A produção de marcas de vinho de qualidade é um dos termômetros do agronegócio brasileiro ao incorporar na escala o toque competitivo do alto valor agregado. Descobrir novos territórios para fazer das vinhas a fonte de mais rendimentos e divisas faz parte de uma postura que tem sido benéfica para o Brasil, que tem na atividade rural seu setor mais dinâmico e mais respeitado internacionalmente. Desde as grandes empresas ao empreendedor que busca seu caminho por conta própria, muitas vezes sem saber qual senda
editorial
palmilhar num primeiro momento, há por toda a nação a certeza de que a produção rural vive hoje um momento decisivo de transformações. As dificuldades que aparecem no caminho servem apenas para reforçar a consciência de que é preciso trabalhar com todas as possibilidades para se conseguir sucesso. Nesta edição, destacamos as ações que fazem do agronegócio um núcleo de inovações fundamentais para a vida brasileira. Na biotecnologia, temos potencial de sobra para aprofundar o que já fizemos nessa área, gerando produtos diferenciados na lavoura e na pecuária. Na informática, os softwares de gestão conquistam os empreendedores, que com essas novas ferramentas mudam o perfil dos seus setores. Se a maioria ainda não acordou para instrumentos eficazes contra possíveis prejuízos, isso está mudando, como mostra nossa matéria sobre o mercado de futuros, que aponta os passos necessários para se atingir a segurança do preço negociado com antecedência. Neste ano em que alcançamos metas há muito sonhadas, esta revista destaca ainda o perfil de pessoas que apostaram nas mudanças e hoje colhem os resultados de anos e anos de pesquisa, sacrifício, determinação e esperança. É a maneira que temos de homenagear todos os empreendedores rurais, já que esses exemplos servem de fonte de inspiração para quem quiser assumir responsabilidades nessa porção do Brasil que não pára de crescer.
A safra dos vinhos finos
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Produzir uvas com ótima qualidade para elaboração de vinhos finos é a principal característica da vitivinicultura brasileira. Algumas empresas, tanto das áreas tradicionais, quanto das novas fronteiras da produção, começaram a investir mais nos cuidados com a matéria-prima. Mais investimentos e tecnologia fazem história no pampa, no Vale do São Francisco e na serra catarinense, lugares prontos para competir dentro e fora do país.
Índice
Brasil rural ganha o mundo O agronegócio tem uma participação significativa no total das vendas brasileiras para o exterior, e uma das explicações para o crescimento das exportações está na diversificação dos produtos. O país não se limita mais a exportar café, soja, cana-de-açúcar e suco de laranja. Hoje a lista dos produtos chega a cerca de 200 itens, vendidos para cerca de 150 países.
36 O salto da ciência aplicada O Brasil possui potencial, ferramentas e experiência para deslanchar nos produtos rurais modificados pela ciência. Essas práticas são fundamentais até mesmo nas pesquisas envolvendo o genoma e sua aplicação na agropecuária, fase recente da evolução biotecnológica voltada ao meio rural.
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Potencial surgido não usar 12 Trangênicos: usar doouacaso 14
A balança dos custos
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As rédeas da
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Tercerizar é o segredo
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Os diferenciais do frango caipira
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Receita para sair do fundo do poço
Mutação espontânea gera nova variedade de maçã gala, batizada empresa como castel gala, com características únicas.
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Softwares de 24 Santa caipirinhalavoura e pecuária
expediente
A revista Guia Empreendedor Rural é editada e comercializada pela Editora Empreendedor
Os softwares de gestão da propriedade ganham o mercado com soluções específicas para cada ramo de atividade. A tendência é que o uso se dissemine por outras áreas cujas regiões produtivas estão próximas ou já realizaram a informatização total.
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Roça High Tech
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Boi com identidade
Bolsa de Mercadorias 44 Confie, o micro&decide Futuros 50
Previsão do
Com escritórios na China e nos Estados tempo é para lucro Unidos facilitar a comercialização de produtos no exterior, a BM&F está em crescimento e inaugurou, no início deste ano, o sistema Web Trading, que permite a comercialização pela internet.
76 E mais:
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Jordi Castan Saudável e competitiva
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Carlos Eduardo Novaes Cooperativas eficientes
Uso correto do solo Feiras
Guia de Máquinas Imagem Rural
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Redação guiarural@empreendedor.com.br ■ Edição-executiva : Nei Duclós ■ Reportagem: Cássio Giovani Turra, Estephanie Zavarise, Evanildo da Silveira, Fabiana Amaral, Fernanda Menegotto, Jeanne Callegari e Mariana Hinkel ■ Produção: Carol Herling ■ Edição de Arte: Fernanda Pereira ■ Fotografia: Carlos Pereira, Photographics, Grupo Keystone, Index Open, Acervos Embrapa e Divulgação ■ Revisão: Carla Kempinski SEDES
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62 Couro de peixe: o fim do desperdício Entrevista Pedro Camago Nego amigos 64 Ação entre
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A embalagem correta
Artigos Norival Bonamichi 68 Um sistema orgânico
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Tempo de novas Três novas áreas se destacam: região de São Joaquim em Santa Catarina, Serra do Sudoeste no Rio Grande do Sul e Vale do São Francisco no Nordeste Por Estephanie Zavarise Foto Index Open
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vinhas
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Embrapa Uva e Vinhos
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Há cerca de sete anos, o viticultor Lídio Carraro, cansado de receber das cantinas da Serra gaúcha o mesmo valor que estas pagavam a outros produtores por uvas de menor qualidade, decidiu desenvolver um projeto que valorizasse as características da sua matéria-prima. Juntamente com os filhos e outros integrantes da família, começou a procurar novas terras com condições climáticas mais favoráveis à produção de uvas para vinhos finos. Carraro também procurou um local onde pudesse cultivar uvas para elaborar vinhos com características diferentes dos da Serra Gaúcha. Depois de muita pesquisa, escolheu o município de Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste, na chamada Metade Sul, do Rio Grande do Sul. Ali construiu a sua cantina, a sua própria vinícola e hoje produz o seu próprio vinho. Mais do que uma iniciativa fundada na necessidade, o exemplo de Lídio Carraro significa uma tendência. O cuidado em produzir uvas com ótima qualidade para elaboração de vinhos finos é a principal característica da nova fase da vitivinicultura brasileira. “Só se você produz uma boa uva, você tem condições de produzir um bom vinho”, diz José Gualberto de Freitas Almeida, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani. De alguns anos para cá, muitos produtores e algumas empresas começaram a investir mais nos cuidados com a matéria-prima como um pré-requisito para a diferenciação de seus produtos. O Brasil tem a vantagem de possibilitar o cultivo de uvas em regiões com os mais diferentes tipos de clima e solo. Novos investimentos estão surgindo nos últimos anos, desde os planaltos de São Joaquim, a cidade mais fria do Brasil, à Serra do Sudoeste gaúcho, até os campos irrigados artificialmente no Nordeste. Todos têm em comum a produção quase que exclusiva de bebidas a partir de uvas da espécie Vitis vinifera, que geram os vinhos finos, a escolha do local de cultivo com base em estudos técnicos e a predominância de investimentos empresariais, e não familiares, como ocorre na tradicional região de Bento Gonçalves, no chamaEvolução da área plantada com videiras (em hectares) do Vale dos Vinhedos. nos Estados onde foram implantadas novas áreas de A busca por novas regiões onde as diferentes cultivo de uvas destinadas à produção de vinhos finos variedades de uva para vinhos finos se adaptem nos últimos anos melhor foi um dos caminhos encontrados para a caracterização das bebidas. “O vinho é o reflexo ESTADO 2002 2004 da maneira como ele é produzido e do lugar de onde ele vem”, diz o presidente do Instituto BraRio Grande do Sul 36.668 40.351 sileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani. E é com Santa Catarina 3.514 3.771 essa tipicidade, ou seja, as características que uma bebida só adquire porque foi elaborada em uma Pernambuco 3.365 4.692 determinada região, que os produtores brasileiBahia 2.732 3.407 ros pretendem atrair a atenção do público.
CRESCE ÁREA COM VIDEIRAS
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Fonte: IBGE
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA REGIÃO SÃO JOAQUIM Vantagens Dias quentes, noites frias. Grande diferencial térmico, o que facilita uma lenta e completa maturação das uvas. Solo drenado, embora com muitas pedras, facilita o aprofundamento da raiz. Desvantagens Custo maior no uso de máquinas e equipamentos devido aos relevos do solo e pedras. Geadas tardias, entre setembro e novembro, que podem comprometer brotos e frutos.
VALE DO SÃO FRANCISCO Vantagens Devido ao calor e com a irrigação controlada, é possível colher até duas safras por ano. Sem umidade surgem poucas pragas e doenças nas parreiras, o que reduz o uso de defensivos. Desvantagens A falta do frio resulta em uvas sem complexidade de cor e aromas. Os vinhos são destinados a serem consumidos ainda jovem.
CAMPANHA E SUDOESTE GAÚCHO Desvantagens Pouca umidade, ao contrário de regiões tradicionais gaúchas, o que reduz o surgimento de pragas e uso de defensivos. Terrenos planos, o que resulta em baixo custo no uso de máquinas e equipamentos. Desvantagens Falta de mão-de-obra especializada no cultivo da uva. Vinhos muito incorpados que agradam e desagradam muitas pessoas. Empreendedor Rural
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Aposta nos paralelos europeus Na Campanha e na Serra do Sudoeste gaúcho, produtores querem produzir vinhos iguais os da França e Itália
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Divulgação
Na região da Metade Sul do Estado gaúcho, produtores já estão cultivando uvas viníferas em 22 municípios, somando cerca de 1.800 hectares implantados, dos quais 1.000 já em produção. O cultivo está dividido em dois eixos principais: um deles na região da Campanha, que se estende de Bagé até Santana do Livramento, e o outro na chamada Serra do Sudeste,
Hamm: investimento entre 25% e 30% inferior ao do Vale dos Vinhedos
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que vai do município de Encruzilhada do Sul até Herval do Sul. De acordo com o presidente do Comitê de Fruticultura da Metade Sul e coordenador do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura do Rio Grande do Sul, Afonso Hamm, um novo pólo está se iniciando na fronteira oeste, de Santana do Livramento até Uruguaiana. O início da vitivinicultura se deu ainda em 1974, quando a multinacional Almadén se estabeleceu na região com base em um estudo que indicava a Campanha e a Serra do Sudeste como áreas propícias para o cultivo de uvas para vinhos finos. Por muito tempo, a empresa se manteve como uma das únicas produtoras da Metade Sul, juntamente com a Vinícola Riograndense, em Pinheiro Machado. Mas os mesmos motivos que provocaram os primeiros investimentos levaram outras empresas a também se interessarem pelo local. Com o estímulo de uma linha de finan ciamento do BNDES específica para o cultivo de uvas, em 1999, e de um seminário que divulgou as potencialidades da Metade Sul, no mesmo ano, empresas do Vale dos Vinhedos e agricultores locais iniciaram novos investimentos. A propaganda em defesa da Metade Sul é forte. Tem como mote principal o fato de que a região, localizada entre os paralelos 31º e 32º, é a única no Brasil que se enquadra na mesma latitude média dos principais países vitícolas do mundo, como França e
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Itália. Essa característica, unida às condições do clima e do solo, vem fazendo com que cada vez mais produtores invistam na região, beneficiados pelo resultado de todos esses fatores: a maior competitividade. De acordo com Afonso Hamm, os vitivinicultores da região têm condições de produzir vinhos com preços mais competitivos que os da Serra do Nordeste do Rio Grande do Sul, região produtora mais tradicional do Brasil. Os vinhedos necessitam de 20% a 30% menos de tratamentos devido à menor umidade do clima. Os solos mais planos permitem a mecanização dos vinhedos, e a mão-de-obra, além de ser necessária em menor quantidade, é em média 50% mais barata. Como resultado final, Hamm estima que o investimento feito durante o ciclo da videira esteja entre 25% e 30% inferior ao do Vale dos Vinhedos. Hoje, 26 vinícolas estão presentes na Metade Sul, iniciando também investimentos nas cantinas para elaborar os vinhos, já que atualmente cerca de 90% das uvas lá cultivadas ainda são processadas na Serra do Nordeste. Além de buscarem a competitividade, elas procuram investir na qualidade das uvas e se valem das peculiaridades locais para produzirem vinhos diferentes. “Os vinhos dessa região são mais encorpados e têm maior potência aromática, diferentes dos do Vale dos Vinhedos, que têm aromas um pouco menos intensos, mas são mais elegantes e finos”, explica Juliano Carraro, diretor comercial da Vinícola Lídio Carraro, que está presente nas duas regiões.
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A qualidade sobe a serra O frio e a altitude de Santa Catarina são cenários dos novos investimentos em vitivinicultura
Villa Francioni, em São Joaquim, considerada uma das vinículas mais bonitas e bem equipadas do América Latina
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Trabalhadores vestidos com roupas pesadas para se proteger do frio freqüente nas primeiras horas da manhã durante todo o ano. Esse cenário se tornou comum nos últimos anos no Planalto Serrano catarinense, um dos novos destinos dos investimentos em vitivinicultura no Brasil. A cidade que concentra hoje os maiores investimentos e uma vinificultura moderna é São Joaquim. No entanto, eles se estendem pelas regiões de Campos Novos e Caçador, reunindo 34 empresas diferentes, responsáveis pelo plantio de 300 hectares de uva. Esses novos produtores fazem a mesma aposta. Produzir com qualidade em altitudes que vão de 800 metros até 1.400 metros. Pesquisas com a uva cabernet sauvignon desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) desde 1998 demonstram que, devido às particularidades do clima, o vinho da região apresenta uma diferença básica em relação ao produzido em outras regiões brasileiras: pode ser guardado para envelhecimento durante mais tempo. Isso vai fazer com que ele desenvolva seu aroma mais complexo, o chamado bouquet. O vinho produzido na região mais fria do Brasil apresenta coloração e aromas intensos e em geral é mais encorpado que os outros produzidos no país. As características peculiares são influenciadas pela altitude elevada aliada à latitude (28º45’), que provocam uma alteração no ciclo produtivo da videira, explica o enólogo e pesquisador Jean Pierre Rosier, gerente regional da Epagri de Videira. Com a uva cabernet sauvignon, por exemplo, o período de brotação se dá no início de outubro, quando as geadas já não são mais freqüentes. Já a colheita acontece em abril, época em que chove pouco, diminuindo as chances de ocorrência de doenças e possibilitando uma maturação mais completa da uva. Essas características vêm empolgando empresários, produtores e apreciadores da bebida, que foram para São Joaquim, municípios próximos e outras regiões de Santa Catarina acima de 1.000 metros de altitude, como Água Doce e Tangará, no Meio-Oeste, em busca de terras para iniciar o cultivo da fruta. “Esse vinho vai ter tipicidade e pode chegar a um teor alcoólico elevado”, espera Everson Susin, que é sócio de um empreendimento vitícola juntamente com o pai e o irmão. Hoje, cerca de 10 empresas e alguns pequenos produtores cultivam aproximadamente 200 hectares na região de
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Na Villa Francioni, o cuidado manual nas parreiras ...
a área de tanques de aço inoxidável ...
Fotos Photographics
as barricas de carvalho francês...
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e os três primeiros vinhos lançados (Chardonnay, Souvignon Blanc e Rosé).
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São Joaquim. Entre os investidores encontram-se desde grandes empresários catarinenses, que atuam em outros ramos da economia, até diversas sociedades, uma delas formada por japoneses que se dedicam à cultura da maçã. A produção dessa fruta é um fator comum entre boa parte dos que agora estão buscando a diversificação dos negócios por meio do cultivo de uvas para vinhos finos, com alto valor agregado. A Quinta da Neve, empresa formada por quatro sócios, foi a pioneira (desde 1999), no plantio de uvas para a produção de vinhos em São Joaquim. Hoje, a empresa cultiva 15 variedades de uvas, com destaque para Cabernet Sauvgnon, Chardonnay, Pinot Noir e Mertol, numa área já plantada de 12 hectares, com uma produção anual em torno de 40 mil quilos no momento. “O nosso objetivo é produzir com qualidade, que vai desde a escolha de mudas importadas até o vinho final. Estamos produzindo um vinho excelente, sem pressa, com quantidade muito limitada e bem típico da Serra de Santa Catarina”, explica Nelson Essemburg, um dos sócios da Quinta da Neve. Outros grandes investimentos em sociedade estão sendo realizados pela Sanvit, empresa criada por alguns dos integrantes de uma grande cooperativa produtora de maçã, e pela Terras Altas, empresa de um grupo de 12 sócios, todos engenheiros agrônomos. Mas o empreendimento que mais atrai a atenção atualmente em São Joaquim é a vinícola Villa Francioni, planejada pelo empresário Manoel Dilor de Freitas (que faleceu em agosto de 2004) e continuada por seus filhos. A propriedade é voltada ao turismo, e as construções foram projetadas com o objetivo de encatar o público. A meta final é produzir anualmente cerca de 300 mil garrafas de vinhos brancos, tintos e espumantes. Nesse momento há 46 hectares em produção, 26 em Bom Retiro e 20 próximo à vinícola, em São Joaquim. Cerca de 80% das parreiras são da variedade cabernet sauvignon, 10% da variedade merlot e outros 10% da variedade chardonay, todas especiais para a elaboração de vinhos de qualidade. A construção da cantina foi feita em seis diferentes pavimentos, o que permite que o deslocamento dos vinhos aconteça por gravidade e aumente a qualidade final. João Paulo Freitas, principal responsável pela Villa Francioni, aposta na altitude e na qualidade. “O diferen-
Mas o preço ainda deverá ser definido de acordo com a reação do público quando o produto chegar ao mercado, o que deve ocorrer ainda este ano, quando a Villa Francioni planeja fazer o lançamento oficial de suas bebidas. Entre 2005 e 2006, boa parte das empresas também deverá lançar suas primeiras garrafas em adegas e restaurantes. R Carlos Pereira
Nelson Essembur, sócio da Quinta da Neve, e seus vinhedos próprios em São Joaquim
Divulgação Quinta da Neve
cial da região será a altitude. Se aliarmos isso à qualidade, vamos produzir os melhores vinhos da América Latina comparaveis com os melhores do mundo ”, afirma João Paulo que é o presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acafitis). A possibilidade de ganhos atrai cada vez mais produtores, mas cultivar uvas finas em São Joaquim não é simples: requer muita dedicação e grandes investimentos. O valor de implantação de um hectare de vinhedos na região é até 30% superior ao de outros locais do país por causa do preparo do solo, muito pedregoso. A cobertura dos parreirais com telas antigranizo, necessárias na região; a geada tardia, que diminui a quantidade de uva produzida quando ocorre após outubro; e o mês de brotação, também aumentam os custos que irão influenciar o preço final do vinho. Além dos investimentos necessários e das perdas ocasionais, muitos produtores têm planos de obter bebidas de alto padrão, investindo em mudas importadas e modernas tecnologias de vinificação e utilizando garrafas, rolhas e rótulos da melhor qualidade. Com todo esse investimento, a maior parte do vinho será destinada a consumidores de maior poder aquisitivo.
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exportação vinhos
Parreiras no Sertão
Fotos Embrapa Uva e Vinhos
Produção no ano todo, sem sazonalidade da mão-de-obra e com plantas irrigadas
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A tecnologia também é a explicação para que um local como o semi-árido nordestino seja conhecido como uma das principais regiões produtoras de vinhos finos no Brasil. Contrariando todas as tradições mundiais, que pregam que a videira é uma planta que se adapta melhor a climas temperados, o submédio do Vale do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia, tornou-se um dos principais pólos de cultivo de uvas viníferas do Brasil e o maior produtor e exportador de uvas para consumo in natura. Além disso, é a única região semi-árida no mundo a ter investimentos na viticultura. Hoje, quem chega a Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, encontra desde videiras sem folhas, parreirais com cachos no início do período da brotação e uvas no ponto certo para a colheita. Como
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quase tudo o que se relaciona à uva, esse fato também acontece devido ao clima: por não haver frio na região, os produtores podem escolher qualquer período do ano para realizarem a colheita. O ciclo da videira não é iniciado pela variação da temperatura, e sim pelo fornecimento de água. Foram os canais de irrigação que possibilitaram o desenvolvimento da fruticultura no local. “Temos a vantagem de poder produzir o ano todo. Assim não existe sazonalidade da mão-de-obra e a mesma videira pode produzir até duas ou mais vezes por ano”, diz o presidente do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco e dono da Vinícola Botticelli, José Gualberto de Freitas Almeida. “Com a irrigação há a desvantagem do custo, mas temos a vantagem de poder colocar água na quantidade que a planta precisa e na hora que ela
Foto Gilmar Gomes
Vale dos Vinhedos
precisa”, diz. Os custos com a irrigação são compensados com maior produtividade anual e com o preço das terras, mais barato que em outros locais do país. A descoberta do potencial da região para vinhos finos ocorreu a partir da década de 80, com a implantação da Fazenda Milano em parceria com a empresa Maison Forestier. Os primeiros vinhos foram lançados em 1984, e, por algum tempo, a Vinícola Botticelli, criada a partir da Milano, foi a única a produzir vinhos. Mas nos últimos seis anos a atividade voltou a ser estimulada, segundo Gualberto, através de programas do Governo de Pernambuco e da busca de produtores de outras regiões por locais com clima diferente dos da Serra Gaúcha. Hoje são nove empreendimentos que produzem os
vinhos típicos da região (jovens, frutados e aromáticos) para serem consumidos em no máximo dois anos. A adaptação das variedades ao clima está sendo constantemente testada pelas vinícolas e unidades de pesquisa. “Temos que avaliar as variedades que têm vocação para o nosso clima seco”, afirma Gualberto. As características locais atraíram desde produtores regionais até grupos estrangeiros de países como França e Portugal para investir na região. Além disso, os produtos do Nordeste já estão sendo exportados para 18 países. “Estamos nos firmando no mercado nacional e começando a marcar presença no mercado externo”, diz Gualberto, com expectativas de que, com a melhoria da infra-estrutura necessária ao transporte do produto para os locais de maior consumo, essa situação melhore ainda mais. R
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A reação do Vale dos Vinhedos
O território tradicional não quer ficar atrás na evolução pressionada pela concorrência
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Fotos Embrapa Uva e Vinhos
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Boa parte dos investimentos em vitivinicultura em locais não-tradicionais do país é feita por empresas da Serra Gaúcha, que hoje respondem por cerca de 50% da produção brasileira de uvas. Mas algumas dessas empresas também estão buscando ampliar a área com parreirais na própria região, apostando que, com a tecnologia correta, a produção local também pode ser de alta qualidade. O presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, estima que cerca de R$ 150 milhões foram investidos na ampliação da área cultivada com vinhedos e outros R$ 200 milhões foram destinados à compra de máquinas e equipamentos, à ampliação das vinícolas e ao desenvolvimento de novas tecnologias. Estes investimentos refletem não só a valorização da qualidade da uva por parte das vinícolas, mas também a sua busca pela auto-suficiência na produção, deixando de depender dos pequenos produtores. “Cada vez mais as empresas terão projetos para abastecimento próprio. E os produtores associados, quando houver, serão selecionados cuidadosamente para a parceria”, avalia o pesquisador e economista José Fernando da Silva Protas, que por oito anos ocupou a chefiageral da Embrapa Uva e Vinho. Protas considera que, devido à necessidade de alta tecnologia para a elaboração de vinhos finos de qualidade, os pequenos produtores da Serra Gaúcha que ainda cultivam essas variedades e que não estiverem associados a uma empresa vinícola irão, com o tempo, voltar a produzir apenas uvas americanas e híbridas. Essas uvas, que atualmente representam cerca de 80% de toda a produção brasileira, são de cultivo mais simples e originam os sucos e os vinhos de consumo corrente. Para Protas, apenas as indústrias e alguns associados terão condições de produzir vinhos finos e espumantes na Serra. Os espumantes, aliás, têm apresentado ótima qualidade e são consumidos em quantidades bem maiores que os impor-
tados no país. O clima ameno e a umidade, que muitas vezes prejudica o amadurecimento da uva e conseqüentemente a fabricação de vinhos, contribuem para a obtenção de frutos com maior acidez, propícios para a produção de espumantes. Este está sendo o melhor segmento de mercado relacionado à uva no Brasil, de acordo com a economista Loiva Maria de Melo, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho. E a Serra Gaúcha, considerada pelos especialistas como uma das três melhores regiões do mundo para a produção de espumantes, está começando a aproveitar esta vocação natural. A valorização dos vinhos da região está sendo alcançada
através da implementação de indicações geográficas, certificado que atesta a obtenção de determinados padrões de qualidade da bebida produzida em um local. A primeira Indicação de Procedência (IP) no Brasil foi alcançada em novembro de 2002, com a denominação Vale dos Vinhedos para os vinhos tintos, brancos e espumantes produzidos naquela subregião da Serra. Segundo o pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, a partir de então as terras demarcadas valorizaram cerca de 500% e cada vez mais vinícolas estão melhorando a qualidade dos vinhos para tentar obter a IP, pois as bebidas que ostentam a indicação são mais procura-
das pelos consumidores. O próximo passo é evoluir da IP para a Denominação de Origem, que atesta que um vinho só tem determinada característica porque foi produzido em uma região específica. O sucesso da IP na Serra levou produtores de outras regiões vitivinícolas do Brasil a se organizarem para também obterem as indicações. Em locais como a Metade Sul do Rio Grande do Sul, o Planalto Serrano Catarinense e o Vale do São Francisco, os trabalhos de pesquisa estão começando a tornar essas determinações, e a evolução qualitativa de toda a cadeia da uva e do vinho, mais concretas. R Guia Empreendedor Rural Empreendedor Rural2121
exportação vinhos
Investir para sobreviver Situação complicada desafia quem optou pelos frutos e produtos dos parreirais
Vale dos Vinhedos: vinhos com aromas um pouco menos intensos, mas com muita elegância
PRODUÇÃO GAÚCHA Elaboração e comercialização de vinhos no Rio Grande do Sul em 2004 PRODUTO Vinho Comum Vinho Fino Total
ELABORAÇÃO (LITROS) 313.962.284 42.902.608 356.864.892
Fonte: União Brasileira de Vitivinicultura – UVIBRA
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A aposta na qualidade por parte de algumas empresas do setor vitivinícola é uma tentativa não apenas de ampliar o mercado, mas de garantir a sua sobrevivência. De acordo com a economista Loiva Maria de Melo, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, atualmente o Brasil vive um cenário complicado no que se refere à produção e consumo de vinhos finos. Segundo ela, o brusco aumento da procura por vinhos tintos ocorrido nos anos 90, motivado principalmente pelas pesquisas que indicavam que a bebida trazia diversos benefícios à saúde, levou à falta de uvas para tintos finos no final da década. Isso incentivou os produtores a investirem na ampliação da sua produção, tanto na Serra Gaúcha quanto em novas regiões. Mas a demanda não evoluiu conforme o previsto e os vinhos importados, que vinham ganhando espaço no mercado brasileiro desde a abertura econômica, no início da década de 90, passaram a entrar com mais força ainda no país, favorecidos também pela falta de competitividade do produto brasileiro em virtude dos altos impostos que incidem sobre a produção da bebida. Este consumo dos importados também foi estimulado pelos incentivos fiscais que alguns de nossos principais exportadores recebem ao entrar no país, como os argentinos, que não pagam imposto de importação devido ao Mercosul, e os chilenos, que recebem desconto nessa tributação para até 390 mil caixas. Também influencia na concorrência exacerbada o fato de que boa parte dos países europeus oferece subsídios aos seus produtores, que estão pressionando para entrar com força em países com um grande mercado potencial, como é o caso do Brasil. Soma-se a isso o baixo poder aquisitivo do brasileiro e a falta de tradição do consumo de vinho por parte da população, que em geral tende a valorizar o que é importado. Resultado: em 2004, 67,77% do vinho fino comercializado no Brasil vieram de outros países, de acordo com dados do Ibravin. No Rio Grande do Sul, dos cerca de 43 milhões de litros fabricados no ano passado, menos de 20 milhões chegaram a ser comercializados.
