Empreendedor 181

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ENTREVISTA: PLANEJAMENTO EMPRESARIAL E AS MPES

FRANQUIAS: O QUE PODE MUDAR COM A NOVA LEI

www.empreendedor.com.br

ANO A N O 155 N o 181 AN 1 81 81

EMPREENDEDOR – A GR ANDEZA DO MICROCRÉDITO – ANO 15 N o 181 NOVEMBRO 2009

Derneval Gonçalves da Rocha, pequeno empreendedor de Belo Horizonte

NOVEMBRO N O VEMB NOVE NO V E MB VE M B ROO 2009 2 0099 R$ R $ 9,90 99,, 90 90

A grandeza do microcrédito

IS SN 1414-0 152

Orientação e pequenos empréstimos concedidos de maneira rápida e sem burocracia são a chance para microempreendedores viabilizarem e ampliarem seus negócios

BRASIL É DESTINO CERTO PARA REALIZAÇÃO DE EVENTOS, O QUE BENEFICIA DIVERSOS SEGMENTOS DA ECONOMIA


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N E S TA E D I Ç Ã O 18 | ENTREVISTA Luis Lobão

Item fundamental para a administração de qualquer empresa, o planejamento estratégico ainda é raridade nos micro e pequenos negócios. Um desperdício, pois o tamanho reduzido facilita a implantação desta ferramenta.

32 | MERCADO Ainda nos eixos

WILSON AVELAR

Apesar da queda no número de unidades vendidas em relação ao período passado, 2009 deve se confirmar como o segundo melhor ano na história da indústria de caminhões no Brasil. E as perspectivas para 2010 são muito animadoras.

36 | PANORAMA Múltiplos beneficiados

24 PEQUENO EMPURRÃO, GRANDE AJUDA

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Pequenos empréstimos concedidos de maneira rápida e sem burocracia para microempreendedores que precisam de dinheiro e orientação para melhorar seus negócios e, consequentemente, seus rendimentos. Este é o microcrédito produtivo orientado, a oportunidade que milhares de brasileiros encontraram para viabilizar e melhorar seus empreendimentos. Conheça alguns exemplos e saiba como funciona este modelo de financiamento, disponível em quase todo o Brasil.

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EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA

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40 | A VOZ DA EXPERIÊNCIA Ênio Back

Quando faleceu a mãe, seu exemplo de pessoa empreendedora, Ênio Back jurou transformar a empresa que ela abriu na maior prestadora de serviços de vigilância e terceirização de mão de obra de Santa Catarina. Promessa cumprida.

48 | FRANQUIA Mudanças à vista

L E I A TA M B É M 10 16 56 58

O Brasil já é o sétimo destino do mundo para a realização de eventos, o que ano passado movimentou mais de US$ 122 milhões. Diversos segmentos beneficiam-se desta movimentação, muitos sem nenhuma ligação ao turismo.

DINÂMICA AGENDA ANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR

O Projeto de Lei 4319/2008, que tramita na Câmara de Deputados, propõe mudanças na Lei 8955/94, que regulamenta o contrato de franquia empresarial. A alteração mais significativa diz respeito ao prazo mínimo de operação para franquear uma marca.


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EDITORIAL A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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inheiro e orientação para bem aplicar os recursos e gerir os negócios é o desejo de todo microempresário. E ninguém está pedindo grandes montantes, muito menos nada de graça. O que eles querem é uma pequena quantia, do tamanho que eles possam pagar com o próprio suor, e que pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma microempresa, entre sua estagnação ou evolução. Estamos falando do microcrédito produtivo orientado, tema da reportagem de capa desta edição da revista Empreendedor. Trata-se de pequenos empréstimos concedidos de maneira rápida e sem burocracia para microempreendedores que precisam de dinheiro para melhorar seus negócios, sem ter que retirar do capital de giro – e, consequentemente, aumentar seus rendimentos. O microcrédito produtivo orientado é ainda mais importante pois este auxílio financeiro é, geralmente, acompanhado de capacitação de seus tomadores para a gestão das finanças de suas microempresas. Fundamental para ajudá-los a crescer de forma sustentável e consistente. Milhares de pequenos empreendedores brasileiros já encontraram no microcrédito

a chance de transformar seus negócios. A repórter Cléia Schmitz foi a campo e mostra em sua reportagem alguns exemplos. Um deles é Derneval Gonçalves da Rocha, dono de uma pequena lanchonete aberta na garagem de sua casa, em Belo Horizonte, personagem que ilustra a capa escolhida para esta edição. O sorriso de “Dedé”, como é conhecido, mostra a importância que pequenos empréstimos podem ter para a vida de uma pessoa trabalhadora. Os números do microcrédito no Brasil têm evoluído, mas ainda há uma grande demanda reprimida. O Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado estima que apenas 30% do potencial desse mercado esteja sendo atendido. O desafio é aumentar a captação de recursos, principalmente de instituições privadas. Outra reivindicação é a liberação de recursos mais baratos, sem acréscimo de spread bancário, além de políticas contínuas, como um marco regulatório que estabeleça um ambiente completo de microfinanças, o que daria ainda mais sustentação ao sistema que já provou tirar da pobreza milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail imagem@empreendedor.com.br

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Marco Túlio Brüning, Marlon Aseff e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas, PhotosToGo e Wilson Avelar – Foto da capa: Wilson Avelar – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com. br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 26117996/3231-9017/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sextafeira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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C A RTA S

A iniciativa privada vive um estado de lucidez que deveria ser seguido pelo Estado. Enquanto emergem em todo o País iniciativas de respeito ao meio ambiente, ao consumidor e à sustentabilidade, nossos governantes esbanjam despreparo no trato das mesmas, com incentivo a invasões de terras, incentivo de energia termoelétrica, desmatamento criminoso, cultivo de culturas predadoras e pecuária e outras barbaridades. Está na hora de se criar para essas empresas benefícios fiscais, bem como meios de certificações que incentivem a prática em todo o Brasil. Norton Vincenzi

Brainstorm virtual

Gostei muito da matéria (“Banco de ideias”, publicada em agosto). Acredito que uma ideia é sempre muito bem-vinda, e muitas vezes parece ridícula inicialmente, mas se for analisada e lapidada, pode ser proveitosa. É o canal que faltava para que ideias sejam melhor aproveitadas, e aberto a todos aqueles que, muitas vezes, veem as coisas com outros olhos, diferente de quem está diretamente envolvido no processo e muitas vezes não consegue dar sua opinião. Lauro Luiz Augustinhak

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Eu não tinha conhecimento desta inovação. Às vezes, as melhores ideias surgem das críticas de consumidores. Parabéns pela matéria, e vou ajudar a divulgar, pois além de ser útil para todos pode render bons frutos para ambas as partes. Sérgio da Luz

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Sugestão da leitora

Estou utilizando um livro que vem acompanhado de um software para elaboração de plano de negócios, que tem se mostrado bem completo, e gostaria de indicá-lo: o título é Plano de negócios – Passo a passo, e o autor é Adonai José Lacruz. Espero que ajude. Clara Heissen

Carta do Mês Inovação é tudo Impressionante! Esta matéria (“Inovação no DNA”, publicada na edição de outubro) é a introdução de um tratado sobre inovação! Parabéns, Cléia Schmitz, Beatrice Gonçalves e Maycon Stähelin. O Programa Prime (Primeira Empresa Inovadora), coordenado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), em parceria arceria com agentes operacionais, já é algo fenomenal quanto to a uma ação governamental para empresas de até dois anos de vida. Sensibilizou-me a parte que ue trata de unir os centros de conhecimento cimento com as empresas e vice-versa, também com o foco de transformar conhecimento onhecimento em valor e renda, em capital apital financeiro na forma de produtos/serviços /serviços rentáveis. Minha vivência com o meio acadêmico ainda me mostra que os pesquisadores squisadores são muito idealistas, e quando falamos em rentabilizar o conhecimento, parece-me que é entendido como “pecado”, o”, transparece que existe muito apego go ao conhecimento pela sua belezaa e expansão da mente e pouco peloo uso prático e capitalista, onde de vejo acadêmicos voltando para os centros universitá-rios para compartilhar muito mais conhecimento do que vivências práticas mercadológicas. Este trabalho jornalístico em muito contribuirá para aquecer esta discussão! Muito agradecido! Pedro Mizcci Majeau, web marketer, especialista em prospecção de clientes tes e

FELIPE VECCHIO

Lucidez privada


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EMPREENDEDORES

Rogério Ehart

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CENTENÁRIO PRÓXIMO

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A contagem regressiva pa para o centenário já começou na fabricante de eletrodomé eletrodomésticos Wanke. Fundada em 1918, na cidade de Indaial (SC), a empresa espera fechar fecha 2009 com um crescimento das vendas ven de 20% em relação ao período anterior. “É uma prova de que a Wanke está se renovando. W Aos 91 anos está mais jovem do que nunca, pronta para novos nu desafios”, afirma Rogério Ehart, desafio diretor comercial da empresa. Em nove décadas de história, a Wanke dé foi sempre se renovando para se sem adaptar ao mercado. No início, sua atuação se dava no segmento de metalurgia. metalurg Em 2000, a empresa encerrou suas su atividades na área de fundição e sse concentrou no segmento de eletrodomésticos, especialmente eletro máquinas de lavar. Atualmente a Wanke te tem três linhas de produtos: Agitação (Tradicional, Fiber, Space e Maria), Turbilhonamento (Standart e Mariana), Centrífugas (Inova, SoMaria nare e Inova Colors). A produção é comercializada para 23 estados e come para outros países, como Paraguai ou e Bolívia. Bolívi www.wanke.com.br


Carlos Henrique Schmidt, Alexandre Demmer Schmidt, Tomás Antônio Schmidt Dalsenter e Carlos Husadel Dalsenter

LONGEVIDADE EMPRESARIAL Outubro foi um mês especial para a Schrader Comércio e Representações, distribuidora de lubrificantes, filtros de ar, pneus e detergentes automotivos e industriais, com sede em Blumenau (SC). A empresa comemorou 150 anos de história e está na quinta geração de empreendedores da família. É a mais antiga empresa familiar em atividade na região do Vale do Itajaí. Para os sócios Carlos Henrique Schmidt e Carlos Husadel Dalsenter, o segredo é preparação. Assim como aconteceu com os

dois executivos, os filhos Alexandre Demmer Schmidt e Tomás Antônio Schmidt Dalsenter já passaram por todas as áreas da empresa e, atualmente, coordenam a área de vendas. “O que vale na Schrader é a meritocracia”, afirma Schmidt. A empresa foi criada em 1859, cerca de quatro anos depois do imigrante alemão Ferdinand Schrader ter aportado em Blumenau. De lá para cá, passaram pelo seu comando Alwin Schrader, Heinz Schrader, Heinz Wolfgang Schrader e Lothar Schmidt, este

último pai de Carlos Henrique e sogro de Dalsenter, os atuais sócios. No ano passado, a empresa faturou R$ 45 milhões e deve fechar 2009 com um crescimento de 10%. Recentemente inaugurou uma sede com 4 mil metros quadrados de área construída. A proposta é ter espaço para crescer pelos próximos cinco anos. Hoje a empresa ocupa o segundo lugar no market-share do segmento. Entre as marcas que distribui destacam-se Mobil, Pirelli e Mann. www.schraderbnu.com.br

Zéfiro Giassi

Quem conhece o empresário Zéfiro Giassi costuma dizer que ele tem varejo na veia. Dono da segunda maior rede de supermercados de Santa Catarina, que leva o sobrenome da família, o empreendedor acaba de inaugurar a 10ª loja da empresa, em Palhoça, na Grande Florianópolis. A nova unidade faz parte do Shopping Via Catarina, que tem inauguração prevista para o primeiro semestre de 2010. A estrutura conta com uma área de vendas de 5,2 mil metros quadrados, 37 checkouts e 300 vagas para estacionamento. Zéfiro

fundou a empresa em 1960, aos 27 anos, com um armazém de secos e molhados instalado em Içara, no Sul do estado. Antes disso foi professor e, na escola, já mostrava sua aptidão para o empreendedorismo. Com ajuda dos alunos montou uma cooperativa para a compra conjunta de materiais escolares. Hoje o empresário comanda a 21ª maior rede de supermercados do País em faturamento, segundo dados do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Entre os estados do Sul, é a quinta maior rede. www.giassi.com.br

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VAREJO NA VEIA

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EMPREENDEDORES

Marcelo Mesquita

REFERÊNCIA MUNDIAL O anuário britânico Cross-border Construction and Projects Handbook 2009/10, uma espécie de guia de referência na área jurídica, apontou o escritório catarinense Prade e Prade Advogados Associados como um dos dez mais importantes do Brasil no segmento de Direito da Construção. A publicação destaca o trabalho do advogado Marcelo Alencar Botelho de Mesquita que, ao lado de André Porto Prade, comanda o núcleo dentro do escritório. “Essa publicação é referência para todos os que atuam neste segmento e ficamos extremamente honrados em figurar numa relação com nomes tão importantes do Direito Empresarial brasileiro”, afirma Marcelo Mesquita. A citação no guia britânico considerou a participação do escritório na negociação de grandes contratos de construção nos setores elétrico e de óleo e gás. www.pradeprade.adv.br

Veruska Reina

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EVOLUÇÃO EMPREENDEDORA

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Trabalho nunca foi problema para a empresária Veruska Reina, que hoje comanda junto com o marido uma das maiores empresas de marketing digital do País, a Virid Interatividade Digital. Aos 14 anos ela começou a trabalhar escondida do pai, numa locadora de filmes. Aos 16 participava de feiras, congressos e eventos como modelo, recepcionista ou promotora. Aos 17, já na faculdade de Letras, coordenava o trabalho de 100 promotoras para o mercado imobiliário. Aos 22 foi fazer cursos de artes gráficas, que a levou a produzir sua primeira revista, embrião da Virid, criada em 1996. Na época produzia mídias impressas, mas aos poucos começou a fazer websites. Em 2000, já tinha 15 funcionários e uma carteira de 60 clientes. Sempre acompanhando o direcionamento do mercado, a empresa foi se tornando especialista em marketing digital. Em 2005 era uma das poucas que oferecia serviços de e-mail marketing. Com a ajuda de seu marido, Walter Sabini Junior, sócio na Virid, todo direcionamento da empresa ficou voltado para esta área, parando completamente com a mídia impressa. “Eu tomava como base o mercado internacional, pois não havia referências no nacional”, lembra a empresária. Hoje a empresa conta com um time de especialistas e um faturamento de R$ 4 milhões ao ano com uma carteira de cerca de 3 mil clientes. www.virtualtarget.com.br


Carol Azevedo, Raquel Bianchi e Julia Maciel

SONHO UNIVERSITÁRIO Colegas de faculdade, Carol Azevedo, Raquel Bianchi e Julia Maciel compartilhavam a vontade de ter seu próprio negócio. Em 2004, com 20 e poucos anos, juntaram coragem e abriram a Bloom Design, agência de publicidade com 15 funcionários que hoje é referência no mercado imobiliário de Niterói (RJ). Para vencer o obstáculo da pouca

idade, geralmente associada à falta de experiência, apostaram num atendimento personalizado e mais próximo aos clientes. Entre seus clientes há grandes construtoras como Pinheiro Pereira, MDL Realty, RJZ Cyrela e Klabin Segall, segmento que responde por 75% dos trabalhos da agência. As sócias também cuidam de todas as campanhas

publicitárias do Shopping Iguatemi Rio e já desenvolveram produtos para a Coca-Cola e a Heineken. O sucesso da Bloom Design ultrapassou as fronteiras do Rio. Hoje elas atuam também em Belo Horizonte, com a Souza Cruz, e em Fortaleza, com o restaurante Fagulha, e já pensam em abrir filiais da empresa. www.bloomdesign.com.br

Vanessa Medeiros

Profissional com mais de 10 anos de atuação em recrutamento e seleção de profissionais da área de TI, a carioca Vanessa Medeiros é a nova gerente da área de recursos humanos da IKP, integradora de sistemas com foco em gestão empresarial, business intelligence e soluções web. Seu desafio é aprimorar o ambiente organizacional e aumentar a retenção de profissionais na companhia, atualmente com 350 colaboradores. Antes de assumir a IKP, Vanessa implantou toda a es-

trutura de RH da Cyberlynxx. “O mercado de profissionais de TI se movimenta bastante. É uma área em que os profissionais migram de projetos em projetos de companhias diferentes em poucos meses. A ideia é criar uma política forte de retenção e qualidade de vida aos colaboradores da YKP”, afirma Vanessa. A executiva é graduada em Administração de Empresas, com especialização e pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos. www.ykp.com.br

