Empreendedor 189

Page 1

Marketing: experiências que marcam

TI: o efeito devastador de um site lento

www.empreendedor.com.br

julho 2010 R$ 9,90

empreendedor – alta voltagem – ANO 16 N o 189 julho 2010

Nelso Pasqual, da Granja São Roque, já vende energia gerada a partir de dejetos suínos

IS SN 1414-0 152

ANO 16 N o 189

Alta voltagem Tecnologias limpas permitem a geração local de energia, o que proporciona novas fontes de renda para empreendimentos e a diminuição de custos de transmissão

Gestão: empresas devem investir na formação de profissionais antes mesmo de abrir uma vaga


2

empreendedor | julho 2010


3

empreendedor | julho 2010


4

empreendedor | julho 2010


5

empreendedor | julho 2010


PEDRO GILBERTO SCHAITE

NE S TA E DI Ç Ã O

24

IDEIAS ILUMINADAS Gerar energia localmente, reduzindo drasticamente, quando não eliminando, os custos de transmissão. E ainda por cima de forma limpa, em alguns casos solucionando problemas ambientais. Mas não é tudo: um empreendimento já existente pode com isso abrir uma nova fonte de renda, com a venda da energia excedente para a concessionária. Parece ficção científica, mas não é. Existem diferentes tecnologias em teste e também em operação que tornam isso possível, como é o caso da geração de energia elétrica a partir de dejetos de suínos.

18 | ENTREVISTA Eugênio Mussak

Baseado em seu livro Caminhos da mudança, Mussak fala sobre um mundo impermanente e sobre as mudanças de dentro para fora.

Nada pior do que a lentidão para um site de e-commerce. Um terço dos usuários enfrenta isso em horários de pico, e 80% deles migram para a concorrência. Saiba como evitar este problema.

32 | MARKETING Experiências marcantes

42 | GESTÃO Fábricas de profissionais

Como conseguir bons resultados na comunicação, transmitir um conceito, uma ideia? Uma das saídas é o Experience Marketing, atividades interativas – das mais diversas possíveis – que proporcionam vivências únicas para comunicar algo.

empreendedor | julho 2010

36 | ESTRATÉGIA Referência global

6

40 | TI Haja paciência

David Neeleman, fundador da americana JetBlue e da brasileira Azul Linhas Aéreas, e Laércio Cosentino, presidente da Totvs, contam suas receitas de competitividade e de como se destacar em mercados dominados por grandes empresas nacionais e internacionais.

O economista britânico Christopher Meyer e o consultor brasileiro Pedro Mandelli alertam para a necessidade das empresas investirem na formação de profissionais antes mesmo da abertura de uma vaga, na motivação dos atuais funcionários e na troca constante de experiências.

L E I A TA M B É M 10 16 56 60 62 64 66

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS DINÂMICA LEITURA ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA

46 | PERFIL Paulo Humberg

Empreendedor serial na área de internet, Humberg investe em um novo modelo de comércio on-line, o BrandsClub, sucesso milionário e que atrai investimentos internacionais.


7

empreendedor | julho 2010


E DI TOR I A L

empreendedor | julho 2010

O

8

Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, índice que beira os 50%, enquanto a média mundial não chega a 15%. Mas isso não deveria ser desculpa para investir em novas fontes de energia, como solar, eólica e biogás, e sim um incentivo para diversificar e fortalecer de forma responsável a matriz energética brasileira. Um trunfo para as épocas de estiagem, quando a geração hidrelétrica precisa ser reduzida, indiscutivelmente mais sustentável e barato do que a saída adotada atualmente e com previsão de expansão no Plano Nacional de Energia, as usinas térmicas. A mudança de postura do governo, no entanto, passa por uma quebra de paradigma no setor elétrico brasileiro, tradicionalmente focado em grandes empreendimentos. O Brasil precisa de energia para continuar crescendo, mas é preciso pôr na conta o prejuízo financeiro, ambiental e social de inundar grandes extensões de terra. Há tecnologias para geração abaixo de 1 megawatt viáveis econômica e ambientalmente. E a somatória de muitos pequenos produtores é bastante interessante do ponto de vista energético. Essa alternativa traz ainda uma qualidade importante para o sistema elétrico: produzir energia junto aos centros de consumo, dispensando grandes investimentos em transmissão e reduzindo perdas. Sem contar a vantagem de se aproveitar o potencial gerador de empreendimentos já existentes, sem impacto ambiental e, em muitos casos, a partir do que era um passivo ambiental. É o caso, por exemplo, dos dejetos suínos e do lixo. Edificações com grandes coberturas, como indústrias, estádios e shoppings, podem gerar sua própria energia a partir da luz solar. E todos podem, inclusive, vender o excedente. A Aneel regulamentou uma resolução que permite a qualquer distribuidora de energia elétrica comprar eletricidade gerada por pequenos produtores e interligá-la diretamente na rede – medida que aumenta a segurança nos horários de pico. Uma nova fonte de renda para estes empreendimentos, além da economia com energia e de uma possível comercialização de créditos de carbono. Para que isso deixe de ser caso isolado e se torne uma realidade por todo o País, é necessário desenvolver tecnologia nacional para reduzir os investimentos – o que será uma boa oportunidade de negócio para empresas brasileiras inovadoras. Ainda considerado por muitos um impeditivo, o custo da geração eólica, por exemplo, hoje já é compatível às térmicas a gás natural, e menor que as térmicas a diesel. Diversas outras tecnologias já estão em pesquisa ou em teste. Você já imaginou um poste autossuficiente? Pois ele já existe, e capta e armazena energia do sol e do vento, utilizada para iluminação pública e alimentação de câmeras de segurança e outros equipamentos. E um piso que gere energia a partir da pressão do que passa sobre ele? Já está em estudo. Aplicado no solado de sapatos, poderá permitir que um dia você carregue seu celular enquanto faz uma saudável caminhada. Alexsandro Vanin

A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas, Pedro Gilberto Schaite, PhotosToGo e ShutterStock – Foto da capa: Pedro Gilberto Schaite – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Tharin Merizio [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


9

empreendedor | julho 2010


EM PRE E N DE D O R ES

Ernani Ferrari

empreendedor | julho 2010

PROPOSTA ATRATIVA

10

Fundada há apenas cinco anos em Joinville (SC), a Mondo Strategies já fincou sua base nos Estados Unidos, onde conquistou como cliente nada menos do que a Microsoft. A empresa atua na área de consultoria de gestão integrada de software e, por isso, desde que nasceu planejava abrir um escritório no País que é o maior produtor mundial de sistemas. “Há uma cultura empresarial de aquisição de conhecimento, com uso intenso de consultorias. Dispomos de propostas altamente atrativas, com baixa oferta mesmo por lá”, observa Ernani Ferrari, consultorchefe da Mondo. O escritório está localizado na cidade de Boston, em Massachusetts. A Mondo também tem clientes na Inglaterra, na Colômbia e, claro, no Brasil. São empresas de diferentes portes, desde negócios recém-fundados até corporações como Microsoft e Totvs. Segundo Ferrari, 70% dos clientes contratam novos projetos em menos de um ano. “E, apesar do trabalho altamente especializado, atendemos hoje 30 empresas com consultorias, enquanto outras 20 já utilizaram nossos programas de capacitação”, registra o executivo. “Temos crescido como planejado, de forma consistente”, completa. www.mondostrategies.com


Manuella Bossa

SINTONIZADA COM O MERCADO Especialista em marketing e moda, Manuella Bossa começou a trabalhar com cosméticos no início dos anos 2000. Foi paixão à primeira vista. Nessa época criou no interior de São Paulo o laboratório Kush do Brasil, um dos pioneiros no Brasil em produtos para escova definitiva. Com as marcas Truss Cosmetics, K’Dor e Kush Esthetic conquistou profissionais de salões de beleza do Brasil inteiro. E agora está em pleno processo de expansão da rede de franquias Weeze, o braço da empresa no varejo. A linha de produtos da marca é variada e apresenta, dentre outras opções, cremes hidratantes, óleos corporais e aromatizantes de ambientes.

Lançada no ano passado, a franquia tem uma loja própria em São José do Rio Preto e duas franqueadas, uma na capital paulista e outra em Cuiabá. A meta é ambiciosa: abrir 50 unidades nos próximos cinco anos. Para dar suporte a esta demanda, Manuella espera inaugurar a segunda fábrica, em Cuiabá, em agosto próximo. A outra unidade está instalada em São Paulo. Sintonizada com as tendências de mercado, Manuella investe em produtos ecologicamente corretos com ativos naturais. Os testes não são realizados em bichos; as fórmulas utilizam matérias-primas de origem 100% vegetal, não usam petroquímicos e não adicionam sal. www.weeze.com.br

Johni Richter

O engenheiro Johni Richter é o novo consultor da Apex Executive Search, de Joinville (SC). A empresa, fundada em 2005, é provedora de soluções de recursos humanos, como identificação e seleção de executivos, avaliação de competências e aconselhamento de carreira. Richter chega com toda a experiência acumulada em 34 anos de trabalho como executivo da Embraco, líder mundial do mercado de compressores herméticos. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFP), com cursos de especialização no Brasil e no exterior, Richter entrou na Embraco em 1975, como responsável pelas especificações de produtos, e se desligou em 2009, aposentado por idade, aos 60 anos, quando ocupava a Diretoria de Operações, comandando as unidades do Brasil e da China. Ele se diz entusiasmado com os novos desafios: “Espero, na Apex, aplicar os conhecimentos que acumulei na gestão de pessoas”.

www.apexexecutive.com.br

empreendedor | julho 2010

EM BUSCA DE DESAFIOS

11


EM PRE E N DE D O R ES

Eldes Mattiuzzo

empreendedor | julho 2010

SEM INTERMEDIÁRIOS

12

Especialista em mercado financeiro, Eldes Mattiuzzo decidiu entrar na onda das redes sociais e criou a Fairplace, uma comunidade de empréstimos pessoais sem intermediação bancária. No site da empresa, pessoas interessadas em investir seu dinheiro encontram aquelas com necessidades de crédito, chamadas de tomadores. Um diferencial é que o investidor escolhe a pessoa que quer ajudar com informações prévias sobre onde será aplicado o dinheiro. Conhecido como “peer-to-peer lending” – empréstimo de pessoa para pessoa –, o modelo promete oferecer aos investidores rendimentos maiores dos praticados no mercado e, aos tomadores, taxas menores das ofertadas normalmente. “A ideia da Fairplace não é a facilitação de crédito, uma vez que analisamos com rigor o histórico e comportamento de crédito do candidato no mercado, mas sim taxas mais justas para aqueles que precisam de dinheiro”, explica Mattiuzzo. Bacharel em Ciência da Computação pela Unicamp e pós-graduado em Finanças pela Fundação Getulio Vargas, o empresário tem dois MBAs, um pela Fundação Dom Cabral e outro por Stanford University. Em 17 anos de experiência no mercado financeiro, atuou em empresas como MaxFácil S/A, Fininvest, Unicard, Unibanco e Banco Nacional. www.fairplace.com.br


Ciro Zadra

NOVO NEGÓCIO O publicitário Ciro Zadra (segundo, da direita para a esquerda) acaba de lançar mais um negócio no Paraná, onde já comanda as empresas CCZ Comunicação, WOW – Below the Line e Monalisa Gráfica. Sua nova investida é a id\sul, agência com foco em soluções digitais para a indústria da comunicação, um segmento que cresce a passos largos no mundo inteiro. Instalada em Curitiba, a empresa tem parceria com a 24\7 Inteligência Digital, empresa fundada há dois anos pelo Grupo ABC, de São Paulo. A 24\7id desenvolve soluções com a proposta de simplificar e otimizar o fluxo de trabalho de comunicação e marketing, seja na hora de montar um briefing, aprovar propostas, revisar anúncios e tablóides de ofertas, alinhar a comunicação de regionais, entregar materiais nos formatos certos ou de organizar arquivos. “A indústria da comunicação precisa de soluções digitais inovadoras como, por exemplo, a id\aspert approval, que permite que as autorizações de propaganda sejam feitas totalmente on-line, de qualquer lugar. Isso facilita o trabalho e reduz custos”, destaca Zadra. O empresário investiu R$ 1,5 milhão na implantação da nova empresa. Inicialmente, ela vai atender exclusivamente o Paraná, mas a meta é estender a atuação para toda a Região Sul. www.idsul.com.br

Antonio Bruno de Carvalho Júnior

Com longa trajetória no segmento têxtil, Antonio Bruno de Carvalho Júnior é o novo diretor comercial e de marketing do Grupo Yellow Bug, com sede em Mirassol, no interior de São Paulo. A empresa atua no mercado de moda infanto-juvenil com três marcas e conta com mais de 900 pontos de venda multimarcas ativos. Não é a primeira vez que Carvalho terá como desafio o mercado infantil. Ele foi o responsável pela formatação do departamento de franquias da Green, marca da Tinkerbell Modas. Na época o executivo acompanhou a expansão da rede de 17 para 27 lojas no Brasil, além da abertura de quatro unidades no exterior. Carvalho também comandou a implantação da rede de franquias Wrangler, onde permaneceu por 16 anos. Entre outras empresas, atuou ainda na Vila Romana, Paramount Têxteis (Lacoste), Ciane, Johnson & Johnson e São Paulo Alpargatas. Na Yellow Bug, vai comandar as operações comerciais das marcas Lil’Bettie Beachwear, Sugarloaf e Hamilton, com forte presença na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá.

www.yellowbug.com.br

empreendedor | julho 2010

BAGAGEM EXPRESSIVA

13


EM PRE E N DE D O R ES

Marcello Larrat

MARKETING NO DNA Fátima Bittencourt

PIONEIRA PRECOCE A psicóloga Fátima Bittencourt é daquelas empreendedoras visionárias. Com apenas 14 anos abriu em sociedade com duas amigas uma escola de educação infantil com uma proposta diferenciada para os anos 1970: foco em preservação ambiental e qualidade de vida. Entre as técnicas utilizadas, ioga, meditação, arteterapia e shiatsu. Hoje ela dirige o Grupo Sanare Saúde Integrada, fundado em sociedade com o médico Marcos Chrispim, no Rio de Janeiro. Seu embrião foi o Centro Holístico da Barra da Tijuca, também criado pela empresária logo após sua formatura em Psicologia, em 1985. Atualmente, o Sanare atua nas áreas de psicologia, medicina chinesa, neuropsicologia, psiquiatria, neurologia e ergonomia em empresas, entre outras. Fátima estima um crescimento para 2010 de 27% em relação ao ano anterior. Para isso, planeja abrir no segundo semestre a primeira unidade do grupo em São Paulo, no bairro dos Jardins. www.gruposanare.com.br

Zetti

empreendedor | julho 2010

GOLEIRO DE FORMAÇÃO

14

Ex-goleiro profissional, Zetti é hoje um empreendedor do segmento esportivo. Em 2008, ele fundou a Fechando o Gol, academia para goleiros, em sociedade com Fábio Mello, também ex-atleta profissional de futebol, e Guilherme Setúbal, administrador de empresas. Como o próprio nome já diz, a proposta da empresa é preparar esportistas amadores ou profissionais para atuar como goleiros. “Toda a metodologia foi desenvolvida baseada nos meus anos de experiência como goleiro profissional e de estudo sobre as melhores técnicas em treino, inclusive de outros países”, comenta Zetti. Hoje, a Fechando o Gol tem cerca de 100 alunos, com faixa etária de oito a 65 anos. Avaliações periódicas medem o desenvolvimento do aluno, que tem na academia um ponto de apoio para o ingresso nos clubes nacionais e internacionais. A empresa ainda faz o gerenciamento da carreira do atleta, direcionando-o para as melhores oportunidades.

www.fechandoogol.com.br

Há quase duas décadas atuando no segmento de marketing e eventos no Rio de Janeiro, o carioca Marcello Larrat é uma referência do setor na cidade. Na bagagem ele leva uma pósgraduação em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e uma rica trajetória profissional ao lado do pai, Abraham Larrat. Em 1991, a família fundou a Larrat Realizações de Marketing, hoje comandada por Marcello. O portfólio inclui desde o agenciamento de personalidades como Patrícia Amorim, atual presidente do Flamengo, a ações de marketing corporativo para empresas como Embratel e RJZCyrela. Recentemente o empresário estendeu a atuação da Larrat para São Paulo, abrindo filiais na capital paulista e em Campinas. Os estados do Sul são o próximo alvo de Marcello Larrat, que estima para 2010 um aumento de 30% na procura por ações estratégicas de marketing imobiliário e corporativo. “Nosso objetivo é fazer um trabalho de fidelização e conquista diária com o cliente, oferecendo ações diferenciadas, com resultados sólidos”, afirma o diretor-executivo. www.larrat.com.br


15

empreendedor | julho 2010


NÃO DURMA NO PONTO

A EMPRESA QUE APRENDE O líder, assim como o mestre, não dá as respostas, faz as perguntas que conduzem o aprendiz ao conhecimento. “Educar é ensinar a pensar.” Quem disse isso foi Sócrates, há 2,5 mil anos. Além do maior filósofo da história, Sócrates foi também o primeiro grande educador. Ele era filho de uma parteira. Ao ver como sua mãe procedia naqueles momentos em que uma mulher dá à luz, o menino arguto e inteligente disse a ela: “Não é você quem faz o parto. Ele acontece naturalmente. Você apenas conduz o nascimento”. Dessa observação nasceu o método socrático de educar: a maiêutica, que significa, em grego, “a arte de dar à luz”. Na prática da maiêutica o mestre não dá as respostas. Através de perguntas, conduz o aprendiz ao conhecimento. Permite que ele aprenda com autonomia e tenha a liberdade de expressar suas potencialidades, colocando-as à luz. Dessa forma Sócrates educou Platão e fez escola.

