Empreendedor 161

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VOZ DA EXPERIÊNCIA: ADELSON DE SOUSA, DA IT MÍDIA CARTÕES CORPORATIVOS: CONTROLE DOS GASTOS

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EMPREENDEDOR – TOQUE FEMININO – ANO 14 N o 161 MARÇO 2008

IS SN 1414-0 152

ANO 14 N o 161 MARÇO 2008 R$ 9,90

Chieko Aoki, criadora e presidente da rede Blue Tree Hotels

Empresas com mulheres na diretoria apresentam melhor desempenho

Toque feminino PAULO VERAS, DA ENDEAVOR: “ESTE SERÁ UM BOM ANO PARA EMPREENDER: PREPARE-SE E FAÇA”


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N E S TA E D I Ç Ã O

18 MULHERES EMPREENDEDORAS

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As mulheres do Brasil já estão mais bem colocadas no ranking mundial do empreendedorismo do que os homens: a décima colocação, duas posições acima da obtida por eles. Elas, que compõem 44% da população economicamente ativa do País, já representam 36% dos novos empreendimentos. E, segundo pesquisas internacionais, empresas com maior número de mulheres na diretoria apresentam um desempenho financeiro e operacional melhor do que as outras.

28 | MERCADO Sem destino

32 | GESTÃO Balanço transparente

34 | NEGÓCIOS CRIATIVOS Dentes perfeitos

Com a proibição da importação de pneus usados, o mercado de remoldados sofreu um duro golpe. Problema ambiental, político ou de interesse de mercado? Talvez um pouco de todos, além do cunho social. Entenda um pouco mais essa complicada questão.

A nova lei contábil traz modernização e maior credibilidade às práticas brasileiras. As mudanças obrigatórias, que atingem essencialmente as sociedades de grande porte, devem aumentar o interesse de investidores do mercado financeiro e de capitais.

O especialista em prótese dental Sidney Kina desenvolveu as chamadas lentes de contato dentais, lâminas de material cerâmico fixadas sobre os dentes para aumentá-los, corrigi-los, mudar forma e contornos ou mascarar alterações de cor no esmalte.

36 | ESTRATÉGIA Aquisições estratégicas

42 | MEMÓRIA Volte sempre

A Bematech procura reafirmar a liderança no mercado de automação comercial por meio da oferta de soluções completas (hardware, software e serviços) a partir da aquisição de empresas com atividades complementares às já oferecidas por ela.

Se na décima edição da Empreendedor a qualidade no atendimento era estratégica para conquistar e fidelizar clientes, hoje é obrigatória, com a evolução dos consumidores, cada vez mais conscientes de seu poder.

As operadoras de cartões de crédito empresariais apostam m na organização e maior or controle de despesas para ra conquistar clientes. Atualmente, no Brasil, 23% dos micro e pequenos os empresários trabalham com a moeda da de plástico.

38 | CRÉDITO Cartões corporativos

PURESTOCKX

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CASA DA PHOTO

56 | TI Tecnologia de aluguel Locação de equipamentos, softwares, e serviços de manutenção e segurança da rede reduz em cerca de 40% os gastos da empresa, que ainda pode se concentrar em seu core business. O aluguel é dedutível do imposto de renda e não consome linhas de crédito.

12 | ENTREVISTA Paulo Veras

O crescimento de mais de 600% na taxa de mortalidade das franquias, ainda que pequena (pulou de 0,09% em 2006 para 0,59% no ano passado), mostra que cautela na preparação do terreno é essencial na hora de criar ou ampliar a rede.

Para o diretor da Endeavor, este é o momento ideal para abrir um negócio, especialmente para empreendedores de alto impacto, dispostos a inovar e pensar grande. A receita é preparar-se – o instituto oferece diversas formas – e, principalmente, fazer.

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VOZ DA EXPERIÊNCIA Adelson de Sousa

CASA DA PHOTO

CASA DA PHOTO

58 | FRANQUIA Cuidados na expansão

46 | PERFIL Lourival Mariano O co-fundador da IT Mídia, empresa de B2B Media que fatura R$ 30 milhões por ano, despertou cedo para o empreendedorismo. Aos sete anos, por vontade própria, ele começou a recolher e vender sucata. Desde então, nunca deixou o mundo dos negócios.

L E I A TA M B É M 10 16 50

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PEQUENAS NOTÁVEIS

66 72 74

NEGÓCIO CERTO PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA

78 80 82

ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA EMPREENDEDOR NA INTERNET

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A Petink Serigrafia está prestes a completar 20 anos. Mas a primeira metade de vida, iniciada na garagem, foi muito difícil. Faltava organização, foco, planejamento estratégico, o que só veio – e fez a diferença – a partir da participação no Empretec.

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EDITORIAL

A

capa desta edição estampa a foto de Chieko Aoki, criadora e presidente da rede Blue Tree Hotels, conhecida como a dama da hotelaria brasileira. Assim como ela, vários outros ramos possuem suas “damas”, “rainhas” – ou independente do título que lhes conferem ou não –, mulheres que se destacam pela atitude empreendedora,

empreendedor | março 2008

pelo estilo de gestão e, principalmente, pelos resultados alcançados. Algumas delas estão na reportagem cuidadosamente preparada pela jornalista Natacha Amaral, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Mas elas não emplacaram a matéria de capa somente por essa data. A Revista Empreendedor escolheu o tema, porque elas realmente merecem. Hoje, no Brasil, elas já

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representam 44% da economia ativa e estão à frente de 36% dos novos empreendimentos criados, com elevada participação nos setores de comércio e serviços, e ocupam a cadeira de presidente de 20% das companhias brasileiras. No mundo, pesquisas apontam o melhor desempenho financeiro e operacional de organizações com maior número de mulheres na diretoria. Apesar de comprovarem sua capacidade no currículo – elas estudam mais d do que os homens – e nos resultados, d as mulheres ainda enfrentam muitas a barreiras para galgar postos de comanb do. E os salários quase sempre não são d os mesmos. Há o problema do estereo ótipo baseado em gênero, da ausência ó de modelos para imitar e da exclusão d de redes de relacionamento informais. d Elas buscam a igualdade de direitos no E mundo dos negócios, mas não querem m estabelecer nenhuma guerra de gênee ros. Como a própria Chieko Aoki diz, o r equilíbrio entre homens e mulheres é e fundamental para o sucesso. Homens f e mulheres possuem qualidades e estilos l complementares. Ainda nesta edição, uma entrevista motivadora com o diretor do Instituto m Endeavor, Paulo Veras. Segundo ele, os E bons resultados da economia nacional b no ano passado favoreceram o desenn volvimento de negócios e ampliaram v as possibilidades de crescimento em 2008 e 2009, transformando o período num bom momento para quem pretende tomar a iniciativa de abrir o próprio negócio, especialmente aqueles empreendedores de “alto impacto”, pessoas dispostas a inovar e a pensar grande. O que é preciso? Preparar-se e, mais do que isso, fazer. Sucesso é evoluir.

CEDOC

Alexsandro Vanin

O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br

A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] – Repórteres: Débora Remor, Francis França, Marco Britto e Natacha Amaral – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo, Lio Simas e Purestockx – Foto da capa: Divulgação – Revisão: Renato Tapado Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Érika Kaiser, Gesner C. Vieira e Nassara Kedman – Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivos de Contas: Vitor Hugo de Carvalho [vitorhugo@empreendedor.com.br] e Nelson Rosa [nelson@ empreendedor.com.br]– Executivo de Atendimento: Ronaldo César Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda. – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017 Brasília Ulysses C. B. Cava [ulyssescava@gmail.com] – Fone: (61) 3963-3208/9975-6660/9951-1878 – SRTVN Quadra 702 – conjunto P – Sala 3049 – Ed. Brasília Radiocenter – 70719-900 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. – Ricardo Takiguti [merconet@gmail.com] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] – Rua Arnaldo Balvê, 210 – Jardim Itu – 91380-010 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – Diretora: Luzia Correa Weiss – Fone: 0800-9797979 – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br


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C A RTA S

Carta do Mês Berço esplêndido O Movimento Brasileiro de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos, representado por sua Associação Nacional, esta Anprotec, vem celebrar, agradecer e parabenizar a equipe da Revista Empreendedor pela belíssima reportagem especial sobre as Incubadoras de Empresas e seus casos inovadores (“Berço esplêndido”), veiculada na edição nº 158, de dezembro de 2007. A fidelidade dos fatos, dados e informações, e o tratamento e a tradução jornalística adotados, além da extensão da matéria, contribuem de forma singular para a disseminação de nosso trabalho e de seus resultados. A Revista Empreendedor comprovou mais uma vez que, além de ser um importante parceiro dos empreendedores brasileiros, é um dos principais referenciais para a ampliação da cultura do empreendedorismo e da inovação em nosso País. Guilherme Ary Plonski, presidente da Anprotec

Terceiro setor (1)

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Dona Ruth (leia-se FHC) agiu muito bem em mandar criar uma lei específica para entidades voltadas ao Terceiro Setor: as Oscip, que, não deixando basicamente de ser uma ONG, têm novos mecanismos de controle, o que estava faltando para as ONG até então existentes. Como presidente do Instituto Vida & Cidadania, criado para atender aos setores cultura e lazer para a terceira idade, necessito de orientação quanto à nova Lei que permite ao empresariado exercer com honestidade maior suas participações em patrocínios de Projetos, com desconto no Imposto de Renda (agora até 2% do seu lucro social). Gostaria de receber orientação sobre o assunto, para não incorrer, logo no início, nas armadilhas que sempre ocorreram com outras ONG, as honestas. Somos gratos antecipadamente pelas informações, nós, do Instituto, e os 140 Grupos de Idosos da nossa Florianópolis.

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Foco nas pessoas

Muito bom o conteúdo da entrevista “Fazer o óbvio, mas com entusiasmo” (maio de 2007). Na verdade, precisamos fazer uma única coisa na vida: agir com verdade. Daí tiraremos de letra todas as situações; e, no encantamento, devemos encantar a todos ao nosso redor, nos encantar inclusive, e conseguiremos encantar os nossos clientes.

Superação

A matéria “Uma nova visão para o mundo”, de Natacha Amaral (edição 160, janeiro), só mostra uma coisa: podemos conseguir o que quisermos, tudo se resume no querer, essa palavra engloba tudo desde a autoconfiança e a disposição para assumir riscos. Douglas X.

Qualidade total

Se não houve comentários referentes ao tema dessa entrevista – planejamento estratégico (“Essência da longevidade”, agosto de 2007) –, é claro que as pessoas não agem com razão, e sim e muito pela emoção. É por isso que temos esse índice grande de fechamento de empresas.

Apesar de os resultados para as organizações serem de grande repercussão, como mostra a matéria “A eterna busca”, de Débora Remor (edição 160, janeiro), ainda há muita resistência na implantação de sistemas da qualidade, principalmente em pequenas empresas de cidades do interior, até mesmo de cidades de regiões metropolitanas. O pequeno empresário do interior ainda não atentou para os benefícios de sistemas de gestão, controles de processos e gestão por análise de resultados.

Artur Frasson

Marlise Aparecida Loura

Élcides Virginia

Planejamento estratégico

Exemplos

Espírito empreendedor

Ficou muito boa a matéria “Mercado do bem”, de Francis França (edição 160, fevereiro)! Parabéns pelo trabalho, texto excelente. Vou divulgar para os meus alunos.

O Guido Savian e o Juarez Antônio, da Embracon (“O encantador de pessoas”, por Ana Carolina Dionísio, dezembro de 2007), realmente são exemplos marcantes de determinação, otimismo e muita garra. O brilho dessa história é que tudo que alcançaram foi com muita honestidade, transparência e respeito ao ser humano. Posso dizer que sou prova viva dessa história. Parabéns!

Enquanto nos conformamos com o respaldo principalmente dos pais, muitas vezes nos acomodamos, e é comum que isso aconteça, porém quando existe a fatalidade e temos a vontade de ser alguém, as coisas passam a ter um novo sentido, como vemos na matéria “Essência do sucesso”, de Natacha Amaral (edição 159, dezembro de 2007). Lembrem-se: nada vem fácil! Parabéns pelo seu empenho e sucesso, Fátima Chamma.

Fernanda Dearo, da Dearo Marketing Social

Gisele Paula

Jorge Alves da Silva

Donato Ramos, presidente do Instituto Vida & Cidadania

Terceiro setor (2)


Trabalho honrado A Revista Empreendedor começou 2008 com três indicações para prêmios jornalísticos: “Nos trilhos da expansão”, da repórter Francis França, finalista na categoria impresso do 3º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, “A energia do vento”, do jornalista Alexsandro Vanin, e “As peças da construção verde”, de Ana Carolina Dionísio, ambas finalistas do Prêmio Vega Ambiental de Jornalismo. A reportagem “Nos trilhos da expansão”, publicada na edição 153, em julho de 2007, recebeu Menção Honrosa no 3º Prêmio SAE Brasil. No total, 201 matérias foram inscritas no concurso, 132 na categoria Impresso. “Fiquei muito contente com o reconhecimento, porque a matéria exigiu dedicação, e a alegria foi maior pelo fato de não sermos um veículo especializado”, diz Francis. Segundo ela, o material foi destacado porque tratou o transporte ferroviário de forma bastante

ampla e aprofundada. “Falamos dos trens turísticos, urbanos, de longa distância, das tecnologias em desenvolvimento e também dos aspectos históricos que levaram o transporte ferroviário de passageiros a quase desaparecer do País.” No Prêmio Vega, duas das cinco reportagens finalistas eram da Revista Empreendedor, selecionadas entre 109 trabalhos. O vencedor, no entanto, foi “Agricultura parceira da natureza”, de Denise Sauressig, da revista A Granja. “Embora não tenhamos levado o troféu, é muito importante saber que o trabalho que vem sendo desenvolvido pela equipe de jornalistas tem qualidade reconhecida por diversas instituições”, afirma Alexsandro Vanin, editor-executivo. “Ver o trabalho prestigiado assim dá entusiasmo para querer fazer melhor e aumenta a responsabilidade com as próximas matérias”, concorda Francis.

Correr atrás

No bugs

Valci Kreutzfeld, da Cativa Têxtil (personagem do perfil “Rumo à maturidade”, publicada por Francis França na edição de junho de 2007): Aproveito para cumprimentá-la pelo denodo, capacidade de sonhar e correr atrás do sonho, e por obter esse sucesso do qual tomei conhecimento agora. Pergunto: você já pensou, seriamente, que existe um mercado hoje muito grande, ou seja, a terceira idade, que necessita de novos produtos com novas pesquisas de materiais, que lhes satisfaçam a pele em contínua transformação e suas tendências de moda exclusiva?

Muito boa a matéria “Erro zero”, de Débora Remor, publicada na última edição. As ferramentas de testes comuns de mercado demandam alto nível de expertise, freqüentemente envolvendo o conhecimento intrínseco das aplicações que se contrapõe com a necessidade e demanda por intervenções (e monitorações) humanas, o que encarece e enfraquece o processo de qualidade de software. Com a abordagem de realizar o programa de testes (robô), a questão do expertise versus as ações operacionais se equilibra.

Donato Ramos, presidente do Instituto Vida & Cidadania

Oduvaldo Zeferino

A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), num trabalho em conjunto com a Editora Empreendedor, publica neste mês uma importante fonte de informação sobre a economia catarinense. O Guia da Indústria de Santa Catarina reuniu dados privilegiados de todos os setores industriais presentes na economia local, ouvindo entidades representativas e buscando os indicadores que fazem do Estado uma potência industrial brasileira, com expressão mundial. Além do panorama econômico, um catálogo de mais de 6 mil indústrias faz da publicação um grande índice do primeiro setor catarinense. A busca pelas empresas pode se dar por três maneiras distintas: por ordem alfabética, setor de atuação e ainda pelo município onde está alojada a indústria procurada. Para o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, “trata-se de uma ampla radiografia da força industrial e da expressiva diversificação da economia catarinense”. O Guia da Indústria de Santa Catarina já está disponível e pode ser adquirido através da Editora Empreendedor (assine@empreendedor.com.br) ou diretamente na Fiesc. ERRATA A Votorantim Cimentos recebeu treinamento em Trade Marketing pelo Programa de Administração do Varejo da USP, o Provar, e não pela consultoria Liz Bittar e & Associados, e o nome da coordenadora de projetos da Votorantim é Sandra Bright, e não Sara, conforme publicado na página 38 da edição 160.

empreendedor | março 2008

Da esq. para dir.: os diretores da SAE Brasil Horácio Forjaz, Mário Guitti e Maurício Barbalho entregam placa de Menção Honrosa à repórter Francis França

Publicação traça panorama da indústria de SC

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EMPREENDEDORES André Sá e Adelize de Oliveira

DESTAQUE VIRTUAL A ADM Distribuição e Logística, estabelecida no mercado há cinco anos e responsável por 22 livrarias virtuais, conquistou a quinta posição no ranking das cem pequenas e médias empresas que mais cresceram no Brasil. Em apenas três anos, seu faturamento aumentou 607%, com as receitas de R$ 828 mil em 2004, saltando para R$ 5 milhões em 2006. Os dados são da pesquisa Deloitte/ Exame PME divulgada no ano passado. O diretor de TI e Infra-Estrutura da ADM, André Sá, explica que os resultados se devem ao bom gerenciamento da empresa e a investimentos em automação. “Usamos sistemas de informação integrados para ter um rigoroso

Sérgio Franco

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OSCAR DA IMPRESSÃO

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Inovação, tecnologia de ponta e uma equipe qualificada são os principais ingredientes para o sucesso do negócio, segundo Sérgio Franco. O empresário, que fundou a Stilgraf há 15 anos em parceria com sua esposa, Ana Lúcia, hoje colhe os frutos do investimento e acrescenta estatuetas à sua coleção de prêmios. O destaque mais recente foi o primeiro lugar na 17ª edição do Prêmio Fernando Pini. Considerado o “Oscar” brasileiro da indústria gráfica e um dos prêmios mais conceituados do mundo para o setor, o Pini foi concedido pelo material elaborado para o Relatório Anual da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) – confeccionado com matéria-prima de primeira linha e acabamento especial. “Investimos em profissionais especializados, temos os melhores equipamentos e maquinários, e mantemos um relacionamento de confiança com cada cliente”, explica Franco, referindose às razões do crescente reconhecimento da Stilgraf no mercado. (11) 3611-9788

www.stilgraf.com.br

controle de nossas operações. Com isso, atendemos os clientes com agilidade e respeito aos prazos.” Sociedade entre Sá e Adelize de Oliveira, a ADM conta hoje com um acervo de 60 mil títulos, e 140 mil clientes ativos em todo o Brasil e no exterior. Com venda média de 12 mil livros por mês, a empresa agora investe no comércio de ferramentas, eletrodomésticos e DVD. A expectativa é de que, até o final do ano, os novos produtos representem 10% do faturamento total, estimado em R$ 11 milhões, e um novo centro de distribuição seja inaugurado na Grande São Paulo. (48) 3027-5151

www.admdistribuidora.com.br


Ede Laredo

MARCA INOVADORA Há 20 anos envolvido com o setor calçadista, Ede Laredo é diretor comercial e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da marca Okean. Lançada em 2007 pela Aniger – fabricante da linha futebol da Nike no Brasil –, a marca já conquistou os brasileiros e, em breve, deve calçar pés estrangeiros. Com pontos-de-venda nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste, recentemente a Okean lançou sua loja virtual para se aproximar do púbico jovem. Depois de investimentos em pesquisa e novas tecnologias, o etil vinil acetato expandido foi a matéria-prima escolhida para os calçados, que ficam leves – cerca de 150 gramas –, sem cheiro, e com um design moderno e inovador. Atualmente coordenando as ações de marketing da Okean, Laredo comemora o futuro embarque de 150 mil pares para Portugal e Itália. Outra conquista foi a parceria com redes varejistas dos Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Israel e Turquia, que fecharam negócios para vender as dez linhas de produtos que compõem a marca.

0800 7229900/www.okean.com.br

Emanuel Ciattei

Especializada em gestão de risco e segurança da informação, a Módulo busca a expansão através de alianças estratégicas, o que já lhe rendeu parceiros em diversos países da América Latina, Europa e dos Estados Unidos. Sediada no Rio de Janeiro, a empresa volta sua atenção para os países vizinhos. Emanuel Ciattei, diretor de negócios para a região, acredita que “ainda há muito o que expandir na América Latina. Ela funciona como um laboratório experimental exportador que tem baixo índice de risco de-

vido à proximidade geográfica e ao idioma”. Há 22 anos oferecendo soluções inovadoras em softwares e consultoria, a Módulo atende 400 clientes, através de parceiros, escritórios próprios em Nova York e Genebra, além das operações no Brasil. Recentemente, a empresa conquistou o prêmio Microsoft Partners Awards, na Categoria Excelência em Gestão de Segurança, e o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na Região Sudeste.

www.modulo.com.br

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DE OLHO NA AMÉRICA

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E N T R E V I S TA

Paulo Veras

PREPARE-SE E FAÇA Para o diretor da Endeavor, o momento certo de empreender é aquele em que a pessoa se sente segura e preparada para fazer

CASA DA PHOTO

por Francis França

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francis@empreendedor.com.br

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Este é o momento ideal para quem pretende tomar a iniciativa de abrir o próprio negócio, principalmente para os empreendedores de “alto impacto”, dispostos a inovar e a pensar grande, afirma Paulo Veras, diretor do Instituto Endeavor. Os bons resultados da economia nacional no ano passado favoreceram o desenvolvimento de negócios e ampliaram as possibilidades de crescimento em 2008. O momento favorável às empresas se reflete também nos resultados do próprio Instituto Endeavor, organização sem fins lucrativos que trabalha

no apoio aos empreendedores. O portal da entidade bateu recorde histórico, com 430 mil acessos, o que revela o crescimento na busca por conhecimento em relação ao empreendedorismo. O banco de dados da entidade oferece ao público cerca de 300 vídeos e 11 mil artigos sobre o tema. Além do acesso ao conteúdo virtual, workshops semanais envolveram 5,5 mil participantes. O Instituto Endeavor apóia diretamente 35 empresas com orientação técnica para o crescimento do negócio. Cerca de 240 empresários voluntários são ligados ao Endeavor e se dispõem a assessorar outros empreendedores, sem qualquer custo. No ano passado, os negócios apoiados tiveram aumento médio de 40% no faturamento, com receita agregada superior

a R$ 1,3 bilhão e 10,5 mil empregos gerados. Qualquer empresa pode participar do processo seletivo para receber apoio do Instituto Endeavor, basta preencher a ficha de inscrição na página da internet (www.endeavor.org.br). A prioridade são negócios já estabelecidos, com faturamento entre US$ 1 milhão e US$ 15 milhões, e com alto potencial de crescimento. Veras explica que o objetivo do Endeavor é apoiar empreendedores que possam servir de exemplo para a sociedade brasileira, pessoas dispostas a buscar oportunidades e a crescer. Segundo ele, a boa fase deve permanecer em 2009, impulsionada pela Semana Global do Empreendedorismo, que será realizada em novembro, pela primeira vez no País.


E o que se pode esperar para 2008? Veras – Temos essa sombra da crise norte-americana pairando no ar, mas apostamos que isso não vai nos atrapalhar muito, porque o Brasil está vivendo um momento muito diferente dos Estados Unidos. Ao passo que lá grandes bancos como o Citibank estão amargando prejuízos bilionários, aqui os bancos tiveram o melhor ano de sua história, como foi divulgado recentemente nos balanços do Itaú e do Bradesco. Isso é importante, porque boa parte desse recorde se deve à ampliação do crédito, tanto para pessoa física quanto pessoa jurídica. Os bancos decidiram como estratégia ampliar a oferta de crédito para empreendedores, então o acesso ao capital ficou mais fácil, e essa tendência vai continuar em 2008. Temos conversado muito com os bancos, e está claro que todos eles, independente do que está acontecendo no mercado externo, apostam na ampliação do crédito este ano. E que fatores estão garantindo a resistência do mercado brasileiro à crise norte-americana? Veras – O principal elemento é o perfil do mercado de crédito. A economia norteamericana já é muito alavancada, o nível de endividamento em relação ao PIB é muito maior do que no Brasil, eles exageraram na dose, ofereceram muito crédito para pessoas que não tinham como pagar, porque o mercado dos melhores pagadores já estava saturado. Aqui, é exatamente o oposto, temos muita gente com potencial para crescer e repagar dívidas, mas que ainda não teve acesso ao capital, então temos espaço para crescer muito com segurança. E como o Brasil conseguiu chegar a esse patamar de segurança?

