Empreendedor 190

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PANORAMA: A INDÚSTRIA DE TI NO BRASIL

RESPONSABILIDADE: INCLUSÃO DE DEFICIENTES

www.empreendedor.com.br

EMPREENDEDOR – CAÇADORES DE OPORTUNIDADES – ANO 16 N o 190 AGOS TO 2010

IS SN 1414-0 152

ANO 16 N o 190 AGOSTO 2010 R$ 9,90

Gabriela Marques e Adriano dos Santos, da Infinity Games, de Florianópolis

Caçadores de oportunidades Estimular as competências empreendedoras desde os bancos escolares é vital para que não se desperdicem boas chances de negócio e cresça a geração de emprego e renda NORIVAL BONAMICHI E JARDEL MASSARI DÃO O EXEMPLO DE COMO ENRIQUECER FAZENDO O BEM


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NE S TA E DI Ç Ã O

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FÁBRICA DE EMPREENDEDORES Empreendedores bem preparados não iniciam negócios apenas por necessidade, eles buscam o aproveitamento das oportunidades. Isso ajuda a gerar empresas mais fortes e capazes de sobreviver no mercado, gerando renda e emprego, e distribuindo assim a riqueza na região. Conheça estratégias e exemplos de programas de estímulo às competências empreendedoras no sistema educacional, do ensino básico à pós-graduação, e em projetos sociais, e descubra o potencial transformador da semente do empreendedorismo.

32 | RESPONSABILIDADE SOCIAL Inclusão especial

Empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência. Tome o exemplo de empresas que venceram as dificuldades e descubra como se manter na legalidade.

36 | MERCADO Lar doce lar

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Como reflexo da expansão da construção civil e do mercado imobiliário, aumenta a demanda por produtos e serviços de decoração e paisagismo, entre outros. Parte dessa procura vem da redescoberta da casa como espaço para bem viver e receber os amigos.

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40 | PANORAMA TI nacional

Conheça a composição e atuação da indústria nacional de software e serviços no mercado interno e externo, as tendências para o resto do ano e as medidas necessárias para estimular o crescimento das MPEs do setor. A principal estratégia é se unir para não perder as oportunidades.

44 | VOZ DA EXPERIÊNCIA Norival Bonamichi e Jardel Massari

Amigos de infância criados no campo, Norival e Jardel abriram, em 1987, uma pequena casa de produtos veterinários. Hoje a Ourofino Agronegócio fatura R$ 221 milhões.

16 | ENTREVISTA Steve Hevesi, da AnimusO2

O diretor da agência AnimusO2, especializada em consultoria de shopper innovation, fala sobre como construir inovação no curto, médio e longo prazo para o cliente.

L E I A TA M B É M 10 14 58 62 63 64 66

EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS DINÂMICA LEITURA ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA


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E DI TOR I A L

A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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investindo em educação, e no estímulo das competências empreendedoras dos brasileiros, de preferência desde o início da vida escolar, que teremos empresários e trabalhadores capazes de firmar o Brasil no caminho do desenvolvimento sustentável. Somente o empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para a sociedade, sendo responsável pelo crescimento econômico e social de uma comunidade, por meio da geração direta de emprego e renda, e também pelo aquecimento da economia local e do aumento da arrecadação de impostos. Além disso, intraempreendedores melhoram os resultados das empresas onde trabalham, identificando oportunidades e promovendo melhorias. Empreendedores bem preparados iniciam negócios para aproveitar as oportunidades, e por esse e outros motivos suas empresas têm maiores chances de sobreviver no mercado. Nos últimos dez anos, cresceu o número de brasileiros que empreendem por oportunidade, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, e o número de micro e pequenas empresas que superam as dificuldades dos primeiros anos de vida, conforme estudo do Sebrae de São Paulo. E são justamente as micro, pequenas e médias empresas que geram a maior parte do emprego e boa parcela do PIB – Estado e grandes companhias procuram sempre reduzir os quadros de pessoal. Mas o modelo de educação tradicional não propicia o desenvolvimento de aptidões empreendedoras. Primeiro prepara-se para o vestibular, depois para o mercado de trabalho. A repórter Beatrice Gonçalves foi atrás de exceções e apresenta na matéria de capa desta edição exemplos de programas inovadores em escolas, instituições de ensino superior e entidades sociais. Conheça empresários que nasceram da semente do empreendedorismo e ajudam a disseminar essa cultura e gerar renda e emprego em suas comunidades. Alexsandro Vanin

Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Gabriel Schmidt, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Lio Simas – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Samantha Arend [anuncios@empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende


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EM PRE E N DE D O R ES

Rogério Manske e Jerusa de Marchi

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MERCADO EM ASCENSÃO

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Nascido em uma família de agricultores nos arredores de Jaraguá do Sul (SC), o empresário Rogério Manske aprendeu desde cedo a cultivar alimentos. Hoje a propriedade da família abriga a sede da Vitalin, empresa especializada na industrialização de alimentos orgânicos e funcionais, fundada em 2006. Tudo começou por volta de 1998, quando Rogério conheceu Jerusa de Marchi, profissional do mercado exterior que se tornou sua sócia na Sun Products. No início, eles investiram em uma pequena operação de exportação de cogumelos medicinais para o Japão. A partir de 2006, já com o nome Vitalin, a empresa expandiu sua atuação, explorando o valor nutritivo de alimentos como a linhaça dourada, a quinoa e o amaranto orgânico, ainda desconhecidos no mercado brasileiro. Em março deste ano, Manske e Jerusa inauguraram uma nova planta fabril com 460 metros quadrados de área construída e capacidade para produzir 200 toneladas de alimentos por mês. O objetivo é dar conta de um crescimento de 32% em 2009, resultado que eles pretendem repetir em 2010. O faturamento no ano passado foi de R$ 3 milhões. www.vitalin.com.br


Alexandre Otto

FOCO NO PLANEJAMENTO O empresário Alexandre Otto começou sua vida profissional aos 14 anos, atuando como office-boy. Não demorou muito para montar seu próprio negócio, uma microempresa de entregas rápidas. Mas ele queria mais e decidiu se dedicar à área de tecnologia da informação. Enquanto trabalhava como instrutor de cursos de tecnologia na Intercom Consultores, começou a graduação em Tecnologia da Informação na Fiap, em São Paulo. Dos 24 aos 35 anos ocupou diversos cargos no mercado de TI – de gerente de projetos a consultor de vendas. Em 2005 decidiu voltar a empreender por conta própria e abriu a IPconnection, empresa focada em soluções integradas de TI. Hoje atende cerca de 60 clientes e espera crescer 40% neste ano em relação a 2009. Otto atribui o panorama de sua empresa às experiências adquiridas durante sua carreira profissional. A IPconnection tem um índice de 90% de retenção e fidelização de clientes e integra soluções de fabricantes como Trend Micro, Avaya, Cisco Systems, Google, F5, Tandberg, entre outros. www.ipconnection.com

Daniela Marchetti

Depois de um período de estudos em Londres, Daniela Marchetti voltou ao Brasil determinada a abrir seu próprio negócio. Na bagagem, uma ideia: inaugurar a primeira escola bilíngue de Santa Catarina. Assim surgiu a Escola Internacional de Florianópolis, instalada no Centro da capital de Santa Catarina. O empreendimento começou com uma turma de três alunos. Seis anos se passaram e hoje já são 130 crianças e adolescentes, dos quais 20% estrangeiros. Com o crescimento, o espaço inicial ficou pequeno e, neste ano, a escola ganhou sua segunda unidade, também no Centro de Florianópolis. E também já estão em andamento as obras da terceira unidade, que deve ser concluída para o ano letivo de 2011. Daniela é formada em Direito e tem MBA em Empreendedorismo Global e especialização em Gestão Financeira. Em Londres fez um curso de especialização em escolas bilíngues na International School of London. www.eif.com.br

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APOSTA CERTEIRA

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EM PRE E N DE D O R ES

Hector Santos e Rariton Pasquini

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NA ESTRADA DO SUCESSO

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Amigos de infância, Hector Santos e Rariton Pasquini comandam o Grupo Pasquini & Santos, de São José do Rio Preto (SP), proprietário das marcas Acostamento (act) e Vicinal ( VCN). A empresa foi fundada há 18 anos, quando a dupla abandonou o emprego e investiu R$ 10 mil para alugar um pequeno galpão e começar a produzir camisas. A produção inicial de 200 unidades por mês era vendida a bordo de um Chevette no varejo de cidades do interior. “A gente dormia no carro e tomava banho em postos de gasolina”, lembra Hector Santos. O nome das marcas, aliás, tem relação direta com a situação do início do negócio. Com o sucesso das vendas, os amigos decidiram chamar um terceiro sócio, Antonino Pasquini, pai de Rariton, que investiu R$ 50 mil no negócio. Hoje o grupo tem uma fábrica de 7 mil metros quadrados que produz cerca de 1,2 milhão peças por ano. A comercialização é feita em três lojas próprias e em 2 mil pontos de venda multimarcas de todo o Brasil. A Acostamento atua no segmento de jeans, uma moda urbana voltada ao público masculino e feminino, de 18 a 28 anos. Já a Vicinal tem o visual mais arrojado e sua linha veste jovens de 15 a 25 anos. www.grupops.com


Ramon Fogeiro e Marcelo Fogeiro Asensio

CRESCIMENTO SÓLIDO Os irmãos Ramon Fogeiro e Marcelo Fogeiro Asensio estão comemorando neste ano 15 anos do Grupo Eurodata, rede especializada em cursos de qualificação profissional. Eles abriram a primeira escola em 1995, na cidade de Guarulhos (SP). E desde então só viram os números de seu negócio multiplicarem. Após um ano a unidade já contava com 2,2 mil alunos matriculados e, antes mesmo de completar dois anos, a empresa já tinha quatro escolas. Com esse início para lá de promissor, não é de se espantar que, 15 anos depois, o Grupo Eurodata tenha 344 unidades em 20 estados brasileiros. O crescimento se intensificou ainda mais em 1999, quando Ramon e Marcelo resolveram testar o sistema de franchising. Hoje a empresa é composta por 255 franquias e 89 unidades próprias. Os cursos, inicialmente focados em informática, abordam áreas como turismo e idiomas. A solidez no mercado é comprovada pelo marco de mais de 1,5 milhão de alunos formados. Por acreditar no próprio negócio, a Eurodata é a maior rede de franquias em número de unidades próprias. www.eurodata.com.br

João Luiz Kornely e Humberto Matesco

Em 1990, o engenheiro civil Humberto Matesco foi convidado a se tornar sócio de uma empresa que prestava serviços de TI para a Brahma. Em vez de aceitar a sociedade, decidiu abrir o próprio negócio e atuar como parceiro. Assim surgiu a HBSIS, empresa de Blumenau (SC) responsável pela solução de distribuição dos produtos AmBev em todo o País. “Com o dinheiro do Fundo de Garantia do meu antigo emprego e a venda do meu carro, consegui comprar um ar-condicionado, móveis, dois computadores e uma impressora. Foi assim que comecei, apenas com conhecimento sobre os sistemas e muita dedicação”, lembra Matesco. Um ano depois foi a vez de ir atrás de um sócio, o economista João Luiz Kornely, profissional que tinha, na época, 12 anos de experiência em TI. Junto com o colega revolucionou o sistema de distribuição da AmBev. Em 1996, por uma necessida-

de de mercado, a cervejaria abriu o seu primeiro CDD (Centro de Distribuição Direta), já utilizando o sistema da HBSIS. Em apenas quatro meses, a solução

ajudou a triplicar a fatia de mercado da empresa no Recife. Atualmente existem 60 CDDs em atividade, todos atendidos pela HBSIS. www.hbsis.com.br

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IMPULSO REVOLUCIONÁRIO

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NÃO DU R M A N O P O N T O

CADA LÍDER TEM A EMPRESA QUE MERECE Empresas dão trabalho. Mas é para isso que existe o trabalho: para desenvolver empresas. A qualidade da empresa tem uma relação direta com a qualidade do trabalho. E o que garante a qualidade do trabalho é a qualidade da liderança. Daí que toda empresa é um reflexo do seu líder. Pense nos tipos apresentados em seguida e imagine que empresas construiriam.

O solucionador de problemas Seu modelo de gestão assemelha-se ao do jogador de tênis de mesa. Para cada ping, um pong. Sucessivamente, dias após dias, semanas após semanas, anos após anos. E para desenvolver uma só competência: a destreza com a raquete e a familiaridade com as bolas, quaisquer que sejam a velocidade, a potência e a trajetória. A habilidade com a raquete, e com esse tipo de jogo, faz do solucionador de problemas um eterno patrocinador de problemas. Ele anseia por problemas a resolver! Por isso não se cansa de criá-los. Velhos e novos. Simples e

de providências que sempre chama a si, desde o expediente corriqueiro de assinar os cheques até a pilotagem diária do fluxo de caixa. É aí que o solucionador de problemas exerce o comando e o controle. Cada voucher ou planilha é um pong, cada raquetada é um ping. Suas conversas diárias sempre têm espaço para frases como: “O mar não está para peixe”, “É preciso matar um leão por dia”, “Ai Jesus!”. Desarvorados, todos os que trabalham com ele correm de lá para cá e de cá para lá apagando incêndios. Junto com ele, claro. Então, sob o comando do solucionador de problemas existe uma legião de subordinados geradores de problemas. Afinal, sem eles, o modelo de gestão sucumbe e o líder não terá com que se divertir.

O construtor Está sempre ligado às demandas do cliente. Seu papel é construir a melhor oferta. Algo que o cliente verdadeiramente valorize.

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Sob o comando do solucionador de problemas existe uma legião de subordinados geradores de problemas. Afinal, sem eles, o modelo de gestão sucumbe e o líder não terá com que se divertir

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complexos. Afinal, é como ele ocupa seu tempo. Uma boa referência para identificar o solucionador de problemas é o conjunto

O interesse pelo cliente fará com que se sinta curioso e disposto a desvendar as necessidades dele. Com isso, será capaz de elaborar o melhor produto. Para

tanto, sabe que terá de desenvolver, na equipe, competências em qualidade. Na ânsia de compreendê-lo mais ainda, o construtor vai além. Quer criar, também, um portfólio de serviços. Então, será necessário gerar outras competências. Excelência é palavra que começa a fazer parte do vocabulário de todos. O interesse pelo cliente e a curiosidade por suas necessidades vão se transformando em compromisso. É de onde advém a paixão pelo cliente. Nesse estágio, o construtor muda o seu enfoque. Pensa menos em porcas e parafusos e mais em beleza e estética. Menos em funcionalidade e mais em design. Menos em eficiência e mais em elegância. Construção remete à engenharia, mas, nesse contexto, trata-se de arquitetura. Focada mais nos aspectos emocionais do que nos racionais. É que de tanto se ligar no cliente, o construtor descobriu que toda decisão de compra é mais emocional do que racional. Por isso, deixa o cliente andar pelo jardim inacabado do edifício. Depois, seguindo os rastros, pavimenta o trajeto. Nessa empresa, as pessoas querem conversar sobre as descobertas, os aprendizados, os novos conhecimentos, as novas ideias. É aí que estão as atenções e as intenções.

O cultivador Desapegou-se da pecha de proprietário. E isso muda consideravelmente a qualidade da contribuição que consegue dar à empresa. Ele não é mais a empresa e muito menos o cargo. Não está mais sentado na cadeira que limita o raio de visão. Não pensa mais em liderar um negócio ou uma empresa. A tomada de consciência e a visão mais sistêmica fizeram com que compreendesse que é responsável por todo o holograma.


Entenda por holograma o ambiente onde a empresa está inserida e onde interagem os vários agentes que fazem o negócio funcionar: clientes, fornecedores, funcionários, concorrentes, investidores, etc. O cultivador reconhece que o holograma é o espaço em que as energias se encontram para fazer algo acontecer. Esse espaço poderá ser preenchido com ruídos dissonantes (relações ganha/perde ou perde/perde) ou com vozes harmoniosas (relações ganha/ ganha). O cultivador sente-se responsável pelo holograma e quer contribuir com ele. É ali que pretende produzir riquezas. Esse é o jardim que precisa ser cultivado. Na empresa liderada pelo cultivador, almas felizes conversam sobre como fazer outras almas felizes.

Estágios Esses tipos são estágios por onde trilha a liderança. É possível reconhecer o modelo mental de escassez nas

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

Depois, como construtor, existe uma transição do modelo mental de escassez para o da abundância. A luta pelo sustento começa a dar lugar à busca da riqueza. Finalmente, o cultivador. Aquele que compreendeu que o sol nasceu para todos e cada um tem o seu espaço no jardim maior. Cada líder tem a empresa que merece ou cada empresa tem o líder que merece. A relação é direta e inversa. E aí está o maior desafio do líder. Mudar a empresa enquanto muda a si mes-

práticas do solucionador de problemas. Luta pela sobrevivência, da qual é vítima. E isso só vai mudar quando ele trocar a raquete pelo cliente.

mo. Ou mudar a si mesmo enquanto muda a empresa. Essa é a única mudança que, efetivamente, dá certo!

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Aí está o maior desafio do líder. Mudar a empresa enquanto muda a si mesmo. Ou mudar a si mesmo enquanto muda a empresa. Essa é a única mudança que, efetivamente, dá certo!

