Fale! _ Edição 56

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DELFIM NETTO FALA SOBRE 2009 E A CRISE ‘MADE IN USA’

Revista de informação ANO VI — Nº 56 OMNI EDITORA

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CIRO GOMES NO PÁREO PARA A SUCESSÃO EM 2010

O GAP NA

Ee oDUCAÇÃO que deve ser feito para estancar o problema. os indicadores de fortaleza, ceará e brasil

R$

9,00

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Editor&Publisher Luís-Sérgio Santos Editor Senior Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins Diretor Comercial Paulo Sérgio Cavalcante

ISSN 1519-9533 © 2008 Omni Editora

Dezembro de 2008  Ano VI  N 56 o

Economia&Negócios

P OLÍ T I CA

16 Los Hermanos

O encontro de líderes da América Latina e Caribe, realizado na Costa do Sauípe, na Bahia, foi um exercício de gestão de conflitos.

educação

25 Lê mas não entende

34Delfim vê a crise

O desafio do gestor público para dar qualidade e, assim, competitividade à educação nas escolas públicas do Ceará.

O economista Delfim Netto avalia os danos da crise internacional iniciada nos Estados Unidos e diz que o Brasil vai pagar o preço.

CIÊ N CI A

42Infertilidade em xeque

A infertilidade que compromete a gravidez afeta 15% dos casais, mas avanços da Medicina estão resolvendo o problema.

SEÇÕE S

16 Hugo Chavez não

14 Entrevista 46 Autos&Máquinas 49 Persona

08 Talking Heads 10 Arena Política 12 Online

disfarça o ciúme da liderança de Lula na América Latina

EDITOR&PUBLISHER Luís-Sérgio Santos EDITOR SENIOR Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins REDAÇÃO Adriano Queiroz e Camilla Andrade EDITOR DE ARTE

Jon Romano e Everton Sousa de Paula Pessoa ARTE Itallo Cardoso ASSISTENTE DE ARTE Luís Sérgio Santos JR Revisão Priscila Peres COLABORADORES Roberto

Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil, Reuters REDAÇÃO 3247.6101 e 3091.3966

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O Livro do Ano 2008-2009. A história é de quem faz. O mais completo documento de 2008 e os cenários para 2009. Mais um lançamento da Omni Editora.

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TalkingHeads “

Ad commodum Ad commodum suum quisquis suum callidusquisquis est.

callidus est.

Meu jeito de contribuir é voltar ao Brasil para desfilar. Não faço circuito da moda lá fora desde 2001.”  Gisele Bündchen, explicando que desfilar no Brasil é a sua contribuição à divulgação da moda brasileira no exterior.

c rise for e x port

Estamos em uma situação extremamente difícil, na qual não podemos prever o que acontecerá no futuro. Angela Merkel,

chanceler alemã, ao reconhecer que seu país, maior economia da Zona do Euro, está em recessão. 

Crise econômica é o resultado de oito anos de políticas republicanas fracassadas. Barack Obama,

senador democrata pelo estado do Illinois, durante campanha para presidente dos EUA.

P H ilantropia

MP 446 premia a ‘pilantropia’.

Paulo Bornhausen, deputado federal (DEM – SC), sobre a medida provisória

que modifica as regras para concessão e renovação de certificados de entidades filantrópicas.

Não sou bucha de canhão.

Garibaldi Alves Filho, presidente do Senado (PMDB-RN), sobre o uso do

Garibaldi Alves Filho, devolvendo

ao Executivo — leia-se presidência da República — mais uma medida provisória. Algo inédito. 8 | Fale! | Dezembro de 2008

Lula, comemorando novas desobertas de 2 bilhões de barris de petróleo na camada pré-sal do litoral do Espírito Santo.

O acesso ao ensino se dá mais por questão social do que racial. A situação de renda é que determina um desempenho diferenciado no sistema de ensino, não o racial. Paulo Renato Souza, deputado

federal (PSDB-SP), sobre a aprovação de cota de 50% das vagas em universidades federais para estudantes de escolas públicas.

CMY

na Costa do Sauipe, na Bahia, em dezembro.

Foto Marcello Casal Jr _ abr

vitória por 6x2 sobre Portugal, em amistoso realizado em Brasília. Para muitos, o cargo do treinador dependia de um bom resultado nesse jogo.

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Y

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LULA, ao inaugurar a 36ª cúpula do bloco dos países sul americanos,

DUNGA,

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Seleçãotécnico sempredatemseleção pressão, sempre querem mais. brasileira de futebol após a

C

CM

Nossa força para enfrentar a recessão global não está só na força de nossas economias, mas também no vigor de nossas democracias.”

seu nome como forma de pressão nas tratativas para a eleição da mesa diretora do Senado.

Esse mal-estar já vinha existindo há muito tempo no Legislativo [com o excesso de medidas provisórias encaminhadas pelo Executivo]. Há muito tempo o Executivo está extrapolando, isso é uma coisa séria.

Eu tenho tanta sorte que ontem a Petrobras encontrou mais uma reserva de petróleo. Ou seja, mais petróleo para enfrentar essa crise.

K



ArenaPolítica

Fratrumirae irae Fratrum acerbissimae acerbissimae

SAIREMOS CONTRA O PT SE NECESSÁRIO FOR O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), 51 anos, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, diz que pode ser candidato a tudo e a nada, mas afirma que ficará contra o PT se entender que o interesse do partido de Lula não for o de servir ao país. Em reportagem publicada dia 21 de dezembro no jornal O Globo, Ciro afirma que “o que se vê hoje é uma remotíssima pista daquilo que provavelmente acontecerá” nas eleições. Até lá, prevê ele, haverá um cenário hostil para os aliados do

A CORRUPÇÃO É UM PROBLEMA INSTITUCIONAL “Quem anda por nossas ruas, com medo até de crianças pequenas, e depois se espanta com a descontração das pessoas em outros países pode sentir o preço que pagamos por não vivermos numa república — por termos

um regime republicano só de nome.” No livro de Renato Janine Ribeiro, “Folha Explica a República”, ele demonstra que a “corrupção” não é apenas o desvio do dinheiro público para fins particulares — essa definição simplifica

Ainda a infidelidade

O

s deputados federais do DEM ameaçaram

obstruir as votação da Câmara até que a presidência da casa cumpra a determinação do STF e devolva o mandato do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB) ao partido. O caso gerou enorme mal-estar entre Democratas, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia do PT, e o STF. Para o vice-líder do Democratas na Câmara, Paulo Borhausen (SC), “Uma decisão judicial não se discute, se cumpre”, já Chinaglia disse que não vão colocar a Mesa da Casa “contra a parede” e chamou os democratas de oportunistas. Carlos Ayres Britto, ministro do STF, disse que não há mais o que esperar para que Walter Brito Neto perca o mandato. “Já comuniquei [à Câmara] três vezes que é para dar posse ao suplente”. Chinaglia rebateu a declaração de Ayres Brito, dizendo que o ministro precisa se conter. Já no plenário, foi mais além nas suas críticas: “Dizer que somos lerdos, poucos são os que têm autoridade para fazer essa afirmação”, referindo-se a alguns casos, onde juízes demoram meses para analisar processos e nem por isso, segundo ele, recebem críticas do Legislativo. 10 | Fale! | Dezembro de 2008

demais o tema. “O corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico, que é a confiança um no outro”.

A S F R A SE S

[ Se tivesse que apostar, eu diria que a possibilidade de recessão aumentou muito.] José Alexandre Scheinkman,

economista brasileiro, da Universidade de Princeton (EUA), em setembro de 2008

[ Se os governos não forem capazes de tomar medidas urgentes, a recessão vai ser global. Se nada for feito, haverá rebeliões sociais por todo o Mundo, até nas economias mais desenvolvidas. ]

Dominique Strauss-Kahn, o francês que

é atual presidente do Fundo Monetário Internacional — FMI V ER B E T E

Recessão Ocorre quando o volume de riqueza que

um país produz (PIB) diminui em relação ao que produziu no ano anterior. Geralmente precedida pela deflação, é um período de crise e transição entre uma época de prosperidade e outra de depressão econômica. www.revistafale.com.br

governo Lula, por causa das mudanças na situação econômica do país que influenciarão a disputa. — Vai influenciar a eleição porque a crise financeira internacional ainda não revelou nem superficialmente os seus efeitos sobre a vida do povo brasileiro. E os efeitos virão. Isso vai afetar o nível de avaliação do governo. Talvez, não da avaliação pessoal do Lula, que já revelou ter atributos intrínsecos que o identificam, com justiça, como um cara que faz o melhor que pode pelo povo brasileiro. Mas não será ele o candidato. A taxa de desemprego vai voltar a subir pela primeira vez; a massa salarial vai encolher. Certamente, isso terá um impacto hostil ao atual momento mágico de nossa relação com o povo — afirma. Ele prevê que o candidato apoiado por Lula terá 25% de chances e não faz coro com as afirmações do presidente Lula de que nenhum partido tem candidata melhor do que Dilma.

Reforma do jornalismo O Ministério da Educação

institui comissão que vai estabelecer novas normas e diretrizes curriculares do curso de jornalismo. A medida é uma demanda antiga das entidades da classe. Espera-se que em 6 meses já se tenha um projeto para ser implantado nas universidades. Mas essa reforma nada tem haver com a regulamentação da profissão de jornalista. Nesse tema, já ficou claro que o MEC não pretende intervir. A dupla graduação é um dos temas mais controversos. O ministério defende, por exemplo, que uma pessoa graduada em Ciências Sociais, com mais dois anos de formação, possa exercer a profissão de jornalista. Independente disso, a Federação Nacional de Jornalistas, Fenaj, quer o curso de graduação em jornalismo com quatro anos de duração.


foto Ricardo Stuckert_PR

Cid Gomes, à direita, e Teodoro Soares

Doutor honoris causa para Cid e Teodoro

A

Universidade Estadual Vale do Acaraú, sediada em Sobral, outorgou o título de Doutor Honoris Causa ao governador Cid Ferreira Gomes — exprefeito de Sobral — e ao deputado José Teodoro Soares — ex-reitor da UVA e uma espécie de baluarte daquela instituição. Foi uma homenagem correta que abriu os festejos de 40 anos da UVA, hoje dirigida pelo reitor Antônio Colaço Martins. Colaço Martins justifica a comenda: “A UVA quer declarar que reconhece o mérito das duas personalidades e o faz pela concessão de sua comenda maior: o título de Doutor Honoris Causa. E o faz no ápice da comemoração dos seus 40 anos”.

Cid enalteceu a UVA, símbolo do povo sobralense. Ele sugeriu que, além de 5 de julho de 1773, seja também comemorado, como data cívica sobralense, o dia 23 de outubro de 1968, “dia da inauguração da UVA e dia da refundação da Sobral Contemporânea. O prefeito de Sobral, Leônidas Cristino, disse que “Cid Gomes foi um grande prefeito, que proporcionou o desenvolvimento de Sobral nos seus dois mandatos, assim como vem fazendo agora no governo do Estado. E o professor Teodoro foi o homem que deu a velocidade necessária para que a UVA pudesse se propagar em todo o estado do Ceará e também em muitos estados da nossa federação.

Petróleo barato inviabiliza pré-sal A Petrobras está preocupada com

a queda do preço do barril de petróleo, já que pode inviabilizar a exploração da camada pré-sal brasileira. Especialistas calculam que o custo de exploração de cada barril nas novas reservas custe entre U$ 50,00 e U$ 60,00 dolares. Três fatores podem ajudar a levantar o preço: a eleição de Barack Obama nos EUA, o inverno no hemisfério Norte, que aumenta o consumo de combustíveis, e o corte na produção prometido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo – Opep. Mas somente o reaquecimento da economia mundial vai resolver o problema verdadeiramente. Para reduzir os prejuízos, a

companhia vai priorizar a produção de óleo leve, que oferece retorno maior e imediato, e alguns projetos da empresa podem ser adiados devido à crise financeira internacional. preço do barril de petróleo

140 120 100 80 60

Jan 08

Mar 08

Mai 08

Jul 08

Set 08

Bom investimento

Os ex-prefeito de Boa Viagem-CE, Antonio Argeu Nunes Vieira, foi preso acusado de ser um dos financiadores do assalto ao Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005. Segundo as investigações, ele teria dado ao grupo R$ 100 mil reais e recebido R$ 4 milhões na partilha do furto. Argeu chegou a concorrer nas últimas eleições, obteve 5.822 e ficou em 3º lugar na disputa.

Chavez e a crise

Depois de classificar de “decepcionante” a reunião do G20, que tinha como missão encontrar uma saída para enfrentar a crise financeira internacional, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou um encontro dos países “antiimperialistas” para analisar o impacto da crise financeira e estudar ações conjuntas para enfrentar a recessão econômica que já atingiu a Europa e Japão.

Faltam delegados

A segurança pública no Estado do Ceará vem passando por significativas mudanças, mas levantamentos publicados pelo jornal Folha de São Paulo mostram que o estado é, em números absolutos e proporcionais, o pior do País. Em número de delegados, 531 delegados a menos de um total de 762 previstos em lei (déficit de quase 70%). Nival Freire, secretário-adjunto da Secretaria da Segurança Pública, admitiu que, no Estado, 130 dos 184 municípios não possuem delegacias. No Brasil, o décifit é de 4.171 delegados. Apenas Sergipe e o Distrito Federal obedecem ao número fixado por lei.

Nov 08

Fonte investnews

Banco do Brasil vai às compras A venda do banco estadual paulista Nossa Caixa para o Banco do Brasil era aguardada com espectativa por economista. O motivo? A perda recente do título de maior banco do Brasil após a fusão Itaú/Unibanco. O presidente do Banco do Brasil, Lima Neto,

descarta qualquer tipo de pressão do governo federal para que se concretizem novas aquisições. Além da Nossa Caixa, a instituição já aprovou a compra do Banco do Piauí e negocia a aquisição do Banco de Brasília e Votorantim, do grupo controlado pela família

Ermírio de Moraes. “Não é questão de honra voltar à liderança, para não dar a idéia de que o BB está disposto a fazer qualquer negociação”, finalizou. Essas aquisições podem não ser suficientes para fazer o BB voltar à liderança do mercado bancário brasileiro.

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A

F R A SE

[ Se a crise americana chegar por aqui será uma marolinha. Não dará nem para esquiar.] Lula, no dia 4 de outubro

último. Eleita a frase do ano pelos leitores do blog do Noblat http://oglobo.globo. com/pais/noblat/ Dezembro de 2008 | Fale! | 11


nLine Wikimedia Brasil

Em São Paulo, o fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, oficializou o lançamento do núcleo brasileiro da fundação Wikimedia grupo responsável pela enciclopédia on-line e também por outros serviços colaborativos na internet. Chamado de Wikimedia Brasil, inicialmente 94 voluntários vão incentivar a criação de conteúdo na língua portuguesa. Hoje a enciclopédia tem 438,3 mil artigos em português e 2,5 milhões escritos em inglês (esta última fatia representa 20% de todo o seu conteúdo).

Maradona x internet

Maradona quer proibir pesquisa de seu nome na web, e uma verdadeira batalha está sendo travada na Argentina. Na versão hermana do site Yahoo, por exemplo, a busca leva a uma mensagem explicando que, por motivos legais, todos os resultados relacionados àquela busca foram temporariamente removidos. Outras setenta celebridades, entre atores, modelos e atletas, também abriram uma ação judicial para impedir que seus nomes gerem resultados de pesquisa em sites como o Yahoo e o Google. O motivo, segundo o jornal La Repubblica, seria evitar que esses nomes sejam associados a sites pornográficos.

O QUE É NOVO

J i mmy Wales , fun d a d o r d a Wikip é d ia

8 razões para TI não temer a crise

A

revista norte-americana Network World publicou reportagem listando 8 razões para o mercado de TI não temer a crise econômica mundial. Segundo a revista, mesmo com previsões negativas, o mercado pode se recuperar dos prejuízos em apenas 18 meses. Conheça os principais argumentos: 1. Mesmo que pouco, a tecnologia cresce em 2008. Espera-se 2,6%, ao invés dos 5,9% previstos anteriormente. 2. Não é como na “bolha da internet” de 2001. Dessa vez, a crise não começou com as empresas de internet. 3. Ninguém desistirá de ter um celular. É óbvio que havera redução dos gastos, mas nunca irão abandonar a telefonia móvel. 4. Notebooks ainda são populares. A venda de notebooks cresceu 55% em todo o mundo e este ano está a salvo, embora agora as pessoas buscarão produtos mais baratos. 5. Operadoras de telecomunicação estão mais preparadas. A implementação de 3G, WiMax e outras redes de última geração exigiram investimentos bilionários, e as empresas não estavam esperando um retorno imediato dos investimentos. 6. Armazenamento de dados cresce nas recessões. Não há como as empresas abrirem mão desse serviço. A previsão é que o crescimento nesse trimestre de recessão ultrapasse 10%. 7. Novas áreas em TI continuarão a emergir. Brasil, Rússia, Índia e China (chamado de Bric) e México, continuaram com suas economias em crescimento, e graças a fortes investimentos dos governos em TI podem ajudar a assegurar o lucro das empresas. 8. Terceirização ajuda a expandir. Para cortar gastos as empreas buscarão tercerização dos serviços.

PEQUENO GRANDE Foi lançado, nos Estados Unidos, um projetor de bolso. O aparelho possui a aparência de um celular, mas é capaz de reproduzir vídeos como os projetores comuns. Optoma Pico

12 | Fale! | Dezembro de 2008

[

É difícil superar a tecnologia perfeita do livro. Não é tão caro, não precisa de bateria, pode ser levado à praia ou carregado na chuva.]

