REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X
ANO V - Nº 25 - SETEMBRO/OUTUBRO 2009
REVISTA FERRAMENTAL - PUBLICAÇÃO DA EDITORA GRAVO - ISSN 1981-240X
ANO V - Nº 25 - SETEMBRO/OUTUBRO 2009
Christian Dihlmann Editor
A era da ferramentaria tecnológica O mês de julho de 2009 foi especial! Podemos considerar como o início de um novo tempo. O momento da virada. O marco histórico da nova era do setor ferramenteiro nacional. A partir dos eventos Encontro da Cadeia de Ferramentas, Moldes e Matrizes – MOLDES 2009 e Encontro Nacional de Ferramentarias – ENAFER, realizados em São Paulo, caracterizou-se a união dos empresários na busca de soluções que remetam o segmento a um nível internacional de competitividade, com rentabilidade e qualidade de fornecimento. Na oportunidade, diversos empresários discutiram o planejamento estratégico para os 15 anos vindouros, contemplando ações em nível de tecnologias e insumos, mercado, capacitação, tributos e sustentabilidade, distribuídas em curto, médio e longo prazos. Para comemorar o renascimento da ferramentaria nacional, a Ferramental não poderia deixar de homenagear os empresários e profissionais do setor. Assim, com um belo trabalho do mestre ferramenteiro Ademir Munhoz, resgatou parte da história da ferramentaria automotiva do Brasil, publicada na seção Radar. Desde o princípio do século XX já desenvolvíamos ferramentais no País, agregando competência ao parque industrial e experiência aos nossos profissionais. Um dos maiores pensadores de todos os tempos, o grego Aristóteles, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, confirma: “Somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, portanto não é um ato, mas um hábito”. É desnecessário comentar que, para obter sucesso, precisamos estar preparados técnica e gerencialmente. E para isso precisamos ler muito e questionar as dúvidas surgidas. Nessa edição publicamos três artigos técnicos. O primeiro discorrendo sobre a importância do trata-
mento térmico adequado na qualidade final da peça, o segundo apresentando vantagens da conformação de chapas por dobramento relativamente a alguns outros processos mecânicos e o último mostrando os resultados comparativos entre uma simulação reológica de peça termoplástica e seu respectivo caso real. Na linha da gestão, devemos fazer as considerações relativas ao crescimento do Brasil, que passa por diversas esferas, sejam elas políticas, sociais, econômicas e financeiras, envolvendo os governantes e, acima de tudo, a sociedade. Nós, como empresários e profissionais, devemos ser exemplos de ética e responsabilidade. Portanto, é importante que nossas empresas sejam operadas formalmente. Por isso, publicamos informações sobre a nova lei do Micro Empreendedor Individual - MEI na seção Dicas do Contador, facilitando o entendimento para aqueles que pretendem adentrar ao mercado formal, o que recomendamos com muita ênfase. Também é fundamental que nossa postura empresarial seja condizente com os princípios da moralidade, tanto no tratamento de nossos colaboradores como dos clientes e fornecedores. Mas a palavra do momento é inovação. Os mercados globais exigem custos menores e resultados melhores. Para inovar, as empresas precisam ser competitivas, otimizando seus processos de produção e de gestão do negócio. E a tecnologia é uma grande aliada para o atendimento dessa demanda. Um artigo de gestão, publicado nessa edição, d e s e n h a c o m c l a r e z a o c í rc u l o v i r t u o s o d o desenvolvimento e da aplicação de tecnologias para o sucesso das empresas. O depoimento do honrado presidente Merheg Cachum, da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, na seção Opinião, corrobora a importância da tecnologia para o período pós-crise. Por fim, o Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2009, que ocorre no início de setembro em Vitória, Espírito Santo, traz, em uma de suas mais importantes palestras, o tema: tecnologia e inovação – o novo motor do crescimento. Busquemos então a formação profissional e a tecnologia de ponta para, com criatividade e inovação, iniciar a era da ferramentaria tecnológica.
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Artigos Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais
www.revistaferramental.com.br ISSN 1981-240X
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Considerações sobre distorções dimensionais causadas pelos tratamentos térmicos Empenamentos e distorções dimensionais são características que podem comprometer a qualidade final de um processo de tratamento térmico, mesmo que outros resultados, tais como dureza e microestrutura metalográfica se apresentem conforme solicitadas.
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A importância do investimento em tecnologia para a competitividade da indústria Para inovar, empresas que atuam em mercados globais ou setores altamente competitivos precisam, antes de tudo, aprimorar seus processos de desenvolvimento de produto e de gestão de negócios. Entre os fatores estratégicos que levam à inovação, está a adoção de ferramentas computacionais e de tecnologia da informação de uma forma geral.
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Manufatura de chapas metálicas - Dobramento A conformação de metais por dobramento tem substituído com vantagem alguns processos mecânicos como a utilização de chapas dobradas ao invés de perfis laminados. São diversas as variações do processo, utilizado tanto para produzir geometrias funcionais como para aumento de rigidez de peças.
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Comparativo entre resultados de uma simulação com as condições reais de moldagem Os padrões de fluxo e pressões de injeção previstos no simulador e os valores reais foram comparados e quantificados em uma breve análise, resultando em um método de validação dos resultados da simulação.
DIRETORIA Christian Dihlmann Jacira Carrer REDAÇÃO Editor: Christian Dihlmann - (47) 9964-7117 christian@revistaferramental.com.br Jornalista responsável: Antônio Roberto Szabunia - RP: SC-01996 Colaboradores Adriano Fagali de Souza, André P. Penteado Silveira Jefferson de Oliveira Gomes, Cristiano V. Ferreira, Rolando Vargas Vallejos PUBLICIDADE Coordenação nacional de vendas Christian Dihlmann (47) 3025-2817 / 9964-7117 christian@revistaferramental.com.br Representantes Ívano Casagrande (51) 3228-7139 / 9109-2450 casagrande@revistaferramental.com.br Nilson de Souza Jr. (11) 3481-5324 / 9959-5655 vendas.sp@revistaferramental.com.br ADMINISTRAÇÃO Jacira Carrer - (47) 3025-2817 / 9919-9624 adm@revistaferramental.com.br Circulação e assinaturas circulacao@revistaferramental.com.br Produção gráfica Martin G. Henschel Impressão Impressul Indústria Gráfica Ltda. www.impressul.com.br
A revista Ferramental é distribuída gratuitamente em todo o Brasil, bimestralmente. É destinada à divulgação da tecnologia de ferramentais, seus processos, produtos e serviços, para os profissionais das indústrias de ferramentais e seus fornecedores: ferramentarias, modelações, empresas de design, projetos, prototipagem, modelagem, softwares industriais e administrativos, matériasprimas, acessórios e periféricos, máquinas ferramenta, ferramentas de corte, óleos e lubrificantes, prestadores de serviços e indústrias compradoras e usuárias de ferramentais, dispositivos e protótipos: transformadoras do setor do plástico e da fundição, automobilísticas, autopeças, usinagem, máquinas, implementos agrícolas, transporte, elétricas, eletroeletrônicas, comunicações, alimentícias, bebidas, hospitalares, farmacêuticas, químicas, cosméticos, limpeza, brinquedos, calçados, vestuário, construção civil, moveleiras, eletrodomésticos e informática, entre outras usuárias de ferramentais dos mais diversos segmentos e processos industriais. As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as mesmas desta revista. A Ferramental tem como pressuposto fundamental que todas as informações nela contidas provêm de fontes fidedignas, portanto, recebidas em boa fé. Logo, não pode ser responsabilizada pela veracidade e legitimidade de tais informações. Quando da aceitação para publicação, o autor concorda em conceder, transferir e ceder à editora todos os direitos exclusivos para publicar a obra durante a vigência dos direitos autorais. Em especial, a editora terá plena autoridade e poderes para reproduzir a obra para fins comerciais em cópias de qualquer formato e/ou armazenar a obra em bancos de dados eletrônicos de acesso público. A reprodução de matérias é permitida, desde que citada a fonte. EDITORA GRAVO LTDA. Rua Jacob Eisenhut, 467 - Fone (47) 3025-2817 CEP 89203-070 - Joinville - SC
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Foto da capa:
Detalhe de molde para injeção de termoplástico. Foto cedida por TechnoSachs Industrial, de Joinville, SC
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O envio da revista é gratuito às empresas e profissionais qualificados das indústrias de ferramentais, seus fornecedores, compradores e usuários finais. Qualifique sua empresa no www.revistaferramental.com.br
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Na edição Nº 24 dessa conceituada revista tivemos uma excelente e necessária abordagem jurídica (JuríDICA) das relações contratuais entre Representante Comercial e Representada, retratando elementos que a caracterizam e a diferenciam do instituto do vínculo empregatício, com o qual aquela pode ser facilmente confundida. Além de ser bacharel em Direito, exerço há mais de vinte anos a profissão de representante comercial no segmento de ferramentaria. Com esse histórico é que me sinto a vontade em analisar a atividade em si como profissão, com regras de ética, de postura e profissionalismo, que são os seus pilares de sustentação, a seguir traduzidos em algumas linhas. Ética - não podemos abrir mão da fidelidade com a nossa representada. Em outras palavras, para mesmo produto não devemos ter duas representadas. Por mais óbvio que pareça ser esse instituto ele não é normalmente respeitado por ambos os lados da relação representante x representada. O representante, sedento de não perder a comissão, leva o mesmo negócio para duas ou mais empresas e oferece ao cliente o menor preço. Quando isso acontece, deixa de existir ética e cumplicidade entre as partes e pior, o representante acaba perdendo a sua credibilidade. Como disse anteriormente a causa desse desvio de conduta não se dá só do lado do representante, pois na maioria das vezes a representada não quer assumir um contrato com o representante e trata o negócio em si, como casual e/ou pontual, dando o direito ao representante de concorrer com ela mesma, pois não garante ao representante a retaguarda necessária para uma efetiva representação. Aí vem àquela famosa frase dita pela representada: “é melhor que não tenhamos compromisso, mas se você trouxer o negócio para nós, você recebe a comissão”. Tal situação descaracteriza totalmente a representação ética como deve ser e valoriza o atravessador, figura que deve ser banida da nossa relação. A representada sempre deve ter em mente que na outra ponta está uma pessoa física ou jurídica, que a está representando na acepção da palavra, ou seja, tudo que ela disser ou praticar será entendido como se a representada estivesse ali praticando aqueles atos. Portanto, a escolha e valorização do representante devem ser tão importantes como contratar um alto funcionário. E a ele, representante, devem ser proporcionadas condições de trabalho necessárias para que o mesmo se faça respeitar juntos aos clientes e seus atos sejam entendidos como se fossem praticados pela própria representada. Obviamente o representante comercial não pode aceitar a casualidade do negó-
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cio, caso contrário deixará, obrigatoriamente, a ética e a cumplicidade necessária a sua atividade, relegada a um segundo plano e agirá como um mero atravessador de negócios. Postura - o representante deve ser aquele que defende sempre os interesses de sua representada, mesmo que para isso contrarie a visão do próprio cliente, pois em um primeiro momento, há discordância e o cliente fica insatisfeito, mas na sequência haverá chance de usar outros argumentos e reconquistá-lo. Em caso contrário, se denegrir a imagem da representada concordando com o cliente, jamais conseguirá reverter a situação. Profissionalismo - deve ser entendido como uma combinação de atitudes interligadas. O representante comercial deve estar sempre presente em todos os atos que envolva a venda, desde a confecção do orçamento, fechamento do pedido, acompanhamento da produção e entrega do produto. Deve estar informado a cada passo dessas operações e transferir ao cliente o que está acontecendo. Para isso a representada deve estabelecer uma relação de confiança com o representante, permitindo a ele acesso a todas as informações necessárias. Mas isso se torna impossível em sendo um negócio casual, pontual, sem comprometimento das partes. Atendimento pós-venda - é importante frisar que a presença do representante comercial nesta etapa é fundamental para o cliente, que com isso se sente seguro de que mesmo nas dificuldades não será relegado a um segundo plano. Por último gostaria de expressar uma teoria que julgo nortear a vida profissional de um representante comercial. Por natureza o representante tem dois tipos de clientes a atender: o primeiro é o cliente final, aquele que vai comprar o produto de sua representada e; o segundo é a própria representada, para quem você está vendendo seus serviços. Uma vez atendendo bem aquele, consequentemente este também será atendido. Ricardo Ogias Representante Comercial/Advogado - São Paulo, SP Todos os artigos publicados na revista Ferramental são liberados para uso mediante citação da fonte (autor e veículo). A Editora se reserva o direito de sintetizar as cartas e e-mails enviados à redação.
A evolução da ferramentaria automotiva no Brasil
Por Antônio Roberto Szabunia redação@revistaferramental.com.br
O que é CKD? Completely Knock-Down ou Complete Knock-Down, do inglês, são conjuntos de partes de automóveis ou motocicletas, criados geralmente pela matriz ou pelo seu centro de produção, para exportação e posterior montagem dos veículos nos países receptores destes kits (do inglês, significa conjunto), normalmente fábricas menores ou com produção reduzida. Os kits visam o ganho de escala das empresas, uma vez que se produz mais peças neste mesmo centro de produção. Obtém-se benefícios fiscais, principalmente na importação, uma vez que os veículos são montados no país de destino, gerando empregos. Também são menores os custos na montadora de destino, por serem necessários pequenos investimentos para desenvolvimento de fornecedores locais.
