Revista Fale! Edição 61

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ENSINO PÚBLICO NO BRASIL. POR QUE NÃO FUNCIONA? Revista de informação ANO VI— Nº 61 OMNI EDITORA

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JOSÉ PIMENTEL

O MINISTRO DA INCLUSÃO A Previdência Social bate recordes de ampliação do número de beneficiários ao mesmo tempo em que está a um passo do superávit

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CAPA: FOTO JARBAS OLIVEIRA

ISSN 1519-9533 © 2009 Omni Editora

Junho de 2009  Ano VI  N 61 o

P O LÍ T I CA

24Forrobodó

Emendas parlamentares de deputados cearenses alimentaram uma verdadeira festança no interior com recursos a fundo perdido do Ministério do Turismo.

36

Economia

Perigo na estrada

As mortes por acidente de trânsito aumentam. Empresários no transporte urbano veem o que deve ser feito até a Copa de 2014.

S E Ç Õ E S 08 Talking Heads 10 Arena Política

28Nó na educação

Enquanto o Ministério da Educação garante que a educação melhora, há poucos quilômetros dali, alunos de escola pública do DF ameaçam professores de morte.

40

Sol à vista

e N T R E V I S TA

16

Ministro do Turismo, Luiz Barretto, diz que, mesmo com crise, é possível manter em 2009 os números de 2008.

12 Online 14 Blogosfera 15 Entrevista

O ministro da inclusão

O ministro José Pimentel, da Previdência Social, anuncia que o sistema está há um passo de ficar superavitário e que a ampliação da base de beneficiados ganha sustentabilidade. Fundados do PT, Pimentel é também potencial candidato do partido numa estratégia para ampliar a bancada no Senado.

42 Autos & Máquinas 44 Persona 50 Artigo

EDITOR&PUBLISHER Luís-Sérgio Santos EDITOR SENIOR Isabela Martin Editor Associado Luís Carlos Martins EDITOR DE ARTE Jon Romano e Everton Sousa de Paula

Pessoa ASSISTENTE

DE ARTE

Luís Sérgio Santos JR Revisão Priscila Peres COLABORADORES Roberto Martins Rodrigues e Roberto Costa IMAGEM Agência Brasil,

Reuters REDAÇÃO E PUBLICIDADE Omni Editora Associados Ltda. Rua Joaquim Sá, 746

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Ceará  e-mail: fale@revistafale.com.br  home-page: www.revistafale.com.br Fale é publicada pela Omni Editora Associados Lltda. Preço da assinatura anual no Brasil (12 edições): R$ 86,00 ou o preço com desconto anunciado em promoção. Exemplar em venda avulsa: R$ 9,00, exceto em promoção com preço menor. Números anteriores podem ser solicitados pelo correio ou fax. Reprintes podem ser adquiridos pelo telefone (85) 3247.6101. Os artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da revista.

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Minc se explica sobre a Marcha da Maconha

A

s explicações do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre a sua participação na Marcha da Maconha reuniu parlamentares da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO). O deputado Laerte Bessa (PMDBDF), autor do requerimento de convocação, considera que Minc fez apologia ao uso da maconha. “Vivemos uma dura crise de valores em nossa sociedade, que se reflete na postura de nossos homens públicos e de nossas instituições”, disse. Para ele essa atitude é um deplorável exemplo para crianças, adolescentes, famílias e população em geral, com o agravante da presença de um ministro de Estado. O deputado Paes de Lira (PTC-SP) alegou que o ministro Minc emprestou seu prestígio de pessoa pública ao participar da marcha pró-maconha. Ele alertou que o mecanismo de legalização da maconha é o mesmo da legalização do tráfico. O ministro defendeu-se dizendo que o uso da droga é uma questão de saúde pública e não de criminalização. Minc passou a maior parte do tempo divagando e falando sobre seu currículo político, sobre o Ministério e atacando a prática de repressão às drogas. n L U L A

D I S S E

Não tem coisa mais fácil do que cuidar de pobre, no Brasil. Com dez reais, o pobre se contenta; rico não, por mais que você libere, quer sempre mais, nunca se conforma. LULA, criticando

a voracidade dos ricos.

As palavras são mágicas nesse momento. LULA, pedindo

cautela a Guido Mantega na hora de explicar temas econômicos para não provocar ruído semântico.

| Fale! | Junho de 2009

BrasíliaOff Senado: Pesquisa avalia o escândalo

A

pac-pac. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, em evento do Programa de Aceleração do Crescimento na Cidade Estrutural em Brasília Foto Fábio Rodrigues Pozzebom_ABr

injeção de dinheiro em obras no entorno O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) acaba de injetar mais R$ 412 milhões para ajudar as obras de infraestrutura e para construir moradias populares no Distrito Federal e região do Entorno. Até 2010, estão previstos recursos para obras na ordem de R$ 9,4 bilhões, sendo que cerca de R$ 7,2 bilhões ficarão no DF e os R$ 2,2 bilhões serão direcionados ao Entorno. Contudo, até agora cerca de 9% das obras do PAC para a região foram finalizadas. As obras que possuem convênios firmados entre o Governo Federal e o GDF e que apenas precisam da execução local chegam a R$ 1,375 bilhão. Desse montante, somente cerca de R$ 153 milhões foram investidos. A média nacional é de 15%. Dos 10.914 empreendimentos do PAC, cerca de 74% nem saíram do papel. www.revistafale.com.br

primeira avaliação feita pelo DataSenado na atual gestão do presidente José Sarney (PMDB-AP) mostra que os escândalos comprometeram a imagem da Casa em todos segmentos da população. Para 50% das pessoas entrevistadas, a corrupção é o “maior problema” da instituição. A falta de transparência é o segundo problema para 21% dos que foram ouvidos — 16% criticaram o excesso de gastos. O Senado, que tem orçamento de R$ 2,7 bilhões, enfrenta desde o início do ano uma série de denúncias por causa de desmandos administrativos envolvendo funcionários e senadores, como o excesso de diretorias na Casa e a contratação de parentes e agregados da família de Sarney em cargos comissionados.

Homem do castelo está livre, leve e solto

Por 9 votos a 3, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a absolvição do deputado Edmar Moreira (sem partidoMG), o que representa o arquivamento do processo. O relator Sérgio Brito (PDTBA) considerou que não houve qualquer prova contra Edmar, nem sequer um mero indício, por isso pediu o arquivamento por absoluta “falta de justa causa.” O caso sequer será apreciado pelo plenário. “Não é a minha opinião nem a minha decisão”, lamentou o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). “Achava melhor ir para o plenário.”


slogan

REDE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO CEARÁ. DA CARTEIRA DA ESCOLA PARA A CARTEIRA PROFISSIONAL. O Governo do Ceará lançou em 2008 o Programa Estadual de Educação Profissional, uma rede diferenciada de escolas de período integral onde os alunos, junto com o Ensino Médio, aprendem também uma profissão de nível técnico em uma das áreas: Turismo, Enfermagem, Informática, Segurança do Trabalho, Comércio, Finanças, Agroindústria, Edificações, Massoterapia ou Estética. Com três anos de duração, os cursos incluem estágio remunerado em empresas privadas, com salário pago pelo Governo do Estado. 50 Escolas de Educação Profissional já estão funcionando. E outras 50 serão inauguradas em 2010, oferecendo um total de 48 mil vagas para os jovens cearenses.

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. MAIS OPORTUNIDADES PARA OS JOVENS DO CEARÁ. É O GOVERNO DO ESTADO CONSTRUINDO UM NOVO CEARÁ.

* Mais cursos profissionalizantes passarão a ser ensinados em 2009.


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TalkingHeads

Ad commodum Ad commodum suum quisquis suum callidusquisquis est.

Foto Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr

callidus est.

Não deem alimentos, eles não precisam desse benefício.

coronel do Polícia Militar do Ceará e Coordenador do Ronda do Quarteirão, em entrevista à Rádio O Povo/CBN pede que comerciantes não deem comida para os policiais. Joel Brasil,

NO OLHO DO FURACÃO

CID GOMES E O PT EM 2010

Lá na derradeira hora — isso pode não ser agora — o Lula vai chamar o Ciro. ‘Ciro, você vai ter que ser candidato porque senão vamos perder a eleição no primeiro turno.’ Aí, vão os dois fazer uma candidatura respeitosa. Jogar os canhões contra o [José] Serra. Cid Gomes, governador

do Ceará, em entrevista à rádio Tempo FM, em Juazeiro do Norte.

O PT terá candidato ao Senado independente do apoio do governador Cid Gomes. É questão de estratégia. No Senado, precisamos fortalecer a base do presidente Lula contra a oposição. Eudes Xavier, deputado

federal PT-CE, confirmando intensão do partido de lançar José Pimentel como candidato ao Senado. | Fale! | Junho de 2009

Tem muita gente desanimada por causa desse apoio que [Lula] dá ao Sarney. Essa gente nos massacra nos estados. Essa lógica do Lula não é a minha e nem pode ser a do PT. Domingos Dutra,

PT do Maranhão.

Eu não tenho nenhuma responsabilidade administrativa naquela Fundação.

senador PMDB-AP, se defende das acusações de irregularidades no repasse de recursos da Petrobras para a Fundação José Sarney, responsável pela guarda de documentos e objetos do período em que Sarney foi presidente da República. José Sarney,

deputado federal pelo

Evidente que é uma medida que tem que passar pela Mesa [Diretora]. A Mesa é quem decide uma questão como essa.

A mentira configura quebra de decoro. É coisa para perder o mandato.

senador do DEMGO, após a confirmação de que José Sarney é presidente vitalício da Fundação e que, segundo o estatuto, uma de suas tarefas é “assumir responsabilidades financeiras.” Demóstenes Torres,

senador DEM-PI e primeiro-secretário da casa sobre a decisão de Sarney de anular todos os atos secretos. Heráclito Fortes,

“A questão central é que, hoje, Lula e Sarney são unha e carne, faces da mesma moeda. Por incrível que pareça, eles não se distinguem, o que é estranho pelas histórias tão distintas. A crise ética no Brasil chegou a tal ponto que não há mais distinção entre o Lula e o Sarney.” FARINHA DO MESMO SACO.

professor de história da Universidade Federal de São Carlos, em entrevista à Folha de S. Paulo. Marco Antonio Villa,

Instalar, a gente instala.

senador do PTBDF, quando questionado sobre a instalação da CPI da Petrobras. Gim Argello,

Não tem o menor problema, temos que respeitar a vontade do Senado e o governo sempre trabalhou assim.

ministro de Relações Institucionais, tentando pôr fim às discussões sobre a instalação da CPI da Petrobras. José Múcio,

Os tempos mudaram

Faço aliança até com Satanás se for para fazer a obra de Deus. Ciro Gomes, deputado

federal do PSB, admitia a possibilidade de fazer uma aliança com Paulo Maluf (PP) em uma possível candidatura sua ao governo de São Paulo. www.revistafale.com.br

Tem gente em São Paulo que não inspira muita segurança no mercado. presidente do Banco Central, para justificar por que as projeções de taxas de juros para 180 dias são um pouco menores do que as feitas para 360 dias. Serra é um crítico de Meirelles. Henrique Meirelles,


TalkingHeads E S P ECIAL

m i cha e l

Só queria dizer que, desde que eu nasci, o papai foi o melhor pai que eu poderia imaginar [pausa e choro]. Só queria dizer que eu te amo tanto.

jac k s o n

Michael Jackson 1958 — 2009

A

morte do mega popstar Michael Jackson, no dia 25 de junho, em Los Angeles, foi um dos fatos marcantes deste ano. Criativo, original, polêmico e eventualmente bizarro, ele revolucionou a pop-music com influência global. Sobre ele, Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, disse: “O mundo perdeu uma de suas figuras mais influentes e icônicas. Desde os Jackson Five à estreia do passo Moonwalk e do álbum Thriller, Michael foi um fenômeno do pop que nunca parou de impulsionar a criatividade.”

Paris Katherine Jackson,

filha de Michael Jackson, em sua primeira declaração pública durante o memorial do pai.

Michael, talvez agora, as pessoas te deixem em paz. marlon jackson, durante

o memorial em homenagêm ao seu irmão, Michael Jackson, em Los Angeles.

Nunca haverá outro talento como Michael Jackson.

No meu coração, sempre sereisobre Peter Pan. o seu rancho michael jackson,

cantor norteamericano que afirma ter começado a carreira graças aos Jackson Five. lenny kravitz,

Neverland – Terra do Nunca – e como morar em um parque de diversões.

Não consigo imaginar a vida sem ele. Mas acho que com a ajuda de Deus eu vou aprender.

Michael foi a maior estrela do planeta.

madrinha dos três filhos do cantor expressando seu luto através do twitter. elizabeth taylor,

[Michael Jackson] entrará para a História como um dos nossos maiores artistas. Eu cresci ouvindo a sua música. presidente dos Estados barack obama,

Unidos, comentando a morte de Michael Jackson.

atriz e rapper norte-americana que foi uma das celebridades no memorial ao ídolo. Queen Latifah,

Quanto mais penso e falo sobre Michael, acho que “Rei do pop” não é bom o bastante. Ele simplesmente foi o maior artista que já existiu. fundador da gravadora Motown, durante o memorial ao ídolo. Barry gordy,

Sou grato por ter vivido em uma época em que pude ver e conviver com o maior ‘entretainer’ de todos os tempos. Smokey Robinson,

estrela da Motown, gravdora que lancou o Jackson Five.

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Junho de 2009 | Fale!

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ArenaPolítica Cooperação Brasil-Rússia

Dois membros do bloco econômico da moda (BRIC), Brasil e Rússia, comemoram juntos o lançamento de um selo da série Relações Diplomáticas em homenagem à cooperação espacial entre os dois países. O selo apresenta a nave russa Soyuz (palavra que significa “união”, em português), na qual o cosmonauta Marcos Pontes fez a primeira viagem de um brasileiro ao espaço sideral, em março de 2006. Os dois países possuem relações de amizade há 180 anos. Ponto para o Presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio.

Serra em alta velocidade

O governador do estado de São Paulo, José Serra (PSDB), lançou o edital para o tão falado trem de alta velocidade que ligará o centro da capital paulista e o aeroporto de Guarulhos. Prevista para ser entregue em 2012, a obra custará R$ 1,5 bilhão.

Forte na presidência

Tudo leva a crer que não deve avançar a ideia de se antecipar as eleições para a presidência nacional do PMDB. A atual presidente, Íris Araújo (GO), segue firme no cargo, para desespero dos que querem também ocupá-lo um dia. De preferência, logo, pelo que parece...

Exame de vista obrigatório A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou Projeto de Lei (PL) 874/03 que obriga o exame do fundo de olho em recém-nascidos. Aprovado em caráter conclusivo, seguirá para o Senado, onde deve ser aprovado. O exame do fundo de olho é importante instrumento de detecção de doenças como o retinoblastoma (câncer ocular infantil), a catarata congênita, o glaucoma congênito, alterações de retina, entre outros. Pelo PL, o médico realizará o exame no berçário, podendo encaminhar a criança para tratamento. 10 | Fale! | Junho de 2009

José Sarney (PMDB-AP), bombardeado diariamente por denúncias no Senado. Foto Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr

o LEGADO de SARNEY. DUAS REPRESENTAÇÕES NO SENADO E DEZ INVESTIGAÇÕES NO mpf dESDE QUE jOSÉ sARNEY (pmdb), ASSUMIU A PRESIDÊNCIA Do sENADO, a instituição virou um dos principais

alvos de investigações do Ministério Público Federal – MPF. Já foram abertas dez frentes de investigação sobre irregularidades cometidas por senadores ou servidores do alto escalão, parte deles ligada a Sarney. Algumas das investigações envolvem pagamento indevido de horas extras e cobrança de propina para assinatura de contrato de crédito consignado, justamente a primeira e a mais recente denúncia contra o presidente da Casa. Procuradores já enviaram a Sarney pedido de anulação dos atos secretos e a demissão dos servidores contratados por este expediente. Uma Comissão interna identificou 663 atos de nomeação, demissão e transferência de

funcionários, assinados e que não foram publicados no Diário Oficial da União ou no Diário do Senado. O uso indevido da cota de passagens aéreas e contratação de parentes também estão sendo investigadas. PSOL e PSDB entregaram representações contra Sarney por quebra de decoro parlamentar. Ambas pedem ao Conselho de Ética que investigue as responsabilidades do senador pelo Amapá, sobre os atos secretos, e a participação do seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, na intermediação de empréstimos com desconto na folha de pagamento dos servidores do Senado. Mas para que as representações sigam adiante, primeiro o Senado terá que providenciar a eleição dos 15 integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que está vazio desde março deste ano.

