Empreendedor Rural 05

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Flávio Sampaio

Especialista em Agronegócios

A dedicação do Banco do Brasil ao agronegócio é como a produção brasileira: tem crescido a cada safra. Crédito Agroindustrial, Mercado Futuro e de Opções, Convênios Agronegócios. Sua empresa quer. O Banco do Brasil tem. bb.com.br


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Flávio Sampaio

Especialista em Agronegócios

A dedicação do Banco do Brasil ao agronegócio é como a produção brasileira: tem crescido a cada safra. Crédito Agroindustrial, Mercado Futuro e de Opções, Convênios Agronegócios. Sua empresa quer. O Banco do Brasil tem. bb.com.br


No passado, os erros cometidos pela agropecuária brasileira foram, na maioria dos casos, causados pela falta de informação do produtor rural. Ou pela chuva de informações coercitivas que promoveram o maior êxodo rural do mundo nos últimos 100 anos, segundo os especialistas em sociologia rural. A desinformação dentro das cadeias produtivas do agronegócio nacional pode custar caro ao nosso país, que ensaia há décadas a vocação de celeiro do mundo. Hoje, a situação fica ainda mais grave, pois quem comprar o adubo errado ou vender mal estará praticamente condenando sua safra. Em outros tempos, o agricultor estava escorado em subsídios e empréstimos do governo federal ou acabava recuperando suas perdas dentro a ciranda inflacionária. Por enquanto ainda se vende muita informação para os produtores rurais. O investimento em marketing no agronegócio brasileiro está concentrado da "porteira para dentro" e, por isso, feito quase exclusivamente pelas empresas e

editorial

segmentos de insumos (defensivos, fertilizantes, máquinas e nutrição animal). É o que pode ser visto em praticamente todos os finalistas desse ano da Mostra da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR). Segundo a entidade, essas empresas investem alto: 2,3% das vendas anuais (entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões) em marketing, algo em torno de US$ 230 milhões e US$ 250 milhões por ano. É inegável o esforço do governo federal e do setor privado em projetos de promoção das exportações do agronegócio, como são os casos do Brazilian Fruits, o Cachaça Brasileira e o Florabrasilis. Mas ainda parece pouco para um país que precisa gerar um volume cada vez maior de empregos, que poderiam ser supridos em parte pelo crescimento das agroindústrias. Ou que ainda concentra uma massa de subnutridos e, portanto, tem no mercado interno para o consumo de alimentos um grande potencial. Na quase heróica luta diária para sobreviver contra a falta de uma logística adequada e com o peso da carga tributária, o empreendedor do meio rural anda no escuro – ou em cooperativas – quando pretende chegar sozinho ao consumidor final, almeja agregar valor aos seus produtos mas ainda está muito distante de ter a possibilidade de criar sua marca própria. Com foco nesses problemas, nossa matéria de capa e as demais reportagens dessa edição mostram exemplos de empresários rurais que estão trabalhando para criar uma boa imagem dos produtos do agronegócio brasileiro, principalmente em ações voltadas ao controle de qualidade, à certificação de origem e do aumento constante da produtividade. Boa leitura.



DA "PORTEIRA PARA FORA" Como o futuro aponta para a possibilidade do Brasil ser cada vez mais reconhecido como um país competitivo no agronegócio, pesquisadores e empreendedores rurais apontam os principais caminhos que o setor precisa seguir para vender com maior valor agregado, criar marcas próprias e brigar no mercado externo com competência na gestão.

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ENTREVISTA Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz que o produtor rural precisa ter conhecimento de negócio para sobreviver numa atividade cada vez mais globalizada. Mesmo conhecendo os pontos fracos do setor primário brasileiro (logística, tributação e criação de marcas), Rodrigues faz questão de deixar claro que o papel protecionista desempenhado durante décadas pelo estado brasileiro não existe mais.

Índice

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PECUÁRIA A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) conta com o maior banco de dados do mundo no setor: mais de seis milhões de animais, incluindo fazendas e centrais de inseminação. Os criadores estão desenvolvendo um projeto conjunto com a Agência de Promoção de Exportações (Apex), no valor de R$ 4,5 milhões, para promover as exportações tanto de animais desenvolvidos quanto de material genético. A expectativa dos produtores é chegar a 2006 com vendas externas anuais de US$ 200 milhões, sendo 300 mil doses de sêmen, 20 mil embriões e 350 mil bovinos. PÁGINA 70


A revista Guia Empreendedor Rural é editada e comercializada pela Editora Empreendedor

CACHAÇA

Diretor-Editor Acari Amorim

Projeto desenvolvido pelo Centro de Tecnologia e Automação Industrial (Ctai) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) leva a automação à produção caseira da "caninha".

Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica lamonica@empreendedor.com.br

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MÁQUINAS Os fabricantes de máquinas agrícolas enfrentaram uma queda nas vendas no mercado interno, mesmo apoiados por financiamentos do Governo Federal, mas o setor recuperou suas perdas pelo grande salto nas exportações. PÁGINA 60

APICULTURA Pesquisadores catarinenses encaminham abelhas-rainhas selecionadas a apicultores de todo o país, com o objetivo de melhorar a produtividade.

PÁGINA 76

RADAR RURAL Tudo que você precisa saber para desenvolver seu negócio no campo e as últimas novidades do setor. PÁGINA 8

E MAIS: 20

Artigo: O agronegócio paranense por Gilda Bozza

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Artigo: O verdadeiro papel da agricultura brasileira por Othon D' Eça Cals de Abreu

Diretor de Expansão Edson Luiz Maba

acari@empreendedor.com.br

edson.mab@empreendedor.com.br

Redação guiarural@empreendedor.com.br ■ Edição-executiva : Lúcio Lambranho ■ Reportagem: Lúcio Lambranho e Alexandre Winck ■ Edição de Arte: Fernanda Pereira ■ Fotografia: Glaicon Covre (Apicultura e Cachaça) e divulgação ■ Revisão: Diógenes Fischer Sedes ■ São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamonica Executivos de Contas: Ariovaldo Florian e Edson Ramão Rua Sabará, 566, 9º andar, cj. 92 01239-010 - São Paulo - SP Fones: (11) 3214-5938/3214-6093 [empreendedorsp@uol.com.br] ■ Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss Av. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9º andar 88015-900 - Florianópolis - SC Fone: (48) 224-4441 Escritórios regionais ■ Rio de Janeiro [triunvirato@triunvirato.com.br] Milla de Souza Rua da Quitanda, 20, grupo 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone/Fax: (21) 2252-5788 Marco Cardona [marco.cardona@uol.com.br] Boulevard 28 de setembro, 411, conj. 13 - Vila Isabel 20555-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone/Fax: (21) 2576-3324 ■ Brasília [jcz@forumci.com.br] Ulysses C. B. Cava Setvs - Quadra 701 - Centro Empresarial Bloco C, cj. 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 426-7315 ■ Paraná [comercial@merconet.srv.br] Ricardo Takiguti R. Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conj. 01 - Boa Vista 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 257-9053 ■ Rio Grande do Sul [hermano@hrmmultimidia.com.br] HRM Representações Ltda./Hermano Thaddeu Filho Rua Saldanha Marinho, 33 - sala 608 - Menino Deus 90240-160 - Porto Alegre - RS Fone/Fax: (51) 3231-6287 ■ Pernambuco [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Hamilton Marcondes Rua Ribeiro de Brito, 1111, cj. 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384/3327-9430 ■ Minas Gerais [comercial@sbfpublicidade.com.br] SBF Representações/Sérgio Bernardes de Faria Av. Getúlio Vargas, 1300, 17º andar, cj. 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 3261-2700

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adar Rural NOVOS PRODUTOS

Silo alternativo A IpesaSilo, empresa argentina especializada na fabricação de silos horizontais, traz para o Brasil uma nova tecnologia para o armazenamento de grãos secos. É o SiloBag, uma bolsa produzida com lâminas especiais de polietileno de baixa densidade, com formato de um túnel de 60 metros de comprimento por 2,10 metros de diâmetro. Com capacidade para armazenar cerca de 180 tonela-

das de grãos, o que corresponde a 3 mil sacas de 60 quilos, o SiloBag permite o armazenamento de grãos em condições de absoluta segurança por um período de até 12 meses, observadas as recomendações técnicas do fabricante. Segundo Osmar Bergamaschi, representante da IpesaSilo no Brasil, o investimento inicial é de R$ 0,95 por saca, o que inclui o SiloBag e o equipamento

utilizado para embutir os grãos, também comercializado pela empresa. De acordo com Bergamaschi, entre as principais vantagens apresentadas pelo SiloBag estão a redução de custos de armazenamento e de despesas com frete e a flexibilidade para a comercialização da safra. "A tecnologia aumenta a capacidade de armazenamento do produtor e, ao mesmo tempo, permite que o agricultor

cais dentro da indústria de alimentação deve-se ao sucesso garantido por outras categorias de produtos junto ao consumidor, como os sucos. Além de abastecer o mercado brasileiro, as geléias de frutas tropicais integram o projeto Exportação, da Kiviks Marknad (empresa que detém a marca Queensbery), que deve ser colocado em prática no início do ano que vem, tendo como primeiro desti-

no os Estados Unidos. Em um segundo momento, as vendas também serão dirigidas à Europa. A nova linha foi apresentada para o mercado externo no Fancy Food Show 2003 (Salão Internacional de Produtos Alimentícios, Especiarias e Bebidas) em julho, em Nova York, com grande sucesso entre os participantes. Com 17 anos de atuação, a empresa detém cerca de 30% de participa-

LANÇAMENTO

Geléia Tropical A Queensberry, marca do segmento de geléias premium, ampliou sua oferta de produtos com o lançamento da nova linha de geléias de frutas tropicais em quatro sabores diferentes: abacaxi com especiarias, manga com gengibre, goiaba e maracujá. A nova linha, segundo o fabricante, será ampliada, ganhando mais sabores a partir do próximo ano. A aposta da Queensberry no segmento de frutas tropi-

A Queensberry lança uma nova linha de produtos para o mercado de geléias no Brasil, que movimenta cerca de R$ 100 milhões e produz em torno de 20 mil toneladas do produto por ano

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O SiloBag tem custo inicial de R$ 0,95 por saca e inclui o equipamento utilizado para embutir os grãos

programe qual a melhor época para vender sua colheita, com preços mais competitivos, além de evitar os fretes mais caros da época da colheita", explica Bergamaschi. Além das vantagens econômicas, o SiloBag possibilita o armazenamento de grãos com umidade superior às condições de comercialização e permite que sejam armazenadas desde pequenas a grandes quantidades de grãos ou sementes, de forma separada e diferenciada por lote, origem e qualidade.

Depois de serem embutidos no SiloBag, os grãos consumirão todo o oxigênio disponível, gerando uma atmosfera rica em dióxido de carbono, que inibe o próprio processo respiratório e assegura uma ótima conservação dos grãos ali depositados. Esta atmosfera se mantém estável pelo tempo necessário, bloqueando o desenvolvimento e a proliferação de fungos e de insetos. "Os testes e a experiência também indicam que a temperatura dos grãos sofre poucas alterações dentro deste ambiente", explica Berga-

ção no segmento de geléias premium, segundo estimativas do mercado. O restante é dividido principalmente entre marcas importadas. De acordo com levantamento divulgado pelo jornal Gazeta Mercantil em dezembro de 2001, o mercado de geléias no Brasil movimenta cerca de R$ 100 milhões e produz em torno de 20 mil toneladas por ano, englobando os dois segmentos do setor: o das geléias populares,

que ocupa 80% de todo montante, e o das geléias premium, com 20%. A Queensberry fabrica anualmente 900 toneladas de geléia de alta qualidade. O consumo per capita de geléias no Brasil ainda é pequeno se comparado a países de primeiro mundo: 130 gramas/ano contra 5 quilos/ ano na França, por exemplo, de acordo com dados da Gazeta Mercantil. Nosso faturamento total ainda é ínfimo em relação a nações como os Estados Unidos, onde o mercado de geléias movimenta cerca de US$ 3 bilhões ao ano. Segundo Cristiano Moraes, diretor comercial da empresa, a Queensberry tem registrado um crescimento de 25% nos últimos dois anos. Ele atribui esse desempenho e a perspectiva positiva a três fatores: ampliação do mercado de geléias no Brasil com o conseqüente aumento da fatia ocupada pela marca; maior distribuição, marcando presença em novas praças

maschi. Na Argentina, o SiloBag é comercializado há cinco anos e suas vendas crescem significativamente a cada safra. Este ano, cerca de 17% do total dos grãos colhidos na Argentina foram armazenados neste sistema. O SiloBag também vem sendo utilizado na Rússia, França e Espanha, como uma alternativa para resolver os problemas de armazenagem de grãos. Linha direta www.ipesasilo.com.ar

de consumo; e, finalmente, a constante ampliação da gama de produtos Queensberry, com o lançamento de novas linhas e sabores de geléias de frutas e coberturas para sobremesas. Os novos produtos, que devem chegar ao consumidor brasileiro em outubro próximo, serão o grande trunfo para as exportações de geléias Queensberry, previstas para acontecer a partir de 2004 para os Estados Unidos. Numa primeira etapa, serão destinadas ao mercado norte-americano 500 toneladas de geléia. "O próximo alvo será o mercado europeu", antecipa Moraes. Linha direta (11) 421-1044

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adar Rural BIOTECNOLOGIA

Teste rápido A Gehaka – fornecedora de equipamentos para o controle e a avaliação da qualidade de grãos e representante exclusiva no Brasil da SDI, única fabricante de anticorpos para os kits imunocromatográficos (Traits) – lançou dois produtos inéditos no mercado brasileiro: o Kit Trait para farelo de soja tostado e o Kit Myco Aflatoxina Quali para detectar essa substância cancerígena em milhos. “Até que se resolvam as questões legais referentes à liberação de culturas geneticamente alteradas no Brasil, muitas empresas preferem não receber grãos modificados. Os testes ajudam nessa identificação, já que apresentam um resultado preciso, com sensibilidade de 0,1%, ou seja, detecta a presença de apenas um grão geneticamente modificado em uma amostra com mil grãos”, afirma Fabiola Franco, gerente da divisão de microbiologia da Gehaka. O Kit Trait para farelo de soja tostado é um método quantitativo para detectar transgênicos em farelos. Quando o grão é aquecido, a proteína (que pode ser transgênica ou não) muda de forma, em um processo chamado denaturação. O anticorpo criado pela SDI permite a identificação mesmo com essa alteração. O teste é feito em ape-

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A Gehaka já vendeu, desde 1999, mais de 1 milhão de testes de identificação de produtos geneticamente modificados com sensibilidade de 0,1% da amostra

nas 10 minutos. Já o Kit Myco Aflatoxina é qualitativo e detecta no milho a presença de aflatoxina, substância cancerígena que pode estar presente também em nozes, amendoins, algodão e outros. É o único teste no mercado com padrão de referência de 10 a 20 ppb (partes por bilhão). O resultado é verificado em 5 minutos com a praticidade da leitora portátil. Desde 1999, a Gehaka já vendeu mais de 1 milhão de testes de identificação de produtos geneticamente modificados. Os testes Elisa GMO e o Trait, disponíveis para soja, milho, algodão e canola, detectam, por exemplo, a soja

Roundup Ready, o milho Star Link, entre outros. Os testes de tiras de fluxo lateral para verificação rápida no campo (chamados de Trait) e o kit Elisa com micro placas (chamado de GMO) para resultados quantitativos, proporcionam resultados rápidos e precisos, à prova de falhas. “O próprio produtor pode pegar uma amostra de sua produção no campo e aplicar o teste em tiras. Em menos de 5 minutos terá a resposta. Quando há necessidade de quantificar os resultados, o Elisa é o mais recomendado”, orienta a gerente. Linha Direta www.gehaka.com.br


SANIDADE ANIMAL

Colosso contra o carapato Atualmente, um dos principais problemas da pecuária nacional é o controle do carrapato, que vem causando enormes prejuízos, tanto no rebanho leiteiro como no de corte, devido às altas infestações provocadas pela tolerância aos carrapaticidas utilizados e também pelo manejo incorreto no combate do carrapato. Por esse motivo, a utilização de produtos carrapaticidas vem crescendo muito e a Ouro Fino, que está entre as dez maiores indústrias veterinárias do Brasil, resolveu criar o Carrapaticida Colosso O medicamento possui duas apresentações: Pour On e Pulverização. O Colosso é um produto para o tratamento e controle dos parasitas externos de bovinos e suínos, além de desinsetizar galpões avícolas (pulverização). Ele reúne em sua formulação a atuação de diferentes grupos químicos: um piretróide, um organofosforado e um repelente natural, com mecanismos de ação di-

ferentes e que, quando associados, apresentam uma excelente ação contra parasitas externos, inclusive aqueles com altos fatores de resistência a outras formulações já existentes no mercado. A vantagem do Colosso em relação aos demais existentes no mercado, segundo o fabricante, é a associação de Cipermetrina e Clorpirifós, que agem em diferentes locais nos parasitas, além do Citronelal, um repelente natural que confere ao produto excelente eficácia. A Ouro Fino Produtos Veterinários foi fundada em Ribeirão Preto em junho de 1987 e, ao longo destes anos, obteve boa aceitação por parte do mercado, somando mais de 8 mil clientes no Brasil. Linha Direta www.ourofinovet.com.br

Uma das vantagens do produto, segundo o fabricante, é o repelente natural Citronelal

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adar Rural BIOTECNOLOGIA

Café anti-geada Plantas programadas para não sofrerem tanto os danos causados pelas geadas que todos os anos ocorrem nas principais regiões cafeeiras já estão saindo dos campos experimentais do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para a multiplicação de sementes e, em breve, chegarão às lavouras dos cafeicultores brasileiros. Inicialmente o alvo é a região cafeeira do Estado do Paraná. Esse é um dos resultados do trabalho coordenado pelo melhorista Tumoru Sera, do Iapar, e que contou com o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa). O objetivo do trabalho do pesquisador do Iapar é desenvolver plantas que não morram com as temperaturas negativas e que sejam capazes de acionarem mecanismos de defesa, de modo a transformar, nelas mesmas, geadas severas em moderadas. Foi justamente isso que Tumoru conseguiu. Desenvolveu

MARCAS

uma planta que permanece durante o inverno com o ponto de seu próprio congelamento 10% mais baixo. Ele explica que o cafeeiro “queima” quando temperaturas de 3,5 graus negativos permanecem por 30 minutos. Isso quer dizer que, quando exposta a uma temperatura de 3,5 grau negativos ao nível foliar por 30 minutos, a planta consegue ter a sensação térmica de 3,1 graus negativos, evitando o dano severo e resultando em dano moderado ou leve. Assim é a IPR 103, uma variedade do grupo Catucaí que estará à disposição dos cafeicultores na safra de 2005. O pesquisador explica

Sementes em nova embalagem

Lançamento da Horticeres permite a produção em áreas menores

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A Horticeres está lançando a linha de produtos Horta + para atender à demanda de pequenos produtores de hortaliças. São embalagens menores e mais práticas, que permitem um melhor planejamento da produção em áreas menores. Por permanecerem hermeticamente fechadas até a semeadura, as novas embalagens asseguram o poder de germinação, pureza e qualidade das sementes. Para o idealizador do Horta

+, o gerente de Marketing e engenheiro agrônomo Ayrton Almeida Tullio Júnior, as novas embalagens são ideais para atender à legislação em vigor, que proíbe a comercialização de sementes fracionadas. Para facilitar o armazenamento das embalagens, a Horticeres também desenvolveu um display especial destinado às revendas, em parceria com a agência Octano Design. A linha completa de sementes


que a nova cultivar tem vigor vegetativo alto, é bem nutrida no inverno, característica que a leva a resistir mais ao frio. A produtividade da IPR 103 é igual ou maior (em torno de 65 sacas beneficiadas/ha) que a Catuaí, cuja produtividade nas mesmas condições é de 60 sacas beneficiadas/ha. Outras características da nova variedade são a maior estabilidade e a maior qualidade da produção. Outra característica importante na IPR 103 e em outras variedades que Tumoru e sua equipe vêm desenvolvendo é o tempo de maturação, visando escapar dos períodos do ano mais prováveis de geada sobre os frutos verdes e permitir que o produtor faça o escalonamento da colheita. Segundo Tumoru, os prejuízos com as geadas podem ser diminuídos em 50% no ano de ocorrência, quando o cafeicultor tiver o cuidado de plantar variedades precoces nas regiões mais frias (amadurecendo até maio) e vari-

edades mais tardias em regiões mais quentes (amadurecendo mais tarde, mas antes de maio, tendo mais tempo para uma boa granação dos frutos e melhor nutrição para dar mais vigor à planta). “Estamos trabalhando agora na criação de variedades super-precoces, que amadureçam até maio para

as regiões frias, e super-tardias, que amadurecem depois de maio para as regiões quentes”, diz. Linha direta (43) 3376-2101

O IPR 103, uma variedade mais resistente a geadas, estará à disposição na safra 2005

Horticeres de tomate, alface, cebola, cenoura, couve flor, abobrinha, entre outras, está disponível nas embalagens Horta + e poderão ser encontradas nas revendas agrícolas de todo país.

Linha direta (19)3231-6135

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adar Rural BIOTECNOLOGIA

Fertilizante ecológico Em Santa Catarina, um pesquisador espanhol, após quinze anos de estudos, criou uma linha de biofertilizantes à base de moléculas especializadas que aumenta a produtividade da safra em até 30%,

reduzindo a aplicação de agrotóxicos e fazendo a planta obter o melhor de sua expressão genética, sem prejuízo para o DNA. Os fertilizantes vêm obtendo resultados bastante lucrativos para os

Os biofertilizantes da empresa catarinense, a base de moléculas especializadas, aumentam a produtividade da safra em até 30%, reduzindo a aplicação de agrotóxicos

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produtores, graças à economia de até 50% em agrotóxicos e ao aumento da produtividade. Numa plantação de arroz de 150 hectares, por exemplo, uma economia de 40% em herbicidas já significaria mais de R$ 10 mil reais. “Trata-se de um alimento inteligente. Ao invés de dar nutriente às plantas para elas produzirem aminoácidos, que são estruturas básicas para a formação de proteínas e hormônios, damos a elas as moléculas de aminoácidos prontas. Assim elas não vão precisar gastar energia para produzi-los e nem necessitar de ambientes propícios para realizarem a fotossíntese. A resposta da planta é imediata”, explica o pesquisador José Guerra, especialista em Bioquímica Molecular e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do biofertilizante. Guerra salienta que os produtos desenvolvidos propiciam uma boa nutrição para a planta. “São produtos naturais que dão mais energia que a função fotossintética, fazendo com que as plantas cresçam mais fortes”, completa. Além de serem bioativos, outro grande benefício é que eles entram naturalmente no ciclo de vida das plantas. Ou seja, não contaminam o solo, nem a água, nem nada do meio ambiente que os cerca. “Não há perdas. Se o produto à base de aminoácidos cai no solo ele aproveita seus nutrientes, melhorando o seu perfil. Diferente de quando se utiliza a adubação química, pois a parte química pode acabar poluindo o solo e o lençol


Os ganhos em produtividade com os produtos da LBE na lavouras de arroz no Sul de Santa Catarina têm chegado à casa das 20 sacas a mais por hectare

freático”, continua o pesquisador. Os fertilizantes são produzidos pela LBE Biotecnologia Brasil, empresa que fabrica os produtos à base de aminoácidos, são aprovados pelo ECOCERT, uma empresa francesa de certificação de orgânicos e atestados pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina) e a Cornell Cooperative Extension (Cornell University - EUA). Segundo os empreendedores da LBE, a BASF, uma das maiores indústrias químicas do mundo, testou e aprovou os produtos.

As aplicações na agricultura têm sido atestadas por produtores de várias regiões do País. Em Santa Catarina, por exemplo, 50% da área plantada no Estado possui aplicações do produto PT1-O, da LBE Biotecnologia, um potencializador à base de moléculas especializadas, ou do AVE-O, um translocador de alta velocidade, essencialmente orgânico, que diminui em até 50% a utilização de agrotóxicos. Em Içara, no Sul do Estado, rizicultores que utilizaram os dois produtos juntos tiveram excelentes resultados. Os ganhos médios em produtividade têm chegado à casa das 20 sacas a mais por hecta-

re, um aumento de 22%. “O PT1-O proporciona um aumento no volume das raízes da planta do arroz, que passa a aproveitar melhor os nutrientes do solo. O AVE-O, por sua vez, promove uma absorção rápida de herbicidas, distribuindo-os mais rapidamente no interior da planta e diminuindo consideravelmente a utilização de agrotóxicos”, explica o engenheiro agrônomo da região, Márcio Ronchi. Em Içara, a economia de herbicida foi de 40%, representando 20% do custo final de uma lavoura. Linha Direta (48) 258-0133

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adar Rural EMPREENDEDORES RURAIS

Investimento industrial A precisão da pesagem, a total impossibilidade de contaminação externa e a rastreabilidade dos produtos são os maiores diferenciais da nova fábrica de misturas (premixes) para rações da Nuvital, inaugurada em agosto, em Colombo, região metropolitana de Curitiba. Com um investimento de R$ 5,5 milhões numa linha de produção vertical com a altura de um prédio de sete andares e totalmente informatizada, a nova fábrica tem uma área construída de 2,5 mil m2. “Com isso atendemos a um mercado que exige cada vez mais segurança e confiabilidade dos fornecedores”, explica José Milton Andriguetto, fundador da empresa junto com o colega Alaor Gemael há 28

anos, quando ambos eram professores de nutrição animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A nova unidade quadruplica a produção da Nuvital, com equipamentos capazes de produzir 4 mil toneladas de premixes ao mês. As misturas de minerais, vitaminas e outros nutrientes são fornecidos a fabricantes de rações para suínos, aves, bovinos, ovinos e eqüinos. A empresa produz também as rações prontas Nuvileitão, para leitões em fase de desmame, e Nuvilab, para animais de laboratório. “Desde o início investimos em nichos de mercado, sempre procurando oferecer um diferencial para nossos clientes. Por isso investimos para garantir a rastreabi-

lidade do produto, exigência dos mercados externos, fixando o lema da empresa na segurança em nutrição animal”, explica José Luciano Andriguetto, doutor em medicina veterinária e professor de cursos de graduação e pós-graduação da UFPR, consultor da empresa e filho de José Milton, um dos fundadores. Num primeiro momento a ampliação da produção visa atender ao crescente mercado da Região Sul, concentrado especialmente nas chamadas “integrações”. São as associações de produtores administradas por grandes frigoríficos, que fornecem os animais jovens e a ração deixando a criação a cargo do produtor. “É uma tendência do mercado e são os consumidores mais exigentes, já que boa parte da produção é voltada para a exportação. Mas atendemos também a fábricas de rações, cooperativas a até produtores independentes, principalmente de suínos”, afirma José Luciano. Numa segunda etapa a empresa quer ampliar as vendas no Sudeste, Centro-Oeste e países do Mercosul, onde já possui clientes no Paraguai. A nova fábrica, situada no km oito da BR-116, Distrito Industrial de Colombo, se destaca também pelo

José Andriguetto junto à maquete da nova fábrica da Nuvital, que pode produzir 4 mil toneladas de premixes ao mês

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Alaor Gemael, empreendedor da Nuvital, e o centro de pesquisa da empresa (abaixo), que deve garantir a rastreabilidade desde a pesagem das matérias-primas até a embalagem dos produtos

financiamento de R$ 3,2 milhões que recebeu do Bndespar, emitindo debêntures conversíveis em ações, as quais poderão ser ofertadas ao mercado dentro das regras do chamado Novo Mercado. Apenas cerca de 10% das empresas que o solicitam são atendidas, porque se exige um projeto muito bem embasado de expansão da produção e transparência administrativa. De acordo com José Luciano Andriguetto, o mercado exportador é extremamente preocupado com a contaminação por drogas proibidas nos países compradores. “Por esse motivo, nosso sistema elimina esse risco”. Segundo ele, a rastreabilidade é possível graças à automação do processo desde a pesagem das matérias-primas até a embalagem, passando pelos misturadores, na nova linha de produção. “A segurança é dada também pela cuidadosa análise laboratorial da matéria-prima e das misturas prontas, para garantir a adequação de suas características físico-químicas às exigências dos clientes. Tratamos premixes não só como commodities, mas dentro do diferencial de qualidade em nutrição animal”, diz Andriguetto. Segundo o empreendedor, as mudanças de rumo que a empresa precisou fazer desde que foi criada estão relacionadas às instabilidades do mercado, principalmente devido ao fato de que boa parte da matéria-prima é importada. Neste período, a empresa teve variações em sua linha principal. No início foram as premisturas, depois as rações assumiram um papel maior – inclusive com rações

para cães vendidas no varejo – antes da abertura do mercado às grandes marcas internacionais. Nos últimos dez anos a empresa retomou seu foco principal, tendo como carro chefe os núcleos para rações de suínos e aditivos para rações. Para Andriguetto, a avicultura vem mostrando um crescimento continuado nos últimos anos, impulsionado principalmente pelas exportações. Ele considera que, à medida que as barreiras sanitárias e protecionistas dos grandes países consumidores vão sendo superadas, a avicultura brasileira ganha cada vez mais espaço no mercado internacional. “A retomada do crescimento, com controle da inflação, também tende a favorecer um aumento do consumo interno de carne de frango, que é a mais barata. Já a suinocultura vem atravessando um período prolongado de crise que parece estar chegando ao fim. Embora as perspectivas de curto prazo não pareçam tão boas, no médio prazo a suinocultura deverá experimentar um desenvolvimento significativo”, acredita. Neste período de crise, argumenta Andriguetto, os suinocultores melhoraram a adequação da oferta à demanda existente e profissionalizaram a produção, pois só sobreviveu quem tinha escala e tratava a suinocultura como sua atividade principal. “Em 2004 esperamos consolidar o investimento realizado, e prosseguir no processo de relocação da empresa para a nova sede, com a instalação da segunda linha automatizada de premixes”, conclui o empreendedor da segunda geração da Nuvital.

