Empreendedor 180

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ENTREVISTA: COMUNICAÇÃO CORPORATIVA

TI: ORDEM NO TURBILHÃO DE INFORMAÇÕES

www.empreendedor.com.br

ANO 15 N o 180

OUTUBRO OUTUB RO 2009 R$ 9,90

Inovar não é tarefa apenas para grandes companhias ou de tecnologia, é estratégia vital para qualquer empresa, não importa o tamanho, sobreviver e se sobressair no mercado globalizado

Roberto Lins de Macêdo, da Armtec

IS SN 1414-0 152

EMPREENDEDOR – CULTUR A DA INOVAÇÃO – ANO 15 N o 180 OUTUBRO 2009

Cultura da inovação

ULISSES SABARÁ, DA BERACA: “ÀS VEZES É PRECISO PERDER PARA MANTER VIVO AQUILO EM QUE SE ACREDITA”


as vendas caíram.

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e agora?

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e agora?

Sebrae. Quem tem conhecimento vai pra frente. 3


N E S TA E D I Ç Ã O 14 | ENTREVISTA Fábio França

Coautor de Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos, Fábio França fala sobre comunicação corporativa e o novo conceito de relações públicas, que se difere por utilizar a lógica nos relacionamentos das empresas.

36 | A VOZ DA EXPERIÊNCIA Ulisses Sabará

Após a morte precoce do pai, Ulisses Sabará e o irmão Marco Antônio, sem ter tido o tempo desejado para se preparar, assumiram a empresa da família e a transformaram numa corporação reconhecida mundialmente, o Grupo Beraca.

42 | TI Ordem nas informações

É crescente a complexidade e velocidade das transações que acontecem no dia a dia dos negócios. Uma tecnologia que promete pôr ordem neste turbilhão de informações é o Processamento de Eventos Complexos (CEP).

48 | FRANQUIA Expansão internacional FELIPE VECCHIO

Escolas brasileiras de idiomas intensificam o processo de internacionalização de suas marcas. Elas estão abrindo unidades na América Latina, Ásia e Estados Unidos, principalmente, para ensinar inglês a estrangeiros e imigrantes.

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INOVAÇÃO JÁ Inovar deve ser uma prática constante em todas as empresas, não importa seu ramo ou tamanho. Só esta estratégia pode fazer uma empresa se sobressair no mercado e se perpetuar. No entanto, pesquisas revelam a carência de inovação no meio empresarial brasileiro. Veja o exemplo de companhias que quebraram esse paradigma e conheça programas de apoio à pesquisa e desenvolvimento e outras alternativas para inovar.

L E I A TA M B É M 8 12 54 58 60 61 62 66

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA DINÂMICA AGENDA ANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR


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EDITORIAL A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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mpreendedorismo e inovação estão intimamente ligados; para muitos, são indivisíveis. O economista francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), considerado o “pai do empreendedorismo”, aponta o empreendedor como alguém que inova e é agente de mudanças. Conceito aprofundado e difundido pelo economista austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), que associou definitivamente o termo à ideia de inovação, como a fabricação de um novo bem, a introdução de um novo método de produção, a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de matérias-primas ou a realização de uma nova organização econômica. Para ele, empreendedor é aquele que catalisa o desenvolvimento econômico devido ao aproveitamento de oportunidades em negócios. O Brasil, apesar de ser considerado um “país de empreendedores”, carece de inovação no meio empresarial, conforme apontado em levantamentos nacionais e internacionais. As políticas públicas de incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) também deixam a desejar. Segundo

nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as atividades de PDI nacionais têm uma agenda defasada, “ainda pouco estruturada e já fora de foco da disputa tecnológica”. E falta interação entre as empresas e universidades, onde a grande maioria dos cientistas está locada. As consequências para os empresários e para o País são as piores possíveis. A primeira é deixar de aproveitar oportunidades. Outra é perda de competitividade, especialmente internacional, mas também no mercado interno, tendo em vista que a economia é globalizada. Enquanto outros países investem pesado em inovação, inclusive nossos vizinhos sul-americanos e demais integrantes do Brics, o Brasil concentra suas vendas externas em commodities e produtos e serviços com pouco valor agregado. A lista de prejuízos é extensa, mas pode ser resumida numa sentença: inovar é sinônimo de sobrevivência no mercado, os negócios que se acomodam estão fadados a desaparecer. E quem não inova tampouco aparece. Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Marco Túlio Brüning, Marlon Aseff, Maycon Stähelin e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Felipe Vecchio – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com. br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 26117996/3231-9017/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sextafeira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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EMPREENDEDORES

Antônio Gil

O HOMEM DA TIC Atual presidente da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), Antônio Gil foi nomeado em setembro como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. A partir de agora, ele terá a missão de representar os ideais do setor de TI junto à Presidência da República. “Meus esforços estarão focados em mostrar a relevância dos investimentos realizados em infraestrutura de TI”, diz. Com o objetivo de aproximar as políticas públicas do setor privado, a Brasscom desenvolveu um amplo programa de recomendações ao governo brasileiro com o objetivo de fortalecer o setor. Segundo Gil, o equilíbrio dos pilares custo, cobertura, conscientização, capacitação e regulamentação pode atrair investimentos da ordem de US$ 407 milhões em banda larga sem fio, adicionar 1 milhão de novos acessos em banda larga, vender 5 milhões de computadores, formalizar 50 mil empregos e agregar US$ 35 milhões em investimentos em lan houses. www.brasscom.org.br

Rodrigo Franco

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PERSEVERANÇA PREMIADA

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Rodrigo Franco começou a vida profissional vendendo pipa aos dez anos de idade. Aos 25 já comandava seu próprio negócio. Apesar de muitas vezes enfrentar a resistência de bancos e fornecedores – que desconfiavam de um empreendedor tão jovem – ele conseguiu levar adiante o projeto da Brilho Arte Tecnologia & Negócio. No início, a empresa tinha apenas um computador, um projetor e uma linha telefônica. Hoje, após 11 anos no mercado, o empreendimento fatura cerca de R$ 600 mil por ano com locação e manutenção de equipamentos eletrônicos.

www.brilhoarte.com.br


Gerson Palmeira e Sílvio Sallowicz

Interessados em fortalecer os negócios e prospectar novos clientes, os empresários Gerson Palmeira e Sílvio Sallowicz decidiram unir esforços. Assim surgiu o Grupo GPSS, que reúne as empresas Duo Turismo, Ecco Eventos e Bravo!. A intenção é oferecer soluções mais ágeis ao mercado de eventos corporativos. A partir de agora, a agência Duo Turismo será responsável pela logística e operacionalização de

viagens de premiação, enquanto a Ecco Eventos atuará na criação e sustentação de planos de incentivo, convenções, comunicação visual e promoções de eventos empresariais. Já a Bravo! será responsável por contratar os artistas, palestrantes e mestres-de-cerimônia. Para dar início à operação conjunta, os empresários investiram em estratégias de coaching, como treinamentos internos e novas contratações. “Nossos profis-

sionais trabalham de forma exclusiva, com muita criatividade e atendimento personalizado. Não oferecemos produtos de prateleira. Queremos que nosso cliente se sinta especial, diferente de todos os outros e único”, afirma Gerson Palmeira. Entre os clientes já atendidos pelas empresas que compõem o Grupo GPSS estão Nestlé, Chocolates Garoto, Rede Globo, Avon e Renault. www.grupogpss.com.br

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ESFORÇOS COMPLEMENTARES

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EMPREENDEDORES

Sérgio Contente

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RECONHECIMENTO SOCIAL

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Sérgio Contente, presidente da Contmatic Phoenix – empresa de desenvolvimento de softwares administrativos –, recebeu em setembro a Medalha Anchieta, em reconhecimento ao trabalho realizado com jovens carentes. O empresário é criador da Fundação Idepac, organização sem fins lucrativos que oferece cursos profissionalizantes gratuitos de administração e informática a jovens de comunidades carentes da cidade de São Paulo. “As empresas de todos os portes podem adotar posturas responsáveis perante a sociedade, basta ter boa vontade”, afirma o executivo. A honraria, criada na década de 1970, é concedida a pessoas que contribuíram para melhorar a vida do povo paulistano e já foi concedida a personalidades como o jurista Miguel Reale e o Papa João Paulo II.

www.contmatic.com.br/www.idepac.org.br


Margit Schwanke Ruediger e Sheila Schwanke Michels

Alexandre Costa e Silva

PAIXÃO LUCRATIVA

PIONEIRO DAS ONDAS

Naturais de Blumenau (SC), as irmãs Margit Schwanke Ruediger e Sheila Schwanke Michels transformaram a paixão por arquitetura e decoração em negócio. Com mais de duas décadas de experiência no varejo, elas iniciaram a trajetória vendendo cortinas de fabricação própria. Hoje, a Schwanke Casa oferece um mix completo de cortinas e persianas feitas sob medida, além de pisos, revestimentos, papéis de parede, tapetes e toda sorte de acabamentos e acessórios para o lar. Margit e Sheila também fazem parte da diretoria do grupo Schwanke – empresa familiar que possui 58 anos de atuação no ramo têxtil – e são sóciasfundadoras do Núcleo Catarinense de Decoração. Após se tornarem referência no segmento de decoração em Blumenau, elas decidiram abrir uma nova loja em Balneário Camboriú – cidade reconhecida pelo mercado imobiliário em constante expansão. Inaugurada em setembro, a segunda unidade da Schwanke Casa contará com marcas diferenciadas e fornecedores exclusivos, com o objetivo de atender à demanda dos empreendimentos de alto padrão. www.lojaschwanke.com.br

Pioneira no mercado da tecnologia WiMax no Brasil, a Neovia participou em setembro do 2009 VON – The Voice of Network Convergence. O evento, ocorrido em Miami, nos EUA, debateu a convergência e o futuro das comunicações IP. O presidente da empresa, Alexandre Costa e Silva, foi o responsável por apresentar o case da Neovia, que possui uma rede totalmente baseada na tecnologia wireless e tem a maior área de cobertura sem fio no Estado de São Paulo, incluindo 52 municípios e totalizando mais de 30 mil assinantes de 4,5 mil pontos de acesso.

www.neovia.com.br

Natan Sztamfater

Filho de comerciantes – que há mais de três décadas atuam no Bairro Bom Retiro, em São Paulo –, Natan Sztamfater é o principal responsável pelo sucesso da PortCasa, líder no segmento on-line de cama, mesa e banho. Foi dele a ideia de ingressar no e-commerce apenas dois meses após a inauguração da loja física. Para isso, teve que convencer o pai, habituado ao varejo tradicional, sobre o potencial das vendas via internet. Hoje, em pouco mais de um ano de operação, o empresário comemora o crescimento do site, que superou todas as metas e já responde por quase 50% do faturamento da empresa. Só em 2008, a PortCasa atingiu a receita de R$ 12,6 milhões, somados os resultados de ambas as lojas – virtual e de rua. Segundo o lojista, o sucesso se deve ao investimento em ferramentas de marketing digital, além do atendimento personalizado e parcerias com as principais marcas de produtos para o lar. Em 2009, a empresa ainda pretende ampliar o mix de produtos e triplicar a área de estoque, que em breve ocupará um espaço de 3 mil metros quadrados.

www.portcasa.com.br

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TRADIÇÃO MODERNIZADA

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NÃO DURMA NO PONTO

O PONTO DA POLENTA Existe a empresa e existe o negócio. Não pense que são coisas semelhantes. Até parecem, à primeira vista, mas são conceitos distintos. E não se trata de uma distinção filosófica ou dialética, mas sim da compreensão de algo vital, capaz de explicar inúmeros problemas triviais que afetam o progresso e os resultados de muitos empreendimentos. Se você é uma pessoa empreendedora, é bem possível que tenha pensado em um negócio antes de pensar em uma empresa. Negócio é o que empreendemos, é o que dá forma à ideia original. Empresa vem depois. Negócio tem a ver com mercado, cliente, demanda, necessidade, oportunidade, lucro, futuro. Empresa tem a ver com produto, processo, projeto, problema, custo e passado. Todo negócio necessita de uma empresa que o sustente. Mas é aí que está o “x” da questão: é comum errar o “ponto da polenta”, com o sério risco da empresa engolir o negócio. Nesse caso, a empresa não está

Negócio: a razão de ser Todo empreendedor costuma lembrar com saudade os primeiros tempos da constituição de sua empresa: os parcos recursos, as instalações precárias ou provisórias, os dias de 16 horas, o empirismo no modelo de gestão, os improvisos, a alta flexibilidade para atender os clientes, etc. Foram dias árduos, difíceis, desafiadores, mas sempre inesquecíveis. Naquele tempo, tudo era feito para atender, satisfazer e surpreender o cliente. Afinal, existia a clareza de que ele era a figura crucial do negócio e que, sem ele, o negócio não existiria. Da mesma forma que a razão de ser do negócio era o cliente. Sem dúvida nenhuma. Uma vez satisfeito, o cliente pagava a sua conta e isso permitia que o negócio prosperasse. As demandas que ele apresentava funcionavam como desafios e esses desafios exigiam competências. Todo exercício de empreender é um exercício de superação. E superar-se é um processo de crescimen-

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Todo exercício de empreender é um exercício de superação. E superar-se é um processo de crescimento

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mais a serviço do negócio, mas é o negócio que fica a serviço da empresa. Trocam-se os fins pelos meios. Com severas consequências. E tanto o negócio como a empresa sofrerão perdas em seus resultados, o que pode comprometer – ou até inviabilizar definitivamente – seu futuro.

to. Assim, quanto mais aumentavam os desafios do negócio, na mesma proporção eram acrescentadas novas competências, ampliando a autoestima e a autoconfiança do empreendedor. Tudo isso foi construindo lindas histórias de negócios e empreendedores que todos conhecemos e admira-

mos. As coisas eram assim. Desse jeito. Foi como empreendimentos se transformaram em negócios. E negócios se transformaram em empresas... Exatamente onde a polenta perdeu o ponto e encaroçou ao invés daquela mistura exata de consistência, maciez e sabor que faz a delícia dos comensais.

Empresa: ordem na casa Um negócio foi feito para prosperar, disso ninguém discorda. Mas para alcançar esse objetivo é preciso que haja organização. Afinal, flexibilidade é bom, mas tem limite. Nem sempre o cliente tem razão e nem tudo o que ele deseja deve ser feito. E um negócio precisa ter informação e controle. É fundamental fazer contas e as receitas têm de superar as despesas. Caso contrário, o tal negócio pode agradar muito ao cliente, mas não agradará ao empreendedor e quem o ajuda na empreitada. Por isso, é preciso que haja controles que sinalizem problemas, indiquem soluções e assegurem o patrimônio. Empresa precisa de registros, de dados, de informações, de conhecimentos. Deve administrar os seus custos e contabilizar os seus resultados. Tudo isso é necessário, senão até mesmo o melhor negócio irá à bancarrota. Sem uma empresa, o negócio terá dificuldade de se expandir e de gerar resultados permanentes e consistentes.

O “x” da questão É como a história dos pecados capitais. Admiração é uma boa coisa, mas se perder o ponto se transforma em inveja. A ambição também é uma boa coisa, mas passada do ponto vira cobiça. E é assim, ainda, com o prazer que, quando demasiado vira luxúria. O que pode ser bom também pode ser ruim, dependendo da medida e do equilíbrio. Negócio é uma coisa boa. Uma das melhores invenções do mundo moderno, principalmente depois da criação da moeda, que permitiu a troca de mercadorias, sem


os inconvenientes do escambo. Assim, cada ser humano com seu talento pode produzir bens e serviços que sirvam para alguém, e este alguém, também conforme seu talento, pode fazer o mesmo para outrem. Essas interconexões de desejos e interesses, bens e serviços criam o que chamamos de economia. Até aí, um modelo bem bolado, principalmente se os empreendedores pensarem nos seus negócios como uma forma de contribuir com o mundo. Mas daí surge a empresa, com seus controles, processos, planejamentos, orçamentos, metas, avaliações e todos esses aparatos que podem tanto ajudar quanto atrapalhar. Empreendedores e clientes sempre lembrarão dos bons tempos em que tudo isso não existia e as coisas funcionavam de uma forma harmoniosa. Mas esses complicadores existem e até acabaram levando à criação de uma ciência dedicada a eles: a administração. Curiosamente, esta ciência cuida mais de empresas do que de negócios. Talvez seja por isso que a maioria dos empreendedores não surge nas universidades.

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

Implica compreender que as questões relacionadas com produto, processo, projeto, problema, custo e passado são urgentes e fundamentais, mas as questões relacionadas a cliente, demanda, necessidade, oportunidade, lucro e futuro são importantes e essenciais. Aproveite para avaliar quais das questões de que tratamos aqui ocupam a maior parte das suas preocupações. Avalie também as

O “x” da questão está em não perder o “ponto da polenta”. Em compreender o que é “fim” e o que é “meio”. Um negócio promissor é aquele que mantém a empresa que o apoia no seu devido lugar, ou seja, como apoiadora. Uma empresa promissora é aquela que não sufoca o negócio.

pautas de reuniões e verifique os temas que nelas predominam. Verifique, ainda, a sua própria agenda e veja onde a maior parte do seu tempo está alocada. Dessa forma, será possível obter pistas sobre o que verdadeiramente importa. E verificar, de tempos em tempos, se a polenta está realmente no ponto certo!

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É preciso que haja controles que sinalizem problemas, indiquem soluções e assegurem o patrimônio

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E N T R E V I S TA

Fábio França Fá

LÓGICA DA RELAÇÃO Novo conceit conceito de relações públicas difere-se por d determinar com precisão o perfil do ppúblico e seu nível de envolvimento ccom a empresa, e o tipo e objetivo de destes relacionamentos por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br bea

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A relação da empresa em com acionistas, empregados, fornecedores e clientes pode ficar mais prática e objetiva. O doutor em Comunicação Fábio França propõe utilizar a lógica nos relaComunicaçã cionamentos corporativos. Ao invés de dividir os públicos cionamen em inter interno e externo, ele utiliza o conceito de públicos essenciais essenci e não-essenciais e trabalha com cada um o objetivo objetiv do relacionamento e o grau de participação e dependência no negócio. A teoria foi elaborada após depend estudo com 20 empresas multinacionais em que o pesquisador quisad percebeu a dificuldade em utilizar conceitos teóricos teóric das relações públicas no dia a dia. Para P o pesquisador, os profissionais de relações públicas públic precisam saber trabalhar com os conceitos lógicos para identificar de forma objetiva os públicos lógico e est estabelecer políticas de relacionamento com cada um deles. de Uma mudança de metodologia que, segundo França, Franç permite que as empresas consigam perceber as ex expectativas de seus públicos e com isso possam trabalhar para melhor atendê-los. trab França é uma das referências no Brasil em relações públicas. Professor há mais de 40 anos, rel já deu aula na Universidade de São Paulo (USP), UUniversidade Metodista de São Paulo e PUC (SP) e é autor de quatro livros. Sua mais recente publicação – Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos (Editora Difusão) – foi escrita em coautoria com o professor emérito de relações públicas da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, James E. Gruning, e com a doutora em Ciência de Comunicação (USP) Maria Aparecida Ferrari.


Em seus estudos o senhor usa conceitos lógicos nas relações públicas. Como ele se aplica? Fábio França – Eu coloquei uma relação lógica no estudo que permite definir o objetivo da relação, o envolvimento desse público com a empresa, as expectativas da empresa e as expectativas do público. Isso cria um processo em que é possível analisar o ponto de vista da empresa, do empregado e do público. À medida que a empresa determina a política e qual é o objetivo da relação com cada público, é mais fácil identificar os públicos e definir o tipo de relacionamento necessário com cada um deles. Assim eu estabeleço também o nível de dependência e de participação desse público na empresa, de que maneira eu devo me relacionar e me comunicar com esse público. Pela lógica nós podemos identificar cada momento, tipo de relação, forma de comunicação e com isso ganhar em eficiência e transparência. Nesse sentido a conceituação lógica difere das demais porque ela determina com precisão o perfil do público, o tipo de relação, o objetivo da relação e o nível de envolvimento do público com a empresa (dependência, participação ou interferência).