Veras – Principalmente, por fatores conjunturais. Se compararmos o Brasil de hoje com o de dez anos atrás, veremos que a nossa dívida externa em dólar está muito baixa – exatamente o oposto dos momentos de maior crise – e, portanto, ficamos menos suscetíveis à variação de câmbio e a investimentos estrangeiros. Isso dá uma solidez para o Brasil que, mesmo que haja problemas lá fora, não nos afeta tanto. É claro que uma recessão norte-americana sempre atrapalha, não achamos que estamos imunes, mas trabalhamos com um quadro em que, mesmo com a crise, vai haver crescimento no Brasil. Se não houver crise ou se for mais atenuada, o crescimento pode ser até maior do que foi em 2007. Algumas leis importantes começam a ter impacto na economia a partir deste ano, como o Super Simples. O que se pode esperar da performance das empresas de pequeno e médio portes nesse novo cenário? Veras – O grande passo do Super Simples na direção certa, independente da meta de redução de carga tributária, é o fato de simplificar processos e evitar erros, porque um dos grandes problemas no

O grande objetivo é fazer as pessoas abandonarem aquela postura passiva e assumirem o papel de protagonistas para inovar, crescer, fazer coisas maiores e melhores

Brasil para empreender é a complexidade do sistema tributário. Muitas vezes, as empresas têm multas ou não conseguem tirar uma certidão negativa, não por má-fé ou por sonegação, mas porque o sistema é tão complexo, que ela acaba errando, seja no recolhimento, seja nos relatórios para a Receita Federal e Fazenda Estadual, e o Super Simples ajuda muito nesses aspectos. E em relação ao desempenho da economia com o Super Simples, devemos ter alguma mudança significativa? Veras – Em curto prazo, não. A maior mudança que o Super Simples trará não diz respeito a impulsionar a economia, mas a facilitar a formalização de empresas que hoje são informais. Por exemplo, o crescimento na arrecadação federal, nos últimos dois anos, tem sido muito maior do que a evolução do PIB, e sem aumento de alíquota. Boa parte desse desempenho se deve à formalização da economia, e isso tem um impacto muito positivo para o Brasil. Somos um País em que 50% da economia é informal, ou seja, as empresas formais pagam o dobro do que precisariam. A partir do momento em que mais empresas comecem a contribuir, abrese espaço para a redução da carga tributária, e teremos um grande estímulo para o desenvolvimento econômico. O senhor acha possível uma redução real de carga tributária? Veras – Não tenho a mínima dúvida. É um movimento que deve acontecer, sim. O que se pode esperar para a Semana Global do Empreendedorismo, em novembro? Veras – Vai ser um evento muito positivo, pois será a primeira vez na história que teremos uma semana global do empreendedorismo. Tivemos antes na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas foram iniciativas isoladas. Em 2008, a Semana do Empreendedorismo vai acontecer simultaneamente em todo o mundo, com atividades que vão envolver empreendedores do Brasil junto com os da Rússia, da China, dos EUA, de Uganda, e por aí vai. No Brasil, estamos planejando muitas atividades em parceria com outras organizações empresariais – pois é um movimento muito maior do que o Endeavor – como o Sebrae, que deve fazer

empreendedor | março 2008

Como foi o desempenho do empreendedorismo no Brasil no último ano? Paulo Veras – Muito bom para o Brasil e para o empreendedorismo. Vimos um desenvolvimento expressivo das pequenas e médias empresas, impulsionado pelo boom econômico que ocorreu no mundo inteiro, mas também pela maior oferta de crédito a juros mais baixos para os empreendedores brasileiros. Dados do Sebrae apontam 2007 como o ano de melhor desempenho das micro e pequenas empresas na última década.

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E N T R E V I S TA

Paulo Veras

o Desafio Sebrae, com mais de cem mil jovens. A organização Junior Activity deve trabalhar com 300 mil crianças nas escolas, com jogos, competições, palestras. Como essas iniciativas serão planejadas? Veras – Vai demandar uma organização gigante, por isso o modelo é distribuído, não vamos organizar tudo sozinhos. Cada uma dessas organizações vai promover diversas atividades durante a semana e se responsabilizar por elas. Teremos uma coordenação central em um website, e qualquer organização pode entrar no site, se cadastrar e abrir suas atividade para o público, que terá acesso à lista de eventos do dia em todo o País. Teremos atividades internacionais também, que devem envolver competições de criatividade, inovação, idéias para resolver problemas.

empreendedor | março 2008

O público-alvo são os jovens? Veras – O evento será aberto para qualquer pessoa que queira empreender, mas o principal são mesmo os jovens, pois queremos trabalhar a próxima geração de empreendedores. O grande objetivo da semana global do empreendedorismo é trabalhar uma atitude empreendedora, fazer as pessoas abandonarem aquela postura passiva e assumirem o papel de protagonistas para inovar, crescer, fazer coisas maiores e melhores. Precisamos acabar com aquela noção que se tem no Brasil de que o empreendedorismo é algo que se faz por necessidade, por falta de opção. O empreendedorismo não pode ser uma fuga do desemprego, precisa ser uma busca por oportunidades. Temos que mudar a idéia de que o sucesso para o empreendedor é não morrer, isso é errado, sucesso é evoluir.

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Que impacto esse evento deve trazer para o Brasil? Veras – Os resultados mais importantes virão em médio e longo prazos. Queremos aumentar o número de jovens que querem empreender e dão o passo para isso. Ou, mesmo que não se crie um negócio do zero, incentivar esses jovens a inovar, ver quantas coisas novas eles criaram, queremos ver uma melhoria na taxa de crescimento das empresas que forem criadas por esses jovens. Buscamos uma mudança no

Buscamos uma mudança no perfil do empreendedor brasileiro, para se tornar mais moderno, ambicioso, com vontade de chegar mais longe

perfil do empreendedor brasileiro, para se tornar mais moderno, ambicioso, com vontade de chegar mais longe. Isso, sim, trará um impacto gigante para a economia no futuro, vai gerar mais empregos, mais oportunidades, distribuir melhor a renda. Essa transformação realmente pode ajudar o País a dar um salto para se tornar mais desenvolvido. Como o País está posicionado mundialmente em relação ao empreendedorismo? Veras – O Brasil tem um posicionamento ambíguo. É um país que figura no topo dos rankings porque tem uma massa muito grande de empreendedores. Por outro lado, quando se fala de empreendedor de alto impacto, que pensa grande, tem ambição, infelizmente ainda estamos mal. O estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM – Monitor Global de Empreendedorismo, na sigla em inglês) mostra que, no Brasil, para cada empreendedor de oportunidade, que é aquele que quer crescer, existe um de subsistência. Nos países mais desenvolvidos, a relação é de dez empreendedores

de oportunidade para cada um de necessidade. Então, isso muda completamente o perfil dessa pessoa e o impacto que ela tem na economia. Nesse quesito, estamos ainda muito mal posicionados, os empreendedores brasileiros, em geral, não são muito inovadores, não se preocupam com crescimento e não têm grandes sonhos. O senhor costuma dizer que empreender não é fácil em qualquer lugar. Quais são as características que diferenciam o Brasil – para o bem ou para o mal – como cenário para o desenvolvimento do empreendedorismo? Veras – Normalmente, as pessoas só vêem o lado ruim, mas a moeda tem dois lados. Nossos fatores negativos mais marcantes são aqueles que todo mundo conhece: burocracia, legislação trabalhista ultrapassada, dificuldades para abrir empresas, crédito caro – apesar do movimento para barateá-lo, nossa taxa de juros real ainda é uma das mais altas do mundo. Essas são coisas que no Brasil são piores do que no resto do mundo. Mas também tem um lado positivo, que pouca gente fala. O Brasil é um país que ainda tem uma avenida para empreendedores que queiram crescer, porque essa postura não é comum aqui, então, quem tiver será muito mais competitivo do que o resto, que só quer fazer o básico. Para empreendedores mais ambiciosos e preparados, existe um terreno muito mais fértil no Brasil do que lá fora, onde a concorrência é muito mais acirrada. Outro fator interessante é que achar gente talentosa no Brasil é mais fácil do que lá fora, porque temos boas universidades, e a competição por talentos é menor. Montar um bom time aqui é bem mais fácil – e mais barato – do que nos Estados Unidos, por exemplo. Quais são os setores mais promissores da economia atualmente? Veras – Tecnologia da informação, certamente, é um deles. A biotecnologia também deve crescer bastante, é um segmento que está se desenvolvendo mais, com mais cursos e empresas envolvidos. Além disso, o setor de serviços, em geral, tende a crescer muito no mundo inteiro, principalmente nesse ciclo que estamos vivendo, em que


CASA DA PHOTO

Para empreendedores ambiciosos e preparados, existe um terreno muito mais fértil no Brasil do que lá fora, onde a concorrência é muito mais acirrada

a base da manufatura está migrando para a Ásia. Isso abre espaço para o setor de serviços, e o Brasil começa a competir melhor nesse campo também.

LINHA DIRETA Paulo Veras (11) 4504-2470 www.endeavor.org.br

empreendedor | março 2008

Qual é a sua recomendação para quem quer começar a empreender em 2008? Veras – Faça. É sempre bom se preparar, acessar informações na página do Sebrae, do Instituto Endeavor, entender melhor o que o empreendedorismo significa, tudo isso ajuda muito. Mas nada substitui o fazer. As pessoas sempre perguntam se existe o momento certo para empreender. O momento certo é aquele em que a pessoa se sente segura e preparada para fazer. Este será um bom ano para empreender, então a dica é esta: se preparar e fazer.

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NÃO DURMA NO PONTO

PARA CADA EMPREENDEDOR, UM TIPO DE EMPRESA Empreender! Está lá no Aurélio: deliberar-se a praticar, propor-se, tentar, pôr em execução. E o Houaiss até qualifica: decidir realizar (tarefa difícil, trabalhosa). É um verbo que remete a outros, todos relacionados à ação: praticar, tentar, executar. É empreendedor, portanto, quem consegue evoluir do plano das idéias para o plano da ação. Sem essa transição, a criatura será um estrategista, que sabe fazer uma boa leitura do mercado, ou um visionário, que consegue enxergar o que mais ninguém é capaz, ou mesmo um sonhador volúvel, que pensa um novo negócio cada dia. Nenhum desses, portanto, consideradas apenas essas características, pode ser qualificado como empreendedor, que é principalmente alguém com uma pro-

O modelo “ganha-pão” Empreendedores movidos pelo sustento estão preocupados em ganhar a vida, portanto querem garantir proventos para bancar – sagradamente – o tal “leitinho das crianças”, as contas a pagar e outras necessidades corriqueiras. Se sobrar para alguns “luxos”, tanto melhor. Se não, já está valendo. O foco é a segurança acima de tudo. Alguns desses empreendedores são profissionais sem emprego ou que estão na transição entre uma e outra colocação no mercado de trabalho. Muitos estão bem situados, do ponto de vista financeiro, porque têm reservas confortáveis. Mas necessitam assegurar o que têm. Como negócios envolvem riscos, está aí o primeiro dilema desse tipo de empreendedor:

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A escolha mais comum é minimizar os riscos ao máximo, o que implica reduzir também os ganhos. E essa é uma das razões pelas quais muitos empreendimentos nascem minguados ou se mantêm mirrados ao longo do tempo

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pulsão a agir em prol da idéia e de transformar o abstrato em concreto. Há, ainda, outros importantes aspectos a levar em conta, além dessa inclinação comum a agir. São diferenciais bastante claros, quando se investigam as razões e as motivações que levam uma pessoa a empreender. Vejamos quais são os três tipos de embrião que geram empreendimentos e negócios pelo mundo afora. Cada um deles está na base do movimento inicial. E confere uma identidade bastante particular ao criador e à criação.

adequar os riscos à necessidade de segurança. A escolha mais comum é minimizar os riscos ao máximo, o que implica reduzir também os ganhos. E essa é uma das razões pelas quais muitos empreendimentos nascem minguados ou se mantêm mirrados ao longo do tempo. Empreendimentos movidos pelo sustento são aqueles que se limitam à estrita esfera da luta pela sobrevivência. Eterna luta! Cada dia, o líder tem de sair como um animal selvagem em busca da caça que mantém a vida. Não raro, tendo de ir cada vez mais distante,

porque o entorno comestível já está devidamente extinto pela sua própria ação predatória e de seus semelhantes. Poucos percebem que a origem dessa luta infinda está justamente no tipo de motivação que está na base do empreendimento. Ao longo dos anos 1980, contribuí, como consultor, para a criação de muitos negócios, quando eles ainda não passavam de simples idéias. Naquela década, aliás, aconteceu o boom de empreendimentos decorrentes dos processos de terceirização e de propagação do segmento de franquias no mercado brasileiro. Era, então, procurado por profissionais que sonhavam ter seu próprio negócio. Em geral, os tipos de demanda revelavam o tipo de empreendedor ávido por uma orientação e também prenunciavam o sucesso ou insucesso dos futuros empreendimentos. – Roberto, o que é que está “dando” dinheiro por aí? Essa era a pergunta cujo emissor não tinha nenhuma razão mais consistente para empreender, a não ser o objetivo de “ganhar dinheiro” para assegurar o sustento. E era só aguardar para ver que a investida não daria em nada. O tipo de negócio natimorto ou que ultrapassava o primeiro ano de vida, mas sempre aos trancos e barrancos. Mais ou menos semelhante ao eterno carregar a pedra para o topo do barranco, mas na certeza de que rolaria de volta ao sopé, em seguida. A tarefa milenar do mitológico personagem Sísifo. Empreendedores movidos pelo sustento constituem a maior parcela desse universo do “ter o próprio negócio”, principalmente em economias com elevadas taxas de desemprego. Alguns cumprem todo o cerimonial da legalização, mas alguns se limitam à informalidade.

O estilo celebridade Empreendedores movidos pela vaidade estão à procura de admiração, prestígio, res-


também correr riscos não raro muito significativos, esses equilibristas procuravam se adequar aos novos cenários. Sem fazer feio, claro, porque ninguém aplaude perdedores. E havia, ainda, os que construíam negócios cobiçados mais pelos outros do que instigantes para si mesmos, porque já não viam neles tanta graça e interesse. Talvez porque a vaidade tenha deixado de ser a sua força impulsionadora.

Direcionados pelo talento Empreendedores direcionados pelo talento, ao contrário dos tipos anteriores, estão em busca de auto-realização. E, para eles, um negócio nada mais é do que um meio através do qual possam expressar os seus talentos.

Os empreendedores dão vida aos seus empreendimentos e são por eles também revitalizados, em um extraordinário círculo virtuoso de evolução contínua, benéfico para quem empreende e quem se beneficia do empreendimento

ximo de exposição era ser capa de revistas. Esse é o tipo do empreendedor que gosta de surfar nas ondas do mercado, pegando carona nas tendências. Empreendimentos movidos pela vaidade costumam ter alguns tipos de desdobramento. Alguns desapareciam junto com as modas e as coqueluches que os inspiraram. Outros tomavam novos rumos, regidos pela sagacidade do empreendedor e pela sua competência de bom surfista. Sempre em busca das ondas perfeitas, o que implica

Não quero dizer, com isso, que essas pessoas são desprovidas de ambição, mas sim que esta está mais direcionada para dentro, para aquilo que se deseja e acredita, do que para fora, na busca de aprovação e do sucesso aos olhos dos outros. É verdade que os negócios possuem sua magia. Nem sempre serão bem-sucedidos, apenas porque o empreendedor usa muito bem o seu talento específico. Mas notei, ao longo de minha experiência, que o direcionamento pelo talento, quando resolvia

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873 1953 / www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

algum tipo de problema ou atendia a determinada demanda externa, ampliava muito as chances de êxito. Naqueles agitados anos 80, ouvia desses empreendedores indagações do seguinte tipo: – Roberto, tem uma coisa que me deixa indignado: ninguém consegue resolver o seguinte problema:... Está aí! Mais do que uma indagação, uma indignação! Um problema a ser resolvido, uma necessidade a ser satisfeita, algo ou alguém com o potencial de liberar o talento do empreendedor. O “estar a serviço de...”. Com a contrapartida da gratificação interior!

Três em um Essas três formas de empreender, porém, não são excludentes. Um empreendedor, seja qual for a sua principal motivação, também se preocupa com o sustento. E, por mais direcionado que seja pelo seu talento, não está destituído de vaidade. Ninguém se enquadra, portanto, apenas em uma categoria. Geralmente, cada um é uma mistura com pesos e medidas diferenciados. E que se altera, em épocas diferentes ao longo da existência. Afinal, os empreendedores dão vida aos seus empreendimentos e são por eles também revitalizados. Em um extraordinário círculo virtuoso de evolução contínua, benéfico para quem empreende e quem se beneficia do empreendimento – dos colaboradores aos clientes e, assim, toda a comunidade.

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peito, status. Querem o aplauso da sociedade, o reconhecimento dos amigos, a congratulação da família, a aprovação do pai ou da mãe. Tudo o que importa são os refletores iluminando seus movimentos. Esse tipo de empreendedor é, em geral, ambicioso e inteligente. E a vaidade funciona, de certa forma, como uma força impulsionadora. Quando atrelada à competência, pode gerar empreendimentos bemsucedidos. Naqueles idos dos anos 1980, a pergunta que me faziam era outra: – Roberto, quais são as novas tendências do mercado? Tendências do mercado implicam moda, coqueluche, muita visibilidade, e presença vigorosa e constante na mídia. O sonho má-

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C A PA

comando Mulheres no

Elas estão à frente de 36% das novas empresas criadas no Brasil, o que faz do País a décima maior força empreendedora feminina do mundo

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Considerado um dos países mais empreendedores do mundo, o Brasil agora presencia um novo fenômeno no campo dos negócios: a destacada presença das mulheres no mercado de trabalho. Prova disso é o resultado da pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2006. Segundo o estudo, o Brasil tem a décima maior força empreendedora feminina do globo. Isso significa que, neste quesito, o País passou na frente de nações desenvolvidas tais como França, Itália, Suécia e Bélgica, e chegou à casa dos 5,5 milhões de mulheres encabeçando negócios em fase inicial. Se há cerca de 20 anos elas nem sequer eram contadas nas estatísticas como população economicamente ativa, hoje representam 44% dessa categoria e 36% dos novos empreendimentos criados no Brasil (dados IBGE e Sebrae 2007). Entre outras causas, o avanço nos números é resultado da elevada participação feminina nos setores de comércio e serviços, que recentemente aumentaram sua relevância no PIB brasileiro. O resultado dessa maior inserção das mulheres no mundo dos negócios, especialmente em posições de alto escalão, é a melhora da saúde financeira de muitas empresas e do desempenho da economia no País como conseqüência. Isso porque a introdução de um estilo de liderança com as características naturais delas, muitas vezes reforçadas pela experiência da maternidade, complementa o trabalho dos executivos homens e resulta em uma administração mais eficiente como um todo.

Presença feminina No mundo 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial

Fonte: The Economist

No Brasil 44% da população economicamente ativa 36% dos novos

empreendimentos

20% das empresas

sob comando feminino

Fontes: Catho, IBGE, Sebrae 2007

Empreendedorismo brasileiro no cenário mundial Feminino: 10º lugar Masculino: 12º lugar Fonte: GEM 2006

PURESTOCKX

por Natacha Amaral natacha@empreendedor.com.br


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Chieko Aoki criou a bandeira Blue Tree Hotels em 1997. Na época, a presença da mulher em posições de liderança ainda era novidade

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Estilo feminino

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Mulheres fazem uma gestão mais aberta, agregadora, focada em pessoas e polivalente

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Um exemplo de empreendedorismo de sucesso com estilo de gestão feminino é Luiza Helena Trajano, empresária que comanda a rede varejista Magazine Luiza. Com espírito ativo desde menina, ela iniciou suas atividades profissionais aos 12 anos de idade, quando resolveu usar as férias escolares para trabalhar na loja de eletroeletrônicos e artigos para casa dos tios. “Gostei da experiência e passei a repeti-la nos anos seguintes”, conta. Em pouco tempo, Luiza já havia passado por todos os departamentos: de cobrança à gerência, de vendas à direção comercial. Finalmente, em 1991, assumiu a presidência do negócio e implementou grandes transformações. Na liderança, uma de suas primeiras ações foi remover as divisórias do escritório central da sede para agilizar a comunicação dentro do ambiente de trabalho. Luiza explica que “derrubar paredes” simbolizava o fim das barreiras e a desburocratização na empresa. “Nossas lideranças são motivadas a praticarem, diariamente, a franqueza, a verdade e o olho-no-olho. As informações estratégicas do negócio são transparentes e acessíveis, de forma que cada um se torna responsável pelos resultados globais”, acrescenta. Luiza também decidiu promover a valorização dos recursos humanos e estabeleceu planos de carreira para todos – desde o faxineiro até o diretor. Até hoje, essa filosofia de promoção do bem-estar de seus 11 mil colaboradores continua. O empenho no trabalho por parte dos funcionários é reconhecido por meio de bolsas de estudos, ajuda às mães, auxílio à educação dos filhos de funcionários, participação nos lucros, e campanhas que já renderam viagens nacionais e internacionais aos melhores vendedores. E pensando no bom atendimento ao público, a empresária criou o Disque Luiza, uma linha direta com ela, à qual o cliente pode recor-

rer depois de passar pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e ainda não ter ficado satisfeito. Idéias inovadoras para aumentar o desempenho das vendas também nunca faltaram à empresária. É dela, por exemplo, a criação da Liquidação Fantástica, que ocorre todo primeiro sábado do ano com descontos de até 70% no valor dos produtos. Nesse dia, as lojas abrem suas portas às 5 horas da manhã. Com a campanha, a rede já chegou a faturar R$ 40 milhões em apenas seis horas. Luiza também inventou as Lojas Eletrônicas em 1992, uma maneira inusitada de resolver o problema de falta de espaço para expor os itens do estoque. Em uma sala, os clientes escolhem na tela do computador os produtos que desejam comprar, e estes são entregues em 24 horas. “A criação desses ambientes virtuais nos permitiu chegar a cidades de pequeno porte, com investimento baixo, bom atendimento e mais contato com a comunidade”, explica a empresária. Nessas unidades, há o chamado Centro de Promoções, local onde são realizados cursos com custos subsidiados para a comunidade, como aulas de informática, idiomas e culinária. Todo esse trabalho empreendedor criativo, com um toque feminino e aplicação constante de inovações no negócio, rendeu frutos a Luiza. Na época em que assumiu o posto de superintendente, a rede era formada por 31 unidades concentradas no Estado de São Paulo e tinha um faturamento anual de R$ 80 milhões. Hoje, a empresária, casada e mãe de três filhos, transformou o Magazine Luiza em uma cadeia de 392 unidades e faturamento de R$ 2,1 bilhões (2006). O processo de mudanças instituído nos últimos anos na rede também resultou ao Magazine, inúmeras vezes, primeiras colocações no ranking de melhores empresas para se trabalhar promovido pelo Guia Exame e pelo Ins-

tituto Great Place to Work. Em 2003, Luiza Helena foi vencedora do Prêmio Cláudia na categoria Negócios e, recentemente, eleita a 4ª executiva mais importante da América Latina pela Revista América Economia.

Casamento perfeito O mundo das micro e pequenas empresas também está repleto de histórias de sucesso feminino. Mulheres que, até então, nunca tinham dirigido um negócio decidiram enfrentar o desafio com uma boa dose de intuição. Este foi o caso de Sheila Rigler, que abandonou a carreira de funcionária pública para criar uma agência de casamentos, a Par Ideal. “Conversei com profissionais da área e amigos, e todos achavam loucura fazer isso numa cidade conservadora como Curitiba”, lembra Sheila. Convencida de que poderia usar sua experiência na área psicopedagógica para realizar um trabalho sério, ela decidiu levar sua idéia adiante e criou a agência em 1995. Na Par Ideal, Sheila desenvolveu um


Mulher Executiva Brasileira

Luiza Helena (na outra página) transformou uma rede regional de 31 unidades em cadeia nacional com 392 lojas; a agência matrimonial de Sheila (ao fundo) uniu 1.204 casais em 13 anos

Grau de escolaridade 8% 40%

24% 28%

40% Pós-graduação MBA 28% Mestrado 24% Ensino Superior 8% Doutorado

Estado civil 9%

3% 65%

23%

65% Casada 23% Solteira 9% Divorciada 3% Viúva

Obstáculos para a liderança 11%

8% 42%

26% 13%

42% Preconceito 13% Pouca idade 11% Competição 8% Não teve 26% Outros

Motivadores 15 mil e R$ 25 mil. Até o momento, a empresa já realizou, no total, 1.204 uniões. Dessas, apenas oito não foram em frente. Além do elevado índice de sucesso nos relacionamentos, a Par Ideal também se transformou em referência nacional como centro de pesquisas e análise de comportamento por conta de seu banco de dados. São informações de cerca de 6 mil clientes cadastrados. Cientistas, psicólogos, nutricionistas e jornalistas recorrem freqüentemente à agência para levantar estatísticas tais como número de homens que ficam com a guarda dos filhos ou informações sobre a diferença de gênero para consumo de fumo, por exemplo. O sucesso da Par Ideal rendeu a Sheila o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2006, na categoria empresa individual pela Região Sul, e também muitas alegrias por não ter desistido diante dos obstáculos encontrados no mercado. “É preciso vocação para o campo das relações humanas e muito zelo para tocar esse tipo de negócio”, diz. Mas a empresária não se arrepende nem um pouco de ter manifestado sua veia em-

12% 28% 28%

20% 20%

20%

20% Desafios 20% Evolução 20% Resultados 12% Satisfação 28% Outros

Pontos fortes Comunicação assertiva – são claras e objetivas na forma de expor suas idéias e estratégias Liderança envolvente – gostam de trazer pessoas para pensar da mesma forma que elas Ritmo acelerado – são rápidas e demandam realização de tarefas de maneira imediata Empatia – colocam-se no lugar da equipe na hora de escutá-la e perceber suas necessidades Flexibilidade – estão abertas para rever conceitos e ouvir pontos de vista diferentes dos seus

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método de trabalho diferenciado para ajudar pessoas interessadas em ter um relacionamento estável. “Primeiro, a pessoa nos liga para agendar um horário sem compromisso. Se ela decidir se cadastrar, passa por entrevistas comigo e com uma psicóloga. Depois, responde a um questionário de mais de 200 itens”, explica. “Daí traçamos o perfil da pessoa a fim de procurar clientes compatíveis com ela.” Além de totalmente sigiloso, o serviço é personalizado, ou seja, não há cruzamento de dados pessoais por computador. “Escolhemos o perfil mais interessante para o cliente, e, a partir daí, ele decide se deseja conhecer a pessoa”, acrescenta. O encontro só acontece se os dois envolvidos estiverem em comum acordo. Durante um ano, o cliente pode contar com a assessoria da agência para encontrar a pessoa mais adequada ao seu perfil. Com a adoção desse sistema, todo baseado no modelo europeu, Sheila construiu uma agência altamente profissionalizada. Agora, com quase 13 anos de existência, a Par Ideal têm faturamento mensal entre R$

Fonte: Pesquisa Caliper 2007

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C A PA

Cristina, criadora do projeto Troque Lixo por Livro, recebeu o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2006 na categoria nacional por enxergar no que era jogado fora um grande negócio de caráter cultural e socioambiental

preendedora. “Estou feliz da vida com essa decisão. Minha maior satisfação é quando os clientes vêm contar que estão namorando, quando vão casar e quando nascem os filhos”, comemora.

