Revista Ferramental Edição 87

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Sistemas de Câmara Quente Desenvolvemos e fabricamos sistemas de Câmara Quente com tecnologia própria e a mais alta qualidade. Somos certificados pela ISO 9001:2015, com o compromisso de manter clientes e parceiros através de produtos de qualidade, atendendo a todas as necessidades.......................................................................................

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www.revistaferramental.com.br ISSN 1981-240X DIRETORIA Christian Dihlmann - Jacira Carrer REDAÇÃO Christian Dihlmann Jornalista Responsável Gisélle Franciane de Araújo - SC/02466 jornalismo@revistaferramental.com.br COLABORADORES Dr. Adriano Fagali de Souza, André P. Penteado Silveira Dr. Cristiano V. Ferreira, Dr. Jefferson de Oliveira Gomes Dr. Moacir Eckhardt, Dr. Rolando Vargas Vallejos PUBLICIDADE Coordenação Nacional de Vendas Christian Dihlmann (47) 3025-2817 | 99964-7117 christian@revistaferramental.com.br comercial@revistaferramental.com.br GESTÃO Administração Jacira Carrer (47) 98877-6857 adm@revistaferramental.com.br Circulação e Assinaturas circulacao@revistaferramental.com.br EDITORAÇÃO Pedro Oliveira | B3 Marketing contato@b3marketing.com.br FOTO DE CAPA Fresa FFQ4 da família MILL4FEED para faceamento em alto avanço com alta produtividade com pastilhas de 4 arestas de corte (imagem cedida pela ISCAR) IMPRESSÃO Tipotil Indústria Gráfica www.tipotil.com.br EDITORA GRAVO LTDA Rua Jacob Eisenhut, 467 - Tel. (47) 3025-2817 CEP 89203-070 - Joinville/SC

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SUMÁRIO

CONTEÚDO EXPRESSAS

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INDÚSTRIA 4.0

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TECNOLOGIA

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GENTE & GESTÃO

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MERCADO

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Informes objetivos sobre acontecimentos do setor

Como a impressão 3D irá transformar nossas vidas

Seleção econômica de revestimentos PVD para ferramentas de estampagem

Como o customer success influencia a vida e a venda da organização!

GESTÃO

O que é universidade corporativa?

TECNOLOGIA

Desenvolvimento do projeto de torno CNC para micro usinagem de implante dentário

DICAS DO CONTADOR

Reforma tributária: entenda as três etapas da proposta que o governo pretende enviar

MEMÓRIAS

Ribeiro ferramentaria: há 23 anos atuando em solo catarinense

ORGULHO DE SER MEMBRO 4

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Fortalecendo a indústria

PROUD TO BE MEMBER

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TECNOLOGIA

Fazendo a ponte entre engenharia e tryout

FICHA TÉCNICA

Haikai: conhecimento em prosa

JURÍDICA

Lei geral de proteção de dados e quais os impactos nas empresas!

TECNOLOGIA

Mais rápido e muito mais rápido

ENFOQUE

Fique por dentro das novidades tecnológicas do mundo da ferramentaria

CIRCUITO BUSINESS Cursos, eventos e feiras

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CONEXÃO WWW

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ESPAÇO LITERÁRIO

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OPINIÃO

Indicação de websites

Indicação de livros

Todo força é débil se não for unida


EDITORIAL

PRA FRENTE BRASIL! POR CHRISTIAN DIHLMANN

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ecordando minha infância, lembrei que cantarolávamos frequentemente a estrofe de uma música lá pelos idos dos meus 10 anos de idade. A música “Pra frente Brasil”, escrita por Miguel Gustavo e cantada pela banda Os Incríveis, foi criada para a Copa do Mundo de Futebol de 1970. Naquela época éramos 90 milhões de brasileiros e a Seleção trouxe o tricampeonato mundial. A música arrepiava (e, sinceramente, ainda me deixa estimulado). Sempre achei linda e motivadora. Com o seguinte texto, rotineiramente me traz uma alegria contagiante: Noventa milhões em ação Pra frente, Brasil Do meu coração Todos juntos vamos Pra frente, Brasil Salve a Seleção! De repente é aquela corrente pra frente Parece que todo o Brasil deu a mão Todos ligados na mesma emoção Tudo é um só coração!

Hoje superamos os 200 milhões, mais que dobrando a população em apenas 50 anos. E comecei a pensar: porque não adotamos esse refrão no dia a dia e, em uma corrente para frente, de mãos dadas, ligados na mesma razão, em um só coração, arrancamos o País da inércia e transformamos ele em uma das maiores nações do mundo? Sei que o Brasil e o mundo passaram por incontáveis revezes nas últimas décadas. Mas nenhum deles nos autoriza a perder a esperança e entregar os pontos. Muito pelo contrário.

Considerando a frase que diz que “é nas quedas que o rio ganha força”, temos todos os instrumentos e motivações para repensar, redesenhar e reconstruir qualquer base caída a partir de fundamentos sólidos. Resgatar os valores de amor ao próximo e à pátria nos faz mais humanos, sábios e produtivos. Avançamos muito técnica e tecnologicamente no último século. Vamos aplicar todo o conhecimento e experiência gerados unindo a inteligência artificial, as máquinas computadorizadas, as soluções compartilhadas, as gigantescas bases de dados, os robôs, a interconectividade, os humanos experientes (mais idosos e vividos), os jovens inteligentes (mais rápidos e corajosos), os veículos de formação e informação, os aparelhos de comunicação, e muitos outras inovações para, com clareza e competência, transformar constantemente o ambiente em que vivemos no melhor dos mundos. O que falta para isso? Coragem, arrojo e velocidade ancorados e balizados por parcimônia, inteligência e sabedoria. Onde buscar esse impulso? Dentro de nossa consciência pela certeza sobre as infinitas possibilidades de avanços de nosso amado País.

Iniciamos um novo ano, mais uma etapa da corrida diária, outra chance de aproveitar as inúmeras oportunidades. Paira no ar a expectativa de uma década de crescimento, moderado mas sustentado. Indicadores sinalizam recuperação gradativa da economia, tanto nacional quanto mundial. Será a tão prometida e esperada “vez do Brasil”? Na Ferramental, esperamos (de esperança e não de espera), oramos, contribuímos e trabalhamos para que ocorra. Vamos “atacar” as boas circunstâncias e “atropelar” as dificuldades. Não ficaremos imóveis, inertes e passivos aguardando que todas as soluções venham de “fora”. A força nasce de dentro. Enfim, vamos olhar no espelho apenas para ver os buracos que ficaram para trás. E focaremos no horizonte para desviar de eventuais novas armadilhas e tocar o nosso negócio e o Brasil para frente. Eu acredito nisso. E você? Feliz e próspero 2020!

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EXPRESSAS

NOVIDADES E ACONTECIMENTOS DA INDÚSTRIA

da produtividade e consequente da competitividade das ferramentarias, no sentido de habilitá-las a atender às demandas tecnológicas e gerenciais do mercado; A constituição de uma estrutura de acompanhamento para vigilância da liberação dos recursos, a fim de permitir a total transparência e lisura do processo; O acompanhamento o processo em período experimental de 6 meses para validar todas as regras; O monitoramento dos impactos positivos e negativos do decreto para sugerir as devidas correções necessárias; A replicação do projeto nos outros estados com vocação automotiva, a saber MG, RJ, RS, PR, GO, BA e PE; A articulação do desdobramento do modelo automotivo para outros setores da indústria, a saber eletroeletrônicos, embalagens, construção civil, entre outros.

PROFERRAMENTARIA É PUBLICADO E GARANTE MAIS CRÉDITOS PARA O SETOR FERRAMENTEIRO

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Na última terça-feira, 10, foi publicada a resolução SFP104 relativa a regulamentação do ProFerramentaria para o Estado de São Paulo. O programa é comemorado pelo setor como uma das mais estruturadas políticas setoriais da história do campo ferramenteiro nacional. O ProFerramentaria vai permitir, de acordo com a resolução, a utilização de crédito acumulado do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e do ICMS para “a recuperação e capacitação da indústria de ferramentaria no Estado de São Paulo por meio da aquisição de bens de ferramentaria e equipamentos que resultem em melhoria de produtividade e competitividade”. Apesar de ser uma conquista estadual, líderes do setor, como a ABINFER - Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais, afirmam que é prevista a ampliação do benefício para âmbito nacional. De olho no futuro Com a conquista, o setor planeja sua ampliação nos próximos anos. Alguns dos objetivos elencados para garantir a evolução do campo são: • O fortalecimento e a consolidação

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Fonte: CIMM

GERDAU SEGUE USIMINAS E CSN E VAI REAJUSTAR PREÇO DO AÇO EM 9,5%

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Seguindo a decisão de suas concorrentes Usiminas e CSN no mercado de aços planos, a Gerdau também decidiu elevar os preços do aço em 9,5% a par-

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tir do dia 2 de janeiro, apurou o Valor com fontes do setor. A empresa não comenta reajustes de preços aos seus clientes. A companhia fabrica dois tipos de aço plano: laminado a quente, para diversas aplicações na indústria e construção civil, e chapa grossa, que tem usos mais específicos, como a indústria naval e de implementos agrícolas. A primeira siderúrgica a falar em aumento do aço em janeiro foi a Usiminas, na sexta-feira passada, de 5%. Antes, no fim de outubro, a empresa já tinha informado reajuste de outros 5% ao longo deste trimestre. Na noite de terça-feira, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informação e tempo real do Valor, a CSN decidiu elevar em 10% os preços dos aços que fabrica a partir de 1º de janeiro. A informação foi passado ao jornal pelo diretor executivo comercial e de logística da siderúrgica, Luiz Fernando Martinez. O aumento contempla todos os tipos de aços da CSN: planos e longos. A nova tabela vai atingir os consumidores de distribuição, construção civil, fabricantes de tubos e indústria em geral. Com as montadoras de automóveis, segundo Martinez, as negocia-


EXPRESSAS

ções estão na fase final, segundo o diretor, envolvendo um reajuste de 5% a 7,5%. Os novos preços para os clientes do setor automotivo também valerão a partir do início de janeiro. O motivo do aumento de preços em janeiro, segundo o diretor, são o câmbio — dólar na faixa de R$ 4,20 — e o prêmio negativo do produto nacional em relação ao importado internado nos portos brasileiros, que se encontra entre 4% e 6%. Segundo uma fonte disse ao Valor, na noite desta quarta-feira, a ArcelorMittal Tubarão também deve divulgar o reajuste de seus produtos — laminados a quente, a frio e galvanizados. A tendência é que a empresa aplique percentual semelhante aos de Gerdau e CSN. Fonte: Valor Econômico

INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS DE TAIWAN JÁ ESTÁ PREPARADA PARA ATENDER O SETOR AUTOMOTIVO DO FUTURO

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Carros autônomos e eletrificados devem dominar as ruas da Europa até 2040. Para atender as demandas tecnológicas desse novo mercado, a indústria de autopeças de Taiwan já desenvolve soluções e fornece para os principais países

A tendência mundial do setor automotivo é ditada pela China, país onde há cerca de 1 milhão de carros elétricos em circulação. No mundo todo, até 2018, havia 5 milhões de unidades vendidas, especialmente na Noruega, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Reino Unido, e outros países da Europa. Na China, como nesses países, o futuro da indústria automotiva pode ser resumido na sigla CASE: os carros serão Conectados + Autônomos + com predomínio dos Serviços de compartilhamento e Eletrificados. E o futuro está mais perto do que se imagina. A Noruega já anunciou que vai proibir a venda de carros com motor a combustão até 2025, Alemanha até 2030, França e Reino Unido até 2040. Taiwan também está estudando adotar a mesma política. Para atender as demandas do carro CASE, a indústria de autopeças de Taiwan trabalha em ritmo acelerado. Os produtos eletrônicos fabricados em Taiwan têm elevada participação no mercado mundial. O país lidera o ranking global de roteadores (76%), cabos de conexão (77%), terminais xDSL (52%), terminais e módulos de conexão 4G (46%). Os dados são da Taitra – Taiwan Trade Center – e foram apresentados no Seminário de Autopeças de Taiwan, realizado esta semana, em São Paulo. “O faturamento de eletrônicos automotivos aumentou 5,6% em 2018, com US$7,34 bilhões, e a tendência só cresce”, afirmou Chiang Chih Wei, gerente da Taitra. No setor de autopeças, de modo geral, as perspectivas são as melhores. Desde as centrais de multimídia aos motores dos carros elétricos, o carro do futuro terá cada vez mais componentes eletrônicos. Itens de carroceria (rodas com sensores, lâmpadas de LED), de segurança (sensores e câmaras para um sistema avançado de assistência ao motorista), sensores de colisão, aviso de saída de faixa, câmara com visão de 360 graus, sensor de ponto cego, painel de realidade aumentada. E Taiwan está preparada para fornecer todas estas tecnologias – a maioria já,

outras em alguns anos. Nem poderia ser diferente: o governo pretende adquirir apenas ônibus e veículos oficiais totalmente eletrificados em 2030, e a partir de 2040, todos os novos veículos comercializados em Taiwan deverão ser totalmente eletrificados. O setor de autopeças hoje A fabricação de autopeças é um dos setores mais produtivos de Taiwan. Há, atualmente, 2.505 fábricas em todo o país, empregando em torno de 90.000 pessoas. Em 2018, o faturamento global alcançou U$6,70 bilhões. 85% das autopeças são exportadas. Segundo o Ministério da Economia, o setor gerou U$ 5,73 bilhões em exportações, em 2018, fornecendo principalmente para EUA (45,3%), Japão (5,7%), China Continental (5,2%), Reino Unido (3,4%) e Alemanha (2,8%). O valor total das exportações para os cinco principais países representou 65% do total. Embora seja um parceiro potencialmente importante, o Brasil ainda não figura na lista dos mais expressivos importadores de autopeças de Taiwan, com pouco mais de 0,67% de participação de mercado. “Temos bons distribuidores no Brasil, alguns líderes em seus segmentos, mas precisamos reforçar a nossa presença aqui”, disse Rachel Lu, diretora da Taitra. Para intensificar as relações comerciais com o setor de autopeças brasileiro, a Taitra pretende levar um grande grupo de empresários e sistemistas para a AMPA, a principal feira do segmento no país, marcada para 15 a 18 de abril de 2020, no Taipei Nangang Exhibition. Na última edição, realizada este ano, a feira atraiu mais de 39 mil visitantes de todas as partes do mundo. “Queremos ampliar nossa participação no mercado de autopeças brasileiro. Nossos produtos têm reconhecimento internacional e atendem às diversas normas de certificação, como CAPA, MQVP e ISO 16949. Estamos preparados para crescer também no Brasil”, afirmou Rachel. Fonte: Agência NB Comunicação

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EXPRESSAS

CAPACITAÇÃO DE 250 FERRAMENTARIAS PARA EXPORTAÇÃO É O OBJETIVO DE PROJETO COORDENADO PELA FUNDEP E IPT

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O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está trabalhando com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) no programa ‘Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas’, que tem por objetivo a integração da indústria automotiva nacional às cadeias globais de valor, focando no fortalecimento da cadeia ferramental e no desenvolvimento da cadeia produtiva. Um workshop foi realizado dia 26/11 no campus do IPT para apresentar as potencialidades do programa, identificar as demandas tecnológicas do segmento e promover conexões para o desenvolvimento de trabalhos. O projeto faz parte do Rota 2030, um programa federal criado em 2018 para estimular o investimento e o fortalecimento das empresas brasileiras do setor automotivo, por meio de metas mensuráveis, desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias e benefícios fiscais. A iniciativa com as ferramentarias tem a Fundep como coordenadora, o IPT como responsável técnico, e conta com o apoio de instituições de ensino e pesquisa, parques tecnológicos e entidades representativas (ver lista ao final da matéria). O objetivo principal é solucionar dificuldades de empresas com baixa produtividade e defasagem tecnológica, o que traz como consequência uma indústria cada vez menos competitiva nos mercados nacional e internacional. “Nós temos o objetivo de desenvolver e capacitar 250 empresas da linha IV do programa Rota 2030, que é o setor de ferramentarias, para que se tornem exportadoras”, afirma Jefferson de Oliveira Gomes, diretor-presidente do IPT. “Vamos colocar como meta a exportação e não o conhecimento para um setor que não está desenvolvendo pesquisas: assim foi direcionada a estratégia final”. Os recursos disponíveis para a execução do programa em cinco anos são de R$ 200 milhões. Cada um dos projetos será

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submetido ao crivo de um conselho e deverá ter a participação de, no mínimo, cinco ferramentarias e três fornecedores. Como se trata de um projeto nacional, a expectativa é ter um mínimo de 50 projetos de aplicação tecnológica e trabalhar basicamente nas regiões de Caxias do Sul, Joinville, ABC Paulista e Belo Horizonte. Os projetos terão a duração máxima de um ano e o resultado final buscado será a produtividade, seja por meio da diminuição no tempo de fabricação de uma cavidade, por exemplo, ou da redução no tempo de fixação das peças. A comissão deverá eleger também de dois a três projetos estruturantes, ou seja, aqueles de risco – a maior parte dos projetos está voltada basicamente à aplicação. Desenvolvimento do setor Para Gomes, a iniciativa vai além do objetivo de trazer benefícios às ferramentarias isoladamente, uma vez que deverá propiciar condições para o desenvolvimento do setor – “se for possível fazer o setor exportar, novos negócios irão aparecer”, afirma ele. Para chegar ao número de 250 empresas preparadas para exportar (atualmente, o Brasil conta com 1.852 ferramentarias), os coordenadores estimam trabalhar com cerca de mil delas durante o programa. Além disso, os stakeholders também deverão estar envolvidos, o que inclui mais 300 empresas fornecedoras de materiais. Instituições de ciência e tecnologia entram no desenvolvimento de profissionais, conhecimento e tecnologia, e mais 100 startups nessa linha de projeto. “Não podemos pensar pequeno. Quem não é global no mundo global, não precisa estar aqui”, completa ele. “Com tudo isso bem delineado, o governo receberá diretrizes para auxiliar o desenvolvimento de políticas públicas, uma vez que será possível conhecer a fundo os setores e suas necessidades, que vão aparecer ao longo do processo”. Para o sucesso do programa, Oliveira enfatiza a necessidade de ações voltadas ao tripé da educação, treinamento e formação. Ele dá como exemplo uma iniciativa feita no início da década de 2000 na

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cidade de Caxias do Sul com a Virfebras, que era a Associação das Ferramentarias da região. Foi possível diminuir o tempo de fabricação das cavidades para os moldes, em um projeto de aplicação usando máquinas-ferramenta com outros tipos de estratégia de corte, mas três meses mais tarde a situação voltou ao ponto inicial. “Não foi colocada em prática uma formação contínua de ferramenteiros. Precisamos de um volume de pessoas que detenham o saber”, diz Gomes. Instituições envolvidas • Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (ABINFER) • Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) • Arranjo Produtivo Local (APL) do Grande ABC • Fundação Getúlio Vargas (FGV) • Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) • Instituto SENAI de Inovação • Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) • Sindicato dos Metalúrgicos do ABC • Instituto Mauá de Tecnologia • Parque Tecnológico de São José dos Campos • Universidade Federal do ABC (UFABC) • Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Como Participar Confira mais detalhes sobre o Programa Rota2030 e como participar das linhas coordenadas pela Fundep. Acesse: rota2030.fundep.ufmg.br Fonte: Fundep

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LANÇAMENTO DO NOVO YUDRIVE2

Os cilindros elétricos são o que há de mais recente no mercado de câmaras quentes, com um conjunto significativo de vantagens quando comparamos com outras alternativas do mercado. Dentre elas destacam-se o controle total da velocidade e da posição das válvulas, a garantia que as mesmas abrem e fecham na posição definida, a inexistên-


EXPRESSAS

cia de risco de contaminação por óleo, uma interface com o usuário de fácil intepretação, a possibilidade de gerir o ciclo e abertura e fechamento com rampas programadas, a manutenção reduzida em relação a atuador hidráulico ou pneumático, a alta repetibilidade do processo, o ambiente limpo, a ausência de mangueiras e a transmissão direta.

