ANO III - Nº 15 - JANEIRO/FEVEREIRO 2008
Certificação eleva confiabilidade de ferramentais
REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X
Redes colaborativas melhoram a eficiência de empresas A ® Metrotomografia no controle de qualidade de peças complexas Entenda a conexão entre equipamentos de medição CMM e sistemas CAD/CAM
DESTAQUE
ANO III - Nº 15 - JANEIRO/FEVEREIRO 2008
Certificação eleva confiabilidade de ferramentais
REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X
Redes colaborativas melhoram a eficiência de empresas A ® Metrotomografia no controle de qualidade de peças complexas Entenda a conexão entre equipamentos de medição CMM e sistemas CAD/CAM
DESTAQUE
Christian Dihlmann Editor
A melhor nação do mundo Bem vindo 2008! Começamos o ano com todas as recomendações costumeiras da virada de ano: sucesso, saúde, dinheiro, felicidade, enfim, só bons desejos. Passados os momentos de euforia, vamos repensar o país: nós, brasileiros, achamos que o mundo todo presta, a exceção do nosso Brasil. Vejamos então algumas realidades: nos EUA e na Europa não há o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus o atendente pega o dinheiro com a mesma mão com que manuseia o pão ou a carne. Em Paris os garçons são conhecidos pelo mau humor e qualquer garçom de botequim do Brasil poderia dar aulas a eles de como conquistar o cliente. Acreditem: · O Brasil tem se destacado na corrida pelo desenvolvimento de combustíveis alternativos; · Ainda assim, recentemente fomos brindados com mais uma reserva imensa de petróleo; · Das crianças e adolescentes de sete a quatorze anos, 97,3% estão na escola; · Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificação de qualidade ISO9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México são apenas 300 empresas e na Argentina, 265; · O Brasil é o segundo maior mercado do mundo em helicópteros e jatos executivos; · O mercado editorial de livros no Brasil é maior que o da Itália, com mais de 50 mil novos títulos por ano; · As agências de publicidade brasileiras ganham os maiores e melhores prêmios do mundo;
· O Brasil é o país mais empreendedor do mundo; · Mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam boa parcela de seu tempo a trabalhos voluntários; · Em uma pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária; · Somos o país que tem tido o maior sucesso no combate a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, constando como referência mundial; · Nos esportes estamos nos tornando referência mundial. Apesar disso, é natural que ainda tenhamos muitos problemas para resolver. Todos os países os têm. Alguns com maior intensidade. Os últimos acontecimentos com os principais representantes do país demonstram a fragilidade de nosso modelo. Precisamos derrubar definitivamente esta que é a maior represa para o desenvolvimento do Brasil: a corrupção. Cabe, a cada um de nós, buscarmos a solução, primeiramente em nosso meio e depois, em esferas mais amplas. Para tanto, é fundamental que participemos ativamente de movimentos empresariais organizados. Nessa edição publicamos na seção Radar a Agenda de Princípios para o Brasil. Vamos nos mobilizar para que ela seja posta em prática. É fantástico ver o brasileiro em épocas de Copa do Mundo. Que mobilização! Que paixão! Porque não sermos nacionalistas também ao longo dos intervalos de Copas? Quando tivermos (e vamos ter!) essa garra todos os dias, o Brasil será a maior e melhor nação do mundo. Derrubadas as barreiras que nos impedem de progredir sadiamente, a sustentabilidade estará garantida. E o trabalho honesto também. Dias atrás o colega Hideo Matsuzaki, da Nakata, mencionou a filosofia aplicada pela empresa onde trabalha, cujo mote é Competitividade Honesta. É justamente nessa causa que a revista Ferramental está calcada. Independente da concorrência, interna ou externa, muitas vezes “não honesta”, devemos trabalhar com a criatividade brasileira e, acima de tudo, com a honradez e seriedade característica da maioria de nossas empresas, sempre focando em transformar o Brasil na melhor nação do mundo.
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Artigos Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais www.revistaferramental.com.br ISSN 1981-240X
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Impacto do processo de produção na certificação de ferramentais Para garantir a qualidade dos ferramentais nacionais e buscar a competitividade internacional, será necessário criar no Brasil um modelo de certificação moderno e confiável.
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Texturização de aços ferramenta A aplicação do processo de texturização em moldes apresenta elevado crescimento, pelos efeitos funcionais e estéticos que imprime aos produtos injetados. Todavia, algumas precauções devem ser adotadas na preparação do aço para este processo.
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Redes colaborativas e empresas virtuais: novas oportunidades e desafios O desenvolvimento de parcerias tecnológicas e administrativas tem permitido que as empresas de pequeno e médio porte criem bases sólidas na busca pela competitividade. Entretanto, é fundamental que regras e procedimentos objetivos sejam definidos previamente, sob pena de implosão do modelo.
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Metrotomografia: inovação no controle de qualidade de peças de alta complexidade técnica Em função de exigências crescentes na qualidade dos produtos, os processos de metrologia tem sido alvos de grandes desenvolvimentos tecnológicos. A Metrotomografia® permite efetuar medições de alta precisão sem a destruição da estrutura em peças com regiões de difícil acesso.
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Compartilhamento de protocolos entre equipamentos CMM, CAD e CAM A correta comunicação entre os equipamentos da empresa permite confiabilidade nos resultados e ganhos elevados em tempo e custos. Para tanto, alguns cuidados específicos devem ser tomados na configuração destes equipamentos.
DIRETORIA Christian Dihlmann Jacira Carrer REDAÇÃO Editor: Christian Dihlmann - (47) 9964-7117 christian@revistaferramental.com.br Jornalista responsável: Roberto Junior Monteiro - RP: 2248/09/27v Colaboradores Adriano Fagali de Souza, André P. Penteado Silveira Jefferson de Oliveira Gomes, Cristiano V. Ferreira, Rolando Vargas Vallejos PUBLICIDADE Coordenação nacional de vendas Christian Dihlmann (47) 3025-2817 christian@revistaferramental.com.br Rio Grande do Sul Ivano Casagrande (51) 3228-7139 / 9109-2450 casagrande@revistaferramental.com.br São Paulo Ronaldo Amorin Barbosa (11) 9714-4548 ronaldo@revistaferramental.com.br ADMINISTRAÇÃO Jacira Carrer - (47) 3025-2817 / 9919-9624 adm@revistaferramental.com.br Circulação e assinaturas circulacao@revistaferramental.com.br Produção gráfica Martin G. Henschel Pré impressão (CtP) e impressão Maxigráfica - (41) 3025-4400 www.maxigrafica.com.br A revista Ferramental é distribuída gratuitamente em todo o Brasil, bimestralmente, com tiragem de 8.000 exemplares. É destinada à divulgação da tecnologia de ferramentais, seus processos, produtos e serviços, para os profissionais das indústrias de ferramentais e seus fornecedores: ferramentarias, modelações, empresas de design, projetos, prototipagem, modelagem, softwares industriais e administrativos, matérias-primas, acessórios e periféricos, máquinasferramenta, ferramentas de corte, óleos e lubrificantes, prestadores de serviços e indústrias compradoras e usuárias de ferramentais, dispositivos e protótipos: transformadoras do setor do plástico e da fundição, automobilísticas, autopeças, usinagem, máquinas, implementos agrícolas, transporte, elétricas, eletroeletrônicas, comunicações, alimentícias, bebidas, hospitalares, farmacêuticas, químicas, cosméticos, limpeza, brinquedos, calçados, vestuário, construção civil, moveleiras, eletrodomésticos e informática, entre outras usuárias de ferramentais dos mais diversos segmentos e processos industriais. As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as mesmas desta revista. A reprodução de matérias é permitida, desde que citada a fonte. A revista Ferramental tem como pressuposto fundamental que todas as informações nela contidas provêm de fontes fidedignas, portanto, recebidas em boa fé. Logo, não pode ser responsabilizada pela veracidade e legitimidade de tais informações.
EDITORA GRAVO LTDA. Rua Jacob Eisenhut, 467 - Fone (47) 3025-2817 CEP 89203-070 - Joinville - SC
Seções 6 7 10 12 30 49 52 53 53 54
Cartas Radar Expressas Conexão www Ficha técnica Enfoque Eventos Livros Índice de anunciantes Opinião
Foto da capa:
Estampo progressivo. Foto cedida por Btomec Ferramentaria e Usinagem de Precisão, de Joinville, SC
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O envio da revista é gratuito às empresas e profissionais qualificados das indústrias de ferramentais, seus fornecedores, compradores e usuários finais. Qualifique sua empresa no www.revistaferramental.com.br
Sem proselitismo barato e direto ao ponto, a edição da Ferramental de julho-agosto está ótima. Os textos da coluna Radar e Em Questão são didáticos e oportunos. E os textos técnicos estão muito bem elaborados e interessantes. Parodiando o mote do jornal Folha de São Paulo, "não dá prá não ler". Parabéns! Continuem firmes! João Carmo Vendramim Isoflama - Indaiatuba, SP
Sou aluno do curso de tecnologia em ferramentaria da faculdade CEFET-RS da cidade de Sapucaia do Sul. Estou entrando em contato por ter lido a Ferramental e ter gostado muito. Desejo também saber se é possível assinar a revista, pois tenho uma empresa e estou entrando no setor de ferramentas de injeção, razão pela qual gostaria de poder contar com as informações que são publicadas. Anderson Souza Gival Ind. e Com. de Máquinas - Sapucaia do Sul, RS
É com grande satisfação que recebemos os exemplares da revista Ferramental e tenho certeza que será de grande utilização e apoio técnico para nossa empresa. Marcos Amaral Möllertech Brasil - Curitiba, PR
A Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí é uma instituição comunitária sem fins lucrativos e, dentre seus cursos, possui a Engenharia Mecânica. No currículo do curso temos disciplinas relacionadas a fabricação, tais como Processos de Usinagem, Processos Especiais de Fabricação, Processos
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de Conformação e Processos de Conformação de Polímeros e Compósitos. Nesse sentido, gostaríamos de solicitar a inclusão da instituição para receber a revista Ferramental que, com certeza, será uma valiosa fonte de consulta e atualização para os nossos professores e alunos. Também gostaria de receber informações dos procedimentos para a submissão de artigo para ser publicado pela revista. Moacir Eckhardt Unijuí - Ijuí, RS
Gostaria de parabenizá-los pelo ótimo trabalho que vem sendo desenvolvido pela revista Ferramental. Além da abordagem técnica da área, há sempre textos interessantes relativos à gestão e ao desenvolvimento profissional e pessoal. Em especial, destaco os ótimos trabalhos da Kátia Bianchi, abordando um tema que parece de domínio fácil, mas que, por não conhecermos detalhes ali abordados, acaba por nos trair em diversas situações (comunicação). Também achei muito interessante a abordagem dada ao benchmarking na coluna Gestão, mostrando exemplos de aplicações e desenvolvimento. Paolo Bicca da Silva Faurecia Automotive - Curitiba, PR
Gostaria de parabenizar à equipe pelo ótimo trabalho apresentado na revista Ferramental. Destaco o excelente material sobre comunicação da autora Kátia Bianchi, na coluna Em Questão, além da abordagem interessante adotada pelo autor Elói Zanetti na coluna Radar. Pedro Paulo - PP Tools A Editora se reserva o direito de sintetizar as cartas e e-mails enviados à redação.
Agenda de Princípios para o Brasil A Ação Empresarial tem por objetivo identificar e defender, de forma coordenada, os interesses comuns do empresariado, complementando o trabalho que empresas e empresários desenvolvem através de suas entidades de classe. Foi criada em 1993. Seu gestor é o Instituto Brasileiro de Siderurgia IBS. Participam da Ação Empresarial todas as confederações nacionais, sete federações e outras quarenta e duas entidades de classe. Esta Agenda de Princípios reúne um conjunto de valores, crenças e políticas que se pretende seja apoiado por todos os setores da sociedade, para possibilitar o indispensável aperfeiçoamento das instituições nacionais, consolidar o estado de direito e acelerar o desenvolvimento do País, condições básicas para geração de empregos e correção de desequilíbrios sociais. Isto significa que devemos todos assumir responsabilidades. Os avanços, no entanto, requerem consenso mínimo em torno de uma Agenda que promova convergência de esforços. Precisamos de um conjunto de reformas para que o Brasil cresça com maior rapidez, qualidade e justiça social. Reformas não apenas econômicas. Instituições políticas precisam ser aperfeiçoadas para o fortalecimento da democracia, do estado de direito e combate à corrupção. Esta Agenda tem o propósito de ser um compromisso com a geração atual e as próximas gerações. Convida todos os cidadãos a apoiá-la como forma de co-responsabilidade com o futuro do País. Os que já aderiram a esta Agenda de Princípios, contam com seu apoio, participação e contribuição de idéias. A Agenda está dividida em duas partes. Nesta edição estamos publicando os Princípios e Políticas e na próxima serão apresentadas as Prioridades Nacionais. Princípios e Políticas A base da construção O estado de direito, instituições de
qualidade e uma sociedade cada vez mais participativa são elementos fundamentais para construir a grande nação democrática, próspera e eqüitativa que desejamos. Democracia A democracia é um regime político de valor universal que tem raízes firmes no Brasil. Democracia não é apenas um ritual eleitoral, mas a concretização das liberdades civis, políticas e econômicas. O regime democrático se revigora quando conta com uma sociedade participativa que assume deveres e defende direitos individuais e coletivos. Segurança A falta de segurança ameaça o estado de direito. Cidadãos e famílias têm a sua liberdade de ir e vir restringidas. Vidas se perdem. O País incorre em custos e incertezas que reduzem sua competitividade e desestimulam a ação empreendedora. Educação e igualdade de oportunidades A educação é a base da cidadania e do desenvolvimento. O principal desafio reside em elevar a qualidade da educação. Credibilidade das instituições Os cidadãos e as empresas dependem da qualidade das instituições. O Judiciário, o Congresso e o Executivo são fundamentais. Incertezas, ineficiência e corrupção minam a credibilidade. É hora de se desenvolver uma agenda de reformas que enfrente es-
sas disfunções. Estabilidade macroeconômica O Brasil aprendeu a valorizar a estabilidade de preços e não há espaço para retrocessos. É necessário preservar o equilíbrio das finanças públicas, incentivar o crescimento da poupança interna e promover investimentos. Crescimento econômico / emprego O Brasil cresce pouco economicamente, de modo desigual e injusto, o que reduz a capacidade de resolver os seus problemas. O objetivo das reformas deve ser o de criar as condições para o Brasil crescer com maior rapidez e qualidade. Devemos assegurar um alto crescimento econômico com empregos de qualidade e desenvolvimento social e regional. Economia de mercado O mercado é o melhor canal para que a sociedade expresse suas necessidades de bens e serviços. O lucro é elemento básico de indução e preservação da livre iniciativa. Estrutura do Estado A estrutura do Estado brasileiro inibe o crescimento, na medida em que não prioriza a poupança, gasta mal e reduz a produtividade global da economia. Uma profunda renovação administrativa, que valorize a qualidade e a eficácia dos serviços públicos torna-se imperativa. Direito de propriedade O direito de propriedade e o respeito Janeiro/Fevereiro 2008
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aos contratos são condições indispensáveis ao crescimento econômico. Meio ambiente O desenvolvimento sustentável deve ser um compromisso da sociedade brasileira. Para conciliar o crescimento econômico com a conservação do meio ambiente o Brasil necessita de um marco regulatório moderno e seguro, instituições de meio ambiente qualificadas e ampla disseminação de práticas de gestão ambiental nas empresas.
Manifeste seu apoio a esta Agenda de Princípios por um novo Brasil, subscrevendo-a no site: www.agendaprincipiosbrasil.org.br Endereço: SCS Q4 - Bloco A - Edifício Brasal II - 5º andar Fone 061 3225 9019 70300-500 Brasília DF
e-mail contato@agendaprincipiobrasil.org.br
COORDENAÇÃO
Inovação tecnológica A competitividade da economia brasileira depende, cada vez mais, do conhecimento e da inovação tecnológica. É preciso apoiar e incentivar o desenvolvimento de inovações, ampliar a base científica e qualificar os recursos humanos.
Jorge Gerdau Johannpeter Coordenador Geral Cristiano Buarque Franco Neto Coordenador Geral Adjunto Marco Polo de Mello Lopes Coordenador Executivo
Inserção internacional A maior integração da economia brasileira no mercado internacional constitui instrumento para manutenção de estrutura produtiva eficiente e competitiva, tanto pelo estímulo ao aprimoramento da qualidade, como pelos ganhos de escala.
