Franquias: postos de combustíveis atraem redes Estratégia: expansão do e-commerce para loja física
www.empreendedor.com.br
ANO 16 N o 193
NOVEMBRo 2010 R$ 9,90
empreendedor – MERCADOS É TNICOS – ANO 16 N o 193 NOVEMBRo 2010 IS SN 1414-0 152
Mercados étnicos Produtos e serviços que atendem necessidades específicas de etnias têm procura crescente
Erik Camarano fala sobre as ações para estimular a formação de empreendedores inovadores no País
2
empreendedor | novembro 2010
3
empreendedor | novembro 2010
NES TA EDI Ç Ã O
20
MERCADOS ÉTNICOS
Nem todo mundo é igual, cada etnia possui suas características. Negros e asiáticos, judeus e árabes muçulmanos, por exemplo, são nichos de negócio crescente, tanto no mercado interno do País quanto no exterior. O interesse vai de comidas especialmente preparadas para não ferir restrições de ordem religiosa, produtos e serviços de higiene e beleza a pacotes turísticos. Saiba como operar nesses mercados e que cuidados tomar.
34 | SUSTENTABILIDADE Puro marketing
empreendedor | novembro 2010
Conheça os perigos de promover eventos sustentáveis, ações e campanhas nas quais a sustentabilidade é puro marketing, com o único intuito de enganar os consumidores, que não são bobos e já sabem identificar quando é apenas fachada.
4
36 | ESTRATÉGIA Do virtual para o real
O mais comum são as lojas tradicionais expandirem para o mercado virtual. Mas alguns empreendedores fazem o contrário: começam como lojas virtuais e depois migram para o mercado tradicional. Veja que cuidados devem ser tomados nesta transição.
14 | ENTREVISTA Erik Camarano, do MBC
40 | PERFIL Guilherme Pacheco, do Mundi
30 | TENDÊNCIA Sob medida
46 | FRANQUIAS Postos de serviço
O presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC) fala sobre as ações para estimular a inovação entre os empresários e para criar um ambiente propício para o desenvolvimento das empresas.
Cresce o número de centros empresariais especialmente estruturados e equipados para receber empresas de determinados setores, como tecnológico, por exemplo. Conheça as vantagens e desvantagens de se estabelecer num local como estes.
Espelhe-se na história deste jovem empreendedor serial da internet. Aos 22 anos, Guilherme Pacheco estourou com o pioneiro Bondfaro, e hoje capitaliza o portal Mundi.
É cada vez maior o número de postos de combustíveis que possuem lojas de conveniência e serviços diversificados, como lavanderia e lanchonetes. Entenda melhor esse sistema e as oportunidades existentes.
LEIA TAMBÉM 8 12 56
EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS
62 64 66
LEITURA ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA
5
empreendedor | novembro 2010
editorial
A
interação entre diferentes povos é relativamente recente na história da humanidade, sendo as trocas comerciais um dos fatores predominantes para este processo. A expansão grega levou a um maior relacionamento com o norte da África, as transações dentro do Império Romano intensificaram a relação entre etnias ocidentais e do Oriente Médio, e a Rota da Seda permitiu um contato mais frequente entre ocidentais e povos do Extremo Oriente. Se este último é reconhecido como o maior eixo comercial e cultural de todos os tempos, a globalização da economia, no entanto, é quem possibilitou o grande boom dos mercados étnicos. A cultura, a religião e até mesmo diferenças biológicas de cada etnia geram necessidades específicas que precisam ser supridas, estejam onde estiver. No Brasil, por exemplo, notoriamente reconhecido pela miscigenação. As oportunidades não dizem respeito apenas à exportação, elas estão por todo o território, especialmente nas grandes cidades e áreas de colonização. E, o melhor, são produtos e serviços “naturalmente diferenciados”, livres de guerras de preços. Todo cuidado é pouco, no entanto, como em toda questão cultural ou religiosa. Qualquer deslize pode ser fatal, comprometendo o futuro do negócio. Por isso é preciso muita pesquisa e planejamento, treinamento rigoroso e certificação dos produtos quando necessário. Cuidados como esses ajudam ainda a abrir mercado entre pessoas que não fazem parte da etnia ou religião a que se destinam os produtos, pois são vistos como garantia de qualidade, responsabilidade social e segurança alimentar. Não perca tempo. Saia de seu mundinho e conquiste consumidores de todos os povos.
empreendedor | novembro 2010
Alexsandro Vanin
6
A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo e PhotosToGo – Foto da capa: PhotosToGo – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Samantha Arend [anuncios@ empreendedor.com.br] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Telefone (48) 3216:0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende
7
empreendedor | novembro 2010
em p reendedo r es
Alê e Cadu Heilberg
empreendedor | novembro 2010
Novo fôlego
8
Em janeiro de 2010, os irmãos Carlos Eduardo Heilberg, 26 anos, e Alessandra, 24, decidiram juntar suas competências e assumiram a marca Bondinho, tradicional empresa do segmento de chocolates e confeitos, fundada há 33 anos, em São Paulo. Menos de um ano depois, os sócios já anunciam a expectativa de dobrar o faturamento ainda em 2010. O resultado é consequência dos investimentos feitos na qualidade dos produtos e no atendimento ao cliente. A loja conta com vendedoras formadas em Hotelaria e Gastronomia e com domínio técnico sobre cada produto da loja. Além disso, oferece cursos gratuitos para auxiliar no aprimoramento de confeiteiros e também do público final. Considerado o supermercado do confeiteiro, o Bondinho vende mais de 15 mil produtos nacionais e importados, entre chocolates, confeitos, embalagens, equipamentos, utensílios e artigos de festas. Alê Heilberg é formada em Gastronomia, com pós-graduação pela Escola de Confeitaria de Chicago, a The French Pastry School, e fez questão de desenvolver uma linha de produtos especiais com sua assinatura. Aliás, foi a paixão pelo chocolate e por bolos decorados que despertou em Alê a vontade de ter seu negócio na área. Para realizar seu sonho, convidou o irmão Cadu para entrar como sócio na Bondinho. Formado em Administração de Empresas e Empreendedorismo, com especialização em vendas e comércio exterior, Cadu já atua como empreendedor no segmento de casas noturnas desde os 22 anos. No Bondinho é responsável pelas áreas de gestão e marketing.
www.bondinhochoc.com.br
Eric Stöcker
Negócio limpo provocam patologias decorrentes de contaminação microbiana e cria uma camada protetora durante seis meses. É uma arma na prevenção de doenças como rinite alérgica, asma, bronquite alérgica e sinusite. Sem concorrentes no segmento, Stöcker promete bons negócios para os franqueados da marca. O investimento inicial é de R$ 90 mil e o faturamento estimado é de R$ 45 mil ao mês, com lucro líquido de 15% a 20%. Há flexibilidade de ponto comercial, pois o serviço é realizado com unidades móveis de aplicação. Além de reduzir os custos operacionais, a utilização das viaturas personalizadas garante uma divulgação eficaz. www.supersan.com.br
Hélio Vanelli, Alfredo Vanelli e Fernando da Silva
Algo a mais
A Officeform poderia ser só mais uma fabricante de móveis e estofados não fosse o espírito inquieto de seus sócios, Hélio Vanelli, Alfredo Vanelli e Fernando Fernandes da Silva. Desde que criaram a empresa, em 2000, a ideia dos empreendedores era atender a um mercado conhecedor das tendências mundiais. Para alcançar a proposta, eles decidiram apostar em design. Por isso, firmaram uma parceria com o estúdio paulista Nada se Leva, de André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro. Para atender a um mercado crescente, a marca inaugurou recentemente seu novo e moderno parque fabril, instalado na cidade de Santo Amaro da Imperatriz, próximo a Florianópolis. A empresa produz estofados das mais diferentes formas e materiais. São peças componíveis para formar sofás de canto, com chaise e recamiê, variações de poltronas e pufes, além de mesas de centro e laterais. Toda madeira utilizada é de reflorestamento.
www.officeform.com.br
empreendedor | novembro 2010
Sanitização de ambientes era um mercado totalmente desconhecido no Brasil quando, em 2002, o administrador Eric Stöcker decidiu apostar no segmento. Hoje, aos 36 anos, ele é sócio-diretor da SuperSAN, uma rede de franquias com 47 unidades distribuídas pelo País, que espera faturar R$ 4,8 milhões em 2010. Para Stöcker, o negócio está só começando. A meta é chegar a um faturamento de R$ 18 milhões já em 2011. A SuperSAN atua com a desinfecção de superfícies de amplo espectro e alta durabilidade. O processo, aprovado pela Anvisa, elimina e impede a proliferação de bactérias, ácaros e fungos que
9
em p reendedo r es
Gilberto Leandro
empreendedor | novembro 2010
Originalidade e descontração
10
A primeira loja da Banca de Camisetas surgiu em 2002 numa garagem no bairro de Vila Madalena, em São Paulo. A proposta de seu fundador, Gilberto Leandro, era vender camisetas com estampas criativas e bem-humoradas em uma loja inspirada nas bancas de revistas. Agora, Leandro quer levar seu negócio para todo o Brasil. Hoje, a Banca de Camisetas tem quatro lojas próprias em São Paulo e outras seis franqueadas em Campinas, Piracicaba, Santa Barbara D’Oeste (SP), Brasília, Palhoça (SC) e Fortaleza. A expectativa é fechar 2010 com 70 mil camisetas vendidas e um faturamento de R$ 3,5 milhões. A meta para 2011 é crescer 30%. Para isso, Leandro está investindo no fortalecimento da marca e na ampliação do mix de produtos, inserindo itens como bonecos, canecas e bonés. A empresa espera em breve lançar um clube de vendas virtual em sua loja on-line onde venderá excedentes de coleções antigas a preços promocionais. A originalidade e a descontração das camisetas são o forte da marca. Em suas estampas frequentemente estão ícones da música pop e do cinema, além de frases bem-humoradas de temas do cotidiano, ou ainda desenhos exclusivos. www.bancadecamisetas.com.br
Sylvio Avilla, Guilherme Pizzini e Arthur Davila
Leilão virtual
Tudo começou num papo de bar. Sylvio Avilla havia morado na Alemanha, onde conheceu um site de leilão virtual em que o produto é arrematado por quem dá o último lance no tempo estipulado. Há dois anos, numa conversa informal com os amigos Guilherme Pizzini, Arthur Davila e Rodrigo Ferreira, ele propôs uma parceria para investir neste negócio aqui no Brasil. Nascia o Olho no Click. Com investimentos próprios, eles compraram a plataforma tecnológica, fizeram um plano de negócios e colocaram o portal para rodar. Um ano e meio depois, já registram mais de 300 mil usuários cadastrados e um crescimento de 215%. O portal já entregou mais de 3 mil produtos e a expectativa para 2010 é chegar a 5 mil. Atualmente eles recebem uma média de 250 mil lances por mês. Seus produtos (todos novos e com garantia) são arrematados, em média, por 90% abaixo do valor de mercado. Recentemente, um iPad foi arrematado por R$ 44. O faturamento do portal vem dos pacotes de lances que o usuário deve adquirir antes de participar dos leilões.
www.olhonoclick.com.br
Aline Palma, Roberta Rammê e Michele Raimann
Arquitetas com atuação no mercado gaúcho, elas focavam o mesmo segmento, mas em escritórios diferentes. Recentemente decidiram juntar suas empresas, a Verso Arquidesign e a M2.R Design, para criar a Maena, um escritório focado no desenvolvimento de projetos de arquitetura e design para clientes corporativos. Aline Palma, Roberta Rammê e Michele Raimann têm em seus portfólios clientes como Cyrela, Sony, BN Corp, BR Supply, Fiateci, Crispy Fritas e Casa Ferdinando Zattera. Elas também integram a equipe envolvida no desenvolvimento do Trend City Center, empreendimento multiuso da construtora Maiojama, em Porto Alegre. A Maena assina o projeto conceitual das fachadas, o projeto arquitetônico do Open Mall, além da sinalização do conjunto. www.maena.com.br
empreendedor | novembro 2010
União de forças
11
NÃO DURMA NO P O NT O
mude, mas para valer! “Tudo continua como dantes na casa de Abrantes.” Assim pensam os deterministas diante de um novo ano. Uma mera mudança de calendário, ritualizada pelo Natal e réveillon, para que tudo volte ao “normal”, naquela mesma e tradicional roda-viva. Mas o filósofo Heráclito, no longínquo ano 500 a.C., ensinava o contrário: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Ou seja, nem o rio é o mesmo, nem o banhista é o mesmo. Então, tudo muda! Nessa época do ano é comum nas empresas o exercício do planejamento estratégico. Uma parte do planejamento se volta à construção de cenários futuros a partir das tendências dos vários ambientes: econômico, social, demográfico, político, cultural, tecnológico, etc. A partir daí os empreendedores e estrategistas avaliam o conjunto de forças que se avizinham, algumas tidas como ameaças, outras como oportunidades. A avaliação do ambiente externo é confrontada com a avaliação do ambiente interno, ou seja, o conjunto de pontos fortes e fracos da empresa. A partir da confluência dessas forças, determinamse os planos de ação para o novo ano. Mas o que Heráclito quis dizer há 2,5 mil anos parece estar sendo confirmado pela moderna física quântica, quando afirma que o observador afeta o objeto que observa. Traduzindo: talvez mais importante e melhor do que compreender ou
tentar adivinhar o futuro, agindo a partir de um cenário imaginado, seria qualificar o olhar do observador. Isso se faz revendo continuamente os pressupostos e preconceitos. Esse, sim, é o maior de todos os desafios! E nenhum planejamento estratégico consegue superar em poder e força essa verdadeira mudança.
O mesmo rio
Muitas pessoas e empresas se sentem aprisionadas numa roda-viva sem fim, destituída de significado. Para tais pessoas e empresas, a vida simplesmente passa por elas. São espectadoras, não agentes. Só conseguem pensar em sua própria sobrevivência e mais nada. Sua perspectiva permanece no pequeno trajeto do prato à boca. Lutam entre o estresse e o tédio. Nem sempre, porém, a essa triste estagnação corresponde o mesmo e parado rio. O rio ainda é o mesmo e sem movimento, quando pessoas e empresas estão entregues a um ritmo frenético de afazeres, sufocados por uma agenda abarrotada em dias que parecem curtos diante de tantas tarefas. Mas também pode ser exatamente o mesmo quando fica revolto, as águas agitadas em trechos de vibrantes corredeiras. Na falta de propósito, o desafio permanece o mesmo e canhestro horizonte de garantir o pão de cada dia. Eis a questão: o verdadeiro significado não pode ser encontrado no ambiente
externo. O verdadeiro propósito não está relacionado às tendências que delinearão o futuro, mas ao olhar que desenha e imagina esse futuro. O rio muda quando muda o olhar de quem o vê.