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CASA DA PHOTO

E N T R E VI S TA

Steve Hevesi

O ESTOPIM DA COMPRA Shopper marketing procura entender o comportamento do consumidor no local e momento da transação por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Quando o consumidor entra em uma loja é o momento ideal para o varejista observar. Ver por qual porta ele costuma entrar, que corredor percorre, como se comporta, o que chama a atenção dele e o que de fato costuma comprar. Atos que podem parecer banais, mas que podem dizer muito sobre o comportamento do consumidor, principalmente na hora da compra. Por mais que os clientes entrem no estabelecimento com uma noção do que pretendem comprar, 70% das decisões de compras são feitas no próprio ponto de venda – é o que revela a pesquisa Deloitte Consulting sobre o comportamento dos shoppers, os compradores. O que significa que apresentar os produtos de forma atraente no local pode ser um

fator decisivo. Varejistas e marcas atentas a isso conseguem entender melhor seus clientes e, com isso, aumentar as vendas. E para chamar a atenção dos consumidores não basta apenas pensar em preço e embalagem. Para Steve Hevesi, diretor da agência AnimusO2, especializada em consultoria de shopper innovation, as marcas e os varejistas precisam saber simplificar a vida do cliente, promover experiência de compra e entender que fatores externos como a poluição sonora e a visual dos locais em que os produtos estão sendo expostos também podem afetar as vendas. O especialista considera importante fazer pesquisas nos pontos de venda para entender a relação entre as marcas e os clientes, mas ao invés de só fazer perguntas diretas aos consumidores através de um questionário, Hevesi sugere que sejam

feitas observações sobre o comportamento deles. Para realizar esse trabalho, ele propõe o uso do shopper marketing – um serviço especializado em entender como o consumidor age nos pontos de venda. A AnimusO2 oferece o serviço de consultoria em shopper marketing há um ano e durante esse período já prestou assessoria para grandes marcas como Brahma, C&A, Esso e Johnson & Johnson. O serviço consiste em avaliar as estratégias adotadas pelas empresas nos pontos de venda, verificar por meio da observação direta nos estabelecimentos se aquilo que as marcas imaginam que acontece no ponto de venda de fato acontece, entender como o produto é visto em meio a outros concorrentes e, a partir disso, elaborar soluções que atendam às necessidades da empresa e promovam a marca.


Como é feito o trabalho de análise do perfil do consumidor no ponto de venda através do shopper marketing? Hevesi – Diferente das pesquisas tradicionais, as pesquisas de shopper marketing dependem de muita observação que pode ser feita no próprio ponto de venda, quando um especialista observa in loco o que acontece no ambiente ou por meio de filmagens. Tudo para ver como esse consumidor age no momento em que está comprando no ponto de venda. Muitas vezes, se você perguntar a um consumidor quando ele entra em um supermercado o que pretende comprar, ele pode lhe falar uma série de produtos, mas nem sempre vai comprar de fato. Se o pesquisador voltar a entrevistá-lo no final das compras e perguntar o que realmente comprou, o que ele disse que ia comprar é diferente do que comprou. Por que o consumidor tende a mudar de ideia quando está no ponto de venda? Hevesi – A maior parte das escolhas por produtos ou marcas é feita nos pontos de venda. Há uma estimativa que diz que 70% das decisões de compra são feitas poucos segundos antes de realizar a compra. Dois terços dessas compras são feitos por impulso, o que indica que a lealdade do

consumidor ao varejo, a uma marca ou a uma loja costuma ser muito baixa. Por isso é importante compreender o comportamento desse comprador no ponto de venda para, aí sim, ver que tipo de ação que o varejista ou a marca pode fazer para que um consumidor compre um determinado produto, e não o de seu concorrente. Na consultoria de shopper marketing oferecida pela AnimusO2, o que vocês costumam observar no ponto de venda? Hevesi – Primeiro nós tentamos entender qual é a oportunidade que o cliente que nos contratou tem. Qual é o seu problema, o que ele quer resolver, quanto espera crescer, ou seja, qual o objetivo que essa empresa tem. Tudo para que possamos entender o que acontece no processo de vendas dos produtos. Nós fazemos primeiro toda essa avaliação e depois vamos a campo observar se há brechas entre o que a marca diz que acontece no ponto de venda com o que realmente acontece. Nós tentamos entender como o consumidor se comporta no ponto de venda e trabalhamos para identificar oportunidades para a marca. Quanto tempo em média costuma levar essa análise no ponto de venda? Hevesi – A gente trabalha até a solução do problema que o varejista ou a

Dois terços das compras são feitos por impulso, o que indica que a lealdade do consumidor ao varejo, a uma marca ou a uma loja costuma ser muito baixa

marca pretende resolver. Nosso trabalho é investigar o posicionamento da marca no ponto de venda, detectar problemas e desenvolver soluções para melhorar o posicionamento dela. Assim que elaboramos uma nova estratégia de ação, testamos para ver se funciona, fazemos uma espécie de prototipagem, para só depois implementá-la. Qual é o perfil das empresas que costumam procurar esse serviço? Hevesi – Não há um único perfil. Nós já trabalhamos com a Esso em um projeto para entender e otimizar a efetividade da comunicação em um posto de gasolina e com os produtos da Johnson & Johnson vendidos em farmácias. Já fizemos trabalho também para a Dicam, que vende produtos para bebês, como bolsas, copos e babadores; e para a Amanco, que vende tubos e conexões. É todo um trabalho voltado para o varejo, mas não há um ramo específico de atuação. A nossa consultoria pode ser prestada para vários tipos de negócios. O que vocês costumam observar no ponto de venda e consideram um dos erros mais graves cometidos pelas marcas ou pelos varejistas? Hevesi – O que observo é que nem sempre as empresas vão a campo ver o que ocorre. Muitas decisões são tomadas dentro de uma sala de reuniões. Se eu lhe mostrar um produto ou um material de divulgação em uma sala de reunião, fica tudo muito bonito, porque ali você não está enxergando o item entre todos os outros concorrentes. Além disso, você não está levando em consideração o lugar em que o produto vai ser exposto e, por conta disso, não leva em consideração a poluição visual e até sonora do ambiente. Uma coisa é você ver o produto na sua sala e outra é ver na bagunça do dia a dia, onde o consumidor vai comprar. Às vezes, uma gôndola bem colorida, mesmo estando perto do caixa, pode não estar destacando um produto. Há uma necessidade de entender melhor o que acontece com esse shopper no ponto de venda. A compra é um momento decisivo e a marca precisa estar preparada para fazer com que a pessoa queira adquirir o produto que ela vende. Nesse caso, é importante fazer demonstrações do produto no ponto de venda?

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O que é shopper marketing? Como ele pode mudar a relação entre as empresas e seus clientes? Steve Hevesi – O marketing tradicional está muito focado no comportamento do consumidor. As pessoas tentam entender como o consumidor pensa, como consome, o que gosta ou o que não gosta. O shopper marketing é muito mais focado no consumidor quando ele se torna comprador e, dessa forma, trabalhamos para entender qual é o comportamento dele, por exemplo, dentro de um ponto de venda como um supermercado ou um shopping. A ideia é observar o que ele faz e que tipo de produto compra. Quando se fala em shopper marketing estamos nos referindo a um conjunto de ferramentas de marketing que são desenvolvidas a partir do conhecimento do comportamento do shopper e que têm como objetivo fortalecer a marca e aumentar a taxa de conversão, ou seja, incrementar as vendas. Nosso trabalho complementa o marketing tradicional.

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E N T R E VI S TA

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Hevesi – Demonstrações sempre são válidas. Mas é preciso levar em consideração que, dependendo do tipo de produto, isso sai muito caro. É difícil fazer demonstrações de produtos que são vendidos em 200 mil pontos de venda. É válido e funciona, mas geralmente é uma ação muito limitada, depende do produto e o que você quer atingir com ele.

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Há um fator decisivo que faça as pessoas comprarem? Além do preço e da embalagem, que outros fatores costumam influenciar nesse momento? Hevesi – Com certeza a força da marca é importante e o conhecimento que o consumidor tem sobre ela também é. Tudo isso é decisivo. Nosso trabalho é complementar todo o serviço feito pelo branding. Para entender o que influencia a venda é preciso saber o que ocorre no ponto de venda e cada produto precisa de um estudo específico. Foi realizado um estudo recente com uma empresa que lançou diferentes sabores de uma geleia. Foram colocadas 24 variedades do produto no corredor de um ponto de venda e os pesquisadores mediram quantas pessoas efetivamente pararam para comprar a geleia. O número de compra foi algo em torno de 2% a 3% – o que considero muito baixo. Os funcionários da marca voltaram e, ao invés de 24 variações da geleia, colocaram apenas oito e, com essa pequena mudança, o número de compras aumentou para cerca de 8%. Este estudo mostra que muita variação acaba confundindo o consumidor. O importante é você oferecer produtos que o cliente quer, que se destaquem no ponto de venda e que simplifiquem o trabalho dos clientes. O consumidor é bombardeado diariamente com muitas informações em jornais, televisão, rádio e mesmo por e-mail. No ponto de venda é a mesma coisa. O consumidor não guarda tudo o que vê. Por isso é preciso se destacar para ficar na memória dele. Como as marcas podem entender as necessidades dos clientes no ponto de venda? Hevesi – Efetivamente, indo ao ponto de venda e tentando entender quem

O que observo é que nem sempre as empresas vão a campo ver o que ocorre. Muita decisão é tomada dentro de uma sala de reuniões

compra o produto, como esse consumidor entra na loja, qual é a trajetória dele no ambiente. É preciso saber quem são os concorrentes que estão expostos ao lado do seu produto e o espaço que eles têm na prateleira. É preciso saber se o produto está bem exposto e se o consumidor consegue visualizá-lo. A comunicação precisa também estar adequada ao consumidor para que ele possa entender rapidamente qual é o benefício daquele produto. Isso quer dizer que as marcas precisam trabalhar para facilitar a vida do cliente no ponto de venda? Hevesi – É preciso sempre pensar em qual benefício eu pretendo passar para o meu consumidor. Tudo precisa ser passado de uma forma simples. A embalagem tem que transmitir as principais informações a respeito do item, o produto tem que estar visível e a marca destacada. Hoje é possível perceber que muitos produtos estão fazendo o dever de casa e se preocupando com isso. Mas o que nós notamos é que são poucas as marcas que vão depois ao ponto de venda para ver como fica a exposição do seu produto em meio aos concorrentes. Como tornar o cliente fiel à marca?

Hevesi – A maior parte das decisões é feita no ponto de venda. A melhor forma de lidar com isso é fazer com que as pessoas fiquem encantadas com o seu produto. Uma das formas de saber isso é perguntar para o cliente se ele recomendaria esse produto a outra pessoa. Mesmo diante da grande variedade de produtos disponíveis, não são muitos os itens que as pessoas recomendam. Se for feita uma pesquisa é possível perceber que a maior parte dos produtos utilizados – se fossem avaliados pelo consumidor – estaria na coluna do meio, ou seja, eles são interessantes, mas não têm nada de especial. O que as empresas precisam fazer é tentar conseguir desenvolver produtos maravilhosos. Nos últimos dez anos a Apple tem feito isso com muito sucesso. A Apple acabou de lançar o iPhone 4 e imediatamente uma fila de consumidores se formou para comprá-lo. Isso é ter um consumidor fiel. Como se dá o trabalho da AnimusO2 após a observação in loco no ponto de venda para elaborar soluções para os clientes? Em toda a nossa consultoria utilizamos o processo de design thinking como forma de trabalhar. Um conceito que começou a ser usado pelas empresas de design e que foi ganhando espaço no desenvolvimento dos negócios. Esta é uma metodologia que busca entender os problemas de uma forma mais holística, mais global. Dessa forma, procuramos tentar entender o processo de vendas como um todo, desde o desenvolvimento de um produto até o seu descarte. No processo de design thinking é comum utilizar as opiniões de equipes multidisciplinares para se encontrar soluções para os problemas – e isso acaba por fazer com que a técnica se torne uma inovação centrada no ser humano. Design thinking diferente de um pensamento analítico ou do pensamento racional de um engenheiro é um processo criativo que cresce através da construção de ideias.

LINHA DIRETA Steve Hevesi: www.animus-o2.com


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Fábrica de empreendedores Estimular as competências empreendedoras desde os bancos escolares é vital para o melhor aproveitamento de oportunidades e o aumento do emprego e da renda por Beatrice Gonçalves

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beatrice@empreendedor.com.br

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Já foi o tempo em que se pensava que empreender era para aquelas pessoas que pareciam ter nascido para os negócios. Hoje em dia, programas de estímulo ao empreendedorismo mostram que a prática pode ser ensinada e desenvolvida em qualquer idade e por qualquer um. E quanto mais indivíduos estiverem aptos a empreender, mais geração de renda, inovação e desenvolvimento para o País. O estímulo tem dado certo. Só em 2009, 15% da população economicamente ativa do País, formada por trabalhadores de 18 a 64 anos, se dedicou a um negócio próprio, conforme a pesquisa Global


LIO SIMAS

Adriano dos Santos e Gabriela Marques, da Infinity Games

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Entrepreneurship Monitor mais recente (GEM 2009). E o melhor: o número de empreendedores por oportunidade cresceu 9,4% no País, enquanto o número de pessoas que empreendem por necessidade – que é quando o trabalhador opta por empreender quando não há outras possibilidades – registrou aumento de 5,9%. Nos últimos três anos, 18 milhões de pessoas resolveram abrir uma empresa, o que representa mais da metade do total de 33 milhões de empreendedores brasileiros. Esse é o maior índice registrado nos últimos dez anos quando se avalia o empreendedorismo em estágio inicial (TEA),

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Professoras da rede municipal de Santa Rita do Sapucaí (MG) foram capacitadas para utilizar o conceito da pedagogia empreendedora nas aulas

Empreendedores por faixa etária Idade 18 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64

Taxa % Proporção % 13,5 17,9 18,7 14,4 6,5

20,8 31,7 28,2 15 4,3 Fonte: GEM 2009

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Custo para abrir empresa

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Brasil Rússia Índia China

Custo médio R$ 2.038 R$ 559 R$ 1.176 R$ 280 Fonte: Firjan e CNI

que é quando a empresa aberta tem até 42 meses de funcionamento. A maior parte dos empreendedores brasileiros – o equivalente a 70% do total – costuma investir na prestação de serviços voltados para o consumidor final, e o principal motivo para a abertura do negócio é justamente aproveitar uma oportunidade encontrada. Nem mesmo a crise econômica diminuiu o ritmo de crescimento da atividade no País. Em 2009, a taxa de empreendedorismo em estágio inicial no Brasil chegou a ser até maior do que a dos Estados Unidos, conhecido como um dos países mais empreendedores do mundo. Para Romeu Friedlaender, economista e membro da equipe do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) responsável por realizar a pesquisa GEM no Brasil, o que se pode notar com o estudo é que houve nos Estados Unidos uma diminuição no número de oportunidades visíveis de negócios, enquanto que no Brasil isso não foi percebido. “O empreendedorismo ajudou o País a não sentir tanto a crise. Novos negócios criados ajudaram a manter o mercado dinâmico.” A pesquisa GEM ouviu ainda 36 especialistas brasileiros e, segundo eles, os principais entraves ao empreendedorismo no País são a falta de políticas governamentais gerais e de regulação e a baixa qualidade da educação básica no País. Para

melhorar este último ponto, eles sugerem estimular programas para apresentar o mundo dos negócios a crianças e adolescentes e promover parcerias entre as instituições de ensino e as empresas.

