Revista Fale! Brasília. Edição 07

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Revista de informação ANO I — Nº 7 BSB EDITORA

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R$

9,00

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Brasília

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BSB e d i t o r a

CASSAÇÕES

Os tribunais nunca trabalharam tanto. Só na Paraíba cerca de 100 políticos do Estado foram cassados nos últimos anos. Desde 2000, 667 políticos eleitos perderam seus mandatos por força da lei


Painel do artista plรกstico cearense Aldemir Martins no Centro Cultural Dragรฃo do Mar em Fortaleza - Cearรก.


TRANSFORMAR O ENSINO PÚBLICO, MELHORANDO A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO, EXIGE TEMPO, DEDICAÇÃO E

PERSEVERANÇA.


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ENDEREÇO SHIN CA 05 Bloco I Loja 112 Ed. Saint Regis — Lago Norte  CEP 71.503-505, Brasília, Distrito Federal


Uma revista com a cara de Brasília.

A revista de informação de Brasília. Toda grande cidade merece uma grande revista.

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MOTORISTA LEGAL É MOTORISTA CONSCIENTE


FIQUE ATENTO AOS MOTOCICLISTAS E SINALIZE SEMPRE ANTES DE MUDAR DE FAIXA.

No trânsito é preciso ter sempre em mente o perigo que você pode causar aos outros e a si mesmo. Lembre-se que motos e bicicletas são mais frágeis e a segurança de quem as conduz depende da sua atenção. Dirija com consciência.


ISSN 1519-9533

diretor de redação

editor executivo

Marcos Linhares

Luís-Sérgio Santos

Editores de Arte

Everton Sousa de Paula Pessoa e Jon Romano

Redação Gabriel Alves, Vitor Ferns, Rafael Oliveira Arte Luís Sérgio Santos Jr serviços editoriais e Fotografia Agência Brasil,

Agência Estado, Reuters, Omni colaboradores Aline Almeida, Carlos Henrique Araújo, Adriana Almeida, Igor Macedo, Caio Costa Revisão Francisco Gomes Segundo Redação e publicidade BSB Editora Endereço SHIN CA 05 Bloco I Loja 112 Ed. Saint Regis — Lago Norte  CEP 71.503-505, Brasília, Distrito Federal FONE (61) 3468.5697  sucursal fortaleza Omni Editora — Rua Joaquim Sá, 746 fones (85) 3247.6101  CEP 60.130-050, Aldeota, Fortaleza, Ceará e-mail: df@fortalnet.com.br  web-page www.revistafale.com.br/brasilia Copyright © 2009 BSB Editora Ltda. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta obra de qualquer forma ou meio eletrônico, mecânico, fotográfico e gravação ou qualquer outro, sem a permissão expressa da BSB Editora (lei nº 5.988 de 14.12.73).  Fale!Brasília é publicada pela BSB Editora Ltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista. Fale!Brasília não se responsabiliza pela devolução de matérias editoriais não solicitadas. Sugestões e comentários sobre o conteúdo editorial de Fale!Brasília podem ser feitos por fax, telefone ou e-mail. Cartas e mensagens devem trazer o nome e endereço do autor. Impressão Halley  Impresso no Brasil/Printed in Brazil. Fale!Brasília is published monthly by BSB Editora Ltda. A yearly subscription abroad costs US$ 99,00. To subscribe call (55+85) 3247.6101 or by e-mail: df@fortalnet.com.br All rights reserved. Reproduction in whole or in part without permission is prohibited.

BSB e d i t o r a DIRETORES

Luís-Sérgio Santos Marcos Linhares www.revistafale.com.br/brasilia

Carta do editor,

C

orrupção. Maldita palavra indesejada que nos acompanha no dia-a-dia. Como um efeito do-

minó, ela passa pelo padeiro que enche de bromato o pão, pelo comerciante que adultera a balança ou o combustível que sai da bomba, no posto de gasolina, e se chega a esferas mais altas como Executivo, Legislativo e até no Judiciário. Salve juiz Nicolau dos Santos. E nesse meio, ficamos nós, os honestos, que acabamos sendo considerados idiotas por não nos corrompermos. A cultura da corrupção é prática mundial. Começa em casa, com o filho que falsifica a assinatura do pai nos bilhetes da escola, e alcança a poderosa União Européia, nos mais diferentes aspectos. Antes só se falava em corrupção no futebol brasileiro, agora, há a suspeita de mais de 100 jogos da liga européia terem seus resultados manipulados. Segundo a consultoria norteamericana Kroll, especializada em gerenciamento de riscos, a América Latina perdeu R$ 5,8 milhões com fraude em 2009. Estamos na região, segundo o levantamento Global Fraud Report, com incidência de fraude por roubo ou perda de informação maior do que outras regiões do mundo. Neste número, falamos sobre o estado da Paraíba, devido aos números de cassação de políticos naquele estado, como forma de exemplificar a que ponto estamos indo. Nesse sentido, parabenizamos o Tribunal de Contas da União, pelo belo trabalho feito. Apesar de ser um tribunal formado por membros oriundos do Congresso Nacional e por indicação, o TCU, segundo foi divulgado pelo presidente da instituição, ministro Ubiratan Aguiar, evitou prejuízos em torno de R$ 15,8 bilhões, só no ano passado. Aguiar inclusive, declarou que para cada R$ 1 gasto pelo tribunal, cerca de R$ 27,8 foram devolvidos à sociedade. Então, nem tudo está perdido... Nossas pautas tentam buscar respostas e ouvir gente que tem o que falar, apontar caminhos. Não podemos perder a esperança. Ela nos motiva e embala. Até a próxima edição. Marcos Linhares Diretor de redação


ArenaPolítica TalkingHeads Online BrasíliaOff Blogosfera S O C IE DA D E

42Gastronomia no DF

As várias especializações que a cozinha brasiliense oferece passam até mesma pela gastronomia molecular

46Jiu-jitsu social

Projeto de Jiu-jitsu melhora a vida de crianças de Samambaia

||Pause POLÍTICA

22Paraíba, um estado sob tensão 26Ranking da corrupção percebida

A política paraibana vive um momento insólito. Cerca de 100 políticos do Estado foram cassados nos últimos anos. No Brasil, desde 2000, 667 políticos eleitos tiveram seus mandatos cassados O Brasil subiu cinco posições em relação a 2008, diz Transparência Internacional na versão 2009 do seu estudo anual

imagem

||Pause

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economia

Câmbio, gargalo

No 4º Encontro Nacional da CNI empresários dizem que o maior problema do Brasil é cambial

SEÇÕE S

10 Talking Heads 13 Arena Política 14 Brasília Off

16 Online 17 Blogosfera 18 10 Perguntas 39 Persona

Foto: Marcello Casal Jr _ ABr

relações internacionais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da República Islâmica do Irã, Mahmaoud Ahmadinejad, no Itamaraty. A visita foi objeto de críticas considerando as ações repressivas do governo do Irã.

Se Aécio for candidato, minha candidatura não é necessária mais. ciro gomes, declarando apoio a Aécio Neves

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TalkingHeads Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem. declarando voto a Marina Silva, pré-candidata pelo PV à presidente da República, e dando estocada no presidente Lula, em entrevista ao jornal O Estado de s. Paulo

||Pause

CAETANO VELOSO,

Queremos impedir o excesso de atração fatalem seminário em relação ao Brasil. sobre o Brasil realizado em Londres, GUIDO MANTEGA,

—organizado pelos jornais Financial Times e Valor — argumentando que preocupação com a valorização do real tem o objetivo de evitar uma “exuberância irracional” no Brasil, referindo-se ao termo cunhado pelo ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan.

Foto janine moraes _ ABr

Se Dilma ganhar as eleições, sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. fernando henrique cardoso, em crítica ao Governo Lula

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Foto josé cruz_abr

Os problemas são criados na expansão e aparecem na retração. Henrique Meirelles, presidente

do Banco Central fazendo uma referência aos efeitos provocados na economia mundial pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, em palestra no 8º Seminário de Economia, promovido pela Febraban.

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c u s t o

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d i n h e i r o

Os bancos se sentem obrigados a financiar o desenvolvimento. Se os bancos não cobrassem nada, o spread já seria de partida 29,4% por causa dos tributos.

A expansão nessa área é enorme. O crescimento econômico e a criação de empregos sempre tem reflexo positivo na baixa renda.

da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e do Bradesco, mostrando que o Governo também participa da composição do spread

do Banco Itaú, prevê para o próximo ano um aumento de 25% até 30% nas operações de financiamento ao consumo

Márcio Cypriano, presidente

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Roberto Setubal, presidente


Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr

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Não deixe pra depois a gravação de uma imagem achando que ela estará lá mais tarde. É provável que você perca a imagem. Flávio Fachel,

jornalista, repórter da TV Globo, pelo endereço twitter/ flaviofachel

terminar a fase do achismo, vamos entrar na fase mais objetiva, que são os resultados concreto.” presidente Luiz Inácio Lula da Silva , sobre as causas do blecaute que deixou 18 Estados sem luz na terça-feira, 10 de novembro

“Só posso confiar em informações técnicas para saber se tem coisa além do que eles, ministros da área energética, me colocaram, de que seria por conta das intempéries.” Idem

Celina Ramalho,

professora de planejamento e análise econômica da FGV-SP

Particularmente o mercado brasileiro [...] tem projeção de inflação em torno de 4,5% em 2010 pela tendência de crescimento da economia.

atriz, pelo endereço twitter/ NanaGouvea

Nana Gouvêa,

O que norteia o meu caminho é idealismo, determinação, coragem e trabalho. E o compromisso com a modernidade e a mudança.

S A Í DA

P E L O

V ERDE Foto josé cruz _ ABr

marconi perillo,

senador, pelo endereço twitter/marconiperillo

Será que também consigo me hospedar com 70 amigos numa embaixada brasileira? Tava pensando em ficar na da Itália? Hélio de la Peña,

humorista, no endereço twitter/Lapena

O cenário favorável da economia brasileira para o longo prazo deve-se à política econômica restritiva de altas taxas de impostos e altas taxas de juros pela meta de inflação aplicadas até o ano de 2008, anteriormente à crise. Estamos na fase de revisão dos preços de mercado.

||Pause

Madonna ao invés de de dar dinheiro pra gente veio foi pedir. Ninguém merece. Pior que se pedir para minha ONG as Organizações Nana Gouvêa ninguém dá.

apagão. “Quando

A ministra Dilma está mais verde.

Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, revelando uma mudança

no perfil da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff.

Não disputo com a ministra Dilma, que é candidata à Presidência. Eu sou candidato a deputado estadual. minc, evitando polêmica e confronto.

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Já estamos vendo a crise pelo retrovisor. A crise, hoje, é só para gringo.

carlos lupi, ministro do Trabalho, ao anunciar que o Brasil ultrapassou, em outubro, a marca de 1 milhão de empregos formais gerados desde o início do ano

Aposentado é que nem mato, aonde você vai tem. henrique alves, líder

do PMDB na Câmara dos deputados, sinalizando apoio ao reajuste dos aposentados novembro de 2009 | Fale

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talkingheads

A ação do governo não é só em defesa do interesse público, é [em defesa] da saúde da mulher também. Embora, hoje, câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser consequência dessas paradas gay.

Nosso problema agora é administrar o sucesso, que às vezes cria custo, todos nós sabemos.

Roberto Requião, Governador do Paraná (PMDB), sobre o câncer de

Henrique Meirelles,

mama em homens.

||Pause

presidente do Banco Central

O setor industrial cearense trabalha com a expectativa de que o pior já passou e a economia brasileira deverá experimentar, ano que vem, um crescimento de 5%. Roberto Macedo,

Se o sistema é robusto como nós acreditamos que seja, [...] por que que então nós tivemos este desastre?

altacomissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Assuntos de Direitos Humanos

Navanethem Pillay,

ainda intrigado com o apagão

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o presidente da Federação das Indústrias do Ceará — Fiec

A maior parte dos povos indígenas do Brasil não está se beneficiando do impressionante progresso econômico do país e está sendo retida na pobreza pela discriminação e indiferença, expulsa de suas terras na armadilha do trabalho forçado.

presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

de 2009

Parada Gay de Brasília, _ Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr

Não me sinto acusada de jeito nenhum pelo Gilmar Mendes [presidente do STF]. Primeiro porque não estamos fazendo vale tudo no Brasil. Estamos fazendo projetos e inaugurando, fiscalizando. Dilma Rousseff,

ministra-chefe da Casa Civil, sobre comentário de uso eleitoral da máquina

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Não pretendo mudar o jeito de ser e de me vestir. geisy arruda, a jovem

hostilizada na faculdade Uniban em São Paulo por usar minissaia


ArenaPolítica A NAMORADINHA DO BRASIL SE RENDE AOS AFAGOS DO pt

transporte escolar para aposentar o pau de arara

Crianças se deslocando para as escolas em paus de arara, a pé ou em canoas são realidade nos sertões do Nordeste. No Ceará, no entanto, há uma política pública para resolver o problema. Contrato assinado com a Caixa assegura a compra de 247 ônibus para o transporte dos alunos da rede pública na zona rural. “O montante representa 10% de tudo o que já foi adquirido no Brasil, desde o início do programa Caminho da Escola”, informa o governador Cid Gomes. Em 2009, serão 100 veículos. Os outros, em 2010. Todos virão com inovações para melhorar a trafegabilidade e o conforto dos estudantes.

Cid Gomes no Centro de Eventos. A foto foi posta por ele em seu Twitter. Foto divulgação

cid com a mão na massa, isto é, no martelo

E

ESTÁ

SENDO

CONSTRUÍDO

NO

Ceará o mais moderno centro de eventos do Brasil que deve ser concluído até agosto de 2010. O governador Cid Gomes acompanha pessoalmente a obra seja em visitas regulares ou através de um circuito de câmeras que mandou instalar no local e que alimenta o seu computador de trabalho, na sede do Governo. Em novembro, ele acompanhou a montagem da fôrma da primeira laje do

prédio central. O Centro de Eventos deve ficar concluído até agosto de 2010. “Será o mais moderno Centro de Eventos do Brasil. O Estado receberá mais visitantes também no período de baixa temporada, incrementando ainda mais sua economia”, comemora Cid. O prédio central do Centro, que contará com três pisos, ficará pronto até abril de 2010 e ocupa área total de 173 mil metros quadrados e receberá 30 mil pessoas em um único evento.

Glória Pires interpreta a mãe de Lula e chora ao ver o filme A atriz Glória Pires, que interpreta dona Lindu, a mãe do presidente, no filme de Fábio Barreto “Lula, o Filho do Brasil”, falou à coluna Mônica Bergamo, do jornal O Estado de S. Paulo

sobre o filme, que estreia em circuito comercial em janeiro. “Eu vi uma cópia bruta, uma primeira montagem que mandaram para Paris. Gostei muito do que vi. Agora, eu,

particularmente, acho muito difícil me assistir. É uma coisa extremamente desconfortável para mim, eu tenho muita dificuldade. Então, cada estreia é um sofrimento. Eu não consigo relaxar, não consigo.” Glória torce para que as pessoas assistam ao filme. “E que levem um lençol. Eu chorei muito. O filme é muito bonito, tocante.” Lula, o Filho do Brasil abriu o Festival de Brasília dia 17 de novembro em sua primeira apresentação pública. Multimídia, o site do filme Lula O Filho do Brasil vai de twitter a flickr passando pelo orkut facebook e youtube. www.

lulaofilhodobrasil.com.br www.revistafale.com.br

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O blog Gente de Mídia, do jornalista Nonato Albuquerque registrou que a atriz Regina Duarte se rendeu aos afagos do PT. “Ela, que durante a campanha presidencial apareceu num vídeo dizendo ter medo da possibilidade de Lula chegar à presidência, agora é garota-propaganda, adivinhe de que partido? Do PT.” “Numa série de anúncios da Prefeitura de Fortaleza, Regina Duarte aparece sorridente, de vermelho, falando maravilhas. Nada contra, muito pelo contrário. Acontece que, por dinheiro, algumas pessoas mudam de ideia com rapidez de um raio.”


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BrasíliaOff católica continua liderando lista das melhores

A Universidade Católica de Brasília é a melhor Instituição de Ensino Superior privado da Região Centro-Oeste e uma das melhores do país. Pelo menos, a instituição foi assim avaliada no prêmio Melhores Universidades 2009, evento promovido pelo Guia do Estudante há 18 anos. No ranking das melhores escolas privadas, as Universidades Católicas brasileiras ocuparam 10 das 20 posições, inclusive as sete primeiras. A Católica ficou como a segunda melhor do país na área de meio ambiente e ciências agrárias.

