Revista FADESP - 8ed. 2022

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Trabalho que soma, desenvolve a região e aproxima a Ciência da sociedade. 45 ANOS REVISTA Formação e oportunidades para combater a invisibilização EMPREGABILIDADE LGBTI+ Do estágio à chefia: histórias de amor à FADESP PRATA DA CASA Projeto leva capacitação em audiovisual à periferia de Belém REALIDADE NA TELA
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Publicação da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa Ano
Novembro / Dezembro 2022 / Janeiro 2023

FADESP 45 anos - foto da campanha de aniversário da Instituição.

Crédito: Thiago Pelaes / Todos os direitos estão reservados à Marahu e à FADESP Proibida a reprodução da imagem.

Editorial PG 03

Inclusão LGBTI+ PG 04

Cultura e Cidadania PG 06

Cultura popular PG 08

Intitucional PG 10

Por dentro da FADESP PG 18

DIRETORIA

Roberto Ferraz Barreto Diretor Executivo

Alcebíades Negrão Macêdo Diretor Adjunto

Lorena Filgueiras Assessoria de Comunicação

Fellipe Pereira Assessoria Jurídica

Socorro Souza Executiva de Negócios

Raquel Lima Compras e Importação

Leila Figueiredo Lamarão Concursos e Seleções

João Carlos Oliveira Pena Consultoria e Desenvolvimento Institucional

Marcelo Moraes Financeiro e Contábil

Natália Raiol Gestão de Projetos

Cláudia Coelho Recursos Humanos

Davi Frazão Tecnologia da Informação Elilian Carvalho Secretaria Geral

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Doriedson do Socorro Rodrigues CUNTINS/UFPA

Prof. Dr. Marcos Monteiro Diniz ICEN/UFPA

Profa Dra Maria Ataíde Malcher NITAE2/UFPA

Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto FADESP/UFPA Lorena Filgueiras - ASCOM/FADESP

EXPEDIENTE REVISTA

Editora-chefe

Lorena Filgueiras (Ascom/FADESP) MTb/DRT-PA 1505

Reportagens

Brena Marques - Ascom/FADESP

MTb/DRT-PA 3371

Lorena Filgueiras - Ascom/FADESP

Elck Oliveira

Flávia Ribeiro

Projeto gráfico e diagramação André de Loreto Melo Revisão

Fabrício Ferreira

Analista de TI Raphael Pena

Tiragem 2.000 exemplares

A Revista FADESP é uma publicação trimestral institucional da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa/Editora FADESP. Sua distribuição é gratuita. É proibida a repro dução parcial ou total sem prévia acordância da FADESP e sem citação da fonte. Os artigos publicados na Revista FADESP são de responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião editorial da Instituição.

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ÍNDICE
EXPEDIENTE

Há muito a comemorar!

Enfim, chegamos aos 45! Aos que gostam de metáforas futebo lísticas, o primeiro tempo. Para muitos flâneurs, o tempo da calma, da contemplação. Para nós, que somos parte de uma enorme e complexa engrenagem, a certeza de um resultado primoroso, de trabalho pautado em excelência, ética, transparência e compromis so. Portanto, é natural que, ao também celebrar o começo de um novo ano editorial de nossa revista, juntássemos todos os motivos e trouxéssemos uma edição especial.

Ao olhar em retrospectiva, consigo rememorar, de maneira muito nítida, quando comecei a viajar para os munícipios do interior do Pará, para dar aula no projeto que seria o maior e mais ousado projeto de acesso ao ensino superior de graduação. Foi a FADESP que me possibilitou conhecer os recônditos de nosso estado. Foi também a FADESP, em esforço conjunto com a Universidade Fede ral do Pará e as prefeituras municipais, que permitiram a centenas de docentes levar conhecimento aos quatro cantos, tendo contato com histórias e trajetórias de vida positivamente alteradas pela democratização desse acesso.

Ao contemplar o presente, vemos a FADESP já consolidada, vivendo um momento próspero, advindo de muito trabalho, com rigor e transparência: são mais de 400 projetos sob nosso guarda-chuva e, além da UFPA, nossa entidade-mãe, somos autorizados por esta a apoiar o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA), o Instituto Evandro Chagas (IEC), a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Importa mencionar que a FADESP é uma referência no segmento de concursos públicos e seleções, tendo realizado, desde 2006, quase 200 certames, dos mais simples aos que exigiram uma complexa operação.

E, em um vislumbre de futuro, continuamos semeando, pavimentando, construindo o “segundo tempo”, tor nando as relações ainda mais profissionais e pautadas na isenção, na imparcialidade e defendendo, sobretudo, a grandeza da Amazônia e dos amazônidas. Seguimos no firme propósito de reconstruir e edificar.

Particularmente, sinto-me muito feliz e realizado por conduzir uma Fundação composta por pessoas tão hu manas quanto competentes, compromissadas com um resultado final irretocável; por ter a confiança de milhares de pesquisadores e gestores.

Portanto, a presente edição está ainda mais especial, porque traz um pouco das surpresas reservadas para este momento tão especial: apresentamos a campanha de comemoração por nossos 45 anos, totalmente concebida e gestada dentro da FADESP e que procurou exaltar as razões pelas quais estamos aqui. Além desse belíssimo conteúdo, alguns projetos administrados por nós.

Como cantou Gal, que nos deixou recentemente: “é preciso estar atento e forte”.

Parabéns a todos que fazem e que acreditam na Fundação.

Desejo uma excelente leitura!

EDITORIAL
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Foto: Dudu Maroja

Inclusão, formação e dignidade

Estima-se que apenas 0,02% da população transgênero está na uni versidade, enquanto 72% não possuem o ensino médio e 56% sequer têm o ensino fundamental. Segundo dados da Associação Brasileira de Travestis e Transexuais (Antra), apenas 4% das pessoas desses grupos têm emprego formal. Foi pensando nessa situação que o Instituto de Ciências Jurídicas, da Universidade Federal do Pará, imple mentou o programa Empregabilidade e formação LGBTI+.

O Brasil tem uma história de vio lência e negação de direitos a pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersexuais (LGBTI+), motivo pelo qual o programa visa contribuir na repara ção dessa situação, além de promover ações no ICJ para inserir a população LGBTI+ em diversas esferas. “O pro jeto tem várias frentes. Agora, lança mos um diagnóstico sobre a situação de emprego e renda da população trans no estado do Pará, um programa de residência, que vai funcionar quase como um laboratório de soluções, com palestras, projetos de lei e projetos dentro da universidade, para aumen tar o acesso dessa população. No caso da residência, foi feito um edital para a participação de pessoas trans A equipe é formada por pessoas trans”, pontua Luanna Tomaz, coordenadora do programa.