O líder que dá as respostas Nas empresas, um bom número de líderes atua de forma contrária. Eles representam a fonte do controle e do conheci-

de que estão cercados de ignorantes por todos os lados. Quem já assistiu à clássica cena de um desses líderes chegando ao trabalho? É possível avistá-lo de longe, sempre acompanhado por dois ou três funcionários em diligente busca de algum tipo de informação ou decisão. É provável que o encontro já aconteça no estacionamento e se estenda pelos corredores da empresa. No percurso, outros se reúnem ao séquito. E a comitiva vai aumentando de tamanho até chegar à sala da diretoria. Lá, mais alguns o aguardam. Estão ansiosos. Afinal, muitos projetos estão parados, aguardando informações ou decisões que os coloquem em movimento. A secretária, misto de assistente e leão-de-chácara, tenta administrar – com extrema dificuldade e, às vezes, em vão – as várias demandas. Faz algum tipo de filtragem dos telefonemas e e-mails, com critérios muitas vezes duvidosos. Todos são subservientes e dependentes dos conhecimentos do líder. E assim caminha a empresa. Não é difícil imaginar o quanto custa aos resultados e ao futuro do negócio esse cenário caricato. Poderíamos elencar várias razões para explicar esse tipo de líder: o gosto pelo poder, a necessidade de estar no controle, o sentimento de ser útil, a carência por atenção e assédio, a vaidade

empreendedor | julho 2010

Existe outra forma de enxergar uma empresa: como um organismo vivo, de corpo, mente e alma. Dotada de consciência e competência. Portanto, um organismo capaz de aprender

16

mento. Alguns acreditam, mesmo, que ser líder é exercer esse tipo de poder. Atuam como enciclopédias ambulantes, nada menos do que ilhas de sabedoria, certos

pelo conhecimento. Gostaria, entretanto, de destacar um fator muito comum: a forma de enxergar a empresa. Não raro, é exatamente essa a origem da questão.

Por exemplo: uma empresa pode ser vista como um processo, com input e output. De um lado os insumos: matériasprimas e mão de obra, para uma empresa industrial; mercadorias, para uma empresa comercial; informações, para uma empresa de serviços. Olhando dessa forma, tudo o que se tem para fazer é processar esses insumos e obter algum ganho com isso. O objetivo principal, portanto, é ressarcir os custos e obter os lucros. Tiro e queda. O fato é que um negócio perde muito quando entendido de maneira tão técnica. Existe outra forma de enxergar uma empresa: como um organismo vivo, de corpo, mente e alma. Assim como um ser humano. Dotada de consciência e competência. Portanto, um organismo capaz de aprender. Mais que isso: um organismo cuja vocação é aprender.

A empresa que aprende Ver uma empresa como um organismo vivo é um bom começo. Deixamos de tratá-la como objeto e passamos a tratá-la como sujeito. E, assim, todos os que lá estão. Pensamos em expandir a consciência das pessoas e ampliar suas competências. O que é muito diferente de apenas adestrar a mão de obra para as tarefas ou promover apenas treinamentos técnicos. A empresa como um organismo vivo é uma boa imagem. Mais do que boa, é real. É viva, pulsante. É essa que, diferentemente das empresas mais rígidas e burocráticas, consegue responder com mais competência às demandas do mercado. E se adapta com mais flexibilidade às mudanças de cenários. Darwin mostrou, faz tempo, que só a espécie capaz de se adaptar ao meio ambiente consegue sobreviver. Vale para as espécies, vale para a empresa, quando ela é vista e tratada como um organismo vivo. A empresa que aprende funciona bem, quando pensamos o ambiente externo, os mercados, as tendências, o futuro. E funciona melhor ainda quando pensamos o ambiente interno e as pessoas que lá trabalham. Afinal, as necessidades e deman-


das das pessoas também mudam com o tempo. Uma empresa tecnicista e burocrática tem dificuldades de responder a tudo isso. Não raro naufraga, culpando as mudanças pela degringolada. Uma empresa que aprende consegue compreender e assimilar essas demandas, oferecendo respostas a elas. Daí surge o principal problema: como liderar uma empresa que aprende quando o estilo do líder é centralizador, autoritário e narcisista? Em outras palavras: como aumentar as competências quando o líder limita ou restringe o aprendizado?

O líder que promove o aprendizado Aí está o maior desafio: transformar chefes em líderes. Sim, porque o líder que dá as respostas não é verdadeiramente um líder. É apenas um chefe. Líder que é líder educa. Ser educador é a principal diferença entre líder e chefe. Para ser educador, é preciso lembrar Sócrates, o grande mestre. E sua maiêutica. E ter coragem de fazer uso das três palavras principais de um líder educador: “Eu não sei”. Essas três palavras mágicas são impensáveis para um chefe, mas bastante razoáveis para um líder. “Eu não sei” significa “você que des-

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

começa a trocar informações entre si. Que exercita a reflexão e o pensamento. Que ousa criar. Que aprende enquanto trabalha e trabalha enquanto aprende. Que começa a se comprometer na mesma medida que o líder começa a se conter. E, assim, pode viver a sua autonomia e aprender com liberdade. Tudo isso, além de ser desenvolvimentista, é também muito motivador! Faça o teste: você pensa na sucessão? Já tem quem possa assumir o seu lugar? Quantas pessoas? Se você pode prescindir da posição em que está, en-

cubra”. A partir daí, um grupo de subservientes começa a dar lugar a uma futura equipe de curiosos. Que passa a buscar a informação e o conhecimento. Que

tão é possível que lidere uma empresa que aprende. Sorte sua! Caso contrário, é bom reavaliar o que tem feito até agora. Sempre é tempo de mudar!

empreendedor | julho 2010

Darwin mostrou que só a espécie capaz de se adaptar ao meio ambiente consegue sobreviver. Vale para as espécies, vale para a empresa, quando é vista e tratada como organismo vivo

17


E N T R E VI S TA

Eugênio Mussak

BEM DOSADO Combinar rotina com uma certa dose de inconformismo e curiosidade é a receita para se desenvolver e não perder oportunidades por Mônica Pupo

empreendedor | julho 2010

monica@empreendedor.com.br

18

Seja na vida profissional ou pessoal, poucas coisas na vida são tão inevitáveis quanto a rotina. Mas quem foi que disse que ela é ruim? Para Eugênio Mussak – médico, educador e escritor especializado em temas como comportamento organizacional, trabalho em equipe e liderança –, a rotina é essencial para desenvolver habilidades e competências. “Rotina deve significar método, mas nunca mesmice ou estagnação”, afirma. Para não

deixar que a rotina afete a produtividade e a criatividade nos negócios, o consultor lança mão da máxima freudiana que diz que é preciso “abrir a janela da alma”. Especialmente para executivos e líderes de equipe, reconhecer a hora certa de mudar é fundamental para manter o bom desempenho dos negócios. “É bom ficarmos atentos e abertos para qualquer mudança, e assim conseguiremos abrir nossa própria janela para o novo”, recomenda. Autor de, entre outros, Caminhos da mudança: reflexões sobre um mundo impermanente e sobre as mudanças de dentro para

fora (Editora Integrare), Mussak acredita que a única saída para evitar a acomodação é manter sempre um certo grau de inconformismo e de curiosidade em relação ao mundo e às pessoas ao redor. Na entrevista a seguir, o consultor fala mais sobre o papel dos líderes como promotores de mudanças e a importância das mudanças – e da rotina – nas organizações. Além disso, Mussak também fala como é possível fomentar a mudança de atitude e se desapegar de vícios e modelos mentais ultrapassados – tudo em nome da inovação.


Qual o primeiro passo para a mudança de atitude? Mussak – Não podemos falar da atitude de fazer coisas sem falar primeiro da atitude mental. Nada consegue impedir o homem que tem a atitude mental correta de atingir as suas metas. E nada na terra consegue ajudar o homem com a atitude mental errada. Portanto, a questão não é exatamente o que fazer e sim o que pensar. Não se muda padrão de comportamento sem antes mudar o padrão de pensamento. Em suas palestras, o senhor costuma dizer que é preciso abrir a “janela da alma” para enxergar novos horizontes e oportunidades. Como é possível ampliar a visão e se desapegar de vícios e valores do passado no contexto organizacional? Mussak – Abrir a janela para o novo é fundamental. Quantas organizações não têm uma janela tapada por uma parede de tijolos? Essa é a janela daquelas empresas e profissionais cujos principais paradigmas estão ligados ao medo, a modelos mentais ultrapassados, à indolência e à ignorância. Sentimentos como

medo, ciúme, raiva e inveja nos impedem de enxergar o novo e retirar esses tijolos que atrapalham nossa visão. Para isso, o primeiro passo é ter coragem para derrubar esses antigos conceitos e mudar. E vale lembrar que coragem não quer dizer ausência de medo. Não ter medo é uma imprudência. O medo significa precaução e conhecimento do perigo. Você tem que ter medo, só não pode ficar paralisado por isso. Com coragem e sem medo você faz besteira. Por outro lado, se tiver medo e não tiver coragem, também não avança. Então é preciso dosar os dois. Qual a importância das mudanças para as organizações? Mussak – Em primeiro lugar, costumo dizer que liderar é gerar vontades e patrocinar mudanças. É impossível contar a história da humanidade sem se referir aos grandes movimentos de mudança que a sociedade sofreu. As guerras, a Revolução Industrial, o Renascimento e a Revolução Francesa são alguns exemplos disso. Quando alguma coisa não muda, temos pouco para dizer a respeito. Já no contexto das empresas, os líderes devem ter atitude. E a atitude, no meu ponto de

Uma das características humanas da empresa é a capacidade de se relacionar com o meio e perceber quais são as necessidades, desejos e exigências do mercado

vista, se refere à ideia freudiana de abrir a janela para o novo. E isso deve acontecer nos dois sentidos: de fora para dentro, identificando os desejos, medos, forças e fraquezas da equipe, e de dentro para fora, enxergando as necessidades do mercado, do mundo e do cliente. Como identificar a hora certa para mudar? Mussak – Do ponto de vista pessoal, o melhor momento para mudar é quando, por algum motivo qualquer, você não se sente feliz. Para mudar você tem que ter pelo menos três qualidades, que são coragem, persistência e relevância. A relevância, no caso, é quando a proposta de mudança que está se apresentando representa uma coisa boa, ética, uma proposta para melhor. Afinal, não adianta mudar para pior. Que ferramentas o departamento de RH tem hoje para medir o nível de atitude em uma equipe? Mussak – Há dados objetivos, sendo o resultado um deles. O volume de recursos utilizado para atingir esse resultado é outro, assim como o tempo dispendido nas tarefas. E há ainda alguns dados mais subjetivos, como por exemplo o clima organizacional, a qualidade do relacionamento interpessoal e o que chamamos de FIB, a felicidade interna bruta. Há um estudo interessantíssimo sobre a FIB, onde se descobriu que os países de maior FIB não são necessariamente os países de maior PIB. Nas empresas acontece a mesma coisa. Uma equipe pode ter resultados, mas será que as pessoas estão felizes? Como tirar uma equipe da estagnação? Mussak – Cada vez mais eu insisto na importância das crises na organização. A grande virtude da crise é que ela tira as pessoas da zona de conforto. E para sair da crise você tem que fazer alguma coisa diferente do que estava fazendo até agora. Por um motivo simples: foi justamente aquilo que você estava fazendo que o colocou na crise. É aí que surge a criatividade e a inovação que o mundo corporativo tanto precisa. Portanto, crises são extremamente benéficas. Por esse motivo, uma das funções do líder deve ser criar crises artificiais; assim, quando uma crise natural se instalar, todos já estarão mais bem preparados.

empreendedor | julho 2010

Em seu livro, o senhor afirma que “as verdadeiras transformações vêm de dentro para fora”. Como é possível estimular esse comportamento nas empresas? Eugênio Mussak – Hoje não podemos mais comparar as empresas a máquinas, como era comum antigamente e ainda ocorre atualmente em algumas organizações, o que é herança da Era Industrial. Mas, com a sociedade do conhecimento, isso não faz mais sentido. Temos que encarar a empresa como uma pessoa, por isso a chamamos de “pessoa jurídica”. As organizações são como organismos vivos, que nascem, crescem, podem ter filhos (ou filiais), podem adoecer, morrer, enfim, passam por todos os ciclos vitais. E uma das características humanas da empresa é a capacidade de se relacionar com o meio e perceber quais são as necessidades, desejos e exigências do mercado. E é a partir dessa percepção que a companhia deve promover suas próprias mudanças. É um processo que ocorre de dentro para fora, mas que deve obedecer a essa percepção do mundo exterior.

19


E N T R E VI S TA

empreendedor | julho 2010

E como é possível medir a FIB (Felicidade Interna Bruta) de uma empresa? Mussak – Existe toda uma sorte de questionamentos e métodos de pesquisa qualitativos. Mas, de modo geral, felicidade não tem nada a ver com as crises. Todo mundo enfrenta crises. Tomemos como exemplo um casal feliz, que passa por diversos problemas e dificuldades, mas continua mantendo o nível de felicidade. Já outros casais não são felizes por mais que esteja tudo bem. Sendo assim, concluímos que a felicidade não está necessariamente ligada ao momento vivido. O que tem muito a ver nesse caso é a cultura da organização e a atitude da liderança. Vejo às vezes numa empresa dois departamentos que fazem a mesma coisa e atravessam a mesma crise. Em um deles o clima é ótimo, com as pessoas se ajudando e um clima de bem-estar no ar, enquanto no outro departamento acontece uma caça às bruxas, com um tentando empurrar o problema para cima do outro. E como isso é possível se a situação é a mesma? Por causa da atitude do líder.

20

Como é possível estimular a tomada de atitude dentro de uma equipe ou organização? Mussak – Se o conhecimento é o saber e a habilidade é o poder, a atitude é a vontade de fazer. E nós sabemos o quanto é difícil desenvolver vontade numa pessoa. A maioria das pessoas, infelizmente, nem chega a ter vontade, no máximo um desejo. E não é preciso se esforçar muito para ter um desejo, já que ele faz parte da natureza humana. Agora, para estudar, abrir uma empresa e competir, não basta ter desejo, tem que ter vontade. E a vontade vem do pensamento. E o pensamento, por sua vez, pode ser desenvolvido. Mas para desenvolvê-lo só existem dois caminhos: a psicanálise freudiana e a educação. E eu incluiria aqui também a importância do líder, que deve agir como um promotor de mudanças. Qual o perfil de um “promotor de mudanças”? Mussak – São pessoas inconfor-

Com coragem e sem medo você faz besteira. Por outro lado, se tiver medo e não tiver coragem, também não avança. Então é preciso dosar os dois

madas, que não estão satisfeitas com determinada situação. Também se caracterizam pela coragem, persistência, curiosidade e preparo para enfrentar os desafios. Outra característica é a visão. Ao contrário do que muita gente pensa, ter visão não significa prever o futuro, mas sim imaginar o futuro que você quer mantendo os pés no chão. A diferença entre o sonho e o delírio está exatamente na factibilidade de realizar o sonho. Se não é factível, é delírio. Então os promotores de mudanças são pessoas que têm um pensamento estratégico, que sabem onde querem ir mas, principalmente, sabem onde estão. Como evitar a estagnação na vida profissional? Mussak – A única alternativa à estagnação é a evolução. Quando você evolui, você automaticamente muda. Hoje estagnar significa andar para trás, pois ninguém permanece igual. Ou você melhora ou piora. E como na média todos estão melhorando, se você não segue essa tendência, então está piorando. Atualmente a estagnação pode ser fatal. Tempos atrás a gente saía da faculdade e não precisava mais estudar, só trabalhar. Agora não, você sai da faculdade e aí é que começa a estudar de verdade. A rotina pode ser considerada uma inimiga natural da criatividade e da produtividade numa empresa? Mussak – Não devemos ter nada contra a rotina, pois ela é necessária para você desenvolver uma habilidade. Afinal, se todo dia você mudar aquilo que está fazendo, não conseguirá ser eficiente. Então precisamos ter rotina, tanto na vida pessoal como na profissional. Mas se a rotina é inevitável, é possível evitar a mesmice, a acomodação e a estagnação. Você pode fazer o mesmo trabalho todos os dias, mas de maneira diferente a cada dia. Mais uma vez, tudo é questão de atitude e intenção.