Federações FEBRABAN - Federação Brasileira das Associações de Bancos FEDERASUL - Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul FENABRAVE - Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores FENASEG - Federação Nac. das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
O Brasil tem pressa Inércia e postergações de reformas têm custos. Frustram nossas expectativas, reduzem a geração de empregos e acarretam o uso ineficiente dos recursos físicos e humanos do País. Atitude Os problemas do Brasil se resolvem no Brasil. Devemos enfrentá-los com método, persistência e determinação, com a indispensável participação da sociedade civil. É uma questão de atitude. Marcos regulatórios e agências reguladoras Marcos regulatórios bem definidos e agências reguladoras independentes são instrumentos essenciais para fomentar investimentos e assegurar direitos aos investidores e à sociedade. 8
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APOIADORES
Confederações CACB - Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil CNA - Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil CNC - Confederação Nacional do Comércio CNF - Confederação Nacional das Instituições Financeiras CNI - Confederação Nacional da Indústria CNT - Confederação Nacional do Transporte Outras organizações ABAL - Associação Brasileira do Alumínio ABBI - Associação Brasileira de Bancos Internacionais ABDIB - Associação Brasileira Para o Desenvolvimento das Indústrias de Base ABEL - Associação Brasileira das Empresas de Leasing ABIA - Associação Brasileira da Indústria de Alimentação
ABIFA - Associação Brasileira de Fundição ABIGRAF - Associação Brasileira das Indústrias Gráficas ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos ABINEE - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABITAM - Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal ABRABE - Associação Brasileira de Bebidas ABRAFE - Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico ABTP - Associação Brasileira de Terminais Portuários ACMinas - Associação Comercial de Minas Gerais ACRJ - Associação Comercial do Rio de Janeiro ACSP - Associação Comercial de São Paulo ADEMI - Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário AEB - Associação de Comércio Exterior do Brasil AMCHAM/RJ - Câmara Americana de Comércio do Rio de Janeiro AMCHAM/SP - Câmara Americana de Comércio de São Paulo ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ANUT - Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga BRACELPA - Associação Brasileira de Celulose e Papel CBF - Centro Brasileiro de Forjarias CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo GIE - Grupo de Investidores Estrangeiros GRUPO GERDAU GRUPO VOTORANTIM IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia IEDI - Instituto de Estudos Para o Desenvolvimento Industrial ODEBRECHT S.A. SECOVI - Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo SICETEL - Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos SIMPI - Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo SINDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola SINDICOM - Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes SINDIPEÇAS - Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores SIPLA - Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos de Limpeza SRB - Sociedade Rural Brasileira
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Sucesso consolidado do concurso Programador CAM O seminário “Desenvolvimento da manufatura de moldes e matrizes”, realizado em 19 de novembro último, encerrou com chave de ouro o concurso Programador CAM 2007. O seminário contou com a participação de renomados pesquisadores e profissionais da área de fabricação, com destaque ao palestrante Patxi Lopes, pesquisador do Centro Tecnológico TEKNIKER, localizado ao norte da Espanha. Patxi Lopes palestrou sobre novas tecnologias para a fabricação de moldes, envolvendo processos de usinagem por laser, ultra-som, dentre outros. Estiveram presentes 120 participantes, representando empresas de diversas regiões do país. Inscreveram-se no concurso um total de 119 candidatos do Brasil e exterior (Portugal, Espanha e Costa Rica). O vencedor do Programador CAM 2007, Walter Lebante, da empresa WCAM de São Bernardo do Campo, São Paulo, apresentou seu trabalho ao final do seminário e ganhou um prêmio de R$ 4.000,00.
O evento propiciou uma importante reflexão sobre o tema fabricação de moldes. “Dentre os trabalhos submetidos ao concurso, observam-se grandes e significativas disparidades nos processos de fabricação realizados por cada empresa/programador, envolvendo ferramentas de corte, operações de usinagem, eletro-erosão e tempo de fabrica10
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ção”, como relata o Prof. Dr. Adriano Fagali de Souza, coordenador geral do evento. SOCIESC www.sociesc.org.br
Intercâmbio tecnológico no ITA Convênio de cooperação firmado entre a Associação de Pós-Graduandos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (APG-ITA), de São José dos Campos, São Paulo, e a Romi, fabricante brasileira de máquinas e equipamentos industriais, permitirá o desenvolvimento de intercâmbio científico e tecnológico, com a realização de pesquisas de interesse comum, abrangendo atividades de pesquisa, desenvolvimento, formação e treinamento de recursos humanos, absorção e transferência de tecnologias e a utilização de instalações e equipamentos. A empresa fornecerá à associação um centro de torneamento Romi E280A, a ser utilizado em pesquisas próprias ou para terceiros, relacionadas à usinagem de peças metálicas. A APG-ITA representa os pós-graduandos e pós-graduados (mestres e doutores) do ITA e tem por objetivo
estimular a pesquisa e o desenvolvimento no campo da tecnologia avançada, da ciência e da educação, apoiando instituições federais de ensino superior e prioritariamente o ITA. Com o convênio, poderá dar suporte a empresas de seu relacionamento interessadas na
aplicação do conhecimento científico em processos de usinagem. ITA 012 3947 5800 www.ita.br ROMI 19 3455 9000 www.romi.com.br
Semana Rio Industrial 2008 Reunindo simultaneamente três grandes eventos, Expomac - Feira Brasileira da Indústria Metal-Mecânica; Eletron - Feira Brasileira da Indústria Elétrica, Eletrônica e Automação Industrial e Feipack - Feira Brasileira da Embalagem, a Rio Industrial 2008 ocorrerá entre 6 e 9 de agosto no Rio de Janeiro. Contemplará toda a cadeia metalmecânica, máquinas-ferramenta, aço, corte, conformação, usinagem, embalagem, plástico, elétrica, eletrônica, automação, robótica, geração e fontes alternativas de energia. Paralelamente a feira serão realizados eventos específicos para cada uma das grandes áreas. Na Expomac acontecerão a Ferramental (área exclusiva para o segmento de máquinas-ferramenta), Salão de Aço, Corte e Conformação (voltado para empresas de máquinas, produtos e tecnologias de corte, junção de chapas, ferramentas de dobra e corte, entre outras) e Usinagem (área destinada a prestadores de serviços de usinagem, como torneamento, polimento, afiação etc.) Dentro da Eletron terão lugar os salões de Automação Industrial e Robótica e o de Fontes Alternativas de Energia. E na Feipack, além da exposição de fabricantes de embalagem e seus fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, acontecerá a Plastfair - Feira da Indústria da Embalagem Plástica e
seus fornecedores, que reunirá empresas focadas somente no segmento plástico. Diretriz 41 3075 1100 www.diretriz.com.br
Reparo de spindles Componentes importantes das máquinas operatrizes, os spindles (eixo árvore) necessitam de profissionais altamente gabaritados para execução de reparos. Objetivando melhor atender os clientes na manutenção destes componentes, o Grupo Megga buscou parceria com uma das mais renomadas empresas fabricantes de rolamentos no mundo, a SKF. Ela opera mais de 5.000 máquinas-ferramenta em suas fábricas ao redor do mundo e possui laboratório técnico próprio de reparos de spindles de última geração. O SKF Spindle Service Center, localizado em Cajamar, estado de São Paulo, presta serviços de reparo de eixos árvore ao mercado, aliando seu profundo conhecimento na tecnologia de rolamentos de precisão com a engenharia de spindles aplicados em centros de usinagem, fresadoras, retíficas e tornos. Essa parceria com a SKF vai proporcionar custo de serviço diferenciado aos clientes do Grupo Megga, agilidade na restauração do funcionamento da máquina, confiabilidade do serviço e com a garantia de que o spindle, após a manutenção devida, vai passar por todos os testes
que verificam se o componente está com a performance adequada para retornar à máquina. Grupo Megga 11 5180 3555 anderson.silva@grupomegga.com.br SKF Spindle Service 11 4448 8602 alex.r.pereira@skf.com
Encontro MOLDES 2008 O 6º Encontro da Cadeia de Ferramentas, Moldes e Matrizes - Moldes 2008, que está sendo organizado pela Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais - ABM, objetiva consolidar-se como o principal fórum nacional de discussão de questões fundamentais para o segmento. Segundo o coordenador, Paulo de Tarso Haddad, nesta edição deverão ser abordados os problemas comuns dos fabricantes de ferramentais para a indústria, as oportunidades e ameaças do setor, bem como a divulgação das melhores práticas e novas tecnologias que possam contribuir para o fortalecimento da cadeia. “Após a quinta edição, com uma grande bagagem adquirida, não é exagero dizer que a cada ano nos aproximamos mais das questões fundamentais para a competitividade da indústria nacional, propondo soluções e criando ambiente que propicie a cooperação. Isto trás para nosso público, excelente oportunidade para a troca de experiências e formação de vínculos e parcerias com grande potencial de sucesso”. Não sem razão, diz Haddad, a comissão organizadora se sente fortalecida com a chegada de novos colaboradores, todos fortemente ligados à cadeia de fornecimento. Os interessados em apresentar trabalhos nas sessões técnicas do evento podem enviar os resumos dos trabalhos diJaneiro/Fevereiro 2008
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retamente pelo site da associação até o dia 2 de fevereiro. O evento é direcionado para projetistas, fabricantes e usuários de ferramentas e será realizado de 20 a 22 de agosto, na sede da ABM, em São Paulo. ABM 11 5534 4333 www.abmbrasil.com.br
Prêmio de design internacional Designers, empresas, indústrias e estudantes brasileiros têm até o dia 7 de março de 2008 para realizar as inscrições para o IDEA/Brasil, edição brasileira do consagrado Prêmio IDEA (Internacional Design Excellence Award), que premiará com troféus exclusivos, representantes de 18 categorias em três níveis de excelência (ouro, prata e bronze) e garantirá inscrição dos finalistas na premiação americana. Com 30 anos de existência, o IDEA é promo-
vido pela IDSA (Industrial Designers Society of America), a mais importante organização do design americano. No Brasil, único país a ter o direito de realizar o concurso fora dos EUA, o prêmio é organizado pela ONG Objeto Brasil, tem corealização da Revista Época Negócios e promoção da Associação Brasileira das Empresas de Design ABEDESIGN e da Agência de Promoção de Exportação e Investimento - APEX BRASIL. Como reconhecimento da importância do design para diversos setores do mercado, o evento conta ainda com a parceria de várias entidades setoriais. Para concorrer ao IDEA/Brasil, prêmio com reconhecimento internacional, e demonstrar criatividade, valor e capacidade produtiva os interessados deverão fazer suas inscrições exclusivamente pelo site do IDEA/Brasil www.ideabrasil.com.br. Poderão concorrer ao prêmio produtos das 18 categorias, que são as
seguintes: Produtos Comerciais & Industriais; Equipamentos de Comunicação; Equipamentos de Informática; Estratégia de Design; Ecodesign; Equipamentos de Som, Jogos e Entretenimento; Ambientes; Produtos para Casa; Design de Interface; Lazer e Recreação; Produtos Médicos & Científicos; Produtos para Escritório; Embalagens; Acessórios Pessoais; Projetos de Estudantes; Pesquisa; Transportes e Jóias. Os finalistas serão conhecidos dia 28 de abril em evento que terá a presença dos executivos da IDSA, além de outros parceiros e formadores de opinião, designers e jornalistas de revistas e jornais estrangeiros especializados em design. APEX 061 3426 0202 www.apexbrasil.com.br IDEA 11 3891 0000 www.ideabrasil.com.br
No site do Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas - Cefet RS é possível obter informações completas sobre os cursos oferecidos nas áreas de transformação de termoplásticos, gestão da produção industrial e tecnologia em fabricação mecânica. Também permite acesso aos projetos de graduação, grande parte direcionados ao setor de moldes e transformação de plásticos. Dentre os grupos de trabalho, o Gyros estuda o processo de rotomoldagem, disponibilizando, entre outros informativos, um guia de projeto de produtos rotomoldados. O grupo CPPol desenvolve pesquisas em caracterização e processamento de polímeros e o GrEF investiga o setor de ferramentaria. No link http://labinfo.cefetrs.edu.br/professores/mauro/ é ainda possível baixar um rico material sobre os fundamentos de projetos para moldes de injeção para termoplásticos. www.cefetrs.edu.br A Associação Nacional da Indústria de Moldes de Portugal Cefamol, objetiva organizar e coordenar as ações deste importante segmento produtivo português. Em seu site, traz informações amplas sobre as últimas notícias do setor, tanto a nível nacional quanto internacional. Permite acompanhamento de projetos desenvolvidos para a competitividade das indústrias transformadoras e de moldes, como o HiperMoulding, que busca a redução de tempos de ciclo no processo de injeção, e o projeto MemMolde, que resgata a memória da indústria de moldes do norte de Portugal. Além disso, o site dá acesso a relação de cursos, eventos e publicações voltadas ao segmento dos moldes. www.cefamol.pt
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CLAUS SACHS - claus.techno@expresso.com.br CHRISTIAN DIHLMANN - dihlmann@brturbo.com.br SUELI FISCHER BECKERT - sueli@sociesc.org.br ADRIANO FAGALI DE SOUZA - fagali@sociesc.org.br
Impacto do processo de produção na certificação de ferramentais
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conquista de espaço no mercado mundial de ferramentais passa pela garantia da qualidade do produto e do fornecimento. Os estudos levam a criação de processos de certificação com o desenvolvimento de metodologias para este fim. A confiabilidade no método vai definir o sucesso dessa iniciativa.
O mercado mundial de ferramentais movimenta em torno de 20 bilhões de dólares por ano [1]. Considerando que a grande maioria dos produtos existentes são gerados a partir de algum tipo de ferramental, seja ele um molde para injeção de termoplástico ou uma matriz para estampagem de portas de automóveis, seja um molde de sopro para fabricação de garrafas em plástico ou vidro, até uma ferramenta de extrusão para produção de tubos ou perfis, este segmento produtivo tem grande influência na qualidade e custo dos produtos que chegam até o consumidor final. O processo de criação e produção de um produto novo é composto por uma série de etapas, desde o surgimento da idéia até sua colocação no mercado. Uma visão da cadeia de desenvolvimento de um produto que envolve a utilização de um ferramental é apresentada na Figura 1. Cada uma das fases exige ações específicas no desenvolvimento de um produto, para que ele possa ser disponibilizado para comercialização de acordo com as expectativas do mercado: Conceituação do produto - envolve o princípio, com a absorção da idéia e transformação desta em um conceito, analisando a ergonomia, a exeqüibilidade com base em avaliação do projeto para a fabricação (DFM - design for manufacturing), a construção de protótipos e o gerenciamento das etapas do processo de desenvolvimento do produto. Projeto do ferramental - o objetivo é criar uma ferramenta capaz de produzir o produto proposto, dentro
Figura 1 - Cadeia de desenvolvimento de produtos que utilizam ferramentais [2]
de critérios estabelecidos de qualidade e custo. São avaliados nesta etapa: a estrutura e funcionalidade do produto e da ferramenta, a montagem e desmontagem, os parâmetros de manutenção, além da exeqüibilidade em função da tecnologia e dos recursos produtivos disponíveis. Janeiro/Fevereiro 2008
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Caracterização de materiais - são determinados todos os pontos críticos relativos aos materiais empregados, tanto no produto final quanto no ferramental de produção. Considera-se nesta etapa o levantamento de propriedades físico-químicas, mecânicas e de microestrutura. Fabricação do ferramental - a fabricação propriamente dita envolve todos os processos convencionais e não convencionais de usinagem, além da montagem do ferramental. Neste âmbito estão inclusos a usinagem em fresamento, torneamento, eletroerosão de penetração e a fio, retificação, furação, polimento, soldagem e alguns processos alternativos. Nesta etapa é fundamental o monitoramento e o controle dos processos produtivos. Processo de transformação - o ferramental é apenas o meio para a produção do produto final. Portanto, independente do processo de transformação (injeção, sopro, extrusão, corte, dobra, repuxo, estampagem, ou qualquer outro), esta fase é importante para a cadeia produtiva, pois nela são verificadas as condições finais de produção do produto proposto. A primeira ação é a validação inicial por meio de testes do ferramental, com a avaliação do dimensional e a qualidade do produto final. A etapa seguinte, a produção propriamente dita, deve ser acompanhada por um período de tempo determinado, em função da complexidade do produto. Inspeção e homologação - nesta etapa é verificado o atendimento a todas as premissas de construção do ferramental e de funcionalidade do produto final. Estão relacionadas as questões dimensionais, erros de forma e posição, rugosidade e demais especificações técnicas [3].
tecnológico e; • Demanda espaço físico pequeno. A concorrência crescente de países tradicionalmente fortes na construção de ferramentais (Estados Unidos, Alemanha, Japão, Canadá, Portugal e Itália) e de outros com custos extremamente baixos, como os tigres asiáticos (China, Coréia do Sul, Índia, Taiwan e Singapura), tem forçado o Brasil a reagir e, definitivamente, estabelecer padrões mundiais de qualidade no desenvolvimento de seus ferramentais. Para atingir um nível internacional, é necessário que as ferramentarias passem a adotar metodologias de certificação dos processos produtivos, em especial do sequenciamento das atividades de projeto e fabricação de ferramentais. O principal objetivo deste trabalho é apresentar como as diferentes atividades do setor ferramenteiro impactam na qualidade dos ferramentais produzidos, inferindo diretamente na certificação de seus produtos. Para tanto, define-se o escopo de atuação nas atividades de projeto e fabricação do ferramental, considerando que um produto já esteja completamente definido pelo cliente, não havendo maior incursão sobre os requisitos funcionais, estéticos e comerciais do mesmo. A Figura 2 apresenta a abrangência da análise realizada.
CARACTERIZAÇÃO DO SETOR FERRAMENTEIRO O desenvolvimento de uma ferramenta é considerado produção do tipo “one of a kind”, ou seja, produção não seriada. Em função desta característica, o custo de desenvolvimento é, geralmente, elevado. Assim, o processo de produção não é caracterizado como padrão repetitivo, demandando que as operações sejam descritas de forma genérica e não específica para cada ferramental. As principais características do setor de produção de ferramentais são: • Produtos de alto valor agregado; • Baixa utilização de mão de obra; • Alta especialização de mão de obra; • Alta aplicação de recursos produtivos de elevado nível
Características do material
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Desenvolvimento de Produto CERTIFICAÇÃO DE FERRAMENTAL
Projeto do ferramental
Fabricação do ferramental Processos de transformação Inspeção e Homologação
Produto no mercado Figura 2 - Abrangência da certificação de ferramental
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CERTIFICAÇÃO DE FERRAMENTAIS A certificação é definida como o procedimento para alcançar um padrão que assegure a qualificação de um profissional ou a qualidade e funcionalidade de um produto ou serviço [4]. E neste sentido, os fabricantes de ferramentais devem concentrar seus esforços como alternativa para a qualificação de seus produtos ao mercado mundial. Todavia, para que seja possível atingir a certificação de um processo ou produto, é necessário estabelecer um nível elevado de organização, que por sua vez requer um bom processo de planejamento das atividades. A partir do atendimento destes requisitos, é óbvia a redução de erros e riscos no processo produtivo, resultando em melhoria da qualidade, diminuição do lead time1, melhoria na estimativa de prazos de entrega e, finalmente, ganhos significativos em custos pela elevação da produtividade e redução dos desperdícios (Figura 3). Certificação
• Melhoria da qualidade
Organização e planejamento
• Diminuição de leadtime • Maior assertividade de prazos de entrega
Redução de erros e riscos
Comercial CAD
! Comercial
Apesar de muitas vezes ser relegada a um segundo plano, a etapa da negociação de um ferramental é deci16
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CAPP
Usinagem
Fornecedor
Contrato
Compra
Montagem
Qualidade
Teste
Fornecedor
Acabamento
Produção
CAM
Orçamento
Fresamento
Cliente
Eletroerosão
Torneamento
Retificação
Furação
Figura 4 - Atividades inerentes a certificação de ferramental
siva para que a ferramentaria tenha resultado positivo na transação comercial. Ela se divide em duas fases importantes: a elaboração do orçamento ou proposta antes da venda e; a formalização por meio de um contrato após a venda do ferramental. – Orçamento A elaboração do orçamento deve ser baseada em critérios técnicos, que permitam quantificar o número de horas de construção, tanto em nível de projeto quanto de fabricação, além dos custos de matériaprima e acessórios, serviços terceirizados e impostos incidentes. A seqüência do processo de orçamentação é demonstrada na Figura 5.