O que esse conceito se difere dos demais? Fábio França – A definição mais comum utilizada nas relações públicas é a que divide o público em interno e externo. Esse é um conceito muito geográfico e se presta a muitas confusões porque trata os públicos de uma maneira muito massificada. Por esse conceito, entende-se por público interno diferentes categorias como o setor dirigente, o intermediário e o operariado de uma empresa. Mas eu entendo que esse público interno tem características muito diferentes. No caso dos públicos externos também não há como tratá-los como iguais porque cada público tem uma função específica e tem relações diferentes com a empresa. As outras conceituações partem do princípio que haja sempre um conflito e que os diferentes públicos se reúnem para resolvê-lo. Mas na prática isso não funciona assim. Nos negócios as relações são mais objetivas. O senhor acredita que o conceito lógico é mais aplicável em comparação com os demais conceitos? Fábio França – Sim. Porque no caso do público empregado, a empresa pode definir o tipo de funcionário que ela quer ter. Uma espécie de parâmetro para dizer que ela admite pessoas que tenham determinado perfil. A partir daí a empresa define o tipo de relacionamento e de políticas que ela

Entendo que deva existir um relacionamento muito construtivo da empresa com a mídia para que nos momentos de crise a empresa possa ter como gerenciar essa relação

vai trabalhar para manter seus empregados motivados, estimulados e produtivos. Além disso, a empresa determina qual é o objetivo que ela tem com seus funcionários e isso torna a relação mais clara. Ao mesmo tempo, a empresa define qual é a expectativa que ela tem com o empregado, e espera que o empregado seja dedicado, honesto, ético e comprometido com o serviço. O que o senhor entende por relacionamentos essenciais e não-essenciais? Como é possível classificá-los? Fábio França – Os relacionamentos essenciais são aqueles que a empresa depende para existir, se manter e sobreviver. Nessa categoria eu tenho os públicos constitutivos, os donos dos negócios, investidores, e os constitutivos primários como os empregados dos quais a empresa depende para funcionar. Todos os públicos essenciais estão ligados à atividade fim e à missão da empresa. Os públicos não-essenciais são aqueles que estão ligados às atividades meio. Por exemplo, as agências de publicidade que não fazem parte da empresa, mas prestam um serviço de qualidade para ajudá-la a se comunicar melhor, ter visibilidade e credibilidade. No livro Relações públicas o senhor afirma que é preciso ter cuidado para não incorrer no erro de tratar o público de forma homogênea. De que forma isso é possível? Fábio França – Vamos pegar o exemplo de uma empresa que tenha de 10 mil a 15 mil empregados – isso quer dizer que ela tem um público de funcionários heterogêneo. Os empregados têm diferentes culturas, vêm de diferentes regiões do País e têm expectativas diferentes. Eu não posso tratar os empregados e tratá-los como se fossem um único público. É preciso estabelecer parâmetros para conhecer o público interno e desenvolver programas de comunicação de caráter específico e geral. A comunidade com a qual a empresa se relaciona também não é homogênea. Ela tem uma infinidade de públicos que eu não posso tratar da mesma forma, eu tenho que conhecê-la em profundidade. Aí entra um aspecto frágil no Brasil que é não estarmos acostumados a fazer pesquisa. É preciso fazer pesquisa para ver quem é o meu público interno, de onde ele vem, qual é a cultura desses empregados, quantos têm formação superior. O cliente é mais diversificado ainda. O senhor fala de uma terceira categoria de públi-

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Como foi a experiência de escrever o livro Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos em coautoria com James E. Gruning e Maria Aparecida Ferrari? Fábio França – O livro nasceu de uma parceria com o professor americano Gruning, que se dedica há mais de 30 anos ao estudo das Relações Públicas, e com a professora de Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo Maria Aparecida. No primeiro capítulo do livro, o professor Gruning fez uma síntese da Teoria da Excelência que ele criou e uma abordagem das teorias de relações públicas. O texto é ideal para os estudantes porque traz elementos importantes da área. Maria Aparecida, que trabalhou muito nos Estados Unidos e no Chile, escreveu sobre um assunto que não é muito comum entre nós que é o contexto latino-americano das relações públicas. Como eu já trabalhava com a parte dos relacionamentos corporativos, fiz uma síntese do meu trabalho sobre públicos que é resultado da minha tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Eu mostro que para entender os públicos é preciso uma visão lógica e não apenas uma visão sociológica ou situacional. Eu fiz uma conceituação de públicos e foi a partir daí que trabalhei com os relacionamentos corporativos.

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E N T R E V I S TA cos formados por uma rede de interferência que podem atingir os negócios da empresa. Quem são esses públicos? Fábio França – São públicos que podem interferir de uma maneira positiva ou negativa no negócio. Por exemplo, a mídia. Em um determinado momento os veículos de comunicação podem publicar notícias favoráveis que defendem a empresa; em outro, elas podem publicar notícias negativas. Eu entendo que deva existir um relacionamento muito construtivo da empresa com a mídia para que nos momentos de crise a empresa possa ter como gerenciar essa relação. Outra rede de interferência importantíssima são os concorrentes. A inteligência competitiva da empresa precisa analisar e prever as tendências e ver se a concorrência não vai sair na frente no lançamento de um determinado produto. Nessa rede de interferência eu incluo também os grupos ideológicos que não compartilham os mesmos posicionamentos da empresa.

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Como trabalhar com cada público? Fábio França – O relações-públicas deve trabalhar com os acionistas os relatórios financeiros e informações sobre o andamento da empresa. Com o cliente deve utilizar os veículos de promoção, de campanha de propaganda, publicidade, eventos e feiras. Com o empregado, trabalhar com a política de contato face a face, encontros e diálogo.

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Depois que são identificados esses públicos, como o relações-públicas pode se aproximar deles e manter um relacionamento duradouro? Fábio França – Eu tenho que conhecer os públicos. Depois eu preciso determinar a importância deles na organização e estabelecer que tipos de relacionamento eu quero ter com eles. É importante que a empresa esteja sempre presente nas relações com seus públicos de interesse. Se a empresa quer fidelizar esse público, ela precisa ter um relacionamento muito mais estreito e planejado. No caso do cliente, é preciso que ele se sinta beneficiado pela empresa. Isso aos poucos vai gerar na mente dele uma lembrança positiva. Se a empresa precisa se relacionar com uma comunidade e fazer com que ela tenha uma atitude mais favorável aos negócios, a empresa pode investir em uma parceria de sustentabilidade com a prefeitura para melhoria de saneamento básico, escola, alfabetização.

Fábio França, Maria Aparecida Ferrari e James Gruning, coautores do livro Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos

Como e quando a empresa consegue perceber o retorno dos investimentos em relações públicas? Fábio França – É preciso estabelecer qual é a meta que se quer atingir na relação com os públicos, que tipo de comportamento quer conseguir, que atitude quer mudar. Se o relações-públicas estabelecer essas metas corretamente, então a empresa pode ter retorno a médio prazo. A empresa vai perceber o retorno na medida do atendimento correto e na medida em que ela atende a expectativa do público. No caso do relacionamento com os empregados são pequenas coisas que somadas vão aumentar o nível de comprometimento do funcionário. Eles se sentem felizes quando há oportunidade de carreira na empresa e bons salários. Um benefício que eles não querem perder. Como construir uma relação de credibilidade com todos os públicos? Fábio França – A empresa tem que ser veraz e as pessoas precisam estar convictas de que vale a pena manter o relacionamento com a empresa. Isso aumenta a sua reputação. A empresa que utiliza os conceitos lógicos e identifica cada forma de relacionamento e estabelece instrumentos eficazes específicos ganha em eficiência e transparência. Isso fará com que a empresa aja de uma forma uniforme diante de todos os públicos. Qual era a visão que se tinha sobre as relações públicas quando o senhor começou a dar aula em 1958 e qual a visão que se tem hoje?

Fábio França – No começo havia muita euforia em torno das relações públicas, a expectativa era de uma profissão com função operacional que pudesse ajudar as empresas. Nos últimos anos, as relações públicas estão se voltando mais para uma atividade de relacionamento com os públicos da organização. Agora os relações-públicas são a inteligência da empresa nas relações com o mercado e com os públicos, porque determinam as políticas que as empresas devem seguir para trabalhar a reputação e a identidade corporativa. Cabe aos profissionais da área estabelecer as políticas de relacionamento com cada público e desenvolver programas, estratégias e ações. Nós consideramos a empresa bem-sucedida quando ela consegue atingir seus objetivos, e os relaçõespúblicas são bem-sucedidos quando fazem com que a empresa se situe da melhor forma possível na relação com todos os seus públicos. Como os alunos têm recebido a proposta de utilizar a lógica nas relações públicas? Fábio França – Eu tenho usado esse processo há mais de cinco anos em sala de aula. Os alunos têm usado essa conceituação e têm conseguido excelentes resultados. Assim que o aluno entende a lógica do processo, ele aplica corretamente e desenvolve programas muito bem-feitos.

LINHA DIRETA Fábio França: ffranca@uol.com.br


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Inovação no

DNA Inovar deve ser uma prática constante para empresas de qualquer ramo e tamanho que desejem despontar no mercado e se perpetuar

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Roberto Macêdo (na outra página) e os robôs da Armtec: Mulata (nesta página) e Saci

FELIPE VECCHIO

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por Cléia Schmitz, Beatrice Gonçalves e Maycon Stähelin


No cerco competitivo que se fecha em torno das empresas só há uma saída: inovação. A sentença pode soar como mais um modismo do mundo corporativo, mas há exemplos de sobra que mostram o que uma gestão inovadora pode fazer por um empreendimento. Ou alguém acredita que a Petrobras teria descoberto petróleo no pré-sal não fossem seus investimentos em pesquisas com foco na inovação de processos? Ou ainda que a Tetra Pak seria o que é hoje se não tivesse criado a embalagem de longa-vida? “Temos várias pesquisas que mostram que a alteração do sistema produtivo por meio da inovação, tanto de produto quanto de processo, responde pela maior parte do aumento da produtividade de uma empresa”, afirma o economista Paulo Mól, gerente de Estudos e Políticas Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A Armtec Tecnologia em Robótica, empresa criada em 2005 no curso de Engenharia Eletrônica da Universidade de Fortaleza (Unifor), é um caso típico de como a inovação pode trazer mais competitividade para toda uma cadeia de empresas. Em apenas quatro anos de existência ela conta com uma linha diversificada de produtos. O robô Saci, utilizado no combate a incêndios, foi só a primeira inovação da Armtec. O lançamento do protótipo foi feito no dia da formatura de Roberto de Lins Macêdo, um dos seus idealizadores, o que o obrigou a colar grau por procuração. Mas valeu a pena. O Saci já está em sua quarta versão e a Armtec também fornece equipamentos de controle de tanques de gás, robôs de avaliação

de desempenho de pavimentação e soluções de segurança para as áreas de saúde e biotecnologia. No ano passado, o faturamento chegou a R$ 850 mil, dos quais 30% voltam para pesquisa e desenvolvimento. Roberto se orgulha de ser um braço de inovação para seus clientes. “Tivemos casos em que nosso produto melhorou o volume de produção em 1.500%, ainda resolvendo um passivo ambiental. Também proporcionamos a construção de uma estrada mais barata que dura 20% a mais de vida. A realidade é que cada produto da Armtec tem que fazer com que a inovação competitiva promova o crescimento mais rápido de nossos clientes, permitindo que a capacidade de investimento deles aumente e que possamos em conjunto promover um ciclo virtuoso de crescimento”, afirma o empresário. Segundo ele, a proposta da Armtec é que o cliente, por comprar seus produtos e serviços, ganhe um setor de Pesquisa e Desenvolvimento com qualidade industrial em padrões internacionais interligado com o mundo. Roberto também faz questão de frisar que a Armtec é resultado da integração de vários atores, como governos, universidades e empresas parceiras. “Inovação é mesmo um jogo de equipe”, destaca o professor Guilherme Ary Plonski, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). E é bom que se diga logo que inovar não é uma prerrogativa de grandes companhias. Tampouco de negócios ligados à tecnologia. “Toda e qualquer empresa, inde-

MARCELLO CASAL

pendente do segmento em que atua, pode e deve inovar”, destaca Mário Barra, diretor técnico da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). Para ele, desmistificar o conceito de inovação é um dos desafios para aumentar os investimentos na área. As três edições da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE, mostram que apenas um terço das empresas brasileiras inova. “Estamos aguardando os dados da nova Pintec, em 2010, mas sabemos que o caminho é longo”, afirma Plonski. Outra pesquisa, a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mostra que a inovação ainda é ignorada pelas empresas brasileiras. O País tem uma das mais baixas taxas de lançamento de produtos novos e de uso de tecnologias disponíveis há menos de um ano no mercado. Somente 3,3% dos entrevistados afirmaram que seus produtos podem ser considerados novos para os clientes. E não é por falta de demanda. De acordo com o estudo, 33% dos consumidores demonstraram grande interesse em comprar produtos novos. Na Rússia e na África do Sul, o percentual de empresas que lançam produtos novos é superior a 20%, segundo a GEM. Os dados foram divulgados pelo Sebrae, parceiro do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), entidade que realiza o estudo no Brasil. Para mudar esse cenário desvantajoso ao Brasil, entidades como Anpei, Sebrae e CNI reforçam suas ações de estímulo à inovação nas empresas. No início de outubro, a Anpei

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lançou o Guia Prático de Apoio à Inovação, publicação que reúne informações sobre todos os instrumentos oferecidos pelos diversos agentes que fomentam atividades inovadoras no País. Pesquisas mostram que muitos empresários sequer conhecem as leis de estímulo nessa área. “Quando perguntamos às empresas catarinenses se elas inovam, a maioria responde que sim, mas quando a pergunta é se conhecem a Lei do Bem e a Lei da Inovação, a resposta é: que leis são essas? Isso significa que muitas empresas inovam sozinhas, ou seja, tiram recursos do seu capital de giro por desconhecimento das oportunidades de financiamento e subvenção”, lamenta Natalino Uggioni, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi de Santa Catarina (IEL/SC). Entre as micro e pequenas empresas (MPEs), o senso comum é de que “inovação é só para as grandes”. Para desmistificar esse conceito, o Sebrae lançou no ano passado o programa Agentes Locais de Inovação. O objetivo é capacitar as empresas a fazer projetos para a captação de recursos. Com a atuação de 540 consultores, a entidade pretende chegar ao final de 2010 com 10.800 projetos elaborados, com qualidade suficiente para aprovação. Segundo Edson Fermann, gerente de Inovação Tecnológica do Sebrae, durante anos a principal meta da entidade foi aumentar a taxa de sobrevivência das MPEs. “Hoje não queremos mais que a empresa apenas sobreviva, mas que seja competitiva, agregue valor ao seu produto e cresça.” Para Fermann, a inovação

é fundamental para se atingir esse objetivo, “é a chave para ajudar a elevar a participação das MPEs no PIB brasileiro”. Atualmente, os negócios de micro e pequeno portes representam hoje 19% da economia do País. A meta do Sebrae, com os projetos de apoio à inovação, é elevar essa fatia para 40% do PIB.

Manifesto A CNI, por sua vez, lançou no dia 19 de agosto a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). “É um manifesto que coloca a inovação no centro da agenda da indústria, no plano estratégico das empresas”, afirma o gerente da entidade, Paulo Mól. A ação já é considerada por especialistas na área como um dos principais marcos da inovação no Brasil. “O manifesto é uma declaração pública de que o nível de consciência sobre o assunto se torna crescente”, avalia o professor Ary Plonski, da Anprotec. O MEI traz metas específicas para o segmento industrial. “Hoje, cerca de 6 mil empresas brasileiras fazem pesquisa e cerca de 30 mil declaram inovar em produtos e processos. Temos uma meta: duplicar o número de empresas inovadoras nos próximos quatro anos”, propõe o manifesto. Para a CNI, o maior desafio é a baixa qualidade da educação. “As deficiências nacionais em engenharia e ciências são inquietantes”, destaca o MEI. Para o professor Ary Plonski, a força mobilizadora em prol da inovação é muito importante, apesar do risco da banalização do

termo. “Hoje, a palavra inovação já é usada até mesmo para vender serviço de salão de cabeleireiro, mas pelo menos deixa de ser vista como sinônimo de mandar foguete para a Lua”, afirma Plonski. Em geral, o conceito de inovação é dividido em dois tipos: radical e incremental. Inovações radicais são aquelas que resultam em produtos, serviços, métodos de gestão, estratégias de marketing e processos de produção e distribuição totalmente novos para o mercado. Já as inovações incrementais estão relacionadas a melhorias em cada um desses processos. Assim, a primeira câmera digital é um exemplo de inovação radical. Já as melhorias que foram sendo implementadas no equipamento desde sua criação são inovações incrementais. O agravante é que entre as empresas que se dizem inovadoras, a maior parte resume seus investimentos à compra de equipamentos mais modernos. “O problema é que esses empreendimentos acabam inovando só para si mesmos e não para o mercado. Diante dos competidores continuam os mesmos”, afirma Paulo Mól. Para ele, isso acontece porque o Brasil teve uma industrialização tardia em relação a países da Europa e América do Norte. Na visão do economista, por um lado essa questão pode ser considerada positiva porque o País consegue dar um salto de produtividade com o que ele chama de inovação barata. Às vezes, basta trocar uma máquina antiga por outra de última geração para dobrar a produção. “O risco é as empresas acharem que


Ganassali (na outra página), gerente de PDI da Ciser, empresa de porcas e parafusos

estudos acadêmicos na área de atuação da empresa, hoje quase inexistentes. “Com a criação da área de PDI, no ano passado, também montamos um sistema de inovação próprio, cujo objetivo é dar método para a captação de ideias e a transformação dessas ideias em projeto e, consequentemente, em um negócio, quer seja um produto, um serviço ou uma melhoria estrutural da empresa”, destaca Ganassali. Segundo o gerente, hoje a Ciser investe CASA DA PHOTO

em inovação com o objetivo não só de atender o mercado, mas principalmente de surpreender seus clientes. “Muitas vezes, por não conhecer o produto, o cliente não tem a percepção da necessidade. Nosso trabalho é oferecer soluções que ele nunca pensou que pudessem ser criadas”, diz Ganassali. Entre as inovações da Ciser, destaca-se o Tenex, um sistema de aperto com um dispositivo que garante a fixação precisa de parafusos, o que torna a montagem de uma torre de transmissão de energia elétrica, por exemplo, muito mais segura. Em desenvolvimento, há ainda um grupo de fixadores inteligentes que mudam de cor quando submetidos a algumas solicitações mecânicas ou elétricas, perfeitos para empresas que exigem alto grau de confiabilidade. “Para os produtos já lançados, temos tido vendas extremamente satisfatórias, e para aqueles em prospecção, há uma coletânea de clientes que, inclusive, participarão do desenvolvimento”, afirma o executivo.

