Revista Ferramental Edição 97

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TECNOLOGIA

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO MARTELAMENTO PARA O ALÍVIO DE TENSÕES EM SOLDAS DE REPARO EM FERRAMENTAS DE CONFORMAÇÃO POR LINDOLFO STURMER - DIEGO TOLOTTI - WILLIAM HAUPT ISMAEL MARKUS - ANGÉLICA PAOLA DE OLIVEIR A

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soldagem para recuperação de aços temperados, têm sido uma prática comum ao longo dos anos nas ferramentarias. Isso devido ao elevado custo para aquisição destes materiais, por se tratar de materiais nobres, além do custo com usinagem e o tempo de espera para fabricação de um componente novo. A Figura 1 apresenta alguns exemplos de peças recuperadas por solda, aplicadas em matrizes e punções de corte.

Figura 1: Exemplos de matrizes recuperadas por solda.

O processo mais utilizado atualmente para esta soldagem é o GTAW (Gas-Tungsten Arc Weld), mais conhecido no Brasil como processo TIG (Tungsten Inert Gas). Conforme Preciado et al., (2005), a soldagem TIG permite um excelente controle da poça de fusão, baixa taxa de deposição, isento de respingos, e o principal fator, baixa energia de soldagem. Em Brito (2005), verifica-se a recomendação de que aços para ferramentas de corte e conformação a frio devem possuir dureza entre 58 e 62 HRC, logo, a soldagem desses aços temperados, requer alguns cuidados especiais como pré-aquecimento e revenimento após a solda, para reduzir as tensões internas ocasionadas pelo calor e resfriamento da fusão. Em Thompson (1999) está enfatizado que o pré-aquecimento adequado à geometria e tamanho da peça é fundamental para não ocorrer trincas. Neste sentido, muitos soldadores utilizam a técnica de

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REVISTAFERRAMENTAL.COM.BR // SET / OUT 2021

“martelar” sobre o cordão de solda, afim de reduzir as tensões internas do material. Em seu trabalho com eletrodos revestidos, Bergamo (2006), diz que os efeitos atribuídos ao martelamento (Hammer Peening) são diversos como, indução de tensões compressivas e alívio de tensões residuais. Ambos efeitos são benéficos nos seguintes casos: Componentes soldados sujeitos a esforços dinâmicos, que possam resultar em falhas por fadiga; soldagem de aços temperáveis, nos quais há maior susceptibilidade às trincas a frio e no comportamento em serviço de componentes sujeitos a corrosão sob tensão. Bergamo verificou ainda que o martelamento se mostrou eficaz no alívio de tensões, porém, houve aumento de dureza em materiais sensíveis ao encruamento. Borghi (2010), confere que as distorções podem ser minimizadas por martelamento. Porém, um martelamento feito sem o cuidado necessário pode causar trincas no metal. Confere ainda que esta técnica deve ser sempre feita com a peça quente. O Martelamento praticado corriqueiramente nas ferramentarias, geralmente é feito sem qualquer embasamento teórico procedimentado. Geralmente esta técnica é passada entre os soldadores que a usam de acordo com sua sensibilidade. Com este trabalho, espera-se comprovar a eficácia do martelamento na solda de reparo em um aço VF 800 AT, temperado garantindo uma dureza 60 HRC, verificando através de metalografia e microdureza as diferenças entre soldas com e sem martelamento. MATERIAIS E MÉTODOS

O material base para os testes práticos foi o VF 800 AT da Villares, temperado e revenido a uma dureza de 60 HRC. Esta liga é utilizada para trabalho a frio e é de elevada tenacidade e resistência ao desgaste. Apropriado para aplicações como pentes e rolos laminadores de roscas, ferramentas de cunhagem e matrizes para corte e repuxe. A dureza recomendada para utilização está entre 56 e 62 HRC. A Tabela 1 mostra a composição quimica deste material.


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