Revista FEUC em Foco - Edição 23 (dezembro/2015)

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Revista

Ano 6 • Nº 23 • dezembro de 2015 • www.feuc.br/revista

em foco

RESULTADOS DO ENADE 2014 Mais uma vez as FIC elevam seus conceitos na avaliação do MEC 1


Índice Foto: Gian Cornachini

31 Capa

Notícias fresquinhas chegadas do Ministério da Educação informam que as FIC elevaram seu conceito como instituição no Enade 2014 e também nove de nossos dez cursos tiveram notas superiores na avaliação em comparação com as de 2011. Ciências Sociais e História obtiveram conceito 4, e todos os demais ficaram com 3.

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08

Luitgarde Barros

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Psicopedagogia

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FEUC Online

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Fórum de Educação

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Colhendo frutos

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Roda de Conversa

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Literatura

Antropóloga fez palestra e lembrou professor Choeri

Evento na FEUC reuniu profissionais da Zona Oeste

Educação a Distância se apresenta aos professores

Encontro cresceu este ano, agregando outros eventos

Emoção e bons resultados no Pibid em Movimento II

DCE faz debate sobre “Juventude negra e acesso à cidade”

Um conto de aluna inspirado na África


Editorial 18 Expo X

Estudantes do Fundamental e do Ensino Médio exibiram suas pesquisas científicas e inovações na feira de ciências que agitou a FEUC no final de outubro. Foto: Gian Cornachini

CAPA: Foto: Gian Cornachini FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense. Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino: Arlene da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Equipe: Tania Neves (Edição e texto), Gian Cornachini (Texto, foto e diagramação), Pollyana Lopes (estagiária); Periodicidade: trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: emfoco@feuc.br

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

O ano de 2015 se encerra para a FEUC com boas notícias vindas do Ministério da Educação (MEC): de nossos dez cursos avaliados no Enade 2014, nove tiveram resultados melhores do que em 2011, confirmando a crescente elevação da qualidade do ensino aqui oferecido. O curso de Ciências Sociais manteve a nota 4 conquistada no Enade anterior e o de História passou de 3 para 4. E todos os demais cursos ficaram com nota 3, alguns muito pertinho do 4! Um resultado que reflete o compromisso da instituição, a dedicação dos professores e o empenho dos alunos, como você poderá ler com detalhes na nossa matéria de capa. E por falar em resultados positivos, foi também comemorando esse marco que alguns subprojetos do Pibid realizaram, em novembro, eventos para apresentar suas realizações em 2015, como os de Letras, História e Ciências Sociais. E a presente edição tem ainda um apanhado do que foi apresentado na ExpoX do CAEL, cobertura das semanas acadêmicas de Matemática, Informática e História, o lançamento do site da FEUC Online – nossa estreia na Educação a Distância – e muito mais. Por fim, dando continuidade ao que já está se tornando uma tradição aqui na revista, nossa última página traz novamente um texto escrito por aluno, mas desta vez é um conto! Bolsista do Pibid Interdisciplinar, sob coordenação das professoras Norma Jacinto e Janice Souza, a graduanda Natácia Araújo inspirou-se nas aulas sobre Literaturas Africanas para dar forma a um texto belíssimo. Leia, comente! E um bom fim de ano a todos. Tania Neves Editora 3


MUNDO

Foto: Gian Cornachini

Vagas abertas para soltar a voz no coral Ecos Sonoros Esta é uma convocação para pessoas que gostam de cantar, têm mais de 15 anos, boa percepção musical e disponibilidade de ensaiar uma vez por semana, sempre entre 18h e 19h, e eventualmente aos sábados. E quem convoca é o mastro David de Souza, regente do Coral Ecos Sonoros, que prepara uma recomposição do grupo após a saída de alguns alunos e alunas que se formam neste semestre e estão se despedindo também do Coral. Os candidatos podem ser alunos ou alunas do CAEL ou das FIC, professores e funcionários. No caso dos alunos – tanto das FIC quanto do CAEL – a instituição oferece uma contrapartida pela participação: descontos nas mensalidades, que começam com Foto: Divulgação

O Coral em ação: grupo já cantou em festivais aqui e no exterior 15% e podem subir nos anos seguintes. E os alunos da faculdade ganham também horas de atividades complementares a cada vez que participarem de uma apresentação oficial com o Coral. Essas apresentações acontecem na própria FEUC, em datas comemorativas e eventos acadêmicos, e também a convite de outras instituições da Zona Oeste. Vale lembrar que

Aula inaugural de Geografia já decidida O curso de Geografia escolheu o tema e o convidado que ministrará sua aula inaugural do primeiro semestre de 2016, em março: o professor da UERJ Floriano Godinho de Oliveira, que falará sobre “Território, desenvolvimento e ação política na metrópole fluminense”. Floriano é doutor em Geografia Humana pela USP e pós-doutor pela Universidade de Barcelona. Suas pesquisas aca-

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o Ecos Sonoros volta e meia participa de festivais de canto aqui no Rio e em outros estados, e já se apresentou até fora do país. “É uma oportunidade para quem quer se integrar num grupo realmente unido e que ama a música. E também para se aprimorar no canto, pois oferecemos aulas de técnicas vocais, notação musical, solfejo e leitura métrica”, diz o maestro. ■

dêmicas são nas áreas de Geografia Urbana e Geografia Econômica, com foco nas políticas territoriais e o ordenamento do território em áreas metropolitanas, e na expansão industrial e suas implicações na estrutura territorial no Estado do Rio de Janeiro. Entre os muitos livros que o professor já lançou, o mais recente é “Metrópole: governo, sociedade e território”, do qual é um dos organizadores. ■


A FEUC tem mais a oferecer em educação Foto: Gian Cornachini

Ana e Rodrigo: atividades do Pibid são diferencial na formação O resultado do Enade 2014 que acabamos de receber confirma o teor de nossa campanha publicitária para o Vestibular 2016: a FEUC tem mais! Num momento em que diversas instituições promovem uma verdadeira guerra de preços de mensalidades, alardeando valores mais baixos como único atrativo para fisgar novos alunos, decidimos mostrar nosso compromisso com a formação de bons profissionais, sobretudo para o Magistério, pois a melhora da educação básica é o que elevará o país. Nosso custo é mais alto porque efetivamente gastamos as receitas com a contratação de bons professores e os insumos necessários para a realização de um Projeto Pedagógico sério, e não vamos abrir mão disso em nome de nos tornar mais atrativos. Por exemplo, a FEUC é a única faculdade particular do Rio, além da PUC, participante do Pibid (Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), do Governo Federal, que concede bolsas de R$ 400 para os graduandos desenvolverem projetos pedagógicos em escolas públicas da região. É quase unanimidade entre os relatos dos bolsistas participantes o quanto essa experiência tem sido importante em sua formação. A dupla da foto acima, Rodrigo Azevedo, do 2º período de História, e Ana Cristina Cavalcante, do 3º período de Pedagogia, são dois desses que desabrocharam com o Pibid: “É algo que reflete diretamente na carreira docente, tornando os participantes profissionais mais qualificados e que buscam sempre o novo, a mudança”, disse Ana. A instituição mantém também um programa próprio de Iniciação Científica, em que concede bolsas em forma de desconto a alunos que se qualificam para participar de pesquisas junto a seus professores. Também auxilia os

graduandos na inserção em programas de estágios remunerados, por meio de um setor voltado para isso, o CEMT. E, pensando também em facilitar a vida dos que têm pouco tempo para frequentar a biblioteca física da instituição, firmou convênio com bibliotecas digitais: o estudante pode, assim, consultar a maior parte dos livros recomendados por seus professores em computadores fora da faculdade ou mesmo em tablets e smartphones. Esses são apenas alguns aspectos que destacam a FEUC entre as Instituições de Ensino Superior de nossa região. Aqui os alunos iniciam e terminam seus cursos, pois somos educadores e não empresários da área da educação. Não por acaso tivemos recorde de participação no Enade 2014, pois aqui os alunos chegam ao fim do curso. Sim, a FEUC tem mais. Siga nossa campanha no Facebook (www.facebook.com/feuc.rio). ■

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MUNDO

2016 com roupa nova para os estudantes do CAEL Os uniformes do CAEL irão mudar para o próximo ano, de acordo com as necessidades apresentadas pelos interessados. E as novidades não se restringem apenas à substituição dos antigos modelos de roupas: o espaço de comercialização e a gestão na confecção das peças também foram renovados. Totalmente reformado pelos funcionários da instituição, o ponto está sendo gerido por uma empresa parceira da FEUC, que vende as roupas e também alguns artigos de papelaria. A principal diferença será a disponibilidade de uniformes para pronta entrega a partir do ano que vem, uma antiga demanda dos alunos e dos pais. A nova empresa também será responsável por produzir as camisas personalizadas de semanas acadêmicas, grupos de estudo etc. Outra ideia que começa a ser mais bem elaborada com a parceria é a criação de uniformes para funcionários. ■

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Foto: Pollyana Lopes

Espaço da loja foi totalmente reformado para a nova etapa


Graduação

Interdisciplinaridade casada com incentivo à docência Por Tania Neves

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ictor Ramos, professor do curso de Letras, fez de modo totalmente informal em novembro passado algo que o Pibid vem realizando programaticamente nas FIC: levou um aluno do 2º período de Inglês para experimentar a iniciação à docência interagindo com estudantes do Colégio Estadual Amazonas, onde ele também leciona. Diego Gomes, que atua na área de design gráfico voltado para o cinema de animação, ofereceu aos jovens alunos da segunda série do Ensino Médio uma oficina de produção de filmes de curta-metragem. “Falei um pouco sobre as etapas de produção nessa área, dando o passo a passo de um curta desde o roteiro, a estrutura do filme, efeitos especiais, edição etc.”, conta Diego, que no passado cursou alguns semestres da graduação em Cinema, mas não concluiu o curso. Justamente por seu interesse em escrever roteiros, ele decidiu se graduar em Letras e posteriormente tentar um mestrado na área de cinema. E ficou feliz com o resultado de sua primeira incursão como professor: “As turmas interagiram bastante, e eu me senti bem à vontade explicando o tema, tirando dúvidas. Foi muito bom”. A atividade, segundo Victor, explorou o tema de gênero textual, que faz parte do currículo mínimo. E foi possível ainda integrar na conversa temas transversais como mercado de trabalho e cultura popular. E – o mais importante – passar a mensagem de que todo caminho profissional é possível de ser trilhado, quando se tem um objetivo de vida e disposição para trabalhar por ele. Victor festejou o sucesso da iniciativa: “Sou filho da escola pública, estando nela desde os sete anos. Apesar de certas vezes ter penado pelas 'falhas do sistema', tive alguns ótimos modelos que me fizeram crer na qualidade do trabalho pedagógico e no quanto podemos contribuir para vida de nossos alunos”, disse o professor, sentindo-se também agradecido pelo brilho nos olhos que Diego foi capaz de despertar em “sua garotada”. E o professor não tem dúvidas de que bons frutos brotarão a partir daí: “Depois da oficina, estou certo dos excelentes filmes que estão por vir de meus 'alunos cineastas'!”, completou. ■

Graduando de Letras oferece oficina sobre cinema a estudantes do Ensino Médio na rede pública, levado por professor de seu curso Fotos: Arquivo Pessoal e Gian Cornachini

Diego em ação em sua primeira incursão como professor ...

