A busca do equilíbrio é uma lição permanente da natureza, que precisa ser incorporada pelo empreendedor do agronegócio. Quem é acostumado ao ciclo das plantações e da colheita, às sucessivas gerações das criações, às alternâncias das estações, pode muito bem trabalhar na mesma roda da fortuna. Quem segue os passos da sabedoria que o mundo oferece (que é sempre muito bem aproveitada pelas ações empresariais) precisa também reger sua vida profissional longe das surpresas, das mudanças bruscas, dos cataclismas, que são a exceção, e não a regra, da harmonia oferecida na lavoura ou no curral. Transpor esse equilíbrio para a estratégia não é apenas uma tendência, mas uma imposição. Principalmente nesta fase em que os números conspiram sugerindo tornados em campo aberto e trazendo nuvens carregadas para o limpo céu da bem aventurança brasileira em relação à sua produção. O país esteve até o final de 2004 em lua de mel com sua perfomance nesse área, mas é bom
editorial
se prevenir. O quadro pintado para 2005 não aponta para a redução do volume da safra 2004/ 2005, que deve ser 9% maior do que a anterior e chegar a 130 milhões de toneladas, nos informa a Companhia Nacional de Abastecimento. Mas revela uma receita menor, devido ao preço baixo das commodities e da redução da intenção do plantio devido aos custos de insumos básicos como petróleo (fertilizantes) e aço (maquinário). Entre os dois extremos que precisam ser evitados – a euforia e o pessimismo – nasce a força de uma síntese, entre prudência e ousadia. Esta edição traz três pacotes de assuntos que apontam para essa necessidade. Na parte de
Gestão, temos a palavra de especialistas fazendo o diagnóstico da situação e advertindo sobre a importância de se atingir a excelência na condução da compra e venda, na relação com os clientes e fornecedores, nas previsões, nos riscos e no gerenciamento das vitórias. Na segunda parte, dedicada à Inovação, levantamos uma série de instrumentos novos para se alcançar resultados perfeitos. A informatização dos dados sobre a lavoura, o uso da metereologia localizada, as estatísticas on-line, tudo cria um ambiente seguro para se fazer sucesso. Na terceira parte, a de Valor, focamos num dos mais importantes insumos para garantir diferenciais, que são os produtos orgânicos, presença crescente na economia globalizada. Os três blocos de reportagens estão acompanhadas de casos bem sucedidos de pessoas que
souberam agregar valor, gerir com eficácia ou inovar em seu empreendimento. Consideramos fundamental que essas histórias ajudem nossos leitores a definir prioridades para o que mais necessitamos hoje: equilíbrio para reverter as ameaças de pessimismo, eficácia para romper com hábitos obsoletos e estimular nossa nova tradição de competência numa atividade que é o orgulho do Brasil.
O Editor
Guia Empreendedor Rural
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Decisões e estratégias
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Agir de acordo com as necessidades e os avanços do agronegócio é a melhor forma de atingir metas de produção e receita, sem o desequilíbrio provocado por hábitos arraigados e obsoletos
Índice
As lavoura informatizada
Tecnologia da informação revoluciona o agronegócio e soma precisão e ganhos de escala com a intimidade que o agricultor tinha com sua safra no passado
28 Orgânicos na globalização
Não usar defensivos na produção dealimentos cria um diferencial importante no mercado internacional
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Trangênicos: usar ou não usar
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A balança dos custos
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As rédeas da empresa
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Tercerizar é o segredo
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Os diferenciais do frango caipira
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Receita para sair do fundo do poço
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Santa caipirinha
expediente
A revista Guia Empreendedor Rural é editada e comercializada pela Editora Empreendedor Diretor-Editor Acari Amorim
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Roça High Tech
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Boi com identidade
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Confie, o micro decide
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Previsão do tempo é lucro
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A embalagem correta
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Couro de peixe: o fim do desperdício
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Ação entre amigos
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Um sistema orgânico
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Saudável e competitiva
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Cooperativas eficientes
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Uso correto do solo
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A estratégia das Agir de acordo com as necessidades e os avanços do agronegócio é a melhor forma de atingir metas de produção e receita, sem o desequilíbrio provocado por hábitos arraigados e obsoletos
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O Brasil consegue hoje, graças ao setor agrícola, equilibrar sua balança comercial e honrar seus compromissos financeiros externos, mas a gestão dos negócios rurais não é incorporada no mesmo ritmo dos avanços tecnológicos agregados à produção. O coordenador do Projeto de Administração Rural e Sócio Econômica da Epagri (Empresa de Pesquisa Agrícola Pecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Airton Spiess, considera que um dos maiores gargalos enfrentados hoje pelo setor agrícola do País está na dicotomia entre a gestão técnica e a gestão econômica, em especial na questão da comercialização da produção. “Os agricultores vendem quando deveriam estocar, deixam de conseguir os melhores preços por não terem capital suficiente para construir estruturas de armazenagem e aceitam valores que não cobrem todos seus custos, principalmente os do capital próprio.” Spiess, doutorando em Economia Ambiental na Nova Zelândia e Austrália, coordena um projeto local que atinge uma rede de 280 propriedades, oferecendo programas como o Contagri, um software de rentabilidade agrícola que calcula todos os custos de produção, com rigorosa aplicação da ciência da contabilidade. “Mostramos onde estão os gargalos, o peso de bens obsoletos e ociosos, o custo de uma gestão emocional que desconsidera alternativas mais baratas, como terceirizar”. O pesquisador Samuel Ribeiro Giordano, Coordenador de Educação Continuada do Pensa (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial), criado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
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Paulo (FEA/USP), aponta as contradições nas práticas de gestão tradicionalmente aplicadas aos negócios agrícolas que podem provocar mais mal do que bem, especialmente para os pequenos produtores. “A busca contínua pela maximização da produção costumeiramente apregoada pelas escolas de agronomia acaba, em diversas situações, indo contra a sustentabilidade dos empreendimentos, pois não inclui a questão da eficiência econômica”. Outro mito recorrente é o da industrialização como forma de agregar valor ao produto agrícola, acrescenta Giordano. “Produzir, industrializar e comercializar são coisas bastante diferentes e que acabam, também, acarretando em novos custos ao produtor.” Muitas vezes, também, alerta ele, a diversificação da produção dificulta a obtenção da escala necessária para a sobrevivência dos agronegócios. O trabalho do Pensa vem, ao longo de seus 13 anos de existência, gerando frutos muito importantes num país com o imenso potencial agrícola do Brasil, afirma Giordano. Lembra que são mais de 3.500 pessoas, de diferentes perfis, formadas pelos dos diversos programas mantidos pela entidade. Apesar desse esforço, ele deixa claro que a agricultura no Brasil, bem ou mal, é feita de grandes números e distorções enormes. O imenso potencial desperdiçado num país que, dono de 19% de todas as terras aráveis do planeta, usa apenas 10% desse potencial, decorre, segundo Giordano, da especulação com as terras. “Dispomos de cerca de 60 milhões de hectares, o equivalente ao território da França, disponíveis para o plantio sustentável, ou
Rodrigo Pasin, da FEA/USP: deficiências na gestão rural não são meros detalhes
seja, sem a invasão de novas áreas e a destruição de ecossistemas, mas invadimos o cerrado e deixamos áreas importantes inexploradas nas mãos dos especuladores”. NOVAS OPORTUNIDADES Se o Brasil ocupa um lugar muito pequeno no tabuleiro do comércio global, com minguados 1% do volume total, quando comparado com EUA e União Européia, que juntos têm cerca de 60% do total, isso se deve, segundo Giordano, à incapacidade de aproveitar novas oportunidades, como o mercado de produtos orgânicos. “A agricultura orgânica saltou, nos últimos cinco anos, de US$ 8,5 bilhões para US$ 23 bilhões em produtos comercializados mundialmente, sem que conseguíssemos uma inserção expressiva nesse campo.” Com sua produção estimada US$ 291 milhões por
ano em produtos orgânicos, esse segmento acabou destacando, na opinião de Giordano, a desigualdade da sociedade brasileira, o que se manifesta na dependência da agricultura orgânica em relação aos mercados externos, para onde se destinam 80% dos produtos. “Os próprios brasileiros não têm renda suficiente para consumir produtos diferenciados, o que gera outra contradição, com pobres comendo alimentos contaminados enquanto os ricos têm comida de melhor qualidade”. As deficiências na gestão rural não são meros detalhes no quadro geral das carências nacionais, afirma o administrador de empresas Rodrigo Pasin, mestre em finanças pela FEA/ USP e assessor de fusões e aquisições da Guarita & Associados. São as exportações agrícolas que mantêm o
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País fora das faixas de alto risco das avaliações elaboradas por bancos de investimentos, como o Merryl Lynch. Se o risco Brasil está em torno de 530 pontos é porque a relação de sua dívida externa com as exportações é de 2,65 vezes. A do México é de apenas 0,81 vezes, por isso é classificado com 204 pontos, explica o espe-
cialista. “Nossa relação, e aí pesa novamente a agricultura, do serviço da dívida com exportações é de 0,52, quando a mexicana é de 0,16 e a da Coréia de apenas 0,09”. Se o superávit proporcionado pela agricultura fosse retirado dessa conta, o Brasil seria equiparado a uma Argentina, classificada com 6.247
pontos quando sua relação da dívida externa com as exportações atingiu a 4,75 vezes. “As metodologias de avaliação, quando aplicadas na gestão dos negócios rurais, mostram o valor de mercado de um negócio e sua real rentabilidade, pois muitos empreendimentos com lucro aparente estão, na verdade, no negativo quando se considera, por exemplo, o custo do capital próprio envolvido no negócio.” Além de uma contabilidade adequada e a manutenção de equipes eficientes e abertas, Pasin considera a remuneração variável, com a criação de estímulos com base no desempenho, como fator imprescindível para uma gestão de valor forte. “Para isso, tem
Transgênicos: usar ou Sem uma regulamentação precisa, o produtor precisa considerar essa nova cultura
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Nenhum avanço tecnológico pode ser desconsiderado quando se pretende uma boa gestão dos negócios agrícolas. Nem mesmo a possibilidade de utilizar as polêmicas culturas transgênicas, defende o pesquisador Samuel Giordano, coordenador do Pensa da USP. “Existe certo exagero no discurso dos críticos dessa tecnologia, pois, ao contrário do que muitos destes apregoam, não existe
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que se mexer em cultura, em resistências enraizadas na formação de um povo.” O engenheiro agrônomo Luciano Alfredo Bonaccini, consultor em gestão rural e autor do livro A nova empresa rural, acredita que tônica do agronegócio será cada vez maior em conhecimento, tecnologia e consultoria. “Os investimentos nesses campos serão o grande diferencial entre as empresas de um mesmo setor e, como o valor do produto está muito relacionado ao custo de produção, resultando em pequenas margens de lucro, os produtores ineficientes, com custo mais elevado que a média, estarão definitivamente fora do processo.” R Samuel Ribeiro Giordano, do Pensa: a eficiência econômica em primeiro lugar
não usar um total desconhecimento ou um risco imediato quanto ao impacto desses organismos, mas ainda faltam estudos de longo prazo que esclareçam os possíveis efeitos”. Por uma questão de realismo, Giordano defende uma regulamentação precisa para esse tipo de produto. “É uma ficção acreditarmos que é possível proibi-los porque a lei foi criada, as sementes acabaram entrando contrabandeadas e acabaram tornando-se uma realidade com a qual precisamos conviver”. Ele alerta que os produtos geneticamente modificados vêm ganhando espaço a passos largos, a despeito de quaisquer polemicas
sobre seus méritos ou riscos. Na produção global de soja, exemplo mais conhecido, os transgênicos já correspondem a 51%, coloca Giordano. “Direta ou indiretamente, apesar das muitas leis que foram criadas para regular o plantio e a comercialização, o mundo já vem consumindo organismos geneticamente modificados (OGMs) há mais de dez anos, em muitos casos sem qualquer conhecimento por parte dos consumidores.” O fator que contribuiu na criação da polêmica em torno desses organismos foi a natureza da primeira geração dos OGMs, com excessiva ênfa-
se no controle de pragas, disse Giordano. Seja através da resistência à herbicidas químicos ou do cruzamento com genes de microorganismos que conferem à planta “resistência” a insetos, os transgênicos não apenas ganharam a fama de tóxicos como também esbarraram na complexa questão das patentes privadas, acrescentou ele. “Se tivesse sido mais orientada ao desenvolvimento de plantas mais nutritivas ou que trouxessem benefícios diretos à saúde humana, como no caso das linhas de pesquisa que procuram transformar alimentos comuns em vacinas, o debate seria completamente diferente.”
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A balança dos custos Pouca margem de lucro obriga o empreendedor rural a acertar as contas entre receita e despesa para poder ficar dentro do mercado
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Como o valor do produto está muito relacionado ao custo de produção, resultando em pequenas margens de lucro, os produtores ineficientes, com custo mais elevado que a média, estarão definitivamente fora do mercado, afirma o administrador de empresas Rodrigo Pasin, um dos autores de Avaliação de empresas – Um guia para fusões & aquisições e gestão de valor. No seu entendimento o setor agrícola não poderá ficar de fora dos modernos processos de gestão que compreendem o controle financeiro para uma correta tomada de decisão de investimento, compra e venda, resultando em uma administração mais profissional. Essas mudanças dependem da adoção de uma estratégia correta, de um plano, no qual todos os passos deverão ser meticulosamente estudados, para não correr o risco de cometer erros fatais de análise e tomada de decisão. “Isso implica, por exemplo, no desenvolvimento de pessoas, que é muito mais que simplesmente treinar e capacitar os funcio-
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nários, mas criar estímulos para seu envolvimento com o negócio”, afirma Pasin. Criar mecanismos de avaliação individual, pagar por produtividade, ouvir sugestões, enfim, envolver o funcionário com o sucesso do negócio e gerar motivação são fatores imprescindíveis, segundo Pasin, para uma boa gestão. “Dentro do contexto da criação de valor, o administrador é o profissional que tem capacidade de tomar ou participar de decisões que causem impacto diretamente no fluxo de caixa e nos lucros do empreendimento”, explica. Todas as decisões tomadas devem elevar o valor de mercado do negócio e não considerar apenas o seu resultado durante um determinado período, ressalva Pasin. A escolha de um defensivo, por exemplo, não deve depender tão somente de preço e eficiência de ação, mas também do efeito residual e nível de toxicidade. Afinal, esses serão os aspectos que também devem ser considerados daqui para frente.
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Muitos programas e informações para aperfeiçoamento da gestão rural estão ao alcance do empreendedor no simples clicar do seu computador. A Epagri, que presta serviços de Extensão Rural e Assistência Técnica nos 293 municípios do Estado de Santa Catarina, coloca à disposição do produtor, em seu site, www.epagri.com.br, dois programas desenvolvidos para ajudar na administração da propriedade. Com o “Expos” é possível fazer uma análise de sistema, avaliar a produtividade e gerar um balanço correto das contas. Com o “Planagri” o produtor põe o olho no futuro, planejando e melhor projetando seu trabalho pelos próximos anos. O coordenador dessa área no Epagri, o pesquisador Airton Spiess, conta que o agricultor encontra em todos os municípios orientações sobre produção agropecuária, pós-colheita e orientações sobre comercialização, administração
O APERFEIÇOAMENTO EM UM CLICK
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rural, organização dos produtores, crédito orientado, educação ambiental e educação sanitária. “Damos, também, orientações sobre economia do lar, receitas alimentares e organização das mulheres e dos jovens.” Com o serviço de pesquisa a Epagri gera conhecimento e tecnologias que vão sendo incorporados à produção catarinense. “Essa combinação tem feito de Santa Catarina um estado ímpar em diversidade e qualidade de produtos, já que esse binômio determinará o futuro das economias de mercado e a empresa se engaja nessa meta com ênfase”, diz Spiess. Informa que são prestados, ainda, um conjunto de serviços de análises e diagnósticos a partir de seus laboratórios espalhados por todo território catarinense. E que através de seu Centro de Informações Ambientais são fornecidas informações meteorológicas, cada vez mais necessárias para a vida rural e urbana. Outros serviços levam conhecimento técnico como os cursos e treinamentos. Com seu corpo técnico qualificado presta inúmeras consultorias no País e no exterior em temas de extensão rural e de pesquisa. O empreendedor também pode acessar o Pensa, da USP, pelo portal www.fia.com.br/pensa e se informar sobre os cursos de aperfeiçoamento dispo-
níveis. Em novembro foi realizado o último do ano letivo de 2004, “Análise de Risco e Instrumentos de Proteção ao Agronegócio”, ministrado pelo professor Uriel Antônio Superti Rotta, formado em Engenharia Agrônoma pela ESALQ-USP, com especialização em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, MBA em Finanças Empresariais pela USP/ FEA e mestrando em Administração pela FECAP. Com carga horária de dez horas, ao custo de R$ 700,00, incluindo material didático, almoço e coffee break, nele Rotta atualizou os interessados em formas de mensuração de risco, relações de retorno, informações sobre o mercado a termo, mercado futuro, mercado de opções, BM&F – Bolsa Mercantil de Futuros e Operações de Hedge. CPR, a cédula do produtor rural, e seguro rural foram outros temas abordados. O Pensa tem ampla experiência no ensino dos agronegócios. Os diferenciais de qualidade de seus cursos estão respaldados em uma bagagem muito consistente de experiências reais vividas pelos seus membros. “Essas experiências vão desde contatos estreitos com as empresas dos agronegócios, na confecção de projetos estratégicos e setoriais, até a elaboração de estudos de caso com amplo uso didático”, afirma seu coordenador,
Samuel Giordano. O Sebrae-SC também oferece apoio ao empreendedor rural pelo portal www.sc.sebrae.com.br. Basta clicar em Agronegócios para se ter acesso ao Programa de Capacitação Rural, que oferece ao produtor rural inserido em um mercado competitivo um conjunto de ferramentas gerenciais de fácil entendimento para que sejam aplicados em propriedades rurais, propondo alternativas econômicas e de organização para elevar o nível de eficiência da produção dessas pequenas propriedades. Direcionado a grupos de 20 a 25 produtores rurais, o programa é composto de quatro módulos distribuídos em conteúdos específicos, totalizando 52 horas de treinamento. Abrange desde organização social, com tópicos sobre a evolução do agronegócio, cadeias produtivas, arranjos produtivos, tendências e competitividade e produtividade do capital, passando por custos de produção e comercialização, até detalhes específicos de administração. Na Universidade Federal de Santa Catarina, por meio do Laboratório de Ensino a Distância (Led), os interessados também têm acesso a cursos especializados em gestão de agronegócios. Como o Curso de Especialização em Engenharia de Produção: Gestão Rural e Agroindustrial. O site com informações é o www.morpheus.led.ufsc.br.
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As rédeas da empresa
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As mulheres de uma família no extremo sul do país conseguem montar uma fazenda modelo de criação de cavalos Mariana Tellechea Pinto dirige aquela que é considerada a melhor fazenda de criação de cavalos crioulos do País, ao lado da irmã, Maria da Glória Tellechea Cairoli, e da mãe, Lilla Tellechea. Quem conversa com essa gaúcha de Uruguaiana aprende a valorizar o trabalho de quem teve de enfrentar a inexperiência e o preconceito ao tomar as rédeas da empresa da família aos 25 anos. Criar cavalos é uma tradição que vem desde os seus bisavós. Formada em Veterinária, a empreendedora desempenhava algumas funções no escritório da empresa, mas quem administrava tudo era o pai, que assumiu o negócio na década de 60 e manteve uma das melhores criações de cavalos crioulos do Brasil, até falecer em 1990. “A partir daí demos continuidade ao trabalho, porque até então estávamos pouco envolvidas com o negócio”, diz Mariana.
PERFIL
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NOME: Mariana Tellechea Pinto IDADE: 40 anos FORMAÇÃO: Medicina Veterinária EMPRESA: Cabanha Paineiras CIDADE-SEDE: Uruguaiana – RS RAMO DE ATUAÇÃO: criação de cavalos ANO DE FUNDAÇÃO: 1940 FATURAMENTO: não divulgado
16NÚMERO Guia DE Empreendedor FUNCIONÁRIOS: 40 Rural
Na verdade, a tradição dizia que o sucessor natural era o filho mais velho. “Meu irmão faleceu um ano antes do meu pai, então tive de enfrentar o desafio mesmo que isso não estivesse nos meus planos de vida”, conta. A solução foi dedicar-se de corpo e alma, trabalhando o dia inteiro sem parar. “Minha mãe foi muito importante nesse processo. Na época, meus filhos tinham três e cinco anos e ela foi super companheira, além de nos ajudar a tocar a empresa.” Entre as muitas dificuldades, Mariana destaca o trato com o pessoal, o manejo das estâncias e a inexperiência. “Tivemos que pegar a estrada, enfrentar horários, tomar conhecimento de todos os bens que a família tinha”, diz. “Além disso, o pessoal da fazenda tinha um esquema próprio de trabalho e tiveram de aprender a conviver com mulheres inexperientes que não tinham as rédeas do negócio na mão”, acrescenta. De todos os capatazes, apenas um foi mantido, já que os outros não aceitavam as ordens e acabaram sendo demitidos. Atualmente, com exceção da secretária e das cozinheiras, todos os demais funcionários são homens. “Estamos com uma equipe ótima e o negócio funciona muito bem”. Passado o período de transição, hoje a Cabanha Paineiras é a mais premiada do Brasil e a maior exportadora, em volume, de cavalos crioulos
da América do Sul, realizando negócios com a Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile e competindo nas principais exposições do País. “Trabalhamos em um mercado internacional, sempre competindo e vencendo nas categorias de rédea e morfologia, e conquistamos o ranking funcional como tetracampeões”, diz Mariana. Ocupando uma área de 8.000 hectares, a propriedade das herdeiras do grupo petroquímico Ipiranga abriga 6.000 cabeças de gado, puros e registrados. Os cavalos são de montaria e de competição. Uma das competições mais importantes é realizada em três dias de prova. A primeira avaliação é de conformação e morfologia, em que o cavalo precisa ser bem conformado e bonito. Logo em seguida ele faz uma prova de rédeas e uma de apartação com gado e de paleteado. No segundo dia tem mais três provas diferentes. “É quase como um triathlon”, compara. Em outras raças, como a do quarto de milha, por exemplo, um cavalo faz só a conformação ou só a apartação ou só a prova de rédeas. “Os nossos cavalos fazem tudo, apesar de participarmos de disputas regionais”. A performance nas competições é a principal baliza das irmãs Tellechea para saber se o direcionamento da empresa está correto. “O que diferencia nossa empresa de outras são os resultados da fazenda.” Uma seleção genética rigorosa garante a qualida-
de dos animais, cuja linhagem premiada proporciona a consistência das boas colocações nas disputas. “Se o cavalo é bonito, isso não aconteceu por acaso, mas porque a bisavó, a avó e demais ascendentes dele também o eram e isso é resultado do nosso processo de seleção”. As irmãs seguem uma rotina de análise de resultados que as permite avaliar o que deu certo e deve ser continuado e o que precisa ser melhorado. Depois de leilões, exposições e competições elas observam se o que conseguiram está de acordo com seus objetivos. Se a experiência for ruim, elas procuram descobrir a causa para não incorrer no mesmo erro. O mesmo rigor está presente na hora da compra. Ao adquirir novos animais, é preciso observar se eles têm
uma genética consistente. “Procuramos saber se a matriz ou o garanhão que estamos adquirindo foram premiados, quais são suas performances, quem foram os pais e avós”, explica. “Investimos em animais de alta qualidade e procuramos manter essa seleção bastante rigorosa. Acho que esse é o segredo de estarmos obtendo bons resultados e mantendo a qualidade não só nos cavalos crioulos como no gado”, avalia. Enquanto Mariana se divide entre a administração das três estâncias e o trabalho de campo, examinando cavalos, domando-os quando necessário e marcando potros a ferro quente, Maria da Glória cuida do marketing e da programação de eventos, organizando leilões e participações em feiras. “O planejamento das ações é
feito em conjunto, apesar de eu morar em Uruguaiana e a Maria da Glória em Porto Alegre”, diz. As duas conversam o tempo todo por telefone e se reúnem apenas quando necessário. “É tudo muito espontâneo: quando alguém tem uma boa idéia, conversamos muito”. Para o futuro, as gaúchas devem investir mais nas disputas de rédeas e freio. As provas com prêmios atraentes são uma estratégia para estimular os investidores. “Vamos realizar nossa primeira prova em abril de 2005, a BT Paineiras, oferecendo mais de R$ 100 mil em prêmios.” Outro desejo é levar alguns cavalos para provas internacionais. “Planos nunca faltam, porque sempre tem algum degrau maior para subirmos”, diz Mariana.