ESPÍRITO NATALINO NOS SHOPPINGS DE BRASÍLIA

Até 23 de dezembro, às 19h (nos dias de semana) e às 17h (fins de semana), na praça central do Shopping Pátio Brasil, mais de 20 corais, com pessoas de todas as idades, vão se revezar em apresentações com músicas que vão começar a esquentar o clima natalino. Além disso, até 5 de dezembro, em loja no Piso 2 do Pátio Brasil, o público poderá adotar cartinhas que crianças enviaram para o bom velhinho pelo correio. O shopping apoiou a iniciativa dos Correios. A Administração de Brasília também está envolvida nessa ação. 14 | Fale!

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Os senadores Fernando Collor de Mello e José Sarney ladeiam o presidente de Israel, Shimon Peres, durante sessão do Congresso Foto José Cruz_ABr

shimon perez exalta o brasil

O

presidente de Israel, Shimon

Peres, esteve em Brasília, e teve agenda concorrida. Dentre as atividades, Peres discursou no plenário do Senado. No discurso, o presidente do país de Ben-Gurion disse: “Na minha infância, o Brasil era um sonho. Hoje, na minha idade avancada, é uma realidade fascinante. Seu território é imenso e como descreveu Jorge Amado: ‘Nós não somos um paísinho, nós somos um continente, com um povo extraordinário.’ Seu território é grande e variado – do Amazonas da criação, até Brasília que é a última palavra em arquitetura. Suas cores variadas criam sensações sem agredir a harmonia. [...] Vim ver e aprender como um país enorme nasce e ascende sobre uma pista de decolagem para um vôo às alturas. Vim para ver como um grande líder que virou Presidente – Lula — realize o seu sonho de construir um país onde a economia não é subordinada a visão estreita. Vim ver se posso colocar de lado os Cem anos de Solidão de Garcia Marques, e prestar atenção ao novo caminho de Cem anos de amizade do Presidente Lula. Ao meu ver esta é uma liderança que desperta inspiração, no Brasil e fora dele. Ela transforma o futuro em presente. O presidente Lula e eu viemos do mesmo berço socialista, que odeia diferenças e ama a igualdade. Vim ver a pobreza decrescente em 40% em decorrência do Programa Bolsa Família. [...] A decisão de sediar as Olimpíadas no Brasil é uma reverência mundial ao Brasil. Israel saúda esta decisão. Em Israel nós sonhamos empatar com qualquer time do Brasil — falou em português — Israel www.revistafale.com.br

é um pais pequenino. Somente 1/400 do território do Brasil. Tem pouca água, pouca terra, não tem petróleo, nem ouro, mas conseguiu se posicionar na primeira linha de desenvolvimento do conhecimento, a inteligência . Em Israel há hoje o maior número de cientistas por quilômetro quadrado. Israel passou de agricultura clássica para agricultura de High Tech. Noventa e cinco por cento da Agricultura israelense é baseada em high tech. [...] Promovi o estabelecimento de um Centro que aproximará pessoas e principalmente jovens. Este Centro atua no campo da Medicina e do Esporte. No âmbito da Medicina, trouxemos até agora acima de 6 mil crianças que sofriam de problemas neurológicos e cardiológicos. Crianças que foram atingidas pela natureza e pela Guerra vêm com suas mães para os melhores hospitais de Jerusalém — obviamente sem pagamento. [...] As crianças palestinas e as crianças israelenses jogam em times que não seguem a escalação nacional, mas sim, a escalação esportiva. Eu não conheço uma maneira melhor para abrir o caminho da Paz, do que esta que é uma competição esportiva onde não há vítimas. Em um dos jogos esteve presente Pelé. Eu nunca vi tanto brilho nos olhos das crianças — palestinas e israelenses como um todo. Eles sabem que quem perde hoje é aquele que ganhará amanhã. E, portanto, o grande vencedor é a PAZ.” Peres também reinaugurou a Alameda Israel, que fica próxima a Concha Acústica de Brasília. Foi uma visita que deixou saudades. n


Porto d’Aldeia Resort: lazer, excelentes acomodações e natureza exuberante. Tudo num só lugar. O Porto d’Aldeia Resort é um hotel com paisagem encantadora e excelente infra-estrutura para você curtir várias opções de lazer. O hotel dispõe de confortáveis suítes com padrão internacional, complexo para eventos e uma imensa área de lazer com restaurante, ampla piscina com toboágua, quadras, campo de futebol, salão de jogos, fitness center e a 5 minutos do Beach Park. Venha se deliciar neste paraíso de emoções!

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Online Microsoft demite 800 em política de ajustes

A Microsoft anunciou, em San Francisco (EUA) cerca de 800 demissões dentro de um plano mais amplo de eliminação de vagas anunciado em janeiro deste ano. O plano foi o primeiro a prever significativas demissões nos 34 anos da companhia e deve totalizar 5,8 mil cortes, acima dos 5 mil anunciados em janeiro. Na época, a Microsoft afirmou que o programa de demissões era destinado a deixar os custos da companhia mais em linha com a piora da economia.

TIM sai de prejuízo para lucro de R$ 60,811 mi

A TIM Participações obteve no terceiro trimestre de 2009 lucro líquido de R$ 60,811 milhões, ante prejuízo de R$ 12,053 milhões no mesmo período do ano passado. A receita líquida na mesma comparação caiu 2%, para R$ 3,337 bilhões. O Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 758,782 milhões, o que representa uma queda de 5,0% em relação ao terceiro trimestre de 2008.

As perspectivas da Sony e Panasonic. Recuperção

A Sony e a Panasonic sinalizaram que o pior já pode ter passado para as duas maiores fabricantes de bens eletrônicos de consumo, e apresentaram projeções melhoradas para os resultados anuais, com a ajuda de cortes de custos. Isso se segue a anúncios de projeções otimistas pela Samsung Electronics, a maior fabricante mundial de LCD, e pela Sharp. A Sony registrou seu quatro prejuízo trimestral consecutivo no período julho-setembro, devido às vendas fracas de celulares e dos cortes de preços de seu console de videogames PlayStation 3. 16 | Fale!

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smartphone da Dell, restrito A Dell entrou no mercado de celulares com o smartphone Mini 3 em parceria com a Claro — que tem contrato de exclusidade no Brasil — e a China Mobile. O aparelho usa o sistema operacional Android, do Google. O Mini 3 passa a concorrer com o iPhone (Apple), o BlackBerry (RIM), o Windows phone e vários aparelhos basea-

dos no Android. Em visita ao Brasil, Michael Dell destacou a importância do mercado de celulares para a empresa. A Dell negocia com a América Móvil, controladora da Claro, o lançamento do aparelho em outros países da América Latina. A exclusividade com a Claro pode ser um tiro no pé da Dell, considerando as limitações para uma só operadora.

O aparelho tem suporte à Microsoft Exchange, IM do Google, AIM, Yahoo e MSN, câmera de 3 megapixel com auto-focus, flash, zoom digital 8x, vídeo a 30fps e editor de imagens. USB 2.0, Bluetooth 2.0, teclado Qwerty na tela, reconhecimento de escrita e interface multitoque dentre outros apetrechos.

Sony Vaio NW com Blu-ray e HD de 400GB O novo notebook Sony Vaio NW custa US$ 880 (no exterior) e oferece um drive Blu-ray, tela de 15.5”, processador Intel Core 2 Duo de 2GHz, placa gráfica Radeon HD4570 com 512MB de memória, HD de 400GB e até 4GB de

NET. A finlandesa Nokia entrou no “mundo dos netbooks” e lançou o portátil Booklet 3G. Em relação aos modelos já existentes no mercado, não há nenhuma grande surpresa. O equipamento será lançado com tela de 10,1”, processador Intel Atom, porta HDMI, leitor de cartões SD e poderá oferecer também Wi-Fi, A-GPS, conexão à internet 3G/HSPA e Bluetooth.

memória RAM DDR2. Ele também tem duas saídas de vídeo (VGA e HDMI) e um leitor para cartões MemoryStick Pro, Express Card e SD. É possível optar entre dois tipos de bateria de lítio-íon, uma com duração

de uma hora e meia e outra com duração de 5 horas e meia.

O Nokia Booklet 3G tem com bateria com autonomia de 12 horas, espessura máxima de 2 cm e peso de 1,25 quilo. O sistema operacional padrão é o Windows.

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A Polícia cai na rede

A

O novo B.O. Mesmo sem perceber eles podem estar mudando a cara da polícia. O tenente Alexandre de Sousa, 25 anos, é considerado um dos pioneiros na chamada blogosfera policial. Seu blog, o Diário

de um PM, foi pioneiro e virou referência para dezenas de policiais. O aspirante-a-oficial baiano Danillo Ferreira, de 23 anos, criou o blog Abordagem Policial. Focado em discussões sobre segurança pública

O blog Liberdade Digital destacou que usuários brasileiros do Twitter mostraram sua força durante o apagão ocorrido na noite de 10 de novembro. Com alguns dos grandes portais de notícias fora do ar, devido a problemas de conexão, foi o microblog que serviu de suporte para cobertura de muitos jornais. Com a colaboração de usuários de fora da área atingida pelo blecaute, o nome da usina de Itaipú ganhou os “Trending Topics” do Twitter.

Ranking dos blogs brasileiros 2009

Não é oficial mas, mas o ranking elaborado pela blog do Dossiê Alex Primo vale a pena ser conferido. Alex Primo é professor do curso de Comunicação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e para realizar o levantamento contou com o apoio do blog MundoTecno, que já havia publicado rankings de blogs em anos anteriores. O levantamento também dividiu os sites por tema, assim, podemos conhecer os blogs mais influentes em cada área de interesse. Veja no site da Fale! a relação completa do 100 melhores blogs segundo a pesquisa.

nova fase na Blogosfera cubana A blogosfera mundial ficou comovida com os caso da blogueira Yoani Sánchez – que foi proibida de viajar para receber um prêmio. Para piorar Yoani acusa, “agentes de segurança cubanos” de agredi-lá após um detenção sem motivos. Os protestos online que partem da ilha de Cuba, tem ficados “mais duros”, conta Juan Tamayo no Jornal Miami Herald. “Com cuidado, mas com determinação, alguns blogs cubanos, que eram centrados, principalmente, nas

e sociedade, o blog foi criado junto com colegas na academia de polícia – hoje é apontado como leitura obrigatória no universo policial. As esperiências dos dois militares foram compartilhadas

com outros colegas durante uma oficina na Conferência Nacional de Segurança, em Brasília. Agora são milhares de políciais escrevendo o novos Boletins de Ocorrência vituais. Quem ganha é a sociedade.

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frustrações da vida cotidiana na ilha estão trazendo comentários ácidos, e alguns temem sofrer represálias por parte do governo comunista”, diz ele. O governo dos irmãos Castro tentou, há muito tempo, restringir o acesso dos cubanos à internet, “mas os cidadãos da ilha têm encontrado formas de se manter mais adiantados que os agentes de segurança, cujo conhecimento de tecnologia deve ser inferior”, contou um blogueiro à Tamayo. n

plugado...

Liberdade Digital www.liberdade.blogueisso.com Dossiê Alex Primo www.interney.net/blogs/alexprimo MundoTecno www.mundotecno.info Yoani Sánchez www.desdecuba.com/generaciony Diário de um PM www.diariodeumpm.net Abordagem Policial www.abordagempolicial.com

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blogosfera policial, como é chamada pelos seus integrantes, é um fenômeno recente da internet brasileira, mas já reúne dezenas de páginas assinadas por policiais civis, militares e rodoviários de várias patentes, bombeiros e jornalistas especializados. “Com um conteúdo diversificado, visões divergentes e ambições variadas, estas páginas começam a exercer influência sobre instituições e formadores de opinião”, aponta o estudo “A Blogosfera Policial no Brasil – do Tiro ao Twitter”, pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco, no Brasil, com o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes – CESeC. O objetivo do inédito estudo é analizar o crescente uso dos blogs e seu impacto na esfera da segurança pública. A pesquisa foi realizada através de entrevistas, mesas redondas e um questionário de 35 perguntas, respondidas por autores de 70 blogs, entre maio e junho deste ano. O fenômeno da blogosfera policial é recente, o estudo da UNESCO e do CESeC revela que, entre os conteúdos avaliados, apenas 12 foram criados em 2006 ou em anos anteriores. Os dados caracterizam o franco desenvolvimento: entre janeiro e início de agosto deste ano, foram criados 15 novos blogs policiais. Segundo a pesquisa, o predomínio é de policiais militares por trás das postagens. No universo pesquisado, 58% dos entrevistados são oriundos da PM, 15,1% das guardas municipais e 13,7% da Polícia Civil. Um dado chamou a atenção na pesquisa, o “temor às retaliações” é forte entre os donos dos blogs. Dos 73 entrevistados, 27 disseram já terem sido censurados ou reprimidos. As ameaças de prisão e transferência foram as mais citadas. Além disso, a política salarial e condições de trabalho, e outros temas sensíveis, como direitos humanos, investigações de corregedorias, projetos comunitários e inquéritos abandonados, são tratados pelos blogs com frequência e destaque. “Como é que pode sob a justificativa de preservar a hierarquia e disciplina, ressalte-se em tempo de paz, cercear direitos humanos e fundamentais como é o caso do direito de reunião?”, dizem os autores de um dos blogs pesquisados ao atribuírem o nascimento da página a uma “demanda reprimida”.

Apagão no Brasil bombou no Twitter


10Perguntaspara

MARCELO TAS Por Marcos Linhares e Almir Oliver

P

aradoxal: irreverente e sério. Foi assim que o agora cinquentão, recém-completos, Marcelo Tristão Athayde de Souza, ou simplesmente, Marcelo Tas, recebeu a equipe da revista Fale! Brasília no lançamento do livro “Nunca Antes na História Deste País, As Frases Mais Engraçadas e Polêmicas do Presidente Lula”, Panda Books, na livraria Cultura, em Brasília. Vanguardista, pois sempre procurou trazer um novo olhar por onde passava, Tas criou na

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Estamos vivendo um momento realmente muito delicado. Expulsam a gente do Congresso Nacional. Tentam e calam a boca da gente.

década de 80, o personagem Ernesto Varela no programa “Olhar Eletrônico” que abordava de maneira nonsense os entrevistados. Ficou famosa a entrevista com Paulo Maluf, na época. Tanto que até hoje o vídeo é acessado no portal YouTube. A pergunta “muitas pessoas não gostam do senhor, dizem que o senhor é corrupto. É verdade isso, deputado?”, virou antológica. Talvez tenha nascido aí muito do espírito ácido do atual programa ancorado e dirigido por ele na BAND, o CQC. Ocupado com o programa televisivo e o Blog do Tas, do Uol, ainda achou tempo para compilar o livro e extrair pérolas faladas pelo “presidente operário”, como ele costuma dizer. Multifunções, o ator, diretor, roteirista de TV e jornalista, fez caras e bocas para as dezenas de admiradores que apareceram para adquirir o livro e fazer fotos com as inseparáveis máquinas digitais. Contudo, sempre

Nunca Antes na História Deste País. Marcelo Tas reúne frases proferidas pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva em discursos e viagens, comentando o momento político e histórico de cada uma delas. Preço sugerido: R$ 37,90 Foto Gabriel Alves

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que podia, enfatizava a importância de falar sobre a necessidade de educação e consciência política. Fale! Brasília. Do que trata o seu livro? É uma abordagem satírica ou cômica da personalidade do presidente Lula? Marcelo Tas. Nem uma coisa, nem ou-

tra. O livro não é a favor nem contra o presidente. Também não é cômico e nem satírico. Meu objetivo era que essa dúvida permanecesse na cabeça do leitor, pois acredito estar colaborando para curar uma doença crônica no Brasil, da bipolaridade entre políticos do bem ou do mal. Acho esse gênero idiota.

Fale! Brasília. Mas as frases, assim reunidas, ficam engraçadas... Marcelo Tas. O nosso presidente é

uma pessoa humana. O livro é sobre isso. Um humor que pretende revirar a vida do presidente de forma leve. Pegando esse lado não muito convencional.

com a educação. Gosto de temas não convencionais. Acho que minha tarefa no mundo é incorporar o espírito de porco (risos)... Acho que o mundo anda muito certinho... Eu gosto da irreverência dos fatos da vida... Fale! Brasília. De onde veio a inspiração para o livro? Marcelo Tas. Descobri o livro quando

o presidente disse, numa entrevista, que não tinha diploma escolar. Mas ele entende de quase todos os assuntos, de cibernética a ecologia. Só acho que o Brasil, e seus presidentes, precisa valorizar mais a educação. O Lula não valorizou muito.

tremos. A educação neste país não é estratégica. As escolas estão caindo aos pedaços, mas ao mesmo tempo temos experiências fantásticas. Escolas de primeiro mundo.