LINHA DIRETA Eugênio Mussak: (11) 3661-2765


21

empreendedor | julho 2010


22

empreendedor | julho 2010


23

empreendedor | julho 2010


CA PA

Você Geração ç S/A Tecnologias de geração local de energia diminuem custos de transmissão e proporcionam uma nova oportunidade de negócio para empreendimentos já existentes, que ainda podem solucionar problemas ambientais por Cléia Schmitz

empreendedor | julho 2010

cleia@empreendedor.com.br

24

Alguns anos atrás, a possibilidade de transformar dejetos de suínos em energia elétrica era motivo de piada entre criadores de porcos. Para a maioria deles, o assunto parecia um tanto futurista. Hoje, muitos produtores de suínos já estão na expectativa de vender energia elétrica gerada a partir do que, até então, era apenas um problema ambiental. Em Santa Catarina – estado com a maior criação de suínos do Brasil – o empreendedor Nelso Pasqual será o primeiro a injetar energia no sistema elétrico da concessionária local. No dia 28 de junho, ele assinou com a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) o contrato de venda de cerca de 300 kW médios/mês gerados na Granja São Roque, localizada em Videira, na região Oeste catarinense. Segundo a Celesc, é energia suficiente para atender a cerca de 1,2 mil residências. Pode parecer pouco, mas com certeza não é insignificante. A geração de energia elétrica a partir de dejetos de suínos e, principalmente, o interesse de concessionárias pela sua contratação trazem embutida uma mudança de cultura imprescindível para difundir fontes limpas de energia. “Nossa motivação por esse empreendimento vai além do montante da energia gerada e da rentabilidade. A criação de um cenário propício para o desenvolvimento de novas cadeias de negócio na região, de maneira sustentável, também nos estimula”, afirma Paulo Meller, presidente da Celesc Geração. Em Santa Catarina, há um plantel de quase 6 milhões de suínos que, estima-se, poderia produzir 212 milhões de metros cúbicos de gás metano por ano, suficiente para instalar uma usina de 345 megawatts (MW ) – praticamente um terço do potencial da Usina Hidrelétrica de Machadinho, no Rio Pelotas, com 1.140 MW. A Granja São Roque é a terceira unidade no Brasil a produzir energia elétrica a partir de dejetos de suínos. As outras duas estão localizadas no Paraná e tiveram o


PEDRO GILBERTO SCHAITE

empreendedor | julho 2010

Nelso Pasqual, da Granja S達o Roque, de Videira (SC)

25


CA PA

Energia produzida na Granja São Roque é suficiente para atender a cerca de 1,2 mil residências

Biogás de suínos

26

PEDRO GILBERTO SCHAITE

empreendedor | julho 2010

Os dejetos de suínos são fermentados em biodigestores, um tanque fechado que elimina a contaminação de solos e rios e a emissão de gases de efeito estufa, no caso o metano, 21 vezes mais poluente do que o dióxido de carbono (CO2). Só por isso o produtor já consegue uma receita extra com a venda de créditos de carbono. Mas o processo resulta ainda em biofertilizante de ótima qualidade para lavouras e pastagens. Além disso, produz biogás que pode abastecer desde fogões domésticos, dispensando a lenha, até um gerador de energia elétrica. Cada suíno produz, em média, 10 litros de dejetos por dia. Mil litros rendem 1.360 litros de biogás, que geram 0,4 kWh de energia.

apoio da Itaipu Binacional. Para o superintendente de Energias Renováveis da empresa, Cícero Bley, a contratação desse tipo de geração representa uma quebra de paradigma no setor elétrico brasileiro, tradicionalmente focado em grandes empreendimentos. “Estamos inaugurando uma fase em que se demonstra a viabilidade técnica, econômica e ambiental da geração abaixo de 1 megawatt. A somatória de muitos pequenos produtores é bastante interessante do ponto de vista energético”, destaca o executivo, que também coordena o Observatório de Energias Renováveis para a América Latina e Caribe.

Copa verde O que chama atenção em projetos como esses é a possibilidade de aproveitar o potencial gerador de empreendimentos já existentes, sem impacto ambiental. É o que propõe também o projeto dos estádios solares, desenvolvido pelo Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina (Ideal) em parceria com o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ideia é instalar placas fotovoltaicas nas imensas coberturas dos estádios de futebol e transformá-los em usinas solares. O Instituto Ideal quer aproveitar a realização da Copa do Mundo de 2014 para convencer os donos dos estádios-sede a incluir um proje-

to de energia solar na reforma ou construção de seus complexos esportivos. Para viabilizar as ecoarenas, o Ideal foi buscar parceria com duas instituições da Alemanha, país com ampla experiência em energia solar: o banco de fomento Kfw e a agência de desenvolvimento GTZ. Ambos se comprometeram, respectivamente, a financiar e repassar tecnologia para a execução dos projetos. O Kfw reservou 80 milhões de euros para financiar a implantação dos sistemas fotovoltaicos. O Mineirão, propriedade do governo de Minas Gerais, já aderiu à proposta. A expectativa é de que o estádio gere 2 MW de energia, que será interligada ao sistema, atendendo entre 4 mil e 5 mil residências. Segundo Mauro Passos, presidente do Instituto Ideal, estádios como Maracanã (RJ), Fonte Nova (BA), Arena Manaus (AM) e Verdão (MT) estão interessados no projeto. Os estádios solares, assim como as usinas a biogás proveniente de dejetos de suínos, têm outra qualidade importante para o sistema elétrico: produzem energia junto aos centros de consumo, dispensando grandes investimentos em transmissão e reduzindo perdas. “Nós vemos o sol como a fonte de energia do futuro. Além de limpa, estará acessível a todas as pessoas. Bastará instalar um sistema fotovoltaico no telhado. Hoje isso já é feito para aquecer o banho, mas no futuro vai gerar também a energia elétrica consu-


mida em casa”, afirma Passos. Para ele, o custo de sistemas fotovoltaicos tem sido decrescente e se tornou mais viável em pouco tempo. Assim, empreendimentos com grandes coberturas, como indústrias e shoppings, poderão gerar sua própria energia e até mesmo vender o excedente. Uma contribuição importante dentro desse cenário foi dada no final do ano passado. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou uma resolução que permite a qualquer distribuidora de energia elétrica fazer chamadas públicas para comprar eletricidade gerada por pequenos produtores e interligá-la diretamente na rede. “Em países como Alemanha e França, a geração distribuída já é realidade há mais de 10 anos. Ela é muito importante para que as distribuidoras possam contar cada vez mais com geração de eletricidade na ponta, aumentando a segurança do sistema nos horários de pico”, explica Sadi Baron, secretário-executivo do Projeto Alto Uruguai. A ONG coordena um projeto piloto de instalação de biodigestores em pequenas propriedades da região fronteiriça de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Trinta e cinco biodigestores já estão instalados em 25 municípios da região, dos quais 10 na comunidade de Santa Fé Baixo, em Itapiranga (SC). No local será instalada ainda neste segundo semestre uma central geradora de energia elétrica, que deve entrar em operação no ano que vem. O

empreendimento, orçado em R$ 640 mil, poderá gerar até 150 kWh de energia, suficiente para atender cerca de 600 famílias da região. “Será o primeiro condomínio de geração de energia elétrica entre pequenos criadores de suínos do Brasil”, orgulha-se Baron. O projeto tem a parceria da Eletrosul, Eletrobras, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Universidade Comunitária de Chapecó (Unochapecó) e Universidade Federal do Rio de Janeiro. A lista de apoiadores dá uma ideia do interesse que esse tipo de geração de energia vem despertando no mercado. Em maio, a Eletrobras anunciou novos investimentos na região, estendendo o projeto para mais 55 municípios. A proposta é instalar outras três centrais geradoras de energia com biogás proveniente de dejetos de suínos. O Projeto Alto Uruguai foi lançado pelo MAB em 2004 com o objetivo de converter a degradação ambiental provocada pela suinocultura em biofertilizante e matriz energética. Um ano depois, a ONG

Solar Dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicado em 2006 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o Brasil recebe mais de 2,2 mil horas de insolação por ano, um potencial equivalente a 15 trilhões de MWh, e muito maior do que o da Alemanha, país líder em geração de energia solar. O maior obstáculo ainda é o custo, mas a expectativa é de que ele se equipare às fontes convencionais em menos de dez anos. No mundo, existem atualmente 22 mil MW de energia solar instalados. A expectativa é de que o segmento cresça 40% em 2010. Além da Alemanha, destacam-se como grandes geradores de energia solar a Itália, o Japão e os Estados Unidos. empreendedor | julho 2010

PEDRO GILBERTO SCHAITE

Projeto Alto Uruguai: primeira cooperativa de pequenos produtores a gerar energia a partir de dejetos de suínos

27


CA PA

empreendedor | julho 2010

Unidade da Seara em Diamantino (MT): maior sistema de tratamento de dejetos de suínos do Brasil gera economia anual de R$ 2,5 milhões com energia elétrica

28

assinava um convênio com Eletrobras e Eletrosul para colocar o projeto em prática. Antes disso, coube ao MAB e à Unochapecó convencer os criadores de suínos sobre o potencial gerador de suas propriedades. “No início, o assunto era motivo de chacota. Hoje é uma nova perspectiva de desenvolvimento para a região. O que nós desejamos é que isso se transforme em política pública”, afirma Baron. Para Nelso Pasqual, a adesão de grandes agroindústrias ao projeto de geração e comercialização de energia elétrica é só uma questão de tempo. O produtor espera recuperar o investimento de R$ 3 milhões em, no máximo, cinco anos. “O custo de implementação é alto, mas é um sistema econômico porque a manutenção é de baixo custo. Depois que pagarmos os recursos investidos, teremos uma receita líquida”, destaca o empreendedor. Veterinário de formação, Pasqual começou a investir no projeto de biogás em 2003, quando adquiriu a Granja São Roque após 30 anos de experiência como executivo em agroindústrias do setor. Seu último cargo foi de diretor-técnico da Carroll’s Food do Brasil, em Diamantino (MT), onde acompanhou a instalação de um sistema de biodigestores. Em março deste ano, esse sistema foi inaugurado pela Seara, empresa do Grupo Marfrig, que adquiriu o empreendimento da Carroll’s em 2008. É o maior sistema de tratamento de dejetos de suínos do Brasil. O empreendimento evita emissões de

metano da ordem de 73 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. Isso equivale ao plantio e preservação de 15 milhões de árvores nativas. A energia gerada é suficiente para abastecer o complexo de suínos no local e ainda produzir excedente para suprir uma cidade de 8,5 mil habitantes. A economia anual com energia elétrica será de R$ 2,5 milhões, além das receitas obtidas com a comercialização de créditos de carbono. O investimento foi de R$ 8 milhões. “O sistema atende às mais rígidas exigên-

Custódio, da Eletrosul: “Temos que abrir espaço para outras fontes limpas”

cias regulatórias em termos de preservação ambiental e será modelo para empreendimentos semelhantes no futuro”, afirma o diretor da Seara, Mayr Bonassi.

Luz do lixo Seguindo a mesma lógica das granjas de suínos, os aterros sanitários espalhados pelo Brasil afora também escondem verdadeiras usinas de eletricidade. “Baseado em dados do IBGE de 2000, estima-se um potencial para produção de 350 MW de energia elétrica a partir do biogás de aterros sanitários”, afirma Vanessa Pecora Garcilasso, pesquisadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), ligado ao Instituto de Eletrônica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP). Entre 2006 e 2009, um grupo de pesquisa da Cenbio implantou um sistema de produção de energia elétrica e iluminação a partir do biogás proveniente do tratamento de resíduos sólidos no Aterro Sanitário da Essencis, em Caieiras. O aterro, localizado às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, é o maior da América Latina e recebe cerca de 10 mil toneladas de lixo por dia. Como se trata de um projeto de pesquisa, a Cenbio utilizou apenas parte de todo esse lixo. Para a conversão energética do biogás foi instalado um grupo gerador de 200 kW. Segundo Vanessa, o objetivo central do projeto era desenvolver tecnologia


Parque Cerro Chato: primeiro projeto de geração eólica da Eletrosul terá 90 MW de potência

vel às térmicas a gás natural, e menor que as térmicas a diesel – com a vantagem da geração pela força dos ventos ser limpa e renovável. Além disso, sua ‘matéria-prima’ é sempre gratuita, além de economizar água e não emitir gases efeito estufa”, ressalta Ricardo Simões, presidente da ABBEólica, associação que reúne as empresas integrantes dessa cadeia. Vale lembrar que a geração de energia eólica é recente no País. Os primeiros empreendimentos foram implantados no final da década de 1990 pela Companhia Energética do Ceará (Coelce). De acordo com a ABEEólica, em 2002, a capacidade instalada era de 22 MW, mantendo-se estável em 29 MW até 2005. Já em 2006, cresceu para 237 MW, fechando 2009 com 606 MW. Hoje, o Brasil conta com 794 MW de eólica. Esse cenário promissor tem despertado interesse de novos empreendedores na área. No final de junho, a Eletrosul assinou a ordem de serviço para a construção de sua primeira usina eólica. O Complexo Eólico Cerro Chato será erguido na cidade de Sant’Ana do Livramento, sudoeste do Rio Grande do Sul, divisa com a cidade uruguaia de Rivera. O empreendimento, que faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), terá três parques eólicos de 30 MW cada, e 45 aerogeradores com torres de 108 metros de altura. Segundo Ronaldo dos Santos Custódio, diretor de Engenharia e Operação, a Eletrosul quer se consolidar como empresa produtora de energias re-

Cerro Chato

Eólica Estima-se que o potencial eólico do Brasil seja de 143 mil MW, sem contar a zona marítima. Esse número tende a aumentar com a evolução tecnológica das torres. Atualmente, o País tem instalado 794 MW provenientes da força dos ventos, mas as expectativas de crescimento são bastante significativas. No 1° Leilão de Reserva para aquisição de energia eólica, realizado em dezembro, foram contratados 1.807 MW ao preço médio de R$ 148/MWh. Um novo leilão está marcado para agosto. O Plano Decenal de Energia – 2019, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia, prevê a instalação de 5,3 mil MW de eólica nos próximos dez anos.

empreendedor | julho 2010

nacional com o propósito de reduzir os investimentos e estimular a geração de energia elétrica no segmento. Ela cita os aterros sanitários São João e Bandeirantes, também em São Paulo, que usam sistemas geradores importados, o que encarece a produção de energia. “O investimento inicial ainda é um pouco alto e muitos aterros atingem a cota de venda de créditos de carbono só com a queima do gás”, destaca a pesquisadora. Para ela, o estímulo ao desenvolvimento de tecnologias nacionais pode mudar essa história e tornar aterros sanitários não só autossuficientes em energia elétrica como vendedores do excedente gerado. Vejamos o caso da energia dos ventos. O custo de geração a partir desta fonte de energia sempre foi apontado como um limitador para a implantação de parques eólicos no Brasil. No entanto, o preço ofertado no 1º Leilão de Reserva para aquisição de energia eólica surpreendeu todos. “A energia eólica começa a ocupar espaço. No leilão realizado em novembro de 2009 contratamos 1,8 mil MW, o que nos oferece um preço que não se imaginava conseguir no Brasil: em torno de R$ 148 por megawatts/h, em nível médio. Isso foi excelente”, declarou recentemente o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, ao programa de rádio Bom Dia Ministro. O segundo leilão de eólica está marcado para agosto e a expectativa do mercado é de que o governo contrate outros 1,8 mil MW. “Hoje, o custo da eólica já é compatí-

29


CA PA

empreendedor | julho 2010

Poste híbrido desenvolvido por Ximenes (ao lado): invento utiliza energia eólica e solar

30

nováveis. “A vocação do Brasil é a geração hidrelétrica, mas temos que abrir espaço para outras fontes limpas”, destaca. Custódio ressalta que Cerro Chato é acima de tudo uma decisão empresarial, ou seja, atraente do ponto de vista econômico. O executivo enumera uma série de vantagens para os investimentos eólicos, incluindo bons preços, boas condições de financiamento do BNDES e queda nos preços dos equipamentos em virtude da crise econômica mundial. Para os defensores da energia dos ventos, a lista não para por aí: agilidade no processo de licenciamento ambiental, rapidez na construção do empreendimento e a oportunidade de geração de créditos de carbono são outros atrativos. A previsão da Eletrosul é inaugurar o empreendimento no segundo semestre de 2011. Os investimentos são de R$ 400 milhões, dos quais 90% da Eletrosul e 10% da Wobben, líder mundial na fabricação de aerogeradores. Na opinião de Ricardo Simões, o potencial eólico brasileiro não é mal aproveitado. Porém, para seguir um ritmo adequado de crescimento depende da contratação anual, em regime controlado, de 2 mil MW até o ano 2019. “E para favorecer este patamar de crescimento será necessário promover uma desoneração tributária, que hoje é um grande entrave ao setor”, afirma o dirigente. A ABEEólica já apresentou ao governo federal a proposta do Renovento, um regime tributário especial para beneficiar toda a cadeia produtiva, desde a matéria-prima até a operação dos parques eólicos. Segundo Simões, a energia eólica não tem inten-

ção de competir com a hidreletricidade. “Trata-se de uma fonte que complementa a matriz principal de forma limpa, renovável e abundante, garantindo a geração de energia quando os níveis dos rios diminuem e a geração hidrelétrica precisa ser reduzida”, afirma.