Governo está pronto para enfrentar CPI da Petrobras O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, afirma que o governo está pronto para esclarecer qualquer denúncia de irregularidade que envolva a Petrobras. Supostas irregularidades no repasse de recursos da Petrobras à Fundação José Sarney,

ainda uma conta bancária secreta que ele teria no exterior, a crise instalada no Senado como um todo, e a ameaça da oposição de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para a instalação da CPI, puseram abaixo todas as pretenções do Governo de manter natimorta da CPI que

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investigará a estatal. O papel de Múcio é blindar tanto a estatal como seus diretores – a maioria ligados ao PT e PMDB – de qualquer embaraço, assim como impedir uma possível manobra que relacione a CPI da Petrobras à investigação de denúncias contra Sarney.


fhc nos 90 anos do centro industrial do ceará  O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é a figura central de evento do Centro Industrial do Ceará em Fortaleza. Ele falará às 9h45min do dia 30 de julho em auditório no Gran Marquise Hotel, na Avenida Beira Mar. Antes, dará uma coletiva de imprensa para jornalistas previamente credenciados. Depois da conferência, haverá um almoço com um pequeno grupo de políticos e empresários. O tema recorrente em todos os encontros será a conjuntura política e eleitoral e os cenários para 2010. O presidente do

CIC, o empresário Robinson Passos de Castro e Silva, cuida de todos os detalhes. O contato direto para a vinda de FHC ao Ceará foi mediado pelo senador Tasso Jereissati. Ainda na programação dos 90 anos de fundação do CIC, já estiveram em Fortaleza os economistas Raul Veloso e Cláudio de Moura Castro e o ex-ministro Ciro Ferreira Gomes. Na pauta ainda para 2009, o governador de São Paulo José Serra. Gran Marquise Hotel — Avenida Beira Mar, 3980, Fortaleza n fone (85) 4006.5000 Foto Geraldo Magela _ Agência Senado

O presidente [Lula]às vezes abusa das palavras. Quando está fora do Brasil, Lula não presta atenção nas palavras.

fernando henrique cardoso,

em 2 de julho de 2009, ao retrucar críticas do presidente Lula ao PSDB.

Crise econômica é dos ricos

S

egundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas – FGV, a crise econômica global atingiu em cheio o bolso dos brasileiros mais ricos. De janeiro a abril, a renda média das pessoas das classes A e B nas seis principais regiões metropolitanas caiu 8,7% em termos reais, em comparação a igual período de 2008, de R$ 2.637 para R$ 2.407. Em 2008, a renda das classes A e B já havia caído 7,01% em relação a 2007. A boa notícia no estudo da FGV é que a classe C, muito atingida em janeiro, se recuperou. O trabalho mostra que a renda média das pessoas de classe C cresceu 3,9% de janeiro a abril deste ano, comparada com os mesmos meses de 2008, subindo de R$ 625 para R$ 649. Em 2007, já havia aumentado 6,12%. Um estudo anterior mostrava que, apenas em janeiro, a classe C tinha perdido para as classes D e E 11% de todo o seu crescimento em tamanho no governo Lula.

A S F R A S E S

[Quando a gente fala de Agaciel Maia, eles fogem do plenário.] Arthur Virgílio, senador PSDB-AM, sobre os escândalos envolvendo o ex-diretor do Senado, Agaciel Maia.

[Nós temos um problema: os nossos filhos terem os nossos sobrenomes.] Wellington Salgado, senador PMDBMG, disse considerar injusto críticas ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB).

[Os culpados de tudo isso somos nós, que aceitamos que esse delinquente ficasse por tanto tempo à frente da Diretoria-Geral.] Demóstenes Torres, senador DEM-GO,

Prefeituras do CE fora do ranking daSocial CNMe de o Índice Fiscal,

Gestão dos Municípios Brasileiros – IRFS – de 2007, divulgado pela Confederação Nacional de Municípios – CNM, mostra que nenhum município cearense aparece entre os 150 de melhor performance. O índice é dividido em fiscal, social e de gestão e avalia quesitos da administração pública municipal: endividamento, suficiência de caixa, gastos com pessoal e superavit primário; custeio da máquina, gasto com Legislativo e grau de investimento e melhorias nas áreas de educação e saúde. Os 30 primeiros colocados no ranking nacional são das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Entre as capitais, Fortaleza foi a 24ª entre as 26 cidades pesquisadas — Brasília não está inclusa. O Ceará é o 16º no ranking. São Gonçalo do Amarante é o único município cearense com destaque, é o 10º com maior avanço registrado no comparativo entre os anos de 2002 e 2007. O município gaúcho de São José do Hortêncio apresentou o mais alto índice geral de 2007.

Temporão e o STF

Criar uma assessoria técnica para subsidiar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nas ações acerca do fornecimento de remédios pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta foi feita durante uma audiência pública promovida pela Corte para discutir a “judicialização” da saúde - o grande número de ações na Justiça para obrigar gestores a fornecer remédios para pacientes, mesmo que experimentais. “Inexiste garantia de direitos sem regras e limites”, defendeu Temporão. O grande número de ações judiciais é apontado como um dos responsáveis pelo aumento dos gastos públicos com medicamentos.

sobre o ex-diretor do Senado, Agaciel Maia. www.revistafale.com.br

Junho de 2009 | Fale!

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OnLine A Internet e o Rei do Pop

WAVE. A nova onda do Google

É

bom estar preparado para

a maior e melhor novidade dos últimos tempos na internet. E não estamos exagerando. O Google Wave quer reorganizar a colaboração pela internet e se estabelecer como uma nova plataforma de comunicação. Uma tarefa nada fácil. Por isso, o aplauso entusiasmado da plateia de programadores no dia de sua apresentação no Brasil é, sem dúvida, uma significativa prova de que a nova ferramenta deve ser realmente surpreendente. Exagero? Veja você mesmo http://wave.google.com. Além de compartilhar fotos, vídeos, links, mapas e etc. numa conversaemail, as possibilidades abertas por outros aplicativos são imensas. Ele traduz automaticamente e de maneira precisa a conversa entre pessoas em 40 línguas. O aplicativo de Google Wave para iPhone funciona quase exatamente como no site comum, e ainda permite vivenciar o Twitter de maneira muito mais interativa. E como ganhar dinheiro com o Wave? Para Stephanie Hannon, do Google Austrália, o legal de trabalhar no Google é que o dilema financeiro vem depois. Mas é claro que AdWords e AdSense (os bilionários mecanismos de links patrocinados do Google) estão nos planos. Para aproveitar todos esses recursos, o internauta vai ter que esperar até o final de 2009, é o que informou o Google.

A morte de Michael Jackson, aos 50 anos, devido a uma parada cardíaca, quase parou a internet. Usuários do Twitter repassaram a informação antes que portais, e outras mídias confirmassem a morte do cantor, a rede de microblogs foi invadida por links e o site não deu conta do tráfego e ficou instável, chegando a cair por cerca de 10 minutos. O excesso de solicitações pelo termo “Michael Jackson” no Google levou o serviço a interpretar a demanda como um ataque coordenado. O Google exibiu a mensagem de erro: “sua consulta é semelhante a solicitações automatizadas de um vírus de computador ou aplicativo spyware”. Até o TMZ.com – site que faz a cobertura da vida de celebridades – saiu do ar por conta da sobrecarga de acessos. Nas lojas virtuais iTunes e Amazon, a venda de músicas e CDs do Rei do Pop dispararam. No site de rádio online Last.fm, as faixas de Michael Jackson chegaram a ser executadas mais de 40 mil vezes por hora depois do anúncio de sua morte.

Mais um batalha entre Google e Microsoft

U

m sistema operacional é a nova arma do Google na eterna luta contra Microsoft. O Google Chrome OS, voltado inicialmente para netbooks e com foco em atividades online, deve ser lançado ainda este ano para desenvolvedores e no fim de 2010 para o público em geral. Esse é o maior ataque desferido pelo Google contra a gigante Microsoft – e justamente no terreno em que esta é líder imbatível, com cerca de 88% dos computadores de todo o mundo rodando o seu Windows. Há alguns anos atrás, correu por toda a Internet um boato de que o Google estaria já realizando testes internos de um novo sistema operacional, apelidado de Google OS. Na época, o Google negou todos os rumores. Mas o Chrome OS, recém-anunciado, inicia mais um round entre Google e Microsoft que já possuem a batalha dos navegadores Chrome x Internet Explorer, e o mais recente entre os sites de buscas Google x Bing. De acordo com as promessas, o Chrome OS será um sistema leve, rápido, seguro e de código aberto, e adota a mesma estratégia de projeto do navegador. O novo sistema operacional foi desenhado do zero, com base em uma arquitetura de segurança que tirará do usuário preocupações com vírus, cavalos-de-troia e atualizações para corrigir brechas de segurança. Para Gerry Carr, gerente de marketing da Canonical, fabricante do Linux Ubuntu, o sucesso do Google OS não está garantido só porque ele fez o anúncio: “construir um sistema operacional amigável é mais difícil do que colocar novas funcionalidades em uma ferramenta de buscas”, afirmou o especialista.

Site de pirataria vendido por US$ 7,8 mi

Peter Sunde, criador do The Pirate Bay, ao lado do Presidente Lula. Foto DIVULGAÇÃO

Depois de julgados e culpados por colaborar com a distribuição de conteúdos ilegais de entretenimento, os criadores do site de buscas The Pirate Bay, concordaram em vendê-lo para uma empresa da Suécia chamada Global Gaming Factory X – GGF, por US$ 7,8 milhões de dólares. GGF também planeja comprar a companhia sueca Peerialism, que desenvolveu sua própria tecnologia P2P. Mesmo sendo um sucesso em atrair visitantes, o The Pirate Bay precisa encontrar um modelo de negócios para sobreviver cumprindo as exigências dos fornecedores de conteúdo, das operadoras, dos usuários finais e do judiciário, disse a nova dona do buscador.

O Q U E É NOVO

Raposa veloz

Há cinco anos, o Firefox acertou ao apostar nas abas de seu navegador como a nova sensação da internet. Agora a nova versão do navegador é propagandeada pelo Mozilla como a “mais rápida e avançada da história”. Isso porque, além de atualizações de velocidade, segurança e competitividade, o Firefox 3.5 é o 12 | Fale! | Junho de 2009

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primeiro plenamente compatível com o novo padrão de códigos da internet, o HTML 5. Do ponto de vista gráfico, o Firefox muda pouco, mas traz uma interesante ferramenta de geolocalização, também está mais aberto e suporta qualquer fonte desde que seja TrueType ou OpenType. Outro recurso é a opção para não deixar rastros ao visitar sites.


Blogs e tamagochis são muito parecidos

À direita, o blog de Fatos e Dados da Petrobras, ao centro, a versão “não oficial”, à esquerda, o novo blog criado para fugir da polêmica com o clone.

As Duas faces de um blog

D

uas faces de um blog, dois lados da polêmica. O falado, discutido, elogiado e criticado blog Fatos e Dados da Petrobras http://petrobrasfatosedados.wordpress. com ganhou um “clone”. O blog “não oficial” http:// petrobrasdadosefatos.wordpress.com – o autor deixa claro essa denominação, foi criado por um anônimo estudante de publicidade. No perfil do blog “não oficial”, o autor diz que levou pouco mais de uma hora para criar o blog e fazer os dois primeiros posts. Ele questiona o quanto deve estar sendo gasto pela estatal em nome da “transparência da informação”. No blog oficial da Petrobras, a maioria do comentários são de elogios, já no “não oficial”, críticas pesadas contra o autor. Sobre as críticas, o autor do blog se defende: “não sou jornalista nem webdesigner, sou apenas um fuçador na internet. O layout deles (e por consequência o meu também) é um pré-fabricado, sem qualquer desenvolvimento próprio. Os digníssimos nem se deram ao trabalho de ‘fechar’ as possibilidades de uma URL (o nome do endereço eletrônico) parecida com o do oficial. Tanto é que inverti o nome e registrei sem maiores problemas no WordPress. Tivessem usado um endereço próprio, um hotsite direto do seu portal, essa possibilidade não existiria.” O autor afirma que o blog oficial da Petrobras censura comentário negativos, “é parcial em relação aos seus leitores, filtrando quem critica e dando espaço a quem enaltece.” Para fujir à polêmica, a Petrobras mudou o layout e começou a hospedar o blog em endereço próprio www. blogspetrobras.com.br/fatosedados.

Vai lá...

O twitteiro Serra2010, deixou cair a máscara. “Vamos deixar uma coisa bem clara: quem vai à Parada Gay hoje é o Jose Serra de verdade. Além de fake – falso –, eu sou espada”. Certo, e homofobia é crime.

n

plugado...

Brasileiros e Brasileiras brasileirosebrasileiras.wordpress.com Blogs jornal O Povo www.opovo.com.br/blogs Blogs Jornal Estadão www.estadao.com.br/blogs Blogs Folha de S. Paulo www.folha.uol.com.br/folha/blogs Blogs jornal O Globo www. oglobo.globo.com/blogs

Haja blog

Que os blog viraram febre entre os internautas não há nenhuma novidade, entretanto, a invasão que a internet vem recebendo de blog criados por grandes empresas de comunicação não pode passar desapercebida. O jornal O Povo entrou timidamente no mundo dos blogs em 2002, primeiro com o blog Gol, para agilizar a cobertura da Copa do Mundo de Futebol, e depois com o blog Política, para repercutir as eleições presidenciais. Hoje já são vinte blogs. Uma grande grande explosão de blogs também nos sites de outros periódicos e para tratar de vários assuntos, alguns inclusive se repetem. O Estado de São Paulo, tem 49 blogs, o também paulista Folha de S. Paulo possui vinte e seis. O campeão é o jornal carioca O Globo, que possui cento e três blogs e mais cinco sites de colunistas.

Relação Cliente X Fornecedor no mundo real Vídeo mostra pensamentos do mundo dos negócios aplicados ao cotidiano. www.youtube.com/ watch?v=uP8OhGzWat0

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Pesquisa divulgada no Technorati, maior site de indexação de blogs do mundo, constatou que dos 133 milhões de blogs em sua base de dados, somente 7,4 milhões foram atualizados nos últimos 120 dias. Isso significa que 95% dos blogs estão clinicamente mortos. Daí surgiu uma comparação entre os blogs e os tamagochis, aqueles bichinhos virtuais que fizeram muito sucesso na década de 1990. O começo é empolgante, mas depois de um tempo míngua.

Políticos na rede

Enquanto o Congresso Nacional discute as regras para o uso da internet nas campanhas eleitorais, políticos de todo o país aderem à onda e utilizam a internet como ferramenta de aproximação com o eleitor. A ferramenta preferida é o twitter, e o site www. politweets.com.br relacionou alguns deles.

Aécio e o Google

Segundo o blog Brasileiros e Brasileiras, o governador de Minas Gerais e précandidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), mantém um funcionário a preço de estagiário em sua equipe apenas para “dar um google” e catalogar qualquer nova referência em relação ao governador.

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Entrevista

10 PERGUNTAS PARA

Marcos André Borges

E

MPRESA PIONEIRA EM COMUNICAÇÃO CORPORATIVA NO CEARÁ, A VSM COmu-

nicação comemora em 2009 seus 20 anos de fundação com atividades hoje não apenas no Ceará, mas em todo o Brasil. Fundada um ano antes do advento da Internet no país, a empresa é um case de comunicação. A VSM vem de Valéria Cavalcante, Sávio Menezes e Marcos André Borges mas hoje — com a saída dos sócios — é dirigida pelo “M” de Marcos André. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Borges foi diretor Regional da Associação Nacional de Empresas de Comunicação Empresarial (ANECE) por três mandatos e ocupa o cargo de Diretor Regional do Nordeste do Sindicato Nacional das Empresas de Comunicação Social (SINCO). No portfólio da empresa, estão os uma análise que verifica se realmente clientes Unimed, Sinduscon-CE, Sin- a informação que ele tem é pertinente ditêxtil, Grupo Servis, Construtora para este tipo de divulgação.” Dias de Souza e Sindicaju, entre ouSobre a empresa, o professor e jortros. “Existem clientes que necessitam nalista Agostinho Gósson declarou: de um trabalho maior com veículos de “Impressiona o elevado compromisso comunicação de bairro, rádios comu- com a ética profissional em relação nitárias ou mídia social aos veículos de comunicação, como por exemplo”, ensi- também a ação didática que se exerceu na Marcos André. sobre os demandantes de serviços de “Tem outros que o assessoria. Hoje dirigentes públicos e mais adequado é privados estão cada vez mais conscieninvestir em IPTV tes das responsabilidades de manter (que é diferente com a população em geral canais de de web TV). Já comunicação confiáveis. Sem dúvida, outras institui- a VSM nesse aspecto já deu uma geções precisam nerosa e imensurável contribuição.” de uma repercussão mais Fale! Sua empresa, a VSM Comunicamassificada, ção, comemora 20 anos de atividades. o que é feito No contexto empresarial, quais as depois de mudanças tecnológicas e comportamentais mais graves neste período? Marcos André Borges. Foram 20 anos bem intensos para o Brasil e para o Ceará. Não costumo refletir sob a ótica de uma visão negativa sobre a história. Costumo pensar na evolução pelas quais passamos, até mesmo porque chegar aos 20 anos, para mim, para a VSM, é só motivo de orgulho e sentimento de que estamos no rumo certo. Acredito que a principal 14 | Fale! | Junho de 2009