Loiva: consumidor de vinhos valoriza qualidade
PROPOSTA Para Loiva, o investimento na qualidade é o ponto essencial para reverter essa situação. “Deve-se cuidar da qualidade do vinho brasileiro para que o consumidor passe a valorizar e ser fiel ao produto nacional. O vinho não pode dar dor de cabeça”, enfatiza a economista, que afirma que o setor teve uma grande evolução nos últimos anos, mas ainda precisa trabalhar muito para chegar aos pés de outras regiões produtoras, principalmente no que se refere à tradição no consumo. Em 2004, foi consumido 1,76 litro por pessoa no Brasil, número muito pequeno quando comparado com os principais países produtores. Mas o investimento na produção de bons vinhos não é a única ação realizada atualmente para garantir o mercado dos nacionais. Em maio deste ano, a cadeia produtiva da uva e do vinho brasileira apresentou a representantes da indústria vitivinícola da Argentina uma proposta para regulamentar a entrada de vinhos argentinos no Brasil, visando a limitação do ingresso de grandes volumes de vinho de preço baixo e o combate ao contrabando, que vem crescendo a cada ano. Na última rodada de negociações, em julho, os argentinos acataram a proposição de estabelecimento de valores mínimos para o ingresso do seu vinho no Brasil. O piso mí-
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Divulgação
exportação vinhos
Circuito de degustação: estímulo ao consumo faz parte de uma campanha de aprimoramento do gosto
nimo acordado, que começou a vigorar em agosto, é de US$ 8,00 a caixa com 12 unidades de 750 ml. As conversas sobre o tema prosseguem em seis meses. Além dessa negociação, as instituições que têm relação com o setor estão realizando outras ações com o objetivo de promover o aumento da competitividade do produto nacional, especialmente no Rio Grande do Sul, onde estão as principais instituições de pesquisa ligadas à vitivinicultura. Entre elas está o Programa Estratégico Visão 2025, uma realização do Sebrae/RS e do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com execução técnica coordenada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que irá estabelecer as diretrizes do setor vitivinícola no Estado para os próximos 20 anos. Serão planejadas estratégias nas áreas de mercado, legislação, tecnologia e logística e infra-estrutura. A ampliação do mercado para os vinhos brasileiros também está sendo estimulada através de duas ações principais. A primeira é o incentivo ao consumo por meio da realização de cursos e circuitos de degustação em todo o país, visando educar novos consumidores e Guia Empreendedor Rural Rural 2424Empreendedor
apresentar os vinhos brasileiros aos formadores de opinião. A segunda vai um passo adiante: visa abrir o mercado mundial para os vinhos do Brasil. Em 2002, sete vinícolas se uniram no consórcio Wines From Brazil para tentar expandir a exportação do vinho brasileiro, que até então era praticamente inexistente. Hoje já são 16 vinícolas, que exportam principalmente para os Estados Unidos e a Europa Oriental, e o valor das bebidas exportadas, que em 2003 foi de pouco mais de U$ 200 mil, deve ultrapassar U$ 1 milhão este ano. Os números ainda são muito pequenos, mas a expectativa é de que eles aumentem com a participação em diversas feiras internacionais. Neste caso, o destaque às características particulares dos produtos também é fundamental para a conquista do mercado. “Ou o Brasil entra com um produto de alta qualidade e preços mais baixos, ou entra com um produto típico regional diferenciado, que enfoque aspectos como conservação ambiental, produção orgânica, enfim, algo que está sendo muito valorizado pelo mercado internacional”, acredita Loiva Maria de Melo. R
A gaúcha Miolo, uma das principais vinícolas do Brasil, desenvolve desde 1998 um programa de investimento na qualidade do vinho, que tem como principal expoente o Projeto de Expressão do Terroir Brasileiro. ( N. da R.: terroir é a combinação de clima e solo da área a ser cultivada). Este projeto consiste na produção de vinhos em todas as regiões com vocação vitivinícola do Brasil. “Pretendemos explorar o que se pode produzir de melhor em cada região”, explica Wiliam Ia felice, diretor comercial da vinícola. Para isso, a empresa investiu nos últimos seis anos mais de R$ 50 milhões, destinados à compra de terras, à implantação e ao cultivo dos vinhedos e à produção dos vinhos. Segundo Adriano Miolo, diretor-técnico da Vinícola Miolo, "investimos em cinco regiões para produzir as variedades mais adaptaveis a cada um dos terroirs. Assim, faremos vinhos de qualidade para diferentes paladares. Essa expansão também ajudará a empresa a tornar os seus produtos mais evidentes no mercado internacional, considerando o conjunto das marcas: Miolo, Fortaleza do Seival, Terranova, Lovara e RAR." Hoje a Miolo está presente na Serra Gaúcha através do seu empreendimento sede, no Vale dos Vinhedos, e da parceria com a vinícola Lovara, cujos vinhos, mais leves, são elaborados sob a supervisão técnica dos enólogos da Miolo. No Vale do São Francisco, a empresa cultiva uvas e produz vinhos desde 2001 na Fazenda Ouro Verde, na Bahia, também em parceria com a Lovara. Nos Campos de Cima da Serra, região com mais de 1.000 m de altitude no Rio Grande do Sul, a Miolo tem parceria com o empresário Raul Anselmo Randon para a produção de um vinho top, o RAR. Ela também mantém desde 2002, na Metade Sul do Rio Grande do Sul, a Estância Fortaleza do Seival, no município de Candiota, na região da Campanha. Os objetivos da Miolo com a expansão são grandes. Até 2012, a empresa pretende produzir 12 milhões de litros de vinhos com uvas cultivadas em 1,2 mil hectares, exportar 30% da produção, faturar R$ 150 milhões (hoje o valor é de cerca de R$ 55 milhões) e se tornar o maior negócio de vinhos do país. Para isso, também investe em tecnologia de ponta e na participação em feiras e concursos internacionais.
Fotos Divulgação Miolo
MIOLO EXPLORA O TERRITÓRIO NACIONAL
Cantina em Bento Gonçalves
Fazenda Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul
Os investimentos já vêm mostrando resultados. Na última safra, foram produzidos cerca de seis milhões de quilos de uvas e 5,5 milhões de garrafas. No que se refere às exportações, a empresa já vende vinhos para mais de dez países, entre eles, Estados Unidos, França, Itália e República Tcheca. O mercado interno, segundo Adriano Miolo, também tem recepcionado bem esse vinho. “Todos os vinhos têm recebido uma boa aceitação. Existe a curiosidade de provar vinhos produzidos em outras regiões. E, depois de provar, muitas pessoas se identificam com um tipo de vinho que ainda não conheciam” diz o diretor.
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exportação vinhos
Tecnologia: a base de tudo O produto final não se salva se não houver cuidados especiais em todo o processo
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Fotos Embrapa Uva e Vinhos
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“Até algum tempo atrás, muitas pessoas diziam: não interessa a uva que tiver, na cantina eu dou um jeito”, conta o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Henrique Pessoa dos Santos, especialista em fisiologia vegetal. No Brasil, os cuidados no momento da elaboração do vinho, em detrimento da preocupação com o processo de cultivo da uva, foram a regra em boa parte das empresas do setor a partir da década de 70, quando elas começaram a investir na modernização de suas vinícolas motivadas por um mercado interno com potencial para produtos de melhor qualidade. Os investimentos no cultivo de uvas para vinhos finos e a utilização de novas tecnologias para elaborar a bebida aumentaram a qualidade do produto e garantiram o mercado dos brasileiros durante vários anos. Mas a abertura econômica na década de 90 demonstrou que essas medidas já não eram suficientes para manter a comercialização do produto nacional. Este fato, juntamente com os bons resultados de pesquisas na área da viticultura (cultivo de uvas), levaram alguns produtores a refletir sobre a importância da qualidade da matéria-prima. “Estamos em uma etapa de transição, de conscientização sobre a importância de mudanças que estão relacionadas basicamente com um manejo mais intensivo nos vinhedos”, explica Santos. “Esse manejo está principalmente relacionado à poda verde, uma tecnologia que, se implantada maciçamente, com certeza vai trazer muitos ganhos à viticultura no Brasil.” A poda verde consiste basicamente na retirada dos ramos não-produtivos e dos que estão em excesso e na amarração dos que ficam para evitar que eles cresçam sobre as outras plantas; também inclui a extração de folhas, aumentando a entrada de raios solares na planta e melhorando a ventilação. A incidência da radiação solar
Arquivo Empraba
sobre os cachos de maneira mais uniforme gera uvas com graus de maturação mais idênticos, e a ventilação diminui a umidade relativa no vinhedo, o que leva a uma redução nos casos de podridão e aumenta a eficiência dos tratamentos fitossanitários. Em segundo plano, Santos cita a reconversão no sistema de condução dos vinhedos como outra medida que pode influenciar as características da uva. Mas ele alerta que somente a mudança não é suficiente para garantir a qualidade dos frutos: “os sistemas verticais, como a espaldeira, exigem ainda mais poda verde”. Ele afirma também que não é possível generalizar quanto a esse assunto e que é necessário estudar as características locais antes de se optar por determinado sistema. Esses cuidados estão começando a ser implantados por algumas empresas da Serra Gaúcha e de outras regiões, segundo o pesquisador, mas em geral elas ainda têm muito a melhorar. Os poucos produtores que estão investindo no manejo são os que também produzem vinho. Os que somente cultivam uvas para comercialização, e que são maioria na Serra Gaúcha, têm mais resistência ao assunto. “Normalmente, quando se investe em qualidade, há uma tendência a se obter menos quantidade”, explica Santos. “É preciso trabalhar com as particularidades e identificar as potencialidades, mas isso deve ser valorizado pelos industriais. Hoje os produtores chegam para mim e perguntam ‘por que eu vou adotar essa tecnologia se o vizinho não
vai fazer, vai produzir mais e receber mais do que eu?-.” Além do incentivo à poda verde e ao uso do sistema de condução mais adequado, o pesquisador destaca duas outras pesquisas que desenvolve com o objetivo de produzir uvas com a melhor qualidade possível. São o projeto de viticultura de precisão, que busca mapear, em uma mesma propriedade, as diferenças entre os locais onde é feito o cultivo, e o projeto de cultivo protegido com cobertura plástica, que tem o objetivo de reduzir o uso de defensivos agrícolas nos parreirais. O desenvolvimento de tecnologias, tanto para o cultivo da uva quanto para a elaboração do vinho, tem sido um dos maiores incentivadores da cultura no Brasil. Entre as principais ações desenvolvidas principalmente pela Embrapa Uva e Vinho, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão a criação e adaptação de variedades a determinadas regiões, a viabilização de novas práticas e métodos de manejo, o aprimoramento dos tratamentos fitossanitários, a obtenção de mudas livres de vírus, o estímulo à obtenção das indicações geográficas, o desenvolvimento da viticultura em áreas não-tradicionais e a elaboração de metodologias de informação, como o Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul. O trabalho de qualificação técnica dos produtores, através de cursos e palestras, também é outra ação fundamental na busca pela melhoria do vinho nacional. R
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exportação maçã
Nasce nova variedade
Mutação espontânea revela a castel gala com características únicas
Por Clarissa Miranda Foto Index Open
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Em meio a um pomar de macieiras da maçã gala com os galhos ainda dormentes do inverno, um ramo todo florescido em uma das plantas chamou a atenção do agrônomo catarinense Jânio Seccon. Nos cerca de dez anos desde que começara a trabalhar com maçãs, nunca viu um galho se adiantar e florir antes do resto do pomar, como aconteceu no início de agosto de 1999 em sua plantação na cidade de Monte Castelo, no Planalto Norte de Santa Catarina. Seccon marcou o galho para observação e, no ano seguinte, notou que o fato se repetia. Foi assim, quase por acaso, que o agrônomo descobriu uma nova variedade de maçãs da família gala. Através de enxerto, conseguiu produzir nove mudas para observação. Em 2001 vjá existiam mais vinte mudas. A característica inicial foi mantida em todas. “Meus olhos brilharam quando vi aquele galho florescido, porque percebi que poderia ser uma mutação espontânea”, diz. A castel gala, como foi batizada a nova variedade, já está sendo visada pelos produtores da região por oferecer características únicas. Apesar de manter o mesmo equilíbrio entre sabor, aroma e aparência da gala, que lhe deu origem, a castel gala se adapta melhor em climas de invernos amenos. Enquanto um pomar de gala precisa de, no mínimo, 800 horas de frio abaixo de 7ºC para que na primavera ocorra boa brotação, a nova variedade não necessita mais do que 400 horas. Em locais como Monte Castelo, essa característica faz a diferença. A altitude do pomar de Seccon é de 860 metros e ali a quantidade de frio hibernal fica em torno de 400 horas por ano. Para produzir maçãs gala, ele é obrigado a utilizar tratamentos para quebra da dormência do pomar, o que encarece a produção, além de afetar a qualidade da brotação, da floração e, conseqüentemente, dos frutos. Segundo o agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) Frederico Denardi, responsável pelos testes de qualidade realizados com a castel gala na Estação Experimental de Caçador, regiões como o Sul dos Estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo poderiam se beneficiar com a nova variedade por terem invernos amenos. “Regiões de frio médio, como Fraiburgo (SC), que é a maior produtora de maçã do país, terão sucesso na produção desta nova cultivar variedade, obtendo frutos mais bonitos do que com a produção da gala tradicional”, diz. Outro diferencial da castel gala é que ela amadurece mais cedo do que a gala, podendo ser colhida entre 25 de dezembro e 25 de janeiro, justamente na época em que a maçã atinge a melhor cotação no mercado nacional. Seccon explica que neste período há pouca maçã à venda, porque a safra do ano anterior - conservada em câmara fria até o fim do ano - termina no Natal e as novas safras de maçãs gala e fuji só começam a ser colhidas
a partir do final de janeiro e do início de abril, respectivamente. “No início de janeiro, só entram no mercado macieiras precoces, como a eva e a condessa, mas estas perdem em qualidade para a gala”, diz. As maçãs gala e seus clones mais coloridos – como a imperial gala e a royal gala - são hoje as variedades mais produzidas no país, responsáveis pelo abastecimento de 45% do mercado interno. No mundo, a produção de maçãs desta família é a que mais cresce, representando atualmente 4,7% da produção mundial. Segundo Denardi, um dos fatores responsáveis pelo sucesso das variedades de gala é a qualidade reconhecida internacionalmente. Depois de cinco anos realizando testes com a castel gala através de uma parceria com a Epagri, Seccon vai iniciar a comercialização das mudas no inverno de 2006. Serão produzidas 50 mil mudas, todas já reservadas para produtores locais. A previsão é que em 2007 sejam produzidas outras 300 mil unidades para comercialização. Como os pomares desta variedade levam cerca de dois anos para começarem a produzir em quantidade, os primeiros exemplares de castel gala devem chegar ao mercado em 2008. O agricultor Décio Strodel Amorin, do município de Papanduva, também no Planalto Norte catarinense, já reservou 20 mil mudas de castel gala. Ele cultiva principalmente milho e soja, mas há dois anos iniciou um pomar de macieiras para diversificar a produção. Atualmente tem seis hectares da variedade eva e cinco de royal gala. Amorin conta que decidiu investir na castel gala porque a royal não se adapta bem àquela região e a eva perde em qualidade para as variedades gala. “Em janeiro, a gente vai vender a castel gala facinho, facinho”, diz. A castel gala tem ainda bom potencial para a exportação. Por ter amadurecimento precoce, ela poderia antecipar em até um mês a venda de maçãs da família gala brasileira para a Europa. Atualmente as empresas exportadoras entram no mercado europeu a partir de fevereiro com as maçãs Gala colhidas no fim de janeiro. Para o agrônomo Denardi, antes de iniciar as exportações é necessária uma pesquisa de aceitação de mercado, porque as variedades de gala exportadas para a Europa são normalmente mais coloridas que a castel gala. “Mutações de cor são muito comuns na gala e hoje há variedades bem coloridas, como a imperial gala. A castel gala manteve a cor da original, por isso é preciso um trabalho de marketing para ser bem aceita no mercado europeu.” Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Maçã, a produção nacional enviada para a União Européia em 2004 foi de 140,8 mil toneladas, na maioria frutos da variedade gala. R Guia Empreendedor Rural
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NOME: Pedro Camargo Neto IDADE: 22/01/1949 FORMAÇÃO: graduado em Engenharia Civil Doutorado em Engenharia de Produção CARGO: Presidente da Abipecs TELEFONE: (11) 3093 2737 30
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Fotos Divulgação
entrevista
É preciso um seguro
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de clima
Acostumado a lidar com situações complicadas em se tratando de agronegócio e exportação, Pedro Camargo Neto é o especialista adequado para analisar a atual conjuntura do setor agrícola brasileiro. Presidente da Associação Brasileira de Produtores de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto já foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura do Brasil. Ele acredita que muito do que a agricultura conseguiu hoje se deve mais ao esforço de cada produtor do que aos incentivos governamentais. Pedro Camargo Neto foi o braço forte por trás da vitória brasileira no caso do algodão na Organização Mundial do Comércio e acredita que o Brasil tem o poder de comprar outras causas, e vencer. Nessa entrevista exclusiva à Empreendedor Rural, Camargo defende para o produtor brasileiro um seguro para fenômenos climáticos, a exemplo do que existe em outros países, para tirar do prejuízo o homem do campo.
Por Fabiana Bertotti Fotos Divulgação
EMPREENDEDOR RURAL – O senhor já foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura, como avalia a situação das exportações e do agronegócio antes e agora? PEDRO CAMARGO NETO – O Brasil vem de um crescimento que não tem a ver com o Governo, tanto o atual, como o do qual eu participei ou mesmo o anterior ao meu. Esse crescimento do Brasil é trabalho do produtor rural, da agroindústria e da iniciativa privada. O Governo tem apoiado, mas é o empreendedor rural e a agroindústria que têm se modernizado, aumentado sua produtividade, competência e competitividade. Nós estamos saindo ao exterior, vendendo mais, abrindo outros mercados. Tudo o que tem acontecido nos últimos dez anos no Brasil é, antes de tudo, trabalho do produtor, com o apoio dos governos. Eu vejo esse crescimento com muito bons olhos. Acho que aprenderam e vão continuar agindo, crescendo, exportando mais. É irreversível e o Governo vai ter que apoiar esse desenvolvimento. RURAL – A situação do algodão na OMC já está de fato resolvida? Ou os Estados Unidos podem “furar” o acordo? CAMARGO – É, está resolvida na OMC. Falta agora os Estados Unidos cumprirem o acordo. Estamos na fase de implementação e os EUA tinham que ter cumprido, em 1° de julho, parte do acordo. Não cumpriram, pediram seis meses e o Brasil acabou aceitando. Enviaram uma lei para o Congresso atendendo a obrigação do que tinha sido definido pelo painel de arbitragem da OMC. Uma segunda etapa das obrigações ocorre agora em setembro. O Brasil precisa cobrar mais. Estamos numa fase de implementação e o que se espera do Brasil é justamente pressão, pressão e pressão, para não perder o que conseguimos com tanto esforço. RURAL – O senhor defende um novo pleito na OMC no caso da soja. Como seria isso? CAMARGO – O caso da soja, já tenho dito, seria pioneiro na OMC. E até por isso tem recebido pouco apoio e sustentação. Seria um
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entrevista caso de ameaça de dano, não de dano já confirmado. No caso do algodão, por exemplo, o Brasil provou que sofreu danos. Entretanto, no que se refere à soja, como os preços estão em alta, o Brasil teria que provar estar sob ameaça de dano. Isto é, mostrar que a política norte-americana causa uma ameaça ao produtor brasileiro. Lá eles têm a proteção de instrumentos de sustentação de preço que levam a grandes subsídios, caso o preço caia. O produtor brasileiro, obviamente, não dispõe destes mecanismos. Ameaça de dano nunca foi tentada na OMC, então seria um avanço, uma ousadia, uma ambição que o Brasil deveria tentar. Vivo dizendo que temos obrigação de avançar. Se na OMC existe a regra de que ameaça de dano pode ser contestada, nós deveríamos testar. Até mesmo para perder, embora eu ache que o Brasil seria vitorioso. Mas confesso que é um caso mais complicado.
