MARKETING: O RETORNO DE MARCAS
PERFIL: RODRIGO MIRANDA E A REDE DE FAST-FOOD VININHA
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ANO 15 N o 183
JAN JA JANEIRO A NEIR N E IRR O 2010 R$ 9,90 NE
Retomada das obras
IS SN 1414-0 152
Após a interrupção do crescimento em 2009, o setor de construção civil volta ao ritmo, estimulado por investimentos públicos em habitação e infraestrutura
ENTREVISTA: MARCOS GOUVÊA DE SOUZA APRESENTA O NOVO PERFIL DO CONSUMIDOR
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N E S TA E D I Ç Ã O 16 | ENTREVISTA Marcos Gouvêa de Souza
O sócio da GS&MD e coautor do livro Neoconsumidor digital, multicanal & global fala sobre o novo perfil de consumidor e as implicâncias disso no varejo tradicional e virtual.
28 | MARKETING O caminho de volta
Algumas marcas não perdem o lugar na memória dos consumidores mesmo anos fora do mercado. E com uma boa estratégia elas podem voltar ao mercado e ter sucesso novamente. Veja o exemplo de alguns ícones das últimas décadas do século 20.
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PHOTOSTOGO
O FUTURO EM CONSTRUÇÃO O breve ciclo de crescimento da construção civil, iniciado em 2006 após 20 anos de estagnação, foi interrompido em 2009 por causa da crise financeira mundial. Mas investimentos públicos e privados em infraestrutura e habitação estimulam a retomada do ritmo já em 2010. É uma resposta à redução de impostos e da taxa de juros, aos programas habitacionais e de Aceleração do Crescimento (PAC) e às boas perspectivas de crescimento da economia do País, além dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
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L E I A TA M B É M
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EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS LEITURA DINÂMICA AGENDA ANÁLISE ECONÔMICA
PERSPECTIVA | Feliz ano novo
A convite da Empreendedor, alguns dirigentes de importantes entidades empresariais fizeram uma análise de seu setor e da economia brasileira em 2009 e apresentaram as perspectivas para 2010. Confira os artigos de: 45 Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da Anprotec 46 Luiz Antonio Pinazza, diretor da Abag 48 Lucas Izoton, da CNI 56 Ricardo Bomeny, presidente da ABF
32 | PANORAMA Empreendendo saúde
O mercado da saúde vem crescendo ano a ano no Brasil. Entre 2005 e 2007, a taxa de crescimento foi maior do que a da média da economia – 4,3% contra 3,7%. E, segundo os especialistas, ainda existem diversas oportunidades disponíveis.
36 | PERFIL Rodrigo Miranda
A partir de uma boa sacada de negócio e ótimas estratégias de marketing, o administrador Rodrigo Miranda transformou a pequena empresa de fast-food Vininha em uma marca de sucesso.
50 | FRANQUIA Aprovadas no exterior
O potencial do mercado brasileiro atrai novas redes de franquia estrangeiras e estimula a expansão daquelas já instaladas. Conheça um pouco da história e estratégia de negócios estreantes como a canadense Tutti Frutti e a australiana ActionCoach, além da conhecida francesa 5àSec.
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EDITORIAL A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
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ais um ano se vai, e outro começa. A esta altura, o planejamento estratégico de sua empresa já deve estar pronto e em início de execução. Se ainda não foi implantado ou, pior ainda, nem mesmo traçado, mau sinal. Sua empresa vai navegar ao sabor das marés e dos ventos, e estar sujeita a todas as tempestades do mercado. Já está na hora de adotar uma nova postura, coerente com o mundo dos negócios atual. É preciso estar sempre ligado aos movimentos da economia e do mercado para se antecipar às mudanças. Mesmo um plano estratégico não é imutável, ele precisa ser avaliado e corrigido a todo momento. Pequenas alterações de rota são mais fáceis e baratas de se tomar do que grandes correções em períodos de maior dificuldade, assim como investir permanentemente na qualidade da equipe, dos processos e dos produtos – o montante necessário é pulverizado e não concentrado em um único momento, justamente aqueles de maior dificuldade para angariar recursos. Mantenha o radar de oportunidades ligado 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. E concentre-se em inovar. Surpreenda os consumidores e a concorrência, seja o agente transformador. Já é hora também de adotar uma postura ética e socialmente responsável com
todos os seus stakeholders. Cabe a cada indivíduo e organização a tarefa de preservar e recuperar o meio ambiente. Respeitar e estimular o desenvolvimento de comunidades ligadas direta ou indiretamente ao seu negócio também são essenciais para a melhoria da qualidade de vida – e dos resultados de sua empresa. Comece por seus funcionários. Eles são peças-chave na organização e proporcionam os retornos mais rápidos. E estimule todos os seus parceiros a seguirem o exemplo. E por falar em qualidade de vida, nesta primeira edição de 2010 abordamos dois temas de certa forma polêmicos: saúde e habitação. Os dois são direito de todo cidadão, mas a falta de investimentos do Estado, especialmente no primeiro caso, gera um mercado com diversas oportunidades abertas. Já a construção civil, depois de um breve ciclo de aquecimento, iniciado em 2006 após 20 anos de estagnação e interrompido em 2009 por causa da crise financeira mundial, ganha impulso com a redução de impostos e da taxa de juros e os programas habitacionais do governo. Na área de infraestrutura, investimentos públicos e privados e as boas perspectivas de crescimento da economia, além dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, movimentam o setor de construção civil. Alexsandro Vanin
Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Repórter colaborador: Marlon Aseff – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Guilherme Pupo e PhotosToGo – Foto da capa: PhotosToGo – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com. br] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 26117996/3231-9017/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende
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EMPREENDEDORES
Luciano Fernandes
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DECISÃO CERTA
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Com vasta experiência no mercado de consultoria de TI, o executivo Luciano Fernandes se uniu aos colegas Fabrício Oliveira e Júlio Moravia e criou a Inove Consulting. O objetivo é atender ao mercado de Business Intelligence (BI), modalidade de software de apoio à decisão que auxilia os executivos a melhor gerirem os seus negócios. A missão dos sócios é fazer com que o empreendimento, de São Paulo, seja reconhecido em cinco anos como o melhor e mais abrangente no segmento de BI do Mercosul. “A Inove é uma empresa na qual podemos aplicar o que vimos de melhor nas companhias por onde passamos”, afirma Fernandes. O executivo tem 14 anos de experiência no mercado de consultoria de TI e atuou em empresas como Keyrus e Relacional. Fabrício Oliveira também acumula experiência de 14 anos, sete como diretor da Microstrategy. Júlio Moravia tem 25 anos de mercado, dos quais 11 como vice-presidente da Relacional. Com o relacionamento adquirido pelos três sócios em todos esses anos, a Inove já conquistou quatro clientes, e conduz 15 projetos, o que assegurou uma receita de R$ 3,5 milhões em 2009. Para 2010, a expectativa é chegar a dez clientes, no mínimo, e faturar R$ 6,5 milhões. www.inoveconsulting.com.br
Sheine e Csele Braga
DE VENTO EM POPA Os excessivos trâmites burocráticos, comuns às atividades de exportação e importação, motivaram as irmãs Sheine e Csele Braga a abrir no ano 2000 a Interseas Comércio Exterior. Localizado em Florianópolis, o escritório mantém uma carteira de 100 clientes, que utilizam os complexos portuários de Imbituba e Itajaí, em Santa Catarina. Entre um porto e outro, as empreendedoras aguardam o desembaraço de mercadorias e a entrega de toda a documentação exigida no processo. Tudo para facilitar a vida de pequenos e médios empresários que já atuam ou querem entrar no mercado internacional sem perder o foco no próprio negócio. O diferencial da Interseas está no atendimento individualizado, nos projetos especiais e no envolvimento em todas as etapas do processo logístico e aduaneiro. Prestes a completar dez anos, a empresa tem 16 colaboradores e registrou, no ano passado, crescimento de 30%. Recentemente a Interseas importou uma unidade fabril inteira da Europa e anuncia para breve parceria com tradings australianas. “Se o Brasil é o país do futuro, este futuro chegou”, afirmam as sócias. www.interseas.com.br/(48) 3028-1288
Ronaldo Baumgarten Júnior
AÇÃO INOVADORA VENDEDOR DETERMINADO Ele começou sua vida profissional na década de 1990 como office-boy e vendedor de purificadores de água e de automóveis. Mas desde 2005 o administrador Fábio Sidney Antonio comanda a FDM Network Consulting, empresa com sede em São Paulo e filial em Cuiabá, que atua como integradora de infraestrutura de rede para grandes mercados verticais. O mais interessante nessa história é que até bem pouco tempo Sidney não entendia nada de TI. O tino para vendas foi quem definiu os rumos do empresário. Em 1995, ele abriu uma concessionária de veículos. Entre os clientes havia um executivo do segmento de tecnologia, que não contou tempo em contratá-lo como vendedor assim que Sidney decidiu fechar a empresa, em 2000. Com a função de vender soluções de cabeamento estruturado, o administrador só teve uma saída: estudar o segmento de tecnologia. Para se familiarizar com os produtos, costumava ir para o estoque decorar as características dos equipamentos. Em pouco tempo já era o diretor comercial da empresa. A experiência o levou a criar a FDM, que em quatro anos de existência já tem 60 funcionários e fatura R$ 9 milhões por ano. www.fdmconsultoria.com.br/(11) 3078-1252
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Presidente da Baumgarten Gráfica, de Blumenau (SC), o empresário Ronaldo Baumgarten Júnior terminou 2009 como uma referência nacional em inovação. Sua empresa foi a segunda colocada na categoria inovação e produtividade do Prêmio CNI, concedido pela Confederação Nacional da Indústria. A Baumgarten concorreu com o projeto “Melhoria na Retirada de Rolos da Rebobinadeira”, que teve como objetivo aumentar o tamanho dos rolos de rótulos e atender às expectativas dos clientes. Para isso, a empresa desenvolveu um equipamento que facilita o manuseio do material e reduz riscos ergonômicos aos colaboradores. Como resultado, reduziu para zero o número de afastamentos por problemas de saúde naquela atividade. “Essa conquista nos estimula a investir ainda mais na inovação e a divulgar as iniciativas. Fiz questão de chegar cedo à empresa e fazer o troféu circular em todos os setores”, contou o empresário. A Baumgarten Gráfica tem 300 colaboradores e produz rótulos para os mais diferentes setores, além de etiquetas adesivas e termoencolhíveis e pratos para alimentos congelados. www.baumgarten.com.br
Fábio Sidney Antonio
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EMPREENDEDORES
Eduardo Nader
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GESTÃO DE COMPRAS
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Há 15 anos, o executivo Eduardo Nader percebeu uma lacuna no chamado mercado business to business. Assim, criou a empresa Mercado Eletrônico – líder em transações comerciais entre empresas pela internet. O objetivo era oferecer serviços estratégicos e operacionais que aumentassem a eficiência dos processos de compras pelas companhias.
“Queríamos simplificar o dia a dia do cliente, reduzir custos e tempo das operações comerciais, além de garantir transparência nas negociações e proporcionar maior controle e foco no core business”, afirma Nader. Hoje, os serviços e soluções do Mercado Eletrônico são utilizados por uma comunidade de mais de 40 mil fornecedores e compradores. Entre
os clientes, grandes empresas como Nestlé, Philips, Grupo Accor, Braskem, Bunge, Basf, Oi e Grupo Pão de Açúcar. A empresa também expandiu sua atuação para o mercado internacional, atuando em países da América do Sul e da Europa e no México. O volume de compras transacionado anualmente pelo Mercado Eletrônico chega a R$ 40 bilhões. www.me.com.br
Christian Jung e Guilherme Matheus Tafner
EMPURRÃO PROVIDENCIAL única empresa a transformar cascas de ostra e marisco em mármore. “O prêmio foi fundamental para evolução dos estudos de mercado, do produto e processos, aprimoramento do plano de negócios, planejamento estratégico, criação da empresa e depósito da patente do produto”, afirma Jung. O valor do prêmio é de R$ 50 mil. A
ideia da empresa surgiu ainda na faculdade, quando os sócios cursavam Engenharia de Produção na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Hoje a empresa, na capital catarinense, conta com um terceiro sócio, Jean Carlos Argiles Laitano, também engenheiro de produção.
www.ecosolutions.com.br
Milton Carmo de Assis
TRABALHO RECONHECIDO A Assis Advocacia é um dos escritórios mais admirados do Brasil, segundo a edição 2009 do anuário Análise Advocacia 500. A publicação aponta as 500 sociedades de advogados mais importantes dentre os mais de 3 milhões de escritórios no Brasil, conforme dados da Ordem dos advogados do Brasil (OAB). A empresa é dirigida pelos advogados Milton Carmo de Assis, fiscal da Receita Federal aposentado, ex-instrutor da Escola de Administração Fazendária (Esaf ) e pós-graduado em Direito Tributário pela PUC-SP; e por Milton Carmo de Assis Jú-
nior, pós-graduado em Direito Tributário pela PUC-SP e especialista em Processo Tributário pelo Centro de Extensão Universitário (CEU-SP). Pai e filho comandam uma equipe de 17 advogados e consultores que atuam nos escritórios da Assis e em empresas renomadas de médio e grande portes de todo o País. Criada há 11 anos, a Assis Advocacia oferece suporte jurídico com foco no direito tributário, societário, aduaneiro e recentemente começou a atuar na área trabalhista. (11) 3104-6500/
www.assisadvocacia.com.br
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Dois anos depois de vencer o Prêmio Santander de Empreendedorismo, os engenheiros Christian Jung e Guilherme Matheus Tafner já têm bem mais do que um troféu e um diploma para mostrar. O plano de negócios apresentado no concurso evoluiu para a empresa propriamente dita, a Eco Solutions – Soluções Ecológicas,
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EMPREENDEDORES
Rita Almeida
SINTONIA CRIATIVA A publicitária Rita Almeida tinha mais de 20 anos de experiência pelas maiores agências do País quando decidiu fundar sua própria empresa. A CO.R Inovação nasceu no final de 2007, numa parceria com a Talent, com o objetivo de criar propostas inovadoras para que seus clientes possam transformar o mercado e a sua relação com seus targets. O sucesso foi imediato. Em menos de dois anos, a agência, de São Paulo, já conquistou clientes como Oi, NET, Semp Toshiba, Nokia, Nextel, Nestlé, MasterCard, Diageo, Sadia, Ipiranga, além de trabalhar com as mais influentes agências de propaganda do mercado. No ano passado, Rita recebeu o prêmio APP de Profissional de Planejamento do Ano. Antes disso, a publicitária já tinha feito história em agências como Talent, Loducca e AlmapBBDO. Ela participou de campanhas como “Brastemp. Não tem comparação”, “Os japoneses criativos da Semp Toshiba” e de lançamentos de marcas como Pepsi Twist, Gatorade e do Fox, da Volkswagen. Na CO.R, Rita lidera uma equipe de profissionais multidisciplinares, cuja paixão e curiosidade pelo novo são uma ponte de atualização constante de seus clientes. www.corinovacao.com.br
Eduardo Martins e Beatriz Malfatti
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EXPERIÊNCIA PRÓPRIA
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Quando decidiu oficializar o casamento com uma festa, o casal Beatriz Malfatti e Eduardo Martins, de São Paulo, se deparou com uma oportunidade de negócios. Como eles já moravam juntos, decidiram que o melhor seria ganhar presentes em dinheiro, o que ajudaria na realização do próprio casamento e também na viagem de lua de mel. O problema é que os sites de casamento destacavam a conta corrente dos noivos para que fossem realizados os depósitos em dinheiro, o que contrariava a ideia do casal de que deveria ser preservada a magia do ato de presentear. Foi aí que surgiu a ideia de criar uma loja virtual, onde os convidados escolhem e compram os presentes como em qualquer loja de departamentos. A diferença é que os noivos não recebem os presentes físicos e sim o valor referente a ele, em dinheiro.
Os convidados adoraram a ideia e pediram para o casal fazer um site parecido para os casamentos deles também. Assim surgiu o portal Loja dos Noivos, que oferece o serviço de lista de presentes simbólicos, com seus valores convertidos em dinheiro. O casal de noivos tem a opção de enviar por e-mail um cartão de agradecimento personalizado a cada convidado, juntamente com os mapas do local da cerimônia e da festa. Além disso, o site disponibiliza o serviço de RSVP On-Line. Com isso, toda vez que os noivos acessarem sua lista, terão a relação de convidados com presença confirmada para a festa. Mas não é só: a Loja dos Noivos oferece também o serviço de Álbum Online, no qual os noivos compartilham suas fotos com famílias, amigos e convidados.
www.lojadosnoivos.com.br
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NÃO DURMA NO PONTO
A MELHOR RECEITA PARA UM FUTURO PROMISSOR É preciso preparar o futuro porque é lá que passaremos o restante da nossa vida. Quem não prepara o futuro que precisa acaba por obter só o futuro que merece. Alguém fez essas reflexões e elas costumam ser lembradas de vez em quando. Agora, talvez até mais do que em outro período do ano, vale pensar mais um pouco a respeito. Quando o assunto é preparar o futuro, a ferramenta gerencial lembrada de imediato é o “planejamento estratégico”. É dela que boa parte dos gestores faz uso, tanto no início quanto no fim de seus calendários fiscais, legais ou de negócios.
O jogo na retranca
Quem definiu e desenvolveu o planejamento estratégico foi o russo Igor Ansoff, nos idos de 1965. O criador é pouco lembra-
nem com os clientes, pois eram poucas as opções de ofertas. A ferramenta só se transformou em algo essencial nos anos 1980, quando o mundo dos negócios começou a se tornar complexo. A partir daí, o planejamento estratégico disseminou-se, passando a ser adotado em quase todas as organizações. Quando se trata de planejamento estratégico, o que vem à cabeça dos gestores é a famosa matriz “ameaças/oportunidades” e “pontos fortes/pontos fracos”. É a partir dessa análise que as empresas definem suas metas e compromissos para os próximos anos. E quase todas resvalam para a mesma armadilha: a de se concentrar na célula da matriz, que combina as ameaças com os pontos fracos. Daí resultam os planos de ação que tentam preservar a empresa das ameaças e combater os pontos fracos. É o jogo na retranca, em que
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Quase todas resvalam para a mesma armadilha: a de se concentrar na célula da matriz, que combina as ameaças com os pontos fracos. É o jogo na retranca
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do, mas sua criação transformou-se em palavra de ordem para as empresas, um mantra praticamente obrigatório no começo e ao término de cada ano. Ansoff fez muito sucesso na época, principalmente nas universidades, entre os acadêmicos. No meio empresarial, levou cerca de duas décadas para que o planejamento estratégico fosse instituído como ferramenta imprescindível. É que ainda não havia muita preocupação com a incipiente concorrência
a empresa tenta corrigir o que tem de pior em vez de se superar no que tem de melhor. O final da história é bem conhecido: tudo termina num plano de metas com cifras a alcançar nas receitas e contidas nas despesas. A essa duvidosa peça orçamentária é que se resume o que é chamado, equivocadamente, de planejamento estratégico. É bom que se saiba que quando Ansoff concebeu o planejamento estratégico, a ciência da administração sofria ainda forte influência
(e ainda sofre) dos preceitos do seu criador Frederick Taylor. Ambos, Taylor e Ansoff, eram engenheiros e suas contribuições foram oferecidas a partir dessa raiz profissional. Taylor está para a administração da produção assim como Ansoff está para a administração estratégica. Na essência, encontram-se os mesmos fundamentos: a busca do controle, da precisão e da regularidade. Ansoff e Taylor são adeptos do determinismo, muito em voga nos períodos em que viveram. Nada mais contrário ao futuro que se avizinhava, hoje o presente, em que nada está fixado, determinado, regularizado.