Avanços

Plonski: manifesto é prova de que o nível de consciência sobre o assunto se torna crescente

Nos últimos anos, o Brasil teve alguns avanços significativos em favor da inovação. A Lei da Inovação, que em dezembro completa cinco anos, e a Lei do Bem, de 2005, trouxeram estímulos importantes como a subvenção econômica direta de projetos com caráter inovador e incentivos fiscais para empresas que investem na área. Já não era sem tempo. Ainda ocupamos uma posi-

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inovação é só isso e não promoverem mais nada. Essa modernização tecnológica é só o primeiro passo”, ressalta Mól. A solução, segundo o economista, é estimular os empresários a investir na gestão da inovação, ou seja, colocar o tema no centro da política da empresa. “É preciso inserir a inovação no DNA da empresa”, resume Natalino Uggioni, do IEL/SC. Em muitos ambientes empresariais, o tema só é levantado na hora em que sai uma chamada pública para inscrição de projetos com o propósito de captação de recursos. “É inadmissível fazer inovação de forma descontinuada, como se fosse uma brigada de incêndio”, afirma Uggioni. Para ele, toda empresa deve ter uma carteira de projetos definida, sintonizada com seu planejamento estratégico. “Afinal, inovação é o que faz a diferença na perpetuação da empresa, é a segurança contra a irrelevância que existe no mercado. Quando uma empresa inova, ela se posiciona e sai na frente”, conclui Uggioni. Há dois anos, a Ciser – há mais de 50 anos no mercado de porcas e parafusos – decidiu levar a inovação para as discussões de seu plano estratégico. “Percebemos que, dentro de um segmento conservador como o nosso, ao priorizar a inovação estaríamos saindo na frente de nossos concorrentes”, explica Guido Ganassali, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da empresa. Uma das ações já colocadas em prática foi a criação do Prêmio Ciser de Inovação Tecnológica. O executivo explica que o objetivo é estimular

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Ceres Agricultura de Precisão, empresa nascente de tecnologia agrícola

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ção lamentável no ranking mundial da inovação, realizado pela revista The Economist: 49ª, atrás da China (46ª), que ganhou cinco posições entre 2006 e 2008, enquanto nós perdemos uma no mesmo período. De acordo com estudo divulgado pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (Ocde), em 2008 a China investiu 2% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), enquanto no Brasil esse percentual não chegou a 1%. A meta do governo brasileiro é investir 1,5% do PIB em 2010. No ano passado, só o BNDES distribuiu R$ 1,4 bilhão em recursos para linhas de fomento à inovação. Até julho deste ano, o montante chegava a R$ 750 milhões. Para diminuir os efeitos da crise econômica, o banco reduziu as taxas de algumas linhas e espera um aumento dos recursos financiados em relação ao ano passado. Segundo Helena Tenório, chefe do Departamento de Programas e Políticas do BNDES, houve uma mudança com relação ao conceito de inovação na forma de atuar do banco. “O foco não é mais o projeto, mas a capacidade da empresa em inovar”, explica. Outra ferramenta da instituição para estimular a inovação é o Cartão BNDES. De acordo com Vitor Hugo Justino Ribeiro, gerente do Departamento de Operação de Internet, responsável pelo cartão, em 2009 o produto ampliou o escopo de serviços tecnológicos. Uma das grandes vantagens do cartão BNDES é que não é necessária a apresentação de projetos, já que se trata de uma

linha com limite de crédito pré-aprovado. A ferramenta também atende à demanda por crédito de empresas que precisam de financiamento de baixo valor para investir em inovação. Até o início de outubro, quatro operações de serviços de inovação já haviam sido realizadas pelo cartão. “É preciso aprimorar os financiamentos para empresas de pequeno porte. O limite mínimo é de R$ 150 mil por projeto, um valor muito alto para microempresas”, afirma Fermann,

Reis, da ESSS: maior dificuldade não era a falta de ideias, mas como capitalizá-las

do Sebrae. Ele conta que ao articular um empréstimo de menor valor para quatro empresas produtoras de abas de boné de Apucarana (PR), a entidade conseguiu fazer com que a importação desse item não fosse mais necessária no Brasil. Juntas, as empresas tomaram R$ 120 mil – R$ 36 mil no máximo por empreendimento. O problema é que, na prática, as leis e as linhas financeiras de fomento ainda beneficiam um grupo muito restrito de empresas. “A dedução do imposto de renda prevista pela Lei do Bem, por exemplo, vale apenas para empresas que declaram o IR pelo lucro real, o que em tese é feito apenas por grandes corporações”, afirma Paulo Mól. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) concorda que ainda há muitas lacunas, mas acredita que é preciso consolidar os instrumentos do jeito que foram concebidos para depois resolver os problemas. Para Marcos Vinícius de Souza, diretor de Articulação Tecnológica da Secretaria de Tecnologia Industrial do MDIC, o principal objetivo do ministério é fazer com que a P&D saia da academia e vá para o mercado. “O foco dos investimentos é transformar o conhecimento em produto. Isso é inovação”, destaca. Para colocar a inovação no centro das discussões e tirar o foco só do segmento tecnológico, o MDIC está transformando a atual secretaria em uma Secretaria de Inovação. O caso da ESSS, empresa catarinense especializada em tecnologias de simulação compu-


Pequenas Empresas Inovadoras da Finep, nunca na história da instituição houve um programa com tanta capilaridade nacional. Antes de lançar o Prime, a Finep foi ao mercado conversar com as empresas que eram alvo do projeto para confirmar se ele atendia às expectativas e necessidades. A Ceres Agricultura de Precisão é uma das empresas selecionadas para o Prime. Originária de um projeto de estudantes do

Natalino, do IEL/SC: muitas empresas inovam sozinhas por desconhecer linhas de financiamento

Instituto Federal de Santa catarina (IFSC), a empresa tem como objetivo desenvolver produtos com tecnologia nacional, para oferecer preços acessíveis e equipamentos de qualidade aos agricultores brasileiros. Além da economia gerada ao produtor através da otimização na aplicação de insumos agrícolas, os equipamentos contribuem para a redução de impactos no meio ambiente. “Os equipamentos e técnicas relacionadas à agricultura de precisão ajudam a minimizar o contato do solo e da água com fertilizantes e agrotóxicos, preservando o solo para as próximas gerações”, explica Jeferson Magalhães, um dos idealizadores do empreendimento. Para o empresário, os recursos do Prime serão essenciais para a contratação de um gestor que ajude a colocar no mercado o primeiro produto da empresa, em fase final de desenvolvimento. Afinal, entre os sócios, ninguém tem experiência em gestão de negócios. Com apenas um ano de vida, a Ceres também foi vencedora do Sinapse da Inovação 2008 (Fundação Certi/Fapesc), finalista do Prêmio Técnico Empreendedor 2008 (Sebrae/Mapa/ MEC) e terceira colocada no Prêmio Agroambiental Monsanto 2009. “Ter um projeto reconhecido, através de prêmios e subvenções, é muito importante nesta fase do negócio, pois credencia nosso trabalho junto a parceiros, fornecedores e clientes”, afirma Magalhães. É o empurrãozinho que falta para que a pesquisa deixe a academia e chegue a um mercado sedento por inovação. (Cléia Schmitz)

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tacional em engenharia, mostra que a preocupação do MDIC faz sentido. Criada há 15 anos a partir de um grupo de P&D do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a ESSS tem entre seus clientes grandes empresas como Shell, Petrobras, Vale e Embraer. Mas o diretor de engenharia, Marcus Vinícius Reis, reconhece que o início foi difícil. “Nossa maior dificuldade não era a falta de ideias, mas como capitalizá-las, ou seja, como transformá-las num produto”, lembra o empresário, na época com apenas 21 anos. “Nós éramos bons tecnicamente, mas não entendíamos nada de negócios e demoramos mais para dar o startup porque tivemos que aprender com tentativa e erro”, complementa. Hoje a empresa tem cerca de 100 funcionários e já recebeu dois prêmios Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) – um regional e outro nacional. Para ajudar empresas nascentes, a Finep lançou no final do ano passado o Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). São R$ 230 milhões destinados para empreendimentos de base tecnológica com menos de dois anos numa parceria com 17 incubadoras, responsáveis pela seleção dos projetos e pelo repasse da verba. Na primeira chamada, mais de 3 mil empreendimentos de 330 municípios se candidataram para receber cada um até R$ 240 mil em dois anos, sendo R$ 120 mil não-reembolsáveis e o restante pago em 100 parcelas com juro zero. Segundo Gina Paladino, superintendente da Área de

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Soluções made in Brazil

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Internacionalização precisa ser planejada e é recomendável contar com o suporte de instituições e programas de apoio à exportação

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O Brasil é referência no fornecimento de soluções de tecnologia da informação (TI) para o mercado mundial. Em 2008, o setor de TI e o de terceirização de processos de negócios (BPO) nacional movimentaram US$ 59 bilhões em exportações, um valor que corresponde a 7% do PIB. Este ano, mesmo com a crise econômica, as exportações de TI e BPO cresceram 36% em relação ao ano anterior. Os dados são do relatório Brazil It-BPO Book, organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), que traçou um perfil da indústria brasileira de serviços de tecnologia da informação. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) considera esses dois setores estratégicos e trabalha com a expectativa do aumento nas exportações de TI-BPO de US$ 3,5 bilhões para 2010. Mas para alcançar esse objetivo é preciso aumentar o número de empresas exportadoras e o volume vendido. Pelos cálculos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em agosto de 2009 cerca de 17 mil empresas venderam para o exterior – um número considerado baixo diante da média de 23 mil empresas exportadoras em 2008. O receio dos empresários brasileiros em investir na internacionalização está associado ao medo de arriscar e a um profundo desconhecimento nos processos de exportação. Para o consultor Ivan Boeing, do programa Brazil It da Apex-Brasil em Santa Catarina, as principais dificuldades que as empresas têm para se lançar na internacionalização é informação e a alta flutuação do câmbio. O que, segundo o consultor, acaba por fazer com que muitas empresas assumam uma atitude passiva nas exportações e só enxerguem possibilidades no mercado mundial quando são procuradas por parceiros internacionais. “O empresário costuma começar com exportações passivas, mas isso tem que mudar em algum momento.”

Para Robert Janssen, co-responsável pelo planejamento estratégico para o desenvolvimento de mercado internacional e exportação das empresas associadas à Softex, para internacionalizar é preciso atingir padrões de excelência que, além de possibilitar que a empresa conquiste espaço no cenário mundial, melhorem a sua imagem aqui mesmo no Brasil. Além disso, é preciso capacitação, informação e planejamento. “É necessário conhecer o mercado que se quer atingir, a legislação específica do país alvo, a cultura da região, o modo de agir da concorrência e saber se a tecnologia oferecida está adequada ao perfil do mercado a ser atingido”, comenta. Após dez anos atuando no mercado nacional a empresa Suntech, especializada em soluções para interceptação legal, retenção de dados e gerenciamento de rede para fornecedores de serviços e comunicação e governos, resolveu dar início ao processo de internacionalização em 2007. Para planejar sua entrada no mercado internacional buscou o apoio da Apex, Softex e Fiesc. “Nesse mercado de internacionalização, informação é tudo”, explica Paulo Veloso, gerente de contas da Suntech. No planejamento do mercado a ser atingido, a empresa se propôs a pensar onde estaria o mercado e como a empresa chegaria até lá. As primeiras metas foram se aproximar da África e do Oriente Médio, onde a empresa identificou mercado e começou a fazer os primeiros contatos a partir de um parceiro local. Um mercado que exigiu da Suntech um grande esforço porque a empresa teve que planejar como faria a aproximação com os grupos étnicos da região, como conheceria as culturas locais e as formas de se fazer negócio. A crise econômica mundial de 2008 fez com que a empresa mudasse seus rumos. Além da falta de crédito no mercado, a Suntech viu que encontraria muitos obstáculos com a flutuação da taxa cambial e com a falta de uma identidade física na região. “Nós estávamos atacando um mercado muito longe, nós não tínhamos um

Suntech aposta no mercado latinoamericano pelas semelhanças culturais

suporte local e tínhamos um custo elevado”, comenta Veloso. Motivos que fizeram a empresa repensar a forma de internacionalização e buscar outros mercados. A Suntech resolveu olhar para o mercado latino-americano e deu início a um processo de internacionalização em um país onde havia menos barreiras comerciais, os esforços eram menores, os gastos mais baixos e o retorno era maior. A mudança de posicionamento fez com que a Suntech fechasse o primeiro contrato internacional em 2008. “Mas nem tudo foram flores”, afirma Veloso. Além das taxas previstas no planejamento inicial, a Suntech viu 15% do lucro ser retido pelo governo local para o pagamento de mais impostos. Para dar suporte às empresas brasileiras no exterior, a Apex-Brasil apoia 70 setores da economia através da capacitação de gestores, pesquisas sobre hábitos de consumo, concorrência, canais de distribuição e potenciais compradores nos mercados alvo. Na área de tecnologia da informação, a Apex financia projetos em parceria com a Brasscom, em que são atendidas 36 empresas de tecnologia da informação com projetos de R$ 14 milhões, com a Softex por meio do programa Brazil It e com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) através do Brazil It Emerging Players. O programa Brazil It está em operação desde 2005 e a partir deste ano iniciou um processo de regionalização que busca por meio de agentes regionais popularizar o programa e ampliar o número de empresas atendidas. Em Santa Catarina, a representante do Brazil It é a Associação Catarinense de Empresas de


Ao lado, Schneck, da Anprotec: capacitação de empresas que ainda não atuam lá fora

dos Unidos, México, França, Reino Unido, Alemanha, Portugal, Espanha e Colômbia. Nesta etapa do programa Brazil It Emerging Players estão sendo selecionadas empresas para participar de feiras de negócios, como a Orlando It Expo, nos Estados Unidos. O programa terá um estande em que as empresas brasileiras selecionadas vão mostrar seus produtos e serviços para o mercado internacional. A feira é considerada também estratégica porque é uma oportunidade para o empresário conhecer novas tendências tecnológicas. Uma das empresas inscritas no projeto Brazil It Emerging Players é a Findme, especializada em sistemas de rastreamento de pessoas e objetos que têm como produtos localizadores GPS para notebooks e rastreadores de arquivos eletrônicos. A primeira experiência da empresa no exterior foi através de uma parceria com uma companhia de Nova York em que a Findme desenvolveu a parte eletrônica do negócio e a empresa norte-americana fabricou e distribuiu a tecnologia. A Findme é uma empresa pequena que

O receio dos empresários brasileiros em investir na internacionalização está associado ao medo de arriscar e ao desconhecimento nos processos de exportação

tem apenas três funcionários, mas foi pensada desde o início para ser internacionalizada. “Eu sempre pensei em um produto que não ficasse limitado ao Brasil, desde o início eu já pensava em algo para ser exportado”, afirma Theodoros Megalomatidis, proprietário da Findme. O empresário considera que a inovação e o preço baixo dos produtos e serviços oferecidos pela Findme são diferenciais do negócio no exterior. “Para se ter uma ideia o produto que foi desenvolvido aqui é mais barato que o produto chinês. Nós conseguimos fabricar produtos mais baratos que os deles e com mais garantias de assistência técnica”, explica.

Outros setores Uma cooperação internacional entre o Brasil e a Comunidade Europeia está aproximando as empresas brasileiras do velho continente. O Programa de Apoio à Inserção Internacional de Pequenas e Médias Empresas Brasileiras (Paiipme), criado em 2005, é considerado o maior acordo de cooperação da Europa e da América Latina. O programa tem como objetivo contribuir para a inserção competitiva do Brasil na economia mundial e reforçar os laços econômicos e comerciais com o bloco europeu. Por meio do Paiipme foi assinado um acordo no valor de 44 milhões de euros para capacitar os empresários brasileiros para a internacionalização. Do total de dinheiro investido no programa, 22 milhões de euros vêm de um fundo da União Europeia e outros 22 milhões de fundos públicos e privados brasileiros. Todos os recursos são não-reembolsáveis e estão sendo utilizados para o financiamento de 34

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Tecnologia (Acate). Em dez meses de trabalho, o número de empresas atendidas pelo Brazil It no estado passou de cinco para 12. O programa é destinado a empresas que já tenham alguma ação de internacionalização em seu plano estratégico. As empresas vinculadas ao Brazil It podem participar do programa de duas formas – uma através do recebimento de informações sobre eventos organizados pelo programa ou como participante assistido. “O Brazil It não visa só trabalhar com clientes potenciais, mas também com networking, para que o empresário possa ampliar sua rede de contatos”, explica Rogério Lacerda, gerente do projeto Brazil It em Santa Catarina. Os consultores do projeto visitam as empresas atendidas e fazem análises sobre o que deve ser modificado e aperfeiçoado para realizar o processo de internacionalização. Entre as falhas mais comuns encontradas estão estruturas erradas para exportação como as que utilizam empresas offshore e a falta de formalidade nas parcerias realizadas com empresas locais nos mercados em que a empresa quer se internacionalizar. O programa Brazil It Emerging Players, realizado em parceria com a Anprotec, capacita pequenas e médias empresas no processo de internacionalização. “O diferencial do nosso projeto é que ele vai capacitar empresas que têm potencial, mas ainda não atuam no mercado lá fora”, afirma Maurício Schneck, assessor de relações internacionais da Anprotec. A proposta do Emerging Players é ajudar as empresas a elaborar planejamento de internacionalização condizente com a sua estrutura e tem como mercados alvo Esta-

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projetos, 17 desenvolvidos através de acordos de cooperação técnica assinada com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e outros 17 são projetos locais de subvenção. Os setores que mais estão sendo beneficiados pelo programa são os de couro, calçado, informática, alimentos e cosméticos. Os projetos estão sendo desenvolvidos desde o início de 2009 e serão concluídos em dezembro de 2010. Para a diretora do Paiipme, Patrícia Vicentini, o índice de execução atual do programa está em torno de 45%. “Sabemos que os projetos locais estão estudando mercado e trabalhando para a internacionalização de 450 empresas”, comenta Patrícia.

