. Na vice-presidência, tomou posse Wilson Ferreira Júnior, presidente do grupo CPFL Energia. O mandato é de três anos e é definido por indicação dos integrantes do próprio Conselho. Antes de Elcio Anibal de Lucca, lideraram o Conselho o empresário Carlos Salles (Xerox) e o presidente fundador do MBC, Jorge Gerdau Johannpeter. O MBC tem como objetivo principal viabilizar projetos que visam ao aumento da competitividade das organizações e da qualidade de vida da população. “Aumentar a competitividade do Brasil é um compromisso de toda a sociedade e deve ser um projeto nacional. Foi isso que levou um grupo de empresários, há quase sete anos, a conceber o Movimento Brasil Competitivo (MBC)”, afirma Elcio Anibal de Lucca. Para ele, a competitividade global
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implica também melhorias da infraestrutura interna, educação, saneamento, segurança, saúde, carga tributária, credibilidade das instituições, estabilidade monetária, empenho no combate à corrupção e oferta de crédito, por exemplo. “Todas essas questões estão contempladas na atuação do MBC.
Vamos continuar empenhados em disseminar tecnologias de gestão para os setores privado, público e terciário, com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável, o que passa efetivamente pela implantação de programas de qualidade total que levem à competitividade.”
Compromisso com a competitividade e a qualidade O Movimento Brasil Competitivo (MBC) foi criado em novembro de 2001 e é reconhecido como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), voltada ao estímulo e ao fomento do desenvolvimento da sociedade brasileira. A instituição congrega as funções do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP). “O objetivo do MBC é promover um aumento radical da competitividade das organizações privadas e públicas brasileiras, de maneira sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população”, ressalta o presidente fundador do MBC, Jorge Gerdau Johannpeter.
CAROL CARQUEJEIRO
Integrantes do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo Presidente Fundador: Jorge Gerdau Johannpeter Conselheiro Nato: Carlos Augusto Salles – Xerox Indústria e Comércio Ltda. Governo Dilma Rousseff – Ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República Sergio Rezende – Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia Miguel Jorge – Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Paulo Bernardo Silva – Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão Antoninho Trevisan – Prêmio Nacional de Gestão Pública Antônio Augusto Junho Anastasia – Vice-governador de Minas Gerais
Elcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa, é o presidente do Conselho Superior do MBC para o próximo triênio
Lideranças Empresariais Elcio Anibal de Lucca – Serasa S.A. – Presidente do Conselho Superior Wilson Ferreira Júnior – CPFL Energia – Vice-presidente do Conselho Superior José de Freitas Mascarenhas – Odebrecht S.A. – Conselheiro titular Carlos Alberto da Veiga Sicupira – Varbra S.A. – Conselheiro titular João Sanches – Merck, Sharp & Dohme – Conselheiro suplente Alexandre Silva – General Eletric do Brasil – Conselheiro suplente Daniel Feffer – Susano Holding S.A. – Conselheiro suplente Sergio Gabrielli – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras – Conselheiro suplente Marcos Lisboa – Unibanco – Conselheiro suplente Representantes da Fundação Nacional da Qualidade – FNQ Pedro Passos – Conselheiro titular Geraldo Quevedo Barbosa – Conselheiro suplente Janeiro 2008 – Empreendedor – 75
LIO SIMAS