Copos, palito e som Acessórios para iPod costumam ser caros. Então, aprenda no site www.zagga.org a criar um par de caixas acústicas para o iPod. É fácil: basta fazer um corte no fundo de dois copos de papel. Em cada um dos copos, deve-se colocar um fone de ouvido do iPod. Para completar, palitos de dentes são usados para afixar os copos para formar a base de suporte. O autor da engenhoca admite que o som não sai muito alto. Mas o que você esperava? n n

nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn

Obama pode ficar sem e-mail Segundo assessores, o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, pode deixar de usar e-mails na Casa Branca. Uma lei, o Ato de Registros Presidenciais, estabelece que toda a correspondência presidencial deve estar à disposição dos cidadãos. Outro problema para Obama é seu celular Blackberry, “amigo” inseparável durante a campanha, que segundo especialista pode ser rastreado por pessoas perigosas. n n

nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn

A portabildiade chegou Em Fortaleza e mais cinco outras regiões, já é possível trocar de operadora com manutenção do número telefônico – a chamada portabilidade. São mais 10,5 milhões de pessoas atendidas pelo recurso que vale para telefonia fixa e móvel. Até 2 de março, todo o Brasil será atendido.

Projector, ou Pico, pode reproduzir, a uma distância mínima de 20cm e máxima de 2,6 metros, uma imagem com equivalente ao de uma tela de 65 polegadas. A resolução do vídeo é de apenas 480x320 pixels. A deficiência mais alarmante está no

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som: o alto-falante embutido é de péssima qualidade. É melhor usar fones de ouvido ou caixas de som. O Pico conecta-se a vários aparelhos eletrônicos além de celulares, iPods e iPhones, e já planejam produzir cabos para outros smartphones.



Entrevista

10 PERGUNTAS PARA

E

João Alfredo

x-aliado é a nova cara da oposição à gestão municipal em fortaleza.

Vereador eleito com maior número de votos, 14.917 no total, e um dos maiores incentivadores de Luizianne Lins na sua primeira eleição, em 2004, o ex-petista João Alfredo, hoje no PSol, garante que fará uma oposição consistente e argumentada na Câmara Municipal à administração da petista Luizianne. João Alfredo também fala de política internacional, do governo Lula e Cid Gomes, um dos motivadores do fim da aliança entre Psol e PT em 2006. Em 2007, a relação com Luizianne azedou de vez, e João Alfredo e o Psol romperam com a Prefeitura. Agora, ele trás à mídia um idéia bastante fluente na esquerda brasileira, os mandatos populares.

Fale! O sr. é candidato à presidência da Câmara em Fortaleza, uma anti-candidatura. Como seria a sua gestão caso fosse eleito presidente da Câmara?

A nossa anti-candidatura tem três princípios básicos que são, primeiro, autonomia e independência face ao poder executivo. O segundo aspecto que nós consideramos importante é a questão da participação popular. Nisso, a nossa Lei Orgânica e o nosso regimento interno são avançados no sentido de que efetivamente eles trazem mecanismos importantes de participação popular. O terceiro aspecto é a questão da transparência — todos os gastos da gestão municipal devem estar disponibilizados on-line.

Fale! Como o senhor avalia a renovação da Câmara nas eleições de 2008?

A renovação em termos quantitativos foi muito grande, menos de 40% dos atuais vereadores se reelegeram. Essa foi uma mensagem que a população mandou para a nova Câmara. Alguns dos eleitos a gente conhece, são pessoas que vieram do staff da prefeita. Mas eu não teria agora, honestamente, uma avaliação que seja minimamente justa e criteriosa.

Imagino que se não tivéssemos um candidato da qualidade do Renato [Roseno], não teríamos conquistado essa quantidade de votos de legenda.

Fale! Qual será a sua forma de fazer oposição e quem pode compor com o senhor?

Só o próprio desenrolar da atuação da Câmara é que posicionará os vereadores com relação a ser oposição ou ser situação. A nossa oposição é programática, ela está referenciada em três pontos: na defesa do meio-ambiente, na defesa e na ampliação dos direitos da população e na defesa da participação popular. Infelizmente, a prática política está muito fundada em relações promíscuas. Nós queremos romper essa prática, fazer com que as questões se coloquem para nós em função do mérito e não de uma posição simplista de ser contra ou a favor da prefeita. É preciso ter isso claro para não cairmos em maniqueísmos.

Fale! Como é ser o vereador mais votado em Fortaleza, mesmo tendo feito uma campanha com poucos recursos?

Foto Antonio Cruz ABr

É uma alegria, porque há dois anos nós sofremos uma derrota eleitoral que nos impactou muito. Eu acho que uma parte grande da nossa vitória decorre de uma campanha, que foi extremamente barata, mas com muita militância. Eu credito também ao ex-

14 | Fale! | Dezembro de 2008

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celente desempenho do [Renato] Roseno, que se diferenciou das demais candidaturas, teve um comportamento exemplar em todos os debates e puxou o voto para a legenda do partido. Fale! Como o senhor avalia o eleitor que votou ao mesmo tempo no senhor e na prefeita Luizianne Lins?

Efetivamente houve uma parcela que votou na prefeita. Eu acho que essas pessoas têm a compreensão de que o processo político contraditório é importante e consideram que a eleição de um vereador de oposição pela esquerda pode tensionar a prefeitura, dar um equilíbrio maior. Porque é ruim para a democracia que um só grupo detenha tanto poder.

Fale! Como o senhor avaliou o desempenho do PSOL nas eleições municipais e porque Renato Roseno não saiu também como candidato a vereador?

Tivemos algumas vitórias importantes. Além de eu ter sido o mais votado aqui, a Heloísa Helena foi a mais votada em Maceió, inclusive, a mais votada do Brasil, com quase nove por cento dos votos. Reelegemos no Rio e em Goiânia, fizemos dois vereadores em Porto Alegre e dois em Maceió. Em Fortaleza, nós não ficamos longe de fazer um segundo vereador. Eu tive perto de quinze mil votos, a legenda teve sete mil. O coeficiente eleitoral ficou em torno de 29 mil votos, nós tiramos 34 mil votos. Certamente, se não tivéssemos um candidato da qualidade do Renato, essa quantidade de votos de legenda poderia estar comprometida. Fale! Na sua avaliação, qual deve ser o destino de Renato Roseno em 2010?

Eu acho que 2010 a gente deve tratar só em 2010. Agora, efetivamente, as duas participações do Roseno: como candidato a governador e agora como candidato a prefeito, colocaram-no como uma referência ideológica, polí-

Infelizmente, a prática política está muito fundada em relações promíscuas. Por isso, queremos que as questões se coloquem para nós em função do mérito e não de uma posição de ser contra ou a favor da prefeita. tica, ética e intelectual. Mas queremos que, nas próximas eleições, outros nomes apareçam, para que possamos ter mais nomes públicos representantes do partido. Fale! Como integrante do movimento ecológico, como o senhor reagiu à Operação Marambaia que prendeu a cúpula ambiental cearense?

Ninguém, pessoalmente, fica feliz com a prisão de outra pessoa, por mais que a secretária municipal do Meio-Ambiente, Daniela Valente, tenha movido um processo contra mim. Nós já vínhamos criticando a política ambiental tanto em nível federal, como estadual, como municipal. Então, há uma satisfação nossa de ver que as coisas não vão permanecer na impunidade e queremos que esses fatos sejam apurados com todo rigor e que se mudem essas práticas e essas condutas. Fale! O senhor se diz um não-sectário. Nesse sentido, quais são os aspectos positivos dos governos Lula, Cid e Luizianne?

Do governo Lula, a nossa crítica sempre foi efetivamente em função da política econômica que beneficiou os

grandes bancos do país. Agora evidentemente que é um governo que dialoga com os movimentos, que não deu continuidade ao processo de privatizações que vinha do Fernando Henrique Cardoso. No governo Cid, eu acho que a principal crítica é ao modelo de desenvolvimento que ele quer implantar no Ceará, importando empreendimentos questionáveis do ponto de vista social e ambiental. Mas claro que é positiva essa política de segurança pública, inclusive, combatendo um grupo muito forte na área de segurança pública que tem interesses privados, como ficou comprovada na questão do jogo do bicho. Da gestão da prefeita Luizianne, as nossas críticas principais são quanto às alianças políticas e sociais que ela realizou. Mas houve avanços na parte de cultura, na questão da política de editais, na questão da merenda escolar, na gestão financeira e na política de tratamento para os pacientes mentais. Fale! Como o senhor avalia esse momento político do continente americano, por exemplo, eleições de Fernando Lugo, no Paraguai, e de Barack Obama, nos Estados Unidos, e as movimentações de Cuba e Venezuela?

Ter presidentes de caráter nacionalista, anti-neoliberais, é um avanço. Em muitos desses locais, ainda é um processo muito conflituoso, como no caso da Bolívia. Não é ainda um socialismo, mas até nessa perspectiva é interessante porque é um processo que se dá pelas eleições. É interessante até para se repensar os esquemas clássicos que a esquerda tem. No caso do Obama, eu acho que é uma eleição que tem uma riqueza de significado muito grande num país que há 40 anos assaassinou o líder negro Martin Luther King. E, se houver uma mudança na questão da guerra e no aspecto ambiental, isso vai ter um impacto muito grande para o todo o planeta.n


Política

Foto Ricardo Stuckert _ pr _ 17de dezembro de 2008

um Encontro e muitas

divergências

Apesar da aparente cordialidade no encontro de líderes da America Latina e Caribe, realizado na Costa do Sauípe, na Bahia, os chefes de estados tiveram que administrar muitos conflitos de interesse, ainda mais porque agora o Brasil é visto como o parceiro imperialista. Mas no final das reuniões, quase nada relevante foi decidido. 16 | Fale! | Dezembro de 2008

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LOS HERMANOS. O presidente Lula e os presidentes do Chile, Michelle Bachelet, e da Venezuela, Hugo Chávez, — sob o olhar de Raul Castro, de Cuba — durante cerimônia de encerramento da Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (CALC) na Costa do Sauípe, na Bahia


P

residentes de 33 países da

América Latina e Caribe, integrantes de quatro cúpulas, Mercosul, União das Nações Sul-Americanas – Unasul, Grupo do Rio e Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento – Calc, reuniram-se na Costa do Sauípe, Bahia, em meio a tensas relações entre muitos dos países da região. O Brasil, vive situações no mínimo delicadas com alguns de seus vizinhos. Com a Argentina, por exemplo, há divergências com relação ao grau de abertura que deve ser aceito pela região na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio — OMC. Os vizinhos temem que o Brasil, na ânsia de fechar um acordo antes da posse do novo governo norte-americano, faça concessões demais na área industrial e até reduza a Tarifa Externa Comum – TEC, do Mercosul, um dos pilares de uma futura União Aduaneira. Brasil e Argentina também divergem quanto à resposta à crise financeira internacional — enquanto o Brasil adota o discurso de abertura de mercado e estímulo ao comércio, a Argentina aposta em medidas protecionistas. As diferenças com outros parceiros são ainda maiores. Paraguai, Venezuela e Bolívia, que já anunciaram que pretendem seguir o exemplo do Equador, que, após auditoria, decidiu não pagar dívida de US$ 462 milhões que tem com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDES, relativa ao financiamento da construção da Hidrelétrica São Francisco. Em outubro, quando começaram as ameaças do Equador, envolvendo a perspectiva de expulsão da construtora Odebrecht, responsável pela obra da usina, o governo brasileiro chegou a cancelar a missão do Ministério dos Transportes, que iria ao Equador para discutir o apoio do Brasil a obras de infra-estrutura viária naquele país. No mês seguinte, a diplomacia brasileira foi surpreendida pela decisão do governo equatoriano de impetrar juízo arbitral na Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional – CCI, visando a suspensão do pagamento da dívida no BNDES. A decisão do presidente do Equador, Rafael Corrêa, foi anunciada em evento público, sem prévia consulta

Agenda positiva

ou notificação ao governo brasileiro. Na ocasião, o Itamaraty divulgou nota criticando o parceiro da Unasul. “O governo brasileiro considera que a natureza e a forma de adoção das medidas tomadas pelo governo equatoriano não se coadunam com o espírito de diálogo, de amizade e de cooperação que caracteriza as relações entre o Brasil e o Equador”, dizia a nota. Nas cúpulas do Sauípe, além do clima estremecido com Rafael Corrêa, Lula dificilmente conseguiu evitar falar com o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sobre a possibilidade de auditoria na dívida de US$ 19,6 bilhões que o país tem com o Brasil referente à construção da usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Outro tema é a revisão do contrato entre os dois países, que vem sendo reivindicada pelo Paraguai há anos e foi uma das principais bandeiras de campanha de Lugo, eleito este ano. Em setembro passado, durante visita de Lugo ao Brasil, foi criada uma comissão mista bilateral para tratar exclusivamente de Itaipu. O grupo, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, já se reuniu três vezes, mas um acordo parece longe de acontecer. Um encontro reservado ocorreu após encerramento da Calc, entre o Presidente Lula e Rafael Corrêa. Ficou definido que o Equador pagará a parcela de dezembro do empréstimo de US$ 243 milhões que tem com o BNDES, mesmo depois de decretada a moratória de sua dívida externa. O pagamento da dívida é uma tentativa de que o governo brasileiro revisse, o quando antes, a retirada do embaixador do Brasil no Equador, que deixou o país no final de novembro. Apesar da grandeza dos encontros realizados na Bahia, não pode-se afimar que os líderes da nações Latinas e do Caribe tenham alcançado significativos avanços. E isso pode ser resumido na declaração de Cristina Kirchner, presidente da Argentina, “Lula nos convocou para um lugar lindíssimo, e que não dá muita vontade de trabalhar”, simplificou. www.revistafale.com.br

Na Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento – Calc, evento que contou com o maior número de participantes, 33 no total, a intenção era articular respostas conjuntas frente às diferentes crises, informou o diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Itamaraty, Paulo Roberto França. Com o inédito encontro, a região manda um sinal para o mundo de que é capaz de tratar, sozinha, de seus interesses, a partir de uma perspectiva e agenda próprias. Mas, de acordo com o diplomata, o encontro está longe de ser um contraponto a outras inciativas, como a fracassada Área de Livre Comércio das Américas (Alca). “Não é contraponto a nada. Não é uma agenda contra alguma coisa, contra um projeto, contra um país. Ao contrário, é uma cúpula com uma agenda positiva”, salientou França. Mas a decisão mais importante foi a aprovação dos líderes da América Latina e do Caribe de documento que pede o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos Estados Unidos. A declaração aprovada pelos chefes de Estado pede “ao governo dos Estados Unidos da América, em particular, que, de maneira imediata, detenha a aplicação das medidas adotadas nos últimos cinco anos com o objetivo de fortalecer e aprofundar o impacto de sua política de bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba”, diz o texto assinado pelos países participantes.

Bitributação fracassa

Estava tudo praticamente acertado, mas, graças à resistência do Paraguai, o Brasil não conseguiu levar o mérito de concluir as negociações para o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum – TEC, no âmbito do Mercosul. “As decisões são por consenso. A preocupação do Paraguai é compreensível, porque depende da arrecadação aduaneira para uma parte importante da sua arrecadação fiscal”, ponderou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Precisamos conversar mais, não são questões fáceis, ninguém abre mão de impostos”, afirmou. O Paraguai precisava de garantias de que o tributo que deixaria de Dezembro de 2008 | Fale! | 17


P OLÍ T I CA ser arrecadado seria reembolsado de alguma forma. O chanceler garantiu que a resistência era esperada, mas informou que não ficaram claras as reais demandas do Paraguai. O ministro reconheceu que a recusa de um acordo também se deve à mudança de governo no país vizinho. O presidente paraguaio, Fernando Lugo, tomou posse em agosto deste ano e parece mesmo disposto a rever o que estava em andamento pela administração anterior.

Conselho de Defesa Sul-Americano

A criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, uma proposta do governo brasileiro, foi aprovada pela Unasul. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o objetivo do conselho não é uma aliança militar, e sim a articulação e coordenação de estratégias de defesa do continente. Desde o final de 2007, o ministro da Defesa, Nélson Jobim, percorreu diversos países da região apresentando a proposta do conselho. Em maio deste ano, a proposta foi formalmente apresentada à Unasul, durante reunião de presidentes realizada em Brasília, e foi criado um grupo de trabalho para analisar a sugestão brasileira. O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, deixou claro que não participaria da iniciativa devido a diferentes posicionamentos, dentro da região, quanto à atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia — Farc, uma guerrilha crônica. Na reunião que,

por consenso aprovou o projeto Uribe, foi representado pelo vice-presidente, Francisco Santos. Não foram divulgados detalhes sobre o projeto, mas, conforme proposta original do Brasil, caberá ao conselho, promover a integração das bases industriais de defesa visando à criação de um parque industrial regional. A proposta inicial brasileira previa outras atribuições, como a análise da conjuntura internacional e de situações regionais e sub-regionais na área de defesa, além da coordenação de ações para o enfrentamento de riscos e ameaças à segurança dos estados. O conselho seria responsável, ainda, pela promoção do intercâmbio entre as Forças Armadas dos países e da participação conjunta em operações de paz da OrganizaçãodasNaçõesUnidas–ONU. Além do Conselho de Defesa, a Unasul aprovou a criação do Conselho Sul-Americano de Saúde. Os presidentes também ouviram relato da Comissão de Direitos Humanos da Unasul, que investigou denúncias de violação dos direitos humanos no Departamento de Pando, na Bolívia, na fronteira com o Acre, onde camponeses foram mortos durante conflito entre autonomistas contrários a Evo Morales e partidários do presidente. Foram cobrados dos membros, a ratificação do tratado de criação da Unasul, o que, até agora, foi feito apenas pelo Parlamento de dois dos 12 países membros — Bolívia e Venezuela. Também integram o grupo Ar-

J arbas Vasconcelos

Governo federal deve apoiar o Vale do São Francisco O senador Jarbas Vasconcelos (PMDBPE) cobrou apoio do Governo Federal

aos produtores de frutas do Vale do São Francisco, afetados pela crise econômica internacional. “Que o Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Econômico e do Desenvolvimento Regional, além do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, se movimente e convoque os empresários para encontrar uma solução para o problema”. Nas últimas semanas, milhares de trabalhadores rurais de Pernambuco e da Bahia foram demitidos, diante dos cancelamentos dos contratos de exportação pelos compradores internacionais nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. 18 | Fale! | Dezembro de 2008

Em discurso no Senado, Jarbas disse que o fundamental neste momento é manter os empregos existentes. “Que exemplos como esse, do Vale do São Francisco, sirvam de alerta para que o presidente da República encare a crise com a seriedade necessária”. Vasconcelos reproduziu informações repassadas pela Associação dos Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), dando conta da dispensa de milhares de trabalhadores das fazendas produtoras de uva. “A verdade nua e crua é que a malfadada ‘marolinha’ citada pelo presidente da República já leva ao desemprego milhares de trabalhadores rurais. Alguns empresários até fecharam www.revistafale.com.br

gentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Guiana, Suriname.