Trem ou táxi
Houve um tempo em que os negócios se pareciam com trens: estações fixas, horários rígidos, procedimentos regulares. O passageiro deveria se submeter às condições estabelecidas. E não havia alternativa. Se quisesse se locomover, que fosse de trem. Daí surgiu a fase do táxi. Outro conceito. O chofer de praça, como era chamado, tomava uma única decisão no início do seu trabalho: se sairia à direita ou à esquerda da garagem. A partir daí, o dia era uma aventura imprevisível. O poder do motorista de planejar o dia findava quando recolhia o primeiro passageiro. Naquele instante, o planejamento passava a ser conjunto. O passageiro definia o destino e, muitas vezes, a rota. E ainda podia ingerir nas condições do veículo: velocidade, janelas abertas ou fechadas, inclinação e distanciamento dos bancos, sons ou silêncio. Trem e táxi são boas metáforas para representar as mudanças no mercado. Os ensinamentos de Ansoff e Taylor foram fundamentais nos tempos que o cenário estava mais para trens, mas deixam a desejar quando tudo se assemelha ao táxi. Planos rígidos e detalhados que buscam a regularidade podem ser um tremendo estorvo; planos criativos e parciais que buscam o desconhecido podem ser a solução. O remédio conhecido como “planejamento estratégico” deve ser ingerido com comedimento. Para alguns, ele já está com o prazo vencido. A tentativa de colocar o trem nos trilhos pode ser insensata. Na verdade, a melhor indicação para o presente é descarrilar!
Memória do futuro
Sim, é preciso preparar o futuro. É preciso ter um senso de direção ou propósito
para não ser esmagado pelos acontecimentos. Agindo como no tempo dos trens, o máximo que conseguiremos é reproduzir ou melhorar o passado. Otimizar é melhorar o passado. É prorrogar o que existe. Inovar é transformar o futuro. É imaginar o que poderia existir. O que poderia existir não é um exercício de busca de regularidade. É um exercício de imaginação. Planejar o futuro é um processo que tem menos a ver com aspectos racionais e intelectuais do que com criativos e emocionais. Resvalar muito rapidamente para os números é conter a imaginação, a centelha criativa. Afinal, que se saiba ninguém sonha números. Sonhamos imagens. Imagens são mais significativas do que palavras e números, porque ultrapassam o intelecto e invocam fortes sentimentos. Todo bom futuro começa com um grande sentimento. Assim, deve ser um exercício de preparação para o futuro: um sonho coletivo, que desperte e mantenha um sentimento positivo e entusiasmado em todos aqueles que sonham. Inovação, portanto, é a capacidade de mudar a realidade. Mas para que isso aconteça é preciso, antes, alterar a percepção da própria realidade. A isso se dá o nome de criatividade.
por Roberto Adami Tranjan
Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net
pela atenção do cliente. Para a empresa, não é mais ser a melhor entre as melhores, mas sim uma empresa única – só ela é capaz de fazer o que faz e da maneira como faz. Se o cliente não estiver presente no planejamento estratégico para o próximo ano, descar-
O processo criativo depende de inspiração. Há que eleger uma musa inspiradora para despertar a criatividade que conduzirá à inovação. Essa musa inspiradora é o cliente. É ele o epicentro de todo o trabalho de planejamento estratégico criativo voltado mais para táxi do que para trem. Não se trata mais de competir pela fatia de mercado, de superar os concorrentes nos seus diferenciais competitivos, de erguer barreiras contra novos entrantes. O desafio número um do novo planejamento estratégico é competir
te o que foi feito. Jogue direto no lixo! Refaça tudo, envolvendo o cliente. Ele precisa opinar sobre o desenvolvimento de novos produtos e dar ideias sobre os novos serviços. Garanta que esse envolvimento seja efetivo e permanente. A principal responsabilidade de um líder é ajustar a percepção de todos os seus colaboradores e parceiros com relação ao cliente e às necessidades dele. O cliente é a única memória confiável para um futuro realmente promissor!
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Planos rígidos e detalhados que buscam a regularidade podem ser um tremendo estorvo; planos criativos e parciais que buscam o desconhecido podem ser a solução
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Marcos GouvĂŞa de Souza
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NOVOS CONSUMIDORES Especialista fala sobre as mĂşltiplas possibilidades de acesso e escolha que o varejo precisa oferecer ao consumidor global
Marcos Gouvêa de Souza é um dos maiores conhecedores de varejo. Não é de hoje que ele antecipa mudanças no comportamento do consumidor e, consequentemente, no mercado varejista. No livro recém-lançado pela GS&MD – Gouvêa de Souza, Neoconsumidor digital, multicanal & global, o especialista e seus convidados Alberto Serrentino, Daniela Siaulys, João Rios, John Strand, Luiz Goes, Pedro Guasti e Renato Müller falam sobre as múltiplas possibilidades de acesso e escolha oferecidas ao consumidor global. São escolhas que transformam o mercado de uma maneira estrutural e irreversível ao colocar a preferência pessoal acima de qualquer outra contingência. “O que assistimos no momento é o início de um ciclo de experimentação e aprendizagem para o consumidor e um ciclo de vida de um novo canal de vendas e relacionamento para produtos, serviços e marcas, com um potencial transformador muito maior que aquele gerado pela internet”, afirma Gouvêa de Souza, referindo-se ao poder do celular integrado a outros canais. Segundo o consultor, no cenário global 52% dos neoconsumidores já consultam a internet antes de ir às lojas, e no Brasil esse número chega a 73%. “O que apuramos e foi ponto de partida de nosso estudo é que o neoconsumidor está presente em todos os mercados em cidades distintas e tem crescente participação.” Na entrevista a seguir, Gouvêa de Souza detalha quem é esse neoconsumidor e como o varejo deve se preparar para recebê-lo.
O que é o neoconsumidor? Quais as principais características desse novo consumidor? Marcos Gouvêa de Souza – O neoconsumidor é a evolução de todos nós porque somos consumidores multicanais desde criancinha. Comprávamos em loja, em feira, em catálogo e também comprávamos do vendedor que ia à nossa casa. A diferença é que, com o tempo, os canais digitais se tornaram relevantes, com destaque para a internet, o celular e – daqui a pouco – a TV interativa. E nós, que já éramos consumidores multicanais, nos tornamos multicanais digitais. E com isso passamos a ser também consumidores globais, no sentido em que comparamos nossa realidade com a realidade internacional. Comparamos os preços e as características de produtos e serviços que são oferecidos aqui com o que é oferecido lá fora. Assim, mudamos de patamar como consumidores e essa mudança traz consigo uma série de transformações no mercado e nas relações que temos com as marcas e as lojas de varejo. Que transformações são essas? Gouvêa de Souza – Em primeiro lugar, destaco a facilidade de encontrar recomendações, resenhas e análises de quem já comprou e usou os produtos. Isso faz com que haja um equilíbrio maior entre a atenção que dedicamos às informações oficiais dos produtos e aquelas que levantamos por nós mesmos no contato direto com nossos pares, amigos, conhecidos e até mesmo
desconhecidos. Há ainda o fato de que num clique podemos comparar as características e o preço dos produtos. Isso tudo nos torna consumidores mais poderosos, mais atualizados e bem informados, enfim, mais maduros. E o fato de compararmos preços leva para as lojas e para a própria internet um consumidor que vai comprar de quem oferecer mais por menos. Isso cria no mercado uma pressão sob a rentabilidade dos negócios e das empresas. E o que mudou ou está mudando no varejo por conta desse novo comportamento? Gouvêa de Souza – A primeira grande mudança é no papel estratégico do varejo, que cresce enormemente em importância no mundo todo. Historicamente, essa relação com as marcas ocorria entre os fabricantes e o consumidor. Agora, o varejo passa a ocupar um espaço relevante, em parte também porque cresce a participação das marcas próprias. Sempre ouço falar no Brasil que 6% das vendas do setor de supermercados vêm de marcas próprias. Esse índice é muito baixo comparado com a média mundial e também com outros segmentos. Para se ter uma ideia, os quatro líderes do mercado brasileiro de confecções – Renner, Riachuelo, C&A e Marisa – trabalham 100% com marcas próprias. É um fato espantoso um fabricante não ter espaço, exceto como facção. E essa tendência de marca própria avança para os segmentos de material de construção, farmácias, eletrodomésticos,
A tendência é de que o índice de infidelidade do consumidor, particularmente do neoconsumidor, seja cada vez maior. Ele é ‘infidelizável’ por natureza própria porque tem tantas opções que é estimulado a buscar alternativas, testar e comparar
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por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br
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A aprendizagem sobre esse neoconsumidor deve ser coletiva. Os processos de transformação são tão intensos que não é dado a ninguém o direito de subestimar o poder da integração em benefício de um crescimento mais rápido e consistente
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produtos eletrônicos, etc. O que acontece é que, na relação com o neoconsumidor, o varejo está se tornando cada vez mais um avalista. Um exemplo típico no Brasil é a Casas Bahia, onde por conta do crédito o consumidor passa a ter uma relação mais forte com a loja do que com as marcas que ela vende. Para ele, ir a um local onde já há crédito aberto e, por isso, o processo de compra será mais simples, é muito mais importante do que comprar o produto A, B ou C. No caso do Pão de Açúcar, a proposta da marca própria Taeq, ligada a estilo de vida e saúde, cria uma legião de fãs que não se baseia mais apenas em preço como acontecia com as marcas próprias no passado.
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O varejo brasileiro está preparado para atender o neoconsumidor? Gouvêa de Souza – Primeiro é preciso perguntar qual é o grau do consumidor brasileiro na escala de neoconsumidores. O grau é altíssimo, primeiro porque temos muitos consumidores jovens. Entre os grandes mercados mundiais, só a Índia tem um consumidor mais jovem do que o Brasil. Ele tem na faixa de 28 anos e sua disposição para conhecer, experimentar e inovar é muito grande. Além disso, nosso comportamento latino e o fato de termos passado por períodos de excessiva turbulência na economia acabaram criando consumidores que se adaptam facilmente às mudanças e estão sempre buscan-
do o novo. Por isso, ocupamos uma posição de destaque na escala do neoconsumidor e isso torna óbvia a necessidade de quem serve esses consumidores estar na fronteira da excelência. Isso já está acontecendo. No Brasil, temos 46 milhões de linhas de telefone fixo e 165 milhões de aparelhos celulares. O consumidor via celular está começando a criar uma relação com o aparelho que o permite ler numa loja os códigos de barras dos concorrentes. Mas o varejo e a própria indústria têm respondido muito positivamente à necessidade de ter que oferecer mais por menos. O nível se aproxima muito do que se faz de mais avançado no mercado mundial. Podemos dizer que o varejo brasileiro cresceu muito em qualificação nos últimos dez anos, período em que a economia se estabilizou, permitindo que as empresas se planejassem e construíssem o seu futuro. O varejo brasileiro de hoje não tem nada a ver com o de 20 anos atrás. Aliás, somos benchmark mundial em muitos segmentos como supermercado, material de construção e moda. Em algumas áreas, como farmácia, a legislação ainda inibe as ações, mas onde há liberdade competitiva temos práticas equivalentes às dos Estados Unidos e de países da Europa. Quais são as mudanças necessárias para conquistar a fidelidade desse neoconsumidor? É mais difícil fidelizar? Gouvêa de Souza – A tendência é de
que o índice de infidelidade do consumidor, particularmente do neoconsumidor, seja cada vez maior. Ele é “infidelizável” por natureza própria porque tem tantas opções que é estimulado a buscar alternativas, testar e comparar. Quanto mais ele testa e compara, melhor será o resultado da sua compra, levando o consumidor para outra direção. Como monitorar o comportamento do neoconsumidor de forma a acompanhar as transformações impostas por tecnologias digitais como celular e internet? Gouvêa de Souza – Muitas tecnologias estão sendo desenvolvidas, mas esse monitoramento já é possível no comércio eletrônico assim como no ambiente do celular e no ambiente da TV a cabo. Esse aparato tecnológico disponível tem amplitude e profundidade que não havia antigamente, permitindo que as empresas atuem de maneira mais precisa e focada. Minha visão é de que a aprendizagem sobre esse neoconsumidor deve ser coletiva. Os processos de transformação são tão intensos que não é dado a ninguém o direito de subestimar o poder da integração em benefício de um crescimento mais rápido e consistente.
LINHA DIRETA Marcos Gouvêa de Souza: (11) 3405-6666
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Fim do compasso
de espera por Beatrice Gonçalves beatrice@empreendedor.com.br
Depois de 20 anos de estagnação, o setor da construção civil registrou recorde de faturamento entre os anos de 2006 e 2008. Mas foi surpreendido pela crise em 2009. Com menos crédito e capital de giro no mercado, os consumidores adiaram as reformas e as construtoras reduziram o número de lançamentos de imóveis. Através de incentivos do governo federal que fizeram aumentar as vendas de materiais de construção e de imóveis no segundo semestre, o setor conseguiu fechar o ano registrando 1% de crescimento em comparação com 2008. As medidas de redução de impostos e de taxa de juros fizeram aumentar as perspectivas para 2010. Pelos cálculos do Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), o setor deve voltar a crescer cerca de 9% e movimentar o equivalente a R$ 625 bilhões em obras. Os setores mais promissores são o de habitação, em que os investimentos públicos e privados devem passar de R$ 200 bilhões, e o energético, com a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, nos estados de Amazonas e Rondônia. A retomada do crescimento da constru-
ção civil começou a partir do segundo semestre, quando o governo federal expandiu o crédito para pessoas físicas, aumentou as linhas de financiamento e reduziu encargos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos materiais de construção. Com a isenção do imposto até junho de 2010 o governo deixa de arrecadar mais de R$ 600 milhões, mas permite que produtos como cimento, tintas e lavatórios fiquem até 5% mais baratos. A expectativa da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) é que com a isenção do IPI as vendas do setor aumentem em 10%. “Hoje, com a redução da taxa de juros e de impostos, o consumidor consegue pagar suas contas em um prazo maior e em parcelas que se encaixam mais em seu bolso”, afirma Hiroshi Shimuta, diretor da Anamaco. O setor deve se manter aquecido ainda com as obras de infraestrutura previstas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que entra em sua segunda fase com investimentos em ferrovias e hidrovias, com o PAC da Copa do Mundo e com o programa “Minha Casa, Minha Vida”. A expectativa do governo é que neste ano sejam aprovados mais de 700 mil projetos de moradia popular pela Caixa Econômica
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Setor de construção civil retoma o ritmo de crescimento, estimulado pelos investimentos públicos e grandes eventos esportivos que o Brasil será sede
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Obra com paredes duplas fica em média 10% abaixo do valor da construção convencional
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Murilo Pinheiro, da FNE: meta é aumentar em 50% o número de engenheiros civis
Federal. Somente para o “Minha Casa, Minha Vida” são mais de R$ 34 bilhões investidos por meio de subsídios. Para atender a demanda prevista, a construção civil vai precisar contratar mais. Uma pesquisa realizada pela empresa de recursos humanos Manpower, com 71 mil empresas em 35 países, prevê que a construção civil seja o setor econômico que mais vai gerar empregos no primeiro semestre no Brasil. O estudo mostrou também que os empresários brasileiros estão entre os mais otimistas. A expectativa líquida do emprego na construção civil saltou de 7% em 2009 para 46% para o primeiro trimestre. “A construção civil deu um pulo de crescimento e, com isso, ela influencia diretamente os setores de serviços e de finanças”, explica Pedro Guimarães, diretor da Manpower. A pesquisa revelou ainda que o Brasil é o segundo país em perspectivas de emprego, atrás apenas da Índia. A expectativa é que sejam contratados mais de 180 mil trabalhadores entre engenheiros, mestres-de-obras e pedreiros. Mas Guimarães alerta que as construtoras podem ter dificuldade em selecionar esses profissionais porque há pouca mão de obra qualificada no mercado. “Talvez a gente tenha subestimado a nossa capacidade de demanda para algumas profissões, como a de pedreiro”, afirma. Para Shimuta, diretor da Anamaco, o Brasil só não vai crescer mais por falta de mão de obra qualificada. “Antigamente, se você precisava de um mestre-
de-obras, você anunciava e apareciam 50; hoje você anuncia e vêm apenas seis. O mestre-de-obras que tem experiência ganha hoje em média R$ 15 mil.”
