ELAS
EDIÇÃO 97 - ANO 10 - OUTUBRO / 2020 - UBÁ - MG / R$ 11,90
Í ndice
Foto: Revista Fato!
Foto: Arquivo Pessoal
Panorama da edição
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SAÚDE MENTAL
POR TODA A MINHA VIDA
Entenda mais sobre TOC e saiba identificar a doença
As Memórias de Pedro de Paula
Foto: Revista Fato!
Foto: Arquivo Pessoal
Conheça a história de Eliene Rinaldi
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40 ESPORTE
A atleta Pâmella Zauza e a sua trajetória na corrida
08 – Editorial / Expediente 10 – Giro Social 11 – Capa – Taiana Reskalla 12 – Capa – Juliana Campos 14 – Cartão de Embarque 16 – Capa – Grazielle Alves 18 – Prata da Casa 20 – Capa – Gabriella Dias 22 – Saúde Mental 24 – Capa – Lilian Lopardi 25 – Capa – Virgínia Torrent Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
52 COMPORTAMENTO
Mães e filhas relatam a experiência de trabalharem juntas na mesma profissão
26 – Por Toda a Minha Vida 28 – Psicologia – Júlio Custódio 29 – Beleza e Estética – Fran Mendes 30 – Capa – Lívia Amin 31 – Capa – Lelinha Maragon 32 – Reportagem Especial 35 – Fato Esportivo – Guilherme Bonissate 36 – Capa – Martha Pereira 37 – Capa – Anna Arquete 39 – Capa – Pamela Souza 40 – Esporte
56 SEGURANÇA PÚBLICA Miguel Araújo fala da ação Olho Vivo ministrada em Ubá
42 – Bem-estar 44 – Capa – Luciana Seghetto 45 – Capa – Sandra Pacheco 46 – Capa – Lia Abreu 47 – Capa – Isabela Matias 44 – Espaço Jurídico – Cesar Lara 50 – Capa – Ana Flávia Ribeiro 55 – Família no Divã – Marcela Corbelli 58 – Conectados – Rafaela Namorato 59 – Capa – Mikaelly Gonçalves 60 – Abrindo o Closet
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s lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem." O trecho retirado do livro “Mulheres que correm com os lobos” da psicanalista Clarissa Pinkola, nos convida a despertar a força existente e a coragem, relacionando a mulher com uma loba, que abriga em si um espírito selvagem, protetor, instintivo e sábio. Relaciono esse clássico que traz reflexões sobre o poder do feminino com o projeto idealizado cuidadosamente pela minha diretora, o “Por Elas” – resultado de uma busca e conexão, de vivências e descobertas diante de uma viagem interior – que saiu do papel com o propósito de unir mulheres dispostas a compartilhar suas histórias, projeto esse que vai muito além do marketing pessoal. Entre elas estão mães que vivenciaram o processo da maternidade e da evolução. Aquelas
que se dividem entre diferentes papéis, as que lutaram para realizar um sonho, as que precisaram fazer escolhas decisivas e as que descobriram a força do empoderamento através do empreendedorismo. E é especialmente, nesta edição, que você conhecerá cada uma delas, que gentilmente dividiram conosco suas experiências e, que juntas, estampam a capa deste mês. Já que nossa missão também é despertar em você, leitor, diferentes emoções, aqui o que não falta são mulheres inspiradoras e protagonistas de nossas histórias. Como por exemplo, aquelas que se destacam na política, a que enfrenta as adversidades no esporte, mães que compartilham com suas filhas os prazeres e os desafios de vivenciarem juntas a mesma profissão, e aquela que hoje é exemplo de força e determinação para filhos e netos. É com muito carinho que apresento a vocês a segunda edição de “Por Elas”. E espero que você, mulher, ao ler cada uma dessas histórias, possa fazer delas uma fonte de inspiração, para grandiosas descobertas, como a força e a coragem. Uma boa leitura e que seja transformadora. Até breve!
Direção Juliana Campos e Bráulio de Paula Edição Scarlett Gravina Diretora Administrativa Juliana Campos Artes Bráulio de Paula | Ana Paula Rocha Redação Juliana Campos | Scarlett Gravina | Vanessa Santos Diagramação Bráulio de Paula Comercial Juliana Campos Fotos Cássio Fotografias | Pedro Roque Fotografia Miguel Araújo | Servando Lopes | Nael Couto Colaboração Pedro Roque | César Campos Lara | Scarlett Gravina Marcela Corbelli | Servando Lopes | Rafaela Namorato Cássio Cândido | Ana Paula Rocha | Miguel Araújo Nael Couto | Júlio Custódio | Camila Santos Guilherme Bonissate Gráfica Olps Gráfica Redação
(32) 3531-2335
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FATO!
Nota:
Os textos escritos por colunistas, profissionais convidados e empresas que divulgam seus trabalhos em nossas páginas são de total responsabilidade de seus autores originais. Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
Por: Scarlett Gravina Beleza: Bia Alves Foto: Cássio Fotografias
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la leva consigo a nobre missão de resgatar sorrisos. Missão essa, designada através de uma realização profissional e pessoal, já que não esconde seu tamanho orgulho pela jornada desafiadora e gratificante que escolheu por meio da odontologia. Apaixonada com a profissão, Taiana Reskalla revela o sentimento de satisfação que vai além do consultório. “Sou dentista, especializada em Ortodontia e em Endodontia. Eu tive uma grande influência do meu pai, que também era dentista, então eu pude realizar um grande sonho. Hoje, meu principal diferencial é buscar o melhor para o meu paciente com qualidade, honestidade e um bom tratamento humanizado. Busco sempre estar atualizada na minha profissão e trabalhar com bons produtos para oferecer uma excelente odontologia. Eu amo o que eu faço e me sinto realizada em devolver a autoestima para meus pacientes, que acabam se tornando meus amigos”, declara. Além da sua rotina como profissional, Taiana também se dedica ao seu importante papel de mãe, o qual foi destinado à pequena Sophia de 4 anos, a responsável por toda sua mudança constante, como mulher, mãe e ser humano. “A maternidade mudou minha forma de olhar as pessoas, de ver quanto amor posso dar, aumentou a minha fé e me mostrou a possibilidade de me tornar
Nome: Taiana Reskalla Amaral; Idade: 41; Profissão: Dentista; Hobby: Ler; Livro: O poder do Subconsciente; Lugar de mulher é: Onde ela quiser estar.
uma pessoa cada dia melhor”, conta. Diante das descobertas e surpresas da sua jornada de autoconhecimento, principalmente acerca do empoderamento e sua força como mulher, Taiana reconhece os desafios diários impostos na sociedade e faz de cada um deles grandes ensinamentos através das suas conquistas. “Não procuro me cobrar perante as exigências que ainda persistem na atualidade, mas sim em ser uma mulher íntegra e correta, tanto na minha vida profissional quanto na pessoal e, assim, contribuir de forma positiva para minha sociedade”, afirma destacando seu olhar perante o papel feminino. “Nós somos capazes de criar nossos filhos, de sermos o homem de casa, de brilharmos na nossa profissão e de chegar onde quisermos com nossa força e com o amor presente em cada uma de nós.” Feliz com sua carreira e com tudo que construiu, Taiana não esconde tamanha satisfação diante da mulher e profissional que lutou e vem lutando para ser. “Venho me realizando a cada ano. Tornando-me uma pessoa melhor, me desenvolvendo interiormente e profissionalmente cada vez mais. Quero ser exemplo de força e honestidade para minha filha”, finaliza.
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@drataianareskalla
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Por Scarlett Gravina Foto: Miguel Araújo Beleza: Bia Alves
@campposjuliana @lojaempoderee @revistafatouba
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ma mulher forte está acima de julgamentos e limitações. Por isso, não se baseia em padrões, mas em sua própria força e personalidade”: atributos esses que podem facilmente associar a Juliana Campos. Essencialmente a força, por exemplo, já que ela faz com que a vontade de realizar um sonho seja maior que os desafios. Há mais de 10 anos no ramo de comunicação, a jornalista e empresária protagoniza uma trajetória de luta, conquistas e descobertas engradecedoras, como profissional e mulher. “Se me perguntassem hoje o que eu mais gosto de fazer, a minha resposta seria trabalhar. O trabalho me trouxe além de conquistas materiais, aprendizados para toda uma vida. Tudo o que aconteceu desde o começo da minha carreira foi muito importante para me tornar a mulher que sou hoje”, declara. Diretora da Revista
Nome: Juliana Campos; Idade: 33 anos; Profissão: Empresária; Hobby: Receber as pessoas em minha casa; Livro: O poder da simplicidade no mundo ágil | Mulheres que correm com os lobos; Lugar de mulher é... liderando uma empresa e conquistando seu espaço.
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Fato!, a qual comanda em parceria com seu esposo Bráulio De Paula, Juliana atribui as conquistas ao amor que deposita em todos seus projetos, ao comprometimento e transparência. Para ela, o sucesso profissional está aliado aos valores prezados em sua gestão, assim como a ética e profissionalismo. “Independente do valor financeiro, eu dou mais que o meu máximo para conseguir a excelência. Cada cliente é único. Cada texto que escrevemos, arte que desenvolvemos, reunião que realizamos tem a sua particularidade e merece atenção especial. É fato que o sucesso te consolida e te faz referência naquilo que você faz, mas aliar sucesso a transparência, é o caminho que busco seguir, dia após dia”, afirma. Acerca do protagonismo feminino no empreendedorismo e a desigualdade de gêneros nos negócios, Juliana afirma que nunca sentiu dificuldade de se inserir no ramo por ser mulher e que independente das cobranças da sociedade, ela se propôs a encontrar seu espaço no mercado. “A mulher tem voz no empreendedorismo e também em vários outros segmentos. Apesar de acreditar que existe sim certa cobrança do papel feminino, sinto que o cenário tem mudado cada dia mais. Mas eu não me limito pelo outro e não me importo com a opinião alheia. Eu simplesmente sou, independente das exigências da sociedade”, ressalta. Orgulhosa de cada etapa concluída e de cada sonho realizado, Juliana acredita que ainda há muito que construir e ser. Evoluindo, aprendendo e desbravando seu próprio caminho, do melhor jeito que sabe: com ideias, sonhos e persistência. “Orgulho-me com cada conquista. Cada pedra no meio do caminho. Cada história feliz e cada história triste. Pois elas foram escolas em minha vida. Inclusive, as coisas que me machucaram mais, foram as que mais me ensinaram. Hoje, o meu propósito é ser um ser humano com uma inteligência emocional evoluída. Não cheguei na realização, mas caminho para isso”, finaliza.
C artão de Embarque Foto: Pedro Roque
Formada em Administração de Empresas pela PUC/MG e pós-graduada na Fundação Getúlio Vargas. É proprietária da Santur Viagens em Ubá-MG. Sua missão é desbravar o mundo e trazer várias dicas de viagens para seus clientes. Contato: camila@viajesantur.com.br
Por Riani Morelo Fotos: Arquivo Pessoal
Camila Santos
Rafaela, Riani e Rafael em passeio de bike.
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O DESTINO IDEAL PARA UMA VIAGEM EM FAMÍLIA
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mundo é um livro e quem não viaja lê apenas a primeira página”, já dizia Santo Agostinho. Viajar é a única coisa que você compra e te deixa mais rico, dizia outro. É fascinante sairmos de nosso “cantinho” para conhecer outros povos, costumes e culturas. Decidimos então voltar a Miami e Orlando para curtir as férias escolares de nossa filha. Escolhemos a Flórida por ter um clima parecido com o nosso, mesmo no rigoroso inverno americano. Começamos nossa viagem por Miami e, uma ótima sugestão, é alugar uma bike em South Beach e pedalar pela ciclovia de ponta a ponta, com uma parada no South Pointe Park para hidratar, admirar a paisagem e relaxar! Não são apenas os estilos de vida e modas coloridas que dão vida a Miami Beach. Admire Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
“Não deixe de ir também à Disney Springs, que é um local incrível que mistura lojas exclusivas (inclusive a maior loja da Disney do mundo), restaurantes únicos e entretenimento. Fechamos a viagem em Tampa, que fica a cerca de uma hora de Orlando, e conhecemos o Busch Gardens, parque com temática africana e atrações radicais Riani Morelo
a arquitetura Art Déco presente em ruas como a Ocean Drive e explore o que a culinária tem a oferecer. Saboreamos pratos fantásticos em um pequeno e autêntico restaurante italiano, o Pane e Vino. Já em Miami Downtown uma dica é um passeio em Wynwood Walls, local singular ao ar livre, com enormes e coloridos murais de rua pintados por artistas do mundo todo. E o melhor, a entrada é livre. Não deixe também de curtir o fim de tarde no Bayfront Park, onde se tem a melhor vista da baía de Miami. Seguindo a viagem, partimos de carro para Orlando, um trajeto supertranquilo em estradas fantásticas. Alugar carros na Flórida vale muito a pena, pois os preços são convidativos, não existe muita burocracia, os aplicativos de navegação funcionam muito bem e você tem a conveniência de fazer seus horários e ficar independente. Alugamos uma minivam de oito lugares que nos per-
C artão de Embarque mitiu rodar com toda a família com muito conforto e praticidade. Orlando vai muito além dos parques (que diga-se de passagem são mesmo incríveis ) e compras em Outlets. O bairro Celebration, por exemplo, é um local super agradável para visitar. Ruas largas, onde podemos dar um passeio tranquilo e observar a arquitetura da “ cidade modelo” de Walt Disney. Contornar a orla do lago de bike e curtir a feirinha aos domingos é uma ótima dica. Não deixe de ir também à Disney Springs, que é um local incrível que mistura lojas exclusivas (inclusive a maior loja da Disney do mundo), restaurantes únicos e entretenimento. Fechamos a viagem em Tampa, que fica a cerca de uma hora de Orlando, e conhecemos o Busch Gardens, parque com temática africana e atrações radicais. Viajar com nossa família não é luxo, é necessidade. É onde recarregamos nossas energias para enfrentar uma rotina pesada de trabalho durante o ano. Então, até a próxima viagem!
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Bayfront Park Baía de Miami
Riani e Rafael no Wynwood Walls.
Magic Kingdom
Rafaela na Disney Springs
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Por Vanessa Santos Foto: Miguel Araújo
@graziellealves.beleza
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Foi no ano de 2007 que a carreira começou timidamente, por influência de um amigo. Grazielle confessa que, a princípio, não se via no ramo, mas a soma entre habilidade e dedicação fez com que ela logo ficasse conhecida por seu talento com as cores. Fosse dando vida aos cabelos ou realçando traços através da maquiagem, a profissional conquistou seu lugar no mercado. “Cada dia foi fundamental na construção da minha trajetória e, procurando fazer tudo com muita perfeição, consegui chegar até aqui”, declara. Tamanho perfeccionismo a levou a aprender também sobre a micropigmentação, fazendo do seu salão um lugar completo em beleza feminina. “O conhecimento em “O conhecimento em visagisvisagismo me capacita mo me capacita a identificar a identificar qual o qual o corte ideal para cada tipo corte ideal para cada de rosto, o que se complementa tipo de rosto, o que com os cursos em mechas e cose complementa com loração e, mais recentemente, a especialização em micro labial e os cursos em mechas de sobrancelhas”, conta a moça e coloração e, mais que também participa do granrecentemente, a de dia de noivas, debutantes e especialização em micro formandas com as produções labial e de sobrancelhas” de make-hair. Frente aos diversos tipos de atendimento, além de promover a autoestima das pessoas, Grazi procura tirar um tempo para si. De manhã, ela pratica atividades físicas, massagem, terapia e adora cozinhar opções criativas e saudáveis sempre que pode. “Procuro me cuidar, mas sem exaNome: Grazielle Alves gero”, revela contente por Idade: 41 anos hoje poder desfrutar de Profissão: Cabelereira, suas conquistas. “Tenho maquiadora e micropigmuito orgulho de tudo o mentadora que alcancei por mérito Hobby: Fazer receitas fit próprio. O reconheciLivro: Desbloqueie o pomento de cada cliente der da sua mente é extremamente gratifiLugar de mulher é... se cante e me faz sentir uma embelezando! mulher vitoriosa tanto no trabalho quanto na vida”, celebra.