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Terceirizar ĂŠ o segredo Para ganhar dinheiro com a carne de avestruz foi preciso implantar o modelo da Nike num nicho completamente desconhecido
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A rara especialidade de Giovanni Costa é denunciada pelo nome do seu ofício: ele é um estrutiocultor (o nome científico do avestruz é Struthio camelus). Acostumado a lidar com fusões e aquisições de empresas da área industrial, o jovem engenheiro de apenas 39 anos dirige hoje a Avestro, empresa de capital fechado especializada na cadeia produtiva da carne de avestruz. Giovani recebeu o primeiro prêmio de “Empresa do Ano de Estrutiocultura”, concedido pela Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil (ACAB). “Os criadores reconheceram a regularidade dos abates e a alta qualidade dos produtos da Avestro”, diz Costa. No ramo desde 1996, quando iniciou a criação em sua própria fazenda, Costa planejou e delineou um novo empreendimento e acabou fundando a Avestro em 2002, com foco nos grandes centros gastronômicos. A nova opção para o cardápio do brasileiro, mais saudável e menos calórica que as demais carnes vermelhas e brancas, invadiu restaurantes e empórios finos do País. A grande sacada do empreendedor foi terceirizar o processo produtivo que vai do abate das aves à comercialização da carne e derivados, resultado da experiência em marketing e administração. “Desde o começo meu plano era implantar o modelo de negócios da Nike (fabricante mundial de tênis), terceirizando o máximo possível com o objetivo de reduzir os custos”, revela o diretor. “Hoje parece fácil, mas só eu sei o quanto foi duro conseguir isso. Os riscos eram muito grandes, porque precisávamos administrar as terceirizações, que aprendiam junto conosco, mantendo o mesmo padrão dos produtos”. De posse de tecnologia própria para o corte da carne, a empresa firmou contratos de sigilo para repassá-la aos par-
ceiros responsáveis pela desossa e pelo curtume. A Avestro também treina os abatedouros, comercializa os produtos e faz a propaganda da marca. No mercado de couro, lançou a marca própria Struzzo. Nada de novo, não fosse o fato de a Struzzo consolidar-se como maior especialista em produção de couro de avestruz do Brasil, investindo em pesquisas de tingimento, tratamento e corte para a fabricação de sapatos, bolsas, maletas executivas e acessórios de alto valor agregado. Outra parceria, com uma das pioneiras na cultura dessa ave exótica, a Klein Karoo, da África do Sul, deve resultar em exportações de carne a partir de 2005 através do arrendamento de um abatedouro. Com um faturamento de R$ 5 milhões, “ainda pequeno”, na avaliação de Costa, a Avestro tem crescido numa média de 20% a cada mês. “Nossa prioridade é aumentar o mercado de carne no Brasil”, diz. O bom relacionamento com os clientes motivou o lançamento de um livro, em novembro, com as melhores receitas dessa iguaria que combina maciez e sabor. Segundo Costa, a obra foi indicada como sugestão de presente natalino. Quem sabe, daqui a alguns anos, a carne de avestruz possa substituir o tradicional peru na ceia de Natal.
PERFIL
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NOME: Giovanni Costa IDADE: 39 anos FORMAÇÃO: Engenharia de Software, com MBA em Administração EMPRESA: Avestro S.A. ANO DE FUNDAÇÃO: 2002 CIDADE-SEDE: São Paulo – SP (Alphaville) RAMO DE ATUAÇÃO: estrutiocultura FATURAMENTO: R$ 5 milhões/ano NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 16
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Os diferenciais no frango caipira Cruzamento e novas metodologias garantem menos mortalidade e mais peso em menor tempo
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De nada adiantou Luiz Ricardo Bianchi tentar fugir de sua verdadeira vocação. Depois de anos no mercado, o engenheiro químico resolveu voltar para Itatiba, no interior de São Paulo, e ajudar a tocar o negócio da família. Ao lado do pai, ele aproveitou sua experiência em Engenharia de Projetos para organizar a produção da Fazenda Aves do Paraíso, comprada por seu avô na década de 30. Hoje, Bianchi conseguiu direcionar o negócio, aproveitando o pioneirismo no melhoramento genético de frangos caipira. O cruzamento de raças resultou em uma ave rústica, com mortalidade em torno de 1% e capacidade de alcançar 2,4 quilos em 70
PERFIL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
NOME: Luiz Ricardo Bianchi (o irmão Luiz Emanoel Bianchi Neto também é dono da empresa) EMPRESA: Avês do Paraíso SEDE: Itatiba – SP NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 75 PRODUÇÃO: 1,5 milhão de frangos/ano Faturamento: não divulgado
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dias, sem perder a qualidade da carne caipira. “Somos a única empresa a trabalhar com desenvolvimento genético de aves caipira no Brasil.” Aos poucos, o empresário driblou a resistência das pessoas e implantou novos conceitos de administração e processos, modernizando a produção da fazenda. “A empresa era muito antiga, mas devagar mudamos a metodologia de trabalho”. Deixou de lado a criação de aves de postura e de corte para dedicar-se exclusivamente a de aves caipiras. Os resultados atingiram os clientes, pois o frango caipira é uma das poucas fontes de renda lucrativas para o pequeno produtor. Garantir a sobrevivência dos clientes no mercado é prioridade para Bianchi. A Aves do Paraíso fornece pintos de um dia para produtores rurais de todo o País, presta assistência técnica para que a produção não seja interrompida e orienta a comercialização. “Como nosso produto tem valor agregado três vezes maior do que o concorrente, que é o frango branco, é preciso saber comercializar de forma correta”. Com o objetivo de reduzir os custos de produção para os pequenos proprietários, Bianchi não se afastou do meio universitário. Formado na
Unicamp, ele estabeleceu parcerias com universidades e escolas agrotécnicas federais de vários Estados, para desenvolver pesquisas tais como alimentação alternativa para as aves, formas de manejo e adaptação ao clima. “Também acompanhamos o desenvolvimento de novos produtos visando atender às solicitações do mercado”. Atualmente, cerca de 37 instituições participam dessas pesquisas.
Fazenda Aves do Paraíso: empresa trabalho com desenvolvimento genético e com novos conceitos de administração
Nesses 16 anos de liderança, Bianchi deu novo rumo para o empreendimento. Na época de seu avô, a empresa iniciou os trabalhos de melhoramento genético. Mas fazia isso apenas com grãos de café. Mais tarde, as pesquisas foram ampliadas para aves de postura. Na década de 70, quando uma tecnologia importada começou a chegar ao País garantindo uniformidade no tamanho e na cor dos ovos, a fazenda
perdeu competitividade e só se reergueu na década seguinte, quando o pai do engenheiro direcionou as pesquisas para aves caipiras, cuja criação não requer grandes investimentos. Outra grande dificuldade surgiu nos dois últimos anos, com a especulação sobre o preço do milho. O custo aumentou assustadoramente, causando uma retração de 30% na rentabilidade da avicultura, que os-
cilava entre 10 a 15% ao ano. Desde o segundo semestre do ano passado a área vem se recuperando ainda que a passos lentos, chegando ao patamar de 3 a 5% de rentabilidade ao ano. Mesmo com essas dificuldades, a Aves do Paraíso investiu em um novo incubatório e se prepara para a busca do mercado externo. Para isso, deve montar um arrozeiro para poder exportar matrizes dentro dos próximos cinco anos.
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Receita para sair do fundo do poço
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Depois do prejuízo e títulos protestados, a Coopavel consegue dar a volta por cima e apresentar lucro
O segredo para a Coopavel chegar à posição de quinta maior cooperativa do Paraná e décima do Brasil em faturamento começou em 1985, quando Dilvo Grolli foi convidado a integrar a nova diretoria. “Eu era sub-gerente de banco, mas já era cooperado desde 1977”. Dilvo conta que naquela época o crédito nos bancos estava cortado, havia títulos protestados, atraso na folha de pagamento dos funcionários, dívidas com agricultores cooperados e desvio de produtos destinados à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). “Assumimos então com a missão de fazer um levantamento e uma análise de via-
PERFIL
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NOME: Dilvo Grolli (Produtor rural de soja, milho e gado bovino de corte e presidente da Câmara Setorial de Milho, Sorgo, Aves e Suínos, do Ministério da Agricultura e Abastecimento Diretor-presidente da Coopavel – Cooperativa Agropecuária Cascavel Ltda.) RAMO DE ATUAÇÃO: agropecuária
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bilidade da cooperativa”. Após três anos muito difíceis, de recuperação econômica e de credibilidade junto à comunidade, aos órgãos econômicos e ao Governo, a Coopavel começou a se industrializar: da distribuição de insumos e da comercialização de commodities (soja, milho e trigo), a equipe partiu para um grande projeto, em 1989, chamado Projeto Carne – que previa a transformação da soja e do milho em carne e também em leite. Passados 19 anos, a Coopavel é hoje uma empresa que fatura R$ 800 milhões ao ano e cuja previsão de lucro para 2004 é de R$ 27 milhões. Esse é o perfil do paranaense Dilvo Grolli, que chegou à presidência da Câmara Setorial de Milho, Sorgo, Aves e Suínos dentro do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, depois de décadas dedicadas ao agronegócio. Por meio de reuniões periódicas, o Governo se utiliza das câmaras setoriais para comunicar-se com a parte produtiva e elaborar as políticas daquele ministério. “Quem participa dessas cadeias leva ao Governo uma visão de onde os produtores querem chegar e também as principais reivindicações e a realidade da área, para criar uma diretriz entre as empresas privadas, que são
a parte produtiva, e o Governo, que é a parte reguladora. A peculiaridade é que nós somos produtores e estamos levando a voz do produtor rural, de quem planta, para o Governo.” Além da produção de milho, soja e bovinos, o empreendedor continua dirigindo a Coopavel – cooperativa que reúne mais de 3.200 agricultores e cerca de 3.800 funcionários, na cidade de Cascavel, no Paraná. Com dez indústrias em pleno funcionamento – duas de ração para aves, suínos e bovinos; dois frigoríficos de suínos; um frigorífico de ave e um de bovino; um laticínio e uma indústria de esmagamento de soja; uma indústria de fertilizantes e uma unidade de produção de sementes – a organização conta hoje com 23 filiais no Oeste do Paraná para recepção de grãos e comercialização de insumos. Para o mercado externo vão 50% da carne produzida e a Coopavel já se prepara para começar a exportar lácteos e carne bovina a partir do início de 2005. Outros produtos como a soja in natura, farelo e óleo de soja, carnes de frango e de suínos já cruzam as fronteiras do País através da cooperativa dirigida por Dilvo, rumo à Ásia e à Europa.
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Santa caipirinha Criatividade, iniciativa e experiência no mercado externo foi a receita de Waldyr Promicia para tornar-se o maior exportador de limão
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Gerente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Limão (ABPEL), Waldyr Promicia mistura de criatividade, iniciativa e experiência no mercado externo para tornar-se o maior exportador brasileiro de limão tahiti (lima ácida conhecida por Citrus latifolia; Tanaka; Dicotyledonae; Rutaceae). Apesar da grande popularidade da fruta no Brasil, como matéria-prima da tradicional caipirinha, a venda para outros países era muito incipiente quando a Itacitrus começou a exportar. Atualmente, a empresa fundada pelo pai, Vicente, em 1988, tem capacidade para processar 100 mil quilos de limões por dia, dos quais um terço é exportado para oito países. A oportunidade ficou evidente em 1998, quando um exportador procurou o pai de Waldyr com o objetivo de comprar a produção e vendê-la no
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NOME: Waldyr Promicia IDADE: 42 anos FORMAÇÃO: Administração de Empresas (incompleto) EMPRESA: Itacitrus CIDADE-SEDE: Itajobi – SP RAMO DE ATUAÇÃO: fruticultura ANO DE FUNDAÇÃO: 1988 FATURAMENTO: não divulgado NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 200
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exterior. O contrato garantiu a venda por dois anos e despertou o interesse de Vicente na prospecção de clientes externos por conta própria. Um trabalho para o criativo Waldyr, que começou a buscar informações no Sebrae e na internet e acabou descobrindo a Fruit Logística, importante feira de negócios da Alemanha. Hoje ele sorri enquanto fala dos momentos difíceis que enfrentou. "Faltava um mês e meio para o início do evento e nós não tínhamos logo, folders, nem embalagens", diz. Contratou uma designer, comprou 15 mil caixas (era o mínimo para que o pedido de embalagens fosse aceito), as passagens e embarcou para Berlim. "Cheguei lá com uma malinha de roupas e outra enorme, cheia de limão. Levei também açúcar, cachaça e um kit caipirinha". Waldyr contou com a ajuda de um amigo como tradutor. "O problema era que eu não falava inglês nem alemão, e o Manfred não falava Português. Então treinamos um pouco de mímica". Mas a sorte estava do lado do único produtor brasileiro de limão presente no evento. "Encontrei um consultor que falava Português e ele me ajudou a fazer contatos com possíveis compradores". Durante os três dias de feira, ele esperava o evento terminar e abria a mala. "Eu pegava o kit e começava a fazer caipirinha para todo mundo",
diz. A criatividade do brasileiro chamou tanto a atenção que ele acabou fechando dois contratos, além de conquistar amizades que duram até hoje. De volta ao Brasil, depois da viagem à feira européia, ele se deu conta de que só a ousadia não era suficiente. Então passou a dedicar-se mais ao negócio da família. "Meu pai já tinha um produto de qualidade, mas eu não entendia nada sobre as especificações para exportar". Waldyr só queria intermediar as vendas, mas se viu envolvido demais para atuar apenas como um coadjuvante na trajetória da Itacitrus. Embora a família trabalhasse no ramo, ele havia abandonado o campo aos 19 anos para
começar um negócio na área de confecção, trabalhando com representações comerciais e uma indústria de camisas em São Paulo. Seu instinto empreendedor o impeliu às exportações, em 1994, quando começou a vender lingeries para o Chile, aproveitando um bom momento do mercado. Sua experiência anterior foi fundamental para garantir um atendimento de qualidade aos novos clientes. Waldyr contratou uma secretária bilíngüe e partiu para a diferenciação do produto no mercado, certificando o processo produtivo com o
"Eurep-gap" (certificação similar a ISO 9000, específica para exportação de frutas). Depois de quase um ano tentando conciliar as duas atividades, se desfez das representações, contratou um gerente para administrar a fábrica de confecções e rendeuse totalmente à paixão pelo campo. "Quando a gente nasce no meio rural, é difícil resistir ao apelo da terra". Em 2001, Waldyr filiouse ao Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), do qual acabou
sendo diretor, e passou a incentivar a participação de outras empresas em feiras de negócio internacionais. Na busca de melhor produtividade, ele levou a produção para solo nordestino. "Estamos investindo na produção na Bahia, onde colhemos durante o ano todo, e certificamos 60 pequenos produtores de São Paulo num processo que durou um ano e meio". Dessa forma, a empresa tornou-se parceira dos pequenos agricultores paulistas ao comercializar suas produções. "Fornecemos tecnologia e assistência técnica sobre colheita, acondicionamento, uso de máquinas e agrotóxicos", diz. Hoje a Itacitrus atende 11 clientes em oito países. O maior mercado, claro, é a Alemanha. "Nossa prioridade não é conquistar novos clientes, mas atender bem os atuais compradores externos". Em fevereiro de 2005, mais de 20 exportadores devem ocupar o estande de 300 metros quadrados reservado aos produtores brasileiros na feira européia. Além disso, a empresa também vai investir na certificação de mais produtores e em pesquisa pós-colheita, numa parceria com a Esalq (Escola Superior de Alimentos e Química) de São Paulo.