Ademir Munhoz
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Fresadora ferramenteira
Linha de montagem da Ford
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Resultados do Moldes 2009 e II Enafer Os eventos Encontro da Cadeia de Ferramentas, Moldes e Matrizes Moldes 2009 e Encontro Nacional de Ferramentarias - Enafer, realizados no mês de julho em São Paulo, trouxeram resultados relevantes para o setor ferramenteiro nacional. Com participação de cerca de 100 empresários, que discutiram temas intrínsecos ao mercado, tecnologia e gestão, os eventos marcaram um novo alinhamento estratégico a ser adotado pelo setor brasileiro, visando à modernização e perpetuação das empresas fabricantes de moldes e ferramentais. A partir do planejamento estratégico para os próximos 15 anos, discutido intensamente pelos empresários, várias ações e tarefas foram definidas. Wagner Aneas, um dos coordenadores do Moldes 2009, menciona alguns pontos elencados para o 8º Encontro da Cadeia: “concretizar a missão de consolidar a competitividade da cadeia produtiva, através a difusão do conhecimento técnico, científico e de gestão, transformando o encontro em uma referência em capacitação e debates no segmento; encaminhar ações e criar estratégias que fortaleçam não apenas uma edição, mas também as edições posteriores, semeando a cultura de participação em eventos de formação e informação profissional; conquistar e formar as novas
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gerações de empresários e profissionais, com forte envolvimento das diversas instituições educacio-nais e entidades profissionais, a fim de garantir a oxigenação técnica e gerencial das ferramentarias e garantir a sustentabilidade das empresas do setor e; buscar, dentro da comissão organizadora, representatividade geográfica, incluindo e mantendo as regiões reconhecidamente envolvidas com a produção nacional de moldes e matrizes”. Já no ambiente do Encontro Nacional de Ferramentarias, a partir da palestra do Dr. Alexandre Ribeiro Pereira Lopes, Coordenador-Geral das Indústrias Químicas e de Transformados Plásticos no Fórum da Competitividade da Cadeia de Transformação de Plásticos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, veio o convite para que os ferramenteiros tenham ativa representação nos grupos de trabalho da “competitividade internacional” e da “agenda tecnológica setorial”, introduzindo essa importante componente, a fabricação de moldes, na cadeia produtiva de transformados plásticos. O cronograma de reuniões é bastante arrojado, com previsão de diversas ações em curto espaço de tempo. Estão atualmente representados os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina por comporem os três principais pólos fabricantes de moldes e matrizes do País. Paralelamente ao projeto do MDIC, caminham a passos largos outras ações com grupos de trabalho nas frentes de: capacitação de mão de obra, com revisão das grades de formação profissional junto ao Senai; regulamentação da importação de moldes, com participação de importantes entidades como CREA,
INMETRO, associações empresariais e de classe; radiografia do setor nacional de ferramentarias, objetivando mapear as competências no projeto e construção de ferramentais no Brasil e; planejamento estratégico do setor nacional de ferramentarias, com visão de curto (até 3 anos), médio (até 8 anos) e longo (até 15 anos) prazo. A meta mais audaciosa do planejamento propõe que o Brasil esteja entre os três melhores países do mundo no fornecimento de moldes e ferramentais até 2020. Dentre as macroações para o segmento consta o foco em insumos, mercado, capacitação, tecnologia de processos e sustentabilidade. O Enafer que este ano teve o patrocínio da Hass do Brasil, Schmolz+Bickenbach do Brasil, Seacam Comércio e Serviços, Seco
Tools e Siemens do Brasil, terá lugar em Caxias do Sul, RS, em 2010. ACIJ 47 3461 3333 carina@acij.com.br ABM 11 5534 4333 www.abmbrasil.com.br
Romi inaugura nova fundição A Indústrias Romi iniciou a operação em sua nova fundição, situada na cidade de Santa Bárbara d´Oeste, Estado de São Paulo. Esta é a primeira fase de produção, concluindo a etapa que lhe dá capacidade para fundir 10 mil toneladas de peças de ferro por ano. Como isso, a capacidade total da empresa passa a ser de 50 mil toneladas de fundidos anuais. “O objetivo do projeto é fornecer para o mercado inter-
no e externo peças de grande porte, de até 35 toneladas acabadas, visando uma maior penetração nos setores de infra-estrutura, como geração de energia, óleo e gás, indústria naval, automotivo pesado, bens de capital, entre outros”, diz o diretor-presidente da Romi, Livaldo Aguiar dos Santos. A fundição produzirá peças em ferro fundido cinzento e nodular, que podem ser fornecidas aos clientes brutas ou usinadas. A área construída da nova unidade é de 13.700 m2, de um total de 27.000 m2 a serem edificados até o final do projeto. A produção conta com dois fornos, com capacidade para até 27 toneladas de carga (carga nominal de 22 t) cada e potência instalada de 6,1 MWatts. Quando atingir a capacidade máxima de produção desta fase, a no-
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va fundição deve empregar mais 150 pessoas, que se somarão aos 570 funcionários atuais. O processo de moldagem utilizado é o de cura a frio, adequado a peças de grande porte, contando com linha de moldagem manual, composta por misturadores contínuos de areia com capacidade para preenchimento de moldes/machos que variam de 20 a 60 toneladas/hora. Quando toda a unidade estiver concluída, a capacidade instalada será de 80 mil toneladas de fundidos por ano. No ano passado a unidade de fundidos e usinados conquistou a certificação ISO/TS 16949:2002, que a capacita a fornecer peças diretamente para as montadoras de automóveis e caminhões, e detém ainda as certificações ISO 14.001 e ISO 9001. Romi 19 3455 9000 www.romi.com.br
Combustol abre unidade em MG Com a inauguração de nova unidade em Contagem, MG, a Combustol torna-se a primeira empresa a oferecer tecnologia de ponta em tratamento térmico a nível mundial no estado. Tendo como proposta oferecer prestação de serviços para terceiros e venda de equipamentos, a Combustol Minas atenderá todos os segmentos que demandem serviços de tratamento térmico ou equipamentos industriais, especialmente fornos e equipamentos de combustão. A nova unidade ocupa atualmente uma área de mais de 1.500 m². O projeto contempla ainda uma parceria com a empresa local Traterminas que, agora, assim como a Combustol Minas, passa a integrar o Grupo Combustol & Metalpó, do segmento de fornos industriais,
refratários, tratamento térmico e metalurgia do pó. Com a inauguração da nova planta, o grupo, que já possui unidades de tratamento térmico em São Paulo e no Rio de Janeiro, forma um pólo de prestação de serviços nacional neste setor, com sinergia entre as três unidades de atuação. Demonstrando confiança e apoio na recuperação, no progresso e no crescimento do país, a expansão representa um grande marco no aniversário de meio século das empresas do grupo. A nova unidade encontra-se em plena operação, prestando serviços de tratamento térmico para clientes locais e já tendo efetuado a venda de equipamentos.
Combustol 31 2564 6661 www.combustol.com.br
CONEXÃO WWW Criado em 1942, por iniciativa do empresariado do setor, o SENAI é hoje um importante pólo nacional de geração e difusão de conhecimento aplicado ao desenvolvimento industrial. Parte integrante do Sistema Confederação Nacional da Indústria - CNI e Federações das Indústrias dos estados -, o SENAI apóia 28 áreas industriais por meio da formação de recursos humanos e da prestação de serviços como assistência ao setor produtivo, serviços de laboratório, pesquisa aplicada e informação tecnológica. O SENAI é o maior complexo de educação profissional da América Latina. Diretamente ligados a um Departamento Nacional, 27 Departamentos Regionais levam seus programas, projetos e atividades a todo o território nacional, oferecendo atendimento às diferentes necessidades locais e contribuindo para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do País. Em sua página eletrônica o internauta tem acesso a diversas informações, entre outras à rede SENAI de educação, aos projetos de cooperação internacional, ao painel de indicadores e a relação de todos os cursos realizados no Brasil. www.senai.br A Rede Brasileira de Calibração - RBC, criada em 1980 e constituída por laboratórios credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO segundo os requisitos da norma NBR ISO/IEC 17025, congrega competências técnicas e capacitações vinculadas a indústrias, universidades e institutos tecnológicos, habilitados para a realização de serviços de calibração. O credenciamento estabelece um mecanismo para evidenciar que os laboratórios se utilizam de um sistema da qualidade, que possuem competência técnica para realizar serviços de calibração e assegurar a capacidade em obter resultados de acordo com métodos e técnicas reconhecidos nacional e internacionalmente. A RBC utiliza padrões com rastreabilidade às referências metrológicas mundiais da mais alta exatidão, estabelecendo vínculo com as unidades do Sistema Internacional de Unidades - SI e constituindo a base técnica imprescindível ao livre comércio entre as áreas econômicas preconizado nos mercados globalizados. Os laboratórios da RBC prestam serviços de calibração para empresas produtoras e prestadoras de serviços e para laboratórios de universidades e centros de pesquisas. Os laboratórios credenciados abrangem as seguintes áreas: dimensional, força, massa, pressão, eletricidade, tempo e frequência, temperatura, volume e massa específica. www.inmetro.gov.br/infotec/redecalibracao.asp
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LUIZ ROBERTO HIRSCHHEIMER - luizroberto@tsbrasil.srv.br
Considerações sobre distorções dimensionais causadas pelos tratamentos térmicos
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mpenamentos e distorções dimensionais são características que podem comprometer a qualidade final de um processo de tratamento térmico, mesmo que outros resultados, tais como dureza e microestrutura metalográfica se apresentem conforme solicitadas.
Os empenamentos1 e distorções dimensionais2 são comuns no setor ferramenteiro, geralmente resultantes de tratamentos térmicos em componentes de moldes e ferramentas. A norma DIN 17014 define o termo “distorção” da seguinte maneira: Distorção = alteração dimensional + alteração de forma
Estas duas alterações podem ocorrer separadamente. Todavia, a execução de um tratamento térmico ou termoquímico quase sempre provoca a superposição de ambas. As distorções podem ser classificadas em: ! Inevitáveis - são aquelas decorrentes das alterações que ocorrem durante as etapas de difusão (processos termoquímicos), austenitização e têmpera dos aços. Também são inevitáveis as distorções provenientes de tensões térmicas, causadas pelos gradientes de temperaturas que se formam durante o aquecimento (expan-
são) e o resfriamento (contração) de peças e ferramentas com geometrias complexas e; ! Evitáveis - são aquelas resultantes de um projeto bem elaborado, da seleção de um aço apropriado e de um tratamento térmico bem conduzido. Se estes dois fatores forem considerados, desde a elaboração do projeto, muitas “dores de cabeça” poderão ser evitadas. ORIGENS DAS DISTORÇÕES RELATIVAS AOS TRATAMENTOS TÉRMICOS A figura 1 apresenta, esquematicamente, as origens das distorções dimensionais constatadas em peças e ferramentas. Percebe-se que o problema não pode ser debitado exclusivamente à qualidade do aço, à geometria das peças ou à execução dos tratamentos térmicos. A questão é sistêmica e cada passo merece ser estudado criteriosamente [1, 2]. Os aspectos mais relevantes para essas considerações são quatro, como descritos a seguir.
I. Alterações volumétricas inevitáveis nos aços-ferramentas De maneira geral, os aços-ferramentas temperados e revenidos apresentam distorções dimensionais com valores próximos aos descritos na tabela 1 [3]. II. Empenamentos evitáveis pelos processos de usinagem A análise de um diagrama genérico “tensão x deformação” de um aço qualquer (vide figura 2) mostra a existência de um ponto na curva Tipo de aço
Variação dimensional (%)
AISI A2
0,20
AISI O1
0,25
AISI D2,D3, D6
0,20
AISI H10
0,30
AISI H11, H13
0,20
AISI 420, 440C
0,15
Aços para trabalho a frio, de alta tenacidade (VF800AT, FOR821ESR, K340, Sleipner e outros)
0,15
Tabela 1 - Distorções dimensionais esperadas para alguns tipos de aços ferramenta
1 Empenamento: quando a peça ou ferramenta entorta. 2 Distorção dimensional: quando a peça ou ferramenta de precisão apresenta alterações em suas medidas.
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DISTORÇÕES
Distorções inevitáveis
Processo de fabricação do aço (ESR, VAR, PM)
Distorções evitáveis
Alterações volumétricas
Tensões térmicas
Escolha do tipo de aço para a confecção da ferramenta
Têmpera (velocidade)
Temperabilidade do aço escolhido (transformações metalográficas) Teor de austenita retida após o tratamento térmico Temperatura e tempos de tratamento térmico Projeto (tamanho e geometria da ferramenta)
Resistência mecânica do aço, a quente (fluência) Condutividade térmica do aço Expansão térmica do aço escolhido
Projeto (tamanho e geometria da ferramenta)
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Tensões de usinagem (limite de encruamento do aço
Usinagem assimétrica Compra de aço de prodedência duvidosa
Figura 1 - Origens das distorções dimensionais
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Tensões préexistentes na matéria prima adquirida (grau de encruamento
denominado “LE”, que é o limite de escoamento do material. Antes de submeter-se uma peça ou uma ferramenta ao tratamento térmico final, é importante que esta se apresente distensionada (sem tensões internas). Os processos de conformação mecânica (usinagem, forjamento, e outros) introduzem kN
Barras, tarugos, etc, com defeitos bonetações, etc.