“éOdemomento cautela,
RURAL – De alguma forma, toda essa afronta aos Estados Unidos não poderia trazer outros prejuízos ao Brasil e até mesmo uma retaliação? CAMARGO – O Brasil recebeu um amplo apoio dos EUA no caso do algodão. A imprensa norte-americana apoiou o Brasil e tivemos matérias muito favoráveis. Editoriais positivos em jornais como New York Times, Wall Street Journal, Washington Post, só para falar dos mais importantes, foram constantes. Todos os editoriais foram a favor do Brasil. Não estamos afrontando os Estados Unidos da América. Muito pelo contrário, grande parte da população norte-americana, dos contribuintes e da população urbana também não aceitam as distorções de tantos subsídios. Estamos contestando um lobby agrícola, o do algodão no caso, que trabalhou junto no Con-
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mas olhando para futuro
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gresso, como em todos os países democráticos, e conseguiu esse absurdo de US$ 4 bilhões em um ano. Então, não é uma afronta ao país, mas a contestação de um lobby específico que conseguiu algo indevido perante as regras mundiais do comércio e a própria consciência do americano, que também não aceita privilégios e subsídios exacerbados. RURAL – Este ano não foi dos melhores para os produtores agrícolas do Sul do Brasil. Qual a solução para remediar e atenuar os constantes prejuízos dos produtores por causa do tempo? CAMARGO – Há muito tempo já deveríamos ter um seguro. Não existe
agricultura em país desenvolvido que não tenha seguro climático. O risco climático é muito grande, por isso os países têm programas de risco, ou públicos, ou público-privados, ou o produtor paga parte do prêmio. Isto existe nos EUA, na Europa... menos no Brasil. O Brasil obriga o agricultor a assumir o risco do clima. Este ano tivemos um clima péssimo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul e o agricultor fica abandonado à sua própria sorte. Entra em inadimplência e é chamado de caloteiro, quando na verdade ele praticou uma atividade de risco, que é agricultura sob o tempo. Tivemos muito azar de ter tanta estiagem. É necessário agilizar o processo do seguro agrícola no Brasil. Não ter isso é algo gravíssimo e de repercussão muito negativa no cenário internacional. RURAL – E como ter esse seguro? Que tipo de pressão é imprescindível? CAMARGO – Já nem sei mais o que dizer. Desde que eu atuo, em 1990, o presidente da Sociedade Rural Brasileira tem a questão do ProAgro em pauta junto com a inadimplência do ProAgro. O produtor pagava e não recebia. Agora tem toda uma legislação do seguro que teoricamente foi aprovada, mas falta isto, falta aquilo. Falta concluir. Cabe ao Governo finalizar isso e, ao produtor, pressionar. Mas precisa existir prioridade para que isso aconteça no Brasil. RURAL – O Brasil tem um grande potencial de produção. O que falta ser explorado, do ponto de vista de exportação? CAMARGO – O Brasil tem crescido muito baseado na produtividade do empreendedor agrícola, e isso certamente vai continuar. Nossas deficiên-
cias são principalmente de infra-estrutura, desde estradas, portos, defesa sanitária, fitossanitária, isso prejudica muito em termos de mercado. Se conseguíssemos ter estradas melhores, bons portos, melhor armazenagem e uma defesa sanitária efi ciente, poderíamos abrir novos mercados que hoje têm receio de comprar do Brasil por causa do risco sanitário. Falta infra-estrutura de todos os tipos, sem essa deficiência, com certeza nossa exportação seria maior. RURAL – Com o atual cenário político nacional, como você analisa o futuro das nossas exportações? CAMARGO – É um cenário político muito complicado e é impossível avaliar politicamente como será o dia seguinte. Nós, agricultores, que trabalhamos a médio e longo prazo, temos que nos acostumar com isso. Ou já jogamos a semente no chão e é só colher, ou o animal já está em processo de procriação e tem que continuar. Não temos alternativa de parar de produzir e esperar passar a crise. Trabalhamos com safra, dependemos de clima, e é triste ver o Brasil ainda sujeito a estes tumultos políticos como vemos. Mas, fazer o quê? O trabalho deve continuar, apesar disso.
serviços funcionam e que nossa agroindústria é eficiente e competente. Falta muita coisa ainda, muita lição de casa a ser feita, mas tem otimismo. Chegamos até aqui, não dá para parar ou desanimar agora. RURAL – Quais são os principais impedimentos para nossos produtos, tanto da lavoura como os agropecuários, nos países de primeiro mundo? CAMARGO – O primeiro depende só de nós: infra-estrutura. Só para ficar na questão da defesa sanitária, isto atrapalha muito e depende de recursos, de capacitação profissional. De quem de-
tempo que surgiu como potência econômica e já tem representado um grande mercado comprador dos produtos agrícolas brasileiros. É importante que a China tenha estabilidade e não sofra nenhuma grande crise para continuar nesse ritmo veloz de crescimento. Deverá ser um grande comprador de produtos agrícolas do Brasil. É um país com uma população enorme e poucos solos férteis, isso exigirá importações para aumentar seu padrão de vida e tipo de alimentação do povo. Deverá ser, ao que tudo indica, um grande mercado para os produtos brasileiros, já que temos muita competitividade na produção de alimentos.
que se “temTudoconseguido
RURAL – No caso dos suínos, a situação é otimista? CAMARGO – É otimista no sentido de que viemos de um ano bom e estamos num ano muito bom. Temos que trabalhar para continuar sendo bom, isto significa abrir novos mercados, ter uma atuação sanitária mais eficiente, melhores serviços públicos estaduais e federais. Dessa forma, poderíamos trazer missões estrangeiras para se certificarem de como nossos
é trabalho do produtor
RURAL – E para o futuro, o que o senhor prevê? CAMARGO – Vejo um futuro muito promissor para o agronegócio, assim como para o Brasil. Acho que finalmente o país reconheceu o potencial do agronegócio e vem corrigindo suas falhas, aumentando sua produção. O agronegócio ajudará muito o Brasil a vencer o desafio do crescimento, do desenvolvimento, da geração e distribuição de renda e, claro, do aumento de emprego. O setor agrário só tem a contribuir para o Brasil.
”
pende? Do Brasil e do brasileiro. Isto é gravíssimo, mas não é o único impedimento. Os países desenvolvidos têm uma gama de cotas, barreiras tarifárias, subsídios descabido e uma concorrência desleal frutos dessas distorções do comércio internacional agrícola. Fazer o quê? Isto existe e só resta enfrentar. Tudo o que o Brasil fez até hoje foi às custas de melhorias internas. É isto que deve continuar acontecendo. RURAL – A China desponta como potência econômica. Como aproveitar melhor esse filão? CAMARGO – Esperamos que a China continue a crescer (risos). Faz pouco
RURAL – O que o agroempreendedor não pode deixar de saber agora? CAMARGO – Ele precisa ter cautela, porque o cenário é este que vemos, instável politicamente. É preciso produzir e continuar trabalhando, mas com cautela. Num país com poucos instrumentos de sustentação de renda, investimentos de risco podem ser perigosos. Mas nunca se deve deixar de olhar para o futuro.
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Graças à força adquirida e à diversidade da pauta dos produtos, o agronegócio continua sendo a estrela principal da performance brasileira, mesmo vendendo menos para o exterior em relação ao ano passado Por Evanildo da Silveira Foto Index Open Guia Empreendedor Rural
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1989 para US$ 20,610 bilhões em 2000 e US$ 30,639 bilhões em 2003. Outros dados ajudam a mostrar a importância do agronegócio para o Brasil. No ano passado, além de representar 40,44% das exportações, o setor também respondeu por 37% dos empregos – cerca de 17,7 milhões de postos de trabalho – e por 33% do produto interno bruto (PIB). Uma das explicações para o crescimento contínuo das vendas externas do agronegócio está na diversificação dos produtos comercializados. O país não se limita mais a exportar café, soja, cana-de-açúcar e suco de laranja, que por muito tempo foram os principais itens da pauta de exportações agrícolas brasileira. Hoje a lista dos produtos agropecuários que o Brasil exporta chega a cerca de 200 itens, vendidos para aproximadamente 150 países. Ela inclui leite, leite condensado, frutas frescas, nozes e castanhas, madeira, algodão, calçados, flores e plantas, vinho, cerveja e até cachaça. O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), João de Almeida Sampaio Filho, acrescenta outras explicações para o sucesso do comércio exterior do agronegócio brasileiro.
Uma posição invejável “A queda no faturamento das exportações brasileiras deve-se à retração dos preços das commodities no mercado mundial", diz nesta entrevista Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que não cansa de repetir: o agronegócio é o mais importante setor da economia brasileira. Essa percepção ele trouxe de longe. Nascido em Cordeirópolis(SP), em 12/08/1942, tem sólida formação: é engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USP em 1965, com cursos de aperfeiçoamento em administração rural. Casado, tem 4 filhos e 6 netos. É professor licenciado do Departamento de Economia Rural da Unesp - e tem centenas de trabalhos publicados sobre agricultura, cooperativismo e economia rural. Empresário rural em São Paulo e no Maranhão, foi secretário de Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo e coordenou o setor privado no Fórum Nacional da Agricultura.
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entrevista
Embora o agronegócio não vá repetir o desempenho do ano passado, quando suas exportações cresceram 9,2% em relação a 2003, ele tem uma participação significativa no total das vendas brasileiras ao exterior. Em 2004 ela foi de 40,44%, com um faturamento de US$ 39,016 bilhões. “A previsão é de que os embarques do setor tenham um incremento de 7% em 2005, contra os 9,2% do período anterior”, explica o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. “A se confirmar esse percentual de crescimento, as exportações de produtos agropecuários deverão ficar ao redor de US$ 41,5 bilhões. Com isso, a participação do agronegócio na balança comercial brasileira cairá para 37%.” (Leia as explicações do ministro para a queda na entrevista.) Ao longo dos últimos 15 anos, a participação dos produtos agropecuários nas exportações brasileiras tem girado em torno de 40%. O pico ocorreu em 1995 com 44,88%; e o ponto mais baixo, em 2000 com 37,41%. Em valores absolutos, no entanto, as vendas externas do agronegócio têm acompanhado o crescimento das exportações em geral, passando de US$ 13,921 bilhões em
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Empreendedor Rural – Como era previsto, as exportações brasileiras bateram este ano um recorde histórico ao somar mais de US$ 100 bilhões. Quais as causas desse sucesso? Roberto Rodrigues – Pelas projeções do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações totais brasileiras devem chegar a mais de US$ 112 bilhões neste ano. O agronegócio, que no ano passado respondeu por 40,7% das nossas vendas externas, com faturamento de US$ 39 bilhões, não deve repetir em 2005 o mesmo desempenho de 2004. A previsão é de que os embarques do setor tenham um incremento de 7% em 2005, contra 9,2% do período anterior. A se confirmar esse percentual de crescimento, as exportações de produtos agropecuários deverão ficar ao redor de US$ 41,5 bilhões. Com isso, a par-
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“Desde 2000 pelo menos, o Brasil vem tentando desenvolver uma cultura mais exportadora”, diz. “É uma postura mais ativa, que inclui planejamento, abertura de novos mercados e o cumprimento das exigências dos compradores externos.” O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gilman Viana Rodrigues, enumera mais alguns fatores. “O primeiro é o preço competitivo e o segundo uma crescente conquista de qualidade dos nossos produtos”, explica. “Mas o mais importante é que o Brasil não depende mais de apenas um ou alguns produtos para a exportação. Hoje temos uma gama de produtos expressiva na balança comercial. Agora, por exemplo, o mercado da soja está ruim; o do milho, inexpressivo; o do arroz e o do algodão também não estão bom, mas o do café está bom, assim como o das carnes (bovinas, suínas e de aves), do açúcar e do álcool. Então, a média está ainda maior em resultado e em volume do que no ano passado.” A produtividade da agropecuária brasileira também favorece o bom desempenho das exportações dos produtos agropecuários. “A da soja brasileira é maior que a americana e a do açúcar é a maior do mundo”, informa o
João de Almeida Sampaio Filho: desde 2000 pelo menos, o Brasil vem tentando desenvolver uma cultura mais exportadora
ticipação do agronegócio na balança comercial brasileira cairá para 37%. Rural – Quais os fatores que levaram a essa queda? Rodrigues – A queda no faturamento
“Hoje, temos uma atuação mais proativa nas nossas relações comerciais internacionais” das exportações brasileiras deve-se à retração dos preços das commodities no mercado mundial. A desvalorização das cotações das commodities já era prevista por nós, uma vez que o mercado internacional estava aque-
cido em razão de problemas climáticos que afetaram outros grandes produtores de grãos, especialmente os Estados Unidos, e do aumento da demanda da China por alimentos. Agora, há uma superprodução mundial de grãos, particularmente as culturas de arroz, milho, trigo, algodão e soja. Esse cenário contribuiu para a queda dos preços, sem contar a valorização do real. Rural – Qual a participação do agronegócio nas exportações brasileiras? Rodrigues – Desde que assumi o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, não canso de repetir que o agronegócio é o mais importante setor da economia brasileira. Em 2004, o PIB global do agronegócio foi de R$ 533,98 bilhões, contra R$ 520,68 bilhões de 2003. Guia Empreendedor Rural
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Plantação de soja: a previsão para este ano é de que os embarques somem US$ 8 bilhões, uma redução de US$ 2 bilhões em relação ao ano passado
Já o PIB da agropecuária foi de R$ 160,65 bilhões (R$ 95,43 bilhões da agricultura e R$ 65,22 bilhões da pecuária) no ano passado. Esses vigorosos números demonstram a importância do setor e, conseqüentemente, aparecem com destaque na balança comercial brasileira. No ano passado, as exportações totais brasileiras chegaram a US$ 96,4 bilhões. Desse total, repito, US$ 39 bilhões foram obtidos graças às vendas externas das diferentes cadeias produtivas do agronegócio. Rural – Quais os principais produtos da pauta de exportações do agronegócio brasileiro? Rodrigues – O Brasil ocupa posições invejáveis no ranking global do agronegócio. Além de ser o primeiro produtor e exportador mundial de café, açúcar, álcool e suco de laran-
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vice-presidente da CNA. “A da carne bovina está crescendo e a de frango já é a maior do mundo. Então nós não temos receio de desafios.” O aumento da produtividade da agricultura e da pecuária do país está ligado aos investimentos em tecnologia e à integração das cadeias produtivas realizados nos últimos anos. Os números mostram os resultados dessa política. Segundo Gilman Viana Rodrigues, nos últimos 15 anos a produtividade das lavouras brasileiras cresceu cerca de 80%. Isso se refletiu na produção de grãos, que passou de 56 milhões de toneladas em 1990 para 119 milhões de toneladas no ano passado. Para este ano, a previsão do IBGE, feita em junho, é de que a safra de grãos chegue a 113,744 milhões de toneladas. Apesar do bom desempenho que vem registrando nos últimos anos, o agronegócio do Brasil ainda enfrenta alguns problemas. Um deles é o preço, que, embora competitivo, vem caindo e colocando em risco a lucratividade do setor. “No momento, o preço está sendo conquistado e mantido para preservar a competitividade”, explica Gilman. “Mas chegou a um ponto que começou a entrar
ja, lidera o comércio internacional de soja, carne bovina, frango, tabaco, couro e calçados de couro. São esses os principais produtos da pauta de exportações do agronegócio brasilei-
“Em pouco tempo, o país será o principal pólo mundial de produção de biocombustíveis” ro. Em pouco tempo, indicam as projeções, o país será o principal pólo mundial de produção de biocombustíveis. Arroz, algodão, cacau, castanhas, frutas frescas, feijão, leite e seus derivados, milho, nozes, pesca-
dos, suínos e trigo também são destaques do agronegócio nacional. No ano passado, como já disse antes, as exportações brasileiras do complexo soja (grãos, óleo e farelo) somaram US$ 10 bilhões, representando 36 milhões de toneladas. Já os embarques do setor carnes (bovino, aves e suíno) totalizaram US$ 6,14 bilhões, enquanto os de açúcar alcançaram US$ 2,64 bilhões e os de álcool, US$ 497,7 milhões. As vendas externas de café atingiram US$ 2 bilhões; as de sucos de frutas, US$ 1,14 bilhão; as de produtos de couro, US$ 1,6 bilhão; e as de couro, US$ 1,2 bilhão. Rural – A política externa do atual governo tem contribuído para o aumento das exportações do país? De que forma? Rodrigues – A política externa do
nas margens de renda, por isso prejudica a lucratividade.” Um exemplo dessa situação ocorre com a soja, carrochefe das exportações agrícolas do Brasil no comércio global. A previsão para este ano é de que os embarques de soja somem US$ 8 bilhões, o que representará uma redução de US$ 2 bilhões em relação aos US$ 10 bilhões alcançados no ano passado. As exportações de milho e trigo também devem cair de cerca de US$ 1 bilhão em 2004 para aproximadamente US$ 200 milhões em 2005. O preço obtido pelos produtores brasileiros também sofre a interferência dos subsídios. “A rentabilidade na agropecuária na Europa e nos Estados Unidos é um paraíso, porque é o tesouro daqueles países que paga”, diz o vicepresidente da CNA. Nos Estados Unidos e na União Européia, 40% da receita dos produtores rurais vêm do tesouro. Esse é o melhor dos mundos.” Por isso, ele diz que é fundamental que a Rodada de Doha, que está prevista para ocorrer no final deste ano nessa cidade do Katar, não seja frustrante para que se crie um cenário novo de acesso ao mercado. De acordo com Gilman, como o subsídio elimina os riscos
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tirou o país da defensiva. Hoje, temos uma atuação mais proativa nas nossas relações comerciais internacionais. Tanto é assim que lideramos a criação do G-20, grupo formado pelos países produtores agrícolas, que adotou uma posição mais firme nas defesa conjunta dos seus interesses comerciais nas negociações multilaterais com as economias desenvolvidas. Graças a essa postura brasileira, já estamos obtendo resultados positivos. Recentemente, por exemplo, tivemos duas importantes vitórias nos painéis instaurados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para analisar os subsídios às exportações e os apoios internos concedidos pelos Estados Unidos aos seus cotonicultores e pela União Européia aos produtores de açúcar. Isso comprova que o
de mercado, os produtores europeus e americanos têm uma ousadia enorme de produzir. “Sua receita não corre riscos”, explica. “É o contrário do que acontece no Brasil. Além de ter risco na receita, porque não tem subsídio, as práticas legais da política agrícola brasileira não são aplicadas em tempo hábil. Nós temos o direito de receber do governo aplicações da política agrícola de preço mínimo. Na hora que o preço está abaixo do preço do custo de produção e o governo teria que cumprir a lei – o que não é fazer favor –, o Ministério da Fazenda diz que não tem dinheiro. Isto não é um mundo muito bom para falar em competição.” O Ministério da Fazenda e o governo também não agradam os produtores rurais por causa da política econômica que vêm adotando. Ela prejudica de duas formas o agronegócio. Primeiro pelo baixo crescimento. “Não tem coisa pior para a agricultura do que a estagnação econômica, porque a agricultura é uma geradora de produtos perecíveis e guardá-los significa onerá-los”, diz Gilman. “O que nós queremos é produzir com demandas definidas, internas e externas. Hoje nós estamos crescendo e o mercado consumidor interno não cresce. Isso é ruim.”
protecionismo desequilibra as relações comerciais, prejudicando as economias em desenvolvimento e ameaçando inclusive a democracia. Afinal, essas práticas impedem o crescimento econômico e, conseqüentemente, uma melhor distribuição de renda e uma melhoria na qualidade de vida. Por isso, as decisões da OMC em relação aos contenciosos com os EUA e a União Européia não representam apenas vitórias para o governo brasileiro. Elas também servem como alertas aos países desenvolvidos para que tenham maior compromisso com a erradicação da pobreza e da miséria no planeta. Rural – No que diz respeito ao agronegócio, novos mercados foram conquistados? Quais? Com que produtos? Rodrigues – No atual governo, amGuia Empreendedor Rural
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exportação O outro problema causado à agropecuária pela atual política econômica são os juros. São fatores não-agrícolas, como o aumento da taxa básica de juros, que encarecem a tomada de recursos. O juro agrícola, do crédito rural, que é de 8,75%, atende apenas cerca de 30% da demanda. Então a maior parte dos recursos deve ser buscada no mercado financeiro ou com os fornecedores de insumo, que também cobram juros altos. Isso onera o custo de produção e dos próprios produtos. Sampaio, o presidente da SRB, cita outros gargalos que reduzem a rentabilidade e a competitividade do agronegócio brasileiro. “Um dos principais é o tributário”, diz. “Pagamos muito mais impostos que os produtores de outros países.” Como exemplo, ele cita os defensivos agrícolas. “Enquanto na Argentina os impostos sobre esses produtos são de 11% a 15% e nos Estados Unidos, de 12%, no Brasil eles chegam a 38%.” Os problemas de logística, como falta de infra-estrutura, rodovias ruins e portos caros, também ajudam a reduzir ainda mais o lucro dos produtores rurais. O frete é outro exemplo. “O transporte de uma tonelada de soja da
Armazenagem: os problemas de logística, como falta de infra-estrutura, também ajudam a reduzir ainda mais o lucro dos produtores rurais
pliamos as relações comerciais do Brasil com os mercados do Leste Europeu, da Ásia, do Oriente Médio e da África. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa diretamente desse esforço, liderando missões diplomáticas e comerciais aos países desses blocos. Hoje, exportamos para mais de 200 mercados em todos os continentes. Portanto, temos que procurar incrementar cada vez mais nossas relações comerciais com esses países. Ao mesmo tempo, precisamos passar a exportar produtos com maior valor agregado para aumentar nossas receitas. Nossa estratégia é conquistar e ampliar mercados e passar a exportar mais produtos com valor agregado. Estamos obtendo avanços no comércio internacional, embora nem sempre na velocidade desejada, porque as ne-
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gociações são complexas e precisam de um tempo para se concretizar. Rural – Quais são os produtos emergentes do agronegócio que estão em alta, conquistando novos mercados no exterior? Rodrigues – Em pouco tempo, devemos ser a principal plataforma mundial de produção e exportação de biocombustíveis, principalmente de álcool combustível. O Japão, por exemplo, quer importar o produto brasileiro, assim como outros mercados. O interesse japonês em importar o álcool brasileiro pode representar a abertura de um mercado de 1,8 bilhão de litros por ano para o setor. Em 2003, o governo japonês autorizou a mistura de até 3% de álcool anidro à gasolina usada para
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região produtora até o porto de embarque custa US$ 20 na Argentina e US$ 16 nos Estados Unidos”, diz Sampaio. “No Brasil esse valor chega a US$ 50.” Apesar de todos esses problemas as perspectivas para o agronegócio brasileiro no mercado mundial são das mais promissoras e reconhecidas por especialistas e órgãos internacionais. A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), por exemplo, prevê que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos na próxima década. Essas previsões são baseadas na diversidade da agropecuária brasileira e na área agrícola do país, que, aliás, pode ser ampliada. “A área de plantio do Brasil pode se expandir mais cerca de 90 milhões de hectares sem agredir qualquer reserva da Floresta Amazônica”, calcula Gilman, da CNA. “Ainda pode fazer uma certa pressão na área que hoje é ocupada por pecuária, aumentando outros 30 milhões de hectares, gerando assim mais renda e atraindo investimento em agricultura, em detrimento da pecuária, que vai mantendo o mesmo rebanho com gerenciamento tecnológico.”
movimentar sua frota de veículos automotores. No ano passado, mantivemos reuniões com dirigentes da federação das cooperativas japonesas, a Zen-Noh, para tratar do assunto. Em decorrência desses encontros, estamos desenvolvendo estudos para apoiar a mistura de álcool à gasolina no Japão. Com uma rede de cerca de 5 mil postos de distribuição de combustíveis, a Zen-Noh abastece aproximadamente 5% do mercado do arquipélago japonês, o equivalente a 9,5 bilhões de litros de gasolina por ano. Agora, é preciso entender que essa não é uma negociação que se resolve de uma hora para outra. Até mesmo porque o Japão terá de criar uma infra-estrutura de logística para importação do produto e posterior distribuição. Isso re-
quer portos, navios, caminhões e armazéns. Além disso, o país deve elaborar uma legislação própria para tributar e controlar a qualidade do álcool.
“Nossa estratégia é conquistar e ampliar mercados e passar a exportar mais produtos com valor agregado” Rural – Quais as perspectivas das exportações do agronegócio para os próximos anos? Rodrigues – Recentemente, a Conferência das Nações Unidas para o Co-
mércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgou uma previsão informando que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos na próxima década. No curto prazo, trabalhamos com perspectivas não tão otimistas. Neste ano, devemos ter uma redução no percentual de aumento das exportações do agronegócio. Como já dissemos anteriormente, o incremento nas vendas de produtos agropecuários será de aproximadamente 7%, contra 9,2% de 2004. Depois de quatro anos de forte crescimento, observamos que a partir deste ano alguns fatores foram desfavoráveis e devem contribuir para a redução do ritmo de crescimento de nossas exportações. Dois fatores se destacam nesse cenário: valorização do câmbio e queda de preço dos grãos e oleaginosos (soja). Guia Empreendedor Rural
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exportação
Marca histórica Ultrapassar os US$ 100 bilhões este ano significa consolidar a posição brasileira no mercado externo e ampliar as bases para novos saltos
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Hoje a pauta de exportações brasileiras inclui centenas de produtos, que vão de suco de laranja e leite condensado a automóveis e aviões, passando por sapatos, motores de pistão, celulares e antibióticos. Pode-se dizer que essa grande diversificação é uma das responsáveis pela conquista de novos mercados e pelo aumento das exportações, que poderão ultrapassar neste ano, pela primeira vez na história, a marca de US$ 100 bilhões. O primeiro sinal de que o Brasil alcançaria essa marca histórica apareceu em março, quando foram fechados os números das exportações brasileiras acumuladas nos 12 meses anteriores (março de 2004 a fevereiro de 2005). “Nossas vendas externas chegaram pela primeira vez aos US$ 100 bilhões, batendo a meta estabelecida pelo presidente Lula com dois anos de antecedência”, diz o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho. “Agora, o próximo desafio é chegar aos US$ 112 bilhões no final de 2005 e aos US$ 120 bilhões em 2006.” Pelos últimos dados, pelo menos a meta deste ano será alcançada com facilidade. Em junho o Brasil teve até então o maior saldo comercial (exportações menos importações) da
Ivan Ramalho: o próximo desafio é chegar aos US$ 120 bilhões em 2006
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história, chegando a US$ 4,031 bilhões. Também foi a primeira vez que as exportações em um mês ultrapassaram a marca de US$ 10 bilhões – as vendas externas somaram US$ 10,207 bilhões – e o quarto mês consecutivo em que foram superiores a US$ 9 bilhões. O total das exportações brasileiras no primeiro semestre deste ano chegou a US$ 53,678 bilhões ante US$ 43,307 bilhões em igual período do ano passado. Em julho o país melhorou a performance e dois novos recordes foram batidos. As exportações chegaram a US$ 11,061 bilhões e o superávit da balança comercial foi de US$ 5,011 bilhões. Agora as vendas externas do país neste ano já somam US$ 64,738 bilhões, ou 23,8% a mais que em igual período de 2004. O maior aumento nas exportações ocorreu com os chamados produtos básicos, como minérios, carnes e produtos agrícolas, que cresceram 45,1% em relação a julho do ano passado. Diante desse desempenho, o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gilman Viana Rodrigues, não tem dúvida de que o Brasil ultrapassará os US$ 100 bilhões em vendas externas. Ele baseia seu otimismo em dois fatores. “Além das exportações terem fechado o primeiro semestre com mais de US$ 50 bilhões, a soja, que é um produto importante no agronegócio, embora esteja com um preço ruim, ainda não atingiu seu maior período de exportações, que sempre é no segundo semestre”, explica Rodrigues. “Não há nada que nos leve a pensar que a marca dos US$ 100 bilhões em vendas externas não venha a ser ultrapassada.” Para Ramalho, do MDIC, também não faltam motivos para otimismo. Segundo ele, as exportações brasileiras vêm se beneficiando de uma conjunção de fatores externos, a começar pelo crescimento da economia mundial, que deve continuar se expandindo neste ano em cerca de 4,4%. China, Rússia, Argentina, México e Chile, importantes parceiros comerciais do Brasil, têm boas expectativas de expansão, o que deverá ampliar a demanda por produtos brasileiros neste ano.