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I Inovação novação
A lavoura informatizada Tecnologia da informação revoluciona o agronegócio e soma precisão e ganhos de escala com a intimidade que o agricultor tinha com sua safra no passado
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d Inovação I novação
Depois de duas mudanças radicais – a substituição dos animais pelos motores e o controle químico na lavoura – a terceira revolução na agricultura já chegou na cidade NãoMe-Toque, de 15 mil habitantes no interior gaúcho. É na fazenda Anna que está se desenvolvendo um projeto pioneiro de agricultura de precisão, a mais moderna técnica para cultivar o solo. A tecnologia informatizada permite ao lavrador o uso de insumos agrícolas nos locais corretos e em quantidades específicas. É uma nova filosofia de trabalho no campo, que resgata o que havia de melhor no passado, quando o produtor carpia a terra na enxada e sabia a exata proporção que devia aplicar os insumos agrícolas em cada pedaço da lavoura. Com a mecanização obteve-se notáveis ganhos de produtividade, mas também uniformizou a aplicação de defensivos e adubos. A agricultura de precisão está intimamente associada ao uso de satélites e do GPS, sigla em inglês para sistema de posicionamento global. O GPS é conectado a sensores eletrônicos que identificam as áreas de maior e menor produtividade, além de coletar automaticamente dados como a disponibilidade de nutrientes, pH do solo, quantidade de ervas dani-
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nhas, manchas de terra compactada. A área é dividida em partes, num processo conhecido como grid. A idéia é tratar cada metro quadrado da propriedade de maneira personalizada, corrigir os fatores limitantes da produção, e tornar a lavoura mais uniforme possível. Os dados armazenados no aparelho são examinados no computador, através de um software SIG, sistema de informações geográficas. Esse programa é utilizado para o tratamento, análise e visualização das informações e constrói os mapas digitais de produtividade, orientando o produtor na aplicação de insumos agrícolas. PLANTAS DANINHAS Os mapas digitais ajudam em muitas operações, mas em outras não. No caso de plantas daninhas, pode-se monitorar uma mesma área durante anos e sempre vão existir algumas falhas e imperfeições. “É aí que entra a sensibilidade do agrônomo, que será a peça mais importante nesse avançado processo produtivo, mesmo com toda a automatização prometida”, diz Manoel Ibrain Lobo Júnior, engenheiro agrônomo e um dos maiores especialistas do Brasil na área. Plantadeiras e pulverizadores equipados com sofisticados sistemas
de bordo e monitores eletrônicos fazem o manejo seguindo o mapa digital prescrito pelo computador. A cada safra, o ciclo se fecha e se armazena mais informações sobre a lavoura, o que torna as análises cada vez mais confiáveis, gerando um banco de dados com o histórico da lavoura. Em conjunto com a coleta de dados por GPS, pode ser feito um exame do solo em laboratório. Mas dependendo do tamanho da propriedade, o preço desse serviço pode tornar-se proibitivo para o produtor. Por isso, alternativas como as fotos aéreas estão cada vez sendo mais procuradas. O sensoriamento remoto é feito por meio de satélites especializados que orbitam a vinte mil km de altura e fotografam a Terra. Através da escolha do espectro de luz, um agrônomo pode discernir concentrações e tipos de vegetação, quantidade de minerais e mananciais de água. O único satélite brasileiro de sensoriamento remoto é o CBERS, projeto sino-brasileiro lançado em 1999. Uma alternativa aos satélites está sendo pesquisada pela Embrapa e o Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da USP de São Carlos: trata-se de um aeromodelo equipado com uma câmera capaz de tirar até
Fazenda Anna: exemplo bemsucedido da agricultura de precisão
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MUDANÇA NO PERFIL DO EMPREGO
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Para o engenheiro agrônomo Manoel Ibrain Lobo Júnior, a implantação das novas tecnologias não causa desemprego. “Os funcionários que operavam em três pulverizadores convencionais e foram substituídos por um único equipamento autopropelido, por exemplo, estão monitorando as aplicações desse equipamento”, diz. De cada dez empregos gerados no campo, sete são gerados nas pequenas propriedades, que têm acesso limitado a crédito e conhecimento. Como a estrutura agrária ainda é extremamente concentrada – dos 4,6 milhões de agricultores do País, cerca de 4,1 milhões são familiares – os avanços tecnológicos, em sua maioria, ainda são realidades distantes da maioria dos produtores rurais. A indústria brasileira voltada para o campo tem foco nos grandes produtores. Pequenos tratores e implementos em tamanho menor são muito comuns na Europa. No Brasil, os tratores mais eficientes são projetados para o cultivo em áreas extensas. A agricultura moderna exige um novo perfil de trabalhador. Lobo ressalta que o emprego nesse novo cenário de avançadas tecnologias exige horas de estudo e participação nos cursos de reciclagem para otimização dos equipamentos. “O que mais existe hoje em dia são empresas dispostas a treinar esses funcionários, pois o campo está precisando muito de mão-de-obra mais qualificada”, diz Torres. Mas a mecanização de culturas como café e cana-de-açúcar acarretou na extinção de postos de trabalho para bóias-fria em todo o Brasil. Guilherme Francisco Waterloo Radomsky, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, analisou a transformação do mercado agrícola gaúcho na década de 90, e concluiu que houve uma diminuição de empregos, em especial na agricultura familiar. Só na década passada, 40 mil empregos desapareceram na colheita do fumo. Nas plantações de soja foram 120 mil, segundo dados do IBGE. A diminuição de postos de trabalho do campo não se deve apenas ao uso de máquinas. Modificações na legislação trabalhista proporcionaram aos trabalhadores rurais os mesmos direitos dos urbanos, o que encareceu o custo da mão-de-obra, e tornou mais atraente o uso das tecnologias. Por muito tempo se pensou que a mecanização deveria ser combatida, pois tirava emprego, mas o aumento de produtividade compensa as perdas, e gera empregos em outras áreas como serviços. No Brasil, o setor de consultoria para agrobusiness pode faturar até 150 milhões de reais neste ano. O que dificulta o investimento em tecnologia é que o segmento agrícola no Brasil apresenta um o alto grau deserção, isto é, a variação para baixo do que se esperava produzir e vender. O preço também atrapalha. Muitos agricultores vêem o investimento nessas ferramentas como algo caro. “No futuro, as informações sobre a terra vão valer mais que a terra propriamente dita. Essa frase é bastante verdadeira nos dias Empreendedor de hoje”, diz Lobo Junior. Guia Rural
seis mil fotos por dia de trabalho. As imagens podem ser utilizadas para detectar problemas na propriedade, como pragas, falhas no plantio e deficiências nutricionais. Por voar mais próximo do solo, a cerca de cem metros de altura, as imagens do pequeno avião têm uma resolução maior do que o sensoriamento remoto, o que permite ao agricultor identificar mais detalhes da produção. As imagens de satélites são disponíveis com periodicidade de alguns dias, o que inviabiliza sua utilização em algumas aplicações na agricultura. Com essa aeronave, é possível tomar as imagens quando necessário, mesmo com o céu encoberto. Outra vantagem é a redução no custo, uma vez que os instrumentos necessários são baseados em componentes utilizados em aeromodelos. O projeto ainda está sendo patenteado e deve chegar no mercado ainda em 2005. PIONEIRISMO A fazenda Anna é o primeiro laboratório aberto de testes práticos para o estudo do impacto da introdução da nova tecnologia em escala comercial no País. Iniciado em 2001,
o projeto, denominado Aquarius, é uma parceria entre multinacionais do porte da Agco do Brasil, Dekalb, Monsanto, Stara Sfil, Serrana Fertilizantes e a Universidade Federal de Santa Maria. O resultado da colheita confirma o aumento de rendimento e a redução de custos prometida pela agricultura de precisão. Na safra de 2004, foram cultivados milho e soja em duas áreas da fazenda Anna que somam 256 hectares. O milho foi plantado em uma área de 132 hectares e a produtividade alcançou 5,9 toneladas por hectare, 20% superior à média regional e 13% a mais que a média obtida em outras lavouras da mesma propriedade onde foram adotados os métodos convencionais. Um dos administradores da empresa, Fernando Trennepohl, diz que, em virtude da estiagem que atingiu a região, a eficiência verificada surpreendeu positivamente. “Na safra passada choveu muito bem e nós colhemos horrores”. Ele se refere a uma produtividade que já atingiu uma média de 8,4 toneladas, chegando a mais de 12 toneladas em alguns pontos. A análise de solo em agricultura de precisão representa apenas 0,5% do custo total de produção. Mas na fazenda Anna, permitiu reduções de até 23% no uso de insumos, que na lavoura de soja chega a representar cerca de 60% do preço do produto. Seguindo os métodos convencionais, seriam necessárias 40 toneladas de fertilizante. Já com o novo processo foram utilizadas apenas 31 toneladas, uma economia de R$ 2.800 por hectare, combinada com um rendimento 29% maior que da região. Trennepohl explica que já tinha o maquinário, e que o investimento de
Eduardo Guimarães de Sousa Filho, engenheiro de vendas da Agco e coordenador do Projeto Aquarius
adaptação foi de R$ 57 mil, mas o acréscimo de 6% na lucratividade compensa o custo. “A fazenda Anna está trabalhando em pequena escala porque é um laboratório de teste. Mas para grandes propriedades, em um ano o agricultor cobre o investimento”, relata Eduardo Guimarães de Sousa Filho, engenheiro de vendas da Agco e coordenador do Projeto Aquarius. AGENDA Para Sousa, mais do que o preço, o agricultor tem que estar preparado. “Se o produtor não usa computador como uma ferramenta de produtividade, precisa de uma agenda”. Para ele, cada vez mais o homem do campo precisa pensar a fazenda como um negócio e arquitetar estratégias, para proporcionar melhor remuneração e continuidade no mercado. “Mesmo em cenários negativos, ele tem que investir em inovação, o que aumenta a sua margem de lucro”. ”Já íamos trocar o maquinário e aproveitamos a oportunidade para comprar essa nova tecnologia”, fala Júlio Balzan, proprietário da fazen-
da Nossa Senhora do Carmo, localizada no município de Tupanciretã, cidade de 20 mil habitantes, a 100 km de Goiânia. A compra de duas colheitadeiras e um pulverizador deu retorno em duas safras. Formado em Agronomia, ele mesmo analisa as informações dos cerca de 600 hectares de soja, milho e trigo no computador e acha que a agricultura de precisão facilita a vida do produtor. “Comparar a trabalheira que meu pai tinha para plantar, com o que temos hoje é brincadeira. Ele fica tranqüilo com o futuro da fazenda porque confia na minha capacidade de decisão”. As colheitadeiras que Balzan comprou usam a mais avançada eletrônica embarcada que permite a condução do corte e a alimentação de forma automática. “Basta apertar um botão para o sistema começar a funcionar, e o trabalho é feito mais rápido com melhor qualidade”, relata. O grau de sofisticação é tão alto, que a máquina avisa ao operador quando está na hora de reabastecer e quando o rendimento do trabalho está aquém do programado. “Ela processa um maior volume e causa menos danos
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ao grão”, finaliza. Atualmente apenas as grandes áreas estão utilizando essa ferramenta, mas em um futuro não muito distante, as pequenas e médias propriedades poderão formar cooperativas, di-
luir os custos e também usufruir dessa promissora novidade. “Assim que começar a popularização, essa tecnologia vai baratear, como aconteceu com o computador e o celular”, considera Fábio Torres, da Jac-
to, empresa brasileira líder na venda de pulverizadores. “O meu avô já conhecia cada palmo da propriedade, mas em grande escala era impossível fazer um tratamento da terra personalizado”, recorda.
LEIS E METAS NA ORIGEM
A agricultura de precisão nasceu na Europa como uma preocupação ambiental. A legislação de países, como a Holanda e Dinamarca, estabelecia metas para o produtor controlar os níveis de insumos adicionados ao solo. Mas foram os americanos, no início da década de 90, que transformaram esse conceito em negócio, e logo surgiram no mercado, sensores, softwares e serviços. Entre os benefícios que a agricultura de precisão traz é o respeito à natureza, uma vez que a aplicação de adubos e defensivos é restrita a necessidades específicas, evitando excessos que possam causar a poluição de solos e recursos hídricos. “Na Europa, a preocupação da contaminação dos lençóis freáticos levou à descoberta de novas formas de manejo”, relata Sousa, da Agco. Para ele, as máquinas que saem das fábricas são preparadas para funcionar melhor e por isso poluem menos o meio ambiente. Mas no Brasil, ainda não existe uma inspeção obrigatória de pulverizadores, como na União Européia, Austrália e Estados Unidos. O País é o quinto maior consumidor de agroquímicos no
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planeta e ainda não utiliza racionalmente esses produtos. Apenas 30% dos defensivos agrícolas atingem as ervas daninhas. O resto se perde na evaporação ou contamina os mananciais d’água. São poucos os produtores que se esmeram na manutenção dos equipamentos, na regulagem e calibração dos pulverizadores ou no treinamento dos operadores. “Se o produtor errar nas aplicações, em apenas um dia de trabalho, ele pode ter um prejuízo, na cultura de algodão, por exemplo, de até U$ 600 mil”, fala Lobo Júnior, ao multiplicar a produtividade uma máquina top de linha, 500 hectares por dia pelo custo de US$ 1.200 por hectare. Ele sugere que medidas simples, como a identificação de bicos danificados reduziria as perdas e aumentariam a segurança dos trabalhadores e do meio ambiente. Um estudo da organização não governamental WWF revela que o mundo já não consegue compensar agressões contra meio ambiente. O consumo de recursos naturais já supera em 20% por ano a capacidade do planeta de regenerá-los. Usando a tecnologia atual, são necessários 9,7 hectares de terra produtiva e água para produzir o que um americano consome e depois para absorver o lixo que ele gera. Em comparação, o consumo do brasileiro necessita de 2,3 hectares, dentro da média mundial. “A eficiência deles é muito menor por causa dos subsídios”, finaliza Souza. A agricultura de precisão pode ser implantada em qualquer lavoura, o Brasil, porém, importa tecnologia dos Estados Unidos e o foco de mercado acaba sendo os cereais. A tendência é que a filosofia se dissemine em outras culturas, e universidades e centros de pesquisa como a Embrapa, já desenvolvem projetos para adaptar essa tecnologia. “A cana de açúcar, por exemplo, vai começar a utilizar em larga escala”, projeta Juliano Leal, responsável pelo planejamento de produtos da John Deere.
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A Conferência promovida pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em sua sétima edição, agora é internacional. Este novo posicionamento visa ampliar o número de participantes do mundo inteiro e compartilhar experiências e dilemas de outros países, proporcionando contatos, intercâmbio e vivências mais amplas e abrangentes.
Neste início de século, a ameaça de um colapso da situação social e ambiental do planeta cresce dia a dia. Para discutir esta situação, elegemos o tema
Parcerias para uma sociedade sustentável
como fio condutor de todas as atividades da Conferência, que abordará, durante os quatro dias de evento, questões como Ética, Relações de Trabalho, Meio Ambiente e Consumo, entre outras.
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Sinais do satélite, pulverizadores automáticos, robótica e inteligência artificial mudam a lavoura O GPS é um receptor que capta sinais enviados por satélites e indica para o agricultor a latitude e longitude. Foi criado como um sistema militar e por isso tinha falhas de precisão de até 100 metros para o usuário civil. Antes, era necessário pagar cerca de US$ 2.000 ao ano para se obter uma maior exatidão. Mas em meados da década passada, o governo americano anunciou o fim da degradação intencional do sinal e os agricultores passaram a ter em suas mãos uma ferramenta capaz de informar posições com exatidão de até 20 metros. Antes de surgimento do GPS, para conseguir informações sobre suas terras, os produtores tinham que colher e pesar toda a produção. Era assim que se montava um mapa de produtividade da cultura. No caso dos pulverizadores, foram muito utilizados os marcadores de espuma biodegradável, que serviam de guia para o operador da máquina evitar erros na aplicação dos químicos. No início da década passada, a espuma era o máximo de tecnologia disponível e alcançava índices de precisão da ordem de 70 cm. Com o GPS é possível atingir uma grade de até 2 cm. Apesar de ser uma solução prática e barata, a espuma sempre foi uma eterna queixa dos agricultores, pois as faixas desapareciam em dias muito quentes, chuvosos e com vento, obrigando produtor a interromper o serviço. O Brasil é um dos países que mais
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tem sistemas de posicionamento em uso, perdendo apenas para os Estados Unidos, e junto com a Austrália é o maior comprador dessa nova tecnologia de produção agrícola com precisão. “Há quatro anos nós vendíamos cerca de 170 máquinas equipadas com GPS. Hoje vendemos 2.000”, diz Eduardo Guimarães de Sousa Filho, da Agco, líder do mercado. Existem dispositivos para todo tipo de público e bolso. Os mais baratos custam em torno de R$ 600. Os modelos mais sofisticados ultrapassam os R$ 30.000. O mesmo não vale para máquinas agrícolas. Para Fábio Torres, da Jacto, a precisão está relacionada com quanto o agricultor quer gastar. A mais nova sensação no mercado são os pulverizadores que dispensam o uso de tratores e podem trabalhar 24 horas por dia. Estima-se que 1.300 máquinas desse tipo foram comercializadas em 2004. Há cinco anos, as vendas desses equipamentos no Brasil, que custam em torno de R$ 400 mil e são capazes de pulverizar até 400 hectares por dia, eram de apenas 25 unidades. Mas a incidência da ferrugem asiática na soja e o crescimento da cultura do algodão dinamizaram o mercado. Outra novidade é o piloto automático da Jacto, uma evolução em relação aos concorrentes que usam barra de luzes, instrumento que orienta o piloto na aplicação dos agroquímicos. O Autopilot, ao invés
de enviar a informação para um painel, aciona a barra de direção, assumindo a condução da máquina, podendo até completar uma manobra. “O operador aperta um botão e ao soltar as mãos da direção o sistema começa a funcionar, e ele permanece dentro da cabine gerenciando a aplicação”, diz Torres. A Jacto foi a primeira fabricante brasileira de máquinas oferecer o GPS como opcional, já em 2000. No começo, era responsável por 1% das vendas da companhia. O piloto automático, lançado em 2004, corresponde à mesma parcela do negócio e a empresa projeta um crescimento pareci-
Instrumentos para monitorar a safra: falhas são eliminadas por meio de dados mais precisos
do, mesmo que um equipamento desse tipo custe R$ 240 mil. ENSOPAR A PLANTA Por muito tempo, o produtor pensava que uma boa aplicação de defensivos era molhar bem a planta. “Na cabeça da maioria dos produtores isso era correto”, se horroriza Lobo Júnior. Com o passar dos anos, as idéias mudaram e a necessidade de competitividade levou os agricultores a buscar novos métodos de manejo. Conceitos típicos de laboratórios sofisticados, como robótica e inteligência artificial, estão ganhando mais espaço dentro da lavoura.
A aplicação de agrotóxicos em quantidades variáveis é um dos pilares da agricultura de precisão. Computadores de bordo extremante complexos combinados com sensores de identificação de alvos biológicos eliminam a necessidade do mapeamento das pragas. O sensor localiza as plantas daninhas e o sistema calcula sozinho a quantidade e a composição do defensivo, possibilitando a aplicação de até 12 tipos de princípios ativos diferentes, além de controlar a velocidade da aplicação e a altura ideal das barras pulverizadoras. “Mapas de colheita confeccionados por GPS são muito comuns hoje em dia, mas há
alguns anos parecia coisa de ficção científica”, relata Lobo Júnior, que acredita na difusão dessa tecnologia. No momento, o preço ainda é para poucos, só um sensor de barra que controla a elevação dos pulverizadores custa R$ 26 mil reais. A Dinamarca está um passo a frente nessa pesquisa. O governo financiou um robô destinado a detectar todas as pragas da lavoura. Os primeiros testes foram um sucesso: o robô reduziu a dose de herbicidas em cerca de 70% na lavoura de beterraba. O aparelho está equipado com uma câmera que inspeciona o solo, em vez de utilizar um software de reconheci-
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mento por forma e peso. Mas a ambição do projeto é ainda maior, substituir os herbicidas, e arrancar as ervas daninhas da terra. ALTA PRODUTIVIDADE Em 1997 existiam no Brasil quatro aviões equipados com GPS no Brasil. Hoje, quem não tiver o dispositivo não fica no mercado. O País tem cerca de 2.000 aeronaves agrícolas, que são usadas devida à alta produtividade, de até 200 hectares por hora. Um pulverizador convencional leva um dia inteiro para realizar a mesma tarefa. Além da eficiência, somente o avião atinge o momento oportuno no controle fitossanitário: a hora correta da aplicação, quando o inseto, a doença ou a planta daninha ainda não provocou prejuízos. Em situações de emergência, como uma infestação repentina de pragas, o controle pelo ar ainda é mais empregado. Uma nova tecnologia desenvolvida no Brasil tornou a via aérea uma alternativa ainda mais promissora. Denominada BVO (baixo volume oleoso), foi criada no Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB) e proporciona uma otimização no uso de defensivos de até 100%, além de um menor impacto ambiental. A técnica consiste em diluir o químico em óleo de soja, o que evita a evaporação e gera gotas muito finas, mais adequadas para o controle de pragas e doenças. “Eu decolo com o tanque cheio, e se com a aplicação de alto volume eu fazia 1.000 hectares em um dia, agora posso alcançar rendimento de até 2.000 hectares”, relata Luiz Dellaglio, piloto com 32 anos de experiência e 16 mil horas de vôo. Se compararmos com as ferramentas disponíveis na década de 80, a aviação agregou sistemas típicos das máquinas terrestres como GPS, computa-
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dor de bordo e controle de fluxo. Mas certos procedimentos devem ser seguidos à risca, para assegurar a segurança tanto do piloto como do investimento do agricultor. É necessário fazer a aplicação com tempo calmo, temperatura entre 32 graus e a umidade relativa do ar máxima de até 50%. A aviação aérea caminha para atingir quase a perfeição na relação entre o tamanho de gota, a capacidade de penetração do agroquímico no solo e a fórmula adequada para a aplicação. Com o uso de alta tecnologia, Dellaglio economiza em média dez horas de vôo, o que em dinheiro significa mais de R$ 1.200 mil. Acredita que o mercado tende a crescer 10% para o próximo ano, pois a aviação está oferecendo o melhor custo benefício do mercado, um pouco mais de um real por hectare. Mas é alto o índice de inadimplência que existe na atividade. Dellaglio prefere fazer um contrato com o produtor, para se assegurar que vai receber pelo serviço, em dinheiro ou em commodities. A maioria não aceita. Ele, porém, entende o lado do produtor, que por muitas vezes não tem capital próprio e necessita de um financiamento para fazer o plantio. “O modelo ideal é a parceria entre produtores e prestadores de serviço”. O BVO é baseado num sistema inglês criado na década de 50 para combater mosquitos e gafanhotos. Nos anos 70, cientistas ingleses aperfeiçoaram o conceito e obtiveram uma gota com a máxima eficiência biológica. O óleo serve para aumentar a dispersão da gota, já que a folha apresenta muita cera, celulose e ácidos graxos que repelem a água. O resultado é uma neblina com gotas uniformes, menos sujeitas à evaporação, à lavagem pelas chuvas e ao orvalho.
Um sensor para o café A fazenda Cafua, no município de Lavras, já adota máquinas para a colheita de café, seguindo a tendência da mecanização das propriedades no Sul de Minas a partir de meados da década passada. Substituindo o trabalho manual, podese obter uma redução no custo de até 60%. Mas o emprego de técnicas de agricultura de precisão ainda é incipiente, porque não existe no mercado um sensor de produtividade que quantifica o peso e a umidade do produto. A Universidade Federal de Lavras está desenvolvendo o equipamento específico para café, que visa levantar um mapa de produtividade da lavoura. Esse sensor está em fase de testes, mas os resultados já são promissores. Em uma lavoura de cinco hectares, o rendimento pode variar até 13 vezes de uma área para outra. Pedro Castro Neto, um dos responsáveis pela pesquisa, diz que os agricultores da região, a maior produtora de café do Brasil, também estão plantando mamona durante a ressepa do café. Quando a lavoura esgota a produtividade, a solução é a poda: cortar o pé da planta até 60 cm e esperar por seis anos para a volta da produção, investindo em técnicas de correção de solo e adubo. Nesse ínterim, os agricultores estão aproveitando a terra e plantando mamona, em função do incentivo governamental para a produção de biodiesel. Após dois anos de projeto, os agricultores já atingem uma produtividade de 2,5 toneladas por hecta-
res, média três vezes maior que a nacional. “A colheita da mamona é um processo sem volta no sul de Minas”, fala Neto. Além de ser economicamente viável, a mamona é um hematicida natural, e combate pragas que atacam a lavoura do café. A laranja é outra cultura que está empregando ferramentas informatizadas de produtividade. No município de Limeira, em São Paulo, pesquisadores da USP realizaram um experimento em uma área dez hectares, onde o rendimento variou de 0,09 a 5,4 caixas de 31 kg por pé. A colheita ainda é manual, feita por apanhadores que utilizam escadas e sacolas, e a pesagem da produção é feita através de um guincho hidráulico. Cada saco armazena as laranjas provenientes de um grupo de até quatro plantas. Cada pé utiliza um GPS que emite ondas de rádio, captadas por uma antena móvel que faz a leitura automática da latitude, longitude, e no computador, após a pesagem dos sacos, obtém-se dados precisos da produtividade de cada área. O projeto, desenvolvido pela USP, criou um joystick especial de uma única tecla para facilitar o usuário. Mauro Sandoval Silveira, proprietário da Fazenda São José da Gruta, fala que a técnica permite um grande aumento de produtividade, mas existe um empecilho: os equipamentos para examinar a precisão da lavoura são muito caros. “É necessário baratear essa tecnologia para que assim todos tenham acesso”.