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Moeda cultural

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Casos como o de Sheila mostram que empreender para as mulheres não se restringe apenas a desenvolver uma atividade com retorno único e exclusivamente financeiro. Pode ir muito além. Foi exatamente isso que a empresária da área editorial Cristina Marques fez ao enxergar no lixo um grande negócio de caráter cultural e socioambiental. Tudo começou quando Cristina, também escritora de livros infantis, visitou uma escola pública em Blumenau (SC) para falar sobre literatura. “Coloquei sobre a mesa muitos livros coloridos, e uma menininha deu a volta por trás de mim, escondida, tocando em um deles com a pontinha do dedo para não estragá-lo. Ela sabia que não poderia comprar o livro, mas queria terminar de ler a história antes que eu fosse embora”, conta. Aquele desejo estampado no rosto da menina e a impossibilidade de Cristina de dar livros de presente para todas as crianças no momento

fizeram a escritora descer o morro da escola com um gosto amargo de frustração. “Mas, no caminho, eu vi muito lixo embaixo das casas e percebi quanto material era desperdiçado. Aí pensei: e se eu pudesse transformar tudo isso em livro?”, conta. Foi daí que Cristina tirou a inspiração para, em 2005, criar o projeto Troque Lixo por Livro. Com a campanha, a escritora conquistou o apoio de 22 empresas da região para fornecimento de lixo reciclável. Os recursos obtidos com o processamento desse material, ela usou para editar e imprimir a coleção de 13 livros infantis Cantos e Encantos. Logo depois, Cristina voltou às escolas, onde propôs a troca de um quilo de lixo reciclável da casa de cada aluno (latinha de chocolate em pó, potes de iogurte e garrafinhas de água) por um livro. O dinheiro proveniente da reciclagem desse material era destinado à compra de outros livros para a biblioteca da escola. “O lixo da empresa vira o livro da criança, e o lixo da criança se transforma em livro para a escola”, resume a autora. Cristina conseguiu até o momento, com essa iniciativa, transformar 250 toneladas de lixo em 250 mil publicações inéditas para 19,3 mil crianças das redes públicas municipal, estadual e particular das cidades catarinenses de Blumenau e Gaspar. Na segunda fase

da campanha, a empresária criou a coleção juvenil Jóias Literárias, com histórias de 12 autores locais e ilustrações de artistas plásticos internacionais. Com isso, livros inéditos foram usados para promover um trabalho de inclusão social. “São os nossos autores falando para as nossas crianças.” Projeto de múltiplas faces, o Troque Lixo por Livro ajudou empresas a serem ambientalmente responsáveis, valorizou escritores locais e gerou renda para levar cultura, educação e inclusão social ao público infantil. O maior orgulho para Cristina, porém, é ver a alegria das crianças no “dia da troca”, que acontece duas vezes por mês. “A verdadeira recompensa é ver a criança levar aquele saco de lixo, que você não sabe se é ela que carrega ele ou ele que a carrega, e depois ouvi-la dizer toda feliz: ‘Brigada, tia, meu primeiro livro!’”, lembra, emocionada. A campanha, que rendeu a Cristina o Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2006 na categoria nacional, prossegue agora com um foco no público infanto-juvenil. A empresária, sócia do Estúdio Criação Birô, já desenvolveu oito obras para o Instituto Ayrton Senna no Projeto Acelera Brasil, e pretende continuar usando seu espírito empreendedor e a sensibilidade de mãe para criar uma nova geração de leitores ambientalmente responsáveis.


Damas da liderança Empresas com mulheres na diretoria apresentam melhor desempenho financeiro

Retorno financeiro Desempenho das empresas com maior proporção de mulheres em suas diretorias em relação às que têm menos representatividade feminina: Retorno sobre patrimônio líquido: 53% maior Retorno sobre o capital investido (que mede a boa administração dos recursos): 66% maior Retorno sobre vendas: 42% melhor Fonte: Estudo The Bottom Line: Corporate Performance and Women's Representation on Boards (O Ponto Principal: Desempenho Corporativo e Representação Feminina nas Diretorias) 2007 da Catalyst.

Érica, do Grupo SAS, sentiu pessoalmente as vantagens de trabalhar em uma empresa familiarmente responsável nicações. As informações são da consultoria especializada em gestão de talento Caliper, que recentemente publicou o perfil da mulher executiva brasileira. Segundo a pesquisa realizada com 66 mulheres em cargos de diretoria, vice-presidência e presidência, a maioria delas lidera grandes equipes, apresenta elevado índice de escolaridade, concilia vida familiar com profissional e apresenta qualidades diferenciadas do homem, que contribuem para uma gestão mais aberta, agregadora e focada em pessoas. A pesquisa Caliper mostra também que alguns mitos sobre a relação entre mulher e trabalho devem ser, no mínimo, repensados. Um deles é de que ela precisa abrir mão da família para se dedicar à sua carreira profissional. Segundo a análise da consultoria, 65% das executivas são casadas, e a maioria delas têm filhos. Para a vice-presidente do Grupo de Mulheres Líderes Empresariais (Lidem), Érica Custódio, isso mostra uma maior conscientização por parte das empresas em respeitar o projeto de vida de seus colaboradores, sejam homens, sejam mulheres. “As empresas estão exportando cada vez mais profissionais por conta da globalização. Se elas são capazes de manter seus números com isso, por que também não podem flexibilizar a rotina de um

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questionamentos sobre sua competência e conhecimentos em hotelaria e administração. “Foi assim no início, mas a revolução nos negócios foi acontecendo naturalmente e me privilegiando também”, explica. Atualmente conhecida como a dama da hotelaria brasileira, Chieko transformou a Blue Tree Hotels em uma das maiores cadeias de hospedagem do País. Hoje, são 26 unidades no Brasil e duas no exterior, localizadas em Buenos Aires e Bariloche, na Argentina. Até 2006, tinham passado pela rede mais de 1,6 milhão de pessoas. “As mulheres avançam cada vez mais no mercado de trabalho, o que está sendo muito positivo para as empresas e para as mulheres que querem ampliar seus horizontes”, avalia a presidente da Blue Tree. As mulheres já assumiram o comando de negócios dos mais diversos segmentos, com destaque também para os setores de alimentação, educação e consultoria, comunicação e mídia, saúde e telecomu-

PURESTOCKX

Um outro movimento observado atualmente no campo dos negócios é a crescente participação feminina em cargos executivos. Um levantamento realizado pela consultoria em Recursos Humanos Catho no ano passado revelou que 20% das empresas brasileiras têm mulheres na presidência ou função equivalente. Em 2001, esse número era inferior a 14%. Essa evolução da mulher no campo corporativo foi acompanhada e vivida de perto por Chieko Aoki. Com experiência em administração hoteleira internacional, a empresária escolheu o Brasil para criar a bandeira Blue Tree Hotels em 1997. Na época, a presença da mulher em posições de liderança ainda era novidade. “Isso despertou o interesse do mercado de turismo para a minha atuação, o que me favoreceu”, relata Chieko. “Ainda assim, homem e mulher trabalhando juntos em cargos executivos era uma situação estranha para ambos”, acrescenta. Não raro, Chieko ouvia muitos

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C A PA profissional que trabalha 24 horas por dia e precisa de licença-maternidade?”, argumenta. E a vice-presidente do Lidem acrescenta que essa demanda não se limita apenas a mulheres. Estende-se também aos homens que muitas vezes desejam estudar fora do País ou estar ausentes por questões familiares, como a própria paternidade. Érica sentiu pessoalmente as vantagens de trabalhar em uma empresa familiarmente responsável, como estão sendo chamadas agora as organizações que favorecem a conciliação entre a vida no trabalho e a família de seus colaboradores. Mãe agora pela segunda vez, ela pôde interromper com tranqüilidade sua rotina de trabalho como diretora de Marketing e Novos Negócios do Grupo SAS, a maior organização de capital fechado de software do mundo. “É uma empresa muito humana, flexível e bastante voltada para o colaborador”, avalia. Érica acredita que, cada vez mais, as organizações devam participar dessa “revolução”, uma vez que é positiva para todos. “A empresa que prefere um homem para um alto cargo pelo receio de que a mulher abandone a carreira para dar foco à família estará perdendo um grande patrimônio e potencial de crescimento em longo prazo”, acrescenta Chieko Aoki, que também atua como presidente do Lidem. A grande contribuição de executivas para a saúde dos negócios está cada vez mais evidente de acordo com as pesquisas internacionais. O último relatório da ONG norteamericana Catalyst, por exemplo, revelou um melhor desempenho financeiro em empresas com maior número de mulheres em sua diretoria. A instituição, que promove a expansão

Elisabeth: dificuldades em lidar com o favoritismo e a falta de exemplos femininos para se espelhar

de oportunidades de trabalho feminino nos Estados Unidos, analisou dados como retorno sobre capital investido, vendas e patrimônio das organizações incluídas na lista das 500 empresas mais bem classificadas pela revista de negócios Fortune entre os anos de 2001 e 2004. Um outro estudo recente da consultoria McKinsey também demonstra que empresas européias que possuem mulheres em posições-chave apresentam melhores resultados financeiros e operacionais, e crescimento no preço das ações.

Equilíbrio Embora o resultado dessas pesquisas não vincule a presença da mulher diretamente à crescente performance do negócio, os indicadores apontam para os benefícios da diversidade de gêneros no ambiente corporativo. “O

equilíbrio entre homens e mulheres é fundamental para o sucesso”, avalia Chieko. “Mulheres têm a capacidade, geneticamente mais desenvolvida, de se comunicar e ser multifunções. Já o homem tem a facilidade natural de ser mais objetivo e manifestar raciocínio lógico bastante aguçado”, lembra a presidente do Grupo Empreza Recursos Humanos, Helena Ribeiro. Por esse motivo, a empresária não encara o executivo como um adversário, mas sim com um complemento. A mesma opinião é compartilhada pela diretora do Conselho de Administração da Erlan Indústria de Alimentos, Rosalina Vilela, que também aposta numa relação de parceria. “Homens e mulheres precisam conhecer suas diferenças e aproveitá-las como oportunidades de cooperação”, opina. Comunicação assertiva, empatia e flexibilidade são algumas das características que as mulheres têm agregado às organizações.

Evolução da participação feminina em cargos executivos (%)

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CARGO

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1994 1995

1996 1997

1997 1998

1998 1999

1999 2000

2000 2001

Presidente, executiva principal, gerente-geral ou equivalente

8,10

10,39

12,04

13,02

13,88

15,14

Vice-presidente

11,10

10,82

12,92

11,54

12,55

12,89

Diretora

13,20

11,60

16,01

18,67

19,73

19,21


Helena: mulheres têm a capacidade, geneticamente mais desenvolvida de se comunicar e ser multifunções

Segundo o presidente da Caliper no Brasil e realizador da pesquisa sobre o perfil da mulher executiva, José Geraldo Recchia, o grande diferencial para o sucesso do estilo de gestão feminino é seu caráter maternal, agregador e focado em pessoas. “Acredito que isso tem a ver com uma transferência de aprendizado da vida pessoal para a profissional”, diz. Segundo Recchia, que entrevistou 55 executivas da pesquisa Caliper, a capacidade de ver o todo e os detalhes ao mesmo tempo é evidente, especialmente nas líderes mães. “Elas dizem que tiveram de aprender a estar com um olho no fogão e outro no filho, e acabaram transferindo essa habilidade para o ambiente de trabalho”, explica. Foi com essa habilidade que Kozue Imai contou para tocar diferentes negócios simultaneamente e realizar grandes aprimoramentos em cada um deles. Com o falecimento do marido em 2001, a dona-de-casa dedicada e mãe de dois filhos decidiu assumir a presidência de três empresas da família que envolviam 500 pessoas: a Fazenda São Lucas, no Mato Grosso do Sul, com 3,5 mil cabeças de gado; a fábrica metalúrgica Maringá Soldas e a construtora Artenge, no Paraná. Hoje, no seu dia-a-dia, Kozue é capaz de realizar reuniões para o desenvolvimento de novos produtos na indústria de cabeçotes para motores de Scania, Caterpillar, Volvo e Mercedes-Benz, acompanhar, por telefone, o preço da arroba do boi e ficar a par da venda dos apartamentos da construtora. No começo de sua administração, Ko-

zue buscou profissionalização para superar a inexperiência e apostou em sua sensibilidade feminina para administrar. O resultado foi a reestruturação dos empreendimentos que, juntos, somam hoje 107 anos de existência. “Mexi principalmente na gestão de pessoas, porque quando a empresa caminha muito preocupada com a produtividade, perde um pouco o foco no lado humano. A mulher tem condição de perceber isso”, diz. Sem medo de quebrar paradigmas em um ambiente conservador e majoritariamente masculino, ela remanejou colaboradores para setores em que seriam mais produtivos, substituiu pessoas da alta direção e promoveu a valorização dos funcionários com a criação de biblioteca, áreas de descanso e oferta de novos benefícios. Também disponibilizou cursos técnicos e de conclusão dos Ensinos Fundamental e Médio dentro do ambiente de trabalho.

O grande diferencial para o sucesso do estilo de gestão feminino é seu caráter maternal, agregador e focado em pessoas

“Foi uma mudança bastante radical, mas em pouquíssimo tempo percebemos uma mudança impressionante”, relata Kozue. Os números que o digam. Do início de sua gestão para cá, a empresária conseguiu dobrar o faturamento da Maringá Soldas e desenvolver dez novos produtos. O objetivo para os próximos três anos é repetir o mesmo crescimento nas receitas. Olhando para trás, o maior orgulho para Kozue é ter causado grandes transformações nos negócios e descoberto a empreendedora dentro de si. “Foi uma surpresa para mim mesma. Hoje, acredito que essa capacidade de empreender, todo mundo tem, é só uma questão de oportunidade”, diz. Mas como nem tudo são flores no mercado, as mulheres ainda precisam lidar com alguns desafios. Segundo estudos da Catalyst nos Estados Unidos, embora as mulheres estudem mais do que os homens, e ocupem expressivo número de posições gerenciais e técnicas em muitas organizações – situação similar à realidade brasileira –, elas enfrentam algumas barreiras adicionais para ascenderam ao topo da hierarquia organizacional: estereótipo baseado em gênero, ausência de modelos para imitar e exclusão de redes de relacionamento informais. “Algumas mulheres relataram nas entrevistas que os ambientes informais, como os happy hours depois do expediente, do qual elas são excluídas, criam vínculos de amizade preponderante no mundo masculino”, diz o presidente da Caliper. “Na hora de uma promoção, o relacionamen-

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Rosalina: homens e mulheres precisam conhecer suas diferenças e aproveitá-las como oportunidades de cooperação

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C A PA

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Para Recchia, a capacidade de ver o todo e os detalhes ao mesmo tempo é evidente nas líderes mães

Kozue: “Capacidade de empreender, todo mundo tem, é só uma questão de oportunidade”

to, além da competência, faz diferença, apesar de isso nunca ser admitido”, explica. Em início de carreira na área de agronegócios, Elizabeth Chagas, sócia-diretora da EC Consultoria e Assessoria em Comércio Internacional, sentiu dificuldades em lidar com o favoritismo e a falta de exemplos femininos para se espelhar. “Se o cara do meu lado fazia a mesma coisa que eu e era promovido, achava que algo estava errado na minha competência, o que me tornava muito competitiva.” Por conta disso, Elisabeth decidiu investir bastante em sua formação, mas logo percebeu que, além de capacidade, precisava saber apresentar seu trabalho. Já Helena Ribeiro, presidente do Grupo Empreza, conta que um de seus maiores desafios foi ganhar a confiança dos clientes. Ela, que no início do negócio (1989) costumava levar o marido para abrir as conversações, resolveu mudar até mesmo seu estilo

de se comunicar. “Sou pequena e, às vezes, precisei alterar meu tom de voz para poder ser ouvida e respeitada”, relata. “Hoje, as pessoas me acham extremamente franca, mas acredito que isso foi uma estratégia que encontrei.” Ajudar na quebra de tabus e contribuir para a inserção cada vez maior da mulher em altos cargos é o objetivo do Grupo de Mulheres Líderes Empresariais, o Lidem, criado em 2006. Atualmente com 80 executivas associadas, a instituição promove encontros, workshops, visitação nas empresas, pesquisas de práticas de sucesso no mercado brasileiro com mulheres e divulgação dessas ações em outras empresas. “A receptividade desse trabalho tem sido muito boa”, relata Érica Custódio. Para ela, as corporações estão cada vez mais conscientes do benefício que a inclusão da mulher no seu quadro traz para todos.

LINHA DIRETA Chieko Aoki e Érica Custódio (Lidem) (11) 3039-6011 Cristina Marques (Instituto Evoluir) (47) 3041-0524 Elizabeth Chagas (EC Assessoria e Consultoria) (11) 3063-0297 Helena Ribeiro (Empreza Recursos Humanos) (62) 3237-3405 José Geraldo Recchia (Caliper) (41) 3075-3400 Kozue Imai (Maringá Soldas) (41) 3346-2928 Luiza Helena Trajano (Maganize Luiza) (16) 3711-2068 Rosalina Vilela (Erlan Indústria de Alimentos) (34) 3218-0700 Sheila Rigler (Agência Par Ideal) (41) 3262-1480


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MERCADO

pneus O destino dos

Impasse ambiental e interesses de mercado impedem remoldagem de pneumáticos no Brasil

por Francis França francis@empreendedor.com.br

empreendedor | março 2008

A primeira vida de um pneu de automóvel dura em média 40 mil quilômetros, o que seria suficiente para dar uma volta na Terra antes de se tornar carcaça. Mas, ao abandonar o status de “novo”, esse pneu está apenas começando a percorrer um caminho de múltiplas possibilidades em um mercado que movimenta R$ 4 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR). É nesse ponto, também, que se agitam os ânimos de governos e empresas para resolver um impasse que envolve sérias questões ambientais e de mercado. Afinal, pneu usado é lixo ou matéria-prima? Para o governo brasileiro, é lixo. O País proibiu a importação de pneus usados da União Européia, e, desde 2006, a medida está em discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo argumenta que as carcaças importadas aumentam o volume de lixo, e causam problema ambiental e de saúde pública ao Brasil. As empresas dos segmentos de reforma e reciclagem de pneus alegam justamente o contrário. Para elas, além de re-

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eliminar mais pneus do que importar resolvia a contenda ambiental. Porém, em dezembro passado, a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu todas as liminares que estavam em vigor e proibiu definitivamente a importação de pneus usados, com o argumento de que a atividade poderia causar dano irreparável ao meio ambiente. A OMC reconheceu o direito brasileiro de impor barreiras à União Européia, mas exigiu que a medida se estendesse ao Uruguai e ao Paraguai, de quem o Brasil continua importando. O governo já havia restringido a entrada de pneus dos dois países a 250 mil unidades por ano, gerando protestos. A OMC deu prazo de 60 dias ao Brasil para apresentar uma solução e dissolver o mal-estar diplomático, e os membros da representação brasileira no Parlamento do Mercosul discutem a adoção de uma norma única para todos os países do bloco, proibindo a importação de pneus usados e remoldados de outros países. A solução foi sugerida pelo Ministério das Relações Exteriores em 28 de fevereiro. Caso a medida não seja aceita pela OMC, os europeus podem adotar medidas de retaliação contra o Brasil.

Pneus novos Produção + Importação (unidade): 56,6 milhões

2005

57,2 milhões

2006

63,1 milhões

2007 Fonte: Anip

Por trás dos argumentos políticos e ambientais, existem questões econômicas que ainda estão longe de uma solução. As carcaças importadas são a base da produção da indústria de remoldados, que equivalem, tecnicamente, a pneus novos segundo aspectos de segurança, quilometragem e balanceamento, com garantia de até 80 mil quilômetros, mas com preço em média 40% mais barato. A concorrência acionou o alarme nas fabricantes multinacionais e desencadeou uma guerra de mercado com a indústria de reforma, que tem como protagonista a brasileira BS Colway, maior fábrica de remoldados do mundo. Com a proibição, em dezembro, depois de sete anos no mercado, a companhia fechou a fábrica e demitiu mais de mil funcionários. Para compensar as perdas, passou a importar pneus novos da China, fabricados com a marca BS Colway. A previsão para 2008 é trazer 600 mil pneus chineses para o Brasil e dobrar o volume em 2009. O presidente da BS Colway, Francisco Simeão, diz que, apesar de ter sido a saída para a empresa, a medida é um contra-senso. “Agora, em vez de vender remoldado brasileiro, vou vender pneu novo chinês. E em vez de ter 1,2 mil funcionários, vou ter 40 que vão me dar o mesmo lucro, já que eu não tenho mais a despesa de programas sociais que nós mantínhamos e passo a ser uma atividade como outra qualquer”, diz. A empresa suspendeu alguns dos programas que mantinha, entre eles os chamados de “Vila da cidadania” e “Bom aluno”, dedicados a crianças e adolescentes, e o programa “Rodando limpo”, que empregava 6 mil coletores de pneus inservíveis. O empresário critica a posição do governo, que ele chama de “intransigente”, e diz que a maior perda foi do País. “Eu e meus sócios tivemos prejuízo, é claro, mas no mundo empresarial estamos preparados para perder,

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presentar a base de uma economia que fatura alto, o reaproveitamento das carcaças traz benefícios ao meio ambiente. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), em 2007 foram vendidos 63 milhões de pneus no Brasil, incluindo importados e produzidos em território nacional. Os reformados correspondem a aproximadamente 10% desse mercado e, de acordo com a ABR, sua fabricação consome menos recursos naturais. A produção de um pneu remoldado gera economia de 20 litros de petróleo em relação ao produto novo, o que representaria no Brasil cerca de 550 milhões de litros por ano. O consumo de energia também é reduzido pela metade, e o de água, em mais de 90%. Mesmo assim, o governo brasileiro decidiu barrar a entrada de carcaças no território nacional. A importação de bens de consumo usados no Brasil é proibida desde 1991, mas, ao longo do tempo, a regulamentação foi sustentada por decretos e portarias, o que abriu espaço para liminares judiciais que permitiam a importação pela indústria de remoldados. O número de exceções à regra se tornou tão grande que, em 1999, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou a resolução nº 258, para regular a importação dos pneus usados, e obrigar fabricantes e importadores a dar destinação final aos pneus inservíveis (que não podem ser reformados). De acordo com a norma, a partir de janeiro de 2005, para cada três pneus usados que as empresas quisessem importar, teriam antes que destruir quatro inservíveis no território brasileiro. A autorização para embarque no exterior só era concedida depois de comprovado o cumprimento da resolução junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Para a indústria de reforma, a obrigação de

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MERCADO

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Arnaldi: maior dificuldade do setor é a logística para encontrar e transportar os pneus inservíveis até os pontos de reciclagem

Para Simeão, da Abip, a decisão de proibir a importação de pneus usados atende aos interesses dos fabricantes estrangeiros

temos medidas de emergência. Agora, quem perdeu irremediavelmente foram os funcionários demitidos e os beneficiados pelos programas sociais, que são a ponta mais frágil dessa cadeia”, diz. Para Simeão, que também preside a Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip), a decisão de proibir a importação de pneus usados atende aos interesses dos fabricantes estrangeiros, que se viram pressionadas a reduzir os preços para enfrentar a concorrência. O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, usou o mesmo o argumento para criticar as empresas de remoldagem e defender a barreira aos usados europeus. Segundo ele, o maior impacto foi o aumento no custo da matéria-prima, de U$ 1,00, que era o preço médio do produto importado, para R$ 25,00 no mercado nacional. “O setor vai ter que se adaptar, a matéria-prima vai ser mais cara. Com um pneu reformado comercializado por R$ 80,00, podemos ter uma idéia do lucro que se tinha com uma matéria-prima custando U$ 1,00”, declarou em entrevista à Rádio ONU, em janeiro. Também pesa contra os importados que, por questões de segurança, um pneu pode ser remoldado uma única vez, para depois virar lixo. Dessa forma, os pneus usados que vêm da Europa teriam apenas mais uma vida e se

tornariam descartáveis, cabendo ao Brasil o ônus da destinação final. Simeão alega que o problema não é o preço da matéria-prima, mas a disponibilidade. Segundo ele, os pneus europeus usados têm qualidade para serem remoldados porque rodam em boas estradas, enquanto, no Brasil, ao final da primeira vida, o produto já não tem condições de ser reformado. “Eu não tenho matéria-prima no Brasil. Se os pneus prestassem para remoldagem, eu iria usá-los, não fecharia a fábrica, não arrumaria essa briga enorme, não ia importar pneu chinês.” O presidente da Abip se defende com base na Resolução nº 258/99 do Conama, cujo texto, inclusive, é de sua autoria. “Pelo menos para importar, eu preciso prestar contas ao meio ambiente. Como posso causar dano ambiental irreparável se, para importar três pneus, eu preciso antes destruir quatro?”, diz Simeão, que vai entrar com pedido de anulação do julgamento no STF.