Na contramão Para o professor Heitor Scalambrini da Costa, um crítico contumaz da política energética do governo, os investimentos em eólica e solar estão muito aquém do desejado. “O mundo inteiro está investindo em vento e fotovoltaica. Na China, o mercado de eólica triplicou em 2007. No Brasil, o Plano Nacional de Energia (PNE) 2030 prevê que as usinas eólicas passarão de 0,3% para 0,9% da potência instalada no País, enquanto o aumento da participação das usinas térmicas passará de 0,95% para 5,7% – mais de 500%”, argumenta Scalambrini, coordenador do Núcleo de Apoio a Projetos de Energias Renováveis (Naper) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Igualmente, o setor de eletricidade solar cresce 45% ao ano, em média, no mundo. Enquanto isso, no Brasil são apenas 33 unidades de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica até o final de 2009,” acrescenta. O governo tem respondido às críticas com o fato de o País ter uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo. Enquanto o índice brasileiro é de 47%, a média de fontes renováveis na matriz energética mundial é de 14%. Para Scalambrini, isso não exime o estado brasileiro


Sakamoto, da Unesp, desenvolve tecnologia nacional de piso elétrico

Scalambrini: investimentos em eólica e solar estão muito aquém do desejado no Brasil

iniciativas isoladas de quem acredita nessas fontes. Entre eles, o empresário cearense Fernando Ximenes, proprietário da GramEollic. Ele desenvolveu um poste híbrido que produz sua própria energia, eficiente não apenas para a iluminação pública mas também para alimentar câmeras de segurança, radares e sensores, entre outros equipamentos. Em formato de avião, o sistema colocado no alto do poste capta tanto energia solar, por meio de células fixadas sobre as asas, como energia eólica, gerada por uma pá eólica. Uma bateria armazena a energia produzida. “Com o equipamento, podemos abastecer três postes com seis lâmpadas LEDs de, no mínimo, 50 mil horas de vida útil e oito vezes mais luminosas, dia e noite, com ou sem vento, com e sem sol”, garante Ximenes. O empresário começou a desenvolver o invento em 2001, estimulado pelo racionamento de energia elétrica. No ano passado, o governador do Ceará, Cid Gomes, pediu para instalar um equipamento nos jardins do Palácio Iracema. Neste segundo semestre, o invento vai iluminar 360 postes da Avenida Max Lisboa, em Fortaleza. Ximenes também está negociando outros projetos pelo Brasil afora. Sua estratégia é instalar concessionárias em várias cidades para vender o equipamento. Segundo o empresário, o custo de um quilômetro de poste híbrido é menor do que o convencional, principalmente se for levado em conta que ele dispensa investimentos em transmissão e instalação de subestações. “Acredito que dentro de 10 a 15 anos as residências vão gerar sua própria energia a partir das fontes eólica e solar. É tudo uma

questão de mudança de cultura, temos que quebrar paradigmas”, destaca. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), um grupo de pesquisadores busca desenvolver novos materiais para viabilizar pisos elétricos (piezoeletricos). Com a tecnologia é possível, por exemplo, gerar energia com a pressão que os carros exercem na passagem pelas rodovias. Não é ficção científica. Em Israel já existe um projeto piloto em um quilômetro de rua. Na Europa, as luzes de uma danceteria são geradas pelos passos dos próprios frequentadores. O físico Walter Sakamoto, pesquisador da Unesp, admite que serão necessários ainda muitos estudos para tornar a tecnologia viável comercialmente. “Mas é preciso começar agora. Lembro que em 1990, quando eu estava fazendo doutorado, a eficiência da energia solar também era muito pequena”, afirma Sakamoto. O desenvolvimento das fontes renováveis de energia tem mostrado que o futuro está logo ali.

LINHA DIRETA ABEEólica: (11) 3616-6402 Celesc: (48) 3231-5000 Centro Nacional de Referência em Biomassa/USP: (11) 3091-2655 Eletrosul: (48) 3231-7000 Gram Eollic: (85) 4118-0808 Granja São Roque: (49) 3533-0404 Heitor Scalambrini Costa/UFPE: (81) 2126-8000 Instituto Ideal: (48) 3234-1757 Projeto Alto Uruguai: (49) 3328-9310 Unesp: (18) 3743-1081

empreendedor | julho 2010

de investir em várias frentes para estimular energias limpas. “É necessário criar um programa nacional de desenvolvimento da energia solar e eólica que inclua campanhas educativas em rádio e TV, instalação de sistemas fotovoltaicos em prédios públicos, sensibilização do setor da construção civil, incentivos fiscais, linhas de crédito e financiamento, entre outras ações”, afirma o professor. Segundo ele, o mais urgente no momento é aprovar a Lei 630/2003, referente à política de desenvolvimento de fontes renováveis. A expectativa é de que, finalmente, ela seja aprovada neste ano. Enquanto isso, a energia solar e a eólica vão ganhando espaço até mesmo por

31


M A RKET I N G

marcantes Experiências

Proporcionar vivências únicas é uma forma de fixar a marca na mente do consumidor e recompensar colaboradores por Mônica Pupo

empreendedor | julho 2010

monica@empreendedor.com.br

32

A expressão em latim “carpe diem” (aproveite o dia) é ideal para resumir o chamado marketing de experiência, a nova aposta das empresas para atrair e fidelizar clientes. A ideia é associar marcas a vivências únicas, com o objetivo de conquistar um espaço definitivo na mente do consumidor. Vale tudo para proporcionar momentos inesquecíveis: de voo de balão a mix de massagens e degustação de vinhos, entre outras atividades de lazer, esportes e entretenimento. A estratégia também pode envolver a experimentação dos próprios produtos e serviços, além de ser cada vez mais

utilizada no ambiente corporativo como forma de premiação e incentivo. Apesar de ser relativamente novo no Brasil, o marketing de experiência já existe há aproximadamente duas décadas no mercado externo – sobretudo na Europa e Estados Unidos – e movimenta 20 bilhões de euros por ano. Na França, por exemplo, estima-se que no último Natal foram vendidas mais experiências do que iPods, segundo Jorge Nahas, CEO da O Melhor da Vida, agência pioneira na implantação do conceito no País. Para o executivo, as experimentações são fundamentais para quem deseja se diferenciar no mercado. “Oferecer preço competitivo e produto de qualidade é obrigação hoje em dia, por isso

é tão importante investir nas emoções e sensações, capazes de criar uma ligação direta e duradoura com a marca.” Foi pensando nisso que a Yamaha Musical do Brasil desenvolveu o Yamaha Play Now, evento itinerante que alia conhecimento e diversão. Mais do que expor o portfólio de produtos, a ação visa estimular os visitantes a tocarem os instrumentos musicais – cerca de 40, incluindo teclados, baterias digitais, sintetizadores e instrumentos de cordas e sopro. No local também é montado um estúdio, onde é possível conhecer e operar diferentes softwares de edição de áudio. Com fones de ouvido e liberdade total para mexer nos equipamentos, os visitantes experimentam a


de experimentação – é o aumento no número de vendas. Até 2005, por exemplo, antes de existir o Yamaha Play Now, eram vendidos no máximo 20 mil teclados por ano. Já no ano passado foram comercializadas 65 mil unidades. “Isso dá uma ideia do poder do marketing de experiência, que no nosso caso traz muito mais retorno do que qualquer outra forma de divulgação e mídia”, afirma Pardal.

Fidelidade e relacionamento O marketing de experiência também pode ser utilizado em programas de fidelidade e relacionamento, assim como para se relacionar com novos mercados. Outro uso muito comum é como forma de premiação e incentivo de colaboradores e parceiros. Neste caso, a ideia é substituir os tradicionais brindes por experiências diversas. “Motivar proporcionando experiências é mostrar que o profissional faz toda a diferença para a companhia e ainda fazer com que ele se lembre de determinada vivência, remetendo esses momentos à empresa em que trabalha ou já trabalhou um dia”, explica Jorge Nahas. Uma empresa que recorreu a essa estratégia foi a Formaplas, fabricante especializada em móveis planejados. Para

alavancar as vendas no mês de dezembro – considerado o pior do ano para o setor, já que muitos arquitetos fecham os escritórios para as festas de fim de ano –, a companhia decidiu recorrer ao marketing de experiência. Com o auxílio da O Melhor da Vida, a companhia realizou uma ação para premiar os colaboradores e parceiros de acordo com o desempenho nas vendas. Junto aos vendedores, a iniciativa teve o objetivo de estimular o cumprimento da meta do mês. Os resultados de cada vendedor foram convertidos em pontos, que puderam ser trocados por uma das 2,5 mil experiências oferecidas pelo O Melhor da Vida. Já em relação aos arquitetos parceiros, cada venda intermediada por eles correspondia a uma determinada quantidade de pontos, que também podiam ser trocados por uma experiência. Ao todo, 11 profissionais foram premiados. Segundo Ana Lúcia Regueira, consultora de marketing da Formaplas, a ação de marketing de experiência foi um sucesso tanto por fugir do lugar-comum como por dar direito de escolha aos vencedores. “A ideia foi inovar, criando formas diferentes de reconhecimento, premiação e incentivo não apenas para a equipe comercial,

empreendedor | julho 2010

sensação de ser um artista por alguns momentos. “A ideia é convidar as pessoas unicamente para experimentar, conhecer, tocar, tanto que não efetuamos a venda dos produtos no local do evento e disponibilizamos apenas um folder com nosso site e os endereços das revendas em todo o País”, afirma Carlos Alberto Pardal, supervisor de marketing da Yamaha Musical. Criado há quatro anos, o evento foi ampliado em 2010, passando de seis edições anuais para 12 – sendo duas na capital paulista e as demais nas principais cidades brasileiras. Embora não seja fácil medir o retorno de uma ação que não inclui a venda direta de produtos, o departamento de marketing da empresa conta com vários dados de avaliação. O primeiro é o número de visitas, que tem aumentado a cada edição. No último mês de abril, a cidade de Salvador bateu o recorde de público, atingindo 40 mil pessoas em quatro dias de evento. “Também fazemos uma verificação no percentual de acessos ao nosso site. Geralmente após o evento registramos em média aumento de 30% no número de pageviews”, revela Pardal. Mas o dado que mais chama a atenção – e comprova o sucesso da estratégia

33


M A RKET I N G

Nahas: “Preço competitivo e produto de qualidade é obrigação, por isso é importante investir em emoções capazes de criar uma ligação com a marca”

empreendedor | julho 2010

mas também para nossos parceiros, que interferem diretamente nos resultados da empresa”, diz a executiva. Inicialmente planejada para as unidades de São Paulo, a campanha deixou de ser uma ação pontual e se tornou mensal também em outras lojas de Florianópolis e Rio de Janeiro. A Vogler, importadora e distribuidora de matérias-primas para indústria alimentícia, também apostou no marketing de experiência para alavancar as vendas. Ao invés de premiar os colaboradores da área comercial com quantias em dinheiro, a empresa passou a oferecer os produtos da O Melhor da Vida. Na ação, os colaboradores com bom desempenho recebem um

34

“Há uma tendência de valorizar o lado humano dentro das empresas, de recompensar as pessoas não só financeiramente, mas de forma que elas possam aproveitar mais a vida”, diz Nahas

Color Box, uma espécie de voucher que equivale a uma experiência a ser escolhida pela pessoa. O presenteado recebe o prêmio em uma embalagem colorida e pode escolher entre 150 experiências. “Acredito que o fato do próprio colaborador escolher o seu prêmio é algo muito marcante por si só. Sentimos claramente uma maior empolgação maior com os resultados,” comenta Régis Inacio, coordenador de marketing da Vogler. Para incentivar o desempenho dos canais de venda, a Frajo – distribuidora exclusiva de produtos de perfumaria e cosmética importados – também lançou mão do marketing de experiência. Neste caso, a meta era incentivar a venda dos perfumes de uma marca específica, a Ferrari. Intitulada GP Ferrari Parfums, a ação levou os ganhadores a um passeio de Ferrari em Roma e em São Paulo, de acordo com os pontos acumulados. A campanha resultou em aumento de 58% no volume de vendas dos produtos da marca Ferrari e contou com participação de 130 lojistas. Devido ao sucesso, a Frajo pretende agora prosseguir com a ação, que deve se expandir nos próximos anos. Neste ano, a expectativa é oferecer 150 experiências para os revendedores. Ganha quem se des-

taca em itens como melhor vitrine, performance sobre meta, volume negociado e cadastro de estoque, entre outros. Apesar de ainda ser mais comum nas grandes empresas, o marketing de experiência também é acessível às pequenas e médias. A partir de R$ 49, por exemplo, já é possível oferecer uma experiência aos funcionários e clientes, que pode ser uma corrida de kart, paintball, aula de ioga ou uma tarde de pesca, entre outras. “O mercado de experiências é crescente, pois há uma tendência cada vez maior de valorizar o lado humano dentro das empresas, de recompensar as pessoas não só financeiramente, mas de forma que elas possam aproveitar mais a vida”, explica Nahas.

