Revista Ferramental Edição 22

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Veja detalhes fundamentais para o puncionamento de chapas metálicas

Diferenças na têmpera de aços ferramenta em forno à vácuo e banho de sal

DESTAQUE


REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X

ANO IV - Nº 22 - MARÇO/ABRIL 2009


REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X

ANO IV - Nº 22 - MARÇO/ABRIL 2009


Veja detalhes fundamentais para o puncionamento de chapas metálicas

Diferenças na têmpera de aços ferramenta em forno à vácuo e banho de sal

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REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X

ANO IV - Nº 22 - MARÇO/ABRIL 2009


Veja detalhes fundamentais para o puncionamento de chapas metálicas

Diferenças na têmpera de aços ferramenta em forno à vácuo e banho de sal

DESTAQUE


Christian Dihlmann Editor

de sal e à vácuo para aplicação em aços para ferramentas. Outro que introduz informações importantes sobre o processo de puncionamento de chapas metálicas.

Superação da crise Momentos críticos estão sendo vivenciados nos últimos meses em nosso País e no mundo. Investimentos represados, decisões cuidadosas, remanejamento de profissionais, companhias tradicionais em risco, enfim, um cenário preocupante. Todavia, essa não é a primeira vez que nos deparamos com uma crise e, certamente, não será a última. Além disso, é prudente considerar que a agressividade e o poder devastador das próximas tende a ser crescente em função da concorrência mundial em todos os segmentos. Para tanto, precisamos nos preparar se quisermos sobreviver. São diversas as maneiras de enfrentar desafios, sendo uma das mais importantes o planejamento estratégico nas empresas. Outra ação fundamental é a manutenção de uma equipe de profissionais capacitada e motivada, que garanta bons resultados para a empresa. Neste sentido, publicamos um artigo sobre remuneração estratégica, que visa à retenção de talentos, com base na citação do humanista Stan Davis: “Quando a terra era o recurso escasso, as nações lutavam para obtê-la. O mesmo está acontecendo hoje com relação às pessoas talentosas”. As feiras e congressos também são excelentes oportunidades de buscar alternativas para superar as adversidades. Tecnologias inovadoras, contatos estratégicos, mercados intocados, idéias novas, enfim, um universo de conhecimento bem ao nosso alcance. A leitura intensiva contribui com o aprendizado e o poder de discernimento do empresariado e dos funcionários nas empresas. Assim, a revista Ferramental contribui com dois artigos técnicos. Um que facilita o entendimento entre as diferenças de têmpera em banho

Ainda a seção Radar oportuniza o entendimento sobre a logística reversa, que baterá a nossa porta muito em breve. Mencionamos, no editorial da edição anterior, sobre o alinhamento entre as conclusões do Congresso da Indústria de Moldes de Portugal e do Encontro Nacional de Ferramentarias do Brasil. Este ano será realizado em São Paulo, no mês de julho, o II Encontro, que será um excelente fórum para discutirmos e traçarmos ações a curto, médio e longo prazo do setor ferramenteiro nacional. Convocamos todos os empresários da cadeia produtiva de moldes e ferramentais a contribuírem com sugestões. Serão avaliadas as propostas para a elaboração do planejamento estratégico do setor nacional para os próximos anos. Estamos convencidos que este é o caminho para transformar o setor ferramenteiro nacional em referência mundial na fabricação de moldes e ferramentais. Um personagem histórico falou, há muito tempo: “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar 'superado'. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, e sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la” - Albert Einstein.

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Artigos Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais

www.revistaferramental.com.br ISSN 1981-240X

15 Os sistemas de remuneração e seu impacto empresarial É crescente a necessidade de fidelizar os clientes, mas também é importante ter uma equipe motivada e capacitada para que a empresa apresente resultados positivos. A remuneração estratégica é uma boa alternativa para o sucesso do negócio.

DIRETORIA Christian Dihlmann Jacira Carrer REDAÇÃO Editor: Christian Dihlmann - (47) 9964-7117 christian@revistaferramental.com.br Jornalista responsável: Antônio Roberto Szabunia - RP: SC-01996

25 Manufatura de chapas metálicas - puncionamento A fabricação de peças metálicas através do puncionamento é ainda muito utilizada na indústria metal-mecânica. Alguns detalhes do processo devem ser bem compreendidos para que seja possível obter uma ferramenta produtiva.

Colaboradores Adriano Fagali de Souza, André P. Penteado Silveira Jefferson de Oliveira Gomes, Cristiano V. Ferreira, Rolando Vargas Vallejos PUBLICIDADE Coordenação nacional de vendas Christian Dihlmann (47) 3025-2817 christian@revistaferramental.com.br Representante Ívano Casagrande (51) 3228-7139 / 9109-2450 casagrande@revistaferramental.com.br

35 Análise comparativa entre o tratamento térmico de têmpera realizado em forno a vácuo e banho de sal aplicado aos aços ferramenta O entendimento das diferenças entre a têmpera em banho de sal e a têmpera à vácuo permite selecionar o processo de tratamento térmico mais adequado e direciona o último como a melhor opção para ferramentas de alto desempenho e produtividade.

ADMINISTRAÇÃO Jacira Carrer - (47) 3025-2817 / 9919-9624 adm@revistaferramental.com.br Circulação e assinaturas circulacao@revistaferramental.com.br Produção gráfica Martin G. Henschel Pré impressão (CtP) e impressão Maxigráfica - (41) 3025-4400 www.maxigrafica.com.br A revista Ferramental é distribuída gratuitamente em todo o Brasil, bimestralmente, com tiragem de 5.000 exemplares. É destinada à divulgação da tecnologia de ferramentais, seus processos, produtos e serviços, para os profissionais das indústrias de ferramentais e seus fornecedores: ferramentarias, modelações, empresas de design, projetos, prototipagem, modelagem, softwares industriais e administrativos, matérias-primas, acessórios e periféricos, máquinasferramenta, ferramentas de corte, óleos e lubrificantes, prestadores de serviços e indústrias compradoras e usuárias de ferramentais, dispositivos e protótipos: transformadoras do setor do plástico e da fundição, automobilísticas, autopeças, usinagem, máquinas, implementos agrícolas, transporte, elétricas, eletroeletrônicas, comunicações, alimentícias, bebidas, hospitalares, farmacêuticas, químicas, cosméticos, limpeza, brinquedos, calçados, vestuário, construção civil, moveleiras, eletrodomésticos e informática, entre outras usuárias de ferramentais dos mais diversos segmentos e processos industriais. As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as mesmas desta revista. A reprodução de matérias é permitida, desde que citada a fonte. A revista Ferramental tem como pressuposto fundamental que todas as informações nela contidas provêm de fontes fidedignas, portanto, recebidas em boa fé. Logo, não pode ser responsabilizada pela veracidade e legitimidade de tais informações.

EDITORA GRAVO LTDA. Rua Jacob Eisenhut, 467 - Fone (47) 3025-2817 CEP 89203-070 - Joinville - SC

Seções 6 7 10 12 14 23 30 33 44 47 49 49 50

Cartas Radar Entidade Expressas Conexão www JuríDICAS Ficha técnica Dicas do Contador Enfoque Eventos Livros Índice de anunciantes Opinião

Foto da capa:

Estampo de corte e forma - sistema transfer, da Styner Bienz do Brasil. Projetado e fabricado por Ancona Ferramentaria de Precisão, de São Paulo, SP

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O envio da revista é gratuito às empresas e profissionais qualificados das indústrias de ferramentais, seus fornecedores, compradores e usuários finais. Qualifique sua empresa no www.revistaferramental.com.br


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Recebemos um exemplar da edição Nº 18 da Ferramental e nos interessou muito a ficha técnica com várias descrições de cargos de profissionais relacionados a área. Gostaríamos de ter acesso ao material completo, pois justamente neste momento nossa empresa está passando por uma reestruturação em recursos humanos e o material recebido já foi muito útil. Ricardo Makoto Kawai GKC Metalúrgica - São Bernardo do Campo, SP

Na minha concepção a revista Ferramental é uma excelente fonte de informações para o ramo de ferramentaria. Marcos Negrão de Oliveira Volkswagen do Brasil - São Bernardo do Campo, SP

Quero parabenizar a equipe pela qualidade e conteúdo da revista Ferramental. Realmente muito interessante. Flávio L. S. Lima Valor em Foco - Florianópolis, SC

A Ferramental tem sido muito útil para mim, inclusive com algumas dicas de onde encontrar literaturas sobre injeção de zamaq sob alta pressão. Congratulo toda a equipe desta excelente revista. Jair Cornélio Jr. - Ferramenteiro - Bauru, SP

Na edição de julho/agosto 2008 da Ferramental foi publicado um artigo com o título “Avaliação de desempenho como ferramenta de gestão" sobre o qual obtive excelentes recomendações. Gostaria de saber se é possível adquirir um exemplar. Maurício Campos Pereira Life - Pompéia, SP

Conheci a revista Ferramental na sala de espera de um de nossos fornecedores e me interessei bastante pela mesma, principalmente devido à nossa área de atuação (Auditoria de custo de ferramentas adquiridas de terceiros). Sendo assim, gostaria de receber esta publicação. Alan C. Pezzo Volkswagen do Brasil - São Bernardo do Campo, SP

Sem dúvida, uma revista que trata com imensa qualidade sobre ferramentas, moldes e matrizes. Wagner Aneas W. Annex - São Paulo, SP

Gostaria de parabenizá-los pela revista e pela iniciativa de publicar diversas matérias técnicas que ajudam imensamente o setor metalmecânico, informando sobre métodos e equipamentos para produção e controle. Cláudio Pavani Renishaw - Barueri, SP

Parabéns pelo conteúdo da revista Ferramental. Edson Miranda da Silva Katrix - São Paulo, SP

A Ferramental é uma publicação essencial para quem quer se manter atualizado com os processos e informações de ponta e é um bonito trabalho empenhado por esta equipe. Rogério Felipe Zampoli Homerplast - Itupeva, SP

Agradecemos os contatos de: Gilberto Pereira de Moraes Júnior Globo Inox - Gravataí, RS Júlio Cesar Cinjex Injeção de Peças - Piracaia, SP Nivan Paula Vieira Ferramentaria e Protótipo Solução - Betim, MG Valéria de Paula Santana CRW Plásticos - Guarulhos, SP Luciana Aline Cefet - Aracruz, ES Paulo Ricardo Yamashita Costa Continental Brasil Indústria Automotiva - Guarulhos, SP Todos os artigos publicados na revista Ferramental são liberados para uso mediante citação da fonte (autor e veículo). A Editora se reserva o direito de sintetizar as cartas e e-mails enviados à redação.

Divulgue a sua empresa de forma mais eficiente Somos um veículo que realmente atinje seu público alvo

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Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais Coordenação de Vendas: (47) 3025-2817 (51) 3228-7179

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ferramental@revistaferramental.com.br casagrande@revistaferramental.com.br


A importância da logística reversa Por Antônio Roberto Szabunia redação@revistaferramental.com.br

Valter Serra de Abreu

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Abastecimento

Produção

Distribuição Uso

Usuário

Reuso Coleta

Seleção

Reprocessamento

Disposição

Leia: - Donato, Vitorio; Logística Verde: Uma Abordagem Socioambiental, Editora Ciência Moderna - Leite, Paulo Roberto; Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade, Editora Prentice Hall 8

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Redistribuição


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ABIMAQ DESCRIÇÃO Razão social: Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos Endereço: Av. Jabaquara, 2.925

Bairro: Jabaquara

CEP: 04045-902

Estado: SP

Cidade: São Paulo

Fone: (11) 5582-6311

Fax: (11) 5582-6312

e-mail: abimaq@abimaq.org.br

Site: www.abimaq.org.br

DIREÇÃO Presidente: Luiz Aubert Neto

Mandato: 2008 - 2009

Contato primário: Milton Sérgio Daniol

e-mail:

SUB-GRUPO Denominação: Câmara Setorial de Ferramentarias e Modelações Presidente: Edson Miranda

Mandato: 2008 - 2009

Contato primário: Glaucia Lara

e-mail: csfm@abimaq.org.br

CARACTERIZAÇÃO Objetivos: O setor de ferramentarias e modelações está diretamente ligado a tecnologia de fabricação de ferramentais, aplicáveis ao processo de produção industrial de peças metálicas, plásticas, cerâmicas, entre outras. Estes ferramentais são fabricados de forma unitária e utilizados em produções seriadas, exigindo precisão tanto na concepção como em sua fabricação. Setor de atuação: O setor está distribuído nos segmentos de: moldes de injeção de termoplásticos, moldes de injeção de metais, ferramentas de corte, dobra e repuxo e modelos para fundição em geral. Perfil do associado: Fabricantes de ferramentarias e modelações

SERVIÇOS OFERECIDOS Ÿ Créditos e financiamentos Ÿ Consultoria jurídica tributária e trabalhista Ÿ IPDMAQ-Inovação Ÿ Portal B2B Ÿ Feiras no Brasil Ÿ Comércio Exterior (Programa Apex) Ÿ Banco de dados (Datamaq) Ÿ Bolsa de Empregos Ÿ Indicadores Econômicos e Dados Estatísticos Ÿ Oportunidade de Negócios Ÿ Cursos Ÿ Atestados e consultas de processos de importação

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EVENTOS PROMOVIDOS A Câmara promove eventos, reuniões ordinárias e extraordinárias, de acordo com a necessidade de seus associados, onde são discutidos assuntos de interesse do setor. As empresas podem trocar informações, discutir mercado, casos de sucesso e problemas em comum e tratar de soluções para dificuldades do segmento.


