ed. 1 - ano 1 - R$ 14,90
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Um roteiro com o essencial de Mendoza
Os segredos de Bordeaux
Um guia para aprender a degustar
A Borgonha segundo LouisFabrice Latour
EDITORIAL
Uma revista para DEGUSTAR Q
uando decidimos fundar a Evino, há pouco mais de dois anos – na época, ainda com o nome Epicerie –, tínhamos muito claro o propósito da empresa: democratizar o consumo do vinho no Brasil. A trajetória até aqui, com perdão do trocadilho, repleta de gargalos, não foi fácil. Hoje, porém, depois de algumas centenas de milhares de garrafas vendidas, tudo nos leva a crer que mais acertamos que erramos. O Clube Evino, do qual você faz parte, nasceu em março de 2014. Ficamos muito felizes por acompanhar o enorme sucesso de nosso clube de vinhos. E hoje viemos brindar você, sócio, com a primeira edição da Revista Evino, que soma à nossa proposta geral conteúdo e informação. Temos a convicção de que o aumento do consumo desta bebida que tanto prezamos passa pela promoção da cultura do vinho e pela formação do consumidor brasileiro. A Revista Evino é o instrumento que encontramos para levar a você informações e conhecimento do universo vitivinícola, enogastronômico e enoturístico de maneira divertida e despretensiosa, com o tom único da Evino, com o qual você já se acostumou. Na Revista você irá pegar carona com a Evino para conhecer regiões vinícolas na seção “Em Rota” e aprender mais sobre suas histórias em “Terroirs”. Em “Vinifique-se”, irá se aprofundar, ainda, em temas como harmonização, serviço, armazenamento e, no caso desta estreia, degustação. Como não poderia deixar de ser, irá se deliciar com os pratos e harmonizações da seção “Comes se bebes”, e aprender mais sobre as personalidades do mundo de Baco em “Vozes do Vinho”. De quebra, receberá a cada edição um convite para visitar os bastidores de vinícolas emblemáticas e, na seção “Enquanto isso, na Evino…”, abriremos nossas portas. Aproveitamos, também, para erguer a taça e saudar todo o time da Evino que tanto se esforça para fazer da experiência do clube a mais positiva e vibrante possível. Da criteriosa curadoria, passando pelo minucioso trabalho de geração de textos e fotos, chegando à rigorosa preparação dos pedidos, cada etapa do processo é imprescindível para o resultado final. Esperamos que aproveite a leitura da Revista como tem apreciado os vinhos do clube. Boa leitura e boas degustações!
Ari Gorenstein
Gerente de Conteúdo Lana Ruff PUBLISHERS Ari Gorenstein e Marcos Leal CMO Patrícia Komura
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Editor Giuliano Agmont Diretor de Arte Ricardo Torquetto
COLABORADORES Danilo Marcondes, Gustavo Cunha, Jessica Marinzeck e Luccas Villela
leitor@evino.com.br
PUBLICIDADE publicidade@evino.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR
A Revista Evino é uma publicação da INNER Editora sob licenciamento da Evino
Impressão Prol Gráfica
SUMÁRIO
16 08 ABRE ASPAS Seu espaço na revista Evino. Interaja conosco
10 ALÉM DAS TAÇAS
Novidades para sofisticar sua degustação
12 VITI & CULTURA Um panorama do universo enocultural 16 VOZES DO VINHO Entrevista com Louis-Fabrice Latour, da Maison Louis Latour
22 LARES DO VINHO A chilena Viña Marty em foco
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26 EM ROTA Dicas de viagem para conhecer Mendoza 32 COMES SE BEBES Harmonizações do bacalhau com tinto e branco
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26 36 VINIFIQUE-SE Dicas de como degustar 38 TERROIRS Uma imersão em Bordeaux 40 ENQUANTO ISSO, NA EVINO Nossos bastidores, da seleção à entrega dos vinhos
42 O FAVORITO O vinho eleito desta edição 44 PARA BRINDAR Sugestões de rótulos para você apreciar
50 COM ELA, A PALAVRA Opiniões e experiências de quem entende
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ABRE ASPAS
o seu espaço na Revista Evino
Poema cartográfico
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Vinhos à mesa
Só queria dizer, depois de umas taças ontem à noite... VINHO Os mesopotâmios e egípcios domesticaram as primeiras videiras; Os gregos transformaram em um deus; Os romanos espalharam por todo o Império e desfrutaram como nunca; Os franceses transformaram em arte; Os italianos, em celebração religiosa; Os cientistas, em remédio; Os norte-americanos, em filme; Os australianos, neozelandeses e sul-africanos provaram que abaixo de Capricórnio existe um bom vinho; Os chilenos e argentinos mostraram ao mundo: aqui também tem ‘o vinho’; Os brasileiros decidiram:‘vou tomar vinhos’; E a Evino.... juntou todo mundo e disse: ‘Venham degustar com a gente!’”
“
Descendente de portugueses, fui desde cedo apresentada ao vinho. Conheci a Evino e gostei muito da seleção. Os vinhos são bem descritos e as harmonizações sugeridas dão água na boca! O site é muito bem feito e, enfim... só tenho elogios. Depois disso, até passamos a fazer mais refeições em casa nos finais de semana para podermos desfrutar melhor dessas delícias!”
Salete Quintas - São Paulo (SP)
Primeiríssima classe
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Gostamos muito de apreciar um bom vinho. Com as dicas da Evino e sua vasta carta, tornou-se possível degustar vinhos de primeiríssima classe. Eles chegam ao seu portão com o melhor custo-benefício que já vi no mercado. Parabéns, equipe da Evino”
Luiz Carlos Garcia Genelhu e Lucimeire Genelhu – Itumbiara (GO)
Edison Leal – Itajaí (SC)
Diretamente do Instagram @evinobr
Leandro Curty:
Liu Barros:
Rafael Manzano:
Victor Schmidt:
@leandrocurty
@liubarros_
@rafael_manzano
@vpsch
“Belo vinho da @evinobr. #brindarfazparte”
“Quando a companhia contagia. #brindarfazparte”
“Amigos desde a infância até os dias de hoje, e com certeza para o resto da vida! #brindarfazparte”
“Degustando um Prosecco Montelvini da @evinobr com @jessiemachado. #brindarfazparte”
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ALÉM DAS TAÇAS
VEDAÇÃO TOTAL Para guardar uma garrafa aberta, a tampa expansível (Trudeau) garante a vedação sem derramar o vinho até na posição horizontal.
www.casaflora.com.br
PARA 6 GARRAFAS Este suporte para seis garrafas da marca Delicá é simples e prático. Desmontável, é fácil de usar e guardar.
www.benedixt.com.br
TEMPERATURA CERTA Com uma biblioteca de 33 temperaturas pré-selecionadas para os diferentes tipos de vinho, o Waring Pro RPC175WS mantém a refrigeração constante depois de atingida a marca ideal.
www.amazon.com
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TAÇAS FUTURISTAS Desenhada pelo egípcio Karim Rashid para a Oxford Cristais, a linha Pike 650 Classic abusa do estilo futurista. O jogo vem com seis taças.
www.oxfordporcelanas.com.br
DEGUSTAÇÃO MAIS ÁGIL Além de oxigenar o vinho, este aereador da Vacu Vin é capaz de mostrar se há sedimentos na bebida.
www.fullfit.com.br
MALA PRONTA Esta mala permite o transporte de 12 garrafas de vinho e conta tanto com porta-tablet quanto com nécessaire. Inclui capa protetora em nylon para despachar em viagens aéreas.
www.winefitstore.com.br
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VITI & CULTURA
DICAS
Para manusear um espumante GARRAFA DEITADA OU DE PÉ? Engana-se quem acredita que a melhor opção seria deitada. É o que pensa o expert Carlos Cabral. Segundo ele, a melhor forma de guardar em casa um Champagne, ou qualquer outro espumante, é em pé (sim, na vertical), nunca deitada, como muitos estão acostumados. A explicação tem a ver com as propriedades físicas da rolha de cortiça dos espumantes, que não pode ficar em contato com o líquido por muito tempo para preservar sua elasticidade. Mas calma, segundo o especialista, se você comprou um Champagne novo e vai degustá-lo em até um ano, não há problema se a garrafa estiver deitada. Nesse caso, a rolha, mesmo molhada, conseguirá manter-se incólume. O mesmo não acontece com espumantes “safrados” guardados por longo tempo antes de serem apreciados. Estes devem ser mantidos em pé para que o contato excessivo com o espumante não faça com que a rolha perca, com o tempo, alguma capacidade de recuperar sua forma após a extração. Claro que isso não compromete a capacidade de vedação ou de conservação do espumante, mas, esteticamente, a rolha fica mais castigada quando a garrafa permanece na posição horizontal por longos meses. Isso não é um consenso: estudos mostram que, em tese, todo vinho pode ser guardado na posição vertical, sem prejuízo.