LINHA DIRETA Formaplas: www.formaplas.com.br Frajo Cosméticos: www.frajo.com.br O Melhor da Vida: www.omelhordavida.com.br Yamaha Musical do Brasil: www.yamahamusical.com.br Vogler: www.vogler.com.br


35

empreendedor | julho 2010


E ST R AT É G I A

negócios Fermento nos

Laércio Cosentino e David Neeleman dão suas receitas de como se destacar em um mercado dominado por grandes empresas por Beatrice Gonçalves

empreendedor | julho 2010

beatrice@empreendedor.com.br

36

O receio de investir em um mercado dominado por grandes empresas não foi um problema para eles. Laércio Cosentino apostou na fabricação de softwares, montou a Totvs e optou por disputar mercado com as grandes empresas do setor como a Oracle e a SAP. David Neeleman também não teve receio em investir em aviação comercial no País diante do duopólio TAM e Gol e montou a Azul Linhas Aéreas. Os dois empresários estão entre os executivos mais influentes do País e o que eles têm em comum é que souberam identificar oportunidades mesmo em áreas altamente competitivas, investiram nelas e construíram empresas com grandes diferenciais de mercado. Cosentino e Neeleman deram dicas a empreendedores e contaram suas histórias na oitava edição da Expogestão, congresso sobre práticas de gestão empresarial realizado recentemente em Joinville (SC). Cosentino, que é formado em Engenharia Eletrônica pela USP, começou a trabalhar no ramo de tecnologia da informação na década de 1970 como estagiário da Siga, empresa especializada em processamento de dados. Fascinado com o

potencial de crescimento do mercado de microcomputadores, Cosentino resolveu abrir, junto com o antigo chefe, a Microsiga, em 1983, para fabricar softwares de gestão para pequenas e médias empresas, uma área até então promissora. Em 1989 transformou a empresa em uma franquia e, dez anos depois, trouxe o fundo de investimento Advent para o negócio. Com a expansão da marca, Cosentino, que antes dividia o tempo entre programar softwares e administrar a empresa, optou por se dedicar à ampliação do negócio. Adquiriu as concorrente s Logocenter, RM Sistemas, Midbyte, BCS e Datasul, unificou as empresas através da marca Totvs e fez a abertura de capital do negócio. A empresa, hoje a sétima maior produtora de software do mundo, é responsável por 49% do mercado brasileiro de sistemas empresariais de gestão e está presente em 23 países. “Nosso crescimento se deu em fases. Depois da fundação da empresa, tivemos que discutir e definir o genoma empresarial do negócio, estruturar a marca para ser uma líder e depois para que alcançássemos o reconhecimento global.” Para transformar a marca em uma referência, Cosentino precisou incluir em sua estratégia ferramentas que possibilitassem que as diferentes empresas

adquiridas pela marca trabalhassem de forma sinérgica. “No momento em que nós estamos fazendo uma aquisição, não discutimos apenas o negócio, é preciso pensar em como vamos integrar as diferentes equipes.” Nesses casos, ele afirma que conhecer muito bem a empresa que se pretende adquirir costuma ajudar no processo e que, quanto mais a cultura das organizações for semelhante, mais fácil é criar mecanismos para integrá-las. Cosentino explica que na Totvs foram realizados diferentes tipos de aquisições. Há casos em que se planejava a fusão cerca de 10 anos antes de o negócio ser fechado e o processo de integração foi rápido, e outros quando o contrato foi assinado em 15 dias e demorou cerca de dois anos para que as empresas trabalhassem de forma sinérgica. Com mais de 25 mil clientes e faturamento bruto anual superior a R$ 1 bilhão, Cosentino considera que suas conquistas só foram possíveis com criatividade, disposição a risco e com a constante busca por resultado. “Fazer o negócio se superar é continuar empreendendo. Não basta fazer o que todo mundo faz.” O empresário afirma que é possível aprender a empreender e faz até um cálculo: 25% do que é necessário para ser um empreendedor


Neeleman: estratégia da Azul é trabalhar em cima das falhas do sistema para criar oportunidades

empreendedor | julho 2010

pode ser ensinado como, por exemplo, ensinar alguém como se comportar em uma reunião; 33% é possível de ser aprendido no dia a dia; e 42% vêm da habilidade do empreendedor em gerir o negócio. Ele não considera que haja apenas uma única forma para se tornar competitivo, mas considera ser importante trabalhar para perceber o mercado e para ser percebido. David Neeleman descobriu em pouco tempo como ser reconhecido. Ele montou, em 2008, a Azul Linhas Aéreas e em dois anos de trabalho fez de sua empresa a quarta companhia que mais transporta passageiros no País. A entrada da Azul no mercado deu origem a um novo fenômeno – o de crescimento das companhias aéreas de pequeno porte e o aumento da participação delas no mercado. Pelas estimativas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a TAM teve 40% do total de passageiros transportados dentro do País em maio de 2010, abaixo dos 44% registrados no ano passado, seguida pela Gol com 40% (que no mesmo período do ano passado representava 42% do mercado). Em terceiro lugar ficou a WebJet com 6% de market share e a Azul aparece com 5% do mercado doméstico. O empresário começou investindo em aviação comercial nos Estados Unidos e no

37


E ST R AT É G I A

Cosentino: conquistas da Totvs só foram possíveis com criatividade, disposição a risco e com a constante busca por resultado

empreendedor | julho 2010

Canadá, onde fundou as empresas JetBlue Airways, Morris Air e WestJet. Ele colocou o Brasil em seus planos quando percebeu que havia no País pouca segmentação de mercado. “Da forma como as companhias brasileiras vendiam passagem, não tinha sentido comprar com antecedência o bilhete. Além disso, a maior parte dos voos oferecidos obrigava o passageiro a fazer conexão porque não havia voos diretos, até mesmo entre capitais.” Neeleman resolveu trabalhar em cima das falhas do sistema e a partir delas criou oportunidades. A Azul foi a primeira empresa a disponibilizar voos de Porto Alegre a Belo Horizonte, de Curitiba a Campinas (SP) e de Campinas a Salvador. “Não temos concorrentes nos trechos que fazemos.

38

“Fazer o negócio se superar é continuar empreendendo. Não basta fazer o que todo mundo faz”, afirma Cosentino

Para nós, o importante é aumentar o nosso market share nos lugares em que oferecemos o serviço. Para se ter uma ideia, temos cinco voos diários de Campinas a Salvador, enquanto as outras companhias têm um voo por dia.” Neeleman também inovou ao investir em aviões da Embraer para formar a frota da Azul. A escolha, segundo o empresário, se deu porque os modelos são os mais modernos disponíveis no mercado. “A Embraer tem as melhores tecnologias de aerodinâmica, os melhores motores e os assentos são mais largos. Além disso, os passageiros têm muito orgulho em voar em um avião que é brasileiro.” Os modelos utilizados pela companhia são menores e, com isso, o empresário afirma ser possível baixar os custos dos bilhetes porque há uma economia de escala. “Nosso custo de viagem chega a ser 40% menor do que o da Gol. Isso porque a taxa de ocupação dos voos é maior. Para se ter uma ideia, se voarmos com 100 pessoas em um avião de 118 lugares, ficam 18 poltronas vagas; mas se a Gol voar com o mesmo número de passageiros em um avião de 185 lugares, são 85 poltronas não vendidas.” Para Neeleman, além de oferecer dife-

renciais com relação à concorrência, uma empresa que quer ser competitiva precisa trabalhar para ter funcionários felizes que trabalhem como embaixadores da marca. A empresa precisa também ser impecável no contato com os clientes, e quando isso não acontecer, é melhor reconhecer os erros e trabalhar para reverter a situação. “Cada contato com o cliente precisa ser perfeito, mas se um dia não for, você precisa admitir o erro e encontrar formas de amenizar o dano. Se a resposta dada pela marca atender aos anseios do cliente lesado, é possível até que ele se torne fiel à empresa.” Neeleman afirma que o dono da empresa precisa ter a experiência do negócio que vende e, por conta disso, toda vez que ele viaja, faz questão de cumprimentar os passageiros do voo, se apresentar como presidente da Azul, conversar com eles e perguntar-lhes o que a empresa precisa melhorar.

LINHA DIRETA Azul Linhas Aéreas: www.voeazul.com.br Totvs: www.totvs.com


39

empreendedor | julho 2010


TI

por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

Teste de

Nada prejudica mais um site de e-commerce do que a lentidão no acesso. Erros e dificuldades ao completar as transações também ameaçam o desempenho das vendas on-line. Segundo estudo lançado no início do ano, um terço dos usuários enfrenta o problema em horários de pico, e 78% deles migram para a concorrência. Além de afetar a lucratividade, as dificuldades na navegação comprometem a imagem da empresa. De acordo com a pesquisa realizada pela Compuware – que analisou o desempenho dos principais sites de varejo norte-americano em dezembro de 2009 –, 47% dos usuários relataram ter uma percepção menos positiva das marcas após ter problemas no acesso. A situação tende a se agravar durante promoções e no período que antecede as principais datas comemorativas – como Natal e Dia das Mães – justamente quando os consumidores estão mais predispostos a comprar. Para evitar os contratempos e garantir a receita da loja virtual, a dica é se antecipar e investir no planejamento, adequando as soluções de TI às necessidades e perfil do comércio eletrônico. “Os consumidores esperam que as lojas virtuais tenham um bom desempenho para eles, independente de quantos outros consumidores também estejam visitando a página na mesma hora. Fica claro que quando encontram problemas, automaticamente a paciência e a fidelidade diminuem”, avalia Arnaldo Murassaki, country manager da Compuware no Brasil. Segundo Flávio Simeliovich, gerente de projeto da Locaweb – empresa que hospeda mais de 3,5 mil lojas virtuais de diferentes por-

empreendedor | julho 2010

SHUTTERSTOCK

paciência

40

Problemas e lentidão em sites de e-commerce comprometem o desempenho das vendas e a imagem da empresa


O preço da lentidão 1/3 dos consumidores virtuais

enfrentou lentidão, erros e problemas ao fazer compras on-line

78% deles migraram para a

concorrência para finalizar a compra

41% dos consumidores toleram apenas uma ou duas más experiências on-line antes de abandonar definitivamente um site de varejo 15% consideram que a lentidão é um problema inaceitável 47% dos usuários relataram ter uma percepção menos positiva das companhias após passar por problemas no acesso

(*) Pesquisa realizada pela Compuware em parceria com a Equation Research. A amostra analisou 1.538 consumidores que compraram produtos ou serviços on-line nos últimos nove meses. As entrevistas foram realizadas entre os dias 16 e 22 de dezembro de 2009.

Considerada uma das melhores empresas de varejo on-line, Fnac realiza testes periódicos Outra maneira de garantir o desempenho do site é realizar testes de performance periódicos. É o que faz a Fnac, que conquistou por três vezes consecutivas o Troféu Diamante concedido pela e-bit às melhores empresas de varejo online segundo a opinião dos consumidores. Protagonista de uma das histórias mais marcantes do comércio eletrônico brasileiro – quan-

do, por um erro do sistema, notebooks e televisores de plasma foram vendidos a R$ 9,90 –, a rede varejista realiza os chamados “testes de estresse”. “Temos um ambiente on-line de testes, onde testamos todas as ações antes de irem ao ar”, conta Marco Aurélio Moschella, diretor de Organização, Sistemas e Informações da Fnac Brasil.

Teste permanente Mas não é só às vésperas de promoção que o site é testado. “Mesmo em dias comuns, com tudo funcionando, nós temos duas empresas externas, além de quatro aplicações internas, que testam o desempenho total do site, desde a memória e processamento até a navegabilidade”, detallha o executivo. Além disso, a empresa conta com um avançado sistema de alarmes, que disparam alertas ao menor sinal de lentidão. “A ideia é ser o mais pró-ativo possível. Se o sistema acusa lentidão de dois segundos que seja, já tratamos de verificar qual é o problema”, diz Moschella. Segundo estatísticas da empresa, o número de pageviews chega a aumentar em torno de 30% em datas comemorativas ou durante promoções vinculadas a ações de e-mail marketing ou outras mídias. Para garantir a capacidade de processamento do site em todas as ocasiões, a Fnac utiliza a estratégia de virtualização e consolidação de servidores. “Essa consolidação transforma um determinado número de servidores em um único servidor extremamente poderoso, programado para destinar os recursos onde detectar maior exigência de processamento”, explica Moschella. Outra meta da Fnac é diminuir cada vez mais o tempo em que o site fica fora do ar para manutenção. Em 2009, foram 37 minutos fora do ar durante todo o ano. Para este ano, a meta é não passar dos 18 minutos. “É um objetivo audacioso, mas com os investimentos que temos feito em equipe, sistemas de alarme e planejamento, dificilmente chegamos numa situação crítica hoje em dia.”

LINHA DIRETA Compuware: www.compuware.com Fnac: www.fnac.com.br Locaweb: www.locaweb.com.br

empreendedor | julho 2010

tes e segmentos –, não há uma ferramenta padrão que garanta o pleno funcionamento dos sites. “O que temos são algumas linguagens de programação em comum, como a PHP, mas cada e-commerce tem suas particularidades e é preciso customizar as aplicações de acordo com o perfil do negócio”, diz. Para saber qual o perfil da loja virtual, o primeiro passo é dimensionar o volume médio de acessos (ou pageviews) nos momentos de pico. Pequenos e-commerces costumam ter em média 1,5 mil acessos/mês, enquanto grandes operações ultrapassam 1 milhão de acessos no mesmo período. “É importante se basear sempre no volume de acessos simultâneos”, ressalta Simeliovich. O que também faz toda a diferença na performance do site de e-commerce é o banco de dados, pois é a partir dele que são feitas as pesquisas de produtos e demais transações. Entre as opções de aplicativos mais utilizados estão o MySQL, sistema de gerenciamento de banco de dados ideal para o pequeno e-commerce. Já para as grandes operações, o Oracle é um dos mais indicados. Além destes pré-requisitos, uma alternativa cada vez mais adotada pelos sites de e-commerce é o chamado cloud computing, ou “computação nas nuvens”. A tecnologia permite a utilização da capacidade de armazenamento de computadores e servidores compartilhados e interligados via internet. Na prática, isso significa que é possível aumentar a capacidade de memória e processamento de acordo com as demandas do site, o que reduz custos e garante o funcionamento do site em momentos de pico. “Antigamente, quando o lojista contratava um servidor, era obrigado a ter os recursos todos disponíveis para atender o pico de acessos. Era como se tivesse que estocar recursos”, explica Simeliovich. Mas de nada adianta haver investimentos em infraestrutura de TI se as ações não estiverem integradas ao planejamento estratégico do negócio. Para Simeliovich, as empresas precisam levar a questão do desempenho dos aplicativos para além dos limites da equipe de TI, apostando em um trabalho conjunto entre o desenvolvedor do site e o gestor da loja. “Ninguém conhece o perfil, os produtos e o potencial da loja e das promoções tanto quanto o lojista; então é fundamental que exista esse trabalho a quatro mãos”, diz.

41


G E S TÃ O

especial Reserva

empreendedor | julho julh lho 2010 201100 20

Empresas devem investir na formação de potenciais trabalhadores e manter os atuais funcionários motivados

42


por Beatrice Gonçalves beatrice@empreendedor.com.br

PHOTOSTOGO

Mandelli: se o mercado não oferece um número suficiente de profissionais, as empresas devem trabalhar para formá-los

utilize o fator humano como um diferencial competitivo e como uma prioridade. “A questão de atrair pessoas para a empresa está ficando cada vez mais complexa e as organizações deveriam pensar que elas precisam de profissionais independentemente da sazonalidade da economia.” Para Mandelli, as empresas que estiverem interessadas em estabelecer práticas de gestão de excelência devem criar um ambiente baseado na confiança, no reconhecimento, no humor e nas celebrações. Além disso, precisam se preocupar com a remuneração que vão oferecer aos seus colaboradores. “Nós não conseguiremos ter gente competitiva que ganhe pouco e, por isso, teremos que ser criativos para desenvolver novos sistemas de remuneração.” E quando Mandelli fala em aumentar a remuneração, não é só o valor do salário, mas criar mecanismos de compartilhamento de riquezas. Ele explica que o sistema precisa remunerar também o empenho e o desempenho de cada profissional e critica o atual padrão de bonificação. “Há muitas empresas que não sabem valorizar um funcionário, e

quando percebem alguém com grande potencial, ao invés de aproveitá-lo melhor, acabam dando mais trabalho para ele. Isso parece um sistema de punição.” Com a economia em alta, a dificuldade não é só de conseguir pessoal, mas de manter uma equipe. Mandelli explica que quando muitas empresas estão em crescimento é comum um profissional qualificado receber muitas propostas de trabalho. “A nova geração de trabalhadores que está no mercado quer aprender a qualquer custo, e quando eles aprendem o que a empresa tem para lhes oferecer, querem mudar de emprego. A lógica costuma ser: se o conhecimento que eu tenho vale o dobro lá fora por que permanecer na empresa?” Diante da dificuldade de segurar um empregado na empresa, o especialista recomenda que a organização aproveite ao máximo enquanto ele faz parte de sua equipe. Uma das formas de se conseguir isso é investir na capacitação dos trabalhadores. A proposta de Mandelli é que ao invés de investir em cursos fora da empresa, que podem não trazer ganhos diretos para a

empreendedor | julho 2010

O mercado de trabalho é um dos setores mais atingidos pelos altos e baixos da economia. Para se ter uma ideia, se o Brasil crescer menos de 2% em 2010 pode haver excesso de mão de obra no País; se crescer 4% pode haver escassez de trabalhadores; e se crescer mais de 5% não haverá profissionais suficientes para atender à demanda. A constatação é de Pedro Mandelli, sócio-diretor da Mandelli Consultores Associados e professor da Fundação Dom Cabral. O especialista considera que para as empresas não se tornarem reféns da economia é preciso pensar em mecanismos que transformem o fator humano imune ao sobe-edesce dos mercados. “Com a alta da economia muitas companhias querem dobrar de tamanho em pouco tempo. Eu visitei uma grande rede de fast-food que tem 750 unidades e quer abrir mais 750 nos próximos dois anos. Uma rede de varejo também quer contratar 35 mil pessoas. Eu me pergunto: onde essas empresas vão encontrar tanta mão de obra?” Para Mandelli, se o mercado não oferece um número suficiente de profissionais, as empresas devem trabalhar para formá-los. O que se deve evitar é chegar ao limite de não ter quem contratar. A orientação é que se tenha sempre um grupo preparado para ser chamado caso a empresa precise. Uma das soluções propostas por Mandelli é que as corporações invistam em “fábricas” de profissionais capazes de formar mão de obra especializada e de acordo com o perfil da empresa. Os próprios departamentos de recursos humanos poderiam ser os responsáveis por recrutar, selecionar e treinar os profissionais para trabalhar na organização antes mesmo da abertura de uma vaga. O especialista considera que, em alguns casos, é interessante para a corporação ter até uma escola técnica capaz de capacitar e certificar os candidatos treinados. Uma postura que, segundo Mandelli, faz com que a corporação realmente

43


G E S TÃ O Meyer: troca de ideias precisa acontecer de diversas formas, até mesmo uma conversa face a face ou por redes sociais

empreendedor | julho 2010

organização, ele considera ser mais produtivo realizar cursos na própria empresa para treinar e certificar os funcionários. O especialista cita o exemplo de uma companhia no Paraná que montou uma metodologia própria para fazer cursos de formação de gestores. Durante um ano e meio um grupo de 400 gerentes passou pelo treinamento; desses, 72% continuaram na função depois do curso e 28% foram transferidos para outros setores porque não tinham perfil para liderar equipes. “As empresas precisam ter gestores que conheçam a execução e a operação do negócio. Quem assume uma posição de gerência perde alguns direitos como, por exemplo, não ter energia. As pessoas dependem da força dele. Quem passa a gerir gente, passa a agir como presidente.” Segundo Mandelli, os gerentes precisam também estar preparados para identificar os diferentes tipos de capital humano que a empresa possui e aprender a lidar

44

“Uma empresa composta por pessoas diferentes tende a dar mais certo, porque a troca de experiências facilita a evolução”, diz Christopher Meyer

com eles. Ele explica que há casos em que o funcionário é altamente motivado, mas tecnicamente despreparado, e aí é preciso ampliar as ferramentas de capacitação. Já quando o profissional tem baixa motivação e desempenho em crescimento, o gestor precisa estar próximo para apoiá-lo; e quando há pessoas altamente motivadas e capacitadas é preciso desafiá-las.