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Exposição Internacional do Alumínio

A ExpoAlumínio - Exposição Internacional do Alumínio e o Congresso Internacional do Alumínio serão realizados através da nova parceria entre a Associação Brasileira do Alumínio - ABAL e a Reed Exhibitions Alcântara Machado, e ocorrerão em maio de 2010, como parte das atividades de comemoração aos 40 anos da entidade. Com a aliança, a organização e comercialização dos eventos ficam por conta da Reed Exhibitions Alcântara Machado, enquanto a realização continua sendo uma iniciativa da ABAL, entidade que representa a indústria do alumínio no Brasil. Deste modo, Congresso e ExpoAlumínio passam a participar do ciclo Aluminium Global, que a Reed Exhibitions promove ao redor do mundo, em cinco países: Alemanha, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos e Índia. Focado no setor mundial do alumínio, a primeira etapa do ciclo em 2009 será em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, no período de 29 a 31 de março. A seguir, a China recebe a segunda etapa em Xangai, de 30 de junho a 2 de julho. Em 2010 os eventos ocorrem nos meses de fevereiro em Mumbai, na Índia; maio em São Paulo, Brasil e; setembro em Essen, Alemanha. O presidente da ABAL, Luis Carlos Loureiro Filho, ressalta as vantagens da parceria internacional: “o Congresso Internacional do Alumínio e a ExpoAlumínio, que já se destacam por serem os maiores eventos da indústria do alumínio na América Latina, têm agora a possibilidade de 12

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integrarem uma agenda global de feiras dedicada à indústria do alumínio, o que certamente contribuirá para dar maior visibilidade e aumentar a participação internacional, tanto de congressistas como de expositores, nesses eventos”. ABAL 11 3060 5023 www.abal.org.br/expoaluminio

Comitê Brasileiro de Normas Técnicas CB60 No início de novembro foi inaugurado oficialmente o Comitê Brasileiro de Normas Técnicas para Ferramentas Manuais e Usinagem (ABNT/CB60), dentro do Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo - Sinafer. Os dois grupos de trabalho que o compõem: a Comissão de Estudos de Ferramentas Manuais e Dispositivos (CE:60.000.01) e a Comissão de Estudos de Usinagem (CE: 60.000.02) já realizaram a primeira reunião. A iniciativa permitirá maior agilidade para criação de normas para esses dois segmentos específicos, atendendo principalmente ao anseio dos fabricantes para igualar as condições de competição com os concorrentes internacionais. “A idéia de criar esse Comitê surgiu em 2005, motivada pelas importações irregulares e sem controle de ferramentas e produtos usinados. Esses assuntos eram tratados dentro da Câmara Setorial dos Fabricantes de Ferramentas da ABIMAQ, mas havia o desejo de levá-los para o Sinafer, para agilizar o processo e envolver o maior número possível de fabricantes nacionais nesse trabalho”, explica José Rocha Lopes, coordenador da Comissão de Estudos de Ferramentas Manuais e Dispositivos. De acor-

do com o executivo, também serão convidados para compor as Comissões de Estudos do CB60 os consumidores de ferramentas e de produtos usinados, entre os quais se incluem as indústrias automotivas, aeronáuticas, petrolíferas, entre outras, e as universidades, escolas técnicas e instituições como o INMETRO e Sebrae. “Estamos otimistas porque já conseguimos formar a base, contando com o apoio e reconhecimento da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e do INMETRO”, completa Rocha. Na avaliação de José Duílio Justi, presidente do Sinafer, a iniciativa é importante não apenas para a criação de novas normas, como também para revisão das já existentes. “Nos setores de ferramentas e usinagem há normas que somam mais de 27 anos e que precisam ser revistas, atualizadas, ou até mesmo excluídas”, destaca. Segundo Justi, é um processo que deve ser feito de forma contínua, acompanhando a evolução tecnológica. “Além disso as normas técnicas são importantes porque servem de parâmetro para que os fabricantes possam desenvolver produtos e processos industriais que garantam a sua qualidade e segurança para o consumidor final. É também uma forma de impedir a entrada de produtos no país que não estejam em conformidade com as normas brasileiras, impingindo aos concorrentes estrangeiros o mesmo tratamento oferecido aos fabricantes nacionais no exterior”, complementa Justi.

Sinafer 11 3251 5411 www.sinafer.org.br


Simpósio de Engenharia Automotiva

cos, profissionais do setor, representantes do governo, universidades, lideranças empresariais e formadores de opinião do setor automotivo internacional. AEA 11 5575 9043 www.aea.org.br

ABIMAQ ð BNDES

O Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva - SIMEA é um evento anual organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA que tem como intuito principal promover a reflexão sobre o futuro da classe. O SIMEA 2009 promoverá condições para que se discuta o estado da arte tecnológico de aspectos de engenharia ligados a mobilidade, suas expectativas e preocupações do ponto de vista local e global. O foco des-te fórum de discussões é a busca e apresentação de estratégias, técnicas, soluções e inovações alusivas a Tecnologia da Mobilidade. O evento conta com a apresentação de trabalhos técnicos focados em Tecnologia Automotiva, abordando assuntos como segurança veicular, poluição, combustíveis, lubrificantes, ruído, materiais, eletrônica, design, motorização, processos de manufatura, logística, qualidade, entre outros. A submissão de resumos deverá ser realizada somente através do site www.simea.org.br com o preenchimento do formulário de inscrição até a data limite de 15/04/2009. O trabalho deverá ser inédito e poderá ser elaborado em português ou inglês. O público alvo do SIMEA são engenheiros, técni-

Com o principal objetivo de minimizar os efeitos da crise para o setor de bens de capital, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ, Luiz Aubert Neto, esteve reunido com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento BNDES, Luciano Coutinho, apresentando uma proposta de ações a serem implementadas pelo BNDES, buscando disponibilizar maior volume de recursos às empresas, para capital de giro. Luciano Coutinho se comprometeu a analisar as sugestões e, em breve, manifestará a posição do banco em relação aos pleitos apresentados. Abaixo, um resumo das propostas apresentadas. 1 - Aumentar o limite de crédito do cartão BNDES; 2 - Autorizar temporariamente o uso do cartão BNDES no pagamento de salário, impostos e contribuições sociais; 3 - Autorizar a utilização do cartão BNDES pelas grandes empresas nacionais ou de capital estrangeiro que possuam fábricas no Brasil; 4 - Conceder crédito automático equivalente ao valor já pago do financiamento do cartão BNDES (Ex.: se a empresa possui um financiamento de R$ 1,0 milhão e já tiver pagado R$ 300 mil, automaticamente ela poderia tomar novamente um financiamento de R$ 300 mil); Março/Abril 2009

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5 - Permitir o alongamento de 12 a 24 meses, para os financiamentos contratados por empresas do setor de bens de consumo, ou diferir as parcelas vincendas nos próximos seis meses para o fim do contrato; 6 - Aumentar para 100% a cobertura da FINAME para todas as compras de bens de consumo que forem efetuadas nos próximos seis meses; 7 - Permitir o uso do REVITALIZA BK no programa BNDES EXIM Pré-embarque e; 8 - Ampliar e desburocratizar o acesso das micro e pequenas empresas - MPEs às linhas de capital de giro do BNDES.

ABIMAQ 11 5582 6300 www.abimaq.org.br

Alteração de data do Seminário de Metrologia Operacional O 1º Seminário de Metrologia Operacional - SEMOP foi transferido para os dias 16 a 19 de junho e será realizado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP, em Curitiba. Será realizado pela Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios e conta com apoio do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) e da Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), tendo o intuito de envolver os profissionais da metrologia por meio da abordagem de temas práticos, reforçando a importância do desenvolvimento da atividade metrológica e apresentando situações do cotidiano com aplicações em casos reais. O seminário é voltado para os diversos profissionais da área nas empresas, dentre eles: inspetores de qualidade, operadores de máquinas (auto-inspeção), técnicos de laboratórios, ope-

radores de tridimensionais, gestores de laboratório e profissionais das áreas de projetos e também para o público acadêmico. Será realizada também a Feira de Equipamentos e Serviços, que viabiliza oportunidades comerciais para as empresas do setor e transferência de conhecimento entre os profissionais. Como forma de envolver os participantes, o evento vai promover concurso no qual serão premiadas as melhores iniciativas e projetos adotados nas empresas no ano de 2008. Para concorrer, os interessados devem se inscrever no site do evento com um "projeto prático de aplicação metrológica" até o dia 20 de maio de 2009. Os três melhores trabalhos serão premiados durante a abertura do seminário e os demais serão expostos durante o evento. As inscrições para o evento são gratuitas. Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios 41 8862 0145 Andrea.tecnologia@yahoo.com.br www.1semop.com.br

CONEXÃO WWW A principal bandeira da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP é transformar o Brasil em uma grande potência econômica. Intérprete do setor produtivo, a FIESP é a voz que fala por 132 sindicatos patronais, os quais representam cerca de 150 mil indústrias de todos os portes e das mais diferentes cadeias produtivas. É a maior entidade de classe da indústria brasileira. Conta com Conselhos Superiores Temáticos que traçam diretrizes para os trabalhos dos departamentos de Pesquisas e Estudos Econômicos; Relações Internacionais e Comércio Exterior; Infra-Estrutura; Meio Ambiente; Competitividade e Tecnologia e; Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria. O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) é responsável por elaborar pesquisas, estudos e análises econômicas que tratam do desempenho do setor industrial, assim como identificar problemas enfrentados pela indústria e propor soluções. O Depecon tem por objetivo gerar e organizar informações e formular propostas que contribuam para a melhoria do ambiente econômico no qual a indústria está inserida. É possível ainda acessar sites de diversos setores produtivos. www.fiesp.com.br O Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS tem como objetivo congregar e representar as empresas siderúrgicas brasileiras, defender os interesses e promover seu desenvolvimento. No cumprimento dessas atribuições, realiza estudos e pesquisas relacionados à produção, equipamentos e tecnologia, matérias-primas e energia, tendências de mercado, novas aplicações do aço e relações industriais; coleta dados, prepara e divulga estatísticas; colabora na normalização de produtos; desenvolve programas e políticas definidos pelo setor; atua como representante setorial junto a órgãos e entidades públicas e privadas no país e no exterior; realiza atividades de relações públicas e mantém contato com entidades afins no exterior. A aba “Aço e Siderurgia” é bastante rica em informações sobre: história da siderurgia, processo siderúrgico, parque siderúrgico, produtos siderúrgicos e usos dos aços. Traz também a conexão com o Comitê Brasileiro CB-28 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que busca promover a normalização de produtos siderúrgicos, com a participação de todos os segmentos interessados. www.ibs.org.br

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ROSIMÉRI INÁCIO – alcancetreinamentos@gmail.com

Os sistemas de remuneração e seu impacto empresarial crescente a necessidade de fidelizar os clientes, mas também é importante ter uma equipe

Émotivada e capacitada para que a empresa apresente resultados positivos. A remuneração

estratégica é uma boa alternativa para o sucesso do negócio.

As bases que sustentam qualquer modelo de remuneração estratégica passam pelo desempenho do homem e por um conjunto de três fatores primordiais como características indispensáveis para com as necessidades de cada organização: conhecimentos, habilidades e atitudes. E porque temos que criar remuneração estratégica a fim de recompensar as pessoas se elas já são pagas para fazerem o trabalho? Muito simples. O ser humano, além das necessidades financeiras, precisa estar motivado para o trabalho. Poucos de nós conhecem a tese de Maslow1, psicólogo humanista que criou a Pirâmide das Necessidades do Indivíduo, ou sobre a tese de Hezberg2 que divide os fatores motivacionais do indivíduo. É necessário rever estes modelos para compreender a realidade das relações pessoais e profissionais. TEORIA DE MASLOW Maslow desenhou uma pirâmide criando a hierarquia para as ne-

cessidades humanas. Baseia-se na premissa de que somente a satisfação de um nível de necessidades mais básico leva o indivíduo a galgar o próximo, que também deve ser atendido para subir mais um e assim sucessivamente. A pirâmide está dividida em cinco níveis como demonstrado na figura 1.

Abraham Maslow (01/04/1908 - 08/06/1970): psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia de necessidades de Maslow. Traba-

auto-estima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros.

Estima Amor/Relacionamento

Fisiologia

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moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos

Realização Pessoal

Segurança

1. Necessidades fisiológicas: considera o básico como respirar, comer, beber, abrigar-se do frio ou do calor, dormir, descansar, ter saúde. São necessidades que garantem a sobrevivência. Enquanto o indivíduo estiver passando fome, não

amizade, família, intimidade sexual. segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade.

respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção.

