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Cultura

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Editorial

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Auxílio para culturas tradicionais

Em iniciativa ímpar, premiações valorizam a produção cultural paraense, com editais voltados à valorização de saberes ancestrais.

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Cento e cinquenta e quatro prêmios. Esse é o quantitativo total de projetos culturais indígenas e afro-brasileiros a serem contemplados pela Lei Aldir Blanc no Pará. Com execução da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará, dois editais foram lançados: às culturas indígenas e afro-brasileiras. As inscrições homologadas foram divulgadas no portal e redes sociais da Fadesp, no último dia 1 de fevereiro – espera-se que, em mais alguns dias, o resultado final das premiações seja divulgado.

Flávio Barros, professor associado da UFPA e coordenador técnico dos dois editais pela Fadesp, explica que a maneira com que a Lei Aldir Blanc foi aplicada nos dois editais é de suma importância, “primeiro, porque valoriza a diversidade, o patrimônio cultural, a produção cultural feita em nosso estado do Pará. Essa iniciativa reconhece e dá visibilidade à produção cultural que é feita nas aldeias, nos territórios quilombolas, nos terreiros de Umbanda e Candomblé. Valoriza a produção cultural que é feita na floresta, na beira do rio, nos diversos territórios do interior do estado. Diferentemente de outras unidades da federação, que tiveram um entendimento de Arte e Cultura muito focado no contexto da cidade, urbano, a Secult trouxe a perspectiva de ampliar essa noção de cultura”.

O Pará valorizou, ao contrário de outros estados, povos tradicionais e suas produções culturais – sejam elas na produção de farinha, passando pelo extrativismo de frutas, até artesanato elaborado por todo um núcleo familiar. “Esses grupos sociais ficaram ainda mais à margem, vulneráveis, sem acesso às condições de saúde, sem poder escoar suas produções, sem poder acessar outras formas de renda que provêm das atividades de pesca, roça, extrativismo da floresta. Foi uma amenidade. A gente sabe que não é o ideal, mas foi uma maneira de amenizar o sofrimento e o agravamento das condições de vida dessas populações”. Segundo Barros, a política é resultado da luta e das articulações dos movimentos sociais que representam esses coletivos. “Na verdade, são essas comunidades que elevam a riqueza cultural da Amazônia, do nosso estado do Pará – que tem proporções continentais, sendo o segundo maior, em extensão territorial em nosso país”, finaliza.

Para Úrsula Vidal, titular da Secult, a execução da Lei Aldir Blanc exigiu uma quebra de paradigmas. “Experimentamos novas parcerias, novas normativas jurídicas adaptadas à calamidade, além de abrirmos janelas para modelos inovadores de escuta e construção coletiva. E a Fadesp teve um papel importantíssimo na garantia da democratização dos recursos da Lei Aldir Blanc, com a execução da ‘Busca Ativa’, que cadastrou mais de 4.200 fazedores de cultura em cerca de 700 comunidades ribeirinhas, quilombolas, extrativistas e indígenas em todo o Pará. Foi uma ação complexa, realizada em tempo recorde, que envolveu diversas instituições de pesquisa e associações de comunidades tradicionais numa articulação pioneira no país, que ainda está mergulhado nas limitações impostas pela pandemia”, detalha.

A parceria deu tão certo, que se estendeu à execução dos editais de Cultura Afro-brasileira e Cultura Indígena. “A expertise adquirida na ‘Busca Ativa’ e o profissionalismo da equipe da Fadesp nos deram a segurança necessária para ‘parceirizar’ a operação destes dois editais, que têm muitas peculiaridades, em função das características do público-alvo. Aprendemos muito com a Fadesp e queremos que cheguem logo outros desafios, para mantermos abertas e ativas as pontes entre nós”, enfatiza Úrsula Vidal.

Foto: Rodolfo Oliveira / AG PARÁ

Para acompanhar o andamento da seleção, acesse portalfadesp.org.br

Foto: Thiago Gomes / AG. PARÁ

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