O bom da história
Tudo o que um cenário futuro pode nos sugerir são coisas para fazer. Diante de um olhar que não muda, o máximo que se consegue é transformar uma agenda lotada em abarrotada e pessoas apressadas em assoberbadas. Ou seja: mais do mesmo. É claro que os movimentos do ambiente externo são importantes, mas se o olhar que os examina é o mesmo, essas informações de nada servirão. E todos os planos de ação serão apenas cópias atualizadas dos anteriores, nada mais. Daí tudo ser como dantes, determinado, cristalizado, fortalecendo a crença de que a mudança de ano é uma mera mudança de calendário. Mas um novo rio é o grande desafio! E ele se transforma diante do olhar do observador. É aí que está a verdadeira mudança, a metanoia. Implica em tomada de consciência. Faz parte do nosso propósito maior. E aí é que está o bom da história. Não se trata de um desafio apenas para desenvolver negócios e empresas. Trata-se de um desafio para toda a humanidade. Alinhar o propósito interior com os desafios externos é a base para a mudança bem-sucedida.
empreendedor | novembro 2010
Metanoia
12
Talvez mais importante e melhor do que compreender ou tentar adivinhar o futuro, agindo a partir de um cenário imaginado, seria qualificar o olhar do observador. Isso se faz revendo continuamente os pressupostos e preconceitos
Essa mudança de olhar ou expansão de consciência recebe o nome de metanoia. É decorrente de um processo interno, não dos acontecimentos externos. Não existe uma sequência de passos lógicos que possam criar essa condição, mas podemos adotar algumas práticas para estimular a consciência e colocar em xeque algumas “verdades” que têm governado e aprisionado o pensamento organizacional há muito anos. 1) Quadruplique a autoridade da sua equipe. Comece pelos líderes e depois para todos na empresa. Conceda-lhes maior alçada para despesas.
por Roberto Adami Tranjan
Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net
aliado. Com isso, nada de carta na manga! Coragem! Defina preço sem acrescentar nenhuma “gordurinha”. Aposte na transparência. 7) Faça com que todos os líderes da empresa reservem dois dias por mês para visitas a clientes. Abra, também, o mesmo precedente para todos os funcionários da empresa, nem que seja duas vezes por ano. Se estranhar algumas dessas sugestões, pense a respeito. Observe suas reações e seus receios. Tente examiná-los de maneira diferente. Essa é a educação do olhar. A única que garante a verdadeira mudança. Pratique e verá os resultados! Você vai se surpreender. Positivamente.
Muitas pessoas e empresas se sentem aprisionadas numa roda-viva sem fim, destituída de significado. Para tais pessoas e empresas, a vida simplesmente passa por elas. Só conseguem pensar em sua própria sobrevivência e mais nada
empreendedor | novembro 2010
2) Não se restrinja a oferecer apenas as informações necessárias para que as pessoas façam o seu trabalho da maneira mais eficiente. Vá além: divulgue os dados sobre os resultados e as estratégias. Faça com que todos compreendam o contexto em que estão inseridos, para que possam, de fato, enxergar o verdadeiro significado de seu trabalho. 3) Pense na sua empresa como uma empresa de aprendizado, uma verdadeira sala de aula, onde as pessoas ampliem seus conhecimentos. Continuamente. Imagine cada uma delas voltando para casa, no final do expediente, com a estatura mais elevada. Não pare por aí! Aloque 4% do faturamento bruto para despesas com aprendizado. Crie uma conta de “aumento do capital intelectual”. 4) Responda “eu não sei” sempre que alguém procurar você para dar respostas às demandas e dúvidas diárias. “Eu não sei” fará com que você contenha o ímpeto de ser a fonte do poder e do conhecimento, mas, principalmente, levará seus colaboradores a buscar respostas por conta própria. Isso lhes dará chance de desenvolver a curiosidade e a iniciativa. 5) Mude o tom e o tema das conversas: fale mais de receitas do que de custos; mais de oportunidades do que de problemas; mais de inovação do que de melhorias. 6) Pense no cliente como um grande
DIRIGENTE LOJISTA, A REVISTA DO VAREJO BRASILEIRO
www.dirigentelojista.com.br 13
eNTR EV I S TA
Erik Camarano
de igual para igual Empresas e governos precisam modernizar a gestão e investir em inovação para os produtos brasileiros ganharem competitividade
por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br
empreendedor | novembro 2010
colaborou Marlon Aseff
14
Criar um ambiente propício para o desenvolvimento das empresas brasileiras tem sido o desafio do Movimento Brasil Competitivo (MBC) desde sua criação, em 2001. A proposta inclui não só a modernização da gestão de empresas, especialmente de micro e pequenos negócios, como também o estímulo e a difusão de práticas que aumentem a eficiência do poder público.
Às vésperas de completar uma década de atuação, o movimento comemora resultados bastante positivos. Na área empresarial, o Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil), criado em 2004 em parceria com o Sebrae, Fundação Nacional da Qualidade e Gerdau, bate recordes de participação a cada ano. Em 2009 foram 57 mil inscritos; em 2010, 86 mil. Na área pública, o Programa de Modernização da Gestão Pública (PMGP), criado em 2005, já conseguiu ganhos de
R$ 13 bilhões em redução de despesa e aumento de receita. “Estamos começando a entrar no jogo do ganha-ganha, onde os governos conseguem melhorar questões de infraestrutura, saúde e segurança, ajudando a gerar um ambiente de negócios mais competitivo para as empresas”, afirma Erik Camarano, presidente do MBC. À frente da organização desde abril deste ano, Camarano destaca na entrevista a seguir quais as principais conquistas e os maiores desafios do Brasil para aumentar a competitividade nacional.
E quais os fatores que ainda nos puxam para baixo? Camarano – Quando a gente observa fatores mais críticos, que podem se constituir em eventuais gargalos ao crescimento, percebemos que eles estão concentrados em três ou quatro grandes blocos. E o primeiro deles é a infraestrutura. Nos últimos anos tivemos modernização significativa em áreas como energia e telecomunicações, mas a parte de transporte, por exemplo, deixa muito a desejar. O relatório do Fórum Econômico Mundial aponta uma necessidade de investimento da ordem de 5% do PIB em infraestrutura de transporte. É o que precisamos para evitar que o problema se torne um gargalo ao nosso desenvolvimento. O nível de investimento público e privado ainda é muito abaixo desse índice? Camarano – Hoje estamos investindo só metade disso, 2,5% do PIB, somando recursos públicos e privados. Obviamente que não podemos resolver o problema só com dinheiro público. É preciso uma combinação de investi-
mentos para que possamos garantir que a boa fase da economia não seja só de curto prazo. Pesquisas mostram que os empresários brasileiros reconhecem a importância da inovação para aumentar a competitividade. Mas na prática eles investem muito pouco nessa área – média de 0,6% do faturamento. Como mudar essa situação? Camarano – O que precisamos levar em consideração é que temos um perfil de país um pouco diferente de outras economias do ponto de vista de investimentos privados em inovação. No relatório elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, por exemplo, a capacitação de funcionários aparece como um fator positivo, que diferencia o Brasil de outras nações. Na verdade, a nossa leitura é de que esse investimento significativo em qualificação da mão de obra é mais uma forma de suprir uma lacuna do sistema educacional do que um diferencial das empresas brasileiras. Ou seja, estamos sendo forçados a direcionar mais recursos para resolver deficiências de formação dos trabalhadores, enquanto poderíamos estar investindo esses mesmos recursos em pesquisa e desenvolvimento. Minha impressão é de que essas duas coisas estão combinadas. A questão educacional já atingiu um nível de gargalo, ou seja, estamos com um problema sério de competitividade por conta disso? Camarano – O fato é que o Brasil passou por um desafio muito grande, que foi fazer a inclusão de estudantes. Se olharmos estatísticas de 20 anos atrás, tínhamos muitas crianças fora da escola, alta taxa de analfabetismo e um número baixíssimo de escolaridade média. Em função disso, foi necessário fazer um esforço de inclusão e conseguimos isso com muito sucesso. Mas agora temos que entrar numa segunda etapa, que é de qualificação de ensino. Essa prerrogativa, inclusive, está no Relatório Mundial de Competitividade. Quando analisamos as provas internacionais de avaliação de desempenho estudantil, vemos que o brasileiro ainda apresenta um resultado muito fraco.
Não podemos resolver o problema só com dinheiro público. É preciso uma combinação de investimentos para que possamos garantir que a boa fase da economia não seja só de curto prazo
Como mudar isso? Já estamos mudando? Camarano – Na nossa leitura, só conseguiremos mudar isso com três iniciativas: investimento na formação dos professores, melhoria da gestão escolar com foco em resultados – medidos principalmente pelo desempenho estudantil – e avaliação externa dos resultados. Esse é um desafio que nós começaremos a viver agora. Uma coisa interessante, abordada pelo Relatório Mundial de Competitividade, é que temos bom desempenho nas avaliações do ensino superior. Isso é resultado de uma estratégia importante na década de 1970, mas sabemos por estudiosos do assunto que a variável com maior impacto no crescimento econômico sustentável de um país é o ensino fundamental. Por isso, hoje precisamos correr atrás para melhorar o ensino básico. As pequenas empresas são mais afetadas pelos fatores que comprometem a competitividade nacional? Camarano – Desde 2004 o MBC realiza o Prêmio de Competitividade
empreendedor | novembro 2010
O Brasil em comparação a outros países é pouco competitivo? Quais os principais fatores que afetam a competitividade nacional? Erik Camarano – Recentemente, o Movimento Brasil Competitivo divulgou, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, o Relatório Global de Competitividade, um documento que traz informações importantes para orientar nossa agenda de desenvolvimento do País. Embora a manchete na imprensa tenha sido a perda de posição no ranking – saímos de 56º para 58º, numa lista de 139 países –, a verdade é que temos tido uma melhoria constante nos últimos cinco anos nos 12 critérios avaliados pelo Fórum. Quando analisamos os fatores-chave para esse processo, fica claro que temos características muito positivas puxando nossa nota de competitividade para cima. Dentre elas, o tamanho do mercado interno brasileiro – o 10º maior mercado mundial – e a nossa capacidade de inovação, especialmente na área empresarial.
15
eNTR EV I S TA mais de dez governos estaduais e várias prefeituras de todo o Brasil e, de 2005 a maio de 2010, computamos R$ 13,3 milhões de ganhos com aumento de receita e diminuição de despesas. O que fizemos foi capacitar servidores para que eles aprendessem um conjunto de ferramentas de gestão que permite que o setor público faça mais com a mesma carga de impostos recolhidos. Estamos começando a entrar no jogo do ganhaganha, onde os governos conseguem melhorar questões de infraestrutura, saúde e segurança, ajudando a gerar um ambiente de negócios muito mais competitivo para as empresas. Isso aconteceu, por exemplo, em Pernambuco, onde a taxa de criminalidade diminuiu significativamente, e no Rio de Janeiro, com a melhoria na área de saúde, incluindo entrega fracionada de remédios. Estamos convencidos de que essa é uma mudança de cultura que veio para ficar. Nas eleições, governadores de estados onde o programa foi realizado foram reeleitos no primeiro turno ou fizeram seus sucessores. Isso mostra que gestão por resultados dá votos.
empreendedor | novembro 2010
para Micro e Pequenas Empresas, o MPE Brasil. O que observamos é que existe um processo de conscientização dessas empresas de que ferramentas de gestão não são exclusividade nem privilégio de grandes negócios. Neste ano, por exemplo, 86 mil empresas de todo o Brasil se inscreveram no prêmio para mostrar suas práticas. Isso é muito importante à medida que ainda temos estatísticas ruins de curto tempo de vida das micro e pequenas empresas – cerca de três a quatro anos. Precisamos apoiá-las com conceitos básicos de gestão para garantir que elas possam gerar emprego e renda de forma permanente.
16
O que fazer para que esses conceitos que o senhor se refere também cheguem à gestão pública? Camarano – Estamos fazendo um esforço combinado, trabalhamos na gestão privada e na gestão pública. Na gestão privada, nosso diagnóstico é de que as empresas médias e grandes já trabalham com processos bastante avançados. São empreendimentos que estão crescendo e se expandindo para fora do País, portanto, estão abertas à competição internacional. Isso fez com que, nos últimos 20 anos, elas buscassem capacitação e instrumentos para modernizar sua gestão. Hoje temos até empresas que exportam um estilo de gestão brasileito, como AmBev, Gerdau e Odebrecht. Então, percebemos que precisávamos reproduzir esse modelo nos negócios menores. E, junto com isso, desenhamos em 2005 um Programa de Modernização da Gestão Pública (PMGP). Ele nasceu da constatação de que o empresário fazia um esforço muito grande para aumentar sua competitividade da porta da fábrica para dentro, mas quando o caminhão saía do pátio começavam os problemas: custo alto do frete, segurança pública precária. Ou seja, identificamos que era preciso modernizar a gestão pública para liberar mais recursos para investimentos em áreas como infraestrutura e segurança. Quais os resultados do programa? Camarano – Já trabalhamos em
Somos forçados a direcionar mais recursos para resolver deficiências de formação dos trabalhadores, enquanto poderíamos investir esses mesmos recursos em pesquisa e desenvolvimento
O senhor está otimista com relação ao futuro da gestão pública? Camarano – Pode-se dizer que o Brasil está vivendo na área da gestão pública uma revolução silenciosa. É silenciosa porque ainda estamos enxergando só a ponta do iceberg. Começamos o programa no Poder Executivo, mas esse mesmo movimento já está acontecendo na área do Judiciário. Primeiro fizemos um projeto piloto no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e hoje já iniciamos um processo dentro do Conselho Nacional de Justiça para modernização da gestão de todos os tribunais nos estados. É um momento positivo que, temos certeza, não é temporário.