Cuba integra o Grupo do Rio

Em uma rápida reunião extraordinária do Grupo do Rio, oficializouse a entrada de Cuba no Grupo. O país não integra organismos multilaterais regionais desde os anos 60, quando foi expulso da Organização dos Estados Americanos – OEA. “Não sei o que pensarão vocês, mas para nós é um momento transcendental de nossa história. Em um rápido filme, na minha cabeça passam centenas de cenas diferentes, milhares de rostos de companheiros que não estão mais nessa luta”, disse o presidente cubano, Raúl Castro. Ele aproveitou a ocasião para defender o fim da OEA, da qual os Estados Unidos fazem parte. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou o “retorno” de Cuba, e disse que a entrada do País no Grupo do Rio é conseqüência da mudança do perfil político e ideológico da América Latina, citando a eleição dos presidentes de esquerda da Bolívia, Evo Morales, do Paraguai, Fernando Lugo, da Argentina, Nestor Kirchner e Cristina Kirchner, e do Chile, Michelle Bachelet. Com o ingresso de Cuba, o grupo passa a contar com 19 países latinoamericanos mais a Comunidade do Caribe (que reúne outros 14 paísesmembros e mais seis associados). n

suas unidades produtoras, mantendo o número mínimo de trabalhadores”, desabafou Jarbas. O peemedebista também informou que os produtores rurais reclamam da dificuldade em obter crédito. “Espero que o Governo tenha a mesma atenção pelos produtores do Vale do São Francisco que teve com as montadoras de automóveis e com os bancos”, disse Jarbas, se referindo aos pacotes lançados para ajudar setores da economia nacional n


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O crime também faz política Finalizado o período eleitoral, reacendem denúncias sobre a participação do crime organizado na política. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, mega organizações criminosas já deram sinais claros de que vão querer expandir suas atuações. E ainda, Daniel Dantas guardará segredos cabulosos de políticos brasileiros?

O

Por Camilla Andrade

crime organizado tomou conta das principais cidades brasileiras, exercendo um poder e interferindo na vida de milhares de brasileiros que não têm para onde ir e precisam conviver em favelas dominadas pelo tráfico. A polícia tenta, mas não consegue alcançar e deter o comando de algumas áreas, como as principais favelas do Rio de Janeiro. Para exercer esse domínio sobre essas comunidades, os líderes das organizações criminosas dependem de dinheiro e armas, esses oriundos de grandes assaltos a bancos e, principalmente, do tráfico de drogas. Mas por trás de grandes grupos, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, o Comando Vermelho, no Rio, e outros pouco menos conhecidos, estão financiadores. Quando estes não são os próprios compradores de drogas e armas, são políticos. Isso mesmo, casos envolvendo políticos e o crime organizado foram destaques em 2008.

20 | Fale! | Dezembro de 2008

OPERAÇÃO ELEIÇÕES. Soldados do Exército ocupam área próxima à Comunidade da Rocinha para tentar impedir que traficantes influenciem o voto dos eleitores.

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Uma reportagem publicada no jornal francês Libération, em setembro de 2008, relatou um exemplo claro dessa relação. As gangues que “governam” dentro das favelas dão ajudas sociais à população mais pobre, mas em troca forçam e obrigam estas pessoas a obedecerem o que for determinado por eles, inclusive na hora de votar em um candidato durante as eleições. A reportagem foi sobre a ocupação do exército em 27 favelas do Rio a mando do presidente Luis Inácio Lula da Silva. A missão foi ordenada devido à proximidade das eleições municipais, para evitar a intimidação dos eleitores e permitir a livre circulação dos candidatos. O jornal traz o exemplo da favela da Rocinha, no Rio de Ja-


Fonte: Diário do Nordeste; Ideb 2007/MEC

(PMDB), e o irmão do deputado estadual que acabou sendo expulso pela Executiva Nacional do Democratas. Os dois são acusados de chefiar a milícia. A candidata a vereadora Carminha Jerominho, filha do vereador Jerônimo Guimarães, também foi presa pela Polícia Federal em agosto e enviada para um presídio de segurança máxima no Paraná. Mesmo com a prisão dela, a campanha continuou. O vereador Luiz André Ferreira da Silva (PR), o Deco, foi preso em março e indiciado por homicídio no 32º DP e é acusado de ser líder de uma milícia que comanda as comunidades do Mato Alto e Chacrinha, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Outro vereador envolvido é o Luiz Monteiro da Silva (PTC), o Doen. Ele lideraria as milícias das comunidades de Urucuia, São José Operário e Quiririm, todas em Jacarepaguá.

Crime, organizado

neiro, onde um candidato a vereador, conhecido como Claudinho da Academia, é apoiado pelo chefe do tráfico de drogas “Nem”. Nas entrevistas feitas com moradores, é relatado que o candidato, junto com os seus correligionários, fazia ponto na associação de moradores e obrigava os eleitores a fotografar, com o celular, o momento do voto, mostrando a tela da urna como uma prova e garantia do voto. Ainda nas entrevistas, os moradores relataram que, mesmo com a ocupação do exército, nada mudou, quando eles vão embora tudo volta ao “normal”. Segundo a reportagem, dez dias antes das eleições dos 1.300 candidatos a vereadores do Rio de Janeiro apenas oito fizeram campanha nas favelas.

Ao longo do ano, a relação entre políticos e o crime organizado ficou mais clara com as operações da Polícia Federal e com a descoberta de envolvimento de políticos com milícias, principalmente no estado do Rio de Janeiro. O deputado estadual Natalino Guimarães foi preso em flagrante no dia 21 de julho acusado de comandar a milícia “Liga da Justiça”, que atua em Campo Grande, zona Oeste do Rio. Natalino vai responder pelos crimes de formação de quadrilha, tentativa de homicídio e porte ilegal de armas. Segundo as investigações, as milícias estavam planejando se fortalecer ainda mais nas eleições deste ano. Também estava envolvido com a milícia o vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho www.revistafale.com.br

A Justiça Eleitoral do Rio fez um levantamento que apontou o envolvimento com milícias de 20 candidatos a vereador nas eleições municipais de 2008. Para o deputado Marcelo Freixo, presidente da CPI das milícias, essa relação entre políticos e milícias é uma ameaça à soberania do Estado e ao poder político, pois, com o poderio econômico, algumas milícias começam a ter perspectiva de poder e braço político no Rio. Foi por acontecimentos como estes que a Justiça Federal e os governos Federal e do Estado do Rio iniciaram uma força-tarefa para garantir que os eleitores não fossem coagidos no voto. Por isso, em setembro, foram ocupadas pelo exército 27 favelas do Estado. Dados da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio apontam a existência de 171 comunidades dominadas por milícias no Estado. A atuação é em dez cidades, mas a concentração maior é na capital. Em São Paulo, o Primeiro ComanDezembro de 2008 | Fale! | 21


P OLÍ T I CA

VIROU CIRCO. O banqueiro Daniel Dantas depõe na CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados. Chamou a atenção a quantidade de documentos apresentados a CPI. E o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, ex-coordenador da Operação Satiagraha, responde a processo acusado de vazamento de informação. “Tudo isso por causa de uma operação que investigou um banqueiro com ligações estreitas com o poder.”

do da Capital (PCC) quer se aproximar dos partidos políticos e financiar campanhas eleitorais. O “plano” foi descoberto em março deste ano após interceptações telefônicas. O segundo homem na hierarquia do PCC, Julio Cesar Guedes de Moraes, o Carambola, conversa com o advogado Sérgio Wesley da Cunha. Eles começam tratando da manifestação patrocinada pela facção em frente do Congresso Nacional, ocorrida em 28 de novembro de 2007. “Doutor, sabe qual a intenção dessa passeata?”, pergunta Canônico. É o próprio porta-voz de Marcola (líder do PCC) quem responde: “Era pra mostrar para aqueles deputados que nós temos força política.” A organização criminosa fretou ônibus em 10 Estados para levar centenas de manifestantes até Brasília com o objetivo de fazer um protesto contra o descumprimento da Lei de Execuções Penais. No meio da conversa, Wesley defende que o PCC deve ter representação política. “Eu sempre falei pro Marcos (Marcola), ... a gente precisa ter uma representação política! O IRA (Exército Republicano Irlandês), que está bem pra cacete lá na Irlanda (do Norte), tem o Sinn Fein, que é um partido de representação política!” 22 | Fale! | Dezembro de 2008

Essa não é a primeira vez que o PCC tenta entrar na política. Em 2002, a facção quis lançar o advogado Anselmo Neves Maia candidato a deputado federal pelo PMN. Maia acabou preso. Em 2006, outro advogado suspeito, Paulo Bravos, teve sua candidatura recusada pelo PV. Naquele ano, a facção planejava eleger um deputado estadual e um federal em São Paulo. No Ceará, o ex-prefeito de Boa Viagem, 212 km de Fortaleza, Antônio Ageu Vieira, foi a última pessoa presa pela Polícia Federal na “Operação Toupeira”, que investigava o furto ao Banco Central de Fortaleza. Durante três anos, ele foi investigado em total sigilo. A prisão preventiva foi efetuada no dia 15 de novembro no aeroporto de Fortaleza, quando o ex-prefeito voltou de uma viagem a Brasília. Ele foi levado à sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento negando as acusações. Também foi preso Vanderlânio Venâncio Lima, o “Peixinho”, que atuava como “laranja”. Ele emprestou seu nome para que o ex-prefeito adquirisse alguns bens, como carros e imóveis em Boa Viagem. Segundo a PF, foram intercepções telefônicas e análise de documentos ligando o ex-prefeito ao grupo de Alemão. O delegado Antônio Celso, responsável pela Operação Toupeira, afirmou que www.revistafale.com.br

Argeu é acusado de ser um dos financiadores da “obra do túnel de Fortaleza”. O ex-prefeito teria contribuído com R$ 100 mil para a construção e ficado com aproximadamente R$ 4 milhões. O dinheiro do furto Ageu teria investido em imóveis, fazendas e em sua campanha eleitoral. Ele foi candidato à prefeitura de Boa Viagem nas eleições deste ano, ficou em terceiro lugar com 5.822 votos. Boa Viagem é a terra natal de pelo menos outros sete envolvidos no furto milionário. A operação que investigava o furto ao Banc o


Central foi concluída e apresentada pela Polícia Federal no dia 19 de novembro. No total, 122 pessoas foram presas, destas, 120 denunciadas, 18 condenadas, três absolvidas e outras duas tiveram os processos extintos por morte. Segundo o delegado, 36 homens foram envolvidos diretamente no furto ao BC, destes, 29 estão presos, dois ainda não foram identificados, quatro estão foragidos e um morreu. Do montante de R$ 164,8 milhões levado pelos assaltantes, foi recuperado cerca de R$ 20 milhões em dinheiro e R$ 40 milhões em bens e imóveis. O furto ao Banco Central de Fortaleza foi o maior furto a banco do Brasil. Em agosto de 2005, entre os dias 5 e 6, os assaltantes cavaram um túnel de 80 metros de uma casa até o caixa forte do banco cruzando uma avenida por baixo e levaram R$ 164,8 milhões em notas de cinqüenta reais. As investigações foram concluídas depois de três anos e três meses e revelaram também a ligação do furto ao Banco Central com a organização criminosa paulista PCC, e parte do dinheiro foi usado para compra de armamento. O grupo também planejou a morte de algumas autoridades cearenses. Outro ex-prefeito preso por envolvimento com o crime foi Celso Pitta. A prisão do ex-prefeito de São Paulo foi durante a operação Satiagraha, da Polícia Federal, deflagrada no dia oito de julho de 2008. Foram presos também o banqueiro Daniel Dantas, dono

do Banco Opportunity e o empresário Naji Nahas. A operação investiga desdobramentos do caso mensalão (esquema de compra de votos de parlamentares descoberta em 2005) e começou há quatro anos. No total, foram expedidos 24 mandados de prisão, sendo 22 de prisão temporária e dois de prisão preventiva, além de 56 de busca e apreensão. A Polícia Federal informou que os detidos encabeçam uma suposta quadrilha que teria cometido crimes financeiros. Os presos na operação podem ser indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

Operação Toupeira

Após três anos e três meses, a chamada “Operação Toupeira”, que investigava o furto ao Banco Central de Fortaleza, ocorrido em agosto de 2005, foi encerrada pela Polícia Federal. Segundo a PF, 122 pessoas foram presas, 120 denunciadas, 18 condenadas, três absolvidas e outras duas tiveram os processos extintos, pois foram mortos. No maior assalto a banco do Brasil, foram levados R$ 164,8 milhões. Segundo o delegado Antônio Celso, comandante da operação, esses recursos foram divididos igualmente em quantias aproximadas a R$ 4,9 milhões para cada um dos 36 envolvidos diretamente no furto. O delegado informou ainda que, desse total, a PF

J ACKSON L AGO

Cassação no Maranhão pode vir só em 2009 Só em 2009. Um pedido de vista do ministro Felix Fischer, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deu uma sobrevida ao mandato do governador do Maranhão Jackson Lago (PDT) e de seu vice Luís Carlos Porto (PPS). Os dois podem ser cassados devido à acusação de práticas de abuso de poder econômico e compra de votos nas eleições de 2006. Há um indício forte de que cassação pode acontecer porque o relator, ministro Eros Grau, votou favorável. Quem ganha aqui é a segunda colocada na eleição, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), filha do senador José Sarney. No pacote de decisão do TSE para 2009, também está em jogo o mandato do governador da Paraíba, Cássio Cunha

Lima (PSDB). Lago e seu vice foram acusados pela coligação Maranhão, A Força do Povo, da candidata Roseana Sarney, de terem sido favorecidos por um esquema que cooptava, corrompia, enganava e comprava vereadores, prefeitos, lideranças políticas, presidentes de associações, articulado pelo seu aliado, o ex-governador José Reinaldo, em busca de eleger seu sucessor. O advogado da coligação de Roseana, Heli Lopes Dourado, ressaltou que houve desvio na ordem de R$ 806 milhões em convênios assinados pelo governo estadual. “Tudo está provado nos autos. A campanha de Barack Obama não custou o que custou a campanha [de Jackson Lago] no Maranhão”, disse. www.revistafale.com.br

recuperou R$ 20 milhões em dinheiro e mais R$ 40 milhões em bens. A dificuldade de encontrar o resto do montante se deu principalmente porque “era dinheiro não marcado, em notas pequenas”. Há também a hipótese de que grande parte do dinheiro roubado foi usada no tráfico de drogas, na compra de armas e no financiamento de novos roubos. “O furto no BC se transformou em um vetor de crimes muito grande. A maioria dos 36 envolvidos foi extorquida por policiais ou pessoas que se diziam da Polícia”, lembra o delegado. Um sargento da Polícia Militar também foi preso. Ele guardava o dinheiro recebido pelo ex-vigia do BC, que participou do assalto. Para a PF, três quadrilhas se juntaram para realizar o mega-crime, chefiadas por Moisés Teixeira da Silva, que está foragido, Luiz Fernando Ribeiro, que foi morto após ter sido seqüestrado e Antônio Jussivan dos Santos, o “Alemão” que está preso em Brasília, cumprindo pena de 49 anos e dez meses. No desenrolar das investigações, o PF descobriu um plano da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), de matar algumas autoridades cearenses. O nome das prováveis vítimas foram mantidos em sigilo, mas a polícia afirma que foram tomadas medidas de segurança para evitar a realização dos crimes. n Já Francisco Rezek, responsável pela defesa de Jackson Lago, criticou o que chamou de “tentantiva de reverter o resultado da vontade popular”. Segundo Rezek, a maior força eleitoral de Lago se observou em locais onde nenhum convênio teria sido celebrado. Outro advogado de defesa, Eduardo Alckmin, relacionou a situação de pobreza do povo maranhense como um “quadro que se verifica após 40 anos ininterruptos de domínio do grupo político da família Sarney”. n Dezembro de 2008 | Fale! | 23


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Matéria de Capa

o que o Brasil precisa para ser um país melhor? _ _ _ _ _ _ç _ã _ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z

2,1 milhões de crianças, entre 7 e

16,295 milhões de pessoas no

14 anos, no país, freqüentem a escola, mas continuam analfabetas, segundo o IGBE

Brasil são incapazes de ler e escrever pelo menos um bilhete simples. Levandose em conta o conceito de “analfabeto funcional”, que inclui as pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas, o número salta para 33 milhões

100

87,2% das crianças e adolescentes, 95 75

entre 7 e 14 anos, que não sabem ler e escrever — 2,1 milhões — freqüentavam a escola regularmente em 2007 25 5 0

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Dezembro de 2008 | Fale! | 25


M atéria de capa

Um Ceará que não lê e outro campeão na poesia

A avaliação dos estudantes cearenses concluiu um alto índice de analfabetismo funcional. Apenas 9 municípios cearenses têm média educacional igual ou maior que a nacional. Fortaleza, é a 89ª cidade do Ceará no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. Com tantos números negativos, o sexto estado com piores índices de educação do Brasil pode se tornar um campeão de notas boas até 2021?