Figura 3 - Resultados do processo de certificação
ATIVIDADES INERENTES AO DESENVOLVIMENTO E FABRICAÇÃO DE FERRAMENTAL A Figura 4 mostra as atividades nas quais devem ser seguidos procedimentos que permitam atingir um parão de excelência no processo de certificação de um ferramental.
CAE
Suprimento
Tecnolgia
• Ganhos significativos em custos produtividade retrabalho
A organização e o planejamento são importantes em todas as fases do processo. Portanto, é necessário envidar elevados esforços para que sejam executadas de forma clara e objetiva, buscando aumentar a produtividade e a lucratividade.
Engenharia
1. Custos de células produtivas
2. Catalogação de fornecedores
3. Pré-análise de configuração do ferramental
4. Cálculo de custos de matéria-prima
5. Cálculo de parâmetros de construção
6. Cálculo de preço do ferramental
7. Envio da proposta de venda
Figura 5 - Atividades para elaboração de orçamento
1. Custos das células produtivas: pouco usual entre as empresas do setor ferramenteiro, a elaboração e aplicação de planilhas de custos de fabricação são importantes para que seja possível identificar e direcionar a execução de tarefas para a máquina ou equipamento mais adequado em nível de capacidade técnica e custo de produção, adequando o orçamento para a forma mais economicamente viável. A Figura 6 mostra um exemplo de planilha de custo, publicado na edição Nº 2 da revista Ferramental. São consideradas nesta planilha 1
Lead time: período entre o início de uma atividade até o seu término
todas as informações relativas a salários de profissionais, dados da máquina, equipamento ou posto de trabalho e as premissas operacionais, resultando em um custo hora/máquina com e sem mão-de-obra.
Figura 7 - Modelo de planilha de cálculo de preço de ferramental
Figura 6 - Planilha de cálculo de custo de produção
2. Catalogação de fornecedores: para que haja flexibilidade e agilidade na determinação de insumos e serviços, é conveniente que os fornecedores habituais estejam devidamente cadastrados e homologados para atender às demandas da ferramentaria. Recomenda-se acompanhar o desempenho dos fornecedores periodicamente, através de auditorias específicas. 3. Pré-análise de configuração do ferramental: exceto em casos de alta complexidade, fica economicamente inviável executar um projeto completo de cada ferramenta para efeitos de orçamento. Portanto, nesta fase é elaborado um croqui do ferramental a ser desenvolvido. Obviamente que o estudo deve abranger o maior número possível de informações para a construção do ferramental, mormente as limitações de processo do cliente e as considerações de volume de peças a ser produzido. A revista Ferramental publicou um modelo de planilha para orçamento de ferramentais na edição Nº 4, conforme a Figura 7. 4. Cálculo de custos de matéria-prima: a partir do estudo de dimensões e requisitos funcionais do ferramental, obtidos na fase anterior, procede-se os cálculos de matéria-prima com base nas informações dos fornecedores homologados pela ferramentaria. Nesta fase deve-se ainda, em caso de opção de inclusão de sistemas acessórios como, por exemplo, câmara ou bico quente, solicitar as devidas cotações de fornecedores específicos. A revista Ferramental publicou, em sua edição Nº 1, um modelo de ficha para solicitação de cotação de câmara quente, Figura 8.
Figura 8 - Modelo de ficha para orçamento de câmara quente
5. Cálculo de parâmetros de construção: da mesma forma, com base no estudo anterior e no volume de matéria-prima requerido para construção do ferramental, é possível calcular o número de horas para o projeto, usinagem, montagem e testes de validação do produto final. 6. Cálculo do preço do ferramental: com base em todas as informações coletadas e calculadas nas fases anteriores, obtém-se o custo de fabricação. Adicionalmente é necessário agregar os valores de impostos, margem de lucro almejada e custos indiretos. 7. Envio da proposta de venda: nesta etapa é fornecido ao cliente o preço final do ferramental. A proposta deve ser clara e objetiva, com a maior quantidade de detalhes técnicos possível, não apresentando informações dúbias e descrevendo todos os custos inclusos ou não. Por exemplo, é comum que algumas empresas incluam os impostos devidos e outras não os citem, acarretando em mal entendimento do cliente quando da avaliação e comparação entre preços. Também é Janeiro/Fevereiro 2008
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importante realizar um acompanhamento (follow-up) junto ao cliente, para identificar possíveis desvios quanto a proposta enviada e a expectativa do comprador. – Contrato Outra ação relevante e frequentemente esquecida pelas partes, compradora e vendedora, é a formalização do negócio após aceita a oferta. Recomenda-se que haja o registro das condições acordadas através de um contrato de compra e venda. A revista Ferramental publicou, em sua edição Nº 11 (Figura 9), um roteiro para elaboração de contrato para aquisição e fabricação de ferramentais. Recomenda-se que seja mencionada e anexada ao contrato a proposta de venda, o pedido de compra e o cronograma de construção, que deve mencionar claramente as respectivas datas de eventos técnicos e comerciais. Pode-se ainda incluir um formulário Figura 9 - Roteiro para elaboração de um contrato para registro de eventos, pois se sugere que toda e qualquer comunicação verbal seja formalizada por meio de documento escrito.
1. Desenho 2D e modelo 3D
2. Pré-projeto
3. Avaliação e aprovação do pré-projeto
4. Análises técnicas
5. Lista de materiais
6. Planejamento fino da produção
7. Programação CNC
8. Planos de usinagem
9. Planos de verificação
Figura 10 - Atividades intrínsecas da engenharia
a data do desenho, uma vez que podem ocorrer atualizações de desenho não devidamente informadas entre as partes, gerando dúvidas e conflitos na conclusão do ferramental. É importante observar os problemas de conversão entre diferentes sistemas computacionais, pois podem acarretar pequenas divergências no modelo resultante. 2. Pré-projeto: nesta fase é elaborado um estudo, mais avançado que o desenvolvido na fase de orçamento. Deve contemplar as premissas de operação do cliente, inclusive suas limitações produtivas (tamanho de máquina, capacidade de produção). A revista Ferramental publicou nas edições 6, 12 e 13, modelos de planilhas de verificação para o projeto de moldes para injeção de termoplásticos (Figura 11), moldes para processo de sopro e moldes para processo de rotomol-
! Engenharia
A engenharia é a primeira etapa a ser desenvolvida após a conclusão da transação comercial. Ela envolve toda a inteligência criativa para aplicação das melhores práticas e soluções técnicas focadas no atendimento das premissas definidas na contratação do negócio, aplicando os recursos de projeto, engenharia, manufatura e planejamento da produção auxiliada por computador (CAD - computer aided design, CAE - computer aided engineering, CAM - computer aided manufacturing e CAPP - computer aided process planing). Portanto, ela tem contribuição fundamental na certificação final, uma vez que define todas as características necessárias ao bom desempenho do ferramental. As fases deste processo são apresentadas na Figura 10. 1. Desenhos bidimensionais e modelos tridimensionais: é a obtenção dos desenhos e modelos liberados pelo cliente para construção do ferramental. Muito importante documentar sempre a versão ou nível, bem como 18
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Figura 11 - Modelo de ficha para análise de projeto de molde para injeção de termoplástico
dagem, respectivamente. 3. Avaliação e aprovação de pré-projeto: a partir do pré-projeto executado, uma reunião de avaliação junto ao cliente aprova e libera o processo de construção. É recomendado que nesta reunião estejam presentes profissionais da área de materiais, processos e produto,
além da equipe de projeto do cliente e do fornecedor. 4. Análises técnicas: nesta etapa são verificados, se possível computacionalmente, as simulações de estrutura da ferramenta, de fluxo de material e de processo funcionais. 5. Lista de materiais: com as definições técnicas adotadas nas fases anteriores, é possível liberar a lista de materiais para início do processo de fornecimento pela área de suprimentos. 6. Planejamento fino da produção (PCP): todas as etapas de fabricação são então definidas, com alto nível de detalhamento. Quanto mais detalhadas as etapas, tanto menor a probabilidade de erros ao longo do processo de construção, facilitando a certificação do ferramental. 7. Programas CNC: com base nas informações dos desenhos e projetos, elaboram-se os programas de usinagem para as máquinas operatrizes. 8. Planos de usinagem: acompanhados dos programas gerados na etapa anterior, os planos de usinagem devem informar condições de fixação das peças, ferramentas e condições de operação das máquinas. 9. Planos de verificação: também denominados de
check points (pontos de verificação), são requisitos de construção que devem ser avaliados após determinada operação, geralmente de maior complexidade. Esta ação permite detectar eventuais erros gerados e tomar as devidas providências antes que o processo tenha continuidade, evitando desperdícios de tempo e dinheiro. ! Suprimento
O setor de suprimentos de uma ferramentaria tem função estratégica na qualidade e no custo final do ferramental, sendo suas atividades apresentadas na Figura 12. De um lado pela responsabilidade em obter fornecedores confiáveis e de outro por conseguir os insumos na melhor relação custo/benefício.
1. Desenvolvimento de fornecedor
2. Acompanhamento de fornecedor
4. Compras de matériaprima e insumos
3. Levantamento de preços
5. Atualização tecnológica
Figura 12 - Atividades intrínsecas de suprimentos
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1. Desenvolvimento de fornecedor: uma das funções básicas de suprimentos é prospectar, identificar, avaliar e homologar fornecedores que atendam, de maneira adequada, a ferramentaria. Neste sentido, o fornecedor deve passar por períodos de avaliação, com indicadores de qualidade de fornecimento e atendimento. 2. Acompanhamento de fornecedor: o setor de suprimentos deve também avaliar periodicamente o fornecedor, auditando critérios importantes para a ferramentaria e determinando metas de melhoria no atendimento destes critérios, quando for necessário. 3. Levantamento de preços: a função de maior intensidade é certamente o atendimento às demandas internas da ferramentaria, no sentido de fornecer o material necessário para a construção do ferramental. Neste sentido, devem ser levantados orçamentos com um número mínimo de fornecedores, verificando a melhor condição de qualidade, prazo e preço. 4. Compras de matéria-prima e insumos: é fundamental que os prazos requeridos de disponibilização da matéria-prima, insumos e acessórios para a fábrica sejam rigorosamente cumpridos. O não atendimento desses prazos pode acarretar em atraso na entrega do ferramental e, consequentemente, a aplicação de multas por parte do cliente. 5. Atualização tecnológica: apesar de ser uma função secundária, o setor de suprimentos deve estar constantemente atento aos novos materiais e tecnologias, informando toda a equipe de produção das novas alternativas, a fim de melhorar os resultados técnicos e financeiros da empresa.
! Usinagem
A usinagem é a etapa da construção propriamente dita, utilizando todos os subsídios fornecidos pelas etapas precedentes, envolvendo os processos de fresamento, eletroerosão de penetração e a fio, torneamento, retificação e furação. Para garantir que os trabalhos executados estejam de acordo com o programado, os planos de manutenção das máquinas devem ser elaborados com base nas recomendações dos fabricantes e auditados periodicamente quanto a sua efetiva aplicação. Na falta de recursos produtivos previstos nos planos de usinagem, deve ser considerado que os processos alternativos podem apresentar variações de condições de produção e que, por esse motivo, precisam ser avaliados conjuntamente com a equipe de engenharia. ! Montagem
A etapa final de montagem do ferramental acontece de forma similar a um quebra-cabeça. O ferramenteiro, profissional responsável pela união de todas as peças para formação do ferramental, precisa ter um conhecimento amplo sobre todos os processos produtivos e bom conhecimento sobre projeto. A Figura 14 identi-
1. Avaliação de préprojeto e projeto
2. Acompanhamento de usinagem
3. Verificação de pontos de controle
4. Montagem do ferramental
5. Teste do ferramental
6. Entrega do ferramental
Figura 14 - Atividades intrínsecas ao ferramenteiro
Figura 13 - Subsídios para o processo de usinagem
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fica as principais atribuições deste profissional. 1. Avaliação de pré-projeto e projeto: apesar de não ser prática comum nas ferramentarias, é altamente aconselhável que o ferramenteiro acompanhe o préprojeto e o projeto do molde, pelo menos na reunião de avaliação e aprovação do projeto. Adotando-se este procedimento, diversas limitações de processo podem ser identificadas antecipadamente e o projetista passa a entender e prever algumas situações que simplificam o ferramental, facilitando assim a sua certificação. 2. Acompanhamento de usinagem: por conhecer a fundo os detalhes de montagem do ferramental, já absorvidos na fase de projeto, o ferramenteiro tem condições de auxiliar os operadores das máquinas em detalhes específicos da usinagem. Esse procedimento pode simplificar operações que não são reconhecidas
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pelos operadores de máquinas em função do desconhecimento da aplicação final da peça usinada. 3. Verificação de pontos de controle: o próprio ferramenteiro exerce a função de analista de qualidade quando acompanha os pontos de controle (check points), identificando possíveis desvios de projeto já na fase de usinagem. 4. Montagem do ferramental: é a operação que reune todos os componentes para configuração final do ferramental. Esta etapa envolve diversas operações de ajuste fino, polimento e fechamento dos componentes. 5. Teste do ferramental: compõe todas as etapas de verificação do funcional do ferramental, com a simulação de produção em máquina equivalente a do projeto. O ferramenteiro acompanha ainda a medição do dimensional das peças obtidas no teste. 6. Entrega do ferramental: é a conferência final de atendimento a todos os requisitos técnicos e comerciais acordados com o cliente do ferramental. O ferramenteiro deve preparar o ferramental para entrega ao cliente, com a respectiva documentação de acompanhamento e os protocolos de entrega final. ! Qualidade
Por fim, a certificação do ferramental é obtida no setor de qualidade, onde todos os procedimentos anteriores compõem a documentação completa do processo produtivo. A Figura 15 demonstra as atividades inerentes ao setor de garantia da qualidade.
1. Procedimentos de qualificação de fornecedores
2. Procedimentos internos
3. Procedimentos de atendimento a clientes
4. Certificação do ferramental
Figura 15 - Atividades intrínsecas a qualidade
1. Procedimentos de qualificação de fornecedores: de comum acordo com o setor de suprimentos, são elaborados e validados os procedimentos para qualificação de fornecedores. 2. Procedimentos internos: compondo com todos os setores da empresa, são elaborados e validados todos os procedimentos produtivos internos de gestão e de tecnologia. 3. Procedimentos de atendimento a clientes: determina, junto ao cliente, os padrões de atendimento, elabo22
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rando e validando os procedimentos para essa relação. 4. Certificação do ferramental: acompanhando o ferramenteiro nos processos de teste e validação funcional e dimensional, atesta as conformidades e emite a documentação devida, conferindo o certificado do ferramental. Um padrão de certificação pode ser adotado com a entrega de um manual do ferramental para o cliente, onde todo o histórico e documentos formais do processo produtivo estão incorporados. MANUAL DO FERRAMENTAL A certificação de um produto seriado permite que sejam realizadas avaliações com um determinado lote de peças e que as conclusões sejam estendidas para um conjunto maior, determinando reavaliações periódicas para verificação da repetitividade do processo. Todavia, em produção não seriada o cenário é completamente diferente, requerendo que cada produto seja testado e aprovado individualmente. Neste sentido, para a fabricação de ferramentais, a maneira mais adequada de buscar a garantia de bom desempenho do produto é acompanhando o processo do início ao fim, controlando todas as etapas. Assim sendo, através da implementação das ações previamente descritas, é possível elaborar um documento que certifique que boas práticas foram adotadas na construção do ferramental e que a rastreabilidade do processo está garantida. Como resultado, tem-se o manual do ferramental, contendo as seguintes informações: 4 Proposta de venda de ferramental; 4 Contrato de compra e venda; 4 Procedimentos de instalação e manutenção preventiva; 4 Características técnicas do produto; 4 Características gerais do ferramental; 4 Características físicas do ferramental; 4 Características do processo produtivo; 4 Sistema de refrigeração; 4 Sistema de extração; 4 Sistema elétrico; 4 Informações para transporte do ferramental; 4 Lista de materiais brutos e acabados; 4 Desenhos de projeto (2D); 4 Modelos matemáticos (3D); 4 Lista de verificação para análise de projeto; 4 Lista de verificação para teste do ferramental; 4 Relatório dimensional do produto final; 4 Certificados de matéria-prima e tratamentos térmi-
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cos; Histórico de acompanhamento do processo e; Desenhos de projeto do ferramental.
