FRANQUIA: OPORTUNIDADES NA ÁREA DA SAÚDE
TI: APARELHOS QUE PÕEM O ESCRITÓRIO NO BOLSO
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EMPREENDEDOR – SEGREDOS DA BELEZA – ANO 15 N o 175 MAIO 2009
IS SN 1414-0 152
ANO ANN O 15 1 5 N o 175 1 755 M MA MAIO A IO I O 2009 20 2 009 009 00
Segredos da beleza Indústria de higiene e cosméticos não vê motivos para se preocupar com a crise e aposta na continuidade do crescimento iniciado em 1996
NAKAGAWA: PLANO DE NEGÓCIOS BEM ELABORADO É ESSENCIAL PARA A OBTENÇÃO DE CRÉDITO
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N E S TA E D I Ç Ã O
18 TUDO BELEZA O Brasil é o terceiro mercado do mundo em produtos cosméticos, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, e não para de crescer desde 1996. No ano passado, o crescimento foi de 10,4%, em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre, período em que a crise tomou proporções mundiais. E, para este ano, a indústria brasileira de higiene e cosméticos mantém as expectativas de crescimento, fortalecidas pelo bom desempenho das principais empresas do setor no primeiro trimestre de 2009.
28 | RESPONSABILIDADE Prédios inteligentes
As soluções de automação vêm ganhando espaço no mundo corporativo, e não apenas pelas facilidades tecnológicas. Os edifícios inteligentes são também eficientes e geram economia de tempo, dinheiro e de recursos naturais.
46 | FRANQUIA Negócios saudáveis
Para quem ainda está começando a carreira e está interessado em abrir seu consultório, tornar-se um franqueado é uma alternativa. A formatação oferecida pelas franquias evita que os empreendedores da saúde cometam erros administrativos e comprometam a rentabilidade do negócio.
40 | TI Escritórios portáteis
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Smartphones e PDAs funcionam como computadores de mesa, com a vantagem da mobilidade. Além de gerenciar informações pessoais e produzir ou visualizar arquivos de texto, planilhas e apresentações, esses aparelhos aceitam a instalação talação de softwares ares complementares. ntares.
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14 | ENTREVISTA Marcelo Nakagawa
O professor de Empreendedorismo da Fundação Vanzolini e consultor da Endeavor fala da importância de um plano de negócios bem elaborado para a obtenção de crédito e a constituição de uma empresa em bases sólidas, entre outras dicas de gestão.
36 | A VOZ DA EXPERIÊNCIA Clóvis Souza
CEZAR ALVES
O diretor-geral da Giuliana Flores tem quase três décadas de dedicação ao ofício de florista, apesar de ainda não ter 40 anos completos. Conciliando experiência e intuição, o aprendiz tornou-se empresário e pioneiro no Brasil a vender flores pela internet.
L E I A TA M B É M 10 12 34 54 58
EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PEQUENAS NOTÁVEIS PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA
60 62 63 64 66
INFORMAÇÃO E CRÉDITO DINÂMICA EMPREENDEDORA AGENDA ANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR
PERFIL Bernard Isnard Bogossian O sucesso das estratégias adotadas por Bogossian em mais de 20 anos de carreira numa empresa de serviços de infraestrutura para a construção civil permite a ele atuar na empresa como um verdadeiro dono, tendo ampla liberdade para decidir.
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EDITORIAL A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Diogo Honorato, Francis França e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Cezar Alves, Eliana Vieira, James Tavares e PhotosToGo – Foto da capa: Eliana Vieira – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020 [empreendedorsp@empreendedor.com.br]
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ugas de preocupação definitivamente não fazem parte das expressões da indústria de higiene, perfumaria e cosméticos. Historicamente resiliente diante de crises econômicas, o setor registrou em 2008 um crescimento de 10,4% em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre, alcançando seu 13º ano consecutivo de melhora no desempenho (expansão média real de 10,6%). E no primeiro trimestre de 2009 – período em que foi mantido o mesmo ritmo de lançamentos e relançamentos de 2008 – as vendas continuaram a subir, como demonstram os balanços trimestrais de grandes empresas do ramo. A reportagem de Cléia Schmitz apresenta os segredos deste vigor, que vão desde singularidades deste mercado até as estratégias das empresas. A sociedade brasileira não abre mão dos cuidados pessoais, independente de gênero (homens e mulheres aumentaram o consumo, eles por mudança de comportamento e elas por aumento do poder aquisitivo), faixa etária (embora o objetivo seja sempre realçar a beleza, as mais novas procuram evitar o aparecimento de sinais da idade, e as mais velhas corrigi-los) e classe social. Por vaidade, higiene ou pressão social, dificilmente alguém considera estes produtos supérfluos. E muitas
mulheres têm os cosméticos como primeira necessidade, dispondo-se a deixar de pagar uma conta para não abrir mão da continuidade de um tratamento. Há ainda uma questão psicológica típica de momentos de dificuldade econômica: para suprir suas necessidades de compra, muitas pessoas tendem a adquirir artigos de higiene e cosméticos de maior valor agregado como compensação pela impossibilidade de obter itens mais caros. Para satisfazer todos esses desejos, as empresas investem em tecnologia e inovação, canais de venda e atendimento ao consumidor. Este último tende a ser cada vez mais personalizado, por meio de consultoras de venda. Mais do que vender, elas explicam conceitos e resultados dos produtos, conquistando a fidelidade de seus clientes. Tanto que essa figura típica do modelo de venda direta já foi incorporada por marcas comercializadas em lojas. Algo similar ocorre em salões de beleza e clínicas estéticas, ignorados até bem pouco tempo pelo setor. E as estratégias não param por aí: muitas empresas buscam nichos de mercado (inclusive no exterior), como produtos orgânicos, étnicos, etc. Tudo para deixar o povo brasileiro cada vez mais belo – e a receita cada vez mais positiva. Alexsandro Vanin
CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br
Florianópolis Executivos de Contas: Nelson Rosa [nelson@ empreendedor.com.br] – Executivo de Atendimento: Ronaldo Cesar Pacheco [ronaldo@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017 Brasília Ulysses C. B. Cava [ulyssescava@gmail.com] – Fone: (61) 3963-7732/9975-6660 – CLSW 301 – Bloco C – Loja 62 – Sudoeste – 70673-603 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commerciarizare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – Fone: 0800-9797979 – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sextafeira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br
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C A RTA S
Carta do Mês
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Palhaçada séria
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Q Quero dizer di ao Palhaço P lh Zinho Zi h e a todo d o grupo que compõe o “Doutores da Alegria” (perfil de Wellington Nogueira, publicado em dezembro de 2008) que o que vocês fazem transcende qualquer palavra que pudesse ser escrita. É indescritível, é simplesmente maravilhoso pelo simples fato de toda a base ser
o amor ao próximo, ó i de d doar d um pouco de si, do seu tempo, de suas vidas e emoções àqueles que mais estão precisando de carinho, atenção, diversão e alegria. Ainda mais quando estamos falando de crianças, que são especiais pela simplicidade do olhar sobre a vida. Parabéns pelo lindo trabalho e que ele perpetue
Ambiente estimulante
Consciência social
sempre e que dele d l resultem l outros tantos mais, em mais países, cada vez mais... Apesar de morar no Rio de Janeiro, pretendo um dia integrar o grupo de vocês. Que eu consiga ganhar este presente da vida. Abraços e beijos. Alexandre Martins Burgos
Muito boa a matéria “O valor da perseverança” (perfil de Marco Stefanini, publicado em julho de 2007). Penso que lugar bom é onde você consegue se realizar tanto profissionalmente como pessoalmente.
Parabéns a Martha Bosso pela corajosa iniciativa (perfil publicado em dezembro de 2008). Realmente a responsabilidade de uma empresa vai além da sua atividade operacional, principalmente se ela diz que é socialmente responsável. É um exemplo que merece ser divulgado, pois é uma empresa que adotou a responsabilidade social interna, quando o mais comum é as empresas adotarem a responsabilidade social externa onde os efeitos de marketing são mais visíveis.
Romilda Vilela dos Santos Lopes
Myrian Lund
Paixão pelo trabalho
Sonia Hess de Souza (perfil publicado em fevereiro) está provando que o remédio para a crise é o trabalho. Eu tomei a mesma atitude que ela e estou me dando bem em minha confecção. Parabéns, Sonia, somos vencedores! Antonio Carlos de Jesus
Essa senhora (Martha Bosso) está de parabéns, fez um sistema de RH muito interessante. Administrar pessoas é saber liderar um grande projeto, e ela, com essa atitude, conseguiu certamente a cumplicidade dos seus colaboradores! Geraldo Gomes
Multimídia
Parabéns pela qualidade da publicação, não conhecia o impresso. Jorge Valério, da On Line Brasil
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EMPREENDEDORES
Ivan Morais
BOA GESTÃO Ao completar o segundo ano de atividades no Sul do Brasil, a Innovative, empresa especializada em consultoria e projetos de gestão empresarial, comemora a conquista de R$ 5 milhões em novos negócios e o crescimento de 80% ao
ano. O escritório gaúcho representa hoje 25% da receita da companhia. O diretor-executivo da Innovative, Ivan Morais, explica que o sucesso da empresa é consequência de um trabalho bem planejado e de uma parceria sólida com a Oracle
e Mastersaf. “Atingimos nossa meta no Sul muito antes do esperado. Para os próximos anos pretendemos crescer ainda mais, sempre primando pela qualidade do serviço prestado ao nosso cliente”, afirma. www.innovative.com.br
Kiki Gouvêa
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COMUNICAÇÃO FLEXIBILIZADA
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A jornalista e publicitária Kiki Gouvêa comemora o crescimento de 40% da K! Comunicação Integrada. Há dois anos, a empresa passou a oferecer ao mercado as ferramentas de comunicação, propaganda, promoção, projetos editoriais, branding, planejamento, web e eventos. “As agências precisam ser flexíveis para atender à demanda do mercado”, explica Kiki Gouvêa. Entre os clientes da empresa estão a EBX (Eike Baptista), ONS, Fetranspor, Xerox, GloboNews, SporTV e GNT. www.kcomintegrada.com.br/(21) 2295-5296
Fernando Nery
CONSAGRAÇÃO INTERNACIONAL Pelo segundo ano consecutivo, a Módulo, empresa especializada em soluções para Governança, Riscos e Compliance (GRC), recebeu o título de Hot Company. O prêmio oferecido pela Network Products Guide, revista líder mundial em tecnologias e soluções, é concedido às empresas que se destacam pela excelência em tecnologia da informação, segurança e software. O produto de destaque da Módulo é o software Módulo Risk Manager, que vem sendo adotado por corporações nos EUA, América Latina e Europa. “Ser novamente eleita Hot Company é prova do comprometimento da Módulo no desenvolvimento de soluções inovadoras e um importante reconhecimento ao processo de internacionalização da empresa. Estamos gratificados por receber esta premiação de uma das mais respeitadas publicações do setor”, comenta Fernando Nery, sócio-fundador da Módulo. www.modulo.com.br/(21) 2123-4600
Sarah e Julinha Lazaretti
Uma das lojas pioneiras em artigos para pessoas alérgicas comemora 15 anos no mercado. A Alergoshop, das irmãs Sarah e Julinha Lazaretti, oferece produtos respiratórios, cosméticos, repelentes, semijoias e alimentos hipoalergênicos. “Nossas lojas
significam conforto físico e emocional para os clientes, uma vez que os sintomas das alergias, tanto respiratórias como dermatológicas, interferem muito no dia a dia destas pessoas”, explica Sarah Lazaretti.
www.alergoshop.com.br/0800 122276
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LOJA ANTIALÉRGICA
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NÃO DURMA NO PONTO
APOSTE NA VERDADEIRA FONTE DE LUCROS Crises são engraçadas. Estranhou a afirmação? Acompanhe o raciocínio. Elas são capazes de acionar os nossos cérebros répteis, fazendo com que a gente saia correndo que nem camundongos apavorados em busca da toca – em nosso caso, o conhecido buraco chamado “fluxo de caixa”. E lá ficamos, amontoados, com uma falsa sensação de segurança, embora deixemos desguarnecidas as outras possibilidades de lucros. Ao examinar a realidade do estreito ponto de vista do buraco do “fluxo de caixa”, as pessoas não reconhecem alguns diferenciais geradores de lucros, como a atenção e a excelência. Acham, equivocadamente, que eles parecem conduzir ao oposto da produtividade e da lucratividade. É difícil compreender a realidade, observando-a da pequena fresta que permite o “fluxo de caixa”. O ângulo é tão estreito que dali não
Os dois tipos de empresas
Antes de refletir sobre como funciona a dinâmica do lucro, vamos analisar quais e como são os dois tipos de empresa geradora de resultados: 1) A empresa econômica, orientada para o caixa, para os resultados de curto prazo, para o imediatismo, com propósitos sempre definidos em cifras. Uma metáfora que representa a empresa econômica é a poça d’água, que seca ou se expande conforme o humor de São Pedro. Acreditam que suas carteiras recheadas de clientes ou seu quadro de funcionários se esvaziam ou se enchem conforme as oscilações involuntárias de algum fator imponderável, semelhante ao humor instável de um mandachuva alheio a todo o contexto, mas impositivo nas suas decisões. É possível, então, que a seca assole a insipiente poça, onde os funcionários são tratados como custos variáveis e os clientes como
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É difícil compreender a realidade, observando-a da pequena fresta que permite o “fluxo de caixa”. O ângulo é tão estreito que dali não é possível avistar todas as outras possibilidades de ganhos
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é possível avistar todas as outras possibilidades de ganhos. É aí que a crise viceja. Muito mais, é bem verdade, por causa das decisões e ações tomadas justamente por conta dessa perspectiva do que por fatores externos, embora estes sejam apresentados – pelos meios de comunicação, com base em análises macroeconômicas de cientistas políticos e economistas – como os grandes culpados do triste cenário.
receitas prováveis. A meta principal da empresa econômica é a sobrevivência, a qual atinge com êxito e sofreguidão. 2) A empresa progressista funciona como uma “comunidade de trabalho”, voltada à satisfação das necessidades de vários agentes: o cliente, o colaborador, o fornecedor, o investidor, o acionista. Dentre
esses vários agentes, muito bem cuidados, reserva um destaque especial ao cliente. A empresa progressista sabe a quem serve e o que e por que é servido. E esse é o seu principal propósito. A metáfora que cabe aqui é a de um rio, que tem vida e, enquanto flui, também vai gerando vida. A empresa progressista não pensa no caixa do curto prazo apenas. Pensa na riqueza ao longo da sua trajetória.
A dinâmica do lucro
Por não responder positivamente às motivações de seus colaboradores, a empresa econômica sofre os custos elevados da rotatividade, do absenteísmo real (a ausência no trabalho) e do absenteísmo virtual (a ausência da mente e da alma no trabalho). Esses fatores compõem custos elevadíssimos, mas passam em brancas nuvens, pois não aparecem de maneira explícita nos relatórios contábeis. Eles estão lá, mas disfarçados de prejuízos ou de lucros diminutos. Inclua, ainda, os custos da perda de clientes, por atendimento descuidado (as estatísticas já comprovaram que cerca de 70% dos clientes são perdidos ou não fidelizados por falta de atenção e interesse). Acrescente a essa análise a provocação do cientista organizacional Peter Block: “A vingança maior de nossos funcionários é descarregar sobre os clientes o ressentimento e frustração que sentem por nós”. Coloque tudo isso na conta e constate a grande evasão de recursos que escoam pelas frestas do seu negócio, mesmo que você esteja pilotando com rigor o fluxo de caixa, 24 horas por dia. Será inútil se permanecer apenas no buraco do “fluxo de caixa”. Mas as coisas não param por aí. Voltemos a pensar na lógica da empresa progressista. Somente ela está interessada em satisfazer as necessidades humanas de valorização, de
reconhecimento, de atenção, de oferecer amor, de propósito e de significado, tanto para quem está dentro como está fora da organização. Todos, é óbvio, respondem a isso com boa vontade e gratidão. O que significa lealdade. Na empresa econômica, a alma quase nunca tem espaço para se manifestar, mas é ela que sente, que se compromete, que se engaja, que se entrega e que sabe se conectar com a alma do cliente, disposta a fazê-lo feliz. A empresa econômica supre apenas as necessidades materiais e, por ignorar todas as outras, precisa mesmo lançar mão das armas corriqueiras: redução de preços, concessão de prazos, descontos e abatimentos, além de abertura de uma conta de devolução de mercadorias ou de retrabalhar serviços remunerados apenas uma vez. Pior: não se diferencia em nada das outras empresas econômicas, as quais também recorrem a esses fatores, quando a coisa aperta. O resultado geral é um movimento de mútua aniquilação. Enquanto a empresa econômica se restringe à pobre matemática das transações comerciais, tentando zelar pelo “fluxo de caixa”, a empresa progressista investe na mágica dos relacionamentos, na certeza de que aí está a nutrição essencial para colaborado-
por Roberto Adami Tranjan
Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net
infinitamente além da mera riqueza. Restringir-se à mera riqueza material ou “fluxo de caixa” impede que uma riqueza superior se manifeste. Metarriqueza é a riqueza em todas as esferas: material, social, psicológica, espiritual. É a riqueza que, sobretudo, tem o poder de nos tornar seres
res e clientes. O resultado é um lucro muito maior e perene, porque está sustentado pelas outras dimensões da riqueza.
Metarriqueza
A palavra meta, na origem grega, significa “além”, “superior”, “que transcende”. Portanto, o termo metarriqueza é uma criação para definir algo muito amplo e que vai
humanos melhores. Isso acontecerá quando compreendermos, definitivamente, que um negócio não existe apenas para gerar caixa, mas para contribuir de maneira positiva com a evolução do mundo. Somente com essa consciência seremos capazes de transformar empresas econômicas em progressistas. Para o bem de todos, do planeta, do universo!