LR
LE Tratamento térmico realizado em fornos impróprios (atmosferas cementantes, descarbonetantes, oxidantes, etc.)
Projeto (tamanho e geometria da ferramenta mm
Figura 2 - Diagrama genérico tensão x deformação de um aço
tensões nas peças. Se estes esforços ultrapassarem o limite de escoamento do aço, quando as peças ou ferramentas forem submetidas ao tratamento térmico, naturalmente ocorrerá um alívio térmico de tensões assim que a temperatura estiver entre 450 e 600°C. Consequentemente, surgirá uma deformação plástica (permanente). Logo, ao se prosseguir com o aquecimento até a temperatura de austenitização, já se estará processando uma peça ou ferramenta deformada. Somando-se a este fato as distorções inevitáveis de um tratamento térmico (vide aspecto I), o resultado poderá ser catastrófico. Por estas razões recomenda-se que, sempre após uma usinagem de desbaste, seja efetuado um recozimento para o alívio das
tensões. A partir daí, pode-se efetuar a usinagem de acabamento, tomando todas as precauções necessárias para não ultrapassar o limite de escoamento do aço [4]. III. Empenamentos evitáveis pelos processos de retífica e polimento De modo análogo ao que foi descrito no aspecto II, um pequeno grau de encruamento3 (genericamente, entre 5 e 10%), determinado por operações de retífica ou de polimento executadas antes do tratamento térmico, poderá produzir ondulações na superfície das ferramentas tratadas, facilmente visíveis sob a incidência de luz dirigida. Este problema está relacionado ao fenômeno denominado “recristalização secundária”, que se caracteriza pelo crescimento anor-
mal dos grãos que se encontram junto à superfície da peça ou da ferramenta, aumentando sua temperabilidade e, consequentemente, provocando um crescimento localizado destas áreas [6]. A figura 3 apresenta o diagrama do comportamento do tamanho de grão em função do grau de deformação e da temperatura. IV. Empenamentos evitáveis pela montagem da carga no forno A disposição da carga de peças e/ou ferramentas dentro de um 3 Encruamento: é um fenômeno modificativo da estrutura dos metais, em que a deformação plástica realizada abaixo da temperatura de recristalização causará o endurecimento e aumento de resiliência (capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão) do metal. Pode ser definido como o endurecimento do metal por deformação plástica [5].
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empenamento de peças com geometrias complexas ou muito delgadas (figura 4).
Tamanho de grão (m2 x 103)
DISTORÇÕES DIMENSIONAIS DE PEÇAS NITRETADAS E NITRO200 CARBONETADAS 160 120 A introdução de 80 átomos de nitrogênio 40 0 e de carbono na superGrau de deformação a frio (%) fície de uma peça determina aumentos voFigura 3 - Crescimento anormal de grãos: recristalização secundária [6] lumétricos e, portanto, d i s t o r ç õ e s forno de tratamento térmico é um dimensionais. Há, po-rém, duas dos principais fatores para o sucessituações que podem ser so do processo. Como o limite de contrapostas a este efeito: escoamento do aço diminui sensi! Como os processos de nitretação velmente com o aumento da teme de nitrocarbonetação são, norperatura, quando se aquece uma malmente realizados a temperapeça ou uma ferramenta até a temturas entre 400 e 600°C, poderão peratura de austenitização, a simocorrer outras deformações, cauples ação de seu próprio peso podesadas pelo efeito do alívio de tenrá causar deformações permanensões (vide aspecto II) e; tes (fenômeno metalúrgico deno! Se as peças a serem nitretadas minado fluência). precisarem ser previamente temLogo, o posicionamento da carperadas e revenidas, poderão ga a ser tratada deve ser criterioocorrer reduções de volumes, desamente estudado, ou seja, as peças correntes da continuação do devem estar bem apoiadas sobre “efeito de revenimento”, durante dispositivos firmes e que não dea nitretação. formem [2]. Na formação de uma carga de tratamento térmico, tanto Geralmente é possível afirmar a uniformidade do aquecimento que, para aços de construção mequanto a da têmpera, têm imporcânica, o diâmetro de uma peça tância fundamental, principalcresce, aproximadamente, na promente quando se quiser evitar o 400
porção de 1/2 a 2/3 da espessura da “camada branca4”, desde que se respeitem algumas regras [7]: 1ª regra - A microestrutura metalográfica do aço a ser nitretado ou nitrocarbonetado, deve permanecer estável durante o processo. Para peças previamente temperadas e revenidas, isto significa que a temperatura de revenimento deve ser de 30 a 50°C acima daquela que será utilizada pelo processo de nitretação ou de nitrocarbonetação e; 2ª regra - Peças que não necessitem de um beneficiamento prévio à nitretação deverão ser submetidas a um processo de alívio de tensões (vide aspecto II), respeitando-se os mesmos parâmetros de temperaturas mencionados na 1ª regra. As duas regras não significam que seja impossível realizar-se uma nitretação ou nitrocarbonetação com distorções dimensionais muito próximas a zero. Para grandes lotes de peças produzidas em série, onde as matérias
Figura 5 - Peças nitrocarbonetadas e oxinitrocarbonetadas
Figura 4 - Ferramentas para trabalho a frio
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4 Camada branca: camada superficial constituída por dois tipos diferentes de nitretos, de propriedades distintas, que se forma durante o processo de nitretação.
primas, os métodos e os processos de usinagem e, quando necessário, os ciclos de têmpera e revenido estiverem bem definidos, é possível nitretar ou nitrocarbonetar peças que poderão ser utilizadas de imediato. Todavia, é necessário que se realizem testes preliminares de adequação de cada um dos parâmetros citados na figura 1 [7]. A figura 5 apresenta exemplos de peças nitrocarbonetadas e oxinitocarbonetadas. CONCLUSÃO Empenamentos e distorções dimensionais, constatados após a
realização de um tratamento térmico, podem ser reduzidos a um mínimo aceitável, desde que todas as informações técnicas sejam de conhecimento da equipe responsável pelo projeto, pelos métodos e processos de fabricação e também pelo tratador térmico. Não basta anotar no desenho a frase: “Executar o tratamento térmico isento de deformações”. É preciso ter uma visão sistêmica de todos os fenômenos que podem ocorrer e preparar roteiros de pro-
Shop Service, Maio de 1989. ! [2] Edenhofer, B. et all; Umgang mit der
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FONTES DE CONSULTA ! [1] Aços Böhler do Brasil Ltda.; Böhler
Verzugsproblematik in der industriellen Wärmebehandlungs-praxis, Revista Härterei Technische Mitteilungen, volume 58, 2003. [3] Manuais dos fabricantes de açosferramentas. [4] Hirschheimer, L. R.; Como corrigir distorções dimensionais durante o tratamento térmico, Revista Metalurgia, volume 35, nº 264, Novembro de 1979. [5] Wikipédia, www.wikipedia.com [6] Eckstein; Wärmebehandlung von Stahl, Metalkundliche Grundlagen, VEB, Leipzig, 1971. [7] Liedtke, D.; Distortion engineering am Beispiel des Nitrocarburierens, Revista Härterei Technische Mitteilungen, volume 53, 1998.
Luiz Roberto Hirschheimer - Engenheiro Metalurgista com pós-graduação em física dos materiais e administração industrial. Atualmente é Gerente Técnico e da Garantia da Qualidade na Techniques Surfaces do Brasil Ltda.
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Ao executar um programa CAM para usinagem a altas velocidades (HSC), o comando deverá processar altos avanços utilizando menores blocos de NC. O usuário espera um bom acabamento na superfície da peça, alta precisão (na faixa de mícron) e elevada velocidade de avanço (> 10m/min). Usando diferentes estratégias de usinagem é possível ajustar o programa com a ajuda do CICLO832. No desbaste, a relevância é a velocidade (speed) devido ao nivelamento do contorno. No acabamento, a importância é a precisão (accuracy). Nos dois casos, a indicação de uma tolerância assegura que o contorno na usinagem será observado a fim de alcançar o acabamento superficial (surface finish) desejado. Quando são definidos os valores de tolerância para a suavização no contorno, o operador precisa ter um conhecimento exato do programa CAM.
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MÁRCIO REIS PINTO - marcio.pinto@autodesk.com
A importância do investimento em tecnologia para a competitividade da indústria
P
ara inovar, empresas que atuam em mercados globais ou setores altamente competitivos precisam, antes de tudo, aprimorar seus processos de desenvolvimento de produto e de gestão de negócios. Entre os fatores estratégicos que levam à inovação, está a adoção de ferramentas computacionais e de tecnologia da informação de uma forma geral. Inovar significa aprimorar processos e produtos e é, portanto, consequência de um modelo de negócios efetivo.
Independentemente do cenário econômico, a indústria globalizada tem se movido em torno dos fatores inovação, vantagem competitiva e eficiência de custos1. Estes aspectos sempre foram cruciais para qualquer negócio, mas por diversos motivos ganharam maior importância nos últimos tempos. Uma das razões mais evidentes é que o mercado global está mostrando sinais de maturidade e estagnação em diversos segmentos, com vários players2 disputando os mesmos mercados ou avançando sobre territórios adjacentes. A inovação virou o jargão dos negócios e muitas empresas ainda buscam esse Nirvana3 que, na verdade, não existe. Inovação é uma consequência, mas não é uma finalidade em si. Mais do que mencionar o termo “inovação” em seus intentos estratégicos, as empresas precisam encontrar componentes de negócio claros e objetivos que, por consequência, coloquem a empresa em posição de vantagem estratégica no mercado. Uma posição
na qual o consumidor atesta o perfil inovador e diferenciado da empresa da forma mais legítima possível: gerando negócios, trazendo resultados em vendas e obtendo liderança de conceitos e preferência do mercado. Um dos componentes que abre caminho rumo à inovação é a atitude das empresas com relação à tecnologia e, em especial, às tecnologias de software4. Sejam plataformas de colaboração e gestão de conhecimento (portais colaborativos e intranets), aplicativos para projetos de produto (CAD5, CAE6, CAM7, GED8, PDM9 e PLM10) ou sistemas de gestão de recursos corporativos (MRP e ERP), o software é o suporte aos processos de toda empresa. O ponto crucial, portanto, é a forma como as corporações investem em tecnologia de software, pois isto denota suas perspectivas de competitividade, da mesma forma que o investimento e a atitude das empresas perante o capital humano. Entretanto, não vamos desenvolver o tema do capital humano frontal-
mente neste artigo. No mercado de aplicativos de engenharia e desenvolvimento de produto, uma pesquisa recente divulgada pela Aberdeen (empresa de pesquisa e consultoria européia) constata que os fabricantes líderes em seus mercados possuem em comum a adoção de processos mais inteligentes para desenvolvimento de produtos, como por exemplo, a prototipagem digital [1]. 1
Na década de 80, era a qualidade. Players: do inglês, jogador. Na linguagem empresarial, significa empresas que atuam no mesmo segmento. 3 Nirvana: do budismo, é o culminar da busca pela libertação. Em linguagem coloquial, significa atingir o ápice, o ponto alto. 4 Software: ou programa de computador, é uma sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou modificação de um dado/informação. 5 CAD: do inglês Computer Aided Design, significa projeto assistido por computador. 6 CAE: do inglês Computer Aided Engineering, significa engenharia assistida por computador. 7 CAM: do inglês Computer Aided Manufacturing, significa fabricação assistida por computador. 8 GED: Gerenciamento Eletrônico de Documentos. 9 PDM: do inglês Product Data Management, significa gerenciamento de dados do produto. 10 PLM: do inglês Product Lifecycle Management, significa gerenciamento do ciclo de vida do produto. 2
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Em linhas gerais, uma das principais razões por trás da busca pela inovação por meio do investimento em software, está a necessidade de preparar a estrutura organizacional para um ambiente onde “mudança” é o pano de fundo constante, e não mais um momento isolado no dia-a-dia de uma empresa. A eficiência dos processos internos, bem como a agilidade para reagir às demandas do mercado consumidor, são sustentadas pelas soluções de software. Mas então por que tantas empresas enxergam o software e a tecnologia da informação (TI) como meros acessórios da operação? Tanto no que diz respeito à gestão de negócios, como no desenvolvimento de produtos e serviços, é importante que a indústria reconheça o
software - incluindo toda sua cadeia de valor, sejam os fabricantes, revendedores, empresas de treinamento, parceiros de desenvolvimento e integração - como parte da estratégia da empresa. Existe, portanto, uma nova ordem de relacionamento entre as desenvolvedoras de software e sistemas de TI com seus clientes (usuários e empresas). Hoje, as fabricantes de software desempenham um papel de parceiras estratégicas de negócio de seus clientes, e não mais unicamente o de fornecedoras de soluções estanque. Por este motivo, as provedoras de tecnologia agregam uma responsabilidade ainda maior: a de conduzir as empresas para uma atitude mais estratégica de investimento em tecnologia de software