P rata da Casa
Por Scarlett Gravina Fotos: Arquivo Pessoal
MULHER À FRENTE DO SEU TEMPO
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A vitalidade e o sorriso estampado no rosto caracterizam as particularidades de Eliene, que aos 79 anos faz questão de aproveitar cada instante da sua vida. Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
os 79 anos ela esbanja vitalidade. Mãe de cinco filhos, dez netos e três bisnetos. A alegria de viver e a coragem de aproveitar cada instante sem se limitar, é o que faz Eliene ser fonte de inspiração para muitas pessoas por aí. Não é raro vê-la andando de bicicleta pelas ruas da cidade, e se você frequenta o Tabajara Esporte Clube, certamente já a viu praticando alguma atividade física, principalmente na piscina, uma de suas práticas favoritas, visto que representa uma fase importante da sua trajetória. “Por volta dos 12 anos, minha mãe disse que eu estava anêmica, me levou ao pediatra e ele falou que eu precisava ir pra piscina, meus avós maternos achavam um absurdo, porque naquela época, usar maiô não era bem visto. Minha mãe insistiu, então aprendi a nadar sozinha no clube Praça de Esportes. Depois de um tempo veio um casal de treinadores de Belo Horizonte, Elza e Heitor Mattos, quando eu comecei a aprender realmente a natação e competir. Logo, eles criaram o balé aquático e eu comecei a fazer parte”, relata. Ser selecionada e integrar a primeira turma do Balé Aquático de Ubá, o qual foi um marco histórico para o esporte da cidade, simboliza para Eliene uma época desafiadora, quando os olhares curiosos na plateia estavam voltados apenas para aquela novidade chamada de espetáculo na água. As recordações acompanhadas de saudosas histórias, compõem cuidadosamente uma pasta com inúmeras fotografias e recortes de jornais que estampava junto de sua equipe o sucesso daquela época, mais precisamente, em 1955. “Fiquei quatro anos na equipe, dos 14 aos 18 anos. Infelizmente precisei abandonar a equipe porque trabalhava na Mesbla (antiga loja de departamento), e eu não pude mais sair para me dedicar aos treinos e apresentações. Foi na época que elas mais viajaram, mas também conheci vários lugares e guardo ótimas lembranças. As
“Procuro viver bem, não sinto dores, só se eu ficar sem fazer exercício, sigo uma alimentação saudável, mas sem restrição e não tenho nenhuma gripe, graças a Deus. Enquanto tiver com saúde, continuarei fazendo o que eu gosto, sem reclamar e agradecer tudo, sem me preocupar. Deixo a vida me levar” excussões eram uma aventura. Após as apresentações éramos recepcionadas pelas autoridades, recebíamos as homenagens e sempre tinha baile e jantar nos clubes, mas tudo bem rígido, os técnicos eram muito responsáveis”, relembra com um olhar saudoso junto de suas fotografias. Após sua saída da equipe, a piscina passou a ser apenas uma forma de distração, logo, casou-se aos 19 anos, e o esporte não era mais sua prioridade. As atividades físicas só voltaram a fazer parte da sua rotina depois dos 40 anos e como ela mesma diz, não parou mais. “Comecei fazendo ginástica localizada, além dela, hoje faço yoga, pilates, hidroginástica e depois nado mais ou menos 1000 metros”, conta enfatizando sua satisfação. “Sou dona de casa, acordo por volta de 05:30 pra dar conta, dou assistência à casa e ao meu esposo, depois corro pro Tabajara de bicicleta, todos os dias. Passo no mercado, faço minhas compras e o almoço, na parte da tarde volto para o clube. Também dirijo, mas só para o pilates que vou de carro”, completa. Além do prazer de praticar exercícios, os quais admite faltar só em casos extremos, conhecer novos lugares também está entre seus hobbies. Viajar de excursão e fazer amizades ou com a família e de quebra viver alguma aventura
P rata da Casa - principalmente se tiver água para pular de um trampolim - é o que faz Eliene se sentir viva, sem sentir o peso da idade, como ela costuma dizer. “Vou fazer 80 anos, mas aproveito bem minha vida, não escondo minha idade mas não me limito, gosto de roupa de jovem, de acompanhar as tendências. Não ligo para o que dizem. Minhas filhas me apoiam em tudo, não me censuram, não faço nada de errado, apenas vivo, de forma sadia e como eu gosto". Ao ser questionada sobre seu segredo para tanta energia, ela não soube dizer, mas talvez seja simplesmente do jeito que ela sabe de levar a vida, de forma leve, aproveitando cada instante e mostrando que os limites foram feitos para serem quebrados. “Procuro viver bem, não sinto dores, só se eu ficar sem fazer exercício, sigo uma alimentação saudável, mas sem restrição e não tenho nenhuma gripe, graças a Deus. Enquanto tiver com saúde, continuarei fazendo o que eu gosto, sem reclamar e agradecer tudo, sem me preocupar. Deixo a vida me levar”, finaliza com um singelo sorriso registrando sua vivacidade como forma de inspiração.
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Primeira turma do Balé Aquático de Ubá.
Durante sua visita ao Santuário do Caraça.
Durante suas aulas de pilates
Foto tirada durante entrevista realizada em sua casa.
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Por Scarlett Gravina Foto: Servando Lopes Beleza: Patrícia Casal / Joyce Araujo
@fabulaplaneja @gabrielladiasp
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Edição#97 #97 Revista Fato! - Outubro 2020 Edição
usco sempre a melhor versão que posso ser, com novos objetivos e conhecimentos, tenho muito que aprender, nunca vou chegar a perfeição, mas espero um dia, olhar para tudo que fiz e me orgulhar da forma com que agi e evolui como pessoa”, afirma Gabriella revelando a determinação presente em sua personalidade, que para ela, esmero e a vontade de sempre ir além, está entre suas características mais evidentes. Minuciosa em tudo que se propõe fazer, seu trabalho evidencia a tamanha garra e coragem de não se deixar abater pelos desafios diante das adversidades que vez ou outra, encontra diante da sua busca pelo sucesso profissional. Formada em arquitetura e urbanismo, aos 27 anos Gabriella Dias concilia seus conhecimentos de sua trajetória acadêmica com o vasto universo da decoração, já que comanda a Fábula Planejamento de Eventos. “Desde criança desenhava plantas de casa sem fazer ideia do que estava fazendo e, com 13 anos, uma prima viu e falou que eu poderia fazer faculdade de arquitetura, porém, por ter crescido em meio à produção de eventos e participar ativamente com meus pais, sempre fiquei muito dividida entre as duas profissões. Assim, encontrei na decoração a união das duas áreas, onde posso planejar e produzir o evento e, ao mesmo, tempo sonhar e materializar junto com meus clientes”, revela satisfeita em poder desempenhar um papel tão significativo na realização de momentos importantes na vida de tantas pessoas. Entre atendimentos, criação de ideias e acompanhamento de mercado, Gabriella afirma que apesar de não ter uma rotina predefinida, encontrar tempo para suas atividades pessoais, ainda é um desafio, mas faz questão de aproveitá-los de forma eficiente, como ela mesmo enfatiza: “o que mais gosto de fazer quando preciso distrair é escutar música, ler livros ou quando estou muito cansada assisto séries. Dentro do meu tempo livre tenho procurado aprender outras línguas, estudar economia e gestão”. Diante das realizações, Gabriella ainda acredita que há muito que conquistar, tanto na sua vida pessoal quanto na profissional, a qual se dedica a cada dia para sua Nome: Gabriella Dias transformação como mulher Pereira; e profissional. “Ainda não Idade: 27 anos; estou onde eu gostaria, sou Profissão: Arquiteta, urbamuito crítica com tudo que nista e decoradora; faço e, por meu trabalho esHobby: Ler; tar em constante mudança, Livro: A riqueza da vida sempre podemos melhorar. simples; Mas em relação a profissão Lugar de mulher é... esescolhida, me sinto sim, uma tando à frente e comanpessoa realizada, principaldando um empreendimente por ajudar a planejar mento com excelência. e concretizar os sonhos das pessoas”, finaliza.
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avar as mãos várias vezes ao dia, verificar se a porta está fechada, se o gás e ferro estão desligados seguidamente em pouco tempo ou evitar contato com pessoas por medo de contaminação, são alguns exemplos que compõem o cenário de quem convive com comportamentos que vão muito além de simples manias. Muitas vezes, esses hábitos podem ser confundidos com um distúrbio denominado de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), ou seja, um transtorno psiquiátrico tendo como principal característica crises de obsessões e compulsões recorrentes. “Esse transtorno causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Basicamente, se há repetição indesejável e danos para a vida, pode-se falar de um transtorno. Se a mania começa a ser repetitiva, tomando tempo ou se atrapalha sua rotina, pode-se falar de uma compulsão. Além disso, os sinto-
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Por Scarlett Gravina Foto: Divulgação Internet
mas não se devem aos efeitos fisiológicos de substâncias, como drogas ou medicamentos”, explica o psicólogo Júlio César Custódio. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde, cerca de quatro milhões de pessoas sofrem com a doença no Brasil, entre crianças e jovens adultos na faixa etária de 18 e 20 anos. Apesar desse número expressivo, a doença apresenta uma origem complexa, a qual ainda não se sabe as causas, mas de acordo com o psicólogo, a “predisposição genética, alterações na neuroquímica cerebral, traumas e aprendizagens equivocadas no que se refere à maneira de lidar com medos e ansiedades”, são considerados como possíveis fatores.
Mais que ter a plena consciência do transtorno, assim como seus e sintomas, é altamente necessário procurar ajuda logo quando o problema for identificado, pois quanto mais tarde, mais difícil de mudar os hábitos obsessivos-compulsivos. “Atualmente, banalizou-se muito o uso da sigla TOC, pois o seu uso, muitas vezes, é associado a manias e traços de individualidade das pessoas. Entretanto, muitos casos são acompanhados de profundo sofrimento e até incapacitação do indivíduo, sendo necessário o tratamento feito por um profissional habilitado, que envolve a combinação de terapias e tratamento medicamentoso (quando o quadro clínico envolve uma gravidade maior), prescrito por um
Alteração de comportamento, pensamentos e emoções, caracterizam os sintomas do transtorno, que consiste em compulsões e obsessões. “Pode-se definir obsessões como pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, intrusivas e indesejáveis que causam ansiedade na maioria dos indivíduos. Em muitos casos, as pessoas tentam ignorar ou suprimir esses pensamentos, impulsos ou imagens, com outro pensamento ou ação, que seriam as compulsões”, explica Júlio César.
• Preocupação excessiva com limpeza • Pensamentos indesejados • Verificar várias vezes portas, janelas e gás antes de sair ou dormir • Pensamentos agressivos Já as compulsões, são comportamentos repetitivos que visa aliviar o estresse emocional em resposta a um pensamento obsessivo: “como por exemplo, organizar materiais e lavar as mãos, ou atos mentais, como rezar ou contar coisas, não sendo conectados de forma realista com o que se pretende ignorar, suprimir ou evitar”, esclarece.
• Limpeza excessiva ou lavagem das mãos • Ordenação e organização de matérias de maneira específica • Contagem Compulsiva
S aúde Mental especialista. No que diz respeito à psicoterapia, o tratamento envolve exposição gradual a situações em que, normalmente, o indivíduo usa as compulsões e obsessões, auxiliando-o a entender sua relação com a própria ansiedade”, Além do tratamento tradicional, a hipnose também pode auxiliar como uma terapia complementar, sendo que ela ajuda o paciente a lidar com seus pensamentos e comportamentos, podendo alcançar resultados eficazes. “Com a hipnoterapia, pode-se encontrar o momento em que o transtorno se iniciou e auxilia o paciente a encontrar maneiras adequadas de lidar com as situações que desencadeiam os sintomas, dependendo de cada caso. É importante ressaltar que a hipnoterapia é uma ferramenta complementar, isso significa que seu uso não deve ser feito independente do tratamento com um psicólogo e também a utilização de medicamentos (quando o quadro clínico apresenta gravidade maior) prescritos por um médico especialista”, enfatiza.
As pessoas que convivem com o transtor-
Pensamentos e comportamentos repetitivos interferem na qualidade de vida de quem convive com o transtorno obsessivo compulsivo no obsessivo compulsivo, tendem a desenvolver outras doenças mentais, como ansiedade e depressão. É diante disso, que cabe aos familiares e amigos auxiliar e incentivar os pacientes com TOC a enfrentarem determinadas situações, para que aos poucos, os rituais compulsivos sejam deixados de lado. “Muitas vezes, se considera transtornos psicológicos como o TOC, depressão, síndrome do pânico e outros, como fraquezas psicológicas. A família, por não compreender o suficiente, atribui culpa ao indivíduo por ele não controlar os sintomas, falando de ‘frescuras’ ou ‘chiliques’. Transtornos psicológicos causam
O psicólogo e Hipnoterapeuta Júlio César Dias Custódio
profundo sofrimento e necessitam de tratamento adequado com profissionais especializados. A melhor forma de ajudar uma pessoa que convive com o TOC seria compreender que existe uma individualidade muito maior que o transtorno em si. Referir-se à pessoa de forma a caracterizá-la como doente, é reduzir o indivíduo a sintomas, causando segregação e preconceitos. Compreender a angústia de alguém que sofre por algo que ela ainda não controla e conscientizar as pessoas, é a maior ajuda que se pode oferecer”, finaliza.
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Por Vanessa Santos Foto: Nael Couto
@heringuba
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difícil passar por ela e não notar o sorriso estampado no rosto, a energia, a ousadia para os negócios, a vontade de trabalhar e levar o nome da Hering cada vez mais longe... Super esposa, mãezona que embarca na aventura dos filhos e adora curtir em família. Assim é Lilian Lopardi, mulher que exerce com louvor suas funções e que agrega valor por onde passa. “Olhar para si e compreender qual é o seu propósito de vida te dá direção e entusiasmo, é dessa maneira que encaro os dias, o que me torna extremamente realizada e feliz!”, declara. Por muitos anos consultora da marca que é “a cara do Brasil”, a identificação com o estilo da Hering e o conhecimento a fundo do modelo de negócio despertaram na administradora o desejo de adquirir a própria unidade, sonho que realizou em 2017, trazendo toda a sua motivação para a loja. “O segredo está no amor pelo que faço aliado a um time qualificado. Além do mais, esse olhar macro que a maioria das mulheres tem, faz toda a diferença em um empreendimento como o meu”, diz ao ressaltar a importância do toque feminino tanto na gestão quanto na harmonização do ambiente. Contudo, com mais de 20 anos de experiência no ramo comercial, ela confessa que o
Nome: Lilian Araujo Vargas Lopardi Idade: 40 Profissão: Administradora Hobby: Aproveitar os momentos de lazer com minha família, meus amigos e principalmente viajar, nada me deixa mais feliz! Livro: Sonho Grande Lugar de mulher é... nas lojas (da Hering!) – risos.
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@lilianlopardi
“Olhar para si e compreender qual é o seu propósito de vida te dá direção e entusiasmo, é dessa maneira que encaro os dias, o que me torna extremamente realizada e feliz!”, mercado ainda é carregado de preconceito, mesmo que de forma implícita. “Comecei a trabalhar cedo, com isso conquistei respeito e meu lugar no segmento, entretanto, várias vezes somos vistas como menos competentes ou frágeis, os desafios para a mulher mostrar seu valor como profissional continuam grandes”, lamenta a empresária que enxerga na sororidade um caminho para fortalecer o universo feminino. “Estamos falando de um conceito capaz de se sobrepor a qualquer tipo de competitividade imposta no passado. É através da sororidade que as mulheres passam a se identificar umas com as outras e conseguem unir forças para lutar pelos seus direitos”. Dividindo-se entre Ubá e Juiz de Fora, já que mora em uma cidade e trabalha na outra, Lilian conta com a confiança e o profissionalismo de sua equipe, o que torna a rotina mais leve, afinal, os pequenos Felipe e Maria Clara a exigem bastante energia. “Sinto que mudei muito com a maternidade, passei a ser uma pessoa melhor, pois aprendi que só o exemplo arrasta. Tento me superar constantemente e percebo que tenho bem mais força do que imaginava”, afirma a moça que ao invés de se intimidar com a lida de ser mulher, esposa, mãe e empreendedora, vê em cada obstáculo uma oportunidade de evoluir. “Sempre olhei a vida pelo melhor ângulo, assim cresci em alma”, completa colocando-se a cada amanhecer como aconselha a canção: “de costas para o escuro e de frente pra luz”.
Por: Scarlett Gravina Foto: Cássio Fotografias Beleza: Bia Alves
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@virginiatorrentpmu
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coragem de ser verdadeiramente quem se é ou a coragem de se arriscar e experienciar diferentes caminhos, podem facilmente descrever Virgínia, uma mulher de atitude e determinada, característica essa, que foi fundamental para sua evolução como ser humano e profissional, que hoje colhe com orgulho os frutos de uma trajetória repleta de descobertas e ensinamentos. A busca pelo sucesso profissional, assim como o desejo de alcançar seus propósitos, protagonizou um longo percurso até chegar ao seu real objetivo, o qual não esconde sua tamanha realização. “Sempre gostei de trabalhar e ser independente, já fiz unha em salão, trabalhei como vendedora, fui gerente de loja, fiz faculdade de Arquitetura, tranquei, voltei e tranquei de novo quase me formando, também fiz bijuteria, biscuit e trabalhei com scrapbook. A estrada foi longa, até me encontrar, mas quero ser lembrada pelo fato de ter transformado vidas e por ter vivido intensamente, por não desistir e por correr atrás dos meus objetivos”, relata a micropigmentadora, que hoje também atua como professora e palestrante na área que se propôs atuar. Apaixonada com o trabalho e com tudo que vem construindo, Virgínia declara que sua profissão foi uma grande surpresa, já que não se imaginava trabalhando na área da beleza. Aos
“Abandonei um trabalho que eu amava, mas que não me dava retorno para investir em algo que nunca tinha imaginado antes e me descobri. Sinto-me grata pela oportunidade de motivar, inspirar e transformar positividade a vida das pessoas. Agradeço a Deus todos os dias por ter tido a chance de entrar nessa área que me fez ser quem eu sempre sonhei”
Nome: Virgínia Torrent Idade: 34 anos Profissão: Micropigmentadora e Professora Hobby: Artesanato Livro: Desbloqueie o Poder da sua mente Lugar de mulher é... Empreendendo e comandando uma escola de micropigmentação poucos, entre mudança de cidade, de estúdio e certificações importantes para sua carreira, ela se viu com muitos dos seus sonhos concretizados e com uma vontade ainda maior de fazer mais pela mulher que tem lutado para ser. “Abandonei um trabalho que eu amava, mas que não me dava retorno para investir em algo que nunca tinha imaginado antes e me descobri. Sinto-me grata pela oportunidade de motivar, inspirar e transformar positividade a vida das pessoas. Agradeço a Deus todos os dias por ter tido a chance de entrar nessa área que me fez ser quem eu sempre sonhei”, evidencia. A rotina agitada de inúmeros compromissos está entre os maiores desafios de conciliar seus deveres com seus cuidados pessoais, dividindo entre um papel ainda mais recompensador: ser mãe. “Tenho certeza que não existe nada nesse mundo melhor que receber aquele abraço, aquele sorriso e ver os primeiros passos e cada conquista. É impossível dizer o quão grande é esse amor. Minha vida ganhou mais cor, carrinhos, trenzinhos, super-heróis, alguns choros, pirraças e, claro, muitas risadas”, finaliza, deixando registrado que embora tenha alcançado o sucesso profissional, sua maior conquista foi a de poder ser mãe de Arthur e Gabriel, que juntos complementam seu mundo azul.
