Franquias: oportunidades para fornecedores Entrevista: o apagão de pontos comerciais
www.empreendedor.com.br
empreendedor – UNIÃO SUS TENTÁVEL – ANO 18 N o 207 JANEIro 2011
IS SN 1414-0 152
ANO 18 N o 207 janeiro 2012 R$ 9,90
especial rural
União sustentável No ano internacional do cooperativismo, a importância do sistema para a melhoria da vida no campo – e nas cidades – e a preservação do meio ambiente
Plantação de maçãs da Cooperativa Sanjo (SC)
Perfil: Paulo Rangel conta como foi assumir o negócio da família num momento de transição
2
empreendedor | janeiro 2012
nesta ed ição
08 | entrevista Marcos Hirai O diretor da Franchise Store fala sobre os riscos na escolha de um ponto comercial num momento de preços para lá de inflacionados.
Os princípios que regem o cooperativismo fazem deste modelo de produção sustentável por excelência. Unidos, eles conseguem menores custos de produção e melhores preços para seus produtos, sendo que o lucro é dividido entre os cooperados. Isso valoriza o produtor rural, estimulando-o a se capacitar e a inovar, e ajuda a fixá-lo no campo. Juntos, eles compartilham equipamentos e beneficiam seus produtos, reduzindo o consumo de energia e outros recursos naturais. E a conscientização cada vez maior, além da pressão crescente do mercado, faz com que as cooperativas adotem soluções que tenham o menor impacto possível, preservando o meio ambiente. Veja o exemplo de produtores rurais que cooperam por um mundo mais saudável. 24 | CooperAgreco União de cooperativismo e conceitos de sustentabilidade e comércio solidário transformaram a vida dos habitantes de uma região catarinense
28 | Cooperativa Santa Clara Ações de sustentabilidade demonstram a consciência ambiental da cooperativa, que defende que construir implica não destruir
30 | Cooperativa Sanjo Reuso da água e sistema de produção com impactos reduzidos diferenciam maçãs da Sanjo
LEIA TAM B ÉM 06 48 52 57
NÃO DURMA NO PONTO franquias PRODUTOS E SERVIÇOS megafone
60 62 64 66
empreendedorismojá.com pense grande leitura AGENDA
Transformar jovens em empresários, ampliar a taxa de sucesso dos estabelecimentos rurais, melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias do campo. Estes são os objetivos do Empreendedor Rural, programa do Senar desenvolvido em Santa Catarina.
42 | Franquias Oportunidades para fornecedores O mundo das franquias não para de crescer, e como não poderia deixar de ser, crescem também as oportunidades de negócio para empresas que integram a cadeia de suprimentos deste mercado. Vamos conhecer algumas destas oportunidades, e o que é preciso para entrar nesta lista.
38 | Perfil Paulo Cesar de Barros Rangel, de A Especialista Veja como Paulo lidou com a responsabilidade de assumir o negócio da família, uma das óticas mais tradicionais do País, em meio a uma transição.
empreendedor | janeiro 2012
16 união sustentável
34 | Capacitação Sementes de gestão
3
ed i t ori a l
A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor
empreendedor | janeiro 2012
O
4
cooperativismo, na sua essência, já é um modelo produtivo de maior sustentabilidade. Unidos, eles conseguem menores custos de produção e melhores preços para seus produtos, sendo que o lucro é dividido entre os cooperados. Isso valoriza o produtor rural, estimulando-o a se capacitar e a inovar, e ajuda a fixá-lo no campo. A melhora da renda dos cooperados aquece a economia local, movimentando o comércio e o setor de serviços, e atrai investimentos para a região. Do ponto de vista ambiental, a conscientização cada vez maior, além da pressão crescente do mercado, faz com que as cooperativas adotem soluções que exijam menos recursos nãorenováveis e tenham o mínimo de impacto possível, preservando o meio ambiente. O apoio técnico e jurídico prestado pelas cooperativas aos associados auxilia os agricultores a gerirem melhor sua propriedade e a se adequarem às leis ambientais. Além disso, com os cursos de capacitação que as cooperativas são obrigadas a oferecer aos associados, os agricultores conseguem se planejar melhor e aumentar sua produtividade sem precisar ampliar a área de cultivo e desmatar. Afinal, é do meio ambiente que vem seu sustento. Por sua relevância econômica, social e ambiental – o tripé da sustentabilidade –, a ONU estabeleceu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. No ano passado, no Brasil, o setor cooperativista teve um importante papel para manter a economia estabilizada. Segundo estimativas da OCB, as cooperativas brasileiras foram responsáveis por 6% de toda a riqueza gerada no País. O grande destaque foi o setor agropecuário: as cooperativas agrícolas produziram 50% de toda a safra de alimentos brasileira e o bom desempenho dessas organizações fez com que o País registrasse recorde no volume de exportações – as vendas de produtos agropecuários para o exterior chegaram a mais de US$ 94 bilhões. Se você pensa em investir no agronegócio, o modelo cooperativista é uma excelente opção – para você, para o Brasil e para o mundo. Alexsandro Vanin
Diretor-Editor: Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Comercialização e Marketing: Geraldo Nilson de Azevedo [geraldo@empreendedor.com.br] Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [vanin@empreendedor.com.br] – Repórteres: Ana Paula Meurer, Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Mônica Pupo, Raquel Rezende – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e Thinkstock – Foto da capa: Divulgação/Sanjo – Revisão: Lu Coelho Sedes São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executivo de Contas: Gerson Cândido dos Santos e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fones: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [empreendedorsp@ empreendedor.com.br] Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [anuncios@ empreendedor.com.br] – Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 496 – Santo Antônio de Lisboa – 88050-400 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3371-8666 Central de Comunicação – Rua Anita Garibaldi, nº 79 – sala 601 – Centro – Florianópolis – SC – Fone (48) 3216-0600 [comercial@centralcomunicacao.com.br] Escritórios Regionais Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [milla@triunvirato.com.br] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fones: (21) 2611-7996/9607-7910 Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [ulyssescava@ gmail.com] – Fones: (61) 3367-0180/9975-6660 – condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [ricardo@merconeti.com.br] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666 Rio Grande do Sul Nenê Zimmermann [nene@starteronline.com.br.com.br] e Renato Zimmermann [renato@starteronline.com.br.com.br] – Floresta – 90440-051 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3327-3700 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [sbfaria@sbfpublicidade.com.br] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927 Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [assine@empreendedor.com.br] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfica Editora Ctp – Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda – São Paulo Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br Editora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende
5
empreendedor | janeiro 2012
NÃO D U R M A NO PONTO
queime os navios!
Quem disse foi Hernando Cortez, conquistador e explorador espanhol. Como conta a história, Cortez desembarcou com sua tropa de soldados em Vera Cruz, no México. Dali eles marcharam para o interior. Dispostos a tomar posse da terra alheia a qualquer custo. O grande desafio não era para qualquer um: doenças, condições precárias de sobrevivência, inimigos desconhecidos e imprevisíveis. Temendo que seus homens desistissem de tão árdua empreitada e, amotinados, recuassem, pondo fim à aventura, Cortez recorreu a uma decisão simples e ao mesmo tempo definitiva: queimem os navios!
A memorável frase ficou conhecida e resistiu à passagem dos séculos. É usada sempre que queremos tornar as coisas irreversíveis ou limpar memórias do passado que possam prejudicar o futuro. Ou dar um sentido de urgência ao que precisa ser feito. Estamos no início de um novo ano. Para o que você queimaria os navios? Quero auxiliá-lo nesse exercício. Vou tocar em alguns temas pelos quais talvez valha a pena queimar os navios. Vamos lá? Então, prepare-se!
empreendedor | janeiro 2012
1) Queime os navios para tudo o que não seja excelente.
6
Quando perguntaram ao chefe da IBM, o lendário Thomas Watson, “quanto tempo leva para alguém se tornar excelente?”, sua resposta foi imediata. Nem titubeou ao dizer: “Um minuto”. Sim, porque excelência tem a ver com um jeito de ser. Não se trata de um aparato técnico externo, como é o caso da qualidade. É um conjunto virtuoso que está dentro de você. Excelência depende de inteireza, de estar presente de corpo, mente e alma diante do que precisa ser feito. Para exigir excelência da equipe é pre-
ciso ser excelente no exercício da liderança. Cumprir acordos e promessas, oferecer apoio e, sobretudo, agir de maneira coerente. Queime os navios! A partir de agora, não faça nada fora do nível da excelência.
2) Queime os navios para o controle.
Oitenta por cento de todo o trabalho realizado na sua empresa não serve para nada! Duvida? Então, a cada tarefa, pergunte se o cliente pagaria efetivamente por ela. Se a resposta for sim, então deve mantê-la. Mas saiba que só restarão, mesmo, 20% de todas as atividades atualmente em curso. Todo o resto está voltado, de uma forma ou de outra, para o controle. “O principal desafio do líder é gerar resultados”, disse Daniel Goleman. A única fonte confiável de resultados é o bolso do cliente, quando reconhece aquilo que lhe é entregue. Então, qualquer ação alheia à satisfação do cliente não gera resultados. No mínimo, deve ser questionada. Queime os navios para qualquer trabalho que não agregue valor para o cliente e que não gere nenhum tipo de resultado.
3) Queime os navios para a rotina.
A rotina é o reino do desencanto. Fazer as coisas todos os dias do mesmo jeito é para insetos, não para seres humanos. A rotina não exige imaginação, não cria espaço para as ideias, não necessita do exercício da criatividade, essas coisas exclusivamente humanas. As pessoas, criativas por natureza, não conseguem trabalhar no seu estado natural em um ambiente onde tudo está definido, programado e padronizado. Isso é coisa para robôs. Queime os navios para a rotina! Faça com que todo o trabalho implique desafios adequados e flexíveis, produza resultados e traga satisfação para quem o executa.
4) Queime os navios para a anomia. Anomia é o trabalho ou o negócio sem causa, sem valores e sem significado. Infelizmente, é o que mais se vê. Principalmente daquele tipo que reduz seus propósitos aos meros resultados financeiros. Trabalhar em estado de anomia é tirar água de uma piscina, balde por balde, para encher outra, igual, e depois fazer o movimento inverso, preenchendo a que ficou vazia. Continuamente, ad infinitum, sem nunca saber o porquê desse esforço. Queime os navios para todo o trabalho que seja uma tristeza sem fim!
5) Queime os navios para a ignorância.
Ignorância custa caro! Há quem ache dispendioso demais treinar e educar funcionários. Certamente por nunca ter feito a conta do custo da ignorância. Sim, e é bem alto! Trabalhar com quem nem sabe que não sabe é muito complicado! Tudo é mais difícil: dialogar, resolver problemas e, sobretudo, assumir desafios conjuntos. No lugar da ignorância, coloque a curiosidade. É muito bom trabalhar com curiosos. Aqueles que querem saber! Que não estão com a mente adormecida, mas disposta ao aprendizado. Contínuo. Queime os navios! Não gaste tempo com quem não quer e não gosta de aprender.
6) Queime os navios para as desculpas verdadeiras.
Não há nada mais desanimador do que as velhas e mesmíssimas desculpas verdadeiras para os resultados não atingidos. São tiradas do bolso do colete todo fim de mês ou de ano, há décadas: o problema foi a crise mundial, o problema foi o custo da matéria-prima, o problema foi a carga tributária, o problema foi a inadimplência, o problema foi a invasão de produtos chi-
É o líder que tem de ser o exemplo, que precisa distender o controle, romper com a rotina, oferecer um propósito, declarar o tipo de empresa e de cultura, eliminar as desculpas a partir de si mesmo, lançar desafios e ser duro com os problemas, não com as pessoas
O mundo dos negócios é muito grande para você se aventurar sozinho.
Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net
neses, o problema... Note que o problema está sempre do lado de fora. Nessa contumaz cultura de desculpas verdadeiras, dificilmente você ouvirá que “o problema somos nós, faltou uma ação consistente, planejamos mal, não fizemos o que combinamos, não demos o melhor que podíamos, não nos entregamos por inteiro”. Queime os navios! Acabe, de uma vez por todas, com a cantilena das desculpas verdadeiras!
7) Queime os navios para uma liderança complacente.
Tudo o que alinhamos até agora só acontece porque existe uma liderança que, de uma forma ou de outra, os promove. Falta de excelência, excesso de controle, anomia, ignorância, desculpas verdadeiras, tudo é patrocinado pela liderança. Se adotarmos a técnica dos seis porquês, perguntando seis vezes por que essas disfunções existem, a resposta para o último deles certamente será: por causa da liderança. É o líder que tem de ser o exemplo, que precisa distender o controle, romper com a rotina, oferecer um propósito, declarar o tipo de empresa e de cultura que pretende instituir, eliminar as desculpas a partir de si mesmo, lançar desafios e ser duro com os problemas, não com as pessoas. Coragem, vamos lá: queime os navios. Está mais do que na hora. Divirta-se! Um bom e realmente novo ano!
empreendedor | janeiro 2012
por Roberto Adami Tranjan
As publicações da editora Empreendedor têm sempre artigos, notícias e dados atualizados sobre o mundo dos negócios. Com 18 anos de história, a Empreendedor é a maior editora brasileira voltada ao empreendedorismo e às inovações do mundo dos negócios. Publica as revistas Empreendedor e Dirigente Lojista, além de manter o mais acessado site sobre empreendedorismo: www.empreendedor.com.br. Na hora de buscar informações ou falar com empreendedores de todos os portes, conte com as nossas publicações.
7
empreendedor | janeiro 2012
e NTREVISTA
8
Depois da falta de m茫o de obra qualificada, a baixa oferta de im贸veis comerciais 茅 a maior dificuldade para lojistas que querem expandir seus neg贸cios
Marcos Hirai sócio-diretor da BG&H Real Estate
por Cléia Schmitz O consultor Marcos Hirai conhece 90% dos shopping centes brasileiros in loco. Em 18 anos atuando como especialista na escolha de pontos comerciais para redes de franquia e varejo, ajudou a abrir mais de 800 lojas pelo Brasil afora. Há seis meses ele se uniu ao Grupo Bittencourt e à Gouvêa de Souza (GS&MD) para criar a BG&H Real Estate, uma consultoria focada em ajudar o varejo a encontrar imóveis compatíveis com a proposta e a rentabilidade do negócio. Isso num momento em que o varejo encara um grande dilema: de um lado, grandes
perspectivas de crescimento com o aumento do consumo da população brasileira; de outro, a baixa oferta de pontos comerciais para atender aos planos de expansão. Segundo Hirai, estima-se que 80% dos varejistas não conseguirão cumprir suas metas de expansão por causa da falta de bons locais para instalar as novas unidades. “Fala-se muito no apagão de mão de obra, mas o varejo também enfrenta o apagão de pontos comerciais”, afirma Hirai. “Por falta de oferta, a escolha do imóvel está mais lenta, assim como os processos de negociação. Se antes eles levavam em média 30 dias, hoje se estendem por quatro a seis meses, comprometendo o planejamento dos varejistas”, avalia o especialista.
Na entrevista a seguir, Hirai afirma que nem os mais de 70 shoppings em construção no Brasil devem resolver o problema. O consultor explica que a maioria desses empreendimentos está localizada em cidades médias e pequenas, que não atendem às necessidades de expansão de grande parte das redes varejistas. Hirai também alerta para um risco iminente desse cenário: no desespero, muitos lojistas estão escolhendo pontos inadequados ou muito caros para suas operações. “O que vai acontecer é que os bons espaços serão ocupados apenas por empresas bem organizadas e estruturadas. Aquelas que não se organizarem vão acabar sendo canibalizadas ou adquiridas”, alerta Hirai.
Qual é o cenário que o empreendedor de varejo encontra hoje no mercado de locação de pontos comerciais? Marcos Hirai – Há alguns meses os varejistas brasileiros estão enfrentando um problema inédito, que é o apagão de pontos comerciais. Ele é fruto do crescimento econômico que este País está atravessando e está diretamente ligado ao aumento do poder aquisitivo e do consumo dos brasileiros. Podemos dizer que, depois da falta de mão de obra qualificada, a baixa oferta de imóveis comerciais é a maior dificuldade para lojistas que querem expandir seus negócios.
merciais – em ruas e em shopping centers – no Brasil inteiro. O Rio de Janeiro, por conta de a capital ser a cidade-sede das Olimpíadas, talvez seja o epicentro desta crise. Nenhum outro estado teve os valores dos imóveis comerciais tão inflacionados. Mas esse é um fenômeno nacional. Há quatro anos tínhamos uma taxa de vacância (relação entre o volume de imóveis disponíveis e o volume total existente) em torno de 7%. Hoje ela está por volta de 1,5%, ou seja, uma oferta de lojas que não dá ao varejista o poder de escolha. Muitas vezes, o que há de oferta não se adequa ao que a operação necessita.