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NOVO DESAFIO

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EMPREENDEDORES

Rodrigo Franco

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EFICIÊNCIA PREMIADA

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Com apenas sete anos de história, a Blink Systems, de Marília (SP), acaba de ser premiada pela Microsoft como Parceira do Ano de 2009 em Soluções de Mobilidade para América Latina e Caribe. Sua solução de automação de força de vendas – o Blink Móbile – foi escolhida entre 2 mil empresas internacionais como uma das melhores aplicações do mundo na categoria Mobility Solutions Business Application. Para Marcos Paulo Neves Amorim, diretor-executivo da Blink Systems, o prêmio abre muitas portas para o mercado internacional. “Já recebemos propostas de negócios da América Latina e de outros mercados, como o da Espanha”, in-

forma. Segundo ele, a Blink Systems já havia iniciado, há dois anos, uma estratégia de exportação. A Blink Systems é um parceiro Gold Certified Partner, o mais alto nível de parceria do programa de parceiros da Microsoft. A seleção é feita por um corpo de jurados constituído pela Microsoft, composto por pessoas de todo o mundo. Elas escolhem as aplicações tendo como base apenas os cases inscritos e as pesquisas de satisfação dos clientes. Ou seja, no momento em que o júri está decidindo, não é conhecido nem o nome da aplicação nem o da empresa que a desenvolveu, o que torna a escolha justa e totalmente imparcial. www.blink.com.br


Sílvia Araújo

TUDO PARA FOGÕES Cinco mil pessoas procuram todos os meses a Casamarela Peças Originais, maior revendora do País de peças originais para fogão, localizada no Brás, em São Paulo. O negócio foi criado há 17 anos pela empresária Sílvia Araújo e hoje atende consumidores finais de grandes marcas como Brastemp, Consul, Bosch, Electrolux, GE e Mabe, entre outras. No portfólio há mais de 40 mil peças diferentes – 300 itens em média para cada um dos cerca de 1,3 mil modelos de fogões fabricados no Brasil desde 1970. A loja não faz conserto, mas indica profissionais e orienta os clientes a fazerem sozinhos a substituição das peças. Uma das marcas registradas da Casamarela é o atendimento feito exclusivamente por mulheres. Para Sílvia Araújo, a estratégia faz toda a diferença. “Elas têm mais paciência para ensinar um cliente comum a fazer a troca de uma peça”, acredita a empresária. Segundo ela, o fogão é um eletrodoméstico que tem um valor sentimental muito grande para as pessoas, o que estimula a busca por uma solução para pequenos problemas. www.casamarela.com.br

Alceu Costa Júnior

Empresa especializada em comunicação corporativa, a Take 5 inova mais uma vez ao criar um novo núcleo de negócios, a Take5. doc. Seu maior diferencial é a produção de documentários sobre empresas brasileiras através de uma linguagem cinematográfica. Segundo Alceu Costa Júnior, diretor de novos negócios, essa é uma necessidade latente: “A Take 5 se dedica exclusivamente ao mercado corporativo desde sua fundação. Percebemos que a linguagem e a qualidade cinematográficas são amplamente utilizadas na publicidade, para falar dos produtos, porém na hora de tratar da instituição esses recursos são deixados de lado. A comunicação empresarial está no nosso DNA, por isso queremos levar todo

nosso know-how de produção cinematográfica para as corporações.” No mercado desde 1995, a Take 5 é especializada em comunicação corporativa e oferece ferramentas com base no conceito multimídia para o mercado. Dividida em três áreas de atuação, a empresa atua na produção de filmes e vídeos (Take 5 Filmes), soluções em comunicação corporativa on-line (Take 5 Online) e Take 5 Estratégia, responsável pelo planejamento e apoio às empresas nos processos de comunicação com seus públicos. Entre seus clientes estão H. Stern, Nestlé, Microsoft, Roche, Sony Music Entertainment e as principais agências de publicidade do País, como África, Leo Burnett e F/Nazca S&S. www.take5.com.br

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SUA EMPRESA NO CINEMA

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NÃO DURMA NO PONTO

PREPARE O FUTURO, AGORA! O fim do ano está aí e o novo já se avizinha. É hora de preparar o futuro. Essa é uma das funções mais importantes de um líder: preparar o futuro. Como dizia D. Kauffman Jr.: “Aqueles que não tentam criar o futuro que desejam, precisam aguentar o futuro que conseguem”. Tenho a pretensão de contribuir para que você consiga um ano melhor do que o atual, prestes a findar. Para isso, preparei algumas propostas que, já testadas em muitas empresas, têm o mérito de funcionar. Certamente contribuirão também para o seu trabalho, a sua empresa ou negócio. Boas intenções, no entanto, não garantem bons resultados. Disso todos sabem. Obter resultados, assim como preparar o futuro, é também uma das mais importantes funções do líder. E aí está algo que precisa ser compreendido, para começo de conversa. Quando as coisas dão erradas, costuma-se procurar culpados: as estratégias não estavam bem definidas, a equipe não estava comprometida, as pessoas não fize-

dos. E para os negócios, no frigir dos ovos, o que conta de verdade são os resultados. Todos sabem muito bem disso também. Então, vamos tratar aqui de uma ação consistente. Comece ampliando a compreensão do seu trabalho, de sua empresa e de seu negócio como dotados de corpo, mente e alma. Essa visão mais sistêmica sobre a sua atividade, por si só, fará muita diferença na forma de preparar o futuro. As possibilidades de obter resultados aumentarão, com mais inteligência e menos esforço. A partir desta perspectiva da tríade, torna-se mais fácil entender que ação consistente é um conjunto de comportamentos e técnicas que a empresa precisa dominar para criar um elo vigoroso entre corpo, mente e alma. Isso acontece quando o líder se envolve profundamente com as estratégias, as pessoas e os resultados.

Na alma, a qualidade de diálogo

Acredite: existem empresas onde não existe diálogo. É isso mesmo: as pessoas não conversam, a começar pelos líderes. Se não há

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As pessoas são o recurso mais confiável para gerar alto desempenho. Por isso, a proximidade é um trunfo poderoso. Mantenha sempre a disposição de dialogar com seus colaboradores

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ram a sua parte, os recursos eram insuficientes, etc. Não perca tempo com isso nem se engane: em geral, o que faltou mesmo foi ação. Talvez você se espante com essa afirmação. Afinal, aposto que, na sua empresa, todos trabalharam muito neste ano. Mas entenda: movimento é diferente de ação. Há quem trabalhe muito, se esforce demais, se movimente de cá para lá e de lá para cá. Tamanho frenesi não se traduz, necessariamente, em resulta-

conversa, não há reflexão. Se não há reflexão, não há ajustes de percepção. Então o que resta é a reação, ou seja, cada um fica ali zanzando, a rebater bolas o dia inteiro com sua raquete imaginária. Com a sensação de que trabalha até demais, porque o dia é uma exaustão só. E, no dia seguinte, a mesma coisa se repete, cada um tratando de rebater a bola da vez. Como as percepções não são ajustadas, cada um trabalha para negócios distintos, fru-

tos de percepções divergentes e equivocadas. Tudo isso é movimento, muito diferente de ação consistente. Ação consistente na alma é garantir a qualidade de diálogo. Isso exige ritual e exercício. Sessões planejadas em que não apenas os problemas sejam tratados, mas que haja diálogos abertos e francos que tratem dos relacionamentos, do espírito de equipe, dos sentimentos bons e ruins inevitáveis na lida diária. Existem líderes que conhecem mais os números do que as pessoas na empresa. Pois saiba que as pessoas são o recurso mais confiável para gerar alto desempenho, em qualquer empresa. Por isso, a proximidade é um trunfo poderoso. Mantenha sempre a disposição de dialogar com seus colaboradores. Muitos líderes não gostam da realidade, têm receio de notícia ruim e evitam buscar as informações na fonte. Bobagem! Não é porque a gente evita olhar que os problemas deixam de existir. É preciso abrir as caixas-pretas, caso contrário o inevitável mau cheiro dos resíduos não tratados acaba indo junto com os produtos e serviços para o cliente. Os clientes sentem o odor dos problemas mal resolvidos a quilômetros de distância. Então, é bom resolvê-los internamente. Faz parte do negócio!

Na mente, a qualidade de negócio

Existe uma coisa que precisa ser compreendida por todos na sua empresa e não apenas por aqueles que têm contato direto com o cliente: transação mercantil é diferente de relacionamento. Transação mercantil é aquela relação tradicional entre comprador e vendedor e depois entre contas a receber e contas a pagar. Na transação mercantil, o cliente é sempre um meio através do qual se obtêm pedidos, faturamento, caixa e lucro. Quando o cliente é visto apenas como um meio, todo o resto se organiza de forma equivocada. Relacionamento é ver o cliente como o ser humano que é. Alguém assim como eu e você. Com problemas a resolver, expectativas, necessidades e desejos a satisfazer, com mais dúvidas do que certezas, medos e sonhos, carências e esperanças, na busca de propósitos e significados.


Decida, para o próximo ano, mergulhar mais profundamente nas demandas do cliente. E que cada pessoa da sua empresa invista na atenção e no interesse pelo cliente. Não apenas pelo comprador ou consumidor que existe nele, mas, sobretudo, pelo ser humano que ele é. Transforme essa iniciativa em uma nova maneira de fazer negócios!

No corpo, a qualidade de resultado

Aqui, uma nova concepção de resultado. Não mais aquela tradicional obtida pela subtração entre despesas e receitas. Mas aquela que adiciona qualidade de diálogo e qualidade de negócio. Essa compreensão amplia as possibilidades de se obter e aumentar os resultados via ações consistentes, muito além daquele velho movimento dos cortes nos custos e despesas. Quando você compreende a verdadeira geração de resultados, terá ímpetos de abandonar sua torre de marfim e circular por aí. Nada de ficar batucando teclado. O resultado não está na sua sala e em sua mesa de trabalho. O re-

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

do aqui. O seu papel é acompanhar! Implica fazer perguntas, oferecer informações, direção e orientação. Ouvir com humildade e falar sem rodeios. Ir direto ao ponto. Sobre o doce e o amargo. Acompanhamento é tudo! Jamais termine uma conversa sem fazer um resumo

sultado está na relação entre alma e mente, ou seja, entre as qualidades de diálogo (interno) e de negócio (externo). Como líder, você precisa ligar-se nessa conexão. Nada de se isolar ou se isentar. Trate de marcar presença! Tornar-se presente não é se prender a detalhes, mas evitar que a mensagem principal, a essência do negócio, passe despercebida. Aliás, prender-se a minúcias é um grande erro. Não tem nada a ver com o que estamos tratan-

das ações que devem ser realizadas, por quem, quando e qual o resultado esperado.

Na tríade, o sucesso

Prepare-se! O sucesso não vem para os que saem freneticamente à sua procura, mas sim para quem se prepara. E muito bem. Tem a ver tanto com sorte como com oportunidade. Mas sorte é apenas estar preparado para quando chega a hora. E a hora é agora!

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O resultado não está na sua sala e em sua mesa de trabalho. O resultado está na relação entre alma e mente, ou seja, entre as qualidades de diálogo (interno) e de negócio (externo)

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E N T R E V I S TA

Luis Augusto Lobão

NO CAMINHO CERTO Planejamento estratégico é fundamental para a empresa estar no lugar certo e na hora certa no futuro, mas ainda é prática rara entre as pequenas

por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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O economista Peter Drucker escreveu há mais de três décadas que um bom planejamento estratégico aumenta as chances de que, no futuro, uma organização esteja no local certo e na hora certa. Naquela época, poucas empresas paravam para discutir e estabelecer um plano para definir aonde queriam ir e o que precisavam fazer para chegar lá. Hoje, o planejamento estratégico é comum a grandes e médias empresas, mas segundo Luis Lobão, professor de estratégia e desenvolvimento organizacional da Fundação Dom Cabral, de Belo

Horizonte, ainda é um processo raro em pequenos negócios. “Essas empresas acabam perdendo a chance de identificar uma oportunidade de mercado e de crescer”, lamenta Lobão, responsável pela elaboração e implementação de planos estratégicos em mais de uma centena de empresas de médio e grande portes no Brasil e no exterior. Há 16 anos, a escola de negócios Fundação Cabral criou o Programa Parceiros para a Excelência (Paex), com a proposta de reunir empresas em um intercâmbio de experiências. Atualmente, mais de 270 empresas de médio porte de cinco países participam do projeto, onde aprendem a fazer planos e a implementar metodologias. O acompa-

nhamento dos resultados tem impactado positivamente em 70% dos indicadores estabelecidos nos contratos. “Até um tempo atrás era possível não pensar uma empresa estrategicamente. Existiam poucos players e o mercado era comprador. Mas hoje o planejamento estratégico não é mais uma opção, é imperativo que as empresas o façam. E o fim da crise econômica é só mais uma oportunidade para começar a praticá-lo”, afirma Lobão. Na entrevista a seguir, o professor explica por que é tão importante estabelecer uma estratégia para o negócio e dá dicas de como fazer um plano objetivo e que traga resultados efetivos para a organização.


E o que é exatamente um planejamento estratégico? Lobão – A definição mais comum para planejamento estratégico é conjunto de ações da alta direção para alcançar um objetivo desejado. Mas eu diria que é mais do que isso, é uma resposta densa para um desafio que a organização se propõe, uma resposta com boa interpretação e bom diagnóstico da situação em que ela se encontra. O planejamento estratégico é o que vai criar uma vantagem competitiva para o negócio, e cada vez mais essa vantagem é temporária. A ideia do planejamento estratégico é um entendimento profundo de como organizar a empresa para responder a esse desafio, é a busca de uma vantagem dentro de um determinado mercado.

Pressupõe-se, então, que se trata de algo contínuo? Lobão – Sim, é contínuo e cada vez mais dinâmico. Aquela visão de que o plano estratégico só acontece no final do ano é errônea. Ele merece ajustes pelo menos trimestrais porque cada vez mais as respostas que ele busca são emergentes. Um plano estratégico deve conter uma mensagem consistente ao mercado, uma definição clara da inovação de valor da empresa, do seu modelo de negócio. Afinal, existem produtos commodities e não negócios commodities. Saber que você pode fazer a diferença mesmo com um produto commodity é importante para o planejamento estratégico. O que um plano estratégico pode trazer de resultados para uma empresa? Lobão – Ele faz com que a organização entenda os movimentos antes que eles sejam óbvios demais. Esse é um fator importantíssimo para qualquer empresa não só porque faz com que ela se coloque à frente do movimento, mas também porque alinha a organização. No processo de elaboração do plano estratégico, é definido um conjun-

O planejamento estratégico ajuda a organização a compreender o ambiente onde ela está inserida. Nunca se viveu um momento tão instigante e ao mesmo tempo tão perigoso para fazer negócios

to de ações que todos os atores compreendem ser importantes, o que faz com que as pessoas trabalhem em sintonia. Por último, ele permite planejar, o que é fundamental para evitar correção de rumos a todo momento. Mas é bom que se diga que é uma linha, não é um trilho, um plano estratégico não pode engessar uma organização. Quem deve participar da elaboração do planejamento estratégico? Lobão – Numa grande empresa, quem faz esse trabalho normalmente é um grupo de desenvolvimento formado não só por diretores, mas também por pessoas que detêm informações importantes e formadores de opinião. Assim, o plano será a síntese de tudo o que os executivos aprendem, interagem ou ouvem dentro de um determinado mercado. Numa pequena organização, o processo poderia e deveria ser mais participativo. Se uma empresa tem só dez funcionários, por que não chamar todos para colaborar? Por outro lado, o que vale é a qualidade dos integrantes e não a quantidade. A elaboração de um plano estratégico não precisa ser feita por um fórum democrático, a intenção não é essa. Mas é mais fácil para uma pequena empresa? Lobão – Eu acho que sim. Na verdade, quando a gente fala em planejamento estratégico, há três grandes etapas que precisam ser cumpridas: a primeira é definir o conceito do negócio, ou seja, sua missão, visão e valores. A segunda é estabelecer os direcionadores de estratégia e a terceira e última etapa é definir o conjunto de ações necessárias para chegar lá. Fazer isso pode ter sofisticação numa grande empresa, exigindo contratação de consultores e o levantamento de um grande volume de informações. Mas numa pequena empresa esse processo pode ser feito com a ajuda apenas dos funcionários. Não é difícil, basta aprender os três passos: onde quero ir, em que ambiente vou estar e que conjunto de ações eu preciso definir para cumprir meu objetivo. Como ser objetivo num processo de elaboração do plano estratégico e fugir das reuniões que parecem não levar a nada? Lobão – O empreendedor precisa entender que esse processo é um investimen-

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Por que fazer planejamento estratégico? Luis Lobão – O planejamento estratégico ajuda a organização a compreender o ambiente onde ela está inserida. Eu costumo brincar dizendo que “nunca antes na história” se viveu um momento tão instigante e ao mesmo tempo tão perigoso para fazer negócios. A dinâmica do mercado mudou. Hoje temos o fenômeno da hipercompetição que se apoia em três grandes movimentos. O primeiro é o ciclo de vida dos produtos – que em alguns casos chega a se reduzir em até 70%. O segundo fenômeno da hipercompetição é o que eu chamo de “tudo muito e muito igual”. Hoje temos no Brasil mais de 120 marcas de cerveja e mais de 450 modelos de carro, só para citar dois exemplos. Esse movimento faz com que haja uma aceleração da comoditização dos produtos e, consequentemente, queda nos preços. Se não bastasse, vivemos um momento em que a briga não é mais entre produtos, mas entre alternativas. Recentemente, eu estava fazendo o planejamento estratégico de uma empresa fabricante de calçados infantis e o presidente levantou e falou: “O meu maior concorrente hoje é a conta do celular”. O fato é que o consumo per capita de sapatos de criança caiu porque as famílias têm cada vez mais alternativas de gastos. Isso faz com que produtos de diferentes segmentos passem a concorrer diretamente. Esse é um pano de fundo para mostrar que é cada vez mais fácil perceber as mudanças, mas entender como elas impactam nos nossos negócios é complicado. Para ter essa compreensão é preciso fazer planejamento estratégico.