Reciclagem Ao se tornarem inservíveis, os pneus entram na cadeia de reciclagem como insumo para uma série de aplicações industriais. Cerca de 70% do volume vira combustível alternativo

BS Colway fechou a fábrica de remoldagem e demitiu 1,2 mil funcionários

nos fornos de cimento, para substituir coque de petróleo e carvão mineral, aplicação que depende de licenciamento ambiental. Além disso, o material também pode ser aproveitado para o revestimento de estradas, misturado ao concreto em substituição à brita ou ainda para fabricação de artefatos de borracha. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borracha (Arebop), os investimentos no setor chegaram a R$ 45 milhões nos últimos seis anos. Dados da entidade mostram que o mercado brasileiro descarta atualmente 350 mil toneladas de pneus inservíveis por ano. A capacidade instalada das empresas associadas (que correspondem a 90% do mercado) deve atingir esse patamar até o final de 2008, mas, ainda assim, haverá muito trabalho pela frente, em função do passivo acumulado. “Em 2006, foram 241 mil toneladas recicladas para 330 mil


Pneus reformados NÚMEROS Caminhão e ônibus ............... 8,5 milhões/ano Automóvel ..............................8 milhões/ano Motocicleta .............................. 1 milhão/ano Fora-de-estrada e Agrícola ..........240 mil/ano (Fonte: ABR, 2007)

APLICAÇÕES Laminação É o aproveitamento do pneu para a confecção de tiras para sofás, solados, tubos, etc. Asfalto Em fragmentos ou pó juntamente com o asfalto para o revestimento de ruas e estradas. Matéria-prima para concreto O pneu picotado é utilizado juntamente com o concreto em substituição à brita na produção de pré-moldados, blocos, pisos, guias, etc.

Uma das reivindicações é a tramitação do Programa Brasileiro de Aproveitamento de Resíduos, que está engavetado desde 2002 no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “A vantagem desse programa é que o governo abria mão de impostos e tributava de forma diferente os trabalhadores da reciclagem, que é um setor sem muito retorno financeiro em função dos altos custos”, diz Arnaldi. Segundo ele, a Arebop deve apresentar ainda no primeiro semestre deste ano um projeto de regulamentação ao Ministério do Meio Ambiente, Ibama e Conama.

LINHA DIRETA Francisco Simeão (BS Colway): (41) 3034-8478 José Carlos Arnaldi (Arebop): (11) 4083-8919

Artefatos de borracha Através de processos de manufatura, pode ser utilizado em tapetes, rodas maciças, pisos e outros derivados. (Fonte: Arebop)

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descartadas. Só aí temos um acúmulo de 90 mil toneladas que teremos que resgatar”, diz José Carlos Arnaldi, diretor-executivo da Arebop. A maior dificuldade do setor é a logística para encontrar e transportar os pneus inservíveis até os pontos de reciclagem. A Anip mantém um programa em parceria com prefeituras e conta, atualmente, com 283 centros de coleta de pneus inservíveis, chamados de “Ecopontos”. A associação é responsável pelo transporte até as empresas de trituração. Segundo Arnaldi, o acúmulo de inservíveis se agravou a partir da década de 1980, quando os pneus receberam uma malha de aço em sua composição. Até então, o trabalho de trituração podia ser feito de forma artesanal com uma faca por profissionais conhecidos como “laminadores”. Hoje, com a necessidade de processos de reciclagem mais complexos, as empresas batalham pela regulamentação do setor.

Combustível O pneu picotado ou inteiro é enviado às cimenteiras licenciadas pelos órgãos ambientais estaduais para ser utilizado como combustível alternativo. A principal característica é que o poder calorífico do pneu é maior que do óleo combustível e o do carvão.

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E X PA N S Ã O

Balanço

atraente Nova lei traz modernização e maior credibilidade às práticas contábeis brasileiras por Natacha Amaral natacha@empreendedor.com.br

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Aprovada após sete anos de discussão no Congresso Nacional, a Lei nº 11.638, que altera e substitui a antiga Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976), entra em vigor a partir deste ano e passa a alinhar as práticas contábeis de mais empresas brasileiras aos padrões internacionais. Apesar das mudanças significativas na rotina de muitos negócios, a medida significa um grande avanço para o País, já que a maior transparência nas organizações poderá colocá-las na mira do interesse de investidores do mercado financeiro e de capitais. A nova lei contábil estabelece que todas as chamadas sociedades de grande porte – aquelas com ativos acima de R$ 240 milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões – realizem seus demonstrativos segundo o International Financial Reporting Standards (IFRS), usado por mais de cem países, e divulguem seus balanços anuais auditados. As novas exigências representam apenas algumas adaptações para as sociedades anônimas, especialmente para as de capital aberto, uma vez que estas já aplicam boa parte das determinações da nova lei como procedimentos de rotina. A grande mudança, porém, recai sobre as sociedades limitadas (capital fechado), que até então não eram

obrigadas a tornar suas contas públicas, mas agora se encaixam na definição de sociedade de grande porte. “Esse critério foi criado para que a legislação alcançasse as limitadas, que não tinham qualquer tipo de exigência em procedimentos contábeis. A idéia é exatamente aumentar a abrangência da lei”, explica o coordenador do curso de Contabilidade da Trevisan Escola de Negócios, Sergio de Souza.

Clemente: adaptação exigirá mudança cultural


Os contadores e a Lei Geral

Segundo o diretor da Divisão Tributária da RCS Brasil Auditoria e Consultoria, Julian Clemente, a adaptação das limitadas à nova lei exigirá uma mudança cultural. “As empresas brasileiras não estão acostumadas a ver um estranho tendo acesso a todos os seus dados. Inclusive, para muitas, esconder suas informações é uma estratégia”, diz. Clemente lembra, porém, que ter mais transparência e controle nos números prepara a organização para sua futura entrada no mercado de capitais. Souza, da Trevisan, acrescenta que os balanços auditados e as demonstrações em padrão internacional também aumentam a qualidade dos dados e proporcionam maior captação de recursos no mercado financeiro. “A partir do momento que os bancos têm informações mais detalhadas e precisas, sentem maior segurança em liberar recursos adicionais, inclusive a taxas de juros mais baixas.” Algo similar ocorre com investidores de todo o mundo, que passam a entender a situação financeira das empresas brasileiras e também ganham confiança em destinar seu dinheiro para o mercado interno. Mas, para chegar a esse nível, as empresas precisam primeiro enfrentar alguns desafios. Um deles é a carência por profissionais de auditoria no Brasil. Segundo pesquisa re-

alizada pela RCS este ano, a média nacional de auditores é de um para cada 24,6 mil habitantes, enquanto na Inglaterra, por exemplo, o número é de um para cada 1,3 mil habitantes. Além disso, as organizações terão de buscar capacitação para realizar as novas demonstrações. “Se inicia agora um intenso processo de aprendizado, e a correria vai ser grande”, diz Souza. O professor vê, porém, uma boa vontade por parte de órgãos reguladores e capacitadores em oferecer seminários e fóruns de discussão sobre o tema. Para ele, depois dessa fase conturbada, os benefícios em médio e longo prazos da aplicação da nova lei já regulada serão muito positivos. “Atingiremos um nível de informação contábil que poucos países têm. É realmente uma mudança de patamar.”

LINHA DIRETA Julian Clemente (RCS Brasil) (11) 3138-5200 www.rcsauditores.com.br Sergio Souza (Trevisan Escola de Negócios) (11) 3045-5885 www.faculdadetrevisan.com.br

Auditores por habitante NO MUND O Holanda Inglaterra Canadá EUA França Alemanha Chile Argentina Brasil

900 habitantes/auditor 1.300 habitantes/auditor 1.500 habitantes/auditor 2.300 habitantes/auditor 4.300 habitantes/auditor 4.500 habitantes/auditor 8.700 habitantes/auditor 13.200 habitantes/auditor 24.600 habitantes/auditor Fonte: RCS Brasil 2008

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Souza: “Atingiremos um nível de informação contábil que poucos países têm”

Os últimos treinamentos de contabilistas sobre a Lei Geral das MPE se encerram em março. Estão agendados cursos no Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. As inscrições podem ser feitas pelos sites www.leigeral.com.br e www.fenacon.org.br, e diretamente nos sindicatos filiados à Fenacon. Os cursos são promovidos pelo Sebrae e pela Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon). O objetivo é a orientação especializada às empresas para que possam usufruir dos benefícios da lei, que criou o Supersimples, unificação da cobrança de oito tributos, sendo seis federais (IRPJ, IPI, CSLL, PIS, Cofin, INSS patronal), mais o ICMS cobrado pelos Estados, e o ISS, cobrado pelos municípios. Já foram treinados cerca de 28 mil profissionais em 797 eventos realizados em 394 cidades distribuídas nas cinco regiões do País. A meta é chegar a 35 mil profissionais, sendo 30 mil contabilistas e cinco mil integrantes de entidades parceiras.

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N E G Ó C I O S C R I AT I V O S

perfeitos

Dentes por Natacha Amaral

natacha@empreendedor.com.br

empreendedor | março 2008

Ganhar um sorriso mais bonito é uma das razões pelas quais muita gente hoje decide sentar na cadeira do dentista. Se antes esse profissional era procurado somente em caso

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de dor, obturação ou tratamento de canal, a tendência agora é uma busca crescente por tratamentos cada vez mais estéticos e menos invasivos. Foi pensando nisso que o especialista em prótese dental Sidney Kina decidiu desenvolver as chamadas lentes de contato dentais no Brasil.

Dentista desenvolve lentes de contato dentais para tratamento estético sem dor e desgaste

Assim como as facetas de porcelana amplamente utilizadas em consultórios odontológicos, as lentes de contato dentais são lâminas de material cerâmico fixadas sobre a parte frontal dos dentes para aumentá-los, corrigi-los, mudar forma e contornos, ou mascarar alterações de cor no esmalte pro-


vocadas por restaurações. Até mesmo leves desalinhamentos ortodônticos podem ser resolvidos com o procedimento. Mas o grande diferencial da técnica de Kina é que ela dispensa a necessidade de desgaste dos dentes com brocas. “No uso da faceta de porcelana convencional, é neces-

sário criar espaços no esmalte para encaixar a lâmina sobre o dente. “Com a técnica que utilizo, apenas introduzo uma ‘unha cerâmica’ muito fina e assim preservo ao máximo a estrutura dentária natural do paciente”, explica Kina. O profissional desenvolveu, há dois anos, uma forma de confeccionar facetas extremamente finas e delicadas que podem chegar a 0,2 milímetros – espessura de uma ponta de caneta de nanquim para desenho. Essa característica da lente permite alterar a anatomia do dente sem fazê-lo parecer robusto ou com um contorno excessivo.

Resistência A delicadeza do material, porém, não compromete a resistência das restaurações. “Sozinha na minha mão, a lente, como toda cerâmica, quebra muito facilmente, mas colada a uma outra estrutura ela ganha o que chamamos de resistência por adesão”, explica o especialista. O princípio é o mesmo de um piso de porcelanato que adquire resistência somente após ter sido colado no chão. Com a fixação, toda pressão sofrida pela placa passa a ser redistribuída para o solo. “De modo similar, a lente colocada na superfície do dente transmite qualquer impacto, como o atrito dos alimentos, para toda a estrutura dentária. A faceta se torna tão resistente quanto o próprio dente”, diz. Segundo o profissional, a confiabilidade do tratamento é comprovada pelas pesquisas com porcelanas laminadas. Estudos recentes apontam índice de sucesso de 95% a 97% e durabilidade de dez anos do material. “Poucos tratamentos de saúde têm esse desempenho. Além disso, todas as coisas que vão dar problema, especialmente na boca, se

manifestam nos três primeiros anos. O que passa disso tem a tendência de durar muito mais”, acrescenta Kina. Hoje, os custos do tratamento por lâmina variam de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil – valor não muito superior à aplicação de facetas de porcelana convencionais. “Mas as correções geralmente são realizadas em seis dentes, em média, o que torna o tratamento não tão acessível”, diz. O profissional explica que as despesas para produção das lâminas são muito elevadas. Alguns dos fatores são uso de materiais importados e elevado índice de fratura das lentes antes de montá-las na boca do paciente. Além disso, a confecção das lâminas é um processo delicado e artesanal de escultura, montagem e cocção (cozimento) do material. “É um trabalho que exige bastante perícia, especialmente na parte laboratorial”, avalia. Por isso, Kina, que já atua na área estética há sete anos, agora fez das porcelanas seu principal foco de pesquisa. “Já ministramos cursos a alguns profissionais que hoje utilizam as lentes, mas nosso objetivo no momento é aprimorar a técnica para torná-la mais barata e acessível a todos”, diz. Atualmente, Kina ministra aulas de Prótese Dental na Universidade Estadual de Maringá e administra as duas unidades de seu Centro Estético (Maringá e São Paulo), onde desenvolve e realiza a aplicação da nova técnica em seus pacientes.

LINHA DIRETA Sidney Kina (44) 3226-7895 www.sidneykina.com.br

empreendedor | março 2008

Fixação de lâminas cerâmicas nos dentes pode ser usada para aumentá-los, corrigi-los, mudar forma e contornos ou mascarar alterações de cor

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E S T R AT É G I A

compras Bematech vai às

Aquisições da empresa permitem a oferta de soluções completas para automação comercial

por Marco Britto

empreendedor | março 2008

marcobritto@empreendedor.com.br

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A ordem do dia para a Bematech é continuar a crescer. E, a exemplo dos dois últimos anos, as aquisições de empresas com atividades complementares são fatoreschave desse processo. Com essa estratégia, a Bematech se firmou no mercado brasileiro como a única fornecedora de soluções completas – próprias – de automação comercial (hardware, software e serviços). Os planos prevêem a compra de pelo menos mais três empresas até o fim de 2008, prioritariamente do setor de softwares, e para essas operações já estão assegurados mais de R$ 100 milhões. O fôlego da Bematech vem, em parte, da entrada da empresa no Novo Mercado da Bovespa no ano passado. Com a chegada de novos acionistas, foi possível aumentar o fluxo de capital, o que oxigenou as operações de expansão. O resultado deste plano agressivo de crescimento foi uma empresa maior e mais forte. A corporação quebrou seus recordes e fechou 2007 com R$ 244 milhões de receita líquida, um crescimento consolidado de 21,7% em relação ao ano anterior. A mar-

Malczewski: “Ainda buscamos segmentos que possam nos trazer escala, com muitos estabelecimentos”


Resultados 2007 R$ 244 milhões de receita líquida US$ 2,5 milhões em vendas para a América Latina 21,7% de crescimento da receita líquida em relação a 2006 25% é a estimativa de crescimento para 2008

gem EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustada ficou em 21,1%. Logo no início do ano, em 10 de janeiro, foi anunciada a aquisição da W2M, detentora de ativos selecionados da Rentech, empresa paulista de software para o varejo com 12 anos de atuação, e clientes de médio e grande portes. A estrutura continua operando isolada do grupo até abril, quando todas as exigências, como a captura de sinergia, forem atendidas. Mesmo num ritmo forte de crescimento, é preciso cautela, destaca Marcel Malczewski, co-fundador e diretor-presidente da Bematech. “Não queremos perder nada, precisamos conhecer a dinâmica da empresa, seu método de funcionamento.” Em dezembro de 2006, a Bematech adquiriu três empresas. Uma delas é a GSR7, especializada na prestação de serviços de manutenção e instalação de equipamentos de automação comercial e TI. A compra “encerrou o capítulo serviços”, como define Malczewski, pois estruturou definitivamente a Bematech na parte de atendimento ao cliente. As outras duas são as softhouses Gemco e C&S, área em que a Bematech centra seus esforços para oferecer uma solução cada vez mais completa. Cada empresa incorporada tem atuação forte em um dos segmentos do varejo, o que forma uma nova rede de clientes potenciais para serem atendidos na totalidade de serviços oferecidos pelo grupo. “Assim, compramos tempo, clientes, mercado e conhecimento de empresas especializadas nas verticais do varejo”, diz Malczewski. É uma meta da Bematech aproveitar a carteira de clientes de cada empresa adquirida para a oferta de vendas cruzadas.

A Gemco trouxe clientes como lojas de departamentos, cine-foto-som e postos de gasolina. A C&S foi incorporada como líder no segmento de software aplicativo para farmácias. Com a compra da Rentech, grandes redes, como Boticário e Livrarias Nobel, tornaram-se automaticamente compradores da Bematech. “Temos negócios com Magazine Luiza, Mc Donald’s, Burger King, Lojas Marisa, Riachuelo, porém nem sempre é fornecida a solução completa. Vamos apostar em cross-selling, e pegar clientes de software e oferecer serviços de hardware, e vice-versa.” Nas próximas incorporações, a regra será ampliar ainda mais a infiltração da Bematech em diferentes ramos do varejo. “Ainda buscamos segmentos que possam nos trazer escala, com muitos estabelecimentos”, afirma Malczewski.

One-stop-shop Ao mesmo tempo em que o grupo reforça sua presença entre os grandes, há também um plano formatado para uma investida com força total em direção aos pequenos varejistas. A solução “one-stop-shop” consolida todas as necessidades de automação comercial em um único produto. A idéia é simples, porém inédita no mercado nacional. Dirigindo-se a uma empresa apenas, o comerciante encontra a solução que precisa para o seu ponto-de-venda, e tem todas as garantias e facilidades de assistência técnica – uma economia de tempo e dinheiro. “Normalmente, o pequeno varejista compra a impressora fiscal de um fornecedor, o micro de outro, e assim por diante. Nós percebemos a dor de cabeça que isso causa na hora de solucionar qualquer problema ligado ao seu sistema de automação. Com a nossa

empresa, ele não ficará nunca sem resposta.” A comercialização de soluções completas já representa 11% da receita total da Bematech e, segundo Malczewski, em três anos deve ser responsável por metade do faturamento. No exterior, o grupo mantém uma atuação forte na América Latina, com destaque para Venezuela e também Argentina, onde possui filial. Na Venezuela, o impulso aos negócios se deu pela legislação fiscal semelhante, que demanda impressoras no modelo produzido pela Bematech. O volume de faturamento com o bloco latino, que engloba países como Cuba, Guatemala e México, vem dobrando cada ano e deve seguir esta tendência. Em 2007, a receita gerada por transações com a América Latina foi de US$ 2,5 milhões. Além da filial argentina, a Bematech mantém representantes nos Estados Unidos, Alemanha e Taiwan. No Brasil, são 11 unidades espalhadas pelo País. Segundo informações institucionais, dois em cada três pontos-de-venda no território nacional possuem algum produto da Bematech, seja software, seja hardware. Essa presença só deve aumentar após a ampliação nos setores de atuação da empresa e da tática de vendas cruzadas, espera Malczewski. A estimativa de crescimento para o ano é de 25%, margem que pode crescer à medida que novas incorporações se concretizarem. “Todos nossos setores de crescimento, varejo, cross-selling, aquisições estão fortes e devem contribuir para o nosso crescimento.”

LINHA DIRETA Bematech: (41) 3351-2801

empreendedor | março 2008

21,1% é a margem EBITDA

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sob controle

por Francis França

empreendedor | março 2008

francis@empreendedor.com.br

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O segmento de cartões de crédito voltado para empresas é atualmente o mais promissor em termos de faturamento e cresce em um ritmo duas vezes mais rápido do que o de pessoa física. Atualmente, no Brasil, 23% dos micro e pequenos empresários possuem esse tipo de cartão, de acordo com estudo encomendado pela Operadora MasterCard (2006). As condições do cenário econômico nacional e o bom desempenho das empresas indicam que esse mercado continuará em expansão, e as instituições financeiras se preparam para oferecer serviços cada vez mais especializados para o mundo corporativo. “Seria miopia de nossa parte não dar aten-

ção especial a esse público. Tanto que o mercado de cartões empresariais tem sido nosso foco desde o final de 2004”, diz Regina Rocha, vice-presidente de vendas de Produtos Corporativos da MasterCard Brasil. A aposta das operadoras é na possibilidade que o cartão oferece de separar as despesas pessoais das empresariais, aumentando o controle financeiro das micro e pequenas empresas (MPE) que, em 76% dos casos – segundo o estudo –, são de origem familiar e geridas pelos próprios fundadores. Segundo Regina, a maior parte dos problemas de contabilidade que as MPE enfrentam decorrem da falta de organização entre as contas da empresa e da família. “Com o cartão, o empresário tem a fatura discriminada no final do mês e pode ver claramente todas as despesas”, diz.

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Cartões de crédito empresariais apostam na organização de despesas para conquistar clientes

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CRÉDITO


Larissa, Operadora de Turismo BWT: cartão empresarial foi a forma mais segura e simples para controlar os gastos

Chedid: é possível definir um teto para as despesas e restringir o uso do cartão a determinados estabelecimentos

que dá autonomia ao portador”, diz Eduardo Chedid, vice-presidente de Produtos da Visa do Brasil.

sa Remonato, o cartão empresarial foi a forma mais segura e simples para controlar os gastos que a empresa encontrou. “Levamos uma verba em dinheiro para pequenas coisas, mas a maior parte das despesas é paga com o cartão. Guardamos os comprovantes e as faturas e, na hora de fazer o fechamento das contas, temos maior controle sobre quanto se gastou, além de um prazo maior para pagar, não precisamos ter o dinheiro na hora”, diz. Segundo ela, a empresa realiza em média seis viagens por mês, e os custos giram em torno de R$ 500 por semana, a cada viagem. Quando o assunto são empresas de médio porte, Regina Rocha explica que os serviços são diferenciados, porque elas têm maior necessidade de informações gerenciais, já que os cartões são utilizados por mais pessoas. “As médias empresas precisam acompanhar de perto determinados custos importantes em sua linha de despesas, então não basta fornecer um extrato, é preciso dar instrumentos de gerenciamento, inclusive integrados aos seus sistemas contábeis”, diz. Os serviços são oferecidos pelos bancos com orientação da MasterCard.

Pacotes específicos A empresa oferece o cartão Visa Empresarial, voltado especificamente para pequenas e médias empresas (PME). De acordo com Chedid, o maior benefício das soluções comerciais são as possibilidades de controlar melhor o fluxo de caixa e a gestão. “Enviamos relatórios detalhados de todas as transações e extratos anuais para fins fiscais, sem contar a fatura mensal, que permite organizar melhor o pagamento das despesas”, diz. Além do pacote para gastos diários, que dá acesso inclusive a capital de giro, há serviços específicos para médias empresas, que possuem grande número de funcionários, e querem concentrar as despesas e gerenciar gastos com viagens empresariais. A Operadora de Turismo BWT trabalha há cinco anos com cartões corporativos para custear as viagens da empresa. De acordo com a supervisora comercial, Laris-

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DIVULGAÇÃO BWT OPERADORA

A maior dificuldade das operadoras ainda é lidar com o preconceito de que cartão de crédito significa dívida. Segundo Regina, a MasterCard trabalha continuamente, em parceria com os bancos, para mudar essa visão nos empresários. “Ele pensa que vai assumir uma dívida e perder o controle das despesas, mas é justamente o contrário, porque vai pagar as despesas de sua empresa em uma data, o que é muito melhor do que pagar em várias.” Para estimular o uso do cartão empresarial, a MasterCard lançou uma promoção voltada para as pequenas empresas, em que transações davam direito a cupons para concorrer a um prêmio de R$ 150 mil. Segundo Regina, a empresa percebeu uma mudança de hábito entre os empresários depois da campanha e pretende repetir a dose este ano. Outras barreiras são a restrição do acesso aos executivos e a confusão de que cartão de crédito é um benefício. Para Regina, muitos empresários têm medo de que o funcionário gaste o dinheiro da empresa, mas, segundo explica, o efeito é o contrário, porque com o cartão o empresário tem o total controle de quem utilizou, quanto gastou e onde. O uso indiscriminado dos cartões corporativos por membros do governo federal ocupou as manchetes dos principais jornais do País no início deste ano e apontou ressalvas sobre o uso dessa modalidade de pagamento, mas, para Regina, o escândalo ter vindo à tona prova a transparência garantida pelos cartões. “É um instrumento de controle muito eficaz, porque é impossível fazer despesas sem saber de onde vieram”, diz. A operadora Visa dispõe de ferramentas de segurança e individualização dos cartões de acordo com o perfil de cada funcionário. “É possível definir um teto para as despesas e restringir o uso do cartão a determinados estabelecimentos, o que aumenta a segurança da empresa ao mesmo tempo em

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CRÉDITO

Crediário fácil Cartão BNDES financia operações de compra e venda diretamente no portal da instituição na internet Diferente dos cartões de crédito tradicionais, o Cartão BNDES não serve para fazer compras no comércio ou custear viagens, mas funciona como um instrumento de apoio para micro, pequenas e médias empresas (MPME). Com ele, é possível adquirir qualquer produto credenciado no portal do banco, que inclui 80 mil itens, entre equipamentos e insumos que vão desde farinha de trigo para panificação até caminhões. O catálogo está disponível na internet pelo endereço www.cartaobndes.gov.br. O Cartão BNDES é emitido pelo Bradesco, pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, e pode ser solicitado por MPME com faturamento bruto anual de até R$ 60 milhões e no mínimo 12 meses de fundação. O limite de crédito chega a R$ 250 mil por cartão – definido pelo banco da análise de crédito –, e as compras feitas no portal podem ser parceladas em até 36 meses, com taxa de juros préfixada. O banco não financia pagamento de dívidas, capital de giro e prestação de serviços, e o cartão não pode ser utilizado para compra de imóveis ou terrenos, ou aquisição de insumos e bens importados não autorizados. Para obter o Cartão BNDES, a empresa precisa ser correntista do banco emissor, com a vantagem de que pode solicitar até três cartões: um por

banco e utilizar o somatório dos limites. De acordo com Rodrigo Bacellar, chefe do departamento do Cartão BNDES, o instrumento, que opera desde 2003, tem cada vez mais aceitação entre os empresários. “Nosso objetivo é facilitar acesso ao crédito das MPME, sem a necessidade de firmar contratos de financiamento e registrar garantia em cartório cada vez que a empresa precisa investir”, diz. A idéia é romper com a burocracia, e oferecer crédito rotativo e pré-aprovado a juros baixos, com taxa baseada na LTN – Letra do Tesouro Nacional (1,03% em fevereiro). Além de comprar pelo portal, as empresas também podem se tornar fornecedoras do Cartão BNDES, basta se credenciar. A Visanet cobra R$ 50,00 de taxa de adesão, e a Redecard, no momento, não cobra nada. Há ainda uma taxa de desconto de 3% sobre o valor da venda, negociada diretamente com as operadoras. A vantagem de fornecer por meio do cartão BNDES é conceder financiamento automático para o cliente em até 36 meses, com garantia de recebimento do valor da venda em 30 dias. Além disso, com o financiamento direto do banco, o fornecedor não precisa comprometer seu próprio capital de giro e ainda tem a vantagem de expor seus produtos gratuitamente no catálogo do BNDES.