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A empresa progressista funciona como uma “comunidade de trabalho”, voltada à satisfação das necessidades de vários agentes: o cliente, o colaborador, o fornecedor, o investidor, o acionista
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Marcelo Nakagawa
MAPA DA MINA Um plano de negócios bem elaborado é essencial para a obtenção de crédito e a constituição de uma empresa em bases sólidas
por Mônica Pupo
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Em tempos de crise financeira, com o encolhimento das linhas de crédito, a elaboração do plano de negócios (PN) ganha ainda mais importância. Pré-requisito fundamental na hora de pleitear recursos junto a bancos e agências de fomento, o PN deve ser estruturado de acordo com o objetivo a que se propõe. Mais do que meramente descrever a empresa, o empresário deve se preocupar em definir estratégias, traçar objetivos e mostrar de que forma será possível alcançá-los – e qual o retorno disso tudo para possíveis parceiros e investidores.
Escrever o PN é sempre um desafio para quem pretende abrir uma empresa. Por mais que pareça simples, colocar no papel a estrutura, os objetivos, as propostas e estratégias do futuro negócio é uma tarefa complexa, um verdadeiro “processo de aprendizagem”, como define Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo e Plano de Negócio da Fundação Vanzolini, pesquisador e consultor voluntário do Instituto Empreender Endeavor. Numa de suas pesquisas, realizada junto a investidores e analistas de bancos e agências de fomento, Nakagawa avaliou a qualidade dos PNs apresentados pelos empreendedores brasileiros. De zero a dez, a nota média ficou em 3,5. “A qualidade dos planos de negócio é muito
baixa, o que muitas vezes impede o acesso ao crédito. Muitos nem sequer se lembram de definir a estratégia da empresa”, aponta. Na entrevista a seguir, Nakagawa dá dicas de como elaborar o PN, onde buscar ajuda e quais as falhas mais comuns que devem ser evitadas. Além disso, o professor também relaciona os principais erros de gestão nas micro e pequenas empresas, dá dicas sobre onde e como conseguir crédito para investimento, fala sobre a importância da inovação e aponta as perspectivas para quem pretende abrir um negócio ainda em 2009. “Com a economia recessiva, mais do que nunca a sobrevivência de uma empresa está atrelada ao grau de inovação e diferenciação do negócio.”
O que é mais adequado para pequenos e médios empreendedores: elaborar o PN por conta própria ou buscar ajuda de uma consultoria? Nakagawa – É possível estruturar o PN sozinho, mas o ideal é que haja sempre uma segunda opinião. Buscar auxílio em consultorias é sempre uma atitude válida, mas geralmente os pequenos e microempresários não têm acesso a esse tipo de apoio. E aí a dica é bater um papo com algum professor da área de administração ou negócios. Ou até mesmo conversar com um executivo que esteja empregado em alguma outra empresa. Pode ou não ser do ramo, mas é importante que o empreendedor busque sempre uma opinião técnica sobre aquilo que colocou no papel. Em quais instituições é possível buscar auxílio gratuito para ajudar na elaboração do PN? Nakagawa – O Sebrae tem diversos cursos e ferramentas de apoio que variam muito de acordo com a região do Brasil. Eu recomendo que os empreendedores consultem sites do Sebrae de estados diferentes. No site de São Paulo, por exemplo, existe um software chamado SPPLAN, disponível para download gratuito, que oferece auxílio passo a passo para elaborar o plano de negócios e qualquer pessoa pode ter acesso. Há também outra área muito interessante no site do Sebrae/SP chamada “Comece Certo”, que fornece dicas específicas de gestão de acordo com o tipo de negócio. Outra dica é consultar os artigos e vídeos disponíveis gratuitamente no site do Instituto Endeavor – www.endeavor.org. br – que oferece informações preciosas para quem deseja desenvolver negócios criativos e diferenciados. Qual o formato ideal do PN? Quais itens ele deve conter? Nakagawa – Costumo fazer uma analogia do PN com a figura de uma pirâmide feita com cartas de baralho. Assim como um castelo de cartas, o PN também possui uma estrutura muito frágil e, se alguma parte estiver
desalinhada, o restante cai por terra. Então imagine um primeiro pilar com duas cartas, que chamo de “oportunidade”. Em seguida, outro pilar que representa “produtos e serviços”. Logo após vem “mercado consumidor”. Entre o primeiro e o segundo pilar, ou seja, entre “oportunidade” e “produtos e serviços”, eu coloco uma carta e fecho mais um triângulo de ponta- cabeça, que chamo de “empresa”. No próximo triângulo invertido, coloco mais uma carta que é a “análise da concorrência”. Acima de “oportunidade”, “empresa” e “produtos e serviços”, está “produção e operações”. Ao seu lado fica o pilar de “marketing e vendas”. Entre “produção e operações” e “marketing e vendas”, está “recursos humanos”. Em cima, para fechar a pirâmide, estão mais duas cartas, que são o “planejamento financeiro”. Pode parecer absurdo, mas há uma lógica nessa construção do plano de negócio. Afinal, entre “produto” e “mercado consumidor” está a concorrência. Para levar o produto até o consumidor, passando pela concorrência, é preciso passar por “marketing e vendas”. Entre “oportunidade” e “produto” está a “empresa”. Acima da empresa fica a “produção e operação”. Para ligar isso tudo estão os “recursos humanos”. E, por fim, o planejamento financeiro, que torna isso tudo possível. Quais os erros mais comuns que os empreendedores cometem na hora de fazer o PN? Nakagawa – A principal falha ocorre logo
Assim como um castelo de cartas, o PN também possui uma estrutura muito frágil e, se alguma parte estiver desalinhada, o restante cai por terra
no início do PN, quando o empresário fala da empresa. A maioria dos PNs, ao invés de apresentar adequadamente a empresa, apenas a descreve como se falasse ao público em geral. E, na verdade, somente um público muito específico – possíveis parceiros e investidores – vai ler esse documento, então é preciso dominar a linguagem e os jargões utilizados por esse grupo. Há problemas também na análise do ambiente, já que o empreendedor tende a acreditar que seus únicos concorrentes são apenas aquelas empresas que fazem exatamente o que ele faz, desconsiderando, por exemplo, empresas que fazem serviços substitutos. Outro problema muito comum – e grave – é simplesmente a ausência de estratégia. Muitos esquecem de esclarecer qual a missão, a visão, as metas e objetivos a longo prazo, itens fundamentais no PN. Se o objetivo do empresário é captar recursos, como deve ser formatado o PN? Nakagawa – Isso é um item muito importante. Existe capital para o empreendedor, mas muitas vezes ele não consegue ter acesso devido à má qualidade do PN. Quando o empresário escreve um PN para captar recursos, o item que deve estar mais claro é a rentabilidade do negócio, qual o retorno e quais os atrativos para o investidor. As agências de fomento do governo também levam em conta itens como responsabilidade social, tecnologia e inovação. Como as MPEs podem garantir a inovação do negócio? Nakagawa – A primeira questão nesse caso é definir o conceito de inovação. Existe todo um glamour a esse respeito, que é preciso investir em novos produtos, serviços ou processos. Mas, muitas vezes, para o micro e pequeno empresário isso pode parecer muito complexo. Então sugiro a seguinte reflexão: até que ponto você, como empresário, consegue proporcionar novas experiências para o seu consumidor? Porque o primeiro objetivo deve ser sempre a criação de novas experiências para o cliente. A partir do momento em que o empreendedor entende a inovação dessa forma, fica mais fácil desenvolver novos produtos ou serviços. Até porque, em se tratando de inovação, pouco dinheiro não significa necessariamente um empecilho, pois pequenas atitudes podem representar grandes diferenças aos olhos do consumidor. Basta identificar as oportunidades.
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Considerando-se a atual economia recessiva, qual o primeiro passo para quem quer abrir uma empresa? Marcelo Nakagawa – O desenvolvimento do plano de negócios (PN) é sempre o item mais importante antes de abrir uma empresa, não só para analisar a viabilidade do negócio, mas porque se trata de um processo de aprendizagem essencial para o empreendedor.
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Após a abertura da empresa, como manter o PN sempre atualizado? Nakagawa – O melhor é investir em análises periódicas do PN desde o início da empresa, de preferência a cada três ou seis meses, para verificar se aquilo que foi planejado realmente é o que está sendo executado. Em quase 90% dos casos não ocorre o que o empreendedor tinha imaginado. Logo no primeiro mês muitos castelos já começam a desmoronar.
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E o que fazer nesse caso? Nakagawa – É necessário adequar a estratégia. No caso de uma pequena empresa, o empreendedor deve encarar seu negócio como um pequeno barco que pode mudar de direção a qualquer momento. É por isso que o plano de negócios funciona como aprendizado e não apenas como fator determinante para o sucesso. Não é porque está escrito no PN que você terá que seguir à risca. É preciso estar sempre preparado para fazer ajustes rapidamente, daí a importância de pequenas empresas terem uma estrutura flexível, já que o período de adaptação é muito grande.
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Na sua opinião, quais as melhores opções para as MPEs na hora de conseguir crédito para investimento? Nakagawa – Além de empréstimos em bancos comerciais e de desenvolvimento – caso do BNDES, que recentemente abriu novas linhas de crédito –, outra opção são as agências governamentais de fomento. É o caso da Finep, que possui um projeto chamado Pappe (Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas), executado em parceria com agências de apoio a pesquisas em todos os estados brasileiros, que também oferece crédito às MPEs. Outra alternativa são os recursos de pessoas físicas, como aposentados e funcionários que perderam o emprego e receberam o FGTS – algo muito comum nesse momento devido à crise mundial. O empresário brasileiro, em sua maioria, precisa aprender a dividir e compartilhar com sócios. Isso é ainda muito malvisto na cultura brasileira, mas para crescer é preciso ter sócios complementares. Quais os erros de gestão mais comuns nas MPEs?
No caso de uma pequena empresa, o empreendedor deve encarar seu negócio como um pequeno barco que pode mudar de direção a qualquer momento
Nakagawa – O erro mais comum e mais sério é a falta de estratégia. O que os empresários brasileiros mais fazem é errar pelo caminho, porque sem estratégia não é possível saber para onde ir. E se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. O segundo erro mais recorrente é a ausência de formação de competências, que é decorrência da visão de “dono” – aquele que manda e desmanda sem delegar funções. Achando-se o “dono”, o empresário não permite que pessoas e capacidades se desenvolvam no negócio dele. E não adianta se iludir: para o negócio crescer é preciso desenvolver talentos. Outros erros comuns dizem respeito à gestão do caixa e à falta de melhorias constantes. O que o senhor recomenda para evitar esses equívocos? Nakagawa – Um exemplo que costumo mencionar é o de Sam Walton, fundador do Wal-Mart. Desde que abriu seu primeiro negócio – uma espécie de loja de R$ 1,99 –, toda noite ele anotava numa espécie de diário os motivos pelos quais a empresa dele tinha sido
melhor hoje do que ontem. Essa é uma prática de reflexão que os empresários brasileiros deveriam experimentar. Para melhorar a cada dia é preciso dosar inovação, melhoria contínua e diferenciais. E a origem de tudo isso está numa estratégia bem traçada. Para quem está pensando em abrir uma empresa ainda este ano, quais as perspectivas para 2009? Nakagawa – A principal tendência para este ano é o crescimento do número de empresas abertas. Toda a massa de pessoas demitidas não será alocada em novos empregos simplesmente porque muitas dessas vagas deixarão de existir. Para quem está nessa situação, é melhor planejar bem antes de investir o dinheiro do FGTS. Uma dica para quem quiser evitar riscos é entrar como sócio em negócios já consolidados.
LINHA DIRETA Marcelo Nakagawa: (11) 3145-3700
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Vigor econômico
Indústria de cosméticos brasileira não vê motivos para se preocupar com a crise, e aposta no atendimento personalizado para aumentar ainda mais as vendas por Cléia Schmitz
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cleia@empreendedor.com.br
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Uma franquia comercializada a cada semana. Essa é a meta do empresário Guilherme Jacob, dono da rede de lojas Akakia Cosméticos. O plano foi traçado antes da crise econômica mundial, “mas continua absolutamente o mesmo”, garante o executivo. A empresa pretende investir R$ 1 milhão em equipamentos até o final de junho e quer duplicar sua capacidade de produção neste ano. Com menos de três anos de existência, a Akakia tem 140 unidades franqueadas. No ano passado, faturou R$ 27 milhões, um crescimento de 30% em relação a 2007. Para 2009, os planos são ainda mais ambiciosos – crescer 40%. “Se tem uma crise aí fora, seremos os últimos a entrar e os primeiros a sair”, afirma Jacob. A crise mundial parece mesmo não ter chegado à indústria nacional de higiene e beleza. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) mostram um crescimento em 2008 de 10,4% em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre do pe-
ríodo. O Brasil foi o país que registrou o maior crescimento no setor entre os top 10 do Euromonitor, ampliando sua participação no mercado de 7,6% para 8,6%. Desde então, ocupa a terceira posição no ranking mundial dos maiores consumidores. Para João Carlos Basílio, presidente da Abihpec, há boas chances do Brasil continuar avançando nesse ranking, encabeçado por Estados Unidos e Japão. O desempenho favorável do setor não é novidade. Há 13 anos, o crescimento médio deflacionado é de 10,6%. O que surpreende é a continuidade dos resultados mesmo num cenário de crise. “O setor tem se mostrado muito agressivo nos seus investimentos em marketing e pesquisa e desenvolvimento. Graças a esse empenho, o ritmo de lançamentos e relançamentos tem se mantido em torno de 20 produtos por dia – índice semelhante ao de 2008. É natural que ganhemos espaço em relação a outros setores que ficaram mais tímidos diante da crise”, avalia Basílio. Ele acrescenta ainda que os reajustes dos preços dos itens do setor estão há mais de cinco anos abaixo dos índices gerais apurados pela Fipe. Números de 2009 já divulgados por gran-
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des empresas comprovam o vigor desse mercado. Uma das marcas líderes em cosméticos no Brasil, a Natura registrou no primeiro trimestre um crescimento de 26,5% na receita líquida, que somou R$ 844,7 milhões. No relatório produzido para os investidores, a empresa afirma que permanece atenta aos movimentos da economia. “Continuamos, no entanto, confiantes na estratégia e vitalidade da nossa empresa, bem como no contexto econômico no qual nosso modelo comercial se insere”, destaca o documento. Ainda no relatório, a Natura chama a atenção para a “histórica resiliência” do setor de cosméticos e perfumaria diante das variações da economia. Para a curitibana Racco, o momento também é de euforia e números generosos. Há 21 anos no mercado, a marca teve crescimento de 50% nos últimos seis anos. A expectativa é crescer 40% em 2009. Para Carla Andrade, diretora corporativa da empresa, o desempenho é resultado de investimentos em inovação tecnológica e no conceito de tratamento. Com a linha Ciclos, lançada há quatro anos, a Racco alcançou consumidoras das classes A e B, sem perder seu público original (classe C). Um estudo feito pela empresa mostrou que as mulheres consideram cosméticos como primeira necessidade e estão dispostas a deixar de pagar a conta de luz para não abrir mão da continuidade de um tratamento cosmético. Aliás, a noção de que produtos de higiene pessoal e cosméticos não são supérfluos é outro fator que explica a resistência do segmento à crise. Para Basílio, não há mais dúvidas de que a sociedade brasileira vê os artigos de higiene como de primeira necessidade – até por sua função em termos de saúde pública. “Isso acontece com muitos cosméticos também. Por exemplo, tintura para cabelo é um cosmético, mas a pressão social sobre quem deixa as raízes brancas ou mesmo da cor natural aparecerem é tão intensa que esse produto se torna de primeira necessidade. Uma aparência malcuidada é interpretada como desleixo e isso reflete negativamente para a pessoa, especialmente no seu ambiente de trabalho.”