Falta mão de obra Pelas estimativas da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), também podem faltar profissionais técnicos para coordenar as obras. Segundo a entidade, são formados por ano no Brasil cerca de 30 mil engenheiros e, desse total, apenas 3 mil se formam em engenharia civil. O que não é suficiente para atender a demanda. “A nossa meta é aumentar em 50% o número de profissionais”, afirma Murilo Pinheiro, presidente da FNE e do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Ele explica que os 20 anos de estagnação econômica fizeram com que a profissão fosse menos valorizada e com isso houvesse menos procura pelos cursos de engenharia. Para Pinheiro, o País só continuará a crescer e se tornará uma das cinco maiores economias se conseguir formar mais profissionais para o setor. “Estamos fazendo um trabalho de valorização da engenharia no ensino médio para que mais pessoas se interessem pela profissão.” Além dos problemas com a mão de obra, há setores da economia que acreditam que podem faltar materiais de construção para as obras. Ricardo Adachi, vice-presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de São Paulo, explica que o Brasil depende de outros países para crescer por-
Expectativa de emprego por setor Comparação setorial no Brasil 46%
43%
40% 31%
33%
31% 21%
22%
31% 22%
1 9 % 22%
30% 20%
17%
7%
Transportes
1º trimestre de 2010
Serviços
Administração Pública
Construção Civil
4º trimestre de 2009
que não produz determinados materiais. “Já há falta de lâmpadas fluorescentes e o Brasil depende da China nesse setor, porque o país é o maior produtor e exportador mundial do produto.” Mas Shimuta, da Anamaco, não vê um grande problema na falta de lâmpadas. Ele diz que o País já tem a capacidade de produzi-las aqui e que as indústrias nacionais estão preparadas para o aumento da procura. “O problema é quando há falta de ferro, aço e petróleo.” As indústrias brasileiras estão se preparando para oferecer cada vez mais soluções rápidas e baratas para o mercado. A Sudeste trouxe para o País a tecnologia das paredes duplas, em que é possível construir e montar galpões ou mesmo uma casa de 38 metros quadrados em apenas cinco horas. A parede é feita em fôrma metálica, não precisa de acabamento e já sai de fábrica com instalação elétrica e hidráulica, pronta para receber as ripas e as telhas. “Nós fizemos um levantamento e percebemos que a obra com as paredes duplas fica em média 10% abaixo do valor da construção convencional”, afirma Fábio Casagrande, diretor da Sudeste. Ele explica que no pré-fabricado a geração de resíduos é menor e que o cliente não joga fora nenhum dos materiais utilizados. “Esse tipo de técnica serve tanto para obras públicas, edifícios e residências quanto para obras rápidas como as que serão feitas para a Copa e para as Olimpíadas.” A Merc Distribuidora se especializou em oferecer kits hidráulicos elétricos prontos para as obras – sistema que reduz pela metade
o tempo de instalação. Os kits são montados de acordo com a necessidade da obra e todos os materiais utilizados vêm identificados e na quantidade certa a ser utilizada. “Constatamos junto a nossos clientes uma redução do tempo de instalação em cerca de 40% a 50%. Os kits industrializados evitam ainda furtos, desperdícios e erros, o que resulta em economia na obra”, explica Eduardo de Setti Alves, diretor da Merc. A empresa oferece ainda o serviço de readequação e reforma de imóveis para torná-los mais econômicos e sustentáveis. Os consultores da Merc Sustentabilidade propõem pequenas alterações no empreendimento para reduzir o consumo de água. Alves conta que trocar uma válvula sanitária já faz uma grande diferença porque hoje elas consomem em média seis litros de água por descarga, mas as que foram produzidas até 2002 não consumiam menos de 12 litros. “O custo para fazer essa obra de troca de válvulas se paga em três
Pesquisa com 71 mil empresas em 35 países prevê que a construção civil será o setor econômico que mais vai gerar empregos no primeiro semestre no Brasil
Manufatura
Finanças
Agricultura, Pesca e Mineração Fonte: Manpower
meses de conta de água. Para se ter uma ideia, se um condomínio residencial gasta R$ 13 mil em um mês, com a nossa vistoria técnica e com a troca de algumas peças o condomínio pode passar a gastar R$ 8 mil.” O uso de ferramentas da tecnologia da informação também pode melhorar a qualidade dos projetos da construção civil, diminuir erros e reduzir os custos. A empresa Softplan/ Poligraph oferece ao mercado o software Sienge, um programa que padroniza processos, estabelece rotinas, evita retrabalhos e reduz os custos nas construções. Isso porque permite que engenheiros, corretores e a parte administrativa da empresa trabalhem de forma integrada. O programa funciona por meio de cinco módulos integrados divididos pelos assuntos gerencial, comercial, financeiro, suprimentos e de engenharia. “Nós oferecemos o produto de acordo com as características da empresa que pode ser tanto uma incorporadora quanto uma empresa que presta serviços para o setor”, explica Carlos Augusto de Matos, diretor da Softplan/Poligraph. Com o Sienge, o engenheiro pode planejar o andamento da obra e saber quanto ela vai custar antes de começá-la. O programa permite também que os profissionais tenham acesso às compras que foram orçadas, ao número de trabalhadores envolvidos na obra e ainda ter informações sobre o processo de vendas das unidades construídas. “Com o software de gestão integrada, a empresa consegue tocar muito mais obras com a mesma estrutura que tinha.”
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Comércio
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Em 2009 foram comercializados mais de 185 mil imóveis para brasileiros que ganham até 10 salários mínimos
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Moradia para todos os bolsos
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O mercado de casas populares sustentou o setor de construção civil em 2009, mas também é grande a procura por imóveis de alto padrão para investimento
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Em 2009, um dos setores que manteve o crescimento da construção civil no País foi o de moradias populares. O programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, lançado em abril, movimentou o mercado através de subsídios de mais de R$ 34 bilhões. Até o fim do ano foram comercializados através do programa mais de 185 mil imóveis para brasileiros que ganham até 10 salários mínimos. O governo pretende por meio do “Minha Casa, Minha Vida” subsidiar a construção de 1 milhão de moradias e, com isso, diminuir o déficit habitacional brasileiro. Pelas estimativas do Ministério das Cidades, mais de 6 milhões de brasileiros vivem em domicílios improvisados, em habitações precárias, em coabitação familiar ou ganham menos de três salários e comprometem mais de 30% da renda familiar com o aluguel. Com o “Minha Casa, Minha Vida” essa parcela da população pode adquirir a casa própria, ter subsídio integral do financiamento e pagar parcelas mensais de no mínimo R$ 50. A meta do governo é financiar cerca de 800 mil moradias para os brasileiros que ganham até
seis salários, e mais 200 mil para a faixa de seis a dez salários. Para Hélio Bairros, presidente do Sinduscon da Grande Florianópolis, o “Minha Casa, Minha Vida” mostra aos empresários do setor outra direção para os negócios. Mesmo com a forte demanda, Bairros explica que há poucas opções de imóveis para as classes mais pobres. “Os imóveis que custam na faixa de R$ 80 mil vendem muito bem. A principal dificuldade do mercado é oferecer empreendimentos para a população que ganha de um a três salários”, afirma. Segundo Carolina Palermo, professora de arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, e autora do livro Sustentabilidade social do habitar, para diminuir o déficit habitacional brasileiro não basta apenas construir, é preciso que as moradias oferecidas às classes mais pobres ofereçam infraestrutura mínima necessária. A pesquisadora explica que desde a década de 1940 a política habitacional brasileira está estruturada no uso de materiais baratos e em projetos arquitetônicos padrão que aca-
bam por produzir construções de má qualidade. “Em geral, as soluções que têm sido aplicadas em habitações populares trazem problemas estruturais no projeto que não permitem que o morador faça a ampliação dessa casa. É comum verificar também que em menos de um ano as paredes do imóvel começam a rachar.” Carolina conta que já acompanhou os problemas enfrentados pelos moradores de um conjunto habitacional em Florianópolis em que um senhor tentou reformar a casa e sem querer acabou destruindo-a. “O morador resolveu fazer uma ampliação, cortou a parede e com isso cortou a viga de amarração e o edifício veio abaixo.” Para a pesquisadora, o discurso da casa própria transfere ao morador a ideia de que ele é realmente dono daquele imóvel, mas na verdade não é isso o que ocorre – porque não é dado a ele o direito de fazer modificações na casa e nem de realizar qualquer atividade comercial no imóvel enquanto estiver pagando o financiamento. “Em Florianópolis, mais de 80% dos lares das regiões mais
pobres são chefiados por mulheres e elas poderiam transformar uma habilidade em trabalho e renda, mas não podem fazer isso em suas próprias casas.”
Alto padrão Diferente dos consumidores de baixa e média renda, a classe alta está em busca de imóveis para investimento. Gastam mais de R$ 500 mil para adquirir a segunda ou terceira moradia e buscam empreendimentos que aliem projetos arquitetônicos inovadores, conforto e infraestrutura. Santa Catarina é um dos estados referência nesse segmento. Florianópolis e Balneário Camboriú são cidades conhecidas desses investidores. A novidade no setor de alto padrão no estado são os empreendimentos em cidades próximas à capital, tanto no litoral, como Governador Celso Ramos, quanto na serra, como Santo Amaro da Imperatriz e Rancho Queimado. O grupo Plural Brasil formado por investidores brasileiros e espanhóis e a incorporadora Atlântica Resort & Golf estão investindo na construção do empreendimento Quinta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos. O empreendimento ocupará uma área de 1,2 mil hectares e terá condomínio residencial, hotéis de luxo, um hotel apenas para eventos corporativos, campos de golfe, hípica, marinas e uma área comercial de 70 mil metros quadrados. “Celso Ramos é considerada a última
joia da Coroa de Santa Catarina. Um local que conseguiu preservar suas áreas, explica Enrico Soffiatti, diretor da incorporadora Atlântica & Golf. O investidor explica que o público-alvo do empreendimento é formado por consumidores da classe A de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. O projeto já tem licença ambiental da Fundação Chico Mendes e os investidores aguardam a licença ambiental de instalação para dar início à construção. Soffiatti explica que já estão previstas obras para recuperar a mata ciliar dos três rios que passam pela propriedade, investimentos de mais de R$ 30 milhões para construção de um sistema de tratamento de esgoto e de uma central de energia elétrica para todo o município. “Vamos gerar 15 mil empregos diretos e outros 15 mil indiretos para operação do Quinta dos Ganchos”, afirma Soffiatti.
Pelas estimativas do governo, mais de 6 milhões de brasileiros vivem em habitações precárias ou comprometem mais de 30% da renda familiar com o aluguel
Outro empreendimento que aguarda licença ambiental de instalação no município é a Vilas do Sissial. A obra começou em 2005, mas ficou parada por dois anos. Em 2007, o Ministério Público Federal de Santa Catarina exigiu na Justiça que o município fizesse o levantamento de todas as construções em áreas de preservação permanente na localidade de Canto dos Ganchos e na Fazenda da Armação, e requereu que a União cancelasse todas as inscrições de áreas caracterizadas como de preservação permanente. “Em 2008 apresentamos um projeto revisado atendendo ao parecer da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) e conseguimos aprová-lo em setembro”, explica Luiz Cadenas, responsável pelo empreendimento Vilas do Sissial. Para atender às exigências ambientais foi preciso modificar a área de ocupação do empreendimento. “Antes estava previsto utilizar 28% da área, com essas modificações reduzimos a área de ocupação e apresentamos uma concepção nova. Vamos trabalhar em 20% do terreno para desenvolver o produto final”, afirma. O projeto da obra prevê ainda a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e investimentos de mais de R$ 20 milhões em infraestrutura para construir um sistema elétrico e de telecomunicações subterrâneo e um sistema de tratamento de esgoto. O complexo turístico Vilas do Sissial ficará numa área de 140 hec-
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Termas do Tabuleiro: preço dos imóveis varia de R$ 650 mil a R$ 950 mil
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Leroy Merlin em Niterói: projetado para reduzir em 50% o consumo de água e em 17% o de energia
tares e terá hotel, condomínio residencial e centro de convenções. A 70 quilômetros de Governador Celso Ramos, já na Serra do Tabuleiro, na cidade de Santo Amaro da Imperatriz, está sendo construído outro grande empreendimento. É o Termas do Tabuleiro Resort e Residence, um investimento árabe na região. O empreendimento está localizado em uma área da serra conhecida por suas águas termais. No projeto da obra está prevista a construção de um hotel cinco estrelas, casas e toda a infraestrutura de piscinas com águas termais. O valor dos imóveis para venda varia de R$ 650 mil a R$ 950 mil. “Para nós, 2009 não foi um ano ruim. Nós vendemos mais de 60% dos imóveis nesta primeira etapa”, afirma Bassam Hanna, responsável pelo empreendimento Termas do Tabuleiro.
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Construção certificada
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Planejar a construção é um dos fatores essenciais para tornar a obra mais sustentável. Para Manuel Martins, diretor da fundação Vanzolini e um dos responsáveis pela certificação ambiental Aqua no Brasil, as construtoras costumam investir pouco tempo para pensar no programa e no projeto da obra. “Se você não gasta mais tempo pensando no programa, você já começa a perder porque deixa de fazer as melhores escolhas para a obra”, diz. Martins faz parte da equipe técnica de consultores da Vanzolini que avaliam construções e certificam empreendimentos sustentáveis através do processo Aqua, um sistema inspirado no modelo francês HQE (Haute Qualité Environnementale), que avalia 14 itens nas obras de
acordo com conceitos de ecoconstrução, ecogestão, conforto e saúde. Para receber a certificação é preciso fazer a gestão ambiental do empreendimento em todas as etapas da construção. A fundação Vanzolini emite três certificados por obra – uma após analisar o programa da construção, outra no projeto e o terceiro quando a obra termina. “São analisadas as questões relativas ao meio ambiente e seu entorno, a inserção harmônica na vizinhança onde será implementado o empreendimento, pré-requisitos para a escolha integrada dos materiais de sistema construtivos, desempenho ambiental e facilidade de conservação”, afirma Martins. Ele explica que em cada item analisado o empreendimento pode ser avaliado pelos auditores como bom, nível superior e excelente. No caso da gestão de resíduos do canteiro de obras, se ele conseguir reduzir o material gerado em 5%, recebe o nível bom, 10% o nível superior e 15% o nível excelente. A loja da Leroy Merlin, em Niterói (RJ), é uma das obras que recebeu certificação Aqua no Brasil. O empreendimento foi projetado
“Quanto mais se utilizar soluções sustentáveis nas obras, menor vai ser o custo dessas soluções”, diz Luiz Henrique Ferreira
Casa Aqua: protótipo com todas as exigências da certificação
para reduzir em 50% o consumo de água e em 17% o de energia. “Eles colocaram um painel na entrada da loja para mostrar aos clientes o quanto a unidade está economizando naquele momento.” A Inovatech Engenharia é a primeira empresa no Brasil a prestar consultoria para as empresas sobre o processo Aqua. “Nosso trabalho é de orientação de projetos e obras para que se consiga atingir os objetivos da alta qualidade ambiental de uma maneira eficiente”, diz Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia. Ele explica que muitas vezes o empreendedor acha que construção sustentável é aquela que tem uma pilha de materiais ecologicamente corretos, mas não é só isso. “Uma construção sustentável precisa levar em consideração o contexto em que ela está inserida, a relação com o entorno, com os meios de transporte e até mesmo a infiltração de água.” O trabalho da Inovatech é ajudar o empreendedor a tomar e ponderar as decisões na obra e se preparar para as auditorias para a certificação. “Às vezes vale a pena comprar energia da rede que você vai ter um teor de emissão de carbono menor do que se você tiver um sistema de cogeração a gás. Isso depende de uma análise detalhada.” Ferreira explica que hoje um dos grandes desafios de construir um empreendimento sustentável é que o empreendedor tem que executar obras de alta qualidade ambiental com custo semelhante a uma construção convencional. Para o engenheiro, essa economia só é possível se for feita em escala. “Quanto mais se utilizar soluções sustentáveis nas obras, menor será o custo dessas soluções”, conclui.
GR Jundiaí: primeiro condomínio industrial a ter certificação Green Building
Expansão da economia fomenta o segmento de infraestrutura de armazenagem e logística próximo a grandes centros Uma tendência de mercado em construção industrial são condomínios empresariais modulares localizados às margens de rodovias. Com mais de 1 mil metros quadrados esses empreendimentos têm galpões, espaço para armazenagem e para o escritório. Isso permite que as empresas tenham em um mesmo espaço o setor administrativo, de produção, armazenagem e de logística. Com fácil acesso e próximo a grandes centros como São Paulo e Campinas, esses imóveis são também mais econômicos. Como estão organizados por meio de condomínios, eles possibilitam que várias empresas compartilhem os gastos com segurança e limpeza do imóvel. A Herzog Imóveis Industriais e Comerciais, empresa que aluga e vende unidades em condomínios, registrou crescimento na demanda por esse tipo de imóvel mesmo durante a crise. “O que aconteceu em 2009 é que os valores dos aluguéis deram uma reduzida. Em 2008, o aluguel estava em torno de R$ 25 o metro quadrado; em 2009, a média foi de R$ 17 no interior de São Paulo e de R$ 20 na capital”, afirma Simone Santos, diretora corporativa da Herzog. Ela explica que por causa das oscilações do mercado muitos empreendedores deixaram de investir na construção de novos condomínios no primeiro semestre de 2009. Só quando a economia voltou a dar sinais de
crescimento é que as construtoras retomaram os investimentos nesse setor. “Nós teremos dificuldades de encontrar unidades novas em condomínios para nossos clientes no início de 2010 porque a tendência é que a procura por esse tipo de imóvel aumente e, por outro lado, haverá poucos empreendimentos a oferecer”, afirma Simone. Dos condomínios empresariais previstos para serem entregues em 2010 em São Paulo, mais de 60% devem ficar prontos só no segundo semestre. Com a entrada desses empreendimentos no mercado, a Herzog espera que aumente em 17% a oferta desse tipo de imóvel para aluguel. A incorporadora GR Properties deve entregar em maio de 2010 o condomínio industrial GR Jundiaí, no interior de São Paulo, com capacidade para receber 21 empresas. O empreendimento começou a ser construído em outubro e é o primeiro a ter certificação United States Green Building Council de baixo impacto ambiental, desde a construção até a operação do condomínio. A obra do GR Jundiaí tem controle de fumaça, gestão de resíduos, utilização de madeira certificada, iluminação natural e redução de ilhas de calor e de consumo de água em 20%. “Além de associar o nome da empresa a uma obra com certificado ambiental, as companhias que se instalarem aqui terão seus custos reduzidos”, explica Guilherme Rossi, presiden-
te da GR Properties. O empresário acredita que a demanda por condomínios industriais deve aumentar se o governo de São Paulo decidir ampliar a restrição à circulação de caminhões dentro da cidade. “Estar fora do anel viário será questão de sobrevivência.” A incorporadora INI2 Implantações Imobiliárias está investindo em outro conceito de galpões modulares: o Flex Building. Por esse sistema as empresas podem expandir sua área em até 50% sem precisar mudar de espaço. Os módulos permitem que a empresa aumente a área do mezanino e com isso varie sua metragem de 3,3 mil a 5 mil metros quadrados. “É um empreendimento que consegue aliar o conforto de um escritório a um custo de produção de área industrial”, afirma Carlos Corsini, sócio-diretor da INI2. Todas as unidades já foram vendidas para investidores e a expectativa de Corsini é que até fevereiro todas estejam locadas. A proposta do empresário é construir mais dois flex buildings em 2010 em São Paulo e depois investir na construção desses empreendimentos em outras regiões do País.
