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OS RUMOS DA REVOLUÇÃO CONSERVADORA BRASILEIRA

UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS E DESAFIOS

DA ASCENSÃO DO CONSERVADORISMO NO BRASIL

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RICARDO DIAS MUNIZ

Consultor Empresarial e Político

Instagram: @ricardodiasgv

Em julho de 2013, a esquerda brasileira levou um susto quando o povo foi às ruas, mas naquela época ninguém sabia ao certo a razão. O movimento caótico revelou-se, nos anos seguintes, como sendo de direita. Inicialmente, o movimento foi classificado de forma pejorativa como uma onda, mas esta onda cresceu. Em 2018, foram eleitos 52 deputados federais e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Este fato acendeu todos os alarmes na esquerda marxista, pois anos de dominação da burocracia estavam em risco.

A partir desse ponto, a guerra foi declarada e os limites morais, éticos e legais foram esquecidos. A onda precisava ser parada a qualquer custo. Descrever todos os abusos cometidos por agentes de esquerda, seja na burocracia estatal ou na mídia afiliada, condenaria esta revista à censura. Portanto, não é prudente. Mas saibam que este será conhecido como o tempo em que a constituição não funcionou e o jornalismo de massa foi comprado pela ideologia.

Na eleição de 2022, o resultado no legislativo foi ainda maior: 99 deputados só no partido do líder do movimento, Jair Bolsonaro, quase o dobro da eleição anterior. Por outro lado,o inacreditável ocorreu. A presidência da república ficou com o ex-presidente e ex-condenado por corrupção, Lula, com uma diferença de ape- nas 0,83%. Isso ocorreu depois de um processo eleitoral que muitos críticos classificaram como parcial, com o sistema favorecendo Lula em muitas decisões.

Desde as primeiras manifestações em 2013, já se passaram quase 10 anos. Este período pode ser visto pela sua abrangência e relevância como um processo revolucionário pacífico, bem aos moldes conservadores, sem rupturas radicais. Melhor dizendo, as rupturas, se ocorreram, ocorreram por ação dos reacionários, que não aceitam a existência de uma direita livre.

Algumas diferenças políticas entre esquerda e direita indicam o caminho que a revolução pode tomar. Se a esquerda tem a capacidade de tomada de decisão rápida, a direita é lenta, mas em compensação é mais assertiva, legítima e eficiente. Enquanto a esquerda tem uma cultura centralizadora de poder, a direita está aprendendo que a média das opiniões que sempre será predominante nos embates internos, ou seja, todos perdem e ganham juntos nas controvérsias direitistas.

O que já se observa é a direita abandonando alguns preconceitos que a impedia de ganhar espaço político, como: purismo ideológico, onde apenas pessoas que abraçavam todas as pautas de direita eram aceitos; linguagem inadequada, os termos utilizados para convencer a população eram eruditos demais; desinteresse pela base, a política nacional tem origem nos municípios a direita negligenciou isso em 2020.

O principal entrave atual para a direita é a falta de coordenação, a desconfiança generalizada em pessoas. Apenas Bolsonaro seria confiável, e isso é um grande problema. A solução talvez ocorra quando os grupos dispersos se unirem em agremiações maiores, melhorando os métodos de tomada de decisão preservando a essência dos grupos originais. Ou seja, a direita evoluirá quando achar um meio de defender as ideias primordiais dela, o que a uniria em um propósito.

Disso pode se prever que, com a base fortalecida, haverá aumento de votos. Se for mantido o crescimento de 50 deputados por eleição, em oito anos, um partido de direita terá maioria. Nesse ponto a revolução conservadora estará vencida. Provavelmente uma grande emenda constitucional, ou até uma nova assembleia constituinte seja convocada para repactuar o esquema político social brasileiro.

Entretanto, é preciso ter atenção, uma vez que a esquerda ainda detém quase todos os meios de ação, como a academia e o sistema de ensino, que são os principais; a mídia de massa; as classes falantes; a economia; e o aparelhamento do sistema burocrático e jurídico. A direita tem apenas a internet como meio de ação política. O principal alvo no momento é justamente neutralizar a internet.

Projetar o futuro é difícil. Os sinais e dados, de momento, revelam que a direita está em uma trajetória ascendente. Com a derrota de Bolsonaro, é provável que haja uma desaceleração no crescimento, mas ele deve continuar se a internet permanecer livre, a direita construir líderes regionais, os grupos aprenderem a decidir juntos, e, principalmente, a militância conseguir levar a mensagem de liberdade até os mais carentes cidadãos brasileiros.

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