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AGITO ANTES DE ABRIR? Para pesquisadores da Universidade de Reims, na região de Champagne, na França, chacoalhar vigorosamente a garrafa pode diminuir o risco de que a rolha voe longe e haja uma erupção do líquido em um spray de espuma. Em outras palavras, os cientistas dizem que não é preciso ter medo de abrir um espumante depois de agitá-lo. As bolhas explicariam o fenômeno. É que o dióxido de carbono presente na bebida seria equivalente ao do gargalo quando a garrafa está fechada. Assim, ao se agitar o vinho, formam-se bolhas grandes durante a mistura do gás com o líquido. Porém, quando essas bolhas se rompem, um pouco do dióxido de carbono é absorvido pelo líquido, reduzindo levemente o total de gás na garrafa. Evidentemente, acrescentam os pesquisadores, a diminuição na pressão depende do tempo. Se a garrafa for aberta logo após ser chacoalhada, sairá aquele spray de espuma com que os pilotos de Fórmula 1 costumam comemorar. Mas, quando a garrafa é mantida fechada e imóvel por alguns minutos – 2 minutos e 40 segundos seria o tempo ideal –, a dissipação das bolhas reduz a pressão, que dura cerca de 30 segundos. Apesar das evidências, os próprios autores do estudo acreditam que a maneira mais segura de abrir uma garrafa de espumante ainda é movê-la gentilmente, sem sacudi-la.
CURIOSIDADES
Tesouros perdidos
ÂNFORA DO GENERAL ROMANO Não é de hoje que se suspeita que uma propriedade denominada Villa Le Grotte, na ilha de Elba, na Itália, pertencera ao general romano Marcus Valerius Messalla Corvinus, justamente o rival de Ben Hur, o personagem fictício de cinema criado por Lew Wallace. Novas escavações estão próximas de confirmar as suspeitas. Pesquisadores da Universidade de Siena desencavaram ânforas que estampavam os dizeres: “Hermia Va(leri) (M)arci s(ervus) fecit”, ou seja, “feito por Hermias, escravo de Marcus Valerius”.
SAÚDE
Se beber, exercite-se
Cientistas tchecos da Universidade de Palacky reiteram uma tese já consagrada entre os médicos, a de que o hábito de apreciar uma taça de vinho no jantar aliado à prática regular de atividades física faz bem para nosso sistema cardiovascular. Porém, os pesquisadores alertam que o benefício pressupõe que o consumo de vinho esteja necessariamente associado aos exercícios físicos. O trabalho monitorou 146 pessoas com uma leve ou moderada possibilidade de contrair doenças cardíacas durante um ano. Metade dos voluntários consumiu vinho branco (Chardonnay-Pinot) enquanto a outra bebeu vinho tinto (Pinot Noir), sendo que as mulheres foram autorizadas a ingerir 200 ml da bebida e os homens, 300 ml. Segundo o trabalho, aqueles que ingeriram vinho e se exercitaram regularmente apresentaram resultados “positivos e contínuos” em relação aos marcadores de aterosclerose, doença que leva a obstruções no sistema circulatório. Não houve distinção entre os efeitos benéficos em relação a tinto ou branco.
SEMENTES BIZANTINAS Arqueólogos descobriram sementes de uva de 1.500 anos do Império Bizantino em uma escavação nas ruínas de Negev, em Israel. Para os cientistas, o achado pode ser considerado a primeira evidência direta da produção de vinho na região durante o período bizantino. O diretor da escavação na Universidade de Haifa, o professor Guy Bar-Oz, espera que o trabalho permita que se recrie o vinho da antiguidade. Textos antigos já relatavam as virtudes do vinho de Negev. A expectativa é que seja possível, com as sementes, reproduzir o sabor e entender o que tornava os vinhos de lá tão bons.
Aposentadoria jamais Apesar dos rumores, o mais influente crítico de vinhos do mundo garante que nunca vai se aposentar. Aos 67 anos de idade, Robert Parker, criador do Wine Advocate (seu site de avaliações de vinho), garante que “morrerá na estrada ou desmaiará em alguma vinícola”. As suspeitas surgiram depois que Parker vendeu parte de seu site e desistiu de participar das provas en primeur (degustação dos vinhos antes de estarem prontos) de Bordeaux. “Vou continuar a degustar Bordeaux, mas não en primeur. Vou sentir saudades”, disse o crítico de vinhos, que degustou todas as safras de Bordeaux en primeur desde 1978 e fez fama na safra 1982. Segundo ele, uma de suas metas é fazer uma retrospectiva sobre a safra 2005, considerada referência nos últimos anos. Parker também garante que continuará a degustar os vinhos do vale do Napa e Sonoma.
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VITI & CULTURA
FRASES
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Deus apenas fez a água, mas o homem fez o vinho”. Victor Hugo
“
Um bom vinho é poesia engarrafada”.
Robert Louis Stevenson
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Boa é a vida, mas melhor é o vinho”.
Fernando Pessoa
LIVRO
Vinho no mapa Uma das principais referências sobre vinho chega a sua sétima edição com conteúdo atualizado. Publicado pela primeira vez em 1971, o Atlas Mundial do Vinho incorporou novos mapas e textos inéditos. Entre as novidades desde a sexta edição, lançada em 2007, está o surgimento de regiões produtoras, em particular a China. Áreas como Khaketi, na Geórgia, costa da Croácia e norte da Virgínia, nos Estados Unidos, também entraram no mapa. Ao todo, a nova versão deste clássico conta com 215 mapas. Uma obra obrigatória para se conhecer a geografia do vinho no mundo. Título: Atlas Mundial do Vinho Autores: Hugh Johnson e Jancis Robinson Editora: Globo Estilo Páginas: 400
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BATE-PAPO
Vinhos naturais Um pingue-pongue com Philippe Pacalet Ele desenvolveu com o tio Marcel Lapierre a paixão pelo vinho e o respeito pela natureza e aprendeu com Jules Chauvet as bases científicas para produção dos vinhos naturais. Nesta conversa, o produtor Phillppe Pacalet, um das maiores conhecedores de vinhos naturais do mundo, fala sobre essa tendência irrefreável. O que é um vinho natural? Ou seria orgânico? Um vinho orgânico se refere à agricultura orgânica. Já o conceito de “vinho natural”, desenvolvido pelo meu tio Marcel Lapierre, diz respeito ao processo de vinificação, menos intervencionista, sem sulfatos e com leveduras selvagens. Hoje, eu me apresento como alguém que faz vinhos terroir usando técnicas orgânicas na agricultura e abordagens menos intervencionistas na vinificação e envelhecimento. Como funcionam os métodos de cultivo biodinâmicos da uva e como se dá a vinificação natural? Os métodos biodinâmicos determinam uma especificação rigorosa que tem como objetivo trazer vida ao solo e à planta, dando ritmo à agricultura a partir do respeito aos ciclos da Lua, das estações do ano e das constelações. Já na vinificação natural precisamos de um processo vivo para revelar o efeito , obtendo dele as informações ideais do terroir. O problema de usar sulfatos, leveduras selecionadas e demais técnicas é a padronização do gosto. Para manter a originalidade do vinho, a exemplo do que se faz com o leite, realizamos a vinificação sem sulfatos e com leveduras selvagens, que preservam as impressões de terroir. Dizem que vinhos naturais não envelhecem bem. Há fundamento nisso? Meus vinhos envelhecem bem, porque somos profissionais, não tentando aplicar uma ideologia, mas concentrando nossos esforços para fazer o melhor vinho que pudermos. Muitos vinhos “naturais” envelhecem bem se suas condições tanto de armazenamento quanto de envio forem adequadas. Como nasceu sua vinícola? Sua infância na Borgonha continua viva nos vinhos que produz? Depois de aprender o meu trabalho em diversos lugares, sem herdar quaisquer vinhas, eu precisava encontrar uma
maneira de definir a minha empresa. É claro que meu objetivo era ficar na Borgonha e fazer vinhos de terroir de Pinot Noir e Chardonnay. Meu trabalho hoje é reflexo do que fiz no passado, da minha juventude com o meu tio, do conhecimento científico que adquiri e do respeito à natureza e à história. Sempre tive uma ideia muito clara do vinho que gostaria de fazer, usando o processo ancestral com uma mente moderna para fornecer vinhos que são fortemente caracterizados por sua origem. Como tem sido sua atuação no mercado? É um trabalho de longo prazo. Sei que não é moderno, mas preferimos trabalhar com pessoas com as quais temos afinidades. Não se trata simplesmente de negócios. Nossos clientes são pessoas com a cultura e a paixão por vinho e comida. Gostamos de conhecê-los e estabelecer um relacionamento. Vejo que nosso mercado está crescendo lentamente em todo o mundo. Nossos principais mercados são Japão e D inamarca. Atualmente, produzimos 55 000 garrafas por ano. Você gosta de associar o vinho à música. O que isso quer dizer? A propósito, soubemos que gosta de música brasileira... O vinho é como música, traz energia, que significa “informação” em Física, para que as pessoas possam se emocionar. Vinho permite que as pessoas se abram para elas mesmas e para os outros. A música brasileira é festiva, cheia de energia e acessível.