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mudança tecnológica, que acabou desencadeando uma mudança comportamental, foi o advento da Internet. No país, os primeiros embriões de rede surgiram em 1988, um ano antes da fundação da VSM. Com ela, o acesso à informação ficou surpreendentemente maior. A conectividade com empresas e clientes do país todo é incomparável à época do bom e velho telefone. Sem ela, também hoje não estaríamos trabalhando de forma mais eficaz em regime home Office, onde nossos atendimentos podem trabalhar em casa, garantindo uma melhor qualidade de vida e diminuição do impacto ambiental. Em 1989, também foi um momento de um grande impacto na economia do Brasil. Ou seja, a VSM já começou enfrentando e transpondo adversidades. Portanto, crises não nos abalam. Fale! Como o Sr. avalia as oportunidades de negócios nos mercados nacional e regional e quais são as oportunidades mais inovadoras e as mais desafiadoras? Marcos André Borges. As oportunidades são muitas. Cada vez mais as corporações estão mais atentas aos cuidados para manter uma boa reputação. E a comunicação corporativa é uma importante aliada e é sinônimo de inovação, uma vez que busca, através de diversas ferramentas, como assessoria de imprensa e relações públicas, construir e posicionar a imagem da empresa diante dos seus públicos. Nacionalmente, isto já é uma realidade e no Nordeste, sobretudo no Ceará, um mercado em constante ascensão. Mundialmente também. As parcerias com grandes empresas de comunicação são uma realidade. A VSM Comunicação, por exemplo, é afiliada à Rede Publicom, maior rede de agências de comunicação do país, que por sua vez é afiliada à rede mundial da agência Webershandwick. Fale! A tecnologia da informação tem impactado de algum modo o negócio da comunicação coporativa, mudando o perfil de comunicação das empresas? Marcos André Borges. Sem dúvida. Um importante exemplo são as chamadas mídias sociais que as empresas precisam estar atentas. Hoje não são só mais os veículos tradicionais, como rádio, TV, jornal que divulgam informações para a opinião pública. Blogs, twitters, orkuts e portais também são importan-


tes fontes de consulta de consumidores, clientes e público em geral. E os especialistas em comunicação corporativa já vêm incluindo as mídias sociais em seu portfólio de trabalho, mostrando para seus clientes e mercado uma visão mais estratégica sobre o assunto. Fale! Quais são os negócios potenciais e emergentes de hoje sobre o que há 20 anos nem pensava nisso? Marcos André Borges. São as mídias sociais, com o advento da web 2.0, como citei acima. Outro que está cada vez mais profissionalizado e contratado pelas empresas é o Gerenciamento de Reputação. Antes, chamávamos gerenciamento de crise, serviço que geralmente era contratado quando a crise de fato acontecia. O gerenciamento de reputação vai mais além. O cliente tem a consciência de que não se contrata este serviço somente na hora “H”. E, sim, contrata-o antes, muitas vezes para serem analisados estrategicamente possíveis problemas que nunca possam vir a acontecer, mas, se ocorrerem, já se ter uma devida orientação estratégica do ponto de vista da comunicação. Outro serviço emergente são as relações com os investidores, nos quais o especialista em comunicação, junto com a área de investimentos da corporação, desenvolve estratégias para consolidar ainda mais o relacionamento com este público bastante importante, sobretudo nas empresas de capital aberto. E por fim, o crescimento do treinamento de porta-vozes para relacionamento e comunicação com a imprensa, o media training. Só a VSM Comunicação já realizou este tipo de treinamento para empresas multinacionais, nacionais e locais. Fale! A crise financeira afetou de algum modo o negócio da comunicação corporativa? Marcos André Borges. O setor de comunicação corporativa no país em 2008 registrou seu primeiro bilhão em

faturamento. Com a crise, este ano as expectativas são manter pelo menos este patamar. Algumas agências que trabalham com corporações afetadas pela crise tiveram contratos cancelados ou reduzidos, mas no geral a tendência é o crescimento. Acabou aquela cultura de que na crise o primeiro corte era na comunicação. As corporações hoje percebem com mais clareza a importância da comunicação no resultado do seu negócio, independente da conjuntura econômica que estejam inseridas. Com a grande procura pelos serviços de gerenciamento de reputação e mídias sociais, a Associação Brasileira das Empresas de Comunicação - Abracom, considera que é possível crescermos até 10% sobre o valor alcançado em 2008. No caso do Ceará, as perspectivas são mais positivas ainda. Fale! Quais os meios de comunicação mais influentes hoje e quais os mais eficientes para uma comunicação segmentada, de um lado, e de massa, de outro? Marcos André Borges. Tudo depende do foco da corporação. Existem clientes que necessitam de um maior trabalho com veículos de comunicação de bairro, rádios comunitárias ou mídia social por exemplo. Tem outros que o mais adequado é investir em IPTV (que é diferente de web TV). Já outras instituições que precisam de uma repercussão mais massificada, depois de uma análise que verifica se realmente a informação que ele tem é pertinente para este tipo de divulgação, tem que optar pela mídia tradicional, que são os veículos de comunicação de massa, como rádio, jornal, TV, revistas, outdoors. Fale! Como o Sr. avalia a influência da internet no seu negócio? Marcos André Borges. Fundamental diante do que analisei acima. Fale! Por que a comunicação corporativa com o público externo é essencial

para as empresas? Marcos André Borges. Para consolidar e posicionar ainda mais sua imagem e assim manter ou gerar mais negócios e atingir metas. Mas o trabalho só com o público externo não é eficaz se o público interno (colaboradores, inclusive terceirizados) não estiver também em sintonia com os objetivos da corporação. Por isso, nossa recomendação é sempre buscar fazer um trabalho de comunicação corporativa integrada, seguindo sempre o fluxo, comunicação primeiro com o público interno e depois com o público externo. Além disso, não é todo público externo que deve ser relacionado. Tudo vai depender do foco do cliente. No caso de fábricas, por exemplo, o público externo que deve ser priorizado é a comunidade ao seu redor, que precisa entender seus procedimentos. Fale! O que uma empresa deve fazer para construir uma imagem positiva junto ao público num cenário do politicamente correto e da sustentabilidade? Marcos André Borges. Primeiramente ser ética, respeitar todos os seus públicos, manter sempre a transparência em suas decisões e ter uma visão (e agir) com responsabilidade sócio-ambiental. E seu avanço, seu aprimoramento, é a sustentabilidade, ou seja, buscar mecanismos para deixar seu legado para gerações futuras, se preocupar com seus públicos, no caso de fechar as portas ou aumentar sua produção, e com a sociedade de uma forma geral. Fale! Qual o perfil do cliente ideal para se trabalhar? Marcos André Borges. O que esteja conectado com o mercado e aberto para ousar, inovar ou pelo menos para escutar o que nós — que somos especialistas em comunicação — temos a dizer a seu respeito no intuito de melhorar ainda mais suas relações com seus públicos. n

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Política

José pimentel

O ministro da inclusão O ministro da Previdência Social anuncia que o sistema está há um passo de ficar superavitário e que a ampliação da base de beneficiados ganha sustentabilidade devido às estratégias governamentais de trazer para a formalidade uma grande massa de pequenos empreendedores até então à margem da economia formal. Ele destaca o know-how da empresa pública Dataprev, de Tecnologia da Informação, que faz do Ministério um case de gestão em tempo real, com um gigantesco banco de dados que possibilita rápidas decisões

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O

ministro José Pimentel é um workholic. Parece que, durante toda sua carreira profissional, estava se preparando para assumir a pasta da Previdência e hoje é um dos destaques do Governo Lula, principalmente na área da Tecnologia da Informação, que permite uma enorme capilaridade e grande ganho de produtividade nas ações do Ministério. Este caso de TI é know-how do DATAPREV, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social, sem nenhuma consultoria externa. Uma das metas do ministro é universalizar a cobertura do modelo previdenciário no Brasil, ampliando a cobertura na área rural, em comunidades indígenas e junto a quilombolas. José Barroso Pimentel nasceu em 1953, no município de Picos, no Piauí. É advogado, sindicalista e bancário do Banco do Brasil. Em 2006, foi reeleito para o quarto mandato de deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do Ceará, com 86.502 votos. É especialista em matérias Previdenciária

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Fotos JARBAS OLIVEIRA

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e Tributária. A convite do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em junho de 2008, licenciouse da Câmara dos Deputados para assumir o cargo de Ministro da Previdência Social. Na verdade, parece que a vida toda Pimentel se preparou para este cargo, tal a intimidade com que fala sobre o tema e sobre a rede de bancos pagadora. “De bancos eu entendo. Sei o que faz um banqueiro chorar”, brinca. Animal político, Pimentel se coloca como um soldado do partido e alinhado ortodoxo do presidente Lula. Nessa linha, pode sair candidato ao Senado pelo Ceará, em 2010. “Nós temos uma concepção de que o sistema democrático se fortalece na proporção que as suas instituições são consolidadas, as mais variadas instituições”, ensina. “Portanto, para nós, o partido é estratégico e é por isso que eu tenho uma única filiação partidária em toda a minha vida e estou completando 57 anos de idade.” Pimentel recebeu o editor LuísSérgio Santos em seu gabinete, no oitavo andar do Ministério da Previdência, em Brasília, onde posou para

fotografias tendo ao fundo a cúpula do Senado. Qual o ponto alto de sua gestão como ministro? José Pimentel. A ampliação da cobertura da previdência pública brasileira, com regras semelhantes para os servidores públicos municipais, estaduais e federais, os trabalhadores celetistas e os autônomos. Em 2003, foi apresentada a emenda constitucional número 41, em que eu fui o relator geral, criando uma conjunto de regras e normas voltadas para a melhoria do atendimento — uma série de recomendações de ordem administrativa, utilizando mais a tecnologia de informação. Criamos o teto nacional de remuneração. A consti18 | Fale! | Junho de 2009

Estamos trabalhando forte junto ao Governo Federal e no Congresso Nacional para vincular parte do pré-sal — que é uma riqueza de toda a sociedade — para financiar essa ampliação [da base de beneficiados da Previdência]. tuição de 1824 já tratava desse teto nacional de remuneração. A emenda número 19 de 1998 falou de uma lei quadrúpede (dos quatro poderes), ou seja, dos presidentes dos quatro poderes, do Executivo, do presidente da Câmara e do Senado, e do Supremo. Ela nunca chegou ao Congresso Nacional. Parece que vinha no lombo de uma centopeia. Assim, a emenda 41 redefiniu essas regras, determinando que a iniciativa é do Poder Judiciário, a aprovação é do Congresso Nacional e a sanção é do Presidente da República. Já em fevereiro de 2004, foi definido o primeiro teto nacional em R$ 19.200,00. Tivemos duas legislações atualizando, hoje ele é de R$ 24.500,00. Foi preciso eleger um nordestino que saiu num pau de arara e chegou na Presidência da República para que o Brasil pudesse implantar um teto nacional de remuneração. E esse teto é que orienta toda remuneração no serviço público? José Pimentel. Nos três poderes. No poder Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Vincula o pacto federativo. E a vigilância desse teto é do Supremo Tribunal Federal. Qualquer tentativa de driblar esse teto cai na fiscalização. Aí envolve a lei de Responsabilidade Fiscal, o Tribunal de Contas da União e acima de tudo a imprensa, que é a guardiã da vigilância da nossa sociedade. Ela acompanha de perto esse debate. Tem hora que a gente fica muito satisfeito com www.revistafale.com.br

a imprensa, tem hora que a gente reclama, mas ruim é se não tivesse a imprensa brasileira. Essa vigilância se faz em tempo real. Sobre a ampliação da base de beneficiados da previdência, como está a progressão dessa base? José Pimentel. O Brasil subescreveu a convenção 102 da Organização Internacional do Trabalho, e eu fui à Genebra dia 15 de julho fazer o seu depósito juntamente com o presidente Lula. As metas constantes da convenção 102 o Brasil já superou todas. Em 2003, nós tínhamos 62,5% da sociedade brasileira acima dos 16 anos de idade com cobertura previdenciária. Em 2007, chegamos a 65,1 e em 2008 está em torno de 66,5. Esses dados são levantados pela pesquisa PNAD [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] do IBGE. Esse é o dado mais atualizado? José Pimentel. Esse é o dado mais atualizado. Que implica num grupo de quantos mil habitantes? José Pimentel. 78 milhões, com cobertura previdenciária. E nós estamos nesse 2009 fazendo duas grandes ações. Uma ação é voltada para o segurado especial. É constituído pelo agricultor familiar, pelo pescador artesanal, pelo extrativista, pelas nações quilombolas e pelos povos indígenas. Com a lei 11.718 de 2008, nós estamos universalizando a previdência para este público. O objetivo do governo é não ter uma única pessoa desse público sem cobertura previdenciária. Como é que ele faz para se tornar um beneficiário? José Pimentel. Essa lei determina que todo agricultor familiar que tem até quatro módulos fiscais de terra (no estado do Ceará, esse módulo é de 60 hectares), ou seja, quem tem até 280 hectares faz parte da agricultura familiar. Na Amazônia Legal, esse módulo é de 100 hectares, e nas regiões de maior produtividade esse módulo é inferior. Portanto, todo aquele que tem até quatro módulos fiscais de terra estão sendo incluídos no nosso sistema. Quando a propriedade está em nome da mulher, vincula o nome do companheiro e dos seus


dependentes. Quando a propriedade está em nome do homem, vincula sua companheira e seus dependentes. A previdência é proativa ou ela estimula a demanda? José Pimentel. É proativa. Da mesma maneira com os povos indígenas, nós estamos firmando um termo de cooperação técnica com a Funai. Por certificação digital, ela nos diz quem são as pessoas que integram os povos indígenas, nós não discutimos. Para os assentados, estamos recebendo toda a relação feita pelo Incra. Estamos lançando o pescador artesanal a partir dos registros da Secretaria Nacional da Pesca. Em relação às nações quilombolas, nós temos em torno de 150 propriedades já demarcadas e a sua legalização é coletiva em nome do CNPJ da associação. Quem o Incra informa que faz parte daquele assentamento nós estamos nos certificando. Qual é a sua meta para concluir essa fase? O Sr. pretende 2009, 2010? José Pimentel. O nosso objetivo é universalizar a cobertura. Não estamos preocupados com a quantidade. E para financiar este público a sua contribuição é eventual sobre a comercialização da produção. Estamos trabalhando forte no Governo Federal e no Congresso Nacional para vincular parte do pré-sal — que é uma riqueza de toda a sociedade — para financiar essa ampliação. Qual o impacto dessa ampliação da base previdenciária no orçamento? Hoje qual a participação da previdência no orçamento? José Pimentel. O segurado especial surgiu na constituição de 1988, até então ele inexistia. Hoje, nós temos 7.800.000 pessoas aposentadas e pensionistas do Brasil como segurados especiais. Isso é uma decisão do estado nacional. Isso coloca o arroz, o feijão e a massa de milho na panela do povo. Estamos viabilizando a lei 11.718 que determina a universalização e, assim, cumprindo o que o Constituinte determinou em 1988. Para ter o seu financiamento sem depender da carga tributária ou do orçamento, nós queremos vincular parte da riqueza nacional, que a nação investiu e identificou. É claro que

60% dos trabalhadores com carteira assinada no Brasil trabalham para as empresas sob o regime do Simples Nacional. Esse processo está fazendo com que a previdência pública urbana fique superavitária em muito pouco tempo. nós vamos encontrar muita resistência dos financistas. As resistências viriam de onde? José Pimentel. Dos financistas e dos aplicadores da bolsa de valores. Eles têm uma leitura de que o pré-sal não deve ser uma riqueza do estado nacional mas sim uma riqueza dos bolsistas e daqueles que ontem defendiam o estado mínimo. Portanto, vai ser um embate muito forte. Juridicamente, como é que se resolve esse impasse? José Pimentel. Na regulamentação da distribuição das riquezas do pré-sal. Para isso, é preciso criar outra figura jurídica? José Pimentel. Por isso que o governo Lula está criando outra figura jurídica, uma outra empresa para administrar o pré-sal. Por que? Porque ele é uma riqueza do estado nacional e não dos correntistas ou dos privatistas. Os novos entrantes no sistema previdenciário constituem uma ameaça à salubridade do sistema? José Pimentel. Não, não! Até 1985, só tínhamos a previdência urbana com cerca de 4 milhões de aposentados e pensionistas. Ela foi superávitária até a gestão Valdir Pires. (Em 15 de março de 1985, Pires assumiu o Ministro da Previdência e Assistênwww.revistafale.com.br

cia Social, onde ficou até 13 de fevereiro de 1986.) A partir de 1986, ela passou a ser deficitária. Na década de 90 e até 2007, nós precisávamos em média de R$ 14 bilhões/ano para fechar as contas da previdência pública urbana. Com essa gestão implantada em 2008 e com a criação do Simples Nacional, houve um grande aumento da base. Em 2007, 1.337.000 empresas e, em 2008, 3.175.000 empresas aderiram ao Simples Nacional. O Simples trouxe muita gente para a formalidade, então? José Pimentel. E 60% dos trabalhadores com carteira assinada no Brasil trabalham para as empresas sob o regime do Simples Nacional. Esse processo está fazendo a previdência pública urbana superávitária. Em 2008, nós precisamos apenas de R$ 1,2 bilhões. Em 2009, será menos de R$ 1 bilhão e em 2010, com o crescimento de 3% do Produto Interno Bruto, ela volta a ser superávitária. Para termos uma ideia, as arrecadações de janeiro a maio de 2008 corrigidas pelo INPC, comparado com as receitas de janeiro a maio de 2009, cresceram 6,1% em números reais. Nós arrecadamos R$ 40 bilhões de janeiro a maio de 2008 e arrecadamos R$ 45,8 bilhões de janeiro a maio de 2009. A ampliação da base de contribuinte tem haver com a política fiscal e uma política de arrecadação, é isso? José Pimentel. Aqui são quatro ações que estão inclusas. Uma é essa política de formalização do micro e pequeno empreendedor, e agora, a partir de 1º de julho, vem o Empreendedor Individual, quando 11 milhões de pessoas que estão na informalidade terão condições de migrar para a formalidade. Como ele será motivado a ir para a formalidade? José Pimentel. Nós aprovamos no Congresso uma lei complementar de nº 128, em dezembro de 2008. Desde 1969 que eu trabalho a questão do micro e pequeno empreendedor no Brasil, junto ao Banco do Brasil, de onde sou originário. Ao chegar aqui no Congresso Nacional [como deputado federal] em 1995, essa é uma das matérias a que o mandato tem se dedicado. Em 1996, nós criamos o SimJunho de 2009 | Fale!