Dentre os objetivos do programa

estão o fortalecimento da empregabili dade e a capacitação para a população LGBTI+; promoção do aperfeiçoamento profissional dessa população; ampliação do debate público sobre sexualidade, direitos LGBTI+ e acesso ao emprego e educação, além do fomento à produção científico-profissional dessas pessoas. “A população LGBT tem muita vulnerabili dade em relação ao acesso ao mercado de trabalho e, em particular, a população trans A ideia do projeto é desenvolver um conjunto de ações para oferecer alternativas de formação de inserção profissional”, destaca a coordenadora.

As ações previstas abrangem os projetos de residência clínica, vaga para pós-doutorado, seleção para pro fessor visitante, curso de empreende dorismo voltado à população LGBTI+, ação afirmativa na pós-graduação, além do diagnóstico sobre empregabilidade trans, uma especialização, um livro e seminário nacional. Atualmente, estão em andamento os editais de doutorado, de mestrado e de mestrado profissional (Veja todas as atividades no box).

Para o desenvolvimento de todas as atividades, o programa conta com o apoio da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa. “A FADESP tem um papel muito impor tante. Desde o início, nos reunimos com a equipe, que nos orientou no sen tido de como operacionalizar tudo isso, o que foi fundamental para a estrutu ração”, ressalta a professora.

Considerado, por muito tempo, um ambiente elitizado, o ICJ vem mudando por receber um público cada vez mais diverso, e esse programa repercute positivamente. “Acho que isso acon tece por várias questões, até pelo pró prio tensionamento da sociedade sobre essa estrutura do Direito. Temos cotas para pessoas negras, para pessoas PcDs, para refugiados, indígenas, qui lombolas, o que promoveu mudanças. Quando eu estudei, na minha turma só havia pessoas com sobrenomes famosos e eu me sentia uma das mais

4 INCLUSÃO LGBTI+
Por Flávia Ribeiro @afroamazonida Fotos: Eli Pamplona Programa do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará realiza ações para a formação e empregabilidade LGBTI+. Luanna Tomaz

desconhecidas. Hoje, como professora, tenho uma turma muito mais diversa e isso traz uma grande riqueza para a sala de aula”, analisa Tomaz.

Olhando as vivências das pessoas trans

Uma prova de como o corpo de dis centes tem mudado é que a professora nunca estudou, na época de sua gra duação, com pessoas transexuais ou travestis, mas foi orientadora de dois egressos da Faculdade de Direito e um do programa de pós-graduação. Davi Almeida, professor universitário, era um deles. Assim como Luanna, ele também não estudou com pessoas trans. “Não conheci quem já vivesse sua identidade. Nenhuma pessoa já assumida ou realizando a transição. O que foi muito comum comigo e outros colegas é que muitos transicionamos ao final de um ciclo. Foi o que aconteceu comigo. Só assumi seis meses após o mestrado. Tenho colegas que passaram por isso após a graduação”, explica.

Ele comenta que o processo de transição veio acompanhado de muito medo. Assim que terminou o mestrado, em agosto de 2020, soube de uma vaga em uma universidade, no campus de Abaetetuba e foi contratado antes da transição. “Não havia me assumido como homem trans e não havia rea lizado nenhum ato de transição. Fui empregado como uma mulher lésbica não-feminilizada. Passei um ano tra balhando lá como uma mulher lésbica. Eu tinha muito medo de que os alunos

percebessem algo, que me julgassem ou que eu sofresse qualquer tipo de discriminação. Somente em janeiro deste ano me assumi para meus alunos mais velhos, que me conheciam antes e também para os demais funcionários da universidade”, relata.

O medo não é à toa e é confirmado pelos dados sobre a vulnerabilidade das pessoas LGBTI+. Davi conta que não vivia a sua sexualidade abertamente e que se forçava a se feminilizar por medo de ser rechaçado, de não ser recebido. “É um trabalho mental você tentar parecer quem não é”. Ele conta que criou redes sociais para que as pes soas vissem somente o trabalho em que não postava fotos com namorada ou qualquer aspecto da vida pessoal, mesmo conteúdo político-identitário, por medo de ser demitido, ser perse guido ou de colocar sua segurança em risco.

“Eu tinha muito, muito medo. Quando me assumi, só falei para ami gos e família. Só contei no trabalho por que a transição estava mais avançada. Quando estava com traços diferentes, já havia mudado os meus documentos, então precisei avisar meu empregador. Nas turmas mais velhas, que me conhe ceram antes da transição, fui bem aco lhido. Nas turmas mais novas, em que não falo da minha identidade, eles me conhecem somente como professor Davi. Eu ainda tenho medo que vascu lhem a internet. Eu vivo quase que uma vida dupla”, fala o professor.

Com curso superior, pós-graduação e emprego formal, Davi é exceção. Ele carrega o peso e a responsabilidade de ser o primeiro homem trans em vários espaços. “É um processo muito interno, porque nunca lidei de forma fácil nem com a minha sexualidade, quiçá com a minha identidade de gênero. Já me assumi como mulher lésbica já no final da minha graduação” desabafa.

Apesar do medo, Davi conta que sente existir uma responsabilidade maior, pois considera ter privilégios por, entre outras características, ser homem branco e heterossexual. “Eu preciso ocupar esses espaços e me afirmar como homem trans Eu preciso ser visto e as pessoas precisam saber que nós estamos ali e, assim, tentar criar oportunidades para que outras manas os ocupem também princi palmente as que não têm os mesmos

marcadores. Trazer outras pessoas para o mesmo círculo, para que eu não seja mais a exceção, o primeiro. Eu quero ser o comum, o usual, que isso seja mais aberto, publicizado socialmente e que a gente não demarque somente os primeiros”, afirma.

O professor faz parte da equipe que está atuando na realização do programa e descreve o diferencial das atividades. “Sempre se fala em mortes. O ponto principal para a nossa exis tência é olhar a nossa vivência, olhar antes das nossas mortes. É perceber quais os direitos que estão nos sendo negados. E um dos principais é o direito ao trabalho, que vai servir tanto para a nossa sobrevivência quanto ao nosso sustento”.