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VOZES DO VINHO
por Giuliano Agmont
O líder da Maison Latour Louis-Fabrice revela os segredos da Borgonha com seu terroir único e fala sobre a mística em torna da uva Pinot Noir
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Vinícola tem mais de 200 anos de tradição
A
ntes de assumir os negócios da família, Louis-Fabrice Latour, por desejo do pai, acumulou experiência no mundo das finanças. Graduado na Sciences Po, em Paris, teve seu primeiro emprego em Londres, antes de voltar para trabalhar no banco BNP Paribas, na capital francesa. Depois, precisou de mais uma década para apreender o método enológico e compreender o que é a qualidade no mundo do vi-
nho. Os negócios foram passados para Louis-Fabrice em 1999, quando ainda era o “Louis jovem”. “As pessoas só pararam mesmo de me chamar ‘Louis jovem’ em 2006”, recorda. O líder da Louis Latour conta que as pessoas sempre ficam surpresas ao conhecê-lo. “Elas não acreditam que um produtor de vinhos tão grande como a Louis Latour pode ainda ser uma empresa familiar”, conforme revela nesta entrevista exclusiva para a Revista Evino.
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Os vinhos são feitos com base no clima e no terroir, isso é a Borgonha. Aqui a qualidade das uvas muda entre vinhedos que estão a apenas alguns metros de distância” Louis-Fabrice Latour
A Maison Louis Latour apareceu logo após a Revolução Francesa. São mais de 200 anos de tradição, o que rendeu à Louis Latour o ingresso no exclusivo clube Les Hénokiens. O que significa para um homem do século 21 pertencer a uma família que sempre produziu vinho?
Esta posição de líder dos negócios da família tem sido passada de pai para filho primogênito há mais de 200 anos. Eu sou, portanto, a décima primeira geração e o sétimo Louis Latour (ou seja, o sétimo com o nome Louis Latour). Acredito que cada geração deve deixar algo novo para a seguinte, mas por enquanto o meu foco está na manutenção da já muito bem estabelecida reputação de Louis Latour. Como é a sua rotina hoje em dia à frente da Maison Louis Latour?
Eu viajo quase 80 dias por ano, mas fico principalmente na Louis Latour, com visitas, reuniões, federações e projetos, muitos projetos. Nós acabamos de adquirir um domaine de 15 hectares em Auxois e estamos plantando Pinot Noir no sul de Beaujolais. Tenho sempre muita coisa para fazer na Borgonha! Qual é a importância da tradição na produção de vinho?
Respeitar a tradição significa respeitar as heranças dos nossos ancestrais e os métodos e técnicas de enologia que eles nos ensinaram. Mas é claro que isso não significa ser conservador e rejeitar as mudanças. A sua família produz vinhos em muitas regiões da Borgonha. O que cada uma tem de especial?
A Borgonha oferece um terroir tão diverso que é único no mundo. A Côte d’Or, que inclui Côtes de Nuits e Côtes de Beaune, é uma estreita faixa de terra de 41 milhas (66 km) que se estende ao sul desde os arredores de Dijon até um pouco além de Santenay. Nós somos os maiores proprietários de vinhedos Grand Cru na Côte d’Or. Para cada Côte, nossos tintos são delicados, elegantes, picantes e não superextraídos. Para os brancos, nós gostamos de vinhos estruturados, ricos e poderosos, mas eles não podem ser muito alcoólicos. Branco ou tinto, nós procuramos fazer vinhos equilibrados, não muito maduros nem com baixa acidez.
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Louis Latour é a maior proprietária de vinhedos Grand Cru na Côte d’Or
E quanto a Chablis, Côtes Chalonnaise e Mâconnais?
Chablis, que é a denominação mais ao norte da Borgonha, abrange uma área de 5.000 hectares que se estende ao longo das encostas que margeiam um trecho de 20 km do rio Serein. Esta região é distinta devido ao seu solo de calcário kimmeridgian. O clima fresco e a inclinação característica dão ao Chardonnay da Simonnet-Febvre sua famosa mineralidade e boa acidez. Côtes Chalonnaise e Mâconnais estendem-se ao sul desde a Côte de Beaune. Nelas as vinhas foram plantadas pelos monges beneditinos da Ordem de Cluny mais de 1.000 anos atrás e se beneficiam de solos calcários e excelente exposição. A Côte Chalonnaise produz belos vinhos brancos, como o fresco e mineral Montagny, assim como alguns lindos tintos que são poderosos e bem estruturados. A Côte Mâconnaise é mundialmente conhecida pelos seus vinhos brancos, Mâcon-Villages ou, mais notavelmente, o Pouilly-Fuissé, com seus aromas florais contrabalançando os toques de frutas cítricas. Há ainda Beaujolais...
A região de Beaujolais é topográfica e geologicamente muito similar com ao restante da Borgonha, embora a Gamay seja a variedade. Aqui ela se desenvolve e revela perfeitamente as nuanças do granito da região. Os Beaujolais-Villages de Henry Fessy são a perfeita expressão da vivacidade da uva de Beaujolais e são perfeitos para o prazer imediato.
Quais fatores podem explicar tamanha diversidade de estilos e vinhos em uma região como a Borgonha?
Os vinhos são feitos com base no clima e no terroir, isso é a Borgonha. Aqui a qualidade das uvas muda entre vinhedos que estão a apenas alguns metros de distância. Como resultado, eu acredito que o conceito de terroir é mais nítido na Borgonha. O que fazemos é embutir essas condições no vinho, respeitando a natureza e a nossa tradição, que são a quintessência do vinho borgonhês. Em quais regiões fora da Borgonha a Louis Latour atua? Quais são os desafios de trabalhar com uvas diferentes em regiões diferentes?
Meu pai começou a trabalhar com a região de Ardèche no final dos anos 1970. Nós estávamos buscando um Chardonnay de boa qualidade a preços estáveis. Desde o começo, tivemos grande sucesso com o Chardonnay d’Ardèche. Nosso sucesso continuou com o Grand Ardèche, no início dos anos 1990, quando começamos a selecionar os melhores lotes de uvas para envelhecer em barris de carvalho. Após estabelecer a Chardonnay em Ardèche, a Maison Latour escolheu a região do rio Var, com vista para a Riviera, no sudeste da França, para plantar Pinot Noir no Domaine de Valmoissime. Lá a Pinot Noir cresce a aproximadamente 500 metros acima do nível do mar nos sopés dos Alpes de Haute Provence. Apesar da sua proximidade com o Mar Mediterrâneo, essas encostas de alta altitude do rio Var, com um microclima característico
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Existem bons Borgonhas por preços razoáveis, diz Louis-Fabrice
e estações bem definidas, proporcionam os dias ensolarados e as noites frias para a produção da Pinot Noir.
mundialmente conhecida, quando se trata da Pinot Noir, pode nos dizer sobre os vinhos produzidos com essa variedade?
Quantos vinhos fazem parte do portfólio da Louis Latour?