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E N T R E V I S TA

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Não é difícil fazer um planejamento estratégico, basta aprender os três passos: onde quero ir, em que ambiente vou estar e que conjunto de ações eu preciso definir para cumprir meu objetivo

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to e que todo projeto requer discussão, informação e deliberação. Não dá para fugir de algum tempo. Até porque precisamos colocar as questões na mesa e chegar a um consenso. Mas também não devemos confundir o processo de planejamento estratégico com uma projeção numérica. Para evitar perda de tempo, sugiro que a organização escolha uma pessoa para atuar como facilitador que evite discussões desnecessárias e a perda de foco do grupo. Mesmo num grupo pequeno, o papel do facilitador é importante. As empresas brasileiras fazem planejamento estratégico? Lobão – Praticamente todas as grandes organizações fazem o plano, que também é cada vez mais comum em médias empresas. Mas, infelizmente, ainda não é uma metodologia usada por pequenos negócios. O desafio dessas empresas tem sido sobreviver no dia a dia. Normalmente, elas não param para planejar o futuro, ficam muito presas à operação e, por esse motivo, perdem a oportunidade de identificar um desafio e de crescer. O que fazer para um plano estratégico não ficar só no papel? Lobão – Uma organização precisa saber que o mais importante não é ter o plano, mas o compromisso de acompanhar o resultado. A maioria das empresas faz o plano e depois esquece. Os eventos de avaliação acabam se transformando em fóruns de desculpas e justificativas que não levam a lugar nenhum. Enfim, a empresa não alcança o resultado e ainda fica tentando explicar o porquê em encontros que não fazem mais nada a não ser aborrecer todo mundo. Para evitar isso, a organização tem que estabelecer um conjunto de indicadores que possam medir de forma simples o seu desempenho. É importante também ter disciplina e organizar as causas do não-atingimento e trabalhar as contramedidas para tentar alcançá-las. Eu também acredito seriamente na meritocracia. Para os processos de gestão acontecerem é preciso haver consequências tanto positivas quanto negativas – punição – para os atores. Recompense as pessoas pelo alcance de resultados.

LINHA DIRETA Luis Augusto Lobão: www.luislobao.com.br


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por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

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Mais do que dar o peixe é preciso ensinar a pescar. Quantas vezes você já ouviu esse ditado? Mas como ajudar os mais pobres sem cair em políticas paternalistas? Inspirado em modelos como o de Bangladesh, Peru e Bolívia, na última década o Brasil passou a investir numa maneira eficaz de melhorar a vida de muitas famílias de baixa renda sem lhes dar nada de ‘mão beijada’. É o microcrédito produtivo orientado – pequenos empréstimos concedidos de maneira rápida e sem burocracia para microempreendedores que precisam de dinheiro e orientação para melhorar seus negócios e, consequentemente, seus rendimentos. Nada de filantropia – os recursos são remunerados de acordo com as regras do mercado, ou seja, o sistema é autossustentável. “Todos concordam que a melhor política de combate à pobreza é um posto de trabalho que proveja não apenas o sustento, mas a dignidade aos homens, para que eles realizem suas aspirações”, afirma o economista e professor Marcelo Neri, no prólogo do livro Microcrédito – O mistério nordestino e o Grameen brasileiro. Lançado no final do ano

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Microcrédito produtivo orientado é a forma mais rápida de viabilizar e estimular micro e pequenos negócios WILSON AVELAR


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“Dedé” é um dos milhares de pequenos empreendedores que encontraram no microcrédito a chance de transformar seus negócios

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Bernadete: microcrédito permitiu que o Lar São Sebastião crescesse sem doações e serviços, muito comuns em empreendimentos sociais

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passado pela Fundação Getulio Vargas (FGV ), o livro faz um panorama dos dez anos do CrediAmigo, primeiro e maior programa de microcrédito orientado do País, coordenado pelo Banco do Nordeste (BNB). Para Neri, os pobres não devem ser protegidos dos mercados, mas precisam ter acesso a políticas justas: “O bom microcrédito faz isso, não caindo nas taxas escorchantes dos agiotas, nem sendo incensado por subsídios distorcidos”. Derneval Gonçalves da Rocha, o “Dedé”, é um dos milhares de pequenos empreendedores que encontraram no microcrédito a chance de transformar seus negócios. Cliente do Banco do Povo, em Belo Horizonte, há dez anos ele começou a dar forma a um sonho antigo: ter uma lanchonete para vender os doces e salgados que aprendeu a fazer em quase 25 anos de trabalho como padeiro. No início vendia salgadinhos sob encomenda. Quando a clientela aumentou, decidiu abrir uma portinha no piso térreo da própria casa. Mas era preciso um freezer para estocar os produtos. E lá foi Derneval bater na porta do Banco do Povo. Desde então o comerciante fez cinco empréstimos com valor médio de R$ 2 mil. Orgulha-se de dizer que nunca ficou inadimplente. “Fácil não foi, mas nunca atrasei prestação nenhuma. Quando fiz o primeiro empréstimo, só pedi a Deus para me dar saúde

porque coragem para trabalhar eu tinha.” Analfabeto, Derneval diz que só sabe fazer contas, mas tem discurso de empresário bem informado. “Não posso ficar parado, as novidades no comércio vão aparecendo de 24 em 24 horas”, diz o comerciante. Para ele, hoje com 51 anos, o microcrédito sempre ajudou muito porque com os empréstimos “não precisou tirar dinheiro do capital de giro para fazer as melhorias”. “Um freezer não vai dar retorno na hora, então, preciso de um capital extra para adquirir o equipamento”, explica. Segundo Derneval, o curso de empreendedorismo que teve que fazer quando tomou o primeiro empréstimo do Banco do Povo o ajudou muito a entender as peculiaridades de seu negócio. É a vantagem do crédito orientado, que investe na capacitação dos tomadores de recursos.

MPO: pequenos empréstimos concedidos de maneira rápida e sem burocracia para microempreendedores melhorarem seus negócios

Depois de pagar as últimas prestações com o Banco do Povo, Derneval planeja novos financiamentos. “É como comprar um celular: quando a gente termina de pagar as prestações, o aparelho já está desatualizado”, compara. Hoje o comerciante fatura em torno de R$ 1.200 por mês e tem a ajuda da esposa Maria Nayde e do filho caçula, Daniel. Como não tem possibilidade de ampliar o negócio no espaço que ocupa hoje, ele já pensa até em abrir filiais. É um sonho que já foi inimaginável para quem começou a trabalhar aos 13 anos para sustentar a mãe e a irmã depois que o pai abandonou a família. “Sempre trabalhei pensando em ter meu próprio negócio. Hoje brinco que tenho vários patrões. Cada cliente quer as coisas de um jeito diferente”, conta Derneval.

Demanda reprimida A evolução dos números do microcrédito no Brasil mostra o quanto os pequenos empréstimos foram bem-vindos. De 2005 a 2008, o total de recursos emprestados por meio de programas de microcrédito produtivo cresceu em torno de 200%, chegando a R$ 4,34 bilhões. Nesse mesmo período, o número de operações totalizou 3,7 milhões – crescimento de 101,6%. Os dados são do Programa


Perfil dos clientes de Microcrédito Produtivo Orientado

640.448 clientes ativos 64% mulheres 36% homens 89,3%

do segmento de comércio

7,2% do setor de serviços 2,8% da indústria 96%

PHOTOSTOGO

empreendedores informais

Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Criado em 2005, o PNMPO tem hoje uma rede de 278 instituições credenciadas, entre agências de fomento, cooperativas e organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips). Elas se dividem em Instituições de Microcrédito Produtivo Orientado (Impo), responsáveis pelo atendimento direto ao microempreendedor, e Agentes de Intermediação (AGI), que financiam a atuação das Impos. O crescimento é fantástico, mas a demanda reprimida por microcrédito ainda é muito alta. “Existem milhões e milhões de brasileiros que ainda não têm acesso ao crédito produtivo orientado. A gente estima que esteja atendendo 30% do potencial desse mercado”, afirma Max Coelho, coordenador do PNMPO. Para ele, um dos maiores desafios é aumentar a captação de recursos. Hoje, a maior parte do dinheiro vem dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do chamado compulsório, parcela dos recursos de depósitos à vista dos bancos. “Reconhecemos que muitas organizações têm dificuldades em captar recursos, o Norte e o Centro-Oeste ainda não são atendidos pelo microcrédito. Mas o MTE está fortalecendo as ações no sentido de disponibilizar mais

recursos. Há cinco meses liberamos R$ 100 milhões do FAT para o Banco do Nordeste”, destaca o gestor do PNMPO. Para Coelho, o cenário do microcrédito produtivo é promissor. “Acho que nos próximos anos vamos surpreender muito com os dados”, aposta. Segundo o coordenador, che-

Duarte, da SP Confia: “Precisamos abrir espaço para a operação de novos produtos para criar um ambiente completo de microfinanças”

gou a hora dos bancos comerciais descobrirem esse filão. Muitos bancos grandes estão criando metodologias de microcrédito produtivo. Para Coelho, é uma conquista da rede e reflexo de uma mudança de cenário na economia brasileira. Durante vários anos os bancos comerciais não tinham interesse em se arriscar emprestando dinheiro porque podiam ter lucros gigantescos comprando títulos do Tesouro Nacional. “Desde 2003, com a queda das taxas de juros, os bancos estão buscando novas fontes e o crédito é uma delas. No início desta década, ele representava 25% do PIB; hoje ultrapassou os 40%. Estou falando do crédito tradicional, obviamente o microcrédito orientado tem volume menor, mas vem crescendo a passos bem longos”, destaca. A iniciativa deve partir dos bancos públicos. A opinião é de Marcelo Azevedo, gerente do Ambiente de Microfinança Urbana do Banco do Nordeste. “Essas instituições poderiam trabalhar programas de microcrédito produtivo mais fortemente, dando exemplo e puxando o mercado financeiro para esse segmento”, sugere Azevedo. O BNB estima que o programa CrediAmigo vai fechar o ano com 421 mil clientes ativos e um desembolso de R$ 1,3 bilhão. A crise financeira não trouxe nenhum impacto às operações de microcré-

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Fonte: PNMPO

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Azevedo, do Banco do Nordeste: mais de 60% dos clientes do CrediAmigo saíram da condição de pobreza

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dito produtivo. Entre setembro de 2008 e agosto de 2009, a carteira ativa cresceu 46% e o indicador de inadimplência reduziu de 1,12% para 0,93%. “Tivemos um crescimento sem exposição ao risco”, ressalta Azevedo. Para o gestor, o fato do CrediAmigo atender o segmento informal, que depende mais do comércio popular – pouco afetado pela crise –, explica os resultados positivos. O BNB tem ampliado muito sua capacidade de operação. Hoje, as 171 lojas da instituição fazem em média 4 mil operações por dia, praticamente quatro vezes mais do que em 2002. O banco atende todo o Nordeste, além do Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Também conta com uma agência em Brasília e, em março deste ano, inaugurou uma loja no Rio de Janeiro. Marcelo Azevedo teve a oportunidade de inaugurar a primeira agência, em Fortaleza. “Tivemos muitos avanços de lá para cá e no ano passado tivemos a honra de receber o Prêmio de Excelência em Microfinanças do Banco Mundial. Eu já vi muitos empreendedores se fortalecerem, começar vendendo alimentos na rua, depois abrir lanchonetes e em seguida se formalizar, conquistando acesso a outras linhas do BNB”, afirma Azevedo. Os números do CrediAmigo também mostram que mais de 60% dos clientes

do programa saíram da condição de pobreza. Este ano, o CrediAmigo alcançou a marca de 1 milhão de clientes atendidos desde sua criação. A professora de educação física Maria Elisângela da Silva Amaral é uma delas. Dona da Academia Ativa, no Vale Jaguaribe (CE), a empresária já fez 17 financiamentos do CrediAmigo. O primeiro, no valor de R$ 1 mil, serviu para comprar equipamentos como esteiras e colchonetes. No total, foram R$ 41 mil, sempre aplicados na modernização e ampliação do negócio. Determinada, a empresária valoriza cada uma de suas conquistas. Para realizar o sonho de se graduar em Educação Física, Elisângela acordava às 3h e seguia para a universidade em Mossoró (RN). Às 13h já estava de volta à academia, onde permanecia até às 21h. Hoje a acade-

Para muitos gestores de instituições de microcrédito produtivo, o segmento poderia avançar muito com a liberação de recursos mais baratos

mia tem sete funcionários e cerca de 300 alunos. Por mês, fatura em torno de R$ 10 mil e o patrimônio estimado é de R$ 250 mil.

Custos altos Para muitos gestores de instituições de microcrédito produtivo, o segmento poderia avançar muito com a liberação de recursos mais baratos. “Não entendemos por que temos que pagar spread bancário pelos recursos do FAT, quando na verdade eles poderiam ser repassados diretamente”, questiona Luiz Carlos Floriani, presidente da Associação das Organizações de Microcrédito de Santa Catarina (Amcred). Mário Rocha Coelho, responsável pelo setor de crédito do Banco do Povo, de Minas Gerais, reforça o coro: “O custo do microcrédito ainda é muito alto no Brasil”. Ele explica que o fato do empréstimo ser orientado requer gastos com capacitação e manutenção de agentes de crédito. Por outro lado, é essa orientação que garante taxas de inadimplência bem abaixo do mercado. “Quando batemos os 2,5%, já começamos a ficar preocupados”, diz Rocha. Em dez anos de história, o programa de microcrédito do Banco do Povo fez mais de 13 mil transações, totalizando empréstimos de cerca de R$ 25,5 milhões.