... e ao lado de Victor: aprendendo com quem é fera! 7


Palestra

Luitgarde: muita Histó

Antropóloga citou figuras importantes para o país, entre elas o ex-presidente e u Por Pollyana Lopes

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uditório cheio e ouvidos atentos para ouvir uma intelectual respeitável. Foi assim que permaneceu o público até o fim da palestra, quase às 22h da noite de 21 de outubro, para escutar Luitgarde Barros. Aposentada por duas universidades públicas, com dois pós-doutorados e mais de 15 livros publicados, entre autorias e organização, a alagoana veio à FEUC para falar de uma de suas especialidades: a obra de Nelson Werneck Sodré, historiador marxista que se notabilizou também como escritor e professor, além de ter sido militar, e que morreu em 1999. O arquivo de Sodré foi doado, pelo próprio, à Biblioteca Nacional. No entanto, os documentos relacionados à sua trajetória militar foram guardados. Até que sua filha, Olga Sodré, entregou -os à pesquisadora, que produziu profícua pesquisa com o material. A obra mais importante foi o catálogo “Arquivo Nelson Werneck Sodré: Catálogo da obra jornalística”, publicado em 2011 pela Editora do Senado Federal, na ocasião do centenário do militar, que passou à reserva do Exército em 1961, como general de brigada, e então dedicou-se aos trabalhos no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) . Mas Luitgarde, que faz parte da geração que se formou na universidade em plena ditadura militar, tem muito a dizer para além de Nelson Werneck Sodré e de suas pesquisas. Extremamente crítica, não economizou censuras à postura política e às ações de diversas entidades. Não foram poupados, por exemplo, os partidos políticos de es-

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"O que faz o ser humano é a reflexão sobre o seu trabalho, sobre a sua vida e as escolhas que ele faz"

querda e de direita; a ONU; a Revolução Francesa; as ideias do pensador Marx nem a democracia grega. Entretanto, na mesma medida, elogios e exaltações foram feitas às figuras consideradas por ela como sérias, honradas, com retidão de caráter e íntegras. Algumas citadas foram Nise da Silveira, Apolônio de Carvalho, Joaquim Campelo e Audálio Dantas. Também marcou presença na lista de elogios rasgados o Professor Wilson Choeri, ex-presidente e um dos fundadores da FEUC.


ória para contar

um dos fundadores da FEUC, professor Wilson Choeri Fotos: Pollyana Lopes

Luitgarde conheceu grandes figuras da história do Brasil e compartilhou experiências "Conheci ele na UERJ. Eu fui a primeira concursada de lá e ele já não tinha mais poder nenhum. Eu gostei do modo sui generis e da grandeza daquele homem. Eu não conheço ninguém que fez pelo ensino desse país o que ele fez", contou Luitgarde. A iniciativa do evento surgiu a partir das atividades dos bolsistas do PIBID da FEUC no Colégio Estadual Professor Fernando Antônio Raja Gabaglia. O professor de sociologia do Raja e supervisor na escola do subprojeto de

História, José Geraldo do Santos, foi orientando de Luitgarde na década de 90 e sugeriu a palestra: “Nelson Werneck Sodré é um grande historiador brasileiro, muito injustiçado. E ela escreveu dois livros sobre ele. Eu achei interessante trazê-la para falar sobre ele porque é importante desconstruir um pouco dessa visão da historiografia atual que procura desqualificar a obra do Nelson Werneck Sodré". E Luitgarde destacou que o general foi sempre combativo politicamente, além de um importante historiador e intelectual. "Nelson Werneck Sodré morreu combatendo FHC diariamente, combatendo a globalização e mostrando que a globalização significa unicamente um novo sistema escravista onde o trabalhador será destruído para a riqueza dos banqueiros, das multinacionais e dos donos das fábricas de armas. Não existe felicidade maior para um homem digno do que morrer sem ninguém calar. Ele não calou por burrice, não calou por conveniência, não calou para ficar rico, não calou com medo da prisão, e ele não calaria com medo de morrer. Ele é um exemplo de dignidade humana". Entre histórias, críticas e elogios, ela explicou o que considera ser dignidade humana: "A vida intelectual não faz o ser humano, a vida prática do trabalho não faz o ser humano. O que faz o ser humano é a reflexão sobre o seu trabalho, sobre a sua vida e as escolhas que ele faz". Quem teve a oportunidade e escolheu ouvi-la, numa noite de quarta-feira, pôde refletir um pouco sobre tantas questões pertinentes e, quem sabe, se tornar ainda mais humano. ■ 9


Pós-Graduação

‘Psico’ o quê? A pergunta, comumente ouvida por quem trabalha na área, esconde a ciência importantíssima para o processo de ensino-aprendizagem

Por Pollyana Lopes

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ocê sabe o que é a Psicopedagogia? Onde atua o profissional formado nessa área e qual a função social dele? Essencial para uma educação mais inclusiva, que atenda crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem e/ou síndromes genéticas que impedem o acompanhamento natural na educação formal, o psicopedagogo pode atuar tanto no ambiente institucional, em escolas e empresas, quanto em atendimentos particulares, clínicos. É da interseção da Pedagogia com a Psicologia que surge essa área do saber que se dispõe a identificar e tratar a não-aprendizagem. A profissão ainda aguarda regulamentação, mas, em geral, o psicopedagogo tem formação em Pedagogia ou em Psicologia, e agrega ao currículo uma pós-graduação especializada, como as oferecidas pela FEUC. No curso estão incluídas disciplinas como Pedagogia como Ciência da Formação Humana; Dinâmica de Grupo e Jogos; A Psicopedagogia e a Neurociência; Introdução à Psicopedagogia: a

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Epistemologia Convergente; Educação Inclusiva; além de estágios e seminários para produção do Trabalho de Conclusão do Curso. “O psicopedagogo aprende um procedimento de trabalho. Quando chega uma pessoa com dificuldade, nós temos que diagnosticar onde está a dificuldade dela, se é da leitura, se é da escrita, se é algo orgânico, se é uma questão emocional, se é uma questão familiar, se é algo mental, psicológico, ou se tem algum comprometimento no cérebro. E aí então se desenvolve alguma estratégia para mudar esse quadro”, explica a professora Leila Queiroz Evaristo da Silva, que leciona nos cursos de Psicopedagogia Clínica e Psicopedagogia Institucional da FEUC. A atuação do profissional só não tem mais notoriedade e reconhecimento devido à ausência de regulamentação. É o que busca a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e os sindicatos recém-criados. Por outro lado, a perspectiva é ampla, pois a necessidade de normatizar a atividade é pungente e, com isso, virão os concursos públicos, como os que já aconteceram em várias cidades, que incluem São Paulo e Nova Iguaçu.


Fotos: Pollyana Lopes

Isabela contou como foi uma das palestras do X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia

Leila: "Quando chega uma pessoa com dificuldades, nós temos que diagnosticar "

A Psicopedagogia em debate Com o intuito de reforçar a importância do profissional da área e capacitá-lo ainda mais com debates atuais ligados ao tema, a FEUC promoveu, no dia 14 de novembro, o I Encontro Psicopedagógico, pioneiro na Zona Oeste. O evento trouxe profissionais da região e atraiu estudantes de outras instituições, debateu métodos, apresentou casos de sucesso e aproveitou para celebrar o Dia do Psicopedagogo, oficialmente comemorado em 12 de novembro. “Esse encontro foi organizado pensando na nossa região, a Zona Oeste, Campo Grande, Santa Cruz, Mangaratiba, Seropédica, Itaguaí. Porque o psicopedagogo de Copacabana, Botafogo, da Zona Sul em geral, já tem um nome, é reconhecido, é procurado. Nossa região também tem esses pro-

fissionais, mas eles estão quietinhos, escondidos, enquanto fazem um trabalho belíssimo. Nós queremos que vocês conheçam esses trabalhos, para a gente partilhar e crescer”, explicou a professora Leila, que foi uma das organizadoras do evento. Dentre as atividades, é possível destacar a participação das alunas do curso de Psicopedagogia Clínica, Isabela Carvalho Costa, Patrícia Bárbara Dias Duarte e Simone Otaviano, que estiveram presentes no X Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, realizado em São Paulo, e trouxeram para o evento da FEUC os principais temas lá apresentados. Você pode ler mais sobre isso na cobertura feita pela FEUC em Foco, no link http://www.feuc. br/revista/?s=psicopedagogia. ■ 11


EaD

A distância cada vez mais perto Foto: Gian Cornachini

Coordenador do NIEAD, Vladimir quer levar a qualidade dos 55 anos da FEUC à EaD

Núcleo de Educação a Distância da FEUC se apresenta e convida professores a elaborar cursos especializados Por Gian Cornachini

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lexibilizar o horário e ganhar tempo para os estudos. Parece quase impossível levando em conta a rotina exaustiva de grandes centros urbanos, com engarrafamentos quilométricos e horas perdidas. Mas uma solução para quem não pode ou não quer se deslocar rotineiramente para instituições de ensino tem ganhado mais adeptos. A Educação a Distância (EaD), que hoje representa 15% das matrículas de graduação (de acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2013), só cresceu. Em dez anos, o número de cursos aumen-

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tou 25 vezes. E a FEUC vem se preparando para também contribuir com a sua qualidade neste cenário. "Levar a nossa educação a distância é levar a mesma educação de 55 anos de tradição, mas de maneira diferente", destacou Vladimir Gonçalves, coordenador do Núcleo Integrado de Educação a Distância (NIEAD) da FEUC, durante evento realizado em 7 de dezembro para celebrar o Dia Nacional da Educação a Distância (que acontece em 27 de novembro) e, também, apresentar aos professores da casa o processo de implementação da modalidade de ensino na instituição. Segundo o professor, que também é coorde-


nador do bacharelado em Administração das FIC, as vantagens de ingressar em um curso a distância são muitas: mobilidade, aprendizagem colaborativa, flexibilidade de horário, a mesma certificação dos cursos presenciais... Ou seja, o aluno consegue gerenciar seu tempo de aplicação aos estudos, aproveitando-se da facilidade em acessar os conteúdos de qualquer computador ou tablet conectado à internet, em qualquer lugar do mundo, garantindo ainda um certificado igual ao de quem frequentou as aulas presencialmente. Outra vantagem apresentada por Vladimir é a de poder fazer cursos de extensão a distância – que geralmente têm carga horária pequena. Ele apontou que é possível que qualquer professor, com um conteúdo específico que domina, desenvolva um curso de extensão a fim de aprofundar

conhecimentos específicos com os estudantes. E, no momento, são nesses cursos que a EaD da FEUC tem focado, enquanto aguarda liberação do MEC para começar a ofertar pós-graduações a distância. "O professor sempre tem uma ideia na mente que ele pode trabalhar, e a ideia é que ele possa pensar num curso e ser tutor dele. E a gente topa fazer essa ideia acontecer", convidou Vladimir. Aline Rosa, professora do curso de Sistemas de Informação, fez uma pós-graduação a distância na UFF e incentivou os docentes a também adentrarem neste novo campo que está por vir na FEUC: "Os professores que nunca fizeram um curso a distância, passem por isso. Muitos alunos não podem estar presentes, e a gente precisa conquistá-los, porque o sucesso de um curso está em cativar o aluno, com o material, atenção e retorno do que está sendo feito." ■ Foto: Gian Cornachini

Professora Aline Rosa, que já cursou EaD, incentiva os docentes

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Ensino em pauta Foto: Tania Neves

Parte do grupo de monitores posa para foto, minutos antes de se espalhar para seus postos

Fórum de Educação: Diversidade Acadêmica Com o tema “Não há docência sem discência", evento reuniu graduação e pós-graduação em torno de pesquisas e debates

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ois dias de intensa atividade acadêmica, entre palestras, comunicações de trabalhos científicos, oficinas e sessões culturais. Assim foi o XVIII Fórum de Educação, Ciência e Cultura, realizado em 13 e 14 de outubro, e que este ano incorporou não apenas o II Seminário Institucional de Iniciação à Docência (PIBID-FIC), como ano passado, mas também o VII Encontro de PósGraduação e o III Encontro de Iniciação à Pesquisa. Reunir os quatro eventos na mesma ocasião, segundo a professora 14

Célia Neves, uma das coordenadoras da programação, teve o objetivo de estreitar o diálogo entre os vários cursos e as produções científicas dos diversos programas, como PIBID e PIC. “Há uma efervescência muito grande de projetos e discussões que estão sendo feitas em cada área, cada curso, sobretudo os grupos do PIBID, que fazem um trabalho espetacular nas escolas de ensino fundamental. E mais os trabalhos da pós, as pesquisas para monografias. Enfim, consideramos que costurar um diálo-

go entre todos esses atores, inspirados em Paulo Freire e a dialogicidade como princípio educativo, traria grandes resultados”, diz Célia. De fato, a mistura foi boa. Porém, como toda experiência inovadora, teve alguns problemas, como remanejamentos de última hora que provocaram mudança de salas e alguns contratempos para aqueles que procuravam as atividades em que se inscreveram. Nada que a atuante equipe de monitores não resolvesse com presteza.