Fale! Brasília. Falta muito... Marcelo Tas. Mas também temos mui-

to. Falta compromisso, discussão vontade de fazer, respeito aos professores. Parece clichê, mas temos que lembrar da educação antes das campanhas políticas. Eles só lembram

Parece clichê, mas temos que lembrar da educação antes das campanhas políticas. dessa palavra na hora das greves e dos comícios. Fale! Brasília. E quanto ao momento em que estamos passando no país, com censura velada ao jornal O Estado de S. Paulo. Regredimos em relação à liberdade de expressão? Marcelo Tas. Estamos vivendo um mo-

mento realmente muito delicado. Não esperava viver isso. Hoje fica difícil fazer perguntas, por exemplo, a políticos e autoridades. Eu cobri as Diretas Já! Eu conseguia fazer matérias em tempos de ditadura. Hoje, estamos em período Sarney. Expulsam a gente do Congresso Nacional. Tentam e ca-

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lam a boca da gente. Acho difícil essas coisas estarem acontecendo. Fale! Brasília. Você fez uma matéria famosa sobre liberdade de expressão na China. O mundo, não só nosso país, passa por uma crise nessa área? Marcelo Tas. Estive lá e descobri que

mesmo lá, conseguimos burlar esse controle que eles tem. Os hackers lutam e vencem os bloqueios dos sites, por exemplo. Eles fizeram a Muralha da China, e mesmo ela tem buracos em algumas partes. De acordo com o ângulo, talvez nós estejamos até piores que eles. Mas, na fase em que estamos, em que o mundo se apresenta, o processo de liberdade virtual é quase impossível de ser contido. Fale! Brasília. E em relação ao diploma para a profissão de jornalismo? Marcelo Tas. Acho essencial o di-

ploma de curso superior, mas não necessariamente de jornalismo. Eu por, exemplo, sou formado em engenharia.... Eu adoraria ler matérias de saúde assinadas por um jornalista médico, por exemplo. O Drauzio Varella faz isso muito bem. Defendo a formação superior em qualquer área.

Fale! Brasília. Você dirige e apresenta o CQC [Custe o Que Custar] na TV Bandeirantes. Como é essa experiência? Marcelo Tas. Pois é... O programa é

irreverente, ousado e profissional. É um programa de jornalismo e humor, que às vezes, pega muito pesado. Lá, não gostamos de humor comportadinho (risos). Mas é muito sério. Temos uma equipe de jornalismo produzindo, pensando no programa. Não somos programa de humor com jornalismo, mas jornalismo com humor. As pautas são muito discutidas. O resultado é o que você vê. n

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Fale! Brasília. Qual a missão com esse trabalho? Marcelo Tas. Minha primeira missão é

Fale! Brasília. Como profissional preocupado com essa temática, como vê a questão educacional hoje no Brasil? Marcelo Tas. Vivemos sempre os ex-


P IB DE 2010 P

E as projeções para 2009 tiveram ligeira alta, de 0,20% para 0,21%, segundo o boletim Focus, da segunda PIB. ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto Antonio Cruz _ ABr

Política

A

nalistas do mercado financeiro elevaram a projeção para o crescimento da economia no próximo ano. A estimativa para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 4,83% para 5%, em 2010. Para este ano, a projeção teve ligeira alta, de 0,20% para 0,21%. As informações constam do boletim Focus, publicação semanal elaborada pelo Banco Central (BC) com base em estimativas dos analistas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia. Essas projeções para o crescimento da economia são importantes tanto para as empresas quanto para os trabalhadores. No caso das empresas, as estimativas servem como indicativo sobre qual será a demanda pelos seus produtos. Já para os trabalhadores, as projeções sobre o PIB têm a ver com a disponibilidade de emprego e até mesmo com as perspectivas salariais do mercado de trabalho. Além das projeções dos analistas do mercado financeiro, o governo também faz estimativas para os indicadores. Para o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, mais otimista, o Brasil terá em 2010 um crescimento eco20 | Fale!

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nômico em níveis semelhantes ao da China e assim, dobrará o número de empregos para 2 milhões. A projeção do ministro é de um crescimento do PIB de 7% a 8%. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o atual nível de recuperação indica uma previsão de crescimento da economia na casa de 5% em 2010. Essa é a mesma projeção feita pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Mantega diz que a economia brasileira precisa reduzir custos de produção e se tornar mais competitiva. “É preciso continuar reduzindo os juros”. Para viabilizar os investimentos e o crescimento da economia, Mantega diz que é necessário continuar baixando custos financeiros e tributários para os investidores. Mantega destacou que o governo tem feito um trabalho nessa direção, inclusive em parceria com a indús-


P ODE IR A 5%

a semana de novembro, elaborado pelo Banco Central com base em estimativas dos analistas do mercado Foto Fabio Rodrigues Pozzebom _ ABr

tria e outros setores. Ele lembrou a desoneração de impostos que o governo vem fazendo neste ano, mas reconheceu que “ainda existe um caminho a percorrer”.

Indicadores.

Além da estimativa para o PIB, o boletim Focus também divulga projeções para outros indicadores. No caso da produção industrial, os analistas não esperam recuperação neste ano, mas somente em 2010. A expectativa para 2009 passou de -7,70% para -7,64%. Para o próximo ano, a estimativa de crescimento da produção industrial passou de 6,05% para 6,55%. Segundo o boletim, não foi ajustada a projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, que permaneceu em 44% em 2009, com alteração de 42% para 42,20% em 2010. A expectativa para a cotação do dólar também foi mantida em R$ 1,70 ao final de 2009 e em R$ 1,75 ao fim de 2010. A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) neste ano passou de US$ 25,5 bilhões para US$ 25,2 bilhões. Para 2010, os analistas reduziram a estimativa de US$ 16 bilhões para US$ 15 bilhões. Para o deficit em transações correntes (registro das transações de compra e venda de mercadorias e serviços do Brasil com o exterior) neste ano, os analistas alteraram a estimativa de US$ 16,9 bilhões para US$ 17 bilhões. Para 2010, foi ajustada a projeção de US$ 33,250 bilhões para US$ 34,3 bilhões. A expectativa para o investimento estrangeiro direto (recursos que vão para o setor produtivo do país) em 2009 foi mantida em US$ 25 bilhões e em US$ 35 bilhões para 2010. — Com informações da Agência Brasil

cenários. O ministro Lupi é otimista com relação o 2010

O PIB de Lupi 7% e 8% em 2010 O Brasil deve ter um crescimento econômico em níveis semelhantes aos da China no próximo ano, prevê o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Segundo ele, o país está “todo arrumadinho” para que 2010 seja bom para a economia. Por isso, ele acredita que o Brasil vá dobrar o número de empregos criados em relação a este ano, que já passa de 1 milhão de novas vagas. “Penso que em 2010 vamos ter 2 milhões de [novos] empregos. Vai ser o melhor número da história. Um crescimento [próximo ao nível] da economia chinesa”, disse Lupi. Na sua avaliação, o Produto Interno www.revistafale.com.br

Bruto (PI|B) deve crescer entre 7% e 8% no próximo ano. Lupi informou ainda que na próxima segunda-feira serão divulgados os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ele deu as declarações logo depois de participar da assinatura de uma resolução do Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que oferece uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para investimentos na área de infraestrutura de transporte coletivo. — Roberta Lopes, repórter da Agência Brasil n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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POLÍTICA

Paraíba

UM ESTADO unanimidade. Cássio Cunha Lima teve sua cassação do Governo da Paraíba confirmada pelo TSE em novembro de 2008. Foto José Cruz_ABr

T

SOB TENSÃO

A política paraibana vive um momento insólito. Cerca de 100 políticos do Estado foram cassados nos últimos anos Por Marcos Linhares e Almir Oliver

erra de Epitácio Pessoa e de seu sobrinho, o cé-

lebre João Pessoa, a Paraíba possui forte tradição na história política brasileira. O estado possui, de acordo com dados do TSE, 2.562.721 eleitores, divididos em 223 municípios. Contudo, nos últimos oito anos, parcela significativa desses municípios foram alvos da Justiça Eleitoral. Vereadores, prefeitos e até mesmo o próprio governador do Estado foram cassados por corrupção eleitoral. Ao todo e até agora, cerca de 100 políticos paraibanos perderam seus cargos na Justiça. Um número digno de nota. Vários motivos tem levado às cassações: compra de votos, infidelidade partidária, abuso de poder econômico e irregularidades em contratos licitatórios. Nos últimos dois anos, dezenas de políticos tiveram que desocupar seus gabinetes, a começar pelo ex-Governador do Estado, Cássio Cunha Lima (PSDB), cassado em novembro de 2008, juntamente com seu vice. Nesse período, mais de vinte prefeitos e vices, e vários vereadores 22 | Fale!

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(até o momento já foram cerca de 73) perderam seus mandatos por conta de pendências judiciais. Corrupção eleitoral é o delito que se destaca entre os outros. Municípios como Belém (123 km da Capital), Gurinhém (75 km da Capital), Sobrado, Massaranduba (136 km da Capital), Jacaraú (73 km da Capital), Juripiranga (50 km da Capital) e Salgadinho (280 km da Capital), entre outros, tiveram políticos cassados. Últimos a entrarem para o rol dos cassados no Estado, a prefeita do município de Nova Olinda (a 443 km da capital), Maria Galdino (DEM), e seu vice, tiveram seus mandatos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB) por conta de irregularidades na contratação de convênios e compras de votos nas eleições de 2006. Ambos deixarão os cargos logo que o acórdão for publicado. Há casos que chamam a atenção, como o da cidade litorânea de Pitimbu, a 74 km da capital. Lá, a canetada


do TRE-PB derrubou de uma só vez, o prefeito, o seu vice e um vereador. Os três foram condenados por abuso do poder econômico e afastados dos respectivos cargos em setembro de 2007.

Grandes benefícios

De acordo com matéria publicada no Jornal digital Jampanews de João Pessoa, de responsabilidade do jornalista Marcos Aurélio de Mendonça Cavalcante — o Lelo Cavalcante como é conhecido —, o menor município da Paraíba paga um dos maiores salários à prefeita do DEM. Segundo a matéria, o município de Parari, possui população de 1.245 habitantes, (censo 2007 do IBGE), apesar da pouca renda (quem ganha bem, chega aos R$ 465 do salário mínimo) e 1.516 eleitores... A matéria revela que a prefeita de Parari, Solange Aires Caluete (DEM), recebe R$ 12 mil por mês. Municípios vizinhos e maiores pagam menos aos seus alcaides: Juazeirinho (16 mil habitantes, salário R$ 10 mil), Taperoá (15 mil habitantes, R$ 12 mil) e por ai vai. Chama a atenção de qualquer forma, que os prefeitos de pequenos municípios ganhem ótimos salários... Não é de se estranhar que tais cassações venham sendo feitas.

Esperança

Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba, Ítalo Fittipaldi, essas cassações poderão fazer bem para a política paraibana, ao expurgar grupos ou membros de famílias tradicionais que sempre mandaram na política do estado e tratam o poder público como particular. Segundo ele, o que está ocorrendo na Paraíba é um somatório de três fatores que se conjugam: práticas viciosas e clientelistas por parte dos políticos, judicialização da política, tanto em nível local, como nacional, e atuação imparcial da Justiça Eleitoral da Paraíba. “Essas cassações todas botam um freio nas oligarquias políticas locais, não escolhendo lados ou grupos, o que faz bem para a democracia”, avalia. Fittipaldi também afirmou, no entanto, que essas cassações não modificarão o modo de o eleitor encarar as urnas, uma vez que a prática política no Estado é altamente clientelista. “O eleitor não modificará em nada

Os fichas sujas

Críticas

O foro privilegiado, é, como o próprio nome diz, um privilégio das autoridades políticas de ser julgado por um tribunal diferente do de primeira instância, onde são julgados a maioria dos brasileiros que cometem crimes. No caso, deputados e senadores só podem julgados pelo Supremo Tribunal Federal –STF. Inúmeras críticas são lançadas à medida devido a morosidade e ineficiência na condenação dos julgados.

Parlamentares da bancada paraibana no Congresso Nacional com processos na Justiça. Fonte: Site Congresso em Foco n Senadores

Cícero Lucena (PSDB-PB) Crimes na Lei de Licitações

Roberto Cavalcanti (PRB-PB) Corrupção ativa; documentação falsa e corrupção ativa n Deputados Federais

Armando Abílio (PTB-PB) Crime contra a administração da justiça/ coação; falsidade ideológica; improbidade administrativa; apropriação indébita previdenciária

Wellington Roberto (PR-PB) Falsidade ideológica e crimes contra o sistema financeiro nacional

Rômulo Gouveia (PSDB-PB) Captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral

Projeto Ficha Limpa tramita no Congresso Já tramita no Congresso projeto de iniciativa popular com 1,3 milhão de assinaturas que estabelece novos critérios para a disputa de cargos públicos. Organizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE, o projeto estabelece que não podem concorrer às eleições pessoas condenadas ou com denúncias recebidas sobre crimes como

racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas, parlamentares que renunciaram aos cargos para evitar a abertura de processos por quebra de decoro parlamentar e pessoas condenadas por compra de votos ou uso eleitoral da máquina administrativa. O texto ainda sugere a extensão para oito anos

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da proibição de candidatura de pessoas com algum tipo de impedimento legal. Também torna mais rápidos os processos judiciais relacionados ao abuso de poder nas eleições. A Lei dividiu os parlamentares, alguns a apoiam, outros acham que ela deve ser aprimorada e há também os que consideram a medida autoritária.

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POLÍTICA atípico. O senador Efraim Morais (DEMPB): “isto não é normal” Foto José Cruz_ABr

sua forma de votar. Ele vota com o bolso. Agora, os políticos, sim. Eles tenderão a ficar mais prudentes e cautelosos nas próximas eleições”. O Secretário de Cultura de João Pessoa, Chico César, possui outra visão. Para ele, a Paraíba serve de exemplo para as outras unidades da federação, afinal o TRE-PB tem sido severo. Perguntado sobre o alto número de cassações de políticos paraibanos, o cantor-secretário respondeu de bate-pronto: “Os outros têm muito a aprender conosco”.

Momento propício

Para o juiz Marlon Reis, representante da Associação Brasileira dos Magistrados e Promotores Eleitorais, a estabilização das leis eleitorais e a informatização do voto no país trouxeram mais agilidade para a Justiça Eleitoral. Outro fator que contribui de forma decisiva, segundo ele, é a mobilização da sociedade civil, como a que deu origem à Lei 9.840. “Essas cassações trazem alguns fatores positivos, dentre os quais, o imediato afastamento do cargo e o efeito de aprendizagem para os próximos candidatos”, analisou o Juiz. A Câmara de Vereadores da capital paulista vem sendo surpreendida com a notícia de que seus pares sofrem cassações de mandatos pela Justiça Eleitoral, a maioria por pen24 | Fale!

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Estrelas no Museu da Corrupção O portal Museu da Corrupção, criado pelo jornal Diário do Comércio para ser um espaço que nos ajude a não esquecer escândalos que marcaram a história recente do Brasil, traz com destaque alguns casos envolvendo a Paraíba: a Operação Ciranda, por exemplo, em que a Polícia

Federal (PF) cumpriu seis mandados de prisão e 11 de busca e apreensão nas cidades de Patos, Cacimba de Areia e Areia de Baraúnas; ou ainda, a Operação Confraria, em que a PF prendeu oito pessoas, incluindo ai o ex-prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PSDB).

Vários nomes da política paraibana aparecem no site, como: Benjamin Maranhão, Carlos Dunga, Enivaldo Ribeiro, Marcondes Gadelha, Ney Suassuna, Ricardo Rique, Wellington Roberto, Efrain Morais, Damião Feliciano e Domiciano Cabral.