C

Por Adriano Queiroz

arlos Victor Dantas Araújo, de Alto Santo, a 247km de

Fortaleza. Ana Cristina de Sousa Silva, de Viçosa do Ceará, 334 km de distância da capital. Lucas de Almeida de Azevedo, de Quixeramobim, a 206 km. O nome dessas três crianças finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro merece destaque no noticiário cearense. Até porque duas de cada cinco daquelas de mesma faixa etária — por volta dos 10 anos, não sabe ler ou escrever praticamente nada. Esses últimos são os chamados analfabetos funcionais, pois, em tese, deveriam não só dominar a leitura e a escrita como interpretar e elaborar textos de média

Lê mas não entende

A média brasileira de proeficiência em língua portuguesa está em patamares sofríveis tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio nas escolas públicas brasileiras, segundo o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). O Sistema coleta informações sobre o desempenho acadêmico dos alunos brasileiros, apontando os que sabem e são capazes de fazer. Por exlusão, os que não sabem. 325 290

284

300 275

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175

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150 125

1995

1997 Fundamental I

1999

2001

2003

Fundamental II

2005 Médio

Fonte: Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) do ministério da educação. As médias dos anos de 1995, 2003 e 2005 foram estimadas incluindo o estrato de escolas públicas federais.

26 | Fale! | Dezembro de 2008

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complexidade, ter noções mínimas de ciência e usar as quatro operações aritméticas básicas. Já Carlos, Ana Cristina e Lucas escreveram poesias sobre as cidades onde vivem e, graças à qualidade de seus respectivos poemas, já ganharam, no mínimo, R$ 150,00 em livros, de um projeto da Fundação Itaú Social, Cenpec — Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, e MEC — Ministério da Educação. Eles ainda podem garantir microcomputadores e impressoras para si e um laboratório de informática para suas escolas a ser financiado por essas instituições. Um luxo para milhares de outros Carlos, Anas e Lucas, que mal conseguem dominar o universo das letras. No último mês de aulas para a maioria das escolas públicas ou privadas no Estado, a Fale! faz um balanço da educação no Ceará em 2008. Além das conquistas das três crianças citadas acima, o estado pode comemorar o fato de que entre 80 e 86% dos municípios – nos 5º e 9º anos, respectivamente, conseguiram atingir as metas fixadas para a educação básica pelo MEC para 2007. Muitos, inclusive, alcançaram índices esperados apenas para 2009. Mas o fato é que nem isso apaga os maus resultados constatados em três importantes relatórios publicados este ano: UNICEF — Fundo das Nações Unidas para a Infância; Ideb – Índice de De-


“A gente não quer só comida”.

A estudante Kamila Valquíria Alves Veloso, de Taguatinga, Distrito Federal, participa da 2ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Abaixo, alunos de escola pública municipal em Fortaleza, com merenda todos os dias e uma baixa qualidade em educação. senvolvimento da Educação Básica; e Spaece – Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará. Apesar das diferenças de metodologia e alcance, os três sistemas de avaliação servem de parâmetro comparativo em relação aos países educacionalmente desenvolvidos. Conheça as seis metas para Começando a análise pelos números do Spaece, nos cinco até 2015 do documento níveis de avaliação da profici- Educação para Todos, ência de leitura, entre 146 mil estabelecido durante a estudantes até sete anos de ida- Conferência Mundial de de, 47,4% não atingiram grau Educação. O Brasil é um dos suficiente de alfabetização. países subestritores Estão numa situação que varia 1 Expandir e melhorar da ineficiência em escrever o a educação e cuidados próprio nome até a capacidade na primeira infância. de ler apenas textos simples ao 2 Assegurar o acesso estilo de “Papai ama mamãe”, de todas as crianças em “Vovô é legal” ou “O menino joga bola”. Falando em termos idade escolar à educação de quadro geral dos municí- primária completa, gratuita pios, três atingem o nível mí- e de boa qualidade. 3 nimo, ou seja, analfabetismo Ampliar as oportunidades generalizado; em 36 predomi- de aprendizado dos jovens na um grau incompleto de al- e adultos. 4 Melhorar fabetização, ou seja, o chamado em 50% as taxas de

alfabetização de adultos. 5 Eliminar as disparidades entre gêneros na educação. 6 Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação. Foto MARCELO CASAL_ ABr

Foto Antonio Cruz_ ABr

Nem perto

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Dezembro de 2008 | Fale! | 27


M atéria de capa analfabetismo funcional; e 93 estão num nível intermediário de alfabetização, entre eles está a capital cearense. Apenas 38 municípios podem ser considerados suficientemente alfabetizados e outros 14 num grau comparável ao dos países desenvolvidos, entre eles, destaque para o município de Sobral. A cidade natal do governador Cid Gomes ficou com a melhor nota: 188,0. Em termos percentuais, isso significa dizer que aproximadamente 83% das crianças sobralenses até sete anos estão suficientemente alfabetizadas. No meio do caminho, ficou Fortaleza, com nota 114,2, ou algo como 50% de alfabetização efetiva nessa faixa etária. Isso é menos que O Brasil está londe de atingir a média do Ceará, 118,9. O as seis metas da Conferência pior resultado, 57,7, é o do Mundial de Educação município de Senador Sá, O Brasil ainda não curiosamente situado próestá “nem perto” de ximo ao município melhor atingir as seis metas do alfabetizado. Lá, menos de compromisso Educação 26% das crianças matriculadas na rede pública se alpara Todos, estabelecido fabetizaram na idade certa durante a Conferência em 2007. Mundial de Educação em A maioria dos nossos Dacar, no ano 2000. municípios também anda A conclusão é do Relatório mal na Ideb, criado pelo de Monitoramento de Ministério da Educação em Educação para Todos 2005. Esse índice avalia deBrasil 2008, elaborado sempenho e fluxo dos estupela Organização das dantes da rede pública, senNações Unidas para a do formado por pelo menos Educação, a Ciência três sub-índices: a Prova Brasil – para estudantes até e a Cultura (Unesco). o 5º ano; o Saeb – Sistema “Seguindo o mesmo ritmo, de Avaliação da Educação o Brasil não vai atingir Básica, que avalia alunos do as metas até 2015”, diz 9º ano, e o ENEM — Exame Angela Rabelo Barreto, Nacional do Ensino Médio, consultora da Unesco. além de índices de freqüênSegundo ela, embora o país cia e repetência dos estutenha avançado em alguns dantes. Pois bem, até que o pontos, como a educação Ceará está dentro das metas primária, a evolução não previstas pelo Governo Fetem sido suficiente para deral, em mais de 80% dos casos, contudo, nossos ínque alcance as metas dices estão entre um terço e estabelecidas. um meio abaixo dos índices considerados adequados para um país desenvolvido. Nesse critério, o município com melhor desempenho é Altaneira, com nota 5,2, no 5º ano, ainda abaixo da média 6,0 que o MEC estabeleceu como meta nacional para 2021. Outras cidades relativamente bem situadas educacionalmente são Sobral, Itaiçaba, Mucambo, São Gonçalo do Amarante, Catunda e Jijoca de Jericoacoara. Fortaleza ficou com pífios 3,3, no 5º ano e 2,6 no 9º ano. A maior nota no Brasil ficou com o município paulista de Adolfo 7,7, no 5º ano, 133% superior à me-

Quadro negro

28 | Fale! | Dezembro de 2008

A escala da eficiência

O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece)da Secretaria da Educação do Estado avalia as crianças do segundo ano, além das de 5ª e 9ª séries do Ensino Fundamental. Confira os resultados de 2007. A educação em Fortaleza ficou ruim na avaliação Não alfabetizado (até 75 pontos) Sabem utilizar números, desenhos ou rabiscos quando solicitados a escrever palavras, ou ainda, desconhece até mesmo as letras que formam seu próprio nome. Total de municípios: 3 São eles: Senador Sá, Baixio e Abaiara. Alfabetização incompleta — (75 a 100 pontos) Começam a ser capazes, inclusive, de ler palavras mais simples, formando sílabas e que apresentam letras que lhes são familiares como, por exemplo, aquelas que formam seu nome. Total de municípios: 36 São eles: Pacujá, Potiretama, Assaré, Cedro, Paramoti, Antonina do Norte, Ocara, Hidrolândia, Pacajus, Santana do Cariri, Poranga, Lavras da Mangabeira, Nova Olinda, Mauriti, Salitre, Ararenda, Ererê, Milha, Caririacu, Iço, Milagres, Granjeiro, Senador Pompeu, Umari, Barroquinha, Ibaretama, Tururu, Monsenhor Tabosa, Itapiuna, Saboeiro, Piquet Carneiro, Missão Velha, Quixeré, Miraima, Barreira e Cariré. Intermediário — (100 a 125 pontos) Os alunos decodificam palavras, mesmo aquelas formadas por padrões silábicos mais complexos. Também compreendem textos simples, extraíndo deles informações que se encontrem explícitas. Total de municípios: 93 São eles: Sao João do Jaguaribe, Meruoca, Morrinhos, Uruoca, Carius, Bela cruz, Quixeramobim, Varjota, Chorozinho, Novo oriente, Quixadá, Crato, Jucás, Aurora, General Sampaio, Palhano, Várzea Alegre, Maracanaú, Jaguaruana, Tauá, Iguatu, Ibicuitinga, Pacatuba, Boa viagem, Itaitinga, Juazeiro do Norte, Aquiraz, Eusébio, Quixelô, Quiterianópolis, Viçosa do Ceará, Guaraciaba do Norte, Reriutaba, Alto Santo, Massapé, Farias Brito, Crateús, Fortaleza, Caridade, Redenção, Umirim, Itatira, Uruburetama, Ipu, Camocim, Ibiapina, Choro, Penaforte, Paraipaba, Capistrano, Pedra branca, Nova Russas, Mulungu, Canindé, Pires Ferreira, Pindoretama, Jardim, Potengi, Jaguaribe, Aracoiaba, Chaval, Araripe, Pentecoste, Pereiro, Alcantaras, Solonopole, Amontada, Campos Sales, Jaguaribara, Forquilha, Limoeiro do Norte, Aiuaba, Jaguaretama, Morada Nova, Banabuiu, Trairi, Acopiara, Brejo Santo, Catunda, Barro, Itapipoca, São Luis do Curu, Oros, Santana do Acaraú, Palmácia, Tabuleiro do Norte, Carnaubal, Baturite, Ipaumirim, Coreau, Madalena, Tejuçuoca, Ipueiras e Apuiares. Suficiente — (125 a 150 pontos) São capazes de apresentar uma leitura mais fluente e sua familiaridade com o texto escrito permite que localizem informações em textos mais longos, nos quais são apresentadas mais informações. Total de municípios: 38 São eles: Martinópoles, Porteiras, Aratuba, Russas, Horizonte, Ipaporanga, Arneiroz, Moraujo, Beberibe, Acaraú, Jati, Paracuru, Ubajara, Granja, Itapajé, Graça, Mombaça, Caucaia, Aracati, Pacoti, Itarema, Barbalha, Tianguá, São Benedito, Irauçuba, Guaramiranga, Guaiuba, Cascavel, Tarrafas, Frecheirinha, Icapui, Iracema, Maranguape, Santa Quitéria, Croata, Parambu e Tamboril. Desejável — (acima de 150 pontos) São capazes não apenas de localizar informações nesses textos, como também de produzir novas informações que não se encontram explícitas no texto, aliando as suas experiência. Total de municípios: 14 São eles: Sobral, Mucambo, Cruz, Itaicaba, Altaneira, Acarape, Jijoca de Jericoacoara, Marco, Groairas, Fortim, São Gonçalo do Amarante, Deputado Irapuan Pinheiro, Catarina e Independência.

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A cor da leitura

Jijoca de Jericoacoara Barroquinha

Camocim

Cruz

Acarau Itarema

Bela Cruz

Chaval Granja

Martinópole Uruoca Moraújo

Amontada

Marco Morrinhos Senador Sá Massapê

Quem lê mais, quem lê menos. Pesquisa localiza as disparidades na qualidade do ensino público no Ceará

Trairi

Santana do Acaraú

Paraipaba Paracuru

Itapipoca

Tururu São Luis São Gonçalo do Uruburetama Amarante do Curu Umirim Fortaleza Itapajé Caucaia Pentecoste Maracanaú Eusébio Irauçuba Tejuçuoca Pacatuba Aquiraz Apuiarés Itaitinga Maranguape Pindoretama General Sampaio Palmácia Guaiuba Horizonte Paramoti Caridade Pacoti Pacajus Cascavel Guaramiranga Redenção Chorozinho Baturité Mulungu Santa Quitéria Barreira Ipu Acarape Canindé Beberibe Croatá Aratuba Hidrolândia Aracoiaba Fortim Capistrano Ocara Ipueiras Itapiuna Itatira Nova Aracati Catunda Palhano Itaiçaba Russas Ararenda Ibaretama Choro Poranga Russas Madalena Jaguaruana Ipaporanga Monsenhor Tamboril Tabosa Ibicuitinga Quixadá

Viçosa do Ceará

Miraima

Alcântaras Meruoca Coreaú Sobral Flecheirinha Tianguá Forquilha Ubajara Mucambo Groairas Ibiapina Cariré Pacuja São Benedito Graça Reriutaba Carnaubal Varjato Guaraciaba do Norte Pires Ferreira

Boa Viagem Crateús

Independência

Pedra Branca

Novo Oriente

Jaguaretama Milhã

Quiterianópoles

Alto Santo

Jaguaribara Iracema

Solonópoles Piquet Carneiro Irapuan Pinheiro

Tauá

Limoeiro do Norte

São João do Tabuleiro do Jaguaribe Norte

Senador Pompeu

Mombaça

Quixeré

Morada Nova

Banabuiu

Quixeramobim

Icapuí

Orós

Pereiro

Potiretama

Ererê

Acopiara Parambu

Quixelô

Catarina

Arneiroz

Iguatu Saboeiro

Cedro

Aiuaba

Cariús Antonia do Tarrafas Norte

Campos Sales

Assaré Potengi

Aiuaba

Icó

Jucás

Araripe

Farias Brito

Altaneira Nova Olinda

Santana do Cariri

Várzea Alegre

Caririaçu

Umari Baixio Ipaumirim

Granjeiro Aurora

Caririaçu

Juazeiro do Barro Norte Crato Missão Milagres Velha Abaiara Mauriti Barbalha Porteiras Jardim

2.700.000 alunos é a quantidade de matrículas nas escolas públicas do Ceará

Brejo Santo

Jati Penaforte

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Dezembro de 2008 | Fale! | 29


Boas histórias para contar M atéria de capa

O Ceará ,que é campeão da poesia, e uma parceria entre o setor público e o setor privado, que investe na leitura e na escrita. A revista Fale! acompanhou de perto Sudeste, excluindo São Paulo; Goiânia, para uma das semifinais da Olimpíada de Língua a região Centro-Oeste; Belém, para a região Portuguesa Escrevendo O Futuro, promovida Norte, além de São Paulo e das duas cidades pela PPP — Parceria Público-Privada, compos- nordestinas. ta por Cenpec, Fundação Itaú e MEC. Foram As categorias memória e opinião para investidos R$ 16 milhões na produção de ma- alunos de 8º e 9º anos do Ensino fundateriais didáticos, oficinas de leitura, premiação, mental e 2º e 3º do Ensino Médio têm suas viagens, hospedagens e mobilização de direto- semifinais em São Paulo. Apenas 150 avançam res, professores e alunos. Realizada no último para a final em Brasília no dia 1º de dezembro, dia 31 de outubro no Hotel com direito à condecoração Blue Tree, em Fortaleza, a do presidente Lula, medasemifinal do norte nordeslha de ouro, microcomputino reuniu 35 estudantes tadores e impressoras para de 5º e 6º anos, de quaos 15 vencedores, 5 em tro estados: Ceará, Rio cada categoria. Os outros Grande do Norte, Piauí e 135 receberão medalhas Maranhão. No dia 14 de de prata e aparelhos de novembro, ocorre a outra som. Para além dos vencesemifinal nordestina em dores, o caráter ao mesmo Recife, reunindo além de tempo competitivo e de alunos pernambucanos, formação de leitores do crianças da Bahia, Sergipe, projeto estimulou cerca de Alagoas e Paraíba. seis milhões de alunos em “Trata-se de um pro5.445 cidades brasileiras, jeto inovador por não se ou 98% do total, a redigiAna Beatriz Patrício, resumir a uma comperem seus textos. Desse núdiretora da Fundação Itaú tição. É um processo de mero inicial, 202.280 foram Cultural formação dos professores pré-selecionados na etapa para que trabalhem de intra-escolar e tiveram seus maneira cada vez mais profunda na produção trabalhos enviados por seus respectivos professode textos nas escolas públicas brasileiras”, res para os organizadores do projeto. argumenta Maria do Pilar Lacerda, secretária Os educadores por sua vez receberam de Educação Básica do MEC. No total, 500 o Caderno de Orientação do Professor, elaestudantes de todo o Brasil chegaram à pe- borado pelo Cenpec, para ajudar na prepanúltima etapa da Olimpíada de Português, ração de seus respectivos pupilos. Depois que está dividida em três categorias: poesia, sucessivamente ocorreram eliminatórias nos memória e opinião. Eles já garantiram meda- municípios, nos estados e mais recentemente lhas de bronze, R$ 150, 00 em livros – numa nas regiões. O Ceará selecionou 13 para a lista que ia de Ziraldo a Carlos Drummond semifinal. Entre eles, Jonilson Silva, de Misde Andrade, e viagens com tudo pago para são Velha, a 506km de Fortaleza, que embora as sedes das semifinais. Foram elas: Curitiba, tendo como matéria preferida a matemática, na região Sul; Belo Horizonte, para a região escreveu uma poesia sobre a festa de São