Monitores: fundamentais para o sucesso evento Uma nota à parte – dez, nota dez! – tem que ser dada a esse grupo que cuidou da parte operacional do evento. Desde a preparação das pastas até a orientação dos inscritos para acharem as salas onde estavam acontecendo as atividades, os monitores estiveram sempre atentos aos detalhes. “É natural haver mudanças de última hora num evento tão amplo. A gente está aqui com a listagem atualizada orientando todo mundo. A maioria compreende, apesar da chateação”, disse a aluna Ana Paula de Souza Matos, do 3º período de Matemática, que atuava com os cole-

gas na entrada do auditório – todos com sorriso no rosto. Ana Cristina Cavalcante, do 3º período de Pedagogia, estava entusiasmada com sua segunda experiência na monitoria. O único ponto negativo, segundo ela, foi não poder acompanhar todas as atividades que queria, mas a vivência adquirida compensou. “Tive contato com professores de todas as áreas de ensino da instituição e absorvi tudo que pude no tempo que tive”, afirmou a aluna, completando: “Ressalto a importância desses fóruns na vida acadêmica dos alunos. Além de desenvolver comFoto: Nome e Sobrenome

Na entrada do auditório, sorrisos no atendimento e na solução de problemas

petências necessárias no meio escolar, nos torna ativos e responsáveis dentro dos eventos propostos pela academia”. Maria Francicleide, do 4º período de Pedagogia, fez monitoria de manhã e participou dos eventos da noite. Como aluna e tiete! “Eu amo meus professores! Eles abrem leques de possibilidades para a gente pensar”, disse ela, durante a palestra sobre Práticas de Letramento, da professora Rosana Benatti: “Ela não é sensacional?”, derreteu-se a aluna. Lá na frente, Rosana encantava a plateia com seus exemplos sobre o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. “Eu preciso gostar de ler, se quero que meus alunos leiam. A mesma coisa vale para a família: se a criança vê o pai e a mãe lendo, ela será uma leitora”, pontuava a professora, compartilhando com os alunos a experiência acumulada em seus muitos anos de prática: “Não cabe ao professor ditar o que a criança deve fazer e puni-la se fizer errado. Você primeiro permite que ela produza, para então intervir. Se ela escreve cachorro com x, está no processo de aprender. Você reconhece isso e então explica que na nossa língua se escreve de outro modo, por tal e tal motivo, e assim vai monitorando o aprendizado dela”.

Bolsistas do PIBID revelam seu diálogo com as escolas de ensino fundamental Com a finalidade de mostrar um pouco dos projetos que os bolsistas têm desenvolvido em escolas públicas da região, o II Seminário Institucional de Iniciação à Docência foi além: revelou o quão importante é o programa para o desenvolvimento do aluno, como conta a coordenadora do PIBID/ FIC, professora Maria Licia Torres: “O Governo está cortando verba e bolsas

do PIBID, e a gente está mostrando que aqui na FEUC o trabalho está sendo feito, está dando certo. Os alunos amadureceram e estão colocando a mão na massa, aplicando jogos, praticando a teoria. É de um enriquecimento maravilhoso”, destacou a professora. Durante os dois dias do evento, estudantes de diversos subprojetos apresentaram suas ideias, metodologias e

resultados dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano. O bolsista Allan Felipe Santana Fernandes, do 6º período de História, apontou uma constatação com a experiência no colégio Raja Gabaglia: “O PIBID tanto beneficia os bolsistas quanto os professores, que muitas vezes não têm oportunidade de dar uma aula diferenciada por estarem há tanto tempo no colégio e longe do am15


Ensino em pauta Foto: Nome e Sobrenome

Grupo trabalha com literaturas africanas e afrodescendentes biente acadêmico”, relatou Allan. Thiago da Silva Rodrigues, do 5º período de Letras-Inglês e bolsista do subprojeto Interdisciplinar, expôs com seu grupo a criatividade com que tem disseminado as literaturas africanas e afrodescendentes. Eles apresentaram uma fotonovela sobre o conto “Meu toque”, do escritor angolano Boaventura Cardoso, e um teatro com fantoches e cenários montados na própria roupa dos narradores sobre o livro “As tranças de Bintou”, da autora Sylviane

Bolsista acredita que PIBID benefica alunos e professores

Anna Diouf, oferecendo ao público a oportunidade de intervir no desfecho da história. “O mesmo processo que a gente sofreu com a colonização, a África também sofreu. Nós tratamos isso através da Literatura, com os contos sobre as histórias e tradições africanas, até para desmistificar o ideal que temos da África, aquele de pobreza, ebola, criança com fome e morte”, explicou Thiago. Já o bolsista Willyan Peterson Borges Bispo, do 4º período de Matemá-

VII Encontro de Pós-Graduação foca na didática do ensino superior Além de contribuir com um peso a mais no currículo do pós-graduando, o VII Encontro de Pós-Graduação foi aberto também aos graduandos e permitiu que os alunos das faculdades conhecessem os temas e metodologias dos cursos da Pós — que, inclusive, têm uma disciplina comum: “Didática do Ensino Superior”. Foi com o intuito de esclarecer a importância desta cadeira que o evento foi planejado, levantan16

do a importância da didática no ensino superior em áreas específicas, como a formação continuada de gestores, pedagogos, pscicopedagogos e professores da educação básica. A coordenadora de Extensão, PósGraduação e Pesquisa das FIC, professora Gabriela Barbosa, explica a relevância do tema para os futuros pós-graduados: “Muitas vezes o indivíduo entra para dar aula porque ele

tica e recém-integrante do subprojeto de seu curso, testou com os estudantes um jogo de dominó matemático que será aplicado em breve nas séries iniciais do Ensino Fundamental, no colégio Baltazar Lisboa. “Eu quero mostrar que é possível adaptar qualquer tipo de jogo para ensinar as operações matemáticas de um modo mais divertido, para estimular a atenção da criança e fazer com que ela aprenda ao mesmo tempo em que se diverte”.

é especialista naquele assunto, mas não tem noção de didática, e ele, muitas vezes, acaba afastando o aluno de graduação do curso”, aponta ela, que tem uma preocupação particular com o assunto: “Sou oriunda de um curso que tem especificamente essas características, no caso, a Matemática. Os cursos de Matemática começam com turmas enormes e chegam ao fim com pouquíssimos alunos concluindo, mas por quê? Porque falta aos professores o entendimento de uma didática do ensino superior”, avalia. A aplicabilidade da didática não se restringe à sala de aula, como explica a professora Célia Maria Pacheco Cruz,


que ministrou palestra voltada para os profissionais ligados à gestão de pessoas, de negócios, sistema de informação e gestão educacional: “Eu tento mostrar às pessoas que, se tem alguém ensinando e tem alguém aprendendo, há didática! Isso acontece em qualquer nível, em qualquer segmento, em qualquer profissão desse mundo. Então,

por que não perceber e usar a didática na gestão? Na parte administrativa de uma empresa? Por que acreditar que didática é algo acadêmico e não está em outros segmentos?”, questiona. Já a professora Sônia Ferreira Folena, que falou sobre o papel da didática no ensino superior na formação de professores da educação básica, destacou

a necessidade de não se perder seu uso quando se ensina a jovens ou adultos: “A minha discussão, hoje, é no sentido de reforçar a preocupação que a gente precisa ter, em todas as esferas da educação, com o processo de ensino e aprendizagem. Porque se o processo de ensino não desembocar num processo de aprendizagem, ele se torna vazio”.

III Encontro de Iniciação à Pesquisa mostrou trabalhos realizados na Zona Oeste Também integrado ao Fórum de Educação, Ciência e Cultura, o III Encontro de Iniciação Científica proporcionou aos bolsistas a oportunidade de apresentarem suas pesquisas. Atualmente há três projetos em andamento, sendo dois deles com um bolsista cada, e o terceiro com quatro bolsistas. Um deles é o “Rural-Urbano no entorno do Parque Estadual do Mendanha”, que tem orientação da professora Rosilaine Silva e o objetivo de buscar compreender o modo como se dá a ocupação do parque por moradores e agricultores, e a relação que eles mantêm com o território e com os aparatos estatais, além da história de ocupação da área, a agricultura familiar em vigor e a questão agrária envolvida.

A pesquisa foi apresentada por três dos quatro bolsistas do projeto, e o aluno Luiz Alexandre Monteiro Alves, do 4º período de Geografia, resumiu o trabalho: “Lemos artigos e livros sobre agricultura familiar, questões agrárias e a urbanização na Zona Oeste. Depois entramos na parte da história oral, das entrevistas, e entrevistamos o gestor do parque para saber o lado do ambientalista; e também os moradores, para conhecer melhor o lado deles”, conta Luiz. “Eles estão tendo problemas na área porque, antigamente, quando as famílias deles foram pra lá, o parque ainda não havia sido implantado e eles podiam plantar qualquer cultivo, podiam ter suas criações, o que se tornou um problema com

a institucionalização do Parque Estadual do Mendanha, em 2013”, relata. A apresentação das pesquisas demonstrou a importância do PIC-FIC para a comunidade acadêmica. “Existem alunos que, por questões de trabalho, ou por outras questões pessoais, não podem ser contemplados com bolsas do governo. Então, aquela bolsa de 20% da FEUC, que parece tão pouco se comparada ao PIBID, para algumas pessoas tem uma função. Além do mais, os projetos que a gente tem hoje são mais de pesquisa específica em determinada área do conhecimento, e já fogem um pouco da discussão da docência”, explica a professora Gabriela Barbosa, que coordena o PIC-FIC. ■ Foto: Nome e Sobrenome

Luiz Alexandre, Raquel e Cesar apresentaram o trabalho sobre o Parque Estadual do Mendanha 17


Expo X

Química e Publicidade na Febrace e Mostratec 2

Gabriella e suas amigas do projeto de Química comemoram classificação para Febrace

Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

H

á 16 anos, estudantes do CAEL se encontram assiduamente em uma grande feira no Colégio, com suas tecnologias, projetos e ideias criativas para facilitar a vida das pessoas, reduzir custos de processos ou promover cultura e ações sociais que impactam positivamente na sociedade. De quebra, dois trabalhos são classificados para a 18

Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Mostra Técnica de Novo Hamburgo (Mostratec) — prestigiados eventos nacionais de ciência e pesquisa. Entre os dias 26 e 30 de outubro, divididos em dezenas de estandes, os alunos puderam mostrar ao público seus trabalhos. E no último dia do encontro, uma grande surpresa: a presença do curso de Publicidade representando o Colégio na Mostratec de 2016.

Administrações do CAEL e das FIC incentivam os alunos Na abertura oficial da Expo X, estiveram presentes a diretora do CAEL, Regina Sélia Iápeter; a diretora adjunta, Jane Innocencio da Silva; o coordenador do turno da noite da escola, Paulo Accioly; o coordenador do ensino técnico do CAEL, Carlos Vinícius Nascimento; o diretor das FIC, Hélio


e estão 2016

Rosa de Araujo; o coordenador acadêmico das FIC, Valdemar Ferreira da Silva; e a represente da Stylus formatura, a maior patrocinadora da feira, Márcia Cristina. Em comum, todos disseram palavras de incentivo e parabenizaram os jovens cientistas. A professora Regina destacou o empenho dos estudantes nos trabalhos desenvolvidos: ”Eu tenho certeza que vocês colocaram a alma no trabalho

Feira científica do CAEL reuniu trabalhos de todos os cursos técnicos do Colégio com o objetivo de promover a pesquisa e demonstrar o desenvolvimento dos alunos de vocês. A gente pode ver isso na produção de vocês”. Jane reforçou que os frutos do empenho são colhidos ano após ano: “Nós, alunos, professores e coordenadores, formamos uma equipe de muito sucesso. Esse sucesso é tão grande que, a cada ano que passa, a gente tem mais pessoas querendo se juntar a nós. Este ano, talvez, seja o ano em que nós contamos com mais patrocinadores. Isso faz parte do sucesso do trabalho de vocês”. Como coordenador acadêmico das FIC, Valdemar igualou positivamente a dedicação e o empenho dos estudantes de graduação com o que viu dos alunos do Ensino Básico. “Vocês não deixam nada a desejar a qualquer aluno do nível superior. Eu acompanho a Expo faz algum tempo e percebo que vocês têm pesquisa, têm estudo. Essa rotina de vocês já é uma vida acadêmica, de alunos que já se apropriam da pesquisa, da investigação, das descobertas”. Já o coordenador do Ensino Técnico, professor Carlos Vinícius, explicou que a Expo X é filiada a outras feiras técnicas com visibilidade internacional: a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Mostra Técnica de Novo Hamburgo (Mostratec): “A nossa feira tem tanta relevância no mercado científico no Brasil que nós fomos escolhidos, entre várias instituições, para ser uma feira afiliada. Essas instituições estão dizendo para nós que os nossos trabalhos têm relevância e que eles querem a gente como parceiros. Isso, mais uma vez, é fruto do trabalho de vocês. Muito obrigado”.

