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ENTREVISTA: CULTURA DO INTRAEMPREENDEDORISMO

ESTRATÉGIA: REGIONALIZAÇÃO DA PUBLICIDADE

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SETEMBRO SETT EMBRO SE RO 2009 R$ R $ 9,90 9 ,90 90

EMPREENDEDOR – O GR ANDE R – ANO 15 N o 179 SE TEMBRO 2009

O grande R

IS SN 1414-0 152

ANO A NO 155 N o 179 79

Reduzir, reutilizar, reciclar, reintegrar, recuperar, resguardar, recusar – é preciso repensar os modelos atuais de produção, comércio e consumo

OZIRES SILVA, FUNDADOR DA EMBRAER: DESENVOLVIMENTO EXIGE EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO


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PHOTOSTOGO

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N E S TA E D I Ç Ã O

UM NOVO OLHAR É preciso olhar os modelos atuais de produção, comércio e consumo e reinventá-los sobre bases sustentáveis, caso queiramos que as crianças de hoje e as próximas gerações vivam em um planeta com qualidade de vida. Mas será que dá para fazer diferente? Confira na reportagem de capa desta edição exemplos de empresas que repensaram e inovaram seus modos de fazer e receberam respostas positivas dos consumidores, melhorando não apenas a imagem mas também seus resultados.

14 | ENTREVISTA Sergio Lozinsky

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Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2008, a taxa de intraempreendedorismo no Brasil é de apenas 0,6%. Confira as dicas do consultor Sergio Lozinsky para estimular o empreendedorismo dentro de sua empresa.

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38 | VOZ Ozires Silva

O fundador da Embraer conclama os jovens a produzir a diferença competitiva de que o Brasil precisa. Segundo ele, o desenvolvimento de um país está centrado muito mais na competência do povo do que nas condições naturais.

34 | PANORAMA Paladinos da concorrência

Conheça o trabalho dos órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, responsável pela apuração e julgamento de abusos econômicos, e como suas decisões podem interferir em sua empresa, independente do tamanho dela.

36 | ESTRATÉGIA Regionalização do marketing

A regionalização de campanhas de marketing atinge melhor os consumidores, evita o erro e a dispersão de recursos. Mesmo dentro de uma cidade existem diferentes perfis conforme a região, e para cada um é necessário falar linguagem própria.

44 | TI 48 | FRANQUIA Fim dos boletos bancários Alimentação em alta

Em outubro entra em operação o sistema de Débito Direto Autorizado (DDA), meio de pagamento que dispensa a emissão de boletos bancários impressos. Isso deve reduzir o consumo de papel, poupando árvores, muita água e mais energia ainda.

Confira o desempenho do segmento de franquias de alimentação e os desafios que elas precisam superar, segundo levantamento da ABF. Saiba quais são os melhores mercados e onde estão as oportunidades de expansão.

L E I A TA M B É M 8 12 54 58 60 61 62 64

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA DINÂMICA AGENDA ANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR


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EDITORIAL A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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uando se fala em gestão e educação ambiental, logo vêm à mente as famosas listas de erres. Primeiro eram três: reduzir, reutilizar e reciclar. Logo surgiu o quarto erre, mais ligado à gestão dos resíduos: reintegrar. Depois surgiu mais um, voltado ao consumidor: recusar. E ainda outros podem ser integrados ao conceito, como restaurar, recuperar (a energia de um produto) e resguardar. Mas todos poderiam ser resumidos em um único erre: repensar – tema da ma-

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téria de capa desta edição, elaborada pela jornalista Cléia Schmitz e demais profissionais da Redação. É preciso repensar os modelos atuais de produção, comércio e consumo, caso queiramos que as crianças de hoje e as pró-

ximas gerações vivam em um planeta com qualidade de vida. E esta não é uma tarefa apenas para o setor produtivo, mas para as três esferas do chamado mundo tripolar – poder público, empresas e sociedade civil. Todos devem seguir à risca a cartilha dos erres, mas ao primeiro cabe, principalmente, estabelecer regras e estimular e fiscalizar cumprimento delas. À ultima, pressionar empresas e políticos, recusando produtos que não tenham uma origem sustentável, assim como estabelecimentos comerciais que não tenham essa preocupação, e candidatos que não estejam atrelados a esta nova ordem. Cada um deve assumir seu papel neste desafio, mas não isoladamente, e sim de forma integrada, ouvindo uns aos outros, para obter os melhores resultados. Mas são as empresas que têm a maior parcela de responsabilidade, tanto pelo poder que elas têm sobre as outras duas esferas quanto pela intensidade que imprimirem à incorporação de práticas de sustentabilidade (o que envolve ainda a questão social), em um processo de recriação constante. As balizas para esta mudança estão aí, por ordem de importância: reduzir o uso de matérias-primas; reutilizar produtos – restaurando se necessário; reciclar o que não é possível reutilizar; reintegrar à natureza aquilo que não permite reutilização nem reciclagem; recuperar a energia do que não pode ser integrado; resguardar o que ainda está intocado ou preservado; recusar o que não seguir estas regras. Aqueles que adotarem este novo modelo ganharão vantagens competitivas, garantindo o futuro da empresa e da própria espécie humana. Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Marco Túlio Brüning, Maycon Stähelin e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: PhotosToGo – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017 Brasília Ulysses C. B. Cava [ulyssescava@gmail.com] – Fone: (61) 3225-3715/9975-6660 – CLSW 301 – Bloco C – Loja 62 – Sudoeste – 70673-603 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sextafeira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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EMPREENDEDORES

Márcio Goldfarb

MELHORIAS CONTÍNUAS Considerada a maior rede varejista de moda feminina e íntima do Brasil, a Marisa aumentou seu lucro líquido em 98% no primeiro semestre de 2009, totalizando R$ 33,7 milhões. No mesmo período, a receita líquida alcançou R$ 620,4 milhões. “O bom resultado é consequência direta das contínuas melhorias dos processos na área de compras e estilo, que se mostraram acertadas”, afirma Márcio Goldfarb, diretor-presidente da empresa. Entre as ações implementadas, o executivo destaca o maior rigor no gerenciamento dos estoques, ajustes na regionalização das coleções para fortalecer a abrangência nacional, maior parceria com fornecedores no desenvolvimento de coleções promocionais, constante readequação dos preços e aumento do mix de produtos básicos com o objetivo de melhorar vendas e margem. Com mais de 60 anos de tradição, a Marisa está presente em todas as regiões do País através de 221 pontos-de-venda.

www.marisa.com.br/0800 728 1122

Randy Baldresca

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ADEUS, PRAGAS

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Especializado no controle de pragas urbanas, o biólogo Randy Baldresca passou seis anos aprofundando seus estudos na Europa e nos Estados Unidos. Assim que voltou ao Brasil, decidiu que era hora de empreender. Com o projeto em mãos, encontrou o estímulo que faltava no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), uma das principais incubadoras da América Latina. Completando sete anos no mercado, a Biópolis se destaca da concorrência por oferecer controle integrado e monitorado de ratos, pombos, cupins e baratas. Muito além de serviços de dedetização, a empresa investe em educação ambiental e se dedica ao estudo das pragas como um todo, com o objetivo de oferecer soluções definitivas. Para isso conta com uma equipe especializada composta por arquitetos, gestores ambientais e biólogos. Com crescimento médio de 35% ao ano, a Biópolis tem entre seus clientes empresas como Klabin, Serasa e Bradesco. www.biopolis.com.br/(11) 3039-8402


Nilso Berlanda

PLENA EXPANSÃO Especializada em eletrodomésticos e utilidades para o lar, a rede catarinense Berlanda está em plena expansão. Com três filiais inauguradas em agosto, a empresa chega a 115 lojas espalhadas pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A expectativa de Nilso Berlanda, que está à frente da operação, é abrir pelo menos mais cinco lojas até o fim do ano. A entrada da Berlanda no ramo de consórcios, em parceria com o grupo paranaense Gazin, para aquisição de veículos, eletrodomésticos e serviços também deve alavancar os negócios: a previsão é de um aumento de até 20% no faturamento após um ano de vendas. www.

berlanda.com.br/0800 644 1999

Marcos Vinícius Alvim

O engenheiro Marcos Vinícius Alvim assumiu, no último mês de julho, a direção geral da Simon do Brasil, filial da Simon Holding. Com sede na Espanha, a companhia tem mais de 90 anos de atuação no setor de materiais elétricos e possui filiais em 14 países. A missão do executivo é dar continuidade aos investimentos da empresa no Brasil, que atualmente comercializa seus produtos em mais de 1,3 mil lojas. A expectativa, segundo Alvim, é fechar o ano com presença em pelo menos 2,1 mil pontos-de-venda. Na contramão da crise, a companhia tem apostado na inovação constante através do lançamento de novos produtos e parcerias, além da aproximação com clientes e consumidores, por meio de ações publicitárias e de trade marketing. Com estas iniciativas, a companhia – que em 2008 faturou cerca de R$ 10 milhões – pretende fechar 2009 com 60% de crescimento. www.simon-

brasil.com.br/0800 727 8107

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SEM CRISE

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EMPREENDEDORES

Mauro Poy

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VOLUNTÁRIO NAS ESCOLAS

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À frente do Grupo Connex, administradora catarinense de cartões de crédito e meios de pagamento, Mauro Poy ainda encontra tempo para se dedicar a trabalhos sociais. Ele também é o presidente da Junior Achievement em Santa Catarina, organização não-governamental que visa despertar o espírito empreendedor nos jovens através da educação em economia e negócios. No mês passado, um grupo de dez colaboradores da Connex atuou como voluntário no programa Vantagens de Permanecer na Escola, que envolveu 130 alunos de uma escola pública de Florianópolis. “Atuar como voluntário é uma excelente forma de ‘sair do quadrado’ e abrir a cabeça e o coração para o mundo, além de permitir que a gente contribua positivamente com a formação de jovens em idade pré-profissional, oportunizando a ampliação de horizontes tanto para eles como para nós mesmos.” www.grupoconnex.com.br


LUCIANO NUNES

Fábio Prass

NEGÓCIO EM FAMÍLIA Disposto a economizar na hora de comprar o presente de aniversário de uma amiga, o gaúcho Fábio Prass encontrou a solução em um experimento da irmã, Michele. Técnica em Química e estudante de química industrial, ela desenvolveu a fórmula exclusiva de um creme hidratante para as mãos e o corpo. Fábio não pensou duas vezes: colocou o produto numa embalagem e estava pronto o presente. “A minha amiga se impressionou com a qualidade e disse que suas mãos ganharam um toque de seda”, comenta. Empolgado com o incentivo, o empresário – que atualmente cursa o último ano de Administração de Empresas – deu início à produção de cremes e perfumes, desta vez em parceria com o tio, José Carlos Prass. Foi o início da Prass Cosméticos, que em um ano de mercado já distribui para mais de 10 lojas de cosméticos em shoppings e áreas comerciais das principais cidades gaúchas. Até o ano que vem, a empresa pretende ampliar a linha de produtos e produzir loções corporais perfumadas, geleias e óleos corporais. (51) 3033-3634

Marcos Sebben

O escritório catarinense Design Inverso, dirigido pelo designer Marcos Sebben, recebeu quatro troféus no Prêmio Idea/Brasil 2009. O concurso corresponde à etapa brasileira do International Design Excellence Award (Idea), o maior prêmio de design dos Estados Unidos e um dos maiores do mundo. Concorreram ao prêmio mais de mil inscritos. Foram quatro troféus Bronze, nas categorias Casa/Eletrodomésticos, Casa/Acessórios e Embalagem. “Mais uma vez demonstramos a qualidade do nosso trabalho e alcançamos reconhecimento pelo nosso esforço”, diz Sebben. No ano passado, a Design Inverso também recebeu dois prêmios por excelência em embalagens no World Star, considerado o Oscar mundial de design, pelo uso de materiais que permitem assar lasanhas direto no forno micro-ondas e pela criação de um expositor de clareador dental.

www.designinverso.com.br

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DESIGN PREMIADO

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NÃO DURMA NO PONTO

AS REGRAS CERTAS PARA GANHAR O JOGO Muitas ilusões orbitam ao redor dos processos de mudanças nas empresas. Muitas teorias, métodos, processos e sistemas também. Mas nada disso garante mudanças efetivas. A maioria desses instrumentos não passa de pura cosmética. Às vezes grandes movimentos, maratonas e percursos de 360 graus – quer algo mais claro para mostrar que a volta retorna ao ponto de partida? – para tudo continuar como dantes na casa de Abrantes.

caz, mas também a mais difícil. Por onde começa uma mudança de mentalidade e de cultura? No fundo, é na cultura que reside a sustentação de uma empresa, permitindo que uma estratégia dê certo ou não. Quando o assunto é mudança em uma empresa, definir as regras precede a decisão do jogo.

mano, seja uma empresa, um casamento, um grupo de voluntários. Mas não se trata de qualquer tipo de valores e de condutas. Valores organizacionais – definidos a esmo e mais por força do discurso – não garantem as melhores regras. Entenda por valores organizacionais palavras muito conhecidas como agilidade, flexibilidade, competitividade, eficácia, velocidade, rentabilidade, etc. Essas palavras fazem parte do vocabulário das empresas e do mundo dos negócios e não há nada de errado com elas. Mas elas, em si, não sustentam uma empresa como um sistema humano. E não garantem nenhuma mudança de mentalidade.

Antes de tudo as regras

Pense em comunidade

Há quem imagine que para mudar uma empresa basta mexer em sua estratégia. Bobagem. Mudança de estratégia não altera, realmente, uma empresa. Uma empresa só muda, de fato, quando muda a sua cultura. Entenda por cultura todo um conjunto de crenças, valores e expectativas, ou seja, em linguagem corrente, o que está incluído na expressão “é como as coisas funcionam por aqui”. Então, mudança cultural é a mudança de “como as coisas são feitas por aqui”. Não

Podemos compreender regras como acordos e práticas em uma empresa. E é por aí que tudo começa. As pessoas que respondem pela direção precisam escolher, por consenso, os valores que governam essa empresa. Aqueles que nortearão os relacionamentos e os comportamentos, as decisões e as ações. Certos negócios sucumbem exatamente porque não definem essas regras. Muitas vezes não há nada de errado com as estratégias,

Talvez a melhor maneira de eleger as boas regras do jogo seja enxergar a empresa mais como uma comunidade do que uma organização de negócios. Sempre que se fala em organização, pensamos naquelas clássicas palavras do ambiente corporativo. Mas quando pensamos em comunidade, outros valores surgem em nossa mente. Faça o exercício. Pare um pouco e escolha palavras que se relacionam com comunidade. Aposto que entre as que vão surgir, sem dificuldade, estarão: comprometimento, trabalho em equipe, união, camaradagem. Comunidade inspira as melhores regras para um jogo, entre as quais certamente se incluem acordos de cooperação, engajamento, parceria e boas práticas de comunicação, consenso, camaradagem e criatividade. Então, sempre que quiser mudanças na empresa, pense em mudar os valores que governam a mente e o coração das pessoas que a conduzem. Se nada se alterar na escala de valores, nada mudará nas decisões e nas ações, ainda que a empresa se movimente muito e todos os dias – será sempre pura e simples agitação, sem destino, um ir e vir para lugar nenhum.

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Sempre que quiser mudanças na empresa, pense em mudar os valores que governam a mente e o coração das pessoas que a conduzem

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existe outro jeito milagroso de fazer a virada. Mas “como as coisas são feitas por aqui” é algo que está relacionado com a mentalidade das pessoas que conduzem a empresa. Portanto, a mudança cultural depende de uma mudança na mentalidade dessas pessoas. Essa é a “fórmula” realmente efi-

os produtos, os mercados, a distribuição. O que falta é uma série de regras essenciais, capazes de garantir a qualidade nos relacionamentos e condutas – sem este fator, as estratégias vão sendo minadas aos poucos. É a ausência desses valores e condutas que derruba qualquer empreendimento hu-

O jogo vem em seguida O jogo define “o que vamos fazer”. Em uma empresa, o jogo significa um conjunto que inclui os produtos, os mercados, as estra-


tégias de lucro e de como os mercados pretendidos serão conquistados. Tal exercício, muitas vezes denominado de planejamento estratégico, define o jogo. Mas os resultados das estratégias, para o bem ou para o mal, dependem dos fatores culturais, ou seja, das regras previamente estabelecidas. Portanto, a melhor estratégia é aquela que define “o que vamos fazer com o que somos”. Desconhecedores disso, muitos dirigentes de empresas retocam, alteram ou mudam as estratégias, sem perceber que, em boa parte das vezes, nada há de errado com elas. O que “pega” não está aí, mas nas regras. São elas que precisam ser revistas ou recriadas. E, claro, uma vez definidas, seguidas com seriedade. Um jogo sem regras é o jogo da anomia, da empresa sem visão e sem futuro, ou seja, uma empresa em voo cego. Mas um jogo com regras equivocadas é apenas um tipo de ocupação com baixo rendimento, ou seja, muito esforço despendido para poucos resultados. Nesses contextos, as pessoas se desgastam e se exaurem, mas não crescem nem se desenvolvem. Diariamente, se deparam com problemas técnicos, mas não se dão a oportunidade de aprender com os desafios criativos. Suas potencialidades não têm

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

O salutar jogo das regras Quando as regras são bem definidas, os negócios parecem evoluir naturalmente e tudo que precisa ser feito é feito. Na empresa, ninguém está só. Jamais. Existe solidariedade, companheirismo, apoio e ajuda. Todos estão conectados às mesmas regras, concebi-

condições de aflorar. Além disso, a ausência de boas regras impede que o trabalho se alinhe ao propósito de vida. Ainda que ofereça algum tipo de ganho financeiro, esse trabalho jamais oferecerá uma recompensa psicológica e espiritual. Exclui, portanto, a tão almejada realização.

das pelo próprio conjunto de pessoas ali reunidas. A empresa é uma obra que pertence a todos. E todos podem se realizar, enquanto constroem riquezas. Lembre-se: quando mudamos a mentalidade, a empresa muda. O verdadeiro jogo, portanto, é saber jogar com as regras. Certas!

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Um jogo com regras equivocadas é apenas um tipo de ocupação com baixo rendimento, ou seja, muito esforço despendido para poucos resultados

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E N T R E V I S TA

Sergio Lozinsky

POTÊNCIA INTERNA

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Mercado globalizado e cada vez mais competitivo exige empresas com cultura intraempreendedora

por Marco Túlio Brüning empreendedor | setembro 2009

marcotulio@empreendedor.com.br

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Aproveitando a experiência adquirida como executivo em empresas como PricewaterhouseCoopers e IBM, o consultor Sergio Lozinsky escreveu o livro Implementando empreendedorismo na sua empresa, que reúne sua vivência como líder de projetos e especialista em gestão empresarial há 30 anos. Demonstrando de forma prática, através de cases, os motivos que levam

as organizações do século 21 a se afastarem de um modelo onde poucos pensam e muitos executam, buscando colocar em prática uma cultura empreendedora, na qual cada funcionário sabe que é importante para um melhor desempenho da empresa. Por outro lado, não só as corporações fomentam esta mudança de postura, como as pessoas tomam consciência de que esta mentalidade é o caminho para desenvolver suas carreiras. Lozinsky busca aconselhar estes profissionais

na busca por oportunidades de mostrar decisão e liderança, que aspiram subir dentro de suas organizações através da cultura do intraempreendedorismo. Tal tema é de extrema relevância, se levarmos em conta que a taxa de intraempreendedorismo nas pequenas empresas brasileiras seja menor do que 1%, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM)/Sebrae. Descubra como mudar essa situação e potencialize sua empresa.


De que forma isto é feito? Sergio – Há muito tempo as empresas têm as caixas de “fale com o presidente”, têm café da manhã com os executivos onde se estimula que as pessoas falem, indiquem suas ideias. Empreendedorismo interno requer um pouco mais. É preciso que seja bem estruturado, senão corre o risco de ficar cansativo. Nesses encontros, por exemplo, se ocorre um primeiro, segundo, terceiro, e as ideias aprovadas não são trazidas à prática e aquilo vira um folclore. Depois do momento em que a ideia surge, é preciso um processo organizado para que seja levada para frente. Então o que eu digo no livro é que a empresa que quer ser criativa tem que seguir alguns passos, e um deles é organizar o processo. A fomentação de ideias pode nascer de uma maneira um pouco desorganizada, no sentido de que “ideias são bem-vindas”. No entanto, a partir do momento em que elas são colocadas, tem que haver um processo de filtragem, outro de priorização, tem que fazer a separação entre o que é ideia empreendedora, que vai mudar o negócio, de ideias, por exemplo, para corte de custos. E dentro da estrutura da organização, quem deve estar encarregado de tornar estes processos uma prática? Sergio – Isso depende do porte da empresa. Uma possibilidade é ter um comitê

de empreendedorismo, ou pode ser uma reunião que acontece de vez em quando, mas o importante é ter etapas que claramente selecionem as ideias mais promissoras, e a partir daí que haja um processo de desenvolvimento delas. Pois no mundo o que não falta é ideia, o que falta é execução. Por aí está cheio de gente com ideia de como ficar milionário, de como conquistar o mercado, etc. E como evitar que tudo se torne ideia para corte de custos? Sergio – A empresa que quer empreender não está em busca apenas de corte de custos. Ela quer ideias que façam seu produto alcançar um público maior, ou aumentar o número de clientes no caso do varejo, e ainda pensar novas formas de financiamento mais atraentes para o consumidor e mais lucrativos para a empresa. Empreendedorismo é isso, é fortalecer a marca. Então esse comitê, essas pessoas que avaliam as sugestões, o presidente ou os acionistas, não importa quem for, mas sim quem deve chegar e dizer: olha, aqui tem duas ideias empreendedoras em que a gente vai ter que investir para aumentar o nosso negócio. E aqui do lado tem cinco ou dez ideias de corte de custos. Essas devem ser tratadas como tal – práticas para aperfeiçoar os processos existentes. Já as ideias empreendedoras devem ser tratadas como projetos de investimento que precisam ser avaliados como se a própria empresa fosse um investidor que vai resolver se coloca dinheiro ou não. Como é possível ter esta mentalidade? Sergio – É preciso avançar nos processos com essa ideia até que ela se comprove. Não basta pegar e dizer “esta é uma boa ideia, vamos fazer assim”. Tem que fazer um piloto, testar, estabelecer um plano de negócios. No começo da conversa a gente falou em cultura. Cultura empreendedora é isso. Não basta ter boas ideias e ir atrás delas, é ter esta mentalidade de investidor, e a partir disso criar um ciclo vicioso que ao longo do tempo determina essa cultura, essa mentalidade. É preciso garantir que cada funcionário da empresa se perceba como alguém que pode contribuir para expandir o negócio.

