Tendência: microfranquias crescem com a classe C Entrevista: profissionais sustentáveis são essenciais
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abril 2011 R$ 9,90
IS SN 1414-0 152
ANO 17 N o 198
Onda eletrônica E-commerce é oportunidade de pequenas empresas expandirem sua área de atuação, até mesmo se internacionalizar, e aumentar as vendas
Especial: como andam e aonde vão os mercados de motocicletas e bicicletas no Brasil
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O mundo dos negĂłcios ĂŠ muito grande para vocĂŞ se aventurar sozinho.
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As publicações da editora Empreendedor têm sempre artigos, notícias e dados atualizados sobre o mundo dos negócios. Com 17 anos de história, a Empreendedor é a maior editora brasileira voltada ao empreendedorismo e às inovações do mundo dos negócios. Publica as revistas Empreendedor, Empreendedor Rural e Dirigente Lojista, e o Guia Empreendedor de Franquias, além de manter o mais acessado site sobre empreendedorismo: www.empreendedor.com.br. Na hora de buscar informações ou falar com empreendedores de todos os portes, conte com as nossas publicações.
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photostogo
NES TA EDI Ç ÃO
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Minhaempresa.com
Ter um canal de vendas na internet é uma boa forma de expandir sua área de atuação, até mesmo se internacionalizar, e aumentar as vendas. A plataforma é promissora: em 2010, o varejo eletrônico de bens de consumo cresceu 40% no Brasil, sendo que dois terços dos internautas brasileiros nunca fizeram uma compra virtual. E esta opção está cada vez mais acessível aos micro e pequenos, mas é preciso ter certos cuidados. Um deles diz respeito às formas de pagamento, uma das maiores preocupações do consumidor virtual. Confira as dicas de especialistas e o exemplo de quem já se jogou na rede.
42 | Perfil Sérgio Santos
Sérgio e dois sócios fundaram a primeira empresa de franchising do Brasil que trabalha com pessoas com medo de dirigir ou que tenham falta de prática ao volante e necessitem de ajuda especializada. Em 12 anos de atividade, quase 50 mil pessoas voltaram a dirigir.
46 | Franquia Negócios populares
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Cresce a procura por microfranquias, negócios que exigem até R$ 50 mil de investimento, especialmente entre os novos empreendedores que surgem com a ascensão da classe C. Há três anos praticamente não existiam essas opções. Hoje são 80 companhias que possuem mais de 2 mil franqueados e representam quase 5% do total de franqueadores existentes no Brasil.
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L EIA TAM B É M 8 12 56 62 64 66
EMPREENDEDORES NÃO DURMA NO PONTO PRODUTOS E SERVIÇOS leitura ANÁLISE ECONÔMICA AGENDA
14 | Entrevista Marlene Ortega
A diretora da Universo Qualidade fala sobre a importância de equipes serem formadas por pessoas cientes de sua responsabilidade socioambiental e, mais do que isso, que tenham comportamento coerente com esta percepção em todas as suas esferas de vida: o profissional sustentável.
28 | Panorama Duas rodas
Dando continuidade à série sobre os diferentes meios de deslocamento e o impacto que sistemas de transportes mais racionais teriam neste mercado, abordamos nesta edição dois veículos, que em comum possuem o fato de rodarem sobre duas rodas: bicicletas e motocicletas. Enquanto a última ganhou as ruas das cidades, driblando carros e ônibus nos congestionamentos, levando pessoas para seus trabalhos e fazendo entregas expressas, a outra tem vendas estagnadas, apesar de seu grande potencial de mobilidade sustentável. Saiba por que isso acontece e o que é preciso para melhorar.
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umentar as vendas, e principalmente o lucro, é o desejo de qualquer empresário. Mas, especialmente para os pequenos, esse objetivo esbarra muitas vezes na dificuldade de expansão física. Uma alternativa cada vez mais viável é o promissor comércio eletrônico. Por meio dele, e de ferramentas digitais, pode-se ganhar visibilidade sem limites, e aumentar a área de atuação até onde for possível entregar a mercadoria – dependendo do caso, em qualquer país. Algo impensável para uma micro ou pequena empresa até muito pouco tempo atrás. O cenário é animador. Em 2010, o varejo eletrônico de bens de consumo cresceu 40% no Brasil, faturando R$ 14,8 bilhões. E é importante levar em conta que dois terços dos internautas brasileiros nunca fizeram uma compra virtual. Além disso, as vendas não precisam se restringir ao território nacional. O gasto para abrir este canal, em geral, é menor do que o necessário para implantar uma nova unidade física. Alguns portais oferecem até mesmo espaço gratuito ou de baixo custo, com domínio próprio e funcionalidades como pagamento seguro. Mas é preciso tomar os cuidados necessários. A segurança dos pagamentos é um dos principais, pois esta é a grande preocupação dos consumidores. Não menos importante é a questão da entrega, que deve ser cumprida rigorosamente no prazo mais breve possível. A reportagem de Mônica Pupo traz essas e outras dicas de especialistas e o exemplo de quem já opera no comércio eletrônico. E dando continuidade à série sobre a indústria da mobilidade, a jornalista Cléia Schmitz aborda nesta edição dois segmentos: motocicletas e bicicletas. O primeiro é um fenômeno de vendas, principalmente pelo custo acessível, e o segundo sofre com a estagnação há uma década. Mas ambos veem na falta de mobilidade urbana a oportunidade para crescer. E com melhorias na infraestrutura urbana, como ciclovias, ciclofaixas e faixas exclusivas para motos, e integração com o sistema de transporte público, os cidadãos só têm a ganhar em melhoria da qualidade de vida. Alexsandro Vanin
A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@ empreendedor.com.br] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Photostogo – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@ empreendedor.com.br] – Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de Lisboa – 88050-400 – Florianópolis – SC – Fone: 3371-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@gmail. com] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Flávio Duarte [commercializare@terra. com.br] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende
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empreend e do res
Paulo Medina
Oportunidades no ar
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O empresário Paulo Medina consolidou a Siry Hospitalar como uma das mais importantes fornecedoras de alimentação hospitalar no mercado nacional. A empresa, com sede em São Paulo, foi fundada em 1975 e é referência em acondicionamento, transporte e distribuição de dietas hospitalares. Mas nos últimos tempos Medina vem chamando a atenção por outros motivos: suas apresentações de acrobacias aéreas, um hobby que acabou se tornando sua segunda profissão. Hoje, o Comandante Medina – como é chamado nesse
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meio – é piloto de avião, de helicóptero e de demonstração aérea e também instrutor de acrobacia aérea. Aliás, ele é o primeiro piloto de demonstração aérea reconhecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A bordo de uma Extra 200, aeronave alemã de alta performance – considerada a mais moderna para acrobacia no mundo –, Medina tem realizado diversas exibições pelo Brasil inteiro. O hobby virou mais um ótimo negócio para o empresário.
www.paulomedina.com
Vinícius de Oliveira Berni e Rafael Mallmann
Galgando degraus Os advogados Vinícius de Oliveira Berni e Rafael Mallmann são os novos sócios da unidade de Porto Alegre do escritório TozziniFreire, um dos maiores de advocacia do Brasil. Ambos começaram na empresa como estagiários e foram provando competência ao longo de dez anos de atuação no escritório. Berni
é especialista nas áreas de Contencioso e Consumidor e vem atendendo demandas judiciais estratégicas em diversas áreas do Direito Civil, Processual, Administrativo e Regulatório, com atuação efetiva nos tribunais regionais e superiores. Mallmann tem especialização em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Es-
tudos Tributários e participa de diversos comitês tributários de empresas, além de atuar diretamente em tribunais administrativos e judiciais em todo o Brasil. Eles passam a dividir a sociedade com os advogados Gustavo Nygaard, Eduardo Mariotti, Luis Renato Ferreira da Silva e Roberto Bersch. www.tozzinifreire.com.br
Kaio Quinan
Após uma temporada de estudos nos Estados Unidos, o administrador Kaio Quinan decidiu colocar em prática o que aprendeu na sua pós-graduação em Empreendedorismo e Negócios Internacionais pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla). Para criar seu negócio, ele se inspirou num serviço oferecido pelos norte-americanos: a locação de barcos
para passeios e negócios. Motivado pelo extenso e aprazível litoral brasileiro e convicto de que o negócio daria certo por aqui, em 2005 Quinan fundou a Barcos Web. A proposta é tornar os passeios em lanchas acessíveis a quem não pode ou não quer arcar com os custos da compra, financiamento, manutenção, guarda em marina, depreciação e demais gastos
gerados pela posse de um barco. Além do serviço de aluguel, a empresa oferece o Barco Web Clube, modelo com pagamento de taxa mensal que dá direito a usar as lanchas da empresa mediante reserva no site. Quinan também faz negócios com proprietários de barcos que queiram alugar suas embarcações para terceiros. www.barcosweb.com.br
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Mar para todos
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EMPREE NDED O R ES
Evandro Borelli Editore e Renato De Camillis
META AMBICIOSA
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Um crescimento de pelo menos 80% é a meta para 2011 dos paulistanos Evandro Borelli Editore e Renato De Camillis, sócios da Fina Filmes, produtora de vídeos de São Paulo. A empresa, que comemorou uma década no ano passado, é reconhecida no mercado por um trabalho que reúne cultura urbana e criatividade em produções dinâmicas e inovadoras para a televisão, além de produtos customizados, como vídeos institucionais. Entre os seus clientes, destacam-se a Fashion TV, Gillette, Melissa e Casa do Pão de Queijo. A produtora também já atendeu marcas como Coca-Cola, Tim, Siemens, Unibanco, Oi, Starbucks e Burger King.
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Evandro e Renato começaram a trabalhar juntos nos tempos da faculdade, quando cursavam Publicidade e Propaganda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Nessa época, atuaram na TV Band, em programas como o Bola Fora com Sobrinhos do Athaíde, Réveillon na Paulista, Band Kids e Band Folia. Em 1998 fizeram um intercâmbio na França e Itália e, na volta ao Brasil, se formaram com um trabalho de graduação sobre o programa H, na época apresentado por Luciano Huck. Um ano depois, voltaram a trabalhar juntos e decidiram criar a Fina Filmes. www.finafilmes.com.br
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NÃO DUR M A NO P O N T O
RIQUEZA BÁSICA OU SUPERIOR – QUAL É A SUA? Estamos, aqui e agora, juntos. Eu com meus pensamentos, ideias e palavras. Você com sua curiosidade, expectativas e busca de conhecimentos. Diante desse mesmo texto, temos algo em comum: somos pessoas de negócios. Vivemos no mundo dos negócios: oferecemos e solicitamos, compramos e vendemos, ganhamos e perdemos. Negócios são meios através dos quais produzimos riquezas. No fundo, queremos a mesma coisa, ou seja, gerar riquezas. Gostamos de gerar riquezas e, igualmente, de usufruir delas. Isso faz com que, ao menos à primeira vista, nos identifiquemos. Será mesmo? Vamos aprofundar um pouco mais essa ideia inicial, para ver se – com certeza – fazemos parte de uma mesma tribo de empreendedores, dirigentes ou líderes de empresa.
O mundo na pressa
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Aqui começa uma distinção: há quem leve a vida na pressa, há quem dê a ela um sentido de urgência. Parecem inclinações muito parecidas, senão iguais. Mas, de fato, são muito diferentes. Vou dar algumas dicas para que você possa se classificar: diante de um elevador lento, você insiste em apertar o botão que lhe dá o comando, mesmo quando a luz indica que isso já foi feito? Você não levan-
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ta de sua poltrona até a parada total da aeronave, esperando apagar os sinais luminosos de apertar os cintos? Se, ao contrário, logo se põe em pé, na ânsia de sair primeiro de um espaço ainda totalmente fechado, sob o risco de se machucar ou a outra pessoa, vale se questionar: afinal, que pressa é essa? Senso de urgência muitas vezes é necessário, para que não fiquemos na letargia, na parálise. Já a pressa nos tira do centro, embaça a vista, embriaga os sentidos, embota a mente. Deixamos de ver e ouvir as coisas como elas verdadeiramente são. Nossas decisões se tornam enviesadas, levando a ações equivocadas. Carl Jung dizia que a pressa não é coisa do diabo. Ela é o diabo! Sim, ambos buscamos a riqueza. Alguns no piloto automático, agindo e reagindo, sem pensar muito no que fazem. Outros colocam a reflexão antes da ação e da reação. É claro que as riquezas geradas em cada uma das situações serão de qualidades diferentes.
O mundo no medo
Queremos riquezas, mas nem sempre pelas mesmas razões e motivos. Muitas pessoas são reféns de um modo de funcionar ditado pela forma de pensar prevalente na sociedade. A partir de pontos
Senso de urgência muitas vezes é necessário, para que não fiquemos na letargia, na parálise. Já a pressa nos tira do centro, embaça a vista, embriaga os sentidos, embota a mente
de vista muito definidos e oriundos de generalizações. O medo é um deles, talvez o principal. E o medo nos é infligido o tempo todo. Fazemos do viver algo ameaçador – basta acompanhar apenas um dos noticiários da televisão. Com o temor, que se espalha como uma doença maligna, nos preservamos e nos resguardamos. Quando pensamos no medo, o impulso é de nos defender, partindo para a agressão impensada e reativa (na ânsia de ganhar tempo). Ou a reação é de recuar e nos recolher. De duas, uma: vamos à luta ou nos encolhemos como um caracol. Ficamos desatentos, pouco ligando para os outros e para o mundo ao nosso redor. Pensamos em defender a nossa pele, presos ao próprio umbigo. Ou então nos desalinhamos, agindo de um jeito que não tem nada a ver com o que verdadeiramente somos. Nossos gestos e palavras diferem de nossas crenças e valores. Ou, talvez pior ainda, perdemos completamente a esperança, desanimamos, desistimos, “jogamos a toalha”. O mundo do medo é um mundo de escassez. Nele não há lugar para todos. É um mundo precário, feito de vencedores e perdedores. Curiosamente, é na ânsia de fazer parte do mundo dos vencedores que caímos na cilada de fazer uso dos comportamentos sabotadores, os quais, ao invés de alcançar a riqueza almejada, produzem exatamente o efeito contrário. O feitiço vira contra o feiticeiro e acabamos por nos confinar ao rol dos perdedores.
Nem tudo o que reluz é ouro
Nem toda riqueza é riqueza de verdade. É por isso que vivemos em um mundo feito de pobres de verdade e ricos de mentira. Poucos são ricos de verdade. E, embora nos identifiquemos como pessoas de negócios que ambicionam riquezas, elas têm caráter diferente para cada um de nós. Entenda por pobre de verdade aquela
O universo da Metarriqueza
Metarriqueza é um conceito de riqueza superior, que vai além da mera riqueza econômica, embora a contemple também. Nesse conceito, a riqueza se alarga e abrange quatro dimensões. A primeira delas é a econômica. Entenda por dimensão econômica a riqueza tangível e visível. Ficamos mais ricos quan-
do somos capazes de produzir bens e serviços que agradam a o mercado. Quando fazemos isso com excelência, trocamos nossos produtos por dinheiro. Com isso, aumentamos o nosso patrimônio. É a riqueza na dimensão econômica. Mas não queremos apenas trocar produtos por dinheiro. Queremos o dinheiro que nos traga boas margens de lucro e queremos que os clientes sejam contumazes. Para isso, precisamos desenvolver outra dimensão da riqueza: a potencial. A dimensão potencial é aquela que abriga as competências, seja na forma de conhecimentos e habilidades, seja na forma de comportamentos e atitudes, seja na forma de dons e talentos. A única fonte confiável de geração de riquezas hoje e no futuro é a potencial, ou seja, as competências que estão representadas nas pessoas que fazem o trabalho. Mas ela será pouco útil se não estiver alinhada com a dimensão causal. A dimensão causal direciona os esforços, as inteligências e as atenções para algo ou alguém. É ela que oferece um propósito e um significado ao trabalho e à riqueza. A princípio, o cliente é uma boa resposta. Mas que cliente? De quem estamos falando? A dimensão causal faz com que as atenções estejam em alguém além dos próprios interesses. Mas para
É na ânsia de fazer parte do mundo dos vencedores que caímos na cilada de fazer uso dos comportamentos sabotadores, os quais, ao invés de alcançar a riqueza almejada, produzem exatamente o efeito contrário
por Roberto Adami Tranjan
Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net
que essa abordagem mais altruísta aconteça nos negócios, tudo começa na dimensão filosófica. Entenda por dimensão filosófica aquela que declara as reais razões, motivações e intenções implícitas ao desejo de gerar riquezas. A pergunta-chave é: quais as verdadeiras razões, motivações e intenções para o meu negócio, empresa ou trabalho? Estão mais voltadas para adquirir ou para contribuir? A seta voltada mais para si ou para os outros? A resposta para essa pergunta define o sentido de todas as outras dimensões da riqueza, bem como a qualidade delas. Ambos ambicionamos a riqueza. Inventamos negócios, produtos e serviços para produzi-la. Mas podemos viver e contar histórias muito diferentes. São elas que, no futuro, nos darão sentimentos de orgulho ou de vergonha, dependendo do caminho que escolhermos. Podemos nos contentar com a mera riqueza, aquela que abrange apenas a dimensão econômica acumulada a qualquer custo. Mas podemos ir além, buscar uma riqueza superior e tornar o mundo dos negócios um meio de nos transformar enquanto transformamos o mundo! Para melhor, muito melhor! Isso sim é uma riqueza superior. E que, certamente, nos levará a um patamar de verdadeira excelência, como seres humanos.