LINHA DIRETA Movimento Brasil Competitivo: (61) 3329-2102
17
empreendedor | novembro 2010
18
empreendedor | novembro 2010
19
empreendedor | novembro 2010
empreendedor | novembro 2010 photostogo
CA PA
20
Públicos exigentes
Atender necessidades de etnias é um mercado crescente e promissor, mas altamente delicado por Mônica Pupo
Com mais de 188 milhões de habitantes, o Brasil é mundialmente conhecido pela miscigenação de povos e culturas. Negros, asiáticos, árabes e judeus estão entre as etnias que mais se sobressaem – e que representam nichos de mercado em crescente expansão. De olho nessa tendência, empresas de todo o País buscam identificar e atender às necessidades destes públicos. O interesse vai de comidas especialmente preparadas a cosméticos, passando por agências de turismo e veículos de comunicação, como os jornais em línguas estrangeiras. Mas, antes de apostar em produtos e serviços voltados a uma determinada etnia, é preciso investir em pesquisa e planejamento minuciosos, uma vez que qualquer gafe pode comprometer – para sempre – a credibilidade do negócio. O boom do chamado mercado étnico teve início com a globalização, no fim dos anos 1980, e ganhou força a partir dos anos 2000, sobretudo devido ao avanço
empreendedor | novembro 2010
monica@empreendedor.com.br
21
CA PA
empreendedor | novembro 2010
Moussa, proprietário da Casa Líbano, primeira rede de restaurantes halal de São Paulo
22
da internet, que facilitou a divulgação e a aproximação entre empresas e consumidores de qualquer parte do mundo. Na opinião de Wlamir Bello, consultor empresarial do Sebrae/SP, apostar nesses nichos é uma excelente opção para se diferenciar no mercado, principalmente para pequenas e médias empresas. “Só há vantagens nessa segmentação. Afinal, quem quer vender para todos acaba não vendendo para ninguém”, atesta. A principal vantagem, segundo o consultor, é a diferenciação. “Produtos e serviços estão se tornando commodities, está tudo muito parecido, então sai na frente quem tiver algum ponto forte inconfundível e, neste caso, as etnias representam oportunidades promissoras.” Em consequência da segmentação, diminui a concorrência ao mesmo tempo em que aumenta o poder de negociação com os fornecedores. O prazo de retorno do investimento também costuma ser menor em empreendimentos étnicos. “Como a identificação com o público-alvo é mais
instantânea, o retorno tende a ser, senão mais rápido, pelo menos mais visível do que nas demais empresas.” Quem investe no mercado étnico pode ainda se dar ao luxo de fugir da guerra de preços tão característica do varejo atual. “Ainda há uma carência de produtos e serviços para etnias específicas – principalmente negros, judeus e muçulmanos. Então, quando você lança um determinado produto que vai ao encontro das necessidades destes consumidores, eles
“Produtos e serviços estão se tornando commodities, então sai na frente quem tiver algum ponto forte inconfundível”, diz Wlamir Bello
estão menos sensíveis ao preço, até mesmo porque não há muitas opções no mercado”, explica Bello. Mas, se por um lado os nichos étnicos facilitam a identificação com o cliente, por outro também são maiores os riscos de comprometer a credibilidade da empresa, uma vez que envolvem questões culturais ou religiosas. “Os clientes são mais sensíveis, então é preciso estudar a fundo todos os aspectos do público-alvo para não cometer nenhuma gafe, principalmente se o empreendedor em si não for um representante legítimo da etnia em que pretende investir”, recomenda Bello. Para garantir a entrada correta nestes mercados, portanto, é necessário incorporar novos hábitos e costumes à cultura da empresa. “Não adianta querer fazer produto para mulher sem ter mulheres na equipe, da mesma forma com as etnias. É preciso ir a campo, vivenciar os costumes de forma objetiva para identificar as necessidades do cliente”, afirma Giancarlo Tadeu Alcalai, professor de gerência
multicultural do curso de Relações Internacionais da ESPM-SP. “Grandes empresas como Sadia e Perdigão, que se destacam pela exportação para os países árabes, entre outros, incorporaram os rituais necessários ao processo de produção”, exemplifica o professor, referindo-se aos procedimentos de abate utilizados em carnes com certificação halal. Por isso, a dica é criar um “comitê étnico” dentro da empresa, composto por representantes das etnias em questão – o que pode incluir a presença de entidades como rabinos ou sacerdotes muçulmanos.
Halal Em árabe, a palavra halal significa “permitido” e se refere aos comportamentos, vestimentas e alimentos autorizados pela religião islâmica. Em números, os produtos com certificação halal respondem por uma fatia no mercado global estimada em US$ 2 trilhões – sendo US$ 1 bilhão apenas no Brasil, de acordo com dados da Fe-
deração das Associações Muçulmanas. São alimentos industrializados, carnes, cereais e grãos in natura, cosméticos, produtos de uso pessoal e medicamentos preparados de acordo com os preceitos do Alcorão, representando um segmento que deve fechar 2010 com crescimento de 15%. “A população islâmica já ultrapassa 1,8 bilhão de consumidores em todo o mundo e a demanda é grande por alimentos, desde biscoitos e massas até balas, chás e castanhas. Enfim, há mercado para todos os alimentos que tiverem selo halal”, afirma Chaiboun Ibrahim Darwiche, especialista em alimentos halal do Siil (Serviço de Inspeção Islâmica), empresa responsável pela certificação de companhias com foco nesse mercado. Outro fator que contribui para a expansão de horizontes das empresas brasileiras interessadas em exportar é que 300 milhões de muçulmanos vivem em países onde o islamismo não é a religião majoritária. Estima-se que o Oriente Médio concentra apenas 20% da população islâ-
mica mundial, sendo que a maioria – 60% – está concentrada na Ásia. “Os produtos halal são comercializados hoje em 112 países, e pesquisas apontam que muitos outros consumidores não-muçulmanos também escolhem produtos certificados por acreditar que o selo garante segurança alimentar”, completa Darwiche. Foi justamente por conta da demanda dos clientes japoneses que a torrefação Café Tijuco Preto, localizada no sul de Minas Gerais, buscou a certificação halal em 2008. “Começamos a exportar para o Japão e identificamos essa demanda pelos produtos halal”, comenta Antônio Márcio Pereira de Castro, proprietário da empresa. “No caso do café, as exigências dizem respeito à proibição de determinados fertilizantes, além da regularização da empresa nos âmbitos trabalhista e legal”, completa. Hoje, cerca de 10% da produção de café em grãos é destinada ao mercado externo, sendo a maioria para o Japão e o restante para países árabes como Líbano, Kuwait e Jordânia, além de Estados Unidos e Europa.
empreendedor | novembro 2010
fotos casa da photo
23
CA PA
empreendedor | novembro 2010
Castro e seu filho, da Tijuco Preto, que abriu caminho para exportação de café após certificação halal, vista também como garantia de segurança alimentar
24
Na opinião de Darwiche, a certificação halal é sinônimo de maior valor agregado aos produtos como um todo. “Alguns dos benefícios são oferecer diferencial na abertura de novos mercados; processos e resultados mais eficazes segundo as normas halal, maior consciência e possibilidade de rastreamento dos produtos e serviços; atrair novos investimentos com melhoria da reputação da marca e remoção de barreiras comerciais.” Foi o que aconteceu com o Café Tijuco Preto, que não só passou a ter maior lucratividade após a certificação como também aprimorou a produção da companhia em geral. “Passamos a ter uma organização maior no ambiente de trabalho, o que consequentemente aumentou a eficiência dos processos e a qualidade dos nossos produtos”, diz Castro. No caso das carnes, a certificação halal é mais específica e inclui regras para o abate dos animais, que devem ser sacrificados em um golpe só de faca no pescoço, com a cabeça virada em direção à Meca. “A morte deve ser instantânea, pois o animal não pode sofrer e deve ficar suspenso até que escorra todo o sangue, que para os muçulmanos é visto como um líquido portador de doenças”, explica Mohamad Moussa, proprietário da Casa Líbano, primeira rede de restaurantes halal de São Paulo. Há quase quatro décadas no Brasil, Moussa é o típico exemplo de empreendedor que decidiu investir movido por uma necessidade própria. Nascido no Lí-
bano, ele sentia dificuldade de encontrar açougues e restaurantes especializados em carne halal na cidade de São Paulo. Foi por esse motivo que, em 2002, ele decidiu abrir a Casa Líbano em parceria com a esposa, Hanie, e o filho, Hassan. Para garantir a procedência das carnes, é o próprio Moussa que supervisiona o abate dos animais e cuida para que tudo seja feito dentro da lei islâmica. Outro diferencial do restaurante é a ausência de bebidas alcoólicas no cardápio por conta das normas religiosas. Com três operações na capital paulista – incluindo dois restaurantes e a unidade de tele-entrega – Moussa pretende continuar a expansão através do sistema de franquias. “Já estamos com duas negociações em vista, inicialmente em São Paulo”, afirma o empresário. “Nossa clientela é fiel, por isso o crescimento tem sido constante. Além de brasileiros muçulmanos ou não, atendemos principalmente muitos
“Não são apenas os judeus que consomem os produtos kosher, há outros grupos religiosos que também buscam esses alimentos”, diz Alcalai
estrangeiros que buscam comida halal, entre europeus, norte-americanos, coreanos, iraquianos, indonésios, etc.”, relata.
Kosher Outro segmento étnico em expansão no País – e no mundo – é o dos produtos kosher, elaborados segundo as normas da religião judaica. De alimentos a utensílios domésticos, o mercado kosher movimenta segmentos diversos da indústria e do varejo. No Brasil, estima-se que haja quase 200 mil adeptos do judaísmo que consomem estes itens, a maioria concentrada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. “A procura por produtos kosher vem crescendo no Brasil, principalmente nos últimos 25 anos”, informa Alcalai. “São mais de 2,5 mil itens certificados que entram no mercado brasileiro todos os anos, é algo que não pode ser ignorado”, completa. Segundo o professor, não são apenas os judeus que consomem os produtos kosher no Brasil. “Há outros consumidores religiosos, caso dos adventistas de Sétimo Dia, que também não consomem determinados tipos de alimentos e acabam buscando esses alimentos”, explica Alcalai. Para atender a esta demanda, a rede de franquias Mundo Verde incluiu no mix uma série de alimentos kosher. A linha inclui achocolatados, cereais, sucos, pães e massas certificados, entre outros.
Mercados étnicos Vantagens diferenciação diminui a concorrência aumenta o poder de negociação com os fornecedores evita entrar em guerras de preços prazo de retorno do investimento menor certificações halal e kosher são vistas também como garantia de segurança alimentar
Riscos qualquer gafe pode comprometer – para sempre – a credibilidade do negócio discriminação dos clientes por parte de vendedores e atendentes mal treinados
25
PHOTOSTOGO
Cuidados é preciso investir em pesquisa e planejamento minuciosos incorporar novos hábitos e costumes à cultura da empresa ir a campo, vivenciar os costumes de forma objetiva para identificar as necessidades do cliente criar um “comitê étnico” dentro da empresa, composto por representantes das etnias em questão
empreendedor | novembro 2010
“A demanda tem grandes diferenças regionais e varia até mesmo entre bairros, conforme a comunidade judaica local e o conhecimento das pessoas sobre produtos kosher”, analisa Donato Ramos, diretor de marketing e recursos humanos da Mundo Verde. Conforme o executivo, a ideia de investir no segmento kosher também surgiu por estar de acordo com a proposta da rede, especializada no comércio de produtos naturais e orgânicos. “A qualidade nutricional e os métodos de produção dos produtos kosher estão alinhados com o propósito da empresa de oferecer qualidade de vida e bemestar para os consumidores.” Entre outras exigências, os produtos kosher passam pela fiscalização de um rabino – especialmente as carnes, que também incluem um ritual próprio para abate. Além disso, os itens certificados têm a garantia da não-adição de carne de porco e passam por um rigoroso processo de seleção que analisa a origem e o estado de saúde dos animais, assim como a procedência das matériasprimas utilizadas. Se em São Paulo o mercado kosher é mais desenvolvido, o mesmo não pode ser dito sobre as demais regiões do País. Foi para suprir a demanda dos familiares e amigos que o jornalista José Roitberg deu início à operação da Chaidelly, loja especializada em alimentos, utensílios e acessórios judaicos localizada no bairro
empreendedor | novembro 2010
CA PA
26
de Copacabana, no Rio de Janeiro. “Há uma falta absoluta de opções kosher no Rio de Janeiro. Quando abrimos, havia apenas duas lojas, sendo um representante do frigorífico paulista Mehadrim – o principal do Brasil no segmento – e outra casa de carnes e preparo de alimentos”, diz o empresário, que comemora um ano de inauguração da loja neste mês de novembro. De lá para cá, o ponto de venda tem se tornado cada vez mais especializado no
segmento kosher. Se no início Roitberg planejou o mix para conter um terço de itens kosher e dois terços compostos por produtos de delicatessen convencionais, hoje a situação praticamente se inverteu. “Hoje tenho 50% de mercadorias kosher, 25% judaica não-kosher e 25% convencional”, conta. O crescimento da linha certificada se deu conforme o aumento da demanda, sempre em alta. “A linha kosher responde hoje por 60% do meu faturamento, enquanto a linha judaica equivale
a 25%”, diz o lojista. Entre os itens kosher oferecidos pela Chaidelly estão, além de diversos cortes de carnes, salsichas, salames, kits para feijoada, chocolates, vinhos, laticínios e doces. Há ainda uma linha de utensílios que inclui velas, sabão para louças, candelabros e outros elementos litúrgicos. Itens mais inusitados – como palitos de dente kosher e peças de artesanato trazidas de Jerusalém – completam o mix, composto, em sua maioria, por produtos
importados. “Todas as carnes, queijos e leite kosher colocados na loja são rapidamente vendidos”, diz Roitberg.