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P or toda a minha vida
Por Vanessa Santos Fotos: Revista Fato!
AS MEMÓRIAS
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EM UM PEQUENO CADERNO, MORADOR DO ASILO REGISTRA SUA HISTÓRIA DE VIDA
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inha sobrinha diz que escrevo bem”, comenta o senhor sobre as memórias registradas detalhadamente em seu caderninho o qual, de fato, vale a leitura, mas como provavelmente você não terá esse privilégio, tomei a liberdade de replicar nestas páginas um pouco do aprendizado adquirido com esse meio mineiro, meio carioca chamado Pedro, a quem eu quase parabenizei hoje. Quase, pois a data em que escrevo esta matéria é a mesma que consta na documentação dele: 19 de março, engano cometido na emissão de seu certificado de reservista, já que o correto é dia 19 de maio. Mas tudo bem, ele merece duas comemorações. Aos 80 anos, nosso entrevistado impressiona pela lucidez. Convenhamos que da infância Pedro não se lembre muito, só que nem infância teve. Nascido em Racha-Pau, próximo ao município de Campestre-MG, mudou-se para a Cidade Carinho ainda novo junto aos 15 irmãos e aos pais, Dona Ana e Sr. José. “Comecei a trabalhar aos nove anos servindo café no Bar do Alberto Guilhermino, saia da escola, almoçava e corria para o serviço. Não sobrava tempo para brincar”, conta o rapaz que concluiu somente o terceiro ano primário. Passou por algumas experiências profissionais, mas até então, seu forte mesmo era como garçom. Chegou à gerência do Ponto Chic, famoso bar localizado na Praça Guido, porém, em seguida mudou-se para Juiz de Fora, onde trabalhou como entregador e serviu ao exército. “Fiquei lá por quase dois anos, quando sofri um acidente de bicicleta e resolvi voltar para tranquilizar minha família”, recorda sobre o breve retorno a Ubá. Breve, pois, por influência do cunhado, resolveu tentar a sorte em outro lugar novamente, desta vez, na Cidade Maravilhosa. “Ele era cozinheiro e garçom, ganhava muita gorjeta boa lá. Aí fiquei
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tentado e acabei indo, mas fiquei pouco tempo no Rio; só 40 anos”, brinca deixando transparecer os vestígios do sotaque carioca. À espera da vaga de emprego que nunca surgiu, o jovem acabou migrando de atividade. Como disposição não lhe faltava, aprendeu outras profissões até se encontrar realmente. “Sempre fui muito observador, e com a experiência adquirida em oficina e nas fábricas em que passei, comecei a comprar, reformar e revender máquina gráfica, oportunidade que abracei indo trabalhar por minha conta”, relata sobre o início do negócio que, graças à inteligência de Pedro e a seus incontáveis “amigos fregueses”, deu-lhe estabilidade o suficiente para formar os dois filhos; Ana e Anderson. Ops... volta a fita! Onde os filhos entram na história? Quando mais novo, ainda em Em suas instalações no asilo, Pedro pasUbá, o jovem teve um romance sa o tempo eterniza ndo suas memória com Maria Aparecida, quem s. acabou reencontrando tempos depois. “Desde que sai da casa da minha irmã no Rio, sempre morei sozinho lá, ao Maracanã, sua parada obrigatória era mesmo até achar uma maluca para dividir o teto”, desnos bares. “Eu bebia todo dia; de 01 de janeiro a contrai. Maria já tinha se mudado para a capital 31 de dezembro”, revela Pedro que hoje toma apecarioca, onde eles se viram, segundo Pedro, por nas uma cervejinha durante as visitas aos seus facoincidência. “Casei por volta dos 30 anos. Consmiliares. Na época, o ambiente propício o tornou truímos família, mas nos separamos quando os também um pé quente na dança de salão, quando meninos estavam criados e, longo periodo após o deixava de lado a sua timidez. “Eu dançava bem, divórcio, ela faleceu”, lembra acerca da partida da disputei até concurso, mas agora estou recuperanex-esposa. do a agilidade das pernas”, comenta. Embora fosse sossegado como um bom E foi entre as idas e vindas nos bares que comineiro, ele também gostava da vida boêmia. nheceu a segunda companheira, Gorete. “MoráNão tinha costume de ir à praia e nem a simpatia vamos na mesma rua e começamos a ‘tomar uma’ pelo Flamengo foi capaz de levá-lo muitas vezes aos finais de semana. Os encontros viraram
P or toda a minha vida namoro e tivemos uma vida ‘incomum’ durante 16 anos de amor, compreensão e paz. Todos admiravam a nossa convivência”, revela nostálgico sobre a moça que trouxe para Ubá em seu retorno à cidade onde moraram juntos, entretanto, acabaram seguindo caminhos diferentes. “Foi bom enquanto durou, mas a Gorete sabe que gosto dela até hoje”, completa ainda inconformado com o fim da história. Dessa forma, o isolamento foi causando-lhe um vazio. Se a solidão “é um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada”, Pedro foi em busca de outra casa. Aliás, não só uma casa, um local que pudesse dar a ele o aconchego de um lar. “Fiquei namorando o asilo e abri a inscrição. Depois de cair e permanecer três dias desacordado no último lugar em que morei sozinho, fui socorrido pela minha sobrinha e decidi autorizar minha vinda para cá. Antes tivesse vindo mais cedo”, declara há um ano na instituição em que pratica diversas atividades para o seu bem-estar. No começo a adaptação foi difícil, porém, nada que um homem tão forte física e emocionalmente não pudesse suportar. Abandonado pelos filhos quando optou por não mais bancá-los, também se diz decepcionado com a desonestidade de
“Fiquei namorando o asilo e abri a inscrição. Depois de cair e permanecer três dias desacordado no último lugar em que morei sozinho, fui socorrido pela minha sobrinha e decidi autorizar minha vinda para cá. Antes tivesse vindo mais cedo”. um dos sobrinhos que cuidava de suas finanças. Perdeu a afeição da amada, mas venceu diante da vida, afinal, recomeçar nunca foi um obstáculo para ele. Fosse em Racha-Pau, Ubá, Juiz de Fora, no Rio ou em qualquer lugar, Pedro teria o mesmo êxito por conta de sua garra e integridade. “Inimigos não tenho, se os tenho não considero, porque mal não fiz a ninguém”, diz. E é assim que ele deita a cabeça no travesseiro diariamente, com a tranquilidade de quem procura guardar apenas as boas lembranças. Lembranças essas registradas em seu caderninho, para que seus leitores um dia possam, assim como Pedro, se orgulhar da própria história.
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O caderninho e xodó de Pedro, onde são registradas as lembranças.
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P sicologia Foto: Servando Lopes
Graduado em psicologia pela UFSJ. MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela UFJF. Terapeuta certificado internacionalmente pela AIHCE (Espanha) em Hipnose Clínica. Master em Hipnose Terapêutica. Certifi cação em Psicologia Positiva. Coautor do livro Hipnose Terapêutica 2, organizado pela Dra. Inês Marcel. Contato: custodiojulio@yahoo.com.br
Divulgação
Júlio Custódio
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O PODER DA
eja muito bem-vindo a esta coluna, querido amigo leitor! É com grande prazer que lhe escrevo novamente, com o intuito de transformar positivamente a sua percepção de si mesmo e do universo à sua volta. Este mês, em especial, quero mostrar o poder que a sua mente possui de definir a sua realidade. Vamos lá? Penso que ao ler o parágrafo anterior, você tenha experimentado uma sensação muito comum em nosso cotidiano: a expectativa. De acordo com o dicionário Michaelis, a expectativa pode ser definida como “estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável”. Com muita frequência, passamos dias sentindo expectativas; sejam elas positivas, que nos trazem boas sensações, ou negativas, que nos trazem sofrimento. Em ambos os casos, pode acontecer da espera proporcionar emoções mais intensas do que a própria situação vivida. Basta imaginar uma criança (ou adultos que tem medo de agulhas) ao aguardar para tomar uma injeção: por mais que doa, a angústia da espera é mais dolorosa. Imagine-se em uma palestra que não esteja prazerosa ou que você esteja ansioso para que termine e possa fazer algo que deseja muito. A percepção é de que o tempo não passa. Agora, imagine que seja uma palestra muito interessante,
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“Você pode ter resultados muito diferentes em sua vida, em suas experiências diárias ou em seu trabalho, mudando apenas a maneira de visualizar as situações que lhe surgem no cotidiano”. com a qual você fique muito envolvido. De repente, ela já acabou e fica aquela vontade de que demorasse apenas mais um pouquinho. A partir desse pequeno exercício de imaginação, é possível perceber que a atitude mental diante de uma experiência modifica as sensações e até mesmo seus resultados. Estudos impressionantes buscam trazer mais luz ao poder da atitude mental a partir de experimentos usando-se placebos, o que podemos definir como medicamentos, substâncias ou qualquer tipo de tratamento semelhante a um tratamento normal, mas que não possui efeito ativo. Em um incrível artigo do New York Times, que discorre sobre o efeito placebo, fala-se que existem evidências de “mecanismos biológicos que podem transformar um pensamento, crença ou desejo, em um agente de mudança em células, te-
cidos e órgãos”. E ainda acrescenta que “muito da percepção humana não é baseada em informação para o cérebro do mundo externo, mas no que o cérebro, pautado em experiências anteriores, espera que aconteça a seguir”. Em outro experimento, a equipe de pesquisadores informou as camareiras de hotéis sobre quantas calorias seus trabalhos queimavam, o quanto suas atividades se assemelhavam a exercícios aeróbicos e assim por diante. Semanas mais tarde, constataram que as camareiras que pensaram no trabalho como exercício físico, além de perder peso, tiveram redução em sua taxa de colesterol. Elas não trabalharam mais tempo ou se empenharam mais no trabalho. A única diferença foi a maneira como encaravam o trabalho que faziam. Dessa forma, meu caro leitor, se é “a construção mental das nossas atividades diárias, mais do que a atividade em si é que define a nossa realidade”, você pode ter resultados muito diferentes em sua vida, em suas experiências diárias ou em seu trabalho, mudando apenas a maneira de visualizar as situações que lhe surgem no cotidiano. Mais uma vez, como temos falado nos artigos anteriores, basta se permitir enxergar e compreender as coisas de uma forma mais positiva para que tudo mude em sua vida! Ser feliz depende mais da sua atitude mental do que as condições externas.
B eleza e Estética Foto: Fotografe
Especialista em micropigmentação de sobrancelhas - (32) 9.9916.6806. Rua Gorasil de Castro Brandão, 54, Cibraci, Ubá/MG. Av. Raul Soares, 180, Centro, Ubá/MG. (Shalom Cabeleireiros).
Arquivo Pessoal
Fran Mendes
sombreados em tons degradês TÉCNICA DE MICROPIGMENTAÇÃO PARA QUEM DESEJA UM EFEITO UM EFEITO MAKE UP
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uando o assunto é micropigmentação, as sobrancelhas dividem opiniões entre as mulheres, como o formato, técnicas e como um procedimento pode ser tão benéfico para a autoestima. Entre microblanding, shadow lines e ombré lines, cada técnica é utilizada de acordo com o gosto e precisão de cada cliente. Confira nossas dicas e escolha sua técnica preferida! RF: O que é e como é realizada a técnica Ombré Shadow nas sobrancelhas? FM: A técnica Ombré Shadow consiste em criar um degradê nas sobrancelhas a fim de preencher as falhas e tornar mais farta as sobrancelhas. Ela pode ser realizada no Tebori ou no demógrafo, de acordo com a escolha do profissional. RF: Ela é indicada para quais tipos de sobrancelha? FM: Ela pode ser utilizada em qualquer tipo de pele e de sobrancelhas. RF: Qual a diferença da Shadow com a fio a fio? FM: Existem vários tipos de Shadow: na Shadow line, misturamos fios e degradê, já na Ombré Sha-
dow, fazemos somente o degradê e na fio a fio, construímos somente os fios RF: Quais instrumentos são usados para esse procedimento? FM: Tanto sobrancelhas fio a fio quanto as Shadow, podemos usar o Tebori e o dermógrafo, ou até mesmo os dois. RF: Quanto ao tempo de duração, ela também se diferencia de outras técnicas? E a manutenção? FM: O tempo de duração tem mais ligação com a pele. Pele mais oleosa tende a expelir o pigmento de forma mais acelerada, ao passo que pele seca tende a reter o pigmento por mais tempo. Mas acredita-se que procedimentos realizados com dermógrafo tem a tendência a reter por mais tempo o pigmento. Já a manutenção, ela geralmente é feita anualmente podendo estender ou não de acordo com cada cliente. RF: Quem deseja um efeito temporário e prático, é possível ser realizado em casa, certo? Como Fazer? FM: Sim. Nessa época de quarentena, o mais indicado seria usar henna ou um lápis pra realçar o contorno das sobrancelhas, ele pode ser feito em casa mesmo!
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Por Scarlett Gravina Foto: Nael Couto Beleza: Pamella Grossi Make-Up
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sorriso estampado no rosto reflete a personalidade extrovertida de Lívia Amin, característica facilmente de ser notada. Dividindo-se entre mãe, esposa e profissional, ela não dispensa o bom humor e o olhar equilibrado sobre as questões do dia a dia, a qual se permite aprender e evoluir com cada experiência vivenciada. Atuando como Psicoterapeuta, Lívia alia os ensinamentos de sua carreira com os diversos papeis que desempenha com excelência e dedicação. “Minha proposta inicial sempre foi trabalhar o consciente e inconsciente e como afetam o seu meio e o entorno. Vi que ao trabalhar a fascinante linguagem do Corpo Humano, me permitiria lidar melhor comigo mesma e com os outros. Minha carreira como um todo representa um grande passo em minha vida, um crescer e evoluir de cada dia, que conecta o querer com o realizar”, conta. Além de atuar com o que ama e fazer da profissão um caminho de autoconhecimento, Lívia também descobriu em meio a tantas atividades uma forma de cuidar do seu corpo e mente, fazendo com que suas obrigações se tornem parte
Nome: Lívia Amin Lima da Silva Idade: 41 anos Profissão: Psicoterapeuta Corporal Hobby: Experienciar um caminho novo. Livro: Leitura Corporal - A linguagem da emoção inscrita no corpo. Nereida F. Vilela Lugar de mulher é... Conhecendo cada parte do seu corpo com propriedade e presença.