Esse problema acontece em quais regiões? Marcos Hirai – Faltam pontos co-
Qual é a saída nesse caso? Marcos Hirai – Percebemos dois fe-
nômenos acontecendo por conta disso. O primeiro é que muitos varejistas estão começando a recorrer a áreas antes não avaliadas, buscando locais alternativos como galerias comerciais de hipermercados, pequenos centros comerciais, etc. O outro fenômeno é a redução do padrão de loja, ou seja, já que não conseguem o que precisam, eles aceitam reduzir o tamanho da operação. Muitas redes estão reduzindo esse tamanho em 50% para pelo menos conseguir fazer a expansão acontecer. Estimamos que 30% dos projetos de expansão das empresas varejistas brasileiras não ocorrem por falta de alternativa de ponto comercial.
cleia@empreendedor.com.br
E com essa conjuntura como fica a negocia-
empreendedor | janeiro 2012
corrida do ponto
Oferta de imóveis comerciais abaixo da demanda eleva preços e compromete planos de expansão
9
e NTREVISTA
ção dos valores dos pontos comerciais? Marcos Hirai – As negociações estão muito mais restritas. Seguindo a lei da oferta e da procura, o locador não tem interesse em fazer grandes concessões. O que temos então é uma espécie de leilão, ou seja, quem dá mais leva. O valor das luvas em alguns casos chegou a dobrar no último ano e os aluguéis aumentaram entre 30% e 40%. Isso pesa diretamente no negócio do varejista. A locação do imóvel deixou de ser uma preocupação secundária para se tornar uma preocupação principal.
empreendedor | janeiro 2012
Com a escassez, a negociação de pontos comerciais se tornou algo para especialistas? Marcos Hirai – Sim, a BG&H nasceu justamente para apoiar o varejista nesse momento. Nosso objetivo é encontrar uma lógica financeira que faça sentido dentro da sua equação de custos do nosso cliente. Nós somos especialistas nisso e, por isso, temos mais condições de negociar com os proprietários dos imóveis. Num país de dimensões continentais como o Brasil é praticamente impossível o dono do negócio fazer isso sozinho. Baseados em experiências e dados, damos a informação correta para que o varejista não cometa erros. Aliás, o que mais acontece nesses momentos é que, no desespero de encontrar um ponto comercial, o varejista acaba fechando maus negócios. Seja um ponto ruim, seja um valor muito maior do que pode pagar para aquela operação.
10
Vocês se apoiam em que tipo de dados para ajudar o varejista? Marcos Hirai – Nosso trabalho é muito mais de microlocalização – localizamos o melhor local dentro da cidade. O shopping é um organismo vivo, ou seja, hoje ele pode ser bom e, daqui a seis meses, nem tanto. Fatores como a entrada ou saída de uma operação, a instalação de uma estação de metrô e a mudança na administração podem mudar completamente a avaliação do ponto. Nós sabemos, por exemplo, quais corredores fazem mais sentido para determinada loja. Tudo isso baseado no volume de clientes que temos, o que nos garante um ban-
Estimamos que 30% dos projetos de expansão das empresas varejistas brasileiras não ocorrem por falta de alternativa de ponto comercial co privilegiado de dados. Eu faço isso há mais de 18 anos, conheço 90% dos shoppings brasileiros in loco e já abri mais de 800 lojas pelo Brasil inteiro. Quando abre uma vaga num shopping, é comum termos essa informação de antemão porque trabalhamos com muitas marcas. E como você avalia a terceirização por parte dos varejistas desse trabalho? Marcos Hirai – A grande maioria ainda faz tudo sozinha, seja franqueador ou franqueado. Tudo com muita intuição e pouca informação. O problema é que o momento não permite mais que o varejo faça a escolha de seus pontos comerciais de forma amadora. Um ponto mal localizado compromete muito o desempenho da operação. Errar ficou caro demais. Isso vale para ruas também? Marcos Hirai – Existe a ilusão de que instalar uma loja em rua é mais barato do que em shopping center. Não é mais verdade porque as boas ruas estão tão inflacionadas quanto os centros comerciais. É preciso levar em conta também que algumas operações nasceram para estar em ruas e outras em shop pings. Mas, hoje, o que se vê muito é a
migração de negócios típicos de rua, como salão de cabeleireiros, escola de inglês, consultórios odontológicos e pet shops. A ideia é de que uma ida ao shopping resolva a vida de uma família inteira, principalmente nas grandes cidades. O cenário de escassez de pontos comerciais deve se manter nos próximos meses? Marcos Hirai – Existem cerca de 70 shopping centers em construção no Brasil, mas eles não vão atender a demanda, principalmente nas grandes cidades. É muito difícil substituir um BarraShopping, um Iguatemi, um BH Shopping de um dia para o outro. É preciso tempo para que as pessoas mudem seus hábitos de compra. Como a escassez de pontos comerciais vai permanecer por um tempo, os bons espaços serão ocupados apenas por empresas bem organizadas e estruturadas. Aquelas que não se organizarem vão acabar sendo canibalizadas ou adquiridas.
LINHA DIRETA Marcos Hirai: (11) 3405-6666/ www.bgeh.com.br
11
empreendedor | janeiro 2012
empreended o r es
Giovani Amianti – Xmobots
empreendedor | janeiro 2012
Visão de negócios
12
Em 2007 o engenheiro Giovani Amianti decidiu junto com colegas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) criar a Xmobots Sistemas Robóticos. Objetivo: fabricar veículos aéreos não tripulados ( Vants), como são conhecidos os aviões monitorados a distância. Com os equipamentos montados, eles perceberam que precisavam entender sobre negócios. Foi então que ingressaram no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), vinculado à USP. No final de 2011 a Xmobots se tornou a 100ª empresa graduada pelo Cietec. O futuro é promissor para a Xmobots. A empresa deixou o Cietec com dois clientes, 17 funcionários e uma fusão com a AGX Tecnologia, que também fabrica Vants. Na
época da fusão, em maio de 2011, o valor de mercado da nova empresa era estimado em R$ 32 milhões. “A incubação foi muito importante, pois nossos custos são altos”, explica Giovani. Nos planos para 2012 está a instalação de uma planta de produção de 3 mil metros quadrados, no Parque Dahma, em São Carlos (SP). “Também vamos dobrar a equipe e, em 2014, a perspectiva é chegarmos a 500 funcionários”, acrescenta o engenheiro. Em 2010, a Xmobots lançou o primeiro Vant a operar na Floresta Amazônica. Apelidado de Apoena (em tupi, aquele que enxerga longe), ele sobrevoa o local onde será o lago da Usina Hidrelétrica de Jirau, em fase de construção em Porto Velho. Fabricado em duas versões (1000 e
3000), o Apoena tem várias aplicações, como patrulhamento de costas e fronteiras, monitoramento de florestas e rios, inspeção de redes elétricas, dutos de óleo e gás, etc. Destaque para o fato de voar abaixo das nuvens, o que permite o registro de fotos mais detalhadas em menos horas de voo. Outro produto da Xmobots é o Lambaru. Trata-se de um Veículo Submarino Autônomo, desenvolvido para inspeções submarinas de longo alcance. Sua aplicação se estende para localização de minas submarinas, monitoramento de portos e costas, operações de resgate e salvamento, mapeamento do solo oceânico, inspeções de oleodutos offshore, entre outras.
www.xmobots.com
13
empreendedor | janeiro 2012
empreended o r es
Marcelle Equizian, Nathalia Palma e Sarah Salum – ei! Equipe de ideias
empreendedor | janeiro 2012
Sem perda de tempo
14
As publicitárias Marcelle Equizian, Nathalia Palma e Sarah Salum não esperaram receber o diploma para começar a desenhar sua própria agência. Os planos do negócio começaram a ser colocados em prática ainda na faculdade, como projeto de conclusão do curso. Com o nome sugestivo de ei! Equipe de ideias, a empresa foi fundada em 2009 e, em pouco tempo, conquistou clientes renomados como Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), Enjoy Turismo, Gold, Assugrin, Doce Menor, Artwalk, Magic Feet, Badebec e North Beer. As sócias apostam no conceito de
agência boutique, oferecendo aos clientes a convergência do planejamento com a criação a partir de um atendimento personalizado. “O significado do ei! vai muito além das iniciais. Provoca um questionamento, além de ser a sinalização de um toque para ‘acordar’, um cutucão mesmo. O ei! indica tendências e potenciais de mercado, chama atenção e diz que nós temos sensibilidade e entendemos o comportamento dos consumidores”, explica a diretora de produção Marcelle Equizian. Para a Faap, por exemplo, a Equipe de Ideias desenvolveu ferramentas
voltadas para a linguagem dos alunos. Em três meses, ativou canais de comunicação até então nunca utilizados pela instituição, como as plataformas Mobile, iPhone e iPad. Segundo Sarah Salum, diretora de criação, a agência faz desde propagandas tradicionais até ações digitais mais alternativas, sempre se ajustando às necessidades dos clientes e pensando na otimização de verbas. No site da empresa, as sócias dizem que “carregam a equipe no nome e o cliente no colo” e perguntam: “É desse colo que você precisa?”
www.equipedeideias.com.br
Jerry van der Spek – Flores4all
Vocação precoce O holandês Jerry van der Spek aprendeu a cultivar plantas aos 10 anos de idade, quando “alugava” um espaço na estufa dos pais, em Monster, cidade da Holanda, referência em horticultura. Na época, já dava seus primeiros passos como empreendedor vendendo a produção para a família e amigos. Aos 20 anos veio morar no Brasil, onde trabalhou na produção, logística e venda de flores e plantas. Em dezembro passado juntou suas experiências e criou a Flores4all (lê-se ‘flores for all’, que significa ‘flores para todos’), uma loja virtual que vende flores frescas de Holambra, a maior produtora de flores e plantas ornamentais do Brasil. “A ideia é de que a flor tenha a logística tipo ‘just in time’, ou seja, o tempo entre a colheita e a entrega para o consumidor final seja o menor possível”, afirma Jerry. Por isso, todos os produtos da Flores4all seguem diretamente do produtor para o consumidor. Para garantir a durabilidade do produto, a empresa usa um sistema importado da Holanda. A tecnologia consiste na colocação de um sachê de gel especial na ponta do caule das flores. A entrega é feita para mais de 500 cidades do País por meio de serviços aéreos, com prazo médio de até dois dias úteis, a partir da data do pedido. Os investimentos para viabilizar a floricultura virtual somam R$ 150 mil e a previsão é de um faturamento de R$ 400 mil já em 2012. A expectativa de Jerry é alcançar um faturamento de R$ 1,5 milhão ao ano a partir de 2014. “Acredito na expansão do mercado de consumidores, apoiado no crescimento da quantidade de computadores com banda larga, na qualidade do nosso produto e na proposta diferenciada de presentear com uma caixa de flores de altíssima qualidade”, explica o empresário. www.flores4all.com.br
Maurício Cavichion – Tribeca Eventos
A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 estão na mira do empreendedor Maurício Cavichion. Proprietário da Tribeca Congressos, Feiras, Viagens e Incentivo, ele quer aproveitar o momento propício para o mercado de eventos no Brasil como trampolim para seus negócios. É que a reboque da Copa de Futebol e das Olimpíadas, o País-sede costuma receber vários outros eventos internacionais, especialmente feiras e congressos corporativos. Cavichion explica que esse movimento acontece antes mesmo da realização dos eventos esportivos mundiais. Por isso o empresário já fincou sua bandeira em São Paulo, onde montou uma filial da Tribeca. Fundada há 13 anos em Gramado, na Serra Gaúcha, a empresa estabeleceu sua sede em Porto Alegre em 2005, quando começou a organizar eventos fora do Rio Grande do Sul. Hoje a Tri-
beca já tem em seu portfólio sete eventos realizados além das divisas gaúchas. Entre eles o Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, que aconteceu em Curitiba em 2010. Na lista de clientes atendidos também estão 3M, Syngenta, White Martins e Atlas Schindler. Cavichion também aposta na organização e realização de eventos próprios, ou seja, promovidos pela Tribeca. Em 2011, ele lançou a Conferência Internacional sobre o Idoso, marcada para os dias 10 a 13 de junho de 2012, em Gramado. Com foco no público que trabalha com a terceira idade, o evento terá duas edições por ano. A expectativa de Cavichion é receber 5 mil participantes já na primeira edição. Ainda sem data e estado definido, a segunda edição será realizada no Nordeste no segundo semestre de 2012.
www.tribecaturismo.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Com a bola toda
15
empreendedor | janeiro 2012
CAPA
16
União sustentável Cooperativas favorecem a distribuição de renda, estimulando a permanência do homem no campo e o uso racional dos recursos ambientais
por Beatrice Gonçalves
Plantação de uvas da Cooperativa Sanjo (SC)
Os princípios que regem o cooperativismo, como a gestão democrática, a intercooperação e o interesse pela comunidade, estimulam uma nova atitude diante dos negócios ou mesmo da vida. Nesse modelo, a produção deixa de ser individual para se tornar coletiva, os associados trabalham em rede e dividem os lucros. O que faz com que o cooperativismo, ao invés de concentrar a riqueza nas mãos de poucos, distribua renda e promova processos mais sustentáveis que evitam o desperdício de recursos naturais e de capital humano. É um sistema que permite com que pequenos empresários possam se tornar grandes ao se unirem a outros produtores e com isso reduzir custos e garantir melhores preços para seus produtos. Por características como essas, a ONU declarou 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. Um modelo de organização que pode ser aplicado em diversos setores econômicos e que tem ganhado cada vez mais espaço no País. No Brasil, segundo dados da Organização Brasileira de Cooperativas (OCB), são mais de 6 mil cooperativas em funcionamento, com cerca de 9 milhões de associados e mais de 290 mil empregados. A maior parte delas é do setor agropecuário (1.548), seguido do ramo de cooperativas de crédito (1.064). “O cooperativismo no setor agrícola é aplicado no Brasil desde o fim do século 19. Nos últimos anos, o que temos percebido é o aumento no cooperativismo urbano. Hoje nós já temos no País o registro de cooperativas em 13 ramos econômicos diferentes”, afirma Renato Nóbile, superintendente da OCB. O executivo avalia que em 2011 o setor cooperativista teve um importante papel para manter a economia estabilizada. Segundo estimativas da OCB, as cooperativas brasileiras foram responsáveis por 6% de toda a riqueza gerada no País. O grande destaque em 2011 foi o setor agropecuário em que as cooperativas agrícolas produziram 50% de toda a safra de alimentos brasileira e o bom desempenho dessas organizações fez com que o País registrasse recorde no volume de exportações. Em 2011, as vendas de produtos agropecuários para o exterior chegaram a mais de US$ 94
empreendedor | janeiro 2012
beatrice@empreendedor.com.br
17
CAPA
empreendedor | janeiro 2012
No Brasil, a OCB organizou um site para divulgar mais de 360 histórias de sucesso de cooperativas brasileiras
18
bilhões. “Mesmo durante a crise de 2008 e 2009 o setor cooperativo continuou a crescer e isso ajudou a economia. A tendência é que o cooperativismo se fortaleça ainda mais nos próximos anos.” Nóbile considera que o ano de 2012 será um marco para o movimento cooperativista. Isso porque a ONU declarou 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas e está organizando uma série de eventos em nível mundial para sensibilizar governos e empresas sobre a importância do cooperativismo. No Brasil, a OCB organizou um site (www.ano2012.coop.br) para divulgar mais de 360 histórias de sucesso de cooperativas brasileiras e pretende ao longo do ano realizar palestras e eventos para promover o cooperativismo no País. Entre as organizações destacadas pela OCB está a Cooperativa Agrícola de
A ONU declarou 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas para sensibilizar governos e empresas Assistência Técnica e Serviços (Cooates) de Pernambuco. A entidade já recebeu por dois anos o Prêmio Cooperativa do Ano, em 2009 no ramo trabalho categoria responsabilidade social e em 2010 na categoria desenvolvimento sustentável. O foco de atuação da Cooates é oferecer capacitação técnica para agricultores de 21 assentamentos que ficam na divisa entre os estados de Alagoas e Pernambuco.