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pessoa que luta e labuta diariamente apenas em busca do “leitinho das crianças”. Ela acredita que viver não passa de “matar um leão por dia”. E repete sempre a velha cantilena de que o “mar não está para peixe”. O mundo que é capaz de enxergar e no qual vive é esse, o da escassez. Mas tem também o rico de mentira. Aquela pessoa que ficou refém da mera riqueza, ou seja, a que só contabiliza o econômico. Então, a seu ver tudo tem valor de uso e valor de troca. Relações só importam como contrapartida de algum ganho financeiro. Considera as pessoas meios, não fins. E embora tenha acumulado grandes somas em dinheiro, desperdiça a vida controlando seus montantes. Como quem, em vez de levar o relógio no punho, o mantivesse na palma bem fechada, com medo de perdê-lo, sem se dar conta de que, com isso, não pode usar a própria mão.
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Contratar pessoas com este perfil é mais fácil do que treinar e conscientizar atuais colaboradores
Marlene Ortega
Profissional sustentável por Mônica Pupo
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Tema recorrente em empresas de diferentes portes e segmentos, a sustentabilidade passa agora a ser vista também como uma competência profissional cada vez mais requisitada em todos os níveis hierárquicos, especialmente em cargos de liderança e gerência. “Qualquer ação de sustentabilidade passa, em primeiro lugar, pelas pessoas e começa nos pequenos gestos e ações do dia a dia”, afirma Marlene Ortega, diretora da Universo Qualidade, entidade especializada em treinamentos e eventos corporativos nas
áreas de recursos humanos, liderança e empreendedorismo. O chamado “profissional sustentável”, portanto, é aquele que busca aplicar na prática medidas de sustentabilidade e cidadania, que incluem reciclagem de lixo e economia de papel, entre outras. “Por mais que uma marca invista pesado em estratégias de redução de consumo e impactos ambientais, é a mudança de hábito em pequenas atitudes do cotidiano que garante o verdadeiro sucesso das políticas de sustentabilidade”, diz Marlene, que também ocupa o cargo de presidente do Business Professional Women – SP, associação que congrega mulheres de negócios em todo o mundo.
Como se trata de um conceito recente, muitas empresas encontram dificuldades em reeducar suas equipes e conscientizar colaboradores que nunca antes refletiram sobre estas questões. Com isso, a contratação de pessoas que atendam a este perfil está se tornando mais constante nas organizações. Mas, afinal, o que faz com que um profissional seja considerado sustentável? E quais benefícios as empresas têm a ganhar com este tipo de comportamento? Na entrevista a seguir, Marlene Ortega responde a essas e outras questões, além de dar dicas para reconhecer o perfil do profissional sustentável e o que é preciso fazer para se tornar um.
O conceito de sustentabilidade é muito amplo. Até que ponto ele pode ser aplicado de maneira tão individual? Marlene Ortega – Esse é um dos principais desafios dos profissionais de hoje: como agir de maneira sustentável se a empresa como um todo está literalmente “nem aí” para isso? Até porque a sustentabilidade ainda é um tema muito complexo, que envolve uma dissonância grande entre o que você sabe intelectualmente a respeito e o que efetivamente faz a respeito. Há um nível de consciência X e uma capacidade de ação Y. E da mesma forma que muitos cidadãos sabem muito a respeito de sustentabilidade, mas continuam não
reciclando o lixo, muitas organizações ainda não acordaram para a importância de adotar estratégias de redução de impactos ambientais, seja no nível que for. Minha recomendação, portanto, é que cada colaborador mantenha sua postura de cidadão. Todo profissional é, antes de tudo, cidadão. É possível, por exemplo, evitar a impressão de um relatório se é para você mesmo estudar. Se quiser jogar seu lixinho separadamente também é fácil, pois sempre há esse espaço pessoal. Mas se a diretoria continua exigindo a impressão de documentos a todo custo, fica difícil agir isoladamente. Como as empresas podem estimular esses hábitos sustentáveis nos colaboradores? Marlene Ortega – Nesse processo a empresa é justamente a promotora do ambiente propício para os hábitos e comportamentos sustentáveis. Há organizações que criam e incentivam e outras que simplesmente ignoram isso. Não adianta o gerente e a equipe serem supercorretos e sustentáveis se a empresa continua querendo resultado rápido a qualquer custo e insistindo em posturas incorretas. A sustentabilidade deve ser um ponto central na estratégia de negócio das companhias, não um mero discurso de marketing. É preciso, portanto, recompensar, estimular e apoiar a equipe para que todos colaborem individualmente e coletivamente. Quais são as principais características do profissional sustentável? Marlene Ortega – O profissional sustentável é aquele que demonstra a preocupação constante com o meio ambiente, que verbaliza isso, mantendo uma postura pró-ativa nesse sentido. Depois, acredito que essa pessoa precisa fazer uma reflexão sobre o quanto já compreendeu intelectualmente sobre sustentabilidade e quais ações realmente aplica na vida pessoal e profissional. Ou seja, quais são os exemplos práticos de aplicação que ele tem desses conceitos, tanto na vida pessoal como
Toda e qualquer ação de sustentabilidade – e até mesmo de inovação como um todo – só acontece por meio de comportamentos, ações e hábitos dos colaboradores
profissional. Outro ponto importante a ser verificado é a capacidade de multiplicar esse conhecimento para outras pessoas, compartilhando com a equipe e estimulando os outros a pensarem e agirem em prol da sustentabilidade. Cite alguns exemplos de mudanças de hábitos que qualquer um pode adotar no dia a dia para se tornar um profissional mais sustentável. Marlene Ortega – Uma mudança que as pessoas cada vez mais se propõem a fazer é a economia de papel. Hoje temos tanta coisa no computador, nos iPhones, iPads e etc., a tecnologia está tão presente na nossa vida que o papel está se tornando desnecessário em muitas situações. É fácil transferir documentos pela internet e economizar papel; basta se propor a isso, até porque muita coisa não precisa ser impressa. Estimular carona entre os colegas é outra medida sempre viável;
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O que significa o conceito de profissional sustentável? Marlene Ortega – Trata-se de um termo ainda muito pouco propagado, mas que ganha cada vez mais importância conforme aumenta a preocupação das empresas com a sustentabilidade e a redução de impactos no meio ambiente. Assim como a sociedade em geral, as organizações são essencialmente constituídas de pessoas – fora isso, não passam de um amontoado de tijolos e máquinas. Dessa forma, toda estratégia de sustentabilidade passa pelos colaboradores, incluindo as pequenas ações da rotina organizacional. O “profissional sustentável”, portanto, é aquele que busca aplicar a sustentabilidade na prática em seu dia a dia, seja estimulando carona entre os colegas, separando seu próprio lixo ou evitando imprimir relatórios, por exemplo. Toda e qualquer ação de sustentabilidade – e até mesmo de inovação como um todo – só acontece por meio de comportamentos, ações e hábitos dos colaboradores. Quando se pensa em profissional sustentável é preciso tirar de foco as grandes ações que envolvem inovação nas áreas de água, energia, enfim. Eu falo de pequenas ações, atitudes e posturas que, se olhadas individualmente, são muito pequenas, mas fazem toda a diferença no saldo geral.
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basta localizar pessoas que moram próximas e que se dispõem a dividir o combustível – o que é vantagem para todos. Separar o próprio lixo também é possível, da mesma forma como não custa nada levar a própria caneca para a água e o cafezinho, evitando o uso de copos plásticos. E diversas outras pequenas atitudes, como desligar a torneira ao escovar os dentes – coisas que devemos fazer em casa. Não importa se parece um gesto medíocre. No contexto geral é isso o que faz a diferença.
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Como as empresas podem reconhecer um profissional sustentável? Marlene Ortega – É preciso que o conceito de sustentabilidade chegue ao processo de seleção. Mais do que um valor pessoal, deve ser visto como uma competência que pode e deve ser estimulada em todas as áreas e funções. Mas nem sempre os departamentos de Recursos Humanos estão preparados para reconhecer isso, sobretudo em micro e pequenas empresas, que muitas vezes não contam sequer com um departamento de RH, cabendo ao dono todas as funções de recrutamento e seleção. De modo geral, não há mágica para reconhecer um profissional sustentável. Trata-se de ter um bom diálogo, com o objetivo de avaliar até que ponto o candidato aplica as ações sustentáveis em sua vida – se evita uso de automóvel, se já se engajou em campanhas ou cursos na área, se recicla o lixo, se dá preferência a alimentos e produtos orgânicos, etc.
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Quais benefícios a empresa e os colaboradores ganham com essas ações? Marlene Ortega – Os benefícios são imediatos. As empresas que introjetam verdadeiramente a importância de reduzir os impactos ambientais têm muito a ganhar tanto na sua imagem quanto nos resultados. Estudos indicam que corporações que agem de maneira sustentável não só não perdem em resultados como ganham em competitividade. E esse processo
Estudos indicam que corporações que agem de maneira sustentável não só não perdem em resultados como ganham em competitividade. E esse processo inicia com as pessoas
inicia com as pessoas. Uma empresa que investe em profissionais sustentáveis terá pessoas melhores trabalhando. Vale lembrar ainda que o caminho da inovação hoje só é viável para as empresas se têm no teu seio a preocupação com a sustentabilidade e o meio ambiente. Nesse contexto, o profissional que já possui essa característica em seu perfil pode fazer a empresa ganhar um terreno excepcional sobre a concorrência. Como é possível reeducar toda uma equipe pensando na sustentabilidade? Marlene Ortega – Gerar mudança de hábito nas pessoas é bastante difícil. Por isso é que estamos nesse estágio de distância entre o que sabemos e o que efetivamente fazemos. Quando o ser humano se vê sob pressão, sozinho ou chateado, ele muitas vezes joga tudo para cima e vai em busca de satisfação pessoal, que muitas vezes não está imbuída de nenhum conceito. Nas empresas, isso está ligado primeiramente à liderança. O conselho que dou para os empresários é que percorram passo a passo as três fases comuns a qualquer ação de sustentabilidade: conscientização, conhecimento e ação. Quando se atinge a fase da ação, você ganha muito se tiver processos bem definidos que te ajudem a criar um fluxo de trabalho que facilite as coisas. Todas as ações devem ser muito objetivas, com propósitos e indicadores definidos. Se, por exemplo, você vai tratar de coleta de lixo reciclável dentro da empresa, é preciso investir no mínimo nas lixeiras adequadas e garantir o descarte correto. Se o objetivo for economizar água ou luz, é fundamental oferecer aos colaboradores indicadores que meçam o desempenho da economia.
LINHA DIRETA Marlene Ortega: www.universoqualidade.com.br
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CAPA
Abra sua loja na
Micro e pequenos empreendedores têm no e-commerce a grande possibilidade de ganhar visibilidade e aumentar as vendas por Mônica Pupo
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A julgar pelos números, o e-commerce é hoje uma das tendências mais promissoras da economia nacional. Em 2010, o varejo eletrônico de bens de consumo cresceu 40% no Brasil, faturando R$ 14,8 bilhões, segundo dados da e-bit. Para 2011, a previsão é ainda melhor: estimase que só no primeiro semestre sejam movimentados R$ 8,8 bilhões, valor superior a todo o faturamento de 2008 (R$ 8,2 bilhões). Ter um canal de vendas na internet representa uma boa forma de expandir os negócios e a área de atuação – até mesmo se internacionalizar, tendo em vista o crescimento do setor de B2B (veja box). Essa opção é cada vez mais válida e acessível, sobretudo para os micro e pequenos empreendedores, que encontraram na web uma forma de aumentar a lucratividade e a visibilidade de suas mercadorias e serviços. Segundo Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit, os resultados acompanham o crescimento da internet no País. “Mas ainda há muito o que crescer, considerando-se que, dos
mais de 70 milhões de internautas brasileiros, apenas 23 milhões já fizeram alguma compra on-line”, diz o executivo. Até o próximo mês de julho, mais 4 milhões de pessoas devem se unir a esse grupo, totalizando 27 milhões de e-consumidores. “A expectativa é que, com a maior consolidação do setor, aliada às novas ferramentas que auxiliam os consumidores na hora de realizar uma compra, como as redes sociais, o faturamento do e-commerce brasileiro continue em ritmo de expansão”, analisa Umberti. Quem soube vislumbrar logo cedo as potencialidades do mundo virtual foi Rubens Branchini Martins, diretor comercial da Eletrônica Santana e um dos pioneiros no comércio eletrônico. “Quando iniciamos a operação on-line, em 2004, ainda era raro ver pequenas empresas fazendo negócios pela internet no Brasil”, conta o empresário, referindo-se aos primórdios do e-commerce brasileiro, época em que o mercado era dominado por poucos – e grandes – players, como Submarino. A entrada no comércio eletrônico mudou de vez os rumos da empresa. Fundada em 1964 na zona norte de São Paulo, a Eletrônica Santana inicialmente
vendia peças de manutenção para assistências técnicas da região e chegou a ter apenas cinco funcionários. Com a abertura da loja virtual e a consequente expansão do mix de produtos, hoje a empresa possui 100 colaboradores e conta com mais de 8 mil itens à venda, que vão desde uma pilha até sistemas de telecomunicações, telefonia e segurança. “De repente, aquela pequena loja de bairro transformou-se em um negócio de longo alcance, com atuação nacional, tudo graças à web”, resume Martins. A venda on-line levou a empresa não só a aumentar o mix de produtos, mas também a se organizar internamente. A operação, que até então era focada nas vendas no balcão, foi subdividida em segmentos distintos, incluindo atendimento corporativo, distribuição e varejo. “Nossa maior taxa de conversão hoje vem das vendas corporativas, que correspondem a 60% da receita”, informa o empresário, que tem entre seus clientes o Google, para quem fornece equipamentos e acessórios de informática, como fones de ouvido, itens de telefonia, mouses e cabos. O relacionamento com o Google, aliás, é antigo e foi determinante para o
E-COMMERCE NO BRASIL Faturamento do e-commerce em 2010: R$ 14,8 bilhões 23 milhões de pessoas fizeram, ao menos, uma compra on-line até hoje Total de pedidos em território nacional: 40 milhões Datas sazonais (Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal) movimentaram aproximadamente R$ 4,5 bilhões
Tíquete médio das compras em 2010 foi de R$ 373 Mulheres com idade superior a 50 anos passaram de 14% para 21% do total de compradoras, entre 2005 e 2010 O tíquete médio das compras femininas aumentou de R$ 240 em 2005 para R$ 314 em 2010. No entanto, continua menor ao tíquete médio dos gastos efetuados pelos homens, que foi de R$ 425 No primeiro semestre de 2011 a estimativa é de um faturamento em torno de R$ 8,8 bilhões Fonte: e-bit – março de 2011
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Varejo eletrônico de bens de consumo cresceu 40% no Brasil em 2010, faturando R$ 14,8 bilhões
As categorias mais vendidas em 2010 foram: Eletrodomésticos (14%), Livros, Assinaturas de Revistas e Jornais (12%), Saúde, Beleza e Medicamentos (12%), Informática (11%) e Eletrônicos (7%)
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CAPA
crescimento da Eletrônica Santana. Antes mesmo do site americano ter sede no Brasil, Martins já investia em publicidade, com o objetivo de gerar maior tráfego e promover a marca na rede. “Quando começamos a investir em links patrocinados, o Google ainda nem tinha expressão comercial no Brasil e era mais difícil anunciar, pois tínhamos que comprar os créditos de anúncio direto com o escritório nos Estados Unidos”, relembra.