Floriani, da Amcred: recursos do FAT deveriam ser repassados sem cobrança de spread bancário

Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado Resultados Consolidados Anuais Ano

Operações de Microcrédito (em unidade)

Crescimento (em relação a 2005)

Valor concedido (em R$ 1)

Crescimento (em relação a 2005)

2005

632.106

602.340.000

2006

828.847

131,12

831.815.600,78

138,10

2007

962.942

152,34

1.100.375.829,94

182,68

2008

1.274.296

201,60

1.807.071.717,91

300,01

Acumulado

3.698.708

4.341.603.148,63

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Fonte: PNMPO

PHOTOSTOGO

Para Anthony Ingham, superintendente de Assuntos Corporativos e Comunicação do Citi Brasil, o ganho de escala do segmento de microcrédito produtivo esbarra em questões públicas e privadas. “Públicas no sentido de garantir políticas contínuas e mais eficientes de fomento ao microcrédito; privadas, no sentido de tornar o fluxo dos recursos privados para o setor mais perene – o que por sua vez exige transparência maior das instituições de microfinanças na prestação de contas e divulgação de dados econômico-financeiros”, explica o executivo. Há seis anos, o Citi realiza o Prêmio Citi Melhores Microempreendimentos, que reconhece e premia empreendedores de sucesso que se desenvolveram por meio do microcrédito. A instituição também mantém desde 2003 um programa de Educação Financeira que não se limita a abordar opções de crédito a micronegócios, mas também assuntos como orçamento, gerenciamento de dívidas, poupança, negociações financeiras e serviços bancários. A evolução do marco regulatório é outra reivindicação do segmento. “Precisamos abrir espaço para a operação de novos produtos como seguros e poupanças, permitindo que as instituições atuem num ambiente completo de microfinanças”, afirma Hugo Duarte,

Anthony, do Citi Brasil: ganho de escala do segmento esbarra em questões públicas e privadas

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Opções em microcrédito BANCO DO NORDESTE Valor do Crédito: R$ 100 a R$ 15 mil Modalidades: Individual – crédito concedido a uma pessoa Crédito Solidário – crédito concedido a um grupo de 3 até 30 pessoas que não tenham dependência financeira entre si Condições de Pagamento: Pagamentos fixos quinzenais e mensais até 12 meses para capital de giro e até 36 meses para investimento Mais informações: www.bnb.gov.br

BANCO DO POVO Valor do Crédito: R$ 500 a R$ 3 mil (empreendimento informal) R$ 1 mil a R$ 5 mil (empreendimento formal) Modalidades: Individual – crédito concedido a uma única pessoa, física ou jurídica Crédito Solidário – crédito concedido a um grupo ou organização solidária de 5 pessoas, com atividades independentes. Nesta modalidade, cabe, a cada participante, uma parte do crédito, cujos valores podem ser diferenciados Condições de Pagamento: Mínimo de 4 meses e máximo de 12 meses Mais informações: www.bcodopovo.org.br

SÃO PAULO CONFIA

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Valor do Crédito: R$ 50 a R$ 7 mil Modalidades: Aval Solidário – baseado na formação de um Grupo Solidário de 4 a 10 pessoas, que se comprometem solidariamente a honrar os compromissos. Em poucas palavras, se um não consegue pagar, o grupo assume a dívida e depois resolve entre si a pendência Condições de Pagamento: O pagamento das parcelas pode ser realizado semanalmente ou quinzenalmente, com prazo de 8 a 38 semanas, ou de 11 a 24 quinzenas Mais informações: www.saopauloconfia.org.br

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BADESC Valor do Crédito: R$ 200 a R$ 15 mil Modalidade: Individual – crédito para pessoa jurídica ou física (empreendimento informal) Condições de Pagamento: Variável de acordo com as Oscips que intermediam o financiamento Mais informações: www.badesc.gov.br WILSON AVELAR


Dezessete pequenos empréstimos do CrediAmigo transformaram completamente a Academia Ativa, de Maria Elisângela, no Ceará

“Temos muito que avançar. Pelos nossos cálculos, ainda não conseguimos atender nem 15% da demanda”, afirma Luiz Carlos Floriani

Pelos nossos cálculos, ainda não conseguimos atender nem 15% da demanda”, afirma Luiz Carlos Floriani. O microcrédito começou a se desenvolver no estado há 10 anos, quando o Badesc, a agência de fomento de Santa Catarina, criou um programa específico para o segmento. Desde então, R$ 650 milhões já foram emprestados em mais de 240 mil operações de microcrédito produtivo orientado. A média é de R$ 3 mil por operação. Atualmente, o sistema catarinense tem 27 mil clientes ativos. “Estima-se que nesses 10 anos o sistema tenha conseguido manter 209 mil empregos e gerado outros 32 mil”, afirma Dalírio Beber, presidente do Badesc. Só a empreendedora Bernadete Garcia é responsável pelo emprego de 13 pessoas. Em 2004, ela abriu em Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis, um asilo de idosos em sua própria casa. A adaptação dos cômodos foi feita com suas economias. Quando formalizou o negócio, que passou a se chamar Lar São Sebastião, começou a sentir a necessidade de capital para cumprir as exigências da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, além de ampliar a estrutura física para atender à demanda crescente, naquela época com 10 hóspedes. A visita do agente de crédito do Banco do Empreendedor foi decisiva. O primeiro empréstimo foi de R$ 5 mil, destinado a reformas e construção de novas suítes. No ano seguinte, Bernadete partia para mais um financiamento, desta vez de R$ 6 mil, também para ampliação. Atualmente, o Lar São Sebastião possui um crédito ativo no valor de R$ 10 mil.

Para Bernadete, o microcrédito permitiu que o Lar São Sebastião crescesse sem doações e serviços, muito comuns em empreendimentos sociais. “Precisamos ser autossustentáveis, caso contrário, correríamos sérios riscos se reduzissem as doações, pois todo o projeto poderia fracassar”, afirma a empreendedora. O faturamento do asilo provém exclusivamente das mensalidades pagas pelos próprios idosos. “Até hoje não perdi R$ 1 sequer. Todos me pagam religiosamente em dia”, destaca. O lar conta com 25 hóspedes. “A história de Bernadete nos gratifica muito porque o microcrédito ajudou a realizar o sonho de um negócio que emociona qualquer um que o visite pessoalmente. Faz com que a gente siga lutando pelo progresso das microfinanças no nosso País”, afirma Floriani.

LINHA DIRETA Amcred: (48) 3348-0110 Badesc: (48) 3216-5000 Banco do Nordeste: 0800 728 30 30 Banco do Povo: (31) 3282-8311 Bernadete Garcia: (48) 3245-5015 Citi Brasil: 0800 979 2484 Derneval Gonçalves da Rocha: (31) 3435-0335 Maria Elisângela da Silva Amaral: (88) 3423-5459 Ministério do Trabalho e Emprego: (61) 3317-6701 São Paulo Confia: (11) 3228-2545

empreendedor | novembro 2009

presidente da São Paulo Confia, entidade que tem o apoio da prefeitura de São Paulo. Para ele, o setor também enfrenta carência de agentes de crédito e de apoio para o desenvolvimento institucional e tecnológico das chamadas Impos. Mesmo assim, os números do São Paulo Confia são bastante animadores. Em setembro deste ano, o programa computava 9.097 clientes ativos e um desembolso de R$ 24,2 milhões, crescimento de 27,30% em relação aos valores emprestados no mesmo período de 2008. “O desemprego em decorrência da crise financeira gera o surgimento de novos microempreendedores que adotam o ‘autoemprego’ como forma de sustento de suas famílias, aumentando a procura pelo microcrédito”, avalia Duarte. Para fortalecer as instituições de microcrédito produtivo de Santa Catarina, em 2006 as organizações que atuam no segmento no estado se organizaram em uma associação, a Amcred. Hoje, 19 Oscips integram a entidade, cobrindo praticamente todo o território catarinense. “Mas temos muito que avançar.

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MERCADO

A toda

velocidade Apesar da queda de quase 20% em relação ao ano passado, 2009 ainda será comemorado como o segundo melhor ano da indústria de caminhões

empreendedor | novembro 2009

por Marco Túlio Brüning

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marcotulio@empreendedor.com.br

Credor no mercado global e atualmente a quinta maior economia mundial, o Brasil ultrapassou os efeitos da crise econômica internacional em um ano, e saiu – por incrível que possa parecer – fortalecido. Foi essa a impressão unânime de quem andou pelos pavilhões de exposição do Anhembi,

em São Paulo, entre os dias 26 e 30 de outubro, durante a realização do 17º Salão Internacional dos Transportes – Fenatran 2009. Um importante termômetro do momento vivido na economia, o segmento rodoviário é responsável por 60% do que é movimentado pelo setor de transportes no País. Em 2008 foram vendidos 118 mil caminhões, e para este ano a expectativa é fechar em 100 mil unidades. Apesar da queda de quase

20% em relação ao ano passado, 2009 ainda será comemorado como o segundo melhor ano da indústria, superando 2007 com suas 94 mil unidades vendidas. E as perspectivas para 2010 são muito animadoras. Para exemplificar o que tais números representam, o Brasil com esse desempenho passa a ser o principal mercado mundial da Mercedes-Benz. Nos nove primeiros meses do ano houve demanda por 21,8 mil caminhões de mais de 6 toneladas zero-quilômetro, contra 16,8 mil veículos na Alemanha, a segunda colocada, e vindo em um distante terceiro a Turquia, com 3,7 mil novos emplacamentos. “O Brasil é o primeiro mercado a dar sinais fortes de recuperação. Na Europa, esta crise é a mais grave que já en-


FOTOS MARCO TÚLIO BRÜNING

no País (a Volkswagen Caminhões). Na condição de um dos principais clientes dessa marca, é natural que também apostemos na MAN. É um orgulho estarmos entre seus primeiros clientes no Brasil”. A empresa conta atualmente com 2,6 mil caminhões próprios, entre cavalos e carrocerias. Em 2009 foram gastos R$ 280 milhões na renovação da frota. Os caminhões são trocados, em média, a cada dois anos e meio de uso. Quem mais uma vez provou sua força foi a marca sueca Scania, que anunciou vendas de mais de 600 unidades tratoras durante a feira, impulsionadas pelo lançamento do Scania Banco, uma instituição financeira que estreia com um capital de R$ 40 milhões. Outro grande argumento da marca para ampliar as vendas é o sistema de mu-

Importante termômetro da economia, segmento rodoviário é responsável por 60% do que é movimentado pelo setor de transportes no País

danças contínuas, ou seja, não é necessário esperar o lançamento de novos produtos para a introdução de melhorias que são solicitadas pelos clientes, elas se dão durante toda a vida útil do produto. “Adotamos o conceito de evoluções contínuas. Isso significa que os produtos passam por inovações tecnológicas sem mudanças drásticas em sua plataforma original. É o caso dos novos caminhões, em que as mudanças mais significativas estão concentradas no ambiente de trabalho do motorista e no estilo”, afirma Christopher Podgorski, diretor-geral da Scania no Brasil.

Inovações Mas não é só da venda de caminhões que vive o segmento de transporte rodoviário. Na Fenatran havia expositores ofertando pneus, recapeamento, lubrificantes, sistemas de segurança, de análise de risco, softwares de gerenciamento de frotas, rastreamento, treinamento, implementos para transporte agrícola, de minérios, de combustíveis, além de todo tipo de carrocerias e reboques, inclusive frigoríficos, caminhões e vans de pequeno porte para zonas de restrição metropolitanas e soluções para pontos de venda e transporte de executi-

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frentamos desde a Segunda Guerra”, afirma Hubertus Troska, vice-presidente-executivo da Divisão Caminhões da Mercedes-Benz Europa e América Latina. A queda nas vendas no velho continente deve atingir 45% este ano em comparação com 2008. O bom momento que estava presente na atmosfera da Fenatran 2009 se confirmou nos primeiros resultados anunciados. A Júlio Simões Logística, maior do País no setor de logística rodoviária, fechou a compra de 42 caminhões do primeiro lote que a estreante MAN vai entregar no Brasil, em 2011. São veículos com capacidade de transporte superior a 40 toneladas para operações com papel e celulose, sucroalcooleiro e de mineração. Fernando Simões, presidente do Grupo Julio Simões, explica a decisão da empresa de encomendar os caminhões com essa antecedência: “Somos um dos maiores compradores de veículos extrapesados e sempre fomos parceiros da Volkswagen Caminhões, desde a sua inauguração. Essa montadora demonstrou grande capacidade de inovação. Por este motivo, nunca investimos em equipamentos importados. Mas no caso da MAN é diferente. Além da qualidade de seus caminhões ser reconhecida internacionalmente, ela já ingressa por meio de uma marca forte

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MARCO TÚLIO BRÜNING

MERCADO

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vos, apenas para se ter uma ideia. Toda essa oferta é determinada pela cada vez maior exigência por parte da logística e também da legislação de emissões e de restrição à circulação em zonas urbanas e/ou metropolitanas. A necessidade de melhorar a eficiência na entrega faz com que haja praticamente um veículo para cada tipo de produto, sendo que alguns fabricantes adaptam seus projetos às exigências do comprador. Há poucas décadas encontravam-se rodando pelo País os Scania, os saudosos “jacarezão”, normalmente ostentando em suas pinturas um brilhoso tom de laranja, que depois enfrentaram a concorrência dos Volvo, os “carachata”. Para a cidade e para o campo, havia a “mercedinha”. Não podemos nos esquecer dos caminhões da Coca-Cola e do caminhão de lixo. Todos ainda estão aí. No entanto, para enfrentar Scania e Volvo, temos Mercedes-

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Mesmo os grandes fabricantes não podem ficar de fora da opção dos compradores neste momento favorável

Benz, MAN, Volkswagen, Ford, Iveco e Agrale, única empresa brasileira a figurar na lista. Um bom exemplo desta afinidade com os novos tempos vem da fabricante gaúcha Randon, que está comemorando 60 anos de fundação e apresentou no salão uma série comemorativa à passagem, abrilhantada pelo aniversário de 80 anos do fundador Raul Anselmo Randon. Líder no mercado brasileiro de carrocerias e reboques, e entre os dez maiores do mundo em rebocáveis, a empresa exibiu na Fenatran soluções como Carroceria Furgão Carga Geral, Carroceria Frigorífico, Carroceria Basculante (caçamba), Carroceria Sider (laterais deslizantes), Reboque Graneleiro Série 60 Anos, Linha Florestal Tora Reflorestada, Semirreboque Sider para bebidas, Semirreboque Canavieiro 12,50m, Reboque Tanque Cilíndrico Aço Carbono, Semirreboque Basculante Caixa de Carga Deslizante, Semirreboque Sider e o caminhão para aplicações fora de estrada RK 430M, detentor de 50% da frota nacional em operação até 30 toneladas. A Randon apresentou também seu novo processo de pintura batizado de DuraTech, que se em termos de marketing eleva a garantia da pintura para cinco anos, em termos de preocupação com o impacto ambiental se traduz em um processo que utiliza tintas à

base d’água livre de metais pesados, e tintas em pó com isenção total de solventes. Mesmo os grandes fabricantes não podem se dar ao luxo de ficar de fora da opção dos compradores em um momento favorável como este. Por esta razão, eles se renovaram e acrescentaram ao seu “mix” de produtos uma série de soluções que vão muito além

Podgorski, da Scania: evoluções contínuas


MARCO TÚLIO BRÜNING

MARCO TÚLIO BRÜNING

Fedalto: “A segurança está no ‘DNA’ da Volvo”

de cada transportador”, afirma Adriano Merigli, diretor-presidente da Volvo Financial Services Brasil. Um dos grandes diferenciais é o financiamento sazonal, um plano que atende às demandas de acordo com a sazonalidade da atividade de cada cliente, com prazos que variam entre 12 e 60 meses. Carl Hornestam, presidente da Volvo Financial Services Latin America, explica a estratégia: “Somos uma empresa especializada no setor de transporte e, por conhecermos os negócios de nossos clientes, trabalhamos para desenvolver as melhores soluções”. Para ajudar a renovação e a ampliação da frota dos transportadores, a Volvo Financial Services oferece também a modalidade consórcio como alternativa de aquisição. Com planos de até 100 parcelas, o consórcio já vendeu mais de 30 mil cotas e contemplou em torno de 20 mil clientes. A Volvo também apostou na segurança como fator decisório na hora da escolha entre os caminhões pesados, mostrando a Série FH, aclamado como o caminhão mais seguro do mundo. “A segurança está no ‘DNA’ da Volvo”, afirma Bernardo Fedalto, gerente de caminhões da linha F. Os Volvo FH podem vir equipados com o ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade), faróis duplos de xenon, sensor de chuva, detector de atenção e cansaço, pilo-

to automático inteligente ACC – que diminui o risco de acidentes causados muitas vezes por desatenção do motorista –, um sensor de ponto cego, o LKS (monitoramento de faixa de rodagem), faróis auxiliares de conversão, um espelho lateral auxiliar duplo e a tecnologia Bluetooth, entre outras amenidades. O FH com motor de 16 litros e 700cv de potência tem, na atualidade, o motor de caminhão mais poderoso do planeta. Desenvolvido ao longo de três anos pelos engenheiros da empresa, o veículo representa a vitória do desafio da Volvo de combinar alta potência com redução de emissões, sem aumentar o consumo de combustível. O FH16 com 700cv é produzido na fábrica de Tuve, nos arredores de Gotemburgo, sede mundial do Grupo Volvo, e está sendo comercializado na Europa. Sua presença na Fenatran foi apenas como um “showcase” das tecnologias desenvolvidas pelo fabricante sueco.