Eu não conseguiria quantificar quanto esse filme ajudou, mas certamente fez diferença. A Pinot Noir pode vir de qualquer parte da Borgonha. Na Maison Louis Latour, nós selecionamos apenas as melhores uvas das melhores parcelas de vinhedos para produzir vinhos com as características dos grandes tintos borgonheses. Os tintos da Maison Latour são únicos, pois são particularmente elegantes e refinados. Nós não produzimos vinhos de cor extremamente escura. Eu acredito que é muito im-
Nós vinificamos por volta de 130 vinhos por ano. Independentemente da apelação (comuna), cada vinho recebe atenção meticulosa por meio de uma vinificação que respeita a qualidade da fruta. A Pinot Noir ficou famosa graças a filmes como “Sideways”. O que um produtor dessa região
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portante respeitar a natureza da Pinot Noir, que é uma uva elegante e nobre. Tudo isso deve ser feito sem se esquecer do equilíbrio com o nível de álcool apropriado, que vai garantir a soberba longevidade do vinho.
vinho da apelação de Macon, por exemplo, seria uma boa maneira de começar a descobrir a região. Borgonha não tem apenas vinhos caros. É verdade que os preços subiram muito recentemente, mas eu sou um otimista: sempre haverá vinhos com bom custo-benefício por aqui.
Como é o seu relacionamento com Brasil? O que pode nos dizer sobre o mercado brasileiro?
Começamos a trabalhar com a Aurora/Inovini há mais de 15 anos. Acreditamos realmente que o Brasil tem um grande potencial para os próximos anos, com um interesse cada vez maior pelo vinho fino, uma população significativa e, principalmente, se os impostos sobre os vinhos baixarem nos próximos anos. Graças à Aurora/Inovini, já somos um dos maiores vendedores de Borgonha no país. Ademais, minha família está pessoalmente envolvida com a comercialização de vinho no Brasil, com o meu primo Stéphane Chauvel, que abriu uma loja de vinhos bem bacana no Jardim Paulista, em São Paulo, chamada La Cave du Sommelier. O que é importante dizer sobre a Borgonha para aqueles que estão descobrindo o mundo do vinho?
Nós explicamos a simplicidade da Borgonha por meio de suas duas únicas variedades de uva: Chardonnay e Pinot Noir. Além disso, nós trabalhamos para ensinar que existem, sim, bons Borgonhas por preços razoáveis. Um
BOURGOGNE ROUGE CUVÉE LATOUR AOC 2011 Tinto • França • Borgonha • Pinot Noir
Louis Latour Magret de pato ao molho de laranja
Parte em tanques inoxidáveis e parte em barricas de carvalho
16°C
2026
Aromas frutados vivos, com toques de cassis e alcaçuz. O paladar é redondo e aveludado, com taninos finos, boa acidez e final vigoroso. evino.com.br/brcl
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LARES DO VINHO
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por Lana Ruff
Viña Marty, Bordeaux no coração do Chile A vinícola do winemaker Pascal Marty reflete sua trajetória e consuma o melhor da união entre a herança francesa e a preciosidade do terroir do Vale Central
A
Viña Marty é um projeto pessoal do renomado enólogo Pascal Marty, que, ainda nos anos 1990, desembarcou no Chile vindo diretamente de Bordeaux e trouxe na bagagem a cultura francesa da prática vitivinícola. Construída no estado da arte, a vinícola se utiliza somente de uvas cultivadas em vinhedos do Vale Central, especialmente
selecionadas por Marty em função de fatores como terroir e microclimas excepcionais. Seus vinhos têm a missão de oferecer qualidade diferenciada pelos valores buscados por boa parte dos apreciadores de vinho, com propostas sensoriais variadas de acordo com a linha de produção. O capricho se revela impresso nos belos rótulos, que, por si só, são um convite a degustar.
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O proprietário e enólogo da Viña Marty resume sua trajetória em uma frase: “O vinho é uma paixão”. A história de Pascal Marty principia no Instituto de Enologia de Bordeaux, onde estudou antes de atuar como diretor da Baron Philippe de Rothschild SA. Durante os 14 anos em que esteve na lendária vinícola bordalesa, ele se dedicou a cultivar uniões com outras grandes referências internacionais do mundo do vinho, a tomar como exemplo a californiana Robert Mondavi e a chilena Concha y Toro. A primeira resultou na Opus One, propriedade vanguardista em sua arquitetura e em seu único vinho, o homônimo Opus One. Da segunda surgiu a Viña Almaviva, depois que Marty decidira revitalizar, em 1997, 40 hectares de vinhas na porção de terra que hoje guarda o terroir mais cobiçado do Vale do Maipo. Lá ele surpervisionou a construção da adega que viria a desenvolver apenas um rótulo – no caso, o primeiro vinho super-premium do Chile, também com o nome Almaviva.
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Na prática, não só o empreendimento ajudou na missão de inserir o Chile no cenário mundial dos vinhos de qualidade, como Marty se tornou um dos nomes mais famosos da vitivinicultura sul-americana. VINÍCOLA PRÓPRIA A experiência e o conhecimento adquiridos em tantos anos de atuação no alto mercado do vinho hoje são destilados – ou melhor, fermentados – na vinícola própria de Pascal, no Vale Central do Chile. “Cansei do avião”, justifica. A Viña Marty é o espaço que o winemaker utiliza para aplicar os princípios enológicos trazidos de Bordeaux em sintonia com o terroir do Vale Central e com a expressão de castas francesas na região. Porém, além do desafeto latente por viagens aéreas e da consagração profissional, é provável que o motivo definitivo responsável por instalar Pascal Marty na América do Sul tenha sido a paixão
Le vin… c’est une passion” Pascal Marty
instantânea pela cultura local. “As pessoas são simpáticas, o clima também. O jeito latino se alojou em mim”, admite. Da Viña Marty nascem quatro linhas de produto. Corazón del Indio é um assemblage único de Cabernet Sauvignon, Carménère e Syrah, cuja safra 2010 recebeu 91 pontos do crítico Patricio Tápia, no Guia Descorchados. Já a linha Pirca conta com quatro varietais, ou seja, exemplares elaborados a partir de uma única espécie vinífera. Ilaia, que quer dizer “a parte mais ao sul do mundo” no dialeto local Yaghan, preza pelo caráter único encontrado em castas plantadas num terroir específico. A coleção Love, que conta com um tinto e um branco bivarietais, e um rosé 100% Cabernet Sauvignon, é feita com “o mais nobre dos sentimentos”, como ele mesmo descreve. E, finalmente, Casa del Cerro é o nome da própria casa do enólogo, e ele vai impresso nos rótulos de cinco vinhos cheios de personalidade e cuja proposta principal é a boa relação custo-benefício. Todos eles são bem vistos e bem quistos pela crítica. No Alto Maipo, onde o terroir é altamente desejado, Pascal Marty investe em seu projeto de maior afeição, o Clos de Fa. Como se sabe, ‘Clos’, em francês, remete a uma propriedade fechada por paredes, normalmente para evitar furtos ou mesmo delimitar uma região e um microclima. Clos de Fa é a forma de Marty prestar uma homenagem à sua mulher, Fabienne, com um único vinho cujas maiores virtudes estão em suas contradições: de doçura (graças à Merlot) e de especiarias (características da Syrah), ou ainda de simplicidade (por ter pouca presença tânica) e de complexidade (por ser um vinho dinâmico, de boa acidez). “Ela me inspira, me influencia em todo o meu trabalho”, conta, com um sorriso no rosto.
VIÑA MARTY CASA DEL CERRO CARMÉNÈRE 2013 · Tinto · Chile · Vale Central · Carménère
Risoto de queijos
Viña Marty Não há
16°C
2016
Frutas negras maduras no nariz, com entrada sutil e acidez agradável. evino.com.br/vmcc
ILAIA MERLOT 2013 · Tinto · Chile · Vale Central · Merlot
Viña Marty
Filé Mignon ao molho de cogumelos
Não há
16°C
2017
Aromas de cacau e cerejas, com taninos suaves e persistência longa. evino.com.br/ilmt
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EM ROTA
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Mendoza O essencial de
Um roteiro com dicas para aproveitar o melhor da oitava capital de vinho do mundo em poucos dias
U
m dos melhores e mais convenientes destinos de enoturismo para quem mora na América do Sul, Mendoza é capaz de conjugar vinhos e vinícolas, com bela gastronomia e aconchegantes hotéis, além de ótimas opções de lazer outdoor. Existem dois caminhos para nosso destino, ambos de Guarulhos. Um faz escala em Buenos Aires enquanto outro vai por Santiago. A duração é a mesma, um dia de viagem. Elaboramos algumas indicações sobre o passeio, mas Mendoza proporciona outras dezenas de opções que vão exigir que você volte muitas vezes.
