Revista FEUC em Foco - Edição 22 (setembro/2015)

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Revista

Ano 6 • Nº 22 • setembro de 2015 • www.feuc.br/revista

em foco

MUDANÇA DE QUADRO Cada vez mais engajados na própria formação, licenciandos das FIC reescrevem seu futuro

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Institucional

Mensagem aos Funcionários Há hoje no mundo uma forte crise política, econômica, religiosa... E é claro que tudo isso, quando chega ao Brasil, acaba atingindo todos os setores e contaminando expectativas e perspectivas que antes se mostravam outras. Entretanto, mesmo diante de um cenário como este, não podemos de forma alguma nos encolher e achar que as dificuldades por que passamos hoje não serão vencidas nos dias que virão. Nossa capacidade de resiliência é imensa, e a História da FEUC nesses 55 anos muito bem comprova isso. Reconheço que não está fácil para ninguém, e me desculpo sinceramente por todos os problemas que cada membro da Família FEUC está enfrentando neste momento devido aos reflexos que esta crise nos traz. Estamos trabalhando arduamente para transformar este panorama, procurando evitar ao máximo os danos que as crises habitualmente trazem consigo. Acredito que o outubro vindouro será um mês muito especial para todos nós, apesar das dificuldades que teremos. Vamos festejar com orgulho o Dia do Professor e do Funcionário Administrativo da Educação, em 15 de outubro, na certeza de que dias melhores estão por vir. Parabéns a todos.

Durval Neves da Silva Presidente da FEUC

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Índice

Editorial Ilustração: Gian Cornachini

Foto: Gian Cornachini

18 Capa

26 A hora da alegria

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Uma aula informal

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FEUC no feminino

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Trabalho colaborativo

Com muito mais fé no magistério

Professora de espanhol faz Café Literário no CAEL

Espaço aberto para Roda de Conversa e Pré-Conferência

Mulheres de Pedra fazem arte e economia solidária

Elas servem cafezinho com sorrisos para adoçar a tarde

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Olimpíadas CAEL Passeio cultural pelos bairros do Rio 450 Anos

Mestrado e doutorado Aqui ao lado, Rural tem opções para seguir na pós

Artigo Aluno escreve sobre imprensa e política, tema de seu TCC

CAPA: Luciana Silva de Souza, prestes a se formar em Ciências Sociais, vai ser professora! Foto: Gian Cornachini FEUC em Foco é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada Campograndense. Presidente: Durval Neves da Silva; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo; Diretora de Ensino: Arlene da Fonseca Figueira; Diretora Superintendente: Mônica Cristina de Araújo Torres; Equipe: Tania Neves (Edição e texto), Gian Cornachini (Texto, foto e diagramação), Pollyana Lopes (estagiária); Periodicidade: trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.feuc.br/revista; E-mail para contato: emfoco@feuc.br

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

Os índices oficiais mostram que, após um período de subida, nos últimos anos vem diminuindo no Brasil o número de universitários que optam pelos cursos de formação de professores. O que afasta os candidatos do magistério, todos sabemos, tem a ver com salários ruins, condições precárias nas escolas públicas e a queda de prestígio social de um grupo profissional que já esteve entre os mais valorizados no passado. Entretanto, o que os atrai para a carreira docente são valores que nunca sairão completamente de moda, por pior que estejam as coisas: fazer a diferença na vida de alguém, compartilhar conhecimento, contribuir para melhorar a sociedade etc. Quando a esses ideais se somam oportunidades abertas por mais concursos públicos e planos de carreira que começam a ser implantados por prefeituras, e um programa de incentivo à docência como o Pibid, o quadro começar a mudar. Aqui na FEUC, pelo menos, parece estar mudando, como demonstram depoimentos e histórias que colhemos para nossa matéria de capa. Esta edição derrama ainda um olhar carinhoso sobre Luciana, Noêmia e Heloísa, aqueles três anjos que distribuem sorrisos e bom humor enquanto servem o itinerante cafezinho da tarde por aí. E mais: a animação das Olimpíadas do CAEL, em junho passado; o sucesso do bazar solidário da Unatil; e outro artigo assinado por aluno: na última página, Fabrício Medeiros dá uma palinha do que será seu TCC, sobre imprensa e política. E tem mais, muito mais. Comece a folhear, e boa leitura! ■ Tania Neves Editora 3


MUNDO

Da política aos computadores, a História está em tudo Doutora em História Política pela UERJ e habituada a desenvolver pesquisas sobre História Política e História das Mentalidades, a professora Vivian Zampa acaba de estrear em nova área: ela participou de pesquisa voltada à realização do documentário “Tecnologias da Informação e da Comunicação nos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro: dos anos 1960 à atualidade”, sobre o desenvolvimento da informática por aqui. Coordenado por Newton Meyer Fleury e financiado pela Faperj, o projeto consiste na estruturação de um repositório de conhecimentos sobre a evolução das tecnologias e a memória de personagens e dos movimentos acadêmicos e sociais ligados ao tema. Vivian curtiu a experiência: “O mais importante é perceber, na

Tire já da gaveta aquela poesia incrível! Foto: Gian Cornachini

Acesse o regulamento do concurso em www.feuc.br e se inscreva

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Foto: Gian Cornachini

Vivian, coordenadora de História, fez pesquisa sobre informática prática, que o historiador é requisitado a trabalhar em diferentes linhas de pesquisa e áreas, já que todas as temáticas, no fundo, podem ser inseridas em uma pesquisa histórica,

tendo em vista que são realizadas por indivíduos e se inscrevem em um determinado tempo”, diz a professora. O trabalho foi lançado durante a RioInfo 2015, em São Conrado. ■

Anote aí: dia 10 de outubro é a data limite para se inscrever na edição 2015 do Prêmio FEUC de Literatura, que mais uma vez premiará três poemas em cada uma de suas duas modalidades: Aluno da FEUC (para os matriculados nas FIC, CAEL, Colégio Magali

ou UNATIL) e Âmbito Nacional, para todos os demais concorrentes, de qualquer estado do Brasil. O regulamento está disponível em www.feuc. br, e os alunos podem se inscrever diretamente na Tesouraria, após pagar a taxa de R$ 10, mas os participantes externos devem consultar no site os dados bancários para fazer o depósito do valor e depois enviar os poemas pelos correios (valerá a data de postagem somente até 10 de outubro). Os primeiros colocados em cada categoria receberão os prêmios de R$ 500 (1º lugar), R$ 350 (2º lugar) e R$ 250 (3º lugar), além dos certificados. A lista dos poemas selecionados na primeira fase será divulgada na segunda quinzena de novembro, e o resultado final sairá na segunda quinzena de dezembro. ■


Gustavo: as mãos seguras do futsal do CAEL O time do CAEL ficou em 3º lugar na Taça Campo Grande de Futsal, mas o título de melhor goleiro é nosso. E, neste quesito, somos tricampeões! Gustavo Ribeiro foi eleito o melhor camisa 1 do campeonato pelo terceiro ano consecutivo. O estudante do 3º ano técnico em Química destacou-se na posição entre os colegas das outras 57 escolas do bairro e da região. Sempre acompanhado pela família nos jogos, ele compartilha a alegria das conquistas com seu fãclube particular. “É muito gratifican-

te, porque é o reconhecimento do meu esforço. Eu fico feliz, a minha família fica muito feliz, os colegas, o meu professor”, conta Gustavo. Por falar nele, Miguel Louro, o professor responsável pelos times de futsal não esconde a satisfação de ver o sucesso da equipe e do goleiro nas competições. Entretanto, ele reforça o caráter educativo dos esportes do CAEL: “Nós não formamos atletas. Ninguém quer perder, e ganhar é muito bom. Mas o nosso papel é ensinar. Sou um educador e não um treinador”. ■

VAI ACONTECER ■ Estudantes do 5º, do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental que almejam ingressar no Colégio de Aplicação Emmanuel Leontsinis com um desconto especial na mensalidade podem começar a se preparar, pois a prova do Bolsão CAEL está marcada para o dia 14 de novembro. Os que obtiverem as melhores colocações no exame receberão bolsas de valores variados, entre 100% e 25%. Entre os cursos técnicos, estão incluídos no bolsão Química, Edificações e Publicidade. A inscrição deve ser feita no setor de Cursos Livres e custa R$ 20, mas se o estudante compartilhar a imagem de divulgação no Facebook ela sai por R$ 10.