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Clima favorece o algodão O resultado alcança o padrão graças à chuva da Bahia
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Há vinte anos produzindo soja, milho e arroz na cidade de São Desidério, no oeste da Bahia, o produtor paranaense Walter Yukio Horita decidiu investir na lavoura de algodão há seis anos e está exportando desde 2002. O que começou com 2,2 mil hectares em 2000 passou para 3,6 mil no ano seguinte, 5 mil em 2002 e 6,3 mil em 2003. Hoje a lavoura de algodão ocupa 14 mil dos 26 mil hectares das oito fazendas que Horita possui em sociedade com três irmãos. Eles são considerados os maiores produtores da região e um dos dez maiores do país. Horita, que é também presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão, afirma que tamanho investimento na cultura de algodão se deu porque ela agrega mais valor do que a da soja, produto tradicional das lavouras dessa região. Ele explica ainda que a cultura adaptou-se bem ao oeste da Bahia por causa do clima de cerrado, que tem uma estação de chuvas bem-definida com volume estável. “Estas características são benéficas ao algodão e fazem com que a produção atinja facilmente o padrão de exportação”, diz Horita.
No ano passado, das 300 mil toneladas que produziu, 100 mil foram para o mercado externo, a uma cotação de U$ 1.100 por tonelada. Os principais mercados compradores são indústrias têxteis e de fios e tecidos de países como Suíça, Coréia do Sul, Indonésia e Argentina. Neste ano, Horita pretende aumentar o volume de exportações para 60% do total da produção. Segundo o empresário, a cultura do algodão foi levada do Mato Grosso, maior produtor nacional, para o oeste da Bahia. Adaptou-se tão bem a essa região que, no ano passado, o Estado foi o segundo em volume de produção no país e, relativamente, tornou-se o maior exportador. No oeste da Bahia, estão quase 90% dos 250 mil hectares plantados no Estado, que deve produzir neste ano 870 mil toneladas. Há seis anos a produção baiana era de 132,6 mil toneladas colhidas em 55,9 mil hectares. O crescimento foi impulsionado pelo governo do Estado, que renunciou a 50% do ICMS sobre o produto. No PIB baiano, de R$ 16 bilhões, o agronegócio do algodão participa hoje com R$ 1 bilhão.
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Café para o mundo
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Os estrangeiros estão acostumados ao sabor e ao aroma do cerrado
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A região do cerrado mineiro produz café há pelo menos 30 anos, mas foi na década de 90 que começou a despontar como área exportadora de tipos especiais, segmento valorizado pelo selo de origem, pela produção orgânica e pela aromatização. As associações do setor foram posicionando o produto diferenciado no mercado mundial e hoje ele é reconhecido como um dos melhores do mundo. A qualidade está associada ao clima privilegiado da região. Ao todo são 55 municípios produtores, localizados em uma altitude média de mil metros, com insolação bem-distribuida durante todo o ano e topografia favorável à mecanização da lavoura. Altitude, temperatura e distribuíção de chuvas garantem um sabor único ao resultado final. O sucesso das exportações deve-se à conscientização dos cafeicultores de se organizarem em associações e investirem para agregar valor ao produto. Em meados dos anos 90, foi criada a marca Café do Cerrado, registrada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária para identificar o café produzido pelos cerca de 3.500 cafeicultores da região. A iniciativa foi de alguns produtores que perceberam que, no exterior, seu produto já era vendido há anos como “café do cerrado” por causa da qualidade diferenciada das safras dessa região. Segundo o gerente comercial da Cooperativa de Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer), André Gomes, ano a ano aumentam as exportações do café especial. Fundada em 1993, a Expocaccer reúne 200 dos maiores produtores do cerrado mineiro, e é responsável pela armazenagem, pelo “rebenefício”, pela comercialização interna e, desde 1998, pela exportação do café dos associados. Em 2003, a empresa comercializou 380 mil sacas, das quais exportou 60 mil, sendo 20 mil de café especial. Em 2004, foram 500 mil sacas, o volume de exportações subiu para 100 mil e aumentou também a venda de café especial em 50%, para 40 mil sacas. Neste ano, o crescimento não deverá ser tão significativo, pois uma estiagem em março diminuiu em 30% as expectativas para a safra. O esperado agora é que a produção dos membros da Expocaccer fique entre 550 mil e 600 mil sacas, das quais 150 mil devem ser exportadas, sendo 60 mil de café especial. Os principais mercados da empresa para os tipos especiais são a União Européia, o Japão e a Coréia do Sul. Já os cafés comerciais vão principalmente para os Estados Unidos. Desde abril deste ano, os cafeicultores podem qualificar sua produção a receber um código de barras para permitir a rastreabilidade de origem. A região demarcada como produtora de Café do Cerrado é a primeira área de cafeicultura a conquistar esse tipo de certificação em todo o mundo. Através do novo sistema, o consumidor terá à disposição informações como a localização da lavoura, o clima, a época do plantio, a colheita e os produtos utilizados.
A mutação dos ovos Em pó ou líquido, crescem as vendas para a indústria alimentícia
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Fabricados principalmente para facilitar o trabalho das indústrias alimentícias, os produtos de ovos, em pó ou líquidos, estão sendo cada vez mais exportados por empresas brasileiras. Uma das principais nesse setor é a Sohovos, localizada na cidade de Sorocaba, em São Paulo. Há 30 anos no mercado, a empresa é pioneira na fabricação em larga escala desses produtos no Brasil, sendo responsável por 60% das 20 mil toneladas de ovo líquido que o país industrializa por ano. Todo mês, a fábrica recebe 36 milhões de ovos para processar, pasteurizar e fornecer às indústrias nas mesclas solicitadas. Existem várias solicitações possíveis, como o ovo integral com clara e gema, mesclas com mais clara ou com mais gema, só a gema, ou só a clara. No caso do ovo em pó, há ainda mais uma fase de industrialização, que é a desidratação em torres de secagem. Além das indústrias alimentícias – de massas, maionese, bolos e biscoitos, por exemplo –, são clientes também os setores de produtos cosméticos, farmacêuticos e de suplementos alimentares. Nos últimos três anos, as vendas da Sohovos no mercado interno cresceram apenas 3%, mas as exportações aumentaram cerca de 20%. Segundo o empresário Vladimir Zacharias, proprietário da Sohovos, o ovo em pó é o mais aceito no exterior por ter maior consumo e frete mais barato – o transporte do ovo congelado é mais caro porque é feito em contêineres refrigerados a - 25ºC. “O ovo em pó integral, que é aquele na proporção natural de clara e gema, é uma commodity de muito consumo, tem grande volume de exportação”, diz. Além do Japão, que é o maior importador mundial, a Sohovos também exporta para a Argentina, a Colômbia, a Venezuela, o Peru, a União Européia e a Rússia, tendo como principais compradores as indústrias alimentícias. Em 2003, a empresa exportou U$ 10 milhões em produtos de ovos. No ano passado, este faturamento cresceu para U$ 14 milhões. Do volume exportado, 60% é ovo em pó e 40%, ovo congelado. Para 2005, no entanto, a expectativa é de que não haja crescimento na rentabilidade ou que se mantenha a mesma taxa de 2004. “Este
ano fomos prejudicados pelas variações do dólar. Vou me dar por satisfeito se tivermos um crescimento equivalente ao do ano passado”, diz Zacharias. Para o empresário, o segredo do sucesso nas exportações está em desenvolver constantemente a qualidade do produto. “Hoje, a combinação imprescindível para exportar é preço e qualidade. A Sohovos, por exemplo, só exporta ovos em pó para o Japão porque tem uma torre de secagem com um sistema que evita a mistura de impurezas no produto final.” Segundo Zacharias, a competitividade brasileira no exterior no setor de ovos pode ser comparada à do setor de frangos. “Ambos os produtos são influenciados pela cadeia de custo do componente animal, que tem como principal item a ração do frango. O Brasil tem ração em abundância, além de elevada quantidade de galinhas de postura, um verão muito grande e mão-de-obra barata, tudo isso faz parte do preço.” Apesar do baixo crescimento das exportações ocorrido neste ano, a expectativa do empresário para o futuro é positiva. “A vocação do Brasil é ser um grande exportador de ovos.” Guia Empreendedor Rural
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biotecnologia software BMF
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A reforma da
natureza
O Brasil possui potencial, ferramentas e experiĂŞncia para deslanchar com produtos rurais modificados pela ciĂŞncia Por Fernanda Martorano Foto Grupo Keystone
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o biotecnologia
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O cenário era desalentador. Vinte anos atrás, engenheiros e pesquisadores se amontoavam em pequenos laboratórios, debruçados sobre teorias e projetos pouco valorizados no meio acadêmico e científico. Cerca de 120 patentes eram registradas a cada ano. Naquela época, para quem desejava viver da biotecnologia no Brasil, mudar de país representava mais do que uma necessidade. Os anos passaram e essa mesma geração de pesquisadores estaria de volta para construir e fomentar, de fato, um novo panorama científico. Hoje, a biotecnologia nacional demonstra que tem ferramentas e potencial para crescer. A começar pelo agronegócio – um dos maiores provedores da economia nacional. “Só dá para ganhar dinheiro com biotecnologia direcionada ao agribusiness aqui no Brasil”, diz o pesquisador Fábio Diogo, vice-presidente do Grupo Genoa – empresa privada de biotecnologia formada por cientistas brasileiros. Há três anos no mercado, o grupo ganhou destaque internacional por ser a primeira empresa do mundo a desenvolver marcadores genéticos para o zebuíno – a raça bovina que corresponde a mais de 75% do total do rebanho nacional. A técnica pode servir, por exemplo, para mapear certos tipos de doenças virais do gado. Mês passado, a empresa assinou um acordo de cooperação científica com a Universidade de Alberta, no Canadá, para o programa Beef Genomics Initiative. Além do Brasil e do
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Canadá, participam centros de pesquisa dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e da Austrália. Para os cientistas, a produção pecuária no Brasil começa um novo ciclo por conta da biotecnologia. “A vaca nelore de hoje (uma das mais valorizadas nos leilões de gado) é muito melhor do que era 100 anos atrás: mais robusta, de carne mais macia. Agora, com a supervalorização do gado de elite e com o incremento de nossas exportações, o melhoramento genético será sempre esperado”, analisa o empresário. Ainda não está disponível no mercado nenhum produto animal brasileiro de origem transgênica – apenas produtos melhorados pela metodologia clássica. Na agricultura, porém, a transgenia já chegou e ganha cada vez mais espaço nos centros de pesquisa. O Brasil é o quarto país que mais cultiva plantas geneticamente modificadas (OGMs) – os Estados Unidos são os campeões, seguidos pela Argentina e pelo Canadá. O carro-chefe, atualmente, é a soja transgênica – único alimento regulamentado para exportação resistente a herbicidas e com menos quantidade de agrotóxicos. Com o decreto do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 2003, autorizando o plantio e o comércio do produto, o país passou de 15 milhões de toneladas de grãos na safra 2000/2001 para mais de 20 milhões na safra 2003/2004. Já foi aprovada no Congresso Nacional a nova Lei de
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Biossegurança, que legaliza a pesquisa com células-tronco, além da pesquisa, do plantio e da comercialização de outros OGMs. A condição para isso é que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) e um conselho formado por 11 ministros participem diretamente das decisões. A aprovação da nova lei soou como um alívio para boa parte dos pesquisadores. O engenheiro de alimentos Edson Watanabe lembra que a pesquisa dos OGMs andava a passos muito lentos: “Os projetos poderiam estar bem mais adiantados. A maioria deles, por causa de tantos requisitos, teve o andamento comprometido.” Para Fábio Diogo, a lei trouxe o fundamental: o direito de pesquisar. “Pelo menos nós podemos testar. Antes, nem isso era possível.” A pesquisadora da Embrapa Eliana Fontes observa que a legislação superou aspectos demasiadamente burocráticos da área, mas dificultou a questão administrativa. “A nova proposta deixou mais fácil os trâmites da pesquisa, que ganharam mais agilidade para fazer os produtos chegarem ao mercado. No entanto, a composição da CNTBio me preocupa um pouco por ser formada por especialistas de diversos setores. A tomada de uma decisão sobre uma pesquisa deveria ser meramente científica. Posteriormente, depois dela ser desenvolvida e aprimorada, os outros interesses entrariam em cena”, explica. A redução dos custos, o aumento da flexibilidade no manejo das culturas e o incremento dos rendimentos estão entre os grandes benefícios dos OGMs, na visão dos produtores. Estudos econômicos mostram que o barateamento desses produtos pode ser, para os consumidores, de até 4%. Para muitos agricultores de países em desenvolvimento, representam uma grande esperança, pois são vistos como uma forma de combate à fome. A tese vai ao encontro das idéias defendidas pela Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO). No relatório do ano passado, a FAO divulgou um documento defendendo a adoção de alimentos transgênicos como uma eficaz ferramenta contra a pobreza, contrariando as teorias que relacionam o problema da fome à má-distribuição, e não à escassez. Apesar de sustentar que pouco se conhecia sobre os efeitos a longo prazo da ingestão de transgênicos, o texto afirmava que “a maioria dos cientistas concordava que os atuais cultivos de transgênicos e seus alimen-
Fábio Diogo, vice-presidente do Grupo Genoa, empresa pioneira no desenvolvimento de marcadores genéticos para o zebuíno
tos derivados eram seguros para comer” . A segurança é uma questão central para a liberação das pesquisas, do comércio e do consumo dos OGMs. O pesquisador Edson Watanabe, que também é especialista em biossegurança alimentar, destaca que os produtos têm um controle rígido nas unidades de pesquisa. “A transgenia é um processo mais controlado do que os métodos convencionais de biotecnologia. Isso porque você sabe exatamente quais genes estará transferindo de um organismo para outro. Já sabemos o papel que ele vai desempenhar. No método convencional, isso só será conhecido depois, por tentativa e erro”, diz Watanabe. Os opositores dos alimentos transgênicos sustentam que ainda não existem estudos suficientes de impacto ambiental. Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos, as pragas e as ervas daninhas poderiam desenvolver resistência, tornando-se superpragas ou superervas. Isso exporia as plantações a maiores quantidades de veneno e, conseqüentemente de substâncias tóxicas aos alimentos. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é contra os transgênicos, por faltarem pesquisas científicas independentes que demonstrem que os OGMs são inócuos. Outro argumento das en-
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Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos, as pragas e as ervas daninhas poderiam se desenvolver
tidades alternativas é a possibilidade de aumentarem as alergias e a resistência a determinados antibióticos. Para o engenheiro agrônomo e especialista em genética Warwick Estevan Kerr, as experiências científicas apresentam riscos naturais. “Cada vez que tentamos melhorar alguma coisa, temos sucesso ou não, por isso é normal ter cautela. O problema é se entregar às mentiras que existem, muitas delas alimentadas por uma filosofia errada. Há pessoas que põem na cabeça que devem ser contra os transgênicos e pronto”, pondera o pesquisador de 83 anos. Watanabe concorda: “A oposição aos transgênicos revela-se, principalmente, uma questão ideológica”. A pesquisadora Eliana Fontes reforça a importância de investir em novas tecnologias, principalmente no Brasil. “As novas ferramentas da biotecnologia, sendo a transgenia ou não, promovem um melhoramento incrível dos produtos. É preciso entender que estamos tratando de um importante componente de nosso PIB, o agronegócio”, diz. Quando o assunto é investimento e pesquisa no país, porém, as deficiências tornam-se mais aparentes e engessam o crescimento na área. Boa parte dos estudos está baseada em universidades, órgãos de fomento e empresas privadas – onde pesquisadores de diversas áreas se aglutinam e elaboram projetos
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paralelos. Hoje, o número de patentes registradas no Brasil – cerca de 300 por ano – não chega nem perto do índice de países como a Coréia do Sul – mais de 2 mil –, tampouco se aproxima ao dos Estados Unidos – com quase 20 mil por ano. Reflexo disso é o baixo número de doutores formados nas instituições de ensino. Segundo um levantamento recente, 78% dos doutores nos Estados Unidos são absorvidos pelo mercado de trabalho do país. Na Europa, o índice ficou perto de 77%. No Brasil, ele é de aproximadamente 15%. Outro problema crônico atinge os grandes centros de pesquisas nacionais: os impostos. “É um inibidor de crescimento tradicional. Para importar uma centrífuga, por exemplo, que é um equipamento indispensável nos laboratórios de genética, pagamos quase o mesmo imposto da importação de um carro – cerca de 60%”, analisa o vice-presidente do Genoa. Para ele, a criatividade é uma saída clássica: “O brasileiro é criativo e não se deixa desanimar pelo modelo econômico. Acabamos conseguindo nos sintonizar nas novidades”. Não por menos muitos cientistas continuam a sair do Brasil à procura de países onde existam políticas de estado bem definidas para a pesquisa. “O mercado europeu e americano nos traz propostas irrecusáveis.”
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A invasão dos projetos Pesquisar e criar planos de ação para empreender são decisivos para a biotecnologia intensificar o agronegócio no Brasil
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A redução das fronteiras agrícolas, o crescimento da população e o acirramento da concorrência mundial exigem mais do que a simples profissionalização da empresa rural. A gestão de excelência é um dos pré-requisitos da agricultura desde a década de 80, e a essa competência básica soma-se agora, no século XXI, o investimento em informação e pesquisa, além de uma mente aberta a aceitar inovações. A biotecnologia é ferramenta do campo há décadas. As pesquisas ganharam fôlego com o conhecimento da estrutura do DNA, há 50 anos, até chegarem, por exemplo, ao melhoramento genético convencional, via cruzamento e seleção, e à inseminação artificial. Essas práticas já difundidas hoje são fundamentais até mesmo nas pesquisas envolvendo o genoma e sua aplicação para a agropecuária, fase recente da evolução biotecnológica voltada ao meio rural. Alguns pesquisadores defendem que o melhoramento em campo é ferramenta indispensável na tentativa de detectar o que faz e em que auxilia cada informação do DNA seqüenciado, sem falar no alcance que tem para produtores de todos níveis, principalmente os de pequeno e médio porte. Em muitos casos, a introdução de uma cultivar melhorada alavanca os ganhos de produtividade e de qualidade, permitindo o planejamento de médio e longo prazo da lavoura e encerrando ciclos contínuos de prejuízos.
PESQUISA X PRECONCEITO A demonização dos transgênicos no Brasil – evidenciada pelo caso da soja –, desde o meio da década de 90, criou restrições por vezes absurdas aos pesquisadores, contendo os avanços nacionais da pesquisa sobre alteração genética de organismos.
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Por Cássio Turra
Mas ainda assim a ciência anda rápido. Depois do seqüenciamento do genoma de diversas plantas e animais, é hora de saber para que serve cada informação do DNA, ou seja, os pesquisadores precisam determinar que tipo de qualidade está associada a cada gene. Aí as possibilidades são infinitas. Dessa sopa de letras podem surgir desde soluções para centenas de doenças que atacam as plantações até novos produtos com qualidade e funcionalidade diferenciadas. As pesquisas no Brasil, feitas em universidades e centros públicos e privados, apontam para a solução de problemas práticos dos produtores e da agroindústria, que afetam a sanidade financeira dos empreendimentos e desestabilizam a macroeconomia. São variedades resistentes a determinadas doenças ou com diferenciais nutritivos e valor agregado, entre outras vantagens. A pecuária também vive mudanças, representadas principalmente pelo trabalho que resultou, em 2001, no primeiro clone bovino da América Latina, a fêmea da raça Simental denominada Vitória da Embrapa. O estudo de ponta ampliou a tecnologia em outras frentes e esses conhecimentos começam a chegar aos criadores por meio de laboratórios credenciados à Embrapa. É claro que muitos projetos vivem com carência financeira, mas estudos de porte já são viabilizados por iniciativas individuais e, em grande parte, por parcerias entre centros públicos e privados de pesquisa. No ano passado foi seqüenciado o genoma do café. Neste ano, em julho, os pesquisadores anunciaram o mapeamento do genoma da banana. E, assim, os resultados continuam aparecendo. O sucesso dessas incursões também motivou associações de produtores e de indústrias em todo o país a despertarem para a biotecnologia. Hoje há exemplos de cooperativas e outras organizações que investem parte ex-
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As pesquisas ganharam fôlego com o conhecimento da estrutura do DNA e chegaram ao melhoramento genético
pressiva do faturamento em ciência aplicada ao agribusiness. Na prática, são mais de mil projetos apontando soluções viáveis de produtividade e qualidade para a laranja, a banana, o mamão, a cana, o eucalipto, o feijão, a soja, o trigo, os suínos, os bovinos e as aves, entre outras iniciativas. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Biotecnologia (Abrabi), existem hoje cerca de 2 mil grupos de pesquisa se dedicando a atividades nessa área, e 199 centros são certificados pelo CNTBio.
DESINFORMAÇÃO A biotecnologia aplicada à agricultura e à pecuária tem um uso tão diverso quanto polêmico. Para piorar, a difusão de informações pouco especializadas a respeito dos transgênicos transformou em amontoados de amenidades os discursos de grupos favoráveis e contrários à
biotecnologia no campo. O que muitos não entendem é que a biotecnologia é um conceito maior que a transgenia, anterior a ela. “A partir do momento que você começa a manipular as culturas isso é biotecnologia. Agora, pela transgenia, a ciência chegou à identificação e à troca de pedaços do DNA da planta”, simplifica o pesquisador da Embrapa Hortaliças Francisco Vilela Resende. Para ele, o que importa é que o produtor tenha acesso a esses dados, dos mais simples aos mais avançados, e melhore seus resultados e os produtos que entrega ao mercado. Uma das ações decisivas para o acesso aos produtos da biotecnologia foi a instalação, em diversos Estados, de inúmeras empresas de micropropagação de mudas e sementes sadias certificadas. A Embrapa e várias empresas privadas participam de parcerias em que fornecem a tecnologia, reproduzida em larga escala, para os produGuia Empreendedor Rural
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exportação biotecnologia tores. O crescimento desse mercado tem influência direta sobre a qualidade das lavouras em diversas culturas, principalmente no que diz respeito à sanidade das plantas e à produtividade. Nos grãos, a parceria entre produtores de sementes, Embrapa, universidades e centros privados é fundamental para a recuperação do setor depois dos problemas gerados pela soja transgênica contrabandeada, que desequilibrou o mercado de sementes, principalmente no Rio Grande do Sul. As mudanças na legislação e o trabalho integrado dos produtores de sementes, que há mais de cinco anos se organizaram e firmaram convênios com cen-
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juntas na área de melhoramento genético vegetal, ampliando a transferência dos avanços tecnológicos aos agricultores. Ex-chefe geral da Embrapa Trigo – Centro Nacional de Pesquisa do Trigo –, de Passo Fundo (RS), o pesquisador Benami Bacaltchuk observa que a apropriação positiva da biotecnologia há tempo auxilia o trabalho dos empreendedores rurais e, em conseqüência, melhora a qualidade e a segurança da produção do campo. “Em 1990, quando foi identificado o cancro da haste e a podridão parda (na soja), as pesquisas permitiram a substituição de toda base genética de resistência convencional em cinco anos. O nematóide de cisto dizimou a soja no Brasil central, e a inclusão da biotecnologia nesse problema nos faz hoje não ter mais esse fator como limitante. Tudo isso é manipulação envolvendo a genética”, defende. O tomate longa-vida, por exemplo, é um híbrido convencional que teve incorporadas certas características, que deram ao produto uma película externa mais dura e, portanto, mais resistente. Isso teve grande influência na diminuição da perda dos produtores e no aumento do valor do produto. A principal mudança na inserção das técnicas avançadas, segundo Bacaltchuk, está na velocidade e na amplitude das respostas da Técnica da Embrapa acompanha desenvolvimento de feijão transgênico biotecnologia aos problemas e desafios apresentados pelo campo. tros de pesquisa, ampliaram as chances dos agricultores “Há três anos a ferrugem passou a ser uma preocupação adquirirem sementes legalizadas. para a soja e já temos indicadores de que em cinco ou O movimento começou em 1997, com o Programa seis anos poderemos ter uma solução definitiva. No pasIntegrado de Pesquisa e Desenvolvimento, Produção e sado seriam necessários de 12 a 20 anos para resolver”, Marketing em Sementes (Pró-Sementes/RS), transformaenfatiza. E, na outra ponta, a chegada das tecnologias do depois na Fundação Pró-Sementes, que congrega 39 ao produtor também foi abreviada. “Hoje a genética é empresas de sementes do Estado e a Associação dos Promais barata do que a geração de uma nova família químidutores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Granca para controle de doenças. Além de outros aspectos, a de do Sul (Apassul). O objetivo é promover ações contransgenia permite um cuidado maior. É possível dese-
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nhar o crescimento biológico.” Alguns trabalhos comprovam essa rapidez. Os grupos que iniciaram a pesquisa em transgenia no Brasil pensavam nos resultados em décadas. Alcançaram em anos. Bacaltchuk avalia que, ao mesmo tempo, a velocidade com que a iniciativa privada, principalmente estrangeira, alcança resultados em pesquisa também é maior. Ele adverte que o país pode ficar fora desse processo se não houver mais investimentos e menos burocracia.