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Boi com identidade Saber a procedência e as condições do alimento é exigência que defende o consumidor das doenças endêmicas do gado
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Desde que a doença da vaca louca assolou os pastos na Inglaterra em meados da década passada, o ato de comer carne mudou em todo o mundo: os consumidores passaram a exigir da indústria alimentícia mais garantias de que os alimentos produzidos são realmente saudáveis. Essa nova demanda transformou a prática da rastreabilidade numa tendência irreversível, inclusive no Brasil. A idéia é construir uma “carteira de identidade” dos 180 milhões de bo-
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vinos que vivem no País, com informações sobre a ração, histórico de vacinas, fiscalização das práticas de manejo, uso de mão-de-obra infantil e monitoramento do bem-estar de animais e trabalhadores. É o controle de todas as etapas da produção do alimento; iniciando no produtor de insumos, passando pelo pasto, frigorífico até a mesa do consumidor. O Governo Federal lançou em 2002 o Sistema Brasileiro de Identificação e Origem de Bovinos e
Bubalinos (Sisbov), que tem provocado muita polêmica no segmento de pecuária de corte. Num primeiro momento, o cadastramento de todos os bovinos no País era compulsivo, até março de 2004. Mas os pecuaristas alegaram dificuldades técnicas e financeiras, e exigiram que o mercado se regulamentasse sozinho. No começo de novembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) cedeu às exigências e suspendeu a obrigatoriedade. Associação
Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que representa cerca de 15 mil pecuaristas, foi uma das primeiras entidades a condenar a obrigatoriedade do sistema. “O projeto inicial potencializava só um elo da cadeia produtiva e não aproveitava as estruturas estaduais de defesa animal. Já o processo voluntário permite criar um novo patamar de negócio que valoriza de forma justa o produtor, com possibilidades de crescimento a custo baixo”, explica Luiz Antônio Josahkian, diretor da ABCZ. Geraldo José Arantes, da certificadora Tracer, que atua no Triângulo Mineiro, acredita que a discussão ao invés de ser técnica é política. O pilar da controvérsia é o número de identidade da propriedade na Receita Federal (NIRF), um dos documentos exigidos pelo MAPA para o criador ingressar no sistema. Para ele, o pecuarista está preocupado com o risco do Leão cruzar os dados com o Sisbov e ser obrigado a declarar o Imposto de Renda.“O País está brincando com a questão rastreabilidade”, conjectura. RESULTADOS Ireniliza Naas, professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp e umas das maiores especialistas brasileiras no assunto, considera a adoção da técnica uma questão fundamental para o futuro do agronegócio do País. “Os resultados esperados são o aumento da produtividade, o crescimento da produção e da exportação de proteínas e uma oportunidade para agregar valor e ampliar a renda do produtor” diz. Para ela, os empresários da área vêem com seriedade a proposta, e sabem que para os formadores de opinião da União Européia, a rastreabilidade é fundamental para ganhar a confian-
ça do consumidor. “Existe tecnologia bilidade a quem realmente deve. de informação disponível para se praRezende afiança que rastrear é ticar rastreabilidade no Brasil”, conuma ferramenta e certificar é um proclui Naas. cedimento. Para ele, a rastreabilidade poderia ser feita pela própria indúsO Sisbov é o maior projeto muntria de corte, já que é garantir que dial de rastreabilidade bovina. “Os determinado item ou produto atenEstados Unidos e a Austrália estão de exigências pré-definidas. Mas é o muito atrás da gente. Por ser uma processo de certificação que garante idéia nova tem suas falhas, mas já uma segurança para o consumidor e foram cadastrados 40 milhões de anigera um controle de qualidade. mais, o que é maior que o rebanho Ele defende o Sisbov, e discursa francês”, comenta José Ricardo que mais do que ficar fazendo crítiRezende, da Tecnagro, uma das cas, é importante ver os avanços. certificadoras reconhecida pelo GoApóia a criação de um fórum que verno e que presta serviços de congregue o setor da agroindústria consultoria na área agrícola há 20 pecuária para discutir a anos. A principal crítica ao Sisbov é implementação do sistema e deterque o sistema deveria ter sido menos abrangente, e com o tempo ser ampliado, tese que ele concorda. “O projeto já nasceu bastante ambicioso, cadastrar cerca de 180 milhões de bovinos que vivem no País, não existe nenhum trabalho nessa escala no mundo, e esse pioneirismo pode nos render bons frutos no futuro”. A rastreabilidade é uma ferramenta originada na indústria farCertificadora Tracer: rastreabilidade é alternativa macêutica, mas tem uso para o controle do rebanho intensivo em outras áreas. Por exemplo, os minar as regras, mas essa proposta recalls que as montadoras de autoteria que ser respaldada por uma ormóveis promovem para a troca do ganização política, o que segundo ele freio ou de outro componente do venão ocorre. Apesar da idéia do fórum, ículo. Tendo em vista as implicações Rezende acredita que certas normas civis de um erro, a indústria autodevem ser definidas pelo Estado, uma mobilística criou um catálogo dos vez que “defesa sanitária é papel do fornecedores de peças. Na área agríGoverno, não dá para delegar para tercola, também pretende-se fazer esse ceiros”. registro do histórico para que o conEm Presidente Prudente, Haroldo sumidor consiga atribuir a responsa-
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Gado identificado: procedência rastreada define credibilidade no produto final
de Arruda Camargo, que trabalha na área de alimentos há 15 anos, garante que a rastreabilidade animal lhe dá a liberdade de ter acesso ao mercado interno e externo. Ele arrenda quatro propriedades para a criação de Nelore, e até o momento o lucro proveniente do uso dessa ferramenta empatou com investimento de R$ 5,00 por cabeça. O criador também reclama dos novos procedimentos que teve de adotar: quando quer mudar uma das 1.800 cabeças que dispõe para outra propriedade, tem que fazer a consulta ao Sisbov. Luis Eduardo Moreira Junqueira herdou a fazenda Vila Maria em São José do Rio Pardo, e conta que no princípio da adesão ao Sisbov, alguns frigoríficos pagavam um ágio por animal rastreado. Mas quando a de-
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manda se tornou alta, a concorrência diminuiu os preços. Se não teve prejuízo, ele, que já investira em um sistema próprio de cadastro, gastou cerca de R$ 800,00 para registrar as 200 cabeças de gado zebu que possui. Entre os vizinhos de propriedade, Junqueira foi um dos primeiros criadores a adotar a rastreabilidade. SISBOV O produtor que quer integrar-se ao Sisbov deve eleger uma certificadora. Existem 35 empresas atuando no País. Firmam um contrato, no qual estão listados os direitos e obrigações de cada parte. A certificadora faz então uma solicitação de códigos ao Sisbov, que envia numa mensagem criptografada quinze números específicos, uma espécie de RG do animal. A solicitação é específica por produtor e por
propriedade. Esse processo não demora mais do que 48 horas. A certificadora ou o produtor então encaminham os códigos para um fabricante de brincos e botons – cujo desenho, tamanho e qualidade é padronizado segundo regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os brincos e botons custam em média R$ 1,40 o par. Cada pino é afixado na orelha do animal. O índice de perda é de 2%, em função de mau aplicação, ou do brinco cair porque o animal esbarrou numa cerca. O criador recebe o brinco e uma planilha impressa em duas vias em papel carbono, nos quais são preenchidas características como raça, sexo, peso, entre outras. Essa é a tarefa mais trabalhosa porque é inexpressivo o nú-
mero de produtores que dispõem de um computador ligado no curral, uma vez que a poeira e a sujeira do local exigem equipamentos de nível militar. Preenchida a planilha, o pecuarista cadastra esses animais no banco de dados da certificadora. “Muitos não têm uma prática com computador e necessitam de auxílio nessa atividade”, relata Rezende, da Tecnagro. Quando o criador acaba de registrar os animais, solicita à certificadora a visita de um técnico que vai fazer uma inspeção in loco dos animais e conferir a qualidade dos serviços feitos e até orientar ajustes. O fiscal preenche um laudo e encaminha para a certificadora, que envia então os dados para o Sisbov, que retorna uma confirmação de que os dados foram recebidos. Os bancos de dados das certificadoras são muitos maiores que o do Sisbov, que contém apenas informações básicas sobre o animal. Uma grande parcela das informações as certificadoras não repassam. Se houver algum foco de febre aftosa, por exemplo, e o governo requerer alguns desses dados, a certificadora tem obrigação de repassar. Quando acaba o procedimento de certificação de origem, o produtor tem obrigação de repassar as informações à certificadora até o abate do animal. Enquanto o gado estiver ativo, vai se agregando informações na ficha dele, como o histórico médico de um paciente em um hospital. Sempre que se detectar uma irregularidade, a certificadora tem obrigação de informar o Ministério da Agricultura. Caso o produtor não siga as normas, o Ministério pode até cassar o “RG” do animal. Para garantir a lisura do processo, todas as certificadoras são auditadas pelo semestralmente pelo
MAPA. Uma das razões para os bovinos serem identificados individualmente no Sisbov é a movimentação física. Numa granja, os frangos ficam confinados num local fechado, então o cadastramento poderia ser feito em lote. A pecuária não funciona assim, pois no Brasil a principal forma de criação é extensiva, o gado solto no campo. Além disso, o ciclo de idade bovina e suína é muito maior que o das aves. Enquanto um frango demora cerca de 40 dias para ficar pronto para o abate, um boi macho pode levar oito anos para o boi, a vaca cerca de dez anos. BASE DE DADOS Um dos principais desafios para a implementação da rastreabilidade total é integrar os fornecedores de insumos que ainda não fazem uma rastreabilidade adequada da sua produção. Muitos ainda não têm código de barras, e uma minoria mantém uma base de dados que especifica quem são seus compradores e quais lotes foram
vendidos. “Se quiserem continuar no mercado, as empresas vão ter que adotar sistemas de rastreabilidade, uma vez que os consumidores que rejeitam soja transgênica como ração é crescente, tanto no Brasil como na Europa”, afiança Rezende. Os frigoríficos, em sua maioria, já implementaram sistemas de rastreabilidade e dispõem de mecanismo de controle de dados e informações. Porém, o transporte ainda é precário, e merece uma atenção especial, pois muitas vezes o produto já chega ao frigorífico danificado. Também serão necessários grandes investimentos em treinamento e capacitação de mãode-obra, tanto do Estado como do setor produtivo. “Acredito que haja uma necessidade de um número maior de técnicos e a reciclagem dos que já atuam é fundamental para que esses profissionais possam adequar-se às novas regras”, pondera Ireniliza Naas, professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.
Fazendas exigem mais técnicos especializados
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A safra sob controle Os softwares especialistas são ferramentas decisivas no gerenciamento, do plantio às vendas
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Antes da safra, Francisco Silveira Júnior fica olhando para a tela do computador aguardando uma decisão da máquina: qual é o melhor dia que o sistema de gerenciamento escolhe para colher a cana-de-acuçar dos 32 mil hectares da Usina Batatais. É o fim da prancheta e da caneta. Ele confia cegamente no programa e desde que o software foi implantado a produção aumentou para 2,7 milhões de toneladas e os custo caíram. Foi o caminho natural para uma empresa que administra 400 fazendas, 9.000 talhões, cinco frentes de corte e 1.800 funcionários. “Uma vez que você o usa, não dá para ficar sem”, diz o supervisor de tecnologia. “É o nosso campeão de vendas”, diz Alexandre Fernandes de Alencar, diretor de produção iLab Sistemas Especialistas, empresa que desenvolveu o iCol e uma gama de softwares que gerenciam toda a cadeia produtiva da cana, do plantio, passando pela colheita e o controle logístico. A empresa de Ribeirão Preto tem 35% do mercado, faturou R$ 500 mil no ano de 2004 e espera abocanhar mais 15% em 2005. Espaço para crescimento é o que não falta: das cerca de 300 usinas do sucroalcooleiro, apenas 35% estão informatizadas.
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Usina Batatais, em Ribeirão Preto: cana-de-açúcar colhida em 32 mil hectares obedecem a um sistema de processamento onde o uso do micro é fundamental
Mapa de colheitadeira
Controle de tráfico
O iCol define a época ideal de colheita de acordo com as necessidades da usina. Para tanto, o cliente tem que disponibilizar dados como variedades de espécies plantadas, uma projeção de índices de maturação, definição de períodos de safra, análises laboratoriais, índices de produtividade e dos tipos de solo. A partir do momento que as informações essenciais estão inseridas no sistema, o programa usa uma tecnologia de inteligência artificial para adaptar-se as exigências industriais. Pode-se, por exemplo, separar áreas na fazenda e definir quando elas vão ser colhidas ao longo do ano. Ou ainda, gerar modelos de produtividade baseados em safras anteriores armazenadas no sistema. Cruzar dados de colheitas com a capacidade de processamento da usina é outra função. Apesar de não existir a perfeição, o iCol chega bem perto. Na prática, as taxas de produtividade podem alcançar até 90%. Alencar comenta que se o cliente usar a aplicação com rigor, índices que tendem ao acerto total são uma realidade. Findada a colheita em um determinado talhão, o próprio sistema permite comparar a simulação anterior com a condição atual da programação de colhei-
Mesa de Controle
nutenção das máquinas durante a ta, e se for o caso, permite ao opesafra e até indica quando o camirador retificar possíveis erros. nhão pode voltar à ativa. Mas isso Vários programas da companhia funciona ainda melhor porque existêm total conexão com o iCol, como te uma integração de cadastros com o iFrota, um sistema de planejameno sistema agrícola. to e gerenciamento logístico, que Atualmente, todos os softwares possibilita que a cana seja transporda iLab são compatíveis com os bantada do campo para a usina de forma a abastecer a indústria de maneira mais eficiente nos três turnos de trabalho. “Despachar o caminhão para chegar o mais rápido possível à usina e voltar ao campo para fazer uma segunda viagem. Se pegar uma fila, o sistema manda o caminhão para outra fazenda”, diz Alencar. O software analisa a quantidade, velocidade e capacidade de carga dos caminhões, identifica o tipo de cana em trânsito e a produFrancisco Silveira: aposta na tecnologia para tividade do momento na laaumento da produtividade na Usina Batatais. voura. Tudo isso para descobrir qual é o acesso mais rápido cos de dados comerciais como Oracle das frentes de trabalho para a usina. e Microsoft SQL Server. O iPlan não O aplicativo dispõe de sofisticafoge à exceção. Funciona de maneidos sistemas de telemetria que perra análoga ao iCol, porém essa aplimite gravar informações num banco cação atua em um nível mais estrade dados, controlando a entrada e tégico que o planejamento de cosaída de caminhões nas balanças. lheita, uma vez que seu horizonte é Também aceita critérios para a maaté seis anos. Sua finalidade é defi-
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Interface amigável Quando trabalhava em uma consultoria de informática, Glauter Moulin Coelho viajava muito pelo Paraná, e do avião vislumbrava os campos soja pensando em soluções de tecnologia de informação para o campo. Desde aquela época ele acreditava que uma propriedade rural é igual a uma empresa normal, embora com um circuito produtivo diferente. O Brasil tem cerca de 20 mil fazendas com algum tipo de informatização, e mais de 70 mil em condições de adotar a tecnologia. Apenas 20% do agronegócio brasileiro plos de pujança do setor agrário é que cada vez mais utiliza ferramentas de tecnologia da informação em todas cada vez empresas que atuam no setor coorporativo finas etapas de produção. É justamente essa lacuna que o caram sua bandeira no segmento. “Até alguns anos atrás Gerente Agronegócios pretende preencher: um software havia uma diferença muito nítida entre quem fazia software voltado para a administração de empreendimentos agríco- de gestão para fábricas e quem era focado em las. A aplicação é bem ampla e abrange desde a criação de agronegócio”. Se até grandes empresas demonstraram inovinos até apiários, da horticultura à soja, passando pela teresse, ele se convence de que está no caminho certo. floricultura e a criação de peixes. “Nós cobrimos quase Coelho se refere a empresas como a Softway, que deve todas as atividades do campo”, diz Coelho. faturar R$ 15,5 milhões este ano, é responsável por 19% O software congrega tanto funcionalidades adminis- das exportações brasileiras e tem na sua carteira de clientrativas como agrícolas. O registro de clientes e fornece- tes multinacionais como Dell Computadores, Ericsson, Gedores, a cotação do dólar e um simulador financeiro para neral Motors, IBM, entre outros. O crescimento do campo cálculo de prestações estão entre as primeiras. A aplica- levou a companhia entrar em cena. “Uma grande oportunição também realiza o cadastro de insumos e matérias- dade quando se fala em TI para o agronegócio é a primas, o balanço de lucratividade, entre outras 20 fun- rastreabilidade bovina, especialmente depois da ções. Além gerar baixa automática no estoque, após o implementação do Sisbov”, diz Ricardo Alexandre exame diário das atividades realizadas na empresa. Raschiatore, gerente do departamento de novas tecnologias. A usabilidade foi uma das características mais pensaEm parceria com a Tecnagro, uma das pela Paraná Sistemas, das certificadoras credenciadas Minisdesenvolvedora do software. “É uma tério da Agricultura, Pecuária e Abaspreocupação fundamental ter uma tecimento, a Softway desenvolveu o interface fácil, pois o nosso público Trace Sys um sistema para cadastro dos tem uma cultura incipiente no meio animais. O programa visa criador, por da informática”, diz Coelho. Um dos isso todas as operações podem ser feifocos de mercado da Série 2 do Getas pela web. Na base de dados do rente Agronegócio é o usuário leigo, aplicativo, são registradas informacusta R$ 240 e responde por 60% do ções, como vacinas, medicamentos, faturamento da empresa. A série 5 é a vendas e transportes, do nascimento versão profissional e custa em torno do animal até o abate. de R$ 1200. Outro aplicativo da empresa é Coelho está otimista: acredita que software Emissão de Boletos, deseno crescimento da economia vai puxar volvido para atender a Coordenadoria Ricardo Alexandre o negócio de soluções informatizadas de Defesa Agropecuária (CDA-SP) e que Raschiatore, gerente do e prevê um salto de 50% nas vendas permite o pagamento das taxas de departamento de novas para o ano que vem. Um dos exemtecnologias transporte pela Internet.
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nir a renovação do canavial. O programa analisa variáveis como tipo de solo e variedades adotadas, ciclo evolutivo da muda, área e rendimento de plantio, entre outros. A mais recente aplicação da empresa, iMap, no mercado há apenas três meses completa a suíte de software voltados ao gerenciamento de uma usina de cana. Funciona em conjunto com as outras soluções e destina-se a visualização das informações do campo em mapas. Segue o mesmo padrão de programação, uma estrutura modular. A iLab prefere vender softwares especializados ao invés de uma solução integrada para melhor atender às necessidades do mercado. “Os clientes não querem pagar por um programa com funções de que ele não deseja”, diz Alencar. Os preços dos programas beiram os 30 mil reais cada. O foco comercial da empresa, segundo Alencar, não é somente o produto, mas uma solução. Ao comprar o software, o cliente recebe uma assessoria para integração das bases de dados, ou se ele preferir, até de personalização do produto. A iLab oferece uma opção de locação do software para uma safra, ao custo de R$ 700 reais por mês. “Às vezes o cliente quer avaliar o sistema por um ano e no outro acaba comprando. Mas no longo prazo é como fazer financiamento da casa própria: uma desvantagem”. Se a iLab dá absoluta atenção aos clientes, a Alma Software, de Belo Horizonte, aprendeu essa lição valiosa já em meados da década passada. “Temos um link total com o usuário”, diz Luis Eugênio Teixeira, gerente comercial e marketing. Em 1994 um veterinário lhe mostrou o embrião de um software pra atender
tros problemas, como o treinamenàs necessidades dele e de outros crito de um empregado capacitado para adores. Os programas na época titrabalhar com essa ferramenta, que nham muitas falhas e existia a nenão é barato. cessidade de uma solução mais proAlém do mercado interno, a emfissional. Após alguns meses, foi presa está exportando para o lançada, em DOS, a primeira versão Paraguai, Bolívia, Guatemala. Includo Congado, que em 2004 complesive existe um projeto na empresa tou 10 anos de idade. “Dos concorem traduzir o software para o esparentes da época, o Congado é único nhol. Outra idéia, a ser lançada em que resistiu” afirma. meados de 2005, é um software volAté hoje o Congado é desentado para ovinos e caprinos, uma volvido em conjunto por técnicos atividade em franco crescimento no em informática e veterinários. O Nordeste. Teixeira conta que muitos programa está em 8.500 fazendas pecuaristas estão usando o Congado e já vendeu 5.500 licenças. O sistema custa R$ 755 e dá direito a um ano de suporte técnico entre outras vantagens. Quem quer adquirir uma nova instalação, por exemplo, ganha desconto. O suporte técnico custa R$ 400 por ano e dá direito a três atualizações anuais do software, nas quais são inseridas novas ferramentas. Mapa digital do Estado de São Paulo Em função da modernização no para o controle desses animais e campo, Teixeira acredita em uma deadianta que o novo produto não vai manda de software 20% maior em ser uma transcrição do Congado para 2005. Em 2004, a Alma Informática os ovinos. “É um projeto ambiciocresceu 15%. “Ficamos impressioso, e estamos partindo do zero”, diz. nados, em todas as feiras é um sucesso, o que mostra que os CUSTO BAIXO parâmetros de produção estão muExistem soluções para agricultudando”. Segundo ele, o pecuarista ra de precisão a baixo custos. O está acordando para tecnologia. “A MegaGIS é uma ferramenta de grande maioria é matuto, e usa um geoprocessamento, desenvolvida modelo de manejo que aprendeu para quem quer dar seus primeiros com o avô. Apenas 10% dos criadopassos nessa área”, conforme relata res têm um software”. Existem ouJoe Fernando Martins, da IT GIS. Por
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isso o programa conta com uma interface amigável, que faz o download automático dos dados do GPS. A aplicação custa R$ 200 e se destina aos produtores que não podem comprar softwares mais complexos e que estão descontentes com os programas gratuitos. “Apesar disso, ele tem funções que nem os top de linha oferecem”. Como resultado, a IT GIS tem na sua carteira de clientes multinacionais como a Cargill
e está exportando o aplicativo para países como França, Argentina e Estados Unidos. O programa faz a análise das informações e extrai os mais variados tipos de estatísticas, além de ser compatível com os formatos dos principais softwares do mercado. Mesmo que o usuário não insira nenhum mapa ou desenho, o MegaGIS consegue criar mapas de produtividade, basta fornecer coordenadas do GPS.
O preço do produto inclui garantia de um ano, com resposta no máximo de 48 horas. Uma atualização está prevista para o primeiro semestre de 2005. Entre as novidades do MegaGIS é um módulo CAD completo, para desenhos técnicos. Em função das novidades, o preço do produto deve aumentar, mas Martins quer manter o foco de mercado. “Temos que disseminar as modernas técnicas agrícolas pelo País”.
Compatível, integrado, rápido A TQI é outra empresa que viu na rastreabilidade um bom filão de negócio. Com dez anos de experiência na área de tecnologia de informação voltada para telecomunicações, finanças e indústrias, criou o Herdom, software que atende dez certificadoras em todo o Brasil. Já foram cadastrados na base de dados do programa cerca de cinco milhões de bois. “Nosso modelo de negócio visa a parceria, a empresa não precisa comprar o programa, mas paga uma taxa variável de acordo com o volume de animais” diz Helvécio Guimarães Ribeiro. Assim, os custos são diluídos entre os vários usuários e é possível disponibilizar atualizações com mais freqüência. Os valores cobrados giram em torno de R$ 0,10 a R$ 0,25 por animal. Outra solução da empresa é o Grãos, um software voltado para empresas que processam commodities. O aplicativo gerencia todas as etapas da produção agrícola, desde a produção de sementes até a distribuição do produto final. Entre outras funções, o software elabora uma proposta comercial, avalia amostras e lança resultados, emite nota fiscal, gerencia estoque e logística, e vincula o fornecimento de insumos à produção do produtor. Como nem todos os clientes precisam de tantas opções, o programa pode ser adquirido em partes.
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Outra vantagem do Grãos é ser compatível com as normas sanitárias do Brasil, Estados Unidos, Canadá e União Européia, além de ser totalmente integrado com qualquer sistema ERP do mercado. “É um aplicativo que vai aumentar a produtividade e dar segurança e qualidade para os processos dos clientes”, diz César Borges, gerente comercial. Um analista de sistemas da TQI pode trabalhar dentro da própria empresa parceira e o suporte custa em torno de 13% do preço final. Só a customização de um sistema SAP para uma empresa parceira, que envolveu 15 programadores, custou R$ 240 mil reais. “Não é um produto de caixinha, que o usuário instala e o fabricante esquece dele”. O custo dessa maravilha: em torno R$ 70 mil reais.