ATIVIDADES:

• Projeto Residência Clínica: O projeto abrirá bol sas para residência clínica na Clínica de Atenção à Violência do Instituto para profissionais do Direito e áreas afins que sejam pessoas trans. Os profis sionais desenvolverão proposta de atuação estra tégica na temática da empregabilidade LGBTI+, com a elaboração de projetos como cotas para empresas, cotas nas universidades e/ou incenti vos fiscais e atendimento a casos de violência e discriminação.

• Projeto de Pós-doutorado: Abrirá uma bolsa de doutorado para uma pessoa transexual no Pro grama de Pós-Graduação em Direito.

• Projeto de professor visitante: Abrirá uma vaga para uma pessoa transexual atuar enquanto pro fessor visitante no Programa de Pós-Graduação em Direito.

• Projeto de curso de empreendedorismo voltado a população LGBTI+: Desenvolverá cursos para população trans, discutindo formas de fortaleci mento de ações empreendedoras, como parce rias com entidades não governamentais. Cursos como: empreendedorismo, constituição jurídica de empresas e MEI, marketing pessoal, produ ção de mídia digital, cooperativismo, economia solidária, estética, gênero e sexualidade, direitos humanos e administração de negócios.

• Diagnóstico sobre empregabilidade Trans : Desenvolverá diagnóstico sobre a empregabili dade trans no Estado do Pará.

• Projeto de ação afirmativa no PPGD e PPG DDA: Ações afirmativas que garantam três bolsas de mestrado para pessoas transexuais ou LGBTIs.

• Especialização: Especialização sobre Direito, Sexualidade e Gênero.

• Livro: Desenvolverá livro sobre a empregabili dade LGBTI+ no Pará.

• Seminário empregabilidade LGBTI+: Apresen tará seus resultados em um seminário.

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Davi Almeida

Realidade na tela

Nascido em 2019, o projeto, que tem como idealizadora e coordenadora a cineasta paraense Joyce Cursino, conta com apoio da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP), da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) e da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará (Proex). As edições são construídas coletivamente, com a participação de caciques, lideranças comunitárias, organizações sociais, comunicadores populares e produtoras independentes, em diversas localidades da Amazônia Legal. “O projeto estimula uma nova dinâmica de criação, percepção e distribuição das narrativas amazônicas, por meio de formação audiovisual com a juventude, além de debates e circuito de exibições nos territórios de atuação”, resume Joyce.

Segundo ela, em 2022, por meio de emenda parlamentar, tendo a FADESP para intermediar o apoio, e com gerência da professora e cineasta Jorane Castro, o projeto conseguiu expandir o campo de atuação, passando a alcançar dez territórios, que produziram dez curtasmetragens os quais foram exibidos no Festival de Cinema das Periferias

e Comunidades Tradicionais da Amazônia, ocorrido entre os dias 3 e 5 de setembro, no Portal da Amazônia, em Belém.

Ao todo, foram dez oficinas realizadas, com 100 alunos participantes e aproximadamente duas mil pessoas envolvidas, direta e

indiretamente, nas vivências ocorridas nos territórios. Apenas nos três dias de Festival, foram 12 exibições e 240 horas de trabalho.

A estudante de cinema e produtora audiovisual do bairro da Terra Firme, em Belém, Izabela Chaves, de 28 anos, foi uma das oficineiras do projeto no bairro em que cresceu, pois esse é um dos princípios do projeto: que pessoas de cada território possam compartilhar o conhecimento que já têm com seus

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Por Elck Oliveira Democratizar o acesso ao cinema nas periferias e comunidades tradicionais, por meio de capacitação em audiovisual e fomento às produções locais são os objetivos do projeto “Telas em Movimento”, que chegou à quinta edição. Jorane Castro Joyce Cursino Foto: Theuly Reis Foto: Luis Carlos Lobo Foto: divulgação

pares. Para ela, a experiência foi rica, por poder devolver à sociedade um pouco do conhecimento que absorve dentro da Universidade. “O ‘Telas’ envolve pessoas do próprio lugar e pessoas da periferia, gente como eu, que facilita essas oficinas, então é uma educação entre pares. A gente dialoga sobre aquilo que a gente vive dentro da comunidade, então é muito mais prazeroso, porque também é sobre formar pessoas e dar acesso à linguagem cinematográfica, já que, por muito tempo, o cinema foi um lugar de privilégio”, analisa.

Para Izabela, o celular, que é um equipamento mais barato do que a maioria dos equipamentos cinematográficos, facilitou esse acesso, mas a linguagem do cinema, de maneira geral, também precisa ser adaptada. “Como construir um roteiro de ficção, por exemplo: a gente faz algumas coisas básicas com os alunos, como construir uma ou duas cenas de brincadeira, cenas que remetem a algum problema da comunidade, como [falta de] água, saneamento, enchente, porque, no nosso caso, a Terra Firme ainda é muito impactada pelo racismo ambiental e pelas mudanças climáticas. Essas questões atravessam a gente. Pra mim, portanto, foi um momento muito especial”, detalha.

Já o músico, professor de música e ativista social Pawer Martins, de 31 anos, foi articulador do projeto na Vila da Barca. Ele ajudou a mobilizar os jovens a participarem da iniciativa no local. Por lá, eles produziram um minidocumentário sobre a realidade da Vila. “Teve uma importância muito grande, porque a Vila da Barca é uma das maiores comunidades da América Latina e que tem o saneamento muito precário. O acesso à água também ainda é muito precário. Então, o vídeo deu uma visibilidade muito grande pras nossas questões”, conta.

Segundo Pawer, esse material, disponibilizado para o mundo por meio das redes sociais, já alcançou diversos países e, além da atenção obtida, também evocou um sentimento de orgulho à comunidade

que participou. “A gente levou quase 15 jovens da comunidade para o Portal da Amazônia, onde eles puderam assistir ao vídeo que produziram e ficaram muito emocionados. Eu fiquei muito feliz com o resultado da autoestima, embora os vídeos, não só o da Vila da Barca, mas de vários bairros, tenham apresentado uma realidade bem dura e parecida. Em pleno século 21, muita gente ainda enfrenta o problema da falta de água e do saneamento, então, dá uma indignação de ver as situações que a gente viu nos vídeos, mas

todos ficamos muito animados pelo resultado”, critica.