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de uma rotina prazerosa, leve e que auxilie no seu bem-estar. “Ao acordar, brinco qual é a cor que darei para o meu dia. Faço uma prece e medito, alongo e preparo meu café. Vou para o trabalho, alterno consultório e clínica de DETRAN, onde faço avaliações psicológicas e terapias corporais no consultório. Almoço com minha família, levo meu filho na escola e meu marido busca, ou vice-versa. Faço MuayThai três vezes na semana e psicoterapia quinzenal. Estudo leitura corporal toda terça em um grupo online de Terapias Corporais e faço cursos de extensão quando preciso”, declara. Aos 41 anos, protagonista de uma jornada repleta de descobertas diante do poder feminino e percepções acerca do empoderamento, Lívia reconhece os desafios diários que precisa enfrentar diante de seu papel na sociedade, papel esse, responsável pelos ensinamentos que vem refletindo e aprendendo perante suas lutas e conquistas. “Uma mulher é muito cobrada em todos os aspectos. Parece que sempre falta algo a fazer ou realizar. Em grande parte, por outras mulheres também. O que ela veste, seu peso, sua aparência física, tudo é avaliado ou criticado. Para que essa cobrança não vire um dever a cumprir, ou seja, uma obrigação, que mais tarde ficará cheia de culpas, tento fazer minhas tarefas dentro do meu limite, para que essa cobrança não se torne o fator principal para realizar meus afazeres”, afirma. Realizada com suas escolhas, para Lívia, trabalhar com o que ama, assim como ter idealizado uma carreira sólida, fazem parte da construção como profissional e da mulher que se transforma a cada dia: “vivo com muito mais prazer a minha vida de acordo com as escolhas que fiz. Pois vejo que minha realização está no dia a dia, quando busco através de meu corpo e psique, os quereres de uma história gravada, em cada parte do desenvolvimento das potencialidades pessoais e profissionais. Sou uma mudança constante, e isso possibilita me tornar cada vez mais realizada por seguir minhas intuições e análises”. @liviaaminlima
Por: Vanessa Santos Foto: Miguel Araújo Beleza: Alerrandro Martins
C apa
@a3homedesign @lelinhamarangon
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la é firme sem perder a ternura. Vai a luta sem perder a classe. Vence sem precisar pisar em ninguém”. A definição parece ter sido feita especialmente para ela. Gentil, vaidosa, determinada. Vibrante! Aquela mulher que não passa despercebida. Aquela que chega chegando, que faz e acontece. Lelinha Marangon é o nome dela. “A cada dia me vejo mais parecida com o ser humano que mais admiro neste mundo: minha mãe, quem sempre lutou pelos seus ideais com coragem, superando todos os obstáculos. Com ela aprendi que não existem homens ou mulheres, e sim, pessoas dignas de amor e amizade, e a reciprocidade é consequência”, afirma uma das herdeiras do carisma de Dona Zezé. À frente da A3 Home Design onde oferece móveis convencionais, planejados e decoração, foi com muito esforço que a profissional conquistou a loja, e hoje é reconhecida pelo seu trabalho como designer e empresária. “Atuando na área de projetos de interiores, eu vi a necessidade de ter um estabelecimento que atendesse meus clientes em todas as demandas, quando surgiu a chance de montar a A3”, recorda sobre o período em que se dividiu entre o início do negócio e a atividade como professora da UEMG e UNIPAC. Hoje não mais nas salas de aula, Lelinha
Nome: Lelinha Marangon Idade: 38 Profissão: Empresária / designer Hobby: Viajar Livro: Os segredos da mente milionária Lugar de mulher é... projetando e realizando sonhos.
concentra seus esforços na loja como um todo – projetos, equipe, objetos decorativos – mas também em si mesma, se permitindo aproveitar, descansar e se cuidar. “Quando chego em casa, gosto de curtir minhas duas filhas pets, Lucy e Victoria. Especificamente este ano, não fazer nada de vez em quando foi um privilégio que me dei. Passei a dar valor a pequenas coisas, como receber amigos, aprender a cozinhar, apreciar um vinho e ter tempo para conversar”, revela sobre hábitos que havia abandonado com o tempo e que a fazem tão bem. Além das mudanças na rotina e do olhar mais leve diante da vida, a empreendedora conta que essa também tem sido uma fase de desafios. Só nos primeiros meses de 2020, duas enchentes atingiram seu estabelecimento comercial, exigindo garra o suficiente para se manter de pé. “Foram momentos difíceis, mas que nos fortaleceram. Sempre digo que Deus tem um propósito em tudo e acredito que Ele queira nos mostrar o quanto somos capazes de nos reerguer. Circunstâncias assim nos aproximam de pessoas das quais talvez estivéssemos distante, com isso aprendemos um pouco mais todos os dias”, pontua. Vivendo seu propósito ao fazer o que ama, ela se diz realizada com a própria história e com a oportunidade que o trabalho lhe proporciona de fazer parte da história de tantas pessoas. “Sinto-me feliz por ter uma loja que realiza inúmeros sonhos e mais feliz ainda por ter uma equipe que entendeu essa missão e se compromete para que isso aconteça”, celebra.
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R eportagem Especial
Por Vanessa Santos Fotos: Arquivo Pessoal
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BRASILEIROS RELATAM A EXPERIÊNCIA DE MORAR FORA DO PAÍS Seja pela curiosidade em conhecer outra cultura, pela segurança, para dar um up grade nos estudos ou pelo desejo de ter um poder aquisitivo maior, o sonho de morar fora do país se tornou realidade para cerca de 2,5 milhões de brasileiros segundo levantamento do Ministério das Relações Exteriores. Dados mostram que a América do Norte é o destino preferido entre eles, com destaque para os Estados Unidos. De fato, parece bem sedutora a ideia de residir em um lugar cuja moeda é valorizada e o visual não só parece de cinema como é, afinal, o país é palco das mais famosas produções. No entanto, nem só da terra do fast food se vive! Há emigrantes espalhados pela Ásia, Europa, Oriente Médio, e onde mais as portas se abrirem.
Explorar o mundo era um sonho de infância que Pâmela foi alimentando a cada dia. Estudava os idiomas através da música e, de tanto viajar nas canções, acabou alçando grandes voos na realidade, sendo na Itália sua primeira parada. “Eu tinha uma amiga de escola cujos pais foram morar lá e nós fazíamos planos de ir ao encontro deles quando terminássemos o ensino médio. Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
Assim o fizemos. E como me encantei com o país, logo comecei a buscar opções que pudessem me manter lá durante um ano”, conta a moça que, ao final do período, resolveu desembarcar em outro continente. Com destino aos Emirados Árabes, mais precisamente à famosa Dubai, ela conseguiu o visto já que iria cursar BBA em Marketing. Impres-
Turistando no prédio mais alto do mundo, Burj Khalifa.
R eportagem Especial sionada com a infraestrutura do local, também aprendeu muito com a cultura do povo. “Como um país de religião mulçumana, eles seguem à risca as recomendações de seu livro sagrado Qur’na, em que uma das leis proíbe demonstrações de afeto em público, algo difícil para nós, brasileiros. Até me adaptar aos costumes, me sentia ‘pisando em ovos’, pois não sabia até onde o que era normal para mim poderia ofender outra pessoa”, revela. Como o inglês é o idioma predominante em Dubai, Pâmela se habituou facilmente, e na culinária não foi diferente. Apaixonou-se pelos
temperos e especiarias árabes, mas preferia deixar para desfrutá-los ocasionalmente. No mercado de trabalho, a experiência também foi positiva, atuou na gestão de marcas e em projetos de decoração da Armani/Casa; combo perfeito para ficar cerca de dez anos no país. “Principalmente entre 2013 e 2016, valeu muito a pena. A economia estava bastante aquecida e o nível de clientes que tínhamos era surreal. Depois houve uma queda, mas mesmo assim o mercado continuava melhor do que o do Brasil”. Extremamente ligada a família, ela retornou
Natural da vizinha cidade de Visconde do Rio Branco, o casal Thayane e Tardeli, viu seu destino mudar num piscar de olhos. Artilheiro nas quatro linhas desde novo, quanto mais o tempo
passava, mais ele se destacava nos gramados. E foi esse amor pelo futebol que o levou longe literalmente. Uma proposta inesperada para jogar no BGPU, fez com quem, em 2015, Tardeli
ao país de origem onde hoje cria sua pequena Kiyara, mas permanece a gratidão ao local que se refere carinhosamente como sua “segunda casa”. “No momento estou em Ubá e não considero a opção de morar fora, acredito que no futuro talvez volte ao exterior para dar melhores condições de estudo à minha filha. No mais, foi uma experiência incrível, se você tem esse desejo, domine a cultura e o idioma do lugar em que planeja ficar, pois a comunicação é fator essencial para o seu sucesso”, aconselha.
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Comemorando a vitória do BGPU em família.
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R eportagem Especial deixasse o Brasil a fim de viver seu grande sonho. “Na época éramos apenas namorados, então ele se mudou primeiro e eu o visitava durante as férias, pois tínhamos medo de dar tudo errado. Até que em 2017 eu vim de forma definitiva”, recorda Thayane. Atualmente residindo na capital de Bangkok, o primeiro filho do casal nasceu em Trat, situada na região leste da Tailândia e, segundo a mamãe, o processo de adaptação no país foi bem mais fácil por conta da hospitalidade. “Eles sempre tentam contato e costumam dar algum tipo de presente para se socializar, como uma comida típica da região. É um povo muito honesto, nunca senti medo por aqui”, diz ao revelar que, apesar da gentileza, o paladar foi o fator que mais causou estranhamento. “A culinária tailandesa é extrema-
mente apimentada, são poucos os pratos que conseguimos comer, mas há diversas opções no mercado e consigo cozinhar do nosso jeito”, completa. Na região, o café da manhã equivale a uma refeição como o almoço dos brasileiros, então a família procura se adequar como pode, assim como faz com a comunicação. “O idioma é bem difícil, até hoje não consigo falar, mas todos sabem o inglês e também usamos mímicas, o que facilita a compreensão”, conta a jovem que sente falta desde o diálogo em português aos encontros em família vividos no Brasil, distância encurtada através da internet. “Mantemos contato normalmente, porém, as vezes ficamos muito sozinhos aqui e a saudade é o que mais pesa, tentamos não ficar lembrando toda hora”, declara. Contudo, certamente as memórias da expe-
“Durante as primeiras semanas você se encontra completamente sozinho. Você não tem ninguém. É quase um sentimento de impotência, pois você não sabe o que fazer e nem por onde começar essa nova vida, mas aos poucos tudo vai se encaixando e acontecendo naturalmente”, revela a jovem que foi em busca de um antigo sonho: aperfeiçoar o inglês na maior escola do mundo, os Estados Unidos. Foi quase um ano de espera entre assinar com a agência de intercâmbio e embarcar, mas nada que tirasse dela o brilho nos olhos. “A estrutura da cidade, os monumentos históricos, os museus... O sentimento é de estar em um filme”, declara a então moradora de Whashington D. C., cidade onde foi recepcionada por uma Host Family; Família Anfitriã com a qual possui contrato inicial de 12 meses, período esse sujeito a renovação. “Eles ficam responsáveis pela minha alimentação, moradia, salário semanal e um valor destinado aos estudos. Em troca, ajudo com cuidados às crianças”, explica Jéssica sobre o tipo de intercâmbio chamado Au Pair. Embora não atue diretamente em sua área de formação, a professora afirma que o exercício ininterrupto do idioma e o excelente custo-benefício para se viver no país, tornam a experiência ainda mais engrandecedora. “Além de ser um pro-
grama bem acessível em comparação aos outros disponíveis no mercado, o Au Pair é um intercâmbio remunerado semanalmente, você consegue recuperar o dinheiro investido em pouco tempo, principalmente agora com o dólar em alta”, pontua acrescentando a oportunidade de fazer cursos profissionalizantes que seriam financeiramente inviáveis no Brasil. Se o investimento na carreira seria inacessível aqui, a inversão dos hábitos alimentares também causaria espanto. De acordo com ela, para os norte-americanos, não se mistura arroz e feijão e a refeição mais importante é o jantar, “na maioria das vezes eles nem almoçam, apenas comem alguma coisinha para enganar o estômago por volta de uma e meia ou duas da tarde”, relata a jovem que se rendeu aos costumes, e opções não faltam ao cardápio. “Os pratos são inspirados em outros países, então frequentemente comemos comida chinesa, italiana, mexicana e claro, os famosos hambúrgueres e pizzas”, confessa. No entanto, morar no país mais influente do mundo tem um preço que as delícias à mesa não pagam. Além de conviver com um povo mais frio e sem tanto contato físico, o que dificultou a criação de laços de amizade no início, Jéssica elenca a saudade como o maior desafio. Por isso, nem as facilidades de estar onde tudo acontece – des-
riência vivida no país serão as melhores possíveis. No Instagram é comum encontrar vários registros de diversão familiar, sobretudo entre o primogênito “Dedeli” e o recém-chegado à família, Thor. “Eles não possuem muitos amiguinhos da mesma língua, por isso é tão valoroso que tenham um ao outro”, pontua sobre a rotina no país que proporciona tanto aos filhos quanto ao casal, aprendizados constantes. “Nunca conseguiríamos conquistar o que temos hoje se estivéssemos no Brasil. Os tailandeses não ligam para a aparência como nós, é possível ter uma vida boa por aqui sem gastar tanto, então vamos ficar enquanto houver contrato com o time, mas ainda voltaremos para o nosso país”, finaliza.
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Conhecendo o Mundo Mágico da Disney em Orlando.
de grandes decisões políticas à magia dos parques temáticos da Disney – são capazes de substituir o aconchego do próprio lar. “É uma experiência que eu nunca vou esquecer. Valeu cada centavo. Mas vou voltar para o Brasil, com certeza! Quando você mora em outro país, acaba sendo obrigada a encarar o que vai te fazer feliz ou não, e apesar de a qualidade de vida, poder de compra e segurança serem extremamente diferentes, eu não vejo sentido em ter uma vida aqui se não posso compartilhá-la com as pessoas que amo”, conclui repleta de gratidão pela oportunidade que está chegando ao fim, mas que deixará lembranças as quais, assim como as luzes da Time Square, jamais serão apagadas.
Foto: Pedro Roque
F ato Esportivo
Guilherme Bonissate é jornalista, mineiro natural de Ubá, amante da família e dos amigos, metido a boleiro, doido por futebol, resenha e churrasco. Um fã do Garrincha que não viu jogar e do Romário que viu muito bem. Atualmente trabalha na TV Integração de Juiz de Fora e edita o blog www. malucosporfutebol.com.br. Contato: guilherme.bonissate@gmail.com
Guilherme Bonissate
A que adiou os Jogos Olímpicos
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certo que apenas um assunto dominou o noticiário do Brasil e do mundo nos últimos tempos – o Novo Coronavírus, doença que se espalhou rapidamente pelos quatro cantos do planeta causando medo e mudando a rotina das pessoas. Mas, Guilherme, essa coluna não é esportiva? Por que você está falando sobre a covid-19? Ocorre que o universo do esporte não está imune a tudo isso e também sofreu as consequências. Campeonatos de várias modalidades foram interrompidos, eventos cancelados e, no dia 24 de março, finalmente o Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou o adiamento da Olimpíada e da Paraolimpíada de Tóquio 2020. É a primeira vez que os Jogos Olímpicos da Era Moderna são protelados. As outras três vezes em que eles não aconteceram na data prevista, foi em Berlim-1916, Tóquio-1940 e Londres-1944, devido às Guerras Mundiais. É importante lembrar que tal decisão foi tomada em meio a um ambiente de extrema pressão. O presidente do COI, o alemão Thomas Bach, se recusou a cogitar a possibilidade de cancelamento ou adiamento das competições, mas teve que voltar atrás porque a atitude desagradou a comunidade esportiva. Na medida em que a pandemia se alastrava mundo afora e que diversos países sofriam o impacto, atletas e Comitês Olímpicos Nacionais começaram a cobrar que o evento fosse protelado. Até mesmo membros do próprio Comitê Internacional passaram a questionar o seu presidente que ainda insistia em manter a data. A pressão funcionou, e depois que até o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, concordou em adiar os jogos, Bach não tinha outra medida a anunciar.
Parece simples e racional que o maior acontecimento esportivo do planeta fosse remanejado, afinal, a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de evitar aglomerações e a previsão era de que 11 mil atletas, de pelo menos 204 países, disputassem os jogos, além de organizadores e toda a imprensa mundial. Se não bastasse esse contingente de pessoas, o COI e o Comitê Organizador do Japão tinham por estimativa que as competições recebessem até 5 milhões de espectadores oriundos das mais variadas localidades. Porém, a resistência do COI tinha um motivo evidente e, infelizmente, valorizado acima de tudo pela grande maioria dos dirigentes esportivos: o dinheiro. Antes do adiamento, os Jogos de Tóquio eram apontados como os mais lucrativos da história. Somente em contratos com patrocinadores, o Japão arrecadou nada mais nada menos que US$ 3,1 bilhões (R$ 15,5 bilhões). Com a venda de ingressos, a previsão era de arrecadar US$ 800 milhões (R$ 4 bilhões). O cancelamento significaria um prejuízo de US$ 66 bilhões (R$ 330 bilhões), que equivalem a 1,4% do PIB japonês. E é exatamente esse o motivo pelo qual o Comitê Olímpico Internacional e as autoridades japonesas demoraram a tomar a acertada decisão. Antes tarde do que nunca! Já está claro que não é “só uma gripezinha”, como alguns insistem em dizer. O dinheiro é importante? Sem dúvidas. Adiar vai prejudicar o “bolso” dos organizadores e o próprio esporte? Claro que sim. Só que o esporte é, antes de tudo, saúde! E nada o prejudica mais do que a morte de quem quer que seja. Estamos a caminho de saber como funciona esse distópico mundo sem a prática esportiva. No entanto, já fizemos uma importante descoberta: a bola pode parar. O futebol vai continuar sendo a coisa mais importante entre as menos importantes, mas só depois que cuidarmos do que realmente importa. Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
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Por Scarlett Gravina Foto: Pedro Roque Fotografia Beleza: Grazielle Alves
@embarqueviagens.uba @martha_embarque_viagens
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ulher, mãe, esposa e empresária. O desafio de conciliar a rotina entre tantas outras diferentes funções demanda entrega e dedicação, atributos essenciais que Martha faz questão de evidenciar. Para ela, o dia a dia corrido vai muito além de uma obrigação, mas sim, uma soma de fatores que complementam sua vida, tanto na área profissional quanto pessoal, a qual não esconde sua tamanha satisfação. “Sou casada com um homem maravilhoso que me ajuda em tudo, tenho uma filha que me completou como ser humano e que me faz querer sempre estar ao lado dela e tenho a Embarque Viagens e Turismo, que é o lugar que mais me sinto feliz em estar. Gosto da minha rotina, de sempre estar correndo de uma lado para o outro e amo chegar em casa e perceber que lá é o meu mundo cor de rosa, onde brinco com a Marina, cozinho para a minha família e nosso final de noite é sempre rezando, nós três juntos, agradecendo a Deus por mais um dia de vida”, conta, considerando a fé e a família como os pilares de toda sua estrutura. O trabalho, que se tornou uma realização de um sonho após se descobrir na sua carreira como agente de viagens está entre suas principais conquistas, as quais se orgulha e guarda com carinho cada experiência vivencia-
Nome: Martha Pereira Caetano; Idade: 40 anos; Profissão: Agente de viagem - Empresária; Hobby: Ficar com minha família, minha filha e meu esposo; Livro: A bíblia, como foi engrandecedor para mim essa leitura; Lugar de mulher é... Ao lado da minha família e na Embarque Viagens.