Linha Direta www.nuvital.com.br

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adar Rural

TECNOLOGIA

Pluviômetro nacional

Pesquisadores da UERJ criaram o primeiro pluviômetro digital brasileiro

Facilitar o acesso à tecnologia desenvolvida nas universidades nem sempre custa caro e pode ser mais fácil do que se pensa. Pesquisadores do Instituto de Geociências e do Instituto Politécnico da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) criaram um pluviômetro digital de baixo custo, capaz de ser usado em qualquer tipo de plantação. O pluviômetro é um aparelho que mede a quantidade de chuva precipitada no local. Esta informação é importante para o agricultor, pois permite um melhor planejamento das técnicas de cultivo e ajuda a prevenir o aparecimento de doenças que surgem pelo excesso de água acumulada no ambiente. O estudo que deu origem ao pluviômetro foi realizado pelos

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professores Ricardo Miranda, agrometeorologista, André Monat, engenheiro de computação, e Fernando Reiszel, engenheiro eletrônico. O equipamento surgiu a partir do projeto de pesquisa realizado nos cafezais adensados de Duas Barras, a cerca de 20 km de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Os pesquisadores da UERJ sentiram a necessidade de criar um instrumento de coleta de dados mais barato que os aparelhos importados e que ao mesmo tempo oferecesse maior precisão que os equipamentos mecânicos. Assim surgiu o primeiro pluviômetro digital brasileiro e 16 deles foram utilizados na pesquisa. Cafezais adensados são caracterizados pela maior concentração de

pés por hectare – na região de Duas Barras, o adensamento fica em torno de 3 mil a 10 mil pés por hectare. Quanto mais adensado, maior o risco de o cafezal reter uma grande quantidade de água, dificultando a evaporação e favorecendo o contágio por fungos. O estudo da UERJ concluiu que a retenção de água naquela lavoura chega a cerca de 20%, um índice muito alto para o tipo de planta cultivada. Os dados coletados auxiliarão os agricultores da região a escolher o adensamento ideal para o cultivo, melhorando a eficiência da produção em função do regime de chuvas. Agora, os pesquisadores da UERJ estão em busca de verbas para a segunda fase do trabalho, quando pretendem criar um Sistema de Alerta Fitossanitário, isto é, um mecanismo para controle de doenças antes que elas afetem a plantação.

Linha Direta (21) 2569-8803


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rtigo

O agronegócio paranaense Por Gilda Bozza*

No cenário da economia brasileira, o agronegócio pode ser considerado um dos macrossetores mais dinâmicos. Esse dinamismo pode ser inferido através da taxa de crescimento de seus diversos segmentos, pelo grau de competitividade externa e também pelo conteúdo tecnológico e de pesquisa nele envolvido. A produtividade também assinala crescimento. No período de 1990 a 2002, a produtividade cresceu 75%. As entregas de fertilizantes ao produtor saltaram de 12,5 milhões de toneladas, em 1999, para 18 milhões de toneladas em 2002, mostrando um crescimento de 44%. As vendas de tratores de quatro rodas, no mesmo período, passaram de 18,8 mil unidades para 42,5 mil unidades. As exportações do setor nos últimos anos passaram de US$ 14,8 bilhões para US$ 20,3 bilhões, impulsionadas tanto pelo crescimento da quantidade produzida quanto pela recuperação dos preços internacionais das commodities, além, é óbvio, da desvalorização da taxa de câmbio real. Esta representatividade do agronegócio também pode ser entendida como resultado dos avanços

tecnológicos observados em anos recentes, quando o Brasil logrou alcançar índices de produtividade iguais ou superiores aos maiores produtores mundiais. No caso da soja, o Brasil já supera a produtividade média dos Estados Unidos e da Argentina e detém capacidade gerencial e tecnologia. No Paraná, os dez setores mais intensivos em mão-deobra, além da agropecuária, estão diretamente ligados ao processamento de produtos primários, compondo o agronegócio, como os segmentos da indústria do café, abate de animais, óleos vegetais, laticínios, beneficiamento de produtos vegetais, madeira e mobiliário, fabricação de açúcar, calçados e alimentos. No caso de produtos florestais, o complexo madeira tem papel importante e nele o Paraná ocupa posição de destaque. Além da produção de serrados e compensados, o Estado produz o MDF (medium density fiberboard), um painel elaborado com madeira desfibrada de pinus ou eucalipto e usado em grande escala na indústria de móveis, que absorve 80% da oferta nacional. O Estado também produz o OSB (oriented strand board), placa de madeira mais

O Paraná subiu de posição passando para o segundo lugar nas exportações do agronegócio brasileiro participando com 17% (US$ 6,07 bilhões)

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resistente do que o aglomerado, usada na construção civil e em embalagens industriais. Uma indústria paranaense foi a primeira a produzir o OSB no mercado nacional. No complexo cana-de-açúcar, álcool e bagaço de cana, a Copagro (Nova Londrina) produz um aditivo para o mercado externo que é empregado para limpar a neve das ruas. A melhor utilização do bagaço de cana é uma das alternativas para coogeração de energia elétrica (instalação de novas caldeiras e tubos geradores, equipamentos básicos para a geração de excedentes de energia elétrica). Não somente pelo lado social e da geração de emprego, o agronegócio sustenta a atividade econômica, as exportações e, principalmente, as economias regionais. Acrescente-se ainda a importância do setor agropecuário, no caso do Estado do Paraná, através da participação significativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária Paranaense no Valor Bruto da Produção Agropecuária Brasileira, que gira em torno de 16%. Vale ressaltar que o setor do agronegócio para-

naense no acumulado janeiro/outubro de 2003, responde com 67% das exportações do Estado, no montante de US$ 4,08 bilhões, uma evolução de 12% em relação ao ano de 2002. O Paraná subiu de posição e passou para o segundo lugar nas exportações do agronegócio brasileiro, participando com 17% (US$ 6,07 bilhões), resultado principalmente das exportações paranaenses do complexo soja (US$ 2,25 bilhões). O complexo soja (grão, farelo e óleo) alavanca as exportações do agronegócio paranaense, sendo considerado um dos principais responsáveis pelo desempenho positivo no acumulado em 2003 (janeiro/outubro/03), atingindo US$ 2,25 bilhões, tendo como fatores responsáveis o aumento da demanda mundial e a recuperação dos preços internacionais. O preço médio de exportação da soja em grão no período mencionado foi de US$ 209,40/t contra US$ 185,40/ t em igual período de 2002. Os produtos florestais exportaram o montante de US$ 737 milhões. As exportações de madeira, segundo complexo na ordem de importância, atingiram US$ 609 milhões. As exportações paranaenses do complexo carnes deverão alcançar este ano US$ 532 milhões, configurando um excelente desempenho. As receitas obtidas com as exportações de açúcar atingiram US$ 150 milhões, com um volume exportado de 948 milhões de toneladas. A produção pecuária também aumentou significativamente: 132% para os suínos, 65% para os bovinos e 305% para as aves, no mesmo período. Com um valor bruto da produção de R$ 6,7 bilhões, a pecuária paranaense emprega 325 mil pessoas, 37% de todos os empregos da agropecuária. * Economista formada pela Faculdade de Administração e Economia (FAE) de Curitiba, com pós-graduação em Elaboração e Avaliação de Projetos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Atualmente coordena o Setor de Pesquisa e Acompanhamento Conjuntural da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP).

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ntrevista

“Acabou o estado-papai” Ministro da Agricultura reconhece os entraves do agronegócio brasileiro, mas deixa claro que o governo federal pode ser no máximo um parceiro dos produtores rurais

Por Lúcio Lambranho

Por Lúcio lambranho

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Carlos Santos /ACS/GMo


O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, sabe onde estão os problemas do agronegócio brasileiro. Empresário rural em São Paulo e no Maranhão e ex-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Rodrigues também tem a visão de que o produtor rural precisa do conhecimento de gestão para sobreviver numa atividade cada vez mais globalizada. Mesmo sabendo dos pontos fracos do setor primário brasileiro (logística, tributação e criação de marcas), Rodrigues faz questão de deixar claro que o papel protecionista desempenhado durante décadas pelo Estado brasileiro não existe mais. Dentro dessa perspectiva, o Ministério tem focado seus esforços na continuidade da aplicação de verbas na área de tecnologia e numa briga firme no cenário internacional, tanto contra os subsídios praticados por países ricos quanto na promoção em grandes mercados como a China. Um das metas do ministério para 2003 é justamente chegar até o final do ano com o rebanho da área livre de febre aftosa com vacinação – cerca de 140 milhões de animais, ou 80% do rebanho brasileiro – todo rastreado, através do Sibov. A partir de 2005 a União Européia não importará mais carnes de países que não tenham um sistema de rastreamento completo de seu rebanho. Por esse motivo, o governo está concluindo as instalações do mais moderno laboratório de biossegurança de sanidade animal da América do Sul, no município de Pedro Leopoldo (MG). Investimento de R$ 20 milhões, a instalação do laboratório faz parte das ações previstas no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa.

Em contrapartida, Rodrigues anunciou após sua missão na China que esse país deve autorizar a ampliação das importações de carnes brasileiras, principalmente de cortes de bovino. Segundo ele, os governos brasileiro e chinês também negociam a criação de um grupo de trabalho conjunto para desenvolver projetos estratégicos de lon-

“A Logística e a questão tributária são pontos que precisam ser decididos entre o governo e o setor, principalmente no caso de se subsidiar o custo do transporte feito em grandes zonas de consumo “ go prazo para o comércio bilateral no agronegócio. Segundo o ministro, há enormes perspectivas de vendas para as carnes de gado e de frango. Nos últimos 12 meses, as exportações brasileiras de carnes para a China somaram US$ 6 milhões, representando 9 mil toneladas. Do total, US$ 2,4 milhões foram de suíno in na-

tura, US$ 1,6 milhão de frango in natura, R$ 500 mil de bovino in natura e US$ 1,5 milhão de outras carnes, principalmente miúdos. "O crescimento do mercado de carnes é impressionante. Esse setor anda sozinho e o governo tem pouco a ajudar a não ser no investimento em tecnologia e na certificação da sanidade", acredita. Nessa entrevista, concedia durante o Seminário Internacional de Trigo, em Florianópolis, Roberto Rodrigues reafirmou a estimativa do governo de que a safra desse grão alcance um volume de 5 milhões de toneladas em 2003, superando a produção do ano passado, de 2,9 milhões. O consumo interno anual é de 10 milhões de toneladas e o ministro diz sonhar sempre com a auto-suficiência do produto, "mas sem querer determinar um prazo". A expectativa do ministério é de que o aumento da safra de trigo seja obtido por meio de um crescimento de 17% da área plantada (de 2,051 milhões de hectares na safra passada para 2,415 milhões este ano) e com um aumento de 49,5% na produtividade. GUIA EMPREENDEDOR RURAL – A logística tem um custo alto no Brasil. Hoje é mais barato levar uma carga de trigo do Canadá para o Nordeste do que levar esse mesmo produto de Paranaguá (PR) ou de Rio Grande (RS) para essa mesma região? Roberto Rodrigues – A verdade é que o caso do trigo tem tantas variáveis que interferem na competitividade do produto brasileiro que decidi discutir esses problemas com a criação de um Câmara Setorial de

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ntrevista Culturas de Inverno e criar soluções como um todo. O que considero essencial nesse assunto é exatamente o entendimento dentro da cadeia. O trigo, e também o algodão, são as piores cadeias produtivas em termos de articulação. Isso por questões históricas. Governos ao longo dos últimos 50 anos arbitraram margens, valores e cotas sem considerar o mercado como um objetivo final desse processo. Cada um negociava de uma forma. Cada elo negociava sua margem, desde o armazém, e não havia um sentido de cadeia produtiva. Isso felizmente está acabando com os tempos modernos e temos agora uma articulação de mercado. A Logística e a questão tributária são pontos que precisam ser decididos juntos entre o governo e o setor, principalmente no caso de subsidiar o custo do transporte feito pelo governo em grandes zonas de consumo, como é o caso do Ceará. Isso deve ser definido entre as duas partes. Nós não vamos, por isso, fazer nada sozinhos e não teremos um papel de intervenção, mas de caráter regulatório. O que estamos esperando para agir é saber o que a cadeia produtiva quer e como essa solução deve ser feita. E isso serve para outras cadeias produtivas. Precisa ser feito de acordo com o que a cadeia decidir, mas existem áreas como a de pesquisa, das quais o governo não pode se ausentar e deixar de continuar investindo para se manter o ganho de produtividade.

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corrência entre nós e esses países. O que for feito na armazenagem para a soja depois servirá para o trigo. Sobre a questão da farinha de trigo da Argentina, vamos tentar ao máximo o entendimento para que não haja nenhuma retaliação. Há um procedimento pouco adequado nesse processo, mas vamos resolver da melhor forma possível.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Como está essa pesquisa em relação à qualidade do trigo, que sempre foi um problema no Brasil? Rodrigues – Essa é uma discussão meio falaciosa, a de que o trigo brasileiro era de má qualidade. Pouco disso era realmente verdade. Havia uma diferença de qualidade, mas não justificava a exclusão do trigo brasileiro como já aconteceu no passado. Hoje não existe mais esse problema e temos inclusive variedades adaptadas para várias regiões do País. Pode ser feito um blend entre duro e mole, o que resolve nossos problemas de qualidade e da indústria. Mas ainda é preciso investir muito mais. Hoje, com esse crescimento do trigo irrigado na região do Cerrado e da Bahia, há um novo cenário. Existem alguns milhões de hectares para serem cultivados nessa direção. Na Chapada Diamantina estamos tirando 6 mil quilos por hectare. Eu sonho com a autosufiência que depende da questão geopolítica e estamos em busca de parcerias na França e Espanha. Mas não é fácil, porque há uma con-

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – E a safra de trigo, que ainda representa metade da demanda nacional, pode crescer na direção da nossa auto-suficiência? Rodrigues – O que aconteceu com o trigo no passado foi uma comédia de erros que estamos eliminando. Vamos manter nossas relações comerciais com os países produtores no Mercosul, mas o Brasil vai em busca na auto-suficiência. Não quero estabelecer nenhuma meta nesse sentido, porque dentro dos fatores que vão regular esse crescimento há o custo Brasil, que está sendo corrigidos pelas reformas do governo Lula. O governo está preocupado em garantir investimentos em pesquisas para viabilizar essa hipótese, que depende de fatores externos à cadeia produtiva. Em vários desses pontos, como a logística, o governo não tem como avançar e por isso precisa da contribuição do setor privado. Com relação à Lei Kandir, é hoje um direito assegurado do agronegócio brasileiro e não há como voltar atrás. GUIA EMPREENDEDOR RURAL – O frete subiu 25% no agronegócio. Como o senhor vê essa questão?


Rodrigues – O frete disparou e esse é só um pedaço do gargalo. O problema está também na armazenagem, nos portos e nas filas e mais filas de caminhões. O que nós estamos fazendo de maneira paliativa é alfandegar alguns armazéns na zona de produção, ou mais perto da produção do que da zona de exportação. Temos um em Ponta Grossa (PR) e outro em Rondonópolis (MT) onde estamos tentando implantar isso. Fazendo esse procedimento exportamos dentro do País e acaba dando um alívio, pois o tempo do embarque fica maior. Mas temos que investir muito mais em armazenagem. Por isso, um dos programas centrais do nosso Plano Safra desse ano foi alocar recursos para a armazenagem em fazenda. Nós temos hoje menos de 5% da armazenagem nas fazendas, contra quase 50% dos Estados Unidos e 30% da Argentina. Estamos atrasados nesse processo. Nessa atividade, o nosso investimento é de R$ 400 milhões, que estão começando a sair de agora até julho de 2004. Nesse ano, estamos com diferentes rubricas flexíveis. Por exemplo, se o setor do leite não gastar a verba toda, podemos relocar para a armazenagem através de um simples acordo entre o Ministério da Fazenda e o da Agricultura. Não será mais preciso a anuência do Conselho Monetário Nacional, o que tornou muito mais fácil esse processo. GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Até onde governo vai na briga contra os subsídios agrícolas, principalmente com relação à Alca? Rodrigues – O governo está firme e determinado a brigar pela abertura comercial agrícola. O conceito é claro. Os países ricos podem pagar para não produzir e nós precisamos produzir para

pagar. Parece um jogo de palavras, mas é uma coisa óbvia. Esse é um convencimento do governo brasileiro e nós não vamos arredar pé dessa posição. Estou surpreso com o que aconteceu em Trinidad e Tobago. Depois de Cancún, fiquei olhando essa coisa de Alca ,União Européia e Mercosul dentro de dois caminhos possíveis. O primeiro deles é que se frustrou a OMC, o que amarra a Alca e a parceria entre a União Européia e o Mercosul. Isso porque uma série de pré-condições para a Alca na

“A pecuária de corte talvez tenha sido a atividade que mais cresceu com o Plano Real; estou impressionado com a qualidade do gado brasileiro”

área agrícola tinham sido colocadas pelos Estados Unidos na OMC. Outro caminho me parecia mais óbvio. A amarração da OMC frustra as relações de comércio no mundo e todos os países precisam disso para crescer. A frustração de Cancún corresponderia, portanto, a uma abertura maior na Alca e na relação entre a União Européia e o Mercosul. Por isso fiquei surpreso com

o que aconteceu em Trinidad e Tobago. Eu tinha uma expectativa muito mais alegre e não achava lógico que parceiros do Brasil no Mercosul reagissem dessa forma. O que será que aconteceu? Será que o ferimento em Cancún foi tão profundo? Ou então a lógica é da ameaça formal e invasiva, o que não funciona mais no comércio mundial. De certa forma foi uma pressão que nós teremos que contornar. GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Que outros mercados o Brasil poderia explorar internacionalmente? Rodrigues – O crescimento do mercado de carnes é impressionante. Hoje o padrão tecnológico brasileiro é muito bom, o que para mim é uma surpresa. Fiquei surpreso andando pelo Brasil inteiro e comparo o que vi com o que conheço da Austrália, Nova Zelândia e dos Estados Unidos, por exemplo. Estou impressionado com a qualidade do gado brasileiro. A pecuária de corte talvez tenha sido a atividade que mais cresceu com o Plano Real. Antes, quem tinha 500 cabeças tinha um bom padrão de vida. Hoje o avanço em tecnologia e principalmente na gestão em pecuária mostra que é preciso produzir muito mais. Um bom exemplo são os produtores de Botucatu, que usam o confinamento de precisão, onde a ração do gado muda a cada semana. Com doze meses o bezerro Angus e de outras raças já pesa dezesseis arrobas. Engordam cerca de 1,7 gramas por dia. Temos hoje 220 milhões de hectares de pastagens para 180 milhões de cabeças, o que dá menos de uma cabeça por hectare. Um estudo recente feito pela indústria de fertilizantes mostra que, nos próximos 15 anos, 30 milhões de hectares de pastagem vão dar lugar para a agricultura. Vai aumentar em mais de 30% o desfrute, que é a relação entre a

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ntrevista produção e desempenho. Também estamos resolvendo nesse setor os problemas com o Chile, com relação aos frigoríficos. Às vezes uma medida como essa é tabula rasa, mas quem estava certo acaba se prejudicando nesse processo. O governo pode ajudar pouco, esse setor anda sozinho. Precisamos dar apoio na tecnologia e na qualidade sanitária. Estamos também desenvolvendo a área de couros no Mato Grosso do Sul, que é espetacular. Esse novilho precoce que falei tem um couro que dá o dobro da flexibilidade do boi velho e vale quatro vezes mais. O boi inteiro é aproveitado na indústria do couro.

eu pôde ver uma competência industrial fantástica nos últimos dez anos. O trator daquele tempo era uma porcaria em comparação com os de hoje, que têm computador e GPS. A segunda vertente é a gestão. Eu tenho um filho que toca os negócios da família e é um agrônomo brilhante. Ele resolveu há sete anos que não dava mais para ser gerente sem fazer um mestrado e aprender economia. E acabou se relacionando com os professores, o que deu a ele uma ótima performance. Hoje o produtor moderno tem gestão comercial. Antes, se ele com-

dos principais exemplos. O Brasil é o maior produtor mundial de café e tem menos de 1% do mercado de café torrado e moído. A Alemanha tem 82% do mercado e não planta um pé de café. Falta investir muito nessa área. Mas não é um mero investimento na indústria de agregação de valor, deve ser muito maior. Nós temos que investir nas cadeias produtivas com marcas como o café do Cerrado, mas temos que ter uma referência nacional. O agricultor talvez não tenha que investir diretamente na marca, mas sim sua cooperativa

prasse mal o adubo ficava tudo bem, no mês seguinte era de novo bom negócio. Hoje se você comprar mal ou vender mal, o negócio está liquidado. Pode fazer tudo certinho, mas se fez mal o comércio está quebrado. Isso também serve para gestão tributária, ambiental e financeira. Antes era o overnight que valia.

ou sua organização local. Acabou o estado “interventor-papai”, o governo pode ser no máximo parceiro. Até eu tenho essa cultura, pois ficamos 500 anos nesse processo. De qualquer forma aumentamos os recursos de crédito rural, em 27% com relação ao ano passado, mas a demanda cresceu 70%. Não adianta, não vai ter cofre para tudo isso. Nós precisamos é criar os mecanismos que possam financiar o desenvolvimento do agronegócio.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Como o senhor avalia o ânimo do produtor rural este ano? Rodrigues – O produtor rural está confiante. O setor de fertilizantes, por exemplo, está dizendo que o consumo vai ficar 9% maior do que no ano passado. Mais consumo de fertilizante com menos produção de café e de laranja significa mais área plantada, e por isso teremos expansão. Só entre Uberaba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, os produtores estão esperando 600 mil hectares a mais de soja. Chegar a mais dois ou três milhões de hectares esse ano não será difícil. O segundo ponto é que o setor de máquinas também vendeu bem. Pelo nosso programa Moderfrota não há mais como comprar máquinas agrícolas até o dia 31 de dezembro. Está tudo encomendado. GUIA EMPREENDEDOR RURAL – E como o senhor analisa a gestão do produtor rural ? Rodrigues – A revolução agrícola no Brasil tem duas vertentes. A primeira é a tecnológica, que é visível com máquinas, sementes e etc. Quem foi desde as primeiras edições do Agrishow como

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GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Como anda a criação de agregação de valor e a criação de marcas no agronegócio? Rodrigues – Essa é a terceira vertente, mas que ainda está patinando um pouco. Temos o caso do café, que é um

Linha Direta www.agricultura.gov.br


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Luta pela

Marca Brasil

Criar uma imagem internacional é vital para o agronegócio brasileiro, mas antes é preciso resolver entraves internos como a melhoria do sistema tributário, a logística deficiente e a falta de informação Por Lúcio Lambranho

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o pequeno produtor rural inserido na agricultura familiar aos grandes empreendimentos do campo, os principais problemas estão, na maioria das vezes, da “porteira para fora”. Por esse motivo, há pelo menos dez anos o agronegócio brasileiro despertou e luta para aumentar o valor agregado de seus produtos, criar marcas próprias e brigar no mercado externo com competência na gestão. Mas não faltam problemas no meio desse caminho. A logística no Brasil ainda é cara, o que prejudica a exportação de produtos embalados. O sistema tributário pune a agregação de valor, pois quanto maior a cadeia produtiva, maior o imposto agregado. Os resultados que esses gargalos geram são claros. No País, apenas 150 empresas respondem por quase 80% do total exportado no agronegócio. Com a expectativa de que o saldo da balança do setor agropecuário aumente 20% este ano – algo em torno de US$ 24,05 bilhões, segundo previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – encontrar soluções para esses problemas é vital para transformar produtores e agricultores em empreendedores rurais. Investimentos para tornar mais visíveis as competências e a qualidade dos produtos do setor primário são necessários para um país que é o primeiro produtor e exportador mundial de açúcar, laranja e café; segundo no ranking mundial de produção de carne bovina e de frango; e terceiro produtor de milho e frutas. A falta de conhecimento dos produtores rurais também é outro fator que limita o agronegócio brasileiro. Para Ricardo de Souza Sette, professor de Marketing e Promoção de Vendas da Universidade Federal de Lavras (Ufla), as duas principais ações desse processo de melhoria de gestão no agronegócio brasileiro devem ser a formação

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de recursos humanos e a divulgação da informação dentro das cadeias produtivas. “A riqueza de um povo não está sob os seus pés, mas sim entre suas orelhas”, diz Sette, citando um antigo ditado. “Essa frase mostra porque que se diz há trinta anos que o Brasil será o celeiro do mundo e este dia nunca chega. Não adianta um país ser riquíssimo em recursos naturais se não tiver pessoas preparadas e capacitadas para transformar estes recursos em benefícios ou em algo que tenha valor para os consumidores”. Na sua visão, agregar valor depende de conhecer o comportamento do consumidor, a estrutura de distribuição de produtos e serviços, tecnologias e processos produtivos. “Tudo passa pelo conhecimento. Enquanto o Brasil não se conscientizar dessa importância, continuaremos sendo apenas o futuro celeiro do mundo”, avalia o professor. DESMISTIFICAR Mas antes de pensar na criação de uma “Marca Brasil” para unir todo o setor em uma promoção conjunta no mercado externo, Sette defende que a melhor forma de mostrar nossa capacidade e competitividade é melhorando os produtos “Made in Brazil”. A divulgação do país como um todo, diz o pesquisador, ficaria para um segundo momento, quando nossos produtos tiverem construído uma melhor imagem junto ao público externo. Mas ele também adverte: cada empresa deve ter primeiro sua marca própria e depois todas podem ter a “Marca Brasil”. “O julgamento de um produto e uma marca tem que ser feito por consumidores e não por grupos de pessoas com interesses antagônicos, que não são beneficiários do verdadeiro valor que o produto ou serviço oferece”, explica. Sette também defende que a pri-

meira ação para aumentar a base de empresas exportadoras deve ser desmistificar os componentes da cadeia do agronegócio sobre a exportação. Ele sugere cursos, seminários, encontros, debates, entrevistas e todos os meios possíveis de gerar informações para mostrar que o mercado externo está ao alcance de qualquer empresa. “Os brasileiros, incluindo os empresários, têm uma auto-estima muito baixa, percebem a exportação como algo muito além da sua capacidade e se sentem impotentes para exportar”. De acordo com o pesquisador, também é preciso promover viagens ao exterior e levar os empresários com potencial de exportar para visitar feiras, exposições e eventos realizados nas diversas partes do mundo. “É necessário investir nas universidades, incentivando e promovendo eventos relacionados à exportação”, acrescenta. Ao que tudo indica, a gestão moderna no campo ainda é uma mudança recente no setor primário nacional. Luiz Antônio Pinazza, diretor do Instituto de Estudos da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), diz que deve se levar em conta um fator importante para entender os problemas “da porteira para fora”: o conceito de cadeias produtivas ainda é muito recente no Brasil. “Antes da Abag, que está completando dez anos, só se interpretava a agricultura do lado de dentro da porteira. Hoje, vemos que o setor agrícola teve um profundo ganho de conhecimento no lado gerencial e tecnológico”. O agronegócio no Brasil tem a perspectiva de chegar a uma produção de 160 milhões de toneladas de grãos em 2010. Para que isso aconteça, diz Pinazza, todo o sistema precisa crescer, começando pela armazenagem e distribuição e chegando na continuidade dos

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apa investimentos em tecnologia e gestão. “O que as pessoas precisam ver é que o agronegócio tem reagido de forma surpreendente ano a ano”, ressalta. Para o diretor da Abag, as cadeias é que vão conseguir marcas, e não o Brasil como um todo. Segundo ele, não se pode colocar uma mesma marca no café e no couro, ou mesmo nos calçados produzidos com essa matéria prima. “Marca é um elemento vital que desperta a percepção do consumidor. O Brasil tem dois elementos chaves para a agricultura: o sol e água. São elementos que podem ser associados às campanhas, que devem ser feitas de acordo com a cultura local de cada mercado potencial”, sugere. PEQUENOS E MÉDIOS Sem capital para chegar diretamente ao consumidor final, os pe-

quenos produtores têm encontrado saídas alternativas de organização. O engenheiro químico Marcos Luiz Leal Maia, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos e chefe adjunto da Embrapa Agroindústria de Alimentos, diz que a criação de marcas e a agregação de valor não estão restritas a grandes cadeias ou a grandes empresas. Segundo Maia, existem marcas e produtos de valor agregado provenientes de pequenos e médios empreendimentos que, através de um esforço conjunto, conseguem escala de produção, mão de obra adequada e capital. “Isso pode ser observado no estímulo à criação de marcas ligadas a produtos tradicionais, o que é reconhecidamente um nicho de mercado para os pequenos empreendimentos”, observa. Para o engenheiro químico, criar a “Marca Brasil” não é um sonho. Segundo ele, carnaval, caipirinha, cachaça e futebol são produtos já reconhe-

cidos com esta marca. Café e borracha já foram vistos dessa forma, mas com o passar do tempo foram perdendo essa associação. “O Brasil pode buscar a construção de uma marca associando seu nome também a conceitos de qualidade e segurança de alimentos ou de um grande mercado produtor socialmente justo. Eu diria que hoje o Brasil conta com uma simpatia e uma receptividade internacional crescente; devemos aproveitar isso”. Maia baseia sua convicção em nossas próprias dificuldades internas. Ele acredita que existem alternativas para driblar os problemas de logística. Por isso, argumenta que os nossos empreendedores devem aumentar o valor agregado, a qualidade e a segurança dos produtos, procurando buscar mercados além das fronteiras nacionais. “Pelo lado da carga tributária – que, diga-se de passagem, não impediu a pujança do crescimento do agronegó-

PARA CHEGAR MAIS PERTO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO 1

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Os supermercados e hipermercados têm um papel importante na distribuição dos produtos. Se avaliarmos o desempenho das oito cestas nos supermercados, o índice de compra é maior na cesta de alimentos (80%), seguido por higiene pessoal (76%), limpeza doméstica (75%), frios e queijos (71%), bebidas não-alcoólicas (65%), carnes e aves (56%), hortifruti (40%) e pães (28%). Os açougues, padarias, sacolões e feiras têm uma boa freqüência quando os consumidores vão à procura de carnes e aves, pães e hortifruti. A cada 100 compras feitas na cesta de carnes, 29 são feitas em açougues e aviculturas. No caso da cesta de hortifruti, 48% das compras acontecem em sacolões e feiras. Já com os pães, 53% das compras acontecem em padarias. Os fatores de decisão são diferentes para a compra principal e para as compras de reposição. Nas compras de reposição, que são a maioria, os fatores que mais pesam na hora da escolha do local de compra são: proximidade de casa, degustação e filas rápidas. Quando são feitas as compras

principais, os consumidores avaliam outras questões, como variedade de marcas, preços e qualidade dos produtos. Nesse estudo também foi constatado que as compras de reposição ganham importância nas cestas de carnes e aves, frios e queijos,, bebidas não-alcoólicas, pães e hortifruti.

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A distribuição dos gastos durante a semana está fortemente concentrada nas sextas e nos sábados, que representam 41% dos gastos totais. O dia da semana que apresenta maior fidelidade pelos consumidores é o sábado. Somente nesse dia, 50% dos domicílios concentram mais de 20% de seus gastos totais. A oferta de produtos com marcas próprias tem sido outra estratégia adotada pelos varejistas para fidelizar o consumidor. Em todos os casos analisados, percebe-se que as pessoas gostam de experimentar os produtos com as marcas dos próprios locais de venda. Porém, o cliente ainda não os compra com freqüência. Se analisarmos por classe social, percebe-se que, quanto maior o poder aquisitivo da população, maior é a experimentação e o consumo regular das marcas próprias. Fonte: LatinPanel.