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Etapas

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O programa trabalha com as empresas a partir de três etapas de internacionalização. Na primeira fase é avaliado se a empresa é competitiva no seu mercado, se ela inovou e se tem recursos para investimento em internacionalização. Depois é analisado como a empresa pode se inserir no mercado internacional, se ela pode exportar o produto final ou se vai vender um elemento específico para outra empresa. Por último, é realizada a etapa de consolidação da empresa no cenário internacional quando, além de exportar, a empresa firma parcerias

com outras companhias no exterior. Em Santa Catarina os recursos do Paiipme são investidos no atendimento de 50 empresas através de parcerias com a Fiesc, Sindicato Calçadista de São João Batista e a Fundação Centro de Referência em Tecnologia Inovadora (Certi). No parque tecnológico Celta, pertencente à Certi, foi criado, com os recursos do Paiipme, o Escritório de Negócios Internacionais (ENI), onde 20 empresas são atendidas e recebem capacitação para se internacionalizar. O escritório oferece serviço de análise dos mercados alvo das empresas e estuda a concorrência, a legislação dos países e faz a análise tecnológica dos produtos. “O objetivo é que a gente transfira o conhecimento para as empresas e que elas não fiquem dependentes do escritório para exportar e que consigam fazer isso depois sozinhas”, explica Alexandre Steinbruch, diretor do ENI. De acordo com Steinbruch, das 20 empresas atendidas pelo escritório, a maior parte delas procura primeiro exportar para mercados próximos como para os países da América Latina. Só depois que elas se qualificam e aprendem com esses mercados é que se sentem prontas para buscar mercados mais complexos, como é o caso do europeu. Além de capacitação de empresários, o ENI trabalha para aproximar diferentes mercados por meio de missões internacionais e

rodadas de negócio. Durante o 3º InfoDev Global Fórum de Inovação e Empreendedorismo, que será realizado em Florianópolis de 26 a 30 de outubro, o ENI estará promovendo uma rodada de negócios e para participar dela está trazendo para o País pelo menos 15 empresas e instituições internacionais. Entre as empresas atendidas pelo ENI em Santa Catarina está a Way2, especializada em soluções aplicadas à gestão de energia, que vai desde a medição remota e gestão de portfólio de contratos até o planejamento de médio e longo prazos de energia. O sistema desenvolvido pela Way2 permite que as empresas de energia cumpram com a regulação estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Way2 faz análise de 100 medidores de geração e é considerada referência no setor de inovação. É uma das 12 empresas mundiais a receber o Prêmio Dell de Excelência para Pequenas e Médias Empresas. Recebeu prêmio de R$ 57 mil em equipamentos da Dell e participará de um evento no Texas com os executivos da empresa. “Como nós somos uma empresa pequena, esse prêmio funciona como um reconhecimento do nosso trabalho e da nossa solução”, explica Danilo Barbosa, diretor de marketing da Way2. A companhia quer agora expandir seus negócios e oferecer sua tecnologia para mais paí-


DIVULGAÇÃO ROOSEWELT PINHEIRO/ABR

Sérgio Rezende: nos EUA, interação faz parte do dia a dia das universidades

ENI trabalha para aproximar diferentes mercados por meio de missões internacionais e rodadas de negócio

Interação necessária Empresas e universidades precisam interagir para transformar conhecimento em renda A Pesquisa e o Desenvolvimento (P&D) no Brasil estiveram historicamente mais ligados ao setor acadêmico do que ao setor produtivo. Via de regra, a prioridade era para a pesquisa acadêmica nas universidades, até porque o maior investidor sempre foi o setor público. Por isso, as parcerias com o setor privado eram geralmente pensadas no sentido universidade-empresa. De acordo com o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luis Fernandes, essa realidade atual tem origem, em grande parte, nas políticas de substituição de importações, proteção do mercado interno e atração de investimentos externos que orientou a industrialização brasileira na maior parte do século 20, e que não colocavam o desafio da inovação no centro do esforço de desenvolvimento. Isso porque a ideia básica era que, junto com os investimentos estrangeiros, viriam os pacotes tecnológicos das matrizes. “Uma marca desse

passado é a desconexão entre a capacidade de P&D, hoje concentrada em instituições públicas de Ciência e Tecnologia (C&T), e o mundo empresarial. Eram dois mundos fundamentalmente à parte, não dialogavam entre si”, explica Fernandes. “Achamos que a interação universidadeempresa já está superada. Temos que inverter essa lógica, promover a cooperação empresa-universidade”, afirma a gerente de Desenvolvimento Empresarial do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Diana Jungmann. Para ela, deve-se começar olhando para dentro da empresa, ver as suas dificuldades e necessidades de desenvolvimento tecnológico, qual a aplicabilidade que ela precisa de acordo com a demanda do mercado. A partir desse diagnóstico, a empresa buscaria parcerias, procurando as soluções para essas demandas dentro das universidades. “Temos que achar os problemas, as demandas, e procurar nas universidades as soluções. O processo tem que ser feito dentro

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ses. Em 2007, a Way2 exportou para a Colômbia através de uma empresa parceira. Na época, uma norma colombiana exigia que as empresas do país utilizassem medidores específicos de energia, e o software da Way2 atendia as regulamentações exigidas. “Começamos pela Colômbia por questões do mercado porque é lá que há algumas semelhanças com o mercado de energia daqui e há regulação do setor por meio de agências regulatórias”, comenta Barbosa. Os próximos clientes devem vir da Costa Rica e do Chile. Mas para prospectar o mercado e entender como funciona o sistema de geração de energia em cada país, procurou o escritório de negócios internacionais da fundação Certi. “No nosso caso é bem para fazer um estudo regulatório para ver como funciona o mercado de energia lá, identificar oportunidades e entender tecnicamente como ele é.” Com o trabalho de capacitação, a cada duas semanas diretores da Way2 e consultores do ENI se reúnem para analisar os estudos e direcionar o posicionamento da empresa no cenário mundial. Para atuar nesses mercados a Way2 está se preparando para trabalhar novamente a imagem da empresa para que as empresas desses países confiem nos serviços oferecidos. Além da capacitação, a Way2 se prepara para participar de feiras de negócios e roadshow na Colômbia. (Beatrice Gonçalves)

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HERMÍNIO OLIVEIRA

C A PA

Diana, do IEL: desafio é achar um interesse comum para empresários e pesquisadores da ótica empresarial, pragmática, para levar os resultados ao mercado”, afirma. O diretor de Articulação Tecnológica da Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Marcos Vinícius de Souza, tem opinião semelhante. Ele diferencia a pesquisa pura da inovação. “Inovar é levar a pesquisa científica para o mercado. É transformar o conhecimento gerado nas universidades e centros de pesquisa em produtos, em renda para o setor produtivo e para a sociedade”, diz.

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Marco regulatório

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De acordo com Diana, do IEL, a Lei de Inovação, de dezembro de 2004, entrou como um elemento que legitima essa interação. Antes a cooperação entre empresas e universidades era complicada, pois não havia um marco regulatório. Hoje as instituições de pesquisa já veem essa cooperação como uma fonte de recursos e também de reciclagem de seus pesquisadores, uma forma de estarem mais próximos e atentos às novidades do mercado. Agora a questão, avalia, é fazer com que esses dois mundos aprendam a conversar. “O empresário quer transformar a pesquisa em lucro, enquanto o pesquisador quer gerar conhecimento, publicar suas descobertas. O desafio não é mais o marco legal, mas achar um interesse comum, é ver como as duas partes vão chegar a um ponto que gere benefício para ambos.” Embora também reconheça os avanços

Para o presidente da Fiat, que enfrenta dificuldades em fazer parcerias com instituições de pesquisa no Brasil, “há um grande trabalho a ser feito nessa área” trazidos pela Lei da Inovação, o gerente de estudos e políticas industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Mól, ainda vê muitos entraves e pouca evolução. “Pelo que ouvimos dos empresários em eventos e reuniões recentes, na prática essa relação entre empresas e universidades ainda anda devagar. A cultura no Brasil sempre foi da pesquisa mais acadêmica, acho que leva tempo para mudar isso. Um ponto fundamental é simplificar mais os processos, diminuir a burocracia para permitir que essas parcerias saiam do papel”, conta. O presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Belini, também afirma enfrentar grandes dificuldades para fazer parcerias com instituições de pesquisa. “Em Minas Gerais eu consigo fazer acordos com a universidade católica (privada), mas não com a federal. Teve casos em que fiz acordo com a Politécnica de Turim (Itália), mas não conseguimos fechar aqui no Brasil. Realmente tem um grande trabalho para ser feito nessa área”, afirmou

durante o 3º Congresso da Inovação na Indústria, promovido pela CNI em agosto. Para o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, um dos principais problemas é que no Brasil as entidades acadêmicas não têm ainda uma visão pragmática como nos países desenvolvidos, em que o próprio acadêmico que inova tem participação nos resultados obtidos. “Ainda há resíduos ideológicos, mas que já começam a ser resolvidos.” Também no Congresso da Inovação na Indústria, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, deu um depoimento sobre a sua experiência durante o doutorado que fez no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, na década de 1960. “Quase todos os professores de engenharia que eu conhecia lá passavam um ou até dois dias por semana fora da universidade, dando consultoria para empresas. Dessa consultoria eles recebiam pagamentos, que melhoravam a sua remuneração, mas tinha uma coisa muito mais importante: eles traziam ideias das indústrias para a universidade, e em torno disso os estudantes faziam dissertações de mestrado, teses de doutorado. Nem sempre acabava em um resultado de aplicação tão prática, mas aquela interação fazia parte do dia a dia das universidades.” Um dos resultados é que a maioria dos colegas de universidade queria sair direto para trabalhar nas empresas, eles nem pensavam em voltar para a universidade, que é o caminho natural para a maior parte dos doutores formados no Brasil. (Maycon Stähelin)


Menos de 2% dos doutores empregados no Brasil atuam na indústria. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, dos 26 mil trabalhando no Brasil em 2008, apenas 1,9% estão na indústria, 66% permanecem nas universidades e 18% no setor público. Considerando o total de cientistas (incluindo doutores, mestres, mestrandos e graduados), a fatia dos que atuam na indústria sobe para 23%, mas ainda assim bem atrás de países como Estados Unidos (80%), Espanha (60%) e Coreia do Sul (54%). Para os pesquisadores do Ipea, embora as universidades brasileiras tenham ainda dificuldade em formar pesquisadores para o setor produtivo, parte da culpa também deve ser creditada à indústria. “As empresas brasileiras recrutam poucas pessoas para fazer pesquisa e desenvolvimento. É muito recente a ideia da indústria nacional de que precisa competir no mercado externo e, para isso, precisa inovar”, afirmou ao jornal O Estado de São Paulo um dos autores do trabalho, Divonzir Gusso. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, tem posição semelhante. Em palestra durante o 3º Congresso da Inovação na Indústria, realizado em agosto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Coutinho destacou que o investimento em educação é um dos pilares para que o Brasil consiga dar um salto de quantidade e qualidade na inovação. Apesar desses números ainda baixos de pesquisadores dentro das empresas, ele acredita que é necessário investir ainda mais na formação superior, especialmente nas áreas de engenharia e ciência. “Na faixa etária de 18 a 24 anos, o Brasil tem apenas 10% dos jovens na universidade. Quando eu era estudante, era cerca de 2%; já avançamos, mas precisamos continuar crescendo.” Segundo Coutinho, nos países desenvolvidos esse percentual vai de 30% a 40%, e

na Coreia do Sul chega a 55%. “Nós temos que dobrar, pelo menos, o número de jovens nessa faixa etária dentro do sistema universitário.” Além disso, entre os egressos do ensino superior do Brasil, apenas 10% estão nas engenharias e nas ciências. “É pouco. Nos países desenvolvidos esse número também gira em torno de 30% a 40%. Temos que dobrar, se possível triplicar esse percentual.” Mas, para isso, tem que existir mercado para essas pessoas. E, de acordo com Coutinho, isso só acontecerá se as empresas estiverem investindo fortemente em inovação e recuperando o desenvolvimento de engenharia no País. “É preciso que haja esforços dos dois lados, porque também não queremos o engenheiro ou o físico como motorista de táxi”, destacou. Um dos principais órgãos a promover essa inserção de pesquisadores no setor produtivo é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Nessa linha, o coordenador-geral do Progra-

Luciano Coutinho, do BNDES: investimento em educação é um dos pilares para dar um salto de quantidade e qualidade na inovação

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Doutores e mestres no Brasil concentram-se nas universidades, enquanto nos outros países trabalham principalmente nas empresas

DIVULGAÇÃO ANTONIO CRUZ/ABR

Inversão de posições

ma em Engenharia, Capacitação Tecnológica e Inovação da Diretoria de Programas Horizontais e Instrumentais do CNPq, Marcio Ramos de Oliveira, destaca os programas Doutorado Sandwich Empresarial (SWI), Pós-Doutorado Empresarial (PDI) e o Programa RHAE Pesquisador na Empresa. Nos dois primeiros, o pesquisador pode desenvolver parte de sua pesquisa dentro da empresa, enquanto que o terceiro apoia atividades de pesquisa tecnológica e inovação que estimulem a inserção de mestres e doutores nas empresas. “Estes programas buscam diminuir a distância entre o setor empresarial e o setor acadêmico, disseminar a cultura da inovação e inserir pessoal qualificado e com perfil tecnológico dentro das empresas”, explica Oliveira. O CNPq mantém em média 5 mil bolsistas por ano nesses e em outros programas de incentivo à inovação e a inserção de pesquisadores nas empresas. Oliveira avalia que esses programas têm ajudado a diminuir a distância entre academia e indústria, mas destaca que a mudança desse cenário não depende só das agências de fomento, como o CNPq. “É necessária também uma mudança de atitude dos empresários, entendendo a utilização de conhecimento na indústria como meio para melhoria da competitividade de seus produtos.” (Maycon Stähelin)

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C A PA MIGUEL ÂNGELO/CNI

Inovação para todos

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Inovar não se restringe à tecnologia de ponta e grandes empresas; pequenas modificações e incrementos podem fazer a diferença

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Se confrontados à pergunta “a sua empresa trabalha com inovação?”, a esmagadora maioria dos micro, pequenos e médios empresários do Brasil provavelmente dará uma resposta semelhante: “Isso é só para os grandes, inovação interessa apenas a empresas de tecnologia, não é para mim”. Não poderiam, no entanto, estar mais longe da realidade. O economista austríaco Joseph Schumpeter, um dos pioneiros em colocar a inovação no centro da agenda das empresas, definia inovação como uma “destruição criativa”, o trabalho permanente de modificar os produtos e os processos da empresa, buscando a melhoria, a novidade, o diferencial que colocará a empresa à frente dos concorrentes. Essa destruição criativa é mais intrínseca, sem dúvida, em setores de tecnologia de ponta, como o de tecnologia da informação, farmacêutico ou automobilístico, em que a velocidade com que as empresas conseguem aprimorar suas tecnologias ou, melhor ainda, inventar novas, é fundamental para a sua sobrevivência no mercado. No entanto, a inovação pregada por Schumpeter, e tão propalada hoje no mundo empresarial, é bem mais abrangente. A CPFL Energia, por exemplo, investe R$ 50 milhões por ano em pesquisa para inovação. Mas o diretor de Engenharia da empresa, Rubens Ferreira, afirma que esses investimentos vão além da criação de um produto ou metodologia nova. “A inovação deve ser encarada como um processo de melhoria constante no trabalho e no relacionamento com o cliente. Há uma série de coisas que trazem produtividade e ganho de valor, tanto em termos de melhoria de atendimento, de qualidade técnica ou de redução de custos.” Qualquer empresa, de qualquer setor da economia, seja da indústria, comércio, serviços ou do agronegócio, pode inovar. Não só pode como precisa. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em manifesto divulgado durante o 3º Congresso da Inovação na Indústria, realizado em agosto em São

Paulo, a inovação é a chave para a construção do futuro. “Inovação é o requisito para uma economia competitiva, próspera e sustentável, com maior produtividade, com melhores empregos e salários”, afirma o documento. Por perceberem que a falta de informação é um dos principais entraves ao avanço da inovação no Brasil, algumas das principais entidades de representação e apoio ao setor privado colocaram a divulgação no centro das suas estratégias para a área de inovação. O Sebrae, por exemplo, tem vários projetos nesse sentido, que vão de um blog, programas de rádio e workshops que têm como objetivo desmistificar a inovação para os pequenos negócios, até o projeto Agentes Locais de Inovação (ALI), em que consultores da entidade vão atrás das empresas, batendo de porta em porta para sensibilizar os empresários sobre a importância de inovar. O gerente de Inovação Tecnológica do Sebrae, Edson Fermann, destaca a importância do tema e enumera as iniciativas da entidade na área de inovação. Nos projetos mais específicos de comunicação, somente de janeiro a setembro deste ano foram realizados 193 workshops, dos quais participaram 18.619 empresas. Além de uma palestra conceitual, para desmistificar a inovação entre os pequenos empresários, os eventos contam sempre com dois casos de sucesso locais, para mostrar quem já está obtendo resultados. Até outubro, o Sebrae produziu também 120 spots de rádio sobre o tema, que foram veiculados em 850 emissoras em todo o País. Esses programas podem ser também ouvidos no blog Faça Diferente (www.facadiferente.sebrae. com.br), que reúne ainda todas as novidades das ações do Sebrae na área de inovação, reportagens com cases de sucesso, programas da TV Sebrae, entre outras informações. Na parte de consultoria às empresas, o grande destaque é o projeto ALI. Buscando atingir as MPEs com potencial inovador, o Sebrae está capacitando agentes que vão atrás

Paulo Mól, do Sebrae: mais importante é que a gestão da inovação seja prioridade de longo prazo para os líderes empresariais dos empresários. Cada agente, responsável por 50 empresas por um período de dois anos, visita as empresas, explica os objetivos do projeto e, para as que aderem, aplica um diagnóstico e faz um relatório com as ações a serem tomadas para a empresa inovar. O consultor auxilia também no planejamento dessas iniciativas e ajuda na aproximação e negociação com parceiros que sejam necessários para implementar os projetos, como universidades e entidades de fomento. Segundo Fermann, 18 estados já estão sendo atendidos, em diferentes etapas do projeto. Ainda em outubro a entidade deve lançar a chamada para expandir o ALI aos outros nove estados, num investimento de R$ 24 milhões. A meta do projeto é atender 16,8 mil empresas inovadoras até o fim de 2010 e chegar a 30 mil em 2011. Fermann conta que no Distrito Federal e no Paraná, onde o programa começou há mais tempo, já se percebe que a metodologia está trazendo resultados, aumentando o faturamento das empresas. “Os empreendedores estão vendo que inovação não precisa ser apenas tecnologia de


passará pelos conceitos e a gestão da inovação, o papel dos líderes, que devem estar à frente desse processo dentro das empresas, novos mercados e oportunidades para inovar e opções de financiamento e subvenção à inovação. O curso termina com um workshop para mostrar aos participantes como elaborar projetos para obter recursos das entidades de fomento. Segundo Eliane, essa é uma parte fundamental em que ainda falta muita qualificação entre as empresas brasileiras, principalmente as de menor porte – não é à toa que é comum ver linhas de financiamento em que sobra dinheiro e faltam projetos com qualidade para serem aprovados. “Queremos a presença nos cursos do primeiro escalão das empresas, sempre que possível os próprios donos do negócio, pois acreditamos que eles devem ser os líderes dessa gestão da inovação”, destaca.

Propriedade Intelectual Já a gerente de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Diana Jungmann, lembra de um assunto específico dentro do tema da inovação em que a falta de informação entre os empresários é igualmente grande: a Propriedade Intelectual (PI). “O desconhecimento dessa matéria no País é imenso, poucos são os empresários que conhecem e usam os instrumentos de defesa da PI”, afirma. Mesmo as dimensões mais conhecidas – o registro de marcas e patentes – ainda são pouco utilizadas no Brasil. Além disso, lembra Diana, PI vai além desses dois conceitos. “O registro do desenho industrial é fundamental para proteger o valor criado pelas empresas em diversos setores, inclusive alguns em que o Brasil é bastante forte, como calçados e vestuário”, diz. Há ainda as indicações geográficas, utilizadas geralmente no setor alimentício para reconhecer a procedência e agregar valor a produtos específicos de uma determinada região. “O Brasil tem também enorme potencial nesse segmento, mas hoje não temos nem 10 indicações geográficas registradas; é pouco.” Outro tipo de PI é o direito autoral, usado para o setor artístico, como música e literatura, e também no setor de software. “Se uma pequena empresa brasileira de software faz um programa sob encomenda

para uma grande multinacional, de quem é o programa no final? É melhor definir isso de antemão para evitar problemas e garantir os direitos das partes, por isso é fundamental que as empresas conheçam a legislação de direitos autorais”, conta Diana. Por isso, a entidade também está atuando especificamente nessa área. Em convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), o IEL está estruturando um programa de propriedade intelectual para a indústria. Diana, que é também coordenadora desse programa, explica que serão duas frentes de ação. A primeira é, novamente, a disseminação de informação, com um guia impresso e on-line sobre o assunto e eventos de difusão, como palestras e workshops. “Vamos fazer o tema da PI entrar cada vez mais em todas as ações e cursos na área de inovação do IEL e das entidades parceiras.” Em paralelo, o IEL e o Senai estão capacitando seus técnicos nas unidades estaduais. “Nessa primeira etapa piloto serão em média quatro gestores capacitados em cada estado. Isso ajuda muito a disseminar a informação na ponta”, destaca. (Maycon Stähelin)

LINHA DIRETA Acate: www.acate.com.br Anpei: (11) 3842-3533 Anprotec: (61) 3202-1555 Apex-Brasil: www.apexbrasil.com.br Armtec: (85) 3477-3321 BNDES: (21) 2172-8888 Brasil It Emerging Players: www.anprotec. com.br/brasil-it-emerging-players Ceres: (48) 3206-7239 Ciser: (47) 3441-3999 CNI: (61) 3317-998 ENI: www.eni.org.br ESSS: (48) 3953-0000 Finep: (21) 2555-0330 Findme: www.findme.com.br IEL/SC: (48) 3231-4600 MDIC: (61) 2027-7000 Paiipme: www.mdic.gov.br Sebrae: 0800 570 0800 Suntech: www.suntech.com.br Way2: www.way2.com.br

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ponta. Pequenas modificações e incrementos fazem a diferença, como uma nova disposição dos produtos no varejo, a disponibilização do pagamento com cartão de crédito, ou uma embalagem mais adequada que permita, por exemplo, a um produto alimentício atingir novos mercados”, destaca. Na CNI, o tema também entrou definitivamente no centro da agenda, principalmente após o 3º Congresso da Inovação. Além de um plano de ação que defina metas e novos instrumentos de apoio à inovação, que está em elaboração e deve ser concluído até o final do ano, uma das principais ações da CNI para 2010 é a formação de Redes de Núcleos de Inovação. Segundo o gerente de estudos e políticas industriais da CNI, Paulo Mól, esses núcleos ficarão nas federações de indústrias estaduais e terão como função fazer circular as informações sobre as fontes de apoio e financiamento à inovação, capacitar empresários, “ser um ponto de referência sobre o assunto nos estados”. A meta é ter 20 núcleos em funcionamento até o fim do próximo ano. Para Mól, o mais importante é garantir que a gestão da inovação seja uma prioridade de fato para os líderes empresariais, que entre no planejamento de longo prazo das empresas para que os projetos tenham continuidade. “Nesse ponto nós ainda somos muito fracos no Brasil. Boa parte dos empresários certamente dirá que inovação é uma prioridade, mas na verdade eles dedicam pouco tempo a isso. Fica mais no discurso e como uma preocupação apenas de curto prazo”, afirma. Por isso, disseminar os conceitos de gestão da inovação é a prioridade do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), uma das entidades do Sistema CNI. Em parceria com o Sebrae e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), o IEL está estruturando um Curso de Gestão Estratégica da Inovação. O plano é promover, entre março e junho de 2010, 14 cursos em no mínimo 10 estados, que serão geridos pelas unidades estaduais do IEL. De acordo com a analista de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Eliane Menezes dos Santos, o objetivo é reunir em média 30 empresas em cada curso, sendo que no mínimo 70% delas devem ser micro e pequenas. Eliane explica que os cursos terão 90 horas de duração com uma programação que

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SENAI ESPECIAL

Cultura da competitividade Da formação de pessoal à prestação de serviços e consultorias, Senai busca a criação e melhoria de processos e produtos

Legenda

LAURO MAEDA

Formar profissionais empreendedores não é a única atividade do Senai. A entidade continua lado a lado com os empresários também na área de serviços técnicos e tecnológicos. Em Santa Catarina, o Senai conta com 33 unidades e mais de 20 anos de experiência em ações destinadas à criação e melhoria de processos e produtos que resultam no aumento da competitividade industrial. Para isso, oferece consultoria ambiental, tecnológica e em gestão, além de ensaios de conformidade em 14 laboratórios de metrologia. As soluções são buscadas em conjunto com as equipes das empresas, de acordo com as especificidades de cada caso.