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Joel, da Extratos da Terra: vendas concentradas em clínicas estéticas
Indulgência Para Simone Kier, gerente de marketing da Mary Kay, marca americana de cosméticos, a crise pode ser um motivo a mais para a compra de um creme ou um batom. “Já que a consumidora não pode comprar uma geladeira nova, acaba se permitindo um mimo. É uma forma de se presentear
JAMES TAVARES
num momento difícil.” Gestora de produto da Harty Cosméticos, fabricante da marca Ecologie, Alessandra Rinaldi também acredita num impacto positivo da crise para o setor. “Por enquanto o mercado de cosméticos não sentiu o impacto da crise. Pelo contrário, as pessoas estão mais impulsionadas a comprar cosméticos de maior valor agregado para suprir suas necessidades de compra, uma vez que “está proibido o endividamento a longo prazo”, avalia a executiva. Uma pesquisa realizada recentemente pelo instituto LatinPanel corrobora com essa ideia de “pequenas indulgências” do consumidor brasileiro. Com a crise, muitas pessoas desistiram de comprar marcas premium e migraram para outras de médio e baixo custo com o objetivo de ajustar o orçamento doméstico. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os produtos de limpeza, bebidas e alimentos. Já nos itens de higiene pessoal, as premium saltaram de 44%, em 2007, para 49%, em 2008. A pesquisa conclui que nesses itens o consumidor se permite fazer uma recompensa. Consultora de vendas da Mary Kay desde 1996, Fernanda Pessoa é testemunha da força do mercado da beleza. Ela garante que, desde setembro passado, as vendas aumentaram muito. “Sempre ouvi falar que o mercado de cosméticos é um dos que mais cresce num cenário de crise, mas ainda não tinha vivenciado esta experiência. O que eu pude sentir no contato com as minhas clientes é que a crise econômica acaba gerando muita incerteza e medo. Ao adquirir cosméticos, as clientes acabam se sentindo mais bonitas e confiantes e assim conseguem superar melhor este período”, afirma a revendedora. “Sem contar também a opção de ganhar um dinheiro extra, caso decida se tornar uma consultora”, observa. Assim como Natura e Racco, a marca Mary Kay concentra suas vendas no sistema de venda direta, outro segmento que não tem visto sombra da crise. De acordo com a Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD), de outubro a dezembro de 2008 o setor registrou um crescimento no faturamento bruto de 12,6% em relação ao trimestre anterior. O número é surpreendente se comparado ao desempenho do varejo tradicional que, de acordo com dados do IBGE, apresentou retração de 2,3% no mesmo período comparativo. No ano, o setor de vendas diretas faturou R$ 18,5 bilhões com a atuação de 2 milhões de revendedores autônomos. “A base do segmento é o relacionamento e até acontece a venda a crédito, mas é um crédito de confiança, dado pela consultora e não pela
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Fernanda Pessoa, da Mary Kay: aumento nas vendas desde setembro passado
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C A PA MERCADO BRASILEIRO EVOLUÇÃO EM BILHÕES DE R$ 25
17,5 15,4
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ELIANA VIEIRA
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Oportunidade empreendedor | maio 2009
4,9
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Fonte: ABIHPEC
empresa”, afirma Lírio Cipriani, presidente da entidade. Hoje, o segmento de cosméticos e perfumaria representa quase 90% dos negócios de venda direta no Brasil. Para Cipriani, por mais eficiente que seja a logística de uma marca que trabalha com o varejo tradicional, a penetração de mercado nunca será igual ao canal de distribuição feito por revendedores autônomos. “Nós atingimos qualquer ponto do Brasil”, garante. A executiva Carla Andrade, da Racco, concorda. Segundo ela, o chamado porta-aporta aproxima muito a marca do consumidor porque existe a figura de um consultor explicando conceitos e resultados dos produtos. “Isso traz uma fidelização muito forte. É diferente da gôndola, onde o cliente não compra porque não entende para que serve o produto exposto”, afirma. A Racco fechou 2008 com 350 mil consultoras ativas e trabalha para aumentar esse número em 20% até o fim do ano. “Nosso foco é na retenção. Cadastrar é fácil, queremos é mantê-las fiéis e ativas”, afirma Carla.
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21,7
19,6
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Em períodos de crise, o segmento de vendas diretas também aparece como uma oportunidade de negócios para muita gente. “Nós percebemos um aumento no número de consultores. São pessoas que perderam o emprego ou simplesmente decidiram reforçar a renda”, explica Simone Kier, da Mary Kay. Mas o trabalho de consultor de vendas diretas
está longe de ser um bico para muitos profissionais da área. A Mary Kay, por exemplo, estimula a carreira com a concessão de uma série de bônus por desempenho de vendas. Os prêmios incluem joias, viagens nacionais e internacionais e carros cor-de-rosa, cor símbolo da marca em todo o mundo. Hoje, existem no Brasil cerca de 90 mulheres na direção dos chamados “troféus sobre rodas”. Fernanda Pessoa é uma delas. Como diretora-executiva independente, ela recebeu em 2005 o direito de usar um Astra cor-de-rosa com IPVA e seguros pagos pela Mary Kay. No final do ano passado, o modelo foi trocado por um Vectra. Fernanda também já ganhou inúmeras viagens, incluindo destinos como Dallas, São Francisco, Nova York, Quebec e África do Sul. “Comecei do zero, como consultora de beleza. Com o tempo a marca foi se solidificando e mais mulheres quiseram fazer parte do meu time.” Hoje, Fernanda tem consultoras espalha-
Para que um cosmético seja considerado orgânico, ele precisa ter um mínimo de 95% de ingredientes naturais ou de origem vegetal
das pelo Brasil inteiro. Sua função é treinar, direcionar e motivar essas mulheres. “O que mais gosto nesta carreira é a flexibilidade. Não temos chefe, somos donas do nosso próprio negócio, fazemos o nosso horário e temos reconhecimentos incríveis, além da possibilidade de ganhos ilimitados”, destaca a executiva. A decisão de vender cosméticos aconteceu um pouco por acaso. Quando foi morar com o marido no Canadá, em 1996, Fernanda teve que buscar outra carreira, já que seu diploma de Direito não era reconhecido naquele país. Assim, começou a vender Mary Kay. Quando a marca entrou no Brasil, em 1998, decidiu voltar ao Brasil. O setor de vendas diretas é o maior empregador no mercado de produtos de beleza. E também o que mais cresceu nos últimos 14 anos em número de vagas: 292,2%, de acordo com dados da Abihpec e da ABEVD. Em 1994, eram 510 mil consultores contra 2 milhões em 2008. Só a Avon, líder global em vendas diretas e precursora desse canal no Brasil, garante que tem mais de 1 milhão de revendedoras no território nacional. No mundo, são 5,8 milhões. Ainda segundo a empresa, de cada três batons vendidos no Brasil, dois são da Avon. Na última campanha institucional da empresa, a marca reforçou o trabalho de suas consultoras ao escolher algumas delas para protagonizar as peças publicitárias. Mas o varejo tradicional ainda é o principal canal de distribuição do segmento de higiene e beleza, respondendo por mais da metade das vendas. O modelo está nos planos da Kush
COSMÉTICOS SUSTENTÁVEIS segundo ele, é que o setor de matéria-prima já acordou para esse mercado e vem apresentando avanços significativos. Bellocq não arrisca prognósticos, mas não tem dúvidas do potencial do Brasil para o mercado de cosméticos orgânicos. Não apenas para atender à demanda interna, mas também para exportação. A Magia dos Aromas é uma prova disso. Há apenas três anos nesse mercado, a empresa se prepara para exportar. “Estamos em negociação e esperamos que isso ocorra ainda este ano”, afirma Marcos Caram, sócio-proprietário da marca, também de Botucatu. No ano passado, a empresa apresentou um crescimento de 20% na produção. A expectativa é, no mínimo, repetir esse índice em 2009. Com experiência de mais de 20 anos no ramo de farmácia de manipulação, Caram decidiu produzir cosméticos orgânicos em 2004. Muitos clientes reclamavam de alergia e lhe pediam para formular produtos naturais. No início, a maior dificuldade do negócio foi com relação à disponibilidade de matéria-prima, mas a oferta tem crescido. A primeira linha da Magia dos Aromas foi lançada em 2006, já com certificação do IBD. Os produtos são vendidos em lojas de cosméticos, farmácias de manipulação e no varejo de produtos naturais. “A fidelização dessas lojas com a marca mostra o potencial do nosso produto.”
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em processo de certificação. O principal selo de cosméticos sustentáveis no Brasil é a Ecocert, de origem francesa, que certificou marcas como Surya Brasil e Florestas. Para Bellocq, é só uma questão de tempo para que a tendência chegue com força no Brasil e conquiste mais espaço nas prateleiras das lojas. Mas para que isso aconteça, será preciso vencer alguns obstáculos. Um deles é a falta de regulamentação oficial para elaboração de cosméticos orgânicos. Sem fiscalização, há muitas empresas que usam deliberadamente os termos orgânico, natural e ecológico, sem se importar com os ingredientes usados na fórmula. Esse problema não ocorre apenas no Brasil. Mesmo em países como a França há problemas de harmonização das normas. “Existem muitas diferenças em qualidade de certificação”, afirma Bellocq. Outro desafio é dominar o uso de ingredientes naturais para que os produtos sejam bem formulados. Bellocq cita o exemplo de conservantes e emolientes, que ainda apresentam poucas alternativas naturais. Uma das consequências é a formulação de cosméticos que apresentam variação de cheiro, cor e eficácia num prazo muito curto. “O consumidor não aceita produto orgânico de má qualidade”, destaca o gerente do IBD. A boa notícia,
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Uma palavrinha mágica tem movimentado o mercado de cosméticos lá fora: orgânico. Em países como Estados Unidos, Japão, França e Alemanha, grandes empresas do ramo estão se reestruturando para atender consumidores que aderiram aos cosméticos elaborados com matérias-primas naturais. No mundo inteiro, são cerca de 1,1 mil empresas certificadas, com destaque para grandes marcas como L’Oréal, Avent, Clarins e Yves Saint Laurent. É pouco mais de 2% do mercado mundial de produtos de beleza, mas a expectativa é de um crescimento de 40% ao ano. A última Beyond Beauty Paris, uma das maiores feiras internacionais do setor, realizada em setembro de 2008, dá uma dimensão do crescimento da indústria de cosméticos orgânicos. Metade dos estandes era dedicada a produtos sustentáveis. “Observa-se um grande interesse por esse novo mercado. Há uma proliferação de empresas certificadas, e na mídia europeia especializada em cosméticos só se fala em orgânicos”, afirma Gwendal Bellocq, gerente de operações da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD), com sede em Botucatu (SP). A entidade é uma das certificadoras brasileiras de produtos orgânicos, incluindo cosméticos. Atualmente, existem apenas duas marcas do setor com o selo do IBD – Reserva Fólio e Magia dos Aromas –, mas há outras dez
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MERCADO MUNDIAL Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
2008 US$ Bilhões (preço ao consumidor)
Porcentual Crescimento
Participação
Mundo ............................................. 333,50 ..............................9,13 1. Estados Unidos ................................ 52,14 ............................-0,05.............................. 15,6 2. Japão ............................................. 33,75 ............................ 11,92............................... 10,1 3. Brasil..............................................28,77 ........................... 27,46................................8,6 4. China .............................................. 17,73 ............................22,10................................5,3 5. Alemanha ....................................... 16,86 ............................. 8,04................................ 5,1 6. França ........................................... 16,23 ............................. 6,80................................4,9 7. Reino Unido .....................................15,72 ............................-3,54................................4,7 8. Rússia.............................................12,38 ............................ 14,51................................ 3,7 9. Itália ............................................. 12,25 ..............................7,97................................ 3,7 10. Espanha ........................................ 10,64 ............................10,69................................3,2 Top Ten .............................................216,47 ..............................9,17..............................64,9
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Fonte: Euromonitor 2008
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do Brasil. Em 2007, a empresa lançou a marca Weeze Bath & Body, com produtos para corpo e banho. Inicialmente, o objetivo era investir em franchising. Três lojas franqueadas chegaram a ser abertas. “Agora estamos fazendo um redirecionamento estratégico para o varejo tradicional. Não chega a ser uma desistência do modelo de franquias, pretendemos retornar em quatro ou cinco anos”, afirma Manuela Bossa, proprietária da marca. A proposta, segundo ela, é tornar a marca conhecida do consumidor. Para isso, a empresa vai trabalhar fortemente com a atuação de consultoras nos pontos-de-venda. O problema é a forte concorrência nesse canal, situação que exige um trabalho muito forte para manter o produto em evidência nas prateleiras. Antes de criar e franquear a marca Akakia, o empresário Guilherme Jacob produzia e vendia cosméticos para redes de supermercados e lojas especializadas. Ele conta que só conseguiu espaço para seus produtos depois que obteve a licença da Looney Tunes para uma linha baby. Pesquisando alternativas, decidiu partir para o franchising e não sente saudades do varejo tradicional. “As exigências de grandes redes em investimentos para manutenção do espaço de vendas são muito negativas. Com lojas
da marca temos uma valorização de verdade do nosso produto”, diz Jacob. É justamente atrás dessa valorização que está a engenheira química Vanessa Mayo, fundadora da Korai Cosmética. Depois de nove anos bem-sucedidos no varejo tradicional, a empresária começou a sentir o peso da concorrência e resolveu aderir ao sistema de franchising. “A fidelização é praticamente impossível num ponto-de-venda que não é seu”, afirma Vanessa. Atualmente, a Korai tem uma loja própria em Moema e um quiosque no Shopping Ibirapuera, em São Paulo. A meta é começar a franquear este ano. “Estou extremamente confiante porque os resultados de nossas lojas têm sido muito bons. A concorrência é muito menor no mercado de franquias.” Aos poucos, a Korai deve deixar o varejo tradicional. “Não dá para coexistir”, afirma Vanessa. Num mercado dominado por marcas consagradas – 70% do faturamento do setor está concentrado em 15 empresas de grande porte – o jeito é encontrar nichos de produtos ainda não explorados. Foi o que fez Vanessa Mayo. Depois de trabalhar seis anos no mercado de matéria-prima para a indústria de cosméticos, ela decidiu criar uma linha completa de cuidados com o corpo dedicada ao
Basílio: setor agressivo nos investimentos em marketing e pesquisa e desenvolvimento
mercado semiprestígio, localizado entre o luxo e o popular. “Com produtos de qualidade e preços médios, começamos crescendo em média 50% por ano”, conta a empresária. No primeiro ano da marca, a empresa faturou quase R$ 1 milhão. A Korai Cosmética também faz linhas exclusivas para grandes redes. Entre elas as Lojas Renner. É outro mercado bastante promissor para a indústria da beleza. Atualmente, esse nicho representa 55% do faturamento da Korai. A empresa está construindo uma quarta fábrica, exclusiva para atender esse mercado. O licenciamento de marcas também é o foco da DNA Cosméticos. Hoje, a empresa responde pelos produtos com a marca Ronnie Von, vendidos em seus catálogos, e Ocimar Versolato, comercializados em lojas franqueadas pelo estilista. “A meta a longo prazo é ter 30% de produtos da própria marca e 70% de produtos de nossos parceiros”, afirma Ronaldo Nascimento, diretor comercial da DNA.
Profissional Um outro canal de distribuição tem chamado a atenção do mercado nos últimos anos. São salões de beleza e clínicas estéticas que até bem pouco tempo eram ignorados pelo
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setor. “Cabeleireiros não tinham o hábito de vender produtos. Hoje, eles perceberam que, sem forçar a barra, podem ampliar seus ganhos com a venda de produtos como xampus e condicionadores”, diz Manuela, da Kush. Em 2002, o laboratório criou uma linha especial para cabelos com o objetivo de atender profissionais. Resultado: não parou mais de crescer. Com a marca Truss, a empresa foi a primeira a produzir itens nacionais para escova definitiva, na época mais conhecida por alisamento japonês, justamente por usar produtos em sua maioria importados do Japão. Com seis anos de vida, a Truss conta com 48 distribuidores que percorrem salões de beleza do Brasil inteiro. Para Manuela, bons produtos é tudo o que se precisa para ganhar credibilidade em tão pouquíssimo tempo. “No início era como vender chinelo em terra de descalço porque existiam poucos concorrentes, apenas multinacionais. Mas hoje contamos com o sucesso de nossas formulações. Nossa planilha de resultados mostra que 80% das vendas acontecem por indicação. O cabeleireiro indica uma vez e a cliente já se fideliza, não existe vendedor melhor”, afirma a empresária. No ano passado, a marca cresceu 52%, superando significativamente a meta estipulada de 30%. Para 2009, o índice
fixado foi de 15%, mas só em janeiro o crescimento chegou a 82%. Para atender à demanda crescente, a Kush está construindo uma segunda fábrica. A expectativa é aumentar a produção em 300%. O mercado profissional também é o foco da Extratos da Terra, especializada em tratamento para corpo e estética. Com uma equipe de 65 distribuidores, a empresa calcula que existam atualmente entre 15 mil e 20 mil profissionais utilizando seus produtos em clínicas de vários estados brasileiros. O número é resultado de quase 30 anos de atuação. No ano passado, a empresa teve um crescimento de 28%, índice que espera repetir em 2009. No momento, a Extratos da Terra se prepara para ingressar no mercado varejista por meio de lojas licenciadas. O proprietário Joel Aterino de Souza explica que, com o sucesso da marca nas clínicas, o consumidor final começou a requisitar pontos-de-venda. Atualmente existe apenas uma loja conceito anexa à fábrica, mas a meta é chegar a 30 unidades até o final do ano. Para isso, a empresa está investindo cerca de R$ 1 milhão na ampliação da indústria. As obras devem estar concluídas em março de 2010 e elevar a produção de 1 milhão de unidades para 1,5 milhão. A expectativa é dobrar o nú-
mero de empregos. Hoje, são 41 funcionários. “Em termos de faturamento, esperamos um crescimento de 40% em 2010”, afirma Souza. A empresa produz atualmente 280 itens. Os produtos comercializados nas lojas da marca serão os mesmos da linha profissional. A mudança será apenas na apresentação das embalagens. Assim como em qualquer outro setor da economia, o segmento de produtos de beleza exige uma análise constante do mercado. Foi assim que a Contém 1g reformulou toda a sua operação e passou de perfumaria a loja especializada em maquiagem. “Começamos a olhar o mercado de maquiagem e vimos que não existia ninguém no Brasil atuando com força nesse segmento”, conta Fernando Galiteri Soares, diretor comercial da rede de franquias, com cerca de 180 unidades. A proporção de 80% de vendas em perfumes e 20% em maquiagem se inverteu. O público-alvo deixou de ser a adolescente e passou a ser a mulher na faixa dos 30 anos, totalmente independente. Para se adequar ao novo mercado, as lojas foram reformuladas. A proposta, segundo Soares, era fazer um espaço para ensinar a mulher a se maquiar. “Assim ela consome mais”, explica o executivo. As vendedoras
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Manuela, da Kush: segunda fábrica em construção para atender demanda crescente
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INFORMALIDADE
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Existem atualmente no Brasil cerca de 1,7 mil empresas atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E há também um número muito semelhante de empresas operando informalmente, ou seja, ignorando o que a indústria chama de princípios de boas práticas de fabricação e controle. A informação é da consultora Maria Regina Diniz de Oliveira, técnica do Sebrae Nacional. A situação é séria porque o uso de cosméticos sem o aval da Anvisa pode colocar em risco a saúde dos consumidores desses produtos. Praticamente a totalidade desses estabelecimentos é de micro e pequenas empresas, que representam 98,9% dos negócios de cosméticos no Brasil, concentrados na Região Sudeste (65%). Para resolver essa situação de ilegalidade e desenvolver o potencial dos pequenos negócios da indústria da beleza, foi assinada em 2006 uma parceria entre Abihpec, Sebrae e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O programa também tem a participação de outros órgãos oficiais como BNDES, Anvisa e Inpi. Quatro desafios foram fixados para o segmento: adequar marco le-
gal, elevar padrão tecnológico e produtivo, desenvolver a cultura exportadora e consolidar o cosmético brasileiro como solução ambiental sustentável. O trabalho começou com a formalização sanitária das empresas. Na Bahia, um dos primeiros estados a desenvolver o programa, o diagnóstico inicial mostrou que apenas três empresas tinham registro na Anvisa. “Hoje já são 38 e, em breve, serão 48”, comemora Regina. Segundo a consultora, o bom desempenho do programa no estado pode ser comprovado pelos dados apresentados pela Abihpec. Em 2005, a associação computava 21 indústrias de cosméticos na Bahia. No ano passado, esse número chegou a 42, exatamente o dobro. A meta, segundo Regina, é preparar esses pequenos negócios para exportar. “O Paraná, por exemplo, tem empresas com potencial muito grande para isso”, destaca. Além da Bahia e Paraná, há outros dez estados desenvolvendo o programa, incluindo Santa Catarina, Goiás, Amazonas, Pará e Minas Gerais. “O que nós queremos é levar conhecimento e fazer com que micro e pequenas empresas de cosméticos operem com tecnologia para se tornarem competitivas”, afirma a consultora.