Este programa é muito maior que um concurso, pois, buscamos capacitação e desenvolvimento de competências dos professores.

lhor dentre as médias da capital cearense. A pior nota ficou com o 9º ano do município de Baraúna, Rio Grande Norte: 1,5. Apesar de nenhum município cearense ter atingido nota igual ou superior a 6,0, 24 escolas cearenses ficaram entre as 50 melhores do Nordeste. Onze delas ficam em Sobral e outras oito em Fortaleza. Por fim, o Unicef também divulgou o seu diagnóstico da educação no 30 | Fale! | Dezembro de 2008

Ceará. De acordo com o organismo internacional houve uma melhora significativa no atendimento a crianças de 4 a 6 anos. Na comparação entre 2001 e 2005, houve um aumento de 8,9% no ingresso de estudantes na pré-escola cearense. Mas quando se fala de analfabetismo de crianças entre 7 e 14 anos, o Ceará ainda está muito acima da média nacional que é de 8,9%. www.revistafale.com.br

José, o padroeiro da cidade caririense, e sobre a vaquejada. Mas se a vida comunitária serviu de inspiração, na hora de escolher os livros que tinha direito como premiação, não esqueceu, porém, de seu personagem predileto: o bruxinho Harry Potter. Já Hadassa Dimas, de Aratuba, cidade serrana a 122 km da capital, se confessa uma apaixonada pelos livros e se identificou com a personagem Matilda, uma garota que desde a tenra infância mergulha pelo universo mágico da leitura, assim como ela. Os dois não passaram à final, mas a experiência, inédita para alguns, de conhecer a capital cearense, trocar experiências de leitura e brincadeiras com crianças de cidades e até estados diferentes, além de poder escolher livros, exercitando a responsabilidade nas compras — já que tinham de escolher baseados em valores de mercado, respeitando a cota concedida —, foi valiosa para cada um deles. Os professores, muitas vezes polivalentes, dos 35 poetinhas debutantes, também foram contemplados e participaram de diversas oficinas para o aperfeiçoamento pedagógico. Entre eles, destaque para os finalistas Maria Giselia Bezerra Gomes, de Alto Santo; Euluci Fontenele de Aguiar, de Viçosa do Ceará e Maria Marlene Amâncio do Rego, de Quixeramobim. “Este programa é muito maior que um concurso, pois, buscamos capacitação e desenvolvimento de competências dos professores. Por trás dele existe uma metodologia de ensinar produções de texto”, enfatiza Ana Beatriz Patrício, diretora da Fundação Itaú Cultural. Passada a festa e o intercâmbio cultural, resta ao cearense torcer para que a PPP educacional siga exitosa e quem sabe daqui a quinze ou vinte anos possamos ver Carlos, Lucas, Anas, Jonilsons e Hadassas brilhando no ambiente literário estadual e nacional. E que as notas daqueles que não têm inclinações poéticas melhorem bastante para que não faltem engenheiros, cientistas, médicos, e tantos outros profissionais qualificados ao estado. Principalmente, em tempos de siderúrgica, refinaria, pré-sal, jazidas de urânio e energia eólica. n Em terras alencarinas o número de analfabetos nessa faixa etária é de 15,9%. Ou seja, quase uma em cada seis crianças entre 7 e 14 anos não sabe ler ou escrever. Na faixa entre 6 e 10 anos o índice sobe para 40%. Para combater esse grave problema o órgão ligado à ONU — Organizações das Nações Unidas, lançou em 2004 o Comitê pela Eliminação do Analfabetismo Escolar. Esse comitê serviu de embrião para o Programa de Alfabetiza-


Brasil está entre os países que mais repovam Elevado índice de repetência não significa melhoria de aprendizado. E a criança não aprende no ano seguinte

O Brasil só fica atrás do Nepal, Suriname e de mais 12 países africanos, quando o assunto é repetência escolar. Os dados são do relatório anual da Unesco, que monitora o cumprimento das metas estabelecidas na Coferência Mundial de Educação, no ano 2000. É verdade que o Brasil conseguiu reduzir de 24% para 19% o número de repetentes, mas a quantidade ainda é muito alta para um País em desenvolvimento e que possui a 10° maior economia mundial. O patamar também é elevado se comparado à média mundial, que é de 3%. Mas o fato que mais chama a atenção é que esse elevado índice de repetência não significa um melhoria do aprendizado. “O pensamento conservador diz que, se reprovar, a criança aprende no ano seguinte, o que não é verdade”, afirmou Maria do Pilar. Em países de primeiro mundo e cujos sistemas escolares estão entre os melhores do mundo, como o Japão, por exemplo, alunos nunca são reprovados. Lá a escola é obrigado a oferecer as condições necessárias para o aprendizado. “Os países em desenvolvimento não investem o suficiente na educação básica”, escreveu o diretor-geral da Unesco, Koichira Matsuura, na abertura do Relatório de Monitoramento Global — Educação para Todos. O relatório também chama a

Taxas de repetência no mundo

No Relatório Global de Monitoramento — Educação Para Todos da Unesco, o Brasil ocupa a 15a. posição de repetência entre 150 países Rank.

País

Indíce de repetência ( % )

1º Burundi 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 35º 40º 50º 56º 58º 68º 79º 97º 97º 117º 120º 139º 145º 150º

28,8 28,2 27,1 25,9 25,6 25,1 23,5 22,9 22,5 21,2 20,8 20,6 20,3 19,7

Rep. Centro-Africana Comores São Tomé e Príncipe Guiné Equatorial Camarões Costa do Marfim Togo Chade Congo Maláui Nepal Suriname Madagascar Brasil

Portugal Peru Uruguai Argentina Venezuela Paraguai Colômbia Chile Espanha Alemanha Bolívia China Itália Coréia do Sul

18,7

10,2 8,7 7 6,4 6,1 5,1 3,8 2,3 2,3 1,1 0,9 0,3 0,2 0

atenção do Brasil para o elevado número de crianças em idade escolar que estão fora da escola. Estimasse que ultrapassem 500 mil, em todo o País. n www.revistafale.com.br

Dezembro de 2008 | Fale! | 31


M atéria de capa Foto MARCELO CASAL_ ABr

qual Educação queremos para o

Brasil?

32 | Fale! | Dezembro de 2008

É importante lembrar que o conceito de educação integral abrange muito mais do que uma escola que atende o aluno o dia todo.

Foto Elza Fiúza_ABr

Não se chegou a um consenso sobre o conceito de Educação a ser implantado no Brasil e, embora todos saibam que devem ser respeitas as diferenças regionais, é preciso que as autoridades educacionais cheguem a um consenso sobre os métodos de ensino no País. Na antiguidade, os conhecimentos eram transmitidos pela demonstração de exemplos, cativando deste modo a atenção dos “alunos”. Mas, com o aumento da informação, e também de pessoas sedentas por ela, não se soube encontrar um método de ensino capaz de transmitir dados levando em conta sua componente prática, chegando-se ao atual estado de ensino teórico e rígido. Na concepção tradicional de Educação, o aluno chegaria à escola com a “cabeça vazia”, cabendo à instituição colocar-lhe um conjunto de conhecimentos e habilidades, e testando periodicamente a aquisição destes conhecimentos através de provas e exames. Esta visão errônea gerou, no decorrer dos anos, indivíduos cada vez mais preocupados em apenas “decorar” os conteúdos e sem ter a capacidade de interpretação e julgamento. Alguns críticos avaliam este método como sendo uma maneira de “moldar” o indivíduo para o mundo fabril que os espera, dada a utilização de técnicas semelhantes a uma linha de montagem: salas de aulas isoladas e limitadas em recursos; mesas e cadeiras alinhadas em filas; o professor desempenhando a função de dono e empregador principal do conhecimento; e a apresentação da informação limitada aos livros e o quadro negro duma forma linear e seqüencial. E este conceito tornou-se in-

situação de RISCO. Júnior [nome fictício], 12 anos, aluno da 6º série do ensino fundamental em Brasília, trabalha como vendedor de chicletes nas férias escolares de meio do ano

Maria do Pilar Lacerda,

secretária de Educação Básica do MEC

INCLUSÃO DIGITAL. É meta do Governo Federal equipar todas as escolas públicas com computador e internet até 2010

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Foto Wilson Dias _ ABr

Educadores brasileiros defendem a educação integrada como alternativa para corrigir a distorção histórica de formação


capaz de lidar com as constantes mudanças com as quais a sociedade se depara. Nesse contexto, fica óbvio que a Educação terá de sofrer profundas remodelações e receber investimentos pesados das entidades competentes (principalmente da parte dos governos), no sentido de tornar o País mais competitivo e moderno, num cenário de globalização econômica. Mas se o chamado “decoreba” não resolve a questão da educação, tampouco a escola ideal será aquela cuja aprendizagem ocorre somente a partir dos computadores. A tecnologia deverá apoiar o professor, não tornar o seu trabalho mais difícil. O uso da informática, notadamente a internet, é um dos grandes desafios dos educadores de hoje. Até agora, mesmo onde foram investidos recursos em informatização, o uso do computador nas escolas públicas não surtiu o efeito desejado, até porque o simples fato de tê-los em uma escola não melhora a nota dos alunos. Isso porque, na maioria dos casos, este aparelho chega sem o respaldo de uma proposta pedagógica. Para tentar recuperar o tempo perdido, educadores brasileiros defendem a educação integrada como alternativa para corrigir a distorção histórica que sofremos. “É importante lembrar que o conceito de educação integrada abrange muito mais do que uma escola que atende o aluno o dia todo”, afirma a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar. Não faz parte do conceito de educação integrada, no entanto, que a criança estude as disciplinas curriculares num único ambiente durante todo o dia. Aulas diferenciadas de artes, esportes, línguas e ciências ajudam a construir o novo cidadão, mais preparado e mais consciente de seu papel perante a sociedade. Os alunos ficariam sim sob a responsabilidade da escola durante cerca de 8 horas por dia, mas tendo à sua disposição diversos tipos de atividades extracurriculares. Este modelo ainda pode abrir espaço para transmissão de conhecimentos a partir de mini-cursos ministrados por membros da comunidade, ONGs e alunos da graduação e pós-graduação de instituições de ensino superior que sejam parceiras da escola.

Como funciona o Ideb?

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) aponta o desempenho de estudantes no final de cada etapa da educação básica: 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de administração federal, estadual e municipal. Os resultados são considerados os mais importantes da educação no Brasil: aprendizagem e fluxo. Através dos dados coletados nas escolas, são fundadas metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para a educação básica. O plano do Ministério da Educação estabelece como meta que, em 2021, o Ideb do Brasil seja 6,0.

A média exigida corresponde à qualidade de um sistema educacional típico dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Europa. O cálculo combina o desempenho dos alunos de escolas estaduais e municipais na Prova Brasil com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A Prova Brasil é um teste de Leitura e Matemática para turmas de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (ou 5º e 9º anos, nos sistemas de nove anos). Enquanto que os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas e privadas de administração federal, estadual e municipal fazem o Sistema de Avaliação da Educação Básica, que avalia as habilidades em Língua Portuguesa e Matemática.

Resultado IDEB — Brasil

TOTAL Pública Federal Estadual Municipal Privada

Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Médio IDEB Observado Metas IDEB Observado Metas IDEB Observado Metas 2005 2007 2007 2005 2007 2007 2005 2007 2007 3,8 4,2 3,9 3,5 3,8 3,5 3,4 3,5 3,4 Dependência Administrativa 3,6 4,0 3,6 3,2 3,5 3,3 3,1 3,2 3,1 6,4 6,2 6,4 6,3 6,1 6,3 5,6 5,7 5,6 3,9 4,3 4,0 3,3 3,6 3,3 3,0 3,2 3,1 3,4 4,0 3,5 3,1 3,4 3,1 2,9 3,2 3,0 5,9 6,0 6,0 5,8 5,8 5,8 5,6 5,6 5,6

Rede Estadual — CEARÁ Fases de Ensino Anos Iniciais do Ensino Fundamental Anos Finais do Ensino Fundamental Ensino Médio

IDEB Observado Metas Projetadas 2005 2007 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 3,2

3,5

3,2

3,6

4,0

4,3

4,6

4,9

5,2

5,5

2,8

3,4

2,8

2,9

3,2

3,6

4,0

4,3

4,5

4,8

3,0

3,1

3,0

3,1

3,2

3,5

3,9

4,3

4,5

4,8

Rede Municipal — FORTALEZA Fases de Ensino Anos Iniciais do Ensino Fundamental Anos Finais do Ensino Fundamental

IDEB Observado Metas Projetadas 2005 2007 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 3,2

3,4

3,3

3,6

4,0

4,3

4,6

4,9

5,2

5,5

2,5

2,7

2,6

2,7

3,1

3,5

3,9

4,2

4,4

4,7

Educação como política pública, não de governo

A secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar, defende a idéia de que no Brasil a educação seja encarada como política pública, e não política de governo, pois os resultados de uma administração só podem ser medidos em pelo menos uma geração. Ou seja, estaremos colhendo resultados do que foi plantado nesses www.revistafale.com.br

últimos anos, somente nos próximos 15 ou 20 anos. Pilar enfatiza, contudo, que nenhuma política pública pode nascer apenas a partir do Estado, pois, as prioridades da sociedade só adentram a agenda das instituições quando se constituem uma demanda social e que, portanto, depende também da população cobrar dos governantes as reformas necessárias para a melhoria da educação do Brasil. n Dezembro de 2008 | Fale! | 33


Economia P ER SP EC T I Va S 2 0 0 9

“Lula é o único economista que presta no Brasil” O economista Antônio Delfim Netto, um dos expoentes dos governos militares e hoje bastante alinhado às políticas econômica e monetária do Governo Lula, avalia a crise internacional iniciada nos Estados Unidos e diz que o Brasil vai pagar o preço

P

Por Roberval Angelo Schincariol e Roger Marzochi, da Agência Estado

ara o economista Antônio Delfim Netto, ministro da

Fazenda, em tempos de chumbo e de milagre econômico, o que fará a diferença na economia do tão temido ano de 2009 é a sensibilidade do brasileiro. E, segundo o professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de S. Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, diz Delfim. Nesta entrevista, concedida na manhã do dia 10 de dezembro, em seu escritório localizado ao lado do Estádio do Pacaembu, no bairro paulistano de Higienópolis, o economista falou de Platão, Aristóteles, Henry Paulson, Alan Greenspan e, claro, Lula. A seguir, os principais trechos da entrevista. Qual a avaliação que o sr. faz sobre os impactos da crise financeira no Brasil em 2009? Antônio Delfim Netto. Você está em um ambiente

complicado, e é claro que o Brasil vai pagar o preço de fazer parte do mundo, como tem os benefícios. O Brasil usou a expansão que houve no mundo e eu estou convencido de que esta crise é, simplesmente, a própria crise de 2001, consertada pelos economistas. Teve a crise em 2001, que foi a crise do Pontocom, que explodiu, e apareceu aquela patifaria da Enron. E como é que os economistas resolveram essa crise? Fornecendo liquidez e permitindo que toda a imaginação do sistema financeiro se exercitasse plenamente, com a idéia de que o sistema tinha em si uma moralidade ínsita. Portanto, ninguém precisa se preocupar porque é tudo 34 | Fale! | Dezembro de 2008

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gente correta, que não vai fazer nada de patifaria... O sr. avalia que hoje, então, houve o estouro da bolha da moralidade? Delfim Netto. Não, a moralidade já ex-

plodiu na Enron. E o que o governo foi fazendo? O Fed e o Tesouro americano passando a grosa, permitindo que você fizesse um curto-circuito aqui, outro lá. Quando o (Henry) Paulson (secretário do Tesouro) tomou posse, em 2006, ele declarou: “Eu vim para acabar com o resto de regulação que está perturbando o crescimento.” Em 2006, a crise já estava explodindo! Então, você está diante de um fato: os economistas são capazes de produzir uma crise, mas não podem resolvê-la. A crise está fora da economia.

Foto VALTER CAMPANATO_ABr

Seria uma crise de expectativa? Delfim Netto. Seria uma crise de expec-

tativa, de crença, de confiança. Qual é a origem da sociedade? Está no velho Platão, antes do Aristóteles. Para a coisa funcionar, tem de ter possibilidade de trocar o meu trabalho com outro. E tem de ter uma moeda. Nós estávamos produzindo milho. Eu vivia pobre, você também. Mas eu produzia o meu, você produzia o teu. Mas chegamos a um acordo. Eu vou produzir o milho e você vai fazer um buraco aí até conseguir água, depois a gente irriga o milho, vai dobrar a produção e vamos viver melhor. Esse é o progresso. Está no Adam Smith. Divisão do trabalho. Isso exige que eu confie que, enquanto eu estiver produzindo o milho, você esteja fazendo o buraco. Então, a confiança precede a sociedade. Ela é o cimento, o fator catalítico que faz funcionar a sociedade. Os economistas nunca se preocuparam em saber o que estava por trás do mercado. Atrás do mercado está o Estado. E, atrás do Estado, está a confiança. É quando o sr. diz que economia não é ciência. Delfim Netto. É

claro que economia não é ciência. É um bom conhecimento empírico que deve ajudar a admi-

Nunca houve uma coordenação mundial como está havendo. Se tudo funcionar mais ou menos, essa crise deve ser menor do que seria sem a intervenção do governo e mais rápida do que seria sem ela. nistração. Porque o homem tem um defeito enorme: ele pensa. Se o átomo pensasse, a física seria bem mais complicada. Na verdade, o homem aprende. Na economia, ele aprende e se defende. A minha idéia é que você tem de pagar o preço de estar no mundo, mas temos condições melhores. Nem é por virtude. Foi por um acidente. Nós tivemos uma crise bancária muito séria, fizemos um Proer e, com ele, nós demos uma arrumada no sistema bancário. O Proer foi positivo para o sistema? Delfim Netto. Eu vejo o Banco Central

(BC) como dois “animais”. Um tem nota dez, outro tem nota dois. O BC fiscalizador se saiu muito bem. Os bancos estão hígidos, têm alavancagem baixa, são cuidadosos. É claro que o Brasil tem contato com o mundo e precisava de financiamento externo para fazer funding dos bancos. Na atual crise, o Banco Central agiu no tempo certo? Delfim Netto. A ação do BC foi no tem-

po próprio, com alguns pecadilhos. Em lugar nenhum do mundo o BC diz: “Eu vou dar dinheiro para banco grande comprar banco pequeno.” Muito menos vou dar dinheiro para banco público, porque aqui você tem dois problemas graves: a higidez de um banco não depende nem da sua propriedade nem do seu tamanho. O banco público não é muito mais seguro que nenhum banco privado. Mas por uma simples razão: porque banco, por definição, é quebrável.