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da. “Nós que trabalhamos com essa área conseguimos entrar na vida das famílias da melhor forma possível, idealizando férias, sonhos, vendo os olhos brilhar quando nossos clientes nos contam das viagens, das fotos e da felicidade que sentiram em entrar em um avião pela primeira vez. São emoções únicas e inesquecíveis para qualquer agente de viagem que ama a sua profissão. Todos os dias aprendemos coisas novas e meu trabalho hoje, representa quem eu sou, pois minha profissão me permite sair de casa para uma nova viagem, para uma nova aventura e para um novo sonho”, declara. A desafiadora missão de empreender e gerenciar diversos papéis, a faz confiante e certa de suas escolhas e, que diante do sucesso profissional, para ela, as palavras-chave para tal concretização, é o trabalho realizado com honestidade e integridade, o que também está presente na sua construção como ser humano. “Sou muito orgulhosa da mulher que sou, por seguir os ensinamentos da minha mãe e por tê-la como meu maior exemplo, pela persistência, pela luta para me criar e por nunca desistir de mim, de seus ideais e, principalmente, por ser uma mulher da qual tenho muito orgulho”, relata. Grata pelos valores recebidos e repassados para sua filha, que fez questão de batizá-la com o mesmo nome de sua mãe como forma de retribuir e evidenciar seu tamanho orgulho, Martha relembra o quanto a maternidade foi essencial para sua mudança e que marca um momento único e enriquecedor de sua jornada. “Se tem um fato que me tornou uma mulher mais forte, mais decidida, corajosa e, acima de tudo, mais temente a Deus, foi ser mãe. Uma dádiva que me transformou, que me fez sentir com poderes que eu nunca imaginei que teria, que me fez entender o real motivo de ser mulher, de querer ser a cada dia mais sensata, mais íntegra e mais empenhada. A maternidade me fez querer ser a melhor mulher do mundo para a minha filha, e é muito gratificante ver o orgulho dela quando fala do meu trabalho, quando ela quer ir comigo para a agência, me ajudar ao atender o telefone e oferecer água aos nossos clientes. Um dos momentos mais marcantes para mim foi quando ela disse que queria ser como eu, foi algo único e de uma emoção imensurável”, finaliza realizada.
Por: Vanessa Santos Foto: Miguel Araújo Beleza: Alerrandro Martins
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@anna.arquete_arquiteta
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escolha pelo curso superior foi meio intuitiva, sem muita certeza devido à pouca idade, no entanto, mal sabia ela do acerto que cometeria, pois além do crescimento pessoal, a graduação revelou-lhe também sua grande paixão. “De repente me vi tão nova tendo que me virar sozinha, sem condições financeiras e longe de casa, mas isso faz a gente amadurecer. E a medida que eu avançava na faculdade, a arquitetura ia se transformando em um sonho, o qual hoje é uma grande realização para mim”, conta.
“Existe sim um grau de dificuldade ‘extra’ por ser mulher, precisamos nos impor mais para conquistar o respeito e a admiração do outro, principalmente quando consideramos um canteiro de obra como ambiente de trabalho” Unindo funcionalidade e beleza em seu trabalho, ela se tornou referência no segmento em toda a região. Difícil cogitar um projeto arquitetônico sem antes se lembrar de Anna Arquete, nome respeitado por conta do próprio respeito que confere a particularidade de cada cliente. “Procuro conhecer suas necessidades e anseios a fim de que ele possa usufruir do espaço da melhor forma possível”, retrata a profissional que também busca inspiração nos eventos da área e nas viagens que realiza. Explorar o mundo é o hobby favorito da arquiteta, e sempre que pode, ela embarca rumo aos mais variados destinos. “Por mais curtas que sejam, as viagens renovam o astral e despertam a
minha criatividade”, pontua Anna que também adora passar o tempo com a família e com seus pets, privilégio que tem, ainda que de forma esporádica, graças a sua dedicação. “Através da minha carreira consegui conquistar independência financeira e posso dizer que a profissão me faz evoluir diariamente em todos os sentidos”, celebra. Humana e sensível a realidade a sua volta, ela afirma que o mercado de arquitetura ainda é marcado pelo preconceito, entretanto, procura não se manter refém desse cenário. “Existe sim um grau de dificuldade ‘extra’ por ser mulher, precisamos nos impor mais para conquistar o respeito e a admiração do outro, principalmente quando consideramos um canteiro de obra como ambiente de trabalho”, revela a moça a qual, independentemente das circunstâncias, se agiganta a cada dificuldade. “Sei que sempre temos que continuar aprendendo, mas muito me orgulho da mulher que me tornei e do quanto já cresci”, finaliza.
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Nome: Anna Arquete Idade: 31 anos Profissão: Arquiteta Hobby: Viajar Livro: Nada fica sem resposta Lugar de mulher é... do processo criativo ao canteiro de obra.
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Por: Scarlett Gravina Beleza: Ana Carolina Miquilito Foto: Miguel Araújo
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erenidade: enxergar a vida de forma positiva e encontrar em cada desafio uma possibilidade de crescimento. É com essa concepção, que Pamela faz de sua jornada uma vivência de autoconhecimento e descobertas sobre seu propósito como mulher, empreendedora e mãe. Idealizadora de uma marca de cosméticos naturais e orgânicos, a qual acredita ser uma de suas maiores conquistas, ela se orgulha de quem vem se tornando e de como suas escolhas profissionais auxiliaram no seu caminho pessoal, além de conseguir encontrar seu ponto de equilíbrio, como ela faz questão de dizer. “A estética sempre foi uma área que me interessou muito, gosto de me cuidar e explorar novos tratamentos, pois acredito que o cuidado com o corpo deve fazer parte da nossa rotina diária. Só comecei a explorar o segmento de cosméticos naturais e orgânicos quando me tornei mãe, percebi que a minha filha iria absorver pelo contato direto comigo todos os produtos que colocaria em minha pele, e essa responsabilidade me fez mais ciente das minhas escolhas. Cortei cosméticos com componentes agressivos e percebi que no mercado atual existem pouquíssimas marcas com produtos orgânicos e naturais, foi então que eu decidi criar a Koyaa Organics”, explica. A harmonia entre o bem-estar físico e espiritual, também presentes em sua marca, caracteriza sua crença na importância de manter seu equilíbrio através da aromaterapia, a maneira que encontrou de cuidar do seu corpo e mente. “O aroma das plantas tem uma forte influência na minha vida, nos dias agitados, eu faço um banho aromático com plantas suaves que vão devolver a minha estabilidade emocional, nos dias emocionalmente exaustivos, eu cuido da minha mente com plantas que trazem clareza mental, e com os aromas florais que as rosas proporcionam, cuido do meu feminino”, enfatiza. Segura com a mulher que se tornou, acerca do seu papel na sociedade e principalmente
do olhar sobre o empreendedorismo feminino, Pamela acredita que conseguiu ultrapassar os desafios impostos diante de suas responsabilidades sociais: “eu acredito muito na minha ideologia de vida e talvez seja por isso que eu consiga ver o lado bom das situações. O que seria considerado uma cobrança da sociedade, eu vejo como opiniões formadas com bases em experiências pessoais. Cada um tem nas mãos o poder de escolha, ou você escolhe viver satisfazendo a qualquer custo as inúmeras cobranças da sociedade ou você vive feliz consigo mesma, e eu escolhi ser e viver da maneira que me faz bem, seguindo minhas convicções”. Embora esteja realizada com suas conquistas, pessoais e profissionais, Pamela acredita que há muito que viver e não esconde sua determinação em poder ainda, ir além. “Sou muito feliz em fazer a diferença na vida das pessoas que acreditam em mim e no meu trabalho, espero em um futuro próximo eu possa abranger um número bem maior de pessoas. Quando eu era pequena eu tinha as minhas musas inspiradoras, mulheres bem sucedidas que eram minhas inspirações e eu acreditava que um dia seria como elas. Consegui realizar esse sonho e, hoje, costumo olhar cada passo da minha trajetória Nome: Pamela Teixeira da Silva como passos fundamentais Souza para o meu desenvolvimento Idade: 31 anos pessoal. Todo o caminho Profissão: Empresaria de aprendizado que eu perHobby: Viajar corri me faz ver que ainda Livro: Mulheres que correm com tenho muito que aprender Lobos e evoluir. Fui em busca dos meus sonhos e ainda vou”, Lugar de mulher é... idealizar e finaliza. estar à frente de uma empresa @revitalizeclinicauba
@koyaaorganics
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@pamsouza_s
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Por Scarlett Gravina Fotos: Arquivo Pessoal
A ATLETA PÂMELLA ZAUZA CONTA SOBRE OS DESAFIOS E DESCOBERTAS NA CORRIDA
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Em 2019, ao participar do Ranking G10 de corridas da Zona da Mata representando o Tocantinense Futebol Clube. Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
ltrapassar os limites do cansaço, experienciar a ansiedade da largada e estar presente de corpo e alma durante os metros seguintes, faz parte da rotina de quem aprendeu a sentir intensamente cada segundo de uma maratona, onde a única certeza é o desejo incansável de cruzar a linha de chegada. E foi exatamente diante desse cenário desafiador e incerto, que a atleta Pâmella Zauza descobriu na corrida inúmeros aprendizados que vão muito além de um percurso. “No ano de 2016, meu noivo me inscreveu numa corrida que aconteceu em Ubá. Segundo ele eram somente 5km e eu tinha um bom condicionamento por já estar há muitos anos na academia. Fui achando que correr era a coisa mais fácil do mundo e quando cheguei antes mesmo do meio da prova, não aguentei e tive que abandonar. Algumas pessoas até riram do ocorrido, mas foi assim que decidi que completaria esses 5km. Depois de alguns percursos vi que completava minha primeira meia maratona e em junho do ano passado me consagrei maratonista, coisa que eu jamais imaginava que um dia faria, correr 42,195 km”, declara a jovem, que aos 26 anos, já soma 40 provas de corrida, todas completadas com dedicação, esforço e, acima de tudo, coragem. Completando três anos de uma escolha que mudou sua percepção sobre seus limites, sua saúde e seu corpo, a atleta não esconde o gosto pela adrenalina e a vontade incansável de se desafiar a cada prova, vontade essa, responsável pela decisão que a fez se tornar uma maratonista. Entre treinos intensos, mudanças na rotina e na alimentação, protagonizaram uma batalha física e emocional durante sua preparação para a Maratona do Rio de Janeiro, a qual se recorda com orgulho.
“Em janeiro de 2019 comecei os treinos, que não foram nada fáceis, porém, cada final de uma etapa me sentia mais forte e preparada para o desafio, sabia da importância dessa maratona para minha história como corredora. Hoje eu falo com toda certeza que ter cruzado a linha de chegada foi o momento mais marcante da minha vida. Passa um filme na cabeça ao lembrar de todos os treinos, de como comecei, das pessoas que torciam por mim e da minha meta alcançada. No km 22 da prova eu dei uma câimbra, faltavam praticamente a metade da prova, mas a vontade de chegar era tão grande que superou toda a dor”, relembra. Intitulando-se como uma atleta amadora, para Pâmella as batalhas diárias é o que a motiva a evoluir em cada treino, é o que a faz acordar às
“Sinto-me realizada não só por ser maratonista, mas por cada pessoa que eu levei para o esporte. Cada olhar de superação, de mudança, cada amigo que fiz, cada vida que eu pude participar. E apesar de muitos momentos difíceis, eu jamais deixei de sentir a paixão que a corrida me trouxe.” cinco horas da manhã e o que a ensina que por mais desafiador que seja um percurso, muitas vezes, o caminho pode ser recompensador. “Um dos maiores desafios é ser amadora, pois não vivo disso, é apenas uma parte do meu dia, de tantas outras tarefas. Atleta profissional tem todo amparo, fica por conta e recebe por isso. Nós, amadores, fazemos porque amamos. Temos que conciliar
E sporte com nossa realidade, além de não ter como ir corretamente em fisioterapias e manter a alimentação, porque tudo isso gera gastos e o esporte em nossa região não é tão valorizado. Falta espaço para treinamento em nossa cidade, falta ter mais eventos e incentivo. É por isso que sempre estou envolvida em algo ligado a corrida, vejo a necessidade de fazer com que mais pessoas sintam essa energia. Já levei e continuo levando muita gente comigo e é muito gratificante ver como o esporte pode mudar vidas. Muitos já relataram que a corrida curou depressão, sem falar em tantas amizades que fazemos”, conta. Treinando de segunda a sábado e se dividindo entre sua vida profissional, corredora e dona de casa, Pâmella não mede esforços para ir em busca de seus objetivos e de superar as adversidades, correndo em grupo ou sozinha, com sol ou chuva, de dia ou de noite e fazendo de cada experiência uma história de superação que faz questão de contar. “Cada corrida é diferente, os percursos e os lugares que vamos. Mas a que mais senti dificuldade foi a Meia Maratona das Praias em Guarapari - ES, a última que participei. Foram 21km que pareciam nunca acabar. Prova toda correndo na areia – nunca havia treinado em areia – passava por longos trechos de pedras, muitas tri-
“Por maiores que sejam as dificuldades do dia a dia, o treino nunca deixa de ser minha prioridade”.
lhas fechadas na mata e com subidas desafiadoras. O sol estava muito forte e o percurso super difícil. No fim da prova ainda tivemos que subir o famoso Cruzeiro, uma montanha muito alta que foi preciso subir de gatinho, pois em pé era impossível. Cheguei bem desgastada, mas muito feliz com minha classificação”, descreve. Entre as dificuldades do caminho, o turbilhão de emoções e o frio
na barriga na espera da largada, a dor e o cansaço no final de um treino ou de uma prova, compõe para Pâmella uma jornada desafiadora, mas que a faz lembrar o motivo de colocar o tênis e a vontade de dar o primeiro passo. Para ela, a corrida é a apenas uma forma de mostrar que o que importa não é a distância e muito menos a velocidade, mas o que você aprende durante o percurso. “A corrida me ensinou a ser mais humana e as competições em si é a premiação pela dedicação ao longo dos dias. A corrida faz você ser seu próprio adversário. É o tempo todo você contra você mesma. Sua mente fala pra parar, seu corpo dói, mas no final, você deseja tudo isso novamente. Vai te viciando, te instigando, quanto mais metas você alcança, mais você quer, você se desafia constantemente. E eu amo me superar, ver que sou capaz e que tudo isso só depende de mim. A corrida me ensinou a passar por tudo na vida, que é como em uma prova ou em um treino, no mesmo instante que pode tudo estar indo bem, de repente, as coisas ficam difíceis. E é nesse momento que você escolhe se para, ou se supera. Se eu pudesse dizer algo a mim mesma há três anos seria: vai com tudo, Pâmella!” finaliza realizada.
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Por Amanda Pacceli Fotos: Arquivo Pessoal
MULHERES QUE SE DESCOBRIRAM NA MATERNIDADE
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erar, dar à luz, criar. Noites mal dormidas, ver crescer, assistir aos primeiros passos, a por vezes dolorosa retirada do peito: maternar. Ser mãe é lindo e intenso. Difícil, e para sempre. É tarefa eterna dividir com o filho as vontades, sonhos, inseguranças, angústias, realizações, alegrias, decepções, a descoberta do amor e do que é um coração partido: fases. Mamães de um, de dois, de recém-chegados. Duras, corajosas, independentes, corujas, superprotetoras, ou tudo isso em uma só. É certo que no coração delas sempre cabe mais um, seja para adotar o coleguinha de escola das crianças ou para aprender a lidar com uma nora ou genro que acabam se tornando um novo membro da família. Em meio aos bordões que frequentemente viram piada – ainda que seja para homenageá-las em seu dia, que é todo dia, convenhamos – estão os famosos “leva sombrinha, porque vai chover”, “se fulano cair no buraco, você também cai?”, “tá levando blusa de frio?”, “você não é todo mundo”, ou a temida “em casa a gente conversa”. Entretanto, não é verdade que “mãe é tudo igual, só muda o endereço”. Nós discordamos e podemos provar: três mães, três histórias, três maternidades.
Na primeira maternidade, a jovem teve que conciliar as dores e a beleza da gestação com a correria entre faculdade e estágios. Já a gravidez da segunda filha foi mais tranquila, uma vez que a rotina era mais estável: “valeu a pena!”, diz. “Ser mãe não é difícil, prezo pela maternidade descomplicada e leve”, declara Camila ao assumir que Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
Camila Fernandes de Azevedo, administradora, hoje com 32 anos, deu à luz pela primeira vez aos 22, quando nasceu Lívia. Mais tarde, trouxe ao mundo Alícia, a caçula de 3 aninhos.
é bastante coruja. “Minhas meninas” – assim ela se refere às filhotas – “são muito amigas. Tive medo de não brincarem juntas devido à diferença de idade, mas me enganei, a duplinha é parceira em tudo!”, afirma orgulhosa ao revelar que, apesar da insegurança do mundo atual, não descarta a ideia de completar o time e ser mãe pela terceira vez, “a fábrica ainda está aberta”, brinca. Com o apoio do papai durante as duas gestações, Camila comenta sobre a evolução espiritual que a maternidade lhe trouxe e as descobertas incríveis pelas quais tem passado dia após dia. “Hoje sou mais forte, centrada, determinada. Eu e meu esposo caminhamos juntos na criação das nossas filhas. Prezamos pela melhor educação, preparamos elas para a vida como podemos e incentivamos bons hábitos. As meninas são nosso tesouro, nossos pequenos diamantes”, se emociona.