O BNDES analisa se a atividade econômica é compatível com as normas do portal de operações e visita a empresa, que deve apresentar a documentação necessária à afiliação. Para fazer parte do rol de fornecedores, é preciso fabricar produtos novos e insumos de setores autorizados. Distribuidores também poderão ser fornecedores, desde que indicados pelos fabricantes credenciados. Atualmente, existem 5,4 mil fabricantes credenciados e outros 1,5 mil distribuidores autorizados. O banco fechou o ano de 2007 com mais de 132 mil cartões emitidos e R$ 509 milhões negociados em 36 mil operações. O valor de financiamento representa alta de 126% na comparação com os R$ 225,2 milhões de 2006. Este ano, o objetivo é liberar R$ 750 milhões e, em 2009, chegar a R$ 800 milhões em 56 mil operações. “É possível comprar um caminhão com o Cartão BNDES, mas também temos um grande número de compras de computadores por menos de R$ 2 mil. Para nós, é interessante, porque conseguimos ter controle sobre onde as empresas estão investindo. É diferente de oferecer recursos sem saber para onde vai ou só descobrir depois de uma auditoria”, diz Bacellar.

LINHA DIRETA Eduardo Chedid (Visa): www.visa.com.br/empresarial Larissa Remonato (BWT): (41) 3323-4007 Regina Rocha (MasterCard): regina_rocha@mastercard.com Rodrigo Bacellar (BNDES): (21) 2172-7264

Cartão BNDES

empreendedor | março 2008

VOLUME DE OPERAÇÕES (VALOR POR ANO)

R$ 225,2 milhões

2006

R$ 509 milhões

2007

R$ 800 R$ 750 milhões* milhões*

2008

2009

* Previsão – Fonte: BNDES

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CATÁLOGO 80 mil itens cadastrados 5,4 mil fabricantes credenciados 1,5 mil distribuidores autorizados REQUISITOS MPME com faturamento bruto anual de até R$ 60 milhões e no mínimo 12 meses de fundação. Limite de crédito: até R$ 250 mil por cartão Bancos emissores: Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal

VANTAGENS MPME compras feitas no portal podem ser parceladas em até 36 meses crédito rotativo e pré-aprovado a juros baixos, com taxa baseada na LTN (1,03% em fevereiro) VANTAGENS FABRICANTE/DISTRIBUIDOR garantia de recebimento do valor da venda em 30 dias. não comprometimento do capital de giro expor produtos gratuitamente no catálogo


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empreendedor | marรงo 2008


MEMÓRIA

exigente Cliente

Profissionalização da equipe de atendimento é a principal forma de acompanhar a evolução do consumidor por Natacha Amaral natacha@empreendedor.com.br

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Qualidade no atendimento nunca foi um item supérfluo para o empreendedor interessado em fidelizar seus clientes. Prestar um excelente serviço hoje, porém, assumiu um papel ainda mais importante e até mesmo decisivo para a sobrevivência do negócio. Isso porque, se antes oferecer um bom produto bastava, agora é preciso conquistar o consumidor cada vez mais exigente na procura por lugares onde se sinta bem tratado. É isso o que mostra o levantamento “Empresas que respeitam os consumidores”, da TNS InterScience. Segundo a pesquisa, que consultou 1.250 pessoas de cinco capitais brasileiras no mês de janeiro, os atributos mais valorizados pelos consumidores ainda são atendimento adequado, qualidade do produto e preço, e o primeiro quesito é considerado básico e imprescindível por 51% dos entrevistados. Em relação a 2007, o atendimento teve o segundo PURESTOCKX

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Há 13 anos...

maior crescimento em grau de relevância e foi avaliado como importante por 63% dos consumidores, na média geral. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Relações Empresa-Cliente (Abrarec), Roberto Meier, os números têm relação direta com a recente emergência do consumidor de baixa renda no Brasil. “São mais 40 milhões de pessoas se tornando consumidores no País”, diz. Segundo ele, a crescente participação da classe C no mercado torna a aplicação do binômio “qualidade e atendimento” fundamental para o sucesso dos negócios ligados ao comércio e à prestação de serviços. “O cliente não pode errar na compra, por exemplo, porque vai pagar com seu dinheirinho suado. Além disso, não tolera ser maltratado por causa de sua condição financeira”, explica Meier. Para o especialista em relações de consumo, o crescimento de uma clientela cada vez mais consciente de seu poder fará com que as empresas acostumadas a comercializar de forma antiquada percam mercado. É nessa hora que a profissionalização da equipe aparece como a principal forma de acompanhar a evolução do consumidor. “Alguns empresários acham que investir no cliente é fazer uma fachada nova ou deixar a vitrine mais bonita, mas é justamente o atendimento o que vai fazer a diferença”, salienta o consultor na área comportamental e de marketing do Sebrae, José Renato da Silva. Consciente disso, o empreendedor pode promover programas de treinamento para seus funcionários a fim de ajudá-los a desenvolver tanto competência técnica para executar o trabalho de forma correta e com agilidade como também receber orienta-

a qualidade no atendimento, o mais sensato a fazer é investir na profissionalização da equipe. Um vendedor bem preparado, além de muito educado e atencioso, deve ser capaz de fazer um diagnóstico do cliente e dos interesses dele para ajudá-lo a realizar com prazer a melhor compra. O investimento na qualidade do atendimento é uma necessidade permanente. Veja o caso da Pizza Hut em Santa Catarina, por exemplo, citada na matéria de ontem e de hoje. Naquela época, os franqueados investiram US$ 10 mil em uma pesquisa para conhecer melhor seus clientes. E todos os colaboradores também passam por três grandes treinamentos. Desde então, já foram apontados pelo franqueador, por três anos, como a melhor operação da rede no País.

ções para satisfazer as necessidades e expectativas do cliente no momento da compra. Ser educado, simpático, atencioso e prestativo são algumas das regrinhas básicas que podem ser ensinadas. “O vendedor, por exemplo, não deve esquecer o cliente na loja nem atuar como um mero entregador de mercadorias. Precisa orientar, passar informações, apresentar alternativas, ajudar a resolver problemas e a fazer escolhas”, ensina Silva. O consultor salienta ainda a importância de mostrar aos funcionários que vender é similar a fazer diagnóstico. “É como o médico que examina os sintomas e entrevista o paciente para prescrever o remédio certo. Da mesma forma, o vendedor tem que tentar entender o cliente, analisar se ele é jovem ou idoso e ver de que precisa”, compara. O consultor do Sebrae acrescenta que o empresário nunca deve deixar de treinar a equipe por receio de que alguns empregados, mais tarde, migrem para o concorrente, uma vez que são os colaboradores quem representam a empresa perante os clientes. “Funcionários são os olhos e ouvidos do negócio. Eles podem ir embora, mas a imagem da empresa fica, positiva ou negativa”, argumenta. A boa notícia é que os empreendedores brasileiros estão se saindo bem nessa tarefa. “Na média, as empresas nacionais fazem um trabalho muito melhor do que as multinacionais. A qualidade é superior, e o nosso jeito de atender é imbatível. É uma escola brasileira”, avalia Roberto Meier. O presidente da Abrarec explica, por exemplo, que as melhores operações das empresas de telefonia estrangeiras, como Portugal Telecom, Telefónica e Tim, estão no Brasil. Além disso, as organizações bra-

sileiras ocupam os primeiros lugares entre as que mais respeitam o consumidor na pesquisa TNS, inclusive em segmentos dominados por gigantes internacionais. É o caso dos setores de alimentos (Sadia e Perdigão), bancos (os quatro primeiros são brasileiros), distribuição de combustíveis (Petrobras), geração de energia (Eletropaulo), eletroeletrônicos (CCE), higiene da casa (Bombril) e telefonia (Oi).

Cliente oculto A cadeia de supermercados Modelo é um exemplo de cuidado constante com a excelência no padrão de atendimento. Uma das 40 maiores empresas de agronegócio no segmento comércio varejista do País, a rede mato-grossense promove treinamentos, encontros e prêmios para seus 2,6 mil funcionários a fim de promover o reconhecimento e a valorização de seu trabalho. Quem identifica a qualidade dos serviços e do tratamento ao público (cerca de 70 mil pessoas por dia) nas 14 lojas distribuídas por quatro cidades do Mato Grosso são os chamados “clientes ocultos”, profissionais patrocinados pela rede que se passam por consumidores comuns. Sua função é avaliar vários critérios de atendimento como postura do colaborador nas lojas, comportamento, uso do crachá, capacidade de superar as expectativas do cliente e outros itens relacionados com a imagem da empresa. Os funcionários que se destacam nesses quesitos pela primeira vez recebem o prêmio Campeões de Atendimento, que inclui um bóton com o título, uma foto no mural do local de trabalho pelo

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Na décima edição da Revista Empreendedor, em maio de 1995, a repórter Adriana Freitas publicou a matéria “Volte sempre”. Hoje, quase 13 anos depois, a jornalista Natacha Amaral faz uma releitura da reportagem. Se naquela época atender bem já era garantia de retorno dos clientes, agora ainda mais, com o acirramento da concorrência e a evolução do comportamento dos consumidores, cada vez mais conscientes de seu poder. Um cliente mal atendido na hora da venda não repete a compra – quando não chega nem mesmo a realizá-la – e ainda por cima faz propaganda negativa para seus conhecidos, que podem repassar a mensagem para outros e assim por diante. Como a melhor forma de encantar os clientes é

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MEMÓRIA PESQUISA TNS RESULTADO POR CATEGORIA

ATRIBUTO

2006

2007

BÁSICO IMPRESCINDÍVEL Qualidade .................................................39% Atendimento ..............................................51% Preço ......................................................39%

1º Preço 2º Atendimento 3º Qualidade Responsabilidade social Monitorar satisfação do cliente Propaganda Responsabilidade ambiental

46 58 61 51 48 45 42

56 63 65 41 35 45 –

DIFERENCIAL Monitoramento da satisfação dos clientes ...39% AGREGADOR DE VALOR Responsabilidade social .............................42% Responsabilidade ambiental .......................43% Propaganda ..............................................44%

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Fonte: “Empresas que respeitam os consumidores”, TNS InterScience, janeiro de 2008

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COMPARATIVO GERAL ENTRE 2006 E 2007- CRESCIMENTO

reconhecimento, uma carta do presidente da rede e um cartão-presente com crédito para ser usado na loja. Se o colaborador se destacar pela segunda vez consecutiva, ele vai para um outro nível de premiação, o Destaque de Atendimento. Já na terceira vez, é considerado Embaixador de Atendimento, a categoria máxima do prêmio. Nos últimos dois casos, a gratificação é a mesma, exceto o valor do cartão-presente, que aumenta de acordo com o título. O prêmio é realizado quatro vezes por ano e sempre acontece juntamente com algum evento especial da rede. O recepcionista do Departamento de Atendimento ao Cliente da unidade Miguel Sutil em Cuiabá, Luiz Fernando do Nascimento, já foi premiado seis vezes. Ele, que nunca suspeitou ter atendido um cliente oculto, atribui seu desempenho à preocupação incondicional com o consumidor. “Dou atenção total ao cliente no momento do atendimento, pois ele precisa confiar que tenho interesse em resolver qualquer situação apresentada”, diz Nascimento. Ser atencioso, simpático, ter muita informação e sempre superar a expectativa são outros segredos dele. Para o colaborador, o prêmio promovido pela rede serve como um grande incentivo para atender seus clientes cada vez melhor. “Sei que a empresa vê no meu trabalho um diferencial”, comemora. Dar reconhecimento constante ao funcionário interessado também é uma estratégia adotada pela Pizza Hut para estimular o bom

PERCENTUAL

+ 10% + 5% + 4% - 10% - 13% – –

Preço, atendimento e qualidade tiveram importância superior ao ano passado, e responsabilidade social e satisfação do cliente apresentaram queda. Fonte: “Empresas que respeitam os consumidores”,TNS InterScience, janeiro de 2008

Meier: clientela mais consciente fará empresas antiquadas perderem mercado atendimento dentro de suas lojas. “O colaborador que faz isso recebe um cartão, camisetas e faz parte do nosso mural nacional”, explica o gerente de franquias da Pizza Hut em Santa Catarina, Laércio Gomes. Para ajudar seus colaboradores nessa tarefa, a rede promove três grandes treinamentos, que incluem um módulo operacional e o chamado Champas. O primeiro capacita o funcionário para a função e o familiariza com a rede, já o segundo ensina o

atendente a se portar diante da expectativa do cliente. “É baseado numa pesquisa internacional da Pizza Hut sobre os seis pontos mais valorizados pelo consumidor quando entra numa loja”, explica Gomes. Entre os fatores envolvidos, estão casa limpa, manutenção, produto, atendimento, serviço, hospitalidade e velocidade. Todos esses fatores também são avaliados por um cliente misterioso nas lojas da Pizza Hut espalhadas por 98 países. Com esse sistema, o Estado de Santa Catarina foi selecionado já por três anos como a melhor operação da rede no Brasil. “Temos fixação nesse ângulo da nossa atividade. Para nós, atendimento ao cliente é um fator-chave de sucesso”, explica Gomes. Franquia ou negócio próprio, mercado nacional ou estrangeiro, prestação de serviço ou venda de produtos, a verdade é que a política do “volte sempre” já virou fórmula universal para o sucesso de qualquer negócio. Cria um clima de bem-estar entre todos, fideliza o cliente e melhora a imagem da empresa, que poderá dizer muitas vezes: “Obrigada pela preferência!”.

LINHA DIRETA Laércio Gomes (Pizza Hut): (48) 3028-9008 Roberto Meier: (11) 3125-2244 José Renato da Silva (Sebrae-SC): (48) 3348- 5652 Luiz Fernando do Nascimento (Supermercado Modelo): (65) 3619-2200


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empreendedor | marรงo 2008


PERFIL

Lourival Mariano

caminho

Árduo por Marco Britto

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marcobritto@empreendedor.com.br

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Uma nova etapa na vida da Petink Serigrafia, que em 2009 completa 20 anos, se descortina. Até 2007, a característica da empresa paulistana era garantir uma boa impressão e agilidade na entrega dos pedidos – um serviço de caráter terceirizado, sem envolver qualquer etapa de criação, desenvolvido a partir de peças publicitárias já prontas. Neste ano, essa relação com o mercado será alterada com a formulação de soluções próprias para displays (expositores de ponto-de-venda). Lourival Mariano, sócio-proprietário, encara a mudança como uma evolução, de olho no futuro de seu segmento de atuação. “Os displays servem para agregar valor ao produto na exposição. Hoje, eu faço banner e faixas, mas não sei até quando essa mídia deve ser utilizada. Com o display, eu posso me adaptar a novos formatos, usando telas de LCD e futuramente até movimentos, por meio de robótica”, prevê. O modelo próprio de display vai permitir à Petink negociar seu produto num preço baixo, devido à produção em larga escala, porém comercializado de acordo com a necessidade de cada cliente. A estrutura pode ser adaptada, aproveitando o mesmo formato para identidades visuais diferentes. O primeiro projeto servirá para o apoio de garrafas de café e copos, substituindo a mesa ou bandeja. No mesmo móvel, será possível ter o serviço de cafezinho, lixeira, e ainda revistas e jornais dispostos de maneira ordenada.

Os primeiros clientes devem ser locais com salas de espera – salões de beleza e consultórios médicos, por exemplo. Para bancar a operação, a empresa está mudando de galpão. A nova sede, com 2 mil metros quadrados (quatro vezes maior que a atual), vai abrigar novas impressoras e as máquinas de corte que vão moldar os displays fabricados pela Petink. De acordo com Mariano, o investimento total em obras e equipamentos foi de R$ 270 mil. “Estou alcançando um tamanho de empresa que me deixa satisfeito”, revela. Uma das estratégias para esta nova fase é o estabelecimento de uma equipe de vendas para prospectar clientes em São Paulo, inicialmente. Já neste mês, a primeira dupla de vendedores entra em ação. Em cinco anos, conforme o planejamento de Lourival, o grupo contará com aproximadamente cem profissionais. A história da Petink a partir de 2000, no entanto, apresenta diferenças significativas em relação aos seus primeiros dez anos de vida. Quando começou o negócio de impressão, em 1989 – na época, uma

Investimento de R$ 270 mil em obras e equipamentos preparam Petink para nova etapa

Curso do Sebrae foi decisivo para a empresa acertar o foco e adquirir estabilidade e rentabilidade

legítima empresa de garagem –, a convite de um vizinho serígrafo, Mariano fazia o layout para pequenas peças, geralmente logotipos para comerciantes da região, que desejavam imprimir pequenos adesivos ou chaveiros para distribuição como brindes. Além de desenhar, o jovem, então com 22 anos, vendia os produtos que fazia no trem, a caminho da faculdade de Engenharia Mecânica na Universidade de Mogi das Cruzes. Foram nove meses neste ritmo árduo, até que uma surpresa não muito agradável acabou retirando o empreendimento da informalidade: Mariano foi receber o pagamento por um serviço já entregue e, na hora de cobrar, um detalhe o deixou numa encruzilhada: só receberia os honorários se apresentasse nota fiscal. Não encontrando outro caminho, foi a hora de oficializar a pequena empresa. Em dezembro daquele mesmo ano, surgia oficialmente a Petink. O irmão Arnaldo entrou com o capital inicial para estruturar minimamente a empresa. Após cinco anos, o vizinho deixou a sociedade, e a administração ficou por conta dos dois irmãos. “O começo foi muito difícil. Larguei um emprego em que ganhava bem, e sem experiência em administração fiz muita coisa errada e vivi sem dinheiro por um bom tempo.” Nos primeiros dez anos, a empresa funcionou de maneira desorganizada, sem planejamento, sobrevivendo da produção de pequenas peças para o comércio. Sem conhecer as ferramentas para administrar corretamente a empresa, Mariano não via uma saída para deslanchar seu empreen-


Idade: 41 anos Local de nascimento: São Paulo (SP) Formação: Desenho Mecânico (Pro-Tec) Empresa: Petink Serigráfica Ramo de atuação: Serigrafia Ano de fundação da empresa: 1989 Cidade-sede: São Paulo (SP) Número de funcionários: 30 Faturamento: 3,9 milhões (2007)

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CASA DA PHOTO

Lourival Mariano

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Lourival Mariano

Uma das inovações da Petink é o uso de tinta UV, que permite uma secagem instantânea. Na outra página, no alto, as futuras instalações

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FOTOS CASA DA PHOTO

PERFIL

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dimento em direção à rentabilidade. “Por duas vezes, tentei sair da minha garagem e alugar um espaço maior, mas não dava certo, e acabava tendo que voltar”, relata. Para pôr a Petink no rumo certo, Mariano investiu em capacitação empresarial. Depois de fazer o Empretec, curso de Empreendedorismo promovido pelo Sebrae, em 1998, Mariano pôs em prática uma fórmula que traria o tão desejado crescimento para a sua empresa. Reorganizando a estratégia de mercado e desenvolvendo planos de ação, o empresário impôs eficiência aos negócios e começou a contratar funcionários. Focou o trabalho em ponto-de-venda, que gera demanda para faixas, banners, adesivos e displays em grande formato. Com um projeto de negócios na mão, conseguiu um financiamento do Proger (Programa de Ge-

ração de Emprego e Renda), do Ministério do Trabalho, e comprou as máquinas para iniciar a produção de peças maiores.

Serviço especializado “Eu precisava me especializar. Fazia muito formato pequeno e assim competia com as pequenas empresas, de fundo de quintal. Meu orçamento sempre seria mais caro que o dessas empresas”, comenta Mariano. Sabendo que rumo tomar, investir numa estrutura maior e numa equipe qualificada foi uma atitude eficaz para recolocar a empresa dentro de seu mercado. Oferecendo um serviço especializado, a Petink se estabeleceu num patamar de qualidade de impressão mais sofisticada, para competir com empresas de mesmo porte. Hoje, é possível encon-

trar o trabalho da serigráfica em anúncios da Coca-Cola colados em freezers e em inúmeros displays de ponto-de-venda, anunciando televisores, assinaturas de jornais, protetores solares e muitos outros produtos. Aprendida a lição, o empresário foi buscar as últimas novidades tecnológicas de seu ramo em fábricas na Espanha, Suíça e China. Atualmente, uma das inovações da Petink é o uso de tinta UV. Após a impressão, a exposição aos raios ultravioleta permite uma secagem instantânea, o que não acontece quando se usa tinta à base de solventes. Outro diferencial é a qualidade da impressão, que se mantém fiel não importa quantas cópias sejam impressas a partir da mesma matriz. “Isso proporciona uma produção mais ágil, qualidade da primeira à última impressão e um produto com vida útil bem mais longa”,


LINHA DO TEMPO 1967

Nasce Lourival Mariano, no dia 3 de fevereiro, em São Paulo.

1981

Aos 14 anos, Mariano consegue seu primeiro emprego, como office-boy da Companhia Municipal de Transporte Coletivo, em São Paulo.

1983

Após um curso técnico de Desenho, Mariano alcança o posto de desenhista mecânico da empresa.

1989

Mariano aceita o convite de um vizinho serigrafista e passa a desenhar logotipos para pequenas impressões, a maior parte material promocional de pequenos comércios. Em dezembro, é inaugurada oficialmente a Petink, tendo o irmão Arnaldo também como sócio. Após alguns meses sem grandes resultados, o vizinho abandona a sociedade, deixando a empresa sob o comando dos irmãos.

1998

Após cursar o Empretec, curso de Empreendedorismo do Sebrae paulista, Mariano elabora um novo plano de negócios e passa a trabalhar apenas com grandes formatos, buscando um mercado mais adequado à sua estrutura. A equipe de funcionários é ampliada.

2008

Bem-sucedido na impressão de grandes formatos, o empresário investe R$ 270 mil na nova sede, planejando entrar para a produção de displays. A nova estrutura vai comportar até 80 funcionários.

Petink Serigráfica

“Mais da metade deles nunca havia ligado o computador”, conta. Baseado no crescimento contínuo da empresa, com taxa anual acima dos 40% desde 2000, é possível mensurar a dedicação do administrador, que hoje lembra dos tempos de garagem com uma sensação de perseverança, superação. Ele iniciou sua carreira profissional ainda garoto, trabalhando como office-boy, aos 14 anos, na Companhia Municipal de Transporte Coletivo, em São Paulo. Após dois anos de serviço e um curso de desenho técnico adicionado ao currículo, chegou a desenhista mecânico da CMTC, projetando peças para a reposição nos veículos da frota, onde permaneceu até ceder ao desejo de trabalhar por conta própria. “Valeu a pena, mas não foi nada fácil.” Depois da mudança para o espaço físico

maior, a Petink alcançará um porte satisfatório, segundo Mariano, comportando até 80 funcionários. Além das mudanças no empreendimento, o empresário pretende renovar também a sua rotina. Sem esconder um certo cansaço após ter superado vários degraus durante a ascensão profissional, Mariano planeja estabelecer um ritmo menos frenético em sua vida e aproveitar mais o fruto de seu trabalho. “Quero prezar mais a minha qualidade de vida a partir de agora, cuidar da minha família, equilibrar as coisas.”

LINHA DIRETA Lourival Mariano (11) 6525-0366 www.petink.com.br

empreendedor | março 2008

comenta. A tinta UV não sai com álcool ou alvejantes, o que facilita a limpeza, como ocorre freqüentemente no caso de bares e restaurantes, por exemplo. Após o Empretec, a maneira de se relacionar com os funcionários também mudou. “Eu tinha muitas idéias e não realizava nenhuma.” Incluindo reuniões com os empregados na agenda corporativa, Mariano passou a escutar as opiniões de seu time sobre algumas decisões da empresa, mantendo a equipe integrada e consciente de todo o processo que envolve o trabalho da Petink. O destino de parte da receita da serigráfica (0,5% das vendas) é definido pelos trabalhadores. Com esse dinheiro, já foram confeccionados uniformes escolhidos pelos funcionários, e uma professora de informática foi contratada para dar lições de Windows e internet para todos.

