Revista Fale! Brasília. Edição 01

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Revista de informação ANO I — Nº 1 BSB EDITORA

www.revistafale.com.br/brasilia

POLÍTICA DEPUTADOS

FERNANDO FERRO E LUIZ COUTO NA MIRA DO CRIME ORGANIZADO ENTREVISTA PAULO OCTÁVIO QUER BRASÍLIA COMO DESTINO TURÍSTICO COMPETITIVO

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Brasília

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ABORTO Por que setores poderosos do Governo e da área privada querem legalizar a interrupção da vida. Os interesses silenciosos das áreas em jogo



NA PALMA DA SUA MÃO. Brasília merecia um guia como o nosso. 49 anos da cidade, e você ajuda a dar o presente.

Localizar-se. Sem perder os eixos, os trilhos, os planos, as administrações, as estrelas, o tempo. Saber qual ônibus pegar, qual parada descer, para qual destino seguir.

O GUIA

TRANSPORTE & TURISMO

Ter um mapa de apoio, conseguir carregar a informação com facilidade. Encontrar boas dicas e se encontrar. E dizer "Tô Aqui", com mais segurança. Essa é a proposta dos guias Tô Aqui. O primeiro volume do guia será lançado na capital dos brasileiros. Na cidade para onde o Brasil converge e se eleva de seu planalto central. Anunciar no Tô Aqui, é querer estar junto das pessoas, fazer com que elas lembrem-se de sua marca, seu produto, seu serviço, seu órgão, sua entidade. Você vai com elas por aí. Elas carregam seu nome, aumentando a exposição publicitária que você tanto procura. Serão 110 mil exemplares, divulgados em ações específicas, além de colocados em bancas, livrarias, lojas, conveniências, entre outras. Fale com um de nossos representantes. E quando entregar um exemplar a amigos e clientes, repita a frase que vai colar na cabeça e no dia-a-dia do Distrito Federal: Tô Aqui.

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NA PALMA DA SUA MÃO.

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Guia Tô Aqui, um guia realmente completo e em formato de bolso (10X17cm), terá periodicidade semestral, produzido em papel de qualidade, com todas as suas páginas coloridas. O lançamento desta primeira edição, com 10 mil exemplares para vendas ao consumidor final, se dará na ocasião do 49º Aniversário de Brasília, em 21 de abril de 2009. Em sua segunda edição, com tiragem de 100 mil exemplares, programada para 07 de setembro de 2009, será acompanhado das versões em inglês e espanhol, aumentando o número de pessoas atingidas pela publicação.

Os primeiros cem anunciantes terão direito a publicidade gratuita no site toaquibrasil.com.br

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diretor de redação

editor executivo

editor associado

Marcos Linhares

Luís-Sérgio Santos

Luís Eduardo Girão

Editores de Arte

Everton Sousa de Paula Pessoa e Jon Romano Remy Portilho

diretor comercial

Redação Gabriel Alves, Vitor Ferns Itallo Cardoso, Luís Sérgio Santos Jr serviços editoriais e Fotografia Agência Brasil, Agência Estado, Reuters, Omni Editora colaboradores Aline Almeida, Carlos Henrique Araújo, Adriana Almeida, Alexandre Feldman Revisão Priscila Peres apoio administrativo Sidney Girão Redação e publicidade BSB Editora Endereço SHIN CA 05 Bloco I Loja 112 Ed. Saint Regis — Lago Norte  CEP 71.503-505, Brasília, Distrito Federal FONE (61) 3363.7252  sucursal fortaleza Omni Editora — Rua Joaquim Sá, 746 fones (85) 3247.6101 e 3091.3966  CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará  e-mail: df@fortalnet. com.br  web-page www.revistafale.com.br/brasilia Arte

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BSB e d i t o r a

DIRETORES Luís Eduardo Girão Luís-Sérgio Santos Marcos Linhares

| Fale! Brasília | Abril de 2009

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ISSN 1519-9533 © 2009 BSB Editora

Abril de 2009  Ano I  No 1

CartadoEditor

P O LÍ T ICA

18Vidas sob ameaça

Os deputados Luiz Couto (PT-PB) e Fernando Ferro (PT-PE) são alvo de ameaças de morte pelo crime organizado. A Polícia Federal protege os dois.

24

A força do Entorno

O Entorno de Brasília atrai políticos e candidatos do Distrito Federal que investem em campanhas eleitorais para aumentar seu cacife político

CA PA

28Aborto sob pressão

Ministro do STF sob fogo cruzado, o governo dos Estados Unidos assumindo clara postura pró-aborto, parlamentares divididos e até médico defendendo o abortivo Citotec

Eco n o m i a & Neg ó c i os

40Juros, a saída

A queda de arrecadação pode ser compensada por corte de juros. A inflação não representa risco para o Brasil nem para nenhum outro país, avalia Ipea

S EÇÕ E S

08 Talking Heads 10 Arena Política 12 Brasília Off 14 Online 16 10 Perguntas

42 Moda 44 Perfil 46 Persona 48 Cultura 50 Artigo

C

Uma revista de informação

na hora, na melhor das idades, rumo aos 50 anos de nossa amada Brasília. Fale! Brasília é uma revista com pauta voltada em primeiro plano para o Distrito Federal. Pretendemos ser uma alternativa de informação séria e consistente, ouvindo fontes primárias, abrindo espaço ao contraditório, mas não apostando no quanto pior melhor. Ao contrário, estaremos mostrando casos e soluções — principalmente aqueles que envolvem o gestor público e suas comunidades. Sediada no centro do poder político, Fale!Brasília terá na cobertura política um dos seus temas privilegiados, trabalhando fatos, personagens e ideias. Nosso objetivo é abrir um canal direto com os decisores, formadores de opinião e com o povo que faz o cotidiano do DF, ancorado no plano piloto da genial obra de Niemeyer. Queremos traduzir esta tensão natural a um polo de poder, mas também refletir o que passa pela cabeça e o estilo de vida das pessoas anônimas que, afinal, movem a cidade e elegem e destronam os seus políticos. Economia, Saúde, Cidadania, Online, Perfil de personalidades, Meio Ambiente, Comportamento, Educação e Tecnologia são temas regulares da revista. Sempre que possível, traremos, como encarte, documentários, livros, CDs e DVDs. Fale!Brasília também apoiará organizações com propostas concretas de mehegamos! E bem

lhorias da cidade e eventos relevantes para o DF. Em 2009, lançaremos o guia turístico “O melhor de Brasília”, e teremos também um especial sobre Educação, além de programar um desfile com artistas anônimos da moda local, uma rodada de palestras seguidas de lançamentos de livros, um campeonato esportivo, uma gincana e apoio à Feira do Livro de Brasília e ao Encontro Nacional de Escritores. Nesse número de estreia em Brasília, depois do sucesso contínuo em Fortaleza — onde a revista Fale!, fundada pelo jornalista Luís-Sérgio Santos circula desde setembro de 2001 — falamos sobre as eleições no Entorno, sobre a Polícia do DF, sobre o risco de viver defendendo uma causa e sobre o polêmico tema do Aborto. Está aberto o canal direto com o leitor para que ele possa interferir na formulação das nossas pautas e dos nossos conteúdos, sugerindo, corrigindo, interferindo. Em nosso próximo número, teremos reportagens especiais sobre a cidade que chega aos 49 anos e abriremos um espaço especial para a cultura, o esporte, o judiciário e a imprensa local. Enfim, viemos para ficar. Com seu apoio, sugerindo boas pautas, faremos sempre uma revista melhor. E não esqueça: a redação é sua! n Marcos Linhares Diretor de redação

CAPA pintura de jenny saville

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Abril de 2009 | Fale! Brasília |




TalkingHeads

Ad commodum Ad commodum suum quisquis suum callidusquisquis est.

callidus est.

Não tem nada fora de prazo, não há nenhuma urgência.

senador (PMDB-RR), ignorando duas medidas provisórias, editadas pelo governo para combater a crise financeira internacional, que aguardam votação

Foto Geraldo Magela_Agência Senado

Romero Jucá,

Se houver céu, ele lá estará. Se não houver, estaremos lascados, Garibaldi. senador (PMDB-PI), em aparte ao também senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) sobre a morte do ex-senador piauiense Chagas Rodrigues. Mão Santa,

Vagas que forem abertas a partir da aposentadoria de trabalhadores serão congeladas. deputado distrital (DEM), presidente da Câmara Legislativa do DF Leonardo Prudente,

O L H A O J U D ICI Á R I O A I G E N T E ! ! !

A sociedade tolerou excessivamente esse tipo de ação... Dinheiro público para quem comete ilícito é também uma ilicitude.

presidente do Supremo Tribunal Federal – STF , critica invasões realizadas por movimentos sem-terra durante o carnaval Gilmar Mendes,

Nós estamos lutando pela dignidade humana, e o ministro não pode nos dar tratamento diferenciado ao que deu, por exemplo, a Daniel Dantas.

líder dissidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra – MST, rebatendo crítica de Gilmar Mendes José Rainha Júnior,

Vamos legalizar todos os condomínios de Brasília.

Nesses 25 anos de luta pela Reforma Agrária, o MST repudia a violência como solução para os conflitos no campo. Nós, como muitos outros movimentos sociais do país, fomos historicamente vítimas da violência da reação do latifúndio e do agronegócio. em nota oficial distribuída pelo Movimento dos Sem Terra a propósito da morte de 4 seguranças de uma fazenda em Pernambuco MST,

Não podemos permitir que invadam o direito dos outros. presidente do senado, apoiando Gilmar Mendes José Sarney,

Foto Marcello Casal Jr _ ABr

vice-governador e Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Distrito Federal, em palanque, na comemoração do dia do seu aniversário no Parque da Cidade Sarah Kubitschek. Paulo Octavio,

No DF, as estimativas apontam para um universo de quase 100 mil empreendimentos informais, o que envolve mais de 140 mil pessoas. senador (DEM-DF), falando sobre os possíveis beneficiados pelo Projeto do Microempresário Individual Adelmir Santana,

| Fale! Brasília | Abril de 2009

Alguns guardas nos tratavam melhor do que ela. sobre Ingrid Betancourt, no livro “Out of Captivity” (Fora do cativeiro). Stansell prestava serviço ao Exército dos EUA quando foi capturado pelos narcoterroristas. Keith Stansell,

Collor no programa 3 a 1, da Rede Brasil, quando falou sobre o bloqueio

Se tivesse outra chance, não teria bloqueado a poupança de pessoas físicas e jurídicas. Fernando Collor de Mello,

ex-presidente e atual senador pelo PTB-AL, admitindo que o bloqueio da poupança, medida adotada por ele em 1990 como choque contra a inflação, foi um equívoco

50% da população carcerária não são de condenados, mas de presos que estão com prisão provisória, temporária e, às vezes, preventiva, em que não são respeitados nenhum dos prazos. Gilson Dipp,

de Justiça

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Corregedor Nacional

Como revolucionários, temos a obrigação de buscar as vias menos dolorosas para o poder. Afffonso Cano,

comandante máximo das Farc



ArenaPolítica HILLARY E GORDON BROWN em Brasília

O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, estará

em Brasília, em março, para tratar de assuntos diversos envolvendo os dois países. Assim como ele, em abril, será a vez de Hillary Rodham Clinton aportar no Palácio do Planalto. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, também virá em abril à capital federal. Lugo vai tentar a todo custo conseguir um “extra” sobre o excedente de energia produzido em Itaipu e enviado ao Brasil. Há um belo impasse no ar: os paraguaios querem mais U$ 600 milhões e os brasileiros U$ 100 milhões. E nosso dinheiro nessa gangorra...

Desce e sobe de gastos do Planalto

A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton

De acordo com informações divulgadas pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, o Governo Federal economizou em 2008, comparando com 2007, 27% nos cartões corporativos — de

Parente em cargo político não é nepotismo Contratar parentes

para os cargos de secretário de prefeitura, secretário de estado ou ministro não pode ser considerado nepotismo, pois são vagas de natureza política. Isso foi o que entendeu o ministro do Supremo Tribunal Federal Menezes Direito, ao permitir, em caráter liminar, que a filha da prefeita da cidade de Assis Chateaubriand, no Paraná, reassuma a Secretaria de Saúde da cidade. De acordo com ele, entendimento semelhante já foi aplicado em duas decisões da Corte. A informação foi divulgada no site Consultor Jurídico.

Em 2008, o Supremo aprovou a Súmula Vinculante 13, que considera ilegal a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o terceiro grau em setores públicos nos âmbitos municipais, estaduais ou federais. Nesse caso concreto, a relação de parentesco é de primeiro grau na linha direta. Contudo, a prefeita Dalila José de Mello, da cidade de Assis Chateaubriand, argumenta que a filha Tatiane Weiko Watanabe não ocupa um cargo em comissão ou de confiança, nem função gratificada,

e sim um cargo de natureza política. Em primeira instância, foi aplicada a Súmula 13. Segundo Dalila, a aplicação foi feita de “forma absolutamente indistinta a todos os agentes estatais, não estabelecendo qualquer distinção quanto à natureza do cargo exercido, se de natureza política ou não”. O ministro permitiu que Tatiane assuma o cargo por ser de natureza política e não comissionada, anulando decisão de primeira instância, até o julgamento do mérito da Reclamação. Ela tem um salário de R$ 7.590,00.

Façam suas apostas

Rogério Abdala (Conab), Marco Antônio de Oliveira (Ministério das Comunicações) e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) são os três nomes, até agora, da disputa pela presidência da Infraero. Quem leva? 10 | Fale! Brasília | Abril de 2009

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R$ 76,3 milhões para R$ 55,3 milhões. Contudo, antes de comemorarmos, descobrimos que o Planalto gastou R$ 8 milhões já em janeiro de 2009, 27% a mais que janeiro do ano passado. É a gangorra...

Carnaval da arquitetura

Joãozinho Trinta e Oscar Niemeyer estão juntos na empreitada de levar o enredo sobre os 50 anos da inauguração de Brasília para desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio. Joãosinho já está visitando várias escolas, correndo atrás de patrocínios, que podem chegar a R$ 10 milhões, e todos dizem que está empolgadíssimo. A agremiação que abraçar a causa fechará um pacote: além do desfile, deverá participar também do reveillon 2009/2010 e do dia do aniversário da cidade (21 de abril). Para quem não sabe, Niemeyer desenhou tanto Brasília como o Sambódromo do Rio, que fará aniversário de 25 anos em 2009.

Correio brasileiro dá exemplo Enquanto na Alemanha o ex-presidente da empresa de correios alemães Deutsche Post, Klaus Zumwinkel, foi condenado à prisão e multa de cerca de 1 milhão de euros por fraude fiscal, nossa Empresa de Correios e Telégrafos teve faturamento recorde de R$ 11 bilhões e lucro líquido de R$ 800 milhões. Não é a toa que o presidente da ECT, Carlos Henrique Custódio, mantém um sorriso de satisfação permanente.


Notícias. Internet passa

jornais [e vai passar TV] O gráfico abaixo dá uma ideia

xenofobia cresce no mercado americano Do Congresso aos movimentos populares, ativistas anti-imigração encontram na recessão dos Estados Unidos um prato cada vez mais cheio para aumentar seus protestos. E, embora os slogans não sejam inéditos, o novo contexto econômico oferece a cultura ideal para a proliferação de ecos perigosos, dizem analistas. Veio do Congresso o exemplo mais recente da pressão. Quando a Microsoft anunciou no último dia 22 de janeiro que demitiria mais de 5.000 devido à crise, o senador republicano Chuck Grassley, de Iowa, escreveu uma carta à empresa pedindo que seu executivochefe dispensasse primeiro trabalhadores estrangeiros com visto H-1B — de trabalho qualificado temporário.

“A Microsoft tem uma obrigação moral de proteger os trabalhadores americanos ao priorizar seus empregos durante esses tempos difíceis”, argumentou o senador. Organizações civis seguem na mesma linha. A Coalizão para o Futuro do Trabalhador Americano (CFAW), que reúne grupos antiimigração, iniciou em 2009 uma campanha de TV associando o desemprego aos trabalhadores estrangeiros, como os com o visto H-1B. “No ano passado, 2,5 milhões de americanos perderam seus empregos”, diz o comercial. “Ainda assim, o governo continua a trazer para os EUA 1,5 milhão de estrangeiros por ano para pegar os postos de trabalho americanos. Será o seu emprego o próximo?”

da transformação que a indústria de notícias já enfrenta hoje. Ele mostra que os jornais foram superados pela internet como fonte de informação nos EUA. Os totais de audiência, somados, passam de 100% porque a resposta é de escolhas múltiplas. O resultado da pesquisa pode ser resultante da campanha eleitoral americana, já que Barack Obama usou fortemente a rede em sua propaganda, podendo ter aumentado as busca por mais notícias.

audiência das notícias 82

80

74

45

74 50 42

20 13

73

74

36

37

20

21

74

70 televisão

34

40 internet 35 jornais

46

24

24

14

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: The pew research center for people and the press

Foto Rossana Lana _ PT

Frente pente fino

O

ministro Ubiratan Aguiar, presidente do Tribunal de Contas da União, firma com a Polícia Federal, a Controladora Geral da União, o Ministério da Fazenda e outros órgãos que atuam na fiscalização do uso de recursos públicos um protocolo de apoio à ações de fiscalização e formação de rede de controle da gestão pública. Ubiratan Aguiar diz que a rede fará com que um mal gestor possa ser flagrado a tempo de evitar que ele cause mais prejuízos ou engane o eleitorado num próximo pleito.

Empate técnico

O

governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), e seu antecessor, Joaquim Roriz (PMDB), lideram na pesquisa de intenção de voto do Datafolha para as eleições de 2010. Arruda obtém 40% e 41% nos dois cenários em que aparece como candidato, Roriz conquista 35% e 36%. A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. Empate técnico.

A S F R A S E S

[Não achamos problemático ou nos preocupamos mais do que devemos com isso. Até porque, sem sombra de dúvida, há uma avaliação bastante positiva do governo.]

dilma rousseff, sobre a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 20 de março

[Vimos o resultado [das pesquisas] com muita naturalidade. Acho que as pesquisas sempre refletem estas variações. Não estamos preocupados com esta questão. A preocupação hoje do governo é enfrentar a crise.] Idem

[Nossa principal meta é garantir o emprego.]

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,

presidente da Força Sindical www.revistafale.com.br

A POPULARIDADE DE LULA

O Instituto Datafolha divulgou em 20 de março nova pesquisa sobre a aprovação do governo Lula . Os dados mostram que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu em relação à última pesquisa, realizada em novembro: era de 70% e agora é 65%. A ministra Dilma Rousseff vê a avaliação com fato natural, considerando a conjuntura de crise. Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu comentou: “A sociedade não vai mudar de rumo [por conta da crise]. Ela não vai eleger ninguém do PSDB e muito menos paulista.’’ Abril de 2009 | Fale! Brasília | 11


BrasíliaOff Azul a caminho da capital

O dono da empresa de aviação Azul Linhas Aéreas, David Neeleman, foi recebido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no fim de fevereiro em Brasília. O assunto foi o mercado de aviação no Brasil e a crise crise financeira internacional. Neeleman espera poder atender, ainda no primeiro semestre de 2009, os aeroportos de Brasília, Goiânia, Uberlândia, Florianópolis, do Rio de Janeiro, João Pessoa e de Belo Horizonte.