Quando o sr. diz que o BC não deveria www.revistafale.com.br

ter dito que o dinheiro era para comprar bancos pequenos, deveria ter dado o dinheiro sem dizer... Delfim Netto. Não, deveria ter feito as

coisas já de uma vez! Não deveria usar a técnica do conta-gotas. Quando se faz um sistema no qual eu compro a carteira do outro, estou levantando dúvidas sobre essa carteira. É como ter um dinossauro Rex de boca aberta e tem uma galinha que eu estou espantando para a boca do dinossauro. Hoje sofremos o risco de, ao tentar resolver esta crise, criarmos outra? Delfim Netto. Eu acho que hoje as pes-

soas estão aprendendo. Primeiro, porque se não fosse o Brown [Gordon Brown, primeiro-ministro britânico], o Paulson estava até hoje procurando a causa do problema. Com sua intuição inglesa, Brown disse: “Não, o problema é do capital. O problema veio da alavancagem que vocês fizeram.” Nunca houve uma coordenação mundial como está havendo. Se tudo funcionar mais ou menos, essa crise deve ser menor do que seria sem a intervenção do governo e mais rápida do que seria sem ela.

Mas o sr. não avalia que a crise financeira será tão forte no Brasil como está sendo para o resto do mundo? Delfim Netto. A crise americana vem

vindo desde o começo de 2007. No Brasil, não. É uma crise datada. Vinha se desarrumando e, quando o Paulson faz a barbeiragem no Lehman, desaba tudo. Ou seja, ele matou o fator catalítico, que era a confiança. E no Brasil ocorreu uma função descontínua. É uma crise de confiança que atingiu os bancos lá fora. Mas houve uma queda na concessão de crédito no Brasil. Delfim Netto. Você imagina uma coisa.

Chega um grande banqueiro brasileiro no Waldorf-Astoria e encontra com o homem do Citi, na sua importância, para dizer: “Eu ainda não cortei o crédito lá.” O homem do Citi diz: “Esse sujeito não faz parte do nosso clube “. Agora, nenhum deles fez patifaria aqui, nem sei se por virtude. É que aqui tinha formas de ter retorno muito mais seguro e mais alto que com a patifaria.

Com juros? Delfim Netto. Então, nós já tínhamos a Dezembro de 2008 | Fale! | 35


ECO N O M I A & N EG Ó CI O S mais alta taxa e fizemos o maior aumento do mundo. Quando o mundo inteiro reduziu, nós continuamos insistindo na mesma política. Isso tudo, que era um defeito enorme, agora as pessoas dizem que foi uma clarividência. É como aquele francês, para quem ofereceram a Brigitte Bardot. Só que hoje ela está com 80 anos! Se o senhor fosse o presidente do BC, qual seria a taxa ideal de juros? Delfim Netto. O Brasil não tem nenhu-

ma razão para ter a maior taxa de juro do mundo. A taxa de equilíbrio é 3%, 3,5%, como é no mundo todo. Com inflação de 5%, poderíamos rodar com 8% nominal. Mas tudo isso é absolutamente irrelevante, porque o BC nem tem mecanismo para fazer esse negócio. Então, vamos pensar onde paramos. Paramos por uma questão psicológica. O Lula é o único economista que presta no Brasil porque é o único que está falando a verdade. A intuição dele mostra o seguinte: nós estamos interrompendo o circuito econômico porque, se você não comprar o carro, porque tem medo de ficar desempregado, é certo que você vai ficar desempregado, porque a Volkswagen não faz o carro por medo que não vai ter demanda. E o banqueiro, no final, que

pensa que está salvo, ele também vai morrer junto com o sistema. É como o sr. já comentou que, ao pregar a morte do crédito, os banqueiros acabam se “suicidando”? Delfim Netto. Eles se suicidam porque

não têm outro remédio. Porque nenhum banco é seguro! E aqui é que vem a segunda crítica à política do BC. Quando ele diz que está dando dinheiro para o Banco do Brasil, para a Caixa Econômica pra fazer isso ou aquilo, está dizendo o quê? Esses bancos são mais seguros. Isso tudo é um equívoco monumental.

Como o sr. mede a expectativa hoje? Delfim Netto. O Lula, com todas as crí-

ticas... As pessoas ficam furiosas com o Lula. Porque há, na verdade, um preconceito enorme. A vantagem do Lula é não ter um curso superior. É uma vantagem? Delfim Netto. Sim, não é um prejuízo. Se-

não ele estava igualzinho aos de curso superior aí dizendo “tá tudo perdido!”, “estamos perdidos!”, “’sifu’ para todos nós!”. Então, o que acontece? É uma atitude ingênua, mas que corresponde a uma realidade. O fator principal é restabelecer aquilo que é o cimento da sociedade, que é a confiança.

B RASIL

O novo vilão da América Latina O desenvolvimento do Brasil como potência econômica mundial despertou animosidades em países vizinhos, analisa recente artigo da revista americana Newsweek. “Na medida em que o Brasil se torna um país mais poderoso, seus vizinhos se tornam mais agressivos.” “Estes dias, os imperialistas falam português”, diz o artigo, afirmando que agora o país “marca o passo econômico da América Latina e está se tornando cada vez mais o alvo nº 1” — posição que a Newsweek diz ter sido ocupada no passado pelos Estados Unidos. “O rugido anti-brasileiro mais alto vem dos Andes, onde líderes populistas que marcham ao som dos tambores da “revolução bolivariana” do homem forte venezuelano Hugo Chávez, tentam reconstruir suas nações através da redistribuição de riquezas e do aumento do poder dos grupos e minorias indígenas há muito negligenciados.” 36 | Fale! | Dezembro de 2008

Newsweek diz que “nos últimos dois anos, os líderes de Venezuela, Equador e Bolívia lançaram insultos contra seu vizinho dominante, e ultimamente o clima tem se exaltado”. Como exemplo, Newsweek cita o episódio da expulsão da construtora Odebrecht pelo governo do Equador. E a reação antiBrasil está chegando ao sul do continente, segundo o artigo. “No Paraguai, o presidente Fernando Lugo tomou posse em agosto sob a bandeira de “independência energética” — código populista para extrair concessões do império do outro lado da fronteira.” “Ele [Lugo] está acusando o Brasil de pagar menos pela energia que importa da usina hidrelétrica de Itaipu e quer liberdade www.revistafale.com.br

Em uma entrevista recente, o sr. afirmou que não fazia previsões para 2009... Delfim Netto. O que você pode espe-

rar do Brasil? Devido a essas condições, pode-se esperar uma situação um pouco melhor. Não adianta fazer editorial dizendo que o Lula é oportunista, que fala errado. Também ele não vai brigar por conta disso. E dizer que o Lula não conhece física quântica porque ele também prefere não saber física quântica. O que ele conhece é gente. Então, se quatro quintos do Nordeste e dois terços do Sul acreditam no Lula, é porque tem alguma coisa que funciona.

E quanto disso pode se refletir no crescimento do Brasil? Delfim Netto. Qualquer número é um

chute. A minha convicção é a seguinte: quando o Brasil cresce? Cresce quando cresce mais que o mundo.

O sr. não pensa em voltar para o governo? Delfim Netto. Você está louco! Es-

quece essas coisas. Hoje é outro mundo. Hoje você precisa de gente e de uma arrumação do governo. Desligou já isso (o gravador)? Não, não tem nada de desligar não, é isso mesmo. n

para vender metade do total para qualquer país que desejar.” Apesar do antagonismo, o artigo diz que “ironicamente, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva continua popular na América Latina”. O presidente boliviano Evo Morales “se referia reverenciosamente a Lula como seu ‘irmão maior’”, “Chávez raramente perde uma oportunidade de foto com Lula” e “a primeira viagem internacional de Lugo como presidente foi para Brasília”. “Fazer dos brasileiros os novos gringos pode cair bem para a arquibancada, mas é arriscado política e economicamente”, segundo Newsweek. “Até agora, o Brasil vinha sendo o maior investidor estrangeiro da Bolívia, enquanto o Paraguai se tornou o quinto maior exportador de soja graças à tecnologia brasileira”, diz a revista. n


Artigo

Base empresarial precisa de crédito

O

Por Márcio Peppe

governo federal anunciou

recentemente mais uma série de medidas para estimular o mercado interno brasileiro e evitar que nossa economia venha a sofrer um desaquecimento mais pronunciado neste momento de crise internacional. São iniciativas importantes, que têm potencial para estimular o consumo e fortalecer alguns setores que vêm sendo mais severamente atingidos pelo momento de instabilidade. Basicamente, o governo coloca mais dinheiro nas mãos do consumidor, com: a criação de duas novas alíquotas de contribuição ao Imposto de Renda — Pessoa Física em 2009, o que reduzirá a taxação, principalmente entre a classe média; a redução do IOF — Imposto sobre Operações Financeiras sobre empréstimos pessoais; e o corte nas alíquotas do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados sobre veículos. A expectativa é que o consumo seja estimulado havendo mais dinheiro e crédito mais barato disponíveis no mercado. Já os setores empresarial e financeiro estão sendo beneficiados mais diretamente: pela própria redução do IPI sobre veículos; pela liberação de recursos do Fundo Garantidor de Crédito para a compra de carteiras de financiamentos de bancos pequenos e médios; pela inclusão da Caixa Econômica Federal como financiadora do comércio exterior; pela possibilidade de as empresas brasileiras que têm dívidas no exterior poderem ser beneficiadas pela liberação de recursos das reservas internacionais do país; além do crédito mais barato com o corte do IOF ao consumidor tender a aumentar a procura por bens e serviços. O foco de tais medidas está na preservação de empregos, na possibilidade de que empresas que enfrentam problemas devido a dívidas ampliadas após a disparada da cotação do dólar frente ao real venham a equilibrar suas contas, evitando uma quebradeira geral, e na garantia de sobrevivência dos bancos pequenos e médios, que enfrantam dificuldades para obter recursos destinados suprir suas necessidades. Em um momento de crise como o atual, tal estímulo é essencial para evitar uma guinada de tendência no crescimento do país, lembrando que a economia vinha registrando índices expressivos de evolução, como demonstrado pelo resultado do PIB no terceiro trimestre deste ano, que avançou 6,8% ante o mesmo período de 2007. Por outro lado, os sinais de retração econômica são perceptíveis nestes últimos três meses de 2008. Desta forma, é preciso que os segmentos de base de nossa economia, formados por micro, pequenas e médias

empresas, também estejam no foco de atenção de nossas autoridades, já que estão expostos a um grave problema ainda não devidamente encarado: a falta de crédito para o capital de giro. Por enquanto, em razão do aumento do consumo característico dos finais de ano, as ameaças a esta extensa base econômica não são tão contundentes. Mas é importante que fique registrado o alerta: o problema pode vir a surgir nos primeiros meses do próximo ano, já que a retração econômica deve se estender ao início de 2009, somando-se ao sazonal encolhimento registrado neste período do ano. Caso as micro, pequenas e médias empresas não disponham de crédito de curto prazo para garantir o giro de seus negócios, ou se os empréstimos disponíveis estiverem muito caros, um grande número dela não terá capacidade de se manter. Mesmo que os números referentes ao fechamento de empresas não sejam significativos, haveria efeitos nocivos sobre toda a cadeia econômica, especialmente pela dispensa de trabalhadores e conseqüente aumento do desemprego. É evidente que caso as recentes medidas surtam o efeito desejado na economia, os riscos para o setor empresarial brasileiro tendem a ser minorados. No entanto, a escassez de crédito para o giro de capital tem de ser combatida efetivamente, para que sejam garantidas as condições básicas de subsistência das empresas. Não podemos esquecer que as atuais taxas de juros cobradas pelo setor financeiro são as maiores desde novembro de 2005, segundo pesquisa da Anefac — Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. A expectativa recai, portanto, sobre a atitude do BC — Banco Central em relação à taxa básica de juros da economia, a Selic, e sobre o chamado spread bancário (que é a diferença entre os juros de captação de recursos e as taxas efetivamente cobradas pelos bancos). No primeiro caso, o próprio BC e seu presidente, Henrique Meirelles, demonstraram que a Selic pode vir a cair em janeiro. Já os bancos vêm sendo cobrados, tanto pelo governo, quanto pelo setor privado, a reduzirem os spreads. O governo federal já sinalizou que até o final deste mês de dezembro novas medidas de combate aos efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira serão anunciadas. A expectativa é que, entre tais iniciativas, sejam contempladas soluções que garantam a oferta de crédito com custo acessível às micro, pequenas e médias empresas. n Márcio Peppe é sócio-diretor da BDO Trevisan especialista em gestão de riscos — Risk Advisory Services

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GRIFE DO N MORAR BEM Mercado imobiliário de luxo ganha reforço de concorrente pernambucano

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ão é de hoje que os aquecidos mercados imobiliário e de produtos de luxo estão juntos no Ceará e, principalmente, na Região Metropolitana de Fortaleza. Mas as principais construtoras e incorporadoras cearenses têm se caracterizado nos últimos anos por ocupar quase com a mesma força todos os nichos consumidores de habitação. Não havia ainda nesse tipo de mercado, por exemplo, nenhuma grife cearense, apenas marcas fortes do setor da construção civil, com relativa preferência pelo público definido como de média ou alta renda. Isso pode mudar com a entrada de uma concorrente pernambucana nessa disputa.

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A Moura Dubeux, líder da construção civil em Pernamubuco e especializada há 25 anos em empreendimentos de alto luxo, lançou, no último dia 2 de setembro, o seu primeiro empreendimento na capital cearense: o Beach Class Colonial. A empresa iniciou em 2007 seu plano de expansão, com foco no Nordeste. Natal foi a primeira cidade, fora de Pernambuco, escolhida para receber empreendimentos do grupo, e, quase simultaneamente, a empresa de Recife lançou campanha institucional na mídia para divulgação da marca Moura Dubeux — ou simplesmente MD – na capital cearense. A empresa pernambucana está chegando ainda aos mercados de Salvador, Maceió, São Luiz e Brasília.“Nossa campanha consistiu em primeiro apresentar ao público local a marca como sendo mais que uma construtora: uma grife. E, em segundo lugar, reforçar valores agregados aos nossos empreendimentos, tais como, o lazer e a versatilidade, que agradam desde o solteiro executivo até a família padrão”, resumiu Bruno Perrelli, gerente de marketing. Mas apesar das expectativas da empresa de que 70% dos 351 apartamentos que compõem o Beach Class Colonial fiquem nas mãos de brasileiros residentes em Fortaleza, – cearenses ou não – uma outra aposta da MD é o público estrangeiro. Logo no primeiro mês de vendas, eles adquiriram mais de oitenta apartamentos, cerca de um quarto do total. Estrangeiros abastados comprando imóveis para lazer, negócios ou mesmo moradia não é de se surpreender, haja vista a grande quantidade de apartamentos comprados por portugueses, espanhóis e italianos em condomínios fechados na RMF. Contudo, no caso do novo emprendimento da Moura Dubeux em Fortaleza, há uma

novidade. Quase a totalidade das unidades vendidas a estrangeiros foi parar nas mãos de americanos e britânicos, o que pode indicar uma tendência diante da grave crise que abate o setor imobiliário dos Estados Unidos. “Além disso, os consumidores estrangeiros de alta renda estão em busca de produtos diferentes dos aglomerados da costa do Mediterrâneo e dos prejuízos constantes que sofrem ao adquirir imóveis sujeitos às tormentas

Nossa campanha consistiu em apresentar ao público local a marca como sendo mais que uma construtora: uma grife. E, reforçar valores agregados aos nossos empreendimentos, tais como, o lazer e a versatilidade. Bruno Perrelli gerente de marketing

na América Central e Costa Oeste americana”, acrescenta Gustavo Dubeux, sócio-controlador, diretor da MD e presidente do Conselho de Administração da empresa. Em Fortaleza, a Moura Dubeux já investiu mais de R$ 90 milhões. O faturamento da empre-