Corrupção, um mal nacional O Brasil, a partir da lei de iniciativa popular 9.840, de 1999, parece dar sinais de que está acordando para a questão da corrupção na política, fato que domina a cena do país desde tempos imemoriais. Desvios de condutas éticas e morais são praticados em todos os níveis de poder pelos quatro cantos do país, porém, nas casas legislativas estaduais e municipais essa questão vêm tomando corpo e a Justiça eleitoral vem atuando com maior afinco. Tanto nas decisões locais, onde os Tribunais Regionais www.revistafale.com.br

Eleitorais têm atuado com mais rigor, quanto no próprio Tribunal Superior Eleitoral – TSE, a questão da corrupção eleitoral (compra de votos) vem sofrendo um duro golpe e derrubando do poder políticos influentes e outros nem tanto. Em recente levantamento realizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE, uma entidade da sociedade civil encabeçado pela Conferência Nacional dos Bispos de Brasil — CNBB, em seis anos — de 2000 a 2006 –, mais de 600 políticos foram cassados em todo o Brasil por causa de crimes eleitorais.


Políticos cassados no Brasil Em todos os Estados brasileiros, nas eleições realizadas entre as anos 2000 e 2008, em pelo menos um município ocorreu cassação por corrupção eleitoral. Fonte Movimento Contra a Corrupção Eleitoral — MCCE

AP

RR

AM

PA

MA

CE PI

AC

AL SE

TO

RO

BA

MT DF

n Total de Cassações (2000-2006)

Cargo Governador e vice Senador e suplente Deputado Federal Deputado Estadual/Distrital Prefeito e vice Vereador Total

Nº de Cassados 4 6 8 13 508 84 623

GO

2000 16 49 58 31 24 162

2004 43 137 128 82 41 388

2008 36 109 120 66 48 343

n Total de Cassações após julgamento dos recursos

Cargo Prefeito e vice Vereador Total

2000 40 15 55

2004 71 73 144

2008 119 119 238

MG ES

MS SP

RJ

PR SC

n Número de sentenças de cassação em primeira grau (Zonas Eleitorais)

Cargo Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total

PE

RN PB

n Total de prefeitos, vices e vereadores cassados Desde 2000, 667 políticos eleitos tiveram seus mandatos cassados.

RS

SEM CONTROLE Não existe no âmbito da Justiça Eleitoral um sistema de acompanhamento estatístico. Assim, a pesquisa foi realizada pelo juiz Márlon Reis, para sua tese de doutorado sobre o tema, na Universidade de Zaragoza, Espanha.

357 2008

95 215 2000

2004

* As cassações aplicadas a eleitos em 2008 ainda estão pendentes de confirmação. Foram considerados dados até o mês de março de 2009, mas na maioria dos processo ainda cabe recurso, e muitos prefeitos conseguem permanecer no governo enquanto recorrem da sentença.

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POLÍTICA cerco. O cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer

Brasil melhora no ranking que mede a corrupção País subiu cinco posições em relação a 2008, diz Transparência Internacional. Nota 3,7, em uma escala até 10, indica problema grave de corrupção

dências nas prestações de contas e doações de campanhas consideradas ilegais pelo Ministério Público. O presidente regional da Ordem dos Advogados da Paraíba (OAB-PB), José Mário Porto Júnior, elogiou o trabalho que a Justiça Eleitoral vem realizando no Estado. Para ele, todo esse processo de cassação de políticos tem um caráter pedagógico para as próximas gerações. “Esses expurgos de maus políticos criam um precedente para as próximas eleições e indicam que os mais novos e os que forem se candidatar deverão se comportar e entender que as eleições devem se realizar dentro da legalidade”, declarou. Já para o senador Efraim Morais (DEM-PB), essa é uma função da Justiça Eleitoral, mas não é um fato normal na política do Estado. “Haverá repercussão junto ao eleitorado e, nas próximas eleições, muitos destes cassados voltarão, como insatisfação do eleitor com as decisões da Justiça”, afirmou.

Cultura da impunidade

O instituto Ibope Opinião realizou uma pesquisa com 2.001 pessoas. O levantamento perguntava se o eleitor é vítima ou cúmplice da corrupção na política. Para surpresa dos examinadores, um em cada quatro brasileiros disse aceitar ou admitir 26 | Fale!

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O Brasil subiu cinco posições no ranking anual de corrupção divulgado pela Transparência Internacional. Apesar de ter passado do 80º lugar em 2008 para o 75º neste ano, o relatório apontou que o país ainda é marcado por escândalos que envolvem impunidade e corrupção política. Na mesma colocação brasileira aparecem Colômbia, Suriname e Peru – todos com 3,7 pontos. Nas Américas, um total de 21 dos 31 países receberam pontuação inferior a 5, o que, de acordo com a Transparência Internacional, indica “sérios problemas de corrupção” na região. No grupo de países americanos com mais de 5 pontos, o Canadá permanece como líder, além de integrar os dez países com os menores índices de corrupção em todo o

mundo. Chile, Uruguai e Costa Rica são os únicos da América Latina a integrarem a lista com mais de 5 pontos. O Haiti aparece mais uma vez como o último no ranking das Américas – apesar de ter passado de 1,4 ponto em 2008 para 1,8 neste ano. Também registraram baixa pontuação Bolívia, Nicarágua, Honduras e Paraguai. Já a presença de Argentina e Venezuela no grupo com menos de 5 pontos, segundo o documento, é vista como um indicativo de que a corrupção não é presença exclusiva em países pobres. O relatório acrescenta que jornalistas da América Latina, em particular, enfrentam um ambiente de restrições "crescentes”, com a aprovação de legislações destinadas a “silenciar” a

praticar atos corruptos caso estivessem na pele de políticos envolvidos em denúncias. Tudo leva a crer que há conivência ou mesmo que a maioria das pessoas considera como fato normal apropriar-se de verbas públicas, www.revistafale.com.br

cobertura crítica, limitando a liberdade de imprensa e dificultando a divulgação de práticas de corrupção. No ranking geral de países, a Nova Zelândia aparece em primeiro lugar com 9,4 pontos, seguida pela Dinamarca, com 9,3 pontos, e por Cingapura, com 9,2 pontos.

Transparência Brasil critica ranking

O ranking internacional de corrupção, divulgado pela Transparência Internacional, foi criticado pela ONG Transparência Brasil. Segundo o diretor-executivo da entidade, Claudio Weber Abramo, a classificação do órgão, que colocou o País em 75º lugar entre 180 nações analisadas pela qualidade de suas instituições, “não quer

entre outros delitos políticos. Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, um dos motivos de tantas cassações tem a ver com autoconfiança que a maioria da


Índice de Percepção da Corrupção 2009 Para formar o índice, empresários e analistas de diversos países são convidados a dar sua opinião sobre o grau de corrupção em cada país. Desta forma, o índice não mede objetivamente a corrupção, mas sim como o conjunto da sociedade percebe subjetivamente a corrupção em cada país. Fonte: TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL Suécia 9,2 Finlândia 9,2 Noruega 8,6 Dinamarca 9,3 Reino Unido 7,7

Canadá 8,7

Alemanha 8 França 6,9 Espanha 6,1

Estados Unidos 7,5

Haiti 1,8 Venezuela 1,9

9,0 – 10 8,0 – 8,9 7,0 – 7,9 6,0 – 6,9 5,0 – 5,9 4,0 – 4,9 3,0 – 3,9 2,0 – 2,9 1,0 – 1,9

Paraguai 2,1 Chile 6,7

Afeganistão 1,3 Arábia Saudita 4,3 Somália 1,4

Mianmar 1,4

Japão 8,7 Coréia do Sul 5,5 Macau 5,3 Filipinas 2,4

Paquistão 2,4

Papua-Nova Guiné 2,1

Indonésia 2,8

Madagascar 3

Austrália 8,7

África do Sul 4,7

Uruguai 6,7 Argentina 2,9

Nova Zelândia 9,4

Para haver uma percepção de melhoria na transparência, Guerra acredita na necessidade de punição de envolvidos em irregularidades. “Para haver melhoria na percepção da corrupção tem que haver investigação e punição. Um dos problemas básicos da percepção da corrupção no Brasil é a questão da punição. Muitas dúvidas são levantadas, muitas

classe política brasileira têm na impunidade e no uso indiscriminado de meios ilícitos para chegar ao poder. “No caso de São Paulo, ao serem examinadas as contribuições financeiras da última campanha eleitoral, desco-

Índia 3,4

Sudão 1,5

Angola 1,9 Namíbia 4,5

China 3,6

Irã 1,8

Líbia Egito 2,5 2,8

Nigéria 2,5

Bolívia 2,7

dizer nada”. “Não há dado que justifique o indicador, é simplesmente arbitrado”, disse. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, afirmou que o resultado se deve à “atuação do Tribunal de Contas da União”. “A ação do TCU tem gerado grande economia para o país”, disse. Entretanto, relativizou o resultado dizendo que “o 80° ou 75° lugar são posições deploráveis”.

Itália 4,3

GuinéBissau 1,9

Brasil 3,7

Peru 3,7

Mongólia 2,7

Suíça 9 Argélia 2,8

Cuba 4,4

Equador 2,2 As notas

Kazaquistão 2,7

Portugal 5,8

México 3,3 Guatemala 3,4 Honduras 2,5 Colômbia 3,7

Rússia 2,2

irregularidades são examinadas, mas a punição não acontece”, diz. Para Abramo, qualquer tentativa de melhorar os eventos de corrupção passa por uma melhora do sistema jurídico, das instituições, da imprensa e da sociedade de maneira geral. “Uma mudança da Constituição e dos mecanismos gerenciais seria fundamental”, diz especialista em corrupção.

Na América Latina A corrupção está “gravemente disseminada” na maioria dos países da América Latina como reflexo de instituições fracas, práticas de governabilidade deficientes e ingerência excessiva de interesses privados, disse o relatório, que salienta ainda, “os interesses privados continuam frustrando as iniciativas para

briu-se que várias pessoas jurídicas apresentadas eram fantasmas. Isso demonstra excesso de confiança na impunidade”, afirmou. Fleischer considera ainda que as ações da Justiça Eleitoral dão resultado pela agilidade www.revistafale.com.br

promover um desenvolvimento equitativo e sustentável”, disse o estudo. Embora o contexto de cada país seja diferente, os efeitos da crise financeira e da desaceleração econômica demonstraram, em geral, “a importância fundamental da governabilidade no setor público e privado”, assim como os vínculos entre ambos, acrescentou.

com que as decisões estão sendo tomadas. “Os Tribunais Regionais Eleitorais estão apertando o cerco contra os maus políticos”, diz. “Esperamos que nas próximas eleições eles tenham mais cautela.” n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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POLÍTICA

OS MAIS INFLUENTES

lhões e US$ 19 bilhões em cocaína nos Estados Unidos. Além de ser o criminoso mais procurado no México, o governo americano oferece uma recompensa de US$ 5 milhões para quem capturá-lo, segundo a Forbes. Outros destaques da lista dos mais influentes do mundo são o presidente do Federal Reserve (FED, o Banco Central dos Estados Unidos),

Ben Bernanke (4º), o presidente do Wal-Mart, Mike Duke (8º); o Papa Bento XVI (16º); o casal Hillary (17º) e Bill Clinton (31º), respectivamente Secretária de Estado e ex-presidente dos EUA; o empresário Lakshmi Mittal (55º), dono da ArcelorMittal; o presidente da França, Nicolas Sarkozy (56º); e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, último da lista. n

A revista americana Forbes, especializada em economia, As Pessoas mais poderosas do Mundo divulga sua versão 2009 das Ranking é atualizado anualmente pela revista americana Forbes pessoas mais influentes no mundo

A

revista americana Forbes publicou a versão 2009 da sua lista com as 67 pessoas mais poderosas do mundo. A relação é encabeçada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, seguido do presidente chinês Hu Jintao. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupa a 33ª posição. Além de chefes de Estado, o ranking inclui grandes executivos de empresas, líderes religiosos, milionários e até criminosos, como Osama bin Laden (37º), líder da organização terrorista al-Qaeda. Até mesmo o traficante mexicano Joaquín Guzmán (41º), conhecido como “El Chapo”, aparece na lista. Para definir o ranking, a Forbes considerou quatro parâmetros de poder: o número de pessoas sob a influência de cada líder; suas diversas esferas de atuação; se eles de fato exercem o poder que possuem; e o volume de recursos financeiros administrado por cada um. Para chefes de Estado, a revista considerou o impacto do PIB do país em questão. O poder dos executivos foi ponderado por uma combinação de variáveis: valor de mercado da empresa, lucros e ativos. No caso de Guzmán, a revista considerou estimativas de que o traficante já comercializou algo entre US$ 6 bi28 | Fale!

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de 2009

1

Barack Obama

24

Kim Jong Il

47

Dominique Strauss-Kahn

2

Hu Jintao

25

Jean-Claude Trichet

48

Zhou Xiaochuan

3

Vladimir Putin

26

Masaaki Shirakawa

49

John Roberts Jr.

4

Ben S. Bernanke

27

Sheikh Ahmed bin Zayed al Nahyan

50

Dawood Ibrahim Kaskar

5

Sergey Brin e Larry Page

28

Akio Toyoda

51

William Keller

6

Carlos Slim Helu

29

Gordon Brown

52

Bernard Arnault

7

Rupert Murdoch

30

James S. Dimon

53

Joseph S. Blatter

8

Michael T. Duke

31

Bill Clinton

54

Wadah Khanfar

9

Abdullah bin Abdul Aziz al Saud

32

William H. Gross

55

Lakshmi Mittal

10

William Gates III

33

Luiz Inácio Lula da Silva

56

Nicolas Sarkozy

11

Papa Bento XVI

34

Lou Jiwei

57

Steve Jobs

12

Silvio Berlusconi

35

Yukio Hatoyama

58

Fujio Mitarai

13

Jeffrey R. Immelt

36

Manmohan Singh

59

Ratan Tata

14

Warren Buffett

37

Osama bin Laden

60

Jacques Rogge

15

Angela Merkel

38

Syed Yousaf Raza Gilani

61

Li Rongrong

16

Laurence D. Fink

39

Tenzin Gyatso

62

Blairo Maggi

17

Hillary Clinton

40

Ali HoseiniKhamenei

63

Robert B. Zoellick

18

Lloyd C. Blankfein

41

Joaquin Guzman

64

Antonio Guterres

19

Li Changchun

42

Igor Sechin

65

Mark John Thompson

20

Michael Bloomberg

43

Dmitry Medvedev

66

Klaus Schwab

21

Timothy Geithner

44

Mukesh Ambani

67

Hugo Chavez

22

Rex W. Tillerson

45

Oprah Winfrey

23

Li Ka-shing

46

Benjamin Netanyahu

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Artigo

O apagão da competência

A

competência está ligada à capacidade de grupos responsáveis por determinadas áreas em uma organização de identificar problemas e um conjunto de soluções possíveis antes que o imprevisto instale-se. Na prática, atribui-se a profissionais especializados a busca pela identificação de alternativas nas complexas redes de decisão, baseados em seu conhecimento técnico e vivência em seu trabalho. Espera-se que, com sua experiência e habilidades, atitudes possam responder ao imponderável, com calma, discrição, rapidez e eficiência. Infelizmente, não foi ao que assistimos no recente apagão de novembro, quando o Brasil viveu a maior escuridão de sua história. Foram mais de 80 milhões de brasileiros, distribuídos em 18 estados e mais o Distrito Federal, que em um intervalo de quase oito horas, com alternâncias de regiões, permaneceram isolados do mundo. A estrutura de comando do setor energético brasileiro vem substituindo de longa data o conceito de meritocracia para o de partidarismo, no qual o PT define a política do setor e possui o cargo de secretário-executivo, que toca o dia-a-dia do ministério, e o PMDB responde pelo comando das estatais e tem o cargo de ministro. No dia seguinte ao apagão, enquanto os mortais eleitores contabilizavam seus prejuízos, os técnicos do governo, partes de uma mesma base aliada, trocavam culpas e desculpas. Políticos da situação imaginavam o tipo de explicação com o menor desgaste ante a população. A oposição ia atrás de informações para pressionar a situação. Cada qual na busca das salvaguardas de seus interesses pessoais. A realidade dos fatos apontava que nenhuma intempérie climática causou o problema. Nenhuma linha de transmissão foi afetada. Itaipu operava pouco abaixo de sua capacidade máxima. Tanto isto foi verdade que se restabeleceu o sistema em sua plenitude, após a paralisação de 18 turbinas,