Juntos, os cooperados custeiam cursos e trabalham para fortalecer a categoria. José Cláudio da Silva, presidente da Cooates, explica que muitos agricultores viviam com dificuldades porque não conseguiam aproveitar o potencial de suas terras. O que faltava a eles, segundo o dirigente, era capacitação técnica. Uma realidade que vem mudando através de uma parceria da cooperativa com o Instituto Federal de Ensino de Tecnologia e o Incra. Desde 2009, um curso de técnico agrícola é oferecido para todos os cooperados. “A maior parte dos alunos do curso é de jovens, filhos de assentados. Muitos deles tinham interesse em sair do campo porque não viam grandes oportunidades e o curso está ajudando a mudar isso. Esses jovens já estão aplicando nas terras os conhecimentos que aprenderam e isso já é possível perceber pelo
Princípios do cooperativismo: 4adesão voluntária e livre; 4gestão democrática; 4participação econômica dos membros; 4autonomia e independência; 4educação, formação e informação; 4intercooperação; 4interesse pela comunidade. Fonte: Organização das Cooperativas Brasileiras
no Brasil:
Estado de cooperação
Em Santa Catarina, o cooperativismo tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico do estado. Segundo a Organização de Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), as 258 cooperativas catarinenses faturaram em 2010 mais
de R$ 12 bilhões. Desse total, mais de R$ 7 bilhões foram movimentados pelo setor agropecuário, que representa 63% do total de cooperativas em funcionamento na região. “No estado nós temos mais de 1 milhão de pessoas vinculadas a cooperativas. Se formos considerar que cada uma dessas pessoas seja um chefe de família e que cada uma dessas famílias tenha três pessoas, é possível dizer que o sistema cooperativo beneficie mais de 3 milhões de pessoas no estado. O que representa a metade da população de Santa Catarina”, observa Marcos Antônio Zordan, presidente da Ocesc. Além de beneficiar um número significativo de pessoas, o sistema cooperativo no estado também fez com que a agricultura familiar se fortalecesse. Em Santa Catarina, a maior parte das propriedades rurais tem até 15 hectares e é mantida por
Fonte: Organização das Cooperativas Brasileiras
em SC:
4258 cooperativas em funcionamento; 4faturamento de R$ 12,8 bilhões ao ano; 4mais de 1 milhão de catarinenses são associados a cooperativas. Fonte: Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc)
empreendedor | janeiro 2012
aumento na produtividade.” A força do cooperativismo também está ajudando as mulheres desses 21 assentamentos a aumentarem sua renda. Elas se uniram e juntas estão fabricando objetos de decoração e acessórios feitos a partir da fibra da bananeira. “Esse era um material que era jogado fora e que hoje representa uma nova fonte de renda para essas comunidades. Cada mulher que participa dessa cooperativa ganha em média R$ 300 com a venda das peças”, afirma Silva.
46.652 cooperativas em funcionamento; 49 milhões de associados; 41.548 cooperativas são do setor agropecuário e 1.064 do setor de crédito; 4as cooperativas empregam no Brasil mais de 298 mil pessoas.
19
CAPA
empreendedor | janeiro 2012
Referência entre cooperados, a empresa de Maldaner (de óculos) ganhou a etapa estadual do MPE Brasil na categoria agronegócios
20
famílias que vivem no campo. O tamanho dos sítios era considerado um problema quando a maioria desses agricultores trabalhava de forma individual. Sozinhos, eles não tinham poder de barganha nem pensavam em exportar seus produtos. Foi a união deles que fez com que o setor agropecuário catarinense crescesse. Hoje uma das maiores empresas do Sul do Brasil é uma cooperativa que foi criada em Santa Catarina. A Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora, conhecida como Aurora Alimentos, tem mais de 55 mil cooperados e 15 mil funcionários. A organização foi criada por 18 produtores rurais de suínos que buscavam melhorar as condições de vida e de trabalho da categoria em 1969 e hoje é um dos maiores conglomerados industriais de Santa Catarina com oito unidades fabris. Ao longo de seus mais de 40 anos de história, a Cooperativa ampliou sua área de atuação e hoje processa, industrializa e vende não só a carne suína, mas também produtos lácteos, carne de frango e derivados. Em 2011, a Aurora registrou aumento de 15% no volume de exportações e um faturamento de mais de R$ 3 bilhões. “É a união de todos os produtores que faz a diferença. Nós temos no nosso quadro de cooperados os mais diferentes perfis de produtores, desde aqueles que nos enviam por dia 100 litros de leite até aqueles que nos mandam mais de 4 mil litros por dia”, afirma Neivor Canton, vice-
Cooperativa Aurora é hoje uma das maiores empresas do Sul do Brasil, com mais de 55 mil cooperados e 15 mil funcionários
responsável por natureza Compartilhamento de equipamentos, capacitação e apoio técnico diminuem custos e consumo de recursos naturais, além de aumentar a produtividade No cooperativismo, quando os produtores rurais compartilham maquinários com outros cooperados e industrializam juntos seus produtos, eles estão também tomando atitudes em prol do desenvolvimento sustentável. Evitam o desperdício de recursos que seriam gastos para compra de equipamentos para cada agricultor e diminuem, por exemplo, o consumo de energia e de água que cada um dispensaria para industrializar seus produtos. Outro diferencial, segundo Renato Nóbile, superintendente da OCB, é que com os cursos de capacitação que as cooperativas são obrigadas a oferecer aos associados, os agricultores conseguem se planejar melhor e aumentar sua produtividade sem precisar ampliar a área de cultivo e desmatar. Nesse modelo de negócio não é só o lucro que está em jogo, mas os benefícios que a cooperativa pode trazer para a região e para a melhoria das condições de vida do trabalhador. Um princípio que, segundo Marcos Zardon, presidente da Ocesc, contribui para a
manutenção do homem no campo e para a diminuição do êxodo rural. “O cooperativismo mostra para o produtor que no campo ele pode ter um bom salário e ter os mesmos benefícios de quem vive na cidade.” O apoio técnico e jurídico prestado pelas cooperativas aos associados auxilia ainda os agricultores a gerirem melhor sua propriedade e a se adequarem às leis ambientais. “Com o novo código florestal, os agricultores precisam ser orientados sobre o que fica ou não permitido. Tenho certeza que aqueles que são vinculados a alguma cooperativa estarão mais bem preparados para entender e respeitar as novas exigências”, afirma Zardon. O Ministério da Agricultura também considera que as cooperativas rurais têm um importante papel para mobilizar o setor agropecuário a neutralizar as emissões de carbono e para auxiliar o País a cumprir a meta de reduzir em 39% as emissões de gás carbônico até 2020, como ficou acordado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Cli-
empreendedor | janeiro 2012
presidente da Cooperativa. A Aurora tem hoje 13 cooperativas filiadas em mais de 350 municípios da Região Sul do País. Para fornecer produtos para a cooperativa central os agricultores passam por treinamentos e precisam garantir que seus processos atendem aos padrões de qualidade exigidos. “Temos uma marca única e precisamos garantir que os nossos produtos sejam de qualidade, por isso toda a criação de suínos, frango e de bovinos é monitorada e constantemente avaliada”, explica Canton. Uma das cooperativas associadas à Aurora é a Cooperitaipu que reúne agricultores dos municípios catarinenses de Pinhalzinho, Saudades e Saltinho. Antônio Maldaner é cooperado da Cooperitaipu há 22 anos, e cria em sua propriedade de 10 hectares mais de 1 mil suínos e 15 mil aves. “Resolvi me tornar cooperado porque sentia falta de ter assistência técnica. Ao entrar na cooperativa eu consegui melhorar a minha produtividade.” Maldaner é considerado uma referência entre os cooperados. Em 2011, a Empresa Rural Maldaner, que pertence à família do agricultor, foi vencedora da etapa estadual do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas (MPE Brasil) na categoria agronegócios. “É o reconhecimento do trabalho que eu e a minha família temos feito. Isso só foi possível com o auxílio da Cooperitaipu e dos cursos que tenho feito no Senar e no Sebrae.”
21
CAPA
máticas (COP 15). Para sensibilizar o setor, o governo federal criou o Programa Agricultura de Baixo Carbono que oferece financiamento de até R$ 1 milhão para os produtores que adotarem técnicas mais sustentáveis de plantio e colheita. Entre as iniciativas estimuladas pelo ministério estão o plantio direto na palha – técnica em que se faz a semeadura em cima do que sobrou da cultura anterior, sem precisar limpar o terreno – e o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, que busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. “Temos organizado uma série de encontros com dirigentes das cooperativas para que eles ajudem a divulgar o programa entre os cooperados e para que os estimulem a participar”, diz Elvison Ramos, coordenador de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Ministério da Agricultura.
empreendedor | janeiro 2012
“É preciso mostrar que coletivamente eles podem agregar valor ao que produzem”, afirma Fernando Ludke
22
Desafios a superar Marco legal ultrapassado, burocracia e falhas de gestão são os principais entraves ao desenvolvimento das cooperativas A Lei 5.764 de 1971, que regulamenta o cooperativismo no Brasil, tem mais de 40 anos e já não dá conta de atender todas as necessidades do setor. A OCB e a Frente Parlamentar do Cooperativismo têm trabalhado para que seja aprovado no Congresso um novo marco legal. A proposta é revisar a lei e facilitar o sistema de registro de cooperativas para que novas organizações sejam criadas. “Em 2012 se comemora o ano internacional do cooperativismo e nós queremos sensibilizar os deputados e senadores para que eles aprovem os projetos de lei sobre o cooperativismo que estão no Congresso”, afirma Renato Nóbile, da OCB. Além das dificuldades com a burocratização do sistema, o superintendente da OCB avalia que um dos maiores problemas enfrentados pelas cooperativas brasileiras é de gestão. “O que nós percebemos é que muitas cooperativas têm dificuldade em limitar seu foco de atuação, têm estatutos mal formulados e isso prejudica a administração da entidade. Outro problema é o imediatismo. O cooperativismo é
um projeto a longo prazo.” Para auxiliar as cooperativas no aprimoramento de sua gestão, a OCB e as organizações estaduais de cooperativismo em parceria com o Sebrae e o Senar oferecem uma série de cursos de capacitação para os cooperados. Há treinamentos em gestão e atendimento, e caso a cooperativa tenha necessidade, os técnicos das organizações estaduais de cooperativismo prestam assessoria técnica e jurídica aos associados. “Antes de montar uma cooperativa é preciso verificar se ela tem viabilidade econômica. Muitas pessoas não conseguem ter essa visão de mercado e nos procuram para que possamos auxiliá-las.” A Organização das Cooperativas do Estado do Pará, o Sebrae e o Serviço Florestal Brasileiro, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, têm trabalhado para incentivar o cooperativismo entre os moradores do Distrito Florestal Sustentável da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). A área de floresta tem mais de 19 milhões de hectares, sendo
Como montar uma cooperativa Conheça as exigências legais para criar e manter uma sociedade de cooperação A cooperativa é uma sociedade civil/comercial sem fins lucrativos, e para que seja considerada como tal deve reunir no mínimo 20 pessoas de uma mesma atividade econômica. É preciso que seja feita uma assembleia geral de constituição da cooperativa e um estatuto que esteja baseado nos sete princípios do cooperativismo: intercooperação, adesão voluntária e livre, gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, formação e informação e interesse pela comunidade. Deve ser registrada na Junta Comercial do Estado ou no cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do estado onde ela estiver localizada, e os custos para o registro devem ser divididos entre os futuros cooperantes. O investimento necessário para a abertura de uma cooperativa varia de estado para estado mas, para se ter uma ideia, no Rio de Janeiro gasta-se cerca de R$ 1,5 mil para registrar uma.
A entidade deve ser autogestionada e cada associado tem direito a voto nas assembleias gerais realizadas. A cooperativa precisa ser administrada por um conselho de cooperantes, que estará subordinado à Assembleia Geral, órgão máximo de decisão da cooperativa. Os associados têm direitos societários sobre a cooperativa e os resultados financeiros da entidade devem ser divididos entre os cooperados. Assim como uma empresa, as cooperativas também pagam taxas e impostos, e mesmo que funcionem de forma semelhante a pequenas empresas, elas não podem usufruir dos benefícios e vantagens oferecidos às micro e pequenas empresas. O que existe em alguns municípios é uma redução no Imposto Sobre Serviço (ISS) para cooperativas. A lei que regulamenta o setor no Brasil é a 5.764 de 1971, que institui que cada cooperativa deve destinar 10% de seu resultado financeiro para os fundos de reserva e 5% para fundos educacionais.
LINHA DIRETA Aurora Alimentos: www.auroraalimentos.com.br Cooperitaipu: www.cooperitaipu.com.br Ministério da Agricultura: www.agricultura.gov.br OCB: www.ano2012.coop.br Ocesc: www.ocesc.org.br Serviço Florestal Brasileiro: www.sfb.gov.br
empreendedor | janeiro 2012
que, deste total, 5 milhões de hectares podem ser utilizados para atividades de manejo sustentável. A maior parte dos moradores vive da extração do açaí, mas como eles não têm condições de industrializar a fruta, acabam vendendo o que colhem a preços muito baixos. “Nós percebemos que era preciso ajudar esses moradores a se organizar melhor, por isso estamos realizando uma série de cursos sobre associativismo e cooperativismo nessas localidades. É preciso mostrar que coletivamente eles podem agregar valor ao que produzem”, afirma Fernando Ludke, chefe da unidade regional do Serviço Florestal Brasileiro. Os cursos oferecidos no Distrito Florestal Sustentável abordam temas como organização comunitária, gestão e comercialização de produtos. A proposta é sensibilizar as lideranças das comunidades para que elas ajudem a disseminar a cultura do cooperativismo entre os moradores da região. Ludke acompanha os cursos de perto e avalia que um dos entraves para a criação de cooperativas no Distrito é a falta de dinheiro. “As pessoas que moram nesta região são muito pobres e é difícil conseguir juntar o dinheiro para registrar a cooperativa. Há políticas públicas de incentivo ao cooperativismo, mas a maior parte delas é para auxiliar cooperativas que já tenham sido criadas.”
23
CAPA
Referência mundial
União de cooperativismo e conceitos de sustentabilidade e comércio solidário transformaram a vida dos habitantes de uma região catarinense por Mônica Pupo monica@empreendedor.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Com apenas 2 mil habitantes, a pacata cidade de Santa Rosa de Lima (SC) tinha tudo para ser apenas mais uma comunidade rural como tantas outras que existem pelo Brasil, não fosse a iniciativa de um pequeno grupo de agricultores familiares. Juntos, eles transformaram o município em referência mundial em agroecologia e agroturismo. Fundada em 1996, a Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (CooperAgreco) é responsável pela capacitação, comercialização e distribuição de produtos orgânicos. Ao englobar conceitos como comércio solidário, sustentabilidade e proteção ao meio ambiente, a entidade representa um dos exemplos mais emblemáticos da importância do cooperativismo para o desenvolvimento econômico e social do homem do campo. Prova do sucesso da CooperAgreco foi a conquista do primeiro lugar na etapa regional do Prêmio Finep Inovação 2011, na categoria Tecnologia Social. A iniciativa vencedora foi o Centro de Formação em Agroecologia e Desenvol-
24
vimento Sustentável (CFA), mantido há mais de uma década pela cooperativa. O título dá direito a um prêmio no valor de R$ 500 mil, além de vaga garantida para concorrer em nível nacional. “É ali que ensinamos os agricultores a processar, beneficiar e conservar os alimentos, possibilitando a fabricação de doces, compotas, geleias, conservas e congelados, entre outros”, explica Adilson Maia Lunardi, um dos fundadores e atual presidente da entidade. De tão importante no cenário do cooperativismo, o centro de formação da CooperAgreco recebe agricultores de todo o País interessados em aplicar os conceitos da agroecologia em suas terras. Um exemplo é a BioAgrepa, cooperativa de Mato Grosso que surgiu na esteira dos cursos de formação oferecidos pela CooperAgreco. Mas não foram só os agricultores que
Centro de formação em agroecologia recebe agricultores de todo o País
se beneficiaram com a fundação da cooperativa. A partir das iniciativas da entidade, surgiram novas frentes de atuação que movimentam a economia local como um todo. Um exemplo é o projeto Acolhida na Colônia, que consiste em ações de agroturismo que valorizam o modo de vida no campo, com destaque para a hospedagem nas propriedades rurais, a possibilidade de vivenciar o dia a dia do agricultor e desfrutar das delícias da culinária local, marcada pela mistura de influências das culturas germânica e italiana. “Somos integrantes da rede francesa Accueil Paysan, que reúne agricultores de todos os cantos do mundo com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e o agroturismo ecológico”, enfatiza Lunardi. A ideia de unir os pequenos produtores rurais surgiu em 1992 durante a primeira edição da Gemüse Fest, evento gastronômico de origem alemã realizado a cada dois anos na cidade. “O objetivo da festa era justamente reunir os agricultores, inclusive os que haviam abandonado o campo, para fazer um congraçamento entre urbano e rural, além de discutir alternativas para o desenvolvimento do setor e as constantes crises que nos asso-
empreendedor | janeiro 2012
Projeto Acolhida na Colônia promove açþes de agroturismo que valorizam o modo de vida no campo, com destaque para a 25 hospedagem nas propriedades rurais
empreendedor | janeiro 2012
CAPA
26
lavam”, recorda Lunardi. Uma das razões para as tais crises a que o presidente se refere dizem respeito às dificuldades impostas pela natureza. Localizada a 130 quilômetros de Florianópolis, Santa Rosa de Lima destaca-se pela paisagem de beleza exuberante, onde predominam nascentes e rios que correm entre morros cobertos de Mata Atlântica. O relevo montanhoso, porém, dificulta a mecanização das lavouras. “A produção só pode ser feita em pequena escala, o que é quase impossível de ser feito individualmente”, explica Lunardi. O cooperativismo surgiu então como única alternativa para viabilizar a produção hortifrutigranjeira no local. “Foi a maneira mais eficiente e justa que encontramos para alavancar o desenvolvimento rural. Com a associação pudemos ganhar escala para assumir contratos, facilitar a logística e captar recursos
para qualificar a produção”, reflete o presidente. Atualmente, a cooperativa possui 300 famílias cadastradas, provenientes de oito municípios, mas estimase que mais de 500 sejam beneficiadas pelos projetos da cooperativa.