Escola pública e qualidade

O Centro de Ensino Médio 1 do Gama (CG) teve 17 alunos da escola aprovados no super concorrido Programa de Avaliação Seriada (PAS), da Universidade de Brasília. A escola possui rádio interna, uma boa sala de informática e aposta frequente na auto estima dos alunos. Exemplo, a ser seguido.

Nova Feira do Cruzeiro

Fundada no inicio da década de 70, a Feira Permanente do Cruzeiro está sendo reformada. Com um total de 90 bancas, recebe cerca de 1.500 pessoas nos dias de maior movimento. O governador Arruda já assinou a liberação da obra que vai custar R$ 2,3 milhões e deve ficar pronta em oito meses.

Malhação federal

Cerca de 4% dos brasilienses frequentam academias de ginástica. Média pequena em relação aos americanos, que chegam aos 12%. Contudo, como no Brasil a média é de apenas 2% da população, segundo pesquisas recentes, a capital federal dá um bom exemplo. 12 | Fale! Brasília | Abril de 2009

Setor gráfico crescerá em 2009 e comemorará os 200 anos em Brasília O setor gráfico do Brasil

acredita em crescimento similar ao do PIB em 2009. O setor congrega cerca de 19 mil empresas e possui um total de 209 mil funcionários. De acordo com dados divulgados pelo presidente nacional da Abigraf, Alfried Karl Plöger, o faturamento previsto para este ano é de R$ 24,2 bilhões, superior em 2,1% ao registrado em 2007, de R$ 23,7 bilhões. Em 2009, a Indústria Gráfica Brasileira comemorará 200

anos de atividade, nos dias 4 e 25 de junho, no auditório do Sindigraf-DF, no Setor de Indústrias Gráficas, em Brasília. A Indústria Gráfica do DF conta com cerca de 500 empresas, que geram quase sete mil empregos e movimentam mais de R$ 300 milhões por ano. O segmento editorial e gráfico corresponde a quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação, cerca de 2,5% de todo o PIB do DF.

Sem diplomacia, os campeões de multa Os carros de diplomatas são campeões de multas por excesso de velocidade em Brasília, segundo dados do Detran. Chegam a ser quase duas mil multas por mês. Um dos motivos para isso é que até 2008 esses veículos não podiam ser multados, mas agora o privilégio acabou. Carros usados por diplomatas e por organizações estrangeiras,

obrigatoriamente, têm de se cadastrar no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). São 1600 carros a serviço de diplomatas em Brasília. A mudança das regras enquandrando a diplomacia ao mundo dos mortais comuns é apenas uma reciprocidade. Afinal, no mundo civilizado, as regras de trânsito valem para todos.

Ricardo Izecson dos Santos Leite quer comprar time de Brasília

entregues pelos agentes da ABIN para comprovar gastos no Pan do Rio foram reprovadas pelo Tribunal de Contas da União. Dessa vez, o trabalho será o de mostrar e não de esconder...

O belo nome acima é o do jogador da seleção brasileira de futebol, nascido em Brasília, Kaká. Ligado as suas raízes, o artilheiro do Milan pretende comprar o time de futebol chamado Legião, em homenagem à banda da trupe do saudoso brasiliense Renato Russo.

Saber esconder os números olímpicos

Quase 25% das notas fiscais www.revistafale.com.br

Requião investe em escritório no Planalto

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), melhorou a estrutura de recursos humanos da representação do Estado em Brasília. Os sete novos contratados deverão dar sangue novo nos trabalhos daquele escritório.


2009 é o Ano Santoro

Em 2009, o saudoso maestro Claudio Santoro completaria 90 anos, no dia 23 de novembro. Há 20 anos, ele faleceu (dia 27 de março de 1989), há 30 anos inaugurou o principal teatro de Brasília, o Teatro Nacional Claudio Santoro (dia 6 de março de 1979). Por tudo isso, 2009 foi denominado de Ano Santoro. Celebrando essas datas, o XIX Seminário Internacional de Dança de Brasília, Dance Brasil 2009, será dedicado a Claudio Santoro, como parte da programação oficial das comemorações. Foi assim programado para sua Gala de Abertura o bailado “Romeu e Julieta no Cerrado”, com música de Cláudio e Raffaello Santoro, coreografia de Gisèle Santoro e cenários de grafiteiros do Distrito Federal.

Legislação em dia para a Copa de 2014 O ministro do Esporte, Orlando

Silva Jr., dentro dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, empossou os 14 membros da Comissão de Estudos Jurídicos Desportivos, do Conselho Nacional do Esporte — CNE. A comissão vai discutir reformas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD, para que a legislação de nosso país não se choque com os códigos internacionais da Federação Internacional de Futebol – Fifa e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura — Unesco. Doping e penalidades também serão analisados pela Comissão. Se continuarmos nesse embalo, a próxima Copa também poderá ter jogos realizados em Brasília. Foto Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr

Patife na capital

Um dos mais novos moradores de Brasília, mais precisamente do Lago Norte, é Wagner Ribeiro de Sousa, o Dj Patife, Paulistano da Vila Mariana. Patife escolheu Brasília por causa da tranquilidade da cidade.

Encontro do Judiciário

Em 2010, Brasília vai sediar o 23º Congresso Nacional dos Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude. São esperados cerca de quatro mil participantes. Agora estamos atraindo o turismo judiciário.

Artesãos de Brasília no Top 100

Foram 1.025 inscrições de 24 estados além do DF, mas, na lista da segunda edição do prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, constam cinco unidades produtivas do artesanato do DF: Associação de Bordadeiras de Taguatinga, Associação Brincando com Linhas, Flor do Cerrado, Agave Papéis Artesanais e a artesã Thelma Regina. Bordados, flores do Cerrado, papéis artesanais, histórias do folclore brasileiro e objetos de decoração chamaram a atenção dos jurados e receberão em maio o prêmio de reconhecimento nacional.

Nova frente parlamentar

O deputado federal Sebastião Rocha (PDT), conhecido como “Bala”, está atrás de assinaturas dos colegas parlamentares para a criação da Frente Parlamentar pelo Orçamento Impositivo. O deputado defende que as emendas parlamentares ao Orçamento Federal sejam realmente executadas, isto é, sem a influência do estado de espírito do momento político em que estiver o parlamentar.

Primeira fábrica de insulinaanunciou do paísque o Distrito O governador José Roberto Arruda (DEM)

Federal vai ter, em seu parque industrial, uma fábrica de insulina. Com isso, o DF será a primeira unidade da federação a produzir a substância, graças a uma parceria firmada entre as empresas União Química e a Bion Consultoria Biológica. Serão investidos R$ 200 milhões, e espera-se produzir anualmente 800 quilos de insulina. O anúncio foi feito ao lado do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Brasileiro faz doação milionária aos EUA

Um dos proprietários do grupo InBev, o bilionário Jorge Paulo Lemann, fez a doação de US$ 14 milhões à universidade americana de Illinois, visando criar o Lemann Institute, de estudos brasileiros. Alguém bem que poderia criar um instituto desses na capital dos brasileiros. www.revistafale.com.br

Obesidade e hipertensão nas indústrias do DF De acordo com o estudo Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida, realizado pelo Serviço Social da Indústria — SESI-DF, feito com 10.221 industriários, 12% dos operários têm problemas de obesidade e 36,9% sofrem de depressão. Números para fazer pensar.

A boa herança do Pan Rio 2007

O Centro de Atendimento Juvenil Especializado – CAJE e o Centro de Integração de Adolescentes de Planaltina – CIAP receberam 400 colchões dos alojamentos dos Jogos Pan-Americanos do Rio 2007. A doação foi obra do Ministério da Justiça. Bela ação. Abril de 2009 | Fale! Brasília | 13


OnLine Diga não ao Spam

Muito spam na sua caixa de email? Também pudera, o volume de lixo eletrônico no Brasil tem crescido a uma velocidade que já nos coloca em segundo lugar no ranking mundial. Segundo dados da Symantec, 10% de todos os e-mails indesejados registrados em janeiro em todo o mundo foram provenientes de computadores brasileiros. No primeiro posto, estão os Estados Unidos, 23%. O terceiro lugar é da China, 7%, seguida pela Índia, 4% e Coreia do Sul, 3%.

Wikipedia impresso

U

m aplicativo recém-lançado pela Wikimedia Foundation permite que os fãs da Wikipedia imprimam suas páginas com os verbetes preferidos em formato de livro. O recurso, chamado Wiki-toprint, foi feito em parceria com a startup alemã PediaPress e já recebeu sua versão em português. O livro personalizado pode ser criado a partir de uma lista de conteúdos e categorias e, então, ser baixado como arquivos gratuitos em PDF. Também há a opção de encomendar um livro impresso. Os livros da companhia medem 13 por 20 centímetros, com interior em preto e branco. O valor depende do número de páginas – a partir de 8,90 dólares por 100 páginas.

[

A segunda maior quota de mercado no mundo é do Windows pirata ou sem licença. Este é um concorrente difícil de vencer: ele tem um bom preço e é um produto indiscutivelmente muito bom, mas nós estamos trabalhando nisso.] Steve Ballm e r , CEO d a Mic ros o f t

A saga do Blu-ray

U

m ano após a Toshiba agitar a bandeira branca e abandonar o mercado de alta definição com seu HD DVD, o padrão Blu-ray enfrenta o estranho processo de ser o vencedor da batalha, mas ainda não colher os louros da vitória. O formato de alta definição liderado pela Sony enfrenta agora outros rivais, mais cruéis, no Brasil: preços altos tanto do players como da mídia. O “ultrapassado” DVD player pode ser levado para casa por menos de 100 reais. Entre os discos, um lançamento de Blu-ray sai por até 90 reais, quase o dobro da média de 50 reais pedida por novidades em DVD. Ao que parece, nenhum setor da cadeia, seja fabricante ou consumidor, dá o primeiro passo para justificar uma penetração em massa do laser azul.

A revolução dos netbooks

Tudo começou quando a Asus lançou em 2007 seu mininotebook de baixo custo, o EeePC. O computador, do tamanho de um pequeno caderno, com tela e teclado apertados e pouca capacidade de memória, foi considerado um sucesso e todos os outros fabricantes de PCs entraram nessa. O nome netbooks é um corruptela de “notebook”, que ao mesmo tempo indica um dos grandes trunfos desses aparelhos: conexão com a internet. Em 2008, foram vendidos mais de 5 milhões de unidades no mundo.

Google e a invasão de privacidade

Uma juíza federal dos Estados Unidos rejeitou uma ação movida por um casal de Pittsburgh que alegava que a ferramenta Street View, do Google Maps, violava a privacidade. A Street View mostra fotos em 360 graus, no nível da rua, tiradas por veículos do Google especialmente equipados para fazer essas imagens. O Google, por sua vez, afirma que a companhia respeita a privacidade individual e disponibiliza ferramentas para manter esta privacidade. “É lamentável que os envolvidos decidam entrar com uma ação ao invés de usar estas ferramentas”, acrescentou o Google em seu comunicado.

McDonald’s ganha clientes com Wi-Fi gratuito Cafés da manhã com BigMac estão ficando mais comuns no Reino Unido, mas o que atrai os consumidores aos restaurantes do McDonald’s não são necessariamente os sanduíches. Um artigo publicado no jornal britânico The Guardian observa que a rede de fast-food tem atraído um grande número de novos clientes devido o acesso sem fio e gratuito à internet que os restaurantes oferecem.

Toca baixo

Projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados quer proibir a venda de aparelhos de MP3 que toquem acima de 90 decibéis. O projeto, de autoria do deputado Jefferson Campos (PTB-SP), inclui ainda aparelhos “de múltiplas funções capazes de reproduzir música em formato digital”, como celulares por exemplo. Segundo o deputado, o objetivo é evitar a perda de audição, o problema “já é frequente entre os jovens”.

O fim do Internet Explorer

A Microsoft já trabalha para aposentar e substituir o Internet Explorer, o nome do novo projeto é Gazelle (Gazela). A intensão da empresa é estancar as perdas provocadas pelos concorrentes Firefox, Opera, Safari e Chrome.Não foi divulgado quando o Gazelle estará disponível aos internautas.

O Q UE É NOVO O Google Earth 5 cai na rede cheio de novidade, entre elas o “Ocean”, agora é possível também explorar o fundo do mar. Posteriormente, informa o Google, rios e lagos serão acrescentados nas próximas versões. O Google informa ainda que será possível navegar

 Geografia virtual

14 | Fale! Brasília | Abril de 2009

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em torno de vulcões submarinos representados em três dimensões, acompanhar a viagem de uma baleia ou visitar a Grande Barreira de Corais na Austrália. O “Ocean” se dirige tanto à comunidade científica quanto ao grande público, que poderá partilhar suas experiências on-line, como por exemplo os melhores locais para surfar.



Entrevista

10 PERGUNTAS PARA

E

Paulo Octávio

O político e empresário mineiro radicado em Brasília fala sobre o turismo na cidade que escolheu para viver e criar seus quatro filhos e comenta os planos para o aniversário de 50 anos de Brasília e sobre a chegada de seu mais novo empreendimento, o shopping Iguatemi.

mpreendedor. Essa seria uma boa forma de definir o atual vice-

foto Gerdan Wesley _ divulgação

governador e secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Paulo Octávio, dono de um império econômico que se espalha pelo Distrito Federal, entre prédios, três shopping centers, edifícios comerciais e prédios de apartamentos, além de concessionárias de automóveis, veículos de comunicação — onde se incluem quatro rádios, JK FM, MIX FM, Globo AM Brasília e Band AM, e um canal de televisão, a TV Brasília. Mas, desde algum tempo, o empresário P.O. pegou gosto mesmo pelo setor do turismo. O Grupo Paulo Octávio incorpora uma rede hoteleira com seis hotéis de conceitos diferentes com uma capacidade instalada de 13% dos apartamentos disponíveis no Distrito Federal. Como parlamentar, na Câmara dos Deputados participou da criação da Comissão Permanente de Turismo, quando assumiu sua vice-presidência. Organizou o CBratur — o maior evento do Congresso Nacional, anual, para discutir políticas públicas para o turismo —, quando convidou todos os presidenciáveis de 2002 para apresentarem as propostas para o setor. No Senado, dedicou-se à criação da Comissão de Turismo. Fale! Brasília. Como o Sr. avalia o turismo em Brasília? Paulo Octávio. A cidade, que vai

completar 49 anos em abril, começa a despertar o interesse nacional. Desde que assumimos,

em 2007, realizamos duas grandes festas para comemorar o aniversário da cidade. Na primeira, reunimos 600 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Na última, 1,2 milhão. Esses números mostram que Brasília tem grande potencial. Mas não queremos limitar o turismo na cidade apenas ao seu aniversário. Por isso, estamos trabalhando para despertar no brasileiro o desejo de conhecer sua capital. Escolas do Rio de Janeiro foram pioneiras em um projeto de turismo cívico. Assim como os franceses se orgulham de Paris e os americanos de Washington DC, queremos que o brasileiro se orgulhe de Brasília. Todo o trabalho está direcionado a isso. Anualmente, recebemos cerca de um milhão de turistas. Desses, segundo pesquisas, 80% recomendam a cidade a outras pessoas ou pretendem retornar. Isso nos dá uma ideia do que podemos fazer pela nossa capital. Fale! Brasília. Como Brasília está se preparando para receber o turista? PO. Falar em turismo receptivo impli-

ca em muitas coisas. Primeiro, precisamos oferecer uma rede hoteleira gabaritada e infraestrutura de qualidade na cidade. Todas as ações do Governo convergem para esse fim. Lançamos o Projeto Orla no fim de janeiro e até dezembro vamos reinaugurar a Con-

Assim como os franceses se orgulham de Paris e os americanos de Washington, queremos que o brasileiro se orgulhe de Brasília. www.revistafale.com.br


cha Acústica. Além disso, em março, o Ônibus do Turista começará a operar, oferecendo um serviço de qualidade e mais facilidade na locomoção do turista de um ponto turístico para outro. Na parte de infraestrutura, estamos melhorando as vias do Plano Piloto e a cada dia oferecendo melhor qualidade nas cidades vizinhas. Não podemos falar em turismo apenas no Plano Piloto, temos outras cidades boas de se conhecer. Um exemplo é Planaltina (DF), que tem um centro histórico interessante e comporta o marco fundamental do Distrito Federal.

pram a cota de 10% de suas frotas com veículos adaptados para receber cadeirantes. Brasília precisa ser exemplo para o Brasil. Assim como a faixa de pedestre se tornou um marco para a cidade, queremos que o transporte público sirva de exemplo daqui a alguns anos. O trabalho é difícil, mas precisa ser feito. Brasília é uma cidade que será tida como a cidade que respeita as diferenças e limitações de cada ser humano.

cisa se orgulhar de sua capital, e o 7 de Setembro é uma excelente data para despertar no cidadão seu espírito patriota. O reveillon da cidade também começou a ganhar musculatura. Vamos intensificar os eventos e mostrar que Brasília é muito mais que os desmandos políticos. Essa imagem precisa ser modificada.

Fale! Brasília. Como o turista que chega hoje em Brasília tem acesso aos roteiros turísticos da cidade? Quem procurar? Onde? PO. Por alguns anos, a cidade ficou

Fale! Brasília. Quais as três ações mais concretas para melhora do turismo do DF? PO. Bem, nada muda da noite para o

dia. Mas os três exemplos mais impactantes que mostram como o governo considera o setor de turismo importante são: o CAT, o ônibus turístico e o Projeto Orla.

rece 32 mil leitos. Novos hotéis estão sendo construídos. É claro que a rede precisa crescer, pois Brasília vai sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. Mas hoje, os hotéis comportam bem o turista que procurar conhecer sua capital.

sem apoio ao turista. Também em janeiro, lançamos a Central de Atendimento ao Turista (CAT), que fica ao lado do Museu Nacional. Nela, o turista encontra informações objetivas sobre a cidade e material sobre os monumentos da capital. Além disso, ele pode procurar a Brasiliatur, no Centro de Convenções. Hoje o turista tem onde se informar. E isso vai melhorar, pois vamos inaugurar outros CATs até o fim do ano. Brasília vai se tornar uma cidade importante no roteiro turístico internacional. Não tenho dúvida disso. Fale! Brasília. Como a cidade está se preparando para ser amigável e receptiva para os portadores de necessidades especiais? PO. Hoje, todo o projeto do DF con-

templa pessoas com necessidades especiais. Um exemplo são as Vilas Olímpicas, que começam a ser inauguradas ainda este ano. Temos exigido das empresas de ônibus que cum-

Fale! Brasília. Como estão as parcerias para o aniversário da cidade? PO. Estão boas. A programação está

quase toda fechada. Teremos grandes atrações como, por exemplo, a etapa de abertura do Circuito Mundial de Vôlei de Praia. E vamos repetir shows de artistas renomados, além de atrações durante todo o dia e parte da noite. Queremos que o sucesso dos anos anteriores se repita. Fale! Brasília. Além do aniversário, quais atividades em outras datas, como o 7 de Setembro, estão sendo pensadas para 2009 e 2010? PO. Neste ano, o 7 de Setembro será

diferente. É o ano da França no Brasil e Brasília receberá atrações francesas para comemorar o evento. No Dia da Independência, já está confirmada a presença do presidente da França, Nicolas Sarkozy. Vamos oferecer uma festa grande, como oferecemos todos os anos. Como disse, o brasileiro pre-

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Fale! Brasília. Por que ainda faltam vagas nos hotéis de Brasília? PO. A rede hoteleira de Brasília ofe-

Fale! Brasília. O Sr. pretende fazer parceria com a Secretaria de Cultura e revitalizar o Teatro Nacional Claudio Santoro? PO. O Teatro Nacional está a cargo

da Secretaria de Cultura. Nós, como Secretaria de Turismo, podemos buscar parcerias para melhorar os monumentos da cidade. E é isso que estamos fazendo nos últimos anos. Conseguimos verbas para reformar a Catedral e parte da Torre de TV. São sempre viáveis parcerias que melhorem a cidade. Sempre que uma iniciativa privada se interessar em ajudar, o governo agradece. Fale! Brasília. Como estão as expectativas com a chegada do shopping Iguatemi, do qual o Sr. é investidor? PO. O Iguatemi é uma obra privada

que vai beneficiar moradores da região e de todo o DF. Esperamos que o empreendimento possa trazer para a cidade lojas de renome nacional. Brasília merece tudo o que de melhor há no Brasil. n

Abril de 2009 | Fale! Brasília | 17


Política

Na ra i m Os deputados Luiz Couto (PT-PB) e Fernando Ferro (PT-PE) são alvo de ameaças de morte pelo crime organizado. Seus crimes: defesa dos direitos humanos e participação na CPI dos grupos de extermínios. A Polícia Federal protege os dois.