Por Carlos Stempniewski sem que nenhum reparo precisasse ser feito. Portanto, com condições operacionais adequadas, por que o sistema caiu? Quaisquer que sejam as justificativas a serem produzidas, nada poderá apagar a constatação de desentendimentos e desconhecimento de como se dá a operação entre as várias instâncias de gestão desse processo de atividade tão essencial à sobrevivência dos cidadãos brasileiros. Nossos técnicos estão longe de oferecer uma explicação lógica. Afinal, porque o sistema de proteção do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) demorou a entrar em operação. Sua função é a de isolar falhas e barrar o efeito cascata no caso de desativação de linhas de transmissão ou usinas geradoras de energia. O que está acontecendo? O fato em si é isolado ou exterioriza uma problemática mais profunda, anos a fio de um fisiologismo político que já começa a comprometer a operação de complexos sistemas de processamento e entrega de serviços à nossa sociedade? Os ministros da área, com visão política da questão, chegaram a anunciar a resolução do problema pelo simples fato de que a situação se normalizara. A atitude foi tão anacrônica que o presidente da República, com afinada percepção política e preocupado com sua biografia pessoal, viu-se obrigado a desautorizar seus subordinados. No meio desta discussão, a notícia veiculada com base em declarações do presidente Obama, fundamentada em seus serviços de segurança, apontava para a ação de invasores cibernéticos nas redes de monitoração do sistema elétrico brasileiro com êxito nos apagões de janeiro de 2005 e de setembro de 2007, entre outros, na Região Sudeste, a mais populosa do país. O governo brasileiro dispõe de mais 300 redes integradas à internet. Em apenas uma delas, no ano passado, foram detectadas 3,8 milhões de tentativas de invasão, segundo técnicos ligados ao governo. Portanto, a fragilidade de nossos sistemas fica evidente. Levantamento do Ministério do Planejamento identificou que, em 26 www.revistafale.com.br

ministérios, cerca de três mil servidores cuidam de mais de 70 mil microcomputadores. Apenas 203 são concursados e cuidam de 25 ministérios e do Palácio do Planalto. Uma festa para os hackers de plantão. Por todos estes fatos, a estratégia geral do governo não priorizou, nestes anos todos, a segurança nos processos de transmissão da energia gerada. Devemos entender por isto computadores e sistemas de tecnologia da informação que permitiriam melhor qualidade na gestão do processo e defesa contra a invasão dos piratas cibernéticos. Quando analisamos o volume de investimentos no setor, constatamos que a Eletrobrás, no período de janeiro a setembro deste ano, já acumula perdas de R$ 1,5 bilhão. No mesmo período no ano passado, o lucro líquido foi de R$ 3,1 bilhões. O orçamento deste ano previa investimentos de R$ 7,2 bilhões no setor. Até o final de setembro, apenas 48% desta verba haviam sido aplicados. Nos últimos nove anos, apenas 66% do orçamento previsto foi efetivamente utilizado. Menos de 0,5% do PIB. A política atual é centrada no preço da tarifa. Ressalte-se que por uma pequena falha na metodologia de cálculo do reajuste de tarifas feito pela Aneel, no período de 2002 a 2008, cerca de R$ 7 bilhões foram cobrados a mais dos consumidores brasileiros, segundo relatório do tribunal de Contas da União. A soma de todas estas situações nos leva a crer que será, mais uma vez, muito difícil estabelecer com precisão o epicentro do problema. Investimento e qualidade de gestão sempre caminham juntos. Considerando as falas dos ministros envolvidos, que descartaram futuros apagões, mas não se comprometeram com relação a possíveis novos blecautes, um eufemismo à moda política de Brasília, o melhor é comprar maços de velas e potentes lanternas para se precaver quanto ao futuro próximo. n Carlos Stempniewski, mestre pela FGV, administrador, consultor e professor das Faculdades Integradas Rio Branco. NOVEMBRO de 2009 | Fale

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Câmbio, o gargalo No 4º Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro Guido Mantega apresentou perspectiva convergente em relação ao câmbio ideal para o Brasil baseado em estudo do banco de investimentos Goldman Sachs segundo o qual o câmbio de equilíbrio para o Brasil (o valor ideal do dólar) seria de R$ 2,60. O presidennte da CNI, Armando Monteiro, diz que o maior problema do país no momento é cambial

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maior problema para as exportações, em geral, e para a indústria, em particular, é a valorização do real ante o dólar norte-americano e as moedas mais fortes do mundo, o que “retira competitividade” 30 | Fale!

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dos produtos brasileiros no mercado externo. Quem assegura é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, deputado federal pelo PTB de Pernambuco. O real avançou, neste ano, cerca de 30% em relação ao dólar dos Estados Unidos e ao ien do Japão; também cresceu em torno de


indústria. Ao lado, o senador Tasso Jereissati, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, participam do 4º Encontro Nacional da Indústria, promovido pela CNI. Abaixo, Mantega, Monteiro e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf Foto Marcello Casal Jr _ ABr

20% comparado ao euro, um pouco mais que isso diante da libra esterlina, da Inglaterra, e mais de 40% em relação ao peso argentino. O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, informou que apenas duas moedas valorizaram mais que a moeda brasileira: o rande, da África do Sul, e o dólar australiano. Para o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, existe ainda “perspectiva inequívoca de mais valorização do real”, por causa da enxurrada de dólares no mercado nacional, mesmo com a taxação de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para ele, foi uma decisão acertada a taxação dos investimentos estrangeiros em renda fixa e em Bolsa de Valores. “O câmbio é o problema mais sério que temos hoje no curto prazo”, afirmou Freitas.

De acordo com Monteiro Neto, o Brasil foi bem-sucedido na travessia da crise financeira internacional, que afetou seriamente a indústria pela falta de crédito. Houve forte desaceleração da produção nacional, segundo ele, embora o setor venha se recuperando há nove meses, de forma lenta e gradual, e uma eventual mudança desse ritmo dependerá muito do retorno das exportações, ora prejudicadas pela valorização cambial, disse ele. O presidente da CNI está confiante, contudo, na recuperação industrial com mais velocidade, uma vez que “os sinais de aumento da atividade econômica são bons”. Para ele, não há dúvida de que a economia vai crescer em 2010. A questão agora, salientou, é saber se esse crescimento será sustentado nos anos seguintes, pois não se pode perder de vista que “o dólar tende a perder importância como moeda padrão”. Armando Monteiro Neto acredita que a maior concorrência, com a prewww.revistafale.com.br

sença mais ativa no mercado de bancos estrangeiros, e a recuperação da economia brasileira farão os bancos brasileiros voltar a financiar vigorosamente o sistema produtivo. “O sistema financeiro brasileiro sempre teve enorme aversão ao risco, pelos ganhos fáceis com a inflação alta, antes da estabilização, e depois pelo excesso de normas, resultando em spreads extraordinariamente elevados”, constata Monteiro. “Com o ambiente de estabilidade que está se consolidando no Brasil, o sistema financeiro privado precisa ser sócio da produção e se adaptar às novas realidades, financiando inclusive ativos intangíveis, como projetos de inovação.”

Dólar a R$ 2,60.

Ao divulgar estudo do banco de investimentos Goldman Sachs segundo o qual o câmbio de equilíbrio para o Brasil (o valor ideal do dólar) seria de R$ 2,60, o NOVEMBRO de 2009 | Fale

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Todo mundo sabe que o dólar vai perder força nos próximos anos, em função dos problemas da economia americana e dos deficits fiscais e comerciais. Até se adotar outra moeda padrão ou um novo arranjo do padrão monetário internacional, os países emergentes poderão sofrer muito porque passam a ser objeto de especulação e de ganhos que se realizam em curto prazo. Armando Monteiro, presidente

da Confederação Nacional da Indústria — CNI

ministro da Fazenda, Guido Mantega, provocou aplausos na plateia do 4º Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com o real muito forte, as exportações ficam caras e os produtos brasileiros deixam de ser competitivos. Mantega, no entanto, se apressou em dizer que o estudo não endossa o que o governo considera câmbio ideal. “Não sou eu que estou dizendo. O ministro da Fazenda não tem câmbio de equilíbrio. É bom deixar isso claro. Imagine a indústria brasileira com câmbio de R$ 2,60. Venceríamos a todos: a indústria chinesa, a coreana, porque nós temos um câmbio sobrevalorizado em 50% em relação à moeda chinesa e em 40% em relação à moeda coreana”, disse Mantega dirigindo-se ao presidente da CNI, Armando Monteiro Neto. A valorização do real frente ao dólar, a solução para o acúmulo de créditos tributários e a desoneração das exportações estão entre as prioridades da agenda que visa ao aumento da competitividade da indústria brasileira no mercado internacional. A ampliação da participação do Brasil no comércio global também depende da simplificação dos processos aduaneiros, da melhoria da infraestrutura e dos sistemas de logística. “Temos muitos problemas estruturais que diminuem a competitividade dos produtos brasileiros e comprometem o desempenho das empresas exportadoras”, constata o presidente do Conselho Temático de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Tigre, também presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). 32 | Fale!

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de 2009

Tigre explicou que as perdas dos exportadores com a desvalorização do dólar frente ao real podem ser atenuadas com a compensação mais acelerada de créditos de impostos que incidem sobre as vendas externas, como o PIS e a Cofins. “São bilhões de reais que podem melhorar o fluxo de caixa das empresas”, afirmou Tigre, acrescentando que outra medida importante é a desoneração dos tributos sobre as exportações. Na área de economia internacional, os empresários que participam do ENAI sugerem a redução dos custos portuários e aeroportuários e a melhoria das condições de acesso aos financiamentos voltados às exportações. Propõem ainda a ampliação dos regimes especiais de exportação e importação, como a Linha Azul e do drawback, e a expansão da contratação do seguro de crédito à exportação. Os empresários também estão atentos a eventuais medidas protecionistas e recomendam a manutenção de sistemas de monitoramento de barreiras comerciais que atinjam as exportações brasileiras. Defendem ainda a incorporação de medidas que impeçam a introdução de barreiras comerciais no acordo sobre mudanças climáticas. Para facilitar o acesso das empresas brasileiras ao mercado externo, os industriais apóiam a conclusão da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, a busca de um acordo mais abrangente de livre comércio com o México e a ampliação dos tratados com a Índia e a África do Sul. n www.revistafale.com.br

Encargo social, grande obstáculo A pesquisa de opinião realizada pela CNI junto a sindicatos, federações e associações setoriais da indústria sobre o tema Relações do Trabalho mostra que a principal preocupação das empresas é a questão dos encargos sociais. O custo mensal das empresas com cada empregado é de aproximadamente um salário extra o que desestimula a geração de empregos e o aumento dos salários. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas e o aumento da hora extra de 50% para 75%, se aprovadas, elevarão o custo da mão de obra em cerca de 50%, com sérios impactos na competitividade da indústria. “O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um levantamento que, levando em conta apenas a produtividade das empresas, mostra que essa redução da jornada elevaria o custo da produção em 1,99%. Esse custo poderá traçar o destino de uma empresa entre permanecer ou sair do mercado”, avalia Pastore. Executivo do grupo Votorantim, Antônio Daniel de Almeida Violante, mostra que para manter a competitividade e fixar o trabalhador foi preciso oferecer planos de assistência médica suplementar e previdência privada. “Ou seja, estamos pagando duplamente”, avalia Violante. Para ele, a nossa legislação é um grande problema para os empregadores. Enquanto as empresas se modernizam e buscam a inovação, a legislação trabalhista é desatualizada. “A justiça interpreta a lei. Porque a lei não se modifica e se moderniza?”, indaga. n


Dell, dez anos depois

Em novembro de 1999, a Dell inaugurou sua primeira unidade no Brasil. Hoje, já são quatro plantas industriais que atendem aos segmentos corporativo, público e doméstico. Para Michael Dell, CEO da Dell, “a previsão que temos sobre economia brasileira é muito boa, e estamos criando novos relacionamentos em todo o país”

N

ão existem muitos mercados como o brasileiro por aí. Em comparação, é menor que a China, mas muito maior que o da Índia e Rússia. Com crescimento sólido, o Brasil tem potencial de ser o quarto maior mercado de PCs do mundo em 2015. A análise é do presidente da Dell, Michael Dell que só tem a comemorar. “A previsão que temos sobre economia brasileira é muito boa, e estamos criando novos relacionamentos em todo o país”, afirma Dell. “O Brasil é chave para o mercado de computadores e para a economia da América Latina.”

Michael Dell veio ao Brasil em novembro para comemorar os 10 anos da empresa aqui. Em novembro de 1999, a Dell Brasil se instalou em Eldorado do Sul, na grande Porto Alegre, para produzir notebooks da linha Latitude e desktops Optiplex. Dez anos depois, a companhia se orgulha do investimento constante que fez no Brasil. E a número 1 em vendas para o Mercado Corporativo Brasileiro. A Dell produz e comercializa mais de dez linhas de produtos, que vão do consumidor final até grandes corporações, incluindo os segmentos público, privado, pequenas e médias empresas. Em novembro de 2004 a empresa comemorou o início de sua liderança no mercado corporativo, depois passou a ser a número 1 em vendas de servidores, já com fabricação local. Em 2006, anunciou sua expansão com a construção de uma nova fábrica na cidade de Hortolândia, interior de São Paulo, que se tornou referência em avanço tecnológico dentre as

demais plantas da Dell espalhadas pelo mundo. A partir daí, com a inauguração em maio de 2007, pôde efetivamente ficar mais perto da maioria de seus clientes, ao mesmo tempo em que ampliou a capacidade de atendimento do seu call center, situado na região Sul. “A expansão da Dell no Brasil foi um marco na história da companhia” afirma Raymundo Peixoto, diretor Geral da Dell Brasil. O portfólio de produtos para o mercado doméstico ganhou reforço com lançamentos como as linhas Alienware e Adamo, os netbooks Mini Inspiron e o desktop desenvolvido exclusivamente para o mercado brasileiro, Dimension 1000, entre outros lançamentos. Neste segmento, a Dell cresceu cerca de 217% desde o anúncio da entrada no varejo, em setembro de 2007. Já no segmento corporativo, a Dell apostou na 11ª geração de servidores PowerEdge, reforçando o compromisso da companhia com a www.revistafale.com.br

eficiência energética e com a simplificação da TI, e também investiu na estratégia de canais com força total, anunciando o primeiro distribuidor autorizado no início deste ano. “A expansão para Hortolândia nos fez chegar ainda mais perto de 70% dos nossos clientes, aprimorando a experiência deles com a Dell. Isso nos encorajou a alçar voos maiores, ampliando as possibilidades de acesso do consumidor aos nossos produtos. Democratizamos a Dell no Brasil”, ressalta Raymundo Peixoto. Para tanto, foi preciso aumentar a família. Em agosto deste ano, veio a quarta unidade brasileira. Situado em São Paulo, o novo escritório abriga profissionais das áreas de vendas para Consumidor Final e Grandes Empresas, além de equipes de marketing e finanças. O espaço ainda conta com um showroom de produtos para demonstração. Com tanto crescimento, a Dell viu seu quadro de colaboradores mais que dobrar. n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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ECON O MI A & NEGÓ C I O S

Grendene, recorde O lucro líquido da Grendene bate recorde e registra R$ 187,2 milhões no acumulado de janeiro a setembro. Valor é 19,5% superior a igual período de 2008. O aumento da massa salarial, a ascensão das classes de menor renda e a melhora da confiança dos consumidores vêm favorecendo o crescimento da empresa

A

Grendene tem motivos para comemorar. Com os resultados do terceiro trimestre de 2009 e no acumulado até setembro, consolida excelentes resultados que, segundo fonte da empresa, reforça o compromisso com a estratégia que vem desenvolvendo nos últimos anos, com pequenas adequações táticas às diferentes conjunturas econômicas. No acumulado dos nove meses de 2009, a Grendene fabricou 108 milhões de pares de calçados, gerou R$ 286 milhões de caixa provenientes das atividades operacionais e pagou R$ 99 milhões de dividendos a seus acionistas. “Embora esperássemos um terceiro trimestre ainda melhor, consideramos excelentes os números registrados no acumulado do ano, considerando que são números recordes para o período de 9 meses. Comparativamente, observa-se que nenhuma empresa do setor de calçados no Brasil se aproxima destes números e poucas empresas brasileiras do setor de consumo em geral o superam”, explica Francisco Schmitt, diretor de relações com investidores da Grendene. “Com R$ 733 milhões de caixa líquido, boa diversificação geográfica, forte presença internacional, cartela de produtos sempre renovada e excelência na operação, a Grendene continua bem posicionada para aproveitar todas as oportunidades que um mercado em expansão apresenta e consolidar sua liderança”, completa o executivo.

Moda e design.