Afro A julgar pelos números, investir em produtos e serviços para a população negra é lucro certo. De acordo com a Afrobras (Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Cultural), a população de afrodescendentes corresponde a 48% do
total de cidadãos e o Brasil está entre os países com maior concentração de pessoas desta etnia. Além disso, o aquecimento da economia do País nos últimos anos tem provocado mudanças marcantes na sociedade brasileira, como a ascensão da classe C e o aumento da participação dos negros no mercado de consumo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mais da metade dos negros brasileiros (53,5%) pertence hoje à classe média. Entre os
10% chefes de família mais ricos do Brasil, estima-se que um a cada quatro seja negro ou mestiço. Para completar, a proporção de negros e mestiços entre os 1% de milionários brasileiros subiu de 9% para 15%, segundo o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). “Entre os negócios voltados para a comunidade negra, se destacam aqueles na área de beleza e cosméticos, além de design, produção visual com temática afro e confecção étnica”, enumera
empreendedor | novembro 2010
Donato Ramos (ao centro), com outros diretores da Mundo Verde: “Os métodos de produção kosher estão alinhados com o propósito da empresa de oferecer qualidade de vida e bem-estar para os consumidores”
27
Linha afro da Kiva foi inicialmente dirigida ao mercado externo
CA PA
Giovanni Harvey, diretor-executivo da Incubadora Afro-Brasileira, primeira e única incubadora com viés étnico do Brasil. “Além do mercado de produtos e serviços específicos para a população afrodescendente, há toda uma gama de serviços universais no varejo que peca por não atender corretamente os clientes negros”, completa Harvey, referindose à discriminação que muitos negros ainda sofrem por parte de vendedores e atendentes mal treinados.
empreendedor | novembro 2010
Potencial
28
Dos itens fabricados exclusivamente para negros, o grande destaque são os cosméticos e produtos de higiene pessoal. Segundo a Associação Brasileira de Indústria, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), existe uma tendência de crescimento no segmento de produtos étnicos e o mercado brasileiro direcionado para este setor já provou que tem potencial. Além de grandes empresas – como L’Oréal e Avon, que incluíram entre seus produtos linhas específicas para negras –
há ainda marcas que se lançam com foco exclusivo no mercado étnico. É o caso da Kiva Cosméticos, que há cinco anos investe em uma linha de produtos voltada à pele negra e morena, composta por cremes e loções com efeito clareador, que têm o objetivo de evitar e combater as manchas típicas desse tipo de pele. “A linha Afro foi desenvolvida unindo biotecnologia aos ativos naturais da Amazônia, com foco nas mulheres de pele morena e negra que desejam clarear a pele ou as regiões mais escuras, como manchas e sinais, além de unificar a tonalidade e devolver a vitalidade e a maciez da mesma”, afirma Paula Sousa Ramos, diretora de mar keting da empresa. Com sede em Campinas (SP), a Kiva Cosméticos inicialmente direcionou a linha Afro ao mercado externo, com foco no público europeu e africano. “No exterior, a hidroquinona – substância química utilizada para clarear a pele – é proibida, então criamos um produto totalmente natural e com grande eficácia no clareamento”, explica Jimena Franco Carmello, responsável pela distribuição dos produtos no Brasil. Mas, há dois anos, a empresa decidiu investir no mercado interno, dis-
tribuindo os produtos por meio de venda direta porta a porta. “A recepção do público tem sido ótima, até porque não são só as negras e morenas que têm manchas. Temos vendido também para mulheres de pele branca e asiática, que também sofrem com manchas de sol, gravidez, estresse, etc.”, completa Jimena. Atualmente, a Kiva exporta aproximadamente 70% de sua produção, sendo os outros 30% direcionados ao mercado brasileiro.
LINHA DIRETA Café Tijuco Preto: www.tijucopreto.com Casa Líbano: www.casalibano.com.br Chaidelly: http://chaidelly.com Espm: www.espm.br Kiva Cosméticos: www.kivacosmeticos.com.br Incubadora Afro-Brasileira: www.ia.org.br Mundo Verde: www.mundoverde.com.br Sebrae/SP: www.sebraesp.com.br Siil: www.islamichalal.com.br
29
empreendedor | novembro 2010
tendĂŞnc ia
medida
empreendedor | novembro 2010
Sob
30
Crescimento do setor de tecnologia estimula construtoras a criarem ambientes voltados para estas empresas e projetos mais humanizados e sustentĂĄveis
por Beatrice Gonçalves beatrice@empreendedor.com.br
O crescimento no número de empresas de tecnologia no Brasil tem motivado as construtoras a mudarem o perfil de suas obras para o segmento empresarial. Os projetos, antes voltados para construção de salas pequenas para escritórios, estão dando lugar a salas grandes e flexí-
veis que permitem ampliar ou diminuir o espaço ocupado. Assim o ambiente pode ser utilizado por empresas de diferentes tamanhos e perfis. Outro foco das construtoras é cada vez mais criar processos mais ecoeficientes de gestão dos prédios. Em Florianópolis, onde o setor de tecnologia está entre as principais atividades econômicas da cidade, as construtoras têm mudado o perfil de suas obras para
atender a esse novo perfil de empresa. A Furtado de Mendonça está construindo na capital o condomínio de prédios corporativos Techno Towers, às margens da SC- 401. O empreendimento, voltado para empresas de tecnologia, terá seis torres, cada uma com 13 mil metros quadrados de área, com salas flexíveis que podem ter de 160 a 650 metros quadrados. O prédio tem gerador próprio, captação de água da
empreendedor | novembro 2010
Ao lado e no topo, a Cidade Universitária Pedra Branca; acima, InPetro e TechnoTowers
31
empreendedor | novembro 2010
tendênc ia
32
Fiates: “Cada vez mais precisaremos de imóveis voltados para o setor de TI”
chuva, conforto térmico – para diminuir o uso de ar-condicionado – e 1 mil vagas de estacionamento com estrutura até para recarregar veículos elétricos. O imóvel foi projetado para ter uma área de convivência com praça de alimentação, bancos, academia e salão de cabeleireiro, além de uma área verde de 30 mil metros quadrados. Os elevadores são mais largos e as portas têm sinalização em braile para oferecer mais acessibilidade a pessoas que tenham algum tipo de deficiência. A primeira torre será entregue em 2011 e a expectativa é que cerca de 3 mil pessoas passem a trabalhar nas empresas instaladas ali. A região norte de Florianópolis também tem recebido investimentos em construções para o mercado corporativo. O Sapiens Parque, parque de inovação idealizado pela Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi)
com o apoio do governo de Santa Catarina, também está ampliando suas obras para atender a empresas de tecnologia do estado. Em setembro deste ano, o empreendimento lançou um edital para captar recursos privados para a construção de um condomínio empresarial com oito prédios corporativos voltados a empresas de serviços, tecnologia e conhecimento. “O setor de tecnologia da informação está crescendo em Florianópolis. São cerca de 40 novas empresas que entram no mercado por ano na cidade e cada vez mais precisaremos de imóveis voltados para esse segmento”, afirma José Eduardo Fiates, diretor-executivo do Sapiens Parque. Os prédios corporativos localizados no Sapiens Parque terão quatro pavimentos cada um e atenderão a empresas de diferentes perfis. No térreo, há espaço para comércio e para empresas que necessitem de um imóvel com os pés-direitos
Sapiens Parque, em Florianópolis: melhorias para garantir a integração com o sistema público de transporte e locomoção interna que aliam o conceito de morar e trabalhar no mesmo lugar, como o Pátio das Flores, com 179 apartamentos residenciais e 36 salas comerciais. “Nesse tipo de imóvel a pessoa pode pegar um elevador para ir para casa e outro para ir ao trabalho. Essa é uma evolução do novo conceito de urbanismo. Isso evita, por exemplo, que a pessoa gaste tempo e dinheiro no trânsito para ir ao trabalho”, explica Marcelo Gomes, diretor do empreendimento. O Pátio das Flores será composto por quatro torres, todas com aquecimento solar de água, captação e reuso da água das chuvas, coleta seletiva de lixo e elevadores eficientes que, segundo Gomes, podem reduzir em até 30% o consumo de energia e em 50% o de água. O empresário calcula que com essas mudanças no projeto dos empreendimentos corporativos é possível até melhorar a produtividade das empresas. “Há estudos nos Estados Unidos que
comprovam que ambientes mais sustentáveis motivam mais os profissionais que trabalham nesses ambientes, e isso pode fazer com que aumente em até 5% a produtividade da empresa.” Além do Pátio das Flores, o Grupo Pedra Branca espera construir mais 47 quadras no empreendimento, ampliar o parque industrial e criar uma incubadora de empresas.
LINHA DIRETA Cidade Pedra Branca: www.cidadepedrabranca.com.br Furtado de Mendonça: www.fmendonca.com.br Sapiens Parque: www.sapienspark.com.br Sinduscon Grande Florianópolis: www.sinduscon-fpolis.org.br
empreendedor | novembro 2010
mais altos para montar, por exemplo, um laboratório. Nos quatro andares, as salas são flexíveis, podendo ter até 1,5 mil metros quadrados. Nessa etapa da obra serão construídos restaurantes, bancos, salas de reunião, áreas de serviço comum e um calçadão “Via Sapiens” que vai funcionar como uma grande área comercial. Além de obras no empreendimento, estão previstas melhorias para garantir a integração do Parque no sistema público de transporte e um sistema interno de locomoção que permitirá o transporte das pessoas dentro do próprio Parque. Em Palhoça, na Grande Florianópolis, também estão sendo construídos novos empreendimentos para atender ao segmento corporativo. O grupo empresarial Cidade Universitária Pedra Branca, que já comercializou mais de 200 lotes industriais na região, está lançando um novo conceito de prédios. São empreendimentos mistos
33
pé su stentabi l idade
Tiro no
Promover eventos, ações e campanhas sustentáveis de fachada, nos quais a sustentabilidade é puro marketing, ou mesmo mal planejados, tem efeito contrário ao desejado por Mônica Pupo
empreendedor | novembro 2010
monica@empreendedor.com.br
34
Em busca de vantagens competitivas, empresas de todos os portes e segmentos aderem cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social na hora de divulgar seus produtos ou serviços. Embora seja louvável – e mais do que necessária –, a iniciativa passa a representar um risco quando se limita a criar uma imagem distante da realidade, transformando o que deveriam ser ações efetivas de sustentabilidade em meras ferramentas de marketing. “As empresas descobriram que sustentabilidade vende, então isso se tornou uma espécie de modismo que veio para ficar”, alerta Gilberto Wiesel, consultor empresarial especializado em educação cor-
porativa. De tão recorrente, o problema já tem até nome próprio: greenwashers, termo usado por ambientalistas para designar empresas que se utilizam da sustentabilidade como forma de autopromoção. “São os chamados ‘falsos ecológicos corporativos’, que enganam seus clientes e fornecedores dizendo-se ecologicamente corretos, sendo que, na verdade, o objetivo é apenas mascarar um desempenho ambiental insuficiente”, explica Wiesel. Com consumidores cada vez mais ligados às questões ambientais, utilizar a sustentabilidade como “fachada” é prejuízo na certa, tanto para a empresa em si como para parceiros e patrocinadores. “Os clientes de hoje são mais críticos, sem falar que, através da internet e das redes sociais, a má repercussão de uma ação ou produto é instantaneamente divulgada e
sel, se o festival não tivesse usado a bandeira da sustentabilidade como mote para a divulgação, talvez a repercussão negativa fosse menor, ainda que tivessem ocorrido os mesmos contratempos. “Uma vez que um determinado evento ou produto se diz sustentável é porque tomou todos os cuidados possíveis para evitar essas falhas elementares. E o consumidor está atento a isso, principalmente os mais jovens.” Embora a organização do SWU tenha sido ágil em responder às reclamações dos internautas nas redes sociais, isso não basta para reverter a imagem negativa. “O consumidor espera receber exatamente aquele produto ou serviço pelo qual pagou, ou seja, não adianta vir com desculpas depois para justificar os erros de gestão.” Planejamento, portanto, é a palavrachave para que a empresa não receba o rótulo pejorativo de greenwasher. “É preciso esmiuçar ao máximo as possibilidades de erro com o objetivo de identificar os gargalos e minimizá-los”, recomenda Weisel. Outra maneira de garantir a consistência das ações de sustentabilidade é buscar auxílio em órgãos reguladores, com destaque para a ISO 14000.
LINHA DIRETA Gilberto Wiesel: www.gilbertowiesel.com.br SWU: www.swu.com.br
empreendedor | novembro 2010
Imagem socioambiental correta enfatizada na divulgação do SWU Music and Arts Festival não passou do início do evento e gerou indignação de participantes
tem impacto direto na credibilidade da organização”, diz Wiesel. Realizado no último mês de outubro, o SWU Music and Arts Festival é um exemplo de como esse tipo de estratégia pode significar um “tiro no pé”. Chamado por alguns de “Woodstock brasileiro”, o evento – que aconteceu na cidade de Itu, no interior paulista – foi associado, desde o início, com a ideia de sustentabilidade. Materiais de divulgação, comerciais de televisão, sites e redes sociais enfatizaram a ligação do festival de música com a preocupação ambiental e social. No entanto, a imagem durou só até o início da festa, quando começaram as contradições. A primeira delas: era proibido entrar com qualquer tipo de comida. Barrados na entrada com pacotes de bolacha e garrafas de água, que tiveram que ser prontamente descartados, os participantes – que desembolsaram entre R$ 120 e R$ 240 pelo ingresso – indignaram-se. “Como um evento que se diz sustentável nos obriga a jogar água e comida no lixo? Deveria haver uma tolerância maior, até porque lá dentro uma água não custava menos de R$ 5, sem falar nas intermináveis filas para comprar comida a preços abusivos”, reclama a advogada Luísa Stankevicious Pizzo, de São Paulo, uma das 160 mil pessoas que participaram da maratona de três dias de shows. A falta de lixeiras e de higiene também foi alvo de reclamações, assim como o trânsito caótico na saída do evento, fatos que repercutiram de forma negativa em diversos veículos de comunicação e, sobretudo, nas redes sociais. Segundo Wie-
35
estrat ĂŠg ia
ruas
empreendedor | novembro 2010
Caminho das
36
Expandir um negócio virtual abrindo lojas físicas exige muita pesquisa e estratégia para não pôr tudo a perder por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br
Enquanto a esmagadora maioria dos lojistas se esforça para adaptar suas operações à internet, outros utilizam a web para lançar negócios que, mais tarde, se transformarão em lojas físicas. Este é o caso da Liga Retrô, grife carioca especializada na criação de réplicas de uniformes de times de futebol que se lançou no e-commerce para, dois anos depois, iniciar a expansão nas ruas e shoppings de todo o País. “Fizemos o caminho inverso desde o início”, afirma Leonardo Klarnet, sócio da Liga Retrô. Lançado em 2006, o negócio pioneiro – que consiste em recriar e vender uniformes e acessórios alusivos ao passado dos principais times de futebol do País – começou com um site e 20 modelos de camisetas no catálogo. Hoje são mais de 160 modelos de camisetas, três lojas próprias – sendo duas no Rio de Janeiro e uma em Porto Alegre – e a primeira franquia, em Brasília. Até o fim do ano serão inauguradas outras três unidades, localizadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Para 2011, a rede estima abrir outras 15 franquias. “Grande parte do nosso sucesso se deve a essa trajetória inversa, com o início na internet e a divulgação através do boca a boca dos clientes que descobriram o site e, mais tarde, a loja”, comenta Klarnet. Segundo o empresário, a decisão de expandir do site para as ruas surgiu à medida que se comprovou a aceitação da marca no mercado. “Quando iniciamos a empresa, optamos por vender exclusivamente on-line, já que não sabíamos até que ponto a venda dos nossos produtos seria capaz de bancar todos os custos de uma loja física.” Após comprovar o sucesso no mundo virtual – em
empreendedor | novembro 2010
Marcelo Roisman e Leonardo Klarnet, da Liga Retrô
37
estrat ég ia
Liga Retrô começou com um site e 20 modelos de camisetas em 2006; hoje são mais de 160 modelos, três lojas próprias – sendo duas no Rio e uma em Porto Alegre – e uma franquia, em Brasília
Cuidados básicos 4pré-requisitos: mix diferenciado, base de clientes consolidada e proposta de valor interessante 4adequar o planejamento estratégico 4manter uma loja física em operação demanda uma série de outros investimentos e processos, desde aluguel e logística até de segurança, estoque, atendimento e manutenção
empreendedor | novembro 2010
4gastos com atendimento, treinamento e o aumento dos custos com funcionários também devem ser previamente planejados
38
4investir em serviços de decoração e design de interiores para garantir a coerência entre o site e o ponto de venda 4adequar o mix de produtos ao espaço limitado da loja física 4e-commerce e lojas físicas devem funcionar de forma integrada para que não concorram entre si.
menos de um mês o site já registrava um expressivo índice de recompra – foi a vez de testar os produtos no varejo tradicional através de lojas multimarcas.