Lourival Mariano

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P E Q U E N A S N O TÁV E I S

MÁRCIA GOUTHIER

cartões O mercado de

empreendedor | março 2008

Evento que acontece dia 27 de março em Brasília reúne especialistas para discutir alternativas de inserção dos micro e pequenos negócios no setor

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O debate entre os principais agentes do mercado sobre os meios eletrônicos de pagamento será incentivado com o seminário “Meios Eletrônicos de Pagamento para Micro e Pequenas Empresas”. O evento é realizado pelo Sebrae no dia 27 de março em Brasília e deve reunir cerca de 200 participantes para discutir regulação, tecnologia e tendências, além das melhores alternativas para a inser-

ção dos pequenos negócios neste setor. Os palestrantes vão apresentar a dimensão do mercado de meios eletrônicos de pagamento e de cartões de crédito no Brasil, e a necessidade de regulamentação do setor. Esses temas contarão com a participação do Banco Central e do Senado. Representantes de grandes credenciadoras de cartões vão mostrar as ações que desen-

volvem para conquistar micro e pequenos empreendimentos. No evento, serão apresentadas ferramentas em potencial e pouco exploradas para o acesso das micro e pequenas empresas ao universo dos meios eletrônicos de pagamento. Entre elas, destacam-se a tecnologia que permite a realização das transações comerciais por aparelhos de telefone celular e a comercialização de varejo pela internet, na qual mais de 80% das transações são pagas com cartão de crédito. No último bloco do evento, serão apresentadas as soluções criadas por bandeiras regionais de cartões que estão inovando em favor das micro e pequenas empresas. Estatísticas do IBGE de 2005 revelam que existem mais de 5 milhões de empre-


DAVI ZOCOLI

DAVI ZOCOLI

MPE no Brasil Participação no Produto Interno Bruto

5 milhões de empresas formais (2005) 0,8%

20% micro e pequenas empresas 80% médias e grandes empresas

sas formais. Deste total, 99,2% são formadas por micro e pequenas empresas, que representam aproximadamente 20% do PIB do País. “A idéia é mostrar que o segmento possui grande participação na economia brasileira, e precisamos oferecer condições favoráveis para aumentar essa participação”, explica o analista técnico da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae nacional, André Dantas. Desde 2005, o Sebrae está envolvido no tema, participando de eventos e discussões com agentes desse mercado. Em 2007, o apoio da instituição avançou com o lançamento do livro Mercado de cartões de crédito no Brasil e sua relação com as micro e pequenas empresas, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas.

99,2%

empreendedor | março 2008

80%

99,2% micro e pequenas empresas 0,8% médias e grandes empresas

MÁRCIA GOUTHIER

20%

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

Adelson de Sousa

mais Sempre

Depois de vender sucata e trabalhar no garimpo, empresário diz que segredo do sucesso é buscar ser melhor todos os dias por Francis França

em eempreendedor mpr pree e nd nded ded edoorr | março març ma rço 2008 2008 20 08

francis@empreendedor.com.br

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Adelson de Sousa aprendeu desde cedo que vencer desafios, seja qual for o tamanho da empreitada, depende invariavelmente de duas coisas: foco no objetivo e disciplina para atingi-lo. Com isso em mente, alcançou sua primeira conquista como empreendedor antes dos oito anos de idade. Ele queria empinar uma pipa, e seus pais não tinham condições de lhe comprar o papel e a linha, então decidiu recolher sucata para vender perto de sua casa, na periferia de São Paulo, e em pouco tempo conseguiu o dinheiro de que precisava. Hoje, pouco mais de três décadas depois, foco e disciplina continuam sendo seus princípios fundamentais para levar a IT Mídia, com faturamento anual de R$ 30 milhões, a se tornar o maior grupo de comunicação “business to business” (B2B Media) do Brasil. Para chegar a esse patamar, Sousa contou, ao longo de sua trajetória, com senso de oportunidade, busca por melhorar sempre, algumas coincidências interessantes e disposição para fazer de tudo um pouco. Com a conquista da primeira pipa, seguiu vendendo sucata até os 11 anos, depois vendeu roupas em uma feira de rua até os 15 e trabalhou como officeboy no banco BCN até os 17, quando decidiu empreender novamente. Comprou cem relógios e foi para a Amazônia vendê-los no garimpo do Rio Madeira, em Rondônia. Com o que ganhou, passou a negociar ouro. Três meses depois, voltou para São Paulo com uma boa quantia de dinheiro no bolso. Aos 18 anos de idade, usou o capital acumulado no garimpo para abrir, em 1985, uma pequena distribuidora de alho, CASA DA PHOTO


foi seu primeiro negócio de maior porte. Em 1997, Sousa vendeu a licença da Byte Brasil para a Editora Globo por R$ 5 milhões e, aos 30 anos de idade, junto com Miguel Petrilli, fundou a IT Mídia, com perfil bastante diferente do que havia trabalhado até então. Atualmente, a empresa tem publicações nos segmentos de tecnologia, saúde e finanças, com distribuição gratuita e dirigida para um público-alvo bastante seleto. Entre os produtos oferecidos pela IT Mídia, além de revistas, estão ainda portais de internet, eventos e pesquisas nos três segmentos. “A IT Mídia já nasceu absolutamente planejada, com visão estratégica e plano de negócios estruturado. Aí, nessa época, eu já conhecia tudo isso”, diz Sousa. A principal busca da companhia – quando foi fundada e ainda hoje, após dez anos – é compor uma equipe capaz de executar o plano de negócios com visão de longo prazo. Sousa defende que o fator mais importante de uma companhia é o capital humano e recomenda, para quem pretende começar a empreender, buscar pessoas capazes e dispostas a crescer continuamente. Em sua cartilha, as principais lições são: bom planejamento, obsessão por qualidade na execução e disciplina no acompanhamento das metas.

BÚSSOLA EMPRESARIAL

AC ERTO S Exigir sempre excelência da equipe Ter visão estratégica do negócio e saber para onde ir Priorizar sempre planejamento e disciplina Trabalhar para lançar sempre produtos inovadores Acreditar que sempre se pode ser melhor

Aposta em pessoas Por apostar em pessoas, Sousa decidiu focar o programa de responsabilidade social de sua empresa em bolsas de estudo em universidades para jovens carentes. Em 2007, a empresa abriu um processo seletivo, e, dos 200 candidatos, 12 receberam as bolsas para começar a estudar este ano. O compromisso da IT Mídia é acompanhar o desenvolvimento dos estudantes até a graduação e depois inseri-los no mercado de trabalho. O processo seletivo vai se repetir este ano, e a empresa espera oferecer mais 16 bolsas. “No meu caso, que não tive possibilidade de cursar a universidade, poder oferecer aquilo que tanto me fez falta a pessoas que também precisam muito foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida empresarial”, diz. Além das ações sociais, Sousa aposta no crescimento da empresa como fator de transformação da realidade do País. Segundo ele, os empresários precisam trabalhar para tornarem os negócios lucrativos e distribuirem

ER R O S Falha na contratação de pessoal de gestão no início da carreira Dar atenção demais para a receita em vez de focar no resultado Ter sido tolerante demais com baixo desempenho Não ter comprado empresa líder em uma das ações estratégicas de expansão para outros segmentos Não dar a devida atenção aos processos durante um período de crescimento muito acelerado

empreendedor | março 2008

que funcionou durante dois anos. Nesse meio tempo, seu irmão começou a trabalhar em uma revenda de informática, e Sousa se apaixonou pela tecnologia. Aprendeu sozinho a montar microcomputadores e, em 1987, começou a trabalhar com a revenda das máquinas, negócio que tocou com sucesso até 1991, quando finalmente enveredou para a comunicação. Leitor assíduo da revista norte-americana Byte, uma das mais influentes publicações sobre informática desde a década de 1970, Sousa teve a oportunidade de licenciá-la e trazê-la para o Brasil com a produção de conteúdo próprio. “Foi uma coincidência muito grande. Um cliente meu, que era diretor de informática de uma multinacional, mudou-se para os Estados Unidos e lá conheceu uma pessoa que queria trazer a Byte para o Brasil, mas não tinha recursos. Aí ele nos apresentou, e eu assumi o negócio”, conta. A Byte Brasil tornou-se um sucesso, com 80% do conteúdo produzido aqui. Dos mais de 20 países em que estava presente, depois dos Estados Unidos, o Brasil era o mais relevante em termos de tamanho, circulação, faturamento e número de páginas publicitárias. Em 1993, a revista chegou a ter mais de 60 mil assinantes. O crescimento acelerado é uma ótima notícia para qualquer empresário, mas, para Sousa, representou também um grande desafio. “Eu não tinha educação formal e passei a trabalhar com disseminação de conhecimento, então não foi nada simples”, diz ele, que só concluiu o Ensino Fundamental. Para compensar seus pontos fracos, procurou se cercar de pessoas com capacidades que complementassem as suas em relação à gestão e administração do negócio. “No Brasil, acontece muito de pessoas que empreendem porque têm a visão, mas lhes falta competência de gestor, e, no fundo, você acaba aprendendo na prática. Não foi diferente comigo”, diz Sousa, que enfrentou sérios problemas de gestão, apesar do sucesso comercial, que quase o fizeram desistir. Ele diz que falhou naquele momento por se preocupar demais com a receita e esquecer da importância dos resultados. “Em determinados momentos, nossa receita crescia muito, mas o lucro diminuía, e isso, para mim, era muito difícil de compreender.” A necessidade de uma visão clara dos resultados foi a maior lição que tirou daquele que

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empreendedor | março 2008 54

a riqueza com responsabilidade. O plano da IT Mídia é acelerar o processo de expansão por meio de aquisições de produtos editoriais em diversos segmentos da economia. A empresa fechou 2007 com lucro de 20%, e a meta é triplicar o faturamento até 2010, atingindo R$ 90 milhões. Apesar das metas arrojadas, Sousa não sacrifica a vida pessoal pela empresa e trata o lazer com tanta disciplina quanto o trabalho. Na sexta-feira, depois do expediente, vai para casa e só volta ao escritório na segunda-feira, às 10h. Tudo graças ao cronograma, definido de forma que não seja necessário trabalhar em finais de semana. Além da visão estratégica de três anos, o plano de negócios prevê metas detalhadas de cada ano. Toda semana, ele senta com quatro diretores para checar o cronograma, trabalho que lhe toma em média um dia e meio. O restante é dedicado a atender os clientes. Sousa também procura acompanhar de perto o desempenho da equipe. Ele tem como princípio que as pessoas devem buscar constantemente o aperfeiçoamento. “Treinamos nossos gestores porque sabemos que eles podem ser melhores do que são hoje. E, se não forem, eu vou substituílos, e eles sabem disso. Eu cobro muito. E eles são apaixonados por crescer e por se desenvolver”, diz ele, que considera sua maior virtude como empreendedor a capacidade de inspirar pessoas a buscarem objetivos comuns. Exigir muito de si mesmo um bom desempenho na hora de selecionar e gerenciar a própria equipe é outra característica de Souza. Segundo ele, sua capacidade de compreender as responsabilidades e competências de cada um, hoje, é muito melhor do que quando fundou a IT Mídia, há dez anos, mas ainda há muito o que melhorar. Acostumado a um crescimento exponencial desde a infância, lhe custa esperar pela experiência. “Eu gostaria de ter hoje a capacidade que eu terei daqui dez anos para selecionar, contratar e buscar novos talentos.”

LINHA DIRETA Adelson de Sousa (11) 3823-6639

Adelson de Sousa Sousa: “Poder oferecer aquilo que tanto me fez falta a pessoas que também precisam muito foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida empresarial”

CASA DA PHOTO

A VOZ DA EXPERIÊNCIA

Adelson de Sousa Idade: 40 anos Local de nascimento: Álvares Machado (SP) Formação: Ensino Fundamental Empresa: IT Mídia

Ramo de atuação: Comunicação Cidade-sede: São Paulo (SP) Faturamento: 30 milhões Número de funcionários: 98


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empreendedor | marรงo 2008


Tecnologia da Informação

TI

TECNOLOGIA DE ALUGUEL Locação de equipamentos, softwares e serviços pode reduzir em cerca de 40% os custos de investimento e manutenção da área por Natacha Amaral

empreendedor | março 2008

natacha@empreendedor.com.br

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Tomar conta do próprio negócio e ao mesmo tempo manter uma estrutura de TI altamente atualizada, segura e funcionando na empresa é um verdadeiro desafio para qualquer empreendedor num mundo cibernético tão dinâmico. Se, de um lado, o maior acesso à tecnologia facilitou a vida das organizações com o acentuado uso de servidores, muitas vezes com grande peso na internet, de outro, gerou uma forte dependência e preocupação com a vulnerabilidade do sistema. Não raro, companhias inteiras simplesmente param quando surgem problemas na rede ou no sistema de e-mails. Para evitar situações como essas é que empresas do setor de TI vêm disponibilizando o serviço de terceirização de infra-estrutura de rede para o mercado corporativo, como o Rent a Network da Mtel Tecnologia. “Vamos até a empresa, entendemos o negócio do cliente, dimensionamos a tecnologia necessária, implementamos e mantemos tudo funcionando por meio do pagamento de uma mensalidade”, explica o presidente da Mtel, Mauricio Blanco. O Rent a Network inclui a implantação de redes internas, servidores, roteadores de ponta, firewall e até mesmo antivírus. Com esse sistema de locação de equipamentos agregado a serviços, a empresa destina o capital – que antes utilizaria na compra de softwares, máquinas e outros aparelhos – para realizar investimentos no seu negócio. “Assim, o empresário se concentra no seu core bussiness e deixa a tecnologia por nossa conta”, diz Cláudio de Paula, da SuperCom

Blanco: especialistas podem prever tendências, antecipar desafios para seus clientes, e realizar correções e manutenção rápidas Digital, que também oferece um produto de terceirização de TI, o On Demand Business. Delegar esse trabalho para quem entende de tecnologia também significa certeza de resultados. “Conhecemos os possíveis fabricantes de cada coisa, estamos atualizados com o que há de melhor custo-benefício no mercado e temos um nível de engenharia sempre capacitado no último”, diz Blanco. Especialistas em TI podem prever tendências, se antecipar a desafios tecnológicos para seus clientes, e realizar correções e manutenção rápidas. “Não é possível exigir o mesmo de um gerente de TI, por exemplo, porque ele tem que tocar a área, manter a rede no ar, telefones funcionando, servidores armazenando, backup, e assim por diante”, exemplifica o presidente da Mtel. Outros benefícios da terceirização de equipamentos e serviços de TI é que a locação é uma despesa dedutível do imposto de renda. Também não consome as linhas de crédito das empresas, nem se trata de um investimento que exige pagamento à vista, como ocorre nas operações de leasing. Os contratos geralmente vão de 24 a 36 meses

e podem ser renovados de acordo com a necessidade do cliente. “Fazemos a atualização de toda a infra-estrutura”, diz Cláudio de Paula. “Nessa fase, como já teremos nosso investimento no equipamento de certa forma amortizado, também podemos rever os valores”, acrescenta Blanco. A queda nos custos de uma empresa que decide fazer a total terceirização de sua infraestrutura de TI, em vez de comprar os ativos e contratar profissionais para gerenciá-la, varia muito de acordo com a solução escolhida. “Mas, em média, a redução gira em torno de 40%. Isso sem considerar a dispensa de investimentos iniciais em aquisição de equipamentos e softwares, e os encargos com a contratação de novos funcionários, férias, 13º salário, INSS”, salienta Cláudio de Paula. De acordo com o profissional da SuperCom, o sistema de locação de ativos funciona para empresas dos mais variados portes, de micro a grandes corporações. “Em organizações de tamanho médio para cima, os resultados são melhores, pois elas sabem que uma empresa sem um departamento de TI 100% funcional não sobrevive à concorrência”, diz Cláudio de Paula. Empresas que têm a tecnologia como sua missão crítica, como bancos, seguradoras, fábricas, hospitais, editoras e supermercados, são as mais beneficiadas. Com foco nesse cliente, a Mtel agora prepara também uma solução mais empacotada, direcionada para pequenas e médias empresas. Logo, tranqüilidade para gerir o próprio negócio sem esquentar a cabeça com tecnologia estará ao alcance de empreendedores de todos os tamanhos interessados em se concentrar naquilo que sabem fazer de melhor.

LINHA DIRETA Cláudio de Paula (SuperCom Digital) (11) 6262-1468/www.supercom.com.br Mauricio Blanco (Mtel Tecnologia) (11) 2106-7992/www.mtel.com.br


3D on-line O serviço on-line para conversão de arquivo CAD de 2D para 3D passa a ser oferecido pela Gasabo 3D Design, de Ruanda. A iniciativa visa a ajudar usuários do SolidWorks, e facilitar o trabalho de projetistas e engenheiros de corporações que criam, fabricam e mantêm

sistemas mecânicos complexos. O usuário entra no site da empresa e submete o desenho para conversão. Em até 12 horas, recebe o orçamento do serviço, as opções de conversão e o prazo para o recebimento do arquivo em formato 3D. www.gasabo3D.com

Rápido e seguro O ProxyClientT é um software que permite às empresas estender aos usuários remotos a aceleração de aplicações, respeitando a segurança e as políticas de controle da rede. Com a ferramenta de otimização de redes corporativas e o byte caching – que acelera protocolos e faz a compressão de objetos no computador do cliente –, empregados de qualquer lugar podem ter aceleração do tráfego de dados, melhorando o uso da banda. O software possibilita detectar a localização do usuário, determinando automatica-

mente a melhor forma de acesso à rede. A tecnologia Blue Coat de filtros Web, integrante do aplicativo, garante a segurança e o gerenciamento, pois avalia, em tempo real, cada tentativa de acesso a sites e classifica como fonte de spyware, phishing, pornografia, jogo ou qualquer outro tipo de site potencialmente perigoso ou inapropriado para o acesso. Desenvolvido pela Blue Coat, o aplicativo é oferecido gratuitamente aos clientes do ProxySG e pode ser adquirido no site. www.bluecoat.com

Supermáquina O primeiro datacenter virtual oferece o dobro da capacidade de processamento pela metade do espaço físico. É o que promete a Sun Microsystems ao lançar o Projeto Blackbox. O equipamento já é usado em universidades e empresas de telecomunicação dos Estados Unidos, Holanda e Rússia. No espaço de um container-padrão, ou seja, seis metros, é possível instalar até 252 servidores, alcançando 2,5 trilhões de cálculos por segundo na capacidade de processamento. www.sun.com.br

Nota fiscal A nota fiscal eletrônica será obrigatória a partir de abril para alguns Estados e setores de atuação, mas em pouco tempo deve se tornar realidade em todos os estabelecimentos. O investimento na infra-estrutura deste processo, no entanto, não deve ser um impeditivo para a evolução dos sistemas fiscais. Pensando nas médias e pequenas empresas, a IBM e a Mastersaf fecharam uma parceria para oferecer soluções com o serviço de software. Com isso, a empresa não precisa fazer o investimento inicial na infra-estrutura de TI e paga conforme a demanda efetuada. A principal facilidade oferecida pela Mastersaf NF-e é que o software é utilizado como serviço, diminuindo custos e o investimento inicial. O preço médio por nota é de R$ 1,20, mas varia conforme o volume. (11) 3704-5166/comercial@

mastersaf.com.br

empreendedor | março 2008

Para investigar erros em sistemas e infrafraestrutura corporativas de TI, a Teclógica oferece a Consultoria Técnica de Investigação ção de Problemas. A solução é um misto de servierviço e produto, já que o software e a equipe pe da empresa catarinense só entram em ação quando há demanda. Especializada em soluções corporativas tivas nas áreas de projetos de software, infra-estrutura tura e integração, a Teclógica faz a consultoria, quee prevê ainda apresentação e entrega de relatório técnico co aos gestores de TI da empresa, e formula soluções es para evitar as perdas de informações importantes ntes nos erros identificados. Com o uso dessa ssa ferramenta, é possível demonstrar ações es e definir responsabilidades pela execuçãoo do plano de melhorias a serem implemenntadas, o que garante a solução definitivaa do problema. (47) 3036-7700

PURESTOCKX

TInvestigadores

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FRANQUIA

Cautela na expansão Crescimento da taxa de mortalidade mostra que é preciso ter cuidados ao ampliar a rede por Marco Britto

empreendedor | março 2008

marcobritto@empreendedor.com.br

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Cada hora que passa, uma nova franquia abre suas portas no Brasil. De acordo com o levantamento realizado pela consultoria Rizzo Franchise, cada nova unidade destas gera em média dez novos empregos, o que, considerando o horário comercial, resulta em 120 vagas num único dia. Neste ritmo incessante, as franquias empregaram 28 mil brasileiros em 2007. Essa necessidade de novos trabalhadores é o reflexo de empreendimentos em expansão – o setor franchising cresceu 12,9% no ano passado, e o número de empresários franqueadores ultrapassou 1,5 mil no País. Esta fórmula consagrada de operação, que junta a experiência do franqueador com a iniciativa do franqueado, muitas vezes pode ser a melhor maneira de expandir um negócio que está dando certo. Porém, o crescimento


Regina, da Pello Menos: preocupação com padrão de atendimento motiva a não impor um ritmo de crescimento maior do que pode suportar

Loja pronta Neste ano, a empresa está chegando a São Paulo. Durante o primeiro semestre, serão abertas sete lojas na capital paulista, com previsão de alcançar dez unidades até o fim do ano. A Pello Menos escolhe o ponto comercial, contrata e treina as funcionárias, e entrega a loja pronta. Atenta ao processo de implantação das novas unidades, Regina mantém tudo dentro de seu planejamento e procura estabelecer a melhor logística para atender posteriormente o franqueado. “A estrutura que envolve a manutenção de uma franquia gera custos que nunca podem ser desconside-

O avanço do franchising no Brasil em 2007

1 franquia é aberta cada hora 10 novos empregos são gerados em cada nova unidade

120 vagas são abertas

pelo setor cada dia

28 mil brasileiros foram

empregados pelas franquias ano passado

1,5 mil empresários

franqueadores operam no País

12,9% foi o crescimento

registrado pelo setor

Fonte: Rizzo Franchise

empreendedor | março 2008

que em seis meses a primeira loja em Copacabana já registrava mil clientes atendidas, superando totalmente a previsão da proprietária. Hoje, cada loja da Pello Menos atende cerca de 120 pessoas por dia, sem a necessidade de hora marcada e com garantia de atendimento rápido – qualidades que fizeram o sucesso da franquia. “É ótimo pensar que minha marca estará presente em vários Estados, mas o suporte da operação é um ponto crucial, uma obrigação do franqueador. Se você não tiver domínio desse processo, você acaba com o negócio.” Em 2007, as franquias Pello Menos tiveram um faturamento de R$ 15,2 milhões, um crescimento de 22,7% em relação ao ano anterior.

PURESTOCKX

na taxa de mortalidade das franquias, ainda que pequena (pulou de 0,09% em 2006 para 0,59% no ano passado), mostra que cautela na preparação do terreno não deixa de ser uma qualidade essencial para o proprietário na hora de ampliar a rede. “É preciso cuidado para não dar um passo maior que a perna”, alerta Regina Jordão, proprietária da rede de estética Pello Menos, especializada em depilação, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a empresária administra 36 lojas. Dentro deste grupo, mantém 12 casas próprias e 23 franquias no Rio, além de uma unidade também franqueada em Natal. A preocupação em manter rigorosamente o padrão de atendimento motiva Regina a não impor um ritmo de crescimento maior do que pode suportar. Para cada nova loja, a empresa investe R$ 50 mil só em treinamento. As funcionárias contratadas participam de uma preparação de quatro meses na escola da Pello Menos. Com o trabalho assegurado, elas estudam técnicas de depilação, bem como de atendimento e manutenção da loja, tudo com alojamento, alimentação e despesas médicas cobertas. A operação de franquias da Pello Menos foi formatada em 2005. A decisão foi tomada para organizar a expansão da rede, que já possuía lojas funcionando como licenciadas, utilizando apenas a marca. O licenciamento foi a primeira opção para expandir, uma vez

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FRANQUIA

empreendedor | março 2008

Shima, da Farmais: 200 propostas para novas unidades por mês, inclusive em outros países

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rados. Mapeamos as lojas de maneira que fiquem próximas, assim minha consultora pode visitá-las com facilidade”, diz. Para Claudia Bittencourt, consultora especializada em redes de negócios, uma maneira eficaz de atender bem os franqueados é desenvolver programas de acompanhamento de gestão e desempenho das unidades. “Assim, os franqueados obtêm os resultados projetados, e se tornam os maiores divulgadores da marca e do sistema de franquias de que fazem parte”, afirma Claudia. Outro destaque da consultora para a hora de expandir é investir primeiro na capacitação interna da empresa franqueadora, o que diminui o risco de desgastes com a rede por falta de preparo. “É importante agregar mais competência internamente, principalmente para assimilar a cultura de gestão de redes de negócios. O franqueador precisa ter claramente identificadas quais são as limitações de sua equipe e ser pró-ativo no sentido de contratar profissionais para suprir estas deficiências.” O serviço de consultorias especializadas, que agem diretamente na parte improdutiva da empresa, pode ser uma alternativa para momentos de transição, segundo Claudia. Quando você conhece seus limites, administra seu crescimento com consciência. Com essa diretriz, a rede Farmais mantém conectadas todas as suas 550 unidades espalhadas pelo Centro-Sul do Brasil. Formatada

em 1994, já focada no negócio de franchising, a rede de farmácias inovou no momento certo e firmou-se no conceito de rede de farmácias independentes. “O diferencial foi manter as farmácias independentes e, ao mesmo tempo, integrá-las a uma rede. Assim, lojas já existentes puderam se tornar membros da rede Farmais, recebendo em troca o treinamento de auto-serviço, e ferramentas para administrar seu negócio com qualidade e apoio logístico”, conta Paulo Shima, proprietário da rede.