BATALHÃO DE ROBÔS OCUPA NOVA GERAÇÃO DE FÁBRICA DA SCANIA

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Apesar do ambiente altamente automatizado, fabricante sueca de caminhões não substituiu mão de obra por máquinas. Veja como funciona uma produção 4.0 de perto. Acesse o QR Code ao lado para ver o vídeo. Fonte: Valor Econômico

SETOR DE MÁQUINAS SE MOSTRA BASTANTE OTIMISTA COM 2020

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Em um mercado cada vez mais competitivo e exigente, onde o foco está na redução do desperdício provocado por peças defeituosas, a solução com cilindro elétrico vem trazer uma janela de oportunidades para os transformadores, vocacionada para peças de classe A, onde as superfícies requerem uma qualidade superior. Assim, através de ajuste simples de velocidade, tempos de abertura e cursos de válvula, consegue-se resolver problemas de marcas de fluxo, mistura de cadeia polimérica e redução de taxa de cisalhamento, o que é de vital importância em peças para pintura. O principal diferencial do Yudrive 2 é o equipamento de controle, muito pequeno, que é acoplado no molde ou em um pequeno suporte ao lado da máquina. Hoje o principal problema do cilindro elétrico é o preço, apesar de que em alguns produtos - peças maiores, estéticas, pintadas - o retorno sobre investimento (payback) é muito rápido. No entanto, com o Yudrive 2 e consequente aumento da escala de produção, a Yudo prevê que o preço do cilindro elétrico equalizará o do cilindro hidráulico ou pneumático em curto ou médio prazo. Yudo Brasil yudosa.com.br (47) 3435-0022

Na semana passada, a Abimaq realizou uma pesquisa com as suas câmaras setoriais. “O resultado foi unânime: todas responderam que o setor deve crescer na casa dos dois dígitos em 2020. Não tivemos um único caso de câmara setorial que tenha apontado um índice abaixo de 10%”, informou José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. O clima de otimismo, aliás, era evidente no almoço de confraternização promovido pela entidade na segunda-feira, 9 de dezembro, no Buffet Torres, em São Paulo. Velloso justifica o otimismo, lembrando que o setor encerrou 2019 melhor do que começou. “O faturamento do setor cresceu cerca de 8% no mercado interno. É o primeiro crescimento mais vigoroso desde a crise de 2013. De 2013 a 2017 as vendas caíram todos os anos e, em 2018, andou de lado. 2019, então, foi o primeiro a apresentar uma melhora no mercado interno, embora no geral o crescimento fique em torno de 1,5%, devido à queda nas exportações de 9%”. O executivo observa que, apesar da queda em 2019, a exportação cresceu no período. Ele lembra que as vendas externas do setor somavam cerca de US$ 7 bilhões/ano em 2013 e chegaram a US$ 11 bilhões/ano em 2018. Além disso, continua Velloso, o país tem hoje uma importante agenda de reformas. “Temos uma agenda de 12 PECs em tramitação, com destaque para

a Reforma Tributária, a mais importante para o setor produtivo, que irá trazer competitividade para o setor, além de outras para diminuir a burocracia, reduzir o tamanho do Estado”, observa. “Acreditamos que 2020 continuará sendo um ano de reformas, mas o Brasil deve comecar a crescer”. Para João Carlos Marchesan, presidente da entidade, as expectativas para o próximo ano são as melhores possíveis. “Estamos vivendo um momento único”, afirma. “Nos últimos cinco anos tivemos a pior e mais longa recessão dos últimos 100 anos. O PIB caiu quase 9% e a indústria de bens de capital quase 50%. Estamos retomando. Este ano vamos crescer próximo de 2% e a expectativa para o próximo ano é de um crescimento na faixa de 5%”, diz, preferindo citar o índice estimado pelo Departamento de Economia da entidade. Para o presidente da Abimaq, o setor está otimista devido à aprovação das reformas da previdência, da trabalhista e da Lei da Liberdade Econômica e também porque a taxa Selic nunca esteve tão baixa. “Além disso, a Reforma Tributária está em andamento e temos certeza que vai ser votada no próximo ano, para acabar com esse manicômio tributário que temos”. Esse conjunto de fatores, na opinião de Marchesan, traz de volta a confiança necessária para se investir e é o investimento que traz o crescimento. “Isto fará com que o dinheiro que está na especulação volte para o investimento. Na construção civil isto já começou...”. E conclui: “a expectativa é positiva por esses motivos, que vão levar a economia a um crescimento de 2,5% no PIB no ano que vem”. Fonte: Usinagem Brasil

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INDÚSTRIA 4.0

COMO A IMPRESSÃO 3D IRÁ TRANSFORMAR NOSSAS VIDAS POR CRISTIAN MACHADO DE ALMEIDA

A impressão 3D é o processo de fabricação de qualquer objeto tridimensional baseado em um arquivo digital. Hoje, podemos imprimir objetos em mais de 250 materiais diferentes: desde titânio até borracha, plástico, vidro, cerâmica, couros e chocolate.

A

s máquinas atuais são capazes de construir objetos com uma precisão impressionante, camada por camada. Aliás, as novas técnicas de manufatura digital permitem a criação de estruturas complexas com materiais misturados. Além disso, podem imprimir quase de tudo: robôs, lentes, câmeras, peças de aeronaves, próteses médicas e até casas. Em resumo, a impressão 3D transforma todo o processo de fabricação e também economiza enormes custos - exigindo menos matéria-prima e eliminando a necessidade de inventário. Para o futurista Peter Diamandis, a impressão 3D desmaterializa, desmonetiza e democratiza a fabricação, transformando todos nós em criadores.

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O FUTURO DA IMPRESSÃO 3D

Conforme Avi Reichental os próximos anos serão excitantes (e, ao mesmo tempo, perturbadores) no que diz respeito às tecnologias de impressão 3D. Para Reichental, que durante 12 anos foi CEO da 3D Systems, a maior empresa de impressão em 3D publicamente negociada no mundo, quatro campos irão receber mais destaque: 1. Alimentação e nutrição Segundo Reichental, a nova geração de impressoras 3D tornará possível a criação de alimentos para uma nutrição altamente personalizada. As impressoras poderão criar alimentos com base em nossas necessidades, contendo a quantidade de proteínas, carboidratos, vitaminas e suplementos que precisamos.

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A impressão 3D também deverá ser adotada pela linha farmacêutica. Só para ilustrar: pílulas médicas seriam fabricadas (impressas, compostas e criadas) especificamente para atender nossas necessidades energéticas e nutricionais. 2. Vestuário e wearables No futuro, seremos capazes de imprimir roupas totalmente funcionais e dispositivos vestíveis (wearables). Sapatos serão feitos sob medida não apenas com base no tamanho de nossos pés, mas também levando em consideração nossas posturas. Na visão de Reichental, os acessórios serão personalizáveis ​​e imediatamente imprimíveis. Tudo será perfeitamente projetado para ficar em consonância com nossos corpos. Você


INDÚSTRIA 4.0

será capaz de ver um belo vestido novo projetado em Paris de manhã, comprá-lo à tarde, imprimi-lo no final do dia e vesti-lo à noite. 3. Diversidade de materiais Para Reichental, praticamente tudo será possível de ser impresso nos próximos anos - borracha, metal, vidro, fiação, eletrônicos, carros, casas e smartphones. E tudo com muita agilidade: o que quisermos e quando quisermos. “Hoje você pode imprimir em 3D um caminhão de brinquedo com pneus de borracha, chassis de metal, vidro transparente ou parabrisa de vidro em uma única impressão.” – Avi Reichental Só para ilustrar: com o crescimento exponencial da tecnologia, seremos capazes de imprimir dispositivos totalmente funcionais e altamente complexos, contendo circuitos e sensores. 4. Órgãos e tecidos humanos Pesquisadores já demonstraram de forma convincente que órgãos simples

e tecidos complexos podem ser impressos em 3D. As máquinas atuais são capazes de construir vasos sanguíneos, rins, orelhas e corações, utilizando células ao invés de tinta. “Dentro de sete a dez anos, estaremos no negócio de substituir partes e órgãos que nossos corpos não rejeitarão, e talvez possamos ter órgãos ainda melhores do que aqueles com os quais nascemos.” – Avi Reichental Ao que tudo indica, a medicina deverá em breve solucionar o problema da fila de espera para transplante de órgãos. Desse modo, diminuirá a rejeição dos pacientes e contribuirá para salvar mais vidas. NO FUTURO, TODOS TEREMOS IMPRESSORAS 3D?

No entanto, ainda não sabemos se, no futuro, a adoção de impressoras residenciais será uma prática generalizada ou se as pessoas optarão por imprimir seus produtos em locais específicos, como oficinas de fabricação digital

(Fab Labs). Contudo, seja como for, é inegável que as impressoras 3D prenunciam uma Era em que o analógico e o digital se mesclam e se tornam indistinguíveis um do outro. E irão transformar o mundo como o conhecemos. Enfim, com um mercado que cresceu em torno de 500% no ano de 2018, gerando uma receita de US$ 16,2 bilhões, o questionamento que fica é apenas um: até onde toda essa tecnologia poderá nos levar? Agradecimentos ao site: www.futuroexpenencial.com

Cristian Machado de Almeida – Formado em Engenharia de Produção e Pós graduação em Indústria 4.0. Atualmente trabalhando na Nova Fase Tecnologia como Industrial Business Development, Membro do Grupo de Estudos de Direito Digital e Compliance na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP e Representante Comercial do Festival Internacional de Tecnologia e Comunicação. cristian.machado1@gmail.com

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TECNOLOGIA

Seleção econômica de revestimentos PVD para ferramentas de estampagem POR ANGÉLICA

P. D E O L I V E I R A - A M A N D A F. TAVA R E S - D I E G O T. D E A L M E I D A

- H E N A R A C O S TA - J O Ã O H . C . D E S O U Z A - D A N I E L A B E R T O L

O

desempenho das ferramentas de conformação tem grande importância em muitos setores industriais. Na busca pelo aumento da sua durabilidade para que o custo do produto seja cada vez menor, o uso de revestimento acaba sendo uma boa alternativa. As principais motivações para o uso de revestimentos em ferramentas são a diminuição do desgaste da ferramenta, a redução de lubrificantes e agentes de limpeza e um melhor controle do processo de conformação [1]. Ferramentas quando revestidas com filmes finos de materiais cerâmicos aumentam o período de vida útil [2-5]. Os revestimentos de ferramentas de conformação são tipicamente aplicados por deposição física de vapor (PVD) e geralmente a seleção do revestimento para uma operação de conformação específica é feita com base em tentativa e erro. Por esse motivo estudos tribológicos são de grande importância na escolha do revestimento adequado para cada aplicação. Existe uma diversidade de filmes finos amplamente utilizados comercialmente, podendo-se citar TiN, TiC, TiCN, TiCrN, TiAlN. O método de deposição também pode variar em termos de revestimentos com uma ou mais camadas de composição química diferente, chamados de multicamadas. Nos últimos anos, os revestimentos de TiN produzidos por diferentes técnicas de PVD comprovaram sua eficácia no aumento da vida útil da ferramenta e em muitas outras aplicações [4]. No entanto, em muitas condições, verifica-se que este revestimento pode não ser uma escolha apropriada para proteger ferramentas, principal-

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mente devido à sua baixa resistência à oxidação, coeficiente de atrito relativamente alto ou dureza insuficiente. Por esse motivo, alguns elementos de liga são adicionados para melhorar as propriedades do TiN. Os revestimentos à base de Ti desenvolvidos incluem TiCN, TiAlN, CrTiN, entre outros. Este trabalho visa comparar o comportamento tribológicos de uma combinação de dois materiais de ferramentas revestidos com CrTiN e TiAlN depositados por PVD através de ensaios de ensaios de deslizamento com simultânea medição de coeficientes de atrito. MATERIAIS E MÉTODOS CORPOS DE PROVA

camada intermediária de nitreto de cromo e o segundo revestimento com composição TiAlN foi depositado diretamente sobre o substrato.

Figura 1: Corpo de prova da ferramenta. C 1,29

Si

Mn

Cr

Mo

V

W

0,60

0,30

4,20

5,00

3,00

6,30

Tabela 1: Composição química Ferramenta II

Ferramenta Ilustrada na Figura 1, a geometria da fer- Corpo de prova da chapa ramenta tem o objetivo de representar Corpos de prova da chapa foram retisuperfície de uma ferramenta de estam- rados de bobina laminada a frio NBR pagem no ensaio de atrito. O contato en- 5915 na condição superficial decapada tre a ferramenta e a peça ocorre ao longo e oleada com espessura de 1,20 mm. A de três áreas distintas sendo elas identi- superfície dos corpos de prova antes do ficadas como A1, A2 e A3. Para esse tra- ensaio de atrito foi submetida a limpeza balho dois tipos diferentes de materiais com pano de algodão e acetona com a para ferramenta foram utilizados: o aço finalidade de remover contaminantes ferramenta VF800 e um aço sinterizado sólidos e evitar que o óleo presente na cuja composição é apresentada na Tabe- chapa interfira no resultado. As dimenla 1. Os materiais VF800 e o aço sintere- sões dos corpos de prova da chapa são zado são identificados como Ferramenta demonstradas na Figura 2 (dimensões I e Ferramenta II respectivamente. Os em milímetros). revestimentos foram depositados pelo processo PVD. O primeiro revestimento com composição CrTiN foi depositado Figura 2: Corpo de prova da chapa. sobre uma primeira

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TECNOLOGIA

MÁQUINA PARA ENSAIOS DE ATRITO E DESGASTE

As propriedades tribológicas dos revestimentos de PVD foram avaliadas sob condições de deslizamento lubrificadas, utilizando um equipamento desenvolvido no setor de P&D da Bruning Tecnometal Ltda. A força normal foi ajustada para 5000 kgf e a velocidade constante de deslizamento foi de 100 mm/s. Todos os testes foram realizados em temperatura ambiente. As forças tangenciais (atrito) e normais foram registradas continuamente durante os testes. A máquina para ensaios de atrito consiste em uma estrutura na qual está presente um cilindro hidráulico, utilizado para a aplicação de uma força normal (FN) e uma mesa sobreposta a um fuso, o qual quando em movimento linear e sob uma força normal aplicada, resulta em uma força de reação contrária a este movimento, que corresponde à força de atrito (FA). A Figura 3 ilustra os principais componentes da máquina para ensaios de atrito.

software LabView. O cabeçote móvel comporta um corpo de prova, nomeado como corpo de prova da ferramenta, com o intuito de simular a superfície de uma ferramenta de estampagem. Três testes foram realizados para todas as combinações de substrato e revestimento investigadas. Foi determinado como condição final do corpo de prova: deslizamento de 25 chapas Figura 3: Máquina para ensaios de Atrito e Desgaste. ou o travamento do ensaio. Após a determinação da condição final foi realizado As medições das forças normal e de um ensaio definido como meia-vida, coratrito são realizadas através de sensores respondendo ao deslizamento da metade resistivos montados a um cabeçote móvel do número de chapas da condição final, preso ao flange do cilindro hidráulico. afim de melhor entender a evolução dos Esses sensores enviam sinais a um condifenômenos tribológicos envolvidos. cionador de sinais, onde os mesmos são As superfícies iniciais das ferramenamplificados e enviados para a placa de tas e das chapas, assim como após os aquisição de dados, na qual através desta ensaios de desgaste, foram submetidas são enviados ao computador e lidos pelo

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TECNOLOGIA

a um exame cuidadoso utilizando-se microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a espectroscopia de energia dispersiva de raios X (EDX) para investigar a evolução das condições superficiais da ferramenta e da peça ao longo dos ensaios tribológicos.

Amostra

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Condição intermediária

Ferramenta I

Condição intermediária Condição Final Condição Final

Ferramenta II

Condição intermediária Condição intermediária Condição Final

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados dos ensaios de deslizamento são sumarizados na Tabela 2. A tabela apresenta o número de chapas ensaiadas até o critério de final de teste e o coeficiente de atrito médio para cada combinação de ferramenta e revestimento. Para o revestimento CrTiN, a condição final de ensaio ocorreu pelo número máximo de 25 chapas deslizadas, definido anteriormente como um critério. No revestimento de TiAlN ocorreu o travamento do ensaio antes de atingir o número máximo de chapas, sendo esse o outro critério de condição final de ensaio nesse trabalho. Entre os revestimentos CrTiN e TiAlN o coeficiente de atrito apresentou uma diferença significativa, o segundo apresentando valores maiores. A Figura 4 apresenta um gráfico com os coeficientes de atrito médio para cada tira deslizada, de forma a permitir a avaliação da evolução do coeficiente de atrito durante os ensaios. Os revestimentos contendo CrTiN apresentaram baixo coeficiente de atrito e variação muito pequena entre os valores medidos para as diferentes chapas ensaiadas, independente do material do substrato da ferramenta. Já o revestimento TiAlN apresentou, para os dois materiais do substrato da ferramenta, um coeficiente de atrito relativamente alto. Além disso, observou-se uma maior variabilidade no valor do atrito entre as diferentes chapas ensaiadas, mostrando que o revestimento não foi capaz de garantir um coeficiente de atrito estável e controlado entre ferramenta e peça. Os valores de coeficiente de atrito zero observados para o revestimento TiAlN correspondem à condição de travamento, pois sem movimentação entre ferramenta e peça a força de atrito cai a zero.

Revestimento Condição Final

CrTiN TiAlN CrTiN TiAlN

Nº chapas deslizadas

Coef. Atrito

Desvio Padrão

25

0,087

0,004

8

0,088

0,006

4

0,164

0,096

11

0,222

0,017

25

0,087

0,002

12

0,076

0,001

6

0,237

0,026

13

0,241

0,018

Tabela 2: Resultados do ensaio de deslizamento

Figura 4: Resultados médios do coeficiente de atrito para cada tira deslizada.

Um maior valor de coeficiente de atrito pode estar associado a diversos fatores, como compatibilidade química, topografia das superfícies em contato, lubrificação e mecanismo de desgaste. Tendo em vista que a condição de lubrificação em princípio foi a mesma para todas as amostras, é importante analisar a qualidade superficial, a afinidade química dos materiais e os mecanismos de desgaste. As Figuras 5 e 6 mostram as imagens obtidas por elétrons secundário no MEV das morfologias superficiais de revestimentos de CrTiN e TiAlN antes do ensaio de atrito. Pode ser visto que os revestimentos apresentaram um acabamento superficial diferente. Para o revestimento TiAlN (Figura 6), observa-se que o revestimento cobriu razoavelmente as marcas de usinagem prévias, produzindo uma superfície relativamente lisa. Por outro lado, observou-se uma superfície mais

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irregular para os revestimentos de CrTiN, para os dois substratos, mas em particular para o aço VF800.

Figura 5: 1:Ferramenta I + CrTiN. 2: Ferramenta II + CrTiN (Imagem obtida por elétrons secundários)


Figura 6: 1:Ferramenta I + TiAlN. 2: Ferramenta II + TiAlN (Imagem obtida por elétrons secundários)

As figuras 7 e 8 apresentam as superfícies dos revestimentos CrTiN e TiAlN, respectivamente, em sua condição de desgaste intermediária. À esquerda são apresentadas as imagens de elétrons secundários e à direita as imagens de elétrons retroespalhados nos permitindo diferenciar composição química. A Figura 7 apresenta a morfologia da ferramenta I com revestimento CrTiN. A imagem de elétrons secundários, que fornece características topográficas da superfície, sugere o desenvolvimento de uma camada relativamente lisa sobre a superfície da ferramenta. A imagem de elétrons secundários sugere que essa camada é rica em elementos químicos de maior número atômico que o revestimento. A análise química por EDX mostra que essa camada (regiões 2 e 3 da figura 9) é rica em Fe com uma certa quantidade de O. Portanto, trata-se de uma camada transferida da peça para a ferramenta, conforme regularmente reportado na literatura [14]. Essa camada transferida foi intensamente deformada, produzindo uma superfície razoavelmente lisa sobre a superfície, e foi parcialmente oxidada. Comportamento semelhante foi observado para o substrato de aço sinterizado (ferramenta II)

A Figura 8 apresenta o comportamento da ferramenta I revestida com TiAlN. Observa-se alguma adesão da chapa na ferramenta, conforme sugerido pela imagem de elétrons retroespalhados (Figura 8.2), mas em pequenas regiões restritas. Além disso, ao invés de o material aderido ser deformado sobre a superfície, formando uma camada lisa razoavelmente lisa, ele forma protuberâncias mais ponteaguadas. A análise por EDX dessas regiões mostra que realmente trata-se de material transferido da chapa. Este material também apresenta-se levemente oxidado, mas com um teor de O um pouco menor que as camadas aderidas do revestimento de CrTiN. Portanto, acredita-se que os menores valores de coeficiente de atrito observados pelo revestimento de CrTiN devam-se à formação de uma tribocamada razoavelmente lisa e oxidada, que ajuda a manter um coeficiente de atrito relativamente baixo apesar da adesão de material da peça na ferramenta. Óxidos metálicos apresentam menor resistência ao cisalhamento que metais, e portanto menor atrito. Já para o revestimento de TiAlN, o coeficiente de atrito mais elevado deve-se provavelmente às protuberâncias causadas pelo material aderido, que não sofre intensa deformação, formando uma camada transferida de alta capacidade de apoio e baixo atrito, mas que pela sua morfologia podem levar a desgaste abrasivo da chapa e eventualmente a engripamento entre ferramenta e peça. Um fator que pode contribuir para esta diferença nas camadas transferidas observadas para os dois tipos de revestimentos pode ser a sua morfologia inicial, que havia sido apresentada nas Figuras 5 e 6. Como o revestimento CrTiN apresentou uma morfologia mais irregular, provavelmente ele inicialmente intensificou a quantidade de material arrancado da chapa e transferido à ferramenta [6], de forma que uma camada transferida mais lisa e uniforme pudesse ser formada.