Foto: Pollyana Lopes

■ Será entre os dias 5 e 8 de outubro a próxima Octobermática. A XXII edição da Semana de Matemática terá como tema este ano “Matemática e os Jogos”, e vai contar com palestras, oficinas e muitas outras atividades, sempre nos turnos da manhã e da noite.

O aluno e seus troféus das Taças Campo Grande e Zona Oeste

■ A dobradinha que deu muito certo em 2014 se repetirá este ano: FEUCTEC e Expo X novamente serão realizadas em parceria. A XV edição da semana acadêmica dos cursos de Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em Computação e a feira científica de trabalhos dos alunos do CAEL vão invadir todos os espaços da FEUC entre os dias 26 e 30 de outubro, trazendo muito debate, inovação e diversão com sua variada programação. Marque na agenda!

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MUNDO

I Semana de Administração: início de uma tradição Quem conferiu em maio a XXVI Semana de Pedagogia ou a XXIV Semana de Letras viu bem o que significa tradição. E como toda tradição nasce de um primeiro evento, pode-se dizer que a tradição da Semana de Administração começou em 8 de setembro, quando alunos, docente e convidados abriram o primeiro encontro acadêmico anual do curso que ainda dá seus primeiros passos. O tema, “Empreendedorismo e a Administração”, teve seu aspecto motivacional destacado pelo professor Márcio Monteiro: “O empreendedorismo é um sonho para todos nós. Não é somente uma questão de vontade, ou uma atitude, algo que você queira trabalhar para você mesmo, para se livrar de chefes. Está muito atrelado a sonhos, e tudo o que

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Foto: Pollyana Lopes

Clodoaldo: “Sempre penso grande e trabalho com carinho” envolve sonhos me desperta o interesse. A ideia é mostrar ao aluno que é possível, porque quando ele sonha com alguma coisa ele tem condições de ir atrás do sonho e tornar realidade”. Clodoaldo Nascimento, presidente do Yes! Idiomas, foi o palestrante da primeira noite: “Não existe fórmula mágica para o

sucesso de uma empresa, mas existem atitudes comuns como foco nos objetivos, motivar e valorizar a equipe e pensar grande”, ensinou. Nos dias seguintes, o evento recebeu Thereza Christina Copelli da Silva, da Flowserve do Brasil, e Raphael Monteiro, do Conselho Regional de Administração. ■


Trajetória

Uma nova perspectiva de vida a partir da Educação Por Tania Neves

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té o dia em que iniciou o curso de Letras nas FIC, em 2011, a vida de Marcus Petini já lhe tinha dado mostras suficientes de que nada seria moleza: sobreviveu a um câncer violento aos 5 anos de idade e chegou ao fim do Ensino Médio aos trancos e barrancos, sempre enfrentando longas caminhadas até a escola, em Mangaratiba, e a recorrente falta de professores. O desestímulo o fez mergulhar um ano inteiro na “vagabundagem” – como ele mesmo definiu – que só foi interrompida quando o pai insistiu para que fizesse uma faculdade, e ele aportou na FEUC. E continuou sendo dureza, pois Marcus acordava às 3h30m da madrugada em Mangaratiba para se aprontar, pedalava dois quilômetros e meio até o ponto de ônibus e embarcava rumo a Campo Grande para trabalhar das 7h às 16h. Daí vinha para a FEUC, ficava um tempo no pátio lendo ou descansando, depois assistia às aulas até 21h50m e novamente pegava o ônibus para Mangaratiba, onde mais uma vez iria se exercitar na bicicleta até chegar em casa para finalmente tomar um banho, comer e dormir – já depois de meia-noite. “Essa batida pesada durou mais de um ano e serviu para me fazer valorizar tudo o que tenho hoje”, diz o estudante, que está cumprindo a última disciplina para finalmente ter seu diploma do curso superior. E ele já começa a colher os frutos, pois abriu este ano em sua cidade o seu próprio curso de línguas, o Explica Show, em que leciona inglês e também português e redação para concursos, realizando assim dois antigos sonhos: ter o próprio negócio e dar oportunidade às pessoas de menor poder aquisitivo que não conseguem pagar o único outro curso de inglês da cidade. Marcus começou em abril com 4 alunos e agora já tem 15. “Consigo oferecer um custo menor porque uso uma sala emprestada e eu mesmo preparo o material didático”, diz o jovem, que também leciona em uma escola particular da cidade. “Fui o primeiro da minha família a fazer faculdade, e estudar aqui realmente mudou minha vida. Tive tão bons professores na FEUC que tomei como meta um dia ser um professor assim”, finaliza. ■

Às vésperas de se formar em Letras, estudante já tem seu próprio curso de inglês e preparatório para concursos em Mangaratiba Foto: Gian Cornachini

Marcus no pátio da FEUC: “estudar aqui mudou minha vida” 7


Café Literário

Pães, livros, músicas e co

Professora de espanhol do CAEL aposta em cafés literários para incentivar os alun Por Pollyana Lopes

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om apenas um tempo por semana, as aulas de espanhol são repletas de conteúdo. Para escapar um pouquinho da rotina das aulas formais e se aproximar mais dos alunos, porém, a professora Natália Coelho introduziu em suas turmas uma novidade: o café literário, realizado ao final de cada bimestre. A ideia é que os alunos cantem, leiam poesias, dancem músicas em espanhol e interajam entre si e com a “maestrina”. Além, é claro, de saborearem diferentes tipos de pães, bolos e salgados. Natália, que estudou nas FIC, conta que conheceu essa metodologia com o professor Adriano Oliveira Santos, que fazia cafés literários depois das provas. “Ele foi

Alunos do 2º ano de Administração improvisaram com apresentação stand up e cantando “Rebelde”

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meu orientador na graduação e na pós. Um grande amigo e um professor perfeito. Eu me espelho nele para trabalhar e sempre dá certo”, conta. Ela também explica suas motivações para tocar a iniciativa: “Como eu só tenho um tempinho de aula por semana, decidi fazer este projeto para termos um momento de aprendizagem diferenciado do formal. Neste café, além de todas as informações transmitidas, batemos papo, tiramos fotos e é uma forma para eu me aproximar dos meus alunos e eles de mim. Dá super certo! Começamos um bimestre mais relaxados e dispostos para aprender melhor, fora que é uma delícia!”, empolga-se. Os estudantes, apesar de nem sempre prepararem algo para apresentar no evento, aprovam a iniciativa. Paola

Maia, do 1º ano do técnico em Informática, comenta o café: “É legal, dá tempo de conversar e a gente sai da rotina de pegar apostila, ficar quieto e assistir a aula. A última vez foi melhor porque teve dança e duas pessoas cantaram. E também dá mais intimidade com a professora. Ela abre espaço para a gente conversar com ela”, diz. Apesar de ter gostado da edição do evento que teve mais apresentações, Paola se justifica da mesma maneira que a maioria dos colegas quando questionada sobre o porquê de não ter preparado nenhuma apresentação. “Só lembrei ontem à noite e tinha que fazer outro trabalho, por isso não deu tempo de preparar nada”, alega. Mesmo assim, isso não é desculpa


onhecimento

nos a aprenderem de forma lúdica para cancelar a atividade. Os alunos improvisam, dançam “Macarena”, cantam músicas da novela para adolescentes “Rebelde” e apresentam os times espanhóis. E, mesmo no improviso, alguns se destacam. Aluno do 2º ano do técnico em Administração, João Pedro Consoli foi instigado pela turma a ler uma de suas poesias. Esquivando-se do espanhol e da exposição de seus escritos próprios, ele entoou um rap crítico e ritmado chamado “O que separa os homens dos meninos”, do rapper Sant: “É minha vida e o beat em cima / Ó, imagina. Eu já passei por cada coisa, mano / Explica o que é divórcio pra uma criança de 3 anos / Sem rumo e sem plano / Minha família é minha coroa, se tu entende o que eu tô falando”.