Segundo a coordenação do projeto, a internet é o principal canal de comunicação das ações do “Telas em Movimento”. Ao todo, mais de 100 mil contas digitais já foram alcançadas pelas mídias sociais do projeto.

No canal do Youtube do “Telas em Movimento” é possível assistir aos vídeos já produzidos a partir das oficinas do projeto. Acesse o QR Code.

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Foto: Eli Pamplona Foto: Arquivo pessoal Izabela Chaves Pawer Martins

Multicampiartes e Caravana Cultural

Trocar experiências, trocar saberes por meio da cultura extensionista. Esse é um dos pilares do projeto Multicam piartes e Caravana Cultural, uma das ações mais exitosas da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Diretoria de Arte, Cultura, Esporte e Lazer.

Às vésperas de completar 20 anos, o projeto, este ano, levou toda sua bagagem cultural para Abaetetuba, no nordeste paraense. O objetivo da iniciativa, idealizada pelo professor, escritor e poeta João de Jesus Paes Loureiro, sempre foi contribuir com a qualidade do saber produzido na academia, integrando-o aos saberes e desenvolvimento das comunidades visitadas pelo projeto.

Para isso, explica o atual Diretor de Arte, Cultura, Esporte e Lazer da Pro ex, professor Miguel Santa Brígida, o projeto oferece, durante uma semana, oficinas de capacitação na área de artes para a comunidade de um determina do campus da UFPA e, na sexta-feira, ocorre o espetáculo de culminância, que é a apresentação do resultado dessas oficinas para o público e, jun to com esse resultado, normalmente são convidados grupos artísticos lo cais, integrados e interagindo ao/com o espetáculo. Uma segunda parte do projeto é a Caravana Cultural, que na noite de encerramento, oferece ao mu

nicípio um dos espetáculos produzidos na UFPA, seja pela Escola de Teatro, de Dança, ou de Música.

“Isso, para nós, marca a legitimação e a circularidade da arte e da cultura por

meio do projeto, que é muito exitoso. Essas oficinas sempre são demanda das pela comunidade, mas, de modo especial, sempre levamos no nosso ‘cardápio’ a oficina de Políticas Públicas de Cultura, justamente para discutir o estado da cultura daquele município, o que atende a uma das nossas priorida des, que é discutir a gestão cultural das cidades. Lembrando que tudo sempre é aberto à comunidade, aos alunos do campus, mas também à comunidade em geral”, ressalta Santa Brígida.

Em média, cerca de 180 jovens parti cipam das oficinas, além dos que fazem as apresentações das oficinas e parti cipam da Caravana Cultural, chegando aproximadamente a 1.200 participan tes por município.

“A gente visita os doze campi da Uni versidade Federal do Pará por meio do Multicampiartes, mas também as áre as de abrangência. São municípios que estão nos entornos dos campi e que, muitas vezes, nós também atendemos num exercício muito interessante. En tão essa troca de saberes é uma marca

8 CULTURA POPULAR
Por Elck Oliveira
Fotos: acervo pessoal João de Jesus Paes Loureiro e Miguel Santa Brígida

muito importante do projeto, a ser des tacada”, explica o diretor.

Segundo Miguel, em 2023, o proje to vai completar 20 anos de existência. Como são, em média, quatro ações por ano (duas no primeiro semestre e duas no segundo), a que ocorreu em novem bro/2022, no município de Abaetetuba, nordeste paraense, foi a décima sexta edição, já que houve um período de paralisação, durante a fase mais dura da pandemia de Covid-19.

“O Multicampiartes está focado na formação em arte e cultura e se cons titui em dois núcleos fundamentais: de formação em arte e cultura e da cir culação de arte e cultura por meio da Caravana Cultural”, ressalta.

O Núcleo de Formação de Arte e Cultura atende a uma demanda de ofi cinas que são oferecidas nos municí pios visitados pelo projeto. Em média, são oferecidas de seis a sete oficinas, demandadas pela comunidade. Primei ro, representantes do projeto realizam uma visita técnica ao município e, ao conversar com a coordenação dos cam pus, com a categoria local dos produto res e os artistas locais da comunidade artística, é apresentado o interesse em determinadas oficinas, que podem ser de linguagem, canto, dança, fotogra fia, entre outras. “É uma oferta que a Pró-Reitoria leva para o município, mas solicitada pelo município”, completa.

Para a técnica coordenadora de Programas e Projetos, da Proex, Vânia Nogueira, a atuação da FADESP nesse processo é fundamental, uma vez que

o financiamento foi obtido por meio de uma emenda parlamentar para o proje to, e a Instituição foi responsável pelo gerenciamento desses recursos, fun damentais para o andamento do Mul ticampiartes. “A Fundação dá o suporte administrativo e financeiro na execução do projeto. Quando a gente consegue o financiamento pela FADESP, consegui mos fazer, de forma satisfatória, a ges tão do projeto. O Multicampiartes é um projeto que não deve nunca deixar de ser executado. É fundamental que ele tenha sempre esse suporte e pessoas engajadas, porque não é todo mundo que está preparado pra participar de um projeto dessa natureza. Porque a gente leva e traz informações, e quem participa recebe certificação pela uni versidade. Esse também é um ganho muito grande para todos”, frisa. Vânia Nogueira

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Construção de muitas mãos

Com a missão de promover a gestão de ações de pesquisa, ensino e extensão, de forma dinâmica, contribuindo para o fortalecimento da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o desenvolvimento da região Amazônica, a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) chega aos 45 anos de existência. O momento é de celebração, e muitas pessoas fazem parte dessa história.

Criada em 1977 para dar suporte às atividades da UFPA, a FADESP é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento científico, social e tecnológico da Amazônia, e que se tornou um dos grandes agentes estratégicos da região Norte. Para comemorar esse aniversário, esta edição traz pessoas que vêm acompanhando de perto e construindo a fundação.

Há 33 anos na Fundação, João Carlos Pena, Coordenador de Consultoria de Desenvolvimento Institucional é um dos que melhor pode contar a história da FADESP. Ele tinha 25 anos quando passou em um processo seletivo para prestar serviços temporariamente. Pena

começou na fundação elaborando ofícios, memorandos, folhas de pagamento, cálculos trabalhistas, admissões e rescisões de contrato, entre outros. Depois, passou um tempo executando atividades em máquinas de calcular e datilografando em máquinas analógicas e eletrônicas. Passou pelos setores de Projetos, Gerência de Negócios até chegar à Coordenação de Consultoria de Desenvolvimento Institucional, onde está há nove anos.