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TECNOLOGIA

%Peso

C-K

N-K

O-K

Área 1

5.93

5.91

Área 2

1.71

1.02

Al-K

Ti-K

3.81

Área 3

5.85

6.78

0.00

Área 4

2.43

0.81

4.94

0.22

Cr-K

Mn-K

84.89

2.01

0.20

0.77

63.48

22.64

0.76

1.52

Fe-K 1.25

1.66

90.82

1.50

87.81

1.25

Tabela 3: Resultados % química análise EDS revestimento CrTiN % Peso Área 1

C-K

N-K

1.80

Área 2

O-K 2.47

20.15

Al-K

Si-K

Ti-K

Mn-K

Fe-K

0.45

3.32

23.78

55.52 25.22

1.22

66.88

18.09

0.87

57.26

Área 3

0.56

1.06

2.52

2.54

Área 4

1.29

6.16

5.35

10.44

0.53

1.55

90.11

Mo-L 0.31

0.55

Tabela 4: Resultados % química análise EDS revestimento TiAlN

Figura 7: Revestimento CrTiN na condição intermediária. Imagem 1 por elétrons secundários. Imagem 2 por elétron retroespalhados.

Figura 10: Revestimento TiAlN na condição intermediária.

CONCLUSÕES

Para os materiais e métodos utilizados no presente trabalho podemos concluir: • O material da ferramenta não apresentou alteração significativa nos valores de atrito dos revestimentos. • O revestimento CrTiN apresentou

menores coeficientes de atrito e um melhor desempenho considerando a quantidade de tiras deslizadas, possivelmente pela formação de uma tribocamada de relativamente baixo atrito que mitigou os efeitos do material aderido na ferramenta. O revestimento TiAlN apresentou um alto coeficiente de atrito e menor desempenho. Provavelmente as protuberâncias formadas pelo material aderido contribuíram para um mecanismo de desgaste abrasivo das chapas, aumentando o coeficiente de atrito e eventualmente para um intertravamento entre peça e ferramenta. Utilize o QR Code ao lado para acessar as referências bibliográficas do artigo

Figura 8: Revestimento TiAlN na condição intermediária. Imagem 1 por elétrons secundários. Imagem 2 por elétron retroespalhados.

Figura 9: Revestimento CrTiN na condição intermediária.

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Angélica Paola de Oliveira Lopes – angelica@bruning.com.br – Engenheira de Produção pela UNICRUZ - Universidade de Cruz Alta. Técnica em Pesquisa e Desenvolvimento na Bruning Tecnometal Ltda., Panambi/RS. Amanda Figueira Tavares – amand.figueira@gmail.com – Engenheira Mecânica Naval pela FURG, Mestre em Engenharia Mecânica pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da FURG. Diego Tolotti de Almeida - diegot@bruning.com.br – Engenheiro Mecânico pela UNIJUI, Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pela com ênfase no Processo de Soldagem por Fricção. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais (PPGE3M). Laboratório de Metalurgia Física (LAMEF/ UFRGS). Supervisor de Pesquisa e Desenvolvimento na Bruning Tecnometal Ltda., Panambi/RS. Henara Lillian Costa Murray - henaracosta@furg.br – Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (1992), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (1995), doutorado em Engenharia - University of Cambridge (2005) e pós-doutorado no Imperial College London (2013). João Henrique Corrêa de Souza - joaoh@bruning.com.br – Engenheiro Mecânico pela UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Engenharia de Minas Metalurgia e de Materiais pela UFRGS. Doutor em Conformação Mecânica pelo Instituto de Conformação (Institut für Umformtechnik) da Universidade de Stuttgart, na Alemanha. Daniela Bertol - daniela.bertol@bruning.com.br – Engenheira de Materiais pela UFRGS e Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais (PPGE3M), UFRGS. Analista Sênior de Pesquisa e Desenvolvimento na Bruning Tecnometal Ltda., Panambi/RS.

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MBE

PREPARADOS PARA A NOVA ECONOMIA? POR CARLOS RODOLFO SCHNEIDER

N

a última edição do Global Summit da Singularity University, que ocorreu em São Francisco, na Califórnia, foram apresentadas novidades tecnológicas, ideias disruptivas e projeções sobre as revoluções que já estão acontecendo e as futuras. Isso nas mais diversas áreas, da medicina ao transporte, do consumo à fabricação, de formas de pagamento à exploração espacial. O princípio norteador foi apresentar soluções realmente novas. O que mais se ouviu foi a necessidade de mudar o “mindset”, o jeito de pensar. Um concurso, que aconteceu posteriormente em Hollywood, propôs-se a coletar ideias para resolver os problemas mais complexos e desafiadores da humanidade, dentro de um conceito de abundância 360°. Partiu do pressuposto que todos os problemas conhecidos são solucionáveis num futuro próximo, até mesmo a colonização do espaço. Para os empresários, uma mensagem desafiadora: no futuro, que para muitos setores já bate à porta, as ofertas de valor serão mais seguras, eficientes e baratas. Um mundo que apresentará desafios, e também oportunidades, em velocidade crescente, a ser explorado por uma combinação inteligente entre jovens digitalizados e profissionais experientes. É essa agenda que ditará a competitividade e o avanço das nações, e vem ganhando importância não só nas economias ricas, mas também nas que não perderam o senso de urgência, como a China. No Brasil, por outro lado, continuamos com a agenda do pas-

sado, em questões como ajuste fiscal, baixa produtividade, falta de competitividade, principalmente pelo peso da ineficiência do Estado, serviços públicos de baixa qualidade, falta de infraestrutura. Ainda não conseguimos avançar para o grupo dos países desenvolvidos – presos na armadilha da renda média –, sob o critério de geração de riqueza econômica na velha economia. A grande maioria das empresas brasileiras continua focada em competir e sobreviver num ambiente que o velho e conhecido Custo Brasil

torna altamente desafiador. Se continuarmos resistindo às mudanças necessárias, ou desidratando projetos de reformas imprescindíveis, corremos grande risco de já estar comprando o bilhete para a segunda classe na nova economia, da escalabilidade, da inteligência artificial, da computação quântica, da internet das coisas, da indústria 4.0, da digitalização, do compartilhamento, da substituição da propriedade pelo uso, dos projetos interplanetários. Temos que levantar a régua do que temos convencionado chamar de “politicamente possível” em direção ao que é realmente necessário, para conseguirmos encaminhar com a devida urgência a agenda do passado e despertarmos para o novo mundo que, literalmente, está entrando sem pedir licença, com uma velocidade que irá surpreender.

Carlos Rodolfo Schneider empresário e coordenador do Movimento Brasil Eficiente - MBE. crs@brasileficiente.org.br

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GENTE & GESTÃO

COMO O CUSTOMER SUCCESS INFLUENCIA A VIDA E A VENDA DA ORGANIZAÇÃO! P O R M I C H E L L E B O R C H A R D T - PA U L O S I LV E I R A

C

om a disseminação dos conceitos e adoção da cultura do Customer Success pelas organizações, o trabalho conjunto entre as diversas áreas, principalmente marketing e vendas se tornou ainda mais forte, pois o objetivo comum e global é o sucesso do cliente. Através deste artigo você perceberá a importância de: • Colocar os clientes certos no centro de seu negócio • Criar processos e indicadores capazes de satisfazer seus clientes • Executá-los com maestria, qualidade alta e lucratividade • Antecipar as necessidades dos clientes acima das suas expectativas, entregar o que eles precisam, e cobrar o valor justo por isso • Transformar situações difíceis em momentos de vendas e fidelização, e recalibrar o seu sistema de avaliação com congruência, consciência e coerência • Converter a satisfação do cliente em lucros diretos, e assim, potencializar a satisfação das equipes envolvidas com total comprometimento.

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É importante checar com o marketing se a empresa está atingindo os clientes cujos perfis são good fits, evitando “tiros para todos os lados” e os lucros ruins. Com o time de vendas, é de extrema importância a avaliação da equipe para que não traga clientes que sejam bad fit. Não é fácil, afinal, como recusar um cliente que está interessado em nosso produto ou serviço? Mas a reflexão é necessária: de que adianta trazer clientes com perfil bad fit se as chances de eles ficarem insatisfeitos e acabarem se evadindo da empresa (churn), são muito maiores? Ou pior: ainda sair falando mal, afetando sua reputação com outros clientes? O custo de se manter um cliente bad fit é alto, consome recursos e energia desnecessários, e vai contra o princípio do Customer Success, pois este cliente bad fit é aquele que, por algum motivo, não será beneficiado pelos produtos ou serviços da sua empresa da maneira que ele precisa. Por mais que a sua equipe tente, nada que você pode oferecer será o suficiente para ele. Nisso, uma relação que deveria ser

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positiva para ambas as partes passa a ser desgastante, gerando prejuízos e a percepção do cliente é que sua empresa não nunca é capaz de resolver os problemas apresentados, o que torna o processo de retenção do cliente uma missão quase impossível. A função de seu time de vendas é ajudar o cliente na busca de solução para um problema, não gastar energia e usar de artifícios para convencê-lo de comprar algo que não precisa ou, em outros casos, que ainda não se tornou uma necessidade consciente para ele. Lincoln Murphy, idealizador da cultura do Customer Success pontuou 6 tipos de clientes bad fit: 1. Bad Functional Fit O produto não oferece determinada funcionalidade essencial ao cliente; 2. Bad Expertise Fit Clientes que não possuem um departamento/pessoa responsável para gerenciar o produto de forma contínua e com qualidade; 3. Bad Financial Fit Clientes que não têm condições de pagar a empresa;


GENTE & GESTÃO

4. Bad Technical Fit Clientes que possuem alguma barreira técnica que impeça a utilização do produto; 5. Bad Culture Fit Clientes que não possuem alinhamento com a cultura da empresa; 6. Bad Experience Fit A empresa precisa de alguma ação da equipe que vai além do que a empresa oferece. Quando um cliente não se encaixa em nenhum dos problemas descritos acima, ou seja, é um good fit, esse seria o cliente ideal para a empresa. Não significa que você não terá qualquer problema, mas indica que você está indo pelo caminho certo. E se um cliente bad fit não é um bom negócio para a empresa, como evitar este tipo de cliente? A melhor forma é otimizar o processo de prospecção de novos clientes. Algumas dicas: • Busque entender quais são os medos e dores do cliente (pain points), e assim identificar se sua empresa pode combatê-los; • De que maneira o cliente mede o sucesso? Em outras palavras, qual é a unidade de medida do cliente (economia de tempo, recorrência, incremento de receita, redução de custos, impacto financeiro decorrente de melhoria da qualidade), e de que resultados o cliente precisa para declarar vitória? Sua empresa consegue oferecer a solução adequada para atender a essas expectativas? Quanto melhor o fit com o seu cliente, ou seja, quanto maior for o ajuste entre expectativas, necessidades e desejos dele e a sua oferta de valor, maiores as chances de resultado. Os clientes bad fit não devem ser confundidos com clientes desafiadores. Os clientes desafiadores têm as suas necessidades atendidas e podem agregar valor para a empresa, contribuindo com sugestões e elevando o nível de atendimento de sua equipe. O que esses clientes querem é ter o problema resolvido. Já os bad fit apresentam algumas características peculiares, o que permite que você os

identifique facilmente. Entre elas, estão: • Geralmente, são abusivos e tratam a equipe de forma rude; • Fazem exigências desproporcionais, como descontos exorbitantes, usar os serviços gratuitamente por um longo período ou pedir altos reembolsos; • Ameaçam expor o problema e a empresa nas redes sociais, em aplicativos de mensagens e em sites de reclamação; • Alto índice de churn ou cancelamentos parciais. Como já comentamos, investir em alguém que seja bad fit não irá trazer nenhum valor para sua empresa. E é aí que entra a dura verdade: um cliente feliz não é a mesma coisa que um cliente de sucesso. Lembre-se que felicidade é somente um passo para o sucesso, e não o resultado final. Se você não consegue fazer seus clientes serem bem sucedidos, não importa quantos brindes e benefícios – o famoso overdelivery – você der, eles não ficarão, e o churn ocorrerá, pois eles não estão conquistando valor e lucro com seu produto, e nenhum relacionamento cliente x fornecedor por mais prazeroso que seja, irá compensar a falta de lucro. Mas a minha empresa possui clientes bad fit, a culpa é do comercial? São os vendedores os únicos culpados por terem fechado estes contratos? Sim, eles provavelmente devem levar alguma parte da culpa; ignorância não é uma defesa. Mas colocar a culpa somente nos vendedores é algo fácil a se fazer. Que tal avaliar o líder de vendas, que talvez por pressão em bater suas metas estava disposto a permitir que seus vendedores trouxessem essas receitas que, no final das contas, geraram uma grande perda. Por que quando falamos de uma evasão, além da receita recorrente de um contrato por exemplo, é necessário incluir os custos de aquisição, de atendimento, a frustração deste cliente perdido pode ter causado um sentimento negativo no mercado, e agora outros potenciais clientes deixarão de fazer negócio comigo no futuro. E a liderança executiva, que permitiu que o líder de vendas deixasse

seus vendedores fecharem com clientes bad fit? Por que investir em pessoas, processos e sistemas para fazer o cliente ser bem-sucedido, se é permitido que clientes sem potencial de sucesso entrem? Estão apenas preparando tudo para o fracasso, e isso não faz sentido algum. Vendedores deveriam ser instruídos a não fechar com clientes bad fit, incentivados a conhecer métricas como retenção e engajamento, mesmo que essas métricas não sejam do seu controle. A maioria dos vendedores não vai conscientemente fechar com um cliente uma vez que saiba que ele é bad fit; mas isso nunca foi informado ao comercial – então é culpa de vendas ou da gestão? Lembre-se que seu objetivo principal deve ser fazer um cliente, e não uma venda! Só assim é possível ter um crescimento consistente e sustentável na sua empresa. E para que os vendedores tenham subsídios para evitar essas “ciladas”, é importante que tenham acesso a informações como: • Características comuns entre os clientes que estão cancelando os contratos; • Detalhes dos comportamentos e cenários que estão correlacionados a um elevado risco de churn, e como cada um desses fatores influencia essa situação; • Quais são os tipos de clientes que estão “diminuindo” o lucro da empresa. Aqueles clientes que mesmo não cancelando, são prejudiciais (por exemplo, os poucos clientes que tomam 50% do tempo do time de suporte). É fundamental que a equipe de vendas esteja engajada no projeto de retenção de clientes. Não faz sentido fazer muitas vendas, para ter muitos cancelamentos. No final do mês, essa conta não fecha. Um crescimento sustentável e lucrativo é essencial, tanto para o cliente quanto para a sua organização, e queremos que as expectativas dos clientes sejam atendidas, assim como as necessidades da sua empresa, do seu pessoal, do seu mercado... Pois tanto a lucratividade, quanto a satisfação do

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GENTE & GESTÃO

cliente são elos de uma aliança saudável, jamais um negócio isolado onde o cliente lucra e cresce, e você vai minguando recursos e equipes até minguar uma falência por não adotar com sabedoria o Customer Success. O sucesso do cliente não está centrado em um departamento ou cargo, por isso se faz necessária uma mudança cultural, focada na atitude e no processo

de total compromisso em todos os níveis da organização. No movimento do Customer Success, todas as questões de negócios são reformuladas em torno do sucesso do cliente: Produto, Vendas, Marketing e CS, trabalhando juntas para desenvolver produtos e soluções que atinjam os objetivos esperados pelo cliente, entregando a ele valor. Muitas vezes, o mais valioso que temos

é o que sabemos sobre nossos clientes, e hoje aproveitamos e exploramos muito pouco esta vasta mina de ouro. Como última dica: Não imagine o que é o sucesso do cliente, pergunte a ele. Somente o cliente é quem pode decretar vitória! Tenha um excelente dia hoje e sempre; Pois o mercado é do tamanho da sua competência, influência e reputação.

Michelle Borchardt Silveira - Administradora de empresas com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atua na área de Customer Success, no relacionamento e comunicação direta com clientes, equipes internas e parceiros estratégicos. Em seu dia-a-dia busca contribuir para a retenção de clientes e entrega de valor percebido. Também possui experiência em liderança de equipes de Serviços e gerenciamento de projetos. Autora dos livros ATITUDE – A VIRTUDE DOS VENCEDORES – Best-seller com mais de 500.000 leitores, além de Coautora no livro Ser+ com Palestrantes Campeões e dos doze títulos da Coleção Atitude. Paulo César Silveira - Conferencista com mais de 2500 palestras em seus 21 anos de carreira, nas áreas corportamental, liderança, vendas consultivas, negociação, vendas técnicas e comunicação com base em influência. Foi contratado por mais de 200 empresas das 500 melhores empresas eleitas pela Revista Exame. Professor convidado da FGV/SP, FIA FEA/USP, UDESC e UFRGS. Consultor, empreendedor e articulista com mais de 900 artigos editados. Autor de 26 livros, destacando-se os best-sellers: A LÓGICA DA VENDA, ATITUDE – A Virtude dos Vencedores e o VENDA SUSTENTÁVEL – A Lógica da NEGOCIAÇÃO lidos por mais de 4,8 milhões de leitores. Está revolucionando o mercado com novas formas de pensar e treinar equipes comerciais, com formatos disruptivos e inovadores, trazendo resultados nunca antes alcançados! Sua experiência e conhecimento são amplamente compartilhados em livros e artigos. Esses não só fizeram sucesso entre os mercados corporativos, como também despontaram em vendas para o público geral, tornando alguns dos seus títulos como os mais aplicáveis e vendidos do segmento. Sendo ainda Mentor e líder do Projeto Liderança Made in Brazil. falecom@paulosilveira.com.br

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GUIA DE INDÚSTRIAS

EMPRESAS E FORNECEDORES DESTAQUES DA EDIÇÃO

TECNOSERV

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

Por toda sua técnica, comprometimento e com mais de 25 anos de atuação no segmento de metalmecânica no mercado brasileiro, a Tecnoserv se destaca como um dos principais fornecedores de produtos para fabricação de moldes para injeção de termoplásticos. Apresentamos em nosso portfólio de Porta Moldes a linha de padronizados e especiais, acessórios para moldes e estamparia, sistemas de câmara quente e controladores de temperatura.

ISCAR DO BRASIL

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

A Iscar possui uma unidade fabril especializada na fabricação de ferramentas especiais, brocas, suportes, bedames, barras de mandrilar, cabeçotes de fresamento, pastilhas de metal duro com perfis especiais, entre outros produtos, e conta com apoio de profissionais capacitados para desenvolver as melhores soluções para o mercado de usinagem.

BERGER TECHNIK

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

A Berger Technik é uma empresa especializada em Sistemas de Fixação para usinagem, de alta qualidade e precisão. Em seus projetos utiliza dispositivos importados da Alemanha, bem como dispositivos fabricados no Brasil com materiais e tecnologia alemães. Os projetos Berger Technik visam primordialmente a otimização de processos e a redução de custos de usinagem.

TRÊS-S

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

Com 50 anos no mercado de Ferramentas para Estamparia, Injeção Plástica e Ferramentas para Puncionadeiras. A Três-S Além de ferramentas e acessórios de todos os modelos, fornece ferramentas especiais como Multifuros, Repuxos, Venezianas Knockouts, entre outras.

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Av. Nossa Senhora das Graças, 118 Diadema - SP

TELEFONE

(11) 4057-3877

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Rodovia Miguel Melhado Campos, Km 79, S/N - Moinho, Vinhedo - SP

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(19) 3826-7100

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Rua Esmeralda Martini Paula, 209 Indaiatuba - SP

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(19) 3394-2731

ENDEREÇO

Rua Uruguai, 1931 Ribeirão Preto - SP

TELEFONE

(11) 2085-4350

YG-1

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

ENDEREÇO

A YG-1 é uma das 5 maiores empresas do mundo no setor de fabricação e vendas de fresas e também é a maior na República da Coréia. Com base em seus 30 anos de know-how, a YG-1 está expandindo a diversificação de itens. Fundada em 1981, a YG-1 tornou-se uma empresa forte e firme reconhecida mundialmente na indústria de ferramentas de corte.

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ENDEREÇO

Rua Antonio Miori, 275 - Galpao 03 Jardim Santa Barbara- Itupeva - SP

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GUIA DE INDÚSTRIAS

SKA

FORNECEDOR DE SOFTWARES

ENDEREÇO

Líder no fornecimento de software CAD e CAM com completa linha de produtos para as engenharias de design, projeto e processos de manufatura, com soluções para a concepção, simulação, documentação até a prototipagem com impressão 3D. Para as engenharias de processos possui softwares para geração de programas de usinagem, corte e dobra de chapas e perfis metálicos.

SN FERRAMENTARIA

POLIMOLD

TELEFONE

ENDEREÇO

Somos líder no nosso segmento, por oferecer e fabricar os melhores produtos e serviços do mercado, prezando sempre pela qualidade. Durante toda nossa caminhada, investimos em tecnologia de última geração em nosso parque fabril. Conquistamos credibilidade, ditamos tendências e hoje nos tornamos referência em sistemas de injeção plástica, porta molde, estamparia e toda linha de acessórios no país.

MATRIPEÇAS A Matripeças surgiu na década de 90, como pioneira em sua região na distribuição de componentes para moldes e matrizes. Atualmente produz diversos itens, comercializa produtos nacionais com qualidade reconhecida, e importa de empresas que se destacam a nível mundial. Estas possuem grande tradição em componentes para moldes de injeção e matrizes de estampo.