PRODUTOR PODE LUCRAR Prospectar gens é uma realidade distante dos produtores. Custa caro, mas não é impossível utilizar tecnologias descobertas por centros avançados de pesquisa. Embrapa e CTC são exemplos de instituições que podem gerar e difundir conhecimentos vinculados diretamente ao genoma. O engenheiro agrônomo José Maria da Silveira, doutor em economia pela Unicamp e integrante do Conselho de Informações em Biotecnologia (CIB), define a transgenia como estratégia bem-sucedida da biotecnologia para o campo. “Ela encurta o caminho do melhoramento genético, introduzindo características simples, monofatoriais, que geram um produto bem-definido”, diz. Ele lembra que há um pequeno número de eventos relacionados à transgenia aprovados no mundo, mas mais de 70 novidades estão na boca do forno. O especialista acredita no potencial da transgenia para os empreendedores, principalmente na redução de custos pela menor aplicação de inseticidas e fungicidas, simplificação do manejo e redução dos riscos da lavoura. Silveira considera que a transferência de tecnologia entre a pesquisa e os produtores no Brasil já é mais ágil. Para ele, isso deve-se a três fatores: a organização da indústria de sementes – afetada pelo episódio dos transgênicos, mas em processo de recuperação –, o excelente banco de informações genéticas e a competência dos melhoristas. Em alguns casos, como nos cítricos, na cana e na banana, a atuação de empresas de propagação de mudas e matrizes significa um mercado de transferência de tecnologia potencial e ainda pouco focado pelas multinacionais. “Com a biotecnologia, o agricultor vai poder diferenciar produtos no campo”, afirma.
Benami Bacaltchuk: biotecnologia é alternativa para melhorar a qualidade e a segurança da produção do campo
Hoje, no Brasil, a disponibilidade comercial de variedades transgênicas restringe-se à soja e ao algodão. Dentro de algum tempo teremos os cítricos, a cana, a banana, o mamão, o fumo, o milho e mais variedades de soja, entre outras dezenas de possibilidades. Ele também ressalta a importância da biotecnologia, que não está na transgenia, mas na micropropagação de bulbos certificados de batata e de alho; nos trabalhos de fixação biológica de nitrogênio (FBN) através de rizóbios, no feijão, e de azospirillum, na cana; e na produção de tipos diferenciados de flores dentro da mesma espécie. “Tudo isso tem um forte impacto econômico para os produtores, porque é relativamente simples e tem custo baixo em relação a outras tecnologias”, diz. Silveira observa que a simplificação das técnicas melhorou a condição do pequeno e médio empreendedor rural e que elas, em muitos casos, são mais eficientes que os transgênicos. “Um exemplo disso é o impacto da adoção do algodão BT em lavouras de diferentes condições de clima e solo: ele pode ser muito grande em determinada região que sofre com a incidência de uma doença e pouco vantajoso em outras que exigem cuidados quanto a problemas diferentes”, explica.
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exportação biotecnologia PEQUENOS EMPREENDEDORES Os pequenos e médios empreendedores do campo também desfrutam das benesses da biotecnologia. A necessidade econômico-social de dar sustentabilidade às pequenas propriedades motivou estudos aprofundados, em grande parte dentro de universidades, de unidades regionais de desenvolvimento agrário e da Embrapa. Apesar de certos focos de resistência, os pequenos também sentiram a necessidade de ampliar o leque de conhecimentos e voltaram-se para a pesquisa. Soluções simples vindas dos laboratórios já resolvem grandes problemas, inserindo novamente essas empresas rurais no mercado. O problema aqui também é a limitação dos investimentos. A possível solução paraisso está nas associações produtivas, que dão capacidade de aportar recursos em parcerias de pesquisa e aquisição de tecnologia. “Um produtor sozinho não custeará esse trabalho. Mas vários sim, e aí está a saída para desenvolvimento e acesso à tecnologia diferenciada”, afirma o Ph.D. em genética molecular Marcelo Menossi. Porém, essa tarefa não é tão simples no cenário predador do mercado da biotecnologia, dominado por grandes empresas e que tende à concentração das descobertas, principalmente nos produtos mais visados pelo mercado mundial. A postura de busca da tecnologia ao menos garante, a médio prazo, melhores condições de competição e ganhos mais elevados. A China está prestes a exportar o arroz geneticamente modificado. EUA e Canadá já detêm conhecimentos avançados. Vários países europeus exportam tecnologia em diversas áreas. O Brasil, apesar da ampliação da pesquisa genômica em algumas áreas, como nos bovinos e nas culturas de laranja e café, ainda engatinha no setor se comparado às nações que investem pesadas somas em pesquisa. Na transgenia, os melhores resultados surgem da interação entre pesquisa pública e privada. São iniciativas alavancadas a partir de convênios entre empresas de pesquisa e centros de pesquisa nacionais, como a Embrapa e a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec). Na pecuária, o modelo de parcerias rende frutos, como a Rede PIVE de laboratórios, estabelecida entre a Embrapa e empresas de tecnologia do segmento. A expectativa é de que essa estrutura acelere e amplie o alcance dos produtores às pesquisas biotecnológicas com bovinos.
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O QUE A PESQUISA PODE COLOCAR NO CAMPO... 3Banana resistente à sigatoca e
aos fungos, a principal dor de cabeça dos produtores. Isso reduziria as perdas na lavoura e no póscolheita.
3Laranja resistente ao cancro cí-
trico.
3Ainda
nos laranjais, o conhecimento do genoma da bactéria causadora do amarelinho, que, além dos estudos na cultura da laranja, levou a novas pesquisas com a introdução na cultura da cana-de-açúcar.
3Feijão resistente a vírus e inse-
tos, que resulta em menos prejuízos na produção e tem melhor qualidade protéica.
3Soja
com melhor qualidade protéica e melhor qualidade de óleo.
3Cana-de-açúcar mais resistente e
com inúmeras possibilidades de aplicações comerciais, entre elas até propriedades farmacológicas e de vitaminas.
3Eucalipto
lose.
que produz mais celu-
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O genoma da cana
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Centenas de pesquisadores brasileiros atuaram nos projetos do genoma da cana e muitos deles hoje buscam aplicações para seu uso em campo, distribuídos principalmente em universidades e centros de pesquisa privados ou financiados pela iniciativa privada. Depois de um trabalho árduo iniciado em 1999, na Unicamp, e espalhado por diversos núcleos, o seqüenciamento do DNA foi concluído há dois anos e o próximo passo é verificar como melhorar a cana para suas diversas aplicações. Boa parte dos especialistas nessa área acredita que a viabilidade comercial dessas variedades está próxima, contudo é preciso manter e ampliar investimentos em pesquisa e, é claro, integrar o setor sucroalcooleiro para associações direcionadas a aplicar esses recursos em projetos que beneficiem os produtores. Os melhoramentos convencionais já fizeram muito pela cultura, mas a promessa da genética é ainda mais tentadora, apesar de mais cara. A criação do Centro de Tecnologia Canaviera (CTC), há um ano, em Piracicaba, foi uma das ações que deu novas possibilidades à difusão do conhecimento entre os produtores. Ele é o sucessor do Centro de Tecnologia
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Acesso à pesquisa aponta para mudanças
Copersucar, até então mantido pela Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool de São Paulo (Copersucar), responsável por cerca de 20% da cana processada no Brasil. Hoje funciona como um núcleo privado de pesquisas em cana-de-açúcar mantido por indústrias e produtores associados (112), e que têm acesso ao que é desenvolvido. Toda a tecnologia produzida anteriormente foi transferida, inclusive aquela responsável por 50% da cana plantada hoje no país. A nova configuração facilitou a aproximação, via associações, dos produtores de cana, que recebem as novidades no mesmo momento em que a indústria. “Esse acesso dos plantadores é recente e as mudanças na lavoura são mais lentas do que na indústria, então os resultados virão nas próximas safras. Mas é um investimento fundamental para a sobrevivência no setor”, defende o diretor do CTC, Tadeu Andrade. Para Andrade, os avanços significativos alcançados pelos pesquisadores brasileiros até agora e o ingresso de grupos multinacionais no país para explorar o setor da cana deveriam motivar investimentos mais pesados em
tecnologia por parte da cadeia produtiva nacional. O CTC reúne 90 das 320 indústrias de cana brasileiras. “Muitos ainda não viram que o álcool como commodity traz novas possibilidades de ganhos, mas também desafios. E isso vale para outras aplicações da cana. Nesse processo, destinar recursos à pesquisa fará diferença. Quem deixar isso de lado poderá ficar de fora do mercado”, prevê.
LINHA DE FRENTE Com a Lei de Biossegurança aprovada, o CTC solicitou à CTNBio autorização para realizar experiências. Os primeiros testes mostram plantas com maior teor de açúcar e os resultados são considerados interessantes. Em outra frente, a CTNBio liberou testes com uma variedade de cana-de-açúcar resistente ao mosaico. O produto foi desenvolvido pela Alellyx Applied Genomics, empresa de pesquisa e desenvolvimento em genômica aplicada, por pesquisadores que já participavam dos programas brasileiros na área. O produto foi feito para clientes de uma empresa também envolvida no projeto do genoma da cana e apoiada pelo grupo Votorantim, um dos financiadores, junto com outros grupos. Todas essas empresas, inclusive o CTC, estavam direta ou indiretamente ligadas ao Projeto Genoma e hoje se esforçam para ampliar ainda mais o conhecimento brasileiro sobre a cultura. O professor da Unicamp Marcelo Menossi, Ph.D. em genética molecular, trabalha em um projeto de melhoramento de cana-deaçúcar financiado por uma usina de álcool de Lucélia (em São Paulo) e pelo CTC. “Agora o objetivo é relacionar função ao genoma. Queremos saber quais genes estão associados à produção de mais sacarose. Existem muitos estudos em andamento”, explica. O investimento na pesquisa foi de pouco mais de R$ 1,4 milhão. “Há uma tendência de colocar os centros de pesquisa focados em qual produto deve ser desenvolvido ou qual problema precisa ser resolvido. E se os bons pesquisadores se aproximarem das empresas e dos produtores, alcançaremos resultados com maior rapidez e eficiência”, diz Menossi. Para ele, a ligação entre pesquisadores de tradição e o setor privado melhora as chances de haver bons resultados nos estudos e a percepção da aplicabilidade das tecnologias desenvolvidas anima as empresas, que vêem nos balanços o impacto positivo do trabalho com a biotecnologia. “Em pesquisa o resultado é incerto e é experimentando que obtemos resultados. A área de biotecnologia é uma evolução natural dentro da genética e precisamos dominar esses conhecimentos”, afirma. Guia Empreendedor Rural
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exportação biotecnologia
Banana sem perdas
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Lavoura mais segura em termos de sanidade, produtividade e qualidade O avanço nas pesquisas do genoma e a maior produção e micropropagação de mudas sadias de banana são passos fundamentais para que os produtores brasileiros melhorem a qualidade da fruta e reduzam os prejuízos durante e depois da safra. Além das pragas, que em determinadas condições dizimam quase 100% da lavoura, somente no pós-colheita a perda média chega a 30%. A cultura é considerada a quarta mais importante do planeta. O Brasil é o segundo maior produtor, com 10% do que é cultivado no mundo e mais de 500 mil hectares plantados. No entanto, 99% da banana com viabilidade comercial é consumida aqui. Formada em grande parte por médios e pequenos agricultores, a cadeia produtiva do setor tem algumas poucas empresas de maior porte atuando em exportação. O investimento privado em biotecnologia ainda é pequeno e tem espaço para empreendedores. As iniciativas baseiam-se na criação de centros de micropropagação de mudas certificadas, que garantem ao produtor a implantação de uma lavoura mais segura em termos de sanidade, produtividade e qualidade. No trabalho de pesquisa avançada a Embrapa se sobressai; em conjunto com outras instituições, ela conseguiu avanços importantes no campo do genoma. O ponto positivo é que muitos produtores já apostam em cultivares de melhor desempenho e esperam os resultados das pesquisas para investir ainda mais em produtos da biotecnologia. A principal motivação está nas deficiências sanitárias da cultura, que comprometem plantações inteiras. O caso mais dramático é o da sigatoca negra, considerada dor de cabeça mundial pelo potencial destruidor, pela rapidez de propagação e pela ausência de uma solução científica para o problema. O mais atual e decisivo passo da ciência para o setor, no Brasil, foi anunciado em julho: a Embrapa, em parce-
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Fotos Embrapa
ria com a Universidade Católica de Brasília e o Instituto Francês de Pesquisa Agronômica (Cirad), concluiu a primeira etapa do projeto que pretende identificar o genoma da banana. O resultado desse trabalho é o DATAMusa, segundo maior banco de dados do mundo sobre genoma da banana, atrás apenas do desenvolvido pela multinacional Syngenta. O coordenador do projeto, pesquisador da Embrapa Manoel Teixeira Souza Júnior, explica que as informações, utilizadas por instituições de pesquisa, podem permitir a geração de variedades de banana resistentes a diversas doenças, mais nutritivas, saborosas e com um aspecto melhor. São 40 mil seqüências de DNA, mais de 5 mil genes identificados e muitas possibilidades pela frente. A segunda fase do trabalho é estudar as funções dos genes identificados. “As pesquisas podem indicar genes para programas de biofortificação que melhorarão desde a produtividade até o controle de perdas no pós-colheita, além de reduzir o tempo na lavoura”, prevê Teixeira. Para o pesquisador, o projeto gera conhecimentos importantes, mas é apenas o princípio de novas pesquisas. “Existem ações que precisam de investimentos e são boas oportunidades para empreendedores”, afirma. Muitos fazendeiros compreenderam há tempo que não é possível desvincular a cultura dos avanços da biotecnologia, por isso eles investem em mudas diferenciadas, que garantem melhor desempenho da lavoura. Ao mesmo tempo, esticam o olhar para as pesquisas e para a velocidade com que essas mudanças chegarão ao campo.
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software exportação
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Programas ajudam
produtores Softwares especialistas ajudam no desempenho ao mudar, para melhor, a relação entre o gerenciamento e os resultados
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Há 20 anos, um suinocultor organizado e preocupado com os números de sua propriedade demorava mais de 90 dias para observar um problema, identificar a causa e agir sobre ela. Em muitos casos, o diagnóstico impreciso dava a falsa impressão de que tudo estava resolvido, mas dias depois a sirene soaria novamente. Mantendo anotações periódicas das informações nutricionais, de sanidade e de manejo, em intermináveis horas de trabalho, ele conseguia cruzar os dados e descobrir, depois de mais alguns dias, para onde estavam indo os recursos que, não sabia como nem por quê, estava gastando. Ainda havia variáveis que escapavam das anotações, mas nem por isso deixavam de tirar dinheiro do bolso do criador. Apesar de gerir sua propriedade, ele não tinha ferramentas que tornassem essa administração eficiente e trouxessem resultados claros sobre a produtividade. De forma bem localizada, foi para resolver problemas como esses que a Tecnologia da Informação (TI), com softwares de todo tipo, ingressou
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definitivamente no agronegócio a partir de 2001, contribuindo de maneira decisiva para o desempenho positivo do Brasil no cenário mundial. A informática serve de pequenos a grandes empresários rurais e apresenta soluções para centenas de culturas e criações. Mesmo que a automação, ou seja, o processo de informatização efetiva da produção (com alimentadoras automáticas, por exemplo), ainda esteja há anos luz da imensa maioria dos produtores brasileiros, os softwares de gestão da propriedade ganham o mercado com soluções específicas para cada ramo do agronegócio. Ainda há limitações de acesso, mas a tendência é de que, nos próximos dois anos, o uso se dissemine por outras áreas além das pioneiras, como aves e suínos, cujas regiões produtivas estão próximas ou já realizaram a informatização total. O setor do agribusiness ligado à informática, que ainda está à margem das estatísticas oficiais, cresce em diversas regiões e desperta o interesse dos empresários rurais e de empresas
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BMF software catarinense, em 1986, a empresa já tinha alguns sistemas desenvolvidos, mas foi a partir da década de 90 que a tecnologia chegou aos criadores. “Antes dessa época as fichas eram preenchidas pelos produtores e digitadas no sistema dentro da empresa. A partir de 1990 alguns já preenchiam nas granjas, em computadores próprios ou nos notebooks da empresa. Hoje já chegamos ao palm top”, diz. Para Tridapali, as agroindústrias de suínos e aves acabaram sendo as principais propulsoras da aquisição de tecnologia pelos produtores integrados. Os frigoríficos precisavam controO uso dos softwares de gestão da propriedade cresce junto com a lar sua produção e para isso era fundaimportância do agronegócio brasileiro no mundo mental dispor de informações dos criadores, que permitiriam a gestão precisa da cadeia. O interesse desenvolvedoras de tecnologia. das indústrias fazia com que avalizassem e, em alguns casos, O caso da cana-de-açúcar, responsável por cerca de 3,5% até financiassem a compra. “O controle era essencial porque, do PIB nacional, é emblemático para mostrar como os softwares em termos reais, essa empresa abatia na época 500 mil franpodem melhorar os resultados. O preço do produto era calcugos por dia (hoje ultrapassa 1 milhão). Se eles conseguissem, lado levando-se em conta o custo e a margem de lucro. Popor exemplo, diminuir um dia de ração, a redução do custo rém, o cálculo passou a ser feito pelo mercado, o que dificulseria vertiginosa. E o controle preciso da nutrição, pelos datou a vida dos produtores e da indústria. Com uma velocidade dos que resultavam do cruzamento de informações que viincrível, quase todo o setor investiu e informatizou seus pronham da granja, era o passo decisivo para isso”, explica. O cessos em menos de dois anos. De um controle manual com especialista lembra que o produtor ganhava duplamente: na perdas significativas, passaram a uma gestão em que viam simplificação do manejo e no aumento da produtividade. claramente onde estavam gastando mais do que deviam. O engenheiro agrônomo e diretor da Vale Verde Informática, de Campinas, Abel Leocádio Fernandes, aposta na relação custo–benefício dos softwares para pequenos e grandes produtoO uso dos softwares de gestão da propriedade cresce junto res que perseguem uma gestão mais eficiente. O principal com a importância do agronegócio brasileiro no mundo. Além motivo é o acesso a informações em tempo real, numa espécie de permitirem a rastreabilidade dos produtos, pré-requisito de radiografia diária do que está acontecendo na propriedade. em muitas negociações comerciais, os programas diminuem Fernandes destaca que os dados agilizam a tomada de decias chances de tragédias nas criações e nas culturas e influem sões, o que melhora continuamente os processos. diretamente na produtividade. As soluções integram desde a “Essas informações permitem que eu compare os dados do contabilidade das empresas rurais até os dados de campo. meu caso com outros, o que é fundamental para saber se “Com os programas, os ganhos em qualidade e produtiviestou dentro da realidade do mercado. Se nos bovinos, por dade hoje podem alcançar 25%, dependendo do setor e do exemplo, eu não posso ter um custo superior a 6% em remécaso em que são utilizados”, afirma Francisco Tridapali, hoje dios, a TI me dá condições de controlar esses resultados”, empresário e um dos precursores da implantação de softwares explica. “Saímos de uma realidade dos anos 90, quando havia em unidades de aves e suínos da região Sul. Ele lembra que, um controle debilitado da propriedade, para um período em quando começou a trabalhar numa grande avícola do Oeste
NOVAS SOLUÇÕES
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anos, o que restringiu a alguns poucos ‘fazendeiros urbanos’ os serviços de TI. Antes pessimista, o engenheiro acredita em uma ampliação significativa do uso da TI pelo agronegócio nos próximos anos. Segundo ele, as exigências legais de controle, impostas especialmente pelos países europeus, obrigam os produtores locais a buscar mais informações sobre sua produção. “O fazendeiro europeu adotou a informática também porque foi obrigado a isso, pelas exigências de certificação e controle dos alimentos”, afirma. Na Alemanha, 100% dos suinocultores são informatizados. Na França, 98% dos bovinocultores só manejam a propriedade no computador. Fernades alerta, porém, que essas imposições serão apenas impulsos iniciais à utilização da TI. “Nos próximos anos a situação deve mudar muito e a informática será vista como um sistema fundamental de apoio à propriedade.”
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que se deve saber onde se gasta, como se gasta e por que se gasta.” Fernandes acredita que a maior parte das cadeias produtivas inevitavelmente seguirá o caminho trilhado pelos setores de suínos e aves. A Vale Verde trabalha há 14 anos com softwares para o agronegócio. Foram dois anos de pesquisas a portas fechadas até a primeira experiência com 50 produtores, em 1993. Com base nos resultados gerou o primeiro sistema destinado à comercialização, relacionado ao controle do uso de medicamentos nos animais. O modelo de negócios e de produção inicial, de softwares de prateleira, seguiu sem mudanças até uma guinada motivada principalmente pelas condições favoráveis das grandes empresas agrícolas do mercado nacional. Afinal, as agroindústrias e os produtores que ainda não viam a TI como fundamental foram empurrados para a informatização, não só pelas exigências das exportações, mas motivados pelos ganhos reais na produtividade. Fernandes explica que o cenário do mercado, principalmente a partir de 2000, levou a Vale Verde a focar seus esforços nas grandes empresas do agronegócio. O objetivo era comercializar para agroindústrias ou associações de peso softwares agregados a serviços, pacote mais abrangente do que apenas um programa na mão do produtor. O trabalho teve o auxílio da Embrapa Informática. “Notamos que a caixinha na prateleira acaba em frustração. O produtor não consegue tirar proveito do software para o que precisa, isso fica distante de sua realidade, custa dinheiro e não resolve seu problema”, diz. Agora a venda do sistema vem agregada à prestação de serviços aos produtores. Mas nem sempre a situação foi tão promissora. No início, o mercado de TI direcionado ao agronegócio era uma aposta um tanto arriscada. Os ganhos atraiam, mas existia a grande probabilidade de a empresa amargar contínuos prejuízos em razão da baixa demanda e acabar fechando em menos de dois anos. Ainda hoje o índice de mortalidade nesse setor é alto, porém a situação era ainda mais grave na época, com a demanda pingada em apenas algumas áreas da agropecuária. “Um ditado da roça diz que ‘quem vem na frente bebe água limpa’. Mas nesse caso o mercado estava muito desestruturado e quem entrou nessa época teve problemas mercadológicos. Muitos fecharam”, afirma Fernandes. Para citar apenas um dos problemas, o acesso à internet no campo, que ainda hoje é péssimo, era uma barreira intransponível há 10
Produção de suínos: administração eficiente com ajuda digital traz resultados sobre a produtividade
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No ritmo do mercado
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Parcerias fazem a Oracle definir uma sintonia fina com as necessidades dos clientes
Papaleo: “Criamos um setor específico para o agronegócio no mesmo momento em que o mundo voltou seu foco para o Brasil”
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A Oracle, maior empresa de software empresarial do mundo, criou uma diretoria exclusiva para atender ao agronegócio no Brasil e na América Latina. O que chamou a atenção da multinacional foi o fato de o setor (nas áreas de insumos, indústria e distribuição) agregar um terço do PIB brasileiro, o que representará em 2005 cerca de R$ 535 bilhões, segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da USP. Apesar de apontar vários segmentos promissores, a empresa ajustou o foco nas agroindústrias, que na avaliação da Oracle têm força suficiente para liderar e fomentar a tecnologia em toda cadeia produtiva. Para chegar ao campo, estabeleceu convênios com uma rede
de 400 parceiros de negócios, entre revendas, integradores, prestadores de serviços e desenvolvedores independentes de softwares, os ISVs (Independent Software Vendors). Em cadeias como a do açúcar e da criação de aves, por exemplo, a Oracle incluiu em sua solução as alternativas dos desenvolvedores independentes, para especializar ainda mais os sistemas, a partir de agora integrados. A parceria é interessante para os desenvolvedores, por exemplo, porque eles não precisam fazer módulos genéricos de ERPs (sistemas integrados de gestão). Para a Oracle, a vantagem está na proximidade entre seus parceiros e o mercado. “Ele conhece muito bem o cliente e já fez dezenas de implantações similares na sua área”, diz o diretor das operações no agronegócio da multinacional, André Papaleo. A empresa já atende a grandes grupos, como o Nova América Alimentos e a Cargill. “Criamos um setor específico para o agronegócio no mesmo momento em que o mundo voltou seu foco para o Brasil. Os índices expressivos de crescimento e os números – 5 milhões de propriedades rurais, 70 mil agroindústrias e 40% dos empregos – não podem ser desconsiderados por uma empresa que oferece soluções de gestão”, diz Papaleo. Conforme o executivo, que já comandou grandes agroindústrias, uma avaliação precisa do mercado indicou onde era possível crescer. A atenção voltou-se para seis segmentos: aves, suínos, bovinos (e lácteos ), cana (álcool e açúcar), cítricos e grãos (soja e milho). Em outras duas boas referências apontadas pela pesquisa (café e algodão), a empresa já é parceira de líderes do mercado e não há muito onde avançar. O critério foi focar produtos dos país que liderassem o mercado e que necessitassem de diferenciação, mes-
A empresa vende o programa e administra a hospedagem de dados, a segurança, as atualizações e o cruzamento de informações
mo com uma pequena cultura de investimento em TI. “Para cada um dos segmentos, definimos um mapa de soluções”, afirma Papaleo. De forma geral, explica Papaleo, a cadeia de valor do agronegócio divide-se em quatro etapas: insumos e maquinário, setores já bastante maduros e com investimentos em TI; produção e pecuária, ainda distantes da automação de maneira geral, mas em alguns casos apresentando boa tecnificação; agroindústria, que já dispunha de softwares; e varejo, cujos sistemas informatizados já estavam consolidados. Ele destaca que apenas os produtores e pecuaristas ainda não adotaram a informatização em larga escala, e são justamente eles que são os tomadores de preço. “Quem está auxiliando nesse processo é a agroindústria, que tem seus associados ou integrados e, para melhorar sua gestão, leva a tecnologia para dentro da porteira,
muitas vezes até patrocinando a informatização dos produtores”, diz Papaleo. Para o executivo, o agronegócio brasileiro precisa quebrar o paradigma da tecnologia demonstrando ao setor produtivo que a informática é condição de competitividade fundamental. “Eles trabalham com margens pequenas e qualquer ganho tem impacto. Se quiserem gerir melhor e agir rápido, precisam da TI”, afirma. A empresa trabalha na base do software como serviço. Ou seja, vende o programa e administra a hospedagem de dados, a segurança, as atualizações e o cruzamento de informações. “Em alguns anos o conceito de software como serviço vai revolucionar a maneira como se vendem licenças de uso”, diz Papaleo. Para projetos acima de US$ 50 mil (80% dos negócios da empresa), a multinacional financia a compra.