Cultura empreendedora é isso. É preciso garantir que cada funcionário da empresa se perceba como alguém que pode contribuir para expandir o negócio

E quando o funcionário tem esta percepção mas a empresa não adota estas práticas? Sergio – Quando se fala em cultura, se fala em choque de culturas. É uma questão interessante que também aparece no livro. Mas, resumindo: o empreendedorismo, para se tornar uma cultura, sempre vai depender dos líderes, de que aceitem estes fatos. Se eu quiser empreender mas o meu chefe ou o chefe dele me impedir de fazer qualquer coisa acabarei desistindo. Ter uma atitude empreendedora é um meio que o profissional tem de valorizar sua própria carreira. O que ele deve perceber é se a organização em que ele está é aberta a isso ou

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As empresas e seus funcionários já têm a percepção de que é preciso incorporar a cultura do empreendedorismo em suas práticas cotidianas? Sergio – Na verdade a consciência sobre este assunto não é tão geral quanto você imagina. As pessoas falam muito em inovação, em encontrar formas de reduzir custos, dentre outras pautas. Mas o empreendedorismo vai muito além disso, é não só inovar, é ter a capacidade de executar. É conseguir expandir o negócio. No livro eu comento um case em que a partir de um empreendimento inicial se criaram outros quatro. O fundamental é destacar que o processo empreendedor é uma cultura que tem que ser criada. Os donos e gestores precisam fomentar, têm que indicar que isto é algo valorizado pela empresa, que enxergam nisso um elemento fundamental para o futuro da empresa, sua continuidade.

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CASA DA PHOTO

E N T R E V I S TA

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não. Ele deve, no entanto, cultivar a atitude. Há algumas maneiras de levar novas ideias para a frente. Uma boa ideia que não seja levada de uma maneira articulada e com uma estratégia política adequada, por melhor que seja, tende ao fracasso. Tem que se considerar aspectos de colaboração, e o caminho que tem mais chances de sucesso é aquele que se abre à ideia, se discute, se obtém suporte, se melhora os projetos ao conversar com outras pessoas, se tem noção do impacto em outras áreas da empresa e se discute que impacto é esse.

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O que motivou o senhor a escrever esta obra? Sergio – O que na verdade me motivou a escrever o livro é minha convicção de que a atitude empreendedora é algo extremamente necessário para o progresso do profissional de hoje em dia. As empresas, tenham essa cultura ou não, precisam de pessoas empreendedoras espalhadas pela sua organização. Isso faz muita diferença em um mundo competitivo e globalizado como se tem hoje. Eu digo: tenha esta atitude. Se a empresa estiver tão fechada a ponto de não reconhecer isso, vá para outra empresa! Pelo seu próprio futuro.

Como deve se portar o profissional para não atingir estes extremos? Sergio – Acertar neste ponto demanda muito tato. Há muitos casos de profissio-

As empresas precisam de pessoas empreendedoras espalhadas pela sua organização. Isso faz muita diferença em um mundo competitivo e globalizado como se tem hoje

nais que são dispensados por serem apáticos quando inseridos em certa cultura empresarial, entretanto florescem em outras organizações. A empresa que perdeu aquele talento muitas vezes não estava pronta para receber o novo. Por isso um processo de articulação, de planejamento, é tão importante. Este processo muda a maneira que a empresa enfrenta períodos de dificuldade? Sergio – Problemas em geral são oportunidades com outro nome. A cultura empreendedora é na verdade uma grande geradora de empregos. À medida que você vai gerando novos negócios, você dá chance para as pessoas progredirem nas suas carreiras, e você forma mais gerentes, mais coordenadores, mais vendedores. Isso cria uma lucratividade que torna as empresas saudáveis, e que cria a necessidade de ela manter os talentos, e não demiti-los. Por fim, é uma atitude em prol do crescimento da riqueza de toda a sociedade.

LINHA DIRETA Sergio Lozinsky: (11) 3645-0415


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C A PA

diferente

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Faça

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Repensar os modelos de produção e comércio diminui o impacto ambiental e social dos negócios e amplia a vantagem competitiva

por Cléia Schmitz, Beatrice Gonçalves, Marco Túlio Brüning e Mônica Pupo


Um novo perfil de empresas e cidadãos começa a se destacar quando o assunto é sustentabilidade. Eles se diferenciam por praticar o mais importante de todos os erres relacionados à utilização de recursos naturais – o verbo repensar. São fabricantes e consumidores que vão além das atitudes de reduzir, reaproveitar e reciclar, questionando os modelos atuais de produção, comércio e consumo. Será que dá para fazer diferente? Esta é a grande questão que move indústrias, comércios e consumidores preocupados em reduzir o impacto de suas ações no meio ambiente e – por que não – ampliar a vantagem competitiva. “Chegamos numa encruzilhada. A população mundial deve crescer de 6 bilhões para 9 bilhões até 2050 e temos que receber esses

para produção anual de 200 mil toneladas. É um volume pequeno se considerarmos que a empresa produz atualmente 11 milhões de toneladas de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos ao ano. Mas muitos clientes têm demonstrado interesse no plástico verde da Braskem, incluindo diferentes segmentos como beleza, higiene, alimentos, automotivo e embalagens. Entre os contratos já fechados estão Brinquedos Estrela, Toyota, Shiseido e Cromex. O interesse do mercado por produtos ecológicos é um estímulo crescente para que as empresas invistam em modelos de produção mais sustentáveis. A Lepri Cerâmicas começou a produzir, em 2005, uma linha de revestimentos ecológicos a partir do reaproveitamento do vidro de lâmpadas fluorescentes. Inicialmente, os resíduos foram usados somente no esmalte do produto. Dois anos depois, a Lepri passou a usar os mesmos resíduos também na massa da cerâmica. “Assim, alcançamos mais um benefício: a redução da emissão de poluentes devido à diminuição da temperatura de queima dos produtos”, afirma José Lepri, presidente da empresa. Em 2008, a empresa juntou as duas tecnologias numa linha de ecopastilhas. No mesmo ano, também lançou o esmalte biológico, feito a partir de cinzas provenientes da queima da lenha de olarias e cerâmicas. Desde agosto passado, linhas tradicionais da marca passaram a utilizar resíduos de lâmpadas fluorescentes. Segundo o presidente da empresa, a Lepri tem sido procurada por construtoras e arquitetos para participar de projetos sustentáveis. A atitude que começou há menos de cinco anos ampliou os negócios ao mesmo tempo em que reduziu o impacto da empresa no meio ambiente. “É uma fórmula perfeita”, destaca José Lepri. A meta é alcançar uma produção de até 95% até dezembro. Segundo o empresário, o custo de produção das linhas ecológicas não é necessariamente mais alto em comparação com o das convencionais. “Em algumas linhas temos até economia. Em outras, as elevações de custos são minimizadas pela redução no consumo de gás na queima do material.” Com relação aos preços, em geral o valor é o mesmo, o que contribui para estimular o consumidor a optar por linhas com características sustentáveis. No ano passado, a rede McDonald’s utilizou cerâmicas ecológicas da Lepri para decorar o salão externo do seu primeiro restaurante “verde”

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Protótipo de jogo feito com polietileno verde, a partir de matéria-prima 100% renovável

novos moradores com qualidade. O que se espera de uma empresa referência em sustentabilidade é que produza da melhor forma possível sem comprometer as gerações futuras. Ou seja, que ela faça mais com menos – menos água, menos energia, menos resíduos, menos CO2”, afirma o empresário João Paulo Altenfelder, diretor da SEI Consultoria em Sustentabilidade, Estratégia e Inovação. Frequentemente as empresas que se questionam sobre novas formas de fazer têm recebido respostas positivas e resultados melhores ainda. Há quatro anos, o empresário paulista Jorge Yammine decidiu revolucionar a cadeia produtiva da YD Confecções, negócio herdado da família. Depois de quatro décadas fabricando têxteis de forma convencional, a empresa começou a investir na produção de roupas com matéria-prima 100% orgânica. Segundo Yammine, todo o processo é livre de produtos químicos e certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD). Do plantio do algodão, comprado de pequenos agricultores, ao tingimento e lavagem dos tecidos, considerados processos críticos do ponto de vista ambiental. Seguindo os preceitos do triple bottom line, além dos benefícios sociais e ambientais, a produção orgânica da YD trouxe ótimas oportunidades para a empresa. No ano passado, Yammine resolveu montar uma loja para vender parte da produção. Localizada na capital paulista, a Eden tem um mix com mais de 180 itens, um volume considerável dentro do segmento que atua. O empresário também planeja abrir uma unidade de produção sustentável dedicada a roupas infantis. O caso da YD mostra que a atitude de repensar o modelo de produção está diretamente ligada à inovação. Yammine conta que foi preciso se dedicar bastante às pesquisas para desenvolver linhas de cores feitas com pigmentos e corantes naturais. Muitas empresas gastam milhões em recursos financeiros para desenvolver matérias-primas sustentáveis. A petroquímica Braskem, por exemplo, investiu cerca de US$ 5 milhões para chegar ao que chama de plástico verde, um polietileno feito a partir do etanol da cana-de-açúcar. O produto foi certificado pelo laboratório Beta Analytic como uma “matéria-prima 100% renovável”. A empresa promete para o final de 2010 a inauguração de uma fábrica específica para o novo plástico. Localizada na região metropolitana de Porto Alegre, a planta terá capacidade

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Pão-de-Açúcar: ações de sustentabilidade desde 2001, como estações de reciclagem e “caixas verdes”

no Brasil, em Bertioga, no litoral de São Paulo. Informações divulgadas pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) dão conta de que toda a cadeia produtiva do setor da construção civil responde por cerca de 30% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. “Sabemos que temos uma responsabilidade muito grande com relação às mudanças climáticas”, destaca Lílian Sarrouf, diretora do CBCS. Por isso, tecnologias sustentáveis são sempre bem-vindas, mas precisam desempenhar bem seu papel. “Temos que cuidar com materiais green wash (maquiagem verde), que acabam trazendo mais desperdício por serem menos duráveis. Soluções simples como iluminação natural podem ter um efeito tão importante quanto tecnologias verdes.”

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Estímulo necessário

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O desperdício, aliás, é um dos maiores problemas ambientais gerados pela construção civil. Estima-se que entre 50% e 70% dos resíduos depositados de maneira irregular são provenientes do segmento. São materiais que poderiam ser reutilizados ou reciclados, dispensando a extração de novos recursos naturais. Em entulhos são encontrados 37,4% de argamassa, 21,1% de concreto, 20,8% de cerâmica, 17,7% de pedras, 2,5% de cerâmica polida e 0,5% de outros materiais. “A indústria da reciclagem só vai acontecer quando o governo estimular o consumo de materiais reciclados. O nosso maior concorrente é a matéria-prima virgem”, afirma Adriano Assi, diretor da Exposucata, principal evento de reciclagem industrial da América Latina, realizado desde 2006. Para o empresário, o problema é que o segmento de reciclagem ainda é visto pelo setor público como mera estratégia de inclusão social. “O governo prioriza as cooperativas de catadores em detrimento das empresas que têm mão-de-obra formal e poderiam melhorar a condição do catador. Puxar carroça não é inclusão social”, critica Assi. A crise econômica foi responsável pela demissão de 30% a 40% dos funcionários da indústria de reciclagem no Brasil entre outubro de 2008 e março de 2009. Para Assi, o superestoque de matéria-prima virgem derrubou a demanda por sucata e mostrou que muitas empresas “não pensam verde quando estão no vermelho”. O consultor Marco Fujihara, diretor da Key Associados, acredita que falta a muitas empresas pensar de forma global. Para ele, o monitoramento das emissões de carbono deveria estar na pauta do dia de todos os executivos, desde os que comandam grandes empresas até pequenos negócios. Afinal, as mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa estão no centro das discussões mundiais.


Desafio aos fornecedores Wal-Mart compromete-se a reduzir o tamanho e a quantidade de embalagens, que correspondem a 30% dos resíduos domésticos Toda vez que um consumidor vai ao mercado, além de produtos ele compra embalagens. São recipientes plásticos e papéis que protegem os alimentos e outros itens e que, após um período curto de utilização, vão parar no lixo. O Ministério do Meio Ambiente calcula que todos os dias 25 mil toneladas destes materiais chegam aos aterros sanitários e lixões do País – 30% dos resíduos domésticos são compostos por embalagens. Um problema que afeta a vida de todos e faz com que a cadeia de suprimentos repense sua forma de produzir. Para mobilizar a indústria a reduzir o tamanho e o volume das embalagens, os supermercados lançaram um desafio para seus fornecedores. A rede varejista Wal-Mart assinou o pacto pela sustentabilidade, em junho de 2009, e se comprometeu a reduzir o uso de sacolas plásticas em 50%, a oferecer produtos cada vez mais concentrados até 2012 e a reduzir o tamanho das embalagens dos produtos vendidos em 5% até 2013. Para incentivar a mudança, a rede traz para o País o sistema de indicadores de embalagens Packaging Scorecard desenvolvido pela matriz nos Estados Unidos. O sistema permite que os fornecedores avaliem o peso e o material, qual sua melhor utilização e onde podem ser feitas modificações para alcançar o objetivo de reduzir em 5% o tamanho da embalagem. O programa será disponibilizado gratuitamente aos fornecedores de produtos da rede até o final de 2009. “A indústria trabalha muito forte a questão da embalagem por causa

do custo, mas a gente quer que eles trabalhem a questão da sustentabilidade nas embalagens”, explica Christiane Urioeste, gerente de sustentabilidade do Wal-Mart. Com embalagem menor, a tendência é que a indústria forneça produtos cada vez mais concentrados e que utilizem menos água no processo de fabricação. No caso de detergentes para lavanderia e cozinha a rede impõe ainda a meta de que se reduza em 70% a quantidade de fosfato utilizada nos produtos. Uma mudança que pode melhorar a performance dos produtos e contribuir para a sustentabilidade. “Isso traz um benefício para a cadeia toda, tem menos caminhão rodando, o cliente tem um produto que atende as suas características de qualidade e ao mesmo tempo a gente tem menos resíduo na ponta de todo o processo.” A rede varejista também está preocupada com a origem dos produtos que vende. O WalMart elaborou uma agenda nacional e se com-

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Entre 7 e 18 de dezembro será realizado em Copenhague, na Dinamarca, a 15ª reunião da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas. Antes disso, o assunto será discutido em reuniões preparatórias nas cidades de Bangcoc, na Tailândia, e Barcelona, na Espanha. Essas discussões com grande repercussão na mídia acabam despertando nas pessoas uma preocupação maior com o impacto gerado pela produção das mercadorias que elas consomem. “Embora, sem dúvida, o preço seja um fator de escolha, nossas pesquisas indicam que, entre os consumidores brasileiros, oito em cada dez pagariam um sobrepreço de 25% a 35% por produtos ambientalmente certificados”, afirma Heloisa Torres de Mello, gerente de operações do Instituto Akatu, entidade que promove o consumo consciente. Outra pesquisa feita pelo Akatu mostra que mais de 40% dos consumidores usam seu poder de compra e de comunicação para premiar empresas com práticas de responsabilidade social e ambiental. Atento a esse novo consumidor, grandes redes de supermercado investem em ações de sustentabilidade. Em 2001, o Grupo Pão de Açúcar implantou estações de reciclagem nas áreas externas de suas lojas para estimular a prática entre seus clientes. Segundo Paulo Pompílio, diretor de relações corporativas e sustentabilidade do grupo, 20% do material reciclado em São Paulo vem dessas estações. No ano passado, o Pão de Açúcar causou polêmica ao instalar “caixas verdes” para os consumidores descartarem embalagens antes mesmo de levar o produto para suas residências como, por exemplo, a caixa de papel que traz o tubo de creme dental. As empresas de embalagem não gostaram da iniciativa, argumentando que há informações importantes nos pacotes dos produtos. Mas os clientes aprovaram e hoje as 120 lojas da bandeira Pão de Açúcar já têm caixas verdes. A meta é expandir para todas as unidades do grupo. A rede também conseguiu uma redução no consumo de 30% das sacolas plásticas, resultado do melhor aproveitamento dos sacos, aliado ao uso crescente pelos clientes de caixas de papelão, sacolas de papel e sacolas retornáveis. Para Paulo Pompílio, a vantagem competitiva dessas ações é o encontro de valores do Pão de Açúcar com seus consumidores. Uma sintonia de atitudes de quem sabe que dá para fazer diferente. (Cléia Schmitz)

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promete a não participar do financiamento, uso, distribuição, comercialização e consumo de produtos pecuários que tenham qualquer envolvimento com o desmatamento ilegal e com o trabalho análogo ao escravo. O compromisso do Wal-Mart foi apresentado aos fornecedores na assinatura do pacto pela sustentabilidade. Empresas como Johnson & Johnson, Estrela, Bunge Alimentos e CocaCola Brasil já se comprometeram a cumprir as metas. A rede varejista vai monitorar a evolução de todos os fornecedores no cumprimento das metas e espera que eles se adaptem ao novo sistema. A rede ainda não estabeleceu quais serão as sanções aplicadas caso o compromisso não seja cumprido. “Os fornecedores reagiram muito bem à nossa proposta. Para nós, isso é um conforto porque a gente já vem trabalhando com fornecedores a questão da sustentabilidade há algum tempo e o nosso sentimento é que eles estão se engajando.” O pacto pela sustentabilidade prevê ainda que até 2012 a rede ofereça pelo menos um item orgânico por categoria de alimentos nas gôndolas. Uma medida que muda a rotina de 300 supermercados das marcas Wal-Mart, Hiper Bompreço, Bompreço, Nacional, Big e Mercadorama. Para que a rede tenha esse diferencial para entregar aos seus clientes, o Wal-Mart quer mobilizar os fornecedores e os consumidores. A ideia é educar o cliente da rede para que ele seja um gerador de demanda e seja o puxador de toda essa cadeia. “A gente gostaria que o nosso consumidor não tivesse que escolher entre um produto sustentável e outro não-sustentável na gôndola do Wal-Mart. A gente gostaria que ele fizesse o critério de escolha entre um produto com mais diferenciais ou outro com menos, mas que todos tivessem como diferencial a sustentabilidade.” A mudança de posicionamento da rede começou pela marca própria. O Wal-Mart lançou a linha de produtos “Sentir Bem” composta por geleias, lasanhas, pizzas, torradas, cereais, pipoca e achocolatado. Todos os itens são compostos por alimentos orgânicos cultivados sem agrotóxicos e pesticidas. As embalagens são produzidas com papelão e têm o selo FSC (Forest Stewardship Council), que certifica que o material utilizado provém de área de reflorestamento. Todas as embalagens utilizam material reciclável e trazem informações que ensinam e estimulam a reciclagem. (Beatrice Gonçalves)