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sa em 2008 deve fechar na casa de R$ 1,1 bi. Um vertiginoso crescimento de 129% quando comparado aos números de 2007: R$ 480 milhões. Para outro sócio-controlador, diretor e vice-presidente do Conselho de Administração da MD, Marcos Dubeux, esse boom imobiliário foi possível, entre outras coisas, graças à expansão do crédito bancário voltado para a habitação. “Pode-se dizer que o sistema financeiro da habitação foi aberto mesmo a partir de 2006. Hoje nossos clientes de Fortaleza, por exemplo, podem adquirir apartamentos pagando 30% para receber as chaves e financiando os outros 70% em até 240 meses”, exemplifica Marcos. Bons ventos nacionais e globais à parte, a Moura Dubeux também possui motivações internas para ter crescido tanto. A empresa foi a primeira construtora do Nordeste a receber as três principais certificações internacionais de qualidade que regulamentam o setor da construção civil: o ISO 9001 (sistema de gestão da qualidade), o ISO 14001 (sistema de gestão ambiental) e OHSAS 18001 (certificado de segurança e saúde ocupacional.) No caso do ISO 14001, a MD é a única construtora do Nordeste a ter essa certificação Outra preocupação da empresa parece ser com a satisfação de seus profissionais. A Moura Dubeux foi eleita uma das cem melhores empresas para se trabalhar no Brasil, em 2008, pelo Great Place to Work Institute. “De um modo geral duas características administrativas explicam os prêmios recebidos: cada empreendimento funciona como uma empresa independente (SPE), e o grupo como um todo trabalha, em termos de gestão, o conceito de governança corporativa”, justifica Gustavo Dubeux. n

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Crise e oportunidade

Como vender carros há 44 anos

Nem a possibilidade de que a crise dos mercados mundiais reduza a disponibilidade de crédito para o consumidor abala a confiança do mercado automobilístico brasileiro que deve fechar o ano com crescimento de 20% e a comercialização de quase 4 milhões de veículos, somando carros, motos, e caminhões. Em Fortaleza, a mais antiga concessionária Volkswagen comemora a expansão das vendas e o lançamento do Novo Gol e a volta do Voyage com uma nova campanha de marketing. O foco é a idéia de fazer os clientes felizes

D

ólar acima dos R$ 2,50,

juros mais altos, prazos mais curtos, crédito difícil, quedas de 30% nas vendas em uma semana. Se essas p er s p e c t i v a s a s s u s t a m muita gente parece que pelo menos uma parte do mercado automobilístico cearense elas ainda não têm conseguido amedrontar. Uma demonstração disso é a postura

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d a ma is a nt iga c onc e s sioná r ia Volkswagen aqui em Fortaleza. Há 44 anos comercializando os automóveis da marca alemã, a Ceará Motor acaba de lançar uma nova campanha de marketing com foco numa palavra que anda distante de Wall Street nas últimas semanas: felicidade. “Ceará Motor, Você mais Feliz” já está ganhando outdoors, jornais e revistas cearenses. A revendedora está alinhada www.revistafale.com.br

com o projeto da própria montadora — ou board, no jargão automobilístico – de recuperar a liderança no Brasil nos próximos anos. A despeito de o Gol ser o carro mais vendido em terras brasileiras há pelo menos vinte anos, abocanhando quase 14% de todo o mercado nacional, a década não vinha sendo das melhores para a mais antiga das grandes fabricantes de automóveis do país. A própria Ceará Motor busca consolidar a liderança na bandeira Volkswagen que reveza com a Saga. Por isso, os investimentos em publicidade e propaganda não vieram sem antes uma profunda pesquisa de satisfação junto aos clientes. “Para ser líder é preciso ter postura. é preciso investir na capacitação do quadro de funcionários, em infraestrutura e em ações de responsabilidade social.”, avalia João França Neto, diretor comercial da Ceará Motor. E de fato a empresa cearense conquistou excelente resultado em concursos de certificação profissional, tendo um chefe de oficina entre os 3 melhores do Brasil, de acordo com a própria Volkswagen. No aspecto social, a empresa destina parte de seus lucros ao projeto Prover que atende comunidades carentes de 10 localidades nordestinas, incluindo Alto Alegre, em Maracanaú, e Genibaú, em Fortaleza. A ação foi alvo de recente campanha na mídia: “Todo mundo sonha com um Volkswagen”. Outra aposta é a relação direta com o cliente. Nesse sentido, a concessionária está buscando dar um atendimento mais personalizado. “O que deseja o cliente com mais de 55 anos? Tradição. O que deseja o cliente na faixa dos 25 anos? Rapidez no atendimento. Estamos trabalhando com esses e outros conceitos avaliados nessa pesquisa”, conclui França Neto. A quarta mais longeva concessionária Volks do país é uma empresa do grupo Palácio de Queiroz e comercializa veículos novos, seminovos, peças, acessórios e serviços. Fundada por Antônio Palácio de Queiroz, diretor-presidente, a Ceará Motor atual-


mente é administrada pela segunda geração da família. As duas lojas da empresa – Pontes Vieira e Barão do Rio Branco — vendem juntas cerca de 260 veículos/ mês no varejo e mais 80 / mês para frotistas. A expectativa é que a concessionária acompanhe o mercado e apresente crescimento nas vendas em 2008, na casa de 20%. A chegada do relançado Voyage, a grande aceitação do novo Gol e de seu antecessor — que somam impressionantes 14% do mer-

cado nacional – além da valorização de importados como o Passat, Jetta, New Bettle e Bora são alguns dos motivos para que a direção da concessionária acredite que as vendas continuarão em alta, mesmo com ao cenário de incertezas nos mercados mundiais. Apesar do otimismo, França Neto admite que os prazos para o financiamento de veículos serão reduzidos, mas ressalta que a concessionária e o Banco Volkswagen — instituição financeira vinculada à

própria montadora – não se aventurou na idéia de oferecer longas prestações, mesmo no auge das vendas. “Enquanto alguns se arriscaram financiando em 72, 84 ou até 100 meses, nós preferimos trabalhar com 36, 48 ou 60 prestações no máximo”, disse. Além disso, ele assegura que, mesmo sendo natural uma revisão nas taxas de juros ao consumidor final , essa mudança não vai afetar quem já está pagando o seu automóvel. n

Crise e carros Se no Brasil a coise não ficou tão feia, a crise financeira gerada nos Estados Unidos pegou em cheio a indústria automobilísitina na GrãBretanha. A venda de carros novos em outubro registrou a sua maior anos. queda em Foram vendidos 128.352 veículos em outubro — uma redução de 23%.

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o timismo

O Brasil está preparado para enfrentar a crise De passagem por Fortaleza para acompanhar a movimentação das concessionárias autorizadas Volkswagen e prestigiar o reposicionamento mercadológico da Ceará Motor, o Diretor de Pós-Venda, Leonardo Soloaga, e o Diretor Regional de Vendas para o Nordeste, Anthony Mota, engrossaram o coro dos que não temem o esfriamento do mercado automobilístico brasileiro. “O Brasil está preparado para esta crise e a indústria aqui vai continuar se desenvolvendo. A gente não pode esperar crescimento de 30% como estávamos tendo até agora, mas entendemos que as condições são dadas para o mercado crescer a 15, 20%”, estima Soloaga. O executivo sustenta sua expectativa fazendo também um comparativo do mercado brasileiro com o de outros países onde a Volks tem grande penetração como China, México e Rússia. É que nesses dois primeiros países, o mercado está

desacelerando forte já há algum tempo e no Brasil os efeitos da crise só começaram a ser sentidos, e de forma tímida, em meados de setembro. Na Rússia, há uma relativa estagnação. Outro fator para o otimismo é a própria demanda da sociedade brasileira. Enquanto no México, a relação de número de carros para o núemro de habitantes é de 1/6, por aqui ela é de 1/8 o que indica que ainda há muito espaço para o crescimento desse mercado. Ainda de acordo com Soloaga, o mercado brasileiro deve entrar 2009 como o segundo mais importante para a montadora alemã, atrás apenas do chinês e superando o próprio mercado germânico. Internamente ele admite que a principal meta é recuperar a liderança que nos últimos cinco anos está nas mãos da montadora italiana Fiat. Falando especificamente do Nordeste e de Fortaleza, Anthony Mota, Diretor de Vendas Regional, diz acreditar www.revistafale.com.br

que o crescimento nas vendas será respectivamente de 25% e 23% nesses dois nichos. A capital cearense concentra quase 15% das vendas da região. Em 2008, foram vendidos, só aqui, 12 mil automóveis da marca Volks num total de 78 mil carros emplacados em solo nordestino. No Brasil esse número chega a 650 mil. Setembro ainda foi de crescimento no mercado automobilístico do Brasil De acordo com a Fenabrave — Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, as vendas de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários e outros), no varejo, registraram aumento de 8,1% na comparação entre agosto e setembro de 2008. No mês de setembro, foram comercializadas 462.356 unidades em todos os segmentos. No acumulado dos nove primeiros meses (janeiro a setembro) o crescimento registrado foi de 26,08%, passando de 3.008.011 unidades para 3.792.565 em relação ao mesmo período de 2007. n Dezembro de 2008 | Fale! | 41


Ciência&Saúde

um drible na

A

infertilidade

na Cristina Becker, 28 anos, é comerciante. Casada há nove anos, com a família e a vida estruturada, ela e o esposo decidiram ter um filho. “Tentei por via natural por dois anos. Fiz tabelinha, tudo que lia nas revistas, sem sucesso”, relembra. O casal decidiu então procurar ajuda de um médico especialista em reprodução humana. Diagnosticou-se que Ana Cristina tinha poucos óvulos. Como uma das alternativas que tinha para realizar o seu desejo de ser mãe, a comerciante decidiu partir para uma Fertilização In Vitro. Uma das primeiras cearenses a se beneficiar da Super-ICSI, Cristina engravidou já na primeira tentativa. “Era tudo o que faltava para mim”, afirma.

Cristina não é a primeira mulher que tem dificuldades em engravidar e consegue fazê-lo através de inseminação, apesar de não ser tão simples assim. Mas a tecnologia aliada à vontade de ser mãe vem ajudando centenas de mulheres a realizar seu maior sonho. Para muitas, alcançar o sonho da maternidade é uma verdadeira batalha. Os casais esperam que, uma vez

A infertilidade afeta 15% dos casais, mas avanços da medicina otimizam chances de gravidez Por Sara Lucena 42 | Fale! | Dezembro de 2008

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A FERTILIZAÇÃO IN VITRO

suspensas as medidas de controle de natalidade, a Para o êxito de uma fecundação, é fundamental a qualidade do óvulo e do espermatozóide, concepção ocorra. Destarte, muitos descobrem que ter que se refletirá na formação de bons embriões a serem transferidos para o útero filhos é bem mais complexo do que imaginavam. Se após um ano de relações seA produção xuais não protegidas a grade óvulos é videz não acontece, o casal estimulada por deve procurar um médico medicamentos para investigar uma possível infertilidade, problema Óvulos que atinge um em cada seis Óvulos são pinçados fertilizados são casais. E um dos fatores do ovário introduzidos no agravantes desta situação é útero da mãe a idade da companheira: a partir dos 35 anos, a inferMostra de sêmen recolhido e preparado tilidade pode chegar com para a fertilização mais facilidade. O alerta é dos médicos especialistas Óvulos e esperma são em reprodução humana colocados em meio de cultura Evangelista Torquato e Fáa fim de permitir a fertilização bio Eugênio. A infertilidade é a inabilidade de um casal chegar à concepção ou a incapacidade de manter uma gravidez até o nascimento. Mas os especialistas asseguram que o problema não deve ser do primeiro filho, surgiu o desejo de mulher, o tipo de medicação utilizaconfundido com a esterilidade con- aumentar a família. Há quatro anos da para induzir a ovulação e existênjugal, onde há fatores que impedem e meio, tentava a segunda gestação, cia de doenças que o comprometam, de forma definitiva a gravidez. “Em mas sem sucesso. Diante da difi- como endometriose, são determicerca de 40% dos casos, fatores fe- culdade, há dois anos Érica decidiu nantes. Para o espermatozóide, a mininos são a causa da infertilidade. procurar um médico especialis- presença de alterações morfológicas Causas masculinas são responsáveis ta em reprodução humana. Diag- ou genéticas (fragmentação de DNA) por outros 40%. E em 20%, há uma nosticou-se que a quantidade da e a técnica de escolha da célula incombinação dos dois fatores. Entre- mobilidade dos espermatozóides fluenciam na qualidade. tanto, é imprescindível que as pesso- produzidos estavam dificultando a Já para o homem, os principais as compreendam que a infertilidade gestação por via natural. “Não era problemas que afetam na fertilidade é um problema do casal”, afirma impossível naturalmente, mas era são a diminuição do número de esEvangelista Torquato. Ou seja, são muito difícil. Nós ficamos muito permatozóides ou sua pouca mobios fatores aliados, e não apenas um ansiosos, porque queríamos muito lidade; espermatozóides anormais; isolado, que determinam a infecun- ter um segundo filho. O tempo ia ausência da produção de espermadidade do casal. passando e nada. Decidimos fazer tozóides e vasectomia e dificuldades De acordo com os pesquisadores, uma tentativa com a Fertilização na relação sexual. Para as mulheres, com os avanços da medicina e da tec- In Vitro. Graças a Deus deu certo”, a ausência ou obstrução tubária, nologia, é possível que grande parte recorda. Érica não imaginava que menstruações irregulares ou ausendesses casais consiga realizar o so- a família fosse aumentar tanto e tes, endrometriose e Síndrome dos nho de conceber uma criança através a surpresa veio em dose tripla. Os Ovários Policísticos são algumas das da reprodução assistida. “Uma equi- três embriões implantados conse- possíveis causas da infertilidade. pe multidisciplinar tem uma parti- guiram se desenvolver e ela será Doenças sexualmente transmissíveis, cipação estreita e acompanha toda mãe de trigêmeos. Agora é se pre- infecções pélvicas/genital, quimio ou a concepção. Em alguns casos, há a parar para mais um desafio e se radioterapia, além de disfunções horindução da ovulação, a facilitação ou adequar a nova rotina. monais em um dos parceiros também mesmo realização do encontro entre Os médicos informam que para o podem influenciar a fertilidade conos gametas, além da otimização e da êxito de uma fecundação acontecer jugal. A infertilidade deixa, cada vez implantação do embrião no útero”, é fundamental a qualidade do óvulo mais, seu espaço no passado para ser esclarece Fábio Eugênio. e do espermatozóide, que se refletirá resolvida com as mais modernas técA também comerciante Érica Mei- na formação de bons embriões a se- nicas. O sonho de ser mãe está ainda nhart, 33 anos, foi mãe pela primeira rem transferidos para o útero. Espe- mais próximo dos casais que desejam vez aos 25 anos. Com o crescimento cificamente para o óvulo, a idade da aumentar a família.

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CIÊ N CI A

Idade

A idade é, sem dúvidas, uma das grandes vilãs da fertilidade. A mulher não produz nenhum oócito (célula que dá origem ao óvulo) após o nascimento, que perde qualidade ao passar dos anos. É consenso entre especialistas que as taxas de gravidez diminuem de maneira importante a partir dos 35 anos de idade. Para os homens, algumas evidências sugerem que não ocorre modificação relevante na concentração espermática do ejaculado, entretanto, tem-se verificado alterações na mobilidade e morfologia dos espermatozóides com o envelhecimento masculino.

Tratamento

A Fertilização In Vitro é uma das técnicas mais conhecidas da reprodução assistida, também chamada de “Bebê de proveta”. A ovulação da mulher é induzida por medicamentos. Os óvulos maturados são removidos do ovário e colocados in vitro (proveta) na presença de espermatozóides previamente selecionados. Após a fertilização, que ocorre fora do corpo, um ou mais embriões são transferidos para a cavidade uterina da paciente. Em casos onde há diminuição importante no número de espermatozóides no ejaculado ou estes estão com morfologia comprometida, é indicado o uso da ICSI — sigla em inglês para Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide. Nessa técnica, um único espermatozóide selecionado é injetado diretamente no óvulo. Evangelista Torquato e Fábio Eugenio realizam o tratamento com um diferencial. A clínica onde atuam foi a segunda no Brasil a dispor do aparelho Super ICSI, que é único no Norte/Nordeste. Enquanto outros equipamentos ampliam o espermatozóide em até 400 vezes, o Super ICSI amplia a célula em até 10 mil vezes, possibilitando uma melhor seleção dos espermatozóides a serem utilizados. Em alguns casos, a indução medicamentosa da ovulação com coito programado pode solucionar problemas de infertilidade conjugal. A In-

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Já na fertilização in vitro esse percentual varia conforme a idade: até 60% nas mulheres com até 35 anos que produzam embriões de boa qualidade, 40% a 50% até 40 anos, reduzindo-se para menos de 25% acima dos 40 anos.

Sobre os médicos Evangelista TorquaO médico

to, 39 anos, é especializado em

O uso da ICSI — sigla em inglês para Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide — é indicado para casos onde há diminuição importante no número de espermatozóides no ejaculado ou estes estão com morfologia comprometida seminação Artificial Intra-uterina, onde espermatozóides selecionados são colocados dentro do útero na mulher em período fértil, também é um tratamento disponível para os casais. O melhor método depende do diagnóstico da causa da infertilidade.