passaram a ser também maquiadoras e as lojas ganharam cadeiras semelhantes às de salão de beleza. Cursos de automaquiagem são promovidos nos pontos-de-venda, organizados em nichos de acordo com ocasião de uso e etnia. A primeira loja com o conceito make-up foi inaugurada em dezembro de 2007 e, hoje, já são 13 unidades. A meta é chegar a 50 lojas ainda neste ano, seja por meio de conversão de unidades já existentes ou novos pontos. “Convencemos pelos números. Temos casos de lojas convertidas que aumentaram o faturamento em 100%”, afirma Soares. O consumidor também aceitou a mudança de forma muito rápida. O tempo de permanência dentro da loja aumentou de 14 para 30 minutos. O tíquete médio alcançou um crescimento de mais de 50%. “Quando elas aprendem a se maquiar, querem levar todos os produtos para uma maquiagem completa, desde itens de preparação de pele até o batom”, comenta o executivo. Com toda essa movimentação, a Contém 1g não sentiu reflexos da crise. No primeiro trimestre de 2009 o crescimento foi de 23%. No ano passado, a empresa registrou um aumento de 30% no faturamento. É como diz o empresário Joel Aterino de Souza, da Extratos da Terra: “O setor não está imune à crise não. Se estamos crescendo é porque estamos trabalhando para isso. Ainda há uma fatia grande de mercado para abocanhar”.
LINHA DIRETA Abihpec: (11) 3372-9899 ABEVD: (11) 5042-0587 Akakia Cosméticos: (48) 3283-6000 Avon: 0800 708 2866 Contém 1g: (11) 3660-0378 DNA Cosméticos: (15) 3271-7072 Ecologie Cosméticos: (11) 4227-1011 Extratos da Terra: (48) 2033-0050 IBD: (14) 3882-5066 Korai: (11) 5051-0161 Mary Kay: 0800 702 0738 Magia dos Aromas: (14) 3813-8431 Natura: 0800 115566 Racco: 0800 601 0303 Sebrae: (61) 3348-7249 Truss Cosmetics: (17) 3808-9900
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RESPONSABILIDADE
presente Escritórios do
Mais do que oferecer conforto e segurança, edifícios inteligentes são projetados segundo princípios de eficiência energética e colaboram para reduzir a conta do desperdício por Francis França
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francis@empreendedor.com.br
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Imagine que você é o primeiro a chegar à sua empresa. Para entrar, um leitor biométrico identifica sua impressão digital, libera as portas e acende as luzes que levam até sua sala, onde a eletricidade e o telefone foram ligados, e os dispositivos eletrônicos estão prontos para usar. As persianas das janelas ajustam-se automaticamente para manter a luminosidade constante, sincronizadas com as lâmpadas artificiais, cuja intensidade varia de forma imperceptível para complementar a luz natural, e quando a temperatura passar dos 20ºC, o ar-condicionado ligará sozinho. Sua empresa não precisa ser nenhum departamento de inteligência ou de alta tecnologia para ter uma rotina como essa. As soluções de automação vêm ganhando espaço no mundo corporativo, e não apenas pelas facilidades tecnológicas. Os edifícios inteligentes são também eficientes e geram economia de tempo, dinheiro e de recursos naturais – variável cada vez mais importante para as empresas, pela cultura e pelo bolso. Em construções projetadas segundo os princípios de eficiência energética, a economia no consumo supera os 50% se comparada às edificações tradicionais, segundo dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). As soluções podem ser adaptadas para empresas de todos os tamanhos e já são produzidas por tecnologia 100% nacional. A catarinense Spherical Networks desenvolve sistemas que permitem, por meio de comandos locais ou remotos, monitorar ambientes, acionar
Sistemas permitem monitorar e controlar dispositivos a distância
porcionam conforto, como iluminação, climatização e aquecimento de água. Os sistemas eficientes ajudam a aliviar o peso sobre a geração de energia e não se limitam a melhorar construções novas. Embora os resultados não sejam tão expressivos quanto nos edifícios já projetados segundo os padrões de eficiência, uma boa reforma pode reduzir em até 30% o consumo de energia. “Se pensarmos no ciclo de vida de um empreendimento, a redução no consumo de recursos naturais é muito relevante. E estamos falando de iniciativas racionais. Afinal, por que as lâmpadas de uma sala precisam funcionar com 100% da capacidade se temos iluminação natural?”, questiona o engenheiro Thales Cavalcanti, diretor da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside). Os sistemas automáticos têm ainda a vantagem de monitorar a economia e converter os números em relatórios que permitem analisar horários e setores com maior consumo. “A procura tem crescido bastante, principalmente de arquitetos que fazem projetos para empresas interessadas em praticar responsabilidade socioambiental, que estão preocupadas não só com a economia, mas com a imagem”, diz o engenheiro Francisco Rodriguez Sanches, diretor da Domótica Automação de Ambientes. Um dos dispositivos desenvolvidos pela empresa foi o Box Master Off (BMO), que permite desligamento inteligente de com-
putadores, tomadas, luzes e sistemas de condicionamento de ar com um só botão, como o alarme de um carro. O Brasil consumiu cerca de 393 bilhões de kWh em 2008, segundo números da Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia (EPE/MME). A economia teórica em edificações residenciais, comerciais e públicas poderia chegar aos 53 bilhões de kWh, caso fossem adotados sistemas mais eficientes, o que seria suficiente para abastecer 2,7 milhões de residências anualmente. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Conservação de Energia (Abesco), o Brasil perde R$ 10 bilhões por ano com o desperdício de energia elétrica. Se fosse economizado, em três anos esse dinheiro poderia pagar quase metade do investimento em geração de energia previsto pelo governo federal no Programa de Aceleração do Crescimento (R$ 65,9 bilhões entre 2007 e 2010). A despeito de todo o empenho para investir em fontes renováveis, ao fazer as contas fica a certeza de que a energia mais limpa e barata é a poupada.
LINHA DIRETA Aureside: (11) 3926-9805 Domótica: (11) 3285-4629 Spherical Networks: (48) 3334-8064
empreendedor | maio 2009
alarmes, controlar iluminação, portas, ventilação, fluxo de pessoas e um conjunto de soluções modulares que podem ser personalizadas para cada tipo de negócio. Lançado em 2007, o sistema VisAct Architecture integra dispositivos de automação, segurança, controle de acesso, ponto eletrônico e comunicação digital interna. A empresa já desenvolveu sistemas complexos para 10 edifícios inteligentes, e mantém 20 pessoas trabalhando diretamente com o desenvolvimento de tecnologia. As soluções permitem controlar o funcionamento dos equipamentos com diferentes sistemas, como sensores de mobilidade, horário ou fluxo de pessoas, gerenciar as câmeras de vigilância por controle remoto e atuar inclusive em situações de emergência, como incêndios, em que as catracas são liberadas para facilitar a evacuação, e os computadores mostram a planta do prédio com imagens das câmeras internas e sugestões de ações. “Os sistemas foram pensados para garantir alto nível de conforto e segurança para os usuários, e lá na ponta temos um bônus de eficiência energética com economia real de energia”, explica Júnior Dymow, diretor de desenvolvimento de software da Spherical Networks, que também fabrica os equipamentos. De acordo com estatísticas do Procel, quase 50% da energia elétrica produzida no País é consumida na operação e manutenção de construções e sistemas artificiais que pro-
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PERFIL
Paixão
desaf iadora Visão de mercado e perfil motivador do executivo levaram empresa de engenharia carioca a um novo patamar
por Cléia Schmitz
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cleia@empreendedor.com.br
Mudar de emprego é uma prática bastante comum entre executivos profissionais. Mas, definitivamente, essa vida cigana não combina com o economista Bernard Isnard Bogossian, 48 anos, quase metade deles como profissional da Craft Engenharia, empresa carioca especializada em serviços de infraestrutura para a construção civil. Comodismo? Falta de convite? Não, aliás, a situação é exatamente inversa. O executivo já foi assediado por outras companhias, mas não larga a rotina “desafiadora” proporcionada pela Craft, onde ocupa desde 2001 o cargo de gerente-geral comercial, equivalente a diretor comercial. Bogossian conseguiu algo raro no meio executivo: atuar na empresa como um verdadeiro dono, tendo ampla liberdade para decidir. “O proprietário da Craft nos chama de sócios e, realmente, nos sentimos meio donos mesmo. Existe uma equipe que tem poder de decisão absoluto na sua unidade de gestão, o que nos faz pequenos empresários dentro da empreiteira”, afirma o executivo. Segundo ele, o vínculo com a empresa é muito grande, tanto que diversos colegas gerentes já tiveram oportunidade de atuar em outras companhias – “incluindo convites bem relevantes”, afirma Bogossian. “Mas não é tarefa fácil sair daqui. Me sinto um pouco pai, filho e espírito santo”, brinca. O executivo chegou à Craft em 1987 para assumir a função de assistente comercial. Tinha apenas 27 anos e uma experiência profissional de pouco mais de cinco anos, com destaque para a atuação na área de logística e operação do grupo varejista Casas da Banha. Bogossian conta que ainda na faculdade de Economia – na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro – começou a enveredar para a área de operação industrial. Curio-
so, sempre se interessou muito por assuntos ligados a máquinas e equipamentos produzidos para a indústria. Outra característica marcante, já naquela época, era a habilidade em lidar com pessoas e negociar. Com esse perfil, Bogossian se ajustou à Craft como uma luva. Convidado a assumir o cargo de assistente comercial, o executivo tinha como função prospectar e captar novos clientes. Com o orçamento na mão, seguia para a etapa de negociação dos contratos. Em resumo, seu ofício era vender os serviços oferecidos pela empresa. Para que tivesse sucesso, tinha que conhecer muito bem toda a frota de equipamentos da Craft, como escavadeiras e tratores. Na época, a empresa tinha uma década de vida e atuava basicamente como subcontratada de grandes construtoras. Entre os serviços prestados, locação de máquinas e execução de obras de terraplanagem e demolição. Em pouco tempo, Bogossian percebeu que era preciso superar as expectativas dos clientes. E para isso a Craft tinha que reformular sua operação, deixando de ser uma mera locadora de equipamentos para se transformar numa empresa de engenharia capaz de atender o cliente sem intermediários. O primeiro passo para que isso acontecesse foi investir em mão-de-obra especializada e também em equipamentos modernos. “Nossa proposta era não depender de terceiros para cumprir nossas missões, em geral, muito apertadas, ou seja, com prazos exíguos”, afirma Bogossian. A estratégia não poderia ter sido mais acertada. Hoje, a Craft se consolidou como uma empresa ágil e reconhecida pelo mercado como ideal para executar obras em que a rapidez é um fator essencial no processo. Shopping centers e hipermercados são bons exemplos porque enquanto não abrem as por-
30 CEZAR ALVES
Idade: 48 anos Local de nascimento: Rio de Janeiro (RJ) Formação: Graduado em Economia pela Universidade Gama Filho Empresa: Craft Engenharia Ano de fundação: 1977 Cidade-sede: Rio de Janeiro Número de funcionários: 540 www.craftengenharia.com.br
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Bernard Isnard Bogossian
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PERFIL tas estão deixando de faturar. A Craft assumiu a obra de infraestrutura de vários desses empreendimentos, principalmente no Rio de Janeiro, endimen cidade-sede da empresa, mostrando sua capacicidade-se dade dde executar obras de grande porte sob pressão. Nos outros estados do Brasil, atua press sem filiais. Equipes e máquinas são deslocadas temporiariamente da capital carioca ca ppara executar os serviços. O curioso é que a decisão de concentrar na empresa todos os serviços foi ttomada numa época em que a tendência no n Brasil era terceirizar ao máximo as atividades. “Realmente estávamos na contravida mão ddo mercado, mas entendíamos que cada ferramenta que precisávamos contratar era ferram um fo foco de preocupação no atendimento ao cliente, clien tanto na questão da qualidade quanto nna velocidade da obra”, conta Bogossian. O temor da Craft, segundo o executivo, era não cumprir as metas e comprometer a iimagem junto ao cliente. Seguindo essa premissa, a empresa adquiriu em 1988 sua prem primeira usina de asfalto, inaugurando a diviprimei são de pavimentação. Paralelamente, renovou sua frota de máquinas.
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LINHA DO TEMPO
CEZAR ALVES
Assertivo Assertiv
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1960 1979 1983 1987 2001
BBernardd BBogossian i Craft
Nascimento no Rio de Janeiro (RJ) Admissão na Casas da Banha Conclusão do curso de Economia na Universidade Gama Filho Admissão na Craft Engenharia como assistente comercial Promovido a gerente-geral comercial da Craft
O cuidado cu com a inovação contínua começou na mesma época. A Craft não queria ser apenas eficiente, mas também a mais assertiva possível. Para buscar soluções tecnológicas inopossíve vadoras, vadoras que pudessem trazer mais qualidade aos serv serviços prestados, passou a enviar comitivas técni técnicas a feiras na Europa. Hoje, a empresa também mantém um convênio com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Albert Pesquisa de Engenharia da UniversidaPes dde Federal do Rio de Janeiro (Coppe/ UFRJ). “Eles usam nossos laboratórios e U nós adqu adquirimos parte dos resultados dos testes realizados”, explica Bogossian. realizado A política de inovação constante faz da Craft uma pioneira na utilização de vários equipamentos. Em 1996, a empresa foi a primeira a trazer equipamentos de grande porte para demolição mecanizada, usada até então só em alguns países desenvolvidos. Da Áustria, a Craft importou um equipamento que recicla, na própria obra, resíduos sólidos da construção civil, principalmente material de demolição. As vantagens do maquinário são inúmeras, a começar pela redução do passivo ambiental. O material processado pode ser usado, por exemplo, na execução de aterros
ou como sub-base para pavimentação, o que também dispensa a compra de itens como pedra britada, saibro ou areia. Por último, ainda reduz o tráfego de caminhões com entulhos. Bogossian foi um dos protagonistas de toda essa transformação da Craft. Quando foi contratado, a empresa tinha 50 funcionários, hoje são mais de 500. Para o diretor-geral e proprietário da empreiteira, Sérgio Guedes, o executivo foi mesmo uma peça fundamental. “Uma empresa de engenharia precisa, principalmente, de uma boa equipe, ideias e modernos equipamentos. Mas, para que haja harmonia no uso destes recursos, é fundamental contar com pessoas capazes de agregar e incentivar esta equipe a cada dia. O Bernard é destas pessoas apaixonadas pelo que faz e, por isso mesmo, tudo o que faz, faz com muita paixão, contaminando todos que com ele convivem”, afirma Guedes. Para o empresário, Bogossian representa o espírito da política de qualidade da Craft, focada na superação das expectativas dos clientes. Mas essa capacidade de entusiasmar equipes foi apenas um dos fatores que levou Bogossian ao cargo de gerente comercial da empreiteira em 2001. O executivo é daqueles que procura conhecer e se envolver com todos os assuntos da empresa. Em consequência disso, acaba participando de todas as decisões estratégicas da Craft. Ele mesmo se define como wum profissional ‘multidisciplinar’, que tem ‘mania de se intrometer em todos os assuntos’. “Eu gosto de ter uma visão geral muito consistente da empresa porque assim faço o meu trabalho muito melhor. Em função disso vou vender o que é possível vender e entregar”, diz Bogossian. A rotina de trabalho do executivo tem hora para começar – por volta das 8h –, mas não para terminar. Às vezes, a jornada não passa de nove horas por dia, mas há épocas em que chega tranquilamente a 16 horas. “Nesses períodos, a gente volta para casa, briga com o cachorro, mas no fim dá tudo certo. Eu gosto de trabalhar sob pressão, isso não me assusta, normalmente sou bem-humorado”, garante Bogossian. Sobre novos desafios, ele é enfático: “Não tenho fissura de querer trilhar outros campos porque aqui na Craft ainda é muito desafiador. É um trabalho novo todo dia, não tem uma obra nem um cliente igual a outro”.