Olsen: é necessário que as empresas reflitam e procurem continuamente pelas melhorias

“Recomendo o Senai/SC por ser uma instituição idônea e considerando a relação custo x benefício”, diz José Carlos Azevedo, diretor industrial da Buettner, cliente no desenvolvimento de novos

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Serviços técnicos e tecnológicos do Senai/SC

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1) Consultoria em gestão – Ideias práticas de competitividade e resultados. Com mais de uma década de experiência no apoio às indústrias, o Senai/ SC construiu um conhecimento detalhado sobre a realidade industrial e mercadológica, estadual e nacional, implantando consultorias em gestão com base nos fundamentos que norteiam os critérios de excelência dos principais modelos de referência em gestão de organizações de classe mundial. Esses fatores credenciam o Senai/SC como a principal e mais importante referência em gestão empresarial de Santa Catarina. Permita que a sua empresa evolua: consulte-nos sobre a aplicação de instrumentos de gestão modernos e ágeis, centrados na competitividade do seu negócio.

A Consultoria em Gestão Empresarial do Senai/SC oferece: Análise dos ambientes interno e externo da sua empresa, estabelecendo melhorias para o aumento da competitividade Diagnóstico detalhado, por meio de uma equipe altamente qualificada Aplicação de soluções que auxiliam na construção de sistemas de apoio à tomada de decisão Desenvolvimento de competências que promovam a cultura da excelência Aprendizado organizacional por meio do compartilhamento de boas práticas e análise e melhoria das práticas vigentes Ferramentas de gestão capazes de agregar valor ao seu produto/serviço. Aumento da produtividade Evolução no clima organizacional

produtos e na gestão ambiental. A Olsen Indústria e Comércio, de Palhoça, é outra das 1,8 mil empresas que se beneficiaram com consultorias do Senai/SC em 2008. Ela e outras 2) Consultoria ambiental – Um novo sentido para a sustentabilidade. Dentre os vários serviços que o Senai/SC oferece na área ambiental, destacam-se os programas de Ecoeficiência, ou seja, maior produtividade nos processos industriais com maior economia para a indústria e menor agressão ao meio ambiente. A Consultoria Ambiental do Senai/SC compreende uma série de produtos e vantagens, direcionados para atender a conformidade legal e também gerar inovação em processos e produtos. Focada nas novas abordagens do mercado, é uma ferramenta que aumenta o desempenho industrial, a sustentabilidade e a competitividade da sua empresa. Conheça os produtos: Assessoria em tratamento de águas e efluentes Conformidade legal Conformidade normativa


cinco companhias da Grande Florianópolis e do Vale do Itajaí fazem parte do Programa Senai de Gestão em Logística. Com as alterações em andamento no sistema de produção, a Olsen espera reduzir, até 2010, o lead time (tempo médio da entrada de matérias-primas e componentes até a entrega do produto industrializado) de suas linhas, que em um dos casos cairá de 144 dias para 16 dias. Segundo o coordenador do projeto, Cléber da Costa, o ganho é obtido pela mudança do modelo de produção por processos para um sistema por fluxo, o que reduz a necessidade de estoques e o tempo de identificação e correção de problemas. As ações vêm se concentrando na logística interna da produção, com a aplicação da lean manufacturing (produção enxuta), filosofia oriunda do Sistema Toyota de Produção e que foca a redução de desperdício, custos e estoques. Na Olsen, a consultoria foi iniciada em outubro de 2008, com a análise do sistema de produção atual e o mapeamento do fluxo de valor. Em fevereiro foi instalada a primeira célula piloto, na linha de montagem do produto de maior deman-

da. Confirmada a viabilidade do novo modelo de produção, dois meses depois o sistema em fluxo começou a ser estendido a outros produtos e linhas. Uma das técnicas aplicadas é a troca rápida de ferramentas, que tem como princípio reduzir o chamado tempo de set up de máquinas de alta produtividade e que representem gargalos de produção. É o momento em que um equipamento é preparado para uma nova função ou para produzir peças diferentes daquela que estava fabricando. Já o mapeamento do fluxo de valor consiste em mapear a situação existente na linha de produção, identificando pontos que efetivamente agregam valor e operações que não adicionam valor ao cliente. “A partir desta análise, a produção é totalmente reprojetada, eliminando-se tempos de desperdício, estoques intermediários ou quaisquer outras operações desnecessárias”, explica Maurício Cappra Pauletti, diretor do Senai de Itajaí, unidade responsável pelo programa no Estado. Esta não é a primeira parceria da Olsen com o Senai/SC, que sempre procura a entidade ao investir na qualificação

profissional de seus funcionários, mas é a de maior impacto até agora. “É um grande aprendizado para a empresa, da presidência às pessoas que realizam as tarefas mais simples. Incorporamos uma nova filosofia de trabalho; mudamos a cultura de uma fábrica que produzia para a de um mercado que compra”, afirma o diretor industrial da Olsen, Lauro César Silva Melo. Com a mudança de paradigma, a empresa deixou de produzir estoques e passou a fabricar de acordo com as encomendas, podendo, a qualquer momento, industrializar cada uma das 3,4 mil variações de cadeiras odontológicas ou de medicina de seu catálogo. Para o proprietário da indústria, César Augusto Olsen, “as empresas que acreditam estar corretas por estarem repetindo operações há muitos anos estão enganadas”. Segundo ele, que se formou em Tornearia Mecânica e Ajustagem Eletrônica no Senai de Blumenau, é necessário que as empresas reflitam e procurem continuamente pelas melhorias.

Ecoeficiência Eficiência energética Educação ambiental Gerenciamento de resíduos Investigação e remediação de áreas contaminadas

A Consultoria Tecnológica do Senai/ SC oferece: a) Pesquisa & desenvolvimento: aplicabilidade de materiais, automação, equipamentos dedicados, máquinas, produtos alimentícios, vestuário. b) Design de produto: objetos, calçados, moda, móveis. c) Digitalização, modelamento e prototipagem. d) Serviços de inspeção de soldagem. e) Assessoria técnica para a melhoria do processo produtivo: alimentos, automação, construção civil, construção naval, couro e calçados, eletromecânica, madeira e mobiliário, materiais e cerâmica, metalmecânica, papel e celulose, polímeros, refrigeração, solda, têxtil e vestuário.

Os ensaios mais precisos do mercado são as especialidades dos laboratórios que compõem a Rede Senai/SC de Laboratórios de Metrologia. Sempre prezando pela conformidade com normas e regulamentos técnicos e seguindo um sistema de gestão da qualidade reconhecido pelos principais organismos do setor, a Rede Senai/SC de Laboratórios de Metrologia oferece serviços que proporcionam aos clientes altíssimos níveis de confiabilidade. São nove laboratórios atuando em 13 áreas da indústria. É mais uma oportunidade reservada às indústrias que desejam atingir o crescimento sustentável e o acréscimo da competitividade mercadológica, com o objetivo de atender aos padrões de controle de qualidade nacional e internacional, quebra de barreiras técnicas, regulamentação, normalização e testes de desempenho de produtos e processos.

4) Rede Senai/SC de laboratórios de Metrologia – Precisão e segurança ao seu alcance.

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3) Consultoria tecnológica – Desenvolvendo soluções com a indústria. Criar soluções para a aplicação de tecnologia é o principal foco da Consultoria Tecnológica oferecida pelo Senai/ SC. Totalmente direcionada ao desenvolvimento de alternativas sob medida para a realidade de cada cliente, essa consultoria aborda desde o diagnóstico, passando pelo estudo, pesquisa, planejamento, desenvolvimento, avaliação, implantação, acompanhamento e validação de todos os processos e produtos, resultando em um aumento nos níveis de competitividade dos seus negócios.

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

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Ulisses Sabará

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Idade: 50 anos Local de nascimento: São Paulo Formação: Engenharia Química e Administração (incompletos) Empresa: Beraca Cidade-sede: São Paulo Ano de fundação: 1956 Número de funcionários: 220


Negócio

abençoado por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

Como muitos meninos, Ulisses Sabará passou grande parte da infância e da adolescência sonhando ser piloto de avião. Vizinho do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, era capaz de reconhecer um modelo de aeronave pelo ronco do motor. Mas aos 19 anos viu seu destino profissional ser traçado de um dia para outro por uma fatalidade. A morte súbita e precoce do pai, Ubirajara Sabará, aos 51 anos, obrigou o jovem a administrar os negócios da família – a distribuidora de cloro Sabará Indústria e Comércio – junto com o irmão mais velho, Marco Antônio. Era novembro de 1978, Ulisses estava no segundo ano da graduação em Engenharia Química. Com experiência que se resumia ao trabalho de office-boy e supervisor das jazidas de minérios, abandonou a universidade e foi comandar a fábrica da empresa, em Santa Bárbara d’Oeste, na região metropolitana de Campinas. Enquanto isso, o irmão assumia a área administrativa da Sabará. “Sempre tive dúvidas se trabalharia com meu pai, mas não tive escolha. Meu curso superior foi dentro da fábrica, administrando 40 funcionários, e fora dela pagando títulos em cartório. Mas graças a Deus nosso nome nunca foi maculado.” E o que era uma obrigação aos poucos se tornou um imenso prazer. Do pai, Ulisses

não herdou apenas uma fábrica, mas também perseverança e o gosto pelo trabalho. Os desafios mostraram que por trás daquele jovem inexperiente havia um empreendedor determinado. E os obstáculos não foram poucos, incluindo as dificuldades econômicas por conta da terceira crise mundial do petróleo. “Entre 1978 e 1982, passamos muito aperto. Como tudo entrou para inventário depois da morte do meu pai, tínhamos dificuldades em vender qualquer coisa. Nessa época, o melhor dos nossos sonhos era pagar nossos credores”, conta o empresário. Mas Ulisses e o irmão conseguiram muito mais do que saldar as dívidas. Hoje eles comandam o Grupo Beraca, companhia com 220 funcionários distribuídos em seis fábricas e um escritório no Brasil, além de uma filial na Europa. Seus produtos circulam por mais de 40 países de todos os continentes, incluindo mercados inusitados como Chipre e Eslovênia. A empresa tem quatro divisões: Water Technologies (soluções para tratamento de águas), Health e Personal Care (ingredientes naturais para as indústrias farmacêutica e cosmética), Food Ingredients (ingredientes para a indústria de alimentos e bebidas) e Animal Nutrition & Health (especialidades para a indústria de nutrição animal e para os segmentos fármaco-veterinário e petcare). A reviravolta aconteceu entre 1982 e 1983, depois de mais de três anos de crise.

Nessa época, os irmãos Sabará perceberam que se quisessem crescer era necessário apostar em novos mercados para o negócio de tratamento de água. A empresa tinha apenas uma filial instalada na marginal Tietê, em São Paulo, onde trabalhava com cal hidratada e cloro. Com a cara e a coragem, Ulisses foi para Recife propor ao Grupo Votorantim a distribuição dos produtos da Companhia Agro Industrial Igarassu, produtora de soda, cloro e derivados. Depois de muitos “nãos” em três anos de negociações, o empresário finalmente assinou o contrato número 01 de distribuição da Igarassu. “Montamos o negócio em 1985, época em que havia pouco interesse na região nordestina. Mas essa era a nossa estratégia para crescer: chegar a lugares onde ninguém queria ir”, conta Ulisses. E foi com essa proposta que ele passou a visitar todos os clientes da Igarassu com volumes menores de compra. Aos poucos o galpão alugado foi ficando pequeno e deu lugar a uma área construída de 120 mil metros quadrados. Mas a maior prova de que a estratégia dos Sabará de buscar mercados ainda inexplorados estava certa foi a instalação de novas filiais em outras cidades longínquas da Região Nordeste e também do Centro-Oeste.

Novos empreendimentos Em 1990, Ulisses e o irmão decidiram que era hora de diversificar as atividades da Sabará. Após prospectar oportunidades de mercado em feiras internacionais, a empresa começou a importar óleos vegetais para a indústria nacional de cosméticos. Assim surgiu a Beraca Participações, hoje divisão Health e Personal Care do grupo. Com senso de oportunidade aguçado, logo os irmãos perceberam que os mesmos produ-

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Com persistência e senso de oportunidade, Ulisses Sabará e o irmão Marco Antônio transformaram a empresa herdada do pai numa corporação reconhecida mundialmente

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

BÚSSOLA EMPRESARIAL

O QUE FAZER Nunca esqueça que tudo se constrói em parceria, não dá para conquistar nada sozinho Mantenha bom relacionamento com os sócios, procure ouvir mais e falar menos Persiga seu ideal, mas nunca esqueça de olhar para cima e para os lados, respeitando Deus, as pessoas e a natureza Lembre-se que as pessoas e as coisas mais simples são as que têm maior valor Prepare a empresa de forma que você possa tirar férias

O QUE NÃO FAZER

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Ceder à pressão do dinheiro fácil. Ética e coerência andam de mãos dadas e, por isso, às vezes é preciso perder para manter vivo aquilo em que se acredita

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Esquecer a família em nome da empresa. Sacrifícios são necessários, mas nada vai valer a pena se você se transformar num workaholic e deixar as pessoas que ama em segundo plano

tos poderiam ser distribuídos também para a indústria de alimentos e de nutrição animal, negócios que deram origem às divisões Food Ingredients e Animal Nutrition & Health. “Olhando para trás podemos afirmar, com certeza, que conseguimos o que nem estava nos nossos planos”, afirma Ulisses. A última grande cartada do grupo aconteceu em 2001. Depois que começou a importar ingredientes naturais, Ulisses passou a se questionar: “O que eu posso vender daqui para eles?” Nessa hora, a Amazônia sempre lhe vinha à cabeça. “Eu tinha conhecido a região em 1976 e sabia que a resposta para minha pergunta estava lá. Só me faltava um parceiro”, conta o empresário. Entre 2000 e 2001, ele conheceu a Brasmazon, produtora de óleos vegetais da Amazônia, criada por três professores da Universidade Federal do Paraná. Na época, a Beraca já era fornecedora da Natura, que havia acabado de divulgar um briefing de seus primeiros produtos amazônicos, a linha Ekos. Ulisses não contou tempo e comprou 15% da empresa com a proposta de cuidar da área comercial. O negócio prosperou e, em janeiro de 2004, a Beraca já era dona de 100% da fábrica da Brasmazon, localizada no município de Ananindeua, no Pará. “Daí aconteceu essa bênção de todo mundo se interessar pelos produtos da Amazônia”, conta Ulisses. Hoje, o grupo continua importando óleos vegetais da Europa e dos Estados Unidos, mas seu principal negócio é a exportação e venda no mercado interno dos ingredientes naturais fabricados com matéria-prima proveniente de cerca de 500 famílias da região amazônica. Entre os clientes da Beraca há marcas de cosméticos consolidadas internacionalmente como as francesas L’Oréal e L’Occitane. Cristãos convictos, os irmãos se consideram ‘abençoados’. “Quando estávamos no aperto, todos sumiram – do banco aos amigos de meu pai. Só Deus ficou para nos ajudar”, diz Ulisses. O nome Beraca, que no ano passado passou a ser utilizado em todos os negócios de atuação do grupo, tem muito a ver com esse sentimento. Os irmãos Sabará se inspiraram em uma passagem bíblica onde um rei reúne seu exército para agradecer a Deus num vale chamado Berakah, que quer dizer ‘bênção’. “Quando li o texto, em 1990, estávamos justamente

Ulisses e o irmão Marco Antônio assumiram a empresa após a morte precoce do pai, sem ter tido tempo de se preparar

buscando um nome para nossa divisão de ingredientes para a indústria de cosmético. Não tive dúvida, me identifiquei com a história. Nós também enfrentamos uma batalha”, conta Ulisses.

Nova geração Orgulhoso de seu empreendimento, o empresário quer lhe garantir vida longa. Por isso dedica parte do seu tempo ao que ele chama de “coaching de passagem”, preparando a terceira geração para assumir a empresa. Segundo Ulisses, ele e o irmão sempre


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pital, certamente estará em pauta”, diz Ulisses. Segundo o empresário, a meta é aos poucos ficar na parte institucional da empresa e deixar o operacional com a terceira geração. Por isso, sempre que pode, leva os “meninos” nas viagens de negócios. “Eles gostam do trabalho na empresa e já o fazem muito bem porque são muito mais preparados do que nós fomos. Meu pai tinha que administrar tudo sozinho e morreu cedo, não teve tempo para nos preparar”, reconhece Ulisses. Ubirajara Sabará bem que tentou. Quando Ulisses tinha 13 anos foi convocado pelo pai durante as férias escolares para traba-

lhar como office-boy da Sabará. Era ele que consultava o saldo da conta bancária e depositava os cheques da empresa. Marco Antônio, cinco anos mais velho, já tinha passado pelo mesmo treinamento. “Na verdade, a gente está aprendendo até hoje. A minha vida inteira foi um aprendizado; afinal, não saí de Harvard para comandar uma empresa”, afirma Ulisses.