J

Por Marcos Linhares, de Brasília

urados de morte. Essa é a triste realidade dos

deputados federais petistas e nordestinos Luiz Couto (PB) e Fernando Ferro (PE), assim como mais recentemente a da delegada da polícia civil de Brasília, Nélia Vieira. Os três, apesar de todas as ameaças, continuaram com o trabalho de denunciar e tentar encontrar punição para toda sorte de arbitrariedades cometidas por agentes públicos dos mais variados matizes: de juízes e políticos a agentes da polícia civil e hierarquias variadas da polícia militar. O caso da delegada é mais recente, e ela viu-se obrigada a entregar o cargo de Corregedora-Geral da Polícia Civil, logo na primeira semana de março, após conviver com quase um ano de toda sorte de tentativas de intimidação. A gota d´água foi a atitude de um dos denunciados pela 18 | Fale! Brasília | Abril de 2009

ex-Corregedora, o delegado João Kleiber Esper, que entrou na sala da Direção-Geral da PCDF e ameaçou Nélia Vieira na frente dos colegas, incluindo aí a cúpula da instituição. Considerada uma profissional séria e dedicada, com mais de 20 anos na instituição, no ofício em que pede a www.revistafale.com.br

saída do cargo, Nélia explica estar com estresse e precisar cuidar da família. De acordo com uma fonte da Polícia Civil, que não quer ser identificada, as ameaças já tinham chegado à filha da ex-Corregedora que chegou a ouvir que tanto a mãe como ela seriam mortas. Essa mesma fonte confirma que a delegada afirmava não ter medo de morrer por executar seu trabalho, mas tudo indica que a situação ficou insustentável. Tentamos falar com Nélia Vieira, mas não conseguimos. Ela entrou de férias e prefere não falar sobre o assunto. Tanto ela como o marido e a filha viviam sob proteção permanente de policiais da Corregedoria. A delegada denunciou delegados e agentes corruptos e pediu ao alto escalão da Polícia Civil


os grupos de extermínio e narcotráfico do Nordeste, a situação é ainda mais preocupante. Com a morte de FotoS Diógenis Santos E J. BATISTA_agÊNCIA camara uma das testemunhas, o vice-presidente do PT de Pernambuco, Manoel Bezerra Neto, que depôs na CPI–Extermínio no Nordeste, que foi conduzida de 2003 a 2005, o clima de tensão aumentou. Neto era o assessor jurídico de Fernando Ferro e foi peça fundamental do relatório dessa CPI, escrito por Luis Couto. Como Neto é a terceira das testemunhas que depuseram na CPI a ser assinado, a liderança do PT acendeu a luz amarela e solicitou ao presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), que pedisse proteção da Polícia Federal (PF) a Ferro e Couto. A assessoria de imprensa de Temer afirmou que ele atendeu ao pedido do PT e que ficou preocupado com a integridade física do parlamentar paraibano. Temer encaminhou a solicitação ao ministro da Justiça, Tarso Genro. Ainda de acordo com a assessoria, ta pessoa a informação que o presidente da justifica a Câmara recebeu é de que todas as necessidade de medidas serão tomadas para protese manter a constri- ger o parlamentar. A PF já iniciou a ção cautelar, tendo como vigilância, contudo fica no ar a vefundamento a garantia da ordem lha sensação de impunidade: quem pública, que, efetivamente, não pode denuncia é quem paga o preço e os consentir com a hipótese de que uma denunciados parecem não sentir na autoridade policial, no cumprimen- mesma proporção. Fale! Brasília conversou com to de suas funções, possa vir a sofrer, em razão disso, mal grave e irrever- os deputados federais Luis Couto e Fernando Ferro e ouviu sobre a amsível como a morte”. pliação da atuação do crime organizado no Brasil e, em especial, nas No caso dos deputados federais divisas dos estados de Pernambuco Luis Couto e Fernando Ferro, que e Paraíba. Eles falam da extrema participaram ativamente das in- dificuldade de se combater a impuvestigações parlamentares sobre nidade que oprime e desanima. n sob proteção da pf. Na página oposta, Fernando Ferro (PT-PE). Ao lado, Luiz Couto (PB), ambos ameaçados de morte.

do DF a exclusão deles dos quadros do órgão. Alguns dos denunciados, como Esper, a ex-Corregedora ainda conseguiu que fossem presos. Reproduzimos um trecho da decisão do desembargador da 2ª Turma Criminal do TJDFT que negou o pedido liminar de habeas corpus do delegado que a ameaçou de morte: “Os fatos imputados ao paciente são efetivamente capazes de incutir justo temor em relação à delegada Nélia. A afirmação do paciente de que estaria disposto a matar a corregedora por seu próprio punho ou por interpos-

Nordeste que mata

ENTREVISTA DEPUTADO LUIZ COUTO

Com fé em Deus e descrença nos homens

M

al o ano começou e quase

tudo tem acontecido com o padre e deputado federal Luiz Couto (PT-PB), que acaba de ser eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). Em pleno Carnaval, ele deu declarações a um site defendendo o celibato, os ho-

mossexuais e o uso de preservativos. Foi punido, e não pode mais celebrar missas e agora está novamente sob proteção da PF. O parlamentar paraibano é filho de pais ligados ao Movimento dos Sem Terra (MST) e conheceu de perto os desmandos e impunidades na luta pela terra. Couto é um lutawww.revistafale.com.br

dor incansável contra a violência e os grupos de extermínio. Tanto que teve a coragem de denunciar 320 pessoas envolvidas com tal prática, quando foi relator da CPI–Extermínio no Nordeste, que, entre 2003 e 2005, investigou “a ação criminosa das milícias privadas e dos grupos de extermínio em toda a região Abril de 2009 | Fale! Brasília | 19


P O LÍ T ICA

Nordeste”. No relatório, não poupou ninguém, pedindo o indiciamento de políticos, promotores, juízes, delegados, policiais civis e militares de todos os estados do Nordeste. Todos os nomes foram devidamente escritos e entregues à justiça. Couto fez de tudo para que o texto final fosse aprovado e que depois disso pudesse influenciar as políticas publicas contra o crime. Angustiado, reclama por não ver resultados e ações concretas em relação a CPI. Ao invés disso, com a recente morte do vice-presidente do PT em Pernambuco, Manoel Bezerra Mattos Neto, na cidade de Pitimbu, no litoral da Paraíba, as coisas pioraram ainda mais. O parlamentar teria conversado com a mãe do falecido, que lhe revelara que o filho dizia estar o deputado “jurado” de morte. Couto não se conteve e, apesar dos riscos, foi à tribuna da Câmara e deu o nome de um policial civil e, dias depois, de um sargento da PM, que supostamente teriam assassinado Manoel Bezerra. Ainda da tribuna, o deputado afirmou que não é a primeira vez que os policiais envolvem-se em crimes são protegidos pelas autoridades. Os supostos autores foram presos, e o deputado continua perguntando sobre os mandantes. Luis Couto nos explica o projeto de lei que apresentou (PLD no. 370/2007), que tipifica o crime de extermínio e propõe a federalização de todos os crimes que envolvam grupos de extermínio e pistolagem. Couto disse à Fale!Brasília como lida, como cristão, com uma vida sob constante ameaça. Como lidar com grupos que, ao invés de proteger o cidadão, vão para o lado da criminalidade, do extermínio? Luiz Couto. A própria ONU e o rela-

tório de estudos apresentados colocam sempre essa questão. Deve-se enfrentar os grupos de extermínio, as milícias armadas, privadas, que estão a serviço do crime organizado. Existem os pistoleiros, matadores de aluguel, os justiceiros. Hoje existem organizações criminosas, que são braços armados do crime organizado. Existe a máfia do combustível, do roubo de cargas, do roubo de carros, do tráfico de armas e munições, do narcotráfico. Eles têm organizações que trabalham, ou para matar 20 | Fale! Brasília | Abril de 2009

concorrentes, ou para matar também pessoas que começam a denunciar e as que se insurgem contra essa ação criminosa. O grande problema é que há uma rede de proteção muito grande, constituída de políticos, delegados, enfim, de policiais, de empresários. Há também a rede de mandantes, de financiadores, então, ou se faz um trabalho de inteligência com policiais, ou nós vamos a cada momento punir alguém ou outro que for identificado, mas que depois retorna. Por exemplo, agora tem em São Paulo um tenente que foi acusado de matar um rapaz, decapitado e enterrado como indigente. A família buscou o laudo da exumação e, feito

Se fosse para ter prisão domiciliar [sobre restrições da proteção da Polícia Federal] eu ia para um convento e ficava lá rezando e lendo a palavra de Deus.” o DNA, descobriu que o rapaz que estava lá como indigente era o filho executado por esse tenente. Hoje, ele foi punido por essa razão, mas está solto, e com certeza continua cometendo os mesmos crimes. Então, essa é a questão, ou seja, a facilidade que essas pessoas têm de poder continuar, por terem uma proteção muito grande. E a proteção dá força para eles continuarem na impunidade. Eles pensam “Vamos fazer isso aqui porque ninguém vai...”. O fato é que, nessas organizações policiais civis e militares, temos agentes penitenciários, temos informantes, temos agentes de polícia, temos servidores públicos também, pessoas ligadas ao Judiciário, ao Ministério Público, ao Legislativo. Esse esquema é muito forte, e é claro que essas organizações, que são do crime organizado e que se fortalecem pela lavagem do dinheiro, na época das eleições, financiam campanhas eleitorais porque sabemos que, aquela declaração que é feita, não correswww.revistafale.com.br

ponde à realidade. Caixa dois, caixa três, caixa quatro, caixão, funcionam nesse país com toda a impunidade. É porque não tem fiscalização, não tem controle. Deve-se investir numa polícia de inteligência, e que essa polícia não seja a mesma que vai operar. Porque então, ela vai saber o que fazer. Ela fez um trabalho de inteligência, se infiltrou lá, os caras passaram as informações. Depois, é a própria polícia que fez a inteligência, que vai fazer a operação de prisão, aí ele vai ser identificado e não vai poder mais, porque vai ser ameaçado. Sabe o que eles dizem? “Deixa de falar, ou seja, você pode amanhecer com a boca cheia de formiga”. Queima de arquivo... Luiz Couto. É, queima de arquivo. O senhor, não se sente sozinho? Luiz Couto. Não, não. Quando eu co-

mecei a CPI, para pegar as assinaturas, eu demorei muito porque as pessoas não queriam assinar. Diziam que era uma loucura fazer aquilo. Depois consegui. Em primeiro momento, a direção da Casa disse que indeferiu o pedido de CPI, argumentando que não havia fato determinado, e o fato era determinado. Houve pressão de alguns Organismos, da OAB, do CNBB e outros. E os Direitos Humanos pressionando para ser instalada a CPI. Conseguimos instalar, mas as lideranças dos Partidos colocaram pessoas que não tinham vinculação, que não compareciam. Era para identificar o extermínio no Nordeste, e colocavam gente lá do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo. E até quando se conseguia quorum para aprovar os requerimentos, chamando autoridades daqueles Estados, vinha toda a turma do Estado, se juntava a um Estado próximo e derrubava a votação do requerimento. Conseguimos fazer algumas diligências, poucos parlamentares se integravam a isso. Basta ver que nós estamos há quase um ano depois de entregue o relatório à CPI à coordenação para conseguirmos aprovar o relatório. Por que? Porque não dava quorum. Tentavam enfraquecer? Luiz Couto. É. E foi desde o momento

que havia aquelas denúncias do caseiro contra o Pallocci. Nessa, que


o Pallocci estava sendo ouvido pela Comissão Especial... Aí esvaziaram a sua Comissão? Luiz Couto. Muitos deles assinaram a

frequência e foi aí que nós conseguimos aprovar. Se ninguém pedir verificação, enfim o relatório é aprovado. E foi encaminhado para todas as autoridades. O grande problema é que a maioria dessas autoridades não levava em conta esse relatório. Quando, no ano passado, estiveram na Comissão de Direitos Humanos, no Conselho de Defesa do Direito da Pessoa Humana, o Secretário de Pernambuco, da Bahia, do Ceará e também foi convocado o da Paraíba - que não veio porque disse que estava doente -, eu perguntei se eles tinham recebido do secretário anterior o relatório. Nenhum. Não tinha nada na Secretaria. Eu precisei mandar para todos eles o relatório de novo. O Secretário não conhecia o relatório? Luiz Couto. De Segurança Pública, ou

seja, na realidade os anteriores nem aventaram. Devem ter queimado mesmo e jogado fora. Deu uma certa frustração? Luiz Couto. Deu, mas pelo menos os que

vieram aqui começaram a enfrentar e a desbaratar diversas organizações. Pernambuco, Ceará e Bahia foram os três estados que mais avançaram no desbaratamento desses grupos de extermínio. Ainda tem muito o que fazer, mas pelo menos fizeram alguma coisa. Como está a questão neste momento? O Executivo está agindo? O Governo Federal tem tomado as medidas? Luiz Couto. O Governo Federal age,

mas há um problema. Para agir, ele precisa que o crime seja federalizado. Isso depende do Ministério Público, do Judiciário e que o Governo seria o executor, e que a Polícia Federal poderia entrar, para investigar, apurar e tudo o mais. Tanto que nós temos um Projeto de Lei que foi aprovado na Câmara e que está no Senado, que considera esse crime de extermínio contra o estado de direito democrático, e que a esfera da investigação e da punição seja feita pela esfera Federal. E como está no Senado? Luiz Couto. Está andando, apesar de

Foto J. BATISTA_agÊNCIA camara

Se sou uma pessoa marcada para morrer, é porque, como padre e deputado, não posso calar-me diante das injustiças e da violação dos Direitos Humanos.” eles terem suprimido a federalização. Suprimiram? Luiz Couto. Sim. Mas o Projeto vai

retornar para a Câmara, vamos colocar de volta, e eu tenho certeza de que a Casa votará também por unanimidade no Projeto original.

Como o Sr. encara a proteção policial? Luiz Couto. É uma segurança, mas me

disseram que eu e o deputado Fernando Ferro (PE) devemos nos enquadrar em algumas determinações que a Polícia Federal fizer. Se for para cercear o meu direito e minhas atribuições como parlamentar e como cidadão, vou questionar isso. Aí, não é segurança, é prisão domiciliar, ou seja, se fosse para ter prisão domiciliar eu ia para um convento e ficava lá rezando e lendo a palavra de Deus. Mas o fato é que em outros momentos tentaram isso. Não gosto quando alguém diz, às quatro e meia: “Olha, se quiser ir para João Pessoa tem que tentar agora e tem que ir embora, www.revistafale.com.br

porque de noite todo gato é pardo e a gente não tem controle. Ah, naquele bairro lá, não pode ir não porque é muito violento e a gente não tem condição de enfrentar”. Ou seja, não é o fato de “suavizar” a segurança para aquela pessoa, mas saber conciliar. Já tive proteção policial antes, mas que parou de uma hora para outra. E aí, quando isso aconteceu, fui chamado pelo delegado da Paraíba para ele dizer que o Ministério tinha terminado a segurança. Então, ele disse que era para eu ser ouvido, que eu dissesse quem eram as pessoas que estavam me ameaçando. Eu disse: “Essa confidência não é minha, é da Polícia”. Aí, eu tinha o relatório que entreguei lá, entreguei os CDs também e disse: “Olha, investiguem que vocês vão identificar quem está matando ou que irão matar aqueles que estão denunciando. Certo?” Como cristão, como se sente nesse clima de denúncia, de privação de sua segurança? Luiz Couto. Olha, eu sou padre ain-

da. Jesus disse que, quem bota a mão no arado e olha para trás, não é digno dele. Eu tenho a consciência de que, como cristão, tenho que ser luz para iluminar as trevas, tenho que ser fermento para transformar vidas injustas e violentas, tenho a missão de acabar com a corrupção e enfrentar a desonestidade e todo o mais. Eu tenho feito isso com convicção. Antes mesmo de ser parlamentar, essa questão da luta pelos Direitos Humanos, da luta por uma política que fosse um serviço, não de você querer se apropriar, se aproveitar para enriquecer, eu tenho a certeza que é uma missão. É uma missão que eu tenho e “nasci” para isso, ou seja, se eu tiver que ser executado, posso dizer como São Paulo: “Terminei a minha caminhada, mas guardei a minha fé”. E espero que Deus não permita que aqueles que querem tirar a minha vida a tirem. Que Ele possa me proteger, porque proteção, só Dele mesmo. Segurança, a gente pode ter das Polícias, das Instituições, mas a proteção, só Dele. Isso eu peço todos os dias para que Ele me proteja, para que Ele me guie, para que Ele me fortaleça, para que Ele me ilumine para que eu possa continuar fiel àquilo que eu acho que é a missão que Ele me colocou nesse mundo. n Abril de 2009 | Fale! Brasília | 21


P O LÍ T ICA

FotoS SEFOT_SECOM-CD

ENTREVISTA DEPUTADO FERNANDO FERRO

Ameaça ao Estado Democrático

O

engenheiro elétrico e deputado pernambucano Fernando Ferro

(PT) está em seu quarto mandato na Câmara Federal e também não tem medo de encarar uma boa briga. Vice-presidente de seu partido na Câmara, Ferro participou ativamente da CPI do narcotráfico e colaborou com a CPI do Extermínio no Nordeste, apesar de estar mais envolvido com as discussões do setor energético, setor que conhece bem devido a sua formação. Ferro é autor do Projeto de Lei que regulamenta as TVs e rádios comunitárias e acompanha muito de perto a leitura da mídia em relação aos direitos humanos. Fernando Ferro também está sob proteção policial. Aqui, ele fala sobre as redes de violência, a dualidade de posturas de membros do sistema judiciário e sobre a luta pela democracia. Como o Senhor avalia a atual situação dos grupos de extermínio? Fernando Ferro. Essa rede de violência

se entranhou em nosso meio e contaminou a muitos agentes públicos: policiais, políticos com mandato, empresários, enfim, eles alimentam essa máquina, dão grana, para fazer a dita “limpeza”. Essa é uma degeneração da estrutura do Estado. Temos que reagir, discutir, superar o medo. Não dá para admitir a conivência e participação do Estado nesses casos. Infelizmente, esses indivíduos, policiais, por exemplo, cometem crimes, trabalham com autonomia própria de ação, criam milícias e utilizam a estrutura administrativa e própria do Estado para tais ações. Só no Nordeste? Fernando Ferro. Infelizmente, isso

acontece em todo o Brasil. Recente22 | Fale! Brasília | Abril de 2009

mente, em São Paulo, foi preso um grupo da PM que executava gente por lá. Grupos assim passam a atuar servindo a terceiros. Imagine só: matar gente com armas, carros, rádios, enfim, equipamento do Estado. Um completo desvio de função pública. A logística da segurança do Estado à serviço do crime organizado. A que ponto chegamos! E a morte de Manoel Neto? Fernando Ferro. Ele era o assessor ju-

rídico de meu gabinete. Ele foi um vereador atuante da cidade de Itambé (PE), chegou até a ser presidente da Câmara de Vereadores de lá. Ele trabalhou muito em conjunto com a promotora do Ministério Público daquela cidade, Dra. Rosemary. Ela vive sob proteção policial permanente pois sofre ameaças constantes. A impunidade daquela região é muito grande. www.revistafale.com.br