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Pesquisa “Consumidor Brasileiro – Comportamento de Compra”, estudo de abrangência nacional realizado em julho de 2003 com questionários em 6,3 mil lares. A sondagem cobriu municípios com mais de 10 mil habitantes, em uma base de amostras que representa 81% da população e 86% do potencial de consumo do País.

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cio brasileiro – torcemos para que venha ser diminuída. Mas não vamos esquecer que temos um mercado interno com muito espaço para ser ocupado”. Ele também acredita que o futuro aponta para a possibilidade sermos cada vez mais reconhecidos como um país competitivo no agronegócio. Várias ações, ainda em desenvolvimento, devem colaborar para isso: a consolidação de diversas cadeias produtivas através da sistemática incorporação de tecnologia; a criação de condições para a inclusão dos segmentos produtivos em patamares tecnológicos e comerciais consistentes; a crescente atenção para os aspectos ambientais relacionados com a produção primária e a agroindustrialização; e a maior profissionalização na ocupação de espaços estratégicos de negociação. Para criar uma imagem tanto no mercado interno como nas exportações, a agropecuária brasileira ainda precisa superar problemas de qualidade. Para Mariza Barbosa, doutora em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa e diretor-executiva da Embrapa, a implementação da rastreabilidade é uma excelente oportunidade para a criação de marcas no agronegócio. “Essa prática permite a organização dos produtores e estabelece uma linha de comunicação entre o setor produtivo e o consumidor final”. Nesse canal de troca de informações, segundo ela, a qualidade do produto é assegurada e diferenciada, promovendo a integração dos diferentes atores para facilitar o desenvolvimento regional. “A criação de marcas com rastreabilidade é possível para grupos de produtores e cooperativas. Portanto, não é preciso necessariamente pertencer a grandes empresas”, acrescenta. A pesquisadora da Embrapa entende que a “Marca Brasil” deve ser um grande guarda-chuva para abrigar as

Pesquisas sobre conservação de alimentos, como as que são feitas na Embrapa Agroindústria, podem ajudar na criação de novas marcas brasileiras

diversas marcas que atendam o princípio da rastreabilidade. A idéia básica é agregar esforços para a promoção dessa marca nacional e dividir responsabilidades quanto à qualidade dos produtos de cada uma das marcas individuais. “O Brasil sabe produzir muito bem, mas quando chega a hora de vender as dificuldades aparecem com mais vigor”, avalia. Ela argumenta que o produto nacional precisa ter as características que o consumidor final quer, atender suas exigências de qualidade e estar facilmente disponível. “Para vender é necessário vencer a guerra pela preferência do consumidor. É necessário conhecer os mercados, ter informações atualizadas sobre os concorrentes e definir estratégias de atuação”, diz Mariza. Os custos envolvidos para ter sucesso nas vendas, segundo a pesquisadora, são altos. Por isso, os pequenos e médios produtores, ao se organizar, podem dividir esses custos e alcançar uma grande eficiência. MARCAS REGIONAIS Marcus Pratini de Moraes Filho, diretor-geral da Rural Trading, também aposta primeiro na busca da qualidade para depois pensar na agregação de valor e nas marcas próprias. Segundo

Pratini, esse é o problema fundamental e, no caso de alguns produtos, a questão é a busca pela sanidade. “Aumentando esses padrões o Brasil irá inexoravelmente conquistar mais mercados e aumentará o valor agregado de seus produtos. A agregação de valor e a criação de marcas não são características únicas dos grandes produtores ou empresas. Pequenas e médias unidades produtivas e até artesanais podem construir grandes marcas”, acredita. Para o empresário, o marketing tem um papel fundamental na comunicação dos valores-chave (qualidade e sanidade), enquanto a logística é vital para a otimização dos resultados e a distribuição ponderada efetiva. “Não existe uma regra que associe tamanho a sucesso, o que existe é um plano traçado e feito com os objetivos corretos”. Pratini acha que a idéia da “Marca Brasil” dificilmente pode ser aplicada com eficácia. A tendência na Europa, segundo ele, é o surgimento de marcas regionais que foram e são extremamente bem-vistas regionalmente ou atingem amplitude internacional naturalmente, como os vinhos, queijos, águas e presuntos. “Não devemos desprezar nossas regionalidades, pois elas

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apa são riquíssimas. O café do sul de Minas ou das montanhas do Espírito Santo, o abacaxi de Miracema do Tocantins, o limão do Piauí, as frutas do Vale do São Francisco, a cachaça de Salinas, o vitelo pantaneiro e a lagosta do Ceará”, enumera. Para ele, à medida que forem adquirindo reconhecimento no Brasil, essas marcas regionais passarão a ter potencial para serem internacionais. “Não se consegue construir uma marca internacional sem antes conquistar o mercado nacional. É fácil observar; veja o caso da Coca-Cola e o caso

canais de distribuição. Os produtores de cogumelos, fumo, frutas, lácteos, pequenos animais e hortaliças, por exemplo, chegam a conseguir rendimento por hectare maior que os grandes produtores de commodities”, revela. Outra questão levantada por Pratini é o fato de o Brasil estar distante de todos os grandes mercados internacionais, o que torna permanente a busca pela redução dos custos de transferência. Pode-se concluir, segundo ele, que o transporte de produtos embala-

Luiz Ricca, do Sebrae-SP, aposta no Sistema Agroindustrial Integrado (SAI) para transformar os pequenos produtores em empresários do meio rural

das Havaianas”. Para Pratini, não há uma regra geral que condene o pequeno produtor a receber menos pelo seu produto. Segundo ele, se eles estiverem organizados em cooperativas bem administradas, o problema está praticamente resolvido. “Em função da diversificação e da qualidade de sua produção, muitos deles conseguem ter seus próprios

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dos de baixo valor agregado se torna ineficaz, pois acaba se transportando muito espaço vazio. “A logística tem melhorado muito, mas ainda há muito a fazer”, avalia o empresário. Outro gargalo citado por Pratini é o sistema tributário. “Caberá esperar para ver o resultado do que está sendo discutido no Senado Federal, para saber se a Reforma Tributária será benéfica ou não

para o setor exportador. O que não podemos é exportar impostos”, conclui. Para José Luiz Ricca, diretor superintendente do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), no segmento formado por pequenas propriedades e empresas rurais ainda há dois degraus que precisam ser alcançados antes de se pensar em vendas ou em novas marcas: a ampliação da visão do negócio e o fortalecimento dos produtos. “É preciso que os pequenos proprietários entendam como o mercado funciona e trabalhem de forma associada para obter vantagens na negociação, tanto no mercado interno, como no externo”, recomenda. Segundo Ricca, é isso que o Sebrae-SP vem fazendo desde 1998, quando foi implantado o Sistema Agroindustrial Integrado (SAI). O projeto, que hoje atinge 604 dos 645 municípios paulistas, pretende transformar o produtor em empresário rural, ajudando a vencer também do desafio “da porteira para fora” por meio de assessoria gerencial, tecnológica, administrativa e mercadológica. “A experiência tem mostrado que, no setor de alimentos, as pessoas têm procurado mais uma marca regional, por isso o Sebrae apóia mais esta prática”, diz Ricca, salientando que o Brasil é um país com uma extensão territorial considerável e que as pequenas propriedades, por suas particularidades, têm um papel fundamental no abastecimento do mercado interno. Para o diretor do Sebrae-SP, é preciso que os produtores e empresários se capacitem para atender as necessidades e os desejos destes clientes internos, pois assim estarão mais preparados para conquistar novos nichos no mercado internacional. Com a experiência de seis anos em contato direto com as necessidades e dificuldades do pequeno produtor rural, Ricca aponta


seus principais problemas: conhecer o mercado e seus canais de comercialização; negociar com bases mais consistentes; e administrar a propriedade com um gerenciamento de custos mais eficiente. “A incorporação de tecnologia é outra necessidade a ser atendida. Por isso, dentro do programa SAI, além da capacitação gerencial e administrativa, enfatizamos atividades de mercado, como a promoção de caravanas de produtores em feiras especializadas, as rodadas de negócios e a aproximação do produtor com o consumidor final”, explica. Segundo Ricca, o que mais impressiona é que mesmo com os subsídios dados pelos países desenvolvidos a seus

produtores, nossa agricultura continua sendo competitiva e, por conta disso, os países desenvolvidos impõem barreiras tributárias e fito-sanitárias absurdas aos produtos agrícolas brasileiros. “Isso mostra o grau de competitividade e excelência alcançado pelos produtores nacionais”. Ele defende, portanto, a manutenção da postura firme do governo brasileiro junto a organismos internacionais, juntamente com o estímulo às pequenas propriedades rurais. “Sem prejuízo de nossas exportações in natura, precisamos cada vez mais agregar valor no agronegócio. Isso aumenta a lucratividade, gera trabalho, riqueza e postos de trabalho”, acredita o diretor do Sebrae-SP.

O professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jorge Tavares, lembra que, em 1910, aproximadamente 40% do preço pago pelo consumidor ia para o agricultor. Em 2000 esse valor não chegava a 10% em alguns produtos. “A questão central é se queremos efetivamente mudar nossas percepções e trabalhar para contribuir com a melhoria da qualidade de vida ou se ampliaremos nossa dependência, seja da produção ou do capital financeiro”, afirma Tavares, que é doutorando em Agroecologia pela Universidade de Córdoba, Espanha. Para Tavares, pensar em uma marca é pensar no futuro, onde esta ferramenta de negócio está vincu-

Cooperativas globais Outro fator de superação das dificuldades do agronegócio brasileiro é o sistema de organização das cooperativas. Mas, mesmo com esse avanço, as pequenas e médias cooperativas têm dificuldades para administrar seus negócios por falta de informações comerciais rápidas e precisas. A partir dessa necessidade surgiu o ServiC.net (www.servic.net), um instrumento auxiliar na estruturação de um mercado especializado e fundamentado no sistema cooperativista mundial. Segundo Nalcir Salomé Silva, diretor comercial da empresa, o site atua na integração das cooperativas com o mercado internacional, intermediando a obtenção de crédito (tanto para custeio da produção quanto para investimento em infraestrutura) junto a organismos financiadores em escala mundial, na forma de financiamento direto ou parceria entre a instituição financeira e a cooperativa. O serviço on-line também atua na intermediação da compra e venda de produtos acabados, servindo como elo de comunicação entre vendedores e compradores nas transações nacionais e especialmente nas internacionais. Entre outros serviços oferecidos estão as consulto-

rias, que em breve serão também on-line, e a tradução de propostas comerciais. Para o diretor comercial da ServiC.net, o agronegócio brasileiro já tem uma grande marca que é a made in Brazil. “Essa constatação se faz pelo fato de que muitas das empresas internacionais que se dirigem a nós solicitam a compra de produtos mencionando ‘açúcar, frango e carne de suínos do Brasil’. Não recebemos pedidos de exportação de produtos dessa ou daquela empresa e sim do país”, explica. Para o diretor comercial do site, a criação da “Marca Brasil” no mercado externo ou interno parece uma tarefa muito difícil, pois os interesses daqueles quem já estão posicionados são obstáculos para sua concretização. No entanto, diz Silva, no sistema cooperativista as cooperativas podem perfeitamente trabalhar com uma só marca. “Esse fato traria, sem dúvidas, reduções nos custos de marketing e consolidaria o marketing direto, pois a maioria do varejo teria essa marca em suas prateleiras”, argumenta. Além disso, ele acredita que os custos dos insumos também seriam barateados, pois uma só marca representaria uma quantidade muito grade de insumos que seriam fabricados com um único rótulo.

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apa lada a uma imagem. Ele faz uma série de perguntas que os empreendedores rurais deveriam fazer a si mesmos antes de pensar em construir uma marca: Que imagem queremos ter? A de um país moderno, mas injusto? De produtor de transgênicos? De ampliação da concentração da propriedade da terra? Uma agricultura altamente dependente de insumos externos? De continu-

ar o processo de dependência do capital industrial financeiro? De redutores da remuneração do agricultor? O professor da UFPRE completa sua teoria afirmando que a chave para a questão é trabalhar a diversidade do país, o que se traduz em um amplo esforço de articulação e de respeito às diferenças. “Significa trabalhar na busca de alcançar resultados para todos. Nes-

se sentido, por que não é possível a criação uma ‘Marca Brasil’ morena, cabocla, mestiça, que reflita nossa diversidade e um possível compromisso com a vida?”, questiona. Ao que tudo indica, os empreendedores rurais têm ainda muitas perguntas para responder antes de investir na criação de marcas internacionais e na gestão do negócio dentro e fora da porteira.

Capital para pesquisa Cada vez mais próximo do mundo dos negócios, o setor primário vem demandando maiores investimentos em tecnologia, principalmente para aumentar a produtividade e certificar a qualidade dos produtos desde a origem. Para atender essa demanda, a Orbe Investimentos (www.orbeinvestimentos.com.br) iniciou este ano a captação de recursos do Agrotech Venture Fund, o primeiro fundo de venture capital do Brasil focado em tecnologia aplicada em agronegócios. “A produtividade brasileira por hectare plantado cresce constantemente há mais de 10 anos e as práticas de plantio são as mais modernas do mundo. Este crescimento, porém não vai ocorrer somente aumentando a produção absoluta, mas sim, melhorando a capacidade relativa das culturas existentes”, explica Fernando Camargo Luiz, diretor de investimento da Orbe. Para ele, não existem segredos quando se deseja melhorar o que já é bom. A receita é reduzir perdas, melhorar estruturas de logística e distribuição, aumentar a capacidade instalada plantada e produzida sem interferir na qualidade do solo ou no ecossistema que está ao redor. “Estamos entrando em um patamar de produtividade em que pequenas melhorias podem resultar em ganhos financeiros e de produtividade extremamente relevantes. É a hora certa para investir em tecnologia aplicada, visando aumentar o valor agregado dos produtos que são exportados e mesmo consumidos internamente”, acredita. Segundo Camargo Luiz, os empreendedores que apresentarem projetos para captação de recursos no Agro-

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tech devem ter uma combinação muito equilibrada de conhecimento técnico do setor e uma visão de negócios que possa elevar a empresa a outro patamar. “O Brasil ainda é muito novo no quesito capital de risco e por isso as pessoas acabam tendo interpretações equivocadas sobre sua função na empresa. Assim, é muito importante conhecer profundamente os próprios limites e os limites tecnológicos do que se pretende criar”, aconselha. De acordo com o diretor da Orbe, o foco deve estar em dois pontos: conhecimento técnico apurado e bom senso. “Empresários que possuem essas duas características tendem a ser imbatíveis. No campo, onde a parte técnica é ainda mais importante, essa mistura – quando encontrada – tende a ser explosiva”, define. O fundo está em processo de captação de recursos junto a investidores privados e institucionais e receberá também um aporte da Finep, a agência de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia. A seleção dos projetos será feita em parceria com importantes centros de pesquisa, como Embrapa, Esalq, USP, Unicamp e UFSC. A carteira terá de 10 a 15 empresas e os primeiros investimentos serão feitos em 2004. O fundo terá um patrimônio de até R$ 20 milhões e duração de dez anos, sendo os primeiros quatro de investimento. O desinvestimento deve ocorrer a partir do sétimo ano. O Agrotech ainda não foi submetido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e sua estrutura, bem como seu estatuto, ainda está em processo de análise. Fundos como esse existem em países como Holanda, Canadá, México, EUA e Austrália.


Organização em cadeia Uma prova de que o agronegócio brasileiro está preocupado com sua imagem e tenta se aproximar cada vez mais do consumidor final é a organização de algumas cadeias produtivas. Um dos exemplos desse esforço vem da Associação Brasileira das Indústrias Moageiras de Milho (Abimilho), entidade que reúne vinte e duas empresas de processamento do grão. Neste ano a entidade promoveu em todo o País a campanha “Milho é Melhor”, com o objetivo de aumentar o consumo humano de milho. A avicultura e a suinocultura são hoje os maiores consumidores do produto, enquanto o consumo humano responde por apenas 9% do total. Com a campanha, a Abimilho pretende aumentar esse índice para 20%, saltando dos 4,2 milhões de toneladas atuais para cerca de 5 milhões de toneladas. “O espaço para crescimento é enorme, considerando a média de consumo per capita no Brasil, da ordem de 18 quilos/habitante/ano, muito aquém, por exemplo, dos 63 quilos anuais consumidos pelos mexicanos”, diz Nelson Kowalski, presidente da Abimilho. Nos Estados Unidos, só o consumo de flocos de milho, contidos nos chamados cereais matinais, é de 5,8 quilos per capta, bem acima da média brasileira, que não chega a 100 gramas por habitante. Segundo a Abimilho, o incentivo ao consumo humano de milho é uma das mais eficientes iniciativas para corrigir o problema da desnutrição, que atinge grande parcela da população brasileira. O milho é um cereal de elevado valor energético, justamente a principal deficiência nutricional da população de baixa renda. Cada cem gra-

mas do milho em grão contém cerca de 360 kcal, o que representa quase 20% da necessidade calórica de um adulto, em torno de 2.100 kcal diárias. Os principais produtos processados pela indústria do milho são canjicas, farinhas, flocos, farinhas pré-cozidas, óleo refinado, amido, xaropes de glucose e dextrose, além de derivados para uso industrial utilizados pelas indústrias de bebidas, papel e celulose, têxtil e medicamentos. As indústrias que integram a Abimilho movimentam cerca

de R$ 3,3 bilhões por ano, processam 4,2 milhões de toneladas anuais e respondem por 3.350 empregos diretos e 30 mil empregos indiretos. A campanha de mídia foi baseada na veiculação de anúncios em publicações dirigidas, atividades educativas com alunos da rede pública e cursos para professores e nutricionistas. Kowalski prefere manter o foco no mercado interno e acredita que será difícil um aumento no número de marcas e produtos para o mercado externo devido à obrigatoriedade do registro e

GANHOS DE COMPETITIVIDADE EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE BRASILEIRA DE MILHO

1998 1999 2000 2001 2002 2003

PRODUÇÃO

ÁREA COLHIDA

PRODUTIVIDADE

(milhões de toneladas)

(milhões de hectares)

(quilos por hectare)

30,18 32,39 31,64 42,28 35,73 36,45

12,39 12,51 12,82 10,83 12,35 11,91

2,43 2,58 2,46 3,90 2,89 3,06 Fonte: Abimilho

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ção política sobre os governos locais. “Conseqüentemente, teremos como adversários nos negócios grupos altamente profissionalizados, com forte atuação política nos países para onde pretendemos exportar e o nosso grande desafio será neutralizá-los”, aponta. CAFÉS ESPECIAIS

Nelson Kowalski, presidente da Abimilho, que faz campanha para aumentar em 20% o consumo humano do milho no país

as exigências específicas de cada país comprador, sem contar com o obstáculo adicional representado pelas barreiras não-tarifárias em muitos desses países. E na briga por mais espaço para os produtos à base de milho no País, o presidente da Abimilho também mostra estar atento aos concorrentes. Ele cita o caso de empresas como a Nutrimental, que revolucionou o mercado de barras de cereais ao lançar a marca Nutry. “Também houve a saída de empresas globais de mercados estritamente nacionais como, por exemplo, a RMB (Refinações de Milho Brasil) e a Bunge Alimentos, que venderam suas operações comerciais para empresas regionais brasileiras”, lembra Kowalski. Ele conta que existem outras marcas nacionais, como as de amidos de mandioca, que competem com os amidos de milho em igualdade de condições. “Quando falamos do mercado exportador, obrigatoriamente temos de levar em conta os aspectos sócio-econômicos e culturais dos países que consumirão os nossos produtos. Esta ainda é uma tarefa difícil para o executivo brasileiro”, acredita. Para o presidente da Abimilho, a

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diversidade de marcas é hoje um fato na sociedade brasileira. “Isso reflete que a união em torno de diferentes produtos, selos e marcas está cada vez mais em evidência. A própria campanha Milho é Melhor, que promove o aumento do consumo brasileiro de derivados de milho, constituiu uma marca”, afirma. Ele também explica que, para os pequenos produtores, a dificuldade maior na hora de vender é a atuação restrita em mercados locais e regionais limitando a expansão comercial. “Outro problema é a falta de união dos elementos da cadeia produtiva para conquistar novos mercados de exportação, a exemplo da nossa fruticultura, que poderia ter uma participação maior no mercado internacional”, exemplifica. Mas Nelson Kowalski considera o cenário amplamente favorável ao desenvolvimento do agronegócio brasileiro, principalmente porque estamos nos capacitando mais rápido e mais intensamente que o restante dos nossos competidores internacionais. Por outro lado, segundo ele, a agricultura das nações desenvolvidas está atravessando uma grande mudança gerencial, passando das mãos dos produtores tradicionais para empresários com atua-

Mesmo sendo o maior produtor e exportador mundial de grão de café, o Brasil ainda deixa que outros países – como a Alemanha, por exemplo, que não tem um pé de café plantado – ganhem lucrem muito mais com o beneficiamento e a seleção do produto. Para tentar reverter esse quadro, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA - Brazil Specialty Coffee Association) promove, através de pesquisas e da difusão de técnicas de controle de qualidade e promoção de produtos, os padrões de excelência na qualidade dos cafés brasileiros oferecidos ao mercado internacional. Fundada em 1991, a associação tem participado dos principais eventos internacionais relacionados ao mercado de cafés especiais, também designados como gourmet. Desde 1993, a entidade também é responsável pela organização de encontros na Europa com torradores gourmet. Mais ainda existe um longo caminho a percorrer na tentativa de vender uma imagem melhor do café brasileiro. Segundo dados da BSCA, cerca de 200 mil fazendas produtoras ainda estão longe da especialização e da produção de um café que ganhe respeito entre as entidades que ditam as normas ou os ganhos financeiros internacionais. Das 48 milhões de sacas colhidas pelo Brasil na última safra, apenas 1% teve padrão de excelência. Atualmente, os estados que mais têm surpreendido na produção do café arábica são Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Minas Gerais.


A principal peça de marketing da associação é a gestão do Programa Cafés do Brasil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Agência de Promoção de Exportações (Apex). Dentro do projeto a BSCA organiza esse ano um júri internacional para vai avaliar 171 amostras préanalisadas no 5º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence. Os lotes vencedores vão a leilão na internet no dia 9 de dezembro. Os quatro leilões anteriores foram um sucesso, resultando em preços recorde. Na edição anterior do concurso o lote vencedor foi arrematado por US$ 1,699 a saca. O presidente Associação Brasileira de Cafés Especiais, Marcelo Vieira, explica que essas ações têm conseguido um retorno no mercado de cafés especiais desenvolvendo parcerias com pequenos e médios torradores regionais. A BSCA fornece a matéria-prima com a qualidade e consistência que os produtores necessitam e também conteúdo para seu marketing, com a identificação da origem e dos métodos de produção, o que lhes garante a rastreabilidade do produto e mais valor agregado ao nosso café. “Vemos também um bom campo para o desenvolvimento de parcerias com distribuidores de alimentos e redes de varejo para o produto industrializado, mas esta fase está apenas começando e ainda precisamos vencer algumas barreiras, tanto comerciais como de formação de marca”, explica. Segundo Vieira, um atributo importante para agregação de valor no mercado de café é a diversidade de oferta para permitir a segmentação do mercado. “Nesse ponto temos uma boa vantagem competitiva, devido à diversidade regional de nossa produção. Precisamos ir a um nível mais alto e fixar nossas regiões produtoras e a

grande diversidade de tipos dentro delas”, acredita. Para o presidente da BSCA, o principal problema dos pequenos e médios produtores rurais é a falta de formação para possibilitar um relacionamento direto com o comprador final. Segundo ele, essa é a melhor maneira de agregar valor ao produto, encurtando a cadeia de comercialização. “Precisamos investir muito no treinamento e na capacitação do nosso pessoal para permitir um melhor posicionamento em longo prazo no mercado internacional”, afirma. Para Marcelo Vieira, temos hoje uma

performance excelente na luta contra os subsídios agrícolas, com uma postura mais agressiva na defesa de nossos interesses e com mais conhecimento de causa. “É o que se pode observar nas recentes negociações em Cancún, onde o grande sucesso da postura brasileira foi o fato de não nos obrigarmos a fazer um mau acordo. Temos que evitar uma acomodação, pois hoje somos muito competitivos graças a uma taxa de cambio favorável. Precisamos constantemente trabalhar nossos custos e eficiência para garantir competitividade em longo prazo”, finaliza.

Das 48 milhões de sacas de café colhidas pelo Brasil na última safra, apenas 1% teve padrão de excelência

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Casos do agronegócio Assim como em outros setores da economia brasileira, na agropecuária a distância entre os produtores e as universidades ainda é grande. Para aproximar os pesquisadores da realidade rural foi criado o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa). O Pensa é uma organização que integra os Departamentos de Economia e Administração da FEA/USP, cujas atividades começaram em 1990. Sua finalidade é promover estudos sobre o agronegócio brasileiro e, em sua página na internet (www.fia.com.br/PENSA), é possível ter acesso a uma série de estudos de caso que mostram como o setor vem se articulando e se transformando em negócio. Com relação à criação de marcas, o professor Décio Zylbersztajn, coordenador geral do Pensa, tem uma opinião clara que diverge do que é comumente divulgado na mídia. Para ele, os exemplos de diferenciação são encontrados fora dos commodities como soja e café. O Brasil, segundo Zylberstajn, ainda tem poucos exemplos de produtos com valor adicio-

nado, mas alguns deles são de pequenas empresas e de cooperativas. Para melhorar o desempenho do agronegócio com relação a essa questão, o pesquisador aponta algumas saídas, como investir em logística e retirar os tributos de exportação que acabam inviabilizando muitas operações. “Sei que é difícil falar de redução tributária em um momento de ajuste orçamentário. Mas o problema tributário é um vestígio da Lei Kandir, que teve boa intenção mas um efeito perverso”, avalia. O coordenador geral do Pensa diz que o produtor brasileiro precisa aprender a vender produtos com valor agregado e que o primeiro passo para isso seria um maior envolvimento com os canais de distribuição. “A tradição brasileira sempre foi a de vender commodoties, uma prática que se caracteriza por mercados impessoais”, acrescenta. Marcos Fava Neves, outro pesquisador do Pensa, também acredita que o agronegócio precisa de um trabalho mais intenso junto aos canais de distribuição. “O que deve valer é a correta aplicação de inteligência de

marketing na prospecção de novos mercados e inovação em produtos e marcas”, sugere. Ele acredita que a solução passa pela integração internacional do sistema cooperativista brasileiro, que deveria servir de canal de entrada, complementando linhas de produtos. “Qualquer empresa pode fazer esse trabalho em qualquer cadeira produtiva”, avalia. Para o pesquisador, o Brasil precisa de ações conjuntas se quiser vender uma imagem de fornecedor mundial de alimentos. “Devemos trabalhar para que daqui a dez anos, quando se falar em produzir comida no mundo, o primeiro país que virá a mente das pessoas será o Brasil, com uma produção confiável, moderna, sustentável e distribuidora de renda”. Neves explica que esse processo já começou com o surgimento das marcas internacionais de empresas brasileiras exportadoras de frangos e de suco de frutas, além de franquias nacionais de alimentos que iniciaram sua internacionalização. “Essas são oportunidades muito interessantes de captura de valor em serviços, royalties e marca”, afirma Neves. CADEIA DA LARANJA Em outro trabalho feito sob encomenda, o pesquisador coordena o mapeamento da cadeia produtiva da citricultura a pedido do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). O estudo – segundo realizado por meio dessa parceria – tem o objetivo de atualizar as características de toda a cadeia produtiva da laranja. O primeiro projeto foi concluído em 2001 e resultou na criação da “Laranja Bra-

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Décio Zylbersztajn, coordenador geral do Pensa, sugere um envolvimento maior dos produtores com os canais de distribuição


MARCA PRÓPRIA É...

De acordo com Neves, o trabalho mostra a importância do segmento para o país em termos econômicos e sociais. “Conhecendo exatamente como é a cadeia citrícola, fica mais fácil para os produtores, os empresários e o governo se organizarem e iniciarem o desenvolvimento de políticas públicas e privadas que podem melhorar ainda mais o desempePesquisa pretende saber qual é o potencial da nho do setor”, excitricultura, principalmente no mercado interno, plica. Um mercado que ainda é pouco explorado ainda pouco explosil”, uma instituição formada por prorado pela citricultura brasileira é o dutores e empresas que atuam em diinterno. Em 2000, das 355,7 milhões ferentes setores da cadeia produtiva de caixas produzidas em São Paulo, com a missão de promover a citricul74% foram processadas pela indústura brasileira. tria e apenas 25,4% dirigidas ao merA pesquisa vai mapear todos os cado interno. setores da cadeia, incluindo insu“A pesquisa pode apontar novos mos agrícolas, produtores e seus forcaminhos para produtores e indústrias necedores, indústrias de suco, disse organizarem em um esforço para tribuidores, mercado consumidor, estimular o crescimento do consumo”. transporte e logística, armazéns e O projeto também será fundamental maquinário. A intenção é verificar para orientar o trabalho do Fundecicomo está a representatividade da trus e de outras organizações que atucitricultura no mercado brasileiro, am no combate de pragas e doenças destacando as transações financeina citricultura. “Os resultados do esras realizadas, o número de empretudo podem apontar as regiões que gos gerados, as principais regiões mais sofrem com problemas de doprodutoras e industriais e o desenenças e também os locais em que volvimento das pesquisas científidevem ser feitas ações de pesquisa cas e tecnológicas. mais focadas”, diz Neves.