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Acesso amplo
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A Agriness pesquisou e apostou no potencial dos que não tinham acesso a soluções ágeis e práticas 2004, saltando de R$ 475 mil para R$ 1,5 milhão. A aposta, no caso da Agriness, foi criar produtos para um mercado amplo, que pudessem se adaptar ao uso de pequenos, médios e grandes criadores, mas com uma preocupação especial com unidades de menor porte. “Começamos o desenvolvimento em 1999 atraídos pelo fato de que, mesmo tendo um considerável movimento financeiro, os pequenos e médios criadores precisavam de uma ferramenta de controle da produção, e o mercado não os atendia”, lembra o diretor de negócios estratégicos da Agriness, Everton Gubert. Para desenvolver o primeiro software, o Suíno Sis, lançado em 2001, Gubert passou mais de seis meses observando o trabalho nas granjas. “Eles usavam só o caderninho e por isso não tinham controle e as perdas eram altas. Além disso, não conheciam a informática e por vezes resistiam a ela”, diz. A empresa buscou uma configuração que atraísse o produtor para a tecnologia, ao invés de amedrontá-lo. Além disso, tentando quebrar outra barreira, adotou a estratégia de vender o Fotos Divulgação
A cadeia produtiva de suínos e aves foi uma das primeiras no Brasil a utilizar os softwares de gestão, já no final dos anos 70 e início da década de 80. Nessa época, contudo, o uso limitava-se às agroindústrias do setor, que coletavam os dados fisicamente nas granjas e repassavam para os programas, orientando possíveis ações, mas ainda de forma bastante lenta. Mesmo com o acesso facilitado a partir de 1999, barreiras importantes persistiam, já que não haviam sistemas feitos especialmente para o uso dos produtores, ou seu custo era alto, e ainda pesava a própria resistência cultural à tecnologia. Algumas empresas notaram essa peculiaridade do setor e desenvolveram soluções que, além de benefícios aos criadores, trouxeram bons lucros. A Agriness, de Florianópolis (SC), entrou no mercado há quatro anos e hoje lidera o setor de soluções informatizadas da cadeia suinícola e de bovinos de confinamento. Os sistemas da empresa gerenciam cerca de 240 mil matrizes suínas, o que representa 10% do rebanho brasileiro (2,4 milhões). Neste ano pretende faturar o triplo do que arrecadou em
Cristina Bittencourt (diretora de tecnologia), Elton Gubert (diretor de gestão), Everton Gubert (diretor de negócios estratégicos ) e Simone Salvador Júnior (diretor de atendimento): liderança 70 Guia Empreendedor Rural
A empresa buscou uma configuração que atraísse o produtor para a tecnologia, ao invés de amedrontá-lo
software na própria moeda da granja: “quilos suínos”. A fórmula se mantém até hoje, com o cliente pagando um valor fixo sobre sua produtividade. “Isso permite o acesso de produtores de vários níveis à informatização”, defende. O sistema posterior, o Agriness S2, que hoje representa 80% do faturamento da empresa, adapta-se a qualquer tipo de granja e permite o gerenciamento de diversos dados de forma integrada. O empresário afirma que o investimento feito em TI varia conforme o momento vivido na propriedade. No caso de suínos e bovinos, oscila de 2 a 8% do faturamento. Se estiver começando, sem um projeto de TI e carente de uma organização básica, o número sobe. Para Gubert, os resultados do uso da informática podem variar, mas sempre são positivos. No caso dos suínos, os softwares permitem um controle detalhado das quatro principais variáveis da criação – genética, nutrição, sanidade e manejo –, que junto de outros dados alcançam uma centena de combinações cruciais para a produção. Para entender melhor as formas de retorno ao produtor, partimos para um exemplo hipotético de uma granja de 600 matrizes suínas com bom potencial genético. A expectativa, em razão das reprodutoras de qualidade, era gerar em média 12 leitões por matriz, porém o número não ultrapassa 11. A perda é de apro-
ximadamente 2,1 mil leitões por ano. Em muitas situações, o problema está no manejo da alimentação (que representa cerca de 70% do custo de produção) em alguma das fases da gestação. Os softwares permitem que se identifique exatamente onde está o problema, já que eles registram todas as informações do que foi repassado às matrizes em alimentos e medicamentos e o desenvolvimento dos animais ao longo da gestação. “Cada etapa da criação envolve inúmeras variáveis e as grandes vantagens do software são a capacidade de controlar todas essas variáveis ao mesmo tempo”, afirma Gubert. Entre os clientes da Agriness, o ganho médio é de um leitão e meio entregue a mais por fêmea, podendo alcançar até 1,8. A progressão no uso dos softwares pelos produtores é visível no aumento do número de empresas que trabalham exclusivamente com TI direcionada ao agronegócio. “Em 2001 nos chamavam de loucos. Hoje isso virou febre”, compara. Gubert não acredita em previsões fechadas, mas espera que em três anos boa parte dessas tecnologias já esteja na mão da maioria dos produtores e criadores brasileiros, principalmente dos setores que trabalham com commodities. “Quem está no campo viu que não é possível definir o preço de venda, ou seja, que não dá para melhorar os negócios da porteira para fora, mas que é preciso gerir melhor o que está a seu alcance”, diz. Guia Empreendedor Rural
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Em busca da evolução
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O presidente da Sociedade Brasileira de Informática Aplicada à Agropecuária e à Agroindústria (SBIA), Antonio Mauro Saraiva, afirma que a área de TI pode ser considerada nova do ponto de vista do agronegócio, por isso continua desestruturada. Não há números que indiquem quantas empresas atuam no setor, qual o tamanho do investimento em TI pelos produtores e pelas agroindústrias, muito menos estimativas de usuários. “Empresas desenvolvedoras e clientes estão dispersas em várias partes do país e não há uma pesquisa que indique a amplitude do uso. Os sensos não medem isso porque consideram que ainda não adquiriu importância fundamental nos levantamentos”, afirma. Saraiva considera que o mercado ainda não é fácil para as empresas que trabalham exclusivamente com softwares agrícolas. São clientes difíceis de conquistar, que até pouco tempo tinham receio de investir nos serviços de treinamento e manutenção, eram distantes da informática e dispersos por diversas regiões. “O que ocorre é que sem a manutenção e o apoio da empresa, que, mesmo sendo barato, não era considerado importante pelo produtor, o software não funcionava e eles reclamavam e deixavam de lado a novidade”, explica. Contudo, o especialista concorda que houve uma mudança significativa nos dois últimos anos. “O agronegócio virou vedete e despertou o interesse de muita gente que não via o setor como um mercado interessante para a TI, não só de software, mas de hardware”, afirma Saraiva. Ele destaca que existem empresas e instituições que trabalham com informática na agropecuária desde a década de 80, contudo somente a partir da virada do milênio, com o agronegócio na mídia, sentiram-se seguras para mais investimentos. “Antes havia até certo preconceito de alguns setores do mercado em relação à TI no agribusiness”,
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A tecnologia da informação ainda é uma novidade no agronegócio
diz. Para Saraiva, a dificuldade de acesso à internet é um dos pontos que ainda dificulta a ampliação da influência da TI no agronegócio. O presidente da SBIA afirma que, mesmo não sendo necessária na utilização de determinados softwares, a conectividade é fundamental para que o produtor tenha acesso a dados de mercado e novidades do setor em que atua. “Isso é um problema grave no interior, em muitas regiões importantes para o agronegócio do Bra-
sil”, afirma. Outra preocupação do especialista é a utilização dos recursos tecnológicos pelos produtores. “Não adianta ter um ótimo programa para inserir dados se não houver dados. Existe um mínimo de organização produtiva para que esses recursos solucionem os problemas. Se não estiver organizado para coletar e registrar os dados, não há como usar”, explica. O ponto positivo, para Saraiva, é que o aumento dos
investimentos em TI demonstra que os produtores começaram a olhar para a propriedade como uma empresa. “Isso evidencia a necessidade de uma ferramenta de gestão que facilite a tomada de decisões”, diz. Comparado aos países referência em TI para o agronegócio, no Brasil seu uso ainda é pequeno e a integração limita-se a alguns softwares. Saraiva aponta a variedade de setores dentro da cadeia produtiva como uma das limitações nacionais, já que os países mais avançados na área de TI em geral não têm uma agropecuária tão diversificada quanto a brasileira. “Isso os ajudou muito a desenvolver e disseminar a tecnologia. No nosso caso temos produtores individuais e agroindústrias trabalhando nas mais diferentes áreas do agronegócio”, explica Saraiva. Ele lembra, contudo, que nos setores valorizados pelo mercado, em que os produtores são mais tecnificados e organizados, o país já está em pé de igualdade. Saraiva admite que é difícil fazer previsões do uso da TI em toda a produção brasileira, já que são cadeias grandes e muito distintas. Os setores que trabalham com exportação foram obrigados a evoluir e tornaram-se mais dinâmicos, já em outros casos a implantação ocorre a passos lentos. “Imagino que a médio prazo teremos abrangência muito maior em termos de cobertura, por tudo que estamos vendo”, diz. Ele observa outro problema na utilização massiva da TI no agronegócio: o mercado urbano sempre é mais atrativo que o mercado rural. “Quando uma tecnologia fica barata, ela acaba comercialmente e não é mais atualizada ou incrementada, mas de qualquer forma vamos ter acesso a novos produtos e a rede de comunicações vai aumentar a cobertura de maneira significativa, mas via celular, é claro. No caso agrícola tem que ser sem fio, porque não se cogita outra forma de acesso no interior do Brasil”, explica. Quanto aos softwares como política de gestão, a expectativa de Saraiva é que as exigências de controle dos alimentos, principalmente a rastreabilidade, e a renovação das pessoas que trabalham no agronegócio possam colocar o fermento necessário à evolução da TI no agronegócio brasileiro. “Criar uma cultura de que existe tecnologia e que ela está aí para ser usada contribui muito para essa evolução. Com os produtores expostos às exigências e à concorrência, e vendo os resultados da TI, essas barreiras culturais estão caindo”, conclui.
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BMF Bolsa de Mercadorias BMF
O futuro
negociado
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Fotos BM&F
g Por falta de informação, poucos protegem a safra definindo o preço final com antecedência na Bolsa de Mercadorias & Futuros. Mas essa situação está mudando Por Jeanne Callegari Foto Divulgação
Grande parte dos empreendedores brasileiros ainda está fora da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A estimativa é de apenas 3,5% a 4%, enquanto 96% dos produtores norteamericanos optam por essa solução. Perde-se assim a chance de proteger os ganhos e evitar prejuízos, pois para isso foi criado o mercado de futuros, em que se determina o preço de compra ou venda com antecedência. O termo em inglês para proteção é hedging, que, ao pé da letra, significa cercar, murar. A BM&F, que é o órgão responsável por regulamentar, organizar e fiscalizar os mercados de liquidação futura, foi criada em 1986. É relativamente recente se considerarmos que a Bolsa de Chicago existe desde 1848. Segundo Clodoir Vieira, gerente de investimentos da corretora Souza Barros, a pouca participação acontece, principalmente, devido à falta de informação. “As pessoas não sabem que o mercado de futuros é um seguro para o agricultor”, diz. Nem é preciso valores muito altos ou patrimônio elevadíssimo para se operar na bolsa. “O mais importante é o conhecimento”, afirma Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F. Na sua análise, a maioria dos brasileiros ainda não se desvinculou da cultura da inflação, época em que não era possível calcular os preços com tanta antecedência. “O povo brasileiro ainda está aprendendo a pensar a longo prazo”, diz Cintra Neto. Mas já existem alguns avanços que se refletem nos resultados da própria bolsa. Apesar de ainda atrair uma minoria, ela está em franco crescimento no país. Só no ano passado, foram negociados mais de 179 milhões de contratos, movimentando US$6,394 trilhões de dólares. Com escritórios na China e nos Estados Unidos para facilitar a comercialização de produtos no exterior, a BM&F vem crescendo tanto que inaugurou, no início deste ano, o sistema Web Trading, que permite a comercialização pela internet. Por meio do mercado de futuros, o agricultor, que pode negociar hoje qual será o preço de sua safra amanhã, evita um dos dois riscos graves que afetam a produção agrícola, que é a indefinição dos valores na hora da venda. O outro risco é físico: uma praga ou uma geada podem destruir a plantação. Para esse tipo de ameaça, existem os seguros agrícolas, que ainda não são tão desenvolvidos no Brasil quanto em outros países: na Inglaterra, por exemplo, há proteção até para a quebra do teor de sacarose da beterraba, pois isso afeta a produção de açúcar e o lucro pelos seguros agrícolas. A BM&F nada pode fazer quanto ao risco físico que os empreendedores
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Bolsa de Mercadorias rurais brasileiros correm, o que ela pode é prestar auxílio para proteger o preço da mercadoria. Em 2004, a soja passou por uma crise no Brasil. Em abril de 2003, a tonelada custava cerca de US$ 270. No começo de 2004, porém, o preço subiu para US$ 360. Houve euforia. De repente, os preços despencaram. Quem esperava que pudesse lucrar ainda mais e não vendeu a soja na alta acabou perdendo dinheiro. Essa crise da soja foi o que levou os produtores Giovani Paludo e a esposa Teresinha, administradores da Fazenda São José, em Rio Verde, Goiás, a estudar o mercado de futuros. Eles buscavam alguma forma de proteger o preço das mercadorias que produzem, principalmente soja e milho. “As oscilações são muito grandes em pouco tempo”, afirma Teresinha. A fazenda, de 1.500 hectares, produz cerca de 55 sacas de soja aproximadamente 15 sacas de milho por hectare. Os dois se consideram ainda aprendizes do mercado de futuros. De sua produção, protegem através da BM&F apenas 20% da safra de milho e cerca de 2% da de soja. A idéia é aumentar aos poucos a participação na bolsa. “Por enquanto, estamos aprendendo”, diz Teresinha. A necessidade de proteger o preço vem de fontes diversas: a produção foi alta demais, novos países entraram no negócio, a demanda caiu. Tendo que vender muito mais barato do que esperava, às vezes sem sequer cobrir seus custos, o empreendedor rural vai à falência. Numa agroindústria, a situação é similar. Algum evento prejudica o insumo (como a geada sobre as plantações de café, por exemplo), afetando os resul-
tados. A produção é bem menor que a esperada e os preços disparam. Por muito tempo, a economia brasileira foi um entrave à utilização do mercado de futuros como proteção de preços para o agricultor: com a inflação nas alturas, ninguém sabia o preço relativo das mercadorias; se era difícil saber quanto custaria a arroba do boi no dia seguinte, calcular o preço esperado para dali a alguns meses era tarefa quase impossível, reservada aos adivinhos ou aos economistas mais avançados. Quem queria fazer proteção de preços pelo mercado futuro acabava procurando as bolsas externas, como a de Chicago (CBoT) ou a de Nova York (NYBoT). Com a estabilização criada depois do Plano Real, porém, a situação mudou. Há duas maneiras de se negociar contratos pela BM&F: através do mercado de futuros e do mercado de opções. Tanto num quanto no outro, o empreendedor pode decidir, em qualquer fase da produção, até mesmo antes de plantar, o preço em que vai vender sua safra. Na outra ponta do mercado, estão os compradores: agroindústrias que compram seus insumos aqui no Brasil – e que querem definir desde já o preço das matérias-primas. A BM&F, através de suas corretoras credenciadas, faz a intermediação entre a parte vendedora – geralmente os produtores rurais – e a parte compradora – as agroindústrias. Conforme Teresinha Paludo, da Fazenda São José, é muito importante escolher bem a corretora com que se vai operar no mercado. “São as corretoras que dão a base para o produtor trabalhar”, afirma. Dois aspectos caracterizam o mercado de futuros: a padro-
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Fotos BM&F
Por meio da bolsa, o empreendedor pode negociar, em qualquer fase da produção, até mesmo antes de plantar, o preço em que vai vender sua safra
nização dos contratos e a existência de ajustes diários. Esses dois fatores permitem que o comprador ou o vendedor liquide suas posições antes do fim do contrato. Para isso, basta que ele compre uma posição inversa à original: se ele vendeu 10 contratos de café a vencer em maio, por exemplo, ele pode, a qualquer momento, comprar 10 contratos de café para vencer em maio, e assim fechará sua posição e não terá mais obrigações com a bolsa. Com a padronização dos contratos, fica fácil fazer essa troca de posição (de comprador para vendedor, ou vice-versa). O outro mecanismo que permite ao empreendedor quitar sua posição antes da data de fechamento é o ajuste diário, que é a diferença entre a cotação do produto no dia e a cotação do dia anterior efetuada na conta do cliente. Se ele tem contrato de venda de soja a US$ 10 a saca, por exemplo, e o mercado for a R$ 11, o comprador terá US$ 1 depositado em sua conta. O comprador do contrato, no entanto, terá US$ 1 debitado de sua conta. No outro dia, se o mercado for a US$ 12, o vendedor terá mais US$ 1 depositado e o comprador, mais um dólar debitado. Se o mercado cair para US$ 10 novamente, o vendedor terá US$ 1 debitado de sua conta, e o comprador receberá US$ 1. Essa operação é feita através das câmaras de compensação, também chamadas de clearings. Essas câmaras foram criadas para aumentar a segurança do mercado. São elas que, se o mercado subir, vão debitar da conta do comprador e depositar na conta do vendedor, e, se o mercado cair, debitar do vendedor e depositar para o vendedor. A clearing faz a compensação do mercado de forma que todos os contratos estejam ajustados à cotação do dia. É a BM&F então, através de suas clearings, que assume o risco de pagamento desse ajuste diário. Assim,
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Para Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F, a maioria dos brasileiros ainda não se desvinculou da cultura da inflação, que vem de uma época em que não era possível calcular os preços com tanta antecedência
a segurança dos participantes do mercado aumenta, já que a própria bolsa garante o pagamento/débito do ajuste diário. Para poder assumir o risco de assegurar a compensação das partes que negociam no mercado, a BM&F precisa de garantias. É a chamada margem de garantia, que deve ser depositada, como uma espécie de caução, para a bolsa. A bolsa aceita, além de dinheiro, vários títulos públicos, ações, CDBs, ouro e CPRs, por exemplo. O valor da margem de garantia exigida varia de acordo com o contrato negociado, mas em geral não ultrapassa 6% do valor do contrato em questão. Os ajustes diários e a margem de garantia são duas coisas que deixam os empreendedores brasileiros pouco confortáveis para investir no mercado de futuros. “De fato, os produtores não gostam”, diz Sérgio Penteado, analista do setor agrícola da corretora Fator S/A. A idéia de ter que depositar garantias para poder vender seu produto e ainda por cima mandar dinheiro sempre que o ajuste diário for negativo, realmente, não parece atraente à primeira vista. Segundo Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F, esse é um problema cultural. Os produtores ainda não estão acostumados com o mecanismo de funcionamento do mercado de futuros e por isso se sentem incomodados com os ajustes diários e a margem de garantia, mas esses dois fatores são, justamente, o que garantirá a segurança de quem vende pela bolsa. “Assim como as pessoas se acostumaram a pagar seguros de carro e de casa, vão acabar se acostumando a fazer hedging”, afirma Mirlaine Mello, analista da área de agronegócio da corretora Agora Sênior. A analogia com seguros de carro é uma das mais recorrentes quando se fala em mercado de futuros. O hedging nada mais é que um seguro de preços. “É um procedimento comum em outros países”, diz Mirlaine.