Waleria de Souza d’Battisti de 22 anos, arrematadeira, gerou o primeiro filho há meses – o pequeno Matheus – que segundo ela, “não poderia ter vindo em melhor hora”. A família passava por um momento delicado e a notícia do “positivo” trouxe-lhes a união. Waleria conta que enxerga a vida de forma diferente depois que o garotinho nasceu. “Antes vivia para mim, agora vivo para ele. Cuido e fico atenta às suas necessidades”, relata sobre a rotina que mudou muito, a exemplo das noites de sono que já não são mais as mesmas, no entanto, nada que tamanho amor não compense. “As preferências, o administrar do tempo, tudo se transformou: as decisões agora giram em torno do que será melhor para ele. Matheus é nossa pequena
Waleria de Souza d’Battisti de 22 anos, arrematadeira, gerou o primeiro filho há meses – o pequeno Matheus – que segundo ela, “não poderia ter vindo em melhor hora”. A família passava por um momento delicado e a notícia do “positivo” trouxe-lhes a união.
B em Estar e frágil prioridade!”, pontua. Apesar da dedicação, a estreante na maternidade não esconde suas inseguranças. “Sempre me pergunto se vou dar conta do recado. Questiono ‘e se algo ruim acontecer?’ ‘E se eu falhar por um segundo?’ Não imagino a minha vida sem o meu filho”, revela. Mas, ao mesmo tempo, o paizão sempre presente é um alívio e faz com que a família se sinta fortalecida. “Desde o início da gravidez ele beijava minha barriga e conversava com o bebê todos os dias. Depois do nascimento então, não abre mão de estar por perto o máximo possível, zelando e cercando de carinho”, diz. Mas afinal, como Waleria se descobriu após a gestação? Ela é enfática quanto ao amor singular que é o materno e procura não reclamar um minuto sequer da nova rotina. “Tinha uma vida social ativa, trabalhava, estudava e sei que agora irei abrir mão de alguns hábitos – pelo menos até que ele cresça o suficiente para não depender integralmente de mim – e não me arrependo, ganhei algo muito maior do que qualquer coisa que eu possa ter deixado de lado quando o vi pela primeira vez. Por enquanto eu sou tudo o que ele tem e, sinceramente, ele é tudo para mim”, destaca.
Daniela Freitas, administradora de 39 anos, está grávida e ansiosa pela chegada de seu primeiro filho, o qual descreve como “um presente divino”. Depois de ser o berço de um anjinho em sua primeira gravidez quando passou por uma
Daniela Freitas, administradora de 39 anos, está grávida e ansiosa pela chegada de seu primeiro filho, o qual descreve como “um presente divino”.
perda gestacional, um novo baby vem para ficar. Engravidar novamente despertou em Daniela ansiedade redobrada para acariciar o rosto e poder dar colo ao seu tão esperado bebê, o qual tem exigido – e merece – cuidados especiais. “Por se tratar de uma gravidez de risco, parei de trabalhar, tenho que ficar de repouso, saio somente para consultas médicas e exames”, conta. A mamãe de primeira viagem confessa que não aguentou esperar pelo chá de revelação e a felicidade transbordou com a notícia: “é um menino!”, celebra orgulhosa. O pequeno, que ainda não tem nome – pois os pais estão indecisos e escolhendo com todo o carinho – nem chegou ao mundo e já transformou a vida da família. Em cerca de 90 dias Dani finalmente poderá abraçar o filho considerado um milagre, mas o que são meses para o casal que vem tentando engravidar há 10 anos?! Na reta final da gestação, o sentimento só aumenta. “Já amamos essa criança, agora é só esperar nascer para amarmos ainda mais”, declaram os papais na expectativa pelo maior presente que Deus poderia lhes ter concedido. “Meu desejo agora é só olhar nos olhos, segurar meu príncipe nos braços pela primeira vez e para o resto da vida”, conclui.
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Por Scarlett Gravina Foto: Pedro Roque Fotografia Beleza: Grazielle Alves
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ou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura.” A frase do poeta Fernando Pessoa simplifica para Luciana Seghetto a forma com que enxerga a vida, seus ideais, sonhos e anseios. A aptidão criativa assim como o gosto pela arte manual, fez com que a microempresária apostasse no hobby como uma atividade profissional, unindo a paixão por confeccionar produtos personalizados com a vontade de empreender. “Venho de uma família em que minha mãe bordava maravilhosamente bem e de tias que são verdadeiras artistas manuais. Sempre fui incentivada a aprender e, com isso, na minha primeira gravidez, resolvi fazer tudo o que podia de personalizado para meu filho. Hoje, a minha profissão representa liberdade, pois tive uma formação acadêmica e, ao me ver infeliz, resolvi seguir meu coração e deu certo, apesar de tudo que tive que enfrentar”, declara. Além da satisfação em poder trabalhar com o que ama, o papel de mãe que desempenha com total dedicação através de seus dois filhos também
está entre suas grandes realizações, papel esse, responsável por toda sua mudança como mulher. “A maternidade mudou meu jeito de enxergar as coisas e as pessoas, me fez mais forte do que eu imaginava, sinto que renasci duas vezes”, conta. Entre o dia a dia corrido e o desafio de conciliar suas atividades pessoais com sua profissão, Luciana não esconde o orgulho da sua trajetória, dos ensinamentos que adquiriu e de tudo que construiu, assim como seu olhar perante o papel da mulher na sociedade e os desafios acerca do empreendedorismo feminino: “acredito que nós, mulheres, apesar de hoje enfrentarmos muitos desafios e preconceitos, ocupamos cargos que antes não eram acessíveis para o gênero. Ainda há uma cobrança, principalmente que sejamos perfeitas em tudo, mas com o tempo aprendi que não preciso dar satisfações de quem eu sou e nem da minha essência, que errar é normal e aprender com os erros é evolução e também que eu posso dizer ‘não’ sem me culpar”, finaliza Nome: Luciana Seghetto; enfatizando sua realização: “Embora me Idade: 38 anos; sinta feliz de quem me tornei, nunca deProfissão: Microempresária; sisto de ser uma pessoa ainda melhor. De Hobby: Passear em família tantas coisas que já enfrentei, nunca deie com os amigos; xei de acreditar no que meu coração me Lugar de mulher é... Emmostrava e no que a razão me guiava”.
preendendo na área que ela escolher.
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“Hoje, a minha profissão representa liberdade, pois tive uma formação acadêmica e, ao me ver infeliz, resolvi seguir meu coração e deu certo, apesar de tudo que tive que enfrentar”, declara.
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Por: Vanessa Santos Foto: Miguel Araújo Beleza: Bia Alves
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e “no meio da dificuldade surge-se a oportunidade”, Sandra viu no desemprego o momento “O reconhecimento ideal para materiaé importante, me deu lizar o pensamento que vinha à tona energia a fim chegar desde a infância: empreender. “Como gostava até aqui e é claro que muito de bolo de aniversário, sempre dizia: um me sinto realizada, dia vou ter minha própria confeitaria!”, e asmas, para mim, há sim aconteceu, só que de maneira ainda mais sempre novos sonhos a grandiosa. Os quitutes, que começaram sendo serem concretizados” feitos nas festinhas dos filhos, deram origem a uma delicatesse conhecida em toda a cidade. Contudo, o cardápio extremamente Caracterizando-se como brava de vez variado fez com que a profissional decidisse em quando; comprometida e determinareduzir a demanda e agregar na qualidade dos da a todo instante, Sandra se mantém produtos, optando por atender em seu próincansável frente a seus objetivos, prio atelier intitulado “Sandra Pacheco”. Dessa pois acredita que é mostrando o forma, unindo talento, ingredientes seletos e a seu potencial que as mulheres particularidade dos clientes, ela se enche de envão cada vez mais longe. “O retusiasmo a cada bolo entregue. “Vivo disso há conhecimento é importante, me cerca de 22 anos, mas continuo me surpreendeu energia a fim chegar até aqui dendo com as sensações de alegria, surpresa e e é claro que me sinto realizada, satisfação que meu trabalho desperta”, declara. mas, para mim, há sempre novos No entanto, até colher todos esses frusonhos a serem concretizados”, tos, foi preciso habilidade não só para cozinhar, finaliza. como também para atravessar desafios. As dificuldades financeiras e os recomeços ficaram marcados na trajetória da emNome: Sandra Mara Mopresária, tornando-a uma mulher reira de Melo Pacheco revigorada. “Não foi fácil, mas Idade: 48 anos cresci muito pessoal e profissionalmente, amadureci e fiquei Profissão: Confeiteira mais forte”, afirma orgulhosa Hobby: Jardinagem das conquistas as quais hoje a Livro: O milagre da mapermitem uma rotina que inclui nhã trabalho e tempo para cuidar de Lugar de mulher é... reinsi com atividades físicas e moventando sabores mentos de oração, afinal a fé é peça-chave em sua jornada.
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Por Scarlett Gravina Foto: Nael Couto Beleza: Patrícia Casal e Joyce Araújo
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riso fácil e a autenticidade estampada em sua personalidade compõem as particularidades de Lia Abreu, uma jovem publicitária que fez de uma oportunidade sua realização profissional. Após se formar em Publicidade e Propaganda no Rio de Janeiro, o gosto pela área de produção e organização de eventos se concretizou junto de uma escolha inesperada: trabalhar com o mercado de casamentos. “Sempre tive o sonho de trabalhar com eventos, mas nunca imaginei que seria no ramo que atuo hoje, de assessoria e cerimonial. Minha experiência no ramo de Marketing, área em que também atuo, é uma grande aliada para os desenvolvimentos de identidade visual e para as novidades do universo das festas que levamos para os clientes. Hoje eu amo o que eu faço”, relata. Determinada, como ela mesma se define, Lia não esconde o orgulho da mulher que vem se tornando, com suas experiências e escolhas. Para ela, sua essência vai além de qualquer caminho profissional, pois preza pela autonomia e coragem de evidenciar quem verdadeiramente é. “Prefiro seguir meus próprios princípios de que devemos ser aquilo que queremos por nós e nunca para agradar o outro. Por muito tempo. passamos por momentos frágeis por conta de certas imposições, mas chegou a hora de mudar isso”, declara.
Nome: Lia Abreu Idade: 25 Profissão: Publicitária e Cerimonialista Hobby: Ver TV Livro: O milagre da manhã Lugar de mulher é... Idealizando campanhas publicitárias e comandando uma empresa
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@liaabreu5 @conceitoassessoriaa
“Prefiro seguir meus próprios princípios de que devemos ser aquilo que queremos por nós e nunca para agradar o outro. Por muito tempo, passamos por momentos frágeis por conta de certas imposições, mas chegou a hora de mudar isso”. Enfatizando sobre as cobranças com a figura feminina, Lia acredita que embora a sociedade atual tenha passado por mudanças, os julgamentos e desafios ainda se fazem presentes, inclusive no mercado de trabalho: “Ainda tem muita coisa que precisa ser mudado. Mesmo considerando o fato de que a mulher vem ganhando força na sociedade, é preciso fazer com que seu papel seja exercido de uma forma cada vez mais livre de interesses machistas, com base em suas principais vontades e necessidades”, salienta. Aos 25 anos, satisfeita com os ensinamentos adquiridos em cada vivência, mas certa de que ainda há muito que evoluir e construir, Lia finaliza evidenciando sua gratidão por suas realizações. “Fico profundamente feliz em olhar pra trás e ver tudo que conquistei, cada sonho e objetivo alcançado, hoje vejo que nenhum sacrifício foi em vão. Meu trabalho, por exemplo, é algo que almejei e é gratificante poder ver em cada olhar e sorriso a felicidade dos nossos clientes em ter o grande dia concretizado. Minha carreira é uma grande realização, ainda tenho muitas coisas para conquistar, mas me considero uma mulher realizada com tudo que tenho vivido”, finaliza.
Por: Vanessa Santos Beleza: Alerrandro Martins Foto: Miguel Araújo
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s pincéis, as cores e um talento: maquiar! O sonho de enaltecer a beleza particular de cada mulher fez com que Isabela Matias transcendesse todos os obstáculos e acreditasse na profissão. As memórias de uma infância marcada pela dor do abandono e, em contrapartida, pelo amor da adoção, fizeram dela uma jovem forte o suficiente para perseguir seus ideais. “Eu fui corajosa, lutei e continuo lutando com muita garra a fim de levar minha vida com dignidade. Sinto um orgulho enorme da mulher que me tornei”, revela. É com uma boa dose de resiliência e um sorriso estampado no rosto que Isabela encara o dia a dia. Cabeleireira especialista na recuperação dos fios e maquiadora, a profissional se dedica incansavelmente visando a excelência em cada detalhe. “Além da técnica e da experiência no ramo, meu diferencial está na recepção, acolhimento e respeito às clientes, procuro estar atenta ao que cada uma deseja com todo o carinho”, diz ao mencionar ainda a pontualidade como mais um de seus compromissos. Imersa no mundo da beleza por conta do segmento em que atua, a jovem lamenta a busca insaciável pela perfeição presenciada constantemente e influenciada pela web, mas garante que não se preocupa em adaptar-se aos estereótipos. “Com a ascensão das redes sociais, a disputa dentro do próprio universo feminino é ainda mais evidente. Vejo muitas mulheres lindas completamente insatisfeitas e reprimidas, no entanto, para mim não existe padrão de beleza, pois cada pessoa tem a sua e deve ser feliz dessa forma. Eu me respeito como sou”, afirma empoderada. Protagonista de uma história vitoriosa, de autenticidade, entrega e trabalho, a maquiadora se desdobra para adequar o tempo de maneira que também possa cuidar de si, ler e praticar esporte. “A rotina é corrida, minha vida é muito dedicada à carreira, aos amigos e familiares, mas é uma trajetória linda de diversas lutas vencidas”, ressalta ao completar que o caminho fica mais fácil quando se vai junto. “Nós, mulheres, precisamos apoiar umas as outras sendo como elos. Temos uma força inigualável e não há preconceito que nos impeça de progredir”, conclui.
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“A rotina é corrida, minha vida é muito dedicada à carreira, aos amigos e familiares, mas é uma trajetória linda de diversas lutas vencidas”
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Nome: Isabela Moreira Matias Idade: 32 anos Profissão: Maquiadora Hobby: Natação Livro: Mulheres que correm com os lobos Lugar de mulher é... no salão de beleza!
@isabelamatiasmakeup Revista Fato! - Abril 2020 Edição #97
E spaço Jurídico Foto: Fotografe
OAB/MG 108.555; pós-graduado em Direito Tributário, Direito Militar e pós-graduando em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Anhanguera. Advogado membro do escritório Pacheco & Sousa, Assessoria Jurídica e Empresarial. Contato: camppss@bol.com.br
Divulgação
Cesar Lara
DESAPOSENTAÇÃO e REAPOSENTAÇÃO STF DECLARA QUE SÃO INCONSTITUCIONAIS
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nicialmente é necessário esclarecer que desaposentação trata-se de um instituto que tem por escopo melhorar o valor percebido pelos inúmeros segurados da Previdência Social que continuaram trabalhando ou voltaram a trabalhar após a aposentadoria, de forma que o aposentado renuncia à sua aposentadoria primitiva e pede um novo benefício previdenciário, contando todo o período contributivo antigo (usado na primeira aposentadoria) juntamente com o novo. Por outro lado, quando falamos em reaposentação, o aposentado renuncia à sua aposentadoria atual bem como ao tempo de serviço e salários de contribuição utilizados para o cálculo desse benefício, de forma que o cálculo do novo benefício considerará apenas o tempo e salários de contribuição obtidos após a aposentadoria renunciada, sendo um cálculo completamente novo. A polêmica surgiu na discussão acerca da constitucionalidade ou não do art. 18, &2º da Lei 8213/91 que estabelece que o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado. No que se refere ao regime geral de previdência social, somente lei pode criar benefícios, de forma que é impossível a renúncia à aposentadoria. Ademais, para o Guardião da Constituição Federal, a desaposentação significa que o cidadão renuncia a uma primeira aposentadoria para obtenção de uma nova em melhores condições, me-
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“O que é certo dizer é que daqui por diante, aqueles que são aposentados e continuarem contribuindo não terão direito à desaposentação, assim como à reaposentação, mesmo contribuindo com a Previdência Social por conta do princípio da solidariedade” diante a continuidade das contribuições pagas em regime de volta ao trabalho. De acordo com o art. 181, “b” do Regulamento da Previdência Social, o ato de aposentar-se é irrenunciável e irreversível, sendo que o aposentado que continua trabalhando e recolhendo as contribuições previdenciárias compulsórias, assim o faz em decorrência da natureza solidária do regime previdenciário. No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça já havia firmado entendimento de que somente a lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo amparo legal a desapropriação, sendo constitucional o diploma legal em comento. Por serem irrepetíveis os valores alimentares auferidos de boa-fé por decisões judiciais, o Supremo Tribunal Federal em referido julgamento entendeu por bem, embora declarar inconstitucional os institutos da desaposentação e reapo-
sentação, preferiu respeitar aqueles que obtiveram o direito à desaposentação com sentença judicial com certidão de trânsito em julgado (aquelas decisões das quais não cabe mais qualquer recurso). Em resumo, o Supremo Tribunal Federal não acolheu a desaposentação bem como a reaposentação por inexistência de amparo legal, mas respeitando as decisões que haviam concedido esse direito, não obrigando aqueles que receberam valores da desaposentação ou reaposentação até seis de fevereiro de 2020 (data da proclamação do resultado) a devolver os valores recebidos, em decorrência da segurança jurídica e da coisa julgada. O que é certo dizer é que daqui por diante, aqueles que são aposentados e continuarem contribuindo não terão direito à desaposentação, assim como à reaposentação, mesmo contribuindo com a Previdência Social, por conta do princípio da solidariedade.