Depois de mais de três décadas de

serviço, para ele a Fundação já e a segunda casa. “É uma jovem senhora que me abriu os braços, acolheu, ensinou, cativou, deu bronca e também afago. Aqui, pude ter mais conhecimentos, lidando com projetos de diversas áreas do conhecimento. A FADESP me proporcionou constituir uma bela família, criar um lugar que posso chamar de lar. Também proporcionou fazer alguns amigos e inúmeros colegas e conhecidos, além de me permitir conhecer uma boa parte dos municípios do Pará, desde

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Com o auxílio de colaboradores e de parceiros, a FADESP diversificou a atuação para acompanhar as demandas da sociedade. Por Flávia Ribeiro Fotos: Eli Pamplona João Carlos Pena

o mais antigo ao mais novo”, relata João Carlos.

Ele entrou para trabalhar por três meses e foi testemunha das várias mudanças ocorridas com a passagem do tempo. “A sensação é de que valeu a pena cada minuto passado na Fundação, dedicando atenção aos projetos de Ciência e tecnologias, pesquisa, ensino, extensão e prestação de serviços. Parece-me também que ficamos mais ágeis, mais competitivos, mais vistos, tanto como a maior fundação do Norte, quanto como a maior concorrente de outras instituições na região e fora dela. Sinto que sou uma peça que faz parte dessa grande engrenagem chamada FADESP, juntamente com outras pessoas, cada uma com sua função, conseguimos fazer a manutenção em pleno movimento para que esteja sempre azeitada e em funcionamento”, analisa o coordenador, que celebra ainda o fato de a Fundação estar presente em todas as regiões do Pará e em outros estados, por meio de projetos de pesquisa, ensino e extensão, cursos, concursos, consultoria e prestação de serviços, nas mais diversas áreas do conhecimento.

Natália Raiol, Coordenadora do Setor de Projetos, também viu de perto grande parte das mudanças ocorridas na Fundação e aponta os acontecimentos dos anos 2000 como os mais marcantes. “ [Foi o] início da alavancada dos grandes projetos nos municípios do estado, e tive o privilégio de participar presencialmente. Foram experiências incríveis, junto com pesquisadores de vários centros de excelência de pesquisa. Aprendizados pra vida”, reflete.

Natália começou como estagiária, em 1993, no que foi a sua primeira experiência no mercado de trabalho. Em 1994, foi efetivada como Assistente I de Projetos. Um

tempo depois, em 2001, assumiu a coordenação de Projetos e, em 2011, assumiu coordenadoria de Projetos da Fundação do Estado, retornando em outubro de 2021, quando reassumiu a pasta de projetos. “A FADESP fez e faz parte do meu crescimento profissional. É como estar em casa, me possibilita conciliar trabalho, família e religião. Isso me faz uma profissional realizada”.

Tal como Natália, Marcelo Moraes, coordenador de Contabilidade e Finanças, também começou como estagiário, em 2007. Foi a primeira oportunidade de atuar na sua área.

Ele começou aos 21 anos e hoje, aos 36, destaca o quanto a sua vida está ligada ao trabalho. “São 15 anos de Fundação, então faz parte da minha vida. A FADESP está ligada não só à minha vida profissional, mas à vida como um todo. São 15 anos de conhecimento, de amadurecimento profissional, atualizando-me porque a minha área muda constantemente. Precisamos estar sempre atentos às novas legislações e nosso trabalho requer isso: profissionais atentos às legislações específicas de contratos, de financiadoras e projetos, de modo que possamos oferecer

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Marcelo Moraes Natalia Raiol
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um atendimento diferenciado. O profissional e o cidadão que me tornei foi por todo esse conhecimento e amadurecimento que adquiri”.

Para Marcelo, há momentos, ao longo desses 15 anos de trabalho, que marcam também a sua vida, como na efetivação, em 2009, época em que também estava concluindo o curso de graduação (e já estava inserido no mercado de trabalho). “O outro foi quando assumi a Coordenação [financeira e contábil], que foi a soma de todos esses conhecimentos adquiridos da dedicação e empenho na fundação”, fala.

Também foi por meio do estágio, em 2017, que Bruna Reis entrou na FADESP. Dois anos depois, ela já era efetivada como técnica administrativa do setor de Documentação. “Quando o estágio está atrelado ao fim da faculdade, a gente tem muita expectativa de ser efetivado, de como vai ser o mercado de trabalho. Então, nesse quesito eu sei que tive muita sorte, mas também fiz o meu trabalho da melhor maneira possível, só tentei controlar a ansiedade. Quando falaram da possibilidade de efetivação, eu fiquei muito feliz porque continuaria fazendo o trabalho que já estava realizando. Sei que não é fácil e só agradeço por ter conseguido logo depois do término do curso. Tenho colegas que ainda estão procurando trabalho, por exemplo. Minha preocupação era terminar bem o estágio, para conseguir desenvolver bem a minha carreira e ter a experiência para caminhar no

mercado de trabalho”.

A efetivação depois de desempenhar um bom trabalho também ocorreu com Pedro Benício. Ele começou em 2006, aos 29 anos de idade, cobrindo férias de um colaborador de serviços gerais e na jardinagem. Naquele mesmo ano, foi contratado como auxiliar de serviços gerais, embora tenha passado pela secretaria executiva, patrimônio, contabilidade, financeiro e, atualmente, ocupa o cargo de motoboy, no setor de compras. “Muita coisa mudou na vida ao longo desse tempo. Estudei um pouco, fui até o ensino técnico e consegui técnico administrativo. Já estou casado, pai de Danielly, de oito anos, e de Pedro Emanuel, de um ano. Continuo trabalhando com muita dedicação, profissionalismo e respeito aos colegas de trabalho”, diz, Pedro.

“Sou muito grato à FADESP por ter me proporcionado as oportunidades”.