CONCLUSÃO O principal objetivo num processo de certificação é atender às expectativas do cliente; neste caso, disponibilizar um ferramental que atenda a todos os requisitos especificados na contratação, seja no desempenho técnico, no prazo de entrega, bem como nos valores financeiros acordados. Diante da fabricação de um produto não seriado, este trabalho apresentou as ações a serem tomadas em diferentes áreas do setor ferramenteiro, de forma que a qualidade do ferramental fosse monitorada desde a sua concepção. A proposta de certificação de produto
termina com a elaboração de um Manual do ferramental, demonstrando o atendimento às especificações. A estruturação do método de certificação está em desenvolvimento e compreende os aspectos descritos neste trabalho. O processo de criação e homologação de instituições certificadoras é o passo seguinte à organização das ferramentarias propriamente ditas. Algumas entidades estão engajadas na elaboração de procedimentos e requisitos para que este modelo seja implementado no Brasil. É fundamental que a cadeia produtiva de fabricantes de ferramentais participe ativamente neste processo de homologação, para que a credibilidade e eficiência do modelo de certificação de ferramental seja a maior possível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Relatório “Competitividade e Potencial de Crescimento do Clus-ter de Moldes para a Indústria do Plástico de Joinville”, Março 2003, UFMG [2] Souza, A. F.; Albano, A. E.; Coelho, R. T.; Estudo das oscilações da velocidade de avanço no fresamento em altas velocidades de formas complexas; Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação, São Pedro, 2007 [3] Braga, I.; Requisitos Básicos de uma Ferramentaria para o Mer-cado Nacional de Moldes, I Encontro Nacional de Ferramentarias ENAFER, Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), Joinville, 2007 [4] http://pt.wikipedia.org/wiki, 2007
Claus Sachs - Técnico em Mecânica e Metalurgia, graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Gestão de Compras. É aluno de curso de Mestrado em Usinagem e Ferramentaria pela SOCIESC. Sócio gerente da TechnoSachs Industrial Ltda. Christian Dihlmann - Engenheiro Mecânico e Mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Especialista em Administração de Empresas pela Fundação Educacional da Região de Joinville - Univille. Realizou aperfeiçoamento na área de fabricação de moldes e análise reológica em Portugal e Alemanha. Atualmente é diretor comercial da BRTooling Ltda. Sueli Fischer Beckert - Doutora e Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com formação em Matemática pela Universidade da Região de Joinville (Univille). Professora titular da Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc), atuando nas áreas de metrologia e ferramentas estatísticas da qualidade. Adriano Fagali de Souza - Doutor em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), mestre em Engenharia de Produção e Engenheiro de Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Atualmente é professor e pesquisador da Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc). Desenvolve projetos para a implantação de novas tecnologias de fabricação em empresas nacionais e multinacionais.
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DANTE RIBEIRO - dante@acoespecial.com.br
Texturização de aços ferramenta
D
iversos são os efeitos estéticos e funcionais possíveis de obter com o processo de texturização de um produto plástico. Todavia, alguns cuidados devem ser tomados a fim de conseguir o melhor resultado da superfície texturizada.
A texturização1 é um processo fotoquímico utilizado na indústria para obter formatos particulares a partir de chapas finas de metal e gerar desenhos em relevo característicos. Nesse último caso, a texturização é largamente aplicada para produzir moldes plásticos de modo a obter efeitos de superfícies especiais. O grau de precisão obtido com este método é difícil de atingir com métodos convencionais. Uma grande quantidade de objetos plásticos, de uso diário, apresenta uma superfície modelada áspera ao toque. Utensílios domésticos (Figura 1), computadores, telefones, artigos com acabamento,
Figura 1- Exemplo de bacia plástica texturizada
imitando o couro, equipamentos domésticos e de escritório, bem como a maioria dos componentes plásticos para a indústria automotiva (painéis, volantes de direção, elementos de acabamento, entre outros) são exemplos de aplicação de texturas. Portanto, a finalidade da texturização na indústria de moldes é obter componentes plásticos agradáveis ao olhar, como ocorre com o polimento. Entretanto, ao contrário deste último, a texturização reduz significativamente a reflexão da luz pela superfície. De fato, no polimento a reflexão é um mérito, enquanto na texturização ela deve ser evitada. Na Figura 2 está apresentado um exemplo de molde com textura. As superfícies dos componentes obtidos com moldes texturizados são melhores para se segurar com firmeza do que aquelas com superfícies lisas ou brilhantes. Além disso, os artigos texturizados são mais fáceis de manipular e possuem maior resistência à abrasão.
Figura 2 - Exemplos de textura em moldes
OPERAÇÕES TÍPICAS PARA O PROCESSO DE TEXTURIZAÇÃO Há informações limitadas sobre as técnicas empregadas por empre1
Textura: é o aspecto de uma superfície, que permite identificá-la e distinguí-la de outras formas. Quando tocamos ou olhamos para um objeto ou superfície "sentimos" se ela é lisa, rugosa, macia, áspera ou ondulada. A textura é, por isso, uma sensação visual ou táctil [1]. Janeiro/Fevereiro 2008
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sas especializadas em texturização. Até certo ponto, elas são mantidas em sigilo. A razão está no fato de que não há um processo padrão. Pequenas variações em termos de escolha do ácido, dosagem, freqüência de luz e tempos de exposição resultam em diferenças significativas no resultado e constituem o know-how2 de cada empresa. Basicamente, o desenho solicitado é transferido para a superfície de moldagem usando um processo fotográfico. O desenho é gravado na profundidade requerida por meio da aplicação de um ácido apropriado em condições estritamente controladas. Em outras palavras, é um procedimento no qual um equipamento resistente ao ácido, no formato da decoração desejada, é aplicado à superfície a ser tratada. Todas as superfícies que não devam ser texturizadas são protegidas e o molde é colocado em um banho ácido apropriado. Geralmente, o processo de texturização inclui as seguintes fases fundamentais: ! Planejamento - estabelecimento das fases fundamentais do processo e identificação do material que forneça os melhores resultados, dependendo do desenho da textura.
! Impressão - do desenho usando
plotter 4 de alta velocidade e alta resolução (um para cada lado da peça a ser texturizada). ! Gravação - ataque químico do
! Verificação do metal - análise das
características do material da peça a ser texturizada para assegurar quanto a sua adequação.
! Remoção - remoção e limpeza da ! Preparação - limpeza cuidadosa
da peça para remover todo o óleo ou graxa.
! Revestimento - recobrimento da
peça com camadas de material fotossensível, geralmente um polímero sensível à luz ultravioleta5 (UV), chamado de fotoresina.
! Exposição - aos raios UV da pelí! Processamento - tratamento e
cula na qual o desenho foi transferido.
otimização dos desenhos do cliente usando sistemas CAD3.
! Desenvolvimento e fixação - da
imagem gravada na película. 26
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polímero de revestimento não exposto previamente ao UV com um ácido apropriado (geralmente cloreto férrico6 ou ácido nítrico7). O metal deverá ficar à vista.
camada fotossensível deixada sobre a peça, possivelmente expondo-a mais uma vez aos raios UV e repetindo o processo de ataque químico (soda cáustica8).
! Inspeção - verificação da peça pa-
ra assegurar que esteja de acordo
2 Know-how: do inglês, saber como fazer, conhecimento. 3 CAD - Computer Aided Design (projeto auxiliado por computador). 4 Plotter: - equipamento destinado a imprimir desenhos em grandes dimensões, com alta qualidade, como por exemplo, projetos de engenharia. 5 Luz ultravioleta: é a radiação eletromagnética com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos raios X, variando de 380 nm a 1 nm (1 nanometros = 10-9 metros) [1]. 6 Cloreto férrico: fórmula molecular FeCl3.. Pertence a família dos sais inorgânicos. 7 Ácido nítrico: fórmula molecular HNO3. É um líquido incolor, corrosivo e venenoso. 8 Soda cáustica: fórmula molecular NaOH. É tecnicamente denominado de hidróxido de sódio. É altamente corrosivo, podendo produzir queimaduras, cicatrizes e cegueira.
com os requisitos de projeto apontados na primeira etapa. Existem resinas fotossensíveis, positivas e negativas: ela é positiva quando é a parte não protegida pelos raios UV que é removida no banho ácido. E negativa se a parte removida for aquela protegida. A Figura 3 apresenta os dois processos. Empresas especializadas em texturização usam principalmente resinas negativas (conforme descrito nas fases anteriores). Assim, devem ser providenciados desenhos negativos, nos quais a parte desenhada é aquela que será gravada. FATORES QUE INFLUENCIAM A TEXTURIZAÇÃO A composição do reagente químico é escolhida de acordo com os seguintes fatores: ! Tipo de material de base - a Tabela 1 apresenta os reagentes mais comuns para alguns materiais; ! Nível de dureza e; ! Tipo de texturização. Em geral, a texturização depende também destes parâmetros: 9 ! Inclusões e porosidade; ! Direção das fibras; ! Tratamentos térmicos;
Material a ser texturizado
Reagente químico
Notas
Aço
Ácido Nítrico, Ácido sulfúrico, Ácido fosfórico
Os fumos são altamente corrosivos e tóxicos
Ligas de alumínio
Hidróxido de sódio
Os fumos não são nocivos, mas o H2 é explosivo
Ligas de cobre
Ácido hidrofluórico
Os fumos são corrosivos
Ligas de titânio
Ácido hidrofluórico
Os fumos são corrosivos e tóxicos. O ácido hidrofluórico é muito perigoso
Ligas de magnésio
Ácido sulfúrico
Os fumos são corrosivos. O H2 é explosivo. As adições provocam reações violentas
Tabela 1 - Reagentes químicos utilizados na texturização
! Usinagem por eletroerosão e; ! Qualquer tipo de soldagem.
Tipo de aço A texturização pode ser efetuada sobre todos os aços-carbono e todos os aços-liga com teor de cromo inferior a 5%. Aços inoxidáveis com um teor máximo de 18% de cromo também podem ser texturizados com grande cuidado. Entretanto, aços com mais de 0,03% de enxofre devem ser evitados, já que este elemento distribuído no aço sob a forma de inclusões origina uma texturização diferente daquela do
aço circundante. Isso resulta na formação de pequenas cavidades ou estrias sobre a superfície. A possível combinação de tipos diferentes de aço (por exemplo, aço-carbono e aço inoxidável) no mesmo molde deve ser comunicada ao texturizador que deverá prestar atenção particular a fim de obter as mesmas características de superfície em materiais diferentes. De fato, a profundidade da texturização varia para os diferentes tipos de aço, levando a uma diferença evidente na aparência final em caso de aplicação de dois ou mais materiais. Inclusões e porosidade Reduções significativas na dureza do molde, associadas a um alto número de inclusões e porosidade do aço, podem causar problemas de texturização. Assim, a remoção de impurezas, inclusões e porosidade é necessária quando se efetuam processos de texturização química. As impurezas podem ser drasticamente reduzidas por meio de processos de desgaseificação a vácuo (VD10) e/ou refusão por eletroescória (ESR11), aos quais é submetido o aço de qualidade superior, obtendo-se inclusões com uma taxa de redução adequada aplicada a um lingote fundido apropriadamente. A maioria dos defeitos (porosidades, segregações superficiais e endurecimento devido ao superaquecimento da ferramenta) é realçada, com uma pré-gravação ácida apropriada, antes da deposição da película. 9
Figura 3 - Esquema de texturização positiva e negativa
Inclusões: são pequenas partículas metálicas ou não metálicas, dispersas na matriz metálica, que interrompem a homogeneidade do aço, gerando alta concentração de tensões. 10 Processo VD: a partir da desgaseificação selada a vácuo (vacuum decarburation) obtém-se um aço homogêneo com grau reduzido de inclusões não-metálicas. 11 Processo ESR (eletro slag remelting): permite reduzir ainda mais o teor de inclusões não-metálicas em comparação com o processo VD. Janeiro/Fevereiro 2008
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Durante essa fase, a presença de defeitos que poderiam levar a irregularidades após a texturização (formação de estrias, diferenças de profundidade, brilho) possibilita que os clientes decidam entre efetuar tentativas de ocultar os defeitos por meio de medidas apropriadas ou interromper a texturização (evitando assim o custo). Tratamentos térmicos O aço temperado e revenido é texturizado mais facilmente do que o aço recozido, já que a estrutura é mais fina e mais uniforme. Um tratamento térmico distante do ideal, caracterizado por descarbonetações 1 2 ou recarbonetações13, leva a uma diferença na dureza superficial. Em particular, as recarbonetações levam a óxidos superficiais de difícil remoção para a texturização. Tratamentos de superfície, como a nitretação14 e a têmpera por indução15, assim como tratamentos por galvanoplastia16, devem ser efetuados após a texturização, pois eles criam áreas com dureza descontínua que alteram o efeito da texturização. Superfícies usinadas por eletroerosão Superfícies usinadas por eletroerosão, sejam finas ou brutas, não são adequadas para a texturização e, portanto, devem ser preparadas apropriadamente. A presença de “camadas brancas” geralmente é realçada por meio da pré-gravação ácida e elas devem ser removidas mecanicamente por meio de esmerilhamento ou polimento. Soldagem A soldagem pode causar problemas, dando origem a variações na estrutura, composição e dureza do material. Isso resulta inevitavelmente em uma reação diferente aos banhos de texturização. 28
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Qualquer solda de reparo pode ser mascarada de modo mais eficiente por meio da texturização do que de polimento. No entanto, a peça deve ser aquecida antes da soldagem e deve ser usado um eletrodo com a mesma composição química do material de base, respeitando as operações subseqüentes de alívio de tensões previstas para esse tipo de aço, a fim de obter um bom resultado. A brasagem17 não é recomendada devido à difícil texturização. PROBLEMAS RELACIONADOS AO PROCESSO DE TEXTURIZAÇÃO Pode-se dizer que um aço de granulação fina permite um melhor acabamento. De fato, um tamanho de grão maior resulta em uma precisão de usinagem insatisfatória. Como já mencionado, inclusões superficiais resultam em uma velocidade de erosão irregular e, portanto, em resultados desiguais. A superfície do material a ser usinado não deve ser ondulada ou porosa, de modo a não comprometer a perfeita adesão do material fotossensível. Qualquer risco poderá ser realçado pela ação corrosiva dos reagentes químicos, aumentando sua profundidade. PREPARAÇÃO DE MOLDES PARA A TEXTURIZAÇÃO Na preparação de moldes para a texturização, deve-se considerar o seguinte: - As superfícies, mesmo as usinadas por eletroerosão, sempre que possível, devem ser brunidas18 e isentas de camadas de óxidos; - O tratamento térmico da superfície (nitretação, cementação, entre outros) não deve ser efetuado antes da texturização; - As superfícies devem estar isentas
de resíduos de tratamento galvânico (cromagem e niquelagem); - As superfícies polidas podem ser texturizadas, apesar dos resíduos oleosos devido ao polimento com pasta de diamante, desde que a película gordurosa seja removida quimicamente da superfície. Porém, deve-se observar que o tratamento químico causa inevitavelmente a oxidação da superfície polida, apesar de isso ser facilmente removível, e pode comprometer o brilho. Por esse motivo a lixa com teor de carboneto máximo correspondente à “granulação 320” geralmente é usada para polir superfícies destinadas à texturização; - A superfície a ser texturizada deve ser submetida a um pré-acabamento com lixa fina, dependendo do tipo de padrão e profundidade da texturização a ser efetuada; - A fim de obter um resultado uniforme sobre partes diferentes do mesmo molde, o mesmo material deve ser usado e removido na mesma direção que aquela do trabalho a quente; - O superaquecimento localizado deve ser evitado durante as fases de 12
Descarbonetação: redução do teor de carbono em toda a extensão ou parte do material. 13 Recarbonetação: aumento do teor de carbono em toda a extensão ou parte do material. 14 Nitretação: tratamento termoquímico que consiste no enriquecimento superficial do material com nitrogênio, resultando em elevado endurecimento. 15 Têmpera por indução: tratamento térmico para endurecimento de materiais, cujo aquecimento, neste caso, é produzido por indução elétrica. 16 Galvanoplastia: tratamento de superfície que consiste em depositar um metal sobre um substrato (metálico ou não), através da redução química ou eletrolítica para proteção, melhor condutividade e melhor capacitação para a soldagem sobre a superfície tratada. 17 Brasagem: processo térmico para a junção e revestimento de materiais metálicos com a ajuda de um metal de adição fundido cujo ponto de fusão é mais baixo do que o material de base. 18 Brunimento: é um processo mecânico a frio, no qual roletes endurecidos exercem pressão sob uma superfície metálica usinada, esmagando os picos e vales.
usinagem precedentes e; - A soldagem e o faceamento devem ser evitados (em casos extremos, use eletrodos com a mesma composição química que a do molde a ser reparado). É importante informar a empresa que efetuará o processo de todos os detalhes da peça. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA TEXTURIZAÇÃO As vantagens e desvantagens da texturização são resumidas a seguir: Vantagens - A texturização possibilita a fabricação de peças com um alto grau de precisão de acabamento, difícil de obter usando métodos convencionais; - A tolerância geralmente está em torno de ±0,025 mm; - As peças submetidas à texturização não apresentam distorções, tensão residual e rebarbas, já que não sofrem esforços mecânicos; - É mais rápido e mais econômico fazer uma peça por texturização do que por meio de processos de usinagem similares e; - Uma solda pode ser mascarada por meio de texturização se os parâmetros recomendados pelo fabricante do aço forem respeitados. Desvantagens - A texturização é sensível a segregações e variações na dureza, assim como ao estiramento19; - Ela somente pode ser aplicada a superfícies usinadas por eletroerosão após feito o tratamento apropriado e; - Tratamentos termoquímicos (ni-
tretação) e de deposição (PVD) devem ser efetuados posteriormente à texturização. AVALIAÇÃO DO GRAU DE ACABAMENTO DE UMA SUPERFÍCIE TEXTURIZADA Geralmente devem ser considerados dois aspectos quando se avalia o grau de acabamento de uma superfície texturizada: a uniformidade da texturização e a aparência cromática. O julgamento geralmente é expresso, para ambas as inspeções, de acordo com o olho nú ou usando ferramentas simples. No primeiro caso, trata-se de uma questão subjetiva de comparar a superfície a ser avaliada com imagens de referência de uma amostra. Perfilômetros são usados com freqüência. A segunda inspeção é de importância particular se houver alguma solda no molde. A diferença entre a aparência cromática assumida pelo material da solda adicionada em relação ao material de base, devido à diferença na rugosidade, deve ser observada. Quanto mais poroso o material, mais opaco ele será. Mesmo neste caso, as imagens de referência padrão são usadas. Medidores de brilho também podem ser utilizados. BIBLIOGRAFIA [1] www.wikipedia.org FONTES DE CONSULTA Empresa colaboradora deste artigo: Lucchini Sidermeccanica. 19
Estiramento: a peça reproduz a forma da matriz através da aplicação de forças de tração em suas extremidades.