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Humanização
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André Pereira, da FourStyle Activewear: “A previsão é aumentar as vendas em torno de 30% já neste primeiro ano de operação on-line”
Na opinião de Martins, o sucesso da loja virtual – que hoje recebe pedidos de todas as regiões do País – também se deve ao atendimento “humano” prestado ao consumidor, principalmente pelo canal de televendas. “Muitas compras começam na internet mas, seja por uma dúvida na hora de usar o produto ou concluir o pagamento, há diversos clientes que preferem fechar a compra por telefone ou até mesmo na loja.” Embora pareça mais simples, o processo para abrir e manter uma loja virtual exige os mesmos cuidados necessários na hora de iniciar a operação de um estabelecimento tradicional. “Antes de dar o primeiro passo, o empresário precisa conhecer bem o seu mercado e segmento de atuação, traçando um plano de negó-
cios que inclua todos os gastos – incluindo investimento inicial e custos fixos –, riscos, preços de venda, concorrência, estratégias de marketing e rede social, etc.”, aconselha Marcos Morita, especialista em estratégias e consultoria empresarial. Após definir o planejamento estratégico, o consultor lembra que é preciso registrar legalmente a empresa seguindo os trâmites comuns a todas as instituições. Para atuar na internet, entretanto, será necessário possuir um endereço virtual, “que normalmente corresponde ou remete ao nome da marca”, completa Morita. Antes de escolher o seu, verifique se o domínio pretendido está disponível nos sites www.registro.br (para pesquisas nacionais) ou www.register.com (abrangência internacional). Na sequência, será a vez de desenvolver o site da empresa, que deve atender a uma série de requisitos, como simplicidade na navegação, adequação à proposta da marca e segurança para o cliente e lojista. “Para não ter erro, o ideal é contratar uma agência ou profissional que atue exclusivamente com design e desenvolvimento de sites de e-commerce”, recomenda Morita. Foi o que fez a Benevento, tradicional loja de roupas de inverno com sede na capital paulista, que reformulou o site com o apoio da WX7, empresa especializada em soluções para comércio eletrônico. O
projeto envolveu o desenvolvimento de um protótipo navegável, onde os lojistas podiam “navegar” entre as páginas da loja e visualizar como seria a experiência de compra para o consumidor final. “Esta etapa é extremamente importante, pois enxergamos as dificuldades que um usuário comum pode enfrentar na loja virtual e, antes mesmo de desenvolvê-la, prever suas melhorias”, explica Fabio Augusto Schimidt, diretor de operações da WX7. A loja virtual demorou oito meses para ficar pronta. Entre as melhorias aplicadas está a separação dos mais de 900 itens à venda de acordo com o perfil do público-alvo – que inclui pessoas de 20 a 60 anos de classe AB, que vão viajar para destinos variados de neve e baixa temperatura. É possível pesquisar os produtos relacionados ao destino do turista que, com um único clique, tem à disposição o mix ide-
Abrir e manter uma loja virtual exige os mesmos cuidados necessários na hora de iniciar a operação de um estabelecimento tradicional
al para preparar as malas. É possível ainda compartilhar os itens favoritos através das redes sociais integradas ao portal, como Twitter e Facebook. Para garantir visibilidade, aliás, a dica é marcar presença nas redes sociais, principais aliadas na hora de se aproximar dos clientes. Segundo Morita, Facebook e Twitter não podem ficar de fora das estratégias de divulgação do ecommerce. “O Facebook é fundamental para você conhecer melhor seus clientes; já o Twitter é muito útil na hora de lançar promoções pontuais”, explica. Mas, segundo o consultor, usar as redes sociais com o único objetivo de aumentar as vendas não é o caminho correto a seguir. “É preciso utilizar essas ferramentas para gerar diálogo com a clientela e fornecer conteúdo que vá além de unicamente promover a loja.” Investir nas redes sociais tem sido a principal estratégia de divulgação da FourStyle Activewear, rede de moda fitness que estreou no e-commerce em janeiro de 2011. Com duas unidades próprias no Rio de Janeiro, a marca agora recebe pedidos de diversas partes do Brasil, com destaque para os estados de São Paulo e Minas Gerais. “Ainda é cedo para mensurar os resultados do e-commerce, mas nossa previsão é aumentar as vendas em torno de 30% já no primeiro ano de operação on-line”,
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Rubens Martins, da Eletrônica Santana: comércio eletrônico mudou de vez os rumos da ex-pequena empresa
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CAPA conta André Luis Soares Pereira, diretorexecutivo da empresa. Além de perfil no Facebook, a loja conta com um blog, constantemente atualizado com informações sobre os produtos e a empresa. Já o perfil no Facebook – que possuía até meados de março 1.170 participantes – divulga ainda informações sobre eventos esportivos e notícias diversas.
Informações claras
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Outro ponto fundamental para garantir o sucesso da operação on-line diz respeito ao cadastro de produtos. “É necessário ter muita atenção tanto na qualidade das fotos como no texto descritivo das mercadorias, pois qualquer informação errada ou ambígua pode ocasionar reclamações ou até mesmo processos no Procon”, alerta Morita. Portanto, seja detalhista e inclua a descrição completa de cada item, além de fotos com boa resolução para que os e-consumidores consigam visualizar todos os ângulos do produto. “Se possível, inclua links ou vídeos explicativos sobre os produtos.” A logística também precisa ser minuciosamente planejada. Alexandre Umberti, da e-bit, ressalta que os e-consumidores estão cada vez mais exigentes quando o assunto é prazo de entrega das encomendas. Se necessário, o processo de devolução ou troca de produtos deve ser rápido e por conta da loja. “Quem compra pela internet espera agilidade na entrega e os prazos precisam ser rigorosamente cumpridos, sob o risco de comprometer a credibilidade da marca”, alerta. O padrão, portanto, é oferecer o serviço de Sedex ou encomenda normal dos Correios. Para os lojistas que quiserem um
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Para 2011, estima-se que só no primeiro semestre sejam movimentados R$ 8,8 bilhões, valor superior ao faturamento total de 2008
diferencial, a dica é fazer parcerias com empresas de transporte aéreo ou rodoviário. “O importante é que o cliente sintase à vontade e seguro na hora de receber as mercadorias”, explica Umberti. Todas essas informações, principalmente o prazo de entrega, deve ser bem claro para o consumidor. “Treinamos toda a equipe de atendimento para auxiliar o consumidor a acompanhar o andamento de todos os pedidos realizados, pendências, processamentos, entregas, entre outras dúvidas que possam surgir”, conta Pereira. Um dos erros mais frequentes cometidos pelos empreendedores virtuais de primeira viagem é não dispor de ferramentas de detecção de fraude com cartão de crédito (veja box sobre meios de pagamento on-line na página 25). Rubens Branchini Martins conta que chegou a sofrer com os famosos golpes do cartão de crédito no início da operação on-line. “Descobrimos que a internet não era tão segura e precisamos estar atentos às fraudes e golpes on-line”, lembra. Para evitar esse problema o lojista investe na análise de risco do cartão, que se assemelha muito com a tradicional análise de crédito, porém com outros critérios que não dependem somente do histórico de pagamentos, mas sim os que impossibilitam as transações. Falta de dinheiro para investir numa plataforma de e-commerce deixou de ser desculpa para não marcar presença na web. Hoje em dia já existem opções gratuitas ou de baixo custo, como é o caso do MercadoShops, solução voltada aos micro e pequenos empreendedores interessados em ingressar no comércio eletrônico de forma gratuita, segura e rápida. A plataforma funciona integrada ao MercadoLivre e inclui todas as funcionalidades desenvolvidas pelo portal, como ferramenta de pagamento on-line (MercadoPago) e um sistema de publicidade que funciona dentro do site (Mercado Ads). “Oferecemos ainda hospedagem do site e domínio próprio, além de layout personalizado e a possibilidade de gerar relatórios de vendas, controle de pedidos de compras e status de pagamentos e listas de vendas com os dados dos clientes”, explica Helisson Lemos, diretor-geral do MercadoLivre no Brasil.
1 - Defina o foco Identifique eventuais necessidades não atendidas, que podem se tornar oportunidades lucrativas. Engana-se quem imagina que a competição no mundo virtual seja menor que em negócios reais. Apesar do pouco tempo, a rede atingiu com rapidez a maturidade. Há, todavia, muitos nichos promissores, principalmente aos empresários criativos que saibam tirar proveito da força da rede mundial. O segredo está no foco, evitando entrar em setores dominados por grandes empresas, cujo poder de barganha é infinitamente superior. 2 - Defina os produtos e/ou serviços Escolha o modelo de negócios, assim como os produtos e/ou serviços que serão oferecidos, cuja seleção não se restringe ao espaço da prateleira ou gôndola. A vantagem da internet é que o estoque pode estar em local com menor custo por metro quadrado, como um galpão em alguma periferia ou até mesmo no próprio fornecedor. Há outros tipos de negócios virtuais nos quais o custo de estoque é praticamente zero, assim como a quantidade de itens é infinita. As mercadorias estão dispostas em grandes servidores em formato digital – músicas em MP3, vídeos em MP4 e até livros em PDF. 3 - Crie uma identidade É hora de definir o nome e a identidade visual de seu negócio – logotipo ou frase de efeito. Cuide para que seja fácil de ser lembrado, marcante, curto e que descreva a alma do negócio. Verifique junto aos órgãos responsáveis a disponibilidade do nome de sua preferência. 4 - Legalize Procure um contador de sua confiança e registre a empresa legalmente. Não pense que negócios virtuais estão alheios à fiscalização e tributação. Busque profissionais qualificados para cuidarem da parte legal antes de dar início às negociações. 5 - Monte sua loja Apesar do menor investimento, colocar um site no ar requer planejamento e cui-
10 dicas para abrir um negócio na web dado. Como num comércio tradicional, o visual, os produtos e serviços disponíveis, a localização das mercadorias, o atendimento e as formas de pagamento são também muito importantes no comércio on-line. Tome alguns cuidados básicos para encantar clientes novos e reter antigos. E lembre-se que clientes virtuais são ainda mais impacientes que aqueles que trafegam nos corredores dos shopping centers.
Por Marcos Morita (mestre em Administração de Empresas, professor da Universidade Mackenzie, palestrante e consultor de negócios)
6 - Comprar ou alugar? O empresário que se aventura no mundo virtual se depara com dilema similar. Há duas escolhas possíveis. Adquirir os próprios servidores, funcionários especializados e locais adequados ou contratar os serviços de um provedor de hospedagem, pagando tarifas mensais por pacotes pré-definidos. As grandes empresas em geral preferem investir quantias significativas em sua própria infraestrutura, garantindo que seus clientes consigam acessá-las 100% do tempo. Empresas médias ou pequenas podem optar por alugar um espaço na “nuvem” de terceiros – tecnologia denominada de cloud computing.
8 - Dê opções de pagamento Numa loja virtual, aceitar as diversas bandeiras e modalidades – crédito e débito – é obrigação. Apesar da pouca utilização, considere também as opções de depósito bancário e boletos. Analise ainda a possibilidade de recebimento do pedido além da opção on-line. Alguns clientes ainda preferem utilizar telefone, fax ou e-mails. Abra enfim uma linha direta para que possam falar com algum funcionário, apesar da tentação em criar modelos estáticos e predeterminados. A flexibilidade e negociação devem estar presentes mesmo no comércio virtual. 9 - No mundo virtual o “soft opening” é mais difícil É comum estabelecimentos comerciais iniciarem sua operação com o chamado soft
opening ou inauguração prévia. Durante este período sem alarde os funcionários podem ser mais bem treinados e os processos e procedimentos estruturados, com um menor movimento de clientes. Na modalidade virtual é possível fazer isso antes da colocação do site no ar. Simule compras, teste links, configurações, confronte produtos, códigos, descrições, preços e erros gramaticais. Utilize PCs, Macs e diferentes navegadores – Internet Explorer e Mozilla. Caso tenha a versão para celular, faça o mesmo utilizando alguns modelos-chave de diferentes fabricantes. Enfim, simule os processos de devolução de produtos, assistência técnica e telemarketing.
10 - Divulgue Como numa loja tradicional, os primeiros dias são sempre bem difíceis, até que as pessoas conheçam, experimentem, comentem e retornem, fechando o ciclo de fidelização. Para acelerar esse processo, é interessante fazer links patrocinados e comprar palavras ou frases que identifiquem seu negócio. Outra forma são os banners, pequenos anúncios que podem ser colocados em sites de grande circulação. Crie e mantenha sistemas de divulgação on-line e, se possível, também em outras mídias, tais como televisão, revistas e jornais.
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7 - Garanta uma compra segura São inúmeros os casos de fraudes na web, o que ainda inibe muitos potenciais clientes. Por isso invista na segurança de seu site. Há diversas empresas que oferecem serviços de autenticação digital, dificultando a ação de indivíduos com más intenções.
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CA PA
SEM RECEIOS
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Garantias de segurança e variedade de opções de pagamento são fundamentais para despreocupar o consumidor
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Um dos maiores dilemas dos varejistas na hora de ingressar no e-commerce diz respeito à segurança na hora das transações financeiras. E não é por menos, já que segurança é a palavra-chave para os clientes. Segundo pesquisa divulgada no fim de 2010 pela Federação de Comércio de São Paulo (Fecomercio), mais de 65% dos brasileiros ainda têm receio na hora de inserir os dados do cartão de crédito na internet. O estudo verificou também que o número de e-consumidores com receio de fraudes no comércio virtual aumentou sete pontos percentuais no País em relação a 2009, passando de 57% para 64%. Para solucionar o problema, uma das saídas é apostar nos meios de pagamento on-line, como o PayPal, líder global em pagamentos digitais, que atua com sede própria no Brasil há um ano e contabiliza mais de 2 milhões de consumidores registrados. “Não compartilhamos as informações financeiras do consumidor com ninguém, nem com os lojistas. Portanto, quando os pequenos e médios comerciantes decidem colocar o botão PayPal como opção de pagamento da loja, os clientes se sentem mais seguros e é identificado um crescimento de 12% a 16% no volume de vendas”, afirma Mário Mello, presidente da empresa no Brasil. Um dos diferenciais do PayPal é solicitar o número do cartão de crédito somente uma vez, no momento do cadastro da conta. A partir daí, todas as transações com as operadoras de crédito são intermediadas pela empresa, garantindo maior segurança a lojistas e consumidores. Chamado de Express Checkout, o sistema permite que a compra seja efetuada em dois cliques, criptografando os dados financeiros dos usuários, o que garante
proteção contra pagamentos não autorizados. A companhia conta com uma equipe antifraude e as informações dos clientes são armazenadas de acordo com critérios internacionais de proteção de dados. De olho no aumento da preocupação dos brasileiros com a segurança, a empresa lançou em março uma série de medidas de proteção que abrangem todas as compras realizadas via PayPal. Chamado de PayPal Proteção ao Comprador, o programa oferece ao comprador a possibilidade de reembolso total em caso da não-entre-
PREOCUPAÇÕES DOS BRASILEIROS 23,53% Clonagem de
páginas pessoais em sites de relacionamento
22,69% Desvio de dinheiro
de contas bancárias e compras indevidas feitas pelo cartão de crédito
20,17% Uso indevido
de dados pessoais
Fonte: Pesquisa Fecomercio /SP 2010
PHOTOSTOGO
PayPal | paypal.com.br
MoIP | www.moip.com.br
MercadoPago | mercadopago.com
Pagamento Digital | pagamentodigital.com.br
PagSeguro | pagseguro.uol.com.br
Dinheiro Mail | br.dineromail.com
que há possibilidade de receber um estorno da compra, o consumidor se sente mais propenso a comprar”, avalia o executivo. Outro meio de pagamento digital que tem crescido no Brasil é o MercadoPago, pertencente ao Grupo MercadoLivre. Entre os diferenciais do sistema está a disponibilidade do dinheiro em até 14 dias, mesmo nos casos de compras parceladas. Em 2010, foram realizadas 6,7 milhões de negociações na plataforma de pagamentos on-line, enquanto em 2009 foram 3,1 milhões. Em volume de pagamentos, isso significa um
aumento de 82%, totalizando US$ 698 milhões em 2010, contra US$ 383 milhões no ano anterior. “Estamos muito satisfeitos com os expressivos resultados obtidos no ano passado. Acreditamos que o mercado de pagamentos on-line ganhou a confiança do brasileiro e há muito espaço para o seu desenvolvimento no País”, afirma Marcelo Coelho, diretor do MercadoPago no Brasil. A inserção do MercadoPago nos sites de e-commerce é gratuita e não há custos fixos. O lojista terá a incidência de 4,99% sobre o valor negociado, a ser debitado na hora do depósito do dinheiro na sua conta gráfica. “Isso inclui o custo cobrado pelas bandeiras de cartão de crédito, uso da infraestrutura tecnológica e know-how e gerenciamento dos recebimentos e pagamentos”, explica Coelho. Para Marcos Morita, oferecer a opção de pagamentos digitais é fundamental sobretudo para quem pretende conquistar clientes fora do Brasil, já que facilita as plataformas e geralmente abrange uma grande gama de bandeiras de cartão de crédito e débito. Mas, acima de tudo, é preciso diversificar quando o assunto é forma de pagamento no e-commerce. “Quanto mais opções o lojista oferecer, maiores as chances de fechar a compra. Uma vez que você conseguiu atrair o cliente para o seu site, perdê-lo por falta de opção de pagamento é imperdoável. Vale tudo, de bandeiras de cartão de crédito regionais a boleto bancário, passando por transferência bancária, débito e pagamentos on-line”, recomenda o consultor.
ga física do produto pelo vendedor em até 45 dias após a data da compra. Segundo Mello, o programa de segurança também beneficia os lojistas, especialmente os pequenos e médios. “Sabemos, muitas vezes, que a falta de confiança depositada pelo consumidor impede a conclusão de uma venda na web, sobretudo em casos de pequenas lojas ou vendedores autônomos. É mais difícil comprar pela primeira vez em um estabelecimento com o qual não teve nenhuma experiência do que em uma marca com a qual já se relacionou. Mas, ao saber
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MEIOS DE PAGAMENTO ON-LINE
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CAPA
Flex Deck, fabricante de soluções em madeira, vende para o Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia graças ao B2B
Sem fronteiras
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Plataforma comercial na web facilita a atuação e internacionalização de empresas que vendem para outras organizações
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O crescimento do e-commerce no Brasil também tem sido responsável pela internacionalização de pequenos e médios negócios que antes nem sequer sonhavam com a possibilidade de vender para outros países. Através do comércio on-line entre empresas – ou B2B (business to business), na sigla em inglês – empreendedores de todo o País descobrem uma nova alternativa para aumentar a lucratividade e expandir o mercado de atuação. Uma das formas mais simples e baratas de ingressar no B2B é através de sites como o Alibaba.com, líder global em comércio eletrônico entre empresas. Há um ano no Brasil, a plataforma conta hoje com 220 mil empresas cadastradas desde o lançamento oficial no País, em março de 2010. Segundo levantamento feito pelo portal com 180 pequenas e médias empresas, mais de 90% delas utilizam a internet, mas pouco mais de 20% fazem uso do e-commerce para o B2B. “A maioria das empresas brasileiras cadastradas na plataforma, cerca de 70%, atua apenas como compradora. Nosso objetivo é trabalhar cada vez mais no sentido
B2B no Brasil Das 220 mil empresas brasileiras cadastradas no Alibaba.com, 95% são pequenas e microempresas Total de empresas cadastradas no Alibaba.com no mundo: 61.801.281 Quem compra do Brasil: EUA, China e Europa Principais segmentos: comidas e bebidas, têxtil e vestuário Segmento ainda pouco explorado: tecnologia Fonte: Alibaba.com
de estimular o cadastro de fornecedores”, afirma Diego Espíndola, sócio-diretor da Ludatrade, empresa que representa o Alibaba.com no Brasil. Entre as 30% que utilizam o Alibaba. com para exportar seus produtos está a Milhão Alimentos, especializada na comercialização de itens derivados da cultura do milho. Graças à internet, a companhia – localizada em Inhumas (GO) – hoje possui clientes em países como Portugal, Austrália e Taiwan. “Optamos pela plataforma com o intuito de utilizá-la como ferramenta de pesquisa para identificar novos clientes e oportunidades de negócios”, conta um dos sócios da empresa, Leandro Carneiro. A estratégia deu certo. Apenas quatro meses após o cadastro no site, a empresa goiana já tinha clientes na Europa, Ásia e Oceania. “Atualmente estamos negociando com Espanha e Holanda”, comemora Carneiro. Entre os produtos estão snacks, pipocas, cereais matinais e flocos de milho, entre outros, utilizados como matériaprima por outras indústrias alimentícias. Outra organização que comprovou os
10 dicas para otimizar B2B pela internet 1. Busque fornecedores que possuem certificação digital. Existem empresas reconhecidas internacionalmente que oferecem “selos” e garantem a existência da empresa. Essas precauções evitam que você entre em negociação com fábricas inexistentes.