LINHA DIRETA Grupo Julio Simões: www.juliosimoes.com.br Randon: www.randon-veiculos.com.br Scania: www.scania.com.br Volvo: www.volvo.com.br

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da venda e assistência técnica de caminhões. Eles querem tirar bom proveito dos programas de financiamento Finame e Procaminhoneiro, que vão até 31 de dezembro e oferecem taxas fixas de 0,57% e 0,37% ao mês, respectivamente. “Mais do que um financiamento, oferecemos um pacote de soluções financeiras de acordo com as necessidades

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PA N O R A M A

No rastro dos

Empresários de diversos setores beneficiam-se com oportunidades geradas pelo incremento deste segmento de turismo no País

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por Fábio Almeida

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Um estudo divulgado pelo Ministério do Turismo demonstra que, nos últimos anos, uma modalidade de turismo vem gerando contribuições significativas para a economia do País. Trata-se do turismo de eventos, que em 2008 movimentou aproximadamente US$ 122,6 milhões com a realização de 254 eventos internacionais, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV ). Este segmento vem proporcionando a entrada de receitas e geração de postos de trabalho, o que reflete diretamente na movimentação da cadeia produtiva do turismo no País. Para se ter uma ideia da importância deste segmento, o turista que vem ao Brasil para participar de eventos, deixa, em média, US$ 285,10 por dia. O número é bem superior à média de gastos de turistas que vêm ao País a negócios (US$ 112,90) e a lazer (US$ 73,40), segundo estudo realizado em 2007 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP), a pedido da Embratur. Hospedagem, compras,

alimentos, cultura e transporte são os principais responsáveis por estes investimentos por parte dos turistas. Dados da International Congress and Convention Association (ICCA) mostram que o Brasil é atualmente um dos principais destinos do mundo para realização de eventos. Em 2008 passou a ocupar a sétima posição no ranking mundial. Para o ministro do Turismo, Luiz Barretto, pesquisas como estas são fundamentais para orientar e balizar os investimentos para a prospecção de novos eventos. “O País vai bem, mas os desafios são grandes. Neste momento é importante ter instrumentos para planejar nosso futuro e essa pesquisa é uma radiografia desse segmento. O Brasil tem uma agenda positiva pela frente, que inclui a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, e o turismo de eventos e negócios vai surfar nessa onda.” Barretto informa que o Ministério do Turismo pretende aplicar R$ 440 milhões para qualificar 306 mil trabalhadores que vão lidar

Tabach comanda os negócios com um notebook e celular em seu “escritório”, a praia de Ipanema


PHOTOSTOGO

Múltiplos beneficiados Não são apenas os segmentos diretamente ligados ao setor turístico são beneficiados com a realização de eventos. As oportunidades podem aparecer para micro e pequenas empresas que nada têm a ver com o segmento hoteleiro, por exemplo. É o caso da carioca Ativa Tecnologia e Desenvolvimento, que trabalha com sistemas complexos para detecção e contenção de óleo. Participar de um evento esportivo nunca fez parte dos pla-

nos dos sócios, mas eles perceberam a chance de ampliar o campo de atuação da empresa. De olho nos grandes eventos esportivos que vêm por aí, a Ativa trabalha na adaptação de um sistema chamado ‘barreira ativa’, que evita que o óleo se espalhe na água. O sistema vai servir também para recolher o lixo e monitorar a qualidade da água do mar. Segundo André Souza, um dos sócios da Ativa, esta tecnologia avançada usada no segmento de petróleo e gás será aplicada em uma área visível para a população. A empresa já fechou parceria com outra para construção dos equipamentos destinados a essa nova utilização. A parceria é um exemplo de como um micro ou pequeno empreendimento pode superar suas limitações de tamanho ao se aliar a uma empresa complementar para ganhar escala e oferecer preços competitivos. Também na capital carioca, o empresário Fábio Tabach comanda os negócios com um notebook e celular em seu “escritório”, a praia

de Ipanema. Como produtor cultural, já promoveu grandes eventos musicais, como apresentações no réveillon do Rio. Segundo Fábio, a Tabach Criações Artísticas Ilimitada já recebeu encomendas de dez grandes empresas interessadas em divulgar a marca no calendário dos grandes eventos esportivos. Diz que não conhece outra cidade que, em tão pouco tempo, tenha sediado os Jogos Pan-Americanos e ainda se prepara para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos – a Cidade do México recebeu as Olimpíadas e Copa em 1968 e 1970, respectivamente. Com isso, Fábio afirma já sentir uma mudança no seu dia a dia e espera que os negócios aumentem ainda mais. Em Florianópolis, Milton Della Giustina, proprietário da bicicletaria Della Giustina, enxerga nos eventos esportivos uma oportunidade de aproximar sua marca dos clientes em potencial. Além de investir no patrocínio de eventos que acontecem na cidade, como o Ironman e Audax, e provas de mountain

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diretamente com os turistas, como garçons, taxistas e recepcionistas de hotéis e guias turísticos durante a Copa do Mundo em 2014. As ações incluem 80 mil vagas de cursos on-line em inglês e espanhol, cursos de gestão empresarial para pequenos e microempresários do turismo, além do programa Próximo Passo, que capacitará integrantes do Bolsa Família para atuar no setor de turismo.

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PA N O R A M A

Souza, da Ativa: empresa da área de petróleo enxergou oportunidade de ampliar o campo de atuação da empresa

bike pelo estado, procura montar estande com exposição de produtos. O empresário afirma que nem sempre as vendas realizadas durante os eventos cobrem os investimentos, mas o principal benefício é atingir um público com bom poder de compra, em especial os frequentadores de eventos amadores. Nos dois últimos anos, Della Giustina já percebe os resultados. O público impactado durante os eventos passou a frequentar sua bicicletaria, aumentando o faturamento. Ele explica que todo este investimento representou um reposicionamento da empresa no merca-

do. “Mudei a forma de atuação, o que ajudou na reformulação da nova imagem. Para ter retorno, é preciso fazer tudo bem planejado”, pondera. Em novembro, o empresário inaugura uma nova loja, com o dobro da área da anterior, na Avenida Beira-Mar Norte, área nobre da cidade. Ele alerta que, além de saber expor a marca e os produtos durante os eventos, é preciso preparar a empresa para receber este público. “Na loja precisei aumentar o estoque e a disposição da linha de produtos exposta nos eventos, para que o cliente que vem impactado pelos eventos encontre o que procura sem dificuldades.”

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Planejamento específico

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Della Giustina enxerga nos eventos uma chance de aproximar marca dos clientes em potencial

O governo de Santa Catarina, o quarto destino turístico mais procurado do Brasil, também está atento às oportunidades no segmento de eventos internacionais. Sede da última edição do WTTC, o maior congresso de turismo do mundo, o estado vê no turismo de eventos uma forma de incrementar os negócios em qualquer época do ano. Em outubro, a capital do estado foi sede de um dos maiores festivais de mágica do mundo. O Festival Internacional de Mágica de Marrakech, que há seis anos acontecia no Marrocos, pela primeira vez foi realizado no Brasil. A iniciativa, que levou a Florianópolis participantes de diversos países, só foi possível com o apoio do governo do Estado de Santa Catarina e da prefeitura de Florianópolis, que têm buscado ações capazes de fortalecer o turismo e comba-

ter a sazonalidade. “Com esse festival iniciamos um caminho que será trilhado anualmente. Queremos, com ações como essa, chamar mais turistas para a nossa cidade fora da temporada de verão”, destaca o secretário do Turismo de Florianópolis, Mario Cavalazzi. Um dos pontos fortes do evento foi o trabalho da equipe responsável pela produção e logística, a Arte Brasil Produções, que é a mesma do Festival de Dança de Joinville. Victor Aranis, diretor de produção de ambos os festivais, garante que o intenso ritmo de trabalho valeu a pena. “A experiência acumulada nos últimos 12 anos com todas as questões que envolvem a administração e a produção do Festival de Dança de Joinville, o maior do mundo no gênero, foi decisiva para realizar, com sucesso, o Festival Internacional de Mágica de Marrakech em Florianópolis em menos de 60 dias”, destaca Aranis. “O festival, sem dúvida nenhuma, já se insere na lista dos grandes eventos da cidade”, afirma Vinícius Lummertz, secretário de Articulação Internacional do Governo de Santa Catarina. Prova que nada acontece por um passe de mágica, mas sim fruto de muito planejamento.

LINHA DIRETA Arte Brasil Produções: (47) 9119-2442 Ativa Tecnologia e Desenvolvimento: (21) 3527-1800 Bicicletaria Della Giustina: (48) 3234-5000 Tabach Criações Artísticas Ilimitada: (21) 9999-6969


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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

Ênio Back

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Idade: 50 anos Local de nascimento: Rio do Sul (SC) Formação: Graduação em Economia (UFSC) e Pós-graduação em Marketing (UFSC e FGV) Empresa: Back Segmento: Prestadora de serviços de segurança, vigilância e mão de obra especializada Ano de fundação: 1969 Número de funcionários: 6 mil

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Ênio Back prometeu à mãe, seu exemplo de pessoa empreendedora, tornar a empresa que ela criou a maior do estado

palavra Homem de

por Cléia Schmitz

LIO SIMAS

Quando a mãe faleceu, em 1980, o empresário Ênio Back fez um juramento: transformar a Back, empresa fundada por seus pais, Eulália e Sebastião, na maior prestadora de serviços de vigilância e terceirização de mão de obra de Santa Catarina. Quase 20 anos depois, ele sente a satisfação de quem conseguiu cumprir seu desafio com a ajuda dos irmãos. A Back é líder entre as empresas de serviços privados do estado e ocupa o primeiro lugar no segmento de vigilância eletrônica do Sul do Brasil. Com 6 mil funcionários atuando em mais de 100 cidades catarinenses, a meta da empresa é alcançar em 2009 um faturamento de R$ 120 milhões. Filho homem mais velho, Ênio acompanhou de perto a trajetória da empresa, que em setembro passado completou quatro décadas. Ele tinha cerca de dez anos quando a mãe abriu uma firma individual, em 1969, com o propósito de prestar serviços de limpeza para agências bancárias de Rio do Sul, no Vale do Itajaí (SC). No início, ela mesma fazia a limpeza dos estabelecimentos com a ajuda de parentes. Mas logo foi preciso contratar

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cleia@empreendedor.com.br

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A VOZ DA EXPERIÊNCIA

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Sebastião e Eulália, pais de Ênio; acima, plantio de mudas em Jaraguá

funcionários para ajudar também na vigilância noturna de empresas da região. O negócio cresceu e o pai Sebastião assumiu a gestão em 1976. Antes disso, em 1973, a empresa ganhou um sócio, o empresário Gessi João Ricobom, que permaneceu na Back até 1984. Ênio lembra com carinho do senso de empreendedorismo da mãe. Ótima cozinheira, às vésperas de Natal, Eulália preparava perus à califórnia para as famílias mais abastadas da região. Com o dinheiro que ganhava comprava presentes para os filhos e o marido. “Ela não queria depender financeiramente de meu pai e sentia satisfação em trabalhar”, conta Ênio. Ele perdeu a conta de quantas vezes acompanhou a mãe em seu trabalho como diarista. “Não existia creche na época, o que a obrigava a me levar junto. Para não fazer nada, eu ajudava com alguns serviços como a limpeza da grama e das calçadas”, conta o empresário. Ênio também lixava e pintava bicicletas na oficina de seu pai. Mas como sua mãe, também queria sua independência financeira. Aos 13 anos foi trabalhar numa farmácia, onde começou como office-boy e chegou a balconista depois de passar por diversas funções. Ali ficou um ano e um mês, até o pai “arrancá-lo” para trabalhar na Back. “Ele não achava justo eu trabalhar para os outros, mas eu gostava muito do trabalho na farmácia. Foi meu primeiro emprego e onde aprendi a ter a visão de um empregado.

Até hoje, quando discuto com um dos meus colaboradores, antes de sair, olho para trás e digo: ‘Não rogue praga para mim’. Meu chefe era muito severo, não podia nos ver parados, e lembro que o xinguei muito”, admite Ênio.

Sucessão Na Back, Ênio foi trabalhar no escritório. Desde cedo também se acostumou a acompanhar o pai nas viagens pelas unidades instaladas em outras cidades da região. “Entre 1974 e 1979, a Back cresceu muito”, lembra. Em 1979, Ênio foi morar em Florianópolis para cursar Economia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi sua terceira opção no vestibular. A primeira, Odontologia, e a segunda, Direito, mostram que ele não pensava muito em suceder os pais no comando da Back. Mas o falecimento da mãe o fez assumir de vez a responsabilidade pelos negócios da família. “Meu pai sofria de enfisema pulmonar, e como filho homem mais velho pensei: agora quem terá que tomar conta da empresa sou eu.” Desde então, Ênio dirige a Back em companhia de três dos seis irmãos: Écio, Hereleni e Esilda. Defensor de uma gestão compartilhada, o empresário costuma dizer que ele é quem menos manda na empresa. As decisões nunca são tomadas por uma única pessoa, mas por um grupo de gerentes e assessores


Ênio, irmãos e a nova geração da família Back

BÚSSOLA EMPRESARIAL

O Q U E FAZ E R duas pós-graduações em marketing me deram uma visão muito ampla do consumidor. Hoje o mercado exige atendimento personalizado, ele sempre vai preferir contratar uma empresa que tenha presença física na região”, destaca Ênio. Além de 11 unidades instaladas estrategicamente nas principais cidades do estado, a Back tem vários pontos de atendimento em municípios menores. Com essa estrutura, a empresa atende 20 mil clientes nas áreas de segurança, vigilância, mão de obra especializada e recursos humanos. Só no segmento de vigilância eletrônica, são mais de 13 mil pontos no estado. A marca Back é referência em terceirização de serviços. Uma situação bem diferente daquela do início da década de 1980, quando a segunda geração assumiu a empresa. Ênio lembra que ao vencer uma licitação da Assembleia Legislativa do estado, muitos concorrentes questionaram a instituição por escolher uma empresa “desconhecida”. Desde 2004, quando a categoria Empresa de Vigilância e Segurança foi incluída na pesquisa Top of Mind, o grupo é premiado como a marca mais lembrada no Estado de Santa Catarina.

Mantenha a ética em tudo o que você fizer, não vale a pena trabalhar sem honestidade

LINHA DIRETA

Nunca ignore um cliente, é ele que faz seu negócio funcionar

Ênio Back: (48) 3281-3500

Repasse seus conhecimentos porque você nunca sabe se estará presente amanhã Delegue funções, até mesmo para dividir as responsabilidades

O Q U E N ÃO FA Z E R Nunca levante uma bandeira sozinho, traga pessoas para te ajudar Não faça nada sem avaliar a viabilidade econômica do negócio

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que se reúnem todos os meses para avaliar o desempenho das metas e traçar novas estratégias. “Nesses anos todos aprendi que nunca devemos levantar uma bandeira sozinho. Traga pessoas para te ajudar”, ensina Ênio. Para o empresário, delegar funções é uma atitude sábia para qualquer empreendedor. “Estou dividindo os problemas também, a responsabilidade passa a ser de todos”, explica. Com essa visão, aos 50 anos de idade, Ênio não teme pela sucessão na empresa. Como não teve herdeiros até agora e seus sobrinhos não manifestam interesse em sucedê-lo, o empresário acredita que seu substituto possa ser um executivo fora da família. “A sucessão será tranquila porque estamos prontos. Se eu fizer falta será na parte estratégica porque a casa já está mobiliada”, afirma. O empresário também não descarta parcerias como joint ventures com empresas nacionais e estrangeiras. “Se recebermos um convite dessas empresas que estão chegando ao Brasil, estaremos preparados”, destaca. Hoje a Back já tem parceria com empresas de outros estados para atender clientes em Santa Catarina. A qualidade do atendimento é uma das maiores preocupações do empresário. A Back chegou a ter unidades no Rio Grande do Sul, no Paraná e em São Paulo, mas a gestão da empresa recuou ao perceber que não teria estrutura suficiente para prestar um bom serviço. “A experiência na Back e

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PREFEITURA RJ

Copa do Mundo e Olimpíada no dia a dia empresarial Impacto econômico dos dois eventos está estimado em US$ 60 bilhões, o que vai permitir múltiplas oportunidades de negócios A Copa do Mundo começa em 2014, mas para muitas empresas a bola já está em campo. Da capacitação de profissionais em áreas como o turismo, entretenimento e alimentação ao desenvolvimento de projetos sofisticados, as micro e peque-

nas empresas já dão sinais de que estão dispostas a ocupar todos os espaços. Nesse cenário de grandes investimentos, que inclui ainda os Jogos Olímpicos em 2016, os números justificam o empenho dos empresários no desenvolvimento de novos produtos e serviços. O custo inicial só para esses dois grandes eventos ultrapassa US$ 60 bilhões. Para o Rio de Janeiro, o impacto econômico está estimado em mais de US$ 20 bilhões, o que vai permitir múltiplas oportunidades de negócios. Com ‘escritório’ na praia de Ipanema, o empresário Fábio Tabach co-