Se eu me calar, eu viro cúmplice por omissão. E isso não consigo.” Cerca de 40 assassinatos ocorridos em Itambé nunca foram investigados. Só na fronteira entre Pernambuco e Paraíba, entre as cidades de Itambé e Pedra de Fogo, cerca de 100 pessoas foram executadas e não houve investigação, mesmo os crimes possuindo traços comuns de execução, como tiros na cabeça. Nós trouxemos a denúncia para a Comissão de Direitos Humanos e pedimos a intervenção da Polícia Federal por ser região de fronteira. E nada. Solicitamos uma Força Tarefa em conjunto aos governadores da época, Jarbas Vasconcelos (PE) e José Maranhão (PB). Depois de acertado tudo, nada foi feito. O secretário de Segurança Pública de Jarbas Vasconcelos vivia dizendo que não existiam grupos de extermínio por lá e acabou enfraquecendo o assunto e ficou por isso mesmo. E normalmente quem pensa em testemunhar sente medo. As testemunhas do caso do Manoel não estão tranquilas. Tinha um juiz lá, Dr. Severino, que com todas as provas do alto índice de homicídios, curiosamente, dizia que não tinha nada disso por lá. Eu soube que ele foi afastado e responde procedimento como magistrado. E como está agora? Fernando Ferro. O atual Governo de

Pernambuco tem feito um bom trabalho. Tem feito investigações, já tem gente presa. Já foram afastados 38 PMs, dentre eles, há gente dos grupos de extermínio. Essa luta vale a pena? Fernando Ferro. Se eu me calar, eu

viro cúmplice por omissão. E isso não consigo. Não podemos permitir que casos como esses continuem acontecendo. Eles são uma afronta à democracia, ao estado de direito, ao Estado. Não podemos admitir. Enquanto puder, defenderei nossas instituições democráticas e nossa sociedade, mesmo sabendo o alto preço que posso ter que pagar.n



Política ÁGUA FRIA MIMOSO

VILA BOA

FORMOSA

PLANALTINA

PADRE BERNARDO

BURITIS COCALZINHO PIRENÓPOLIS

BRASÍLIA

ÁGUAS LINDAS CORUMBÁ

CABECEIRAS

VALPARAÍSO ALEXÂNIA

ABADIÂNIA

SANTO NOVO ANTÔNIO DO GAMA DESCOBERTO

CABECEIRA GRANDE

CIDADE OCIDENTAL

UNAI

LUZIANIA

População

DF 2.277.259 habitantes Entorno Goiânia 949.336 habitantes Entorno Minas Gerais 94.641 habitantes

CRISTALINA

FONTE: Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (UnB)

A FORÇA DO ENTORN0

Apesar de só haver especulações sobre o potencial eleitoral das cidades que compõem o chamado Entorno de Brasília, não é de hoje que candidatos do Distrito Federal apostam em campanhas eleitorais por lá

H

Por Vitor Ferns — ferns@revistafale.com.br

dos municípios que compõem a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE/DF), ou simplesmente Entorno. As 22 cidades da Região - 19 de Goiás e duas de Minas Gerais -, acabam sendo roteiro certo do planejamento das campanhas eleitorais para quaisquer cargos políticos do DF, tanto à Câmara Legislativa e Congresso Nacional quanto ao Governo do Distrito Federal (GDF). Isso pôde ser constatado novamente nas últimas eleições para prefeitos de 2008, quando pré-candidatos como o atual governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), o vice dele, Paulo Octávio (DEM), o ex-ministro do Esporte, á muita especulação sobre o peso dos votos para Brasília

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Agnelo Queiroz (PT), o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB), o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), entre outros, foram figuras atuantes nas campanhas. O fato é que não há dados concretos, nem pesquisas, tampouco estudos aprofundados que possam explicar concretamente o retorno eleitoral da Região. Para a consultora em planejamento estratégico e marketing político, Zenicéia de Assis, “não existe pesquisa, não existe dado concreto e nunca existirá. Alguns candidatos justificam que, elegendo um “companheiro” em determinada cidade do Entorno e ele exercendo bem o seu mandato, tal município não trará mais problemas ao DF, e assim se embasa o apoio. Porém, é certo que os apoios são uma moeda de troca que funcionam muito na época dos pleitos. Esses suados apoios em campanhas no Entorno só terão sua eficácia comprovada quando, na próxima batalha eleitoral, as ações se reverterem efetivamente em votos” , observa.


Foto: José Cruz_ABr _ 5 de Outubro de 2008

CAMPANHA. Eleitores em Unaí, Minas Gerais, varrem rua, cumprindo pena por terem sido apanhados fazendo boca-de-urna. Ao lado, a consultora política Zenicéia de Assis: “Eu te elejo lá e você me ajuda aqui.” Já para o consultor político, Carlos Sérgio Monteiro, “infelizmente, a maioria das campanhas eleitorais, principalmente para cargos proporcionais, preferem apostar no escuro do que profissionalizar suas campanhas. Enquete ou pesquisa seria fundamental para medir a densidade eleitoral e montar a estratégia para cabalar os votos desta região”, diz. Monteiro condena esse “achismo” das campanhas. “Como consultor político, não posso convalidar práticas que destoam da realidade, afinal, estamos fechando a primeira década do século XXI. Acredite se quiser, estamos falando de campanhas na capital federal, imaginem nos mais rincões desse imenso Brasil”, alega. Gangorra eleitoral – Há também o ciclo de troca de domicílios eleitorais, de acordo com a proximidade de cada eleição. Em dados obtidos com a assessoria de imprensa do Tribunal Eleitoral (TRE-DF), do encerramento do segundo turno das eleições de 2006 até maio de 2008, foram rea-

lizadas cerca de 15.012 transferências de títulos do DF para a região do Entorno. Os dados apontam que as cidades campeãs em trocas de domicílios foram Águas Lindas de Goiás, Novo Gama, Valparaíso, Luziânia e Planaltina de Goiás. No entanto, o acesso a dados precisos que mostrem a corrente inversa é difícil. Acredita-se que os eleitores mudem seus domicílios eleitorais em troca de favores políticos e também devido à facilidade com que essa mudança pode ser feita. “Sem dúvida alguma, quando os critérios de mudança do domicilio eleitoral forem mais exigentes e o órgão fiscalizador mais eficaz, a troca de apoios será mais criteriosa e seletiva e quem sabe até cara e suada”, avalia Zenicéia de Assis. O fato é que não se sabe da real transferência de votos da Região para o DF. “O próprio conceito de transferência eleitoral sob qualquer aspecto já é, em si, difícil de ser provado”, explica o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), www.revistafale.com.br

Paulo Kramer. Zenicéia de Assis defende que “a interpretação que se tem é que não há base concreta que dê essa garantia de transferência de voto, mas é óbvio que o Entorno depende efetivamente do Distrito Federal e assim dos seus governantes e ainda assim dos seus votos. E é óbvio também que os apoios são feitos com base na troca de favores. ‘Eu te elejo lá e você me ajuda aqui...’, observa. O funcionário público Paulo Mendes (nome fictício), 34, nas duas últimas eleições transferiu seu título para o Entorno, e depois voltou para Distrito Federal. “Por conta de compromissos políticos, troquei meus títulos para o Entorno nas duas últimas eleições. Espero passar cerca de um ano e volto meu título para Brasília”, revela. Quando perguntado se já recebeu alguma advertência do TRE ou se teme que isso aconteça, esclarecido das leis e das brechas que ela deixa, o entrevistado diz que “a questão da transferência de votos parte Abril de 2009 | Fale! Brasília | 25


P O LÍ T ICA

Temos inimigos sob a mesma legenda ou alguns que fizeram suas escolhas e são aliados, apesar de estarem em partidos com correntes diferentes.” PAULO KRAMER, cientista político

A maioria das campanhas eleitorais, principalmente para cargos proporcionais, prefere apostar no escuro.” Carlos Sérgio Monteiro, consultor político

Reeleição. O governador Arruda (DEM) aliou-se ao senador Marconi Perilo (PSDB-GO). Arruda foi neutro nos municípios com divergências diretas entre os candidatos do partido dele e os de Perilo. E com isso conseguiu vitórias diretas em cinco municípios: Águas Lindas de Goiás (PP), Cristalina (DEM), Luziânia (PSDB), Novo Gama (PSDB) e Valparaíso (PSDB). Com isso, Arruda tenta crescer também no Entorno, local em que o goiano Joaquim Roriz tem dominado o eleitorado. Possível ruptura. Enquanto isso, o vice-governador do DF, Paulo Octávio (DEM), uniu-se com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e também foi à luta. Foram oito os municípios que Paulo Octavio ajudou a eleger os candidatos: Cabeceiras (PP), Águas Frias (PPS), Águas Lindas de Goiás (PP), Alexânia (PSDB), Cristalina (DEM), Padre Bernardo (PSC), Valparaíso (PSDB) e Mimoso de Goiás (PRB). Brasília vive a dúvida se Paulo Octavio será candidato ao GDF e romperá com Arruda ou se seguirá com ele rumo à reeleição. Na última eleição, foi muito difícil a costura da chapa da união dos dois. Octávio era franco candidato ao GDF e 26 | Fale! Brasília | Abril de 2009

Foto: Wilson Dias _ ABr

do principio do domicílio eleitoral, contudo, não tem como “dar problemas”, afirma. Segundo o funcionário público, ele não é o único a realizar essa prática, “é comum na cidade goiana para onde transfiro o título casos com o meu”, defende. Ele explica que, em grande parte dos casos, a transferência também é realizada por motivos familiares. Nas últimas eleições, foi traçada a nova realidade partidária do Entorno. O PSDB dominou a disputa conquistando seis prefeituras, seguido pelo PP com cinco eleitos. As outras 13 cidades estão divididas com prefeitos de nove partidos diferentes.

AMIGO DO ENTORNO. O ex-governador Joaquim Roriz apostou de novo no Entorno, envolvendo-se e ajudando a eleger oito prefeitos não se sabe se ele abrirá mão de suas pretensões novamente. Roriz, o retorno. Joaquim Roriz apostou de novo no Entorno, envolvendo-se e ajudando a eleger oito prefeitos: Planaltina (GO) – Zé Neto; Formosa – Pedro Ivo; Cidade Ocidental – Alex Batista; Valparaíso – Leda Borge; Novo Gama — Doka; Padre Bernardo — Wayne Faria; Luziânia – Josélio da Silveira e Água Fria – João de Deus. Segundo o chefe de gabinete da deputada Jaqueline Roriz (PMDBDF), Valério Neves, “Planaltina seria uma cidade onde Roriz iria atuar com certa neutralidade na campanha, mas o opositor do atual prefeito, Dirceu, que liderou a campanha por um bom tempo, subiu no palanque e falou besteira. Depois disso, o apoio de Roriz a Zé Neto passou a ser incondicional. Ele estava oito pontos atrás de Dirceu. O apoio do Roriz ajudou Zé Neto a virar o jogo”, sentenciou o provável coordenador de campanha de Joaquim Roriz. O prefeito eleito www.revistafale.com.br

de Planaltina de Goiás reconhece o apoio e durante a entrevista revelou o apreço pelo ex-governador. “Minha campanha teve apoio determinante de Roriz”, disse o prefeito. Para onde vai a base governista? Um possível candidato ao GDF que pode ganhar com os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Entorno é o senador Gim Argello (PTB), um cabo eleitoral assumido de Dilma Rousseff para presidência da República. Com isso, o senador pode ganhar apoio das cidades do Entorno da base do Governo, além das cidades beneficiadas com os programas federais. Em fevereiro, o PTB do Distrito Federal reelegeu Argello para liderar a legenda até 2011. O parlamentar garante que até o final deste ano dirá se vai concorrer a algum cargo em 2010 ou se permanecerá no Senado. Outro que também pode concorrer à base do Governo no Entorno é Agnelo Queiroz (PT). O provável candidato da Esquerda ao GDF apoiou os


PREFEITOS ELEITOS NO ENTORNO

Conheça quem é quem no poder municipal próximo ao DF Valparaíso (GO) Leda Borges | Novo Gama (GO) Doka | Alexânia

PSDB (GO) Cida do Gelo | Luziânia (GO) Josélio da Siveira | Unaí (MG) Antério Mânica | Cabeceira Grande (MG) Nazaré

PP PR PSC PDT PV DEM PPS PRB PT PTB

Abadiânia (GO) Dr. Itamar | Águas Lindas (GO) Geraldo Messias Cabeceiras (MG) Nadir de Paiva | Formosa (GO) Pedro Ivo | Pirenópolis (GO) Nivaldo Melo Santo Antônio do Descoberto (GO) Davi Leite | Cidade Ocidental (GO) Alex Batista

até hoje. Com isso, muitos políticos representam apenas a si próprios. Consequentemente, sofremos até hoje. No Entorno, não é diferente”, pondera. Os prefeitos esperam ações concretas da relação DF e Entorno para os próximos quatro anos. “A proximidade do Entorno com Brasília pede para que tenhamos uma boa relação, afinal 80% do povo trabalha em BraFoto: jose cruz

Padre Bernardo (GO) Wayne Faria | Planaltina (GO) Zé Neto

Foto: Geraldo Magela -_ Agência Senado

Buritis (MG) Dr. Keny Corumbá (GO) Emílio Jacinto Cristalina (GO) Luiz Attiê Água Fria (GO) João de Deus Carvalho Mimoso (GO) Miriã Vidal Vila Boa (GO) Dr. Waldir Cocalzinho (GO) Salomão

os partidos no entorno

PSDB lidera o ranking de prefeitos no poder no Entorno do DF PSDB

27,27% PP

22,72%

PR

9,09%

PTB

PSC

9,09% PDT 4,54%

CAMPANHA PERMANENTE. Os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO)

PV

4,54% PT

PRB 4,54% 4,54 %

candidatos petistas na Região, mas só teve êxito em Vila Boa (GO). Toda a base governista e os municípios beneficiados pelo PAC podem se aliar ao candidato no próximo pleito. “Fiz campanha no Entorno, não por motivos eleitoreiros, mas pensando em juntarmos forças para ajudar a resolver os problemas da Região, que acabam afetando diretamente o DF, em quesitos como Saúde – nossos hospitais a cada dia mais cheios – e Segurança”, afirma Queiroz. O que esses resultados podem influenciar nas eleições de 2010 para a presidência e ao GDF – as obras realizadas com recursos do PAC, no Entorno do DF, podem influenciar as lideranças da base do Governo Federal nas eleições presidenciais, com o nome de Dilma Rousseff como pré-candidata petista. Estão previstos investimentos de R$ 53 milhões para os municípios de Formosa, Santo Antônio do Descoberto, Cidade Ocidental e Planal-

tina de Goiás. Prevê-se PPS 4,54% obras de cons4,54% trução de 1.970 casas, centros comunitários, asfalto, água tratada, energia elétrica e iluminação pública. Para Paulo Kramer, esse mosaico de partidos políticos do Entorno não diz muito no momento e que somente em julho a situação pode começar a tomar uma forma mais definida, quando já poderemos ter pesquisas eleitorais para presidente e governador, com o possível início de trocatroca partidário. “A partir do AI-5, em 1968, os partidos políticos foram mudando suas posturas. De lá para cá, constata-se que faltam nitidez ideológica, clareza programática e identidade política. Dessa forma, eles não mais representam os interesses nacionais, regionais e locais. Há muitas correntes de opinião e grupos de interesse levando a um artificialismo. Temos inimigos acomodados sob a mesma legenda ou alguns que fizeram suas escolhas e são aliados, apesar de estarem em partidos com correntes diferentes. Essa geleia geral persiste DEM

4,54%

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sília. Nossa expectativa não é explorar Brasília, mas trabalhar em conjunto, pois se o Entorno estiver bem, Brasília também estará. A meta é que o governador Arruda nos chame para conversar e montarmos juntos projetos que beneficiem as duas regiões”, afirmou Zé Neto, prefeito de Planaltina (GO). Já para o prefeito de Água Fria (Go) e ex-deputado distrital, João de Deus, “muitas cidades são dormitórios. Tem muita gente que mora no Entorno que vota em Brasília. Então, na hora das campanhas políticas, os candidatos recorrem a nós prefeitos para angariarmos votos na cidade. Contudo, se o Governo virar as costas pra gente, no período de campanha nós também não apoiaremos eles”, justifica. “Como as cidades do Entorno de Goiás ficam longe da capital, Goiânia, muitas vezes ficamos esquecidos pelo nosso próprio Estado. Há interesse do GDF em nos ajudar para nós não ‘incharmos’ o DF. Por exemplo, nós levamos de 30 a 50 pacientes por mês para fazer Raio X em Planaltina-DF. Se nós tivéssemos uma máquina aqui, essa demanda já diminuiria”, finaliza. n Abril de 2009 | Fale! Brasília | 27


História de Capa

VALE-TUDO

CAMPANHA. Movimento Brasil Sem Aborto faz protesto em frente ao Congresso Nacional

Ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, (STF) sob fogo cruzado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, financiando ONGs e clínicas pró-aborto, parlamentares divididos e até médico defendendo o medicamento abortivo Cytotec. O assunto do aborto pega fogo no Brasil e no mundo Por Vitor Ferns e Marcos Linhares, de Brasília ferns@revistafale.com.br e linhares@revistafale.com.br

N

os meses de março e abril, uma das discussões que tem dividido

o Brasil deve voltar à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF): o aborto. Especificamente, a interrupção da gestação de feto com anencefalia — sem cérebro. Além de polêmico, o assunto tem ferrenhos defensores de ambos os lados, munidos de argumentos de toda sorte: saúde pública, jurídicos, religiosos, humanitários. Em meio a tudo, o dilema sobre qual o maior valor: o direito à vida do bebê ou o direito de escolha da mãe. A pauta está na gaveta do minis- deputado federal Luiz Bassuma (PTtro Marco Aurélio Mello, do Supre- BA), contra Mello, junto ao Ministémo Tribunal Federal (STF). Mello rio Público Federal (MPF), por meio é o relator da Arguição de Descum- da Procuradoria Geral da República primento de Preceito Fundamental (PGR), em razão do ministro ter, se(ADPF) nº 54, que chegou ao STF gundo a representação, antecipado em 2004, movida pela Confedera- publicamente o seu voto e o de oução Nacional dos Trabalhadores na tros ministros do Supremo, inclusive Saúde (CNTS). Marco Aurélio Mello com juízo de valor na mídia. chegou a conceder liminar permitindo a prática, mas ela foi suspensa em votação do Supremo. Depois Ao jornal O Estado de S. Paulo, disso, a ADPF ficou parada na gaveta Marco Aurélio Mello adiantou que de Mello por quase cinco anos. Em o placar do julgamento no STF seria 2008, o STF concluiu audiências de 11 a 0. “Um placar acachapante”, públicas com representantes de 25 disse o relator do caso, referindo-se instituições, e em 11 de dezembro à posição dos 11 ministros da Corte. foi protocolada uma Representação A jornalista Adriana Lopes, da Rede 11 parlamentares, dentre eles, o vista Veja, perguntou em entrevista

Metralhadora na imprensa

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por que o ministro trouxera o assunto à tona novamente. Mello respondeu: “Embora a decisão a favor do uso de células-tronco tenha sido apertadíssima (6 votos contra 5), representou uma abertura do Supremo. Por isso, acredito que agora a Casa aprovará a interrupção da gestação de anencéfalos. Diria que teremos um 7 a 4 ou


foto: Wilson Dias/Abr

um 8 a 3. E, depois que o Supremo bater o martelo, não adiantará recorrer ao Santo Padre”, afirmou. Para a imprensa, Mello tem explicado que segurou o processo para esperar um amadurecimento da Casa em relação ao assunto e que agora, após a aprovação das células-tronco, já há como levar adiante o julgamento do aborto

como caso de saúde pública.