6. Em caso de pagamento com cartão de crédito, ligue para a empresa financiadora e confira se os dados condizem com a pessoa de contato e com as informações referentes à entrega do produto.
2. Verifique se o seu canal de comércio eletrônico possui uma política clara para punir más condutas. Alguns sites disponibilizam listas mensais com o nome das empresas que são direcionadas a uma “lista negra”.
7. Esteja atento a pedidos de países com tradição de fraudes pela internet. O site Alibaba.com, por exemplo, já recebeu diversas notificações de empresas fraudulentas e expõe em sua página as regiões com maior incidência.
3. Prefira pagar por PayPal ou outro serviço de pagamento terceirizado. Esse tipo de pagamento oferece certa garantia à medida que o fornecedor recebe a quantia em questão apenas quando o comprador confirma o recebimento da mercadoria. Nunca faça depósitos adiantados.
8. Utilize a plataforma como um comprador. A melhor maneira de aprender como vender via internet é estar na posição do cliente. Procure entender as informações e requisitos mais importantes que você buscaria em uma empresa para iniciar uma negociação.
4. Envio de mercadorias. Geralmente o pagamento do frete é realizado pelo comprador. Contudo, é normal que o vendedor decida o tipo de transporte utilizado para o envio da mercadoria. Nesse caso, escolha sempre um canal que possibilite o rastreio (tracking) do seu produto. 5. Nunca responda a pedidos para atualização de cadastro. Existe uma grande chance que esses e-mails sejam spams que poderão captar seus dados para uso ilícito.
9. Procure sempre estar bem posicionado. Digite a palavrachave do seu produto para saber como está sua exposição e colocação na lista de fornecedores. 10. Seja ativo na plataforma. Assim como em outros canais, as vendas não se concretizarão caso você não atue ativamente pela internet. Para isso, procure sempre medir seu desempenho. Preencha seu perfil com informações detalhadas e destaque condições de entrega e características de seu produto. Quanto mais dados úteis, mais qualificada será sua exposição ao cliente. Fonte: Alibaba.com/Ludatrade
“A internet otimiza o tempo e corta custos, e quem não acompanhar corre o risco de perder mercado”, diz Espíndola
Itália, Malta e Austrália”, revela Renaud. Plataformas B2B também ajudam as empresas a economizar, na medida em que evitam ou diminuem a frequência das viagens de negócios – responsáveis por custos elevados, especialmente para as pequenas, que têm recursos limitados. “A internet otimiza o tempo, corta custos, e as empresas que não acompanharem essa evolução correm o sério risco de perder mercado”, avalia Espíndola. Para se cadastrar no Alibaba.com basta acessar o site e se registrar como free member ou gold supplier – a diferença é que os gold suppliers são avaliados e credenciados pelo portal, o que garante maior visibilidade, credibilidade e preferência entre os milhões de cadastrados. “Verificamos se a empresa possui CNPJ ativo e se atende todos os requisitos legais do país em questão”, explica Espíndola. O executivo ressalta que o portal não funciona como uma ferramenta de e-commerce em si – já que as negociações não são fechadas ali, mas sim por meios tradicionais. “O site funciona apenas como
uma ferramenta de relacionamento e interação entre empresas de todo o mundo, até porque, pela própria natureza do B2B – que envolve a negociação de contêineres e quantias elevadas de dinheiro –, as transações são concluídas da forma tradicional, seja por telefone, transação bancária, etc.”, completa.
LINHA DIRETA Alibaba: www.alibaba.com Flex Deck: www.flexdeck.com.br Benevento: www.benevento.com.br e-bit: www.ebit.com.br Eletrônica Santana: www.eletronicasantana.com.br FourStyle: www.fourstyle.com.br Ludatrade: www.ludatrade.com Milhão Alimentos: www.milhao.net Marcos Morita: www.marcosmorita.com.br MercadoLivre: www.mercadolivre.com.br PayPal: www.paypal.com.br
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benefícios das negociações on-line e globalizou a atuação é a Flex Deck, fabricante de soluções em madeira para ambientes internos e externos. Sob o comando do jovem empresário Renaud Adorno, de 26 anos, a empresa com sede em Sobradinho (DF) cadastrou-se no Alibaba.com com o objetivo de atingir o mercado norte-americano. “Mas, devido à visibilidade oferecida pela plataforma, eles foram além e começaram a fechar negócios com o Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia, incluindo países como Bulgária, Letônia, Coreia e Cingapura”, conta Espíndola. “Nossa presença no portal certamente será crucial na próxima etapa, que terá como focos Estados Unidos,
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rodas pa no ra m a
Em duas
Deficiência no transporte público, demanda por mobilidade e baixo custo impulsionam a venda de motos por Cléia Schmitz
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cleia@empreendedor.com.br
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A melhoria de renda da população, aliada à ineficiência do transporte público e ao aumento dos congestionamentos nas cidades, tem levado muitos brasileiros a aderirem aos veículos de duas rodas. No ano 2000, o País tinha uma frota de pouco mais de 4 milhões de motocicletas, 13,6% do total de veículos motorizados em circulação. Dez anos depois, a participação superou os 26% e o número de motos nas ruas de todo o Brasil quadruplicou. Hoje existem 16,5 milhões de motos em circulação, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Somos o quarto maior mercado consumidor do mundo, atrás da China, Índia e Indonésia. O auge do mercado de duas rodas foi o ano de 2008. A produção de motos alcançou a marca de 2,3 milhões de unidades. O crescimento vertiginoso foi interrompido pela crise financeira mundial, que impactou fortemente nos resultados de 2009, quando a produção caiu para 1,5 milhão. Os financiamentos se tornaram difíceis, retraindo as vendas. Hoje os consórcios têm sido uma ótima alternativa por não exigirem comprovação de renda. Em 2010, o volume de produção subiu 19% e chegou a 1,8 milhão. “É um mercado que vem se recuperando e a expectativa é manter um crescimento constante. Para 2011 esperamos uma produção de quase 2,1 milhões de motos”, afirma Moacyr Alberto Paes, diretor da Abraciclo. O destaque é a Região Nordeste, que vem aumentando
Evolução da Frota Circulante Ano Frota Participação total da frota 1998
2.792.824
11,5%
1999
3.374.869
12,4%
2000
4.034.129
13,6%
2001
4.611.301
14,4%
2002
5.376.725
15,7%
2003
6.221.579
17%
2004
7.123.476
18,2%
2005
8.155.166
19,4%
2006
9.446.522
20,8%
2007
11.158.017
22,5%
2008
13.084.099
24%
2009
14.695.247
24,8%
2010
16.500.589
26,1% Fonte: Abraciclo
empreendedor | abril 2011
Honda, responsรกvel por 80% das vendas de motos no mercado nacional
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empreendedor | abril 2011
pa no ra m a
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Akiyama, da Honda: “A motocicleta é o verdadeiro veículo popular”
muito sua participação nas vendas do segmento de duas rodas. Basta dizer que, em 2010, os nordestinos compraram 35,7% das motocicletas vendidas no País, mais do que o Sudeste, tradicionalmente a região campeã de vendas (veja box). Paes conta que no sertão nordestino – onde há muita carência de transporte público regular – cada vez mais cidadãos estão substituindo animais como cavalos e jegues por motocicletas. “A vantagem é que ele consegue fazer grandes distâncias num período mais curto de tempo”, destaca o executivo. Jegues abandonados ao longo das rodovias nordestinas são um reflexo desta nova realidade. Nos grandes centros, a demanda por mobilidade é o principal fator que motiva a compra de uma motocicleta. “Em muitos casos, o valor mensal gasto com a
condução paga a parcela do financiamento. E a moto ainda permite que o usuário se desloque mais rapidamente e tenha um veículo para passear no fim de semana”, argumenta Paes. Para o executivo Roberto Akiyama, diretor comercial da Moto Honda, a aquisição de uma moto é um dos maiores indicadores do processo de inclusão social no Brasil. “A motocicleta é o verdadeiro veículo popular”, destaca Akiyama. Atualmente, 90% das vendas do segmento duas rodas da Honda são de modelos de até 150 cilindradas (cc), portanto, de menor valor.
Líder absoluta A Honda – que responde por praticamente 80% das vendas de motos no mercado nacional – obteve um recor-
MOTOCICLETAS
*Previsão
PARTICIPAÇÃO NAS VENDAS POR REGIÃO Região 2005 2006 2007 Norte 8,2% 7,1% 7,4% Nordeste 21,6% 22,1% 22,8% Sudeste 39,2% 42,3% 42,6% Sul 20,5% 19,0% 16,5% C.Oeste 10,5% 9,6% 10,6% 90% das vendas da Honda são motos de até 150 cc, de menor valor
de histórico de vendas em 2010: 1,43 milhão de unidades comercializadas, mais do que produziu no festejado ano de 2008 (1,37 milhão). A previsão para 2011 é chegar a 1,55 milhão de unidades. “Nosso grande diferencial é que estamos constantemente desenvolvendo o mercado em vez de só explorá-lo. As vendas são uma consequência dessa política”, afirma Akiyama. Neste ano, a empresa festeja seus 40 anos no Brasil. As comemorações começaram em fevereiro com a produção da moto de número 15 milhões. Os investimentos para 2011 estão estimados em R$ 250 milhões, incluindo uma exposição maior na mídia. Com isso, a Honda pretende recuperar o mercado que perdeu em 2008,
2008 8,7% 26,5% 38,6% 14,9% 11,3%
2009 10,6% 34,1% 32,5% 12,5% 10,3%
2010 10,4% 35,7% 32,8% 11,1% 10,0%
Fonte: Abraciclo
empreendedor | abril 2011
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO Ano Unidades 2000 634.984 2001 753.159 2002 861.469 2003 954.620 2004 1.057.333 2005 1.214.568 2006 1.413.062 2007 1.734.349 2008 2.325.436 2009 1.539.473 2010 1.830.614 2011* 2.060.000*
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PA NOR A M A
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Rosa Júnior, da Kasinski: “Fomos a marca que mais cresceu em 2010: 328%”
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quando seu market share caiu de 86% para 66%. Novas tecnologias, como o lançamento do primeiro modelo flex, em 2009, têm ajudado a Honda a chegar mais perto de sua meta. Hoje, mais de 50% das motos produzidas pela marca já têm motor que roda a gasolina ou a álcool. “As classes C e D também querem ter a opção de escolher o combustível”, destaca Akiyama. Ainda em 2009, logo após a crise, a empresa lançou 13 modelos em 12 meses. Para o diretor comercial, essa postura ajudou a recuperar os índices de participação, mas ele atribui a retomada às 1,1 mil concessionárias exclusivas da marca, uma rede com assistência técnica e peças de reposição, serviços decisivos para fechar a venda. Por conta do crescimento do mercado, a Honda tem assistido nos últimos anos à chegada de novos concorrentes. Entre eles a Dafra Motos, empresa 100% brasileira, integrante do Grupo Itavema, rede de concessionárias com 30 anos de história. A fábrica em Manaus começou a operar em 2008, às vésperas da crise econômica, mas dois anos depois a Dafra ocupava o terceiro lugar no ranking, com 2,55% das vendas. Em 2010, a marca alcançou um crescimento de 20%, acompanhando a evolução do segmento de duas rodas em geral. Desde 2009 a empresa vem apostando em acordos estratégicos com empresas como TVS Motos Company e Haojue, líderes mundiais em vendas e produção de motocicletas, BMW Motorrad e, mais recentemente, Sym. O acordo estabelece a fabricação de produtos das parceiras na unidade da Dafra. É uma forma da empresa diminuir a ociosidade da fábrica, cuja capacidade produtiva é de 200 mil motos por ano. “Estamos usando metade”, afirma Haroldo Barroso, diretor comercial. Para o executivo, o maior benefício dos acordos é a transfe-
rência de conhecimento e tecnologia e o desenvolvimento conjunto de modelos com foco no consumidor brasileiro. A Apache RTR 150 cc, lançada em março do ano passado em parceria com a TVS, chegou ao fim do ano como o oitavo modelo mais vendido no Brasil. Junto com a Speed 150, ela responde por 60% das vendas da Dafra. A marca planeja lançar três modelos em 2011 e reforçar sua rede de revendas, hoje com 280 lojas exclusivas. No encalço da Dafra está a Kasinski, adquirida em agosto de 2009 pelo grupo chinês CR Zongshen. A marca fechou 2010 como a quinta maior no mercado, com 1,3% de market share, contra 0,4% de participação em 2009. Segundo o presidente da empresa, Claudio Rosa Júnior, os números de vendas do primeiro bimestre de 2011 já colocavam a Kasinski na quarta posição do ranking. A meta até o fim do ano é assumir o terceiro lugar, ultrapassando a Dafra e ficando atrás apenas de Honda e Yamaha. Em três anos, a empresa espera ter 5% do mercado. “Fomos a marca que mais cresceu em 2010
– 328%”, destaca Rosa Júnior. A empresa reforçou sua rede de concessionárias exclusivas, fechando o ano com 200 lojas. A meta para 2011 é chegar a 282. A Kasinski também está investindo forte em novas fábricas. Em setembro de 2010 a empresa inaugurou uma unidade em Manaus, elevando sua capacidade produtiva em seis vezes. Uma ampliação deste complexo já está em andamento. Com previsão para entrar em operação até 2013, ele deve aumentar a capacidade anual de 110 mil para 180 mil unidades. Outra estratégia da CR Zongshen é investir na fabricação de componentes no Brasil. A empresa está formatando a CRZ Components, que em maio próxi-
No sertão nordestino, cidadãos estão substituindo animais como jegues por motocicletas
mo deverá fabricar chassis em Manaus. Segundo Rosa Júnior, hoje a relação dos componentes usados pela marca é de 80% importado e 20% nacional. “A meta é que em dois anos 45% dos componentes sejam fabricados no Brasil.” No último ano, a Kasinski colocou no mercado 13 novos modelos, de 50 a 650 cilindradas. Destaque para a Prima 500 e Prima Electra 2000, dois scooters elétricos que já estão em produção na unidade de Manaus. No final de 2010 a empresa lançou o projeto de uma fábrica em Sapucaia, no Rio de Janeiro, para fabricar motos e bicicletas movidas a energia alternativa. A unidade receberá investimentos de R$ 20 milhões e deve entrar em operação neste ano com capacidade instalada para 120 mil unidades ao ano. “Somos os primeiros a produzir elétricos no Brasil”, ressalta Rosa Júnior. A linha será composta por sete modelos, incluindo duas bicicletas elétricas, um modelo esportivo e um para cidade. A proposta vem de encontro a uma forte tendência do mundo moderno: mobilidade com sustentabilidade.