Exposição Com tantos estandes, a diversidade de trabalhos apresentados foi grande: cerveja artesanal à base de gengibre e hortelã, produzida por estudantes do técnico em Química; robôs de batalha projetados por integrantes de Automação; uma viagem sensorial de alunos de Turismo; além da história do cinema de animação, feita por estudantes do 3º ano de Publicidade. Neste trabalho, Ana Karolyne Cunha dos Santos, Antônio Pereira da Silva, Larissa Timóteo de Menezes, Letícia Ramos Pereira de Almeida, Luzia Costa Correa e Marcele Santos Bittencourt, fizeram uma pesquisa com crianças da família, comparando versões antigas e atuais de filmes animados como “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Alice no País das Maravilhas”. Para a feira, eles prepararam o ambiente para uma sessão, com direito a pipoca, na qual eram apresentadas montagens das duas versões dos filmes. “Primeiro nós pensamos em falar sobre a história do cinema, mas como é muita coisa, nós resolvemos focar na história do cinema para crianças. Em como eles tiveram criatividade para reinventar e continuar prendendo a atenção das crianças assistindo e assistindo. E também tem outras questões, por exemplo, como eles inserem o patriotismo estadunidense, sempre tem uma bandeira dos Estados Unidos nos filmes; e o consumismo: sai um filme novo e já tem vários bonecos personagens para vender”, explica Luzia. “Assis19


Expo X tindo o dia todo”, reforça Letícia. Além de críticos, alguns trabalhos também manifestaram interesse no bem-estar social. Como o apresentado por Thalya Fidalgo e Maressa Almeida, que estão no 1º ano do Técnico em Enfermagem. O objetivo do projeto foi o de esclarecer todos os aspectos relacionados à doação de sangue. “Nós resolvemos fazer sobre isso, mesmo parecendo ser algo batido, porque a gente quer incentivar as pessoas a doarem. Esse é o nosso objetivo, incentivar, mostrar que não precisa ter medo, que doar sangue é um ato de salvar vidas”, explica Thalya. Febrace e Mostratec Os melhores trabalhos apresentados em cada edição da Expo X podem ser avaliados e classificados para a Febrace e a Mostratec. As vagas são poucas — apenas uma para cada feira — mas a criatividade é grande. As alunas Gabriella Lucena, Ana Paula Oliveira Lopes Inacio e Beatriz Farias Costa de Brito, ainda no 2º ano de Química, conquistaram a tão disputada vaga para a Febrace com o projeto “Obtenção de insumos industriais a partir de alumínio reciclado: economia e sustentabilidade”. O objetivo do trabalho foi extrair um sal inorgânico (o aluminato de sódio) de embalagens de alumínio descartadas com a finalidade de utilizá-lo como um coagulante em estações de tratamento de água. Isso significa obter um material mais barato para ser utilizado no processo de decantação — fase em que as partículas orgânicas se agrupam e se separam da água para deixá-la mais pura. “Além de o nosso produto ser extraído de um material que é descartado incorretamente, como latas de bebidas e embalagens à base de alumínio — que levam 100 anos para se decompor — estamos barateando o custo com a obtenção de um aglutinador em aproximadamente 90%”, destacou Gabriella, contente por prosseguir com a tradição do curso de Química de sempre ter um trabalho selecionado para uma feira externa: 20

“Desde que entramos no Colégio, escutamos o nome Febrace e vemos como um desafio a ser ultrapassado. Além de honrarmos o nome do curso, batalhamos muito para descobrir soluções e desenvolver um projeto sustentável e barato”. Mas a grande surpresa desta edição da Expo X foi o trabalho selecionado para a Mostratec. Fugindo de tradições, a estudante Thaís Paixão de França, do 3º ano de Publicidade, mostrou que seu curso tem potencial para formar alunos capazes de dar asas a grandes ideias. Com o projeto “Educomídia — Desenvolvimento Midiático de Inclusão Cultural e Educacional”, a aluna encantou os professores avaliadores devido ao viés social de sua proposta, que é criar uma rede colaborativa de voluntários da área de educação e arte com o intuito de levar conhecimento e diversidade cultural a regiões periféricas das cidades, disponibilizando, também, esses conteúdos em um portal para estarem acessíveis e gratuitos para qualquer pessoa. “Os programas educacionais, culturais e exposições são concentrados na área do Centro, da Zona Sul e da Barra da Tijuca, e muita gente não tem condições financeiras ou tempo para ir a esses lugares. A minha iniciativa é de ajudar as pessoas a terem acesso a esses programas através das mídias e por voluntários, que se inscrevem no portal e a gente seleciona as áreas onde eles podem atuar”, explicou Thaís, que contou como a ideia surgiu: “Fui ao evento Hack Day, no Centro, em um programa que ensinava ciência da computação para meninas, e vi que várias garotas eram de comunidade ou da Zona Sul. Só tinha eu da Zona Oeste. Perguntei para as pessoas aqui se sabiam do evento. Ninguém conhecia e disseram que se soubessem, iriam. Então eu quero que essas coisas aconteçam aqui”, ressaltou ela. O professor Carlos Vinicius Nascimento, coordenador do ensino técnico do CAEL, comentou a aprovação do projeto de Publicidade que, segundo ele, é algo inédito até o momento: “O

"Batalhamos muito para descobrir soluções e desenvolver um projeto sustentável e barato” curso de Publicidade nunca participou de uma avaliação da Febrace e Mostratec. É uma grande surpresa e, sem dúvida, gratificante. Esse projeto é relevante e muda esse conceito de que tem que ter protótipo para ganhar. A Thaís mostrou que não fez protótipo e levou”, observou. A mostra de trabalhos finalistas da Febrace acontece entre 15 e 17 de março de 2016, em São Paulo, e a Mostratec no segundo semestre do próximo ano, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. ■


Foto: Gian Cornachini

ThaĂ­s, finalista da Mostratec, apresenta seu trabalho de Publicidade aos avaliadores

Foto: Pollyana Lopes

Alunos de Publicidade montaram uma pequena sala de cinema

Foto: Pollyana Lopes

Thalya e Maressa apresentaram projeto sobre doação de sangue 21


FEUCTEC

Tecnologia Web no centro do debate Foto: Pollyana Lopes

Tiago apresentou a IoT e incitou os estudantes a pensarem aplicações possíveis

Por Gian Cornachini e Pollyana Lopes

A

15ª FEUCTEC, semana acadêmica dos cursos de computação das FIC, foi realizada entre os dias 26 e 30 de outubro, e abordou nesta edição a “Tecnologia Web”. Entre palestras, oficinas e workshops, os estudantes puderam ouvir de profissionais atuantes no mercado dicas e estratégias, além de terem contato com ferramentas diversas para produzir tecnologia para a internet. Tratamento de Dados Geográficos com Banco de Dados Ocasionalmente você abre um site de determinada marca, empresa ou instituição, para saber onde encontrar endereços físicos, e depara-se com um mapa interativo no qual 22

estão marcados os lugares que você procura. Essas informações geográficas foram empregadas e manipuladas pelos programadores para servirem a determinados interesses da empresa. Foi a partir dessa necessidade que a palestra “Tratamento de Dados Geográficos com Banco de Dados”, ministrada pelo diretor de informática na empresa Rádio Melodia FM 97,5 e diretor executivo na Larsoft Informágica, Luciano de Almeida Reis, abriu a FEUCTEC. Ele explicou, em linhas gerais, como funciona a linguagem dos programas que fazem esse tipo de trabalho e destacou o uso das informações geográficas em aplicativos para dispositivos móveis do cotidiano, como Foursquare, Facebook e Google Maps: “O mercado para essa área de georreferenciamento está crescendo muito no nível de interesse pela informação geográfica como um adendo a um produto principal.


Estudantes de Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em Computação se reúnem com profissionais do mercado em evento sobre programação para a internet

O meu conselho é que programadores, da área de programação ou área de dados, não precisam saber o conceito dessas informações, mas devem saber o básico porque, se um cliente demandar, ele precisa estar preparado para fazer”. Internet das Coisas Já na palestra “Internet das Coisas: Integrando o mundo digital e físico”, o professor da UFRRJ e doutorando em Informática pela UFRJ Tiago Cruz de França falou sobre os desafios e possibilidades de conectar os objetos físicos ao ambiente virtual: “Tudo pode estar conectado. Sua imaginação sobre as possibilidades é o que define o limite”, comentou ele, explicando que a grande expectativa em torno do tema e as inúmeras possibilidades são alguns dos desafios da Internet of Things (IoT — sigla em inglês para “Internet das Coisas”): “Antes de pensar no volume de dados, quantidade de dispositivos, ainda falta criar mais aplicações concretas. Vocês aqui têm alguma ideia de aplicação? Como seria a interface?” provocou. Tiago também comentou sobre as dificuldades técnicas envolvendo IoT: “Os desafios vão desde o nível técnico, o desenvolvimento de hardwares para diferentes aplicações, passam pela comunicação, quanto mais objetos diferentes você quiser conectar, mais protocolos de interconexão vão existir. São muitos dispositivos com poucos recursos computacionais, um chuveiro, por exemplo, entre outros”.

metas. Trabalhar em equipe, ser autoditada e colaborativo são habilidades mínimas e essenciais. Não procrastinar, fazer um planejamento de carreira e aceitar novos desafios, que significam trazer novidades para a sua vida, e fugir dos ladrões de motivação”, disse. Sobre os ladrões de motivação, Wellington esclareceu: “São aquelas pessoas que insistem que você não é capaz, dizem que outras pessoas tentaram e não conseguiram. Elas são negativistas”. Wellington também apontou que a área de TI é muito dinâmica, e por isso as dicas são muito bem-vindas para focar em uma carreira promissora: “O mercado espera que o profissional tenha todas essas habilidades e uma visão do que a empresa entrega para o mercado. Tem que entender do negócio e agregar valor à organização como um todo, não sendo limitado a conhecer apenas a tecnologia ou produto”, recomendou. Foto: Gian Cornachini

Dicas para uma carreira de sucesso Representante de uma das empresas mais prestigiadas na área de tecnologia, Wellington Agapto, Most Valuable Professional (MVP) na Microsoft — profissional ‘expert’ em determinada área da Microsoft, no caso, no Office 365 —, veio à FEUC para compartilhar dicas de como se tornar um profissional de TI de sucesso. Em linhas gerais, ele explicou alguns passos para o êxito no trabalho: “O sucesso é relativo, e você precisa identificar o que te satisfaz, saber onde quer chegar e cumprir as

Wellington Agapto, da Microsoft, falou sobre êxito em T.I. 23


FEUCTEC Linguagem cinematográfica Uma das oficinas mais procurados foi a de “Cinema e Animação – Linguagem Cinematográfica na Realização de Curtas-metragens Animados”, oferecida por Bruno Nascimento, mestre e doutorando em informática pela UFRJ e professor das FIC. Na atividade, Bruno explicou, entre outras coisas, que animação é movimento, e que essa ideia é anterior aos programas/softwares modernos. Para exemplificar, ele apresentou e orientou os estudantes a fazerem uma dobradinha — técnica que utiliza apenas papel e caneta, ou lápis. “A animação já era utilizada muitos anos atrás. Quando você queria registrar alguma coisa que aconteceu com movimento, utilizava-se animação, obviamente, a partir dos meios tecnológicos da época. Por exemplo, o homem das cavernas utilizava animação quando desenhava, quadro a quadro, determinadas cenas que narravam uma história”. Em um segundo momento, Bruno estimulou os estudantes a pensarem outras aplicações para a animação, e também apresentou os comandos básicos do programa Muan, Manipulador Universal de Animações, que é gratuito e pode ser baixado no site www.muan.org.br. “Eu estimulo vocês a pensarem em uma sala de aula, por exemplo, porque esse

software e essas técnicas não servem apenas para cinema ou entretenimento. Elas também podem ser utilizadas em outros espaços, com outros propósitos, e um deles é a sala de aula. A animação é um processo criativo que envolve pessoas, é um processo social”, encorajou. Criação de sites com o Materialize Tiago Luiz Ribeiro, desenvolvedor e designer gráfico na Somar Comunicação, ministrou um workshop sobre construção de sites de forma rápida e prática. O objetivo, com a atividade, foi mostrar possibilidades de agilizar a criação de páginas na internet com o auxílio de tecnologias prontas, como o framework. “Framework é quando uma pessoa de Deus acorda e resolve ajudar vidas no mundo. Ela cria regras no HTML, no CSS e compartilha com você”, explicou Tiago. “Se você leva três dias para fazer um site, você vai levar três horas”, completou ele, destacando que o indicado hoje é pensar um site primeiramente para dispositivos móveis: “As pessoas passam mais tempo no celular do que no computador. E se você apresentar um layout com a cara do que o Google faz, você está no caminho do sucesso. Por isso estou aqui Foto: Pollyana Lopes