LINHA DIRETA Anamaco: www.anamaco.com.br GR Properties: www.grproperties.com.br INI2: www.ini2.com.br Inovatech: www.inovatech.com.br Manpower: www.manpower.com.br Merc Distribuidora: www.merc.com.br Quinta dos Ganchos: www.quintadosganchos.com.br Softplan/Poligraph: www.sienge.com.br Sudeste: www.sudeste.ind.br
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Galpões industriais
Corsini, da INI2: galpão modular permite expandir área em até 50%
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MARKETING
afetiva Memória
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As estratégias para retornar ao mercado e o exemplo de ícones de antigas gerações que estão voltando agora
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por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br
Enquanto a maioria das marcas se desdobra para não cair no esquecimento, algumas (poucas) contam com lugar garantido na memória do consumidor, a ponto de serem lembradas mesmo após anos fora do merca-
do. E é apostando no potencial dessas lembranças que Pakalolo e Ocean Pacific – dois ícones do varejo nacional nos anos 1980 e 1990 – estão de volta à cena. Com estratégias distintas, ambas planejaram o retorno de forma minuciosa, com o objetivo de evitar os erros do passado e adaptar o conceito da marca às tendências atuais em moda,
comportamento e comunicação. Afinal, além de atender às expectativas do público saudosista, elas têm pela frente a missão de conquistar novos clientes e enfrentar uma concorrência muito mais acirrada. Segundo Guilherme Belluzzo, sócio-diretor da TopBrands, empresa especializada em gestão de marcas e branding, só faz sentido voltar ao mercado as marcas que ainda mantêm algum vínculo com o público. “O único motivo que realmente inviabiliza o retorno é naqueles casos em que a marca precisou sumir por conta de algum escândalo ou de
Mesbla: fechada na década de 1990, retorna em 2010 com site de e-commerce voltado ao público feminino
um grande fiasco”, aponta Belluzzo. Na opinião do consultor, tanto a volta da Pakalolo como a da Op tem tudo para dar certo. “São marcas que tinham uma personalidade muito marcante, ícones de uma geração, e que estabeleceram uma relação de afeto muito forte com os consumidores”, diz Belluzzo. Que o diga o empresário, surfista e jornalista Sidney Tenucci, o Sidão, fundador da Ocean Pacific, pioneira no segmento de surfwear no Brasil. Há dez anos, desde que resolveu encerrar as atividades da empresa por conta de motivos pessoais e econômi-
totalmente verticalizados, chegamos a ter malharia e a cuidar da distribuição”, relembra Sidão. “Não precisamos fazer tudo, mas sim ter os parceiros certos, que façam melhor aquilo que não é nossa especialidade.” E foi justamente após a parceria com a Meltex Joy, uma das principais distribuidoras de confecção do Brasil, que o projeto de reposicionamento da Op teve início em 2008. Até então, a marca era apenas licenciada para algumas categorias de produtos – como papelaria e malharia – vendidos em lojas mais populares e distante do seu público-alvo. Na nova fase, a distribuição será focada em multimarcas e os planos incluem a inauguração de uma loja-conceito em São Paulo até meados de 2010. Um intenso projeto de marketing já está em ação, visando colocar a Op em evidência. Além de ações e assessoria de imprensa e mídia on-line, a marca também patrocina o multiatleta Luís Roberto Formiga, especialista em esportes de ação. A médio e longo prazos, a ideia é voltar a expandir através do franchising.
Segmentação O principal risco ao retomar a operação de uma marca, segundo Guilherme Belluzzo, é adaptar a imagem do passado aos dias de hoje, o que inclui a segmentação de acordo com o público-alvo. “No passado era fácil segmentar, pois as pessoas eram mais parecidas em termos de comportamento. Hoje, porém, há diversas tribos e já existem marcas voltadas para nichos muito específicos”, ava-
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Pakalolo: mudança de foco do público infanto-juvenil para jovens e adultos
cos, Sidão se acostumou a ouvir declarações apaixonadas sobre a marca. “Não há quem me encontre e não pergunte quando, afinal, a Op vai voltar! A marca tem um recall fantástico. É unânime, acima de 26 anos todo mundo lembra da Op”, comenta Sidão. Outro motivo que justifica o retorno da Op, segundo o empresário, é o conceito da marca, que continua mais atual do que nunca. “Hoje em dia está em voga o que a Op sempre foi: uma marca ligada ao conceito de natureza, sustentabilidade e esporte. Por isso nosso slogan é ‘Tudo se transforma, a essência permanece’. Só estamos voltando porque a essência continua pertinente.” Fundada em 1979, a grife chegou a ter 15 lojas próprias, 15 franquias e presença em 1,2 mil pontos de venda. Entre os produtos mais lembrados estão as carteiras de náilon com fecho de velcro e a calça Bali de popeline de algodão – que devem voltar devidamente repaginadas na próxima coleção. Como forma de garantir que os novos produtos da Op tenham a cara do consumidor atual sem perder a aura dos velhos tempos, Sidão conta com profissionais de 20 a 40 anos na área de marketing e criação. “Faço questão de ter as duas gerações juntas, unindo experiência, conhecimento da história da marca e atualidade”, diz. Para evitar os erros do passado, quando a empresa era totalmente verticalizada, o empresário investe nas parcerias. Dessa forma, ele pretende se concentrar naquilo que realmente sabe fazer: marketing, criação de produtos e comunicação. “No passado, éramos
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MARKETING
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lia. Para redescobrir seu espaço no mercado, a dica do consultor é começar por uma ampla pesquisa que identifique a “imagem residual” da marca, a situação da concorrência e possíveis brechas no mercado. “O segundo passo é posicionar a marca de forma estratégica, o que inclui atualização da identidade visual, plano de marketing e a implementação através de canais diferenciados, pensados sob medida para o target”, completa Belluzzo. Todas estas ações também foram seguidas à risca pela Pakalolo, outro ícone do varejo dos anos 1980 que voltou à cena em dezembro do ano passado com a inauguração de três lojas. O retorno da marca já era estudado desde 2005, quando a Marisol adquiriu a marca e a reintroduziu no mercado através do canal multimarcas. “Nós precisávamos entender um pouco o que era a marca, quem eram os consumidores e, por isso, trabalhamos por quatro anos em multimarcas para conhecer a aceitação do produto”, explica Roberto Keiber, diretor-executivo da Marisol. Mas foi somente após um estudo mais minucioso, realizado a partir de 2008, que a empresa decidiu retornar com a marca através de lojas próprias e franquias. “Ficamos surpresos com o recall da Pakalolo, que registrou índice de rejeição zero”, afirma Keiber, referindo-se à pesquisa que mediu o grau de aceitação da marca. “É preciso despender um capital gigantesco para promover o lançamento de uma marca do zero. No caso da Pakalolo, temos a grande vantagem de já entrar no mercado contando com a simpatia do consumidor”, completa. Se no passado o mix de produtos da Pakalolo era voltado ao público infanto-juvenil, na nova fase o foco está nos jovens e adultos, homens e mulheres, de 15 a 30 anos e conec-
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Principal risco ao retomar a operação de uma marca é adaptar a imagem do passado aos dias de hoje, o que inclui a segmentação de acordo com o público-alvo
Sidão, da Op, pioneira em surfwear no Brasil: “Só estamos voltando porque a essência continua pertinente” tados ao mundo virtual. A decisão de excluir os artigos infantis foi tomada após a análise da gestão anterior, quando se comprovou que a participação desses itens nos resultados era muito pequena. Além disso, a Marisol já detém outras duas marcas exclusivas para os pequenos: a Lilica Ripilica e a Tigor T. Tigre. Após a definição do público-alvo, teve início o desenvolvimento da nova coleção da Pakalolo. Carro-chefe da marca nos anos 1980, o moletom volta com uma roupagem contemporânea. Ao invés das cores berrantes e fluorescentes que eram sucesso no passado, as peças agora chegam em tons como nude, cinza, verde, vermelho e preto. Outros itens que consagraram a marca – como as agendas – também devem ser relançados em breve atendendo aos pedidos do público saudosista. O projeto de expansão da grife começou com a inauguração de três lojas próprias em dezembro de 2009, sendo duas em São Paulo e uma em Florianópolis. Em 2010, a meta da empresa é iniciar a operação de franquias e fechar o ano com 20 lojas em todo o País. “O que podemos perceber desde a inauguração é que, com o nosso mix, estamos conseguindo atender tanto o público um pouco saudosista quanto os mais jovens”, afirma Roberto Keiber, que também já se acostumou com as declarações apaixonadas dos clientes do passado. Outra marca que ensaia o retorno ao mer-
cado é a Mesbla, fechada na década de 1990 por conta de uma série de problemas operacionais. Considerada a número um em vendas no varejo durante os anos 1980, a rede ganhou fama pelas amplas lojas que vendiam de ferramentas a alimentos, passando por itens de vestuário, cama, mesa e banho. Através do licenciamento da marca – que pertence ao empresário Ricardo Mansur – a volta da Mesbla deve ocorrer em 2010. Desde novembro do ano passado está em fase de testes um site de e-commerce voltado ao público feminino, com o slogan “Mesbla: a loja da mulher pontocom”. Segundo Guilherme Belluzzo, a iniciativa do retorno via internet tem grandes chances de ser bem-sucedida, desde que a empresa saiba se posicionar perante uma concorrência on-line já estabelecida. “Não adianta querer competir com sites como Submarino e Americanas”, diz o consultor. “A Mesbla deve apostar na credibilidade que tinha no passado e buscar um mix de produtos diferenciado”, completa Belluzzo.
LINHA DIRETA Mesbla: www.mesbla.com.br Op: www.opbrasil.com.br Pakalolo: www.pakalolo.com.br TopBrands: (11) 3044-2263
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PA N O R A M A
Negócios
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saudáveis 32
Mercado de saúde cresce ano a ano, acima da média da economia brasileira, e ainda oferece oportunidades em diversas áreas
por Cléia Schmitz
cleia@empreendedor.com.br
Direito constitucional de todos os brasileiros, a saúde vem se tornando um negócio cada vez mais atrativo no Brasil. Fatores como o aumento da expectativa de vida da população e a parceria entre setor público e setor privado para a universalização do
atendimento têm aberto muitas portas para empreendedores e investidores do segmento. Pesquisa divulgada em dezembro passado pelo IBGE mostra que em 2007, ano-base do estudo, o segmento movimentou R$ 137,9 bilhões. De 2005 a 2007, a taxa de crescimento foi maior do que a da média da economia – 4,3% contra 3,7%. Outro indicador é o aumento do número de beneficiários de planos
31 mil empregos diretos nas indústrias 72 mil postos de trabalho indireto
180 países de 5 continentes compram produtos brasileiros Fonte: Abimo
Fonte: Abimo
R$ 137,9 bilhões movimentados em 2007 4,3% de crescimento entre 2005 e 2007 Fonte: IBGE
463 indústrias de artigos e equipamentos médicos, odontológicos, hospitalares e de laboratórios R$ 7,2 bilhões de faturamento anual
3,4% do PIB é a soma dos recursos destinados à saúde pública
Saúde em números no Brasil
de saúde, que passou de 31,4 milhões, em dezembro de 2003, para 41,4 milhões, em junho de 2009, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “O Estado tem a responsabilidade de oferecer assistência à saúde à totalidade da população e o sistema privado atua com a proposta de desonerar o sistema público”, avalia Newton Quadros, administrador com 22 anos de atuação em gestão em saúde. Para ele, a participação da iniciativa privada se faz necessária principalmente devido aos avanços tecnológicos que exigem grandes investimentos no setor. Quadros destaca ainda os baixos investimentos do País em saúde, comparados a outros países da América Latina. Enquanto o Brasil gasta 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas que produz) na área, o Chile gasta 7%. Essa defasagem indica o potencial de crescimento das atividades relacionadas à saúde no País. O desempenho da indústria de equipa-
41,4 milhões de beneficiários de planos de saúde em 2009
Fonte: ANS
Fonte: ANS
mentos na área de saúde também mostra o crescimento do mercado. “Há 10 anos o setor apresenta uma curva de crescimento em diversos aspectos: faturamento, número de empresas, empregos gerados, além da expansão das exportações”, afirma Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). Em 1999, a cadeia integrava 326 indústrias que, juntas, faturavam R$ 1,9 bilhão e empregavam 27,7 mil pessoas. Hoje ela conta com 463 indústrias, que faturam R$ 7,2 bilhões ao ano e geram mais de 31 mil empregos diretos e 72 mil postos de trabalho indiretos. Atualmente, os produtos brasileiros escoam para mais de 180 países pulverizados nos cinco continentes. Em dezembro, a expectativa da Abimo era encerrar 2009 com um faturamento médio de R$ 8 bilhões e aumentar este número em 10% em 2010. Pallamolla explica que
as previsões para este ano baseiam-se em negócios já alinhavados, na manutenção da demanda interna e também nos lançamentos previstos para o período. “Acreditamos que este ritmo de crescimento tende a se manter ou até mesmo aumentar em 2010. O País tem vocação para uma das áreas que mais revoluciona a indústria da saúde: a biotecnologia; conta com talentosos cientistas e detém 20% da biodiversidade mundial. Nosso desafio é transformar tudo isso em soluções eficientes para os profissionais da saúde e em respostas aos problemas dos pacientes”, afirma o presidente da Abimo. O potencial do mercado de saúde tem levado muitos profissionais, como médicos e dentistas, a apostarem em negócios na área. Colegas de pós-graduação, os oftalmologistas Gustavo Lima, Andresson Figueiredo e Fernando Ramalho decidiram no Canadá, enquanto faziam doutorado, abrir uma clínica especializada no Brasil.
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Newton Quadros: baixos investimentos públicos abrem espaço para iniciativa privada
31% de aumento do número de beneficiários entre 2003 e 2009
PHOTOSTOGO
Fonte: Abimo
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PA N O R A M A
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DIVULGAÇÃO/ARNALDO PEREIRA
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Tanto que recusaram o convite para trabalhar em território canadense. “Fizemos uma pesquisa de mercado e constatamos que havia uma carência muito grande de serviços de oftalmologia na região de Itajaí, próximo a Florianópolis”, conta Lima, paranaense que costumava passar férias na região. Não foi preciso muito tempo para mostrar que eles estavam certos. As três primeiras clínicas Oftalmos foram inauguradas em 2003 (Itajaí), 2004 (Blumenau) e 2005 (segunda unidade em Itajaí). A quarta, na cidade de Navegantes, é de 2008. Gustavo Lima admite que nem ele esperava um crescimento tão rápido da rede. E a expansão do negócio não ficou por aí. Em novembro de 2009, junto com um quarto sócio, Paulo Ferreira, eles inauguraram em Balneário Camboriú a Oftalmos Centro de Excelência, especializada em todo tipo de cirurgia ocular. A clínica conta com equipamentos de alta tecnologia, inexistentes na região, como o OCT, que permite diagnosticar precocemente algumas doenças como o glaucoma. Outro aparelho ajuda a calcular com precisão o grau das lentes intraoculares que são implantadas
através de cirurgia. “A população está envelhecendo e as cirurgias oculares são um mercado em expansão. A previsão é de que até 2020 o número de cirurgias de catarata cresça 25%”, destaca o oftalmologista.
Oportunidades
Fabiana Tichauer, da Doctor Clean: crescimento de 50% nos últimos seis anos
De acordo com Newton Quadros, ainda há muitas brechas no mercado de saúde. O especialista é um dos sócios e diretorexecutivo do Hospital Baía Sul (HBS), empreendimento que será inaugurado neste primeiro semestre em Florianópolis. O HBS faz parte do Baía Sul Medical Center (BSMC), complexo de saúde que abriga mais de 100 clínicas e consultórios, a Clínica Imagem, o Laboratório Santa Luzia e o Baía Sul Hospital Dia, especializado em cirurgias de baixa e média complexidades. Quando o novo hospital estiver concluído, o complexo vai agrupar serviço de pronto atendimento, 85 leitos de internação, 15 de UTI e nove salas de cirurgia, três delas exclusivas para realização de procedimentos de alta complexidade. “O empreendimento tem
apoio de muitos empresários e médicos de renome na região que também perceberam a grande carência de Florianópolis nessa área”, afirma Quadros. Os investimentos no Hospital Baía Sul somam R$ 26 milhões. Com tantas oportunidades, tem aumentado a procura por cursos que ensinam a administrar negócios em saúde. Quem garante é o professor Dolor Barbosa Xidieh, diretor da área de gestão da faculdade de odontologia São Leopoldo Mandic, de São Paulo. A instituição já oferece um MBA em Gestão de Negócios na área de saúde e deve anunciar, em breve, um curso a distância de Administração em Saúde, com nível de graduação. “O fator primordial que tem impulsionado a procura por esses cursos é a falta de formação dos profissionais de saúde na área de administração”, afirma Xidieh. O oftalmologista Gustavo Lima conta que depois de abrir a Oftalmos sentiu necessidade de buscar capacitação para administrar o negócio. “A gente sai da universidade analfabeto em empreendedorismo”, ressalta o médico, hoje com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas.
As peculiaridades do mercado de saúde pedem mesmo um preparo administrativo. A pandemia da gripe A em 2010, por exemplo, foi um desafio para muitas empresas desse segmento. A Doctor Clean, fabricante de produtos de tratamento e antissepsia das mãos, foi surpreendida com o aumento da demanda de álcool em gel. A empresa teve que buscar parcerias com outras fábricas para conseguir triplicar a produção. O crescimento das vendas – em média 50% ao ano – saltou para 300% em três meses. “Com medo de que o produto viesse a faltar, as pessoas faziam estoque, o que levou a uma demanda fora do comum de forma muito repentina. Foi muito desafiador”, afirma Fabiana Tichauer, proprietária da marca. Ela lembra que demandas sazonais pedem parcerias, já que é inviável fazer grandes investimentos em produção para atender o mercado por poucos meses. Engenheiros químicos, Fabiana e o marido Walter criaram a Doctor Clean há 17 anos. Na época havia uma preocupação muito grande nos consultórios médicos e odontológicos em controlar o contágio de
Franco Pallamolla, da Abimo: País tem vocação para a biotecnologia – talentosos cientistas e 20% da biodiversidade mundial
doenças como a hepatite C e o HIV. “Muitos ainda usavam sabonete em barra e toalha de pano”, lembra Fabiana. Com a disseminação da cultura do álcool em gel entre os profissionais de saúde, há oito anos a Doctor Clean estendeu a comercialização, até então restrita a consultórios e hospitais, para as farmácias. A solicitação partiu dos próprios médicos, enfermeiros e dentistas que se acostumaram a usar os produtos da marca no trabalho. Dessa forma, a Doctor Clean tem registrado um crescimento de 50% nos últimos seis anos. “O mercado ainda é muito grande, sabemos que temos uma longa estrada a percorrer”, afirma Fabiana.
LINHA DIRETA Abimo: (11) 3285-0155 Baía Sul Medical Center: www.baiasulmedicalcenter.com.br Doctor Clean: (11) 3716-1060 Oftalmos Centro de Excelência: (47) 3047-9090 São Leopoldo Mandic: (19) 3211-3700
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Gustavo Lima, Andresson Figueiredo, Fernando Ramalho e Paulo Ferreira, da Oftalmos: crescimento acima do esperado
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PERFIL
GUILHERME PUPO
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Rodrigo Miranda
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Idade: 33 anos Local de nascimento: Porto Alegre Formação: Administração de Empresas e pós-graduação em Marketing pela PUC-RS Empresa: Vininha Cidade-sede: Curitiba Número de unidades: 2 (além da central de tele-entrega) Funcionários: 32
Boa
impressão por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br
Inquieto, o gaúcho Rodrigo Miranda se define como aquele tipo de pessoa que está sempre procurando alguma coisa diferente para fazer. A vocação empreendedora surgiu ainda na infância, quando uma de suas maiores diversões era “brincar de vender” as figurinhas que improvisava com papel contact, além das frutas que sobravam no pomar da casa dos avós. Anos mais tarde, já formado em Administração de Empresas, teve a chance de ocupar cargos estratégicos em companhias como Claro, GVT, Grupo RBS e Springer. Mas, apesar das oportunidades promissoras, ele preferiu abdicar da estabilidade para apostar em um negócio próprio, partindo do zero. Fundador da rede de fast-food Vininha, de Curitiba, hoje Rodrigo Miranda comemora o sucesso da empresa, uma das vencedoras da edição 2009 do MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, oferecido pelo Sebrae. Aos 33 anos, Miranda trocou Porto Alegre por Curitiba em 2000, quando deixou um cargo no departamento de marketing da Claro para participar da implantação da GVT, cuja sede fica na capital paranaense. A experiência no mercado de telefonia, justamente no momento em que o setor estava sendo privatizado, foi uma das mais importantes na trajetória do jovem empresário. “Estar em meio a tantos profissionais gabaritados, sendo que eu tinha 19, 20 anos, me deu uma visibilidade fantástica. Foi um trem sem parâmetros que eu peguei”, reflete Miranda. Outros fatos marcantes de sua carreira incluem a participação no programa de trainees do Grupo RBS, onde trabalhou por um ano, além da passagem pelos departamentos de controle de estoques e recursos humanos da Springer.