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por meio de um círculo virtuoso, cujos benefícios ultrapassam a barreira da empresa e atingem toda a região econômica de atuação da mesma. O CICLO POSITIVO DO SOFTWARE NA INDÚSTRIA Há cerca de 15 anos, fervilhavam nos pavilhões de exposição as feiras da indústria de software, onde profissionais de todos os setores buscavam conhecer as mais inovadoras tecnologias. Atualmente, a estratégia das fornecedoras destas soluções é bem diferente. Elas buscam demonstrar como seus produtos podem, por exemplo, automatizar programações de usinagem ou tornar uma construção mais sustentável. Ou seja, investem cada vez mais no foco de negócio de seus clientes ao
invés de discutir a solução por si só. constante da solução tecnológica e O resultado é um relacionamento esse objetivo é alcançado por meio muito mais próximo de seus usude um ciclo positivo da indústria de ários e a entrega de soluções mais software, como demonstra a figura adequadas ao perfil de cada em1. presa. O processo de desenvolvimento Como a indústria integra a cadeia de software passa então a considede software? rar uma série de questionamentos Da mesma forma que o software que visam o aprimoramento dos é hoje um componente essencial produtos: Quais os rumos da indúspara a indústria, e por isso demanda tria? Quais as necessidades do meu investimentos muito maiores em cliente? pesquisa e desenvolvimento, a inAs pesquisas qualitativas para dústria precisa reconhecer seus faidentificar as necessidades laten11 bricantes como parte integrante tes , por meio da voz dos clientesdessa cadeia de valor para a geraalvo, passaram então a ser uma ção de um “ciclo positivo”. parte extremamente importante do trabalho de desenvolvimento de Latente: que permanece escondido, oculto, distecnologia de software. farçado [2] Uma calculadora pode realizar os cálculos mais Um dos aspectos-chave a ser complexos possíveis, mas só fará sentido desenobservado - e um dos principais devolvê-la se de fato houver necessidade de calcular por parte do público-alvo. safios dos fabricantes de sistemas BIM: do inglês Building Information Modeling, computacionais - são os fluxos de significa Modelagem de Informação da Construção. É um conjunto de informações geradas e trabalho atuais e futuros de uma mantidas durante todo o ciclo de vida de um ediindústria alvo. Não basta executar fício. um conjunto de funcionalidades e Modelo digital 3D de um produto que pode ser testado, validado e otimizado desde o projeto chegar a resultados maravilhosos; é conceitual até a fase de fabricação. preciso que cada operação faça IPD: do inglês Integrated Project Delivery, significa Entrega de Projetos Integrados. Promove e sentido em um processo de trabapossibilita a colaboração através da modelagem lho12, e que esse processo seja relede informações da construção (BIM) nas etapas mais precoces de qualquer empreendimento. vante para a estratégia de gestão e Paradigma: padrão, modelo [2] de desenvolvimento de produtos e serviços Pesquisa das da empresa. necessidades da indústria Foi observando fluxos de trabalho nas inNovas Pesquisa de dústrias que surgiram necessidades plataformas de e oportunidades tecnologia iniciativas como o 13 BIM , a prototipaCICLO POSITIVO gem digital14, o IPD15, DA INDÚSTRIA DE SOFTWARE o 3D, a colaboração, a Retorno do Desenvolvimento investimento tecnológico integração, a parameno processo aplicado tria, o projeto sustentável e tantos outros recursos ou paradigTreinamento Teste e e suporte implementação mas16 da atual indúsaos processos na indústria tria de software. Figura 1 - Ciclo virtuoso no desenvolvimento de sistemas Portanto há necescomputacionais sidade de evolução 11
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Uma pesquisa entre as maiores empresas por investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) frente ao faturamento identificou que, enquanto os fabricantes mais inovadores investem de 0 a 10% de seu faturamento em P&D, as empresas de software plataforma investem até 20%. Já nas empresas de software aplicativo esse valor chega a 25% [3]. Esse número dá uma dimensão do investimento feito pelos fabricantes para sustentar um modelo de negócio voltado às necessidades da indústria. De fato, o maior custo da fabricação de software é o do capital humano altamente especializado envolvido no desenvolvimento destes programas. Assim como em todos os setores, as empresas de software também buscam otimizar esta estrutura de custos. Desta forma, existem as fábricas de software de custo geralmente mais baixo, onde se produzem módulos padronizados de programas; ao passo em que existem laboratórios de engenharia da computação onde se desenvolvem partes críticas de software envolvendo algoritmos, cálculos matemáticos complexos e estudos primários sobre interface e computação que são os responsáveis pelos grandes avanços da tecnologia que chega à indústria. Portanto, o que se vê empacotado em um CD e distribuído em milhares de cópias seriadas é na verdade o resultado de anos de trabalho minucioso, visto que o desenvolvimento de software é um serviço que tem por premissa a continuidade. Enquanto uma versão é entregue para o mercado, já existem equipes de pesquisadores, engenheiros e programadores trabalhando para entregar as próximas duas ou três versões. 24
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Um ciclo positivo de investimento tecnológico contempla: o investimento da indústria de software em novas tecnologias e o posterior aproveitamento destes recursos por parte do restante da indústria. Esta, por sua vez, investe na tecnologia, na capacitação dos usuários, na demanda por melhorias no software e no atendimento por parte de parceiros especializados - que por sua vez são incumbidos de canalizar o desenvolvimento tecnológico em seus mercados. Quando as empresas não participam ativamente deste ciclo visando economias no custo operacional, não remuneram o desenvolvimento do software. Na maioria das vezes em que isso ocorre, o investimento da indústria fica mal distribuído em torno de fabricantes de equipamento bruto e sem o devido emprego de capital em software e nos serviços que o complementam, como treinamento de usuários e manutenção de serviços. Como resultado, o próprio investimento em equipamento bruto é comprometido, pois o hardware17 isoladamente não gera resultados sem a existência de software adequado e de mão-de-obra capacitada. Com isto, observa-se na indústria a incidência da ilegalidade do software, que é abordada de diversas formas. Esse fenômeno é resultado da falta de entendimento, por parte das empresas, da necessidade de remunerar o desenvolvimento da tecnologia que serve a ela própria. Ou seja, mais do que uma “vantagem” isolada, a empresa ainda interrompe um ciclo do qual ela é a principal beneficiária. Curiosamente, quando as empresas participam timidamente ou não compartilham da remuneração dentro deste ciclo positivo da tec-
nologia, não percebem a necessidade de obter o retorno de seus investimentos. Ou seja, também não exploram e não demandam da tecnologia todo o potencial que ela pode oferecer ao seu negócio. A cadeia de valor passa, portanto, a não ser reconhecida e desta forma não são estabelecidas parcerias ativas entre os usuários de tecnologia de software e seus provedores. Estas empresas deixam, então, de manifestar sua voz nos futuros ciclos de detecção de necessidades, ou seja, deixam de usar esta cadeia a seu favor. Daí em diante tornam-se empresas de pouca capacidade de inovação, que trabalham em um ciclo negativo, buscando “economia” sem considerar que estão diminuindo suas aptidões para competir. Como foi dito no início, inovação é o resultado, não um ponto de partida. O efeito dos ciclos tecnológicos na indústria e na economia O ambiente de negócios atual é, acima de tudo, representado por interconexões complexas. Nenhuma empresa é uma ilha. Elas estão conectadas às suas comunidades que lhes servem com mão de obra, além de seus governos, organizações empresariais, universidades e centros de formação, institutos de pesquisa, órgãos de fomento entre outros. Quando o “ciclo vicioso” de uma empresa vence e começa a predominar em um mercado, temos as famosas guerras de competitividade por preço, onde todas as corporações enxugam suas operações para vencer a concorrência 17 Hardware: parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos integrados e placas que compõe o equipamento.
de produtos cada vez menos diferenciados. Acontece que esses ambientes de guerra de preços são instáveis e, invariavelmente, levam ao enfraquecimento conjunto de seus “membros”, quando não, dando lugar a concorrentes indiretos. Todo o ambiente próximo a empresa é influenciado por esse movimento. Em curta análise, setores que vivem ciclos negativos de investimento em tecnologia observam carência de mão-de-obra especializada, o que gera como efeito colateral uma menor demanda por educação profissionalizante e por serviços gerais. Em oposição, setores que concentram empresas de alta inovação tecnológica e atitude positiva perante o investimento em software, apresentam evolução do perfil da mão-de-obra, o que impulsiona as expectativas dessa massa profissional e empresarial rumo aos melhores serviços educacionais, profissionais e de custo de vida em geral. Esse é, a grosso modo, o caminho que trilham os pólos de tecnologia em todo o mundo, contribuindo
para o desenvolvimento de toda uma região (figura 2). Um estudo aponta que uma redução de 10 pontos percentuais na ilegalidade de software nos próximos quatro anos no Brasil, poderia gerar um mercado de tecnologia da informação mais forte, agregando 11,5 mil novos empregos, US$ 2,9 bilhões em receita para a indústria local e US$ 389 milhões adicionais em impostos até 2011. A pesquisa ainda indica que para cada dólar investido em software original, outros US$ 1,25 são direcionados para serviços como instalação, treinamento e manutenção [4]. Como grande parte destes serviços é realizado por empresas locais, significa que os benefícios econômicos da redução da ilegalidade de software permanecem no país. Ou seja, ganha a economia local e por consequência, as empresas locais (figura 3). CONCLUSÃO Com base nessas colocações, é possível concluir que: - Inovação não é uma causa por
INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA
GESTÃO MAIS EFICIENTE
• Melhor análise de mercado • Melhores estratégias de mercado • Custos reduzidos
MELHORES PRODUTOS E SERVIÇOS
• Desenvolvimento de mercados • Novas geografias • Novos segmentos • Extensão de produtos
MUDANÇA DO PERFIL DA EMPRESA
• Profissionais mais qualificados • Demanda educacional/Formação PRÉ e PÓS • Maior compromentimento
Figura 2 - Evolução de empresas que investem em tecnologia Setembro/Outubro 2009
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MUDANÇA NO PERFIL DA REGIÃO
•Polo de expertise tecnológico • Desenvolvimento da economia •Desenvolvimento de serviços e infraestrutura • Maior PIB • Melhor Governo, escolas e serviços
Figura 3 - Impacto da evolução das empresas na economia
si só. Não basta a administração de uma empresa estar decidida a “inovar”; - Quem atesta a inovação ou a competitividade de uma empresa é o mercado, o cliente final, a cadeia de fornecedores e o canal de distribuição; - Inovação é uma consequência das estratégias das empresas e; - A maior fonte de inovação para fabricantes de produtos e prestadores de serviços de qualquer natureza é a união de:
a) Um olhar amplo e constantemente atento à revisão, transformação e revolução das necessidades do mercado e; b) Conhecimento atualizado sobre as possibilidades das tecnologias - disponíveis, emergentes, latentes e potenciais. Por que o investimento em tecnologia se paga? Tanto as necessidades industriais quanto as tecnologias estão em rápido desenvolvimento. Quando uma empresa não enxerga a tecnologia como parceira estratégica, ela simplesmente não participa desta dinâmica, perde o timing18 da indústria e fica suscetível ao mercado - entrantes potenciais e demandas alteradas.
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Timing: do inglês, significa escolha do momento. Na linguagem coloquial é o tempo certo, a oportunidade.
FONTES DE CONSULTA [1] Aberdeen Group; A transição do esboço 2D para a modelagem 3D. Relatório de Referência d i s p o n í v e l e m www.autodesk.com.br/prototip agemdigital [2] Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda; Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, 3ª edição, Editora Positivo, Curitiba, 2004 [3] Berr Research; P&D investment ranking, 2007. Disponível em: www.inovacao.unicamp.br/repor t/Investimento/P&D071114.pdf [4] International Data Corporation IDC; Business Software Alliance BSA; The Economic Benefits of Redu-cing PC Software Piracy. Janeiro de 2008. Disponível em: http://www.bsa.org/idcstudy.as px
Márcio Reis Pinto - Técnico e especialista em Ferramentaria pelo SENAI/SP e em Desenho de Projetos Mecânicos pela Escola Técnica Estadual (ETE). Bacharel em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo - USP e pós-graduado em gestão da Tecnologia e Inovação pela FIA. Estuda os impactos social e econômico do investimento em inovação tecnológica nos ambientes interno e externo às empresas. É gerente de marketing da Autodesk Brasil.
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PAULO VICTOR PRESTES MARCONDES - marcondes@ufpr.br
Manufatura de chapas metálicas - dobramento
A
conformação de metais por dobramento tem substituído com vantagem alguns processos mecânicos como a utilização de chapas dobradas ao invés de perfis laminados. São diversas as variações do processo, utilizado tanto para produzir geometrias funcionais como para aumento de rigidez de peças.