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@naelcoutooocial naelcoutofotograaa
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Por Scarlett Gravina Foto: Miguel Araújo Beleza: Alerrandro Martins
@japatemaki @anaflaviamribeiro
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rabalho no ramo de Gastronomia há 6 anos e isso me realiza. Servir é incrível. É lindo satisfazer e superar as expectativas dos nossos clientes; e para isso acontecer, enfrentamos desafios diários, e é isso que me fascina, um trabalho que me permite crescer e evoluir, principalmente como pessoa”. É assim que a empresária Ana Flávia Ribeiro define sua paixão pela área que decidiu atuar: a gastronomia. Uma descoberta que a fez enxergar sua aptidão para o empreendedorismo feminino, seu papel como líder e, principalmente, sua força como mulher. “Ser empoderada me permite ser dona da minha própria história e assumir esse protagonismo”, enfatiza. Empreender, ser mãe e dona de casa estão entres os papéis que Ana Flávia se divide, os quais assume com dedicação, comprometimento e, sobretudo, amor. Diante das responsabilidades e desafios de conciliar a vida pessoal e profissional, ela também descobriu significados importantes de uma vida mais leve e significativa. “Permiti-me desacelerar e enxergar o mundo ‘fora da bolha’. A pandemia foi um ‘empurrão’ nesse processo, e aprendi a dar pesos e medidas para as coisas do dia a dia, valorizar o que realmente deve ser valorizado, e fazer com que a minha ro-
Nome: Ana Flavia Moreira Ribeiro; Idade: 31 anos; Profissão: Empresária; Hobby: meditação; Livro: Mulheres que correm com os Lobos; Lugar de mulher é: Protagonizando a liderança feminina e onde ela quiser.
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“Todo caminho percorrido até aqui foi muito valioso para a compreensão do que eu realmente quero. Honrar e respeitar a minha história faz com que eu consiga compreender as fases difíceis e ser grata por isso, assim consigo contemplar as alegrias com plenitude." tina seja condizente com as minhas prioridades”, ressalta realizada com suas descobertas e com os caminhos que escolheu seguir, “hoje sou equilíbrio e energia, evolução e superação”, completa. Dentre os ensinamentos de uma jornada de autoconhecimento e busca constante da evolução, para Ana Flávia a maternidade também foi primordial para seu processo de empoderamento e transformação. “A maternidade mudou a minha vida, aumentou a minha fé, me ensinou o que é o amor verdadeiro, me fez vencer os meus medos e cuidar da saúde, me fez ter calma e me conhecer. Me ensinou a não desistir dos meus sonhos e sempre buscar fazer desse mundo, um mundo melhor”, afirma. Realizada com quem se tornou, mas certa que ainda há uma longa estrada para se percorrer, Ana Flávia segue comemorando suas vitórias e aprendizados das suas escolhas de acordo com seu propósito de vida. “Todo caminho percorrido até aqui foi muito valioso para a compreensão do que eu realmente quero. Honrar e respeitar a minha história faz com que eu consiga compreender as fases difíceis e ser grata por isso, assim consigo contemplar as alegrias com plenitude. É lindo transcender à nossa realidade e alcançar novos horizontes, é lindo olhar para trás e ver como chegamos até aqui. Por acreditar no processo, eu me orgulho muito de quem eu sou e sei que a busca continua, a meta é ser melhor que ontem, sempre.”, encerra.
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Por Scarlett Gravina Fotos: Arquivo Pessoal
ENTRE AS VIVÊNCIAS DO DIA A DIA E A PARCERIA NA JORNADA PROFISSIONAL
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uando o assunto é a escolha da carreira, certamente os pais ainda estão entre as maiores influências durante a busca pela profissão. Seja uma forma de homenagear ou simplesmente o desejo de atuar na mesma área, muitos pais e filhos compartilham os prazeres e desafios de conciliar a vida pessoal com a profissional no convívio do dia a dia. Assim como o ditado “filho de peixe, peixinho é”, que traz uma série de significados - sendo que um deles representa a importância da figura paterna nas escolhas profissionais - hoje, o contexto familiar muda de figura e a antiga tradição de que os filhos seguem os passos do pai, cedeu lugar para a inspiração materna. Seja trabalhando juntas ou em ambientes diferentes, o fato é que essa troca de experiências faz com que o vínculo entre mãe e filha se torne ainda mais forte e enriquecedor. Seja em casa ou no trabalho, Marcella, Sumaia e Layla, dividem as vivências da profissão com suas mães e para elas, a cumplicidade e, sobretudo, respeito, são primordiais para uma relação saudável e fortalecedora.
Dispor da nobre missão da carreira médica sempre esteve nos planos de Sumaia Jacob, que desde a infância já nutria o desejo de um dia, poder preservar a tradição e história da sua família. Filha de pai cardiologista e mãe dermatologista – que foi sua maior influência para sua especialização – ela enxergou na profissão algo ainda maior do que apenas seguir um legado: amor em “poder auxiliar as pessoas nos momentos de Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
fragilidade orgânica e emocional”, como ela mesma revela. “Sou médica dermatologista, realizei o curso de extensão em tricologia e onicoses (cabelos e unhas), e minha mãe me inspirou muito na escolha da especialidade quando eu ainda estava na faculdade. Optei pela dermatologia no sexto e último ano da graduação, quando tive a oportunidade de fazer estágios na área e conhecer de perto a rotina da profissão”, completa. Para sua mãe, Vânia Lúcia Jacob, poder ver sua filha atuando na mesma profissão e, saber que foi essencial como figura de inspiração, é uma forma gratificante de poder vivenciar a sensação de
“Sempre incentivei minha filha a ter seus passos determinado para aquilo que lhe fizesse feliz. E sinto-me extremamente orgulhosa em vê-la seguindo realizada em sua escolha. Trabalhamos juntas, trocamos experiências e aprendemos uma com a outra, ela me inspira com sua garra e determinação”.
missão cumprida. “Sempre incentivei minha filha a ter seus passos determinado para aquilo que lhe fizesse feliz. E sinto-me extremamente orgulhosa em vê-la seguindo realizada em sua escolha. Trabalhamos juntas, trocamos experiências e aprendemos uma com a outra, ela me inspira com sua garra e determinação”, enfatiza. Dividindo os desafios e alegrias da profissão, assim como o dia a dia, Sumaia atua junto de sua mãe na clínica da família, onde seu pai e seu irmão, também médicos, compartilham o espaço, cada um em sua especialidade. Entre a busca de experiências e a troca mútua de aprendizados, para ela, a chave para o sucesso – quando a figura familiar também protagoniza o cenário – está na boa convivência e, especialmente, no apoio incondicional. “Ainda tenho muito que caminhar, mas sinto que estou no caminho certo. Amo estudar e amo atender meus pacientes. E é diante dessa jornada, que e eu também me inspiro em minha mãe, como mulher e dermatologista, pela sua coragem e persistência. Quando se tem uma fonte de inspiração e se, principalmente, faz parte da família, tudo fica mais fácil”, finaliza.
A afinidade entre mãe e filha vai ainda além quando a carreira profissional se torna um sonho em comum. Para Layla Assis, o desejo de alcançar a independência financeira veio aliado ao interesse pela estética, já que cresceu em meio ao universo da área da beleza. Seguindo os passos de sua mãe, Layla trabalha como depiladora e designer de sobrancelhas, profissão também exercida pela sua mãe Sandra Rufato, sua principal influência. “Ela tinha 15 anos quando eu precisei passar por uma cirurgia, na qual não podia mover os bra-
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“Irei sempre incentivar minha filha a escolher algo que lhe dê prazer. Fazer o que gosta, com amor, é a profissão mais bem remunerada que pode existir. Sinto-me orgulhosa por ter sido influência pra minha filha, e ver a excelente profissional que ela se tornou, principalmente por ter começado tão jovem e valorizado a profissão, o sentimento é ainda maior”
ços e não queria deixar minhas clientes na mão. Então pedi ajuda a ela e ficava perto dando apoio, foi aí que vi que ela começou a tomar gosto pela profissão. Começamos a trabalhar juntas, depois de certo tempo, ela resolveu trabalhar em outro salão e foi adquirindo suas próprias clientes”, conta Sandra. Após a troca de experiências trabalhando juntas, Layla se viu encorajada para dispor de seu próprio espaço e colocar em prática os ensinamentos adquiridos junto de sua mãe, os quais consideram essenciais para sua trajetória profissional. Apesar de atuarem na mesma área e cada uma com seu estúdio, para elas, a palavra concorrência, muda de figura quando o respeito e companheiro estão à frente de qualquer desafio. “Costumamos usar o velho ditado, ‘O sol nasceu pra todos’. Não existe concorrência entre nós, cada uma atende suas clientes e quando não temos disponibilidade indicamos o trabalho da outra. O tempo que trabalhamos juntas em sociedade foi na verdade um desafio e foi necessário saber separar a vida profissional do pessoal. Mas para nós, foi uma experiência que nos trouxe grandes aprendizados, principalmente a lição de que para você ser bem-sucedido você precisa antes, torcer pelo sucesso do outro. Na verdade, deixamos de
trabalhar no mesmo ambiente, mas nunca perdemos a parceria”, enfatizam. Realizadas com a vida profissional e, principalmente com a relação de cumplicidade presente tanto no trabalho quanto na vida, Sandra não esconde o orgulho e satisfação em ver o crescimento da filha no que escolheu, por vontade própria e amor. “Irei sempre incentivar minha filha a escolher algo que lhe dê prazer. Fazer o que gosta e com amor, é a profissão mais bem remunerada que pode existir. Sinto-me orgulhosa por ter sido influência pra minha filha, e ver a excelente profissional que ela se tornou, principalmente por ter começado tão jovem e valorizado a profissão, o sentimento é ainda maior”, finaliza.
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Ainda na infância, Marcella já demonstrava interesse e aptidão para o ramo de decorações, mas a certeza no que iria atuar se deu durante a escolha da profissão, quando decidiu seguir os passos de sua mãe. “A minha mãe é decoradora, trabalhou em loja de móveis e já foi projetista, sempre trabalhou nesse universo. Ela conta que
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“Tudo que eu ensinei ficou lá trás, hoje eu que aprendendo com minha filha. Ficamos praticamente o dia inteiro juntas, se discordamos de algo, a gente conversa, mas as ideias sempre batem, é uma sintonia muito grande. Marcella veio para agregar a minha vida profissional e pessoal, a sensação é de muita felicidade e satisfação”.
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quando levava seus projetos pra casa eu gostava de ficar do lado dela observando e perguntando sobre o trabalho. Foi então que eu entendi que naquele momento, era ela me inspirando a seguir o mesmo caminho. Decidi fazer engenharia civil, mas na metade do curso percebi que queria ir além do que a profissão me permitia e, no final da minha graduação, me matriculei em design de interiores, que são duas profissões que se complementam”, conta Marcella que hoje divide seus conhecimentos com a experiência de sua mãe. Para Marcella e Adriane, as diferenças de personalidade aliadas ao trabalho em conjunto, fez com que o laço entre mãe e filha se fortalecesse ainda mais, criando uma parceria de união e respeito, a qual vem se revigorando há cinco anos. Entre as situações do dia a dia e as vivências do trabalho, os desafios da convivência diária cedem espaço para a troca de ensinamentos, descobertas e a certeza de que com apoio e cumplicidade, é possível superar qualquer adversidade. “Quando penso que ela vem seguindo os mesmos passos e a mesma carreira que a minha, a sensação é de missão cumprida, de orgulho e de felicidade. Hoje trabalhamos juntas no escritório, entrei com uma parte do conhecimento que eu já
tinha e ela veio aperfeiçoando tudo, em tecnologia e sabedoria. Tudo que eu ensinei ficou lá trás, hoje eu que aprendendo com minha filha. Ficamos praticamente o dia inteiro juntas, se discordamos de algo, a gente conversa, mas as ideias sempre batem, é uma sintonia muito grande. Marcella veio para agregar a minha vida profissional e pessoal, a sensação é de muita felicidade e satisfação”. A conexão e afinidade entre Marcella e Adriane vai além do vínculo maternal, mas também em uma parceria profissional. Para a filha, o companheirismo aliado ao amor pelo que fazem é essencial para uma trajetória de sucesso. “Minha mãe é muito guerreira, é uma mulher forte e trabalhadora e é o que eu procuro ser a cada dia. Nossa parceria é baseada na troca de ensinamentos e experiências. A gente se doa muito, tenho orgulho dessa nossa ligação como mãe e filha principalmente no profissional, onde unimos o que as duas têm de melhor, somando a essência de cada uma e deixando as diferenças de lado, para que nosso trabalho seja ainda mais incrível, para nós e pra nossos clientes”, encerra.
Foto: Servando Lopes
F amília no Divã
Marcela Corbelli
Psicologa, Graduada pela Universidade presidente Antonio carlos. Pós graduada em gestão de pessoas. Grupo de estudos e orientação em psicanálise. Cursando psicanálise com crianças e adolescentes. CRP 04/30.453
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ão deve estar sendo fácil por ai, não é? Aqui também não! Não estávamos preparados para viver essa situação. Principalmente psicologicamente. Somos frutos de uma geração que não para, que está sempre na "correria", que conta com ajuda externa para dar conta da casa, dos filhos e etc. Somos de uma geração em que mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, e muitas delas, representam a principal fonte de renda das famílias. Somos acostumados a nos reunirmos apenas no horário de almoço e jantar (e às vezes nem isso) e contamos como apoio familiar nos finais de semana. De repente, somos obrigados a ficar 24 horas por dia, sabe-se lá por quanto tempo, com a família dentro de casa. Desafiador! De uma rotina estabelecida a uma nova realidade imposta, surge a necessidade de se reinventar, redescobrir e vencer dia após dia, uma nova batalha. A demanda familiar, as responsabilidades do trabalho, ou até o receio de perdê-lo, nos faz ter medo, angustia, nos enche de dúvidas e culpa. Manter a sanidade mental, em minha opinião, é o nosso maior desafio. Portanto, não se cobre demais, não tente dar conta de tudo e não exija ser produtivo nesse período. Fazer o que for possível e não se sentir mal por isso é o caminho. A situação é atípica, então relaxe um pouco, viva cada dia com fé e esperança de que essa fase vai passar e tudo ficará bem. Não é hora de sofrer pelo futuro e fazer
Tenho certeza de que estamos fazendo um belo trabalho e o lado bom disso tudo (sim, sempre tento ver o lado bom) é que estamos tendo a oportunidade de viver momentos em família que jamais viveríamos se não fosse essa pausa. grandes planos. Vamos pensar que é apenas uma pausa, um parêntese em nossas vidas e logo tudo se normalizará. Tenho certeza de que estamos fazendo um belo trabalho e o lado bom disso tudo (sim, sempre tento ver o lado bom) é que estamos tendo a oportunidade de viver momentos em família que jamais viveríamos se não fosse essa pausa. Eu, particularmente, tenho podido ver de perto o desenvolvimento dos meus filhos, cada descoberta e travessura. Aproveitando intensamente uma fase da vida deles que nunca voltará. As outras coisas, mantendo a saúde física e mental, a gente volta a "correr atrás"!
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S egurança Pública
Por Scarlett Gravina Fotos: Arquivo Pessoal
ACERCA DAS INICIATIVAS PARA A MELHORIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, MIGUEL BATISTA FALA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA AÇÃO PARA A POPULAÇÃO DE UBÁ 56
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ntre as ações ministradas em Ubá em prol da segurança pública, o projeto “Olho Vivo”que consiste em câmeras de videomonitoramento - teve o objetivo de contribuir para a redução da criminalidade no município e servindo como auxílio durante o trabalho da Polícia Militar. O projeto foi fruto da parceria entre o Poder Judiciário; a Prefeitura Municipal de Ubá; a Associação Comercial e Industrial de Ubá (ACIUBÁ); a 30ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); 21º Batalhão da Polícia Militar; além do Ministério Público, Polícia Civil, Câmara Municipal de Ubá, Corpo de Bombeiros, Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind). Como presidente do Conselho Penitenciário da Comarca de Ubá, Miguel Batista atuou como um dos responsáveis pela execução do sistema de monitoramento. Durante entrevista realizada com a equipe da Revista Fato, ele respondeu questões relacionadas à iniciativa na cidade. Entre as ações públicas investidas na cidade, o sistema de monitoramento Olho Vivo foi um projeto pensado na segurança Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
Sala de monitoramento do projeto Olho Vivo em Ubá.
pública. Quando e como surgiu a iniciativa? A cidade de ubá vinha sofrendo com o aumento de crimes, sobretudo contra patrimônio, praticados com o emprego de violência, grave ameaça e vale destacar o aumento do uso de arma de fogo nas empreitadas delituosas desta natureza. Neste panorama, o desassossego e a intranquilidade emergia como situações típicas do cotidiano ubaense, com nefasto reflexo, inclusive, nos setores
empresariais, uma vez que, o aumento da sensação generalizada de insegurança fazia com que comerciantes, fechassem as portas mais cedo, o que, por conseguinte, gera desemprego diante do desaquecimento da economia formal. Do mesmo modo, e sabido que nossa cidade possui uma notória vocação industrial, Município, assim como o resto do país, enfrenta uma grave crise que corrói a sua economia, fazendo com que, nossas empresas, outrora grandes
S egurança Pública principalmente no que tange à busca de trabalho ilícito. Além disso, o conselho penitenciário de Ubá, controla o sistema olho vivo, coordena e paga os funcionários que fazem o monitoramento do sistema. O conselho também é responsável pela reforma dos veículos da Policia Militar, Policia Civil, Presídio e Bombeiros. Esse ano, numa situação atípica, fomos os responsáveis pela compra de EPIs, para todos os hospitais de Ubá, tendo em vista que o COVID se tornou uma questão de segurança.