No Congresso Nacional

Movimentos sociais, assim como parlamentares, reclamam que a Casa correta para discutir-se o assunto seria o Congresso Nacional, e que Marco Aurélio Mello antecipa-se por crer que naquela Casa o tema não irá

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adiante. O argumento faz sentido ao analisarmos as declarações de todos os candidatos às presidências tanto da Câmara quanto do Senado. Afinal, todos, com exceção de Michel Temer (PMDB-SP) e Aldo Rebelo (PCdoBSP), que se manifestaram contrários ao aborto e, mesmo assim, não se sabe a opinião de Temer e Rebello,

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H I S T Ó R I A de capa Foto Elza Fiúza_ABr

JULGAMENTO. O ministro Marco Aurélio Mello presidIu a audiência pública do Supremo Tribunal Federal que debate a “antecipação terapêutica do parto” em caso de fetos sem cérebro, em 16 de Setembro de 2008 já que resolveram não se manifestar sobre o assunto espinhoso. Marco Aurélio, quando perguntado também pela Veja sobre a razão de o STF definir o assunto e não o Congresso Nacional, não teve dúvidas: “Porque o Supremo Tribunal Federal é a última trincheira do cidadão”, defendeu. O ministro tem sempre se posicionado que não apóia o aborto, mas sim o direito de escolha da mãe por crer que, ao se levar adiante a gravidez de um feto anencéfalo, é ela que terá que conviver com danos irreversíveis física e psicologicamente. Procuramos a assessoria de imprensa de Marco Aurélio Mello, para que pudesse se pronunciar sobre o tema, inclusive sobre as declarações do deputado Bassuma, concedidas em entrevista à Fale!Brasília e até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.

Legalizar x descriminalizar

Assim como a sociedade, os deputados se dividem com relação à legalização do aborto. Ou seria melhor dizer, descriminalização do

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aborto? Para os deputados, existe uma grande diferença. Legalização do aborto implicaria na criação de uma nova lei, e a descriminalização, apenas seria uma alteração da lei já existente, onde, o aborto não seria mais considerado crime. O médico e cristão deputado Dr. Rosinha (PT-PR), favorável à descriminalização do aborto, explica que “o direito individual da mulher deve ser respeitado, de fazer o que ela deseja”. O deputado talvez seja o parlamentar que tenha a opinião mais curiosa sobre o assunto. Apesar de ser contra o aborto, ele defende a descriminalização, por acreditar que cada um deve decidir por sua vida ou seu próprio corpo. O parlamentar acredita quer o aborto não é uma alternativa, mas sim uma última instância. “Acredito que, com a descriminalização diminuiria a clandestinidade, e com uma oportunidade maior de debate, ainda conseguiríamos minimizar ainda mais os meios clandestinos”. O deputado aposta em políticas de saúde em qualquer situação para as mulheres. Dr. Rosinha também divulgou material em que critica colegas parlamentares que são contra o aborto.

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“Esses parlamentares defendem que a vida é um dom de Deus, o que para a maioria do povo brasileiro é uma verdade, e que só Deus pode tirá-la. Mas quando se debate a violência do diaa-dia, muitos desses mesmos parlamentares são os primeiros a defender a pena de morte e a diminuição da idade penal. Nesses casos, a vida não vale, não é dom de Deus”, disparou. Outro parlamentar, também médico, pensa de forma diferente. Contra o aborto, o pediatra e deputado Dr. Talmir (PVSP), defende alternativas. “A melhor coisa é dar opções para a mulher não abortar, e se isentar de uma síndrome pós-aborto. Alternativas como colocar a criança para ser adotada, ou até em caso de anencéfalos, incentivar a doação de órgãos caso a criança venha a morrer logo após o parto”, diz. “Mesmo assim ela pode salvar outras vidas.” O médico ainda desmistifica o risco de morte para a mãe em casos de anencefalia. “Criança com anencefalia, ou qualquer criança com má formação, não leva risco nenhum de vida para mãe. O que causa risco é quando a mãe tem uma cardiopatia, uma nefropatia ou um câncer avançado a nível de útero”, explicou.

Obama e o aborto

Nos Estados Unidos, o assunto já faz parte da era Obama. Durante a campanha, Barack Obama prometeu que a primeira coisa que faria como presidente seria aprovar a Lei de Liberdade de Escolha (LLE). O projeto de lei propõe que o direito de escolha alce o mesmo patamar jurídico da lei liberdade de expressão, tão defendida pelos americanos. E o novo presidente não perdeu tempo e já assinou uma ordem executiva que autoriza o envio de verbas a organizações internacionais — ongs e clínicas – próaborto em cerca de 53 países, incluindo-se aí também o Brasil. As instituições beneficiadas trabalham com aconselhamento e planejamento familiar, distribuição de pílulas do dia seguinte e consequências de abortos problemáticos. O governo americano reserva em torno de U$ 400 milhões para planejamento familiar no exterior, de acordo com informações divulgadas pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). As verbas não foram repas-


Foto Wilson Dias _ ABr

para as Mulheres, Nilcéa Freire, no prefácio do recém-lançado livro Direito de decidir: múltiplos olhares sobre o aborto, “na sociedade brasileira, apesar da legislação restritiva e criminalizante, a prática clandestina do aborto ocorre em escala que coloca em risco a vida de milhares de mulheres, sobretudo nos extratos de renda mais baixos da população, configurando-se, dessa maneira, como a quarta causa de morte materna no Brasil”, diz.

Voz dissonante

LINHA DE FRENTE. O ministro José Gomes Temporão tem posição favorável à legalização do aborto no Brasil. É a favor da interrupção da gestação em casos de anencefalia, caso a mãe opte pela medida. sadas nos oito anos em que George W. Bush esteve à frente da Casa Branca, e isso pode ter impactado muito o trabalho das organizações. De acordo com dados da Ong Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF é a sigla em inglês), que atua em 150 países e que no Brasil é representada pela Ong Bem-Estar Familiar (BEMFAM), com sede no Rio, durante a proibição da era Bush, deixaram de ser repassados cerca de US$ 100 milhões em fundos americanos, valor este que poderia ter evitado 36 milhões de gestações e 15 milhões de abortos. Entretanto, 58% dos americanos desaprovaram a liberação de Obama, segundo pesquisa Gallup divulgada em fevereiro. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 35% aprovaram a medida e -7% não quiseram opinar. Parece que o ex-senador pelo estado do Illinois, esqueceu ou não fez questão de consultar as bases antes de agir. Obama não só liberou as verbas, como se manifestou pelo direito da mulher de decidir o que for melhor para ela, sem a interferência do poder público.

O Executivo fala

O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu o direito de escolha das mães em caso de parto de fetos com anencefalia, em uma das audiências públicas do STF. Temporão defendeu essa garantia “fundamentado, na dolorosa experiência de um manejo de situações em que mães são obrigadas a levar sua gestação a termo, mesmo sabendo que o feto não sobreviverá após o parto. Uma vez estabelecido que o feto com anencefalia não tem o córtex cerebral, por isso a analogia com a definição legal de morte encefálica, esse feto é potencialmente morto”. O ministro tem sucessivamente defendido que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ecografias com diagnóstico seguro durante o período pré-natal e, nesses casos, a mulher é sempre orientada a repetir o exame, a ser feito por outra equipe médica. Em 2007, mais de R$ 34 milhões foram gastos pelo SUS com mulheres atendidas com complicações de abortos mal sucedidos. Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas

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O ex-procurador da República, Cláudio Fonteles, refuta os argumentos do Executivo. Para Fonteles, “a mulher e o embrião, ou o feto, se já alcançado estágio posterior na gestação, que está em seu ventre, são as grandes vítimas do cinismo estatal”, denuncia. Ele explica que a mulher é abandonada por todos ou porque, teme vir a ser abandonada pelo homem, pela família, pelos amigos. “A mulher, porque incentivada, e estimulada, pela propaganda oficial e privada a desfazer-se da vida, presente em seu ser, como se a vida fosse um estorvo, um empecilho, um obstáculo que deve ser eliminado em nome hipocritamente do direito à liberdade de escolha. Ora, se assim o é, justamente para que a integridade física da mulher seja protegida, por que, cinicamente, o Estado brasileiro detém-se aqui e, em relação à mulher, que está grávida, que acolhe em si a vida, estimula-a a matar, também a abandonando? Por que o Estado brasileiro, repito cínico, pela omissão e pela frouxa, errônea e irresponsável justificativa de inserir-se o tema na órbita privada, não tira, como tirou o tema da violência doméstica, portanto também privada, dessa estrita órbita e à mulher gestante não lhe oferece todos os mecanismos oferecidos à mulher fisicamente agredida, para que, assim claramente amparada, a mulher, em ambas as situações, tenha o direito de viver e fazer viver a vida que consigo traz? Aguarda-se o governante municipal, estadual e federal que tenha coragem de defender a vida-mulher e a vida-embrião, ou a vida-feto, que a primeira acolhe em seu ventre”, rebate. n

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H I S T Ó R I A de capa

PT A FAVOR DO ABORTO Bassuma é a pedra no sapato

Ameaçado de expulsão do partido por militar contra a legalização do aborto, o deputado federal Luis Bassuma (PT-BA) não acha justo ser excluído do PT, que ele considera como a legenda mais democrática do país, por ele ser “a favor da vida” e relata, em entrevista polêmica, estar pronto a pagar qualquer preço por essa causa. Na entrevista concedida com exclusividade para Fale! Brasília, Bassuma dá declarações conflitantes sobre deputados, ministro do Judiciário, empresas de renome internacional, entre outros. Foto gabriel alves

Qual a relação, hoje, do PT com o aborto? Luis Bassuma. Dos 80 deputados

do PT aqui na Câmara, 20 votam pela vida, votam. Eu não. Eu me mobilizo e milito. Cinco parlamentares liderados por José Genuíno e Cida Diogo priorizam essa questão e são muito abortistas. Os outros cinquenta seguem o Partido. Como o Partido decidiu que é a favor do aborto, então eu sou minoria. Agora eu estou desafiando o meu Partido para que nesse caso ele consulte as suas bases (os filiados) sobre essa questão. O PT é um partido democrático. Tenho quase certeza de que a maioria pensa como eu, a favor da vida. Nas direções, podem haver divergências. Nem sempre a base e os políticos concordam.

O Sr. acha justo ser expulso de um partido, líder do governo e dito democrático por você mesmo, por conta de um pensamento contrário à maioria? Bassuma. Não acho justo, inclusi-

ve esse é um dos argumentos da minha defesa. Até porque o próprio PT tem um artigo que diz: “O parlamentar, em questões religiosas, filosóficas, de foro íntimo ou éticas, ele está autorizado a votar de acordo com sua consciência”. E essa questão do aborto toca nessas quatro premissas. Mas o que eles alegam é que eu não apenas voto, mas que eu lidero essa luta. Por isso que só eu, dos 20, estou sendo punido. Eu faço tudo que está ao meu alcance por essa bandeira. Inclusive a CPI é contra o meu governo (do PT), para apurar as ações ou omissões do Ministério da Saú-

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inquisição. O deputado Bassuma sob ameaça de ser expuldo do PT

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de. Esse ministério, em todos os governos, ao invés de trabalhar na prevenção da gravidez — com políticas públicas para prevenir gravidez indesejada, que é a causa do aborto —, faz muito mal essa política e tenta legalizar o aborto como solução. Isso é um absurdo. Então, eu quero apurar inclusive o nosso Governo. Se for expulso do partido, como você vai ver o PT depois disso? Bassuma. Sempre fui filiado ao PT.

Todo partido político tem defeitos e virtudes. Mas mesmo sendo expulso, eu vou continuar achando o PT o melhor partido, apesar de todos os defeitos que ele tem. Um dos motivos é a democracia interna e que deveria ser utilizada no meu caso. O PT não é um partido de cacique. Ainda. A maioria dos partidos brasileiros é formada por caciques: um manda e os outros obedecem. Se o PT te expulsar, ele não será cacique? Bassuma. Não é um cacique que está

me expulsando, é o próprio PT. Eu considero o PT o melhor partido por essa democracia. Mas o PT está perdendo aos poucos essa qualidade. Qual seria o segundo melhor partido então, caso seja expulso? Você vai ter que se filiar a algum... Bassuma. Com sinceridade, ainda

não pensei nisso por uma grande razão. Um problema de cada vez. Se eu for expulso, a lei me protege do ponto de vista eleitoral. Eu terei que ter calma porque eu sou uma pessoa meio complicada. Vou ter que entrar num partido que me acolha como sou. Mas tudo indica que será no campo da esquerda. Nunca iria para um partido de direita, do ponto de vista político. O que você sente em relação ao aborto? Por que é contra? Questões de saúde, apenas religiosas... Bassuma. Já perdi as contas de quan-

tos debates sobre esse assunto eu já participei, mais de 50, e nunca precisei usar um argumento religioso. A

O que me move nessa questão é o total convencimento de que o aborto é a matriz principal de causa de violência na Terra. questão religiosa é forte, mas nunca precisei usar como argumento de defesa. O que me move nessa questão é o total convencimento de que o aborto é a matriz principal de causa de violência na Terra, ou seja, a violência só vai ter fim e a Terra só viverá em paz quando não tiver mais aborto devido a questões políticas e espirituais. Onde é legalizado, o aborto chega, por ano, a 50 milhões de casos. Um crime cometido por pais e médicos (esses que deveriam cuidar da saúde). As outras formas de violências são secundárias em relação ao aborto. A segunda razão é espiritual. Não religiosa (insistiu o entrevistado acentuando essa diferença). Entre 11 e 12 semanas, a criança está totalmente formada. Depois disso, a criança só vai crescer. A partir desse momento, não é apenas um objeto, isso tem um espírito! Esse ser sente tudo. O aborto é um esquartejamento. Eles têm que arrebentar o corpo e triturar a cabeça e sugar. Então, imagine a criança que sente tudo isso. Ser morto pelos pais, por tortura e esquartejamento. A terceira razão é a religiosa. Eu sou cristão, e a base do ponto de vista cristão é não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você. Jesus resume todo o Evangelho nessa frase. Como eu não quero ser abortado não posso permitir que outro seja abortado. E o livre arbítrio? Bassuma. Nenhum ser humano tem li-

vre arbítrio total. Não posso anunciar

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num jornal a venda de um órgão meu, por exemplo. A lei proíbe apesar de ele ser seu. A liberdade termina onde começa a do outro. A liberdade nunca será absoluta. Esse é um grande contra-senso, mesmo se a mulher fosse dona do seu corpo, que já provei que não é. Ela não pode decidir matar outro ser, no mínimo ela teria que consultá-lo (o que não seria possível). O que é considerado vida no feto, em sua opinião? Bassuma. A partir da fecundação do

óvulo com o espermatozóide já existe vida. Por isso, sou contra a chamada pílula do dia seguinte. Ela é uma bomba de hormônios que ataca o óvulo já fecundado, impedindo-o de chegar até o útero. O anticoncepcional normal não é abortivo, porque ele inibe a saída do óvulo, então não há fecundação. Depois disso tudo, é abortivo. A pílula diminui muito os índices de aborto... Bassuma. Diminui sim. Aí eu con-

cordo, como o preservativo. Mesmo assim, sou contra. A partir da fecundação, o espermatozóide forma o DNA de um outro ser humano, uma outra vida e espírito ali ligados. Ela é uma bomba de hormônios, que age sobre o feto já fecundado. Tenho um Projeto de Lei para proibir o uso da pílula do dia seguinte. Ela é abortiva. A camisinha, ou anticoncepcional normal, não são considerados abortivos, porque eles impedem de alguma forma o encontro do espermatozóide com o óvulo. O aborto mal sucedido ainda é causa de morte materna no Brasil. Segundo alguns médicos, a legalização do aborto seria uma forma de diminuir esse índice pois eles alegam que ninguém consegue mudar a ideia de uma mulher que quer realizar um aborto. Dê sua opinião. Bassuma. Absurdo! Os médicos neste

caso têm que fazer exatamente o contrário: orientar, esclarecer, apoiar a mulher para que ela não faça o aborto, orientando a ela as sequelas e consequências desse ato. Jamais favorecer o aborto. Nunca! É um pro-

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H I S T Ó R I A de capa blema ético. Não esqueça que estamos falando de médicos, que têm um código de ética e fazem um juramento: de garantir, sustentar e prover a vida, e nunca a morte. Não é uma profissão qualquer, esses médicos são verdadeiros açougueiros. Verdadeiros assassinos. E têm interesses econômicos enormes por trás disso. A indústria do aborto é muito lucrativa, não só da cirugia em si, mas do que se vende de medicamentos. Não existe aborto seguro. Isso é uma falácia. Em primeiro ponto, todo aborto mata uma criança. Sobre a mulher, nunca será zero a consequência, porque no mínimo ela tem sequelas psicológicas. Mesmo que seja um aborto que dê tudo certo, normalmente não dá, sempre acontece alguma coisa. Isso do ponto de vista da mulher, porque do ponto de vista da criança é fatal. Nunca a mulher vai deixar de carregar a sequela psicológica, sempre que ver uma criança, ela vai se lembrar: um dia eu matei um filho. E qual seria a forma de minimizar o índice de morte materna de aborto mal sucedido sem aperfeiçoar as técnicas abortivas, sem legalizar o aborto? Bassuma. Qualquer governo (pode

ser municipal), nenhum governo no Brasil faz. Barato e simples: políticas na área de educação e saúde e de prevenção à gravidez indesejada. O custo mínimo de um aborto de uma criança até três semanas é mil reais, e se der tudo certo, se não acontecer nenhum acidente na cirurgia. Quanto custa prevenir uma gravidez? Centavos.