Parcerias e benefícios para a sociedade

Além de colaboradores dedicados, para chegar aos 45 anos de existência, a Fundação também conta com o apoio valoroso de parceiros e, como não podia deixar de ser, da UFPA sua entidade-mãe. “A FADESP cumpre um papel fundamental no esforço da Universidade Federal do Pará de colocar sua competência científica e tecnológica à disposição da sociedade. Com esse apoio, a UFPA consegue chegar a organizações sociais, governos e indústrias com ensino, pesquisa e extensão de qualidade, com celeridade e eficiência. Ao atuar desse modo, a Fundação torna-se parceira da UFPA

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Foto: Estúdio Tereza & Aryanne Bruna Reis Emmanuel Tourinho, reitor da UFPA. Pedro Benício

na contribuição ao desenvolvimento social e econômico do Pará e de toda a Amazônia. A FADESP também tem apoiado a UFPA executando projetos de interesse da própria instituição, pelo que somos muito gratos, sobretudo neste momento de grandes dificuldades orçamentárias”, analisa Emmanuel Tourinho, reitor da UFPA.

Outra parceria estabelecida que vem trazendo benefícios para a sociedade é com o Instituto Evandro Chagas. “O IEC é uma Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação e aprovou recentemente um importante projeto na FINEP, com o apoio da FADESP. O objetivo é desenvolver compostos inovadores para o tratamento das leishmanioses. A atuação da Fundação habilita o IEC a concorrer em editais publicados por agências de fomento que exigem das instituições participantes a indicação de uma Fundação de Apoio cadastrada como requisito para a seleção. A FADESP é cadastrada e credenciada junto aos Ministérios da Educação MEC e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações MCTI, em atendimento à legislação vigente, o que nos traz maior segurança jurídica, especialmente quanto à gestão administrativa e financeira dos Projetos do IEC. Em resumo, o apoio da FADESP é de grande importância às instituições públicas que prestam serviços à sociedade, como faz o IEC na área da Saúde e Meio Ambiente”, resume

Lourdes Garcez, diretora do IEC. Como resultados do apoio da FADESP, a diretora aponta ganhos em eficiência administrativa e financeira, principalmente por possibilitar o recebimento e gestão de recursos financeiros por meio de convênios, acordos de cooperação, dentre outros instrumentos jurídicos. “Esse tipo de apoio administrativo é uma importante colaboração ao IEC diante dos numerosos desafios em saúde pública. Outro resultado importante é o incremento das relações entre o IEC e outras instituições com a segurança do apoio da FADESP”, enumera.

45 anos e olhando para o futuro Com a expertise adquirida ao longo dessas décadas de trabalho, a FADESP vem diversificando as suas áreas de atuação. Uma das mais conhecidas é a gerência de projetos, que tem como foco o meio ambiente amazônico e o desenvolvimento sustentável. No apoio à pesquisa, viabiliza programas e projetos científicos, intermediando as parcerias entre instituições que atuam nos mais diversos segmentos e o corpo docente da UFPA e de outras IES. Além disso, coordena a realização de concursos públicos federais, estaduais e municipais.

Segundo Roberto Ferraz Barreto, diretor executivo da FADESP, a trajetória da Fundação pode ser contada não só pelos dirigentes, mas também pelos vários trabalhadores. “Nesse período, demos uma grande contribuição no que se chamava

de projeto de interiorização. Desde 1987, a Fundação atua na implantação de cursos pelo interior do estado e fazendo várias ações com as empresas da região, com as prefeituras... Temos muito a comemorar! A FADESP está consolidada no estado como uma marca respeitada no que faz e no que se propõe a fazer cada vez mais” analisa Ferraz.

Na pandemia, a organização atuou para o público interno e externo no sentido de exigir e cumprir todos os protocolos biossanitários e de vacinação, incentivando seus colaboradores e a população, inclusive durante a realização de concursos públicos e em ações de projetos. Atravessando esse período pandêmico em atividade, para Ferraz, há muito o que se comemorar, e mais do que isso, ele já olha para o futuro. “Espero que a FADESP se consolide cada vez mais dentro dos princípios que ela tem desenvolvido ao longo dos anos: de ser uma entidade voltada para o desenvolvimento científico; de apoiar a região amazônica, respeitando a floresta, os povos e a cultura, e também que se torne uma instituição digitalizada. Estamos buscando que ela se torne cada vez mais moderna e sustentável perante todos os desafios que temos e de tecnologias que tanto avançam. O plano é que também se consolide como uma fundação de excelência em gestão de recursos públicos, sendo respeitada por isso. E que seja vista sempre como um lugar onde as pessoas sintam segurança em se relacionar com ela”, planeja o diretor executivo.

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Foto: Arquivo pessoal Foto: Dudu Maroja Roberto Ferraz Barreto, diretor executivo da FADESP. Lourdes Garcez, diretora do IEC.

Navegando rumo ao futuro

Há 45 anos, a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa aproxima a Ciência da sociedade e trabalha pelo desenvolvimento da Amazônia. Consciente de seu papel de protagonista de revoluções, a FADESP mostra quão importante é investir em Ciência e como sua aplicação pode melhorar o dia-a-dia das pessoas.

Uma senhora, de aproximadamente 45 anos, caminha pela estrada de terra, em direção a um pequeno píer. Antes de chegar lá, abre o guarda-chuva, de um laranja intenso, e entra em um barqui nho para cruzar o rio. A imagem é um presente aos olhos, porque é possível observar aquela sombrinha de cor viva deslizando pelas águas do Guamá. Num movimento contínuo, somos transpor tados para as docas do Ver-O-Peso. Em meio à agitação dos dias na maior feira livre a céu aberto da América Latina, mãe e filha passeiam perfeitamente in tegradas à cena. Sobre elas e mesclan do-se ao colorido natural do mercado, um enorme guarda-chuva laranja. De repente, o cenário é a orla da Universi dade Federal do Pará, onde uma caloura caminha: não é tão somente a visão da enorme avenida-rio que preenche seus olhos. Trata-se, sobretudo, da contem plação de seu futuro. A protegê-la do sol, o guarda-chuva laranja.

Tais imagens compõem a primeira campanha publicitária realizada pela FADESP. A escolha de um guarda-chuva laranja como peça conceito deu-se pela metáfora natural de proteção e de abar cabilidade. “Sob o enorme guarda-chuva da Fundação, estão atualmente cerca

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Por Lorena Filgueiras Fotos: ASCOM/FADESP Fernando Segtowik, cineasta que fez o vídeo de 45 anos, repassa as cenas com sua equipe.

de 400 projetos, além dos concursos, seleções e enorme capilaridade. Friso ainda a multissetorialidade, dinamis mo e convergência do que fazemos. Somos a maior Fundação de Amparo do Norte do Brasil: sob nosso guar da-chuva estão, além da UFPA, que é nossa entidade-mãe, mais sete insti tuições de ensino, pesquisa e exten são”, explica Roberto Ferraz Barreto, diretor executivo da FADESP.