HAIMER

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

R. Itapechinga, 2 - Santa Luzia Bragança Paulista - SP

(11) 4032-5573

FERRAMENTARIA

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

TELEFONE

(51) 3591-2900

ENDEREÇO

Com mais de 20 anos de experiência, a SN Ferramentaria oferece soluções completas para moldes de injeção de termoplásticos. Possuímos sede própria com área construída de 1350 m², localizada em Bragança Paulista.

FORNECEDOR DE ACESSÓRIOS

Av. Theodomiro Porto da Fonseca, 3101 - São Leopoldo - RS

A HAIMER é uma empresa familiar com sede em Igenhausen, Alemanha, no coração da Baviera. Entre seus produtos, possui porta-ferramentas em todas as interfaces e geometrias, sondas 3D, balanceadoras e máquinas de indução térmica, bem como sistemas de preparação modular e gerenciamento logístico de ferramentas e ferramentas de metal duro modulares e integrais, tendo incorporado recentemente suas máquinas de pré-ajuste em sua grande oferta de soluções tecnológicas.

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Estr. dos Casa, 4585 - Alvarenga, São Bernardo do Campo - SP

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(11) 4358-7300

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Rua Marina Turra Susin, S/N – B: Centenário - Caixas do Sul

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Av. Dermival Bernardes Siqueira, 2952 - Swiss Park - Campinas - SP

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MERCADO

FORTALECENDO A INDÚSTRIA POR LILIANE BORTOLUCI

A

inda que num ritmo menor que o desejado, os sinais de retomada da atividade econômica no País são claros: crescimento do PIB, inflação abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, taxa básica de juros de volta ao patamar dos países em desenvolvimento. Este último fator merece destaque, já que juros baixos devolvem às famílias sua capacidade de consumo e, às empresas, a de investimento produtivo, o que tende a criar um círculo virtuoso e impulsionar o crescimento do Brasil acima dos 2% previstos para 2020. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) alcançou 96,3 pontos em novembro, maior nível desde maio de 2018. O indicador em médias móveis trimestrais avançou de 95,3 para 95,5 pontos. Da parte da indústria de bens de capital mecânicos também chegam boas notícias. A Abimaq - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos acaba de divulgar que,

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em outubro, as vendas de máquinas e equipamentos tiveram incremento de 1,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado, puxadas principalmente pelo mercado interno. Em resumo, estes indicadores apontam que o cenário econômico melhorou e cada ator precisa fazer sua parte. Do lado do governo, é esperado que o equilíbrio das contas públicas proporcionado pela aprovação da Reforma da Previdência se reverta na retomada dos necessários investimentos em infraestrutura. Do lado da iniciativa privada, é preciso fortalecer a indústria para continuar produzindo mais e melhor. Exemplos de ações pontuais não faltam, como o recente acordo assinado entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para impulsionar a inovação em empresas de todos os portes. As medidas, voltadas para execução de projetos nas áreas de inovação, digitalização de processos e internacionalização devem

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beneficiar 3 mil empresas. Por sua vez, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) anunciou no início de novembro ter superado a marca de 800 projetos de inovação que unem a indústria e a pesquisa, e que beneficiaram 566 empresas de todos os portes. O último Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontou que a indústria de transformação foi um dos segmentos que puxaram a geração de empregos formais no País em outubro, com a criação de quase 9 mil novas vagas. Fortalecer a indústria, portanto, é fortalecer a economia, a geração de emprego, renda e consumo.

Liliane Bortoluci: Diretora da Informa Exhibitions, promotora da FEIMEC – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, que será realizada de 5 a 9 de maio, no São Paulo Expo.


TECNOLOGIA

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GESTÃO

O QUE É UNIVERSIDADE CORPORATIVA? POR CHRISTIAN AGUILERA

U

niversidade Corporativa é uma instituição de ensino vinculada a empresas públicas ou privadas. Também conhecida como Universidade Empresarial, a Universidade Corporativa pode oferecer treinamentos a colaboradores a partir de cursos técnicos ou de graduação a nível superior. A UC é considerada como o campo de atuação da Pedagogia Empresarial. O objetivo da Universidade Corporativa é oferecer cursos específicos para funcionários de uma empresa. Deste modo, é possível que uma empresa crie cursos e treinamentos com alto nível de personalização para refletir as políticas, estratégias e objetivos empresariais. O custo de um treinamento de uma Universidade Corporativa, por sua vez, é menor do que o de um curso normal. Organizar um treinamento interno, com foco nas diretrizes da empresa, elimina alguns investimentos externos e tem uma eficácia melhor, além de oferecer agilidade na absorção de aprendizagem e formação do pessoal envolvido. De um modo geral, podemos dizer que a educação corporativa é um modelo mais moderno de uma tradicional área de treinamento e desenvolvimento. Ela tem como objetivo conectar as principais estratégias do negócio.

tradicional não existem. Neste caso, os cursos e treinamentos da UC têm objetivos de aprendizagem muito bem definidos, onde estão ligados aos objetivos, interesses e estratégias empresariais ao promover a formação dos seus funcionários. Essa é a grande diferença. A UC tem uma conexão com as competências da organização, pode ser dividida em escolas ou academias, trazendo modelos de educação continuada. Ou seja, de acordo com o momento de cada funcionário dentro da organização. Enquanto treinamentos tradicionais são desenvolvidos em aulas específicas, a UC tem um conceito mais amplo. Dificilmente um treinamento vai alcançar o mesmo desenvolvimento e, até mesmo, engajamento de uma UC. Além disso, as Universidades Corporativas têm como foco desenvolver e elaborar conteúdos, materiais e programas exclusivos para atender diretamente as aspirações, objetivos e estratégias da empresa. Logo, enquanto o departamento de treinamento e desenvolvimento está

UNIVERSIDADE CORPORATIVA X UNIVERSIDADE TRADICIONAL

Se você não sabe o que é Universidade Corporativa pode ser mais fácil entender a partir da comparação com uma universidade acadêmica tradicional. Neste caso, a Universidade Corporativa difere no sentido de possuir características e funções próprias e específicas que na

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preocupado em evoluir e desenvolver competências, atitudes e habilidades relacionadas a possíveis problemas existentes em uma organização, a Universidade Corporativa trabalha de forma mais direcionada e assertiva de acordo com o seu próprio universo empresarial. VANTAGENS DA UNIVERSIDADE CORPORATIVA

Em um cenário econômico onde a concorrência se mostra cada vez mais competitiva, faz-se necessário adquirir vantagens competitivas em relação a outros players no mercado. Uma das maneiras mais eficientes para isso é trabalhar o comprometimento da empresa com o desenvolvimento dos seus funcionários. Muitos profissionais de Recursos Humanos já perceberam isso. Cada vez mais eles vêm se dedicando a implementar novos processos empresariais e a educação corporativa se mostra como um fator de extrema importância para a valorização do capital intelectual nesse processo. A Universidade Corporativa, por sua vez, surgiu como forma de contribuir para a formação e retenção de profissionais, onde o mesmo se desenvolve, é educado e valorizado por isso. A UC se mostra como uma resposta das empresas aos desafios dos profissionais envolvidos em seus respectivos negócios. Ainda sobre as vantagens da Universidade Corporativa, podemos citar também: possuem uma estrutura completa de aprendizagem, foco em gestão de resultados, desenvolvimento de competências, cultura empresarial e trilhas de aprendizagem.


GESTÃO

A UNIVERSIDADE CORPORATIVA NO BRASIL

O conceito de Universidade Corporativa surgiu em 1950 nos EUA e só chegou ao Brasil décadas depois, no início dos anos 90, aproximadamente. A AmBev foi uma das pioneiras, ao implementar o modelo UC em 1995. E, de lá para cá, muitas outras empresas começaram a desenvolver projetos nessa área. O investimento em capacitação no Brasil ainda é baixo. Segundo a ABTD, Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento, são gastas 22 horas por ano em treinamentos. Esse número é 38% inferior aos de treinamentos em países desenvolvidos. Atualmente o Brasil conta mais de 150 Universidades Corporativas. Grandes empresas como Coca-Cola, Natura, Accor e Sadia possuem escolas. E, além de empresas particulares, órgãos públicos também investem nessa modalidade, como Banco do Brasil e Caixa

COMO TRABALHAR A UNIVERSIDADE CORPORATIVA EM UMA EMPRESA

de Recursos Humanos e está buscando trabalhar a educação corporativa de forma eficiente em sua empresa, considere a criação de uma UC. A partir de uma plataforma EAD, é possível desenvolver colaboradores com foco em resultados práticos. A HeroSpark, por exemplo, é uma plataforma de empreendedorismo digital, que oferece diversas opções para trabalhar de forma eficiente a Universidade Corporativa de sua empresa.

A grande maioria dos cursos e treinamentos oferecidos a partir de uma Universidade Corporativa se dá em ambiente virtual. O ideal, nesse caso, é procurar no mercado uma solução de ensino a distância que contemple todas as funcionalidades e recursos necessários para o bom funcionamento da sua UC. A Universidade Corporativa é um recurso considerado extremamente eficiente para o alcance de objetivos e metas empresariais. Se você é um profissional

Christian Aguilera – É Inbound Marketing na HeroSpark, plataforma de empreendedorismo digital. Acadêmico em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, possui domínio de temas relacionados à inovação e é especialista em marketing digital, além de ser um incentivador dos polos de tecnologia. Christian também tem aptidão para ciências exatas e já atuou como professor de Matemática em cursos preparatórios.

Econômica Federal. Um dos maiores exemplo de UC é a Universidade do Hambúrguer, pertencente ao Mcdonald’s, empresa norte americana. Ao todo, são sete unidades espalhadas pelo no mundo. Em solo brasileiro foi inaugurada em 1996 e atende a mais de dez países da América Latina.

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TECNOLOGIA

Desenvolvimento do projeto de torno CNC para micro usinagem de implante dentário P O R L U I S V I C E N T I F. M O N D A R D O - D R . A N D E R S O N D A L E F F E MSC. MAGALÍ DA ROSA - CLAUBER ROBERTO MELO MARQUES

A

tecnologia está em constante avanço dentro da indústria, proporcionando em seus equipamentos e máquinas um bem comum entre alta produtividade, baixo custo de produção e otimização de processos. Frente à isso, a busca por métodos que ofereçam avanços na área da micro usinagem, tecnologia CAD/CAM (Computer-Aided Design/Computer Aided Manufacturing) e inserção em um campo com potencial expansão, justifica o desenvolvimento de um torno CNC (Computer Numeric Control) para micro usinagem de implantes dentários. Originária da engenharia, a tecnologia CAD/CAM foi introduzida na odontologia no final da década de 1970, afim de promover a confecção de próteses baseadas em um sistema tridimensional moderno [1]. Este sistema surge cada vez mais como solução na fabricação destes produtos, pois o método da fundição, que ainda é o mais utilizado, possui falhas na fundição de alguns materiais, como por exemplo o titânio, cujo potencial é o maior em relação aos demais, por possuir baixo peso específico, alta resistência à corrosão, boas propriedades físicas e mecânicas, e excelente biocompatibilidade ao ser implantado [2]. Desde os primórdios da civilização moderna, até seu aperfeiçoamento na revolução industrial, a usinagem vem se desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas e métodos para satisfazer as necessidades da sociedade, nas mais

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diversas áreas. Este desenvolvimento ramificou-se para vários segmentos, considerando o descobrimento de novos materiais à serem usinados, formas geométricas complexas à serem feitas e processos arcaicos para serem otimizados. A tecnologia da usinagem por comando CNC surgiu através do compreendimento desses adventos [3]. O estudo da usinagem automatizada, seguido de seus avanços, levou o setor de desenvolvimento na indústria a ter grandes vantagens no processo de elaboração de novos projetos, pois através de sistemas computacionais, como softwares especializados em tecnologia 3D, CAD, CAM entre outros, possibilitaram que o projeto ao sair da mesa do projetista, tenha garantias de resistência dos materiais, noções dimensionais de proporção, obtenção do programa de comandos numericos para leitura da máquina CNC, e até renderização do projeto conceito para provenientes apresentações públicas [4]. O artigo visa estudar uma tecnologia pouco desenvolvida no Brasil e com grande interesse da indústria nacional. Tendo em vista seu proveniente uso para micro usinagem de precisão, o projeto realizará análises quanto à estrutura da máquina, verificando sua isenção de vibrações, além da estimativa de custos, sendo esta responsável pela viabilização do projeto. O projeto deste equipamento é o início de uma série de trabalhos futuros como a fabricação da máquina, fabrica-

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ção de implantes e estudos relacionados à confecção de implantes. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para melhor compreensão do desenvolvimento do artigo, foi necessário o compreendimento das áreas da usinagem, micro usinagem, tecnologia CNC, sistema CAD/CAM, torno CNC e implantes dentários. Assim sendo, foi possível desenvolver o projeto da máquina, conforme suas necessidades e limites. Usinagem A usinagem pode ser entendida como processo o qual se obtém uma peça à seu formato desejado com a retirada de material sobressalente, ou seja conferindo a sua dimensão, acabamento ou forma, produzindo cavacos. Sendo estes caracterizados por ser a porção de material retirada da ferramenta, consistindo em uma forma geométrica irregular [5]. Dentro da usinagem, podemos dividi-la em convencional, quando ocorre a remoção de material por cisalhamento devido à ação de uma ferramenta de corte, como por exemplo, torneamento, fresamento, furação, rosqueamento, retificação entre outros. Quando não convencional, os processos utilizam de outras energias para remoção de material, como ultrassom, laser, plasma, feixe de elétrons, entre outros. De modo geral, a usinagem convencional é a mais utilizada, como pode ser observado na figura 1[6].


TECNOLOGIA

Figura 1: Usinagem por torneamento [7].

Micro Usinagem A micro usinagem de precisão surgiu a partir da necessidade do mercado por uma demanda de componentes com elevadas exigências de tolerâncias geométricas, dimensionais e de qualidade superficial. Os componentes que anteriormente eram proibitivos devido à

falta de operações de usinagem especializada, hoje observam na micro usinagem uma oportunidade de melhorias em sua qualidade e produtividade [8]. Ao se produzir peças através da micro usinagem, vale salientar que suas dimensões, são medidas na escala de mícron, conforme figura 2, que corresponde à um milésimo de milímetro, e este é mensurado com o auxílio de um micrômetro. A técnica mais utilizada na produção da micro usinagem é tratada como “de cima para baixo”, ou seja, se inicia com um componente maior, o qual vai sendo usinado até que suas dimensões estejam na escala micrométrica [9]. Com base nesta tecnologia garantindo precisão, a micro usinagem é capaz de produzir peças de dimensões muito pequenas, e em diversas áreas, como automobilística, eletrônica, médica, entre outras.

Figura 2: Micro peças usinadas [10].

Tecnologia CNC O comando numérico, em sua concepção pode ser entendido como equipamento capaz de receber informações em sua entrada de dados, compilar estas informações e transmiti-las na forma de comando para máquina sem a intervenção de um operador, realizando as operações na sequência programada [11].

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TECNOLOGIA

A tecnologia que conhecemos hoje, chamada de CNC, foi obtida através da evolução das tecnologias na área da computação e desenvolvimento do comando numérico. O domínio destes, somados a integração de um núcleo de processamento e uma interface gráfica, possibilitaram a criação de arquivos digitais contendo as instruções de usinagem [12]. Sistema CAD/ CAM A compreensão da base da tecnologia CNC, possibilita um bom entendimento científico acerca de seus derivados. Desta forma cabe a citação dos sistemas CAD/ CAM, que são ferramentas essenciais na produção mecânica, garantindo em seu processo uma redução de erros, aumento da velocidade no desenvolvimento de produtos novos e auxiliando na otimização de projetos já existentes [13]. Atualmente um software CAD se mostra indispensável para um processo industrial. Além da geração de desenhos bidimensionais, o software pode modelar produtos tridimensionais com formas complexas, realizar análise de forma geométrica para auxiliar a manufatura, realizar análise de interferências entre peças e conjuntos montados, definir volume e centro de massa do produto, além de permitir comunicação com outros softwares, através de interfaces padronizadas [14]. A integração entre os projetos desenvolvidos em CAD e sua diretriz CNC, propuseram a introdução do software CAM no processo produtivo. Este tinha como objetivo geral, produzir com maior agilidade e padronizar a manufatura de produtos. Detalhadamente, seu sistema trabalha realizando cálculos de trajetória da ferramenta com base em um desenho feito em CAD, fazendo com que o item fabricado tenha a mesma forma e medidas. Dentre suas principais aplicações, estão o planejamento, gerenciamento e controle de operações, e pode ser utilizado nos processos de corte de materiais, torneamento, fura-

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ção, retificação entre outros [15]. A comunicação do software para máquina se dá após o software CAD gerar um arquivo específico para leitura no CAM. Este abstrai as informações irrelevantes para o processo de manufatura da peça e gera um novo arquivo padrão, conforme figura 3. O novo arquivo contém informações para a manufatura, tais como coordenadas de corte, especificação do material e espessura. Sendo assim, o programa envia os comandos para um microcontrolador, simulando o controle dos motores de uma máquina de corte CNC [16].

e ferramenta apropriada. O segundo barramento refere-se ao eixo “Z”, sendo este responsável pela determinação do comprimento da usinagem na peça. Em geral a peça é fixada em uma placa de castanhas, que está acoplada ao eixo árvore da máquina, tendo seu acionamento pneumático, garantindo assim uma redução no tempo de fixação das peças, como pode ser observado na figuara 4[19].

Figura 4: Torno CNC de grande porte [20].

Figura 3: Simulação software CAM [17].

Torno CNC O torno automático de forma geral, pode ser compreendido como sendo uma máquina-ferramenta que possibilita a fabricação de peças cilíndricas de maneira seriada e contínua, configurando sua forma desde a entrada do material bruto, até seu produto final sem interferência humana no processo produtivo. Estes tornos buscavam economia em produções seriadas e de grandes ou médios lotes. Porém ao se disseminar a tecnologia do comando numérico e adicioná-la aos tornos automáticos, possibilitou-se uma produção econômica de pequenas séries, face ao rápido tempo de preparação da máquina [18]. O torno CNC tem em sua construção duas bases chamadas de barramentos, sobre as quais correm dois eixos. O primeiro trata-se do eixo “X”, o qual determina o diâmetro da peça, além de ser capaz de usinar canais ou rebaixos dependendo da função no programa

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Dentro de um programa CNC, o que compõe seus principais dados é a trajetória da ferramenta, baseada por valores numéricos nos eixos e no sistema de coordenadas. Estas coordenadas se dividem em absolutas e incrementais. Absolutas quando se considera um ponto fixo no sistema, sendo como o ponto zero da máquina, ou como referência de trabalho, e incremental quando é baseada em um valor à ser somado ao posicionamento atual. Além destes dados, é possível determinar uma série de funções, no formato de instruções sequenciais que a máquina deverá executar [15]. O torno CNC se apresenta como opção vantajosa frente ao torno universal quando levados em consideração aspectos relacionados à custos por perda de tempo. Estes fatores estão ligados a rápida preparação da máquina e alta flexibilidade no trabalho, tornando econômica a produção de também pequenas e médias séries de peças, altas velocidades de avanço rápido, garantindo assim a otimização de tempos


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TECNOLOGIA

mortos nas aproximações e retrocessos da ferramenta [21]. Implantes dentários Com base em estudos dos materiais para confecção das próteses, os resultados mais satisfatórios e que vem garantindo qualidade até os dias atuais, são relacionados ao titânio. Este material destaca-se por possuir baixo peso específico, alta resistência à corrosão, boas propriedades físicas e mecânicas, e excelente biocompatibilidade ao ser implantado [2]. Além deste, cujo potencial é o que mais se destaca, algumas outras ligas como cobalto-cromo, níquel-cromo, níquel-cromo-titânio, paládio-prata, zircônia e ligas em ouro também podem ser empregadas, cada uma dentro de sua necessidade e custo [22]. O método de fabricação e o material usado na produção, são fatores que podem influenciar diretamente no nível de ajuste alcançado e nas tensões geradas por infraestruturas implantossuportadas [23]. A fundição é o processo mais comumente utilizado, pois possui fácil acesso e baixa complexidade para desenvolvimento da técnica [24]. Entretanto, este método passa a ser discutível quando relacionado ao titânio, que devido suas propriedades mecânicas e alto ponto de fusão, torna-se um processo mais lento e de alto custo [25]. Devido às dificuldades do processo de fundição em alguns materiais, a fabricação com base na tecnologia CAD/ CAM surge cada vez mais como um processo de grande valia e pesquisas para aperfeiçoamento. Um dos principais objetivos desta tecnologia é a simplificação e otimização na produção de estruturas protéticas, visando à produção de estruturas com alto padrão de qualidade e estética, de forma personalizada e planejada com precisão digital, face as dimensões na escala micrométrica das peças produzidas [1]. Após a usinagem, um processo importante para obtenção destes implantes

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é o tratamento térmico, garantindo características relacionadas à osseointegração como, diminuição dos valores de rugosidade e ângulo de molhabilidade. Esta rugosidade controlada, resulta em um aspecto isotrópico, ou seja, sem uma orientação definida, sendo assim importante para proliferação de celulas em várias direções, estabilidade dimensional e alívio de tensões. A figura 5 mostra modelos de implantes dentários [26].

precisão do resultado, assim como seu custo computacional. Os parâmetros de malha são: a quantidade de elementos, o tamanho dos elementos e formato dos elementos [30]. MATERIAIS E MÉTODOS

Os processos que serão descritos a seguir trazem os métodos usados no projeto da máquina em questão. O projeto foi desenvolvido em software

Figura 5: Dimensões dos implantes [27].