Vaivém das garrafas Grandes e pequenos fabricantes de bebida voltam a reutilizar recipientes de vidro Neste segundo semestre, 20 milhões de novas garrafas retornáveis de vidro estão sendo colocadas no mercado pela Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras). Reza a cartilha do consumidor consciente de que antes de descartar uma embalagem para reciclagem deve-se tentar reutilizá-la. A explicação é simples: reciclar dispensa matérias-primas importantes, mas também requer gastos com recursos como água e energia. Nesse sentido, a volta das garrafas retornáveis na indústria de bebidas, apesar de ter um apelo muito mais comercial do que ecológico, é um ponto a favor do ciclo de sustentabilidade. O presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, admite que o principal objetivo do projeto, batizado dee Garrafa Sustentável, é aumentar a competitimpetitividade dos cerca de 130 fabricantes ntes de “tubaínas” representados pela associação. Segundo o dirigente, a garrafa rafa de vidro é mais cara, exige a contratação atação do dobro de funcionários para operar a linha de envase, mas retorna na à fábrica em média 50 vezes e acaba aba resultando num preço final entre tre 20% e 30% menor. “Com esse se projeto, esperamos aumentar já no ano que vem 1% do nossoo market share”, afirma Bairros.. Atualmente, os pequenos fabri-cantes detêm 22% do mercadoo de refrigerantes no Brasil. As garrafas de vidro, quee predominavam no mercadoo de refrigerantes há 20 anos, suumiram com o surgimento das as embalagens de PET. Porém, nos os últimos anos, empresas como a Coca-Cola têm aumentado seus us investimentos em garrafas de vidro, justamente para fazer frennte à concorrência das pequenas as marcas de refrigerantes. No final al

de 2007, a empresa recolocou no mercado brasileiro a garrafa de 1 litro, um clássico nas décadas de 1970 e 1980. O objetivo era atingir os consumidores de baixa renda, que compram em mercadinhos e supermercados de vizinhança. Atualmente, o refrigerante CocaCola tem oito modelos diferentes de vasilhames retornáveis de vidro. Com o investimento de grandes marcas em garrafas retornáveis, os pequenos fabricantes decidiram se organizar para padronizar as embalagens, facilitar a logística do processo e ter ganho de escala. “Ganhamos em preço e volume”, destaca Bairros. Dos 130 associados da Afrebras, 80 têm condições técnicas para participar do projeto, financiado pela Caixa Econômica Federal (CEF). Mas, por enquanF to, 35 aderiram. A expectativa, segundo ad Bairros, é que os demais entrem já em 2010, quando outras 20 milhões de garqu rafas de devem ser colocadas no mercado. “Muitos “Muito fabricantes preferem esperar para ver ve se vai funcionar.” De acordo com Bairros, o projeto Garrafa Garra Retornável não deve reduzir o volume de vasilhames de plástico vol comercializados pelos pequenos facom bricantes de refrigerantes. A ideia bric é aumentar a participação de mera cado. “O apelo da praticidade do ca PET ainda é muito forte. Só um PE grande projeto com metas a g longo prazo para mudar a cullo tura”, acredita o dirigente. Por tu outro lado, pelo menos a nova o estratégia da Afrebras não estae rá aumentando o consumo de r refrigerantes em garrafas PET. E r quem sabe ainda vai contribuir q para que mais consumidores p voltem ou comecem a ter aquevo le velho hábito de levar a garrafa vazia va na hora de ir às compras, conjugando, na prática, o verbo co reutilizar. (Cléia Schmitz) re


Mobilidade ecológica Empresa de demolição traz tecnologia para reciclar resíduos da construção civil no próprio canteiro de obra A grande vedete da empresa de demolição Craft Engenharia, do Rio de Janeiro, é um reciclador móvel equipado com um motor a diesel de 252 cavalos de potência. De origem austríaca, ele consome cerca de 25 litros de combustível por hora, o que é uma energia baixa para a capacidade de transformação propiciada pelo equipamento. O engenheiro Carlos Henrique Navaes explica que, aqui no Brasil, o uso desta tecnologia é uma novidade. Essas máquinas já existem na Europa desde a década de 1950, remontando ao pós-guerra. Mas em nosso país, possuidor de vastos recursos naturais e muito espaço para descarte dos resíduos, ao contrário do velho continente, a introdução do equipamento se deu há poucos anos. O que motivou a Craft a trazer este dispositivo para cá foi justamente a preocupação ambiental em oferecer uma alternativa sobre o que fazer com as sobras de demolição. Quando foi criada, esta tecnologia visava primordialmente ao aproveitamento das ruínas para a

reconstrução das cidades dizimadas pela guerra, e sua introdução no Brasil se deu, segundo Navaes, pela preocupação com o que fazer dos dejetos e também por mudanças na legislação. Ele explica que os RCCs, como são chamados os resíduos da construção civil, são oriundos de reforma, de demolição ou descartes por excesso ou má operação. “Há uma preocupação em retornar para a cadeia produtiva os mate-

“Há uma preocupação em retornar para a cadeia produtiva os materiais recicláveis, não só pelo esgotamento dos aterros nos centros urbanos”, diz Carlos Henrique Navaes

riais recicláveis. Não só pelo esgotamento dos aterros nos centros urbanos, mas pela consciência de que é viável reaproveitá-los inclusive no próprio local da nova construção”, diz. Naturalmente, para que isso aconteça, ainda depende da viabilidade econômica. Navaes explica que a Craft não é empresa recicladora, mas sim demolidora, e que na utilização do reciclador móvel se busca equilibrar os custos do processo e as vantagens obtidas com o reaproveitamento ou venda dos materiais versus os custos de transporte e encaminhamento dos resíduos para um aterro. “Tudo é uma questão de dinheiro. Se ainda for mais barato jogar fora não tenha dúvidas que é o que o empresário vai fazer. Obviamente há algumas empresas que têm políticas que não têm preço. Para essas corporações a sustentabilidade é parte do próprio negócio, então há determinações rígidas neste contexto. Eles entendem que seu produto final tem que ter qualidades ambientais”, diz Navaes. Para se compreender o funcionamento do reciclador móvel, é preciso entender qual o material que é processado através dele. Basicamente o equipamento é um triturador com mandíbulas, um mastigador que consegue triturar 200 toneladas de concreto armado por hora no próprio canteiro de obras. Pedaços de paredes e vigas também podem ser reciclados. Depois de devidamente mastigado, o material

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Reciclador móvel consegue triturar 200 toneladas de concreto armado por hora

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cai em uma esteira, onde o ferro é separado do resto através de força eletromagnética. Este ferro é posteriormente vendido para a indústria siderúrgica, e o material restante, com características similares às da brita, pode ser reutilizado para fazer aterro ou pavimentação. Navaes destaca que as mudanças ocorridas na legislação também são importantes para o sucesso do empreendimento da Craft. “A resolução Conama 307/2002 é um guia para reciclagem, ela mudou os parâmetros de responsabilidade dentro da construção civil. Antes o contratante ficava livre de qualquer responsabilidade com os resíduos – estes cabiam à empresa. A partir de 2002 o contratante virou corresponsável, de forma que aquele que manda demolir também pode ser implicado em casos de irresponsabilidade ambiental”, explica. Quanto aos custos envolvidos no processo, Navaes afirma que eles equivalem ao que se gastaria com o descarte legalizado dos resíduos, considerando que o material reutilizado teria que ser adquirido no mercado, e que o ferro separado da alvenaria pela máquina ainda pode ser vendido. São os atravessadores que o recolhem no canteiro de obras e fazem o transporte e o repasse à indústria siderúrgica. “Pela norma do Conama o ferro, o aço que é obtido neste processo é ainda resíduo, eu só separei mas não fiz nada com ele, então são os sucateiros metálicos que compram.” (Marco Túlio Brüning)

Adubo nos negócios Reintegrar o bagaço de uva à natureza, como substrato e fertilizante, abriu oportunidades a empresa de jardinagem Transformar resíduos naturais em matériaprima de alta qualidade é a missão da Beifiur, empresa gaúcha especializada na produção de mudas e adubos orgânicos. Localizada na cidade de Garibaldi, a cerca de 100 quilômetros de Porto Alegre, a empresa desenvolveu uma tecnologia própria que permite o aproveitamento do bagaço da uva para a produção de substratos e fertilizantes ecologicamente corretos. Com a iniciativa pioneira, foi possível alavancar os negócios, ingressar em novos mercados e, de quebra, promover a preservação do meio ambiente. Tudo começou no início da década de 1990, com a abertura de uma empresa de jardinagem. Como a atividade exigia o uso de grandes quantidades de solo – muitas vezes extraído de forma errada –, os proprietários decidiram buscar uma alternativa que pudesse substituir a terra. “Começamos a procurar na região e verificamos que o bagaço e o engaço da uva, vindos das diversas vinícolas da cidade, eram descartados incorretamente

na natureza”, conta Valdecir Ferrari, sócio da Beifiur. Em decomposição, os resíduos liberam o chorume, substância tóxica que oferece grande risco de contaminação se despejada no solo ou na água. As pesquisas começaram em 1996, com o objetivo de transformar o bagaço de uva num substituto para a terra, possibilitando o cultivo de plantas e vegetais em vasos, floreiras e jardins. Mas foi apenas a partir de 2001, com a criação da Beifiur, que o produto ganhou escala. Feito a partir da compostagem das sementes, da casca e do cacho da uva, o substrato inovador é indicado para as mais diversas espécies e lista uma série de benefícios ambientais. Além de evitar o descarte incorreto dos resíduos e o uso de solo escavado, também fornece nutrientes que fortalecem as plantas, permitindo reduzir o uso de fungicidas e inseticidas. No entanto, ainda havia outro problema a ser resolvido: era preciso encontrar uma destinação para o líquido resultante do processo de compostagem, que não poderia


DIVULGAÇÃO/RAFAEL GOÉS

simplesmente ser descartado. Com o objetivo de reintegrar todos os resíduos, a Beifiur intensificou as pesquisas em biotecnologia e desenvolveu um fertilizante orgânico líquido a partir deste efluente. Trata-se de uma substância altamente nutritiva, utilizada durante a irrigação, que substitui os fertilizantes químicos hidrossolúveis e pode ser utilizada em qualquer planta, de flores a hortaliças. Além do bagaço da uva, outros resíduos – como cascas de arroz, de pinus e esterco de aves – também são utilizados como matéria-prima pela Beifiur. Os planos para o futuro incluem a implantação de parreirais de produção orgânica e o desenvolvimento de novos produtos – sempre a partir de resíduos –, como o óleo de semente de uva. “Nosso lema é trabalhar com produtos e serviços que promovam a vida, transformando resíduos em oportunidade”, resume Ferrari, que planeja ampliar cada vez mais os investimentos em pesquisa e tecnologia. Para dar conta dos projetos, a empresa reinveste parte dos lucros em pesquisa e conta com uma equipe multidisciplinar, que inclui engenheiro agrônomo, técnicos agrícolas, químico, bioquímico e biólogo, totalizando dez colaboradores. “Queremos crescer sem apressar o passo, com nossas próprias pernas, sempre com uma visão de sustentabilidade”, diz Ferrari. (Mônica Pupo)

Fazenda Cabeceira do Rio do Prata em Bonito, em Mato Grosso do Sul

Guardiões das florestas Empresários dividem seu tempo entre empreender e resguardar importantes biomas Eles não deixaram de produzir, mas dividiram seu tempo entre empreender e preservar. São empresários que assumiram posições de liderança em projetos ambientais e trabalham para a conservação da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado e Caatinga. O conselheiro do grupo Klabin Celulose, Roberto Klabin, dedica mais de 60% do seu tempo aos projetos da Fundação SOS Mata Atlântica. Lúcio Albuquerque, proprietário da Handara jeanswear, reserva os fins de semana para o manejo da reserva ambiental criada por ele no Ceará. Eduardo Coelho, proprietário da Fazenda Cabeceira do Rio da Prata em Mato Grosso do Sul, faz da preservação das belezas do pantanal e do cerrado um importante aliado nos negócios. Luiz Fernando Furlan, conselheiro da Sadia e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, preside a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e trabalha pela preservação da floresta amazônica. O que todos têm em comum é a preocupação em preservar o meio ambiente. Cada

um se comprometeu a repensar a forma de produção de suas empresas e a contribuir com a preservação da biodiversidade brasileira. O empresário Roberto Klabin se interessou pela causa quando ainda estava na faculdade e se engajou na luta contra a construção de um aeroporto internacional em uma área de mananciais em São Paulo. Na década de 1980 ajudou a fundar a SOS Mata Atlântica e começou a fazer um levanta-

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Beifiur deu destinamento ao bagaço de uva que era descartado incorretamente na natureza

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C A PA mento, via satélite, da Mata Atlântica no País. Na época, percebeu um completo desconhecimento sobre o bioma e resolveu trabalhar para despertar o interesse da população e do meio empresarial para a causa. Na empresa da família, Klabin promoveu mudanças estruturais que garantiram o certificado FSC (Forest Stewardship Council) pelo manejo socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável. A área florestal do grupo nos estados do Paraná e Santa Catarina foi dividida em 224 mil hectares destinados a florestas plantadas e 187 mil hectares para florestas nativas preservadas. A empresa passou também a publicar relatórios de sustentabilidade. Para Klabin, as empresas que investem na preservação do meio ambiente costumam passar por três estágios de envolvimento com a causa ambiental. Primeiro começam a se sentir incomodadas com a questão, depois passam a pensar em medidas internas, e por último mudam a filosofia da empresa e a maneira como fabricam seus produtos. “Tem o Atol das Rocas e tem a praça, o importante é cuidar daquilo que é seu”, explica. O empresário Lúcio Albuquerque, proprietário da Handara jeanswear, resolveu investir na região de Guaramiranga, no Ceará, onde adquiriu uma área de 180 hectares. Ele trabalha durante a semana na administração das 33 lojas da rede e dedica os fins de semana para cuidar da reserva. Desde 2001 plan-

Lúcio Albuquerque leva alunos de escolas municipais à reserva Handara para fazer trilhas

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PARCEIRO NÚMERO UM

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Os empresários brasileiros são também os grandes parceiros de organizações não-governamentais para a preservação do meio ambiente. A Associação Caatinga, que trabalha para a preservação do bioma no Ceará, registrou em 2009 um aumento na participação empresarial nos projetos ambientais. Na campanha Proteja a Natureza – Adote 1 Hectare da Reserva Natural Serra das Almas, a ONG tem o apoio de 22 empresas, o que corresponde a 62% do total de apoiadores do projeto. “Este ano estamos tendo uma adesão maior de empresas do que de pessoas físicas”, explica Rodrigo Castro, secretário-executivo da Associação Caatinga. As contribuições são de R$ 45 para a pre-

servação de 1 hectare para pessoas físicas e de R$ 180 por 4 hectares para pessoas jurídicas. A verba é utilizada para proteger e conservar espécies exclusivas, raras e ameaçadas da caatinga em uma área total de 6 mil hectares em Cratéus. A maior parte dos investidores são empresas do Ceará ou aquelas que têm projetos no estado. “Buscamos o apoio de quem tem interesse em contribuir para evitar a desertificação de uma região crítica da caatinga.” As empresas doadoras que têm lucro real podem ter abatimento do valor no imposto de renda. A Associação oferece ainda outras opções de contribuição para a preservação do meio ambiente. Uma delas é o projeto Caatinga Um

Novo Olhar, de preservação do patrimônio cultural da comunidade da região, que permite aos empresários apoiarem a campanha com recursos do imposto de renda através da Lei Rouanet. A Fundação SOS Mata Atlântica também vê no empresariado uma parceria estratégica para viabilizar a preservação dos biomas brasileiros. O Bradesco é um dos principais apoiadores da fundação. O banco repassa a anuidade de mais de 100 mil filiados do cartão Visa/Mata Atlântica, dinheiro que contribui para a manutenção da estrutura, equipe de técnicos e profissionais da ONG. No projeto Florestas do Futuro da SOS Mata Atlântica, que busca fazer o replantio da mata


Reserva particular A meta do empresário é agora transformar a área em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), o que garante a perpetuidade da região preservada e a ajuda dos órgãos ambientais para o manejo da reserva. “Isso permite que essa área não voltará mais a ser utilizada para fins imobiliários”, comenta Albuquerque. No Brasil, cerca de 500 mil hectares de áreas preservadas no território são RPPNs. A maior parte do investimento privado é no bioma Mata Atlântica (227), seguido pelo Cerrado (132). Se for considerado o tamanho da área, o maior investimento de reservas particulares é no Pantanal (55%), seguido do Cerrado (18%). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão responsável pela regulamentação das RPPNs,

ciliar das bacias hidrográficas, 26 empresas são patrocinadoras da campanha. Desde 2005, eles plantaram 378 mil árvores, e a meta para este ano é chegar a 800 mil. Cada muda custa em média R$ 12 e a fundação se responsabiliza pelo plantio e pela manutenção da área plantada por dois anos. Com o investimento no projeto, as empresas conseguem neutralizar parte dos passivos ambientais. “É feito um estudo que faz a contagem do que é emitido de carbono pela empresa e depois a SOS contabiliza a quantidade que deve ser plantada por empresa”, afirma Ludmila Pugliesi, gerente de restauração florestal da SOS Mata Atlântica.

calcula que existam no País 524 reservas particulares e a meta é que até o fim do ano sejam criadas mais 50 unidades. O empresário Eduardo Coelho transformou parte da fazenda Cabeceira do Rio do Prata em Bonito, em Mato Grosso do Sul, em uma RPPN em 1999 e hoje trabalha para criar outras duas reservas. Ele conseguiu aliar a criação do gado ao turismo e à preservação. A política da empresa é não desmatar as áreas de pastagem da propriedade para que as árvores do campo mantenham o capim úmido e com os nutrientes necessários para o gado. A RPPN da fazenda é um incentivo a mais para os turistas conhecerem a região. “Quando você trabalha de acordo com a natureza, respeitando o meio ambiente, você vai ter um melhor resultado econômico. A natureza tem uma força enorme, tem que saber analisar a natureza e fazê-la trabalhar a seu favor.” Além de empresário, Coelho acumula as funções de presidente do Instituto das Águas da Serra da Bodoquena, de tesoureiro da associação de RPPNs do Mato Grosso do Sul e membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. “Acho que com a pecuária eu gasto 10% do meu tempo, 30% em entidades de classe e 60% cuidando das atividades de ecoturismo.” O conselheiro da Sadia e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, também colocou a preservação ambiental em sua rotina de trabalho. Depois de 40 anos na iniciativa privada e de quatro anos no governo federal, decidiu ter um novo desafio. Foi para os Estados Unidos e fez um curso sobre desenvolvimento sustentável na universidade de Harvard. Voltou para o Brasil com a vontade de se engajar no que considera o grande desafio do século 21: a sustentabilidade. O empresário trabalhou para que a fábrica da Sadia em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, inaugurada em março de 2009, fosse a primeira do setor de carnes do Brasil a neutralizar todo o gás carbônico gerado. A unidade tem estação de tratamento dos efluentes e capta a água das chuvas. E a empresa se responsabilizou pela recuperação da mata ciliar às margens do Rio Tapacurá, próximo à fábrica. Furlan também assumiu a presidência da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) – uma parceria público-privada que tem como cofundadores o Estado do Amazonas e o Bradesco e tem o compromisso com a con-

servação das florestas e a melhoria da qualidade de vida das populações que nela vivem. Ajuda a preservar 35 unidades da floresta amazônica – uma área maior que a Inglaterra – onde vivem cerca de 10 mil famílias. Furlan considera que preservar a floresta custa menos que consertar, e a Amazônia precisa ser vista não como um problema, mas como um grande ativo que os outros não têm. “O Brasil ainda tem 60% da cobertura original, enquanto a Europa só tem 0,3%.” A ideia da fundação é promover as cadeias sustentáveis através de um fundo de R$ 100 milhões em cotas de patrocínio. Até o momento a FAS conseguiu R$ 60 milhões, sendo R$ 20 milhões do governo do Amazonas, R$ 20 milhões da Coca-Cola e R$ 20 milhões do Bradesco. Com o dinheiro, 6 mil famílias recebem a bolsa floresta, uma ajuda de R$ 50 pagos às mães de famílias residentes nas unidades de conservação. A Fundação Amazonas Sustentável destina ainda R$ 4 mil às associações de moradores das unidades de conservação, o bolsa floresta renda para o apoio à produção sustentável e o bolsa floresta social de R$ 4 mil para a melhoria da educação, saúde, comunicação e transporte. O dinheiro é uma recompensa para aqueles que assumem o compromisso de conservar a floresta. (Beatrice Gonçalves)

LINHA DIRETA Adriano Assi: (11) 5535-6695 Afrebras: (42) 3622-0304 Akatu: (11) 3141-0177 Beifiur: www.beigrupo.com/(54) 3462-4205 Braskem: (11) 3576-9999 CBCS: (11) 3869-0791 Craft Engenharia: (21) 7839-1943 Christiane Urioeste: www.walmartbrasil.com.br Eduardo Coelho: www.bonitoweb.com.br João Paulo Altenfelder: (11) 3062-7620 Lepri: (11) 5506-1390 Lúcio Albuquerque: www.handara.com.br Luiz Fernando Furlan e Virgílio Maurício Viana: www.fas-amazonas.org Marco Antônio Fujihara: (11) 3372-9595 Pão de Açúcar: 0800 7 732 732 Roberto Klabin e Ludmila Pugliesi: www.sosma.org.br Rodrigo Castro: www.acaatinga.org.br YD Confecções: (11) 3818-9500

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tou mais de 13 mil árvores no local em um projeto de recuperação da Mata Atlântica. Em Guaramiranga, o empresário coordena também um trabalho de educação ambiental na comunidade, com exibição de filmes e documentários ambientais, e um projeto que leva os alunos das escolas municipais à reserva Handara para fazer trilhas. “Toda empresa precisa praticar a responsabilidade social, ela não é só geradora de renda, lucro e emprego, ela precisa ser responsável pela construção de um mundo melhor.”