Franquias Em 2008, motivados pelos bons resultados, Klarnet e seu sócio Marcelo Roisman decidiram apostar no primeiro ponto de venda próprio e exclusivo no Rio de Janeiro. “Abrimos a loja no segundo andar do nosso próprio escritório, que fica numa galeria comercial de Ipanema, e ficamos muito surpresos, pois o novo canal de vendas começou a ter uma aceitação muito grande e a dar um lucro que não esperávamos que fosse dar”, diz Klarnet. O passo mais ousado veio na sequência, em 2009, com a abertura da segunda loja, dessa vez no BarraShopping, também na capital carioca. “Nosso objetivo agora é investir na expansão da rede através do projeto de franquias, lançado este ano.” Outra empresa que apostou no caminho inverso para se lançar no mercado foi a Polishop, rede de varejo especializada na venda de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos. “A Polishop foi ainda mais pioneira, pois começou no canal televendas, expandindo depois para a internet e, finalmente, para os shoppings”, conta Rodrigo Catani, sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza. No mercado há 11 anos, a empresa
inicialmente vendia apenas a distância, por meio de parcerias com canais de televisão e através de catálogos impressos. O site surgiu logo na sequência, em 2000, quando o e-commerce ainda era incipiente no Brasil. A primeira loja física foi lançada em novembro de 2003 – hoje são mais de 120 pontos de venda espalhados pelos principais shoppings brasileiros, que respondem por 45% do total de vendas do grupo. Para João Appolinário, presidente da Polishop, o segredo está na “sinergia dos canais”. “A estratégia de multicanais está em nosso DNA, portanto não tivemos dificuldade em agregar nenhum canal ao nosso negócio, já que todos eles se complementam”, reflete o executivo. Para Catani, o caminho inverso trilhado pela Liga Retrô e pela Polishop pode servir como uma boa estratégia para testar novos negócios, mas não é recomendado para todos. “Ter loja física só por ter não vale a pena. É preciso avaliar se a loja realmente tem um mix diferenciado, se tem uma base de clientes consolidada e se possui uma proposta de valor interessante, capazes de fazer com que o consumidor habituado a comprar pela internet tenha interesse em se locomover até o ponto de venda.” Segundo o consultor, o exemplo da Polishop é emblemático neste sentido, justamente porque as lojas físicas tornaram-se um espaço de experimentação. “Por vender alguns itens inusitados e
Por vender itens inusitados e interativos, muitas vezes inéditos, proposta da Polishop é promover o contato dos clientes com os produtos
“Se no e-commerce é possível trabalhar com estoque reduzido, na loja física isso já não acontece, já que é preciso garantir a entrega imediata das mercadorias”, diz Catani
atendimento, treinamento e o aumento dos custos com funcionários também devem ser previamente planejados. Adaptar a identidade visual da internet para o “mundo real” é outro desafio. Se antes bastava contar com os conhecimentos de um bom webdesigner, com a loja física será preciso investir em serviços de decoração e design de interiores para garantir a coerência entre o site e o ponto de venda. Esta foi uma das principais preocupações da Liga Retrô antes de abrir a primeira unidade fora do mundo virtual. “Nosso DNA está no site, portanto criamos um layout de loja todo tematizado, seguindo o estilo e as cores que usamos na web. O uniforme dos vendedores, por exemplo, também é retrô, com boina e suspensório. Além disso, a loja é decorada com painéis com fotos antigas e há um telão em preto e branco transmitindo jogos de futebol antigos”, conta Klarnet. É necessário adequar também o mix de produtos. Enquanto o site comporta uma infinidade de mercadorias – uma vez que não é preciso dispor necessariamente dos itens em estoque –, na loja física o espaço é limitado. No caso da Liga Retrô, foi preciso aumentar o número de produtos no catálogo. “Seria muito limitado se abríssemos as lojas para vender apenas camisetas, como fazíamos inicialmente no site”, afirma Klarnet. Por esse motivo, a empresa investiu na ampliação do mix, que agora inclui camisetas alusivas a outros esportes – como
vôlei e basquete –, além de acessórios como bonés, bolas, agasalhos e linhas infantil e feminina, tudo dentro do conceito retrô que caracteriza a grife. Embora sejam complementares, ecommerce e lojas físicas – assim como outros canais – devem funcionar de forma integrada para que não concorram entre si. “O desafio é manter políticas distintas, pois, embora cada canal tenha seu espaço, é preciso avaliar até que ponto o cliente, sobretudo das classes A e B, não vai deixar de comprar na loja em troca da conveniência da internet”, diz Umberti. Para Rodrigo Catani, a saída é investir no treinamento dos vendedores e na criação de políticas de venda e promoções que direcionem o fluxo do site para a loja – e vice-versa. “Muitas vezes um produto não está disponível no estoque da loja, mas está no site. Então por que não instalar um totem com um computador dentro da loja e, em casos como esse, estimular os vendedores a fecharem a compra através do site em troca de alguma comissão?”
LINHA DIRETA e-bit: www.ebit.com.br GS&MD – Gouvêa de Souza: www.gsmd.com.br Liga Retrô: www.ligaretro.com.br Polishop: www.polishop.com.br
empreendedor | novembro 2010
interativos, muitas vezes inéditos para o consumidor, a Polishop só ganhou com as lojas físicas, onde a proposta é promover o contato dos clientes com os produtos”, completa Catani. Outro ponto fundamental consiste em adequar o planejamento estratégico. “Uma coisa é o varejista se programar para operar on-line – com custos fixos muito menores – e a outra é manter uma loja física em operação, o que demanda uma série de outros investimentos e processos, desde aluguel e logística até de segurança, estoque, atendimento e manutenção”, alerta Alexandre Caixeta Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit. “Se no e-commerce é possível trabalhar com estoque reduzido, na loja física isso já não acontece, já que é preciso garantir a entrega imediata das mercadorias”, completa Catani. Gastos com
39
pe rfi l
Guilherme Pacheco com os s贸cios Jos茅 Pierotti e Roberto Malta (da esquerda para a direita)
faro
empreendedor | novembro 2010
Bom de
40
Empreendedor pioneiro em projetos na internet segue transformando o “bater perna” na rede em um processo mais rápido e prático por Beatrice Gonçalves Quando a internet ainda era uma promessa e menos de 3 milhões de brasileiros acessavam a rede em 1999 – hoje, segundo o Ibope, são quase 70 milhões de usuários no Brasil – Guilherme Pacheco e mais quatro amigos resolveram se reunir para pesquisar nichos de mercado no ambiente web. Na época, Pacheco trabalhava em um banco de investimentos e ficava angustiado ao ver as oportunidades de negócios que poderiam surgir a partir da internet. Aos 22 anos, o estudante de economia, que já tinha aberto uma empresa de eventos aos 18 anos, queria voltar a empreender, mas não sabia no que investir. A única certeza era que o negócio teria que ser na web. O que mais chamou a atenção deles na época foi a dificuldade que os internautas brasileiros tinham para encontrar boas ofertas na web. Até então, não existia um site de buscas que comparasse preços, e os usuários, que compravam pela internet, precisavam entrar em diversas lojas on-line para escolher um produto. “Foi aí que tivemos um insight. Se as informações estão todas na web, será que nós não podemos criar uma forma mais fácil de disponibilizar isso para os internautas?” Identificado o mercado, os jovens passaram a planejar o desenvolvimento de uma ferramenta de buscas on-line e a abertura da empresa. “Na época, empreender na web era mais caro do que hoje e nós não tínhamos todo o dinheiro para fazer os invesGuilherme Pacheco timentos necessários, mas nem por isso desistimos.” Em 2000, eles conIdade: 33 anos seguiram desenvolver a ferramenta Local de nascimento: Rio de Janeiro para o site por meio de uma parceria Formação: Economia e mestrado em com a incubadora de negócios Painel Administração de Empresas pela PUC-RJ Internet e com investimentos do BanEmpresa: Mundi co Fator. Nesse mesmo ano, Pacheco, Ano de fundação: 2008 Gustavo Reis, José Guilherme Pierotti, Cidade-sede:Rio de Janeiro Roberto Malta e Rodrigo Guarino lanNúmero de funcionários: 25 çaram o Bondfaro, site de buscas e de
empreendedor | novembro 2010
beatrice@empreendedor.com.br
41
pe rfi l
comparação de preços. A ferramenta de uso gratuito foi criada para ser um guia de compras on-line e para oferecer ao usuário as melhores ofertas em produtos como brinquedos, livros e eletrodomésticos. A proposta de “farejar” os melhores preços motivou até mesmo os empresários a escolherem como mascote para o site o cachorro da raça bloodhound, conhecida por ter o melhor faro do mundo. “Nós sabíamos que era um produto inovador. Quando criamos o Bondfaro não conhecíamos outra ferramenta similar.”
empreendedor | novembro 2010
Desbravadores
42
Pacheco explica que no começo ele e os sócios tiveram que passar por grandes desafios. “Há dez anos eram poucos os estabelecimentos que estavam estruturados para fazer vendas na web, a internet não era tão popular no País e vender ou comprar pela rede ainda era visto com receio tanto pelos consumidores quanto pelos lojistas.” O empresário conta que o mercado só começou a mudar a partir de 2003 com o aumento das transações feitas por e-commerce no País. “As empresas passaram a investir mais na web e a partir daí o negócio começou a ir para frente.” Em 2005, o Bondfaro registrou mais de
150 milhões de acessos, tinha cerca de 2 milhões de usuários cadastrados e faturamento de R$ 11,8 milhões. O sucesso do negócio chamou a atenção de muitos investidores que demonstraram interesse em comprar a empresa. Os sócios consideraram que o melhor investimento seria fazer a fusão do Bondfaro com o site concorrente Buscapé e, em 2006, as duas empresas foram unificadas em um mesmo grupo. Os cinco amigos continuaram mais um ano trabalhando no Bondfaro até que fosse feita toda a integração da empresa. Após esse período, eles saíram das posições executivas que ocupavam, mas permaneceram como acionistas. “Quando nós deixamos o Bondfaro, começamos a sentir aquele mesmo desejo de querer empreender algo novo.” Pacheco e os antigos sócios Roberto Malta e José Guilherme Pierotti resolveram voltar a pesquisar tendências e buscar um mercado para investir. “Nós percebemos que as pessoas que queriam escolher destinos turísticos, comprar passagens e reservar hotéis pela internet enfrentavam a mesma dificuldade de quem queria comprar algum produto pela web em 1999 e decidimos criar o Mundi em 2008 para atender esse público.” O empresário conta que nesse segundo investimento, ele e os sócios já não tinham
mais tempo para pensar pequeno e precisaram captar recursos na ordem de US$ 3 milhões para desenvolver o sistema. A ideia foi oferecer uma solução parecida com a do Bondfaro, mas pensando no internauta que quer planejar sua viagem e procura os melhores preços de pacotes, passagens e hotéis. “Todas as pessoas sabem que uma mesma câmera tem vários preços, mas não sabem que ficar em um mesmo quarto, no mesmo hotel e na mesma cidade tem vários preços também. Pelo Mundi nós conseguimos mostrar isso e fazer com que nossos usuários planejem melhor suas viagens.” Em dois anos de trabalho, o Mundi se transformou em um dos sites de turismo
“Se você descobriu uma coisa nova na web, é preciso ocupar esse mercado. Muitas vezes o investidor perde uma oportunidade que ele mesmo criou porque demorou e alguém veio mais rápido”
LINHA DIRETA Mundi: www.mundi.com.br
Guilherme Pacheco Mundi
1995
Conclui o ensino médio e ajuda a organizar a festa de formatura do colégio
1996
Abre a Mega Mídias Eventos
1998
Fecha a empresa Mega Mídias Eventos e começa a estagiar no Banco da Bahia
2000
Abre o Bondfaro em sociedade com Roberto Malta, Gustavo Reis, José Guilherme Pierotti e Rodrigo Guarino
2006
Fusão do Bondfaro com o Buscapé
2008
Abre o Mundi
2009
Sociedade com a Globo Comunicação e Participações e abertura da Mosaico Negócios de Internet, hoje controladora do Mundi
empreendedor | novembro 2010
Além do Mundi, a holding adquiriu mais duas empresas de jogos e espera entrar em outros mercados nos próximos anos. “A gente não abriu mão de ser empreendedor. Nós somos sócios e executivos e temos a Globo como uma sócia também”, conta Pacheco. Hoje, aos 33 anos, Pacheco é CEO do grupo e nem pensa em deixar de investir na web. “Há ainda muitas oportunidades para explorar. Com a Mosaico, nossa proposta é investir mais em áreas que facilitam a vida do consumidor. A gente não quer vender. Queremos ajudar a vender, queremos ser muito mais mídia para ajudar a divulgar produtos ou empresa de entretenimento do que operadoras de e-commerce.” Há mais de dez anos se dedicando a negócios na web, Pacheco considera que um dos pontos fortes do sucesso que ele e os sócios conquistaram foi porque agiram rápido. “Se você descobriu uma coisa nova na web, é preciso ocupar esse mercado. Muitas vezes o investidor perde uma oportunidade que ele mesmo criou porque demorou e alguém veio mais rápido e tomou o seu mercado.”