O jovem do rap elogia a iniciativa do sarau e apresenta outra explicação para a tímida adesão dos colegas: “Eu acho que é vergonha. Eu mesmo, a maioria das coisas que eu escrevo, só o meu irmão lê”, revela. Mas a professora insiste em promover a literatura e o conhecimento em ambientes menos formais. Quando um estudante questiona “se é literário, cadê o livro?”, enfática, ela esclarece: “Desde quando a literatura se prende em papel? Ela não se prende apenas no papel ou em um momento da história”. Literatura não é só papel, e aula não é só “cuspe e giz”. É com esse espírito que Natália continua organizando os cafés literários, para que os alunos aprendam, às vezes, sem perceber. ■

Fotos: Pollyana Lopes

Refrigerantes, misto quente, sucos de caixinha, pães e bolos estão no cardápio dos cafés 9


UNATIL

Alegria e entusiasmo para festejar e ajudar o próximo Bazar Solidário vende roupas, calçados e bijuterias a preços acessíveis. Grupo também organizou festa de Dia dos Pais para integrar os componentes. Fotos: Pollyana Lopes

Encenação de casamento de Maria Bonita animou público

Neuza da Silva Veloso avalia as peças à venda no brechó 10

Por Pollyana Lopes

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Universidade Aberta à Terceira Idade Leda Noronha recebe, com frequência, doações de diversos tipos. Para encaminhar os donativos de modo a contribuir com pessoas necessitadas, as roupas recebidas têm dupla função: algumas peças são diretamente doadas para abrigos e outras são consertadas ou reformadas para serem vendidas no recém-criado Bazar Solidário. Com o dinheiro arrecadado, as integrantes da UNATIL que dominam a arte da costura produzem roupas que também são oferecidas aos asilos. Aproveitando as comemorações de Dia dos Pais e o aniversário de 21 anos do grupo, foi inaugurada uma seção de bijuterias, que passaram pela mesma triagem de escolha e reparo antes de serem expostas para venda. A festa, que aconteceu no dia 4 de agosto, contou com mostras de carimbó, teatro das gatinhas, de Maria Bonita e músicas cantadas em solo ou em coro. Entre uma apresentação e outra, o instrutor de canto, Luís Antônio Peixoto, destacou a animação dos integrantes: “A FEUC é exemplo para qualquer lugar que tenha grupos de terceira idade, porque essa alegria, essa animação daqui, não tem em qualquer lugar”, exaltou. A animação para festejar é proporcional à dedicação a ajudar o próximo, como conta Patrícia Cristina de Oliveira, secretária da UNATIL: “A gente tem todo um cuidado em separar as peças. Nós sabemos quantos homens e quantas mulheres tem em cada abrigo e qual o tamanho de cada um”. Ela ressalta também que o zelo para com outros idosos é por empatia: “Eles gostam de ajudar porque sabem que podem precisar no futuro. No asilo tem pessoas que foram abandonadas pelas famílias. Eles sabem que isso pode acontecer com eles, e fazem porque gostariam que fizessem com eles”, explica. As doações vão para os abrigos Ação Cristã Vicente Moretti e para o Abrigo de Idosos Lar de Otávio. Os valores das roupas, dos calçados e das bijuterias no Bazar Solidário variam entre R$ 1 e R$ 20. O brechó acontece das 16h às 18h, de segunda a sexta-feira. Para saber em qual sala ele está acontecendo, é só se informar com a Patrícia, na secretaria da UNATIL. ■


CAEL

Foto: Gian Cornachini

Cultura de mãos dadas com o esporte e a alegria Olimpíadas do CAEL trazem conhecimento sobre o Rio de Janeiro e muita diversão Por Gian Cornachini

“E

u vou citar quatro palavras: respeito, gentileza, tolerância e solidariedade. Se nós carregarmos conosco o significado dessas quatro palavras, tudo vai ser dez, vai ser mil. Porque o CAEL tem tolerância zero com violência, e esta semana vai ser especial porque você vai respeitar, vai ser gentil, tolerante e solidário”. Regina Sélia Iápeter, diretora do Colégio, resumiu um pouquinho o papel das Olimpíadas do CAEL durante a abertura do evento, em junho passado. Mas quatro palavras não bastam. Esporte. Estudo. Dança. Pesquisa. Cultura. Arte. Integração. A lista do que as Olimpíadas do CAEL promovem todos os anos é imensa, grande como a energia dos alunos em cada edição, comprometidos a dar o

melhor de si nos jogos e abusar da criatividade na mostra de trabalhos. Durante uma semana inteira, a escola virou de ponta-cabeça: não se viam estudantes com caderno na mão preocupados com as provas, mas alunos se divertindo, jogando futebol, vôlei, queimada, torcendo. “A importância do evento é a gente trabalhar valores, o autocontrole, aprender a lidar com as diferenças, incentivar a solidariedade. Buscar sempre o seu melhor e se divertir também”, explicou o professor Luis Claudio Bastos, um dos coordenadores das Olimpíadas. Mas o evento não se encerrou com as vitórias em cada modalidade esportiva. Em vez de acordar tarde no sábado sem aula, a escola toda voltou para a FEUC, com o objetivo de fazer jus à semana inteira especial que Regina Sélia havia previsto. Às 10h do dia 20 de junho, com os grupos de alunos devida11


CAEL Fotos: Pollyana Lopes e Gian Cornachini

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mente divididos e prontos para exibir seus belíssimos estandes, a diretora adjunta Jane Innocencio da Silva Teixeira deu a largada do projeto cultural “CAEL passeando pela história dos 450 anos do Rio de Janeiro”, valorizando o empenho das equipes: “Parabéns aos alunos do CAEL, que sabem apresentar os melhores trabalhos do mundo, especialmente em um sábado de manhã, quando poderiam estar dormindo”, encorajou Jane. Os elogios não eram para menos. Isso porque, além de brilharem na parte esportiva das Olimpíadas, agora os estudantes também estão tendo que trabalhar toda a criatividade com a missão de aprender e compartilhar conhecimento e cultura com a escola e visitantes. O aniversário do Rio de Janeiro foi inspiração para os alunos cumprirem a missão de trazer para a quadra e pátio da FEUC características, destaques e particularidades de 32 bairros da cidade. “Escolhemos falar dos bairros porque foi um ano típico de falar do Rio de Janeiro. A gente fez um sorteio entre as diversas localidades, incluindo não só os bairros turísticos, mas os da Zona Oeste também, e aproveitamos para falar de Campo Grande, da história da FEUC e do CAEL”, conta Jaqueline Cossatis, supervisora do Ensino Médio e idealizadora do projeto. De acordo com Jaqueline, além da troca de conhecimento, um dos principais objetivos do projeto é fortalecer a formação do aluno: “O projeto envolve todas as disciplinas. Pega a parte histórica, a geografia, e faz ele pensar o espaço urbano. O aluno faz pesquisas, conhece a origem da sua cidade e do próprio lugar onde vive”, destaca Jaqueline. A estudante Giulia Vianna, do 3° ano do técnico em Meio Ambiente, foi sorteada com seu grupo para abordar o bairro de Jacarepaguá. Além de toda a parte histórica, Giulia mon-

tou com as amigas uma pequena banca de doação de livros, onde qualquer pessoa poderia levar um exemplar. “Em Jacarepaguá tem o Maciço da Pedra Branca, a Cidade de Deus, mas também tem a Bienal do Livro. Então a gente decidiu doar livros, porque hoje em dia as pessoas parecem ler menos. A gente trouxe ficção e até livro religioso para quem se interessar. É para estimular a leitura mesmo”, contou Giulia. Quem gostou da ideia foi a professora aposentada Cecília Rocha, avó da estudante Ana Gabriele, do 1º ano de Meio Ambiente. Cecília foi à exposição para conferir a mostra de trabalhos dos alunos, acabou levando um livro para a casa e ainda deu algumas dicas para as meninas: “Achei ótima essa ideia. E posso dar uma sugestão? Esse cartaz poderia estar mais no alto, porque está muito escondidinho, então as pessoas podem não saber que vocês estão distribuindo livros”, recomendou ela. Essa troca de ideias faz valer a proposta de mudar para o sábado o projeto cultural, que é dar oportunidade para estudantes, professores, visitantes e familiares também participarem da constante construção do conhecimento. Fantasiados ou preparando um prato típico, o fato é que a criatividade rolou solta. No improvisado calçadão de Copacabana, os vendedores de DVDs. Diretamente da Urca, as antigas noites cariocas, com “visita” especial de Carmem Miranda (veja foto ao lado). No estande de Guaratiba, o cheiro de peixe grelhado. De Padre Miguel, o samba. E samba ao vivo com a participação de integrantes da escola mirim Estrelinha da Mocidade! Aliás, os convidados surpresa foram ponto alto do evento, levando muita animação à escola, assim como fez o funkeiro Mc Bob Rum, representando o bairro de Santa Cruz. Já estamos ansiosos pelo próximo ano! ■