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ples Federal. Ele vigorou por 11 anos e chegamos a 1.337.107 empresas. Com a reeleição do presidente Lula, nós criamos as condições políticas para implantar o Simples Nacional. Foi preciso reeleger o presidente para que a gente tivesse base política no Congresso Nacional pra poder aprová-lo. E, em dezembro de 2006, aprovamos o Simples Nacional com Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro. Ela entrou em vigor em julho de 2007. Qual o perfil da empresa que adere ao Simples? José Pimentel. Todas as empresas que têm faturamento bruto de R$ 2,4 milhões ano. Seja do comércio ou da indústria, 100% está aqui. É uma alíquota única? José Pimentel. Não, não! Tem uma escadinha. Hoje, 95% de todas as empresas comerciais e industriais do Brasil já estão no Simples Nacional. E, no setor de serviços, 80% das empresas estão no Simples Nacional. Portanto, em menos de dois anos, chegamos a 3.175.123 empresas.

É interessante que o FMI não tenha dito uma palavra sobre a quebradeira norteamericana, alemã e japonesa. O Banco Mundial não diz nada sobre aqueles bancos que vinham atribuindo risco ao Brasil e à América Latina e quebraram. Este esforço foi o primeiro grande instrumento que alavancou a receita da Previdência Social. Esta legislação é considerada, em todos os fóruns mundiais, a mais avançada para micro e pequenas empresas. Ela mexe com 19 grandes capítulos.

Quanto é a alíquota? José Pimentel. A alíquota do empresário é zero sobre a folha patronal. O empresário não paga 1 centavo sobre a folha para a Previdência Social. Em termos de legislação previdenciária, como é que o Brasil se posiciona em relação aos outros países? José Pimentel. O Brasil é considerado um dos países que tem um dos melhores sistemas de previdência pública, que tem uma política de cobertura previdenciária bastante significativa e que está viabilizando e voltando a ter superávit, atuarialmente equilibrado. Dá para comparar com a China? José Pimentel. Lá não existe relação de empresas, não é? Vamos comparar com o mundo capitalista, onde nós estamos. Podemos comparar com Estados Unidos, Canadá, com países da Europa e da América Latina. México, Argentina e Chile estão mudando seus sistemas e se adequando ao modelo brasileiro. Saíram dos parâmetros do FMI, mostrando que

política e gestão

Em AÇÃO. O ministro da Previdência Social, José Pimentel, presidente Lula e o ministro da Educação, Fernando Haddad, durante reunião com os diretores dos Centros de Educação Tecnológica—CEFETs. Na página oposta, Pimentel com o governador do Ceará, Cid Gomes, e a ministra Dilma Rousseff, 20 | Fale! | Junho de 2009

em evento em Fortaleza e comemorando o extrato online graças à tecnologia do Dataprev, empresa vinculada ao seu Ministério. Ao lado, reúne-se com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, para discutir a tramitação de ações contra a Previdência Fotos Wilson Dias_ABr e jarbas olveira (ceará)

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os defensores do estado mínimo, do consenso de Washington estavam totalmente errados com as políticas que eles impunham à América Latina. Aliás, por falar nisso, é interessante que o Fundo Monetário Internacional não tenha dito uma palavra sobre a quebradeira norte-americana, alemã e japonesa. O Banco Mundial não diz nada sobre aqueles bancos que vinham atribuindo risco ao Brasil e à América Latina e quebraram. Portanto, o que eles pretendiam mesmo era impedir o desenvolvimento econômico e inclusão social dos países da América Latina e da África. Qual o impacto da crise fundada nos EUA no desafio de ampliar a base de Previdência? José Pimentel. Na questão beneficiária, em face às medidas preventivas tomadas pelo governo Lula, em 2003 — com a reforma previdenciária que nós fizemos, com a política de ampliação da cobertura previdenciária e resgate dos benefícios, da recuperação do salário mínimo e da criação do simples nacional na previdência —, zero! Muito pelo contrário. Nós

Na verdade, o consignado só surgiu no governo Lula, porque antes estas pessoas estavam entre o agiota e a agência bancária — o que não tinha muita diferença. Pagavam juros de 8 a 12% ao mês. Com a criação do consignado, a taxa de juros máxima é de 2,5%. estamos tendo um crescimento de 6,2% em valores reais sobre igual período de 2008. Essa ampliação da base não pressiona o orçamento? José Pimentel. Não, porque nós am-

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pliamos o número de contribuintes. O sistema está voltando a ser superavitário. É bom lembrar que a última vez que ele foi superavitário foi em 1985. Agora, em 2009, ele deverá fechar a parte urbana com menos R$ 1 bilhão de déficit. E só não será superávitário em 2009 porque nós estamos pagando R$ 6,1 bilhões de passivo previdenciário dos esqueletos construídos na década de 1990. São os chamados precatórios? Estão começando a pagar os precatórios? José Pimentel. Estamos pagando grande parte, fazendo acordo. Hoje mesmo, nesta data, às 12 horas do dia 18 de junho [a entrevista aconteceu às 15 horas], eu estive em mais uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, para tratar deste assunto — a diminuição da litigiosidade previdenciária. As receitas previdenciárias são crescentes e nos permitem reparar os danos causados pelo Estado brasileiro aos aposentados e pensionistas das décadas de 80 e 90. Houve uma diminuição de 25

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milhões de pessoas nas projeções do Ministério para o aumento da base previdenciária. Nós prevíamos uma folha com 64 milhões de pessoas acima de 60 anos e estamos mantendo este número de beneficiários. Sobre a questão macro-econômica, todo mundo arriscou uma projeção, um palpite. Qual o seu? José Pimentel. O ministro da Previdência não pode ser muito palpiteiro, não. A gente tem que ser mais é planejador. Veja, aqui é a folha de maio: R$ 26.460.000 de benefícios distribuídos. A rede bancária está feliz em operar o pagamento desses benefícios? José Pimentel. Tem uns que me servem café amargo, viu! Há um delay — atraso — de quantas horas entre o repasse e o pagamento? José Pimentel. Depende da distância. Às vezes, apenas um dia. Depende da distância. Esse um dia satisfaz a rede? José Pimentel. Na verdade, eles têm um outro benefício direto que é uma clientela certa. É uma clientela que consome, que tem renda fixa. Eles podem vender outros produtos, inclusive os consignados. Os consignados tiveram um crescimento brutal no Brasil. José Pimentel. Na verdade, o consignado só surgiu no governo Lula, porque antes estas pessoas estavam entre o agiota e a agência bancária — o que não tinha muita diferença. Pagavam juros de 8 a 12% ao mês. Isso nós estamos falando de 2006. Com a criação do consignado, a taxa de juros máxima é de 2,5%. Ele pode pegar 30% do salário. E a taxa de juros está de 0,8% a 2,5% dependendo do banco. Há um controle disso? José Pimentel. Acompanhamos 1 a 1. O débito é feito junto aos 26.460.000 beneficiários. Agora, com a transação, nós não temos nada a ver. Isso reduziu muito a taxa de juros e permitiu o aumento do poder de compra desse servidor. Estão comprando mais, porque a taxa de juros caiu de 22 | Fale! | Junho de 2009

Nós temos um compromisso — e o partido tem o objetivo de renovar — de que deveremos ter como pré-candidata, a partir de junho, na convenção do partido, se a ministra Dilma [Rousseff] aceitar, nós queremos homologar o seu nome. 8% a 12% ao mês para 0,8% a 2,5%. E aí os bancos públicos praticam as taxas de juros menores e têm dinheiro sobrando nessa carteira. Como é que o Sr. vê a política macroeconômica no Brasil? O controle cambial e monetário? José Pimentel. O melhor exemplo disso é olhando para a nossa história recente. Em 1995, o México quebrou, aqui tivemos que criar o Proer para salvar os bancos. Em 1998, a Rússia quebrou, nós tivemos que privatizar. Nós vendemos a Vale do Rio Doce por R$ 3 bilhões. Em 2008, o lucro líquido da Vale foi R$ 12,4 bilhões. Portanto, dava pra comprar quatro Vales. No Ceará, foi vendida a Coelce com o argumento de que os recursos seriam para financiar a previdência própria. A Coelce foi vendida. O que aconteceu com o dinheiro da Coelce? José Pimentel. Boa pergunta para que os gestores do Ceará possam responder. Porque no fundo de pensão não foi um centavo. Como o Sr. vê o fato de o Brasil se tornar credor junto ao FMI? José Pimentel. Isso é fruto dessa boa política econômica que o presidente Lula está desenvolvendo. Quando nós assumimos o governo em 2003, nós devíamos R$ 12,3 bilhões ao Clube de Paris, fruto da ida do Brasil ao Fundo Monetário, em 1987, no governo Sarwww.revistafale.com.br

ney. Nós devíamos R$ 15,5 bilhões ao Fundo Monetário Internacional da quebra do Brasil de 1998 e de 2002. Hoje, não devemos 1 centavo a eles e o Brasil é credor do Fundo Monetário Internacional. Nossas reservas internacionais em 2003 eram de US$15 bilhões, neste maio de 2009 são de US$ 205 bilhões. Passamos todo o tsunami da crise internacional e continuamos com US$ 205 bilhões. A nossa balança comercial em 2002 foi de US$ 59 bilhões, em 2008 ela foi a US$ 201 bi e nesse 2009 devemos chegar a US$ 190 bilhões. O Sr. se considera um soldado do partido, o PT, ou um soldado do presidente Lula? José Pimentel. Nós temos uma concepção de que o sistema democrático se fortalece na proporção que as suas instituições são consolidadas — as mais variadas instituições. E, no caso concreto do poder Executivo e do poder Legislativo do Brasil, você só chega a essas funções através de um partido político. Portanto, para nós, o partido é estratégico e é por isso que eu tenho uma única filiação partidária em toda a minha vida e estou completando 57 anos de idade. Sua habilidade de negociador se sofisticou aqui no ministério? José Pimentel. Eu sou muito grato às famílias cearenses que já me garantiram quatro mandatos de deputado federal. Tenho uma vida e origem simples. Meu pai, é aposentado pelo Funrural e até 1988 recebia meio salário mínimo, hoje recebe 1 salário mínimo. Minha mãe é aposentada como costureira com 1 salário mínimo. Teve 15 filhos. Faleceram 2 e estão 13 vivos. Então, quem tem essa origem já é um vitorioso. Portanto, a minha habilidade vem em retribuição a isso que o Nordeste tem me oferecido e à minha família que permitiu que eu pudesse estudar. Seu nome é colocado como um potencial candidato ao Senado em 2010 pelo Ceará. O Sr. se disporia a isso, dentro de uma dada estratégia conjuntural? José Pimentel. Nós temos um compromisso — e o partido tem o objetivo de renovar — de que deveremos ter como pré-candidata, a partir de junho, na convenção do partido, se


a ministra Dilma aceitar, nós queremos homologar o seu nome. Portanto, em junho de 2010, nós estaremos definindo. E um país continental como o nosso, um partido sozinho, não consegue governá-lo. Por isso, precisamos ter uma política de alianças e de composição e é esse processo que estamos vivendo agora. Terminadas essas composições, aí nós vamos refletir sobre qual será a tarefa dos petistas que estão na vida pública e eu me enquadro nesse processo. O Sr. se coloca à disposição, obviamente, de uma estratégia do partido? José Pimentel. Nós temos um objetivo, renovar o programa governo Lula, e isso passará por esse processo de articulação política e de composição. Evidente que o partido tem um olhar muito forte para a fragilidade do Senado Federal. Em 2006, nas nossas composições, elas passaram muito em torno do Senado Federal porque era apenas uma vaga, e o partido concentrou o seu potencial na Câmara dos Deputados. Nesse 2010, nós queremos fazer uma parceria forte com os aliados, com os governos estaduais. Na Câmara Federal, vamos manter a mesma política de aliança e queremos fortalecer a posição [eleioral] do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal. O PT hoje é hegemônico no Senado Federal. José Pimentel. Nós temos 12 de 81 senadores. Somos apenas 12. Como o Sr. vê essa crise institucional no Senado hoje? José Pimentel. O primeiro registro é que esse setor, que hoje denuncia tudo isso, ontem fazia de tudo para que a economia no Brasil quebrasse, e o que eles denunciam hoje aconteceu a 8, 10 anos atrás e engraçado que eles não viam. Portanto, não estou lhe dizendo que não tem erro, o que eu estou querendo é pontuar. Como o Sr. vê o governo Cid Gomes no Ceará, seu colégio eleitoral? Essa aliança com o PT deve continuar? José Pimentel. Na década de 70, o Ceará fez uma aliança conservadora em torno de Virgílio Távora e, com a vinda da energia de Paulo Afonso,

Nesse 2010, nós queremos fazer uma parceria forte com os governos estaduais. Na Câmara Federal, vamos manter a mesma política de aliança e queremos fortalecer a posição [eleitoral] do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal.

cio com uma empresa coreana. O sistema modal de transporte, nesse período todo, foi desativado e esvaziado o Porto do Mucuripe. O Ceará hoje tem dois portos, Pecém e Mucuripe. No Mucuripe, estamos fazendo uma dragagem e um aprofundamento que vai chegar a 14 metros e com isso nós queremos fortalecer todas as indústrias de massa que geram muitos dividendos e muitos impostos para o Ceará.

um dos principais insumos do desenvolvimento, nós chegamos a 2 pontos percentuais no Produto Interno Bruto brasileiro. Em 2002, nós estávamos com 1.8 percentual do Produto Interno Bruto brasileiro. O que isso demonstra? É que nesse período do governo mudancista o Ceará cresceu, é verdade, mas o Brasil cresceu também e nós não fizemos essa diferença. O outro agravante era um processo concentrador em setores da economia e na região metropolitana. E hoje, nesse momento, o Ceará está tendo R$ 47,5 bilhões em investimentos. Um dos problemas que travam o desenvolvimento do Ceará é a insegurança hídrica. Com a construção do Castanhão e com a interligação das bacias do rio São Francisco — que era um projeto de 1847 — e que agora nós estamos fazendo, já estamos com 17% da obra pronta, vamos avançar bastante para que em 2011 se dê continuidade. Em 1955, Juarez Távora abriu debate sobre a importância de uma refinaria no Ceará. No primeiro governo Virgílio, foi instalada a Lubinor, e esta indústria é a maior arrecadadora de impostos até hoje e, agora, com a Refinaria Premium, que nós estamos viabilizando. Ela só não inicia em 2009 por conta de questões ambientais. Em 1978, no segundo governo Virgílio, foi editado um decreto criando a siderúrgica. Já tivemos vários nomes, agora ela está sendo viabilizada através da empresa nacional que é a Vale, em consór-

Qual a meta para a Transnordestina? José Pimentel. Está obra começou no ano passado, tivemos questões ambientais e hoje estamos com 22% da obra pronta. Vamos unir nesse processo cinco estados e seis portos. São os estados do Piauí, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará, ou seja, 5 estados. Será feito o transporte de cargas e passageiros. É um sistema de transporte que vai andar no mínimo a 80 km por hora.

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O Ceará hoje é líder no setor. José Pimentel. É o segundo maior polo de massas do Brasil. No modal ferroviário, nós não só desativamos a rede ferroviária como a vendemos. Como ela é privada, o presidente Lula está construindo a nova Transnordestina em consórcio com um grupo privado.

E as rodovias? Elas continuam um gargalo. José Pimentel. As rodovias são um problema em qualquer parte do mundo. Nós somos um dos poucos países do planeta que desativou sua rede ferroviária por conta do acordo das montadoras em 1958. Agora o Brasil está voltando a recuperar a sua rede ferroviária. As parcerias privadas são uma boa saída para dar sustentabilidade? José Pimentel. Nós somos um país capitalista e no país capitalista é preciso que os capitalistas também entrem nos investimentos das mais variadas modalidades. Não pode ser um capitalismo sem risco, tem que ser um capitalismo onde todos participam. O único capitalismo sem risco hoje é nos Estados Unidos, onde, se montadora quebra, o Estado entra.n Junho de 2009 | Fale!

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P O LÍ T I CA

VIVA SÃO JOÃO. Festança em Maracanaú, na Grande Fortaleza com verba de emenda parlamentar. foto ascom_mARACANAÚ

A BANCADA DO FORRÓ No Ceará, prefeituras abusam com recursos do Ministério do Turismo, que gastou em 2008 com festas o equivalente a 25% do valor do pacote de ajuda que será liberado para socorrer os municípios brasileiros. Foram R$ 225 milhões distribuídos. O Ceará recebeu R$ 29 milhões, e municípios chegaram a pagar R$ 200 mil de cachê para artista por um único show. A maior parte do dinheiro decorre de emendas parlamentares de deputados cearenses

C

om os cofres esvaziados pela crise financeira,

municípios que hoje estão com o pires na mão parecem não ter motivos para comemorar. Mas, em 2008, calendário eleitoral, sobraram razões e dinheiro. Com uma verba destinada à “promoção de eventos para divulgação do turismo interno”, o Ministério do Turismo transferiu no ano passado R$224,8 milhões para prefeituras de todo o Brasil, quase um quarto do pacote de R$1 bilhão que o Governo Federal irá liberar para socorrer os 5.565 municípios. 24 | Fale! | Junho de 2009

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O dinheiro foi utilizado para a realização de diversos eventos: de festas juninas, carnaval fora de época, eventos esportivos, réveillon à comemoração do padroeiro da cidade.