Sustentabilidade Por mês, chegam à mesa de Shima mais de 200 propostas para abrir uma nova farmácia, inclusive em outros países. Porém, o empresário foca sua expansão a partir de um crescimento totalmente sustentável. “Só assim posso dar a mesma atenção aos franqueados de São Paulo, próximos a mim, como também em Timbó (SC) ou Uruguaiana (RS).” Trabalhando de maneira regionalizada, as unidades são administradas mais de perto. A central em São Paulo e os escritórios de base no Rio e em Curitiba servem como pontos de apoio logístico. Através de uma rede interna de comunicação, via internet, consultores e supervisores da Farmais acessam programas de treinamento a distância, informações de apoio e materiais de divulga-

ção prontos para impressão. Cada três meses, as equipes se encontram na capital paulista, discutem os problemas regionais e transmitem as sugestões dos franqueados. Depois, voltam a campo e passam novos treinamentos aos associados, e assim normalizam o padrão de funcionamento e atendimento da rede. Shima destaca que o custo da equipe é totalmente sustentado pela franqueadora. “As empresas que atingiram o sucesso no ramo de franchising aprenderam a cultivar e manter um bom relacionamento com seus franqueados”, destaca Claudia. Uma comunicação eficaz, e um relacionamento aberto e transparente com toda a rede são preceitos básicos, mas, segundo a consultora, continuam sendo o diferencial dos bons franqueadores, aliados ao investimento contínuo em capacitação interna. “Esse conjunto de atitudes torna o caminho mais curto e duradouro para o sucesso, sustentabilidade e competitividade do negócio no mercado.”

LINHA DIRETA Claudia Bittencourt:(11) 3661-2202 Paulo Shima (Farmais):

(11) 2117-5200/www.farmais.com.br

Regina Jordão (Pello Menos):

(21) 2255-8340/www.pellomenos.com.br


Novo gás

Um olho lá, outro cá Com 85 lojas franqueadas em 17 Estados, a Morana Acessórios começa 2008 comemorando a entrada no mercado internacional e com foco na expansão interna. Em novembro do ano passado, a rede de acessórios e bijuterias abriu duas unidades em Portugal e outras duas nos Estados Unidos. A Morana faz análise de área e de

A Real Time, escola de idiomas, comemorou no final de 2007 a abertura de três franquias da rede. As unidades em Ponta Grossa (PR), em Valinhos (SP) e na capital de São Paulo marcaram o início do sistema de franquia, que substituiu a concessão de licenças utilizada pela rede até 2006. As 16 escolas licenciadas da Real Time, que ensinam Inglês, Espanhol e Português para Estrangeiros, devem migrar para o sistema gradativamente. Comprada pela S.O.S Computadores, a Real Time projeta uma expansão da marca para diversas partes do País, inclusive nos 18 Estados onde a rede de cursos profissionalizantes e de informática está presente. O investimento inicial para os novos franqueados varia entre R$ 60 mil e R$ 150 mil. O capital de giro necessário é de R$ 15 mil, e o faturamento médio de uma unidade, R$ 30 mil. A rede não cobra taxa de franquia, e o retorno aparece de 18 a 24 meses. (11) 2162-1566

ponto antes de aprovar a abertura de uma nova loja, cujo valor inicial do investimento está em R$ 185 mil. O tempo de retorno, em média, leva de 18 a 24 meses; e a taxa de lucro gira em 20% do faturamento. Sobre o faturamento bruto, a rede cobra 5% de royaltie e 2% referente a publicidade. (11) 4208-6200

www.morana.com.br

Criada pela Neomerkato, a marca E-franchising exige o investimento inicial de R$ 3,5 mil para aderir à franquia virtual de produtos eletrônicos. Com a loja virtual, o franqueado comercializa via internet os produtos da Neomerkato, e ainda tem outros atrativos como isenção das taxas de royalties e publicidade, e o retorno rápido, entre seis e 12 meses. Os sócios-fundadores da rede, Leonardo

David e Carlos Eduardo Soares, explicam que o segredo deste modelo é a simplificação dos processos. “Toda a estrutura de atendimento ao cliente, tecnologia da informação, P&D de produto, estocagem, cobrança, entrega do pedido são providas pela Neomerkato. O franqueado tem apenas uma preocupação: conquistar clientes para sua loja.”

(11) 3257-4741

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Loja virtual

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FRANQUIA

Aluguel de carros

Qualidade total Ao completar 36 anos, a empresa de cafeterias Fran’s Café pretende aumentar ainda mais sua presença no Brasil. As 110 lojas se diversificam pelas modernidades e pelos diferentes aromas, mas a qualidade do atendimento e dos produtos são pontos-chave salientados aos franqueados. No ano passado, a rede abriu novas unidades nos Estados de Amazonas, Bahia e Pará, com negócios fechados no Maranhão, Alagoas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Para este ano, o objetivo é chegar a Santa Catarina, Ceará e Pernambuco, e contabilizar 140 unidades até o final do ano. A nova característica implantada este ano é o comércio de livros e revistas, no espaço Empório Cultural, e o Espaço Nugalli, com a venda de chocolates exclusivos.

(11) 5056-0043 / www.franscafe.com.br

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Bem grelhado

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4% de royalties e 1,5% para fundo de propaganda nacional. O candidato a abrir uma franquia precisa ter afinidade com o ramo de veículos, mas a Master oferece treinamento do franqueado e dos funcionários, e suporte e avaliação permanente. No investimento inicial, estão inclusos manual, software de gestão, ferramentas de venda e desconto na compra de carros diretamente com a montadora. O acompanhamento de performance é feito através da Consultoria de Franchising Máster. A lista das cidades de maior interesse em novas unidades está no site.

(11) 3352-8906/www.masterental.com.br

CASA DA PHOTO

Com serviços de aluguel de carros e gestão de frotas, a Máster Rental pretende crescer 25% este ano, aumentando de 9 mil para 20 mil veículos. Fundada em 1988, a rede conta hoje com 55 agências próprias e 24 lojas franqueadas, presente em 47 cidades brasileiras. O investimento inicial requerido para montar uma unidade é de R$ 40 mil a R$ 60 mil, conforme a região, e para aquisição de dez veículos o custo fica entre R$ 250 mil e R$ 305 mil. O tempo de retorno para este investimento, condicionado ao Plano de Negócios preparado junto com a rede, é de 24 meses, no mínimo. Os custos fixos cobrados pela Máster sobre o faturamento bruto são

Abrir dez pontos-de-venda, especialmente nos mercados de Minas Gerais, Florianópolis, Brasília, Salvador, Natal e Porto Alegre. É essa a expectativa da Bon Grillê para 2008. Criada em 1994, a rede de fast-food focada no sistema de um grelhado e mais três acompanhamentos tem no cardápio mais de 20 mil combina-

ções de pratos nas suas 52 unidades. O investimento inicial de R$ 290 mil contempla taxa de franquia, publicidade, marketing, capital de giro, parte civil, equipamentos, e decoração e utensílios da loja. Cerca de 30 meses é o tempo médio de retorno, e o faturamento por unidade, R$ 70 mil. (11) 3093-1831


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Fr an qu i a em ex p an s ão

PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO


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Fr a nq u i a em exp an s ão

PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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NEGÓCIO CERTO

COMO CRIAR E ADMINISTRAR BEM SUA EMPRESA

Roteiro do Programa Manual Etapa Zero

Bem-vindo! É um prazer ter você participando do Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo, concebido pelo Sebrae SC, e editado e publicado pela Revista Empreendedor com o objetivo de ajudá-lo a definir seu negócio de sucesso! Isso significa dizer que você pode estar em um desses momentos na sua vida:

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buscando uma idéia de negócio; já tem uma idéia de negócio, mas não sabe se ela é viável; já tem seu negócio e gostaria de registrá-lo, mas teme ser muito complexo este processo; já registrou seu negócio e agora está precisando de orientações sobre como melhor administrá-lo; precisa de orientações sobre marketing.

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Se você está em algum destes momentos, então, está no lugar certo! Aqui, terá orientações para todas estas questões. Por isso, para aproveitar melhor o Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae, propomos que você leia este manual. Nele, você encontrará explicações detalhadas sobre cada etapa que constitui este Programa. Boa leitura e bons negócios!

APRESENTAÇÃO Este manual apresentará passo a passo o Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae, permitindo que você tenha uma visão clara de todos os processos envolvidos. Assim, você encontrará aqui as seguintes orientações: como é organizado o Programa Negócio Certo Sebrae? qual a metodologia do Programa Negócio Certo Sebrae?

COMO É ORGANIZADO O PROGRAMA DE AUTOATENDIMENTO NEGÓCIO CERTO? O Sebrae entende que o desafio de uma organização baseada no conhecimento é de identificar, criar, explicitar e disseminar o conhecimento para melhor atender a seu público. Nesse sentido, o Programa de AutoAtendimento Negócio Certo Sebrae e a Revista Empreendedor oferecem ao cliente uma Etapa de Ambientação (Etapa Zero), que constitui este material que você está lendo, e mais cinco etapas, a serem apresentadas ao longo de 12 edições, a partir deste mês. Além des-

sas apostilas publicadas mensalmente, estas etapas podem ser acessadas via internet no Portal Empreendedor (acesse www.empreendedor.com.br e clique no banner Negócio Certo Sebrae). A seguir, você conhecerá cada uma das etapas do Programa e sua metodologia de realização. Vamos lá? Etapas para o Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae Etapa 0 Acesso ao Programa Negócio Certo Etapa 1 Gerando idéias de negócios Etapa 2 Verificando a viabilidade do negócio Etapa 3 Formalizando o negócio Etapa 4 Organizando e administrando o negócio Etapa 5 Relacionando o negócio com o mercado


Fique ligado!

Tendo completado seu cadastro, você se torna um participante formal do Programa Negócio Certo Sebrae e opta em qual das cinco etapas da metodologia deseja ser atendido

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Para tornar o Programa de AutoAtendimento mais consistente e facilitar sua compreensão, elaboramos a etapa zero na metodologia de atendimento. Nesta etapa, você será ambientado no Programa, fará seu cadastro e escolherá em qual etapa deseja começar a ser atendido. Etapa 1: Gerando idéias de negócios O objetivo principal desta etapa é ajudá-lo a definir sua idéia de negócio a partir de sua realidade. Para apoiar sua escolha, serão disponibilizadas 650 fichas técnicas de negócios que estarão em formato de fichas informativas em meio digital (Banco de Idéias Digital). Se você

realizar seu auto-atendimento via 0800-643-0401, os tutores lhe indicarão a melhor forma de acessar o material. As idéias serão todas voltadas ao ambiente de negócio de micro e pequenas empresas seguindo as tendências atuais de mercado. Também considerarão investimentos compatíveis com empresas de pequeno porte. Para tanto, são considerados na elaboração da metodologia da Etapa 1 quatro aspectos principais: você está buscando orientações para definir um novo negócio ou para verificar se sua idéia está de acordo com o seu perfil; o seu perfil, habilidades, vocações, motivações, conhecimentos, experiências profissionais, hobbies, crenças, valores e região em que vive são de relevância na hora da escolha do negócio;

não existe resposta pronta na escolha do negócio. Você deve buscála dentro de si mesmo; as idéias propostas considerarão as atuais tendências do mercado. Levando em consideração os aspectos anteriormente mencionados, após se cadastrar, você será convidado a responder a um conjunto de perguntas que têm por propósito ajudálo a fazer o primeiro filtro de idéias, encontrando as mais alinhadas com o seu perfil pessoal. Se estiver em meio digital, responderá no próprio sistema e receberá os resultados automaticamente. Para isso, você terá acesso ao Manual da Etapa I: Gerando Idéias de Negócios. Concluída a primeira etapa, você passará para a segunda etapa do Programa, na qual será verificada a viabilidade mercadológica e econômicofinanceira da idéia selecionada.

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Etapa 0: Acesso ao Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae

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NEGÓCIO CERTO

COMO CRIAR E ADMINISTRAR BEM SUA EMPRESA

Etapa 2: Verificando a viabilidade do negócio

Fique ligado!

O objetivo principal da segunda etapa do Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae é auxiliá-lo a verificar a viabilidade mercadológica e econômico-financeira da idéia de negócio escolhida. Esta etapa é fundamental, pois nem sempre uma idéia é necessariamente uma boa oportunidade de investimento. Portanto, de forma a proporcionar informações necessárias para que você possa vencer esta

etapa da viabilidade e avançar para a etapa da formalização do negócio, alguns aspectos foram considerados na elaboração dos conteúdos: diferença entre idéia e oportunidade; estudo da viabilidade apoiado nas informações de um plano de negócio; customização da solução para os setores da indústria, comércio e prestação de serviços; customização da solução, também nas diversas formas de constituição jurídica de empresas, e respectiva carga tributária.

Você pode fazer o curso pela internet ou pelo encarte impresso na revista Empreendedor

O principal conteúdo nesta etapa é sobre o Plano de Negócios. Para isso, você terá acesso ao Manual da Etapa II: Verificando a viabilidade do negócio. Ele será apresentado passo a passo de forma simples e com linguagem adequada, para que você compreenda com facilidade. Etapa 3: Formalizando o negócio Esta etapa do Programa de AutoAtendimento Negócio Certo Sebrae tem por objetivo principal orientá-lo na formalização do negócio. A elaboração do conteúdo considera desde a definição da forma jurídica mais adequada até o passo-a-passo do registro do futuro negócio nas esferas municipal, estadual e federal. Além disso, ainda serão consideradas informações e orientações referentes ao processo de registro, conforme o tipo de negócio escolhido. Portanto, ao entrar nesta etapa você terá orientações e informações sobre como deverá proceder para formalizar sua empresa. Para isso, você terá acesso ao Manual da Etapa III: Formalizando o negócio. Este manual contém as orientações e informações a respeito de como proceder para formalizar o seu negócio.

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Etapa 4: Organizando e Administrando o Negócio

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O objetivo principal desta etapa é apoiá-lo na administração da sua empresa, agora já registrada. Para tanto, ao acessar esta etapa, você receberá orientações sobre como avaliar os resultados da empresa: receita, rentabilidade, ponto de equilíbrio, lucratividade, administração do fluxo de caixa, controle de contas a pagar e contas a receber. Etapa 5: Relacionando o negócio com o mercado PURESTOCKX

Esta é a etapa final do Programa


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atrair e reter clientes; construir relacionamentos; entender as forças e o comportamento do mercado; buscar oportunidades de negócios; estudar produtos e serviços que atendam às novas demandas e necessidades dos clientes. Enfim, neste manual você encontrará várias ferramentas para o relacionamento de sua empresa com o mercado.

COMO É A METODOLOGIA DO PROGRAMA DE AUTOATENDIMENTO NEGÓCIO CERTO SEBRAE? ENCARTE NA REVISTA EMPREENDEDOR Se você optou por fazer o curso por meio do material impresso disponível na Revista Empreendedor, você receberá, a cada edição mensal, informações e orientações para a abertura do seu negócio por meio dos manuais que vão compor cada etapa do Programa. Vejamos como se apresenta cada etapa no material impresso:

Etapa 1: Gerando Idéias de Negócios Você responde o questionário de avaliação do perfil empreendedor. Você responde, opcionalmente, este questionário e calcula os índices na avaliação de seus pontos fracos e na definição das ações recomendadas para cada um deles. Enfim, fechando a Etapa 1, você adota uma das idéias com bons índices de aconselhabilidade e passa para a próxima etapa. Etapa 2: Verificando a Viabilidade do Negócio Explica como elaborar um Plano de Negócio, levando em consideração as viabilidades econômicas e financeiras.

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de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae. Tem como objetivo principal apoiar o relacionamento do seu negócio com o mercado. Para tanto, ao acessar esta etapa, você receberá orientações de importantes assuntos sobre marketing que o auxiliarão a:

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NEGÓCIO CERTO

COMO CRIAR E ADMINISTRAR BEM SUA EMPRESA

Levanta as informações necessárias para responder as questões. Conduzido pelo manual, você chega a conclusões sobre viabilidade econômica e financeira da idéia de negócio escolhida na Etapa 1, ou já definida anteriormente. No final desta etapa, você tem a opção de passar para a Etapa 3 do Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae. Etapa 3: Formalizando o Negócio Nesta etapa, você opta por uma forma jurídica para conduzir seu negócio. Você receberá informações sobre os diversos passos necessários. Nesta etapa, você também pode consultar a opinião de contadores. Enfim, ao estar com sua empresa formalizada você pode avançar para as demais etapas do Programa de AutoAtendimento Negócio Certo Sebrae. Etapa 4: Organizando e Administrando o Negócio Esta etapa faz parte do Manual IV, onde você vai encontrar diversos formulários e outros instrumentos de gestão básica da empresa. Exemplos deste conteúdo são: receita, rentabilidade, ponto de equilíbrio, lucratividade, fluxo de caixa, contabilidade de contas a pagar e receber etc.

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Etapa 5: Relacionando o Negócio com o Mercado

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Esta etapa faz parte do Manual V, onde você terá importantes informações sobre marketing. Este manual contém orientações e dicas básicas para o relacionamento de sua empresa com o mercado. Para facilitar seu entendimento, os principais assuntos sobre Marketing estão organizados em cinco fases que chamamos de “caminhos”.

INTERNET (PORTAL EMPREENDEDOR www.empreendedor.com.br) Aos leitores que possuem acesso à internet, aconselhamos a utilização deste meio para a realização do curso. Ao inscrever-se, você receberá uma senha de acesso. Neste caso, você terá tudo em meio digital e poderá fazer o autoatendimento em sua própria casa ou trabalho. Ao entrar no ambiente, você receberá uma orientação sobre o software, suas ferramentas e como usá-lo, o que chamamos de Ambientação. Logo após, você pode preencher um questionário que o ajudará a iniciar sua escolha da idéia de negócio, começando assim a Etapa 1 do Programa de Auto-Atendimento Negócio Certo Sebrae por internet. Veja como as etapas se apresentam: Etapa 1: Gerando Idéias de Negócio Você é questionado sobre ter ou não uma idéia de negócio. Caso você já tenha uma idéia, pode procurá-la no banco de idéias. Porém, poderá escolher mais quatro idéias além da que já tem. Responde na tela quatro questões para gerar idéias de negócio e escolhe da lista resultante até cinco idéias (se já informou uma, escolhe mais quatro). Tem acesso na tela às fichas das idéias de negócio escolhidas. Responde na tela o Questionário 1: “Qual das idéias é mais compatível com meu perfil pessoal?”. Recebe na tela informações sobre o nível de aconselhabilidade das idéias de negócio (quais estão com

bom nível e quais têm apenas nível intermediário ou não são aconselháveis). Responde na tela o Questionário 2: “Características do comportamento empreendedor”. (opcional) Recebe na tela informações quanto ao seu perfil de empreendedor. (opcional) Tem opção de imprimir o sumário dos resultados dos questionários e comentários. Analisa resultados. Escolhe uma das idéias com bom nível de aconselhabilidade. Segue orientações na tela sobre qual caminho tomar, dependendo dos resultados. Etapa 2: Verificando a Viabilidade do Negócio Recebe na tela orientações sobre a elaboração do Plano de Negócio. Elabora o Plano de Negócio na tela, utilizando formulário disponível no site. Tem a opção de imprimir questões para levantamento das informações necessárias ao Plano de Negócio. Tem opção de sair e retornar em outro momento com as informações. Segue orientações sobre qual caminho tomar, dependendo dos resultados. Etapa 3: Formalizando o Negócio Recebe na tela orientações sobre a forma jurídica e procedimentos para formalização do negócio. Tem a opção de imprimir estas orientações para decidir qual a melhor forma e retornar ao atendimento em outro momento e/ou de outra forma (material impresso ou CD-Rom). Escolhe a forma jurídica. Segue os procedimentos para for-


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Etapa 4: Organizando e Administrando o Negócio Recebe na tela opções de diversos formulários de gestão e orientações disponíveis. Tem a opção de imprimir formulários e orientações ou obtê-los na forma já impressa (ver forma de atendimento: Material Impresso). Utiliza estes formulários no dia-adia de sua empresa para avaliação da necessidade de capital de giro, controle de vendas e compras, etc. Todas estas ferramentas gerenciais vão compor um manual deno-

minado Manual da Etapa IV: Administrando a sua Empresa. Etapa 5: Relacionando o Negócio com o Mercado Recebe na tela os caminhos básicos do Marketing. Tem a opção de imprimir o mesmo conteúdo que é disponibilizado também em PDF. Informa-se e pode aplicar o que aprendeu em sua empresa, melhorando suas vendas.

TUTORIA A tutoria tem um diferencial, pois atenderá não somente as pessoas que fazem o curso via internet, mas também aquelas que optarem pelo meio impresso, além de orientar sobre todo o conteúdo do programa. Você pode entrar em contato com a tutoria por meio de: tira-dúvidas (recurso disponível para os clientes que optarem pelo acesso à internet); e-mail: negociocerto@sc.sebraesc.com.br

Negócio Certo Sebrae Programa de Auto-Atendimento Para tirar suas dúvidas entre em contato conosco pelo e-mail negociocerto@sc.sebrae.com.br

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malização do negócio. Entra em contato com o Sebrae para usar o convênio com o CRC/ Sescon/Sindicont ou conduz, você mesmo, a formalização.

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

RH turbinado Cadastro de associados e relatório gerencial feito pela internet economizam tempo e recursos humanos. Essas são as facilidades proporcionadas pelo portal da Prodent, empresa de assistência odontológica, que teve mais de 50 mil acessos. O software melhora os resultados do departamento de RH, pois agiliza as ações de cadastramento e consulta, e evita burocracia. “Nossa experiência aponta para uma economia de tempo em torno de 34% e de recursos financeiros de aproximadamente 57% ao se eliminar grande parte dos procedimentos que geralmente acontecem”, explica o dr. Mauricio Camisotti, presidente da Prodent. www.prodent.com.br

Otimização de custos Monitor de LCD de 22 polegadas com microfone, webcab e USB hub, lançado pela AOC Brasil, é ideal para videoconferência e chat. O novo Widescreen tem a base ajustável na altura, rotação e inclinação, e foi certificado pelo Windows Vista Premium. A tecla única de navegação do modelo facilita o uso do menu, e o tempo de resposta ultra-rápido elimina o efeito fantasma. 0800-10-9539/sac@aoc.com.br

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Bolsa de negócios

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Micro e pequenas empresas formam o cadastro de 3,6 mil ofertas e demandas de produtos e serviços. O site que facilita o contato entre compradores e vendedores é a Bolsa de Negócios do Sebrae, lançada em maio de 2007. Com a ferramenta de cruzamento de informações, o empreendedor amplia o mercado de atuação de sua empresa, busca novos fornecedores, distribuidores e clientes pelo mundo virtual. Este ano, o Sebrae realiza uma pesquisa quantitativa sobre a Bolsa e elabora um diagnóstico das oportunidades no comércio eletrônico por segmentos. www.bolsa.sebrae.com.br

Publicidade fácil Lançado em fevereiro, com foco na divulgação de pequenas e médias empresas, o serviço on-line de propaganda facilita a criação da peça de comunicação através do preenchimento de um simples formulário passo a passo. No site, o empreendedor, profissional liberal ou entidade ainda escolhe quanto vai pagar e o prazo para receber as opções criativas, que podem ser folheto, site, outdoor, logomarca ou mala-direta. www.sociale.com.br


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LEITURA

Dentro do jogo Obra da Harvard Business School traz estratégias para fabricantes enfrentarem marcas próprias dos varejistas As marcas próprias existem há mais de cem anos. Mas o crescimento dos varejistas no último quarto do século 20 mudou o equilíbrio de poder entre eles e as indústrias. O maior fabricante de bens de consumo embalados (CPG, na sigla em inglês), a Nestlé, possui vendas na ordem de US$ 75 bilhões, o que lhe colocaria na terceira posição de um ranking misto, abaixo de Wal-Mart e Carrefour, com vendas totais de US$ 316 bilhões e US$ 94 bilhões, respectivamente. Mesmo que se considerem apenas as vendas de marca própria, a Wal-Mart lidera o ranking, com a cifra de US$ 126 bilhões. Neste novo cenário, a comercialização anual de marcas de lojas no mundo já atinge US$ 1 trilhão. E a tendência é de crescimento, pois a qualidade dos produtos é cada vez melhor, e o preço continua menor. Em 2000, elas representavam 14% das vendas de CPG, e a projeção para 2010 é 22%. Isso significa que marcas estão mortas ou a caminho do fim? Não. Primeiro, porque marcas próprias são marcas – cumprem seu papel de oferecer garantia de qualidade e satisfação emocional aos consumidores. Segundo, porque sempre há espaço para outra marca de sucesso, desde que ela tenha capacidade de oferecer algo distintivo e desejável com qualidade consistente. Victoria’s Secret e Red Bull são exemplos relativamente recentes. Tercei-

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Os sete impulsos estratégicos

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1. Mudar a mentalidade 2. Fazer parcerias efetivas 3. Inovar com brilhantismo 4. Lutar seletivamente 5. Estabelecer preços competitivos 6. Aprimorar constantemente a qualidade 7. Comercializar criativamente

ro, porque marcas fortes despertam a paixão de consumidores e ainda são a maioria nas listas de mais procuradas, como Nescafé, Kellog e Colgate, resultado de décadas de relacionamento e reputação. O que não pode ser ignorado é que as marcas de loja apresentam um progresso contínuo na tarefa de fazer uma ligação com o consumidor e tornam-se cada vez mais competitivas e combatentes. “São muitas as fontes de força das marcas próprias. E elas estão constantemente em mudança, como a Hidra de Lerna, da mitologia grega, cujas sete cabeças renasciam ao ser cortadas. E mais: nossos anos de trabalho nos ensinaram que, nesse caso, não há bala de prata”, afirmam os autores de Estratégia de marcas próprias: como enfrentar o desafio da marca de loja, de Nirmalya Kumar e Jan-Benedict E. M. Steenkamp. Mas, segundo eles, através do trabalho dedicado e de esforços consistentes, os fabricantes de marcas podem tratar da ameaça da marca própria em condições de igualdade, perseguindo quatro ataques estratégicos de forma combinada: fazer parcerias efetivas, fazer inovações brilhantes, combater seletivamente e criar proposições de valor vencedoras. Para não ficar fora do jogo, na primeira parte do livro são apresentadas as estratégias de varejo para as marcas próprias. Na segunda, as estratégias do fabricante diante de marcas próprias. Ambas as situações são exemplificadas por estudos detalhados de casos. Ao longo da obra, são apresentados alguns planos para competir com os varejistas que têm marcas próprias ou para colaborar com eles, fruto de dez anos de trabalho dos autores como professores universitários e consultores internacionais, que também indicam ferramentas práticas para capacitar empresários e gerentes a esta nova era.