O dobramento (bending) é usualmente definido como a deformação plástica de uma chapa metálica ao longo de uma linha reta. Na maioria dos casos tem-se uma deformação plana localizada no canto da dobra. A operação de dobramento pode ser considerada como um sistema com sete componentes: produto, peça/material, equipamento, punção/matriz, zona de deformação, interface e ambiente. O objetivo desse artigo é definir os tipos básicos de dobramento e ilustrar o mecanismo de retorno elástico (springback). O tipo clássico de conformação por dobramento é a operação para obter curvatura cilíndrica ou cônica em rolos (calandras). Outras variedades de dobramento são o enrolamento (curling), o recravamento e agrafamento (hemming) e o repuxamento (spinning). Tem-se, ainda, o dobramento por giro, caso do dobramento contínuo em rolos de vários estágios (roll forming) para produzir, calhas, tubos e perfis. O dobramento não é somente
usado para produzir geometrias funcionais tais como bordas, flanges, curvas, emendas e corrugação, mas também para aumentar a rigidez das peças aumentando o momento secional transversal de inércia. Atualmente, os perfis laminados estão sendo substituídos, quando necessário e possível, por elementos de chapa dobrados. A execução destes perfis em geral é feita nas dobradeiras, porém, quando os elementos são relativamente curtos ou com conformação especial, podem ser executados vantajosamente por meio de matrizes e prensas, como demonstrado na figura 1. No dobramento livre (air bending), não há necessidade de mudar nenhum equipamento ou ferramenta para obter ângulos de dobra diferentes porque os ângulos da curvatura são determinados pelo curso do punção. As forças requeridas para dar forma às peças são relativamente pequenas, mas o controle exato do curso do punção é exigido para obter o ângulo de-
sejado da curvatura. No dobramento em V (V-bending), a folga entre o punção e a matriz é constante (igual à espessura da chapa). A espessura da chapa varia de aproximadamente 0,5 a 25 milímetros. O dobramento em matriz tipo U (U-die bending) é feito em dois eixos paralelos de dobramento na mesma operação. Uma almofada é usada para forçar o contato da chapa com o fundo do punção. Para a almofada pressionar a chapa se requer aproximadamente 30% da força de dobra. O dobramento em matriz de deslizamento (wiping die bending) é conhecido também como flangeamento (flanging). Uma borda da chapa é dobrada a 90o enquanto a outra extremidade é contida pelo próprio material e pela força do prensa chapas/almofada (blankholder/pad). O comprimento do flange pode facilmente ser mudado e o ângulo da curvatura pode ser controlado pela posição do curso do punção. Setembro/Outubro 2009
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Dobramento livre
Dobramento em V
Dobramento em U
Dobramento em matriz de deslizamento
Dobramento com ressalto na punção
Dobramento de fundo
- retorno elástico, as tensões residuais (residual stresses), o enrugamento (wrinkling) e/ou separação (splitting), a avaliação da capacidade de dobramento que determina o raio mínimo de curvatura sem fratura (bendability) e a predição de forças de dobra. De uma forma geral, nos casos de dobramento reto a deformação é confinada na região de dobramento. Pode-se subdividir o dobramento plano no processo de dobramento em matriz de deslizamento (flanging), frequentemente usado em conjunto com a estampagem (comum na indústria automotiva), onde a beirada da chapa é presa e dobrada para cima e no processo de dobramento em prensa e matriz tipo V (V-bending), onde a chapa desliza na matriz, como visto na figura 2a. Neste último caso o atrito pode influenciar de forma signifi-
Qp Sem carga
Punção
Dobramento em matriz dupla
Dobramento em matriz giratória
Qs
Q1
Com carga
Q2
Figura 1 - Tipos de dobramentos em matrizes (Adaptado de [1])
Rp Rd
d
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Matriz
H
C Wd
a)
y
M x
T t/2
dobra de fundo se requer consideravelmente uma maior força (aproximadamente 50 ~ 60% a mais) do que no dobramento livre. A dobra em matriz dupla (double die bending) pode ser vista como duas operações de deslizamento (wiping operation) que agem na chapa uma após a outra. Esse processo pode aumentar o endurecimento por deformação reduzindo o retorno elástico. Tem-se, ainda, o dobramento giratório (rotary bending). Nas aplicações industriais algumas predições são cruciais durante o projeto, como: o controle da forma e da qualidade da parte curvada
t
t/2
No dobramento com ressalto na ponta do punção para deformação plástica (coining), a tensão compressiva é aplicada à região de dobra para aumentar a quantidade de deformação plástica. Isto reduz a quantidade de retorno elástico / efeito mola / molejo de retorno (springback). No dobramento de fundo (bottom bending), o retorno elástico é reduzido ajustando a posição final do punção tal que a folga entre o punção e a superfície da matriz é menor do que a espessura da chapa. Em consequência, o escoamento do material é ligeiramente menor e se reduz o retorno elástico. Na
Ro
Rn
T W M
Ri Rm
b)
Figura 2 - Símbolos e terminologia do dobramento (alongamento trativo - estiramento na superfície externa, compressão paralela na superfície interna e somente se tem o comprimento original na linha neutra) (Adaptado de [1])
A Temperatura sob total controle
cativa o processo. No dobramento curvo, com exceção de casos especiais, a deformação se estende além da linha de dobramento, como demonstra a figura 2b. Durante o encolhimento do flange a superfície pode se curvar e no estiramento do flange a superfície pode se separar. No dobramento em canal (channel bending) a deformação ocorrem nas flanges e a superfície pode rachar ou ondular. onde: Ri- raio interno de dobramento Ro- raio externo de dobramento Rm - raio de meia superfície Rp - raio de punção Rd - raio de matriz C - folga Wd - abertura meia matriz Rn - raio neutro de dobramento circular T - espessura da chapa q - ângulo de dobramento Dq - ângulo de springback H - altura da matriz Nas operações de dobra deverão ser evitados os cantos vivos, pois é imprudente executar raios de curvatura internos inferiores à espessura da chapa. Neste caso, as fibras externas seriam tracionadas e o material acabaria rasgando. Surge assim a importância da definição do raio mínimo de dobramento.
Rmin = t x (50 r – 1) onde: Rmin - raio mínimo de dobramento t - espessura da chapa r - redução em área para um dado material em teste de tração Essa capacidade de dobramento (bendability), isto é, o menor raio de
curvatura alcançado sem falha do material, pode ser melhorada aquecendo-se a chapa ou por aplicação de pressão hidrostática. As rachaduras podem também ser eliminadas induzindo uma tensão de compressão no sentido da dobra. A capacidade de dobramento em chapas finas é mais elevada do que em chapas grossas. As chapas finas estão sujeitas a rachar geralmente nas bordas, enquanto que as chapas grossas tendem a rachar no centro. A força de dobramento é dependente da espessura da chapa e uma boa aproximação da força requerida é:
Central de Resfriamento de água
Otimização dos canais de resfriamento em moldes complexos
Termorreguladores para moldes plásticos
Controles de vazão individualizados por canal de refrigeração
2 F = LT (UTS) W
onde: F - força requerida para o dobramento L - comprimento da chapa T - espessura da chapa UTS - limite de resistência do material W - folga de abertura da matriz A força de dobra é uma função da resistência do material, do comprimento da chapa dobrada, da espessura da chapa e da largura da abertura da matriz. Geralmente, a tensão na peça é assumida ter uma distribuição linear e a tensão na superfície neutra é zero. O deslocamento da superfície neutra deve ser considerado quando o raio de canto dobrado é relativamente pequeno com relação à espessura da chapa. Devido aos materiais apresentarem um módulo de elasticidade finito a deformação plástica é seguida pela recuperação elástica após a remoção da carga. O retorno elástico é definido como sendo a recuperação elástica
Dosadores Gravimétricos
MC - Balance Para injetoras, extrusoras e sopradoras
Garantia de alta precisão de dosagem sem influências das vibrações externas Dosagem de pigmentos em forma de grânulos, microesferas ou pó Visite-nos :
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Sistemas de Microssoldas
Solda Laser Microssoldas para reparação de pequenas deformações em moldes plásticos
Início
Durante
Final
Retorno elástico
Solda todos os tipos de aços Aquecimento puntual, não causa deformação térmica periférica Soldas de 0,1 a 0,6mm Construção compacta e fácil operação Bancada de trabalho automatizada com movimentos suaves para fácil adaptação à ergonomia
Solda combinada TIG + Resistência Microssolda por resistência com sistema pulsante Permite deposição de material sem a geração de arco voltaico
Figura 3 - Retorno elástico após a remoção da ferramenta de dobramento (Adaptado de [1])
do material após descarregar as ferramentas. O springback resulta em uma mudança dimensional na peça curvada, como pode ser visto na figura 3. É importante, ainda, o efeito da tensão no momento e no retorno elástico. A distribuição da tensão de forma heterogênea poderá gerar tensões residuais na chapa metálica (figura 4).
t 2
t 2
TIG - Não aquece as regiões adjacentes Permite qualquer tipo de usinagem para acabamento Visite-nos :
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Figura 4 - Distribuição heterogênea da tensão ao longo da espessura no dobramento (Adaptado de [1])
onde: t - espessura da chapa No dobramento é importante prevenir a deterioração do alongamento do material pelo envelhecimento de chapas e também o controle do ponto de escoamento definido. A presença do ponto de escoamento superior e do alongamento no ponto de escoamento
podem ser controlados pela laminação de encruamento1, pela aplicação de tensão para endireitamento e pelo endireitamento em rolos. Uma leve laminação a frio pode causar cerca de 1% de deformação plástica e, ainda, modificar a rugosidade da superfície. Desta forma o envelhecimento natural ficará dificultado. A tensão aplicada para o endireitamento cria uma estrutura heterogênea de células no material deformado e não deformado, e da mesma forma torna o material resistente ao envelhecimento natural. Neste caso a superfície tende a se tornar mais rugosa. O endireitamento em rolos causa deformações por dobramento cíclicas na chapa criando uma distribuição mais uniforme das discordâncias não barradas e algum encruamento na chapa. A rugosidade da superfície é levemente alterada e o endireitamento da chapa é melhorado. O material pode re-envelhecer com o tempo e esse processo é frequentemente combinado com lubrificação. Esses processos normalmente tendem diminuir a tensão de escoamento. Em geral, os fabricantes estão interessados nas dimensões finais dos produtos e consequentemente, os ângulos da peça após o descarregamento é o parâmetro principal a controlar no dobramento. Os principais métodos para reduzir o springback ou controlar o ângulo descarregado da curvatura são mostrados na figura 5. 1 Encruamento: é um fenômeno modificativo da estrutura dos metais, em que a deformação plástica realizada abaixo da temperatura de recristalização causará o endurecimento e aumento de resiliência (capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão) do metal. Pode ser definido como o endurecimento do metal por deformação plástica [2].
b)
c)
d)
Tradicional fabricante alemão de acessórios para moldes, Porta – moldes, Câmaras quentes. Porta moldes e acessórios para moldes
Puxadores de placas
Inovação
especial, chamada de prensa de dobramento (press brake). Normalmente três tipos de equipamentos são usados no dobramento: prensa mecânica Contra (mechanical press brapressão ke), prensa hidráulica e) Ferramenta (hydraulic press brake) ou prensa hidráulicoChapa mecânica (hydro-meMatriz chanical press brake). Figura 5 - a, b, e) Sobredobramento para compensação (over Cada tipo tem suas bending); c) Ressalto na ponta do punção para deformação próprias característiplástica (coining after bending) e; d) dobramento de fundo (bottoming) (Adaptado de [1]) cas e aplicação e as capacidades das Assim, após o dobramento tereprensas são esta-belecidas pela mos um retorno elástico em algum tonelagem requerida para grau que dependerá das propriedobramento. dades do material e da geometria Uma prensa mecânica usa modas ferramentas. O springback pode tor, volante e excêntrico para conser determinado depois do dobraverter o movimento giratório do mento pela equação: motor e do volante em movimento vertical para o punção/cilindro da Ri Ri Sy 3 Ri Sy prensa. A alta velocidade de rota= 4( ) – 3( )+1 Rf ET ET ção do volante permite um grande número de ciclos por minuto. onde: Quando o volante se aproxima do Rf - raio de dobramento após o fim de curso, frequentemente, tem springback força suficiente para deslocar as ferRi - raio de dobramento antes do ramentas com a força além da caspringback pacidade especificada da prensa. Sy - tensão de escoamento do maAinda, no ponto morto inferior, a terial potência da prensa alcança grande E - módulo de elasticidade do macapacidade e é limitada somente terial pela capacidade da estrutura do T - espessura do material equipamento. Operações de dobramento com deformação plástica Algumas das operações de do(coining), com alta tonelagem, pobramento e flangeamento são condem causar danos na ferramenta duzidas em prensa mecânica ou e/ou travar a prensa no ponto morhidráulica. Quando se usa matrizes to inferior. progressivas, em operações de esA prensa hidráulica utiliza motor tampagem, a ação de dobra é intee bomba para deslocar o óleo higrada no trabalho feito com as ferdráulico para o alto do cilindro, ramentas que atuaram pela ação do exercer a pressão e mover o punpistão da prensa. ção/cilindro da prensa. A tonelaEntretanto, em geral, o dobragem da prensa hidráulica é diretamento livre é feito em uma prensa mente proporcional à pressão de a)
Extratores rotativos
Câmaras quentes
Engates rápidos
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óleo e à área do pistão. Nesses equipamentos a velocidade do punção pode ser facilmente controlada ajustando o fluxo do óleo. Comparado com a prensa mecânica oferece poucos ciclos por minuto e nenhuma potencialidade de tonelagem adicional. Na prensa hidráulico-mecânica um único cilindro hidráulico aciona o sistema mecânico para realizar o dobramento. Este projeto fornece a tonelagem total em qualquer ponto da mesa e assegura o movimento paralelo do cilindro, com excelente repetibilidade, não obstante um carregamento descentralizado. Na prática ângulos de dobramento entre 00 e 900 podem ser facilmente obtidos. Para ângulos de dobramentos maiores eventualmente são necessárias ferramentas adicionais incluindo mecanismos de cames mecânicos. No dobramento de chapas metálicas o atrito não tem muito efeito no processo. Geralmente, o coefi-
ciente de atrito está entre 0,06 a 0,1. Têm-se quatro tipos de condições de lubrificação, isto é, filme fluído, camada limite, filme sólido e atrito seco. Idealmente, os lubrificantes usados para dar forma à chapa de metal devem ser recicláveis e/ou orgânicos e o processo não deve causar ruído prejudicial aos ouvidos do ser humano. Existem algumas regras gerais de projeto de peças dobradas ou enroladas: o raio de dobramento ou de enrolamento deve ser apropriado, os lados da parte a dobrar devem ser normais à linha de dobramento, a altura mínima dos rebordos não deve ser inferior a duas vezes a espessura da chapa (h) mais o raio de dobramento (r), (≥ 2h+r), os furos e entalhes no recorte devem manter uma distância apropriada da linha de dobramento (≥ 2h+r), no enrolamento exige-se que a rebarba fique para o lado interno e que a peça se prolongue tangencialmente ao olhal e sempre
FONTES CONSULTADAS ! Altan, T.; OSU/IWSE 894A, Class lecture, 1999. ! Benson, S.; Press Brake Technology, SME, 1997. ! Bhupatiraju, M. K.; Shivpuri, R.; Altan, T.; An Investigation of Bending Angle and Springback Control in Straight Line Bending ERC/NSM, Report No: ERC/NSM-S-94-13, 1994. ! Costa, H. B.; Mira, F. M.; Processos de Conformação: Conformação Mecânica dos Metais, Apostila, Florianópolis/SC, 1987. ! Duncan, J. L.; Marciniak Z.; The Mechanics of Sheet Metal Forming, Edward Amold, 1991. ! Kalpakjian, S.; Manufacturing Processes for Engineering Materials, Wesley, 1997. ! Lange, K.; Handbook of Metal Forming, McGraw-Hill, 1986.