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C A PA C I TA Ç Ã O

Expansão

prof issional Governo federal e instituições investem na ampliação das vagas e na qualidade do ensino profissionalizante e tecnológico

por Alexsandro Vanin

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vanin@empreendedor.com.br

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Em 1809, Dom João VI, então Príncipe Regente de Portugal, após a suspensão da proibição de funcionamento de indústrias manufatureiras no Brasil, criou o Colégio das Fábricas. Cem anos depois, o presidente Nilo Peçanha dava início à rede federal de ensino profissional ao criar 19 escolas de Aprendizes e Artífices – ato precedido por algumas sociedades civis, que tomaram a iniciativa de fundar Liceus de Artes e Ofícios na segunda metade dos anos 1800. Mas foi necessário mais um século para que a modalidade recebesse a atenção merecida pelo seu papel no desenvolvimento econômico e social do País (veja a matéria “Técnico empreendedor”, publicada na edição 178, em agosto). O governo federal deu início em 2005 a um verdadeiro renascimento da rede federal de ensino profissional e tecnológico, com a construção de 214 unidades até o ano que vem – para se ter uma ideia, até 2002 existiam apenas 140 escolas. A expansão implica investimentos totais de R$ 1,1 bilhão, e deve aumentar o número de vagas das atuais 215 mil para 500 mil. O acesso à modalidade também é ampliado por ações como o programa Brasil Profissionalizado (modernização e a expansão das redes estaduais de ensino médio integradas à educação profissional), o sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (cursos a distância) e o acordo com o Sistema S. “As empresas enfrentam sérias dificuldades para contratar mão-de-obra treinada e qualifica-

da. É o momento de dotarmos nosso país de uma rede de educação profissional e tecnológica capaz de dar conta dos desafios que o mundo exige”, afirma o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Eliezer Moreira Pacheco. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo informações da assessoria de imprensa, o mais importante é que agora o jovem não tem que sair do interior para as capitais para poder estudar e aprender uma profissão. Segundo dados do MEC, 74% dos alunos do ensino técnico trabalham na região em que se formaram. A maioria é de origem humilde, cujos pais não têm sequer o ensino fundamental. A expansão também atende a uma demanda da população. O Censo Escolar 2009, elaborado pelo MEC, demonstrou que as matrículas em educação profissional são as que mais crescem no País. A modalidade teve aumento de 14,7% no número de matrículas em relação ao ano anterior (sendo 19,6% em cursos concomitantes ao ensino médio e de 10,5% nos subsequentes), enquanto a educação básica como um todo registrou acréscimo de 0,4% e no ensino médio regular a variação foi estatisticamente nula. Já nos cursos profissionalizantes de nível superior (educação tecnológica, oferecida no Brasil desde 1994), conforme dados do MEC apurados em censo específico, foi verificado em 2007 um aumento de 24,8% no número de matrículas em relação ao ano anterior. A procura é grande em razão da alta empregabilidade proporcionada por esses cursos (confira os índices e razões na matéria da edição

anterior) e das deficiências do ensino médio regular. “Esta etapa da educação básica, em muitos casos, virou um preparatório para o jovem entrar na faculdade, e não para ele sobreviver na faculdade”, diz Alexandre Loures Barbosa, coordenador da Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETE), de Santa Rita do Sapucaí (MG).

Qualidade internacional Mas de nada adianta ampliar o número de vagas se a expansão não vier acompanhada de qualidade do ensino. Para Pacheco, a qualidade dos institutos federais é inquestionável, é a melhor rede de ensino do País, segundo avaliações como Enem e Enade. “O desafio é manter este padrão, e isto exige dignidade salarial para professores, investimento de recursos na infraestrutura e seleção criteriosa e capacitação de professores.” A aceitação no mercado de trabalho é outra referência. Daniel de Souza Maria, formado no curso superior de Tecnologia em Processos Gerenciais há cerca de um ano no Senac/SC, por exemplo, é aposta da empresa onde trabalha. Atualmente, ele faz pós-graduação em São Paulo e se prepara para desenvolver um dos setores da organização. “Durante as aulas conseguimos relacionar a teoria com a prática da profissão, isso facilita o aprendizado. Quando chega ao mercado, o tecnólogo está pronto para aplicar o que aprendeu no curso.” Estudantes do Sistema S ainda passam por outra avaliação. Os melhores do Brasil


DIVULGAÇÃO RICARDO STUCKERT/PR

Presidente Lula visita sala de aula da Unidade de Ensino Descentralizada de Inhumas, vinculada ao Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiás Brasil comprova que o modelo de educação profissional adotado é muito bom, tanto é que o Senai está transferindo tecnologia para vários países, entre eles Guatemala, Cabo Verde, Angola, Timor Leste, Guiné-Bissau e Paraguai, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A unidade catarinense, por exemplo, acompanha o projeto e construção do Instituto Técnico de Capacitación y Productividad (Intecap) em Huehuetenango, na Guatemala, e fará a gestão compartilhada do centro nos primeiros dois anos. Quem também tem formação técnica e passou pelos bancos escolares do Sistema S é o atual presidente do Brasil, que em discurso para formandos do Primeiros Passos (programa de qualificação profissional na área de turismo e construção civil destinado a jovens e mulheres de baixa renda), no Rio de Janeiro, declarou ser um exemplo vivo da importância do ensino técnico. “Graças ao curso que fiz no Senai fui o primeiro de oito irmãos a ter um emprego com carteira

assinada, o primeiro a poder adquirir bens como televisão e carro. Por experiência própria, conheço o inestimável valor do ensino técnico e é por isso que me empenho em proporcionar essa oportunidade a todos.”

LINHA DIRETA ETE: www.ete.g12.br Senac/SC: www.sc.senac.br Senai: www.sc.senai.br Setec/MEC: www.mec.gov.br

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participam do WorldSkills, a maior competição global de educação profissional e tecnológica. Na última edição, realizada de 1º a 7 de setembro, em Calgary, no Canadá, os brasileiros ficaram em terceiro lugar no quadro de medalhas, com quatro ouros, quatro pratas, dois bronzes e cinco diplomas de excelência, perdendo apenas para a Coreia do Sul e Irlanda. Na pontuação geral, liderada pela Coreia do Sul (524,62), o Brasil ficou em quarto lugar, com 519,20 pontos, e por nove décimos não ultrapassou a Suíça (520,09) e a Irlanda (519,64), o que lhe daria a segunda posição – a mesma conquistada no ano passado, apesar de um número menor de medalhas. Vale ressaltar que a delegação nacional disputou apenas 20 das 45 modalidades da competição. “O evento reuniu os melhores estudantes de cada país e resultou numa demonstração de esmero profissional, da competência e da capacitação”, ressalta o presidente do Sistema Fiesc, Alcantaro Corrêa, que esteve em Calgary. Segundo ele, o resultado alcançado pelo

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SENAI ESPECIAL

Impulso na roda da economia

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Ensino profissional e tecnológico de qualidade é fundamental para o desenvolvimento econômico e social

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A educação profissionalizante é fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Com opções para pessoas com diferentes níveis de escolaridade, da qualificação profissional às graduações de curta duração, passando pelos cursos técnicos e chegando até as pós-graduações lato sensu, a modalidade reflete no aumento da empregabilidade e da renda dos indivíduos. Aliado ao estímulo das competências empreendedoras, como ocorre nos programas do Senai, o ensino profissional e tecnológico ajuda ainda mais a girar a roda da economia, pois mais empresas e empregos são gerados, movimentando comércio e serviços locais e aumentando a arrecadação de impostos. O filho de agricultores de São Miguel do Oeste (SC), Odirlei Matana, é um exemplo. Atualmente com 26 anos, ele viveu na adolescência o dilema de todo jovem do meio rural: não queria deixar o campo, mas desejava ter uma profissão de sucesso e que lhe trouxesse boas perspectivas de renda. A solução foi aliar empreendedorismo ao conhecimento adquirido no curso técnico de Alimentos do Senai/SC e abrir uma indústria de polpa de frutas e legumes embalados na propriedade de seus pais, agregando valor à produção de mais de 30 famílias de agricultores da vizinhança. Hoje 80% do faturamento da Matanatural vem da produção de polpa de fruta, mandioca, milho pré-cozido e extrato de tomate – todos congelados. O restante vem de produtos in natura, selecionados e embalados pela empresa. O estímulo das competências empreendedoras e a formação técnica

Odirlei Matana, da Matanatural, agrega valor à produção da família e de 32 vizinhos

voltada às necessidades do mercado ajudam a elevar a empregabilidade dos indivíduos formados no ensino profissional e tecnológico. No Senai/SC, esse índice é de 91% para técnicos e 93% para tecnólogos, segundo levantamento interno da instituição. O ex-aluno da unidade de Itajaí (SC) Sidney Ailton da Silva, de 39 anos, atuava como vendedor externo, mas não estava contente com a profissão. Ele fez o curso técnico em Logística, há cinco anos, e na época foi indicado por um dos professores para um estágio na Distribuidora Müller. Logo após este período, foi contratado pela empresa, e hoje é colega de três ex-professores. “Graças ao curso e aos meus professores, consegui uma colocação, o que parecia ser difícil para mim, que tenho mais idade”, conta Silva. O mercado também reconhece o bom desempenho de egressos do ensino técnico e tecnológico remuneran-

do na média ou acima da média esses profissionais. Aos 17 anos, Eduardo Arndt, de Timbó (SC), começou a trabalhar como operador de produção numa indústria de sua cidade. Galgou alguns postos e tornou-se inspetor de qualidade, enquanto fazia faculdade de Administração. Mas o jovem percebeu que a carreira se estagnou e resolveu dar uma guinada na formação. Realizou então o curso técnico em Mecânica do Senai de Indaial (SC), que lhe permitiu obter novo emprego, onde ganha quase quatro vezes mais. “O curso do Senai foi decisivo para minha contratação e na determinação do salário”, afirma. Hoje ele é projetista mecânico na DWA Indústria Eletrônica, em Ascurra (SC), a 30 quilômetros de casa. Conheça mais histórias em www.conhecimentoamais.com.br


Senai em números No Brasil

Em Santa Catarina

47,8 milhões de matrículas desde 1942

33 unidades

738 unidades operacionais

326 laboratórios educacionais

454 unidades fixas

13 laboratórios de prestação de serviço

284 unidades móveis

1,5 milhão de alunos desde 1954

115.364 serviços laboratoriais e consultorias em 2008

Mais de 77 mil alunos em 2008

28 áreas industriais atendidas

Atua com Educação a Distância desde 1994

177 parcerias internacionais

1.797 empresas atendidas em consultoria em 2008

Modalidades de ensino

Qualificação profissional – Os cursos de Qualificação e Aperfeiçoamento Profissional do Senai/SC oferecem capacitação profissional de alto nível, sempre orientada pelos rumos da indústria, e também se encaixam perfeitamente no currículo de quem deseja reciclar métodos e conceitos profissionais. Especialmente personalizados para atender às necessidades da sua organização, esses cursos desenvolvem competências profissionais aplicáveis no dia a dia do universo industrial. Uma resposta sob medida para as sua necessidades empresariais. Cursos técnicos – Os profissionais formados nos Cursos Técnicos do Senai/ SC estão qualificados para assumir as funções que vão aumentar a competitividade da sua empresa. Para alcançar

esse objetivo, o Senai/SC reservou um time de professores com experiência, preparados para desenvolver as habilidades profissionais daqueles que tornam o seu negócio realidade. Modernos laboratórios reproduzem o ambiente industrial, além da realização de estudos detalhados de casos reais e visitas técnicas ao parque fabril da sua região. O profissionalismo que ajudará a destacar a sua empresa também está nos Cursos Técnicos do Senai/SC. Pós-técnico – Com o Pós-técnico do Senai/SC, os seus colaboradores adquirem novos conhecimentos sobre ações, equipamentos e decisões que afetam diretamente a produtividade de todo o negócio. A qualidade do Pós-técnico está baseada na inovação: são cursos únicos e espalhados por diversas regiões catarinenses, encomendados sob demanda e adequados à sua realidade empresarial. São indicados aos profissionais que necessitam de um constante aprofundamento de conhecimentos, em razão da evolução e do emprego de novas tecnologias. Superiores de tecnologia – Presentes na educação profissional da Europa e dos Estados Unidos desde os anos 1990, os Cursos Superiores de Tecnologia são oferecidos pelo Senai/SC com foco no desenvolvimento de competências profissionais, aulas teóricas e projetos integradores. É por isso que os tecnólogos possuem uma aceitação tão grande no mercado de trabalho, atuando com agili-

dade e competência em setores específicos da indústria. Com duração média de três anos, os Cursos Superiores de Tecnologia do Senai/SC são muito mais objetivos. As matérias centram-se em áreas do conhecimento, ensinadas por professores qualificados e com experiência em suas áreas de atuação. Nas Faculdades Senai/SC, tudo o que é experimentado possui aplicação prática no mercado. Pós-graduação – Neste mundo que exige atualização constante, os programas de Pós-graduação lato sensu do Senai/SC oferecem ao seu negócio a formação de profissionais ágeis, que reconhecerão e assumirão as demandas do mercado de trabalho como especialistas. Um nível avançado de conhecimento, no qual as mentes da sua empresa estarão interligadas às reais necessidades da sua área de atuação, em sintonia com as novidades e tendências tecnológicas. Atuando no campo da Pós-graduação desde 1997, o Senai/SC atende às necessidades do mundo do trabalho em áreas diferenciadas e de grande valor para a indústria. Posicione seus colaboradores no jogo para decidir e vencer. Escolha a solidez da Pós-graduação Senai/SC. Educação a distância (EaD) – Com mais de 10 anos de experiência de ensino a distância, o Senai/SC atende às necessidades de aprendizagem exigidas pelo mercado, permitindo a atualização profissional de todos que desejam conciliar trabalho e estudo.

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Aprendizagem industrial – Os cursos de Aprendizagem Industrial do Senai/ SC representam um nível de ensino qualificado e totalmente gratuito, fato que atesta a preocupação da instituição em exercer a sua função social. São oferecidos aos jovens com idade entre 14 e 24 anos, estimulando a busca pelo primeiro emprego em um modelo educacional orientado para a formação de mão-de-obra especializada. Ao vivenciar um curso de Aprendizagem Profissional no Senai/SC, o aluno absorve toda a base necessária para atuar com agilidade na linha de produção de uma empresa, auxiliando na conquista dos níveis de competitividade que vão realçar o seu negócio.

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a

PA N O R A M A

Livre concorrência

Órgãos do governo que apuram abusos econômicos beneficiam consumidores e pequenas empresas, mas estas não estão livres de investigação

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por Maycon Stähelin

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A AmBev recebeu em julho a maior multa já imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), de R$ 353 milhões, por um programa de fidelização de pontos-de-venda no varejo que, segundo o órgão, tinha a intenção de prejudicar a concorrência. A fusão entre Sadia e Perdigão, que vai formar a Brasil Foods, ainda depende de aprovação do Cade para ser concluída, e isso após avaliação da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda. Nos últimos meses, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça instaurou processos administrativos para apurar suposto abuso de poder de mercado pela Redecard e possível conduta anticompetitiva da Visa do Brasil, Visa International e VisaNet do Brasil. Isso significa que apenas grandes empresas são alvo de análises e investigações por parte do governo? Segundo os dirigentes dos três órgãos que compõem o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), não. “Nossa atuação não distingue o tamanho da empresa. Não perseguimos uma companhia só por ela ser grande nem desconsideramos outra por ser de menor porte”, afirma a secretária de Direito Econômico, Mariana Tava-

res de Araújo. Segundo ela, há empresários que têm essa ideia, de que as pequenas são protegidas e as grandes punidas somente em função do tamanho, e tentam se aproveitar. “Com frequência verificamos uma conduta oportunista de empresários que nos trazem denúncias sem fundamento, achando que vamos punir só por se tratar de uma grande empresa”, diz. O conselheiro do Cade Olavo Chinaglia explica que o SBDC analisa dois tipos de procedimentos. Um são os atos de concentração, como fusões e aquisições entre empresas. Nesse caso, se um dos grupos empresariais envolvidos no negócio tiver faturamento anual superior a R$ 400 milhões no ano anterior ao fato ocorrido ou a empresa resultante do processo tiver uma participação de mercado superior a 20%, no total ou em algum segmento, as empresas são obrigadas por lei a notificar o governo e passar pela avaliação dos órgãos de defesa da concorrência. Nessa situação, as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em geral não são alvo de análise, somente se estiverem sendo compradas. O outro tipo de procedimento são os processos administrativos para apurar condutas anticompetitivas. Nessa situação, diz Chinaglia, dificilmente uma empresa de

menor porte tem poder para, sozinha, ter alguma prática que tenha impacto negativo significativo no mercado. No entanto, pequenas empresas em conjunto podem, e com certa frequência praticam, infrações à ordem econômica, como no caso de cartéis, por exemplo. No início de setembro, por exemplo, a SDE anunciou a abertura de processos administrativos para investigar a conduta de associações e sindicatos de autoescolas e centros de formação de condutores nos estados do Paraná, Minas Gerais e São Paulo. A entidade vai investigar a divulgação de tabela de preços recomendados para as autoescolas associadas, com valores mínimos e máximos que deveriam ser observados pelas empresas do ramo. Há ainda diversos outros processos em andamento e já julgados contra empresas de micro, pequeno e médio portes de diferentes setores, como tradutores juramentados, postos de gasolina e padarias. Segundo o diretor de Estudos Econômicos do Instituto Brasileiro de Estudos de Concorrência, Consumo e Comércio Internacional (Ibrac), João Paulo Garcia Leal, essa possibilidade de condutas anticompetitivas, como um cartel formado por pequenas empresas, é mais comum em mercados pulverizados e bem locais, mesmo que, no


PHOTOSTOGO

Os três órgãos do Sistema Brasileiro de d Defesa da Concorrência (SBDC) aatuam em sintonia, cada um com um foco distinto. A SDE foca mais a investigação de condutas anticompetitivas, e a Seae os atos de concentração de mercado. O Cade é responsável pelos julgamentos, a partir das informações recolhidas e pa análises encaminhadas pela SDE e pela aná Seae. A SDE é também responsável pela Seae abertura de qualquer investigação ou abert processo administrativo, que em alguns proce casos é enviado para apreciação da Seae. isso, é também a SDE que qualquer Por is micro, pequena e média empresa deve micro procurar caso queira denunciar alguma procu prática de concorrência desleal de outra prátic empresa que esteja prejudicando-a. empre

total, o número de competidores seja grande e nem todos participem do conluio. “Se, por exemplo, padarias, postos de gasolina ou farmácias de um bairro se unirem para aumentar juntos os preços, dificilmente alguém vai atravessar a cidade para comprar pão ou abastecer o carro mais barato”, diz.

Impacto nas pequenas Além de possíveis práticas desleais de comércio por parte de MPMEs, os órgãos de defesa da concorrência também avaliam, mesmo que indiretamente, o impacto que os negócios e as práticas das grandes têm sobre as empresas menores. De acordo com Mariana Araújo, da SDE, o objetivo “não é proteger os concorrentes, mas a concorrência como um todo”, e o consumidor final em última instância. O coordenador-geral de Defesa da Concorrência do Seae, Andrey Goldner Baptista Silva, explica que a livre concorrência deve ser protegida em razão dos benefícios que dela decorrem, com “vantagens que alcançam consumidores, fornecedores, o mercado e a sociedade em geral”. Ocorre que muitas vezes, segundo Chinaglia, do Cade, a proteção do interesse do consumidor coincide com o interesse das pequenas empresas, sejam elas concorrentes ou

mesmo fornecedores ou clientes da grande empresa em análise. Embora a intenção seja defender o consumidor, em muitos casos proteger as pequenas empresas é um instrumento para garantir a competição e, dessa maneira, beneficiar os compradores. “Além disso, temos o dever, entre outras coisas, de garantir o direito à livre iniciativa e à permanência no mercado das empresas do setor em questão, para isso temos que levar em conta os impactos nas empresas menores.” Para o advogado e analista de políticas públicas do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), André Spinola, os abusos do poder de mercado por grandes empresas são comuns e afetam muito as pequenas empresas. “Tem um impacto em toda a cadeia, geralmente se dá de cima para baixo.” E os prejudicados não são só os concorrentes diretos. Em muitos casos de práticas desleais de grandes fabricantes, afirma, o pequeno varejo é que sofre. Isso porque as grandes indústrias que tenham uma posição francamente dominante em um determinado mercado têm facilidade de impor aumentos de preço aos pequenos varejistas. “Se os preços de um grande fornecedor estão inflados, muitas vezes o pequeno varejista tem apenas duas opções: ou diminui a sua margem, e perde lucratividade, ou passa essa alta de preço para

o consumidor final, e também perde com a queda nas vendas”, destaca. Leal, do Ibrac, concorda que os reflexos negativos sobre pequenas empresas podem se dar de várias formas, mas acredita que isso é levado em consideração pelos agentes do SBDC. “Quando os órgãos de defesa da concorrência estão coibindo o abuso de poder econômico, as MPMEs que sejam concorrentes, clientes ou fornecedores são beneficiárias das ações, embora não apareçam tanto. Sem dúvida, elas também são levadas em consideração nas investigações ou julgamentos”, avalia. O presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, também faz uma avaliação positiva da atuação das entidades do SBDC, embora com uma ressalva: “O Cade e os demais órgãos têm uma atuação muito importante para as pequenas indústrias e para a economia como um todo. O sistema funciona bem, porém nem sempre na velocidade desejável”. Ele destaca, no entanto, que essa lentidão não é uma exclusividade brasileira. Ela é verificada em praticamente todo o mundo, mais em função da dinâmica da economia e da complexidade das análises, como verificado nos processos contra a Microsoft nos Estados Unidos e na União Europeia. O proprietário da Cervejaria Dado Bier, Eduardo Bier, tem opinião semelhante, e destaca que os órgãos de defesa da concorrência são muito respeitados pelas grandes empresas. “Embora o meu mercado seja muito concentrado, e isso dificulte a entrada de novos concorrentes ou o crescimento dos pequenos, nós vemos que eles realmente regulam o mercado. Se já temos dificuldades como está, não tenho dúvida de que sem os órgãos de defesa da concorrência nós nem existiríamos”, afirma o empresário de Porto Alegre.