LINHA DIRETA Bernard Bogossian: (21) 3535-9900
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P E Q U E N A S N O TÁV E I S
MÁRCIA GOUTHIER/ASN
Pequenos empresários acreditam que 2009 será melhor que 2008 Sondagem do Sebrae revela a percepção de empresários brasileiros sobre seus negócios no último quadrimestre de 2008 e as perspectivas para 2009
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Agência Sebrae de Notícias
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Mesmo dentro de um contexto global de incertezas financeiras, os negócios da empresária Ana Lúcia de Cirqueira Silva estão cada vez melhores. No mês passado, a proprietária de uma empresa de arcondicionado sentiu melhora nas vendas e contratou dois novos funcionários. Ela e o sócio, o marido Elielton Barros da Silva, ainda planejam investir mais na empresa e até comprar novos equipamentos. O casal faz parte de uma boa porcentagem de micro e pequenos empresários brasileiros, segmento responsável por 99% do total de empresas do País, que está otimista com relação ao desempenho da economia
em 2009. De acordo com a sondagem Ponto de Vista dos Pequenos Negócios, divulgada pelo Sebrae, 62% dos empresários entrevistados esperam vender e faturar mais, 56% pretendem manter o quadro de funcionários e 35% afirmam querer aumentar as contratações com carteira assinada. A sondagem revela que 68% dos micro e pequenos empresários acreditam que haverá aumento do número de clientes e que 49% devem aumentar o investimento no próprio negócio. Desta forma, grande parte dos entrevistados avalia que suas atividades empresariais serão boas (57%) ou muito boas (22%). Apenas 9% acreditam que 2009 será um ano ruim ou muito ruim – 8% e 1%, respectivamente.
O otimismo apurado pela sondagem, realizada em março, coincide com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro, divulgados pelo Ministério do Trabalho. De acordo com o ministério, as microempresas foram as principais responsáveis pela manutenção dos empregos formais em fevereiro deste ano. Aquelas com até quatro empregados geraram aproximadamente 82 mil postos de trabalho em todos os oito setores de atividade econômica; as pequenas extinguiram 16.935 postos, e as médias e grandes demitiram 44.905 funcionários. Os dados obtidos pelo Sebrae também revelam que, ao contrário do que ocorreu com as grandes empresas, a crise financeira internacional não afetou, de forma relevan-
MÁRCIA GOUTHIER/ASN ÊNIO TAVARES/ASN
Perspectivas de micro e pequenos empresários para os negócios em 2009 Boas ....................................... 57% Muito boas ...............................22% Indiferente ............................... 11% Ruins .........................................8% Muito ruins ............................... 1%
1% 22%
8% 11%
57%
te, a dinâmica do mercado de trabalho nas micro e pequenas empresas brasileiras no último quadrimestre de 2008. Os números mostram que 69% dos empresários entrevistados não demitiram funcionários, contra
31% que confirmaram ter reduzido a mãode-obra no período analisado. Apesar de terem optado por manter seus quadros de trabalho, as micro e pequenas empresas sofreram algum impacto com a crise. Para 55% dessas empresas, houve redução do número de clientes e, consequentemente, do número de vendas e do faturamento. Questionados a respeito das estratégias que poderão contribuir para o desenvolvimento dos seus negócios, tendo em vista o atual cenário econômico, 23,3% afirmaram que a ampliação do negócio é o tema-chave para 2009. Em segundo lugar, o marketing foi apontado por 21,2% dos entrevistados, enquanto a busca por novos mercados foi o terceiro tema mais votado, com 16,3%. O item inovação, considerado fundamental para que haja novos ciclos de dinamismo empresarial, atingiu apenas o quarto lugar, com 14,2%. Esse último dado mostra que muitos empresários ainda não assimilaram a importância da inovação. Esse dado também é confirmado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2008, pesquisa divulgada recentemente pelo Sebrae. A GEM avaliou que o Brasil possui uma das mais baixas taxas de lançamento de produtos novos (desconhecidos para o consumidor) e de uso de tecnologias disponíveis há menos de um ano no mercado.
Crédito No último quadrimestre de 2008, embora 63% dos empresários tenham respondido que foram afetados pela crise, 65% afirmaram que não houve necessidade de tomar dinheiro emprestado aos bancos. Uma parcela dos empresários acredita que os juros do sistema financeiro ficarão mais baixos em 2009 (35% acham que os juros vão diminuir; 34% que não haverá alteração e 31% que os juros vão aumentar), porém a maioria não deve recorrer a novos empréstimos. Quando perguntados sobre qual a perspectiva do grau de endividamento para este ano, 33% responderam que as dívidas deverão diminuir, 53% afirmaram que o índice não deve sofrer alteração e apenas 14% acreditam que aumentarão o grau de endividamento.
Metodologia Para a composição da sondagem, foram entrevistados 2.937 empresários dos setores da indústria, agronegócios, comércio e serviços, distribuídos nos 26 estados do País e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas no período de 3 a 13 de março pelas Centrais de Relacionamento do Sebrae nos estados.
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EXPECTATIVA
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A VOZ DA EXPERIÊNCIA
Mestre dos
arranjos Conciliando experiência e intuição, o aprendiz de florista na infância tornou-se um dos pioneiros no Brasil a vender flores pela internet por Diogo Honorato
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honorato@empreendedor.com.br
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O empresário paulista Clóvis Souza, diretor-geral da Giuliana Flores, cresceu respirando o perfume das rosas. De seus 38 anos, quase três décadas foram dedicadas ao ofício de florista. Como os pais trabalhavam e a família era humilde (o pai era enfermeiro e a mãe vendia leite fermentado na rua), Souza, então com 10 anos, não teria com quem ficar depois que chegasse do colégio. Preocupada com o que poderia acontecer se o filho passasse todas as tardes sozinho e ocioso, a mãe resolveu oferecer a ajuda do menino à floricultura que funcionava no térreo do sobrado onde a família morava. O que ela não imaginava era que daquela iniciativa germinaria uma empresa que hoje é responsável pela renda de toda a família. Na loja, Souza passou a ajudar na floricultura em trabalhos leves, como raspar rosas, tirar pétalas secas, trocar água dos vasos e aramar – essa última, uma tarefa necessária naqueles anos, quando o caule das rosas não era tão resistente quanto o das flores de hoje. Em períodos de grande movimento, como Finados e Dia das Mães, ele ajudava a vender as rosas (na época, principal produto das flo-
riculturas) fora do estabelecimento. Com o ordenado que recebia, cerca de meio salário mínimo, Souza podia ajudar com as contas da casa e reservava uma parte do dinheiro. A maior riqueza, no entanto, foi o fato de se tornar um aprendiz de florista. Com dois anos de casa, ele já sabia montar arranjos com flores. “Na época, era difícil ter mão-de-obra específica e qualificada. Hoje, é muito mais fácil, todo mundo é florista”, conta. Sua experiência influenciou em sua opinião sobre incentivar os jovens a buscarem a aprendizagem profissional – o que é diferente da exploração do trabalho infantil. “Acho importante aprender uma profissão. Se vai segui-la ou não, é outra conversa. Caso eu não tivesse começado cedo, hoje eu não teria essa naturalidade em lidar com flores”, opina. Clóvis Souza, que é o mais velho dos três irmãos, conta que em sua família todos os filhos foram incentivados a trabalhar desde pequenos. “Entre nós, o mais ‘folgado’ começou com 14 anos”, brinca. Foram quase dez anos de empregado, seis só na primeira floricultura, até decidir abrir seu próprio negócio, em 1990. Mas até o dia em que foi ajudar um amigo a alugar uma casa, a ideia não lhe havia ocorrido. “Fui com ele colocar uma placa de ‘aluga-se’ e vi
Clóvis Souza
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Nascimento: 1970, em São Paulo Formação: Ensino médio Empresa: Giuliana Flores Ramo de atuação: Venda de flores e presentes Cidade-sede: São Caetano do Sul (SP)
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um monte de carros passando. Pensei: ‘Aqui dá um bom local para uma loja’. Foi em um estalo, nada premeditado”, relembra Souza. O florista quis arriscar. Juntou as economias que guardara nos anos anteriores e vendeu a Variant ano 1972 que possuía para conseguir montar a loja. Para economizar, ele mesmo fez a reforma do local. E com medo de não conseguir pagar o aluguel do espaço, continuou como empregado por alguns meses, o que o obrigava a tocar seu projeto pessoal em apenas um período do dia. Os primeiros anos, como os da maioria dos novos empresários, foram de desafios. “O começo é hora de aprender com o próprio negócio, pois não se tem base nenhuma. Ainda não tinha conhecimento sobre como é ser patrão”, diz. “Eu queria fazer tudo: montar o arranjo, fazer a ven-
da e entregar. Com o tempo, aprendi que a gente tem que ser um time e não dá para fazer tudo sozinho. Descobri que poderia vender mais com um motorista entregando para mim e um funcionário montando um arranjo, enquanto eu corria atrás de mais clientes”, explica. E, de repente, o negócio começava a ganhar proporções maiores do que ele esperava. “Eu só pensava em ter uma lojinha para mim. Não uma empresa com o tamanho que hoje temos.”
Lugar ao sol Receita para crescer? Regar o negócio todo dia e colocá-lo na incidência direta de luz sempre que possível. Souza tinha montado sua loja entre outras floriculturas, que tinham mais de 10 anos de ponto. Por
isso ele tratou de se diferenciar para atrair a atenção dos clientes e fazer com que a loja conseguisse seu lugar ao sol. “Eu ia sempre a Embu das Artes (a 35 quilômetros da capital) e tentava buscar coisas diferentes, algo que não fosse apenas rosa”, conta. Clóvis Souza também caprichou na decoração. Ele instalou um painel chamativo e deu novos ares ao estabelecimento, usando elementos como capim barba-de-bode, cipós (que iam do teto até o chão) e calçada de pedra. “Hoje é muito normal e até cafona. Mas, na época, as lojas eram diferentes. As que existiam lá tinham história, mas estavam acomodadas. Assim como elas, ainda hoje vemos outras floriculturas com fachadas horríveis, luz queimada. Daí fica difícil vender!” Nesses anos, ele aprendeu que, assim como as flores, os clientes precisam ser bem
O QUE FAZER Ser apaixonado pelo que faz Ter sempre o cliente e a sua satisfação como foco principal Persistir. Unir o esforço e o talento
O QUE NÃO FAZER Permanecer na zona de conforto Acumular para si funções que possam ser divididas Desvalorizar sua equipe de trabalho
tratados. “Sempre gostei de promoções do tipo ‘compre e ganhe’. Se o cliente comprava um buquê de 12 flores, eu colocava mais três de brinde. Em outros casos, dava frete grátis ou desconto”, detalha. “Para mim, se o cliente entrou na loja, é preciso convencê-lo a comprar, nem que seja um produto de R$ 1.” Disposto a atrair e receber bem os clientes, Souza reunia forças para trabalhar de domingo a domingo, o que não chegava a ser tão ruim para alguém que se diz apaixonado pelo que faz. “Gosto de pegar o produto bruto e transformá-lo em arranjo ou em decoração. É uma arte, como pintar uma tela. Tanto que hoje o antigo florista é chamado de ‘artista floral’”, confessa o empreendedor, que também se diz realizado quando vê seus caminhões saindo cheios de produtos. Para ele, para se ter sucesso,
sempre é preciso dominar o assunto e amar o que se faz, independente do ramo. Em seis anos, Souza conseguiu abrir mais duas lojas. “Eu tinha o sonho de ter 10 lojas físicas porque considerava que sabia administrar e comprar para 10 lojas. Queria dominar a cidade de São Caetano do Sul (onde ficam as lojas). Se fosse falar sobre flor, eu queria que falasse o nome da minha empresa.” Mas seus planos mudaram quando descobriu que poderia ganhar dinheiro com um novo canal, a internet – estratégia semelhante à venda por telefone a partir de catálogo, só que a um preço bem menor. “Pensar que alguém pode comprar enquanto você está dormindo, na época, era uma coisa dos sonhos”, diz. Entrar no mercado on-line, em 2000, não foi muito diferente da criação da primeira loja física. De cara, descobriu que construir um site próprio, nos moldes que imaginava, gastaria 20 vezes mais do que estava disposto a pagar. Dessa vez, Souza teve que se contentar em usufruir dos serviços de hospedagem de sites, que já oferecem design e sistema próprio, mas que são muito engessados. “No começo, todo mundo acha que é só colocar um site no ar e começar a vender. Só depois descobre que existe uma série de outros processos por trás.” Para ele, o segredo de ter sucesso na internet é justamente começar pequeno – “a não ser que tenha muito dinheiro para investir em uma equipe”, pondera. Com o crescimento do comércio online (em três anos já representava metade do faturamento da empresa), Souza também era obrigado a dividir sua atenção entre os dois meios – já que, como percebera, é possível ganhar dinheiro na internet enquanto se dorme, mas não dormir o dia todo. E cada vez mais ele perdia o contato pessoal com os clientes fiéis, que prezavam pela atenção personalizada. Para resolver o problema, Souza resolveu separar as ações: passou para a irmã a gerência das lojas físicas e ele se concentrou no comércio online, já que mais uma loja havia sido criada: a Cestas Michele. Focado, Souza intensificou suas ações de marketing , área que vinha lhe interessando há tempos. Além de promoções semelhantes às oferecidas nas lojas físicas, passou a buscar diferentes formas de divulgação. Tentou mídias como painéis e adesivos em
carros, mas o comércio on-line floresceu mesmo depois de conseguir uma parceria com um banco privado, que permitiu que a empresa colocasse encarte com os produtos em todas as faturas do cartão enviadas por correio, sem nenhum custo. “Fiquei muito feliz, pois mais de 1 milhão de pessoas veriam minha marca. Como eu era pequeno, vi que, para crescer, tinha que me associar a uma marca grande”, relembra. Depois do primeiro acordo, o empresário resolveu apostar em ações de interesse mútuo entre empresas: elas divulgavam a Giuliana Flores e os clientes dessas empresas ganhavam benefícios como desconto ou brindes. A partir do momento que conseguiu a primeira, podia chegar a outro lugar e dizer que já tinha feito parceria com um grande banco e com isso outras também passavam a acreditar em nós. Foi o que mais nos ajudou a crescer”, garante o empreendedor. Hoje já são cerca de 400 parcerias. A empresa possui três lojas físicas e mais três virtuais – além da Giuliana Flores e da Cestas Michele, que cresceram 42% e 102% no ano passado, respectivamente, há quatro anos foi criada a Nova Flores (crescimento de 173%), site focado no mercado da classe C, que nos últimos anos aumentou seu acesso à internet. Somados todos os negócios, são processados em média 14 mil pedidos por mês, com tíquete médio de R$ 94, segundo informa o diretor da empresa. Os números dão uma noção do faturamento da Giuliana Flores, cujo número exato ele não divulga. Para dar conta de tanto trabalho, a empresa conta com 82 colaboradores, mais os familiares que também trabalham no grupo. Apesar de ainda estar na flor da idade, Clóvis Souza afirma que se parasse de trabalhar hoje, ainda assim se consideraria realizado, pois sua empresa é uma das principais no comércio on-line de flores e presentes no País. Mas outra conquista também satisfez o empresário: a casa que Souza conseguiu comprar para a mãe há 15 anos. Uma homenagem a quem, desde cedo, preparou um terreno fértil para o desenvolvimento de um empreendedor.