Como presidente do Conselho Penitenciário da Comarca de Ubá, Miguel Batista atuou como um dos responsáveis pela execução do sistema de monitoramento.
Hoje o sistema de monitoramento é composto por 42 câmeras de alta resolução. As câmeras estão instaladas no centro, nos bairros e nas entradas e saídas da cidade, em pontos sugeridos pela Polícia Militar. Miguel Batista
empregadoras, passem a diminuir o quadro de funcionário para poderem amenizar os custos correntes, e continuarem no mercado de forma competitiva. Neste cenário, esta formou um ciclo vicioso, uma vez que, com o aumento do número de desempregados, a criminalidade também experimenta um considerável avanço, tendo em vista que o contingente de pessoas excluídas do mercado de trabalho crescia potencialmente. E qual foi o seu papel no projeto? Fui nomeado como presidente do conselho penitenciário da comarca de Ubá de dezembro de 2016. O Conselho Penitenciário fiscaliza o cumprimento da execução das penas, buscando evitar desvios, além de atuar emitindo pareceres acerca da concessão de indulto e comutação de pena, inspeciona estabelecimentos prisionais e auxilia o patronato na sua atuação de ajudar os egressos a serem reinseridos de maneira digna à sociedade,
Ao todo, quantas câmeras estão funcionando na cidade? Hoje o sistema de monitoramento é composto por 42 câmeras de alta resolução. As câmeras estão instaladas no centro, nos bairros e nas entradas e saídas da cidade, em pontos sugeridos pela Polícia Militar. Como é feito o monitoramento das imagens? Existe uma central de monitoramento dentro do Batalhão da Polícia Militar, monitorada 24 horas por uma equipe de profissionais atentos e conhecedores dos principais infratores da cidade. Nenhuma imagem pode ser compartilhada em redes sociais ou fornecida a alguém sem uma autorização judicial. Hoje o olho vivo atende principalmente a prevenção e a elucidação de crimes, mas ele também é utilizado para o controle do rio Ubá, em época de enchentes, acidentes de trânsito, atuando junto com o corpo de bombeiros e a defesa civil. Em uma terceira fase irá, por meio de um equipamento específico, gerar receita ao município, na identificação de infrações de trânsito e também à polícia, identificando infratores, pelo reconhecimento facial.
Câmera instalada na Praça Nelinho Dias, Bairro Noemia Batalha.
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Como você avalia esse trabalho realizado em Ubá? Esse processo de avaliação cabe a Polícia Militar e segundo levantamentos feitos pela própria entidade, a redução da criminalidade no centro da cidade foi de 70%. Todo esse processo foi possível com a participação do comércio local, com a rede de comerciantes protegidos, que agiu em parceria com a Polícia Militar, vigiando e denunciando. O que você aponta como resultados positivos desde a instalação do sistema? Aponto a redução da criminalidade; maior agilidade da Polícia Militar em localizar e efetuar a solução dos crimes. A conquista da segurança do comércio e das pessoas físicas em poder sair às ruas e manter seus comércios abertos.
Câmera instalada na Avenida Senador Levindo Coelho, Bairro Santa Alice.
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Foto: Fotografe
C onectados
Jornalista, especialista em Assessoria de Comunicação, Gestão da Comunicação nas Organizações e pós-graduanda em Gestão de Pessoas e Coaching. É uma verdadeira apaixonada por internet e pelas mídias sociais. Além disso, é dona do Boteco Feminino (www.obotecofeminino.com.br).
Divulgação
Rafaela Namorato
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ello, Conectados! Espero que esteja tudo bem com vocês! Estamos vivendo um momento em que muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo e, todas elas, permeando o espaço da Internet. Então, para me ajudar a decidir qual seria o tema da nossa coluna, contei com a ajuda de uma galera bem legal lá do meu Instagram (@obotecofeminino). Dei aos seguidores a missão de escolher entre três possíveis assuntos e, o mais votado entre eles é uma questão que faz parte da grande maioria das pessoas nas redes sociais: “Será que as pessoas são na vida real o que dizem ser na Internet?”. Então, como os pedidos feitos no balcão do Boteco Feminino são uma ordem, bora lá entrar nesse chat! Esse tema foi inspirado em um reality show, lançado em março deste ano e exibido pela Netflix, em 12 episódios, apresentado por Giovanna Ewbank: o The Circle Brasil. Além da versão brasileira, há também uma versão americana e uma francesa, que deverá ir ao ar em abril. O programa consiste no confinamento de nove participantes em um prédio - lindíssimo por sinal - situado em Manchester, no Reino Unido. Cada participante fica alojado em um apartamento decorado bem ao seu estilo, o que nos ajuda a entender a personalidade real de cada um. Funciona como se esse prédio fosse uma rede social e os seus moradores os seus usuários, cada um com seu perfil. Já adianto que o The Circle não chega a ser um dos programas mais divertidos que você já assistiu, mas é um verdadeiro experimento sobre o comportamento humano, principalmente quando o assunto é status, causar uma boa impressão e ser aceito pelos demais. Acontece que, esses participantes não têm nenhum tipo de contato físico uns com os outros; a única interação que há entre eles se dá por meio de telas, que só funcionam por comando de voz. Absolutamente tudo é mediado pelo sistema The Circle: as festas, os games, as tretas, as avaliações, os bloqueios e até os crushs.
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SERÁ QUE AS PESSOAS SÃO NA VIDA REAL O QUE DIZEM SER NA INTERNET?
Outro ponto que chama a atenção, e que me motivou a abordar esse tema, é o fato de que os confinados podem se passar por qualquer personagem – inclusive por eles mesmos – para conquistar a simpatia e a confiança do grupo. E, no final, além de ser escolhido como o mais popular, o vencedor também leva para casa a quantia de R$ 300 mil. Então, em um contexto, aonde eles não fazem a menor ideia de quem ou como sejam seus oponentes, não sabe quem está mentindo ou falando a verdade sobre si mesmo, os participantes fazem uso das mais variadas estratégias para se organizarem em grupos, criar alianças com pessoas com quem acreditam ter mais afinidade e ensaiam discursos que possam agradar a maioria. Resumindo, o The Circle “é um jogo de impressões e influência”. O mais interessante é observar no jogo como alguns participantes são muito mais incríveis em suas versões originais do que conseguem ser em seus perfis (sejam eles verdadeiros ou fakes). Muitos chegam ao ponto de ser completamente desinteressantes, perdendo a oportunidade de ir mais longe no jogo do que se tivessem adotado a verdade do que são. Mas enfim, continuando... Desde que se tem notícias da existência dos seres humanos na Terra, os homens buscam se organizar em comunidades. E essas comunidades, por sua vez, sempre foram guiadas por um líder (que hoje a gente chama carinhosamente de influenciador digital). Esse líder era geralmente escolhido por ser o mais forte, o melhor caçador, o mais sábio, o mais convincente, o mais bonito, etc. Quem estava nessa disputa pelo poder, sempre utilizava dos seus melhores atributos para se promover (a não ser quando essa liderança fosse disputada na base
da briga, literalmente); as fraquezas jamais eram reveladas. Aí eu te pergunto: isso não te soa atual, nem um pouquinho? O mundo pode até ter evoluído, mas a essência do jogo não mudou muito, não. Assim como no The Circle, no mundo “on-line real”, muitas pessoas são capazes de (praticamente) tudo, inclusive ser o que não são, para alcançar esse nível de influência e ser querido e admirado por todos. Por favor, não entendam isso como uma crítica, mas se a gente parar para analisar bem, ninguém é 100% o que posta nas redes sociais, e talvez isso nem seja de tudo tão errado assim. Repara só, estamos buscando sempre expor o nosso melhor, nossas melhores viagens, as melhores festas, as melhores roupas. E se for para postar algum perrengue, que seja um perrengue chique. Fazemos isso porque temos em mente que ninguém vai se interessar por nossos perfis se não formos descolados; se não formos autênticos, ou melhor, se não parecermos autênticos; se não formos legais o tempo todo, mesmo que por trás das telas não estejamos tão bem assim. Essa é a regra do jogo, seja no The Circle, seja na vida. Por mais que a gente tente passar o máximo de verdade sobre quem somos, no final a gente sempre acaba maquiando uma coisa aqui ou outra ali. Eu não queria contar para vocês como o The Circle Brasil termina, pois gostaria, de verdade, que vocês pudessem parar para assistir e fazer as suas próprias avaliações. Mas, quem quiser saber ou não tiver como assistir, me chama no direct que eu conto tudo (risos). O que eu quero deixar de mensagem para vocês é que tudo bem não sermos 100% na vida real o que parecemos ser na Internet, mas temos que ter em mente que não precisamos abandonar quem somos, a nossa essência, e criar um personagem só para tentar agradar pessoas que não fazem a menor ideia da nossa história. Por mais que estejamos do lado de perfis fakes acreditando que eles são reais, vai por mim, no final só sai ganhando quem é de verdade!
Por: Scarlett Gravina Make-Up: Larissa Vieira
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enho como propósito de vida estar sempre em evolução para me tornar uma pessoa melhor. Sinto-me realizada com o meu crescimento, contudo, tenho ânsia de amadurecer mais, aprender, me desenvolver, ajudar mais pessoas e sentir ainda mais orgulho da mulher que estou me tornando”, Afirma Mikaelly Gonçalves. Apesar da pouca idade, a jovem de 22 anos que faz parte de uma geração de mulheres engajadas na busca por seus direitos, leva consigo aprendizados como empatia e sororidade, se impondo, questionando e ensinando. Natural de Água Boa, município de Minas Gerais, após residir em Belo Horizonte Mikaelly se mudou há um ano para Ubá, onde comandam junto de seu noivo a empresa Mais Ar Comprimido, atuando como diretora de Marketing. Cursando Direito, embora esteja em uma área diferente de sua graduação, para ela, o amadurecimento e ensinamentos adquiridos com seu trabalho a auxiliam em sua construção como mulher e profissional na carreira que decidir seguir. “Comecei a atuar nesse segmento com o intuito de suprir uma necessidade da empresa do meu noivo. Sempre gostei de criar, planejar e desenvolver projetos, mas foi algo que aconteceu naturalmente e fui me redescobrindo a cada dia no segmento. Ainda estou no inicio da minha carreira profissional e pretendo seguir várias distintas. Mas tudo que faço tem um significado muito
Tenho muito orgulho da minha criação, da minha base familiar e dos meus valores. Sei que ainda preciso passar por algumas experiências, aprender mais e crescer, mas gosto da pessoa que venho me tornando
C apa
Foto: Nael Couto
Nome: Mikaelly Gonçalves Mendes Idade: 22 anos Profissão: Diretora de marketing da empresa Mais Ar Comprimido e estudante de Direito. Hobby: Tenho como hobby a leitura. Livro: A arte de fazer acontecer – David Allen. Lugar de mulher é... Comandando uma empresa valioso, representa crescimento, amadurecimento e superação”, relata. O gosto pela leitura, assim como a procura por cursos de desenvolvimento pessoal, está entre as características que marcam a busca constante por sua evolução. Acerca de temas como empoderamento feminino, Mikaelly vem estudando e ressignificando seu papel como mulher na sociedade. “As responsabilidades e as cobranças recaem com maior intensidade às mulheres. Somos esposas, mães, filhas, empresárias, estudantes, administramos o lar, entre outras funções que desempenhamos. Além disso, ainda existe uma cobrança às mulheres para se encaixarem aos padrões impostos pela sociedade. Mas é importante ressaltar que somos livres para sermos quem quisermos e como quisermos”, declara. Diante da sua trajetória, entre mudanças, aprendizados e evolução, Mikaelly acredita que embora ainda tenha muito que aprender, segue confiante e determinada em meio a sua construção como mulher. “Tenho muito orgulho da minha criação, da minha base familiar e dos meus valores. Sei que ainda preciso passar por algumas experiências, aprender mais e crescer, mas gosto da pessoa que venho me tornando, procurando sempre ser justa, solidária e, acima de tudo, mantendo meus ideais”, finaliza. @maisarcomprimido
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@mikaellygm Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
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Nome: Danielle Teixeira Filgueiras Idade: 30 anos Profissão: Engenheira Civil e Designer de Interiores Signo: Leão Um ídolo: Deus Um sonho realizado: Ser reconhecida pelo meu trabalho Um sonho a se realizar: Voar de balão Uma frase: “A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender”. (Clarice Lispector)
Revista Fato! - Outubro 2020 Edição #97
Por Vanessa Santos Fotos: Cássio Fotografias Beleza: Patrícia Casal / Joyce Araujo
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personalidade é algo que logo se nota na entrevistada desta edição. Rosto de menina, jeito de mulher, ela tem uma garra que a permite alcançar qualquer objetivo. Autêntica, determinada, desbravadora, viu no universo do design a oportunidade de criar e imprimir sua identidade em cada projeto. Buscando ir além, também incorporou a engenharia civil ao seu currículo a fim de se tornar uma profissional completa. Quando não está trabalhando ou aprendendo, a quadra de tênis é o lugar onde se diverte e disputa campeonatos, basta olhar alguns de seus troféus. Sempre que pode, a dedicação se volta aos amigos e familiares, e é se dividindo carinhosamente entre suas funções que ela cresce, tornando-se, a cada dia, uma Dani mais forte e realizada.
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POR DENTRO DO CLOSET Com um estilo bem tradicional para o dia a dia, seu look é baseado na harmonia entre calça e blazer ou camisa de botão, desde que seja acompanhado de um bom salto alto; peça de maior volume e a preferida no closet de Danielle. “Até nas
Revista Fato! - Abril 2020 Edição #97
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Engenheira Civil
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obras é comum me ver de salto, claro que os mais confortáveis possíveis a fim de não atrapalhar a locomoção”, comenta a engenheira zelosa pela mensagem que transmite através de suas roupas. “O ‘vestir bem’, principalmente em meio a pessoas que não te conhecem, passa uma imagem de respeito, o que também é essencial nas equipes as quais lidero”, completa a moça que, nos momentos de lazer, se permite optar por peças um pouco mais informais.
POR DENTRO DO TRABALHO A habilidade com os números surgiu ainda na infância, por isso, trabalhar no banco era uma de suas opções, mas o destino a levou para o ramo da moda, no qual chegou inclusive a desenvolver coleções e, paralelamente, cursar design de produto. “Dentro da faculdade vi o quanto gostava de criar mobiliários e tudo o que eu desenvolvia
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me deixava feliz, a partir daí descobri minha verdadeira paixão: projetar interiores, foi quando fiz a segunda graduação, evidentemente em Design de Interiores, bem como as especializações no ramo”, recorda. No entanto, a vontade de aprender não parou por aí. O desejo de explorar as infinitas possibilidades em uma obra foi despertando em Danielle a curiosidade pela parte estrutural, levando-a novamente às salas de aula, desta vez, no curso de engenharia civil. “Unindo todas essas áreas é possível pensar em diversas alternativas para ambientes internos fazendo com que pequenos espaços se tornem amplos, reforçando toda estrutura e prevendo que um pilar ou viga não comprometa toda a estética do local”, explica. À frente da Empório Design há dez anos, a profissional reúne uma cartela de clientes fidelizada em projetos comerciais e residenciais, além de serviços de acompanhamento da obra, ornamentação e consultoria de ambiente. E para complementar o atendimento, em execulção, surgiu recentemente a Empório Construções e Serviços, atendendo as demandas de regularização, desmembramento, projeto de Corpo de Bombeiros, serviços de execução de obras e afins, os quais são realizados com a orientação do esposo e também engenheiro, Alexandre Firmiano.
POR DENTRO DA INTIMIDADE Dani, como é carinhosamente chamada, é do tipo que “sai do trabalho, mas o trabalho não sai dela”. Em seu tempo livre, adora estudar e conhecer mais sobre o universo de construção e criatividade, entretanto, na rotina também tem espaço para o bem-estar, descanso e diversão. “Depois de concluir meus afazeres, pratico esporte quando possível e mais tarde costumo assistir TV”, diz ao comentar que, nos momentos de lazer, adora encontrar os amigos e competir. “Comecei no tênis por curiosidade, somente para fazer uma atividade física, e logo me apaixonei. Fui praticando e assim cheguei a várias competições intermunicipais”. Com uma relação de muita cumplicidade com o marido, com a família não seria diferente. Extremamente cuidadosa com os avós, orgulhosa dos pais e carinhosa com os irmãos, ela faz questão de compartilhar com eles todas as suas conquistas. “A gente briga, se ama, é do contra, se ajuda, enfim, somos uma família e nada passa despercebido entre nós. A gente chora e vibra junto!”, destaca sobre o amor incondicional que nutre por cada um, especialmente pela Dona Diná, a vovó e xodó eterno. “Uma mulher de coragem, que sonha e realiza” como ela mesma se define, Danielle aponta a teimosia como defeito, quando na verdade, é só um reflexo de sua dedicação em tudo o que se propõe a fazer. “Por mais difícil que seja uma situação, por mais obstáculos que possa haver, quando tenho um objetivo traçado, não há quem me segure”, conclui despertando admiração por sua tamanha vontade de vencer.