Figura 1 - Hierarquia das necessidades de Maslow [1] Março/Abril 2009

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conseguirá pensar em mais nada a não ser satisfazer esta necessidade primária. 2. Necessidades de segurança: relacionadas à proteção física, levando o indivíduo a se proteger de qualquer perigo real ou imaginário que envolva seu próprio corpo, sua família, seu emprego, seus bens. 3. Necessidades sociais: relacionadas ao desejo das pessoas pertencerem a algum grupo. Precisamos sentir que somos aceitos pelos grupos do trabalho, da família, dos amigos. Quando isso não acontece, tornamo-nos resistentes e hostis com aqueles que nos cercam. 4. Necessidades de estima: englobam os sentimentos que cada um tem por outras pessoas e os sentimentos que somos capazes de provocar nas outras pessoas. Precisamos nos sentir queridos de alguma forma. 5. Necessidades de auto-realização: levam cada pessoa a tentar realizar seu próprio potencial e desenvolver-se continuamente ao longo da vida. Trata-se da busca por fazer a diferença e realizar sua missão no mundo. É quando as pessoas querem participar de algo maior que simplesmente ganhar dinheiro. A teoria de Maslow traz grandes contribuições para entendermos a motivação no dia-a-dia. Fica claro que quando o indivíduo ainda não supriu suas necessidades mais básicas, dificilmente vai ser preocupar com a realização pessoal.

depende basicamente de dois fatores: 1. Higiênicos ou de insatisfação: são aqueles que as pessoas devem receber das empresas como um mínimo para que se esforcem no trabalho, e incluem: condições de trabalho e conforto; políticas de organização; benefícios; salários e; segurança no cargo. Segundo ele, depois que esses fatores são satisfeitos, não adianta tentar aumentar um deles para conseguir maior motivação. Ninguém vai trabalhar com mais afinco porque a empresa decidiu incluir um plano odontológico como benefício adicional. Entretanto, se as pessoas não estiverem satisfeitas com alguns desses fatores, elas não vão se esforçar muito, gerando insatisfação. 2. Motivacionais ou de satisfação: operam de maneira diferente. Eles incluem: reconhecimento; oportunidade de crescimento; delegação de tarefas; autonomia; uso pleno de suas habilidades e; possibilidade de realização. Esses são os

Motivação (Satisfação) Uso de habilidades Reconhecimento

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A REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA E O AMBIENTE EMPRESARIAL Todo sistema de remuneração estratégica, por princípio, exige um perfil diferenciado de organização. Dificilmente um modelo remuneratório desse gênero poderá ser implantado em uma organização onde impere a hierarquia rígida, com modelos de tomada de decisão centralizados e onde não se privilegie a autonomia de ações, a criatividade e o sentido de equipe. Dentro de uma empresa todos deveriam estar comprometidos em uma mesma direção. Por que não é assim? Porque o alvo não é comum! Todos têm alvos próprios. Motoristas, diretores, guardas, vendedores, gerentes, devem estar comprometidos com a empresa a fim de facilitar a obtenção dos resultados almejados. E a solução passa por técnicas de

Delegação de tarefas Realização Autonomia Crescimento pessoal

Higiene (Insatisfação) Benefícios

Condições de trabalho e conforto

Salários Relacionamentos

TEORIA DE HERZBERG Segundo Herzberg, a motivação

fatores que realmente podem motivar as pessoas a trabalhar com afinco e dedicação, gerando satisfação. Na figura 2 está apresentado o modelo foguete, no qual é considerado que os fatores higiênicos são apenas uma plataforma para o foguete. Se a plataforma estiver danificada, não haverá o lançamento do foguete que contém os fatores motivacionais.

Políticas de organização Segurança no cargo

Figura 2 - Modelo foguete de Herzberg [1]

lhou no MIT (Massachussets Institut of Technology), fundando o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics. A pesquisa mais famosa foi realizada em 1946, em Connecticut, em uma área de conflitos entre as comunidades negra e judaica. Aqui, ele concluiu que reunir grupos de pessoas era uma das melhores formas de expor as áreas de conflito. 2 Frederick Herzberg (18/04/1923 - 19/01/2000): psicólogo americano autor da "Teoria dos Dois Fatores" que aborda a situação de motivação e satisfação das pessoas. Ele verificou e evidenciou através de muitos estudos práticos a presença de que dois fatores distintos devem ser considerados na satisfação do cargo. São eles: os fatores higiênicos e os motivacionais.


gerenciamento, que implicam em entender a mente humana. Jesus Cristo disse que conduzir seres humanos significa dar a eles objetivos comuns. Desencorajar as lutas internas. Premiar as condutas adequadas e punir as prejudiciais aos objetivos. Entretanto, para que um sistema de remuneração estratégica tenha resultado, ele deve contemplar alguns cuidados na sua definição, como mostra o diagrama da figura 3.

Remuneração estratégica

Definindo as regras do jogo Todos sabem como se coíbe a violência em uma partida de futebol. Se o juiz tolera a violência, os jogadores percebem que as agressões não serão punidas. Em pouco tempo, os pontapés vão crescendo, testando os limites, e, de repente, os dois times estão fora do controle do árbitro. Um juiz sábio mostra o que tolera ou não bem no início do jogo. Os envolvidos sabem então que precisam se conter. Cresce o senso de justiça, sabe-se que não há impunidade. O que o juiz fez? Mostrou logo de início quais eram as regras daquele jogo. Os indivíduos são rápidos em identificar os seus interesses e em agir de acordo com eles. Mas, espoRegras do jogo Sistema variável de remuneração Padrão de contratação Metas -- Credibilidade Factibilidade Comportamento x tolerância Remuneração psicológica Treinamento x doutrinação Informação pública

Figura 3 - Vertentes de um sistema de remuneração estratégica

radicamente, as regras premiam um comportamento que não é interessante para a empresa, como por exemplo, quando aquele que se esforça mais é punido com aumento de responsabilidades em lugar de ser premiado com o reconhecimento. Neste momento, todos percebem que não vale a pena o esforço. Um exemplo é daquele funcionário super dedicado e competente. Seu superior vive lhe dando mais tarefas, porque é o único ali que realmente está desempenhando seu papel. Com isso ele é sobrecarregado e as recompensas são mais tarefas e responsabilidades até que um dia ele comete um grande erro. Claro, já que está sobrecarregado de atividades a tendência é que a qualidade do serviço caia e a pessoa entra em desequilíbrio profissional. E ele é dispensado porque começa a cometer erros. Temos que aprender a procurar regras que conduzam o comportamento aos interesses da empresa. Regras tais que façam também com que os jogadores se empenhem em objetivos comuns e não conflitantes. Se tivermos participantes em um cabo de guerra, temos gente puxando em dois lados da corda. Isto é puro desperdício de energia, precisamos trazer todos para o mesmo lado. Interesses divergentes geram comportamento conflitante. Interesses convergentes geram espírito de equipe, esforços focados, resultados muito melhores. Sistema variável de remuneração Nos sistemas fixos de remuneração, quem se esforça mais ganha a mesma coisa. Competição, nem pensar. Disputa pelo espaço não tem sentido. Fazer produtos melho-

res ou de forma mais econômica, para quê? No pequeno mundo em que cada um está vivendo, o que importa é trabalhar o mínimo para não se desgastar. Colocar no bolso a remuneração que é igual para todos e ir levando uma vida rotineira, mas sem sobressaltos. O maior problema de um sistema de pagamento fixo é que ele iguala todos os atores do processo. Portanto, é altamente recomendada a aplicação de um sistema de remuneração variável. Padrão de contratação A primeira ação a considerar é o padrão de contratação. Temos que tomar muito cuidado quando desenhamos o perfil do cargo. Muitas vezes é exigido que o candidato tenha muitas qualificações e lamentavelmente elas não são de utilidade ainda para a empresa, causando uma grande frustração do contratado, uma vez que suas expectativas eram outras. De outro lado há também o problema em contratar pessoas que não são qualificadas para o cargo. Tudo começa na descrição do cargo que é de suma importância para as áreas de avaliações, cargos e salários, contratações e treinamentos. Se desejarmos estimular um determinado comportamento, o que precisamos é que todo o sistema de remuneração premie a conduta desejada. E que desestimule a conduta que queremos evitar. Metas Estabelecer metas negociadas com os funcionários, como, por exemplo: se atingirmos a meta de produção “X”, toda a equipe envolvida ganha um acréscimo de “Y” na folha de pagamento. Os funcionários passam a ser os Março/Abril 2009

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verdadeiros gestores da produção. Todos ganham com a produtividade fazendo com que os interesses mudem. Os supervisores deixaram de ser necessários e os funcionários passam a autogerir-se melhor. Qualquer um que prejudique a equipe poderá ser tirado da mesma, ou seja, os próprios funcionários solicitam a demissão de um mau trabalhador, especialmente quando ele ameaça o prêmio do grupo. A remuneração é um processo poderoso e deve ser baseada em: parcela fixa e variável, metas e prêmios. Estava, certa vez, em uma palestra quando alguém da platéia se dirigiu ao palestrante Chalegre3: – “Olha, não acredito que metas sirvam de estímulo!” Petrúcio parou de falar por uns momentos. Então achou melhor mostrar com uma experiência como nós, seres humanos, operamos, pedindo a todos os presentes: – Antes de responder, vamos todos pegar um pedaço de papel e uma caneta. Enquanto todos se preparavam, Petrúcio foi ao quadro e fez uma linha assim //////////////////. (18 barras). – Agora vou marcar 20 segundos enquanto vocês repetem estas linhas no papel. Decorrido o tempo, Petrúcio pediu a todos que contassem quantos riscos haviam sido feitos, em média uns 40. – Bem, escrevam ao lado quantos traços vocês fizeram. E agora me digam: dá para fazer mais? Se for possível, escrevam abaixo quantos riscos vocês se propõem a fazer em 20 segundos. Prontos? Contados, verificamos que a média havia subido para aproximadamente 80 traços. 18

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– Continuou Petrúcio: tem alguém aqui na platéia que é o melhor, o mais hábil com a caneta, o mais criativo em achar nova maneira de trabalhar. Para ele, vou dar 20 reais que estou tirando do bolso e estão aqui, à vista, presos no quadro. Prontos? As cabeças se baixaram, sorrisos de desafio foram feitos e algumas piadas amenizaram a súbita tensão que se criara. Contados os traços, Petrúcio chamou à frente o campeão, com 123 riscos traçados, para receber o prêmio e as palmas de todos. O que aconteceu? – Na primeira fase, todos trabalharam como em geral se faz em qualquer lugar. Diz-se ao funcionário que sua tarefa é esta, ele trata de executar. Na segunda vez estabeleceram-se metas e, na terceira, havia prêmios e competição envolvidos. Deveríamos nos perguntar por que trabalhamos por tarefa e esquecemos como os seres humanos reagem a metas e prêmios. Olhem os seus papéis e vejam a diferença de produtividade. Alguém ainda acha que metas não funcionam? É incrível que tanto potencial humano seja desperdiçado. Mas para termos metas funcionando bem, precisamos de pelo menos dois requisitos: ! A credibilidade: construída por

um embasamento correto de dados. Aquele que recebe uma meta não pode ter a sensação de que ela lhe foi empurrada garganta abaixo. O melhor tipo de meta é obtido quando o seu estabelecimento é negociado, quando a empresa diz: precisamos chegar a tanto! Dá para alcançar? Que meios são necessários para che-

gar lá? O pior erro é a empresa acreditar que, pelo simples fato de atribuir uma meta, ela será atingida. O simples desejo dos dirigentes não produz resultados. O que desencadeia a melhoria do desempenho são a confiança e o entusiasmo de uma equipe. 4

! A factibilidade : é mais do que o

fato de a meta ser alcançável. É principalmente a sensação das pessoas de que ela é possível de ser realizada. No entanto haverá gestores de meta que não crêem no potencial de seus trabalhadores. Então apertam as metas constantemente, sem negociação com os interessados. E acabam dando a todos a impressão de que seu objetivo é economizar dinheiro não pagando prêmios. Assim pretendem preservar sua autoridade e ficam felizes se puderem provar que “seus funcionários não estão preparados para um sistema tão avançado”. Metas muito baixas não servem de incentivo algum. É como se, na demonstração do Petrúcio ele tivesse dito aos assistentes que a meta era de 45 riscos. Isso não demandaria esforço de ninguém. Agora, imaginem que se ele tivesse estabelecido uma meta de 200 traços em 20 segundos para pagar prêmios – o resultado seria empenho zero, pois, afinal, essa era uma meta inalcançável. Comportamento x Tolerância O reforço positivo é muito superior ao negativo. Muitos educadores defenderam esta idéia. Mas 3 Petrúcio Chalegre: é Diretor Presidente da Chalegre Consultoria e autor do livro "O princípio dos interesses coincidentes". 4 Factível: possível de ser feito.


nossa sociedade não assimilou muito bem. À nossa volta se constroem cada vez mais prisões, e isto significa que não bloqueamos as condutas anti-sociais a tempo. Um belo exemplo são as escolas de samba. Dentro delas existem empresas funcionando. E quem observar o seu funcionamento verá um volume fantástico de trabalho sendo executado. Não existe espetáculo tão exuberante. Pontual, criativo, com a coordenação de milhares de figurantes extremamente empenhados. Quem ali está ganhando para desfilar? Ninguém. Então, de onde vem este tremendo engajamento, esse esforço supremo em favor do seu grupo? Vem de claras regras de jogo, competição entre grupos, premiação com regras conhecidas. Estabelecimento de interesses coincidentes dentro de cada escola. Ninguém se atreve a agir errado, a cantar outra música, pois será expulso sem contemplação. Está aí funcionando a punição implacável em estado puro. As pessoas que pagam suas fantasias para simplesmente desfilar defendendo sua escola de samba não querem mais do que a compensação de poder ser campeãs. Nem é preciso salário. Agora olhe para uma empresa. Tem tempo para dar treinamento. Podem criar as regras do jogo. Premiar. Punir. Tem todas as ferramentas. Se os empregados não estão comprometidos, é porque a empresa ainda não conhece a maneira como operam alguns aspectos da mente humana. Remuneração psicológica Um micro empresário descobriu a chave que impulsiona as pessoas: as recompensas psicológicas. Foi ao Paraguai com seu filho, antes do

natal e comprou alguns relógios. Voltou e fez uma grande festa para seus funcionários. No meio da festa, fez um belo discurso de elogios e agradecimento aos funcionários e para cada um deu de presente um relógio. O resultado: todos emocionados e orgulhosos de trabalharem naquela pequena empresa. E os relógios são usados somente em dias especiais com grande orgulho de pertencer à equipe daquela empresa, que com um gesto tão pequeno conseguiu valorizar seus funcionários. São tantas as ações de valorização que nenhum deles sequer cogita trabalhar em outra empresa. Lembro-me do meu primeiro artigo escrito em um jornal de Gestão de Pessoas da minha cidade. Foi um orgulho imenso ser convidada. A única remuneração foi realmente a psicológica. A alegria, o prazer e o sentimento de valorização profissional. É outro mistério que haja empresas que não reconheçam o potencial das remunerações psicológicas. Nas escolas de samba, a compensação de fundo emocional se sobrepõe ao salário. A tendência é achar que não é assim porque, mergulhados nas empresas, perdemos de vista o conjunto da sociedade humana. Treinamento x Doutrinação Entremos em uma igreja qualquer. Todos os domingos, um ritual se realiza ali: músicas, clima, o líder sobe ao púlpito e repete incansavelmente as mesmas coisas que todos já sabem. Reforça, apresenta sob novos ângulos as idéias. Não importa que eventualmente muitos duvidem, haverá doutrinas capazes de pregar que o mundo só tem 6.000 anos. Mas de tanto serem Março/Abril 2009