Empreender Informe do Sebrae Novembro

manda os negócios com um notebook e celular. Cansado da vida de executivo de terno e gravata, ele fez a opção radical de trabalhar ao ar livre. Mas a informalidade desse carioca não se aplica às suas atividades profissionais. Como produtor cultural, tem no currículo organização de grandes eventos musicais, tendo como destaques as apresentações no réveillon do Rio. Agora, sua empresa, a Tabach Criações Artísticas Ilimitada, já recebeu encomendas de dez grandes empresas para marcar presença no calendário dos grandes eventos. “Não conheço outra cidade que, em tão pouco


PEDRO KIRILOS/RIOTUR

oportunidade tempo, tenha sediado os Jogos PanAmericanos e ainda se prepara para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Já sinto uma mudança no meu dia a dia e sei que os negócios vão aumentar ainda mais”, comemora. Com foco no mundo corporativo, a Zoom Out, agência de comunicação e marketing voltada para o setor de energia, petróleo e gás, também quer ocupar mais espaço. Para atender executivos das grandes companhias, os sócios Hamilton Falcão e Fernanda Gomes estão preparando o que chamam de “circuito radical corporativo”, com atividades como escalada, rapel e trilha em pontos privilegiados da cidade, como o Pão de Açúcar e a Floresta da Tijuca. “As empresas do segmento querem oferecer ações de relacionamento com seus clientes de forma diferenciada para que eles conheçam e desfrutem a cidade de um ângulo inusitado. A proposta é que eles respirem a Copa do Mundo de outra forma, mas sempre com um viés no esporte”, define Falcão. Para a Ativa – Tecnologia e Desenvolvimento, que desenvolve sistemas complexos para detecção e contenção de óleo, por exemplo, participar de um evento esportivo era uma possibilidade praticamente inexistente, mas os sócios André Souza, Daniel Camerini e Rodrigo Carvalho perceberam a chance de expandir o raio de ação da empresa. A chamada ‘barreira ativa’, utilizada para evitar que o óleo se espalhe, está sendo adaptada para recolher o lixo no mar e monitorar a qualidade da água. “Essa é uma tecnologia muito avançada usada no segmento de petróleo e gás que será aplicada em uma área visível para a população”, avalia Souza. A Ativa já fechou

Impacto econômico da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos está estimado em mais de US$ 20 bilhões apenas para o Rio de Janeiro

contrato com outra empresa para construção dos equipamentos dessa ecobarreira ambiental. Essa parceria é um exemplo de como uma micro ou pequena empresa pode vencer suas limitações naturais ao se aliar a um parceiro para ganhar escala e oferecer preços competitivos. Maior acesso A possibilidade de formação de consórcio foi um dos avanços consolidados pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aprovada em dezembro de 2006. O maior acesso das pequenas empresas às compras governamentais foi outra mudança fundamental vinda com a lei. Hoje, elas respondem por 44% das compras, contra 8% registrados em 2007, segundo a Secretaria Nacional de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Os grandes eventos potencializam as oportunidades e, para usufruir desse cenário, a estimativa é que mais de 1 milhão de empreendimentos, que hoje atuam na informalidade, legalizem seus negócios até o final de 2010, de acordo com projeção do Sebrae Nacional. Com a escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro pavimentou mais uma etapa de um ciclo de crescimento definido como extraordinário pela subsecretária estadual de Comércio e

Serviços, Dulce Ângela Procópio. “Só com os grandes projetos já decididos e outros em andamento em diversas áreas como siderurgia e petróleo, nos próximos quatro anos os investimentos são da ordem de R$ 123 bilhões, isso sem contar com a Copa e os Jogos Olímpicos”, assinala. Na análise da subsecretária, o reflexo positivo desse cenário é imediato para as micro e pequenas empresas, que terão a chance de suprir toda a necessidade dessa cadeia de produção e ainda é preciso levar em conta que todas as projeções têm efeito multiplicador, considerando os investimentos públicos e privados. “A qualidade no fornecimento de produtos e serviços é um fator fundamental e os empresários têm uma enorme responsabilidade nesse processo, tanto para agregar valor ao que oferecem quanto para incorporar esse conceito na gestão dos negócios”, frisa. Só com os Jogos Olímpicos, os investimentos públicos estão calculados em R$ 25,9 bilhões e a meta para as micro e pequenas empresas é alcançar, no mínimo, R$ 7,8 bilhões ou ainda chegar a R$ 10 bilhões, considerando o setor privado, segundo cálculos do Sebrae Nacional. Para que nenhuma oportunidade seja perdida, a instituição já criou o ‘Comitê Técnico da Copa 2014’, cujas ações poderão ser estendidas para a Olimpíada em 2016. www.agenciasebrae.com.br

Novembro Informe do Sebrae Empreender


OPINIÃO

Motivação P, M e G nho de vida e às contribuições que podemos dar ao planeta. Quando os fatores externos são desfavoráveis, a motivação de tamanho médio é a mais abalada: é mais difícil atingir objetivos pessoais e profissionais e muitos deles precisam ser repensados. Além do mais, ampliam-se as possibilidades de golpes duros como demissões e perdas financeiras. Infelizmente, quando é difícil atingir a motivação média, as pessoas tendem a se esquecer da pequena e da grande. Justamente quando ela se torna mais importante. Minha atuação nas empresas leva ao seguinte: Investir na motivação P: dedicar mais atenção às pequenas alegrias do dia a dia que continuam acontecendo, como o sorriso dos filhos, e à busca de novos prazeres, como a leitura de um bom livro. Tenho observado que quando uma empresa está com problemas, líderes e equipes abandonam a motivação P. Por exemplo, deixam de fazer elogios, de bater papo no cafezinho, de considerar ideias. Cuidado! Além da perda das próprias ideias, as pessoas perdem componentes de um alimento motivacional fundamental neste momento.

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Economias, empresas e carreiras sempre estarão sujeitas a altos e baixos, surpresas agradáveis e desastres, sucessos e fracassos. E quanto maior o baque ou a incerteza, maior a necessidade de se recorrer a emoções positivas para dar conta do recado. Falo da motivação – a ferramenta emocional mais importante para garantir o sucesso das empresas e carreiras. Como mantê-la nos piores momentos e assim evitar ser derrubado pelos golpes? Longe de mim criar uma fórmula – as emoções humanas são muito complexas para tal. A intenção é compartilhar um conceito que criei e que vem ajudando pessoas e empresas a atuar construtivamente. Imagine três tamanhos para a motivação: o P, o M e o G. Isso mesmo – pequeno, médio e grande. A motivação pequena se origina nos pequenos prazeres: uma conversa no cafezinho, um elogio, uma tarefa encerrada. Metas, promoções e projetos geram motivações médias. Eles até podem parecer suficientemente grandes antes de acontecerem, mas tendem a perder o peso emocional quando atingidos. A grande motivação está atrelada ao so-

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Motivação é a ferramenta emocional mais importante para garantir o sucesso das empresas e carreiras

Reforçar a motivação G: mesmo quem tiver que adiar seu sonho, não deve abandoná-lo. Esta é a situação na qual a crise pode se tornar oportunidade e as dificuldades se transformam em atalhos. Meu trabalho, portanto, tem sido não só reconstruir visões, mas adaptá-las ao momento e fortalecê-las. É também o momento para que se pense construtivamente nos problemas que o planeta enfrenta e nas soluções a serem encontradas. Assim, é hora de alinhar a missão da empresa com a sustentabilidade. Diminuir o apego à motivação M: é possível que as coisas não estejam mesmo tão bem em determinadas épocas da vida. Hora de rediscutir projetos e negociar metas. Sem drama. O passo seguinte é o plano de ações que cada empresa, equipe e pessoa deve realizar para administrar os três tamanhos da motivação. Dessa vez sob medida.

por Gisela Kassoy

Consultora especializada em Criatividade e Inovação, tem formação específica no Centro de Liderança Criativa da Carolina do Norte (na Universidade de Nova York) e na Escola de Gerentes do MIT PHOTOSTOGO


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FRANQUIAS

Mudanças à vista

Projeto de lei em trâmite no Congresso deve estabelecer prazo mínimo de operação para empresa ter direito a vender a franquia da marca por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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O sistema de franquias pode mudar. O Projeto de Lei 4319/2008, que tramita na Câmara de Deputados, propõe mudanças na Lei 8955/94, que regulamenta o contrato de franquia empresarial. Se a proposta for aprovada, será necessário um prazo mínimo de um ano de operação para que uma empresa adquira o direito de vender a franquia de sua marca. Para entrar em vigor, a medida precisa ser votada no plenário e depois sancionada pelo presidente. O projeto de lei de autoria do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB-MT) torna mais rígido o processo de franchising no Brasil. Com a medida, as empresas que desejam expandir seus negócios pelo sistema de franquias terão que investir em unidades próprias e passar por um processo de maturação do negócio para conquistar a excelência necessária. Só depois de cumprir esse requisito é que elas poderão formatar a rede e oferecer a Circular de Oferta de Franquia (COF), com balanços, minutas de contrato e pré-contrato ao candidato a franqueado.

Melitha: nova lei protegerá franqueadores sérios, que não precisarão concorrer com inexperientes

Jager: o que deveria existir é um órgão fiscalizador que valide se uma empresa pode abrir franquia

Para a consultora jurídica especialista em franquias Melitha Novoa Prado, essa mudança pode organizar melhor o sistema de franchising no País. “A nova lei protegerá franqueadores sérios, que não precisarão concorrer com empresas sem qualquer experiência na hora de vender suas franquias. Não basta ser empresário, é preciso aprender a ser franqueador, mas isso leva tempo de aprendizado e maturação.” Com a proposta, só depois que o negócio for padronizado e testado é que ele poderá ser executado por terceiros. Uma medida que pode trazer mais segurança para os futuros franqueados da marca, isso porque

os investidores poderão ter uma melhor dimensão do negócio antes de abrir uma unidade. “Acredito que com menos de um ano o franqueador não teve tempo suficiente para conhecer seu produto e tenha dificuldades em conseguir replicar isso para um terceiro”, explica Marina Bechtejew, advogada do escritório Novoa Prado e Amendoeira. A consultora jurídica lembra que o País registra um alto índice de mortalidade de empresas no primeiro ano de funcionamento e que isso também pode acontecer no sistema de franquias. “Ainda que você monte seu negócio e tenha um produto inovador, o perigo de ter um insucesso com seus pri-


Três anos após o lançamento da franquia, a Koni Store tem 35 unidades e integra a maior rede de culinária rápida do Brasil ceber 15 e-mails por semana pedindo mais informações sobre a rede”, explica. Três anos após o lançamento da franquia, a Koni Store tem 35 unidades no País e hoje integra o Grupo Umbria, maior rede de culinária rápida do Brasil, detentora das marcas de comida italiana Spoleto e da pizzaria Domino’s. Jager diz não se arrepender de ter aberto a franquia tão cedo e diz que esse foi até um dos diferenciais do negócio. “Muitos investidores não querem só ter uma unidade da marca, eles querem fazer parte da história da rede e ajudar a construí-la desde o começo.” Para o gestor, o projeto de lei pode limitar a expansão de franquias que ofereçam

produtos e serviços inovadores e que por terem de esperar um ano para abri-la podem dar espaço para que a concorrência crie produtos similares. “Eu não proibiria a abertura de novas franquias com menos de um ano, o que eu acho que deveria existir é um órgão fiscalizador que pudesse validar se uma empresa pode ou não abrir a franquia.” No Brasil não há um órgão específico que tenha poder de legislar e fiscalizar o setor de franquias – a Associação Brasileira de Franchising (ABF) é a principal referência do setor. A ABF tem mais de 700 associados entre franqueadores, franqueados e prestadores de serviço. A entidade avalia a cada ano a qualidade das redes brasileiras e concede o selo de excelência àquelas que são destaque na rentabilidade do negócio e nos serviços oferecidos.

LINHA DIRETA Koni Store: www.konistore.com.br Novoa Prado e Amendoeira Advogados: www.npaadvogados.com.br

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meiros franqueados é muito grande.” Pelas estimativas do Sebrae de São Paulo em 2008, 27% das empresas que abriram no estado fecharam antes de completar um ano. Hoje não há um tempo mínimo estipulado em lei para a abertura de uma franquia. O que permite que muitas empresas se lancem no mercado antes de completar um ano. Criada em 2006 no Rio de Janeiro, a rede de culinária japonesa Koni Store, especializada em produzir temakis (um tipo de sushi), franqueou a marca meses depois da abertura da primeira unidade. “Resolvemos construir o avião voando”, explica Michel Jager, sócio-gestor da rede. Para abrir a franquia, Jager e os sócios Ronnie Markus e Flávio Berman buscaram a assessoria de uma consultoria em franchising e investiram na formatação da rede. Os esforços foram concentrados em oferecer comida japonesa de maneira informal, barata e em horários alternativos, inclusive durante a madrugada. Um investimento que deu certo. Com oito meses de empresa, a Koni Store já tinha a sua primeira unidade franqueada em Brasília. “Eu comecei a re-

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FRANQUIAS

Por baixo e por cima A rede de underwear e outerwear Scala deve inaugurar até o fim do ano mais 11 unidades. A meta da rede é fechar 2009 com 78 lojas. A Scala está no mercado de franquias desde 2002 e é uma das maiores indústrias têxteis da América Latina. Os produtos Scala são vendidos também na Inglaterra, Estados Unidos e México.

www.scala-semcostura. com.br

Setor pujante O faturamento do setor de franquias de janeiro a setembro deste ano teve um aumento de 25% em comparação com o mesmo período de 2008. Os dados são da pesquisa sobre o desempenho do setor de franquia realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) e pelo Instituto Provar/FIA, que ouviram uma amostra de 50 redes de franquias. Pelas estimativas da pesquisa, as empresas ouvidas devem registrar aumento de 8% no faturamento no terceiro trimestre e de cerca de 10% no quarto. www.abf.com.br

Espetinho profissional al Chega ao mercado de franquias a rede Espetíssimo, especializada em fast-food de espetos assados. A rede iniciou sua atuação pela capital paulista e pretende implantar unidades nas cidades da Grande São Paulo. A formatação do negócio prevê a implantação de dois modelos de quiosque e um de loja. A intenção é atender a demanda de consumidores que buscam uma alimentação rápida, leve e nutritiva, localizando a franquia em pontos com grande fluxo de pessoas, como supermercados, terminais rodoviários e ruas movimentadas. O investimento médio inicial depende do formato escolhido, mas varia de R$ 63 mil a R$ 81 mil, mais R$ 15 mil de taxa de franquia. www.espetissimo.com

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Grelhado sertanejo

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O grupo Montana Grill, pertencente à dupla Chitãozinho e Xororó, busca parceiros para abrir novas unidades da rede de grelhados fast-food no Recife, Salvador, Manaus, Palmas e Vitória. O investimento previsto é de cerca de R$ 500 mil para a primeira loja e é necessário que o franqueado tenha dedicação exclusiva ao negócio. A rede Montana Grill tem hoje 78 lojas. www.montanagrill.com.br


Doce de letra A Chocoprint, Cho empresa especializada impressão comestível em alimentos em impr e chocolates, está buscando parceiros. A choco rede, qque está presente em mais de 40 países, países trabalha com a impressão em chocolates feita por uma impressora choco desenvolvida exclusivamente para desen operar oper com corantes comestíveis, dispensando qualquer utilização disp de transfer ou papel-arroz. Com a ajuda aju de um software específico, imagens, logotipos, frases ou foim tos são trabalhadas e gravadas. O t investimento para abrir uma uniin dade vai de R$ 200 mil a R$ 500 d mil. www.chocoprint.com.br

Parceiros locais A Chicletaria, rede de moda infantil, está ampliando o negócio e procura parceiros. O investimento para abrir uma unidade é de cerca de R$ 150 mil gastos com a taxa de franquia, aquisição do primeiro estoque, mobiliário e compra de equipamentos. “Nossos franqueados têm liberdade para escolher as peças que desejam colocar em sua loja. Essa flexibilidade é muito importante para o sucesso, porque ninguém melhor do que o investidor local para conhecer seu públicoalvo”, explica Bia Castro, sócia-diretora da Chicletaria. A rede tem 32 unidades em dez estados brasileiros. www.chicletaria.com.br

Sonho de noiva A rede Rainha das Noivas, especializada em cama, mesa e banho, inaugurou uma unidade em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A loja tem projeto arquitetônico inovador e tem infraestrutura para o acesso de

portadores de necessidades especiais. Até o final do ano, a rede quer abrir mais uma unidade em Santa Maria (RS). A Rainha das Noivas tem 36 lojas no Rio Grande do Sul.