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Colheita na Achaval Ferrer
ESCALA NO AEROPARQUE Viajando por Buenos Aires, se tiver tempo, na ida ou na volta, passe um tempo na cidade. Prefira voos que façam escala no Aeroparque (evitando custo adicional e tempo perdido de traslado para o aeroporto de Ezeiza). Saindo no voo matutino e fazendo escala no Aeroparque, você terá algum tempo para almoçar em algum restaurante próximo do aeroporto no centro da capital argentina. O único problema será levar as malas consigo. TÁXI OU CARRO ALUGADO? Chegando a Mendoza, pegue um táxi para seu hotel. Alugar carros é fácil, mas, se pretende visitar vinícolas e degustar vinhos, essa não é a melhor opção. Além da óbvia questão de segurança, as blitze nas estradas não são incomuns. Com o concierge do hotel, você consegue negociar um táxi para o dia todo, o que é ao mesmo tempo seguro e conveniente (tenha como referência o preço de 120 dólares por dia ao negociar).
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ONDE FICAR? Existem diversas opções para todos os gostos e bolsos na hora de se hospedar. Inicialmente, você pode optar por ficar em hotéis ou em vinícolas. Muito bem posicionado no centro da cidade, está o luxuoso Park Hyatt Mendoza (www.mendoza.park.hyatt.com), com a infraestrutura e a sofisticação que se espera de um 5 estrelas (o delicioso café da manhã o ano todo e a piscina no verão são excelentes). A poucas quadras fica o mais acessível e muito conveniente El Portal Suites (www.elportalsuites.com.ar), com infraestrutura de flat. O quarto possui sala com sofá bicama e cozinha, que você pode abastecer indo a pé até o Carrefour, distante do hotel uma quadra. RESTAURANTES OBRIGATÓRIOS De ambos os hotéis dá para acessar caminhando alguns restaurantes obrigatórios, como o requintado Nadia OF (www.nadiaof.com), da chef Nadia Fournier, que já foi eleita melhor chef da Argentina. Outro restauran-
te muito interessante para ir a pé é o delicioso Azafrán (www.azafranresto.com), onde um dos destaques é a bela adega climatizada, muito bem sortida, que você visita para escolher o vinho da refeição. Quando o assunto é carta de vinhos e boa comida, não dá para deixar de visitar o restaurante 1884, do chef Francis Mallmann. À noite, o restaurante é lindo, um verdadeiro clássico com a carta de vinho mais completa da Argentina (www.1884restaurante.com.ar). VINÍCOLA PARA ALMOÇAR Durante o dia, sincronize a última visita da manhã em vinícolas com bons restaurantes para almoçar. Uma boa pedida é visitar a Família Zuccardi (www.familiazuccardi.com), onde, além de descobrir a belíssima revolução que o jovem enólogo Sebastian Zuccardi está implementando nos vinhos, você pode escolher entre almoçar no tradicional “Casa del Visitante”, cujas estrelas são os grelhados, ou se deliciar no novo restaurante Pan & Oliva, que fica incrustado na área de produção dos azei-
Come-se bem em Mendoza, uma experiência tão gratificante quanto degustar os melhores vinhos da região
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Pulenta Estate
Bodega Catena Zapata
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Pan & Oliva
tes capitaneada pelo jovem Miguel Zuccardi. No Pan & Oliva você vai se deliciar com saladas, “tapas” e massas, sempre tendo o azeite como protagonista. Ali você também pode comprar presentes para os amantes da gastronomia e da cozinha (que pode ser você mesmo). VALE DE UCO Tire um dos dias para visitar o Vale de Uco, que, embora seja um pouco mais distante da cidade de Mendoza, é uma das regiões que vem se destacando na produção de vinhos de altíssima qualidade. Arquitetura e vinho, a dica é a Bodega Catena Zapata, construída em formato de pirâmide maia e berço de alguns dos mais exitosos vinhos argentinos. Há ali outras belas vinícolas para se visitar, como a Pulenta Estate, com excelentes rótulos e restaurantes recomendados. AVENTURAS OUTDOOR Quem quiser variar um pouco e abrir o apetite para mais um dia de vinícolas vale experimentar o rafting no rio Mendoza, uma cavalgada até o gelo dos Andes seguida de delicioso assado na Quebrada del Condór ou, até mesmo, um desafiador trekking até 3.500 metros de altitude pelos Andes em Vallecitos. Realize estes últimos dois passeios com o suporte de um especialista da Discover the Andes (www.discovertheandes.com), um verdadeiro concierge outdoor. CÂMBIO FAVORÁVEL Em Mendoza, aproveite o câmbio, que está muito favorável para brasileiros. Além disso, em muitos locais, ao pagar em espécie, você poderá utilizar conversões de câmbio ainda mais vantajosas. Lembre-se de perguntar.
ESTANCIA MENDOZA CABERNET SAUVIGNON 2014
BUENOS AIRES MERLOTMALBEC 2014
· Tinto · Argentina · Mendoza · Cabernet Sauvignon
· Tinto · Argentina · Mendoza · Merlot e Malbec
Estancia Mendoza S.A.
Churrasco
Não há
16°C
2020
Aromas intensos frutados e toques sutis de pimentão. Paladar redondo, com sabor rementendo a especiarias.
Fecovita Risoto com prosciutto
Não há
16°C
2018
Frutado e jovem, com aromas de frutas e acidez bastante presente. evino.com.br/bamm
evino.com.br/emcs
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COMES SE BEBES
Bacalhau com branco e tinto O sommelier Gustavo Cunha, da Adega Santiago, de São Paulo, sugere duas harmonizações de pratos elaborados pelo chef Alemão com o mais tradicional ingrediente da semana que antecede a Páscoa
Salada de lascas de bacalhau Ingredientes Chef: Alemão
• • • • • • • •
100 g de lascas de bacalhau Mix de folhas verdes (alface romana, alface roxa e alface americana) 1 tomate sem sementes e cortado em tiras 1 ovo cozido cortado em duas metades 20 g de feijão fradinho cozido 1/3 de talo de salsão cortado em rodelas de fina espessura 1/4 de cebola roxa cortada em rodelas de fina espessura 1/2 batata cozida cortada em rodelas
Molho (ervas finas) • Use alecrim, tomilho, sálvia, manjericão, sal, pimenta moída, açúcar e azeite. Pique as ervas e as deixe no azeite, com demais ingredientes, por aproximadamente 24 h.
Modo de Preparo Cozinhe o bacalhau inteiro por imersão no azeite com ervas (tomilho, alecrim e louro) no forno a gás a aproximadamente 160oC, até ficar cozido. Lasque o bacalhau com cuidado, de preferência à mão. Monte a salada a gosto. Serve uma pessoa.
A harmonização
Sommelier: Gustavo Cunha
Este vinho, de perfil leve e delicado, pode abrir uma refeição com ou sem acompanhamento.A refrescante sensação que se tem ao degustar este branco da região dosVinhosVerdes é resultado de bom frescor (acidez), mineralidade (salinidade) e uma leve agulha (minúsculas bolhinhas de CO2), que ajuda a “limpar” o palato.Tais elementos, somados, convidam à taça seguinte. O peso do vinho é compatível com o da salada, sem jamais se sobrepor ao prato. É possível sentir os deliciosos sabores de cada ingrediente em perfeita harmonia com o vinho. Interessante notar como é possível explorar e aproveitar o agradável jogo de texturas entre os ingredientes da salada e os elementos estruturais do vinho. É o caso da crocância do mix de folhas verdes e da cebola roxa com a leve efervescência sentida na ponta da língua ocasionada pelas agulhinhas presentes no vinho. A mineralidade (salinidade) deste branco combina com o sal na medida certa presente e perceptível nas lascas de bacalhau. Ótima experiência, perfeita para os dias mais quentes.