Talvez um dos aspectos mais discutidos hoje nas atividades dos varejistas. É uma importante ferramenta para o distribuidor em um setor cada vez mais competitivo e, por outro lado, tem diferentes papéis na indústria de alimentos. As marcas próprias são desenvolvidas e gerenciadas por distribuidores (varejistas, atacadistas e o setor de serviços) que colocam suas marcas nos produtos e vendem aos consumidores finais. Nos países europeus, as vendas de produtos com marcas próprias alcançaram US$ 250 bilhões em 1997 e cerca de US$ 305 bilhões em 2000, mantendo um crescimento anual de 7% em toda Europa desde 1990. O mesmo acontece nos Estados Unidos, onde algumas cadeias varejistas possuem 30% do seu mix de produtos composto de marcas próprias. Em países como a Suíça, por exemplo, a participação das marcas próprias no varejo alcança mais de 50% do total das vendas. Em seguida vêm a Inglaterra, com 37%; o Canadá, a Holanda e os Estados Unidos, com 25%, 23% e 15%, respectivamente. Enquanto isso, nos países latino-americanos, as marcas próprias representam em média 5% do total das vendas, o que mostra o imenso potencial para crescimento. Fonte: Marcos Fava Neves/ Pensa

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Certificação orgânica O setor de produtos orgânicos no Brasil cresce a uma taxa média anual entre 30% a 50% e gera um faturamento de R$ 300 milhões por ano. Por esses motivos, o País sediou este ano a primeira edição latino-americana da Conferência Biofach (Desenvolvimento de Mercados Orgânicos). A feira, considerada o evento internacional mais importante da agricultura orgânica, aconteceu no final de setembro no Rio de Janeiro, reunindo 50 expositores, 40 palestrantes e um público estimado entre 800 e mil pessoas. As conferências sobre esse mercado e o desenvolvimento sustentável reuniram especialistas da América do Sul e da Europa. Isso prova que os produtores desse setor estão cada vez mais organizados fora dos limites das suas propriedades, com forte presença no mercado de certificação e exportação. No meio da discussão sobre os transgênicos não faltam exemplos de empresas que conseguiram mercado para seus produtos dentro e fora do país. Há dez anos abastecendo grandes indústrias alimentícias da Europa e da Ásia, a paranaense Gama quer duplicar as vendas externas em 2003. Empresa nacional voltada para o mercado externo, só no ano passado, a Gama comercializou 1,7 mil toneladas de soja orgânica no mercado internacional e agora tem previsão de exportar 3,8 mil toneladas. “Trabalhamos com foco no cliente, desenvolvemos os grãos da soja com a riqueza exigida pelo rígido mercado japonês e só alcançamos a excelência de qualidade nos alimentos man-

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tendo o foco em nosso Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável”, ressalta o diretor de marketing Leonardo Nasser Gardemann. Somando esses números às 3 mil toneladas da exportação de soja convencional, a empresa detém mais de 80% das vendas externas do grão para consumo humano. Essa estratégia está conquistando os consumidores atônitos com a polêmica dos transgênicos. Gardemann explica que a alta qualidade da soja convencional não modificada geneticamente produzida pela empresa é resultado do Programa de Identidade Preservada (PIP), que estabelece normas para o processo de controle do produto em todas as fases, desde a semeadura até a exposição no ponto-de-venda, com os testes finais de transgênicos realizados em laboratórios nos Estados Unidos que guardam as amostras por um ano. A Gama monitora cerca de 400 agricultores espalhados nas regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste do País. A empresa também investe na mudança do modelo convencional de agricultura no que se refere ao uso de agrotóxicos e de outros insumos químicos, contratando produtores aptos a passar pelo processo de “ecologização” agrícola exigido pela agricultura orgânica. “De um total de 400 agricultores, 350 cuidam de plantações orgânicas. O processo de conversão da terra leva três anos e nós certificamos todos eles. Aqueles que entregam os grãos com a riqueza e o grau de pureza que exigimos, no caso da soja, recebem 30% a mais do valor do grão cotado na Bolsa de Chicago”, explica

Gardemann, da Gama, empresa que tem foco na certificação e na exportação de produtos orgânicos

o diretor de marketing da Gama. Segundo Gardemann, as empresas brasileiras de todos os portes estão agregando valor, desde microempresas até grandes corporações multinacionais. Porém, no que se refere à divulgação e à comercialização dos produtos, as médias e pequenas saem perdendo, na opinião do executivo, por não terem capital para investimentos. “Por isso, o que nos chega é a informação das grandes ou das multinacionais. Por outro lado, investimentos para agregar valores consideráveis ao produto requerem investimentos altos, o que em um país como o nosso é muito difícil para as pequenas e médias”, afirma Gardemann. Ele sugere que, para agregar valor e criar marcas, os agricultores devem estar atentos aos desejos dos consumidores e ir ao encontro de alternativas baratas. O diretor de marketing da Gama também acha que uma “Marca Bra-


sil” não deve estabelecer nenhum conflito com as marcas no mercado interno. Segundo ele, ela deve representar um valor a mais para as marcas já existentes e facilitar a penetração de marcas desconhecidas no exterior. “A Marca Itália para produtos de couro e alimentos é um exemplo, bem como a Marca França para produtos de moda, a Marca Alemanha para máquinas e assim por diante. Não vejo conflito, muito pelo contrário, isso seria um ganho”, observa. Com relação aos problemas relacionados com a logística no Brasil, Gardemann confirma que sua empresa, que exporta há mais de 10 anos, nunca teve um embarque portuário tranqüilo. “Cada embarque é uma surpresa. A falta de uma infra-estrutura logística trava muito o país nesse aspecto, que acaba se tornando uma série de operações onerosas demais e inviáveis. O sistema tributário é um ‘complicômetro’ e tanto, uma vez que, além das altas taxas para produtos de valor agregado, temos ainda o efeito cascata”, constata. Para o executivo, a base exportadora tem que aumentar significativamente tanto em número de produtos, como de participantes neste mercado. “Esta-

mos muito focados em grandes volumes e grandes empresas. Temos que desconcentrar. Para isso, é imprescindível soltar as amarras que dificultam o comércio exterior, incluindo o regime de câmbio. O controle do câmbio praticado hoje é negativo para o mercado. Nossa moeda deve ser conversível”. PLANTA-RIO Para chegar mais perto do consumidor final, além de criar marcas que reafirmam a qualidade do agronegócio brasileiro, também é preciso ter canais próprios de distribuição para fugir dos intermediários. É exatamente isso que a Associação de Produtores e Profissionais de Plantas e Flores do Estado do Rio de Janeiro (PlantaRio) começa a realizar. Como o apoio do Grupo de Agroindústria da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), foi criado o Mercado Atacadista de Flores e Plantas. O empreendimento, que será instalado nas imediações do Mercado São Sebastião (Penha Circular), apresenta um novo conceito de comercialização de flores e plantas com foco no cliente. Além de acompanhar as tendências mais modernas, presentes em projetos de shopping centers, o

Produtores de plantas e flores do Rio de Janeiro resolveram aproximar o contato com os consumidores criando um shopping atacadista

novo mercado tem mais de 17 mil m² de área construída e 6 mil m2 de estacionamento, e contará com um mix completo de flores, plantas e insumos para atender floristas, decoradores, paisagistas e comerciantes. Rogério Gomes, presidente da Planta-Rio, acredita que o maior produto do agronegócio “made in Brazil” poderá ser a atitude. Ele diz que o cenário atual valoriza o produto ecologicamente correto e que não carregue em seu trajeto do produtor ao consumidor atitudes socialmente irresponsáveis. “O apelo pelo produto responsável é o caminho mais rápido para a agregação de valores, principalmente para exportação. As intermináveis discussões sobre transgenia, independentemente de quem está certo ou errado, dão uma noção da importância da imagem do produto e são um divisor de águas para futuras negociações, podendo derrubar ou alavancar cotações”, avalia. Segundo Gomes, é inegável que grandes as corporações têm capacidade de investir fortemente em alguns setores do agronegócio, como a soja por exemplo. Porém, a capacidade de organização do pequeno produtor pode fazer a diferença. Ele cita o exemplo da floricultura nacional,

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apa que utiliza áreas bem menores do que a fruticultura ou a olericultura e emprega mais pessoas, gerando mais renda por hectare. “A Colômbia, por exemplo, exporta US$ 550 milhões, enquanto o Brasil vende apenas US$ 13 milhões ao exterior. Temos todos os elementos para oferecer um produto que preserva a Mata Atlântica, uma vez que essa atividade necessita de pequenas propriedades. Tem o apelo do tropicalismo, principalmente na Europa onde nosso produto é desejado”, avalia. Rogério Gomes aposta na idéia de que os produtores rurais brasileiros precisam ser ainda mais agressivos quando pensam em criar uma marca. “Não devemos pensar nas nossas marcas somente em nossos supermercados, temos de imaginá-las em outros supermercados”. Na visão do presidente da Planta-Rio, a produção rural exige áreas com pouco apelo de varejo e visitação, que geralmente são distantes dos grandes centros. Por isso, argumenta Gomes, o produtor precisa ter um local que sirva como referência para que ele possa escoar seu produto de forma organizada e com bom controle A produção de orgânicos, como a soja, pode ser um novo nicho para os produtores brasileiros

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da inadimplência, sem que ele precise estar constantemente fora da propriedade. “Nós da Planta-Rio criamos uma central de escoamento em atacado - Planta-Rio Center, o Shopping da Floricultura - que organiza a cadeia de comercialização e proporciona esse conforto operacional de que o produtor precisa. O produtor precisa estar focado na qualidade do seu produto e, para isso, precisa estar tranqüilo quanto ao escoamento e o recebimento de seus produtos em dia”, adverte. CERTIFICAÇÃO André Luis Malzone, presidente da Associação de Agricultura Orgânica Certificadora (AAOCERT) tem uma visão mais pessimista sobre a criação de marcas no agronegócio nacional. Ele acha que a criação, o desenvolvimento e a manutenção de marcas nacionais e mundiais fortes exigem condições que dificultam a participação da maioria das empresas nacionais. “Essa questão no Brasil tem exclusividade das multinacionais e das cadeias produtivas construídas, reguladas e controladas pelo merca-

do de commodities agrícolas”, afirma. Porém, Malzone cita duas exceções no setor agrícola que estão conseguindo uma inserção internacional tardia: a Cutrale (produtora e exportadora de suco de laranja) e a Aracruz Celulose (produtora e exportadora de celulose). Outros dois projetos nacionais com visão internacional, de acordo com ele, são o trabalho das cooperativas e associações de produtores de café da região do Cerrado Mineiro, que criaram a marca “Café do Cerrado”, uma denominação de origem controlada com forte apelo comercial com propaganda no exterior; e o açúcar orgânico Native, que hoje exporta a maior parte de sua produção a partir do interior paulista. “De qualquer maneira, acredito que o agronegócio brasileiro tem plenas condições de criar marcas e, principalmente, agregar valor aos seus produtos. Ninguém tem dúvida que, porteira adentro, em termos de área, condições ambientais e custos de produção, a agricultura e a pecuária nacional são imbatíveis”, esclarece.


Potencial exportador As exportações do agronegócio brasileiro no período de janeiro a setembro de 2003 registraram uma receita de US$ 22,37 bilhões, indicando um aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2002. Os bons números não pararam de surgir em 2003: o setor exportou 3,15 bilhões de dólares em outubro, 12% a mais que no mesmo mês em 2002, um recorde e o melhor resultado já obtido no mês de outubro. O agronegócio tem uma participação de 42% do total das exportações brasileiras. O complexo soja continua com o maior saldo positivo, atingindo US$ 6,31 bilhões, ultrapassando os US$ 311 milhões de divisas arrecadadas no ano de 2002. Mas setores com maior valor agregado começam a vender mais pelo mundo. Um desses exemplos vem da Braspelco, a maior exportadora de couro bovino do Brasil, que inaugurou em outubro sua mais nova unidade produtiva. Situada em Itumbiara (GO) a 200 Km de Goiânia, a fábrica deve gerar 2,8 mil empregos diretos e cerca de 5,5 mil indiretos. Posicionada estrategicamente no coração da pecuária brasileira (próxima dos rebanhos do Triângulo Mineiro e dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, além do próprio Estado de Goiás), no total a empresa investiu R$ 190 milhões no projeto. Tanto em escala de produção quanto em tecnologia empregada na fabricação de couro, a fábrica também está em harmonia com o meio

Nova fábrica da Braspelco em Itumbiara (GO) deve aumentar as vantagens dos manufaturados em couro no mercado internacional

ambiente, já que todo resíduo produzido será reciclado e usado na própria fazenda. A nova fábrica tem capacidade para produzir até dois milhões de peças por ano. A expectativa é que a nova unidade tenha um faturamento anual de US$ 200 milhões, aproximadamente 50% do total da empresa, até 2005. “Investimos em tecnologia a fim de realçar ainda mais as vantagens competitivas do mercado brasileiro frente aos concorrentes internacionais”, diz Arnaldo José Frizzo Filho, diretor-superintendente da Braspelco. Com uma participação no mercado de couro brasileiro em torno de 9,7% e de 2% no mercado mun-

dial, a empresa atua nos segmentos de couros industrializados para móveis, calçados, acessórios, aeronáutica e automóveis. Entre seus principais clientes estão Embraer, General Motors, Volkswagen, Audi, Fiat e indústrias moveleiras da Itália, China e EUA. Para criar todo esse legado, Frizzo, um empreendedor nato, deixou os negócios familiares e partiu em busca de experiência. Trabalhou por 14 anos no Curtume Cantusio, em Campinas (SP). Lá, desenvolveu inúmeros estudos analíticos do mercado de couro brasileiro e mundial. Em 1986 associou-se a alguns empresários do setor e criou a Brasil, Peles e Couros (Braspelco), uma proposta ino-

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apa

João Valduga investiu no consórcio de exportação de vinhos finos e na melhoria da qualidade para criar a sua marca

vadora na produção do couro nacional. A primeira fábrica surgiu em Uberlândia, Minas Gerais, região onde se concentram os fornecedores de uma delicada matéria-prima: o couro cru. Em 15 anos, a empresa construiu outras 19 filiais (fábricas e pontos comerciais) e se tornou um caso de sucesso. “O problema mais terrível nos últimos cinco anos tem sido o roubo de cargas, somado com a má qualidade das estradas. A dependência que nós temos nas rodovias fez com que dobrasse o custo do transporte interno. Isso significa mais 2% no preço de venda dos nossos produtos”, diz Frizzo. Segundo o empreendedor, considerando o faturamento da Braspelco, são cerca de oito milhões de dólares de custo adicional por ano. “A cada quatro ou cinco anos, sem esse custo poderíamos construir novas fábricas como a que acabamos de inaugurar”, lamenta. O Brasil, diz Frizzo, começou a despertar para o agronegócio há apenas cinco anos. “Ser do agrone-

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gócio, diz, até alguns anos atrás era ser visto como caipira”. Dos anos 80 até hoje, segundo o empreendedor, o País estava mergulhando em atividades para as quais não tinha nenhuma vocação natural como para a agropecuária. “No couro somos o maior competidor do mundo e só não transformamos esse poder em vantagem devido à Lei Kandir”, reclama. Segundo Frizzo, na prática, essa lei prejudica qualquer beneficiamento e processo de agregação de valor no agronegócio, pois gera acúmulo de crédito tributário. Ao regulamentar a lei Kandir, afirma o diretor-presidente da Braspelco, as receitas estaduais e a federal tornaram a restituição desses créditos uma via-crúcis. “Ela desonera o produto primário, pois isenta o imposto na origem, o que é justo; mas o produto manufaturado do agronegócio sofre com a falta de restituição o que é uma regra, pois os estados são deficitários na sua arrecadação e não pagam o que devem”, dispara.

De acordo com o empreendedor, devido aos problemas relacionados com a Lei Kandir, o setor coureiro tem um potencial reprimido de exportação de mais em 4 bilhões de dólares em curto prazo, capaz de gerar mais 400 mil empregos. “Em 1985 nós manufaturávamos 90% de todo o couro brasileiro e hoje estamos em 40%. Ou seja, 60% é exportado em grau primário. Estamos levando nosso couro para manufaturar na China, o que não é nada certo”, diz. O pagamento dessas restituições tributárias, segundo Frizzo, também poderiam ajudar na agregação de valor a produtos como café e soja. VINHOS FINOS Os produtores de vinho do Brasil, em razão da melhora no cultivo das parreiras nos últimos anos, almejam conquistar novos nichos de comercialização da bebida no mercado internacional. A Casa Valduga, vinícola localizada em Bento Gonçalves (RS), é uma das empresas que direcionou parte dos seus negócios para o exterior. Em outubro, a vinícola embarcou a segunda remessa de mercadorias para o mercado externo, aproximadamente 700 caixas de vinho. Foram enviados para Suíça os vinhos Pinot Noir, Cabernet Sauvignon e Merlot, todos da linha Seculum; além dos Chardonnay Premium, Assemblage Tinto e Espumante Brut Casa Valduga. Para reduzir os custos de exportação, a empresa faz parte de um consórcio para garantir maior representatividade no mercado internacional. O consórcio Wines From Brazil foi a estratégia encontrada para viabilizar a participação da Casa Valduga em eventos internacionais e em ações comerciais de compra e degustação. A empresa tem feito


prospecção de mercado em países com potencial de compra, como Estados Unidos, Canadá e União Européia. A Valduga também abriu um escritório de representação na Flórida, o que poderá beneficiar suas vendas no território americano. Formado há um ano por cinco empresas gaúchas, o Wines From Brazil tem o objetivo de desenvolver estratégias conjuntas de marketing e promoção comercial para alcançar, anualmente, US$ 500 mil em exportação de vinhos até 2005. No ano passado, o grupo contou com US$ 200 mil para promoção comercial e participou de três feiras internacionais, totalizando US$ 100 mil em negócios no exterior. O próximo passo é dobrar o financiamento com a Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex-Brasil) para conseguir aumentar as exportações em 50% ao ano, nos próximos três anos. A empresa, segundo João Valduga, está trabalhando há dois anos com o consórcio de exportação. Ele explica que já havia tentado promover sozinho a venda dos seus produtos fora do Brasil, mas não conseguiu êxito. “Cada país tem uma filosofia de distribuição diferente da brasileira. Por isso é preciso conhecer muito bem cada mercado”, diz. A empresa investe 1,5% do seus faturamento em marketing. A maior parte do investimento é destinado ao aumento da qualidade do produto e à certificação dos vinhos produzidos. “Nossa estratégia está baseada em qualidade. Foi isso que fez a empresa expandir seu mercado”, avalia. Valduga prevê no próximo ano um resultado de 10% do faturamento em exportação e espera chegar em 2005 com um índice de 20%.

Elo de ligação O diretor executivo do Uniemp, Cesar Ciacco, aponta alguns caminhos para o agronegócio brasileiro e mostra a força da instituição, que une o setor privado e a pesquisa científica O Instituto Uniemp – Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa, foi criado em 1992 por um grupo de empresários e acadêmicos interessados em desenvolver mecanismos que facilitassem o relacionamento entre universidades, empresas e o setor público, atuando como um elo de ligação entre essas três pontas. A partir da segunda metade da década de 90, o Instituto, através dos recursos provenientes dos projetos, alcançou a autonomia financeira, cessando a contribuição das empresas instituidoras que o mantinham. Atualmente, o Uniemp administra cerca de 80 projetos ao ano, envolvendo um volume financeiro de aproximadamente R$ 20 milhões. O investimento médio por projeto é cerca de R$ 250 mil. Uma das pesquisas do Uniemp ligada ao agronegócio é “Alteração da qualidade da madeira em eucalipto”, que está sendo realizada através da parceria entre o instituto e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). A Cia Suzano de Papel e Celulose é a patrocinadora do projeto, junto com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa visa alterar a expressão dos genes responsáveis pela composição química da parede celular do eucalipto. A idéia é diminuir o teor de lignina e de outros produtos químicos existentes na madeira e que são difíceis de extrair no processo de produção do papel. Com essas alterações os custos para obtenção de celulose serão menores, garantindo mais rendimento da produção. “A importância dessa parceria é justamente a inovação tecnológica. Aí está a verdadeira inovação”, coloca o diretor executivo do Uniemp, Cesar Ciacco. Nessa entrevista, Ciacco mostra os avanços desse tipo de parceria que pode ajudar o agronegócio brasileiro.

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GUIA EMPREENDEDOR RURAL – As pesquisas na área agropecuária criadas pelo Uniemp têm menos dificuldades para conseguirem investimento e parcerias do que em outras áreas produtivas? Cesar Ciacco – Não, o processo para conseguir o investimento necessário a um determinado projeto é semelhante em qualquer segmento de atuação. E um ponto positivo na área de agronegócio no Brasil é que os envolvidos nessa cadeia produtiva já vêm colhendo bons resultados de pesquisas que foram pioneiras no setor, como os estudos avançados feitos com o setor citrícola e com a cana-de-açúcar, por exemplo. Esses projetos impulsionaram os outros que vêm sendo desenvolvidos, como o Genoma do Boi, o Genoma do Eucalipto, o Genoma do Café, o Mapeamento da Cadeia do Trigo, e muitos outros. Ou seja, este setor já tem experiências positivas e sabe que investir em pesquisa científica e tecnológica vai trazer bons resultados e impulsionar o desenvolvimento e o crescimento do segmento. É por isso que novos projetos estão sendo estudados com entusiasmo. RURAL – Com a experiência do Uniemp em projetos ligados ao agronegócio brasileiro já se pode definir quais são os seus principais gargalos? Ciacco – De forma prática, a questão das patentes é um dos pontos que deveriam ser considerados como prioritários. A logística é o maior de todos. O agronegócio produz enorme volume de carga que deve ser transportada do campo para as indústrias e daí para os portos. Pedágios, portos, combustíveis, tudo isso é muito caro no Brasil e pesa muito porque a maioria do agronegócio é de produtos de baixo valor agregado. No mais, é a burocracia infinita (19 documentos são necessários para exportar), o Custo Brasil, os juros altos

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e a imprevisibilidade econômica que retraem o investimento. RURAL – No Brasil, cerca de 150 empresas exportam quase 80% do total exportado no agronegócio. Além das pesquisas científicas, o que precisa ser feito para aumentar o número de empresas exportadoras nesse setor? Ciacco – A redução do Custo Brasil, do custo São Paulo e a desoneração com desburocratização das exportações, além, é claro, da estabilidade econômica que traz previsibilidade de investimento. Nesse caso específico, as indústrias do agronegócio sofrem os mesmos problemas das demais indústrias. RURAL – Existem projetos de agronegócio em estudo para o ano de 2004? Na sua opinião, os projetos nessa área podem crescer dentro do Uniemp? Ciacco – Sim, o sucesso com o mapeamento da cadeia do trigo, por exemplo, já sinalizou movimentos na cadeia produtiva do arroz. A idéia está em estudo, mas pode ser a nossa próxima iniciativa. Em relação ao crescimento dos projetos, acredito que o setor pode se destacar no Uniemp sim, na medida em que ganhamos experiência e mais conhecimento. RURAL – Na sua opinião, de que maneira o agronegócio brasileiro pode aumentar a criação de marcas e a agregação de valor tanto no mercado interno como no externo? Você concorda que essa prática está quase sempre associada a grandes empresas – a maioria multinacionais – e a cadeias produtivas como a da soja e a do café, por exemplo? Cesar Ciacco – Essa é uma questão delicada. A criação da “Marca Brasil” é

uma discussão antiga e que vem sendo muito falada. O agronegócio é um setor forte no Brasil e pode impulsionar a idéia. Mas ainda temos muitas dificuldades para enfrentar. No Brasil, há um crescimento no número de marcas próprias vendidas nos supermercados, por isso fica um pouco difícil unir toda uma cadeia em torno do mesmo objetivo. A logística no Brasil é cara e impede a exportação de produtos embalados. O sistema tributário pune a agregação de valor, já que, quanto maior a cadeia produtiva, maior o imposto agregado. Ou seja, são idéias que ainda exigem muita discussão. Linha Direta Casa VValduga alduga www.casavalduga.com.br Braspelco (34) 3218 0900 Gama www.gama.com.br BSCA www.bsca.com.br Abimilho www.abimilho.com.br Ricardo de Souza Sette/ UFLA ricsouza@ufla.br Mariza Barbosa/ Embrapa diretoria.mariza@embrapa.br Décio Zylbersztajn dezylber@usp.br Marcos Fava Neves mfavaneves@usp.br Marcus Pratini de Moraes Filho www.ruraltrading.com.br André Luis Malzone (11) 3673-8013 Marcos Luiz Leal Maia (21) 2410-7488 Rogério Gomes/Planta-Rio (21) 3433-9329 José Luiz Ricca www.sebraesp.com.br Jorge TTav av ares avares (81) 3302-1011 Instituto Uniemp (11) 288-0466


INFORME SEBRAE SANTA CATARINA BUSCA COMPETITIVIDADE NA FLORICULTURA MUNDIAL Uma parceria inédita envolvendo o SEBRAE/SC, Epagri, Senar, Mercaflor e Aproesc (Associação dos Produtores de Flores de Santa Catarina) transformou Santa Catarina num importe pólo produtor e exportador de flores e plantas ornamentais. O Flora BrasilisSC, ou o chamado “Pólo das Flores”, representa hoje a mais importante iniciativa de organização deste setor, que tem na produção de plantas de jardim o seu carro- chefe. Criado com o objetivo de imprimir a marca da qualidade nos produtos catarinenses visando ganho de competitividade nos mercados nacional e internacional, o projeto Flora BrasilisSC abrange um triângulo imaginário no mapa de Santa Catarina. Da região de Joinville, norte do Estado, até Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí, e a região da Grande Florianópolis. Nesse espaço está 70% da produção estadual, sendo que hoje Santa Catarina é o terceiro produtor nacional de flores, respondendo por 8% do mercado nacional. De 115 produtores em 1985, o Estado fechou 2002 com 370, um crescimento de mais de 200%. O gestor de Agronegócios do SEBRAE/SC, Ricardo Brito, explica que diversas ações em andamento criam as condições necessárias para a conquista de novos mercados, especialmente o mercado externo. É através de cursos para produção e para gestão empresarial, consultoria tecnológica individualizada, missões compradoras e participação em feiras nacionais e internacionais que o Flora Brasilis-SC vai contabilizado resultados positivos. “ Nossa expectativa é que 15% dos 90 produtores envolvidos no projeto estejam em condições de exportar regularmente e 30% em condições de vender para o mercado externo por meio de consórcios”, aposta. O mercado norte-americano é o pró-

ximo alvo a ser atingido. A atividade movimenta cerca de U$ 14 bilhões por ano nos EUA, país que consome mais do que produz e representa um grande mercado a ser conquistado. As chances são grandes. Pelo menos é nesta direção que aponta um estudo encomendado pelos participantes do Flora Brasilis-SC junto a uma universidade americana para prospecção do mercado dos EUA. “O grupo gestor do projeto tem agora uma série de informações que servirão de base para a elaboração de estratégias para colocação do produto catarinense no mercado norte-americano”, afirma Brito, salientado que as informações do estudo são exclusivas dos produtores do Flora Brasilis, por si só um grande diferencial competitivo. Mas, os produtores catarinenses querem mais e estão de olho no mercado europeu, onde planejam buscar mais espaço para aumentar ainda mais as exportações. Para participar do Flora Brasilis-SC é necessário ter registro de produtor na Secretaria Estadual da Fazenda, ser associado ou associar-se ao Mercaflor ou Aproesc. Mais informações pelo fone (47) 424-0269 ou pelo e-mail: florabrasilis-sc@mercaflor.com.br

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rtigo

O verdadeiro papel da agricultura brasileira Por Othon D' Eça Cals de Abreu* Durante um longo período, não muito distante, abundava o crédito agrícola no Brasil. Desde aquela época, o Brasil necessitava urgentemente de uma política agrícola. Os produtores rurais que quisessem ver florescer da terra, em tempo e em qualidade e produtividade, o fruto do seu esforço, viviam de créditos momentâneos, sem uma visão de futuro que lhes garantisse a próxima safra. Antes do crédito, era imperioso ter uma política que permitisse aos produtores rurais ampliarem seus negócios dentro de técnicas modernamente aceitas. Isso, sem dúvida, é planejar dentro de uma política global de longo prazo. É fundamental que o produtor rural planeje o seu hoje sabendo o que o espera amanhã. O setor primário como um todo transforma-se, cada vez mais, num empreendimento rural de elevada importância econômica e social e que, por isto mesmo, pode e deve utilizar os instrumentos que lhes dêem um mínimo de garantia de resultados tendo a tecnologia como sua fiel e eficiente aliada. O processo é longo, mas previsível, começando pelo preparo da terra, passando pela aplicação adequada de fertilizantes, prevendo a capacidade de colheita e, final-

mente, pela estratégica armazenagem do produto. Temos que reconhecer que houve avanços significativos, principalmente após a globalização, que levaram os produtores rurais à retomada da produção. A cada novo recorde de safra, há sinais de mudança de postura em busca de maior eficiência e competitividade. Em programas lançados pelos últimos governos, dentro de um planejamento lógico, criaram-se linhas de crédito que beneficiaram o custeio, a mecanização e, agora, também a armazenagem de grãos que integra a cadeia produtiva do agronegócio como um elo de vital importância. Esse crédito à armazenagem, embora necessitando ainda de muitos ajustes, apresenta-se como o primeiro apoio oficial para atenuar as perdas da agricultura. Realmente é inadmissível, em um país onde parte da população passa fome, que as perdas de grãos cheguem praticamente a 10% da safra. O prejuízo corresponde a 10 milhões de toneladas, ou aproximadamente US$ 1 bilhão, pela falta de armazéns graneleiros em propriedades rurais. A deficiência nas estruturas de armazenagens de volume e no transporte ocasionam perdas que comprometem a quali-

Realmente é inadmissível, em um país onde parte da população passa fome, que as perdas de grãos cheguem praticamente a 10% da safra

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dade dos grãos (soja, milho, trigo e arroz). Entendemos, ainda, que a política ideal não é a concentração da safra em grandes silos, mas a distribuição desta em pequenas propriedades rurais, cada cada silo dimensionado para a produção da fazenda. Ou então a reunião de pequenas propriedades para serem atendidas por um único silo (grupo de produtores ou cooperativas). Para exemplificar, citamos que, enquanto no Brasil apenas 5% das colheitas são armazenadas no local das lavouras, na Europa esse índice chega a 50% e nos Estados Unidos a 65%. A nossa vizinha Argentina já se aproxima do nível de 25% da capacidade de armazenagem de grãos em nível de lavoura. A distância percorrida pelos grãos, além de encarecer o preço final do produto, reduz a sua qualidade pelo tempo de exposição e pelas condições do transporte. Essas armazenagens nas fazendas também propi-

ciam o aumento do nível de emprego na área rural, uma vez que demandam mão-de-obra para o manuseio de equipamentos. Por outro lado, vale salientar que a armazenagem na fazenda evita os grandes focos de consumo de combustíveis, energia elétrica e desgastes das estradas, pois alivia a concentração em períodos de demanda de serviços, tornando-os mais equilibrados durante o ano. Como conseqüência direta do aumento da renda do produtor e do nível de arrecadação de impostos, o desenvolvimento dos municípios é fortalecido, gerando prosperidade e melhor equilíbrio social e econômico. E agora, no momento em que o governo brasileiro inicia uma grande luta contra as injustiças sociais, sobretudo contra a fome, a armazenagem de grãos se apresenta como uma grande aliada, pois reduzindo-se as perdas pela deficiência de estocagem, esses 15% de cada safra por certo aparecerão sob forma de comida. Dada a invejável e fértil extensão de área disponível para o cultivo no Brasil, que não encontra paralelo em nenhuma outra nação do mundo– especialmente as desenvolvidas, que já não têm espaço para ampliar a produtividade e estão no limite de suas fronteiras agrícolas –, o País não pode mais conviver com a fome. O celeiro do mundo tem, antes de tudo, que ser o celeiro do Brasil, alimentando, prioritariamente, aqueles que aqui vivem e contribuem para a construção de um país forte que tem a nobre tarefa de produzir para si e para os outros.