Estudantes produziram, em pequenos grupos, dobradinhas: técnica de animação feita a mão 24


ensinando o conceito do Materialize”. O Materialize (http://materializecss.com) é um framework baseado no que há de mais recente em termos de design para smartphones desenvolvido pelo Google — o Material Design. É possível copiar códigos prontos para inserir na página que você pretende criar. Assim, segundo Tiago, ela terá um layout responsivo (que se adapta às diferentes resoluções das telas) e moderno. Porém, é necessário ter conhecimentos de programação para realizar a tarefa. Sábado de arte Para encerrar a semana de tecnologia das FIC, no sábado, dia 31, aconteceu o Arte Total — evento da área de criação que contou com a participação de profissionais de altíssimo nível na área de marketing, fotografia, design, além de oficinas de tatuagem, escultura, desenho, silk, pintura, violão e VFX. Nas palestras, temas e perguntas diversas como os efeitos da crise no mercado e a importância de cultivar o networking. Fernando Mendonça, da Combo Estúdio, vê o momento de aperto econômico que o Brasil passa como uma maneira de inovar: “A gente está bem melhor do que estivemos tempos atrás. E uma característica interessante do brasileiro é a cria-

tividade. Diante de um problema, temos que criar uma alternativa diferente de trabalho. A gente usa um aspecto negativo para aprender com ele”, ressaltou Fernando. á o dublador Lucas Gama, também da Combo Estúdio, chamou a atenção para criar uma rede de contatos e cultivá -la de maneira sincera: “Acho que você não precisa criar um personagem. Você pode ser você mesmo, só não pode ser aquela pessoa que não passa verdade, porque a pior coisa é forçar a barra”, afirmou. Coordenador avalia FEUCTEC O professor Rodrigo Neves, coordenador dos cursos de computação da FEUC, comparou a edição deste ano da FEUCTEC com a anterior (em que foi abordada a temática dos jogos eletrônicos), e ressaltou ser um evento propositalmente voltado para quem é mais avançado na área de T.I.: “É um tema bem técnico, menos aberto ao público e mais voltado para os alunos complementarem a formação. Foi uma maneira de trazer profissionais externos para que os estudantes pudessem ter contato com ferramentas atuais do mercado de desenvolvimento web, que é uma área que tem absorvido muita gente”, destacou Rodrigo. ■ Foto: Gian Cornachini

Tiago Luiz Ribeiro coordenou oficina de criação de site Foto: Gian Cornachini

Arte Total reuniu convidados de diferentes áreas de criação 25


Pibid

'No Pibid eu descobri o que eu queria fazer da minha vida' A fala emocionada de uma das bolsistas do Pibid Letras demonstra um pouco a importância do Programa de Iniciação à Docência Foto: Pollyana Lopes

Auditório lotado durante um dos debates da segunda edição do Pibid em Movimento

Por Pollyana Lopes

É

de Raissa Lima a fala que dá título a esta matéria. As palavras foram pronunciadas no lançamento do CD produzido pelo subprojeto de Letras, com gravações das crianças da Escola Municipal Euclides da Cunha, em Guaratiba, lendo textos clássicos. Depois de um ano inteiro de atividades desenvolvidas nas escolas públicas da região, os subprojetos de História, Ciências Sociais e Letras do Pibid promoveram em novembro eventos para apresentar à comunidade os resultados das atividades. O Pibid Letras reuniu toda a comunidade escolar em torno de uma grande cerimônia, já os estudantes das escolas estaduais Irineu 26

José Ferreira e Fernando Antônio Raja Gabaglia lotaram o auditório da FEUC para debater a questão de gênero junto de bolsistas, coordenadores e supervisores dos subprojetos de Ciências Sociais e História. Em agosto, os bolsistas de Geografia já haviam apresentado, no Centro Interescolar Miécimo da Silva, os documentários realizados com os estudantes de lá em seu subprojeto. II Pibid em Movimento O debate “Violações e violência de gênero: processo histórico e resistências” contou com a participação da professora do curso de História Marcia Vasconcellos e a advogada, assistente social, teóloga e pastora da Igreja

Metodista Rute Noemi da Silva Souza. Mas o destaque da conversa foi a madura participação dos estudantes, que fizeram intervenções com falas empoderadas, contaram vivências particulares e casos de violências sofridas. Marcia buscou mostrar, em sua fala, que o machismo que perpassa as relações sociais atualmente é herança direta do sistema patriarcal, que colocava apenas os homens como autoridade legítima das famílias. Para isso, ela apresentou casos de mulheres que, durante o período da escravidão no Brasil, romperam essa mentalidade. Entre os casos documentados que a professora apresentou destacam-se o da mulher branca, oriunda de um grupo da elite, que geria o patrimônio da família, mes-


mo com a repreensão dos filhos; e o das negras escravas que, com trabalho lícito de venda de tabuleiros, compravam a liberdade e se tornavam arrimos de família, com posses registradas e casamentos em regime de separação de bens. “O que eu quero mostrar para você é que as mulheres sempre resistiram ao patriarcalismo. Não eram todas as mulheres ricas que viviam sob a égide dos maridos, e as mulheres negras escravas utilizavam meios lícitos, e não apenas o roubo e a prostituição, para comprarem a própria liberdade e se tornarem pessoas autônomas”, explicou Marcia. Já Rute Noemi da Silva Souza utilizou sua formação multidisciplinar para instigar os estudantes a pensarem o quanto são atingidos, cotidianamente, por diversas formas de violência, e como também podem ser reprodutores dessa lógica. Ela utilizou a definição de palavras como violência, gênero, agressividade, machismo e espiritualidade para levar os estudantes a reflexões e atuação por uma cultura de paz. “Como eu faço para ter essa cultura de paz? Primeiro você precisa ficar inquieta, inquieto com tudo isso que está sendo dito para você. Para meninas: não tenham medo de namorado! Não tenham medo de usar a roupa que

vocês usam, porque a culpa do estupro não é da sua roupa, a culpa do estupro é do estuprador. Ele que está praticando um crime. E, olha, eu sou uma pastora. A gente tem que se libertar dessas amarras que fazem com que a gente só reforce a violência”, reiterou Rute. Depois da longa apresentação das palestrantes, os estudantes ocuparam o microfone com questionamentos e proposições. A colocação de mulheres transgênero no mercado de trabalho; gordofobia na escola; o papel da mulher negra na sociedade, ainda mais marginalizado que das mulheres brancas, e a fetichização por elas sofridas; a violência sofrida por homens pobres, que reproduzem essa lógica, foram alguns dos temas trazidos pelos alunos, junto de exemplos e experiências pessoais. “O discurso do feminismo é importante para todas, mas é mais importante para as mulheres negras como eu. Quando eu vejo feministas como Clarice Falcão e Emma Watson recebendo total apoio da população porque batem na tecla do feminismo, eu reparo que o que elas falam já foi dito por pessoas negras há muito mais tempo. As blogueiras negras, Malcon X, Martin Luther King, os Panteras Negras, todos figuras negras que estão batendo na

tecla do machismo e da opressão muito antes de Clarice Falcão e afins. Mas ainda assim, porque ela é branca, bonita, classe média, tem toda a atenção da sociedade. Legal, mas pessoas da minha cor estão morrendo muito mais do que pessoas da cor dela”, provocou Marcele Lopes, estudante do 3°ano do Colégio Estadual Irineu José Ferreira.

Clássicos da literatura para quem não pode ler No subprojeto de Letras do Pibid FIC, os bolsistas promovem oficinas de leitura com estudantes do primeiro segmento da Escola Municipal Euclides da Cunha, em Guratiba. O objetivo é desenvolver a capacidade de interpretação e compreensão na leitura, o que já é uma causa nobre, mas os exercícios são gravados e o produto dos áudios também tem finalidade generosa: CDs com as gravações serão distribuídos para escolas e institutos que orientam cegos. No evento de lançamento do volume I do audiolivro “No caminho das Letras”, o pátio da escola recebeu bolsistas, estudantes, pais e professores. Foi com grande alegria e orgulho que todo o grupo apresentou o resultado dos trabalhos desenFoto: Pollyana Lopes

Rute Noemi: pastora ressaltou a necessidade de se quebrar o ciclo da violência 27


Pibid volvidos dentro da escola desde março deste ano. Foram oficinas diárias, com leituras de textos clássicos de domínio público, que incluíam autores como Casimiro de Abreu, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Olavo Bilac, além do poeta pernambucano, radicado em Campo Grande e frequentador das atividades da FEUC nos últimos anos de vida, Primitivo Paes. Dentre os alunos mais assíduos nas oficinas está Ingryd Estefane Ferreira de Campos, de 11 anos. A estudante do 6°ano estava acompanhada da mãe, Gleicy Ellen Ferreira de Jesus, no lançamento do audiolivro. “Ela agora está bem melhor, pe-

gando mais livros para ler na biblioteca e também na igreja. E na leitura, em vista do que ela era, está bem melhor”, conta a mãe, que acrescenta que o desenvolvimento de Ingryd ultrapassa a leitura: “Ela também está até se expressando melhor. Às vezes, conversando, ela consegue encaixar melhor algumas palavras, se expressar melhor”, conta. Elo entre os graduandos e os estudantes, as professoras supervisoras perceberam os resultados dos trabalhos para além das leituras que eram gravadas, como comentou Joice Mara Gonçalves de Souza, uma das supervisoras. “Foi

muito bom ver os alunos participando das oficinas e melhorando o desempenho nas outras matérias, se prontificando para fazer as leituras”, disse. O progresso e o crescimento intelectual também afeta os bolsistas que, depois de uma série de orientações e discussões internas em coletivo para preparar as oficinas, encontram na escola espaço para o exercício da docência. Joyce Silva dos Santos, do 6º período, está no projeto desde o início, ainda no segundo semestre de 2014. Ela conta como amadureceu sua atuação enquanto professora no programa: “O Foto: Pollyana Lopes

Os professores Erivelto e Arlene palestram em evento do subprojeto de Letras 28


crescimento que eu pude obter a partir das pesquisas e do trabalho diretamente com eles foi espetacular. Nós desenvolvemos pesquisa na área de letramento, relacionadas à produção do audiolivro e, principalmente, nós desenvolvemos essa prática pedagógica que é o que a gente mais estuda, a mediação literária”. As possibilidades enriquecedoras do programa também foram colocadas por outros bolsistas em declarações emocionadas. Isadora Lins contou que foi chamada de professora, pela primeira vez, no projeto; Andreia da Silva Neto Passos falou sobre a relação entre teoria

e prática que o Pibid possibilita; e numa das falas mais comoventes, que dá título a esta matéria, Raissa Caroline da Silva Lima contou que se descobriu na profissão: “Eu entrei no projeto esse ano e não esperava que seria uma experiência tão maravilhosa. Fiz amigos e cresci como ser humano. Eu vou sentir muita saudade, porque antes do projeto eu não sabia que eu queria ser professora e foi uma experiência maravilhosa, porque no Pibid eu descobri o que eu queria fazer da minha vida”, contou, entre um soluço e outro, a estudante. Como a atividade foi realizada du-

rante o dia, os estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos) participantes não puderam estar presentes, pois só frequentam a escola à noite. Vendo a quase decepção deles, a bolsista Flávia Daiana, do 6º período de Literaturas, não pensou duas vezes: providenciou para o horário noturno uma cerimônia quase igual, com entrega de certificados e muita emoção. “È bacana ver nossos bolsistas tomando iniciativas e acolhendo os alunos como um verdadeiro educador deve fazer”, comentou a professora Arlene Figueira, coordenadora do subprojeto de Letras. ■ Foto: Pollyana Lopes