Depois de dois anos em Curitiba, Miranda decidiu deixar a GVT para, finalmente, dar vazão ao espírito empreendedor. Antes de optar pelo ramo de alimentação, ele também considerou a hipótese de investir no segmento têxtil ou abrir um estacionamento. “Escolhi a opção mais desafiadora, onde eu teria chance de colocar minhas ideias em prática”, conta. Inspirado por uma de suas experiências do passado – quando, aos 18 anos, frequentava o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva e vendia salgadinhos que fazia com massa de pastel e salsicha –, decidiu criar o Vininha em 2002. Vina, para os curitibanos, quer dizer salsicha. O nome Vininha, portanto, faz menção ao carro-chefe da casa, um minicachorro-quente assado, envolto em uma massa exclusiva inventada por Miranda. “Minha ideia era lançar um negócio que pudesse ser prático e diferente daquilo que tinha no mercado”, diz. O cardápio ainda lista miniaturas de hambúrguer, esfirra e croissant, além de saladas e doces como brigadeiro, beijinho e nega maluca. De fabricação própria, todos os produtos do Vininha são assados na hora – não há frituras – e vêm em embalagens térmicas customizadas, o que garante praticidade na hora de consumir. Mas não foi só por causa do sabor caseiro e da originalidade das guloseimas que o Vininha conquistou o prêmio. Outros atributos que levaram a empresa a vencer o MPE Brasil foram a preocupação com a satisfação dos clientes, a gestão de pessoas, a comunicação e a responsabilidade social. Com duas lojas em Curitiba, além da central de tele-entrega (que concentra 60% do faturamento da rede), o Vininha hoje é uma empresa estabelecida na cidade e conta com público cativo. Com 32 funcionários, produz em média 200 mil salgados por mês. Muito diferente do início do negócio, quando Miranda
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Ótima sacada de negócio e bom aproveitamento das ações de marketing transformaram a pequena rede de fast-food Vininha em sucesso na capital paranaense
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PERFIL
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possuía apenas a tele-entrega e três colaboradores – um entregador, um telefonista e uma pessoa para a produção. Da cozinha ao atendimento, passando pelas compras e a entrega, tudo dependia do empresário. “O problema é quando algum funcionário faltava, o que aconteceu diversas vezes”, conta. “Teve um dia em que faltou a atendente e o motoqueiro, então eu atendia o telefone e ainda corria para fazer a entrega, sem me preocupar porque o telefone não ia tocar de novo dentro de uma hora”, relembra o empresário, mencionando as dificuldades iniciais, na época em que o telefone tocava apenas três ou quatro vezes por dia. Como não havia verba para bancar uma sede própria, nos primeiros quatro anos o Vininha sobreviveu apenas com o serviço de tele-entrega. “Eu não tinha recursos para investir num ponto bacana, e como eu não queria que os clientes percebessem como a empresa era pequena, decidi concentrar somente no delivery”, conta Miranda. Apenas em 2006 foi aberta a primeira loja, localizada no Batel,
bairro nobre de Curitiba. A operação serviu como a alavanca de crescimento do Vininha que, em 2008, inaugurou a segunda unidade, desta vez no Shopping Estação.
Identidade visual Para tornar a empresa conhecida, desde o princípio Miranda investiu na comunicação. “Apesar de ser uma empresa pequena, o Vininha sempre foi grande na forma de se comunicar”, afirma o empresário. Acreditando na máxima que diz “a primeira impressão é a que fica”, o empresário apostou na identidade visual e providenciou embalagens bem trabalhadas e chamativas para “dar uma noção de empresa grande”. Com o objetivo de dar um respaldo ainda maior à empresa, mandou estampar nas caixas as logomarcas de parceiros como CocaCola e Sadia. Como a empresa está crescendo, os planos para 2010 incluem a contratação de um profissional de comunicação, já que o volume de campanhas – até então desenvolvidas
por free lancers – deve aumentar. O atendimento personalizado também chamou a atenção dos primeiros clientes – e ajudou a reforçar o marketing boca a boca. Através do identificador de chamadas, o atendente registra os dados do freguês e, assim que ele liga novamente, é atendido pelo nome. “Tentamos criar um diferencial na forma de atender e entregar os produtos. São coisas simples, mas que passam uma ideia de organização e fazem com que o cliente sinta que o serviço é diferenciado”, explica Miranda. Para o empresário, o desenvolvimento do negócio deve repercutir nas relações da empresa com a comunidade. Por isso, a cada seis meses o Vininha promove uma ação social. Uma das iniciativas implantadas por Miranda é a doação de agasalhos no período de outono e inverno. Quando o cliente faz o pedido, o atendente é instruído a sugerir a doação, que será coletada pelo motoboy no momento da entrega do lanche. Em novembro de 2009, foi a vez da campanha “Doe sangue, ganhe Vininha”,
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presenteando os doadores com cinco unidades do minicachorro-quente. “Isso ajuda a mostrar que temos uma preocupação que extrapola as fronteiras da nossa atividade comercial.” Trabalhar no segmento de alimentação foi um desafio para Miranda, até então acostumado à rotina das grandes corporações. “O mercado de alimentação é fácil de entrar, mas difícil de se sustentar”, reflete o empresário, que por vezes pensou em desistir da empreitada. Uma das maiores dificuldades enfrentadas por ele na implantação do Vininha diz respeito à área de recursos humanos. Nos primeiros anos, o turn over girava em torno de 300% ao ano, o que dificultava a padronização dos produtos e serviços – algo essencial no ramo gastronômico. “A maior dificuldade é encontrar pessoas que acreditem no seu propósito. Mas, com o tempo, aprendi que é muito mais fácil as pessoas acreditarem nos seus próprios sonhos e buscarem um trampolim através do seu negócio”, avalia o empresário. Com a consolidação da marca e o crescimento da empresa, o turn
over foi se reduzindo gradualmente. “Agora as pessoas querem fazer parte desse novo momento do Vininha, pois enxergam possibilidades de crescimento”, afirma o empresário, que tem como uma de suas metas valorizar o trabalho da equipe. As coordenadoras da loja do shopping, por exemplo, começaram como telefonistas e, recentemente, um motoqueiro também foi promovido a coordenador. Como forma de garantir a qualidade dos produtos, a cada três meses é realizada uma pesquisa de satisfação com os clientes. São as próprias atendentes da tele-entrega que, nos momentos de menor movimento, ligam para aproximadamente 150 fregueses que consumiram produtos do Vininha na última semana. Conforme os resultados, Miranda providencia melhorias, mudanças e planeja novas ações. As telefonistas também se revezam em outras tarefas estratégicas – e que têm sido cruciais para o crescimento da empresa: inteligência competitiva e benchmarking. Além de analisar o que os concorrentes têm feito (através do acompanhamento pela
Vininha
Nasce Rodrigo Miranda, em Porto Alegre Dos sete aos 12 anos, uma das brincadeiras favoritas do empresário é vender figurinhas feitas com papel contact e as frutas que sobravam no pomar dos avós Aos 18 anos Miranda frequenta o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Para garantir uma renda extra, passa a produzir e vender salgadinhos de massa de pastel e salsicha Graduação em Administração de Empresas pela PUC/RS Participa do programa de trainees do Grupo RBS Ingressa na Claro como analista junior de marketing Após receber uma proposta para trabalhar na implantação da GVT, Rodrigo Miranda muda-se para Curitiba Decidido a abrir seu próprio negócio, Miranda dá início à operação do Vininha, que por quatro anos funcionou apenas com o serviço de tele-entrega Inauguração da primeira loja do Vininha, no Bairro Batel Inauguração da segunda unidade, desta vez no Shopping Estação O Vininha conquista o prêmio MPE Brasil na categoria Comércio
internet), elas também têm a função de buscar informações sobre o mercado de fast-food e cuidar da comunicação eletrônica, incluindo e-mail, site, Orkut e twitter do Vininha. Em 2010, a ideia é abrir outras duas lojas e, em dois anos, Miranda pretende chegar a dez unidades. Apesar de receber e-mails diários de pessoas de todo o País interessadas em abrir uma franquia do Vininha, o empresário – pelo menos por enquanto – não pretende expandir através do franchising. “Acredito que nesse primeiro momento nosso modelo de crescimento talvez seja um pouco diferente, com unidades próprias e talvez com funcionários tornando-se sócios das lojas”, revela o empresário, que faz questão de apoiar o empreendedorismo entre os colaboradores.
LINHA DIRETA Rodrigo Miranda: (41) 3022-2324 www.vininha.com.br
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LINHA DO TEMPO
GUILHERME PUPO
1976 1983/ 1988
Rodrigo Miranda
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ROGÉRIO REIS
Apesar de ser contra redução da jornada, maioria dos empresários não deve demitir Boletim "Ponto de Vista dos Pequenos Negócios", produzido pelo Sebrae Nacional, constata que 63% dos empresários são contrários à PEC 231/95
A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, prevista na Proposta de Emenda Constitucional 231/95, em discussão no Congresso, não deve alterar a situação do emprego nas micro e pequenas empresas. É o que mostra a sondagem Ponto de Vista dos Pequenos Negócios, divulgada re-
Empreender Informe do Sebrae Janeiro
centemente pelo Sebrae Nacional. Segundo o estudo, a maioria dos empresários entrevistados (51%) pretende manter o quadro atual de trabalhadores mesmo que a PEC seja aprovada. Além da redução das horas trabalhadas, a proposta prevê a ampliação do adicional de hora extra de 50% para 75%.
Foram entrevistados, entre setembro e outubro de 2009, em todos os estados e no Distrito Federal, 3.010 empresários atendidos pela instituição. Apesar da expectativa de manutenção dos empregos, quase dois terços dos empreendedores – 63% – são desfavoráveis à redução da jornada, 47% desaprovam a manutenção dos salários e 61% são contrários ao aumento adicional da hora extra. Entre os entrevistados, 32% avaliam a proposta como péssima e 20% como ruim. A sondagem diagnosticou ainda que 44% dos empresários temem perda de faturamento nos negócios. “Os números fazem um alerta porque podem indicar uma tendência de aumento da informalidade. Se há expectativa de manutenção do emprego e redução de faturamento, é possível que o empresário compense eventuais perdas partindo para o mercado informal. Isso é preocupante, porque estamos falando de um segmento que, só em outubro de 2009, foi responsável por 75% dos novos empregos formais criados em todo o Brasil”, ressalta Paulo Okamotto, presidente do Sebrae. O levantamento do Sebrae também constatou que 43% dos empresários pretendem manter a situação atual do pagamento de horas extras, 27% vão diminuir e 5% vão aumentar a despesa caso a PEC seja aprovada. Não sabem ou não opinaram 25% dos entrevistados. “Esse é o primeiro estudo feito com micro e pequenas empresas sobre a proposta de redução da carga horária de trabalho. Além dos números já apresentados, a sonda-
MÁRCIA GOUTHIER
emprego
Redução da jornada pode levar ao aumento da informalidade
gem revelou que 42% dos empresários não conheciam o assunto até a entrevista”, informa Raissa Rossiter, gerente de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional.
52,6%. No entanto, 12% dos empresários afirmaram ter funcionários sem carteira assinada.
Propensão maior a contratar do que a demitir
A maioria dos empresários entrevistados – 82% – é dos setores de comércio e de serviços, seguidos pela indústria (13%) e agronegócios (5%). Trinta e um por cento atuam no mercado há, no máximo, quatro anos. Distribuição por faturamento: microempresas – até R$ 240 mil/ano (56%); pequenas empresas – acima de R$ 240 mil até R$ 2,4 milhões/ano (20%); acima de R$ 2,4 milhões/ano (3%); não informou (21%).
O boletim Ponto de Vista dos Pequenos Negócios apurou ainda a expectativa dos empresários para o fim de 2009: 37% pretendiam contratar funcionários no último trimestre do ano e apenas 9% pensavam em demitir. Quase metade das empresas pesquisadas (47,5%) tem até quatro funcionários. Quando são contabilizadas as carteiras assinadas, o número aumenta para
Ponto de Vista
Agência Sebrae de Notícias: www.agenciasebrae.com.br
Janeiro Informe do Sebrae Empreender
TI
Transferências internacionais A ACI Worldwide, líder mundial no fornecimento em soluções e softwares de pagamentos eletrônicos financeiros, introduziu no Brasil a solução ACI Money Transfer System, sistema global de processamento e gestão de riscos de pagamentos que agiliza a convergência de pagamentos por transferência de altos ou baixos valores entre países. Já consolidado no mercado americano, este produto movimenta mais de US$ 10 trilhões diariamente, representando 67% do tráfego total do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. A ferramenta se comunica com a maioria dos sistemas de instituições financeiras internacionais, agências e moedas, fornecendo capacidade de processamento contínuo, 24 horas por dia, e maximizando as taxas de processamento sem intervenção humana (Straight Through Processing – STP). A ACI Worldwide é líder mundial no forneci-
mento de soluções de software e serviços para gerenciamento, segurança e operação de meios eletrônicos de pagamentos para os maiores bancos, varejistas e processadoras de cartões em todo o mundo. A empresa possibilita os processamentos de pagamentos, internet banking, prevenção e detecção de fraudes e serviços back office. As soluções da ACI Worldwide fornecem agilidade, confiabilidade, gerenciamento e extensão para cerca de 750 consumidores em 90 países. “O sistema financeiro brasileiro é um dos mais maduros de todo o mundo. Por isso, acredito que as instituições financeiras do nosso país já estão preparadas para utilizar uma solução extremamente profissional para a convergência de pagamentos por transferência de altos valores para outros países”, avalia Hugo Costa, diretor da ACI Worldwide.
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Backup virtual
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A empresa brasileira Nevoa Networks acaba de desenvolver o Nevoa Disk Backup (NDB), plataforma que permite a racionalização de backups em disco utilizando a tecnologia de armazenamento virtual de dados. Pesquisa realizada pelo Gartner Group revelou que 70% dos processos de restauração de backups falham. Segundo Fábio Gomes Ferreira, diretor de tecnologia da Nevoa Networks, essa é uma informação bastante preocupante. “Estamos cada vez mais dependentes da informação desde a produção até a área de tomada de decisões nas empresas. Não ter um sistema de backup eficiente impacta diretamente na política de continuidade dos negócios”, explica. Para utilizá-lo, basta adicionar mais discos rígidos aos servidores já existentes ou acrescentar novos servidores de qualquer marca. Ferreira diz que, dependendo do nível de serviço esperado, até o hardware legado pode fazer parte do sistema ou mesmo os desktops têm a possibilidade de compartilhar recursos. “Você pode consolidar seu espaço em um ou vários volumes, pode montar volumes conforme sua necessidade aplicando políticas de acesso e tolerância a falhas por volume. Também pode alterar
o tamanho dos volumes a qualquer tempo sem a necessidade de formatação”, explica. Com a ferramenta também é possível priorizar a gravação em um volume e a replicação dos dados em outros, locais ou remotos. Ferreira comenta que os novos servidores ou discos rígidos podem ser adicionados em poucos minutos e seus recursos disponibilizados imediatamente para uso.
A tecnologia utilizada no desenvolvimento do Nevoa Disk Backup já é aplicada em grandes centros de computação avançada nos Estados Unidos e na Europa. É essa metodologia que permite, por exemplo, a administração dos dados do consórcio REDDNet, um sistema de 700 terabytes distribuídos entre 11 instituições e acessados por pesquisadores em diversos pontos do globo terrestre.
Alta complexidade A Art IT, provedora de soluções em software e serviços de Network, acaba de estruturar uma célula especializada no desenvolvimento de projetos de Tecnologia da Informação com base em Arquitetura Orientada a Serviços (Service-Oriented Architecture – SOA). De acordo com Renato Alexandre Silva, presidente da Art IT, com a nova estrutura a empresa se credencia ainda mais a desenvolver grandes projetos de alta complexidade em SOA. “A arquitetura da informação orientada a serviços é uma tendência muito forte entre as empresas de telecomunicações, mas ainda é muito recente. Por esse motivo, são poucas as empresas que têm autonomia para desenvolver grandes projetos nessa área. Com o investimento que estamos fazendo, a Art IT se consolida como uma delas”, explica. Ele acredita ainda que a demanda por projetos em SOA deve crescer muito nos pró-
ximos anos, principalmente no segmento de telecomunicações. “A chegada da portabilidade numérica, e também de novas tecnologias que devem estimular ainda mais o desenvolvimento do setor, acabaram tornando o uso de SOA indispensável. Já detectamos esse aumento de demanda entre nossos clientes, por isso as expectativas para o desenvolvimento da nova área são as melhores possíveis”, afirma. Denominada internamente de “Fábrica SOA”, a nova célula da Art IT está apta a desenvolver projetos completos, desde a análise até seu desenvolvimento e implantação. Ela conta com todos os profissionais necessários para a implantação desse tipo de arquitetura em uma empresa de grande porte, como arquitetos, projetistas, especialistas em processos de negócios e em legados. Conta também com uma fábrica de testes, que tem a função de garantir que todos os processos funcionem perfeitamente antes da implantação.
Despesas com táxi
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A Wappa, empresa pioneira e líder no mercado de pagamentos e gerenciamento de despesas, desenvolveu uma nova plataforma de software para o Wappa Táxi, solução para gestão de despesas corporativas com táxi. A nova versão possibilita ainda mais controle e economia para seus clientes, pois contempla uma nova interface com ferramentas de geração de relatórios mais detalhados, além de gráficos que facilitam a visualização da utilização de despesas, seja por funcionário, por período ou por centro de custo, entre outras diversas possibilidades. A plataforma foi criada em uma nova linguagem de programação e disponibiliza mais opções para os relatórios analíticos das despesas, flexibilidade nos limites dos colaboradores, acesso a ampla rede credenciada, gráficos, alertas, entre outras ferramentas funcionais. Independente do porte da empresa, os serviços da Wappa possibilitam o gerenciamento em tempo real, 24 horas por dia e mais de 100 relatórios gerados.
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TI
Gestão de documentos
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A Infor, fornecedora líder de software corporativo para o mercado de médias empresas, acaba de anunciar uma nova ferramenta de gestão de documentos voltada a empresas de manufatura baseadas na plataforma System i da IBM. Integrada a diversas modalidades de ERP da Infor, a solução foi desenvolvida para gerar otimizações nos processos de controle e de acesso a documentos corporativos, além de trazer funções que facilitam o atendimento a regulamentos internacionais, como a Lei Sarbanes – Oxley. Na prática, o aplicativo se baseia na automatização dos dados produzidos pelas indústrias manufatureiras, permitindo que as empresas capturem as informações em papel e as substitua por dados eletrônicos. “Um controle digital das faturas e notas fiscais afeta diretamente nos lucros da empresa, que passa a ter maior poder de barganha em pagamentos feitos antecipadamente. Sem falar na redução de custos e na preocupação com a sustentabilidade do planeta. Um estudo recente da Aberdeen comprova que uma empresa economiza até US$ 8 por fatura ao adotar uma gestão automatizada de dados, em comparação à prática da impressão em papel”, explica Celso Tomé Rosa, vice-presidente da Infor Brasil. Para reforçar sua tese, o executivo lembra ainda uma pesquisa americana da Associação para a Gestão da Imagem e da Informação, segundo a qual 42% das empresas que adotaram sistemas informatizados de documentos dobraram de produtividade, alcançando um retorno sobre o investimento entre 12 e 18 meses.