* Othon D' Eça Cals de Abreu é diretor-presidente da Kepler Weber AS e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers). O Grupo Kepler Weber vai investir R$ 85 milhões em uma nova unidade industrial que começa a ser construída em Campo Grande (MS). O grupo detém sozinho 60% do mercado nacional de armazenagem de cereais, 36% do mercado argentino, 70% do chileno e 90% do uruguaio além de atuar em outros países do continente europeu, africano e asiático.

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Gestão de Futuro No Brasil em que vivemos, não é fácil planejar cenários futuros. Se quisermos crescer, precisamos tentar coisas diferentes (é preciso inovar), envolver as pessoas, lutar para viabilizar, acreditar no negócio e nos profissionais e trabalhar muito. A essência dos negócios está no risco medido, cercado de investimentos em tecnologias de processos e de informações, para manter a competitividade e a venda do produto. Investir em capacidade de produção para continuar crescendo e em treinamento dos profissionais para mantê-los atualizados e capazes de assumir o desenvolvimento, conhecendo o que se propõem fazer. Há uma série de procedimentos que precisamos respeitar. O primeiro e o mais importante é o Sistema de Gestão escolhido para a administração da Companhia. O Sistema de Gestão METISA (SGM) vem sendo aperfeiçoado e ganha, a partir de 2004, um grande reforço, a ISO 9000 remodelada aos padrões mundiais. Nós estamos nos padrões mundiais porque estamos atentos às exigências e às mudanças do público consumidor. Planejar cenários futuros não é fácil, mas nós, da METISA, conseguimos!

Engº Edvaldo Angelo Diretor Presidente

A Metisa atende cerca de 11.000 clientes em todo o Brasil e exporta para mais de 40 países nos 5 continentes sempre com um atendimento pré e pós-venda profissional e qualificado.

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Gestão de Futuro No Brasil em que vivemos, não é fácil planejar cenários futuros. Se quisermos crescer, precisamos tentar coisas diferentes (é preciso inovar), envolver as pessoas, lutar para viabilizar, acreditar no negócio e nos profissionais e trabalhar muito. A essência dos negócios está no risco medido, cercado de investimentos em tecnologias de processos e de informações, para manter a competitividade e a venda do produto. Investir em capacidade de produção para continuar crescendo e em treinamento dos profissionais para mantê-los atualizados e capazes de assumir o desenvolvimento, conhecendo o que se propõem fazer. Há uma série de procedimentos que precisamos respeitar. O primeiro e o mais importante é o Sistema de Gestão escolhido para a administração da Companhia. O Sistema de Gestão METISA (SGM) vem sendo aperfeiçoado e ganha, a partir de 2004, um grande reforço, a ISO 9000 remodelada aos padrões mundiais. Nós estamos nos padrões mundiais porque estamos atentos às exigências e às mudanças do público consumidor. Planejar cenários futuros não é fácil, mas nós, da METISA, conseguimos!

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Automação da “caninha” Novo equipamento que permite controlar a temperatura durante o processo de fermentação pode ter sistemas tanto para produção industrial quanto de alambique Por Alexandre Winck

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pessoa que tem um modesto alambique nos fundos da residência e produz cachaça apenas para receber os amigos e jogar conversa fora está aos poucos dando espaço a um profissional preocupado com padrão de qualidade, comercialização e distribuição. Um projeto que vem sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia e Automação Industrial (Ctai) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epagri) visa levar a automação à produção caseira da "caninha". Foi criado um sistema que permite controlar a temperatura durante o processo de fermentação da cana, garantindo maior padronização do teor alcoólico da bebida. Segundo o coordenador de Desenvolvimento Tecnológico do Ctai, Carlos Fernando Martins, pesquisas feitas em Urussanga (SC), Antônio Carlos (SC) e São Pedro de Alcântara (SC) constaram a dificuldade em manter o controle da temperatura, resultando em grandes variações no mesmo produto. "Fosse a cachaça forte ou

fraca, queríamos que ela tivesse um padrão, como acontece com a mineira". O novo sistema conta com válvulas de controle que permitem maior ou menor passagem do melado, que se torna caldo cru com a fermentação, além de aumentar ou baixar o calor. Quanto maior a quantidade de caldo, a temperatura diminui e obtém-se uma bebida mais forte. Considera-se nessa categoria uma cachaça com teor de 48 GayLussac. Com o calor mais intenso, faz-se uma bebida mais fraca. O sistema conta com um sensor que detecta o nível alcoólico e sinaliza automaticamente para um sistema controlador que abre ou fecha as válvulas, subindo ou reduzindo a temperatura. "Isso tudo facilita para o produtor, que não precisa ficar cuidando o tempo todo", diz Martins. Segundo o técnico do Ctai, foi preciso muito estudo para chegar a um protótipo, um processo que levou inicialmente cerca de oito meses. Atualmente, o desenvolvimento leva entre quatro e cinco meses. O custo foi reduzido na mesma proporção, pois estava em R$ 7 mil e

agora fica em cerca de R$ 4 mil. O produtor pode escolher módulos para atividades específicas e o Ctai tem condições de desenvolver sistemas tanto para produção industrial quanto de alambique. Ele garante, no entanto, que não se trata de transformar os produtores artesanais em industriais. Afinal de contas, isso tiraria da cachaça feita em casa o seu principal diferencial, inclusive do ponto de vista comercial. "Vimos que essa questão da fermentação criava um problema, mas não se trata de automatizar de cabo a rabo". Em muitos casos, lembra Martins, esse processo serve para reduzir custos, pois permite que o produtor possa cuidar de outras coisas e viabiliza a fabricação noturna, por exemplo. Por enquanto, esse ainda é um projeto-piloto, com um único modelo funcionando na Epagri de Urussanga. Martins garante que existe muito interesse de produtores, inclusive de outros Estados, como Rio de Janeiro e Ceará. "Já existem pedidos, mas a gente ainda precisa conhecer os locais, não temos no-

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ondomínio

O sistema computadorizado traz vantagens sobre o processo tradicional, pois dispensa o acompanhamento constante da destilação

ção do tamanho dos alambiques". Ele explica que os produtores manifestam muita curiosidade. Querem saber, por exemplo, se o sistema pode ser aplicado em álcool anidro, o que é possível com adaptação. Há uma proposta, segundo o coordenador, de fazer um protótipo para ensino, uma espécie de mini-alambique que será usado para explicar o processo em feiras e congressos. O modelo existente está sendo utilizado pelo presidente da Associação Catarinense de Produtores Artesanais de Aguardente de Qualidade (Acapaaq), Jack Eliseu Crispim, engenheiro agrônomo da Epagri de Urussanga. Crispim, que fabrica sua cachaça desde o início dos anos 80, garante que o sistema, computadorizado, traz uma grande vantagem para o produtor, pois o processo tradicional de destilação exige acompanhamento o tempo todo. O alambique "automático" ainda não produz continuamente, sendo usado para demonstração. Um dos projetos que estão sendo desenvolvidos pela Epagri, em parceria com a Souza Cruz, é a utilização da queima de álcool no lugar da madeira retirada de eucaliptos ou árvores nativas no processo de secagem do fumo. A cana é produzida em Urussanga e a plantação de fumo em teste pertence a um produtor de Araranguá. Essa tecnologia, explica Crispim, ainda está em fase de ajustes, pois o álcool ainda custa mais caro do que a madeira. "Uma das idéias em que estamos trabalhando é aproveitar a sobra de 20% de bagaço de cana na produção de álcool pode ser utilizada na queima e reduzir os gastos". Crispim explica que há uma preocupação crescente em organizar e profissionalizar os produtores de ca-

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chaça feita em alambique no Estado. A associação, que atualmente representa 400 fabricantes, pertence à Federação Nacional dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca). Entre outras atividades, têm sido promovidos cursos de três dias de duração na estação da Epagri de Urussanga, que fornecem orientação sobre o plantio da cana e a fabricação da bebida. O Senai também está preparando treinamento para a montagem de cooperativas, com o objetivo de congregar os pequenos produtores, em um projeto que está em fase final de elaboração. O presidente da Acapaaq garante que um dos grandes problemas é que não há condições de todos os produtores de cana serem pessoas jurídicas. Segundo Crispim, se eles tentassem tornar seus negócios legais acabariam todos quebrando, tamanhos são

os encargos exigidos. Seria necessário um gasto mínimo de R$ 500 ao mês. "A maioria não ganha isso", diz Crispim. Ele consta que é extremamente difícil obter apoio dos órgãos oficiais para desburocratizar e conseguir financiamentos para a cachaça, devido aos preconceitos que ainda são alimentados em relação ao produto. "Eles dizem que a prioridade é milho, feijão, esse tipo de coisa. Se sobrarem recursos, podem ir para a bebida". CAPACITAÇÃO A coordenadora do projeto do Senai/Ctai para a melhoria da cachaça artesanal, Cláudia Romani, explica que existem hoje mais de 1,2 mil famílias no Estado trabalhando no setor sem ter empresa constituída. Só 43 estão registradas junto ao Ministério da Agricultura. "É preciso oferecer melhores condições de produ-

ção para que essa população possa obter mais qualidade de vida". Ela defende que uma das soluções é treinar o fabricante para que ele possa agregar mais valor à bebida. Mais uma vez, é citado o exemplo de Minas Gerais. "Lá eles fazem até cachaças de R$ 250, enquanto aquela produzida pelos pequenos está na faixa de R$ 1,00 a R$ 2,00". Cláudia informa que está sendo finalizado um acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para capacitação de 300 produtores, a um custo de R$ 1,5 milhão. Outro programa, que visa melhorar as estações da Epagri para o estabelecimento de laboratórios de capacitação, está em negociação – ela prefere não revelar a fonte – e custa ao todo US$ 750 mil. Esse projeto deve ser desenvolvido ao longo de três ou quatro anos.

Em Santa Catarina existem 1,2 mil famílias produtoras sem ter empresa constituída e apenas 43 estão registradas junto ao Ministério da Agricultura

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achaça

CACHAÇA E RUM “Você pensa que cachaça é rum...”. Tudo bem, a letra da música não é bem essa, mas é isso mesmo o que se pensa da bebida brasileira lá fora, principalmente no mercado norte-americano. Foi necessária uma batalha de 20 anos do setor para que a própria legislação brasileira, através da alteração do decreto 4.072/02, já sancionado, diferenciasse a cachaça como destilado de cana brasileiro. Agora, falta a aprovação da Organização Mundial de Aduanas (OMA), que já está com o projeto e deverá analisá-lo em sua próxima reunião, no mês de novembro. Segundo Múcio Fernandes, que também é assessor da Fenaca, esse problema se refere, no mercado externo, à classificação fiscal. A OMA coloca tanto o rum quanto a aguardente na categoria geral dos destilados de cana-de-açúcar. Foram necessários longos estudos, feitos na Universidade de São Carlos (SP), para comprovar a diferenciação do ponto de vista físico-químico. “Um dos fatores que separam um do outro é que o rum é feito a partir do melaço da cana e a cachaça, do caldo”. Apenas as marcas brasileiras tradicionais Velho Barreiro e Pitu, que já estavam no mercado de lá, escaparam. Como resultado, enquanto os Estados Unidos consomem anualmente 150 milhões de litros de rum, compram 120 mil de aguardente brasileira. A grande vantagem dessa diferenciação, explica Fernandez, será a possibilidade de vender a cachaça brasileira como um produto diferenciado, associado ao País da mesma maneira que a tequila tem sua imagem atrelada ao México. A falta de reconhecimento da bebida, embora o consumidor externo a aprecie, é um dos fatores que impedem que seja desenvolvi-

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do todo o seu potencial de exportação. O Brasil produziu em 2002 nada menos do que 1,3 bilhão de litros de aguardente de cana, mas vendeu para o mercado externo apenas 14,8 milhões de litros. Mesmo assim, o desenvolvimento foi impressionante nos últimos tempos. Há apenas quatro anos, eram exportados apenas um milhão de litros. A previsão para 2003 é chegar aos 30 milhões. “A participação da cachaça de alambique, de maior valor agregado, vai dobrar a receita das exportações. No exterior, o litro da cachaça de alambique é comercializado, em média, a US$ 3,50, enquanto a cachaça industrial é vendida a US$ 0,80”, defende o diretor-executivo da Fenaca, Murilo Albernaz. Esse otimismo resulta, em grande parte, de um trabalho que vem sendo feito desde o ano passado, reunindo a Fenaca, a Apex e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) por meio do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana (Pbdac). Segundo o presidente da Fenaca, Walter Caetano Pinto, o setor começou a receber apoio do governo federal para exportar cachaça desde que a bebida foi incluída no Programa Setorial Integrado (PSI) das exportações. A União está investindo na promoção de feiras e na participação de produtores em eventos internacionais, além da capacitação e profissionalização do setor para melhorar sua competitividade no exterior. O produto já faz grande sucesso em vários países da Europa. A nossa caipirinha já é a segunda bebida mais consumida na Alemanha, atrás apenas da cerveja. Múcio vai mais longe e diz que a cachaça tem tudo para ser considerada a bebida do século 21, pois consegue combinar preço acessível e qualidade, sem

necessidade de envelhecer o buquê, como acontece com o vinho e uísque. Para isso, é preciso também melhorar a imagem e vencer antigos preconceitos que costumam colocar a cachaça na categoria “bebida de pobre”, ou pior ainda, coisa de malandros e vagabundos. Ele garante que isso também já está mudando, principalmente nos últimos quatro anos. Já existem consumidores do produto nas classes A e B e marcas diferenciadas, de alta qualidade e preço maior. Outra discussão considerada importante, mas que ficou para outra ocasião, visa diferenciar a cachaça industrial daquela feita em alambique. Havia intenção de incluir o tema quando foi analisada a questão da separação do rum, mas não foi possível chegar a um acordo. Segundo Múcio, isso seria importante para os produtores artesanais porque permitiria colocar essa classificação nos rótulos. “Isso reforçaria o diferencial em relação ao produto feito em escala e acrescentaria valor agregado”. Além disso, por incrível que pareça, o produtor de alambique atualmente paga um Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) maior. Talvez por isso mesmo, os fabricantes industriais não quiseram aceitar a idéia e o debate foi adiado. Mesmo assim, a proposta da Fenaca já foi encaminhada à Coordenação de Inspeção Vegetal do Ministério da Agricultura. Entre as principais diferenças, está o fato de que a bebida de alambique passa por fermentação natural, enquanto a industrial leva aditivos químicos para acelerar o processo. Estima-se que o País tenha 30 mil famílias que produzem a aguardente tradicional, enquanto menos de 200 empresas trabalham com produção em massa.


CACHAÇA ANO 2002

PRODUÇÃO (LITROS) 1,3 bilhão

ANO 2002 2003

EXPORTAÇÃO (LITROS) 14 milhões 30 milhões (meta)

ANO 2002

RENDA DO SETOR R$ 500 milhões

ANO 2002

FAMÍLIAS PRODUTORAS (ARTESANAL) 30 mil

ANO 2002

PRODUTORES INDUSTRIAIS 200 Fonte: Fenaca 57

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achaça COOPERATIVISMO Desenvolver cooperativas está sendo a maneira dos produtores de cachaça artesanal conseguirem organização e estrutura suficiente para melhorar o produto e sua distribuição e mesmo investir no mercado externo. O maior exemplo disso é Minas Gerais, onde já existem 11 cooperativas em funcionamento, das quais seis são filiadas à Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade (Ampaq) e quatro estão em fase de conclusão. Esse movimento, no entanto, é recente, o que dificulta analisar sua viabilidade econômica, principalmente no mercado externo. Apesar dessa onda ter pouco tempo, houve pioneiros que se adiantaram no processo. Já funciona há quatro anos a Cooperativa de Produção e Promoção da Cachaça de Minas (Coocachaça), que está desenvolvendo um trabalho no mercado externo, com apoio da Agência de Promoção de Exportações (Apex) e Embratur, para comercializar sua marca "Samba & Cana" na Europa. Há fabricantes que exportam individualmente, mas os valores são pequenos e as vendas, pontuais. "O produtor pequeno ainda enfrenta dificuldades mesmo no mercado interno", explica o presidente da Ampaq, Luiz Cláudio Peixoto Curi. Mesmo aqueles de médio porte não encontram linhas de crédito específicas para o setor e por isso não conseguem atender grandes volumes com a padronização necessária para entrar no exterior. Além disso, o Ministério da Agricultura conta com apenas duas classificações de aguardente: Ouro (envelhecida e/ ou armazenada) e Prata (branca),

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embora haja outras variações do produto, o que poderia aumentar o valor agregado. Por isso mesmo as cooperativas estão sendo consideradas uma saída para articular o setor. O presidente da Ampaq lembra que essa condição facilita a obtenção de linhas de crédito. Uma das vantagens é a possibilidade de vários produtores conseguirem registro na Junta Comercial com o mesmo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), em nome da cooperativa. O sistema Ampaq está organizando uma central que tenha condições de "desaguar" a produção dos pequenos, com o objetivo de obter volume suficiente para competir tanto no mercado interno quanto no externo. Luiz Cláudio acredita que, já no começo do ano que vem, começará a ser comercializada a "Cachaça de Minas". Essa atuação não se restringe aos aspectos comerciais. A questão social e ambiental também faz parte das preocupações das cooperativas. A associação vem realizando diversos cursos e treinamentos para capacitar os produtores para trabalhar com as técnicas mais atuais e de acordo com as regras ambientais. Seu corpo técnico fornece suporte não somente aos trabalhadores locais, mas também de outras partes do País, nas questões tanto comerciais quanto jurídicas e institucionais. Parcerias estão sendo feitas com órgãos governamentais e universidades para melhorar as condições de produção e enquadrar a cachaça mineira de alambique na legislação de responsabilidade social. A produção artesanal é uma marca do Estado, famoso pela qualidade da sua aguardente de alam-

bique. A associação estima 8.466 fabricantes espalhados por várias regiões, 90% deles atuando de maneira informal. Minas é responsável por nada menos do que 183 milhões de litros por safra, cerca de 14% de toda a cachaça nacional, mas 93% da oferta vem das fábricas de médio e grande porte, tanto registradas quanto clandestinas. Aos poucos, a iniciativa cooperativista espalha-se pelos outros Estados. Na Paraíba, está em fase final de encaminhamento junto à Apex o projeto da Associação Paraibana dos Engenhos de Canade-açúcar (Coopcachaça). Segundo o presidente da entidade, Múcio Carlos Lins Fernandes, a entidade foi iniciada com 36 produtores. "É difícil convencer o pessoal a fazer parte. A atitude é de São Tomé: tem que ver para crer". Ele acredita, no entanto, que será possível mostrar resultados em breve, com a venda do produto no mercado externo. A Apex entra com 40% dos recursos e os produtores com 60%. Com a maior organização da categoria, a perspectiva é de aumentar os negócios. A Paraíba tem previsão de produzir 20 milhões de litros de aguardente este ano. A expectativa do setor para o ano que vem é chegar aos 30 milhões.

Linha Direta Ctai www.ctai.senai.br Acapaaq/Eliseu Crispim (48) 465-1209 Agrivale (21) 3231-2655 Múcio Fernandes- Fenaca (83) 9305-7732


Cachaça “com grife” uma cana excelente de um solo considerado “fraco”, com pouca produtividade, numa área de 700 hectares. “Também é assim que se fazem os grandes vinhos”, observa. Renata garante que as degustações promovidas para testar o produto têm trazido resultados excelentes. “Muita gente acha que a bebida é boa demais para ser cachaça”. Um dos fatores de diferenciação é o sabor mais suave, sem Renata Crespo, da Veritas, fechou contrato com redes hoteleiras como Sofitel, Othon, Plaza e Tropical a característica Individualmente, também há aqueexterno, principalmente no padrão de “queimação” ou o odor desagradável les que investem na produção de uma qualidade. Daí o esforço para obter deixado pelas marcas mais populares, cachaça diferenciada. Mesmo com um uma marca “nobre”, como se faz na que provocam grande parte da rejeição doutorado em Engenharia Mecânica Europa com vinho ou uísque. Tanto à bebida. O produto levou o prêmio pela Universidade Federal de Educaque foi acrescentada ao rótulo a nova Embanews de melhor design. ção Física e uma longa carreira que denominação Destilado Superior de Ela diz que é difícil trabalhar por inclui trabalho em fábrica de helicópCana (DSC), junto ao Ministério da causa da grande concorrência com as tero e até projeto nuclear, além de pesAgricultura, para diferenciá-la. multinacionais que têm tradição na área quisa universitária, a cientista Renata Renata faz questão de lembrar que de bebidas nobres, mas os testes já esCrespo resolveu aceitar o convite do em seu currículo científico não ajudou tão mostrando receptividade no merpai fazendeiro para desenvolver uma nada no desenvolvimento do produto. cado, em locais selecionados como homarca de aguardente de alta qualida“O que realmente contribuiu foi o foco téis 5 estrelas, casas noturnas e restaude. O resultado é a Veritas (“Verdade”, na qualidade”. Além do trabalho prórantes do Rio de Janeiro, São Paulo, em latim, como na expressão “In vino prio, ela contou com a colaboração de Paraná e Santa Catarina. Fechou excluveritas”, ou “No vinho está a verdaconsultores que atuam junto às marsividade com redes hoteleiras como Inde”), feita nas versões Gold e Silver, cas industriais. A cientista explica que tercontinental, Sofitel, Plaza, Pestana, produzida em Macaé (RJ), através da vários pequenos detalhes fazem a difeTropical e Othon. Também está presendestilaria Agrivale. Ela explica que, rença entre o produto habitual feito te em redes de supermercados como Senpara os pequenos produtores, é difícil em alambiques ou indústrias e essa das e Pão-de-Açúcar. “O desenvolvimenexportar porque a maioria não conseversão “série A”. Uma das coisas que to levou cinco anos, não é em apenas gue atender às exigências do mercado ela descobriu é que se consegue extrair um que vai trazer retorno”.

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áquinas Agrícolas

Pé no acelerador A indústria de máquinas agrícolas teve queda nas vendas no mercado interno, devido ao aumento das taxas de juros, mas recuperou as perdas com um grande salto exportador Por Alexandre Winck

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áquinas Agrícolas

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quadro de recessão, alta dos juros e inflação que dominou o primeiro semestre afetou a economia em todas as áreas, mesmo nas de melhor performance. Um setor que vem apresentando grandes desenvolvimentos nos últimos anos e tomou um viés negativo em 2003 foi o de máquinas agrícolas, na ponta do mercado interno. A produção e as vendas desses equipamentos vinham crescendo a uma excepcional média de 15% ao ano desde março de 2000, quando começou a ser implantado o Programa de Modernização da Frota de Tratores e Máquinas Agrícolas (Moderfrota), realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil. Somente para a safra 2003/ 2004, o programa tem previsão de destinar R$ 2 bilhões. No entanto,

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segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre janeiro e setembro deste ano foram vendidas no atacado do mercado interno 29.930 unidades, entre nacionais e importadas. Isso representa uma queda de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram comercializados 31.958 equipamentos. Segundo o gerente de Projetos do Ministério da Agricultura, João Antônio Fagundes Salomão, dois fatores tiveram peso significativo nesse resultado. Os juros do Moderfrota, que até o ano passado eram de 8,75% para a faixa de menor renda (faturamento inferior a R$ 150 mil ao ano), subiram para 9,75%. Já a taxa para os produtores de maior ganho, que antes era de 9,75%, chegou a 12,75%, acompanhando a tendência geral de alta provocada pelo aumento da taxa Selic. Além disso, explica Salomão, os

equipamentos agrícolas tiveram fortes reajustes de preços, acima de 40%, justificados pela indústria principalmente pelo aumento do aço, que é em parte importado, o que associa seu custo ao dólar. O próprio programa de modernização da frota teve problemas. Segundo o gerente, o BNDES alocou até setembro R$ 750 milhões para o Moderfrota, que até o final de 2003 deveria contar com R$ 1,25 bilhão. Com isso, ainda faltam R$ 500 milhões. Na outra ponta, o Banco do Brasil, que repassa os valores aos produtores, alega que não está mais fazendo novos contratos porque todos os recursos disponíveis já estão comprometidos. Salomão espera, apesar disso, que o dinheiro seja encaminhado antes do final do ano. Existem também os recursos do programa Finame Agrícola, com juros mais altos (13,75% ao ano). Mesmo com os fatores negativos,


Com a estabilização da economia, os principais fabricantes acreditam que as vendas no Brasil devem melhorar em 2004

o executivo do Ministério da Agricultura ainda tem expectativa de que as vendas pelo menos repitam os valores de 2002. A redução gradativa dos juros e a contenção da inflação nos últimos meses devem contribuir para melhorar a condição geral de compra do consumidor e impulsionar o mercados nos últimos meses do ano. Há perspectiva de crescimento para o ano que vem, quando a economia deve estar mais estabilizada. O que os dados da Anfavea sobre os primeiros oito meses demonstram é que os resultados dependeram do tipo de equipamento e foram mais relevantes nos de consumo mais popular. No caso dos tratores de rodas, de longe os produtos mais procurados, foram vendidas 23.593 unidades entre janeiro e setembro, contra 25.228 em comparação com o mesmo período em 2002; uma redução de 6,9%. Somente este produto representa mais da metade do mercado total de máquinas agrícolas. A maior queda foi registrada nas retroescavadeiras, que tiveram até setembro 838 máquinas comercializadas, cerca de metade do resultado registrado no mesmo período do ano passado, 1.625 unidades. O melhor desempenho foi o de cultivadores motorizados, que cresceram 52,7%. Foram vendidos 1.199 equipamentos entre janeiro e setembro. Diante disso, surgem outros esforços para poder oferecer opções de financiamento para o consumidor e impulsionar as vendas. A Agrale estabeleceu um contrato com o De Lage Landen – braço financeiro do Grupo Rabobank, presente em 38 países – para oferecer um sistema próprio, uma espécie de “banco de fábrica”. O financiamento pode ser obtido diretamente nas concessionárias Agrale em todo o País, com mais agilidade e flexibilização na aprovação de crédito. O in-

teressado deve fazer um cadastro junto à rede durante a aquisição do equipamento. A análise e aprovação são feitas pela De Lage. O financiamento pode ser dividido em 36, 48 ou 60 meses e o cliente tem possibilidade

de incluir os implementos necessários para trabalhar com o trator. “Em função da maior agilidade na oferta de recursos e da facilidade na sua operacionalização, a expectativa com o novo sistema de financiamento é in-

MÁQUINAS AGRÍCOLAS VENDAS INTERNAS (UNIDADES) Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

31.958

29.930

-6,3%

VENDAS DE TRATORES DE RODAS (UNIDADES) Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

25.228

23.593

-6,9%

VENDAS DE RETROESCAVADEIRAS (UNIDADES) Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

1.625

838

-51,56%

Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

7.967

14.948

87,62%

Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

30.383

35.316

16,23%

EXPORTAÇÕES (UNIDADES)

PRODUÇÃO (UNIDADES)

FATURAMENTO NOMINAL – MÁQUINAS E IMPLEMENTOS (EM REAIS) Jan/set 2002

Jan/set 2003

Variação

2,5 bilhões

3,7 bilhões

45,6% 63

Fontes: Anfavea/Abimaq Guia Empreendedor Rural


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esca áquinas e Aqüicultura Agrícolas

Para não perder dinheiro Especialista da Esalq desvenda os principais cuidados que o empreendedor rural precisa tomar na hora de comprar uma máquina agrícola A aquisição de máquinas reflete nos custos de produção e, após a compra, será uma realidade que acompanhará a fazenda por um bom período de tempo, a não ser que os prejuízos da troca prematura seja assumidos pelo produtor.

2 Os equipamentos agrícolas, depois da terra, representam um dos investimentos mais caros na atividade agropecuária. Por isso, a compra de um trator, sem os devidos cuidados, pode implicar em um custo muito alto para a empresa ou mesmo para o produtor familiar. Não deve ser realizada por impulso, exigindo um planejamento prévio, levando em conta as características do modelo, o tipo de trabalho a ser realizado e os custos indiretos. O professor Marcos Milan, do Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior Agrícola Luiz de Queiroz (Esalq), realizou um trabalho de análise do mercado de máquinas agrícolas e apresenta uma série de conselhos para quem tem interesse em adquirir um equipamento: O planejamento da compra deve incluir inclusive uma análise dos equipamentos atuais disponíveis na fazenda para verificar a real necessidade de troca. Em alguns casos, uma reforma pode ser a alternativa mais correta, prolongando a vida útil e sem o ônus do investimento. Deve ser considerada ainda a possibilidade de aquisição de um equipamento usado.

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O primeiro custo implicado na compra de uma máquina agrícola é o fixo, que independe da utilização e é composto basicamente por depreciação, juros, alojamento, seguro e taxas. O segundo, variável, incide durante a utilização e é calculado pelos valores de reparos, manutenção e combustível.

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Caso a compra seja feita de maneira inadequada, com a aquisição de um equipamento maior do que o necessário, o custo fixo aumenta pela sub-utilização. Em contrapartida, se for menor que o requerido, sem a capacidade de trabalho necessária para completar as operações dentro do prazo estabelecido, a cultura será prejudicada ou um número maior de conjuntos deverá ser adquirido, o que vai aumentar as despesas com a frota.

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A aquisição através de consórcios é um pouco mais delicada quando se trata de máquinas agrícolas devido ao fato de não se dispor do equipamento para pronto uso. Mas, se puder esperar ou planejar uma troca, é uma opção a ser analisada.

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Ao se decidir pela aquisição, alguns fatores além da faixa de potência e da marca devem ser considerados, entre eles a disponibilidade de atendimento e peças de reposição. De nada adianta um trator ou qualquer outro equipamento, considerado o mais avançado do mundo, parado por semanas por falta de um simples componente que custa caro ou é difícil de encontrar.

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Além da disponibilidade, o custo de aquisição das peças e da mão-de-obra do mecânico/especialista é um fator importante. Com o atual desenvolvimento tecnológico, muitas vezes não é fácil encontrar um profissional no mercado local que conheça o produto ou, se existir, o preço pode não ser competitivo e tornará a manutenção inviável.