Ensino do empreendedorismo Para Fernando Dolabela, consultor da Fundação Dom Cabral e autor da pedagogia empreendedora, o modelo de educação tradicional não propicia o desenvolvimento de aptidões empreendedoras porque retira do ensino escolar a possibilidade de promover a emoção. “Quando os jovens chegam à universidade, eles não se conhecem e não sabem o que gostam. Isso forma uma geração de pessoas perdidas. O aluno precisa entender que sonhar é um processo central em sua aprendizagem.” O conceito de empreendedorismo desenvolvido por Dolabela vai além de apenas abrir uma empresa. Empreender para ele é sinônimo de sonhar, acreditar em algo e buscar torná-lo uma realidade. Por isso, propõe que a prática norteie a vida das pessoas desde cedo e considera que a escola tem um papel fundamental nesse processo. Isso porque ela pode ser uma das primeiras instituições a estimular as crianças a acreditarem em seus sonhos. “Empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realida-


de. Um sonho que se sonha acordado e com uma concepção de futuro.” Na pedagogia empreendedora proposta por Dolabela, o professor aprende a transformar a sala de aula em um espaço capaz de desenvolver o potencial empreendedor de seus alunos. “O empreendedorismo precisa de um contexto sóciocultural. A sala de aula é transformada nesse grande ambiente. Os professores aprendem a criar esse espaço e a estimular o talento de seus alunos.” Dolabela explica que por esse método as escolas podem criar disciplinas específicas de empreendedorismo ou fazer com que os conceitos sejam utilizados de forma interdisciplinar. O que há são duas perguntas básicas que devem nortear o trabalho: “Qual é o seu sonho?” e “Como você busca realizá-lo?”. “Quando nós preparamos as crianças para responder à pergunta ‘qual é o seu sonho?’, estamos dizendo que ela deve fazer aquilo que ela mais gosta e, assim, pedindo que descubra seus talentos.” No Brasil, 2 mil escolas de 126 cidades receberam capacitação para trabalhar com a pedagogia empreendedora. Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, foi uma delas. A cidade, conhecida como “Vale da Eletrônica” e considerada uma das mais empreendedoras do País, implementou a disciplina no currículo do ensino municipal em 2009. Todos os 280 professores

da rede municipal receberam capacitação para estimular o empreendedorismo entre os estudantes da educação infantil até o ensino médio. Mesmo com pouco tempo de implementação, Norival Mendes, secretário municipal de Educação, diz que já é possível perceber nos estudantes mudanças de comportamento dentro e fora da sala. Ele considera que com as aulas de empreendedorismo, os alunos estão mais críticos, criativos e autônomos. “As empresas de nossa cidade produzem tecnologia de ponta para diversos países e nós não poderíamos deixar os estudantes fora deste contexto, desta realidade, já que um dos objetivos da educação é a inclusão social. Com a pedagogia empreendedora, estamos preparando os alunos para os desafios da vida e para serem autores de sua própria história.” Vinícius Lima conheceu o empreendedorismo através da escola. Na 5ª série do ensino fundamental, participou do programa “Introdução ao Mundo dos Negócios” no colégio em que estudava, em Porto Alegre. O curso oferecido é um dos 22 programas desenvolvidos pela Junior Achievement, organização que busca desenvolver aptidões empreendedoras em estudantes do ensino fundamental e médio em 124 países. Quando estava no ensino médio, Lima participou de outro programa da entidade

– de formação de uma miniempresa, em que os estudantes passam pela experiência prática de montar uma empresa, fabricar produtos e vendê-los. Aos 15 anos, o aluno e mais 20 colegas criaram uma empresa para fabricação de velas artesanais. “Através do programa miniempresa pude perceber minha aptidão na área comercial e aprendi a lidar com o público. Além disso, descobri a importância que os departamentos de marketing, financeiro e relações públicas têm dentro de um negócio.” Quando terminou o ensino médio, Lima resolveu investir ainda mais em sua aptidão empreendedora. Passou a cursar Administração e Marketing e resolveu abrir sua própria empresa, a Shock, produtora de eventos especializada em formaturas escolares. “No começo, ter a minha independência financeira era um dos objetivos principais com este negócio; aos poucos isso foi se materializando e então passei a sonhar mais alto e a buscar transformar a Shock na maior empresa do segmento no estado.” Hoje com 23 anos, Lima se divide entre o trabalho na Shock e o de adviser na Junior Achievement de Porto Alegre, onde costuma participar de programas da entidade contando a sua história para outros jovens. “Através da minha empresa consigo dizer com total propriedade: ‘Galera, nós podemos. Olhem aí, eu tinha 17 anos quando sonhei em organizar uma festa. Tirei

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Alunos de 2 mil escolas brasileiras conheceram o conceito de Dolabela: “Empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”

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GABRIEL SCHMIDT

Vinícius Lima, da Shock, conheceu o empreendedorismo na 5ª série e aos 17 anos abriu sua primeira empresa

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isso do papel e criei uma empresa que hoje é a maior no segmento de formaturas de ensino médio no Rio Grande do Sul’.” Assim como Lima, cerca de 2 milhões de estudantes brasileiros já participaram de programas da Junior Achievement. Só em Santa Catarina a entidade tem parceria com 78 escolas e 12 projetos sociais, onde cerca de 20 mil crianças e adolescentes, da 4ª série até o ensino médio, participam por ano de 13 programas de capacitação. “Nossa missão é inspirar jovens a empreender e, para fazer isso, é preciso inspirálos através de modelos que deram certo, de pessoas que estudaram, que criaram seus negócios ou que estão trabalhando em empresas competitivas. Por isso, estimulamos sempre a participação das empresas em todo esse processo”, explica Evandro Badin, diretor-executivo da Junior Achievement em Santa Catarina. Além de trazer novos conhecimentos para a sala de aula, a Junior Achievement traz também novos professores, que na verdade são empresários ou colaboradores das empresas mantenedoras da entidade. “O objetivo é encontrar uma forma para as empresas contribuírem para o processo de educação e que as escolas consigam complementar o currículo base com informações importantes que vêm das próprias organizações”, afirma Badin. Uma das empresas mantenedoras da

Junior Achievement em Santa Catarina é a Orcali, especializada em serviços de limpeza e vigilância. Neste ano, dez voluntários, que são colaboradores da empresa, estão auxiliando jovens na formação de duas miniempresas. “Com a miniempresa, os alunos conseguem ter uma dimensão real do que é ter uma empresa: eles participam ativamente de todo o processo, definem o produto, o nome da empresa, cuidam da produção, venda e finanças. Além disso, pagam impostos e recolhem encargos sociais. Com isso, eles conseguem ver inclusive que nem todo o faturamento da empresa vai para o bolso do empresário”, explica Ciro Aimbiré Santos, assessor de direção e planejamento da Orcali.

Universidades Se é na escola que as crianças e os adolescentes podem ter o primeiro contato com o mundo dos negócios, é após completar 18 anos que eles estão aptos a abrir uma empresa. E aí uma série de fatores pode estimulá-los a tomar essa decisão. Uma delas é ter acesso a conteúdos de administração, planejamento, gestão e planos de negócio. Para Ronald Jean Degen, autor do livro Empreendedor – empreender como opção de carreira, cabe às universidades o grande desafio de estimular e preparar os estudantes para em-

preender. O especialista considera que os jovens, quando estão no ensino superior, estão mais predispostos à criatividade e à inovação e que esta é a fase mais propícia da vida para se tornar um empreendedor. Mesmo com esse forte potencial, ainda são poucas as universidades que inseriram o empreendedorismo no dia a dia de ensino. Afonso Cozzi, coordenador do núcleo de pesquisas em empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, diz que ainda há no Brasil uma tendência de se formar os estudantes para serem funcionários e que isso só vai mudar quando as universidades passarem a oferecer, com mais frequência, disciplinas de empreendedorismo e formar mais incubadoras de empresas. “A Fundação Dom Cabral faz a coordenação técnica do Prêmio Santander – Empreendedorismo, Ciência e Inovação, e o que nós notamos é que a maior parte dos inscritos não passa da primeira fase, quando eles têm que fazer um resumo da ideia deles e da oportunidade que enxergaram no mercado. Além disso, são poucos os acadêmicos que sabem fazer um bom plano de negócios.” Na Unisul Business School, escola de negócios localizada em Florianópolis, preparar os acadêmicos do curso de Administração para empreender é um dos objetivos da instituição. No currículo do curso, até o terceiro ano os alunos trabalham em projetos de planejamento e gestão de grandes


empresas, e no quarto ano, os estudantes têm um semestre inteiro sobre empreendedorismo, onde aprendem, entre outras coisas, a fazer e colocar em prática um plano de negócios e gerir pequenas empresas. Os estudantes ainda são desafiados a testar suas aptidões de liderança e a tomar decisões em uma série de atividades físicas que fazem parte do currículo obrigatório do curso. “Os alunos precisam estar preparados para empreender porque essa pode ser uma fonte de realização pessoal e profissional”, afirma Fernando Serra, coordenador da Unisul Business School. Quando passou a oferecer o curso, Serra percebeu uma falta de bibliografia específica sobre a área e resolveu escrever, em coautoria com Manuel Ferreira e João Santos, o livro Ser empreendedor. A obra é um guia tanto para aqueles que estão pensando em abrir uma empresa tanto para os que já a abriram. “No livro nós mostramos que só encontrar uma oportunidade para investir é pouco. É preciso entender todos os aspectos de uma empresa para poder mitigar os riscos que possam surgir.” A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) do Rio de Janeiro também está inserindo a prática do empreendedorismo no dia a dia dos universitários. Este ano, a instituição criou um núcleo de empreendedorismo para estimular a cultura empreendedora e o desenvolvimento

de negócios. A ideia é promover palestras com empresários, realizar pesquisas sobre o setor e ainda trabalhar para implementar a disciplina de empreendedorismo em todos os cursos oferecidos pela instituição. Outro foco de trabalho do núcleo é identificar alunos da universidade que tenham o perfil empreendedor ou que tenham vontade de empreender e oferecer-lhes serviços de orientação em todos os processos necessários para a abertura de uma empresa. “Nós queremos acompanhar os alunos desde o momento em que eles colocam a ideia no papel, fazem o desenvolvimento do plano de negócios e vão para o mercado”, explica Rafael Liporace, professor da ESPM.

“Só encontrar uma oportunidade para investir é pouco. É preciso entender todos os aspectos de uma empresa para mitigar os riscos que possam surgir”, diz Fernando Serra

Para promover o ensino de empreendedorismo nas universidades, a Endeavor, organização internacional de promoção ao empreendedorismo de alto impacto, em parceria com o Sebrae, realiza o prêmio “Educação Empreendedora Brasil”. A ideia é valorizar experiências inovadoras do ensino do empreendedorismo no meio universitário e torná-las referência para outras instituições. Professores de todo o Brasil que ministram a oficina de empreendedorismo podem mandar seu depoimento para a entidade e concorrer a bolsas de estudo na Babson College, nos Estados Unidos. Além de valorizar experiências locais, a Endeavor incentiva o uso de metodologias sistematizadas de ensino de empreendedorismo já aplicadas em outros países. Por isso, traz para o Brasil o método Fast Trac, desenvolvido pela Kauffman Foundation, para ser aplicado em 15 universidades do País. “Através desse método damos treinamento aos professores, oferecemos material didático específico e complementamos todo esse trabalho através de uma plataforma virtual com videochats com empreendedores, conteúdo on-line e exercícios. Mas cabe a cada universidade parceira ver qual é a melhor forma de inserir esses conteúdos”, explica Juliano Seabra, diretor de educação da Endeavor. Outra área de atuação da entidade é na capacitação e apoio a empreendedores

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Liporace, da ESPM: núcleo identifica alunos com perfil empreendedor e oferece orientação em todos os processos necessários para a abertura de uma empresa

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Primeiros passos

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Hadade, da Arizona: “A melhor forma de estimular alguém é através do bom exemplo, da pessoa que conseguiu ocupar um espaço e cresceu agindo corretamente”

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em fase de crescimento para ajudá-los a se tornar empreendedores de alto impacto em sua área de atuação. Por ano, a Endeavor costuma selecionar de cinco a dez empreendedores com esse perfil e investe na capacitação deles. Esse é um trabalho de consultoria em que a Endeavor mapeia as principais dificuldades do negócio, avalia os serviços mais indicados para melhorar os procedimentos da empresa e aproxima esse empreendedor de um grupo de voluntários da entidade formado por 300 executivos e grandes empresários para que eles possam apoiá-lo. A ideia é que o serviço ajude os empreendedores a tomar decisões mais rápidas, a errar menos e a realizar seu potencial de crescimento. “Acreditamos que multiplicando o número de empreendedores de alto impacto nós conseguimos impulsionar economicamente o País”, afirma Karen Kanaan, diretora de comunicação da Endeavor. A Arizona, empresa de gestão de tecnologia para a área de comunicação e marketing, é uma das 51 empresas apoiadas pela Endeavor. Em quatro anos de consultoria, a Arizona mudou alguns processos, estabeleceu 21 metas estratégicas, contratou uma auditoria externa e criou um conselho

consultivo. Com as mudanças, a empresa conseguiu adquirir uma concorrente em 2009 e fechou o ano com uma receita bruta de R$ 45 milhões. “Com a Endeavor, conseguimos ter acesso a pessoas que nunca teríamos como grandes nomes do cenário empresarial do País, pessoas que não vendem consultoria ou o seu tempo”, explica Marcus Hadade, sócio da Arizona. O empreendedor conta que estar próximo a empresários de sucesso que já estão estabelecidos no mercado é uma inspiração e uma mostra de que é possível crescer. “A melhor forma de estimular alguém é através do bom exemplo, da pessoa que conseguiu ocupar um espaço e cresceu agindo corretamente. Para mim, as pessoas aprendem por duas formas: por repetição e por inspiração.” E quando Hadade usa esses exemplos como inspiração, não pensa apenas no futuro da sua empresa, mas no do País também. “Não existe maior distribuição de renda do que através da empresa, porque ela gera empregos e paga impostos que serão usados no bem comum. É valorizando os empreendedores que o Brasil vai crescer ainda mais, se tornar um país desenvolvido, servir de exemplo e de orgulho para todos nós.”

Assim como a educação de um filho não deve ser entregue exclusivamente às escolas, o trabalho e o desenvolvimento das competências empreendedoras em uma criança devem ser compartilhados pelos pais. E o estímulo deve começar logo cedo, de forma lúdica. Para o consultor e especialista em manejo comportamental e empreendedorismo, Luiz Fernando Garcia, o trabalho de formação de um empreendedor – ou simplesmente de uma pessoa mais capaz de lidar com as adversidades da vida – se inicia em torno dos dois anos de idade, na retirada da fralda, quando o bebê começa a perceber a capacidade de controlar certas necessidades fisiológicas. Nos cinco a sete anos seguintes, os desafios propostos devem aumentar de complexidade e dificuldade conforme o crescimento da criança. São tarefas que exigem o acompanhamento dos pais e familiares próximos, como estimuladores, orientadores e assistentes. Os estímulos iniciais – progressivos e permanentes à iniciativa e autonomia, ao enfrentamento de riscos e desafios e à visualização em longo prazo – são decisivos para o desenvolvimento de características como capacidade para sobrevivência em ambientes hostis, habilidade para solucionar problemas e senso de oportunidade. Qualidades essenciais de um empreendedor e desejáveis em qualquer profissional, para não dizer em todas as pessoas. Veja a entrevista completa de Luiz Fernando Garcia em www.empreendedor.com.br/content/ empreendedores-desde-criancinha


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Fukasawa, do Santander: pequeno empreendedor gera riqueza local, emprega pessoas e faz com que a riqueza gerada estimule o desenvolvimento da região

Motor da economia Micro e pequenas empresas são responsáveis pela maioria dos empregos gerados Em 2009, as micro e pequenas empresas geraram mais de 1 milhão de empregos formais no País, o maior número entre todos os segmentos empresariais. Em comparação com outros setores do mercado é possível perceber a força dos pequenos empreendedores. Enquanto as micro e pequenas empresas criaram no setor de serviços mais de 400 mil vagas no ano passado, as empresas de médio e grande portes do setor geraram 68 mil postos. No comércio, essa proporção foi ainda maior: 280 mil vagas geradas pelas pequenas, enquanto as médias e grandes geraram 9 mil. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano passado. O bom resultado do setor fez com que o Brasil fechasse o ano com saldo positivo na geração de empregos mesmo com

a queda no Produto Interno Bruto (PIB). Afonso Cozzi, coordenador do núcleo de pesquisa em empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, explica que, diferente de outros anos, foi possível perceber que a riqueza gerada foi distribuída de uma forma mais justa. “Com o crescimento das taxas de empreendedorismo, mais pessoas estão se beneficiando dessa geração de riqueza. Isso faz com que o Brasil se desenvolva tanto na parte econômica quanto na social. É esse tipo de crescimento que leva não só ao aumento do PIB, mas à qualidade de vida e ao bem-estar social”, afirma. Para Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae, os bons resultados do setor estão relacionados ao crescimento econômico mais acentuado vivido pelo Brasil nos últimos anos. “A desconcentração da economia e a melhor distribuição

da riqueza nacional começam a se dar pela força dos pequenos negócios. São eles os maiores propulsores do desenvolvimento local das cidades.” Segundo ele, a expectativa é que o Brasil cresça a uma média de 6% em 2010 e, com isso, a perspectiva para as micro e pequenas empresas é muito boa. Ele explica que tem feito visitas ao interior do País e tem percebido o entusiasmo dos pequenos empresários. “O agroturismo, por exemplo, é uma realidade em todas as regiões do Brasil. Não são apenas pousadas que estão sendo construídas na zona rural, mas também negócios relacionados à agroindústria.” O diretor-técnico do Sebrae avalia que o alto índice de geração de empregos entre as micro e pequenas empresas é um sinal de que os brasileiros estão empreendendo cada vez mais por oportunidade e não por

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Atitudes e percepções empreendedoras

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Argentina Bósnia e Herzegovina Brasil Chile China

Percepção de Oportunidade % 48 37 48 54 28

Percepção de Capacidade % 70 63 57 71 41

Medo de fracasso % 34 28 30 21 32

Intenção de Empreender % 14 17 21 35 23

Empreendedorismo como boa opção de carreira % 69 74 80 87 69


BERNARDO REBELLO

Carlos Alberto, do Sebrae: alto índice de geração de empregos entre pequenas empresas é sinal de que os brasileiros estão empreendendo mais por oportunidade

Afonso Cozzi: “Com o crescimento das taxas de empreendedorismo, mais pessoas estão se beneficiando dessa geração de riqueza”

necessidade. E para que o Brasil continue nesse ritmo é preciso, segundo ele, intensificar a capacitação dos empreendedores. Por isso, o Sebrae tem como meta para este ano fazer visitas técnicas a 1 milhão de pequenos empreendedores e estimular a inovação entre eles através do programa Agente Local, no qual um técnico do Sebrae ajuda o empresário a elaborar soluções, serviços e processos inovadores. Se 2009 já foi um ano bom para o empreendedor, a confiança deles para 2010 é ainda maior. O estudo Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN), que avalia – em uma escala de zero a 100 – a confiança no crescimento do setor, registrou taxas superiores às registradas antes da crise. Para os 1,2 mil empresários ouvidos em cinco regiões do País, a confiança no crescimento do setor no terceiro trimestre de 2010 atingiu 75,4 pontos, e a expectativa no aumento do faturamento foi de 79,4 pontos. O estudo foi realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em parceria com o banco Santander.