LINHA DIRETA Ulisses Sabará: (11) 2643-5000

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deixaram os herdeiros muito à vontade para fazer suas escolhas profissionais. Mas apenas seu filho do meio decidiu, por ironia do destino, seguir carreira de piloto comercial, realizando o sonho de adolescente do pai. O filho mais velho é diretor comercial e o mais novo é responsável pela área de sustentabilidade. Os três sobrinhos, filhos de Marco Antônio, respondem pelas áreas jurídica, de governança corporativa e de marketing. Hoje, a família Sabará está preparando a Beraca para transformá-la numa sociedade anônima (S.A.), por enquanto de capital fechado. “No futuro, se for interessante abrir ca-

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FOTOS ANDRE TELLES

Evento nacional aproxima micro e pequenas empresas de compradores públicos Fomenta reuniu no Rio caravanas de diversos estados, com cerca de 1,5 mil empresários de todo o País e mais de 15 empresas públicas e representantes de estados e municípios

Incentivar estatais e governos estaduais e municipais a comprarem mais de pequenos empreendimentos. Esse foi o objetivo do Fomenta – 2º Encontro Nacional de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Compras Governamentais, realizado de 5 a 7 de outubro, no Rio de Janeiro. Durante três dias, empresários apresentaram seus produtos aos compradores, facilitando futuras convocações para

Empreender Informe do Sebrae Outubro

licitações por meio de carta-convite. O evento reuniu caravanas de diversos estados, totalizando cerca de 1,5 mil empresários de todo o País, e mais de 15 empresas públicas e representantes de governos estaduais e municipais. Cada encontro de negócios teve, em média, duração de 20 minutos e participaram, do lado dos compradores, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Companhia Nacional de Abastecimento (Co-


apoio

Jornalista Merval Pereira (ao centro) media debate entre os especialistas Jorge Ulysses Jacoby Fernandes e Jesse Torres Pereira Júnior

nab), Correios, Eletrobras, Exército, Fiocruz e Petrobras, entre outros. Além disso, os empresários também puderam conhecer as exigências e regulamentos das empresas para aquisição de bens e serviços. Para isso, houve painéis específicos para os setores de vestuário e calçados, indústria moveleira, e também alimentos e bebidas, panificação, produtos agrícolas e orgânicos. Houve, ainda, um painel sobre aquisições da Petrobras. Durante o encontro foram realizadas também oficinas de capacitação para que os empresários pudessem se preparar para vender para os governos. Uma delas foi sobre pregão eletrônico – um dos importantes mecanismos de aquisição por parte das empresas públicas. No evento também foi lançada uma publicação, de autoria do jurista Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, sobre como o município pode comprar mais das micro e pequenas empresas e promover o desenvolvimento econômico e social local. A obra tem o apoio do Sebrae, da Frente Nacional de Prefeitos, da

Associação Brasileira de Municípios, da Confederação Nacional de Municípios, do Movimento Brasil Competitivo, da Associação dos Tribunais de Contas dos Estados e do governo federal, por meio do Ministério do Planejamento. Incentivo Promovido pelo Sebrae e Ministério do Planejamento, com apoio do Instituto de Compras Governamentais (ICG), o evento também contribui para esclarecer sobre a legislação a respeito do assunto e os incentivos quanto à regulamentação e prática do capítulo V da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06). Esse capítulo da lei amplia as possibilidades de acesso dos pequenos empreendimentos às aquisições públicas. Estabelece, por exemplo, exclusividades para o segmento nas compras de até R$ 80 mil, preferência em caso de empate com outra de maior porte e subcontratação pelas maiores que vencerem licitações dos governos. A lei entrou em vigor em

dezembro de 2006. Até agora, além do governo federal, somente 12 das 27 unidades da Federação regulamentaram a lei. Dos 5.564 municípios, apenas 723 implantaram leis gerais municipais. O Fomenta é uma das estratégias para incentivar o aumento desses índices. O primeiro Fomenta nacional ocorreu em setembro de 2008. A estratégia era disseminar iniciativas semelhantes nos estados. Até agora já foram realizados eventos em Minas Gerais, Rondônia, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Outros estão previstos em Alagoas, Amazonas, Bahia, Goiás, Pará, Pernambuco, Tocantins e Rio de Janeiro. A realização conjunta do Fomenta nacional com o Fomenta do Rio de Janeiro tem especialmente dois objetivos: comemorar o Dia da Micro e Pequena Empresa, celebrado em 5 de outubro, e potencializar os objetivos da ação. De acordo com o gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Bruno Quick, a ideia é que a cada ano haja um evento nacional em conjunto com um estadual.

Outubro Informe do Sebrae Empreender


TI

Ordem nas

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informações 42

Tecnologia CEP cruza dados de diferentes fontes e encontra significados que permitem – e até automatizam – a tomada de decisões estratégicas em tempo real

por Marco Túlio Brüning marcotulio@empreendedor.com.br

A tecnologia de Processamento de Eventos Complexos (Complex Event Processing – CEP) parte do conceito de lidar com a tarefa de processar múltiplos eventos, objetivando identificar quais destes casos têm significado dentro da “nuvem de eventos”. Esta tecnologia usa técnicas de detecção de padrões, correlação, abstração, identificação de distintos níveis hierárquicos e relação entre fatos ca-

suais como tempo e outras eventualidades, possibilitando a tomada de decisões estratégicas baseadas em alto nível de inteligência. A função principal do CEP é descobrir quais informações têm maior importância dentre as contidas nos eventos que acontecem em todos os níveis de uma organização, além de fornecer uma análise do impacto do ponto de vista macro, sugerindo planos de ação em tempo real. A tendência de uso do CEP é irreversível, pois se sabe que toda a inteligência de dados utilizada


PHOTOSTOGO

Menezes: estratégias automatizadas que rodam em paralelo e se relacionam emite bilhetes encaixando-os no voo seguinte e desvia a bagagem para que esta não chegue ao destino antes de seu dono e desacompanhada. O papel da tecnologia CEP neste caso, ao identificar que um passageiro está em um avião com atrasos, que vai provavelmente perder sua conexão ao destino, é simultaneamente buscar um assento livre no próximo voo, desviar a bagagem para que não seja encaminhada junto à conexão perdida e ainda avisar um determinado funcionário da companhia aérea para que identifique e auxilie este passageiro com problemas. Quando passamos à indústria, ao varejo, as coisas são colocadas em um patamar de retorno versus investimento. Como a tecnologia ainda é incipiente e os retornos difíceis de serem devidamente mensurados, o CEP simplesmente não é adotado. Há de se vislumbrar, segundo Menezes, “que em um futuro próximo qualquer empreendedor que tenha um grande banco de dados, que esteja abastecido por informações boas e completas sobre a cadeia produtiva em que está inserido, poderá usar em seu benefício as vantagens de ter estabelecido um plano estratégico que, por conta própria, atua diretamente em sua implementação”. Portanto, seja criativo, inove: quem sabe a sua empresa estará lucrando ainda mais neste mundo em que grandes oportunidades vão e vêm em segundos.

LINHA DIRETA Luiz Cláudio Menezes: www.progress.com

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nas maiores corporações do planeta já é insuficiente para dar conta da complexidade e velocidade das transações que acontecem no dia a dia dos negócios. Mas há um problema que a precede. Segundo Luiz Cláudio Menezes, presidente da Progress Software do Brasil, “quando se fala em CEP, em tomada de decisões em ‘real time’, se fala em bases de informação extremamente grandes, informações que vêm alimentadas por cinco, seis fontes (feeders) e que precisam ser correlacionadas para toma-

da de decisões que precisam ser feitas naquele exato segundo”, explica. O maior exemplo, e onde a tecnologia CEP já vem sendo vastamente empregada, é o setor financeiro, como em um grande banco ou corretora onde se vê que os players estão lá, com quatro ou cinco monitores na frente, com informações da Bloomberg, da Reuters, das bolsas. “Tem que correlacionar tudo aquilo e naquele instante decidir se compra, se vende, qual ação comprar, qual vender, se negocia moeda. São inúmeros fatores”, afirma Menezes. Com o uso da tecnologia CEP, a definição da estratégia do negocio é desenhada no próprio sistema. “Vamos considerar um player que trabalha somente com ações de empresas de tecnologia, e ele está fazendo tracking, acompanhando em tempo real as ações da IBM, Microsoft, Oracle e Progress”, exemplifica o executivo. “Ele definiu na sua estratégia que, no momento que a IBM cair um ponto, a Progress subir dois pontos, a Oracle cair meio ponto e a Microsoft cair um e meio, então vende IBM e Oracle e compra Microsoft e Progress.” O que o estrategista terá é essa inteligência, que acabou por batizar a tecnologia de Processamento de Eventos Complexos. É importante destacar que o sistema pode ter um indicador que avisa que chegou o momento de tomar esta ação, ou trabalhar automatizado, ou seja, a própria plataforma já realiza a ação, que é o que a maioria das grandes empresas está fazendo. “É a sua estratégia de negócios automatizada. Mas temos que perceber que, se a estratégia for ruim, o resultado será também ruim, pois se você automatizar uma coisa ruim é isso que vai acontecer. Por outro lado, há estrategistas mais ousados que não somente comparam ação versus ação, eles acompanham câmbio, moedas, commodities, é uma complexidade enorme. Esses caras têm oito ou dez estratégias automatizadas que rodam em paralelo e que se relacionam”, destaca Menezes. No entanto, fora deste mundo do mercado financeiro, o executivo ainda não vê aplicações práticas imediatas para o CEP. Ele destaca que as áreas de logística e transporte já estão tomando iniciativas, como nas empresas de aviação que, para seus clientes ‘black label’, desenvolvem um sistema que identifica atrasos nos voos e nos embarques. Com esses dados, o computador determina quais passageiros perderam suas conexões,

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TI

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Portaria inteligente

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A Central de Portaria CP 352 da Maxcom/ Intelbras permite instalar, de forma modular, de 32 até 352 ramais em condomínios comerciais e residenciais. Em vez dos antigos painéis com dezenas de botões correspondentes aos números dos apartamentos, a novidade utiliza um painel discreto, onde se digita apenas o número do apartamento desejado. O aparelho oferece a função “hot portaria”, em que basta o usuário tirar o monofone do gancho que a chamada d acontece automaticamente ppara a portaria. A programação da CP 352 é feita pelo software TTerminal Programador Maxcom. w www.intelbras.com.br

Gestão do tempo Ajudar empreendedores e profissionais a administrar suas tarefas é o objetivo do Neotriad, programa desenvolvido pela Triad PS, especializada em desenvolvimento de softwares para produtividade pessoal e empresarial. O software funciona como serviço, ou seja, a empresa que adotá-lo paga apenas pela licença de uso, sem a necessidade de gastar com infraestrutura ou instalação. “O objetivo é ajudar os gestores e a equipe a terem mais tempo

e maior nível de execução”, afirma Christian Barbosa, diretor da Triad. O software também permite a gestão de metas, projetos e conhecimento entre todos os integrantes da equipe. Isso permite aos gestores o acompanhamento do progresso das atividades de forma online, organizada e documentada. O programa pode ainda analisar a produtividade do time por meio de diversos relatórios e indicadores.

www.neotriad.com.br

Proteção harmônica O Regenerador de Rede R1200 da SMS Tecnologia Eletrônica protege os mais sensíveis aparelhos de áudio e vídeo contra sobrecarga, sobretensão e subtensão da rede elétrica. O equipamento senoidal reconstrói a onda elétrica para eliminar qualquer contaminação presente na rede. Desta forma, as tomadas de

saída do novo regenerador fornecem energia pura, isenta de distorções harmônicas. O novo Regenerador de Rede R1200 pode ser utilizado junto a projetores de imagem, amplificadores, CD e DVD players, videocassetes, televisores, videogames, receptores de TV e sistemas de som. www.sms.com.br


Nova infraestrutura

Relacionamento on-line A Millennium Network, especializada no desenvolvimento de sistemas corporativos para a indústria e o varejo de moda e vestuário, está oferecendo aos clientes o portal Millennium Info, uma base de conhecimento com conteúdo técnico sobre os aplicativos da empresa. Com acesso livre e gratuito, o site traz informações sobre processos de gestão de inteligência baseados em soluções como o ERP Millennium Business e o aplicativo Millennium Basic, focado em micro e pequenas

empresas do segmento confeccionista. "O Millennium Info é um meio eficaz que adotamos para compartilhar conhecimentos de TI e processos de gestão com a nossa comunidade de relacionamento. Com isso, reforçamos nosso compromisso em atuar como agentes diretos para o contínuo desenvolvimento do setor de softwares para as verticais de moda e vestuário”, afirma Rodrigo Motono, diretor comercial da Millennium Network.

info.millennium.com.br

Mobilidade dade ativa corporativa A Motorolaa trouxe para a América Latina ina o computador móvel MC9500, equipamento indicado icado para a indústria, especialmente ecialmente trabalhadores quee necessitam de mobilidade nas as áreas de transtrans porte e logística e de encomendas. A aplicação suporta conectividade de banda larga sem fio GSM HSDPA ou CDMA-EVDO Rev A em um único dispositivo, o que permite aos clientes selecionar a rede 3,5G que melhor se adapte às suas necessidades. Essa flexibilidade de rede celular, conhecida como Motorola MAX FlexWAN, permite às empresas implementar a solução em um único pool de computadores móveis para disponibilizar a melhor cobertura a usuários de diferentes locais. O novo dispositivo tem tecnologia de sensor interativo (IST), uma nova função da Motorola que suporta grande número de aplicações de detecção de movimento e permite às empresas aumentar seu valor comercial. Com a nova funcionalidade, as empresas podem aumentar a responsabilidade do trabalhador, pois registram a queda de dispositivos. Além disso, a IST melhora o gerenciamento de energia e permite que o MC9500 ingresse automaticamente no modo “dormir” quando não estiver sendo utilizado ou se a tela estiver voltada para baixo. E, para dar maior flexibilidade às aplicações, como a captura de assinaturas, o acelerômetro integrado permite que a tela alterne dinamicamente entre os modos vertical e horizontal, segundo a orientação do dispositivo. www.motorola.com.br

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A Locaweb, líder brasileira em serviços hospedados de TI, investirá R$ 35 milhões até o final do ano em ampliação de estrutura e melhorias nos serviços. De acordo com a companhia, o montante representa 40% a mais que os investimentos realizados no último ano, e ajudará a empresa a encerrar 2009 com um crescimento de 36,7%. Parte dos investimentos é destinada à construção do novo data center da empresa – cujo primeiro módulo acabou de entrar em funcionamento e terá capacidade para abrigar até 25 mil servidores. “Além disso, acabamos de lançar uma unidade de outsourcing destinada a projetos de grandes corporações, que exigem altos níveis de disponibilidade e customização; e apostamos em tecnologias de ponta, como Cloud Computing – em que somos pioneiros no mercado brasileiro”, afirma Celso Nunes, diretor de governança corporativa da Locaweb. Nos últimos 12 meses, o número de clientes da empresa saltou de 136 mil para 196 mil. www.locaweb.com.br

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TI

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Aluguel de software

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Uma distribuidora especializada em software como serviço. Esse é o foco da Rent a Software (RAS), empresa recém-criada por William Uzum, empresário com 20 anos de experiência no segmento de TI e 10 anos na distribuição de softwares. O executivo afirma que a escolha feita pelo modelo de SaaS (Software as a Service) se deu em função de sua fácil aceitação, além do potencial de mercado. As vantagens se estendem para todos os envolvidos. De acordo com Uzum, sob o ponto de vista do cliente, o modelo dispensa investimentos na compra de software e se torna um custo fixo mínimo diante dos benefícios proporcionados pelas soluções. Para o canal de integradores é uma oferta a mais, uma nova fonte de receita. E, finalmente, para o mercado de desenvolvedores, é uma forma descobrir talentos e oferecer a oportunidade de transformar aplicações que foram desenvolvidas para necessidades específicas em produtos de prateleira e trabalhá-los com capilaridade. O portfólio de clientes da RAS já conta com a desenvolvedora Cervello. Entre as ofertas, a distribuidora tem 13 opções de módulos verticais, que atendem necessidades específicas, desde service desk, ouvidoria, gestão web, inventário, auditoria, SAC, call center, gestão de serviços, gestão móvel, gestão de processos (BPM), controle de documentos, roterização e front-end. A meta é alcançar 80 clientes até 2010.

www.rentasw.net

Estrutura flexível A APC acaba de lançar no Brasil um sistema de fornecimento ininterrupto de energia (UPS) ideal para datacenters que planejam crescer. O APC Symmetra® PX é modular, o que facilita a instalação e futura expansão dos centros de processamento de dados. A novidade oferece escalonamento em incrementos de 25 kW a 500 kW. “Esses novos equipamentos foram desenvolvidos para resolver os desafios dos datacenters: crescer de acordo com o aumento de demanda, sem que isso signifique investimentos maciços, mais obras de infraestrutura ou, pior ainda,

interromper a produção”, afirma Helton Capella, diretor de marketing para a América Latina da APC. Ainda de acordo com o executivo, a novidade tem o menor TCO (Total Cost Of Ownership) da categoria, além de altos níveis de disponibilidade e capacidade de gestão. De acordo com o fabricante, é a plataforma ideal para aplicações corporativas críticas que rodam nos atuais centros de processamento de dados de médio e grande portes. No futuro, o Symmetra PX 250/500 kW poderá ser montado em paralelo com capacidade máxima de até 2 MW (4 unidades). www.apc.com

Velocidade de processamento A Teradata Corporation, especializada em data warehousing e soluções analíticas, anunciou em setembro o lançamento de nova plataforma de dados, a Teradata 13. A versão foi desenvolvida para otimizar em até 30% o processamento de consultas em bancos de dados e para rodar cargas de trabalho 20 vezes mais rápido que a anterior. A plataforma funciona como um catalisador no desempenho de sistemas, servindo de base para a

emissão de análises complexas e detalhadas dos negócios. De acordo com Diógenes Espírito Santo, arquiteto de soluções da Teradata, a nova versão é indicada para empresas que acumulam um enorme volume de informações, como varejistas ou instituições bancárias, pois tem a capacidade de carregar e analisar os dados numa velocidade que evita a interrupção ou a morosidade do sistema.

www.teradata.com


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FRANQUIAS

Inglês

tupiniquim Escolas brasileiras de idiomas investem em unidades no exterior para ensinar a língua inglesa a estrangeiros, especialmente imigrantes por Marlon Aseff empreendedor | outubro 2009

marlon@empreendedor.com.br

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As grandes redes de idiomas brasileiras, depois de se consolidarem no mercado nacional graças a uma demanda constante nos últimos anos, agora trilham o caminho do exterior com o mesmo sucesso. Operar através de filiais ou franquias na América Latina, Estados Unidos e até na China já não é mais novidade para

bandeiras como a Fisk, Wizard e Wise Up, para citar apenas algumas das bem-sucedidas nessa expansão. A maior rede de franquias do Brasil entre as escolas de ensino do idioma inglês, a Wizard já consolidou unidades nos Estados Unidos, Japão e Irlanda. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A escola ainda é a única no País a dispor de um método de ensino de inglês em braile. Depois do sucesso consolidado, a nova aposta da Wizard agora é a China. Desde setembro um grupo de executivos da escola, unidos a consultores da empresa Global Franchising, estão em solo chinês avaliando os melhores caminhos para ganhar o promissor mercado asiático. A intenção do grupo é iniciar a implantação do negócio com precisão e segurança para os novos franqueados. “A partir dessa visita será possível definir quantas e onde serão implantadas as primeiras

escolas, além de serem determinados critérios de expansão concretos”, avalia Paulo César Mauro, presidente da Global Franchising. Pioneira na introdução de franquias internacionais no Brasil e na exportação de marcas nacionais, a Global participa de um projeto de expansão internacional de franquias assinado entre a Associação Brasileira de Franquias e a Agência de Promoção e Exportação do Ministério do Desenvolvimento (Apex). Outra bandeira nacional que está avançando para além fronteiras é a Wise Up, comandada pelo carioca Flávio Augusto da Silva. A rede tem uma unidade franqueada em Buenos Aires e planeja abrir até o final do ano mais escolas na Venezuela, Peru, Costa Rica e Colômbia. Além dessa expansão agressiva na América Latina, Flávio Augusto está se mudando para os Estados Unidos, onde deve inaugurar até o final do ano uma unidade própria da Wise


Wise Up conta com unidade franqueada em Buenos Aires e planeja expandir para Venezuela, Peru, Costa Rica, Colômbia e EUA

A Wizard já consolidou unidades nos Estados Unidos, Japão e Irlanda. A nova aposta agora é a China

ta com escolas diferenciadas por público, e administra 200 unidades, entre as bandeiras Wise Up, Lexical e Go Getter. Com 5 mil funcionários, o Ometz Group registrou no ano passado um faturamento de R$ 60 milhões, e prevê aumento de 50% para 2009. Para isso conta com o desempenho satisfatório da mais nova integrante do grupo, a You Move, escola de inglês para adultos, lançada em setembro. A inovação fica por conta do ensino em “multiple level classes”, que reúne em uma mesma turma adultos de diferentes níveis de conhecimento do inglês, simulando uma imersão no exterior. A aplicação da metodologia é inédita em escolas de idiomas no Brasil. Outra novidade é o kit com material didático, que inclui MP4. O investimento no projeto da You Move foi de R$ 4 milhões. A confiança de Flávio Augusto no sucesso da nova empreitada está alicerçada nas premissas que fizeram do conceito, da metodologia e da marca Wise Up um sucesso. A primeira unidade foi implantada no Centro do Rio de Janeiro, em abril de 1995. Seis meses depois, a segunda escola surgia em outro importante centro de negócios do País – a Avenida Paulista. Após cinco anos de mercado, com novo material didático e a partir de uma demanda crescente, a Wise Up partiu para o sistema de franchising. “A maioria das pessoas tem o desejo latente de falar inglês; é uma condição para ascender em suas carreiras. Porém, não há como uma pessoa de 30 anos passar cinco, sete anos estudando. O tempo do mundo global não permite isso. Nosso método ensina

o que é fundamental para dominar a língua, para que a pessoa se saia bem em uma viagem internacional, em uma reunião de negócios e que não tenha vergonha de se comunicar”, afirma o empresário. O segredo da expansão da Wise Up, segundo Flávio Augusto, foi a opção pelo ensino exclusivo ao público adulto. No Brasil, a rede já é a maior em seu segmento, e pelo visto está prestes a ganhar a preferência desse segmento na América Latina. Diante de uma receptividade tão positiva, as grandes redes de idiomas planejam cercar o mercado latino, mas sem descuidar da lição de casa. A CNA, por exemplo, quer expandir as franquias em território nacional, buscando os mercados do interior. De acordo com Eduardo Murin, diretor de Operações e Expansão, a meta para 2009 é atingir 100 novas franquias, depois de uma expansão consolidada em 2008 de 60 novas escolas. Outra grande bandeira do mercado brasileiro de escolas de idiomas, a Fisk possui operações em mais cinco países, além do Brasil, e em 2008 atingiu a milésima franquia e 500 mil alunos. Agora a rede prepara uma expansão planejada para o Sul do País e o eixo Rio, São Paulo e Minas Gerais.