Pra onde foi o dinheiro O Ceará, que representa 2% do Produto Interno Bruto do Brasil, recebeu R$29,227 milhões, sendo o segundo maior beneficiado. Perdeu


apenas para São Paulo — R$31.158 milhões. Os dados são do Portal da Transparência, do Governo Federal. O montante transferido cresceu 3,5 vezes em um ano. Saltou de R$ 64,545 milhões em 2007 para os R$ 224,8 milhões no ano passado. A maior parte desse dinheiro tem origem nas emendas parlamentares, justamente as que mais foram afetadas pelos cortes na pasta do Turismo anunciados pelo Governo Federal no final de março. Os dez municípios cearenses que mais receberam essa verba foram Fortaleza, Maracanaú, Solonópole, Iguatu, Tauá, Itapipoca, Pedra Branca, Beberibe, Juazeiro do Norte e Lavras da Mangabeira, nessa ordem. A disponibilidade financeira abriu uma onda de festejos com

A inversão de prioridades na distribuição dos recursos do orçamento da União tem origem na dependência do executivo de sua base de apoio no Congresso. Gil Castelo Branco, da

Organizaçao Não Governamental Contas Abertas

gastos desregrados. O município de Pedra Branca, distante 261 quilômetros de Fortaleza, recebeu em 19 de junho passado R$ 850 mil para a promoção do São João. O evento custou no total R$ 892 mil porque teve a contrapartida da prefeitura. Foi a maior receita de transferência

voluntária da União para a pequena cidade do sertão central cearense. O repasse obrigatório do Governo Federal para custear o programa Saúde da Família foi só um pouco maior — R$1,113 milhão. As principais atrações em Pedra Branca foram Bruno e Marrone e Zezé di Camargo e Luciano — um São João de fazer o velho Gonzagão dar voltas no túmulo. O cachê ficou entre R$160 mil e R$200 mil. Em fevereiro, a prefeitura já havia recebido R$150 mil para a festa de São Sebastião, padroeiro de Pedra Branca. O filho do prefeito que ajudou na organização, Mateus Monteiro, disse que aquele foi o primeiro São João de grande porte. Segundo ele, os deputados federais que costumam “ajudar” o município são José

Transferência de recursos em 2008

Somente 83 dos 184 municípios cearenses foram beneficiados com os R$ 29 milhões que o Ministério do Turismo repassou para a Promoção de Eventos para Divulgação do Turismo Interno. Em Fortaleza, além da prefeitura, entidade privadas também receberam recursos. CIDADE

Fortaleza Maracanaú Solonópole Iguatu Tauá Itapipoca Pedra branca Beberibe Juazeiro do Norte Lavras da Mangabeira Pacajus Quixeramobim Novo Oriente Alto Santo Itarema Fortim Guaraciaba do Norte Independência Saboeiro Tejucuoca Orós Parambu Tamboril Acopiara Apuiares Itaicaba Pacatuba Porteiras

VALOR (R$)

CIDADE

2.079.000 1.950.000 1.590.000 1.500.000 1.400.000 1.050.000 1.000.000 950.000 900.000 800.000 800.000 750.000 600.000 500.000 500.000 470.000 450.000 400.000 400.000 400.000 350.000 350.000 340.000 300.000 300.000 300.000 300.000 300.000

Quiterianópolis Santa Quitéria São Gonçalo do Amarante Cascavel Acaraú Araripe Iraucuba Várzea Alegre Vicosa do Ceará Jaguaribe Itapagé Massapê Quixadá Redenção Ocara Ibiapina Barroquinha Hidrolândia Ipaporanga Jaguaribara Meruoca Mucambo Tianguá Carnaubal Russas Ipú Martinópole Icapuí

VALOR (R$)

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300.000 300.000 300.000 290.000 275.000 250.000 250.000 250.000 250.000 225.000 200.000 200.000 200.000 190.000 180.000 170.000 150.000 150.000 150.000 150.000 150.000 150.000 150.000 144.000 140.000 125.000 120.000 100.050

CIDADE

VALOR (R$)

Altaneira Aquiraz Aracati Assaré Bela Cruz Cariré Caririaçu Cariús Cedro Croata Farias Brito Jati Limoeiro do Norte Mauriti Milha Miraima Morada Nova Pacujá Paramoti Pentecoste Pires Ferreira Potengi Senador Pompeu Tabuleiro do Norte Uruburetama Trairi Salitre

100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 99.210 90.000

FONTE: www.portaltransparencia.gov.br

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P O LÍ T I CA Airton Cirilo (PT) e Marcelo Teixeira (PMDB). Eles apresentaram emendas para promoção de eventos que juntas totalizam R$3,8 milhões. Mas não especificaram o destino da verba. Nesses casos, o dinheiro costuma ser pulverizado com várias prefeituras em comum acordo entre o deputado e o prefeito. Compete às instâncias — como tribunais — averiguar se há alguma coisa errada, disse o deputado Marcelo Teixeira sobre um eventual exagero nos gastos. Empresário do setor hoteleiro, o deputado foi o autor de uma emenda de R$2,8 milhões. Do que foi liberado pelo Ministério, dividiu o dinheiro entre prefeituras e entidades que o procuraram, como a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). Uma comparação entre o volume de dinheiro aplicado em festas e o investimento do município em áreas sociais levanta o debate sobre a qualidade do gasto público. Iguatu, por exemplo, recebeu R$1,5 milhão desse verba do Ministério do Turismo no ano passado. Promoveu o festival de quadrilhas, o carnaval, um evento náutico, e o Iguatu Festeiro. No mesmo período, o Governo Federal transferiu apenas R$88 mil para a atenção especializada em saúde bucal. O destino dos recursos costuma coincidir com o colégio eleitoral

AJUDINHA. José Airton Cirilo – PT, também conseguiu, junto ao Minitério do Turismo, verbas para festas no interior cearense. 26 | Fale! | Junho de 2009

foto JORGE CAMPOS_ AGência CAMARA

CLIENTELISMO. O deputado federal José Arnon Bezerra – PTB (e) diz que o dinheiro das emendas é direcionado para redutos eleitorais e Marcelo Teixeira (d) divide sua emendas entre o forró e o turismo. do autor da emenda. O ex-ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB), destinou R$700 mil para Lavras da Mangabeira, terra onde nasceu e que tem sua irmã como prefeita. Com o dinheiro, foi promovido o IV São João do Povo. O deputado também destinou outra emenda de mesmo valor para Tauá, município do sertão dos Inhamuns, que faz parte da sua base eleitoral. O deputado José Arnon Bezerra (PTB), que apresentou uma única emenda no valor de R$3,7 milhões, admitiu que o dinheiro é direcionado para os redutos eleitorais. O dinheiro vai para onde a gente é votado e onde tem perspectiva de votos, disse. Mesmo assim, não vê uso eleitoreiro do dinheiro público já que atende ao “pedido do prefeito que representa.” O consultor de economia da Organizaçao Não Governamental Contas Abertas, Gil Castelo Branco, acha que a inversão de prioridades na distribuição dos recursos do orçamento da União tem origem na dependência do executivo de sua base de apoio no Congresso. Parlamentares, segundo ele, pressionam a liberação de recursos para seus redutos eleitorais. Historicamente, se estabeleceu no Brasil uma relação promíscua www.revistafale.com.br

entre o Executivo e o Legislativo e isso está agradando a todos porque, cedendo às pressões do parlamentar, o executivo consegue em troca o apoio dele para aprovar temas de seu interesse.

História do pão e circo Apesar dos recursos terem origem federal, a proliferação das festas acabou despertando a atenção do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM), que decidiu fiscalizar a aplicação das contrapartidas municipais. Eventos sem forte apelo popular consumiram muito dinheiro. Em Solonópole, distante 275 quilômetros de Fortaleza, foram usados R$490 mil para a realização de dois festivais da juventude, em julho e dezembro. O valor não inclui a contrapartida do município. Com R$1,959 milhão recebido do Ministério do Turismo, a prefeitura de Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, realizou dois eventos em 2008 e cobriu parte das despesas com o Natal do ano anterior. Só o São João consumiu R$1,550 milhão de recursos federais. Parte desse bolo foi recheado com


foto luiz alves _ agência câmara

é que grande parte desse dinheiro — gasto em festas ou em dezenas de construções de quadras poliesportivas num mesmo local — atende primeiramente ao interesse do político. Gil acha que existe uma inversão de prioridades na distribuição dos recursos do orçamento da União. Para ele, a relação promíscua e de dependência entre o executivo e o legislativo e o projeto de reeleição do parlamentar estão na origem dessas distorções. É possível que o governo libere dinheiro para a realização de um evento no Ceará e negue recursos para a compra de um equipamento médico para o município vizinho, disse. É um instrumento de fidelização do prefeito e atende a lógica do parlamentar que quer se forrobodó. A deputado Gorete Pereira reeleger. É a história do pão ajuda com suas emendas parlamentares a e circo. O deputado promove fazer a festa na cidade de correligionário. o circo porque dá votos. Não emendas da deputada Gorete Perei- importa se aquilo não é a prioridade ra (PR), ligada ao prefeito Rober- para o município. n to Pessoa (PR). Com uma emenda específica para Maracanaú, ela garantiu R$500 mil. Mas além dessa, A assessoria do Ministério do apresentou uma emenda genérica de R$1,2 milhão — só liberada em parte Turismo informou que o dinheiro — que pode ter sido distribuída em para promoção de eventos vem das mais de um local. emendas parlamentares. O grande Uma terceira emenda da deputanúmero de emendas apresentadas no da, no valor de R$500 mil, financiou ano passado foi o responsável pelo a Vaquejada de Itapebussu, no muaumento de mais de três vezes do nicípio de Maranguape. A verba foi montante liberado em 2007. repassada para uma entidade sem fins lucrativos — Instituto Práxis Segundo o ministério, o parlamentar de Educação Cultura e Ação Social encaminha a solicitação do dinheiro — com sede em Fortaleza, contrapara um determinado município, mas tada para a realização. Com R$950 a prefeitura precisa encaminhar um mil para gastar, a cidade litorânea de projeto. O ministério explicou que Beberibe, onde o teto de uma escola municípios que receberam verbas municipal desabou em 2007 matanmuito elevadas para a realização de do uma criança, investiu pouco meum mesmo evento podem ter sido nos da metade desse valor para fazer o carnaval fora de época em dezembeneficiados com emendas de mais de bro passado, com a banda Chiclete um parlamentar. com Banana. O ministério informou também Segundo Gil Castelo Branco, conque faz fiscalização por amostragem, sultor do Contas Abertas, cerca de podendo ir ao local no dia do evento. 80% dos municípios brasileiros deSe detectada irregularidade, a prefeitura pendem das verbas de convênios e é notificada a prestar esclarecimento e das emendas, as chamadas transferências voluntárias da União, porque poderá, dependendo da gravidade, ser não têm recursos próprios suficienobrigada a devolver os recursos. tes para investimento. O problema

MINISTÉRIO EXPLICA

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festa na bahia ONG petista recebe recursos da Petrobras para bancar São João na Bahia

A imagem da Petrobrás ficou arranhada após acusação do Jornal Folha de S. Paulo. Segundo reportagem, a Petrobras teria patrocinado festa de São João no inteiror da Bahia. As verbas foram repassadas para as ONGs ligadas ao PT baiano. Duas organizações gerenciaram os R$ 2,96 milhões. A Associação de Apoio e Assessoria a Organizações Sociais do Nordeste – Aanor, ligada a Aldenira da Conceição Paiva, vice-presidente do PT baiano, recebeu R$ 1,45 milhão. Já a Fundação Galeno D’Alvelírio recebeu R$ 1,5 milhão. A ONG é presidida por Maria das Graças Carneiro de Sena, ex-presidente do PT de Cruz das Almas, a 142 km de Salvador. Prefeitos de várias cidades acusaram o então diretor regional de Comunicação Institucional para o Nordeste e atual assessor especial da presidência da estatal, Rosemberg Pinto, de chantagar prefeitos para que contratem empresas ligadas a ele na montagem das festas. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou haver interesses políticos locais por trás das acusações e atribuiu as denúncias ao ministro da Integração Regional, Geddel Vieira Lima. Isso mancharia a candidatura de Gabrielli ao Senado. Haja pré-sal Na Bahia, Geddel, de frutas. do PMDB, é oposi- Sérgio Gabrielli, tor do governador presidente da Jaques Wagner, PT, Petrobras ataca de quem Gabrielli é o ministro da aliado. Mas o curio- Integração so é que, no plano Nacional, Geddel Vieira Lima nacional, todos se abrigam sob o guarda-chuva do Governo. n Junho de 2009 | Fale!

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Educação

Ensino Público

por que

não fu

nc iona?

Enquanto o Ministério da Educação garante que a educação melhora no Brasil, há poucos quilômetros dali, alunos de escola pública do DF ameaçam professores de morte Por Rafael Oliveira e Marcos Linhares, da equipe Fale! Brasília

p

rofessores sendo espancados e com medo de dar aulas, diretores sendo assassinados, meninos com dificuldades em ler e escrever e mal conseguindo fazer contas básicas de somar e subtrair. O fato é que a educação brasileira está mal das pernas. Apesar de uma aparente melhora nos resultados das avaliações, para especialistas ainda é muito pouco. A Prova Brasil de 2007, de Língua Portuguesa da 4ª série, revelou um desastre dos esforços empenhados pelo Ministério da Educação. Nenhuma capital brasileira atingiu 28 | Fale! | Junho de 2009

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a nota mínima esperada, ou seja, os professores não conseguem ensinar ou os alunos não conseguem aprender (ou quem sabe, ambos). Apesar dos investimentos governamentais, a que se deve esse triste resultado? A capital do Brasil ocupa o segundo lugar do ranking, em relação à prova citada. A campeã foi Campo Grande (MT), e Natal (RN) ocupa o último lugar. Lembramos que a campeã não conseguiu alcançar a média mínima, ou seja, nem passou


Entrevista com J ames G arbarino

a educação liberta do conceito do “ser violento”

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especialista e escritor americano James Garbarino (Loyola University, EUA) participou de missões para a Unicef que avaliaram o impacto da Guerra do Golfo em crianças no Kuwait e Iraque e ainda serviu como consultor para programas de atendimento a crianças refugiadas vietnamitas, da Bósnia e da Croácia. Garbarino já trabalhou como consultor inclusive para o FBI. Em entrevista, fala sobre o papel de todos ao lidar com a violência que atinge as crianças. Fale! Brasília. O Senhor estudou o impacto da guerra do Golfo sobre as crianças. Quais suas conclusões? No Brasil, especialistas consideram a realidade das favelas do Rio de Janeiro ou de outras capitais como sendo verdadeiras guerras. São situações que podem ser comparadas? James Garbarino. Eu regularmente falo das “zonas urbanas de guerra” no contexto em que comparo a violência urbana dos EUA e a violência política experimentada em verdadeiras zonas de guerra. Eu acho que existem paralelos e similaridades, particularmente na experiência de trauma e “ indisponibilidade psicológica” dos pais traumatizados sentida por algumas jovens crianças. E alguns adolescentes em zonas urbanas de guerra também se veem como soldados de certa maneira. Pesquisas

em favelas relatam que a maioria das famílias encontram maneiras de lidar e cuidar de seus filhos quando eles estão novos, mas muitas vezes os “perdem” quando entram na adolescência e entram para o sistema de gangues. Fale! Brasília. De que forma a Educação pode minimizar o impacto da violência sobre as crianças? James Garbarino. A Educação pode focar em alternativas de ensino que possam lidar com a violência e recursos psicológicos para ajudar as crianças a lidarem com as ameaças postas pelos traumas crônicos. Este é o foco do meu livro “Criança em Perigo: lidando com as consequências da violência na comunidade.” Fale! Brasília. O senhor diz que os adolescentes estão cada vez mais violentos. Por que isso acontece? James Garbarino. As influências que estimulam o comportamento violento são “ideias” sobre a violência e “práticas” de comportamento agressivo. O impacto da violência nos meios de comunicação em massa

é significativo, nesse aspecto, assim como o efeito da violência nas ruas e a desumanização da linguagem. Fale! Brasília. Qual o papel das escolas na prevenção à violência? James Garbarino. As escolas podem ser centros para lidar com traumas, ao reconhecer e intervir nos maus tratos às crianças, a maior “causa social” de comportamento violento delinquente das crianças, e ao ensinar como resolver conflitos de maneira não-violenta. Fale! Brasília. As meninas estão mais violentas que os meninos? James Garbarino. Meu argumento é de que a diferença que havia entre o comportamento agressivo dos dois está diminuindo (pelo menos na América) por que as ideias sobre a violência estão dando validade à agressividade feminina mais agora do que no passado. Fale! Brasília. Os pais têm dificuldades de desempenhar o papel de educadores? James Garbarino. Os pais são sempre professores. O mais importante é se eles têm consciência disso e como eles vão cumprir essa tarefa de ensinar aos filhos deles.

de ano, reprovou. A realidade da educação brasiliense é um reflexo do restante do país, talvez em menor proporção. Para o diretor da Escola Classe 104, Marcus Vianna, situada na Asa Norte, em Brasília, “os resultados insatisfatórios das avaliações educacionais são um espelho da forma como a educação é tratada no país”, desabafa. “Somos o país do assistencialismo. Se fossemos da educação, sería-

mos mais independentes”, denuncia o sociólogo, ex-diretor de Educação Básica do Inep e criador da Prova Brasil, Carlos Henrique Araújo. Em meio ao “caos que é a educação brasileira”, segundo o especialista João Batista Oliveira, o MEC lançou este ano o Ensino Médio Inovador. Segundo o programa, “busca-se uma escola que não se limite ao interesse imediato, pragmático e utilitário.” Enfim, o programa tem como objetivo a melhoria da qualidade do

ensino médio brasileiro nas escolas públicas estaduais. Em meios aos esforços do poder público, diretores e especialistas ainda pensam como medidas pontuais, apenas para apagar o incêndio, depois de apagado, abandona-se a casa queimada. Os governos enfrentam dois desafios básicos: a universalização e a qualidade do ensino. Existe um problema nestes desafios. Como universalizar mantendo a qualidade? Entende-se por universalizar a

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educação disponibilização de vagas nas escolas para todos. Mas, se com o acesso limitado a qualidade está baixa, como será na proliferação de construções e formação de professores? O diretor Marcus Vianna adverte que “ter título significa que a pessoa teve oportunidade de aprender, mas não significa que ela aprendeu”, pondera. Partindo desse pensamento, pode-se depreender que os resultados mostram exatamente isso: os professores não aprenderam e não conseguiram passar o pouco aprendido para os alunos. “ Menor esforço. Está aí um dos problemas culturais de nosso país. Pais, professores e alunos, enfim, todos temos que trabalhar o conceito de que tudo é possível, desde que com suor, trabalho duro, esforço. Mas como fazer isso? Copia-se e cola-se tudo. Inventam-se mil desculpas para se postergar o trabalho, e quando é possível, ele nem chega a ser feito. Isso passa para todas as esferas. E assim vive a gestão da educação, da saúde, dos Três Poderes, do país”, desabafa Carlos Henrique Araujo.