Fertilidade

Os humanos estão entre as criaturas menos férteis sobre a terra. Há apenas um tempo bem curto dentro do ciclo menstrual durante o qual a concepção é possível, o que faz com que as chances de concepção sejam de apenas 20% a cada mês. Estimase que 10% dos casais férteis não consigam conceber dentro do seu primeiro ano de tentativas e 5% após dois anos. De acordo com os ginecologistas, as chances de gravidez são de até 25% na inseminação artificial. www.revistafale.com.br

Ginecologia. Há 15 anos, atua na especialidade de Reprodução Humana. É membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, da Academia Americana de Medicina Reprodutiva e da Academia Européia de Embriologia e Reprodução Humana. Fellow de Cesare Aragona é professor de Ginecologia e Reprodução Humana da Universidade La Sapienza, na Itália. Integra a Bios — Centro de Medicina Reprodutiva, sendo um dos quatro sócios e diretor de Tecnologia do Laboratório de Andrologia, Criobiologia e Fertilização in vitro da clínica. A Bios realiza, em média, 300 fertilizações in vitro por ano, estando entre as dez principais clínicas do país. Foi por meio de um tratamento na BIOS que nasceu o primeiro bebê de proveta do Ceará em 1999. Fábio Eugênio Rodrigues, médico ginecologista, 39 anos, é mestre em Ginecologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e lecionou como professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFC, em 2004/2005. Fellow de Cesare Aragona — Professor de Ginecologia e Reprodução Humana da Universidade La Sapienza, na Itália. Atua na especialidade de Reprodução Humana desde 1995. Também pertence a algumas sociedades, onde é membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, da Academia Americana de Ginecologia Minimamente Invasiva, Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, Sociedade Brasileira de Reprodução Humana e Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. É Diretor Clínico da Bios — Centro de Medicina Reprodutiva, sendo um dos quatro sócios. n


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Autos&Máquinas Por Roberto Costa

UNO, O Fiat 7 Vidas A

o criar o Uno, a Fiat

imaginou um carro pequeno, espaçoso e de baixo custo para brigar mundo a fora pela liderança de seu seguimento. O tempo foi passando, o modelo deixou de ser produzido na Europa, mas por aqui se tornou o verdadeiro ícone do fortalecimento da marca graças a sua constante evolução e o sucesso comercial mantido anos a fio. Muitos já marcaram data para o fim de sua produção, mas esta é uma faceta que só o mercado decide, e vendas crescentes ano após ano lhe premiaram com o posto de terceiro veículo mais vendido no Brasil, não restando alternativa à Fiat senão de investir em seu best seller tornandoo ainda mais atraente ao consumidor formador da base do mercado. Desta vez, mesmo com mais uma 46 | Fale! | Dezembro de 2008

pincelada no design, o “mote” proposto é economia, com o pequeno Fiat recebendo diversas modificações que, segundo o fabricante, diminuíram em até dez por cento o consumo de combustível. Batizado de Fire Economy 1.0 Flex, o propulsor foi atualizado, recebendo novo coletor de admissão, catalisador com maior volume e capacidade de impregnação de metais nobres que garante menor nível de emissões de poluentes. O mecanismo do comando de válvulas também foi modificado, tornando-o mais leve, assim como as bielas, diminuindo sensivelmente o gasto de energia em rotações mais elevadas, auxiliados por um novo óleo lubrificante de baixíssimo atrito. O câmbio teve sua quinta marcha alongada para que, em estradas e grandes avenidas, o motor trabalhe em rotações ainda mais baixas. A suspensão ganhou novo www.revistafale.com.br

alinhamento para evitar qualquer arrasto e novos pneus com baixa resistência ao rolamento. Externamente, as linhas ficaram mais suaves com modificações na grade do radiador, agora na cor cinza, com frisos cromados, calotas, rodas de liga leve (opcionais), lanternas traseiras, fumê além do novo logotipo da Fiat em vermelho e pára-choques da mesma cor na carroceria. Internamente, o painel de instrumentos recebeu uma nova cor e o Econômetro, que ajuda o motorista a dirigir gastando menos combustível. Seu funcionamento é eletrônico e leva em conta informações geradas pela Central de injeção. Também foram atualizadas as forrações com novos tecidos. Durante o lançamento do Fiat Mille Economy 2009, no Autódromo Virgílio Távora, no Euzébio, foi realizado


p i t- s t o p Foto DIVULGAÇÃO

tamente de Detroit, Estados Unidosa respeito dos próximos cem anos da empresa.Os maiores mercados da General Motors Corporation são os Estados Unidos, seguido de China, Brasil, Canadá, Alemanha e Reino Unido. Na Europa, a corporação possui dez fábricas produtivas, que atuam em sete países.  Honda Civic atinge 300 mil unidades produzidas.

Scania: 200.000. A

unidade industrial da Scania no Brasil acaba de estabelecer a marca de 200 mil caminhões produzidos. Presente comercialmente no País desde 1957, porém, esse volume contabiliza as unidades nacionais totalmente montadas no país desde 1960 e destinadas tanto ao mercado doméstico como à exportação.A Scania assumiu a produção de seus caminhões por aqui a partir do segundo semestre de 1960 antes, desde 1957, os veículos eram importados completos ou montados por um representante nacional, a

Vemag, com componentes trazidos da Suécia. Líder histórico do mercado nacional de caminhões pesados, a Scania responde hoje por mais de 35% da frota circulante no País, segundo os últimos dados consolidados do Registro Nacional de Veículos Automotores – Renavam.  GMC -100 anos. No último dia

16 de setembro ,a General Motors Corporation completou 100 anos de existência, com inúmeros marcos nas áreas de desenvolvimento, tecnologia, economia e sociedade. Hoje está

disponível em quatro versões que são: Economy, Way Economy que, agora traz como equipamento de série o Kit Way com itens de conforto e conveniência, com duas e quatro portas. Atualizando o Uno Mille, a Fiat mostra que um projeto bastante conhecido pode oferecer bom desempenho com economia e razoável nível de conforto a preço atraente, ou seja, poderá passar ainda por muitas “vidas”. n

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o “Torneio de Economia Mille Economy”. A competição teve como objetivo comprovar a melhora de consumo de combustível em relação ao modelo anterior. Foram utilizados cinco veículos. O evento teve a participação de aproximadamente 130 jornalistas especializados em automóveis, e dentre os finalistas o vencedor foi Ricardo Dilser da Motors TV (SP), com a excelente marca de 26,66 Km/l de consumo. Já no mercado, o Uno Mille 2009 está

cia So

Resp o

motor. Modelo econômico e eficaz

presente em 35 países, detém 13 marcas e emprega 266 mil funcionários em todo o mundo. O evento que festejou toda essa história foi marcado pelo maior encontro mundial via satélite já visto na história da corporação. Um global broadcast reuniu presidentes de diversos países, incluindo o Brasil, onde a sede escolhida para a transmissão foi o Centro Tecnológico da GM, em São Caetano do Sul, na região industrial do ABCD paulista, em São Paulo e na ocasião o chairman e CEO (Chief Executive Officer) da GM Corporation, Rick Wagoner, que falou dire-

Considerado como um ícone do grupo em todo o mundo, o Honda Civic deu mais uma demonstração de sua credibilidade no mercado brasileiro. Recentemente, o sedã médio atingiu a expressiva marca de 300 mil unidades produzidas na fábrica da Honda Automóveis, em Sumaré (SP).Líder absoluto em sua categoria, o modelo foi o primeiro carro importado pela empresa para o Brasil, em 1992. Cinco anos depois, com o início das atividades da fábrica de Sumaré (SP), o veículo inaugurou a linha de produção nacional. Desde então, o automóvel atraiu a atenção de milhares de consumidores, além de se tornar referência em inovação, tecnologia e economia. Exemplo desse cenário é a sua oitava geração, lançada no país no primeiro semestre de 2006 e que recebeu o nome de New Civic.

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A INDÚSTRIA NAVAL NO BRASIL, NUM LIVRO TOTALMENTE ILUSTRADO E EM CORES. Depois de muitos anos de estagnação, a Indústria Naval do Brasil retoma gradativamente o seu vigor, impulsionada principalmente pelas demandas do setor de transportes, de petróleo e derivados. Este livro conta a saga dos navegadores portugueses que chegaram ao Brasil, a partir de 1500, e mostra momentos importantes que impulsionaram a Indústria Naval do país, como a abertura dos Portos, o empreendedorismo do Barão de Mauá e a agressividade de Juscelino Kubitschek. Acesse www.omnieditora.com.br e saiba mais.

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Ministério das Minas e Energia

UM LANÇAMENTO COM A QUALIDADE

omniEDITORA


persona

Verba mollia et Verba mollia et efficacia. efficacia. FOTOS JARBAS OLIVEIRA

SESSENTASSO. O senador Tasso Jereissati foi figura central de festa com mais de 600 pessoas para comemorar seus 60 anos, no La Maison Dunas. Acima, apaga as velas ao lado da mulher, Renata e de filhas e filho. Abaixo, os amigos senadores Sérgio Guerra — presidente do PSDB — e Arthur Virgílio. Ao lado, Fagner e dona Yolanda Queiroz. COBERTURA COMPELATA NA PRÓXIMA EDIÇÃO.

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persona Luiz Carlos Martins

Em grande estilo, o colunista Luiz Carlos Martins brindou, no hotel Gran Marquise, decorado por Raimundo Luiz, seu aniversário e 40 anos de jornalismo, com menu impecável e música a cargo da banda Fonseca Júnior.

Festa Marcante.

Inocêncio Uchôa, Cláudio Pires, Luiz Carlos Martins (aniversariante) e José Antônio Parente

Vera e Alfeu Simões

Dulce Vieira, Antônio e Vera Costa

Tânia e João Jorge Vieira

Valéria e Antônio Câmara 50 | Fale! | Dezembro de 2008

Itamar e Ruth Teles

José Rangel entrevistando aniversariante

Ana Cristina e Otávio Henriques

Regina e Danúsio Corrêa

Gilberto e Regina do Egypto

Socorro e Gláuco Magalhães

Ivânia e Fernando Férrer

Lucília e Edmilson Cunha Pontes

Jane e Téo Tavares

Ricardo e Ylana Mouta

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Odésio de Castro

Conceição e João Guimarães

Tilinha e Ivar Ellery

Maria e Eymard Amoreira


Na hora dos parabéns entre familiares e amigos

Marcelo e Renata Pinheiro

Nadja e Alcy Porto

Antônio e Marta Cambraia

Irapuã e Vilma Nobre

Neuma e José Cláudio Carneiro

Paulo Régis e Patrícia Botelho

Álvaro e Ivonilde Andrade

Sônia Machado e Regina Jereissate

Otávio e Aracy Justa e Luiz Carlos Martins

José Antônio e Maryanne Parente

Isabel e Sá Júnior

Dinah e Roney Farias

João Alberto e Fátima Sampaio

Tonzito e Ana Cavalcante

Aracy e Ricardo Adeodato

Rossana Raia e Helmar Leitão

Moema Guilhon e Guadalupe Pessoa Jorgeana e Marco Pinheiro

Tarcísio e Vitória Parente

Flávia e Carlos Castelo www.revistafale.com.br

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persona Luiz Carlos Martins

bonita união. Aline e Netinho casaram-se em bonita e prestigiada cerimônia realizada no Siará Hall, local também da elegante recepção. Os noivos são filhos de Fernanda e Arialdo pinho e de Carla e Salim Bayde Filho.

Governador Cid Gomes e Maria Célia

Noivos na hora do “sim” diante do padre

Maryanne e Assis Machado

Nelson Piquet e Viviane

Jório da Escóssia Jr. e Graça


José Carlos Pontes e Ricardo Rolim Fernanda e Arialdo Pinho, Aline, Netinho, Carla e Salim Bayde Filho

Noivos entre Ciro Gomes e Melina Viana

Gláucia e Bismarck Maia, Gony e Camila Arruda

Alúisio Carvalho, Pompeu Vasconcelos e Gaudêncio Lucena

Walney Haidar e senhora

Salim Bayde, Rose e Eliseu Batista

Isaac e Sheila Furtado

Miriam e Gerardo Bastos

Nelsinho Piquet

Valmir Torres e Terezinha

Ivan Bezerra e Silvânia

Rejane e Auto Filho

Eliseu e Flávia Barros

Osler e Bel Machado

Eunício Oliveira

Sílvio e Paula Frota

Bitoca e Laurinho Fiúza

Roney e Dinah Farias

Alessandra e Erivaldo Arraes e João Eduardo Gentil

Luiz Carlos Martins. De A a Z no Caderno People, Jornal O Povo


persona Luiz Carlos Martins

O governador Cid Gomes foi agraciado com o titulo de Cidadão de Fortaleza, durante solenidade ocorrida no Plenário Fausto Arruda, na Câmara Municipal de Fortaleza.

Novo Cidadão.

Autoridades na mesa oficial do plenário Fausto Arruda

Homenageado entre Paulo Mindelo e Tin Gomes

Ada Pimentel

Arthur Bruno e Honório Pinheiro

Francisco Pinheiro e Rômulo Moreira de Deus Ernani Barreira e Auto Filho

Byron Frota e Ademar Mendes Bezerra Inácio Arruda e Roberto Monteiro

Ferrúcio Feitosa

Cid Gomes ao lado de Maria Célia e herdeiro


persona Luiz Carlos Martins

Francisco Pinheiro, representando o governador Cid Gomes

Tereza e Jório da Escóssia

Como parte das comemorações de seus 20 anos, o Skal Club de Fortaleza realizou jantar festivo no Gran Marquise, homenageando o secretário Arialdo Pinho(Troféu Skal Ayard) e a empresária Graça da Escóssia(Comenda Skalega do Ano).

Skal em festa.

Tarcísio Ximenes, Austragésilo Rodrigues e homenageada Graça

Ivens Dias Branco

O secretário Arialdo Pinho, da Casa Civil, agradece a homenagem do Skal


persona

Este ano, o Theatro José de Alencar serviu de cenário para a tradicional cerimônia de entrega do Troféu Sereia de Ouro. Foram agraciados a escritora Ana Miranda, professor José Oswaldo Carioca e ministros José Pimentel e Ubiratan Aguiar.

Sereia de Ouro.

Luiz Carlos Martins

Beatriz Philomeno, Ivens e Consuelo Dias Branco

Agraciados Ana Miranda, José Oswaldo Carioca, José Pimentel, Ubiratan Aguiar e anfitriã, dona Yolanda Queiroz Renato Bonfim, Valmir Pontes e Paes de Andrade

Deusmar e Auricélia Queiroz e Eridan Mendonça

João Batista e Rejane Fujita Tin Gomes

Auto Filho e Rejane

Roberto e Tânia Macedo

Jório Jr. e Graça da Escóssia

Cristiane e Hélio Leitão

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Eunício Oliveira

Mauro e Regina Benevides www.revistafale.com.br

Célia e Roberto Smith

Fernanda Quinderé, Fernando Ximenes e Marfisa

João e Conceição Guimarães

Antônio Marques e Cristiane Cavalcante


persona Luiz Carlos Martins

Noite afetiva. O aniversário da colunista Regina Marshal foi comemorado com requintada e elegante noitada nos salões do Barbra’s Éden, ao lado de familiares e da lista afetiva.

Aniversariante ao lado de familiares

Vivian Albuquerque e Vitória Philomeno

Luiz Alberto e Lia Alcoforado

Apagando velinha

Byron e Rita Frota

Maria Vanda e Valdélio Leite

Marcondes Viana e Dedé Barros de Oliveira e Roberto Martins Rodrigues

Tânia Sancho e Guadalupe Pessoa

Ivânia Férrer, Nazaré Pires e Vera Costa

Renato Barroso e Maria Cesár com Lázaro Medeiros

Adrísio Câmara, Luiz e Lorena Frota e Neno Cavalcante www.revistafale.com.br

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ÚltimaPágina

Lula e o aborto Por Luís Eduardo Girão

N

este início de dezembro, o presidente Luiz hipócritas ao ponto de falarmos em avanços nos Inácio Lula da Silva esbravejou publicaDireitos Humanos e, ao mesmo tempo, defender mente na 11º Conferência Nacional de a legalização do aborto. Isso não é algo contradiDireitos Humanos que o “aborto é caso tório? de saúde pública, sim”. Ele proclamou A Constituição Federal é claríssima ao afirisso em meio a efusivos aplausos das mar em seu artigo 5 (claúsula pétrea) com todas representantes de entidades nacionais e interas letras que “o direito à vida é inviolável”. O nacionais que querem a todo custo que o Brasil Governo Federal aposta suas fichas agora no Sudeixe de ser “retrógrado” sobre este polêmico premo Tribunal Federal, que julgará a Arguição tema que não consegue dividir a sociedade brade Descumprimento de Princípio fundamental, sileira já que, segundo os principais institutos de ADPF 54, aquela mesma que liberará o aborto pesquisas do país, o brasileiro é majoritariamente em anencéfalos. Sim, liberará. Pelo menos foi contra a legalizaessa a “setença ção do aborto. antecipada” O presidente dada relator da ainda criticou matéria miduramente o nistro Marco tabu a hipocrisia Aurélio Mello e o puritanismo antes mesmo que rondam o de começar a assunto. “ouvir as duas Não quero partes” via aufazer conjecturas diência pública. sobre os reais O Ministro, interesses que além proferir movem as fundaseu voto, tamções americanas, bém atropelou como a Ford e e antecipou o Rockfeller, por voto dos coexemplo, a inlegas. Cartas vestirem altíssimarcadas? Não mas somas em sei, mas que é Família integrante do Movimento Brasil Sem Aborto participa de manifestação na ONGs abortistas Esplanda dos Ministérios, em Brasilia estranho é... E o brasileiras, mas pior: o próprio confesso que aos 36 anos fico me questionando Marco Aurélio ainda chegou a dizer o placar: profundamente se estou perdendo o meu bom ”uma vitória acachapante” de 11 X O. senso ou se os valores vigentes em nossa sociedaO Estado brsileiro, totalmente omisso em de têm me tornado um ser jurássico. políticas de educação e prevenção em relação à Inclusive, para investigar o comércio de substân- gravidez precoce e ou indesejada, quer soluções cias abortivas e a prática do aborto, é que o presipaliticas. Há claramente a vontade política do dente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia (PT-SP), governo de legalizar o aborto. criou no dia 8 de dezembro uma Comissão ParlaNão entende que o que falta é educação, por mentar de Inquérito - CPI do Aborto. Entretanto, que o Estado foi e é omisso na prevenção da grapara que uma CPI seja instalada, os partidos preci- videz indesejada. sam indicar os deputados. Mas agora o bastão da legalização do aborto Portanto, devemos insistir para que cada parparece que foi transferido deste governo para o lamentar assuma a responsabilidade sobre o que STF. Coincidência?n é considerado crime, o comércio abortista. Luís Eduardo Girão é integrante da Executiva Nacional do Movimento Não consigo entender como podemos ser Brasil Sem Aborto Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr

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