LINHA DO TEMPO
mais acessados da América do Sul – recebe cerca de 2,5 milhões de visitantes por mês e oferece mais de 50 mil destinos no Brasil e exterior e 150 mil opções de hotéis, além de mapas, fotos e dicas de pontos turísticos. O site é bastante interativo e permite que os usuários escrevam sobre as cidades visitadas, mandem fotos dos pontos turísticos e até avaliem os hotéis onde ficaram hospedados. Para conferir os destinos, não é preciso se cadastrar: basta entrar no site e digitar a cidade que se pretende visitar que o sistema faz, em tempo real, a pesquisa de agências, companhias aéreas e de pontos turísticos para o usuário. “Quando as pessoas estão programando as férias dos seus sonhos, elas não querem errar o hotel, querem ir para o destino certo. Uma das coisas que mais influencia nessa hora da compra é a experiência de quem já foi.” Em 2009, a empresa despertou o interesse da Globo Comunicação e Participações, holding responsável pelo canal TV Globo, Globo.com e da gravadora Som Livre. Nesse mesmo ano, a Globo adquiriu o controle acionário do Mundi e criou junto com os fundadores da empresa a Mosaico Negócios de Internet. Pacheco, Pierotti e Malta se tornaram sócios da Mosaico e passaram a gerenciar o site de turismo e a trabalhar em outros projetos do grupo.
43
44
empreendedor | novembro 2010
45
empreendedor | novembro 2010
f ranqu ia
cheio Tanque
empreendedor | novembro 2010
Comodidade para o consumidor faz crescer a oferta e diversidade de serviços em postos de combustíveis
46
por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br
As redes de franquias estão pegando carona na transformação dos postos de combustíveis em centros de conveniência. Nas grandes cidades, é cada vez
mais comum o consumidor abastecer seu veículo e ainda aproveitar para fazer pequenas compras, levar a roupa para lavar, fazer um lanche, alugar um filme e até mesmo cortar os cabelos. “Esse movimento está só começando. Em 16 anos de Brasil, a rede de lavanderias 5àSec tem 15 lojas instaladas em postos de gasolina. A meta é inaugurar pelo menos mais 25 nestes espaços nos próximos cinco anos”, afirma Meire Gomes Carvalho, diretora de expansão da marca, que tem 300 lojas no Brasil. Atenta às oportunidades, a 5àSec criou um modelo de loja bastante apropriado para postos de gasolina, o drive thru. A proposta é fazer com que o clien-
te não precise sair do carro para usar o serviço. A unidade piloto foi montada em Sorocaba (SP), no início deste ano, e os resultados surpreenderam positivamente. A loja foi muito bem aceita pelos usuários e se pagou rapidamente. Tanto que a marca vai instalar uma segunda unidade nesse formato em outro posto de gasolina em Sorocaba. “É uma oportunidade muito interessante para a expansão da rede. Nossa primeira loja no Acre será num posto, algo inimaginável há poucos anos”, destaca Meire. Para muitas redes de franquias, os postos de combustíveis são uma oportunidade de seguir crescendo num mercado onde os espaços tradicionais estão se
tornando escassos. Essa é a proposta do Rei do Mate, rede que deve fechar 2010 com 300 lojas. A marca vem inaugurando uma média de 30 lojas a cada ano, aproveitando espaços como universidades, hospitais, empresas e postos de combustíveis. “No Rio de Janeiro, por exemplo, temos mais de 100 lojas em shoppings e centros comerciais menores. Para continuar crescendo no estado, precisamos investir em pontos alternativos”, afirma Antônio Carlos Nasraui, diretor comercial da rede. O Rei do Mate tem quatro lojas em postos – duas no Paraná e duas na cidade de São Paulo. Buscar novos espaços é uma necessidade de muitas redes de franquias. “Com
empreendedor | novembro 2010
Roberta Damasceno, da Subway, que possui 8% de suas lojas instaladas em postos
47
f ranqu ia
empreendedor | novembro 2010
crescimento previsto de 18% para 2010, o franchising brasileiro precisa buscar espaços alternativos. Não dá para se ancorar só em shopping center”, confirma André Friedheim, consultor da Francap, especializada em desenvolvimento de redes e franchising. Para o executivo, os postos de combustíveis também ganharam força nos últimos anos por causa da busca incessante de quem vive nas cidades por conveniência. “É o conceito one stop, onde o consumidor consegue solucionar suas
48
Existem hoje no Brasil mais de 37 mil postos de gasolina, dos quais 5,5 mil têm lojas de conveniência. Há 12 anos, esse número não chegava a 1,6 mil
compras num só lugar. A tendência é que esse modelo de street center se alastre pelo País nos próximos anos.”
Mais rentabilidade Dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) mostram que há muito espaço para crescer. Existem hoje no Brasil mais de 37 mil postos de gasolina, dos quais 5,5 mil têm lojas de conveniência, primeiro passo para transformar o posto num centro comercial. Há 12 anos, esse número não chegava a 1,6 mil. “As lojas de conveniência e as franquias que estão vindo a reboque são uma forma do empresário desse segmento aumentar a rentabilidade de seu negócio, já que as margens dos combustíveis estão cada vez mais apertadas”, afirma o advogado Luiz Felizardo Barroso, autor do livro Conveniência & franchising – O canal do varejo contemporâneo.
Meire, da 5àSec: modelo de loja exclusivo para postos evita que cliente saia do carro Na avaliação de Flavio Franceschetti, consultor do Sindicom, os consumidores já entram em postos com a expectativa de encontrar uma loja de conveniência. “Há sinergia produtiva entre o posto e a loja que soma as receitas de cada atividade e multiplica o tráfego de clientes”, afirma. Para ele, faz todo o sentido agregar outras franquias que tenham sinergia com o negócio, desde que seja preservado espaço para manobras e estacionamento em frente às bombas. “Eu vejo como uma tendência ligada aos grandes centros urbanos, onde o tempo é mais escasso e por isso há uma necessidade maior de conveniência”, afirma José Luiz Schwartz, diretor administrativo da Associação Brasileira de Franchising Seccional Rio de Janeiro (ABF Rio).
casa da photo
As operações em postos de combustíveis também podem ser mais vantajosas em alguns aspectos. “A principal vantagem é o custo fixo menor”, avalia Márcio Rangel, franqueado máster da Empada Brasil, rede com 60 unidades. A marca tem investido na instalação de quiosques em supermercados, shoppings, aeroportos ou centros comerciais. Em postos, são oito unidades. Segundo o empresário, normalmente o desempenho financeiro do quiosque é menor em termos absolutos, mas o resultado em percentuais é muito próximo das lojas. “Temos vários casos em que o quiosque tem resultado mais satisfatório. Como em qualquer negócio de varejo, o ponto comercial é fator decisivo nos resultados”, destaca Rangel.
relação aos concorrentes, conquistando e fidelizando consumidores. Estratégias de marketing como essas também são importantes para chamar o cliente para dentro do centro de conveniência. Afinal, diferente das lojas convencionais de rua e de shopping, o cliente não passa na frente da vitrine. “Essa é uma desvantagem, mas que pode ser superada. Em Magé (PR), por exemplo, o Rei do Mate é o principal atrativo do posto”, afirma o franqueado Márcio Rangel.
LINHA DIRETA 5àSec: (11) 4197-6400 Empada Brasil: (24) 2237-7979 Francap: (11) 3709-3709 José Luiz Schwartz: (21) 2292-5104 Luiz Felizardo Barroso: (21) 2157-0773 Rei do Mate: (11) 3081-9335 Sindicom: (21) 2122-7676 Subway: (41) 3077-7282
empreendedor | novembro 2010
Nasraui, do Rei do Mate: oportunidade de crescer apesar da escassez de espaços
No caso da rede Subway, dona de mais de 490 restaurantes no Brasil, o patamar de vendas das 40 lojas instaladas em postos de combustíveis não se diferencia das demais unidades com formatos entre 60 e 80 metros quadrados. De acordo com Roberta Damasceno, gerente de operação da marca, o resultado vem de variáveis como ótimo fluxo de clientes e custo reduzido do aluguel – cerca de 20% menor. “Muitas vezes, elas são até mais lucrativas”, afirma a executiva. Ela conta que, na maioria dos casos, as vendas da Subway em postos são para levar, mas há unidades que se transformaram em ponto de encontro de jovens. “Estamos buscando novas parcerias com redes de distribuição de combustíveis para investir nesse mercado.” Outra vantagem, tanto para o franqueador quanto para o dono do posto, é a possibilidade de fazer promoções conjuntas, do tipo “encha o tanque e ganhe uma locação de filme”. É uma forma de oferecer um diferencial em
49
f ranqu ia
Em festa Completando um ano de existência, a D’pil comemora a abertura de 215 unidades localizadas em todo o País. Especializada em estética, a empresa oferece tratamentos exclusivos de fotodepilação e fototerapia. O baixo custo de instalação e o retorno a curto prazo são alguns dos motivos que justificam o crescimento da rede. Com investimento inicial de R$ 75 mil, o franqueado recebe todo o material necessário para iniciar a operação, incluindo o equipamento de fotodepilação e fototerapias, acessórios, mobiliário padrão e peças publicitárias para a inauguração. O retorno é esperado em dez meses. A rede também pretende crescer no exterior. Em maio, a franqueadora participou de eventos no Uruguai, onde está em andamento a assinatura de cinco contratos, e na Argentina, onde está prevista a inauguração da primeira unidade nos próximos meses, no bairro de Alto Palermo, em Buenos Aires. “Nosso objetivo é instalar 50 unidades na Argentina até o fim de 2010”, complementa Danny Kabiljo, diretor-geral da D’pil. www.dpilbrasil.com.br
empreendedor | novembro 2010
Rumo ao Sul
50
A Risotto Mix – rede especializada em culinária rápida – concentra a expansão para a Região Sul do País. A empresa, que atualmente possui um restaurante em Joinville (SC), busca novos franqueados e espera ampliar a presença da rede na região nos próximos meses. Até 2013, a expectativa é de que outras dez unidades sejam inauguradas nos estados do Sul. Segundo Aline Mathias, gerente de marketing da franqueadora, a região possui grande potencial de mercado. “Já estudamos a área e, apesar da pequena penetração da Risotto nessa praça, visualizamos inúmeros pontos para um crescimento organizado e de qualidade”, afirma. O custo de investimento para se tornar um franqueado da Risotto Mix gira em torno R$ 250 mil, exceto o ponto comercial, com prazo de retorno entre 24 e 36 meses. www.risottomix.com.br
Consultoria de crédito oferecer serviços de consultoria de crédito de forma profissionalizada na América Latina. A empresa, que está em processo de expansão em toda a América Latina, também opera no Chile e no México. Entre os produtos oferecidos pela empresa estão crédito imobiliário, refinanciamento imobiliário, consórcio de imóveis e crédito pessoal e consignado. O valor inicial médio para instalação de uma franquia é de aproximadamente R$ 115 mil. Com faturamento médio mensal de R$ 80 mil, o retorno é esperado em 15 meses. www.creditaria.com.br
Experiência garantida O Centro de Ensino Fisk – instituição com mais de 50 anos de mercado e 1 mil unidades no País e no exterior – prevê a inauguração de pelo menos mais 13 unidades até o final de 2010. Com isso, a rede atingirá a meta de abertura de 50 novas escolas por ano e ainda deverá gerar mais 180 novos postos de trabalho, além das 290 vagas já ocupadas desde o início deste ano. Em 2010, já foram abertas 37 novas escolas em todo o País, com foco na Região Nordeste – principalmente nas cidades de Salvador e Fortaleza –, além de unidades de grande porte nas regiões Sul e Sudeste, como em Porto Alegre e em Campo Grande (RJ). Segundo o diretor da Fundação Fisk, Christian Ambros, a instituição registra um crescimento de 15% no número de interessados em adquirir franquia desde o início de 2010. “O bom resultado é prova de que o modelo de operação é avaliado como uma séria alternativa de negócios, e, embora ambiciosa, a meta para o ano de 2010 foi reforçada diante das avaliações positivas, mesmo com a passagem pela crise financeira.” www.fisk.com.br
Doce como chocolate Rede de lojas especializadas em chocolate, a Brasil Cacau continua em expansão por todo o País. Em menos de dois anos, a franqueadora – que pertence ao Grupo CRM, detentor das marcas Kopenhagen e Dan Top – já possui 90 unidades em operação em diversos estados brasileiros. Em outubro foi inaugurada a terceira franquia da rede em Santa Catarina, na cidade de Joaçaba. Até dezembro de 2010, a Brasil Cacau espera chegar a 180 lojas e planeja pelo menos 500 unidades até 2012. Para pleitear uma franquia, é necessário dispor de R$ 100 mil para investimento inicial, com retorno previsto entre 18 e 24 meses. www.brasilcacau.com.br
empreendedor | novembro 2010
Especializada em consultoria de crédito, a empresa espanhola Creditaria chegou ao Brasil em abril e pretende fechar o ano com pelo menos 20 contratos assinados. Até o momento, 12 unidades estão em operação no País. As próximas lojas que serão inauguradas ainda em 2010 ficam em Belém, Uberlândia (MG), Belo Horizonte e Natal. Até 2011, Londrina (PR) e o ABC Paulista também devem entrar na rota de expansão da rede. Sem concorrentes diretos com o mesmo perfil e tamanho da rede, a Creditaria é a primeira empresa do Brasil a
51
f ranqu ia
Sushi sustentável Em busca da sustentabilidade, a rede de franquias de culinária japonesa Click Sushi promove entre seus franqueados a implantação de ações visando à reciclagem dos resíduos e à sustentabilidade. Cada franquia foi convidada a desenvolver soluções para o melhor aproveitamento dos materiais utilizados e o descarte responsável do lixo não reciclado. A unidade de Campo Grande se desta-
cou no quesito reaproveitamento de materiais. Comandada pelo engenheiro Ary Eduardo, a equipe da loja produziu uma série de artigos artesanais que usam como matéria-prima os hashis utilizados pelos clientes. O material se transformou em objetos para decoração da casa, incluindo vasos de flores e esteiras de mesa. Além dessa ação, o restaurante também separa materiais a serem reciclados
empreendedor | novembro 2010
Para todos os gostos
52
Lançada em outubro no Bairro Higienópolis, na capital paulista, a marca Prima Clean é a nova aposta do grupo Quality Lavanderia, rede com mais de 90 franquias em todo o Brasil. Com conceito reformulado e no formato de lavanderia express, a nova bandeira é inspirada nas lavanderias automáticas americanas, nas quais os próprios clientes lavam suas roupas mediante a inserção de fichas nas máquinas. O processo, porém, foi adaptado ao gosto dos brasileiros e os franqueadores também mantiveram a possibilidade da lavanderia funcionar de forma convencional. Neste caso, o cliente conta com a ajuda dos valets, funcionários que executam o serviço solicitado. O investimento inicial médio para abertura de uma unidade é de R$ 105 mil, exceto custos com a adaptação do ponto. Entre os diferenciais estão a taxa mensal fixa de royalties – R$ 480 – e isenção da taxa de publicidade. A expectativa da franqueadora é abrir lavanderias em todos os estados brasileiros. Os dez primeiros franqueados terão ainda condições especiais na taxa de franquia, no valor de R$ 22,5 mil. www.primaclean.com.br
como garrafas de vidro, latas de refrigerante e caixas de papelão, que são encaminhados para indústrias da região. “Essas ações são importantes, já que os materiais iriam para o lixo, fazendo aumentar a poluição e os problemas de uma cidade. Agora oferecem oportunidade para pessoas, além de contribuir para a qualidade de vida e o meio ambiente”, conclui Ary Eduardo.