Violência no DF. Há anos, profes-

sores sofrem algum tipo de ameaça: física, verbal e moral. O educador Carlos Mota, diretor do Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, foi assassinado na madrugada do dia 20 de junho de 2008. Até hoje a escola não se recuperou da perda do diretor, um educador renomado no DF que sonhava em tornar o Centro de Ensino Fundamental do Lago Oeste (agora CEF Professor Carlos Mota) a melhor escola do Brasil. A polícia acredita que Carlos Mota foi morto por atrapalhar os negócios dos traficantes ao redor da escola. Três dias antes do assassinato, Carlos esteve em cada uma das salas pedindo aos alunos que denunciassem à polícia qualquer atitude estranha envolvendo ameaças ou drogas, e em outras ocasiões o professor pediu policiamento extra para a escola. Segundo dados oficiais da Câmara Legislativa do DF, seis professores são agredidos por semana e cerca de 1.400 agressões são cometidas por ano. Infelizmente essa rotina é realidade na cidade, uma falta de respeito com os docentes e a direção das escolas. Por isso, foi pedida a instau30 | Fale! | Junho de 2009

VARIÁVEIS. No alto, o Centro de Ensino Fundamental Fercal em Sobradinho (DF) obteve a menor média no Enem entre as escolas públicas do Distrito Federal. Acima, a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, e o professor Marcus Vianna, diretor da Escola Classe 104 Norte. FOTOS Gabriel Alves Foto E Fabio Rodrigues Pozzebom_ABr (ESCOLA) ração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a causa de violência na rede pública do DF. A CPI não foi instaurada por falta de assinaturas. Os governistas não apoiaram a Comissão. www.revistafale.com.br

Em Guariroba, na região administrativa de Ceilândia (DF), a rotina é a mesma: tráfico de drogas próximo à escola, ameaça de morte e ataques verbais contra a direção. Na primeira quinzena do mês, um aluno de


UM EXEMPLO NO H aRLEM e em b oston

ESCOLAS “NO EXCUSES” REVOLUCIONAM EDUCAÇÃO

N

o bairro Harlem, em Nova Iorque, as escolas conhecidas como “no excuses” revolucionaram a educação para crianças de baixo nível socioeconômico e produziram ganhos em pouco tempo. Estas escolas “sem desculpas” ensinam bom comportamento, avaliam permanentemente os resultados dos alunos, mudam os professores de baixo desempenho, e dão aos estudantes o apoio e o tempo necessários para trabalhar e se desenvolver. São também “charter schools”, escolas independentes que atuam com apoio público. Boston também abriga várias escolas “sem desculpas”. Das 17 escolas presentes na cidade, sete se destacam pelo alto rendimento dos alunos. As sete escolas superaram dramaticamente escolas públicas de Boston em Inglês e Matemática, onde o nível de habilidade varia de 33% para 50%, dependendo do grau e disciplina. Além disso, quatro das escolas superaram estudantes na vizinha afluente Brookline, onde apenas 12% dos estudantes são de famílias de baixa renda. Todas, exceto uma das sete escolas de alto desempenho, impulsionaram os professores altamente qualificados para conduzir seus alunos em um rigoroso programa acadêmico, bem alinhado com as normas, que pretende fixar cada criança no caminho para a faculdade. A única exceção das escolas “sem desculpas” é a Match High School, cujo programa partilha de muitas características escolares, incluindo o apoio para as normas,

ensaios frequentes, uma escola com o dia mais longo (das 8h30 às 5h) e é extremamente seletiva nas contratações dos professores, onde tem um trabalho de acompanhamento de ética. Juntas, as sete escolas educam 2.150 estudantes, apenas 4% dos 57.300 alunos nas escolas públicas de Boston. A porcentagem média de estudantes de baixa renda é de 67%, comparada a 71% nas escolas públicas. Setenta e oito por cento das “charter schools” são de estudantes hispânicos ou afro-americanos, comparado a 76% no distrito como um todo. A maioria dessas escolas opera a baixos custos.

14 anos ameaçou um professor com faca, após ser repreendido em sala de aula. As agressões não se limitam aos portões da escola e já alçaram voos para o novo point de encontro de gangues: a internet. No orkut, um

grupo de alunos chegou a perguntar qual a melhor maneira de se matar a professora deles... Os professores não tiveram dúvida e registraram a ocorrência na Delegacia da Criança e Adolescente (DCA). Eles temem que

San Rafael, Califórnia. A cidade de San Rafael, localizada no Estado da Califórnia, Estados Unidos, abriga a escola elementar Bahia Vista. Esta escola é a primeira no norte da Califórnia que pretende enviar todas as crianças para a escola. Dos 423 estudantes da Bahia Vista, mais de 90% ou 384 crianças, são hispânicas, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação da Califórnia, segundo os últimos dados de 2006/2007. Na San Rafael Elementar District, 56,7%

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dos estudantes são de ascendência latina. Cerca de 30 escolas participam nacionalmente das Universidades “sem desculpas”. A aceitação no programa exige uma equipe composta pelo diretor e pelo menos um professor de cada grau. Na Bahia Vista, cerca de um quarto do corpo docente tem frequentado as sessões de desenvolvimento profissional para educar os professores sobre o programa. O pedido é apresentado e em seguida exige das escolas respostas sobre perguntas e apresenta um vídeo detalhando o que já foi realizado para criar, entre outras coisas, uma “cultura universal de realização”, e planos específicos para continuar o trabalho acadêmico. escolas “no excuses”. Um sucesso no Harlem ao estilo tolerância zero. foto banco de dados

os alunos não fiquem só no campo das ameaças. Segundo foi divulgado, os alunos chutam o portão, batem nos carros dos docentes e ficam na frente da escola para bloquear a saída dos professores que estão trabaJunho de 2009 | Fale!

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educação

Saiba mais

 Educação Básica brasileira. A Secretaria de Educação Básica (MEC) trata da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A educação básica é o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Os dois principais documentos da educação básica são: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, regidos, naturalmente, pela Constituição da República Federativa do Brasil.  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Autarquia federal, vinculada ao Ministério da Educação, que promove estudos, pesquisas e avaliações

lhando sob pressão e medo. O caso mais grave aconteceu quando um aluno tumultuava uma sala de aula. O professor expulsou o aluno e o encaminhou à direção. O aluno fugiu da escola. Quando o professor deixou o

sobre o sistema educacional brasileiro. Para gerar seus dados e estudos educacionais, o Inep realiza levantamentos estatísticos e avaliativos em todos os níveis e modalidades de ensino: Censo Escolar, Censo Superior, Avaliação dos Cursos de Graduação, Avaliação Institucional, Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Exame Nacional para Certificação de Competência (Encceja) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).  Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior — Sinaes. Criado em 14 de abril de 2004, pela Lei n° 10.861, o Sinaes é o novo instrumento de avaliação do MEC/Inep. Formado por três componentes principais: avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O Saeb faz pesquisa por amostragem, do ensino fundamental e médio, realizada a cada dois anos.

colégio, por volta das 18h, se deparou com o aluno, que mostrou uma faca na cintura e o ameaçou de morte. A mãe do rapaz foi chamada à escola e afirmou ter perdido o controle sobre as ações do filho devido à dependên-

cia química. A escola vive em clima de tensão. O medo de uma tragédia acompanha a rotina.

Prova Brasil. A Prova Brasil avalia as habilidades em Língua Portu-

a triste história da Escola Normal

A

primeira Escola Normal do Brasil foi criada em 1835, em Niterói, no Rio de Janeiro. O Curso Normal tinha o objetivo de formar professores para atuarem no magistério de ensino primário e era oferecido em cursos públicos de nível secundário (hoje Ensino Médio). A partir da criação da escola no Município da Corte, várias Províncias criaram Escolas Normais a fim de formar o quadro docente para suas escolas de ensino primário. Desde então, o movimento de criação de Escolas Normais no Brasil esteve 32 | Fale! | Junho de 2009

marcado por diversos movimentos de afirmação e de reformulações. Mas, não obstante a isso, o Ensino Normal atravessou a República e chegou aos anos 1940/50, como instituição pública fundamental no papel de formadora dos quadros docentes para o ensino primário em todo o país. O presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Distrito Federal (SinproEPDF), Rodrigo de Paula, formado na Escola Normal do DF e exwww.revistafale.com.br

presidente do Grêmio da mesma, lamenta a sua extinção. “A escola normal é um centro de ensino de excelência, onde formava bons professores com experiência e estágio. Infelizmente o governo fechou”, lamentou o professor.

Luz no fim do túnel. Apesar

do caos educacional em nosso país, especialistas ainda tentam ter um pouco de otimismo e acreditam que com esforços verdadeiros a educação pode mudar. O principal


guesa (foco em leitura) e Matemática (foco na resolução de problemas). A primeira edição foi em 2005, e em 2007 houve nova aplicação. A prova avalia apenas estudantes de ensino fundamental, de 4ª e 8ª séries. A avaliação é quase universal: todos os estudantes das séries avaliadas, de todas as escolas públicas urbanas do Brasil, com mais de 20 alunos na série, devem fazer a prova. O último resultado apontou a capital do Mato Grosso, Campo Grande, com a melhor nota, 195 pontos. A pior capital foi Natal, com 155. O

Distrito Federal aparece em segundo lugar, com 191. A média mínima esperada é 200. Nenhuma capital atingiu a média mínima. Os dados nacionais da Prova Brasil mostram que 1.246.371 alunos da rede estadual de ensino de 8ª série fizeram a prova e 772.811 alunos de 4ª série. Na rede municipal, foram 548.589 alunos de 8ª série e 1.535.355 de 4ª série. No DF, 31.286 de 4ª série e 19.778 de 8ª série. “O processo educacional é muito complexo e não é apenas uma coisa que melhora a educação”, disse a secretária

de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar. “O primeiro fator de uma educação de qualidade para todos consiste em focalizar a relevância pessoal e social. Ninguém se oporia abertamente a uma formulação que afirmasse que a educação deve servir para que as pessoas e os grupos atuem no mundo e para que se sintam bem atuando nesse mundo”, alega Cecília Braslavsky em seu livro Dez fatores para uma educação de qualidade para todos no século XXI (editora Moderna e Fundação Santillana). n

(PSB-DF), deve-se identificar onde estão os pontos mais graves na qualidade e desenvolver uma solução de longo prazo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. Por meio desse plano, o docente sem formação adequada poderá graduar-se nos cursos de primeira licenciatura, com carga horária de 2.800 horas, mais 400 horas de estágio. O Plano de Formação é destinado aos professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada à LDB. O Governo Federal deve

investir R$ 1 bilhão para pôr o plano em prática e oferecerá mais de 330 mil vagas em 21 estados brasileiros. Os cursos deverão ter início no segundo semestre de 2009 e as outras entradas previstas nos anos de 2010 e 2011. As instituições formadoras que participam do plano receberão recursos adicionais do Ministério da Educação, num montante de R$ 700 milhões até 2011 e R$ 1,9 bilhão até 2014. Seguindo o pensamento de investimento na formação do professor, dos especialistas em educação, existe a possibilidade de um salto na qualidade do ensino em torno de 10 anos. n

CUIDADOS. Alunos em escola no Distrito Federal foto marcello casal jr _ ABR

investimento imediato deve ser na qualidade da formação dos professores, segundo João Batista Oliveira. A péssima formação vira um círculo vicioso: o professor não aprende com qualidade e não passa ensino de qualidade para os alunos, que poderão ser os próximos professores. Na prática, corre-se o risco de ensinar teorias formuladas há anos, histórias que são clichês, principalmente na matéria de História. As teorias matemáticas, físicas, químicas são decoradas, e os próprios professores não entendem as teorias que ensinam, segundo Carlos Henrique Araújo. Para o deputado distrital Rogério Ulysses

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modelo. Escola do Distrito Federal que já adotou o modelo de Ensino Fundamental com nove anos de duração. Foto Marcello Casal Jr_ABr

Bom exemplo na Escola Classe 104 Norte

Toda avaliação é válida para saber como está, mas é imprescindível analisar a realidade da escola”, ensina o professor Marcus Costa Vianna, diretor da Escola Classe 104 Norte, no Distrito Federal. E adverte que “devemos ter cuidado para não fazer um ranqueamento de escolas, é perigoso.” Segundo o diretor, fazer ranqueamento é injusto sem analisar o contexto da escola e, se a escola tirou uma nota insatisfatória nos exames do MEC, não significa que seja ruim, mas o reflexo de como a educação é tratada no país. A escola situada na Asa Norte, Plano Piloto do DF, tem cerca de 650 alunos e média de 38 alunos por sala de aula. A escola atende de 4ª a 8ª séries. Ao total, 133 alunos de 8ª série fizeram a Prova Brasil. A nota da escola foi 263,17 para 8ª série, em Língua Portuguesa e 286,19 em Matemática. A média do estado foi 238,00 para Língua Portuguesa e 252,20 para Matemática. O especialista em educação, Carlos Henrique Araújo 34 | Fale! | Junho de 2009

explica que a média mínima esperada era 300 para a 8ª série. A escola classe realiza o projeto Revivendo Êxodos, onde os alunos viajam para locais especificados pela diretoria e voltam caminhando, com o objetivo de conhecer as cidades históricas. O projeto começou em 2000, quando Marcus Vianna era diretor do colégio Setor Leste, em Brasília. Os alunos estudam o meio ambiente, fazem pesquisas de campo, têm aulas de Matemática e patrimônio histórico. O projeto tem parceiros como o Corpo de Bombeiros do DF, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Polícia Ambiental, entre outros. No ano passado, os alunos viajaram 400km de ônibus e voltaram a pé, nos trechos onde era possível. Este ano, em outubro, os alunos viajarão para Cristalina–GO. O diretor conta que 80% dos alunos vêm de fora do Plano Piloto. Os estudantes vêm de Águas Lindas (GO), Luziânia (GO), Gama, Sobradinho, Itapuã e Paranoá, no DF. www.revistafale.com.br

Enquanto a direção da escola e os professores estão preocupados com o desenvolvimento educacional das crianças, os alunos estão preocupados com outra coisa. “Eu acho a escola ruim porque os professores não deixam a gente usar boné na sala”, conta o aluno Robson, 13, nome fictício. “A educação também tem que vir de casa. Ultimamente, os pais não têm colocado rédeas curtas para os filhos. Já veio pai reclamar que eu tomei o celular de um aluno que atendia dentro da sala de aula”, desabafa Vianna. A Educação Pública do Distrito Federal, em 2007, foi beneficiada com R$ 3.135.399.443,00 (três bilhões, cento e trinta e cinco milhões, trezentos e noventa e nove mil, quatrocentos e quarenta e três reais), de acordo com a LOA - Lei Orçamentária (Lei nº 3.934, de 29 de dezembro de 2006) e a Circular nº 09/2006-SUFIN/SEF-FCDF. O montante representa acréscimo de 15,64% em relação a 2006.