www.rainhadasnoivas.com.br

A rede Five Star Painting traz ao Brasil um novo conceito de pintura com sistema rápido e eficiente de executar o serviço. A ideia é eliminar o problema de pedir indicações de pintores e da frustração por serviços executados de maneira demorada e cara e que deixam sujeira. A Five Star Painting tem mais de 60 franquias nos Estados Unidos, e recentemente iniciou operações também no México. A empresa quer abrir caminhos na América do Sul a partir do Brasil, vendendo franquias unitárias com valores entre US$ 60 mil e US$ 90 mil. www.globalfranchise.com.br

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Pintura nos trinques

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FRANQUIAS

Belo negócio A Onodera Estética, rede especializada em serviços de beleza e bem-estar, pretende abrir mais 10 pontos de venda até dezembro. A rede procura investidores que queiram abrir unidades na capital e interior paulista, Rio de Janeiro, São Luís, Recife, Florianópolis, Salvador e Belo Horizonte. A taxa de franquia é de R$ 325 mil. A Onodera foi criada em 1981 e tem 48 unidades em oito estados. A rede recebe cerca de 60 mil clientes por ano e oferece mais de 50 tratamentos estéticos. www.onodera.com.br

Pé na estrada

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A marca de sapatos e acessórios femininos Mentha Pimentha está entrando no mercado de franquias. A rede tem hoje três unidades próprias em São Paulo e quer expandir o negócio no interior paulista e nas regiões Sul e CentroOeste. O consultor Eduardo Sato, que já passou por empresas como Tribo dos Pés, Constança Basto e Carmen Steffens, é o responsável pela formatação da franquia. O investimento para abrir uma unidade vai de R$ 150 mil a R$ 250 mil. www.menthapimentha.com.br

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Ideia refrescante A rede Casa do Sorvete Jundiá quer expandir o negócio no interior paulista e abrir novas unidades em formato quiosque em locais de grande circulação como shoppings, metrôs e galerias. A Casa do Sorvete Jundiá está no mercado de franquias há um ano, tem seis lojas, sendo duas próprias e quatro franqueadas. A rede é especializada em sorvetes, matinais, salgados, vitaminas, açaí e crepes.

www.casadosorvetejundia.com.br


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FRANQUIAS

Cosméticos artesanais A rede Empório Body Store, especializada na produção e comercialização de cosméticos artesanais, pretende abrir mais quatro unidades até dezembro e busca investidores. A taxa inicial de franquia é de R$ 180 mil e o retorno previsto é de aproximadamente 20 meses. A rede Empório Body Store foi criada em 1997 e oferece cerca de 200 produtos feitos com matéria 100% natural.

www.emporiobodystore.com.br

Novo conceito A Microlins busca parceiros para seu novo conceito de franquia, a Microlins Mix, um modelo customizado, direcionado a cidades com menos de 100 mil habitantes. Os cursos oferecidos são os profissionalizantes, os do Instituto da Costura (escola de moda) e do Instituto Embelleze (profissionalização na área de beleza). A Microlins Mix permite a customização do portfólio de cursos de acordo com o perfil local. www.microlins.com.br

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Num piscar de olhos

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Chope em casa A rede Chopp Brahma inaugurou a primeira franquia da loja Chopp Brahma Express em Santa Catarina. A unidade fica em Florianópolis e traz para a cidade o conceito de entrega de chope em domicílio. O cliente pode levar para casa a bebida em chopeiras que compor-

tam de 10 a 100 litros. A franquia do Chopp Brahma, da AmBev, possui três modelos em operação: Quiosque Chopp Brahma, Loja Chopp Brahma Express e Chopp Brahma Móvel (carrinhos). Atualmente, são 544 unidades em operação. www.brahma.com.br

Chega ao Brasil a rede Re-Bath, especializada em reforma de banheiros em apenas um dia. A equipe da Re-Bath recupera azulejos e demais peças do banheiro, troca peças metálicas e reforma banheiras em 24 horas. Para investir numa franquia da ReBath no Brasil é preciso ter experiência no mercado imobiliário e na construção civil. O investimento para montar uma unidade parte de US$ 68 mil e varia de acordo com o tamanho da loja, podendo chegar a US$ 250 mil. A rede tem mais de 200 franqueados nos Estados Unidos, Canadá e Caribe. www.globalfranchise.com.br


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Fr a nq u i a em exp an s ão

PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S

Uso profissional Ouvir as necessidades dos profissionais da construção é um dos meios que a multinacional americana Irwin encontrou para produzir ferramentas diferenciadas. A partir de várias informações coletadas, a empresa confeccionou uma trena profissional, ergonômica, voltada ao uso profissional, produzida em plástico ABS com superfície emborrachada. A trena traz para os profissionais da construção as características essenciais para que o trabalho seja otimizado. A principal delas: uma altíssima durabilidade da fita e do corpo, que fornece qualidade superior em relação a qualquer outro produto de medição no mercado. A trena apresenta uma marcação frente e verso em uma fita que avança 2,3 metros sem dobrar. Mais larga e com uma melhor visibilidade, a fita vem coberta por uma película em náilon, que protege a marcação dos números. Também reúne a trava e o freio da trena em um só botão, fora o inovador gancho magnético que prende a ponta da fita em superfícies metálicas.

www.ir win. com.br

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Same Day no Brasil

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A DHL Express, empresa líder mundial em serviços expressos e logística, traz para o Brasil o DHL Same Day. O serviço premium de remessas expressas oferece o menor tempo de trânsito e máxima segurança, com toda flexibilidade necessária aos clientes. Não importa o território, se a remessa é um documento urgente ou equipamento médico emergencial, o DHL Same Day oferece um serviço dedicado e customizado de remessa porta a porta. O atendimento imediato à solicitação dos envios de alta complexidade logística abrange também aconselhamento no planejamento da operação, com suporte 24 horas todos os dias do ano, coletas e entregas além do horá-

rio comercial, finais de semana e feriados. O novo serviço abrange importação, exportação e liberação aduaneira, formatando a operação para remessas de diferentes pesos e tamanhos, atendendo as especificidades por acondicionamento e embalagem. O website traz informações em quatro idiomas, incluindo o português, além de inglês, espanhol e francês, e permite ao consumidor agendar e rastrear suas remessas da retirada até a entrega, fornecendo confirmação de recebimento por telefone, fax, e-mail ou celular, e também acesso ao Trade Automation Services da DHL Express para vasto suporte internacional às remessas.

www.dhlsameday.com

Brindes especiais Líder em chapas de polipropileno (material 100% reciclável, que pode ser translúcido e por isso ideal para embalagens) a Confetti lança no mercado um novo material, feito da reciclagem de caixas tipo longa-vida: as chapas Tetra. Com este material, para o final do ano, as agendas são os produtos mais solicitados, por serem bonitas, modernas, sofisticadas e muito úteis – vale lembrar que os materiais podem ser reciclados depois. www.confetti.com.br


Nova apresentação

Capacitação em gerenciamento Com o objetivo de preparar e capacitar profissionais para gerenciar pequenas e grandes empresas, utilizando metodologias modernas, o Centro Europeu de Joinville está com matrículas abertas para a sua primeira turma do curso de Gerenciamento de Empresas. O curso desenvolve em um semestre letivo cinco áreas fundamentais para a capacitação profissional: Diagnose e Planejamento, Produção e Processos, Gestão Empresarial, Marketing, Vendas e Perfil Gerencial. No programa acadêmico estão presentes, entre outros, temas como estruturação diagnóstica e estruturação de projetos; planejamento estratégico; inovação e empreendedorismo; contabilidade e custos; modelos gerenciais e gestão de processos; direito empresarial; fusões, consórcios e sucessão; técnicas de marketing; gestão em vendas; liderança e comportamento humano;

construção de cenários e tendências; e administração de pessoal. Para facilitar a absorção de conhecimentos, o curso do Centro Europeu oferece também atividades práticas que visam aproximar os alunos do mercado profissional, entre elas os Jogos de Empresas, atividades que simulam o gerenciamento de uma empresa virtual, onde os alunos terão que tomar decisões importantes para o sucesso do “empreendimento”; e os Cases Empresariais, palestras onde profissionais com vasta experiência profissional apresentam histórias de sucesso de empresas dos mais variados setores. O próximo semestre letivo do curso de Gerenciamento de Empresas do Centro Europeu de Joinville terá início em março de 2010. As aulas acontecem na sede da instituição, localizada na Rua Henrique Meyer, 280.

www.centroeuropeu.com.br

O surgimento da Gripe A (H1N1) impactou diretamente os hábitos de higiene dos brasileiros, que passaram a buscar novos produtos para o asseio pessoal diário, principalmente para a limpeza das mãos. Atenta a esse movimento doo mercamerca do, a 3M do Brasil apresenta a nova versão de 500 ml do Gel Antissépisséptico Nexcare, com válvula pump. ump. O novo item vem complementar entar o portfólio do produto, quee já conta com as embalagens dee 60 ml e 240 ml. Também conhecido como álcool gel, o produto da 3M tem eficácia comprovada para eliminar 99% dos germes e bactérias das mãos, contribuindo para a prevenção da disseminação de inúmeras doenças no País. O Gel Antisséptico Nexcare possui 70% de álcool etílico, concentração recomendada pela Anvisa para a eficácia do produto. Por possuir válvula pump, o Gel Antisséptico Nexcare torna-se ideal para banheiros, mesa de trabalho, quartos de bebês, recepção, escolas, restaurantes, dentre outros lugares de grande fluxo de pessoas. Assim como as demais versões, o lançamento possui refrescante aroma cítrico, hidratante para não ressecar a pele e absorção instantânea. www.3m.com.br

É crescente a quantidade de informações que são levadas das empresas por pessoas não autorizadas. E com o advento da crise cresce a rotatividade do quadro de funcionários, o que torna ainda mais preocupante a falta de proteção de dados confidenciais e processos de negócios. Para atender a essa demanda, a 2S Inovações tecnológicas está oferecendo uma solução de DLP – Data Loss Prevention – que, por meio de ferramentas adequadas para cada ambiente e tamanho do cliente, protege as informações corporativas.

Esses dados vão desde uma lista de cartões de crédito ou uma lista de clientes, até a relação de propostas comerciais ativas e os diferenciais de venda. “Muitas informações são levadas inadvertidamente para fora da empresa por meio de ações tão simples como uma impressão, busca em um banco de dados

por pessoas não autorizadas, cópias em pen drives ou o envio por e-mail para contas pessoais”, exemplifica o presidente da 2S, Renato Carneiro. Agora essa proteção aos negócios dos pequenos e médios empresários pode ser contratada como um serviço, o que significa que o cliente não precisa ter orçamento planejado e previamente aprovado para isso. A 2S oferece, inclusive, uma análise de risco gratuita para que a empresa tenha, antes da contratação, uma visão clara do grau de risco das suas informações. www.2s.com.br

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Dados corporativos

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LEITURA

Bons conselhos

Inteligência mercadológica

Experiente consultor de carreiras dá dicas para conquistar espaço e se diferenciar no atual mercado de trabalho José Augusto Minarelli traz para o livro Inteligência mercadológica a experiência de mais de 30 anos em aconselhamento de carreiras. O consultor mostra que o atual mercado de trabalho está em transformação e exige uma nova atitude dos profissionais que estejam em busca de trabalho, dos prestadores de serviços e dos jovens recém-formados. Com menos empregos formais e estáveis, esses trabalhadores devem ter como meta a autonomia profissional e precisam trabalhar como empresas individuais capazes de compreender as necessidades do mercado e criar soluções. Para conquistar espaço e se diferen-

ciar no mercado, o consultor propõe que esses profissionais utilizem a inteligência mercadológica, um processo que permite ao trabalhador desenvolver a habilidade de estar atento para perceber as necessidades das pessoas e identificar oportunidades para o desenvolvimento de serviços e vendas. Em Inteligência mercadológica, o autor explica como utilizar o conceito do ciclo mercadológico desde a pesquisa de oportunidades até a verificação de resultados. No livro, é possível calcular o quociente de inteligência mercadológica e saber se você está preparado para o mercado de trabalho atual.

Liderança para um mundo melhor

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Dalai-Lama e Laurens Van Den Muyzenberg Editora Sextante – R$ 24,90

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Você já pensou em usar os conceitos do budismo nos negócios? DalaiLama e Laurens Van Den Muyzenberg mostram que isso é possível. Liderança para um mundo melhor é o encontro entre o budismo tibetano e o mercado globalizado. À primeira vista este pode parecer um encontro improvável, mas os autores mostram que o budismo pode ensinar os executivos a tomar decisões orientadas pela visão e conduta corretas e a ver as coisas como elas realmente são. O livro traz explicações conceituais sobre budismo e exercícios de meditação que ajudam o leitor a se tornar um líder mais justo e eficiente.

José Augusto Minarelli Gente Editora – R$ 59,90

“Desenvolver a inteligência mercadológica é possível e vale a pena, pois ela traz benefícios reais: diferencia um profissional de outro, garante longevidade no exercício da profissão ou no gerenciamento da empresa de prestação de serviços e produz um efeito multiplicador pelos depoimentos e pelas referências de quem foi bem atendido.” “Num mundo com poucos empregos e muitas oportunidades de prestação de serviços, todos precisam funcionar como uma espécie de empresa individual – micro ou pequena da atividade de serviços. A existência dessas empresas só se justificará se tiver trabalho e, portanto, se houver clientes. Com inteligência mercadológica, o profissional conseguirá compreender as necessidades do mercado, criar soluções, adaptá-las ou modificá-las, visando atender as pessoas e desenvolver uma clientela.”

Filosofia para executivos Andreas Drosdek Verus Editora – R$ 29,90

A sabedoria de grandes filósofos pode ser aplicada no dia a dia empresarial. Andreas Drosdek mostra que uma base sólida de ética e conhecimento de filosofia pode significar uma importante vantagem competitiva. O autor descreve a vida e obra dos mais importantes filósofos da história e mostra como é possível aplicar os conceitos elaborados por eles nos negócios. Com Sócrates, o leitor pode aprender a arte do diálogo; com Francis Bacon, a importância da gestão de mudanças; ou ainda as lições sobre responsabilidades que surgem com o poder através dos conceitos elaborados por Hannah Arendt.


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DINÂMICA EMPREENDEDORA

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Polaridades e preferências

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Retomemos nossa abordagem sobre tipos psicológicos introduzida no artigo anterior. As pessoas têm muitas características comuns entre si, embora cada um de nós seja singular. O indicador de tipo psicológico apresenta quatro polaridades (escalas) que se referem à forma como as pessoas se motivam, no que prestam atenção, como tomam decisões e o modo de vida adotado. É um instrumento que não mede as habilidades pessoais, mas sua preferência. A escala Extroversão-Introversão é a primeira polaridade e indica o que motiva as pessoas. No Brasil, cerca de um terço dos profissionais mapeados são introvertidos e dois terços de extrovertidos, número este que se amplia em 10% quando focamos o gênero feminino. A Introversão (I) tira energia do mundo interior – ideias, emoções ou impressões pessoais. É voltado para si. É alguém que pensa, pensa, pensa e às vezes fala. Mesmo absorvendo as informações externas, tem dificuldade em externalizá-las. Tende a pensar muito antes de partir para a ação. O introvertido privilegia os aspectos internos do seu psiquismo, tem elevada autocrítica, debruça-se sobre sua consciência. Tende a expressar poucas emoções e busca refrear seus impulsos e desejos. Tende a hesitar ao tomar decisões. Para ele a ação deve ser bem analisada e medida para então agir. Suscitamlhe atenção quase doentia os pequenos detalhes e pormenores nos outros, o que muitas vezes o repele nos relacionamentos iniciais. A Extroversão (E) tira energia do mundo exterior – pessoas, fatos e objetos. Um extrovertido é sociável, comunicativo e expressivo em suas emoções e afetos. As relações que estabelece com as pessoas e o meio ambiente são essenciais para seu desenvolvimento e equilíbrio psicossocial. Para ele, os pensamentos não têm “vitalidade”. Fala, fala, fala para, às vezes, pensar no que falou. Alguns podem ser bastante ansiosos por causa de sua necessidade de se comunicar constantemente. Muitas vezes encontramos conflitos nas organizações oriundos das preferências dos dois

tipos. Para o introvertido, o extrovertido é um excesso: envolve-se em tarefas e atividades demasiadas, é precipitado e impulsivo, ocupa “muito espaço”. Em contrapartida, para esses, os introvertidos parecem indecisos, com baixa energia, pouco sociáveis e calados. No ambiente de trabalho os extrovertidos necessitam de variedade e ação, gostam de manter contato constante com os outros e trocar experiências, interessam-se pelo que é “amplo”. Sua força está na capacidade de “vender seu currículo”, expressar confiança e estabelecer redes de contato. São rápidos e ágeis, mas impacientes com demora e lentidão. Necessitam de cuidado para não falar demais, escutar de menos e não confundir ação com resultado. Em contrapartida, os introvertidos preferem o que é “profundo”, necessitam de silêncio e de se concentrar em poucas tarefas de cada vez. Sua força está em pensar cuidadosamente (e que pode se transformar numa fraqueza ao pensar demais), inclusive parecendo sem energia. Mantêm o foco no que é importante. Suportam bem trabalhar sem parar em projetos longos, mas podem se perder nos detalhes e apresentar dificuldades de terminar a tarefa. Numa reunião tendem a se manter mais reflexivos e oferecer suas contribuições posteriormente; diferente dos extrovertidos com suas respostas rápidas e imediatas. Cada tipo tem sua força para toda e qualquer organização. Ao ampliarmos a consciência sobre nosso modo preferencial de funcionar, isto auxiliará na relação com os diferentes tipos e pode desenvolver o respeito pelas diferenças. Embora sejamos levados a pensar que algumas funções são mais aplicáveis a uma escala do que a outra, isto deve ser tratado com cuidado. Por exemplo, vendedores extrovertidos parecem mais adequados, mas correm o risco de “chutar o balde” de leite depois de tê-lo retirado todo. O pedido já está tirado, mas ao falar demais ele pode causar insegurança no comprador (em particular, se for um introvertido). Um introvertido pode ser um excelente vendedor técnico,

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

Recorde-se que não existe um tipo melhor ou pior, adequado ou inadequado. Cada tipo psicológico é igualmente valioso, com aspectos inerentes positivos e negativos

pois tenderá a se aprofundar no estudo das questões técnicas do produto, mas se tiver que atender muitos clientes num mesmo dia pode ficar sem energia. Recorde-se que não existe um tipo melhor ou pior, adequado ou inadequado. Cada tipo psicológico é igualmente valioso, com aspectos inerentes positivos e negativos. E você, conseguiu se identificar com sua preferência? Começou a compreender um pouco melhor o “estranho” que está diante de você?