www.clicksushi.com.br
53
F r anq u i a e m exp an são
empreendedor | novembro 2010 PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
patrícia cruz luz
MPEs terão R$ 787 milhões para investir em inovação Recursos serão destinados por meio do Programa Sebraetec, que ganha novo formato para estimular ainda mais a competitividade nas empresas de pequeno porte A partir de 2011, o Sebrae colocará um terço de todos os seus recursos em projetos de incentivo à inovação e tecnologia na micro e pequena empresa. Nos próximos três anos, com o Sebraetec, serão aplicados R$ 787 milhões em projetos que promovam a competitividade, a inovação e o desenvolvimento sustentável desses empreendimentos. Além de aumentar a competitividade e eficiência das MPEs, o objetivo do Sebrae, segundo o di-
retor-técnico da instituição, Carlos Alberto dos Santos, é desmistificar a ideia de que toda a inovação exige uma tecnologia complexa e cara. “Inovação é agregar valor para o consumidor. Inovar é fazer diferente para fazer melhor. Não necessariamente a um custo elevado”, disse. O presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, destacou que a inovação nas micro e pequenas empresas é necessária para que o País continue crescendo. “O cres-
Empreender Informe do Sebrae Novembro
cimento econômico depende de empresas competitivas que façam frente a concorrência internacional”, explicou. A nova plataforma do Sebraetec foi lançada em São Paulo, em outubro, como comemoração do Dia da Inovação (19/10). A partir do próximo ano, estará ainda mais focado no aumento da competitividade por meio da inovação e tecnologia, visando, entre outros aspectos, à redução de desperdícios, ao aumento da
produtividade, à segurança dos empregados e à adequação de produtos para competir no mercado interno e externo. “No passado, tínhamos empresas quebrando porque o grande problema era a falta de mercado. Isso já passou, o País está crescendo. Não queremos agora ter empresas quebrando por conta da concorrência, que faz parte da lógica de mercado. Não podemos tolher a concorrência, mas podemos fomentar a inovação tecnológica nas empresas para enfrentar essa concorrência”, disse o diretor-técnico do Sebrae. Cinco frentes O novo Sebraetec terá cinco frentes de atuação, segundo o gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae, Edson Fermann. As duas primeiras frentes serão direcionadas à área de tecnologia (básica e avançada), duas serão no ramo de inovação (incremental e de ruptura) e uma em Indicação Geográfica de produtos. E para provar que a inovação pode ter custos baixos, a frente destinada à área de tecnologia (básica e avançada) receberá projetos entre R$ 10 mil e R$ 30 mil, com 50% de subsídio do Sebrae. “Em três anos, deveremos atender 47 mil empresas nessas duas frentes”, disse Fermann. Os Serviços Tecnológicos Bási-
cos são os de baixa complexidade, a exemplo de trabalhos na área de redução de desperdício, eficiência energética, elaboração de pedido de registro de patentes e softwares, ensaios e medições metrológicas, entre várias outras soluções. Já na tecnologia avançada podem entrar as pequenas empresas que pleiteiam estudos de viabilidade técnica e econômica sobre seus negócios e apoio à certificação de produtos e processos nos órgãos de normatização oficiais. Também podem se candidatar as empresas que buscam melhoria, atualização e modernização tecnológica de máquinas e equipamentos. O Sebraetec, em todas as suas modalidades, pretende contemplar 48 mil empresas em todo o Brasil. Qualquer empresa, formalmente estabelecida, inclusive na área rural, que tenha um problema, precise de uma consultoria na área de inovação ou já tenha um projeto, pode procurar um dos postos do Sebrae espalhados por todo o País ou ligar para a Central de Relacionamento Sebrae (0800 570 0800) e pedir uma consultoria. “Vamos trabalhar com as empresas individualmente, por meio de editais nos estados, e também em grupos, como os Arranjos Produtivos Locais e os projetos de Indicação Geográfica. Deveremos ter 824 projetos nos três anos”, disse Fermann.
Saiba mais sobre o Sebraetec A quem se destina MPE, Microempreendedor Individual, Artesão e Produtores Rurais Linhas de apoio Serviços Tecnológicos Básicos Serviços Tecnológicos Avançados Sebraetec Inovação Sebraetec Inova IG – Indicações Geográficas Investimento 2011/2013 R$ 787.554.500,00 sendo: Sebrae-NA: R$ 409.197.250,00 Sebrae nos Estados/ MPE/Parceiros: R$ 337.357.250,00 Metas 2011/2013 48.310 atendimentos à MPE 824 projetos
Mais informações: www.sebrae.com.br 0800 570 0800
Empreender Este informe é de responsabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sob coordenação da Gerência de Marketing e Comunicação. Presidente em exercício do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae: Roberto Simões - Diretor-presidente: Paulo Okamotto - Diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santos - Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos - Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Endereço: SEPN Quadra 515 - Bloco C Loja 32 - 70770-900 - Brasília/DF - Fone: (61) 3348-7100 - www.sebrae.com.br - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800
Novembro Informe do Sebrae Empreender
PR ODU TOS E S E RVIÇ O S
Ponto eletrônico O People Time Management (PTM) é um software que automatiza a coleta de dados de relógios de ponto eletrônico. O aplicativo, que foi desenvolvido pela Transwireless Tecnologia, reduz o tempo e os custos da gestão de presença dos empregados porque grava a entrada e saída de cada colaborador e gerencia a impressão de relatórios de acordo com prérequisitos estabelecidos. A solução pode ser utilizada em empresas de diferentes portes como lojas, hospitais, indústrias e órgãos públicos. Além de comercializar o software, a Transwireless também distribui o relógio de ponto Wolrep. O equipamento tem memória de armazenamento e porta USB externa que permite que os fiscais do trabalho tenham acesso às informações contidas no equipamento de forma mais rápida e prática. www.transwireless.com.br
empreendedor | novembro 2010
Desktop corporativo
56
A Lenovo desenvolveu o desktop corporativo ThinkCentre A70 para atender as necessidades de pequenas e médias empresas. O equipamento inclui um conjunto completo de aplicativos da linha Lenovo ThinkVantage que fazem o backup do sistema operacional e de arquivos, o gerenciamento de energia e a atualização on-line do sistema e dos drivers. Diferente dos modelos tradicionais, o teclado do ThinkCentre A70 tem teclas de atalhos como de acesso à calculadora, às pastas e funções de pesquisa do sistema operacional, além de controles de volume e multimídia. O ThinkCentre A70 tem discos rígidos de até 1 tetrabyte, memória DDR3, conectividade Gigabit Ethernet, gravador de DVD e gráficos GMA X4500 Intel integrados.www.lenovo.com
Tingimento ecológico
Silencioso
O Dye Clean é uma tecnologia que reduz a quantidade de água, sal e insumos químicos no processo de tingimento de tecidos. Com esse sistema é possível reduzir em até 80% o volume de água utilizada em todo o processo de tingimento, em 50% a quantidade de químicos e auxiliares e em 80% o volume de sal. Ao contrário dos métodos tradicionais, a tecnologia do Dye Clean permite que no mesmo banho possam ser feitas várias tinturas sem descarte de água e sem tratamento ou filtração intermediários. O Dye Clean permite também ter maior segurança na igualização de cores e maior reprodutibilidade entre lotes de mesma cor. O sistema foi desenvolvido pela Golden Tecnologia. As empresas Riachuelo, Polter, Linhas Círculo e Lupo já utilizam o procedimento em suas confecções.
O aspirador de sólidos e líquidos AJ3627 da JactoClean é equipado com sistema de isolação acústica para redução de ruídos e é ideal para ser utilizado em ambientes fechados como escritórios, lojas e indústrias. O modelo tem válvula de segurança do tipo boia para líquidos, um filtro de náilon para sólidos e reservatório de aço inox. O equipamento tem motor de duplo estágio com sistema de arrefecimento Bypass que protege o motor e aspira 600 litros/minuto, e um sistema de quatro rodas giratórias que facilitam a operação em ambientes com espaço de circulação reduzido.
www.goldenquimica.com.br
www.jactoclean.com.br
Automação gratuita A Audaces, empresa especializada em automação para confecções, disponibiliza o download gratuito do módulo Creare do software Audaces Idea nas Nuvens. A ferramenta permite que o usuário faça no computador os desenhos técnicos além de testar formas, estampas e costuras de forma mais rápida e prática. O aplicativo oferece a opção de fazer desenhos espelhados simétricos a partir de um eixo, de desenhar diretamente em curvas utilizando o mouse e de fazer a edição das imagens. O aplicativo integra o Audaces Idea, software que permite criar desenhos técnicos e estilizados com ferramentas inteligentes, além de detalhar a engenharia do produto e gerar fichas técnicas, catálogos impressos e virtuais para a divulgação de coleções. A versão gratuita é direcionada a estudantes de moda para uso sem fins lucrativos. www.audaces.com.br
A NFe do Brasil lança o sistema de gestão compacta para pequenas e médias empresas. O aplicativo gerencia até 15 atividades administrativas como de cadastro de clientes e fornecedores, de estoque, de vendas e de emissão de nota fiscal eletrônica, além de emitir boletos e auxiliar no cálculo para a formação de preços dos produtos. A solução integra todas as áreas, funcionando no modelo de serviço pago mensalmente (SaaS – Software as a Service). O sistema funciona 100% web e todos os dados e documentos inseridos são guardados com segurança em um data center, podendo ser acessados 24 horas por dia de qualquer lugar e de qualquer equipamento com acesso à internet. O custo do serviço fica em torno de R$ 400 por mês. www.nfedobrasil.com.br
empreendedor | novembro 2010
Gestão compacta
57
PR ODU TOS E S E RVIÇ O S
Olho mágico A Instrutherm lança microscópio tipo caneta para o setor de agronegócios. O aparelho portátil modelo MP-100 permite detectar com mais facilidade diferentes tipos de pragas nas plantações. O MP-100 tem foco automático, distância focal a partir de 10 milímetros, lente que permite aumentar em até 40 vezes a imagem, iluminação controlada manualmente por oito LEDs e conexão USB. A portabilidade e o formato de caneta permitem a coleta imediata de informações para identificação e tratamento do tipo de praga, evitando desperdícios e prejuízos com o uso inadequado de inseticidas e fungicidas. O produto é vendido na loja virtual da Instrutherm pelo valor de R$ 390.
www.instrutherm.com.br
empreendedor | novembro 2010
Sempre ligado
58
A Delta Greentech apresenta novas linhas de no-breaks. A série RT tem filtro de entrada para aplicações em ambientes mais agressivos, tecnologia on-line de dupla conversão, alta densidade de energia, elevado fator de potência de entrada (>0,99), além de baixa distorção harmônica de corrente. O no-break pode ser projetado para montagem em rack 19” ou torre com display de LCD e oferece avançada performance para aplicações em servidores, data centers, networking, VoIP e telecomunicações. Já a linha NH Plus da Delta Greentech tem tecnologia hot swappable, que permite a instalação e/ou retirada de um módulo de potência sem a necessidade de desligamento do UPS, o que reduz o tempo de reparo. A linha oferece também alto rendimento, estrutura modular e paralelismo redundante.
www.delta-americas.com.br
59
empreendedor | novembro 2010
PR ODU TOS E S E RVIÇ O S
Carregador solar
empreendedor | novembro 2010
A i-Dea lança o kit Outdoor Plus composto por um PC tablet de alta performance e carregador solar acoplável para atender as necessidades de pessoas que precisam de um computador portátil para ser utilizado em locais remotos sem disponibilidade de energia elétrica e acesso à internet via cabo. O PC tablet tem display de 10,2 polegadas, HD de 320 GB e memória RAM de 2 GB. O equipamento vem com carregador solar de alto desempenho modelo iDea SL110 que permite o carregamento da bateria através da luz ambiente. O kit vem também com carregador convencional e automotivo, proporcionando múltiplas alternativas para a sua alimentação. www.pctablet.com.br
60
Impressoras LED
Fim do spam
As impressoras digitais C330dn e C530dn da OKI Printing Solutions têm tecnologia LED que garante melhor resolução de impressão, e a funcionalidade “Eco Mode”, que acelera a impressão de pequenos trabalhos para reduzir o consumo de energia. A C330dn é ideal para um volume entre 500 e 1 mil impressões mensais e conta com velocidade de 23 páginas por minuto (ppm) em impressões coloridas e 25 ppm nas monocromáticas. Já a C530dn possui cartuchos de toner com rendimento para até 5 mil páginas e imprime em preto e branco à velocidade de 27 ppm e páginas coloridas a 31 ppm. Os novos modelos têm servidor de rede interno, emulações de fontes PCL e PS3 nativas e vêm com softwares de gerenciamento, contabilização e controle de impressão. O preço sugerido para a C330dn é de R$ 1.390 e da C530 é de R$ 1.899. www.okiprintingsolutions.com.br
A Inova Tecnologias lança no Brasil o Cloudmark DesktopOne, software gratuito anti-spam. O aplicativo filtra e-mails, elimina spams e protege os usuários contra phishing e vírus que podem ser transmitidos por meio de mensagens eletrônicas. O Cloudmark DesktopOne permite bloquear ou desbloquear e-mails e tem um sistema de varredura de mensagens em que os usuários podem determinar o nível de proteção desejado tanto para recebimento como para entrega de mensagens. A ferramenta é indicada para uso doméstico e em pequenas empresas. www.inova.com.br
61
empreendedor | novembro 2010
leitur a
A arte de liderar
Buscando a formação de um novo profissional, O’Donnell aborda as competências a serem desenvolvidas pelos líderes Como um líder pode motivar e inspirar outras pessoas se o tempo todo ele está sendo lançado de um lado para o outro pelos ventos do furacão? Como mudar os paradigmas atuais em busca de relações de trabalho voltadas para o bem de todos? Os três volumes da série O espírito do líder têm como objetivo auxiliar na formação de um novo profissional. No segundo volume, o autor aborda quatro competências: confiança, respeito, diálogo e lidar com mudanças. Segundo O’Donnell – consultor internacional especializado em desenvolvimento de competências –, é necessário fazer a diferenciação do antigo papel do líder com o novo, rompendo com velhas ideias e conceitos. Se antes a gestão era centralizada no “eu” do líder, agora é descentralizada no “nós” da equipe. Por este motivo, cada vez mais o líder deve ser um membro participativo da equipe. Não deve apenas delegar, mas contribuir ativamente para o cumprimento das tarefas dadas a ele e sua equipe.