Proposta motivadora O foco na produção orgânica teve início a partir de proposta comercial feita pelo dono de uma rede de supermercados local. “Em uma das edições da Gemüse Fest, um empresário da região demonstrou interesse na compra de produtos orgânicos, pois já havia visto tal tendência em uma viagem à Europa”, relembra Lunardi. Num primeiro momento, a cooperativa concentrava-se apenas na produção de hortaliças. Como o mercado principal estava concentrado em Florianópolis, a 130 quilômetros de distância,
os agricultores enfrentaram dificuldades de logística. “Como os produtos eram extremamente perecíveis, entramos no que costumo chamar de ‘círculo vicioso’ de dificuldades de produção, distribuição e vendas”, conta Lunardi. A “maré baixa” culminou em 2001, quando a principal rede de supermercados abastecida pela cooperativa fechou as portas. Com a queda na produção, os agricultores viram-se prestes a parar a produção, até que vislumbraram uma brecha no mercado: em vez de itens in natura, era hora de investir no beneficiamento e processamento dos vegetais, concentrando-se na fabricação de compotas, geleias, conservas, além de hortaliças e legumes higienizados e prontos para consumo. A certificação da EcoCert, obtida em 2003, representa também a “virada de mesa” da cooperativa, com a retomada
da produção, crescimento das parcerias e, consequentemente, das vendas. “Temos presenciado aumento constante da produtividade e vendas ano após ano, com destaque para itens como filé de peito de frango sem hormônios, melado de açúcar mascavo, conservas e geleias em geral”, diz Lunardi, referindo-se ao crescimento de 30% registrado em 2010. Outro projeto mantido pela CooperAgreco é a criação das chamadas ecovilas. O conceito, segundo a Global Ecovillage Network (GEN), diz que “ecovilas são comunidades rurais ou urbanas que buscam integrar um ambiente social assegurador com um estilo de vida de baixo impacto ecológico. Para atingir este objetivo, as ecovilas integram vários aspectos do projeto ecológico, permacultura, construções de baixo impacto, produção verde, energia alternativa, práticas de fortalecimento de comunidade e muito mais”. As ecovilas
Ecovilas asseguram estilo de vida de baixo impacto ecológico ligadas à cooperativa pretendem priorizar a produção de alimentos orgânicos e utilizar sistemas de energias renováveis, cataventos, biodigestores, construções ecológicas, além de promover a saúde integrada dos moradores. Uma das ecovilas já implantadas está localizada na cidade de Santa Bárbara (SC). Transformada em marca de referência no segmento de produtos orgânicos e naturais, a CooperAgreco hoje está presente nas prateleiras de grandes redes de supermercados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A venda no varejo ainda
é o principal nicho de atuação da cooperativa, seguida do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Em 2011, novos contratos ampliaram ainda mais as vendas da cooperativa, que é a atual fornecedora de frutas e vegetais para as cozinhas do Colégio de Aplicação e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ambos localizados em Florianópolis. “Para 2012, nossa meta é continuar percorrendo esse caminho virtuoso do cooperativismo, contando com a adesão cada vez maior das famílias da região e ampliando nossa produção e distribuição de produtos orgânicos”, revela Lunardi.
LINHA DIRETA CooperAgreco: www.agreco.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Hospedagem em propriedades rurais permite ao visitante vivenciar o dia a dia do agricultor e desfrutar das delícias da culinária local
27
Prestes a completar 100 anos de existência, Cooperativa Santa Clara tem 4.343 famílias de associados
CAPA
Princípios do sucesso Ações de sustentabilidade demonstram a consciência ambiental da cooperativa, que defende que construir implica não destruir por Ana Paula Meurer
empreendedor | janeiro 2012
anapaula@empreendedor.com.br
28
Foi na implantação de biodigestores que a Cooperativa Santa Clara, localizada no município de Montenegro (RS), encontrou uma forma de evitar a liberação de 6,4 mil toneladas de gás metano na atmosfera ao ano. Fundada em 1912 como uma cooperativa de laticínios, seu crescimento foi impulsionado com a construção do Frigorífico Santa Clara, em 1982. Baseada na valorização das pessoas, no respeito mútuo e na união de forças individuais pelo crescimento coletivo, a cooperativa foi crescendo e ganhando proporções de destaque no cenário nacional. Atualmente, prestes a completar 100 anos de existência, conta com 4.343 famílias de associados, sendo 2.960 produtores, está presente em 81 municípios gaúchos e tem um quadro de colaboradores composto por mais de
1,4 mil funcionários. Ao todo, produz e comercializa mais de 200 itens, como embutidos cozidos, salgados, leites, doces, queijos e carnes. Essa alta demanda ocasionou a necessidade de se investir em suinocultura, por meio de granjas próprias e pelo sistema de integração. Apesar de todas as vantagens obtidas com criação dos suínos, havia um problema que, a longo prazo, traria impactos negativos para o meio ambiente. Nos dejetos suínos estão presentes bactérias metanogênicas, que atuam na degradação do material orgânico, produzindo gás metano. Para neutralizar o efeito negativo que o gás acarretaria no ambiente, uma vez que tem potencial poluidor e contribui para o efeito estufa, implantou-se uma alternativa sustentável nos municípios de Carlos Barbosa e Selbach, que totalizam um estoque de 26 mil suínos. Trata-se de sistemas que transformam os dejetos de suínos em biogás, que gera
energia, e em biofertilizante. Alexandre Guerra, diretor administrativo e financeiro da cooperativa, explica que estes dejetos são encaminhados para três compartimentos biodigestores interligados entre si, cada um com espaço para 1,5 milhão de litros. Lá, permanecem em decantação – processo de separação que permite isolar misturas heterogêneas – por aproximadamente 45 dias, sofrendo a ação de bactérias metanogênicas que atuam na degradação do material. “É o mesmo processo que aconteceria no meio ambiente, com a grande diferença de que, com os biodigestores, o gás metano resultante do processo é aprisionado dentro das estruturas chamadas balões, sendo direcionado para a geração de energia e evitando a liberação do gás na atmosfera”, detalha. Além disso, o sistema também se mostrou eficaz para gerar uma série de benefícios. O biogás resultante do processo de decomposição dos dejetos é utilizado
Sistemas transformam dejetos de suínos em biogás (energia) e biofertilizante
Preservar e amenizar os prejuízos causados ao ambiente demonstrou a preocupação e a consciência ambiental da cooperativa, que defende que construir implica não destruir, tendo na responsabilidade com a natureza a garantia de um futuro com melhor qualidade de vida. Na visão do seu presidente Rogério Bruno Sauthier, esses princípios, somados à força do trabalho e à valorização das pessoas, são as principais razões do sucesso. “Isso é percebido desde o início da história da Cooperativa Santa Clara. Dessa forma, conseguimos construir uma instituição forte, sólida e reconhecida pela sua qualidade e tradição”, orgulha-se. O tratamento dos dejetos suínos não é a única prova dessa consciência. As unidades industriais da cooperativa possuem estações de tratamento de efluentes líquidos que visam devolver as águas servidas para o ambiente de forma que estas não causem prejuízos à fauna e à flora no meio em que estão inseridas. A Santa Clara também está associada à Cinbalagens (Central Intermunicipal para destinação de embalagens vazias de agrotóxicos). Anualmente são recolhidas estas embalagens, o que evita que sejam armazenadas inadequadamente no meio rural. Além disso, a cooperativa ainda faz parte de uma fundação habilitada pela Fepam para destinação
final dos resíduos sólidos industriais – FunResíduo –, onde são depositados os resíduos que não possuem alternativa de reaproveitamento. Os resíduos classificados aptos a reaproveitamento são destinados às empresas recicladoras. Sauthier ressalta ainda a preocupação com a capacitação e assistência de seus cooperados e funcionários. O setor conta com veterinários, agrônomos, inseminadores e técnicos que auxiliam na alimentação, saúde e reprodução do rebanho. A cooperativa também oferece, periodicamente, cursos e encontros para debater assuntos de interesse dos produtores e potencializar seu conhecimento, como o Encontro de Criadores de Gado de Leite com Registro, o Encontro de Mulheres com Atividade no Leite e outros cursos. Além disso, também dá apoio aos produtores em exposições e julgamentos leiteiros. A Expoclara, Tecnoclara e Exposantaclara são exposições organizadas pela cooperativa como oportunidade de mostrar a qualidade do rebanho leiteiro.
LINHA DIRETA Cooperativa Santa Clara: www.coopsantaclara.com.br
empreendedor | janeiro 2012
para a geração de energia elétrica, através de um sistema de geradores, que abastece a Estação de Tratamento de Efluentes do frigorífico e da indústria de laticínios. “Em Carlos Barbosa essa iniciativa permitiu, desde a instalação do gerador abastecido pelo biogás, um acúmulo de 688 mil kW. Na UPL de Selbach, o uso de biogás gerou redução de 46,63% do uso de energia elétrica no período de seis meses, desde sua implantação”, destaca Alexandre. Após o tratamento realizado pelos biodigestores, o resultado dos dejetos é um líquido inodoro e rico em nutrientes, direcionado para as lavouras como adubo sem qualquer risco de poluição. O diretor explica que este biofertilizante apresenta alta taxa de nitrogênio e fósforo, sendo uma opção eficiente e mais barata que os fertilizantes químicos, acessível aos pequenos produtores, e ecologicamente consciente, já que diminui o uso de fertilizantes químicos derivados de matériasprimas não renováveis, como o petróleo.
29
CAPA
sem pecados
Reuso da água e sistema de produção com impactos reduzidos diferenciam maçãs da Sanjo por Raquel Rezende
empreendedor | janeiro 2012
raquel@empreendedor.com.br
30
A constatação de que o ser humano é social e precisa do outro para viver não é válida somente quando se fala de sentimentos em geral – também fica cada vez mais forte no mundo dos negócios. A antiga máxima de que “a união faz a força” se manifesta de forma concreta nas atividades do cooperativismo que ao unir diferentes produtores de um mesmo item transforma o pequeno resultado em grande. Seguindo esse modelo, a Sanjo – Cooperativa Agrícola de São Joaquim, em Santa Catarina, reúne 80 cooperados focados em um só objetivo: a excelência na produção de maçãs. Essa união começou com 34 fruticultores imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses e resultou, no início, em uma produção de 15 mil toneladas de maçã. Hoje a Sanjo produz 33 mil toneladas e conta com 250 funcionários. Nos últimos anos, a produção de vinhos finos e de suco integral de maçã complementou a oferta de produtos que são desenvolvidos segundo critérios de baixo impacto ambiental. A quarta maior produtora de maçãs do País nasceu em 1993 com o propósito de buscar melhores condições de produção e, principalmente, comercialização da maçã. “No sistema de cooperativa, o cooperado foca a excelência da produção e não se preocupa em vender”, afirma Makoto Umemiya, vicepresidente da Sanjo. Makoto, que também é produtor de maçã, acredita que o trabalho em grupo é uma grande invenção da humanidade, pois as compras são feitas em conjunto da mesma forma que a venda. “O cooperativismo é uma ação social em que pequenos produtores se unem para vender seu produto da melhor maneira possível. E essa união
dos pequenos torna a empresa grande e forte”, define Makoto. Para o vice-presidente da Sanjo, o sistema de cooperativas é um velho conhecido, pois desde pequeno acompanhou o trabalho dos pais nessa maneira sustentável de produzir. “A questão do trabalho em grupo são pessoas que têm pensamentos parecidos, que trabalham duro para um objetivo comum e não têm como dar errado. A solidez da cooperativa segue com a confiança que cada um tem no outro”, explica. A diretoria da Sanjo, que é responsável pela gestão da cooperativa, não é remunerada e todos são produtores. O trabalho desse grupo consiste em definir diretrizes de ação em uma reunião semanal com o setor executivo da cooperativa que busca colocar em prática os planos discutidos. E para ser uma referência no mercado de maçã, além de todo esse trabalho, Makoto faz questão de enfatizar que sem os funcionários a cooperativa não chegaria tão longe. E, de fato, a atuação da Sanjo no Planalto Serrano catarinense contribuiu para que o produtor não abandonasse o campo e, ainda, fez com que os filhos desses produtores se sentissem mais confiantes no sistema de cooperativa e retornassem para ajudar os pais. “Os jovens estão voltando para o campo. E a Sanjo está trabalhando para oferecer a eles assistência técnica, financeira e estímulo para pesquisar técnicas novas de produção. Temos que ensinar os jovens como funciona”, destaca Makoto. E, certamente, há muitas técnicas para ensinar aos jovens, começando pelo sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) praticado pela Sanjo. Além da segurança para consumo da fruta, outros benefícios desse sistema de produção são a redução e otimização do uso de agrotóxicos, a manutenção da
União de pequenos produtores torna a empresa grande e forte”, diz Makoto qualidade do solo e da biodiversidade ambiental, a garantia de qualidade e a rastreabilidade dos produtos comercializados. As maçãs da Sanjo foram as pioneiras, nos mercados nacional e internacional, a levarem o selo da PIM. De acordo com esse método, o produtor deve seguir a norma técnica estabelecida para a cultura e oficializada através de uma instrução normativa. Os procedimentos do cultivo devem ser somente os permitidos pela norma e cada intervenção no pomar deve ser anotada e justificada tecnicamente no caderno de campo. Os trabalhos de armazenagem e embalagem devem ser registrados no caderno de pós-colheita. As informações contidas nestes documentos possibilitam rastrear o produto através do código de barras contido no selo. Todas as práticas utilizadas no processo de produção anual, desde a adubação até a embalagem, sofrem no mínimo três auditorias da empresa certificadora, credenciada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia).
A Sanjo também se preocupa com a água utilizada no processo de produção. Toda a água usada passa por um moderno sistema de filtragem, através de uma máquina com uma tecnologia moderna e pioneira no Brasil, que retém qualquer tipo de impureza tornando a água potável. Dessa forma, a mesma água é utilizada o ano todo, reduzindo o consumo e contribuindo para a preservação ambiental. Todo esse trabalho garante a qualidade das maçãs que respondem por 95% do faturamento da cooperativa. E para diversificar os investimentos, a Sanjo aposta agora no suco integral de maçã. “As maçãs que não têm valor comercial se transformam
empreendedor | janeiro 2012
Filtragem
31
CAPA
Novas instalações para a produção de vinho e suco de maçã
empreendedor | janeiro 2012
Toda a água usada é filtrada e reutilizada ao longo de um ano
32
em suco. E o produto é bem diferenciado, pois é composto somente de maçã”, explica Makoto. Segundo ele, a cooperativa vai investir em marketing para as pessoas entenderem que o suco integral é o mais natural e funcional possível e faz bem para a saúde. O suco que só era vendido para atacados começa a ser comercializado em supermercados. “O desafio agora é abastecer os mercados”, diz Makoto. Além disso, a Sanjo produz vinhos finos, mas Makoto reclama que mesmo a qualidade do vinho produzido pela co-
operativa sendo superior, o produto não fica tão competitivo no mercado para enfrentar os preços do vinho argentino, por exemplo, que chega a ser vendido por R$ 8. Por isso, o suco integral de maçã segue como prioridade para a Sanjo. “Até agora o retorno das vendas do suco está bom, porém precisamos trabalhar para o suco integral conquistar de vez o mercado”, avalia Makoto. Outra fruta trazida pela Sanjo para cultivo em São Joaquim é o mirtilo. Conhecida como blueberry, é originária da América do Norte e tem
uma produção razoável na cooperativa que trabalha para popularizar a fruta com propriedades medicinais ligadas à longevidade. Para o futuro, a Sanjo planeja a construção de uma agroindústria. “O grande pulo será a agroindústria que poderá ter um faturamento bem relevante”, idealiza Makoto.