Dante Ribeiro - Formado em Engenharia de Materiais - habilitação Metalurgia, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É gerente técnico da Açoespecial Ltda. Janeiro/Fevereiro 2008
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Planilha de informações para texturização Notas explicativas
Geralmente a falta de clareza no fornecimento de informações básicas para o processo de texturização de moldes leva a problemas de acabamento superficial, ou ainda prejuica o prazo de realização e, conseqüentemente, seu custo. Em casos mais graves, pode até causar a perda total do componente. Nesta edição propomos o uso de uma planilha que contenha as informações mais importantes fornecidas pela ferramentaria para a empresa de texturização. Para seu uso adequado, recomendamos a leitura do artigo publicado na página 25 intitulado “Texturização de aços ferramenta”. A utilização deste tipo de planilha tem dois aspectos importantes: · O primeiro aponta para uma formalização das tratativas entre as partes (ferramentaria e empresa de texturização), documentando, de maneira escrita, os fatores técnicos envolvidos na operação comercial. Assim sendo, será possível resgatar os parâmetros acordados em caso de futuras distorções técnicas. · O segundo aspecto é a clareza com que o texturizador passa a receber as informações técnicas para viabilizar a execução do serviço com a melhor qualidade possível. Isso minimiza a busca de informações complementares que, muitas vezes, ocorrem via telefone e podem gerar entendimentos dúbios. O preenchimento da planilha é bastante simples, mas requer conhecimento técnico sobre o processo de construção do molde. A identificação do produto, descrevendo o nome, versão e data do desenho caracterizam com precisão a peça que está sendo processada, permitindo analisar detalhes críticos para a texturização e verificando as distorções em relação a peça física. A planilha inicia com a identificação dos materiais aplicados, separando em material de base e material de postiços. Os postiços são pequenos elementos, que podem ser fixos ou móveis, inseridos no material de base, e que formam, junto a este, a superfície a ser texturizada. Em alguns casos, os insertos são confeccionados com um material diferente do material de base, resultando em dureza diferenciada na superfície. As operações realizadas com estes materiais devem ser claramente informadas ao texturizador. Assim sendo, a seção “Pré-processo” aponta detalhes construtivos do componente, como os tratamentos térmicos, químicos e superficiais, bem como os parâmetros de soldagem e de operações de eletroerosão. Recomenda-se ainda a adoção do uso de corpos de prova, que servem tanto para acompanhamento dos processos de tratamentos térmicos, químicos e superficiais como para o 30
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padrão de textura adotado, facilitando futuras auditorias no processo. A seção “Texturização” entra especificamente no bojo do processo, no qual são definidos os detalhes da textura desejada. No item “3.1. Padrão de textura” deve ser informado, se possível, o código padrão da textura. Em alguns casos, o cliente tem seu próprio padrão. É conveniente que as ferramentarias solicitem os catálogos de padrão de textura aos fornecedores. Para cada padrão do catálogo existe um código, que define com precisão o tipo da textura a ser processada. Pode-se ainda definir se o processo desejado é mecânico, químico ou a laser. Os dados sobre as dimensões e peso do componente, bem como a condição de entrega do molde (se desmontado ou não) auxiliam a empresa de texturização a planejar o processo.É altamente recomendado informar sobre as áreas de fechamento do molde, a fim de evitar danos aos cantos vivos da ferramenta. Os ângulos de desmoldagem da peça também têm influência significativa na definição do tipo e gramatura da textura, tanto em cavidades como em machos. Na seção “Pós-processo” deve-se informar ao texturizador as operações as quais o componente será submetido após o processo de textura. Em alguns casos, essa informação auxilia a prever cuidados durante o processo e a considerar etapas subseqüentes a texturização (por exemplo, limpeza após nitretação). Salienta-se ainda a importância de identificar, de maneira clara e detalhada, as regiões de textura e áreas com solda. É recomendado enviar para o texturizador um dos meios de informação: croqui, desenho ou modelo eletrônico da peça com as áreas de textura e solda. Finalmente, registrar o atendimento completo, parcial, ou o não atendimento às especificações iniciais, assinalando a aprovação, aprovação com restrição ou reprovação do serviço.
Data
PLANILHA DE INFORMAÇÕES PARA TEXTURIZAÇÃO
Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais
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FORNECEDOR Empresa:
Fone:
Contato:
e-mail:
Fax:
PRODUTO Nome: Versão do desenho:
Data do desenho:
1 - MATERIAL
1.1. Material da base Aço DIN 1.1151 (1020) Aço DIN 1.2083 (420/M) Aço DIN 1.2343 (H11) Liga Alumínio Liga de Titânio Zamak
Aço DIN 1.1191 (1045) Aço DIN 1.2738 (P20) Aço DIN 1.2344 (H13) Liga de Cobre Liga de Magnésio Outros:
1.2. Material de inserto Aço DIN 1.1151 (1020) Aço DIN 1.2083 (420/M) Aço DIN 1.2343 (H11) Liga Alumínio Liga de Titânio Zamak
Aço DIN 1.1191 (1045) Aço DIN 1.2738 (P20) Aço DIN 1.2344 (H13) Liga de Cobre Liga de Magnésio Outros:
Parte integrante da revista Ferramental - Nº 15 - Janeiro/Fevereiro 2008
2 - PRÉ-PROCESSO
2.1. Tratamento térmico/químico (Material de base) Têmpera Dureza de HRc Cementação Nitretação* PVD* Galvanoplastia** Banho de cromo** Banho de níquel** Outros:
2.2. Tratamento térmico/químico (Material de insertos) Têmpera Dureza de HRc Cementação Nitretação* PVD* Galvanoplastia** Banho de cromo** Banho de níquel** Outros:
*Evitar antes da texturização **Remover antes da texturização
*Evitar antes da texturização **Remover antes da texturização
2.3. Soldagem* Eletrodo de o Pré-aquecimento a Ce o Alívio de tensão a Ce Área de deposição de solda
2.4. Eletroerosão de penetração Alívio de tensão após eletroerosão Polimento das áreas erodidas
horas horas mm2
*Imprescindível acompanhamento de especialista em texturização durante o processo de soldagem
Sim Sim
Não Não
2.5. Acabamento superficial Alisado (lixa 400 a 600) Polido Espelhado 2.6. Corpo de prova (Placa padrão de homologação) Sim Não
3 - TEXTURIZAÇÃO
3.1. Padrão de textura Do cliente Outros 3.2. Tipo de processo Textura mecânica Jateamento com micro esfera de vidro Jateamento com abrasivos sintéticos Usinagem Outros Textura química Textura positiva Textura negativa Outros Textura laser Textura laser Outros
3.3. Componente à texturizar Dimensão x x mm Peso kg Furos para olhais Sim Não Molde desmontado Sim Não 3.4. Textura em área de fechamento Sim (Atenção com arredondamento de canto) Não 3.5 Profundidade da textura Fina (até 50 µm) Grossa (acima de 50 µm) 3.6. Ângulo mínimo de extração no molde graus Recomendação: Para cavidade, usar 1º para cada 10 µm de profundidade. Para macho, usar 1º para cada 5 µm de profundidade. Janeiro/Fevereiro 2008
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Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais
PLANILHA DE INFORMAÇÕES PARA TEXTURIZAÇÃO
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4 - PÓS-PROCESSO
4.1. Material da base Têmpera Cementação Nitretação* Galvanoplastia PVD Banho de cromo Banho de níquel Outros:
Dureza de
*Retornar para limpeza na empresa de texturização.
Hrc
4.2. Material de insertos Têmpera Dureza de Cementação Nitretação* Galvanoplastia PVD Banho de cromo Banho de níquel Outros:
Hrc
*Retornar para limpeza na empresa de texturização.
5 - CROQUI DE ÁREAS DE TEXTURA (ou ANEXAR DESENHO ou ENVIAR MODELO ELETRÔNICO)
Parte integrante da revista Ferramental - Nº 15 - Janeiro/Fevereiro 2008
6 - CROQUI DE ÁREAS COM SOLDA (ou ANEXAR DESENHO ou ENVIAR MODELO ELETRÔNICO)
7 - RESPONSÁVEL Data de envio para texturização:
Data de retorno da texturização:
Expedido por:
Recebido por:
8 - AVALIAÇÃO FINAL
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Aprovado
Ferramental
Aprovado com restrição
Janeiro/Fevereiro 2008
Reprovado
Visto:
em
LEANDRO LOSS - loss@gsigma.ufsc.br
Redes colaborativas e empresas virtuais: novas oportunidades e desafios
A
colaboração entre empresas tem despontado como uma das práticas mais rápidas e eficazes para atender os níveis exigidos pela competitividade internacional. Redes colaborativas e empresas virtuais são adequadas para este fim, mas devem seguir regras e procedimentos objetivos.
Desde o início da era da globalização, em meados dos anos 80, observa-se que as empresas estão sendo obrigadas, dia após dia, a serem mais competitivas. Graças a evolução dos computadores, um número crescente de pessoas tem a possibilidade de colaborar e competir com outras pessoas de todos os cantos do globo em pé de igualdade maior do que em qualquer outro momento da história [1]. Isso é possível pela conectividade em banda larga no mundo inteiro e também pela queda dos preços dos computadores. O alcance global e a velocidade em que os negócios ocorrem exige que as empresas desenvolvam novas estratégias, o que gera o desafio para os líderes garantir que todos possam interagir continuamente [2]. Baseadas nesta interação contínua, novas estratégias surgem com o objetivo de auxiliar os empresários a melhorar os seus processos (industriais ou não) e principalmente a forma de tomar decisões. Na nova realidade empresarial, os clientes e os competidores podem estar tanto na sua cidade como do outro lado do mundo. Por
um lado, isto proporciona boas oportunidades, pois existe maior gama de clientes, que conseqüentemente possibilitam a expansão dos negócios e a abertura de novos nichos de mercado. Por outro lado, os problemas são adensados de diversas maneiras, como empresas de outros países que oferecem os mesmos produtos e serviços com preços muito abaixo daqueles normalmente praticados aqui no Brasil. Temos por exemplo, os países do leste europeu na área metal-mecânica e a China no ramo de calçados, têxtil e de usinagem e ferramentaria. Em outras palavras, a redução das barreiras comerciais ao redor do mundo, e em especial no Brasil, tem proporcionado grande possibilidade de acesso aos produtos e serviços. Os consumidores, por sua vez, exigem cada vez mais qualidade e diversidade com valores mais baixos. Isto faz com que as empresas busquem aumentar a sua competitividade para atender estes clientes, caso contrário, eles irão comprar de outras empresas, muitas vezes fora do Brasil. Desta forma, faz-se necessário aprender a lidar com esta nova rea-
lidade para sobreviver no mercado. As empresas com maiores chances de sobreviver a este ambiente extremamente competitivo serão aquelas capazes de antecipar novas tendências e adequar-se rapidamente a elas, mudando em curto espaço de tempo, as características dos seus produtos, serviços e até a maneira de conduzir os seus negócios [3], ou seja, sendo flexíveis. Como alternativa para aumentar a capacidade de inovação e a capacidade produtiva, algumas empresas têm investido em formas de colaboração para aumentar a competitividade, criar produtos diferentes e oferecer novos serviços aos seus clientes, empregados e acionistas. A área de Redes Colaborativas [4] surge como uma estratégia de negócios poderosa, pois muda essencialmente a maneira de agir perante as abordagens relacionadas às atividades comerciais, industriais, culturais e até mesmo sociais [5]. VANTAGENS DO TRABALHO COLABORATIVO O trabalho colaborativo é uma maneira que as empresas, em especial as Pequenas e Médias Empresas Janeiro/Fevereiro 2008
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(PMEs), encontraram para poder competir com grandes organizações. Os benefícios das redes colaborativas formadas primordialmente por PMEs podem superar as vantagens que as grandes organizações têm sobre as economias de grande escala, principalmente nos quesitos de inovação e agilidade. Uma configuração rápida e eficiente, bem como manter, desenvolver e dissolver parcerias é um dos fatores críticos para o sucesso no mundo dos negócios. Como mostra a Figura 1a, em algumas situações, trabalhar competitivamente pode requisitar muitos esforços e não levar a resultados satisfatórios para nenhuma das partes. Porém, se for possível unir forças e trabalhar em conjunto, todos podem colher os frutos deste esforço. A Figura 1b ilustra que, quando os pequenos se unem, eles podem ser maiores e mais fortes que os grandes.
Figura 1 - Trabalho colaborativo
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Em outras palavras, algumas das vantagens de trabalhar colaborativamente estão relacionadas em aumentar a capacidade de sobrevivência das empresas em um mercado dia a dia mais turbulento, poder ultrapassar e sobressair as capacidades individuais, bem como adquirir maior dimensão, tendo assim, acesso a novos e/ou maiores mercados. Outro fator relevante é que o trabalho colaborativo ainda envolve o compartilhamento de riscos e recursos e a complementaridade de habilidades e competências, permitindo às empresas o foco na sua área de atuação. Por fim, e talvez a maior das vantagens, o trabalho colaborativo provê o acesso a novo conhecimento. Este novo conhecimento permite que as empresas criem novos valores através da troca e do compartilhamento de práticas e idéias, bem como a combinação de recursos e tecnologias. Segundo os pesquisadores do projeto ECOLEAD [6], um projeto da Comunidade Européia que estuda e desenvolve mecanismos para estabelecer redes colaborativas, “... nos próximos 10 anos, como resposta às mudanças rápidas nas condições de mercado, a maioria das empresas especialmente as pequenas e médias - farão parte de algumas redes de colaboração sustentáveis, que irão atuar como ambientes propícios para a formação de empresas virtuais”. Empresa virtual Uma Empresa Virtual é uma aliança temporária de empresas que visa compartilhar habilidades, competências e recursos para melhor responder às oportunidades de negócios [7]. Os processos de troca de informações entre as empresas que compõem uma Empresa Virtual têm encontrado grande suporte nas redes de computadores [4]. A Figura 2 ilustra a relação entre uma rede de colaboração e as empresas virtuais. Imagine que cada
Empresa virtual
Rede colaborativa
Figura 2 - Rede colaborativa e empresa virtual
círculo na figura representa uma empresa. Quando estas empresas adotam trabalhar em conjunto, elas formam uma Rede Colaborativa. Os membros desta rede devem seguir algumas regras pré-estabelecidas e um código de ética para manter o bom andamento das atividades. Os clientes agora não mais negociam apenas com uma empresa, mas sim com a rede. A rede é responsável por criar uma ou mais Empresas Virtuais, que serão formadas pelas empresas que puderem atender aos clientes da melhor forma, seja no preço ou na qualidade do serviço ou produto. Uma vez que as tarefas executadas pelas Empresas Virtuais sejam realizadas, elas deixam de existir. Alguém pode perguntar: “... mas esta empresa é Virtual ou Real?” A resposta é que estas organizações agem como uma entidade única ou como uma empresa tradicional, graças aos seus esquemas, mecanismos e sua coordenação, porém elas não têm uma sede física e podem ser geograficamente distribuídas. FATORES DE SUCESSO Para que as empresas que participam de uma rede colaborativa possam formar as Empresas Virtuais de forma rápida, ágil e segura, os parceiros desta rede devem estar previamente preparados para trabalhar colaborativamente. Quando a atividade de colaboração é executada, o compartilhamento de informações, a confiança nos parceiros envolvidos, o conhecimento e as técnicas de gestão são algumas das características que emergem como pré-requisito para
o sucesso. Este preparo inclui alguns fatores que devem ser cuidadosamente trabalhados: Relação de confiança Talvez o fator mais importante para que os integrantes da rede compartilhem informações e conhecimento seja a relação de confiança. A confiança é um elemento cultivado por interesses comuns e preocupações que surgem em um grupo ou uma área do conhecimento, onde se deseja compartilhar experiências para solucionar problemas, bem como compartilhar idéias e práticas com o objetivo de preservar as suas capacidades e aumentar as suas competências. Os aspectos que sustentam os relacionamentos de confiança devem ser constantemente monitorados nas redes para que, desta forma, ela tenha uma postura pró-ativa perante o surgimento de algum problema. Processos de gestão Os processos de gestão envolvidos nas redes colaborativas podem variar de acordo com os objetivos de cada rede. Entretanto, alguns passos principais podem servir e serem utilizados por todos os tipos de redes e usados como guias para a realização das tarefas. Assim sendo, os processos de gestão em uma rede colaborativa devem dar suporte aos objetivos das Empresas Virtuais. Como cada Empresa Virtual tem um foco único e específico para um determinado cliente, faz-se necessário desenvolver diferentes abordagens de gestão. Destacamse: i) a seleção das empresas que farão parte da Empresa Virtual; ii) a definição das responsabilidades que cada empresa terá durante o ciclo de vida da Empresa Virtual; iii) um acordo e o estabelecimento de um plano de atividades, um plano de monitoramento e um plano de controle; iv) a definição das atividades a serem executadas na fase de dissolução da Empresa Virtual, onde se delegam responsabilidades de atendimento pós-venda, servi-
ços de garantia e, se necessário, logística reversa, como é o caso da indústria de pneus. Código de ética Para que uma rede possa operar de forma clara e transparente, deve-se estabelecer um código de ética e este deve ser respeitado. O código de ética visa estabelecer aspectos comportamentais, possíveis punições em caso de desrespeito ao código e possíveis gratificações aos participantes da rede em casos especiais. O código de ética deve contemplar tanto os aspectos comportamentais das empresas envolvidas na rede, como as ações e atitudes dos funcionários destas empresas [7]. Estabelecimento de regras O estabelecimento de regras está estreitamente relacionado ao código de ética. Desta forma, é importante ter um conjunto de regras (contratuais ou não) que definem os direitos e os deveres dos membros que fazem parte da rede. Assim sendo, os processos e as atividades da rede podem ser executados da forma mais transparente possível e, além disso, facilitam futuras auditorias. Cultura de colaboração Uma rede colaborativa só será efetiva se os envolvidos realmente estiverem dispostos a colaborar. Isto significa que as empresas deverão estar dispostas a compartilhar informações e recursos, bem como, em algumas situações, ceder espaço aos demais membros em benefício da rede como um todo. Identificação de papéis Os principais atores em uma rede e seus papéis perante os demais participantes são [4]: i) Membro da rede: papel básico executado por todas as empresas que fazem parte da rede e estão aptas para colaborar; ii) Administrador da rede: papel executado pela organização responsável pela operação, pela evolução da rede, por promover a cooperação entre as empresas Janeiro/Fevereiro 2008
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participantes, ou mesmo atuando na busca e no recrutamento de novos parceiros para suplementar possíveis lacunas. O administrador da rede também atua na gestão dos processos, resolução de conflitos, entre outras atividades; iii) Broker: papel executado pela organização ou pessoa que visa identificar novas oportunidades de negócios, captar novos clientes e divulgar as realizações da rede para o seu público alvo (relações comerciais, por exemplo); iv) Planejador de Empresas Virtuais, ou também conhecido como integrador de negócios: este é o papel executado pelo parceiro da rede que visa identificar as competências e capacidades de produção necessárias, selecionar um conjunto apropriado de parceiros e estruturar uma Empresa Virtual para atender uma oportunidade de negócio específica; v) Coordenador da Empresa Virtual: papel executado por um membro da rede que visa coordenar a Empresa Virtual durante a sua existência. O objetivo do Coordenador da Empresa Virtual é fazer com que as
metas previamente estabelecidas sejam alcançadas. Outros papéis podem surgir dependendo do nível de atividade e maturidade da rede. Também pode ocorrer de diversos papéis serem executados por uma única empresa ou pessoa. Isto irá variar de acordo com os interesses de cada rede. FATORES DE RISCO Caso não exista o comprometimento dos parceiros e um ambiente de confiança mútua entre os envolvidos, poucas são as chances de a rede ter sucesso. Além disso, estabelecer uma rede sem trabalhar os processos de gestão, códigos de ética, regras claras e papéis, todos muito bem definidos, pode levar este esforço ao fracasso. Por este motivo, enfatiza-se a importância de se fazer o diagnóstico das empresas que estão dispostas a fazer parte de uma rede colaborativa, preparar estas empresas através de programas de capacitação, bem como estabelecer as regras de funcionamento de forma clara e democrática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Tem-se verificado que a integração entre as diferentes empresas, em especial aquelas de pequeno e médio porte e na forma de redes colaborativas, proporciona vantagens perante grandes organizações. Empresas trabalhando em rede permitem a criação de conhecimento e troca de experiências. O trabalho em rede, através das Empresas Virtuais, também garante maior flexibilidade e menor burocracia quando comparado com as organizações de grande porte. Desta forma, as redes permitem o aumento da capacidade produtiva, os problemas tendem a ser mais facilmente resolvidos e ainda existe a possibilidade de viabilizar novas soluções e novas alternativas aos clientes. Empresas na Europa já estão mobilizadas formando as suas redes, mostrando uma tendência forte neste sentido. Este é um indício da importância de os empresários brasileiros aprofundarem os seus conhecimentos sobre este assunto, ou mesmo considerarem a construção das suas redes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Friedmann, T. L.; O Mundo é Plano: uma breve História do Século XXI; Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2005. [2] Drucker, P. F.; Drucker: o Homem que Inventou a Administração; Volume 1 Série Elsevier, Capítulo A teoria da empresa, Editora Campus, Rio de Janeiro, 2006 [3] Lackenby, C.; Seddighi, H.; A Dynamic Model of Virtual Organisations: Formation and Development; Em Camarinha-Matos, L. M.; editor, Collaborative Business Ecosystems and Virtual Enterprises, IFIP TC5/WG5.5 Third Working Conference on Infrastructures for Virtual Enterprises (PROVE´02), IFIP Conference Proceedings, volume 213, páginas 37 - 44, 1 a 3 de maio de 2002, Sesimbra, Portugal [4] Camarinha-Matos, L. M.; Afsarmanesh, H.; Collaborative Networks: Value Creation in a Knowledge Society; Em Wang, K.; Kovács, G. L.; Wozny, M. J.; Fang, M.; Editores, PROLAMAT, volume 207, IFIP, páginas 26 - 40, Springer, Shanghai, China, 2006.