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repetidas, aquelas crenças se estabelecem nas mentes e sobrevivem. Extraordinário, esses pregadores não se queixam de que suas palavras não encontram eco. Voltemos ao ambiente empresarial. Aqui, as pessoas vêm à empresa cinco dias por semana. Pagamos salários nas empresas, enquanto que nas igrejas são os fiéis que pagam para ouvirem os pregadores. Onde está a diferença? Nas pregações. Falta a empresa um conjunto coerente de idéias para ser objeto de doutrinação. Se uma ideologia é criada, ela pode ser incutida, não em todos, mas em muitos. Há chefes que temem elogiar, receiam que o funcionário fique cheio de si. Na realidade, receiam perder o poder, querem ser temidos. Nunca é demais elogiar. As empresas devem ter sistemas que mostrem como está satisfeita e orgulhosa de ter aquele funcionário com ela. Acima de tudo, os sistemas têm que ser honestos e dignos de crédito. A tolerância para com a desonestidade tem que ser zero. As-

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sim, todos incorporam um sentimento de justiça em lugar de uma descrença arraigada. A informação pública A faxineira deve saber quem é o melhor vendedor. Os vendedores precisam conhecer a melhor encarregada de limpeza. Ver sua foto afixada no mural da empresa. O efeito desta emulação, isto é, do sentimento que nos impele a competir, é enorme. O diretor gosta de ser agraciado com troféus e reconhecimento em banquetes. Quer ver sua foto em uma revista de negócios. Deseja ser reconhecido entre seus pares. Por que não nota ele que o seu mais humilde funcionário também ambiciona este reforço emocional? O PODER DOS OBJETIVOS E METAS Quando uma pessoa deseja muito alguma coisa, ela costuma imaginar-se já de posse desse objeto. Tudo se torna tão real na mente que até suas palavras passam a expres-

sar seus sonhos. As palavras movem as pessoas ao seu redor e oportunidades de realização tendem a aparecer. Quando as condições para agir estão maduras, a pessoa também está. Aquilo a que chamamos de sorte não passa, muitas vezes, da capacidade de estar apto a aproveitar a oportunidade quando ela surge. Nesse momento, a imagem mental, o mero pensamento, transformou-se em realidade. Dessa forma, os acontecimentos previstos podem tornar-se um fato apenas pelo poder do que chamamos de profecias auto-realizáveis. Todos esperam uma dada coisa, por isso agem como se essa coisa fosse acontecer e o resultado é o acontecimento esperado. Certa vez trabalhei com um médico que teve uma infância muito complicada. Estudar era coisa impossível em função das péssimas condições financeiras da família, além de morarem a quilômetros de distância de uma escola. Essa pessoa foi crescendo com imenso dese-


jo de se tornar um profissional da saúde. Hoje é um médico muito bem sucedido. Tudo começou com a imagem mental que ele foi incrementando ao longo do tempo. As vitórias se iniciam assim. Os crimes também. Pequenos conceitos acumulados vão transformando a sociedade. Uma tolerância aqui, outra impunidade ali e, de repente, nos surpreendemos com a existência da criminalidade. Ela começa aqui mesmo, dentro das mentes de todos. Dos sonhos e infrações coletivos. De uma construção cultural. De valores que vamos introjetando, como a colocação da posse de bens materiais como objetivo último e, acima de tudo, como medida do sucesso de um indivíduo. As estatísticas demonstram que as sociedades budistas do sul da Ásia, que valorizam o comportamento pacífico, tendem a ter menor índice de agressões que nossos grupos competitivos ocidentais. É um problema ocidental? Não, não é. Os mórmons, nos EUA, têm um índice de crimes incrivelmente menor que os grupos que os rodeiam. A diferença entre um tipo de convivência social e outro está nos valores incutidos desde a infância, nas tradições e crenças que cultuam, o que motiva um forte desejo no indivíduo de ser aprovado pelo seu grupo, que valoriza uma determinada ética de comportamento. O indivíduo, nesses grupos, assume a meta de ser aceito socialmente por estar de acordo com a filosofia dominante. Os méritos As organizações devem criar sistemas que reduzam às escolhas eivadas5 de interesses pessoais por outros que visem promover os funcionários competentes. A figura 4

apresenta o conteúdo básico de um sistema de avaliação.

avalie e prepare pessoas para as funções que se demanda.

! Seleção de pessoal: a escolha

! Controle de metas: que informe

tem que ser profissional e executada dentro de critérios técnicos. O significado é acabar com as escolhas orientadas por motivos pessoais. Se houver indicação, que a seleção e a promoção seja feita dentro dos critérios estabelecidos a qualquer outro funcionário, dando à empresa a melhor seleção possível.

quem é mais eficiente e dedicado nas suas atividades. Os campeões, os que melhor cumprem suas metas, são os candidatos naturais à promoção. Mas cuidado, pois nem sempre um bom vendedor será um excelente gerente. Nesse caso, entram as pontuações do sistema de treinamento e as avaliações funcionais.

! Processo de avaliação funcio-

O cumprimento de metas e o desempenho adequado na função presente são uma boa recomendação. Ela, porém, deve ser temperada pelos outros dados para que uma promoção seja bem sucedida. Fazer com que uma empresa se transforme em uma meritocracia6 significa contrariar muitos hábitos arraigados (nomeações por simpatia, recomendações de amigos, avaliações de gabinete), em que as mais incríveis coisas são ditas para queimar um candidato sugerido a uma promoção. Tudo isto tem que ser abandonado em prol de um método transparente. Tão claro que qualquer funcionário possa saber sua posição presente e o que deve fazer para melhorar sua candidatura a um cargo superior. Tão límpido que ninguém possa duvidar de que tal colega é o melhor candidato a próxima vaga, de tal forma ele acumulou avaliações, notas, cursos e cumprimento de metas que justificam sua promoção.

nal: que possa revelar-se participativo e freqüente. O que se pretende com avaliações freqüentes é ajudar o funcionário a responder às expectativas da empresa, dizendo o que está fazendo de bom e de ruim. Reforçar o que interessa e corrigir o que não é bom. Isso tem que ser de imediato e abrangente. Uma boa liderança informa seus funcionários diariamente. Por todos os meios. Até sorrisos de aprovação são parte de um sistema de avaliação. O ideal é que essas avaliações dêem a oportunidade do empregado se expressar, evitando uma avaliação de escolha forçada. As empresas crescem e os indivíduos dentro dela também quando começam a ouvir seus pares. ! Sistema de treinamento: que

Funcionário Seleção de pessoal Avaliação funcional Sistema de treinamento Controle de metas Figura 4 - Conteúdo mínimo de um sistema de avaliação funcional

5

Eivada: contaminada, infectada física ou moralmente. 6 Meritocracia: do latim, mereo = merecer, obter; cracia = governo. É a forma de governo baseado no mérito. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento, e há uma predominância de valores associados à educação e à competência. Também indica posições ou colocações conseguidas por mérito pessoal. Março/Abril 2009

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Desta maneira, a meritocracia transforma os interesses de todos em convergentes, alinhando a direção dos esforços, desarticulando o jogo de poder anterior que envenena as relações, destrói a confiança na justiça e, pior, subordina os interesses maiores da organização aos medíocres objetivos pessoais de acumulo de poder. Einstein foi recusado por duas universidades européias, em Zurique e em Berlim, com o argumento de que lhe faltava um título universitário. Um sistema de seleção por capacidade não pode ser tão cego que se torne apenas burocrático. É preciso haver discernimento para enxergar certas capacidades que, por serem excepcionais, não se

encaixam em regras comuns. Para tanto, os olhos dos selecionadores têm que estar abertos, sob pena de deixar um Einstein escapar entre os dedos. A VARIÁVEL VOLITIVA7 É aquela que permite ao homem realizar realmente aquilo que se lhe propõe a fazer. É o desejo interno de fazer. É a vontade intrínseca de realizar um feito. Para que alguma coisa seja feita é necessário que alguém tenha o conhecimento para fazê-lo. Mas isso não basta: você precisa ter a habilidade para fazê-lo. Você sabe o que fazer e agora também como fazer. Mas não é tudo: é preciso que você queira fazer. Se você realmente não tem a vontade

própria de fazer, então não haverá sistema nem modelo que consiga que você realize o que precisa ser feito de maneira adequada. Sim, porque você pode até realizar uma determinada tarefa, em cumprimento a uma ordem, por temer as consequências. Porém, há uma diferença fundamental entre fazer alguma coisa porque se é obrigado e fazer a mesma coisa porque realmente se deseja fazer. Na segunda hipótese os resultados serão quantitativa e qualitativamente melhores. Enfim, as pessoas só agem na mesma direção se os seus interessem coincidem [2]. 7

Do latim medieval volitivu: relativo à vontade do indivíduo.

FONTES DE CONSULTA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ÿ Costa, E. A. da; Gestão Estratégica; Editora Saraiva, São Paulo,

[1] www.wikipedia.org.br

SP, 2005 Ÿ Marras, J. P.; Administração da Remuneração; Editora Pioneira,

São Paulo, SP, 2002

[2] Chalegre, P.; O Princípio dos Interesses Coincidentes. Prajna Consultoria, São Paulo, SP 2007

Ÿ Pascoal, L.; Administração de Cargos e Salários; Editora

Qualitymark, Rio de Janeiro, RJ, 2007

Rosiméri Inácio - Formada em Administração de Empresas e Negócios pela Faculdade Cenecista de Joinville - FCJ e Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. Tem ampla experiência na área de Recursos Humanos em Treinamento, Avaliação de Desempenho, Recrutamento & Seleção, Remuneração Fixa e Variável, Negociações Sindicais e Benefícios. Participa na condução do Programa de Formação de Líderes, desde o autoconhecimento, processo de gestão de pessoas e avaliação 360 graus. É sócia da empresa Alcance Consultoria, Capacitação e Treinamento Empresarial Ltda.

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LEONARDO WERNER - leonardo@hew.adv.br DANIEL AUGUSTO HOFFMANN - daniel@hew.adv.br

Lei da Informática benefícios fiscais

O

aproveitamento dos benefícios fiscais disponíveis para os diversos segmentos produtivos torna-se um adicional de competitividade em um universo de concorrência crescente.

1

Cediço: notório, conhecido, algo que não deixa margem a dúvidas. 2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato200 4-2006/2006/Decreto/D5906.htm Março/Abril 2009

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Leonardo Werner - Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí - Univali, pós-graduado pela Escola da Magistratura de Santa Catarina - ESMESC, pós-graduado em Direito Empresarial pelo Instituto Nacional de Pós-graduação - INPG e especialista em Direito Tributário pela Universidade da Região de Joinville - Univille. Advogado, sócio proprietário da Hoffmann & Werner Advogados Associados e membro da Junta de Recursos Administrativo-Tributários - JURAT de Joinville, SC. Daniel Augusto Hoffmann - Bacharel em Direito pela Associação Catarinense de Ensino - ACE e pós-graduado pela Associação Catarinense do Ministério Público em Direito Penal e Processual Penal. Advogado, sócio proprietário da Hoffmann & Werner Advogados Associados e Professor de Legislação Tributária no curso de Administração da Faculdade Cenecista de Joinville, SC.

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PAULO VICTOR PRESTES MARCONDES - marcondes@ufpr.br

Manufatura de chapas metálicas - puncionamento

A

fabricação de peças metálicas através do puncionamento é ainda muito utilizada na indústria metal-mecânica. Alguns detalhes do processo devem ser bem compreendidos para que seja possível obter uma ferramenta produtiva.

Dentre os processos de conformação mecânica, o puncionamento tem grande importância por sua facilidade de executar furos em processos de produção intensiva. O processo de puncionamento consiste em furar pela remoção de um retalho e o diâmetro do furo é determinado pelo diâmetro da ponta do punção. Neste processo faz-se o furo na chapa e a peça aproveitada (mantida) é a própria chapa. A parte que foi cortada é descartada. Já no processo de estampagem (blanking), também largamente aplicado na produção mecânica, a peça aproveitada é a que foi cortada e a chapa é descartada. O objetivo desse artigo é ilustrar as etapas do puncionamento e definir os tipos básicos de folga de corte. O PROCESSO DE PUNCIONAMENTO Quando um furo deve ser puncionado ou então executado por outro processo? Basicamente é uma questão econômica. Os furos feitos a laser (principal processo

concorrente) são perfeitos, mas bastante caros. Teoricamente pode ser feito qualquer tipo de puncionamento em qualquer material. Etapas do processo A dinâmica do processo de puncionamento é muitas vezes considerada como uma operação em dois passos. O primeiro na condução de um punção através da chapa de aço e o segundo na retirada do punção do interior do furo. Na verdade existem seis etapas para se obter um furo por puncionamento. Elas podem ser vistas na figura 1. As seis etapas contêm os elementos críticos de todo o processo. O entendimento desses passos pode ajudar na construção da ferramenta e na seleção dos aços ferramenta e da folga entre matriz e punção. A primeira etapa é a fase de impacto onde o punção faz o contato inicial com o material. Um carregamento de compressão rapidamente aparece enviando uma onda

de choque através da punção. Essas ondas de choque estão representadas na figura 1 para cada etapa do processo. O material começa um bojamento1 em torno da ponta do punção, como mostra a figura 1a. A fase de penetração se dá quando a tensão de escoamento do material é ultrapassada e a ponta do punção começa a adentrar a superfície do material. Ambos, punção e matriz começam a cortar seus respectivos lados como pode ser visto na figura 1b. A alavanca criada pela folga da ferramenta permite que o punção dobre o retalho. O centro do retalho é arcado para fora do punção criando um bolsão de vácuo.