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Previsão do tempo é lucro Os avanços da metereologia aumentaram os instrumentos favoráveis à melhor comercialização da safra
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Era uma sexta-feira de julho de 2000 e o empresário Sérgio Meirelles Filho ficava com o celular na mão acompanhando a previsão do tempo e de olho na cotação do café na Bolsa de Chigaco: o serviço de metereologia anunciava uma geada para dali cinco dias. Mas quando ela veio “não foi o que todo mundo esperava”, e o preço do café, que estava em franca ascensão, caiu em poucos minutos. Meirelles também sabia disso, porque detinha uma informação privilegia-
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da, comprou no mercado café barato e vendeu antes da desvalorização. Em menos de uma semana sua poupança tinha engordado US$ 20 mil. Meirelles é apenas um exemplo de uma nova geração no campo, que usa tecnologia de informação para agregar valor ao seu negócio e que busca novos desafios no mundo agrícola. Filho de fazendeiro, se formou em Agronomia e assumiu os negócios da família, uma fazenda de 233 hectares em Capelinha, interior de Minas Ge-
rais, e uma empresa de processamento de café, dona de duas marcas regionais, a Aranãs e a Resplendor. “O clima é o componente mais instável na agricultura, é perigoso tanto para ganhar como para perder dinheiro”, profere Meirelles. Há seis anos ele vale-se de um serviço de metereologia profissional, que entrega previsões do tempo com até 80% de acerto num período de 15 dias. Mas mesmo essa assessoria não impediu erros de julgamento. O inver-
no de 1998 foi um dos mais secos da década passada, e alguns serviços especializados previam chuva, outros não. Indeciso, ele resolveu não colher o café e acabou chovendo muito. O prejuízo estimado foi de US$ 10 mil. Um dos primeiros avanços, já na década de 70, foi o advento dos satélites e das comunicações. A partir dos anos 80, os computadores revolucionaram a previsão do tempo. Foi possível criar banco de dados de como o clima se comporta e através de modelos matemáticos e das leis de probabilidade, tenta-se prever o futuro. Por fim, a internet facilita as trocas de dados entre os centros de pesquisa de todo o mundo e barateia o acesso a essa informação. O maior investimento brasileiro foi um supercomputador que multiplica por 48 a capacidade de processamento no Centro de Previsão de Tempo que vai equipar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o mais potente do Hemisfério Sul, e no ranking mundial de precisão meteorológica o País subiu uma posição, está em sétimo lugar. A japonesa NEC forneceu a tecnologia, que custou US$ 20 milhões, e é capaz de realizar 256 bilhões de cálculos por segundo. Agora o Brasil está apto para estudar mudanças climáticas de décadas a até séculos à frente. É possível fazer simulações de mudanças climáticas e saber como será a Amazônia daqui a 100 anos. Nos últimos anos, o Brasil investiu na capacitação das equipes e na modernização dos institutos de pesquisa. Ao todo, são oito centros estaduais, um federal e duas cooperativas agrícolas mantenedoras de redes meteorológicas. Mas a principal fonte que mantém as equipes e redes
de coleta de dados ainda é o Estado, que não tem a capacidade de investimento que a área exige. “A agrometeorologia teve grande avanço nos últimos anos, porém falta muito para que se obtenha uma otimização das práticas agrícolas no País”, resume Paulo Henrique Caramori, pesquisador do IAPAR, que realizou o mais completo estudo sobre agrometeorologia no Brasil. CRESCIMENTO O uso intensivo da metereologia ainda não é comum na agricultura brasileira. Entretanto, Paulo Etchitchury, diretor administrativo da Somar Meteorologia, acredita num potencial de crescimento. O foco de mercado são os cultivadores como Meirelles, que precisam de uma proteção à produtividade da lavoura. Principalmente porque o clima não tem um comportamento homogêneo, muda muito de um ano para o outro. Mas as possibilidades de acerto chegam até 70% em cenários de até cinco ou seis meses. “Jamais vou dizer a um agricultor que preço da soja vai subir. Eu forneço uma informação para o produtor tomar uma decisão”, articula. A qualidade da informação que o lavrador pode ter depende de quanto ele quer gastar. José Amilton de Araújo, diretor da Café Lontrinha, em Ponta Grossa, presume que um assessoria metereológica é uma opção melhor do que os sites gratuitos da web, e mais em conta do que montar uma estação de acompanhamento climático na propriedade. Para ele, o serviço diário na Internet é pouco apropriado para a agricultura, que exige uma informação personalizada para administrar a melhor estratégia do negócio. Araújo também aproveitou a ge-
ada de 2000 para conseguir lucros inesperados. Comprou duas mil sacas de café ao custo de R$ 180 a saca. Depois vendeu parte do estoque, 4.000 sacas, por R$ 250. O fato de ter previsões mais precisas lhe rendeu fama e respeito na região do Norte do Paraná. “Hoje quando começamos a comprar mais café do que o normal, a concorrência se assusta e fica imaginando se não vai ter uma mudança no clima”, gaba-se. Mas não é só no mercado financeiro que a climatologia é usada na agricultura. Desde o preparo do solo, passando pelo plantio, até na hora da colheita, a previsão do tempo permite uma ação adequada para o agricultor e diminui riscos. Para fazer o plantio é necessário um regime de chuvas adequado. Agricultor pode atrasar o plantio, pois a tecnologia genética já permite variedades de ciclo mais curto. No transporte também é necessário um acompanhamento, pois cada carga exige quantidades determinadas de sol ou de umidade. “Variáveis como solo, crédito e sementes podem ser controladas. O clima não”, finaliza a meteorologista Neide Oliveira, sócia da Weather System.
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Orgânicos na globalização Não usar defensivos na produção de alimentos cria um diferencial importante no mercado internacional
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A agricultura orgânica deixou para trás seu passado alternativo – quando era praticada por quem acreditava num modo de vida natural em contraposição à sociedade de consumo – e entrou na pauta da economia globalizada. Nos distantes anos 60, quando começou a ser desenvolvida no Brasil, essa produção recusava-se a utilizar os avanços tecnológicos da agricultura, como o uso intensivo de insumos sintéticos e agroquímicos, e era feita somente em pequenas áreas, com a comercialização direta do produtor ao consumidor, numa relação de confiança. Atualmente, o mercado de alimentos orgânicos é um dos que mais cresce em nível mundial, em torno de 10 a 20% ao ano, comparando-se ao crescimento da indústria da informática; a maioria dos governos da Europa já divulgou sua intenção de converter, até o ano de 2005, entre 10 e 20% da área agrícola em orgânica. Dennis Ditchfield, diretor presidente do IBD – Instituto Biodinâmico, empresa brasileira, que atua na inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas, orgânicos e biodinâmicos – diz que a área de orgânicos está se profissionalizando a partir de uma demanda do mercado mundial. “O mito que a agricultura orgânica só pode ser praticada em áreas pequenas foi derrubado. Hoje, a agricultura orgânica é praticada em pequenas, médias e grandes propriedades com sucesso. Inicialmente, a demanda de produtos orgânicos certificados do Brasil foi para atender consumidores estrangeiros, mas o mercado interno também está em crescimento,”diz Ditchfield. Em 2004, o mercado mundial de
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orgânicos movimentou cerca de US$ 24 bilhões e para 2005 a previsão é que atinja US$ 30 bilhões. O Reino Unido importa 70% de seu consumo de produtos orgânicos, Alemanha e França juntas importam 50% e os EUA gastaram US$ 11 bilhões em 2002. O Brasil é um dos países onde mais cresce a produção orgânica no mundo, cerca de 30 a 50% ao ano e movimentou US$ 200 milhões em 2003. A Associação dos Produtores e Processadores de Orgânicos no Brasil estima que apenas 2,5% da população brasileira tem condições financeiras de consumir orgânicos, portanto, o destino de muitos dos alimentos produzidos aqui é embarcar para o exterior. As exportações desses alimentos, em 2004, devem chegar a US$ 115 milhões destes, 42% têm como destino a Europa. Apesar disso o Brasil entrou atrasado na pauta das exportações e somente agora está se organizando através de uma legislação específica para o setor e da definição de políticas públicas. Enquanto a vizinha Argentina exporta 90% de sua produção, faturando US$ 35 milhões das vendas mundiais em 2003, o Brasil só exportou 15% do que produziu (ou seja, algo em torno de US$ 45 milhões). Com isso, no ranking das exportações, o Brasil perdeu para Bolívia, que arrecadou US$ 28 milhões; Uruguai, US$ 3,5 milhões; e até o Paraguai, com modestos US$ 200 mil. As exportações brasileiras são principalmente de produtos não processados como café, banana, soja, arroz, milho, etc. Mas existe um mercado crescente de exportação de comida orgânica. Alguns produtos processados como suco de frutas con-
centrados, açúcar, soja processada e outros estão começando a encontrar mercado internacional. De olho nesse nicho de mercado, o Governo brasileiro garantiu que o orçamento de 2005 para o setor de alimentos orgânicos vai ser recheado. Se em 2004 foram destinados R$ 400 mil à atividade, em 2005 serão R$ 2 milhões, ou seja, cinco vezes mais, segundo anunciou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Os hortifrutigranjeiros, de acordo com Rodrigues, têm bastante espaço para crescer. Enquanto no Brasil eles representam apenas 2% dos orgânicos, na Europa eles ocupam uma fatia de 20%. Além disso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, afirmou que a agropecuária orgânica é extremamente importante para a agricultura familiar, e que seu ministério procura inserir a produção orgânica em todas as políticas públicas do Desenvolvimento Agrário. MAIS VERBAS A decisão do Governo brasileiro de contemplar a atividade com mais verbas é uma conseqüência da necessidade que o País vinha tendo para aumentar o consumo interno de orgânicos e capacitar os produtores para a exportação. Durante os três dias de discussão na BioFach Latina Americana 2004, uma feira do setor realizada no Rio de Janeiro, foram apontados os principais obstáculos que a agropecuária de orgânicos encontra para se desenvolver. Enquanto Argentina e Uruguai já apresentam dados precisos de sua produção orgânica, o que facilita o fluxo de negócios, o Brasil ainda não tem um cadastro de sua cadeia produtiva orgânica. No mercado interno existe ausên-
cia de logística para a distribuição de produtos, previsão precisa da safra que garanta continuidade no abastecimento, o que resulta em preços altos dos produtos e acaba retardando a popularização dos orgânicos no país. Outro problema apontado pelos agricultores é a falta de esclarecimento tanto por parte dos produtores como dos consumidores sobre os orgânicos. Pedro Santiago, presidente da Câmara Setorial de Agricultura Orgânica, garante que os primeiros passos já foram dados pelo atual Governo.
“O Governo Federal está dando atenção, pela primeira vez na história, à agricultura orgânica. Há um programa em andamento no MAPA (Min. Agricultura), o Pró-Orgânico. Creio que os setores a serem priorizados são a regulamentação da Lei dos Orgânicos, recentemente aprovada, a informação ao consumidor e a assistência técnica a pequenos produtores orgânicos”, diz Santiago. Ele considera que o Governo brasileiro já tomou duas iniciativas muito importantes com a instalação no Ministério da Agricultura da Câmara Setorial de
Agricultura Orgânica, para assessorar os ministros nas questões da área, a organização do Fórum das Certificadoras, que reúne as mais importantes certificadoras do Brasil. “Ambas as organizações estão realizando um bom trabalho. Além disso, há a AECO, Associação do Agronegócio Orgânico Certificadas, que reúne importantes empresas produtoras e comercializadoras, consultores e certificadoras orgânicas”. O gerente executivo do Programa de Desenvolvimento de Agricultura Orgânica (Pró-Orgânico) e da Câmara
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Setorial de Agricultura Orgânica do Ministério da Agricultura, Rogério Pereira Dias, informou que os problemas levantados durante a BioFach Latino Americana de 2004 já estão sendo discutidas pelos integrantes da Câmara. Dias disse que as comissões estaduais ficarão responsáveis pela coleta das informações que serão administradas pelo Ministério da Agri-
via 275.576 hectares de área certificada plantada com orgânicos, em 2003 já estava com mais de 800.000 hectares. Isso sem levar em conta que existe uma larga quantidade de produção orgânica fora da formalidade ou não certificada, especialmente nos estados sulistas do Rio Grande, Paraná e São Paulo. Isso coloca o Brasil em quinto lugar do mundo em superfí-
Agricultura orgânica: Brasil é referência internacional no setor
cultura e vão compor o levantamento. Embora ainda engatinhe no mercado em comparação com países como Alemanha, Estados Unidos e Japão, a produção brasileira de orgânicos tem atraído muitas atenções por causa de seu potencial. Um bom exemplo da explosão de crescimento que o setor vem alcançando no Brasil, é a expansão da área dedicada à agropecuária orgânica. Em 2001, ha-
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cie dedicadas a produção orgânica, o que lhe garantiu ser o país do ano na BioFach 2005, principal feira mundial de produtos biológicos que será realizada em Nuremberg, na Alemanha, entre 24 a 27 de fevereiro de 2005. Os números são expressivos, mas se comparados a área de orgânicos/biodinâmicos com a área que é dedicada a agricultura tradicional, vai se observar que esta representa somente 0,42%, o que coloca o Brasil
no qüinquagésimo quarto lugar no ranking mundial. Praticados por cerca de 19.000 produtores, 90 % deles de pequenos agricultores, a produção brasileira tem garantido um mercado local que junto com a Argentina é o mais desenvolvido da América Latina: 45 % das vendas do mercado local é feita através de supermercados, 26% através de feira e 16% através de lojas especializadas. As maiores parte dos produtos consumidos são vegetais e frutas frescas, mas existe um número crescente de processadores, ao mesmo tempo de empresas e pequenas unidades familiares, processando chá, café, chá mate, frutas, óleo, cereais e produtos de segunda necessidade. Aproximadamente metade da produção orgânica é consumida pelos brasileiros. “O Brasil é o único país da América Latina que tem o mercado interno de orgânicos desenvolvido há anos, sólido e em crescimento, embora ainda pequeno. Os outros países latino-americanos têm fraco mercado interno e exportam cerca de 90% da sua produção”, diz Santiago. Além disso, Santiago diz que o Brasil tem conseguido avançar no setor porque nosso mercado está crescendo de forma mais organizada, com empresas de médio e grande porte entrando nessa área. “Todos os segmentos estão se organizando em associações específicas (produtores, comerciantes, certificadoras). Produtos de origem animal já podem colocar no rótulo a denominação “Orgânico”, o que, até alguns meses atrás, não era permitido. Novos segmentos, como carne e laticínios orgânicos, vinho orgânico, estão surgindo”, diz Santiago.
A embalagem correta
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Para o engenheiro agrônomo Marcelo De Cunto, da Via Pax Bio Eco Agricultura, criada em 1994, em Florianópolis, a opção pelo produto orgânico é uma opção de vida. O agrônomo explica que o produto orgânico tem em si a possibilidade de proporcionar uma transformação do setor produtivo. “Mais qualidade de vida com respeito à natureza e à saúde humana são os dois benefícios diretos dessa agricultura. Ela também está
contribuindo com a transformação dos conceitos e valores de desenvolvimento que a humanidade tem para si atualmente. A agricultura orgânica é um dos primeiros passos dentro de uma cadeia ecológica de desenvolvimento do homem sobre a Terra”, diz Marcelo. Mas a grande maioria dos agricultores decidiu pela plantação de orgânicos por motivos mais práticos como a proteção de sua saúde e a de
seus familiares, muitos já tendo experimentado a intoxicação por agrotóxicos. Depois, o motivo mais apontado é a possibilidade de aumentar a receita, já que a plantação ecológica alcança um lucro de até 25% a mais do que a agricultura tradicional. Só em terceiro lugar aparece a preocupação com o meio ambiente e em quarto a demanda de mercado para produtos orgânicos. Essa informação está num estudo que acaba de
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Marcelo De Cunto: o produto orgânico pode transformar o setor produtivo
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ser divulgado pelo Instituto Cepa, órgão da Secretaria Estadual de Agricultura de Santa Catarina – “A agricultura orgânica na região da Grande Florianópolis – indicadores de desenvolvimento, elaborado com recursos do Fundo Rotativo de Estímulo à Pesquisa Agropecuária (Fepa). Rubens Altmann, engenheiro agrônomo, coordenador do estudo do Instituto Cepa, diz que a apreensão dos consumidores com a segurança alimentar é uma tendência mundial, principalmente depois da crise da vaca louca e da gripe do frango. Na área agrícola, que é fundamental pela sua importância como atividade primária, a agricultura orgânica assumiu uma importância crucial. “A crescente preocupação dos consumidores com a saúde e com a qualidade dos alimentos faz com que seja urgente a definição do Governo de uma estratégia de segurança alimentar, estimulando produtores e empresários a adotar sistemas de controle de qualidade que permitam fazer o rastreamento (ou a traçabilidade) do produto desde a origem até a chegada ao consumidor, isto é, ao longo de toda a cadeia produtiva”, diz Altmann. Além da preocupação com a saúde dos consumidores e produtores, a uma valorização maior no mercado, a agricultura orgânica traz outras vantagens. Mauro Schorr, engenheiro agrônomo, responsável pela elaboração e execução do Programa Nacional de Agroecologia, Agricultura Biodinâmica e Permacultura para as Áreas de Proteção Ambientais Brasileiras do Ibama/MMA, aponta os benefícios que a adoção da agricultura orgânica proporciona. “Os investimentos de capital e recursos financeiros em adubação e controle de pragas tornam-se ano a ano meno-
res. Isto traz economia aos agricultores, que observam que quando adubam também organicamente seus solos, mantêm o mulching ou a cobertura morta ou de palhada, sendo consorciada aos seus cultivos e acabam não utilizando doses maciças de adubos químicos”, diz Schorr. O engenheiro agrônomo diz que os níveis de vitalidade e de fertilidade dos solos aumentam, valorizando indiretamente a terra cultivada. “As modernas técnicas da agropecuária orgânica resultam numa maior disponibilidade de fósforo, potássio, nitrogênio, aeração, e retenção de umidade, entre outros fatores benéficos. As plantas crescem em ambientes mais sadios, livres de doenças e pragas. Estas técnicas de conservação de solos agregam uma valor econômico indireto à propriedade agrícola, que é valorizada crescentemente, de acordo com a melhoria das condições de fertilidade natural dos solos”, diz Schorr. Ele explica que atualmente utiliza-se técnicas como o uso do terraceamento, cultivo em nível, reciclagem adequada de matéria orgânica, plantio direto, cultivo mínimo, sistemas agroflorestais e permaculturais, que resulta em uma maior fertilidade do solo. “Assim não se pode comparar o valor de uma terra degrada e um solo fértil ou recuperado,” diz Schorr A tecnologia utilizada na produção de alimentos orgânicos requer conhecimentos de várias ciências, que acabam por desenvolver um sistema de manejo equilibrado dos recursos naturais. Há um elenco de critérios para que o produto seja considerado orgânico: é necessário desintoxicar o solo e substituir os fertilizantes químicos por compostos orgânicos. O uso de qualquer tipo de agrotóxico ou agentes químicos é proibido.
Além disso, o combate às pragas e às ervas daninhas é feito por meio de técnicas de controle biológico, técnicas mecânicas e naturais. A desintoxicação do solo pode levar até dois anos, o que leva muitos agricultores a terem uma perda de seus lucros no início. Atendendo produtores que desenvolvem agricultura convencional e orgânica, a LBE Biotecnologia Brasil
presidente da LBE, bioquímico molecular José Guerra. Baseado em um processo exclusivo para a produção de L-alpha aminoácidos, Guerra diz que obtém excepcionais resultados na produção de biofertilizantes orgânicos. Para o presidente do LBE, investir em agricultura orgânica é investir em saúde, em um mundo limpo, sem os problemas que o mau uso de determinados produtos trazem às comu-
Marcas diferenciadas são fruto da agricultura sustentável
Ltda., com sede em Itapecerica da Serra – SP , se dedica ao estudo e desenvolvimento de soluções para a agricultura de forma sustentável. “Na orgânica, nosso cliente, seguindo nossos tratamentos e as normativas do IBD, pode obter excelentes produtos agrícolas sem o uso de qualquer tipo de elemento agressivo ao meio ambiente e seu próprio entorno”, 0diz o
nidades como um todo. O cliente LBE, segundo José Guerra, é um produtor que se preocupa com a melhor qualidade de vida para ele e seu semelhante. “A LBE tem como projeto principal a pesquisa e o desenvolvimento de novas formas e novos sistemas, que possam vir a melhorar a qualidade de vida do homem na terra” diz Guerra.
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Couro de peixe: o fim do O que era jogado fora vira artigo de consumo, com um diferencial: cada peça é única, o que garante a diversidade dos produtos
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Jogar fora o couro do peixe é um lugar comum do desperdício que pode acabar, graças a pessoas como Luiz Viriatto, dono da Couro D’Água, única empresa na região de Manaus especializada em curtimento desse material para a produção de artigos como bolsas, sapatos, cintos, porta-moedas e até jóias. Há três anos nesse segmento, Viriatto aproveitou a técnica desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas
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da Amazônia no final da década de 80 e o apoio do Sebrae e começou a fabricar couro para as indústrias que o utilizam como matéria-prima. “Cada artigo é único, exclusivo, já que na natureza não se encontra dois seres vivos exatamente iguais, e isso é um diferencial importante”, diz Viriatto. A inserção comercial se deu lentamente, pois o empresário abriu mão de financiamentos ou empréstimos. Viriatto comprou, aos poucos, o maquinário de outras empresas que curtiam o couro de jacaré e que podiam ser aproveitados em seu processo produtivo.
Para separar a carne e o couro do peixe, importou do Japão um equipamento chamado descarnadeira. Desde o início ele adotou a estratégia de exportar porque havia pouca demanda no mercado interno onde, na época, o couro de peixe era visto como mais um modismo. As vendas eram feitas em pequenas quantidades para a Itália e Inglaterra. No Brasil, as indústrias não tinham conhecimento para desenvolver produtos com o material e como Viriatto trabalhava apenas com o fornecimento de matéria-prima, o retorno era pequeno. Ele então começou a fazer contatos com outros produtores, participou de feiras de negócios sugeridas pelo Sebrae e passou a fabricar os pro-
desperdício
dutos acabados em sua própria indústria. O passo seguinte foi visitar lojas e shopping centers: com as peças prontas para a venda nas mãos, os varejistas pareceram acordar para as possibilidades do novo material. Hoje o empresário continua de olho nas expectativas de seus clientes e já arrisca uma mistura com percentuais variados de couros de boi ou carneiro. No caso de portamoedas, cintos e outras peças pequenas, usa-se 100% de couro de peixe. Isso porque, em artigos maiores, como jaquetas, por exemplo, é preciso utilizar uma grande quantidade de pele de peixe. A idéia é diminuir custos, ao mesmo tempo em que se estuda a aceitação no
mercado. Terceirizar a manufatura foi outra forma encontrada para reduzir os gastos. Com poucos concorrentes, mas inserido em um nicho que está apenas despontando como oportunidade de negócios no País, a estratégia é usar revistas de moda para divulgação e continuar fabricando produtos com maior valor agregado para voltar a exportar. Ciente de que o mercado externo exige muito mais rigor, os próximos passos no planejamento da Couro D’Água incluem o uso de produtos biodegradáveis no processo de curtimento (em fase de testes) e a obtenção da certificação ISO 14000. Viriatto trabalhou dos 18 aos 28 anos com o pai na administração da empresa de transportes coletivos da
família. Durante 12 anos, dedicou-se ao ramo de materiais de construção, mas aos poucos ele vendeu as lojas, enquanto começava no ramo de curtumes, e permanece até hoje.