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Realismo nas decisões O exemplo vem de fora: é preciso ter noção exata do que se está negociando para evitar surpresas
e Fotos Divulgação Friboi
Em outros países, como Inglaterra e Estados Unidos, e mesmo na vizinha Argentina, o mercado de futuros tem muito mais liquidez que no Brasil. Muito mais contratos são negociados, o volume financeiro é maior, há mais opções para quem quer fazer hedging. Um dos motivos para isso é que o mercado futuro existe há mais tempo nesses países. Desde o século XIX, os agricultores dos Estados Unidos negociam seus preços no mercado futuro. No Japão, país no qual o mercado surgiu, a primeira bolsa de gêneros, onde se negociava arroz a futuro, foi desenvolvida pela livre iniciativa dos fabricantes de cereais e reconhecida oficialmente em 1730. O empreendedor rural americano, europeu e japonês já aprendeu a fazer suas contas. Ele já sabe como operar no mercado futuro. Quando surgiram, as operações a futuro estavam totalmente ligadas à negociação de produtos agrícolas. A conta a fazer, afirmam os analistas, não é tão complicada quanto possa parecer. Em primeiro lugar, é preciso saber exatamente qual o custo de produção de sua
mercadoria. Inclui-se aí, também, os custos financeiros com corretoras, seguros agrícolas e hedging, de forma geral. Mirlaine Mello diz que nessa hora o agricultor tem que ser realista. Artêmio Listoni, diretor de originações do grupo Friboi, afirma: “O produtor tem que saber exatamente quanto custa seu produto e quanto de lucro quer obter com a venda dele”. A partir daí, ele poderá determinar o preço por que venderá sua mercadoria. Um produtor de café, por exemplo, está hoje prestes a começar a plantar sua safra. Ele decide proteger desde já seu preço através do mercado de futuros. Faz suas contas e descobre que seu custo de produção é de US$ 100 a saca. Calcula que 30% de lucro sobre o custo de produção é bastante bom para ele e decide vender seu café a US$ 130 a saca. Ele entra no mercado, então, e faz um contrato de venda de café para daqui a seis meses, onde fica estabelecido que ele venderá seu café a US$ 130. Se o preço do café cair, ele terá protegido seu preço. Se subir, da mesma forma ele venderá seu café a US$ 130. É aí que muitos agricultores brasileiros cometem
O CASO DA FRIBOI Há cerca de cinco anos, a diretoria do grupo Friboi, um dos maiores exportadores de carne do país, começava a pesquisar formas de incrementar seu negócio e decidiu participar do mercado futuro. Estudando a fundo o mercado de carnes, o pessoal do grupo concluiu que comprar boi e vender carne apenas não era garantia de fazer bons negócios. “Isso todo mundo faz”, afirma Artêmio Listoni, diretor de originação, responsável pela compra de bois da empresa. “O preço do boi é ditado pelo mercado e é o mesmo para todo mundo, assim como a carne”, explica. O grupo
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Artêmio Listoni, diretor de originações do grupo Friboi: “O produtor tem que saber exatamente quanto custa seu produto e quanto de lucro quer obter com a venda dele”
decidiu então amarrar as pontas do negócio. Tudo que comprassem teriam que vender, e tudo que fossem vender teriam que ter comprado. A empresa viu precisaria encontrar maneiras mais eficazes de proteger seu preço. Antes a empresa comprava, por exemplo, 1.000 bois, sem saber naquele momento quanto de carne teria que vender. Se conseguisse vender apenas o equivalente à carne de 800 bois, haveria prejuízo. Hoje não: se a Friboi comprar 1.000 bois e conseguir vender apenas o equivalente a 800 em carne, a empresa vai na BM&F e vende os 200 bois restantes. Se, por outro lado, ela tiver comprado 1.000 bois e a demanda por carne for maior, chegando ao equivalente a 1.500 cabeças, por exemplo, a empresa vai
o erro: pouco acostumados com o mecanismo de hedging, acham que estão perdendo dinheiro quando o preço da mercadoria sobe. Eles ficam fora da alta do mercado, pois haviam fixado seu preço antes. O hedging, porém, deve ser encarado como o seguro de uma casa ou de um carro: se houver incêndio ou furto, a pessoa estará protegida. É um custo necessário, um investimento, algo para a proteção em caso de queda abrupta de preços. “O agricultor deve pensar em cobrir seus custos e fazer um pequeno lucro”, diz Clodoir Vieira, da Souza Barros. Ele está fazendo um seguro de sua produção e não deve se preocupar se o mercado contrariar suas expectativas. Ao contrário do especulador, que entra no mercado para lucrar, o agricultor deve se preocupar em proteger sua safra de eventuais quedas, e não em fazer lucro a qualquer preço. “O mercado de futuros limita o lucro, mas garante o lucro”, afirma Sérgio Penteado, analista da área agrícola da corretora Fator. “Quando o agricultor não faz proteção de preços, ele está na verdade se comportando como um especulador”, diz Felipe Geissler Prince, analista da área de agronegócio de uma instituição financeira. É o que acontece com freqüência: o agricultor percebe uma tendência de alta dos preços e não vende o produto. Sempre acha que o preço poderá subir mais, e mais, e mais. De repente, o preço cai de uma vez. O agricultor decide então vender, e todos os outros decidem também, e o resultado é que esse grande montante de vendas acaba puxando o preço das mercadorias para baixo. Embora exista em contrato, no mercado futuro é muito
na BM&F e compra mais 500 cabeças. Tudo que compra a empresa vende, e vice-versa. A Friboi vende em carne, por ano, o equivalente a cerca de 3 milhões de bois. Embora uma parte desse gado venha das fazendas do próprio grupo, a maior parte é comprada no mercado. Cerca de 100% da produção da Friboi é protegida em bolsa. Não só no mercado de futuros: a empresa combina o mercado futuro com o mercado a termo, que é aquele em que se determina o preço da mercadoria previamente e a entrega tem que ser, obrigatoriamente, física. A Friboi compra os bois dos produtores a termo e faz o hedging deles no mercado futuro. Além disso, a Friboi adota outras medidas de proteção, como a negociação de dólar. Guia Empreendedor Rural
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BMF de Mercadorias Bolsa difícil a entrega física da mercadoria. Apenas 2% dos contratos chega a ter sua liquidação no mercado físico. O mais comum é que dias antes do vencimento do contrato a pessoa liquide sua posição através de uma operação inversa à original – se comprou 100 bois, vende agora 100 bois, e vice-versa. Isso acontece por vários motivos. Um deles é que a BM&F padroniza os produtos que negocia, ou seja, todas as mercadorias têm que obedecer a uma série de características fixadas previamente pela bolsa. Nem sempre a mercadoria do produtor se encaixa nesses prérequisitos. Outro motivo é o armazenamento e o transporte: cada produto negociado na BM&F tem suas próprias regras de onde deve ser entregue no mercado físico. A soja, por exemplo, só pode ser entregue no porto de Paranaguá. O milho deve ser entregue em Campinas ou em armazéns credenciados pela BM&F espalhados pelo país. O custo da armazenagem e do transporte não compensa para produtores como Giovani Paludo, que mora em Goiás. “Teria que haver uma evolução nesse aspecto”, diz ele, que acha que com mais armazéns e novas regras a liquidação no mercado físico via BM&F seria bem mais viável. Como ainda não é assim, antes do vencimento do contrato ele liquida sua posição e vende seu produto no
Artêmio Listoni diz que a Friboi não consegue mais imaginar seu negócio sem o mercado de futuros. “Somos parceiros e dependentes da BM&F”, diz. “Dependentes no bom sentido.” Ele lembra que a pecuária no Brasil sofreu um grande progresso nos últimos anos: a genética, a inseminação artificial, os novos tipos de alimentação, tudo contribuiu para um grande aumento de produtividade do setor. “A pecuária acabou virando vítima de seu próprio desenvolvimento”, afirma. A produtividade aumentou demais, enquanto o consumo per capita de carne caiu cerca de 10% nos últimos dez anos. “O que salva, muitas vezes, é a exportação.” Ao mesmo
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mercado local. O mercado de boi gordo é um dos mais líquidos do país. “Vende no Natal, no Ano-Novo, no carnaval; em qualquer época do ano tem mercado para boi”, afirma Artêmio Listoni. Assim como no mercado de café, o mais líquido da BM&F, isso acontece porque as duas pontas do negócio estão no Brasil: quem vende café e quem compra está no país, e quem vende boi e compra carne também. A soja, por outro lado, é um produto que vende mais fora do país. As empresas estrangeiras compram matéria-prima aqui, mas fazem seu hedging lá fora. Para Felipe Geissler, esse é um dos grandes desafios do mercado de futuros no país: atrair a ponta compradora para fazer sua proteção de preços no Brasil. Assim a liquidez do mercado aumentaria e todos teriam a ganhar.
tempo, ressalta que, enquanto o modo de produzir avançou muito nos últimos anos, o modo de comercializar continua o mesmo há cinqüenta anos: o produtor cria o boi, espera por três anos a engorda e, no dia em que o boi está pronto para ser vendido, ele liga para o frigorífico e vende: totalmente dependente das flutuações do mercado. Com o mercado futuro, ele pode vender seu boi em qualquer tempo. Para isso, basta ter o custo de produção na mão, quanto espera lucrar e fazer um contrato a futuro.
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BMF de Mercadorias Bolsa
Como participar
a
Além do cadastro na corretora, é preciso a margem de garantia para eventuais gastos com ajustes diários A Agropecuária Acaiá está sediada em Varginha, Minas Gerais. Seu negócio é o café. Como muitas das empresas de café da região, a Acaiá faz parte da cooperativa de Minas Gerais, em ambos os seus braços: da Minasul, cooperativa de produção, e da Credivar, cooperativa de crédito. Para proteger o preço dos cerca de 700 mil pés de café plantados na Fazenda Três Irmãos, localizada perto de Varginha, no município de Três Corações, Luiz Carlos Braga, da Acaiá, procura a Credivar. A cooperativa possui uma mesa de operações própria, em convênio com uma corretora, e ali mesmo os produtores da região fazem a sua proteção de preços através de CPRs e do mercado futuro. Luiz Carlos Braga também possui negócios no Paraná, envolvendo milho, trigo, aveia e boi gordo. Quando se trata de café, porém, ele procura Matheus Dominguito, operador da mesa da Credivar. Procurar uma cooperativa que tenha sua própria mesa
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de operações é uma das maneiras de se entrar no mercado futuro. Se não houver uma, porém, o primeiro passo do empreendedor é procurar uma corretora. Não há como operar sem se associar a uma delas. A BM&F disponibiliza em seu site (www.bmf.com.br) uma lista das corretoras credenciadas a trabalhar com mercados futuros. A corretora informa ao cliente quais os dados necessários ao cadastro: CIC, RG, comprovante de endereço e comprovante de conta em banco, no caso de pessoa física; e CNPJ, documento que comprove a responsabilidade da diretoria perante a empresa e comprovante de conta em banco, no caso de pessoa jurídica. O cliente manda por correio o contrato assinado para a corretora e, assim que ela o recebe, o empreendedor já pode começar a operar. Além do cadastro na corretora, há mais um fator necessário para se operar no mercado de futuros: a margem de garantia, que é um valor depositado na conta do cliente para eventuais gastos com ajustes diários do mercado de futuros. O valor da margem de garantia varia de contrato para contrato. “Mas não é um valor alto demais a ponto de excluir os pequenos empreendedores desse mercado”, afirma Clodoir Vieira, da Souza Barros. Para se negociar para agosto um minicontrato de boi gordo, por exemplo, que equivale a 20 cabeças, a garantia depositada pelo empreendedor era de R$ 603,05, uma quantia pequena perto da proteção que se assegura à mercadoria. Procedimento comum no mercado externo, ainda é difícil, no Brasil, que os bancos façam financiamentos específicos para cobrir os ajustes diários e as margens de garantia. Até pouco tempo, um dos poucos financiamentos nesse sentido era o Funcafé, do Banco do Brasil, e ainda assim apenas para cafeicultores. No início deste ano, porém, o Banco Central soltou uma medida permitindo que se use os recursos do MCR64 para financiar ajustes diários, margem de garantia e prêmio de opções. Os clientes dos ban-
Divulgação
MERCADO DE OPÇÕES
Clodoir Vieira, não é um valor alto demais a ponto de excluir os pequenos empreendedores desse mercado
cos que adotarem a medida podem agora financiar margem e ajuste para qualquer commodity operada na BM&F. A liberação do Banco Central não foi a única medida recente a incentivar o mercado de futuros no Brasil. No plano fiscal, também houve avanços. Detde maio desse ano, a receita obtida por instituições não-financeiras com o hedging tem alíquota zero para o PIS e o Cofins. Para as instituições financeiras, também houve mudanças: o artigo 65 da medida provisória 252, de junho de 2005, permite agora a apuração do valor do PIS e do Cofins para os mercados futuros com base na diferença de curvas, de forma análoga ao que já era feito para os contratos de swaps. Outra facilidade recente para incentivar o mercado de futuros foi a criação, pela BM&F, do sistema Web Trading. Semelhante ao Home Broker, da Bovespa, o sistema permite que o próprio cliente negocie, de sua casa, minicontratos futuros. Criado no início de 2005, o sistema ainda tem pouca movimentação: dos mais de 600 mil contratos negociados por dia na BM&F, pouco mais de 100 são feitos via Web Trading. Até porque o sistema ainda está disponível, apenas, para boi gordo, dólar e Ibovespa. No futuro, porém, a tendência é de que a maior parte dos contratos seja negociada diretamente pelos clientes via internet.
Além do mercado de futuros, existe outra maneira de fazer proteção de preços pela BM&F: o mercado de opções. É aqui que a comparação do mecanismo do hedging com um seguro de carros se faz mais clara. No mercado de opções, a pessoa compra o direito de comprar ou vender determinada mercadoria a determinado preço. Quando ela compra o direito de comprar, é a opção de compra; quando compra o direito de vender, é a opção de venda. Por cada opção, paga-se um preço, que no mercado financeiro chama-se de prêmio. Esse prêmio corresponde ao preço do seguro de um carro. Se o carro sofre um acidente, o seguro cobre. Se não sofre, o preço pago vira pó, ou seja, não serve para nada. É a mesma coisa com as opções: você tem o direito de comprar ou vender tal produto a tal preço. Se, por conta da evolução do mercado, não for preciso exercer o direito, o dinheiro gasto para comprar o prêmio será perdido. Um frigorífico, por exemplo, quer ter certeza de que poderá comprar cada boi gordo daqui a seis meses por R$ 50. Para ter esse direito, ele pagará um prêmio de, digamos, R$ 5. Daqui a seis meses, se o boi gordo estiver custando R$ 70 no mercado, o frigorífico exercerá seu direito e pagará pelo boi R$ 50. Somando o preço da venda do boi mais o preço do seguro, pago no ato da feitura do contrato da opção, o frigorífico terá gasto R$ 55 com cada boi. Se daqui a seis meses, no entanto, o preço tiver caído e cada boi estiver custando R$ 45, o frigorífico não exercerá seu direito, comprará o boi no mercado físico por R$ 45. Somado esse preço ao gasto com o prêmio da opção, a empresa terá gasto R$ 50 com cada boi. Os R$ 5 gastos com a opção terão virado pó, mas o hedging terá sido feito. O mercado de opções é uma boa alternativa para os empreendedores que não quiserem se preocupar com ajustes diários e margem de garantia. Isso porque as opções no Brasil seguem o modelo europeu, isto é, não podem ser liquidadas antes do fim do contrato. Assim, não há necessidade de se fazer ajustes diários. Não há também necessidade de se depositar margem de garantia, já que o prêmio é pago na hora da compra, e não no seu vencimento. Pouquíssimos empreendedores protegem seus preços dessa forma na BM&F. Para você vender a opção de vender uma commodity a um preço definido, é preciso, do outro lado, existir alguém que queira comprá-la a tal preço. A chance de existir essa outra ponta na BM&F é pequena; por isso se diz que o mercado de opções no Brasil não tem liquidez. É aquela história do que vem primeiro: “se tem pouca gente negociando, tem pouca liquidez; se tem pouca liquidez, pouca gente vai negociar”, diz Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F. Para o agricultor que quiser tentar o mercado de opções, restam as bolsas externas: a Bolsa de Chicago, de Nova York ou Londres têm negócios desse tipo com bastante liquidez. A maioria das corretoras brasileiras opera nas bolsas externas, e o custo é relativamente o mesmo de se operar no Brasil. Luiz Carlos Braga, da Agropecuária Acaiá, é um entusiasta do mercado de opções. Guia Empreendedor Rural
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artigo
A teimosia do inconfidente O mineiro que não deu ouvidos aos sustos do mercado e enfrentou as multinacionais com seus produtos veterinário
n NOME: Norival Bonamichi IDADE: 48 anos EMPRESA: Ouro Fino SEDE: Ribeirão Preto, São Paulo NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 580
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Norival Bonamichi começou a carreira como vendedor e distribuidor de produtos veterinários em Ribeirão Preto, mas logo identificou as necessidades do mercado e decidiu fabricar seus próprios produtos. De família pobre de Inconfidentes, Minas Gerais, o mais velho de nove irmãos, juntou suas economias de dez anos de trabalho para inaugurar uma pequena fábrica de produtos de saúde animal, que já estava fadada ao fracasso para a maioria das pessoas que sabia da idéia. Afinal, era preciso enfrentar os grandes laboratórios internacionais, ainda hoje líderes do mercado. Mas Bonamichi não deu ouvidos aos palpites, insistiu no empreendimento e, como diz a gíria popular, “pagou para ver”. Com o amigo de infância Jardel Massari, montou o grupo Ouro Fino e, dezoito anos depois, provou que estava correto. “A grande dificuldade é a crença que o importado é melhor. Trabalhamos muito para mostrar nosso potencial”, diz Bonamichi. Hoje a Ouro Fino, que atua no desenvolvimento, na produção e na distribuição de produtos veterinários, está em 9ª posição no ranking brasileiro de medicina veterinária, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). A empresa possui mais de 8 mil clientes no Brasil, exporta para 28 países da América do Sul, da África
e do Oriente Médio e emprega 580 pessoas. Em 2004, registrou crescimento de 32% em relação ao ano anterior, índice superior ao de todo o segmento, que obteve acréscimo de 10%, segundo o Sindan. Para 2006, está prevista a conclusão de uma fábrica-modelo, que atende a todas as normas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do Mercado Comum Europeu. “A fábrica está equipada com tecnologia de ponta, certificada para prestar serviço a qualquer empresa farmacêutica do mundo”, diz o empresário. Construído em Cravinhos em uma área de 125 mil m², o complexo triplicará a capacidade produtiva da empresa. Terá áreas específicas para o desenvolvimento de parasiticidas; produtos biológicos; centro de tecnologia para pesquisa, desenvolvimento e qualidade; centro de treinamento e um complexo administrativo. Em uma área de 45 mil m², será construído ainda um centro de lazer para os colaboradores, uma prova da visão empresarial de Bonamichi. “Investir em pessoas, oferecer qualidade de vida ao colaborador e fazê-lo ter orgulho da sua empresa é para mim o passo mais importante do sucesso”, diz. E, para isso, a Ouro Fino não economizou. O complexo terá campo de futebol, biblioteca, quadras de esportes,
pista de atletismo, teatro, lagoa, academia de ginástica e uma horta de 1.000 m², onde o funcionário poderá cultivar verduras financiados pela Ouro Fino. Além dos cursos de capacitação que a empresa já oferece, com a nova fábrica os colaboradores poderão participar de oficinas de arte, nos quais terão aulas de teatro e de música. A trajetória profissional rendeu ao empresário o prêmio Empreendedor Master do Ano 2004, organizado pela empresa de consultoria Ernst & Young, a terceira maior do mundo. Ele concorreu com 140 finalistas no Brasil, e foi o primeiro empresário do agronegócio a receber a homenagem. “Ano passado eu perdi, mas continuei tentando. E se não ganhasse o prêmio este ano, tentaria no outro ano novamente. Como diz a propaganda, não desisto nunca”, diz Bonamichi. Guia Empreendedor Rural
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artigo
O segredo do associativismo O espanhol que descobriu o sucesso criando vínculos com os outros produtores de plantas
e NOME: Jordi Castan IDADE: 48 anos EMPRESA: Agrícola Boa Vista SEDE: Joinville, Santa Catarina NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 25
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Espanhol formado em paisagismo na Universidade de Barcelona, com trabalhos na Venezuela, foi no Brasil que Jordi Castan começou sua história de empreendedorismo, tornandose um dos principais responsáveis pela profissionalização da produção de flores em Santa Catarina e no Brasil. Seu nome está marcado na história do setor como um grande estrategista, fundador e proprietário de umas das associações empresariais de plantas mais bem-sucedidas do país, o Mercaflor. O segredo do sucesso? O associativismo. “Quando cheguei ao Brasil em 1985, os produtores mal se falavam, cultivavam muitas espécies em poucas quantidades e não conseguiam expandir porque não tinham força. Comecei a incentivar o associativismo, que no mundo inteiro é uma forma de garantir a competitividade no ramo”, diz Castan. Sem apoio governamental, que na época via a atividade com um certo preconceito, o paisagista liderou a estruturação dos produtores: viajaram para outros países em busca de idéias, iniciaram o planejamento estratégico da atividade e se uniram em associações. Em 1989, inauguraram a Associação de Produtores de Plantas Ornamentais do Estado de Santa Catarina (Aproesc)
e, alguns anos, depois formaram a Câmara Setorial de Flores e Plantas, a primeira câmara a ser vinculada a Secretaria da Agricultura do Estado. “Na época, foi um rebuliço. Os setores mais tradicionais da agricultura ainda não tinham uma câmara e nós, ousados, já estávamos formando a nossa”, diz. Em 1996, Castan começou a articular um sonho antigo, formar um mercado profissional de floricultores que concentrasse a oferta e profissionalizasse a comercialização. “O produtor precisava virar protagonista do processo, parar de esperar o comprador e ir até ele.” Da idéia surgiu o Mercado do Profissional da Floricultura e do Paisagismo de Santa Catarina (Mercaflor), responsável por 65% de toda a produção no Estado. Com crescimento médio de 25% ao ano, o Mercado quadruplicou o ganho de seus participantes e aumentou o número de clientes de 70 para 640 floriculturas. “O diferencial é transformar o Estado em uma referência no ramo. Um floricultor do Mato Grosso, por exemplo, não virá a Santa Catarina para comprar de apenas um produtor. Mas se houver um mercado profissional que reúna vários produtores, ele vem”, diz. Com a atuação de Castan, Santa
Catarina passou a ter posição de destaque no país, apesar de ocupar a terceira posição entre os maiores produtores brasileiros. Foi dos empresários do Estado à iniciativa de criar o Instituto Brasileiro de Floricultores (Ibraflor), órgão representativo da categoria. Começou em Joinville também a articulação para realizar o Primeiro Fórum Nacional, até hoje o maior evento de discussão de idéias no ramo. Jordi conseguiu ainda ampliar o próprio negócio. A Agrícola Boa Vista, que começou com meio hectare e um funcionário, atualmente possui 12 hectares e 25 funcionários. R
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artigo
O pioneiro muda o rebanho As soluções não tradicionais fazem parte deste pecuarista quededica 24 horas por dia à sua fazenda de criação
e NOME: Carlos Eduardo Novaes IDADE: 60 anos EMPRESA: Fazenda Crioula SEDE: Valparaíso, São Paulo
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Estar à frente foi uma lição aprendida por Carlos Eduardo Novaes desde cedo. Filho de agricultores, Novaes começou a criar gado ainda com 20 anos em uma parte não-utilizada da fazenda da família. Apesar da juventude, já sabia a importância de investir em qualidade e formou seu plantel com linhagens de criadores tradicionais, iniciando a produção de reprodutores e matrizes de Nelore CEN. Quarenta anos depois, a Fazenda Crioula é sinônimo de inovação e causou reboliço ano passado ao anunciar seu mais novo empreendimento: a clonagem de uma vaca. Em julho de 2004, morreu um dos principais animais da fazenda, a Matriz CEN 965. Segundo o pecuarista, o animal reunia as principais características de uma matriz: fertilidade, habilidade materna, funcionalidade e perfeita caracterização racial. Teve mais de 10 partos, com crias ainda lucrativas no mercado de sêmen e de embriões. “Há pouco, revenderam em leilão uma cria sua já com quase 10 anos por 350 mil reais. Duas filhas foram vendidas a 200 mil reais cada e um dos filhos vendeu 40 mil doses de sêmen no último ano”, diz o pecuarista. A idéia da clonagem foi do próprio Novaes, que estudou o assunto
e percebeu a oportunidade futura. “Nós começamos a aproveitá-la muito tarde e, como era um excelente animal, foi uma exceção”, diz Novaes. O processo, no entanto, ainda está em fase inicial, na multiplicação celular. As células ficaram 30 dias em cultivo com líquidos e hormônios para que se tornem viáveis à clonagem e logo depois foram congeladas em nitrogênio líquido. O material ficará à espera do avanço das pesquisas e, assim que a técnica estiver mais segura, Novaes será um dos primeiros a utilizar clonagem no agronegócio. Aliás, pioneirismo é algo já comum em seu empreendimento. A Fazenda Crioula foi uma das
precursoras na utilização de inseminação artificial no final da década de 60, quando muitos pecuaristas acreditavam que esse processo não era funcional. Antes mesmo da invenção dos deps, atributos que definem os valores genéticos dos animais, e do uso disseminado de computadores, o pecuarista já realizava cálculos para descobrir indicadores de ganhos reprodutivos. As porcentagens eram obtidas comparando o desempenho do gado com o dos seus contemporâneos, técnica utilizada por poucas pessoas na época. “Nós já nos preocupávamos com dados, números e pesagens há 30 anos, enquanto os outros criadores ainda estavam ligados