[5] Soares, A. L., de Sousa, J. P., e Barbedo, F.; Modeling the Structure of Collaborative Networks: Some Contributions, Em Camarinha-Matos, L. M. e Afsarmanesh, H., editores; Processes and Foundations for Virtual Organizations, IFIP TC5WG5.5 Fourth Working Conference on Virtual Enterprises (PRO-VE'03), October 29-31, Lugano, Switzerland, volume 262 of IFIP Conference Proceedings, Kluwer, páginas 23-30, 2003 [6] European Collaborative Networked Organisation Leadership Initiative ECOLEAD, http:/www.ecolead.org [7] Camarinha-Matos, L. M. e Afsarmanesh, H.; The Virtual Enterprise Concept, Em Camarinha-Matos, L. M. e Afsarmanesh, H., editores; Infrastructures for Virtual Enterprises: Networking Industrial Enterprises, IFIP TC5 WG5.3/PRODNET Working Conference on Infrastructures for Virtual Enterpri-ses (PRO-VE '99), October 27-28, Porto, Portugal, volume 153 of IFIP Conference Proceedings, Kluwer, páginas 3-14, 1999
Leandro Loss - Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - Departamento de Automação e Sistemas. Mestre pelo mesmo departamento e Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Experiência em projetos nacionais, (IFM-I e IFM-II do Programa Instituto do Milênio) e projetos internacionais em conjunto com a União Européia (Damascos, MyFashion.eu e ECOLEAD) na área de Redes Colaborativas de Organizações, Aprendizagem Organizacional e Gestão de Conhecimento. É membro do grupo de pesquisa GSIGMA (Grupo de Sistemas Inteligentes de Manufatura - http://www.gsigma.ufsc.br) e da SoColNet (Society of Collaborative Networks - http://www.socolnet.org), além de professor nas Faculdades SENAC em Florianópolis.
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JOÃO CARLOS OLIVEIRA LOPES - lopes@zeiss.de RICARDO SANTIN - rsantin@ucs.br
Metrotomografia®: inovação no controle de qualidade de peças de alta complexidade técnica
A
metrotomografia®, fusão entre metrologia e tomografia, abre novas possibilidades no controle de qualidade e desenvolvimento de produtos da indústria moderna. Já é possível efetuar medições de alta precisão sem a destruição da estrutura e/ou elemento em peças com regiões de difícil acesso.
O desenvolvimento e a produção de componentes de elevada complexidade técnica em setores industriais como o eletrônico, de plásticos e o automobilístico, crescem em ritmo acelerado, aliados às exigências do mercado cada vez mais competitivo. Para tanto, são necessários meios de controle rápidos e eficazes que possibilitem a verificação de defeitos em peças ainda na fase de concepção dos produtos e, posteriormente, no processo de produção [1]. A tecnologia de tomografia computadorizada, já conhecida no campo da Medicina, oferece para estes setores industriais possibilidades até então inesperadas. A principal diferença está na maior intensidade dos raios-X utilizada nos equipamentos industriais relativamente aos aplicados na Medicina. O uso da tomografia em ambiente fabril já é conhecido há algumas décadas, porém este trabalho relata as potencialidades da Metrotomografia®, uma combinação entre a tomografia computadorizada
e a metrologia convencional [2]. O processo de Metrotomogra® fia trata basicamente da combinação de um processo físico, como por exemplo, a intensidade dos raios-X na passagem através do material e um algoritmo matemático de reconstrução para análise. A utilização da tomografia computadorizada em 3D na metrologia industrial, possibilita a caracterização de defeitos internos em peças como a existência de porosidades e micro-trincas, além da medição interna de componentes que somente seriam avaliados por sistemas ópticos ou apalpadores após a destruição (corte em seção transversal) da peça [3]. PRINCÍPIO DE MEDIÇÃO O método de medição da Metrotomografia® está baseado no princípio da tecnologia de raios-X. A fonte de raios-X emite raios eletromagnéticos que atravessam o objeto a ser medido. Os raios incidem em uma superfície de detecção e são absorvidos em diferentes
graus em função da geometria e das propriedades de absorção do objeto correspondente. O equipamento constitui-se de uma fonte de raios-X de 10 a 225 kV1 e 320 W2 no máximo, com um ângulo de abertura cônico de 50° e detector de altíssima sensibilidade com 1.024 x 1.024 pixel3 a 400 µm². A peça a ser medida é posicionada sobre uma mesa giratória com rolamentos a ar e resolução de 0,036 graus/s. A mesma movimenta-se através de um sistema de guias lineares em relação à fonte emissora de raios-X e o detector. Quanto mais próxima a peça estiver da fonte emissora de raios-X, tanto maior será o aumento obtido no detector. 1 V = Volt: é a unidade do Sistema Internacional (SI) para tensão elétrica. O prefixo k é de kilo, que significa um multiplicador de 1.000. Assim sendo, 1 kV é equivalente a 1.000 Volts. 2 W = Watt: é a unidade do Sistema Internacional (SI) para potência. 3 Pixel: aglutinação de Picture e Element, ou seja, elemento de imagem, sendo Pix a abreviatura em inglês para Picture. Um pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital, sendo que o conjunto de milhares de pixels formam a imagem inteira [4].
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Assim, torna-se possível a realização de análises com diferentes aumentos e áreas de medição. O equipamento pode ser instalado diretamente em um ambiente fabril, pois a cabine é totalmente encapsulada, construída em aço e revestida com chumbo. O Metrotom, designação do equipamento, preenche todos os requisitos de segurança exigidos pela Norma DIN 54113, referentes à radiação e segurança do operador. A Figura 1 ilustra o equipamento e o princípio de medição.
As Figuras 2 e 3 ilustram as imagens 2D e 3D geradas com a tecnologia de Metrotomografia®. 2D
Figura 2 - Imagem 2D gerada pela Metrotomografia® [5] 3D
Figura 1 - Princípio de medição da Metrotomografia® [5]
O processo de caracterização das peças nesta tecnologia é realizado de forma tridimensional, através do qual a peça gira 360° em torno do seu próprio eixo e é incidida pelo feixe de raios-X. Um processo matemático possibilita a reconstrução completa da peça que é simultaneamente projetada no detector. Desta maneira, é criado um modelo tridimensional de todo o volume da peça, com seus defeitos internos e suas dimensões externas que são então utilizados para as análises desejadas. Sem a utilização de uma mesa giratória de alta definição também é possível realizar a Metrotomografia®, entretanto somente uma imagem em 2D pode ser criada, a qual teria unicamente a utilidade para o controle visual das secções. 38
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Figura 3 - Imagem 3D gerada pela Metrotomografia® [5]
APLICAÇÕES DA METROTOMOGRAFIA® A Metrotomografia® é utilizada basicamente em aplicações técnicas para materiais como cerâmica, plástico, ferro fundido e ligas leves como alumínio e magnésio para a avaliação de um volume de medição máximo pré-definido de 350 mm x 350 mm. A capacidade de medição depende da espessura de parede acumulada do material a ser medido. Para plásticos, uma espessura de parede de até 250 mm pode ser medida. Já para ligas leves é possível a avaliação de materiais de até 120 mm de espessura de parede. No entanto para aços, uma espessura de parede de até 10 mm é mensurável [6]. Há cerca de uma década não era possível aplicar a tecnologia de Me-
trotomografia® devido a ineficiência no processamento de dados. O Metrotom realiza a medição de infinitas seções transversais de raios-X, que posteriormente formam um modelo de CAD4 em três dimensões. O número de pontos gerados na representação do modelo é extremamente volumoso e somente com o avanço tecnológico dos processadores tornou-se possível obter o desempenho e velocidades necessárias para a utilização do modelo matemático de reconstrução. A Metrotomografia® possibilita uma grande quantidade de processos de análise. Espessura de paredes, distâncias, furos, raios e ângulos podem ser medidos em toda a estrutura interna ou externa de uma peça. Além disso, os resultados das análises internas podem ser representados em milhões de pontos e comparados matematicamente com a geometria obtida de um programa CAD. Ademais, dados da Metrotomografia® podem ser utilizados tanto em Engenharia Reversa como em Prototipagem Rápida para a geração de um modelo de CAD. A Figura 4 ilustra as possibilidades de aplicação da Metrotomografia®. EXEMPLOS DE APLICAÇÕES Dentre as diversas aplicações desta tecnologia, destacam-se as seguintes: Controle de defeitos Uma das aplicações mais freqüentes na área de Metrotomografia®, e que deu origem a esta tecnologia, é a detecção de defeitos internos como porosidades e trincas. Na Figura 5a é possível verificar 4
CAD - Computer Aided Design (projeto auxiliado por computador).
3D Volume Dados
Controle de defeitos
Metrologia
Comparação de geometria 3D CAD
Engenharia reversa 3D CAD
Figura 4 - Aplicações da Metrotomografia® [5]
Outra aplicação que merece destaque diz respeito ao controle de montagem de conjuntos. Esta função é utilizada por empresas do setor eletrônico e de utensílios domésticos, por exemplo, para verificar a estrutura do conjunto dos equipamentos e idenFigura 5 - Análise de defeitos e controle de montagem [5] tificar possíveis falhas que acarretariam em um mau a ocorrência de porosidades nas exfuncionamento do produto e, contremidades de um componente sequentemente, a redução da vida fundido, o que, possivelmente, poútil do mesmo. A Figura 5d ilustra deria implicar em fratura do material. Na Figura 5b está representada a verificação de existência de cavaco no interior de uma peça usinada. Em diversas situações os cavacos localizam-se em posições não visíveis externamente e existe a necessidade da detecção da posição do mesmo para sua posterior retirada. Na indústria de equipamentos médicos, muitas vezes faz-se necessária a limpeza completa no interior dos componentes, exigindo tal controle. A Figura 5c ilustra um defeito de preenchimento de material em um componente de plástico injetado.
um mouse utilizado pela indústria da informática onde foi realizada uma avaliação de Metrotomografia® para verificar a disposição interna dos elementos e determinar dimensionalmente prováveis erros e distorções. Metrologia dimensional No projeto e fabricação de objetos de uso cotidiano como telefones celulares, barbeadores elétricos e escovas dentais, assim como de componentes de automação, o processo de controle de qualidade deve ser rigoroso e eficaz, pois é necessária a inspeção da peça em diferentes etapas de produção. Neste sentido, a Metrotomografia® é utilizada para a geração de dados rápidos e confiáveis. A Figura 6 ilustra o desenvolvimento de uma peça plástica e suas análises metrológicas, tais como análise de curvas, análise cromográfica e medições dimensionais específicas. Comparação de geometria 3D A partir da reconstrução da peça em 3D, através do modelo matemático, faz-se a comparação dos valores reais com as medidas e
Figura 6 - Análise dimensional de um componente plástico [5] Janeiro/Fevereiro 2008
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tolerâncias do modelo original. A escala de cores representa os desvios entre a geometria analisada e o modelo de CAD. A cor vermelha indica os pontos fora de tolerância enquanto que o amarelo e o verde são os pontos que estão de acordo com os valores pré-estabelecidos. As análises de peças de alta complexidade técnica são realizadas em um curto período de tempo, porém com alta qualidade de definição e reprodutividade. A medição destas peças em nível de produção é realizada de forma automática através de parâmetros pré-determinados em programas computacionais. Através de um programa de medição, determinadas partes da peça são controladas com as tolerâncias e características dedicadas a cada função, tal como ocorre em uma máquina de medição por coordenadas com a utilização do mesmo programa de medição. A Figura 7 ilustra a comparação dos valores dimensionais entre o modelo e a geometria gerada pela análise de um componente plástico. Engenharia Reversa A Engenharia Reversa é um dos temas de maior interesse para a indústria de moldes e matrizes, pois frequentemente clientes procuram soluções para a fabricação de um produto final a partir de uma peça de demonstração e buscam alternativas de fornecedores de ferramental que possam realizar com
qualidade o trabalho necessário. Freqüentemente tem-se disponível somente uma amostra do produto. Com o processo de Metrotomografia® é possível, em curto espaço de tempo, realizar uma tarefa de dias de trabalho na confecção de um modelo de CAD em 3D com a precisão desejada. A Carl Zeiss 3D Services na cidade de Aalen - Alemanha - presta serviços há mais de três anos para clientes alemães e europeus na área de Metrotomografia® e tem uma gama de mais de 300 clientes que contam com o apoio deste serviço. Como nem todo cliente tem a necessidade e o capital necessário para o investimento neste tipo de tecnologia, o suporte técnico de profissionais capacitados e experientes tem auxiliado empresas de pequeno e médio porte a melhorar os seus produtos com o acesso a este equipamento. Além disso, centros de suporte ao cliente estão sendo instalados em países como Japão e Estados Unidos. Na Figura 8 é ilustrado o exemplo de uma máscara de oxigênio que foi construída em modelo 3D com o auxílio da Metrotomografia®. O trabalho completo de análise e processamento de dados durou aproximadamente 1 hora e meia até a geração do modelo completo. CONCLUSÃO Graças à representação clara e
Figura 7 - Comparação entre a geometria gerada na análise e o modelo CAD [5]
Modelo CAD
Splines
Nuvem de pontos
Modelo físico
Figura 8 - Engenharia Reversa de uma máscara de oxigênio através da Metrotomografia® [5]
precisa de geometrias internas e externas complexas, o método de Metrotomografia® abre um novo campo de avaliação para as técnicas de inspeção de forma não destrutiva. Com isso, torna-se possível uma clara redução de tempos e custos na cadeia produtiva, desde a concepção do projeto do componente, passando pela primeira amostra até a sua produção em série. A precisão de reprodutibilidade neste tipo de equipamento pode chegar a valores menores que 10 µm5. Uma das principais contribuições desta tecnologia está aliada à aplicação do mesmo programa de medição utilizado nas máquinas de medição por coordenadas do fabricante do equipamento, Carl Zeiss Industrielle Messtechnik, de Oberkochen na Alemanha. A utilização dos mesmos métodos de análise metrológica traz grandes avanços na confiabilidade e qualidade dos resultados. A tecnologia de Metrotomografia® é para o metrologista a porta de acesso para a análise conjunta de forma e defeitos internos. Para o 5 µm: equivalente a 10-6 metros, ou seja, 0,000001 metros.