LINHA DIRETA CNA: www.cna.com.br Fisk: www.fisk.com.br Wise Up: www.wiseup.tv Wizard: www.wizard.com.br

empreendedor | outubro 2009

Up em Orlando, destinada ao ensino de inglês para os hispânicos da região. “Hoje quase 30% da população norte-americana é formada por latinos, e a maioria não fala inglês, e falar a língua significa ter acesso a melhores oportunidades de trabalho. Também temos planos de ensinar o espanhol para o público norteamericano no futuro”, revela o empresário. A Wise Up nasceu em 1995 depois que Flávio Augusto decidiu montar um curso de inglês para adultos. A ideia surgiu após chegar à conclusão de que o método oferecido no mercado nacional priorizava as crianças e os jovens, pouco apto para o público tradicional. Os alunos ficavam insatisfeitos e não finalizavam o curso. Como ele trabalhava na captação de alunos – em outra rede que não existe mais – via seu trabalho ir por água abaixo a cada desistência. Resolveu, então, aliar sua aptidão para a área comercial ao desenvolvimento de uma metodologia rápida e eficiente, que estimulasse o público adulto na aprendizagem do inglês. O sucesso da escola assegurou a criação do grupo Ometz, criado em 2007. A holding comandada por Flávio Augusto con-

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FRANQUIAS

Produtos inovadores A Asitec, empresa brasileira que atua há 20 anos no segmento de importação e distribuição, entra no mercado de franquias. A empresa inicia a abertura de lojas físicas da Inovaline, com produtos inovadores e exclusivos. Dentre os produtos oferecidos na rede estão o BioWash, esferas tecnológicas de longa duração que substituem os detergentes específicos para lavagem de roupa, e a Íon Light, lâmpada iônica que ilumina com a mesma eficiência de uma lâmpada fluorescente compacta e ao mesmo tempo purifica o ambiente através da ação do íon. www.inovaline.com.br

Universidade corporativa A Casa do Construtor, rede de locação de equipamentos para a construção civil, montou a Universidade Casa do Construtor, uma central de treinamento e capacitação de colaboradores para os franqueados. Os cursos estão estruturados em 20 módulos teóricos e práticos, podendo ser ministrados presencialmente ou por meio de uma plataforma de educação a distância. Além de oferecer cursos regulares de formação, a universidade oferece amplo

programa de capacitação inicial para as novas lojas, bem como um plano de reciclagem semestral. “Criamos a Universidade Corporativa com o objetivo de formar e treinar franqueados, gerentes e colaboradores da rede. As aulas são ministradas pelos consultores de campo, equipe técnica da franqueadora e por instrutores capacitados pelos próprios fornecedores”, explica o franqueador Altino Cristofoletti Junior. www.casadoconstrutor.com.br

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Expansão chinesa

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A Lig-Lig, rede de comida chinesa, quer expandir sua atuação no Paraná. A meta da empresa é abrir até o fim do ano uma unidade em Londrina. A Lig-Lig está disposta a negociar com investidores que tenham o perfil empreendedor desejado pela marca. “Se o profissional tiver as características que apontamos como essenciais para o negócio, facilitaremos ao máximo o acesso dele à rede”, explica o franqueador Thomas Liu. A Lig-Lig está no mercado há 16 anos e, atualmente, conta com 42 unidades em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Pará, Bahia e Distrito Federal. O investimento médio em uma unidade é de R$ 160 mil mais o ponto comercial. www.liglig.com.br

Rei do hambúrguer Em três anos, o grupo paraguaio A. J. Vierci planeja investir US$ 27 milhões na implantação de 30 unidades do Burger King em Santa Catarina. A primeira loja deve ser aberta no mês de novembro. O Burger King é a segunda maior cadeia de fast-food de hambúrgueres do mundo com restaurantes em 69 países. No Brasil, a marca opera com sistema de franquias territoriais em que cada região tem um grupo de franqueados independentes. www.burgerking.com.br


Batata recheada A rede de franquias Roasted Potato, maior rede fast-food especializada em batatas recheadas, abriu mais uma unidade em Minas Gerais. A loja fica no Minas Shopping, em Belo Horizonte. “Já contamos com três lojas espalhadas por Minas Gerais e detectamos o grande potencial da capital para alavancarmos nosso negócio”, explica Camila Carone, diretora de marketing da rede. No mercado há mais de 20 anos, a Roasted Potato conta com 60 unidades. www.batatarecheada.com.br

Educação profissional A Prepara Cursos Profissionalizantes quer abrir 500 unidades até o final do ano e está em busca de novos investidores. Há cinco anos no mercado, a rede oferece cursos profissionalizantes em designer gráfico, operador de linux, web designer e progra-

mador. A Prepara dispõe de sistema de aulas com flexibilidade de horários e conteúdo aplicado de acordo com a necessidade específica de cada aluno. A rede tem 310 franquias nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.

www.prepara.com.br

Duas centenas

Escondidinho beneficente A rede Água Doce Cachaçaria realizou em 21 de outubro o Doce Dia. A campanha buscou arrecadar dinheiro para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Nesse dia, os clien-

tes que foram a uma das 100 unidades da rede e pediram o prato Escondidinho (carne de sol com purê de mandioca e requeijão) contribuíram com a campanha.

www.aguadoce.com.br

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A Portobello Shop amplia sua rede de franquias e abre mais quatro unidades. As lojas são em São Bernardo do Campo, Guarulhos, Limeira e Recife. A rede tem 101 unidades e quer chegar ao final de 2010 com 200 lojas. A Portobello Shop tem interesse em expandir os negócios e abrir unidades nas cidades de Mogi das Cruzes e Praia Grande (SP); Vitória da Conquista (BA); Cuiabá; Macaé (RJ); Imperatriz (MA); Juazeiro do Norte (CE); e Patos de Minas, Divinópolis e Ipatinga (MG). A Portobello Shop disponibiliza três modelos de lojas: tradicional, compacta e empório. O valor de investimento varia de R$ 278 mil a R$ 523 mil. www.portobello.com.br

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FRANQUIAS

Rápida e equilibrada A Salad Creations, rede especializada em saladas, inaugura a primeira loja no Nordeste. A unidade fica no Salvador Shopping, na capital baiana. A meta da rede é se consolidar na região como uma referência em alimentação saudável. “Como um dos principais polos turísticos do Brasil, a cidade recebe milhares de visitantes durante o ano inteiro, o que faz da alimentação rápida e equilibrada um negócio promissor”, explica Cecília Gonçalves, gerente de expansão da rede. A rede foi criada em 2004 na Flórida e está em operação no Brasil desde dezembro de 2007. www.saladcreations.com.br

Turismo social

Rede imobiliária

Chega a São José dos Campos (SP) a nova franquia do SBTUR (Sistema Brasileiro de Hotéis, Lazer e Turismo). A rede de agências de viagens especializada em turismo social tem como foco oferecer pacotes de viagens à classe média brasileira. A abertura da unidade faz parte de uma estratégia da rede de fazer o turismo social crescer em 15% no Brasil somente neste ano. A SBTUR tem 20 unidades e atua nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. www.sbtur.com.br

A Re/Max Internacional, maior rede imobiliária do mundo em transações, está em fase de pré-operação no Brasil e quer conquistar em pouco tempo a liderança do mercado nacional de franquias imobiliárias. A venda de franquias já começou e as regionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Paraná, Goiás e Tocantins foram vendidas.

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Pizza em pedaços

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O Pedaço da Pizza planeja abrir mais três unidades até o fim do ano e está em busca de novos investidores. A rede é especializada em vender pizza em pedaços e foi premiada três vezes como a melhor pizza de balcão de São Paulo. O Pedaço da Pizza abriu sua primeira loja em 1998, na Rua Augusta, em São Paulo, e hoje conta com três unidades próprias e uma franqueada. O valor de investimento é de aproximadamente R$ 340 mil. www.opedacodapizza.com.br

www.remax-brasil.com


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Fr a nq u i a em exp an s ão

PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Emissão revelada O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama disponibilizam ferramenta que permite ao consumidor saber quais são os automóveis menos poluentes e quais emitem mais dióxido de carbono (CO2). A consulta lista 250 modelos e compara níveis de emissões de CO2, óxido de nitrogênio, monóxido de

Viagens corporativas carbono e hidrocarbonetos. Com os dados de marca, modelo e ano é possível fazer consultas e comparações entre veículos. Os dados para os veículos 2009 estarão disponíveis até novembro. A lista obedece aos critérios do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima. www.ibama.gov.br

Guia de indicadores A consultoria Mondo Strategies lança o Guia Mondo Strategies de Métricas e Indicadores de Software. O relatório, que traz orientações práticas sobre o uso corporativo de métricas e indicadores, tem por objetivo apoiar as empresas no desenvolvimento ou refinamento de seus quadros de mensuração de performance e re-

sultados. Com base no estudo é possível obter parâmetros de mercado, que permitem a revisão de modelos econômicos e operacionais. São 14 áreas de processos cobertas, 90 métricas e indicadores, 393 variantes para ajustes de contexto e 194 parâmetros numéricos de mercado. www.mondostrategies.com

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Superprocessador

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O Intel Core i5, conhecido como Lynnfield, é um processador livre de chumbo e conta com tecnologia exclusiva Intel Turbo Boost. É um dos primeiros processadores da Intel a integrar uma porta PCI-Express 2 de 16 linhas e dois canais controladores de memória. Todas as funções de entrada/saída e gerenciamento são realizadas por um único chip, o chipset Intel P55 Express. www.intel.com.br

O Submarino Viagens lança um novo site dedicado ao atendimento corporativo. O Submarino Viagens Corporate oferece uma plataforma que permite às empresas o gerenciamento de suas viagens corporativas 100% on-line. As grandes novidades são as ferramentas de política de viagens on-line, na qual as empresas cadastram suas políticas e a nova interface monitora o cumprimento delas e a administração de orçamento de acordo com os recursos disponíveis. O novo site disponibiliza também o serviço de Self Booking pelo qual as empresas acompanham todo o processo, desde a verificação de disponibilidade até a emissão do bilhete. O Submarino Viagens Corporate conta com conexão direta com as companhias aéreas, pesquisa que prioriza a menor tarifa do mercado, vale-presente e mapa interativo de assentos no voo.

www.submarinoviagens.com.br


Construção simplificada A Metroform System apresenta o sistema de formas plásticas para construção de condomínios habitacionais em larga escala. São moldes fabricados a partir de resina plástica específica para aplicações de engenharia, que podem atender a variações de até 5 milímetros. As formas moldam todo o conjunto como se

fossem paredes semiprontas. O sistema deixa espaço para a rede elétrica, hidráulica e para os vãos de portas e janelas. Em comparação com as construções tradicionais, o Metroform reduz em até 10% o custo total da obra, em 60% o prazo de entrega, além de gerar 80% menos resíduos. www.metroform.com.br

Auditórios móveis O Sala Brasil é um serviço de locação de auditórios móveis sobre rodas. São caminhões adaptados com salas multiuso que podem ser utilizadas para exibição de filmes, reuniões, treinamentos, palestras, estudo, vendas, entre outros eventos. Cada unidade

tem capacidade para 32 pessoas, tem tecnologia de som e projeção digital de alta definição, isolamento acústico e térmico, rampa de acesso para portadores de deficiência, climatização e iluminação apropriadas. www.salabrasil.net.br

A solução Atendimento Pessoal Virtual (APV ) permite o relacionamento entre empresa e cliente a distância através de videochamada. A interação é feita através de um totem multisserviços conectado à internet. O equipamento permite também a digitalização de imagens por scanner, atendimento por chat, impressões de documentos e transações financeiras. O totem pode ser instalado em bancos, lojas, shoppings e aeroportos. É possível utilizar em um mesmo totem serviços de várias empresas. www.atento.com.br

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Totem multimídia

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Sonho de broca As brocas TW100 da Lenox Twill possuem afiação especial com revestimento de titânio, o que possibilita alta durabilidade e desempenho estável em praticamente to-

Desinfecção ecológica

A Voith Paper traz ao mercado equipamentos compactos capazes de monitorar e controlar com mais precisão a fabricação de papel, evitando desperdícios e otimizando o consumo de matéria-prima, químicos e energia. O OnV FlocSpotter é instalado na mesa plana ou formador e possibilita ao operador de máquina verificar os limites de qualidade de formação, antes que o papel chegue à enroladeira. O OnV FeltView permite a medição e análise on-line da umidade, permeabilidade e temperatura superficial dos feltros da seção de prensas, e o OnCWetEndControl Retention permite o controle de dosagem dos agentes de retenção.

A Evonik Industries lança o Oxteril, produto capaz de fazer a assepsia de embalagens cartonadas da indústria alimentícia como leites, bebidas, molhos e sopas. O produto é uma solução aquosa com 35% em peso de peróxido de hidrogênio purificado e de alta qualidade. O proocesso de desinfecção das embalagens pode ser realizado através do banho de imersão ou por spray. O Oxteril está disponível nas versões 350 Bath, Spray e 350 Duo. O produto não gera resíduos porque se decompõe somente em água e oxigênio. www.evonik.com.br

Todo ouvidos Tod

em mpr preeeenndded edorr | outubro o tuubr ou bro 2009 220009 09 empreendedor

aplicação. Para os varejistas que adquirirem jogos de brocas da marca, a Alenox Twill fornece gratuitamente um expositor estabilizado. www.lenox-twill.com.br

Sem desperdícios

www.saopaulo.voithpaper.com

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dos os tipos de aço carbono e inoxidáveis. Os modelos TW104 e TW105 são brocas indicadas para diversos tipos de materiais e que permitem grande versatilidade de

O ddecibelímetro Data Logger DEC-5010 da Instrutherm é um DEC-5 equipamento capaz de medir equi o nível de pressão sonora de ambientes. O aparelho lh tem capacidade de 32 mil m registros e display de cristal líquido LCD. O dec cibelímetro permite que c estabelecimentos como e bares e restaurantes posb sam monitorar o barulho s dos d ambientes e assim se adequar às exigências da a lei l do silêncio.

wwww.instrutherm.com.br

Mobilidade controlada O cartão de chamadas pós-pago da Voitel V-Card permite maior controle das despesas com telefonia e dá liberdade ao usuário para realizar ligações a partir de telefones públicos, celulares ou telefones de hotel. Com esse cartão, o usuário pode fazer ligações a longa distância (nacionais e/ou internacionais) de qualquer telefone fixo, móvel ou público a custo reduzido. Basta ligar para o número de acesso que está no cartão, digitar a senha e efetuar a chamada com tarifas menores do que as praticadas pelas operado-

ras convencionais. O V-Card proporciona maior mobilidade, pagamento apenas dos minutos utilizados e consulta dos números discados. Outra vantagem é que o cartão não possui assinatura ou taxa de adesão.

www.voitel.com.br


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LEITURA

Cliente parceiro Obra de José Moreira instiga as empresas a pensar pelo ponto de vista do consumidor Para fidelizar os clientes, é preciso encará-los não como um mero alvo a ser atingido, mas sim como “coautores do mercado”. Foi a partir desta constatação que José Carlos Teixeira Moreira decidiu escrever o livro Foco do cliente, que instiga as empresas a pensar pelo ponto de vista do consumidor. Considerado o precursor do marketing industrial (B2B) no Brasil, o autor defende que “foco do cliente não é usar o marketing como uma ‘fórmula mágica’ capaz de travestir algo inadequado aos propósitos do cliente num item de valor, mas, pelo contrário, deve inspirar soluções adequadas, pela sua funcionalidade e engenhosidade na direção de uma contri-

buição efetiva à prosperidade do cliente”. A partir deste raciocínio, Teixeira Moreira – conhecido por ser um humanista no mundo dos negócios – incentiva a competição saudável e condena o pensamento predador, no qual vale tudo em busca do lucro. Para o autor, o foco do cliente é assumido no momento em que a empresa coloca-se no lugar de seus parceiros de negócio, conhecendo e aperfeiçoando os reais valores dos seus consumidores e os próprios. “Os clientes são entidades que nos premiam com o estímulo e com o uso válido de nossas competências, nos defendendo diante de situações injustas, nos promovendo espontaneamente.”

Negociação

Não deixo a vida me levar, a vida levo eu!

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Sônia Lopes e Ingrid Stoeckicht Editora FGV – R$ 18

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A negociação envolve aspectos psicológicos e exige a capacidade de entender as necessidades e o comportamento humano. Reconhecer o ambiente, a influência das diferentes culturas, os conflitos e as possíveis soluções são fundamentais para um bom negociador. Saiba ainda quais as táticas e erros mais frequentes nas transações.

Fabiano Caxito Editora Saraiva – R$ 29

Seja atuando numa empresa, seja gerindo o próprio negócio, tomar as rédeas da vida profissional é fundamental para o sucesso. O livro aborda temas como plano de ação e plano de carreira, marketing pessoal, falar bem em público e a importância do network e da organização do tempo.