Simulação numérica Dentre as técnicas analíticas de estudo está a simulação de modelos que resolvem de forma aproximada as equações que regem o processo de fabricação. E atualmente, uma das melhores ferramentas para a simulação de varios problemas de engenharia, tais como, os processos de fabricação mecânica e projetos de máquinas [ 30]. As técnicas de simulação são utilizadas para minimizar problemas de projetos estruturais de máquinas com grande valia na redução dos custos de retrabalhos, minimizando os testes experimentais relacionados a resistencia de matreiais e estruturais de protótipos e máquinas operatrizes. Os elementos finitos são conectados entre si por pontos, denominados de pontos nodais ou nós. Ao conjunto de elementos e nós dá-se o nome de malha. No método dos elementos finitos as equações matemáticas que regem o comportamento físico não serão resolvidas de maneira exata, mas de forma aproximada para cada elemento da malha. A escolha adequada dos parâmetros de malha irá garantir a

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CAD e através deste foram definidos os materiais usados na produção, elementos de transmissão, detalhamento dimensional e apresentação do projeto conceito da máquina. Este projeto é de caráter experimental, podendo ser produzida futuramente por alunos da Faculdade Satc. Projeto conceito Ao início do projeto, os aspectos levados em consideração foram os movimentos necessários para a produção do implante, de forma que fosse possível movimentar as duas placas de fixação da ferramenta ao mesmo tempo em determinados momentos, e que as ferramentas fixadas na mesa de trabalho ficassem em posições específicas para não prejudicar a área útil da máquina. Outro fato levado em consideração foi a estabilidade da estrutura da máquina, pois deveria ser robusta e estável afim de evitar possíveis vibrações durante a usinagem do implante. O processo deverá consistir na entrada da barra redonda de titânio no furo da parte externa da máquina, e posicioná-lo para o aperto da primeira


TECNOLOGIA

placa de fixação. A placa se desloca até a mesa de trabalho para fazer as usinagens necessárias do primeiro lado do pino, e ao final deste processo, a placa entrega o pino para a segunda placa para fazer as usinagens do outro lado da peça. O projeto consiste em uma máquina inovadora no mercado para os fins de produção ortodôntica, porém suas configurações as definem como um torno CNC para micro usinagem, como mostra a figura 6.

Figura 6: Projeto conceito do torno CNC para micro usinagem.

Seleção de ativos A seleção dos ativos para o projeto foi feita de acordo com a precisão que as movimentações necessitavam para realizar a usinagem dos implantes dentários. Apesar da precisão ser o fator preponderante, o ativo deveria ser correspondente com o espaço físico de sua aplicação. Para transmitir o movimento deslizante das placas de fixação em Y, e do carro X para as ferramentas de corte, foram utilizados fusos de esferas, item a), figura 7, que acoplados aos seus motores de passo garantem maior precisão nos avanços controlados. Para esta união entre dois elementos, optou-se por utilizar acoplamentos elásticos de alumínio com amortecedores fabricados de elastômeros, item b) figura 7. Para conversão deste movimento rotativo em linear, foram selecionados guias lineares planos com patins, item c) figura 7.

Para transmitir o movimento de rotação do motor para a placa de fixação pneumática, foram utilizadas polias sincronizadoras, item d), figura 7, e a correia correspondente ao passo e distância entre centro das mesmas. Os movimentos principais da máquina serão todos movidos à partir de motor de passo, por este possuir vantagens quanto ao controle de torque total mesmo parado. Como elemento de auxílio para o eixo de rotação da placa pneumática e para sustentação do fuso de movimentação Y do carro das placas, foram utilizados mancais de apoio, item e), figura 7. Já nos casos onde a disposição física se mostrou viável, foram utilizados mancais de parede para sustentar o fuso da movimentação X da mesa de trabalho. Para limitar os avanços dos carros X e Y, foram utilizado sensores de proximidade indutivos, item f), figura 7, e caso houver algum erro do sensor,

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possuem também batentes físicos para pararem o carro antes de se chocar com o sensor. A linguagem de programação da máquina é toda feita em código G, e executada pelo comando MACH 3, que possui linguagem universal e de fácil acesso.

Figura 7: a) Fuso de esferas, b) Acoplamento, c) Guia linear com patins, d) Polia sincronizadora, e) Mancal de apoio, f) Sensor indutivo [28].

Estrutura da máquina A estrutura da máquina se divide em base fixa, carro Y e mesa de trabalho. A mesa de trabalho é o local onde ocorrerá a movimentação em X e consiste em uma base onde são fixadas todas as ferramentas para usinagem dos implantes. O carro Y refere-se à base onde se fixa o sistema de movimentação e acionamento das placas pneumáticas de fixação, e base fixa se trata do corpo principal onde a máquina se sustenta e nele são executados os movimentos em Y dos carros principais. O primeiro passo para definir a base fixa da máquina, foi levar em consideração a isenção de vibrações ao usinar. Sendo assim, foi desenvolvida uma base fixa robusta e estável. Após decretado o conceito da estrutura, foram verificadas as dimensões do produto à ser usinado, para que se possa definir a área útil da máquina, fixando assim as dimensões base para a estrutura. Tendo o implante dentário um comprimento médio de 20mm e considerando o avanço das placas de fixação em relação as ferramentas, somados à dimensão da mesa de trabalho X, foi definido como área útil em Y um curso de 110mm. A seguir será apre-

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sentada uma breve descrição sobre a construção destas estruturas. • Base fixa: Será fabricada utilizando como base para os trilhos duas barras de aço ASTM A36 perfil “I” com bitola de 4” e comprimento de 750mm. Como reforço e espaçamento entre estas duas barras, serão utilizadas três barras de aço ASTM A36 perfil “U” com bitola de 3” e comprimento 170mm espaçadas à 135mm cada uma. Como a usinagem do titânio exige fluido de corte, foi verificado a necessidade de uma chapa para fechamento inferior da estrutura, evitando que o fluido seja desperdiçado. Este fechamento foi feito por meio de uma chapa em aço SAE 1020 com espessura de 2mm, cortada com 849 x 180mm, sendo realizada uma dobra de 50mm em um dos lados para sustentar a gaveta que será colocada na montagem. • Carro Y: A peça base onde se sustenta a sistema é fabricada em chapa de aço SAE 1020 de espessura 3/8” cortada com 130 x 230, contendo nela as furações necessárias para fixação dos patins, do tubo base do sistema de movimentação da placa de fixação e da válvula direcional que aciona a placa. Fixada na parte inferior desta peça, se encontra um suporte ligando a castanha do fuso a peça base, sendo esta peça produzida em barra chata de aço SAE 1020 de 1 1/2” x 3/8” cortada com 50mm. • Mesa de trabalho: Como base para os trilhos e o sistema total de movimentação, será utilizada uma chapa em aço SAE 1020 com espessura de 3/8” cortada com 550 x 90mm. Esta base será fixada em dois braços feito em chapa aço SAE 1020 com espessura de 3/8” usinada com 90 x 60mm. Estes braços serão fixos em dois tarugos de alumínio chato de 2 1/2” x 1/2” cortados com 50mm que são o meio de ligação entre

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a mesa de trabalho e a base fixa. Para fixação do motor e mancal do fuso, serão utilizadas chapas de aço SAE 1020 com espessura de 1/4” usinadas para as dimensões do motor de passo e do mancal. Todos os elementos da mesa de trabalho X são fixados com parafusos allen. Dispositivo de fixação Com o objetivo de fixar o material à ser usinado até alcançar sua forma final, as placas de fixação para torno são de suma importância para o sistema. Estes dispositivos além de prenderem a peça durante o processo, ainda auxiliam na precisão e acabamento final por serem construídos com extrema precisão nos ajustes. Neste caso a placa escolhida foi pneumática para viabilizar a otimização, por se tratar de uma máquina CNC, conforme mostrado na figura 8. A placa foi acoplada à um eixo feito de tubo de aço SCHEDULE NBR-5590 sem costura diâmetro 3/8”, cuja diâmetro externo deve ser usinado para fixação no diâmetro interno da placa. Foi utilizado este tubo como eixo, pois o material precisa ser posicionado de fora da máquina para dentro da placa, e a escolha por um tubo SCHEDULLE sem costura foi pela precisão que este eixo possui. Este eixo é sustentado por mancais de apoio com rolamento para diâmetro 15mm e está acoplado à um sistema com polias sincronizadoras e correia movido por um motor de passo conforme figura 8. As polias selecionadas são HTD 3M, sendo a motora com 26 dentes e a movida com 65, resultando assim em uma relação de 2,5. O acionamento de abrir ou fechar das placas é controlado pelo comando MACH 3, por meio de um sistema pneumático baseado em uma válvula direcional 5/2 vias com acionamento por solenóide para cada cabeça, e um filtro de ar central para distribuição deste sistema.


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Figura 8: Sistema de transmissão placa pneumática.

Ferramentas para usinagem As ferramentas de usinagem para acoplar à máquina, foram selecionadas conforme os formatos, processos e dimensões que possuem os implantes dentários. A peça base que sustenta este sistema foi feita com chapa de aço SAE 1020 de espessura 1/2” cortada com 340 x 106mm, contendo usinagens de canais internos feitos com fresa “T”, para fixar os suportes das ferramentas com porcas quadrada que podem ser reguladas conforme o percurso disponível nos canais usinados. Este posicionamento do ferramental é de extrema importância para programação, pois as distâncias de uma para a outra deve ser definidas no programa, para que o operador realize trocas de ferramentas. O projeto foi desenvolvido para que os implantes sejam usinados de forma completa, ou seja nas duas extremidades, justificando assim o alinhamento de algumas ferramentas para a primeira placa e outras para a segunda. As ferramentas e processos de usinagem serão descritos à seguir de forma ordenada: • Fixação material: O operador deve alinhar a barra de titânio passando-a pelo furo de acesso para fixação da placa pneumática. • Ferramenta de desbaste externo raio 2mm: O carro Y onde está acoplada a placa avança para mesa

de trabalho, enquanto o carro X desloca-se para que esta ferramenta realize a usinagem da face externa do implante conforme sua geometria. Ferramenta de roscar externa: Após definida sua geometria, o carro X desloca-se para que a ferramenta realize a usinagem da rosca externa do implante. Ferramenta de sangrar: Finalizado o processo de rosca, o carro Y avança até seu limite pré estabelecido na programação, para que a segunda placa fixe o material enquanto a primeira solte, finalizando assim a usinagem de uma das extremidades do implante. Após fixação da segunda placa, o carro X desloca-se para a ferramenta sangre o material, cortando o mesmo no comprimento ideal. Broca de centro: Ao definir o comprimento do implante, é necessário iniciar o processo de usinagem da extremidade oposta. Sendo assim, o carro X desloca-se para que a broca centralize o furo no ponto certo da peça. Broca helicoidal 1,8mm: Após definido o centro da peça, o carro X desloca-se para que a broca realiza o furo para posterior usinagem do sextavado. Fresa de topo 0,3mm: Assim que definido o diâmetro e profundidade do furo, o carro X direciona uma fresa de topo acoplada à um motor de passo de pequeno porte com 1,1kgf/cm que realiza o movimento rotacional que combinado com o alinhamento da rotação da placa, executa o formato sextavado interno do implante.

Todas as ferramentas são de metal duro, devido à sua versatilidade, elevada dureza e maior resistência ao desgaste e temperaturas elevadas, confome mostrado na figura 9.

Figura 9: Mesa de trabalho com ferramentas para usinagem.

Detalhamento A etapa do detalhamento das peças para posterior usinagem ou montagem é de extrema importância no desenvolvimento de um projeto. É através destes desenhos técnicos elaborados e detalhados que constam as informações necessárias para que os operadores realizem a usinagem e/ou montagem das peças que compõem a máquina em projeto. Os desenhos de detalhamento devem seguir as normas técnicas estabelecidas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, com vistas em 1º diedro, nos tamanhos A4 e A3, conforme mostra a figura 10. Estas normas são importantes para a padronização na comunicação interna de uma empresa, além de facilitar o contato entre empresa e cliente. Algumas informações e anotações à respeito da forma de montagem de alguns componentes e listas de materiais, podem ser feitas conforme padronização própria do projetista. (Figura 10).

Figura 10: Detalhamento base fixa máquina.

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ANÁLISE DOS RESULTADOS

Esta etapa é de suma importância para a conclusão do artigo, sendo que através desta, caberá a definição se o projeto se enquadra ao que se esperava quando fora proposto o tema, ou caracteriza-se por avaliar a inviabilidade da produção da proposta. Dentre os resultados relevantes para conclusão deste trabalho, estão o custo de produção, análise dos esforços atuantes na estrutura da máquina, e ilustração do projeto renderizado para apresentações da proposta, conforme figura 11.

Figura 11: Apresentação projeto em mesa didática.

Análise de esforços Uma etapa fundamental para o desenvolvimento de um projeto mecânico, é a análise dos esforços atuantes na estrutura da máquina que se deseja fabricar. Este processo permite ao projetista detectar problemas para a produção da máquina, tais como: tensões, fator de segurança e deslocamentos. A análise pode ser feita por intermédio de cálculos específicos, ou com a utilização de um software especializado, sendo este o método viável para a aplicação deste trabalho, por ter todo o desenvolvimento da máquina no software, além da possibilidade de gerar gráficos e relatórios com simulações reais da estrutura. Para que a análise dos esforços atuantes na base fixa da máquina tenham resultados relevantes, foram levados em consideração fatores como, peso aproximado dos elementos que ficarão sobre a base, para converte-lo em Newton definindo assim a força atuante

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Figura 12: Principais propriedades do aço ASTM A36 conforme software de simulação.

sobre a estrutura, forma de fixação da máquina e valores relacionados as propriedades do aço ASTM A36, sendo estes fornecidos pelo próprio software, conforme figura 12. Ao entrar na aba de simulações, o software prepara uma janela com opções de carga e tipos de análise. Para iniciar as simulações, é necessário preparar a estrutura que se deseja estudar, aplicando nela o método de fixação da estrutura e os locais específicos onde sofrerá esforço durante atividade comum da máquina. O método de fixação estabelecido foi de geometria fixa, pois a máquina irá trabalhar sobre uma mesa plana, fixa por parafusos allen M6 de cabeça cilindrica com arruelas de pressão e lisa. Para aplicação da força sobre a face superior das vigas “I”, foram desenhadas linhas dimensionadas conforme o guia linear para garantir a precisão no ponto específico de deformação, conforme figura 13. Desta forma, a força irá ser aplicada somente na área onde se encontra fixo o guia, e não em torno de toda a face superior da viga, ocasionando assim em um resultado impreciso. A carga aplicada nestes pontos foi de 220 N conforme peso dos dois carros Y, e de 15 N nas vigas “U” de união, já que estas suportam apenas os motores de passo com fusos e mancais. Após definido modelo de fixação e forças aplicadas nos pontos corretos onde a estrutura sofrerá carga, foi o

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Figura 13: Método de fixação e ponto específico de cargas.

momento de fazer a primeira análise no software. A análise da tensão de Von Mises, conforme figura 14, verificou que através do gráfico gradiente gerado, a estrutura está superdimensionada quanto à carga que lhe será submetida. Nos pontos onde a cor do gráfico na estrutura encontra-se em amarelo ou alaranjado, são os locais onde se sofre maior esforço, porém este é quase nulo, levando em conta que o ponto máximo de tensão é de 0,134 N/mm² (Mpa), e o limite de escoamente deste aço é de 250 N/mm² (Mpa) conforme tabela da figura 12.


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Figura 14: Análise tensão de Von Mises.

Mesmo com os resultados à respeito de deformações por tensão serem quase nulos quanto à estrutura projetada, foi necessário executar também uma análise de deslocamento da estrutura, para verificação se há alguma variação de dimensão na atividade real de usinagem na máquina, fato este que resultaria em imperfeições na usinagem do implante. A análise de deslocamento considerando as mesmas forças atuantes sobre a estrutura da máquina, gerou um bom resultado, visto que não ocorreu deslocamento algum, conforme figura 15.

A adoção dos fatores de segurança é motivada por possíveis falhas durante processos utilizados na produção da máquina, qualidade dos materiais utilizados, condições ambientais no teste dos materiais da máquina, enfim processos passíveis de falha. Com base nas informações e valores contidos na tabela da figura 16, foi verificado que o projeto se enquadra no fator 3, visto que o modelo representa aproximadamente o sistema.

Custo estimado Assim que finalizado projeto de uma máquina, surge uma etapa fundamental e de extrema importância para definição de um projeto. Este processo de estimativa de custos é capaz de definir a viabilidade de um projeto, considerando se seu investimento terá o retorno esperado. O valor de investimento na produção do projeto, além de definir o valor para comércio, pode auxiliar

Figura 16: Tabela fator de segurança [29].

Figura 15: Análise de deslocamento.

Os resultando obtidos à partir da análise de tensão de Von Mises e deslocamento, tiveram resultados satisfatórios ao que se desejava nesta estrutura, visto que a mesma necessita ser inerte a vibrações e deformações durante a atividade normal de operação da máquina, levando em conta seu uso para usinagem de peças de precisão. O fator de segurança refere-se à uma propriedade de extrema importância para análises de projetos de engenharia, visando garantir a boa confiabilidade e segurança do equipamento ou máquina. Esta relação ocorre entre a solicitação limite de um elemento ou dispositivo mecânico e a solicitação real que o mesmo está submetido.

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De forma à verificar a autenticidade do fator 3 no projeto, foi realizada no software uma análise do fator de segurança, afim de definir o valor para o pior caso e confirmar se realmente está compatível com o fator tabelado. Conforme a figura 17, após realizado a simulação, o software indicou um fator de 1.244 para o caso de máximo esforço na estrutura, definindo assim que o projeto está aprovado, pois seu valor obtido é maior que o fator de projeto, caso contrário estaria reprovado.

Figura 17: Análise do fator de segurança.

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também nas etapas de gestão e programação de produção considerando em um âmbito industrial, pois com o conhecimento do valor agregado na máquina, é possível definir seu centro de custos, analisando sua depreciação e manutenção, e definir ainda o valor dos implantes que serão produzidos pela máquina. Para estimativa do valor do torno CNC para micro usinagem de implante dentário, foram analisados itens relacionados à elementos mecânicos, elementos e componentes da área de elétrica e eletrônica, horas de engenharia e projeto e mão de obra. Por se tratar de um projeto experimental, não ocorreu nenhum desenvolvimento físico da máquina, sendo assim todos os custos que envolvem componentes e horas de usinagem, foram captados por contato com lojas especializadas e fornecedores na região sul do estado de Santa Catarina. Conforme tabela 1, serão apresen-


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tados os valores por cada etapa, além da soma do valor total da máquina, totalizando em aproximadamente R$24.006,00, valores sujeitos a variações do mercado. Estimativa de Custo Descrição

Valor

Aços utilizados na produção

R$ 298,00

Guias lineares com patins

R$ 800,00

Fusos de esferas com castanha

R$ 550,00

Mancais

R$ 180,00

Polias sincronizadas

R$ 112,00

Correias Acoplamentos

R$ 18,00 R$ 200,00

Ferramentas de usinagem

R$ 1.150,00

Placa pneumática para torno

R$ 7.000,00

Parafusos, porcas e arruelas

R$ 150,00

Filtro de ar Válvulas direcionais

R$ 94,00 R$ 120,00

Componentes pneumativos em geral

R$ 40,00

Componentes hidraulicos em geral

R$ 150,00

Sensores indutivos

R$ 144,00

Motores de passo

R$ 620,00

Conjunto elétrico/ eletrônico

R$ 80,00

Hora engenharia/ projeto

R$ 9.000,00

Hora usinagem (CNC)

R$ 3.000,00

Hora soldagem

R$ 300,00

Mão de obra montagem

R$ 885,00

TOTAL

R$ 24.006,00

Tabela 1: Tabela com estimativa de custo do projeto.