“Além disso, a FADESP atravessou a fase mais dura da pandemia, sem interrupção do trabalho, mas sem abrir mão da segurança de todos. Por meio do trabalho remoto e reuniões frequentes, avaliávamos a possibili dade de volta gradualmente. Todos os coordenadores de projeto tinham os contatos dos coordenadores de área e de analistas. Não foi fácil, mas segui mos firmes no propósito de continu ar investindo e apoiando a produção científica na Amazônia”, complementa Barreto.

Em sua melhor fase, de equilíbrio e de reafirmação/fortalecimento de seus valores e missão maior, que é o desen volvimento da região, sem abrir mão da proteção de seus povos, territórios, cultura e conhecimento, tornou-se um desejo maior poder agradecer e am pliar a comunicação da Fundação para que todos direta ou indiretamente tocados pelo conhecimento cientí fico, compreendessem ainda mais sua importância.

Com conceito e peças na cabe ça, o passo seguinte era produzir uma campanha de divulgação, que reunisse vídeo, peças publicitárias,

divulgação e que dialogasse com to dos os públicos: a sociedade, pesqui sadores, entes públicos, estudantes. Totalmente gestada pela equipe de comunicação da FADESP, em par ceria com o publicitário Aurélio Oli veira, o vídeo, teve a assinatura do cineasta Fernando Segtowick. As fotos foram feitas por Thiago e Laís Pelaes. O resultado final, você pode conferir acessando o QR no fim da matéria.

Site dos 45 anos

Para contar a história da FADESP, a equipe da fábrica de software e a equipe de comunicação, concretiza ram um hotsite dos 45 anos da Fun dação. Após uma minuciosa pesquisa no setor de obras raras da Biblioteca Arthur Vianna do Centur, e em do cumentos antigos da UFPA, foram resgatadas notícias de época, fotos pouco conhecidas do grande públi co. Todo esse material foi reunido no site : 45anos.fadesp.org.br , que ficará incorporado ao portal da entidade.

Não há a menor dúvida de que ini ciaremos um novo ciclo com vistas para um futuro mais esperançoso e de muitas reconstruções. O fato é que, tal como diz aquela canção, ele já começou.

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Cenas do backstage de produção do VT, que se dividiu entre a Estrada da Ceasa, o Mercado do Ver-O-Peso e o Campus da UFPA, no Guamá. Foto: Thiago Pelaes/Marahu

Visita à Unifesspa

O diretor executivo da FADESP, Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto, esteve na sede da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA, em Marabá, onde se reuniu com o reitor da Instituição, Prof. Dr. Francisco Ribeiro da Costa, e com a vice-reitora, Profª Dra. Lucélia Cardoso Cavalcante. A FADESP é a Fundação de Amparo autorizada a atender a UNIFESSPA. Na pauta, instrumentos para otimizar o atendimento das neces sidades da Instituição de ensino superior.

Processo Seletivo Especial 2023 (UNIFESSPA/ UFOPA/ UFRA)

No dia 11 de setembro de 2022, mais de 11.400 can didatos realizaram a prova do Processo Seletivo Especial (PSE) 2023 da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), por meio do programa Forma Pará.

Realizado em 35 municípios paraenses pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP), os portões foram abertos às 8h. O certame iniciou às 9 da manhã, findando às 13 horas e foi composto por uma prova objetiva, além de redação.

Os candidatos concorreram a 1.790 vagas e dentre os cursos mais procurados, Medicina Veterinária, em Pa rauapebas, registrou 1.949 inscritos, seguido de Engenharia Civil, em Juruti, com 785 inscritos, e Agronomia, em Dom Eliseu, com 725 candidatos.

O resultado definitivo está disponível em: www.portalfadesp.org.br

Candidatos realizam prova do PSE

UEPA 2023

Mais de 12 mil candidatos se inscreveram para o Proces so Seletivo Especial (PSE Forma Pará), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), realizado no dia 18 de setembro de 2022. Os alunos concorreram a 1.950 vagas, distribuídas em 39 municípios paraenses.

O curso de Biomedicina, em Cametá, foi o mais procu rado de todo o certame e teve 1.911 inscritos, seguido pelo curso de Fisioterapia, no município de Breves, com 1.640 candidatos.

Para conferir o resultado final, acesse: www.portalfadesp.org.br

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UFOPA divulga novo edital para cursos de Direito e Administração

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), por meio do programada Forma Pará, está disponibilizando 140 novas vagas. Os cursos ofertados são: Bacharelado em Direito para município de Almeirim e Novo Progresso; e Bacharelado em Administração no município de Oriximiná.

A prova será realizada no dia 04 de dezembro, de 9h a 13h, tendo a FADESP na execução e na banca. O edital está disponível no portal com todas informações e requisitos para os interessados em concorrer às vagas, acesse: www.portalfadesp.org.br

Concurso público da Prefeitura de Rondon do Pará

A FADESP, coordenadora e banca do certame, informa que a aplicação da prova está prevista para dia 18 de de zembro de 2022, no horário das 8h às 12h para cargos de nível superior e fundamental completo. E de 15h a 19h, para cargos de nível alfabetizado.

Para saber todas informações, acesse: www.portalfadesp.org.br

Prefeitura de Parauapebas lança edital para concurso público

A Prefeitura Municipal de Parauapebas está ofertan do diferentes tipos de vagas para cargos de nível médio e superior, visando preencher o quadro de servidores municipais. De acordo com o edital, o certame ofertará 347 vagas, sendo 260 imediatas e 87 para cadastro reserva. Do total de vagas, 5% são destinados a pessoas com deficiência e 20% para candidatos autodeclarados negros.

Os candidatos poderão consultar o local de provas a partir do dia 06 de dezembro no portal da FADESP, banca realizadora do concurso público. A prova ocor rerá no dia 11 de dezembro de 2022.