LINHA DIRETA Clóvis Souza: (11) 3383-1703
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BÚSSOLA EMPRESARIAL
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TI
ESCRITÓRIO DE BOLSO Smartphones e PDAs funcionam como computadores de mesa, com a vantagem da mobilidade e outras possibilidades de uso
por Diogo Honorato
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honorato@empreendedor.com.br
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Eles são quadradões e este ano completam umaa década de história. Mas, ainda hoje, são os melhoress amigos dos executivos modernos – e, claro, de seus negócios. Falamos dos smartphones e PDAs, que possibilitam bilitam levar o escritório no bolso, acessando ou produzindo uzindo documentos como em um desktop. Um alívio paraa quem não quer (ou não pode) ficar o tempo todo em suaa mesa, e um terror para quem tenta se desligar do trabalho lho nas horas de folga. Se antes os Assistentes Pessoais Digitais (nome me cujas iniciais em inglês formam a sigla PDA) podiam ser er facilmente diferenciados dos smartphones pelo fato de não fazerem ligações, hoje essa categorização se mistura, ura, haja vista a existência de modelos de PDA com celularr integrado. E, embora novos recursos sejam lançados toda semana, as funções básicas já podem ser bastante úteis: podem odem ser usadas para gerenciar informações pessoais – como mo agenda de contatos, gerador de tarefas a fazer, armazenador enador de compromissos, etc. – e para produzir ou visualizarr arquivos de texto, planilhas e apresentações, através de versões sões adaptadas de tradicionais aplicativos de escritório. Os PDAs, também chamados de Handhelds, ainda nda aceitam a instalação de softwares complementares, adquiridos dos à parte pelos usuários. E nesse caso há uma infinidade dee aplicações. Uma delas é o uso de PDAs como comanda digital al em restaurantes e lanchonetes. Funciona assim: utilizando um software próprio e uma rede interna, os garçons anotam os pedidos nos PDAs, que são enviados via rede local wi-fi para a cozinha, agilizando o atendimento. Com o sistema Enjoy Delivery, ry, a empresa MASS.COM foi além: a cada pedido, não apenas a cozinha, mas o próprio proprietário do estabelecimento pode acompanhar,
e-mails e desconheça a potencialidade do aparelho. Com o objetivo de aumentar as possibilidades do uso dos smartphones, a Navita, empresa especializada em soluções móveis, desenvolveu um sistema que leva para os terminais inteligentes algumas tarefas usuais em computadores. “O mundo hoje é muito dinâmico. Os diretores passam o tempo inteiro fora de suas mesas, ou fazendo reunião ou fora da empresas. Por isso, o mercado corporativo hoje demanda mobilidade”, avalia Roberto Dariva, diretor-executivo da Navita. O Sistema Navita Mobile possui módulos de workflow
“Acessando o sistema, é possível saber a movimentação em tempo real. É como se estivesse de olho em todo o negócio, mesmo sem estar lá”
(fluxo de trabalho) de aprovação de viagem, de crédito, de compra, entre outros. Em todos os casos, o princípio é o mesmo: conectar-se ao sistema de fluxo de trabalho já existente na empresa e disponibilizar a funcionalidade dos aplicativos originais na plataforma BlackBerry. “Há empresas que pagavam uma fortuna em passagens, pois a aprovação de viagens era demorada e sempre acontecia em cima da hora, quando os bilhetes são mais caros”, conta Dariva. Conectados remotamente ao sistema da empresa, os smartphones se transformam em um assistente de vendas. “Eles são muito usados quando a empresa tem uma equipe de campo que precisa checar a base de dados para conferir disponibilidade de produtos, preços e já encaminhar pedidos”, diz Ari Boehme, superintendente regional da TIM Sul. Com uma impressora conectada via bluetooth ainda é possível imprimir contratos na mesma hora que se fecha um acordo. Como ressalta Boehme, muitos dos sistemas de gestão (ERP) utilizados hoje nas empresas já possuem versões móveis, o que facilita a integração entre as duas plataformas. Mas como os smartphones são mini-
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a distância, utilizando um celular ou smartphone, a situação do negócio. “Acessando o sistema, via internet, ele pode saber a movimentação em tempo real e saber o que está acontecendo em relação a estoque. É como se estivesse de olho em todo o negócio, mesmo sem estar lá”, explica Marco Aurélio Santos de Souza, CEO da empresa. Utilizando o mesmo princípio, a MGI comercializa uma solução de retaguarda voltada para o mercado hoteleiro utilizando PDAs: o sistema “Camareira Eletrônica”. O aplicativo automatiza preenchimento de formulários de governança, como os usados para informar a conclusão da limpeza em um quarto e registro do consumo do frigobar, ou ainda sobre as preferências de um hóspede. O aplicativo também está apto a trabalhar integrado ao sistema de gestão do hotel. Já os smartphones, além das funções dos PDAs, também fazem ligações. Mas realizar chamadas quase não será necessário. Assinando um pacote de transmissão de dados, o usuário terá acesso à internet e todas as suas possibilidades. Apesar disso, não é difícil encontrar quem utilize seu smartphone apenas para receber e enviar
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TI
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computadores, também há problemas de compatibilidade entre os sistemas operacionais usados em cada aparelho. Por isso, deve-se levar em conta qual o aplicativo utilizado pela empresa na hora de escolher o telefone mais adequado. Em casos de aplicativos que rodam via internet e se adaptam ao formato de tela dos smartphones, não há problemas de compatibilidade. Para usos pessoais, ainda existem diversos aplicativos que são vendidos em sites especializados, divididos de acordo com o fabricante. Entre os homens de negócio, os smartphones com maior tradição são os modelos BlackBerry, fabricados pela Research in Motion (RIM). Além de terem sido os pioneiros (chegaram ao Brasil em 2004), os BlackBerries se destacam pela segurança e pela usabilidade do teclado (que contém todo o alfabeto, o que facilita a comunicação via texto). “Toda comunicação via BlackBerry é criptografada, ao contrário dos outros smartphones. Isso dificulta o acesso de hackers às informações da empresa”, explica Roberto Dariva, da Navita. Mas para que a segurança seja completa, é indicado que a empresa possua um servidor próprio de comunicação móvel, conhecido como BES (sigla para BlackBerry Enterpriser Server). Ele será o responsável por garantir a segurança dos dados trafegados pelos colaboradores da empresa, via e-mail, e também permite gerenciar as permissões de todos os smartphones que integram a rede, como acontece nas redes internas de desktops de algumas empresas (restringindo o uso de câmeras, por exemplo). Assim, é possível estender a segurança usada no ambiente corporativo ao espaço externo. Para empresas menores, que não possuam servidores de e-mail próprios nem condições de implantar um BES, algumas operadoras de telefonia móvel oferecem serviço semelhante. “Usando um servidor da RIM, instalado dentro de nosso parque tecnológico, o usuário pode cadastrar seu e-mail e utilizá-lo normalmente”, explica Ari Boehme, da TIM. Os preços dos aparelhos fazem jus aos recursos disponíveis, mas as operadoras oferecem aparelhos a baixo custo ou mesmo de graça. Um aparelho Palm Centro, por exemplo, pode ser adquirido
Dariva: “Toda comunicação via BlackBerry é criptografada. Isso dificulta o acesso de hackers às informações da empresa”
por R$ 99, mediante contratação de plano de telefonia de 120 minutos, enquanto o usuário recebe o HTC Touch ou o Samsung i617 na contratação de um plano de 250 minutos mais pacote ilimitado de dados. Apesar dos preços, acredite: com um smartphone no bolso, você nem vai se importar em esvaziá-lo.
LINHA DIRETA Marco de Souza (MASS.COM): (47) 3001-5599 Roberto Dariva (Navita): (11) 3045-6373 TIM (atendimento corporativo): *144
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PHOTOSTOGO
TI
Data center simplificado Um novo software simplifica gerenciamento de data centers virtualizados, o que ajuda os clientes a aumentar a eficiência de TI. O programa EMC Smarts Server Manager aumenta a visibilidade, o controle e a conformidade das operações em ambientes com infraestrutura mista. www.emc2.
com.br/0800 55 3622
Nota fiscal eletrônica Duas empresas de tecnologia catarinenses desenvolveram uma solução simples para as indústrias emitirem, receberem e transportarem notas fiscais eletrônicas. A DF-e Tecnologia desenvolve softwares para EDI (troca de documentos) e a Diativa Informática insere nesse sistema os processos de documentos fiscais eletrônicos. O principal foco dessa parceria é atender empresas ligadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).
www.diativa.com.br/www.dfe.com.br
Software para segurança Violações na segurança dos dados de uma empresa podem ser resolvidos com treinamento de funcionários. O Symantec Security Awareness Program é um programa de treinamento projetado para ajudar as organizações a conscientizarem seus colaboradores sobre os riscos das operações on-line. O programa pode ser customizado para atender qualquer público, independentemente do cargo, responsabilidade, indústria ou localização geográfica.
www.symantec.com
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Solução para backup
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Pequenas e médias empresas podem armazenar e proteger melhor suas informações com o HP StorageWorks RDX lançado pela HP. Baseado em disco removível, ele permite o armazenamento das informações em tempo real. Há três versões em 160 GB, 320 GB e 500 GB. Os cartuchos são pequenos, leves, resistentes e fáceis de transportar. O RDX faz sincronização automática e contínua dos dados e não necessita de intervenção manual. O produto chega às revendas autorizadas ao preço de R$ 750. www.hp.com.br
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Sugestão de funcionários
RH integrado Empresas com até 50 funcionários podem otimizar os processos de folha de pagamento e gestão dos recursos humanos com a informatização dos processos. A Sispro, empresa de software e serviços de TI, disponibiliza o software Sispro Rh na modalidade ASP (Application Server Provider). Com o sistema é possível ter a gestão integrada do ponto eletrônico, quadro funcional, cargos e salários, recrutamento e seleção. Uma de suas principais características é a redução do tempo e dos custos. “Empresas de menor porte têm a possibilidade de utilizar o Sispro Rh com um projeto adequado ao tamanho da empresa, possibilitando significativa melhoria na gestão dos processos internos com um custo compatível com o seu orçamento”, afirma Pedro Cesar de Melo, gestor do produto RH da Sispro. www.sispro.com.br
a troca de ideias entre os mais diversos públicos de uma companhia sobre seus produtos e serviços. “Com alguns cliques é possível ter um fórum interativo. Ouvir a opinião dos clientes e empre-
gados é fundamental para apontar erros e sugerir soluções para um determinado produto ou serviço”, explica Otávio Sampaio, gerente de projetos da RioPro Informática. www.zest.com.br
Documentos em ordem A WK Sistemas lança software para o arquivamento e controle de documentos digitais e físicos através de catalogação e armazenamento. O Radar GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos) permite a consulta e o cadastro de documentos na web, gerando economia
de tempo e ganho de produtividade nos processos de verificação, produção e envio de cópias. O Radar GED impede o acesso indevido aos documentos por fora do sistema e realiza o controle de versões dos documentos alterados.
www.wk.com.br
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O software Zest, criado pela RioPro Informática, promete inovar o conceito de comunicação entre as empresas e seus funcionários. É uma ferramenta de comunicação virtual que permite
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FRANQUIAS
Abrir uma unidade franqueada é uma boa opção para profissionais recém-formados na área da saúde por Diogo Honorato honorato@empreendedor.com.br
Desde a fundação da primeira faculdade do Brasil, em 1808, na Bahia, que se considera a saúde uma área rentável – prova disso é que o primeiro curso foi justamente o de Medicina. No ramo de franchising, o valor do serviço combinado à eficiência administrativa tem ajudado a consolidar essa percepção. De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de Saúde, Beleza, Esporte e Lazer faturou R$ 8,4 bilhões em 2008, crescimento de 25,8% sobre o ano anterior. Para quem ainda está começando a carreira e está interessado em abrir seu consultório, mas teme não conseguir clientes, tornar-se um franqueado pode ser a prescrição mais adequada. “A vantagem é que esse profissional atuará em uma clínica com renome e pode utilizar o suporte oferecido pela rede. Com isso, eles ficam mais seguros em abrir seu próprio negócio”, afirma Márcia Rosely Mira, gerente de franquias da Odontoclinic. Em busca de profissionais
saudável
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Negócio
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Ramuth, fundador da Emagrecentro: certificação respalda os franqueados contra possíveis efeitos colaterais e problemas judiciais maioria das vezes têm como única opção divulgar seu trabalho através da indicação de outros pacientes. No caso da franquia, as ações para atrair clientes ganham maior força. Na Sorridents Clínicas Odontológicas, por exemplo, as ações de marketing e propaganda reforçam a qualidade, diversidade e acessibilidade dos tratamentos oferecidos pelas unidades da rede. “Nossas campanhas obedecem às regras do Procon e código de ética da Odontologia, que impõe diversas restrições à área de saúde”, garante o diretor de franchising Cléber Soares. “Como franqueado, o investidor terá acesso à propaganda cooperativada em nível regional e nacional, com materiais de propaganda de alto nível”, diz. Para divulgar a marca, a franquia cobra taxa equivalente a 2% do faturamento bruto da unidade. Outra vantagem comparativa, de acordo com Soares, é o poder de barganha que as franquias possibilitam na aquisição de materiais, já que o volume é maior (no caso em que os franqueados compram conjuntamente). Só a Sorridents possui 90 clínicas e espera inaugurar mais 54 ainda este ano. Além disso, a reunião das informações e experiências de todas as unidades gera uma amplitude de conhecimentos que o empreendedor independente dificilmente teria acesso. Quando o assunto é estética e emagre-
cimento, sempre há alguém que conheça um novo tratamento e outra pessoa que conteste sua eficácia. Por isso, certificar-se sobre os efeitos de um método pode ser a receita para a satisfação dos clientes e um boca-a-boca bem-sucedido. Como nem todos os profissionais têm qualificação para testar as novidades em técnicas e produtos, utilizar a estrutura de um franqueador é a melhor alternativa. Uma das franquias que investe em pesquisas que certifiquem produtos e procedimentos é a Emagrecentro, a maior rede de emagrecimento e estética do Brasil, composta por 84 unidades franqueadas e três próprias.
Princípios básicos Segundo afirma o cirurgião plástico Edson Ramuth, fundador da Emagrecentro, a franquia segue três princípios em relação aos tratamentos usados: eles não podem gerar riscos para o paciente ou para o profissional que o executa, devem ser eficazes e lucrativos. “Todos os nossos tratamentos são baseados em trabalhos científicos. Antes de adotá-los, fazemos um estudo bibliográfico sobre seus efeitos e fazemos testes em nossa unidade piloto para verificar as informações”, garante Ramuth. Do mesmo modo que garante a qualidade dos serviços, a certi-
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com esse perfil, a rede deve divulgar seus atrativos entre alunos do último semestre de graduação em Odontologia a partir deste ano. Para os recém-formados que se interessarem, é importante ter algumas economias guardadas: o custo mínimo de instalação é de R$ 150 mil. Mas em muitas franquias, incluindo a Odontoclinic, não é preciso ter formação na área de saúde para se tornar um franqueado. A formatação oferecida pelas franquias evita que os empreendedores da saúde cometam erros administrativos e comprometam a rentabilidade do negócio. Márcia Mira cita que um agendamento eficiente, por exemplo, pode ajudar a reduzir os custos operacionais. “Às vezes há um paciente às 8h e outro para as 10h. E esse horário vago precisará ser pago para o dentista. São detalhes como esse que, somados no fim do mês, fazem diferença”, explica. Nessa linha, o formato adotado pelas unidades utiliza os serviços de profissionais de nove especialidades odontológicas, concentrando os procedimentos em um só local. Isso agiliza os tratamentos, já que os pacientes não precisam se deslocar. Com o aporte de uma administração bem preparada, o profissional pode se concentrar em atender bem o cliente. Trabalhando como autônomos e individualmente, os profissionais da saúde na
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FRANQUIAS
ficação respalda os franqueados contra possíveis efeitos colaterais e problemas judiciais, que Ramuth afirma nunca ter ocorrido em 22 anos de existência da franquia.
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Recursos modernos
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Junto com as novas técnicas de melhoramento estético surge também a necessidade de saber aplicar corretamente os recursos mais modernos – a franquia também oferece treinamentos para os colaboradores de cada unidade sobre todos os procedimentos realizados, com aulas teóricas e práticas. A qualificação se estende também aos profissionais da área administrativa dos franqueados. De acordo com Edson Ramuth, outros diferenciais da rede são as taxas cobradas – não há nem de franquia nem de publicidade – e os custos de instalação a partir de R$ 30 mil. Para o executivo, o número de 150 mil clientes atendidos pode ser atribuído aos preços acessíveis que são praticados, voltados para público das classes B e C. Com a alta procura, a franquia assegura lucratividade de 50% em média ( já descontadas taxas de royalties de 16,6%) e retorno entre seis e oito meses. No mercado de saúde e estética, um segmento que o Brasil se destaca é o de cirurgias plásticas. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estima que em 2008
Korn, da AGS: “Temos os melhores cirurgiões plásticos do mundo, mas eles não são treinados para serem administradores”
cerca de 630 mil intervenções foram realizadas no Brasil, sendo que mais da metade (53%) delas é de mama ou lipoaspirações. Atento a esse mercado, o Centro Nacional de Cirurgia Plástica (AGS) criou um sistema de franchising baseado em serviços de intermediação entre pacientes e profissionais da saúde. Ou seja, realiza tarefas administrativas, que muitas vezes acabam ficando a cargo do médico e de sua equipe. “No Brasil, temos os melhores cirurgiões plásticos do mundo, mas eles não são treinados para serem administradores”, justifica Arnaldo Korn, diretor da AGS. Os escritórios da franquia (12 ao todo) atendem os interessados nas cirurgias e os direcionam aos especialistas mais adequados. Após o diagnóstico, a empresa passa a cuidar da parte legal e financeira do processo, como elaboração de contratos, orçamentos, aquisição de materiais (como prótese de silicone) e agendamentos hospitalares. A formalização desses processos e o foco nos aspectos administrativos propiciam condições mais acessíveis aos interessados em cirurgias plásticas, de acordo com o diretor da AGS. Um exemplo do trabalho realizado pela rede é a busca de melhores condições de pagamento, que incluem acordos com instituições financeiras em busca de menores taxas de juros ou negociação com fornecedores para conseguir melhores
preços de materiais cirúrgicos. Como lembra Korn, essas são ações que os médicos, individualmente, não possuem expertise para fazer. O diretor, que é pós-graduado em administração hospitalar, informa que com esse trabalho um implante de silicone que custa no mercado, em média, R$ 10 mil, pode sair pela metade do valor. Já o pagamento pode ser parcelado em até 24 vezes, o que torna a operação atrativa mesmo para pessoas de menor poder aquisitivo. “Não são só os ricos que querem ficar bonitos, pois hoje buscar bem-estar virou uma necessidade, não apenas uma coisa fútil.” Acompanhando as atualizações da legislação, que a partir de 2009 passou a autorizar a utilização da carta de crédito como forma de pagamento de cirurgias plásticas, Korn adianta que a franquia já estuda a adoção dessa nova modalidade de financiamento. É o que clientes precisam para manter a saúde financeira em boas condições.