PERFIL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
NOME: Luiz Viriatto A. de Barros FORMAÇÃO: Direito (incompleto) EMPRESA: Couro D’Água Amazônia ANO DE FUNDAÇÃO: 1985 CIDADE-SEDE: Manaus – AM RAMO DE ATUAÇÃO: curtume FATURAMENTO: cerca de R$ 900 mil/ano NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 10
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Ação entre amigos Como a Nutron se transformou na empresa líder em tecnologia e nutrição animal
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Como um grand chef de cuisine, o médico veterinário Luciano Roppa, incansável defensor dos benefícios da carne suína, juntou os ingredientes certos, uma excelente equipe, equipamentos de primeira linha e sua especialidade adquiriu sabor de vitória. O desejo de ver mais carne suína no prato do brasileiro e a experiência de 20 anos no ramo de tecnologia e nutrição animal levaram o diretor-presidente da Nutron Alimentos a reunir quatro amigos - um zootecnista, dois agrônomos e outro médico veterinário, e entrar pela porta da frente no agronegócio brasileiro. Com uma pitada de criatividade, os cinco sócios transformaram uma receita comum em um grande sucesso. Em menos de dez anos, a
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Sede da empresa, em Itapira: a Nutron tornou-se líder no mercado brasileiro de rações para nutrição animal
Nutron tornou-se líder no mercado brasileiro de rações para nutrição animal. Com um olho no exterior e outro na produção interna, eles identificaram uma grande oportunidade de mercado. Enquanto a produção de carne na Ásia, Estados Unidos e Europa despencavam por causa de doenças como a vaca louca, influenza e dioxinas, as exportações
PERFIL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
NOME: Luciano Roppa IDADE: 57 FORMAÇÃO: Medicina Veterinária EMPRESA: Nutron Alimentos ANO DE FUNDAÇÃO: 1995 CIDADE-SEDE: Campinas – SP RAMO DE ATUAÇÃO: tecnologia e nutrição animal FATURAMENTO: R$ 220 milhões/ano DE FUNCIONÁRIOS: 510 Rural 66NÚMERO Guia Empreendedor
brasileiras de carne aumentaram de 1,5 milhão de toneladas no ano 2000 para 4,5 milhões em 2004. A conseqüência direta foi o aumento da participação no mercado externo. A reboque veio a necessidade de garantir a qualidade da carne e a chance de ouro da Nutron: com a inovação tecnológica a empresa ofereceu soluções para os clientes antes mesmo de eles perceberem essa necessidade. “Nosso foco está na prestação de serviços ao produtor e na prevenção de problemas, suprindo as necessidades e superando suas expectativas”, diz Roppa. Hoje, dez por cento da produção de seis milhões de toneladas é exportada para o Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Equador e Senegal, além de várias matérias-primas que são vendidas para a Europa. A Nutron é composta por três indústrias nas cidades de Campinas (SP), Toledo (PR) e Chapecó (SC), regiões pró-
ximas das grandes criações de suínos do País. Possui um avançado laboratório de controle de qualidade e análises que emite laudos, dados estatísticos e recomendações técnicas em 48 horas após o recebimento das amostras. As pesquisas e novas tecnologias são geradas num centro de pesquisa de 120 mil metros quadrados, localizado em Mogi-Mirim (SP), onde é dado o primeiro passo no desenvolvimento de produtos de nutrição para aves, bovinos, suínos, peixes, cães e gatos, específicos para regiões com clima subtropical e tropical. O grupo possui outros centros semelhantes na Bélgica, Holanda, Polônia, Portugal e Estados Unidos. Os produtos são testados em uma granja experimental e todo o complexo possui certificação ISO 9001-2000, garantindo credibilidade ao processo produtivo. As opções do “cardápio” devem aumentar em 2005, quando a empresa vai inaugurar uma unidade em Itapira, no
interior paulista. A nova fábrica vai garantir a qualidade total do produto, com ausência de contaminações durante o processo, ou seja, com total segurança alimentar garantida pela certificação ISO 9001 e 14000. Isso deve facilitar as exportações para o continente europeu e Japão, que se preocupam com a rastreabilidade da produção. É a primeira indústria do gênero em toda a América Latina e já tem data para começar a funcionar: 25 de fevereiro, dia em que a Nutron comemora 10 anos de existência. “Desenvolvemos 17 projetos, analisados até pelos nossos clientes, em três anos de pesquisa”, conta Roppa. O custo de implantação é de R$ 14 milhões. A Nutron Alimentos foi eleita a quarta melhor empresa do agronegócio brasileiro, no ranking das 400 Melhores Empresas Brasileiras da revista Isto É Dinheiro do mês de outubro de 2004. A mesma colocação foi obtida no quesito gestão social e de meio ambiente, além de ocupar a oitava posição em inovação. “Do chão de fábrica à diretoria, todos estão empenhados em fazer as coisas corretamente. Isso está na fisionomia de cada um de nós”, diz Roppa. O amor pela suinocultura também lhe rendeu o prêmio de Veterinário Destaque no Mundo, em 2002, em Minesotta (EUA), e em 2001, no Peru. A luta pelo desenvolvimento da atividade trouxe reconhecimento também no Brasil, onde recebeu o título de Comendador da Sociedade de Medicina Veterinária (2002) e de Veterinário Destaque do Ano (1992). Com a serenidade de quem sabe do que está falando, Roppa diz que a Nutron é “uma empresa séria, de gente séria, que está contribuindo para construir um Brasil melhor”. É o que se pode chamar de sonhar alto com os pés no chão. Suinocultura obedece ao perfil de uma atividade que luta pela correção
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Um sistema orgânico A Fazenda Tamanduá usa o que a terra oferece e trabalha com os limites naturais do ambiente para implementar uma produção diversificada e totalmente focada na qualidade
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A agricultura natural valoriza o solo como fonte primordial de vida, e, para fertilizá-lo, procura fortalecer sua energia natural utilizando os insumos disponíveis no local de produção para adubar a terra. Seu objetivo máximo é obter produtos por sistemas agrícolas que se assemelhem às condições originais do ecossistema. No Sertão da Paraíba, município de Santa Terezinha, a Fazenda
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Tamanduá enfrentou o desafio da produção de orgânicos num clima típico das áreas tropicais semi-áridas, onde ciclos de secas assolam periodicamente a região e a estiagem pode durar de 8 a 12 meses. A vegetação natural é a caatinga, um conjunto de formações arbóreo-arbustivas, xerofilas, lenhosas e deciduas, comumente espinhosas. A presença de uma formação rochosa típica do
sertão, o “inselberg” denominado Serrote Tamanduá, originou o nome da fazenda, que em 1977 passou a pertencer a Mocó Agropecuária Ltda. Nada mais “local” do que a agricultura orgânica. O sistema de manejo orgânico é um processo que apresenta particularidades a cada propriedade onde é executado. As peculiaridades de solo, fauna, flora, ventos, posição em relação ao
sol, recursos hídricos, além de outros, exercem influência sobre o sistema. O sistema orgânico exige conhecimento profundo sobre a propriedade, de forma a encontrar soluções locais para cada tipo de cultivo, criação ou problema encontrado no exercício da atividade. Pierre Landolt, da Fazenda Tamanduá, diz que a palavra “mocó”, que deu origem ao nome da empre-
sa, veio da variedade de algodão arbóreo de fibra longa que chegou a ser cultivado na fazenda entre 1977 e 1984. “O objetivo inicial da nossa ação era trazer mais tecnologia às atividades tradicionais da região, o binômio algodão/gado. Esse aporte de tecnologia deveria, a nosso ver, aumentar a renda do agricultor e favorecer um fortalecimento das atividades rurais no semi-árido, tornando
a Fazenda Tamanduá um foco de divulgação de técnicas mais adaptadas e lucrativas, garantindo renda e emprego no sertão”, diz Landolt. Após um longo período de seca que demorou de 1979 a 1984, a chegada do temível “bicudo” (anthonomus grandis-Boheman) tornou economicamente inviável a cultura dessa variedade de algodão perene e tão bem aclimatado não só na fazenda como
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em todo a região. A Fazenda Tamanduá passou então a dedicar-se a criação do gado Pardo-Suiço, uma das raças mais antigas do mundo, e que tinha inicialmente pela sua rusticidade e versatilidade três aptidões: leite, corte e tração. Rústica, essa raça se adaptou muito bem ao duro clima do polígono da seca, as vacas produzindo um leite com excelente teor de proteína, ideal para a fabricação de queijos. A grande variedade de gramíneas e leguminosas nativas nas pastagens alimenta o gado na sua forma natural na época das chuvas e através da silagem e fenação durante a seca. Em 1990, foram plantados na fazenda 30 hectares de mangueiras enxertadas das variedades Tommy Atkins (80% da área) e Keitt e em 1997, foi construída uma queijeira sob a fiscalização do Serviço de Inspeção Federal (SIF), e o fazendeiro deixou de vender o leite in natura na cidade de Patos como fazia antes. Nessa época, a Fazenda Tamanduá decidiu optar
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pela produção orgânica e procurou o Insituto Biodinâmico para entrar num processo de certificação. O pomar – com 3.019 pés de mangueiras que frutificam no baixio do Riacho da Conceição - é subdividido em três áreas irrigadas por gotejamento a partir de três açudes que conservam a água das chuvas recebidas durante o curto período chuvoso. Há duas safras na Fazenda Tamanduá: a safra principal ocorre de outubro a janeiro, com uma média de 55.000 caixas, a segunda safra em julho, com aproximadamente 15.000 caixas. A maior parte é exportada in natura, utilizando uma infra-estrutura própria que comporta um packing house e uma câmara frigorífica com capacidade para 26 pallets. Essas mangas receberam a certificação orgânica do IBD há quatro anos e a certificação Demeter em há dois, resultado de um trabalho que durou três anos. Após uma classificação inicial no campo, as mangas são lavadas,
secas, rigorosamente classificadas por aspecto, peso e tamanho e finalmente colocadas em caixas de papelão de quatro quilos. Cada caixa tem carimbado um número de lote, indicando o mês o dia da colheita, e um número identificando a área onde foi colhida a manga, garantindo uma perfeita rastreabilidade das frutas. Formamse pallets com essas caixas, cada uma comportando 216 caixas. O Ministério da Agricultura fiscaliza o processamento e os embarques que são realizados por via marítima no Porto de Natal (RN). O restante da produção, que não conseguiu atingir todos os critérios de qualidade para exportação, é dirigido para um outro setor, onde após maturação, será desidratado. Graças a último processamento, a Fazenda Tamanduá consegue aproveitar perto de 100% da manga. As frutas maduras demais, estragadas, a casca e o caroço, acabam na cocheira do gado. A adubação das mangueiras é realizada por um composto fei-
to na fazenda a base de esterco de gado e de jurema (arbusto espinhoso nativo) triturada como fonte de carbono, além de MB4, fosfato da Bahia, soro de leite e cinzas. As abelhas garantem uma polinização perfeita da floração. No início do ano de 2001, a produção leiteira e os queijos da Fazenda Tamanduá foram pioneiros em receber a certificação do IBD, que os certificou como orgânicos. Quatro tipos de queijos são produzidos: o Saint Paulin, o Reblochon, de origem francesa, o Queijo de Coalho, este bem nordestino, e a Ricota de origem italiana. As vendas são efetuadas tanto no Nordeste como no Sul dos país, principalmente em São Paulo. O IBD certificou também o processo de apicultura implantado na Fazenda Tamanduá. As abelhas (Apis mellifera) foram inicialmente obtidas a partir de enxames migratórios capturados. Hoje, parte vem de divisão de famílias selecionadas já existentes nos apiários da propriedade. “A
cera alveolada já é produzida a partir das nossas próprias abelha”, diz Landolt FLORADAS Na Fazenda Tamanduá, a pastagem apícola é rica. As floradas chegam em épocas diferentes após o início das chuvas, oferecendo sempre a predominância de uma ou algumas plantas durante o período chuvoso. “Além de milhares de leguminosas e gramíneas nativas, notamos principalmente as seguintes espécies arbustivas cuja floração tem uma forte incidência sobre a cor e o gosto do mel : manga, jurema branca, jurema preta, catingueira, angico, marmeleiro, juazeiro, mufumbo, oiticica”, diz o fazendeiro. Dez apiários, comportando dez colméias cada um, são localizados dentro da propriedade, perto de reservatórios de água. Além dos empregos fixos (vaqueiro, tratorista, trabalhador braçal, pedreiro, etc.), a Fazenda Tamanduá oferece vários postos de trabalho temporário, principalmente duran-
te a safra de mangas que coincide com a seca, período difícil e com pouco trabalho nas micro-propriedades vizinhas. Já que existem muitos jovens trabalhadores, a Fazenda Tamanduá decediu flexibilizar os horários para quem quiser estudar o possa fazer. O grupo escolar municipal localizado na Fazenda possui três professoras e classes para pré, alfabetização e até a 4ª série. Aproximadamente 40 alunos freqüentam o grupo escolar. A partir da 5ª série, os alunos estudam em Santa Terezinha ou Patos, e são levados e trazidos até a estrada para pegar o ônibus escolar municipal. Para os trabalhadores da fazenda, um curso sobre a Agricultura Orgânica foi ministrado por Richard Charity, consultor da ABD, para entenderem melhor os conceitos que são aplicados na produção orgânica da fazenda. O Instituto Elo, que organiza o Curso Fundamental de Agricultura Biológico-Dinâmica em Botucatu recebeu e vai receber novos alunos da Fazenda Tamanduá.
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SaudĂĄvel e competitiva A Montecitrus, uma rede de 350 propriedades, produz laranja sem utilizar nenhuma espĂŠcie de veneno contra as pragas e faz sucesso em todo o mundo
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“u
“Uma agricultura ecologicamente sustentável, economicamente viável e socialmente justa”, é a definição de agropecuária orgânica da Ifoam (International Federation of Organic Agriculture Movements), a federação internacional das certificadoras que dá acesso ao mercado exterior. Esse conceito é plenamente praticado pelo Grupo Montecitrus, a maior produtora de suco concentrado de laranja orgânica do mundo, que exporta para diversos países da União Européia, Estados Unidos e outros. A Montecitrus possui cerca de 350 propriedades, pertencentes a 250 associados, distribuídas ao longo de todo o cinturão citrícola dos estados de São Paulo e Minas Gerais, contando com uma área cultivada de 40 mil hectares e 11,6 milhões de árvores. Sua produção anual está ao redor das 20 milhões de caixas, que garantem à empresa o fornecimento de fruta de qualidade das principais variedades ao longo de toda a safra. O Grupo detém 50% da participação em sistema de transporte de suco a granel, o que incluí um armazém no Porto de Santos com capacidade total de 22 mil toneladas de suco concentrado, um navio dedicado para o transporte aos mercados com 13,2 mil toneladas e um terminal no porto de Antuérpia, Bélgica, com capacidade para 24 mil toneladas. O Grupo é composto das seguintes empresas: Montecitrus Participações S/C; Montecitrus Trading S.A, Montecitrus Indústria e Comércio Ltda; Montecitrus S.C. de Serviços Técnicos Agrícolas; Montecitrus International Ltda; Rhamo Indústria, Comércio e Serviços Ltda; Bulk Services Corporation; Southern Juice Terminal – Bélgica. No Grupo Montecitrus, o produtor é o responsável direto pela produção
de seus pomares, mas conta com o suporte da empresa na área técnica e de insumos. A colheita é organizada e operacionalizada pelo Grupo, assim como o transporta das frutas até as fábricas. As frutas são processadas através de uma parceria com a Citrovita, que possue fábricas nos municípios de Matão e Catanduva, no interior do Estado de São Paulo. Paulo Zucchi Rodas é um dos mais de cem produtores de laranja da Montecitrus. Ele diz que a empresa funciona como uma grande prestadora de serviços. A maior parte de sua produção (principalmente de suco concentrado e uma parte em suco fresco pasteurizado) é destinada ao mercado externo. O produto é enviado em contêineres para o exterior. Lá, uma empresa se encarrega de processá-lo e colocá-lo no mercado com uma marca própria. Rodas explica que a empresa recebe o fruto dos produtores, manda para processamento, se for o caso de industrialização (extração do suco), e se encarrega da comercialização – exportar, vender no mercado interno. Ela administra essas etapas, debita os custos e paga os resultados para os produtores. O principal produto extraído da laranja é o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ). Por meio do processo de extração e concentração, o FCOJ é produzido sem qualquer perda de suas qualidades e sem qualquer uso de aditivos, sendo, após esse processo, congelado a baixas temperaturas para preservar suas propriedades naturais, principalmente quanto à vitamina C. Quando reconstituído, o suco conserva seu sabor e qualidade originais. Como subprodutos do processo de extração de suco, o Grupo Montecitrus recupera diversos produtos, utilizados
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Laranja orgânica faz parte de um sistema logístico profundamente modificado
em várias aplicações como a polpa de laranja congelada – é adicionada ao suco reconstituído para se ter maior teor de fibras e sabor natural, – o suco de laranja extraído da polpa (Pulp Wash) – com ótimas propriedades estabilizantes é utilizado na industria de bebidas. Ainda são processados o farelo de polpa cítrica peletizado – utilizado como componente da ração animal é apreciado por suas propriedades protéicas e odor atrativo aos animais, óleos essenciais de laranja de Limoneno; essências de fase aquosa e oleosa todos esses produtos têm ampla aplicação nas industrias de alimentos, aromas e fragrâncias, indústrias químicas e de solventes, cosméticos, material de limpeza e higiene. MUDANÇAS O Grupo Montecitrus desenvolveu um trabalho pioneiro no setor e as propriedades que cultivam a fruta orgânica, as empresas que a processam e o sistema logístico de transportes passaram por profundas modificações no sentido de atender as
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exigências das entidades certificadoras. Para conseguir que sua produção fosse considerada orgânica e certificada pelo IBD – Instituto Biodinâmico, que tem um sistema de qualidade controlado e credenciado pelo Programa de Credenciamento Ifoam (Ifoam Accreditation Programme) e pela Instância de Credenciamento EN 45011 / ISO 65 do DAR, Conselho de Credenciamento Alemão (Deutsche Akkreditierungsrat), cumpre as normas do regulamento europeu CCE 2092/91 – a Montecitrus procurou os maiores pesquisadores do Brasil e do mundo nas áreas de fitopatologia e entomologia, bioquímica e mecânica agrícola, tendo desenvolvido em parcerias com essas entidades novas técnicas, produtos biológicos e maquinários específicos à atividade de agricultura orgânica em larga escala. Foram eliminadas definitiva e permanentemente toda a adubação com fertilizantes químicos e utilização de qualquer pesticida ou produtos químicos sintetizados. Restabeleceram-
se práticas tradicionais de agricultura, utilizando no solo somente adubação com compostos orgânicos ou rochas moídas. O controle de pragas e doenças é mantido com pulverização de produtos naturais e extratos vegetais; os agricultores utilizam o bicho-lixeiro, que é um inimigo natural de pragas dos citros e incentivam as defesas naturais das plantas, como o incremento do desenvolvimento dos insetos predadores de pragas. Durante o cultivo, os produtores promovem a biodiversidade pela manutenção da vegetação de gramíneas e leguminosas nativas na cobertura do solo e implantação de árvores nativas amigáveis a pássaros e animais intercaladas nas áreas cultivadas. Além de cuidar do meio ambiente, para ser certificado como orgânico é preciso ter também uma dedicação especial à melhoria das condições de vida dos seus trabalhadores. Os controles de produção orgânica estendem-se além do produto agrícola e por toda a cadeia de manuseio, processamento e transporte dos alimentos até a sua entrega ao consumidor no varejo. Todos os processos são isolados de forma a garantir segregação total dos produtos, resultando para o consumidor na mais completa segurança alimentar. Todas as etapas da cadeia produtiva são também regulamentadas e auditadas, de tal forma que exista uma rastreabilidade total desde o produto final até a sua origem na fazenda. Atualmente, o Grupo Montecitrus procura estabelecer parcerias e contratos de longo prazo para a produção e industrialização de alimentos infantis e ou de usos institucionais, hospitalares, dentre outros, que requeiram um alto grau de segurança alimentar.
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Cooperativas eficientes Nas situações em que a dinâmica da produção é mais intensa – caso das culturas anuais –, a pequena propriedade, agindo em rede, é mais adequada para a produção orgânica. 76
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Os pequenos proprietários que praticam a agropecuária orgânica em sua grande maioria dedicam-se à produção de hortifrutigranjeiros e são ligados a associações de produtores, cooperativas ou empresas de processamento, responsáveis pela comercialização ou fazem comercialização direta em feiras de produtores. Em ambientes cuja cultura seja mais estável – caso de culturas perenes e da pecuária –, em que a intervenção humana é menos freqüente, o sistema convive bem com propriedades médias ou grandes. Nas situações em que a dinâmica da produção é mais intensa – caso das culturas anuais –, a pequena propriedade é mais adequada para a produção orgânica, uma vez que o pequeno agricultor, devido à menor extensão das terras e ao maior contato físico com sua propriedade, tem facilidade em acompanhar a produção e controlar as variáveis ambientais. A Associação Recanto da Natureza, que emprega 60 pessoas e é formada por 15 agricultores da comunidade da Vargem do Braço, localizada dentro do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Santo Amaro da Imperatriz – SC, é um bom exemplo deste tipo de organização dos agricultores orgânicos. Em 1998, com a orientação da Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A - de Santo Amaro da Imperatriz e com recursos do programa Microbacias I financiado pelo Banco Mundial, 15 agricultores da comunidade da Vargem do Braço, participaram de um curso sobre “Agricultura Orgânica” no Centro de Agricultura Ecológica Ipê (RS). A participação neste evento mostrou a possibilidade de praticarem uma agricultura diferente, que eles resolveram implantar em suas terras. Assim que foi formado
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o grupo, firmaram uma parceria com o Hippo Supermercado, de Florianópolis, que se tornou um grande parceiro e propulsor do negócio na fase inicial. Atualmente, boa parte dos produtos orgânicos encontrados nos supermercados da Grande Florianópolis é fornecido pela Associação Recanto da Natureza. O primeiro produto orgânico comercializado pela Associação foi o pimentão. Em seguida veio a cenoura, rabanete e alface. Atualmente, produzem mais de 60 espécies de produtos orgânicos que são comercializados também de forma direta em feiras na Secretaria da Agricultura às quintas-feiras e aos sábados de manhã no Largo São Sebastião em Florianópolis. Hoje a Recanto da Natureza possui uma unidade de processamento orgânico, cuja construção foi possível com recursos do
FDR (Fundo de Desenvolvimento Rural) da Secretaria da Agricultura. Um dos sócios, Amilton Voges, conta que em 1990 foi intoxicado com agrotóxico, fato que fez com que sua família começasse a pensar em mudar o sistema de plantio. Com a idéia de buscar subsídios e conhecimentos sobre a agricultura orgânica outro associado, Hélio Voges, participou de uma excursão em 1997 aos municípios de Viamão-RS (visita a agricultores), Porto Alegre-RS (visita a Cooperativa Colméia-comercialização em feira livre) e Novo Hamburgo-RS (visita a Cooperativa Sítio Pé na Terra- ortigranjeiros e laticínios). Foi quando procuram a Epagri de Santa Amaro que conseguiram finalmente encontrar o caminho da agricultura orgânica. Paulo Sérgio Tagliari, engenheiroagrônomo, coordenador do Projeto de
Agroecologia da Epagri, diz que que há cinco anos Santa Catarina tinha cinco grupos ou associações de agricultores que produziam alimentos de forma natural, sem usar agrotóxicos ou adubos químicos solúveis. Atualmente, são 40, perfazendo 1.500 famílias, sem contar produtores e empreendimentos isolados. O trabalho da no desenvolvimento da agropecuária orgânica começou há quatro anos e os resultados já começaram a aparecer, com o lançamento pioneiro da cebola agroecológica, seguidos da maçã orgânica, o arroz ecológico, várias frutas tropicais, hortaliças cereais e até o “boi verde”, alimentado com ração vegetal e fora dos confinamentos. A próxima novidade é o frango ecológico. O projeto é da Organização das Cooperativas do Estado (Ocesc), que quer apressá-lo porque tem mercado internacional certo.