Redes colaborativas É essa pluralidade de perfis profissionais que Christopher Meyer, especialista em tendências e negócios e autor do livro Está vivo: a iminente convergência de informação, biologia e negócios, considera ser um dos diferenciais capazes de permitir que as empresas possam inovar com mais facilidade. Meyer acredita que as empresas precisam aprender a promover a troca de valores entre os colaboradores e a melhor forma para realizar isso é estabelecer redes colaborativas de trabalho (worknets). “A recombinação das coisas cria uma nova ideia. Uma empresa composta por pessoas diferentes tende a dar mais certo, porque a troca de experiências constantes e diferentes facilita a evolução.” Ele considera que essa troca de ideias precisa acontecer de diversas formas e até mesmo uma conversa face a face ou por redes sociais entre os colaboradores pode proporcionar isso. Mas não basta só criar as redes. Meyer afirma que se deve esti-

mular discussões de forma clara e objetiva e que é preciso antes de tudo planejar o tipo de trabalho a ser realizado, selecionar quem serão os profissionais que vão participar, qual a função de cada um e qual é a tecnologia apropriada para isso. Uma forma de começar é estimular o uso de wikis (página com conteúdo colaborativo que pode ser criada pela empresa) e a formação de grupos de discussão. Meyer cita o exemplo de uma companhia de semicondutores que foi pioneira em aplicar o sistema de redes colaborativas no dia a dia de trabalho. Todos os negócios da corporação foram colocados em rede, e cada vez que um funcionário terminasse um serviço era preciso avisar o sistema. Se alguém atrasasse 10 dias ou não colocasse a informação on-line, era feito um bloqueio do login do usuário. Dessa forma, obrigava os profissionais a colocarem o trabalho em dia porque, se não o fizessem, eles não trabalhavam. “O que se pode perceber é que as pessoas não estavam colocando seus relatórios porque elas não tinham acabado, e o worknet veio como uma forma de controlar a execução de trabalhos e de ampliar a informação.”

LINHA DIRETA Christopher Meyer: chris_meyer@monitor.com Pedro Mandelli: www.mandelli.com.br


45

empreendedor | julho 2010


empreendedor | julho 2010

PE RFI L

46


pontocom ponto Sucesso

por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

Paulo Humberg Idade: 42 anos (4/12/1967) Local de nascimento: São Paulo Formação: Graduação em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing Empresa: BrandsClub Segmento: outlet virtual de grifes como Guess, Puma e Thelure Fundação: março de 2009 Número de usuários: 1,2 milhão cadastrados Número de funcionários: 150 Faturamento em 2009: R$ 25 milhões Meta de crescimento em 2010: 200%

Paulo Humberg faz parte do seleto grupo de empreendedores que se pode dizer nasceu junto com a internet comercial no Brasil. Desde 1999, quando criou o Lokau – primeiro site de leilões da América Latina –, nunca mais quis saber de negócios fora do universo da web. Hoje, aos 42 anos, ele comanda o BrandsClub, um outlet virtual que vende marcas famosas como Puma, Nike, Guess, Cartier, Thelure e Lacoste com descontos médios de 70%. O negócio entrou em operação em 2009 com investimentos de R$ 10 milhões. “Não tem a menor chance de eu sair do mercado de internet. Sou um apaixonado pelo comércio eletrônico e acredito que ainda há muito espaço para negócios pontocom”, afirma Humberg. A julgar pelo rápido crescimento do BrandsClub, o empresário tem todos os motivos para manter seu foco. No primeiro ano em operação, o negócio alcançou um faturamento de R$ 25 milhões e a marca de 1 milhão de usuários cadastrados. Detalhe: é preciso ser convidado para entrar no clube. A projeção para 2011 é faturar R$ 250 milhões, ou seja, dez vezes mais. “O projeto é R$ 1 bilhão em oito anos”, adianta Humberg. Ele não é o único a apostar alto. Em maio, o BrandsClub recebeu um aporte de capital de US$ 15 milhões do Naspers, o mesmo que comprou o Buscapé, e US$ 2 milhões do fundo europeu Trayas. Os recursos serão aplicados em melhorias dos processos logísticos e na ampliação da gama de marcas comercializadas. Os empreendimentos criados por

Humberg têm em comum a capacidade de solucionar problemas de mercado. Enquanto o Lokau fez com que as pessoas passassem a ter uma opção de venda para artigos encostados em casa, o BrandsClub acaba com o excesso de estoque de grandes marcas. O empresário cita o exemplo da Daslu, que através do BrandsClub se livrou de um encalhe em 48 horas. “Essa qualidade de equacionar problemas aumenta as chances de sucesso do negócio”, acredita o empresário. Estados Unidos e Europa têm sido fonte de inspiração para ele. O Lokau foi baseado no e-Bay, site de leilão norte-americano, e o BrandsClub tem operação parecida aos clubes de compra europeus. Formado em 1990 pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Humberg diz que já “desenhava” negócios na época da faculdade. Filho de uma professora com um profissional do mercado financeiro, não sabe muito bem de onde vem esse espírito empreendedor, evidenciado desde sua atuação como executivo de marketing. Entre 1995 e 1996, ele comandou a criação dos canais de venda de televisão Americanas HomeShopping e Shoptime. Foi nessa época que viajou aos Estados Unidos para conhecer de perto o gosto dos americanos pelas compras via TV. Acabou se deparando com a internet e seus negócios promissores. Em 1999, criava seu primeiro negócio na web, o site de leilão Lokau. Como aconteceu com tantos outros empreendimentos da web, o Lokau foi alvo do interesse de grandes grupos. Depois de passar incólume ao estouro da “bolha” da internet, no ano 2000, foi adquirido em 2003 pela Brasil Telecom, junto com o por-

empreendedor | julho 2010

Empreendedor serial na internet, Paulo Humberg cria negócios que têm em comum a capacidade de solucionar problemas de mercado

47


LINHA DO TEMPO

PE RFI L

1967 1990 1995/ 1996

1999

2003 2004

2005

2009

empreendedor | julho 2010

O BrandsClub é um clube privado de compras pela internet que comercializa peças de mais de 600 grifes nacionais e internacionais, com descontos que chegam a 70%. Para entrar no clube é preciso ser convidado. Já são 1,2 milhão de usuários e a meta é chegar a 3 milhões no final deste ano

48

tal iBest, ao qual havia se associado. Com dinheiro no bolso, Humberg tornou-se investidor angel de pequenos negócios virtuais através da A5 TMT Company, criada em parceria com outros profissionais em 2005. O fundo é um dos investidores do ClickOn, site que reúne ofertas de serviços como restaurantes e academias com descontos de até 80%. Lançado em abril deste ano, tem outros sócios de peso, como o alemão Klaus Hommels, investidor do Facebook e do Skype. A pergunta se torna inevitável: o BrandsClub está à venda? “Não monto empresa pensando em vendê-la, mas, obviamente, se tivermos uma boa oportunidade não tem por que não vender”, afirma Humberg. Ele fala no plural porque não está sozinho nesta empreitada. O BrandsClub tem como sócios Olivier Grinda, Roberto Jalonetsky e Vasco Visconti, além da participação dos investidores Oliver Jung, Klaus Hommels e Flávio Hansen. “Hoje não se monta mais nada sozinho”, ressalta Humberg. Ele diz que acima de tudo se diverte muito com o que faz, mas isso não

Paulo Humberg BrandsClub Nasce em São Paulo, capital Forma-se pela Escola Superior de Propaganda e Marketing Comanda a inauguração dos canais de venda Americanas HomeShopping e Shoptime, numa época em que ainda era novidade comercializar produtos pela televisão Ainda nos primórdios da internet comercial, cria o site de leilões Lokau, hospedado no shopping UOL e no portal IG Vende o Lokau para a Brasil Telecom, juntamente com o portal iBest Torna-se investidor de pequenos negócios virtuais como a operadora de telefonia via web Hip Telecom e, mais recentemente, o ClickOn, site de oferta de serviços Cria a A5 TMT Company, fundo de investimento para projetos nas áreas de tecnologia, mídia, entretenimento e telecom Volta a apostar num negócio próprio, o BrandsClub, um outlet virtual de grifes

quer dizer que é um empreendedor maluco. Tudo é meticulosamente planejado, afinal estão em jogo investimentos de dezenas de milhões de reais. Para Humberg, a internet fascina pelo seu dinamismo. Segundo ele, o modelo de negócio é mais moderno e permite medir com mais precisão o desempenho da empresa, além de assegurar agilidade para a expansão do empreendimento. “Se você está na internet, pode atingir o mundo inteiro”, destaca o empresário. O BrandsClub, por exemplo, já chegou ao México pelas mãos de um investidor local. A expansão para outros países da América Latina pode ser uma questão de tempo. “A verdade é que nada é fácil, é preciso muito trabalho. É um eterno bola na trave; fazer gol é muito difícil”, diz Humberg. Modéstia para quem em dez anos já deixou sua marca na internet brasileira.

LINHA DIRETA BrandsClub: www.brandsclub.com.br


49

empreendedor | julho 2010


FRANQUIAS

Passaporte sorridente Principal rede de clínicas odontológicas do Brasil, a Sorridents agora pretende internacionalizar a franquia. O anúncio foi feito durante a última edição do evento ABF Franchising, que aconteceu em junho em São Paulo. O objetivo é abrir unidades na Europa, África e Cone Sul. Atualmente, são 150 clínicas instaladas em dez estados brasileiros e planeja chegar ao final de 2013 com uma unidade em cada capital do País, totalizando 200 unidades em operação. www.sorridents.com.br

empreendedor | julho 2010

Novo conceito

50

Especializada em joias, a Barbara Strauss inaugurou no mês de maio a sua 10ª unidade, localizada na capital gaúcha. Foi a terceira loja inaugurada em 2010, com a meta de fechar o ano com 18 franquias em operação e faturamento de R$ 11 milhões. Outras três lojas, todas na Grande São Paulo, têm inauguração prevista para os próximos meses. Segundo a franqueadora, o segredo para o crescimento da rede foi a

criação de um novo conceito para a loja, incluindo mudanças na comunicação visual e no projeto arquitetônico dos pontos de venda. Outro diferencial da marca é a unidade industrial própria, ampliada no ano passado, que garante a renovação semanal do mix de produtos. Para adquirir uma franquia, é necessário investimento inicial de R$ 180 mil, com retorno entre 24 e 30 meses.

www.barbarastrauss.com


Chá de responsabilidade primeira unidade MegaSustentável, no Bairro Itaim Bibi, em São Paulo. A loja de 100 metros quadrados utiliza apenas madeira certificada, telhas ecológicas e tintas à base de água com baixo nível de COV. Além disso, a unidade também conta com torneiras que possuem sensores e temporizadores para economia de água, coleta de água da chuva, energia solar e coleta seletiva do lixo. www.megamatte.com.br

Rápido e saudável

Bases instaladas Líder mundial em soluções de impressão digital, a AlphaGraphics está promovendo uma campanha de conversão de gráficas independentes. O objetivo é incentivar os empresários do setor a aproveitarem os investimentos já efetuados em suas estruturas atuais, pontos comerciais e mercado onde atuam, para se integrarem à rede AlphaGraphics. “Além de uma marca amplamente conhecida em todo o mundo, outras vantagens da conversão são economia de escala, treinamento e suporte contínuos, certificações, selo de qualidade e sistema web-to-print”, afirma Rodrigo Abreu, vice-presidente internacional da rede. O valor médio para conversão em franquia é de R$ 36 mil.

www.transformeseunegocio.com.br

Há três anos no mercado, a Seletti – rede de fast-food com foco em alimentação saudável – iniciou a expansão através do sistema de franquias. A previsão é fechar este ano com 20 lojas, entre próprias e franqueadas, com faturamento projetado em torno de R$ 10 milhões. Entre as regiões de interesse estão o ABC Paulista, Campinas, Vale do Paraíba, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador e Goiânia. Em 2009, a rede registrou crescimento de 40% em relação ao ano anterior e estima um acréscimo de 100% para 2010. Atualmente com sete lojas próprias na capital paulista, a Seletti possui como diferencial o cardápio balanceado desenvolvido por chefs e nutricionistas. Entre as opções de pratos estão grelhados, saladas e wraps. O investimento inicial para abertura de uma loja gira em torno de R$ 350 mil, exceto o ponto comercial. O prazo de retorno é entre 24 e 36 meses, com faturamento mensal bruto de R$ 105 mil. www.seletti.com.br

empreendedor | julho 2010

Vencedora da última edição do prêmio ABF-Afras Destaque Responsabilidade Social, a rede MegaMatte tem se destacado pelas ações sociais e ecológicas. A rede levou o prêmio na categoria Franqueador Sênior porque ajudou o fornecedor da erva-mate orgânica a certificar o alimento e, com isso, agregar mais valor ao produto. A rede carioca de lanchonetes também inaugurou recentemente sua

51


FRANQUIAS

Hora de expandir Há apenas um ano no mercado, a Touch Watches – franquia especializada em relógios – já soma 41 pontos de venda em 13 estados brasileiros. A meta é fechar 2010 com 70 lojas no mercado nacional. O sucesso da empresa no Brasil motivou os sócios-fundadores Marcelo Di Giorgio e Marcelo Amado a dar início à expansão internacional. Até julho, a rede espera inaugurar as primeiras unidades em Barcelona e Milão. O investimento inicial para a instalação da franquia varia entre R$ 139 mil e R$ 178 mil, dependendo do formato escolhido. É possível optar por lojas ou quiosques em shoppings, incluindo taxa de franquia (R$ 40 mil), instalação da unidade, estoque, treinamento de funcionários e ferramentas para gestão do negócio. A projeção de retorno é de 16 meses, com faturamento médio de R$ 50 mil. www.touchwatches.com.br

Rumo ao Norte A Região Norte do Brasil e os Estados Unidos são os novos alvos da Microcamp para expandir a rede a curto e médio prazos. Com apenas uma escola na Região Norte, localizada em Belém, a intenção é abrir unidades em cidades com mais de 100 mil habitantes. A empresa também busca parceiros interessados em investir nos Estados Unidos, onde inaugurou sua primeira unidade em janeiro deste ano. A escola está instalada em Pompano Beach, na Flórida. A princípio, o público-alvo são os brasileiros que moram ali e estão entre os 42% de latinos que vivem na cidade. Mas, a médio prazo, a proposta é atender também a comunidade hispânica e, por fim, os americanos. “Não existe curso livre de informática nos Estados Unidos. Nosso desafio será popularizar esses cursos naquele país e resgatar a Microcamp como empresa internacional”, planeja Elvis Tuffi, diretor da unidade americana. www.microcamp.com.br

empreendedor | julho 2010

SOS idiomas

52

A mais nova aposta da S.O.S Educação Profissional – rede de escolas de informática e cursos profissionalizantes – é o ensino de idiomas. Para isso, firmou parceria com a Wizard, que será responsável por elaborar o material didático. Recém-lançado, o curso de inglês tem duração de um ano e meio e é voltado ao público com idade acima de 12 anos. A proposta da rede é atingir tanto o aluno que não possui noções do idioma quanto aqueles que já têm conhecimento e desejam adquirir fluência. “É uma necessidade do público jovem, mas dinâmico, que procura aprender o idioma com rapidez e qualidade, sem contudo ter que pagar mais caro por isso”, informa Sérgio de Souza Carvalho Jr., gerente de Marketing da S.O.S Educação Profissional. www.sos.com.br


53

Fr a nq u i a em exp an s ão

empreendedor | julho 2010 PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO


BERNARDO REBELLO

Do Oiapoque ao Chuí, provedores esperam acesso facilitado à banda larga Provedores dos extremos Norte e Sul do País falam sobre suas pequenas empresas e a expectativa gerada pelo Plano Nacional de Banda Larga Cerca de 1,7 mil provedores de internet atuam de norte a sul do Brasil, prestando serviços de acesso e conexão à rede mundial de computadores para milhares de usuários. A maioria dos integrantes desse segmento da cadeia produtiva de telecomunicações é composta por micro e pequenas empresas (MPE). No município de Oiapoque (AP) há dois provedores atendendo a população de cerca de 30 mil habitantes. A cidade está localizada na fronteira com a Guiana Francesa, no Extremo Norte do País.