LINHA DIRETA AGS: (11) 4508-6361 Emagrecentro: (11) 5585-2700 Odontoclinic: (11) 2181-3826 Sorridents: (11) 2076-5040
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Coisas de homem
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CASA DA PHOTO
A marca de underwear masculino U/W, especializada na confecção de cuecas, meias, pijamas e camisetas, abre sua segunda loja em Manaus no Manauara Shopping. A U/W pertence à
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Casa das Cuecas, empresa paulista que está no mercado há 40 anos. Atualmente, a U/W – Casa das Cuecas possui 26 lojas em funcionamento. A previsão é ter 40 lojas em operação nas princi-
pais cidades do Brasil até o final de 2010. A rede pretende expandir seus investimentos em Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória. www.casadascuecas.com.br
Serviço de entrega A rede Vivenda do Camarão inaugurou a primeira unidade delivery. A loja, que está localizada na Vila Olímpia em São Paulo, trabalha somente com serviço de entrega em domicílio. A nova unidade é própria, mas há expectativas de franquear também esse tipo de negócio já a partir do segundo semestre. “Sentimos uma demanda muito forte por este tipo de produto, já que não existe no mercado nenhuma empresa de delivery que entregue pratos elaborados de frutos do mar”, comenta Rodrigo Perri, diretor da rede.
www.vivendadocamarão.com.br
Lojas pequenas A Estação do Pão de Queijo, franquia especializada em comércio de pães de queijo e biscoitos, quer expandir os negócios investindo em unidades pequenas com aproximadamente 60 metros quadrados. A rede que atualmente conta com 11 unidades prevê a abertura de lojas de rua pequenas e localizadas em centros comerciais.
www.estacaodopaodequeijo.com.br
Expansão estratégica deste. A expectativa é contar com cinco escolas na cidade até o final do ano. Em Porto Alegre, a meta de crescimento é de 15%. O Yázigi conta com 10 unidades na capital e uma em Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre. www.yazigi.com.br
Excelência profissional
www.microlins.com.br
As duas unidades do Ragazzo inauguradas em São José do Rio Preto são as primeiras de uma série de novos restaurantes da rede no interior paulista. A Ragazzo fast-food, especializada em massas, saladas e lanches, acredita que o crescimento dos setores produtivos das cidades do interior dão plenas condições para que a rede seja um atraente negócio para franqueados.
www.ragazzofastfood.com.br
PHOTOSTOGO
A Microlins, especializada em cursos profissionalizantes, mantém pelo sexto ano consecutivo o selo de excelência da Associação Brasileira de Franchising (ABF) na categoria Master concedida às marcas com mais de 10 anos. Todos os franqueadores da rede avaliaram os aspectos éticos e técnicos do franchising assim como o compromisso da rede em seguir o Código de Autorregulamentação do setor. A rede oferece mais de 40 cursos desenvolvidos de acordo com as exigências do mercado.
Rumo interior
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O Yázigi Internexus, franquia de idiomas no Brasil, deve inaugurar 30 unidades até o fim de 2009. A rede quer expandir os negócios em Vitória e Porto Alegre. A capital capixaba é considerada um ponto estratégico para o Yázigi na Região Su-
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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO
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Fr a nq u i a em exp an s ão
PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO
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Novidades Motorola
A Motorola apresenta dois novos produtos de captura de dados: um leitor de código de barras e um micro kiosk (verificador de preços). O leitor de código de barras Imager DS9808 é um produto híbrido com leitura rápida de códigos 1D e 2D e que captura imagens e assinaturas. A empresa também lança o verificador de preços MK500, de tamanho compacto, o que possibilita instalação em ambientes antes inacessíveis. As aplicações típicas do produto incluem verificação de preços, consulta do cartão de fidelidade, cartão próprio da loja e acesso à agenda de trabalho das escalas. www.motorola.com.br
Obrigações fiscais “Com a inclusão da tabela, o empresário tem um importante ganho para a sua tomada de decisões, entre elas como evitar multas por embarque de mercadorias fora do prazo, com a exigência da licença de importação”, esclarece o gerente técnico nacional da Aduaneiras, Amaro José dos Santos. www.aduaneiras.com.br PHOTOSTOGO
Nova versão do software Tecwin ajuda o empresário a cumprir as obrigações fiscais. O sistema permite conhecer dados sobre taxas de juros, códigos da Receita Federal, indicadores econômicos e outras taxas. O Tecwin tem ainda a Tabela Tratamento Administrativo do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
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Cargas aéreas
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A Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A lança o Gollog Express, sua unidade de negócios de cargas aéreas. Os serviços foram desenvolvidos para atender à demanda do mercado de cargas expressas. As cargas enviadas têm até as 18h do dia seguinte ao despacho para serem entregues nas principais cidades brasileiras atendidas pela Gol. A empresa oferece ainda o Gollog Próximo Voo, que despacha a carga no próximo voo disponível, e em até duas horas é possível retirá-la no local de destino. www.voegol.com.br
Facas resistentes
Impressoras inteligentes A Zebra Technologies lança a impressora HC100, desenvolvida para confecção de pulseiras para identificação hospitalar, lazer, hotelaria e entretenimento. As
pulseiras Z-band, utilizadas nas HC100, são as únicas do mercado com cobertura antimicrobiana e disponíveis nos tamanhos adulto, infantil e pediátrico. Outra
novidade é a GK420T, primeira impressora desktop com opção Bluetooth, com painel LCD e disponível para o opcional wireless. www.zebra.com
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em matéria-prima e métodos de fabricação diferenciados para facas de colheitadeiras é consequência da compreensão que a Bellota tem sobre a influência que produtos de qualidade exercem na eficácia e economia dos processos produtivos em usinas de cana”, explica o gerente de marketing agrícola, Giulliano Chinchio. www.bellota.com.br
Testes feitos pela consultoria Agricef com cinco marcas especializadas no sistema de corte basal das colhedoras de cana mostraram que a faca Bellota tem a menor incidência de desgaste e quebra. As facas da marca têm 5 milímetros, mas obtêm os mesmos resultados que uma peça de 6 milímetros, sem agredir a estrutura da cana. “O investimento
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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S
Decisões rápidas A Teradata Corporation, especializada em datawarehousing, e a SAS, empresa de inteligência analítica de negócios, lançam novas soluções analíticas e de otimização de serviços para data-base. As duas empresas firmaram uma parceria e apresentam ao mercado hardwares, softwares e serviços para acelerar as funções do aplicativo SAS Analytics dentro do datawarehouse da Teradata, o que faz reduzir o tempo que as empresas gastam com tomadas de decisões negociais. “A decisão de formar uma aliança estratégica com a SAS nos permitiu oferecer às empresas serviços e ferramentas capazes de agilizar em até 45 vezes seus processos internos”, comenta Rob Berman, vice-presidente de parcerias da Teradata. www.sas.com
Eventos corporativos A proposta da empresa Revolux Eventos Conceituais é organizar encontros corporativos para estimular o networking e promover o relacionamento entre empresários com interesses em comum. A empresa, que é coordenada pela jornalista Maria Priscila Alves, já organizou eventos para a Embaixada do Reino Unido no Brasil, Ministério do Turismo e Confederação Brasileira de Conventions & Visitors Bureaux. www.mapacomunicacao.com.br
Transações eletrônicas O empresário pode automatizar as operações bancárias, evitar fraudes e garantir a segurança do estabelecimento utilizando o programa Pos Pertos e Minitrap, da empresa Perto. As operações são realizadas com o Pos Pertos e as cédulas recebidas são depositadas no Minitrap, que valida e conta automaticamente as notas. Através do switch, todas as informações da transação ficam disponíveis on-line para o banco. O Minitrap conta automaticamente as cédulas, verifica a autenticidade e as armazena em um cassete lacrado. O equipamento verifica possíveis falsificações, protege contra perdas por furtos internos e assaltos e ainda elimina qualquer erro de contagem de cédulas.
www.perto.com.br
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Bobinas térmi térmicas
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A Maxprint, empresa do ssegmento de suprimentos de informática e escritório, la lança bobinas térmicas feitas de papel termossensível eem que a impressão é feita através do calor liberado. O pproduto tem características especiais: as bobinas são emba embaladas de duas em duas em embalagem flowpack inviolável, invioláve garantindo a segurança na hora da armazenagem. Com as impressoras e bobinas térmicas não há necessidade de armazenamento da via do fisco durante cinco anos, já que os dados ficam gravados d na forma de arquivos eletrônicos. A Maxprint atua há mais de 20 anos no mercado e tem mais de 800 produtos.
wwww.maxprint.com.br
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LEITURA
Best seller aperfeiçoado Obra cobre os aspectos básicos para quem quer se tornar empreendedor, vencer as dificuldades e administrar os riscos sários para o desenvolvimento sustentável das empresas e as mudanças provocadas pela revolução da informação. Vários empreendedores contribuíram para o conteúdo do livro com relatos de experiências, ideias, problemas e soluções. Outra novidade dessa edição é um site exclusivo em que há propostas de como usar os conceitos do empreendedorismo em sala de aula. O livro, que está em sua oitava edição, teve sua primeira versão publicada em 1989. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial foi escrito por Degen a partir das aulas ministradas no curso de especialização em Administração da Fundação Getulio Vargas.
Negociação
Coaching eficaz
Economia
O contrato assinado costuma ser visto como o ponto final das negociações, mas para Danny Ertel e Mark Gordon esse pode ser o início de um longo processo de relacionamento. Os autores de Negociação explicam como fazer a transição de uma mentalidade de negociador, centrado em fechar o acordo, para um posicionamento que pode gerar mais valor para a empresa.
O segredo para o sucesso profissional pode estar no coaching, um processo interativo e individual que auxilia pessoas a desenvolverem resultados mais satisfatórios em suas vidas. Em Coaching eficaz, David Clutterbuck une a teoria à prática, combinando técnicas de treinamento de equipes com experiências práticas de gestores.
Com texto claro e adaptado à realidade brasileira, o livro apresenta ideias centrais sobre economia. A obra, que está em sua oitava edição, busca desenvolver o pensamento crítico e o entendimento teórico dos estudantes sobre o tema. Há recursos didáticos, como análises de artigos jornalísticos, discussões sobre políticas públicas e exercícios.
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Danny Ertel e Mark Gordon Editora M.Books do Brasil – R$ 69
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O empreendedor: empreender como opção de carreira
O consultor Ronald J. Degen, uma das maiores referências no mundo empresarial, atualizou e complementou o clássico livro O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. A obra é um guia para montar o próprio negócio, vencer as dificuldades e administrar os riscos. O autor apresenta de modo didático e objetivo a evolução dos fundamentos da iniciativa empresarial e mostra que o sucesso do empreendedor depende da aplicação sistemática de técnicas administrativas. A obra conta também com uma parte dedicada às novas demandas empresariais, como os aspectos sociais e ambientais neces-
David Clutterbuck Editora Gente – R$ 69,90
Ronald Jean Degen – Editora Pearson Education – www.prenhall.com/degen_br R$ 79
SEGREDO DA LONGEVIDADE
“Importante frisar que este livro não é um mero apanhado das últimas teorias e modismos sobre o tema, como é comum em trabalhos acadêmicos. Ao contrário, aí talvez resida seu maior mérito, o uso da teoria para chegar à prática.” Roberto Civita, presidente da Abril (trecho do prefácio da primeira versão)
Michael Parkin Editora Pearson Education – R$ 119
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INFORMAÇÃO E CRÉDITO
Micro e pequenas puxam queda na demanda por crédito O Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito aponta que caiu em 6,6% a procura por crédito em todo o Brasil, em março de 2009 com relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre de 2009, o recuo é de 6,7% em relação ao primeiro trimestre de 2008. Em relação ao mês imediatamente anterior (fevereiro/09), março registrou elevação de
5,8% na procura das empresas por crédito, alta esta influenciada pelo menor número de dias úteis ocorridos em fevereiro. No primeiro trimestre, a região que apresentou a maior queda na demanda das empresas por crédito foi a Sul, retração de 8,8% em relação ao mesmo período de 2008, seguida de perto pelo Centro-Oeste (-8,3%) e Sudeste (-7,0%). Já as regiões Norte e Nordeste tiveram
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menores quedas, -1,9% e -3,0%, respectivamente, neste mesmo critério de comparação. Na classificação por porte, as micro e pequenas empresas foram as que mais se afastaram do crédito durante o primeiro trimestre de 2009, registrando queda de 6,9%. As médias empresas apresentaram recuo de 3,5% e as grandes empresas sofreram queda menor na demanda por crédito (-0,9%).
ANUAL ** MAR/09
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ACUMULADO ANO MAR/09
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Total por Porte.......13,3% ..........-10,8% ............ 5,8%................-8,7% ................-4,4% .............. -6,6%...............-8,7% ............. -6,7%............-6,7% MPE ........................14,2% ..........-11,4% ............ 6,1%................-9,1% ................-4,5% .............. -6,8%...............-9,1% ............. -7,0%............-6,9% Médias ......................2,3% ............-2,1% ............ 2,4%................-3,6% ................-3,0% .............. -3,9%...............-3,6% ............. -3,3%............-3,5% Grandes ...................0,7% ............-0,4% ............ 0,4%................-1,1% ................-0,7% .............. -0,9%...............-1,1% ............. -0,9%............-0,9% * sem ajuste sazonal | ** em relação ao mesmo mês do ano anterior
Vale ressaltar que todas estas categorias registraram aceleração da queda na demanda por crédito em março, quando avaliamos as evoluções dos comparativos anuais: micro e pequenas empresas passando de -4,5% em fevereiro de 2009 para -6,8% em março de 2009; médias empresas passando de -3,0% (fev/09)
para -3,9% (mar/09) e grandes empresas indo de -0,7% (fev/09) para -0,9% (mar/09). Na análise por segmento, a indústria recuou 10,1% em março de 2009 contra o mesmo mês do ano passado, liderando a queda na procura de crédito por parte das empresas. Já o comércio registrou queda de 8,1% e o setor
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de serviços caiu 3,5% em março de 2009 com relação a março de 2008. No acumulado do primeiro trimestre de 2009, o indicador apontou quedas generalizadas e muito parecidas na busca por crédito com relação aos primeiros três meses de 2008: indústria (-7,0%), comércio (-7,0%) e serviços (-6,4%).
ANUAL ** MAR/09
JAN/09
FEV/09
ACUMULADO ANO MAR/09
JAN/09
FEV/09
MAR/09
Total por Setor.......13,3% ..........-10,8% ............ 5,8%................-8,7% ................-4,4% .............. -6,6%...............-8,7% ............. -6,7%............-6,7% Indústria ................16,3% ..........-11,0% ............ 1,2%................-6,1% ................-4,8% ............ -10,1%...............-6,1% ............. -5,5%............-7,0% Comércio ...............14,7% ............-9,6% ............ 4,2%................-8,3% ................-4,3% .............. -8,1%...............-8,3% ............. -6,4%............-7,0% Serviços..................10,6% ..........-12,4% ............ 9,8%..............-10,4% ................-4,7% .............. -3,5%.............-10,4% ............. -7,8%............-6,4% Demais ...................12,5% ..................... ........ -11,6%.................2,2% ......................... .............. 0,2%................2,2% ...................... ............ 1,2% * sem ajuste sazonal | ** em relação ao mesmo mês do ano anterior
Francisco Valim, presidente da Serasa Experian
“Mais informação para definir políticas e estratégias”
Por que a Serasa Experian lançou esse novo indicador que acompanha a demanda por crédito no Brasil? Francisco Valim – Com a perspectiva de recessão em boa parte do planeta, é fundamental identificar as razões diretas para a retração do consumo, da produção e dos investimentos. Entender o comportamento dos agentes econômicos, sobretudo no crédito, é determinante para se definir políticas e estratégias – públicas e privadas – importantes para a recuperação econômica. Sendo o crédito um dos componentes mais sensíveis da economia em relação ao risco e à expectativa sobre o futuro próximo, monitorar sua demanda é essencial para os negócios e para estudos. O Indicador Serasa Experian de Demanda por
Crédito reflete os efeitos, no Brasil, da crise financeira global, que se agravou em setembro de 2008? Valim – Sim. Com os efeitos da crise no Brasil, a partir de outubro de 2008 houve significativa mudança no comportamento dos consumidores e das empresas em relação ao seu financiamento. Justamente para dimensionar esse fato e contribuir para análises mais precisas dessa conjuntura, a Serasa Experian, a exemplo do que se faz em países mais desenvolvidos, passou a acompanhar a demanda por crédito, por meio de uma amostra de 11,5 milhões de CPFs e 1,2 milhão de CNPJs por mês. O que o indicador tem revelado? Valim – Estudar a demanda do consumidor pelo crédito é fundamental por uma série de aspectos. Do lado macroeconômico, por exemplo, o consumo das famílias corresponde a 60% do PIB, o que por si só justifica esse acompanhamento. Do lado micro, a utilização do crédito facilita a aquisição de produtos de maior valor agregado, como imóveis, automóveis, material de construção e eletroeletrônicos, ou seja, é o próprio retrato da atividade econômica. Constatamos que renda e região
sofrem diferentes impactos na demanda por crédito no atual contexto. As pessoas físicas estão mais cautelosas em relação aos novos empréstimos por causa da insegurança sobre seu emprego, renda e inadimplência. E em relação às empresas? Valim – No caso das empresas, a busca por recursos de terceiros (crédito) é sinônimo de investimento, de financiamento de sua atividade (capital de giro) e de sua competitividade. Os setores e portes da pessoa jurídica sentem de forma distinta a conjuntura. Há uma reavaliação dos investimentos, um maior controle do endividamento e do gerenciamento do risco, com menor exposição. Como o senhor interpreta as sinalizações que o indicador tem apresentado? Valim – A demanda por crédito no Brasil precisa, o mais rápido possível, voltar a patamares mais altos, de forma a não se perder as conquistas econômicas e sociais dos últimos anos. O momento exige disponibilidade de informações com qualidade e imparcialidade. Afinal, a restauração da confiança nos mercados passa pela transparência e pela correta interpretação dos fatos.
empreendedor | maio 2009
A crise financeira global está impondo novos desafios à compreensão dos fatos. Desde a ruptura das hipotecas subprime, nos Estados Unidos, o fenômeno mundial ficou mais abrangente e complexo no consenso das análises e opiniões. Considerando essa conjuntura, o presidente da Serasa Experian, Francisco Valim, explica por que a empresa lançou um indicador de Demanda por Crédito.