A Associação Recanto da Natureza emprega 60 pessoas e é formada por 15 agricultores em Santo Amaro da Imperatriz – SC
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O uso correto do solo É possível preparar a lavoura mantendo o solo, a água e a vegetação. Conheça algumas experiências positivas de produtores de fumo
d
Depois de plantar fumo por 25 anos no município de Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina, o agricultor Ari Dellagiustina decidiu mudar as técnicas de cultivo. Sob orientação da Souza Cruz, empresa com quem mantém parceria desde que começou, em 1965, ele deixou de lavrar, riscar e adubar a terra antes do plantio e passou a fazer o cultivo mínimo. O sistema consiste em cultivar determinada área reduzindo as operações de revolvimento do solo, principalmente lavrações e gradagens. Cerca de 40 a 60% do terreno
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fica coberto com plantas em crescimento ou com resíduos de outras culturas utilizadas como adubos verdes, e o restante é revolvido. Isso permite a recuperação ou manutenção dos nutrientes presentes no solo, além de controlar o processo erosivo. “Fui o primeiro a fazer cultivo mínimo aqui na região, há uns quinze anos”, diz Dellagiustina. “As pessoas riam, dizendo que eu ia plantar fumo no meio do mato, mas no segundo e no terceiro ano, todo mundo adotou esse modelo”. Essa forma de plantar observan-
do princípios de conservação do solo e da água faz parte de um programa da Souza Cruz, iniciado na década de 90, chamado Plano Diretor de Solos (PDS). O plano é resultado de uma evolução das técnicas de manejo do solo e de trocas de experiências entre técnicos, agricultores, empresas públicas e privadas e tem por objetivo manter e aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e reduzir os custos da produção agrícola. Com o PDS, o agricultor passa a ter outras formas de aproveitamento da propriedade, além da cultura principal.
COMO PLANEJAR A PROPRIEDADE RURAL
1
Escolher áreas mais adequadas para cada vocação agrícola, como reflorestamento, fruticultura, pastagens e criações, culturas perenes e anuais;
2
Fazer análise do solo para saber se é necessário realizar correções, como adição de fertilizantes, subsolagem, etc;
3
Proteger nascentes e mata nativa; reflorestar áreas desprotegidas e dimensionar os cultivos de acordo com a qualidade do solo, disponibilidade de mão de obra e demanda de mercado;
4
Fazer um calendário para execução das atividades planejadas.
Fonte: Plano Diretor de Solos – Souza Cruz
“Hoje não trabalhamos visando somente a cultura do fumo e sim buscando a auto-suficiência do produtor, seja com a rotação de culturas ou com o PDS que prevê a conservação dos recursos para as gerações futuras”, diz o gerente de planejamento da Souza Cruz, Carlos Vitali. PLANEJAMENTO O primeiro passo para adotar o modelo é fazer um planejamento para transformar a fazenda em uma microempresa rural, desenvolvendo todo o potencial produtivo de acor-
do com a vocação do solo. Desse modo, o proprietário identifica quais técnicas são mais adequadas e quando poderão ser aplicadas. As práticas de conservação incluem a análise de solo, adubação verde, rotação de culturas, terraceamento ou curvas de nível, cultivo mínimo e plantio direto, entre outras. A análise de solos permite determinar a dosagem adequada de fertilizantes ou adubos químicos na terra. Nessa técnica, recolhem-se amostras da área de cultivo que são enviadas aos laboratórios da Souza Cruz
ou de órgãos públicos como a Cidasc ou universidades. O resuldado é emitido em 30 dias e permite corrigir a composição do solo com mais segurança, ao contrário do plantio convencional no qual a análise é feita a cada três anos. O PDS permite que o procedimento seja repetido somente após quatro ou cinco anos pois o solo se conserva produtivo por muito mais tempo. Embora não seja novidade no campo, o uso de adubos verdes ou plantas de cobertura responsáveis por evitar o impacto direto da chuva sobre
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a terra sofreu alterações. Comparáveis aos catalisadores, substâncias que aceleram as reações químicas, tais plantas fixam nutrientes na terra para o plantio subseqüente, diminuindo o tempo de preparo do solo e a necessidade de mão-de-obra. Anteriormente incorporadas mecanicamente com arados e grades, as espécies (em geral, leguminosas) forneciam nitrogênio rapidamente, mas alteravam as características físicas do solo de forma negativa. Hoje, a incorporação de novas espécies como a aveia, o feijão mucuna, o nabo e a espérgula é feita sobre o solo, aumentando o teor de matéria orgânica. A família Dellagiustina, que planta mucuna no verão e aveia no inverno, antes do cultivo do fumo, conseguiu reduzir em 20% a utilização de adubos químicos. Após a safra, os agricultores plantam milho para alimentar o gado lei-
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teiro, responsável pelo sustento básico da família. As culturas intermediárias, como o milho e o feijão, feita com o plantio direto, também criam uma camada de proteção para a nova safra de fumo, permitindo que a terra seja utilizada continuamente. Ajudam ainda a aumentar a rentabilidade do produtor rural, porque ele aproveita a adubação residual do cultivo de fumo deixada na terra. No caso de Dellagiustina, parte do que é arrecadado na produção de fumo é reinvestido em melhorias na propriedade. Um exemplo é a esterqueira recém-construída com capacidade para armazenar 60 mil litros de dejetos de suínos oriundos de outras fazendas com apoio do Sindicato Rural, da Secretaria Municipal de Agricultura e de empresas privadas. O adubo orgânico tratado será aspergido sobre a plantação, evitando que o
resíduo continue poluindo rios e lençóis freáticos da região. Sem querer falar em números, o fumicultor deixa claro que os gastos foram mínimos. “Só pagamos parte do custo da lona, a mangueira e o frete para trazer o material”, diz. EROSÃO A topologia bastante acidentada de algumas propriedades do Sul catarinense exige cuidados para evitar a erosão. “Depois do cultivo mínimo e da curva de nível, nunca mais tivemos esse problema”, diz Dellagiustina. O produtor Deonir Redivo, de Orleans, também sofreu antes de adotar o procedimento. “Quando chovia muito, a terra inundava a roça que ficava embaixo, destruindo tudo”, diz. O orientador da Souza Cruz, Waldemar Vavassori, diz que os agricultores ficavam preocupados com o
Ari Dellagiustina (a direita), utiliza a esterqueira coletiva para evitar a poluição dos mananceais da região
volume das chuvas, que levavam parte do solo para o rio causando o assoreamento. Com o uso de diques construídos em curvas de nível, formamse áreas de vegetação que absorvem essas águas, no sistema conhecido como terraceamento. “Hoje, eles plantam sem preocupação porque o solo está protegido”, diz Vavassori. PLANTIO DIRETO O ponto alto do PDS, entretanto, é o plantio direto, que imita o que acontece nas florestas naturais: aporte contínuo de matéria orgânica fresca, muita reciclagem de nutrientes e mínimo escorrimento superficial. As sementes e os fertilizantes são depositados diretamente nos sulcos, preparados por semeadoras e adubadoras. Também é possível utilizar mudas em sulcos preparados por máqui-
nas especialmente desenvolvidas para esse sistema. O plantio direto representa uma evolução se comparado ao cultivo mínimo, mas para implantálo é preciso que o solo seja fértil, contenha matéria orgânica em boa quantidade e possua fluxo de ar e água semelhantes às condições observadas em matas virgens. O planejamento para rotacionar culturas deve ser bem definido, garantindo fornecimento contínuo de matéria orgânica e o não revolvimento do solo. Deonir e a esposa Rosinete começaram o plantio de fumo na própria terra há dois anos e já desfrutam dos bons resultados do PDS. “No início começamos com o cultivo mínimo, mas não sabíamos fazer direito e dava tudo errado”, diz Deonir. As mudanças começaram nos anos 90 na propriedade do pai, mas Deonir continuou apli-
cando o que aprendeu na sua fazenda. As primeiras transformações vieram com a curva de nível e o reflorestamento, cuja madeira permite autosuficiência na produção de lenha para as estufas de fumo, evitando o corte de mata nativa. Depois, o casal fez a adubação com aveia e passou a adotar o plantio direto. Resultado: o tempo de preparo do solo, cuja média era de cinco dias, foi reduzido para um. Com mais tempo disponível, eles aproveitaram para explorar a produção leiteira, com a qual conseguem pagar as despesas da casa durante o ano todo. Assim, quando a safra de fumo é colhida, o dinheiro pode ser reinvestido. O aumento de produtividade também foi sentido pela família Dellagiustina. No começo do negócio, o casal e os seis filhos plantavam dois hecta-
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com cinco ou seis pessoas”, diz Ari Dellagiustina. Depois, três pessoas ordenham as vacas enquanto o restante armazena as folhas de fumo na estufa. Geralmente, o trabalho na estufa fica pronto antes da ordenha terminar. Acreditando na parceria com os 45 mil produtores nos três estados do Sul do País, a Souza Cruz investiu R$ 5 milhões no PDS, em 2004. Em 2005, a previsão de investimento é de R$ 8 milhões. A análise de solos já atinDeonir Redivo: problemas da produção acabaram ge quase 100% dos depois da adoção do cultivo mínimo produtores. “Tamres de fumo e criavam três vacas. “Hoje, bém estamos intensificando o procesquatro pessoas cultivam três hectares so de reflorestamento, já que a cultura e o número de vacas subiu para 20”, do fumo consome lenha e não recodiz o técnico Silvio Volpato com or- mendamos sob qualquer hipótese a utigulho de uma orientação bem feita e lização de mata nativa”, diz Vitali. seguida à risca pelo proprietário. “Fa- Embora a empresa já tenha sugerido eszemos toda a colheita em um só dia, pécies como a bracatinga e a acácia para
reflorestar encostas, optou pelo uso de eucaliptos por apresentar melhor adaptação aos tipos de solo da região Sul do Brasil, responsável por quase 100% do fumo comercializado pela Souza Cruz. A líder brasileira na comercialização de cigarros está testando a produção de fumo curado em estufa nos Estados da Bahia e Sergipe. Apenas um tipo da planta adaptou-se à região, mas o volume de produção ainda não alcançou o nível comercial. PRODUTIVIDADE O principal impacto do PDS é na produtividade. O agricultor ganha em escala e na qualidade do produto, que influencia diretamente no preço. “Começamos com projetos pilotos e, atualmente, temos excelentes resultados em relação à proteção de solos e de fontes de água, elevando nossa produtividade em torno de 20%”, diz Carlos Vitali. O plano trouxe benefícios diretos não só para o produtor, mas também como para a empresa, que prospectou novos mercados e melhorou a concorrência com os mercados internacionais. Hoje, o mercado doméstico consome 30% do fumo produzido pela empresa e os 70% restantes são destinados à exportação.
PERFIL
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NOME: Ari Dellagiustina e Lucércia Schmidt Dellagiustina; Moacir Schmidt Dellagiustina (filho) e Melânia Vandresen Dellagiustina (nora) ATIVIDADES: fumicultura e gado leiteiro ÁREA TOTAL: 28 ha ÁREA CULTIVADA: 3 ha – fumo; 3 ha milho; 5 ha eucaliptos (reflorestamento) PRODUÇÃO: 2,8 toneladas fumo/ha e 4 mil litros de leite/mês FATURAMENTO: não divulgado TÉCNICAS IMPLANTADAS: terraceamento, adubação verde, reflorestamento, cultivo mínimo Localidade: Lado da União – Braço do Norte (SC)
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NOME: Deonir Redivo e Rosinete da Silva Redivo ATIVIDADES: fumicultura e gado leiteiro ÁREA TOTAL: 25 ha ÁREA CULTIVADA: 2,2 ha – fumo; 5 ha eucaliptos (reflorestamento) PRODUÇÃO: 3,2 toneladas fumo/ha; 30 sacas de feijão; 900 litros de leite/mês FATURAMENTO: em média R$ 30 mil por safra de fumo TÉCNICAS IMPLANTADAS: terraceamento, adubação verde, reflorestamento, plantio direto LOCALIDADE: Rio Laranjeiras – Orleans (SC)
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Empreendedor – Julho
F Feiras eiras
ABRIL De 26/2 a 3/12/2005 CURSO EXTENSIVO E AVANÇADO DE PAISAGISMO Ribeirão Preto – SP Telefone: (16) 2102 1700 e-mail: aeaarp@netsite.com.br site: www.aeaarp.com.br De 5/4 a 9/4/2005 AGRISHOW COMIGO 2005 Rio Verde – GO Telefone: (64) 611 1525 e-mail: ctc@comigo.com.br ou agrishow@agrishow.com.br site: www.comigo.com.br De 7/4 a 9/4/2005 GARDEN FAIR –TECNOLOGIA EM JARDINAGEM E PAISAGISMO Holambra – SP Telefone: (19) 3802 4196 e-mail: paisagismo@hortitec.com.br site: www.gardenfair.com.br De 7/4 a 11/4/2005 VINITALY 2005 Verona – Itália Telefone: (31) 3287 2212 e-mail: info@italiabrasil.com.br site: www.vinitaly.com De 7/4 a 17/4/2005 7ª RURALTECH 2005 – MOSTRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAS PARA O AGRONEGÓCIO Londrina – PR Telefone: (43) 3324 3212 e-mail: eventos@adetec.org.br site: www.londrinatecnopolis.org.br/ruraltech
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De7/4 a 17/4/2005 45ª EXPO LONDRINA 2005 - EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL DE LONDRINA Londrina – PR Telefone: (43) 3328 2000 e-mail: srparana@sercomtel.com.br site: www.srp.com.br/exposicao.asp De 13/4 a 15/4/2005 II CONERA – CONGRESSO NORTE/NORDESTE DE REPRODUÇÃO ANIMAL Teresina – PI Telefone: (86) 232 6439/215 5979/215 5467/9409 6439 e-mail: conera@ufpi.br site: http://eventos.ufpi.br/conera/ De 19/4 a 23/4/2005 AGRISHOW CERRADO 2005 Rondonópolis – MT Telefone: (66) 423 2041 e-mail: fundacaomt@fundacaomt.com.br site: www.agrishow.com.br
MAIO De 3/5 a 10/5/2005 EXPOZEBU 2005 – 71ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE GADO ZEBU Uberaba – MG Telefone: (34) 3319 3900 e-mail: abcz@abcz.org.br site: www.abcz.org.br De 9/5 a 12/5/2005 3º CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS Gramado – RS Telefone: (54) 311 3444 e-mail: cbmp2005@cnpt.embrapa.br site: www.cnpt.emprapa/br/eventos/cbmp2005
De 10/5 a 12/5/2005 SEAFOOD – PESCADOS, FRUTOS DO MAR E TECNOLOGIA PARA A INDÚSTRIA DA AQUICULTURA E PESCA São Paulo – SP Telefone: (11) 3873-0081 e-mail: seafood@vnu.com.br site: www.seafood.com.br
De 11/5 a 13/5/2005 AVESUI 2005 - FEIRA DA INDÚSTRIA LATINOAMERICANA DE AVES E SUÍNOS Florianópolis – SC Telefone: (15) 3262 31 33 e-mail: camila@gessulli.com.br site: www.avesui.com.br De 14/5/2005 4ª JORNADA TÉCNICA INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA Luís Eduardo Magalhães – BA Telefone: (77) 3628 0714 e-mail: clubepd@uol.com.br De 15/5 a 19/5/2005 9º SICONBIOL - SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICO Recife – PE Telefone: (81) 3465 8594 e-mail: cejem@elogica.com.br site: nicc.cpqam.fiocruz.br/siconbiol2005 De 16/5 a 21/5/2005 AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2005 Ribeirão Preto – SP Telefone: (11) 5591 6300 e-mail: agrishow@agrishow.com.br site: www.agrishow.com.br
JUNHO De 31/5 a 2/6/2005 GEOBRASIL – CONGRESSO E FEIRA INTERNACIONAL DE GEOINFORMAÇÃO São Paulo – SP Telefone: (11) 6096 5311 e-mail: geobrasil@geobr.com.br site: www.geobr.com.br De 1/6 a 5/6/2005 EXPOCACHAÇA 2005 DE MINAS GERAIS Belo Horizonte – MG Telefone: (31) 3284 6315 e-mail: feira@expocachaca.com.br site: www.expocachaca.com.br De 6/6 a 10/6/2005 27ª SEMANA DA CITRICULTURA, 31ª EXPOCITROS E 36º DIA DO CITRICULTOR Cordeirópolis – SP Telefone: (19) 3546 1399 e-mail: elizete@centrodecitricultura.br site: www.centrodecitricultura.br De 10/6/2005 CURSO DE ANÁLISE FUNDAMENTAL E INTRODUÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO DE SOJA Porto Alegre – RS Telefone: (51) 3224 7039 e-mail: rosane@safras.com.br site: www.safras.com.br De 10/6 a 19/6/2005 SUINOFEST 2005 Encantado – RS Telefone: (51) 3751 2255 e-mail: contato@suinofest.com.br site: www.suinofest.com.br
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De 14/6 a 18/6/2005 FEICORTE – XI FEIRA INTERNACIONAL DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE E XI EXPOSIÇÃO NACIONAL DAS RAÇAS BOVINAS DE CORTE São Paulo – SP Telefone:(11) 5073 7799 e-mail: info@feicorte.com.br site: www.feicorte.com.br De 14/6 a 18/6/2005 AGRISHOW LEM 2005 Luis Eduardo Magalhães – BA Telefone: (11) 5591 6300/5591 6336 e-mail: agrishow@agrishow.com.br site: www.agrishow.com.br De 15/6 a 18/6/2005 HORTITEC 2005 Holambra – SP Telefone: (19) 3802 4196 e-mail: hortitec@hortitec.com.br site: www.hortitec.com.br De 16/6 a 18/6/2005 CONGRESSO BRASILEIRO DE JORNALISMO AGROPECUÁRIO São Paulo – SP Telefone: (11) 3873 1525 e-mail: cg12@uol.com.br De 21/6 a 24/6/2005 AGROMIX - FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA AGROPECUÁRIA Porto Alegre – RS Telefone: (51) 3347 8696 e-mail: agromix@fiergs.org.br site: www.agromixfeira.com.br De 28/6 a 1/7/2005 8º ENCONTRO DE PLANTIO DIRETO NO CERRADO Tangará da Serra – MT Telefone: (65) 325 0142 e-mail: catparecis@terra.com.br site: www.apdc.com.br ou cristinadelicato@terra.com.br
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JULHO De 1/7 a 5/7/2005 EXPOCACHAÇA 2005 Belo Horizonte – MG Telefone: (31) 3284 6315 e-mail: feira@expocxachaca.com.br site: www.expocachaca.com.br De 6/7 a 10/7/2005 46ª EXPOSIÇÃO AGROPECUARIA E INDUSTRIAL DO NORTE FLUMINENSE Campos – RJ Telefone: (31) 3319 6100 e-mail: abccmm@abccmm.org.br site: www.abccmm.org.br De 12/7 a 19/7/2005 63ª. EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA E INTERESTADUAL Cordeiro – RJ Telefone: (31) 3295 3341 e-mail: 3barras@3barras.com.br site: www.3barras.com.br De 28/6 a 1/7/2005 8º ENCONTRO DE PLANTIO DIRETO NO CERRADO Tangará da Serra – MT Telefone: (65) 325 0142 e-mail: catparecis@terra.com.br site: www.apdc.com.br ou cristinadelicato@terra.com.br De 25/7 a 28/7/2005 42ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA – SBZ Goiânia – GO Telefone: (61) 349 7630 e-mail: executiva@sbz.org.br site: www.42reuniaosbz.org.br De 26/7 a 28/7/2005 VIII ENFRUTE - ENCONTRO NACIONAL SOBRE FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO Fraiburgo – SC Telefone: (49) 561 2000 e-mail: kreuz@epagri.rct-sc.br
AGOSTO De 7/8 a 12/8/2005 45° CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA Fortaleza – CE Telefone: (85) 299 1972 e-mail: aragao@cnph.embrapa.br De 17/8 a 21/8/2005 VI EXPOSIÇÃO ESPECIALIZADA DO CAVALO MANGALARGA MARCHADOR Madre de Deus de Minas – MG Telefone: (35) 3343 1073 site: www.topada.com.br De 27/8 a 4/9/2005 EXPOINTER 2005 Esteio – RS Telefone: (51) 597 5339 site: www.expointer.rs.gov.br De 30/8 a 1/9/2005 FOOD INGREDIENTS SOUTH AMERICA (FISA) São Paulo – SP Telefone: (19) 3743 1700 e-mail: nucleo@ital.sp.org.br site: www.ital.org.br
De 13/9 a 15/9/2005 AVESUICENTRO-OESTE Goiânia – GO Telefone: (15) 3262 3133 e-mail: avesui@gessulli.com.br Site: www.avesui.com.br De 20/9 a 23/9/2005 AGROCANA 2005 – III FEIRA DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIA DA AGRICULTURA DA Cana-de-Açúcar Sertãozinho – SP Telefone: (16) 623-8936 site: www.agrocana.com.br De 20/9 a 23/9/2005 FENASUCRO 2005 – FEIRA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA Sertãozinho – SP Telefone: (16) 623-8936 site: www.fenasucro.com.br De 24/9 a 2/10/2005 EXPOINEL 2005 Uberaba – MG e-mail: mwgenetica@terra.com.br De 18/9 a 23/9/2005 VI FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL Telefone: (21) 2537 4338 e-mail: fitabes@fagga.com.br site: www.fagga.com.br
SETEMBRO OUTUBRO De 13/9 a 15/9/2005 AVESUICENTRO-OESTE Goiânia – GO Telefone: (15) 3262 3133 e-mail: avesui@gessulli.com.br Site: www.avesui.com.br
De 4/10 a 7/10/2005 8ª FIAFLORA – FEIRA INTERNACIONAL DA FLORICULTURA, PAISAGISMO E JARDINAGEM São Paulo – SP Telefone: (11) 3845 0828 e-mail: fiaflora@uol.com.br site: www.fiaflora.com.br
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uia Rural
ENTIDADES E INSTITUIÇÕES
A
Federação Ornitológica do Brasil - FOB Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.131 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3862-4176
Associação Brasileira dos Criadores de Brahman Pça. Vicentino R. Cunha, 110 Bloco 1 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3883 abrahman@zaz.cp.br
AVICULTURA
Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Ibagé Av. João Teles, 1759 Cx. Postal: 303 Bagé/RS - 96400-031 Fone: (53) 241-2801
AGRICULTURA ORGÂNICA Associação de Agricultura Orgânica - AAO Av. Francisco Matarazzo, 455 2º andar • Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 20 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 3673-8013 organica@uol.com.br Instituto Biodinâmico Rod. Gastão Dal Farra • Km 4 Cx. Postal: 321 Botucatu/SP - 18603-970 Fone: (14) 6822-5066 www.ibd.com.br ibd@ibd.com.br
APICULTURA Centro de Apicultura Tropical Av. Prof. Manuel Ribeiro, 1920 Pindamonhangaba/SP 12400-970 Fone: (12) 242-7822
Associação Brasileira dos Exportadores de Frango - ABEF Av. das Américas, 505 • Sala 212 Barra da Tijuca Rio de Janeiro/RJ - 22631-000 Fone: (21) 493-5007 www.abef.com.br abef@abef.com.br Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte - APINCO Av. Andrade Neves, 2501 Bairro Jardim Chapadão São Paulo/SP - 13070-002 Fone: (19) 3241-0233 Fax: (19) 3243-5605 apinco@dglnet.com.br Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil - ACAB Cx. Postal: 399 Bragança Paulista/SP - 12900-000 Fone: (11) 4035-3299 www.acab.org.br online@acab.org.br