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Gerenciamento de gastos
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O mercado de frete no Brasil é estimado em mais de R$ 50 bilhões. Para administrar com eficiência e segurança uma operação tão valiosa, as empresas precisam de instrumentos cada vez mais inteligentes para controlar os seus custos com transporte de carga. Em harmonia com o conceito do recém-lançado Visa Cargo, o Pamcard é uma ferramenta completa por meio da qual as transportadoras gerenciam os gastos realizados nas operações de transportes (frete, pedágio, combustível, diárias e contingências emergenciais). O sistema gera comprovantes e relatórios detalhados que facilitam a visibilidade e resultam em informações indispensáveis nas auditorias internas. São diferenciais exclusivos do Pamcard que ajudam na administração do fluxo de caixa dos clientes, com a identificação dos custos por rota, filial ou período. Além de superar com folga alguns contratempos suscitados pela carta-frete, o
cliente do Pamcard tem total autonomia para o agendamento e a liberação de valores que serão usados pelos caminhoneiros durante cada operação. O sistema é totalmente flexível e as etapas de inclusão, liberação e efetivação das viagens podem ser programadas e aprovadas via web – processo protegido por login e senha. Ou seja, os créditos de valores
e o envio de saldos emergência podem ser feitos de qualquer lugar. De acordo com a sua preferência, a empresa pode criar ainda perfis de usuários. Isso sem falar da segurança, pois evita eventuais desvios bancários e o uso de dinheiro vivo. Em parceria com o Bradesco, a Pamcary possui o cartão Pamcard Bradesco, que tem a bandeira Visa, com as funcionalidades de débito pré-pago, crédito, visa vale pedágio, saque e identificação do cadastro Telerisco. O cartão é um instrumento de portabilidade do caminhoneiro para a utilização dessas funcionalidades geradas com exclusividade pelo sistema Pamcard. O chip do cartão também é usado para separar os valores previstos para frete, pedágio, combustível e outras despesas de viagem. Por exemplo, a importância prevista para os pedágios não pode ser gasta com outra finalidade. O sistema também é capaz de programar os custos com pedágios a partir da identificação da rota.
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Uma nova geração de empreendedores no Brasil Disponibilidade e acesso a instrumentos de fomento orientados aos empreendimentos inovadores nascentes têm sido um dos maiores desafios ao sucesso desse público nias de universidades e institutos de pesquisa, apresentam uma capacidade diferenciada de apoio aos empreendimentos nascentes, facilitando o acesso a fontes privilegiadas de fomento, assessorias, consultorias e apoio técnico. A experiência brasileira mostra que tais ambientes, propícios ao empreendedorismo inovador nascente, dependem fortemente de políticas públicas (industrial e tecnológica) com foco na redução de dificuldades, em especial nas etapas iniciais de implantação do empreendimento. A disponibilidade e o acesso a instrumentos de fomento orientados aos empreendimentos inovadores nascentes têm sido um dos maiores desafios ao sucesso dessa nova geração de empreendedores em nosso país. Percebemos vários avanços na última década, em especial nos instrumentos lançados pela Finep/MCT, com um destaque para a concessão de subvenção econômica para a inovação nas empresas. Lançado em agosto de 2006, o programa de subvenção econômica, operado de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio, permite a aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis diretamente em empresas, compartilhando com elas os custos e riscos inerentes às atividades
Em dezembro de 2009 o Brasil celebrou 25 anos de políticas públicas em prol do empreendedorismo inovador, que se apropria de conhecimento para lançar produtos novos no mercado
por Francilene Procópio Garcia
Vice-presidente da Anprotec (Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores)
de inovação. Torna-se oportuno considerar a agenda de fomento ao momento oportuno de inovar e empreender com competitividade. Em março de 2009 celebramos mais um avanço, desta vez em apoio aos empreendimentos nascentes. Como uma modalidade da concessão de subvenção econômica, foi lançado o programa primeira empresa – Prime. A Finep/ MCT, em parceria com 17 incubadoras âncoras, viabiliza condições diferenciadas de apoio financeiro para gestão de negócio junto ao empreendedor nascente inovador. Após intenso processo seletivo, cerca de 1,4 mil empresas foram contratadas até o final de 2009, totalizando investimentos da ordem de R$ 168 milhões. Um diferencial do Prime é a participação de operadores descentralizados para acompanhar a aplicação dos recursos investidos nas empresas nascentes e agregar os ricos ensinamentos oriundos de resultados do programa. As incubadoras âncoras, parceiras da Finep/MCT, possuem experiência na prospecção e no apoio a empreendimentos inovadores. Essa ação do governo brasileiro representa um passo importante para a continuidade de políticas públicas de fomento em prol de uma nova geração de empreendedores, ora formalizada na estrutura da Finep/MCT com o recém-criado Departamento de Apoio a Empresas Nascentes.
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O empreendedorismo hoje é tido como o principal fator promotor do desenvolvimento econômico de um país. Segundo a pesquisa GEM Brasil 2008, o nosso país apresenta a terceira maior população de indivíduos desempenhando alguma atividade empreendedora, atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos. É algo promissor e oportuno, ainda mais em tempos de crise. Analisando um pouco mais os dados da pesquisa, verificamos que há um elevado índice de empreendedores por necessidade. O empreendedor por necessidade, tipicamente, desenvolve as suas atividades com baixos índices de inovação, focando em produtos ou serviços já existentes no mercado. O limitado potencial tecnológico de tais empreendimentos é explicado, em parte, pela baixa apropriação de tecnologias disponíveis há menos de um ano no mercado. Em dezembro de 2009 o Brasil celebrou 25 anos de políticas públicas em prol do empreendedorismo inovador – nasce uma nova geração de empreendedores. O empreendedor inovador, diferentemente do empreendedor por necessidade, apropria-se de conhecimento para lançar produtos novos no mercado. Este tipo de empreendimento povoa os ambientes de parques e incubadoras que, situados nas cerca-
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Cautela é a palavra de ordem para o agronegócio Esperamos que 2010 seja um ano de retomada da atividade econômica, mas sem a perspectiva de acontecer de forma ampla e intensa
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Com muita justificativa, começamos 2009 cercados de preocupação. Desde a quebra do Lehman Brothers em 14 de setembro de 2008, a crise oriunda da bolha imobiliária nos Estados Unidos ganhou magnitude global. Nas principais nações desenvolvidas, depois de alguns anos de crescimento, o PIB passou a ser negativo. Houve um corte brutal na oferta de crédito. Os governos adotaram medidas de expansão da moeda e de redução da taxa de juros para evitar uma recessão nos negócios. Desde a depressão de 1929 não se assistia a um quadro tão negativo. Esse movimento acabou chegando ao Brasil, com impactos bem diferentes entre as cadeias produtivas. Algumas sentiram mais e outras menos. O agronegócio nacional ligado à sucroenergia e às carnes, por exemplo, que vinham em plena expansão e estavam bem alavancados financeiramente, sentiram bastante. Isso ajuda a acelerar as operações de fusões, aquisições e investi-
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mentos entre as empresas. Esse processo de consolidação é típico da busca de escala e competitividade entre as corporações. É importante deixar claro que o agronegócio, bem longe de ser o seu causador, de fato, sofreu com as consequências da crise. Do lado externo, com queda no PIB, o consumo de importantes economias perdeu força e as importações retraíram. Do lado interno, apesar de ocorrer em intensidade menor, também a demanda recuou. Diante desse cenário, os preços das commodities agrícolas, inclusive de metais e petróleo, depois dos patamares recordes atingidos no primeiro semestre de 2008, também caíram. Temos ainda as discussões sobre a legislação fundiária e ambiental. Sem as adequações necessárias com as mudanças ocorridas no agro nos últimos 40 anos, ficamos com normas desatualizadas e não compatíveis com a realidade. Na questão da sustentabilidade, o Brasil se fez presente na Conferência das Partes (COP-15), do
Ritmo forte de valorização do real ante o dólar, bem acima ao das outras moedas, certamente poderá comprometer o desempenho das nossas exportações
por Luiz Antonio Pinazza
Diretor da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness)
Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças de Clima, em Copenhague, na Dinamarca, com propostas de metas para redução das emissões dos gases de efeito estufa e mecanismos de financiamentos das ações de combate ao aquecimento global. Esperamos que 2010 seja um ano de retomada da atividade econômica, mas sem a perspectiva de acontecer de forma ampla e intensa. Sem variação significativa na área plantada, que demonstra o grau de cautela de seus produtores, o Brasil deve colher uma safra muito boa e até superior ao da temporada 2007/08. As perspectivas são de condições climáticas favoráveis. Entre os pontos que mais prendem a atenção dos tomadores de decisão, seja do governo ou iniciativa privada, está o ritmo forte de valorização do real ante o dólar, bem acima ao das outras moedas. Isso certamente poderá comprometer o desempenho das nossas exportações.
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P E R S P E C T I VA S
Desafios das micro e pequenas para 2010 Segmento representa cerca de 99% das organizações brasileiras, e gera mais de 60% dos empregos com carteira assinada e 20% do PIB
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As micro e pequenas empresas (MPEs) são muito importantes para o nosso País, pois representam cerca de 99% das organizações, gerando mais de 60% dos empregos com carteira assinada e 20% do PIB. No setor industrial, quase 97% das nossas indústrias também são de micro e pequeno portes, o que significa que se juntarmos as indústrias de transformação, extrativista e construção civil teremos cerca de 500 mil micro e pequenas indústrias. Quando avaliamos os desafios e as perspectivas deste importante setor para 2010, verificamos que, apesar dos avanços existentes, temos ainda muito a fazer. A seguir, cito alguns dos nossos principais desafios: 1 – O nível de crédito no Brasil, apesar de ter crescido significativamente nos últimos anos, ainda é muito pequeno em relação ao nosso PIB e distante dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Dizem os especialistas que o patamar atual está próximo de 47% do PIB, sendo que os principais países do mundo atingem índices superiores a 80%. 2 – A taxa de juros, na prática, continua um escândalo. Os juros reais pagos pelas MPEs variam entre 20% e 50% ao ano, tornando extre-
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mamente difícil novos investimentos ou mesmo expansões, já que são raros os negócios que permitem repassar taxas de juros deste nível. 3 – É necessário ampliarmos os investimentos em inovação e novas tecnologias. Infelizmente, as MPEs não têm tido acesso para participar de forma adequada dos editais existentes junto aos órgãos públicos, e por isso se veem privadas de estímulos que poderiam melhorar sua competitividade. 4 – A cada ano, o número de MPEs exportadoras diminui, já que a burocracia, aliada à crise econômica mundial, e também a supervalorização do real em relação ao dólar tornam-se grandes impeditivos para que as MPEs brasileiras possam exportar de forma adequada para os diversos continentes. Resta, assim, direcionar seus esforços para o mercado doméstico, que felizmente se mostra em franco desenvolvimento, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. 5 – Apesar dos avanços da Lei Geral das MPEs e do Empreendedor Individual, existem ainda muitas dúvidas e uma alta carga tributária, principalmente para as empresas daqueles setores que não foram incluídos na atual legislação. Além disso, muitos estados aumentam a
A taxa de juros, na prática, continua um escândalo. Os juros reais pagos pelas MPEs variam entre 20% e 50% ao ano, tornando extremamente difícil novos investimentos ou mesmo expansões
por Lucas Izoton
Presidente do Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da CNI e presidente do Sistema Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo)
tributação das MPEs, o que impede o desenvolvimento e ampliação do mercado nacional. Precisamos reverter esse quadro, e é fundamental que os governos estaduais e municipais se conscientizem deste fato. 6 – A legislação trabalhista no Brasil é uma das mais inflexíveis do mundo e gera um alto encargo para as empresas. É necessário criarmos mecanismos similares a um “simples trabalhista” para permitir que segmentos que possuam um nível intenso de mão de obra possam ter uma legislação menos rigorosa, permitindo, assim, a geração de empregos. 7 – Os empreendedores brasileiros, apesar de seu alto nível de iniciativa, persistência e determinação, muitas vezes não estão preparados adequadamente, com as devidas ferramentas de gestão, para desenvolver seus negócios. Pesquisas mostram que os empreendedores nacionais têm ainda grande dificuldade em planejar suas atividades, monitorá-las e formar uma equipe competente que permita não só sua sobrevivência, como a expansão de sua empresa. 8 – Destaco ainda a necessidade que os governos federal, estaduais e municipais privilegiem e direcionem parte de suas compras públicas para a contratação das MPEs, fortalecendo esse importante setor. Essa certamente será uma grande contribuição, que poderá alavancar milhares de empresas. Encerro este artigo lembrando que, apesar dos grandes desafios que temos pela frente, estamos muito otimistas com o crescimento do nosso País para os próximos anos. Acreditamos que temos condições de, nesta segunda década do terceiro milênio, ter crescimento real sustentável que permita incluir as MPEs e ainda gerar milhões de postos de trabalho, melhorando assim a qualidade de vida da população brasileira.
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FRANQUIAS
sotaque Oportunidades com
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Redes estrangeiras desembarcam no Brasil e aquelas já estabelecidas investem na expansão de unidades
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O mercado nacional de franquias deve voltar a crescer com força em 2010, depois de superados os entraves representados pela crise financeira de 2009, que ainda assim não teve força suficiente para abalar o segmento. Parte da performance positiva pode ser creditada à expansão das marcas
estrangeiras que chegam ao País e à consolidação de redes internacionais já atuantes no mercado nacional. A mais nova integrante desse seleto clube é a Tutti Frutti, rede de sorvetes do tipo frozen, feitos à base de iogurte, e que abriu as portas no final de 2009. A franquia canadense, que possui
por Marlon Aseff
marlon@empreendedor.com.br
uma exitosa operação na Ásia e América Central, agora desembarca no Brasil, com o objetivo de repetir o sucesso. Com participação em 12 países, a marca possui 160 lojas em todo o mundo, e um faturamento de US$ 100 milhões. Para o Brasil a Tutti Frutti vai trazer seu
conceito de segunda geração, ou seja, uma loja de grande porte, self-service, com muitos produtos e opções de sabores, que é a sua marca registrada. De acordo com a formatação da loja, a cargo da Vecchi Ancona, a primeira loja da rede no Brasil foi inaugurada no Shopping Morumbi, na capital paulista. O valor inicial da franquia da Tutti Frutti é de R$ 500 mil, e inclui taxa inicial, equipamentos e instalações. As praças prioritárias para a expansão da rede no Brasil são inicialmente o eixo Rio-São Paulo, mas a Vecchi Ancona Consulting formatou uma estratégia de expansão que comportará cerca de 40 unidades, com foco em todo o País. A ideia é abrir cinco lojas no primeiro ano e cerca de 10 unidades por ano na sequência. Outra franquia que está inovando no mercado nacional é a ActionCoach, uma “loja” que não tem ponto de venda, por ser especializada em vender um curioso produto: a solução de problemas gerenciais de empresas em todo o mundo. A empresa foi fundada pelo australiano Brad Sugars, há 16 anos, que ficou milionário comprando em-
presas falidas e fazendo-as ressuscitar. A ActionCoach é líder mundial em reeducação para empresas e após um período de adaptação deu início ao processo de expansão em todo o País. Com mais de 1,5 mil franqueados em 51 países, a franquia já possui 12 franqueados no Brasil. O foco para a venda de novas franquias agora são cidades com grande potencial empresarial e industrial, especialmente nas regiões de São Paulo, capital e interior, Nordeste e Sul. A meta é atingir 150 unidades em cinco anos. Segundo o IBGE, mais de 3 milhões de em-
Maioria dos empresários, mesmo tendo grandes ideias, se sente sozinha e não consegue enxergar e superar os problemas comuns do dia a dia
presas brasileiras fecharão suas portas antes de completar cinco anos de existência. E o motivo é que a maioria dos empresários, mesmo tendo grandes ideias, se sente sozinha e não consegue enxergar e superar os problemas comuns do dia a dia e traçar estratégias eficientes de crescimento. Com estratégias simples, mas extremamente focadas em resultados práticos, os franqueados da ActionCoach tornam-se treinadores de empresários, analisando e diagnosticando tudo o que é preciso ser feito para que as empresas, em apenas 12 meses, passem a ter mais vendas, mais clientes e mais lucros. “Desde que contratamos nosso coach, já mudamos nossa postura com relação ao trabalho”, revela Guilherme Cury, empresário de Bauru. “Em apenas quatro meses de coaching, conseguimos otimizar um tempo, cerca de 30% de nosso dia, que antes era destinado a burocracias e RH. Com algumas contratações e reposicionamentos, hoje trabalhamos para a empresa, e não apenas na empresa”, confirma Guilherme, que ainda enfatiza: “O acompanhamento
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Tutti Frutti: 160 lojas em 12 países e faturamento de US$ 100 milhões
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FRANQUIAS
5àSec: 1.840 lojas em 30 países e faturamento de 9 milhões de euros
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de um coach é um excelente negócio não apenas para resolver problemas, mas para alavancar empresas estagnadas”. “O coach é como o treinador de um time de futebol ou um atleta de elite”, explica José Luis López, master franqueado da ActionCoach para o Brasil. “Ele não entra em campo, mas está ali, ao lado, montando estratégias e incentivando o time a atingir suas metas.” O “time ou atleta”, nesse caso, é o empresário. É ele que vai colocar em prática todos os pontos do plano de ação traçado em conjunto com seu coach, que vai verificar, recolocar metas e adequar estratégias em reuniões semanais com o cliente. Um conceito já bastante difundido lá fora,
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O coach é como o treinador de um time ou um atleta; não entra em campo, mas monta estratégias e incentiva o time a atingir suas metas
López, master franqueado da ActionCoach: “Brasil é um celeiro de jovens empresas”
mas que agora deve entrar definitivamente na cultura organizacional brasileira. “O Brasil é um celeiro de jovens empresas”, enfatiza José Luis. “Muitas delas poderiam ter sua produtividade aumentada, maior faturamento e menor índice de falência se soubessem exatamente como agir.” Para ser um franqueado é necessário ter um perfil administrativo, que goste de resolver e ajudar os problemas de outras pessoas. O investimento mínimo é de R$ 132 mil, e como não há a necessidade de ponto comercial, o franqueado poderá ter um faturamento mensal de R$ 25 mil logo no início da operação e uma lucratividade que beira os 80%, o que facilita o retorno do investimento em tempo relativamente curto. Outra franquia estrangeira que deve crescer ainda mais no mercado nacional nos próximos anos é a 5àSec, rede líder no segmento de lavanderias que vive um de seus melhores momentos desde o início das atividades no País, há 15 anos. De origem francesa, com 40 anos de atividades no mundo, sua primeira unidade foi inaugurada em 1968, na cidade de Marselha. No Brasil desde 1994, com aproximadamente 300 lojas consolidadas, a 5àSec já ocupa o
terceiro lugar no ranking mundial e trouxe ao País uma proposta inédita e pioneira em seu segmento: realizar um verdadeiro tratamento em cada peça de roupa. A 5àSec recebeu o Selo de Excelência em Franchising 2009, concedido pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) às empresas que mais se destacaram no mercado. “O resultado é decorrente dos investimentos em novas tecnologias, inserção de novos serviços e na constante reciclagem de capacitação profissional”, ressalta Nelcindo Nascimento, presidente da rede 5àSec no Brasil. A rede possui 1.840 lojas distribuídas em 30 países, empregando mais de 7 mil pessoas. Todos os dias são atendidos por volta de 180 mil clientes, com a limpeza de 300 mil peças, gerando cerca de 9 milhões de euros em negócios.