Guia do Empreendedor Volume expressivo de IPO em 2008 Processos de abertura deveriam privilegiar mais os investidores locais e ter distribuição inicial mais transparente O mercado financeiro vem passando por um longo período de aperfeiçoamento nos últimos anos. Um dos segmentos que mais evoluiu foi a abertura de capital de empresas brasileiras – as chamadas IPO (sigla em inglês para Oferta Pública de Ações) – na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). São operações que proporcionam grandes benefícios para as empresas, pela oportunidade de capitalização a custo mais atrativo e pela possibilidade de atingir investidores estrangeiros. A transparência obrigatoriamente retratada nos balanços e a divulgação de informações relevantes passam a ser exigidas pelo mercado. Em 2007, tivemos 71 empresas que abriram o capital na Bovespa movimentando mais de R$ 57,1 bilhões. Deste volume, 76% vieram de investidores estrangeiros. Esta grande participação estrangeira é bem-vinda, fortalece o mercado acionário brasileiro e obriga-o a atuar dentro de parâmetros internacionais. O ponto principal que gostaríamos de abordar neste artigo está vinculado à participação dos investidores locais nas IPO. Somos de opinião que as IPO deveriam privilegiar mais os investidores locais, proporcionando a estes alternativas de alocação de recursos mais atrativas. Não é isso que vem acontecendo. Os processos de ofertas de ações (book building) são pouco transparentes. Os bancos responsáveis pe-
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las operações distribuem as ações de acordo com seus critérios e, principalmente, seu interesse. Sendo assim, grandes instituições financeiras são sempre as mais beneficiadas, pois na grande maioria das vezes possuem estreito relacionamento com os bancos coordenadores da operação e sempre levam vantagem em relação ao médio e pequeno investidor. Exemplo: a IPO da BM&F, que ocorreu no fim de novembro, atendeu à pessoa física em somente R$ 1.800,00 (hum mil e oitocentos reais), independente do valor que tenha enviado, enquanto grandes instituições financeiras foram privilegiadas e conseguiram uma quantidade expressiva na operação. Justifica-se o procedimento para evitar a ocorrência dos flipers (participantes que zeram a operação já no primeiro dia de negociação). No caso da BM&F, o que se viu no primeiro dia de negociação foi uma zerada geral, ou seja, grandes e pequenos investidores vendendo suas participações no primeiro dia de negociação. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria estar atenta a estas situações. Sua responsabilidade é a de analisar os procedimentos e critérios para então adotar parâmetros eqüitativos na distribuição das ofertas. Tais procedimentos devem beneficiar também os pequenos investidores. Estes, por sua vez, devem ser informados pelos principais agentes de distribuição dos objetivos da operação. Os agentes,
que são os grandes responsáveis pela análise da empresa, do cenário e do setor onde a empresa está inserida, têm a obrigação de conscientizar os pequenos investidores que investimento em ações deve ser sempre com horizonte de retorno de médio e longo prazos. Espera-se para 2008 um volume também expressivo de novas IPO. O mercado, com certeza, terá que ser mais criterioso. Setores com pouca representatividade na bolsa, como por exemplo, o da construção civil, tiveram que ser profundamente analisados em 2007. Os analistas tiveram que ser treinados para entender o setor e suas peculiaridades. As dificuldades de análise aumentarão em 2008, e cada vez será mais difícil identificar novos setores promissores. A própria Bovespa e BM&F serviram de exemplo. O ano 2008 promete. Grandes instituições já esperam valorização entre 25% e 30% para o Ibovespa. Para que isto ocorra, alguns percalços devem ser superados, entre eles o processo de desaceleração da economia norteamericana, que pode influenciar negativamente o fluxo para mercados emergentes. Como ponto positivo, espera-se a classificação do Brasil no grau de investimento por agências de rating internacionais