Para que esses empreendedores de fato consigam crescer como esperam, Cláudio Fukasawa, superintendente de pequenas e médias empresas do banco Santander, afirma que é preciso investir neles. “Nós somos hoje o banco privado que mais repassa microcrédito para os pequenos empreendedores. Consideramos fundamental investir neles porque são as pequenas e médias empresas que representam mais de 90% da força de trabalho. Esse pequeno empreendedor gera riqueza local, emprega pessoas da região e, dessa forma, faz com que a riqueza gerada estimule o desenvolvimento da região.” Para apoiar esses pequenos empresários, o banco lançou o portal Santander Empreendedor. O site traz informações sobre marketing, finanças e gestão e disponibiliza uma série de ferramentas para orientar pequenos empreendedores. Pelo serviço de Avaliação do Negócio, por exemplo, o empreendedor pode fazer o seu plano de negócios e enviá-lo a um especialista em gestão que vai avaliar o planejamento e orientar inclusive sobre quais são as melho-

res linhas de crédito para ele. Além de investir no pequeno empreendedor, o Santander trabalha também para estimular a prática do empreendedorismo. No site Brincando na Rede, lançado em 2009, crianças de quatro a 12 anos podem ter o primeiro contato com os conceitos da administração e do empreendedorismo através de brincadeiras. No jogo Máquina de Ideias as crianças podem criar produtos, fazer a divulgação e os colocar no mercado para serem avaliados por outras crianças. “De uma forma lúdica colocamos todas as questões que um empreendedor precisa se preocupar para que a criança possa explorar isso no jogo. É preciso ter um cuidado enorme para respeitar a fase que cada criança está. Não devo encher de conceitos uma criança de cinco anos. Preciso introduzi-la a esse mundo para ela saber que aquilo existe e, à medida que a criança vai crescendo, eu vou sofisticando o conceito”, explica Sandro Marques, gerente-executivo de desenvolvimento sustentável do Grupo Santander Brasil.

Taxa de empreendedorismo nascente % 6,1 3,1 5,8 9,6 7,4

Taxa de empreendedorismo em estágio inicial (TEA)% 14,7 4,4 15,3 14,9 18,8

Taxa de empreendedores estabelecidos % 13,5 3,9 11,8 6,7 17,2

Empreendedores por necessidade % 47 39 39 25 48

Empreendedores por oportunidades % 50 61 61 73 50 Fonte: GEM 2009

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Atividade empreendedora

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ROGER CAETANO

Michel Pedraça participa de programa de capacitação na Ipes e planeja abrir sua loja de artigos para surfe

Empreendedorismo transformador

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Capacitação empreendedora dá oportunidade de crescimento profissional e geração de renda para jovens de comunidades de risco

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Michel Pedraça, 20 anos, já planeja sua empresa. Ele quer montar uma loja para vender artigos de surfe e pretende até fabricar pranchas. Por enquanto a loja é um sonho, mas ele trabalha para realizá-lo. O jovem está participando de um programa de capacitação em empreendedorismo na Incubadora Popular de Empreendimentos Solidários (Ipes), um dos projetos vinculados ao Centro Cultural Escrava Anastácia, ONG voltada para a atuação educativa de jovens de comunidades pobres de Florianópolis. O curso é baseado na metodologia de ensino da ONG Aliança Empreendedora, em que os jovens aprendem a

avaliar oportunidades, fazer plano de negócio, gestão de empresas e fluxo de caixa. Mas o curso não para por aí. Se é o conhecimento do mundo dos negócios que permite que esses jovens sonhem, possibilitando que eles os coloquem em prática, é o fundo de empreendedorismo do Instituto Comunitário de Florianópolis (Icom) que, por meio de investimentos vindos do Instituto Walmart, disponibiliza financiamentos para que jovens empreendam. Após terminar a capacitação, eles podem apresentar seus planos de negócio para o Icom para conseguir crédito de até R$ 5 mil para abrir uma empresa. “Um dos

conceitos mais importantes que nós avaliamos para liberar o crédito é que esse empreendimento precisa fazer a diferença na comunidade onde ele será implementado. A ideia do projeto é não só que o jovem tenha oportunidade de gerar sua renda, mas perceber que ele também pode gerar riqueza para a comunidade”, afirma Anderson da Silva, coordenador do fundo de empreendedorismo do Icom. Pedraça já está se preparando para isso, e colocou no plano de negócios de sua empresa investimentos que pretende fazer na compra de armários para a loja e suportes para colocar as pranchas. “Agora estou trabalhando para alcançar esse objetivo. Eu já batalhei tanto para conseguir as minhas coisas que não vou ficar com medo. Agora é só fazer a coisa certa.” O jovem que não sabia surfar, nem tinha experiência na área, aprendeu tudo


LIO SIMAS

Adriano dos Santos e Gabriela Marques receberam financiamento do Icom para abrir uma sala de jogos e locadora de games

cebeu financiamento e se transformou em uma empresa, a Infinity Games, que funciona dentro da própria instalação da Incubadora Popular. “O mais desafiante é atrair os clientes, fazer com que eles conheçam a loja. Nós estamos pensando em fazer um cartão de fidelidade e colocar uma placa na frente da Incubadora para chamar a atenção das pessoas que passam por aqui”, conta Santos. Depois de aberto o negócio, o Icom e a Incubadora Popular acompanham de perto o dia a dia da empresa, ajudando os jovens a fazer o fluxo de caixa ou mesmo prestando assessoria contábil e jurídica. “Eles adoram quando nós os chamamos de empresários, porque isso é uma conquista deles. Através do empreendedorismo esses jovens têm oportunidade de crescimento profissional e uma melhora de renda”, afirma Caroline Chagas, coordenadora da Ipes.

LINHA DIRETA Arizona: www.arizona.com.br Centro Cultural Escrava Anastácia: www.ccea.org.br Endeavor: www.endeavor.org.br ESPM: www.espm.br Fernando Dolabela: fernandodolabela.wordpress.com Fundação Dom Cabral: www.fdc.org.br IBQP: www.ibqp.org.br Icom: www.icomfloripa.org.br Junior Achievement: www.juniorachievement.org.br Santander: www.santanderempreendedor.com.br Sebrae: www.sebrae.com.br Shock: www.shockprodutora.com.br Unisul Business School: www.unisul.br

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o que sabe na cooperativa Solto de serigrafia e de conserto de pranchas que funciona na Incubadora Popular. O espaço utilizado pela cooperativa já foi sede do Instituto Médico Legal (IML) de Florianópolis por 30 anos. A sala onde a oficina de surfe é realizada foi por muito tempo usada para fazer a necropsia de cadáveres. Hoje o espaço foi transformado e até uma antiga geladeira do IML foi readaptada para ser um secador de pranchas. Pedraça pretende seguir os passos de outros jovens que também participaram das cooperativas da Incubadora e que hoje já são empreendedores. Adriano dos Santos e Gabriela Marques começaram nas oficinas de manutenção de computadores, depois fizeram o curso de capacitação em empreendedorismo e resolveram investir na abertura de uma sala de jogos e locadora de games. O projeto foi aprovado pelo Icom, re-

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RE S PON S A B I L ID A D E S O C IA L

acha Quem procura

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Inclusão de trabalhadores com deficiência exige planejamento e busca localizada

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por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br

Após completar 19 anos no último mês de julho, a Lei nº 8.213 ainda representa um desafio a muitos empreendedores. De acordo com a chamada Lei de Cotas, as empresas com mais de 100 funcionários

devem reservar de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência. Mas, a cada dez companhias, estima-se que pelo menos quatro não conseguem cumprir a norma, conforme levantamento realizado pela Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo em parceria com o Espaço da Cidadania, organização sem fins lucrativos

voltada à inclusão de deficientes no mercado de trabalho. “Uma das maiores dificuldades no recrutamento de pessoas com deficiência está justamente em localizar estes profissionais no mercado”, aponta Eliane Figueiredo, diretora-presidente da Projeto RH, empresa especializada em consultoria de


Cottonbaby aposta na divulgação das vagas para deficientes e nas indicações de entidades locais voltadas à capacitação profissional

Números especiais Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, pelo menos 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência No Brasil, dados do censo do IBGE de 2000 apontam que aproximadamente 24,6 milhões de pessoas são portadoras de deficiência, ou seja, 14,5% da população Estima-se que 8 mil brasileiros adquirem novas deficiências por mês, em consequência, principalmente, de doenças degenerativas, acidentes de trânsito ou com armas de fogo

O que diz a lei Lei 8.213 – Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

recursos humanos. Para driblar esse problema, a consultora sugere divulgar as vagas no maior número possível de lugares, sobretudo em clínicas de reabilitação, associações, escolas e universidades frequentadas por deficientes. É o que faz a Cottonbaby, fabricante catarinense de derivados de algodão. Na hora de recrutar pessoas com deficiência, a empresa aposta na divulgação das vagas e nas indicações de entidades locais vol-

tadas à capacitação profissional, como a Fundação Catarinense de Educação Especial e a Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (Aflodef ), entre outras. Com 250 funcionários, a companhia vai além do que determina a Lei de Cotas e mantém 10% de seus cargos preenchidos por deficientes. “Temos entre nossos colaboradores pessoas prejudicadas mentalmente, amputados, com Síndrome de Down, deficiências genéticas e

deficiência visual”, relata Nelson Silveira, presidente da Cottonbaby. São colaboradores como Alessandro Amaral, de 33 anos, portador de problemas mentais. Há dez trabalhando na Cottonbaby, ele foi encaminhado pela Fundação Catarinense de Educação Especial, onde estudava e trabalhava na padaria. “É bom produzir, sentir-se útil, acordar de manhã, tomar café e ir trabalhar”, conta o auxiliar de produção, que nos momentos de folga

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I – até 200 empregados ..................... 2%; II – de 201 a 500 .............................. 3%; III – de 501 a 1.000. .......................... 4%; IV – de 1.001 em diante...................... 5%.

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CAROL CARQUEJEIRO

RE S PO RES PON NS S A B IL I L ID A D E S O C IIA AL João Ribas, da Serasa Experian: “Qualificamos 50 profissionais por semestre, que têm emprego garantido nas empresas parceiras”

dedica-se ao basquete e ao atletismo. Na opinião de Silveira, a falta de pessoas com deficiência no mercado de trabalho também acontece devido ao “preconceito que está dentro de casa, com os próprios pais que não permitem ou não incentivam os filhos especiais a ingressarem no mercado de trabalho”.

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Planejar e desenvolver

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Em Santa Catarina, um mapeamento realizado pelo Sesi/SC comprovou o que muitos empresários já sentiam na pele: o número de pessoas com deficiência é insuficiente para que as empresas cumpram a Lei de Cotas. Realizado em nove cidades – incluindo os principais polos industriais do estado, como Joinville, Brusque e Blumenau –, o censo também constatou que o baixo nível de escolaridade dificulta o acesso dos deficientes ao mercado de trabalho. O analfabetismo, por exemplo, afeta 26,15% dos entrevistados. A falta de interesse nos estudos também chama a atenção, chegando a 55,15%. Estima-se ainda que 15,80% dessas pessoas estão inseridas no mercado de trabalho formal e 52,70% recebem algum tipo de benefício. Para João Ribas, coordenador do Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência da Serasa Experian, a falta de qualificação profissional não deve servir como “desculpa” para deixar de

contratar, já que o problema não se restringe aos deficientes. “A baixa escolaridade é um problema não só das pessoas com deficiência, mas de todo o País.” Por este motivo, o ideal é investir no desenvolvimento e na retenção desses profissionais. “Incluir pessoas com deficiência é um processo natural, mas que requer planejamento, já que é preciso adaptar tanto as ações de recrutamento e qualificação como a própria infraestrutura da empresa e os cargos.” Com o objetivo de qualificar as pessoas com deficiência, a Serasa Experian desenvolve, desde 2001, um programa de qualificação considerado modelo. No início, o objetivo era suprir a demanda da própria companhia, que possui 2.865 funcionários no total. Mas o sucesso da metodologia foi tanto que, desde 2008, o Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência passou a ser oferecido em conjunto com outras grandes empresas, como Accor, Banco Itaú, Goodyear, Banco Santander, PriceWaterhou-

“A baixa escolaridade é um problema não só das pessoas com deficiência, mas de todo o País”, diz João Ribas

seCooper e Visanet, entre outras, todas de grande porte. Só na Serasa Experian, por exemplo, trabalham 95 pessoas com deficiência, incluindo o próprio João Ribas, que é cadeirante. “A diferença é que agora, ao invés de capacitarmos aquele número mais reduzido de pessoas apenas para trabalhar internamente, nós qualificamos 50 profissionais por semestre, que têm emprego garantido nas empresas parceiras”, afirma João Ribas, referindo-se a um dos diferenciais do programa, que é a contratação efetiva destes profissionais pelas organizações parceiras. “Neste segundo semestre temos cinco pessoas que vão para a Claro, duas para a Deloitte, outras duas para Promon, e assim por diante”, conta Ribas. Dividido em três módulos, o treinamento oferecido pela Serasa Experian tem duração de quatro meses. Com a meta de preparar os participantes para o dia a dia das grandes corporações, o primeiro mês é dedicado ao aprimoramento da identidade profissional, incluindo orientações sobre postura profissional, raciocínio analítico e trabalho em equipe. Há ainda aulas de matemática financeira, língua portuguesa, informática, educação financeira e rotinas administrativas. Segundo Ribas, a intenção é que os participantes saiam preparados para exercer um primeiro cargo como auxiliar administrativo. Uma das companhias que já participou do programa é a TozziniFreire, em-


Nelson Silveira (à esquerda): Cottonbaby vai além do que determina a lei e dedica 10% de seus cargos a portadores de deficiência

ção para cão-guia, telefones com visores para deficientes auditivos e etiquetas em braile nos elevadores. O prédio da Serasa Experian é outro modelo de acessibilidade, sendo o único do Brasil a obedecer todas as normas da ABNT, com o aval da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

Do lado de dentro Preparar a equipe que vai receber os profissionais com deficiência é outro ponto fundamental para o sucesso das contratações. “Não podemos pressupor que todos sabem lidar com as deficiências. É preciso preparar o gestor, os companheiros de trabalho e a equipe como um todo para que saibam lidar com os novos colegas sem nenhuma espécie de distinção ou preconceito”, recomenda Eliane Figueiredo. Por este motivo, o programa desenvolvido pela Serasa Experian também inclui em um de seus módulos a sensibilização da equipe. “As pessoas têm dúvidas e curiosidades sobre como vivemos, mas muitas vezes se sentem constrangidas em perguntar. Então fazemos uma oficina bem descontraída e convidamos algumas pessoas com deficiência para contar como é o nosso dia a dia para a equipe”, explica Ribas. Além desta preparação, a TozziniFreire aposta ainda em ferramentas permanentes de relacionamento entre

os colaboradores, com destaque para um blog, exclusivo da equipe, onde são postados textos, comentários, depoimentos e indicações de filmes e livros relacionados ao tema inclusão. “Mantemos o programa de sensibilização quando há o envolvimento de novos membros na equipe, bem como ações pontuais quando identificadas necessidades”, relata Bersch. Na opinião de João Ribas, o mais importante no processo de inclusão é promover uma mudança na mentalidade da empresa. “Empresa não é centro de caridade nem igreja. Então é preciso abandonar as ideias preconceituosas, como, por exemplo, de que pessoa com deficiência só dá gastos, despesas e aborrecimentos. Se tiverem condições de trabalhar e se desenvolver, os profissionais com deficiência alcançam metas e resultados como os demais.”

LINHA DIRETA Cottonbaby: www.cottonbaby.com.br Projeto RH: www.projetorh.com.br Serasa Experian: www.serasaexperian.com.br Sesi/SC: www.sesisc.org.br Superintendência Regional do Traballho-SP: www.mte.gov.br/delegacias/sp TozziniFreire: www.tozzinifreire.com.br

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presa de consultoria jurídica com escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Campinas e Nova York. Com 670 profissionais efetivos em todas as Unidades, a organização possui em seu quadro 28 profissionais com deficiência, sendo 50% deficientes físicos, 12% visuais, 12% intelectuais e 25% auditivos. “Vale um destaque para posições de liderança. Nosso supervisor de compras é cego e temos um advogado com deficiência auditiva e outro com deficiência visual”, relata Roberto Pierri Bersch, sócio da unidade de Porto Alegre. Outro entrave ao cumprimento da Lei de Cotas é a ausência de acessibilidade nas empresas, como rampas de acesso, banheiros adaptados e sinalização para deficientes visuais e auditivos. Mais uma vez, a questão é planejar as reformas e adaptações, que muitas vezes são simples de executar. Na construção da nova fábrica, a Cottonbaby não teve dificuldades em adequar o projeto para receber pessoas com qualquer tipo de deficiência. “As portas são mais largas, temos rampas de acesso em todos os ambientes, além de sinalizadores visuais e sonoros, banheiros e vestiários adaptados”, detalha Nelson Silveira. Nas unidades da TozziniFreire também foram feitas adaptações para deficientes físicos nos banheiros e corredores. Já para os deficientes visuais, a empresa adquiriu o software Virtual Vision, que faz a leitura de tela. Há ainda acomoda-

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M E R C A DO

Casa Cor São Paulo: 159 mil visitantes em 55 dias do evento

viver Bem

por Cléia Schmitz

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cleia@empreendedor.com.br

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O brasileiro nunca investiu tanto no conforto da sua casa. O resultado é um crescimento surpreendente nos negócios ligados à arquitetura, decoração e paisagismo, um segmento que abrange uma infinidade de itens como materiais de construção, móveis, cortinas, eletrodomésticos e artigos de cama, mesa e banho. Só no Estado de Santa Catarina, esse mercado movimentou R$ 67 milhões

entre junho de 2009 e maio de 2010, um aumento anual de 31%, segundo dados do Núcleo Catarinense de Decoração. “Há um resgate da casa como um local para viver bem com a família e receber os amigos. E essa tendência não é mais um privilégio das classes mais altas. O mercado de decoração deixou de ser elitista”, afirma Marcelo Martinez, presidente da entidade. O administrador também dirige a Formaplas, rede de lojas de móveis planejados, fundada por seu avô há 45 anos na região da Grande Floria-

Na esteira da expansão da construção civil e mercado imobiliário, cresce a procura por elementos de decoração nópolis. Nos últimos 10 anos, a empresa levou sua marca a praticamente todos os estados brasileiros com a abertura de mais de 20 lojas franqueadas. O empresário lembra que com o crescimento do mercado há também um aumento da concorrência. Para ter a preferência do consumidor, Martinez aposta na inovação. “Hoje, a Formaplas é referência para outras marcas de móveis planejados. Somos os primeiros a trazer para o Brasil tudo o que é lançado lá fora. Por isso, nossos produtos acabam


Persiana da Unilux

sianas tem crescido 40% ao ano desde 2004. “Acreditamos que neste ano esse índice seja maior ainda porque até maio registramos um crescimento de 60%”, afirma Ivan Rodrigues, proprietário da marca. A produção diária na fábrica de Santa Catarina é de 300 unidades, trabalho executado por 47 funcionários.