a

b

c

d

e

f

Figura 1 - Etapas do processo: a) impacto, b) penetração, c) e d) ruptura, e) estouro e f) retirada - 200x - adaptado de [1]

1 Bojamento: ato ou efeito de formar uma protuberância abaulada, uma saliência arredondada.

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Na fase de ruptura uma parte do material é deformada e estirada até seu limite de resistência. O material começa a ruptura entre as arestas de corte do punção e da matriz, conforme demonstra a figura 1c. Esse mecanismo gerará a ruptura observada no furo final e no diâmetro externo do retalho. O estouro (snap thru) acontece quando a tensão limite do material é excedida e o retalho repentinamente se separa da chapa. A figura 1d representa essa fase. O súbito descarregamento de pressão sobre o punção gera uma onda de choque inversa que freqüentemente pode levar a quebra da cabeça do punção. O choque gerado pelo estouro tem uma relação direta com a dureza do material. Quanto mais duro o material maior a onda de choque. O retorno elástico fica na chapa visto que o retalho quebrou de forma livre. Com folga ótima o furo produzido na chapa se fecha na ponta do punção. Normalmente o retalho irá se expandir e ficará preso na matriz. Quando o cilindro da prensa alcança seu fim de deslocamento, isto é, atinge o ponto morto inferior, o punção deve penetrar na matriz aproximadamente 0,5 a 0,8 mm (figura 1e). Uma maior penetração irá propiciar desgaste excessivo no punção particularmente quando se utiliza a folga ótima. Quanto mais profundamente o punção penetrar, mais vácuo ele criará na saída (na figura 1a, 1b e 1c é possível visualizar a região de vácuo entre a superfície plana do punção e chapa deformada). Esse vácuo provavelmente irá puxar e prender o retalho. A retirada do punção (withdrawal) pode gerar cerca de 2/3 do desgaste do punção e ser responsável pela retenção 26

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do retalho. A figura 1f representa esse mecanismo. Em função de a folga ótima produzir furos menores que a dimensão da ponta do punção (retorno elástico do material furado), se cria uma condição que tende a prender a ponta do punção a cada batida. Assim, o desgaste abrasivo2 na matriz e punção será excessivo. FOLGA DE CORTE A folga de corte tem um papel importante no processo e existem duas maneiras para determiná-la: a total e a por lado (figura 2). A folga total é igual ao dobro da folga por lado. Normalmente se utiliza a folga por lado como padrão e o símbolo delta para indicar a folga por lado. Neste caso, a folga por lado é a distância entre as arestas cortantes do punção e da matriz. Esta distância deve ser mantida homogênea em

torno de todo o perímetro. No puncionamento de chapas de aços convencionais para estampagem, uma regra geral de ferramentaria é utilizar folga de corte entre 2,5 a 6% da espessura da chapa por lado. Isto proporciona rebarbas de altura aceitável e um bom controle do retalho. PROBLEMAS TÍPICOS DO PUNCIONAMENTO Alguns problemas típicos do puncionamento acontecem quando o carregamento de compressão é rapidamente aliviado e o punção passa através da chapa. A tensão se concentra no ponto de junção da cabeça do punção e isto poderá levar a quebrá-la, como representado na figura 3. Impacto

Estouro Direção do choque

Choque reverso

Ferramenta Metal

Superfície cisalhada Folga Ferramenta

a)

Figura 3 - Problemas típicos do puncionamento (adaptado de [3])

As formas clássicas de se evitar a quebra na região da cabeça do punção são mostradas na figura 4. Placa de choque

5o

Folga

Chanfro

b)

Reduzir o diâmetro da cabeça e/ou aumentar a espessura da cabeça

Aumento do raio Aumento do diâmetro Mudar a configuração da ponta Outras considerações: Seleção de aço ferramenta e folga

Folga

c)

Figura 2 - Mecânica do corte de chapas por cisalhamento: a) folga ótima, b) folga insuficiente e c) folga excessiva (adaptado de [2])

Figura 4 - Formas clássicas de evitar a quebra da cabeça do punção (adaptado de [3])

2 Abrasão: é o ato ou efeito de raspar ou desgastar por atrito.


A figura 5 mostra um método clássico de extração do punção, uma vez que atualmente se tem a tendência de usar poliuretano ao invés de molas para a extração. A força de extração do punção durante o puncionamento pode ser obtida pela expressão:

F = L x T x 1,5

(1)

onde: F = força de extração (Kgf); L = comprimento de corte ou perímetro do furo (mm) e; T = espessura do material (mm).

reduzida devido aos danos causados pelo calor gerado. Adicionalmente, é importante realizar uma análise detalhada do efeito da folga de puncionamento nas características do furo (percentual de cisalhamento de aspecto polido), na geração de rebarba (altura da rebarba) e na relação entre tamanho do furo e espessura da chapa. A superfície polida e a região de ruptura visualizadas no retalho serão observadas da mesma maneira no furo puncionado (todos os retalhos apresentados na figura 6 são o resultado da utilização de folga de 6% por lado do punção para a matriz).

Figura 7 - Forma cônica dos retalhos no puncionamento de chapas grossas de aço de alta resistência (chapa de aço NBR 6656 LNE 38, 8mm de espessura)

PUNÇÃO COMBINADO A construção de uma ferramenta combinada de puncionamento com brochamento de chapas está demonstrada na figura 8 [4, 5]. Essa ferramenta torna possível que as duas operações sejam realizadas em uma única operação, aliando vantagens da alta produção dos processos de conformação e usi-

Ø10

Extrator de poliuretano

Figura 5 - Método de extração do punção durante o puncionamento (adaptado de [3)

Quando a folga é pequena (abaixo da apropriada), aparecem marcas em forma de anéis na ponta do punção indicando que a chapa teve recuperação elástica durante a etapa de estouro. A redução do diâmetro do furo acarretará, consequentemente, o agarramento da ponta do punção. Essa folga insuficiente também gera aquecimento, descolorindo a área junto à ponta do punção e prejudicando, possivelmente, o tratamento térmico. Ainda, a vida da ferramenta será

Ø10 Ø9.8 Ø9.5 Ø9.1

6

4.2

1

Os retalhos de maior diâmetro mostram a região polida de aproximadamente 25%. Isto é típico para a maioria de aplicações onde o diâmetro do furo é maior do que 1,5x a espessura da chapa. Quando o tamanho do furo é menor do que 1,5x a espessura do material, o retalho se torna mais difícil de dobrar e quebrar. Note que os retalhos de diâmetros menores têm consideravelmente uma maior região polida e uma menor região de ruptura. Sob estas circunstâncias a altura da rebarba é também aumentada. No puncionamento de chapas grossas de aço de alta resistência (acima de 6 mm) acontece o efeito blow-out3, ou seja, os furos ficam mais largos na parte superior, o que os torna cônicos como demonstra a figura 7.

Ø9.1

3.4

Figura 6 - Aparência da superfície dos retalhos, adaptado de [1]

Ø9.9 Ø9.7 Ø9.3

22.5o

Ø8.8

a)

b) Figura 8 - Processo combinado: a) geometria da ferramenta de puncionar e brochar e b) acabamento do furo gerado (chapa de aço NBR 6656 LNE 38, 8 mm de espessura)

3 Blow-out: do inglês, blow = inchar, out = fora. No processo de puncionamento, é o efeito de inchamento da parte superior do retalho.

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nagem para serviços pesados (chapas metálicas grossas). Nesta proposta, o brochamento é realizado no final do processo combinado, definindo a qualidade superficial do furo (rugosidade). A rugosidade também é influenciada pelo ângulo de ponta da ferra-

menta de puncionar. Já a precisão dimensional do furo é dependente de uma combinação da geometria do punção, na etapa de puncionamento, e da estratégia de brochamento. A variável mais importante nesse processo combinado é a superfície

não paralela de corte dos punções. Com relação à conicidade dos furos, o ângulo positivo dos punções não afeta de forma significativa a geometria dos furos. Neste caso, quem determina a conicidade dos furos é o brochamento (geometria dos dentes de brochamento).

FONTES CONSULTADAS ! Relatório Paraná Tecnologia (2000). Publicação do Sebrae e Sindimetal-PR, Curitiba, PR.

[3] Society of Manufacturing Engineers, Die Design Handbook, SME - Society of Manufacturing Engineers, 1990.

! Benazzi Jr., I.; Aio, L. H.; Tecnologia de estampagem, Apostila de curso da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, Julho de 2007.

[4] Mello, L. B.; Marcondes, P. V. P; Punching and broaching combos - a new stamping tool, Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences, v. xxviii, 94-98, 2006.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[5] Marcondes, P. V. P.; Eto, A. M.; Beltrão, P. A. C.; Borges, P. C.; A smart stamping tool for punching and broaching combination, Journal of materials processing technology, v. 206, 184193, 2008.

[1] Tarkany, N.; Improving perforating die performance - The effects of stress, clearance, material, Stamping Journal, vol. 15, nº 2, Março/Abril, 2003. [2] Costa, H. B. e Mira, F. M., (1987). Apostila - Processos de Conformação: Conformação Mecânica dos Metais, Florianópolis, SC.

Paulo Victor Prestes Marcondes - Possui pós-doutorado pela Universidade de Deakin, em Geelong, na Austrália (2007) e Universidades da Califórnia em San Diego (1996) e Pennsylvania (1996) nos EUA. Obteve seu doutoramento em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade de Birmingham na Inglaterra (1995). Mestrado em Engenharia Mecânica (1991) e graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989). Atualmente é professor associado I da Universidade Federal do Paraná atuando na graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) do Departamento de Engenharia Mecânica. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Conformação Mecânica, atuando principalmente nas áreas de conformação de chapas, ferramentas de conformação (matrizes e moldes) e simulação computacional.

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Planilha de verificação: projeto de matriz para processo de puncionamento Notas explicativas

Sistemas de controle de avanço da chapa – responsáveis pela determinação da distância de deslocamento da chapa entre ciclos consecutivos.

Controle de avanço por trava

Espiga – elemento com a função de fixar o conjunto do punção ao martelo da prensa. Usualmente é ligada ao cabeçote do punção ou diretamente na placa de choque. A espiga deve ser localizada no centro de gravidade e não necessariamente no centro do estampo.

Exemplos de espigas

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PLANILHA DE VERIFICAÇÃO Projeto de matriz para processo de puncionamento

Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais

Nº Ordem de Serviço Data

CLIENTE Empresa:

Fone:

Contato:

e-mail:

Fax:

DESCRIÇÃO Ferramental:

Operação: Peça: Dimensões (mm):

Código: Peso (kg):

Material a Processar:

Rev. Nº: Nº de estágios:

Espessura (mm):

Data de emissão: Prazo de Entrega: Força de estampagem (N):

Prensa prevista:

ITENS A ANALISAR 1 - ESPECIFICAÇÕES DA PRENSA

SIM NÃO

DESCRIÇÃO/AÇÃO

SIM NÃO

DESCRIÇÃO/AÇÃO

SIM NÃO

DESCRIÇÃO/AÇÃO

1.1. Capacidade nominal 1.2. Avanço máximo 1.3. Tipo de acionamento (pneumático, mecânico.) 1.4. Tipo de sistema de alimentação (bandeja, gaveta, gravidade.) 1.5. Categoria de riscos (conf. NBR 14153) 1.6. Fixação de espiga 1.7. Furo de passagem na mesa 1.8. Distância do cabeçote à mesa 1.9. Distância do centro da espiga à coluna 1.10. Dimensões da mesa

Parte integrante da revista Ferramental - Nº 22 - Março/Abril 2009

2 - ESPECIFICAÇÕES DO PRODUTO 2.1. Desenho da peça conformada 2.2. Possibilidade de evitar cantos vivos 2.3. Espaço disponível para inclusão de logos 2.4. Cálculo da geratriz 2.5. Possibilidade de simplificação técnica 2.6. Tolerâncias admissíveis 2.7. Acabamento da superfície (rugosidade) 2.8. Altura admissível da rebarba 2.9. Conicidade admissível para o furo (importante p/chapas grossas)

3 - IDENTIFICAÇÃO DA MATRIZ 3.1. Plaqueta de identificação da matriz (cliente, data, peso) 3.2. Plaqueta de identificação do fornecedor 3.3. Plaqueta com esquema do sistema de refrigeração 3.4. Instrução da seqüência de acionamentos 3.5. Identificação dos componentes

Março/Abril 2009

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PLANILHA DE VERIFICAÇÃO Projeto de matriz para processo de puncionamento

Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais

4 - ESPECIFICAÇÕES DA MATRIZ

SIM NÃO

DESCRIÇÃO/AÇÃO

4.1. Dimensões compatíveis com a prensa 4.2. Dimensões da placa de base 4.3. Fixação à mesa da prensa 4.4. Cálculo estrutural dos componentes 4.5. Determinação do centro de gravidade 4.6. Passo da matriz (aproveitamento máximo de chapa) 4.7. Folga entre matriz e punção adequada 4.8. Ângulos de saída suficientes 4.9. Lubrificação dos componentes prevista 4.10. Presença de cantos-vivos 4.11. Tipo de sistema de controle de avanço de chapa 4.12. Guias diretos (placa-guia, colunas,..) 4.13. Guias indiretos (colunas, rolamentos,..) 4.14. Sistema de extração mecânica 4.15. Sistema de sujeição 4.16. Elementos de amortecimento (mola, plastiprene,..) 4.17. Punção (placa guia, de choque, colunas guia,..) 4.18. Sistema de fixação de espiga 4.19. Usinagem (processos) 4.20. Tratamento térmico (processos/dureza) 4.21. Acabamento (processos)

4.23. Processos de fabricação externos 4.24. Utilização de componentes padronizados 4.25. Manual com instruções de montagem 4.26. Manual técnico para o cliente

5 - OBSERVAÇÕES

APROVAÇÃO Nome

Empresa

APROVAÇÃO:

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Local

Projeto liberado para construção Ferramental

Cargo

Março/Abril 2009

Projeto rejeitado

Assinatura

Data

Parte integrante da revista Ferramental - Nº 22 - Março/Abril 2009

4.22. Processos de fabricação internos


Imposto de Renda Pessoa Física

JNR Contabilidade Ltda. Maiores informações pelo e-mail (joseane@jnrcontabilidade.com.br) ou pelo fone 047 3028 2180 Março/Abril 2009

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PITER ALVES DE SOUSA - piter.sousa@bodycote.com CARLOS HENRIQUE DA SILVA - carlos.silva@bodycote.com THAIS ELISE CUNHA - thais.cunha@bodycote.com

Análise comparativa entre o tratamento térmico de têmpera realizado em forno a vácuo e banho de sal aplicado aos aços ferramenta

O

entendimento das diferenças entre a têmpera em banho de sal e a têmpera à vácuo permite selecionar o processo de tratamento térmico mais adequado e direciona o último como a melhor opção para ferramentas de alto desempenho e produtividade.