A Manutec Oiapoque presta serviço de acesso à internet há três anos. É a segunda mais antiga da região. “Nosso serviço é feito via satélite da Embratel”, explica Max Wilson de Oliveira Lobato, diretor da pequena empresa. Sua esposa, Rosemary Nascimento, é também sua sócia. Além de oferecer acesso à internet, a Manutec Oiapoque comercializa equipamentos e presta assistência técnica. O negócio não sobreviveria só como provedor, diz o empresário. No momento, a Manutec Oiapoque

Empreender Informe do Sebrae Julho

atende 60 assinantes do serviço e é geradora de 11 empregos diretos. “Com carteira assinada”, enfatiza Max. A empresa é associada da Rede Global Info, composta por cerca de 700 provedores de internet de todo o País. A principal dificuldade do pequeno empreendimento é a compra de saída para internet, principal insumo do segmento, só possível junto às operadoras de grande porte, como também acontece em outras regiões brasileiras. “É muito difícil, pois elas cobram muito caro na nos-


sa região. Um megabyte sai por R$ 16 mil, enquanto em Brasília a GVT vende por R$ 30”, compara Max. A disparidade de preço é muito grande e o cliente tem de pagar caro pelo serviço, observa. O empresário aguarda a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do Governo Federal com expectativa. “Esse projeto é muito bom. Acredito que vai resolver o problema de acesso aqui na região. O preço do link deve cair bastante”, calcula.

empresa que presta serviço de acesso à internet na região há dez anos. No momento, conta com 250 clientes, mas esse número poderia ser muito maior. “Funcionamos com internet discada nos quatro primeiros anos. O problema é que, com a chegada da banda larga ou ADSL, oferecida apenas por uma grande operadora na região, a assinatura mensal do serviço discado ficou muito cara e tivemos de migrar para radiofrequência”, explica Henrique Onório Pereira Cabral, diretor da Chuinet.

Na extremidade sul

A contratação do insumo principal do segmento é o grande problema no Chuí, assim como é no Oiapoque e em todo o Brasil. “Os valores da banda triplicaram nos últimos anos. Isso dificulta a contratação de banda maior e mais veloz”, justifica Henrique. Enquanto em Chuí um megabyte custa R$ 2 mil, em Pelotas, município distante 250 km, o preço cai para R$ 650. “A discrepância é muito grande”, reclama. Atualmente Henrique compra 8 megabytes, mas precisaria de mais quatro, para atender melhor a sua clientela e ampliar o serviço para mais usuários na região. “Mais 4 mega aliviaria bastante o tráfego.”

O município de Chuí é o ponto mais meridional do Brasil. Localizado a 516 km de Porto Alegre, está a 20 km da fronteira com o Uruguai. A Chuinet é uma micro-

A assinatura do serviço de acesso à internet da Chuinet, via radiofrequência até 2.4 gigabytes, custa entre R$ 50 e R$ 60 por mês ao usuário. A velocidade é de 256

O custo de um megabyte ficando em R$ 170/mês para os provedores de internet será razoável, segundo estimativa de Max Lobato. “Será possível oferecer banda larga de 100 Kbps aos usuários, uma velocidade razoável”, prevê. Max ainda não sabe ao certo quanto custará a assinatura mensal, quando isso ocorrer. “Pretendo expandir o serviço para o interior do Amapá. Tem muita clientela para banda larga, mas o preço atual é muito alto.” O número de clientes oscila muito por este motivo. “Tem gente que começa a assinar o serviço e desiste”, revela o empresário.

Kbps. “É lenta para abrir documentos, mas é a possível”, diz o empresário. “Nas condições atuais, por mais clientela que a empresa conquiste, o custo não cairá e, consequentemente, o preço do serviço também não”, lamenta. “Pelo que entendi, o Plano Nacional de Banda Larga do Governo Federal vai entregar a banda a preço mais acessível para os provedores, mais barato do que o das grandes operadoras. É nossa esperança que isso realmente aconteça e em breve”, afirma Henrique. O telecentro instalado pelo Governo Federal em Chuí também sofre muito com a precariedade da banda larga, fornecido pela mesma única operadora na região. “Oscila muito”, explica. “Resolver o custo da saída para internet banda larga é a chave da porta. Nossa função é integrar as pessoas ao mundo. O contato entre familiares, por exemplo, fica muito mais em conta via internet. Só por telefone é muito caro. Todo mundo quer internet”, ressalta Henrique, lembrando que o acesso agora caminha a passos largos para o celular. Fonte: Agência Sebrae de Notícias

Serviço: Manutec Oiapoque: (96) 8403-3328 Chuinet Provedor: (53) 3265-1677 www.chuinet.com.br

Empreender Este informe é de responsabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sob coordenação da Gerência de Marketing e Comunicação. Presidente em exercício do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae: Roberto Simões - Diretor-presidente: Paulo Okamotto - Diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santos - Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos - Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Endereço: SEPN Quadra 515 - Bloco C Loja 32 - 70770-900 - Brasília-DF - Fone: (61) 3348-7100 - www.sebrae.com.br - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800

Julho Informe do Sebrae Empreender


PR ODU TOS E S ER R V IIÇ ÇOS

Porta segura ura

Hiperlocalização

A Blindaço lança linha padronizada de portas blindadas ndadas para residências e comércios cios que garantem proteção contra tra invasão e resistem a tiros de uma ma pistola de 9 mm, uma Magnun 444 e submetralhadoras de 99 mm. A nova linha foi projetada para se enquadrar uadrar dentro dos vãos de porta padrão drão de mercado, é oferecida nos tamanhos 74 cm, 84 cm e 94 cm dee largura por 2,10 m de altura, e nas as cores branca, mogno, maple, teakk e tabaco. O produto chega ao grauu máximo de blindagem autorizado no Brasil, o nível III, certificado pelo elo Ministério da Defesa. www.blindaco.com.br co.com.br

O GuiaMais.com, empresa da Publicar do Brasil, lança uma nova ferramenta de buscas de endereços e contatos de produtos e serviços em até 5 mil municípios. Com o sistema é possível procurar produtos, serviços, empresas ou endereços em mais de 5 mil segmentos de negócios e em uma base de dados de 15 milhões de empresas. Além de facilitar a hiperlocalização de tudo o que o internauta precisa encontrar, o novo GuiaMais.com traz diversas informações sobre as maiores cidades brasileiras. Ao optar pela cidade na sua home page, o usuário já acessa todo o diretório relativo ao seu município, bem como dicas turísticas, de cultura, lazer e telefones úteis. www.guiamais.com

empreendedor | julho 2010

Crédito fiel

56

Flores conservadas A Biofert apresenta o freezer flower, uma geladeira para flores de corte (aquelas que não estão plantadas em vasos) que conserva as plantas por até quatro vezes mais tempo. O equipamento possui um coletor em aço galvanizado com isolamen-

to térmico, bandejas de inox com placas frias no fundo, laterais em policarbonato transparente e gaveta para dreno em aço inox. O sistema permite que as flores fiquem até 12 dias conservadas no ponto de venda. www.biofert.com.br

O cartão Carrinho Cheio, oferecido pela Losango, é um produto voltado para pequenos e médios supermercadistas que querem fidelizar seus clientes. Os estabelecimentos que aderirem ao serviço podem colocar o logo e o nome da empresa no cartão e ainda oferecer descontos especiais para seus clientes como o “pula ciclo”, que possibilita ao consumidor pagar a fatura em até 70 dias. O Carrinho Cheio tem bandeira Visa, oferece 13 opções de data de vencimento e todas as funções de um cartão de crédito nacional padrão. www.losango.com.br


Webcam para escuro A webcam 1325R eFace da Geenius oferece recursos para converersas e videoconferência no escuroo ou em ambientes com pouca iluminanação. O equipamento utiliza quatro ro LEDs infravermelhos para que o usuário tenha excelente qualidade de de imagem ao bater papo no esscuro ou em locais com péssimas as condições de iluminação. A webcam am tem sensor de 1.3 megapixel e permite ermite gravação na velocidade de nove frames por segundo (fps). O ângulo de visão da câmera (para cima e para baixo) é de 100˚, e a lente do equipamento é multicamada e ajustável para que o usuário tenha total controle de foco. www.geniusnet.com

Kit competitividade A Intel Brasil, em parceria com empresas dos setores de TI, Telecom e financeiro, lança o kit de Competitividade Tecnológica para micro e pequenas empresas. O serviço permite que o pequeno empresário tenha acesso a capacitação, linhas de financiamento e ofertas especiais para a aquisição de equipamentos, produtos e serviços. A Intel oferece às empresas que aderirem

ao serviço capacitação e treinamento para que os empresários, que não têm muito contato com a tecnologia digital, possam se familiarizar com os diversos usos do computador. Os usuários do serviço têm descontos especiais na compra de desktops e notebooks da Itautec, planos diferenciados de telefonia e internet com a Embratel e linhas de financiamento no banco Itaú. www.intel.com

Lâmpada econômica A lâmpada LED GE Energy Smart de 9 watts foi projetada para substituir as lâmpadas incandescentes comuns de 40 watts e reduzir o consumo de energia. O produto, que pode ter durabilidade de até 17 anos, permite economizar até 77% de energia elétrica. As novas lâmpadas LED GE Energy Smart não contêm mercúrio em sua composição e podem ser usadas nas instalações para lâmpadas incandescentes já existentes. O preço sugerido da LED GE Energy Smart é de R$ 70.

www.geiluminacao.com.br

O Fecha Caixa FC 2701 da FRT é uma máquina de contagem de cédulas e moedas que permite ao usuário imprimir um relatório sobre o número total de cédulas. Possui interface de fácil utilização e garante a contagem de dinheiro 100% precisa. Para utilizar o equipamento, basta selecionar o valor da moeda ou nota a ser contada e depositá-la no coletor. A máquina informa no visor tanto o valor total como o valor e quantidade de moedas e notas separadamente. O Fecha Caixa FC 2701 tem tela de 2,2 polegadas e função para contagem também de tíquetes e ingressos. O equipamento pesa 1,5 quilo e funciona através de corrente elétrica ou bateria de 9 volts.

www.frtautomacao.com.br

empreendedor d d | julho j lh 2010

Contador

57


PR ODU TOS E S ER V IÇ O S

Ônibus ecológico

Gestão informatizada A Nasajon Sistemas lança o Comerzio, solução de gestão empresarial que emite diversos relatórios gerenciais de acordo com o PAF (Programa Aplicativo Fiscal) e a TEF (Transferência Eletrônica de Fundos). O software funciona integrado ao módulo Loja PDV (Ponto de Venda), que controla a saída de merca-

dorias do estoque. Os dois sistemas trabalham de forma integrada. Enquanto o Loja PDV é o software que aparece na tela do vendedor, voltado exclusivamente para a frente da loja, o Comerzio é o sistema de retaguarda, voltado para questões gerenciais do estabelecimento comercial. www.nasajon.com.br

empreendedor | julho 2010

Scanner compacto

58

A Fujitsu apresenta o scanner de produção de médio volume FI-6800. O equipamento oferece velocidade de digitalização de 130 ppm/260 ipm a 200 ou 300 dpi (cor, escala de cinza ou preto e branco), operação silenciosa para uso em ambientes de front-office, funções de proteção de papel e múltipla alimentação. O FI-6800 vem com o software Kofax VRS 4.5 Professional com reconhecimen-

to aprimorado de código de barras, o ScandAll PRO 1.8 com Connect to Microsoft SharePoint para compartilhamento de documentos e colaboração, o Adobe Acrobat 9.0 Standard e os drivers Twain e Isis. O equipamento é considerado um dos mais compactos do mercado, tem 31 x 46 x 45,2 cm, o que possibilita sua colocação sobre uma mesa em ambientes de front-office. www.fujitsu.com.br

A Agrale lança o ônibus Hybridus com tecnologia híbrida elétrica/diesel. O veículo, fabricado no Brasil, reduz o consumo de combustível em cerca de 30% e, por consequência, a emissão de gases poluentes. O automóvel é equipado com dois motores elétricos como fonte de tração e um motor diesel Cummins ISBe 4. O Hybridus tem 170 cv de potência como fornecedor de energia, o qual entra em funcionamento quando os capacitores apresentam o nível de energia inferior a 60% estabelecido pelo gerenciador do sistema. O princípio propulsor do veículo híbrido é o Kit Elfa da Siemens. O sistema garante o reaproveitamento da energia despendida nas frenagens e desacelerações, que é armazenada nos ultracapacitores para ser utilizada na alimentação dos motores elétricos. O Hybridus tem capacidade para até 73 passageiros e é ideal para o transporte urbano. www.agrale.com.br


59

empreendedor | julho 2010


DI N Â M I C A E MP R EEN D ED O R A

O óbvio e o obscuro

empreendedor | julho 2010

É hora de parar de reclamar da falta de capacitação no mercado de trabalho e começar a educar seus colaboradores

60

“O significado de minha existência é que a vida me fez uma pergunta.” Esta frase atribuída ao psicólogo existencial Carl Jung teria uma aplicação considerável para as empresas. Poderíamos traduzi-la para: o significado da existência de minha empresa é que meus Clientes me fizeram uma pergunta. Você deve estar intrigado, pois não se lembra de nenhuma pergunta que tenha gerado seu negócio atual. Na realidade é uma pergunta sussurrada entre dentes, segundo a capacidade auditiva dos empresários. Mas gritada por ele – o Cliente, diariamente. A pergunta que seu Cliente lhe fez e que é feita todos os dias e raramente respondida: qual é minha necessidade? A qual já implica em outra: como atendê-la? Veja esse exemplo. Estava numa delicatessen de uma rede famosa na Região Sul. Segundo me diziam: é a melhor! Curioso, fui comprovar em sua loja num shopping center próximo. Peguei minha senha (virou moda isso?) e fiquei aguardando a chamada. Quando percebi haviam chamado a senha seguinte à minha. Indaguei à atendente: você chamou este número? E ela dirigindo um olhar severo para mim (o distraído!) rugiu: chamei sim. O senhor que não ouviu! E imediatamente repetiu a senha posterior à minha. Só fui atendido pela gentileza de quem foi chamado no meu lugar. Comecei a reparar na forma como esta atendente chamava as senhas. E percebi como ela foi treinada. Alguém disse a ela: chame uma senha após a outra e atenda na sequência. Ninguém a informou que os Clientes deveriam ouvi-la chamando. Isto parece tão óbvio. Mas o que nos esquecemos é que o obscuro será visto algum dia, mas o óbvio demorará um pouco mais. Vamos partir de alguns paradigmas básicos que encontramos nas nossas empresas. Os detentores de poder na organização empresarial (proprietários, gerentes, supervisores, etc.) partem do pressuposto que seus “subordinados” já sabem fazer. Os

líderes imaginam que os liderados já sabem como aprender. Se aprendiam antes (ou aprenderam em outra empresa), devem estar aprendendo agora ou, pelo menos, sabem aprender. Para muitas de nossas empresas a responsabilidade por saber e saber como fazer é do empregado. Ou do departamento de recursos humanos. Raramente os gerentes, supervisores, diretores e similares adotam uma conduta de educadores, trazendo para si a responsabilidade de ensinar como aprender e como fazer dentro da organização. Isto não é nem discutido, porque é óbvio que eles – os colaboradores – deveriam saber. Complementando este pressuposto: simplificamos o modelo ensino-aprendizagem crendo que todos aprendem da mesma forma e com a mesma rapidez. É pouco usual encontrar um educador empresarial que compreende um mínimo sobre estratégias de aprendizagem. Que reconheça, mesmo em si, as dificuldades e facilidades particulares de cada membro da equipe. Comumente projetam sobre os outros sua forma de aprender. Pensam: “Se funciona comigo, deve funcionar com os outros”. Defendem-se citando as normas e procedimentos da organização. Consideram que o sistema é mais importante que as pessoas. O sistema é inflexível (“sempre funcionou assim”). É simples dizer: “Como posso fazer diferente? Estas são as regras”. Poucos detentores de cargo de poder – principalmente os intermediários – focam os Resultados e Desempenhos individuais de seus colaboradores. Quando o funcionamento do sistema continua deficitário, procuramos por algum ‘culpado’. Inevitavelmente a culpa cairá em quem é ‘mais fraco’: os subordinados. Os colaboradores são acusados de não se esforçarem bastante, de serem resistentes à mudança, de não se motivarem, de serem preguiçosos. Após algum tempo, sai o veredicto final: “Fulano não tem jeito”. Provavelmente, depois de algum tempo,