LINHA DIRETA Cade: www.cade.gov.br Dado Bier: www.dadobier.com.br Ibrac: www.ibrac.org.br SDE: www.mj.gov.br/sde Seae: www.seae.fazenda.gov.br Sebrae: www.sebrae.com.br Simpi: www.simpi.org.br

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AATUAÇÃO DO SBDC

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E S T R AT É G I A

Campanhas regionais da Lopes Consultoria Imobiliária

local Linguagem

Cresce a tendência de regionalização das campanhas publicitárias para melhor atingir os diferentes perfis de consumidores por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Para divulgar seus imóveis e empreendimentos, a Lopes Consultoria Imobiliária decidiu inovar. Ao invés de produzir um único caderno para ser veiculado nos meios de comunicação, a empresa segmentou a campanha publicitária por regiões. Só em São Paulo foram publicados dois cadernos – um guia da zona leste e outro da zona sul. Cada um anunciava imóveis diferentes. Assim, o leitor do jornal da zona leste da cidade recebeu anúncios de imóveis de bairros próximos à sua residência e o mesmo aconteceu com os da zona sul.

A campanha regionalizada trouxe resultados rápidos para a empresa. A página da Lopes destinada ao anúncio dos imóveis da zona leste registrou aumento de 26% de acessos, o contato de interessados nos produtos cresceu 24% e quatro vendas foram efetivadas durante o período de veiculação. Na página da zona sul foi registrado aumento de 19% de acessos e sete vendas foram efetivadas. “Nós percebemos que existem macrorregiões em São Paulo e buscamos usar a mídia de massa de uma forma segmentada”, explica Adriana Sanches, gerente de marketing da Lopes. Para viabilizar a campanha, a agência de publicidade J3P, responsável pelo anúncio,

utilizou a própria logística do jornal em que a mídia foi veiculada para garantir a segmentação. Tudo para que os leitores das diferentes regiões de São Paulo recebessem em casa um anúncio mais indicado para seu perfil. “Dificilmente farei com que uma pessoa que gosta e está acostumada a morar na zona leste ou na zona sul mude toda a sua vida em função de um empreendimento”, explica Giuliano Pereira, diretor comercial da J3P. O retorno do investimento na ação publicitária mobilizou a Lopes a regionalizar os anúncios em outras cidades. A empresa passou a divulgar imóveis e empreendimentos no Rio de Janeiro a partir de mídias segmentadas. Os anúncios na capital fluminense foram divididos em dois cadernos – um destinado aos leitores da Barra da Tijuca e outro aos do Recreio dos Bandeirantes. A estratégia da Lopes faz parte de uma tendência dos anunciantes em investir em campanhas regionais para atender melhor os consumidores, evitar o erro e a dispersão dos recursos publicitários. “Não é mais possível tratar a comunicação de forma homogênea”, explica Ricardo Nabhan de Barros, presidente da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro). Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Rafael Sampaio, os consumidores de hoje tendem a pensar de forma global a partir das informações que recebem dos meios de comunicação, mas agem no local e é aí que está a importância da regionalização das campanhas publicitárias. “A gente caminha para um processo de compe-


Os consumidores de hoje tendem a pensar de forma global a partir das informações que recebem dos meios de comunicação, mas agem no local gares em que o rádio é mais importante que o jornal”, afirma Daniel de Araújo, presidente do Sinapro de Santa Catarina. Para o vice-presidente da ABA, quando o anunciante opta pelos veículos regionais, ele se aproxima do consumidor. Isso porque os meios locais têm mais impacto sobre o consumidor e há uma forte ligação afetiva com o jornal, a rádio e a televisão da cidade. Uma tendência que pode ser percebida pelo aumento da venda de jornais do interior. Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC), de dezembro de 2003 a abril de 2009, os jornais de cidades do interior tiveram crescimento de 62%. Já os jornais tradicionais, concentrados no eixo Rio-São Paulo-Brasília, tiveram sua tiragem estagnada e cresceram apenas 2% nesse mesmo período. Para estimular a regionalização e promover o desenvolvimento das mídias no interior foi criada em 2007 a Frente Parlamentar em Defesa da Mídia Regional, um movimento que reúne 236 deputados e senadores e tem como objetivo disseminar o potencial dos veículos de pequeno e médio portes. A primeira meta do grupo é estimular o governo federal, que é um dos maiores anunciantes do País, a investir em campanhas regionalizadas através da Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Secretaria de Comunicação. “Nós estamos lutando para que todas as campanhas do governo federal sejam feitas nas mídias regionais brasileiras”, explica o deputado federal Cláudio Vignatti (PT-SC), membro da coordenação da frente parlamentar. Para o deputado, a regionalização pode ser o melhor caminho para o governo atingir as pessoas mais pobres do País e para desenvolver municípios do interior. Isso porque com as campanhas regionais é possível fazer com que o dinheiro circule nos municípios e ajude a gerar mais empregos. “As mídias regionais ajudam a comunicar melhor o fato no local. Além disso, é preciso utilizar o poder do rádio

que chega aos municípios mais longínquos e dos jornais regionais que têm mais assinatura nas cidades do interior do que os jornais de circulação estadual ou nacional.” A proposta da frente parlamentar é estimular o governo federal a investir em mídias regionais e fazer com que os cerca de R$ 1 bilhão gastos em propaganda anualmente cheguem ao interior do País. A primeira conquista foi o comprometimento do governo em fazer campanhas específicas sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por regiões. Uma mudança de posicionamento do governo que já pode ser percebida na divisão do bolo publicitário. Pelos dados da Secretaria de Comunicação Social do governo (Secom) em 2008, o governo divulgou peças publicitárias em 5.297 veículos, sendo 2.597 rádios e 297 tevês, número superior aos 499 meios de comunicação que recebiam recursos para fins de promoção em 2003. Nesse período, o número de municípios atingidos pelos anúncios do executivo federal cresceu de 182 para 1.149. Para garantir que a verba publicitária chegue ao interior e atraia anunciantes, os meios de comunicação estão se organizando em associações. Em Santa Catarina, o estado se organiza através de um trade de comunicação que reúne a Associação Catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert), o Sinapro/ SC, a Associação dos Diários do Interior (ADI) e a Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina (Adjori/SC). A Acaert representa 121 emissoras e trabalha para atender ao mercado publicitário trazendo informações sobre as emissoras do estado. “Nós trabalhamos há mais de 10 anos para promover a regionalização. Em Santa Catarina não há um único polo econômico, não há cidades muito grandes e o interior é muito forte. A nossa área de comunicação também é formada por pequenas empresas”, afirma Marise Hartke, presidente da Acaert.

LINHA DIRETA Adriana Sanches: www.lopes.com.br Daniel de Araújo: www.sinaprosc.com.br Giuliano Pereira: www.j3p.com.br Hélcio Gelbecke: www.sinapro.com.br Marise Hartke: www.acaert.com.br Miguel Ângelo Gobbi: www.adjorisc.com.br Rafael Sampaio: www.aba.com.br Ricardo de Barros: www.fenapro.org.br

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tição muito dura. É preciso que se comece a desenvolver processos e métodos que tragam resultados a partir de mídias regionais.” A associação calcula que existam no Brasil mais de 200 microrregiões mercadológicas. Cada uma com um perfil de consumidor diferente e, para conquistá-los, as marcas devem oferecer produtos e serviços que traduzam as características locais. “No caso do Nordeste, as empresas tiveram que produzir mercadorias cada vez mais específicas para a região. Lá faz sucesso a água de cheiro, e no Sul não faz”, explica o presidente da Fenapro. Agência e anunciantes precisam também estar atentos a diferentes formas de consumir um mesmo produto. “Nós temos o exemplo do Nescafé que no Sul se consome de um jeito, e em São Paulo e no Nordeste de outro”, diz Sampaio. Para atender os diferentes mercados a tendência é que os grandes anunciantes tenham uma agência de publicidade nacional e outras regionais. Um movimento que pode estimular o mercado e dar mais oportunidade para a contratação dos 35 mil publicitários formados por ano no País. Além das parcerias regionais, Hélcio José Gelbecke, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná (Sinapro/PR), acredita que para entrar nos mercados locais é necessário realizar pesquisas sobre as características de consumo nas regiões. No caso do Paraná, o publicitário afirma que o anunciante precisa estar atento a diferentes microrregiões do estado onde na parte oeste há forte influência gaúcha, e no norte a influência é dos paulistas. A escolha do meio para a veiculação da campanha também precisa estar adequada aos diferentes públicos. “Na cidade de Cascavel, no oeste do Estado, a maior audiência registrada na televisão é durante o horário do almoço na programação local de uma emissora que no cenário nacional é a terceira colocada no ranking de audiência.” No mercado de Santa Catarina, o anunciante precisa estar atento à forte influência do rádio entre os consumidores. De acordo com a pesquisa Mercado da Veiculação Publicitária em Santa Catarina realizada pelo Instituto Mapa, o estado movimentou em 2008 mais de R$ 800 milhões em publicidade e desse total 22% foram utilizados em campanhas para o rádio. O meio é o que registra o maior número de anunciantes locais (77% das mídias veiculadas nas emissoras são de empresas regionais). “Os anunciantes que querem investir em Santa Catarina têm que entender a cultura regional e as características das mídias; há lu-

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

Ozires Silva

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Data de nascimento: 8 de janeiro de 1931 Cidade: Bauru (SP) Formação: Oficial aviador e piloto militar pela Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos (RJ), engenheiro aeronáutico pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA/SP) e mestre em Ciências Aeronáuticas pelo California Institute of Technology (EUA) Empresas: Presidiu a Embraer (1970-1986 e 1991-1995), a Petrobras (1986-1988), a Varig (2000-2003) e a PeleNova Biotecnologia (2003-2006)

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Sonhador

contumaz História de Ozires Silva é um exemplo de dedicação abnegada ao empreendedorismo e à inovação

LIO SIMAS

A palestra de um senhor prestes a completar 80 anos de idade poderia despertar pouco interesse em jovens estudantes não fosse o engenheiro Ozires Silva o orador em questão. Nascido em 1931, na cidade de Bauru (SP), é possível que Silva tenha um espírito mais inovador do que muitos daqueles futuros engenheiros mecânicos que foram ouvi-lo no dia 20 de agosto de 2009, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Bem-humorado e com um currículo cheio de grandes feitos e boas histórias, as palavras do empresário funcionam como uma injeção de ânimo para quem está começando a vida profissional. “O Brasil não tem o direito de ser pobre, temos que reagir”, destaca o engenheiro. Para ele, três chaves abrem as portas desse desenvolvimento: educação, inovação e empreendedorismo. “Hoje, o desenvolvimento de um país está centrado muito mais na competência do povo do que nas condições naturais. Vocês é que devem produzir a diferença competitiva de que precisamos”, conclama Silva. Ele tem moral para pedir atitude de uma plateia de estudantes prestes a entrar no mercado de trabalho porque foi exatamente o que fez quando jovem, ao liderar a criação da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), em 1969. Não é de hoje que Silva questiona a posição dos produtos brasileiros no mercado mundial. Ele ainda era um adolescente quando em meados da década de 1940 uma dúvida martelava em sua cabeça: por que não

fabricávamos aviões, como faziam os americanos, se tínhamos o mesmo tempo de história deles? A tradicional justificativa de que fomos colonizados por portugueses pobres em vez de ingleses ricos não o convencia de jeito nenhum. Duas décadas depois, já formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Silva integrava a equipe que desenvolveu o Bandeirante, primeiro avião brasileiro comercializado pela Embraer. O empresário dirigiu a companhia desde a sua criação, em 1969, até o ano de 1986, quando foi convidado a ocupar a presidência da Petrobras, onde ficou até 1988. Quatro anos mais tarde, depois de uma passagem como ministro da Infraestrutura do governo Collor, retornou ao cargo de presidente da Embraer, permanecendo até 1995. Nesse período teve a missão de conduzir o processo de privatização da estatal, consolidado em dezembro de 1994. Silva não esconde o orgulho que sente ao ver a Embraer ocupar posição de destaque no cenário mundial. Em 40 anos de história, comemorados no último dia 19 de agosto, a empresa acumula uma produção de cerca de 5 mil aviões comercia-

“Hoje, o desenvolvimento de um país está centrado muito mais na competência do povo do que nas condições naturais”

lizados para 88 países. “Mostramos que é possível construir uma companhia absolutamente competitiva, mesmo num país como o nosso. Hoje, a Embraer é uma multinacional, mas com uma diferença importante: a sede fica em São José dos Campos, no Brasil”, destaca o engenheiro. Silva cita ainda uma constatação feita pelo economista Paulo Rabello de Castro de que o faturamento registrado pela Embraer em 2007 era suficiente para pagar as despesas do ITA por 100 anos. Da instituição saíram e ainda saem muitos engenheiros que atuam na companhia. “Sem o ITA, a Embraer não existiria”, garante Silva.

Pane humana Dos primórdios da Embraer, Ozires Silva guarda histórias tragicômicas. Como o dia em que estava fazendo um voo de demonstração do Bandeirante em Campo Grande e esqueceu de baixar o trem de pouso na hora de descer. “Não sei o que me deu. Depois de levar quatro anos desenvolvendo a aeronave, eu próprio a havia destruído em poucos minutos. Chorei por todos os poros, mas infelizmente Deus limitou a inteligência, não a burrice”, brinca o empresário, aviador militar formado em 1951 pela Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos (RJ). O currículo como piloto inclui quatro anos voando na região amazônica a serviço do Correio da Fronteira, mantido pela Força Aérea Brasileira (FAB). A paixão de Silva pela aviação começou motivada por um grande amigo, Benedito César, o Zico. Foi na companhia dele que

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por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

BÚSSOLA EMPRESARIAL

O QU E FAZER

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Não desista de seus sonhos: desde adolescente, nos anos 1940, Ozires Silva sonhava em construir aviões, um sonho maluco para uma época em que não existia sequer televisão. Em 1968, ele integrava a equipe que fez o voo inaugural do Bandeirante, primeira aeronave fabricada pela Embraer. Descubra novos mercados: Silva diz que a Embraer fez um “gol de placa” ao focar seu negócio na aviação regional, um mercado descoberto naquela época. Hoje, a empresa é líder mundial na fabricação de aviões até 120 lugares.

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O QU E N ÃO FAZ ER Deixar de investir em inovação: apostar em tecnologias novas é o único caminho para agregar mais valor aos produtos e competir num mercado global. Para Silva, um dos problemas brasileiros é que focamos nosso comércio exterior em commodities, mercadorias com baixo valor agregado.

o engenheiro começou a frequentar o aeroclube de Bauru, onde conheceram um tenente suíço da Primeira Guerra Mundial que construía planadores. A partir de então os dois começaram a sonhar com a construção de aviões. Mas a vontade esbarrou na ausência de um curso de engenharia aeronáutica no Brasil. O ITA só seria criado alguns anos mais tarde, em 1950. O caminho mais próximo do que queriam era se tornar oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). E lá foram Ozires e Zico prestar concurso para a Escola da Aeronáutica. A primeira tentativa foi um fracasso, mas acordou de vez os rapazes. “Estudávamos até andando na rua”, lembra Silva. No ano seguinte, foram aprovados e, em 1951, se formaram aviadores. Mas continuavam sonhando em construir aviões em vez de apenas pilotá-los. Porém, em 1955, Zico morreu num desastre aéreo no Rio de Janeiro. Tinha apenas 25 anos de idade. Atordoado, Silva deixou de lado os planos que fez com o amigo. Só os retomou em 1958, quando levou um major aluno do ITA até São José dos Campos (SP). Na viagem, ele o estimulou a fazer a escola. No mesmo ano, fez o vestibular e passou. “Eu acho que naquele dia eu subi como oficial e desci como engenheiro.” Logo após se diplomar pelo ITA, em 1962, Silva foi convidado a ficar no Centro


Na outra página, Ozires na cabine de um Bandeirante reformado; à esquerda, com o atual presidente da Embraer, Frederico Curado; ao fundo, voo inaugural do primeiro Bandeirante, em 1968

de Treinamento Aeronáutico (CTA). Em 1966, fez uma pós-graduação no Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos. Depois disso, concentrou suas energias na criação da Embraer. O projeto exigiu perseverança de todos que fizeram parte dele, mas Silva teve um papel importante na hora de convencer o governo federal a assumir os investimentos necessários para a viabilização. Ele conta que o ministro da Aeronáutica já tinha deixado bem claro que apoiava a criação da empresa, mas não tinha intenção de colocar um centavo de dinheiro público no projeto. O problema é que a busca por investimentos na iniciativa privada deu em nada. Foi então que o destino resolveu colaborar. E colocou Ozires Silva frente a frente com nada menos do que o presidente da República na época, o marechal Arthur da

Costa e Silva. Era um domingo de abril de 1969, quando o operador da torre de controle do CTA entrou em contato com Ozires Silva pedindo que ele recebesse o presidente. Costa e Silva faria um pouso forçado em São José dos Campos por conta de um nevoeiro no campo de Guaratinguetá. E Silva foi a opção do operador que não havia encontrado nem o prefeito e nem o diretor do CTA. O engenheiro teve então uma hora com o presidente e não perdeu tempo. “Fiz uma lavagem cerebral e ele encampou a ideia depois de ver o protótipo do Bandeirante no hangar”, conta Silva. Todas essas histórias Silva conta no livro A decolagem de um sonho – A história da Embraer, publicado em 1998, e reeditado no ano passado com o nome de A decolagem de um grande sonho. E lá se vão 40 anos da fundação da Embraer. Desde então, Ozires Silva nunca mais tirou férias. “Não sei o que fazer com horas de lazer”, admite. Casado e pai de três filhos, atualmente o engenheiro é reitor da universidade Unimonte, em São Paulo. Sua trajetória como empresário inclui ainda uma passagem pela presidência da Varig, entre 2000 e 2003, e o comando da PeleNova Biotecnologia, entre 2003 e 2006, fabricante do Biocure, membrana natural para cicatrização. É a atual menina dos olhos do engenheiro, um apaixonado confesso por tecnologias e inovações.

Com tamanha experiência, Ozires Silva foi convidado pela editora Campus para escrever o livro Carta a um jovem empreendedor – Realize seu sonho, vale a pena. O engenheiro também dá nome ao troféu de empreendedorismo concedido pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas. Por que empreender? Ozires Silva tem a resposta na ponta da língua: “Porque é bom. Assim como os pais gostam de seus filhos porque são suas criações, o empreendedor tem uma satisfação inexplicável quando cria algo novo. O que nos move é a criação.”

LINHA DIRETA Ozires Silva: www.oziressilva.com.br

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“Assim como os pais gostam de seus filhos porque são suas criações, o empreendedor tem uma satisfação inexplicável quando cria algo novo”

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Bússola Sebrae Ferramenta conta com 1.057 usuários no Sistema; a meta é fazer com que haja 2 mil usuários Uma ferramenta que oferece atendimento ainda mais qualificado e possibilita que o cliente obtenha informações capazes de lhe dar uma base

maior para criar ou ampliar o seu negócio. Esse é o perfil da Bússola Sebrae, que começou a ser implementada em novembro de 2007 e ganhou nova versão, no formato web 2.0. A Bússola abriu novos horizontes nos pontos de atendimento. Quem está na ponta, nos estados, atesta o sucesso da ferramenta em oferecer um atendimento cada vez mais qualificado ao cliente. O Sebrae em

Empreender Informe do Sebrae Setembro

Minas Gerais implementou o recurso em março e já registrou mais de 300 atendimentos só na região metropolitana de Belo Horizonte. Danielle Andrade, que trabalha no Ponto de Atendimento no Centro da capital mineira, diz que a Bússola soma-se a outros produtos da instituição para possibilitar uma tomada de decisão mais qualificada na abertura de negócios. O Sebrae em Minas re-


pesquisa alizou ampla divulgação da ferramenta, o que motivou a demanda nos postos do estado. Segundo Danielle, os clientes saem bastante satisfeitos. “Várias pessoas retornam para buscar mais informações sobre os dados e relatórios que passamos”, conta. Breno Barony, gestor da ferramenta em Minas, revela que criou o Manual de Procedimentos para a Bússola Sebrae no estado. O material foi elaborado em parceria com a equipe da Central de Relacionamento e prevê, por exemplo, a assinatura de um termo de conhecimento pelo cliente, para que ele tenha ciência do real potencial da Bússola e assim sejam evitados problemas jurídicos. O manual também orienta que, ao buscar o atendimento da Bússola em Minas, o empreendedor deve responder a um breve questionário sobre seu ramo de atividade, o público-alvo que busca e se já possui um endereço para o futuro negócio. Esses dados são inseridos no sistema, que oferecerá as informações georreferenciadas buscadas pelo empreendedor. Em Goiás, a Bússola começou a ser usada em fevereiro de 2008. Nesse ano, houve 1 mil atendimentos com a nova ferramenta. A gestora estadual, Juliana Borges, chama a atenção sobre a relevância do número devido ao montante de dados analisados. “Os atendimentos duram em torno de duas horas e chegam a ser quase uma consultoria”, observa. O Rio Grande do Sul utiliza a Bússola desde que a ferramenta chegou ao Sistema, em novembro de 2007. Viviane Ferran informa que na instituição há mais de 100 usuários da ferramenta. A unidade no estado realizou algumas ações para divulgar

a Bússola, entre elas a confecção de banners e fôlderes e a produção de um filme educativo para clientes e funcionários. O Sebrae/RS também realizou palestras em universidades para expor a ferramenta de georreferenciamento. Passo a passo Para acessar a versão web 2.0 os usuários devem utilizar senha e login já cadastrados. Caso não consigam, será necessário realizar ‘primeiro acesso’ na nova versão. O suporte para a Bússola pode ser obtido pelo e-mail suporte@cognatis.com.br ou pelo telefone (11) 3014-6201. “A Bússola 2.0 traz como novidades um layout com ambiente mais amigável e de fácil navegação. A nova versão destaca relatórios que reúnem na mesma impressão e visualização um gráfico e um mapa junto às informações de pesquisa que o empresário busca”, informa a

gestora nacional da Bússola Sebrae, Andrea Faria. Entre as novidades da nova versão está a ausência de limite ou restrição para a área de estudo. A ferramenta também oferece fotos aéreas desses locais e permite que o usuário customize símbolos, cores, especificações e relatórios de pesquisa de acordo com as suas necessidades e características locais. A Bússola Sebrae conta com 1.057 usuários no Sistema. A meta é fazer com que haja 2 mil usuários. O Rio Grande do Sul é a unidade que mais utiliza a ferramenta, seguido, de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraná, Maranhão e Rio de Janeiro. A Unidade de Atendimento Individual desenvolve em parceria com a Universidade Corporativa Sebrae e a Unidade de Gestão de Pessoas do Nacional uma alternativa de capacitação sistemática aos usuários da Bússola Sebrae em todo o Brasil.