Foco do cliente

José Carlos Teixeira Moreira Editora Gente – R$ 68 “Ser cliente é pertencer a uma freguesia, a uma comunidade, e sentir-se membro de uma sociedade. O cliente nunca é um simples passante.” “A maioria das queixas dos clientes nunca tem a ver com produtos ou serviços; tem a ver com a falta de atenção das pessoas.” “O importante está em não se confundir ambição com ganância; enquanto a primeira é uma virtude porque significa almejar sempre mais e o melhor para o todo, ganância quer dizer mais e mais somente para o próprio indivíduo.”

O fator ego – Como o ego pode ser seu maior aliado ou seu maior inimigo David Marcum e Steven Smith Editora Sextante – R$ 24,90

Baseada em histórias reais e em cinco anos de pesquisa, a obra propõe uma nova ciência, a egonomia, que desmitifica o conceito de ego e ensina como ele pode ser controlado e usado de maneira estratégica para melhorar o desempenho profissional.


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DINÂMICA EMPREENDEDORA

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Pessoas únicas, mas comuns entre si

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Em nossa busca para apresentar aspectos da Psicodinâmica em Negócios ofereceremos uma breve abordagem sobre tipos psicológicos, os quais aprofundarei nos próximos artigos. Embora concordemos que cada pessoa é única, você também deve ter percebido que elas têm muitos aspectos comuns entre si. O psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961), ícone da psicologia analítica, elaborou uma das mais reconhecidas teorias sobre a personalidade humana. Através de suas observações concluiu que a personalidade humana é classificável e, muitas vezes, previsível. Jung identificou padrões na forma como as pessoas percebem e tomam decisões. Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, na década de 1940, iniciaram o desenvolvimento do MBTI® (Myers-Briggs Type Indicator), um indicador baseado nos tipos psicológicos junguianos, atualmente utilizado por milhões de pessoas no mundo todo, com o objetivo de motivar empregados, desenvolver equipes de alto desempenho e tornar a comunicação mais eficaz. O MBTI apresenta quatro escalas (polaridades) que se referem à forma como as pessoas são motivadas (Introversão-Extroversão), naquilo que prestam atenção (Sensação-Intuição), como tomam decisões (PensamentoSentimento) e qual o modo de vida que adotam ( Julgamento-Percepção). A primeira escala Extroversão-Introversão é a mais famosa, inclusive saindo do campo da psicologia e adentrando o senso comum. Esta polaridade indica a motivação das pessoas. A Extroversão (E-extroversion) tira energia do mundo exterior – pessoas, fatos e objetos. A Introversão (I-introversion) tira energia do mundo interior – ideias, emoções ou impressões pessoais. A segunda escala Sensação-Intuição referese a como observam as informações. A Sensação (S-sensing) tem preferência por obter informações através dos cinco sentidos, observando aquilo que é real. Na Intuição (N-intuition) prefere-se obter informações através do “sexto sentido”, observando o que pode ser. A terceira escala Pensamento-Sentimento

refere-se à tomada de decisões. O Pensamento (T-thinking) alude à organização e estruturação da informação em termos lógicos e objetivos. O Sentimento (F-feeling) toma decisões de maneira pessoal e focada em valores. A quarta escala Julgamento-Percepção indica o modo de vida. O Julgamento ( J-judgement) opta por um estilo planejado e organizado na vida. Na Percepção (P-perception) encontramos uma vida flexível e espontânea. A combinação das quatro escalas gera os 16 tipos identificados pelo MBTI. Em outras palavras, 16 diferentes formas de ser normal. Não existe um tipo melhor ou pior, adequado ou inadequado. Cada tipo psicológico é igualmente valioso, com aspectos inerentes positivos e negativos. Aqui podemos perceber a armadilha de Narciso, que acha feio tudo que não é espelho – quando na realidade os tipos têm sua força na diferença. Inúmeros estudos sobre o funcionamento de equipes de alto desempenho indicam que sua potência está alicerçada na heterogeneidade, na diversidade que encontra uma forma sinérgica de agir. Tomemos um breve exemplo. Dois sócios e irmãos estavam em uma situação de conflito que parecia irremediável. Um cuidava da produção e outro da parte comercial. O que lidava com a produção reclamava da dificuldade do outro em contatar os clientes, em ser mais ativo. “Você pensa demais, não se comunica direito!”, afirmava. O que respondia pelas vendas criticava o outro por ser muito disperso e fazer muitas coisas ao mesmo tempo. “Você conversa demais, não reflete o bastante!”, alegava. Com a aplicação do MBTI, perceberam as diferenças entre suas preferências. Um era introvertido e o outro extrovertido. E colocados em áreas que não valorizavam as suas preferências. Quando inverteram suas áreas de atuação reduziram-se drasticamente seus conflitos. O extrovertido foi para a área de vendas. O introvertido foi cuidar da produção. O exemplo está didaticamente reduzido, mas permite que se perceba como o reconhecimento de suas preferências pode auxiliar

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

Não existe um tipo melhor ou pior, adequado ou inadequado. Cada tipo psicológico é igualmente valioso, com aspectos inerentes positivos e negativos

numa melhor eficácia em relação ao trabalho. A identificação dos tipos psicológicos melhora a comunicação, dá subsídios para se lidar melhor com situações de estresse. Também permite identificar características da liderança, valorizar a diversidade, identificar e reduzir relações interpessoais conflituosas. Bem como, quando aplicado coletivamente, facilita o entendimento do caráter da empresa, permitindo compreender como as organizações agem e por que elas resistem tão aguerridamente às mudanças. Nos próximos artigos aprofundarei cada uma das escalas dos tipos psicológicos em suas dificuldades e potencialidades, assim como elas se manifestam no caráter organizacional. Enquanto isso, reflita se a pessoa que você está em conflito simplesmente não é diferente de você.


AGENDA

RESPONSABILIDADE NA INDÚSTRIA De 4 a 6/11/2009

Fimai – 11ª Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade Expo Center Norte Pavilhão Azul – São Paulo – SP – www.fimai.com.br

A feira é considerada a mais importante do setor de Meio Ambiente Industrial da América Latina. São apresentadas novas tendências, inovações tecnológicas e práticas ambientais bem-sucedidas nos setores socioambientais. A feira é destinada a representantes dos setores industrial, instituições científicas, engenharia e gestão ambiental.

De 20 a 23/10/2009

De 21 a 23/10/2009

Mercopar – 17ª Feira de Subcontratação e Inovação Industrial Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva – Caxias do Sul – RS www.mercopar.com.br

Exposição de Turismo e Congresso Brasileiro de Agências de Viagens – Abav 2009 Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.feiradasamericas.com.br

De 21 a 22/10/2009

Curso de Trade Marketing São Paulo Center – São Paulo – SP www.inventrade.com.br

O Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent) realiza a 10ª edição do curso de Trade Marketing Implantar, Conduzir e Executar em que são abordados temas como mensurar o retorno sobre investimentos e como atingir a execução perfeita envolvendo marketing, vendas e trade marketing. O curso é organizado por Adriano Amui e Mizael Massa, e tem participação especial de Carla Caldas (LG Eletronics), Martin Arntsen (Bayer) e Newton Perez (BP Castrol).

A exposição de Turismo da Abav é considerada a maior feira de turismo da América Latina. O evento reúne expositores de toda a cadeia produtiva que dá suporte ao turismo no País. Participam da Abav mais de 1 mil empresas de 35 diferentes países. São esperados mais de 27 mil profissionais.

Fecarga – Feira dos Transportes e Logística Centro de Eventos José Ijair Conti Criciúma – SC www.nossacasa-sc.com.br

A Fecarga reúne 85 expositores entre montadoras de veículos, fabricantes de implementos, portos e empresas aéreas. É uma oportunidade para entrar em contato com compradores de toda a Região Sul do Brasil. São esperados mais de 10 mil visitantes.

Até 13/11/2009

Prêmio Inovar 2009 www.finep.gov.br/premioinovar

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Inovar 2009. Podem se inscrever nas categorias governança, equipe e operação empresas gestoras de fundos de seed, venture capital, private equity e profissionais atuantes na área. O prêmio é realizado pela Finep em parceria com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e tem o patrocínio do Fumin/BID.

De 21 a 25/10/2009

Feira Internacional de Robótica e Tecnologia – Robotec Fair Pavilhão de Exposições do Parque Barigüi – Curitiba – PR www.robotecfair.com.br

A Robotec Fair é um evento socioeducativo que busca aproximar o grande público da tecnologia que está sendo desenvolvida nas academias, instituições de ensino e empresas, despertando o interesse de mais pessoas para a área.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

De 22 a 24/11/2009

6º Enempre – Encontro Nacional de Empreendedorismo CentroSerra Convention Center – Lages – SC www.enempre.com.br

O Encontro Nacional de Empreendedorismo é um evento técnico-científico que reúne empreendedores e pesquisadores de diversas áreas. São apresentados trabalhos científicos, minicursos temáticos sobre empreendedorismo social, gestão empreendedora, empreendedorismo na educação e no agronegócio. O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com a Fundação Carlos Joffre.

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A Mercopar promove negócios e parcerias entre empresas nacionais e internacionais com o objetivo de estimular a integração e a competitividade dos mercados. A feira tem como público-alvo empresários, compradores, fornecedores, vendedores, representantes ligados aos setores de automação industrial, borracha, eletroeletrônico e metalmecânico. Um dos destaques desta edição é a participação de 135 empresas indianas. A Mercopar é promovida pelo Sebrae/RS e pela Hannover Fairs Sulamerica, empresa do grupo Deutsche Messe AG.

De 10 a 13/11/2009

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ANÁLISE ECONÔMICA

A bolsa brasileira está cara? Último ciclo de alta da bolsa durou cinco anos e só foi interrompido no final de 2008 pela crise financeira mundial O que sempre escutamos no mercado financeiro é que para ganhar dinheiro na bolsa de valores deve-se comprar na baixa e vender na alta. Isto pode parecer simples e soar até óbvio demais. No entanto, o que deve ser feito com o objetivo de obter rentabilidade para o seu capital é isso mesmo. Quando se fala em comprar na baixa, o que se está tentando dizer é, na verdade, comprar ações baratas. Da mesma maneira, quando se fala em vender na alta é vender quando as ações estiverem caras. Mas, afinal, o que é uma ação barata e o que é uma ação cara? Se a questão importante então é descobrir o que é caro e o que é barato, devemos

presa, por exemplo. Logo, se uma empresa tem seu valor de mercado de R$ 100 milhões, um lucro do período de um ano de R$ 10 milhões, isto significa dizer que o investidor levaria 10 anos para ter o retorno do seu capital. É importante mencionar também que o lucro atual dessa empresa poderá crescer nos próximos anos e isso pode fazer com que esse múltiplo fique mais barato. É possível também que o investidor compare o valor de mercado da empresa com o valor de seu patrimônio líquido. Lembrando que para se chegar ao patrimônio líquido da empresa devemos pegar o valor total dos ativos da mesma e descontar todo o valor do seu pas-

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Se o Brasil estiver entrando em um novo ciclo de crescimento, se os lucros das empresas voltarem a crescer e se a economia global voltar a se expandir, nossa bolsa não está cara

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ficar atentos a alguns pontos importantes. Primeiro deve-se olhar não simplesmente o valor de cada ação, mas o valor de mercado da empresa. É simples: basta multiplicar a quantidade de ações que a empresa possui pela sua cotação atual. Agora, com o valor de mercado da empresa em mãos, pode-se comparar esse número com o lucro da em-

sivo. De tempos em tempos pode-se encontrar várias empresas com o valor de mercado atual, abaixo de seu valor patrimonial. Isto quer dizer que se vendermos todos os ativos da empresa ao valor que está lançado em seu balanço e pagarmos todas as obrigações da empresa, o que sobra é um valor maior que o valor de mercado atual, ou seja, a ação

por Januário Hostin Júnior Analista da Leme Investimentos

desta empresa pode estar muito barata. Este indicador se torna mais importante em setores de capital intensivo, como bancos, por exemplo. Há ainda a possibilidade de olharmos outros indicadores utilizando a geração de caixa operacional da empresa e também compará-lo ao valor de mercado. Agora, se o investidor não tiver tempo para ficar pesquisando os balanços das empresas ele também pode olhar a bolsa como um todo através de um índice como o Ibovespa, por exemplo. Não é raro encontrar matérias em jornais falando do conjunto de empresas que compõem o Ibovespa e quanto a elas como um todo em relação aos seus respectivos lucros. Se o investidor julgar que a bolsa está barata, ele pode aplicar num fundo de investimentos que tende a acompanhar o índice ao invés de gastar tempo analisando várias empresas. Mas, afinal, a bolsa do Brasil está cara ou não? Se considerarmos os resultados que as empresas estão apresentando este ano, sim. Todavia, estamos saindo de uma crise de grandes proporções em que praticamente todos os setores foram prejudicados. Agora, se o Brasil estiver entrando em um novo ciclo de crescimento, se os lucros das empresas voltarem a crescer no próximo ano em diante e se a economia global voltar a se expandir, neste caso nossa bolsa não está cara. É claro que vão ocorrer quedas de curto prazo; afinal, a volatilidade é inerente ao mercado. Ainda mais agora que a bolsa se aproxima de uma valorização de 70% no ano. Mesmo assim vale olhar para trás para o último ciclo de alta da bolsa (20032007), que durou nada menos que cinco anos e só foi interrompido pela crise financeira que assombrou os mercados no final de 2008.


Nome Ação All Amér Lat Ambev Aracruz B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItaúUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner Natura Net P. Açúcar-CBD Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas VCP Vale R Doce Vale R Doce Vivo

Tipo Ação

Participação Bovespa

Agosto

UNT N2 PN PNB ON ON PN PN PN PN ON PNA ON ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON PN ON PNB PNB ON ON PN PN PN

1,34 0,98 1,31 0,64 4,73 4,01 1,08 0,33 0,38 2,31 0,45 2,30 0,53 0,09 1,53 0,81 0,09 0,66 0,47 0,49 1,25 0,38 0,88 0,87 0,69 0,69 1,07 0,92 3,63 0,66 100,00 2,47 5,66 0,69 0,40 0,29 0,93 0,84 0,86 0,72 0,76 0,57 3,36 15,39 1,57 0,67 0,38 3,05 0,55 0,58 0,30 0,32 1,03 0,20 0,15 0,84 0,36 0,48 0,66 3,04 0,64 3,59 12,40 0,70

0,30 5,00 -0,30 2,40 12,40 14,70 11,50 14,50 14,90 20,10 7,60 12,40 -2,40 -0,40 -2,70 8,00 -0,10 6,90 -7,30 -3,90 -2,70 -2,50 0,20 0,60 3,70 1,30 -2,30 7,30 7,70 5,80 8,90 10,90 11,70 17,90 15,10 3,50 6,30 3,90 29,80 4,80 3,90 8,40 8,80 11,50 5,60 19,10 -1,70 10,90 4,10 -4,40 12,60 13,30 10,90 2,10 7,70 11,40 3,80 3,60 2,00 5,40 -1,20 12,30 11,20 3,40

PN PN ON PN ON PN ON ON ON PN PNA ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON ON PNA PN

Inflação (%)

Até 30/09 Variação % Ano 37,50 48,90 58,60 110,70 123,00 57,80 74,10 8,60 15,00 125,80 102,90 58,70 35,10 4,10 12,30 45,90 7,6 35,60 74,00 14,50 154,00 102,70 12,50 9,40 70,10 16,30 157,10 48,20 58,20 85,30 63,80 56,80 53,90 87,30 30,30 24,60 91,90 99,00 293,50 77,70 55,20 63,20 51,20 56,50 12,90 284,50 27,20 100,40 54,20 20,50 12,30 19,30 24,40 2,80 19,60 55,60 26,10 44,70 79,30 80,50 51,00 55,90 64,20

Índice

Agosto

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

-0,36 0,09 0,15 0,33

Ano -2,02 -1,60 2,97 2,91

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Agosto

Ano

0,69 0,69 0,50 0,97

7,63 7,67 5,41 -10,16

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Agosto

Ano

-0,11 0,00

3,31 0,58

Juros/Crédito (%) 30/Setembro

29/Setembro

Desconto 1,64 Factoring 3,84 Hot Money 3,18 Giro Pré (taxa mês) 1,85

1,64 3,82 3,18 1,85

Câmbio

Até 30/09 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,7781 US$ 1,4628 $ 89,7890

Mercados Futuros Outubro

Novembro Dezembro

R$ 1,778 8,62%

R$ 1,780 8,64%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

30/09 61.620

Dólar Juros DI

R$ 1,790 8,65%

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Carteira Teórica Ibovespa

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E–EMPREENDEDOR

Interatividade Confira os últimos comentários de internautas sobre os conteúdos publicados exclusivamente no site Empreendedor: O assunto é muito importante e deveria ser melhor detalhado para que todos possam ter uma visão mais completa e que também possa ser implantado nas pequenas e médias empresas, como já é feito nas grandes empresas que conseguem aumentar os lucros usando o planejamento tributário. João da Mata sobre o artigo: Planejamento tributário e as pequenas e médias empresas

Excelência no varejo O Provar (Programa de Administração do Varejo), a FIA (Fundação Instituto de Administração) e a Editora Empreendedor (Empreendedor Varejo) se uniram para apresentar as 100 empresas que se sobressaem no trabalho diário de conquistar e fidelizar clientes. Os consultores, técnicos e editores do Provar, FIA e Empreendedor apontaram 20 itens de gestão e práticas comerciais e escolheram cinco empresas diferentes que se destacam em cada um destes itens. As companhias estão sendo apresen-

tadas no site http://100empresas.empreendedor.com.br, onde os internautas podem votar nas empresas que mais admiram. O objetivo da ação é premiar as marcas que se destacam no grande ciclo da economia brasileira integrado por várias fases, desde a criação do produto até chegar ao consumidor final. Para saber mais, acesse a reportagem completa sobre o assunto com o título “Mapa da excelência no varejo”, na seção Reportagens, localizada na coluna à esquerda do site Empreendedor.

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Jornada de trabalho

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Uma das questões mais polêmicas envolvendo o mercado de trabalho atualmente refere-se à redução da jornada de 44 para 40 horas semanais. E o site Empreendedor quis saber a opinião dos internautas sobre o assunto. A resposta “Sou contra, pois trará mais custos às empresas e, consequentemente, mais desempregos” foi a opção mais votada. Confira a seguir o resultado da enquete: Sou contra, pois trará mais custos às empresas e, consequentemente, mais desempregos.........................................................145 votos Sou favorável, pois vai oferecer mais qualidade de vida para o trabalhador .............................................................128 votos Esta questão deve ser definida entre empregado e empregador na assinatura do contrato de trabalho .....................................79 votos

Esta amostra indica a direção da tendência mundial que proporciona praticidade e comodidade ao consumidor. Cada vez mais as pessoas preferem utilizar a ferramenta, tão adequada e inteligente para adquirir seus produtos e serviços. Vamos em frente que a tecnologia vem aí! J. Dhias sobre a reportagem: Satisfação com o comércio eletrônico bate novo recorde em agosto Parabenizo os idealizadores dessa modalidade de empresário. Porém, fica comprovada a falta de sincronismo na questão da política fiscal entre o Federal e o Estadual. Um exemplo clássico é a Lei Geral, que deveria ser apenas uma alíquota que une os impostos, mas em se tratando de ICMS os empresários ainda sofrem com o pagamento antecipado. Sabemos que quem paga o imposto é o consumidor final, mas será que os empresários não estão fazendo um papel de “emprestador de receita” para o governo? Somos meros contribuintes, mas quanto custa pagar um real de imposto? Seria interessante um imposto pago de maneira mais simples. Por exemplo, o Simples Nacional poderia agregar todos os impostos. E a partir daí é fiscalização e pronto. Ivaldo Santos Cardoso sobre a reportagem: Rede de formalização deve chegar a mais seis estados Até que enfim. O pequeno empreendedor futuramente poderá desfrutar de sua aposentadoria e, por outro lado, o governo arrecada mais para investir em nosso País. Uilson sobre a reportagem: Brasil já tem mais de 12 mil empreendedores individuais


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L E VA N D O O B R A S I L À F R E N T E

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