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

até o colaborador começa a acreditar nisso. Poucos refletem que a pessoa possa não saber ‘como’ mudar ou aprender. Até porque contratamos as pessoas para ‘fazerem’ algo e não para ‘refletirem’ sobre o que fazem. E, para aprendizagem, em qualquer ambiente, é essencial que após a ação exista uma reflexão. Dando continuidade num ciclo virtuoso de ação-reflexão-ação. E, na maioria das vezes, os lídereseducadores também não sabem ‘como’ ensinar. Afinal de contas, eles foram contratados para fazer o sistema funcionar e agora começaram a insinuar que eles precisam cuidar do desenvolvimento e educação das pessoas também. Talvez essa seja a grande armadilha. Tenho escutado, cada vez mais, que mão de obra é o principal problema. Em outras palavras: gente é um problema. Nesta perspectiva, gente também é “a solução”. Pense em seus prédios, equipamentos, sistemas de informação, tecnologias, veículos, computadores e responda honestamente: como tudo isso funciona sem pessoas? E como você será capaz de responder à pergunta de seu Cliente e satisfazer realmente sua necessidade? E não pense que a tarefa educacional é difícil, porque não é. É uma tarefa trabalhosa que equivale a ararmos o mar. Ou seja, é um trabalho sem fim, como toda ação educativa é e continuará sendo. Talvez seja a hora de parar de reclamar da falta de capacitação no mercado de trabalho e começar a educar seus colaboradores.


61

empreendedor | julho 2010


LE I TU R A

Passos em falso Obra descreve dez comportamentos que costumam levar empresas e líderes ao fracasso Se não existe uma fórmula mágica para o sucesso, ao menos é possível descrever o passo a passo para a falência. Esta é a opinião de Donald Keough, ex-presidente da Coca-Cola e executivo com mais de 60 anos de experiência profissional. Em tom bem-humorado, ele descreve os dez comportamentos que costumam levar empresas e líderes ao fracasso. Longe dos clichês que ensinam “os segredos do sucesso”, Keough ilustra suas ideias com fatos históricos e exemplos de companhias como Ford, Xerox, IBM e Chrysler. Embora se apliquem a qualquer negócio, os mandamentos se destinam sobretudo a empresas e executivos que já alcançaram o sucesso pois, segundo o autor, “quanto mais conquistas uma organização obtém, maior sua chance de errar”. Segundo Keough, nem mesmo os líderes mais experientes estão imunes a esses deslizes. No entanto, é possível repensar as atitudes e retomar o crescimento. Entre os cases apresentados está o lançamento frustrado da New Coke, em 1985. Baseando-se em testes cegos que apontavam a preferência dos consumidores por um refrigerante mais doce, a Coca-Cola lançou um produto que foi um grande fracasso. Para reconquistar a confiança dos consumidores, a empresa precisou retomar a antiga fórmula e investir na comunicação.

10 mandamentos para fracassar nos negócios

empreendedor | julho 2010

Donald R. Keough – Editora Sextante – R$ 19,90

62

Os dez mandamentos: 1 - Pare de correr riscos 2 - Seja inflexível 3 - Isole-se 4 - Acredite que é infalível 5 - Jogue próximo à linha do pênalti 6 - Não pare para pensar 7 - Confie cegamente nos especialistas e consultores externos 8 - Ame a burocracia 9 - Envie mensagens confusas 10 - Tenha medo do futuro

Teoria U

C. Otto Scharmer Editora Campus-Elsevier – R$ 99,90 Lançada no Brasil durante a Conferência Ethos 2010, a obra traz uma proposta inovadora sobre liderança e aprendizagem. Professor da escola de negócios do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Otto Scharmer afirma que “o propósito do livro é retratar uma tecnologia social de mudança que ajudará os líderes a enfrentarem os desafios cada vez mais complexos e imprevisíveis do futuro”. Para o autor, os modelos simples de liderança do passado estão desatualizados e não podem ser repetidos, pois são ineficazes diante da complexidade que o futuro nos apresenta.

Venda + Valor – Como vender valor e não preço

Pedro Luiz Roccato – Editora M.Books – R$ 39 Se os produtos se tornaram commodities, o que faz a diferença são os benefícios que eles proporcionam. Ao invés de centrar a abordagem de venda nos preços, o livro ensina a direcioná-la para uma oferta centrada no valor agregado, ou seja, para as vantagens do produto ou serviço. Seguindo este conceito, a obra apresenta estratégias para vender valor e mostra como fazer parte da solução do problema dos clientes e identificar as oportunidades de ampliar a utilização de tecnologia nas empresas. Na visão do autor, não existe nenhuma possibilidade de sucesso do profissional de vendas se ele não entender a maneira de melhorar a experiência de relacionamento com seus clientes. “Os consumidores esperam de você uma postura de consultor e de profundo conhecedor do ambiente de negócios no qual você atua”, diz Roccato.


63

empreendedor | julho 2010


PHOTOSTOGO

ANÁ L I S E E C ON Ô MIC A

O caminho da década Remédio do governo para superar crise, o aumento dos gastos eleva a taxa de juros e reduz o investimento em capital fixo, minando o crescimento sustentado

empreendedor | julho 2010

Após uma década de discussão sobre distribuição de renda e inclusão social, vemos nos últimos meses a discussão acerca do crescimento econômico brasileiro. De um lado os empresários reclamam da elevação nas taxas de juros; do outro o governo aumenta gastos e o Banco Central trabalha para manter a meta de inflação. Mas quem está certo nesta história? Para analisar essa queda-de-braço precisamos voltar um pouco ao passado. Em 2008, com a crise financeira, o governo precisava aquecer a economia para evitar desemprego e recessão. São basicamente três alternativas: aumentar gastos, aumentar investimentos ou reduzir impostos. O governo optou por aumentar gastos e reduzir determinados impostos durante a crise. A diferença entre as alternativas, apesar

64

de sutil no curto prazo, é muito importante no longo prazo. O puro aumento de gastos contribui para ativar a economia, mas não traz benefícios de longo prazo. Pelo contrário, um aumento de gastos hoje resulta numa taxa de juros mais alta amanhã, e uma taxa de juros mais alta diminui o investimento em capital fixo. É esse capital fixo (máquinas, equipamentos, indústria) que vai possibilitar o crescimento sustentado. A opção de reduzir impostos é interessante, visto que fornece fôlego ao mercado com o aumento de consumo, além de dar mais competitividade com o produto estrangeiro. Essa opção tem a vantagem de ser rapidamente desfeita, podendo voltar a elevar a carga tributária a qualquer momento. De forma geral, esse movimento não impacta no cresci-

mento de longo prazo da economia. O aumento nos investimentos pode ser feito em infraestrutura, em educação e pesquisa e desenvolvimento, e em inovações tecnológicas. A eliminação dos gargalos da infraestrutura como nos transportes e energia e o aumento da eficiência econômica fornecem maior competitividade no comércio internacional. Essa posição favorável permite um crescimento sustentado. É verdade que temos uma economia em franco crescimento, melhor posicionada que os emergentes em situação semelhante e até que muitos países desenvolvidos. Mas poderíamos ter aproveitado o momento para fundamentar um crescimento para a próxima década. O mercado espera do governo uma redução do déficit fiscal, da taxa de juros e, quem sabe, a tal da reforma tributária.

por Bruno Negri

Profissional da Leme Investimentos

Temos uma economia em franco crescimento e bem posicionada. Mas poderíamos ter aproveitado o momento para fundamentar um crescimento para a próxima década. O mercado espera do governo uma redução do déficit fiscal, da taxa de juros e, quem sabe, a tal da reforma tributária


Nome Ação All Amér. Lat. Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Cemig Cesp Cielo Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Ecodiesel Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner MRV Natura Net OGX Petróleo P. Açúcar - CBD PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo

Tipo Ação UNT N2 PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON PN PNB ON PNB ON ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON ON ON ON PN ON PNA ON ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN

Inflação (%)

Até 25/06

Participação Bovespa

Junho

Variação % Ano

1,379 0,964 0,643 4,700 3,125 0,886 0,480 1,973 0,598 2,183 0,674 1,326 0,837 1,993 0,620 0,813 0,582 1,894 0,639 0,751 1,062 0,870 0,730 0,852 1,805 1,667 0,872 3,212 1,064 100,000 2,495 3,777 0,994 0,437 0,529 0,960 1,169 1,189 1,227 1,092 0,902 0,830 2,615 0,781 2,245 2,583 9,905 1,722 1,161 0,381 2,277 0,511 0,849 0,298 0,308 1,070 0,196 0,172 0,938 0,267 0,543 0,603 2,537 2,576 9,893 0,774

4,4 7,7 6,7 4,9 -0,5 -2,2 5,8 4,3 19,4 9,7 -1,2 0,8 17,3 6,5 5,5 8,9 7,1 6,1 7,6 9,6 9,1 11,4 19,8 2,3 0,2 4,2 -0,1 0,5 8,9 2,8 4,2 -0,3 11,7 7,6 7,8 8 9 12,6 9,5 14,6 6,8 -1,5 14,6 8,5 5,2 -6 -5,7 2,4 3,8 2,9 0 2,6 10,4 -1,1 11,3 -5,4 5,8 3,9 2,4 3,9 7,1 11,6 11,2 -3,8 -2,2 -2,4

-7,1 8,1 -31,5 6,1 -8,3 -4,9 -24,9 -5,3 -8,5 12,6 -7,4 -4,3 7,6 10,8 -3,4 -11,7 15,6 -12,5 3,6 -16,5 -3,4 -2 20,3 5,7 -24,4 -18 -8,8 -13,3 -12,5 -5,5 0,1 -9 -12,8 2,4 -7,7 -21 -12,6 27 20,4 -2,3 14,2 -23,8 8,7 -1,6 -6 -22,1 -22,8 0,6 -10,1 5,3 2,9 21,9 -26,2 -17,5 -2,7 -16 -8,5 1,8 1,5 -4,1 10,9 0,5 3,7 -2,2 0,2 -6,6

Índice

Maio

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC – Fipe

0,77 0,72 0,57 0,39

4,80 5,12 3,09 3,06

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Maio

Ano

0,66 0,67 0,50 1,47

3,46 3,48 2,66 16,13

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Maio

Ano

0,17 0,04

0,65 0,14

Juros/Crédito (%) 23/Junho

24/Junho

Desconto 1,81 Factoring 3,98 Hot Money 3,33 Giro Pré (taxa mês) 2,02

1,81 3,97 3,33 2,02

Câmbio

Até 23/06 Cotação

Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,7907 US$ 1,2289 $ 89,4749

Mercados Futuros Julho Dólar Juros DI

Agosto

R$ 1.781,50 10,13%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

R$ 1.833,40 10,31%

28/06 64.850

empreendedor | julho 2010

Carteira Teórica Ibovespa

65


PHOTOSTOGO

AGENDA

INDÚSTRIA FLUMINENSE De 4 a 7/08/2010

Semana Rio Industrial

Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.rioindustrial.com.br

A Semana Rio Industrial é um evento realizado a cada dois anos para promover diferentes ramos da indústria fluminense. Nesta segunda edição são realizadas, em um mesmo espaço, quatro feiras diferentes: a Solutec (Feira Nacional de Soluções Tecnológicas), a Feipack Rio (Feira Brasileira de Embalagens), a Expomac (Feira Brasileira da Indústria Metal-Mecânica) e a Eletron Rio (Feira Brasileira da Indústria Elétrica, Eletrônica e Automação Industrial).

De 20 a 23/07/2010

Movinter – Feira de Móveis do Estado de São Paulo

Pavilhão de Exposição da Interior Eventos – Mirassol – SP www.movinter.com.br

Centro de Convenções de Pernambuco Recife – PE www.supermix2010.com.br

Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília – DF www.postoseconveniencia.com.br

Evento oficial do setor de distribuição e revenda de combustíveis no Brasil. Reúne proprietários e gerentes de postos de serviços e de lojas de conveniência, revendedores, fornecedores e técnicos especializados.

De 3 a 5/08/2010

PhotoImage Brazil

Expo Center Norte – Pavilhão Branco São Paulo – www.photoimagebrazil.com.br

A 18ª edição do evento apresenta as novidades em fotografia, impressão e comunicação visual. Os fotógrafos Jerry Ghionis e Ray Roman ministram palestras sobre fotografias para casamento e portrait.

De 10 a 13/08/2010

Febratex – Feira Brasileira para a Indústria Têxtil

Considerada a maior feira do setor de distribuição do Nordeste. Mais de 300 empresas apresentam novidades em equipamentos e serviços para supermercados, bares e restaurantes, com palestras e minicursos dirigidos à gestão e capacitação empresarial.

De 20 a 23/07/2010

De 22 a 25/07/2010

De 10 a 13/08/2010

Centro de Convenções e Exposições Albano Franco – Campo Grande – MS www.ms.sebrae.com.br

Expominas – Belo Horizonte – MG www.fiee.com.br

Transamérica Expo Center – São Paulo – SP www.eletrolarshow.com.br

empreendedor | julho 2010

Super Mix – Feira das Indústrias Atacadistas – Distribuidoras e Supermercadistas de Pernambuco

Postos e Conveniência – Feira Nacional de Postos de Combustíveis, Equipam. e Lojas de Conveniência

A Movinter é um dos principais pontos de encontro de fabricantes e lojistas do setor moveleiro de São Paulo. Paralelo à feira é realizada uma rodada internacional de negócios que reúne empresários brasileiros e importadores da América do Sul, Emirados Árabes e África do Sul.

Eletrolar Show – Feira de Negócios para Indústria do Varejo de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos

66

De 21 a 23/07/2010

De 3 a 5/08/2010

A Eletrolar Show é uma feira voltada para a indústria e o varejo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Reúne fabricantes de produtos da linha branca, portáteis, telefonia e brinquedos. O evento é exclusivo para fabricantes, representantes comerciais e profissionais do setor.

Feira do Empreendedor

Oportunidades de negócios para quem deseja abrir empresa ou ampliar um empreendimento. Reúne mais de 120 empresas especializadas na fabricação e venda de produtos e serviços para os setores de informática, serigrafia, refrigeração, saúde e costura industrial. Faz parte do circuito realizado pelo Sebrae.

Centro de Eventos Vila Germânica Blumenau – SC – www.febratex.com.br

Considerada a maior feira latino-americana da indústria têxtil. Reúne fabricantes de mais de 35 países dos setores de máquinas de costura, aviamentos, etiquetas, embalagens e fios.

FIEE Minas – Feira Internacional da Indústria Elétrica e Eletrônica

Mais de 300 expositores apresentam produtos e serviços de alta tecnologia para os segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia e componentes eletroeletrônicos. São esperados mais de 15 mil visitantes. A feira foi criada para atender à demanda crescente do mercado de Minas Gerais.


67

empreendedor | julho 2010


68

empreendedor | julho 2010


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.