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Meta é assumir o terceiro lugar até o fim do ano, ficando atrás apenas de Honda e Yamaha
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pa no ra m a
Alternativa sustentável
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Estagnada na última década, indústria da bicicleta aposta na necessidade de maior mobilidade urbana
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A demanda por maior mobilidade urbana também pode ser um aliado importante para um segmento que, no Brasil, tem se mantido estagnado nos últimos dez anos: a fabricação de bicicletas. A produção de 5,3 milhões de unidades em 2010, segundo dados da Abraciclo, é igual ao volume fabricado em 2005. Assim como o segmento de motos, os fabricantes de bicicletas tiveram seu auge em 2008 com a produção de 5,8 milhões de unidades, mas até agora não houve recuperação pós-crise. Esse cenário é resultado, em parte, do fechamento de fábricas em decorrência de um processo de profissionalização do segmento, que inclui exigências com relação à qualidade dos produtos e à legalidade fiscal dos negócios. Crises à parte, o Brasil é o terceiro maior fabricante mundial de bicicletas, com 6% do total. A liderança absoluta é da China, que fabrica 80% das bicicletas vendidas no mundo. “A produção nacional permanece estável em volume, entretanto, observamos um crescimento do mercado em valor devido ao aumento das vendas de bicicletas de maior valor agregado”, afirma Artur Silva, gerente de
produto da Caloi, líder na fabricação de bicicletas no País. Segundo o executivo, a bicicleta começa a ser vista no Brasil como uma solução de mobilidade urbana, o que é comum em países europeus. “Em contrapartida, o mercado chinês, onde ela é vista somente como meio de transporte, vem sofrendo uma redução.” Seguindo essa tendência, a Caloi lançou no ano passado uma nova categoria de bicicletas: a mobilidade. De acordo com Juliana Grossi, diretora de marketing da marca, a principal característica da linha é o conforto, necessário para atender os ciclistas que utilizam a bike como um meio de transporte para pequenos trechos. Em 2010 a Caloi comercializou cerca de 800 mil bicicletas, um crescimento de 15%. A
“A produção nacional permanece estável em volume, mas cresce em valor”, diz Artur Silva, da Caloi
projeção para 2011 é de mais de 1 milhão de unidades, consolidando a marca como a maior fabricante de bicicletas fora do Sudeste Asiático. Para alcançar suas metas, a empresa está investindo R$ 30 milhões na modernização e expansão de capacidade de suas duas unidades fabris, localizadas em Manaus e Atibaia (SP). Quem também aposta no mercado de bikes é a Houston, marca que promete fazer muito barulho nesse mercado nos próximos anos. A empresa, fundada no Piauí há 10 anos, pertence aos grupos Claudino e Socic, um conglomerado que inclui redes de varejo como a Armazém Paraíba, além de fábricas de roupas, indústrias de colchões, móveis e estofados, construtoras, shoppings, frigoríficos e transportadoras, entre outros. A empresa elegeu 2010 como o ano para apresentar a marca ao Brasil. Antes disso, focou seus investimentos em operação, entrega e logística. Segundo João Claudino Júnior, presidente da Houston, a marca aumentou seu market share de 12% para 15% em 2010 e quase superou sua meta de chegar a 16%. “A Houston cresceu 25% em faturamento durante 2010, chegando a R$ 126 milhões. Para 2011, a empresa projeta crescer 30% e atingir a liderança do mercado de bicicletas”, afirma Claudino. A
PHOTOSTOGO
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA Ano Milhões de unidades 2003 5,2
Claudino Júnior, da Houston: “Empresa projeta crescer 30% e atingir a liderança do mercado de bicicletas em 2011”
5,4
2005
5,3
2006
5,0
2007
5,4
2008
5,8
2009
5,3
2010
5,2
2011
5,3
BICICLETAS CONSUMO MUNDIAL China ............37% EUA ..............27% Japão ............15% Índia .............13% Brasil ............. 8%
10% 6% 3%
81%
15%
13% 8%
27%
37%
PRODUÇÃO MUNDIAL China .............81% Índia ..............10% Brasil ..............6% Taiwan.............3%
FROTA DE BICICLETAS (POR REGIÃO) Região Milhões de bicicletas Norte 5,2 Nordeste 16,8 Sudeste 28,8 Sul 9,1 C.Oeste 5,2
Participação 8% 26% 44% 14% 8% Fonte: Abraciclo
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empresa está expandindo sua unidade fabril em Teresina, obra que deverá ser concluída no segundo semestre de 2011 com investimentos de R$ 8 milhões. A meta é chegar a uma capacidade instalada de 1,1 milhão de unidades ao ano, um crescimento de 23%. A empresa também anunciou recentemente a construção de uma fábrica em Manaus, que deve entrar em operação no ano que vem. “Será mais uma moderna indústria de bicicletas em outro ponto do País, facilitando a produção e a distribuição do produto”, explica Claudino. Estima-se que existam hoje no Brasil mais de 65 milhões de bicicletas em circulação. Para Moacyr Paes, da Abraciclo, elas podem passar despercebidas nas grandes cidades, onde buscam vias alternativas, mas são muito numerosas. “Só na Grande São Paulo são cerca de 350 mil bikes circulando durante a semana e 550 mil nos fins de semana”, afirma o executivo. Para ampliar esse mercado, a Caloi investe forte nas bicicletas infantis com um portfólio de 25 modelos. Em 2010, a marca vendeu cerca de 400 mil unidades destes modelos, um crescimento de 20% em relação a 2009. A proposta é fidelizar desde já os ciclistas de amanhã, um grupo que deve crescer movido pela vontade de viver melhor sem ter que abandonar as cidades.
2004
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pa no ra m a
O empresário Eldon Egon Jung e mais de 20% dos funcionários da Fornos Jung utilizam a bicicleta para trabalhar
drible no trânsito
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Pedalar para se deslocar em pequenos trechos é uma opção saudável e rentável para se livrar dos congestionamentos das grandes cidades
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Em março de 1997, o empresário Eldon Egon Jung observava seus funcionários saindo de bicicleta do pátio da empresa, a Fornos Jung, em Blumenau (SC), quando ficou apavorado ao se deparar com a falta de segurança que eles eram obrigados a enfrentar lá fora. Carros, motos e caminhões pareciam ignorar a presença das bicicletas que entravam ou cruzavam a Rua Bahia, principal via de acesso à cidade vizinha de Indaial. “Naquele momento me dei conta que eu tinha que fazer alguma coisa por aquelas pessoas porque, afinal, minha responsabilidade como empreendedor não se limitava às dependências da fábrica”, conta Jung, hoje com 69 anos. Lá se vão 14 anos e, para encurtar a
história, basta dizer que Jung é o atual presidente da Associação Blumenauense Pró-Ciclovias (ABC) e seu principal meio de transporte é uma bicicleta. São quatro quilômetros pelo menos três dias por semana de sua residência até a empresa. Mas o empresário chega a pedalar cerca de 30 quilômetros por dia quando tem compromissos profissionais no Centro da cidade. “Levei cinco anos para criar coragem, mas adquiri a direção defensiva e hoje vou de bicicleta até mesmo em reuniões com funções mais representativas, que exigem terno e gravata. Só uso carro para distâncias maiores ou se preciso levar algum peso”, afirma Jung. Junto com outros cicloativistas da ABC, o empresário já conseguiu pressio-
nar o poder público municipal para fazer mais de 50 quilômetros de ciclovia. O percurso faz parte de um projeto que estava engavetado na própria prefeitura e prevê a construção de outros 100 quilômetros de ciclovia e ciclofaixa, interligando o Centro de Blumenau a vários bairros e cidades vizinhas. “A ideia é que nenhuma rua seja aberta sem espaço para o trânsito de bicicletas porque isso custa menos de 10% do total da obra, e fazer depois sai mais caro. Lembro que no início éramos malvistos, mas ganhamos respeito pela nossa forma de trabalhar propositiva em vez de apenas contestadora”, destaca Jung. Com mais infraestrutura para o ciclista, no ano 2000 Jung pôde levar adiante um
projeto que incentiva seus funcionários a irem trabalhar de bicicleta. “Na verdade, esta foi uma iniciativa da minha área de recursos humanos, motivada pelo fato de eu ir de bike para a empresa”, faz questão de observar o empresário. Quando admitido, o funcionário da Fornos Jung é questionado sobre seu interesse em ir ao trabalho de bicicleta. Caso tenha, após o período de experiência ele recebe emprestada uma bike da empresa. Se usá-la pelo menos três vezes por semana para ir ao trabalho, depois de um ano a bicicleta passa a ser dele. Dos cerca de 90 funcionários da Fornos Jung, 20 aderiram ao projeto. Entre os resultados obtidos, a supervisora de RH Daiana Luiza de Fragas Campigotto destaca a melhora no humor – convertida em produtividade e atenção – e a redução do custo para deslocamento, se comparado ao carro, à moto e ao transporte coletivo. Outro benefício para a empresa é a redução do espaço necessário para estacionamento. Na vaga ocupada por um carro é possível acomodar pelo menos seis bi-
cicletas. Pesquisa feita pelo RH da empresa mostrou ainda que 21% dos que aderiram ao programa contaram que escolheram ir de bicicleta por ser o meio de transporte mais rápido. Em março deste ano, o programa recebeu o prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho 2010 na categoria desenvolvimento socioambiental. No ano passado, o Sesi de Santa Catarina lançou um projeto para que empresários estimulem a bicicleta como meio de deslocamento para o trabalho. Hoje, é o transporte adotado por 13,1% dos trabalhadores catarinenses. O projeto começou em outubro com uma extensa pesquisa que deve ser concluída em fevereiro
Bicicleta é o meio escolhido por 13% dos catarinenses para ir ao trabalho
de 2012. Na sequência, um piloto será desenvolvido em parceria com a Tupy, de Joinville, indústria que conta com um número grande de funcionários ciclistas. O resultado do projeto vai dar forma a um produto que o Sesi vai oferecer para outras empresas a partir do segundo semestre de 2012. De acordo com a Abraciclo, metade das bicicletas vendidas no Brasil é usada como meio de transporte, 32% são infantis e 17% para lazer. Professor do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina (Cefid/Udesc), Magnus Benetti sempre achou que deveria dar o exemplo. Afinal, ele atua como fisiologista na área de reabilitação cardiopulmonar. Em fevereiro de 2010 comprou uma bicicleta elétrica nos Estados Unidos e, desde então, usa o veículo para fazer o percurso de cerca de 12 quilômetros entre sua casa e o trabalho. “De carro eu fazia em 20 minutos, mas só quando o trânsito estava tranquilo. De bicicleta levo 35 minutos”, conta Magnus, satisfeito com sua
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Ricardo, Mônica e Rodrigo, representantes da marca de bicicletas dobráveis Brompton no Brasil
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PA NOR A M A
nova forma de deslocamento. “Quanto aos riscos, considero que são os mesmos de um motoqueiro”, afirma o professor, que faz parte do percurso em ciclovia.
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Bom negócio
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Sérgio Gordin abandonou um emprego de mais de dez anos para comprar uma empresa de entrega com bicicleta
Pelo Brasil afora, há inúmeras histórias de pessoas que substituíram o carro por uma bicicleta para ir ao trabalho. Mas o caso de Ricardo Santos, sócio-diretor da agência Milk, chama a atenção porque sua opção acabou levando a um negócio. Há um ano ele pediu uma bike emprestada para testar o trajeto casa-escritório. Gostou tanto que pouco tempo depois comprou uma bicicleta. O veículo facilitou muito a volta para casa, antes feita em 40 minutos, hoje em apenas 15. Em outubro, Ricardo aproveitou uma viagem a Londres, onde ele e seu sócio, Rodrigo Raso, foram correr a meia maratona da cidade, para comprar uma bicicleta dobrável. Ele ficou tão encantado pela Brompton que decidiu participar da concorrência para representar a marca no Brasil. E ganhou. “A bicicleta foi desenvolvida para ser a melhor opção de locomoção em centros urbanos para trabalhadores que precisam se deslocar em pequenas distâncias – menos de 10 quilômetros. No Brasil, o mercado de bicicletas de ‘design’ está bem no início, então é difícil falar em potencial de crescimento para a Brompton. Porém, acreditamos que irá pelo mesmo caminho dos países que hoje são líderes nesse segmento: Inglaterra, França, Holanda, Dinamarca e Alemanha”, afirma Santos. A proposta da Milk é começar as vendas por São Paulo e depois atingir o Brasil inteiro.
Bicicletas dobráveis ainda têm custo alto devido às taxas de importação
“Bicicleta é a melhor opção em centros urbanos para pequenas distâncias – menos de 10 km”, diz Santos
defende. Para ele, o que acontece em São Paulo é sintomático. “Cada dia mais e mais ciclistas saem às ruas até porque descobriram que carro parado em congestionamento não atropela. Em horário de pico a eficiência da bicicleta chega a ser assustadora quando comparada à do carro. A velocidade de um ciclista médio é de 17 km/h, independente do trânsito. Num carro ninguém mais sabe se vai demorar cinco ou 50 minutos numa viagem.” Há também quem trabalha pedalando ou faz da bicicleta o seu negócio. Em 2009, Sérgio Gordin abandonou um emprego de mais de dez anos para comprar uma empresa de entrega com bicicleta. A Bike dos Anjos, de Gravataí (RS), atende lanchonetes, empresas de recarga de cartucho para impressora, padarias, gráficas, lojas de produtos naturais, entre outros. Por enquanto, Sérgio é o único entregador, mas ele acredita no crescimento do negócio e está buscando parcerias com empresas que tenham foco em responsabilidade ambiental. “Geralmente passo o dia fazendo entregas. Ainda não consegui tirar o que ganhava no meu emprego, mas hoje tenho mais qualidade de vida e fico mais tempo com meus dois filhos, já que o escritório é em casa”, conta Gordin. A bicicleta também foi o ponto de partida para o empreendimento dos amigos Eduardo Green, Fernando Angeoletto e Jonatha Junge. Há sete anos eles criaram a Caminhos do Sertão, agência especializada em cicloturismo com sede em Florianópolis. Na época, o estado não tinha sequer um circuito oficial de cicloturismo. O primeiro, no Vale Europeu (região de Blumenau), foi lançado em 2006. Depois
motocicletas Razões de compra g Substituir transporte público.....40% g Lazer.......................................19% g Instrumento de trabalho.............16% g Outros......................................15% g Substituir carro.........................10%
16%
15% 10%
40%
19%
Fonte: Abraciclo
bicicletas Vendas por uso g Transporte...............................50% g Infantil.................................... 32% g Recreação e lazer......................17% g Competição............................... 1%
17%
1%
32% 50%
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Em Londres, uma Brompton custa o equivalente a R$ 2,1 mil até R$ 3,7 mil, dependendo da customização. Mas por conta de taxas de importação, no Brasil elas terão preços entre R$ 4 mil e R$ 8 mil. Quem também aposta em bicicletas de maior valor agregado é a Cycletech. A loja, recém-inaugurada em São Paulo, é especializada em bicicletas elétricas importadas dos Estados Unidos e da China. No momento, são dez modelos de bicicletas, além de nove scooters. Para carregar uma bateria gasta-se menos de R$ 1. A empresa acredita tanto nesse mercado que ainda neste ano vai abrir uma unidade em Florianópolis. De acordo com o gerente da Cycletech, Roberto Almeida, pelo menos seis pessoas entram por dia na loja para conhecer as novidades. “A maioria dos clientes procura um meio de transporte alternativo e barato para se livrar do trânsito caótico de São Paulo.” Para Arturo Alcorta, integrante do Instituto Pedala Brasil (IPB) e responsável pelo site Escola de Bicicleta, embora não existam estatísticas, é evidente que o número de ciclistas aumenta na mesma proporção em que piora a qualidade do transporte coletivo. “Bicicleta usa pouco espaço público, que hoje é escasso”,
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A agência de cicloturismo Caminhos do Sertão atende de 30 a 50 clientes por mês
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vieram o Costa Verde Mar (região Norte) e o Acolhida na Colônia (região da Serra). “Hoje, Santa Catarina está na dianteira do cicloturismo no Brasil”, afirma Eduardo Green. Segundo o empreendedor, em média, sua agência atende de 30 a 50 clientes por mês, incluindo estrangeiros, mas esse número tende a aumentar com o desenvolvimento de novos circuitos. Recentemente, o Grupo Ciclo Brasil, programa de extensão do Cefid/Udesc, em parceria com entidades voltadas ao estímulo ao uso da bicicleta, lançou o Manual de Circuitos de Cicloturismo. A publicação, destinada a gestores das áreas de turismo e mobilidade das prefeituras, traz instruções básicas para implantação, divulgação e gestão desses circuitos. “É um dos investimentos públicos mais interessantes porque ele retorna de forma bem diluída para diversos empreendimentos da cidade”, argumenta Green. Segundo o empresário, embora pedalar na cidade seja bem diferente de pedalar nos trajetos dos roteiros de cicloturismo, a atividade
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Terminais de transporte público devem permitir integração com bicicletas
pode despertar nas pessoas a vontade de usar mais a bicicleta como um meio de transporte no seu dia a dia. Para a coordenadora do Grupo Ciclo Brasil, professora Giselle Noceti Ammon Xavier, o estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte depende de uma série de fatores, tais como: infraestrutura cicloviária, uso da bicicleta em parceria com o transporte público, campanhas de incentivo junto à comunidade, conscientização sobre as leis que priorizam pedestres e ciclistas e inclusão na grade curricular das escolas de educação para a mobilidade. “As vias de tráfego não podem impedir o relacionamento social”, sintetiza. Giselle sugere também medidas de retenção ao uso do carro – por exemplo, parar com a política de aumentar as vagas para estacionamento. “As pessoas vão pensar duas vezes antes de ir de carro”, afirma a professora. Giselle destaca ainda que uma rede cicloviária não se limita a construir ciclovias. “Podemos ter mais espaços compartilhados, como ciclofaixas e redução da velocidade em ruas mais calmas para que motoristas e ciclistas possam conviver”, sugere. Para ela, o transporte público tem que ser um aliado da bicicleta. A ideia é que os usuários pedalem trechos curtos até os terminais de ônibus, metrô ou trem. Mas para isso é preciso que esses espaços ofereçam bicicletários e que tanto o transporte coletivo quanto
a bicicleta ofereçam aos usuários viagens tranquilas, confortáveis e rápidas. Países como Holanda, Alemanha e Colômbia – para ficar mais próximo da realidade brasileira – mostram que essa convivência não é impossível. A professora Giselle está otimista. Para ela, o Brasil está caminhando para aumentar o uso da bicicleta, até mesmo porque os congestionamentos têm provocado a busca por soluções. “Pela mesma razão, aliada à crise do petróleo, os europeus aderiram à bicicleta na década de 1970”, afirma Giselle.