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Às vezes, dependendo da região em que se encontra a propriedade, é melhor escolher um equipamento mais simples para não correr riscos de pagar muito pela manutenção ou de não encontrar peças, embora muitas vezes isso possa resultar em um desempenho um pouco inferior.

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A marca pode influenciar bastante na aquisição e, na maioria das vezes, é uma preferência pessoal, mas fatores como o consumo de combustível, número de marchas, capacidade de levante do sistema hidráulico e vazão da bomba de acionamento do controle remoto devem ser analisados em função da utilização que vai ser dada ao trator.

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Se o comprador não tiver o conhecimento necessário para analisar as características das marcas disponíveis no mercado, deve procurar ajuda. Se forem empresas idôneas e reconhecidas, os concessionários têm toda a condição de auxiliar.

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Na utilização, alguns cuidados precisam ser tomados para a redução de custos. Um deles é a realização da manutenção preventiva, na qual ajustes e substituição de componentes devem ser feitos em intervalos de tempos pré-estabelecidos pelo fabricante. A execução da manutenção de acordo com o padrão permite a redução dos custos com ela envolvidos, pelo fato da máquina operar dentro das condições para as quais foi projetada.

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A manutenção também é um fator que aumenta a disponibilidade do equipamento, permitindo com que uma quantidade maior de tarefas possa ser executada no período planejado.

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crementar significativamente os volumes comercializados”, explica o diretor de Vendas e Marketing da Agrale, Flávio Crosa. O que compensa os problemas no mercado nacional, pelo menos do ponto de vista da indústria, são os resultados excepcionais das exportações. De acordo com a Anfavea, as vendas externas entre janeiro e setembro deste ano chegaram a 14.948 unidades. Isso significa um aumento de impressionantes 87,62% na comparação com o mesmo período de 2002, quando foram comercializadas 7.967 máquinas. O desempenho que chama mais atenção, ironicamente, é o das retroescavadeiras, as mesmas que sofreram o pior abalo no mercado interno. Foram vendidas 324 máquinas para o exterior, o que representa alta de 217,64% em relação a 2002. Os tratores de rodas também tiveram uma performance excepcional, com crescimento de 89,97% na comparação com o ano passado. Os Estados Unidos são hoje o principal mercado para os tratores brasileiros. Venezuela, México, Chile e Iraque vêm em seguida. Já as colheitadeiras são exportadas em maior volume para países como Paraguai, Alemanha, Venezuela e França. “Esses dados são, sem dúvida, bons para os fabricantes; mas a queda das vendas no mercado interno é um mau indicador do ponto de vista dos produtores agrícolas”, lembra Salomão. Segundo números da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entre janeiro e agosto deste ano, o faturamento nominal dos fabricantes de máquinas e implementos agrícolas foi de R$ 3,7 bilhões, um aumento de 45,6% sobre igual período do ano passado. O Grupo AGCO do Brasil, responsável pela marca Massey Ferguson, teve um faturamento de US$ 350 milhões

no ano passado e projeta encerrar 2003 com um resultado de US$ 600 milhões, um crescimento de nada menos do que 71,42%. “Em 2003, aumentamos a capacidade produtiva da unidade de Canoas/RS em 50%, passando de 80 para 120 tratores/dia, geramos mais de 1000 empregos diretos, além de termos ampliado nosso Centro de Tecnologia onde investimos mais 4 milhões de dólares ”, destaca o superintendente da AGCO do Brasil, Normélio Ravanello. Esse desempenho tem relação direta com a valorização do dólar diante do real, mas também pode ser atribuído a diversos fatores positivos, relacionados ao desenvolvimento do agribusiness nacional nos últimos anos. O diretor comercial da Case New Holland para a América Latina, Francesco Pallaro, garante que o resultado decorre principalmente da boa performance da agricultura e da estabilidade macroeconômica no Brasil, com conseqüente aumento dos volumes de produção, tornando os produtos nacionais mais competitivos no mercado externo. A empresa teve um grande resultado no exterior. Embarcou para fora do País 471 colheitadeiras, entre janeiro e setembro, um aumento de 265% sobre o ano passado. No caso dos tratores, o crescimento foi de 133%. “Esta situação possibilita também que a fábrica possa planejar melhor seus investimentos e direcionar recursos para a modernização tecnológica”, afirma Pallaro. Outros fatores determinantes, de acordo com o diretor comercial da Case New Holland, são a abertura de novos mercados no exterior e a qualidade das mercadorias fabricadas no Brasil. “Hoje fabricamos no País produtos globais, com a mesma tecnologia das unidades na Europa e nos Estados Unidos”, diz

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áquinas Agrícolas

Pallaro. “Além de as máquinas produzidas aqui oferecerem o mesmo grau de tecnologia existente na Europa e nos EUA, elas são mais robustas, porque as práticas agrícolas brasileiras exigem isso”. Atualmente, a Case New Holland exporta 20% de sua produção. Segundo o presidente da CNH para a América Latina, Valentino Rizzioli, a meta é elevar essa participação para 25% em 2004. Fora a

América Latina, os principais mercados da companhia são a África (principalmente a África do Sul), o Sudeste Asiático (Indonésia, Malásia e Tailândia), Oriente Médio e Leste Europeu. Mesmo com o grande desempenho no exterior, os grandes fabricantes nacionais não deixaram de sentir o impacto dos problemas no mercado interno. No caso da CNH, as vendas de tratores tiveram uma redução de 11,51%, de 7 mil para 6.194 unidades, nos primeiros oito meses do ano. Em compensação, as colheitadeiras tiveram um bom resultado e registraram aumento de 8,19%. INVESTIMENTOS Há empresas atuando junto ao setor que realmente não sentiram os efeitos da alta de juros e quadro de

Ângelo, da Metisa, que produz discos de arados, teve um crescimente de 11% nas vendas feitas no Brasil

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recessão do primeiro semestre. A catarinense Metisa, que fornece discos para arados e grades e peças para máquinas de preparação do solo, plantio e colheita, colheu bons resultados em 2003. Nos primeiros seis meses deste ano, a empresa teve um crescimento de 11% nas vendas para o mercado interno. No externo, que responde por 30% do faturamento, o aumento foi de 24%. De maneira geral, a comercialização foi 14% maior. Segundo o diretor-presidente da Metisa, Edvaldo Ângelo, isso ocorreu graças ao incremento da atuação em novas áreas, resultado de um planejamento estratégico feito com antecedência. “O consumidor exige produtos de maior durabilidade no campo”, afirma. Para atender a essa necessidade, a empresa lançou um novo tipo de material em aço microligado. Ângelo garante não ter observado queda de poder aquisitivo dos seus consumidores e espera


que o setor agrícola brasileiro em 2004 mantenha-se nos mesmos patamares deste ano. Os investimentos, segundo ele, estão sendo direcionados para tecnologia de processo e produtividade. O executivo destaca o grande esforço que vem sendo feito pelos produtores no sentido de ampliar a quantidade colhida por hectare plantado. As empresas continuam apostando no mercado, investindo firme em novos modelos, no aumento da produção e na melhoria geral do processo. A New Holland lançou dois produtos este ano. O primeiro foi a colheitadeira TC 59 TodoTerreno, que tem como característica as peneiras autonivelantes que ajudam a reduzir as perdas na colheita de grãos e nas lavouras com topografia irregular. Também foi introduzida a linha de tratores Frutteto (TL F), totalmente adaptada para uso em pomares. Esse tipo de modelo é uma demanda antiga dos fruticultores brasileiros. Os TL F podem realizar tarefas como pulverização, utilização de roçadeiras e transporte. O principal diferencial é a dimensão. Essas máquinas podem trafegar pelo pomar sem encostar nas árvores, evitando danos à floração ou aos frutos. Ao todo, nos últimos anos, a holding está investindo US$ 120 milhões em suas unidades brasileiras. A Agco investiu recentemente US$ 52 milhões nas fábricas de Canoas e Santa Rosa (RS), distribuídos em novos equipamentos, reestruturação de logísticas e reorganização dos processos de produção. Ao todo, a produção nacional de máquinas agrícolas aumentou 16,23% nos primeiros oito meses de 2003, segundo os números da Anfavea. Foram fabricados 35.316 equipamentos, contra 30.383 no ano passado.

No geral, mesmo com os obstáculos enfrentados recentemente, o Moderfrota vem obtendo uma renovação do mercado brasileiro de máquinas agrícolas nos últimos anos. Em 2000, quando o programa foi implantado, foram comercializadas 31,1 mil unidades. No ano seguinte, esse número passou para 35,5 mil equipamentos e em 2002 chegou a cerca de 40 mil máquinas. Embora haja carência de estatísticas exatas sobre o setor, estima-se que a idade média da frota nacional seja de nada menos do que 16 ou 17 anos. Uma pesquisa feita em 2000 mostrou que o País tinha um trator para cada 120 hectares de área plantada, média inferior à da Argentina, outro competidor forte nesse mercado, que na mesma época contava com uma máquina para cada 90 hectares. Através do programa do governo federal, foi possível obter até 2003 uma renovação de 24% dos tratores e 35% das colheitadeiras. Ao todo, foram comercializados 450 mil tratores e 107 mil colheitadeiras desde que o Moderfrota começou. A influência foi tão grande sobre o comércio dos equipamentos que 58% dos tratores vendidos em todo o Brasil no período e nada menos do que 93% das colheitadeiras foram financiadas com esses recursos. “A modernização do campo é uma das maiores prioridades do ministério”, garante o gerente de projetos do Ministério da Agricultura. Além dos juros mais baixos, o consumidor tem um prazo de até cinco anos para o pagamento. Uma das principais vantagens do uso de modelos mais recentes é o aumento da potência. Em 1999, a média dos tratores estava em 87 cavalos. No ano passado, chegou a 97 cavalos. De acordo com o especialista em Marketing de Produtos da CNH,

Marcos Arbex, outra vantagem é a redução das perdas ocorridas na safra, que sempre foi uma questão preocupante na agricultura nacional. Na década de 90, o desperdício médio das colheitas chegava a 10% e atualmente não passa dos 3%. As colheitadeiras atuais têm uma eficiência próxima de 100%. Isso colabora com o processo de aumento da produtividade no campo brasileiro, que atualmente coloca o País em destaque no cenário econômico mundial. Entre as safras 1990/ 1991 e 2002/2003, o crescimento foi de 83%. O Brasil passou de 57 milhões de toneladas de alimentos produzidos para os atuais 122 milhões, com o cultivo de grãos obtendo os melhores resultados. Salomão explica que a cultura de soja já está praticamente toda mecanizada e que, com isso, o agricultor ganha em várias áreas. “Além de vender mais e obter uma renda maior, ele ganha tempo para outras coisas, como a família” , avalia o técnico do Ministério da Agricultura.

Linha Direta Metisa S/A (47) 281-2222 New Holland www.newholland.com Agrale www.agrale.com.br Ministério Agricultura (61) 218-2266 Abimaq www.abimaq.com.br Agco www.massey.com.br CNH www.cnh.com Marcos Milan (19) 3429-4149

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Agricultura lidera contratações do BRDE O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) contratou, de janeiro a outubro de 2003, R$ 426,7 milhões em 4.623 operações de financiamento nos três Estados do Sul. No mesmo período do ano passado, foram contratados R$ 290,2 milhões. Levando em conta a correção do IGP-M, é um incremento real de 25%. Os bons números do banco são capitaneados especialmente pelo setor primário: R$ 175 milhões. O secundário levou R$ 115,2 e o terciário R$ 136,5. Outro detalhe revelador: dentre as mais de 4.500 empresas e produtores financiados, 96% são do setor rural – 4.327. Cerca de 58% são mini e pequenos produtores rurais. "É importante reforçar que nós ainda podemos financiar muito mais e há oportunidade de bons negócios. É só nos procurar", garante o presidente do banco, Casildo Maldaner. A meta de contratação para este ano previa o repasse de R$ 345 milhões. Do total contratado até agora, Santa Catarina

responde por R$ 139 milhões, o Rio Grande do Sul por R$ 122,5 e o Paraná por R$ 165,2. Foram aprovadas também 5.221 operações, no valor de R$ 405,6 milhões. O diretor financeiro do BRDE, Geovah Amarante, destaca o esforço de revitalizar o banco e ampliar sua ação, especialmente nos municípios do interior. “São números ainda mais representativos quando levamos em conta o momento da economia do país”, explica. O investimento representa um aumento no ICMS dos três estados de R$ 92,5 milhões e a geração de quase 24 mil empregos. PLANO DE SAFRA 2003/2004 O novo plano de safra trouxe um aumento de 25,8% dos recursos para crédito em relação ao ano anterior, colocando à disposição dos produtores rurais cerca de R$ 32,5 bilhões. Em relação às linhas de crédito para investimento, com as quais o BRDE opera, o plano ampliará os recursos e as tornará mais eficientes. O objetivo é fortalecer a

qualidade e a competitividade do agronegócio em bases ambientalmente sustentáveis. Com a participação dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda, do BNDES, do Banco Central e da Federação das Associações de Bancos (Febraban), os programas foram redesenhados e simplificados para facilitar a contratação de recursos por produtores e cooperativas, além de auxiliar a operação dos agentes financeiros. Foram mantidas as taxas de juros e os prazos dos programas nos níveis atuais e os limites de crédito por operação foram elevados em função dos agrupamentos dos programas. Na totalidade, os programas de investimento com recursos do BNDES somam R$ 4 bilhões, o que representa um acréscimo de 41,3% sobre os R$ 2,83 bilhões programados para o ano-safra 2002/2003. Para a safra 2003/2004 estão previstos mais R$ 500 milhões de recursos próprios do BNDES para o Finame Agrícola Especial, destinado aos beneficiários do crédito rural e às

Entre as mais de 4,5 mil empresas e produtores financiados pelo BRDE, 96% são do setor rural, sendo que 58% são pequenos produtores

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INFORME PUBLICITÁRIO empresas de armazenagem agrícola, frigoríficos, beneficiadoras de pescado, de sementes, de mel, etc. O programa financia a aquisição, a manutenção e a recuperação de máquinas e equipamentos para uso na agropecuária e no processamento da produção primária. Os juros são de 13,95 % a.a. A expectativa do BRDE em relação às operações a serem realizadas no âmbito do Plano de Safra 2003/ 2004 é muito positiva, pois o desempenho do setor primário em 2003 respondeu por 41,2% do total das contratações do banco no primeiro semestre. Até julho deste ano foram realizadas 3.952 operações, que totalizaram R$ 88,578 milhões, sendo que no total do ano de 2002 chegou-se a mais de 6 mil operações, que totalizaram R$ 167,455 milhões. No mês de agosto deste ano, o BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), lançou um novo modelo de classificação, posicionando seus agentes por desembolsos dos programas agrícolas: O BRDE foi classificado como terceiro maior agente repassador em número de operações, atrás apenas do Banco do Brasil e do Bradesco, bancos de abrangência nacional; e sexto em volume de recursos liberados. REFLORESTAMENTO A nova política de estímulo ao plantio de florestas para fins industriais e comerciais do BRDE dá provas de que o setor está crescendo e precisa de investimentos. Das 170 solicitações de financiamento na área rural analisadas atualmente pelo Banco, 50 são do setor de florestas comerciais. Com tanta demanda, nos últimos nove meses o BRDE fechou acordo com 13 empresas e agricultores. Desses, 46% são

da Grande Florianópolis e 30% de Curitibanos (SC). No total, já foram financiados aproximadamente R$1,3 milhão. Mas os números não param por aí. Outros oito processos estão em fase de contratação, o que para o BRDE representa mais R$451 mil. Já o restante dos pedidos que aguardam a avaliação do banco contabilizam R$ 5 milhões de reais. Em 95% desses casos, os projetos não são de implantação, mas de expansão do plantio de florestas. Gente que iniciou cultivo, obteve bons resultados e tem boas expectativas para a indústria da madeira nos próximos anos. Os projetos variam de R$ 16 mil a R$ 150 mil, dependendo das necessidades da empresa ou do agricultor. "Se o pinus for plantado num terreno pronto para a lavoura o custo sai mais barato, mas se o agricultor tiver que fazer o roçado, as estradas de acesso e quiser utilizar métodos de adubação, o custo é diferenciado", explica o Gerente de Operações Agrícolas do BRDE, Raul Carvalho. Depois de um profissional habilitado, como um engenheiro florestal ou agrônomo, apresentar o projeto de acordo com as normas da Legislação Ambiental e do Código Florestal, os técnicos do BRDE avaliam o caso. Os financiamentos podem ser pagos em até 12 anos, com até oito de carência, e juros de 8,75% ao ano. Empresas de qualquer porte, associações, cooperativas de produtores rurais e pessoas que atuem no setor agropecuário podem apresentar projetos. A iniciativa, além de contribuir para o fim do déficit da madeira na Região Sul, que, segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura, é de 60 mil hectares por ano; abrirá um mercado de novos empregos diretos e indiretos. "É uma ação que vai

O BRDE financiou R$1,3 milhão em projetos de reflorestamento, 46% na Grande Florianópolis.

trazer bons resultados, tanto no aspecto ambiental como no econômico e social, para todo o Sul do Brasil" afirma o presidente do BRDE, Casildo Maldaner. No País, a diferença entre a área de madeira cortada e a área plantada é de 300 mil ha/ ano. E as estimativas apontam que o segmento de base florestal gerou, em 1999, receitas da ordem de US$ 20 bilhões, o que representa aproximadamente 4% do PIB nacional. Além disso, o setor contribuiu para criar no mercado nacional mais de 700 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos. LINHA DIRETA Porto Alegre Fone: (0xx51) 3215-5000 Curitiba Fone: (0xx41) 219-8000 Florianópolis Fone: (0xx48) 221-8000

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Genética made in Brazil

O Brazillian Cattle Genetics (BCG) recebeu R$ 2,6 milhões da Apex e os produtores querem chegar a 2006 com vendas externas anuais de US$ 200 milhões 70 Guia Empreendedor Rural

uando se fala no mercado de agribusiness ainda há quem veja o Brasil como um país destinados a apenas fornecer matérias-primas e produtos “in natura” porque o País não é competitivo em áreas que exijam tecnologia avançada e alto valor agregado. Tanto isso não é verdade que uma das áreas mais promissoras para as exportações nacionais é a de genética animal. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) conta com o maior ban-

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co de dados do mundo no setor: mais de seis milhões de animais, incluindo fazendas e centrais de inseminação. A ABCZ está agora desenvolvendo um projeto em conjunto com a Agência de Promoção de Exportações (Apex), no valor de R$ 4,5 milhões, para promover as exportações tanto de animais desenvolvidos quanto de material genético. A expectativa dos produtores é chegar a 2006 com vendas externas anuais de US$ 200 milhões, sendo 300 mil doses de sêmen, 20 mil embriões e 350 mil bovinos. A Apex já analisou o projeto desenvolvido pelo núcleo de exportações Brazillian Cattle Genetics (BCG) e liberou sua parte da verba, de R$ 2,6 milhões. O valor restante será pago pela própria associação. Os recursos serão utilizados para custear a participação da entidade em feiras agropecuárias de nível internacional ao longo de dois anos, além de dois eventos promocionais realizados pelo núcleo durante a feira ExpoZebu de 2004 e 2005. Segundo o gerente executivo do BCG, Gerson Simão, o dinheiro já foi utilizado inicialmente para garantir a presença do núcleo na Feira Internacional ExpoCruz, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, durante o último mês de setembro, e na Colômbia, em Medellin, em outubro. Simão explica que a ABCZ está preparando o terreno para começar a exportar em maior quantidade a partir do ano que vem. O primeiro passo é a revisão de protocolos sanitários com países da América do Sul, além da Austrália e África do Sul, para derrubar barreiras sanitárias, que já está sendo realizada. O seguinte, iniciado com a presença na feira boliviana, é fazer um trabalho extenso de marketing do produto brasileiro através da participação em eventos do setor, com a ajuda da União.


Além dos eventos boliviano e colombiano e das edições de 2004 e 2005 da ExpoZebu, maior exposição de gado zebu do mundo, os eventos agropecuários incluídos no projeto para 2003 e 2004 são Houston (Estados Unidos), Cairo (Egito), Rockhampton (Austrália), Pequim (China), Luanda (Angola), Pretória (África do Sul), Cidade do México (México) e Valência (Venezuela). Segundo Simão, todos os países de clima tropical são clientes em potencial, uma vez que as raças de zebu no Brasil caracterizam-se pela alta produtividade, mesmo em condições adversas – principalmente calor –, são resistentes a parasitas e têm passado por programas de melhoramento genético desde os anos 60. O programa têm a meta de entrar nos mercados de 12 países: China, África do Sul, Colômbia, Paraguai, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador, Costa Rica, México, Egito e Líbia. Essa é a primeira vez que a agência financia um projeto de divulgação da genética bovina no exterior. Segundo o assessor da Apex Marcos Soares, a agência já trabalhou com outros segmentos da pecuária ligados à produção de carne, mas nunca dessa área. “Isso ajuda a ampliar a atuação da Apex e a diversificação de áreas de trabalho é essencial para a economia brasileira, principalmente porque o País não tem tradição na venda externa de produtos”. Além da ABCZ, participam do núcleo as empresas Lagoa da Serra, ABS Pecplan, Alta Genetics do Brasil, Agroexport, Brasif Pecuária - Brasif S/A, Cenatte Embriões, Gencenter - Central de Genética, Melhoramento e Reprodução Animal, Vitrogen, Gertec Embriões e Yakult. Outro diferencial do projeto, se-

gundo Soares, é a experiência na área de comércio externo já desenvolvida pelas empresas que fazem parte do núcleo. As centrais de inseminação e as empresas de exportação de animais estão estruturadas e trabalham com alta tecnologia, dentro dos padrões de qualidade exigidos pelo mercado internacional. “Com isso, não será preciso fazer um trabalho de reestruturação do processo produtivo, como acontece em muitos projetos financiados pela Apex”. EXPORTAÇÃO Antes mesmo desse projeto, o setor de genética animal já vinha mostrando grande potencial para atuar no mercado externo. Somente no caso do sêmen, conforme levantamento da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), foram exportadas 45 mil doses entre janeiro e março de 2003, o equivalente à metade do que foi comercializado durante todo o ano passado. A Lagoa da Serra, maior empresa de sêmen do País, estima fechar o ano com vendas externas de 100 mil doses. O Brasil ocupa lugar de destaque na inseminação artificial em nível mundial. Essa atividade cresceu 454% nos últimos 20 anos. Segundo a Asbia, que reúne as centrais de inseminação, 10% dos animais vivos do País foram gerados através desse processo. O processo de inseminação artificial, através do qual o sêmen é depositado artificialmente no aparelho reprodutivo da vaca, traz uma série de vantagens

para o produtor. Possibilita melhorar a qualidade genética do rebanho em menor tempo e a um baixo custo. Desde que o sêmen seja comprado de empresas sérias, é possível evitar as doenças que o boi pode transmitir durante a monta natural. Também facilita o cruzamento entre raças diferentes, o que muitas vezes é difícil fazer da forma convencional. Evita os acidentes que são comuns com animais agressivos e permite usar sêmen saudável de bois com problemas físicos que impossibilitam a monta. Mais impressionante ainda, um touro cobre anualmente, em campo, cerca de 30 vacas, podendo chegar a um máximo de 100 fêmeas. Isso significa um total de 120 a 400 filhos por animal durante sua vida útil. Com a inseminação, um reprodutor pode ter mais de 100.000 filhos.

PROJETO ABCZ/APEX META DE EXPORTAÇÃO (2006) Bovinos inteiros Doses de sêmen Embriões Receita

350 mil 300 mil 20 mil US$ 200 milhões Fonte: ABCZ

Através do marketing baseado na participação em 71 no eventos do setor, o programa tem a meta de entrar mercado chinês e em mais de 12 países

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Boiada orgânica Um dos maiores projetos para diferenciação e promoção do produto bovino brasileiro é o Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN), realizado pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), que está divulgando no País o que está sendo conhecido como o “boi orgânico”. Trata-se de um animal criado no pasto sem adubação química ou agrotóxicos e tratado através de homeopatia. A adubação é feita com o esterco do próprio boi – a vacinação contra aftosa ainda é feita, até porque é obrigatória. A alimentação é à base de capim e sal mineral. Todo o processo de produção, desde a fazenda até os pontos de venda, é super-

Criadores da raça Nelore montaram um fundo de marketing, que soma um investimento de mais de R$ 5 milhões em comunicação e publicidade

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visionado pelo PQNN. Vários elos da cadeia produtiva hoje contribuem voluntariamente com um fundo de marketing da raça nelore, que soma um investimento de mais de R$ 5 milhões em comunicação e publicidade. Os criadores contribuem com 0,5% do faturamento nos remates dos leilões oficiais. Com a divulgação e aceitação do produto, atualmente já são 360 pontos de venda da carne nelore natural, incluindo supermercados, restaurantes e churrascarias. Do início do PQNN até o último mês de outubro, foram abatidos 290 mil animais, uma média de 35 mil por mês. Isso significa 1.450 toneladas de carne desossada e em-

balada com a marca do programa. No segundo semestre, o programa ganhou um comercial de 30 segundos na TV Globo São Paulo, mostrando a carne como alternativa para uma vida saudável. No fim do anúncio, é indicado um número de telefone para o call center, que informa onde o produto pode ser adquirido. A intenção agora é espalhar a “Nelore Natural” por todos os estados. O PQNN começou em 1999. Na época, o recém eleito presidente da ACNB, Carlos Viacava, procurou o consultor de marketing Zezito Marques da Costa para uma avaliação de mercado e elaboração de um planejamento agressivo para promover a raça


Nelore. O diagnóstico indicou que o melhor caminho para valorizá-la seria através do lançamento e posicionamento da Nelore como a principal marca de carne no Brasil. A ACNB desenvolveu o programa, através de convênios com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A base do projeto foi uma avaliação, até então inédita, feita em 7,2 mil carcaças de animais da mesma raça em seis Estados diferentes. O primeiro abate do Programa, em 2001, contou com a participação de 19 pecuaristas de Rondônia. O Estado agora conta com 300 sócios do PQNN. Dali, o projeto foi estendido para o Mato Grosso, onde foi reconhecido de forma oficial pela primeira vez, e daí para o Mato Grosso do Sul. É nesses estados que estão sendo feitos os abates. Hoje, há núcleos de

pecuaristas filiados ao PQNN surgindo em todo o Brasil. O presidente da ACNB não esconde que a intenção é explorar o mercado crescente para produtos de origem orgânica. Com o interesse cada vez maior dos países europeus por consumir alimentos produzidos sem nenhum tipo de aditivo químico, isso cria um nicho de mercado potencial. Mesmo no mercado interno, cada vez mais consumidores manifestam interesse por esse tipo de alternativa. Segundo a associação, o trabalho vai além da forma de criação do animal e inclui a preocupação com outros aspectos sociais, como a exploração do trabalho humano, a preservação dos mananciais e a utilização racional dos recursos hídricos e do solo. Para participar do PQNN, é preciso filiar-se à ACNB e assinar um termo de adesão e responsabilidade. Os animais devem ser criados no pasto, recebendo suplementação mineral adequada. Podem ser alimentados, estrategicamente, com suplementos protéicos e energéticos, desde que com produtos de origem vegetal e por um período máximo pré-estabelecido. Deve ser cumprido o calendário oficial de vacinação e não podem ser usados produtos proibidos pela legislação federal. Os bois devem ser nelore, mas são aceitos animais com até 25% de sangue de outra raça zebuína que se enquadrem nos mesmos padrões. Para os machos,

o peso aceitável é de 16 a 19 arrobas e para as fêmeas entre 13 e 19 arrobas. Além disso, os animais devem estar “terminados”, com cobertura de gordura de 2 a 8 milímetros, distribuída uniformemente. As carcaças com contusões, hematomas extensos ou lesões por vacinas e medicamentos, na linha do dorso lombar, são desclassificadas. Segundo o assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Paulo Sérgio Mustefaga, embora esse sistema orgânico realmente atraia o consumidor, ele acredita que, até certo ponto, toda a carne bovina produzida no Brasil pode ser considerada “natural”, comparada com o que é feito nos Estados Unidos e Europa. Ele lembra que a legislação nacional já proíbe o uso de hormônios para acelerar o crescimento, ao contrário dos EUA. “Os países europeus alimentam bovinos com farinha de carne, daí veio a doença da vaca louca”, afirma Mustefaga. Ironicamente, existe um outro projeto que também trabalha com o conceito de carne natural, o que gera polêmica entre os criadores. A empresa Tortuga idealizou o Programa Boi Verde, que também é o nome da marca. Em princípio, ambos lidam com o boi criado no pasto. A diferença essencial é que o “boi verde” permite o uso de adubo químico. Nas doenças mais graves, pode ser medicado com antibióticos e costuma usar ainda os alopáticos.