Setembro Informe do Sebrae Empreender


TI

Fim dos boletos bancários por Beatrice Gonçalves

beatrice@empreendedor.com.br

PHOTOSTOGO

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Sistema de DDA permite que empresas façam cobrança on-line sem precisar emitir títulos

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A forma de pagar as contas vai mudar. A partir de 19 de outubro entra em operação no Brasil o sistema de Débito Direto Autorizado (DDA) desenvolvido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Com o DDA, os clientes que aderirem ao sistema poderão pagar suas contas eletronicamente sem precisar dos boletos bancários impressos. Ao invés de receber os títulos de cobrança em casa, eles terão acesso às contas por meio da internet, telefone e dos terminais de autoatendimento dos bancos cadastrados. O serviço estará dis-

ponível em 129 instituições bancárias do País. O DDA muda também a forma de cobrança das contas. As empresas que se inscreverem no sistema deixarão de pagar pela impressão e postagem dos boletos, além de conseguir entregar a cobrança ao cliente em um menor tempo. “Antes o boleto cobrança demorava de cinco a oito dias para chegar até as mãos do cliente pagador; na medida em que o boleto passa a ser digitalizado esse tempo é reduzido e pode chegar a um ou dois dias”, explica Lúcia Helena Rehder, coordenadora do grupo de

trabalho de tecnologia do DDA da Febraban. Para utilizar o novo sistema de cobrança, o cliente deve fazer o cadastro no banco em que é correntista. A instituição bancária avisa o sistema financeiro que o cliente é um sacado eletrônico – no caso de pagador de boletos – ou cedente, no caso de emissor de cobranças. Para que o DDA funcione e as contas sejam enviadas eletronicamente sem a impressão dos boletos é preciso que tanto o sacado quanto o cedente estejam cadastrados no sistema financeiro. No DDA, o título trafega em uma rede digital, o que evita fraudes, rasuras e adulterações que poderiam acontecer durante a impressão, postagem ou entrega do título. As informações sobre os boletos ficam registradas na Câmara Interbancária de Pagamento


Passeri, do BB: instituição estima que no primeiro ano do DDA 35% das cobranças serão apresentadas eletronicamente meira entrega para os clientes testarem e conhecerem o DDA. As pessoas fazem o cadastramento e imediatamente os títulos emitidos pelo Banco do Brasil, onde ele figura como sacado, nós apresentamos eletronicamente”, explica Sidney Passeri, gerente-executivo de diretoria comercial do Banco do Brasil. Nesta primeira fase, além da apresentação on-line do serviço, o banco imprime os boletos para que o cliente possa comparar a agilidade do serviço. Os clientes que aderirem ao DDA e tiverem o serviço de mensageria via celular, recebem mensagens SMS da instituição toda vez que chegar um novo boleto. O Banco do Brasil estima que no primeiro ano de utilização do DDA 35% das cobranças emitidas pela instituição sejam apresentadas eletronicamente. O que vai possibilitar poupar 14 mil árvores e mais de 26 milhões de litros de água que antes eram utilizados no processo de confecção do papel para o boleto.

Tecnologia nacional Para conseguir emitir as cobranças e cadastrar os clientes no sistema financeiro, cada banco deve ter um sistema de DDA. As grandes instituições financeiras investiram em tecnologias próprias. Já as instituições de pequeno e médio portes e as agências de bancos internacionais que atuam no Brasil estão se adaptando ao novo sistema e são o públicoalvo das empresas que desenvolvem soluções de Débito Direto Autorizado. A Matera Systems desenvolveu o sistema DDA da suíte Matera Banco, solução que roda nas plataformas Windows, Linux e Unix. O sistema é flexível e robusto, podendo trabalhar

com mais de 5 milhões de boletos em uma única carga – isso é cinco a dez vezes o volume mensal de um banco de médio porte. Não precisa ser instalado no computador, é todo em web e roda em browser. A solução foi desenvolvida com o uso de metodologias ágeis, como Scrum e TDD (Test Driven Development) e integra os sistemas bancários com o sistema de informação dos clientes corporativos das instituições financeiras. A solução de DDA não exige investimentos em hardware, mas precisa de um sistema eletrônico consolidado. “O DDA é um movimento que força cada vez mais os bancos a terem internet banking; quando se fala dos grandes bancos de varejo todos têm e não é uma novidade, mas você tem bancos de nicho, bancos de empresa que não tinham, e o DDA vai dar mais um empurrão para que os bancos tenham internet banking”, explica Carlos Augusto Leite Netto, presidente da Matera Systems. Outra dificuldade dos bancos pequenos é operacionalizar os títulos encaminhados pela CIP e identificá-los para cada cliente. A Nexxera desenvolveu o NexxDDA, solução de débito direto autorizado que, além de enviar e receber os títulos da CIP, gerencia e identifica os títulos para cada cliente. A solução faz o reordenamento dos títulos para os bancos que não têm como desmembrar ou agregar os arquivos para entregar para o sacado. Todo o serviço do DDA é realizado no data center da empresa e não há limite de tráfego de boletos por dia. O sistema faz a varredura, captura, apresentação, pagamento, créditos e antecipações dos boletos. No ambiente eletrônico de negócios da Nexxera, as empresas cedentes eletrônicas têm um canal de negociação com o cliente sacado e há um serviço para os fornecedores de antecipação de pagamentos. Outro diferencial do NexxDDA é que o serviço consegue capturar três tipos de documentos: título com registro, título sem registro e a nota fiscal (eletrônica e mercantil). “A grande vantagem do DDA foi despertar o mercado para que cada vez mais o processo eletrônico possa acontecer, e nós conseguimos trazer facilidades para quem paga, quem recebe e o intermediário que é o banco”, afirma Edson Silva, presidente da Nexxera.

LINHA DIRETA Carlos Leite Netto: www.matera.com Edson Silva: www.nexxera.com.br Lúcia Helena Rehder: www.febraban.org.br Sidney Passeri: www.bb.com.br

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(CIP), órgão responsável pelo processamento, compensação e liquidação de transferências interbancárias. Assim que é emitido um boleto contra um cliente, o banco em que o título está registrado envia a cobrança à CIP. Cabe à Câmara Interbancária encaminhar o título para o banco de relacionamento do cliente. O banco do sacado apresenta o título através do DDA e é o cliente quem faz o agendamento para pagar na data em que melhor lhe convier. O sistema não tem autorização para fazer o débito automático sem a permissão do cliente. O DDA só permite o pagamento de títulos registrados como contas de condomínio, planos de saúde, mensalidade escolar, financiamento de veículos e casas. Ainda não é possível pagar através do DDA cobranças sem registro como contas de luz, água, gás e telefone. A expectativa da Febraban é que, em três anos, um bilhão de boletos bancários sejam emitidos apenas eletronicamente – o que deve reduzir o consumo de papel e pode tornar as operações bancárias mais sustentáveis. Hoje, para emitir 2 bilhões de boletos bancários ao ano, são necessários o corte de 363 mil árvores, o consumo de cerca de 1 bilhão de litros de água e de outros 45 milhões de KWatts de energia, um volume suficiente para manter uma cidade de 190 mil habitantes por 12 meses. O Brasil é o primeiro país a ter um sistema de DDA. Para a Febraban, a mudança só foi possível porque o setor bancário brasileiro investe continuamente em infraestrutura tecnológica para melhorar os serviços. Só em 2008 os bancos gastaram R$ 16 bilhões em tecnologia, dos quais mais de R$ 6 bilhões foram em investimentos para aprimorar o sistema. Para implementar o DDA, a Febraban investiu R$ 20 milhões em infraestrutura e pretende gastar mais R$ 77 milhões nos próximos nove anos. “O DDA é um sistema pioneiro, específico do Brasil, ele é possível porque os bancos já vinham trabalhando na padronização do boleto de cobrança com a criação da ficha de compensação. Essa infraestrutura permitiu que os bancos trabalhassem em um projeto de colaboração junto com as associações montando todo esse projeto de transferência eletrônica de informações e apresentações de seus compromissos”, explica Lúcia. O sistema ainda não está em operação, mas já é possível se cadastrar para ser um sacado ou um cedente eletrônico. O Banco do Brasil permite o registro via internet e nos terminais de autoatendimento. A instituição oferece aos clientes que fazem adesão ao DDA a apresentação eletrônica dos boletos emitidos pela própria instituição e não há cobrança de tarifa. “O banco fez uma pri-

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TI

Olhar preciso

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Via web

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Contrariando o cenário econômico, a Sphinx Brasil apresentou forte crescimento no primeiro semestre do ano e conquistou 50 novos clientes, entre eles Grendene, L’Oréal e Vipal. A empresa é distribuidora do software francês Sphinx®, ferramenta para pesquisa do universo acadêmico e empresarial, que este ano também passou a ser oferecido na modalidade web. A Sphinx Brasil é resultado de uma parceria científica entre pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e acadêmicos da Université de Savoie, Annecy, França. Ela foi criada com o objetivo de representar a solução com exclusividade no País. A empresa já alcançou o patamar de mais de 5 mil licenças instaladas e cerca de 3 mil pessoas treinadas. “Desde o fim do ano passado, as companhias passaram a buscar e priorizar um melhor posicionamento estratégico. Graças a esta nova postura, as solicitações pelos serviços da Sphinx Brasil cresceram substancialmente. Por isso, a nossa expectativa é de um crescimento da ordem de 10% a 15% até o final do ano, contando com uma melhora significativa no mercado a partir do segundo semestre”, afirma Lina Krafta, diretora comercial na área de TI da Sphinx Brasil. www.

sphinxbrasil.com.br/(51) 3477-3610

A Axis Communications e a Kowa Company anunciaram em agosto o P-Iris, um novo e preciso controle da íris que garante melhor qualidade de imagem – tanto para ara ambientes internos como externos – às câmeras em redee fixas. As lentes P-Iris, juntas com software especializado, podem regular egular de forma automática e precisa a abertura da íris e assim garantirir melhor contraste, claridade, resolução e profundidade de campo. O controle avançado da íris será especialmente benéfico para câmerass megapixel/HDTV e aplicações de videomonitoramento. A nova tecnologia ecnologia será incorporada nos próximos lançamentos de câmeras daa Axis, começando pela câmera de 3 megapixels Axis P1346. www.axis.com s.com

Informação certa A IOB está lançando uma solução inovadora que permite validar todas as informações da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) antes do envio ao Fisco. Batizada de IOB Prímeo, a ferramenta chega ao mercado em um momento oportuno. Em setembro, mais 54 segmentos passaram a fazer parte em âmbito nacional do conjunto de setores sujeitos à obrigatoriedade de emissão da NF-e, além de todas as empresas, independente do segmento, estabelecidas no Estado do Mato Grosso que tenham faturamento acima de R$ 1,8 milhão. A empresa investiu cerca de R$ 4 milhões no desenvolvimento da solução. Em pesquisa, comprovou que metade dos empresários não tem total

confiança nas informações fiscais de suas NF-es. Diretor de soluções da IOB, José Adriano explica que a emissão no modelo antigo de nota fiscal exigia o preenchimento de 50 campos e já era um processo bastante suscetível a erros. Com a nota fiscal eletrônica, são mais de 400 campos, com uma fiscalização muito mais rigorosa. “Eventuais erros cometidos nesse processo podem gerar às empresas multas de até 50% do valor das transações, além de outros prejuízos. Com o IOB Prímeo, a empresa pode identificar erros e inconsistências antes do envio do arquivo ao Fisco, evitando multas e reduzindo drasticamente os riscos de sofrer algum tipo de autuação”, destaca o executivo. www.iob.com.br

Conversão de documentos A ABBYY está lançando o FineReader Engine, um kit de software de desenvolvimento (SDK) altamente portátil para reconhecimento óptico de caractere (OCR). A solução, que suporta 60 idiomas, provê uma nova geração de multifuncionais (MFPs) com conversão de documentos e capacidade de gerenciamento. “Com o novo SDK, os fornecedores de MFP podem agregar maior valor aos periféricos que fornecem ao mercado através de recursos de OCR e customização flexível. O FineReader Engine para Sistema Operacio-

nal Embarcado da ABBYY agiliza o gerenciamento de documentos nas empresas, reduzindo custos associados à instalação e ao suporte de software adicional, e simplificando a tarefa de converter documentos”, afirma Andrey Isaev, diretor do departamento de produtos de tecnologia da ABBYY. Outra vantagem é que a solução pode ser integrada virtualmente em qualquer plataforma ou dispositivo de imagem, tornando sua tecnologia mais acessível aos fornecedores de MFP. www.abbyy.com.br/(11) 3569-5633


Utilização máxima

Mais segurança

A NeoGrid trouxe para o mercado varejista e atacadista brasileiro seu PLM (Product Lifecycle Management), solução para gestão de marca própria implementada pelo Wal-Mart nos Estados Unidos. A ferramenta promete ajudar varejistas e fabricantes a obter maior controle, velocidade e precisão do ciclo de vida de desenvolvimento de produtos de marca própria. Ao aumentar a exatidão de dados e processos, as empresas eliminam retrabalhos e repetições, que geram altos custos. Além disso, validam informações sobre origem, ingredientes e valor nutricional de produtos. O prazo para a implementação da solução é de três a oito meses, dependendo do relacionamento do varejista ou atacadista com seus fornecedores e da quantidade de fornecedores e produtos. “O lançamento do PLM cobre uma importante lacuna, pois o segmento de marcas próprias no varejo brasileiro, em franco desenvolvimento, ainda está carente de ferramentas de TI que permitam a eficiente gestão deste processo”, afirma André Ghignatti, diretor de ofertas de integração, colaboração e comunicação da Neogrid. www.neogrid.com

A Cimcorp lançou recentemente um programa voltado às médias empresas com o objetivo de auxiliá-las na utilização máxima de recursos de TI e na melhora dos níveis de continuidade e disponibilidade. A empresa garante que o Programa de Apoio Tecnológico (ProaTI) traz redução de custos significativa. A experiência em vários projetos comprovou com a virtualização de servidores, por exemplo, uma economia de R$ 500 mil nos gastos com energia elétrica em três anos, assim como uma redução de R$ 3 milhões em um caso de virtualização de 2 mil desktops. A meta da empresa é aumentar sua receita anual em 15% com o ProaTI. Um dos pontos altos do programa, segundo a empresa, é o gerenciamento do ambiente de infraestrutura de TI. Através do CMC (Centro de Monitoração Cimcorp) é possível para qualquer cliente manter seu ambiente monitorado de forma remota, com help e service desk, além de suporte técnico. O diferencial é que este gerenciamento é compartilhado entre a Cimcorp e a equipe de TI do cliente.

A RSA, divisão de segurança da EMC, traz aos usuários de iPhone um novo RSA SecurID® Software Token, desenvolvido especificamente para o equipamento. A solução permite que um iPhone seja usado como um autenticador RSA SecurID. Ela ggera uma senha dinâmica ca que muda a cada 60 segundos, possibilitando acesso seguro a aplicativos e recursos corporativos. A solução complementa a gama de métodos de autenticação oferecidos pela RSA, contemplando os clientes com mais uma opção de garantia de identidade para acesso a um sistema, recurso ou informação com base em risco, custo e conveniência. O aplicativo para token via software pode ser instalado facilmente no iPhone do usuário por meio de um simples download gratuito na App Store. Basta um toque para o usuário habilitar o aplicativo com um exclusivo software token seed fornecido por sua organização de TI, criando um autenticador conveniente, seguro e eficaz em termos de custos. www.itunes.com/appstore/

www.cimcorp.com.br/(11) 3759-3800

RH desburocratizadoo Desenvolvido totalmente no Brasil, o Global Antares, software para gestão de pessoas as da Apdata, garante aos usuários maior flexibilidade no gerenciamento da área de recursos humanos. Entre as vantagens anotadas pelos clientes está a desburocratização do setor, permitindo que os responsáveis se dediquem a processos mais importantes como a gestão estratégica do RH. A ferramenta ainda reduz custos ao dispensar a impressão de relatórios e holerites. O Global Antares é o principal prooduto da Apdata do Brasil, empresa fundada em 1984 e que conta atualmente com cerca de 400 clientes em mais de dez países. www.apdata.com.br a.com.br

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Marca própria

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FRANQUIAS

essencial Serviço

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Setor de alimentação não se abala com a crise e cresce 18%, com faturamento de R$ 8 bilhões

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Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) que foi divulgada recentemente mostra que há um setor que nem ouviu falar da crise: alimentação. Especialmente se o segmento a ser considerado for o de cadeias de fast-food, que apresentando um crescimento de 16% em relação ao ano anterior obteve faturamento de R$ 8 bilhões em 2008. “É um setor que tem mantido uma taxa de crescimento bem acima do que cresce o País. A amostra do estudo da ABF é bem expressiva: foram pesquisadas 4.692 lojas, e a taxa de crescimento obtida ano passado deve se repetir este ano”, afirma o coordenador da pesquisa e consultor da ECD Consultoria em Food Service, Enzo Donna. São diversos os fatores que possibilitam este ótimo resultado. Para João Batista Jr, coordenador da ABF, vale destacar que o varejo como um todo sentiu menos o impacto da instabilidade da economia global. Mas, segundo ele, a grande vantagem das cadeias de franquia é contar com uma série de características que as favorecem dentro de um contexto mais amplo, características que passaram a ser ainda mais apreciadas pelos clientes neste momento de maior critério com gastos. “Uma marca forte, confiança na qualidade do produto, padronização no atendimento, e em especial um preço que o consumidor considera justo”, explica Batista. E é o segmento de fast-food que está sabendo aproveitar melhor este cenário onde se pensa duas vezes antes de fazer um gasto. Batista diz que “antes de estourar a crise, muitas pessoas

por Marco Túlio Brüning

marcotulio@empreendedor.com.br

que passaram a consumir produtos que antes não consumiam, como é para muitos comer fora de casa, o faziam pela experiência de compra, por uma questão de status. Mas agora, depois de conhecer todos estes valores, este consumidor quer mantê-los, pagando menos por isso. É o que as redes de alimentação, de um modo geral, oferecem. E os números nos mostram isso, pois o segmento apresenta uma taxa de crescimento excelente, apesar da crise”. Além deste momento favorável propiciado pela maior consciência do consumidor com os gastos, há outro fator que é a expansão para novos mercados. Se no Rio de Janeiro e em São Paulo este ciclo já está em estágio avançado, em muitos lugares as pessoas ainda não tiveram acesso a esse tipo de opção, e certamente estão ávidas para experimentar. O consultor Enzo Donna afirma que um aspecto a ser considerado é o grande aumento na concorrência. “A pesquisa nos mostra que tem áreas que já estão saturadas. São Paulo tem quase 50% dos estabelecimentos de todo o País. A maior expectativa de crescimento é para a Região Nordeste, que estava sendo pouco explorada e tem apresentado significativas melhoras nos seus índices de consumo.” Segundo ele, temos que observar que alguns estados, mesmo com grande poder de consumo, ainda são resistentes devido a características de alimentação regionais e à resistência cultural, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “Os investimentos nestes lugares devem levar em conta estas restrições, mesmo falando do terceiro e do quarto estado em termos de importância econômica.” Donna também