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projetista, a entrada mais cedo no processo de controle de qualidade e certificação de seu produto. Já para as empresas representa a redução nas etapas de projeto e significativa queda nos custos com aumento de produtividade, qualidade
e tempo de entrega. A técnica de Metrotomografia® já é aplicada em empresas como Motorola, Festo, Robert Bosch, Gaudlitz, Braun, entre outras. A primeira instalação, de forma pioneira na América Latina será
realizada no início do ano de 2008 na empresa Andreas Stihl MotoSerras Ltda., de São Leopoldo - RS, onde, depois de três anos de intensos estudos optou-se para o uso dessa tecnologia na fábrica do Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Tomaschko, S.; Computer-Tomographie für die industrie. Innovation, n.13, Carl Zeiss, 2003 [2] Lindmayer, A.; Computertomografh - Blick ins Werkstückinnere, QZ Qualität und Zuverlässigkeit, n. 51, ed. 9, pg. 67, 2006 [3] Lettenbauer, H.; Imkamp, D.; Einsatz der 3D-Computertomographie in der dimensionellen Messtechnik, VDI-Berichte, n.1914, pg. 201-207, 2005
[4] www.wikipedia.org [5] Banco de dados de imagens. Carl Zeiss Industrielle Messtechnik GmbH, Oberkochen [6] Was Konventioneller 3D-Messtechnik verborgen bleibt, Maschinenbau, Schweizer Industrie Magazin, ed. 9, pg. 18, 2006
João Carlos Oliveira Lopes - Doutor em Engenharia Mecânica, formado pela Universidade de Kassel, IPL (Instituto de Técnicas de Produção e Logística). Gerente Regional de Vendas da empresa Carl Zeiss Industrielle Messtechnik GmbH em Oberkochen, Alemanha. Especialista em processos de produção e metrologia industrial, com experiência de 10 anos em empresas da área metal-mecânica em Sorocaba - SP e desenvolvendo atividades na área de metrologia industrial a mais de 6 anos na Alemanha com foco no mercado sul-americano e mercado interno alemão. É membro da VDI (Associação de Engenheiros da Alemanha). Ricardo Santin - Estudante de Engenharia Mecânica da Universidade de Caxias do Sul - UCS, com estágio realizado na Universidade de Kassel, IPL (Instituto de Técnicas de Produção e Logística). Desenvolve atualmente programa de aperfeiçoamento em metrologia industrial na empresa Carl Zeiss em Oberkochen.
Entenda seu CNC função lookeahead O Aque se move como?
SIEMENS
Uma das funções do comando CNC é a de calcular qual a velocidade máxima na qual um eixo pode trabalhar em um determinado bloco de usinagem, iniciando a sua desaceleração no momento exato, para que o ponto programado seja atingido com precisão. Sem a utilização da função Look Ahead (ver à frente), o CNC faz os cálculos admitindo que a velocidade do eixo no término de cada bloco seja igual a zero, reduzindo assim consideravelmente a velocidade de avanço do mesmo, além de, eventualmente, ocasionar marcas na peça que está sendo usinada. Portanto, a função Look Ahead, disponível na maioria dos comandos existentes no mercado, tem por objetivo “enxergar” o caminho à frente u e otimizar a transição de blocos, fazendo com que a velocidade, neste instante, não seja reduzida mais do que o necessário para completar o próximo bloco. Assim sendo, o comando “arredonda” os cantos vivos que encontra à frente v, permitindo que a velocidade de avanço possa ser constante e elevada, uma vez que evita a desaceleração do eixo em cada término de bloco. A velocidade no fim de um bloco só será zero quando da inversão de sentido do eixo. A função Look Ahead é fundamental para usinagens em alta velocidade. Nosso serviço de apoio ao cliente presta os esclarecimentos necessários quanto à utilização do seu comando CNC pelo telefone (11) 3833-4040 ou e-mail adhelpline.br@siemens.com.br E na compra de uma nova máquina CNC podemos lhe auxiliar no esclarecimento de dúvidas técnicas pelo telefone (11) 3908-1757 3833-4989 ou e-mail william.pereira@siemens.com 42
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ISAAC NEWTON LIMA DA SILVA - isaac@pucrs.br JOÃO CARLOS PINHEIRO BECK - beck@pucrs.br TIAGO LEONARDO BROILO - broilo@pucrs.br GILVER MAZIN DIAS - gilver.dias@carrier.utc.com
Compartilhamento de protocolos entre equipamentos CMM, CAD e CAM
A
fidelidade entre os resultados apresentados em sistemas de medição quando comparados aos valores da peça física, demonstra a confiabilidade dos equipamentos utilizados. Todavia, a comunicação entre os sistemas de leitura e os de processamento das informações requer alguns cuidados específicos, afim de evitar distorções nos resultados finais.
Comparando-se com as técnicas de inspeção manual tradicionais, o benefício do uso da máquina de medição por coordenadas (CMM Coordinate Measurement Machine) é elevado e, notadamente os tempos de inspeção são significativamente menores, podendo-se observar reduções de até 90%. Estes equipamentos tanto podem ser usados para inspecionar peças de geometrias complexas como para verificação de componentes antes e durante os processos de produção individuais [1]. Atualmente, qualquer peça ou componente mecânico pode ter suas dimensões mensuradas através de equipamentos CMM de maneira rápida e precisa [2, 3]. A capacidade de medição é muito ampla, permitindo controlar dimensões lineares em uma ou duas direções, posições em três direções, alturas, rebaixos, superfícies cônicas e inclinadas, contornos ou perfis, desvios geométricos, posicionamento de furos e inter-relacionamento geométrico [4, 5].
Para dar uma idéia da evolução destas máquinas, melhorias em seu projeto, nos materiais de construção e nas técnicas de isolamento possibilitaram o uso em temperaturas de trabalho entre 0ºC e 45ºC, com índices de umidade relativa de até 95% sem haver condensação. Este desenvolvimento possibilitou que tais dispositivos possam ser posicionados também no chão de fábrica, rompendo a limitação de aplicação apenas em ambientes com temperatura e umidade controlados [1]. INTERCÂMBIO E INTERFACES A necessidade de integração de máquinas de concepções diferentes, como a CMM, o torno e a fresadora CNC, com sistemas CADCAM1 surgiu com o propósito de agilizar e qualificar o projeto e a fabricação de novos componentes. Assim, tornou-se fundamental a obtenção de um padrão para realizar esta comunicação, já que os diferentes sistemas a serem integrados não utilizam o mesmo banco de
dados e, muitas vezes, nem sequer a mesma linguagem. De maneira simplificada, podese dizer que a busca desses padrões de transferência de informações gráficas entre sistemas CAD diferentes objetiva que os sistemas conversem entre si [6]. A solução para a troca de informações gráficas entre sistemas distintos pode ser realizada de duas formas: ! Através de uma interface específica, com a aplicação de dois programas, sendo que um programa interpreta os dados do primeiro para o segundo, e o outro realiza o procedimento inverso ou; ! Por meio de uma interface normalizada (formato padrão), que serve de arquivo neutro para a troca de informações. Com o auxílio dessa interface, todos os sistemas CAD podem montar seus arquivos neste formato através de 1
CAD/CAM - Computer Aided Design (projeto auxiliado por computador) e Computer Aided Manufacturing (fabricação auxiliada por computador). Janeiro/Fevereiro 2008
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programas que traduzem os dados de um determinado sistema para o arquivo neutro [7]. Neste trabalho, utiliza-se o padrão IGES (Initial Graphics Exchange Specification) de intercâmbio de dados, já que ele é um dos sistemas utilizados pela CMM proposta para integração. A troca eficiente e precisa de desenhos criados em diversos sistemas CAD necessita de um padrão de intercâmbio de dados digitais. O padrão IGES é uma especificação de dados de domínio público, que foi pretendido como padrão internacional para o intercâmbio de informações entre sistemas CAD. Foi adotado pelo governo dos Estados Unidos da América e corporações de grande porte, assim como, por seus parceiros mundiais [8]. Versões de entrada e saída de arquivos IGES podem não ser simétricas. Se houver interesse na manutenção de desenhos (informações) a serem trocados entre os sistemas, por um período de tempo mais extenso, deve-se estar familiarizado com os detalhes dos formatos dos padrões de troca [9]. O método utilizado para copiar produtos a partir de um modelo pronto se chama Engenharia Reversa. A Engenharia Reversa não é somente utilizada com estes fins, tratando-se de uma ferramenta importante na indústria para realizar a manutenção em máquinas nas quais seus componentes já não são mais fabricados [10]. A integração CMM e CAD/CAM é utilizada em larga escala pela indústria por ser um dos métodos mais rápidos e confiáveis de se copiar a forma de uma peça complexa. Através do escaneamento da superfície da peça, gera-se uma série de curvas que, posteriormente, 44
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são transformadas em um modelo matemático da peça, com ajuda do computador. Com o modelo matemático criado em CAD, o CAM se incumbe de simular a fabricação, determinar a máquina, as ferramentas e o programa a ser utilizado na fabricação da mesma [11]. DESENVOLVIMENTO E SOLUÇÕES Na execução deste trabalho utilizou-se um equipamento CMM FARO 3D e um programa CAD comercial, disponíveis na General Motors do Brasil (planta de Gravataí) e no Departamento de Engenharia Mecânica-Mecatrônica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A metodologia apresentada destina-se a integração de uma máquina CMM - 3D com um programa CAD-CAM, objetivando a realização de medições de peças de geometria complexa e variável com elevada precisão, rapidez e confiabilidade. O trabalho tem como ponto de partida a escolha de uma peça de geometria complexa e difícil de ser mensurada com acurácia2, rapidez e confiabilidade pelos métodos tradicionais. A peça escolhida, devido a suas características próprias, foi o inserto da lanterna de um automóvel. Esta peça é conhecida com o nome de “banjo” no chão de fábrica. A peça foi retirada da produção com a finalidade de realizaremse as medições, sendo fixada convenientemente a um desempeno sobre a CMM. Na Figura 1 mostra-se os dispositivos utilizados durante o procedimento. Após a escolha da peça, foi necessário obter o seu desenho geométrico virtual. Neste caso, o modelo sólido CAD, comumente de-
Figura 1 - Peça e CMM fixados ao desempeno
signado como modelo matemático, foi gerado no programa de CAD/CAM Unigraphics®, utilizado pela General Motors de São Caetano, em São Paulo. Foram necessárias conversões de arquivos pelo fato de a máquina CMM, utilizada para realizar as medições, trabalhar com um programa de CAD que não opera com arquivos em formato UG. Portanto, partindo do modelo matemático em formato UG, houve a conversão no próprio sistema Unigraphics para o padrão IGES, entendido pela CMM 3D FARO®. O arquivo do modelo matemático em formato IGES foi aberto na estação gráfica da CMM, que utiliza o programa CAM2 Measure® sob ambiente Microsoft Windows® (NT 4.0®, 2000® ou XP®). Esse arquivo é ainda convertido para o formato DWG3, para que se possa trabalhar na estação gráfica, uma vez que a 2
Acurácia = exatidão. Consiste no grau de conformidade de um valor medido em relação à sua definição ou com respeito a uma referência padrão. 3 DWG: é a denominação dada a extensão de arquivos de desenho nativa do programa AutoCAD®, da empresa AutoDesk Ltd., e é largamente utilizada por grande parte dos programas CAD comerciais.
mesma lê arquivos em formato IGES, mas não permite trabalhar com eles. Como estação gráfica foi utilizado um computador portátil (Figura 2) conectado a CMM 3D FARO® pela porta serial. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO Completadas todas as etapas anteriores, obteve-se o seguinte cenário: ® ! A CMM 3D FARO fixada junto à peça real, em um desempeno, formando um sistema de coordenadas com ponto de origem na própria CMM 3D; ! O arquivo geométrico virtual (modelo matemático) da mesma peça real na estação gráfica em um outro sistema de coordenadas; Para realizar as medições com a CMM e a estação gráfica foi neces-
Figura 2 - Peça (banjo) junto à estação gráfica da CMM
sário trabalhar com um sistema de coordenadas comum entre elas. Dessa forma, na estação gráfica da CMM foram definidos três círculos no modelo matemático, a partir de círculos pré-existentes no mesmo. Os círculos utilizados foram os dois furos de fixação da lanterna e um furo de fixação do amortecedor da tampa traseira.
Utilizando a CMM foram determinados os mesmos três círculos na peça real. Definidos os círculos, realizou-se o alinhamento dos modelos real (peça) e virtual (desenho CAD). Por alinhamento entende-se a sobreposição do modelo CAD original pelos pontos medidos na peça real, de modo a terem sistemas de coordenadas semelhantes. Desta forma, as desconformidades do modelo real podem ser mensuradas. Na seqüência passou-se a trabalhar com o mesmo sistema de coordenadas entre o modelo matemático e a peça real. Para realizar a medição, foi necessário manusear a CMM, posicionando a ponteira de rubi sintético do braço de medição FaroArm® no ponto a ser medido na peça real e
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clicando-se nos botões de operação do braço para capturar o ponto medido. A Figura 3 demonstra um momento da medição da superfície da peça.
Figura 3 - Processo de medição
Na estação gráfica puderam-se verificar a posição do ponto medido em x, y e z, seu valor nominal e o desvio. A Figura 4 apresenta as etapas aplicadas para a realização do trabalho. Todos os dados foram obtidos através da comparação entre a peça real medida e o modelo matemático, no mesmo sistema de coordenadas, determinado após o alinhamento entre ambos. Esta comparação foi realizada automaticamente pelo programa CAM2 Measure®, que procurou o ponto mais próximo do recurso nominal e o associou à medição atual. Com os dados da medição e de seus resultados, pôde-se confeccionar um relatório de medição, apresentando os valores de cada ponto. Na Figura 5 está apresentado o relatório final. TÉCNICAS DE DIGITALIZAÇÃO DE SUPERFÍCIE Para explorar características adi46
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cionais da ferramenta, foi realizado o escaneaUnigraphics CMM 3D Faro mento4 da peça real Obtenção de Modelamento peça na produção em CAD utilizando a metodoCAM 2 Measure logia de polilinhas paConversão Conversão ralelas, que são segFixação na CMM para IGES para DWG mentos de reta unidos por dois pontos. Cada Interpretação Medição da peça dos dados polilinha descreve a forma da superfície da Geração peça em uma determide relatório nada seção. O escaneamento foi realizado Figura 4 - Etapas do processo de medição com a criação de um plano com a CMM 3D FARO®. A partir deste plano foram criados “n” planos paralelos ao plano de origem, sempre com a ponteira da CMM em contato com a peça. A varredura se deu ao longo dos planos paralelos criados. Para cada cruzamento de um destes planos, foram coletados pontos, que, posteriormente, mediante um conjunto deles, formaram polilinhas paralelas. Para aceitar os pontos coletados é necessário clicar o botão que confirma os pontos na CMM, com a ponteira Figura 5 - Relatório final das medições ainda na peça. As metodologia de polilinhas, porém, polilinhas foram formadas com a ao final do processo, os pontos não união dos pontos coletados em são unidos e não há como verificar cada plano paralelo. Ao final do com clareza a forma da peça, conescaneamento teve-se uma boa forme mostrado na Figura 7. idéia da forma da peça, conforme O arquivo gerado pelo escaneademonstra a Figura 6. mento via polilinhas e via nuvem de Outra forma de escaneamento pontos é no formato DWG. Como o utilizada foi a obtenção de uma nuprograma de CAD/CAM Unigravem de pontos, onde o escaneaphics não processa este formato, foi mento é realizado a partir da criaEscaneamento: processo de varredura de uma ção de um plano com a CMM. O superfície, para obtenção de informações sobre a procedimento inicial é o mesmo da mesma. 4
features6 ou informações da peça, porém, é sabido que problemas de perdas de informação podem ocorrer, em tais situações.
Figura 6 - Tela obtida no escaneamento por polilinhas paralelas
Figura 7 - Tela obtida no escaneamento por nuvem de pontos
necessário converter o arquivo de DWG para o formato DXF5, objetivando trabalhar com os arquivos escaneados e transformá-los em modelo sólido para aplicação na Engenharia Reversa. PRINCIPAIS DIFICULDADES DO PROCESSO A utilização do equipamento de medição FARO®, em si, não apresentou dificuldade de manuseio. Os programas empregados, quais sejam, a estação gráfica da CMM 3D FARO®, o Unigraphics, e o AnthroCAM também se mostraram de fácil interface com o usuário. A maior dificuldade encontrada esteve na não compatibilidade dos arquivos proprietários, de cada um dos sistemas citados, havendo a necessidade de conversão para um formato padrão, antes do processamento pelo programa seguinte. No caso da peça estudada, tal conversão não causou perda de
CONCLUSÃO Através do desenvolvimento deste trabalho, obtiveram-se muitas informações sobre o compartilhamento de máquinas CMM com sistemas CAD/CAM, que podem servir como referência para outros protocolos. O compartilhamento proposto, com o objetivo de realizar a medição de uma peça de geometria complexa, com a máxima rapidez e confiabilidade, foi concluído com sucesso. Apresentou-se passo a passo cada etapa a ser seguida no compartilhamento CMM - CAD-CAM, o que pode contribuir para aqueles que possuam ambiente operacional similar ao proposto e que tenham a necessidade de utilizar tal técnica, tanto de forma eventual quanto freqüente. O relatório obtido das medições efetuadas foi bastante satisfatório, contendo informações importantes e suficientes para um bom entendimento dos procedimentos adotados, assim como, para realização de uma análise dimensional mais profunda. A confecção do relatório, que apresenta o desenho da peça medida e a posição dos pontos medidos com seu resultado, foi facilitada devido aos recursos oferecidos pelo programa CAM2 Measure® e aos resultados obtidos com rapidez e ótima precisão pela CMM 3D FARO®. 5
DXF: formato aberto, de domínio público, podendo ser alterado e distribuído por qualquer empresa. 6 Features: são formas genéricas ou características de um produto com as quais se podem associar certos atributos e conhecimentos. Janeiro/Fevereiro 2008
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Legge, D. I.; Integration of Design and Inspection Systems a Literature Review, International Journal of Production Research, v34, n5, p12211241, 1996
Carlos, Universidade de São Paulo (USP), 1995
[2] Cardoza, J. A. S.; Máquinas Virtuais de Medir a Três Coordenadas, São Carlos, 209p, Tese de Doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), 1995
[7] Módulo, D. L.; Desenvolvimento de um Ambiente de Planejamento do Processo Assistido por Computador para Planejamento Interativo, São Carlos, Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), 1991
[3] Kwok, W. L.; Eagle, P. J.; Reverse Engineering. Extracting CAD Data from Existing Parts, Mechanical Engineering, v113, n3, p52 55, Março/1991
[8] Autodesk; Autodesk Iges Translator, www.autodesk.com/prodsol/mech/products/dataexch/igestran.html 08/Novembro, 1997
[4] González, E. V.; Integración Máquina de Mediciones de Tres Coordenadas com Sistema CAD/CAM, Universidad de Concepcion, Chile, p309-316, 1995
[9] Autodesk; AutoCAD release 11: IGES Interface Specifications, Autodesk, Inc., 1990
[5] Miguel, P. A. C.; King, T. G.; Fontes de Erros e Critérios Gerais de Ensaios em Máquinas de Medir por Coordenadas, Revista de Ciência & Tecnologia, v5/2, n10, p07-20, 1996 [6] Aguiar, A. F. S.; Sistemática de Seleção de Sistemas Computacionais para Auxílio às Atividades de Engenharia, São Carlos, 139p, Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São
[10] Feng, C. X.; Pandey, V.; Experimental Study of the Effect of Digitizing Uncertainty with a CMM, International Journal of Production Research, v40, n11, p683-697, 2002 [11] Lee, A. C.; Chen, D. P.; Lin, C. L.; A CAD/CAM System from 3D Coordinate Measuring Data, International Journal of Production Research, v28, n12, p2353-2371, 1990
Isaac Newton Lima da Silva - Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia e Doutor em Instrumentação Digital pela University of Manchester, Institute of Science and Technology. Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica e Mecatrônica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). João Carlos Pinheiro Beck - Graduado em Física, Engenheiro Metalurgista, mestre em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais e Doutor em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica e Mecatrônica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Tiago Leonardo Broilo - Engenheiro de Controle e Automação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente é Engenheiro do CIM da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), atuando na área de automação, robótica e educação. Gilver Mazin Dias - Engenheiro de Controle e Automação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atua nas áreas de Gestão da Qualidade, Engenharia da Qualidade e Qualidade de Fornecedores na Sprinter.