Superação

Rodrigues, da Unilux: “Precisamos antever as tendências para atender os clientes”

É um grande feito para quem começou literalmente nos fundos da casa da mãe. “Eu sempre quis ter um negócio, só trabalhei oito anos como empregado porque não sabia em que investir”, conta Rodrigues. Hoje ele não tem dúvidas de que escolheu o ramo certo. O empresário acredita que as pessoas estão investindo mais no conforto do lar e destaca o enorme potencial do mercado de persianas no Brasil. “Rela-

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se transformando em tendência no Brasil”, afirma. As novidades são garimpadas em feiras internacionais, especialmente aquelas realizadas na Itália. Para se diferenciar da concorrência, a loja de móveis Fort House oferece aos clientes um projeto de decoração completo para a casa ou determinado espaço da residência. “Aproveitamos o próprio mobiliário do cliente e mesclamos com peças novas, dando uma nova cara à sua residência”, explica o empresário Fabio Machado. Segundo ele, a opção de concentrar todos os serviços de decoração em um só lugar agrada muito às pessoas que não querem ficar gastando tempo à procura de profissionais especializados. O aumento do mercado de decoração tem surpreendido até mesmo os empresários que atuam na área. Fundada em 1998, em Palhoça, na Grande Florianópolis, a Unilux Cortinas e Per-

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M E R C A DO

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Fiaflora Expogarden: feira de paisagismo e jardinagem cresce de forma significativa. De 54 expositores iniciais, hoje são mais de 200 empresas participantes

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tivamente ao número de habitantes, a Espanha consome seis vezes mais persianas do que nós.” Recentemente, a Unilux inaugurou sua segunda fábrica. Localizada em Porto Alegre, ela produz 40 persianas por dia para atender à demanda da região. Rodrigues explica que a marca trabalha apenas com encomendas de peças feitas sob medida para a casa do cliente. Por isso, a fábrica não tem estoque de peças prontas, apenas de matéria-prima. E as cartelas de opções de tecidos e cores aumenta a cada dia. Em 2006, eram oito opções de tecido, hoje são 500. Boa parte da produção ainda requer trabalho manual, portanto, especializado. Rodrigues faz questão de participar de feiras internacionais para estar sempre bem informado sobre as novidades do setor. “A única coisa constante em nosso mercado é a mudança. Por isso, precisamos antever as tendências para conseguir atender aos pedidos dos clientes”, explica o empresário. A Unilux também está sempre presente em mostras de decoração para divulgar sua

teresse dos brasileiros por decoração é a expansão das feiras e mostras do segmento. A temporada 2010 da Casa Cor São Paulo recebeu 159 mil visitantes durante os 55 dias do evento. O crescimento é de 9% em relação a 2009. Só na última semana, 5 mil pessoas foram até o Jockey Club paulista, sede desta edição, aproveitar os descontos de até 70% nas peças expostas em uma área de 54 mil metros quadrados. O evento é considerado o maior das Américas e o segundo do mundo em metragem quadrada.

Recordes Teodoro, da THS Feiras: “Hoje, o paisagismo ajuda a vender imóveis porque as pessoas estão dando mais valor para espaços verdes” marca. A estratégia tem dado certo. “Tenho dito aos meus colaboradores que nós estamos muito mal acostumados porque temos superado todas as nossas projeções de crescimento.” Um dos maiores indicadores do in-

Recordes de público têm sido uma constante para a Casa Cor. A primeira mostra, realizada em 1987, em São Paulo, recebeu 7 mil visitantes. Nos últimos 20 anos, a mostra se espalhou pelo Brasil e, hoje, o evento acontece em 17 cidades brasileiras. Em 2008, a marca Casa Cor foi adquirida pelos grupos Abril e Doria Associados. A diversidade de marcas associadas à mostra realizada na última edição em São Paulo dá uma ideia da


LAURO MAEDA

importância econômica deste mercado: Deca, Todeschini, Suvinil e outras que aparentemente nada têm a ver com decoração, como Nestlé e Volkswagen. A Fiaflora Expogarden – feira de paisagismo e jardinagem realizada há 13 anos no

das áreas dedicadas a artigos de jardinagem em homecenters e hipermercados. “Na Leroy Merlin, por exemplo, o setor de paisagismo é âncora do homecenter”, afirma Silva. O empresário acredita que o segmento terá um impulso ainda maior com a aproximação da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016. “O Brasil terá que fazer uma verdadeira revolução em parques, avenidas e praças para receber turistas do mundo inteiro. É mais uma grande oportunidade para o setor.”

LINHA DIRETA Casa Cor: (11) 3819-7955 Fiaflora Expogarden: (11) 3845-0828 Formaplas: (48) 3224-8022 Fort House: (11) 3772-6513 Núcleo Catarinense de Decoração: (48) 3324-2982 Unilux Cortinas e Persianas: (48) 3357-6666

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Martinez, da Formaplas: “Há um resgate da casa como local para viver bem. Essa tendência não é mais privilégio das classes altas”

mês de setembro em São Paulo – também cresce de forma significativa a cada ano. A primeira edição teve 54 expositores, hoje são mais de 200 empresas participantes e cerca de 30 mil visitantes. “Quando começamos, o hábito de consumo de artigos de paisagismo era muito limitado porque as pessoas achavam que só era possível praticá-lo em grandes áreas”, lembra Teodoro Henrique da Silva, presidente da THS Feiras, organizadora do evento. Para o empresário, o boom do setor imobiliário é um fator que tem impulsionado o segmento do paisagismo. Só na capital paulista, cerca de 12 mil imóveis foram comercializados no primeiro quadrimestre de 2010, um crescimento de 72,4% em relação a 2009. Os dados são do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). “Hoje, o paisagismo ajuda a vender imóveis porque as pessoas estão dando mais valor para espaços verdes”, destaca Silva. Esse interesse pelo paisagismo também pode ser medido pelo aumento

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PANORA M A por Beatrice Gonçalves beatrice@empreendedor.com.br

Norberto, da Cianet: processo inovador de transmissão de banda ultralarga

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Bom

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mercado Há espaço para as empresas brasileiras de TI crescerem, mas é preciso união para aproveitar as oportunidades

O mercado brasileiro de softwares e serviços não parou de crescer mesmo com a crise econômica mundial. Em 2009, o setor aumentou a produção em 4% e as exportações em 7%, movimentando US$ 15,3 bilhões, valor equivalente a 1% do PIB brasileiro. Com o resultado, o País manteve a 12ª posição no mercado mundial de softwares e serviços. O desempenho brasileiro foi três vezes maior do que a média do mercado global de tecnologia da informação, que registrou aumento de 0,89% em 2009. Os dados são da pesquisa Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências –, da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), entidade de classe que congrega mais de 800 empresas de TI do Brasil. O estudo foi realizado pelo instituto International Data Corporation (IDC). Em 2009, o mercado mundial de tecnologia da informação movimentou US$ 1,43 trilhão, 2,7% abaixo do que foi registrado no ano anterior. Uma retração de mercado que não foi sentida na América Latina, que fechou o período movimentando US$ 65 bilhões – um crescimento de 6,5% em comparação com 2008. Pela estimativa do IDC, o mercado total de tecnologia da informação da América Latina deve continuar a crescer a uma média de 6,3% em 2010, e um dos principais responsáveis por esse crescimento deve ser o mercado brasileiro de TI. A expectativa é que o Brasil registre aumento de 15% nas vendas de produtos e serviços de tecnologia da informação este ano em comparação com 2009. Entre os setores mais promissores estão o de produtos e serviços de infraestrutura, o de expansão da computação em nuvem – a expectativa é que a oferta de serviços nesse segmento cresça 45% este ano – e o de aplicativos de análise e de inteligência para os negócios, que deve crescer mais de 10% em 2010. Para Gérson Schmitt, presidente da Abes, o Brasil pode aumentar sua participação no mercado mundial se investir mais na produção e desenvolvimento de hardwares e softwares. “Vejo um futuro promissor se o modelo brasileiro for apoiado em produto, solução e inovação. Se formos mais um a investir em serviços, precisaremos de uma grande quantidade de mão de obra e não temos profissionais


PHOTOSTOGO

Expansão Setor

Mercado (US$ milhões)

Participação (%)

Variação 2010/2009 9

Software

5,960

17,9%

+9,3%

Serviços

10,719

32,9%

+8,1%

Hardware

15,821

48,6%

+4,5%

TI total

32,500

100%

+6,5%

suficientes. Além disso, se optarmos pelo modelo de serviços, seremos mais um a vender horas de trabalho.” O especialista considera que há um potencial muito grande a ser explorado no Brasil, mas para continuar a crescer é preciso resolver problemas estruturais. Segundo Schmitt, falta incentivo à pesquisa e à inovação, não há mão de obra suficiente – a estimativa é que faltem 50 mil profissionais no setor de TI – e o modelo de exportação defendido pelo governo tende a valorizar a venda de serviços e o de desenvolvimento de softwares livres enquanto, o mais adequado, seria investir em inteligência empacotada. Além disso, Schmitt explica que das 8,5 mil empresas que se dedicam ao setor de TI no País, 94% delas são formadas por micro e pequenas empresas, o que pode tornar mais difícil seu crescimento e internacionalização. Para o presidente da Abes, o País precisa criar mecanismos para que as empresas brasileiras trabalhem de forma integrada e, com isso, ganhem espaço no mercado internacional. “Os principais movimentos para tornar as empresas maiores e mais fortes estão em organizá-las em verticais, como tem feito a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). As verticais ajudam a organizar a cadeia de valor e, com isso, podemos ter uma organização mais robusta, que atraia mais negócios e, consequentemente, faça com que as empresas cresçam.” O modelo de verticais foi desenvolvido pela Acate para organizar os diferentes segmentos de mercado de TI em Santa Catarina. A ideia é que esse sistema de associação

entre empresas estimule o relacionamento entre as associadas da Acate. Isso faz com que uma empresa que antes atuava sozinha no mercado possa se fortalecer, associando-se a outras de segmentos semelhantes e complementares aos seus e que elas possam trabalhar juntas tanto para desenvolver soluções quanto para oferecê-las ao mercado. Até o momento, foram constituídas quatro verticais – telecomunicações, saúde, energia e segurança – e a expectativa da Acate é ampliar a iniciativa para outros segmentos como finanças, agronegócios, educação e têxtil. “Com esse modelo, empresas pequenas que não teriam acesso a muitos mercados conseguem se associar a outras, que podem complementar seu trabalho, e assim todo mundo ganha. Nós temos o caso de uma empresa do setor de energia que não conseguia oferecer sua solução para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e que, após se associar à vertical, conseguiu ter acesso a esse mercado através de outras empresas

“Vejo um futuro promissor se o modelo brasileiro for apoiado em produto, solução e inovação. Se optarmos pelo modelo de serviços, seremos mais um a vender horas de trabalho”, afirma Schmitt

também associadas que já ofereciam soluções para a Cemig”, explica Rui Gonçalves, presidente da Acate. Sete empresas do setor de telecomunicações de Santa Catarina já estão associadas à vertical. São empresas de diferentes portes e perfis que se reúnem mensalmente para discutir assuntos de interesse do setor como formação de consórcios, desenvolvimento de soluções e capacitação de mão de obra. Para Norberto Dias, diretor da Vertical de Telecomunicações, a organização foi criada em um momento estratégico para o setor. “Com a fusão de grandes players de telecomunicações como a Oi e a Brasil Telecom, é natural que os fornecedores se juntem ou formem consórcios e parcerias para atender a essas grandes corporações. A oportunidade que a vertical dá de aproximar as empresas do setor é fundamental nessa nova etapa da economia, principalmente no setor de telecomunicações.” Dias explica que com a organização do setor é possível também promover melhor as soluções desenvolvidas no estado, ainda mais em um momento em que o governo federal está discutindo a implementação de um plano nacional de banda larga. “Santa Catarina pode ser uma grande referência em tecnologia e produtos para o processo de popularização da internet no País.” Dias cita o caso da empresa catarinense Cianet, especializada em soluções de comunicação digital, que desenvolveu um processo inovador em escala mundial capaz de aproveitar os sistemas de transmissão de TV a cabo para trafegar banda ultralarga. Ampliar a atuação no mercado também está nos planos de seis empresas associa-

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Crescimento do mercado brasileiro de TI para 2010 previsto pelo IDC

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PANORA M A Gérson, da Abes: governo tende a valorizar a venda de serviços e o desenvolvimento de softwares livres, enquanto, o mais adequado, seria investir em inteligência empacotada

das à Vertical de Saúde da Acate. Segundo Iomani Engelmann, diretor dessa vertical, a ideia é que a associação entre as empresas permita montar um portfólio integrado entre elas que ofereça produtos e serviços voltados à área da saúde. “Esse é um setor em que há uma concorrência muito grande entre os fornecedores, e o fato de você estar isolado e não ter um branding muito conhecido acaba dificultando a atuação no mercado. Queremos melhorar isso.”

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Força da união

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Engelmann é também diretor comercial da empresa Pixeon, especializada em inovação em diagnósticos por imagem, e explica que para a corporação participar da vertical pode ser a possibilidade de se tornar mais forte em um mercado hoje dominado pelas grandes, como Fuji e GE. “Estar inserido nesse cluster para nós é estratégico. É uma possibilidade de mostrar a seriedade da empresa, se tornar mais forte e ganhar mais corpo para exigir do governo brasileiro uma legislação específica para o setor de TI voltada para a área da saúde.” A falta de normas para o setor é um problema que afeta toda a cadeia de TI de produtos e serviços para a saúde. Engelmann explica que sem uma legislação clara é difícil padronizar o setor, estabelecer critérios de qualidade e até mesmo exportar. “Grandes mercados como o eu-

ropeu e o norte-americano têm normas específicas para o setor de tecnologia da informação para a saúde, mas no Brasil não há. Sem um controle rigoroso aqui do que é produzido, isso acaba sendo uma barreira para entrarmos em outros mercados.” Com a Vertical de Saúde, Engelmann acredita que o setor fica mais fortalecido até mesmo para exigir a regulamentação da cadeia e para discutir a questão com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Outro problema enfrentado pelo setor é a falta de linhas de investimento para subsidiar pesquisas na área. “Muitas vezes não há linhas de crédito específicas para o

Principais mercados País

(US$ bilhões)

USA

488

Japão

113,4

UK

94,6

China

75,3

Brasil

30,5

Espanha

28,9

Índia

22,6

Rússia

18,1

Fonte: Pesquisa Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2009

desenvolvimento de produtos e serviços de TI para a saúde, e isso faz com que as empresas não consigam realizar projetos como elas gostariam, ou então acabam vendendo parte de um projeto para conseguir desenvolvê-lo. Para melhorar isso, acredito que seja preciso aumentar a interação entre governo, empresas e universidades.” O presidente da Acate, Rui Gonçalves, também cobra do governo uma atuação mais forte no setor de tecnologia da informação. Ele considera que o estado pode ser um dos grandes estimuladores do mercado de TI nacional. Gonçalves cita o caso de um software de gerenciamento de prestação de contas – desenvolvido pela catarinense Softplan/Poligraph – que foi vendido para o governo do Estado de Santa Catarina para prestar contas de empréstimos de recursos concedidos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O modelo agradou tanto ao BID que a entidade contratou a empresa catarinense para oferecer a solução a países da América Latina que têm contratos de empréstimos com o banco.