destaca a inserção da classe C no consumo de alimentos fora de casa. “Por isso os segmentos que mais crescem são sanduíches, pizza, comida por quilo. Em alguns anos esta faixa vai representar 55% da população no Brasil”, diz. Antonio Carlos Nasraui, diretor de marketing do Rei do Mate, confirma que a crise não chegou nos tíquetes mais baixos. “Quando os ventos estão a favor, pode-se montar uma cafeteria, experimentar um pouco o negócio. Quando se tem um só tiro para acertar o alvo, é preciso mirar em uma marca já consolidada, em um modelo de negócio provado e formatado”, explica. A rede Rei do Mate recebe há 11 anos o selo de excelência em franchising da ABF. A expansão prevista para 2009 era entre 25 e 30 lojas. Até outubro atingirá 30 lojas inauguradas no ano. Para Nasraui, a expansão da rede se dá ao maior número de investidores procurando um retorno assegurado para seu capital. Atendendo 50 mil pessoas por dia, o Rei do Mate aposta no tíquete baixo no segmento de “snacks” como forma de manter o fluxo de clientes. “Eu vendo o dia inteiro”, conta Nasraui. Outro fator que contribui para o sucesso da rede é o gosto do consumidor brasileiro por cultivar novos hábitos e experimentar produtos. “Quando começamos, em 1978, você ia ao supermercado e tinha, lá no fundo, metade de uma prateleira que vendia um suco concentrado, nem se pensava em ter um chá pronto. Hoje há corredores só de bebidas prontas, chás, águas saborizadas, é uma tendência mundial”, afirma. Nasraui lembra que a imagem que o brasileiro fazia do chá naquela época era “estou doente, vou tomar


um chá quentinho da vovó”, e ninguém imaginava vender um chá gelado, refrescante. Mas nos Estados Unidos, a bebida já existia. “Nós ainda não temos nem 10% da oferta que eles têm.” É essa a razão da aposta que o Rei do Mate faz para manter seu nível de crescimento. “A demanda pelo nosso produto é crescente”, conta. Esta visão é compartilhada pela gerente de expansão da Salad Creations, Cecília Gonçalves. Ela aposta na maior inserção da mulher no mercado de trabalho como um fator determinante no sucesso do empreendimento. “Muitas estão deixando de comer em casa, e cerca de 75% do público da Salad Creations é formado por elas”, diz. Com lojas em Brasília, Minas Gerais e na Bahia, a rede está em franca expansão para fora do eixo Rio-São Paulo. Um ano após seu lançamento, chega ao final de 2009 com 15 unidades em operação, uma delas a loja própria. Para 2010 a meta é inaugurar outras 20 lojas. “Resolvemos focar em alimentação saudável. Nosso cardápio se constitui basicamente de saladas e sopas, e nosso foco é juntar saúde com economia”, afirma Cecília. O momento se desenha tão favorável ao segmento de fast-food que há investidores criando redes de franquia para abocanhar uma fatia deste mercado. Este é o caso de Luis Felipe Campos, proprietário da Seletti. Com seis lojas próprias, ele vem buscando formatar

dável, sem frituras, com padrão consistente por um preço justo.” Para ele, isso causa atração de consumidores em dois sentidos distintos: o consciente com o momento econômico delicado que vem de um tíquete mais alto, visando melhorar o custo/benefício; e o aspirante que, ao deixar de se alimentar em casa, busca um tíquete de entrada que represente um menor impacto em seu orçamento. O consultor Enzo Donna aponta um último ingrediente nesta receita de sucesso: a busca de novas localizações como academias, dentro de empresas, terminais rodoviários, hospitais, postos de gasolina e outros. Donna afirma que os custos do shopping ainda são muito altos. Segundo pesquisa da ESPN, o que mais atrai consumidores para o shopping é a praça de alimentação, citada em 77% das respostas. “A atração não é mais a Renner, as Americanas, as Pernambucanas, as grandes lojas do passado. O que gera tráfego dentro do shopping é a praça de alimentação.” É por essa razão que, segundo ele, a praça deveria ser desonerada. “Os custos no shopping não são apenas altos, são altíssimos”, finaliza.

LINHA DIRETA ABF: (11) 8262-7727 ECD: (11) 2895-3616 Salad Creations: (11) 2645-0451 Seletti: (11) 8841-8747 Rei do Mate: (11) 3081-9335 Subway: (51) 9239-7950

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Batista: franquias têm características que as favorecem em épocas de maior critério com gastos

a operação, entender bem o mercado. “Como alimentação é um bom ramo, já vale pelas nossas lojas. Mas abrir para franquias é um modo de expandir o negócio sem se preocupar com as dificuldades de gerir um empreendimento desta natureza a distância.” Para ele, o varejo por seu dinamismo precisa de um dono em cima do negócio. E é a franquia que torna possível que isso aconteça. Campos destaca que, segundo as pesquisas, o público que se alimenta fora de casa está em 25%, contra quase 50% nos Estados Unidos. “E aqui não falamos de modismo, mas sim de tendência.” Ele cita outro fator, que considera fundamental para o sucesso do formato rede de fast-food, que é a operação em larga escala. “Você tem que batalhar por vantagens com os fornecedores, com a indústria de shopping centers. Tem que conquistar espaço e brecar a concorrência”, ilustra. “É a única forma de manter seus preços.” A mesma leitura é feita por Milton Costa, gerente regional de desenvolvimento da cadeia de sanduíches Subway. “O que explica o fato de conseguirmos manter nossos preços nos últimos dois, três anos é a expansão da rede, pois nosso custo diminuiu entre 3% e 4% devido à escala”, afirma. Ele conta que o interesse pelas lojas da rede disparou no último ano. “Somente aqui no Rio Grande do Sul eu recebo, todo dia, de oito a dez ligações de empresários interessados em representar nossa marca.” A explicação para este desempenho? “A Subway conseguiu a combinação perfeita entre marca e produto. Nosso cliente reconhece que oferecemos comida sau-

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FRANQUIAS

Diversão eletrônica A Franchising Expo 2009 rendeu o fechamento de mais um contrato de franquia para a marca UZ Games, rede de lojas especializadas em jogos. A nova unidade será instalada na cidade de São José dos Campos (SP), ainda sem local definido. Será a 11ª franquia da marca, que iniciou sua expansão através do franchising em 2008 e que também conta com outras 10 lojas próprias em shopping e uma virtual. As unidades comercializam mais de 12 mil itens entre games, consoles, acessórios e produtos de informática em geral. www.uzgames.com

Rede imobiliária

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A franquia do ramo imobiliário Harcourts está de olho no Brasil, país onde ainda existe poucas redes no ramo. Segundo levantamento da Global Franchise Consulting, empresa responsável por trazer a marca, nos Estados Unidos as franquias representam 60% do setor de imobiliárias, enquanto no Brasil o índice é menos de 1%. A rede Harcourts atualmente conta com 600 unidades e dispõe de sistema de gerenciamento de vendas e de publicidade diferenciado. O valor de investimento nas franquias master varia de acordo com o tamanho do território, com valores a partir de US$ 200 mil. www.globalfranchise.com.br

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Boteco chique Após se tornar um boteco de referência na região de Sorocaba (SP), o Salomé Café Bar aposta na expansão através do franchising. Atualmente com uma unidade própria e duas franqueadas, todas no interior de São Paulo, a empresa – que recentemen-

te conquistou o aval da ABF – deve inaugurar outras quatro franquias no interior do estado ainda em 2009. Mas a intenção é expandir também para outras regiões e já estão em andamento negociações com empreendedores de Pernambuco, Paraná e

Mato Grosso do Sul. O investimento inicial é a partir de R$ 250 mil, com expectativa de retorno entre 18 e 24 meses. O faturamento médio mensal gira em torno de R$ 110 mil.

www.salomecafebar.com.br


Modelo premium O novo modelo de franquia da Wizard traz para o mercado de ensino de idiomas o conceito premium. O método de ensino é o mesmo, mas as unidades Wizard Vip serão implantadas em espaços com mais de 300 metros quadrados

e terão facilidades como estacionamento com mais de 20 vagas, auditório, salas de aula com recursos tecnológicos, maior área de convivência, além de loja, cantina e cyber café. O formato se une ao também recém-lançado conceito Wi-

zard Express – escolas pequenas para locais de grande fluxo de pessoas e com taxa de franquia reduzida –, como nova oportunidade para os empreendedores que têm interesse em investir no segmento. www.wizard.com.br

Jovens e franqueados

Lugar ao sol A Korai Cosmética, franquia de produtos de saúde e beleza lançada este ano, é outra marca que aproveitou a Franchising Expo para ganhar visibilidade. A Korai foi fundada em 2000 e hoje possui duas lojas próprias e outras em fase de início de operação. Embora busque expandir para todo o País, o foco

da marca são as regiões Nordeste e Sudeste em cidades com mais de 100 mil habitantes. Neste ano, a Korai também procurou revitalizar sua marca e reformular todas as embalagens, com o objetivo de atribuir mais força à sua linha.

www.korai.com.br

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Pesquisa realizada pela consultoria Rizzo Franchise mostra que o número de franqueados com até 25 anos já representa 16,10% do total, crescimento de 17% em relação ao ano passado. Já a procura aumentou 50,55%. O levantamento consultou 465 franqueados de 186 diferentes franquias e 2.390 candidatos. E, apesar do que a pouca idade possa indicar, muitos jovens já acumularam capital suficiente para investir em uma unidade de maior porte: 43% dos jovens candidatos a uma franquia possuem até R$ 80 mil para investir no próprio negócio. www.rizzofranchise.com.br

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FRANQUIAS

Tecnologia inovadora

Tudo verde A Mundo Verde, franquia especializada em produtos orgânicos e naturais, acaba de inaugurar sua maior loja. Localizada no Bairro Moema, em São Paulo, a unidade tem 210 metros quadrados e 9 mil itens no mix de produtos. Em média, as franquias possuem cerca de 60

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Cafezinho móvel

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O novo conceito de lojas da Fran’s Café, mais compacto, pode ser instalado em prédios comerciais, aproveitando a demanda gerada pelas tradicionais “paradinhas” para o café. O novo formato Station é constituído por uma estação móvel de até 9 metros quadrados, autonomia total, conexão Wi-fi e o conforto de uma sala de estar. O investimento inicial do formato é de cerca de R$ 104 mil, com previsão de retorno entre 12 e 36 meses. Hoje a rede Fran’s Café possui 13 lojas Station nas cidades de São Paulo e Barueri. www.franscafe.com.br

metros quadrados e 5 mil itens. Seguindo a tendência da rede, a nova loja conta com detalhes em arquitetura e decoração sustentável, além de carrinhos e cestinhas feitos de garrafas PET, mesmo material utilizado nos uniformes dos funcionários. www.mundoverde.com.br

A franquia espanhola Não+Pelo, que acaba de chegar ao Brasil, traz ao mercado nacional a tecnologia de fotodepilação, técnica de remoção de forma rápida e indolor. A primeira franquia da rede já opera na cidade de São Paulo e servirá como base da expansão da marca para todo o País. “O brasileiro tem uma forte cultura de beleza e estética, além de ser um celeiro de empreendedores, o que nos faz acreditar na repetição do modelo vencedor na Europa, onde já possuímos mais de 400 unidades”, afirma Danny Kabiljo, responsável pela expansão da rede no Brasil. www.naomaispelos.com.br


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Fr a nq u i a em exp an s ão

PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Notebooks corporativos A Dell lança novos notebooks da linha Vostro projetados para atender às necessidades de pequenas e médias empresas que desejam soluções de segurança para os equipamentos. Os computadores têm disco rígido criptografado, chip TPM 1.2 com software wave, leitor de impressão digital e

discos rígidos com sensor de queda. Os novos notebooks vêm com câmera e software de videoconferência Dell Video Chat, uma solução que permite realizar videoconferência com até quatro participantes, chamadas telefônicas, mensagens instantâneas e vídeo-mail. www.dell.com.br

Marketing sustentável O grupo Eco cria a primeira agência conceito TBL (Triple Bottom Line) do Brasil, especializada em projetos de marketing sustentável. Através de uma exclusiva metodologia baseada no tripé da sustentabilidade Profit, People e Planet (econômico, social e ambiental), a agência estuda, pesquisa e busca novas formas e soluções sustentáveis, criativas e inovadoras. O Grupo Eco conta com uma cadeia auditada de fornecedores e parceiros comprometidos com critérios socioambientais. A empresa oferece serviços de planejamento e execução de endomarketing, relacionamento e fidelização, consultoria e design. www.grupoeco.com.br

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Guia certeiro

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A linha de GPS Mio Moov Spirit tem suporte para tecnologia TMC (Traffic Message Channel) que permite ao usuário ter informações do trânsito em tempo real. O software de navegação Mio Spirit, presente nos aparelhos, apresenta novas telas de menu e visualizações redesenhadas de mapas para facilitar a leitura e uso em trânsito, além de sistema de busca que ajuda o usuário a localizar destinos em poucos cliques na tela LCD touchscreen. O modelo Mio Moov S305 tem tela LCD de 3,5 polegadas sensível ao toque e design slim. As versões Moov S505 e S555 têm tela LCD de 4,7 polegadas. O Moov S555 permite ainda uso do Google Search, ferramenta para facilitar a busca de pontos de interesse e serviços via conexão Bluetooth. www.miomoovspirit.com.br

Temperatura agradável A linha de condicionadores industriais compactos CJIT da Tuma Industrial é ideal para ambientes com temperaturas elevadas e com altos índices de partículas suspensas no ar. O modelo CJIT 22 utiliza gás refrigerante HCFC R-22 e é apropriado para ambientes em que a temperatura externa do ar alcança 37ºC. O CJIT 134 usa o gás refrigerante ecológico HFC R-134 e é indicado para ambientes cuja temperatura externa do ar alcança 50ºC. Os aparelhos têm sensor de aquecimento, visor de nível de óleo e circuito frigorífico com válvula de expansão termostática. www.tuma.ind.br

Monitor versátil A Samsung traz para o Brasil o Lapfit, monitor SyncMaster LD190N de 18,5 polegadas que pode ser plugado em notebooks. O modelo é leve e compacto e pode ser conectado via RGB e USB. O Lapfit tem um suporte articulado na parte de trás do gabinete que permite que a tela seja colocada no mesmo ângulo de visão do laptop, o que garante maior mobilidade e praticidade no uso diário do equipamento.

www.samsung.com.br


Guilhotina versátil Corte macio O serrote Fast Jack é o mais novo lançamento da Irwin. O produto tem dentes triplos, que aceleram o corte e agilizam o

trabalho. A ferramenta é leve, fácil de manusear e pode ser utilizada em diferentes tipos de superfície. www.irwin.com.br

Impressora velocista A impressora bizhub C200 da Konica Minolta é uma multifuncional compacta p&b e colorida, com gerenciamento de impressão. O modelo tem capacidade de restringir e controlar cópias e impressões por centro de custo. Com memória superior a 512 MB e possibilidade de expansão, a bizhub C200 imprime 20 páginas por minuto e ainda possui um rápido scanner, com velocidade de 40 páginas por minuto em preto e branco, e 20 em cores. O produto é compatível com as plataformas Windows e Macintosh. www.konicaminolta.com.br

O kit de sensores para acionamento automático de guilhotina para máquinas têxteis acaba com os erros de corte e evita o desperdício de aviamentos, o que facilita o trabalho das costureiras. O equipamento pode ser colocado em qualquer galoneira, BT e em determinadas máquinas que trabalhem com aviamentos que precisam de cortes com ou sem sobras. O equipamento é indicado para malharias, confecções de jeans, lingerie e linha praia. O kit custa em média 50% mais barato que o sistema de sensor convencional. http://

flexmaq.blogspot.com /(11) 3873-3211

Ambiente imunizado

Fim do chulé As botas industriais Italbotas têm proteção antimicrobiana Microban que inibe o crescimento dee bactérias gram-positivas, gram-negativas e fungos noss sapatos. Ao combater a ação desses micro-organismos,, a proteção reduz significativamente os maus odores e o risco de dermatoses, possibilitando que o usuário use o equipamento por mais tempo. Além das botas, a proteeção também se estende às meias que revestem internaamente o calçado. www.italbotas.com.br

Geleira eletrônica A máquina de gelo IceMac Super 12 produz 12 quilos de gelo em 24 horas. Tem reservatório de dois litros e sensores indicativos de controle de cesta de gelo cheia e de falta de água. É ideal para empresas, lojas de conveniência, hotéis e restaurantes. O preço sugerido é de R$ 1.200. www.yuanfeng.com.br

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A 3M lança placa para controle microbiológico em ambientes de produção de alimentos e bebidas. O produto da linha Petrifilm pode ser utilizado em esteiras, ralos e pias e é capaz de identificar em ambientes frios a incidência da bactéria Listeria.spp. A placa fornece dados sobre a incidência da bactéria e ajuda os profissionais a definirem que tipo de ação deve ser tomada para o controle microbiológico. Por ser psicrotrófica, a Listeria tem alta capacidade de multiplicação em ambientes refrigerados. A ingestão do alimento contaminado com esse tipo de bactéria pode causar infecção em recém-nascidos, grávidas, idosos e adultos que tenham o sistema imunológico comprometido. www.3m.com.br

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Pregão para terceiro setor

PHOTOSTOGO

Recursos para o turismo As empresas prestadoras de serviços turísticos registradas no Ministério do Turismo podem solicitar empréstimos de até R$ 5 milhões através do Giro Setorial Turismo. A linha de crédito é destinada ao financiamento de capital de giro de empresas do setor e conta com R$ 200 milhões do Fundo de Am-

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Soluções integradas

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A Linx Logística, especializada em soluções integradas para otimizar os processos de movimentação, armazenagem e separação de pedidos de matérias-primas, apresenta soluções que reduzem custos e erros operacionais. O sistema transportador Ambaveyor elimina a necessidade de grandes controles porque tem uma forma construtiva da esteira plástica, composta por “slats” em TPO fixados em uma corrente central, acionada por uma engrenagem. O sistema classificador de caixas Slide Belt Sorter (SBS) permite que os produtos sejam alinhados automaticamente sem a necessidade de equipamentos adicionais. O sistema separador de pedidos Opti Sorter tem capacidade de separar até 5 mil produtos por hora. www.grupolinx.com.br

paro ao Trabalhador (FAT). O limite de crédito para micro e pequenas empresas é de até R$ 200 mil e de R$ 5 milhões para as empresas de grande e médio portes. A solicitação para a linha de crédito deve ser feita nas agências da Caixa Econômica Federal.

www.cadastur.turismo.gov.br

O Terceiro Pregão é uma empresa especializada na realização de pregões eletrônicos para entidades do terceiro setor. Oferece soluções em elaboração de editais e contratos de prestação de serviços, realiza pregão eletrônico em sistema próprio com pregoeiro certificado e faz análise de documentação dos fornecedores vencedores. O objetivo da empresa é realizar todo o trabalho burocrático para as entidades do terceiro setor e permitir que elas cumpram todos os requisitos que pede a legislação brasileira, além de todas as orientações do Tribunal de Contas da União.

www.terceiropregao.com.br


Ecocelular

Livre de pragas O nebulizador elétrico a frio UBV da Guarany é um equipamento leve e versátil indicado para o combate a pragas urbanas. O produto tem um tanque integrado com capacidade para quatro litros, que o torna compacto e indicado para trabalhos em locais de difícil aces-

so. Equipado com gatilho e válvula de segurança acoplada ao bocal, o nebulizador possibilita que o usuário interrompa a aplicação de forma instantânea, evitando desperdícios e a contaminação do meio ambiente.

www.guaranyindbr.com.br

O Motorola W233 Eco é o primeiro celular do mercado produzido com material reciclado de garrafas plásticas e com certificado de neutralização de carbono. O aparelho tem 1 GB de memória, navegador web Wap 2.0, reproduz Mp3 e armazena até 500 mensagens SMS. A bateria do W233 Eco dura o equivalente a nove horas de conversa contínua ou 18 dias em stand by. Por meio de uma parceria com a ONG Carbonfund.org, a Motorola se compromete a compensar todo o carbono emitido na fabricação e distribuição do celular. www.motorola.com

Frutas secas A Embrapa desenvolveu um secador rústico para pequenos negócios que auxilia no processo de desidratação de frutas e na fabricação de sucos. A secagem diminui a quantidade de água, o volume e o peso da fruta, elimina a proliferação de micro-organismos e ainda conser-

va as características nutritivas dos alimentos. O secador elétrico é uma câmara em que as frutas ficam acondicionadas, o ambiente aquece o ar e promove a secagem uniforme, rápida e sem a interferência do clima.

www.ctaa.embrapa.br

A Energy Box Emmeti é um sistema de aquecimento de água predial e residencial que evita desperdício e permite a cada morador controlar a temperatura desejada para a água de torneiras e chuveiros e a exata quantidade consumida. A Energy Box Emmeti possui um misturador que deixa a água na temperatura desejada, previamente programada pelo proprietário. É possível ainda acoplar um Boiler à Energy Box, um reservatório inteligente que mantém uma boa quantidade de água quente à disposição imediata dos moradores do apartamento. www.emmeti.com.br

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Água quente

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LEITURA

Do limão, a limonada Livro mostra como tirar proveito das dificuldades, e apresenta mais de 200 casos em que o problema virou um bom negócio

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Alguns dos negócios mais bem-sucedidos do planeta começaram a partir de problemas e observações banais do dia a dia. É o caso do YouTube, fenômeno de mídia que surgiu como um site de encontros amorosos que não deu certo. Ou de Bill Gates, que deu início à Microsoft após protagonizar um dos mais perfeitos blefes já aplicados no mundo dos negócios. Fatalidades também servem para impulsionar carreiras. Um exemplo é Amador Aguiar – fundador do Bradesco – que atribui seu sucesso profissional à asma. Estes e outros 200 casos reais de companhias e pessoas que transformaram grandes problemas nas melhores chances de suas vidas podem ser conferidos em Oportunidades disfarçadas. De autoria do publicitário e empresário Carlos Domingos, o livro mostra como situações de crise, concorrência acirrada e dificuldades em geral podem servir de ignição para o surgimento de soluções inovadoras.