Busque resultados. Construa parcerias. Fortaleça sua marca. A revista dos fabricantes, fornecedores, compradores e usuários de ferramentais. Informações: SP (11) 6459-0781 PR/SC (47) 3025-2817 RS (51) 3228-7179
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Têmpera e revenimento a vácuo A empresa Isoflama presta serviços de tratamento térmico em forno de têmpera e revenimento a vácuo, com capacidade para 1.000kg e pressão de resfriamento de 12bar. As dimensões úteis do forno são de 600mm de largura, 600mm de altura e 900mm de comprimento. Este processo permite um aquecimento seguido de resfriamento uniforme através de um sistema para sopro do gás de resfriamento. O monitoramento da temperatura das peças com até nove termopares permite um perfeito controle tanto na superfície quanto no núcleo. Os parâmetros do processo podem ainda ser controlados via web e o revestimento da câmara de aquecimento e resfriamento é feito com grafite especial.
principal é montada no chão, sendo por isso extremamente modular e flexível, e se ajustando à diversas necessidades. A estrutura de braço horizontal aberta garante um ótimo acesso à área de trabalho, tornando simples a carga e descarga, sendo indicada para medição de moldes, carrocerias de veículos ou fundidos que necessitam de um bom alcance interno. O equipamento permite redução drástica no tempo de instalação e manutenção. Todos os eixos da máquina movem-se sobre rolamentos de esferas, assegurando resistência máxima e alta adaptabilidade a ambientes industriais. Hexagon 11 5525 6015 sac@hexagonmetrology.com.br www.hexagonmetrology.com.br
Isoflama 19 3936 5121 isoflama@isoflama.com.br www.isoflama.com.br
Máquina de medição por coordenadas A série TORO de máquinas de medição por coordenadas da fabricante DEA, no estilo braço horizontal, foi concebida para atender os requisitos de ferramentas eficientes para inspeção de qualidade durante o ciclo de manufatura. Esta nova série está disponível em uma arquitetura do tipo Runway, onde a guia
Fresadora ferramenteira A fresadora ferramenteira FF3A é um dos modelos de máquinas fabricadas pela Calvi e distribuídas, no Brasil, pela Fobrasa. Ela tem mesa de trabalho com dimensões de 1.370 x 250mm. Os cursos nos eixos X, Y e Z são de 950, 400 e 420 mm respectivamente. O motor tem potência máxima de 3HP e velocidade de 60 a 4.200rpm. Fobrasa 11 3385 8944 vendas@fobrasa.com.br Janeiro/Fevereiro 2008
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Soldagem a laser A Gravatools está comercializando os equipamentos de soldagem a laser da italiana Sisma Spa. O modelo SOW utiliza laser da classe IV e foi especialmente desenvolvida para trabalhar com peças de grandes dimensões, permitindo atingir elevados níveis de qualidade da solda. Este equipamento é dotado de um cabeçote ótico com microscópio, suportado por um braço esférico, que permite com extrema facilidade inclinar o feixe de laser para acompanhar a geometria da peça a ser reparada. Opera com potência absorvida de 1,6kW, conexão pneumática e gás protetivo. O curso nos eixos acionados é de 150 x 150 x 600mm em x, y e z respectivamente. A empresa Sisma produz também equipamentos para corte e gravação, comercializados pela Gravatools.
em moldes para peças moldadas é inserido através da agulha do bico de injeção da câmara quente. Considerando que a agulha não penetra na cavidade, não há limitação na espessura de parede do produto injetado. A introdução do gás diretamente pelo bico da câmara quente permite que o molde seja reduzido em tamanho, pois não há necessidade de prever espaço para o bico injetor externo, o que é uma grande vantagem do processo. Adicionalmente, a entrada do gás no mesmo ponto que o material plástico (gate) faz com que o fluxo destes ocorra no mesmo sentido. O processo oferece também todas as vantagens já conhecidas da injeção a gás. Incoe 11 4538 2445 incoebrasil@incoe.com.br www.incoe.com/portuguese
Afiadora de ferramentas
Gravatools 47 3425 4680 gravatools@gravatools.com.br www.gravatools.com.br
Injeção de gás diretamente no gate Com o nome de GasCore, a Incoe oferece um processo GIT (Gasinnendrucktecnik - tecnologia de injeção a gás ) em cujo gás que suporta o processo de preenchimento
A Powermaq comercializa as afiadoras de ferramentas TG-10C e TG20C, que possuem extrema versatilidade de operação e permitem afiação de 100 (4”) a 225mm (9”) respectivamente. No primeiro modelo, o diâmetro do rebolo atinge 50mm (2”) e no segundo 125mm (5”). No modelo G-20C o curso da mesa é de 150 x 75 x 250mm respectivamente para longitudinal, transversal e do eixo. Powermaq 11 5533 6898 powermaq@powermaq.com.br www.powermaq.com.br Janeiro/Fevereiro 2008
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JANEIRO · 29 a 1/2 - Moscou, Rússia Interplastica 2008 www.interplastica.de FEVEREIRO · 15 a 18 - Bangalore, India Euromold India www.euromold.com/english/downloads /diemoldprospekten.pdf MARÇO · 4 a 6 - Chicago, EUA Plastics USA 2008 www.plasticsusa.org · 5 a 8 - Ho Chi Minh, Vietnam ProPak 2008 www.propakvietnam.com · 10 a 14 - São Paulo, SP, Brasil Brasil Pack 2008 (11) 3291-9111 www.brasilpack.com.br · 11 a 14 - Joinville, SC, Brasil FMU - Ferramentaria, Modelação e Usinagem 2008 (47) 3028-0002 www.marktevents.com.br · 25 a 29 - Buenos Aires, Argentina Argenplas 2008 www.argenplas.com · 27 a 28 - São Paulo, SP, Brasil Packing Panorama 2008 (11) 3392-2584 www.auraeventos.com.br ABRIL · 1 a 4 - Joinville, SC, Brasil FEEAI 2008 - Eletro Eletrônica e Automação Industrial (47) 3028-0002 www.marktevents.com.br · 2 a 5 - Kiev, Ucrânia Interplastica 2008 www.primus-exhibitions.com · 8 a 10 - Belo Horizonte, MG, Brasil Embala Minas (11) 5184-1515 www.greenfield-brm.com · 24 a 30 - Düsseldorf, Alemanha Interpack 2008 www.interpack.com MAIO · 6 a 8 - São Paulo, SP, Brasil Plast Show 2008 (11) 3824-5300 www.arandanet.com.br · 13 a 17 - São Paulo, SP, Brasil Mecânica (11) 3291-9111 www.alcantara.com.br
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· 13 a 16 - Karachi, Paquistão Plastipac PaKistan 2008 www.plastipac.com.pk · 28 a 31 - Lima, Peru Expoplast Peru 2008 www.expoplastperu.com JUNHO · 4 a 7 - Pinhais, PR, Brasil Autopar 2008 (41) 3075-1100 www.diretriz.com.br · 11 a 14 - Bancoc, Tailândia ProPak ASIA 2008 www.propakasia.com · 17 a 20 - Vitória, ES, Brasil Mec Show (27) 3337-6855 www.milanezmilaneze.com.br AGOSTO · 6 a 9 - Rio de Janeiro, RJ Rio Industrial 2008 (41) 3075-1100 www.diretriz.com.br · 12 a 16 - Caxias do Sul, RS Febramec 2008 (51) 3357-3131 www.febramec.com.br · 18 a 21 - Recife, PE, Brasil Embala Nordeste (81) 3466-8989 www.greenfield-brm.com · 25 a 29 - Joinville, SC, Brasil Interplast 2008 (47) 3451-3000 www.interplast.com.br
MARÇO · 11 a 14 - Joinville, SC, Brasil 4º Seminário de Soluções e Tecnologia (47) 3028-0002 www.marktevents.com.br JUNHO · 17 a 20 - Joinville, SC, Brasil Expogestão 2008 www.expogestao.com.br AGOSTO · 26 a 28 - Joinville, SC, Brasil Congresso Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico (47) 3451-3000 www.interplast.com.br
· ABIPLAST - São Paulo, SP Curso: Formação de operadores de
produção e planejamento estratégico para micro e pequena empresa (11) 3060-9688 www.abiplast.org.br
· ABM - São Paulo, SP Cursos: Metalurgia e materiais (11) 5536-4333 www.abmbrasil.com.br
· Colégio Técnico - Campinas, SP Cursos: Injeção de termoplásticos e projeto de moldes para injeção de termoplásticos (19) 3775-8600 www.cotuca.unicamp.br/plasticos
· CTA - São José dos Campos, SP Cursos: Auditores da qualidade, gestão da qualidade, normalização, ultra-som, raio-X (12) 3947-5255 www.ifi.cta.br
· CERTI - Florianópolis, SC Cursos: Metrologia (48) 3239-2120 www.certi.org.br/metrologia
· Seacam - São Paulo, SP Cursos: CAD, CAM, gravação 3D, inspeção, geração de superfícies, projeto de produto (11) 5575-5737 www.seacam.com.br · Senai - Joinville, SC Cursos: Tecnologia em usinagem, mecatrônica, ferramentaria (47) 3441-7700 www.sc.senai.br
· Senai Mário Amato - S. B. do Campo, SP Cursos: Materiais, moldes, processamento de plásticos (11) 4109-9499 www.sp.senai.br · Senai - Jundiaí, SP Cursos: Tecnologia de moldes, operador de extrusora, técnico em plásticos (11) 4586-0751 www.sp.senai.br/jundiai · SKA - São Leopoldo, RS Cursos: Curso básico e avançado de CAD e CAM 0800 510 2900 www.ska.com.br · Smarttech - São Paulo, SP Cursos: Conformação mecânica, projeto de ferramentas, defeitos em peças plásticas, injeção de plásticos (11) 3168-3388 www.smarttechtreinamentos.com.br · Sociesc - Joinville, SC Cursos: Automação, mecânica, mecatrônica, metalurgia, plásticos 0800 643 0133 www.sociesc.org.br · UCS - Caxias do Sul, RS Curso: Modelagem 3D, fundamentos de injeção de polímeros no Moldflow (54) 3218-2430 www.ucs.br
FUNDAMENTOS E PRÁTICA DA SOLDAGEM A PLASMA
AÇOS E LIGAS ESPECIAIS 2ª Edição Revista e Ampliada
Ruham Pablo Reis Américo Scotti
André Luiz V. da Costa e Silva Paulo Roberto Mei
Apesar de já ser conhecido há anos através da literatura clássica, o processo Plasma (designado na literatura inglesa pela sigla PAW, de Plasma Arc Welding) ainda não encontra grande aplicação no meio industrial, principalmente em países onde o desenvolvimento industrial ainda está em crescimento. Acredita-se que a maior barreira se refere ao pouco conhecimento sobre a prática desse processo e sobre os fundamentos que governam seu desempenho. A proposta deste livro não é só a de descrever técnicas e equipamentos, mas a de retratar para a comunidade a tecnologia da soldagem e experiências na utilização desse processo. www.artliber.com.br
Os aços especiais de alta liga e as ligas especiais situam-se no topo da pirâmide da siderurgia mundial. Embora seu volume produzido seja pequeno comparativamente aos aços comuns, seu valor é muito maior, devido ao alto teor de elementos de liga. Esses aços e ligas exigem, desde a fase de projeto, um profundo conhecimento da metalurgia envolvida. Ainda, o emprego de técnicas e processos avançados de fabricação os diferenciam dos aços comuns, pois suas características e propriedades finais são fortemente condicionadas pelo processo de fabricação. Assim, o conhecimento da metalurgia dos aços especiais é essencial para novos engenheiros e técnicos que de alguma forma se envolvam com estes aços e ligas, bem como aos estudantes das disciplinas de materiais e metalurgia. www.blucher.com.br
ASPECTOS TRIBOLÓGICOS DA USINAGEM DOS MATERIAIS Sandro Cardoso Santos Wisley Falco Sales
Com uma linguagem clara, objetiva e uma abordagem ampla, o livro concilia a realidade do setor industrial com um forte embasamento científico. Aborda os fundamentos da usinagem com enfoque em tribologia, ilustrados por meio de casos práticos obtidos em pesquisas desenvolvidas no ambiente da indústria. É rico em referências bibliográficas, sugerindo ao leitor inúmeras outras fontes para consulta e consolidação do seu conhecimento. Dirigido aos profissionais que atuam na área de usinagem como empresários, engenheiros, gerentes de fábrica ou de produção e os técnicos diretamente relacionados à fabricação por esse processo. www.artliber.com.br
EDUCAÇÃO FINANCEIRA: GESTÃO EMPRESARIAL Luiz Carlos Peretti
Nas pequenas e médias empresas, a avaliação dos resultados obtidos no negócio é tarefa relativamente simples, uma vez que os gastos estão diretamente associados às receitas. Em um mercado cada vez mais competitivo e veloz, para a tomada de decisão é essencial a visão integrada do negócio, principalmente o conhecimento preciso da situação financeira e do resultado obtido. A informação deve ser considerada como um ativo da empresa. Este livro conduz o leitor pelos pontos principais que devem ser observados para a boa condução da empresa. www.institutostringhini.com.br
Açoespecial ........................................5
H.E.F. ...............................................29
Plastshow.........................................40
Alumicopper ....................................49
Hexagon ............................................9
Polimold....................................4ªcapa
Brasimet...........................................35
Incoe ...............................................23
Redil ................................................49
Btomec ............................................19
Isoflama ...........................................47
Sandvik.....................................3ª capa
Centroforte ......................................51
Interplast .........................................24
Siemens ....................................21 e 42
Cimm ..............................................45
Krüth ...............................................19
Tecnoserv...........................................6
CQB.................................................11
Metalurgia .......................................50
Topline.............................................45
Giacomini ........................................51
Mold-Masters ............................2ªcapa
Uddeholm........................................15
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Luiz Carlos Furtado Neves Presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina - FACISC facisc@facisc.org.br
Juntos, faremos a diferença! Associativismo ou ação associativa é qualquer iniciativa formal ou informal que reúna um grupo de empresas, com o principal objetivo de superar dificuldades e gerar benefícios comuns nos níveis econômico, social e político. Isso se torna possível através das alianças ou parcerias estratégicas das empresas, que permitem o acesso a recursos que uma empresa sozinha não teria, nem poderia obter. É por isso que o associativismo vem crescendo mundialmente, criando oportunidades para as empresas se tornarem cada vez mais competitivas. As associações empresariais entram justamente neste ponto, quando conseguem unir os empresários e incentivar o desenvolvimento econômico de uma cidade e suas empresas. Os poucos recursos financeiros e de infra-estrutura, a falta de informações e a dependência de decisões concentradas no gestor contribuem para o isolamento e falta de dinamismo do empresário. Se isolada, uma empresa tem vida curta. Por outro lado, a união de empresas que têm os mesmos problemas permite encontrar soluções para uma série de dificuldades comuns a todas. Esse é o princípio do associativismo, difundido pelas associações empresariais. Os principais fundamentos do associativismo são: a cooperação, a participação e a confiança. Todo este processo é a razão de ser das associações comerciais e industriais de todo o Brasil. As associações representam a formalização dos atos e ações que envolvem o associativismo, considerando os objetivos comuns de seus participantes, sua finalidade e as expectativas do seu público. São entidades que congregam pessoas físicas e jurídicas vinculadas a todos os setores de atividade econômica de uma cidade, região ou país. As associações empresariais surgiram no Brasil em 1811, com a denominação “comercial”, atividade preponderante na época, e tinham o intuito de defender as causas representativas do desenvolvimento sócio-econômico da comunidade. Porém, sua manutenção depende, cada vez mais, da capacidade de apresentar soluções empresariais para os seus associados. No Brasil, a mortalidade das empresas é extremamente elevada pela falta de preparo do empresariado quanto à gestão do negócio. E as associações empresariais possuem diversas experiências e soluções para minimizar os riscos de tropeços na condução da empresa. Lutamos incessantemente para auxiliar o empreendedor, oferecendo apoio na busca de alternativas que elevem a competitividade dos diversos segmentos econômicos do Brasil, sempre objetivando incrementar as boas estatísticas empresariais. Participe conosco. Nós, juntos, faremos a diferença!
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