O Sr. falou em gravidez indesejada. No caso de estupro, no Brasil, é permitido. Qual sua opinião? Bassuma. No estupro, o estuprador

comete um erro gravíssimo e ele tem que ser afastado da sociedade. A mulher sofre uma violência terrível e traumática. Ela tem que ser acolhida e protegida pelo Estado. E mesmo amparada, se no limite ela não quiser ter o filho, a criança deve ir para a adoção, mas nunca matar a criança. Olha que incoerência: a mulher vai sofrer o trauma do abor-

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Ele [Lula] fala e sempre disse que é contra o aborto, mas não faz nada em relação a seu governo. to, o homem no máximo vai para a cadeia, e a criança você vai violentar com pena de morte. Olha que absurdo! A criança, que não tem nada a ver com o crime, está sendo punida com pena de morte. Eu acho um absurdo, se a mãe não quiser ficar com filho, tem todo direito, então doação... Mas nunca MATAR. São inúmeras pessoas querendo adotar recém-nascidos no Brasil. E em caso de risco de morte da mãe? Bassuma. Este é o único caso em que

eu sou favorável ao aborto, porque tem que se escolher entre uma das vidas. Mas nos tempos de nossas avós, era até comum morrer no parto, hoje é muito raro, um caso em um milhão. Porque basta fazer o pré-natal, acompanhamento, e todos diagnósticos são prévios. Então hoje é muito raro isso, mas eu concordo só com esse.

Qual sua avaliação sobre a decisão polêmica do Obama de patrocinar pesquisas de entidades pró-aborto? Bassuma. Uma das bandeiras his-

tóricas do partido republicano, por incrível que se pareça, é o aborto. O Obama, ao tomar essa decisão, é decepcionante. Como líder maior, ele deveria tentar influir o seu partido a rever essa decisão, mas a primeira coisa que ele faz é liberar os milhões bloqueados do governo Bush. Obama erra gravemente com essa atitude, porque ele mostra que não tem coragem para o que o mundo acha que ele vai ser: que vai romper com sistema, ou ser o salvador mundo. Não

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tem chance nenhuma. O governo Obama vai ser no máximo um governo razoável. Irá enfrentar uma crise séria e não vai fazer mais do que os outros já fizeram. Não vai ter coragem de romper com modelos que os EUA implantaram no mundo de escravização e colonização. Enfim, ele não vai romper, essa questão mostra que ele vai ser a favor do sistema. Essa decisão afeta o Brasil? Bassuma. Afeta. Inclusive a CPI do

aborto, que quero fazer tocar nisto. Temos muitas informações, ainda não confirmadas, de que duas instituições dos EUA, Ford e RockFeller, financiam pessoas, ONG’s e parlamentares no Brasil que defendem o aborto. Eu quero apurar isso na CPI. Pretendo investigar e se possível eliminar essa fonte de apoio, porque no Brasil o aborto é crime, graças a Deus! Então eles não podem fomentar isso, fazem de maneira oculta e sob nomes bonitos. Existe a possibilidade da liberação do aborto acontecer no Brasil por uma decisão direta do Corte Suprema, como ocorreu nos EUA? Qual é o risco de a matéria não passar por votação na Câmara? Bassuma. No ano passado, consegui,

mesmo contra vontade de muitos, representar o Congresso Nacional numa discussão sobre o aborto no STF. Éramos dois parlamentares: eu a favor da vida e outro deputado abortista. Eu falei para o ministro relator (Marco Aurélio): se essa Suprema Corte brasileira decidir esse absurdo, que no caso de anecéfalos não seria aborto, se passar isso, virá aqui um novo processo e essa Corte vai ter que dizer que em Síndrome de Down também pode matar. Pois também não seria aborto, porque tem uma deformidade, então nos iríamos começar a matar todos os deficientes. Afinal se pode para anencéfalos, pode para todas as deficiências. Então deficiente vai ser condenado à pena de morte. O Estado nunca pode ser autorizado a matar. Isso é um retrocesso na chamada capacidade civilizatória dos povos. O Estado


só pode ser autorizado a garantir a vida. O Ministro Marco Aurélio, no caso anencéfalos, diz que, por ser uma deformidade grave, o Supremo entenderia, que não seria aborto. Então poderá ser autorizado e nunca legalizado, porque o Supremo não pode criar leis, apenas o Congresso. Eles querem forçar a barra e dizer que isso não é aborto. Eu e outros deputados a favor da vida entramos com representação contra o Ministro do STF, Marco Aurélio, junto ao MPF para colocar em suspensão o juiz. Porque nós achamos que ele não está em condições de presidir essa matéria, pois ele já declarou publicamente, previamente qual é sua posição a favor do aborto de anencéfalos. O que ele não deveria fazer. Ele é um juiz, não pode emitir seu juízo previamente, isso fere o código de ética deles. Qual sua opinião sobre a postura do Lula em relação ao aborto? Bassuma. O presidente perde uma

extraordinária oportunidade de dar um passo fundamental nessa questão. O Lula faz o melhor governo que o país já teve, as pesquisas comprovam. No entanto, nessa questão ele adota uma postura “em cima do muro”. Ele fala e sempre disse que é contra o aborto, mas não faz nada em relação a seu governo. A postura de inércia em relação à decisão do partido, então, se assemelha à sua análise do Obama... Bassuma. Menos. O Lula não autori-

za o financiamento de milhões para pesquisas. Até porque nem pode porque aqui é ilegal. Mas o Ministério da Saúde e o Ministério das Mulheres fazem campanha contrária no sentido de favorecer o aborto. Por isso, a CPI minha. Porque o Governo é omisso nessa questão, e ser omisso pra mim significa ser a favor do aborto. Quem diz é a Nilcéia e o Temporão, são palavras deles: “o Brasil realiza mais de um milhão de abortos clandestinos por ano”. Isso é gravíssimo e nada se faz! Eu não acredito, acho que esse número é mentiroso. Mas, já que

eles afirmam assim, porque não fazem nada para conter isso? Conter não é fazer o chamado aborto seguro como eles definem. E muito menos legalizar. É diminuir a quantidade de mulheres que vão para o aborto, com políticas na área de educação e saúde, para prevenir a gravidez indesejada. Isso eu vou repetir a vida toda, aí o governo falha. Qual caminho para defender a vida no Brasil? Bassuma. O ideal seria que as gran-

des mídias brasileiras, principalmente a televisão assumissem a causa. Mas o caminho ideal não está disponível. A grande mídia, no mínimo, está indiferente e quando atua é pró-aborto. É bem ruim. Então nos resta a conscientização. A grande mídia é pró-aborto. A Folha de São Paulo, que é o jornal que mais respeito o editorial, é pró-aborto. E os governos federais e estaduais são a mesma coisa. Vamos fazer o que tiver ao nosso alcance. Quem vocês vão investigar nessa CPI? Bassuma. Bom, começa com os go-

vernos. Depois setores da mídia, que eu já relacionei. Inclusive essa repórter da Veja vai ser chamada, porque ela identificou clínicas clandestinas. Eu quero endereço, nome e CPF de pessoas para obrigar a polícia a ir lá, fechar e punir. Atacar essas clínicas. Outro, na Polícia Federal tem muita omissão. Pela internet, se faz a venda de drogas abortivas, que é o Citotec, de maneira aberta. Nós já denunciamos varias vezes e não se tem uma postura firme para se coibir isso. Quer dizer, aí entra a Polícia Federal também, que é crime federal. Tem vários atores que precisam ser identificados.  Leia mais trechos da entrevista com Bassuma em nosso site: www.revistafale.com.br/brasilia Fale! Brasília entrou em contato com o ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, e tentou entrevistá-lo. Contudo, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.

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a Sociedade Civil e o aborto no Brasil

A sociedade civil contra a descriminalização do aborto se movimenta no Brasil com caminhadas e protestos. Defensores da vida, como se autodenominam, os movimentos mobilizam pessoas com intuito de fazer a sociedade refletir sobre o assunto. O Brasil sem Aborto é um dos movimentos atuantes desde de 2006, com campanhas contra o aborto. Segundo o vice-presidente nacional executivo, Jaime Ferreira, o Brasil sem Aborto nasceu com a preocupação de fazer uma campanha nacional pela vida. Hoje o movimento tem comitês em 16 estados. “ Somos um movimento da cidadania brasileira”, define Ferreira. Uma das ações mais conhecidas do movimento Brasil sem Aborto são as caminhadas que percorrem o país. A última caminhada em Brasília, em setembro de 2008, contou com a presença do deputado distrital, Aylton Gomes (PMN-DF), que fez um discurso a favor da vida. “A questão do aborto deve bem discutida na sociedade brasileira. Como cidadão e cristão, defendo a preservação da vida”, afirma o deputado. No Dia Internacional da Mulher, grupos feministas uniram-se no Parque da Cidade, em Brasília, para defender o aborto em ato público. As manifestantes defendiam o direto de escolha, junto com reivindicações de melhorias nos serviços de saúde pública relativos a mulher.

RECORDE BRASILEIRO DE ABORTOS CLANDESTINOS

O juiz da 2ª Vara do Tribunal do Mato Grosso do Sul, Aloísio Pereira dos Santos, investigou quase dez mil mulheres do estado acusadas de realizar aborto em clínicas clandestinas em Campo Grande (MS). A decisão tomada pelo juiz, em abril de 2008, atendeu ao pedido do promotor estadual de justiça, Paulo César dos Passos. No mês de junho, Aloísio Pereira anunciou que de todas as acusadas, seriam investigadas mil mulheres pois a maioria dos casos já havia prescrevido. Em agosto, o juiz decidiu que cinco das acusadas de aborto, no processo de nº 001.07.022370-0, fossem para júri popular. Em novembro, foi determinado o arquivamento de mais 483 fichas referentes aos anos 2000 e 2001, totalizando o arquivamento de 7.698 fichas das 9.896 iniciais. No mesmo mês, dessas mulheres, 30 foram condenadas com pena alternativa por realizar o aborto.

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H I S T Ó R I A de capa FotoS: BANCO DE DADOS

C ASo

Aborto passo-a-passo Jovem de 24 anos relata os perigos que passou após realizar aborto em clínica clandestina, no entorno de Brasília Paula Moraes*, 24, realizou um aborto de gêmeos no ano passado, no entorno do DF, em uma clínica clandestina em Planaltina-GO. A entrevistada é uma prova de que o aborto não é um problema de falta de instrução e orientação. Paula tem um grau de instrução elevado e diz que a razão que leva uma mulher fazer aborto é o desespero e a falta de apoio do parceiro. “Sempre a mulher é vista como a culpada, mas em geral o homem é o primeiro a dar no pé e abortar. Assim ocorreu comigo, o pai da criança abortou primeiro do que eu”, contou. A entrevistada relatou que realizou o método de Sucção, que também é conhecido

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como Aspiração. O processo durou cerca de 50 minutos, mas não ocorreu tudo como esperado e duas semanas depois teve que recorrer a uma curetagem. “É ministrado uma injeção intramuscular de algum analgésico, em seguida, o aparelho de sucção é introduzido no útero pelo canal vaginal, no

Apesar de não ter sequelas físicas, tenho muito medo de não poder ser mãe.

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qual irá evacuar completamente os produtos da concepção. Isso causa um desconforto muito grande, parecia que ia morrer. Confesso que na hora senti vontade de desistir, mas era tarde, o processo já havia começado”, explicou Paula. Após todo o processo abortivo, que custou a Paula R$ 550,00, pois estava na quarta semana de gravidez, a entrevistada foi recomendada a tomar anti-inflamatórios durante um longo período e todo o processo foi acompanhado por um médico. “Meu pósoperatório foi muito complicado, devido ao processo não ter sido bem sucedido.” Ela diz que o fato quase nunca é lembrado, nem mesmo quando vê outras crianças. O que pensa uma mulher que já fez o aborto? Para Paula, realmente é muito difícil fazer uma mulher disposta a realizar um aborto mudar de ideia. “Ter um filho requer não só estabilidade financeira, mas também emocional. A família ficou no


segundo plano na vida de muitos jovens.” Mesmo pensando assim, não aprova a legalização do aborto no Brasil. “Há uma necessidade de esclarecer que o aborto não deve ser visto como meio contraceptivo. Sem um acompanhamento, muitas mulheres fariam disso um meio fácil e barato de resolver um problema. Muitos países já têm o aborto legalizado, e isso não faz deles uma carnificina fetal. Porém, em um país

subdesenvolvido como o Brasil, encontraríamos muitos entraves que banalizariam o aborto. Temos que olhar da seguinte maneira: é mais fácil evitar”, conclui a entrevistada. Apesar de ter realizado um aborto de gêmeos, Paula Moraes não aconselharia alguém a fazer ou não um aborto, pois considera uma decisão muito pessoal. Ela diz que, em hipótese alguma, faria outra vez. “Além de ser uma agressão ao corpo, entra o

O P rofissional

Desabafo de um médico Atuando na secretaria de Saúde do Distrito Federal, médico Luiz Carlos Muniz, fala sobre suas experiências com o aborto O médico ginecologista, Dr. Luiz Carlos Muniz, 46, está há 13 anos na Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Atende em hospitais e clínicas privadas. Apesar de ser contra o aborto de gravidez indesejada de fetos saudáveis, o médico é a favor da legalização do direito de escolha da mulher em casos onde o feto possui patologias onde ele não tem chance de vida. Considera o Misoprostol (Cytotec) a salvação de mulheres que não tem como recorrer a um profissional capacitado para realizar essa intervenção. E concorda ser quase impossível fazer uma mulher decidida a abortar mudar de idéia. Leia a entrevista feita com o médico: Qual sua opinião em relação à legalização do aborto? Minha formação cristã, a princípio me coloca contra o aborto. Mas em determinados casos, que ainda não estão prescritos em lei como os anencéfalos, da decisão da mãe em

manter ou não a gravidez. Pois para a mãe pode ficar um ônus psicológico. Em todas as situações de má formação onde a vida da criança é incompatível, eu sou a favor do direito de escolha da mãe. Como, por exemplo, uma criança com ausência de rim, não vai sobreviver, ou de outro órgão. Em casos de deficiências como Síndrome de Down, jamais seria favorável ao aborto. Já foi procurado por alguma paciente para pedir conselhos sobre o aborto? Nunca fui procurado por uma paciente para fazer ou indicar um aborto, até porque deixo bem claro logo de inicio que não vou compactuar a situação. Como médico, eu ainda não me preparei psicologicamente para fazer um aborto de fetos saudáveis, mesmo se tivesse uma ordem judicial para eu fazer isso. Agora já fui procurado por pacientes que fizeram abortos mal executados. E eu, como profissional, corrigi a execução, com a realização de curetagem (raspagem do útero) ou orientações para evitar infecção e não deixar nada no útero. O que tem a dizer sobre o Misoprostol? Graças a Deus foi inventado o Misoprostol (Cytotec). Nossa sociedade é muito hipócrita, “a filhinha de papai” procura um médico bem capacitado que provoca o aborto e vai pra casa. Porém a paciente de poder aquisitivo menor, ela não vai a quem tem qualidades técnicas para realizar um

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lado espiritual, há sempre uma preparação em relação à vida que está para ser concebida. Tudo será cobrado mais tarde. É difícil uma pessoa que cometeu esse erro estar agora falando sobre Deus, sobre cobrança espiritual. Mas acredito que a maioria das mulheres se arrepende depois”, finalizou. * O nome verdadeiro da entrevistada foi mantido em sigilo. serviço desses. E muitas dessas morriam ou ficavam com sequelas irreversíveis. E depois do advento da invenção do Misoprostol, raramente uma mulher morre. Não estou aqui para julgar, se é certo ou errado. Só sei, que como médico e profissional, depois do Cytotec vemos poucas meninas morrendo por infecção. Porquê ele é muito eficaz? O medicamento usado adequadamente, é muito bom. O Misoprostol foi a principio criado para curar gastrite, uma mulher que estava grávida e tomou remédio para gastrite e abortou. A medicação ajuda o colo do útero a abrir (relaxar) e contrair, ela promove contrações fortes e intensas, o colo abre em contrações intensas então o que está no útero é jogado pra fora o que tem dentro. Tanto que, o Misoprostol é uma droga boa para induzir parto normal. Naquela paciente onde a criança não está conseguindo nascer, utilizado na dose certa ela vai contrair e realizar o parto. Inclusive eu adora ele (Cytotec), para parto é maravilhosa. Já tentou fazer uma mulher mudar de idéia e não fazer um aborto? Sim. É muito difícil. Eu gastei umas três ou quatro horas conversando com uma paciente para ela não abortar, e não consegui. Uma vez que elas decidem é quase impossível. Elas já vem com a cabeça feita, geralmente são por fatores sociais e econômicos. São mulheres que já tem um projeto de vida, e que infelizmente o filho naquele momento vai atrapalhar esse projeto. Quais danos físicos o aborto pode causar? O principal deles é a infertilidade. Por uma curetagem mal executada, podem ser causados danos ao útero, que faz com que a mulher não possa engravidar mais. O aborto deve ser um assunto muito bem discutido. n

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Artigo

Um Brasil sem memória e sem vestígios

O

Por Taís Morais

de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes lação à abertura dos arquivos militares, políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, referentes ao período do regime de exceaos que tiveram seus direitos políticos suspensos e ção brasileiro, desnudam a fragilidade da aos servidores da Administração Direta e Indirememória do nosso povo e do nosso país. ta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Depois do vasto material publicado, Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos inclusive alguns documentos secretos da ditadura Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, militar brasileira (1964 a 1984), ainda há pessoas que punidos com fundamento em Atos Institucionais e teimam em afirmar que não há documentos para esComplementares (vetado). clarecerem a verdade dos anos sob o regime militar A pergunta é: o que vamos revisar? Vamos culpar brasileiro. e punir pessoas que já morreram? Ou faremos os Desde 2003, discute-se a abertura de arquivos, familiares pagarem pelos atos da “dita” esquerda e que pingam na grande imprensa de tempos em temtambém da direita? pos, segundo interesses particulares. A juíza federal No Brasil, as pessoas realmente atingidas pela Solange Salgado, naquele repressão militar não têm ano, decretou a abertura sua história contada, nem dos papéis remanesconcluída. Observa-se centes dos órgãos de uma lacuna entre passado informação militares. A e futuro. Uma ocultação União, depois de afirmar da verdade, a negativa ao publicamente que não direito e à justiça, colocanrecorreria da decisão, o do limites ao conhecimento fez, na surdina. Desde do povo sobre sua própria então, a decisão da Juíza história. vem sendo adiada freneA Lei de Anistia gaticamente, e os meios de rantiu a ampliação da comunicação continuam atividade política, trouxe repercutindo a mentira os perseguidos do exílio, da falta de arquivos dos mas impediu a revelação idos tempos dos militares do passado, negando aos à frente do governo. familiares de mortos e Em um momento não desaparecidos políticos a muito propício para o possibilidade de conhecer Brasil, quando tivemos os fatos relacionados a novamente na pauta de esses crimes, dificultando discussões nacionais a rea constituição da memória visão da lei nº 6.683 – de de um Brasil acostumado 28 de agosto de 1979 – a ao silêncio. Reprodução de fotográfica da exposição sobre a ditadura Lei da Anistia, surgiram A Lei da Anistia, e isto militar no Brasil. Lula comanda paralização dos metalúrgicos matérias na grande mídia em 1978 e desafia as leis impostas pelo regime militar. ninguém entende, ou não e declarações estúpidas quer entender, não é ampla sobre não ter havido tortue irrestrita como dizem. ra no Brasil. Igual a todas as leis, ela possui exceções, como as do Só se pode afirmar que “não conhece nossa hisArt. 1º, § 2º: Excetuam-se dos benefícios da anistia tória quem declara tamanha barbaridade”. Além de os que foram condenados pela prática de crimes de demonstrar total alienação sobre os fatos, algumas terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal. pessoas, que não sabem nada sobre a Lei da Anistia, Ora bem, se os condenados pelos crimes citados declaram ter sido ampla e irrestrita. não foram, pela lei, anistiados, é necessário repensar Para provar que a lei merece uma discussão e, nossos aprendizados. Pessoas crescem acreditando principalmente, precisa ter suas brechas fechadas, numa verdade escamoteada, inverossímil, quase eis o que ela reza: É concedida anistia a todos quanfantasiosa. As escolas não ensinam a História do tos, no período compreendido entre 02 de setembro Brasil como ela é. Esquecem-se de inserir nos livros s últimos acontecimentos em re-