No trimestre, a empresa deu destaque a duas de suas principais linhas. Para encerrar as comemorações dos trinta anos de Melissa, foi montada a exposição “Melissa Eu!”, uma retrospectiva de moda e design, aberta ao público até o dia 15 de novembro, no Rio de Janeiro. Outra grande marca da empresa, a Rider, ganhou uma releitura 34 | Fale!

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e voltou ao mercado, com uma visão mais contemporânea. O chinelo, que conquistou uma geração de esportistas com o conceito “after sports”, rejuvenesceu. Com isso, revigorou o segmento inventado pela própria Grendene nos anos 80. A Grendene informa que mantém as perspectivas de que os resultados de 2009 superem os de 2008. A expectativa é de que o crescimento da receita bruta seja a uma taxa composta média (CAGR), entre 8% e 12% e que o do Lucro Líquido, também a uma taxa composta média (CAGR), fique entre 12 % e 15% nos próximos cinco anos (2009-2013). Com relação aos investimentos em propaganda e publicidade, o objetivo da empresa é manter a média de 8% a 10% da Receita Líquida. n www.revistafale.com.br

Grendene e Votorantim siderúrgica em MS A Votorantim Siderurgia e o empresário Alexandre Grendene Bartelle, dono da Grendene, assinaram acordo para construção da Sitrel (Siderúrgica Três Lagoas) em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de atender o mercado de


Destaques

 A receita bruta atingiu crescimento de 13,2% no acumulado dos nove meses de 2009 e de 3,9% no 3º trimestre de 2009, em comparação a iguais períodos do ano anterior.  A receita bruta de vendas no mercado interno, no terceiro trimestre deste ano, atingiu R$ 421,9 milhões, crescimento de 8,2%, com volume total de 32,4 milhões de pares, crescimento de 8,3% e preço médio estável comparado ao mesmo período de 2008. Já no acumulado dos nove meses de 2009, a receita bruta de vendas no mercado interno atingiu R$ 973,3 milhões, 12,2% superior ao mesmo período de 2008, com volume de 76,5 milhões de pares, 10,2% superior aos 9M08 e preço médio 1,8% maior.

MARKETING. Peça promocional da Grendene com a modelo Gisele Bundchen foto divulgação aços longos da Região CentroOeste. A unidade fará a laminação do aço bruto (tarugo) produzido pela nova usina da Votorantim Siderurgia, em Resende (RJ), que possui capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de tarugos.

 No terceiro trimestre de 2009, as receitas de exportação caíram 21% em reais, 29,4% em dólares e 15,5% em volume, comparado ao mesmo período de 2008, refletindo a crise nos principais mercados de exportação e a valorização do real frente ao dólar. Nos nove meses de 2009, comparado a igual período de 2008, a empresa obteve crescimento de 17,6% em reais, queda de 4,8% em dólares e 8,6% em pares. A participação do mercado externo

na receita bruta de vendas se manteve em 20%, nos 9M09 (19,4% no 9M08).  De acordo com os dados divulgados pela Secex/Abicalçados, as exportações brasileiras de calçados no acumulado dos nove meses de 2009, em comparação a igual período do ano passado, reduziram 30% em dólar, 26,5% em volume de pares vendidos e em 4,8% o preço médio em dólar. Comparativamente, a Grendene diminuiu 4,8% a receita bruta em dólares e 8,6% em volume de pares, tendo aumentado 4,1% o preço médio em dólar. Com estes resultados, a participação da empresa no volume das exportações brasileiras de calçados cresceu de 27,1% em 9M08 para 33,7% em 9M09.  A receita líquida de vendas cresceu 4,3% no 3º trimestre deste ano e 15,5% no acumulado dos nove meses quando comparadas a iguais períodos de 2008.  O Lucro Bruto no terceiro trimestre de 2009 diminuiu 7,8% em relação a igual período de 2008. A queda foi consequência de uma menor eficiência na fabricação, ocasionada por uma alta demanda de produção e pela deterioração na taxa de câmbio que pressionou as margens de exportação. Neste

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período, a receita líquida por par aumentou 1,5% e o volume de pares 2,7% em relação a 2008, resultando em uma receita líquida total 4,3% maior.  Foram adquiridas e instaladas 46 novas máquinas e contratados cerca de 5.000 funcionários com o propósito de aumentar a capacidade de produção dos produtos, cuja demanda, fortemente aquecida, surpreendeu a empresa e deve continuar até o final do ano.  O Lucro bruto aumentou 12,1% nos nove meses deste ano, levemente inferior ao aumento de 13,2% da receita bruta de vendas no mesmo período, mostrando que a queda de margem foi localizada no terceiro trimestre do ano, diluindo-se no acumulado de 2009.  No terceiro trimestre de 2009, o resultado financeiro líquido foi positivo de R$7,9 milhões versus resultado financeiro líquido negativo de R$ 13,1 milhões do terceiro trimestre de 2008. O resultado financeiro líquido nos 9 meses de 2009, também foi positivo de R$ 43,7 milhões vs R$14,8 milhões no mesmo período de 2008.  No terceiro trimestre de 2009, o lucro líquido foi de R$ 65,6 milhões, com margem de 16,3%. NOVEMBRO de 2009 | Fale

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ECON O MI A & NEGÓ C I O S

BB, CAIXA ALTA O Banco do Brasil tem lucro de R$ 2 bilhões no terceiro trimestre, com expansão de 6%. O resultado é 6% superior ao obtido no terceiro trimestre do ano passado. No acumulado do ano, foram R$ 6 bilhões, 2,3% a mais que o total de janeiro a setembro de 2008. O retorno sobre o patrimônio líquido alcançou 26,2%

U

m lucro líquido de R$ 2 bilhões. Este é o dado

principal do resultado financeiro do terceiro trimestre do Banco do Brasil, revela o presidente da instituição, Aldemir Bendine. Trata-se de um resultado 6% superior ao obtido no terceiro trimestre do ano passado. No acumulado do ano, foram R$ 6 bilhões, 2,3% a mais que o total de janeiro a setembro de 2008. O retorno sobre o patrimônio líquido alcançou 26,2%.

Bendine revela também que o BB tem folga financeira para expandir em até R$ 100 bilhões a carteira de crédito sem ferir as regras do Acordo de Basileia, que estabelece as exigências mínimas de capital para os bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito. Segundo ele, o índice de referência de Basileia para o BB passou de 13%, em setembro, para 13,9%, em novembro, após a realização de duas grandes captações financeiras, uma de US$ 1,5 bilhão e outra de R$ 1 bilhão.

RESULTADOS. O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine Foto Antonio Cruz _ ABr

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De acordo com o presidente do BB, será mantida a estratégia de negócios na concessão de linhas de crédito. Com a incorporação dos ativos do Banco Nossa Caixa e de 50% de participação no Banco Votorantim, o BB passou a ser o maior banco da América Latina e um dos principais financiadores dessa região. O balanço do terceiro trimestre mostra que as receitas financeiras aumentaram 24,3%, de janeiro a setembro deste ano sobre o mesmo período de 2008, totalizando R$ 47,3 bilhões. Desse total, R$ 29,7 bilhões referemse a receitas originadas das operações de crédito, volume que cresceu 26,5%.

Lastro e expansão.

O volume de crédito em setembro somou R$ 285,5 bilhões, ou 41,2% superior ao de setembro do ano passado. Os empréstimos a pessoas físicas foram de R$ 85,7 bilhões, 97,3% de aumento sobre o mesmo mês de 2008. O total emprestado a empresas foi de R$ 116,9 bilhões, 37,1% maior do que em setembro do ano passado. A maior parte, R$ 68 bilhões, foi concedida a médias e grandes empresas, com alta de 42%. Para micro e pequenas empresas, o montante foi de R$ 41,1 bilhões, 28,5% a mais do que em setembro do ano passado. O


agronegócio ficou com R$ 68 bilhões, 12,4% acima do total de igual período de 2008. Segundo Bendine o Banco do Brasil conseguiu conquistar “uma antiga ambição”, que foi a autorização da Securities Exchange Comission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, para lançamento de American Depositary Receipts (ADRs), que são certificados de ações emitidos por bancos americanos com lastro em papéis de empresas brasileiras. Ele não divulgou a data, nem o volume das emissões.

META. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes Foto Marcello Casal Jr_ABr

Sustentabilidade.

O Banco do Brasil tem ampliado sua ação de estímulo para que parceiros criem condições para o desenvolvimento sustentado do país. É o que assegura o diretor de Crédito do BB, Samir Soares Santos. As operações dos bancos públicos como BB, Caixa e Banco do Nordeste focam áreas de habitação, saneamento, agrícola e de apoio às exportações. Na atividade agrícola, por exemplo, as dotações de recursos para financiamento de investimentos e custeio têm crescido ano a ano. Samir Santos divulga que a na safra 2009/2010 (o ano agrícola conta de julho a junho) o BB já desembolsou R$ 15 bilhões, com incremento de 28% em relação ao período julho-outubro do ano passado. Foram R$ 3,4 bilhões para a agricultura familiar (36% a mais que em igual período da safra anterior) e R$ 11,6 bilhões para a agricultura empresarial, com expansão de 26%. Do total, R$ 11 bilhões foram destinados para operações de custeio, principalmente das culturas de soja e milho, e os R$ 4 bilhões restantes foram destinados a investimentos. O diretor do Banco do Nordeste do Brasil José Sydrião de Alencar Júnior, que também participou do encontro, ressaltou a importância dos bancos públicos no atendimento às populações mais necessitadas, e disse que dos R$ 12,765 bilhões de financiamentos contratados pelo Banco do Nordeste mais de R$ 1 bilhão são em microfinanças, em especial para programas da região do semiárido. Ele destacou ainda que o BNB é o segundo banco do país em crédito rural. Só perde para o Banco do Brasil. n

A espera de melhor resultado fiscal Ao comentar o resultado fiscal do país em setembro, que apresentou deficit de RS 5,763 bilhões, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, mostrou sua expectativa, a de que os números convirjam para a meta nos próximos meses. O resultado primário é a diferença entre as receitas e as despesas e é uma forma de reserva que o governo faz honrar seus compromissos financeiros, como o pagamento de juros da dívida pública. O resultado foi o pior para meses de setembro da série histórica iniciada em dezembro de 2001. Lopes vê o resultado negativo “elevado” como decorrente da queda nas receitas do governo, quando se compara com agosto, além da elevação das despesas com investimentos e com o pagamento de 50% do décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas. A meta do governo é fechar 2009 com superavit primário de 2,5% do Produto Interno www.revistafale.com.br

Bruto (PIB), com a possibilidade de abater os gastos com investimentos desse percentual. Assim, a meta fica em 1,56% do PIB. Segundo os dados do BC, nos 12 meses fechados em setembro esse percentual está em 1,17%, o pior desde dezembro de 2001. Apesar do cenário ruim, Lopes espera a melhora da arrecadação nos próximos meses, “em linha com um nível da atividade econômico mais forte”. Ele lembrou que o abatimento dos investimentos do resultado primário “é uma prerrogativa que o governo tem”. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu, pela primeira vez, que o governo poderá fazer esse abatimento. Lopes evitou falar sobre o aumento dos gastos do governo, uma vez que essa é uma análise que deve ser feita pelo Tesouro Nacional. “Vai arrecadar mais com certeza. [Quanto a ]gastar menos, não sei até que ponto se pode reduzir. Isso é uma avaliação do Tesouro Nacional”. n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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Persona

Por Aline Almeida

almeida@revistafale.com.br

Mãos da Terra chega em Brasília

Esteve na capital federal, no mês de novembro, Indra Sestini, uma das sócias e idealizadoras da grife Mãos da Terra. Além de visitar a cidade onde viveu durante algum tempo, Indra aproveitou para apresentar as peças de sua primeira coleção, Luxo Rústico, às amigas. Acessórios únicos que valorizam a biodiversidade, ao utilizar de forma consciente materiais de nossa flora em peças especialmente desenhadas para a mulher brasileira, vaidosa e atenta às questões de sustentabilidade e preservação. Em São José do Rio Preto onde o projeto foi iniciado, Mão da Terra vem conquistando cada vez mais clientes, e aqui em Brasília não poderia ser diferente. Em breve as peças poderão ser conferidas nas melhores lojas do ramo. Mais informações em www.maosdaterra.art.br

Mais um artista brasiliense brilha na Rede Globo

Rhayner Cadete, 22 anos, é o mais novo brasiliense a estrear na Globo. Conduzido pela GK International, agência famosa em Brasília pela busca de potenciais talentos e encaminhamento desses a televisão, o ator mostra agora que sua carreira na TV está

apenas começando. Esse é o segundo papel do ator na emissora. Depois de viver em Caras e Bocas o personagem Gabriel quando jovem, em Cama de Gato, que estreou em outubro, Rhayner finalmente tem um papel merecidamente só seu. Na novela das 6 ele é Nuno, um rapaz muito responsável que irá ajudar o avô a recuperar o dinheiro perdido. Apesar de bastante jovem, Rhayner demonstra

ter bastante garra e coragem. Já morou na Europa com a mãe, quando aprendeu piano e fez curso de modelo. De volta a Brasília, investiu no mercado publicitário, mas sempre estudando teatro. E com o apoio da GK, mudou-se para o Rio de Janeiro aos 18 anos. “Agora Hollywood é o limite”, contou ele em tom de brincadeira ao Finíssimo, portal famoso de moda em Brasília. foto gabriel alves

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Teus poemas, não os dates nunca... Um poema. Não pertence ao Tempo” 

Mário Quintana

Poesia visual

Rosimeri, marido, filhos e nora

A Dona de Casa Mais Bonita do Brasil

Foi com o propósito de dar o devido destaque, que o TV Xuxa, programa apresentado por Xuxa Meneghel na Rede Globo, lançou o concurso “A Dona de Casa Mais Bonita do Brasil”. Mais do que um concurso de beleza, a premiação envolvia quesitos como a história de vida da candidata e o relacionamento em família E foi com o intuito de mostrar a importância da mulher dentro do lar, que Rosimeri Mebs aceitou participar da premiação, quando descobriu que havia sido inscrita pelos filhos. Economista, esposa de militar e mãe de três filhos, Rosi contou à Fale! Brasília sobre a experiência de desapegar-se

de si mesma, esquecer durante um tempo de seus projetos e vida profissional, para cuidar do bem mais precioso na vida de qualquer mãe: A família. “Além de querer muito conhecer a Xuxa, eu resolvi participar do concurso pela oportunidade de mostrar às pessoas a importância, em seu sentido mais profundo, de uma mulher dentro de casa. Há 4 anos eu deixei meu emprego para dedicar totalmente à minha família, e é imensurável os benefícios que essa atitude trouxe para nós todos. Isso não tem dinheiro que pague!”, disse ela emocionada. Parabéns, Rosi! Parabéns donas de casa do Brasil. Vocês, sim, são todas vencedoras!

Separe versos e mais versos de poesia - de filósofos, poetas a diretores de cinema distribua tudo isso em cartazes, camisetas, aventais, flâmulas, lixeiras e até pílulas. Acrescente mais algumas porções de empreendedorismo e inovação e finalize com outras tantas de criatividade. Está aí a fórmula de Alex Moraes. A Tertúlia Artesanato Cultural nasceu há 22 anos, quando Alex teve a idéia de confeccionar cartazes com poesias famosas para premiar seus alunos de arte. A repercussão foi maior do que ele esperava, e foi vendendo para amigos e conhecidos, em portas de teatro e na UnB, que seu trabalho foi difundido. Hoje, é difícil passar pela Torre de TV e não parar para conferir os produtos da Tertúlia. Os versos parecem cuidadosamente escolhidos e sempre tem um que se encaixa perfeitamente no

momento vivido. Os produtos tem ganhado o apreço não apenas do público brasiliense, atualmente a Tertúlia também tem filiais em Pirenópolis (GO) e Ribeirão Preto (SP). E não para por aí, além da comercialização direta através do site, que será lançada em breve, Alex contou à Fale! Brasília que logo a Tertúlia estará também em outras cidades por meio do sistema de franquias. E dá-lhe poesia!