Frases “As marcas existem para dar sentido ao nosso papel de consumidores.” “O Carrefour usa etiquetas de prateleira dizendo: ‘Carrefour ces’t aussi une marque’ (Carrefour também é uma marca).” “São muitas as fontes de força das marcas próprias. E elas estão constantemente em mudança, como a Hidra de Lerna, da mitologia grega, cujas sete cabeças renasciam ao ser cortadas. E mais: nossos anos de trabalho nos ensinaram que, nesse caso, não há bala de prata.” “Mesmo consumidores ricos compram marcas de lojas. Cada vez mais é considerado ‘inteligente’ fazer pesquisa para comprar produtos de marca própria de qualidade (supostamente comparável) por um preço mais baixo, em vez de ser ‘explorado’ por marcas de fabricantes de altos preços. Os alemães referem-se a essa tendência como ‘stinginess is brill’ (a sovinice é genial).” “A verdade é que não há nenhuma poção mágica”. “Antes de os fabricantes de marcas vencerem as a marcas próprias, eles devem mudar significativad mente m sua mentalidade.” “É “ fundamental que eles (fabricantes de marcas) ( reconheçam que as marr cas c de varejo tornaramse s uma característica per p manente do cenário competitivo, são de boa c qualidade, e são marcas q reconhecidas.” r

Estratégia de marcas próprias: como enfrentar o desafio da marca de loja Editora: M.Books – Autores: Nirmalya Kumar e Jan-Benedict E. M. Steenkamp – Preço: R$ 59,00


Atreva-se a mudar Como praticar a melhor gestão de pessoas e processos Autora: Alessandra Assad Editora: Thomas Nelson Brasil Preço: R$ 24,90 A jornalista especializada em negócios garante que, ao invés de resistir às mudanças, a melhor estratégia é entender, adaptar-se e tornar-se pró-ativo para acompanhar e apoiar as novidades. No livro, ela instiga: “Se as coisas não mudam, mude as coisas!”, já que reorganizar a empresa e rever o foco são atitudes dos empresários que querem liderar a mudança e envolver as pessoas.

Contabilidade de custos

Hospitalidade e negócios

Através de uma ampla cobertura de tópicos contemporâneos, como medidas não financeiras de desempenho e usos estratégicos da análise de custos, a contabilidade é explorada para servir não apenas para conter despesa, mas também como ferramenta de análise das decisões gerenciais. Formulada para ser um livro-texto de disciplinas de Contabilidade de Custos e Gestão de Custos dos cursos de Ciências Contábeis, Administração de Empresas, Economia e Engenharia de Produção, a obra também se encaixa como guia para gestores empresariais.

Criar uma cadeia de hospitalidade dentro do círculo de contatos profissionais é a melhor tática para alcançar o sucesso. A dica de Danny Meyer está na obra que conta a trajetória do rei da gastronomia de Nova York. Ele sugere que, dentro da empresa, os funcionários devem vir em primeiro lugar, pois, quando valorizados, tornam o ambiente agradável, e acabam por atrair e fidelizar os clientes. A cadeia segue com fornecedores e investidores, que compartilham os mesmos valores e materializam negócios.

Autor: José Antonio Stark Ferreira Editora: Pearson Education Preço: R$ 65,00

Autor: Danny Meyer Editora: Novo Conceito Preço: R$ 39,90

Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos O coordenador do Centro de Estudos de Administração e do Meio Ambiente da FGV chama a atenção para a falta de práticas administrativas e operacionais efetivas dentro das companhias. Nesta segunda edição, o livro apresenta dados e informações sobre questões ambientais que sofreram modificações após o seu lançamento, em 2004, e amplia explicações sobre certos conceitos, modelos e instrumentos com o objetivo de tornálos ainda mais claros.

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Autor: José Carlos Barbieri Editora: Saraiva – Preço: R$ 67,00

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INFORMAÇÃO E CRÉDITO

Microsoft e Serasa desenvolvem o Certificado de Atributo Digital

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Tecnologia pioneira qualifica, a partir de inúmeras informações, de forma segura e prática, pessoas físicas e jurídicas. É a próxima fronteira da automatização do fluxo de documentos eletrônicos

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Analisar e propor modelos de uso do Certificado de Atributo Digital dentro das regras estabelecidas pela ICP-Brasil (Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira), órgão federal responsável por elaborar técnicas, práticas e procedimentos de certificação digital a serem implementados nas organizações brasileiras. Foi com esse objetivo que a Microsoft Brasil e a Serasa desenvolveram conjuntamente um completo estudo de viabilidade da aplicação dessa tecnologia, que possui como principal característica a qualificação de uma pessoa ou organização por meio de informações. A assinatura digital de transações e contratos eletrônicos baseada na tecnologia de certificação digital é hoje uma realidade de mercado, presente em operações bancárias, acesso a serviços públicos, compra e venda de bens e serviços, e diversos outros processos de negócio, efetivados integralmente via internet, dispensando totalmente o uso de papel. Com a garantia da autenticidade das partes envolvidas nos negócios eletrônicos, conferida pelos certificados digitais, já reconhecidos e aplicados por empresas de diversos portes e segmentos, o mercado começa a demandar novos recursos tecnológicos que permitam automatizar os fluxos de documentos eletrônicos assinados digitalmente. “Neste cenário, desponta o Certificado de Atributo Digital, que permite qualificar as pessoas envolvidas em uma operação eletrônica, possibilitando com isso uma verificação automática de suas habilitações para executar a operação. Assim, além da identificação da pessoa envolvida em uma operação eletrônica,

conferida pelo certificado digital, é possível saber, através dos correspondentes Certificados de Atributo Digitais, se esta pessoa possui as qualidades necessárias para executar esta operação”, afirma Igor Rocha, gerente de Certificação Digital da Serasa. Essas qualidades ou atributos são, por exemplo, a profissão (engenheiro, médico,

Igor Ramos Rocha, gerente de Certificação Digital da Serasa: verificação automática das habilitações para executar a operação

advogado, etc.), o cargo que ocupa em uma empresa (diretor, gerente, técnico, por exemplo), o registro em uma entidade de classe (CREA, CRC, etc.), a alçada e os limites de assinatura de contratos (quando assina isoladamente ou em conjunto e quais valores limitam sua aprovação, por exemplo), entre outros. Uma mesma pessoa pode ter vários certificados de atributo digital, cada qual emitido por uma entidade chamada Autoridade Certificadora de Atributo, que é a responsável por validar se uma pessoa de fato possui uma determinada qualidade a ela associada e gerar o correspondente Certificado de Atributo Digital. A esse respeito, o estudo elaborado pelos especialistas da Serasa e da Microsoft também contempla a proposta de introdução ao conceito da Autoridade Certificadora de Atributos (ACA), entidade que seria responsável por emitir Certificados de Atributo Digital. Empresas, entidades de classe, associações, conselhos, clubes, órgãos públicos e todas as organizações que de alguma forma qualificam pessoas seriam Autoridades Certificadoras de Atributo naturais, cada qual emitindo os certificados de atributo digitais com os parâmetros associados às pessoas. Na parceria de desenvolvimento dessa solução, a Serasa, como primeira Autoridade Certificadora privada homologada pela ICP-Brasil para a emissão de todos os Certificados Digitais previstos na legislação brasileira, empregou toda sua expertise sobre a tecnologia de certificação digital e de atributo. Já a Microsoft ficou responsável por desenvolver a aplicação a partir do padrão Open XML. “Escolhemos um formato aberto para o uso de documentos eletrônicos, o que torna mais práticas as atualizações dos dados de cada portador do Certificado de Atributo Digital”, explica Roberto Prado, gerente de estratégias de mercado da Microsoft Brasil. Outras características que levaram à adoção do Open XML foram a


segurança do formato, que reduz a possibilidade de fraude, e a capacidade do sistema de suportar múltiplas assinaturas e não ficar restrito a um determinado tipo de utilização. “Os trabalhos realizados pela Microsoft e a Serasa possibilitaram atender a um requisito fundamental: a qualificação confiável de uma pessoa ou organização, de forma independente e complementar ao já conhecido e utilizado Certificado Digital” explica Prado.

Participação ativa Criada em 1968, a Serasa, uma empresa do grupo Experian, é a maior empresa do Brasil em pesquisas, informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios, e referência mundial no segmento. Participa ativamente no respaldo às decisões de crédito e de negócios tomadas em todo o Brasil, facilitando aproximadamen-

te 4 milhões de negócios por dia para mais de 400 mil clientes diretos ou indiretos. Foi a primeira empresa privada homologada pelo governo federal como Autoridade Certificadora integrante da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil). A Microsoft Corporation, fundada em 1975, é líder no fornecimento de software, serviços e soluções em tecnologia da informação. Com um modelo baseado em inovação, a empresa investe no desenvolvimento e integração de tecnologias que capacitam pessoas e empresas a atingirem seu potencial pleno. Presente no Brasil desde 1989, a Microsoft gera localmente oportunidades diretas na área de tecnologia para mais de 15 mil empresas e 361 mil profissionais. Somente nos últimos quatro anos, a empresa investiu mais de R$ 61 milhões em projetos sociais, levando tecnologia a escolas, universidades, ONGs e comunidades carentes.

Mais detalhes do Certificado de Atributo Digital podem ser conferidos no site http://www.serasa.com.br/ certificadoatributo

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ANÁLISE ECONÔMICA

Múltiplos para avaliar empresas: o P/L Há grande espaço para divergências entre analistas, tendo em vista que cada um pode utilizar premissas diferentes

por Januário Hostin Júnior Analista da Leme Investimentos

É muito comum entre investidores de renda variável a análise de múltiplos de empresas. Os múltiplos servem para fazer comparações entre elas. Os principais são: o P/L (preço dividido pelo lucro); o P/VP (preço sobre valor patrimonial); e o VE/Lajida (valor da empresa dividido pelo lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Neste artigo, o primeiro deles será abordado, por ser o mais comum entre investidores. Pode-se também tentar calcular o valor justo de uma empresa. A maioria das corretoras e dos bancos que avaliam empresas utiliza o método do fluxo de caixa descon-

mostrar quais analistas conhecem melhor as empresas que avaliam. Para os investidores individuais, o DCF pode ser complicado e demorado. Para tornar uma análise e uma busca por uma boa oportunidade de investimento mais rápida e barata, podem-se avaliar os múltiplos citados no primeiro parágrafo. Muitas vezes, as corretoras têm esses múltiplos já calculados em seus relatórios, e isto facilita ainda mais a vida dos investidores. O indicador P/L mede, grosso modo, quantos anos o investidor levaria para ter seu dinheiro de volta, caso investisse em uma de-

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O Brasil é mais barato do que os países desenvolvidos, o que já era de se esperar, tendo em vista que o investimento aqui é mais arriscado e também mais barato do que outros países emergentes

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tado (também conhecido como DCF). Neste caso, os analistas projetam os fluxos de caixa futuros das companhias e os trazem a valores presentes. Há, portanto, um grande espaço para que haja divergências entre analistas, tendo em vista que cada um pode utilizar premissas diferentes, como taxas de desconto, taxas de crescimento de receitas ou custos, etc. Desta forma, o tempo pode

terminada empresa. Logo, quanto mais baixo for este número, mais atrativa é a empresa para se comprar. Porém, não é só isso. Um dos problemas desse indicador é que ele mede o lucro passado da empresa. Para resolver isto, a maioria dos analistas já coloca em seus relatórios não só o P/L atual, mas o P/L esperado, que nada mais é do que o preço da ação dividido pelo lucro por ação esperado no futuro.

Há ainda outros pontos importantes que o investidor precisa saber. Não adianta olhar somente o número absoluto do P/L, devese compará-lo com outras empresas. Mas, se um banco estiver cotado a um P/L de 15 vezes e uma empresa do setor de varejo estiver valendo 35 vezes o seu lucro, significa que as ações do banco estão baratas (boas para comprar) e as da outra empresa estão caras? Não necessariamente. As empresas devem ser sempre comparadas a seus pares setoriais. Neste caso, até mesmo o contrário da situação anterior poderia estar ocorrendo. Diferentes setores possuem múltiplos médios diferentes, pois estes apresentam estruturas de capital diferentes ou mesmo margens diferentes em suas vendas. Segundo Aswath Damodaran, em seu livro Mitos de investimentos, a estratégia de comprar empresas com o múltiplo P/L baixo tende a gerar retornos superiores aos índices de mercado nos Estados Unidos no longo prazo. Porém, Damodaran lembra que é preciso ter outros filtros, pois empresas com P/L baixo podem esconder outros problemas, como baixo crescimento ou risco mais elevado da ação. Feita a análise, vamos às compras. Alguns analistas de mercado calculam e comparam até mesmo o P/L médio de todas as ações do Brasil com outros países. O resultado: o Brasil é mais barato do que os países desenvolvidos, o que já era de se esperar, tendo em vista que o investimento aqui é mais arriscado e também mais barato do que outros países emergentes. Portanto, atenção às empresas brasileiras.


Nome Ação ALL Amér Lat Am Inox Br Ambev Aracruz B2W Global Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyre Com-ccp Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Ipiranga Pet Itaubanco Itausa Klabin S.A. Light S.A. Lojas Americ Lojas Renner Natura Net Nossa Caixa P. Açúcar-CBD Perdigão S.A. Petrobras Petrobras Sabesp Sadia S.A. Sid Nacional Souza Cruz TAM S.A. Telemar N L Telemar Telemar Telemig Part Telesp Tim Part S.A. Tim Part S.A. Tran Paulist Unibanco Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo

Tipo Ação

Participação Bovespa

UNT N2 PN PN PNB ON PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN

1,69 0,15 1,26 0,86 1,28 3,78 1,44 0,40 0,58 0,80 2,02 1,09 1,03 0,25 1,92 1,33 0,24 0,95 1,84 0,86 0,12 1,26 0,64 1,08 1,13 0,82 0,87 0,81 0,84 2,62 1,39 100,00 0,28 3,15 2,44 0,54 0,38 0,83 0,95 1,12 1,72 0,68 0,79 1,08 2,10 13,46 0,56 1,08 2,48 0,53 1,35 0,34 1,00 2,12 0,26 0,33 0,48 1,29 0,44 2,68 3,46 0,75 3,19 11,81 0,97

PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON PN ON ON PN ON PN ON ON PN PNA ON PN PN PN ON PN PN UnN1 PNA PN ON PNA PN

Inflação (%)

Até 26/2 Fevereiro

Variação % Ano

-5,00 2,30 -2,00 4,60 6,00 27,10 16,80 -2,40 6,90 8,80 3,60 3,50 12,70 7,90 -2,50 14,00 14,80 12,60 10,80 23,10 5,40 19,70 -4,50 11,30 0,30 4,70 1,50 0,80 22,30 23,90 19,30 9,60 10,20 17,10 6,00 1,00 11,70 14,30 0,90 -11,00 16,80 -2,90 2,50 2,70 12,70 5,00 3,90 23,00 3,30 -2,10 4,60 11,60 26,80 -3,10 5,10 -0,80 12,30 22,50 -4,60 13,50 14,00 8,60 14,40 14,30 9,80

-10,50 0,80 -14,40 -1,10 16,80 28,70 10,50 7,10 4,70 3,00 37,00 6,70 1,70 -2,40 -6,20 9,40 7,00 6,30 -8,60 5,70 -3,50 5,40 -9,60 20,10 0,30 -6,30 17,00 -2,50 9,90 8,10 -5,30 2,00 2,90 2,30 -2,40 1,60 36,20 -1,90 -2,40 -31,00 0,50 -18,70 -3,10 -8,10 -2,80 -4,20 -6,10 12,60 -3,40 -9,80 9,60 -9,20 -2,80 28,80 9,20 8,30 14,90 19,00 9,10 -1,40 -4,50 3,50 19,70 0,80 0,20

Índice

Janeiro

Ano

1,09 0,99 0,54 0,52

1,09 0,99 0,54 0,52

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Juros/Aplicação (%) Janeiro

Ano

0,92 0,93 0,59 7,02

0,92 0,93 0,59 7,02

CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Indicadores imobiliários (%) Janeiro

Ano

0,07 0,10

0,07 0,10

CUB SP TR

Juros/Crédito (%) 18/Fevereiro

15/Fevereiro

Desconto 1,88 Factoring 4,03 Hot Money 3,40 Giro Pré (taxa mês) 2,10

1,94 4,01 3,40 2,16

Câmbio

Até 18/2 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

R$ 1,7394 US$ 1,4659 US$ 0,0100

Mercados Futuros Fevereiro Dólar Juros DI

Março

Até 19/2 Abril

R$ 1,740 R$ 1,749 R$ 1,758 11,09% 11,13% 11,16%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

Fevereiro 63.650

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Carteira Teórica Ibovespa

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AGENDA

Hair Brasil Expo Center Norte – São Paulo/SP www.hairbrasil.com/(11) 3063-2911

MBA Internacional em Gestão e Desenvolvimento de Negócios www.fgvpr.br/0800 645 22 11

O setor de beleza se reúne em São Paulo para fazer negócios e conhecer as tendências mundiais, novos equipamentos e produtos. A 7ª edição da Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética, exclusiva para profissionais da área, traz 500 marcas de produtos. Congressos e workshops também são atrações do evento, que em 2007 recebeu 61 mil visitantes. Entre os expositores, estão empresas fabricantes de produtos para cabelos, cosméticos, perfumaria, depilação, massagem, fabricante de equipamentos e mobiliário, entidades promotoras de cursos e treinamentos, informatização, e franquia de salões de beleza e clínicas de estética. Com isso, a feira possibilita aos cabeleireiros, esteticistas, administradores e gerentes contato direto com fornecedores e distribuidores internacionais.

Lançado este ano pela Fundação Getúlio Vargas do Paraná, o curso é voltado para gestores experientes e pretende estabelecer trocas de experiências entre os participantes. O módulo internacional é composto por eventos opcionais de curta duração, estruturados e conduzidos por instituições parceiras nos Estados Unidos e na Europa. “Através de discussões durante as aulas, vamos desenvolver a percepção dos alunos sobre novos negócios e oportunidades dentro da própria empresa”, explica Antonio André Neto, coordenador do curso. Com inscrições abertas e limitadas a 38 pessoas, o programa do curso e demais informações estão disponíveis no site da instituição. As aulas serão às segundas e terças-feiras, em Curitiba, com início em 28 de abril.

29/3 a 1/4/2008

DESTAQUE 15 a 20/4/2008

Comitiva Brasileira para Canton Fair www.cantonfair.org.cn (11) 3082-2636

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Empresários brasileiros interessados em visitar a mais importante feira da China contam com o apoio da Câmara BrasilChina, que prepara a comitiva para a Canton Fair. A ajuda da entidade se estende para roteiro, hospedagem, intérpretes e ajuda na prospecção de empresas. A missão comercial levou 40 empresários na última edição e espera aumentar o número, com convite especial às micro e pequenas empresas. Realizada em duas edições, em abril e outubro, a Canton Fair recebeu 400 mil visitantes de 213 países em 2007. No pavilhão nacional, estavam 15 mil expositores chineses, que geraram negócios em torno de US$ 74 bilhões. Para este ano, um dos atrativos é o Pavilhão Internacional, inaugurado em 2007 e que funciona apenas na primeira fase, entre 15 e 20 de abril. O espaço serve para que expositores não chineses apresentem seus produtos. “Na edição de outubro, uma empresa e duas instituições brasileiras montaram estandes. Os brasileiros buscam novos negócios, mas às vezes não sabem onde comprar nem como procurar”, afirma a coordenadora de Relações Corporativas da CBCDE, Juliana Varroni.

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Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

24 a 28/3/2008

Movelsul Brasil Parque de Eventos Bento Gonçalves/RS www.movelbrasilsul.com.br (54) 2102-6800 Cada dois anos, a cidade de Bento Gonçalves, importante pólo moveleiro, realiza a feira de móveis e recebe visitantes de outros países. Chegando à sua 16ª edição, a Movelsul Brasil deve receber 34 mil visitantes para os mais de 400 expositores, sempre direcionando os serviços a fim de prospectar novos negócios. Para aumentar a integração entre a indústria e os profissionais do design, o Salão Design realiza um concurso com os melhores projetos de design de móveis e entrega, este ano, R$ 100 mil em prêmios.


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E–EMPREENDEDOR

Voz da experiência Histórias marcantes de superação de dificuldades nos negócios, relatos de experiências de sucesso e depoimentos de profissionais que venceram obstáculos e conquistaram seus objetivos integram o conteúdo da “Voz da Experiência”, uma das seções da Revista Empreendedor e que, devido ao sucesso, passou a ser uma das novidades do site Empreendedor. O link para a seção é encontrado na capa do site e divide espaço com os já conhecidos “Perfil” e “Entrevista”. Um dos últimos relatos postados na “Voz da Experiência” é do empresário Herb Greenberg. Deficiente visual desde a infância, ele criou um método de avaliação profissional que potencializa talentos, e hoje é presidente de uma das maiores consultorias em gestão do mundo. Também foram divulgadas as experiências dos irmãos Paulo e Antônio Carlos Molinari, que tiveram o primeiro contato com a arte de esculpir vidro aos 11 anos e hoje são mestres brasileiros do vidro tipo Murano.

ENQUETE

Mercado de trabalho Para completar a reportagem “Sempre ativos”, da edição de fevereiro da Revista Empreendedor, que trata sobre os mais de 3,5 milhões de aposentados que continuam na ativa, a nova enquete do portal Empreendedor quer saber qual é a sua opinião sobre a reintegração de pessoas com mais de 40 anos no mercado de trabalho. O objetivo também é buscar respostas às perguntas enviadas pelos internautas sobre a dificuldade de retornar ao mercado de trabalho após essa idade. Para participar, basta clicar na seção “Enquete”, no menu à esquerda do site Empreendedor, e escolher entre as opções: falta de atualização, preconceito das empresas e exigência de salários maiores, a que mais se aproxima da sua opinião.

Interatividade

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O e-Empreendedor vai divulgar todo mês os melhores comentários postados no site em conteúdos como reportagens, notícias e artigos. Confira os escolhidos de fevereiro:

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“Enquanto nos conformamos com o respaldo principalmente dos pais, muitas vezes nos acomodamos, é comum que isso aconteça, porém, quando existe a fatalidade e temos a vontade de ser alguém, as coisas passam a ter um novo sentido, lembre-se, nada vem fácil.” Jorge Alves da Silva, sobre o perfil “Essência da longevidade”. “A pujança atual do setor da indústria da construção civil será ‘fichinha’, se de fato o governo (qualquer que seja ele) cumprir o que seus estudos indicam fazer. A conclusão do estudo do Ministério das Cidades é de que até 2020 o país vai precisar de cerca de 25 milhões de novas residências. Só hoje, o déficit é de cerca de 7,5 milhões.

Evidentemente, como os ‘gringos’ são bons de planejamento, já viram que ‘no além’ China existe um mercado que pode lhes dar muito retorno, pois, adicionado ao gigantesto déficit habitacional, ainda há o descompasso na infra-estrutura, já que o PIB deverá continuar a crescer em torno de 4% a 5%, e não há estradas, nem portos, nem hidrovias, muito menos energia suficiente para sustentar tal crescimento.” Luiz Renato Silva, sobre a reportagem “Empresas estrangeiras investem no mercado brasileiro”. “Como cidadão e, inevitavelmente, consumidor de alimentos, só tenho a lamentar profundamente a irresponsabilidade das autoridades e desses lobistas míopes que não conseguem ver nada além de lucros em curtíssimo prazo. É injustificável, além do favorecimento de uns poucos grupos, essa liberação. Conhece-se muito pouco dos efeitos reais e de longo prazo nos ecos-

sistemas onde são introduzidos esses organismos. Sabe-se quase nada dos efeitos em microorganismos, outros vegetais, insetos e animais que venham a ter contato e/ou se alimentem destes experimentos genéticos. É preciso menos hipocrisia e mais responsabilidade. Menos ganância e mais lucidez. Estamos assistindo, pois, à construção de uma futura herança maldita para esta e as próximas gerações. Se a tecnologia atual tem mostrado um lado nos último anos, esse lado é o de ser falha. Como toda a ciência, a genética é relativa, relativa como toda estatística. E como toda estatística também, ela é manipulável na apresentação dos resultados apresentados. E aí é que mora um dos maiores perigos. Lamentável, simplesmente, ou melhor, complicadamente lamentável essa negociata para a liberação desses experimentos genéticos como coisa normal!” Celso Carramenha, sobre a reportagem “CNBS libera milho transgênico para comercialização”.


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