LINHA DIRETA Abraciclo: (11) 5181-0222 Bike dos Anjos: (51) 3043-6910 Caloi: 0800 701 8024 Caminhos do Sertão: (48) 3234-7712 Cycletech: (11) 5535-1767 Dafra: 0800 77 32 372 Eldon Egon Jung: (47) 3327-0000 Giselle Xavier: (48) 3321-8600 Honda: 0800 055 22 21 Houston: (11) 4589-1799 Instituto Pedala Brasil: (11) 3165-6211 Kasinski: 0800 775 9899 Milk: (11) 2244-6455 Sesi SC: (48) 3231-4100
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certo PE RFI L
No caminho
Sérgio percebeu a dificuldade que muitas pessoas habilitadas tinham em dirigir e elaborou um curso para elas perderem o medo por Beatrice Gonçalves
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beatrice@empreendedor.com.br
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Sérgio Santos era instrutor de autoescola quando percebeu que uma parte de seus alunos, mesmo depois de passar pelas aulas teóricas e práticas de direção, ter feito o teste no Detran e conseguido a carteira de habilitação de motorista, não tinha coragem de dirigir. O medo e a falta de experiência impediam essas pessoas de guiar um carro mesmo após terem sido aprovadas nos testes e consideradas aptas a dirigir. Essa insegurança no volante chamou a atenção de Santos, que resolveu fazer uma pesquisa de mercado e percebeu que não existia um serviço de atendimento específico para esses motoristas. Ele resolveu, então, sugerir à empresa onde trabalhava a criação de turmas de aperfeiçoamento de direção para pessoas que já tinham obtido a carteira. Santos e dois outros instrutores, Cícero Barros e Leila Pereira, organizaram as aulas de treinamento e passaram a oferecer o serviço na autoescola. No começo, Santos e os colegas se revezavam entre as aulas de instrução, para quem ia tirar a carteira, e o serviço de treinamento de direção. Mas a grande procura pelo curso de aperfeiçoamento fez com que os três instrutores resolvessem se dedicar exclusivamente ao novo negócio. Em 1999, eles lançaram em São Paulo a Dirigindo Bem, uma das primeiras empresas no Brasil especializada no treinamento de motoristas com fobia no trânsito. Sem nunca ter aberto uma empresa antes, Santos afirma que o que mais o motivou a montar um negócio próprio foi ter encontrado um mercado que tinha muita procura e não era atendido pelas empresas do setor. O empresário considera que a experiência que ele e os sócios tinham como instrutores de autoescola foi fundamental para o negócio. Além disso, conta que as aulas de treinamento de direção, oferecidas por sete meses na autoescola onde trabalhavam, foram importantes para testar o negócio e para estruturar a metodologia da Dirigindo Bem. “Percebemos que, além de oferecer aulas práticas a esses motoristas,
Sérgio Santos
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Local de nascimento: Kaloré (PR) Idade: 37 anos Formação: Marketing pela Universidade Estácio de Sá de São Paulo Empresa: Dirigindo Bem Sócios: Cícero Barros e Leila Pereira
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LINHA DO TEMPO
pe rfi l
Sérgio Santos Dirigindo bem
1974
Nasce Sérgio Santos em Kaloré, no Paraná
1992
Tira a carteira de habilitação e começa a trabalhar como instrutor de autoescola
1999
Abre a Dirigindo Bem
2000
Expande o negócio por meio de licença da marca
2010
Expande o negócio pelo sistema de franchising
2011
A empresa conta com 34 unidades no País
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precisávamos integrar nosso trabalho com um serviço de assistência psicológica que pudesse entender os motivos que impediam os nossos alunos de dirigir. Notamos também que era preciso desenvolver aulas exclusivas para cada aluno.” Diferente do processo de uma autoescola, onde há aulas teóricas e práticas sobre sinalização de trânsito, legislação e primeiros socorros, o empresário explica que na Dirigindo Bem as aulas são focadas nas dificuldades dos motoristas, nas características do trânsito em que ele vai dirigir e no ensino de técnicas para que o motorista consiga fazer isso com mais confiança. “Tenho clientes que chegam aqui
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A maior parte dos clientes é de mulheres na faixa etária entre 30 e 60 anos
querendo dirigir melhor em rodovias e daí nós traçamos um treinamento específico para isso. Tem pessoas que têm medo de guiar um carro em congestionamentos, de deixar o veículo ‘morrer’, outras que passaram por situações traumáticas como acidentes ou mesmo pais que querem que seus filhos que acabaram de tirar a carteira aprendam a dirigir melhor.”
Diretriz psicológica Pelo método da Dirigindo Bem, antes de passar pelas aulas práticas o motorista expõe suas dificuldades e medos para o psicólogo da empresa e é esse profissional que dá as diretrizes do trabalho para o gestor da aula prática. O psicólogo acompanha todo o processo de trabalho do aluno e é ele quem avalia os resultados do treinamento. As aulas têm duração de 50 minutos e são realizadas de duas a três vezes por semana. Todo o trabalho costuma levar de 30 a 90 dias e o treinamento custa em média R$ 600. A maior parte dos clientes – o equiva-
lente a 70% do total de alunos – é de mulheres na faixa etária entre 30 e 60 anos. “São pessoas que apresentaram dificuldades em dirigir e que primeiro procuraram alguém da família que pudesse auxiliá-las. Mas nem sempre seus familiares estão dispostos a fazer isso ou têm tempo para ensinar, e isso motiva a procurar ajuda profissional.” Santos explica que seus primeiros clientes foram ex-alunos da autoescola e que, para divulgar o novo serviço, ele e os sócios distribuíam panfletos e ligavam para aquelas pessoas que eles sabiam que tinham dificuldades. Com o tempo, o serviço foi se tornando conhecido e em 12 anos de trabalho mais de 39 mil motoristas passaram pelo curso de treinamento da Dirigindo Bem e voltaram a dirigir. “Vejo que o nosso trabalho ajuda as pessoas a realizarem um sonho. Você vê as pessoas chegando aqui desmotivadas e saindo bem diferentes. Dirigir hoje é um dos maiores prazeres do mundo e eu fico muito feliz por poder auxiliar as pessoas a conseguir realizá-lo.” Além de despertar o interesse dos mo-
Dirigindo Bem
Investimento inicial: a partir de R$ 70 mil | Faturamento médio mensal por unidade: R$ 35 mil | Área mínima: 80 m² | Nº de funcionários: mínimo de três
Sérgio, sócios e franqueados da rede, hoje com 34 unidades no País
Dirigindo Bem em todas as capitais do Brasil e chegar a 70 unidades até o fim de 2011. Santos explica que o franqueado não precisa ter experiência em autoescola ou mesmo ter formação específica, mas é preciso que ele se comprometa a estar à frente do negócio e que tenha aptidão para lidar com pessoas. “Não procuramos franqueados investidores, porque entendemos que a qualidade do nosso serviço se faz também através do relacionamento que os profissionais da Dirigindo Bem têm com os clientes e, por isso, damos preferência para quem se disponibiliza a estar à frente do negócio e a acompanhar o dia a dia da empresa.” Para abrir uma unidade de 80 a 100 metros quadrados é necessário um investimento de R$ 70 mil, ter uma frota de pelo menos dois carros e contratar três funcionários – um gestor de aula prática, uma recepcionista e um psicólogo. O treinamento dos novos franqueados é feito em São Paulo e cada profissional que vai trabalhar na unidade passa por um processo de capacitação na sede da rede em São Paulo, que
Meta é atingir 70 unidades e chegar a todas as capitais do Brasil até o fim de 2011 dura de 10 a 15 dias. Depois desse período os treinamentos continuam, mas por videoconferência. “Cada unidade tem em média faturamento bruto mensal de R$ 35 mil. O retorno do investimento é rápido, e por conta disso nós fomos eleitos uma das franquias com mais rápido payback do País. No ano passado o faturamento da rede ficou em R$ 9 milhões”, explica o empresário.
LINHA DIRETA Dirigindo Bem: www.dirigindobem.com.br
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toristas, muitas pessoas que procuravam um negócio para investir demonstraram interesse em abrir uma unidade da Dirigindo Bem. “Muitos amigos nossos nos procuraram porque queriam montar uma filial da empresa e nós começamos a vender a licença da marca para outros municípios de São Paulo.” Por esse processo a empresa expandiu sua atuação e conquistou novos mercados. Até 2010, eram 19 unidades licenciadas pela marca nas regiões Sudeste e Nordeste do País. Santos conta que ele e os sócios perceberam que com o crescimento do negócio para outras regiões era preciso estruturar melhor os processos, o treinamento dos funcionários e os serviços oferecidos e, em 2010, decidiram transformar a Dirigindo Bem em uma franquia. “Pelo sistema de franchising conseguimos padronizar os serviços e isso nos permitiu crescer mais e expandir nossa atuação.” Hoje a rede tem 34 unidades localizadas no Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste do País, e a meta da rede é abrir
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Empreendedores
emergentes Microfranquias são oportunidade acessível de trabalho organizado para os novos integrantes da classe C, agora maioria entre a população por Cléia Schmitz
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cleia@empreendedor.com.br
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Com mais de 102 milhões de pessoas, a classe C já é a maior do País, representando 53% da população. É ela que, segundo especialistas, tem dado impulso ao mercado de microfranquias, redes que exigem investimentos inferiores a R$ 50 mil. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), no ano passado esse segmento cresceu 35%, índice que deve se manter em 2011. “Há muitos profissionais liberais que já trabalham em determinado ramo, mas não atuam como empresa. Para eles, as microfranquias são uma oportunidade de se organizarem melhor, contando com o apoio de quem está no mercado”, afirma Ricardo Camargo, diretorexecutivo da ABF. O ano de 2010 fechou com 2,5 mil microfranquias, mas esse número avança num ritmo extraordinário. Símbolo desse crescimento, a Dr. Resolve Reparos & Reformas – rede especializada em serviços de pintura, elétrica, alvenaria, hidráulica e jardinagem em residências e espaços comerciais – espera fechar 2011 com 300 unidades. Detalhe: a empresa sequer completou um ano de vida. A primeira unidade foi inaugurada em agosto do ano passado e sete meses depois a rede já contava com 100 franqueados. Só em março último foram abertas 59 unidades. “Parece que eu descobri a roda”, afirma David Pinto, proprietário da marca. A ideia de abrir a Dr. Resolve surgiu quando David foi reformar seu apartamento. Ao contratar profissionais para fazer serviços de eletricista e encanador, o empresário se deparou com um
David Pinto, da Resolve: 100 franqueados em sete meses
Segmento de microfranquias cresceu 35% em 2010, índice que deve se repetir este ano, segundo a ABF
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problema comum no País inteiro: a falta de profissionalismo nesse segmento. Executivo do mercado de franchising, David decidiu formatar uma rede que pudesse oferecer serviços de reparo e reforma com mais credibilidade e garantia aos clientes. Ele próprio formatou o negócio e chamou uma agência de publicidade para criar a marca e fazer a divulgação do negócio. Para treinar os franqueados e suas equipes, montou a Universidade Corporativa Dr. Resolve. O investimento para uma franquia da Dr. Resolve gira em torno de R$ 20 mil. Hoje, a rede exige ponto comercial, mas a ideia inicial era de que os franqueados montassem o negócio em casa mesmo. Muitos profissionais que já atuavam no segmento compraram a franquia para contar com a marca e o suporte oferecidos pelo franqueador. O construtor Paulo de Oliveira Dourado, de Santa de Parnaíba (SP), é um deles. Em dezembro passado ele comprou uma franquia da Dr. Resolve para incrementar seu negócio. Como já contrata profissionais para suas construções, a franquia é uma forma de agregar valor. “Recebo, em média, seis chamadas por dia, mas esse número deve aumentar”, afirma. Para o franqueador David Pinto, a marca dá mais credibilidade a esse tipo de serviço. Ele também credita o sucesso da Dr. Resolve ao aquecimento do mercado da construção civil, ao baixo investimento do negócio e à forte exposição da marca na mídia. “Recebo por dia entre 30 e 40 ligações de interessados em nossa franquia. Cerca de 10% vão se converter em franqueados; então, é só fazer a conta”, diz o empresário. A última novidade da empresa é o modelo shopping. A primeira unidade foi instalada na alameda de serviços do Plaza Shopping, em São
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Kumon
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Seguralta
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José do Rio Preto, interior de São Paulo. O investimento é mais alto – R$ 35 mil –, mas ainda é microfranquia. Outra rede que tem crescido a partir da proposta de microfranquia é a Seguralta, especializada na venda de seguros, um segmento que fatura R$ 100 bilhões por ano no Brasil. A empresa oferece um modelo home based, ou seja, que pode ser montado em casa com investimento de R$ 13,5 mil. O formato é, de longe, o mais vendido. “De cada dez unidades, sete são home office”, afirma Reinaldo de Barbosa Zanon, diretor de gestão de franquias e filho dos fundadores da empresa. No mercado há mais de 40 anos, a Seguralta vinha estudando o setor de franchising desde 1994. Em 2008, com a informatização do segmento, finalmente começou a formatar seu modelo de franchising. As primeiras unidades franqueadas foram abertas em 2009, mas foi em 2010 que o negócio deslanchou. A rede fechou o ano com 100 unidades e até março deste ano já tinha aberto outras 20. “A meta é chegar ao fim de 2011 com 300 franquias, entre home based e standart (loja), e al-
Julia Shiroiwa: “Temos potencial para crescer em número de franqueadas e também de alunos por unidade”
cançar 1 mil unidades em cinco anos”, explica Zanon. Ele conta que alguns franqueados começaram com uma franquia em casa e já migraram para o formato de loja por conta do aumento da demanda de serviços. A Seguralta também é uma opção para profissionais que já atuam em segmentos afins – como contadores e despachantes – e querem ter uma renda adicional em seus escritórios. Zanon: meta de 1 mil unidades em cinco anos
Atento à expansão das microfranquias, Sebrae deve lançar ainda neste semestre o Projeto Franqueador
Tradição Isso não quer dizer que a Seguralta aceita apenas franqueados com experiência no ramo. Aliás, segundo Zanon, a maioria dos franqueados não tinha conhecimento da área de seguros quando adquiriu a franquia. Além de oferecer treinamento e consultoria a todos os franqueados, no modelo home based a franqueadora dá suporte administrativo e financeiro, facilitando o trabalho e diminuindo custos. A receita média mensal fica entre R$ 3 mil e R$ 8 mil e o retorno do investimento se dá entre seis e 12 meses. Por dia, Zanon recebe contato de
O que são microfranquias? São franquias de baixo investimento, inferior a R$ 50 mil. No Brasil, existem 80 redes que oferecem microfranquias, formato ideal para investidores de pequeno porte. Estima-se que elas representam cerca de 5% do total de franqueados no Brasil.
adora também exige que o franqueado seja um dos orientadores, ao invés de ficar apenas na gestão administrativa e financeira. Julia explica que o objetivo é manter o dono da franquia sempre em contato com os resultados dos alunos, garantindo uma satisfação que vai além dos lucros. Com essa proposta, a rede está reformulando seu processo de seleção dos franqueados, reforçando a identificação com o método Kumon. A rede tem 15 escritórios no Brasil e vê muito espaço para continuar seu processo de expansão pelo País. “O Brasil é muito grande, são mais de 5 mil municípios. É claro que não vamos estar em todos eles, mas temos potencial para crescer muito, não só em número de unidades franqueadas, mas também em número de alunos por unidade”, destaca Julia. No ano passado, o Kumon cresceu 12% e a meta para 2011 é 14%. “Estamos abertos aos interessados pela franquia, especialmente aqueles que têm identificação com a área educacional e espírito empreendedor para administrar um negócio”, destaca a executiva.
Atento ao movimento de expansão de pequenos negócios por meio de microfranquias, o Sebrae deve lançar ainda neste semestre o Projeto Franqueador. Ele inclui uma publicação (Como tornar sua empresa uma franquia) e um software para Análise de Franqueabilidade, além de consultoria de profissionais do Sebrae para formatação do negócio dentro do sistema de franshising. “Montar um sistema de franquia requer avaliação da própria empresa, do seu modelo de negócio, do potencial de mercado, além da adoção de uma série de procedimentos que preservam a marca e que vão garantir a sua expansão a um custo menor e uma rentabilidade maior”, afirma Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae.