Fantasiados ou preparando um prato típico, o fato é que a criatividade rolou solta

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Direto do mercado Foto: Facebook/David Portes

David Portes: Ex-camelô já morou na rua e agora é investidor

Empreendedorismo com gente que faz Evento dos cursos de computação reúne profissionais criativos e determinados a crescer por meio de boas ideias Por Gian Cornachini

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poucos dias do recesso de julho, estudantes dos cursos de Sistemas de Informação e Licenciatura em Computação se encontraram na manhã do dia 27 de junho — um sábado — para uma maratona de palestras com empreendedores da área da tecnologia da informação. Era o II Encontro de Inovação e Empreendedorismo, que nesta edição trouxe uma figura bastante

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requisitada em eventos sobre a temática: o ex-camelô e, agora milionário, David Portes. Conhecido como o guru do marketing nacional, David era cortador de cana em Campos dos Goytacazes (RJ) e se mudou para o Rio de Janeiro, ainda no final dos anos 1980, na expectativa de ter um emprego melhor, uma casa e condições básicas para dar uma vida digna à esposa. Aqui, trabalhou como motorista e morava de aluguel na favela da Rocinha. Por um problema de saúde, precisou se


afastar do emprego, mas acabou sendo demitido. Sem dinheiro para o aluguel, foi despejado e passou a morar na rua. Eis que um momento de desespero lhe trouxe uma oportunidade: com a esposa grávida precisando de remédios, David pediu R$ 12 emprestados a um porteiro de um prédio no Centro do Rio e, no caminho à farmácia, decidiu comprar doces para revender na rua. Com isso, conseguiu multiplicar o dinheiro emprestado, comprar o remédio para a esposa e, com o passar do tempo, transformar os R$ 12 em R$ 120 mil mensais graças à criatividade. Sua banca de doces parecia com uma loja de departamentos, dividida entre setores como “Refrigerantes” e “Mezanino EngorDiet”, e os clientes fiéis ainda ganhavam uma limpeza dentária ou uma dentadura quando completassem as cartelas de compra. A jogada de marketing chamou a atenção da mídia e de empresas interessadas nas ideias de David, que chegou até a sortear passagens de ida e volta para Miami em parceria com uma companhia aérea. O ex-camelô logo inaugurou seu próprio depósito de doces e, hoje, coordena as empresas Talk About (de palestras para o setor corporativo), a agência D!Marketing e a Investcomm (aceleradora de startups). Durante toda a sua palestra, David não economizou nas dicas: “O grande preceito do marketing é a honestidade. O marketing negativo é avassalador”, apontou ele. “Nunca tenha medo de cometer erro, porque o pior erro é o medo de não tentar”, completou. Com bastante sorriso no rosto e sempre de bom humor, David revelou o segredo do seu sucesso: “Eu gosto de trabalhar com alegria, porque flui mais”. Outros jovens empreendedores também apresentaram trabalhos aos quais vêm se dedicando para se destacar no mercado. O administrador Maurício Calazans encontrou no desespero semestral de gestores escolares uma oportunidade para ajudá-los a montar a grade de aulas: “Escola é um bicho muito mal gerido. Fazer um quadro de horários é muito difícil. Uma escola de 10 turmas tem mais de um bilhão de combinações diferentes de quadro de horário”. Em parceria com um especialista em otimização de dados, Maurício desenvolveu o GridClass — um software capaz de resolver o problema das combinações de horários em segundos e com pouco esforço. “Quando a escola utiliza, ela consegue reduzir ao máximo as janelas de espera, reduzindo o custo de ter que pagar professor para aulas vagas”. Diversas instituições de ensino, inclusive de outros estados, abraçaram a ideia de Maurício e já estão utilizando a ferramenta. Para quem quer começar a empreender, Pedro

Fotos: Gian Cornachini

Maurício Calazans criou software para gestão escolar

Pedro Pisa, da Kendoo, listou dicas para quem quer empreender Pisa, fundador da Kendoo — empresa de desenvolvimento de software e infraestrutura de nuvem — listou alguns passos e dicas: • Resolva uma dor real. Não adianta criar algo novo que não tem mercado consumidor; • Ideias são grátis, mas a execução não tem preço. O que vai determinar o sucesso é como você consegue fazer aquilo se tornar real; • Entenda como os negócios são feitos no lugar onde você quer fazer. O Rio de Janeiro é diferente de São Paulo, que é diferente dos EUA. Entenda bem quem são os seus clientes e como eles interagem para fazer seus negócios; • Coloque logo a ideia no mercado. Desenvolver por muito tempo sem validação pode dar em prejuízo; • Falhe rápido e adapte-se rápido. Falhar não é ruim, e é mais fácil de você aprender. ■ 15


Comunidade

Na‘Casa das Professoras’, esp para debater empoderam Por Pollyana Lopes e Tania Neves

Foto: Gian Cornachini

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o mês em que a lei Maria da Penha completou 9 anos em vigor, a FEUC esteve presente nos importantes debates pela consolidação e ampliação das políticas públicas voltadas para as mulheres, promovendo em parceria com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro uma roda de conversa sobre o tema e acolhendo em suas dependências a pré-conferência da AP-5, preparatória para a IV Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres do Rio, que aconteceu em setembro. A roda de conversa “Lei Maria da Penha e a Violência de Gênero”, realizada no dia 25 de agosto, recebeu as convidadas Arlanza Rebello, defensora pública e coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), e Rita Andréa, socióloga e assessora especial da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM-Rio). Mediadora da conversa, a coordenadora do curso de Ciências Sociais, Célia Neves, lembrou que a FEUC, conhecida como a Casa do Professor, cada vez mais se firma como a Casa da Professora, diante da crescente busca das mulheres pelo ensino superior – uma forma, também, de empoderamento. Rita Andréa fez um apanhado geral sobre a evolução jurídica e política de alguns temas relacionados à mulher, desde as primeiras legislações até a Lei Maria da Penha, ressaltando o tanto que os movimentos feministas contri-

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Arlanza, Célia e Rita Andréa: debate intenso com participação de mulheres e homens buíram para a conquista de leis menos discriminatórias e políticas sociais para o combate à violência de gênero. Chegou a arrancar um “ohhh” do auditório ao lembrar que até 2002 o Código Civil permitia ao homem pedir anulação de casamento se descobrisse que a mulher não era virgem ao se casar. Arlanza voltou-se mais para explicar o alcance da Lei Maria da Penha e salientar a complexidade da violência doméstica, lembrando que muitas outras ações violentas costumam preceder as agressões físicas, como xingamentos, desqualificação da mulher (“você não serve pra nada”), isolamento dos amigos e até da família, ameaças (“se for à polícia, te mato”), entre outras: “É preciso que a mulher procure ajuda antes de chegar nesse ponto. Neste sentido, a