que possível deve-se aumentar a rigidez de chapas finas através de nervuramento. Importante também é a determinação da posição da linha neutra em peças dobradas. No desenvolvimento das peças dobradas o comprimento da tira é a soma de todos os segmentos e arcos medidos ao longo da linha neutra. Finalmente, nos sistemas tradicionais, o conjunto de punção e matriz de aço é pesado e caro. Com a utilização de matrizes de borrachas poliuretânicas (que são resistentes a abrasão, a ruptura por compressão, aos óleos e aos ácidos) o conjunto de ferramental pode ser reduzido em peso. Nesses processos, ao fim da operação, após a retirada da carga, a borracha volta ao seu estado normal e pode-se extrair a peça dobrada com facilidade independente da geometria das mesmas.
! Schuler GmbH; Metal Forming Handbook, Springer-Verlag
Berlin Heidelberg, 1998. ! Society of Manufacturing Engineers; Die Design Hand-
book, SME - Society of Manufacturing Engineers, 1990. ! Tufekci, S. S.; Wang, C. T.; Kinzel, G. L.; Altan, T.;
Experimental Determination of Strains and Forces in Stretch and Shrink Flan-ging Operations, ERC/NSM, Report No: ERC/NSM-S-94-07, 1994. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Altan, T.; Conformação de Metais: Fundamentos e Aplicações, Publicação EESC-USP, São Carlos, SP, 1999. [2] Wikipédia, www.wikipedia.com
Paulo Victor Prestes Marcondes - Possui pós-doutorado pela Universidade de Deakin, em Geelong, na Austrália (2007) e Universidades da Califórnia em San Diego (1996) e Pennsylvania (1996) nos EUA. Obteve o doutoramento em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade de Birmingham na Inglaterra (1995). Mestrado em Engenharia Mecânica (1991) e graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989). Atualmente é professor associado I da Universidade Federal do Paraná atuando na graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) do Departamento de Engenharia Mecânica. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Conformação Mecânica, atuando principalmente nas áreas de conformação de chapas, ferramentas de conformação (matrizes e moldes) e simulação computacional.
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Ferramental
Setembro/Outubro 2009
Setembro/Outubro 2009
Ferramental
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Planilha de verificação: projeto de matriz para processo de dobramento Notas explicativas
Sistemas de controle de avanço da chapa responsáveis pela determinação da distância de deslocamento da chapa entre ciclos consecutivos.
Espiga - elemento com a função de fixar o conjunto do punção ao martelo da prensa. Usualmente é ligada ao cabeçote do punção ou diretamente na placa de choque. A espiga deve ser localizada no centro de gravidade e não necessariamente no centro do estampo.
Exemplos de espigas
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Ferramental
Setembro/Outubro 2009
Controle de avanço por trava
PLANILHA DE VERIFICAÇÃO Projeto de matriz para processo de dobramento
Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais
Nº Ordem de Serviço Data
CLIENTE Empresa:
Fone:
Contato:
e-mail:
Fax:
DESCRIÇÃO Ferramental:
Operação: Peça: Dimensões (mm): Material a Processar:
Código: Peso (kg):
Rev. Nº: Nº de estágios:
Espessura (mm):
Data de emissão: Prazo de Entrega: Força de estampagem (N):
Prensa prevista:
ITENS A ANALISAR 1 - ESPECIFICAÇÕES DA PRENSA
SIM NÃO
DESCRIÇÃO/AÇÃO
SIM NÃO
DESCRIÇÃO/AÇÃO
SIM NÃO
DESCRIÇÃO/AÇÃO
1.1. Capacidade nominal (toneladas) 1.2. Avanço máximo (mm) 1.3. Tipo de acionamento (hidráulico, mecânico.) 1.4. Tipo de sistema de alimentação (bandeja, gaveta, gravidade.) 1.5. Categoria de riscos (conf. NBR 14153) 1.6. Fixação de espiga 1.7. Furo de passagem na mesa 1.8. Distância do cabeçote à mesa 1.9. Distância do centro da espiga à coluna 1.10. Dimensões da mesa
2 - ESPECIFICAÇÕES DO PRODUTO Parte integrante da revista Ferramental - Nº 25 - Setembro/Outubro 2009
2.1. Desenho da peça dobrada 2.2. Alternativas para evitar cantos vivos 2.3. Desenho de planificação da peça 2.4. Cálculo da posição da linha neutra 2.5. Possibilidade de simplificação técnica 2.6. Tolerâncias admissíveis 2.7. Acabamento da superfície (rugosidade) 2.8. Altura admissível da rebarba 2.9. Tipo de material (mole, duro, muito duro) ângulo e raio de dobramento 2.10. Altura mínima das abas (beiradas) a serem dobradas 2.11. Distância apropriada dos furos e entalhes da linha de dobramento (furos ovalizados, etc.) 2.12. Métodos para aumentar a rigidez da chapa (nervuramento) 2.13. Posicionamento de entalhe de alívio para auxiliar no dobramento em ângulo reto
3 - IDENTIFICAÇÃO DA MATRIZ 3.1. Plaqueta de identificação da matriz (cliente, data, peso) 3.2. Plaqueta de identificação do fornecedor 3.3. Plaqueta com esquema do sistema de refrigeração 3.4. Instrução da sequência de acionamentos 3.5. Identificação dos componentes
Setembro/Outubro 2009
Ferramental
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PLANILHA DE VERIFICAÇÃO Projeto de matriz para processo de dobramento
Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais
4 - ESPECIFICAÇÕES DA MATRIZ
SIM NÃO
DESCRIÇÃO/AÇÃO
4.1. Dimensões compatíveis com a prensa 4.2. Dimensões da placa de base 4.3. Fixação à mesa da prensa 4.4. Cálculo estrutural dos componentes 4.5. Determinação do centro de gravidade 4.6. Passo da matriz (aproveitamento máximo de chapa) 4.7. Ângulos de saída suficientes 4.8. Lubrificação dos componentes prevista 4.9. Uso de matriz de borrachas poliuretânicas 4.10. Uso de inserto de material de alta resistência ao desgaste 4.11. Tipo de sistema de controle de avanço de chapa 4.12. Guias diretos (placa-guia, colunas,..) 4.13. Guias indiretos (colunas, rolamentos,..) 4.14. Sistema de extração mecânica 4.15. Sistema de sujeição 4.16. Elementos de amortecimento (mola, plastiprene,..) 4.17. Punção (placa guia, de choque, colunas guia,..) 4.18. Sistema de fixação de espiga 4.19. Usinagem (processos) 4.20. Tratamento térmico (processos/dureza)
4.22. Processos de fabricação internos 4.23. Processos de fabricação externos 4.24. Utilização de componentes padronizados 4.25. Manual com instruções de montagem 4.26. Manual técnico para o cliente
5 - OBSERVAÇÕES
APROVAÇÃO Nome
Empresa
APROVAÇÃO:
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Local
Projeto liberado para construção Ferramental
Cargo
Setembro/Outubro 2009
Projeto rejeitado
Assinatura
Data
Parte integrante da revista Ferramental - Nº 25 - Setembro/Outubro 2009
4.21. Acabamento (processos)
CAROLINE CRISTINE CIDRAL NIEHUES - caroline@cmadvocacia.adv.br TATIANA KAHLHOFER - tatiana@cmadvocacia.adv.br
Dispensa por justa causa do empregado: breves considerações
A
tos praticados sem o devido conhecimento legal podem acarretar problemas futuros para as organizações empresariais. A demissão por justa causa, apesar de instrumento legal, deve ser entendida em sua essência para assegurar blindagem às demandas judiciais advindas de ações equivocadas.
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Caroline Cristine Cidral Niehues - Bacharel em Direito pela Associação Catarinense de Ensino - ACE. Advogada trabalhista da Cauduro e Morínigo Advogados Associados. Tatiana Kahlhofer - Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí - Univali, especialista em Direito do Trabalho (Univali 2001), professora de Direito do Trabalho na Associação Catarinense de Ensino - ACE. Advogada trabalhista da Cauduro e Morínigo Advogados Associados.
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MEI - Micro Empreendedor Individual
Lembre-se:
JNR Contabilidade Ltda. Maiores informaçþes pelo e-mail (joseane@jnrcontabilidade.com.br) ou pelo fone 047 3028 2180 Setembro/Outubro 2009
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ELISNEI F. DE SOUZA - elisnei.souza@continental-corporation.com
Comparativo entre resultados de uma simulação com as condições reais de moldagem
O
s padrões de fluxo e pressões de injeção previstos no simulador e os valores reais foram comparados e quantificados em uma breve análise, resultando em um método de validação dos resultados da simulação.
As ferramentas de engenharia auxiliada por computador - CAE1 oferecem à equipe de projetos a possibilidade de realizar experimentos através de métodos computacionais. Esses experimentos, se realizados em condições reais, resultariam em grandes gastos associados a alterações no molde, manufatura e tempo de máquina. O grande potencial desse método é a possibilidade de testar novos designs2 e conceitos através de métodos numéricos, dessa forma eliminando problemas antes do início da produção e determinando rápida e facilmente a influência de parâmetros de processo na qualidade e produtividade do produto final. Consegue-se, portanto, grande flexibilidade na otimização do produto através de iterações virtuais - em detalhes como configuração das entradas de material no molde, detalhes no desenho da peça, condições de processo - e sua influência na manufatura e qualidade do produto final. Como resultado, é possível realizar experimentos em questão de dias ou mesmo horas, que de outra forma 'tentativas e erros' experimentais - exigiriam semanas ou meses, resultando em grandes custos inerentes às modificações no molde. Para extrair todo potencial dessas ferramentas, deve-se utilizá-las desde os primeiros estágios no processo de criação de um produto. A figura 1 apresenta o incremento nos gastos associado às alterações no produto em diferentes estágios de sua criação. Através dos expe-
CAD/CAE
Verificação de projeto
Confirmação Pré-produção de projeto
Produção
Figura 1 - Incremento de custos em alteração de projeto
rimentos realizados utilizando-se de softwares3 de simulação, evitam-se futuras modificações corretivas. O produto estudado é denominado de Tampa e-gás e pode ser visualizado na figura 2. Consiste em um alojamento de diversos outros itens: contra-peças plásticas e componentes eletrônicos. Devido às diversas interfaces e requisitos funcionais do conjunto final, as 1
CAE: do inglês Computer Aided Engineering. Design: (em alguns casos projeto) é um esforço criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e especificação de um produto. Esse esforço normalmente é orientado por uma intenção ou objetivo, ou para a solução de um problema. O design também pode ser uma qualidade daquilo que foi projetado. 3 Software: ou programa de computador, é uma sequência de instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação, redirecionamento ou modificação de um dado/informação. 2
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entrada. Não foi analisado o preenchimento pelo bico da máquina injetora e pelos canais de alimentação e; c) A quantidade de material injetado foi ajustada para criar uma faixa de porcentagens de preenchimento da peça até que a cavidade do molde estivesse 97% preenchida (figura 3). Nesse ponto entra a comutação para a fase de compactação (recalque), que foi desconsiderada nesse estudo. Não foi considerado o momento de 100% da
Figura 2 - Configuração do alojamento utilizado nos estudos
Fornecedor
Basf
Resina
Ultradur B4300 G6
Família
PBT4
Carga
30% fibra de vidro
Temperatura fusão recalque (oC)
250
Temperatura molde (oC)
80
Tabela 1 - Características da matéria-prima o
Temperatura do molde ( C) o
50
Temperatura do material ( C)
260
Tempo de injeção (s)
1,2
Pressão de injeção (bar)
90
Comutação (%)
98
Tempo de recalque (s)
12
Pressão de recalque (bar)
60
Tempo de resfriamento (s)
20
Tabela 2 - Características de processo simuladas
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Figura 3 - Ponto de comutação
100
Pico de pressão de injeção
90 80
Pressão de injeção (MPA)
tolerâncias dimensionais são bastante estreitas. Para este produto foram selecionadas as características de matéria-prima apresentadas na tabela 1. No sistema de simulação foram adotadas as características de processo relacionadas na tabela 2. Primeiramente foi realizado um experimento com preenchimento incompleto (injeção progressiva) de um molde de injeção sob velocidade controlada, para determinar o padrão de preenchimento da Tampa, de modo a compará-lo com o padrão de preenchimento e pressões de injeção prevista pela simulação efetuada com o programa computacional Moldflow®. As simplificações do processo de simulação incluíram: a ) Resultados de apenas uma cavidade (o molde tem duas cavidades); b) Preenchimento da peça a partir do ponto de
70 60 50 40 30 20 10 0 0
20
40
60
80
Fração de preenchimento da cavidade do molde (%)
100
120 Simulado
Figura 4 - Evolução da pressão com destaque para o pico
cavidade preenchida, pois nesse exato instante há um pico de pressão, apresentado na figura 4. A porcentagem de preenchimento (em volume) e a correspondente pressão de injeção prevista foram, então, registradas. A tabela 3 apresenta os dados. A figura 5 mostra graficamente os resultados teóricos retirados das análises, representando os valores 4 PBT: polibutileno tereftalato. É um termoplástico poliéster caracterizado por alta rigidez, estabilidade dimensional, baixa absorção de umidade e alta resistência a vários produtos químicos. Também exibe resistência a intempéries e bom desempenho quando exposto a altas temperaturas.