LINHA DIRETA Tutti Frutti: www.tfyogurt.com 5àSec: www.5asec.com.br ActionCoach: www.actioncoachfranchising.com.br
Relacionamento com o consumidor formação de qualidade para os consumidores. Nossas nutricionistas têm formação de excelência e estão à disposição dos clientes, para atendê-los diretamente pelo telefone. Não temos conhecimento sobre nenhuma rede que ofereça serviço semelhante e queremos fortalecer cada vez mais este canal de relacionamento”, explica o diretor de marketing Donato Ramos. “Nosso principal objetivo com o Alô Nutricionista é atender gratuitamente os frequentadores das lojas para que saibam quais os produtos que melhor vão atender as suas necessidades e também como usá-los, para que possam ter uma alimentação saudável e balanceada. Afinal, mais do que uma grande diversidade de produtos (cerca de 5 mil itens por loja), o Mundo Verde oferece um conceito completo em vida saudável”, acrescenta. A decisão de expandir o horário tem como principal objetivo atender um maior número de consumidores, devido também ao forte crescimento da rede. Somente em 2009, o Mundo Verde abriu 15 lojas – já está presente em 16 estados e no Distrito Federal, com um total de 145 lojas, além de franquia internacional em Portugal. São cerca de 100 mil clientes circulando diariamente nas lojas.
www.mundoverde.com.br
Tratamentos exclusivos Fundada no segundo semestre de 2009, a D’pil está trazendo ao Brasil um novo conceito de negócios para o mercado de franquias. A empresa atua na área de estética e oferece tratamentos exclusivos de fotodepilação e fototerapia, que são referência na Europa. Com baixo custo de investimento e retorno a curto prazo, em apenas dois meses de atuação a D’pil já contabiliza três unidades próprias e mais 20 franqueadas. A expectativa é fechar o ano de 2010 com 200 unidades distribuídas por todo o País. “Por possuir uma operação simples e de custo fixo baixo, a D’pil é um negócio que tem alta rentabilidade e rápido retorno (aproximadamente 10 meses)”, diz Otávio Ouafa, coordenador de operação e marketing da rede. Com o investimento inicial, de R$ 75 mil, o franqueado recebe todo o material necessário para iniciar sua operação, incluindo o equipamento de fotodepilação e fototerapias, acessórios, mobiliário padrão e peças publicitárias para a inauguração. Além
de todo assessoramento ao franqueado, a D’pil disponibiliza uma assessoria médica responsável pela capacitação dos franqueados e seus funcionários e para atender todas as dúvidas e as necessidades. O consumidor é outro beneficiado pelo inovador conceito da rede de franquias, pois a D’pil utiliza o moderno método de depilação com luz intensa pulsada (IPL) que, além de mais prático que o sistema de cera, é indolor, o que o diferencia do laser. Com preço único de R$ 55 por área (axilas, virilha, perna, barba, etc.), os clientes contam com resultados eficientes, duradouros e já perceptíveis a partir da primeira sessão. Todas as unidades da D’pil oferecem, ainda, os tratamentos de fotorrejuvenescimento e fototerapia de manchas e acnes, que atenuam rugas e linhas de expressão, tratam lesões de pigmentação, unificam, iluminam e melhoram a aparência da pele, deixando-a mais jovem e saudável.
franquias@dpilbrasil.com.br/(11) 2639-6759
empreendedor | janeiro 2010
O Mundo Verde reforça o canal de relacionamento com os clientes através da implantação do serviço gratuito “Alô Nutricionista”, que ganha nova logomarca, tem novo horário de funcionamento, além de ser acessível por e-mail. A partir de agora, o serviço oferece informações gratuitas sobre nutrição pelo 0800 0222528, e ganha reforço especial com novo horário de funcionamento: das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira. A ampliação do horário visa atender à grande demanda de clientes por orientações sobre saúde, nutrição e qualidade de vida, bem como esclarecimentos sobre indicação e utilização dos produtos comercializados pelas lojas da rede. O Alô Nutricionista também passa a contar com nova logomarca, com objetivo de gerar maior identidade com os usuários, e pode ser acessado também pelo e-mail alonutricionista@mundoverde.com. br. Atualmente, são atendidas em média 30 pessoas por dia (por telefone e por e-mail) e a meta é chegar a 100 atendimentos diários. A estratégia é transformar esta ação de marketing de relacionamento em uma referência entre as redes de varejo que atuam no mercado de alimentação no Brasil. “Esta é uma ferramenta inovadora de relacionamento e que gera in-
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FRANQUIAS
Aluguel de trajes
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Domino’s avança
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Controlada pelo Grupo Umbria, que assumiu a operação no Brasil em 2004, a Domino’s Pizza está pronta para voltar a expandir a rede no Estado de São Paulo, um dos mais concorridos mercados de pizza do mundo. Depois de reverter a situação da marca no mercado carioca, onde hoje é líder em delivery e onde duas lojas faturam mais de US$ 1 milhão por ano, a Domino’s vem se beneficiando da experiência e da estrutura da holding Umbria, que tem dez anos de mercado e controla a rede Spoleto, hoje com mais de 250 unidades, duas fábricas e uma distribuidora, além de todo o apoio da central de serviços compartilhados. A estratégia para 2010 é abrir novas franquias na Grande São Paulo, litoral e interior, em um raio de até 100 quilômetros da central de produção da cidade paulista. A preferência é por candidatos que queiram ter mais de uma loja. O projeto de expansão incluiu um trabalho de mapeamento sociodemográfico com a delimitação das áreas de entrega de cada loja a ser inaugurada, preservando a região de cada futuro franqueado. Ele foi realizado pela ION, mesma empresa que atende Outback, Starbucks e outras grandes redes. Na opinião da diretora de expansão do Grupo Umbria, Renata Rouchou, a grande van-
tagem para os novos franqueados é ainda poder escolher entre inúmeras regiões com excelente potencial para o negócio. “Como estamos iniciando a expansão em São Paulo, todas as áreas mapeadas apresentam um potencial de consumo de mais de 20 mil domicílios das classes A/B, portanto regiões bem valorizadas”, diz. “Nosso estudo separa as áreas exclusivas de delivery sempre com base nas premissas da Domino’s internacional, e com a segurança de que o tempo de preparo e entrega dos produtos não exceda 30 minutos após o pedido.” A Domino’s é hoje líder em delivery de alimentação no mundo, marcando presença em 65 países e com forte apelo entre os jovens. A rede brasileira já ganhou prêmios na Domino’s internacional concorrendo com 60 países em lançamento de produto, melhor treinador internacional, entre outros. O potencial do mercado brasileiro é considerado pela matriz norte-americana um dos mais promissores para a consolidação da marca, ao lado da China. A Domino’s Pizza Brasil pertence à holding Umbria, empresa brasileira de gestão de food service que atua nos segmentos fabril e de varejo, com foco no cliente e em gestão de pessoas.
www.dominos.com.br
O segmento de aluguel de trajes tanto masculino como feminino é um dos mais rentáveis do mercado atual. Essa afirmativa tem uma explicação lógica e consciente: um vestido de festa com um diferencial no modelo (tecido nobre, criação exclusiva, caimento perfeito e modelo diferente) é alugado diversas vezes. Dependendo do custo da peça, já no segundo aluguel o franqueado da Maison Maria Zeli tem nele um lucro e assim sucessivamente nos vários aluguéis subsequentes. O franqueado pode ficar com as mesmas peças no estoque durante cerca de cinco anos (os modelos clássicos que não saem de moda), só acrescentando as novidades a cada estação. Alugam vestidos mulheres de todas as classes sociais, as que vão muito a festas e não querem repetir o mesmo vestido que têm no seu guardaroupa, e também as que têm poucas festas e entre suas roupas falta um vestido apropriado para a ocasião. A estilista e consultora de moda Maria Zeli, aproveitando a abertura do mercado para o franchising, expandiu seus negócios através de franquias. A estilista entrega a franquia já com estoque inicial, fornece assistência e treinamento para toda a equipe. Não há necessidade do franqueado ter experiência e nem entender de moda. O franqueado pode adquirir franquia feminina, masculina ou ambas, se quiser ter uma loja mais completa.
www.mariazeli.com.br
Especializada em saladas, a Salad Creations foi criada em 2004 na Flórida e rapidamente se espalhou pelos Estados Unidos, contando hoje com 70 unidades no país. Encorajados com o sucesso internacional da marca e animados com a grande perspectiva de crescimento deste tipo de negócio no Brasil, os amigos Alexandre Botelho, Bruno Bueno, Fernando Bueno e Victor Giansante adquiriram os direitos de master franqueados e trouxeram a rede para o País em 2007. A primeira loja foi inaugurada em dezembro do mesmo ano no Shopping Higienópolis, em São Paulo. A partir daí a rede não parou de crescer. Com 11 unidades em operação espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal, a Salad Creations tem como meta abrir mais 50 unidades nos próximos sete anos em todo o território brasileiro. Para a expansão no Brasil, a Salad Creations aposta no projeto Salad Creations em Quiosque, lançado na ABF Franchi-
sing Expo 2009. Versátil, o novo formato de negócio será a primeira operação da rede, a maior de saladas do mundo. Com baixo investimento, a novidade é uma opção atrativa para novos empreendedores e aqueles que já operam no sistema de franquias e querem diver-
sificar os negócios. Concebido para implantação em faculdades, supermercados e centros comerciais, entre outros locais, os quiosques Salad Creations apresentam como diferencial o projeto arquitetônico, moderno, alegre e convidativo. Segundo a gerente de expansão da rede, Cecilia Gonçalves, o importante é que a unidade seja implantada em locais com grande fluxo de pessoas. “Desta forma o investimento torna-se viável e capacitado a atingir os consumidores e figurar como opção saudável para alimentação”, explica. Com metragem variando entre 9 e 16 metros quadrados, o novo formato contará com o mesmo padrão de atendimento e produtos oferecidos nas lojas convencionais da rede: cardápio composto por 40 opções de ingredientes frescos para montagem das saladas, 15 tipos de molho, opções de complemento como queijos e carnes e wraps frescos e grelhados, sopas e sobremesas. www.saladcreations.com.br
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Proposta tentadora
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P E R S P E C T I VA S
Setor de franquias deve crescer 14,5% em 2009 No início do ano, no auge da crise, a expectativa era crescer 13%. Com aumento de 25% de novos interessados no sistema, o setor deve faturar R$ 63 bilhões em 2009
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A crise financeira, que abalou diversos setores da economia mundial, não foi suficiente para intimidar o segmento de franquias no País. O cenário mobilizou investidores de diversas regiões brasileiras, com destaque para as cidades do interior paulista, Minas Gerais e Sul do País. Isso porque os investidores procuram por segurança e a franquia, por suas características, oferece mais estabilidade. Prova disso é que o setor de franquia registrou um aumento de 25% de interessados no sistema, principalmente nos segmentos de Acessórios Pessoais e Calçados; Alimentação e Beleza, Saúde e Produtos Naturais. A expectativa para 2009 é obtermos uma alta de 14,5% no faturamento de franquias nacional, saltando de R$ 55 bilhões para R$ 63 bilhões. O índice superou a previsão que estimamos no início desse ano e para 2010 esperamos uma projeção de 15%. Diversos setores do franchising tiveram bom desempenho. Quase todas as redes mantiveram seus planos de expansão. A Associação Brasileira de Franchising projetou
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um crescimento de 6% no número de unidades franqueadas em 2009. Nesse ano mais de 80 empresas aderiram ao sistema de franquia no Brasil. Isso representa um total de 76 mil novas unidades franqueadas no período. Nossas pesquisas apontam que esse número será confirmado. De modo geral, não houve descontinuidade de investimentos. As redes do interior do Estado de São Paulo, que abrange 645 municípios, fazem parte deste quadro de sucesso. Segundo recente levantamento feito pela ABF, com base nas franquias associadas, o interior engloba 33% do total de franquias do Estado de São Paulo, com destaque para as regiões de Campinas (20%), São José do Rio Preto (17%), e cidades como Sorocaba, Jundiaí, Indaiatuba, São José dos Campos, entre outras. Atualmente, 31% das redes abertas no País têm origem em municípios do interior. As expectativas de expansão dos números de lojas em Minas Gerais em 2009 giram em torno de 8,1%. Para 2010 e 2011, a média de crescimento para o estado é de 3,9% ao ano. O franchising avança para o interior
Após o período de maior recessão econômica, o mercado de franquia se consolidou como uma das opções mais adequadas para quem deseja partir para o empreendedorismo
por Ricardo Bomeny
Presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e CEO da Brazil Fast Food Corp. (BFFC)
e o mercado de Minas tem um grande atrativo e deve crescer ainda mais. Já o Sul do País já é visto como uma das regiões promissoras para contribuir com o crescimento do setor nos próximos anos. De acordo com o mesmo levantamento, com base nas franquias associadas, o Sul é responsável por 13,1% de redes no Brasil, sendo 44% no Paraná, 31% em Santa Catarina e 25% no Rio Grande do Sul. Em faturamento, a região representa 9% de todo território brasileiro, sendo 80,1% no Paraná, 12,1% no Rio Grande do Sul e 7,8% em Santa Catarina. Atenta a esta demanda a ABF nomeou no segundo semestre de 2009 uma diretoria regional no Rio Grande do Sul, comandada pelo empresário Gustavo Schifino, sob o apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL). O Rio Grande do Sul ocupa 5% das marcas franqueadas no Brasil presentes no estado, totalizando aproximadamente 70 franqueadoras. O saldo geral é que após o período de maior recessão econômica, de muitas turbulências para quase todos os setores, o mercado de franquia se consolidou como uma das opções mais adequadas para quem deseja partir para o empreendedorismo.
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Fr a nq u i a em exp an s ão
PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO
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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S
Solução completa Campanhas publicitárias, sinalizações corporativas, ações de marketing e diversas propostas de comunicação visual podem contar com mais qualidade e agilidade em sua produção. Com uma qualidade de 600 DPI e capacidade de imprimir até 50 metros quadrados por hora, a Durst Rho 700, máquina austríaca de impressão importada pela Ibiza Laboratório Fotográfico Digital, revolucionou o setor ao oferecer soluções completas. Além da impressão, a Ibiza oferece também o serviço de recorte e modelagem das peças, realizado com a Zund G3 Digital Cutter, uma máquina de absoluta precisão para delinear os formatos e acabamentos. Gráficas, agências de viagens, joalherias, restaurantes, academias e indústrias já têm utilizado o serviço de impressão da máquina para peças e funções variadas. “A decoração e a sinalização de vários segmentos foram aprimoradas, pois com estes novos equipamentos a Ibiza oferece soluções completas, versáteis e ágeis, com alta qualidade e tempo de produção adequado às expectativas dos clientes”, afirma o gerente de produtos da Ibiza, Antonio Bernal.
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PHOTOSTOGO
www.ibizanet.com.br
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Administração de terceiros A Build Up, empresa Accor Services especializada em soluções para a área de recursos humanos, oferece o serviço de Administração de Terceiros para auxiliar
empresas na gestão de pagamentos de autônomos, pessoas jurídicas e cooperativas. Com o serviço, as empresas conseguem ter a gestão centralizada e o histórico financei-
ro dos pagamentos efetuados, controle e gerenciamento de aprovações, além dos dados do autônomo nos arquivos digitais do INSS. www.buildup.com.br
Comunicação direta A Toledo do Brasil, empresa do mercado de pesagem, acaba de entrar no segmento de mídia indoor ao lançar a MIT – Tabela Digital para o setor de varejo. A ferramenta exibe os preços dos produtos comercializados em telas de LCD ou plasma posicionadas em vários locais na loja. A nova tabela permite também o destaque de ofertas, promoções, anúncios e formas de pagamentos, além da veiculação de notícias. “A novidade proporciona uma comunicação direta com os consumidores no ponto de venda, onde ocorre a maioria das decisões de compra”, observa Marcio Oliveira, coordenador de marketing e de soluções da Toledo. A MIT – Tabela Digital funciona integrada com o software gerenciador de balanças MGV 5 da Toledo e aproveita a rede de computadores já existente na loja. www.toledobrasil.com.br
Pequena de qualidade A Sony lança no Brasil a impressora UP-DR80 com a tecnologia Dye Sublimation. O equipamento é 30% menor do que as impressoras convencionais e imprime imagens em alta resolução. Este modelo pode ser usado em lojas de fotografia, em
eventos e até mesmo em ambientes médicos para impressão de imagens de ultrassonografia. As fotos impressas contam com acabamento resistente à luz, calor, água, umidade e marcas de impressões digitais.
www.sonystyle.com.br
A Evonik Industries apresenta ao mercado brasileiro a Vestamid HT plus F1001, resina com grande resistência a altas temperaturas e com propriedades mecânicas. O produto é composto por poliftalamida (PPA) e é aplicável em extrusão de monofilamentos. A resina é indicada para aplicações em áreas nas quais é preciso substituir o alumínio e o zinco ou quando outros plásticos já não cumprem as exigências necessárias. Os elevados índices de resistência da Vestamid permitem que o material seja utilizado em meios muito agressivos.
www.evonik.com.br
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Superresistente
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P R O D U T O S E S E RV I Ç O S
Central de incêndio A Delta Fire é uma central de incêndio sem fio que trabalha com um sistema digital de comunicação wireless. O aparelho é p alimentado por umaa bateria recarregável e funciona por meio de ondas de rádio. A ferramenta envia relatórios via internet sobre incêndio, pane e sobre o status da bateria. Em caso de falta de energia, o roteador do retransmissor de sinal wireless funciona em stand by por até 24 horas.
www.deltafire.com.brr
Ferramenta específica A enxada para argamassa da Bellota é um modelo especial com furação específica para facilitar a mistura dos componentes da massa em uma construção. Sua estrutura em aço Sae 1060 garante uma combinação de força e leveza, com agilidade e alto rendimento do trabalho. A marca oferece ainda tira-linhas, fio traçador de alta resistência, especial para traçar linhas em qualquer tipo de construção. Com alcance de até 30 metros, possui um gancho para facilitar a fixação no início da marcação, além de uma manivela para rápido recolhimento da linha. www.bellota.com.br
Rastreador portátil O rastreador portátil GolSat é indicado para acompanhar em tempo real cargas, malotes, veículos e embarcações e também para quem não abre mão da segurança pessoal. O aparelho emite alertas por SMS ou e-mail, oferece acesso à movimentação via web ou celular, tem área de controle personalizada e seu alcance atinge todo o território nacional. O rastreador pesa 170 gramas, é resistente e tem alta durabilidade.
www.mundomovel.com.br
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Segurança preventiva
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A Graber, empresa líder no setor de segurança, está investindo em informação preventiva para os clientes através da ferramenta WebTV. Numa parceria com a Sintonia Comunicação, a empresa encaminha mensalmente para os gerentes de segurança dicas e palestras on-line com os melhores especialistas e consultores do mercado, abordando temas como “Segurança em Prédios” e “Direção Defensiva”, entre outros. Dessa forma, o departamento de segurança ganhou um canal de comunicação direto com os demais setores dentro das empresas, e passou a ter sua função vista com outros olhos. www.graber.com.br
LEITURA
Ex-diretor da Anprotec discute a gestão de pessoas em ambientes inovadores de forma a estimular a criação de negócios Engenheiro químico por formação, José Alberto Aranha é diretor do Instituto Gênesis da PUC-Rio e membro do conselho consultivo da Endeavor Brasil. Também já foi diretor da Anprotec e fundou a Rede de Incubadoras do Rio de Janeiro (Reinc). Há mais de uma década ele estuda os ambientes inovadores e as relações interpessoais. O resultado está em Interfaces: a chave para compreender as pessoas e suas relações em um ambiente de inovação, que discute a gestão de pessoas em ambientes inovadores de forma a estimular a criação de empreendimentos, produtos e serviços. Para Aranha, os espaços criativos são diferentes dos ambientes tradicionais, que podem limitar os processos criativos. De forma abrangente, a obra apresenta os tipos de indivíduos que fazem parte da atmosfera inovadora e como funciona o processo de geração do conhecimento e sua transformação em produtos ou serviços. Com foco na área educacional, Aranha ainda descreve o perfil do profissional empreendedor e reforça a importância de estimular o empreendedorismo nas escolas. Além disso, o autor dá dicas para identificar a inovação no ambiente corporativo e também os motivos que impedem que ela se desenvolva.