AQÜICULTURA Associação Brasileira de Criadores de Organismos Aquáticos - ABRACOA Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3672-8274 www.setorpesqueiro.com.br setorpesqueiro@ setorpesqueiro.com.br
ASININOS Associação Brasileira de Criadores de Jumento de Raça Pega Rua São Paulo, 893 • Sala 1204 Belo Horizonte/MG - 30170-131 Fone: (31) 3224-9492 abcpega@net.em.com.br
AVES ORNAMENTAIS
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Associação Brasileira dos Criadores de Aves Ornamentais Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.112 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3864-2899
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Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia - FACTA Av. Andrade Neves, 2501 Campinas/SP - 13070-002 Fone: (19) 3243-4758 Fax: (19) 3243-8542 facta@facta.org.br União Brasileira de Avicultura - UBA Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912 12º andar • Sala 12A São Paulo/SP - 01451-000 Fone: (11) 3812-7666 Fax: (11) 3815-5964 www.rudah.com.br/uba ubasp@uol.com.br
BOVINOS Associação Brasileira dos Criadores de Angus Av. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501 Porto Alegre/RS - 90480-003 Fone: (51) 328-9122 www.angus.com.br angus@angus.org.br
Associação Brasileira dos Criadores de Belgian Blue Rua 7 de Setembro, 5388 Conj. 1602 Curitiba/PR - 80240-000 Fone/Fax: (41) 643-2223 Associação Brasileira de Criadores de Blonde D’Aquitaine Rua Tabapuã, 479 • 10º andar Conj. 102 Bairro Itaimbibi São Paulo/SP - 04533-011 Fone: (11) 3842-0712 Fax: (11) 3842-4903 blondebr@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa Av. Diógenes de Lima, 3063/65 Bairro Alto da Lapa São Paulo/SP - 05083-010 Fone: (11) 3831-0188 Fax: (11) 3834-5150 www.gadoholandes.com srg.scl@gadoholandes.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Av. Américo C. da Costa, 320 Campo Grande/MS - 79080-170 Fone/Fax: (67) 342-3811 www.abrangus.com.br brangus@vip2000.net Associação Brasileira dos Criadores de Canchim Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 17 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-3099 canchim@canchim.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caracu Rua Vicente Machado, 1322 Sala 101 Cx. Postal: 162 Palmas/PR - 85555-000 Fone: (46) 262-3432 www.abccaracu.com.br abcc@abccaracu.com.br
Associação Brasileira dos Criadores de Charolês Rua Alberto Pasqualini, 25 4º andar • Sala 404 Santa Maria/RS - 97015-010 Fone: (55) 222-7822 Fax: (55) 222-7619 www.charoles.org.br abccharoles@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Chianina Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 2672-6099 Fax: (11) 2673-4905 Associação Brasileira dos Criadores de Devon Rua Anchieta, 2043 Cx. Postal: 490 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 Fax: (53) 227-8556 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Gado Jersey Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 21 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 262-0588 Fax: (11) 262-8101 www.gadojerseybr.com.br jerseybr@gadojersey.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Gelbvieh Av. Tiradentes, 6275 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 348-2427 www.gelbvieh.com.br Associação dos Criadores de Gir do Brasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3885 Fax: (34) 3336-5845 assogir@zaz.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Rua Orlando V. Nascimento, 74 Uberaba/MG - 38040-280 Fone/Fax: (34) 3336-3111 www.girolando.com.br girolando@girolando.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 3836-1995 www.guzera.org.br guzera@terra.com.br
Associação dos Criadores de Gado Holandês Av. Fernando Osório, 1754 Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 273-1399 Associação Nacional dos Criadores de Herd Book Collares Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação dos Criadores de Hereford/ Braford Rua General Osório, 1094 Bagé/RS - 96400-100 Fone/Fax: (53) 242-1332 www.braford.com.br hereford@hereford.com.br braford@braford.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 118 Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3336-4400 Associação Brasileira dos Criadores de Limousin Av. Tiradentes, 6275 Parque Governador Ney Braga Cx. Postal 398 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 338-6465 www.limousin.com.br limousin@sercomtel.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-2279 march@marchigiana.org.br Associação dos Criadores do Mocho Tabapuã Pç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 • Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 336-2410 www.tabapua.org.br tabapua@zaz.com.br Associação dos Criadores de Nelore do Brasil Rua Riachuelo, 231 • 1 º andar Sao Paulo/SP - 01007-906 Fone: (11) 3107-0972 www.nelore.org.br nelore@nelore.com.br
Associação Nacional dos Criadores de Normando Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pardo-Suíço Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 27 Caixa interna 13 Sao Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3871-1018 Fax: (11) 3871-5308 www.pardo-suico.com.br gadopardo@pardo-suico.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Piemontês Rua Santa Catarina, 1901 Avaré/SP - 18708-000 Fone: (14) 3732-4118 www.piemontes.com.br abcp@activenet.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pitangueiras Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3872-0905 Associação Brasileira de Criadores de Red Poll Rua Leopoldo Froes, 20 Porto Alegre/RS -90020-090 Fone: (55) 422-1542 Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-2322 www.santagertrudis.com santagertrudis@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Simental e Simbrasil Rua Mário Romanelli, 23 Cachoeira do Itapemirim/ES 29303-260 Fone: (27) 521-5666 Fax: (27) 521-0570 simentalsimbrasil@ simentalsimbrasil.com.br Associação Brasileira de Criadores de Zebu Pça. Vicentino R. da Cunha, 110 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3900 www.abcz.org.br abcz@abcz.org.br Associação do Novilho Precoce Rua da Consolação, 247 13º andar São Paulo/SP - 01301-000 Fone: (11) 259-0833
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uia Rural
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BUBALINOS
EQÜINOS
Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 13 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-4455 www.bufalo.com.br bufalo@netpoint.com.br
Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-2766
Fundação Centro Tecnológico Búfalos e Desenvolvimento Agropecuário - FCTBDA Cx. Postal: 193 Andradina/SP - 16900-000 Fone: (18) 722-5771
C CHINCHILAS Associação Brasileira dos Criadores de Chinchila Lanígera Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 3865-9237 www.surf.to/masterchinchila Associação dos Criadores de Chinchilas do Brasil - ACHIBRA Av. Presidente Vargas, 514 Camaquã/RS - 96180-000 Fone: (51) 671-1603 www.multichila.com.br multichila@multichila.com.br
D DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas - AENDA Av. Dr. Vieira de Carvalho, 172 3º andar • Conj. 306 São Paulo/SP - 01210-010 Fone/Fax: (11) 222-4446 www.aenda.org.br aenda@sti.com.br Associação Nacional de Defesa Agrícola ANDEF Rua Cap. Antônio Rosa, 376 13º andar São Paulo/SP - 01443-010 Fone/Fax: (11) 3081-5033 www.andef.com.br
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Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Appaloosa Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-7800 www.appaloosa.com appaloosa@appaloosa.com.br Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 263-1744 www.abcca.com.br abcca@abcca.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campeiro Rua Marechal Floriano, 217 Curitibanos/SC - 89520-000 Fone: (49) 45-1866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina Rua Rep. da Argentina, 255 Belo Horizonte/MG – 30315-490 Fone: (31) 223-5260 www.campolina.org.br campolina@campolina.org.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Corrida Av. Lineu Paula Machado, 875 Jardim Everest São Paulo/SP - 05601-001 Fone: (11) 3813-5699 / Fax: 3814-3410 sbb@studbook.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos Av. Fernando Osório, 1754A Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 223-2122 www.abccc.com.br abccc@terra.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Hipismo Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3672-2866 www.brasileirodehipismo.com abcch@netpoint.com.br
Associação Brasileira de Criadores de Mangalarga Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 04 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-9400 Fax: (11) 3262-1864 www.cavalomangalarga.com adm@cavalomangalarga.com Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador Rua Goitacazes, 14 • 10º andar Belo Horizonte/MG 30190-050 Fone/Fax; (31) 3222-8833 www.abccmm.org.br abccmm@abccmm.org.br Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Raça Marajoara Av. Alm. Barroso, 5386 Belém/PA - 66610-000 Fone: (91) 231-0339 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Paint Av. Comendador José da Silva Marta, Quadra 36 Bauru/SP - 17053-340 Fone/Fax: (14) 236-3000 www.abcpaint.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro Rua Joaquim Murtinho, s/n Poconé/MT - 78175-000 Fone: (65) 345-1436 Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pônei Av. Amazonas, 6020 Parque Bolívar de Andrade Belo Horizonte/MG 30510-000 Fone/Fax: (31) 371-3797 www.bhnet.com.br/~ponei Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Quarto-de-Milha Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 11 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3857-2615 www.abqm.com abqm@quartodemilha.com.br Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.062 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 864-3933 www.abhir.com.br abhir@dialdata.com.br
Federação Brasileira dos Criadores de Cavalo Puro Sangue Lusitano/Pura Raça Espanhola-Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 14 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 367-2866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Trotador Pça. Trotadores, 1 São Paulo/SP - 02120-010 Fone: (11) 6631-7263 abcctrotador@ig.com.br
M MARKETING RURAL Associação Brasileira de Marketing Rural - ABMR Av. Brigadeiro Faria Lima, 1572 2º andar • Conj. 221/222 São Paulo/SP - 01463-900 Fone: (11) 3812-7814 Fax: (11) 3816-2702
MECANIZAÇÃO Associação Brasileira dos Criadores de Jumento Nordestino Secretaria da Agricultura BR 101 • Km 0 Centro Administrativo Bairro Lagoa Nova Natal/RN - 59059-900 Fone: (84) 231-7218
F FEDERAÇÕES DA AGRICULTURA Confederação Nacional da Agricultura SBN Quadra 1 Ed. Palácio da Agricultura 2º e 4º andares • Bloco F Brasília/DF - 70040-908 Fone: (61) 326-3161 Fax: (61) 326-2421 www.cna.org.br cna@cna.org.br
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ Av. Jabaquara, 2925 4º andar São Paulo/SP - 04045-902 Fone: (11) 5582-6311 Fax: (11) 5582-6337 panrural@abimaq.org.br
MEDICINA VETERINÁRIA Conselho Federal de Medicina Veterinária SCS • Qd. 1 • Bloco E Edifício Ceará • 14º andar Brasília/DF - 70303-900 Fone: (61) 322-7708 Fax: (61) 226-1326 www.cfmv.org.br cfmv@cfmv.org.br
LO
FRUTICULTURA
ÓLEOS VEGETAIS
Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAF Av. Ipiranga, 952 • 13º andar São Paulo/SP - 01084-900 Fone: (11) 223-8766 www.ibraf.org.br ibraf@uol.com.br
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE Av. Vereador José Diniz, 3707 Conj. 73 • 7º andar São Paulo/SP - 04603-004 Fone: (11) 5536-0733 Fax: (11) 5536-9816 www.abiove.com.br abiove@abiove.com.br
L LEITE
OVINOS E CAPRINOS
Associação Brasileira de Produtores de Leite Brasil Rua Bento Freitas, 178 9º andar São Paulo/SP - 01220-000 Fone: (11) 221-3599 Fax: (11) 222-6495 www.leitebrasil.org.br leitebrasil@leitebrasil.org.br
Associação Brasileira de Criadores de Border Leicester Rua Itapeva, 93 Passo da Areia Porto Alegre/RS - 91350-080 Fone: (51) 341-2566 Fax: (51) 341-3566
Associação Brasileira dos Criadores de Hampshire Dow Rua Timbaúva, 930 Cx. Postal 65 Novo Hamburgo/RS 93332-110 Fone: (51) 587-1000 Associação Brasileira dos Criadores de Ideal Rua Humaitá, 192 Pelotas/RS - 96470-000 Fone/Fax: (53) 2481-1471 Associação Brasileira de Criadores de Ile de France Pça. Julio de Castilhos, 48 Apto. 21 Porto Alegre/RS - 90430-020 Fone: (51) 3311-8757 Associação Brasileira dos Criadores de Karacul Rua Nossa Senhora Aparecida, 167 Vila Conceição Porto Alegre/RS - 91920-690 Fone/Fax: (51) 3266-7305 Associação Brasileira dos Criadores de Merino Australiano Rua Santana, 2717 • Apto. 6A Uruguaiana/RS - 97510-471 Fone: (55) 412-6029 Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos - ARCO Av. Sete de Setembro, 1159 Cx. Postal: 145 Bagé/RS - 96400-901 Fone: (53) 242-6130 Fax: (53) 242-6455 arco@alternet.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Poll Dorset Rua Visconde de Guarapuava, 3945/ 1501 Curitiba/PR - 80250-220 Fone/Fax: (41) 233-1835 prdzierwa@onda.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Polypay Av. Princesa Isabel, 395 Porto Alegre/RS - 90620-001 Fone: (51) 217-1230 Associação Brasileira de Criadores de Romney Marsh Rua Mal. Floriano, 1098 Centro Bagé/RS - 96400-001 Fone: (53) 242-1753
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G G
uia Rural
Associação Brasileira dos Criadores de Suffolk Rua Joaquim Pedro Soares, 253 Fundos - Centro Novo Hamburgo/RS 93510-320 Fone: (51) 594-2825 Fax: (51) 582-7060 Associação Brasileira dos Criadores de Texel Av. Borges de Medeiros, 541 Conj. 501 Cx. Postal: 1.114 Porto Alegre/RS - 99658-044 Fone: (51) 341-5291 Fax: (51) 231-6307 Associação Paulista dos Criadores de Ovinos - ASPACO Rua Marcelo George, 69 Jardim Progresso São Manuel/SP - 18650-000 Fone: (14) 6891-2597 aspaco@laser.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caprinos Av. Caxangá, 2200 Bairro Cordeiro Cx. Postal 7.222 Recife/PE - 50711-000 Fone/Fax: (81) 3449-9391
P
SOCIEDADES Sociedade Rural Brasileira - SRB Rua Formosa, 367 • 19º andar São Paulo/SP - 01049-000 Fone: (11) 222-0666 Fax: (11) 223-1780 srb@amcham.com.br
SUÍNOS Associação Brasileira de Criadores de Suínos - ABCS Rua Dinarte Vasconcelos, 40 Parque 20 de Maio Cx. Postal 105 Estrela/RS - 95880-000 Fone/Fax: (51) 3712-1013 www.abcs.com.br abcs@viavale.com.br Associação dos Criadores de Suínos Av. Amazonas, 6020 Parque Gameleira Belo Horizonte/MG 30530-000 Fone: (31) 3334-5709
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
PESQUISA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Parque Estação Biológica (PqEB), s/n Edif. Sede • Plano Piloto Brasília/DF - 70770-901 Fone: (61) 448-4433 Fax: (61) 347-1041 www.embrapa.br presid@sede.embrapa.br
S SEMENTES
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Associação Brasileira dos Produtores de Sementes - ABRASEM SCS • Bloco G • nº 30 Sala 501 Edif. Bacarat Brasília/DF - 70309-900 Fone: (61) 226-9022 Fax: (61) 321-3569 www.abrasem.com.br abrasem@solar.com.br
Guia Empreendedor Rural
a AGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Guilherme Schell, 10260 Canoas/RS - CEP: 92420-000 Fone: (51) 477-7000 Fax: (51) 477-1257 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.massey.com.br AGRALE S.A. Caminhões, tratores, motores e grupos geradores Rod. BR 116, km 145, 15104 Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520 Fone: (54) 229-1133 Fax: (54) 229-2290 E-mail: vendas@agrale.com.br Internet: www.agrale.com.br
AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA. Arados, grades, semeadeiras e roçadeiras Avenida Baldan, 1500 Matão/SP - CEP: 15993-000 Fone: (16) 282-2577 Fax: (16) 282-2480 E-mail: car@agritillage.com.br Internet: www.agritillage.com.br ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA. Moinhos, transportadores e secadores Av. Domingos Camerlingo Calo, 3228 Ourinhos/SP - CEP: 19900-000 Fone: (14) 322-5815 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.alliance.ind.br
c CASE BRASIL & CIA. Tratores e colheitadeiras Av. Jerome Case, 1801 Sorocaba/SP - CEP: 18087-370 Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100 Internet: www.casecorp.com CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO Distribuidores, bebedouros e silos para frangos Rua Sebastião Gonçalves Cruz, 477 Amparo/SP - CEP: 13904-904 Fone: (19) 3807-8022 Fax: (19) 3807 2422 E-mail: caspsa@dglnet.com Internet: www.casp.com.br CATERPILLAR BRASIL LTDA. Tratores, máquinas e equipamentos Rod. Luiz de Queiroz, Km 157 Piracicaba/SP - CEP: 13420-900 Fone: (19) 429-2100 Fax: (19) 429-2430 Internet: www.cat.com CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA. Arados, cultivadores, grades e plantadores Rod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541 Araras/SP - CEP: 13600-970 Fone: (19) 543-2100 Fax: (19) 543-2122 E-mail: contato@civemasa.com.br Internet: www.civemasa.com CONFAB INDUSTRIAL S.A. Tubos para armaz. e distribuição Rua Tabapuã, 41 -14º Andar São Paulo/SP - CEP: 04533-010 Fone: (11) 3040-6015 Fax: (11) 3040-6037 E-mail: cfbrjz@confab.com.br Internet: www.confab.com.br
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EIRICH INDUSTRIAL LTDA. Secadores, trituradores e moagens Estrada Velha De Itu, 1500 Jandira/SP - CEP: 06612-250 Fone: (11) 4789-3055 Fax: (11) 4789-3049 E-mail: eirich@eirichbrasil.com.br Internet: www.eirich.de
JOHN DEERE BRASIL S.A. Tratores e colheitadeiras Av. Jorge Logemann, 600 Horizontina/RS - CEP: 98920-000 Fone: (55) 537-1322 Fax: (55) 537-1844 E-mail: slsjohndeere@ johndeere.com Internet: www.slc.com.br
ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A. Fornos industriais Avenida Juvenal Arantes, 1375 Jundiaí/SP - CEP: 13212-370 Fone: (11) 4525-0744 Fax: (11) 4525-0943 E-mail: elino@dglnet.com
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f FOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA. Ordenhadeiras, identificadores e controle de armazenagem Rua da Holanda, 123 Panambi/RS - CEP: 98280-000 Fone: (55) 375-4422 Fax: (55) 375-4482 E-mail: bruno@fockink.ind.br Internet: www.fockink.ind.br
h HIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA. Moto-bombas, pivôs e grupos geradores Via Antônio Leite de Oliveira, 215 Piedade/SP - CEP: 18170-000 Fone: (15) 244-1103 Fax: (15) 244-1103 E-mail: hpower@uol.com.br Internet: www.jimenezhitropower.com.br
i INBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS E VIBRATÓRIOS LTDA. Equipamento e vibratórios Rua Marinho de Carvalho, 16 Diadema/SP - CEP: 09921-000 Fone: (11) 4056-6654 Fax: (11) 4056-6755 E-mail: inbrasbr@sanet.com.br
KEPLER WEBER S.A. Peças para armazenagem e conservação Avenida Andaraí, 566 Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110 Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281 E-mail: diretoria@kepler.com.br Internet: www.kepler.com.br KILBRA MÁQUINAS LTDA. Embalagens de ovos, criadeiras e bebedouros Rua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187 Birigüi/SP - CEP: 16206-005 Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240 Internet: www.kilbra.com.br KREBSFER INDUSTRIAL LTDA. Pivôs, conexões e tubos Rua Krebsfer, 566 Valinhos/SP - CEP: 13279-450 Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566 E-mail: krebsfer@hiway.com.br Internet: www.krebsfer.com.br
m MARCHESAN IMP. E MÁQUINAS AGRÍCOLAS TATU S.A. Máquinas para preparação, plantio e conservação de solos Avenida Marchesan, 1979 Matão/SP - CEP: 13600-970 Fone: (16) 282-2411 Fax: (16) 282-2402 E-mail: agm@marchesan.com.br Internet: www.marchesan.com.br METALÚRGICA PAGE LTDA. Silos, transportadores, secadores e empilhadeiras Rodovia BR-101, Km 414 Araranguá/SC - CEP: 88900-000 Fone: (48) 524-0030 Fax: (48) 524-0030 E-mail: mpage@mpage.com.br Internet: www.mpage.com.br
METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A. Ferramentas e peças para tratores e implementos agrícolas Rua Fritz Lorenz, 2442 Timbó/SC - CEP: 89120-000 Fone: (47) 281-2000 Fax: (47) 281-2223 E-mail: vendas@metisa.com.br Internet: www.metisa.com.br
n NETZSCH DO BRASIL LTDA. Bombas rotativas e filtros Rua Hermann Weege, 2383 Pomerode/SC - CEP: 89107-000 Fone: (47) 387-8222 E-mail: celsosalgueiro@uol.com.br Internet: www.netzsch.com.br NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Juscelino Kubitschek, 11825 Curitiba/PR - CEP: 81450-903 Fone: (41) 341-7317 Fax: (41) 341-7107 Internet: www.newholland.com.br
p PACKO PLURINOX LTDA. Linhas de processamento, bombas e centros coletores de leite Avenida Tancredo Neves, 505 Batatais/SP - CEP: 14300-000 Fone: (16) 3761-4144 Fax: (16) 3761-6299 E-mail: administrativo@ packoplurinox.com
v VALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Produtos para irrigação, iluminação e energia Avenida Francisco Podboy, 1600 Uberaba/MG - CEP: 38056-640 Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001 E-mail: blk@valmont.com.br Internet: www.valmont.com VALTRA DO BRASIL S.A. Tratores Valmet R. Cap. Francisco de Almeida, 695 Mogi das Cruzes/SP CEP: 08740-300 Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119 E-mail: mkt@valtra.com.br Internet: www.valtra.com.br
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