Casa Taboca: Ecocidadania e sustentabilidade na prática Projeto idealizado por moradores do condomínio Solar da Serra, no Jardim Botânico, o Casa Taboca é mais um exemplo de como o pensamento coletivo produz benefícios para a sociedade e o meio ambiente. O projeto surgiu da necessidade de uma consciência ecológica e sustentável entre proprietários e moradores de condomínios da região do ribeirão Taboca; uma

população estimada em trinta e cinco mil habitantes. As atividades realizadas vão desde o monitoramento e estudo da área, até a recuperação dos locais degradados. À Fale! Brasília, o casal José Marcelo Goulart de Miranda e Juliana Dalboni Rocha, proprietários de uma ecocasa no Solar do Serra e coordenadores do projeto, contou que até o fim do ano

o Casa Taboca estará focado na divulgação e implantação dos projetos de ‘Ocupação Integrada’, principal serviço prestado a outros moradores interessados em utilizar em suas residências, técnicas que diminuam o impacto ambiental, o consumo de energia e reduzam a geração e o desperdício de resíduos. Mais informações acesse www.casataboca.org ou ligue (61) 3408-4032.

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Sociedade

Gastronomia

no centro das atenções As várias especializações que a cozinha oferece passam até pela gastronomia molecular. Os homens venceram os preconceitos e hoje já pilotam fogões com segurança e bom humor. Por Adrianne Teixeira

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a última década, Brasília se transformou no terceiro Pólo

Gastronômico do país, depois de São Paulo e Rio de Janeiro. O brasiliense sofisticou o paladar e tomou gosto também pelo papel de anfitrião na cozinha. “Chefe de Cozinha, Gastrônomo, Personal Gourmet, Personal Diet, Consultor de Restaurantes, Técnico em Gastronomia, enfim, há uma série de especialidades e peculiaridades neste ramo, que inclui até o estudo dos processos químicos e físicos da preparação dos alimentos. 40 | Fale!

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 Sous-Vide. O termo francês para “no vácuo”, é um método de cozinhar por um longo período de tempo, e a relativas baixas temperaturas. Foto DIVULGAÇÃO

Ciência

A Gastronomia Molecular é considerada um ramo da Ciência dos Alimentos, destacando-se como estudiosos proeminentes e preconizadores o físico Nicholas Kurti e o pesquisador do Instituto Nacional da França de Pesquisas Alimentares – INRA, Hervé This. Esse tipo de gastronomia lida com a alimentação humana abordando todas as etapas e fenômenos que envolvem o ato de cozinhar. O objetivo é abordar a gastronomia com um olhar científico, mostrar a conexão dos alimentos durante o preparo de uma refeição. Na capital federal, quem faz esses experimentos é o chef brasiliense Carlos Eduardo Silva, conhecido como Kaká Silva. Ele possui uma cozinha laboratório, na casa em que reside, no Lago Sul. Lá, ele faz seus experimentos. Kaká Silva formou-se em culinária francesa pela Le Cordon Bleu, na Inglaterra, depois foi chef de vários estabelecimentos e consultor para restaurantes e bares em todo o Brasil e no exterior. Autodidata, desde o ano passado, dedicase ao estudo da gastronomia molecular e de um método de cozinhar que se destina a manter a integridade dos ingredientes, pelo aquecimento por um longo período de tempo, a relativas baixas temperaturas, chamado de Sous-Vide. Kaká Silva se tornou um dos raros especialistas assunto em nosso país.

O brasiliense como cliente

Um bom exemplo da tendência gastronômica no DF, é o Festival Brasil Sabor Brasília, que é realizado anualmente com o objetivo de movimentar restaurantes e bares da cidade, criando pratos especiais a preços mais baixos. Neste ano, em sua sexta edição, contou com a participação de 68 restaurantes do DF.

Cozinha levada à sério

Hoje, a cozinha toma espaço até nas grandes faculdades e não é só por meio do curso de Nutrição. A graduação em Gastronomia existe desde

AUTODIDATA. O chef brasiliense Carlos Eduardo Silva, conhecido como Kaká Silva, possui uma cozinha laboratório, na casa em que reside, no Lago Sul. Foto DIVULGAÇÃO

As especializações  Cozinheiro. Quem cozinha e elabora pratos.  Chefe de Cozinha ou Chef. Quem comanda equipe de cozinheiros.  Gastrônomo (gourmet em francês). o mesmo que tecnólogo em Gastronomia. Pode ser o cozinheiro, mas pode ser igualmente uma pessoa que se preocupa com o refinamento da alimentação.  Personal Gourmet. Função de elaborar cardápios personalizados, na própria cozinha do cliente.  Personal Diet. Nutricionista que elabora plano alimentar baseado nas preferências do cliente, mantendo equilíbrio entre calorias e nutrientes.  Consultor de Restaurante. Função de elaborar cardápios e treinamento de equipe num restaurante. Também cuida do layout de equipamentos para cozinha

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1999 e está entre os 10 mais procurados, segundo especialistas da área de educação em nível superior. O aumento no número de interessados e na oferta de cursos está, principalmente, associada a exigência do mercado por melhores profissionais. Serviço impecável, ambiente bem decorado e pratos apresentados adequadamente eram raros, e se tornaram uma exigência de qualquer cliente, não só dos restaurante mais “estrelados”. O resultado não poderia ser outro, é cada vez maior o número de jovens dispostos a seguir a carreira de chef. “Tivemos de recusar alunos no curso de Gastronomia neste ano”, diz a coordenadora do Curso na Faculdade Iesb, professora Cláudia Brochado. Hoje, estão matriculados 450 alunos na Gastronomia da faculdade, que foi a primeira a oferecer o curso na cidade. De 2006 para cá, já passaram pelo curso mais de 150 alunos, intitulados de tecnólogos em Gastronomia. Segundo Brochado, os alunos saem prontos para serem chefs de cozinha, mas podem abrir seus próprios estabelecimentos. Disciplinas como Gestão de Pessoas, de Alimentos, Administração, Finanças, História e até Cultura, estão na grade horária do universitário da área. “Para ser um profissional da área não basta só saber cozinhar”, explica Cláudia Brochado. “Precisamos mostrar ao mundo a riqueza da nossa culinária. Nossos temperos e sabores são extraordinários. Os alunos saem com a missão de pensar na Gastronomia como fenômeno”, defende a coordenadora. A empresária do ramo, Ana Toscano, também alega que ser um chefe de cozinha não é fácil, por tratar-se de uma tarefa que envolve outras áreas. Porém, ela discorda de que o aluno que sai da faculdade em dois anos está habilitado a ser um chefe de cozinha. “Na faculdade, a cozinha é muito bem estruturada, com ar-condicionado, e o aluno tem muito tempo para elaborar um prato. A realidade é muito diferente. Quando passamos da porta da cozinha adentro, vivenciamos outro mundo”, revela. Toscano explica que “um bom profissional pode ser um bom cozinheiro, mas nem sempre um bom cozinheiro é um bom chef. Acredito que na faculNOVEMBRO de 2009 | Fale

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S O C IE DA D E

APRENDIZADO CONTÍNUO. Fabrício Russo com a esposa Adriana, proprietários do Buffet Rio 40 Graus: “A troca de informações com colegas é de grande contribuição”. Foto Gabriel Alves dade os alunos aprendem a cozinhar, mas para ser um chef é imperativo ter muita experiência”, ressalta. Ana Toscano não possui formação acadêmica em nenhuma das áreas ligadas a alimentos, mas desde pequena lida com a cozinha. Hoje, ela é a dona de um dos restaurantes mais premiados de Brasília – o Villa Borghese –, dirige o programa de TV Temperando a Vida (na Band) e ainda ministra cursos em sua Escola de Gastronomia, cujo público-alvo é formado por pessoas que querem aprender a cozinhar, seja para agradar os companheiros, para reunir amigos em casa, grupos com crianças e até pessoas mais idosas. Quando questionada sobre o que uma pessoa deve ter para trabalhar na cozinha de seu restaurante, Toscano não esconde a receita que é bem simples: Todos da equipe dela começaram como “pieiros”, ou seja, todos são crias da casa. 42 | Fale!

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Leque de especialidades A jovem Jennifer Lacerda é um exemplo da quantidade de opções oferecidas pela área. Professora universitária nas disciplinas de cozinha internacional, confeitaria, cozinha brasileira e produção de alimentos, Jennifer é consultora de restaurantes e ainda é responsável pelos cursos de gastronomia na loja de eletros e utilidades para cozinha, All Kitchens. “Com a demanda, percebemos que no Brasil, estamos caminhando para a maior valorização da comida e do profissional da área, que lá fora é muito respeitado” relata a professora que é formada em Águas de São Pedro (SP) e especializada na Borgonha, na França. Quem concorda com ela, é o proprietário da All Kitchens, Walace Santos. Satisfeito com a movimentação na loja – devido aos cursos miwww.revistafale.com.br

nistrados por Jennifer - Walace relata como é grande a clientela de hoje em comparação há dez anos. “Nós, do ramo de panelas, percebemos como é grande a glamourização da culinária aqui na cidade”, diz. Segundo ele, os clientes não se interessam mais por panelas simples e sim por panelas que chegam a custar mil reais.

Amadores

Nesses cursos rápidos, como os da escola de Ana Toscano e os ministrados por Jennifer Lacerda, podemos encontrar os aprendizes a chefs de fim de semana – pessoas que gostam de cozinhar, mas não levam o fogão tão à sério. “Meu maior prazer é receber os amigos na cozinha de casa”, diz o empresário do ramo de segurança, Leo Queiroz. Sempre que pode, Leo se inscreve numa aula para aprender pratos temáticos. Já, Fabrício Russo, também figura presente nos cursos rápidos,


MERCADO. Proprietário da All Kitchens, Walace Santos: “Os clientes não se interessam mais por panelas simples e sim por panelas que chegam a custar mil reais." Foto Gabriel Alves montou há seis anos, um Buffet com itens diferenciados, que segundo ele, “naquela época, o mercado ainda era carente deste tipo de serviço personalizado”, acentua. De acordo com ele, antes havia pelo menos cinco buffets considerados requintados – os que não servem somente itens fritos, como coxinhas e risoles. “É necessário que se busque, de forma incessante, agregar novas técnicas. Acho que a troca de informações com colegas é de grande contribuição”, justifica Russo sobre sua presença nos cursos e seu interesse em fazer ainda Gastronomia na faculdade.

Homens na cozinha

A exemplo de Fabrício, os homens representam praticamente 50% do mercado. Eles são sinônimos de boa cozinha nos restaurantes do mundo inteiro. No Brasil, temos hoje, só para citar três bons exemplos, o francês naturalizado brasileiro, que

foi um dos primeiros a ter seu programa em televisão (1996, “Forno, Fogão e Cia”, na rede Record), Olivier Anquier, Edu Guedes (Programa Hoje em Dia da Record) e Alex Atala (Mesa a Dois do canal GNT, GloboSat). Todos com currículos parecidos: empresários do ramo que lançaram livros e ficaram conhecidos pelos dotes ao pé do fogão. Eles são chefs profissionais que levaram nosso país a parar diante dos televisores para aprender receitas. Mas e os homens de casa? Os homens do nosso dia-a-dia? O que chama a atenção de pessoas da área é que o grupo do sexo masculino não tem sido presença garantida só nas cozinhas de renomados restaurantes e nas telinhas, mas principalmente na cozinha de casa. As lojas de eletrodomésticos e utilidades para cozinha são hoje, bastante freqüentadas por homens. Segundo o gerente da Konfet, loja de cozinha, www.revistafale.com.br

André Ribeiro, a cada 20 mulheres que entram na loja, um homem entra sozinho. “Sem contar que grande parte das mulheres compra utensílios para os maridos cozinharem no fim de semana”, revela o gerente.

Cliente com mais potencial

As compras realizadas pelos homens são de valores muito mais altos. “O homem vai direto atrás do melhor produto, escolhe tudo o que quer e compra”, relata André Ribeiro, comparando com a mulher que, compra aos poucos, além de pesquisar mais preços. Com essa tendência, as noivas, que antigamente faziam a lista de casamento em companhia da mãe ou de uma amiga, hoje, vão acompanhadas dos noivos que participam de toda a elaboração: desde a escolha de produtos para o chá de panela até os grandes presentes de casamento. n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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S O C IE DA D E

MESTRE CIDADÃO. Gilvan com olhar atento à técnica. Foto: Gabriel Alves

No ringue da Vida Mesmo com parcos recursos, projeto de Jiu-jitsu é usado para melhorar a vida de crianças de Samambaia Por Gabriel Alves 44 | Fale!

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Gente que faz Brasília

B

atendo de frente nas dificuldades e no desânimo, o

lutador e professor de Jiu-jitsu Gilvan Rodrigues, idealizou o projeto Lutando Pela Vida, que há cinco anos ensina esporte a crianças carentes de Samambaia. Ele começou apenas com cinco alunos e hoje já conta com cerca de 150 e ainda existe uma lista de 40 na espera, que por questões financeiras não tem ainda como atender.

E como nenhum projeto vive de idealismo e força de vontade, faltam recursos para investimentos como: tatames, lanche para as crianças, aumentar o número de professores, enfim, apesar do projeto estar legalizado na Secretaria de Estado de Esporte do DF ainda não recebeu dinheiro algum, segundo Rodrigues. Faixa-preta, Gilvan Rodrigues está acostumado com as dificuldades diárias e sempre teve interesse por artes marciais. Ele começou a treinar o “jiu” em 1998, quando o esporte ainda era precário na cidade. “Existiam poucas academias e faltava oportunidade”, diz o idealizador. Projeto Para concretizar seu Lutando sonho, convidou o amigo e lutador Wesley Silva, o ForPela Vida migão, que também conheEquipe Cia Paulista. ce bem a dura realidade de As aulas são às Samambaia e na hora comsegundas, quartas prou essa briga com Gile sextas-feiras, van. Hoje, Formigão possui entre 17h e 19h. vários títulos nas costas Para entrar na (Copa do Mundo, Copa lista de espera, Leão Dourado, Campeão fazer doações, Brasiliense). Ele começou a patrocinar ou lutar incentivado pelo pai e pedir informações, se diz muito orgulhoso em entrar em contato poder participar da mudanpelo e-mail: ça na vida dessas crianças. Gilvan Rodrigues“Ver essas crianças lutando gilvanrodriguesjj@ é com certeza como estar gmail.com no primeiro lugar do pódio”, orgulha-se. Formigão acredita que com o esporte tudo muda: as notas na escola, o respeito dentro de casa. “É muito bom quando chega um pai aqui para agradecer e dizer o quanto o filho mudou. Esse é o sinal que deu certo”, revela. Gilvan, depois de perceber a oportunidade que o esporte lhe proporcionou, não hesitou e mostrou outra opção de vida, já que o esporte, além de saudável, ajuda a ocupá-los, afastar das drogas, e criminalidade. “As vezes chegavam crianças de sete, oito anos com todos os trejeitos de

marginal e hoje poder ver essa mudança é gratificante. Hoje, dos 150 alunos matriculados, uma média de 10 saíram lutadores e com certeza os outros vão saber vencer bem no ringue da vida”, profetiza.

Mulheres na luta

É o caso da aluna Tainá Freitas (12) que treina há dois anos e é uma das campeãs do projeto. Ela venceu o campeonato brasiliense e copas internas da cidade, e em alguns caso teve que lutar contra meninos por não haver meninas na sua categoria. “Não quero parar de lutar”, diz a menina, que depois do jiu jitsu não fica mais na rua e suas notas na escola melhoraram.