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os temas mais obscuros e deixam a ignorância tomar lugar nas cadeiras discentes. Os jovens de hoje mal sabem o que foi a ditadura, muito menos saberão se posicionar a respeito de a revelação de arquivos secretos a serem revelados. No entanto, para decepção de pesquisadores e interessados no assunto, a constatação de que a manutenção do segredo sobre a repressão política não é privilégio apenas do governo militar. Os governos civis, embora a Constituição Brasileira de 1988 tenha garantido os direitos individuais, e resguardado o direito de acesso às informações contidas nos órgãos públicos, o direito de acesso à justiça, continuam não abrindo os arquivos dos órgãos como o antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), hoje renomeado como Agência Brasileira de Informações (Abin). Não é difícil tirar conclusões (equivocadas ou não) a respeito dessa falta de vontade política para tratar desse delicado assunto. Houve algumas pessoas perseguidas que hoje estão no poder, ninguém melhor que elas para acabarem com a agonia de pelo menos 400 famílias de desaparecidos. No entanto, o tema possui outra face. Caso o governo conceda o acesso total aos documentos referentes à ditadura e haja mesmo a revisão da Lei da Anistia, será necessário uma delicada e minuciosa pesquisa sobre as pessoas envolvidas no assunto, para que o julgamento seja justo, honesto e despido de paixões, idealismo ou politicagem. Há que se pensar numa forma de fazer com que o debate sobre a punição dos agentes das Forças Armadas seja levado para o campo da responsabilização, como é o caso do Coronel Brilhante Ustra. Penso que a maior punição para ele seria constar em seus documentos a sua responsabilidade pelas torturas ocorridas sob seu comando no DOPS. Acredito que as Forças Armadas devem assumir publicamente seus erros e excessos, mas não necessariamente devemos pregar a punição individual como a única medida alternativa para selar um acordo de paz entre vítimas e algozes. Não será essa a forma de se chegar a um consenso e fazer com que o governo brasileiro pare de dar explicações furadas e sem sentido. É preciso tomar a rédea da situação que cavalga sem rumo e colocar o Brasil para trotar elegantemente. Há necessidade urgente de parar de remexer as terras do Araguaia em busca de corpos e começar a lutar por dignidade e pelo reconhecimento da luta e morte de pessoas que buscavam um mundo melhor, que se jogaram em um local remoto do país, onde o estado sequer dava atenção, muito menos apoio ao povo miserável e carente daquela rica região... Indenizações polpudas já foram pagas para os ex-militantes de esquerda, mas é necessário dizer também que militares foram feridos e mortos e família alguma pediu dinheiro para ter o sangue de suas feridas estacado. Famílias de camponeses feridos e torturados no Araguaia, que perderam terras, plantações e a dignidade, também não foram indenizadas até hoje. Nem

pelo sofrimento injusto, nem pelas perdas. A recente História do nosso Brasil, de berço esplêndido, mostra que o gigante possui memória quase inexistente. Há uma amnésia coletiva quando se fala de passado. E não de um passado distante, apenas um passado recente. E isso ocorre em todos os campos da nossa sociedade, principalmente na política. Durante minhas pesquisas sobre o obscuro tempo da ditadura, pude reconhecer que muitos militares que lutaram contra os movimentos revolucionários o faziam por falta de opção, diferentemente de militantes de esquerda que desejava livrar o Brasil daquele regime que cerceava, oprimia e matava. Brava luta! Mas que não justificava pedidos de indenização. Se houve uma decisão de brigar contra o regime bruto e bárbaro, é necessária a consciência das consequências a serem sofridas. Pagamentos de indenização conseguem apagar o sofrimento das famílias que perderam seus entes queridos? Penso que não. Ainda mais quando esse dinheiro não chega a todos os que sofreram nas mãos da repressão. Danilo Carneiro, ex-guerrilheiro do Araguaia que sobreviveu às torturas e tem, até hoje, sequelas da barbárie – em 1972 sua cabeça foi colocada em baixo da roda de um jipe para desatolar o automóvel na Transamazônica – sequer ganhou direito a ser atendido em hospitais decentes para curar-se das terríveis marcas que carrega. Não da sua luta, sim os problemas de saúde que lhe afligem corpo e mente até hoje. Poucos são os registros de mortes e torturas nos porões da ditadura após 1977. Entretanto, de 1968 a 1976 – quando os episódios da morte de Herzog (1975), Pedro Pomar e Ângelo Arroyo (Lapa 1976), há registros de quase 400 mortos e desaparecidos. Um número grande, sem dúvida, mas que se comparado ao de países como o Chile e a Argentina, com 3.000 e 10.000 respectivamente. Seria difícil localizar estes corpos, ou responsabilizar os militares por sequestro e morte? É a partir de parcos registros e poucas lembranças que temos escrito a verdade da nossa história, sempre escondida dos olhos da população. Um ministro do governo Lula afirmou, em discurso, que não houve ditadura no Brasil. Coincidência ou não, esse ministro ganhou uma medalha dos militares. Isso chocou pesquisadores e vítimas das torturas dos ditadores. Causou muito mal estar essa postura de descuido com quem vem lutando há mais de trinta anos para provar as barbáries dos porões. O Brasil possui histórias de homens que se tornaram sombras. Uns esquecidos pelas estantes empoeiradas dos arquivos, outros jogados no ostracismo e no silêncio de um pacto de sangue que jurava matar quem revelasse os bastidores da ditadura militar no Brasil.n Taís Morais é jornalista, pesquisadora sobre a ditadura militar brasileira, autora do livro ganhador do prêmio Jabuti de melhor reportagem em 2006 — Operação Araguaia – Os arquivos secretos da Guerrilha.

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Foto Marcello Casal Jr._Abr

Economia&Negócios

juros a chave para combater

efeitos da crise financeira Queda de arrecadação pode ser compensada por corte de juros. A inflação não representa risco para o Brasil nem para nenhum outro país, avalia Ipea.

N

ão há risco de recessão, mas haverá desaceleração do ritmo de crescimento, e muitos postos de trabalho poderão ser perdidos. Essa é uma das previsões do cenário econômico brasileiro para 2009 que constam da nota técnica “A gravidade da crise e a despesa do governo”, apresentada no início de março, por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, vinculado ao Ministério do Planejamento. Ainda segundo o documento, a crise deve ser combatida com uma administração fiscal responsável, a partir de redução dos juros. De acordo com a nota técnica, o governo tem condições orçamentárias para enfrentar a crise, já que a situação fiscal brasileira encontra-se muito bem equacionada. Contudo, em 2009, a arrecadação de impostos, contribuições e taxas tende a uma queda compatível com a redução do nível da atividade econômica. Analistas preveem uma queda de R$ 25 bilhões na arrecadação federal. “Em tempos de crise, uma administração orçamentária responsável das finanças públicas deve continuar sendo um dos objetivos do governo. É 40 | Fale! Brasília | Abril de 2009

esperada uma queda de arrecadação em 2009. Para enfrentá-la, a melhor política é a de corte das despesas com juros que remuneram o carregamento de dívida pública”, afirma o diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, João Sicsú. O especialista chama atenção para o fato de que a retração econômica no País não se deve apenas à falta de crédito, mas também a um plano abstrato — as expectativas. “A velocidade da queda do emprego e da atividade industrial recente não parece ser explicada totalmente por dificuldades www.revistafale.com.br

Analista. João Sicsú, diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, acredita que o caminho para o Brasil passar tranquilo pela crise que afundou a economia mundial é reduzir a taxa de juros

no mercado de crédito. Não seria uma crise do lado real da economia que teve sua origem exclusiva no lado monetário”, afirma. As expectativas a que se refere João Sicsú explicam o comportamento dos agentes econômicos, que estão apreensivos e, em consequência, tomam a decisão mais racional do ponto de vista individual: reduzem de forma drástica seus gastos. Por um lado, os empresários engavetam projetos de investimento, reduzem custos e volume de produção. E, do outro lado, os trabalhadores, temendo o desempre-


Na crise, Brasil já vendeu US$ 14,5 bilhões das reservas O Brasil já vendeu US$ 14,5 bilhões das reservas internacionais desde o agravamento da crise financeira internacional, em setembro, até o dia 2 de março. A informação foi dada pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles , durante o Seminário Internacional sobre Desenvolvimento, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). No total, a injeção líquida de dólares pelo Banco Central somou US$ 27,4 bilhões. Parte desses recursos foi destinada a empréstimos e voltará para

as reservas. Segundo Meirelles, US$ 9,7 bilhões foram destinados a leilões com compromisso de recompra e US$ 9,6 bilhões a leilões de financiamento à exportação. A

go, reduzem seu consumo para formar poupança motivada pela precaução. Devido a essa reação de proteção individual, o crescimento e o nível de emprego formal estão comprometidos, de forma bastante negativa, nesse primeiro trimestre. Para tentar amenizar o impacto negativo sobre as exportações, como fruto da crise internacional, e a demanda interna retraída, a solução é que o governo reaja, ampliando o gasto público com o objetivo de estimular o gasto privado. De acordo com o João Sicsú, a melhor forma de fazer esse movimento reativo é manter o gasto social via ampliação de programas, ou ainda via aumento real do salário mínimo, que atinge milhões de benefícios previdenciários. “Esse tipo de investimento social tem uma capacidade alta de

instituição também injetou US$ 33 bilhões por meio de operações de derivativos cambiais (swap). O presidente do BC também afirmou que o financiamento das

É possível enfrentar a crise mantendo ou ampliando os gastos do governo sem desorganizar as finanças públicas. girar a economia, gerando emprego e renda. O mesmo ocorre com o gasto em investimentos, responsável por mobilizar contingentes elevados de trabalhadores”, explica.

A política ideal, do ponto de vista fiscal, para o enfrentamento da crise, é aquela que combina redução da taxa Selic do Banco Central com ampliação dos gastos sociais e dos gastos em investimentos. “É possível enfrentar a crise mantendo ou ampliando os gastos do governo sem desorganizar as finanças públicas. Basta que seja realizada, por exemplo, uma redução de um ponto percentual na taxa Selic em cada uma das próximas cinco reuniões ordinárias do Comitê de Política Monetária (Copom), afirma João Sicsú. Em outros termos, reduções da taxa Selic da segunda reunião do ano até a sétima proporcionariam uma diminuição do patamar atual de 11,25% para 7% ao ano e uma economia fiscal de mais de R$ 30 bilhões.

A evolução dos juros no Brasil

Confira a variação da taxa básica de juros — SELIC, nos últimos meses (%) Fonte: Banco Central

12,00

11,50 11,50

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11,25 11,25 11,25

11,75

exportações está em processo de recuperação. Segundo ele, em janeiro deste ano, a renovação dos adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC) era de 75% e agora está em 95%.“Esse é um mercado que já começa a se recompor”, avalia Meirelles. Outro dado citado por Meirelles foi a liberação de depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC), que chegou a R$ 99,8 bilhões até 27 de fevereiro. Esse conjunto de medidas foi necessário porque, com a crise internacional, houve escassez de crédito.

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Moda

A Recessão está “na moda”

Por Adriana Meira

especial para a Fale! Brasília

A Semana de Moda outono-inverno 2009-2010 de Nova York influencia diretamente as versões de Paris, Londres, Milão e até nossos “Fashion Weeks” mundo afora. Isso porque a famosa crise econômica chegou às passarelas também

T

omada de cores neutras como preto, branco, crus e acinzentados, a máxima “menos é mais” emplacou definitivamente para a segurança da garantia de vendas nos tempos bicudos. Poucos foram os estilistas que ousaram colorir de tons fortes suas coleções como Marc Jacobs e Michael Kors, mas nada que apague o glamour do inverno. Entre outros não menos badalados, também se viu belíssimas estampas geométricas, de bichos, brilhos e metalizados. Aparentemente, o mercado nacional de moda não sentiu tanto as dores da crise mundial como a indústria automobilística e a construção civil, mas houve uma devida precaução com a previsão de redução leve ou estabilidade nas vendas. Contudo, se viu pouca novidade nas nossas passarelas, tendo a predominância do estilo clássico e austero, desfilado pelos mais renomados estilistas como Reinaldo Lourenço e Clô Orozco, da Huis Clos. Acredita-se que somente esse clima de tensão tenha preocupado nosso outono/inverno com menos ousadia fashion e apostas no básico de venda certeira. É o momento da moda feita para durar, de baixo custo e boa qualidade. Como ícone fashion da vez, destaca-

se Michelle Obama. Bela, alta, magra e discreta, ela traz à tona o estilo hi-lo, ou seja, misturar peças caras com baratas, como apareceu na posse do marido em que combinou um conjunto da estilista cubana Isabel Toledo com luvas de uma marca popular, a J.Crew. O vestido da festa era um simples longo branco de um ombro só, de um estilista desconhecido até então: Jason Wu, um jovem talentoso de 26 anos, que desde então é o mais frequentado por fashionistas e editores de moda das grandes revistas e jornais. As lojas vendem rapidamente as roupas que ela usa. Ser um Fashion Icon é ter uma personalidade marcante, um carimbo de estilo, coisa que Michelle está longe de ser, mas segundo a indústria da moda, aí é que está a questão: ela sabe de sí e mistura os clássicos sem extravagância como a própria época pede. As referências sobre seu visual e comportamento estão por toda a parte, inclusive na capa da Vogue Améri-

Fashion Icon. Michele estampa a Vogue América edição de março 2009. E na festa da posse, com vestido do estilista Jason Wu. 42 | Fale! Brasília | Abril de 2009

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ca deste mês de março, com um belo vestido magenta assinado por Wu. Parece ser subconsciente o estilo “Obama”, por se despir do luxo exagerado e caricato das celebridades de ocasião. Michelle é um ideal de mulher dedicada ao esposo, independente e mãe de família. Seria um resgate aos valores, trazendo à tona um conjunto de elementos que o mundo deseja, sendo espelho absoluto de que ser chique é onde menos é mais. Literalmente. n Adriana Meira é formada em Gestão e Design de Moda pela Unifacs. Trabalhou em grifes como Sartore, Mito, Elementais, io, Woxi e Drop zone. Atualmente, é empresária e estilista da marca Mandacah.


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Perfil L A E R T E B E SS A

A MELHOR CIVIL DO PAÍS

O deputado federal Laerte Bessa foi o responsável pelo salto de qualidade da Polícia Civil de Brasília, considerada a melhor do País. Em sua gestão casos que sacudiram a cidade foram desvendados e chegaram até ao famoso escândalo dos Anões do Orçamento

À

Por Marcos Linhares — linhares@revistafale.com.br primeira vista, o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal

(PCDF) e hoje deputado federal eleito com quase 62 mil votos, Laerte Bessa (PMDB-DF), passa a impressão de austeridade, até mesmo pela biografia ligada às atividades de segurança pública. Contudo, o parlamentar brasiliense, goiano de nascimento, tem muito bom humor, foi jogador de futebol na adolescência — aposentado por precoce contusão — , adora música caipira-sertaneja (amigo de vários cantores como Leonardo, Zé Mulato e Chico Rey) e apóia iniciativas culturais como o projeto “Viola e Outras Prosas”. Bessa é considerado um divisor de águas na história da PCDF. Quando foi o Diretor-Geral da instituição (1999-2006), atuou pela auto-estima da atividade policial. Conseguu aumentos salários e melhorou as condições de trabalho com mais armamentos, viaturas, helicóptero, treinamento, rotinas e procedimentos na mesma linha das grandes policias do mundo. Casos como o seqüestro da filha do então senador Luis Estevão, o caso Pedrinho, além do famoso caso do economista José Carlos Alves dos Santos, que matou a mulher Ana Elizabeth Lofrano e que revelou os esquemas de propinas dos deputados então chamados de Anões do Orçamento foram algumas das bem-sucedidas investigações chefiadas por Bessa à frente da PCDF. PARLAMENTO. O Até agora, o deputado já apresentou quatro projetos deputado federal de lei relacionados com a Lei nº 7.210 de 1984, a chamaBessa: formação da lei de execução penal, que versa sobre o cumprimento policial de penas e o retorno ao convívio em sociedade. Recémeleito como segundo vice-presidente truído e aprimorado ao longo dos da Comissão de Segurança Pública e anos, por meio da transferência da Combate ao Crime Organizado da Câ- expertise dos policiais mais antigos, mara, Bessa recebeu a Fale!Brasília que foi sendo incorporada ao conheem seu gabinete e nos explicou, entre cimento trazido de fora pelos novos outras coisas, o porquê de a PCDF ser policiais, que ingressaram na carreira reconhecida como a melhor do Brasil. policial atraídos, em primeiro plano, pelos bons salários pagos pela InsEstratégia. De acordo com o par- tituição. Essa sistemática redundou lamentar, a estratégia da PCDF foi na geração de técnicas específicas de investir numa política de recursos investigação policial, que não são enhumanos. “O patrimônio intelectual sinadas nos bancos das faculdades e da Polícia Civil foi lentamente cons- enquadrou perfeitamente a PCDF no 44 | Fale! Brasília | Abril de 2009

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conceito inovador de organização que aprende’, explicou. Bessa também defendeu o ponto de vista logístico, no qual segundo ele, a PCDF deu especial atenção ao provimento das ferramentas necessárias ao trabalho policial, como, por exemplo, fácil acesso a rede mundial de computadores, modernas ferramentas de inteligência, viaturas policiais seguras e bem equipadas, aeronaves, armamento com alto poder de fogo e uma carga horária compatível com o alto nível de estresse decor-


rente da atividade policial. “Sabe-se que a atividade policial é altamente estressante e tem levado vários policiais a atentarem contra a própria vida, além do lamentável apelo ao uso de substâncias que causam dependência química, especialmente bebida alcoólica”, revelou. Salários. A luta pelos salários, custou muito sacrifício e foi motivo de acirradas lutas sindicais, às vezes com derramamento de sangue, como o emblemático episódio do Badernaço, que acabou por forçar a administração a reconhecer a importância da atividade policial e a necessidade de pagar bons salários aqueles que dedicam a própria vida em defesa da sociedade. “A PCDF tem mantido a política salarial em bases razoáveis, em razão atuação dedicada das entidades representativas e da representação político-partidária conquistada pela força multiplicadora e união da categoria, além do reconhecimento do GDF da necessidade de se remunerar bem aos profissionais da segurança pública, cuja fonte pagadora é a União, por intermédio do Fundo Constitucional do Distrito Federal. Isso diferencia a PCDF das demais polícias estaduais. Os salários e o direito a aposentadoria aos trinta anos de serviço, fizeram da PCDF um grande atrativo para quem ainda não ingressou na instituição e, ao tempo, constituem uma barreira para segurar os bons policiais que são tentados a deixar a Instituição a procura de melhores horizontes profissionais, como o ingresso no Ministério Público e na Magistratura. Maus policiais. Bessa lamentou o recente caso da Corregedora da PCDF, Nélia Vieira, que pediu exoneração do cargo, devido a ameaças de mor-