Conhecimento em TI
empreendedor | novembro 2010
Peter Weill e Jeanne W. Ross Editora M.Books – R$ 49
62
A obra é direcionada a executivos e profissionais que precisam saber de TI para desempenhar suas funções. Os respeitados especialistas em TI Peter Weill e Jeanne Ross compartilham seus conhecimentos com base em 15 anos de pesquisas de campo em centenas de empresas, através de uma receita concisa e prática para começar a obter valor da TI hoje mesmo.
O espírito do líder
Ken O’Donnell – Integrare Editora – R$ 33,90 Os dez passos para delegar tarefas: 1 - Determinar a tarefa a ser delegada: avalie se há necessidade real de delegar a tarefa e quais as possibilidades das pessoas envolvidas; 2 - Compreender os requisitos da tarefa: faça um brainstorm com todos os envolvidos; 3 - Saber quem é capaz do que e suas habilidades em termos de tempo e afinidade; 4 - Selecionar a pessoa mais adequada; 5 - Verificar seu próprio nível de confiança e também seus sentimentos em relação à pessoa; 6 - Explicar a tarefa e os resultados esperados: exponha em detalhes os resultados que espera obter e aproveite para pedir sugestões; 7 - Passar a autonomia necessária e os meios precisos para executar a tarefa; 8 - Esclarecer a tomada de decisões: definir as decisões que serão tomadas pela organização e as que podem ser tomadas pelo delegado; 9 - Organizar os contatos futuros, medir os resultados, dar e receber feedback; 10 - Se necessário, ajudar a iniciar a tarefa: indicado para quando o funcionário é novo ou não possui muita experiência na tarefa em questão.
Aprendendo com o sucesso John P. Strelecky Editora Sextante – R$ 19,90
Ser feliz não apenas depende da vontade, mas da capacidade de agir. Partindo dessa premissa, a obra mostra caminhos simples e eficazes para definir um propósito de vida, não desanimar diante das dificuldades, manter-se motivado e ir em busca da realização pessoal. Para o autor, o autoaperfeiçoamento é a chave para alcançar o sucesso.
63
empreendedor | novembro 2010
PHOTOSTOGO
ANÁL I S E E C ONÔ MIC A
Afrouxamento quantitativo
empreendedor | novembro 2010
Banco Central Americano pode fazer uma emissão gigantesca de dólares para desvalorizar a moeda frente a de outros países
64
Após a crise desencadeada em meados de 2008, a partir da quebra do banco Lehman Brothers no dia 15 de setembro, os Estados Unidos vêm passando por uma crise sistêmica nunca antes vista na década de 1930. Altas taxas de desemprego, quebra de bancos, pífio crescimento do PIB, perda de capacidade produtiva, entre outros indicadores, ilustram a debilitada situação econômica do país. Dentre as medidas adotadas durante esse período, os anúncios realizados pelo FED chamaram atenção especial. O Banco Central Americano pretende realizar uma emissão gigantesca de dólares nos próximos meses, ou seja, tomar medidas macroeconômicas com o intuito principal de desvalorizar o dólar frente as outras moedas do mundo, o chamado “afrouxamento quantitativo”, ou “quantitative easing”. Os EUA derrubaram a taxa de juros de curto prazo para perto de zero, em uma tentativa malsucedida de aumentar os investimentos e controlar a queda da inflação. Visto que esse mecanismo não funcionou, o FED está mexendo na taxa de longo prazo através da compra de títulos públicos (T-bonds), inundando a economia de dólares e derrubando também as taxas de longo prazo. Segundo Ben Bernanke, presidente do FED, essa medida vai facilitar a retomada do crédito, estimular o consumo e ajudar na recuperação do setor por favorecer a contratação de trabalhadores. Porém, o mercado não concorda com essas justificativas. O país se depara com taxas de investimentos declinantes na indústria e o consumo das famílias não pode ser propulsor de inflação pelo fato do americano já gastar 120% de sua renda. Os Estados Unidos
ainda são a maior economia do mundo, porém estão se deparando com contração da capacidade produtiva industrial – o “centro” da indústria mundial está se deslocando cada vez mais para a China e outros emergentes. Todavia, os EUA ainda são o centro financeiro e estão se valendo do fato de possuir a moeda de troca comum para tentar contornar a crise. O que se observa é a transferência de parte do débito americano para os demais países do mundo. Os emergentes, o Brasil em especial, têm atraído um volume gigantesco e crescente de capital estrangeiro, acarretando em uma desvalorização brutal de sua moeda. A indústria nacional está sofrendo com o aumento das importações e começa a dar sinais de retração na produção industrial, enquanto os setores de commodities e de serviços puxam a inflação para cima. Esse fato está fazendo com que o governo adote medidas contra a valorização da moeda, como o aumento do IOF de 2% para 6% durante o ano. Não somente o Brasil e a América Latina, mas também os países membros da União Europeia, estão sofrendo com a valorização de suas moedas, e o tema principal nas próximas reuniões de estado, como o G20, será excesso de protecionismo em curso na economia mundial. O principal agente dessa “guerra cambial” sem sombra de dúvidas é a China. O governo chinês continua comprando bilhões de dólares para manter o yuan desvalorizado, acumulando US$ 2,65 trilhões em reservas, conseguindo fazê-lo sem pressão inflacionária devido ao fato de o chinês poupar 51% do seu salário. O Brasil tem tentado fazer o mesmo, porém sem poupança, forçando o Banco Central
É de extrema urgência uma reforma fiscal no Brasil para baixar a taxa de juros, contendo assim o processo inflacionário, e obter uma maior desvalorização do dólar nos próximos meses
a emitir títulos que pagam juros de 10,75% ao ano. Para tirar do mercado os reais gastos nessa operação, aplica no tesouro americano a menos de 2%, obtendo déficit e, de quebra, não conseguindo obter os efeitos desejados. É de extrema urgência uma reforma fiscal no Brasil para que o País possa baixar a taxa de juros, contendo assim o processo inflacionário, e obter uma maior desvalorização do dólar nos próximos meses.
por Bruno Sartor
Leme Investimentos Ltda
Nome Ação All Amer Lat Ambev B2W Varejo BMF Bovespa Bradesco Bradespar Brasil Telec Brasil Braskem BRF Foods Brookfield CCR Rodovias Cemig Cesp Cielo Copel Cosan CPFL Energia Cyrela Realty Duratex Ecodiesel Eletrobras Eletrobras Eletropaulo Embraer Fibria Gafisa Gerdau Met Gerdau Gol Ibovespa Itausa ItauUnibanco JBS Klabin S/A Light S/A Llx Log Lojas Americ Lojas Renner Marfrig MMX Miner MRV Natura OGX Petróleo P. Açúcar-CBD PDG Realt Petrobras Petrobras Redecard Rossi Resid Sabesp Santander BR Sid Nacional Souza Cruz Tam S/A Telemar N L Telemar Telemar Telesp Tim Part S/A Tim Part S/A Tim Part S/A Tran Paulist Ultrapar Usiminas Usiminas Vale Vale Vivo
Classe ON PN ON ON PN PN PN ON PNA ON ON ON PN PNB ON PNB ON ON ON ON ON ON PNB PNB ON ON ON PN PN PN PN PN ON PN ON ON PN ON ON ON ON ON ON PNA ON ON PN ON ON ON UNT N2 ON ON PN PNA ON PN PN ON ON PN PN PN ON PNA ON PNA PN
Participação Bovespa 1,104 0,979 0,701 3,902 3,130 0,993 0,390 2,726 0,596 1,341 0,622 0,802 1,134 0,685 1,539 0,598 0,784 0,441 1,866 0,589 1,311 0,890 0,743 0,530 0,755 1,498 1,648 0,660 2,574 1,211 100,000 2,315 4,015 0,934 0,404 0,541 0,914 1,207 1,098 0,546 1,440 1,233 0,845 3,773 0,808 2,745 2,206 8,517 1,283 1,163 0,352 1,097 2,359 0,443 1,041 0,225 0,268 0,923 0,155 0,125 0,170 0,840 0,229 0,486 0,592 2,462 2,925 11,956 0,793
Inflação (%)
Até 25/10 Tipo de Ativo Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação 9 Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação
Índice
Outubro
Ano
1,15 1,10 0,45 0,53
6,66 6,87 3,14 3,45
IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Juros/Aplicação (%) Outubro
Ano
0,84 0,85 0,51 7,00
7,95 7,99 5,55 27,11
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Indicadores Imobiliários (%) Outubro
Ano
-0,15 0,02
5,88 0,50
CUB SP TR
Juros/Crédito (%) 25/Outubro
22/Outubro
Desconto 1,85 Factoring 3,90 Hot Money 3,37 Giro Pré (taxa mês) 2,06
1,85 3,89 3,36 2,06
Câmbio
Até 25/10
Cotação Dólar Comercial Ptax Euro Iene (US$ 1,00)
R$ 1,7026 US$ 1,4031 $ 81,7200
Mercados Futuros
Em 25/10
Novembro
Dezembro
R$ 1,71 10,64%
R$ 1,71 10,64%
Dólar Juros DI Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro
25/10 71.360
empreendedor | novembro 2010
Carteira Teórica Ibovespa
65
PHOTOSTOGO
AGENDA
TUDO JOIA
De 23 a 28/11/2010
Feira Nacional de Artesanato De 17 a 19/11/2010
51º Bijoias – Salão de bijuterias, folheados, prata e acessórios de moda
Centro de Convenções da Frei Caneca São Paulo – SP – www.bijoias.com.br
A Bijoias é uma feira de bijuterias, folheados e acessórios de moda exclusiva para lojistas e profissionais do setor. A entrada é gratuita, mas para visitar a feira é preciso apresentar o CNPJ da empresaa. São esperados mais de 12 mil lojistas.
Expominas – Belo Horizonte – MG www.feiranacionaldeartesanato.com.br
Mais de 100 artesãos de toda a América Latina expõem as riquezas da arte popular latina na 21ª edição da Feira Nacional de Artesanato. Nesta edição, são oferecidas oficinas, palestras e cursos gratuitos para artesãos. São esperados mais de 170 mil visitantes.
De 1º a 3/12/2010
Exposystems – Congresso e Exposição Internacional de Soluções Integradas De 11 a 12/11/2010
Security Show
2º Campanario Villagio Resort Florianópolis – SC www.securityshow.com.br
O Festival de Turismo de Gramado reúne profissionais do trade turístico de toda a América Latina. No evento são realizadas feiras de negócios, congresso técnico e eventos sociais. Nesta edição, Guilherme Paulus, presidente do conselho administrativo CVC Turismo, fala sobre sustentabilidade nos negócios turísticos, e Chieko Aoki, presidente da Rede Blue Tree, fala sobre empreendedorismo e superação.
De 17 a 20/11/2010
De 20 a 28/11/2010
De 7 a 8/12/2010
Riocentro – Rio de Janeiro – RJ www.feiraconstruir.com.br
BarraShoppingSul Porto Alegre – RS www.salaonauticodomercosul.com.br
Construir – Feira Internacional da Construção empreendedor | novembro 2010
22º Festival do Turismo de Gramado
Palácio das Convenções Anhembi São Paulo – SP www.exposystems.com.br
Fornecedores de produtos e serviços para a organização de eventos corporativos apresentam os últimos lançamentos em produtos e serviços para o setor. Durante o Exposystems é realizado um congresso técnico sobre estratégias de marketing e promoção. Nesta edição, Gisela Domschke, mestre em design de comunicação pelo Central Saint Martins College of Arts, fala sobre projetos experienciais e interativos na comunicação de marcas, e Gilmar Caldeira, vice-presidente da Top Service Incentive Travel, fala sobre o segmento de viagens de incentivo como a Copa do Mundo da África.
O Security Show apresenta produtos e serviços para segurança e automação de imóveis. O evento, que é organizado pelas empresas Segware e Seventh, reúne gerentes e diretores de empresas de todo o Brasil. Nesta edição, são realizadas palestras para discutir questões de segurança em grandes eventos, projetos de segurança eletrônica e soluções para centrais de monitoramento. As inscrições para participar do Security Show custam R$ 150 e podem ser feitas no site do evento.
66
De 18 a 21/11/2010
A Construir é uma das principais feiras do setor da construção civil. Mais de 300 expositores do Brasil e do exterior apresentam as novidades em revestimentos cerâmicos, blocos de concreto, cimentos e sistemas hidráulicos. A expectativa é que o evento gere mais de R$ 90 milhões em negócios e receba mais de 50 mil visitantes.
Centro de Feiras e Eventos Serra Park Gramado – RS www.festivalturismogramado.com.br
Salão Náutico do Mercosul 2010
A quarta edição do Salão Náutico do Mercosul apresenta as últimas novidades em veleiros, lanchas e iates. Nesta edição, estão programados shows musicais no paradouro instalado em frente ao BarraShoppingSul, às margens do Guaíba. Durante o evento é realizado o Salão do Automóvel e o Imóvel Show.
Footecon – Feira Internacional de Produtos e Serviços para a Indústria do Futebol
Copacabana Palace – Rio de Janeiro – RJ www.footecon.com.br
Um dos principais encontros de profissionais do setor esportivo, com o 6º Fórum Internacional de Futebol, que debate os preparativos para a Copa de 2014 e a arbitragem brasileira. Participam os técnicos Carlos Alberto Parreira, Antônio Lopes, Renê Simões e Mano Menezes.
67
empreendedor | novembro 2010
68
empreendedor | novembro 2010