Amostra
Tempo de injeção (s)
Fração preenchida (%)
Peso (g)
Pressão de injeção (bar)
1
0,3
20
6,51
29,9
2
0,38
30
9,78
30,02
3
0,53
40
13,05
30,49
4
0,62
50
16,33
30,86
5
0,77
60
19,62
31,43
6
0,87
70
22,92
31,9
7
1,02
80
26,23
32,84
8
1,12
90
29,55
33,73
9
1,21
97
30,35
36,59 6,69
Perda total de pressão (bar) ®
Tabela 3 - Dados dos estudos com uso do Moldflow (simulação)
37
Amostra
Tempo de injeção (s)
Fração preenchida (%)
Peso (g)
Pressão de injeção (bar)
1
0,40
20
6,01
57,1
35
2
0,48
30
10,02
57,3
34
3
0,50
40
13,55
58,2
33
4
0,57
50
16,01
59,5
32
5
0,74
60
20,51
60,6
31
6
0,84
70
23,02
61,5
7
0,94
80
26,53
62,2
8
1,07
90
30,56
63,5
9
1,15
97
32,51
64,2
36
Pressão de injeção (MPA)
previstos de pressão de injeção relativamente a porcentagem de preenchimento do molde (em volume). Resultados práticos foram então extraídos de processo de injeção real, considerando as mesmas premissas adotadas nos estudos teóricos (tabela 4). A figura 6 mostra graficamente os resultados práticos obtidos, para comparativos em relação aos estudos teóricos. Neste estudo, em particular, foi utilizada a malha tridimensional do sistema computacional. O estágio de preenchimento da simulação resultou em máxima precisão nos cálculos preditivos, tanto do padrão de preenchimento quanto de pressão de injeção e peso.
Ponto inicial de leitura dos resultados em 20%.
30 29 0
10
20
30
40
50
60
70
Fração preenchida da cavidade do molde (%)
80
90
Simulado
Figura 5 - Evolução da pressão de injeção (simulado Moldflow®)
100
Perda total de pressão (bar)
Tabela 4 - Dados dos estudos na injetora (real)
7,1
66 65
Ponto inicial de leitura dos resultados em 20%.
Pressão de injeção (MPA)
64 63 62 61 60 59 58 57 56 55 0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fração preenchida da cavidade do molde (%)
90
100
Prático
Figura 6 - Evolução da pressão de injeção (real)
As pressões requeridas para o preenchimento foram ajustadas para pressão hidráulica da máquina e não específica (relação 1:10). Por esse motivo a unidade de medida aparece em MPa. As pressões dos estudos práticos foram transformadas para mesma unidade a fim de permitir o comparativo. A tabela 5 informa os dados da máquina injetora utilizada. Modelo
Battenfeld
Série
HM 160/750
Ano de fabricação Comando
2008 Unilog B6
Diâmetro da rosca (mm) Pressão máxima de injeção (bar) Capacidade de plastificação (g/s) Sistema de fechamento
45 2.116 49,6 Hidráulico
Tabela 5 - Dados de máquina injetora utilizada no ensaio
A perda de pressão associada à elevação da fração preenchida da cavidade do molde, de 20% para 97%, foi igual a 7,1 bar (57,1 bar menos 64,2 bar). A perda de pressão prevista a partir da análise no Moldflow® ao longo da mesma faixa de fração de preenchimento da cavidade do molde foi de 6,69 bar. Isso corresponde a uma diferença de 0,41 bar entre os valores da peça real e os previstos no estudo feito utilizando o Moldflow®. A diferença entre a pressão real requerida para preencher um molde até 97% e a pressão prevista para atingir o mesmo ponto é de 27,6 bar. Essa diferença pode ser explicada como sendo a perda de pressão no bico da injetora e no sistema de alimentação que ocorre no caso prático, lembrando que no estudo teórico a avaliação só considerou a partir do ponto de entrada na cavidade do molde. A figura 7 apresenta a comparação entre os resultados do estudo, sendo possível visualizar as várias 44
Ferramental
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Figura 7 - Padrão de preenchimento (injeção progressiva)
40
2
R = 0,9422
35
Pressão prática
etapas do preenchimento incompleto do molde na situação simulada com o Moldflow® e na execução real com a máquina injetora. As imagens apontam um bom e preciso padrão de preenchimento. As figuras 8, 9 e 10 mostram graficamente o consumo de pressão de injeção para o preenchimento e o peso de cada moldagem da peça no Moldflow® e no estudo prático, ou seja, é possível identificar que há uma correlação muito precisa entre os estudos práticos e teóricos.
30 25 20 15 10 5 0 56
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Pressão simulada
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Pressão Linear (Pressão)
Figura 9 - Correlação das pressões (simulado x real)
70
Pressão de injeção (MPA)
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Através de análise de regressão linear entre os resultados práticos e teóricos, é possível verificar forte correlação. O estudo de correlação para a pressão de injeção apresenta valor de R2 de 0,94 (figura 9). O estudo de correlação para o peso apresenta valor de R2 de 0,99 (figura 10).
60 55 50 45 40 35 30 25 0
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Fração preenchida da cavidade do molde (%)
80
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Prático Simulado
Figura 8 - Comparativo de evolução da pressão (simulado x real)
100
CONCLUSÕES Os resultados desta análise demonstram que o padrão de preenchimento simulado das pressões de
Sugere-se a realização de alguns estudos adicionais para confirmar (ou não) a pressão estimada necessária para fornecer resina fundida através do bico e do sistema de alimentação. Conclui-se, através de estudo científico do processo (teórico e prático), que o padrão de preenchimento, pressões de injeção e peso é de alta confiabilidade.
35
R 2 = 0,9962 30
Prático (gramas)
25 20 15 10 5 0 0
5
10
15
20
Simulado (gramas)
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35
Moldagem Linear (Moldagem)
Figura 10 - Correlação dos pesos (simulado x real)
injeção e do peso da peça a partir do programa computacional Moldflow® é compatível com os valores reais obtidos. Os estudos de correlação entre resultados práticos e teóricos mostram que a simulação é capaz de indicar a tendência de um processo dentro do nível estudado.
AGRADECIMENTOS Pelo apoio no desenvolvimento desta pesquisa, agradeço aos colegas da Continental Corporation, Ivanildo Santos, Roberto Savassa e Paulo Costa bem como aos profissionais Carlos Wilson e Marcos R. Macedo, da Fasttools Ltda e Elias João de Souza da Metalcoop.
FONTES DE CONSULTA - Moldflow MPI 6.1 software, Moldflow Corporation. - Wikipédia, www.wikipedia.com
Elisnei Fabre de Souza - Técnico em Plásticos, Mecânica Geral e Eletricista de Comandos. Atualmente cursa o 4º Semestre de Engenharia Mecânica. Exerce a função de Analista de Desenvolvimento no Centro de Competência de Plásticos (CCP) da Continental Corporation.
Não quebre a cabeça! na hora de decidir. . . Anuncie na
Revista Brasileira da Indústria de Ferramentais Coordenação de Vendas: (47) 3025-2817 (51) 3228-7179 (11) 3481-5324
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Controle e monitoramento da produção O Eloplus Tools é um programa computacional de gestão criado para proporcionar eficiência e lucratividade ao setor de moldes e ferramentas, com aplicação da filosofia de controle e monitoramento da produção (CMP). Por meio de uma gama completa de funcionalidades, esse sistema permite o controle, via internet, de todas as etapas dos processos não seriados, propiciando maior flexibilidade na administração das atividades. Por operar em tempo real, possibilita a execução de ações corretivas e preventivas no exato momento em que um problema é identificado. Além dessa plataforma integrada à web, conta com três módulos exclusivos que atuam nas áreas de planejamento, apontamento e monitoramento. O sistema está disponível em duas versões: Eloplus Tools e Eloplus Tools Plus. A versão mais completa engloba os módulos comercial, suprimentos, produção, faturamento, financeiro, planejamento, apontamento e monitoramento. Suas principais vantagens são: agilizar a geração de orçamentos e ordens de produção; dinamizar o planejamento da produção; otimizar o tempo de profissionais, equipamentos e recursos envolvidos, diminuindo a ociosidade e os custos; favorecer a execução de atividades comerciais e de gerenciamento à distância, via internet; possibilitar a tomada de decisões corretivas e preventivas em tempo real; permitir o acompanhamento da lucratividade de cada projeto; evidenciar gargalos e maximizar a produtividade e; oferecer recursos de gestão administrativa e financeira. Eloplus 11 4427 4812 www.eloplus.com
Insertos para gate
A Casa do Ferramenteiro está disponibilizando a linha de insertos inteiriços e sinterizados para injeção de termoplásticos da empresa alemã ExaFlow. Além de ocultar as marcas do ponto de injeção, posicionando-a na face inferior do produto ou até mesmo na parede interna, estes insertos permitem que a vida útil do ponto de injeção dos moldes seja aumentada, principalmente na injeção de termoplásticos com carga. O inserto ainda contribui para um melhor fluxo do material injetado prevenindo a saída do material em esguicho e já separa o produto do canal de injeção com exatidão. Pelo fato de serem inteiriços ocupam pouco espaço no molde facilitando a sua aplicação tanto em moldes novos, quanto em moldes já existentes. A distribuidora disponibiliza, em sua página eletrônica, os catálogos técnicos em português, vídeos demonstrando o funcionamento, consulta de estoque e pode ainda fornecer modelos CAD 3D para inclusão em projetos. Casa do Ferramenteiro 47 3027 1019 www.casafer.com.br
Programa para prototipagem digital A Algor Inc. está oferecendo novas Setembro/Outubro 2009
Ferramental
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Plasvik INJEÇÃO PEÇAS TÉCNICAS
Tecnologia, Inovação, Comprometimento Qualidade e Pontualidade. Modernas instalações, amplo parque industrial. Equipamentos com força de fechamento entre 30 e 370 toneladas. Desenvolvimento e manutenção de ferramentas e moldes utilizando equipamentos de alta tecnologia. Fundada em 1991, a Plasvik conquistou a ISO 9001:2000 em 1992, reforçando a constante preocupação com a qualidade. www.plasvik.com.br plasvik@plasvik.com.br Rua Costa Barros, 2.324 - V. Alpina - São Paulo/SP Fone (11) 2024-6400 - Fax (11) 6107-1575
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funcionalidades com a última versão do programa de simulação Algor V23.1, que agora faz parte da solução Autodesk para prototipagem digital, tecnologia que leva os profissionais de design além do 3D para projetar, visualizar e simular um produto completo por meio de um único modelo digital. O programa oferece novas técnicas de modelagem e análise de elementos finitos (EF), além de suporte avançado para diversas ferramentas CAD, em uma interface simples. A ampla variedade de ferramentas de análise e simulação do software, combinada ao programa Inventor, auxilia os fabricantes a aumentar a produtividade, a competitividade, reduzir custos e acelerar a entrega de seus produtos ao mercado. As funcionalidades do Algor V23.1 incluem simulação avançada de montagens multipeças, onde os usuários dispõem de mais controle sobre a ligação entre peças adjacentes para uma série de tipos de análise; eficiência na simulação de transferência de calor, com uma biblioteca de dados de convecção usuais, inclui as propriedades do ar e da água em diversas temperaturas; opções de ferramentas para simulação de fluência, de forma que os usuários dispõem de uma gama de ferramentas para testar maiores níveis de tensão e os efeitos de esforços de longa duração em uma peça e; colaboração avançada em ambiente de diversas ferramentas CAD onde usufruem da facilidade para analisar projetos criados no Inventor, Solid Edge e SolidWorks, bem como geometrias CAD armazenadas em arquivos ACIS, STEP, IGES e de estereolitografia. Autodesk 11 5501 2500 www.autodesk.com.br
Estantes deslizantes para moldes e ferramentas A Brasfixo comercializa estantes para o armazenamento de moldes e ferramentas, com gaveta deslizante facilitando a organização do ambiente fabril.