TI Tecnologia da informação – Tempo de inovação Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho Editora M.Books – R$ 85
Conheça um estudo de caso de planejamento estratégico colaborativo executado por uma empresa que presta serviços de TI. A obra apresenta desde a visão corporativa, com iniciativas de comunicação e treinamento, até os resultados da iniciativa. Para inovar, o planejamento incorporou conceitos de gestão cooperativa e liderança humanista.
Interfaces: a chave para compreender as pessoas e suas relações em um ambiente de inovação José Alberto Aranha – Editora Saraiva – R$ 59
“Horizontalidade, objetivo comum, experimentação, confiança, participação, fluxo de informações. Essas são algumas palavras que definem o trabalho em rede e, por conseguinte, serão usadas na gestão de talentos.” “Nas organizações que apreendem, os líderes são responsáveis pelo aprendizado e pela construção contínua do futuro das pessoas.” “Quanto mais a instituição estiver aberta a ouvir e quanto mais flexível for para aceitar as evidências de resultados positivos, mais ela estará preparada para valorizar seu capital social e, assim, gerar aprendizagem contínua e inovação.” “Mesmo um trabalho intenso pode parecer mais renovador e restaurador que esgotante. Os gestores devem ser hábeis na delegação de tarefas para manter as pessoas na estreita zona do fluxo que fica entre as atividades que podem exigir menos do que a capacidade da pessoa (geração de tédio) e de tarefas que vão além de sua capacidade (geração de ansiedade).”
Será mesmo que você nasceu para ser empregado? Maria Giuliese Editora Gente R$ 49,90
Especialista em psicanálise, psicologia organizacional e aconselhamento de carreira, a autora propõe um questionamento provocativo: será possível comandar o próprio desenvolvimento profissional ou devemos delegá-lo à empresa? Para ajudar o leitor a refletir sobre o assunto, o livro mostra como o mundo corporativo e as relações interpessoais estão caracterizadas na atualidade, além de sugerir uma nova proposta de interação entre a atividade profissional e as empresas.
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Atmosfera inovadora
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DINÂMICA EMPREENDEDORA
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Polaridade do julgamento
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Este é o quarto artigo em que abordamos aspectos da psicodinâmica em negócios dentro do enfoque da tipologia junguiana. Explanamos genericamente sobre as escalas e viemos aprofundando-as em cada artigo. Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição, sendo que essas duas últimas vimos no artigo anterior. E cada uma dessas funções pode ser experienciada tanto de maneira introvertida quanto extrovertida. Agora analisaremos a polaridade Pensamento-Sentimento, duas das quatro funções psíquicas. As funções Pensamento e Sentimento são consideradas racionais por terem caráter judicativo – de julgamento – e por serem influenciadas pela reflexão, determinando o modo de tomada de decisões. Estas funções são responsáveis pelas conclusões acerca dos assuntos de que trata a consciência. Se nas funções perceptivas (escala SensaçãoIntuição) a palavra é apreensão, nas funções de julgamento a palavra é apreciação. Esta terceira escala Pensamento-Sentimento refere-se à tomada de decisões. As pessoas que utilizam o Pensamento (Tthinking) fazem uma análise lógica e racional dos fatos: julgam, classificam e discriminam uma coisa da outra sem maior interesse pelo seu valor afetivo. Podem ser chamadas de Racionalistas e apresentam-se muitas vezes como frias e distantes. Naturalmente voltadas para a razão, procuram ser imparciais em seus julgamentos sem levar em conta a interferência de valores pessoais. Tendem a lidar melhor com processos lógicos, sistemáticos e formais. As pessoas nas quais predomina a função do pensamento podem ser chamadas de reflexivas. Esses tipos reflexivos são ótimos planejadores. E podem mostrar sua fraqueza ao se agarrarem a seus planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditória evidência. A que se contrapõe à função Pensamento é a função Sentimento (F-feeling). Quem usa o Sentimento julga o valor intrínseco das coisas, tende a valorizar os sentimentos em suas
avaliações, tem facilidade no contato social, preocupa-se com a harmonia do ambiente. Decide aproximando-se da situação e sendo empático. Tipos Sentimento são orientados para o aspecto emocional da experiência. Eles preferem emoções fortes e intensas, ainda que negativas, a experiências apáticas e mornas. A consistência e os princípios abstratos são altamente valorizados pela pessoa deste tipo. Para ela, tomar decisões deve estar de acordo com julgamentos de valores próprios – valores de aceitação ou rejeição, de bem ou de mal, do certo ou do errado, do agradável ou do desagradável –, ao invés de julgar em termos de lógica ou eficiência, como faz o Pensamento. Pesquisa com mais de 145 mil profissionais brasileiros mostrou que mais de três quartos deles são tipos Pensamento. Se analisarmos os tipos em ambientes de mudança organizacional, cada um lidará de forma diferente. O Pensamento quer uma base lógica, que a liderança demonstre que é competente e que haja imparcialidade e justiça. O Sentimento quer uma base de valores, demonstrações de que a liderança se importa e que haja valorização e apoio para si e para os outros. O líder que reconhece a diferença dos tipos oferecerá para cada um o que lhe é significativo. Ele necessita saber qual o tipo de informação e em qual formato ela deve ser apresentada. Bem como o tipo de inclusão no processo e maneira de como incluí-los. Essa simples reflexão já permitirá que ele lide melhor com os possíveis focos de resistência. A adequação de uma linguagem também é fundamental quando estamos diante dos consumidores diante de uma decisão de compra. Vemos as diferenças entre um consumidor racional (T), que se utiliza da lógica, querendo analisar os fatos e critérios técnicos de uma compra. Em contrapartida os relacionais (F), que vão partir das relações que eles possam estabelecer com o vendedor para compra e que podem levar em consideração se a empresa comunga dos
por Luiz Fernando Garcia
Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br
As funções Pensamento e Sentimento têm caráter judicativo e determinam o modo de tomada de decisões. Se nas funções perceptivas (escala Sensação-Intuição) a palavra é apreensão, nas funções de julgamento a palavra é apreciação
mesmos princípios. Pesquisas internacionais mostram um incremento de até 25% nas vendas ao adequarmos a linguagem comercial ao perfil tipológico dos clientes. Mais uma vez, cabe ressaltar aqui que a Teoria dos Tipos não pretende rotular ou criar estereótipos em relação às pessoas quanto ao tipo psicológico. Jung afirma que “a tipologia psicológica não tem a finalidade de dividir as pessoas em categorias. A tipologia representa uma ajuda para a compreensão das variações individuais”.
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AGENDA
De 9 a 12/03/2010
5ª Kitchen e Bath Expo – Feira Internacional de Produtos e Acessórios para Cozinha e Banheiro Transamérica Expo Center São Paulo – SP www.kitchenbathexpo.com.br
A Kitchen e Bath Expo apresenta as últimas tendências em produtos, ideias, soluções e serviços em cozinhas e banheiros. O evento reúne designers, arquitetos, decoradores, engenheiros, consultores e lojistas. Durante a feira é realizado o Fórum Internacional de Arquitetura e Construção. São esperados mais de 17 mil visitantes de mais de 40 países.
De 23 a 26/02/2010
29ª Vitória Stone Fair – Feira Internacional do Mármore e Granito Pavilhão de Carapina – Vitória – ES www.vitoriastonefair.com.br
A Vitória Stone Fair é considerada a maior vitrine do segmento de rochas ornamentais da América Latina. Mais de 450 expositores apresentam novidades em máquinas, equipamentos e insumos para mármores, granitos e ardósia. São esperados cerca de 20 mil visitantes de mais de 65 países.
De 2 a 5/03/2010
5ª F+M+U – Feira e Congresso de Ferramentaria, Modelação e Usinagem do Brasil Complexo da Expoville – Joinville – SC www.eurofeiras.com.br
A feira reúne mais de 180 expositores, entre fabricantes de máquinas, equipamentos industriais, modelação e usinagem. O evento tem como público-alvo engenheiros, fornecedores e montadores. São esperados mais de 23 mil visitantes.
De 8 a 12/03/2010
De 13 a 16/04/2010
2ª Semana Internacional de Embalagem, Impressão e Logística Parque de Exposições Anhembi São Paulo – SP www.semanainternacional.com.br
4ª Feeai – Feira Eletroeletrônica + Automação Industrial Complexo da Expoville Joinville – SC www.eurofeiras.com.br
A Semana Internacional de Embalagem, Impressão e Logística é um dos principais eventos do setor na América Latina. A feira foi criada com o objetivo de constituir em um único espaço as principais cadeias produtivas dos setores de embalagem, impressão e logística. A Semana Internacional reúne as feiras Brasilpack, Fiepag, Flexo Latino América, Salão Embala e a Brasil Screen e Digital Show.
A feira traz novidades em produtos e serviços do setor pneumático, hidráulico, de infraestrutura e automação industrial e reúne engenheiros, fornecedores e desenvolvedores de softwares. Durante o evento é realizado o quarto seminário de automação, instrumentação e sistemas.
De 13 a 16/04/2010 De 6 a 9/04/2010
5ª Plastshow Expo Center Norte São Paulo – SP www.arandanet.com.br
Fabricantes e distribuidores de resinas e formulações plásticas apresentam soluções tecnológicas para o setor. São apresentados trabalhos técnicos, estudos de casos, análises de novas tecnologias e soluções. A PlastShow fica aberta das 12h às 20h e a entrada é franca.
FIQ 2010 – Feira Internacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira Expoara Centro de Evento – Arapongas – PR www.fiq.com.br
A FIQ é considerada uma das principais feiras do setor moveleiro do País. O evento reúne mais de 180 fabricantes de máquinas, matérias-primas, acessórios, componentes, empresas de logísticas e de softwares para o setor. Durante o evento é realizada a quarta edição do Projeto de Inovação da Indústria Moveleira e o Congresso Moveleiro. São esperados mais de 25 mil visitantes.
De 6 a 10/04/2010
12ª Expolux – Feira Internacional da Indústria da Iluminação Parque de Exposições Anhembi São Paulo – SP www.expolux.com.br
A Expolux apresenta produtos e novas tecnologias para iluminação residencial, industrial e pública. A feira é considerada a maior do setor da América Latina e reúne mais de 600 expositores. São esperados mais de 170 mil visitantes. Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br
De 16 a 17/04/2010
33ª Aviestur – Feira de Turismo da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp) Campos do Jordão Convention Center Campos do Jordão – SP www.aviesp.org.br
Pela primeira vez, Campos do Jordão é sede da 33ª Feira de Turismo da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp). O município é a sexta cidade paulista a receber a feira desde que ela foi criada, em 1989. A Aviestur é voltada para agentes de viagens e profissionais ligados à área de turismo.
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TUDO PARA COZINHA E BANHEIRO
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ANÁLISE ECONÔMICA
Opções para o pequeno investidor Objetivo é limitar o risco e dar maior previsibilidade sobre o preço dos ativos, mediante o pagamento de um prêmio A popularização do mercado acionário no Brasil provocou o desenvolvimento dos derivativos financeiros, em especial das opções de ações. Por definição, opções dão ao seu portador a possibilidade de comprar ou vender um ativo a um preço estabelecido, em uma determinada data futura. Para ter este direito, ele paga um prêmio, que nada mais é que o valor da opção. Com isso, ele poderá exercer a opção, que significa comprar ou vender a ação desejada pelos termos estabelecidos. As opções nasceram com o objetivo de dar ao investidor maior previsibilidade sobre o preço dos ativos. Elas se dividem em dois tipos: opções de compra (ou calls) dão ao comprador direito de comprar um determinado ativo, e as opções de venda (ou puts) concedem o direito de venda.
a um preço bom pelo prêmio cobrado pelo mercado de opções. Em outro exemplo, se um investidor possui ações de uma empresa, e gostaria de vendê-las no mês seguinte com 5% de ganho, ele poderá comprar opções de venda que garantam este nível de preço. Alguns investidores mais agressivos utilizam opções para especulação. Normalmente, o valor de prêmio de uma opção é pequeno quando comparado ao valor da ação. Com isso, o investidor pode comprar uma quantidade muito maior de opções e ficar mais exposto às oscilações do que se gastasse o mesmo valor para comprar ações. Embora pareça tentador ampliar os ganhos utilizando opções, é preciso muito cuidado. O valor dos prêmios é definido mais por expectativas e vencimento do que por
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Embora pareça tentador ampliar os ganhos utilizando opções, é preciso muito cuidado. O valor dos prêmios é definido mais por expectativas e vencimento do que por fatos concretos, o que gera muita volatilidade
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Um dos usos mais comuns para as opções é limitar o risco do investidor. Se uma empresa teme pela alta do dólar, ela compra opções de compra da moeda, garantindo assim o preço adequado no futuro. A empresa troca a certeza de poder comprar dólares no futuro
fatos concretos, o que gera muita volatilidade. Não é incomum encontrar oscilações diárias superiores a 30% no mercado de opções. Além disso, as opções ainda possuem liquidez muito reduzida. Opções são ótimos instrumentos para
remuneração de investimentos. Porém, o pequeno investidor só deve considerar usálas quando detiver bastante conhecimento sobre o tema, e atuar sempre com cautela. É essencial acompanhar bem de perto os movimentos do mercado, já que o preço das opções é determinado, principalmente pelo comportamento das ações (tendência de alta ou baixa) e pelo vencimento (número de dias que faltam para o exercício). Com a popularização do investimento em ações, é saudável que cada vez mais investidores iniciantes negociem também opções, desde que tenham uma noção adequada do risco envolvido nestas operações.
por Rodrigo Costa Laurindo
Profissional da Leme Investimentos
Nome Ação All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Celesc Cemig Cesp Comgas Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Eletrobrás Eletrobrás Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner Natura Net P. Açúcar-CBD Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo
Tipo Ação
Participação Bovespa
UNT N2 PN ON ON PN PN ON PN ON PNA ON ON PNB PN PNB PNA PNB ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN
1,36 1,04 0,55 3,81 3,99 1,17 0,08 0,64 2,08 0,50 1,80 0,60 0,10 1,62 0,77 0,08 0,72 0,50 0,48 1,15 0,46 1,04 0,99 0,59 0,56 2,18 0,98 0,98 4,01 0,81 100,00 2,50 5,70 0,65 0,44 0,28 1,13 0,92 0,87 0,77 0,78 0,64 3,08 14,94 1,32 0,62 0,33 3,01 0,47 0,80 0,30 0,32 1,04 0,17 0,17 0,88 0,34 0,50 0,65 2,88 3,92 13,12 0,80
PN PN ON PN ON PN ON ON ON PN PNA ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN
Inflação (%)
Até 16/12 Dezembro 0,7 1,5 -6,4 3,1 3,5 -0,6 3,1 1,5 -0,8 19,3 3,2 -0,9 8,8 4,6 7,3 4,7 10,8 11,1 8,9 -4,5 -0,8 22,3 20,8 2,7 7,3 24,9 -4,6 4,7 7 4,5 2,4 6 4,4 -1 9 4,6 4,8 -4,1 -4 13,4 -1,9 13,7 -3,9 -2,4 -1,7 0,7 6,3 1,9 -1,3 29,9 -0,5 0 1,8 -1,5 10,7 8 0,5 3,8 -2,1 -3,6 1,9 1,3 4,2
Variação % Ano 59,5 73 99,9 108,9 69,2 108,4 -48 26,5 122,5 147,6 42,3 67,2 16,7 30,9 54,7 10,9 65,5 103,6 25,3 160,1 309,8 44,5 34,2 63,9 6,5 166,9 73,8 93,7 163,8 82,7 73,9 70,9 93 67,2 29,6 143,9 135,1 328,5 111,6 78,5 105,4 57,7 70,3 9,2 299,4 29,2 119,6 48 103,7 23,2 31,3 39,5 0,2 43,4 77,2 29,8 66,1 91,4 90,8 85,1 85 101
Índice
Novembro
Ano
0,10 0,07 0,41 0,29
-1,46 -1,32 3,93 3,47
IGP-M IGP-DI IPCA IPC – Fipe
Juros/Aplicação (%) Novembro
Ano
0,66 0,66 0,50 15,03
9,09 9,14 6,46 6,66
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Indicadores Imobiliários (%) Novembro
Ano
0,11 0,05
3,73 0,71
CUB SP TR
Juros/Crédito (%) 16/Dezembro
15/Dezembro
Desconto 1,64 Factoring 3,78 Hot Money 3,18 Giro Pré (taxa mês) 1,85
1,64 3,79 3,18 1,85
Câmbio
Até 16/12 Cotação
Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)
R$ 1,7518 US$ 1,4551 $ 89,7700
Mercados Futuros Janeiro
Fevereiro
Março
Dólar R$ 1.755,42 R$ 1.765,95 R$ R$ 1.775,11 Juros DI 8,64% 8,65% 8,69% Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro
30/10 68.622
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Carteira Teórica Ibovespa
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