LINHA DIRETA Sanjo: www.sanjo.com.br
33
empreendedor | janeiro 2012
CAPAc i ta ç ã o
sementes de gestão Curso do Senar prepara agricultores para uma administração eficiente dos negócios por Beatrice Gonçalves
empreendedor | janeiro 2012
beatrice@empreendedor.com.br
34
O conhecimento sobre as formas de plantio e de colheita passado de geração a geração é importante para garantir o bom funcionamento de uma propriedade rural, mas só isso não basta. Sem gestão, controle de custos e planejamento fica difícil manter uma propriedade. Assim como quem administra uma empresa, o agricultor também precisa entender o mercado em que atua, traçar estratégias para melhorar sua produtividade e inovar. Não é fácil mudar práticas antigas, mas a sobrevivência das propriedades rurais e a manutenção do homem no campo dependem da mudança da lavoura tradicional para práticas mais eficientes e da transformação do produtor em empreendedor rural. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem trabalhado para promover essas mudanças. Desde 2007, o órgão oferece, em parceria com o Sebrae e as federações estaduais de agropecuária, cursos de capacitação para produtores de todo o País através do Programa Empreendedor Rural (PER). Criado no Paraná em 2003, o PER é um curso gratuito que tem duração de um ano e trabalha com os agricultores conceitos sobre gestão, planejamento, custos de produção e legislação trabalhista. A capacitação é feita em quatro fases e os participantes aprendem a fazer o diagnóstico de sua propriedade, o estudo de mercado e o planejamento estratégico e a avaliar seus processos. Em 2011, 700 produtores rurais de Santa Catarina cursaram o Programa
Programa forma empreendedores qualificados e líderes comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico da região em que vivem
fotos esther da veiga/divulgação
vivem. Assim, toda a cadeia produtiva se fortalece e o agronegócio se desenvolve ainda mais”, afirma o superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi. O técnico avalia que, além do produtor, a economia de Santa Catarina também ganha com a capacitação dos agricultores. Ele considera que o PER contribui para diminuir o êxodo rural e para melhorar a produtividade do estado porque ajuda a identificar novas oportunidades de negócios no campo. “Santa Catarina é um estado eminentemente agrícola que precisa fazer a conversão das propriedades rurais para novos processos produtivos. A qualificação do produtor rural faz com que o setor agropecuário tenha subsídios para um melhor desenvolvimento. O programa prepara os produtores para enfrentar os desafios do mercado.”
Controle A produtora rural Roseli Froerich, de Porto União, resolveu fazer o curso porque queria aprimorar a gestão da propriedade da família onde ela, o marido e os dois filhos criam mais de 180 bezerros. “Nós não tínhamos muita noção do que gastávamos porque não fazíamos o controle dos nossos custos. No curso eu aprendi a importância de registrar todo o nosso trabalho. Hoje tenho na minha casa uma tabela em que anoto tudo o que acontece no sítio.” Roseli é filha de produtores rurais e conta que hoje já não é mais possível manter a propriedade da forma como seus pais faziam alguns anos atrás. Ela considera que o aumento na produtividade do sítio depende da constante capacitação da família. Para aprimorar seus conhecimentos, Roseli fez o Programa Empreendedor Rural e os filhos começaram a fazer faculdade – um cursa Agronomia e o outro cursa Medicina Veterinária. “Eu e meu marido estamos aprendendo muito com nossos filhos. O
empreendedor | janeiro 2012
Empreendedor Rural, que é organizado pelo Senar e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). Foram oferecidas 39 turmas em municípios como Chapecó, Angelina, Canoinhas, Jaguaruna, Mafra e Porto União. “Uma das maiores dificuldades que os pequenos produtores rurais enfrentam hoje é com a gestão da propriedade. A maior parte dos agricultores não tem uma noção clara de quanto gasta e de quanto recebe com seus cultivos. No Programa Empreendedor Rural nós incentivamos que eles registrem todos os seus processos, tenham uma tabela e anotem tudo o que entra e sai, como se fosse uma empresa. Isso faz com que eles se organizem melhor”, afirma o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo. No PER, os agricultores participam de encontros semanais onde recebem orientações dos técnicos do Senar e da Faesc e trocam experiências com outros produtores. Durante o curso, os participantes ainda escrevem projetos para melhorar a produtividade de seu negócio e para aumentar a renda inserindo novos cultivos em suas propriedades. “Nós os auxiliamos a traçar metas de curto, médio e longo prazo. Durante o curso eles já começam a perceber como a visão empresarial pode trazer bons resultados para quem vive no campo. Com o aumento no número de cultivos, por exemplo, muitos conseguem melhorar suas condições de vida e de trabalho porque passam a ter outras fontes de renda”, avalia Pedrozo. Além de capacitar os produtores rurais, o programa tem ainda como objetivo formar lideranças no campo. “Queremos desenvolver competências empreendedoras e preparar líderes para ações sociais, políticas e econômicas sustentáveis no agronegócio. O programa forma empreendedores qualificados e líderes comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico da região em que
35
CAPAc i ta ç ã o
700 produtores rurais de 39 turmas cursaram o PER em Santa Catarina durante 2011
empreendedor | janeiro 2012
que eles aprendem na faculdade transmitem para a gente também. São conhecimentos novos que têm feito com que a gente melhore nossa produtividade.” Rita Volanick e o marido Alvir Vola nick são vizinhos de Roseli e também resolveram fazer o Programa Empreendedor Rural. Eles são especialistas na criação de bezerros, mas resolveram utilizar parte dos 10 alqueires de terra que têm para cultivar morangos, criar frangos e plantar árvores de reflorestamento.
36
Curso ajuda a identificar novas oportunidades de negócios no campo
“Nós aprendemos no curso a ouvir mais e a ter precaução. Antes de fazer qualquer investimento é preciso ter certeza de que aquilo trará resultados. Quando se age por impulso, perde-se tempo e dinheiro”, avalia Alvir Volanick. O agricultor é filho de produtores rurais, mas tinha deixado o campo para trabalhar na cidade de Porto União como ferroviário. Ao se aposentar, decidiu voltar à vida de agricultor e diz que não se arrepende. “Há nove anos voltei a ser agricultor. No começo não foi fácil, mas hoje com o que eu cultivo ganho muito mais do que recebia como ferroviário. O trabalho é puxado, mas o retorno vale a pena.” Assim como Roseli, Rita e seu marido, outros 2 mil produtores rurais de Santa Catarina já fizeram o curso de ca-
pacitação. Para participar do Programa Empreendedor Rural é preciso ter mais de 18 anos, concluído o ensino médio e ser produtor rural ou pertencer a família que viva no campo. Para se inscrever, o agricultor deve procurar o sindicato rural de sua cidade, a federação agropecuária de seu estado ou o Senar. “Para 2012, nossa meta é formar 30 novas turmas do Programa Empreendedor Rural em Santa Catarina. Vamos investir cerca de R$ 700 mil na capacitação”, afirma Zanluchi.
LINHA DIRETA Empreendedor Rural: www.empreendedorrural.com.br Faesc: www.faesc.com.br Senar: www.senar.org.br
37
empreendedor | janeiro 2012
pe rf i l
Paulo Cesar de Barros Rangel Empresa: A Especialista Ano de fundação: 1924 Idade: 51 anos Cidade-sede: Campinas (SP) Número de funcionários: 85 www.aespecialista.com.br
Visão de
empreendedor | janeiro 2012
negócios
38
Assim como avô, fundador da ótica A Especialista, Paulo aposta em atendimento especializado para expandir a empresa por Mônica Pupo
“A vitória é nossa e a derrota é sua.” Foi essa a sentença que Paulo Cesar de Barros Rangel ouviu de seu pai ao assumir a direção da empresa da família, há 18 anos. Tanta responsabilidade não lhe foi dada por acaso: o negócio em questão carregava não só a história da família, mas também toda a tradição da primeira rede de óticas do Estado de São Paulo. Para dar conta do recado e sobreviver às constantes crises e mudanças no segmento, o empresário apostou as fichas em tecnologia, atendimento personalizado, treinamento e parcerias com os maiores fornecedores do ramo. O resultado são nove lojas em operação no interior paulista, que oferecem as principais grifes de óculos de grau e de sol, além de laboratório próprio. Fundada em 1924, A Especialista é considerada a mais antiga rede de óticas do País a permanecer em operação ininterrupta nas mãos dos mesmos proprietários. Tudo começou de forma quase insólita em Ribeirão Preto (SP), quando o então mascate Nelson Dias Rangel – avô de Paulo – sonhou com um gato preto e decidiu apostar no jogo do bicho, levando o prêmio máximo. Tempos depois, apostou novamente – e ganhou pela segunda vez. Com o dinheiro em mãos, o vendedor decidiu que era hora de empreender, investindo no segmento óptico, algo inédito num tempo em que óculos eram vendidos em mercearias e relojoarias. “Meu avô foi realmente um sujeito inovador, pois naquela época ninguém havia se especializado nesse tipo de produto”, conta Paulo, referindo-se à origem do nome da marca. No início da década de 1930, A Especialista abriu a segunda loja em Campinas (SP), onde hoje fica a sede da empresa. A estratégia fazia parte de um plano maior: migrar do interior para a capital. Assim, em 1935 foi inaugurada a terceira loja, localizada na Avenida São João, no Centro de São Paulo. Sem imaginar que entraria para a história do ramo óptico, Nelson Rangel
empreendedor | janeiro 2012
monica@empreendedor.com.br
39
empreendedor | janeiro 2012
LINHA DO TEMPO
pe rf i l
40
Paulo Rangel A Especialista
1924
Nelson Dias Rangel funda A Especialista, localizada em Ribeirão Preto (SP)
1930
Abre a segunda loja em Campinas (SP)
1935
Inauguração da loja na Rua São João, na capital paulista, considerada a primeira “superótica” de que se tem notícia
1945
Com a exclusividade na representação de marcas como Bausch Lomb e American Optical, A Especialista torna-se o maior grupo óptico da América Latina
1970
Transferência da sede para Campinas (SP)
1980
Formado em Direito, Paulo Cesar de Barros Rangel – neto do fundador – assume o cargo de gerente administrativo da rede
1990
Expansão para os shoppings
1993
Paulo assume a totalidade da empresa
2011
Início do plano de marketing e comunicação digital, com o lançamento simultâneo do site institucional e portal de moda
investiu numa “superloja” com três andares, 50 atendentes e milhares de itens em exposição, incluindo telescópios e microscópios. “Foi a primeira superótica – ou ótica-conceito – de que se tem notícia, isso numa época em que só existiam três a quatro modelos de óculos no mercado brasileiro”, orgulha-se o neto. Por volta de 1945, após o desfecho da Segunda Guerra Mundial, a empresa experimentou seu período de maior ascensão. Com a representação de marcas como Bausch Lomb e American Optical, A Especialista tornou-se não só o maior grupo óptico do Brasil, mas de toda a América Latina. “A Europa estava devastada nessa época e os Estados Unidos transformaram-se na grande máquina produtora no final dos anos 1950 e durante a década de 1960”, contextualiza o empresário. A “superloja” da capital paulista fechou no início dos anos 1980, com o surgimento dos shoppings e o consequente processo de desvalorização do centro da cidade. Foi em meio a esta transição que Paulo – então um advogado recém-formado de 22 anos – assumiu o cargo de gerente administrativo. “Vendemos o prédio em São Paulo e focamos nossa operação em Campinas”, afirma Paulo, responsável pelo processo de expansão para os shoppings, onde hoje a rede possui quatro das nove lojas em operação. Outro alvo de investimentos constan-
tes é o laboratório, equipado com os mais modernos equipamentos de surfaçagem e montagem de óculos. A lapidação das lentes, por exemplo, fica a cargo das máquinas da Essilor, que dispõem de funções como corte até duas vezes mais rápido e manutenção via internet. “Garantimos a qualidade das armações e lentes que vendemos, bem como a acuidade visual e a satisfação dos clientes”, enfatiza Paulo. Focar nos shoppings também foi a alternativa encontrada para “estar onde o cliente estava”. Outra marca da gestão do empresário foi a reativação de antigos fornecedores da empresa. Valendo-se do gosto pelas viagens herdado do avô, aos 24 anos Paulo foi para a Europa em busca de novos e velhos contatos da indústria óptica. “Difícil mesmo era lidar com as questões burocráticas e logísticas, até porque as importações eram mais fechadas naquela época”, comenta. Se hoje em dia importar ficou mais fácil, embora os impostos continuem a pesar para os empresários, o mesmo não se pode dizer da concorrência. Sobretudo a partir dos anos 1990, o mercado de óculos passou a ser o alvo das grandes redes de franquia, sem falar na invasão dos produtos chineses e camelôs. “Hoje em dia o que temos é um mercado extremamente pulverizado, onde impera a guerra de preços e muitas vezes se passa por cima da qualidade”, analisa Paulo. Além da concorrência com franquias como Chilli Beans – famosa por vender
óculos a preços populares – as óticas passaram a concorrer também com redes de varejo em geral, a exemplo de C&A e Renner, entre outras. “Atualmente qualquer butique ou loja de acessórios vende óculos de sol”, completa. Entre as 35 marcas com as quais A Especialista trabalha estão desde nomes nacionais – como Atitude e Ana Hickmann – até grifes internacionais, como Emporio Armani, Valentino, Montblanc, Tom Ford e Gucci. O preço médio dos óculos e armações é tão variável quanto o número de itens à disposição dos clientes: a maioria dos modelos varia entre R$ 180 e R$ 450, mas há peças como os óculos de sol Cartier, cravejados em ouro, por R$ 10 mil. Apesar das boas expectativas em torno do mercado de luxo, Paulo não acredita na sustentação do segmento a longo prazo. “Uma prova disso foi o baixo movimento do Natal de 2011. Normalmente em dezembro teríamos entre 18% e 20% acima do faturamento, sendo que dessa vez fe-
chamos com no máximo 8%”, revela. Na opinião do empresário, o excesso de otimismo em torno do mercado de luxo se baseia em pesquisas realizadas nos grandes centros, como São Paulo, e não leva em conta a flutuação do segmento em cidades do interior. “O crescimento do mercado de luxo varia muito. Uma coisa é vender carro de luxo, outra é vender óculos. Muita gente que tem dinheiro acaba viajando e comprando no exterior, até porque óculos é um item fácil de guardar e transportar”, avalia. Para lidar com a concorrência e as mudanças no perfil do consumidor, Paulo investe no treinamento e atendimento personalizado. Com 85 funcionários – sendo 75 mulheres – A Especialista conta com uma central de treinamento onde toda a equipe de vendas passa por reciclagem. “Muito além de interpretar receitas médicas, nossos atendentes conhecem em detalhes cada uma das mercadorias disponíveis, sugerindo o modelo e as lentes ideais de acordo com as necessidades, estilo de vida e formato do rosto de cada cliente.” A mais recente aposta do empresário é no mundo virtual. Para marcar presença na web e se aproximar dos clientes, no final de 2011 A Especialista lançou, consecutivamente, o site institucional e um portal de moda. “Contratamos uma agência de comunicação para elaborar estratégias na internet para entrar em sintonia com o público-alvo”, explica o empresário. Comandado
pela V12 Brasil Consultoria & Marketing, o novo plano de marketing prevê ações nas redes sociais – sobretudo no Facebook e Twitter – além da manutenção do portal AE Moda, onde são veiculadas notícias, artigos e reportagens sobre moda, estilo, comportamento e entretenimento. Outra estratégia para 2012 é a diversificação do mix de produtos, com ênfase em óculos com melhor relação custobenefício. Uma das duas lojas previstas para inaugurar até setembro, localizada no Shopping das Bandeiras, em Campinas, refletirá essa “atualização” no perfil da marca. “Não adianta insistir apenas na venda de óculos de grifes caras, pois o consumidor cada vez mais deseja produtos bons, bonitos e baratos”, pondera Paulo. A outra inauguração prevista para o ano é de uma unidade no Galleria Shopping, que está em fase de ampliação. No mais, é seguir com cautela e flexibilidade. “Este será um ano de grandes oportunidades, mas ao mesmo tempo é hora de repensar diversos pontos da operação, investindo principalmente na construção de imagem da empresa”, ressalta o empresário.