LINHA DIRETA Abes: www.abes.org.br Acate: www.acate.org.br Cianet: www.cianet.ind.br Pixeon: www.pixeon.com.br


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VO Z DA E XP ER IÊN C IA

Siga este

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exemplo 44

Norival e Jardel são a prova de que para se dar bem nos negócios e enriquecer não é preciso ser ganancioso e mesquinho

por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

Amigos de infância criados no campo, Norival Bonamichi e Jardel Massari não são homens de meias-palavras. Quando perguntados sobre o que os motivou a fundar, em 1987, a Ourofino Agronegócio, eles admitem: “A verdade é que

queríamos ganhar mais dinheiro porque nossos salários não chegavam ao fim do mês”. O fato é que no terceiro mês da Ourofino eles já haviam triplicado suas rendas e, dois anos depois, ganhavam dez vezes mais. Foi então que o perfil empreendedor passou a falar mais alto. Os sócios não pararam mais de empreender e, hoje, administram um grupo que


Jardel Massari

Nascimento: 2/02/1955 Cidade natal: Inconfidentes (MG) Formação: Técnico em Zootecnia pela escola agrícola de Muzambinho (MG) e graduação em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (SP)

Nascimento: 4/04/1957 Cidade natal: Inconfidentes (MG) Formação: Técnico em Zootecnia pela escola agrícola de Muzambinho (MG) e graduação em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (SP)

planeja faturar R$ 1 bilhão antes mesmo de completar três décadas. Norival e Jardel nasceram em Inconfidentes, pequena cidade rural do sul de Minas Gerais, na época distrito do município Ouro Fino. Cresceram entre lavouras e animais, acordando antes do sol nascer para lidar com a terra e o gado. Adolescentes, foram juntos para a

antiga escola agrícola de Muzambinho, também em Minas. Após a formatura como técnicos em Zootecnia, seguiram destinos diferentes. Norival foi trabalhar na Nestlé, onde prestou assistência a produtores de leite da companhia. Três anos depois, administrou duas fazendas de gado em São José do Rio Pardo (SP). Enquanto isso, Jardel trabalhou no Ins-

tituto Agronômico de Campinas (IAC). Os dois se reencontraram cinco anos depois, quando Norival chamou o amigo para trabalhar com ele na Socil, empresa de nutrição animal. Entre 1982 e 1987, foram supervisores de venda da marca na região de Ribeirão Preto (SP). Nessa época, decidiram voltar a estudar e optaram pela faculdade de

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Norival Bonamichi

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VO Z DA E XP ER IÊN C IA

Grupo Ourofino

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Direito. “Foi muito importante porque aprendemos que as oportunidades nos são de direito”, afirma Norival. Em 1987, convictos de que “valiam mais do que o mercado lhes pagava”, pediram demissão da Socil e abriram uma empresa de representação de produtos veterinários com o dinheiro do seguro-desemprego, algo equivalente a R$ 50 mil. “Hoje isso não seria mais possível. Não faríamos nem com R$ 50 milhões”, calcula Jardel. Quem anda pelas unidades produtivas da Ourofino, instaladas em uma área de 180 mil metros quadrados em Cravinhos, cidade vizinha de Ribeirão Preto, entende o porquê. As instalações, que estão entre as mais modernas do País no segmento, atendem a rigorosas normas nacionais e internacionais para a

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Estamos nos preparando para ser um dos três maiores fornecedores do agronegócio brasileiro. E entre eles queremos ser o primeiro”, afirma Norival

produção de medicamentos veterinários. São exigências de biossegurança inexistentes em 1990, quando a Ourofino começou a fabricar seu primeiro produto, um antibiótico para aves e suínos. Na época, o negócio funcionava numa casa alugada de 500 metros quadrados no centro de Ribeirão Preto. A empresa foi crescendo junto com a cidade e, em 2005, se transferiu para a atual sede, às margens da Rodovia Anhanguera. “Por aqui passa grande parte do PIB do Brasil”, diz Norival, apontando orgulhoso para a estrada vista da janela de sua sala. Com o novo espaço, as possibilidades começaram a se multiplicar. O Grupo Ourofino tem hoje em seu portfólio mais de 100 produtos, incluindo vacina para febre aftosa, terapêuticos hormonais e outros medicamentos destinados a bovinos, equinos, ovinos, caprinos, aves e suínos. Para Norival, é o resultado de uma estratégia focada em inovação e tecnologia, área que recebe 6% do faturamento da empresa. O desempenho da Ourofino é mesmo invejável. No ano passado, em meio à crise mundial, a empresa cresceu 25%, fechando o período com faturamento de R$ 221 milhões. É pouco para os planos de Norival e Jardel, que querem chegar a R$ 1 bilhão em 2015. Para alcançar a meta, eles seguem aplicando os mesmos

Segmento: produtos veterinários, defensivos agrícolas, suplementos alimentares Fundação: agosto de 1987 Faturamento 2009: R$ 221 milhões Crescimento: 25% Faturamento 2015*: R$ 1 bilhão (*) previsão

princípios do começo do negócio: reinvestir o lucro. Pensando assim, inauguraram no primeiro semestre deste ano a Ourofino Agrociência, uma fábrica para produção de herbicidas, fungicidas, inseticidas, espalhantes adesivos e óleo mineral. A nova unidade foi construída em uma área de 250 metros quadrados em Uberaba (MG) e demandou investimentos de R$ 200 milhões. Para isso, em 2007 o grupo fez parceria com o BNDES, que detém 15% da empresa. “Enquanto o mundo fala de preservação ambiental, o Brasil tem por obrigação dobrar a produção de alimentos sem derrubar uma árvore. E só se faz isso adotando tecnologias de produção. Por isso, nós estamos nos preparando para ser um dos três maiores fornecedores do agronegócio brasileiro. E entre eles queremos ser o primeiro”, afirma Norival. O empresário não se conforma


Faro fino Outro segmento na mira de Norival e Jardel é o de suplementos alimentares humanos. A Ourofino lançou recentemente a marca Ethika, incluindo protei-

cos, energéticos, vitamínicos, minerais e shakes. A fábrica, localizada em Uberaba, tem capacidade para produzir 300 toneladas ao mês. Os planos são ambiciosos: fechar 2010 com faturamento de R$ 18 milhões e iniciar em breve a exportação. “Decidimos investir nesse mercado por uma questão de oportunidade. O segmento de qualidade de vida ainda é muito regulado, mas vai crescer bastante e nós queríamos colocar um pé para marcar presença desde já”, afirma Norival. Sem dar detalhes, ele adianta que pretende fazer o mesmo com o mercado de nutrição animal. Com tantos negócios novos, é surpreendente a calma e a disponibilidade de Norival e Jardel para uma boa conversa. Estresse parece não fazer parte da rotina dos dois, que dispensam a gravata no dia a dia. A explicação pode estar numa estratégia que eles adotaram há algum tempo. “Cada negócio novo que criamos, colocamos grupos de diretores como sócios. É uma maneira de reter talentos. Além disso, o olho do dono engorda o porco”, conta Norival. Hoje, o grupo tem cerca de 25 executivos que são sócios minoritários – 0,5% a 1% de participação. A meta é chegar a 50 em 2005. “Não dá para fazer sozinho, então decidimos dividir para somar. Preferimos ter 80% de 200 do que 100% de

Norival Bonamichi e Jardel Massari

1987

Os amigos Norival Bonamichi e Jardel Massari criam a Ourofino Agronegócio, em Ribeirão Preto (SP)

2004

Norival Bonamichi conquista o prêmio Empreendedor do Ano, concedido pela Ernst & Young

2005

A Ourofino inaugura sua nova sede, localizada no Distrito Industrial de Cravinhos (SP), às margens da Rodovia Anhanguera. A empresa é selecionada pela primeira vez como uma das 150 empresas para se trabalhar no Brasil segundo o Guia Exame/Você S/A. O desempenho vem se repetindo desde então

2010

O grupo dá início à produção de defensivos agrícolas e de suplementos alimentares humanos, em Uberaba (MG). A Ourofino começa a produzir vacina contra a febre aftosa

Ourofino Agronegócio

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com o índice de 95% de importação dos ativos que compõem as fórmulas de defensivos agrícolas vendidas no Brasil, um mercado que movimenta R$ 12 bilhões por ano. Para ele, é obrigação dos empresários brasileiros investir no desenvolvimento de tecnologia nacional para diminuir o que ele chama de “dependência estrangeira”. De certa forma, a empresa já conseguiu fazer isso com o mercado de produtos veterinários. Norival recorda que, durante muito tempo, achava-se que produto bom precisava exibir a chancela de laboratórios estrangeiros. Hoje, a Ourofino tem 12 mil clientes no Brasil, exporta para 30 países e se prepara para começar a atender ao exigente mercado norte-americano. O objetivo é seguir a mesma trajetória no segmento de defensivos agrícolas. “Nós somos a empresa que vai mudar essa história e acabar com especulações como a de 2008, quando os preços dos fertilizantes subiram 80% de uma hora para outra sem motivo algum”, destaca o empresário.

LINHA DO TEMPO

Produção da horta nos fundos da fábrica é distribuída entre funcionários, que levam 15 quilos de produtos por semana para casa

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Entre as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, a Ourofino oferece bons planos de saúde e odontologia, além de 14º salário e participação nos lucros

VO Z DA E XP ER IÊN C IA

BÚSSOLA EMPRESARIAL O QUE FAZER Se quiser crescer, reinvista o lucro no próprio negócio. Retire apenas o necessário para ter uma vida confortável; Transforme os principais executivos em sócios da empresa. Aumenta o comprometimento e reduz o risco de eles irem embora; Faça de sua empresa um bom lugar para se trabalhar. Remunere bem seus funcionários e dê benefícios atraentes.

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O QUE NÃO FAZER

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Não poupe investimentos em tecnologia e inovação. Para estar entre os primeiros, ofereça produtos de qualidade; Não ignore a realidade do seu cliente. Para vender, é preciso saber o que o mercado precisa e quais suas maiores dificuldades.

100”, explica Norival. Ele parece mesmo estar longe de ser um líder centralizador. “Isso é coisa de gente avarenta e medrosa”, afirma o empresário. Adepto da filosofia do desprendimento, ele garante que sua preocupação como empreendedor não é engordar a própria conta bancária e diz que comprou sua primeira casa própria há apenas seis anos. Esse mesmo homem recebeu, em 2004, o prêmio de empreendedor do ano da Ernst & Young por obter a maior fortuna com o menor capital. “Hoje temos a plena convicção de que a Ourofino não nos pertence. É uma estrutura onde os trabalhadores constroem o próprio futuro e para seus filhos. Por isso, quando morrermos, a empresa vai continuar, independente de quem assumi-la”, conta Norival. Sonhos de menino? Norival diz não lembrar deles. “Acho que era sobreviver e não ser picado por uma cobra”, brinca o empresário. Apesar das dificuldades de outrora, Norival e Jardel não esquecem das raízes. Há um ano e meio, fizeram uma horta gigantesca nos fundos da fábrica de Cravinhos. A produção é distribuída entre os cerca de 1 mil funcionários, que levam toda semana cerca de 15 quilos de verduras e legumes para casa. A propósito, a Ourofino figura nas listas

das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Os funcionários têm bons planos de saúde e odontologia, além de 14º salário e participação nos lucros. O transporte é feito por uma frota de micro-ônibus contratada pela empresa. “Eu me orgulho muito da época em que fui empregado”, diz Norival, tirando a carteira profissional da gaveta da mesa de trabalho. “Mas sei que eles poderiam ter feito muito mais por mim. Por isso, tenho como princípio distribuir o que ganho com quem merece.” A seu favor ele também tem o conhecimento do mercado, acumulado em experiências como trabalhador do campo e vendedor de ração. “De agronegócio eu entendo. Sei a psicologia para conduzir e convencer o produtor”, afirma. Para se aproximar ainda mais do mercado, Norival passou a criar gado nelore e participar de feiras e leilões. “É uma ferramenta de relacionamento com os clientes, o nosso cartão de visitas para que o mercado possa fazer um juízo de valor da Ourofino”, explica. Em outras palavras, é coisa de empreendedor.

LINHA DIRETA Ourofino Agronegócio: (16) 3518-2000


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SENAI ESPECIAL

Na medida certa

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Rede de laboratórios de metrologia do Senai verifica se produtos estão de acordo com normas técnicas e padrões internacionais

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Atestar a qualidade de um produto é um pré-requisito fundamental para agregar valor ao negócio e conquistar mercado. Uma série de ensaios laboratoriais pode verificar se as mercadorias estão de acordo com normas técnicas e padrões internacionais. Os procedimentos de metrologia visam à medição técnica dos produtos, avaliação de conformidade que determina se uma mercadoria, processo ou serviço atende aos requisitos técnicos especificados. Já os procedimentos de normalização avaliam se o processo utilizado está de acordo com normas aprovadas por órgãos reconhecidos responsáveis por fornecer regras e diretrizes para o setor. As análises podem ser utilizadas ainda na quebra de barreiras técnicas para viabilizar a exportação. Além disso, os procedimentos podem ajudar as empresas a padronizar a comunicação e a troca de informações com os clientes, simplificar os processos produtivos e até mesmo reduzir custos. Para apoiar as indústrias brasileiras no cumprimento de padrões de qualidade, o Senai realiza em mais de 200 laboratórios de metrologia ensaios capazes de avaliar e certificar produtos brasileiros de acordo com padrões de normalização e conformidade internacionais. A qualidade e a segurança dos ensaios são acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Só em Santa Catarina a rede Senai conta

com 13 laboratórios de metrologia que oferecem serviços de análise e ensaios em conformidade com regulamentos técnicos, normas e sistemas de gestão de qualidade. As unidades estão distribuídas em todas as regiões do estado de acordo com as necessidades específicas e o potencial industrial de cada localidade. São oferecidos ensaios para os segmentos de controle de qualidade de águas e efluentes, alimentação, construção civil, emissões atmosféricas, madeira e mobiliário, metal-mecânica, polímeros, têxtil e vestuário. No estado, são realizadas cerca de 6 mil análises por ano e mais de 1,4 mil empresas atendidas. Os ensaios oferecidos pelo Senai podem ser pagos com o cartão BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em condições especiais. O cartão, voltado para micro, pequenos e médios empresários, permite parcelar os custos em três a 48 meses e com taxa de juros pré-fixada. “Está no planejamento do Senai ampliar o número de ensaios e aprimorar os procedimentos de logística para melhorar a coleta de amostras em condições específicas para os ensaios. Estamos sempre trabalhando para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros”, afirma Sérgio Arruda, diretor regional do Senai Santa Catarina. A rede de laboratórios do Senai recebe amostras de produtos coletados por fiscais de órgãos governamentais para verificar a conformidade da mercadoria, ensaios esses que são obrigatórios por lei e que exigem a emissão de um re-

latório com valor legal de um laboratório acreditado pelo Inmetro. Há casos em que a própria empresa envia o material para ser testado com o objetivo de que o relatório técnico sugira revisões no produto, e há empresas que exportam seus produtos e precisam que um laboratório acreditado por órgãos internacionais averigue e certifique a mercadoria de acordo com normas específicas, assim como emita laudos técnicos na língua do país importador. A América Móveis, de São Bento do Sul, que fabrica móveis para o mercado interno e externo, realiza ensaios laboratoriais nos insumos utilizados para a fabricação, nos móveis e nas embalagens dos produtos no Laboratório de Tecnologia de Madeira e Mobiliário. A empresa envia mais de 50 contêineres de produtos por mês para os


REDE DE LABORATÓRIOS DE METROLOGIA DO SENAI EM SANTA CATARINA:

relatórios técnicos em inglês. “Chegamos a enviar 2 mil amostras por fardo para que o laboratório faça o controle de qualidade e certifique a matéria-prima e o produto acabado”, conta Sérgio Gamba, gerente de qualidade da Buettner. Na Supremo Cimento, fabricante de cimento portland do tipo composto, de Pomerode, os ensaios são realizados em amostras de emissões atmosféricas para

verificar os materiais particulados emitidos, uma análise feita pelo Laboratório de Análises e Amostragem de Emissões Atmosféricas, de Blumenau. O procedimento auxilia a empresa a aprimorar o processo de queima e reduzir os custos com combustíveis utilizados pelos fornos para a fabricação de cerca de 360 mil toneladas de cimento ao ano. Saiba mais em: www.sc.senai.br

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Estados Unidos e para a Europa e é por meio de ensaios de queda e vibração realizados em laboratório que a América Móveis garante aos clientes do exterior a chegada ao país de móveis em perfeito estado. “O ensaio é uma garantia que nosso móvel é de qualidade. Gera um valor a mais para o produto”, afirma Jonathan Burchardt, supervisor comercial da América Móveis. Na Buettner, indústria têxtil de Brusque especializada na fabricação de artigos de cama, mesa e banho que produz 2 milhões de toalhas por mês e exporta para 40 países, os ensaios são realizados em toda a cadeia produtiva. Os ensaios são feitos no algodão, fios, tecidos e na aplicação de cores nos laboratórios de Ensaios Físicos e Químicos de Brusque, onde são avaliados se os produtos estão de acordo com as normas internacionais e emitidos

Laboratório de Análises Têxteis e do Vestuário – Blumenau Laboratório de Análises e Amostragem de Emissões Atmosféricas – Blumenau Laboratório de Desenvolvimento e Caracterização de Materiais – Criciúma Laboratório de Análises de Alimentos Microbiologia – Chapecó Laboratório de Análises de Alimentos Físico-Químico – Chapecó Provedor de Ensaios de Proficiência – Chapecó Laboratório de Tecnologia Mecânica – Joinville Laboratório de Ensaios Cerâmica Vermelha – Rio do Sul Laboratório de Tecnologia de Madeira e Mobiliário – São Bento do Sul Laboratório de Ensaios Cerâmicos – Tijucas Laboratório de Ensaios Físicos Têxteis – Brusque Laboratório de Ensaios Químicos Têxteis – Brusque

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FRANQUIAS

Soluções de varejo

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Especializada em soluções de gestão empresarial para pequenas e microempresas, a Jiva está intensificando seu processo de expansão. Com 20 franquias em operação, a empresa – que tem sede em Uberlância (MG) – pretende atingir 60 unidades até o final de 2012. Os estados das regiões Sul, Sudeste, CentroOeste e Nordeste estão na mira da franqueadora. De acordo com Fábio Túlio Felippe, diretor da Jiva, as soluções oferecidas pela empresa são voltadas às companhias de varejo e distribuição com faturamento mensal entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. O executivo destaca que o modelo Jiva tem como base, além da solução de gestão empresarial testada e aprovada por centenas de clientes, uma metodologia que leva as melhores práticas de administração para as pequenas e microempresas. Para dar conta do plano de expansão, a franqueadora busca empreendedores com bom relacionamento em sua área de atuação, sobretudo com o mercado de micro e pequenas empresas, além de alguma experiência e afinidade com a área administrativa e de gestão. O investimento para a implantação de uma franquia gira em torno de R$ 80 mil, incluindo taxa de franquia e custos com a instalação, mais cerca de R$ 70 mil para capital de giro. A previsão de retorno é de 24 meses. www.jiva.com.br