Paulo Petrassi Gestor de Renda Fixa da Leme Investimentos Ltda.
Análise Econômica
Carteira teórica Ibovespa NOME AÇÃO
Acesita ALL Amér Lat Ambev Aracruz B2W Global Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyre Com-ccp Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Ipiranga Pet Itaúbanco Itausa Klabin S.A. Light S.A. Lojas Americ Lojas Renner Natura Net P.Açúcar-CBD Perdigão S.A. Petrobras Petrobras Sabesp Sadia S.A. Sid Nacional Souza Cruz TAM S.A. Telemar N L Telemar Telemar Telemig Part Telesp Tim Part S.A. Tim Part S.A. Tran Paulist Unibanco Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo
TIPO AÇÃO
PN UNT N2 PN PNB ON PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN PN ON ON PN ON PN ON ON PN PNA ON PN PN PN ON PN PN UnN1 PNA PN ON PNA PN
PA R T I C I PA Ç Ã O DEZEMBRO I B OV E S PA (ATÉ 14/12/2007)
0,20 1,63 1,11 0,86 1,25 3,95 1,45 0,36 0,54 0,83 1,58 0,99 0,87 0,31 1,43 1,00 0,21 0,76 1,58 0,76 0,13 1,40 0,50 1,08 1,30 0,90 0,81 0,83 0,87 2,27 1,46 100,00 0,28 2,74 1,92 0,62 0,45 0,68 0,89 0,99 1,20 0,77 1,18 3,40 18,91 0,53 0,92 2,63 0,57 1,50 0,31 0,95 1,65 0,24 0,23 0,45 0,99 0,37 2,34 3,10 0,85 2,88 11,20 1,07
11,80 -9,60 -2,40 -8,30 -3,50 -0,60 -11,60 -7,20 1,90 0,30 -0,90 -3,70 -4,60 -1,90 -7,90 7,80 0,30 -3,60 -0,80 -0,70 -6,60 -2,60 -1,30 -6,20 -5,70 -5,80 8,90 2,80 -3,40 -1,80 -6,30 -0,90 -8,20 -5,70 -6,80 -2,80 -11,70 -3,60 -11,40 -1,20 -17,10 15,50 4,40 13,10 12,90 -6,40 -2,90 5,10 -1,10 -12,80 3,50 1,40 -1,90 -3,30 2,00 -6,40 -10,00 -1,10 -4,20 -8,80 -5,00 -6,40 -5,00 -14,40
VA R I A Ç Ã O % ANO
79,70 -3,80 26,50 0,90 31,90 87,30 25,60 42,60 68,90 51,60 2,10 7,90 20,20 7,40 36,80 24,50 12,00 -52,80 28,60 50,80 36,00 -7,70 3,40 37,90 -1,70 7,90 59,60 47,80 -30,70 40,40 32,90 23,90 25,80 36,00 23,00 39,50 22,40 -36,50 -9,00 -7,70 52,10 81,30 69,00 14,80 54,90 129,20 44,30 -32,70 40,90 9,40 17,50 22,30 -1,80 -27,70 -14,30 49,00 28,70 62,50 34,30 87,00 86,30 4,50
Inflação (%) Índice IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Novembro 0,69 1,05 0,38 0,47
Juros/Aplicação
(%)
Novembro 0,84 0,84 0,56 5,89
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Ano 5,89 6,32 3,69 3,53
Ano 10,89 10,94 7,18 15,63
Indicadores imobiliários Novembro 0,68 0,06
CUB SP TR
(%)
Ano 6,86 1,38
Juros/Crédito
Desconto Factoring Hot Money Giro Pré *
Dezembro 14/Dezembro
(em % mês) Dezembro 13/Dezembro
1,94 4,04 3,40 2,16
2,02 4,04 3,40 2,24
* taxa mês
Câmbio (em 14/12/2007)
Dólar Comercial Ptax Euro Iene
Cotação R$ 1,7969 US$ 1,4248 US$ 0,0088
Mercados futuros (em 14/12/2007)
Janeiro
Fevereiro
Março
Dólar R$ 1,798 R$ 1,805 R$ 1,811 Juros DI 11,12% 11,14% 11,16% (em 14/12/2007)
Fevereiro
Ibovespa Futuro
62.850
Janeiro 2008 – Empreendedor – 77
Guia do Empreendedor
Agenda Em destaque
22 a 25/1/2008
FIT – FEIRA INTERNACIONAL DO SETOR INFANTIL, TEEN E BEBÊ Expo Center Norte – São Paulo/SP – www.fit016.com.br A maior feira do setor da América Latina chega à 30ª edição para mostrar as novidades da estação outono/inverno de confecções, calçados, decoração e acessórios. Com mais de 135 expositores, a expectativa é um aumento em 5% do
15 a 20/1/2008
NAUTICAFAIR Centro Sul – Florianópolis/SC www.nauticafair.com.br A segunda edição do evento apresenta rodadas de negócios e espaço para lazer, além de palestras, cursos e atividades culturais, tendo expectativa de público de 40 mil visitantes. Na feira, estão presentes 150 expositores de estaleiros, motores, equipamentos, ferramentas, acessórios, implemento naval, vestuário, barcos, lanchas, jet ski, canoas, botes infláveis, cabos, âncoras, bóias, decks, tubos, equipamentos de pesca e mergulho, marinas e decoração.
público visitante, em relação ao ano anterior. Atraindo lojistas e profissionais do setor de moda bebê, criança e adolescente, a FIT tem expectativa de gerar negócios na ordem de R$ 110 milhões com a visita de 9 mil compradores.