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O vinho
Casa do Valle Branco 2012 (Arinto, Loureiro e Azal) – 12% Produtor: Casa Do Valle Região: Vinhos Verdes/ Sub-Região Basto País: Portugal evino.com.br/cvvv
Fotos: Luccas Villela
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Bacalhoada na Lenha Ingredientes Chef: Alemão
• • • • • • • • • •
500 g de lombo de bacalhau dessalgado 2 batatas grandes cozidas 2 cebolas médias 1 pimentão amarelo 1 pimentão verde 1 pimentão vermelho 20 g de fava cozida 1/2 cabeça de alho confitado 2 tomates firmes 200 ml de azeite de boa qualidade
Modo de Preparo Utilize uma travessa de fundo grosso. Faça uma camada com as cebolas, os tomates e os pimentões cortados em rodelas de aproximadamente 2 cm. Coloque o bacalhau no centro da travessa. Posicione as batatas ao redor do bacalhau; as batatas deverão ser cortadas em sentido longitudinal (de comprido). Acrescente também os dentes de alho previamente confitados e a fava cozida. Faça uma segunda camada com cebolas, tomates e pimentões cobrindo tudo. Salpique tomilho fresco a gosto. Por último, regue o azeite aos poucos e cubra a travessa com papel alumínio. Leve ao forno (pode ser convencional) previamente aquecido por aproximadamente 45’ e, ao certificar-se de que o bacalhau está no ponto certo de cozimento, retire o alumínio e deixe dourar. Serve 3 pessoas.
A harmonização
Sommelier: Gustavo Cunha
Ao se provar esse Pinot, não se espera encontrar tamanho equilíbrio e elegância tendo em vista que os vinhos chilenos feitos com essa casta normalmente são mais “extrovertidos”, pungentes e extraídos se comparados aos seus irmãos europeus. Mas é uma grata surpresa perceber essas características ao degustá-lo, sobretudo diante da proposta de harmonizá-lo com bacalhau, sempre um desafio para vinhos tintos. O resultado revelou-se muito interessante. A ótima intensidade de fruta presente neste vinho, composta por frutas vermelhas frescas e maduras, a elegância dos taninos e a textura sedosa conferida pelo estágio de 24 meses em barricas de carvalho são elementos que interagem muito bem com os ricos aromas e sabores do prato. O bom frescor (acidez) apresentado por este ótimo exemplar de Pinot Noir contrasta agradavelmente com o azeite que se encontra em grande quantidade na bacalhoada, ajudando na tarefa de nos preparar para a próxima garfada. Ótima opção para acompanhar de maneira sutil, delicada, sem querer ser o protagonista nessa parceria e, sim, um excelente coadjuvante, cheio de estilo. Sirva o vinho mais fresco, entre 12oC e 14oC.
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O vinho
Clos des Fous Pinot Noir Subsollum 2012 Produtor: Clos des Fous Região: Aconcágua e Traiguén País: Chile evino.com.br/cfpn
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VINIFIQUE-SE
por Lana Ruff
Um guia para DEGUSTAR Preparamos um roteiro básico para você decifrar a essência de um vinho
A
contemplação em torno do vinho transcende ao hábito de girar uma taça. Para conhecê-lo verdadeiramente, é preciso prática, repertório, memória, razão e emoção. Saber degustar um vinho é mais que apreciar suas qualidades, é mais que sentir prazer. É uma questão de respeito às complexidades que ele tem a nos oferecer. Todos podem decifrar um vinho, desde que se permitam mergulhar nele. Para tanto, recomendamos este roteiro resumido do profundo e delicioso universo da degustação de vinhos. Saúde!
ANÁLISE VISUAL A degustação começa pelo olhar. Uma boa análise de matizes, nuanças e reflexos de um vinho diz muito a seu respeito. Além do brilho, da opacidade e das chamadas “lágrimas”, dois fatores merecem atenção especial, a cor e o halo de evolução: COR - Excelente indicativo da idade de um vinho. Nos tintos, a paleta parte de tons violáceos, no caso dos mais jovens, e vai até o acobreado, com o tempo. Para o branA cor A cor co, as matizes começam no amarelo-esverdeado, passam por tons palha e caminham até o dourado.
Com seus reflexos e tonalidades ultra-sutis, a cor é um excelente indicativo da idade de um vinho. No caso do tinto, a paleta de cores Com reflexos tonalidades ultra-sutis, a cor é um excelente idade dediante. um vinho. No caso doétinto, de cores giraseus em torno doevermelho-rubi, com tons violáceos, púrpura,indicativo grená, e da assim por A regra geral que ao paleta envelhecimento gira em torno àdobebida vermelho-rubi, comvez tons violáceos, grená,fugindo e assimdopor diante. A regra geral do é que o envelhecimento proporciona uma cor cada mais próximapúrpura, ao ferrugem, roxo e aproximando-se acobreado e atijolado à proporciona cor cada vez mais próxima ao ferrugem, fugindo do roxo e aproximando-se do acobreado e atijolado à medida queàobebida tempo uma passa. medida que o tempo passa.
Tinto
Para o branco, as matizes começam no amarelo-esverdeado, passam pelo palha, vão caminhando até o dourado e, em exemplares de Para o branco, as matizes começam passam pelo palha, vão caminhando até o dourado e, em exemplares de safras mais antigas, podem atingir no atéamarelo-esverdeado, mesmo uma coloração dourada. safras mais antigas, podem atingir até mesmo uma coloração dourada.
Branco O halo de evolução O halo de evolução Halo de evolução, auréola ou anel periférico é outro elemento importantíssimo na arte de decifrar um vinho. Trata-se da ‘borda’ do Halo de evolução, anel periférico é outro importantíssimo arte debem, decifrar um vinho. líquido que vemosauréola na taçaou quando a inclinamos sobreelemento uma superfície branca e, sena observar ela costuma se Trata-se destacar da do ‘borda’ restantedodo líquido que na taça quando mais a inclinamos uma superfície branca e, se observar bem, eladegradé costumasuave, se destacar do restante do líquido. A vemos regra geral é: quanto sutil forsobre a passagem da cor da bebida para a borda, num mais antigo é o vinho. líquido. A mais regraconsistente geral é: quanto mais a passagem da cor bebida a borda, degradé suave, mais é o frente. vinho. Quanto e visível forsutil anel,for mais provável que eleda seja jovempara e ainda tenhanum um tempo considerável deantigo vida pela Quanto mais consistente e visível for anel, mais provável que ele seja jovem e ainda tenha um tempo considerável de vida pela frente.
HALO DE EVOLUÇÃO - Também chamado de auréola ou anel periférico, é a “borda” do líquido que vemos quando inclinamos a taça. Em geral, quanto mais sutil for o dégradé na passagem da cor da bebida para o halo, mais antigo será o vinho. E quanto mais consistente e visível for o anel, mais provável que ele seja jovem e tenha pela frente, ainda, um tempo considerável de vida.
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O SEGREDO DA DEGUSTAÇÃO O segredo da degustação está na análise do que percebemos em associação a nossos referenciais do passado. Todas as etapas do ritual devem estar em sincronia, pois o vinho deve ser analisado como um todo. Ele é, na verdade, uma obra simbólica e atemporal que envolve uma infinidade de fatores a serem decifrados em suas minúcias, exceções e detalhes fascinantes.
ANÁLISE OLFATIVA Podemos sentir mais de oito mil aromas nos vinhos, e o olfato representa cerca de 70% da percepção numa degustação. É o momento em que as referências de cheiros acumuladas ao longo da vida nos ajudam a perceber as “notas” presentes na bebida. Nesse sentido, a desenvoltura de um repertório olfativo é essencial, pois aguça os sentidos e intensifica a experiência de apreciar um vinho: INALAÇÃO - Coloque o nariz dentro da taça, aspire profundamente o perfume do vinho e preste atenção. Ele é discreto ou expressivo? Em seguida, gire a taça e repita a análise. É provável que os aromas estejam mais vivos, uma vez que novas superfícies do líquido entraram em contato com o oxigênio e moléculas se quebraram, fazendo com que o perfume se sobrelevasse. CAMADAS AROMÁTICAS – Estão entre os fatores decifráveis na composição aromática de um vinho os processos de vinificação, o estágio em carvalho e as espécies de uva, para citar alguns dos mais importantes. A melhor técnica para desvendar as camadas aromáticas é praticar, praticar e praticar, até possuir uma boa referência do que são, por exemplo, notas de cassis pisado, feno cortado ou suor de cavalo... Bom, mas isso fica para mais tarde.