a valores visuais, de raça”, afirma o pecuarista. Há 12 anos, o fazendeiro iniciou a utilização de transferência de embriões e, no ano passado, chegou a coletar 800 embriões. Também possui a mais moderna tecnologia reprodutiva disponível, a fertilização in vitro, e, há cinco anos, seu rebanho é monitorado pelo programa de melhoramento genético da USP. Atualmente, a Fazenda Crioula tem 3.500 hectares e 2.500 cabeças de gado, alimentado somente a pasto. “Muitos fazendeiros exercem esta atividade por hobby. Eu não, este é meu ganha-pão e por isso penso 24 horas por dia em formas de aperfeiçoar a fazenda”, diz. R
FEVEREIRO
DEZEMBRO
feiras De 26/11 a 04/12/2005
De 01/12 a 11/12/2005
FENAGRO 2005 Salvador - BA Informações com: Associação Baiana dos Criadores H (71)375-3342 / 375-3062 fenagro@fenagro.com.br
EMAPA 2005 - 40ª EXPOSIÇÃO Agropecuária Municipal Industrial e Comercial de Avaré Avaré - SP Informações com: Administração da Prefeitura Municipal de Avaré H (14)3733-1549 / 3731-1843 emapa@avare.com.br
w w w. f e n a g r o . c o m
www.prefeituraavare.sp.gov.br De 13/02 a 17/02/2006
De 21/02 a 23/02/2006
SHOW RURAL COOPAVEL 2006 Cascavel - PR Informações com: Coopavel H (45)3225-6885 showrural@coopavel.com.br
EXPOAGRO AFUBRA 2006 Rio Pardo - RS Informações com: Departamento Agroflorestal da Associação dos Fumicultores do Brasil H (51)3713-7700 / 9915-8294 expoagro@afubra.com.br
www.showrural.com.br
www.expoagroafubra.com.br
De 14/02 a 16/02/2006 XXIX CONGRESSO PAULISTA DE FITOPATOLOGIA São Paulo - SP Informações com: Grupo Paulista de Fitopatologia H (11)5087-1724 takassaki@biologico.sp.gov.br
MARÇO
www.summanet.com.br De 07/03 a 12/03/2006
De 15/03 a 17/03/2006
1ºCONGRESSO INTERNACIONAL DO BOI DE CAPIM Mata de São João - BA Informações com: Mercado Brasil H (71) 3375-3062 boidecapim@yahoo.com.br
ENIPEC - ENCONTRO INTERNACIONAL DOS NEGÓCIOS DA PECUÁRIA Cuiabá - MT Informações com: Federação da Agricultura e Pecuária/ MT (Famato) H (65) 617-4457/613-1086 enipec@famato.org.br
www.boidecapim.com De 13/03 a 17/03/2006 EXPODIRETO COTRIJAL 2006 Não-Me-Toque - RS Informações com: Cotrijal (Cooperativa Tritícola Mista do Alto Jacuí) H (54) 332-3636 expodireto@cotrijal.com.br
www.expodireto.cotrijal.com.br 90
Guia Empreendedor Rural
w w w. e n i p e c. c o m . b r De 15/03 a 18/03/2006 FINCO 2006 - FEIRA INTERNACIONAL DE CAPRINOS E OVINOS São Paulo - SP Informações com: Agrocentro Empreendimentos e Participações H (54) 332-3636 expodireto@cotrijal.com.br
w w w. f e i n c o . c o m . b r
ABRIL MAIO
De 16/04/2006 a 19/04/2006
De 18/04 a 22/04/2006
6ª XCLUSIVE PET FAIR São Paulo - SP Informações com: Xclusive Mídia H (15) 3262 4142 petfair@xclusive.com.br
AGRISHOW CERRADO 2006 Rondonópolis - MT Informações com: Fundação MT e Abimaq H(66) 423 2041 fundacaomt@fundacaomt.com.br
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w w w. f u n d a c a o m t . c o m . b r
De 15/05 a 20/05/2006
De 29/05 a 01/06/2006
AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2006 Ribeirão Preto - SP Informações com: Abimaq H (11) 5591-6300 agrishow@agrishow.com.br
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De 20/06 a 24/06/2006
V SIMCORTE Viçosa - MG Informações com: Universidade Federal de Viçosa H (31) 3899-3325/ 3899-3263 simcorte@ufv.br
FEICORTE 2006 São Paulo - SP Informações com: Agrocentro Empreendimentos e Participações H (11) 5073-7799 info@feicorte.com.br
w w w. u f v. b r JUNHO
w w w. 2 5 c b c p d 2 0 0 6 . c o m
De 23/06 a 26/06/2006
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IV CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA Londrina - PR Informações com: Embrapa Soja H (43) 3371-6336 cbsoja4@cnpso.embrapa.br
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guia rural ENTIDADES E INSTITUIÇÕES
A
Federação Ornitológica do Brasil - FOB Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.131 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3862-4176
Associação Brasileira dos Criadores de Brahman Pça. Vicentino R. Cunha, 110 Bloco 1 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3883 abrahman@zaz.cp.br
AVICULTURA
Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Ibagé Av. João Teles, 1759 Cx. Postal: 303 Bagé/RS - 96400-031 Fone: (53) 241-2801
AGRICULTURA ORGÂNICA Associação de Agricultura Orgânica - AAO Av. Francisco Matarazzo, 455 2º andar • Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 20 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 3673-8013 organica@uol.com.br Instituto Biodinâmico Rod. Gastão Dal Farra • Km 4 Cx. Postal: 321 Botucatu/SP - 18603-970 Fone: (14) 6822-5066 www.ibd.com.br ibd@ibd.com.br
APICULTURA Centro de Apicultura Tropical Av. Prof. Manuel Ribeiro, 1920 Pindamonhangaba/SP 12400-970 Fone: (12) 242-7822
Associação Brasileira dos Exportadores de Frango - ABEF Av. das Américas, 505 • Sala 212 Barra da Tijuca Rio de Janeiro/RJ - 22631-000 Fone: (21) 493-5007 www.abef.com.br abef@abef.com.br Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte - APINCO Av. Andrade Neves, 2501 Bairro Jardim Chapadão São Paulo/SP - 13070-002 Fone: (19) 3241-0233 Fax: (19) 3243-5605 apinco@dglnet.com.br Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil - ACAB Cx. Postal: 399 Bragança Paulista/SP - 12900-000 Fone: (11) 4035-3299 www.acab.org.br online@acab.org.br
AQÜICULTURA Associação Brasileira de Criadores de Organismos Aquáticos - ABRACOA Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3672-8274 www.setorpesqueiro.com.br setorpesqueiro@ setorpesqueiro.com.br
ASININOS Associação Brasileira de Criadores de Jumento de Raça Pega Rua São Paulo, 893 • Sala 1204 Belo Horizonte/MG - 30170-131 Fone: (31) 3224-9492 abcpega@net.em.com.br
AVES ORNAMENTAIS Associação Brasileira dos Criadores de Aves Ornamentais Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.112 São Paulo/SP - 05001-970 Fone/Fax: (11) 3864-2899
Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia - FACTA Av. Andrade Neves, 2501 Campinas/SP - 13070-002 Fone: (19) 3243-4758 Fax: (19) 3243-8542 facta@facta.org.br União Brasileira de Avicultura - UBA Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912 12º andar • Sala 12A São Paulo/SP - 01451-000 Fone: (11) 3812-7666 Fax: (11) 3815-5964 www.rudah.com.br/uba ubasp@uol.com.br
BOVINOS Associação Brasileira dos Criadores de Angus Av. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501 Porto Alegre/RS - 90480-003 Fone: (51) 328-9122 www.angus.com.br angus@angus.org.br
Associação Brasileira dos Criadores de Belgian Blue Rua 7 de Setembro, 5388 Conj. 1602 Curitiba/PR - 80240-000 Fone/Fax: (41) 643-2223 Associação Brasileira de Criadores de Blonde D’Aquitaine Rua Tabapuã, 479 • 10º andar Conj. 102 Bairro Itaimbibi São Paulo/SP - 04533-011 Fone: (11) 3842-0712 Fax: (11) 3842-4903 blondebr@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa Av. Diógenes de Lima, 3063/65 Bairro Alto da Lapa São Paulo/SP - 05083-010 Fone: (11) 3831-0188 Fax: (11) 3834-5150 www.gadoholandes.com srg.scl@gadoholandes.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Brangus Av. Américo C. da Costa, 320 Campo Grande/MS - 79080-170 Fone/Fax: (67) 342-3811 www.abrangus.com.br brangus@vip2000.net Associação Brasileira dos Criadores de Canchim Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Casa do Fazendeiro • Sala 17 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-3099 canchim@canchim.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caracu Rua Vicente Machado, 1322 Sala 101 Cx. Postal: 162 Palmas/PR - 85555-000 Fone: (46) 262-3432 www.abccaracu.com.br abcc@abccaracu.com.br
Associação Brasileira dos Criadores de Charolês Rua Alberto Pasqualini, 25 4º andar • Sala 404 Santa Maria/RS - 97015-010 Fone: (55) 222-7822 Fax: (55) 222-7619 www.charoles.org.br abccharoles@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Chianina Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 2672-6099 Fax: (11) 2673-4905 Associação Brasileira dos Criadores de Devon Rua Anchieta, 2043 Cx. Postal: 490 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 Fax: (53) 227-8556 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Gado Jersey Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 21 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 262-0588 Fax: (11) 262-8101 www.gadojerseybr.com.br jerseybr@gadojersey.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Gelbvieh Av. Tiradentes, 6275 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 348-2427 www.gelbvieh.com.br Associação dos Criadores de Gir do Brasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3885 Fax: (34) 3336-5845 assogir@zaz.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Rua Orlando V. Nascimento, 74 Uberaba/MG - 38040-280 Fone/Fax: (34) 3336-3111 www.girolando.com.br girolando@girolando.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Guzerá Pç. Vicentino R. da Cunha, 110 Bloco 01 Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 3836-1995 www.guzera.org.br guzera@terra.com.br
Associação dos Criadores de Gado Holandês Av. Fernando Osório, 1754 Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 273-1399 Associação Nacional dos Criadores de Herd Book Collares Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação dos Criadores de Hereford/ Braford Rua General Osório, 1094 Bagé/RS - 96400-100 Fone/Fax: (53) 242-1332 www.braford.com.br hereford@hereford.com.br braford@braford.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil Pç. Vicentino R. da Cunha, 118 Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3336-4400 Associação Brasileira dos Criadores de Limousin Av. Tiradentes, 6275 Parque Governador Ney Braga Cx. Postal 398 Londrina/PR - 86072-360 Fone: (43) 338-6465 www.limousin.com.br limousin@sercomtel.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-2279 march@marchigiana.org.br Associação dos Criadores do Mocho Tabapuã Pç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 • Bloco 01 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone/Fax: (34) 336-2410 www.tabapua.org.br tabapua@zaz.com.br Associação dos Criadores de Nelore do Brasil Rua Riachuelo, 231 • 1 º andar Sao Paulo/SP - 01007-906 Fone: (11) 3107-0972 www.nelore.org.br nelore@nelore.com.br
Associação Nacional dos Criadores de Normando Rua Anchieta, 2043 Pelotas/RS - 96015-420 Fone: (53) 222-4576 www.herdbook.org.br herdbook.sul@zaz.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pardo-Suíço Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 27 Caixa interna 13 Sao Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3871-1018 Fax: (11) 3871-5308 www.pardo-suico.com.br gadopardo@pardo-suico.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Piemontês Rua Santa Catarina, 1901 Avaré/SP - 18708-000 Fone: (14) 3732-4118 www.piemontes.com.br abcp@activenet.com.br Associação Brasileira de Criadores de Pitangueiras Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3872-0905 Associação Brasileira de Criadores de Red Poll Rua Leopoldo Froes, 20 Porto Alegre/RS -90020-090 Fone: (55) 422-1542 Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-2322 www.santagertrudis.com santagertrudis@uol.com.br Associação Brasileira de Criadores de Simental e Simbrasil Rua Mário Romanelli, 23 Cachoeira do Itapemirim/ES 29303-260 Fone: (27) 521-5666 Fax: (27) 521-0570 simentalsimbrasil@ simentalsimbrasil.com.br Associação Brasileira de Criadores de Zebu Pça. Vicentino R. da Cunha, 110 Parque Fernando Costa Uberaba/MG - 38022-330 Fone: (34) 3319-3900 www.abcz.org.br abcz@abcz.org.br Associação do Novilho Precoce Rua da Consolação, 247 13º andar São Paulo/SP - 01301-000 Fone: (11) 259-0833
guia rural
B
E
BUBALINOS
EQÜINOS
Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 13 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-4455 www.bufalo.com.br bufalo@netpoint.com.br
Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05031-900 Fone: (11) 3873-2766
Fundação Centro Tecnológico Búfalos e Desenvolvimento Agropecuário - FCTBDA Cx. Postal: 193 Andradina/SP - 16900-000 Fone: (18) 722-5771
C CHINCHILAS Associação Brasileira dos Criadores de Chinchila Lanígera Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-300 Fone: (11) 3865-9237 www.surf.to/masterchinchila Associação dos Criadores de Chinchilas do Brasil - ACHIBRA Av. Presidente Vargas, 514 Camaquã/RS - 96180-000 Fone: (51) 671-1603 www.multichila.com.br multichila@multichila.com.br
D DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas - AENDA Av. Dr. Vieira de Carvalho, 172 3º andar • Conj. 306 São Paulo/SP - 01210-010 Fone/Fax: (11) 222-4446 www.aenda.org.br aenda@sti.com.br Associação Nacional de Defesa Agrícola ANDEF Rua Cap. Antônio Rosa, 376 13º andar São Paulo/SP - 01443-010 Fone/Fax: (11) 3081-5033 www.andef.com.br
Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Appaloosa Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3262-7800 www.appaloosa.com appaloosa@appaloosa.com.br Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Árabe Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 263-1744 www.abcca.com.br abcca@abcca.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campeiro Rua Marechal Floriano, 217 Curitibanos/SC - 89520-000 Fone: (49) 45-1866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina Rua Rep. da Argentina, 255 Belo Horizonte/MG – 30315-490 Fone: (31) 223-5260 www.campolina.org.br campolina@campolina.org.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Corrida Av. Lineu Paula Machado, 875 Jardim Everest São Paulo/SP - 05601-001 Fone: (11) 3813-5699 / Fax: 3814-3410 sbb@studbook.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos Av. Fernando Osório, 1754A Pelotas/RS - 96055-000 Fone: (53) 223-2122 www.abccc.com.br abccc@terra.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Hipismo Av. Francisco Matarazzo, 455 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3672-2866 www.brasileirodehipismo.com abcch@netpoint.com.br
Associação Brasileira de Criadores de Mangalarga Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 04 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3673-9400 Fax: (11) 3262-1864 www.cavalomangalarga.com adm@cavalomangalarga.com Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador Rua Goitacazes, 14 • 10º andar Belo Horizonte/MG 30190-050 Fone/Fax; (31) 3222-8833 www.abccmm.org.br abccmm@abccmm.org.br Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Raça Marajoara Av. Alm. Barroso, 5386 Belém/PA - 66610-000 Fone: (91) 231-0339 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Paint Av. Comendador José da Silva Marta, Quadra 36 Bauru/SP - 17053-340 Fone/Fax: (14) 236-3000 www.abcpaint.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro Rua Joaquim Murtinho, s/n Poconé/MT - 78175-000 Fone: (65) 345-1436 Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pônei Av. Amazonas, 6020 Parque Bolívar de Andrade Belo Horizonte/MG 30510-000 Fone/Fax: (31) 371-3797 www.bhnet.com.br/~ponei Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Quarto-de-Milha Av. Francisco Matarazzo, 455 Pavilhão 11 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 3857-2615 www.abqm.com abqm@quartodemilha.com.br Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural Av. Francisco Matarazzo, 455 Parque Água Branca Cx. Postal: 61.062 São Paulo/SP - 05001-900 Fone/Fax: (11) 864-3933 www.abhir.com.br abhir@dialdata.com.br
Federação Brasileira dos Criadores de Cavalo Puro Sangue Lusitano/Pura Raça Espanhola-Andaluz Av. Francisco Matarazzo, 455 Casa do Fazendeiro • Sala 14 São Paulo/SP - 05001-900 Fone: (11) 367-2866 Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Trotador Pça. Trotadores, 1 São Paulo/SP - 02120-010 Fone: (11) 6631-7263 abcctrotador@ig.com.br
M MARKETING RURAL Associação Brasileira de Marketing Rural - ABMR Av. Brigadeiro Faria Lima, 1572 2º andar • Conj. 221/222 São Paulo/SP - 01463-900 Fone: (11) 3812-7814 Fax: (11) 3816-2702
MECANIZAÇÃO Associação Brasileira dos Criadores de Jumento Nordestino Secretaria da Agricultura BR 101 • Km 0 Centro Administrativo Bairro Lagoa Nova Natal/RN - 59059-900 Fone: (84) 231-7218
F FEDERAÇÕES DA AGRICULTURA Confederação Nacional da Agricultura SBN Quadra 1 Ed. Palácio da Agricultura 2º e 4º andares • Bloco F Brasília/DF - 70040-908 Fone: (61) 326-3161 Fax: (61) 326-2421 www.cna.org.br cna@cna.org.br
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ Av. Jabaquara, 2925 4º andar São Paulo/SP - 04045-902 Fone: (11) 5582-6311 Fax: (11) 5582-6337 panrural@abimaq.org.br
MEDICINA VETERINÁRIA Conselho Federal de Medicina Veterinária SCS • Qd. 1 • Bloco E Edifício Ceará • 14º andar Brasília/DF - 70303-900 Fone: (61) 322-7708 Fax: (61) 226-1326 www.cfmv.org.br cfmv@cfmv.org.br
LO
FRUTICULTURA
ÓLEOS VEGETAIS
Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAF Av. Ipiranga, 952 • 13º andar São Paulo/SP - 01084-900 Fone: (11) 223-8766 www.ibraf.org.br ibraf@uol.com.br
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE Av. Vereador José Diniz, 3707 Conj. 73 • 7º andar São Paulo/SP - 04603-004 Fone: (11) 5536-0733 Fax: (11) 5536-9816 www.abiove.com.br abiove@abiove.com.br
L LEITE
OVINOS E CAPRINOS
Associação Brasileira de Produtores de Leite Brasil Rua Bento Freitas, 178 9º andar São Paulo/SP - 01220-000 Fone: (11) 221-3599 Fax: (11) 222-6495 www.leitebrasil.org.br leitebrasil@leitebrasil.org.br
Associação Brasileira de Criadores de Border Leicester Rua Itapeva, 93 Passo da Areia Porto Alegre/RS - 91350-080 Fone: (51) 341-2566 Fax: (51) 341-3566
Associação Brasileira dos Criadores de Hampshire Dow Rua Timbaúva, 930 Cx. Postal 65 Novo Hamburgo/RS 93332-110 Fone: (51) 587-1000 Associação Brasileira dos Criadores de Ideal Rua Humaitá, 192 Pelotas/RS - 96470-000 Fone/Fax: (53) 2481-1471 Associação Brasileira de Criadores de Ile de France Pça. Julio de Castilhos, 48 Apto. 21 Porto Alegre/RS - 90430-020 Fone: (51) 3311-8757 Associação Brasileira dos Criadores de Karacul Rua Nossa Senhora Aparecida, 167 Vila Conceição Porto Alegre/RS - 91920-690 Fone/Fax: (51) 3266-7305 Associação Brasileira dos Criadores de Merino Australiano Rua Santana, 2717 • Apto. 6A Uruguaiana/RS - 97510-471 Fone: (55) 412-6029 Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos - ARCO Av. Sete de Setembro, 1159 Cx. Postal: 145 Bagé/RS - 96400-901 Fone: (53) 242-6130 Fax: (53) 242-6455 arco@alternet.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Poll Dorset Rua Visconde de Guarapuava, 3945/ 1501 Curitiba/PR - 80250-220 Fone/Fax: (41) 233-1835 prdzierwa@onda.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Polypay Av. Princesa Isabel, 395 Porto Alegre/RS - 90620-001 Fone: (51) 217-1230 Associação Brasileira de Criadores de Romney Marsh Rua Mal. Floriano, 1098 Centro Bagé/RS - 96400-001 Fone: (53) 242-1753
guia rural Associação Brasileira dos Criadores de Suffolk Rua Joaquim Pedro Soares, 253 Fundos - Centro Novo Hamburgo/RS 93510-320 Fone: (51) 594-2825 Fax: (51) 582-7060 Associação Brasileira dos Criadores de Texel Av. Borges de Medeiros, 541 Conj. 501 Cx. Postal: 1.114 Porto Alegre/RS - 99658-044 Fone: (51) 341-5291 Fax: (51) 231-6307 Associação Paulista dos Criadores de Ovinos - ASPACO Rua Marcelo George, 69 Jardim Progresso São Manuel/SP - 18650-000 Fone: (14) 6891-2597 aspaco@laser.com.br Associação Brasileira dos Criadores de Caprinos Av. Caxangá, 2200 Bairro Cordeiro Cx. Postal 7.222 Recife/PE - 50711-000 Fone/Fax: (81) 3449-9391
P
SOCIEDADES Sociedade Rural Brasileira - SRB Rua Formosa, 367 • 19º andar São Paulo/SP - 01049-000 Fone: (11) 222-0666 Fax: (11) 223-1780 srb@amcham.com.br
SUÍNOS Associação Brasileira de Criadores de Suínos - ABCS Rua Dinarte Vasconcelos, 40 Parque 20 de Maio Cx. Postal 105 Estrela/RS - 95880-000 Fone/Fax: (51) 3712-1013 www.abcs.com.br abcs@viavale.com.br Associação dos Criadores de Suínos Av. Amazonas, 6020 Parque Gameleira Belo Horizonte/MG 30530-000 Fone: (31) 3334-5709
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
PESQUISA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Parque Estação Biológica (PqEB), s/n Edif. Sede • Plano Piloto Brasília/DF - 70770-901 Fone: (61) 448-4433 Fax: (61) 347-1041 www.embrapa.br presid@sede.embrapa.br
S SEMENTES Associação Brasileira dos Produtores de Sementes - ABRASEM SCS • Bloco G • nº 30 Sala 501 Edif. Bacarat Brasília/DF - 70309-900 Fone: (61) 226-9022 Fax: (61) 321-3569 www.abrasem.com.br abrasem@solar.com.br
a AGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Guilherme Schell, 10260 Canoas/RS - CEP: 92420-000 Fone: (51) 477-7000 Fax: (51) 477-1257 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.massey.com.br AGRALE S.A. Caminhões, tratores, motores e grupos geradores Rod. BR 116, km 145, 15104 Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520 Fone: (54) 229-1133 Fax: (54) 229-2290 E-mail: vendas@agrale.com.br Internet: www.agrale.com.br
AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA. Arados, grades, semeadeiras e roçadeiras Avenida Baldan, 1500 Matão/SP - CEP: 15993-000 Fone: (16) 282-2577 Fax: (16) 282-2480 E-mail: car@agritillage.com.br Internet: www.agritillage.com.br ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA. Moinhos, transportadores e secadores Av. Domingos Camerlingo Calo, 3228 Ourinhos/SP - CEP: 19900-000 Fone: (14) 322-5815 E-mail: alliance@ourinhos.com.br Internet: www.alliance.ind.br
c CASE BRASIL & CIA. Tratores e colheitadeiras Av. Jerome Case, 1801 Sorocaba/SP - CEP: 18087-370 Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100 Internet: www.casecorp.com CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO Distribuidores, bebedouros e silos para frangos Rua Sebastião Gonçalves Cruz, 477 Amparo/SP - CEP: 13904-904 Fone: (19) 3807-8022 Fax: (19) 3807 2422 E-mail: caspsa@dglnet.com Internet: www.casp.com.br CATERPILLAR BRASIL LTDA. Tratores, máquinas e equipamentos Rod. Luiz de Queiroz, Km 157 Piracicaba/SP - CEP: 13420-900 Fone: (19) 429-2100 Fax: (19) 429-2430 Internet: www.cat.com CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA. Arados, cultivadores, grades e plantadores Rod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541 Araras/SP - CEP: 13600-970 Fone: (19) 543-2100 Fax: (19) 543-2122 E-mail: contato@civemasa.com.br Internet: www.civemasa.com CONFAB INDUSTRIAL S.A. Tubos para armaz. e distribuição Rua Tabapuã, 41 -14º Andar São Paulo/SP - CEP: 04533-010 Fone: (11) 3040-6015 Fax: (11) 3040-6037 E-mail: cfbrjz@confab.com.br Internet: www.confab.com.br
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EIRICH INDUSTRIAL LTDA. Secadores, trituradores e moagens Estrada Velha De Itu, 1500 Jandira/SP - CEP: 06612-250 Fone: (11) 4789-3055 Fax: (11) 4789-3049 E-mail: eirich@eirichbrasil.com.br Internet: www.eirich.de
JOHN DEERE BRASIL S.A. Tratores e colheitadeiras Av. Jorge Logemann, 600 Horizontina/RS - CEP: 98920-000 Fone: (55) 537-1322 Fax: (55) 537-1844 E-mail: slsjohndeere@ johndeere.com Internet: www.slc.com.br
ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A. Fornos industriais Avenida Juvenal Arantes, 1375 Jundiaí/SP - CEP: 13212-370 Fone: (11) 4525-0744 Fax: (11) 4525-0943 E-mail: elino@dglnet.com
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f FOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA. Ordenhadeiras, identificadores e controle de armazenagem Rua da Holanda, 123 Panambi/RS - CEP: 98280-000 Fone: (55) 375-4422 Fax: (55) 375-4482 E-mail: bruno@fockink.ind.br Internet: www.fockink.ind.br
h HIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS LTDA. Moto-bombas, pivôs e grupos geradores Via Antônio Leite de Oliveira, 215 Piedade/SP - CEP: 18170-000 Fone: (15) 244-1103 Fax: (15) 244-1103 E-mail: hpower@uol.com.br Internet: www.jimenezhitropower.com.br
i INBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS E VIBRATÓRIOS LTDA. Equipamento e vibratórios Rua Marinho de Carvalho, 16 Diadema/SP - CEP: 09921-000 Fone: (11) 4056-6654 Fax: (11) 4056-6755 E-mail: inbrasbr@sanet.com.br
KEPLER WEBER S.A. Peças para armazenagem e conservação Avenida Andaraí, 566 Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110 Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281 E-mail: diretoria@kepler.com.br Internet: www.kepler.com.br KILBRA MÁQUINAS LTDA. Embalagens de ovos, criadeiras e bebedouros Rua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187 Birigüi/SP - CEP: 16206-005 Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240 Internet: www.kilbra.com.br KREBSFER INDUSTRIAL LTDA. Pivôs, conexões e tubos Rua Krebsfer, 566 Valinhos/SP - CEP: 13279-450 Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566 E-mail: krebsfer@hiway.com.br Internet: www.krebsfer.com.br
m MARCHESAN IMP. E MÁQUINAS AGRÍCOLAS TATU S.A. Máquinas para preparação, plantio e conservação de solos Avenida Marchesan, 1979 Matão/SP - CEP: 13600-970 Fone: (16) 282-2411 Fax: (16) 282-2402 E-mail: agm@marchesan.com.br Internet: www.marchesan.com.br METALÚRGICA PAGE LTDA. Silos, transportadores, secadores e empilhadeiras Rodovia BR-101, Km 414 Araranguá/SC - CEP: 88900-000 Fone: (48) 524-0030 Fax: (48) 524-0030 E-mail: mpage@mpage.com.br Internet: www.mpage.com.br
METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A. Ferramentas e peças para tratores e implementos agrícolas Rua Fritz Lorenz, 2442 Timbó/SC - CEP: 89120-000 Fone: (47) 281-2000 Fax: (47) 281-2223 E-mail: vendas@metisa.com.br Internet: www.metisa.com.br
n NETZSCH DO BRASIL LTDA. Bombas rotativas e filtros Rua Hermann Weege, 2383 Pomerode/SC - CEP: 89107-000 Fone: (47) 387-8222 E-mail: celsosalgueiro@uol.com.br Internet: www.netzsch.com.br NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA. Tratores e colheitadeiras Av. Juscelino Kubitschek, 11825 Curitiba/PR - CEP: 81450-903 Fone: (41) 341-7317 Fax: (41) 341-7107 Internet: www.newholland.com.br
p PACKO PLURINOX LTDA. Linhas de processamento, bombas e centros coletores de leite Avenida Tancredo Neves, 505 Batatais/SP - CEP: 14300-000 Fone: (16) 3761-4144 Fax: (16) 3761-6299 E-mail: administrativo@ packoplurinox.com
v VALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Produtos para irrigação, iluminação e energia Avenida Francisco Podboy, 1600 Uberaba/MG - CEP: 38056-640 Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001 E-mail: blk@valmont.com.br Internet: www.valmont.com VALTRA DO BRASIL S.A. Tratores Valmet R. Cap. Francisco de Almeida, 695 Mogi das Cruzes/SP CEP: 08740-300 Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119 E-mail: mkt@valtra.com.br Internet: www.valtra.com.br
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