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“Da filha brincando na sala a um aparelho de fazer waffles na cozinha: tudo em casa pode esconder uma oportunidade. Enquanto tomava café da manhã com a família, Bill pensava numa maneira de melhorar a performance de seus corredores. Ele era treinador da Universidade de Oregon, em Portland. Em sua opinião, o que atrapalhava o desempenho dos atletas eram os calçados da época, maciços e pesadões. A solução, portanto, estaria num solado mais flexível e leve. Foi quando seus olhos pararam num waffle no prato da esposa. Bill percebeu que o formato era interessante: grosso nas bordas, fino no meio, largo e leve. O treinador se levantou e fez algo apa-

100 maneiras de motivar as pessoas

De Steve Chandler e Scott Richardson Ed. Sextante – R$ 19,90 Motivação não se exige e nem se cobra: se desperta. Para motivar as pessoas, um bom líder de equipe deve, primeiramente, motivar a si próprio. Conheça 100 dicas práticas que prometem diminuir o estresse e aumentar o rendimento dos colaboradores.

Oportunidades disfarçadas – Histórias reais de empresas que transformaram problemas em grandes oportunidades

De Carlos Domingos – Ed. Sextante – R$ 29,90

rentemente maluco: pegou um pedaço de borracha e colocou no aparelho de waffle, para espanto da mulher. Mas o que saiu da máquina foi basicamente o solado que ele estava procurando: leve e resistente. E ainda por cima tinha relevos, que dariam maior tração e aderência aos tênis nas corridas. Empolgado, Bill levou sua descoberta para diversos fabricantes de calçados. Todos recusaram, por não enxergarem a necessidade de um calçado mais leve. Mas o homem estava determinado: com a ajuda de seus atletas, levou o projeto adiante. Foi dessa forma que o treinador Bill Bowermann e o corredor Phil Night deram origem à Nike.”

Venda perfeita – Vencendo crises

De Linda Richardson – M.Books – R$ 39 Se o tempo dos vendedores é precioso, esta obra pretende mostrar aos profissionais como atingir os objetivos em apenas 20 minutos, o que permite atender mais clientes por dia. Aprenda a identificar as necessidades do comprador de forma ágil e conheça os cinco passos para a venda perfeita (conectar-se, explorar, alavancar, resolver e agir).


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DINÂMICA EMPREENDEDORA

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Experiência de consumo

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Como viemos sinalizando, vamos começar a aprofundar os conceitos da Psicodinâmica em Negócios. Recordava-me de um estudo realizado por uma universidade norte-americana. Fizeram uma experiência para comparar as preferências dos consumidores entre CocaCola e Pepsi-Cola. O experimento tinha dois momentos: de olhos vendados, a maioria das pessoas preferia o sabor da Pepsi, mas quando viam a marca e provavam a bebida, isto se invertia e a maioria então preferia a Coca. Imagens em ressonância magnética mostravam que a visão da Coca-Cola acionava o circuito do prazer no cérebro. Este experimento remete-nos ao artigo do mês anterior, onde abordava a Gestalt e sua aplicabilidade no ambiente de negócios. Em linhas gerais, Gestalt pode ser traduzida pelo conceito de que “o todo é mais que a soma das partes”. Ou seja, “X+Y” não é simplesmente “(X+Y )”, mas sim uma totalidade “Z”, um novo elemento distinto e único. Alguns princípios da Gestalt influenciam diretamente a “experiência de consumo” de seus clientes. Uma experiência de marca é constituída pela percepção. Vemos as coisas dentro de relações. A primeira sensação já é de forma, já é global e unificada. À primeira vista não vemos partes isoladas, mas relações. Em resumo vemos o todo. Princípio da “Proximidade”, em condições iguais, eventos próximos no tempo e espaço tenderão a permanecer unidos, formando um só todo. Por exemplo, uma grande rede de lojas de artigos de luxo tem suas lojas nos principais shoppings e aeroportos. Inúmeras pessoas passam por sua vitrine, mas não têm poder aquisitivo para seus produtos. Para ampliar seu leque de clientes, ao lado ou muito próximo, eles têm outra marca que vende produtos parecidos a artigos de luxo. O desejo gerado pela primeira loja é satisfeito pelos produtos da segunda. Princípio da “Semelhança”, quando em nossa percepção reunimos elementos semelhantes e/ou próximos fisicamente enquanto fazendo parte de um mesmo agrupamento. Essa semelhança se dá por intensidade, cor, odor, peso, tamanho, forma, etc., e se dá em igualdade de condições. Isto é utilizado para o lançamento de produtos sob uma marca “guarda-chuva”.

Por exemplo, NEScafé, NESton, NESquick, NEScau que se originam da NEStlé. Proximidade e semelhança, juntas, reforçam – ou enfraquecem – a formação de unidades e dão maior ou menor unificação à percepção do cliente. No Princípio da “Clausura” ou “Fechamento”, os elementos de uma forma tendem a se agrupar de modo que formem uma figura mais total ou fechada. Relaciona-se ao fechamento visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto. Ocorre geralmente quando o desenho do elemento sugere alguma extensão lógica, como um arco de quase 360˚ sugere um círculo. Pesquisas demonstram que 66% das decisões de compra são feitas na própria loja e em menos de cinco segundos depois de avistado o objeto do desejo instantâneo. O desejo de consumo foi “fechado” pelo produto apresentado. Uma experiência de marca é constituída pela percepção. Uma marca é um nome, um termo, um símbolo, um desenho – ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los dos da concorrência. A marca passa a significar não apenas um produto ou serviço, mas incorpora um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis para o consumidor diferenciá-los daqueles que lhe são similares. Desta forma, o apelo comercial dos produtos deixou de ser centrado em sua funcionalidade e passou a receber diferenciação através de características intangíveis como valores, sentimentos, ideias ou afetos. Tal subjetividade proporciona a verdadeira distinção entre as marcas e seus produtos, constituindo elementos fundamentais para a orientação do consumidor no momento da compra. Além de selecionar a informação, o indivíduo a organiza e a interpreta, dando-lhe um determinado significado. O mecanismo através do qual as imagens sensoriais são organizadas e interpretadas constitui um campo de trabalho privilegiado para a reflexão mercadológica. Um condicionamento, uma marca, uma etiqueta ou um preço induzem um comportamento diferente conforme o modo como são reconhecidos e integrados. Os atributos de um produto (embalagem, anúncio, etc.) são sinais para o comprador. Se estes sinais são consistentes com suas necessi-

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

A marca passa a significar não apenas um produto ou serviço, mas incorpora um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis

dades, a resposta será comprar o produto. Os consumidores estão sempre imersos em emoções quando fazem qualquer tipo de compra. Desta forma, a marca tem como principal finalidade ajudar o consumidor a identificar produtos e serviços e transmitir aos mesmos algum tipo de significado – percepção. Ao definirem suas marcas, as empresas estimulam os consumidores a identificar os produtos e serviços que desejam que sejam consumidos, acelerando seu processo de decisão de compra. Vale lembrar um termo postulado pela psicologia comportamental, imprinting, o valor da primeira experiência de compra – positiva ou negativa – vai determinar a sensação da segunda compra. Desta forma, não se preocupe apenas com a força dos atributos de um produto, mas principalmente em como esse produto atinge a percepção de seu cliente. Boas vendas e boas gestalts!


AGENDA JARDIM INTERNACIONAL De 24 a 27/09/2009

Fiaflora Expogarden 2009 – Feira Internacional de Paisagismo, Jardinagem e Floricultura Centro de Exposições Anhembi – São Paulo – SP – www.fiaflora.com.br A feira internacional de negócios de paisagismo, jardinagem, lazer e floricultura reúne produtores de plantas, distribuidores, arquitetos e paisagistas. Há exposição de flores, plantas ornamentais, acessórios para jardinagem e móveis para áreas externas. PHOTOSTOGO

De 16 a 18/09/2009

De 23 a 27/09/2009

De 14 a 18/10/2009

Programa de Atração e Retenção de Talentos (Part) Hotel Quality Jardins – São Paulo – SP www.friedman.com.br

Expomusic – Feira Internacional da Música Expo Center Norte – São Paulo – SP www.expomusic.com.br

Casapronta 2009 – Feira da Construção, Decoração e Mobiliário Centro de Eventos José Ijair Conti Criciúma – SC www.nossacasa-sc.com.br/casapronta

Curso destinado a empresários, supervisores, gerentes e profissionais de recursos humanos que queiram aprender técnicas para determinar o perfil ideal do funcionário para cada cargo e selecionar os melhores talentos para as empresas. O programa orienta também a construção de um sistema de treinamento e de acompanhamento dos resultados.

Maior feira de música da América Latina. Apresenta lançamentos em instrumentos musicais, áudio, iluminação e acessórios. Nos dias 23 e 24 a feira é restrita aos profissionais do setor. De 25 a 27, a Expomusic é aberta ao público.

De 25 a 26/09/2009

De 17 a 18/09/2009

Encontro Comercial Braztoa 2009 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo – SP www.braztoa.com.br

A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) promove a 32ª edição do encontro comercial para agentes de viagens. Este ano, o tema do debate é comunicação e marketing no turismo. São esperados mais de 100 expositores entre operadoras de turismo, companhias aéreas, hotéis e locadoras.

Táxi Point – Feira Brasileira dos Fornecedores para o Setor de Táxi Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP www.feirataxipoint.com.br

Segunda edição da Táxi Point, feira voltada para o setor de táxis. Há exposição de automóveis, peças, pneus, GPS, conversores de combustível, seguros e assistência técnica. Durante o evento são realizadas palestras sobre a qualidade do atendimento, a tecnologia GPS e a suspensão e cassação da habilitação.

A Casapronta está em sua sétima edição e traz para Criciúma as novidades das indústrias de revestimentos cerâmicos, moveleiras, tintas, produtos em PVC e materiais para a construção de casas pré-fabricadas. Reúne lojistas, atacadistas, industriais e distribuidores. Durante a Casapronta é realizada a segunda edição do Prêmio Expressão Artística.

De 27 a 29/10/2009

Simpósio Internacional de Soluções de Negócios em RFID Hotel Unique (São Paulo) e Centro de Excelência em RFID da HP Brasil (Piracicaba) – SP www.simposiorfid.com.br

A quarta edição do Simpósio Internacional de Soluções de Negócios em RFID tem como convidado de honra o Ph.D. Ben M. Bensaou, membro do Blue Ocean Strategy Network da Insead. No dia 27, é realizado o Encontro das Universidades.

De 18 a 27/09/2009

Mobiliar 2009 – Feira de Móveis do Paraná Centro de Exposições de Curitiba no Parque Barigüi – Curitiba – PR www.feiramobiliar.com.br

A Mobiliar reúne fabricantes e lojistas do setor moveleiro da Região Sul do Brasil. É uma feira de móveis destinada ao consumidor final. São esperados mais de 40 mil visitantes.

Rio Franchising Business 2009 Pavilhão de Exposições do Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.riofranchisingbusiness.com.br

A Rio Franchising Business é uma das maiores feiras do setor. Um espaço ideal para quem quer ampliar sua rede de franquias ou começar um negócio próprio. Reúne as principais redes do País, empreendedores e investidores. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

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De 1º a 3/10/2009

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ANÁLISE ECONÔMICA

A expansão do crédito privado A antiga política de juros elevados do Brasil favorecia a compra de títulos públicos, já que estes papéis apresentavam um rendimento atrativo aliados a um baixo risco de não-pagamento. Porém, com as sucessivas quedas na taxa Selic, a remuneração dos títulos públicos caiu, criando um ambiente onde os investidores precisam buscar alternativas mais rentáveis. Diante deste contexto, a busca por títulos de crédito privado vem aumentando. O mercado de crédito privado tem como principal objetivo fornecer fontes de finan-

disponível ao pequeno investidor. Nesta modalidade, quanto maior o valor do investimento realizado, maior costuma ser a taxa de remuneração paga pelo banco emissor. As debêntures, também bastante utilizadas, estão ficando mais acessíveis. O investimento mínimo está cada vez menor, com o intuito de aumentar a participação das pessoas físicas neste mercado. Uma terceira alternativa é investir em um fundo de investimento em crédito privado, com uma carteira que contém principalmente ativos deste segmento. Um ponto que deve ser bem avaliado é

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O mercado de crédito privado tem como principal objetivo fornecer fontes de financiamento para companhias em expansão; em outras palavras, ele permite que investidores emprestem dinheiro para empresas ou bancos

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ciamento para companhias em expansão; em outras palavras, ele permite que investidores emprestem dinheiro para empresas ou bancos. Este mercado, por lidar com um patamar de risco diferente, remunera o investimento a taxas mais elevadas. O título mais difundido é o CDB (Certificado de Depósito Bancário), amplamente

o risco do investimento. A remuneração dos títulos varia muito dependendo da empresa emissora. Empresas mais endividadas costumam pagar juros melhores, pois o risco envolvido é maior. Entretanto, quanto maior o risco, maior a probabilidade de inadimplência por parte da empresa. É de suma importância investir o dinheiro em empresas sólidas,

PHOTOSTOGO

Sucessivas quedas na taxa Selic reduziram a remuneração dos títulos públicos, impelindo os investidores a buscar alternativas mais rentáveis com boa saúde financeira, que demonstrem real capacidade de honrar suas dívidas. Sendo assim, convém considerar alguns fatores: primeiramente, a empresa deve ter um histórico de rentabilidade positivo, mostrando que ela é capaz de obter resultados consistentes ao longo do tempo. Outro ponto importante é o compromisso da empresa com a ética e a transparência, para garantir que as informações que são passadas aos investidores são verdadeiras. É desejável também ter acesso ao conselho de administração da empresa, para conhecer detalhes sobre os planos traçados para o futuro e as formas que a organização pretende atuar no mercado. Também convém observar a posição da empresa em relação ao mercado em que ela atua, analisando se ela está bem colocada em relação a suas concorrentes. O setor privado no Brasil conta hoje com uma série de empresas sólidas que, mesmo diante da grande crise ocorrida no segundo semestre de 2008, conseguiram pagar suas dívidas, sem prejudicar seus investidores. Além disso, muitas organizações estão implantando altos padrões de governança corporativa, garantindo assim um melhor relacionamento com seus investidores. Com a atual condição da taxa Selic, cria-se um cenário favorável para aplicações em crédito privado, que tendem a ganhar cada vez mais espaço na carteira dos investidores, sejam eles pequenos, médios ou grandes.

por Rodrigo Costa Laurindo Analista da Leme Investimentos


Nome Ação All Amer Lat Ambev Aracruz B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Lojas Americ Lojas Renner Natura Net Nossa Caixa P. Açúcar-CBD Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sadia S/A Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo

Tipo Ação

Participação Bovespa

Agosto

UNT N2 PN PNB ON ON PN PN PN PN ON PNA ON ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN

1,33 1,04 1,11 0,90 4,88 3,58 1,04 0,27 0,31 2,74 0,65 0,89 0,57 0,10 1,45 0,88 0,10 0,60 0,63 0,46 1,80 0,60 0,83 0,74 0,76 0,65 1,09 1,07 4,20 1,47 100,00 2,17 5,59 0,68 0,33 0,19 1,14 1,00 0,65 0,74 0,35 0,58 3,02 15,60 0,99 0,74 0,34 1,27 3,56 0,56 0,86 0,24 0,23 0,71 0,15 0,12 0,76 0,35 0,41 0,88 3,69 0,66 2,98 10,92 0,79

14,20 5,10 4,60 9,00 1,90 2,40 0,40 -3,00 -4,50 9,30 21,30 1,90 3,20 -0,30 0,80 -1,20 0,10 -2,50 11,50 3,00 15,90 -2,80 -4,90 -6,30 2,80 11,40 8,60 2,40 1,70 44,90 3,80 0,90 3,20 0,50 11,70 -2,00 9,50 7,80 10,40 7,00 0,60 4,40 3,20 5,00 -4,80 8,80 -0,20 2,40 4,00 -4,40 10,30 -5,20 -4,40 -2,10 -3,10 0,40 -3,10 -0,40 2,70 3,20 6,20 2,14 -0,20 0,20 -0,20

PN PN ON PN ON PN ON ON PN ON PNA ON PN ON ON ON PN ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON ON PNA PN

Inflação (%)

Até 20/08 Variação % Ano 35,40 39,80 54,60 102,00 108,30 35,30 51,00 -11,30 -6,20 84,20 81,60 41,90 35,00 4,4 13,40 26,80 10,10 20,30 68,80 17,50 145,80 90,60 11,20 6,30 58,60 15,30 149,10 39,20 48,60 100,80 51,30 40,40 34,90 51,30 14,00 20,20 84,50 89,20 63,70 53,60 11,10 46,30 47,30 47,80 9,50 217,10 16,90 47,70 84,20 44,50 32,30 -7,00 -1,90 5,00 -3,10 13,00 42,20 19,20 30,20 87,60 81,00 57,79 35,50 38,30 55,70

Índice

Julho

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

-0,43 -0,64 0,24 0,33

-1,66 -1,69 2,82 2,25

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Julho

Ano

0,78 0,79 0,54 -4,83

6,16 6,19 4,27 -10,71

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Julho

Ano

0,38 0,11

3,42 0,58

Juros/Crédito (%) 20/Agosto

19/Agosto

Desconto 1,64 Factoring 3,81 Hot Money 3,18 Giro Pré (taxa mês) 1,85

1,64 3,82 3,18 1,85

Câmbio

Até 20/08 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,8434 US$ 1,4265 $ 94,1600

Mercados Futuros Setembro Dólar Juros DI

Outubro

Novembro

R$ 1,845 R$ 1,855 8,63% 8,60%

R$ 1,865 8,60%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

20/08 57.400

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Carteira Teórica Ibovespa

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E–EMPREENDEDOR

Interatividade

Microblog Empreendedor Grandes empresas já despertaram para os benefícios do Twitter, novo canal de comunicação da internet que permite aos usuários enviarem e lerem textos de até 140 caracteres. O microblog é o mais recente meio de divulgar uma marca, ouvir a opinião dos

clientes sobre os produtos e serviços e proporcionar soluções imediatas aos anseios dos consumidores. Para divulgar com mais rapidez seus principais conteúdos editoriais e provocar a troca de ideias sobre empreendedorismo e negócios, o site Empreendedor também lançou seu perfil no Twitter, em outubro de 2008. Com uma média de sete tweets publicados por dia e mais de 800 seguidores, o microblog do site Empreendedor comemora o bom resultado para um portal especializado em empreendedorismo. Através do endereço http:// twitter.com/empreendedor é possível acompanhar, opinar e recomendar as últimas reportagens, artigos, entrevistas e perfis publicados no portal. Para ter acesso ao microblog do site Empreendedor é preciso ter um cadastro no Twitter, o que pode ser realizado através do endereço http://twitter.com/ login. Depois é só participar, interagir e ser mais um integrante da lista dos seguidores empreendedores.

Enquete

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46%

É claro que não é viável mudar a carga horária de trabalho, mas tem que se pensar em algum benefício para o trabalhador. Será que só manter o emprego é suficiente? O valor da hora extra de 50% para 75% já seria um bom começo para o funcionário se sentir mais valorizado. Alguma injeção de ânimo tem que ter. Luciano Januário de Almeida sobre a reportagem: Redução da jornada de trabalho pode trazer consequências à economia Não vejo qual o sentido da diminuição da carga de trabalho. É de fato comum que o puro trabalhador luta por uma recompensa gloriosa ao longo da vida, que é a estabilidade e certeza de ocupação no mercado. Diminuir a carga de trabalho ocasiona mais contratações, porém de maneira negativa e não positiva. O certo é, como cita no artigo, alavancagem de economia, gerar demanda para então gerar contratação e não forçar uma situação de custo a mais com funcionário. Rafael Moreira sobre o artigo: Redução da jornada de trabalho pode trazer consequências à economia Essa proposta de diminuir para 40 horas prevê mesmo a redução dos salários? Acho que isso seria contra a CLT, que prevê a irredutibilidade do salário. Vanessa sobre o artigo: Redução da jornada de trabalho pode trazer consequências à economia

54%

Os empresários visam sempre lucros cada vez maiores e esquecem que uma redução na jornada de trabalho melhorará muito a qualidade de vida das pessoas. O crescimento econômico de um país não pode sacrificar a qualidade de vida e saúde do povo. Gustavo sobre a reportagem: Entidades se mobilizam pela aprovação da jornada de trabalho de 40 horas

Redução da jornada Participe da nova enquete do site Empreendedor respondendo: Qual sua opinião sobre a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais? Para participar acesse o endereço: www.empreendedor. com.br/enquete. PHOTOSTOGO

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A última enquete do site Empreendedor quis saber qual a opinião dos internautas sobre a diferença de preço entre pagar à vista com dinheiro e com cartão de crédito. Confira o resultado: J Concordo, pois assim os comerciantes não precisarão esperar 30 dias para receberem o pagamento .....................................54,07% J Não concordo, pois os consumidores serão prejudicados, já que terão que usar somente dinheiro ou cheque .............................45,93%

Confira alguns comentários de internautas que geraram polêmica sobre matérias que trataram da redução da jornada de trabalho:


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