PSE IFPA contemplará vagas em 7 municípios

O PSE Forma Pará do Instituto Federal de Educação, Ciên cia e Tecnologia do Pará (IFPA) visa preencher 320 vagas. A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FA DESP) é a banca responsável pela organização e execução do certame nos seguintes municípios: Terra Alta, Irituia, Belterra,

Prefeitura

de Marabá realiza concurso para professores de nível superior

A FADESP coordenou o concurso público da Prefeitura de Marabá, no dia 25 de setembro de 2022. Com mais de 9 mil candidatos inscritos, o certame foi aplicado em 29 escolas da região, para preencher 566 vagas para cargos de professores de nível superior. A comissão do concur so acompanhou todo o processo, garantindo que todos protocolos de segurança fossem cumpridos, conferindo transparência e lisura a todo o processo.

Para acompanhar o andamento do concurso, acesse: www.portalfadesp.org.br

Prefeitura de Bonito retoma concurso público

Prainha, Ipixuna do Pará, Abaetetuba e Vigia.

A prova objetiva está prevista para ser realizada no dia 4 de dezembro de 2022, das 9h às 13h, simultaneamente em todos os municípios contemplados. Todas informações estão no portal FADESP.

Serão 93 vagas ofertadas destinadas para cargos de níveis fundamental, alfabetizado e superior.
A Prefeitura Municipal de Bonito retomou seu concurso, destinado ao provimento de cargos do quadro efetivo que foi suspenso, por decreto, em decorrência da pandemia da COVID-19, no ano de 2020.
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Círio 2022

No dia 7 de outubro, os colaboradores da FADESP reuniram-se no prédio-sede, em celebração ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

Depois de 2 anos sem procissão em decorrência da fase mais dura pandemia da COVID -19 –, a festividade ocorreu de maneira tradicional em 2022. Revivendo a mistura de sabores, sons, crenças, emoções e sensações, que só são manifestadas nessa época do ano.

Selo FADESP 45 anos

Para marcar o aniversário da FADESP, foi elaborado um selo comemorativo em alusão aos 45 anos da Fundação, que será utilizado em ocasiões e documentos especiais até novembro de 2023. Criado pelo publicitário Aurélio Oliveira, em parceria com a Assessoria de Comunicação da FADESP, no selo encontra-se a mandala amazônica, ícone do logotipo, encaixada no número 5, evocando a lembrança de um globo terrestre, representando a missão institucional de projetar e proteger a Amazônia e o conhecimento da região.

Ação FADESP 45 Anos no Restaurante Universitário (RU)

No dia 8 de novembro de 2022, foi realizada a ação de 45 anos da FADESP no Restaurante Universitário (RU), da Universidade Federal do Pará (UFPA), no campus Guamá. Na ocasião, os es tudantes que aceitassem fazer fotos no totem, que remetia à capa da revista FADESP, eram presenteados com diversos brindes da Fundação, dentre eles, guarda-chuvas laranjas, uma das peças-conceito da campanha que comemora o aniversário da entidade.

Para conferir todas as fotos do evento, acesse a galeria do portal: www.portalfadesp.org.br

Para baixar o manual de aplicação do selo, acesse: www.portalfadesp.org.br

Reforma do prédio e novo portal

As comemorações pelo aniversário de 45 anos da FADESP, que ocorrerá no dia 18 de novembro de 2022, começaram meses antes com diversas novidades, en tre elas, a revitalização do prédio-sede, que passou por algumas reformas externas e internas. Além da infraestrutura física, a FADESP reformulou seu portal, tendo enormes ganhos em sua capacidade de proces samento e com novo layout, tornando-se mais intuitivo e responsivo, com ferramentas mais ágeis, a exemplo do chat box, que permite um atendimento mais rápido e funcional aos usuários do site.

O endereço é o mesmo: www.portalfadesp.org.br

18 POR DENTRO DA FADESP
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Linha do tempo

1960

Após anos de negociação, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (a primeira do país) foi formalmente criada em 18 de outubro, por meio da Lei orgânica 5.918, mas começou a funcionar efetivamente em 23 de maio de 1962.

1968

Em 13 de agosto de 1968, foi inaugurado o Conjunto Universitário Pioneiro, no bairro do Guamá, em Belém, que torna-se-ia a Cidade Universitária José da Silveira Netto.

1957

O dia 02 de julho de 1957 marca a data de criação da Universidade Fede ral do Pará. A sessão solene de instala ção ocorre em 15 de março de 1958, no Theatro da Paz.

1961

É publicado o Edital de concorrência pública projeto do emblema da UFPA. O 1º brasão da Instituição foi criado por Mayr Fortuna, desenhista da Primeira Comissão Demarcadora de Limites e irmão de Frederico Fortuna, Secretário Geral da UFPA, de 1957 a 1958.

1970

Em 2 de julho, ocorreu a instalação oficial do Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFPA.

1976

Clóvis Malcher, então Reitor da UFPA, implanta o Plano Diretor de Pesquisa, documento norteador do desenvolvimento de pesquisas criando, igualmente, a Fundação de pesquisa na “órbita da Instituição”.

1977/78

O logotipo da FADESP (usado até hoje) é cria do por Mayr Fortuna. Composto por traços amazônicos, o logo passou por atualização nos anos de 2013 e 2021.

1977

A UFPA completa 20 anos em julho, com uma completa reestruturação, além de revisão de seus estatuto e regimento, iniciando a transição de gestão de Clóvis Malcher para Aracy Barreto. Em 18 de novembro, nasce, oficialmente, a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa FADESP.

2005

A coordenação de Concursos e Seleções é criada, com o intuito de prestar serviços a sociedade. O 1º certame foi da Prefeitura Municipal de Oriximiná.

2022 2021

Por ocasião de seus 44 anos, o logotipo da FADESP é atualizado. É lançada a Revista FADESP, que conquistou uma dupla premiação já em seu primeiro ano de existência.

A FADESP completa 45 anos, com atuação em todos os cantos do Pará.

ASCOM/
Produção:

Gestão orçamentária e financeira • Gestão de suprimentos (compras e contratações) • Operações logísticas, com viagens e eventos na região amazônica • Administração de folha de pagamentos e benefícios e gestão de pessoas • Acompanhamento de obras e serviços de engenharia • Divulgação científica e institucional • Controle contábil e prestação de contas • Concursos • Cursos • Eventos • Consultorias e Assessorias • Projetos Estratégicos e de Desenvolvimento Institucional

Rua
Belém/UFPA –
Augusto Corrêa s/n. Campus
Guamá • Belém-PA Cep: 66075-110 Telefones: (91) 98839.0607 4005.7480 / 4005.7493
ASCOM/FADESP

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