Lei Maria da Penha vem mais para dar possibilidades de defesa à mulher, com os centros de referência e as medidas protetivas, por exemplo, do que para criminalizar o agressor, pois as condutas agressivas já estão todas enquadradas em tipos penais existentes”, explica. O momento seguinte, de debate, foi dos mais intensos e participativos, não apenas com intervenções das mulheres da plateia, relatando situações vividas e contribuindo com questionamentos importantes, mas sobretudo pelas falas de alguns homens, apoiando o empoderamento das mulheres e o combate à violência de gênero. Também o quinto encontro preparatório para a IV Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres do Rio, no dia 29, teve recorde de público: mais


paço livre mento de 200 mulheres dos bairros de Bangu, Campo Grande, Realengo, Santa Cruz e Guaratiba debateram os desafios e propuseram políticas para superar as dificuldades encontradas pela mulher na sociedade. O objetivo dessas prévias, promovidas pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SPM -Rio), era ouvir e recolher demandas da população em diferentes pontos da cidade para serem discutidas e encaminhadas, em forma de propostas de políticas públicas, à IV Conferência. A mesa de abertura foi composta por representantes do poder público e moradoras da região engajadas nos movimentos que atuam em questões de gênero. Coordenadora da mesa, a secretária da SPM-Rio, Ana Rocha, foi direto ao ponto: “As mulheres estão em toda parte, são 52% do eleitorado, trabalham, dão um duro danado, mas nos espaços

Roda de conversa sobre violência de gênero e evento preparatório para Conferência de Políticas para Mulheres mobilizaram grandes plateias na FEUC em torno de temas como avanços nas lutas femininas e desafios ainda a enfrentar

de poder elas são sub-representadas, e isso é um déficit democrático. Não existe democracia sem a participação das mulheres nos espaços de poder”. Representante da FEUC na mesa, a coordenadora de Extensão, Pós-Gradu-

“Não existe democracia sem a participação das mulheres nos espaços de poder” ação e Pesquisa das FIC, professora Gabriela Barbosa, lembrou que a instituição tem como prática abrir seus espaços para esse tipo de debate. “Eu quero dizer, em nome da FEUC, mas também

em meu nome, mulher, nascida e criada na Zona Oeste, que é uma honra ter a oportunidade de sediar esse encontro. A instituição, ao longo dos seus 55 anos, sempre participou desse debate, seja cedendo o espaço físico, seja nos ambientes de formação, nos seus cursos de graduação e pós-graduação”, salientou. Após a mesa de abertura e uma apresentação cultural, as participantes se dividiram em grupos para debater diferentes temas, e listaram no encerramento as propostas a serem levadas à IV Conferência. Destacaram-se sugestões de maior divulgação do papel e funcionamento do recém-criado Conselho Municipal de Direito da Mulher, a reativação do SOS Mulher, a ampliação dos serviços de atendimento à saúde da mulher e o aumento do percentual de participação feminina nas candidaturas eleitorais, entre outras. ■ Foto: Pollyana Lopes

Participantes da pré-conferência discutem temas a serem levados para o evento municipal

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Capa

Foto: Gian Cornachini

Prontos para fazer a diferenรงa

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Alguns dos muitos aprovados em concursos: amor e expectativa para entrar em sala


O recado está dado: certos da escolha pela licenciatura, nossos alunos querem ser professores e transformar a educação Por Gian Cornachini e Pollyana Lopes

A

carreira do magistério está em baixa? A julgar pelos números do Ministério da Educação, que mostram sempre menos ingressantes nos cursos de licenciatura com relação aos anos anteriores, pode-se dizer que sim. Uma das explicações seria o investimento do Governo em cursos de engenharia e tecnologia, que têm atraído mais estudantes devido à demanda do mercado. Tal fenômeno é semelhante na FEUC (menos ingressantes nas licenciaturas), e aqui também temos a particularidade de ter aberto, nos últimos anos, novos cursos nas modalidades de bacharelado e tecnólogo. Entretanto, professores e alunos das licenciaturas relatam um maior entusiasmo com relação à carreira, e isso pode ser atribuído ao “gás” trazido pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e às repetidas aprovações que muitos vêm obtendo em concursos públicos, confirmando a profissão como de grande potencial de empregabilidade. De acordo com o Censo de Educação Superior de 2013, o número de concluintes das licenciaturas em todo o Brasil vinha crescendo timidamente até 2011 (apenas 2,1%, se comparado a 2010), mas teve queda: foram 4% menos formados em 2012, em contraposição a 10,3% mais bacharéis e 16,2% mais tecnólogos. Isso significa menos professores aptos a

ingressar no mercado, anualmente. Além disso, o estudo do MEC “PNE e os desafios da Meta 15”, abordado em setembro pelo jornal O Globo, aponta que 40% dos professores do ensino médio poderão se aposentar nos próximos seis anos, revelando uma possível abertura de vagas ainda maior para quem realmente quer ser professor. Arlene Figueira, diretora de ensino da FEUC, explica que a desqualificação da carreira docente é um dos motivos de desinteresse na área: “São salas lotadas, baixos salários e falta de plano de carreira, mas é preciso mudar isso”, observa ela, que leciona na rede municipal há 23 anos. Segundo Arlene, já se vislumbra um movimento pela melhora do ensino e do trabalho do professor, mas é necessário que todos lutem por isso: “A educação foi massacrada por muito tempo, desde a ditadura militar. Mas a pressão tem feito diversas prefeituras desenvolverem, agora, um plano de carreira melhor. O próprio Pibid é um desses movimentos de tentar qualificar. Dou aula há mais de vinte anos e nunca tinha visto no magistério pessoas ganhando bolsas para melhorar a docência. E a ‘Pátria Educadora’ só irá existir mesmo com propostas de uma educação que transforme, porque a gente só muda de política e de comportamento com a educação”. E aí repetimos a pergunta: a carreira do magistério está em baixa? Na FEUC, pode ser que não.

Encontro de histórias e conquistas Ramayana Del Secchi Linhares cursou formação de professores no ensino médio e, por isso, pôde assumir o cargo de Professor 2 quando passou em seu primeiro concurso, ainda estando no 2º período da graduação. Já em prática, ela reconhece as dificuldades da rede pública: “É um desafio imenso. E você tem que estar muito bem preparado, ter uma estrutura muito boa para fazer a diferença na vida do seu aluno, independente de a escola ter estrutura ou não”. Literata, Ramayana pretende fazer pós-graduação em Estudos Literários na FEUC quando se formar, e cita Fernando Pessoa para mostrar seu empenho na carreira docente, “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

Da metalurgia na CSA para o magistério. Esse foi o caminho do recém-formado em Geografia Ricardo Ferreira da Cunha, que escolheu a educação pública como uma área mais segura e tranquila para trabalhar: “Falam sobre o trabalho do professor, que não tem uma estrutura boa. Em parte é verdade, mas nada que você não possa encarar. E na indústria eu passava uma rotina muito ruim. Eu vi na educação uma maneira de sair daquilo, de ter mais estabilidade. E não estou arrependido. Foi a melhor coisa que eu já fiz na vida”, revela, com orgulho. Ricardo já trabalha em escola. É inspetor de alunos no CIEP 311 Deputado Bocayuva Cunha, em Paciência, desde o início da graduação. Mas a vontade mesmo era de estar nas 19