CONCLUSÃO

Com o estudo foi possível desenvolver e projetar um torno CNC para micro usinagem de implantes dentários, sendo esta uma máquina inovadora no mercado da odontologia. Esta máquina surge como alternativa para substituição do processo de fundição na obtenção de implantes, visando na usinagem por tecnologia CAD/CAM um campo vigente para pesquisas e aperfeiçoamentos. Todo o projeto foi desenvolvido no software CAD, considerando que este foi de suma importância para obtenção do trabalho completo, pois através do software foram criadas peças específicas, montagens de componentes, detalhamentos para auxílio na usinagem ou

montagem da máquina, renderizações dos componentes ou montagens, e análise dos esforços que atuam sobre a estrutura principal da máquina, considerando que esta precisa ser estável e isenta de vibrações provenientes da usinagem dos implantes. Após a verificação da análise de esforços no software, pode-se dizer que os resultados alcançaram a espectativa e foram positivos quanto ao que se necessita. Este projeto, por se tratar de uma inovação, foi desenvolvido com base em uma crescente no mercado da odontologia, sobretudo em implantes dentários, visando que estes possuem um alto valor agregado justamente pela dificuldade na fabricação. Em tese, a substituição do processo de fundição pela tecnologia CAD/CAM, irá possibilitar a produção de implantes em série, haja visto que por se tratar de um processo automático, o operador só irá precisar alimentar a máquina com programação e materia prima, e irá obter a peça pronta e com qualidade, devido ao faceamento do implante por microferramentas de usinagem. O projeto desta máquina, caracteriza-se por ser apenas o primeiro passo para uma série de estudos que serão feitos acerca desta tecnologia que vem se mostrando cada vez mais necessitada de equipamentos e máquinas inovadoras que viabilizem seus altos custos de implementação. Esta máquina poderá ser produzida futuramente por alunos da Faculdade Satc, à partir de desenhos de detalhamentos que serão gerados das peças e montagens que compõe o projeto. O processo é promissor e bastante amplo, pois apesar da máquina apresentada ser destinada especificamente para confecção de implantes dentários, ela também pode ser adequada para micro usinagens de outras peças cilindricas e em outros materiais conforme necessidade, substituindo apenas algumas ferramentas e formas de programação. Esta tecnologia está em evidência e apresenta cada vez mais formas

versáteis e dinâmicas para solucionar questões adversas na indústria. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FACULDADE SATC, através do curso de Tecnologia em Manutenção Industrial, Engenharia Mecânica, Engenharia Mectrônica e Mestrado profissional em engenharia Metalurgica por todo o apoio e por disponibilizar toda sua infraestrutura para o desenvolvimento do projeto e pesquisas relacionadas ao tema. O agradecimento se direciona também para a equipe de assistência ao cliente da empresa Sandvik Coromant pela atenção e auxílio em questões técnicas, quando solicitados.

Utilize o QR Code ao lado para acessar as referências bibliográficas do artigo

Luis Vicenti Furlan Mondardo: Possui curso técnico em Fabricação Mecânica (2012) pela Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina – Satc; Graduação em Tecnólogo em Manutenção Industrial (2017) pela Faculdade SATC; Cursando Pós-Graduação em Engenharia de Produção pela Faculdade SATC. Atualmente é projetista, gestor de projetos e PCP. Tem experiência com softwares como Autodesk AutoCad, Autodesk Inventor e SolidWorks, principalmente no desenvolvimento de projetos de máquinas automatizadas. Anderson Daleffe: Coordenador do Mestrado Profissional em Engenharia Metalúrgica da FACULDADE SATC. Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - 2014. Mestre em Engenharia de Minas, Metalurgia e de Materiais UFRGS - 2008. Pós-graduado em Psicopedagogia Institucional - 2006. Graduado como Tecnólogo em Eletromecânica pela Universidade do Extremo Sul Catarinense - 2004. Magalí da Rosa: Professor horista na Faculdade SATC. Possui graduação em Tecnologia em Telecomunicações (UNESC/SC - 2006), Especialista em Psicopedagogia Institucional pela (UCB/RJ -2008). Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pelo PPGE3M/UFRGS (UFRGS/2012). Clauber Roberto Melo Marques: Possui curso Técnico em Mecânica (2006) pela- SATC; Graduação em Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos (2017) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci; Pós Graduação em Engenharia de Produção (2017) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci, Mestrando em Engenharia Metalúrgica pela Faculdade SATC.

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DICAS DO CONTADOR

REFORMA TRIBUTÁRIA: ENTENDA AS TRÊS ETAPAS DA PROPOSTA QUE O GOVERNO PRETENDE ENVIAR POR FRANCISCO J. DOS SANTOS

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migo Ferramenteiro, orgulhamo-nos de participar de mais este inicio de ano levando informações contábeis, tributárias e previdenciárias a Você que impulsiona direta ou indiretamente o PIB brasileiro. Esta Edição chegamos com uma reportagem do Portal G1, onde expõe o que o Governo Federal vem pensando e projetando para a Reforma Tributária. Esta e muitas outras ações necessárias a economia do País, ainda que estejam em análise são importantes compartilhar! Boa leitura!!! A assessora especial do Ministério da Economia, Vanessa Canado, informou em entrevista ao G1 que o governo federal deve encaminhar ao Congresso Nacional em três etapas a proposta de reforma tributária. Paralelamente, a Câmara dos Deputados e o Senado já discutem alguns projetos sobre o tema, mas a expectativa é que o governo também envie uma proposta, a ser analisada pelos parlamentares. Segundo Vanessa Canado, as mudanças que o governo deve propor não exigem mudança na Constituição, o que pode, em tese, fazer com que os textos tramitem mais rapidamente. Propostas de emenda à Constituição (PEC) exigem, por exemplo, aprovação em dois turnos de votação e os votos favoráveis de pelo menos três quintos dos parlamentares (308 dos 513 deputados, e 49 dos 81 senadores). O que o governo deve propor?

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Etapa 1: Tributação sobre consumo De acordo com a assessora especial do Ministério da Economia, o governo federal irá propor a criação de um imposto sobre valor agregado (IVA) federal, mantendo o atual patamar de arrecadação, e outro para os estados e municípios – sendo caracterizado, assim, como um IVA dual. A ideia é englobar no IVA federal o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre consumo. A alíquota do novo tributo, segundo as simulações, deverá ficar entre 11% e 12%. Conforme o governo, a proposta não altera o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual e o imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) municipal. Vanessa Canado, do Ministério da Economia, argumenta que não é competência da União lidar com estados e municípios e que, por isso, o governo não enviará uma proposta envolvendo tributos estaduais e municipais sobre consumo. “A não ser que a gente quisesse combater as propostas que lá existem. A gente teria mandado uma proposta alternativa, o que seria muito ruim”, disse. Ela informou, ainda, que a proposta do governo mantém benefícios para a Zona Franca de Manaus em um primeiro momento, mas não afastou a possibilidade de que sejam propostas mudanças no futuro.

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Etapa 2: Criação de um imposto sobre cigarros e bebidas Conforme Vanessa Canado, o governo federal vai propor a criação de um imposto sobre produtos com efeitos colaterais, como cigarros e bebidas, o que poderá resultar na elevação dos preços desses produtos. Segundo a assessora especial, também está em estudo o chamado “sugar tax”, existente no Reino Unido, que taxa sucos e refrigerantes com mais de 8 gramas de açúcar por 100 mililitros. “É uma vontade do ministro [Paulo Guedes] arrecadar mais sobre esses bens que têm externalidade negativa. Mas é uma discussão ainda em aberto por causa da discussão do IPI. Pode ser que eles [produtos] fiquem mais caros”, disse ela. Pelas regras atuais, cigarros e bebidas alcoólicas são taxados com PIS/ Cofins e pelo Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Etapa 3: Mudanças no Imposto de Renda; retomada da tributação sobre lucros e dividendos; e desoneração da folha de pagamentos De acordo com Vanessa Canado, a área econômica do governo avalia mudanças nas regras do Imposto de Renda das empresas e das pessoas físicas. Essas mudanças envolvem: aumento do limite de isenção; taxação maior para ricos; e limitação de deduções.


DICAS DO CONTADOR

Segundo a secretária, o governo também quer retomar a taxação da distribuição de lucros e dividendos, existente até 1995, e também analisa mudar a tributação sobre o patrimônio, com a possibilidade de se colocar em discussão a criação de um imposto sobre grandes fortunas. Outro objetivo é diminuir o peso da tributação sobre a folha de pagamentos. Leia abaixo o que dever ser incluído nessa etapa da proposta, segundo a equipe econômica: • Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: A alíquota dos dois tributos está em cerca de 34%. A ideia do governo é reduzir esse patamar gradualmente nos próximos anos; • Tributação de lucros e dividendos: A ideia da área econômica é propor a retomada da tributação de lucros e dividendos distribu-

ídos aos cotistas e acionistas de empresas; Folha de pagamentos: A equipe econômica avalia formas de desonerar a folha de pagamento das empresas; Imposto de Renda de Pessoa Física: O Ministério da Economia ainda não definiu o que será feito. Estão em estudo propostas como corrigir a tabela do IR (aumentando o limite de isenção), limitar as deduções de saúde e educação, reduzir a alíquota mais alta (de 27,5% para 25%) e criar uma alíquota maior para os ricos; Benefícios fiscais: A ideia é rever até 2022 cerca de R$ 100 bilhões concedidos por meio de subsídios (renúncias fiscais). A revisão acontecerá durante os próximos três anos, e a ideia é revisar cerca de R$ 35 bilhões a cada ano. A medida não representa, necessariamen-

te, a eliminação dos subsídios. Imposto sobre grandes fortunas: Vanessa Canado diz que federalizar o imposto sobre herança e doações, atualmente de competência dos estados, exigiria PEC, pois altera o pacto federativo. Esses rendimentos estão, atualmente, isentos da cobrança de Imposto de Renda. Por conta disso, ela não afastou a possibilidade de o governo propor um imposto sobre grandes fortunas.

Fonte: G1

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MEMÓRIAS

RIBEIRO FERRAMENTARIA: HÁ 23 ANOS ATUANDO EM SOLO CATARINENSE POR GISÉLLE ARAUJO CEMIN

Investimentos em equipamentos e tecnologia para melhorar a competitividade no mercado

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Ribeiro Ferramentaria Ltda. foi fundada em 1º de janeiro de 1997, tendo como sócio proprietário, Sérgio Ribeiro de Souza. Iniciou suas atividades na mesma sede da antiga empresa da qual Sérgio era sócio e permaneceu neste local por aproximadamente um ano. Contava com um pouco mais de 10 colaboradores, entre eles Marcio R. de Freitas,que hoje é Supervisor de Engenharia e responsável pela Área Comercial, e Adalberto A. da Silva Junior, atualmente Supervisor de Usinagem. Alguns maquinários foram adquiridos com o desmembramento da antiga sociedade, mas logo buscaram-se novas máquinas, softwares de usinagens e projetos internos. Para Ribeiro sempre

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foi de estrema importância ter uma estrutura que contemplasse o processo de injeção visando melhor atender seus clientes, com este objetivo, em 2010, foram realizados novos investimentos com aquisição de injetoras de 300Ton até 2.500 Ton para realizar os testes dos moldes de clientes e parceiros da Ribeiro. Desde o início, a empresa foi administrada com o auxílio de familiares do proprietário, sempre primando pela qualificação e crescimento. Ribeiro teve seu irmão Célio Cristóvão de Souza (em memória) ao seu lado na administração da empresa até 2003. Em 1998, foi construída a primeira sede própria da empresa, na Zona Sul de Joinville (SC), onde permaneceu até

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o fim de 2018. Em 2019, foi inaugurada, em Araquari (SC) a nova sede da Ribeiro, com 6.000m² e 60 colaboradores. Nesta planta, deu-se prioridade a um ambiente salutar, que proporcionasse um bem-estar aos colaboradores, espaços arejados, salas de descanso, um amplo refeitório, também conciliando com a preservação do meio ambiente. Hoje, toda estrutura sanitária e produtiva é alimentada pela água coletada da chuva, tudo isto sem se descuidar da estrutura bem direcionada de layout para locação de todo o maquinário. A mudança aconteceu em especial pelo espírito empreendedor da Direção de não querer estagnar e também mediante a necessidade de ampliação do parque fabril, visando a construção


MEMÓRIAS

de moldes de grande porte (até 40TON) e alta complexidade. Atualmente, a Ribeiro Ferramentaria conta com uma estrutura administrativa e produtiva com funcionários, em média, de 15 a 20 anos de casa, composta por três supervisores que administram os setores Produtivos, Compras, Contabilidade, Contas a pagar, isto, com certeza, é motivo de orgulho para empresa. Alguns destes profissionais foram formados na própria empresa e têm um longo histórico de crescimento interno. Como todos os setores produtivos no Brasil, a Ribeiro atravessou duras crises, com escassez de trabalhos, dificuldades de recebimentos, falência de parceiros, entre outros, mas mantendo o foco sempre em ajustar os custos e

Figura: Antiga Ribeiro Ferramentaria

número de funcionários à realidade econômica do país, conseguiu atravessar todas estas crises e se manter firme e forte como uma das referências em seu segmento. Sérgio salienta que os clientes da Ribeiro Ferramentaria se concentram próximos às principais montadoras do Brasil como a GM, em Gravataí (RS), Renault e Volkswagen, em Curitiba (PR) e Scania, no estado de São Paulo. Conforme o gestor, hoje o mercado sofre com uma estagnação geral da economia. Para ele, seria fundamental o governo tomar medidas para que a in-

Figura: Ribeiro Ferramentaria Atual

dústria nacional pudesse ser mais competitiva e tecnologicamente mais desenvolvida, tornando mais fácil a aquisição de máquinas para as ferramentarias e demais segmentos. “Mesmo mediante este cenário econômico, decidimos investir em uma nova sede ampla e qualificada para produzir moldes com mais rapidez e segurança, utilizando modernas técnicas de produção”, destaca Sérgio. “Recentemente adquirimos uma nova máquina CNC 5 eixos Italiana e, apesar do investimento ser de grande monta, é necessário a busca de melhorias, otimização de tempo e qualidade no processo de usinagem”, completa. Uma das provas da busca pela qualidade nos serviços é a conquista da Certificação ISO 9001 em 2006. “Atualmente,há muito mais tecnologia e equipamentos que facilitam a produção, por outro lado, diferente do passado, não há espaço para erros, pois os tempos para construção dos moldes são sempre os mais curtos possíveis”, disse. Para o futuro, a Ribeiro busca se consolidar como uma das principais ferramentarias do Sul do Brasil, buscando sempre novas tecnologias, aperfeiçoamento de seus colaboradores através de subsídios para formação profissional, processos cada vez menos agressivos ao meio ambiente, focados na sustentabilidade de suas operações.

Ribeiro Ferramentaria Ltda. Av. das Indústrias, 645 – Porto Grande 89245-000 Araquari/SC www.fribeiro.com.br

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TECNOLOGIA

FAZENDO A PONTE ENTRE ENGENHARIA E TRYOUT POR FERNANDO HENRIQUE TERSETTI

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tualmente é possível observar grandes avanços nos departamentos de engenharia das empresas, onde cada vez mais busca-se prever com o auxílio de softwares específicos os problemas que seriam enfrentados na execução de um projeto e, assim, atuar antecipadamente de forma a evitá-los. Softwares de simulação estão disponíveis para diversas áreas de implementação, seja para complexos sistemas e linhas de produção que envolvem vários produtos até para processos individuais, como a estamparia automotiva. Voltado a este último, discutiremos a seguir ações e procedimentos que podem trazer benefícios ao setor. A tarefa inicial de elaboração de um processo de estampagem já é considerada difícil, pois são muitos os fatores que influenciam o mesmo. A Engenharia precisa vencer uma série de desafios: encontrar os softwares adequados, obter os dados de entrada necessários - informações da matéria prima, os equipamentos a serem utilizados, a precisão da usinagem, tonelagem da prensa, etc - e assim conseguir montar simulações computacionais que permitam prever de forma coerente os resultados físicos, para facilitar as tomadas de decisões relativas ao processo. Tal tarefa é ainda agravada por uma série de fatores externos, como a falta de confiança nos resultados virtuais por parte dos mais conservadores e, acima de tudo, pelo eterno problema de comunicação existente entre os diferentes departamentos.

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Não é fácil conseguir uma simulação computacional onde podemos confiar nos resultados. Ainda mais difícil é conseguir com que tudo aquilo que foi simulado seja corretamente executado pela ferramentaria e construído seguindo o que foi determinado pela engenharia.

certamente um ganho de eficiência e produtividade sem precedentes. Hoje pode-se dizer que um dos maiores desafios da gerência das empresas é conseguir integrar estes departamentos eliminando a síndrome do “problema do outro” e direcionando todo o time para o objetivo

Figura 1: Fluxograma de troca de informações convencional

É comum encontrarmos, ainda nos dias de hoje, profissionais com vários anos de experiência que simplesmente não acreditam que um software possa prever o que vai acontecer debaixo de uma prensa e que, com essa visão, acabem por frear a evolução e o ganho de eficiência de todo um time de tryout. Quão bom seria se ao invés de dividir, os paradigmas fossem vencidos e fossem somadas as experiências e os adventos tecnológicos para um bem maior, onde o resultado seria

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final. Fazer com que todos trabalhem em conjunto, afinal, todos tem um objetivo comum que é ter a peça com a melhor qualidade possível no menor espaço de tempo e pelo menor custo. Existem algumas teorias sobre como melhorar esta comunicação e integrar os times. Uma delas visa envolver o time de tryout durante o processo de desenvolvimento do pacote de engenharia, pois como geralmente possuem uma grande experiência prática os mesmos podem ter inputs


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valiosos para a definição do processo e, uma vez que se sintam parte do desenvolvimento, podem passar a adotar os projetos como próprios e lutar para que os mesmos ganhem vida na ferramentaria. A teoria baseia-se no gerenciamento de stakeholders, exemplificada no mapa da figura 2, envolvendo todos aqueles que possuam qualquer tipo de influência no projeto desde o seu início e fazendo com que estes se sintam mais engajados, parte de um todo, e lutem a favor da equipe deixando de enxergá-los como “instituições feudais”, encurtando as distâncias e minimizando o fator “problema do outro”.

Figura 2: Mapeamento de Poder/Interesse - Fonte: FGV

Apesar de possuir uma definição simples, não é fácil realizar o acima descrito, sendo necessário uma ação direta de gerências e supervisões de todos os departamentos envolvidos para que o objetivo principal possa ser alcançado. No mercado atual, algumas empresas já notaram esta deficiência e buscam diversas formas de contorná-la. Softwares de simulação já estão trabalhando no desenvolvimento de módulos cujo objetivo é encurtar as distâncias. Tais softwares foram desenvolvidos especificamente para utilização do time de tryout e, por conterem informações utilizadas pela engenharia, fatalmente obrigarão o time de tryout a se envolver no processo, pois os mesmos passarão a entender o que está sendo avaliado e o mais importante; por que algo é implementado ou não em um processo. Apesar de cada empresa ter sua metodolo-

gia, o tryout propriamente dito se inicia uma vez que todo o ajuste inicial tenha sido feito, garantindo que haja o contato necessário no fechamento da definição da ferramenta. A partir daí busca-se a primeira correlação com o que foi desenvolvido nas fases de engenharia: Encontrar a mesma corrida de chapa da simulação na peça estampada durante o tryout. Fatores importantes e quase sempre negligenciados tem papel significativo nos resultados alcançados. Entre estes fatores, podemos destacar: A matéria prima simulada é a mesma utilizada no tryout? A posição inicial do blank estava correta? Condições de atrito e sistema tribológico são coerentes (i.e. ferramenta já foi polida como suposto na simulação)? A medida dos quebra-rugas está de acordo com a intenção inicial? As geometrias das ferramentas seguem a simulação? Muitos destes fatores são sim verificados, mas normalmente quando algo no tryout foge do esperado, somando-se a pressão por resultados rápidos, planos de contingência são adotados e perde-se o controle de correlação entre o que foi simulado e o que foi executado. Para tentar evitar estes problemas e maximizar a eficiência do tryout podemos utilizar tecnologias já disponíveis no mercado, abrangendo a aplicação da simulação, direcionando as ações e mantendo tal correlação. Estas tecnologias já nos permitem ir além da simulação tradicional. Prevendo

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resultados com base em faixas de variação e não mais dados pontuais. Desta forma, conseguimos fazer ajustes no tryout com base nos dados reais, garantindo a estabilidade do processo e que o mesmo esteja sempre dentro da janela projetada (figura 3) pela engenharia, diminuindo não só o tempo de tryout mas também as perdas resultantes em paradas de produção, como aquelas que ocorrem ao trocar bobinas, devido ao desgaste das ferramentas, ao aquecimento e etc. Em combinação com o descrito acima, também já é possível carregar estas informações para o usuário do time de tryout, onde o mesmo consegue executar um checklist de como a ferramenta e processo estão no início do tryout com base nestas informações e nas simulações realizadas pelo time de engenharia, o software é capaz de propor soluções para o ajuste da corrida de chapa, indicando por exemplo

qual quebra-rugas deve ser modificado e qual modificação deve ser feita, com base em uma estratégia de redução definida previamente com a participação dos times de engenharia e tryout. Além de propor soluções, o software também permite que o ferramenteiro de tryout verifique quais serão os resultados caso a alteração seja feita. Desta forma é possível manter um controle de todas as alterações, garantindo que não se comprometa, por exemplo, os resultados de springback já estudados e compensados pela engenharia. Na figura 4, podemos ver um exemplo do descrito, onde na imagem superior observa-se o resultado de springback na situação atual, e na imagem inferior o resultado caso os quebra-rugas tenham suas dimensões, e consequentemente seu fator de restrição, alteradas. Estes softwares possuem informações que hoje são comuns na engenharia, como nível de estiramento, afinamento, curva limite de conformação, etc, mas que não são tão corriqueiras assim, pelo menos não nestes termos, no tryout. Desta forma o envolvimento e a integração dos times desde Figura 3: Janela de Processo

o começo se torna essencial, e pode fazer com que a eficiência aumente uma vez que todos passam a fazer parte da evolução e lutar a favor, ao invés de se sentirem de certa forma ameaçados pela tecnologia que cada vez mais pode fazer melhor proveito do conhecimento e da experiência dos usuários. Todas as análises e exemplos mostrados aqui utilizaram os módulos AutoForm Sigma e AutoForm TryoutAssistant.

