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ECONOMIA

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EMPREENDEDORISMO

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OPORTUNIDADE PARA OS PAÍSES EMERGENTES

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Por Vernan Wolf Aurélio

Os próximos dez anos poderão ser bons para os países em desenvolvimento

Aúltima década marcou um dos períodos mais formidáveis da história da economia americana. A performance das bolsas dos Estados Unidos superou todos os outros mercados ao redor do mundo, batendo diversos recordes trimestre após trimestre. Os números de desemprego também foram muito bons, como já vimos em artigos anteriores. Entretanto, períodos de crescimento econômico são sucedidos por ajustes e correções, e parece consenso entre os economistas que esse ciclo esteja muito próximo do seu fim. A próxima década poderá ser dos emergentes, onde países em desenvolvimento como Brasil, México, dentre outros, podem assumir o protagonismo econômico no mundo.

Um relatório recente da empresa de pesquisas Research Affiliates demonstra que essa possibi

Março de 2020 lidade é real. A companhia estima que o índice MSCI EAFE, que mede a performance das bolsas dos países desenvolvidos – como os EUA – ofereça retorno anualizado de 5,3% nos próximos dez anos. Já as bolsas dos países emergentes, segundo a Research Affiliates, terão um ganho de 7,3%. Em comparação com os últimos dez anos – 2010 a 2019 – o índice S&P 500 quase triplicou, enquanto o fundo MSCI para o grupo de países em desenvolvimento registrou ganho de 7%.

Os analistas da gestora britânica Schroders têm a mesma opinião. Para eles, os investimentos em ações nos mercados emergentes serão a melhor aposta até 2029. A empresa de pesquisa estima retornos anuais médios de 9% para as economias em ascensão, contra 6% nos Estados Unidos, 4,1% na zona do euro e 3% no Reino Unido.

Foto: Google

A mensagem é clara: ninguém espera que performances espetaculares como a apresentada pelas bolsas dos EUA se repitam tão cedo. O momento foi realmente fora da curva. As incertezas que em relação à eleição presidencial americana em 2020, a margem estreita de manobra do banco central dos Estados Unidos e a expectativa de um enfraquecimento do dólar são fatores que fazem com que o cenário para as economias emergentes fique mais favorável. A Bloomberg, após fazer pesquisa com 57 empresas gestoras de fundos de investimentos nos EUA, detectou otimismo em relação aos países emergentes, onde 60% afirmaram esperar crescimento significativo na economia brasileira no próximo ano. O otimismo é ainda maior em relação à Turquia. Quanto à China, as perspectivas são menos animadoras: somente 13% esperam bons resultados em 2020. A cautela em relação à China é compreensível. A guerra comer

www.revistaexato.com cial com os Estados Unidos ainda está longe de ser resolvida, apesar dos países terem assinado a “primeira fase” de um possível acordo comercial mais sólido. O governo chinês foi forçado a tomar medidas de estímulo ao consumo. “No ano que vem, o desenvolvimento econômico da China provavelmente vai enfrentar mais pressão para baixo e um ambiente internacional mais complicado”, disse Li Keqiang, primeiro-ministro e responsável pela economia chinesa.

A Índia, o outro gigante emergente, até o ano passado detinha a economia que mais crescia no mundo. Não mais. Em 2020, a expectativa é que o PIB cresça 5%, uma estimativa robusta se comparada com países como Brasil e EUA, mas considerado baixo demais em um país que tem milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. O presidente da Índia, Narendra Modi mudou o foco das reformas econômicas para as questões mais políticas entre os diversos grupos étnicos do país. Isso acarretou enormes tensões entre a maioria hindu e os 200 milhões de muçulmanos do país. Os contratempos dos dois gigantes emergentes – que são estruturais e levarão tempo para ser solucionados – podem representar uma boa notícia para o Brasil. Há pouco espaço para surpresas na economia brasileira, com muita capacidade ociosa na indústria, moeda desvalorizada e não há grandes desequilíbrios nas contas externas.

É claro que, como aconteceu na década que terminou, a promessa dos mercados emergentes pode não se concretizar. Embora o PIB tenha crescido na maioria dos mercados emergentes, a riqueza segue concentrada nas mãos de poucos, e a desigualdade pode causar tensões. Entretanto, se os países emergentes adotarem medidas mais liberalizantes e pró- -mercado, essa poderá ser a década dos emergentes na retomada do crescimento econômico”.

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