LINHA DIRETA A Especialista: www.aespecialista.com.br
empreendedor | janeiro 2012
“Hoje temos um mercado pulverizado, onde impera a guerra de preços e se passa por cima da qualidade”
41
empreendedor | janeiro 2012
fra nqu i a
Neg贸cio
42
certo
Expansão das redes de franquias beneficia toda a cadeia de fornecedores, mas exige comprometimento por Cléia Schmitz Os empreendedores do franchising não são os únicos beneficiados com o forte crescimento do setor nos últimos anos. As empresas que atuam na ampla cadeia de fornecedores de redes de franquias também desfrutam da expansão desse sistema no Brasil. A Associação Brasileira de Franchising (ABF) trabalha com a perspectiva de que em 2012 sejam abertas no País pelo menos 10 mil novas unidades franqueadas. Para quem fornece produtos e serviços ao segmento, isso significa novos negócios à vista – e, o mais importante, negócios praticamente certos, uma vez que os franqueadores costumam concentrar as novas demandas em sua rede de fornecedores já constituída. Crescer junto com a rede é uma das vantagens de participar da cadeia de fornecedores de uma franquia. Como em boa parte das empresas franqueadoras as aquisições são feitas pelo franqueador por meio de clubes de compras, ou seja, de forma conjunta pelos franqueados, a expansão da rede acaba resultando automaticamente em novos volumes para o fornecedor. Isso sem grandes esforços. “Em 2012 queremos abrir 40 novas unidades. De certa forma, são 40 novos clientes que estamos dando de graça aos nossos fornecedores, às vezes sem eles saberem”, afirma Antonio Carlos Viégas, diretor da Moldura Minuto. A rede, criada em 1999, tem 60 lojas espalhadas pelo País. No entanto, fazer valer a força da rede não é tão simples assim. Segundo Viégas, é preciso muita negociação com os fornecedores. “As administradoras de cartão de crédito, por exemplo, demoraram a entender a unidade de uma rede de franquias. E como elas enxergavam cada loja como um cliente, as taxas de uso do cartão variavam dependendo do faturamento de cada unidade”,
empreendedor | janeiro 2012
cleia@empreendedor.com.br
43
fra nqu i a
empreendedor | janeiro 2012
Viégas, da Moldura Minuto: “Toda rede de franquias tem que ter uma cadeia sólida de fornecedores, senão ela não consegue crescer e ainda pode quebrar”
44
conta o executivo. No ano passado, a rede negociou uma taxa única, baseada no faturamento mensal de R$ 2, 5 milhões da empresa. Como 75% dos pagamentos feitos pelos clientes da Moldura Minuto são por meio de cartão de crédito, a economia chegou a quase R$ 1 milhão ao ano, calcula Viégas. A negociação feita com as administradoras de cartão se estendeu para toda a cadeia de fornecedores da Moldura Minuto, hoje formada por 25 empresas. O resultado foi uma redução de 25% no valor do investimento da franquia (de R$ 200 mil para R$ 150 mil), condição essencial para a rede cumprir seu ambicioso plano de chegar a 100 lojas em 2012. “Só que não adianta eu querer abrir 40 novas unidades e contar com fornecedores que não aguentam o tranco. É preciso buscar os melhores no mercado, não os que vendem mais barato. Toda rede de franquias tem que ter uma cadeia sólida de fornecedores, senão ela não consegue crescer e ainda pode quebrar”, observa Viégas. O executivo dá a receita do bom for-
necedor: ter boa capacidade financeira para fornecer um produto ou serviço com qualidade constante num prazo determinado e a preços e condições de pagamento adequados. Ele também ressalta que a relação deve ser de ganha-ganha. “Não adianta querer esfolar o fornecedor. Esse é um pensamento antiquado.” Viégas cita como exemplo o acordo feito pela Moldura Minuto com seu fornecedor de sacolas. A rede decidiu concentrar a demanda das unidades em um único pedido de 1 tonelada a cada três meses em vez de fazer pedidos menores e mais constantes. “É mais vantajoso dentro do processo de produção do fornecedor”, argumenta. Para a rede, a iniciativa resultou
Na relação ganhaganha, o fornecedor deve assumir riscos junto ao franqueador
numa redução de custos com o insumo em mais de 20%. As sacolas saem da fábrica e seguem para as lojas em vez de serem estocadas pelo franqueador, como acontecia anteriormente. A economia vem da diminuição dos custos com itens como impostos e armazenagem. “O metro quadrado em São Paulo é uma fortuna”, destaca Viégas. Ele conta que alguns fornecedores não aceitaram a mudança porque não estavam dispostos a fazer a distribuição pelas unidades e tampouco emitir uma nota fiscal por loja. “Esses contratos expiraram e não foram renovados.” Para Viégas, na relação ganhaganha o fornecedor deve assumir riscos junto ao franqueador.
Divisão de riscos O preceito faz parte da filosofia da Antilhas, uma das maiores fabricantes de embalagens no Brasil. A empresa, com sede em São Paulo, tem um serviço de entrega porta a porta para mais de 12 mil pontos
de venda em todas as regiões do País. “Quantas vezes fizemos um frete só para um cliente porque ele atrasou o pedido. Naquele momento, a entrega pode não ter sido vantajosa para nós do ponto de vista financeiro. Corremos o risco, mas é importante estabelecer um relacionamento de longo prazo”, destaca Bruno Baptista, diretor comercial da Antilhas. Nos últimos anos, a empresa tem apresentado um crescimento de 10%. Segundo Baptista, o segmento de franquias responde por mais de 50% do faturamento da Antilhas. Entre os clientes do setor estão Água de Cheiro, O Boticário, Havaianas, Puket, Contém 1g, Kopenhagen, Le Postiche e Carmen Steffens. O setor é considerado estratégico para a empresa alcançar sua meta de duplicar o volume de negócios até 2015. Por isso, a empresa faz questão de participar da feira de fornecedores realizada simultaneamente à Convenção de Franqueados, evento anual promovido pela ABF. “Estamos prontos para antecipar tendências do
mercado e atender de forma ainda mais ágil e flexível as necessidades dos clientes”, afirma Baptista. A D-Link, fornecedora de soluções de redes, segurança e armazenamento de dados e vigilância IP, também descobriu nas redes de franquias clientes em potencial para seus produtos. Há dois anos a empresa estruturou uma área para atender esse mercado. Segundo Adriano Luz, diretor de produtos para a América Latina, as características de rede do franchising, aliadas à redução de custo da tecnologia, têm favorecido os negócios da D-Link com o segmento. “Oferecemos uma solução completa de vigilância, em que o franqueador consegue monitorar toda a rede de lojas a distância. Do seu próprio tablet ele pode ver o que está acontecendo no caixa da loja 1 ou no estoque da loja 2, dispensando as extensas agendas de visitas”, destaca Luz. Para a estilista Bárbara Elmor, sócia e fundadora da Vestes Uniformes, não há segredos para se tornar referência na cadeia de fornecedores das franquias: bom
Bruno, da Antilhas: “É importante estabelecer um relacionamento de longo prazo”
empreendedor | janeiro 2012
Adriano Luz: D-Link estruturou uma área para atender mercado de franchising
45
fra nqu i a
empreendedor | janeiro 2012
Bárbara, da Vestes Uniformes: empresa trouxe a preocupação em apresentar uniformes com tecidos e acabamentos impecáveis, além de modelos e cores sintonizados com a moda
46
produto e bom serviço fazem toda a diferença. Foi apostando nessas duas máximas que há nove anos ela conquistou a maior rede franqueadora do País – O Boticário. Outras 50 redes de franquias de diferentes segmentos fazem parte do portfólio da Vestes, como Bibi, CCAA, Giraffas, Lupo, Via Uno e Rei do Mate. Segundo Bárbara, a empresa trouxe para o setor de franquias a preocupação em apresentar uniformes com tecidos e acabamentos impecáveis, além de modelos e cores sintonizados com a moda. Para a empresária, o uniforme é um instrumento de comunicação da marca e, por isso, todo esmero é pouco. Estar no lugar certo e na hora certa também ajudou a Vestes a fazer bons negócios. Bárbara conta que na segunda edição da feira de fornecedores, realizada pela ABF, a empresa ganhou um espaço em troca do fornecimento dos uniformes para a Convenção dos Franqueados. “Era o último estande, bem escondidinho, mas foi então que percebemos que havia um mercado descoberto e começamos a prospectar clientes do segmento. Já faz dez anos que estamos focados em franquias e, por isso, hoje somos líderes no forne-
Bom produto e bom serviço fazem toda a diferença
cimento de uniformes para o sistema de franchising. Atuamos em outros setores, mas franquia continua sendo nossa prioridade”, afirma Bárbara. A preocupação com a sustentabilidade dos fornecedores é outro aspecto que deve ser levado em conta pelo operador da franquia. Para Cláudio Tieghi, presidente da Associação Franquia Sustentável (Afras), braço social da ABF, o recente caso da Zara no Brasil evidenciou como um problema na cadeia de suprimentos pode deixar a empresa vulnerável diante do mercado. Em meados do ano passado, a rede espanhola foi acusada de comprar mercadorias de indústrias que usavam mão de obra escrava. “Temos que usar o poder de escolha e colocar na cadeia de fornecimento apenas quem tem a preocupação com a sustentabilidade”, alerta Tieghi.
Em geral, o segmento de franchising aguarda avanços na cadeia de suprimentos. O presidente da ABF, Ricardo Bomeny, destaca as áreas de logística e tecnologia como dois gargalos. “Com relação à tecnologia, por exemplo, temos uma dependência muito grande com importação, o que nos deixa reféns em caso de variações cambiais ou mesmo de mudanças de regras do governo, como aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)”, afirma. Na área de logística, o executivo aponta avanços na capacidade de distribuição, mas destaca a concentração do mercado em dois ou três operadores. “A conclusão é de que nossa cadeia de fornecimento ainda tem muito a aprimorar.”
LINHA DIRETA ABF: www.portaldofranchising.com.br Antilhas: (11) 4152-1100 D-Link: (11) 2185-9320 Moldura Minuto: www.molduraminuto.com.br Vestes: (11) 3675-6969
47
empreendedor | janeiro 2012
fra nqu i a
Sucesso espanhol Há duas décadas no mercado, a grife espanhola Charanga é considerada uma das mais importantes do segmento de moda infantil na Europa. São mais de 250 lojas – entre próprias e franqueadas – espalhadas por dez países. Agora é a vez do Brasil entrar na rota de expansão através do franchi-
sing. A primeira unidade da Charanga no País foi inaugurada em dezembro de 2011 em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Os valores médios para instalação de uma loja giram em torno de R$ 228 mil e R$ 291 mil, com prazo de retorno entre 24 e 26 meses.
www.charangabrasil.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Perto do dono
48
A ShoeShop, especializada em calçados femininos, lançou em dezembro seu projeto de franquia. A rede, que nasceu em 2010, já soma sete lojas nos principais shoppings e ruas de São Paulo, além do e-commerce que atende em todo o Brasil. Para 2012, o foco da empresa é continuar a expansão na cidade de São Paulo e cidades próximas à capital. “Queremos dar uma atenção especial para os primeiros franqueados, por isso não queremos ir para lugares distantes”, afirma o sócio da rede, Luiz Francisco Salles Pinto. Com mais de 15 anos de experiência no varejo de calçados femininos, o empresário enxergou uma brecha no mercado. “Muitos players não atendem o público da classe C simplesmente por questões relacionadas a posicionamento e estratégias. Por outro lado, os que optam em vender para esse perfil de consumidor não oferecem uma boa experiência de compra”, avalia o franqueador, que aposta na combinação de preços mais acessíveis e atendimento diferenciado para se posicionar no mercado. www.shoeshop.com.br
Estreante
empreendedor | janeiro 2012
No mercado há 18 anos, a Nexar – rede especializada em informática e tecnologia digital – aposta no franchising para crescer. Em dezembro de 2011, a rede inaugurou sua primeira franquia, localizada no Barueri Parque Shopping, na Grande São Paulo, além de mais duas lojas próprias em Tamboré e Suzano, ambas em São Paulo. A empresa espera abrir 50 franquias nos próximos cinco anos, com preferência pelos principais pontos comerciais de todo o Brasil. “Nosso objetivo é implantar lojas em shopping centers ou centros comerciais em função da segurança das unidades”, afirma Airton Fonseca, diretor de expansão da Nexar. O investimento inicial para abrir uma unidade gira em torno de R$ 260 mil, incluindo a taxa de franquia de R$ 19 mil. Com faturamento bruto de R$ 250 mil e lucro líquido na faixa de 6% a 10%, o retorno é estimado entre 36 e 48 meses. www.nexar.net.br
49
fra nqu i a
Onda saudável De olho no aumento mundial do consumo de produtos saudáveis, a Korin Agropecuária aposta no crescimento da sua rede de franquias nos grandes centros do País. Com sede em São Paulo e presença em Natal, a empresa planeja abrir pelo menos 15 lojas em 2012, localizadas na capital e interior paulista, assim como Rio de Janeiro, Distrito Federal e Bahia. Em cinco anos, a meta é atingir 100 franqueados. Os planos refletem o desempenho da companhia, que fechou 2011 com faturamento aproximado de R$ 50 milhões, contra os R$ 41 milhões contabilizados em 2010. “Estimamos um crescimento anual da franquia na ordem de 15%”, explica Edson Shiguemoto, gerente comercial da empresa, que anualmente produz 8 mil toneladas
de carne de frango e 6,5 milhões de ovos. O carro-chefe da marca é a linha de frangos livres de antibióticos e os frangos orgânicos, seguida da linha de ovos com a mesma filosofia, além das frutas, verduras e legumes orgânicos certificados. Outro destaque é a linha de produtos apícolas e de insumos orgânicos Bokashi, legumes cozidos e congelados orgânicos certificados, além de sopas instantâneas sem aditivos químicos e café orgânico. O investimento para se tornar um franqueado varia de R$ 200 mil a R$ 360 mil, incluindo custos com a adaptação do imóvel ao padrão arquitetônico da rede, equipamentos, móveis, estoque inicial, software e capital de giro. O retorno é alcançado entre 36 e 48 meses. www.korin.com.br
Ritmo acelerado O ano de 2011 foi de conquistas para a Roasted Potato, especializada em batatas assadas e recheadas. Só no mês de dezembro seis franquias foram inauguradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, totalizando 79 unidades em operação. Com pontos de venda espalhados em diversas regiões do Brasil e até na América do Sul (Paraguai), a rede concentrou as atenções na Região Sudeste para expandir os negócios em 2011. “Há muito potencial a ser explorado em toda a região. Já no primeiro trimestre de 2012 inauguraremos mais uma unidade em Belo Horizonte”, diz Camila Carone, diretora de marketing da empresa. Em 2012, a expectativa é dar continuidade ao ritmo de crescimento e atingir a meta de 100 franquias. “Voltaremos nossas atenções para o Norte, em especial o Pará, importante polo econômico da região. A expectativa é implantar duas unidades lá em curto prazo”, antecipa Camila. www.batatarecheada.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Bom de braço
50
Pesquisas indicam que 80% das pessoas habilitadas não dirigem por medo, insegurança, falta de prática ou trauma por algum acidente. São justamente estes motoristas que estão no foco da Dirigindo Bem, rede de franquias especializada no treinamento de pessoas habilitadas. Há 12 anos no mercado, a empresa soma 36 unidades e já capacitou mais de 40 mil pessoas. A meta para 2012 é alcançar a marca de 100 unidades, com foco em todas as capitais e cidades com mais de 300 mil habitantes.