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Na esteira dos eventos De olho nas oportunidades que surgirão por conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a Alps – rede de ensino de idiomas pertencente ao Grupo Multi – prevê a abertura de 90 novas escolas durante todo o ano. Com a expansão da rede, estima-se a abertura de 1,8 mil vagas de empregos diretos. “Estes eventos esportivos no Brasil gerarão uma grande procura por cursos de idiomas, o que impulsionará o setor e, consequentemente, gerará mais empregos”, diz Eliana Bessa, diretora comercial do Grupo Multi. A empresa já está recrutando profissionais para os cargos de professor, coordenador pedagógico, assessor comercial, secretária, equipes de limpeza e porteiro. Todas as vagas exigem experiência no cargo pretendido. Com mais de 150 unidades em operação, a Alps oferece cursos de inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, japonês e chinês. A rede tem interesse em expandir para todas as regiões do Brasil. Para abrir uma escola é necessário investir de R$ 35 mil a R$ 65 mil. Com faturamento mensal estimado em R$ 25 mil, o retorno é estimado entre 18 e 24 meses. www.alpsidiomas.com.br


Academia infantil Com duas unidades em São Paulo, a Bem Me Quer Sports – academia voltada só para crianças – é uma das mais novas opções do mercado de franquia. Fundada em 1997, a empresa desenvolveu uma metodologia própria que alia a prática de esportes ao conceito lúdico, com o objetivo de que as crianças pratiquem exercícios brincando. Focada nas crianças das classes A e B que possuem de dois a 12 anos, a academia oferece mais de dez modalidades esportivas, além de cursos regulares, supervisão de profissionais qualificados, preocupação com a prática de esportes, socialização e, principalmente, com a saúde dos pequenos. Além disso, a empresa oferece atendimento externo em condomínios, hotéis, escolas, eventos esportivos e temáticos, clínicas, campeonatos e passeios, entre outras atividades. Para adquirir uma franquia, é necessário dispor de aproximadamente R$ 300 mil para instalação, mais taxa de franquia de R$ 90 mil. O capital de giro é variável, dependendo do número de alunos e prestação de serviços externos. A expectativa de retorno é entre 36 e 48 meses.

www.bmqsports.com.br

Lançada no mercado de franquias em 2009, a Evolua – rede de cursos profissionalizantes – surgiu a partir da experiência de dez anos da Visual Mídia, empresa que atuava no desenvolvimento de métodos de ensino para outras escolas. A empresa já possui quatro unidades próprias localizadas no interior paulista, mais especificamente nas cidades de Ribeirão Preto, Santa Rita do Passa Quatro, Cravinhos e Porto Ferreira. A intenção é fechar 2010 com 20 unidades no Estado de São Paulo, localizadas em cidades com mais de 50 mil habitantes. A ideia é focar em cidades menores para garantir maior market share no mercado de ensino local. “Enquanto nossa pretensão é atingir 1% de todo o mercado de ensino profissionalizante do País, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, por exemplo, nossa participação é de 20%. O mesmo ocorre em Cravinhos, onde 5% de toda a população (que é de aproximadamente 30 mil habitantes) frequenta nossa escola”, afirma Leopoldo Oliveira, um dos sócios da rede. O investimento inicial para abertura de uma escola é de R$ 140 mil, com retorno estimado em 24 meses. Um diferencial da Evolua é garantir o faturamento mínimo a partir do primeiro mês de funcionamento, já que a rede só passa a escola para as mãos do franqueado após atingir um número mínimo de alunos que garanta a lucratividade. www.visualmidia.com.br

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Lucratividade garantida

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FRANQUIAS

Setor aquecido Considerada a maior rede de franquias imobiliárias do País, a Apolar Imóveis dá continuidade à expansão no Estado do Paraná. Em julho foi inaugurada a primeira franquia no interior paranaense, localizada na cidade de Ponta Grossa. Trata-se também da 62ª loja da rede, que conta com uma estrutura de 180 metros quadrados e equipe de nove corretores. De acordo com o franqueado, José Francisco de Souza Netto, a ideia é aproveitar o aquecimento do setor de construção civil na região. “Ponta Grossa cresce a cada dia que passa, com muitas empresas se instalando na região e com a construção de vários empreendimentos. Queremos atender à demanda da cidade e atrair novos investidores”, afirma o empresário. Com mais de 700 corretores imobiliários espalhados pelos estados do Paraná e Santa Catarina, a Apolar Imóveis atua na venda de imóveis de terceiros, lançamentos e locações. A previsão da empresa é que mais oito novas franquias sejam inauguradas neste ano, atingindo a marca de 70 unidades em operação. www.apolar.com.br

Abertura ou conversão Com 10 lojas próprias, uma virtual e 12 franqueadas, a UZ Games continua em ritmo de expansão por franquias. A novidade é que agora a empresa oferece mais duas possibilidades para quem deseja se tornar um franqueado da marca: a possibilidade de conversão de lojas já existentes e da abertura de quiosques em shoppings. “Pretendemos chegar a 30 lojas este ano e entrar em novos estados, entre eles Bahia, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal”, informa Marcos Khalil, sócio-diretor da rede. No caso da conversão, será feita uma avaliação minuciosa para identificar a “com-

patibilidade” entre o local e o perfil do interessado com as características da UZ Games. Após essa etapa está prevista a visita de um arquiteto para verificar a viabilidade e os custos de uma reforma para adequar as instalações ao padrão das lojas da rede. Já os quiosques são uma alternativa da franqueadora para resolver o problema da falta de espaços para novas lojas em shoppings. Segundo Khalil, neste caso a taxa de franquia será menor e o franqueado terá que assumir o compromisso de locar a primeira loja que vagar (desde que esteja dentro do padrão da rede) e pagar a diferença. www.uzgames.com.br

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Crédito dirigido

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Apostando no crescimento do mercado de franquias, o banco Itaú tem investido em soluções adequadas às necessidades do segmento. No portfólio de produtos desenvolvidos sob medida para o franchising está o financiamento rotativo específico para recebimento de royalties pela franqueadora, que traz como benefício a pontualidade dos recebimentos. Já para os franqueados, a opção se mostra uma alternativa de baixo custo para finan-

ciamento dos pagamentos de royalties em períodos de sazonalidade. O banco desenvolve ainda estudos considerando a necessidade de crédito para os franqueados de primeira viagem, ou seja, para aqueles que necessitam operar crédito a partir do nascimento da empresa, vinculando a parceria com a franqueadora. O banco oferece também opções de empréstimo e financiamento para aquisição de franquias, equipamentos, reforma

de lojas, formação de estoque e financiamento do fluxo de caixa. Há ainda as linhas de repasse do BNDES para estruturação inicial e modernização das unidades. Além disso, franqueadoras e franquias têm à disposição diversas ferramentas para otimizar pagamentos e emissão de boletos bancários, caso da Cobrança Expressa, que permite a emissão de boletos on-line e envio por e-mail – o que minimiza os depósitos em conta corrente. www.itau.com.br


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Fr a nq u i a em exp an s ão

empreendedor | agosto 2010 PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO


FERNANDO BEZERRA

Ney Gonzaga, da Marido de Aluguel

Orientadores auxiliam empreendedores Encontro reúne representantes de todo o País para trocar experiências e ouvir cases de sucesso em diferentes estados brasileiros A volta às origens marca o Programa Negócio a Negócio, do Sebrae, que em menos de 10 meses de existência já fez mais de 280 mil atendimentos em todo o Brasil. O retorno não significa um retrocesso, mas o contrário, destacou o diretortécnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, durante abertura do 1º Encontro Nacional do Programa de Atendimento Ativo Negócio a Negócio, realizado em julho, em Brasília. “Estamos retomando a função inicial do Sebrae, mas olhando para o futuro. O potencial é gigantesco. O programa Negócio a Negócio já é hoje a maior iniciativa do Sebrae, com mais de R$ 100 milhões orçados para investir.”

Mas a iniciativa não deve ser apenas dos colaboradores do Sebrae: os empreendedores têm que tomar a decisão de ir atrás de seus sonhos e, principalmente, não podem ficar apenas na iniciativa. “É preciso ter acabativa”, como destacou o palestrante Luciano Pires, autor do livro O meu Everest, convidado para ensinar a traçar metas para obter sucesso na profissão e na vida. “Acabativa”, segundo ele, é a conclusão do que se começou, não permanecendo apenas na iniciativa. “A gente esquece que tomar uma decisão não muda nada. As coisas só mudam quando alguém faz acontecer, e isso é ‘acabativa’. Meta é um objetivo com data. E

Empreender Informe do Sebrae Agosto

objetivos só se atingem com plano de ação.” Segundo ele, nesse plano devem estar contempladas quatro fases: conhecimento, criatividade, coragem e consequência. O atendimento do Negócio a Negócio é feito por meio de três visitas realizadas à empresa. No primeiro contato o agente faz um diagnóstico dos pontos fracos da empresa. Na segunda visita o agente apresenta uma análise da situação da empresa e faz sugestões de mudanças, entre elas a possibilidade de participar de palestras e cursos realizados pelo Sebrae. Na terceira e última visita, o agente verifica se a empresa está adotando as medidas


que foram sugeridas. “Nós estamos resgatando o que era feito lá atrás. A ideia é ir até um negócio que não nos demandava. O programa tem feito diferença”, afirma o gerente de Atendimento Individual do Sebrae, Enio Pinto. De sacoleira a consultora de moda Em apenas quatro meses a catarinense Tânia Mara Prestes de Medeiros abandonou a ocupação de vendedora ambulante de roupas, que fugia da fiscalização e acumulava dívidas, para a de personal stylist. No início deste ano ela se formalizou como empreendedora individual por orientação do Sebrae em Santa Catarina. O prejuízo de cerca de R$ 300 por mês se transformou em um lucro que passa de R$ 1,3 mil. Formalizada, passou a comprar diretamente da fábrica, o que diminuiu seus custos. Com a ajuda do agente de orientação empresarial Cristiano Pedrolli, do Sebrae Santa Catarina, passou a personalizar seu atendimento. Antes de ir às compras, Tânia faz pesquisas com as clientes e descobre o que elas querem, o que aumenta a possibilidade de venda e diminui seus estoques. “Quando o Sebrae chegou até mim, eu estava com um estoque parado de R$ 4 mil. Além disso, eu estava sempre com medo dos fiscais, saía de casa escondendo minha sacola. Agora tenho um

plano de negócio, me profissionalizei e parei de misturar as contas de casa com as da empresa. Hoje sei em que direção olhar e sei para aonde estou indo”, afirma a moradora de Schroeder, cidade distante 220 quilômetros da capital Florianópolis. O antigo sonho de abrir o próprio restaurante se concretizou há um ano, mas há apenas quatro meses Solange Aparecida Mendes, moradora de Pontes Lacerda, em Mato Grosso, pode dizer que se tornou empresária. No início, ela se preocupava apenas com a refeição que era preparada. “Antes eu era simplesmente uma cozinheira, me preocupava só com a cozinha. Passei a ver a empresa de outro modo, não sabia a melhor forma de gerir, não tinha organização das minhas contas. Com a orientação do Sebrae eu acho que posso crescer e virar uma rede de lanchonetes”, comemora a dona do Comilão Panquecas, localizado em Pontes Lacerda, distante 450 quilômetros de Cuiabá, que já recebeu as três visitas da agente de orientação empresarial Deusenir Meira, do Sebrae Mato Grosso.

referindo-se ao ALI, projeto que prevê visitas de representantes do Sebrae durante um ano para propor e acompanhar a implantação e desenvolvimento de técnicas inovadoras em empresas que já estão estabelecidas no mercado. Marido de aluguel se profissionaliza Após sete anos ocupado como funcionário na área da construção civil, Ney Gonzaga acumulou uma série de habilidades que utilizou para colocar em prática o desejo de ter o próprio negócio. Há um ano ele montou a empresa Ney Gonzaga Marido de Aluguel, que oferece serviços domésticos de reparação em toda a região do Distrito Federal. Há alguns meses ele recebe orientação do agente Maurício Octávio, do Sebrae no Distrito Federal, que lhe ajudou a profissionalizar o negócio. Com isso, seu lucro mensal atualmente chega a R$ 1,7 mil, o dobro do que ganhava como funcionário de empresa. “Aprendi a ser profissional, tracei um plano de negócio, aprendi a gerir meu dinheiro. Além disso, fiz cursos, participei de palestras que me ajudaram muito.” Fonte: Agência Sebrae de Notícias

O gerente de Atendimento Individual do Sebrae, Enio Pinto, acredita no potencial da empresária. “Acho que a Solange já está preparada para avançar. Já está precisando receber visitas de um agente local de inovação”, diz,

Serviço: Agência Sebrae de Notícias – (61) 2107-9110 e 2107-9106 www.agenciasebrae.com.br Central de Atendimento Sebrae – 0800-570-0800

Empreender Este informe é de responsabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sob coordenação da Gerência de Marketing e Comunicação. Presidente em exercício do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae: Roberto Simões - Diretor-presidente: Paulo Okamotto - Diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santos - Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos - Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Endereço: SEPN Quadra 515 - Bloco C Loja 32 - 70770-900 - Brasília/DF - Fone: (61) 3348-7100 - www.sebrae.com.br - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800

Agosto Informe do Sebrae Empreender


PR ODU TOS E S ER V IÇ O S

Limpeza total

empreendedor | agosto 2010

A Jani-King oferece serviço especializado de limpeza para diferentes tipos de instalações como hospitais, escritórios, hotéis, resorts, restaurantes, indústrias, cinemas e áreas esportivas. A empresa, que foi fundada em 1969 e está presente no Brasil desde 1991, tem equipe técnica especializada para atender a diferentes demandas. Os serviços da Jani-King para lugares públicos, por exemplo, incluem limpeza de camarotes, coleta de lixo, limpeza de pisos e de áreas comuns. No caso de limpeza de cinemas, a Jani-King faz desde higienização rápida entre as sessões até limpeza completa durante a madrugada. A empresa é referência também em limpeza de eventos esportivos, que de-

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mandam conhecimento especializado e pessoal altamente treinado. “Desde a limpeza de um sanitário utilizado por um atleta até uma área pública comum, tudo deve ser meticulosamente planejado. Muita gente nem imagina, mas o lixo retirado do quarto de um atleta precisa ser armazenado por sete dias, pois pode servir como prova em um episódio de dopping e mudar o resultado de uma prova ou até mesmo a decisão de uma medalha de ouro”, explica Christian Rojas, diretor de operações da empresa. A Jani-King foi a responsável pela limpeza em quatro jogos olímpicos e nos jogos Pan-Americanos realizados no Brasil.

www.janikingbrasil.com.br

Mais do que NF-e O Bloco-e é um sistema de nota fiscal eletrônica que permite a emissão, gerenciamento e a validação de notas via internet. A solução permite facilitar as operações de envio, cancelamento e inutilização de nota fiscal, processos que, em geral, são complexos com a nota impressa. O software permite a customização do perfil de cada usuário e, dessa forma, tanto empresas quanto contadores podem adaptar a interface do sistema de acordo com as ferramentas e funções que mais utilizam. A solução foi desenvolvida pela Brame Automação em parceria com a Bry Certificação Digital e a Proweb+. www.brame.com.br

Servidores refrigerados O InRow SC Systems da APC é um novo gabinete de refrigeração independente, ideal para salas de servidores e pequenos data centers. O equipamento é instalado dentro dos racks, próximo à fonte de processamento responsável pela emissão de calor no ambiente, o que permite refrigerar os servidores e economizar energia. O InRow possui um dispositivo que é acionado automaticamente à medida do uso de cada servidor. Com uma capacidade de refrigeração de até 7kW, um rack de 300 mm de largura e opções dianteiras e traseiras de contenção, esses novos sistemas de refrigeração monitoram e ajustam ativamente a capacidade de refrigeração para assegurar temperaturas de entrada apropriadas ao servidor. O sistema InRow SC é composto de uma solução de refrigeração baseada em fileiras, um gabinete rack NetShelter SX e opções de confinamento do ar. www.apc.com


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PR ODU TOS E S ER V IÇ O S

Placasupermãe A placa-mãe Big Bang Fuzion da MSI permite a utilização simultânea de duas placas de vídeo, além de suportar o uso paralelo de GPUs distintos. Equipada com o chipset P55, da Intel, a Big Bang Fuzion processa efeitos gráficos de forma mais realista e é a primeira placa-mãe a contar com uma combinação inovadora das tecnologias de áudio TruStudio PC da THX e EAX Advanced HD 5.0 da Creative. A placa foi eleita como o melhor produto na categoria IC & Components durante a Computex Taipei 2010. O preço sugerido do produto é de R$ 1.580. www.

msi.com

Elaboração de provas A Q2L é uma ferramenta on-line para elaborar provas e questionários. A solução pode ser utilizada para aplicação de provas em escolas, processos seletivos, avaliação de equipes nas empresas, feedback sobre a satisfação do cliente ou para realizar pesquisas de marketing. Com alguns cliques, o próprio usuário cria seu formulário, publica, acompanha o preenchimento e inicia a análise das respostas recebidas. Para usar o sistema não é necessário instalar ou fazer downloads. O usuário só precisa abrir o navegador de internet e escolher entre dezenas de modelos de questionários ou mesmo criar o seu próprio. O sistema de pagamento do serviço é diferenciado e a empresa contratante só paga quando alguém responder ao questionário. Até 1 mil respostas é cobrado R$ 0,10 por cada uma, e acima de 1 milhão de respostas será cobrado R$ 0,01 por item respondido. A solução foi desenvolvida pela W5 Solutions. www.q2l.com.br