Alunos da escola Euclides da Cunha no lançamento do CD "Caminho das Letras" 29


Premiado

Projeto de monografia de aluno das FIC ganha edital de financiamento Foto: Gian Cornachini

A proposta de trabalho de pesquisa sobre o Rio Mazomba, concebida por aluno e professor do curso de Geografia, receberá verba para ser executado Por Pollyana Lopes

F

ernando da Silva Peres terminou o quarto período do curso de Geografia nas FIC e recebeu uma ótima notícia para começar 2016 com o pé direito e muito trabalho: seu projeto de monografia foi contemplado pelo edital do Comitê Guandu e receberá um financiamento para ser executado no decorrer do próximo ano. Assim que soube da oportunidade de se inscrever no edital, o estudante procurou a orientação do professor Alexandre José Almeida Teixeira, que prontamente atendeu a demanda. Eles prepararam, juntos, o projeto “Análise Espaço-temporal da Bacia Hidrográfica do Rio Mazomba através do geoprocessamento”. “Nós elaboramos um projeto cujo objetivo é fazer o mapeamento de uma sub-bacia hidrográfica do Rio Guandu, que é o Rio Mazomba. A ideia do projeto é, através do uso de imagem de satélites antigas e recentes, fazer um estudo temporal, ao longo de vários anos, de como essa paisagem foi se transformando ao longo desse tempo”, explica o professor. A FEUC foi a única universidade particular contemplada pelo edital, e ficará a cargo do orientador a gestão do dinheiro do projeto, que poderá ser utilizado para locação de equipamentos, compra de dados, mapas, contratação de serviços para atividades de campo, combustível, inscrição e viagens a congressos etc. “São custos às vezes elevados que podem impedir o aluno de fazer a monografia”, exemplifica Alexandre. Para concorrer no processo era necessário que as propostas estivessem relacionadas à gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, Guarda e Guandu Mirim. Dentre as várias possibilidades, Fernando explica por que eles decidiram pesquisar o Rio 30

O professor Alexandre e seu aluno Fernando: projeto premiado Mazomba, um afluente do Guandu: “A escolha do Rio Mazomba é porque ele está próximo, ele é um rio que faz parte do lazer de muitas pessoas daqui, principalmente nessa época de verão. É uma área de lazer muito explorada na Zona Oeste, é de fácil acesso até um bom trecho. E também porque é um rio que tem uma grande importância, ele é responsável pelo abastecimento de água potável de boa parte da cidade de Itaguaí”, disse. Enquanto o professor, que aguarda a convocação para a primeira reunião em janeiro, espera que o trabalho de Fernando seja um incentivo aos outros estudantes, o aluno reforça a necessidade de iniciativa e ressalta a qualificação dos mestres: “Os professores estão aí para ajudar, para montar o projeto, para orientar. A gente tem que mostrar para a galera que é possível, porque a coisa acaba acontecendo, já que a gente tem qualidade”. ■


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Sempre em frente! Com a habitual dedicação de seus professores e o compromisso dos alunos, as FIC seguem com desempenho em alta no Enade 2014: dois cursos receberam nota 4 e os demais ficaram com 3

Por Tania Neves

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Ministério da Educação (MEC) divulgou finalmente o resultado do Enade 2014, e as FIC confirmaram sua melhora no Índice Geral de Cursos (IGC) – a nota média de todas as suas graduações – passando de 2,278 em 2011 para 2,702 em 2014. Portanto, um Conceito Enade 3 já muito próximo de um 4! Individualmente, nossos cursos também alcançaram excelentes resultados, com Ciências Sociais confirmando o 4 que já tinha e História também passando para este patamar. Todos os demais cursos ficaram com nota 3, também elevando o fluxo contínuo do Conceito Preliminar

de Curso (CPC) na direção da nota 4 (a exceção foi Licenciatura em Computação, que caiu de 4 para 3, mas mantendo o CPC Contínuo bem perto de 4). Para o coordenador Acadêmico da instituição, professor Valdemar Ferreira da Silva, os resultados coroam os esforços de toda a comunidade acadêmica: “Nos últimos tempos nós refizemos nosso Projeto Pedagógico, cumprimos e fomos além de todas as exigências feitas nas últimas visitas do MEC e passamos a trabalhar o Enade como componente curricular com os alunos, como determina o MEC. E nossos graduandos corresponderam a esses esforços e foram muito bem nas provas”, elogia o coordenador. 31


Capa

Cursos cada vez melhores, pelo MEC O curso de Ciências Sociais, que já havia alcançado a nota 4 no Enade de 2011, manteve o mesmo conceito, mas subiu um pouquinho mais na nota contínua do CPC, passando de 3,318 para 3,470. “Estamos a caminho do conceito 5, e é para isso que trabalhamos. Embora seja muito difícil para uma instituição particular alcançar a nota máxima, devido aos critérios oficiais de cálculo adotados, o que temos feito aqui – instituição, professores e alunos – é digno do conceito máximo, sim”, avalia a professora Célia Neves, coordenadora do curso de Ciências Sociais. A dificuldade a que a professora se refere tem a ver com o peso dado pela avaliação do MEC ao percentual de mestres e doutores e de professores com dedicação exclusiva na composição da nota (30% do componente da nota final têm a ver com isso). As universidades públicas conseguem ter alto percentual de doutores e de professores com dedicação exclusiva, mas para acompanhar isso as particulares teriam que elevar as mensalidades a valores incompatíveis com o poder aquisitivo da maior parte de seu público. As FIC, dentro da realidade de suas receitas, estão entre as particulares com maior percentual de mestres e doutores em seu quadro de professores, e buscam alocar esses especialistas de forma a atender todos os seus cursos, focando na elevação da qualidade dos mesmos. História é a outra de nossas graduações com nota 4: passou de 2,944 em 2011 para 2,975 em 2014. A

CURSO Ciências Sociais Computação Geografia História Português/Inglês Português/Literaturas Português/Espanhol Matemática Pedagogia Sistemas de Informação

coordenadora do curso, professora Vivian Zampa, também destaca a dedicação dos professores e o compromisso assumido pelas turmas que se submeteram ao Enade 2014: “Foi um trabalho realmente de equipe, por isso esse sucesso é de todos nós”, disse. Integrantes do grupo que fez as provas de História no Enade em 2014, Marcus Vinícius Bezerra de Almeida, João Carlos Diniz, Leonardo Dias e Artur José da Silva se reencontraram na pós-graduação em História Social e Cultural do Brasil, aqui na FEUC. Eles confirmam que levaram muito a sério a participação no Enade, mas esperavam uma prova mais calcada em historiografia e menos em didática, como acabou sendo. Luana Alencar, que também fez a prova, teve a mesma impressão, e acrescenta que a didática cobrada na prova foi muito mais voltada para legislação e menos para a prática de sala de aula. “A História na FEUC é muito boa, o curso não perde em nada para os melhores que existem por aí”, completou Leonardo. Já Patrick Silva dos Santos, que fez a prova de Ciências Sociais, afirma que esperava algo bem mais difícil. O estudante, que atualmente cursa o mestrado em Sociologia na UFF, conta que na seleção para a pós-graduação pôde confirmar o quanto o conteúdo de seu curso foi especial: “Fui o primeiro egresso de faculdade particular a conquistar uma vaga no mestrado em Sociologia da UFF. Nas aulas, vejo que os colegas de outras faculdades públicas sequer chegaram a ter o conteúdo que eu tive”.

AVALIAÇÃO DOS CURSOS DAS FIC NO ENADE DE 2014 CPC CONTÍNUO 3,470 2,814 2,747 2,975 2,790 2,882 2,645 2,446 2,777 2,161

CONCEITO 4 3 3 4 3 3 3 3 3 3 Fonte: INEP

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Foto: Gian Cornachini

Grupo de ex-alunos de História entre as professoras Vivian Zampa e Nathália Faria

CPC CONTÍNUO De 0 a 0,945 De 0,945 a 1,945 De 1,945 a 2,945 De 2,945 a 3,945 De 3,945 a 5

PARÂMETROS DE CONVERSÃO DO CPC CONTÍNUO EM CONCEITO CONCEITO 1 2 3 4 5

DIMENSÃO Desempenho dos Estudantes Corpo Docente

Percepção Discente sobre as Condições do Processo Formativoo

PESO DAS DIMENSÕES E COMPONENTES DO CPC COMPONENTES Nota dos Concluintes no Enade Nota do Indicador da Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado Nota de Proporção de Mestres Nota de proporção de Doutores Nota de Regime de Trabalho Nota referente à organização didático-pedagógica Nota referente à infraestrutura e instalações físicas Nota referente às oportunidades de ampliação da formação acadêmica e profissional

PESOS 20,0% 35,0% 7,5% 15,0% 7,5% 7,5% 5,0%

55,0%

30,0%

15,0%

2,5% Fonte: INEP

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Capa Foto: Gian Cornachini

Patrick e a professora Célia: o aluno de Ciências Sociais exalta o forte conteúdo do curso

Entendendo o Enade, CPC, IGC... O professor Valdemar explica que o Conceito Enade é um indicador de qualidade da educação superior que avalia o desempenho dos estudantes a partir dos resultados obtidos no Enade. Já o Índice Geral de Cursos (IGC) é uma média ponderada envolvendo as notas contínuas dos Conceitos Preliminares de Cursos (CPCs). Todas essas notas e conceitos são comparativos entre todos os cursos e instituições avaliados. Portanto, ainda que uma instituição e seus cursos melhorem seus próprios resultados com relação a anos anteriores, elas também precisam superar os resultados de outras instituições para efetivamente subirem nas avaliações. O que significa que as FIC melhoram internamente e no cenário geral. Desde o começo do ano de 2014, coordenadores e professores iniciaram um trabalho intensivo para preparar os alunos para a avaliação. A maioria dos cursos abriu disciplinas específicas para tratar do 34

Enade como componente curricular obrigatório, com aulões de revisão de conteúdos e aplicação de provas simuladas. O curso de Matemática chegou a lançar, no YouTube, o canal FEUCMAT, onde eram postados vídeos com a resolução comentada de questões de provas anteriores. Os professores também orientaram os alunos sobre as dúvidas mais frequentes no preenchimento do questionário, o que em anos anteriores havia se mostrado um ponto problemático, já que muitas vezes o enunciado das perguntas deixa os alunos em dúvida quanto à resposta que deve ser dada. “Se o aluno não tem o hábito de usar os laboratórios de informática ou de seus cursos específicos, por exemplo, pode erradamente responder no questionário que a instituição não disponibiliza esses ambientes”, exemplificou a professora Arlene Figueira, coordenadora de Letras e diretora de Ensino da FEUC. O


Foto: Gian Cornachini

Professor Alzir e os alunos Ana Carla Pimentel e Rubens Caio no laboratório de Matemática

professor Alzir Fourny Marinhos, coordenador do curso de Matemática, é um dos que não dispensa as aulas mais interativas no laboratório, o que dá mais “realidade” aos estudos de Matemática. E a atenção da instituição com a avaliação do MEC se refletiu ainda na logística montada para facilitar a ida dos alunos aos locais de prova: a FEUC providenciou 18 ônibus para levá-los aos endereços na Ilha do Governador, Centro, Copacabana e Tijuca. E um grupo de professores e funcionários os acompanhou, dando total apoio. O resultado foi que a quase totalidade dos inscritos fez a prova, o que torna a avaliação das FIC verdadeiramente ampla. Uma vez que a prova do Enade é considerada um componente curricular obrigatório dos cursos no ano em que é realizada, estão obrigadas a fazê-la os formandos do semestre em que a prova é aplicada e também os do semestre seguinte. Caso não o faça, o aluno não poderá colar grau ao fim do curso. E terá que se inscrever novamente no ano seguinte, como aluno irregular, solicitando dispensa e apresentando algum documento oficial (atestado médico, boletim de ocorrência policial etc.) que justifique por

que faltou à prova. Somente após obter a dispensa é que ele poderá colar grau e obter o diploma. Na reunião em que apresentou aos coordenadores o resultado do Enade 2014, o professor Valdemar frisou que a elevação dos CPCs dos cursos evidenciam a ampliação do nível de conhecimento dos alunos e reflete o trabalho realizado pela instituição e os professores. “Vocês conseguiram sensibilizar os alunos para a importância de fazer um bom Enade, de se empenhar em mostrar no preenchimento do questionário e nas provas o que de fato a instituição tem e oferece”, disse Valdemar. E chamou a atenção para a necessidade de se começar logo a preparação da comunidade acadêmica para a próxima avaliação: “É importante lembrar que os dados referentes ao nosso próximo ano letivo, de 2016, é que serão utilizados para alimentar os insumos do Enade 2017”, salientou. Pelas regras do MEC, terão que se submeter ao Enade 2017 os alunos que se formam no fim daquele ano e no primeiro semestre de 2018 – portanto, os alunos de licenciaturas que em 2016.1 estarão no 3º e 4º períodos e os de bacharelado que estarão no 4º e 5º períodos. ■ 35