O pequeno guerreiro

O simpático Vitinho, o caçula da turma, tem apenas cinco anos, ao entrar cumprimenta Gilvan com um sorriso e vai para a atividade que mais gosta: correr. Quando pergunto de seus ídolos logo ele aponta seu professor e diz: “Também quero ser campeão”, sonha o aluno. Sonho realizado do pai, Claudio Perez, que fica com os olhos atento no treino. Ele conta que conheceu o projeto através de um irmão que treinava e trouxe os filhos para participar também. “Hoje meus filhos são bicampeões brasilienses”, diz em alto tom o pai. Como disciplina é a palavra chave de qualquer esporte e da vida, as crianças para continuar treinando precisam estar matriculadas na escola e mostrar boas notas, além de não poder faltar às aulas. “Se falta, não treina”, afirma o rígido Gilvan. O projeto que teve início na academia Mega Fitness, começou a ficar pequeno, se estendeu e também funciona em Samambaia Sul no Centro de Ensino 123. Em média 80 alunos treinam com o professor Luiz Bombinha. Os alunos que vão a primeira vez sempre voltam, “porque lá proporcionamos um ambiente diferente da rua e de casa que muitos vezes é bem complicado“, explica Bombinha. n

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S O C IE DA D E

Gente que faz Brasília

amor ao próximo São pessoas como Dona Teresinha que fazem a diferença por onde passam

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Por Gabriel Alves

ma vida de esforço, dedicação e muita conquis-

ta. Assim podemos começar a falar de Teresinha Lucas Evangelista Pereira dos Santos, ou simplesmente Dona Tetê, essa nordestina, do Ceará, com a história como a de muitos candangos que chegaram a Brasília atrás de oportunidade e melhores condições de vida. Em 1969,

começou a trabalhar como auxiliar de enfermagem. Depois, cursou Direito, em 1990. Apaixonou-se por Direito Criminal e foi trabalhar na Defensoria Pública do Paranoá, à época do governo Collor. Dona Tetê aposentou-se no Hospital da Asa Norte (HRAN), onde trabalhava, a convite do antigo diretor para humanizar o hospital, coordenando a parte de paisagismo e manutenção ambiental da instituição. Contudo, marcou sua passagem por sempre acreditar que podia fazer mais. E fez mesmo. Apaixonada pela instituição, começou a ajudar o hospital. “Aqui minha função foi auxiliar de enfermagem, técnica de higiene dental (THD)”, conta. Com a ajuda de grandes supermercados, empresários e ministérios, arruma tinta, frutas, faz o paisagismo, ajuda a cuidar como

Compromisso

Além de tantas atividades, Dona Tetê ajuda também a cuidar dos queimados externos, ou seja, quando os pacientes com queimaduras saem do hospital muitas vezes não tem condições de sobrevivência. Com toda sua dedicação, não se preocupa apenas com o acontece diante de seus olhos e vai conhecer a família, onde mora, como é a vida daquele que está ali. “Eu dou apoio à família dos queimados, tenho um grande carinho pelo hospital e pelas pessoas”, explica. Recentemente, foi convidada pela primeira-dama, Flávia Arruda, para participar do Programa Mãezinha Braziliense que ajuda aquelas mães que não tem condições financeiras após o parto a receber um kit enxoval. A bolsa contém fraldas, lenços umedecidos, pomada, roupas, cobertor, toalha com capuz e trocador de fraldas. Católica fervorosa, anda com seu terço, sua imagem de Nossa Senhora, e a quem a procura, oferece frutas, água, e um constante desejo de ajudar. E para quem também quiser colaborar, ela está fundando a Associação dos Amigos do HRAN. Basta entrar em contato com o hospital, que o contato com ela é super fácil. Quem bom seria se tivéssemos mais “Donas Tetês” por aí. n

dedicação. Dona Tetê no Hospital da Asa Norte (HRAN), onde coordena a parte de paisagismo e manutenção ambiental da instituição. 46 | Fale!

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pode.“O governo funda o hospital e o coloca bonito e com os anos vai acabando. Eu ajudo a manter bonitinho, organizado”, fala. Resultado, foi convidada a retornar da aposentadoria e continuar exercendo a mesma atividade. E retornou. Por onde anda pelo hospital é tratada carinhosamente. “Faço a parte logística e a manutenção, mantendo os lugares limpos, com ar puro e plantas para melhor o ambiente para os servidores e pacientes”, revela. Ela acompanhou todos os diretores do hospital, com aquela preocupação materna, dedicando-se em todas as comemorações como o dia da árvore e o dia do médico — para alegrar o ambiente hospitalar. “Faço com muito carinho, com muito amor.”

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Artigo

A narcotragédia brasileira Por Everardo Maciel

S

ão dispensáveis mais estatísticas para evidenciar a associação entre o narcotráfico e o vertiginoso aumento da criminalidade no Brasil, especialmente nas cidades. Não se trata, é claro, de fenômeno local, mas impressiona sua incidência cada vez mais abrangente na América Latina. As causas desses problemas são múltiplas. Sua solução é complexa e difícil, porque não há sequer um mínimo de consenso em torno da matéria. A violência, invariavelmente, é tida como resultado de desigualdades sociais. Essa obviedade, entretanto, não pode ser pretexto para ignorar outras causas igualmente relevantes. Remoção ou mitigação de desigualdades sociais não é processo rápido, nem simples. É, pois, completamente equivocado e temerário condicionar a erradicação da violência à consecução daquele objetivo. Elas são questões autônomas, conquanto correlatas. O caos urbano brasileiro oferece contribuição significativa para a violência e o narcotráfico. Adensamentos urbanos, tristemente marcados pela proliferação de habitações subnormais, são terrenos férteis para o desenvolvimento das atividades criminosas. Neles tudo falta, desde os serviços públicos aos títulos de propriedade, daí passando ao completo desrespeito às limitações ecológicas. A ausência do Estado e da lei é a causa primeira dessas zonas de exclusão social. A longa extensão das fronteiras brasileiras é um forte atrativo para as atividades ilegais. A inexistência de ações vigorosas das Forças Armadas e da Polícia Federal, carentes de efetivos e armamentos, e a timidez dos serviços de inteligência as converte em convite permanente para o descaminho e contrabando, especialmente de armas e drogas.

Brasileiros, em proporção cada vez maior, estão sendo dizimados em uma guerra civil somente destacada por episódicos festins mediáticos. A autorização legal para abate de aeronaves clandestinas, que se recusam cumprir ordem de pouso, veio a passo tardo. É ao menos ingenuidade transferir das fronteiras para as favelas o enfrentamento do contrabando de armas. Os amargores do período autoritário fizeram vincular a imagem das corporações militares e policiais à arbitrariedade, à tortura e à truculência. A persistência dessa atitude preconceituosa levou o Estado a tratar aquelas corporações com menosprezo e mesquinhez, debilitando sua capacidade operacional e espírito de corpo. A consequência mais dramática dessa realidade foi o aumento dos níveis de corrupção, especialmente nas unidades policiais em contato próximo com o crime organizado. Sem repressão enérgica e inteligente, sem reforma do sistema prisional que usualmente converte penitenciárias em albergues do crime e sem mudanças na legislação que admite progressividade de pena para traficantes contumazes, a violência só tende a crescer. Os esforços, ainda que louváveis, de organizações não governamentais ou as iniciativas educacionais visando prevenir o consumo de drogas apresentam resultados modestíssimos ante a dimensão do problema. O consumidor de drogas é um doente, merecedor de cuidados www.revistafale.com.br

especiais. Não pode ser tido como traficante tampouco encarado com leniência. Seu tratamento deve ser obrigatório, como foi a vacinação no começo do século XX, a despeito das revoltas contra a medida – hoje, vistas como expressão da mais completa ignorância. A obrigatoriedade do tratamento impõe verdadeira mudança de foco na educação contra o uso de drogas, revisão nos conceitos de atenção à saúde mental, aumento na disponibilidade de leitos especializados em hospitais públicos, pronta oferta de atendimento ambulatorial e novas formas de abordagem do dependente pela autoridade policial. Nesse contexto, há os que pregam a completa descriminalização das drogas, brandindo exemplos de outros países. A descriminalização, pergunto, alcançaria qualquer droga? Teríamos quiosques de maconha, barzinhos especializados em crack, importadoras de cocaína premium? Pretender enfrentar o narcotráfico com tal providência é evidência de estultice ou de relativismo moral. Brasileiros, em proporção cada vez maior, estão sendo dizimados em uma guerra civil somente destacada por episódicos festins mediáticos. A juventude, especialmente a que vive na periferia, sofre a miséria da falta de esperança. São indecentes a postura conformista e os rompantes de auto-engano da sociedade brasileira. Urge romper essa inércia. O Governo Federal precisa montar um programa amplo e permanente de combate à violência e ao narcotráfico, abrangendo as múltiplas causas e mobilizando todos os meios, a exemplo do que fez Osvaldo Cruz na cruzada contra a febre amarela. Neste País, não existe questão mais prioritária que essa. n Everardo Maciel é ex-secretário da Receita Federal NOVEMBRO de 2009 | Fale

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Conheça “S Brasília Projeto social quer formar de cidadãos com mais consciência Por Adrianne Teixeira, especial para Fale! Brasília 48 | Fale!

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e desde pequenas, as pessoas aprenderem a

história de sua cidade, vão amá-la e aprender a preservá-la.” Talvez você até já tenha ouvido uma frase dessas antes. Alguns quem sabe já possam até tê-la usado de acordo com a necessidade. Contudo, são poucos como o professor de história da rede pública de ensino do DF, Rinaldo Paceli, que a colocam em prática. Em Brasília, “Museu e Arte a Céu Aberto”, o educador e idealizador do projeto, proporciona aos alunos de Ensino Fundamental – principalmente aos alunos de de 5ª. e 6ª. séries, palestras e caminhadas pela capital de todos os brasileiros.

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PONTOS TURÍSTICOS. Museu da Republica, junto com a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, formam o Complexo Cultural da Republica João Herculino, ao fundo a Catedral. À esquerda, Reinaldo Paceli em frente ao Teatro Nacional Claudio Santoro. FotoS DIVULGAÇÃO E Gabriel Alves

Contra a maré

Vários Projetos de Lei – PLs, tramitam no Congresso Nacional com o objetivo de alterar dispositivos do Código Penal, penalizando mais ainda, os agressores do patrimônio público e privado. Paceli defende que ao invés simplesmente de investir em penalidades, há que se apostar na educação das crianças. Ele explica que, passeando por lugares que abrigam patrimônio histórico, as crianças aprendem sobre Brasília e seus habitantes, culturas, religiões, artistas como Athos Bulcão e monumentos. Desde 2003, o educador promove palestras – antes no Espaço Lúcio Costa, agora no Museu da República– e caminhadas que têm início na Praça do Cruzeiro – no Memorial JK –, passando pela Catedral até a Praça dos Três Poderes. Trata-se de um modelo da Escola Peripatética, seguindo a proposta de Aristóteles (336 a.C), de criar uma escola sem muros, em que o conhecimento se dá pelo caminho, ambulante ou itinerante. Em Brasília, outras iniciativas também tentam desmotivar o jovem a destruir e dar-lhe diversão como alternativa. Em junho, por exemplo, foi o aniversário do Programa Picasso não Pichava, da Secretaria de Segurança Publica do DF, que completou dez anos. O programa tira das ruas, jovens em situação de risco

Sozinho na estrada Segundo Paceli, a falta de

conhecimento sobre a história da capital, a peculiaridade urbanística e arquitetônica e a descaracterização dos planos originais o levaram ao desejo de atuar com a Educação Patrimonial tendo Brasília como escopo. “Em Brasília, acredito que sou pioneiro no trabalho de ensinar e caminhar pelo Plano Piloto”, avalia. A idéia do professor já lhe rendeu homenagens, como o Prêmio José Aparecido de Oliveira, em 2007, oferecido pela Secretaria de Cultura do DF, para premiar o trabalho representativo de ação preservacionista relativo à Brasília como Patrimônio Histórico da Humanidade. A coordenadora do concurso, Elaine Ruas, explicou que o Projeto concorreu igualmente com dezenas de outros e foi avaliado por uma comissão julgadora formada por membros do CREA-DF, Iphan, OAB, entre outros. O reconhecimento da secretaria rendeu também uma maior divulgação do projeto, por meio da mídia. www.revistafale.com.br

e ensina formas de expressão cultural, transformando pichadores em grafiteiros profissionais e conscientes da preservação da cidade.

Ideia

“Eu e mais duas colegas que estudamos Especialização em Turismo, na UNB, tivemos essa ideia. Montamos o projeto e em 2002 iniciamos na Escola Classe 412, de Samambaia. Depois as colegas, por motivos diversos, não continuaram e eu permaneci desenvolvendo nas Escolas que trabalhei”, revela Paceli. Hoje, além dos alunos da escola onde Paceli leciona – Centro de Ensino Fundamental n° 3, Taguatinga –, outras crianças também são beneficiadas pelo projeto. De acordo com o calendário escolar e seguindo um cronograma previamente feito pela coordenação da escola interessada, Paceli e seus colegas educadores levam os alunos ao passeio.

Barreira financeira

A dificuldade que o professor ainda encontra para educar as crianças nesse projeto é grande. “Conto somente com apoio dos próprios professores”, diz o idealizador do projeto, que não encara essa situação como um empecilho. O que incomoda mesmo o professor é o fato de o transporte não ser gratuito. “A escola freta um ônibus e os alunos têm de pagar cerca de R$ 7 reais pelo passeio”, lamenta citando casos em que percebeu que o aluno queria participar, mas não tinha dinheiro.

Trabalhos extras

“Como complemento pedagógico desenvolvi um quebra-cabeça com imagens do Plano Piloto, é um trabalho simples que esteve em lojas de souvenir de Brasília, livrarias e bancas de revistas. Hoje possuo 600 unidades que espero comercializá-las quando possível”, disse. O projeto vem se estendendo aos demais interessados, como turistas e estudantes do curso de Turismo. “O objetivo do passeio é desenvolver o conhecimento das pessoas, sejam crianças ou adultos, sobre Brasília, sua peculiaridade histórica, urbanística e arquitetônica, por meio da educação patrimonial”, finaliza o professor Rinaldo Paceli a caminho de mais um passeio. n NOVEMBRO de 2009 | Fale

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Analfabetismos e Eleições Por Carlos Henrique Araújo

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ma pessoa educada é um indivíduo autônomo, capaz de decidir racionalmente em função de objetivos e valores assumidos de forma consciente. Em tese, escolhem os seus governantes, quando vivem em repúblicas democráticas, livres de constrangimentos e portando um mínimo de informações básicas. Para se chegar, de fato, ao eleitor ideal, muitos obstáculos devem ser superados no País. Dentre tais, duas verdadeiras muralhas impedem que o brasileiro chegue sequer perto de um comportamento racional em eleições, sejam elas municipais, estaduais ou federais: o analfabetismo político e o analfabetismo de linguagens. O analfabetismo político consiste em votar em pessoas que desejam o cargo e seus benefícios e não votar em servidor do público. Parte substancial dos eleitores brasileiros faz parte do jogo de poder como uma platéia ou torcida que assiste ao seu time de futebol ganhar ou perder. Torce, ama e odeia! Por vezes, nem mesmo sabe explicitar razões que justifiquem o voto, pois elas não existem. Acabam por viabilizar a reprodução das imagens produzidas nos laboratórios dos publicitários. O eleitor segue como manada guiada por políticos com interesses passageiros, fúteis e ignóbeis. Este analfabetismo político se espalha em todas as esferas da sociedade brasileira. Em época de eleições os defeitos são exacerbados e as qualidades superestimadas. Há uma confusão generalizada entre os destinos do Estado e da Nação com as ações dos governos. Os discursos de salvação da pátria

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Uma pessoa educada é um indivíduo autônomo, capaz de decidir racionalmente em função de objetivos e valores assumidos de forma consciente. entopem os meios de comunicação e o império da mentira, das ilações e acusações toma conta. A complexidade dos problemas a serem enfrentados de segurança pública, de qualidade da educação, de qualidade da saúde pública, de fortalecimento da economia e de equilíbrio das contas governamentais é sempre reduzida, sendo oferecido aos eleitores soluções fantasiosas e fáceis. Promessas do céu na terra! A segunda muralha para o alcance do voto racional encontrase enraizada em nossa história. Segundo a Fundação do IBOPE mais de 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais, não en-

tendem um texto simples escrito em linguagem direta. O sistema de avaliação do MEC para a educação básica mostra que temos quase 60% de crianças analfabetas na 4ª série do ensino fundamental, eis o nosso futuro eleitor. Quando os estudantes brasileiros participam de testes internacionais, seja em línguas, matemática ou ciências, invariavelmente ficam em penúltimo ou último lugar nas listas de desempenho. Apenas 11 estudantes, dentre cada 100 que se matriculam na 1ª série do ensino fundamental, chegam ao ensino superior, nove entram em faculdades privadas de qualidade muito duvidosa. Para Machado de Assis, em 15 de agosto de 1876, “70% dos cidadãos votam do mesmo jeito que respiram: sem saber por que nem o quê. Votam como vão à festa da Penha – por divertimento”. Bem, em 2010 teremos, mais ou menos, o mesmo cenário que o escritor imortalizou, em sua obra, no século XIX. Um país gigante, hoje rico, e profundamente ignorante, com milhões de eleitores votando em propagandas e falsas promessas, amando e odiando imagens projetadas para o jogo político. As eleições produzem sempre uma grande festa, onde todos participam emanados pelas esperanças e pela tensão das disputas. O que sobra, após as escolhas, é uma tremenda ressaca que dura até o próximo festival de insensatez. O analfabetismo literal e o político guiam as maiorias do eleitorado brasileiro já há muito tempo. n Carlos Henrique Araújo é mestre em Sociologia, Consultor em Educação e ex-diretor do Inep-MEC. E-mail chfach@ gmail.com

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