O sistema inovador para armazenagem valoriza o espaço e aumenta a eficiência; permite redução do tempo de preparação (setup) pelo aumento da praticidade; facilita o deslocamento de peças pesadas pelo uso de ponte rolante ou guindastes; elimina o uso de empilhadeiras quando usado com ponte rolante; facilita e otimiza a estocagem aumentando a durabilidade dos porta moldes e ferramentas; aumenta a organização permitindo a criação de layout funcional; reduz o espaço ocupado com paletes no chão; permite regular a altura das gavetas em função da estrutura modular. Pode ser construído conforme as necessidades do cliente, que define a altura, a largura e a profundidade úteis. A estante deslizante para porta moldes e ferramentas suporta cargas de 100 a 5.000 kg. Brasfixo 14 3811 3811 www.brasfixo.com.br
Dispositivo para facilitar instalação de bicos longos A Incoe®, fabricante de sistemas de aquecimento, desenvolveu um dispositivo axial protegido denominado AXP para aplicação em bicos longos de sistemas de câmara quente com múltiplas zonas de aquecimento. Esses tipos de sistemas são geralmente aplicados na produção de grandes peças com furos profundos de bicos na parte fixa do molde (lado da injeção). O dispositivo elimina o tempo e o custo de acrescentar um rasgo auxiliar para alojamento dos cabos ao longo do bico. O AXP utiliza o mesmo diâmetro do furo usinado para o bico da câmara quente. Os cabos são alojados na direção axial ao longo do bico. A região de saída do cabo foi alterada de forma a permitir que a geometria do furo seja reduzida e simplificada. O espaçador cônico fornece uma montagem limpa protegendo a fiação e os cabos e facilitando a montagem do bico no furo. Buchas de fibra de vidro e silicone protegem os cabos contra os elementos de aquecimento.
tizado. Estes sistemas variam em complexidade, configurações e capacidades, mas todos possuem uma operação simples, ótimas instalações de armazenamento e processos de ordenação automatizados, bem como a propriedade de documentar completamente o estoque e emitir relatórios distribuindo os custos. As máquinas de gerenciamento podem ser projetadas, construídas e configuradas de acordo com as exigências individuais da empresa, seja ela pequena, média, ou grande. Elas estão disponíveis em diversas versões, trabalhando com código de barra que configura o programa para eficiência de inventário mínimo, máximo e por flexibilidade. Com a função inteligente, o software avisa da necessidade de reposição de itens através de alertas e/ou emissão de pedidos de compra, de acordo com a configuração personalizada e exclusiva da empresa. As maiores vantagens de utilização do equipamento são a eliminação de parada de máquina por falta de ferramental; o reco-
Incoe 11 4538 2445 www.incoe.com
Gerenciamento de ferramentas O gerenciador de ferramentas da Gühring é um sistema de administração de ferramentas automaJulho/Agosto 2009 Setembro/Outubro
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nhecimento e diminuição dos principais itens de custo de ferramental; a redução dos níveis de estoque e otimização da administração de custos; a segurança na administração dos dados e; o treinamento e reeducação do usuário da produção quanto ao custo do ferramental. Gühring 11 2842 3066 www.guhring.com.br
Placas isolantes de temperatura para moldes A CQB, representante da alemã Elisto, tradicional fabricante mundial de placas isolantes, está comercializando a linha Thermostar com
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grande variedade de tamanhos e aplicações. Para controlar melhor o nível de temperatura dentro dos moldes de injeção e para reduzir a troca de calor das placas do molde para as placas da máquina injetora, é comum a utilização de materiais isolantes. Para especificar corretamente o tipo de placa isolante, é necessário determinar a temperatura de processo a ser utilizada, que não deve ultrapassar a temperatura de uso da placa. No leque de opções estão disponíveis placas da série 4000, para temperaturas até 210ºC, série 600N até 240ºC e série LC400GL que resiste a 600ºC. Outro critério para a escolha do tipo adequado é a resistência a pressão, na ordem de 12, 25 e 25 kN/cm2 a
temperatura de 200ºC para as séries 4000, 600N e LC400GL respectivamente. O padrão de fornecimento das placas da série 4000 é de 1.000 x 1.000 mm, entretanto podem ser solicitadas na medida mínima de 500 x 500 mm ou máxima de 1.220 x 2.440 mm com espessuras disponíveis de 6 a 20 mm. Nas séries 600N e LC400GL podem ainda chegar a medida máxima de 2.150 x 1.050 mm e espessuras de 3 a 60 mm. As placas podem ainda ser fornecidas com os recortes necessários conforme desenhos do cliente em 2D ou 3D. CQB 41 3668 2595 www.cqb.com.br
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ENGENHARIA INTEGRADA POR COMPUTADOR E SISTEMAS CAD/CAM/CNC - PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES Adriano Fagali de Souza, Cristiane Brasil Lima Ulbrich Este livro tem por objetivo apresentar as tecnologias e técnicas avançadas de trabalho, na grande área da engenharia de Processos de Fabricação, empregando sistemas computacionais de apoio às etapas da engenharia, denominados CAx - Computador Auxiliando X etapas de manufatura, assim como máquinas e equipamentos necessários para tal fim. Fazem parte dos sistemas CAx: o CAD (projeto), CAM (fabricação), CAI (inspeção), CAE (engenharia), CAPP (planejamento do processo), máquinas controladas por um comando numérico computadorizado (CNC) para fabricação e inspeção, dentre outros equipamentos e programas específicos. Por meio de exemplos práticos, o livro apresenta as tecnologias e ciências envolvidas neste importante e carente segmento da engenharia, desenvolvendo o raciocínio crítico do leitor sobre o tema. 2009. ISBN-9788588098473. www.artliber.com.br
O GERENTE EFICAZ EM AÇÃO Peter F. Drucker, Joseph A. Maciariello As palavras-chave deste livro são "eficaz" e "ação". Não faltam gerentes bem instruídos; gerentes eficazes, porém, são coisa rara de se encontrar. Mas gerentes não têm sido pagos por aquilo que sabem. Eles têm sido pagos por fazer as coisas certas acontecerem. Este livro discute sobre como decidir o que é certo e como conseguir realizar isso - resultado da condensação de sessenta anos de trabalho com gerentes eficazes na área de negócios, governo, forças armadas, igrejas e em outras instituições sem fins lucrativos, como universidades, museus, hospitais e sindicatos, nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Europa continental, Japão e Ásia continental. Este livro é sobre "o que fazer" e "como fazer". Ao utilizar as seções de anotações para registrar decisões, os motivos subjacentes e os resultados esperados, comparando isso com resultados reais, gerentes e outros colaboradores profissionais aprenderão rapidamente o que eles fazem bem, o que precisam aperfeiçoar e o que não são capazes de fazer e nem devem tentar. Aprenderão a identificar onde podem atuar. 2007. ISBN-9788521615774. www.grupogen.com.br
A JUSTA CAUSA NO DIREITO DO TRABALHO Domingos Sávio Zainaghi As justas causas, tanto do empregado como do empregador, são estudadas com rara clareza e objetividade, abordando, em minuciosa análise, cada uma das causas, dada como "justas" pela nossa legislação, para o rompimento do contrato de trabalho. Obra essencialmente prática, enriquecida por um ementário de jurisprudência sobre a matéria e por modelos práticos. 2001. ISBN-85-74202-92-4. www.malheiroseditores.com.br
MECHANICS OF SHEET METAL FORMING Jack Hu, Zdzislaw Marciniak, John Duncan Neste livro é apresentada a teoria básica do processo de conformação de chapas metálicas utilizado na indústria de aplicações, automotiva e aeronáutica, preenchendo o vazio que há entre o tratamento descrito na maioria dos textos sobre o assunto e os avançados métodos numéricos empregados nos sistemas de CAD (projeto assistido por computador). A obra pode ser utilizada nas aulas de cursos técnicos em manufatura, pois os exercícios completos e exemplos práticos fornecem um tutorial quantitativo para a resolução de problemas por estudantes. Um programa computacional de simulação, fornecido em separado, permite ao leitor explorar os limites do processo e compreender as influências das diferentes variáveis de processo e material. Os engenheiros de estamparias entenderão o que acontece durante a conformação e porque ocorrem as falhas. O livro também é aplicado como referência em mini cursos industriais ministrados em vários países. Projetistas e engenheiros de ferramental consideram a linguagem acessível do livro como amplamente aplicável no estágio de projeto conceitual e também na determinação de modificações necessárias para resolver problemas indicados em análises numéricas detalhadas. O texto original foi totalmente reescrito para essa edição com a inclusão de novos tópicos como a hidroconformação. Equações simplificadas que governam as deformações plásticas, estampagem, dobramento, puncionamento e embutimento são explicadas. No programa que acompanha o livro, o leitor pode estudar as influências das dimensões da ferramenta, as propriedades dos materiais e as variáveis de processo, como o atrito durante o processo e ver, por exemplo, em modelos animados, como o carregamento de forças se desenvolve durante a conformação. Em inglês. 2002. ISBN-978-0-7506-5300-8. www.elsevier.com
ACIJ .................................................50
Dynamach .......................................45
Plasvik..............................................48
Açoespecial ...............................2ª capa
HDB .............................29 - 30 - 31 e 43
Polimold ...................................3ª capa
Autodesk ...................................4ªcapa
Incoe ...............................................47
Programador CAM ...........................13
Alumicopper ....................................48
Intermach ........................................20
Schmolz+Bickenbach .........................5
Bodycote/Brasimet...........................12
Isoflama ...........................................25
Siemens ...........................................19
Brehauser.........................................49
Mecminas ........................................33
Sildre ...............................................22
Btomec ............................................11
Missler .............................................26
Tecnoserv...........................................6
Casa do Ferramenteiro......................23
NGT Top Tools..................................17
Tecnoplast .......................................40
CIMM ..............................................22
Plastibras..........................................49
Universidade Piracicaba ....................16
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Divulgação
Merheg Cachum Presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico - Abiplast presidencia@abiplast.org.br
A tecnologia do dia seguinte Os principais indicadores econômicos, em especial no Brasil, demonstram que, paulatinamente, o mundo vai começando a superar a grande crise internacionalizada a partir de outubro de 2008. Ainda há um longo caminho a percorrer até a plena retomada do nível de atividades anterior ao colapso dos derivativos e o restabelecimento da ordem capitalista, com a redefinição do status quo de grandes empresas praticamente estatizadas pelo governo dos Estados Unidos, numa das maiores operações de socorro financeiro de toda a história da economia. De todo modo, o “dia seguinte” da grave crise já parece despontar no horizonte. Com ele, a retomada efetiva da atividade econômica deverá conferir ênfase ainda mais aguda aos parâmetros de competitividade. Requisitos como preço, qualidade, atendimento e segurança dos produtos deverão ser ainda mais valorizados pelos mercados, pois o crash mundial certamente tornará todos mais alertas contra qualquer tipo de risco. A presente crise mostrou que a economia não tolera desaforos, nem na gestão financeira (como ocorreu com os derivativos) e tampouco na produção, matérias-primas, insumos, bens de capital e de consumo. Assim, a tecnologia, hoje decisiva para a produtividade, qualidade e baixos custos produtivos, assume papel ainda mais relevante no universo industrial. A questão, pouco aventada nos debates e noticiário relativos ao enfrentamento da crise, ficou muito clara em pronunciamento de Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), no seminário “Políticas públicas para incentivar a inovação no setor privado – uma agenda prioritária”, realizado no Rio de Janeiro, em 30 de junho. Também em outras palestras evidenciou-se a necessidade de os países fortalecerem suas políticas de inovação ante a aceleração tecnológica e o avanço do crescimento sustentável que ocorrerão após a derrocada da crise econômica. O preocupante é que, na última década, a América Latina, a despeito da modernização tecnológica observada em algumas nações, vem mantendo praticamente inalterados os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Alicia Bárcena destacou a posição do Brasil, que, segundo os dados da Cepal, ampliou seus investimentos em P&D de 0,5% do PIB, em meados dos anos 90, para 1%, em 2006. Os demais países, na média, não aumentaram os aportes para a importante área. Detalhe significativo é que nas nações desenvolvidas, mais de dois terços dos investimentos com pesquisa realizam-se no setor privado, enquanto na América Latina os empresários respondem por menos de um terço. Embora venha se destacando na América Latina em termos de investimento em P&D, o que já significa apreciável vantagem competitiva, o Brasil ainda precisa implementar os seus esforços em ciência e pesquisa, em especial no sentido de promover maior aproximação entre a academia e o chão de fábrica. É verdade que houve um avanço nesse processo, mas ainda aquém do porte econômico do País. Precisamos de mais cientistas trabalhando nas empresas, como se observa em numerosas nações, como na Coréia do Sul, onde essa aproximação teve grande influência no desenvolvimento. O significado prático dos investimentos em tecnologia podem ser observados no setor de transformação de plásticos, inclusive no Brasil. Hoje, esses materiais são utilizados em grande escala em diversas áreas da indústria. É comum observar que peças inicialmente produzidas com outros materiais, particularmente metal, vidro ou madeira, têm sido substituídos por outras de plástico. Essa expansão deve-se, principalmente, às suas principais características, como baixo custo, peso reduzido, elevada resistência, variação de formas e cores, além de um desempenho muitas vezes superior ao do material antes utilizado. Não se devem subestimar os ganhos propiciados pela tecnologia. Países e empresas avançados em P&D terão imensa vantagem competitiva na retomada pós-crise, num universo econômico cada vez mais intolerante com riscos e implacável com os equívocos.
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