Os aços ferramenta foram desenvolvidos para o processamento de outros materiais onde, entre as características básicas necessárias para suas aplicações, está a capacidade de suportar condições severas de trabalho [1, 3, 6, 8, 9], que podem envolver mecanismos de desgaste, ataques químicos ou esforços mecânicos. O tratamento térmico desta classe de aços deve apresentar algumas precauções em função da grande quantidade de elementos de liga, onde variações mínimas nos parâmetros de processo resultam em microestruturas diferentes e, consequentemente, em desempenhos insatisfatórios da ferramenta [3, 6, 8, 10]. Entre os problemas relacionados ao tratamento térmico de têmpera dos aços ferramenta estão: o crescimento de grão em função de tempos e/ou temperaturas inadequadas de austenitização1 e; a precipitação de carbonetos2 em contorno de grão, com transformação parcial da microestrutura, resultantes de taxas de resfriamento insuficientes [3, 6, 8, 9, 10, 11]. Como opção para têmpera dos aços ferramenta pode-se relacionar dois processos: o tratamento em banho de sal e o realizado em forno a vácuo. A têmpera em banho de sal consiste na imersão da peça no sal fundido, o qual é responsável pelo aquecimento e proteção da superfície contra oxidação e descarbonetação. O meio de resfriamento adotado depende da composição química do aço, podendo ser realizado em óleo, sal fundido ou ar [3, 6, 8, 9, 10, 11]. As variações do tratamento térmico realizado em banho

de sal estão relacionadas à necessidade de movimentação constante da peça em tratamento, uma vez que os banhos de sais têm temperaturas fixas, podendo dar abertura para problemas de oxidação, descarbonetação3 e deformação durante as etapas de transferência [11]. A aplicação de revestimento PVD4 após a têmpera em sal também pode ser afetada, caso a limpeza não seja realizada de forma cuidadosa, fazendo com que a aderência do revestimento não seja eficiente, ocasionando desplacamentos e consequentemente redução do rendimento da ferramenta [11]. O processo a vácuo é realizado em uma câmara isenta de oxigênio, evacuada com o auxílio de bombas de alto vácuo [3, 4, 5, 10, 11]. A atmosfera resultante previne a ferramenta contra reações na superfície, como descarbonetação e oxidação, removendo também impurezas como filmes de óxidos e resíduos de lubrificantes provenientes da etapa de fabricação da ferramenta [3, 10]. O aquecimento é proporcionado por irradiação, através das resistências de grafite, dispostas 1 Austenitização: Transformação da estrutura da matriz existente em estrutura austenítica através de aquecimento. Pode ser parcial (aquecimento dentro da faixa de transformação) ou completa (aquecimento acima da faixa de transformação). A estrutura austenítica é formada por austenita, que é a fase do aço cúbica de face centrada (CFC), com boa resistência mecânica, apreciável tenacidade, amagnética e solubilidade máxima de carbono de 2% [12]. 2 Carbonetos: classe de compostos, também denominada de carbetos, constituida de sais binários contendo carbono e características inorgânicas [13]. 3 Descarbonetação: é o processo de redução do teor de carbono em parte ou em toda a extensão do material, a partir da combinação do carbono do aço com o oxigênio livre do ambiente. 4 PVD: veja infográfico.

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MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS Neste estudo foi avaliada a influência do processo de têmpera realizado em banho de sal e em forno a vácuo, sobre três características dos aços ferramenta: integridade superficial, deformação e homogeneidade microestrutural. A avaliação da integridade da superfície foi executada através da análise de dois corpos de prova retificados com dimensões de 80 x 80 x 80 milímetros, confeccionados em aço AISI H13, submetidos à têmpera pelos dois processos. Os ciclos empregados estão apresentados nas figuras 1 e 2, sendo os parâmetros de

Temperatura (oC)

Têmpera em banho de sal 1030 980 850 Óleo agitado 70oC 600

120

30

Têmpera em forno a vácuo 1170 1050 850 Nitrogênio 5,5 Bar 400

Temperatura (oC)

1030 980 850

5

Nitrogênio 3,6 Bar 600

2

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Tempo (mín.)

Figura 1 - Ciclo adotado no tratamento em forno a vácuo (AISI H13)

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5

5

Tempo (mín.)

Figura 3 - Ciclo adotado no tratamento em forno a vácuo (AISI M2)

Têmpera em forno a vácuo

2

Tempo (mín.)

temperatura de pré-aquecimento e austenitização semelhantes, alterando-se apenas o tempo de permanência e o meio de resfriamento. A necessidade de tempos maiores no processo realizado em banho de sal ocorre em função da falta de controle de temperatura entre superfície e núcleo, que é monitorado no forno a vácuo através de um termopar8 alocado em corpo de prova. Além da análise visual da superfície, para verificar a formação de filmes de óxido e corrosão, foram realizados ensaios de microdureza e análises metalográficas para avaliar a influência dos dois processos na integridade superficial dos corpos de prova na prevenção do fenômeno de descarbonetação. Para o estudo de deformação originada pelos dois processos, utilizaram-se corpos de prova em aço AISI M2, em barras, com 22 mm de diâmetro e 200 mm de comprimento, realizando avaliações posteriores aos processos de têmpera, executados segundo os ciclos apresentados nas figuras 3 e 4. A análise foi realizada com o auxílio de um relógio comparador Digimess,

15

2

30

30

Figura 2 - Ciclo adotado no tratamento em banho de sal (AISI H13)

Temperatura (oC)

no equipamento de forma que a temperatura seja uniforme em toda a câmara [3, 4, 5, 10, 11]. O grafite auxilia ainda na eliminação do oxigênio residual, que tem maior tendência a combinar com o carbono do que com o ferro existente na composição química do aço [3, 10]. Além disso, a possibilidade de montagem de cargas em dispositivos e o fato de não haver movimentação das ferramentas durante o tratamento, uma vez que as etapas de pré-aquecimento, austenitização e resfriamento ocorrem dentro da câmara, minimizam as distorções dimensionais [11]. No forno a vácuo, o resfriamento responsável pelas transformações microestruturais necessárias à aplicação da ferramenta, é realizado através da injeção de nitrogênio sob pressão, medida em bar5 [3, 10]. A pressão de resfriamento deve ser adequada em função da espessura da ferramenta, garantindo taxas de resfriamento mínimas para evitar a presença de perlita6, bainita7 ou precipitação de carbonetos em contorno de grão [2, 3, 10]. O objetivo deste trabalho foi uma análise comparativa entre o tratamento térmico de têmpera realizado em banho de sal e em forno a vácuo, aplicados aos aços ferramenta, avaliando a influência dos dois processos sobre as características finais da peça em tratamento.

Bar: unidade de medida de pressão (símbolo bar) e equivale a exatamente 100.000 Pascal (105 Pa). Este valor de pressão é muito próximo ao da pressão atmosférica. 6 Perlita: microestrutura eutetóide da liga ferro-carbono constituída de ferrita e cementita, com teor global de carbono de 0,8% [12]. 7 Bainita: microestrutura de cementita dispersa em ferrita, obtida por transformação da austenita em baixa temperatura (200 a 550 ºC) [12]. 8 Termopar: são dispositivos elétricos com larga aplicação para medição de temperatura [14].


Temperatura (oC)

Têmpera em banho de sal 1170 890 800

Banho de sal 5 min.

530 450

Ar 120

15

15

7

Tempo (mín.)

Figura 4 - Ciclo adotado no tratamento em banho de sal (AISI M2)

sendo as barras presas entre pontas para avaliação do empenamento após a têmpera. A homogeneidade microestrutural proporcionada pelos processos realizados a vácuo e em banho de sal foi avaliada através de análises metalográficas e determinação do perfil de dureza das duas amostras do aço AISI H13, utilizadas para análise da integridade da superfície. As análises metalográficas foram realizadas para identificar possíveis transformações bainíticas, ou regiões perlíticas, produtos de uma má transformação em função de taxa de resfriamento insuficiente. Para a realização das análises metalográficas e ensaios de dureza foram utilizados um microscópio Union - Versamet e um micro durômetro Pantec HXD 1000 TM, respectivamente. Os tratamentos em forno a vácuo foram realizados em um equipamento com pressão de resfriamento máxima de 6 bar. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir serão apresentados os ensaios para cada uma das características ensaiadas. Integridade da superfície O controle da atmosfera de tratamento é importante na têmpera de aços ferramenta. Problemas relacionados à descarbonetação, carbonetação e oxidação da superfície de uma ferramenta resultam em queda de rendimento por falhas ou, em processos posteriores de revestimento PVD, resíduos na superfície resultam em dificuldades de aderência da camada depositada [11]. As figuras 5 e 6 apresentam as características superficiais das amostras tratadas em banho de sal e forno a vácuo, respectivamente, onde nota-se que o acabamento superficial do tratamento com atmosfera isenta de ar (oxigênio) praticamente não interfere na condição superficial da ferramenta. A amostra tratada em banho de sal apresentou corrosão superficial pela ação do sal empregado no banho de austenitização. As análises microestruturais seguem apresentadas

Figura 5 - Condição superficial após tratamento em banho de sal

Figura 6 - Condição superficial após tratamento em forno a vácuo

na figura 7, onde nota-se que houve empobrecimento superficial na amostra tratada em banho de sal, sendo os valores de dureza superficial inferiores à tratada em vácuo. A descarbonetação pode ser relacionada à ação da atmosfera externa ao banho de austenitização, durante a transferência da amostra para o meio de resfriamento em óleo. A figura 8 apresenta a curva dos perfis de dureza, identificando que a amostra tratada em banho de sal apresenta dureza inferior à encontrada no núcleo a uma profundidade de aproximadamente 10 µm. O controle desta zona empobrecida é extremamente importante, pois, mesmo com a consideração de sobre metal, caso a região afetada seja superior à espessura deixada, o empobrecimento restante resultará em queda do rendimento da ferramenta. No processo realizado a vácuo não foram encon0,010 mm.

0,009 mm.

0,011 mm.

400X Nital 4% - Forno a Vácuo

400X Nital 4% - Banho de sal

Figura 7 - Análise metalográfica da superfície das amostras Março/Abril 2009

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Perfil de dureza

1º Estágio Austenização

2º Estágio Início do resfriamento

3º Estágio Segundos após início do resfriamento

4º Estágio Próximo ao final do resfriamento

Figura 8 - Perfis de dureza das amostras tratadas em vácuo e banho de sal

trados problemas relacionados à integridade superficial, uma vez que a atmosfera na câmara de tratamento impossibilita qualquer reação com a ferramenta [3, 4, 5, 10, 11]. Além disso, o oxigênio residual reage com as resistências de grafite por ser mais reativo com o carbono do que com o ferro existente na composição química do material [3, 10]. A realização de tratamentos criogênicos9 em peças que apresentem empobrecimento superficial certamente gerará trincas. Portanto, a têmpera em banho de sal é um limitante para o este tipo de tratamento em aços ferramenta. Distorções Para o tratamento térmico de têmpera, existe a prática comum de considerar sobre metal na peça, a fim de compensar as deformações ocorridas durante o processo. Entretanto, estas deformações podem ser divididas em dois grupos: as inevitáveis e as evitáveis. Entre as deformações inevitáveis estão as ocorridas em função das alterações microestruturais e as ocasionadas pela dilatação e contração da peça, durante as etapas de aquecimento e resfriamento respectivamente [3, 6, 8, 9, 10]. A transformação martensítica é provocada por processos de cisalhamento que resultam em estruturas tetragonais altamente distorcidas devido à supersaturação de carbono. A martensita10, altamente distorcida e supersaturada, provoca considerável aumento de volume no componente ou ferramenta tratada [3, 6, 8, 9]. A figura 9 apresenta o comportamento de uma ferramenta quando exposta às variações de temperatura no processo de têmpera. Em conjunto com as transformações da microestrutura, a diferença no comportamento entre superfície e núcleo resulta em estados de tensões diferentes, o que também causa deformações na ferramenta. 38

Ferramental

Março/Abril 2009

Figura 9 - Estados de tensões de uma ferramenta durante a têmpera [9]

No processo de austenitização, a temperatura está homogênea e a expansão ocorre uniformemente. Com o início do resfriamento, a superfície tende a perder temperatura mais rápido do que o núcleo, gerando um gradiente de temperatura que torna a contração superficial maior do que a do núcleo. No terceiro estágio, a superfície da ferramenta começa a transformação da microestrutura com o núcleo ainda se contraindo, sendo que no quarto estágio, a superfície já se apresenta transformada, enquanto o núcleo inicia a transformação [9]. Entre as deformações evitáveis, estão as relacionadas a problemas de montagem de carga e movimentação desta durante o tratamento térmico [11]. O ciclo genérico realizado na têmpera de um aço ferramenta segue apresentado na figura 10. Observa-se que, o tratamento é iniciado com etapas de pré-aquecimento, elevação da temperatura acima da zona crítica, promovendo a austenitização do material, manutenção nesta temperatura para homogeneização entre superfície e 9 Criogênico: do grego, kryos = frio e gêneses = que gera, ou seja, aquilo que gera frio. A expressão "processo criogênico" descreve o uso de nitrogênio líquido ou dióxido de carbono sólido para resfriar materiais a uma temperatura de - 120ºC ou menos [14]. 10 Martensita: fase metaestável que corresponde a uma solução sólida supersaturada de carbono em ferro. É uma fase extremamente dura [12].


o

Corpo de prova

Ciclo de têmpera dos aços ferramenta Temperatura (oC)

T ( C) Pré-aquecimento e Austenização

Empenamento anterior ao processo

Empenamento posterior ao processo

Amostra banho de sal

600 0,02 mm 0,08 mm 850 1.050 Amostra forno 0,02 mm 0,03 mm a vácuo 1.180 Tabela 1 - Empenamento em função do processo de têmpera

T4 T3 T2

T1

t1

t2

t4

t3

Tempo (mín.)