Evento acadêmico

Com palestras e arte, a história dos excluíd XVII Encontro de História abordou personagens e momentos que tradicionalmente não são foco de discussão nas escolas Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

M

ais uma semana de debates, oficinas e apresentação de trabalhos agitou as FIC em setembro. O 17º Encontro de História teve como tema “Os excluídos da História: À margem da Sociedade e da História” e contou com palestras sobre intolerância religiosa, a questão indígena, movimentos sociais do campo, mulheres e as UPPs nas favelas cariocas. O evento contou ainda com apresentações musical e teatral desenvolvidas pelos próprios estudantes, ambas com a finalidade de também contar uma história oculta. A coordenadora do curso e uma das organizadoras do evento, Vivian Zampa, destaca a relevância do assunto que liga os debates: “A gente sabe que o sujeito da história deve ser o mais plural e diversificado possível, e isso é fazer uma história comprometida com a sociedade. Para esse encontro nós resolvemos trazes essas figuras que muitas vezes nem estão nos livros didáticos ou, se estão, têm suas questões simplificadas”. Intolerância religiosa Logo na palestra de abertura, na parte da manhã, o professor Janderson Bax Carneiro trouxe à tona a intolerância religiosa sofrida por adeptos de religiões de matrizes africanas. Em sua fala intitulada “As faces da intolerância religiosa no Brasil Contemporâneo: considerações em torno da perseguição às religiões de matrizes africanas”, o

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professor explicou que “A história pensa sobre os problemas do presente à luz do passado, e como o Ocidente é marcado pela perseguição ao pensamento diferente, a inquisição é um exemplo, nós vamos falar de um tipo de perseguição que não tem um aparato institucional, mas que sobrevive em uma sociedade que se pretende democrática”. Escravidão indígena Outro tema que suscitou a participação dos estudantes com muitas perguntas foi a palestra “De Tibiriçá à Martim Afonso de Sousa. A nobreza indígena nos Campos de Piratininga”, proferida pela professora da UNIABEU e doutoranda pela UFRJ, Silvana Godoi. Ela explicou que a escravidão indígena não era permitida, de acordo com as leis da metrópole, Portugal, mas que, mesmo assim, os testamentos dos colonos continham uma série de indicações sobre os índios que podiam ser posse, ou o reconhecimento de filhos bastardos: “Em uma sociedade na qual o além é mais importante que a vida, é preciso salvar a alma dos pecados terrenos. O testamento era o momento de fazer um acerto de contas com Deus, no qual você revela aquilo do passado que ficou mal resolvido”, contou a professora, acrescentando: “A gente percebe que, apesar da ideia de superioridade dos colonos sobre os indígenas marcar os lugares sociais dos membros da sociedade paulista colonial, assim como a exploração da mão de obra, isso não impediu a ocor-


dos rência de relacionamentos econômicos, afetivos e sexuais entre colonos e indígenas”. Oficinas Entre as oficinas realizadas, havia opções diversas abordando temas como o conteúdo e a narrativa do diário de guerra de Anne Frank (com o professor Erivelto Reis), os sentidos sobre a colonização que transbordam das cartas do Padre Manuel da Nóbrega (com o egresso José Delfim) e os mortos vivos da história a partir de uma análise do seriado “The Walking Dead” (com a professora Fabiana Júlio), entre outros. À frente de uma das oficinas mais concorridas, sobre o Diário de Anne Frank, Erivelto chamava a atenção sobre como, ao verter um olhar histórico sobre os acontecimentos passados, vemos coisas que, no momento mesmo em que tudo transcorria, não era possível observar. Ele sugeriu aos estudantes que, se eles começassem a escrever todos os dias alguma coisa sobre sua vida acadêmica, ao ler isso no futuro se surpreenderiam ao ver que a idealizavam de um modo diferente do qual ela terá se concretizado, de fato. “Por exemplo, vocês escreveriam lá: ‘de novo aula do Erivelto. Mais uma vez ele fala da importância de o aluno ter uma postura acadêmica. Que chato, não aguento mais’. Mas no final terminariam com: ‘Agora que estou às portas de me formar percebo a importância daquilo que o Erivelto sempre disse’”, completou o professor, divertindo a plateia.

Monografias: Lima Barreto, João Goulart e as Assembleias de Deus O evento também contou com uma breve apresentação de pesquisas monográficas. Na noite do último encontro, os ex-alunos Luana Alencar, João Carlos Diniz e Leonardo Dias, formados no segundo semestre de 2014, deram uma palinha ao público das descobertas em seus trabalhos. Luana estudou o modo como o escritor Lima Barreto (1881-1922) retratava as mulheres em sua obra. De acordo com licenciada em História, as diversas personagens femininas eram dotadas de poder de decisão, apesar do contexto histórico em que viviam: “Lima Barreto entende a mulher como atuante de sua história, podendo mudar seu próprio contexto social”, explicou ela. O governo de João Goulart, que antecedeu a Ditadura Militar, foi objeto de estudos de João Carlos, que tentou abordar de maneira diferente o conceito de populismo frequentemente atribuído ao ex-presidente: “A gente vê muito falar que Goulart era considerado ignóbil, um idiota, sem senso político. Ao seu governo é usado o termo ‘populismo’, que dá a entender que é algo pejorativo à massa, como se não soubessem escolher. Mas existe um pacto. A gente está lidando com pessoas”, contextualizou João Carlos. “Eu uso o termo ‘trabalhismo’, porque a política de Goulart e de Vargas está muito ligada ao trabalhador, aos sindicatos”. Para fechar a apresentação de monografias, Leonardo trouxe uma pesquisa sobre a relação 37


Evento acadêmico Fotos: Gian Cornachini

João Carlos Diniz, Leonardo Dias e Luana Alencar apresentaram suas pesquisas monográficas

Peça teatral retratou o cenário cultural e de guerra dos anos 1940

entre as Assembleias de Deus a vitória do ex-presidente Fernando Collor contra o então candidato Lula em 1989. De acordo com Leonardo, Collor conseguiu forte adesão de evangélicos devido a boatos sobre uma suposta implantação do comunismo se Lula vencesse as eleições: “As pessoas de esquerda eram consideradas ateus e comunistas. Uma calúnia foi levantada, e a Assembleia de Deus divulgou no periódico ‘Mensageiro da Paz’ que Lula tiraria o direito de fazer culto, as igrejas seriam fechadas e transformadas em repartições públicas. Sem o voto das igrejas pentecostais, comprovadamente Collor não conseguiria se eleger”, afirmou Leonardo. Música e arte para fechar o Encontro Ainda na noite de encerramento, estudantes do 4º período entoaram uma canção compos38

ta pelo aluno Mateus dos Santos Costa exclusivamente para o evento. “Vozes aos excluídos” é uma belíssima letra sobre a tentativa de apagar a história de vítimas do racismo, da intolerância religiosa e cultural. A canção está disponível na internet, e você pode ouvi-la por meio do link http://migre.me/sptM0. Uma belíssima apresentação teatral foi encenada para fechar o Encontro com chave de ouro. De autoria e direção de Ciro Gallo, pós-graduando em História Social e Cultural do Brasil nas FIC, a peça “Doces Lembranças”, com participação do Grupo Teatral MOA, reuniu musical, humor e muita emoção para narrar o período cultural da década de 1940 e a inserção da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial. Um dos personagens principais representados no enredo foi o próprio pai de Ciro, ex-combatente na Guerra, homenageado na peça. ■


Primeira pessoa Música na terceira idade Maestro Enéas Romano Responsável pelo Coral da UNATIL desde a sua criação

Eu comecei a estudar música a partir dos 11 anos de idade. Hoje, aos 75, descubro que tenho muita coisa para aprender... Difícil é encontrar tempo e disposição, esses dois grandes nossos inimigos. O estudo musical implica em aquisição de conhecimentos teóricos e exercícios práticos para aprimoramento técnico do instrumento ao qual nos dedicamos. Na terceira idade, tais exercícios tendem a se tornar mais raros, seja por problemas nas articulações, cansaço físico e mental ou até por preguiça mesmo. Mas, com o passar dos anos, vamos adquirindo experiência e aprendendo a conviver com essas deficiências. E, por falar em experiência, uma das mais gratificantes é essa de poder trabalhar com um grupo de terceira idade aqui na UNATIL, onde, embora não tenha formação em canto-coral, procuro passar um pouco do que aprendi para essas pessoas maravilhosas. E qual é a importância da música na vida dessas pessoas? Eu acho que a música é importante e salutar

Fotos: Gian Cornachini

para o bem-estar na terceira idade. Não estou falando da musicoterapia, que é um procedimento médico usado no tratamento e prevenção de vários tipos de doenças. Refiro-me à atividade de cantar ou tocar algum tipo de instrumento. Eu acredito que os nossos ensaios podem ajudar a manter o nosso cérebro saudável, fazendo com que estejamos mais aptos e capazes para enfrentarmos o desafio do envelhecimento. Por isso eu acho que a música tem, sim, um papel fundamental na nossa faixa etária, pois proporciona, com toda certeza, bem-estar e melhor qualidade de vida. 39


Octobermática

Jogos, números e aprendizados Por Pollyana Lopes e Gian Cornachini

O

s alunos fazem quase tudo: organizam as palestras, ministram oficinas, preparam materiais para serem apresentados nos estandes, enchem bolas de ar e coordenam as presenças. A XXII Octobermática ofereceu aos estudantes de Matemática não apenas palestras com profissionais de renome e temas relevantes, mas também um exercício de protagonismo na própria formação. Na divisão das tarefas, os afazeres são claros e envolvem os estudantes de todos as turmas: os mais experientes, do 7º período, definem o tema, delegam as funções e controlam a presença dos alunos; os estudantes do 6º período preparam e ministram oficinas; quem está no 5º período

fica incumbido de encenar uma peça teatral; e os demais são responsáveis pelos estandes. Com o trabalho partilhado, a participação e a presença de todos se torna ainda mais importante, como ressalta Ana Carla Pimentel de Albuquerque: “Nós, do 7º período, temos o privilégio de estar à frente organizando, mas isso é um trabalho em equipe que envolve todos, porque se um período não compartilhar da mesma ideia, da mesma vontade, já não sai da mesma forma, não sai com aquele brilho”. Pois foi com brilho e muita alegria que tudo transcorreu. O lúdico não esteve presente apenas nos temas, mas também na descontração dos palestrantes e no trato entre alunos e professores, que se misturavam e se confundiam, todos com Foto: Gian Cornachini