Figura 4: Resultados de springback em função de alterações na geometria dos quebra-rugas

Fernando Henrique Tersetti - Engenheiro de aplicação na AutoForm do Brasil e integrante da equipe técnica responsável pelo suporte a aplicação do software no mercado brasileiro e argentino, possui 10 anos de experiência na indústria automobilística tendo atuado na área de projetos de ferramentas para estamparia e simulação de processos de estampagem. Possui graduação em Engenharia de Controle e Automação e cursa MBA em Gerenciamento de Projetos. +55 11 4121-1644 / fernando. tersetti@autoform.com.br

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FICHA TÉCNICA

FRATURA: FRÁGIL E DÚCTIL HAIKAI TÉCNICO 007 Considerando um “corpo” sob as mesmas condições de carregamento, tem-se as situações apresentadas na Tabela [1] ao lado: Com base nessas observações, costuma-se classificar o comportamento dos materiais, à temperatura ambiente, em dois grandes grupos, no tocante ao seu comportamento à fratura: FRÁGIL: Dependendo do carregamento mecânico as superfícies de fratura podem ser planas, porém mesmo em circunstâncias nas quais a trajetória de fratura não tem planicidade, é possível se remontar as superfícies fraturadas e reconstituir a geometria original. O material se deforma muito pouco antes de fraturar, sendo o processo de propagação de trinca muito veloz e próprio de situações catastróficas. A Figura 1 mostra imagens da face de fratura

Imagem face fratura frágil (tração)

A

B

C

GGelo Vidro Giz Osso

Metais trabalhados a Frio Polímeros diversos

Arames Chapas de Chumbo Goma de mascar Película de Polietileno

Rompem subitamente sem aviso

Sofrem limitada deformação antes da fratura

Sofrem escoamento plástico, ou visco elástico, com extensa deformação antes da ruptura

Alguns se estilhaçam, partindo em vários pedaços

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Em alguns materiais, como a Argila, a fratura dificilmente é alcançada

frágil de vidro temperado e de corpo de prova de aço no ensaio de tração. DUCTIL: superfícies de fratura são irregulares e, devido à extensa deformação acontecendo antes e durante o processo de fratura, na maioria das vezes não é possível remontar a peça original a partir das partes fraturadas, porém exceto em carregamento simétrico como o ensaio de tração. As imagens Figura 2 mostram faces de fraturas frágil e dúctil obtidas no

Imagem fratura frágil (vidro temperado)

Figura 1: Imagens fratura frágil (aço e vidro)quebra-rugas

ensaio de tração de corpos de prova da direita para a esquerda: ferro fundido cinzento (frágil), alumínio, cobre de pureza comercial e latão (dúcteis) [2].

Figura 2: Imagens de fratura dúctil de ferro fundido cinzento, alumínio, cobre e latão

Arqueologistas são capazes de reconstruir vasos e utensílios antigos de porcelana a partir de pequenos fragmentos encontrados em escavações devido à fratura ter sido frágil, mas é praticamente impossível reposicionar uma tampa de lata de cerveja, ou de lata de sardinha, pelo fato dos materiais que as constituem terem sofrido uma grande deformação plástica, resultando em uma fratura dúctil por ocasião de sua remoção [1].

[1]: Cadernos de Introdução à Mecânica da Fratura – Pós graduação FEM-Unicamp, J.C.Vendramim, MSc [2]: Apostila analise de falhas - Pôs graduação Universidade Presbiteriana Mackenzie, Prof.Dr.Jan Vatavuk

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FICHA TÉCNICA

OXIDAÇÃO A PLASMA - IsOx® HAIKAI TÉCNICO 008

“Isox®” é nome comercial Isoflama para o processo termoquímico de formação de óxidos “Hematita” (Fe2O3) e “Magnetita” (Fe3O4) na superfície de ligas ferrosas nitretadas. A superfície modificada por nitretação do aço de molde de injeção de alumínio (profundidade inferior a 0,060 mm), sem “camada branca”, deve formar sobre esta uma fina camada de óxido que serve de interface entre o alumínio fundido e o aço, inibindo a reação do alumínio

com o ferro, reduzir o coeficiente de atrito e incrementar a resistência ao desgaste tipo erosivo. As Figuras 1 e 2 abaixo mostram os Difratogramas obtidos no exame de superfície de corpos de prova de dois aços tipo DIN 1.2367 de distintas marcas comerciais e bastante utilizados no segmento de injeção de alumínio. A camada de óxido tem espessura da ordem 0,003 mm. Em ambos os Difratogramas aparecem os picos de

interferências construtivas das fases cristalinas dos óxidos de ferro Hematita (Fe2O3) e Magnetita (Fe3O4) e pequeníssima contribuição de nitretos de ferro tipo épsilon. E o substrato de fase alfa (α). A profundidade de penetração do feixe de raio-X na superfície analisada, fica por volta de 5 a 8 um, o que permite se atingir a matriz ferrosa, além dos nitretos que constituem a camada branca.

Esta tecnologia tem sido empregada peça Isoflama com sucesso para moldes de injeção de alumínio sob pressão construídos em aços da classe trabalho a quente, previamente temperados e revenidos.

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JURÍDICA

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS E QUAIS OS IMPACTOS NAS EMPRESAS! POR CHRISTIANE SCHRAMM GUISSO

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onhecida como LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que passará a vigorar a partir de agosto de 2020, foi criada com o objetivo de fixar um regramento no tratamento de dados pessoais sensíveis, independentemente do processamento em meio físico ou digital. Com base nos princípios constitucionais de proteção aos direitos fundamentais de respeito à privacidade, autodeterminação informativa, liberdade, inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem, livre desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania, a LGPD traz ainda premissas advindas do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor. Importante destacar que a lei trata apenas da proteção de informações sensíveis da pessoa física e não jurídica! Assim, a nova regra se aproxima do conceito privacy by design, cuja expressão compreende uma forma de proteção à privacidade que deverá ser incorporada nas estruturas tecnológicas durante todo o processo de construção, com aplicação tanto nas soluções de software que, ao viabilizar a captura ou registro de dados pessoais, obrigue a autorização do usuário, bem como nos modelos de negócio, especialmente nas áreas de marketing ou até mesmo no setor de Gestão de Pessoas da empresa, para armazenar os dados de seus funcionários, por exemplo. Mas o que significa o tratamento de dados? Compreende desde a coleta, produção, recepção, utilização, acesso, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, avaliação, comunicação e até a extração de dados sensíveis. Na prática, será necessário, para coleta de dados, a autorização do titular de forma clara e precisa. Isso quer dizer que o cidadão deverá consentir com a coleta de seus dados e estar ciente de forma

inequívoca sobre qual a sua finalidade, destinação e se seus dados serão compartilhados ou não. Assim, qualquer alteração da finalidade deverá ser precedida de nova anuência, facultando ao usuário, inclusive, a possibilidade de visualização, correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados, a anonimização, a portabilidade das informações a outro fornecedor de produto ou serviço e a exclusão das informações armazenadas. Cabe ainda destacar que o usuário poderá revogar sua autorização a qualquer tempo, e que uma das exigências da lei é que empresas ou órgãos públicos deverão excluir os dados após o término da relação com cada cliente. A LGPD não se aplica se o uso dos dados for realizado para as seguintes hipóteses: fins jornalísticos, artísticos, acadêmicos, proteção de dados, tutela da saúde em procedimento realizado por profissionais da área, proteção à vida, atividades de investigação, exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral, repressão de infrações penais, quando necessário para a execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual seja parte o titular e a pedido do próprio titular dos dados. Entretanto, não estão abrangidos pela excludente prevista nos art. 4º e 7º da LGPD eventual vazamento de informações, tais como o tipo de contratação, valores e forma de pagamento. Desta forma, é extremamente recomendável uma visão estratégica de adequação iniciando pela análise do modelo de negócio, mapeamento de dados pessoais, avaliação das bases legais, roadmap, diagnóstico e planejamento para adequação à lei, incluindo a criação de uma política de segurança e proteção de dados com procedimentos

internos, por exemplo, para solicitação de arquivamento de dados no desligamento do colaborador, método de descarte, processo de despersonificação de dados pessoais, dentre outros. Essa análise também deverá se estender nos contratos firmados com prestadores de serviços, terceiros e parceiros. Cumpre destacar que a nova legislação estabelece a responsabilidade civil dos responsáveis pelo tratamento de dados, que serão obrigados a ressarcir eventuais danos patrimoniais, morais, individuais e coletivos. Ainda, no tocante às penalidades, a LGPD prevê sanções administrativas como advertência, aplicação de multa diária de 2% do faturamento da empresa infratora, limitada ao montante de 50 milhões por infração, dentre outras. O valor da multa diária deverá observar a gravidade da falta e a extensão do dano ou prejuízo causado e ser fundamentado pela autoridade nacional. Neste novo cenário, é certo afirmar que todas as empresas sofrerão impacto com a vigência da LGPD, sendo de extrema importância a revisão, alteração e estruturação destes de forma a atender aos requisitos de segurança e às boas práticas de governança corporativa, com vistas a se adequar à evolução normativa relacionada à privacidade e proteção de dados. Para sintetizar a importância do tema, gosto muito da frase de Alexandre Secco que afirma: “A privacidade agora tem um valor e a irresponsabilidade tem um preço.”

Christiane Schramm Guisso Sócia da Schramm Hofmann Advogados Associados christiane@sh.adv.br

Maiores informações E-mail ahofmann@sh.adv.br Fone 47 3027 2848

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TECNOLOGIA

MAIS RÁPIDO E MUITO MAIS RÁPIDO P O R D E PA R TA M E N T O D E E N G E N H A R I A D E P R O D U T O S I S C A R LT D .

O

notável progresso feito na área de fresamento em desbaste nos anos 90 viu a introdução do fresamento de avanço rápido (FF), também conhecido como fresamento de alto avanço (HFM). Essas metodologias altamente eficientes derrubaram visões estabelecidas e trouxeram novas ideias radicais para a usinagem. Em vez de usar a técnica tradicional de alta remoção de material - fresamento com profundidades e larguras de corte consideráveis - usuários da nova abordagem continuaram a usinar com larguras de corte semelhante, embora usassem uma profundidade de corte muito menor e aplicassem avanços de mesa muito mais rápidos com substancialmente aumento do avanço por dente. Fresamento com uma grande profundidade de corte axial (DOC) demanda o tipo de força de corte fornecido por máquinas de alta potência, enquanto que o desbaste de FF com profundidade de corte (DOC) rasa demanda muito menos força da máquina, embora a ferramenta de corte deva trabalhar mais rapidamente. Portanto, máquinas para serviço leve com acionamentos de eixo com avanço necessário para o fresamento FF já seria o suficiente.

Figura 1: Fresa TANG4FEED com pastilha tangencial para faceamento em alto avanço

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A tecnologia “rápida” de corte superficial que consome pouca energia é uma excelente alternativa aos métodos de corte profundo que consomem bem mais energia. Taxas impressionantes de remoção de material (MRR) com um consumo menor de energia não é a única vantagem da estratégia de fresamento de avanço rápido –FF, há dois benefícios adicionais. A baixa profundidade de corte (DOC) permite a produção de contornos muito próximos da forma final necessária, reduzindo ou mesmo eliminando passes de semiacabamento. Além disso, os pequenos ângulos de ataque da aresta de corte nas fresas FF permitem aumentos consideráveis nos avanços por dente (fz) e velocidades de mesa devido aos efeitos da menor espessura do cavaco.

Figura 2: Diferença entre a espessura do cavaco com um fresa 90º e uma fresa de Alto Avanço

Essa geometria vantajosa minimiza o efeito radial da força de corte e maximiza sua influência axial, resultando em forças que agem quase que somente na direção ao eixo do eixo-árvore, isto é, na direção da rigidez máxima da máquina-ferramenta. Resultados - estabilidade aprimorada do fresamento, vibrações reduzidas, vida útil prolongada da ferramenta, consumo de energia reduzido e aumento da produtividade. Embora as estratégias de FF tenham

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começado na área de fresamento utilizando pastilhas intercambiáveis, elas logo se estenderam para fresas de topo inteiriças de metal duro e se tornaram populares na indústria global de moldes e matrizes devido à sua eficiência na usinagem de formas e cavidades complexas, especialmente de tamanhos pequenos. Devido às diversas e frequentes mudanças nas peças usinadas, centros de usinagem de baixa potência e avançados softwares CAD / CAM, os fabricantes de moldes e matrizes enxergaram rapidamente o valor da nova estratégia. Embora as fresas de topo inteiriças de metal duro fossem as ferramentas de corte mais usadas, as fresas FF de diâmetros relativamente pequenos também eram muito populares antes da introdução da nova estratégia. Posteriormente, a abordagem FF passou a ser voltada para faceamento de avanço rápido (“triplo F”) e abriu o caminho para o desenvolvimento de várias fresas de faceamento. Agora, dada à quantidade de fresamento de face existente, a engenharia geral é o principal consumidor desse tipo de solução. FRESAS DE AVANÇO RÁPIDO

Essas fresas são um fator chave nas técnicas de fresamento de alto avanço. A geometria da fresa, projetada para um corte eficiente de um cavaco de pequena espessura, precisa garantir a distribuição correta dos componentes da força de corte. Existem duas principais abordagens geométricas. O primeiro design exige que a aresta de corte de uma fresa FF seja um arco de um grande círculo. Outro conceito é baseado no uso de uma ou duas arestas retas que são cordas do arco. Nos dois casos, o pequeno


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ângulo da aresta de corte (geralmente 9 a 17 °) atende aos requisitos de cavacos de espessura fina e força total de corte. Garantir a geometria das fresas de topo e cabeças intercambiáveis de avanço rápido inteiriças de MD demanda o formato específico de uma aresta de corte, enquanto que nas fresas que montam pastilhas intercambiáveis a geometria pode ser dada pela localização apropriada da pastilha, mesmo que o perfil seja simples. Embora a introdução de classes inovadoras de metal duro e os avanços na geometria na face de saída do cavaco tenham melhorado ainda mais o progresso nas fresas FF, o elemento essencial no fresamento de avanço rápido – a geometria - permanece constante. O afinamento de cavacos devido à aresta de corte de uma fresa FF é o arco de um grande círculo (ou as cordas que se aproximam do arco), tornando a fresa uma ferramenta toroidal. Quando a ferramenta é girada em torno do seu

próprio eixo as pastilhas produzem um perfil em forma de anel. Uma representação típica de uma ferramenta toroidal é uma fresa com pastilhas redondas.

para uma fresa com pastilhas redondas refere-se ao diâmetro máximo da fresa, isto é, à profundidade máxima de corte (é igual ao raio da pastilha) e ao ângulo máximo da aresta de corte. Mas se a fresa usinar sob a profundidade mínima, o cavaco é mais fino; e, portanto, o avanço programado deve ser aumentado proporcionalmente para produzir cavacos com a espessura necessária. A mesma situação é observada nas fresas de ponta esférica e explica porque as fresas FF funcionam tão rápido.

Figura 3: - Detalhe da pastilha TR FF da fresa TOR6MILL que permite 4 diferentes geometrias de pastilha, incluindo geometria toroidal

O ângulo da aresta de corte da fresa não é um valor constante, mas varia de acordo com a profundidade axial de corte de 0 a 90 °. Diminuindo a profundidade de corte reduz o ângulo da aresta de corte, resultando em cavacos mais finos. O avanço sugerido por dente

Departamento de Engenharia de Produtos Iscar LTD. – Tradução por parte do Departamento de Engenharia de Produtos Iscar do Brasil.

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ENFOQUE

SEMPRE LIGADO

Fique por dentro das novidades tecnológicas do mundo da ferramentaria GÜHRING GÜHRING APRESENTA SUA BROCA ULTRARROBUSTA DE METAL DURO

A RT 100 XF utiliza uma nova classe especial de metal duro que garante ao produto melhor equilíbrio entre dureza e resistência.

Extremamente resistente. Esta é uma das qualidades da RT 100 XF, a nova broca que a Gühring Brasil está apresentando ao mercado. Lançada recentemente na Alemanha, na EMO Hannover19, as primeiras aplicações em que clientes utilizaram a nova broca confirmam excelentes resultados nos processos de usinagem. A RT 100 XF foi desenvolvida a partir de uma classe de metal duro especial, resultante da combinação de carboneto de tungstênio e cobalto, que garantem equilíbrio entre dureza e resistência. A geometria de ponta, protegida por um chanfro negativo ao longo da aresta de corte, torna a RT 100 XF ultrarrobusta e durável, garantindo alto desempenho. O novo processo da aresta de corte produz um corte estável e muito mais eficiente. As principais quebras, que normal-

mente aceleram o desgaste ou a perda da ferramenta, não ocorrem mais. Além de titânio e nitrogênio, o revestimento nanoFire contém alumínio e é caracterizado por um alto nível de dureza e boa resistência termoquímica. A margem dupla entra em ação logo no início da furação, aperfeiçoando a coaxialidade do furo, garantindo resultados de furação excelentes e, portanto, estas características são padrão na linha RT 100 XF a partir de 5xD. Os detalhes adicionais produzidos pelo terceiro e o quarto chanfros-guia garantem excelente suavidade de operação. Canais polidos reduzem o atrito no processo de furação e a transferência de calor para a peça usinada.

novo motor com menos peças, ao sistema Smartfan que controla a temperatura do óleo aumentando a vida útil dos componentes e ao uso de sensores inteligentes que indicam o momento exato para troca de filtros. “É importante ressaltar que os compressores dispõem de filtro duplo veicular, pré-filtro e secador de ar integrado, o que garante ar comprimido de qualidade”, enfatiza Milton Fischer, gerente geral de vendas da Schulz Compressores.

(11) 2842-3066 vendas@guhring-brasil.com SCHULZ SCHULZ LANÇA LINHA DE COMPRESSORES QUE REDUZ CONSUMO ENERGÉTICO EM ATÉ 50%

O constante investimento em tecnologia, aliado à inovação e à responsabilidade ambiental, levou a Schulz a lançar uma nova linha de produtos: os compressores de parafuso SRP 5000 Flex – inteligente, econômico e eficiente. Projetado para trabalhar 24h/dia, sem limites de partida ou picos de corrente, o novo equipamento apresenta o motor de ímã permanente (de eficiência IE4), tecnologia inovadora que reduz o consumo energético em até 50%. Além do excelente desempenho, o produto tem como grande diferencial o baixo custo de manutenção, devido ao

Ele explica que o projeto foi concebido para assegurar máxima eficiência em ambientes com as condições climáticas do Brasil, incluindo regiões onde as temperaturas chegam aos 45°C. “O secador de ar integrado foi dimensionado para o mercado brasileiro, onde eliminamos todos os possíveis problemas comuns a operações em ambientes com temperaturas elevadas. É sem dúvida o melhor secador de ar do mercado”, acrescenta. Outros dois atributos importantes da nova linha são confiabilidade e segurança. O circuito de óleo com cabeçote multiuso e vedações por o-ring eliminam qualquer vazamento, tornando o

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ENFOQUE

sistema mais confiável. O compressor também possui chave seccionadora, comando 24 V e relé de segurança, oferecendo mais proteção ao operador. E para descomplicar o uso, o compressor apresenta ainda o Control-E, com interface colorida e touch screen de 7”, que permite uma nova experiência e facilidade no controle, gerenciamento e parametrização da máquina. Disponíveis nas potências de 30 a 100 hp, o produto atende às mais variadas indústrias do mercado nacional e internacional, cada vez mais exigentes em relação ao nível de eficiência e atentos à questão de produtividade e sustentabilidade. O produto acaba de ser disponibilizado para a rede de distribuidores Schulz e já no lançamento atingiu a marca de 46 unidades comercializadas. “Esse resultado mostra a demanda da indústria por soluções inovadoras que agregam competitividade, mesmo em um cenário econômico desafiador que vivenciamos no mercado brasileiro”, destaca Fischer. (47) 3451-6000 sac@schulz.com.br SANDVIK SANDVIK LANÇA BROCA INTERCAMBIÁVEL PARA FUROS ATÉ 7XD

A Sandvik Coromant lançou na EMO Hannover 2019 a broca intercambiável CoroDrill DS20, para furos de até 7xD. De acordo com a empresa, trata-se da primeira broca intercambiável do mercado capaz de realizar furos com essa profundidade. A ferramenta, que traz novo design em seu corpo e também nas pastilhas, é ideal para o controle de cavacos e apresenta excelentes taxas

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de penetração em todas as aplicações 4-7xD. Além disso, segundo a Sandvik, a CoroDrill DS20 pode ter vida útil prolongada em até 25% (em relação às brocas convencionais) e aumentar a produtividade em até 10%, dependendo do material da peça usinada. No portfólio da empresa, a broca nasceu para substituir os modelos CoroDrill 880 e CoroDrill 881. Como complemento, a empresa também lançou a MDI - Modular Drilling Interface (Interface de furação modular) que atua como um acoplamento entre a broca e o adaptador. Disponível nas hastes Coromant Capto e HSK, a MDI oferece alta precisão e excelentes recursos de centralização. Robusto, o corpo da broca é resistente à fadiga e apresenta altos níveis de rigidez. Os formatos dos canais dos cavacos são desenhados um a um para cada tamanho de broca e pastilha. Tal combinação, de acordo com a Sandvik, resulta em menos vibração e maior previsibilidade nos padrões de desgaste da ferramenta. Além disso, a nova geração de tecnologia “passo duplo” reduz as forças de corte de entrada em até 75% se comparado com as ferramentas CoroDrill 880 para melhorar a capacidade de centralização. O desenho robusto e resistente da pastilha oferece tenacidade extra, com quatro arestas de corte verdadeiras localizadas nas pastilhas centrais e periféricas. Em relação à nova MDI, a centralização dupla com alta precisão de ajuste permite boa precisão do batimento radial e excelente repetibilidade. “Entre os mais importantes fatores durante a furação em profundidade superior a 5xD estão as forças de

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corte, o escoamento de cavacos seguro e recursos de centralização de alta,” explica Håkan Carlberg, engenheiro de P&D sênior da área de Furação Intercambiável na Sandvik Coromant. “Variando de uma broca 5xD a uma de 7xD, a dificuldade teórica aumenta aproximadamente três dobras por causa da maior tendência à curvatura. Para desenhar uma broca CoroDrill DS20 7xD, é necessário analisar cuidadosamente cerca de 50 parâmetros interdependentes. O resultado é maior segurança do processo através de forças mais baixas e cortes mais leves, especialmente na entrada. Por outro lado, os usuários reduzem o custo por furo, a habilidade de furar níveis mais profundos com menos ruído.” As brocas intercambiáveis CoroDrill DS20 estão disponíveis em diâmetros que variam entre 15 e 65 mm com uma gama de hastes, classes e geometrias que se adequa a todos os tipos de materiais e aplicações, incluindo os materiais mais usados nos setores de engenharia geral, automotivo, petróleo e gás, bombas e válvulas e aeroespacial. (11) 4680-3536 comercial.coromant@sandvik.com MITUTOYO MISTAR 555, NOVO CONCEITO EM TRIDIMENSIONAIS CNC

Com design de pórtico tipo cantilever, a Mistar 555, nova máquina de médição tridimensional CNC, da Mitutoyo, foi projetada visando a usabilidade, permitindo que seus usuários consigam acessar a máquina para posicionar as peças em três direções: pela frente, por trás e pelo lado direito.