ANÁLISE GUSTATIVA É chegada a hora de beber. A terceira e última etapa da degustação confirma os elementos apontados anteriormente, como presença de frutas, madeira, flores, especiarias e ervas, além do real sabor no palato. Aqui se percebe doçura, amargor, acidez, presença de álcool, açúcar residual, taninos e outros aspectos ainda mais meticulosos, como a persistência: PERCEPÇÕES – Tomando como exemplo a acidez, o principal parâmetro para avaliá-la é quanta saliva você produz após beber ou bochechar o vinho. No caso dos taninos, é possível distingui-los por meio da adstringência – aquela sensação de “secura” provocada pelo vinho na boca. Para analisar a persistência, conte quantos segundos ele esteve presente em seus sentidos.
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TERROIRS
por Lana Ruff
Simplesmente
Bordeaux Uma história milenar para uma região pródiga em vinhos atemporais
A
mística que envolve o afamado nome Bordeaux remete-nos a prazeres, faz-nos pensar em excelência, conduz-nos por uma história de glória. Mas, sobretudo, leva-nos a desejar descobrir e desenredar os mistérios e as complexidades presentes em suas obras de arte, justamente os vinhos. Responsável por alguns dos mais caros rótulos do mundo e situada no sudoeste da França, a região tem sua história vinícola datada ainda do século 1, quando precursores romanos faziam a alegria de seu povo plantando as primeiras vinhas e abastecendo os cálices da população local.
até hoje praticamente inalterada e de grande importância na definição de valor dos vinhos. Nela entrariam apenas os Châteaux de Médoc, com exceção do Haut-Brion, no território sulista de Graves. Haja prestígio!
Apesar de sua história milenar, a vitivinicultura bordalesa deve sua excelência ao refinadíssimo gosto inglês. Sim, mesmo com toda a rivalidade entre França e Inglaterra, o comércio do vinho permaneceu resiliente a guerras e rompimentos diplomáticos. Os ingleses até ficariam sem preciosa parte do reino que desejavam, mas jamais deixariam de beber seu claret – carinhoso apelido criado para o vinho tinto de Bordeaux, que tinha cor rubi clara.
Quase 20 anos depois, graças provavelmente a Baco, a praga perderia força e a produção local voltaria à curva ascendente, estabilizando-se e passando pela regulamentação que categorizou a geografia da região como a conhecemos hoje. Dois rios, o Garonne e o Dordogne, que desembocam no estuário Gironde, praticamente determinam como as coisas funcionam em Bordeaux. Na margem esquerda, do lado de fora do Garonne, reina a Cabernet Sauvignon, protagonista de rótulos famosos fabricados em terras como Médoc, Margaux, Saint-Estèphe e Pauillac. Na margem direita, à direita do Dordogne, estão sub-regiões como Saint-Émillion e Pomerol, marcadas pela predominância da uva Merlot. E, no meio dos dois rios, fica “Entre-Deux-Mers”, espirituoso nome cuja tradução seria “Entre Dois Mares”.
A intensificação gradual da exportação de vinhos somou-se à chegada dos holandeses, que, brilhantes, decidiram drenar as terras pantanosas de Médoc para plantar vinhedos. Isso fez do território o principal produtor da região, e ajudou a alavancar a fama, a qualidade e a regulamentação da produção vinícola local. Já no século 19, criava-se a Classificação Oficial de Vinhos de Bordeaux, de 1855,
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Quando o reconhecimento de Bordeaux como uma região produtora excepcional parecia chegar a seu auge, a maior tragédia imposta ao mundo do vinho se aproximava. Phylloxera é o nome da peste que, no fim do século 19, dizimou a maioria dos vinhedos da Europa, abrindo uma lacuna avassaladora no desenvolvimento milenar da cultura vinícola.
Château Pichon Longueville
No que tange às espécies viníferas, as tintas mandam, já que detêm mais de 80% das plantações locais. Por trás das rainhas Cabernet Sauvignon e Merlot quase sempre está a Cabernet Franc, atuando como terceira – e muitas vezes indispensável – integrante em ambas as margens. Autorizadas no corte bordalês ainda estão a Petit Verdot, a Malbec e, em raríssimos casos, a Carménère. No caso dos brancos, sejam eles secos ou doces, as estrelas do espetáculo são Sémillion e Sauvignon Blanc, embora outras menos conhecidas
como Muscadelle, Ugni Blanc e Colombard também sejam permitidas. O uso de cada uma delas está atrelado a estudos milenares, que passaram de geração em geração até que se encontrasse a sintonia perfeita de solo, clima, espécie e métodos. No fim, o resultado dessa equação capaz de equilibrar todos os fatores fundamentais para o bom crescimento e o comportamento de uvas viníferas são os rótulos famosos e premiados que conhecemos.
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Fotos: warehouse
ENQUANTO ISSO, NA EVINO…
Onde TUDO acontece Conheça os bastidores da estrutura por trás de seu clube de vinhos
A
brimos as portas da Evino para você conhecer nosso divertido dia a dia. A cada edição, contaremos um pouquinho mais sobre o funcionamento de cada departamento. Afinal, é um prazer imenso compartilharmos como de repente crescemos tanto e como cinco pessoas viraram 70 em apenas dois anos. Neste segundo aniversário, quase um milhão de garrafas expedidas depois, temos o prazer de anunciar a mudança do nosso Centro de Distribuição para o Espírito Santo, a estreia do Clube Evino Black e, é claro, nosso orgulhoso lançamento da Revista Evino. Aqui nosso intuito é enriquecer, por meio de uma experiência sensorial mais completa, seu aprendizado acerca deste universo que tanto nos encanta e nos leva sempre para frente, o vinho. COMO FUNCIONAMOS? Muita coisa acontece antes que os rótulos selecionados pela Evino cheguem até a sua casa. Há uma curadoria
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rigorosa para escolher cada um dos vinhos. Sommeliers juntam-se, degustam, refletem e exercitam suas habilidades sensoriais. Enfim, o negócio é fechado. Conforme as amostras chegam, logo são fotografadas. Nossa equipe se debruça sobre os eleitos para descobrir o que há por trás de cada garrafa antes de escrever sobre os vinhos. Os textos são levados, então, ao site, ao Facebook e à sua caixa de entrada. Você faz suas escolhas, nós empacotamos as garrafas com carinho e as enviamos para seu endereço, acompanhando a entrega de perto, até ter a certeza de que chegarão sãs e salvas. Pensamos, pensamos e pensamos mais um pouquinho no que podemos fazer para melhorar sua experiência no nosso site. Você nos liga e respondemos suas perguntas, tiramos suas dúvidas, ouvimos seus elogios e recebemos suas sugestões. Agradecemos e permanecemos nos esforçando para continuar a levar a você somente os vinhos em que realmente acreditamos.
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O FAVORITO
PRIMOROSO PRIMITIVO Conheça o exemplar expressivo e potente do grupo italiano Castellani que foi eleito nosso predileto desta edição
C
astellani Primitivo 2013 estreia a premiação ‘O Favorito’ nesta primeira edição da Revista Evino. Importado pela primeira vez ainda em julho de 2014, ele se destacou nas nossas degustações à época pela superioridade irrefutável em relação aos outros rótulos de mesmo valor. Agora o trouxemos de volta, mas desta vez aos milhares. Assim ninguém fica sem. Vinificado por produtores do consagrado grupo Castellani, nosso Favorito é 100% Primitivo, a controversa “prima” da uva Zinfandel. Conhecida por dar origem a vinhos escuros, concentrados e de excelente corpo, a espécie encontrou glória e esplendor nos vinhedos do sul da Itália, onde tem sua personalidade realçada pelos dias quentes e ensolarados do Mediterrâneo. Aqui toda a produção foi feita na Puglia, região vinícola situada onde seria o salto da bota italiana. O resultado de uma elaboração cuidadosa, sem uso de barricas para manter o frescor da fruta, foi uma medalha de prata no grande concurso internacional de Viena - e, é claro, uma homenagem de nossa parte também. Conheça em: www.evino.com.br/castellani-primitivo-favorito
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CASTELLANI PRIMITIVO DI PUGLIA 2013 Tinto • Itália • Primitivo • Puglia
Castellani Penne all’Arrabiata (molho de tomate apimentado)
Não há 17°C
2018 13% Medalha de prata no AWC Vienna International Wine Challenge 2014
Vermelho-rubi escuro Alcaçuz em destaque, com notas de frutas vermelhas e toques de tabaco Encorpado, quente e frutado, com taninos firmes
evino.com.br/favo
DE R$ 79,80
POR
R$ 39,90 revista evino | 43
PARA BRINDAR
Três seleções mais que especiais Cada ocasião pede um tipo diferente de vinho. Pensando nisso, preparamos três seleções temáticas de rótulos para atender a momentos distintos de sua vida. A primeira delas vale para o dia a dia de quem costuma apreciar uma taça de vinho durante as refeições. A segunda se presta à celebração, com recomendações de rótulos para serem compartilhados com os amigos. Enfim, a terceira, e última, reúne algumas das maravilhas para aqueles com predileção pelos tintos da Itália.