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Armazenamento de imagens

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A D-Link lança a nova versão do storage DNS-726-4 com funcionalidade de NVR (Network Video Recorder) para câmeras IP. A versão atualizada do equipamento é capaz de armazenar imagens e dados gravados simultaneamente em até oito câmeras. As imagens podem ser visualizadas em tempo real, inclusive por mais de um usuário ao mesmo tempo, a partir de qualquer computador conectado à internet ou de telefone celular com tecnologia 3G. A nova versão do storage da D-Link possui dois slots

para HDs (discos rigídos) padrão Sata de até 1,5 Tb (Terabite) cada. Se os dois HDs estiverem instalados, o usuário pode configurar o modo de operação para o padrão Raid-1 (espelhamento de disco ou redundância), no qual a mesma informação é armazenada nos dois discos ao mesmo tempo. O DNS-726-4 não depende de computador ou de um sistema operacional específico, evitando problemas de travamento do sistema de gravação ou necessidade de reinicialização. www.dlink.com.br


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DI N Â M I C A E MP R EEN D ED O R A

Saber que gera resultados Competências aplicadas em situações profissionais agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a empresas

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Podemos definir competências humanas como um saber agir de forma consciente e responsiva, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, habilidades, e atitudes expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto empresarial que agreguem valor à empresa e ao indivíduo. Em síntese, é um saber que gera resultados. Podemos dividi-las em três aspectos: conhecimento, habilidade e atitude. A dimensão do conhecimento – cognitiva – corresponde a uma série de informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permitem entender o mundo. Refere-se aos saberes que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, relacionadas à lembrança de conceitos, ideias ou fenômenos. A dimensão da atitude – afetiva – refere-se a aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho. Diz respeito a um sentimento ou à predisposição da pessoa, que determina a sua conduta em relação aos outros, ao trabalho ou às diferentes circunstâncias do mundo dos negócios. A dimensão da habilidade – psicomotora – corresponde ao saber como fazer algo, fazer uso produtivo do conhecimento adquirido, com vistas ao alcance de um propósito específico. Nessa perspectiva, então, as competências humanas são reveladas (e somente assim) quando as pessoas agem diante

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das situações profissionais com as quais se deparam e servem como ligação entre as condutas individuais e as necessidades estratégicas da empresa. Assim, agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a empresas. Dentro desta perspectiva, as competências são mais essenciais que as qualificações. Não basta saber sobre alguma coisa, é fundamental que eu saiba como aplicar de forma efetiva este saber. Identificar as competências necessárias para as funções-chave de sua empresa pode ser o diferencial frente à concorrência. Isto lhe permite contratar com mais eficácia, bem como treinar seus colaboradores de forma mais efetiva. Neste binômio contratar-treinar reside uma armadilha projetiva. Explico. Uma avaliação é, por natureza, um exercício de tornar objetiva a subjetividade. E traz em si um desafio: qual é a referência? É natural que julguemos o outro baseados em nós próprios, ou nas palavras de Caetano: “Narciso acha feio tudo que não é espelho”. Admirar o outro é mirar a si próprio. Desgarrarse deste eu projetado no outro é buscar avaliar centrado nas competências do outro e não nas minhas que desejo que o outro tenha. Isto nos obriga a olhar para o outro com seus próprios olhos e não com os nossos. Mesmo tendo uma matriz de compe-

Não basta saber sobre alguma coisa, é fundamental que eu saiba como aplicar de forma efetiva este saber

por Luiz Fernando Garcia

Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

tências para a função, ainda assim tendemos a inferir cada comportamento não pelo que ele é, mas pelo que gostaríamos que fosse. Limpar estas minhas partes no outro é o desafio para que possamos contribuir com o seu próprio crescimento e desenvolvimento e não em modelar outro eu – como um desejo narcísico. Percebo que as empresas, ou melhor, os empresários, procuram contratar outros iguais a si. Parece-me que, em alguma medida, procuram tornar mais fácil a formação da equipe e reduzir os conflitos ao identificar perfis semelhantes. Esse caminho mais fácil passa a ser o mais longo. As empresas perdem a potência que advém da multiplicidade. A homogeneidade implica em que se veja o mundo da mesma forma. Em tempos de Copa do Mundo, vale pensar se 11 excepcionais centroavantes fazem o melhor time. Qualquer torcedor sabe que o melhor time é formado por 11 individualidades excepcionais, mas sintonizadas num propósito comum. Lembrei-me do filme 300 (de Esparta), onde o escudo de cada guerreiro deveria primeiro proteger a parte vulnerável de seu companheiro. A força de uma equipe está diretamente ligada à confiança que tenho no outro membro para emprestar seus aspectos mais fortes para proteger meus aspectos mais fracos. A pergunta que fica para cada empresário é: o que temo que me impede de contratar aquele que é diferente de mim?


LEITURA

Internet potencializa o poder de convencimento de consumidores, para o bem ou para o mal Com a internet, uma única pessoa irritada é capaz de disseminar instantaneamente sua opinião para milhões de outras, o que pode afetar empresas bem-sucedidas e colocar em risco a reputação de uma marca. Portanto, as companhias não podem mais se dar ao luxo de ignorar as causas e consequências dessa mídia espontânea gerada pelos clientes. “Os consumidores não são mais observadores passivos; eles na verdade definem e dão forma ao mundo dos negócios e ao mercado de trabalho do futuro”, afirma o autor, que é especialista em marketing interativo e comportamento do consumidor. O livro parte de exemplos de organizações conhecidas mundialmente – como Toyota, Dell, Nike e General Motors – para explicar como as empresas devem interpretar, analisar e reagir às mensagens dos clientes, oferecendo uma perspectiva nova e convincente que garanta a credibilidade em tudo o que fazem. Segundo o autor, alcançar 100% de credibilidade é a única maneira que as empresas têm de reagir ao potencial crítico de seus consumidores.

Geração Y

O nascimento de uma nova versão de líderes Sidnei Oliveira – Ed. Integrare – R$ 35 Compreender as novas gerações sempre foi um desafio para qualquer empresa. Especialista no desenvolvimento de lideranças, o autor quebra uma série de paradigmas e mostra que definir os jovens desta geração apenas por suas características negativas é simplista e incorreto. Afinal, eles têm muitas qualidades que são inexistentes ou pouco desenvolvidas nas gerações anteriores.

O cliente é quem manda

Pete Blackshaw – Editora Sextante – R$ 19,90

Os seis fatores determinantes para a credibilidade da empresa: CONFIANÇA: quando a empresa negocia de maneira honesta, ética e direta com o cliente, este sente que pode depender dela ou de seus produtos ou serviços; AUTENTICIDADE: companhias autênticas são consideradas verdadeiras e sinceras, consistentes e genuínas; TRANSPARÊNCIA: organizações transparentes não escondem suas práticas e políticas e tornam pública a maioria dos dados relevantes; ATENÇÃO AO CONSUMIDOR: empresas que ouvem o cliente são vistas como amigáveis, convidam ao diálogo e incentivam críticas e sugestões; RECEPTIVIDADE: uma companhia é considerada receptiva dependendo de como reage, administra e lida com o feedback dos consumidores; CONFIRMAÇÃO: julgamento coletivo de consumidores, como um consenso de “verdades” positivas ou negativas sobre uma empresa ou marca.

33 milhões de pessoas na sua rede de contatos

Como criar, influenciar e administrar um negócio de sucesso por meio das redes sociais Juliette Powell – Editora Gente – R$ 39,90 Sites como Orkut, Facebook e Twitter deixaram de ser mero modismo para se tornarem uma realidade permanente e repleta de oportunidades para empreendedores de todos os segmentos. Através de exemplos práticos, a autora apresenta quais são e o que representa cada uma das principais redes sociais, mostrando como é possível utilizá-las como instrumento para criar ou expandir um negócio.

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Cliente do século 21

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ANÁ L I S E E C ON Ô MIC A

Fundos de investimento em alta

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É notável o crescimento da indústria de fundos de investimento no País. Em 2000, o volume de recursos em gestão era de aproximadamente R$ 297 bilhões. Hoje em dia, este corresponde a aproximadamente R$ 1,5 trilhão, tendo mais que quintuplicado em pouco mais de uma década. Além disso, o Brasil conta atualmente com 354 gestoras, que são empresas especializadas na seleção de ativos para carteiras de investimento. A evolução do mercado de capitais local é uma das razões que explica este crescimento. O Brasil vem ganhando cada vez mais destaque na economia internacional, e vem chamando a atenção de grandes investidores estrangeiros, principalmente após ser elevado para grau de investimento pelas três maiores agências de avaliação de risco do mundo. O aumento no mercado de capitais traz consigo uma demanda por produtos financeiros mais sofisticados, gerando maior oferta de fundos de investimento. Além disso, o forte crescimento pode ser explicado também pelas vantagens que estes produtos apresentam. O modelo de

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CASA DA PHOTO

Antes de escolher uma opção é preciso avaliar o histórico do desempenho e se é compatível com o perfil do investidor

condomínio de recursos permite que o investidor reduza seus custos de transação dos ativos do fundo, ao diluí-los com os demais cotistas. O volume financeiro mais elevado também admite uma maior diversificação dos investimentos. Outra vantagem é que o investidor não precisa compreender profundamente o mercado de capitais nem escolher os melhores ativos, já que estas são atribuições do gestor do fundo. Visto que atualmente existem mais de 9,3 mil fundos no País, é importante agrupar estes produtos de acordo com suas políticas de atuação e com os riscos que correm. As classificações mais comuns no mercado são a CVM e a da Anbid, que usam critérios semelhantes. As categorias mais populares para o investidor pessoa física são: Renda Fixa, que prevê a aplicação em ativos atrelados

O modelo de condomínio de recursos permite que o investidor reduza seus custos de transação dos ativos do fundo e também admite uma maior diversificação dos investimentos

à taxa de juros ou à inflação; Referenciado DI, que visa acompanhar o CDI; Ações, que aplicam a maior parte dos recursos no mercado acionário; e Multimercado, cuja regulamentação permite atuar nos mais diversos segmentos, indo de juros e câmbio até bolsa de valores e derivativos. De acordo com dados da Anbima, o segmento que atualmente possui o maior volume de investimentos é o de Renda Fixa, com 27,9% dos recursos. Outro segmento forte é o Multimercado, com participação de 23,5%. Os Referenciado DI correspondem a 13,4% do patrimônio da indústria, enquanto os fundos de ações são 10,6%. A seleção de um fundo de investimentos deve ser efetuada com cuidado. Primeiro, é essencial que o perfil do investidor esteja alinhado com a política de investimentos do produto. Além disso, uma análise histórica do desempenho do produto é essencial, para atestar a qualidade do trabalho do gestor. Por fim, vale acompanhar se o fundo está acompanhando os índices de referência, que costumam ser o Ibovespa no mercado acionário e o CDI na renda fixa.

por Rodrigo Costa Laurindo

Profissional da Leme Investimentos


Nome Ação All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods CCR Rodovias Cemig Cesp Cielo Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Ecodiesel Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner MMX Miner MRV Natura Net OGX Petroleo P. Açúcar-CBD PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo

Tipo Ação UNT N2 PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON PN PNB ON PNB ON ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON ON ON ON PN ON PNA ON ON PN ON ON ON ON ON PN PNA ON PN PN ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN

Inflação (%)

Até 25/06

Participação Bovespa

Junho

Variação % Ano

1,379 0,964 0,643 4,700 3,125 0,886 0,480 1,973 0,598 2,183 0,674 1,326 0,837 1,993 0,620 0,813 0,582 1,894 0,639 0,751 1,062 0,870 0,730 0,852 1,805 1,667 0,872 3,212 1,064 100,000 2,495 3,777 0,994 0,437 0,529 0,960 1,169 1,189 1,227 1,092 0,902 0,830 2,615 0,781 2,245 2,583 9,905 1,722 1,161 0,381 2,277 0,511 0,849 0,298 0,308 1,070 0,196 0,172 0,938 0,267 0,543 0,603 2,537 2,576 9,893 0,774

4,4 7,7 6,7 4,9 -0,5 -2,2 5,8 4,3 19,4 9,7 -1,2 0,8 17,3 6,5 5,5 8,9 7,1 6,1 7,6 9,6 9,1 11,4 19,8 2,3 0,2 4,2 -0,1 0,5 8,9 2,8 4,2 -0,3 11,7 7,6 7,8 8 9 12,6 9,5 14,6 6,8 -1,5 14,6 8,5 5,2 -6 -5,7 2,4 3,8 2,9 0 2,6 10,4 -1,1 11,3 -5,4 5,8 3,9 2,4 3,9 7,1 11,6 11,2 -3,8 -2,2 -2,4

-7,1 8,1 -31,5 6,1 -8,3 -4,9 -24,9 -5,3 -8,5 12,6 -7,4 -4,3 7,6 10,8 -3,4 -11,7 15,6 -12,5 3,6 -16,5 -3,4 -2 20,3 5,7 -24,4 -18 -8,8 -13,3 -12,5 -5,5 0,1 -9 -12,8 2,4 -7,7 -21 -12,6 27 20,4 -2,3 14,2 -23,8 8,7 -1,6 -6 -22,1 -22,8 0,6 -10,1 5,3 2,9 21,9 -26,2 -17,5 -2,7 -16 -8,5 1,8 1,5 -4,1 10,9 0,5 3,7 -2,2 0,2 -6,6

Índice

Junho

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

0,85 0,34 0,00 0,04

5,69 5,48 3,09 3,10

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Junho

Ano

0,791 0,861 0,559 2,917

4,28 4,30 3,23 19,52

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Junho

Ano

0,17 0,092

0,65 0,23

Juros/Crédito (%) 23/Junho

24/Junho

Desconto 1,85 Factoring 3,92 Hot Money 3,36 Giro Pré (taxa mês) 2,06

1,85 3,94 2,05 2,05

Câmbio

Até 23/06

Cotação Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)

R$ 1,7572 US$ 1,3100 $ 86,4304

Mercados Futuros

Dólar Juros DI

Em 28/05

Agosto

Setembro

R$ 1.757,00 10,61%

R$ 1.764,50 10,64%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

28/08 68.810

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Carteira Teórica Ibovespa

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AGENDA

De 13 a 16/09/2010

BEM ENCAMINHADO

Equipotel

Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP – www.equipotel.com.br

De 13 a 15/09/2010

Expo.Logística Rio de Janeiro

Hotel Intercontinental Rio de Janeiro – RJ www.expologistica.com.br A Expo.Logística é um dos principais pontos de encontro dos executivos do setor. A feira reúne empresas prestadoras de serviço logístico, de distribuição e de comércio exterior. Paralelamente ao evento é realizado o Fórum Internacional de Logística, onde são divulgadas pesquisas sobre o setor.

De 23 a 27/08/2010

Interplast – Feira e Congresso Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico

Complexo Expoville – Joinville – SC www.interplast.com.br

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Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP www.officepaperbrasil.com.br

De 28 a 31/08/2010

De 30/08 a 3/09/2010

A Beauty Fair é uma feira internacional de cosméticos e beleza voltada para distribuidores, varejistas e cabeleireiros. Durante o evento são realizados workshops de negócios, congresso de manicures e fórum de empreendedorismo.

Feindi – Feira de Subcontratação & Negócios da Indústria

Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP – www.feindi.com.br

Reúne toda a cadeia de subcontratação industrial. Empresas fornecedoras e prestadores de serviço e de insumos apresentam os lançamentos do setor. Durante o evento são realizadas rodadas de negócios entre segmentos da indústria, comércio e serviços.

Office Paper Brasil

Empresas do setor plástico de diferentes regiões do País e do exterior apresentam novidades em matériasprimas, periféricos e serviços na sexta edição da Interplast. Durante o evento é realizado o Cintec Plástico, congresso de inovação tecnológica do setor. São esperados 35 mil visitantes.

Expo Center Norte São Paulo – SP www.beautyfair.com.br

De 14 a 16/09/2010

De 30/08 a 2/09/2010

Mais de 400 expositores apresentam novidades em suprimentos e acessórios para escritórios, papelarias e escolas. A feira tem como público-alvo varejistas do setor e compradores corporativos que são responsáveis pela aquisição de suprimentos de escritórios para empresas. O Office Paper Brasil é realizado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf ).

Beauty Fair – Feira Latino-Americana de Cosméticos e Beleza

Uma das maiores feiras de hotelaria e gastronomia da América Latina. Mais de 1 mil empresas do setor apresentam novidades em equipamentos, produtos e serviços para hotéis, flats, motéis, restaurantes e fast-foods. São esperados 50 mil visitantes.

Fenasucro – Feira Internacional da Indústria Sucroenergética

Centro de Eventos Zanini Sertãozinho – SP www.fenasucroagrocana.com.br

Referência para o setor sucroalcooleiro, reúne produtoras de bens e serviços relacionados à indústria da cana-de-açúcar. Na abertura é realizado o Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool. Paralelamente é realizada a Agrocana, feira de negócios e tecnologia da agricultura da cana-de-açúcar.

De 14 a 17/09/2010

Metalurgia – Feira e Congresso Internacional de Tecnologia em Fundição, Siderurgia, Forjaria, Alumínio e Serviços

Expoville – Joinville – SC www.metalurgia.com.br

A Metalurgia é uma feira bianual que reúne empresas do Brasil e do exterior do setor de fundição. Mais de 200 expositores apresentam novidades em tecnologia para siderurgia, forjaria, alumínio e serviços.

De 27 a 29/09/2010

Fruit & Log – Feira Internacional de Frutas e Derivados, Tecnologia do Processamento e Logística

Expo Center Norte – São Paulo – SP www.fruitetech.com.br

Criada para ampliar as oportunidades de produção, logística, distribuição e negócios de toda a cadeia de frutas, legumes, verduras e seus derivados. A feira é exclusiva para produtores, supermercadistas e empresas da indústria alimentícia.


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