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ENFOQUE

Segundo a fabricante, trata-se de um produto de ótima durabilidade que, mesmo em ambientes agressivos de produção, consegue alcançar aceleração combinada de 2695 mm/², além de realizar medições com exatidão compensando a temperatura na faixa de 10° a 40°C.

estados da máquina e armazena em um histórico, com intuito de promover a manutenção preditiva”, informa a empresa. (11) 4746-5810 mitutoyo.com.br

manserv.com.br/pt MANSERV NOVO APLICATIVO REDUZ EM 50% O TEMPO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

A máquina é equipada com as escalas Absolute, uma fina e precisa tecnologia da Mitutoyo, não sendo mais necessário o usuário realizar o posicionamento de origem toda vez que a máquina for desligada, além de conseguir identificar seu posicionamento mesmo que as escalas fiquem com um pouco de contaminação de óleo. A Mitutoyo informa ainda que “prezou pelo conceito de simplicidade e flexibilidade: com apenas uma fonte de energia, a máquina já está operacional, sem a necessidade de ar comprimido para funcionar, e ainda conseguiu reduzir seu volume de instalação em aproximadamente 70% em relação a outras máquinas do tipo cantilever MMC (em relação a outros modelos da Mitutoyo)”. “Além do mais, assim como as máquinas de usinagem, a visualização sobre a máquina é necessária para monitorar dos estados de operação e prevenir que todo o sistema desligue. A Mitutoyo, com sucesso, desenvolveu o mais novo Sistema SMS (Smart Factory System), que é uma tecnologia de monitoramento que integra os

pela empresa estão a operação e manutenção de processos industriais; paradas programadas; medição de carga e inspeção de redes e distribuição de energia elétrica; monitoramento inteligente de máquinas; e manutenção preditiva 4.0.

A Manserv, empresa líder em serviços Industriais, Facilities e Logística, implantou um aplicativo na área da Industrial para agilizar as solicitações de serviços de reparo e auxiliar os clientes a acompanharem os procedimentos de forma mais detalhada. Criado primeiramente para ser usado pela área Facilities, o app Manserv Go teve um bom desempenho na tarefa de integrar os processos de serviços volantes e por isso ganhou adaptação para outras áreas da empresa. O aplicativo está disponível para os clientes da empresa realizarem abertura de solicitação de serviço por meio de QR Code, incluindo fotos se necessário. De acordo com o diretor-presidente da Manserv Industrial, Marcelo Felipe, houve a redução de 50% no tempo para gerar solicitações. “Também tivemos um enorme ganho de qualidade, pois as informações ficam mais esclarecidas devido à utilização de imagens”, explica. As solicitações são enviadas ao sistema de gerenciamento Prisma para serem planejadas e incluídas automaticamente em gráficos do aplicativo, que ficam disponíveis para que o solicitante acompanhe o andamento. O app está disponível para smartphones Android e iOS. “A Manserv busca desenvolver tecnologias que proporcionem a aplicação de soluções adequadas para evoluirmos ainda mais na qualidade e no nível de confiabilidade da nossa atuação”, afirma Felipe. Entre os serviços oferecidos

SECO SECO 335: FRESAMENTO DE DISCO SUAVE E SEM PROBLEMAS

Para lidar com as dificuldades que os fabricantes enfrentam com as operações de fresamento de disco em materiais difíceis de usinar, a Seco Tools desenvolveu nova linha corpos de fresa de disco, os modelos 335.18 e 335.19. Segundo a fabricante, essas fresas de passo fino melhoram a estabilidade e a produtividade, ao mesmo tempo que um sistema plug-and-play de refrigeração garante maior vida útil das ferramentas, além de um melhor controle de cavacos. “Esses recursos, assim como um novo corpo de fresa resistente à corrosão e pastilhas intercambiáveis com quatro arestas de corte, permitem que essas fresas de disco superem alternativas de aço rápido, especialmente em materiais dúcteis como aços inoxidáveis, titânio e superligas”, informa a companhia. Projetadas para operações de fresamento de rasgos entre 4-12 mm e operações de corte entre 4-8 mm, as fresas 335.18 e 335.19 estão disponíveis em diâmetros que variam de 32 mm a 125 mm. Os diâmetros em polegadas variam de 1,25” a 4” com larguras de 0,156” a 0,50”. As pastilhas para estas fresas estão disponíveis com uma gama completa de classes, geometrias e raios de ponta (0,2-6,0 mm, 0.008”-0.236”). Para obter maior flexibilidade, facilidade de uso e maior alcance radial e axial, as fresas 335.18 e 335.19 utilizam conexões modulares Combimaster. (15) 2101-8600 secotools.com

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CIRCUÍTO BUSINESS

CURSOS, EVENTOS E FEIRAS FEIRAS E CONGRESSOS MARÇO 2020 03 - São Paulo, SP, Brasil Manufacturing summit Brazil (11) 3280-2804 manufacturingsummitbrazil.com 14 a 29 – EUA e Canadá Missão Empresarial – EUA e Canadá (47) 3028-1115

MAIO 2020 05 a 09 - São Paulo, SP, Brasil Feimec – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (11) 3598-7800 feimec.com.br 28 a 29 - Joinville, SC, Brasil ENAFER 2020 - Encontro nacional de ferramentarias (47) 3227-5290 enafer.com.br

AGOSTO 2020 11 a 14 - Joinville, SC, Brasil Interplast 2020 - Feira de Integração da Tecnologia do Plástico (47) 3451-3000 interplast.com.br

SETEMBRO 2020 08 a 10 – São Paulo, SP, Brasil AMTS Brasil: Feira de Tecnologia para Manufatura Automotiva (11) 3060-4717 amtsbrasil.com.br 15 a 18 - Joinville, SC, Brasil Metalurgia 2020 - Feira e congresso internacional de tecnologia para fundição, siderurgia, forjaria, alumínio & serviços (47) 3451-3000 metalurgia.com.br

OUTUBRO 2020 10 a 18 - Friedrichshafen/Alemanha Missão Empresarial – Feira Fakuma 2020 (47) 3028-1115

JUNHO 2020 05 a 19 – Shangai, China Missão Empresarial ISTMA 2020 (47) 3028-1115

CURSOS E WORKSHOPS FEVEREIRO 2020

09 a 13 - Shangai, China Conferência Mundial ISTMA 2020 istmaworld2020.com

Escola LF - São Paulo, SP, Brasil 05 – Curso de materiais plásticos (11) 3277-0553 escolalf.com.br

16 a 19 - Chapecó, SC, Brasil EletroMetalMecânica 2020 Feira e Congresso de Tecnologia para a Indústria EletroMetalMecânica (47) 3451-3000 eletrometalmecanica.com.br

Universidade Ferramental - Joinville, SC, Brasil 06 – Gestão de custos na Ferramentaria Moderna - Joinville/SC revistaferramental.com.br (47) 3202-7280

URSOS E WORKSHOPS

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Universidade Ferramental - Bragança Paulista, SP, Brasil 13 – Gestão de custos na Ferramentaria Moderna revistaferramental.com.br (47) 3202-7280

MARÇO 2020 Escola LF - São Paulo, SP, Brasil 17/03 a 04/04 – Curso de robôs 3 eixos (11) 3277-0553 escolalf.com.br

SOB CONSULTA ABIPLAST - São Paulo, SP Curso: Formação de operadores de produção e planejamento estratégico para micro e pequena empresa (11) 3060-9688 abiplast.org.br ABM - São Paulo, SP Curso: Metalurgia e materiais (11) 5536-4333 abmbrasil.com.br Bertoloti - In company Curso: Melhoria na troca de moldes (11) 8262-8785 bertoloti@uol.com.br CECT - Florianópolis, SC Curso: Metrologia e sistemas da qualidade (48) 3234-3920 cect.com.br CERTI - Florianópolis, SC Curso: Metrologia (48) 3239-2120 certi.org.br/metrologia Colégio Técnico - Campinas, SP Curso: Injeção de termoplásticos e projeto


CIRCUÍTO BUSINESS

de moldes para injeção de termoplásticos (19) 3775-8600 cotuca.unicamp.br/plasticos CTA - São José dos Campos, SP Auditores da qualidade, gestão da qualidade, normalização, ultra-som, raio-X (12) 3947-5255 ifi.cta.br Escola LF - São Paulo, SP • Operação de máquinas de sopro e injetoras, análise de materiais e processamento, projeto de moldes • Injeção de plásticos • Decoração e gravação • Máquina sopradora • Manutenção de injetoras • Máquinas injetoras • Setup em máquinas injetoras • Segurança em máquinas injetoras • Projeto de moldes 2D e 3D • Metrologia e desenho • Câmara quente • Extrusão de filme • Processamento de PET • Preparador técnico em máquinas de sopro • Processos de extrusão (11) 3277-0553 escolalf.com.br Escola Técnica Tupy - Curitiba, PR Técnico em plásticos (41) 3296-0132 sociesc.com.br Faculdade Tecnológica Tupy - Curitiba, PR Tecnólogo em polímeros e Pós-graduação em desenvolvimento e processos de produtos plásticos (41) 3296-0132 sociesc.com.br FC Educa - Joinville, SC • Lean Manufacturing • Administração de Compras e Fornecedores • Como Planejar Ações na Área Comercial • Consultoria em Vendas • Desenvolvimento de Lideranças • Estratégias de Negociação e Vendas (47) 3422-2200. fceduca.com.br

INPAME - São Paulo, SP Operador de prensas e similares (in company) (11) 3719-1059 inpame.org.br IMA - Rio de Janeiro, RJ Especialização em processamento de plásticos e borrachas (21) 2562-7230 ima.ufrj.br Intelligentia - Porto Alegre, RS Racionalização de processos de manufatura, desenvolvimento gerencial (51) 3019-5565 intelligentia.com.br PLMX Soluções - São Caetano do Sul, SP, Brasil Treinamentos: Solid Edge (11) 3565-3808 plmx.com.br Ponto Zero - Joinville, SC • Programação CNC Centros de Usinagem - ISO • Programação CNC Centros de Usinagem - Heidenhain • Programação CNC Torneamento • Metrologia básica • Desenho técnico mecânico (47) 3026-3056 pontozerotreinamento.com.br

• Projetista de moldes para injeção de termoplásticos (11) 4344-5028 meioambiente.sp.senai.br SENAI - Jundiaí, SP Tecnologia de moldes, operador de extrusora, técnico em plásticos (11) 4586-0751 sp.senai.br/jundiai SENAI Roberto Mange - Campinas, SP Técnico em construção de ferramentas (19) 3272-5733 sp.senai.br SKA - São Leopoldo, RS Curso: Curso básico e avançado de CAD e CAM 0800 510 2900 ska.com.br Sociesc - Joinville, SC Curso: Automação, mecânica, mecatrônica, metalurgia, plásticos 0800 643 0133 sociesc.com.br Trade Mix - Rio de Janeiro, RJ Curso: Design de embalagens e projeto de produtos (21) 3852 5363 trademix.com.br

Sandvik - São Paulo, SP Técnicas básicas de usinagem, tecnologia para usinagem de superligas, otimização em torneamento e fresamento (11) 5696-5589 sandvik.com.br SENAI - Joinville, SC Tecnologia em usinagem, mecatrônica, ferramentaria (47) 3441-7700 sc.senai.br SENAI Mário Amato - São Bernardo do Campo, SP • Materiais, moldes, processamento de plásticos

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CONEXÃO WWW

INDICAÇÃO DE

WWWEBSITES

COURSERA

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Todos os cursos do Coursera são ministrados pelos principais instrutores de universidades e empresas de classe mundial, para que você possa aprender algo novo a qualquer hora e em qualquer lugar. Centenas de cursos gratuitos oferecem acesso a palestras em vídeo sob demanda, exercícios de lição de casa e fóruns de discussão da comunidade. Os cursos pagos fornecem questionários e projetos adicionais, além de um certificado de curso compartilhável após a conclusão.

O Mathway é útil para resolver equações matemáticas e químicas. Ao escrever a equação, ele pergunta que tipo de resposta você deseja: balanceamento, fatorar, resolução, etc. O divertido é que a página funciona como um chat. Você coloca a pergunta e ele te responde, dando umas dicas de como foi feita a resolução.

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MATHWAY

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ESPAÇO LITERÁRIO

DICAS DE

LEITURA

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Livros para você se inspirar

CUSTOMER SUCCESS Sua empresa ainda é daquelas que têm que “matar um leão por dia” para fechar o mês? Já ouviu falar em receita recorrente? Acha que customer success é assunto para empresas de tecnologia ou startups? Se essas e outras dúvidas lhe ocorreram, você precisa ler Customer Success para descobrir que trata-se de uma nova estratégia para lidar com os modelos de negócios baseados em serviços em vez de produtos, em uso ao invés de propriedade. O livro possui 272 páginas e foi publicado em 2017.

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O PODER DA CHINA Qual é a relação China vs. mundo e como as empresas chinesas se internacionalizam; Por que e como a China tem crescido tão rapidamente; Os detalhes dos principais protagonistas da nova economia digital da China; O que é a Nova Rota da Seda, em que o governo chinês promete investir US$ 1 trilhão no exterior; Por que é um consenso que a China ultrapassará a economia dos EUA. O livro possui 288 páginas e foi publicado em 2019.

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O MODELO TOYOTA DE EXCELÊNCIA EM SERVIÇOS Leitura obrigatória para os profissionais da área de serviço, este livro leva os princípios lean da série best-seller O Modelo Toyota diretamente para as indústrias em que a qualidade do serviço é crucial para o sucesso. Jeff Liker e Karyn Ross mostram como desenvolver os princípios lean em uma organização usando o famoso modelo dos 4Ps. O livro possui 448 páginas e foi publicado em 2019.

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4 SEJA UM LÍDER DE HERÓIS A incompreensão do verdadeiro papel de um líder e a falta de conhecimento sobre como montar e liderar um time de sucesso têm refletido diretamente nos ambientes em que vivemos, criando resultados insatisfatórios. Para ajudar cada líder a inspirar, ensinar e transformar, Leandro Moreira, desenvolve neste livro, além de técnicas de gestão de negócios e pessoas, segredos que ajudarão você a ser um líder de excelência deixando um legado poderoso. O livro possui 256 páginas e foi publicado em 2019.

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Utilize o QR CODE abaixo de cada livro para saber mais JAN / FEV 2020 // REVISTAFERRAMENTAL.COM.BR //

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OPINIÃO

O MOMENTO É DE INTEGRAÇÃO E INOVAÇÃO POR RICARDO MAGNANI

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o dia 20 de setembro de 2019 foi aprovado o Programa de Pesquisa Prioritário do Rota 2030 - FeB+C - Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas. O programa foi selecionado em uma chamada pública pelo Conselho Gestor do Rota 2030 como o Programa Prioritário para apoiar a linha IV do Rota 2030 referente ao fortalecimento da cadeia de ferramental e moldes destinados a produtos automotivos (Portaria MECON nº 86 de março de 2019). O Programa, que é coordenado pela a Fundep e tem o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo como coordenador técnico, representa a união de esforços de vários atores da sociedade. A ABINFER - Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais teve papel central na representação das ferramentarias e na promoção da cadeia de suprimento global do setor automotivo, esforço fortemente apoiado e estimulado pela AEA - Associação de Engenharia Automotiva e ANFAVEA - Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores representando a demanda do setor automotivo. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contribuiu fortemente com o olhar para a formação e preparo dos trabalhadores do setor para o futuro que já está aí a nossa porta. Contamos também com várias outras instituições de ciência e tecnologia, como o IPT, ITA, UFABC, UFSC, IPEN, FGV e o Instituto Mauá de Tecnologia que vão contribuir com a geração de conhecimento e tecnologia para prover o necessário à retomada da competitividade do setor estratégico para todo tecido industrial brasileiro: as ferramentarias. Nos próximos 5 anos o programa está autorizado a captar recursos do regime de ex-tarifário e aplicá-los para

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o desenvolvimento do Programa FeB+C. Serão injetados no setor mais de 200 milhões de reais para a certificação, o desenvolvimento de tecnologias aplicadas, à formação e o empreendedorismo relacionado ao setor de ferramental no Brasil. A motivação para esse investimento é retomar a competitividade do setor, certificar ferramentarias e prepará-las para participar de projetos de fornecimento de ferramental nacional e global. Para impulsionar ainda mais o setor, no dia 10 de dezembro de 2019, também foi publicada a Resolução SFP 104, relativa a regulamentação do ProFerramentaria para o Estado de São Paulo. O Programa significa mais pedidos de fornecimento de ferramental para o setor automotivo. A conjunção dessas duas oportunidades representa a importância que o setor de ferramental tem para o desenvolvimento da indústria nacional. E o que é preciso para se beneficiar dessas inciativas? Podemos resumir em duas palavras: integração e inovAÇÃO! Inovação, de forma simplificada, representa transformar conhecimento em novos produtos e processos e em consequência disso, mais e melhores notas fiscais nas empresas. Para isso, não precisamos desenvolver “ciência da NASA”. Mas isso requer disciplina e criatividade. Hoje há muitas formas de inovar e o caminho que está aberto para as ferramentarias segue uma rota de integração. Integração entre cliente (montadoras e sistemistas) e fornecedor (ferramentarias) e, talvez a grande novidade no Brasil, o estreitamento de relações das ferramentarias e das instituições que desenvolvem conhecimento e tecnologia (ICTs). Essa integração é fundamental para a busca da competi-

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tividade para o setor. De forma isolada não poderemos competir com o resto do mundo. Juntos há chance. Encontrar os problemas a serem superados com os clientes sempre foi e será uma rota de boas ideias para inovar. O Programa quer ajudar a resolver problemas de capacidade técnica e gerencial que estão fazendo os clientes buscarem fora do Brasil a solução para suas necessidades. A grande diferença entre o cenário atual e o passado é que há recurso e muito estímulo para que as principais instituições de ensino e pesquisa do Brasil apoiem as ferramentarias na sua jornada de crescimento sustentadas pela inovação e a internacionalização. Há muitos desafios técnicos e gerenciais a serem superados. Se houver abertura e união haverá maior chance de êxito na superação. Com o esforço conjunto e integração de todos esses atores que constituem o Programa FeB+C teremos elementos necessários para avançarmos. Para tanto, é necessário estarmos integrados e buscarmos o objetivo comum maior que é participar de cadeias globais de fornecimento. Que haja muita inovação e integração em 2020 e que juntos possamos aproveitar toda energia potencial das boas iniciativas como o Rota 2030 e o ProFerramentaria e levar o setor para um novo patamar de competitividade e participação de mercado. Um 2020 repleto de inovAÇÂO a todos.

Ricardo Magnani - Gerente de Inovação no IPT - Instituto de Pesquisas tecnológicas do Estado de São Paulo ricardom@ipt.br


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