CARNE NELORE NATURAL Pontos de venda Abates mensais Abates totais (desde 1999) Investimento em comunicação (2003)

360 35 mil 290 mil R$ 5 milhões Fonte: Acnb

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Rastreabilidade urgente Para que o produto brasileiro possa ser promovido e vendido, tanto no mercado interno quanto no externo, está se tornando cada vez mais importante a questão da segurança alimentar, ou seja, garantias sobre a qualidade da carne para a saúde humana. Nesse caso, a preocupação ficou ainda maior na União Européia devido à crise causada pela doença da “vaca louca” e os medos alimentados pelos organismos transgênicos. Com isso, é cada vez mais importante para a pecuária nacional realizar a rastreabilidade, um sistema que registra e torna disponíveis todas as informações, como origem, manejos sanitário e alimentar dos bovinos e bubalinos, desde o nascimento até o abate. Esse processo ainda é tímido no País, pois, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil tem um total de apenas 7,4 milhões de animais rastreados, 4,3% de um rebanho total de mais de 170 milhões de cabeças. A previsão é que a identificação e certificação seja implantada aos poucos até dezembro de 2007. No caso dos produtos que serão exportados para a Europa, o processo teve um caráter

mais urgente e foi concluído em junho do ano passado. Uma das empresas responsáveis por esse trabalho no Brasil é a BioRastro, criada pelo ministério. Antes de fazer a rastreabilidade, a empresa já atuava na certificação de produtos orgânicos, com base em padrões internacionais, explica o diretor e responsável técnico da BioRastro, Valmir Luis Martins Rodrigues Maria. Desde a implantação do Sisbov, a empresa rastreou cerca de 1,6 milhão de cabeças, cerca de um quinto de todo o volume nacional. Esse volume aumentou bastante a partir do último mês de julho, logo depois do ministério ter começado a exigir a permanência dos animais por, no mínimo, 40 dias no banco de dados nacional antes do abate. “A questão da certificação por propriedade, que ganhou espaço na imprensa nos últimos dois meses, fez com que o processo no Brasil perdesse ritmo, dificultando em parte, a exportação de carne bovina para a União Européia”. Ele explica, no entanto, que a questão já está esclarecida e o produtor está consciente de que a identificação individual é necessária para as vendas externas. Com

RASTREABILIDADE Animais rastreados no Brasil Participação no rebanho nacional Animais rastreados pela BioRastro Animais rastreados pela Planejar

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7,4 milhões 4,3% mil 1,6 millhão 3,3 milhões

Fonte: BioRastro, Planejar, Ministério da Agricultura

isso, os trabalhos devem retomar o ritmo normal. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro criou, em 2002, o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), através da Instrução Normativa Nº 1, de 10 de janeiro de 2002. O objetivo do Sisbov foi estabelecer um conjunto de ações, medidas e procedimentos para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da pecuária nacional e a segurança dos alimentos. Um dos maiores trabalhos de rastreabilidade no País está sendo feito pela Planejar, que já tem 8,2 mil produtores cadastrados no Sistema Sisbov. Inclui em média 30 pecuaristas por dia no seu Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina (Sirb), que atualmente conta com cerca de 3,3 milhões de animais já rastreados ou em processo de certificação. Segundo o diretor da Planejar Leandro Ries, o Sirb permite a identificação individual dos bovinos, o controle de rastreabilidade e certificação de origem, desde o nascimento até o abate. Registra todas as ocorrências relevantes ao longo da vida do animal e realiza o relacionamento necessário com o mercado consumidor e com os sistemas de identificação. Mais do que apenas um diferencial, a rastreabilidade é exigida em toda a Europa para a compra de carne de outros países, embora não seja oficialmente considerada obrigatória. O continente representa metade de todas as vendas externas de carne bo-


Segundo as empresas do setor, o animal certificado chega em média a R$1 ou até R$ 2 a mais por arroba, o que paga os custos com considerável ganho

vina do Brasil. Com o regulamento Nº 1760/2000, regulado pelo Nº 1825/2000 do Conselho da União Européia, foi estabelecido um sistema de identificação e registro de bovinos e de rotulagem da carne e de produtos derivados, que se aplica tanto ao continente quanto a seus fornecedores. Isso não se restringirá ao mercado europeu. A partir de 2004, toda a exportação de carne para qualquer país dependerá da rastreabilidade. Além de ser uma importante questão comercial, a rastreabilidade refere-se à segurança do produto para o consumidor em geral. “Ela agrega ao produto final maior confiabilidade, devido ao registro e acompanhamento do processo de produção dentro de uma cadeia produtiva”. Segundo o diretor da Planejar, o alimento certi-

ficado representa para as pessoas a garantia de que trata-se de um produto diferenciado, produzido com qualidade, segundo exigências sanitárias, de bem-estar animal e respeito ao ambiente. Na ponta do pecuarista, o processo representa oportunidades em mercados diferenciados, onde a certificação é reconhecida e valorizada pelo consumidor. “Também permite ao produtor realizar um maior controle da sua propriedade, o que pode resultar em maiores ganhos”, afirma Leandro Ries. Para realizar a Rastreabilidade do seu rebanho, o produtor deve seguir uma série de etapas. Inicialmente, é preciso cadastrar a propriedade junto a uma empresa certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura. Depois disso, será possível cadastrar os animais que serão rastreados. Em seguida, a certificadora vai solicitar ao ministério os números do Sisbov, que deverão ser impressos nos brincos que identificarão os animais. Quando fornecidos, esses dados serão encaminhados a um fornecedor de brincos, escolhido pelo pecuarista, que os fabricará e enviará à propriedade. Caberá ao produtor colocar esses brincos nos animais, de acordo com o cadastro. Após a identificação, ainda é necessário marcar e realizar uma visita técnica à propriedade, para inspeção das informações prestadas e do rebanho rastreado. Completada essa fase, é emitido um relatório para envio ao responsável técnico da certificadora para análise. Caso os dados estejam de acordo com as normas, em 40 dias a

certificadora emite os Documentos de Identificação dos Animais (DIA) e os envia ao pecuarista. Quando chegar o ponto de abate dos animais, deve enviar os certificados dos animais correspondentes ao frigorífico onde os vendeu. Por fim, caberá ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), dar baixa dos animais abatidos junto à Base Nacional de Dados do ministério. Isso não está restrito a grandes proprietários. É um processo relativamente simples, que envolve desde coleta de dados com uso de computadores até planilhas manuais. Desde julho de 2003, o preço pela arroba do boi tem sido diferente para os animais rastreados e não rastreados. O animal certificado chega em média a R$1 ou até R$ 2 a mais por arroba, o que paga os custos “com considerável ganho”, explica o diretor da BioRastro. Assim, segundo ele, os custos da rastreabilidade não podem ser considerados barreiras para pequenos e médios produtores, mas um diferencial na hora de comercializar seus animais. Segundo Ries, com o crescimento da exigência pela rastreabilidade, todos os pecuaristas deverão aderir, independente do tamanho da propriedade ou da quantidade dos animais.

Linha Direta ABCZ/Apex www.abcz.org.br ACNB (11) 3107-0972 Biorastro www.biorastro.com.br

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picultura

Inovação de pesquisadores catarinenses, que enviam abelhas-rainhas por Sedex para todo o Brasil, aumenta a produção com custos reduzidos Por Alexandre Winck

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uma simples caixinha de madeira de 20 centímetros de altura por quatro de largura e oito de comprimento está um dos projetos mais avançados da apicultura catarinense. Não se trata da caixa em si, mas do seu conteúdo: uma abelha-rainha selecionada entre as melhores pesquisadas ao longo do litoral do Estado. O objeto serve para encaminhá-la aos apicultores via Sedex, com o objetivo de melhorar a produtividade. Estimase que cada uma delas obtenha uma média de 80 quilos por colméia ao ano, mais de cinco vezes o habitual, que seriam até 15 quilos. O programa está sendo desenvolvido pelo Centro de Referência em Pesquisa e Extensão Agropecuária (Cepea) da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epagri), que comercializou cerca de mil abelhas nesse sistema no ano passado e espera dobrar esse número em 2003. O biólogo do Cepea Carlos Edilson Orenha explica que o projeto iniciou há dois anos, quando foi feito um trabalho de análise e seleção entre 18 apicultores de 14 municípios do litoral. Houve uma pré-seleção de 120 rainhas que re-

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Abelha-correio

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Projeto pretende dar mais qualidade para o setor,que possui cerca de 30 mil famílias, das quais menos de 10% atuam de forma profissional

sultou na escolha das 45 com melhor capacidade produtiva, para então serem criadas na Cidade das Abelhas, em Florianópolis. Segundo ele, é preciso pegar a larva ainda nova, com no máximo dois dias. Cada colméia pode ter no máximo uma rainha, por isso são escolhidas aquelas que já ficaram “órfãs” ou onde a rainha já está velha para que seja retirada e colocada em outra colméia. O principal critério de seleção é a capacidade de postura de ovos, já que o mel é feito pelas operárias. Cada uma consegue colocar até três mil num único dia. A larva fica numa “realeira” feita pelas operárias, onde se alimenta de geléia real. Depois de 12 dias,

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em média, ela emerge já na fase adulta. Além de melhorar a produtividade, também contribui para a redução das doenças. Orenha garante que esse processo não envolve nenhum tipo de melhoramento químico. Ele lembra, aliás, que uma das principais distinções das abelhas brasileiras, resultado de uma mistura de raças européias e africanas, é a sua grande resistência a doenças e parasitas, dispensando o uso de antibióticos. Em Santa Catarina, a maior parte delas se alimenta do néctar de flores das matas nativas (colhido com uma língua em forma de tubo). Cerca de 90% da produção é feita sem insumos artificiais. “Isso

faz com que o mel daqui seja considerado ‘orgânico’”, lembra o biólogo. Essa é uma importante vantagem comercial, principalmente na Europa, onde os alimentos produzidos sem aditivos químicos são muito populares. Para manter esse fator de diferenciação é muito importante que seja feito o reflorestamento com eucaliptos. Há apicultores de todo o País interessados nas abelhas-rainhas selecionadas pelo Cepea. Cada uma custa R$ 7 mais o custo de envio. O biólogo assegura que não há perigo em enviar as abelhas pelo correio, desde que sejam tomados cuidados para não expô-las ao calor intenso. Além da rainha, a caixa


A história do mel Segundo uma extensa análise realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a apicultura é uma atividade extremamente antiga na América Latina. O mel de abelhas já fazia parte da dieta regular dos povos pré-colombianos, desde as tribos que habitavam o território brasileiro antes do descobrimento até os criadores com técnicas mais avançadas que viviam na América Central. As abelhas européias, como a Apis melifera, vieram com a chegada dos colonizadores. As primeiras a serem introduzidas no Brasil foram trazidas pelo padre português Antônio Carneiro Aureliano, em março de 1839. Características mais racionais e científicas, como a fabricação de insumos e o desenvolvimento das técnicas de manejo começaram a surgir no início do século passado. Foi somente a partir da década de 50 que começaram a ser utilizadas as espécies de origem africana – em especial a Apis melifera scutellata, que tem mais facilidade de adaptação em climas temperados e quentes. No País inteiro, através dos cruzamentos, as abelhas foram se tornando africanizadas. Esse processo espalhou-se por ambas as Américas. Isso teve desvantagens, como forçar os apicultores a uma mudança profunda nas técnicas de manejo, mas rendeu abelhas mais resistentes, dinâmicas e higiênicas. A idéia de um mel “puro”, “especial”, está longe de ser um modernismo, já que esse alimento tem uma aura de nobreza desde os tempos mais remotos. Na Grécia Antiga, as moedas tinham uma abelha estampada em A apicultura foi estimulada a partir dos anos 70 como forma de renda para os agricultures familiares no Sul e no Nordeste

um dos lados como símbolo de riqueza. Além de ser uma rica fonte de energia em forma de carboidratos e glicídeos, sendo usado por muitos como um substituto mais saudável para o açúcar industrial, existe toda uma área de estudos sobre a utilização terapêutica dos produtos das abelhas, conhecida como apiterapia. Várias pesquisas demonstram suas propriedades antimicrobianas, antissépticas, antibacterianas e fungicidas. Países como Itália e França estão trabalhando no sentido de produzir mel para terapias específicas, como tratamentos de úlceras e problemas respiratórios. No Brasil, a tendência é utilizá-lo durante os períodos mais frios do ano, quando aumenta a incidência de doenças respiratórias, mas ainda não como um alimento regular. O consumo nacional é considerado baixo, em média 300 gramas por habitante/ano, enquanto nos Estados Unidos e União

Européia pode chegar a um quilo por habitante. A atividade gera toda uma indústria de produtos alimentares, incluindo geléia real e própolis, além de vários outros itens, como sabonetes, perfumes, etc. Na Argentina e Uruguai, os antibióticos no tratamento das abelhas ainda se fazem necessários por ainda predominarem as espécies européias em algumas áreas. Embora todos os países do Mercosul tenham condições propícias para essa atividade, o Brasil vem apresentando o maior crescimento da produção. O principal motivo é exatamente o potencial para o chamado mel “orgânico”, feito com uso de essências florestais e vegetação livre de agrotóxicos. A partir de meados dos anos 70, a atividade foi estimulada, principalmente no Sul e Nordeste, como uma forma de os agricultores familiares obterem renda complementar, uma mentalidade que ainda predomina no meio rural.

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picultura contém “acompanhantes” operárias que a alimentam. Com a rapidez do serviço de envio pelo correio, as encomendas podem chegar no dia seguinte em outros Estados. Para o ano que vem, o centro deve começar a trabalhar com inseminação artificial das abelhas, para garantir o padrão de qualidade. Um dos beneficiados desse programa é o apicultor Renato Zucco, de 43 anos, morador de Brusque (SC). Ele conta que sua produção inicialmente era bastante artesanal. “Para mim era um hobby, não um negócio”. Suas abelhas rendiam no máximo sete ou oito quilos por colméia ao ano, numa produção total de 900 quilos. Ele começou a se interessar em melhorar o padrão ao participar de cursos profissionalizantes. Foi com a aquisição de abelhasrainhas do programa do Cepea, no entanto, que ele conseguiu dar um “salto” e a produtividade passou para 40 quilos por colméia ao ano. “Neste ano deve chegar a duas toneladas no total, então já não dá

mais para ver só como um hobby, passou a ser um negócio para valer”. Zucco tem um total de 119 colméias e sua intenção é ter 100 delas com rainhas selecionadas. Uma de suas maiores preocupações é o preço oferecido ao produtor. Ele considera R$ 10 um o valor razoável, mas muitos apicultores se contentam a vender por R$ 6 ou R$ 7. Tudo isso faz parte de um processo que visa tornar o apicultor catarinense mais profissional, com condições de enfrentar a competitividade do mercado. O agrônomo Horst Karvelage, do Cepea, lembra que essa ainda é uma ocupação de caráter bastante artesanal no Estado. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que existam cerca de 30 mil famílias envolvidas com a produção de mel, das quais menos de 10% atuam de forma profissional. “No geral são propriedades com apenas três ou quatro caixas de colméias”. A maioria ainda encara essa atividade como uma forma de obter renda complementar, enquanto a mai-

or parte da terra é destinada a hortifrutigranjeiros, como feijão e milho. Uma das coisas que os produtores familiares precisam aprender é como renovar suas colméias. Uma rainha vive em média cinco anos, mas começa a perder capacidade de pôr ovos a partir de dois. Apesar disso, muitos apicultores deixam a colméia com a mesma rainha até que ela deixe de produzir por completo ou morra. Por isso, informa Karvelage, uma equipe de quatro pesquisadores do Epagri está realizando um levantamento da atividade no Estado. A produção concentra-se no Planalto Norte, Planalto Serrano, Sul e parte do Oeste. Além dessa análise, a Epagri vem realizando aulas profissionalizantes. São ministrados de 10 a 12 cursos anuais, com uma média de 20 apicultores em cada um. Os cursos abordam todo o processo de manejo da produção, a um custo de R$ 70. No ano passado, foram capacitados 500 apicultores. Outro programa de destaque do Cepea aten-

Os técnicos fazem a seleção da abelha-rainha com a larva ainda nova, com no máximo dois dias, e o principal critério de seleção é a capacidade de postura de ovos, que pode chegar a até três mil num único dia

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de famílias indígenas do município de José Boiteux (SC), com capacitação e perspectivas de sustentabilidade. Os produtores também estão tentando melhorar seu nível de organização por conta própria. Em 2001 foi criada a Cooperativa Apícola de Santa Catarina (Coopasc), a primeira do sul do País, com sede em Videira. Segundo o presidente da entidade, Luiz Celso Stefaniak, a iniciativa surgiu depois que os apicultores passaram por cursos de capacitação profissional na Epagri. “O que faltava mesmo era uma organização que permitisse chegar a um padrão de qualidade”. Stefaniak explica que essa condição era necessária para conseguir o Selo de Inspeção Federal (SIF). Sem isso, lembra, os produtores não teriam condições de comercializar o produto. Antes da criação da cooperativa, o mel era entregue apenas em entrepostos. Depois de dois anos enfocando a parte de organização e preparação, em 2003 será feita a primeira

colheita do mel que terá a embalagem e a marca própria da cooperativa. A expectativa, segundo Stefaniak, é produzir 108 toneladas em 2003. A entidade conta atualmente com 72 associados, que trabalham em um total de 2,5 mil colméias. O presidente da Coopasc garante que são todos pequenos apicultores, com uma média de 35 colméias cada um. Eles pagam a cooperativa com uma cota básica de um salário mínimo, que pode ser dividida com mais três ou quatro produtores. Neste ano, a produção foi concentrada no mel. Em 2004, deve começar a comercialização de produtos relacionados, como geléia real, pólen e própolis. Stefaniak afirma que a meta da entidade para o ano que vem é chegar a 150 apicultores. No longo prazo, a intenção é chegar a 390 famílias associadas e representar a categoria em nível estadual. Atualmente, a cooperativa abrange nove municípios. Além da Coopasc, está sendo desenvolvida uma outra cooperativa no municí-

APICULTURA EM NÚMEROS O Brasil é hoje o sétimo colocado no ranking mundial de produtores de mel; Em 2002, foram produzidas 27 mil toneladas de mel, sendo que 11,5 toneladas foram exportadas; Os Estados Unidos são o principal destino do mel brasileiro, tendo importado 5,28 milhões de quilos (US$ 10,37 milhões) em 2002; As exportações mundiais de mel somaram US$ 440,14 milhões, de acordo com dados de 2001. A China aparecia na liderança com US$ 98,82 milhões, seguida da Argentina com US$ 71,51 milhões; A produção mundial alcançou 1,26 milhão de toneladas em 2001, das quais 254,76 mil toneladas foram produzidas pela China, 100,24 mil toneladas pelos Estados Unidos e 90 mil toneladas pela Argentina. O Brasil produziu naquele ano cerca de 20 mil toneladas; Uma das explicações para o Brasil ter abocanhado uma fatia maior do mercado é a queda das exportações argentinas, de mais de 24 mil toneladas entre 1999 e 2001, segundo a FAO (Food and Organization of The United Nations); No mesmo período, a produção da Argentina diminuiu 18 mil toneladas. Já as exportações brasileiras ultrapassaram 50% da safra em 2002, provocando o desabastecimento do mercado interno. 81

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O Brasil ganhou com a redução do mercado para o mel da China, um dos principais produtores mundiais, que sofreu contaminação das abelhas com o uso de antibióticos

pio de Rancho Queimado (SC). Mesmo que o índice de profissionalização entre os produtores esteja longe do ideal, a apicultura catarinense tem lugar de destaque no cenário nacional. O Estado é o segundo maior produtor brasileiro, com uma média de oito mil toneladas de mel por ano. Responde sozinho por quase um terço de toda a produção do País, que foi de 22 mil toneladas em 2002. A previsão é chegar a 30 mil este ano. Mesmo sem ter esse título de forma oficial, o município de Içara, no sul, é conhecido como a “capital do mel”. Santa Catarina também tem um desempenho forte no exterior, pois mais da metade do produto local – ou cinco mil toneladas – foi para exportação em 2002, a melhor performance nacional. A expectativa para 2003 é aumentar as vendas externas em 30%. Nos últimos dois anos, elas praticamente triplicaram, tanto que há um número crescente de produtores deixando de lado outras atividades agropecuárias mais tradicionais para se dedicar à apicultura de maneira integral. O Estado foi pioneiro, tanto que em

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2001 nada menos do que 85% das exportações brasileiras de mel vieram das colméias catarinenses. O segundo colocado entre os exportadores nacionais é o Ceará, que em 2002 vendeu 1,8 mil toneladas do produto para outros países. Somente entre 2001 e o ano passado, o crescimento foi de 655%. O Nordeste conta com a vantagem de obter extração de mel até oito vezes por ano, enquanto no território catarinense esse número não passa de quatro. A vantagem sulista está na qualidade do produto, já que o Estado tem grande variedade de flores produtoras de néctar, resultado da presença de matas nativas ainda preservadas. O Brasil beneficiou-se, além do atual bom momento para exportações devido à desvalorização do real, da redução do mercado para o mel chinês. Um dos principais produtores mundiais, a China teve o desempenho abalado pela contaminação das abelhas com uso de antibióticos. Um problema semelhante foi verificado na Argentina, outro competidor forte. Mesmo com tantas notícias positivas, os produtores ainda enfren-

tam barreiras que impedem um crescimento mais explosivo do setor. A principal delas é a dificuldade de acesso a linhas de crédito desburocratizadas e sem exigências excessivas de garantias por parte dos bancos. Outra das grandes queixas do setor é a ausência de uma marca nacional, pois a maior parte do produto brasileiro é vendida no exterior em forma de tonéis para ser industrializada e comercializada com marcas estrangeiras. Ou seja, com toda a qualidade e diferencial do mel brasileiro, ele ainda é “mascarado” para ser vendio em outros mercados; uma amostra do quanto os produtores nacionais ainda necessitam de um trabalho mais intenso de divulgação.

Linha Direta Renato Zucco (47) 351-0766/ (48) 9989-1206 Aapivale (31) 3827-2344 Epagri/Cepea (48) 239-5500


Esforço exportador Apesar das dificuldades encontradas pelos produtores, o setor vem encontrando maneiras alternativas de produzir com qualidade e vender o mel brasileiro no exterior. A Associação Regional dos Apicultores e Exportadores do Vale do Aço (Aapivale) conseguiu, no último mês de maio, embarcar um container com o segundo lote destinado aos Estados Unidos, considerado o mercado mais difícil. A associação tem uma forte presença na Alemanha, que ainda corresponde a 99% de suas exportações. Desde novembro de 2001, data da primeira remessa, o crescimento na movimentação total para aquele país foi de 160%. Neste ano já foram encaminhadas 182 toneladas, com um preço médio de US$ 2,3 mil por tonelada. Isso apesar de 2003 ter sido considerado um ano desfavorável para a produção devido ao baixo volume de chuvas, que prejudicou a manutenção da florada. Segundo o gerente administrativo da entidade, Antônio Rolla, esse processo vem sendo possível graças a dois fatores principais: o bom momento das exportações brasileiras, beneficiadas pela alta do dólar, e o trabalho de parceria com a Celulose Nipo-Brasileira S.A. (Cenibra). Os cerca de 80 associados da Aapivale produzem numa área de cerca de 200 mil hectares de floresta pertencentes à empresa, que corresponde a 46 municípios de Minas Gerais. A empresa foi responsável ainda por doar a maioria dos equipamentos para o entreposto da associação, onde o mel é beneficiado, classificado e envasado.

Os associados pagam, com o produto, uma pequena porcentagem para a Cenibra, que faz a distribuição na região. Também foi feito um trabalho conjunto com a empresa alemã que importou o mel da Aapivale, a Braitsumeer, que atuou com a entidade brasileira para a aquisição do Selo de Inspeção Federal (SIF). “A primeira exportação é difícil porque o processo para receber o SIF é lento e complicado”, explica Rolla. O gerente ressalva que, embora o governo não chegue a atrapalhar a venda do mel brasileiro no exterior, ajuda bem menos do que é propagandeado. O maior problema são as linhas de crédito. “As promessas fantásticas diariamente veiculadas pela mídia nacional de que existem recursos fartos e fáceis para o pequeno produtor rural esbarram invariavelmente na grande barreira da burocracia”. Apesar dessas críticas, Rolla garante continuar acreditando nas propostas governamentais para a criação de emprego, renda e apoio às exportações. Segundo ele, alguns fornecedores e exportadores também deixam a desejar, mostrando displicência em relação à qualidade e à pontualidade na entrega do produto. Ele reconhece que o fato das exportações serem feitas por tonel, ao invés do produto embalado e rotulado, dificulta o reconhecimento do mel brasileiro no exterior. Na Alemanha, a mercadoria chega em tambores de 200 litros revestidos de resina especial, é industrializada é vendida como sendo de lá. “Isso é uma prática comum a quase todos os países, não ocorre somente na Alemanha”.

Além da rotulagem, Rolla considera necessário fazer um intenso trabalho de marketing para divulgar o produto brasileiro, “pois em nenhuma parte do mundo se faz um mel com a qualidade do nosso”. Tanto que já existem perspectivas de ampliar o mercado para outros países. Segundo o gerente da Aapivale, a entidade tem recebido propostas da Bélgica, a Itália, a Espanha e até da Venezuela, mas os preços estão abaixo daqueles ofertados pelo mercado alemão, além de haver exigências como mel de uma florada específica – só eucalipto, por exemplo – ou envio de amostras para análise. O esforço exportador é tão grande que toda a produção da Aapivale está sendo comercializada lá fora. Na Alemanha, o produto é utilizado em diversos setores, incluindo indústrias de cosméticos, farmacêuticos e em iogurtes. A comercialização no exterior é considerada muito vantajosa para os associados. O quilo do mel no Brasil está sendo vendido por R$ 3,50, em média, enquanto no mercado externo pode chegar a R$ 5. O gerente da entidade lembra que, para vender no exterior, é necessário volume de produção. Além dos sócios, atuam junto à associação apicultores independentes, que correspondem a 5% do total. Essa é uma das razões pelas quais o entreposto obtido através da parceria com a Cenibra colaborou nesse processo, pois permitiu unir de vez os produtores. Atualmente, cerca de cinco mil colméias estão instaladas nas florestas, que ficam na região do Vale do Aço e Rio Doce. A produção é estimada em mais de 200 toneladas de mel/ano.

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strutiocultura

Criação equilibrada Passada a onda especulativa, o mercado de avestruz se consolida como uma atividade que demanda investimentos de longo prazo e constante inovação 84 Guia Empreendedor Rural

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epois de criar uma legião de investidores, motivados pelas oportunidades de ganhos rápidos e alto retorno, o mercado brasileiro de estrutiocultura – a criação de avestruz – tenta encontrar seu ponto de equilíbrio buscando melhorias nas técnicas de manejo e na gestão do negócio. Para o presidente da Associação de Criadores de Avestruz do Brasil (Acab), Celso Carrer, as taxas atrativas de rentabilidade desta atividade têm auxiliado o forte crescimento do rebanho brasileiro, ao mesmo tempo em que aumentam as opções de fornecedores de aves. No entanto, diz Carrer, a mesma atratividade tem fomentado também a proliferação de várias empresas e produtores que visam um retorno de curto prazo, baseados numa visão mais especulativa, e que não estarão, segundo


ele, no mercado nos próximos anos. “O mercado tem se apresentado cada vez menos especulativo e com tendência de profissionalização. Muitas empresas que iniciaram esta atividade não fazem mais parte deste mercado. Existe uma contínua tendência de crescimento, embora um turn over natural já seja sentido”, avalia Carrer. De qualquer maneira, o rebanho brasileiro de avestruz deve dobrar nos próximos dois anos. Segundo as estimativas da Acab, existem cerca de 100 mil animais num plantel que cresce a uma taxa de 50% ao ano. Esse crescimento estimula um mercado que movimenta US$ 5 milhões (R$ 15 milhões) por ano. No Brasil, o mercado de matrizes e reprodutores da ave tem se consolidado rapidamente com um aumento progressivo do número de produtores. Mas, antes de se aventurar na criação de avestruzes, é preciso ter em mente que a estrutiocultura é um investimento de longo prazo e que a comercialização de carne ainda é um pequeno nicho. Hoje, 70% da renda da estrutiocultora brasileira provém da venda de animais reprodutores, 25% vêm de insumos para a produção e apenas 5% da venda de carne. Para iniciar um criatório de avestruzes, o investimento é de aproximadamente R$ 20 mil. “A tarefa de escolher o fornecedor mais apropriado para o seu investimento é de fundamental importância. De um modo geral, o ideal é perseguir uma gestão empresarial adequada às peculiaridades do agronegócio e à atividade de estrutiocultura”, aconselha Carrer. As recomendações para novos empreendedores nesse mercado têm sua razão. O perfil dos criadores de avestruzes no país é diversificado, A estrutiocultura exige investimentos em tecnologia que são necessários somente a partir do terceiro ano de negócio

a maioria é de pequenos e médios produtores que têm ainda como origem os profissionais liberais e empresários com a atividade econômica principal de raiz urbana (indústria e comércio). Segundo a Acab, os criadores que possuem vínculo com a atividade rural ainda são a minoria. “No futuro existe a tendência de inverter essa situação. O mercado de produtos (carne, couro e plumas) já começou no país e absorve quantidades ainda pequenas devido à oferta limitada de animais para o abate. O mercado externo continua aquecido e deve ser um excelente canal de comercialização em um futuro próximo de dois ou

três anos”, avalia o presidente da Acab, que também comanda o Grupo Ostrich do Brasil, empresa especializada na prestação de serviços e assistência técnica aos estrutiocultores. CLIMA E MEIO AMBIENTE Para quem quer entrar nesse negócio outros alertas são feitos pelo presidente da Acab. O primeiro deles é que a estrutiocultura possui gargalos tecnológicos que normalmente são sentidos somente a partir do terceiro ou quarto ano de atividade. Outra questão está relacionada com o clima no Brasil. O ambiente brasileiro varia bastante e

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strutiocultura dependendo das condições climáticas de cada região, a eficiência de produção também se altera. “É necessário adequar a melhor tecnologia a cada situação, gerando as soluções mais adequadas para viabilizar a criação e o escoamento de produtos de forma econômica. Vários custos precisam ser minimizados como os de alimentação, principal item de despesas operacionais”, explica Carrer. Outro preconceito enfrentado pelos novos criadores é questão ambiental. Para a Acab, embora o avestruz, como qualquer outra cultura de origem animal, seja produtora de dejetos, pelo tipo de cri-

ação (a campo) a quantidade gerada não chega a preocupar do ponto de vista de risco ambiental. “Hoje existem normas para esta criação que preconizam técnicas de controle de dejetos, referendadas na Instrução Normativa de número 2 do Ministério da Agricultura. Tanto assim que o próprio Ibama reclassificou o avestruz de espécie exótica para espécie de exploração zootécnica”, afirma o presidente da Acab. Carrer descarta qualquer comparação com escargots e javalis, que foram introduzidos irresponsavelmente no meio ambiente, causando um desequilíbrio ecológico. Ele esclare-

ce que, no caso das avestruzes, esta situação não ocorre, pois a reprodução natural é praticamente inviável no Brasil, por causa do alto índice de umidade do ar. Além disso, pelo porte que possuem, as avestruzes são facilmente identificáveis e, por não gostarem de ambientes de mata fechada, preferindo os campos, sua captura ou eliminação seria muito simples. “A Acab é solidária na preocupação com os riscos. Por isso tem conclamado os institutos de pesquisa das universidades a criar tecnologia brasileira, para deixarmos de ser dependentes da tecnologia externa”, diz.

70% da renda dos criadores brasileiros vem da venda de reprodutores, 25% de insumos para a produção e apenas 5% da venda de carne

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ENSINO À DISTÂNCIA Pensando em todos esses entraves, Carrer resolveu criar a primeira faculdade destinada à estrutiocultura. A Universidade do Avestruz nasceu de uma parceria entre o Grupo Ostrich e a Faculdade de Administração de Limeira (FAAL), com o objetivo de tornar viável a especialização de profissionais e interessados na criação de avestruzes. Além das aulas teóricas pela internet, os alunos participam de aulas presenciais e avaliações práticas que acontecem nos laboratórios de ensino da FAAL e no Centro de Tecnologia e Produção da Brasil Ostrich. A procura parece ter justificado o investimento, já que alunos de vários estados brasileiros e até de outros países, como Portugal, Bolívia e Estados Unidos, estão assistindo aos cursos pela web. A Universidade do Avestruz tem atualmente 50 inscritos no curso de Extensão Módulo Aplicado em Estrutiocultura e 30 no de Especialização em Agribusiness com Concentração em Estrutiocultura (lato sensu). “A Uniavestruz foi criada a partir do interesse em disponibilizar de forma concreta a experiência acumulada de nosso corpo técnico acompanhando e assessorando inúmeros projetos no Brasil inteiro e da necessidade de se levar conhecimento para um público ainda carente de informações, não somente aquele diretamente ligado a estrutiocultura, mas também na área de gestão de agronegócio”, define Carrer.