Capa Fotos: Gian Cornachini

Ricardo trocou a metalurgia pela licenciatura, e já passou em seis concursos para a educação salas de aula. Ele já passou em seis concursos, e atualmente aguarda os resultados oficiais de vagas para o ensino municipal e estadual em Angra dos Reis, onde pretende trabalhar integralmente. “Eu já lido com adolescente no Colégio, assim não vou ser pego de surpresa, apesar de em sala de aula ser diferente, claro. Mas não vou correr. Estou ansioso, quero dar aula, virar professor!”, afirma ele. Descobrir qual carreira seguir nem sempre é fácil. Pedro Pimenta Pieroni precisou ser pressionado pelo chefe a ingressar na universidade para obter uma promoção, e só assim se encontrou profissionalmente. “Mudei a minha vida toda quando vim fazer Ciências Sociais. Desisti daquela ideia de estudar para ganhar dinheiro. Comecei a fazer faculdade de Administração porque o meu antigo chefe me mandou fazer uma faculdade para ser promovido. Eu fiz supletivo e não tive sociologia na escola. Fui ter o primeiro contato com a sociologia na faculdade de Administração. Aí eu juntei um dinheirinho, pedi demissão para estudar e estou aqui até hoje com o objetivo de dar aula, dar aula no ensino público”, completa. Há também quem descubra a vocação para o magistério só na segunda graduação, em área totalmente diferente. Alex Rosa da Silva ainda cursava Relações Públicas quando sua professora de antropologia observou seu talento em dialogar de maneira didática. Alguns anos depois de formado ele resolveu seguir o conselho de fazer uma licenciatura e ingressou no curso de Ciências Sociais. Formou-se no primeiro semestre deste ano e também passou no concurso do estado do ano passado. Questionado sobre a certeza de ser professor, ele afirma, enfático: “Absoluta! Eu já sou professor, inclusive dou aulas no CAEL. E acredito que posso fazer a diferença no ensino público porque não quero ser mais um na educação. Pegar toda a educação pública e dizer que é ruim, é o que o capital quer”, opina. Para alguns, realizar o sonho de estudar e se tornar professor pode vir um

Ramayana garantiu uma vaga para professora quando estava no 2º período de Letras pouco mais tarde. Luciana Silva de Souza, que estampa a capa desta edição da revista FEUC em Foco, era dona de casa e se ocupava com a rotina dos filhos e em fazer tapetes. “Mas eu era uma dona de casa meio estranha, que lia Marx, Dostoiévski. Eu gosto de política, de economia”, conta. Com os filhos independentes, o interesse por esses assuntos a levou, finalmente, a iniciar uma graduação. E ela não teve dúvidas quanto ao curso: “Escolhi fazer Ciências Sociais para compreender as relações sociais, para me descobrir. Por exemplo: por que as mulheres são tratadas de forma diferente dos homens? Para descobrir, por exemplo, sobre o racismo, sobre a homofobia. Para compreender as políticas públicas, principalmente, o porquê de algumas serem destinadas mais para alguns setores e não para outros — a educação, por exemplo”. Luciana passou no concurso do estado de 2014 para a região de Queimados, mas teve que pedir fim de fila, pois ainda não havia se formado. Prestes a colar grau, ela aguarda sua vez de entrar em sala de aula como professora. “Desde criança eu sempre quis ser professora, mas a vida vai levando a gente para outros caminhos. O professor guarda dentro de si um conhecimento muito grande e transformador, não de manipulação, mas transformador, de colocar as pessoas conscientes do meio e do mundo. Ele não tem só o papel de ensinar a pessoa para colocá-la no mercado de trabalho”, reforça. Com apenas 21 anos, Caroline Melo da Silva é pedagoga formada e já tem história ligada à docência. Descobriu-se na educação por meio do sonho da mãe, que ela também abraçou ao entrar em contato com a pedagogia: “Minha mãe sempre quis que eu fosse professora. Comecei o normal, acabei gostando muito e resolvi seguir. Consegui uma bolsa, vim para a FEUC e aí gostei mais ainda, porque aqui tive professores que me inspiraram muito”, conta. Caroline passou no concurso de Duque de Caxias para dar aulas na educação infantil. Ela já trabalha no setor administrativo de uma escola e não vê

"Posso fazer a diferença (...) porque não quero ser mais um na educação"

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Pedro, Alex e Luciana, de Ciências Sociais, mudaram suas atribuições para lecionar

Formada em Pedagogia, Carol quer usar seu conhecimento para ajudar crianças a progredir

a hora de entrar em sala de aula: “Eu prestei concurso para Caxias e a gente tem visto a demanda, a dificuldade que as escolas estão enfrentando. Acho que agora eu tenho uma forma de ajudar com o meu conhecimento — que é tão pouco ainda — essas crianças que vão vir para mim de um lugar que eu ainda não sei qual é, mas que, com certeza, têm muita necessidade”, acredita. É comum que o sonho da sala de aula venha acompanhado da motivação em continuar estudando e se aperfeiçoando. Concursada, Mônica Silva do Nascimento começou a trabalhar em 1987 como auxiliar na educação infantil e, agora no 2º período de Pedagogia, busca se especializar. Para ela, o curso tem um papel diferente: “A graduação melhora meu desempenho como profissional na minha área de trabalho. Ela faz a diferença. As pessoas que trabalham comigo já notaram que o meu modo de agir está diferente. Eu fiz o caminho inverso, mas já está tendo bons resultados”, ressalta. Nesse grande encontro de histórias sobre nossos futuros professores, há também curiosas surpresas. Alguns alunos têm relatado a aprovação nos concursos mesmo sem ter dedicado tempo extraclasse para estudar. É que o conteúdo dado em sala de aula está tão fresquinho na cabeça, que não fica difícil conseguir bons resultados. Exemplo disso são as amigas Andressa do Nascimento Corrêa e Lucimar Kaizer dos Santos, do 7° período de Pedagogia, que tentaram o mesmo concurso para Duque de Caxias. Elas aguardam, agora, a avaliação de títulos e a classificação geral para, então, saber se serão chamadas. De qualquer maneira, ambas têm muito a se orgulhar, pois fizeram a prova apenas com base no que aprenderam em aula: "Com a preparação que eu tive no curso consegui passar em uma colocação legal. E eu considero que fiquei bem para quem não estudou especialmente para a prova", relata Andressa. Lucimar também pensa assim, principalmente porque fez

a prova quando estava abalada emocionalmente: “Passei por problemas dentro de casa e não queria fazer a prova. Mas eu fiz muitas amizades aqui, e minhas colegas me incentivaram a ir. E, mesmo despreparada, eu passei!”, destaca ela. Aliás, motivo para se orgulhar não lhe falta. Ex-vendedora de cosméticos, Lucimar chegou ao ensino superior aos 40 anos. Cansada do comércio, ela se encantou pela educação: “Para mim foi um momento de superação, porque quando eu cheguei aqui eu estava há vinte e poucos anos sem estudar. Estou fazendo o meu terceiro estágio, e isso me mostrou a importância de estar em sala de aula. Eu vi que gosto e quero ser professora mesmo”, diz ela, lamentando não ter ingressado na licenciatura há mais tempo: “Se tivesse estudando antes, eu saberia até educar meus filhos melhor. A faculdade fez uma diferença muito grande na minha vida. Você adquire bastante experiência, até mesmo se alguém quiser te enrolar, você vai saber argumentar, ter um poder de crítica", valoriza. Já as pedagogas Verônica Faustina Nogueira e Andressa Gonçalves da Silva Rodrigues não deixaram passar as oportunidades. Elas fizeram o concurso de Caxias quando estavam no último período da graduação, no início deste ano, e ambas têm planos de ingressar na pós-graduação das FIC enquanto aguardam ser chamadas. Andressa acertou 43 das 50 questões da prova e ressalta que o seu mérito está ligado à formação que teve nas aulas: “A faculdade nos deu conteúdo próprio de concurso. Não tive tempo de estudar, e eu posso afirmar que o conteúdo que é dado na FEUC é preparando os alunos para a carreira profissional e também para qualquer concurso público”, destaca. E Verônica pondera que a licenciatura nas FIC foi um diferencial em sua vida: “Foi um divisor de águas. Eu entrei de um jeito e hoje sou muito melhor”. A pedagoga já dá aulas no ensino privado, mas pretende se realizar no ensino público: “O sonho de todo professor, todo profissional, é um trabalho público.