A polícia dispõe de uma das melhores estruturas de inteligência policial do País. Ela foi pioneira na importação de equipamentos de inteligência. tes de alguns colegas investigados. O deputado defendeu a instituição informando que depois desse ocorrido foi feita uma reforma geral nos cargos de chefia da PCDF. “A Dra. Nélia é uma profissional extremamente séria e competente”. Bessa lembra que em toda instituição existem maus profissionais. “O importante é não deixar barato. Punir esses desvios. Estamos lutando contra esse corporativismo do mal”. Ele assegura que a instituição está preocupada com o controle, tanto no aspecto disciplinar, relativo ao regramento da conduta policial e à adequada punição às eventuais transgressões disciplinares, pela Corregedoria Geral de Polícia Civil, como também do ponto de vista administrativo, relativo ao controle patrimonial e ao adequado uso dos equipamentos e materiais de consumo. Delegacias. Bessa comemora o fato de que o DF, segundo ele, ser a única unidade da federação que não possui celas nas delegacias. “Briguei e consegui implantar isso quando era o diretor da Civil e foi mantido assim. Delegacia não é presídio. Nossas novas delegacias são perfeitamente adequadas ao desempenho das atividades policiais, com salas amplas, auditório, moderna sala de reconhecimento de pessoas, baias de atendimento e sala de espera com televisão, separado do ambiente destinado à circulação de pessoas conduzidas coercitivamente à presença da autoridade policial. A inexistência de presos nas delegacias propicia maior segurança às pessoas que necessitam dos serviços policiais, além de promover o envolvimento www.revistafale.com.br

total dos policiais na atividade investigatória propriamente dita, contrastando com o que se via no passado, quando as delegacias superlotadas de presos eram consideradas verdadeiros depósitos humanos”, enfatizou. O parlamentar também lembrou que, além disso, aos que não querem se dirigir a uma delegacia para registrar ocorrência, a PCDF disponibiliza à população a Delegacia Virtual, que permite o registro de BOs, via internet, por intermédio do site www. pcdf.df.gov.br Em forma. Sobre a atual estrutura da PCDF, Bessa esclarece que com a distribuição das delegacias circunscricionais nas diversas regiões administrativas e das delegacias temáticas do Departamento de Polícia Especializada, é possível uma excelente cobertura policial em todo quadrilátero do Distrito Federal, com amplo controle da criminalidade e represamento das ações criminosas oriundas do Entorno, hoje considerado um sério problema para a segurança pública da Capital Federal. “A pequena área territorial de atuação da PCDF é mais um fator determinante de sua eficiência, se comparado às demais policias civis estatuais”, diz. “A instituição também dispõe de uma das melhores estruturas de inteligência policial do País, visto que foi pioneira na importação de equipamentos de inteligência.” Para Bessa, a Policia Civil está absolutamente preparada para enfrentar as adversidades da segurança pública, em especial na apuração dos crimes e suas respectivas autoria e materialidade. Um exemplo da capacidade de trabalho da Polícia Civil foi a elucidação de vários crimes de repercussão nacional, como o Caso da Ana Elizabeth, o Caso Pedrinho e o Caso Marcelo Bauer e sua participação na identificação dos corpos das 154 vítimas do acidente do avião da Gol, que caiu na selva Amazônica, no dia 29 de setembro de 2006, cujos procedimentos foram realizados em tempo recorde, o que foi objeto de elogios de várias autoridades nacionais e internacionais. Bessa concluiu que a reunião dos vários fatores dão a Polícia Civil do Distrito Federal o merecido reconhecimento de melhor polícia civil do Brasil. n Abril de 2009 | Fale! Brasília | 45


Persona

n O Campeonato Brasileiro de Motocross é parte da programação do aniversário de 49 anos de Brasília. Pela primeira vez a cidade receberá essa competição nacional e com requinte, já que nos outros estados a prova é realizada fora da cidade, e em Brasília deve ser no Setor Bancário Norte, no centro da capital. São esperados cerca de 400 pilotos para a disputa das oito categorias da competição.

Abre–alas alemão O Baile de Máscaras da Embaixada da Alemanha

já está se tornando tradição. Em parceria com a Secretária de Estado de Cultura do Distrito Federal, esse é o segundo ano da festa que reuniu brasileiros, franceses, alemães e, é claro, foliões de várias outras nacionalidades. Animaram a Embaixada o já tradicional Pacotão, a famosa banda de percussão formada por mulheres, o Batalá, o Rei Momo do DF e suas princesas e Thaís Moreira, cantora brasiliense finalista do programa Ídolos (SBT). Ao som de muito axé e marchinha de carnaval, a festa rompeu a madrugada regada por muita cerveja, caipirinha e pratos típicos alemães.

Miss Brasília via internet

Depois de votação aberta aos internautas (35 mil votos), Ana Claudia de Almeida Ramos foi escolhida a Miss Brasília 2009, tendo alcançado 43% dos votos (14.921). Estudante, 19 anos, 1,76 metro, 61 kg e paulista de nascimento, Ana Claudia passou o carnaval inteiro grudada no telefone, mobilizando parentes e amigos para votarem nela. Pela foto, dá para perceber que, apesar de não ter havido passarela, apenas o voto no site da Administração de Brasília, a escolha foi aprovada. Fotos gabriel alves

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Por Aline Almeida

almeida@revistafale.com.br

Prevenção contra a crise Esteve em Brasília, em fevereiro, o

Quem disse que sexta-feira 13 é dia de azar? Pelo menos era o que

comentavam os corredores às 7h da manhã daquele dia, concentrados em um dos estacionamentos do Parque Sarah Kubitscheck, em Brasília. Naquela manhã, aproximadamente 1.500 pessoas, segundo a Polícia, comemoraram os 59 anos do empresário e vice-governador de Brasília, Paulo Octávio. A festa teve início com uma caminhada de 4km pelo parque, encabeçada pelo aniversariante do dia. Além dos vários colegas do DEM, amigos, parentes e curiosos

que lá estiveram ganharam uma camiseta branca onde se lia “Deixar a nossa marca já virou mania” e foram recebidos com um belo café da manhã. Lógico que não podia faltar um palco para os presentes, ávidos por declarar seu amor pelo P.O. Em meio ao coro: “Governador, governador!”, agradecimentos e felicitações, o aniversariante desconversou sobre a possível candidatura para o Governo do Distrito Federal em 2010, como se isso ainda fosse um mistério. Parabéns, Paulo Octávio!

palestrante Edmour Saiani, autor dos livros “Loja Viva” e “Ponto de Referência”. Num evento para mais de 605 empresários no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, Saiani falou sobre “Como transformar sua empresa em ponto de referência” num tom descontraído e bem humorado. Na segunda parte do evento, um batepapo com a participação de Avaldir Oliveira, Diretor Presidente da Ctis, da médica Janete Vaz, Presidente do Sabin, e de Rodrigo Taumaturgo Pavoni, Diretor Executivo do Grupo Santa Helena, esclareceu dúvidas e, de certa forma, trouxe mais ânimo aos empreendedores presentes. É, em tempos de crise, quem não se antecipar...

Fotos Pedro Goularte

Foto Ricardo Stuckert _ PR

C

AMARADAS. Presidentes Lula e Obama numa cena de diplomacia em Washinton DC. Espera-se agora que o fim da crise amplie a conversa. O problema é o deadline para fim da crise. Mas uma coisa é certa: Obama não se sensibilozu sobre abrir mercado para o etanol brasileiro. Tudo sob o olhar de George Washington.

Rápidas Iron Maiden

Pra quem dizia que Brasília nunca recebe atrações internacionais de peso... Depois de Alanis, Mano Chao, Groundation, todos no primeiro trimestre do ano, esteve em nossa Capital nada menos do que Iron Maiden, com a turnê Somewhere Back in Time, no dia 20 desse mês, no estádio Mané Garrincha.

Liza Minelli

Um dia depois do Iron foi a vez de Liza Minelli dar o ar da graça em Brasília. A cantora e atriz norte-americana, conhecida por interpretações de clássicos como New York, New York e Cabaret, apresentou seu novo show, estreado em dezembro, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães. Também é a primeira vez que Minelli vem à Brasília. www.revistafale.com.br

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Cultura

sotaque brasileiro O Brasil no exterior já foi conversa de futebol, mulher e samba. Hoje, na capital inglesa, imigrantes brasileiros estão mudando de assunto. A cena eletrônica underground londrina é nossa! A m´suica eletrônica feita por brasileiros é sucesso em Londres Por Marcos Linhares

O

estudo Brazilians in London, do Departamento de Geografia da Universidade Queen Mary, realizado em 2007, apontou que, entre imigrantes legais e não cadastrados, encontram-se hoje cerca de 130 a 160 mil brasileiros morando em Londres. O Santista Diego Coelho, 30 anos, é um deles. E faz grande diferença para os adeptos da música eletrônica local. Diego chegou no Reino Unido em 2003 e atualmente é um dos DJs e produtores mais ativos da cena eletrônica underground local. Entre jovens de diversas nacionalidades que acompanham o movimento semanal de festas do estilo, o nome DJ Digoa e a sua produtora de eventos, Digital Hive, são sinônimos de qualidade e diversão certa. Desde 2005, o núcleo Digital Hive (www.digitalhive.info /

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www.myspace.com/digitalhive) promoveu mais de 50 eventos em clubs, warehouses e parques públicos. Diego Coelho também faz parte da gravadora Inglesa de djs Alchemy records e já tocou em muitos países europeus, como Áustria, Espanha (incluindo a ilha festeira Ibiza), Portugal, Polônia, Itália, Hungria entre outros, participando dos maiores festivais de música eletrônica mundiais, incluindo Sonica (Itália), Glade (Inglaterra) e Universo Parallelo (Brasil). No último mês de dezembro, o santista fez um tour pelo Brasil com oito apresentações em clubes e festas renomadas, como a Tribe e a Milllenium. De volta ao inverno londrino, na noite de reveillon, produziu a festa O Portal. Vinte horas corridas de evento, 30 Djs e quatro diferentes ambientes embalaram mais de dois

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mil e quinhentos festeiros na capital inglesa. O sucesso absoluto pode ser visto e debatido nos vários fóruns do estilo na internet, como www.accessallareas.org , www.psymusic.co.uk e www. forumisratrance.com Segundo Diego, esse é só o começo. Os planos para 2009 são muitos. O Dj lançará uma compilação de trance no início do mês de março pela gravadora Alchemy e já prepara seu calendário de festas para 2009. “Estou ansioso para a chegada do verão europeu, época que acontecem os melhores festivais do planeta”, comentou. Para saber mais e acompanhar a agenda do Dj Digoa, visite www. myspace.com/djdigoa. Os dois pratos preferidos de Diego no vasto menu da música eletrônica são: psychedelic trance e minimal techno. n


O espírito de Bezerra de Menezes, em dvd Sai em DVD o campeão de bilheteria, Bezerra de Menezes — O Diário de um Espírito, com Carlos Vereza no papel título e distribuição da Fox Filmes

U

m sucesso do cinema

nacional, o filme Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito, ganhou sua versão em DVD. O longa-metragem ficou em cartaz por 16 semanas e foi assistido por mais de 600 mil em todo país. O filme, uma produção de Luiz Eduardo Girão, dirigido pelos cineastas Glauber Filho e Joe Pimentel, já desbancou nas bilheterias obras badaladas, como Os Desafinados e Linha de Passe, figurando na lista dos 5 mais assistidos em 2008. O DVD traz extras como, depoimentos dos diretores e do elenco, cenas excluídas, efeitos especiais, depoimentos de religiosos e estudiosos da vida do espírita famoso e do espiritismo em si, além de uma rica biografia e making off. Orçado em dois milhões de reais, “Bezerra de Menezes” pagou o próprio custo em cerca de 45 dias. A distribuidora Fox Filmes do Brasil teve de ampliar o número de salas em exibição, devido à grande procura pelo filme nos cinemas de todo país, levando a produção cearense para cinemas de cidades que fogem ao

roteiro tradicional percorrid o pela sétima arte. Há um cuidadoso trabalho de reconstituição de época. O diretor Glauber Filho, numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, diz até mesma a fala de Bezerra de Menezes foi resgatada. “Quem já freqüentou uma sessão espírita e viu um médium encarnar o dr. Bezerra sabe que ele falava assim”, diz o diretor. Glauber Filho não se define como espírita, mas não contesta a doutrina de Allan Kardec e Bezerra de Menezes. Com a distribuição em DVD, o filme certamente ampliará sua área de audiência. O sucesso deve ganhar, ainda, uma minissérie de dez capítulos, a ser exibida provavelmente na Rede Globo de Televisão, com o ator Carlos Vereza reeditando o “Médico dos Pobres”. O filme Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito, em DVD, pode ser adquirido através do site www.bezerrademenezesofilme.com.br, ao preço sugerido de R$ 39,90.

O f ilme

A vida do personagem começa em 1831, na localidade de Riacho do Sangue, Ceará. No universo sertanejo, Bezerra de Menezes forjou seu caráter e aos dezoito anos inicia no Rio de Janeiro seus estudos de Medicina. Na então Capital da República, foi um grande abolicionista e elegeu-se vereador e deputado em várias legislaturas. Porém, o trabalho anônimo em favor dos mais humildes foi que lhe trouxe o maior reconhecimento de seu povo, que o chamava Médico dos Pobres. Sua trajetória foi marcada pelo amor e pela caridade, seja como o político devotado às causas humanitárias, seja como o médico conhecido por jamais negar socorro a quem batesse à sua porta. Um exemplo de homem que fez da sua vida um meio de servir ao próximo e à sua pátria.

Ficha Técnica

“O

médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro — esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida”. Bezerra de Menezes, o médico dos pobres www.revistafale.com.br

Gênero Biografia, Drama Duração 75 min. Tipo Longa-metragem. Colorido Distribuidora Fox Filmes do Brasil Produtoras Trio Filmes, ONG Estação da Luz Diretores Glauber Filho, Joe Pimentel Produção Executiva Sidney Girao, Eduardo Girão Produtor Isabela Veras Direção de Fotografia Cezar Moraes, Antônio Luís Direção de Arte André Sacallazari Som Danilo Carvalho Abril de 2009 | Fale! Brasília | 49


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O diploma ‘e conhecimento’

onhecimento e diploma não são sinônimos, sequer têm correlação positiva, mas para os brasileiros o diploma vem sempre em primeiro lugar, o conhecimento pode vir depois. Pode-se afirmar sem medo de errar que este é um dos principais traços de nossa cultura que condenam a educação nacional ao fracasso, tão bem retratados e mostrados pelos diversos sistemas de avaliação e testes internacionais de desempenho. Nós amamos, profundamente, os diplomas. Não temos o mesmo sentimento para o conhecimento, para o saber. Não são poucos os que confundem diplomas com conhecimento. E, pior, valorizam mais os diplomas e títulos. Há um verdadeiro abismo, no Brasil, entre se ter um diploma e ter tido as chances reais de desenvolver habilidades, competências e perícias para o exercício de uma vida produtiva e próspera. Mesmo ultrapassando os obstáculos do sistema, sobreviventes do funil educacional chegam ao ensino superior e, mesmo sendo diplomados, não adquirem os pré-requisitos para o exercício da profissão. São apenas bacharéis, não podem exercer a profissão para a qual foram diplomados. Um exemplo conhecido desse fenômeno são os baixíssimos percentuais de aprovação no exame nacional da OAB. A grande maioria dos diplomados, que responde ao exame, não demonstra os conhecimentos mínimos para o exercício da profissão de advogado. Em tempo, para quem duvida de que o sistema educacional brasileiro é um severo funil, estreito em sua saída, basta lembrar deste fato: de cada 100 crianças matriculadas na primeira serie do ensino fundamental, somente 56 delas completarão esta etapa e menos de um terço chegará a completar o ensino médio, 11 chegam a universidade, nove para as particulares e dois para as públicas. Durante os anos 1990, houve uma grande ampliação da matrícula no ensino fundamental, muitas escolas foram construídas, muitas crianças foram incorporadas 50 | Fale! Brasília | Abril de 2009

Por Carlos Henrique Araujo

ao sistema. Àquela altura, a nova forma de financiamento da educação, o FUNDEF, atrelou o financiamento ao aumento da matrícula no ensino fundamental. Esse crescimento registrado exaustivamente se refletiu no ensino médio, elevando também suas matrículas. O crescimento quantitativo das matrículas não foi acompanhado por um aumento de aprendizagem, de conhecimento. Os resultados auferidos do Prova Brasil, do INEP, são claros em mostrar que há pelo menos 50% de crianças de 4ª série do ensino fundamental em situação de analfabetismo, literal ou funcional. Os resultados da oitava série são ainda piores do que os da quarta série. De que vale um diploma de ensino fundamental sem ao menos os estudantes terem a capacidade de se informarem com competência por meio da leitura? Pois é, a realidade do ensino médio é ainda mais desoladora. Os últimos resultados publicados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação básica mostram que a média mínima auferida pelos testes do Saeb para o ensino médio são desempenhos típicos de oitava série. Os estudantes que saem do ensino médio e não pretendem entrar em uma faculdade simplesmente obtêm um diploma que não serve para o sistema produtivo, eles não têm profissão e, ao menos pelos resultados dos testes, não possuem conhecimentos adequados de português e de matemática. Em resumo, diplomamos, mas nos recusamos a educar. Esses resultados medíocres na educação básica sequer chegam a assustar a sociedade. Ora, estamos produzindo pessoas que não têm os mínimos conheci-

mentos exigidos em uma sociedade moderna e tecnológica. Esse fato em si não promove a intenção de uma reforma da educação. Não estamos interessados nisso. Não há responsabilização pelos péssimos resultados, só os louros pelos diplomas e aumento de matrículas. O amor ao diploma e a rejeição ao conhecimento estão na base do entendimento e do comportamento do brasileiro. O mérito é valorizado somente em seus aspectos formais, a questão é possuir um diploma ou não. Para avançar, é preciso reiterar o esforço, os métodos, a disciplina necessária para aprender. O Brasileiro acha que é possível aprender sem estudar. Isso está em nossas raízes, em nosso comportamento frente ao conhecimento e aos diplomados. Idolatramos o diploma, detestamos o conhecimento e fugimos do esforço e da responsabilidade por resultados educacionais. Essa mentalidade é de todos, pobres, remediados ou ricos. Por incrível que possa parecer, os pais de estudantes da rede pública de ensino fundamental aprovam o ensino ministrado aos seus filhos e, ainda, tascam um oito como nota para a qualidade das escolas públicas, segundo pesquisa do INEP, de 2005. Em outros termos, os pobres, em particular, percebem a importância da educação, mas não tem condições de avaliar o que os seus filhos estão aprendendo, pois eles mesmos não têm escolaridade para tanto. Não há pressão social suficiente por mais qualidade na educação. Essa pressão é, ainda, embrionária em todos os setores da sociedade. Na pesquisa do Inep, os pais deixam absolutamente claro que o maior critério para a escolha da escola dos filhos é o da proximidade da escola em relação à residência. Definitivamente, devemos superar a ideia de diplomar sem educar, lutar contra esse comportamento e valorizar quem sabe e o saber, pois, do contrário, o sistema educacional pode desmoronar como um castelo feito de cartas. n Carlos Henrique Araújo é sociólogo e consultor para políticas de Educação.

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