24 a 27/1/2008
EXPO NOIVAS Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP (21) 2437-9595 / (11) 6280-8558 www.exponoivas.com.br Com foco em festas de casamento, de 15 anos ou bodas, a feira expõe e vende produtos e serviços. Aberta ao público em geral, a Expo Noivas é realizada desde 1994 no Rio de Janeiro, em São Paulo e Belo Horizonte, e além da exposição, os visitantes podem conferir desfiles, degustação de bolos e doces, e participar de minicursos. 28/1/2008
CURSO GOVERNANÇA DE EMPRESAS FAMILIARES: ESTRATÉGIA E ECONOMIA FISCAL IMAM – Vila Mariana – São Paulo – SP (11) 2275-7879 / www.ipge.com.br Voltado para executivos de empresas familiares, contadores e assessores em geral, o curso de oito horas pretende reduzir o risco estratégico e fiscal da empresa, e do patrimônio familiar. O programa é dividido em seis módulos, abordando desde o projeto do negócio, passando pela estratégia gerencial e finalizando com uma simulação de tributos. No final do curso, o participante recebe um certificado e tem acesso ao livro on-line Gestão estratégica nas pequenas e médias empresas. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor www.empreendedor.com.br
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O conteúdo que faz toda a diferença
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Novidades no ar Seguindo as tendências da web 2.0, de abrir canais de diálogos com internautas e de apresentar matérias em formato multimídia, o site www.empreendedor.com.br estréia 2008 em nova versão. Além do novo layout e logomarca, o Empreendedor on-line está mais dinâmico e interativo, através de espaços para comentários em cada notícia e reportagem, seções de contato direto com colunistas, inclusive para esclarecimento de dúvidas, e informações apresentadas em diferentes formatos (áudio, imagem e vídeo). No novo site também serão apresentados mais conteúdos especialmente produzidos para o portal, além do acesso gratuito às matérias publicadas na Revista Empreendedor, Revista do Varejo, Guia de Franquias e Empreendedor Rural. Artigos; entrevistas com grandes empresários; perfis com empresas reconhecidas nacionalmente; experiências de empreendedores que divulgam, abertamente, seus principais erros e acertos durante sua gestão; agenda de feiras e eventos são outros conteúdos disponíveis. O objetivo é buscar cada vez mais informação de qualidade, apresentála de maneira atraente e tornar o portal não apenas o ponto de referência, mas também o ponto de encontro dos empreendedores brasileiros.
Confira algumas das principais novidades do mês do novo portal Empreendedor: Notícias: A área “De Empreendedor para Empreendedor” se transformou na seção “Notícias”. A diferença está na atualização mais constante de assuntos que interessam ao meio empresarial e no ranking de notícias mais lidas e mais comentadas do site. Leitura: Nesta nova seção, o internauta terá acesso às críticas de livros voltados para assuntos empresarias, com sugestão de preço e informações adicionais. Além da possibilidade de comprar as obras, através de uma parceria com o site Submarino. Frase do Dia: A todo o momento será atualizada no site uma frase ou dica de um empresário ou consultor. O objetivo é dar oportunidade ao leitor de analisar o que eles pensam sobre diversos assuntos e refletir sobre temas importantes do meio empresarial. Newsletter: O cadastro para o recebimento dos boletins eletrônicos está mais simples. Agora, basta informar o e-mail para ter acesso, duas vezes na semana e de forma gratuita, a um resumo das principais novidades divulgadas no site.
FORMATO RSS Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como receber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.
Os dez mais empreendedores Confira, no site Empreendedor, o perfil dos dez mais empreendedores do ano que passaram por incubadoras, selecionados pela Revista Empreendedor. Todos são criadores de empresas de qualidade reconhecida mundialmente e que disputam com competitividade o mercado. São eles: Alexandre Costa,
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da PCTel; Augusto Guimarães, da Nuteral; Cláudio Grando, da Audaces; Fátima Chamma, da Chamma da Amazônia; Flávio Lacerda, da Adespec; José Hahn Filho, da Pollux; Juliano Alves, da Oníria; Nilton Alves da Quimlab e Ricardo Sarmento Costa, da Trilha Projetos.
Depois de conhecer os empresários que mais se destacaram no ano de 2007, participe da enquete do mês de janeiro. Diga qual é, na sua opinião, o mais empreendedor entre os dez selecionados. Para participar, clique na seção “Enquete”, no menu à esquerda do site Empreendedor.