Figura 10 - Ciclo genérico do processo de têmpera dos aços ferramenta

núcleo, seguido de resfriamento com um taxa de extração de calor suficiente para promover a transformação martensítica. As etapas de pré-aquecimento objetivam o aumento uniforme de temperatura em toda a massa da peça, para evitar diferenças entre superfície e núcleo. No processo a vácuo, os patamares de pré-aquecimento são determinados a partir de um termopar inserido na peça ou no núcleo de um corpo de prova, o qual simula a espessura da peça em tratamento [11]. A figura 11 apresenta uma matriz em AISI H13, com o corpo de prova simulando a sua massa.

Figura 11 - Matriz acompanhada do corpo de prova para controle de temperatura. Fonte: Bodycote Brasimet.

1

Como a carga fica estática em um ambiente sem ar (oxigênio), não há condições que favoreçam deformações durante o processo e afetem a qualidade superficial da ferramenta. No processo realizado em banho de sal, entretanto, há a necessidade de movimentação da carga para realização do pré-aquecimento, uma vez que o banho para austenitização não permite variações de temperatura, sendo necessários banhos intermediários para o pré-aquecimento. A tabela 1 apresenta o ciclo de tratamento térmico de amostras do aço M2 tratadas em banho de sal e forno a vácuo, onde se avaliou o empenamento resultante para os dois processos. Nota-se que, para o tratamento em banho de sal, os valores de empenamento são consideravelmente maiores comparados ao tratamento em forno a vácuo. A necessidade de movimentação da carga para o pré-aquecimento e austenitização em banho de sal, essencialmente nas duas últimas temperaturas de tratamento, são consideradas críticas, pois nesta faixa de temperatura, os aços ferramenta estão suscetíveis à deformação em função da sua própria massa. A figura 12 apresenta uma análise da movimentação de carga na realização da têmpera em um aço AISI H13, tratado em banho de sal. Nota-se que, quanto maior for a ferramenta, mais crítica é a sua movimentação e, consequentemente, maior a deformação. Por este motivo, considera-se extremamente importante uma distribuição adequada dos fornos de banho de sal, para minimização dos problemas relacionados às distorções.

2

3

Figura 12 - Transição da carga entre a última etapa de pré-aquecimento (1) e a austenitização (3) [11] Março/Abril 2009

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Homogeneidade microestrutural As transformações microestruturais ocorrem em função do choque térmico, ocasionado pelo resfriamento da ferramenta a taxas suficientes para evitar a presença de perlita e transformações bainíticas. Sendo assim, considera-se a total transformação da microestrutura uma relação entre a homogeneidade da temperatura de austenitização entre superfície e núcleo, a taxa de resfriamento na têmpera e a espessura da ferramenta em tratamento [3, 10]. A taxa de resfriamento é relacionada, no processo em banho de sal, pelo meio empregado e no forno a vácuo, pela pressão de nitrogênio adotada. No processo realizado em banho de sal, peças com grandes espessuras apresentam variações nas transformações microestruturais. A figura 13 apresenta uma ferramenta em aço AISI H13, durante a etapa de têmpera, onde a imersão da peça no óleo gera uma diferença de temperatura entre a primeira e a última região resfriada, acentuada ainda pelo aquecimento do óleo, o que resulta na redução da taxa de extração de calor. Além disso, existe uma diferença de temperatura entre superfície e núcleo, que pode ser constatada pela mudança de coloração entre as bordas da ferramenta e a seção de maior massa, a qual apresenta temperatura elevada enquanto as regiões superficiais já estão transformadas.

Figura 13 - Processo de têmpera em óleo agitado e aquecido a 70ºC [11]

No processo realizado em forno a vácuo, a pressão de nitrogênio utilizada no resfriamento, o trocador de calor do forno e o tamanho da peça são responsáveis pela transformação total da microestrutura da ferramenta, partindo-se do pressuposto de que o tempo e temperatura de austenitização estão adequados ao material e espessura da ferramenta em tratamento. A figura 14 apresenta o sistema de resfriamento realizado em forno a vácuo, onde os bicos injetores de nitrogênio são dispostos na câmara de tratamento de forma que o resfriamento seja homogêneo. Porém, caso a pressão de resfriamento não seja suficiente para promover taxas adequadas à transformação martensítica, regiões perlí-

Figura 14 - Sistema de resfriamento em forno a vácuo. Fonte: Bodycote Brasimet.

ticas e bainíticas também podem ocorrer. A faixa ideal de pressão de trabalho é entre 2,5 e 5,0 bar, principalmente entre 1.000°C e 540°C, onde pressões inferiores resultam nos problemas relacionados à transformação parcial da microestrutura, com precipitação de carbonetos em contorno de grão e, pressões mais altas, em riscos de empenamento excessivo e trincas. O tempo de austenitização no forno a vácuo é controlado pela monitoração da temperatura da superfície e do termopar alocado no núcleo da peça/corpo de prova. No processo realizado em banho de sal este tempo é empírico e controlado apenas com o auxílio de um cronômetro, o que pode gerar desvios. A figura 15 apresenta as análises metalográficas realizadas nas amostras do aço AISI H13, na região do núcleo, para verificar a transformação em função dos processos desenvolvidos. A amostra tratada em banho de sal apresentou a microestrutura mais grosseira, com grãos maiores quando comparada com a amostra tratada em vácuo. Esta diferença de granulometria tem relação direta com o tempo em temperatura de austenitização, que no forno a vácuo é controlada através da alocação de um termopar no núcleo do corpo de prova e, em banho de sal, controlada com o auxílio de um cronômetro pelo operador do equipamento. Não foram identificadas zonas perlíticas ou regiões com transformações bainíticas. Segundo a norma NADCA#06, o resfriamento entre 980ºC e 550ºC, para o aço AISI H13, deve apresentar uma taxa de resfriamento mínima de 28ºC/min, monitorado por termopares alocados na superfície e no nú-

200X Nital 4% - Forno a Vácuo

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Figura 15 - Análise metalográfica do núcleo das amostras Março/Abril 2009

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cleo da amostra [2, 5, 7]. O resfriamento realizado no forno a vácuo empregou pressão de 3,6 bar, com o ciclo de têmpera direta. As taxas de resfriamento da superfície e do núcleo das amostras foram de 35ºC/min e 40ºC/min, respectivamente. CONCLUSÕES O tratamento térmico de têmpera em aços ferramenta apresenta particularidades que tornam crítica a execução do processo, onde variações mínimas dos parâmetros de tratamento podem resultar em microestruturas diferentes e em rendimento insatisfatório da ferramenta. A têmpera executada em forno a vácuo permite um controle da integridade superficial, uma vez que o processo é realizado sem a presença de ar, que inibe qualquer reação de descarbonetação ou formação de óxidos. Além disso, a montagem de carga e o tratamento realizado sem movimentação das ferramentas minimizam distorções, as quais são superiores no processo em banho de sal em função da necessidade de movimentação da carga para as etapas de pré-aquecimento, austenitização e resfriamento. A pressão de resfriamento do forno a vácuo, com 3,6 bar, foi eficiente para promover total transformação da microestrutura, evitando regiões perlíticas, bainíticas e precipitação de

carbonetos em contorno de grão, prejudiciais à microestrutura do material, resultando em baixo rendimento em aplicação. O tratamento térmico de têmpera em banho de sal apresenta problemas de controle durante o processo, por não haver condições de avaliação do gradiente de temperatura entre superfície e núcleo, que em fornos a vácuo é realizado através de termopares alocados em corpos de prova, os quais simulam a espessura média da carga em tratamento. Sendo assim, conclui-se que a tecnologia envolvida no tratamento térmico em forno a vácuo possibilita um controle rigoroso dos parâmetros de processo, garantindo a integridade superficial, menor distorção quando comparado com tratamentos realizados em banho de sal e homogeneidade microestrutural, através do controle do gradiente de temperatura entre superfície e núcleo, com taxas de resfriamento adequadas. O processo executado em banho de sal é instável, dependente de um rigoroso controle de todas as etapas, que não são automatizadas. O controle dos parâmetros de processo é realizado por operadores, havendo limitações no controle de tempo de austenitização e velocidade de transporte até o meio de resfriamento (têmpera), não sendo aconselhável a prática deste tratamento térmico para ferramentas com exigência de alto desempenho e produtividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] AMERICAN SOCIETY FOR METALS; Heat treater´s guide: Standard practices and procedures for steel, 1982.

[8] ROBERTS, G. A.; HAMAKER, J. C.; JOHNSON, A.R.; Tool Steels. 3 ed. ASM International, 1962.

[2] APPLETON, J.; The importance of quench rates on the toughness of hot work steels for die-casting. TTI Group.

[9] SILVA, A. L. V. da C. e; MEI, P. R.; Aços e ligas especiais. Edgard Blücher, 2006.

[3] ASM Handbook: Volume 4 - Heat Treating. ASM International, 1991.

[10] TOTTEN, G. E.; HOWES, M. A. H.; Steel heat treating handbook. Marcel Dekker, 1997.

[4] EPRI Center for Materials Fabrication; Vacuum furnaces for heat treating, brazing and sintering. EUA, 1999.

[11] YOSHIDA, S.; Comparativo de processos de tratamentos térmicos de moldes e ferramentas. Brasimet Comércio e Indústria S/A, 2004.

[5] KOWALEWSKI, J.; OLEJNIC, J.; Importance of precision cooling during vacuum heat treating of hot work tool steel. Seco/Warwick, 2005. [6] KRAUSS, G.; Steels - Heat treating and processing principles. ASM International.

[12] www.infomet.com.br [13] www.mundoeducacao.com.br [14] www.wikipedia.org.br

[7] Standard specification die insert material and heat treating specification. Spec. NO. DC-9999-1, Revision 18, 2005.

Piter Alves de Sousa - Graduado em Tecnologia de Processos Metalúrgicos. É responsável pela Engenharia de Processos na unidade de São Leopoldo da Bodycote Brasimet. Carlos Henrique da Silva - Graduado em Engenharia Metalúrgica. Atualmente exerce a gerência da Bodycote Brasimet Unidade Joinville. Thaís Elise Cunha - Graduada em Tecnologia de Materiais. Responde pela qualidade industrial na unidade de Joinville da Bodycote Brasimet.

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Infográfico

O que é PVD?

PVD, em inglês, é o termo que designa o processo de Physical Vapour Deposition. No português poderíamos traduzir para deposição física de vapor. Trata-se de um processo descoberto acidentalmente por Michael Faraday (22/9/179125/8/1867), que observou a deposição de partículas na superfície interna de bulbos de lâmpadas incandescentes oriundas da explosão do filamento. Você já notou que em uma lâmpada queimada o vidro fica escurecido no interior? A partir disso pesquisadores desenvolveram um processo de deposição em vácuo onde, primeiramente, um material é transformado em vapor, então é transportado nessa fase e por último é depositado na superfície de um substrato. Este processo permite depositar uma infinidade de metais puros e ligas (como ouro, cromo, etc.) bem como uma série de nitretos e outros compostos. Com o avanço da pesquisa foi desenvolvido o chamado “ion plating”, técnica inicialmente utilizada na Europa, introduzindo diversos benefícios ao processo de PVD: melhor adesão, controle da estrutura do filme, deposição em temperaturas baixas, assim como deposição de ligas, multicamadas, nanocamadas e camadas com gradiente de composição.

A técnica consiste basicamente na aplicação de uma voltagem negativa nos substratos. A forma através da qual o material é transformado para a fase vapor é o principal ponto de distinção dos processos. Os processos de PVD (evaporação por feixe de elétrons, arco catódico e “magnetron sputtering”) podem ser oferecidos em duas diferentes temperaturas, selecionadas de acordo com o tipo de material a ser revestido. O processo padrão é realizado a 500ºC, enquanto o chamado processo de “baixa temperatura” realiza-se em torno de 200ºC. Uma seqüência normal de processo consiste primeiramente na preparação do produto fora da câmara de deposição iniciando com um sofisticado equipamento de limpeza por ultra-som, seguido da montagem do produto nos dispositivos e carregamento na câmara. Já com o produto no interior da câmara de deposição, esta é evacuada, as peças são aquecidas, ocorre uma limpeza por bombeamento com gases inertes, uma limpeza com bombardeamento com íons metálicos e por fim o revestimento. No diagrama abaixo é possível identificar as etapas do processo de PVD.