Entender o que leva uma pessoa a ter medo de dirigir é um dos principais fatores do trabalho realizado pela empresa. “Foi comprovado por mais
de 95% dos alunos que o atendimento psicológico influencia no melhor resultado das aulas práticas. Inicialmente o nosso profissional da área da psicologia identifica os bloqueios das pessoas e, posteriormente, passa a trabalhar a mente e o emocional, e o professor de aula prática é devidamente orientado pelo psicólogo sobre como proceder em relação às aulas, dispensando especial atenção a cada aluno”, acrescenta Sérgio Santos, diretor da Dirigindo Bem. www.dirigindobem.com.br
51
empreendedor | janeiro 2012
PROD U TOS E SERVIÇOS
Telefone sem fio Os telefones sem fio da Elgin modelos TSF 5000 R, TSF 5001 e TSF 5002 têm a tecnologia DECT 1.9 GHz, display LCD luminoso, identificador de chamada DTMF/FSK e viva-voz. Também possuem agenda com 50 posições, adaptador bivolt, bloqueio de teclas e toques polifônicos. Os equipamentos suportam até cinco monofones e oferecem maior autonomia da bateria e menor consumo de energia. Os modelos TSF 5001 e TSF 5002 têm detalhes nas cores azul e laranja, e o modelo TSF 5000 R oferece o sistema de ramal. No varejo, o preço médio do TSF 5000 R é de R$ 89; do TSF5001 e do TSF 5002 é de R$ 119. www.elgin.com.br
Gerenciador de fornecedores
empreendedor | janeiro 2012
A Tornatti lança a solução Gestão de Contrato de Fornecimento voltada para empresas que buscam otimizar custos e administrar com eficiência verbas de acordos contratuais, distribuição e promoção de produtos. A ferramenta permite o gerenciamento dos pagamentos através de um controle de gastos de regionais e filiais, identifica contas pagas, concilia títulos fornecidos pelo cliente ou enviados pelo ERP e busca créditos para ajuda de abatimento na conciliação de títulos. Para os gestores, gerentes e diretores o sistema oferece controles por indicadores estatísticos baseados em gráficos de fácil navegação e acompanhamento. A solução é um módulo integrante da plataforma PME (Process Master Enabler), desenvolvida pela Tornatti, que permite às empresas mapearem e controlarem seus processos de negócio de forma simples e eficiente. www.tornatti.com.br
52
Planejamento on-line O consultor virtual Planeje-se é uma ferramenta de consultoria que foi desenvolvida para ajudar micro e pequenos empresários a tomarem as melhores decisões para seus negócios. Sem necessidade de conhecimento técnico ou treinamento, o gestor acessa via web o sistema, expõe suas dificuldades e recebe a orientação dos consultores para a tomada de decisão referente a compras, vendas, finanças, recursos humanos e administração. Todos os dados são criptografados e não há o risco de que essas informações sejam divulgadas para terceiros. O Planeje-se foi desenvolvido por Marcos Martins e Fernando Alvite, da M11 Consultoria.
www.m11consultoria.com.br
Só saúde
BlackBerry em nuvem
Chega ao mercado a Living TV, canal de televisão sobre bemestar e saúde que foi criado para informar e entreter as pessoas que se encontram em salas de espera de clínicas, consultórios médicos e odontológicos, além de laboratórios e hospitais. O canal é dividido em dez blocos temáticos com programação legendada e conta com atrações nacionais e internacionais exibidas na forma de entrevistas, reportagens, notícias, dicas e curiosidades. Os blocos têm no máximo cinco minutos de duração e cada um deles discute temas como Olhar (estética, beleza, moda), Verdejar (natureza, meio ambiente, sustentabilidade), Movimentar (fitness, esportes, terapias corporais), Sentir (saúde, ciência) e Experimentar (nutrição, gastronomia, receitas, restaurantes, lojas especializadas). Todo o conteúdo audiovisual da Living TV é produzido pela Bossa Nova Films. www.livingtv.com.br
A Research In Motion (RIM) lança o BlackBerry Business Cloud Services para Microsoft Office 365, um novo serviço on-line para empresas. O aplicativo permite que as organizações possam autogerenciar seus recursos BlackBerry em nuvem. Com o sistema é possível acessar e-mail, calendário e organizador do Microsoft Exchange Online através de um smartphone BlackBerry e ainda ter no aparelho uma visão unificada de conteúdo corporativo e do pessoal ao mesmo tempo em que mantém os dois perfis separados e seguros. O serviço está disponível em versão beta em mais de 30 países, inclusive no Brasil. O aplicativo é disponibilizado gratuitamente para organizações que assinam planos Microsoft Office 365 e trabalham com smartphones BlackBerry com planos de serviço empresariais ou pessoa física. www.blackberry.com
Intercâmbio latino bio de práticas institucionais, políticas públicas e informações estatísticas sobre micro e pequenas empresas da América Latina. A proposta do projeto é capacitar empreendedores e disponibilizar informações às instituições de apoio às micro, pequenas e médias empresas dos países participantes. O sistema é cofinanciado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). www.comunidadmipyme.org
empreendedor | janeiro 2012
Para promover a cooperação internacional e o trabalho coletivo entre instituições de apoio aos negócios de pequeno porte na América Latina, o Sebrae, em parceria com duas entidades de apoio à microempresa da Argentina e do Chile, lançou o portal Comunidad Mipyme (termo que em espanhol significa micro, pequena e média empresa). A página na web servirá como um espaço de aprendizagem e intercâm-
53
PR ODU TOS E S ER V IÇ O S
Robôs operários A Epson fabrica uma série de robôs industriais para serem utilizados na montagem, transporte e inspeção de componentes eletrônicos ou embalagens de alimentos e cosméticos. Os robôs Scara da série G3 são compactos, movem-se em alta velocidade e podem ser equipados com o sistema de processamento de imagem Vision Guide. Esse equipamento é capaz de reconhecer e pegar com precisão até mesmo componentes dispostos de maneira aleatória. Os robôs RS4 Scara da Epson têm braço giratório que faz movimentos em 360˚ e capacidade para transportar cargas com até quatro quilos. www.epson.com.br
Design coletivo
empreendedor | janeiro 2012
A Imprima 3D é um site que reúne criações de designers de todo o Brasil. Na página, o cliente pode comprar desenhos de acessórios, joias e objetos de decoração e escolher a impressão da peça em metal ou plástico branco. Os produtos comprados no portal são entregues em até 15 dias úteis e toda venda pode ser parcelada em 12 vezes em todos os cartões de crédito. Para expor seus produtos, os designers devem se inscrever no portal do Imprima 3D. Ao se cadastrar eles podem expor seu portfolio, vender seus produtos e ainda participar de debates sobre o mercado de 3D. www.imprima3d.com.br
54
Comportamento de consumo O E-tail Report é uma ferramenta do Ibope Media que mensura o comportamento dos consumidores nos principais sites de comércio eletrônico do País. O sistema apresenta dados sobre o fluxo de consumo de lojas on-line, incluindo o volume de itens mais visualizados nas vitrines, além de informar a quantidade de produtos adicionados no carrinho e efetivamente comprados. A ferramenta também possui indicadores como taxa de conversão e tíquete médio. O E-tail Report monitora o comércio eletrônico por meio de um painel com cerca de 5 mil internautas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília. www.ibope.com/etailreport
O roteador portátil 3G Wireless 150 Mbps da Gothan é um equipamento que cabe no bolso de uma calça e é ideal para uso externo em reuniões e viagens. O aparelho tem bateria interna com duração de até seis horas, velocidade de rede sem fio de até 150 Mbps e três modos de funcionamento: o roteador, que faz o gerenciamento de redes e acesso à internet; a função AP que, utilizando uma rede convencional, passa a ser o ponto
de acesso para disponibilizar uma conexão sem fio; e a função Cliente, usada para conectar um computador sem placa com antena wi-fi na rede sem fio disponível. O equipamento tem uma porta USB para conectar o modem 3G nos padrões HSPA ou EVDO, uma entrada de rede para compartilhar internet via cabo/ADSL e botão WPS para configuração simplificada de segurança wireless por meio de criptografia. www.maxprint.com.br
Gestão para PMEs A SAP lança a versão 8.82 do SAP Business One, solução de gestão para pequenas e médias empresas. O sistema oferece recursos para o gerenciamento de campanhas de marketing em múltiplos canais e para o planejamento de melhorias na infraestrutura e no estoque. Com a ferramenta, as companhias podem gerenciar o ciclo de vida completo de uma campanha por meio da criação e manutenção de grupos-alvo, gerenciando os dados da ação, gerando leads e analisando resultados com base em um relatório de lista. As empresas também podem usar o sistema para atribuir números de série específicos a itens para pedidos de vendas, contas a receber, faturas de reserva e pedidos de transferência de estoque. www.sap.com.br
empreendedor | janeiro 2012
Roteador de bolso
55
PROD U TOS E SERVIÇOS
Piso especial A Eucatex lança no Brasil o Eucafloor Piso Vinílico. O revestimento é indicado para uso em áreas úmidas e pode ser aplicado tanto em ambientes comerciais quanto residenciais. O piso tem diferentes cores e padronagens e está disponível em três modelos: Evolution, para ambientes comerciais; Family, residencial; e Decore, comercial e residencial. O produto é 100% reciclado e reciclável. O piso é fabricado pela Tajima do Japão e é vendido no País pela Eucatex. “O mercado de pisos vinílicos no Brasil é de 7 milhões de metros quadrados. Em dois anos a Eucatex deve chegar a 2 milhões por ano. O momento é propício para parcerias e queremos estendê-las para portas e tintas, ou seja, todos os produtos que temos para o segmento da construção civil e decoração”, afirma Flávio Maluf, diretor do grupo Eucatex. www.eucatex.com.br
Bem isolado
empreendedor | janeiro 2012
A Thinfiber é uma manta de polipropileno composta por microfibras que diminui os ruídos e aumenta o isolamento térmico de automóveis. O material pode ser aplicado em diferentes lugares do veículo como no painel, assoalho, teto, colunas, bagageiro e portas. Ao contrário da fibra tradicional, a manta de polipropileno é reciclável e tem uma substância que não permite a proliferação de fungos e bactérias. A Thinfiber tam-
56
bém pode ser utilizada em projetos de proteção ambiental para absorção de resíduos. O produto é indicado para recolhimento de combustíveis e óleos lubrificantes em água, terra, areia e ambientes internos. “A Thinfiber flutua indefinidamente mesmo com o material absorvido. Além disso, possibilita a recuperação dos resíduos coletados e da própria fibra”, explica Cláudio Chaves, diretor da empresa. www.unionfibras.com.br
Dinheiro em movimento A eWave lança um aplicativo que permite fazer o gerenciamento e o controle do dinheiro que é disponibilizado em agências bancárias. O sistema tem uma ferramenta que analisa o histórico de saques e depósitos e faz a previsão da quantia necessária para cada agência. As informações são transmitidas para a central do banco e a instituição consegue fazer uma média dos valores que cada agência precisa ter por dia em seu estabelecimento. A solução faz ainda o planejamento logístico dos valores que devem ser movimentados da transportadora para as agências e das agências para o abastecimento dos caixas eletrônicos. www.ewave.com.br
megafone
Prospectar é arte! Buscar clientes exige muito otimismo, conhecimento e cumplicidade de tudo tenha certeza de que você está vendendo algo que sua empresa tem capacidade para entregar. Acredito que o profissional de novos negócios especializado em prospecção está em alta no mercado! Ele não tem um dia a dia muito fácil, pois vive sob uma grande tensão para alcançar as metas. Considero este profissional uma obra de arte em extinção. Muitas pessoas me perguntam: você nasce gerente de novos negócios ou você aprende? Acredito que as pessoas nascem com o talento de prospectar, pois é uma tarefa que exige muito carisma e habilidade. Acredito também que existem profissionais especializados em abrir as portas, mas não são “fechadores” de negócios. Por isso, quando avaliar a sua equipe comercial, seja cauteloso e detalhista para entender o perfil de cada profissional. Tenho observado que as curvas comerciais têm aumentado o seu ciclo de conversão de seis meses para 12 até 18 meses para a primeira venda. Esta informação é superimportante para seu fluxo de caixa. Você já escutou que quando uma empresa completa dois anos significa que está consolidada? Eu não acredito mais nisso! Uma empresa pode levar de quatro a cinco anos para ter suas bases sólidas. Portanto, quando pensar em abrir o seu negócio aqui estão algumas informações que podem ser fundamentais para a sua alegria ou frustração como empreendedor.
por Rodrigo Geammal
Fundador e diretor-executivo da Elos Cross Marketing – agência brasileira pioneira no marketing de resultados de vendas, que tem o esporte e o entretenimento como conteúdo estratégico. rodrigo@eloscrossmarketing.com.br www.eloscrossmarketing.com.br (11) 3432-2028
Reflita se você está levando algo diferenciado para seu prospect, fale com segurança e tenha certeza de vender algo que sua empresa pode entregar
empreendedor | janeiro 2012
Um dos maiores desafios para as empresas de serviços é prospectar neste mercado brasileiro megacompetitivo. Sinceramente, se você é empreendedor do seu primeiro negócio, um dos seus grandes desafios é conquistar o primeiro cliente. Quando comecei a minha agência senti na pele todas as dificuldades do processo de prospecção: (1) definir os prospects; (2) convencer para agendar a reunião; (3) criar um sentimento positivo de uma empresa em startup. Não é fácil! Prospectar é uma arte para poucos profissionais que reúnem em seu perfil muito otimismo, conhecimento e, acima de tudo, cumplicidade em superar os desafios. Recordo que quando conseguia marcar as primeiras reuniões para apresentar a minha agência, sempre escutava no final: “Quem são os seus clientes?”. E sempre respondia: “Estamos iniciando a nossa empresa”. Outro ponto a ser destacado é que quando prospectamos escutamos em média 50 vezes o “não” para um “sim”. Outra frase muito ouvida é: “Você tem uma apresentação para me enviar, caso haja necessidade entraremos em contato!”. Neste sentido, o cliente que disse “sim” recebe você e já inicia a reunião: “Meu dia está um inferno, você tem 15 minutos!”. Haja emoção e adrenalina! Mas todos estes desafios são superados por você que tem a arte de apresentar com segurança a sua expertise. Reflita se você está levando algo diferenciado para seu prospect, fale com segurança e acima
57
58
empreendedor | janeiro 2012
59
empreendedor | janeiro 2012
emp r eendedo r is m o j á .c o m
d esapego
Só se cresce no desapego
empreendedor | janeiro 2012
Este é o caminho para conquistar a verdadeira independência e enfrentar os desafios da vida
60
De acordo com Freud, o ego engloba diversas funções psíquicas, como tolerância, controle, julgamento, planejamento, memória e defesa. O ego organiza o pensamento e serve à razão, mas nem sempre suas operações são conscientes. Você deve estar se perguntando: pô, mas o que isso tem a ver com empreendedorismo? E eu, de pronto, respondo: tudo e mais um pouco. Conforme ensinava o filósofo grego Sócrates, o homem precisa conhecer a si mesmo se quiser transformar positivamente o mundo ao seu redor. O ego, no entanto, apresenta-se frequentemente como um enigma. É o que efetivamente somos, mas é ironicamente o que não conhecemos de nós. Um empreendedor costuma ter como principal virtude a capacidade de inventar, ou seja, de imprimir na realidade uma marca pessoal. Veja o caso de Thomas Edison, que era inventor e homem de negócios. Ele sempre pensou em clareza, em nitidez e em iluminação. Não por acaso, desenvolveu a lâmpada elétrica de longa duração. Isso quer dizer que ele legou ao mundo um símbolo de sua crença. Outro inventor e homem de negócios era Henry Ford. Interiormente, ele valorizava as ideias de velocidade, organização e prosperidade. Ao empreender, deu forma ao pensamento, constituindo a primeira linha de montagem em série, destinada a fabricar automóveis. Ele botou milhões de veículos nas ruas. Reduzindo preços, popularizou o transporte sobre rodas. O ego é,
portanto, fundamental a qualquer processo construtivo na área dos negócios. Quando olhamos para a palavra negócio, aliás, descobrimos a palavra “ego” ali dentro. Recentemente resolvi escrever uma carta a um estimado colaborador. Meu objetivo era resolver um problema de ego e liderança. Esse rapaz tem talento, bom caráter e conhecimento técnico do ofício, mas ativa com facilidade os mecanismos de defesa do ego. Centraliza o comando para proteger a si próprio e os paradigmas de produção aos quais está apegado. Informei-lhe, então, que compreendia esse tipo de atitude, muitas vezes inconsciente. Costumamos defender com unhas e dentes os modelos que um dia geraram bons resultados. Eu mesmo já fui escravo desse apego. Minha carta focou outra questão importante ao empreendedorismo e à gestão: o talento para delegar. Em décadas de trabalho, aprendi a conceder autonomias. Permiti que as pessoas experimentassem, que tentassem, que cometessem erros e acertos. E essa foi sempre a melhor maneira de educá-las para o desafio da invenção. Muitas vezes evitei corrigir procedimentos e alterar rumos. Preferi um pequeno tropeço a aniquilar a confiança da equipe. Eles trombaram aqui, comeram poeira ali, mas emergiram desses insucessos muito mais fortes, muito mais aptos a lidar com a adversidade. O ego de um líder empreendedor é capaz de constituir planejamento e servir como guia racional da invenção. No en-
Foque na exigência de ser e não na exigência de ter. Ser é ter, e não o contrário
por Marcelo Ponzoni
Publicitário e diretor-executivo da agência Rae,MP, que atua há 23 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 – marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br
tanto, ele também pode atrasar, reduzir, dividir, sabotar e destruir. Paradoxalmente, um ego não precisa ser egoísta. Ele pode sabiamente abrir mão do “ter”. Ele se habilita, então, a abdicar de posses, vaidades e autoridades. E quando isso ocorre, ele pode se concentrar em sua mais nobre e formidável missão: “ser”. Ao meu jovem colaborador disse eu que o “ser” é a única saída para a evolução futura. O “ter” nos cega. O “ser” nos revela a realidade em toda sua plenitude. Um líder de verdade, portanto, sabe despertar o que é melhor no “ego” de cada um dos liderados. Ele estimula, educa, motiva e liberta. Ao mesmo tempo, empreende na alma das pessoas, constituindo ali um terreno fértil para o cultivo da responsabilidade e das artes criativas. Aprimorar essa relação com o ego (com o próprio e com o dos outros) não é tarefa fácil. Exige treinamento, treinamento e mais treinamento. E também uma boa dose de humildade. Empreender é, em resumo, o que faz o ser humano ser mais de si mesmo. Não à toa, empreender com sucesso é o que afaga qualquer ego. Para ter êxito nessa aventura de crescimento, no entanto, é preciso cultivar o desapego. Aliás, cabe aqui a pergunta: quais são as três mágicas letras que completam essa palavra?