"A faculdade fez uma diferença muito grande na minha vida"

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Capa Vou me realizar porque é isso que a gente busca”, afirma. Isabela Marques, que também é pedagoga, formada em 2012, fez concurso no ano seguinte e agora foi chamada. Ainda falta uma etapa, a prova prática, mas ela está confiante de que vai passar, pois tem certeza de que o conteúdo aprendido na graduação foi completo: “Tudo o que caiu no concurso, eu aprendi na FEUC. Fez toda a diferença, porque eu não fiz formação de professores”, ressalta ela, que não vê a hora de começar a dar aula e fazer a diferença: “Acho que temos que colocar o ser humano acima de tudo, antes mesmo do conteúdo, e valorizar aquele indivíduo”, salienta. O objetivo de Sabrina Damasceno Born de Barros, ao se inscrever na prova de Duque de Caxias, era adquirir experiência em concurso. Para surpresa da estudante, que na ocasião cursava o 5º período de Letras-Espanhol, ela passou na prova. Se já tiver colado grau quando for chamada, dará aulas em sua área. “Eu não não me preparei. Realmente passei com base nos estudos que tive aqui”, revela a aluna, contando sua expectativa com o futuro emprego: “Dizem que a rotina é um pouco puxada, mas minha intenção é essa: fazer a diferença, ajudar os adolescentes, as crianças a progredirem em suas vidas estudantis e profissional. E ajudar a sociedade a ser um pouquinho melhor”. Apesar de facilmente encontrar casos de estudantes que passaram nos concursos apenas com o preparo que a graduação já oferece, Érick Patrick, estudante do 6º período de História, avalia também ser necessário o esforço pessoal nos estudos. Ele, que passou no concurso do estado de 2014 e no do município de Caxias deste ano, debruçou-se na bibliografia da prova, inclusive comprando livros que ainda não tinha: “Como eu não trabalho, estudo todos os dias, de segunda a sexta, de manhã e à tarde”. Esforço e muito estudo. Essa também foi a fórmula de Leandro de Sousa Martins, recém-formado em Matemática e professor do CAEL, aprovado no concurso do estado de 2014. “Ao meu ver, os professores, pelo menos na área de Matemática, incentivam você a fazer o concurso, dão a base, tiram as dúvidas, mas não é só isso. Você tem que ir além para conseguir passar”, recomenda. Leandro participou de uma série de projetos extra-aula, como preparação para o Enade, Desbloqueando (que oferecia aulas de reforço para a comunidade), resolução de questões de concurso para o YouTube e o Pibid. “Tudo isso me deu uma base para passar nesse concurso. Além de estudar em casa, porque eu adoro estudar, aprender! E eu quero ir além da faculdade”, declara. Questionado sobre a realidade do ensino público, ele destaca as experiências que já teve no estágio e no Pibid: “A gente trabalhava no Pibid as operações básicas, que são a base para toda a matemática, de forma lúdica, divertida, aplicando jogos para tirar o estigma de que a matemática é muito difícil. Com certeza, isso vai fazer toda a diferença”, diz Leandro, certo de que é possível fazer uma transposição didática do conteúdo científico e trazer para a realidade do aluno. 22

Ensino básico

Grupo de bolsistas do Pibid de História durante visita à Alerj: aprendizado para ser repassado Alunos do colégio Raja Gabaglia falam sobre maioridade penal em evento do Pibid


Fotos: Gian Cornachini

melhorado e superior enriquecido Algo que tem ajudado os alunos das FIC a ter certeza de que querem mesmo o magistério é a participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Além da PUC, a FEUC é a única outra instituição particular de ensino do Rio incluída no programa do Governo Federal, que concede bolsas de R$ 400 para que os licenciandos desenvolvam pesquisas e atividades didático-pedagógicas em escolas públicas da região, em parceria com docentes desses colégios e sob supervisão de professores das FIC. São cerca de 170 bolsistas atualmente, oriundos de todas as licenciaturas, menos Computação. Estudantes de Ciências Sociais realizam oficinas inspiradas na realidade do ambiente em que a escola está inserida, com a finalidade de instigar o pensamento críticos dos jovens. Os de Geografia utilizam ferramentas audiovisuais para criar curta-metragens como experimentação metodológica. Já os graduandos em História trabalham a análise crítica com estudantes do ensino médio sobre a educação e o ensino da disciplina. Quem é do Pibid de Letras (Português -Inglês) faz pesquisas sobre os pontos fortes e fracos do trabalho desenvolvido por professores de língua inglesa em sala de aula, enquanto os de Letras (Português) estão focados em identificar principais dificuldades de leitura dos estudantes. Os licenciandos em Matemática desenvolvem materiais didáticos para auxiliar no melhor desenvolvimento cognitivo dos alunos. Os futuros pedagogos trabalham o letramento de crianças por meio de contos, cantigas de roda, quadrinhos e elementos da cultura popular. E os integrantes do subprojeto Interdisciplinar, que engloba bolsistas de todas as licenciaturas, desenvolvem ações didático-pedagógicas a partir da utilização de livros das literaturas africanas e afro-brasileira. A aluna Mariana Mendonça de Oliveira, do 3º período de Geografia, é bolsista do Pibid desde março e já colhe bons frutos no projeto que

desenvolve com outros colegas no Centro Interescolar Estadual Miécimo da Silva, em Campo Grande. Ela orientou estudantes do 2º ano do ensino médio e técnico em Edificações a produzir um documentário sobre a valorização da cultura africana e afrodescendente no Rio de Janeiro. “Esse trabalho me ajudou a conhecer mais sobre a cultura africana e a saber como orientar mais os alunos. A gente vem aqui no horário das aulas de Geografia e ajuda eles, tem uma vivência na sala de aula, conhece o dia a dia deles, o que eles passam e as suas necessidades”, explica Mariana. No entanto, o benefício de ter uma formação mais sólida não se restringe apenas aos bolsistas do Pibid, pois o programa tem o caráter de promover a troca entre a universidade e a escola de formação básica, e a melhoria do ensino público é o principal objetivo. Foi possível notar essa transformação durante a mostra de curtas apresentados no final de agosto, no Miécimo. A aluna do 2º ano de Edificações Eliana Cristina Gomes da Silva, de 15 anos, participou da produção do documentário e avalia o projeto como de grande importância para desconstruir preconceitos e instigar o pensamento crítico: “Agora eu acho que está sendo mais comum debater o tema da cultura negra por causa deles [pessoal do Pibid]. As pessoas usam termos racistas como se fosse normal. Exemplo: falar que a pessoa é morena. Muita gente chega em mim hoje e já não fala mais isso porque sabe que eu acho totalmente errado, porque a pessoa ou é branca, parda ou negra. Morena é uma forma de embranquecer a pessoa”, diz Eliana, com firmeza. Esse caráter de colocar o estudante para pensar, sem dúvida, é marca do programa. Em julho, a FEUC recebeu alunos de dois colégios parceiros do Pibid e, em uma tarde de muita interação, o tema da redução da maioridade penal esteve em discussão. Após palestras de Renato Teixeira

Com o Pibid, bolsistas vivenciam a sala de aula e contribuem com o ensino público

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Capa de Sousa, membro da Comissão de Segurança Pública da OAB, e Tobias Faria, educador popular do IFHEP, os alunos se dividiram em grupos, sob orientação dos bolsistas do Pibid, e debateram sobre suas opiniões a respeito. Ao fim do encontro, eles apresentaram suas conclusões, revelando se mudaram ou não de opinião em relação ao assunto. Entre os que mudaram, a maioria alegou estar mal-informada sobre os motivos de quem defende a criminalização dos jovens a partir de 16 anos. “A gente é bombardeado o tempo todo por muitas in-

formações e não sabe separar o que tem um princípio verdadeiro do que não tem. Nossos pais não sabem nos passar como usar a tecnologia a nosso favor, como uma ferramenta para pesquisar. Nós só seremos melhores com mais educação”, analisou a estudante Nathália, do colégio Raja Gabaglia. Depoimentos como esse provam que professores com formação sólida são capazes de fazer mais pela educação. E é por isso que os integrantes do Pibid buscam, sempre que possível, aprofundar os conhecimentos em espaços além dos muros da