LINHA DIRETA ABF: (11) 3020-8800 Dr. Resolve: (17) 3304-4171 Kumon: (11) 3059-3700 Sebrae: 0800 570 0800 Seguralta: 0300 11 59 300
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oito a 10 interessados pelo negócio. A rede tem planos de internacionalização com a abertura de franquias em outros países da América do Sul. O modelo de franquia com baixo investimento está em alta, mas é bom que se diga que as microfranquias não são uma novidade. A rede Kumon, especializada no ensino de matemática, português, inglês e japonês, exige investimentos a partir de R$ 11 mil e está no Brasil desde 1977. Hoje, são mais de 1,7 mil franqueados e 100 mil alunos matriculados. É o maior exemplo de microfranquia do Brasil. “Mais do que o baixo investimento, acreditamos que o método Kumon é o maior responsável pelo nosso sucesso. Temos concorrentes que exigem investimentos até menores, mas não têm o mesmo desempenho”, afirma Julia Shiroiwa, gerente de recrutamento da rede. O Kumon exige do franqueado um ponto comercial. A rede entende que um modelo residencial limitaria o crescimento do negócio, além de comprometer o desempenho do método. Para garantir a sustentabilidade do negócio, a franque-
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Bola da vez O Brasil está se tornando cada vez mais alvo de interesse de franqueadoras internacionais. Entre elas está a KA International, rede de franquias espanhola líder mundial em decoração, com mais de 25 anos de experiência. A empresa, que começou a empreender no mercado internacional em 1992 e hoje possui 400 lojas em 47 países, pretende aterrissar também no mercado brasileiro. Para isso, a rede está realizando um processo de busca e seleção de master franquea-
dos, com o objetivo de facilitar o crescimento do negócio em cada região do País. Os representantes do Departamento Internacional da KA estarão no Brasil nos dias 26 e 27 de abril para reuniões com os investidores interessados em formalizar uma aliança ou um acordo comercial para o desenvolvimento da marca. A intenção é conceder a máster franquia para quem, além da capacidade de fazer o negócio crescer, também fabrique e disponha de capacidade de
produção para abastecer toda a rede de lojas já existentes na América Central e do Sul, bem como as que serão criadas progressivamente no Brasil, sendo que inicialmente o futuro máster franqueado contará com uma carteira de lojas e volume de negócios muito interessante já em andamento. A intermediação do negócio está a cargo das consultorias especializadas Bittencourt e Tormo & Associados, com o apoio do órgão público PromoMadrid. www.kainternational.com
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Resultados animadores
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Divulgada em fevereiro, a 15ª edição da pesquisa de Indicadores Trimestrais do Franchising – realizada em parceria da Associação Brasileira de Franchising (ABF) com o Programa de Administração de Varejo (Provar) – indica que o faturamento total do quarto trimestre de 2010 foi 33,9% maior do que o verificado no mesmo período de 2009. A expectativa para o primeiro trimestre
deste ano é obter uma alta no faturamento de 32,7%, em relação ao primeiro trimestre de 2010. O estudo foi realizado com 48 redes de franquias de segmentos variados. Ao todo, 3.544 lojas compõem a análise, sendo 328 lojas próprias (9,3%) e 3.216 unidades franqueadas (90,7%). As franquias de alimentação destacam-se mais uma vez com maior
número de lojas – 34% –, representando mais de um terço a amostra. No quarto trimestre de 2010 verificou-se também crescimento de 7,1% no total de lojas, sendo 2,2% de lojas próprias e 7,6% de lojas franqueadas. Para o primeiro trimestre de 2011, o setor espera crescimento de 5,3% no total de lojas, sendo 3,7% de lojas próprias e 5,4% de lojas franqueadas. www.abf.com.br
Versão light
Uma das primeiras franquias brasileiras a oferecer tratamentos com base nos oligoelementos, a OligoFlora lançou um novo formato de negócio com baixo investimento para quem deseja entrar no mercado de bem-estar e estética funcional. Enquanto uma franquia tradicional custa em torno de R$ 250 mil, uma unidade da OligoFlora H2 – Home Health sai por R$ 75 mil. “A ideia é modular a franquia de maneira que o franqueado cresça com o tempo e possa investir em mais cabines de tratamento”, informa Iram Torquato, franqueado. Para ser um franqueado não é preciso ser profissional da área de beleza. Nas lojas OligoFlora estão disponíveis tratamentos corporais, faciais e terapêuticos, voltados a homens e mulheres de todas as idades. O grande diferencial da marca é lançar mão de produtos e serviços que melhoram a nutrição celular. O modelo OligoFlora H2 – Home Health está disponível para cidades com população entre 100 mil e 200 mil habitantes, enquanto a OligoFlora Studio é destinada a cidades com população maior que 250 mil habitantes. www.oligoflora.com.br
Estimulada pelo sucesso das redes de frozen yogurt, a IceMellow Franchising lançou uma nova marca no mercado: a yoyogurt. As primeiras lojas foram inauguradas em São Luís, no Maranhão, em fevereiro. Em abril a marca deve chegar ao Rio de Janeiro. A expectativa é abrir até dez lojas em todo o Brasil ainda este ano, totalizando aproximadamente R$ 4 milhões em faturamento. A empresa já é dona da rede de sorvetes e sobremesas especiais IceMellow, que no ano passado registrou crescimento de 25% em relação a 2009. Ao todo, tem 47 lojas contratadas, das quais 32 já estão em funcionamento e oito estão prestes a serem inauguradas. “Notamos que existe o interesse do franqueado em abrir outras marcas, pois à medida que ele tem sucesso com a primeira, quer expandir. Se já existem outros modelos de franquias dentro da rede, ele prefere, pois já conhece a estrutura da franqueadora”, acredita Ivan Almeida, diretor da rede. Segundo ele, a empresa já tem projetos para lançar novas marcas e pretende inaugurar a terceira em 2012. Para Almeida, o futuro da IceMellow Franchising é se tornar uma gestora de marcas e franquias, um conceito bastante difundido nos Estados Unidos e que já é uma tendência do mercado brasileiro. “A criação da yoyogurt já foi o primeiro passo nessa direção”, diz.
www.icemellow.com.br
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Negócio quente
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Responsabilidade arraigada Considerado um dos maiores franqueadores do Brasil, o Grupo Multi aproveitou a edição 2011 do Fórum Mundial de Sustentabilidade – que aconteceu em março em Manaus – para lançar sua área de Responsabilidade Social, encarregada do desenvolvimento e gerenciamento de iniciativas sociais e corporativas das nove redes que fazem parte do conglomerado, incluindo as marcas de ensino de idiomas Wizard, Yázigi, Skill, Alps e Quatrum, além da redes de ensino profissionalizante Microlins, SOS, Bit Company e People. De acordo com Claudio Tieghi, responsável pelo setor, a área de Responsabilidade Social segue a cartilha empresarial
do Instituto Ethos. “Desenvolveremos ações para cada uma das redes de ensino que controlamos, utilizando estratégias que privilegiam a identidade e os públicosalvo de cada uma. Além disso, atuaremos também na franqueadora, avaliando seu relacionamento com fornecedores, parceiros e demais steakholders, para termos uma empresa cada vez mais alinhada com os conceitos de empresa socialmente responsável”, afirma. Um exemplo é o conceito Wizard Eco, modelo de franquias de idiomas ecologicamente correto, baseado em projetos arquitetônicos especiais, que utilizam uma série de soluções inteligen-
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Suporte total
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Especializada em soluções de gestão empresarial para pequenas empresas, a Jiva encerrou o ano de 2010 com faturamento 125% maior do que o obtido no ano anterior. O crescimento foi possível graças à expansão da rede de franquias e das iniciativas adotadas para treinar e oferecer total suporte aos parceiros. “Ampliamos nossa equipe de relacionamento com as franquias e melhoramos os canais de interação com a nossa rede e com o mercado, por meio de redes sociais e até do próprio website da Jiva. Contamos com uma central de franquias cada vez mais robusta, auxiliando de perto as negociações e dando o devido apoio ao franqueado”, explica Fábio Túlio, diretor da Jiva. Outro foco de melhorias em 2010 foi a Universidade Jiva, mantida pela empresa. “Na área de software de gestão, a qualificação do franqueado e de sua equipe faz toda a diferença para a venda. Por isso investimos na melhoria do conteúdo e em novos cursos, e essa continuará sendo uma diretriz importante em 2011”, afirma o executivo. www.jiva.com.br
tes, e matérias-primas recicláveis, como nas paredes, que serão feitas de chapas 100% recicladas. Além disso, todas as escolas contarão apenas com iluminação à base de lâmpadas fluorescentes T5 e de LED, muito mais econômicas que as tradicionais. Outro pré-requisito da Wizard Eco é ter acesso fácil e seguro por transporte público, para que os alunos evitem ou reduzam o uso do carro – que é uma forma de reduzir a emissão de gases poluentes com menos carros nas ruas. As primeiras escolas seguindo esse modelo foram recentemente inauguradas em Fortaleza e Lauro de Freitas (BA). www.wizard.com.br
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F r an q ui a e m e x p a ns ão
PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto
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Empreender abril/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR - 0800 570 0800
informe do sistema brasileiro de apoio àS micro e pequenas empresas
Copa vai gerar oportunidades para pequenas empresas Sebrae apresenta mapeamento em quatro setores da economia e lança programa de capacitação e desenvolvimento
C
onstrução civil, tecnologia da informação, turismo e produção associada ao turismo. Esses quatro setores da economia oferecem 448 oportunidades de negócios para pequenas empresas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Os dados fazem parte do Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede, divulgado pelo Sebrae no final do mês de março. Ainda no primeiro semestre de 2011 serão mapeados mais cinco setores: agronegócio, madeira e móveis, têxtil e confecção, comércio varejista e serviços. O trabalho é uma das ações previstas no Programa Sebrae na Copa de 2014, que receberá, até 2013, investimentos de R$ 79,3 milhões. Os recursos serão aplicados em programas de consultoria, inovação e acesso a mercados, como o Sebrae Mais, Sebraetec, Agentes Locais de Inovação (ALI) e Centrais de Negócios. Para atender à demanda, novas
soluções também poderão ser criadas. De acordo com o mapeamento do Sebrae, encomendado à Fundação Getulio Vargas (FGV), haverá possibilidades de negócios para pequenos empreendimentos antes, durante e após o evento esportivo. Alguns exemplos são as agências de viagens emissivas e de receptivo, fornecedores de uniformes, empresas de terraplanagem, restaurantes e outros estabelecimentos de alimentação e bebidas, comércio de reparação e manutenção de equipamentos de comunicação, empresas de internet e infraestrutura de tecnologia da informação (TI), produção de artesanato, design de produtos e embalagens, fornecedores de material e mobiliário de escritório. As 448 oportunidades de negócios foram extraídas de uma lista de atividades nas quais essas empresas podem empreender com grande chance de sucesso. Esses segmentos incluem as compras governamentais (com as garantias previstas na Lei Geral da
Construção civil, tecnologia da informação, turismo e produção associada ao turismo oferecem 448 oportunidades de negócios para pequenas empresas nas 12 cidadessede da Copa 2014 Ines Matos
Em 2014 o Brasil deve receber 8 milhões de visitantes, o que deve impulsionar o desenvolvimento do setor de turismo
Fábio Chieppe
Levantamento inclui compras governamentais (com as garantias previstas na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa) e negócios diretamente com o mercado – que representam a maior parte das oportunidades Luiz Barretto, presidente do Sebrae, na coletiva em que foi apresentado o mapeamento de oportunidades de negócios para a Copa de 2014
Micro e Pequena Empresa) e os negócios diretamente com o mercado – que representam a maior parte das oportunidades. // Legado Além da realização de negócios, o Programa Sebrae na Copa 2014 aproveita o impulso do evento esportivo para trabalhar no desenvolvimento das micro e pequenas empresas. “A ideia é permitir que elas ocupem um espaço maior na economia, não apenas no período até 2014, mas no futuro. Atualmente, 99% das empresas brasileiras são micro ou pequenas e elas respondem por 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Em países como a Alemanha, a participação no PIB chega a 40%”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Entre as ações para a Copa, está prevista, inicialmente, a capacitação de 7,7 mil empreendimentos avançados (com mais de dois anos de funcionamento) nas 12 cidades-sede, que serão multiplicadoras dos avanços de gestão e inovação para centenas de milhares
de outros empreendimentos. “Tão importante quanto fazer essa capacitação de gestores é articular, junto às grandes corporações, a inserção das pequenas empresas nas principais cadeias produtivas. Já iniciamos o diálogo com as principais associações empresariais nesse sentido”, revela Luiz Barretto. Neste primeiro momento, o levantamento está sendo feito em âmbito nacional. A segunda etapa será a identificação das atividades mais promissoras em cada estado que sedia a Copa, levando em consideração as aptidões locais. Estão em andamento 14 mapeamentos locais, sendo nove no setor da construção civil – no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Amazonas, Mato Grosso, Distrito Federal, Ceará e Paraná. Em tecnologia da informação, os mapeamentos ocorrem no Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Distrito Federal e Ceará. Até maio, deverão estar concluídos os dados regionais dos quatro setores. // Encontros de negócios Para o presidente do Sebrae, o gran-
Serviço Textos: www.agenciasebrae.com.br Mais informações: www.sebrae.com.br
Empreender – Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 Fone: (61) 3348-7100 – Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae
de ganho será ver em 2014 as pequenas empresas mais preparadas, com melhores índices de competitividade, inovadoras e sustentáveis, superando os 20% que hoje o segmento representa no PIB. “Para acelerar esse processo de inteligência competitiva nas empresas, a partir de maio o Sebrae dará início a um ciclo de encontros de negócios nas 12 cidades-sede, sendo um por localidade, a começar pelo Rio de Janeiro e Natal”, afirma Barretto. Nesses encontros serão trabalhadas as atividades priorizadas pelos estados que vão sediar o evento esportivo, com a participação de empresários (fornecedores e compradores de produtos e serviços), associações de classe, bancos de financiamento e outras entidades. “Trabalhar o encadeamento produtivo será o principal foco do Sebrae. Isso gera oportunidades e negócios. Vamos realizar grandes seminários e rodadas de negócios. Não adianta o Sebrae reunir essas informações e não dialogar nas pontas”, diz Barretto. E
PR ODU TOS E SERVIÇ O S
Display aéreo A AZ4 Group apresenta o display aéreo para farmácias, desenvolvido após a resolução 44/09 da Anvisa, que proíbe a exposição de medicamentos ao alcance das mãos do consumidor. A peça foi inspirada nas cigarreiras de padarias e apresenta a mesma funcionalidade do display de balcão. O equipamento tem regulagem de altura, e pode ser ajustado na melhor posição de acesso sem atrapalhar a circulação de clientes. Além disso, não precisa perfurar o chão ou o teto para ser fixado. www.az4group.com
Conta fácil A iConta é uma conta corrente do Itaú criada para clientes que queiram utilizar exclusivamente os canais eletrônicos do banco como atendimento através da internet, telefone, iPad e caixas eletrônicos. O usuário da iConta não paga mensalidade de manutenção e todas as transações incluídas no pacote são ilimitadas e gratuitas. A pré-abertura da conta pode ser feita pela internet, mas o procedimento precisa ser finalizado em uma agência. Após optar pela iConta, o cliente terá direito a cartão de débito Itaú Múltiplo Internacional MasterCard e poderá realizar gratuitamente depósitos e retiradas, pagamentos de contas, consulta de saldos, transferência para contas do banco Itaú (DOC/TED), além de ter a possibilidade de fazer investimentos e contratar empréstimos. www.itau.com.br
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Informações integradas
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A Intelecta Tecnologia lança o módulo Empresário Reports que permite que micro e pequenas empresas integrem de forma mais rápida e segura suas informações e com isso consigam implementar uma melhor gestão do negócio. A ferramenta, que é totalmente integrada ao banco de dados do Software Empresário, faz com que o empreendedor construa rapidamente relatórios com qualquer conjunto de informações existentes no sistema a partir de um conjunto de funcionalidades baseadas nas capacidades de business inteligence. O novo módulo oferece a capacidade de geração de relatório em vários formatos como pie, tabelas, curva ABC, migração para Excel e pdf, e inclui uma função para a distribuição automática dos relatórios por e-mail. O Empresário Reports chega ao mercado pelo valor de R$ 599 por usuário. www.intelecta.com.br
Tapume plástico O Grupo Baram desenvolveu um tapume ecológico para obras feito a partir de sacolas plásticas e embalagens. O produto, que mede 2,20m por 0,55m, é impermeável, não acumula bactérias e apresenta seis vezes mais durabilidade do que o compensado feito com resíduos de madeira. Para fabricar cada peça de tapume são consumidas cerca de 3 mil sacolas plásticas e embalagens alumizadas, iguais àquelas distribuídas em supermercados. A Baram fabrica em média 6 mil chapas recicláveis por mês e é hoje líder nacional na fabricação de andaimes suspensos, elétricos e manuais. www.baram.com.br
Etiqueta em braile A Haco lança etiqueta especial com informações em braile que permite que consumidores com deficiência visual consigam ler e ter mais detalhes sobre as roupas que compram. A tecnologia desenvolvida pela empresa permite que o confeccionista
coloque as informações em braile em etiquetas de tecido, borracha e tag de papel kraft. Além disso, os detalhes sobre a peça podem ser colocados na barra da roupa. A etiqueta é de tamanho regular.