Legenda
Produtor
Harmonização
Envelhecimento
Temperatura Consumir até
SANTA MARTHA CABERNET SAUVIGNON 2013 · Tinto · Chile · Vale do Curicó · Cabernet Sauvignon
Santa Martha Filé Mignon à Parmegiana
Não há
16°C 2017
Destaque de morango, com paladar rico e alegre, e taninos redondos. Confira estes e outros vinhos em WWW.EVINO.COM.BR
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evino.com.br/smcs
Dia a dia
DIEGO DE ALMAGRO TEMPRANILLO JOVEN VALDEPEÑAS DO 2013
RÉSERVE DE LUBIN GRENACHE NOIR-CARIGNAN 2013
· Tinto · Espanha · Valdepeñas · Tempranillo
· Tinto · França · Languedoc-Roussillon · Grenache Noir e Carignan
Felix Solis Avantis Carne vermelha assada com ervas Dois meses em barricas de carvalho americano 16°C
2017
Notas de frutas vermelhas e violetas, com taninos leves e acidez presente. evino.com.br/datj
Laudun-Chusclan Vignerons Filé Mignon ao molho Madeira Não há
17°C 2018
Muito aromático, com grande estrutura e bom equilíbrio de taninos e acidez. evino.com.br/rlgc
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ESPRIT DE SAINT-SAUVEUR CÔTES DU RHÔNE AOC 2013
ROCHE MAZET CABERNET SAUVIGNON 2013
· Tinto · França · Vale do Rhône · Grenache Noir
· Tinto · França · Languedoc-Roussillon · Cabernet Sauvignon
Paul Valmeras
Jean Lapardieu
Queijo Gruyère Seis a oito meses em barricas de carvalho francês
Espaguete à Putanesca Breve passagem por barricas de carvalho francês
17°C
2019
17°C 2019
Aromas doces de frutas vermelhas. Em boca é especiado, aveludado e persistente.
Groselha preta e baunilha no nariz, com paladar especiado e encorpado.
evino.com.br/escr
evino.com.br/rmcs
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Degustando com os amigos
HOPE BAY SHIRAZ 2014 · Tinto · África do Sul · Western Cape · Shiraz
DANTE ALIGHIERI MONTEPULCIANO D’ABRUZZO DOC 2013 · Tinto · Itália · Abruzzo · Montepulciano
Paul Sapin
Castellani
Embutidos
Risoto Caprese
Não há
Não há
16°C
2018
16°C 2016
Bouquet alegre e vívido, com frutas negras. No paladar é harmonioso, com taninos sutis e boa acidez.
Ameixa preta e groselha, com delicados toques florais. Taninos sutis, acidez marcante e final persistente.
evino.com.br/hbsz
evino.com.br/dasg
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FAMIGLIA ZONIN CHIANTI DOCG 2012 · Tinto · Itália · Toscana · Sangiovese e Canaiolo
Casa Vinicola Zonin Lasanha à Bolonhesa
Seis meses em barricas de carvalho eslavônio e quatro em garrafa
17°C 2018
Aromas de frutas bem frescas e de violetas, com paladar seco, bom corpo e retrogosto remetendo às frutas. evino.com.br/fznc
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BELLAMICO NERO D’AVOLA TERRE SICILIANE · Tinto · Itália · Sicília · Nero d’Avola Angelo Rocca & Figli Carré de cordeiro ao molho de frutas vermelhas
Não há
16°C 2018
Cerejas pisadas e amoras no nariz, com sabor apimentado e longa persistência. evino.com.br/bnts
Vino Dell’Italia
BELLAMICO AGLIANICO BENEVENTANO
WINEMAKER’S COLLECTION MONTEPULCIANO D’ABRUZZO DOC 2013
· Tinto · Itália · Campania · Aglianico
· Tinto · Itália · Abruzzo · Montepulciano
Angelo Rocca & Figli
Casa Vinicola Zonin
Picanha de cordeiro
Kebab de Mignon
Não há
Em barricas de carvalho eslavônio
17°C
2018
Aromas de frutas maduras em destaque. Em boca é encorpado, com taninos firmes e acidez marcante.
17°C 2019
Nariz amplo e complexo, com taninos delicados e macios, e longo final. evino.com.br/wcma
evino.com.br/babv
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COM ELA, A PALAVRA...
Viagem à
TOSCANA Um passeio pelos vinhedos de uma das mais emblemáticas regiões da Itália Jessica Marinzeck
T
inha acabado de chegar de uma belíssima viagem à Toscana quando recebi o simpático convite para escrever este meu primeiro artigo para a Revista Evino. Não me restaram dúvidas quanto ao tema. A Toscana abriga alguns dos vinhos tintos italianos mais conhecidos, e é com ela, a região de Brunellos e Chiantis e Vinos Nobiles, que decidi começar. Foram os etruscos, que há cerca de 3.200 anos habitaram o território onde hoje se encontra a Itália, os primeiros a produzirem as bebidas que ficaram na história desta terra. Passadas gerações e mais gerações, ainda podemos provar os deliciosos exemplares que saem de lá. Definitivamente, viajar pela Toscana é um privilégio, uma experiência digna de ser compartilhada. Saindo de Florença, capital da Toscana, viajamos para Carrara e Massa, duas pequenas cidades com uma modesta cultura vitivinícola, onde encontramos mais vinhos brancos produzidos com as espécies locais Trebbiano e Malvasia. Também vimos o famoso mármore de Carrara, que comprei por uma ninharia! Já os vinhos, sem muita personalidade, tinham preços um tanto elevados. Mas o melhor estava por vir. Na primeira noite desbravando os vinhedos do sul da Toscana, dormimos em um hotel com uma vista belíssima do MarTirreno. Na manhã seguinte, partimos para Lucca, onde descobrimos algumas pérolas escondidas em cantinhos legitimamente italianos. Os produtores que visitamos abriram suas casas, que foram construídas no século 17, e nos serviram alguns de seus melhores vinhos.
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Tudo regado a pão e azeite fabricados ali mesmo, naquelas terras. Foi em Lucca que comprei a única garrafa que trouxe desta viagem, um vinho branco elaborado a partir de uvas Trebbiano e Malvasia, de produção biodinâmica e cuidadosamente fabricado pelo senhor Giovanni. Nossa última parada aconteceu em Rufina, uma das DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) de Chianti, provavelmente o vinho italiano mais conhecido no mundo. Ele é feito em sua maior parte com a tinta Sangiovese. Até 2006, era possível adicionar algumas castas brancas ao blend, mas hoje isso já não é mais permitido. Além da Sangiovese, outras tintas como a Canaiolo e a Colorino podem fazer parte do corte. Em Rufina, fomos agradavelmente recepcionados pelos donos das vinícolas locais em uma espécie de feira, realizada em um museu da cidade. Esses mesmos viticultores, depois da feira, dividiram-se para receber, cada um, uma dupla de compradores para conhecer suas instalações. Eu e minha colega da Letônia fomos presenteadas com uma visita a um dos melhores produtores presentes no evento. Além de ter seus vinhos superelogiados, ele possuía uma vinícola escandalosamente linda, com uma vista da Toscana que só vemos em filme. A tradição e a diversidade entremeiam os vinhedos da Toscana. Uma viagem empolgante, para dizer o mínimo, que deixa a certeza de que em um futuro próximo poderemos trazer bons rótulos de lá. Deixa a certeza, também, de que um vinho vai muito além de um simples fermentado de uvas viníferas.
O vinho Malbec mais vendido nos restaurantes de São Paulo.
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