Grupo de Felipe Braga propôs jogo matemático de cartas 40


A XXII edição do evento mais tradicional do curso de Matemática trouxe o lúdico para o centro do debate sobre novas metodologias no ensino da disciplina

a camisa azul do evento deste ano. Um exemplo foi a professora Aline de Queiroz, que é formada em Tecnologia em Processamento de Dados e em Matemática, e dá aulas de Informática Educativa e Educação, Comunicação e Tecnologia. Interessada pelo tema, ela ouvia atentamente as explicações dos alunos sobre os jogos criados por eles: “Eu gosto muito de tudo o que tem a ver com jogo e Matemática, e acho muito interessante porque é esse tema que eu pesquiso no mestrado. Eu criei um jogo de tabuleiro virtual chamado ‘Avançando na Matemática’ – que tem foco nas operações multiplicativas – e apliquei aqui no CAEL. Você pode construir o conhecimento do aluno pelos jogos. O lúdico é prazeroso e é conhecimento!”, reforçou. Palestras O tema da palestra era sisudo, o nome da palestrante inspirava respeito e seu currículo é de referência, mas a descontração de Lúcia Maria Aversa Villela, professora na UERJ, demonstrou, assim como o tema do evento, que é possível aprender matemática com diversão. Em meio a trocadilhos como “a ordem dos tratores não altera o viaduto”, ela falou sobre “História da Educação Matemática na formação de um professor: para que serve?!”, na qual diferenciou a história da Matemática e a história da educação matemática para apresentar aos futuros professores questões que problematizam o conteúdo que eles ensinarão em sala de aula. Ela, que se define como Chacrinha – “o que eu quero é levantar questões, e não responder” – reforçou a necessidade de se pensar sobre a própria atuação a partir da história da Matemática: “O que é história da Matemática e como nós

podemos utilizá-la? Apenas como alegoria, dando exemplos de tempos remotos, ou como curiosidade? Ou como mote de reflexões sobre a sua prática docente? Quem sabe, ainda, como disparadora para perceber o seu papel na profissão?”. A partir disso, ela explicou que “é importante efetuar um trabalho que atribua sentidos ao passado e ao presente, transformando esses materiais em reflexões sobre muitos aspectos”. Matemática além do espaço físico da escola foi assunto central da palestra de Rafael Procópio, criador do canal de vídeos no YouTube “Matemático Rio”, onde posta aulas divertidas e com a finalidade de despertar o interesse do público pela área. Atualmente, o canal conta com cerca de 200 mil seguidores, e os passos para o sucesso foram revelados ao público da Octobermática. Segundo Rafael, o que conta em um canal educacional é o conteúdo: “Se você tem um conteúdo bom e atraente, o canal vai dar certo. Outra coisa é a consistência e a periodicidade das postagens”, atentou Rafael, que também deu dicas sobre técnicas de filmagem: “A primeira coisa é comprar um microfone, e não uma câmera. Você pode usar a câmera que tiver, mas áudio ruim cria incômodo e a galera vai sair do vídeo. Conforme o seu canal for crescendo, você vai investindo em equipamento”. Mostra de trabalhos A programação da XXII Octobermática manteve reservadas a manhã e a noite de um dia exclusivamente para os estudantes mostrarem, na prática, como é possível aprender brincando. Na apresentação de trabalhos nos estandes, turmas do 1º, 2º, 3º e 4º períodos exibiram os jogos que eles mesmos produziram. Teve versão fracionada 41


Octobermática Fotos: Gian Cornachini

Com diversão, Rafael Procópio ensina matemátia no YouTube

Segundo Caroline Santana, os alunos aprendem matemática com o xadrez sem perceberem

de sudoku, espécie de quebra-cabeça baseado na colocação lógica dos números; explicações sobre o sorobán, ábaco que funciona na base cinco; e até pegadinhas, como na mágica dos números, em que o participante mentaliza um número aleatório, faz um determinado cálculo e o resultado da conta tem um símbolo que é adivinhado. O estudante Felipe Braga, do 2º período, propôs com seu grupo um jogo matemático de cartas com a finalidade de ajudar estudantes a assimilarem os conceitos da aritmética básica: “A gente trabalhou conhecimentos sobre adição com alunos do primeiro segmento pelo método da diversão, e foi uma experiência enriquecedora, no sentindo de que eu, como futuro professor, aprendi mais um método de transmitir o conhecimento que eu adquiri”, destacou ele. Já a aluna Caroline Santana Ferreira, do 4º período, levou com sua equipe tabuleiros de xadrez 42

e dama para extrair desafios e cálculos matemáticos desses jogos: “O tabuleiro é uma forma geométrica dividida em outras formas geométricas. Cada peça se move de maneira diferente, e essas formas se relacionam com fórmulas matemáticas. Isso estimula o aluno e ele aprende a se concentrar com o jogo e aplicar a matemática sem se dar conta”, notou ela. Amanda Silva, estudante do 1º ano do técnico em Química do CAEL, visitou os estandes e participou de algumas brincadeiras: “Achei legal, raciocinei bastante. Sempre fui meio lerda para a Matemática, e aqui foi legal. São técnicas que podem ajudar”. Professor do curso de Matemática das FIC, Leandro Silva Dias explica que o debate sobre os jogos na Matemática é importante por dois motivos: “O tema é relevante porque na educação básica não basta para o aluno ter aula teórica de Matemática, ele tem que ter algo que tenha significado


Foto: Gian Cornachini

Em sua primeira peça de teatro, professor Alzir, coordenador de Matemática, estreou como vilão

para que ele aprenda as operações matemáticas de forma completa”, afirma o professor. “E para os alunos daqui é importante eles aprenderem sobre isso, porque eles vão ser futuros professores de Matemática, terão que lidar com essas dificuldades e poderão criar os seus próprios jogos que tragam ganho na educação desse aluno”. Teatro revelou ator inusitado Como de costume, o público da Octobermática sempre pode contar com uma belíssima peça teatral encenada no encerramento do evento. Os estudantes do 5º período é que ficam responsáveis por criar a história e dar um show de talentos. Este ano, a peça apresentada foi “A Liga da Justiça Matemática”, com um enredo marcado por super-heróis das operações matemáticas em busca da real identidade por trás do vilão

que roubou as tabuadas impressas – consideradas relíquias hoje em dia. Como o teatro já foi encenado, e no ano que vem uma nova história irá abrilhantar o palco do Auditório da FEUC, não considere a revelação como “spoiler”: Alzir Fourny, coordenador do curso, foi o culpado pelo sumiço das tabuadas! Estreando nos palcos, o querido professor se emocionou ao fim da peça e revelou a satisfação pelos estudantes darem a oportunidade de ele fazer algo novo em sua vida: “Estou com 63 anos e nunca fiz uma peça. Mas é um aprendizado. E quem proporcionou isso? Vocês, a Octobermática. Foi difícil me empenhar aqui na frente e decorar o texto. Mas vocês e todos que estão aqui vão ficar para sempre na minha mente. E sempre vou lembrar dessa oportunidade de participar desse momento. É o primeiro, e quero estar em todas as peças. Obrigado por tudo, a semana foi maravilhosa!” ■ 43


DCE

Movimento estudantil mo

Grupo mantém diálogo com administração da FEUC e quer consolidar o movim Foto: Pollyana Lopes

Estudantes participaram do debate sobre juventude negra Foto: Arquivo Pessoal/DCE

Foto: Pollyana Lopes

Representantes do DCE com o ministro Aloízio Mercadante

Flávio está se formando e se preocupa com a continuidade do DCE 44


ostra a que veio

mento estudantil na instituição de ensino Por Pollyana Lopes

D

esde que foi formado, o DCE da FEUC vem participando de diversos movimentos em defesa da Educação, como o Congresso da UNE, realizado em Goiânia, de onde partiram em caravana para se manifestar contra o projeto de redução da maioridade penal. “Foi um momento muito único para a gente, porque nós debatemos os rumos que a educação está tomando, falamos sobre o corte de verbas que a educação está sofrendo e tiramos qual seria a nossa pauta, nossa agenda de lutas”, explica Flávio Santana, presidente do DCE da FEUC. Na ocasião, os estudantes foram recebidos pelo então ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, e defenderam a manutenção do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). “A gente acredita que o PIBID, aqui na faculdade, é uma forma de assistência estudantil e isso comprova que o governo pode investir em assistência estudantil em universidade privadas. Essa é uma das nossas principais bandeiras”, ressalta. Mas o DCE não está ligado apenas nas questões macro do movimento estudantil, e também fomenta atividades e coletivos dentro da universidade. O grupo promoveu, em parceria com a União Estadual dos Estudantes, a roda de conversa “Juventude Negra e acesso à cidade”, que contou com a participação de estudantes de diferentes instituições, além dos alunos das FIC. O debate acalorado foi facilitado pela educadora do Departamento Geral de Ações Socioeducativas

(Degase) Tania Mara Menezes e por TR, integrante do coletivo Embaixada Hip Hop da Cidade de Deus. O evento foi o primeiro de um ciclo de debates sobre o assunto, e se realizou aqui não por acaso. “O nosso primeiro encontro desta série acontece aqui na Zona Oeste porque a juventude negra daqui é um dos principais alvos de ações que restringem o acesso à cidade como, por exemplo, a retirada de linhas de ônibus que vão para a Zona Sul”, explica Flávio. O tema era o acesso à cidade por parte dos jovens negros, mas a discussão não se restringiu somente a este ponto, e percorreu assuntos como a redução da maioridade penal, a invisibilidade da mulher negra na sociedade, políticas afirmativas, a formação de professores, o preconceito e a discriminação sofridos pelas religiões de matrizes africanas, entre outros. A próxima atividade será mais um debate, desta vez sobre feminismo. Os próximos passos do grupo são fomentar grupos permanentes, como o feminista e um ligado à questão racial, além dos centros acadêmicos dos cursos. “O nosso principal objetivo nesse início é estruturar o movimento estudantil aqui na faculdade, fazer a cultura de movimento estudantil”, explica Flávio, que ressalta que o grupo tem tido boa receptividade na FEUC: "A universidade tem sido muito receptiva com a gente. Nós decidimos ter esse diálogo porque precisamos de conquistas, mas a gente vê que em outras universidades, principalmente nas privadas, não existe essa receptividade”. ■ 45


Artigo Natácia Evilen Queiroz Araújo Graduanda do 6º período de Letras/Literaturas e bolsista do Pibid/FIC

Coisa que a gente nem imagina que é, é Era uma vez um menino chamado Masala. Ele era pretinho da cor do café. Ele se achava diferente porque os meninos de sua escola eram branquinhos da cor do leite. O cabelo de Masala era duro que nem água entrava, e os dos outros meninos eram molinhos que da água escorria. Um dia, vó Antônia, sentada na sala, mostrava toda orgulhosa as fotos de família. — Quem é essa gente toda vestindo esquisito, vó? Vó Antônia riu e pôs-se a explicar: — Essa gente pretinha e bonita é nossa família. Todos de um país muito lindo na África: GuinéBissau. Sua velha vó aqui veio de lá, sabia? Masala olhou... Olhou... Olhou... Até que o olho parou pra olhar um menino na fotografia. O menino que ele via tinha seu tamanho e era tão pretinho como ele, da cor do café. Masala o achou risonho e até parecido. Ele ficou curioso pra saber mais: — Vó Antônia... E esse aqui? — Ah, meu brotinho... Esse? Esse é Masala, meu irmão e seu tio-avô. Masala ficou mais abismado ainda: que diabo! Como podia aquele menino tão pretinho da cor do café ser tão parecido com ele e ainda ter seu nome? Vó Antônia, que não era boba, percebeu o estranhamento e os dois olhos arregalados do moleque, e começou a contar: — Seu tio-avô foi um menino muito corajoso como você. Ele era da tribo Fula, toda nossa família veio de lá. E continuou: 46

— A noite da África é a mais bonita do mundo, sabia? E veja bem que o mundo é bem grande! Os nossos dentes são brancos como as estrelas e nosso cabelo é forte como as árvores de nossa terra! Um dia, tivemos de sair de lá, viemos para o Brasil, e muitos de nós para outros países para que o nosso povo colorisse os outros povos. — Igual no arco-íris, vó? — Sim, filho. Tem um bocadinho da tinta que pintou nossa cor em cada pedacinho desse mundão. Tem fruta nossa, tem músicas, instrumentos, histórias, brincadeiras e muito mais! Até coisa que a gente nem imagina que é, é. — Vó... Meu cabelo é forte igual de árvore? — Sim, filho. — Minha cor é cor da noite? — Sim, filho. É sim. — E meus dentes, vó? São as estrelas da minha noite? — Sim, meu pequeno. E da minha noite também. Seu sorriso “alumeia” que chega a arrepiar minha noite — disse vó Antônia, apontando pra pele. — Vó... — Diga, meu pequeno... — A água que sai do olho da gente é igual à dos brancos porque a gente chora amor, né?! — Sim, meu filho... É sim. (A essa altura, vó Antônia era puro orgulho). — E o amor não tem cor, né vó?! E vó Antônia, emocionada, lavou a noite dela de amor enquanto Masala brincava feliz exibindo suas estrelas branquinhas.


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