AS PRINCIPAIS DICAS PARA QUEM QUER COMEÇAR A CRIAÇÃO DE AVESTRUZES 1 Consulte os órgãos de controle da situação financeira e da idoneidade da empresa fornecedora (SERASA e SPC);

2 Verifique se a empresa é associada à ACAB (Associação de Criadores de Avestruzes do Brasil) pelo (11) 31011096;

3 Preste muita atenção na equipe técnica que faz parte da empresa. Não se limite a conhecer a área de

vendas. Pergunte sempre se a empresa têm técnicos capacitados (zootecnistas, veterinários, biólogos, agrônomos e outros profissionais da área de agronegócio). Este detalhe é um importante indicador da estrutura e da qualidade do pós-venda e para avaliar o grau de profissionalização das empresas consultadas;

4 Adquira aves com absoluto controle de documentação sanitária (exija exames negativos para a doença de

Newcastle, salmoneloses e micoplasma), fiscal e de origem (informações de parentesco e pedigree) e com garantia de sexagem e microchipagem;

5 Promova visitas às instalações da empresa e verifique os cuidados relativos ao bom manejo e desenvolvimento das aves (um filhote de três meses deverá ter cerca de 20 kg a 22 kg de peso e 1,20 m de altura);

6 Desconfie de empresas que prometem resultados de produtividade muito altos. Uma média de produção de

filhotes por fêmea adulta/ano mais próxima da realidade de criação encontrada na prática fica na casa de 15 a 18 filhotes/fêmea/ano;

Linha Direta Uniavestruz: (19) 3561 8200 www.uniavestruz.com.br

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Desconfie de empresas que procuram se valorizar atacando e reforçando os aspectos negativos da concorrência. Pode ser um sinal de absoluta falta de ética ou de desespero mercadológico;

8 Desconfie de empresas que possuem preços de aves muito baixos. Lembre-se: o barato poderá sair muito

caro, se você estiver comprando “gato por lebre”. Ninguém faz milagre. Aves com preços muito abaixo do 87 mercado podem ser de origem clandestina ou de baixa qualidade.

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eiras e Congressos

JANEIRO De 05/01 a 09/01/2004 CURSO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Sertãozinho – SP Informações com: Lagoa da Serra Telefone: (16) 645-2299 / R. 156 E-mail: renata@lagoa.com.br De 10/01 a 07/02/2004 I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM RASTREABILIDADE ANIMAL Piracicaba – SP Informações com: ESALQ Site: www.ciagri.usp.br/~nupea/eventos.htm Telefone: (19) 3429-4217 / R. 237 E-mail: dcalmeid@esalq.usp.br De 14/01 a 25/01/2004 I CURSO DE VERÃO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO E MANEJO DA VIDA SILVESTRE Nazaré Paulista – SP Informações com: Centro de Educação do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) Site: www.ipe.org.br Telefone: (11) 4597-1327 E-mail: paranagua@ipe.org.br De 15/01 a 30/01/2004 ADMINISTRANDO CAVALOS E CENTROS EQÜESTRES Sorocaba – SP Informações com: Universidade do Cavalo Site: www.universidadedocavalo.com.br Telefone: (15) 3012-8122 / 3292-3552 E-mail: secretaria@universidadedocavalo.com.br De 15/01 a 18/01/2004 SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO PECUÁRIO Descalvado – SP Informações com: Atav Assessoria Site: www.limousin.com.br Telefone: (19) 3583-4267 E-mail: atavassessoria@hotmail.com

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De 19/01 a 13/02/2004 CURSO COLHEITA E PREPARO DO CAFÉ COM QUALIDADE Viçosa – MG Informações com: Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Site: www.pos-colheita.com.br Telefone: (31) 3899-2735 / 3899-1889 E-mail: juarez@ufv.br De 21/01 a 24/01/2004 SHOW AGRÍCOLA Palma Sola – SC Informações com: Jucara Site: www.sementescrestani.com.br Telefone: (49) 652-0152 E-mail: showagricola@sementescrestani.com.br De 27/01 a 29/01/2004 7º CURSO DE PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM Piracicaba – SP Informações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz Site: www.esalq.usp.br Telefone: (19) 3422-9197 / 3417-0064 E-mail: cdt@fealq.org.br De 29/01 a 01/02/2004 XX FEOVELHA Pinheiro Machado – RS Informações com: Supersul Telefone: (53) 248-1600 / 248-1564 E-mail: feovelha.sul@supersul.com.br De 30/01 a 30/01/2004 PRÊMIO TOP DE AGRONEGÓCIO 2004 Campinas – SP Informações com: Regina Site: www.iepq.com.br Telefone: (19) 3294-7772 E-mail: iepq@uol.com.br


FEVEREIRO 03/02/2004 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOTURISMO E TURISMO RURAL São Paulo – SP Informações com: Faculdade SENAC de Turismo e Hotelaria Telefone: (11) 3673-2511 / 3864-4597 De 14/02 a 15/02/2004 CREDENCIADORA - CAVALOS CRIOULOS Santa Cruz do Sul – RS Informações com: Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos Site: www.abccc.com.br Telefone: (53) 223-2122 E-mail: vilson.aguiar@abccc.com.br De 13/02 a 11/12/2004 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE RUMINANTES Piracicaba – SP Informações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz Site: www.esalq.usp.br Telefone: (19) 3417-6604 E-mail: cdt@fealq.org.br

De 29/02 a 05/03/2004 VII CONFERÊNCIA MUNDIAL DE PESQUISA DE SOJA IV CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE PROCESSAMENTO E UTILIZAÇÃO DE SOJA E III CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA Foz do Iguaçu – PR Informações com: Degrau - Sistema de Comunicação Integrada Site: www.cnpso.embrapa.br/soy Telefone: (43) 3327-4133 /3371-6336 E-mail: cms@cnpso.embrapa.br De 29/02 a 02/03/2004 10º PROWEIN Düsseldorf – Alemanha Informações com: MDK Feiras Internacionais Site: www.prowein.de Telefone: (11) 5535-4799 E-mail: mdkfeira@terra.com.br

MARÇO

De 02/02 a 06/02/2004 15º CURSO DE SISTEMA ROTACIONADO INTENSIVO DE PRODUÇÃO DE PASTAGENS PARA BOVINOS LEITEIROS Piracicaba – SP Informações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz Site: www.esalq.usp.br Telefone: (19) 3417-6604 E-mail: fealq@carpa.ciagri.usp.br

De 01/03 a 25/03/2004 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS Pelotas – RS Informações com: Universidade Federal de Pelotas Site: www.ufpel.edu.br/faem/pger Telefone: (53) 275-7126 E-mail: lilles@ufpel.edu.br

De 13/02 a 13/02/2004 CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE NUTRIÇÃO E PRODUÇÃO DE BOVINOS Piracicaba – SP Informações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz Site: www.esalq.usp.br Telefone: (19) 3417-6604 E-mail: cdt@fealq.org.br

De 01/03 a 27/08/2004 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA Florianóplis – SC Informações com: Associação Nacional de Biossegurança (ANBio) Site: www.anbio.org.br Telefone: (21) 2220-8327 / 2220-8678 E-mail: cadastro@anbio.org.br

www. agroagenda.com.br Guia Empreendedor Rural

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uia Rural

ENTIDADES E INSTITUIÇÕES

A

Federação Ornitológica do Brasil - FOB Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.131 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3862-4176

Associação Brasileira dos Criadores de Brahman Pça. Vicentino R. Cunha, 110 Bloco 1 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3883 abrahman@zaz.cp.br

AVICULTURA

Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Ibagé Av. João Teles, 1759 Cx. Postal: 303 Bagé/RS - 96400-031 Fone: (53) 241-2801

AGRICULTURA ORGÂNICA Associação de Agricultura Orgânica - AAO Av. Francisco Matarazzo, 455 2º andar • Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 20 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 3673-8013 organica@uol.com.br Instituto Biodinâmico Rod. Gastão Dal Farra • Km 4 Cx. Postal: 321 Botucatu/SP - 18603-970 Fone: (14) 6822-5066 www.ibd.com.br ibd@ibd.com.br

APICULTURA Centro de Apicultura Tropical Av. Prof. Manuel Ribeiro, 1920 Pindamonhangaba/SP 12400-970 Fone: (12) 242-7822

Associação Brasileira dos Exportadores de Frango - ABEF Av. das Américas, 505 • Sala 212 Barra da Tijuca Rio de Janeiro/RJ - 22631-000 Fone: (21) 493-5007 www.abef.com.br abef@abef.com.br Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte - APINCO Av. Andrade Neves, 2501 Bairro Jardim Chapadão São Paulo/SP - 13070-002 Fone: (19) 3241-0233 Fax: (19) 3243-5605 apinco@dglnet.com.br Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil - ACAB Cx. Postal: 399 Bragança Paulista/SP - 12900-000 Fone: (11) 4035-3299 www.acab.org.br online@acab.org.br

AQÜICULTURA Associação Brasileira de Criadores de Organismos Aquáticos - ABRACOA Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3672-8274 www.setorpesqueiro.com.br setorpesqueiro@ setorpesqueiro.com.br

ASININOS Associação Brasileira de Criadores de Jumento de Raça Pega Rua São Paulo, 893 • Sala 1204 Belo Horizonte/MG - 30170-131 Fone: (31) 3224-9492 abcpega@net.em.com.br

AVES ORNAMENTAIS

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Associação Brasileira dos Criadores de Aves Ornamentais Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.112 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3864-2899

Guia Empreendedor Rural

Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia - FACTA Av. Andrade Neves, 2501 Campinas/SP - 13070-002 Fone: (19) 3243-4758 Fax: (19) 3243-8542 facta@facta.org.br União Brasileira de Avicultura - UBA Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912 12º andar • Sala 12A São Paulo/SP - 01451-000 Fone: (11) 3812-7666 Fax: (11) 3815-5964 www.rudah.com.br/uba ubasp@uol.com.br

BOVINOS Associação Brasileira dos Criadores de Angus Av. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501 Porto Alegre/RS - 90480-003 Fone: (51) 328-9122 www.angus.com.br angus@angus.org.br

Associação Brasileira dos Criadores de Belgian Blue Rua 7 de Setembro, 5388 Conj. 1602 Curitiba/PR - 80240-000 Fone/Fax: (41) 643-2223 Associação Brasileira de Criadores de Blonde D’Aquitaine Rua Tabapuã, 479 • 10º andar Conj. 102 Bairro Itaimbibi São Paulo/SP - 04533-011 Fone: (11) 3842-0712 Fax: (11) 3842-4903 blondebr@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa Av. Diógenes de Lima, 3063/65 Bairro Alto da Lapa São Paulo/SP - 05083-010 Fone: (11) 3831-0188 Fax: (11) 3834-5150 www.gadoholandes.com srg.scl@gadoholandes.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Av. Américo C. da Costa, 320 Campo Grande/MS - 79080-170 Fone/Fax: (67) 342-3811 www.abrangus.com.br brangus@vip2000.net Associação Brasileira dos Criadores de Canchim Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 17 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-3099 canchim@canchim.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caracu Rua Vicente Machado, 1322 Sala 101 Cx. Postal: 162 Palmas/PR - 85555-000 Fone: (46) 262-3432 www.abccaracu.com.br abcc@abccaracu.com.br


Associação Brasileira dos Criadores de Charolês Rua Alberto Pasqualini, 25 4º andar • Sala 404 Santa Maria/RS - 97015-010 Fone: (55) 222-7822 Fax: (55) 222-7619 www.charoles.org.br abccharoles@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Chianina Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 2672-6099 Fax: (11) 2673-4905 Associação Brasileira dos Criadores de Devon Rua Anchieta, 2043 Cx. Postal: 490 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 Fax: (53) 227-8556 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Gado Jersey Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 21 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 262-0588 Fax: (11) 262-8101 www.gadojerseybr.com.br jerseybr@gadojersey.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Gelbvieh Av. Tiradentes, 6275 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 348-2427 www.gelbvieh.com.br Associação dos Criadores de Gir do Brasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3885 Fax: (34) 3336-5845 assogir@zaz.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Rua Orlando V. Nascimento, 74 Uberaba/MG - 38040-280 Fone/Fax: (34) 3336-3111 www.girolando.com.br girolando@girolando.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 3836-1995 www.guzera.org.br guzera@terra.com.br

Associação dos Criadores de Gado Holandês Av. Fernando Osório, 1754 Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 273-1399 Associação Nacional dos Criadores de Herd Book Collares Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação dos Criadores de Hereford/ Braford Rua General Osório, 1094 Bagé/RS - 96400-100 Fone/Fax: (53) 242-1332 www.braford.com.br hereford@hereford.com.br braford@braford.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 118 Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3336-4400 Associação Brasileira dos Criadores de Limousin Av. Tiradentes, 6275 Parque Governador Ney Braga Cx. Postal 398 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 338-6465 www.limousin.com.br limousin@sercomtel.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-2279 march@marchigiana.org.br Associação dos Criadores do Mocho Tabapuã Pç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 • Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 336-2410 www.tabapua.org.br tabapua@zaz.com.br Associação dos Criadores de Nelore do Brasil Rua Riachuelo, 231 • 1 º andar Sao Paulo/SP - 01007-906 Fone: (11) 3107-0972 www.nelore.org.br nelore@nelore.com.br

Associação Nacional dos Criadores de Normando Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pardo-Suíço Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 27 Caixa interna 13 Sao Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3871-1018 Fax: (11) 3871-5308 www.pardo-suico.com.br gadopardo@pardo-suico.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Piemontês Rua Santa Catarina, 1901 Avaré/SP - 18708-000 Fone: (14) 3732-4118 www.piemontes.com.br abcp@activenet.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pitangueiras Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3872-0905 Associação Brasileira de Criadores de Red Poll Rua Leopoldo Froes, 20 Porto Alegre/RS -90020-090 Fone: (55) 422-1542 Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-2322 www.santagertrudis.com santagertrudis@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Simental e Simbrasil Rua Mário Romanelli, 23 Cachoeira do Itapemirim/ES 29303-260 Fone: (27) 521-5666 Fax: (27) 521-0570 simentalsimbrasil@ simentalsimbrasil.com.br Associação Brasileira de Criadores de Zebu Pça. Vicentino R. da Cunha, 110 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3900 www.abcz.org.br abcz@abcz.org.br Associação do Novilho Precoce Rua da Consolação, 247 13º andar São Paulo/SP - 01301-000 Fone: (11) 259-0833

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uia Rural

B

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BUBALINOS

EQÜINOS

Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 13 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-4455 www.bufalo.com.br bufalo@netpoint.com.br

Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-2766

Fundação Centro Tecnológico Búfalos e Desenvolvimento Agropecuário - FCTBDA Cx. Postal: 193 Andradina/SP - 16900-000 Fone: (18) 722-5771

C CHINCHILAS Associação Brasileira dos Criadores de Chinchila Lanígera Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 3865-9237 www.surf.to/masterchinchila Associação dos Criadores de Chinchilas do Brasil - ACHIBRA Av. Presidente Vargas, 514 Camaquã/RS - 96180-000 Fone: (51) 671-1603 www.multichila.com.br multichila@multichila.com.br

D DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas - AENDA Av. Dr. Vieira de Carvalho, 172 3º andar • Conj. 306 São Paulo/SP - 01210-010 Fone/Fax: (11) 222-4446 www.aenda.org.br aenda@sti.com.br Associação Nacional de Defesa Agrícola ANDEF Rua Cap. Antônio Rosa, 376 13º andar São Paulo/SP - 01443-010 Fone/Fax: (11) 3081-5033 www.andef.com.br

94 Guia Empreendedor Rural

Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Appaloosa Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-7800 www.appaloosa.com appaloosa@appaloosa.com.br Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 263-1744 www.abcca.com.br abcca@abcca.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campeiro Rua Marechal Floriano, 217 Curitibanos/SC - 89520-000 Fone: (49) 45-1866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina Rua Rep. da Argentina, 255 Belo Horizonte/MG – 30315-490 Fone: (31) 223-5260 www.campolina.org.br campolina@campolina.org.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Corrida Av. Lineu Paula Machado, 875 Jardim Everest São Paulo/SP - 05601-001 Fone: (11) 3813-5699 / Fax: 3814-3410 sbb@studbook.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos Av. Fernando Osório, 1754A Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 223-2122 www.abccc.com.br abccc@terra.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Hipismo Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3672-2866 www.brasileirodehipismo.com abcch@netpoint.com.br

Associação Brasileira de Criadores de Mangalarga Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 04 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-9400 Fax: (11) 3262-1864 www.cavalomangalarga.com adm@cavalomangalarga.com Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador Rua Goitacazes, 14 • 10º andar Belo Horizonte/MG 30190-050 Fone/Fax; (31) 3222-8833 www.abccmm.org.br abccmm@abccmm.org.br Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Raça Marajoara Av. Alm. Barroso, 5386 Belém/PA - 66610-000 Fone: (91) 231-0339 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Paint Av. Comendador José da Silva Marta, Quadra 36 Bauru/SP - 17053-340 Fone/Fax: (14) 236-3000 www.abcpaint.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro Rua Joaquim Murtinho, s/n Poconé/MT - 78175-000 Fone: (65) 345-1436 Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pônei Av. Amazonas, 6020 Parque Bolívar de Andrade Belo Horizonte/MG 30510-000 Fone/Fax: (31) 371-3797 www.bhnet.com.br/~ponei Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Quarto-de-Milha Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 11 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3857-2615 www.abqm.com abqm@quartodemilha.com.br Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.062 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 864-3933 www.abhir.com.br abhir@dialdata.com.br


Federação Brasileira dos Criadores de Cavalo Puro Sangue Lusitano/Pura Raça Espanhola-Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 14 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 367-2866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Trotador Pça. Trotadores, 1 São Paulo/SP - 02120-010 Fone: (11) 6631-7263 abcctrotador@ig.com.br

M MARKETING RURAL Associação Brasileira de Marketing Rural - ABMR Av. Brigadeiro Faria Lima, 1572 2º andar • Conj. 221/222 São Paulo/SP - 01463-900 Fone: (11) 3812-7814 Fax: (11) 3816-2702

MECANIZAÇÃO Associação Brasileira dos Criadores de Jumento Nordestino Secretaria da Agricultura BR 101 • Km 0 Centro Administrativo Bairro Lagoa Nova Natal/RN - 59059-900 Fone: (84) 231-7218

F FEDERAÇÕES DA AGRICULTURA Confederação Nacional da Agricultura SBN Quadra 1 Ed. Palácio da Agricultura 2º e 4º andares • Bloco F Brasília/DF - 70040-908 Fone: (61) 326-3161 Fax: (61) 326-2421 www.cna.org.br cna@cna.org.br

Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ Av. Jabaquara, 2925 4º andar São Paulo/SP - 04045-902 Fone: (11) 5582-6311 Fax: (11) 5582-6337 panrural@abimaq.org.br

MEDICINA VETERINÁRIA Conselho Federal de Medicina Veterinária SCS • Qd. 1 • Bloco E Edifício Ceará • 14º andar Brasília/DF - 70303-900 Fone: (61) 322-7708 Fax: (61) 226-1326 www.cfmv.org.br cfmv@cfmv.org.br

LO

FRUTICULTURA

ÓLEOS VEGETAIS

Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAF Av. Ipiranga, 952 • 13º andar São Paulo/SP - 01084-900 Fone: (11) 223-8766 www.ibraf.org.br ibraf@uol.com.br

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE Av. Vereador José Diniz, 3707 Conj. 73 • 7º andar São Paulo/SP - 04603-004 Fone: (11) 5536-0733 Fax: (11) 5536-9816 www.abiove.com.br abiove@abiove.com.br

L LEITE

OVINOS E CAPRINOS

Associação Brasileira de Produtores de Leite Brasil Rua Bento Freitas, 178 9º andar São Paulo/SP - 01220-000 Fone: (11) 221-3599 Fax: (11) 222-6495 www.leitebrasil.org.br leitebrasil@leitebrasil.org.br

Associação Brasileira de Criadores de Border Leicester Rua Itapeva, 93 Passo da Areia Porto Alegre/RS - 91350-080 Fone: (51) 341-2566 Fax: (51) 341-3566

Associação Brasileira dos Criadores de Hampshire Dow Rua Timbaúva, 930 Cx. Postal 65 Novo Hamburgo/RS 93332-110 Fone: (51) 587-1000 Associação Brasileira dos Criadores de Ideal Rua Humaitá, 192 Pelotas/RS - 96470-000 Fone/Fax: (53) 2481-1471 Associação Brasileira de Criadores de Ile de France Pça. Julio de Castilhos, 48 Apto. 21 Porto Alegre/RS - 90430-020 Fone: (51) 3311-8757 Associação Brasileira dos Criadores de Karacul Rua Nossa Senhora Aparecida, 167 Vila Conceição Porto Alegre/RS - 91920-690 Fone/Fax: (51) 3266-7305 Associação Brasileira dos Criadores de Merino Australiano Rua Santana, 2717 • Apto. 6A Uruguaiana/RS - 97510-471 Fone: (55) 412-6029 Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos - ARCO Av. Sete de Setembro, 1159 Cx. Postal: 145 Bagé/RS - 96400-901 Fone: (53) 242-6130 Fax: (53) 242-6455 arco@alternet.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Poll Dorset Rua Visconde de Guarapuava, 3945/ 1501 Curitiba/PR - 80250-220 Fone/Fax: (41) 233-1835 prdzierwa@onda.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Polypay Av. Princesa Isabel, 395 Porto Alegre/RS - 90620-001 Fone: (51) 217-1230 Associação Brasileira de Criadores de Romney Marsh Rua Mal. Floriano, 1098 Centro Bagé/RS - 96400-001 Fone: (53) 242-1753

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uia Rural

Associação Brasileira dos Criadores de Suffolk Rua Joaquim Pedro Soares, 253 Fundos - Centro Novo Hamburgo/RS 93510-320 Fone: (51) 594-2825 Fax: (51) 582-7060 Associação Brasileira dos Criadores de Texel Av. Borges de Medeiros, 541 Conj. 501 Cx. Postal: 1.114 Porto Alegre/RS - 99658-044 Fone: (51) 341-5291 Fax: (51) 231-6307 Associação Paulista dos Criadores de Ovinos - ASPACO Rua Marcelo George, 69 Jardim Progresso São Manuel/SP - 18650-000 Fone: (14) 6891-2597 aspaco@laser.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caprinos Av. Caxangá, 2200 Bairro Cordeiro Cx. Postal 7.222 Recife/PE - 50711-000 Fone/Fax: (81) 3449-9391

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SOCIEDADES Sociedade Rural Brasileira - SRB Rua Formosa, 367 • 19º andar São Paulo/SP - 01049-000 Fone: (11) 222-0666 Fax: (11) 223-1780 srb@amcham.com.br

SUÍNOS Associação Brasileira de Criadores de Suínos - ABCS Rua Dinarte Vasconcelos, 40 Parque 20 de Maio Cx. Postal 105 Estrela/RS - 95880-000 Fone/Fax: (51) 3712-1013 www.abcs.com.br abcs@viavale.com.br Associação dos Criadores de Suínos Av. Amazonas, 6020 Parque Gameleira Belo Horizonte/MG 30530-000 Fone: (31) 3334-5709

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

PESQUISA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Parque Estação Biológica (PqEB), s/n Edif. Sede • Plano Piloto Brasília/DF - 70770-901 Fone: (61) 448-4433 Fax: (61) 347-1041 www.embrapa.br presid@sede.embrapa.br

S SEMENTES

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Associação Brasileira dos Produtores de Sementes - ABRASEM SCS • Bloco G • nº 30 Sala 501 Edif. Bacarat Brasília/DF - 70309-900 Fone: (61) 226-9022 Fax: (61) 321-3569 www.abrasem.com.br abrasem@solar.com.br

Guia Empreendedor Rural

a AGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Guilherme Schell, 10260 Canoas/RS - CEP: 92420-000 Fone: (51) 477-7000 Fax: (51) 477-1257 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.massey.com.br AGRALE S.A. Caminhões, tratores, motores e grupos geradores Rod. BR 116, km 145, 15104 Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520 Fone: (54) 229-1133 Fax: (54) 229-2290 E-mail: vendas@agrale.com.br Internet: www.agrale.com.br

AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA. Arados, grades, semeadeiras e roçadeiras Avenida Baldan, 1500 Matão/SP - CEP: 15993-000 Fone: (16) 282-2577 Fax: (16) 282-2480 E-mail: car@agritillage.com.br Internet: www.agritillage.com.br ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA. Moinhos, transportadores e secadores Av. Domingos Camerlingo Calo, 3228 Ourinhos/SP - CEP: 19900-000 Fone: (14) 322-5815 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.alliance.ind.br

c CASE BRASIL & CIA. Tratores e colheitadeiras Av. Jerome Case, 1801 Sorocaba/SP - CEP: 18087-370 Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100 Internet: www.casecorp.com CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO Distribuidores, bebedouros e silos para frangos Rua Sebastião Gonçalves Cruz, 477 Amparo/SP - CEP: 13904-904 Fone: (19) 3807-8022 Fax: (19) 3807 2422 E-mail: caspsa@dglnet.com Internet: www.casp.com.br CATERPILLAR BRASIL LTDA. Tratores, máquinas e equipamentos Rod. Luiz de Queiroz, Km 157 Piracicaba/SP - CEP: 13420-900 Fone: (19) 429-2100 Fax: (19) 429-2430 Internet: www.cat.com CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA. Arados, cultivadores, grades e plantadores Rod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541 Araras/SP - CEP: 13600-970 Fone: (19) 543-2100 Fax: (19) 543-2122 E-mail: contato@civemasa.com.br Internet: www.civemasa.com CONFAB INDUSTRIAL S.A. Tubos para armaz. e distribuição Rua Tabapuã, 41 -14º Andar São Paulo/SP - CEP: 04533-010 Fone: (11) 3040-6015 Fax: (11) 3040-6037 E-mail: cfbrjz@confab.com.br Internet: www.confab.com.br


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EIRICH INDUSTRIAL LTDA. Secadores, trituradores e moagens Estrada Velha De Itu, 1500 Jandira/SP - CEP: 06612-250 Fone: (11) 4789-3055 Fax: (11) 4789-3049 E-mail: eirich@eirichbrasil.com.br Internet: www.eirich.de

JOHN DEERE BRASIL S.A. Tratores e colheitadeiras Av. Jorge Logemann, 600 Horizontina/RS - CEP: 98920-000 Fone: (55) 537-1322 Fax: (55) 537-1844 E-mail: slsjohndeere@ johndeere.com Internet: www.slc.com.br

ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A. Fornos industriais Avenida Juvenal Arantes, 1375 Jundiaí/SP - CEP: 13212-370 Fone: (11) 4525-0744 Fax: (11) 4525-0943 E-mail: elino@dglnet.com

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f FOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA. Ordenhadeiras, identificadores e controle de armazenagem Rua da Holanda, 123 Panambi/RS - CEP: 98280-000 Fone: (55) 375-4422 Fax: (55) 375-4482 E-mail: bruno@fockink.ind.br Internet: www.fockink.ind.br

h HIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA. Moto-bombas, pivôs e grupos geradores Via Antônio Leite de Oliveira, 215 Piedade/SP - CEP: 18170-000 Fone: (15) 244-1103 Fax: (15) 244-1103 E-mail: hpower@uol.com.br Internet: www.jimenezhitropower.com.br

i INBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS E VIBRATÓRIOS LTDA. Equipamento e vibratórios Rua Marinho de Carvalho, 16 Diadema/SP - CEP: 09921-000 Fone: (11) 4056-6654 Fax: (11) 4056-6755 E-mail: inbrasbr@sanet.com.br

KEPLER WEBER S.A. Peças para armazenagem e conservação Avenida Andaraí, 566 Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110 Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281 E-mail: diretoria@kepler.com.br Internet: www.kepler.com.br KILBRA MÁQUINAS LTDA. Embalagens de ovos, criadeiras e bebedouros Rua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187 Birigüi/SP - CEP: 16206-005 Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240 Internet: www.kilbra.com.br KREBSFER INDUSTRIAL LTDA. Pivôs, conexões e tubos Rua Krebsfer, 566 Valinhos/SP - CEP: 13279-450 Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566 E-mail: krebsfer@hiway.com.br Internet: www.krebsfer.com.br

m MARCHESAN IMP. E MÁQUINAS AGRÍCOLAS TATU S.A. Máquinas para preparação, plantio e conservação de solos Avenida Marchesan, 1979 Matão/SP - CEP: 13600-970 Fone: (16) 282-2411 Fax: (16) 282-2402 E-mail: agm@marchesan.com.br Internet: www.marchesan.com.br METALÚRGICA PAGE LTDA. Silos, transportadores, secadores e empilhadeiras Rodovia BR-101, Km 414 Araranguá/SC - CEP: 88900-000 Fone: (48) 524-0030 Fax: (48) 524-0030 E-mail: mpage@mpage.com.br Internet: www.mpage.com.br

METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A. Ferramentas e peças para tratores e implementos agrícolas Rua Fritz Lorenz, 2442 Timbó/SC - CEP: 89120-000 Fone: (47) 281-2000 Fax: (47) 281-2223 E-mail: vendas@metisa.com.br Internet: www.metisa.com.br

n NETZSCH DO BRASIL LTDA. Bombas rotativas e filtros Rua Hermann Weege, 2383 Pomerode/SC - CEP: 89107-000 Fone: (47) 387-8222 E-mail: celsosalgueiro@uol.com.br Internet: www.netzsch.com.br NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Juscelino Kubitschek, 11825 Curitiba/PR - CEP: 81450-903 Fone: (41) 341-7317 Fax: (41) 341-7107 Internet: www.newholland.com.br

p PACKO PLURINOX LTDA. Linhas de processamento, bombas e centros coletores de leite Avenida Tancredo Neves, 505 Batatais/SP - CEP: 14300-000 Fone: (16) 3761-4144 Fax: (16) 3761-6299 E-mail: administrativo@ packoplurinox.com

v VALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Produtos para irrigação, iluminação e energia Avenida Francisco Podboy, 1600 Uberaba/MG - CEP: 38056-640 Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001 E-mail: blk@valmont.com.br Internet: www.valmont.com VALTRA DO BRASIL S.A. Tratores Valmet R. Cap. Francisco de Almeida, 695 Mogi das Cruzes/SP CEP: 08740-300 Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119 E-mail: mkt@valtra.com.br Internet: www.valtra.com.br

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