AGENDA

APRENDER A EMPREENDER

De 22 a 24/11/2009

6º Enempre – Encontro Nacional de Empreendedorismo CentroSerra Convention Center Lages – SC – www.enempre.com.br O Encontro Nacional de Empreendedorismo é um evento técnico-científico que reúne empreendedores e pesquisadores de diversas áreas. São apresentados trabalhos científicos, minicursos temáticos sobre empreendedorismo social, gestão empreendedora, empreendedorismo na educação e no agronegócio. O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com a Fundação Carlos Joffre.

De 24 a 26/11/2009

De 26 a 27/11/2009

De 30/11 a 2/12/2009

Nanotec – Exposição Internacional de Projetos, Produtos e Materiais Nanotecnológicos Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP – www.nanotecexpo.com.br

4º Solisc – Congresso Catarinense de Software Livre Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Florianópolis – SC www.solisc.org.br

Expomanagement Transamérica Expo Center São Paulo – SP www.expomanagement.com.br

De 24 a 29/11/2009

20ª Feira Nacional de Artesanato Expominas – Belo Horizonte – MG www.feiranacionaldeartesanato.com.br

A Feira Nacional do Artesanato completa 20 anos, e nesta edição comemorativa o Brasil é o grande homenageado. Mais de 8 mil expositores apresentam produções artesanais, música, dança e gastronomia de todas as regiões do País. O evento é considerado o maior do gênero no Brasil e são esperados mais de 180 mil visitantes. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

O Solisc debate o uso de softwares livres em Santa Catarina e apresenta cases de empresas públicas e privadas que utilizam o sistema de código aberto. São discutidos os códigos fonte de programas, o aperfeiçoamento de software e a redistribuição de cópias. O Solisc segue os moldes do Fórum Internacional de Software Livre (FISL), realizado no Rio Grande do Sul.

A Expomanagement é um evento de referência na comunidade executiva brasileira. Durante três dias, mais de 150 executivos e professores do mercado nacional e internacional discutem as tendências do management. Entre os palestrantes estão Rudolph Giuliani, Ian Ayres e Paul Krugman.

De 8 a 9/12/2009

De 28/11 a 6/12/2009

3º Salão Náutico do Mercosul Parque Maurício Sirotsky Sobrinho Porto Alegre – RS www.salaonauticodomercosul.com.br

Mais de 150 expositores apresentam novidades em lanchas, veleiros, roupas e equipamentos para esportes náuticos. Durante o evento são realizados fóruns de debates, workshops e atividades culturais sobre o meio ambiente e a recuperação do Rio Guaíba. São esperados mais de 15 mil visitantes.

3º Footecon – Feira Internacional de Produtos e Serviços para Indústria do Futebol Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.footecon.com.br

A Feira Internacional de Produtos e Serviços para Indústria do Futebol é considerada a maior do setor nas Américas. O evento reúne jogadores, agentes, dirigentes e patrocinadores de futebol. Durante o Footecon são realizadas palestras, painéis e mesasredondas sobre fisiologia do esporte e preparação desportiva.

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A Nanotec Expo apresenta projetos, produtos e soluções nanotecnológicas dos setores de plástico, têxteis, elétrico e eletrônico. Entre os expositores estão a Exsor – Produtos Ópticos, a SupraNano, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a USP.

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ANÁLISE ECONÔMICA

IOF e Política Cambial Regime de câmbio flutuante mostrou-se eficaz nos últimos 10 anos, e uma intervenção do governo não traria os resultados desejados pelos exportadores apreciação do real ante o dólar. E o governo resolveu tomar uma atitude para tentar frear essa queda na taxa de câmbio cobrando 2% de imposto sobre operações financeiras (IOF) nos investimentos externos em renda fixa e renda variável. A justificativa do governo ao adotar tal medida é de que o setor exportador nacional perde significativa competitividade com a taxa de câmbio nos atuais patamares. Parte dos defensores da intervenção cambial cita como exemplo o caso chinês, que registrou elevada taxa de crescimento nos últimos anos com o câmbio desvalorizado artificialmente. Entretanto, é inviável traçarmos uma comparação entre as condições econômicas e sociais entre Brasil e China atualmente. De fato, alguns setores exportadores vêm sofrendo com a valorização cambial, mas esse

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Historicamente intervenções cambiais não surtem efeitos significativos no médio/longo prazo sobre a taxa de câmbio

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sível presidente pudesse vir a adotar uma política econômica heterodoxa. O regime cambial flutuante é de simples compreensão, e se baseia nos princípios de oferta e demanda. Ou seja, quanto mais dólares na economia, menor a taxa de câmbio. Temos verificado ao longo deste ano uma

ainda não é um problema significativo a ponto de comprometer o crescimento econômico do País para o próximo ano. Além disso, historicamente intervenções cambiais não surtem efeitos significativos no médio/longo prazo sobre a taxa de câmbio. Mais uma vez, dificilmente o governo conseguirá reverter a

PHOTOSTOGO

Nos últimos 20 anos o Brasil passou por uma significativa abertura econômica. O ingresso de recursos externos não se deu apenas no mercado financeiro (renda fixa e variável), mas também sob a forma de investimentos externos diretos (IED). Sabe-se que em economias abertas, com uma ampla mobilidade de capitais entre os países, a taxa de câmbio passou a ser uma das variáveis econômicas mais importantes a serem acompanhadas. Oscilações na mesma têm impacto sobre o nível de preço, exportações, importações, crescimento econômico, dentre outros. Desde 1999 o Brasil adota o regime de câmbio flutuante como base de sua política cambial. Regime este que se mostrou eficaz nos últimos 10 anos, com exceção de alguns momentos pontuais, como as vésperas das eleições de 2002, em que o mercado entrou em “pânico” temendo que o então novo pos-

tendência do câmbio. Primeiro porque o dólar se desvaloriza contra praticamente todas as moedas do mundo. E segundo porque o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil deve continuar grande, já que as condições macroeconômicas do País continuam sólidas. Por outro lado, a medida pode afastar o investidor estrangeiro da BM&FBovespa, com o mesmo buscando alternativas como a compra de ADRs brasileiras na bolsa de Nova York, deixando de contribuir para o crescimento do mercado de capitais local. Nesse sentido, a intervenção cambial em um regime de câmbio flutuante não nos parece eficaz quanto ao alcance de seu propósito – e desnecessária.

por João Pedro Brügger Martins Analista da Leme Investimentos


Nome Ação

Tipo Ação

Participação Bovespa

All Amér Lat Ambev Aracruz B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil T Par Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgás Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItaúUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner Natura Net P. Açúcar - CBD Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas VCP Vale Vale Vivo

UNT N2 PN PNB ON ON PN PN PN PN ON PNA ON ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON PN PN PN

1,30 1,06 1,04 0,64 3,93 4,01 1,22 0,31 0,35 2,15 0,48 2,05 0,60 0,09 1,53 0,76 0,08 0,63 0,45 0,45 1,17 0,41 0,80 0,77 0,62 0,57 1,00 0,99 3,98 0,64 100,00 2,42 5,54 0,72 0,40 0,29 0,90 0,84 0,94 0,71 0,80 0,61 3,32 15,47 1,49 0,55 0,37 3,27 0,52 0,62 0,28 0,31 0,99 0,19 0,14 0,77 0,37 0,52 0,61 2,90 0,51 4,02 13,76 0,71

PN PN ON PN ON PN ON ON ON PN PNA ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON ON PNA PN

Inflação (%)

Até 30/10 Outubro 4,30 -0,50 -1,50 -1,00 -0,40 2,10 1,30 0,00 -1,40 3,10 5,60 0,90 0,70 -1,50 0,00 2,00 -1,40 -0,20 2,10 0,70 -1,70 -0,80 1,00 -0,90 1,70 -1,10 -1,00 3,00 1,20 0,40 1,80 5,50 5,30 0,30 4,30 0,90 0,00 1,50 1,60 -0,10 0,00 2,80 1,40 1,50 2,70 3,10 2,70 0,50 -1,70 0,40 0,00 -0,70 -0,60 -1,30 -1,10 -1,70 1,20 2,30 -1,40 -0,20 -2,10 3,80 3,80 4,40

Variação % Ano 38,60 61,80 30,10 113,70 94,00 58,10 97,20 1,80 8,40 110,30 122,50 44,90 56,30 6,80 14,40 40,60 5,5 32,40 68,50 9,70 143,80 220,40 2,50 -2,00 57,20 0,30 149,40 64,70 77,30 84,90 66,80 54,50 52,10 99,10 34,30 25,20 86,20 101,70 323,80 75,30 65,70 78,80 52,60 59,90 11,30 227,80 28,40 115,90 51,60 32,80 7,10 19,90 24,40 1,80 10,80 44,00 27,20 58,70 70,60 77,40 72,30 76,60 65,70

Índice

Setembro

Ano

0,42 0,25 0,24 0,16

-1,60 -1,36 3,22 2,91

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Juros/Aplicação (%) Setembro CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Ano

0,69 0,69 0,50 0,97

7,63 7,67 5,41 -10,16

Indicadores Imobiliários (%) Setembro

Ano

0,16 0,00

3,48 0,58

CUB SP TR

Juros/Crédito (%) 30/Outubro

29/Outubro

Desconto 1,64 Factoring 3,81 Hot Money 3,18 Giro Pré (taxa mês) 1,85

1,64 3,81 3,18 1,85

Câmbio

Até 30/10 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,7440 US$ 1,4738 $ 90,0390

Mercados Futuros Novembro Dezembro Dólar Juros DI

Janeiro

R$ 1.744,00 R$ 1.767,04 R$ 1.777,93 8,64% 8,64% 8,65%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

30/10 61.850

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Carteira Teórica Ibovespa

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E–EMPREENDEDOR

Prêmio Excelência no varejo

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Desde a ideia da criação até chegar ao consumidor final o produto passa por várias fases. E nesse processo que envolve a indústria e o varejo a pergunta é: quem se destaca neste grande ciclo da economia brasileira? Para ara responder à questão, o Provarr (Programa de Administração do Varejo), a FIA (Fundação Instituto de Administração) e a Editora Empreendedor (Empreendedor Varejo) se uniram para apresentar as 100 empresass que se sobressaem no trabalho diário de conquistar e fidelizar clientes. Os consultores, técnicos e editores do Provar, FIA e Empreendedor apontaram 20 itens

Serviço: 1º FNAC 2º Submarino 3º Caixa Econôm. Federal 4º Decathlon 5º Porto Seguro

Inovação: 1º Livraria Cultura e Santander 2º Fast Shop 3º Submarino 4º Starbucks

Marca: 1º Havaianas 2º Banco Real 3º Nestlé e HP 4º Losango

Relacionamento: 1º Marisol (Academia do Varejo) 2º Shopping Iguatemi, Pão de Açúcar e Droga Raia 3º Farm

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Comunicação: 1º Starbucks e Carrefour 2º Zaffari 3º C&A 4º Lojas Renner

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Resultado Financeiro: 1º Petrobras e Banco do Brasil 2º Zara 3º Lojas Renner 4º Riachuelo Produção Visual: 1º Todeschini e McDonald’s 2º Casas Santa Luzia 3º DPaschoal e C&C

Facilidade: 1º Tok&Stok 2º Pão de Açúcar 3º Casas Bahia e Etna 4º Droga Raia Diversidade: 1º Hering 2º Habib’s 3º Fast Shop 4º Lilica Ripilica 5º Submarino Preço: 1º Wal-Mart 2º Americanas 3º Makro 4º Sam’s Club 5º Extra

de gestão e práticas comerciais e escolheram cinco empresas diferentes que se destacam em cada item. As companhias foram apresentadas no site Empreendedor e os internautas votaram tar nas empresas que mais admiram entre diversos segmentos. e A ação conjunta resultou em um mapa de referências para outras empresas estudarem os casos e aprender com eles. Além disso, o prêmio também teve o propósito de valorizar as a melhores estratégias de gestão e divulgar vulg a experiência das corporações de sucesso para inspirar outras empresas, tanto grandes como pequenas. Confira a seguir as empresas mais votadas escolhidas pelos internautas:

Novidades: 1º Nokia e Fast Shop 2º Nike 3º Submarino e Mercedes-Benz

Arquitetura: 1º O Boticário 2º Daslu Cidade Jardim 3º Vivara 4º Drogaria Onofre e Etna

Contemporânea: 1º Imaginarium 2º Vivo 3º Santander, Net e TIM

Sustentabilidade: 1º Natura 2º Banco Real 3º O Boticário, Pão de Açúcar e Mundo Verde

Produtos e Serviços: 1º Hortifruti 2º Apple Store 3º Nespresso e Gregory 4º Marabraz Checkout: 1º TAM 2º Dia % 3º Gol 4º Santander e Itaú Atendimento: 1º Itaú 2º Livraria Cultura 3º Fast Shop 4º Brooksfield 5º Vivara

Presença On-line: 1º Submarino 2º Americanas 3º FNAC e Farm 4º Itaú Responsabilidade Social: 1º Natura 2º Serasa, Magazine Luiza, Malwee 3º Bradesco Ambiente: 1º Leroy Merlin 2º Richards 3º Livraria da Vila 4º Sony Store 5º Ellus

Interatividade Confira os últimos comentários de internautas sobre os conteúdos publicados exclusivamente no site Empreendedor: Grande parte da população tem medo de arriscar. Sou leigo no assunto, mas quando fui procurar um banco realmente orientaram sobre as aplicações como CDB e outros. É muito oportuno o assunto em face da crescente economia. Luiz Ferreira sobre o artigo: Por que investir em ações? Muito boa ideia. Sou do Rio e toda novidade é bem-vinda. Tenho duas opções de local de grande movimento onde está faltando esta novidade. Gostaria muito de receber mais detalhes com relação a esta franquia. Cristina Santos sobre a notícia do Canal Franquia: Franquia de fast-food de espetos com baixo investimento é lançada Excelente esta matéria. Minha filha Marcela (16 anos) começou a trabalhar como vendedora temporária numa loja aqui em Ilicínea (MG). Assim que ela acordar vou fazê-la ler esta matéria. Tenho certeza que a mesma vai colocar na sua prática estes ensinamentos. Quem sabe é o chute inicial para ela realmente se tornar uma grande empreendedora. Saulo Carvalho Silva sobre o artigo: O melhor vendedor deste Natal é seu cliente feliz Ótimo. Quanto mais simplificado melhor, dando condições de novos empresários se destacarem e serem privilegiados com impostos mais justos e honrados na condição de empreendedores e geradores de empregos. Vamos lutar para acabar com a desigualdade, prender os corruptos, fraudadores e fazer um país exemplar para o mundo. Jorge Tadeu Ribeiro Linares sobre a notícia: Sistema de cadastro de Empreendedor Individual será simplificado


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