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Economia

Tragédias na estrada e copa 2014 As mortes por acidente de trânsito no Brasil aumentam. Enquanto isso, empresários ligados ao transporte urbano vão discutir as melhorias no transporte público para a Copa do Mundo em 2014

E

Por Rafael Oliveira

m cada esquina, rodovia, sinais de trânsito e faixas de pedestres aparecem os acidentes de trânsito, fazendo vítimas e deixando feridos. O número de acidentes diminuiu, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mas o número de mortes aumentou.

Mesmo com as mortes em alta, empresários do setor de transporte público vão discutir a implementação de novas formas para viabilizar a mobilidade dos brasileiros e estrangeiros na Copa do Mundo, em 2014. O Seminário Nacional NTU, promovido pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU), vai debater os investimentos em transporte público para a Copa do Mundo. Segundo o presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho, o momento é bom para esse debate, já que se espera que o governo federal desembolse recursos consideráveis para melhorar o transporte. O Departamento de Trânsito de Brasília (Detran-DF) registrou, de janeiro a março deste ano, 12 acidentes de ônibus coletivo com vítimas fatais, na cidade. Em 2008, foram 48 mortos em acidentes envolvendo ônibus.

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Além de desastres com vítimas, outros tipos de acidentes acontecem no transporte público: passageiros idosos que se machucam ao entrar e sair do ônibus, porque o motorista não teve paciência de esperar; passageiros que se machucam dentro do ônibus, quando o motorista freia bruscamente por correr demais, e outros. Esses acidentes não entram nas estatísticas por não registrarem vítimas fatais. Os microônibus entraram nos relatórios apenas em 2008, computando nove acidentes com vítimas. Em 2009, até o fechamento desta edição, não foi registrada nenhuma vítima em acidente envolvendo microônibus. A solução para o problema das demoras para entrar nos ônibus, dos engarrafamentos de trânsito e das filas nas roletas para pagar a passagem é a implementação do BRT.

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A sigla significa Bus Rapid Transit (Trânsito Rápido de Ônibus). O BRT é um sistema de transporte de ônibus que proporciona mobilidade urbana rápida, confortável e com custo eficiente através de uma provisão de infraestrutura agregada com prioridade de passagem, operação rápida e frequente ao usuário. Ao se implementar o sistema, compra-se um conceito. A capital do estado do Paraná, Curitiba, se transformou em uma cidade renomada em todo mundo, após a implementação do sistema. Muitas outras cidades brasileiras seguiram o exemplo como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. O sistema de BRT de São Paulo é atualmente o maior do mundo, com 142 quilômetros de vias exclusivas atendendo mais de dois milhões de viagens todos os dias. O maior sucesso de BRT está em Bogotá, na Colômbia. O Transmilênio, inaugurado em 2000, engloba 84 quilômetros de corredores troncais e 420 quilômetros de linhas alimentadoras. O sistema atende por dia 1,2 milhão de viagens. Quando o sistema inteiro estiver completo, previsto para 2015,


VIDAS EM PERIGO. Julho de 2008, uma colisão entre um ônibus e um caminhão paralisou o trânsito na rodovia BR 040. Valdemar Santos ficou preso nas ferragens e teve fratura exposta na perna direita. Fotos Roosewelt Pinheiro_ABr

estima-se que cinco milhões de viagens serão atendidas em uma rede de 380 quilômetros.

Custos do BRT. O sistema custa de

4 a 20 vezes menos do que um sistema de bondes ou Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Estima-se que um quilômetro de BRT é cerca de 10 a 100 vezes menor que o custo de implantação da mesma extensão de um sistema metroviário subterrâneo. Enquanto o metrô custa R$ 100 milhões a cada quilômetro, o BRT custa $ 10 milhões. O tempo de implementação do sistema é cerca de 2/3 menor, quando comparado a um sistema de metrô. Uma vantagem do BRT é o fato de não necessitar de subsídios públicos para sua operação, ao contrário dos metrôs. Já o desempenho operacional pode ser comparado ao

metrô, visto que os intervalos entre ônibus podem variar de 30 a 60 segundos. Atualmente no mundo, existem mais de 80 cidades com sistemas BRT implantados, inspirados em Curitiba, entre elas, Los Angeles, Cidade do México, Seul e Bogotá.

Mortes. Os custos dos acidentes no

Brasil, segundo dados do Ipea, nas rodovias é de R$ 22 bilhões por ano. O valor é equivalente a 1,2% do Pro-

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duto Interno Bruto (PIB) e mais do que o total do orçamento do Ministério da Saúde. O estudo que comprova esses dados foi pedido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) ao Ipea. A equipe de especialistas do Ipea constatou que as rodovias nacionais contabilizam 300 acidentes por dia, o que corresponde a um acidente a cada quatro minutos e meio. Junto com esses acidentes, acontece um atropelamento a cada

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ECO N O M I A

Foto Fábio Pozzebom_ABr

duas horas, resultando na morte de mais de mil pedestres por ano. Os motociclistas também entram na estatística, quase mil mortes por ano. Os custos médios dos acidentes são influenciados pela sua gravidade. Em média, um acidente com morte, no período de julho de 2004 a junho de 2005, custa R$ 418,3 mil. O valor é alto comparado a acidentes com feridos que fica R$ 86 mil. O custo de acidente com ileso chega a R$ 16 mil. O acumulado dos acidentes é liderado pelos acidentes com feridos: R$ 3,2 bilhões, seguido dos acidentes com morte, R$ 2,2 bilhões; e os sem vítimas, R$ 1,2 bilhão. O custo por região no país é liderado pelo Sudeste, com mais de R$ 2,4 bilhões em função da frota e malha viária. O custo médio individual mais alto fica na região Centro-Oeste: R$ 67 mil por acidente. Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizam 109.745 acidentes nas rodovias federais em 2005, ante 112.457 no ano anterior, uma redução de 2,4%. Porém, houve acréscimo de 3,8% nas mortes. A cada dezoito acidentes nas rodovias federais, há uma vítima fatal. Enquanto a cada 3,4 atropelamentos de pedestres, uma pessoa morre. A contagem de fatalidades nas rodovias levou em consideração não apenas os óbitos no local, mas também os falecimentos até trinta dias depois do acidente em consequência direta dele. Em 2004, foram perdidas 10.192 vidas e, em 2005, 10.422. É como se a tragédia da queda do Boieng 737-800 no meio da Amazônia se repetisse 97 vezes por ano, ou uma vez por semana. A rodovia mais perigosa do Brasil é 38 | Fale! | Junho de 2009

a Fernão Dias (BR–381), que liga São Paulo a Belo Horizonte, registrando 8,34 acidentes por quilômetro (em 2004). A média é mais alta que a Régis Bittencourt, conhecida como a “rodovia da morte.” A Régis é um trecho da BR-116 que liga Curitiba à capital paulista e registra 5,21 acidentes por quilômetro. A Polícia Rodoviária Federal dispõe de 9,6 mil policiais espalhados por 397 postos de fiscalização. A PRF cobre cerca de três mil municípios brasileiros e possui 153 ambulâncias para efetuar os atendimentos de emergência.

Estado das rodovias. A maioria dos

motoristas que usam regularmente as rodovias brasileiras reclamam da qualidade do asfalto. Muitos reclamam de buracos, outros da falta de faixa de acostamento. O fato é que muitas rodovias são transitáveis em níveis excelentes. E essas, na maioria, são concessionárias, ou seja, o governo concede a rodovia para uma empresa fazer a manutenção adequada. A Associação Brasileira de Concessionária de Rodovias (ABCR) representa o setor de empresas que fazem este trabalho. Ao todo, a ABCR é formada por 37 empresas que operam em 7 Estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Essas concessionárias operam 10.222,4 quilômetros de rodovias, o que corresponde a 5,18% da malha rodoviária nacional pavimentada. O percentual parece pequeno, mas as rodovias concentram o fluxo de veículos das grandes regiões produtoras. Desde o início das concessões, que começou em 1995, até 2007, foram investidos R$ 13,3 bilhões nas rodovias concedidas. www.revistafale.com.br

Foto Marcello Casal JR_ABr

violência no trânsito. Excesso de velocidade, falta de atenção, imprudência e principalmente o consumo de bebidas alcoólicas são os maiores causadores de acidentes de trânsito no Brasil. As vias em precárias condições de circulação também aumentam as estatísticas sobre mortes no trânsito. Segundo dados da ABCR, o total de receitas em 2007 foi de R$ 6.247 milhões, entre pedágios e outros. E os investimentos totais nas rodovias foi de R$ 8 milhões. O tráfego de veículos evoluiu desde 2002. No ano de 2007, trafegaram mais de 700 milhões de veículos, um aumento de quase 200 milhões, já que em 2002 foram mais de 500 milhões. As concessionárias investiram 269 quilômetros em infraestrutura de pista nova. Em pontes e viadutos novos, foram 53.124 mil metros quadrados de obras. As realizações em segurança, como pistas simples e duplas, chegaram a 12.705 quilômetros. As concessionárias também oferecem serviços de socorros aos usuários em casos de pane elétrica, pane mecânica, falta de combustível e guinchamentos. Em 2007, as concessionárias registraram mais de um milhão de guinchamentos. O serviço de socorro com ambulância atendeu 48 mil pessoas. O índice de acidente com mortos é baixo, levando em consideração os registros de todas as rodovias concessionárias, que chegou a 1.515 ocorrências. O total de ocorrências envolvendo acidentes sem vítimas e feridos chegou a 60 mil, em 2007. O governo federal anunciou para 2008 e 2009 a concessão de cinco mil quilômetros de rodovias.


Foto Janine Moraes_ABr

Foto Fábio Pozzebom_ABr

Fim dos acidentes.

O governo federal tem iniciativas no sentido de reduzir os acidentes no país. O Programa de Redução de Acidentes no Trânsito (Pare), do Ministério dos Transportes, funciona há 13 anos. O programa promove a capacitação técnica de equipes dos órgãos municipais de trânsito na implantação de ações corretivas de engenharia visando a prevenção de acidentes. Outro projeto, Amigo da Vez, leva equipes a locais de grande concentração de bares desde 2000 a fim de conscientizar os frequentadores sobre um dos principais causadores de acidentes: o álcool e a direção. O objetivo é conquistar entre os consumidores de álcool a ideia de eleger um amigo que não vai ingerir bebida alcoólica e ficará responsável por dirigir pelos demais. n Foto Wilson Dias_Abr

estatísticaS

MAIS ACIDENTEs E MENOS MORTES Segundo dados do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), de janeiro a março deste ano foram registradas 92 mortes. Em 2008, o Detran registrou 416 mortes. Os acidentes com morte segundo a natureza, de janeiro a março de 2009 foram: 27 mortos por atropelamento de pedestres, 37 por colisão, 10 por capotamento e choque com objeto

fixo. Os pedestres são os campeões das vítimas fatais por tipo de envolvimento, 29 mortos até março de 2009. Em segundo, vêm os motociclistas com 28 falecimentos, até março deste ano. Os condutores do sexo masculino morrem mais do que as mulheres: 79 homens contra 20 mulheres, dos casos registrados até março deste ano. Nos registros

de pedestres mortos por sexo, os homens também lideram: 21 casos contra oito das mulheres. Ao total, morreram 29 pedestres até março. A idade que mais mata é de 20 a 29 anos, somando 32 mortes, no mesmo período citado anteriormente.

Lei Seca no DF. Após 11

meses de Lei Seca, o Detran-DF registrou 3.521 condutores autuados nas operações com bafômetros, uma média mensal de 320. As prisões em flagrantes

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somam 1.345 motoristas. 95% dos condutores foram autuados em blitz, os outros 5% foram autuados em algum tipo de ocorrência. Os acidentes fatais reduziram 19,0%, foram registrados menos 81 acidentes em relação ao mesmo período do ano passado. Após a Lei Seca, a ocorrência de acidentes fatais foi menor durante toda sua vigência. Apenas em novembro de 2008 e março de 2009 foi maior. Em média, sete vidas foram salvas a cada mês durante a Lei Seca. Junho de 2009 | Fale!

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ECO N O M I A

sol à vista

Ministro do Turismo diz que, mesmo com crise, é possível manter hoje números de 2008

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crise econômica mundial

trouxe efeitos negativos para o turismo no Brasil. Segundo o ministro do Turismo, Luiz Barretto, os recursos deixados pelos turistas estrangeiros no Brasil nos cinco primeiros meses deste ano diminuíram 12%. “A crise no mercado europeu e no norte-americano significou menos europeus e norteamericanos aqui. “O mundo O mercado corpoviveu uma crise rativo e as viagens de incentivo foram muito forte. muito afetados”, Por isso, se afirmou o ministro, repetirmos o que participou nesta quarta-feira da ano de 2008, abertura do 4º Sajá será uma lão do Turismo, em grande vitória, São Paulo. A crise também porque foi um reduziu os gastos ano de grande dos turistas brasicrescimento.” leiros no exterior. “Caiu 22% o gasto [...] Por isso, de brasileiros no exestamos terior e caiu 12% o gasto de estrangeiapostando ros aqui no Brasil. muito no A atividade turística mercado no mundo todo está doméstico e no sofrendo um abalo devido à crise ecomercado sulnômica”. americano.” Os turistas estrangeiros gastaram US$ 2,164 bilhões no Brasil entre janeiro e maio de 2009, contra US$ 2,473 bilhões no mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, os gastos de brasileiros em viagens ao exterior caíram de US$ 4,487 bilhões para US$ 3,476 bilhões. Os motivos para as despesas foram a queda na renda dos brasileiros com a desaceleração da economia e a desvalorização do real 40 | Fale! | Junho de 2009

turismo interno. O ministro do Turismo, Luiz Barretto, apresenta balanço da indústria do setor na temporada 2008-2009 e, abaixo, secretários se foto marcello casal _ ABR E DIVULGAÇÃO SETUR reúnem em São Paulo no Salão do Turismo.

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frente ao dólar. Luiz Barretto diz que o Ministério do Turismo quer manter o resultado do ano passado, compensando a ausência de turistas estrangeiros com o impulso do turismo doméstico. “Tenho certeza de que a força do turismo doméstico e nacional vai compensar.” Expositores de todo o Brasil lotaram o Parque Anhembi em São Paulo tentando fomentar seus destinos turísticos — o objetivo central do Salão do Turismo. O secretário do Turismo do Ceará, Bismarck Maia, em parceria com a operadora CVC, lançou o Seguro Sol. Se chover no Ceará, de julho a dezembro, o turista reembolsa o valor do seu pacote. Para a operadora, o risco da operação é zero porque a chuva só vale se for no horário de praia e mesmo assim, se comprometer todo o horário. n

gastos de turistas no exterior aumentam Em junho, os gastos de turistas

brasileiros no exterior somaram US$ 786 milhões, segundo o Banco Central. É o quarto mês seguido de crescimento nesse indicador e o melhor resultado desde setembro, antes da disparada do dólar provocada pela crise internacional de crédito. O acumulado entre janeiro e maio foi de US$ 3,5 bilhões em gastos, ainda abaixo dos US$ 4,5 bilhões verificados no mesmo período de 2008. Entre maio e setembro do ano passado, quando o dólar estava próximo de R$ 1,60, os gastos chegaram a ultrapassar o patamar recorde de US$ 1 bilhão. O BC aumentou a previsão do déficit na conta de viagens internacionais neste ano de US$ 2,5 bilhões para US$ 3 bilhões. O número representa a diferença entre os gastos dos brasileiros fora do país e dos estrangeiros que visitam o Brasil. Um déficit significa gasto maior por parte dos brasileiros. No ano passado, o déficit foi de US$ 5 bilhões. A conta das viagens internacionais é parte do relatório do BC sobre o setor externo e integram o balanço de pagamento, que computam os investimentos estrangeiros no país (no setor produtivo e no mercado financeiro) e as transações correntes (comércio, serviços e rendas). Dentro das transações correntes está a conta de serviços e rendas, que inclui os gastos dos turistas estrangeiros no Brasil e as despesas dos brasileiros no exterior. n

CARGA. O trigo que é base para o pãozinho francês tem uma carga tributária de cerca de 10% sem levar em conta os custos de produção foto José Cruz_ABr

a carga tributária é de primeiro mundo mas os serviços públicos são de terceiro

D

desses, tem muito mais setores que o Federal, a carga tributária do governo atende a população com péssipaís alcançou o recorde de ma qualidade. 35,8% do PIB (Produto InterPara efeitos de comparação, a carga no Bruto) em 2008. Ao invés tributária em alguns países do mundo, de privilegiar a tributação em 2007, segundo a Receita Federal: direta e progressiva da renda, como se Dinamarca (48,9), França (43,6), Itáfaz na maioria dos países ditos de- lia (43,3), Espanha (37,2), Reino Unido senvolvidos, optou-se por concentrar (36,6), Alemanha (36,2), Brasil (34,7), a arrecadação em tributos indiretos, Canadá (33,3), Suíça (29,7), EUA (28,3), que oneram mais a parcela mais po- Turquia (23,7), México (19,8) e Japão bre da população. São impostos que (18,4). incidem sobre a produção, a venda e Em sua coluna O Presidente Reso consumo. ponde — reproduzida em 115 jornais Essa sobrecarga de tributos preju- às terças-feiras — Lula defende que dica exportações e investimentos, ge- a carga tributária do Brasil (em torno rando menos empregos e os produtos dos 35% do PIB, a maior da história do produzidos no país perdem competiti- país) não é alta. E sugere até que possa vidade no exterior. ser aumentada, quando diz: Outro grave fator é que essa arre“A nossa carga tributária está muito cadação é destinada a gastos de cus- distante das mais elevadas do mundo. teio e consumo, sobrando menos para Há vários países, admirados pelos beque empresas invistam em aumento nefícios sociais que concedem, em que de produção, e para que os governos a carga é muito maior — Bélgica (44% promovam a expansão e a melhoria da do PIB), Suécia (48,2%) e Dinamarca infraestrutura. (48,9%).” n Enquanto isso, a população não tem as ferramentas FONTE: RECEITA FEDERAL essenciais para o Turquia 23,7 seu desenvolviEUA 28,3 México 19,8 mento como eduSuíça 29,7 Japão 18,4 cação e saúde e acordo com a Receita

CARGA TRIBUTÁRIA NO MUNDO

dignas. Quem Canadá 33,3 é atendido por um hospital Brasil 34,7 público sabe do caos vivido pelo setor. As escoAlemanha 36,2 las públicas são Reino Unido 36,6 precárias. Além www.revistafale.com.br

Dinamarca 48,9 França 43,6 Itália 43,3 Espanha 37,2 Junho de 2009 | Fale!