www.haco.com.br
A placa PCI Express N 150MBps pode ser utilizada como adaptador para a conexão de computadores com a rede sem fio. O equipamento vem com as tecnologias SST e CCA que dão uma maior estabilidade da conexão e melhor qualidade do sinal. A placa ainda conta com configuração automática de segurança da rede wireless, assistente de instalação e antena destacável. O adaptador é ideal para usuários que precisam de maior velocidade no processamento de dados, podendo ser utilizado em servidores de rede. O aparelho ainda possui compatibilidade com todos os padrões PCI-E (x1, x2, x8 ou x16) e wireless (11b, 11g e 11n). O preço sugerido para o produto é de R$ 59. www.unicoba.com.br
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Conexão sem fio
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PR ODU TOS E SERVIÇ O S
Big brother A Axis Communications lança uma série de câmeras de segurança com visão de 360˚ e dotadas das funções pan/tilt/ zoom, que possibilitam girar a câmera nas direções horizontal e vertical e aproximar o foco por controle remoto. As imagens das câmeras podem ser acessadas por computadores ou portáteis em qualquer lugar do mundo, ao vivo, e controladas para mostrar o fluxo de clientes no estabelecimento, ou a ausência de produtos numa determinada prateleira, por exemplo. Com uma abrangência de até 400 metros quadrados, os modelos da série de câmeras de rede Axis M50 possuem um microfone embutido, permitindo aos gerentes usarem a função de detecção de áudio para monitorar barulhos ocorridos fora do horário de funcionamento e gerar alarmes de segurança. www.axis.com
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Cartão para viagens
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O MasterCard Cash Passport é um cartão pré-pago internacional recarregável, que pode ser utilizado para compras e saques na moeda local do país e nos cerca de 32 milhões de estabelecimentos credenciados MasterCard ao redor do mundo e em 1,5 milhão de caixas automáticos. Por esse sistema, o usuário pode adquirir um cartão em dólar e, caso viaje para a Europa, pode realizar o saque do dinheiro em euro. O MasterCard Cash Passport pode ser encontrado no Brasil em 15 distribuidores afiliados à Travelex e também em agências de viagens e casas de câmbio. www.cashpassport.com
De olho no consumo A Ihouse lança o Snapgrid, um equipamento que monitora e transmite dados do consumo de energia elétrica de uma residência automaticamente. Instalado na porta do quadro de disjuntores de um imóvel, o Snapgrid monitora 24 horas por dia o gasto de energia elétrica, em quilowatts ou reais, de ambientes ou equipamentos predeterminados pelo usuário. O produto oferece 16 canais para monitoramento, que podem ser ampliados para atender as necessidades do proprietário. O consumo de energia elétrica por ambiente ou equipamento é apresentado no painel de cristal líquido do produto de três formas diferentes: modo instantâneo (consumo no exato momento da consulta, sendo atualizado a cada minuto), opção acumulado (soma do consumo iniciado após a leitura pela empresa concessionária de energia elétrica até a data de consulta) ou como previsão para o mês (estimativa mensal baseada no consumo médio dos últimos dias). O Snapgrid também pode exibir o relatório de consumo dos últimos 12 meses. www.ihouse.com.br
Desempenho elevado A Megaware apresenta o Megahome Slim M5 Series, desktop que já vem equipado com a segunda geração da família de processadores Intel Core. O sistema permite o acesso em paralelo à memória cache e é responsável pelo aumento de desempenho da máquina, o que possibilita a execução de multitarefas em alta performance. O Megahome Slim M5 Series tem 4GB DDR de memória, HD de 1TB Sata II e placa-mãe com chipset H67. A máquina também vem com Windows 7 Home Premium e gravador de DVD Slim. O preço sugerido do produto é de R$ 1.999. www.megaware.com.br
Temperatura ideal A Lacava desenvolveu o Green Squall, um novo sistema de refrigeração de adegas para restaurantes. O equipamento reduz em até 80% o tempo necessário para atingir a temperatura ideal do vinho e reduz o consumo de energia em até 30% em comparação com outros modelos de refrigeração. O Green Squall utiliza o sistema scroll, que garante uma refrigeração homogênea na adega, minimizando a perda de energia. Para o funcionamento do aparelho é utilizado gás ecológico, que evita a emissão de CFC na atmosfera, e as portas do Green Squall possuem vedação emborrachada e são fechadas sob pressão para evitar perda de ar. www.adegaslacava.com.br
Trabalho facilitado O Fujitsu ScanSnap é capaz de escanear documentos em cores em formato A4 e A3 a uma velocidade de até 20 páginas por minuto para documentos simples e 40 impressões por minuto para documentos frente e verso. O aparelho cria automaticamente arquivos PDF dos documentos digitalizados, facilitando o envio e armazenamento dos mesmos. Por meio dos programas Adobe Acrobat ou Adobe Acrobat Reader é possível ainda acessar os arquivos e realizar buscas rápidas em todo o documento. A solução é ideal para empresas e escritórios. www.fujitsu.com
A tinta acrílica Premium Maxi-Cril Uma Demão não deixa cheiro e pode ser utilizada tanto na pintura de salas e quartos quanto de ambientes externos. O material é de fácil aplicação e permite que em apenas uma demão a tinta consiga cobrir inclusive superfícies previamente pintadas com cores intensas como preto, azul profundo ou roxo. A tinta vem em uma embalagem que permite a diluição do material em água em 10%, o que gera uma economia de produto de até 32% e reduz o tempo de pintura. O preço sugerido para o produto é de R$ 89,90.
www.tintasmaxicril.com.br
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Sem cheiro
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PR ODU TOS E SERVIÇ O S
Supermáquina A Transremoção, empresa especializada em serviços e soluções logísticas, traz para o Brasil o Traksporter, equipamento capaz de transportar maquinários de até 100 toneladas. Movido por tração hidráulica, o aparelho pode realizar manobras, percorrer corredores e fazer curvas em qualquer
grau e direção dentro de galpões industriais. Com esse equipamento não é preciso fazer modificações e perfurações no piso dos galpões ou mesmo usar guinchos elétricos para fazer o transporte de maquinário.
www.transremocao.com.br
Alta performance O servidor de alta performance Supermicro 2U Twin 4 é ideal para data centers e para universidades que têm demanda por mais processamento de dados principalmente em estruturas de cloud computing e high performance computing (HPC). São quatro servidores internos em apenas 2U, podendo atingir 12 núcleos de processamento, com até 192 GB por nó, e até 24 HD hotswap. A tecnologia inteligente do servidor proporciona redução de até 50% no consumo de energia em comparação com outros modelos de servidores. O Twin possibilita ainda ao administrador da infraestrutura realizar manutenção da solução através de gerenciamento remoto de todos os servidores em qualquer hora e de qualquer lugar.
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www.accept.com.br
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Mais liberdade A RV Tecnologia desenvolveu um sistema que permite ao lojista vender cartões pré-pagos de celular sem a necessidade de um terminal eletrônico. Por esse processo a conexão e a venda dos créditos para celular podem ser realizadas diretamente no caixa do estabelecimento, o que aumenta a autonomia e reduz os custos da operação para o varejista. A RV Tecnologia já oferece o sistema em mais de 24 mil pontos de venda do País.
www.rvtecnologia.com.br
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lei t ura
Líderes dos sonhos Obra analisa o comportamento dos mestres em liderança e lista suas características essenciais Em um mundo cada vez mais virtual, as habilidades associadas ao relacionamento humano estão se perdendo – juntamente com a aptidão para liderar. Por outro lado, nunca essas qualidades foram tão procuradas e valorizadas por organizações de todos os portes e segmentos. Para ajudar os profissionais no desenvolvimento e identificação dessas competências, a obra traz uma análise aprofundada do comportamento dos mestres em liderança, além de listar as características essenciais aos líderes. Editado pelo Instituto Dale Carnegie, o livro afirma que um líder deve sempre aceitar os riscos, inspirando nos outros a vontade de ser liderado por ele. Para isso, deve agregar talento e ferramentas de liderança. Conheça ainda os diferentes tipos de liderança e saiba como se aprimorar no seu estilo. Por fim, a obra reúne capítulos voltados às questões que mais inquietam profissionais no mercado atual: como liderar no novo ambiente de trabalho; a maestria no gerenciamento de crises; como ser consistente e competente em transações por telefone e táticas gerais de liderança.
Faça as escolhas certas e corrija com rapidez as erradas
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David Cottrell – Editora Sextante – R$ 19,90
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A obra narra a saga de Jeff Walters, um gerente sênior que já viveu dias de glória, mas que se vê diante de um impasse: o que fazer para recuperar a paixão pelo trabalho e voltar a bater as metas que ele e sua equipe sempre ultrapassavam? Com a ajuda do consultor de carreiras Tony Pearce, o protagonista descobre como fazer as escolhas certas e se recuperar depressa das erradas. O objetivo é mostrar que o sucesso de um líder está intimamente ligado ao de sua equipe e que apenas com uma postura pró-ativa, sensata e confiante é possível superar os obstáculos que surgem no dia a dia corporativo.
Liderança – Como superar-se e desafiar outros a fazer o mesmo Instituto Dale Carnegie – Editora Nacional – R$ 32,90
Seja um líder de sucesso: 4Concentre-se na visão global, elaborando estratégias de longo prazo; 4Seja ambicioso; 4Conheça a si mesmo e trabalhe para superar suas fraquezas; 4Seja decisivo: preparando-se para o inesperado, nada o surpreenderá; 4Controle o estresse; 4Aceite as críticas, demonstrando sua autoconfiança e maturidade; 4Ouça: sempre se interesse pelas opiniões dos outros; 4Seja flexível; 4Apoie as pessoas; 4Incentive e energize os colaboradores; 4Comemore o sucesso: seja rápido para elogiar; 4Ajude: dê uma mão sempre que puder, ainda que seja apenas por alguns minutos; 4Aceite a responsabilidade; 4Resolva os problemas: comunicação é fundamental; 4Lidere por meio do exemplo; 4Faça a coisa certa: lute por si mesmo e pelos direitos de sua equipe; 4Seja honesto: admita os erros e não prometa o que não sabe se pode cumprir; 4Evite a fofoca; 4Dê o melhor de si; 4Faça críticas construtivas.
Satisfação garantida
Tony Hsieh – Editora Thomas Nelson Brasil – R$ 39,90 Na obra, o autor – que começou tentando vender minhocas e criou uma empresa milionária na internet – apresenta seu modelo inovador de administração, que contempla a felicidade sem comprometer a lucratividade. Seu princípio fundamental – o de que a satisfação do cliente passa pela criação de um clima de satisfação equivalente dentro da empresa, sem comprometimento dos resultados, desde que o propósito esteja bem definido – inspirou a nova geração de empreendedores, fazendo de Hsieh uma espécie de guru de um novo modelo de gestão.
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ANÁL ISE EC ON Ô MICA
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wilson dias/ABr
antonio cruz/ABr
“Estamos num momento delicado em relação ao combate inflacionário, e seria muito importante a presidenta alinhar-se ao discurso do Banco Central e evitar declarações dúbias do ministro da Fazenda”
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O dilema de Dilma O maior desafio da presidenta este ano sem dúvida será como o governo vai combater a inflação, que tem se mostrado muito resistente desde sua posse O novo governo da presidenta Dilma Rousseff teve um início bem positivo. Ela manteve uma postura mais discreta que a do presidente passado e vem demonstrando certa resistência em indicar cargos políticos, dando preferência pelas indicações técnicas. Assuntos polêmicos como o trem-bala e a compra dos caças também foram deixados de lado, dando ênfase a tópicos mais importantes. O maior desafio da presidenta este ano sem dúvida será como o governo vai combater a inflação, que tem se mostrado muito resistente desde sua posse. De fato, pode-se dizer que parte desta inflação é importada via forte aumento das commodities e dos alimentos. Os recentes conflitos no Oriente Médio vieram agravar ainda mais este cenário, principalmente com a forte escalada da cotação internacional do petróleo. Em dezembro o governo introduziu mais um instrumento para o controle inflacionário através das medidas macroprudenciais (aumento de compulsório), com o objetivo de conter o forte avanço do crédito nos últimos dois anos. Porém, a grande dificuldade do mercado financeiro é mensurar o real efeito desta medida; muitos falam numa equivalência de alta de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, mas continua a dúvida do mercado em relação à eficiência da medida. Enquanto isso, a pesquisa semanal do Banco Central junto ao mercado tem a 13ª elevação seguida de inflação para 2011, aproximando-se do teto da meta de 6,5%. O governo também anunciou um forte corte no orçamento na ordem de R$ 50 bilhões em fevereiro, mas diante do perfil expansionista do ministro da Fazenda o mercado também não acredita fielmente que os cortes serão obtidos. Estamos num momento delicado em relação ao combate inflacionário, e seria muito importante a presidenta alinhar-se ao discurso do Banco Central e evitar declarações dúbias do ministro da Fazenda. Uma coisa é certa: a volta da inflação seria muito negativa para a avaliação do governo e do próprio PT, sem contar seu efeito mais danoso – a diminuição do poder de compra da população mais desfavorecida.
por Paulo Petrassi
Analista, Leme Investimentos
Nome Classe Participação Ação Bovespa All Amer Lat ON Ambev PN B2W Varejo ON BMF Bovespa ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil Telec PN Brasil ON Braskem PNA BRF Foods ON Brookfield ON CCR Rodovias ON Cemig PN Cesp PNB Cielo ON Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Duratex ON Ecodiesel ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo PNB Embraer ON Fibria ON Gafisa ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Itausa PN ItauUnibanco PN JBS ON Klabin S/A PN Light S/A ON Llx Log ON Lojas Americ PN Lojas Renner ON Marfrig ON MMX Miner ON MRV ON Natura ON OGX Petróleo ON P.Açúcar-Cbd PNA PDG Realt ON Petrobras ON Petrobras PN Redecard ON Rossi Resid ON Sabesp ON Santander BR UNT N2 Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tam S/A PN Telemar N L PNA Telemar ON Telemar PN Telesp PN Tim Part S/A ON Tim Part S/A PN Tran Paulist PN Ultrapar PN Usiminas ON Usiminas PNA Vale ON Vale PNA Vivo PN
1,104 0,979 0,701 3,902 3,130 0,993 0,390 2,726 0,596 1,341 0,622 0,802 1,134 0,685 1,539 0,598 0,784 0,441 1,866 0,589 1,311 0,890 0,743 0,530 0,755 1,498 1,648 0,660 2,574 1,211 100,000 2,315 4,015 0,934 0,404 0,541 0,914 1,207 1,098 0,546 1,440 1,233 0,845 3,773 0,808 2,745 2,206 8,517 1,283 1,163 0,352 1,097 2,359 0,443 1,041 0,225 0,268 0,923 0,155 0,125 0,840 0,229 0,486 0,592 2,462 2,925 11,956 0,793
Inflação (%)
Até 25/03 Tipo de Ativo Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação Ação
Índice
Março
Ano
IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
0,66 0,96 0,69 0,60
2,48 2,34 2,38 2,31
Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Março
Ano
0,84 0,84 0,55 0,51
2,58 2,58 1,76 -4,26
Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR
Março
Ano
0,16 0,12
0,72 0,24
Juros/Crédito (%) 25/Março Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (taxa mês)
24/Março
1,96 3,89 3,46 2,16
1,96 3,90 3,46 2,16
Câmbio
Até 25/03
Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 1,6305 Euro US$ 1,4124 Iene (US$ 1,00) $ 82,8350
Mercados Futuros Abril Dólar Juros DI
Maio
R$ 1,663 11,65%
Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro
Em 25/03
25/03 67.980
R$ 1,673 11,72%
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Carteira Teórica Ibovespa
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agenda
De 21 a 24/04/2011
Fitness Brasil International
Mendes Convention Center – São Paulo www.fitnessbrasil.com.br
Uma das maiores feiras do setor esportivo, reúne profissionais e estudantes de educação física, fisioterapia e nutrição de todo o Brasil. São oferecidas mais de 90 palestras e 88 cursos de aperfeiçoamento técnico, como musculação e personal training, acqua fitness e recreação.
De 26 a 27/04/2011
Bijóias
Centro de Convenções Frei Caneca – SP www.bijoias.com.br
Feira de negócios exclusiva para lojistas e profissionais do setor de bijuterias, acessórios, joias de prata e aço e folheados. Não é cobrado ingresso, mas é exigida a apresentação do cartão do CNPJ da empresa.
De 26 a 28/04/2011
Feira Internacional de Segurança Urbana (ISC)
Expo Center Norte – São Paulo – SP www.iscexpo.com.br
Reúne empresas do setor de alarmes, controle de acesso, biometria e equipamentos e serviços de monitoramento. Um evento tradicional dos Estados Unidos, realizado há 36 anos no país, e que há seis anos ganhou uma edição brasileira.
De 9 a 13/05/2011
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De 14 a 17/04/2011
Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade
Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo – SP – www.reatech.tmp.br A Reatech apresenta as principais novidades em soluções para pessoas com deficiências físicas, mentais, visuais, auditivas e múltiplas. Durante o evento são realizados o 10º Seminário de Tecnologias de Reabilitação e Inclusão (Reasem) e o 5º Seminário Internacional de Educação Inclusiva (Seminedi).
De 17 a 20/05/2011
De 23 a 28/05/2011
Ceagesp – São Paulo – SP www.femetran.com.br
Anhembi – São Paulo – SP www.feimafe.com.br
Femetran – Feira dos Meios de Transporte, Movimentação e Logística de Produtos Hortifrutícolas
Apresenta as mais modernas tecnologias de transporte, manutenção de veículos, refrigeração e embalagens para a comercialização de frutas, legumes, flores e pescados. O evento reúne transportadores, atacadistas e produtores agrícolas.
Brasilplast – Feira Internacional da Indústria do Plástico
De 18 a 19/05/2011
Uma das maiores feiras do setor plástico da América do Sul. Mais de 1 mil expositores de 30 países apresentam novidades em máquinas, acessórios, resinas sintéticas e moldes plásticos. Durante o evento é realizada uma série de palestras que discutem o cenário econômico e o ambiente de negócios para a indústria de transformação de plásticos no Brasil. São esperados mais de 65 mil visitantes.
Exclusiva para gestores e especialistas em organização de eventos, traz o que há de novo no mercado de gastronomia, segurança, limpeza e entretenimento para a organização de festas e eventos corporativos. Nesta edição, uma das novidades é o espaço Destino para Eventos, no qual empresas de 25 cidades apresentam a infraestrutura dos municípios para a realização de seminários, exposições e feiras.
Anhembi – São Paulo – SP www.brasilplast.com.br
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inclusão
Feira do Profissional de Eventos
Centro de Convenções Frei Caneca – SP www.feiraebs.com.br
Feimafe – Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura
Em sua 13ª edição, a Feimafe apresenta as principais novidades em sistema de solda, robôs industriais, máquinas de medição para sistemas flexíveis, hardwares e softwares para o setor industrial. Paralelo ao evento é realizada a Feira Internacional do Controle de Qualidade. São esperados 67 mil visitantes.
De 22 a 26/05/2011
Exposec
Centro de Exposições Imigrantes São Paulo – SP www.exposec.tmp.br
Expositores do Brasil e do exterior apresentam as principais novidades do setor de segurança. Durante o evento são realizados o Congresso Brasileiro de Segurança Privada e a sétima edição do Magnum Show, feira de armas, munições e acessórios. A entrada é gratuita.
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