Conjunto equipamento + peça

Aplicação da camada 01

Aplicação da camada 02

Aplicação da camada 03

Aplicação da camada N

Final do processo

Multicamadas aplicadas Corte na peça

Fonte: Bodycote Brasimet, 2008

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Montagem de ferramenta por indução O aparelho de montagem de ferramentas por indução (shrinking technology) i-tec®L, da alemã Kelch & Links GmbH, comercializado pela Sanposs TSCI, é um equipamento básico e compacto que permite o uso de ferramentas de até 32 mm de diâmetro. O tempo de aquecimento correto e o nível de energia do anel de indução são calculados automaticamente pelo aparelho a fim de evitar superaquecimento do suporte da ferramenta. Para tanto, deve ser introduzido o diâmetro e o material da ferramenta no painel de controle. Opcionalmente é possível utilizar ferramentas maiores por meio de flanges de adaptação variáveis construídos em alumínio anodizado.

tamento de horas podendo ser por meio eletrônico ou manual, controle de orçamento, horas estimadas e realizadas, estoque, compras, financeiro, inspeção, RNC (relatório de não conformidade), faturamento, além de outras importantes funções para o controle da produção. Através das funções do sistema, é possível obter a redução de custos, planejar e replanejar a produção, identificar gargalos, obter maior acertividade nos prazos de entrega, visualizar a carga máquina da fábrica, executar cálculos de mark-up no orçamento, atingir bom nível de rastreabilidade e de controle de qualidade. O cliente pode adquirir os módulos que achar necessário e depois, a qualquer momento, adquirir outros módulos com integração total das informações. GRV Software 19 3886 6572 www.grvsoftware.com.br

Sanposs Tsci 11 4126 6711 www.sanposs.com.br

Planejamento fino da produção O CPS, da GRV Software, é um sistema de gestão voltado para o segmento metal-mecânico de ferramentaria, usinagem, caldeiraria, moldes e manutenção industrial. Tem como destaque o controle apurado da produção, com apon44

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Fixação magnética para moldes As placas de fixação magnética da linha Quad-Press 80HC para aplicação em moldes dos processos de injeção de termoplásticos, fabricadas pela Tecnomagnete, tem um fluxo magnético com profundidade de até 20 mm, garantindo boa sustentação dos ferramentais. Moldes fixados magneticamente não sofrem tensão e deformação, uma vez que a força é distribuída


uniformemente sobre a superfície de contato ao invés de ser concentrada somente sobre a periferia da placa de base, como acontece com os sistemas tradicionais de fixação. O atual pólo quadrado da Quad-Press 80HC gera uma força constante, pré-determinada e concentrada de 1.000 kg. O tempo de preparação é drasticamente reduzido, permitindo a produção econômica de pequenos lotes de peças. Moldes de várias formas e dimensões, mesmo que maiores que a base da máquina, podem ser fixados sem nenhuma modificação e com total flexibilidade. O sistema é praticamente isento de manutenção, pois não existem partes móveis. Uma série de dispositivos para o controle da corrente, do fluxo magnético, de posiciona-

mento e da presença do molde garante a segurança de operação.A tela lógica IPC, sensível ao toque (touch-screen), guia o operador durante o procedimento de troca do molde, fornecendo em tempo real indicações da força efetiva de fixação.

Tecnomagnete 19 3849 5384 www.tecnomagnete.com

Porta-ferramenta para torneamento de roscas O novo porta-ferramenta da fabricante Seco Tools, que permite a utilização da linha de pastilhas SNAP-TAP para o torneamento de roscas, incorpora o sistema de fixação de pastilhas Anti-Twist® para proporcionar o máximo de rigidez possível. O sistema Anti-Twist® tem duas características técnicas significativas. A primeira é o uso de um pino de metal duro localizado na parte traseira do alojamento da pastilha, que resiste as deformações comuns aos porta-ferramenta padrão, evitando a possibilidade de movimentação e giro da pastilha durante a usinagem. A segunda é a introdução de um novo grampo estilo D, que empurra a pastilha para baixo e contra os apoios late-

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rais do alojamento. O resultado é o aumento da vida operacional do porta-ferramenta, menos vibrações, maior precisão e desempenho da pastilha, além de aumentar a produtividade no processo de rosqueamento.

Seco Tools 15 2101 8600 www.secotools.com.br

Retificadora cilíndrica CNC A retificadora cilíndrica a comando numérico computadorizado (CNC) UNN-2, da Mello Máquinas e Equipamentos, é construída com guias lineares de rolos cruzados no eixo X e de "turcite" no eixo Z, fusos de circulação de esferas nos eixos X e Z, cabeçote porta-peças com variação contínua da rotação entre 40 e 800 rpm, automaticamente ajustada em função do diâmetro que está sendo retificado, cabeçote contra-ponta de alta rigidez com ajuste de conicidade, unidade independente de lubrificação automá-

tica controlada pelo CNC, réguas digitais de alta definição nos eixos X e Z, software aplicativo incorporado incluindo ciclos de retificações por passadas, por mergulho, tipos stepin e set-wheel, retificações cônicas e de faces, dressagens retas e cônicas, e pintura padrão em tinta epóxi. Tem capacidade de retificação com distância máxima entre centros de 800 mm e altura dos centros sobre a mesa de 165 mm. As dimensões do rebolo são de 300 x 40 x 76 mm, utiliza cone morse CM5 para a árvore porta-peça e cone morse CM4 para a árvore contra-ponta. O curso da mesa é de 1.200 mm, as velocidades mínimas e máximas nos eixos X e Z variam de 0,1 a 5.000 mm/minuto e a potência do motor do rebolo é de 4 HP. Alguns opcionais que podem ser adquiridos com o equipamento são: conjunto de softwares especiais para interpolações lineares ou circulares, conjunto de softwares especiais para dressagens e retificações com perfis complexos, rotary encoder para a árvore do cabeçote porta-peças e softwares adequados para trabalhos com interpolação angular, autocalibrador eletrônico de comando para trabalho em conjunto com o CNC, sensor de posicionamento axial da peça e software de interligação aos ciclos de trabalho, placa universal de três castanhas de 178 mm de diâmetro com flange e haste de cone morse 5, placa pneumática de três castanhas, sistema especial de fixação de peças por pinças, sistema de acionamento hidráulico do contra-ponta e sistema especial de filtragem da refrigeração, tipos automático reciclável, automático de papel, magnético ou combinado. Mello Máquinas e Equipamentos 11 5631 5263 www.mellfaber.com.br

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Micrômetro IP65

O micrômetro QuantuMike, da Mitutoyo, permite velocidade de medição constante utilizando um fuso com avanço de 2 mm por volta em vez de 0,5 mm (padrão de mercado), resultando em até 60% de redução do tempo de medição. É disponível em capacidades de medição de 0-25 mm até 25-50 mm e na opção polegadas. Sua face de medição é construída em metal duro micro-lapidado. O tambor com catraca integrada auxilia a repetitividade na medição pela transmissão de microvibrações por todo o fuso até a face de contato, facilitando a execução da medição com uma única mão. Está adequado ao nível de proteção IP 65 para resistência a óleo, poeira e água, permitindo trabalhar em ambientes agressivos. O micrômetro é certificado pela TÜV (Technischer ÜberwachungsVerein - associação para certificação técnica), da Alemanha. O equipamento pode ainda ser adquirido opcionalmente com conversor de dados USB e cabo para saída de dados. Mitutoyo 11 5643 0000 www.mitutoyo.com.br


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MANUAL DE SIDERURGIA - Volume I e Volume II Luiz Antônio de Araújo Totalmente revisado, ampliado e incorporando conceitos atualizados de siderurgia, o primeiro volume traz um capítulo completo sobre a história da siderurgia brasileira e mundial e aborda a produção, desde as matérias-primas para obtenção do ferro até os processos de metalurgias secundárias. Elaborado em linguagem simples e acessível, é uma obra completa de referência abrangendo todos os aspectos da obtenção e elaboração do aço. Já o segundo volume trata de processos de transformação do aço, explicando com riqueza de detalhes os temas mais atualizados sobre a laminação a quente e a frio de produtos planos, de barras e perfis, de tubos e de arames. O conteúdo técnico foi escolhido de modo a apresentar as bases teóricas da laminação, os fatores que influenciam a forma da chapa laminada e os tratamentos posteriores, como decapagem, tratamentos térmicos e revestimentos. Com visual atraente, repleto de ilustrações explicativas, tabelas e cálculos, estas obras abrangem minuciosamente todo o universo deste fascinante campo. ISBN 9788561165017 www.arteciencia.com.br

MANUAL PRÁTICO PARA EMBORRACHAMENTO DE CILINDROS Valdemir J. Garbimm Um manual que traz informações básicas de cunho prático. Este livro apresenta inúmeros dados teóricos e práticos para o bom desempenho de um cilindro emborrachado, de grande valia para todos os profissionais que atuam na área e, por certo, para os que fabricam, utilizam ou reparam cilindros emborrachados. Considerando as responsabilidades técnicas e os precisos critérios de utilização das peças em borracha, ou conjugadas borracha-substratos, o autor descreve que os cilindros emborrachados são elementos de máquinas que exigem cuidados e conhecimentos técnicos, desde o projeto até seu desempenho em operações das mais extremas, uma vez que qualquer falha pode causar parada de máquina e prejuízos elevados. A obra conta com anotações de campo, seguidas de análises e cálculos de dimensionamentos, acompanhamento em processos de fabricação, formulações, custos, manuseio, montagem e observações de desempenho. ISBN 85-88098-43-5 www.artliber.com.br

CONFORMAÇÃO MECÂNICA: CÁLCULOS APLICADOS EM PROCESSOS DE FABRICAÇÃO Lírio Schaeffer e Alexandre da Silva Rocha Este livro tem como objetivo ilustrar, com exemplos de cálculos, os principais processos de fabricação por conformação mecânica. Destina-se a técnicos, estudantes e engenheiros que se dedicam à indústria da transformação mecânica. O livro tem origem na experiência de longos anos dedicados ao ensino na área de manufatura deste processo. A literatura internacional apresenta com profundidade os princípios e formulações empregadas nos processos de conformação. Entretanto praticamente não existe uma aplicação prática dos modelos e formulismos. Assim, esta obra faz uma revisão voltada para a solução de problemas práticos. www.imprensalivre.net

REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: A NOVA VANTAGEM COMPETITIVA Thomaz Wood Jr. e Vicente Picarelli Filho A função recursos humanos vem passando por grandes mudanças nas organizações: de órgão de apoio à presença na linha de frente; de função técnica à função estratégica; e de área segmentada em diferentes técnicas e metodologias a uma área integradora de políticas e práticas. Além de garantir a coerência interna de suas iniciativas e o alinhamento dessas iniciativas com a estratégia de negócios, a função recursos humanos deve agir como verdadeiro agente de transformação organizacional, capaz de ajudar a organização a vencer simultaneamente o desafio da competitividade e os novos requisitos relacionados à ética, ao desenvolvimento sustentável e à responsabilidade social. Este livro foi criado dentro dessa concepção, apresentando o sistema de remuneração como parte de um sistema organizacional maior, integrado a um movimento transformacional orquestrado pela liderança, com participação de todos. Ao desenvolver esta obra, os autores uniram experiência prática e conhecimento acadêmico, procurando oferecer aos leitores uma abordagem consistente, completa e de operacionalização factível. ISBN 9788522437702 www.editoraatlas.com.br

Açoespecial ...............................3ª capa

Intermach ........................................28

Schmolz+Bickenbach .........................9

Brehauser.........................................44

Intertooling......................................11

Tecnoserv.........................................24

Btomec ............................................45

Leonam ...........................................22

Tecnoplast .......................................40

CIMM ..............................................45

Magma .....................................2ªcapa

Uddeholm..........................................5

GGD .........................................1ª capa

Missler .............................................29

Giacomini ........................................44

Plastech ...........................................34

Incoe ...............................................13

Polimold....................................4ªcapa

Isoflama ...........................................19

Rede Paranaense Metro ....................20

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Competência em ferramentais: patrimônio brasileiro José Edison Parro Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - AEA diretoria@aea.org.br

A página eletrônica oficial da OICA - Organisation Internationale des Constructeurs d'Automobiles, entidade que reúne todos os países produtores de automóveis de passageiros e comerciais leves, ainda não compilou os dados estatísticos de 2008. Por esta razão, vamos nos ater às estatísticas de 2007, ano em que o Brasil - com produção de 2.970.818 unidades ocupou a 7ª colocação no ranking1 mundial, atrás do Japão (11,59 milhões), USA (10,78 milhões), China (8,88 milhões), Alemanha (6,21 milhões), Coréia do Sul (4,08 milhões) e França (3,01 milhões). De outra parte, segundo dados de emplacamentos da Jato do Brasil, em 2008 o mercado interno registrou 2,67 milhões de automóveis de passageiros e comerciais leves, quantidade que rendeu ao País a 6ª posição, atrás somente dos USA (13,2 milhões), China (6,5 milhões), Japão (5 milhões), Alemanha (3,31 milhões) e Rússia (2,92 milhões). Por meio desses números já é possível depreender a importância da engenharia brasileira de ferramentais, hoje consolidada no segmento automobilístico nacional e também exportadora de tecnologia. Vale ressaltar que a indústria brasileira de ferramentais está concentrada na região sul do País, notadamente em Santa Catarina, cuja mão-de-obra especializada se faz notar com vigor e competência, sobretudo após 1996 quando começaram a se instalar no Brasil os newcomers2 e, estes, deram início à forte concorrência às quatro montadoras até então “donas” do mercado: General Motors, Ford, Volkswagen e Fiat. Além do substancial aumento do número de montadoras, de 4 para 16 indústrias - Citroën, Hyundai, Honda, Iveco, Mahindra, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Troller -, cresceu também o número de lançamentos, em sintonia com a nova ordem do setor automobilístico internacional. Daí a premência de se ter um parque industrial de ferramentais tão competente em projetos como em agilidade, de modo que pudesse atender à demanda dos mercados nacional e internacional. Mas também uma indústria de ferramentais zelosa por peças e partes automotivas capazes de oferecer segurança, design3, além de alinhada com o compromisso de desenvolvê-las com responsabilidade ambiental, na qual se encaixa, por exemplo, a reciclabilidade. O Brasil, no campo da indústria de ferramentais, tem o que há de melhor. Esse patrimônio já é da engenharia brasileira. 1

Ranking: do inglês rank = fila, série, posição. Significa dispor em ordem segundo a importância. Newcomers: do inglês, new = novo e come = chegar. Significa recém-chegados. 3 Design: é qualquer processo técnico e criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e especificação de um produto. 2

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