61
empreendedor | janeiro 2012
pens e g ra nd e
E MPRESÁRIO RICO e fel i z
Possibilidade de êxito Cliente feliz
Sentou-se na minha frente um cliente com o seguinte perfil: engenheiro, dono de uma empresa de manutenção industrial, com 70 empregados, dois caminhões da marca Volvo, quatro grandes contratos com uma grande empresa de geração de energia elétrica e outros com uma multinacional alemã, em busca de orientação técnica de gestão empresarial. Fiz as perguntas de praxe: qual é o seu lucro? Resposta de praxe: não sei. Qual é o seu faturamento? Resposta de praxe: não sei. Fiz meu comentário de praxe: se você fosse executivo de uma grande empresa seria demitido por justa causa. O empresário abriu um largo sorriso, concordou e acrescentou: se tivesse duas tarefas a fazer, uma que demandasse a realização de um projeto para um orçamento de um cliente e outra a elaboração e/ou análise de um DRE (Demonstrativo de Resultados), ele não teria dúvida de qual faria e ainda teria um argumento poderoso: é do cliente que vem o dinheiro, logo... Só que está fazendo deste modo há cinco anos. Está feliz, pois faz o que gosta e está sobrando dinheiro. Então qual é a razão de vir buscar consultoria? É que esta é sua terceira empresa e as duas anteriores, mesmo estando feliz, ele quebrou. Agora queria fazer do jeito certo.
Clientes sonhadoras
empreendedor | janeiro 2012
Duas moças bonitas e inteligentes queriam realizar um sonho: montar uma loja fina que trouxesse para uma cidade do Sul do País, reconhecida por sua qualidade de vida, o estilo de vida carioca. Estavam há um ano e dois meses rodando o seu empreendimento. Eis a consulta das clientes sonhadoras: por que não sobrava dinheiro no final do mês? Fizemos um Demonstrativo de Re-
62
sultados falado e descobrimos que o empreendimento estava operando o tempo todo no prejuízo. Então perguntei: quem paga as dívidas? Resposta óbvia: nossos maridos!
A ponte da esperança
Montar uma empresa, metaforicamente, é como construir uma ponte: a gente tem esperança de no outro lado encontrar uma vida melhor. Quando se tem experiência em construir pontes e se domina a linguagem da engenharia, a possibilidade de êxito é grande. Quando se tem experiência em construir pontes, mas não se domina a linguagem de engenharia, a possibilidade se reduz bastante (é o caso do engenheiro que entendia ‘do’ negócio, mas não entendia ‘de’ negócios). E quando não se tem experiência em construir pontes e nem se domina a linguagem de engenharia a possibilidade de êxito tende a ser muito pequena (é o caso das moças, que não tinham experiência no varejo e não dominavam a linguagem empresarial).
Possibilidade de êxito
Quando alguém abre uma empresa, se considerarmos uma escala de zero a 100% de êxito, pode-se dizer que o novo negócio sempre começa bem no meio da escala (50%). Em outras palavras, ninguém pode dizer, a priori, se o empreendimento vai dar certo ou não. No entanto, tem coisas que se faz que aumentam a possibilidade: por exemplo, suspender temporariamente a paixão e o sonho pelo empreendimento e permitir a manifestação da frieza racional do investidor. A intenção prévia de um empresário com espírito investidor é buscar resultados desproporcionais aos esforços – em outras palavras, nosso negócio tem condições de se destacar em relação à
Não basta estar feliz com o empreendimento. É necessário amar o que se faz e fazer da maneira certa para se aumentar a possibilidade de êxito e, quem sabe, se tornar um empresário rico e consistentemente feliz
Por Joel Fernandes
Autor dos livros Eu quero ser empresário rico!, Empresário rico também vai para o céu e Sua pequena empresa: muito além da sobrevivência! e do site www.euqueroserempresariorico.com.br
concorrência e oferecer um retorno do investimento bem superior a outras opções de investimento? Atuamos num mercado grande, em crescimento acelerado e lucrativo? Entendemos do nosso empreendimento e de empresas? Se as respostas não forem satisfatórias o empreendedorinvestidor assume o prejuízo realizado e fecha a operação, ou, se há sinais de possibilidade de êxito, busca uma consultoria qualificada para orientá-lo.
2012 Rico e feliz
Foi exatamente o que as moças sonhadoras fizeram: fecharam a loja. E foi o que o engenheiro empreendedor fez: buscou consultoria, pois concluiu que no mundo empresarial não basta sonhar e partir em busca de sua realização. Não basta estar feliz com o empreendimento. É necessário amar o que se faz e fazer da maneira certa para se aumentar a possibilidade de êxito e, quem sabe, se tornar um empresário rico e consistentemente feliz. Feliz 2012.
63
empreendedor | janeiro 2012
LEITURA O núcleo tecnológico da indústria brasileira
Raio X da inovação Obra de pesquisadores retrata e discute o núcleo tecnológico da indústria brasileira e sua capacidade de liderança Existe um núcleo tecnológico na indústria brasileira? E, se existe, é capaz de sustentar o desenvolvimento de forma acelerada? Essas são as questões discutidas no livro O núcleo tecnológico da indústria brasileira, que apresenta uma análise inédita de diversos setores da indústria brasileira, como a aeronáutica, automotiva, madeiras e artefatos, naval, de perfumaria, cosméticos, higiene pessoal e comunicação. A publicação classifica as empresas industriais brasileiras por liderança tecnológica e está voltada para a compreensão de como as empresas acumulam conhecimento para realizar inovação tecnológica no Brasil. Dividida em 15 capítulos, a obra reúne textos de 16 pesquisadores do Ipea, de universidades e de outras instituições de pesquisa, em dois volumes, organizados pelos economistas João Alberto De Negri, diretor de Inovação da Finep
e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), e Mauro Borges Lemos, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Os resultados dessas pesquisas serviram como subsídios importantes para a construção de políticas públicas voltadas para o aumento da competitividade, entre as quais se destacam a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada em 2008 pelo governo Lula, e o Plano Brasil Maior (PBM), lançado em agosto de 2011 pela presidenta Dilma Rousseff ”, explica o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que assina a contracapa do livro.
Curso de finanças empresariais
empreendedor | janeiro 2012
Jerry Kato – Editora M.Books – R$ 69
64
Direcionado a profissionais da área de finanças empresariais, MBAs, cursos universitários e técnicos, o livro aborda os principais tópicos da gestão patrimonial, financeira e controladoria que qualquer executivo deve conhecer. A intenção é oferecer ao leitor conhecimentos específicos na área de finanças que lhe dê competências para desempenhar com segurança e qualidade suas atividades profissionais. O autor Jerry Kato defende que nenhum gestor em uma empresa com boa governança corporativa, seja ele de qualquer área, chegará ao topo da organização, de forma sustentável e competente, sem conhecer os conceitos de finanças corporativas descritos.
Organizado por João Alberto De Negri e Mauro Borges Lemos Ipea/Finep/ABDI – Gratuito para download (www.finep.gov.br) As economias mais ricas e avançadas tecnologicamente têm mostrado que o desenvolvimento econômico está cada vez menos determinado por estáticas dotações de recursos – tais como localização geográfica e recursos naturais – e mão de obra barata e abundante. Tais fatores formam a base de tradicionais vantagens competitivas que condicionou, em outros tempos, a expansão de muitas nações como, por exemplo, os Estados Unidos e Canadá no início dos seus processos de integração territorial e o Brasil, nos primeiros momentos de sua industrialização. (página 11)
Empreendedorismo – Construindo seu projeto de vida Luiz Arnaldo Biagio – Editora Manole – R$ 49
O autor Luiz Arnaldo Biagio usou sua experiência de construir seu próprio negócio para apresentar, em 13 capítulos, um guia para o planejamento prévio e incentivo de quem tem este sonho. Para que seja realizado de forma bem-sucedida, ele demonstra todo o passo a passo a ser seguido, desde o autoconhecimento de suas características comportamentais enquanto empreendedor, passando pelo conhecimento do mercado (os concorrentes, os clientes e os fornecedores) até chegar aos entraves burocráticos para a formalização da empresa. Luiz Arnaldo Biagio é mestre e doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor das cadeiras de Administração da Produção e de Empreendedorismo, ambas do curso MBA em Gestão Empresarial da Business School São Paulo (BSP).
i ndi c ad ores
Nome Classe Participação Ação Bovespa All Amer Lat ON Ambev PN B2W Varejo ON BMF Bovespa ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil Telec PN Brasil ON Braskem PNA BRF Foods ON Brookfield ON CCR Rodovias ON Cemig PN Cesp PNB Cielo ON Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Duratex ON Ecodiesel ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo PNB Embraer ON Fibria ON Gafisa ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Itausa PN ItauUnibanco PN JBS ON Klabin S/A PN Light S/A ON Llx Log ON Lojas Americ PN Lojas Renner ON Marfrig ON MMX Miner ON MRV ON Natura ON OGX Petroleo ON P.Açúcar-Cbd PNA PDG Realt ON Petrobras ON Petrobras PN Redecard ON Rossi Resid ON Sabesp ON Santander BR UNT N2 Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tam S/A PN Telemar N L PNA Telemar ON Telemar PN Telesp PN Tim Part S/A ON Tim Part S/A ON Tim Part S/A PN Tran Paulist PN Ultrapar PN Usiminas ON Usiminas PNA Vale ON Vale PNA Vivo PN
Inflação (%)
Até 29/12 Tipo de Ativo
1,104 Ação 0,979 Ação 0,701 Ação 3,902 Ação 3,130 Ação 0,993 Ação 0,390 Ação 2,726 Ação 0,596 Ação 1,341 Ação 0,622 Ação 0,802 Ação 1,134 Ação 0,685 Ação 1,539 Ação 0,598 Ação 0,784 Ação 0,441 Ação 1,866 Ação 0,589 Ação 1,311 Ação 0,890 Ação 0,743 Ação 0,530 Ação 0,755 Ação 1,498 Ação 1,648 Ação 0,660 Ação 2,574 Ação 1,211 Ação 100,000 Ação 2,315 Ação 4,015 Ação 0,934 Ação 0,404 Ação 0,541 Ação 0,914 Ação 1,207 Ação 1,098 Ação 0,546 Ação 1,440 Ação 1,233 Ação 0,845 Ação 3,773 Ação 0,808 Ação 2,745 Ação 2,206 Ação 8,517 Ação 1,283 Ação 1,163 Ação 0,352 Ação 1,097 Ação 2,359 Ação 0,443 Ação 1,041 Ação 0,225 Ação 0,268 Ação 0,923 Ação 0,155 Ação 0,125 Ação 0,170 9 0,840 Ação 0,229 Ação 0,486 Ação 0,592 Ação 2,462 Ação 2,925 Ação 11,956 Ação 0,793 Ação
Índice
Dezembro
Ano
-0,12 0,43 0,50 0,61
5,11 6,53 6,26 5,59
IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe
Juros/Aplicação (%) Dezembro
Ano
0,90 0,91 0,59 -6,59
11,58 11,61 7,47 15,96
CDI Selic Poupança Ouro BM&F
Indicadores Imobiliários (%) Dezembro
Ano
0,01 0,10
5,94 1,17
CUB SP TR
Juros/Crédito (%) 29/Dezembro Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (taxa mês)
28/Dezembro
1,86 3,91 3,37 2,06
1,86 3,90 3,37 2,06
Câmbio
Até 29/12
Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 1,8758 Euro US$ 1,2977 Iene (US$ 1,00) $ 77,1900
Mercados Futuros Dólar Juros DI
Em 29/12
Janeiro
Fevereiro
R$ 1,876 10,88%
R$ 1,879 10,69%
Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro
29/12 57.200
empreendedor | janeiro 2012
Carteira Teórica Ibovespa
65
agenda feito à mão De 20/01/2012 a 29/01/2012
Fiart
17ª Feira Internacional de Artesanato Pavilhão das Dunas do Centro de Convenções – Natal – RN www.espacialeventos.com.br
Imagens em madeira e cerâmica, bijuterias em madeira, cerâmica e rami, semijoias, prata, abajur em papel reciclado, bombons artesanais, flores, telas, móveis, roupa feminina, sandálias femininas, bolsas, bonecos, jarros, tapetes, entre outros itens podem ser encontrados na feira que reúne cerca de 1,6 mil expositores.
De 15/01/2012 a 18/01/2012
De 16/01/2012 a 19/01/2012
Expo Center Norte – Pavilhão Azul São Paulo – SP www.fit016.com.br
39ª Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi São Paulo – SP www.couromoda.com
38ª Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil / Teen / Bebê
Confecções, acessórios de moda, calçados, cama e banho, artigos de higiene pessoal, móveis, decoração e equipamentos para lojas podem ser encontrados na feira. Com duas edições anuais, o evento atualiza o mercado mostrando os mais recentes lançamentos e o estágio atual de crescimento e desenvolvimento da indústria. Além disso, permite que o comprador possa efetuar aquisições mais constantes, otimizando o seu tempo, pois reúne cerca de 150 expositores entre os principais fabricantes do setor.
De 15/01/2012 a 18/01/2012
São Paulo Prêt-à-Porter
empreendedor | janeiro 2012
2ª Feira Internacional de Negócios para a Indústria de Moda, Confecções e Acessórios Expo Center Norte – São Paulo – SP www.saopaulopretaporter.com
66
Um evento totalmente profissional e focado em negócios com o propósito de atrair compradores do varejo de todo o País e exterior é o que propõe a feira. Confecções femininas, masculinas, infantil, moda praia, esportiva, lingerie, acessórios de moda e bijuterias integram a lista de itens oferecidos aos visitantes. Com cerca de 600 expositores, será aberto a empresários das 10h às 20h.
Couromoda
Considerada o maior evento de moda e negócios do setor de calçados em toda a América Latina, a Couromoda apresenta calçados femininos, masculinos e infantis, bolsas, artigos esportivos, artefatos de couro, confecções e acessórios de moda, bijuterias, matéria-prima, máquinas, componentes e tecnologia. A feira tem caráter profissional e é aberta somente a lojistas, empresários e pessoas que comprovarem sua ligação com o setor. O ingresso é gratuito, mediante convite ou credenciamento.
De 18/01/2012 a 19/01/2012
Première Brasil 5ª Feira de Tendência do Segmento Têxtil
Expo Center Norte – São Paulo – SP www.premierebrasil.biz
A feira convida a explorar o mundo de cores, tramas e texturas ao apresentar tecidos, fios, fibras, produtos, aviamentos e design têxtil para estamparia que serão tendência na primavera/verão em 2013. Com 108 expositores, os profissionais da moda encontram, no evento, a presença de renomados fabricantes da América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia.
De 19/01/2012 a 22/01/2012
Expo Noivas & Festas – Edição Imigrantes
5ª Exposição de Produtos e Serviços para Festas de 15 Anos, Bodas e Festas Corporativas Centro de Exposições Imigrantes – SP www.exponoivas.com.br
O tradicional evento atrai noivos e familiares preparando festas de casamento, 15 anos, bodas e recepções, que esperam o evento para escolher os melhores serviços e produtos disponíveis no mercado. Com cerca de 150 expositores, a feira oferece produtos e serviços para casamentos, 15 anos, bodas, eventos corporativos e festas em geral, tais como vestidos de noivas, trajes para noivos, damas, pajens, madrinhas e padrinhos, tiaras, bufês, bolos, doces, decoração, convites, músicos e outros.
De 30/01/2012 a 2/02/2012
Encontro da Moda
42º Encontro da Moda Outono Inverno 2012 Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo – SP www.encontrodamoda.com.br
O evento, que acontece em duas edições anuais, realizará sua 42ª edição com cerca de 100 expositores apresentando confecções de moda festa, casual, jeanswear, sportwear, fitness, moda praia, alfaiataria, complementos e acessórios demonstrando os lançamentos para o inverno 2012.
67
empreendedor | janeiro 2012
68
empreendedor | janeiro 2012