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Autos&Máquinas Por Roberto Costa

Honda 2010

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á estÁ chegando a rede de

novos revendedores Honda de motocicletas que compõem a linha nacional 2010, atualizados e principalmente ecologicamente corretos. A Honda até este momento é a única montadora que disponibiliza no mercado somente produtos que atendem as exigências do Promoto 3, que é a legislação referente ao controle de emissões para o setor e que deveria estar vigorando desde o primeiro dia deste ano. Mas infelizmente outros fabricantes e alguns importadores continuam comercializando mensalmente dezenas de unidades totalmente fora de tais especificações, o que afronta não somente a lei mas também a cidadania, já que a cada momento colocam na atmosfera milhares de partículas tóxicas e tudo aparentemente com o consentimento das autoridades responsáveis, sendo que mais nenhuma ação tem sida tomada ate agora. No início do ano, foram disponibilizados diversos modelos de confomida com o Proconve 3, incluindo as primeiras motocicletas com motorização Flex no mundo, ou seja, que podem circular utilizando álcool ou

CB300r, xre300 e lead110. Novos designs e

novos motores 300 e 110cc’s. A aposta da Honda para 2010. gasolina puros misturados em qualquer proporção. E agora foi a vez de três novos modelos que são os Honda Lead 110, XRE e CBR, ambos com 300 cilindradas.

CB 300R

A representante da Honda na categoria Naked chega com muita

expectativa por parte de seu públicoalvo que sempre imaginou uma motocicleta de média cilindrada, mas com aparência similar às grandes do mercado, o que parece ter sido atendido pela montadora nesta versão, que com a implantação de linhas agressivas e visual sofisticado transmitem esportividade e força. A moto-


de, além de serem amigáveis ao meio ambiente.

XRE 300

xre300 rização, com capacidade cúbica ampliada, proporciona pilotagem mais emocionante e desempenho tanto no uso urbano, para locomoção diária, quanto nas estradas, para o lazer aos finais de semana.O motor DOHC (Double Over Head Camshaft) com duplo comando de válvula no cabeçote, monocilíndrico, quatro tempos, com quatro válvulas e com radiador de óleo do motor, agora possui 291,6 e 26,53 cavalos a 7.500 rpm. São três novos produtos destinados aos que utilizam veículos de duas rodas no dia a dia ou para o lazer que chegam invocando a tradição da marca Honda com apelos de modernida-

A nova “aventureira” da Honda traz um novo compromisso de uso misto, cidade ou estradas não pavimentadas com leveza, economia e bom desempenho. Para tornar este conceito realidade, foi aplicado design marcante, motor com 300cc, posição de pilotagem mais confortável e novo chassi tipo berço semi-duplo. Com tais características, busca-se conquistar os usuários da XR 250 Tornado e da NX4 Falcon, além de proprietários de modelos de menor porte que buscam sofisticação, e subir de categoria. A nova XRE 300 traz motor de 291,6 cm3, DOHC (Double Over Head Camshaft), monocilíndrico, quatro tempos e desenvolve 26,1 cavalos e câmbio de cinco velocidades.

LEAD 110

Hoje, em todo o mundo, os scooters têm assumido um papel importante no transporte urbano diário,

atingindo um público diversificado. Jovens, executivos, mulheres, todos encontram neles uma alternativa ágil e econômica para chegar aonde se deseja, e o novo Lead 110 da Honda apresenta estilo essencialmente urbano e porte ideal para o uso cotidiano. Oferece desempenho e segurança, além de pilotagem fácil, confortável e prazerosa, devido à transmissão automática. Confiável, traz motor alimentado por injeção eletrônica de combustível PGM-FI, que melhora seu desempenho e reduz o índice de emissão de gases poluentes. A soma de todos estes atributos resulta numa bem sucedida combinação de conveniência e agilidade sobre duas rodas. Equipado com um moderno motor monocilíndrico, quatro lead 110 tempos, com duas válvulas e arrefecido a líquido, o Lead é alimentado pelo sistema de injeção eletrônica de combustível PGM-FI, que garante melhor desempenho e confiabilidade. Seu preço sugerido é de R$6.250,00. n

pit-stop  FORD COMPLETA 90 ANOS NO BRASIL

A Ford completa 90 anos de operação no Brasil, tendo sido a primeira fabricante de veículos a se instalar no País. E para marcar a data, criou um selo comemorativo que traz o numeral 90 estilizado por linhas contínuas que lembram um caminho. Um detalhe verde e amarelo mostra a identificação com o Brasil. O primeiro veículo montado no Brasil foi um Ford: o lendário Modelo T, automóvel que representou o início da produção em série no mundo. Saem de suas linhas de montagem algumas diversas famílias de automóveis, picapes, utilitários e caminhões, que vão do compacto Ford Ka até o caminhão Cargo 6332e, de 63 toneladas. Atualmente, a Ford do Brasil é a terceira maior subsidiária mundial da empresa em termos de vendas. Em 2008, comercializou no País cerca de 280 mil unidades, exportando para Argentina, Venezuela, Chile, México e outros países da América do Sul e Central.

 Fiat 147 Álcool 30 anos

No último mês de maio, o Fiat 147, pioneiro na utilização do álcool combustível, completou 30 anos de seu lançamento com sua entrada efetiva no mercado acontecendo em junho de 2009, quando os primeiros postos começaram a receber em suas bombas o combustível derivado da cana de açúcar. Crises e más administrações do modelo utilizado para o financiamento da produção e distribuição não foram suficientes para derrubar o combustível 100% nacional que hoje, mesmo com o preço do barril de petróleo sendo comercializado a preços realistas, é o verdadeiro “xodó” de governos e ecologistas por ser renovável, promover a criação de empregos para mão de obra não especializada, além de agredir minimamente o meio ambiente.  SCANIA 50 ANOS

Scania comemora 50 anos de produção de motores no Brasil. Em 1959, a Scania inaugurou sua fábrica de motores no Brasil, www.revistafale.com.br

a primeira operação de produção fora da Suécia. O projeto buscava atender às exigências de nacionalização de conteúdo do governo brasileiro naquele momento e previa o enorme potencial deste mercado. Exatamente 50 anos depois, o Brasil tem uma das quatro principais fábricas de produção Scania completas do mundo, junto com a Suécia, França e Holanda, e se tornou o maior mercado da história da marca. A fábrica de motores Scania ficava situada no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, perto da unidade de produção da Vemag, a empresa brasileira responsável pela montagem dos caminhões Scania com peças importadas. A planta de produção, que começou no Ipiranga com 250 empregados e uma capacidade de não mais que 200 motores por mês, hoje emprega quase 3.000 pessoas e está preparada para produzir cerca de 20.000 veículos completos e 5.000 motores por ano.

Junho de 2009 | Fale!

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Foto Anderson Corsino

persona Brasília: terra de mulher bonita Miss Lago Sul, miss Distrito

Federal e terceira colocada no Concurso Miss Brasil 2009, Denise Ribeiro Aliceral, 18 anos, mostra que sua carreira como modelo está apenas começando. A estudante de Direito desfila desde os 14 anos e a colocação no concurso nacional a leva agora a disputar o concurso Miss Continente Americano, no segundo semestre do ano, no Equador. Parabéns, Denise! Esperamos confiantes mais esse título para o Brasil.

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A jornalista Heloisa Helena Rodrigues ganhou festa de aniversário dos amigos mais chegados, tendo como cenário o L’Ô Restaurante Fotos Auston aniversário.

persona L u i z C arlos M artins

Guadalupe Pessoa e Aparecida Alencar

Elza Moreira e Marisa Quixadá

Excelsa e Arthur Costa Lima

Lia Alcoforado e Alyson Aragão

Everardo Dantas e Heloisa Helena

Fernando Férrer, Lêda Maria, Ricardo Alencar e José Guedes

Pedro Gomes de Matos, Naura Franco, Alessandra Aragão e Marlene Silva

Luiz Carlos Martins e Gláucia Viana

Marta e José Valdo Silva e Sérgio Carvalho

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Aniversariante com Teresa Borges

Aurileide Veras e José Guedes

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persona L u i z C arlos M artins

Expressivas personalidades da sociadade prestigiaram o lançamento de “Longe de Dizer Adeus”, quarto livro do colunista Lúcio Brasileiro, no Country Club.

contos por lúcio brasileiro. Fotos rodrigues

Guida e Oto de Sá Cavalcante

Álvaro e Eneida Correia

Erivaldo Arraes e Raimundo Delfino

Karisia e Luiz Pontes

Lúcio Brasileiro e o governador Cid Gomes

Vânia e Aristófanes Canamary

Alessandra e Newton Freitas Teodoro e Norma Soares

Valman Miranda e Roberto Maia

Expedito Borges, Cláudio Philomeno e Humberto Cavalcante Luiziana Esteves e Siridião Montenegro

Jacaúna Aguiar, Padua Lopes e Edilmar Norões 46 | Fale! | Junho de 2009

LB e Mauro Benevides www.revistafale.com.br

Com Regina Marshall

Gláucia Viana e Luiz Carlos Martins


O cantor Gustavo Serpa foi a atração da noitada no Dia dos Namorados, no Hotel Gran Marquise, apresentando repertório de músicas românticas.

noite romântica.

persona L u i z C arlos M artins

Deusimar e Auricélia Queiroz

Gustavo Serpa canta belas canções românticas

Renata e Cláudio Vale

Lia e Luís Alberto Alcoforado

Fernanda e Lima Mattos

Fred e Vivian Albuquerque e Regina Marshall

Valkimar Santos e Patrícia


persona L u i z C arlos M artins

FIEC e CNI comemoraram o Dia da Indústria, entregando as comendas Medalha do Mérito Industrial e Ordem do Mérito Industrial a quatro personalidades: Pedro Philomeno Gomes(in memoriam), Fernando Cirino, Jocely Dantas e senador Tasso Jereissati. dia da indústria.

Fotos Auston

Os medalhados com Armando Monteiro, Francisco Pinheiro e Roberto Macêdo

João Batista Fujita e Rejane

Camila e Gony Arruda

Roberto Macêdo e Armando Monteiro

Edyr Rolim, Beatriz Philomeno e Renata Jereissati

Gervásio Pegado e Francisco Barreto

Verônica e Hélio Perdigão

Alexandre Pereira e Fernando Gurgel

Cláudio e Iracema Vale

Fernando Cirino e Beto Studart

Bismarck Maia

Ivan e Silvânia Bezerra

Pedro Philomeno Filho,Tasso Jeressati, Fernando Cirino e Josely Dantas

A nossa qualidade é comprovada por milhares de clientes e certificada com iso 9001.


Os irmãos Adauto e Humberto Bezerra receberam familiares e amigos para afetiva recepção no Barbra’s Eden, por conta do aniversário deles. duplo brinde.

persona L u i z C arlos M artins

Humberto e Norma com os filhos Sérgio, Denise, Binho e Márcia Silvana e Norma entre os aniversariantes Adauto e Humberto Bezerra

José e Michelin Bezerra

Ivan Bezerra e Silvânia

Regina e Luís Marques

Meton e Yolanda Vasconcelos

Regina e Ernando Uchôa

João Fujita e Paulo Bezerra

Parabéns

Suetônio Mota e Luís Machado

Adauto entre os filhos Regina, Ângela, Moema e Adauto Júnior


ÚltimaPágina

Crescimento Econômico e Educação

A

experiência internacional e as análises estatísticas dos dados de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a expansão quantitativa do acesso à educação básica nos países pobres levam a concluir que não há relação direta entre aumento de escolaridade dos indivíduos, pura e simplesmente, e crescimento econômico. Para uma nação alcançar um crescimento econômico sustentável, é preciso levar em conta, além da dimensão educação, especialmente, a consolidação de instituições importantes para a economia livre, o progresso e a inovação tecnológica. Registre-se, ainda, a importância do contexto cultural como uma base para o desenvolvimento econômico. Em outros termos, se não há a produção de incentivos de investimentos no futuro, permanecendo a convivência de baixo desenvolvimento e pouco investimento tecnológico, ausência de ambiente livre para negócios, permanência de alta inflação, gastos excessivos do Estado em prioridades privadas, dificuldades de aberturas de empresas, altas taxas de juros e poucos incentivos à liberdade empresarial, excesso de intromissão do Estado na economia, alta carga tributária, poucas chances se tem de crescimento econômico sustentável, mesmo que se elevem as taxas de escolaridade da população. Não se consolida uma Nação forte e competitiva sem estes pré-requisitos. Agrega-se a estes elementos o fato de que a experiência da ampliação da educação fundamental no mundo subdesenvolvido foi marcada por um forte quantitativismo. O importante era expandir e pouco importando a qualidade. É ai que se encontra a chave da questão. É necessário ampliar a 50 | Fale! | Junho de 2009

Por Carlos Henrique Araujo

escolaridade média da população, mas com efetividade de desenvolvimento de habilidades, competências e perícias, com efetividade de resultados. Este é o tipo de educação que irá contribuir para o crescimento econômico de países e dos indivíduos. A educação de qualidade e inclusiva não foi o foco do setor educacional nos países pobres. Os sistemas educacionais, em geral, não foram capazes, a partir da segunda metade do século passado, de desenvolverem habilidades e competências de investimento no futuro e em tecnologias para a população em geral, e mesmo para as elites locais. Os diversos processos de ampliação da escolaridade básica e de terceiro grau somente foram bem sucedidos em seus aspectos quantitativos. Foram construídas escolas em massa, mas sem a efetividade essencial que é o aprendizado, sem um corpo de profissionais bem pagos e bem formados para ensinar os estudantes. A situação da atividade docente, então, explica muito da falta de qualidade hoje nos sistemas de ensino. O aumento quantitativo de professores nos países pobres foi feito recrutandoos entre as camadas populares da sociedade. Eles cresceram com o corporativismo e suas reinvidicações e a educação passou a ter como foco os professores e não o aprendizado dos estudantes. Geralmente, mal preparados, desistem de ensinar de forma efetiva e com responsabilidade pelos resultados e passam a querer ganhar sempre mais, aumentar salários,

sem os critérios de eficiência e eficácia, resultando em um enorme e inaceitável desperdício de recursos. São professores que não ensinam efetivamente e não são cobrados para aquilo que são pagos. Pode-se argumentar de forma enfática que se investiu muito dinheiro em algo sem qualidade e sem consequências robustas para o desenvolvimento de muitos países. Boa parte do crescimento educacional foi feito em nome de um ensino ideológico e religioso, fora do alvo. Muitos sistemas educacionais funcionaram muito mais para disciplinar mentes do que para gerar habilidades que poderiam contribuir para o desenvolvimento econômico e a autonomia dos indivíduos. Foram feitas em função da disciplina das mentes e não do incentivo aos cérebros. Em ambientes de capitalismo pouco desenvolvido e forte cultura patrimonialista, mistura entre o público (bem público) e o privado (bens privados), o aumento de escolaridade vale pouco em termos salariais, não compensam em termos de rendimento futuro salarial e investimento escolar. A escolarização não foi culturalmente enraizada como um fator de promoção das pessoas, de cultivo ao mérito, de mobilidade social e de desenvolvimento humano. Boa parte da expansão educacional nos países pobres representou gastos adicionais, com má alocação de recursos. Gastaram-se rios de dinheiro, inclusive com doações governamentais internacionais, sem o retorno em crescimento do PIB e melhoria do convívio social e sem, ao menos, instituir uma educação decente. n Carlos Henrique Araújo é mestre em Sociologia, Consultor em Educação e ex-diretor do Inep-MEC. E-mail chfach@gmail.com

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UMA REVISTA 100% BRASÍLIA. Chegou Fale ! Brasilia, a revista de informação do Distrito Federal. Nossa pauta de assuntos é totalmente voltada para os interesses do brasiliense e para o futuro da cidade. Além de Política e Economia a revista mostra o cotidiano do DF, cultura, artes, infra-estrutura, meio-ambiente e as questões que afetam a vida do brasiliense. Fale ! Brasilia também está na web www.revistafale.com.br/ brasilia. Para saber mais, visite nosse site. A R E V I S TA D E I N F O R M A Ç Ã O D E B R A S Í L I A . To d a g r a n d e c i d a d e t e m u m a g r a n d e r e v i s t a .

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