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DINÂMICA EMPREENDEDORA
Pessoal versus empresarial Pedro e Antônio são os sócios de uma mecânica automotiva há quase dois anos. Tornaram-se sócios por convite de Pedro que já trabalhava na área e tinha diversos clientes. Eles são amigos há muitos anos e se conhecem bem e a vida um do outro. Dos problemas de Pedro com os pais doentes e dependentes e da situação de Antônio com as dificuldades para pagar a pensão dos filhos para a ex-mulher. A sociedade começou como possibilidade dos dois unirem forças para iniciar algo que lhes trouxesse mais do que o salário que ambos recebiam em seus empregos anteriores. Entretanto, ao permitir que os problemas pessoais interferissem a todo momento na empresa, eles passaram a se atacar diariamente. Às vezes assuntos práticos e até simples da empresa se tornam trocas de acusações graves de assuntos delicados em que um torna o outro o culpado pela situação da empresa, que mesmo não sendo a melhor do mundo, se sustenta e os paga. O principal problema é que a culpa do peso de suas vidas pessoais passou a ser a relação societária, e se continuar assim não dura muito. Como vimos no artigo anterior, a principal causa de conflitos nas relações de trabalho se deve a embates de personalidade e de egos (49%). Esta situação narrada nos permite uma
administra a relação entre o id e o superego. Em situações que por algum motivo o indivíduo considere ameaçadoras e não consegue lidar o ego aciona mecanismos de defesa que têm por finalidade reduzir qualquer manifestação que possa colocar em perigo sua integridade. É um conjunto de 27 “estratégias” inconscientes de defesa, sendo 13 mais comuns. Quando o ego está consciente das condições imperantes, ele atua racionalmente com lógica e objetividade. Mas quando se desencadeiam situações que promovem ansiedade ou sentimentos de culpa, ele perde esses três atributos. Num momento de ansiedade ou de angústia, de forma inconsciente, dispara uma série de mecanismos de defesa para se proteger contra uma dor psíquica iminente. Na história inicial a mecânica de defesa que se apresenta é chamada deslocamento. É um processo psíquico dinâmico. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É o caso de alguém que teve uma experiência desagradável com uma figura de autoridade reagir negativamente diante de qualquer autoridade. Ou ao receber uma bronca do chefe chega em casa e desconta na esposa como se fosse responsável por sua frustração. Conteúdos das relações humanas são fundamentais em qualquer ambiente de trabalho.
empreendedor | maio 2009
Problemas de relação são muitas vezes de natureza projetiva, e por isso devem ser processados e elaborados a partir da tentativa de separar o que é efetivamente dado de realidade daquilo que se origina de algo que carregamos dentro de nós
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leitura psicodinâmica. De acordo com a segunda teoria de Freud, o aparelho psíquico compõe-se do ego, do id – desejos de natureza inconsciente – e superego, o “grande juiz” que se baseia em costumes, regras morais e ensinamentos recebidos ao longo da formação do indivíduo. O ego
Nossas formações privilegiam conteúdos técnicos, mas são incipientes naqueles que afetam o relacionamento interpessoal. Temos dificuldade para perceber o conflito como parte integrante e inevitável do ambiente empresarial. Em todos os níveis de sua empresa está aconte-
por Luiz Fernando Garcia
Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br
cendo algum conflito neste momento. Eles são o motivo para o fracasso de inúmeros projetos. Para a perda de clientes e bons funcionários. Ou, no mínimo, ausências do trabalho e doenças. Representam uma perda de tempo que poderia ser melhor aproveitado para a realização de atividades e alcance de resultados. Embora um empresário não seja um psicanalista ou terapeuta é necessário ter conhecimento de alguns conteúdos que possam lhe auxiliar a prever alguns pontos de ignição que geram conflitos pessoais e profissionais. Isto também poderá contribuir para conduzi-lo aos métodos mais eficazes de resolução. Isto se torna mais significativo ao vermos que inúmeras empresas se estruturam como uma família: o pai-patrão e os filhos-empregados. A abordagem de feedback apresentada no artigo anterior pode contribuir para prevenir situações limítrofes de conflito. Problemas de relação são muitas vezes de natureza projetiva, e por isso devem ser processados e elaborados a partir da tentativa de separar o que é efetivamente dado de realidade daquilo que se origina de algo que carregamos dentro de nós e, portanto, não é responsabilidade da outra pessoa. Se couber a você juntar os pedaços quando as coisas saem erradas, procure atuar de forma preventiva. Crie um ambiente seguro onde as pessoas possam se expressar com confiança. Não contra-ataque. Procure ver o problema pela perspectiva do outro. Seja duro com os problemas e gentil e respeitoso com as pessoas. Invariavelmente a criatividade e o aprendizado emergirão em sua empresa. Bom trabalho!
AGENDA
De 12 a 15/05/2009
Texfair do Brasil – Feira Internacional da Indústria Têxtil Parque Vila Germânica Blumenau – SC www.sintex.org.br
LIDERANÇAS EMPRESARIAIS
As maiores marcas e indústrias têxteis de confecções do País apresentam lançamentos e coleções Primavera-Verão 2008/2009 nos segmentos de cama, mesa, banho, vestuário, malharia e decoração. O evento é organizado pelo Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex).
De 16 a 19/06/2009
A Expogestão reúne lideranças empresariais dos diversos setores da economia. São especialistas que discutem a crise, as ameaças e as oportunidades para o setor de serviços de gestão. Entre os palestrantes, Gary S. Becker, Prêmio Nobel de Economia de 1992; Tom Peters, autor de best sellers; Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho administrativo da Sadia; e Ricardo Amorim, CEO da Concórdia Asset Management.
Até 23/08/2009
De 12 a 14/05/2009
Apoio financeiro Prêmios Santander de Empreendedorismo e de Ciência e Inovação www.universia.com.br/premiosantander
Exposec 2009 – Feira Internacional de Segurança Eletrônica, Empresarial e Patrimonial Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP – www.exposec.tmp.br
O Prêmio Santander oferece R$ 400 mil em bolsas para projetos de empreendedorismo e inovação. Graduandos e pós-graduandos podem se inscrever na categoria empreendedorismo e pesquisadores-doutores na categoria ciência e inovação. Cada vencedor receberá R$ 50 mil. Todos os orientadores dos projetos selecionados ganharão um curso de espanhol em Salamanca (Espanha) e o orientador com o maior número de projetos finalizados recebe uma bolsa para estudar na Babson College, eleita a 10ª escola de negócios do mundo. O prêmio é organizado pelo Santander Universidades e Universia Brasil.
A feira apresenta as últimas novidades em sistemas eletrônicos de segurança, da gestão pública e privada de segurança, além de produtos específicos para segurança pessoal, de residências e empresas. A exposição é organizada pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).
Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br
De 18 a 21/05/2009
25ª Feira Internacional de Negócios em Supermercados e Congresso de Gestão Expo Center Norte – São Paulo – SP www.portalapas.org.br Feira que apresenta ao mercado produtos, equipamentos e serviços de fornecedores de todo o Brasil e do exterior. São 520 expositores dos setores de perecíveis, laticínios, padaria, açougue, higiene e utilidades. O encontro reúne, anualmente, mais de 60 mil empresários e executivos.
Até 31/05/2009
Programa de Trainees BDO Trevisan www.bdotrevisan.com.br/bancodetalentos (11) 3138-5000 A BDO Trevisan, especializada em auditoria, advisory, tributos e sustentabilidade, oferece 200 vagas para o programa de trainees da BDO Trevisan. Podem se inscrever estudantes dos cursos relacionados à área de Tecnologia e Informática e que estejam a partir do segundo ano da graduação ou formados há no máximo dois anos. Os interessados devem ter conhecimento em informática, inglês e disponibilidade para trabalhar em tempo integral.
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7ª Expogestão – Congresso Nacional de Atualização em Gestão e Feira de Produtos e Serviços da Gestão Centreventos Cau Hansen – Joinville – SC – www.expogestao.com.br
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PHOTOSTOGO
ANÁLISE ECONÔMICA
empreendedor | maio 2009
Política fiscal
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O mundo segue sofrendo com os impactos da crise. Retração nos níveis de atividade, escassez do crédito, aumento do desemprego e o temor de uma recessão econômica são alguns dos exemplos da turbulência pela qual estamos vivendo. Nestes tempos difíceis o governo passa a utilizar com maior frequência os instrumentos de política econômica que dispõem. Sendo os dois mais importantes a política monetária e a política fiscal. A política fiscal é composta pela arrecadação que o governo tem com os impostos e pelos gastos governamentais. A mesma influencia indiretamente o nível de demanda. Caso o governo tenha como objetivo estimular a economia, por exemplo, ele tem duas alternativas. A primeira seria uma redução nos tributos. Uma queda nos impostos tende a aumentar a renda disponível e, consequentemente, o consumo. A outra opção seria o aumento dos gastos, o que impactaria o nível de atividade econômica. Denomina-se a referida política de expansão fiscal. Por outro lado, se o governo quiser diminuir o ritmo de expansão da economia, em função de uma aceleração dos índices de inflação, por exemplo, o inverso deve ser feito. Ou seja, um aumento dos impostos, ou uma redução dos gastos públicos. Chama-se tal política de contração fiscal. Recentemente o governo brasileiro adotou algumas medidas com o objetivo de estimular a demanda, que vinha sofrendo com o estrangulamento do crédito e o aprofundamento da crise internacional. Ganhou destaque e repercussão nas manchetes de jornais a redução de IPI para a indústria automobilística, anunciada no fim de 2008, e para a chamada “linha branca” (geladeiras, máquinas de lavar, tanquinhos e fogões), no último mês de abril. Ao reduzir os impostos, o governo estimula indiretamente o consumo que, por sua vez, acaba fazendo com que as empresas invistam mais no curto prazo (teoricamente, já que a magnitude dos investimentos dependerá dos níveis dos estoques, bem como das expectativas de vendas futuras) para suprir a demanda crescente. Um afrouxamento da política fiscal, entre-
tanto, poderá acarretar em alguns problemas para o governo. Primeiramente, a diminuição da arrecadação com os impostos, ou o aumento dos gastos, provavelmente vai criar desequilíbrios nas contas públicas, o que poderá ser um problema a mais no futuro a ser solucionado. O governo deve ter certeza, também, que uma ajuda a um setor “x”, por exemplo, em detrimento a um setor “y”, seja uma decisão única e exclusivamente técnica, e não política. E dificilmente isso ocorre. Outra questão é que ao intervir na economia o governo pode criar algumas distorções no mercado de médio a longo prazo. A aplicação de políticas econômicas em momentos de crise é indispensável. Cabe ao governo tomar medidas pontuais, que combatam diretamente os pontos de estrangulamento da economia, e que seus resultados tenham um amplo poder de alcance.
por João Pedro Brügger Martins Economista da Leme Investimentos
Caso o governo tenha como objetivo estimular a economia, por exemplo, ele tem duas alternativas. A primeira seria uma redução nos tributos. A outra opção seria o aumento dos gastos
Nome Ação ALL Amér.Lat. Ambev Aracruz B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Itausa Itauunibanco JBS Klabin S/A Light S/A Lojas Americ Lojas Renner Natura Net Nossa Caixa P. Açúcar-CBD Perdigão S/A Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sadia S/A Sid Nacional Souza Cruz TAM S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo
Inflação (%)
Até 20/04
Tipo Ação
Participação Bovespa
Abril
UNT N2 PN PNB ON ON PN PN ON PN PN ON PNA ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON PN ON ON PN ON PN ON ON PN ON ON ON PN ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA PN ON PNA PN
1,37 1,03 0,51 0,84 5,09 3,55 1,26 0,25 0,35 0,35 2,50 0,47 0,52 0,09 1,55 1,00 0,09 0,59 0,63 0,52 1,42 0,60 0,88 0,92 0,79 0,54 1,12 0,73 2,48 0,45 2,19 5,53 0,66 0,27 0,20 1,33 0,80 0,68 1,02 0,35 0,51 0,81 3,56 18,58 0,81 0,63 0,32 0,82 3,91 0,43 0,46 0,25 0,40 1,07 0,18 0,22 0,65 0,34 0,43 0,59 3,11 0,40 3,27 11,96 0,74
6,60 4,20 22,10 27,50 23,20 8,70 11,60 1,80 -4,20 2,00 6,70 16,00 18,10 0,00 -1,60 13,20 9,10 8,70 19,30 6,80 19,50 12,30 7,60 6,60 -4,40 11,80 21,50 15,70 14,80 11,70 8,20 6,40 13,30 7,70 1,00 21,90 22,70 2,90 -4,90 0,90 7,10 6,80 3,30 2,00 -2,00 34,30 4,00 4,50 11,90 1,60 27,20 0,10 0,90 -0,20 -0,90 5,30 13,80 -4,90 1,50 13,20 11,90 24,70 10,90 10,80 6,40
Variação % Ano 5,30 13,00 -24,50 16,30 45,50 11,40 31,80 6,00 -7,90 -3,50 26,70 0,50 4,20 -10,30 6,90 -2,50 -1,10 9,20 2,30 16,40 19,20 20,60 7,80 10,60 22,40 -1,40 34,90 -2,30 -1,30 -25,00 12,90 6,00 20,70 -7,30 13,00 26,90 11,50 26,90 22,40 5,60 7,10 3,30 32,90 27,50 10,10 31,50 -1,80 -12,50 40,60 5,60 -15,30 -5,70 7,90 12,50 8,30 26,50 11,50 11,80 12,80 18,30 27,00 -24,90 24,20 24,10 19,40
Índice
Março
Ano
IGP-M IGP-DI IPCA IPC – Fipe
- 0,74 - 0,84 0,20 0,40
- 0,92 - 0,96 1,24 1,14
Juros/Aplicação (%) Março
Ano
0,97 0,97 0,64 -4,29
2,89 2,90 2,01 4,77
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR
Março
Ano
-0,09 0,14
0,54 0,48
Juros/Crédito (%) 20/Abril
17/Abril
Desconto 1,85 Factoring 4,04 Hot Money 3,36 Giro Pré (taxa mês) 2,05
1,92 4,01 3,37 2,13
Câmbio
Até 20/04 Cotação
Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)
R$ 2,2350 US$ 1,2928 $ 97,8390
Mercados Futuros Maio Dólar Juros DI
Junho
Até 20/04 Julho
R$ 2,247 R$ 2,261 R$ 2,276 11,01% 10,39% 10,15%
Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro
20/04 45.050
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Carteira Teórica Ibovespa
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E–EMPREENDEDOR
Interatividade Confira os últimos comentários postados no site durante o mês de abril:
ELIANA VIEIRA
Já que as empresas não reconhecem talentos, é melhor assim, porque a pessoa acaba se tornando executivo de sucesso e acaba virando concorrente daquela corporação que queria tanto ingressar. Isso é ótimo para incentivar o empreendedorismo, a concorrência e o crescimento profissional. Simone sobre a reportagem “Consultor ganha mais que empregado”
Feriados prolongados O recesso do Dia do Trabalho, comemorado no dia 1º de maio, fechou um ciclo atípico: foi o terceiro feriado em apenas quatro semanas. Se muitos comemoram a sequência de folgas, o mesmo não se pode dizer dos empresários. Principalmente os da indústria e comércio, que precisam fechar as portas nesses dias, reduzindo o faturamento no fim do mês. Para amenizar esse problema, tramita no Senado um projeto de lei que pretende mudar a data dos feriados que caem no meio da semana, evitando as folgas prolongadas. Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que os feriados nacionais e estaduais causam perdas de R$ 155 bilhões por ano aos negócios na indústria e no comércio em todo o País. Para reduzir o impacto, os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentaram
projetos de lei que adiam para a sexta-feira os feriados nacionais que caírem no meio da semana. As exceções seriam os feriados de Ano Novo, Independência e Natal. No comércio varejista, no entanto, a proposta não agradou, já que o feriado na sexta-feira, como proposto, acabará com o movimento do sábado, considerado pela Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) um dos melhores dias para venda. Os varejistas entendem que se os feriados forem transferidos para segunda-feira, grande parte da população viajará após o expediente de sábado, e a sequência de recesso não afetará tanto o desempenho do setor. Mas, e você, o que pensa sobre o projeto de lei? Registre sua opinião participando da enquete do site Empreendedor. Basta acessar o endereço www.empreendedor.com.br e, no menu à esquerda do site, clicar em “Enquete”.
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Código de Defesa do Consumidor
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A última enquete do site Empreendedor quis saber de que forma o Código de Defesa do Consumidor influencia os negócios. Mais da metade dos internautas escolheu a opção “Estimula fidelização dos clientes”. Confira o resultado: Estimula fidelização dos clientes .............................60,81% Reduz concorrência desleal .....................................29,73% Prejudica estratégias comerciais ................................9,46%
9% 30% 61%
Considerando a crise atual e inúmeros impostos criados em nosso país e a “preocupação” do governo atual com a crise, as centrais de negócios são um norte para os empresários das PMEs. Comprar e negociar é uma “arte” que não é ensinada em cursos de graduação. É necessário existir um bom relacionamento e investimento entre governo e interessados em abrir seu próprio negócio. Infelizmente o individualismo é o fator crítico de sucesso. Os “pequenos” são grandes devido ao relacionamento corpo a corpo com o cliente, só precisam enxergar isso. Vou abrir minha central de negócios com alguns diferenciais considerando a oferta do mercado. Tenho certeza que as centrais, em pouco tempo, sofrerão mutações, pois o mercado exigirá tal atitude. Ailton Martins Santiago sobre a reportagem “Redes e centrais de pequenas empresas serão regulamentadas” As empresas que estão renovando seus produtos, ultrapassando as expectativas dos consumidores ou clientes, não estão sofrendo com esta suposta crise mundial. Tomamos como exemplo as empresas de informática, principalmente com os produtos de celular, notebook, etc. Muitos produtos são procurados nas prateleiras dos supermercados, das lojas de materiais de construção, etc., e não são encontrados, mas os comerciantes alegam que as indústrias pararam de fabricar em razão da crise. Portanto, a crise é formada por comentários ou pela pequena redução no consumo de alguns produtos. Norival Thimoteo sobre a reportagem “Inovação de produtos e corte de custos são decisivos para o aumento da rentabilidade”
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