Bolsista vê programa como meio de fort Com o desejo conhecer melhor o perfil do bolsista Pibid/FIC e sua percepção sobre o projeto e as atividades desenvolvidas, a FEUC em Foco realizou uma breve pesquisa de opinião com o grupo, obtendo respostas de cerca de 70% dos integrantes então em atividade. Nesse universo de 106 bolsistas, constatamos que mais da metade (58%) cursa o 6º e o 7º período, portanto são estudantes prestes a se formar. Praticamente 90% deles estão em sua primeira graduação, sendo que 83% afirmam que fazem exatamente o curso que sempre quiseram, e quase a totalidade deles (93,4%) já ingressou na licenciatura com a intenção clara de atuar em sala de aula. E o que é um orgulho para a instituição: 100% afirmam estar gostando muito de seus cursos. Quanto à participação no Pibid, perguntamos se a vivência no programa os fez mudar a percepção sobre a carreira de professor, e somente 2 responderam que não, e justificaram dizendo que as práticas apenas reforçaram sua opção e o que já sabiam sobre a profissão. Os outros 104 revelaram que o programa mudou, sim, sua percepção, e as justificativas variaram em tom e intensidade, mas de modo geral giraram em torno da descoberta de que é possível mudar para melhor o que

eles próprios experimentaram no ensino público. “Tem me ajudado a perceber as possibilidades para além das mazelas do magistério”, disse um. “Antes eu achava que realmente o sistema moldava totalmente a forma de ensino na sala de aula, e com o Pibid percebi que o professor consegue contextualizar suas aulas de maneira autônoma”, afirmou outro. “Mudou o rumo da minha carreira e meu modo de ver a docência, mostrou que somos exemplos, somos mais políticos do que imaginamos”, constatou um terceiro. Sobretudo, as respostas demonstram o tanto que esta geração está empenhada em parar de só reclamar dos problemas e se incluir como parte da solução: “Aumentou o senso de responsabilidade com minha formação para poder atender os meus futuros alunos com mais propriedade e excelência”. Por fim, quisemos saber a opinião deles sobre a relevância deste programa no contexto da necessidade de melhorar a educação. De novo as respostas foram otimistas, e o que observamos é que eles reconhecem a iniciativa do projeto de investir na melhor formação dos professores, e se mostram dispostos a fazer sua parte: “Um professor que tem a oportunidade de passar pelo Pibid durante sua graduação nunca mais será o mesmo. E, toda vez

" Mudou o rumo da minha carreira e meu modo de ver a docência"

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faculdade ou das escolas. Vivian Zampa, que coordenou o subprojeto de História até o semestre passado, variava bastante as atividades com o grupo, e em julho levou os bolsistas à Praça XV de Novembro, à Alerj e à exposição de Picasso, no CCBB: “A ideia desse trabalho de campo é pensar as aulas de história de uma forma diferente, de observar o patrimônio histórico e social. E o Rio de Janeiro é um lugar muito privilegiado para nós, historiadores. Mas o principal objetivo foi o de mostrar que a História está viva, a História não precisa estar pre-

talecer sua formação que pensar em desanimar, lembrará de suas práticas enquanto bolsista e se reinventará a cada dia”. E como o que se quer é justamente profissionais mais autônomos e mais críticos, fechemos com este depoimento: “Acredito que o Pibid seja importante para os alunos esquecidos pelo poder público, para os professores que esqueceram o motivo de terem desejado estar em sala de aula trabalhando, para as escolas que se transformaram em prédios de frequência obrigatória e, principalmente, para um sistema que permitiu que tudo isso acontecesse, tratando a escola, a educação, os profissionais que dela vivem como um peso, e a população como um estorvo. Posso parecer agressiva, mas projetos de incentivo à educação deveriam ser mais comuns e de continuidade prolongada, ao contrário do que costumamos ver. Educação não deveria ser um luxo dos que podem pagar por ela, inclusive por ser algo em que toda a população investe, através dos impostos”. Então, que o Pibid tenha vida longa! ■

A maioria é crítica quanto à qualidade da escola pública que frequentou, por isso quer fazer parte da solução dos problemas e se tornar um professor melhor

O Pibid mudou sua percepção sobre ser professor? SIM

89,62%

Pesquisa realizada em agosto de 2015 Infografia: Gian Cornachini Produção: Tania Neves Colaboração: PollyanaLopes

1,89%

NÃO

98,11%

É o curso 16,98% que sempre quis fazer?

10,38% É a sua primeira graduação? SIM NÃO

sa nos livros didáticos, ela não precisa estar presa ao convencional, ao cuspe e giz”, explica. O bolsista Allan Felipe Santana Fernandes, do 6º período de História, confirma a importância da experiência: “Achei a atividade de campo muito boa, de suma importância para a nossa formação docente. E a formação em História não é só metodologia, teoria, escrita, dentro de sala. Ter o contato com o patrimônio da nossa própria cidade é de suma importância, não só enquanto historiadores e professores, mas enquanto cidadãos cariocas”, reforçou.

Tem intenção de atuar como professor? 83,02%

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Alto Astral

Vai um cafezinho aí? Café: R$ 12 o kg; açúcar: R$ 1,80 o kg; a alegria que acompanha essas três moças quando servem o cafezinho da tarde... não tem preço! Por Tania Neves

T

odos os dias, quando o relógio marca 14h, começa a expectativa... Noêmia? Luciana? Heloísa? Uma delas virá trazendo o cafezinho – mas não só o cafezinho: “Quando é a Noêmia, o som da gargalhada chega antes. Vem conversando com todo mundo pelo caminho. Corre o risco até do café já chegar frio”, brinca o professor Hélio Rosa de Araujo, diretor das FIC. Ele é cliente assíduo do cafezinho pelo mesmo motivo que Cecília Barros, supervisora do Atendimento: “Ajuda a espantar aquela lombeira de depois do almoço, mas acho que o bom humor das moças que trazem o café funciona muito mais para despertar a gente”, opina Cecília. Sim, elas são conhecidas como “as moças do café”, ou “as meninas do café”. E olha que Noêmia da Silva dos Reis, há 5 anos na FEUC, já é até avó. Heloísa Helena Pupo de Mendonça e Luciana Laurentino estão na casa há menos tempo: completaram 3 anos no dia 3 de setembro, quando o trio posou para a foto ao lado. E já que estamos falando de aniversários, Noêmia lembra que o dela é neste mês de setembro, dia 21 – e quer receber muitos abraços! 26

Ao longo do dia, entre outras tarefas, as três funcionárias do refeitório preparam pelo menos 60 garrafas do apreciado líquido preto para enviar a diversos setores da instituição. A primeira leva sai logo depois das 6h da manhã, depois tem outra rodada por volta de meio-dia e mais uma entre 16h e 17h. As garrafas são abastecidas e ficam no refeitório à disposição dos funcionários dos setores, que vão buscá-las. Mas a especialidade da casa mesmo é o cafezinho que elas servem diligentemente no início da tarde, circulando pelos prédios com seus acolhedores sorrisos e bom humor infalível. Noêmia conta que, antes de vir trabalhar na FEUC, viveu um período em que perdeu muitas pessoas queridas, e se tornou triste e fechada, beirando a depressão. “Aqui eu revivi, o ambiente acolhedor me fez alegre de novo, por isso só tenho a agradecer”, diz ela, que retribui tornando a vida de todos mais doce e animada. Luciana também cita a acolhida dos colegas como incentivo para o alto astral: “Conheço e falo com todo mundo, é muito gostoso passar servindo café”. Para Heloísa, o comportamento tão elogiado pelos fregueses do café faz bem para ela própria, em

Foto: Gian Cornachini


Luciana, Noêmia e Heloísa: as moças do Café da Alegria, craques em adoçar o dia a dia

primeiro lugar: “O tempo passa mais rápido se a gente trabalha com alegria”, diz a funcionária, que também é aluna da instituição, cursando o 3º período de Matemática. “Quando elas entram aqui na Coordenação é uma festa”, revela a professora Vivian Zampa, que lamentavelmente deixou de ser freguesa do café – abandonou o consumo de açúcar – mas não dispensa a cortesia do alto astral. Já Arlene aceita sempre um copinho: “E quando é a Luciana quem traz, de vez em quando eu lembro que ela me prometeu que voltaria a estudar”, cobra a professora. Embarcando no bom humor, a professora Célia conta que até já deu uma sugestão: “Eu disse: meninas, diminuam a quantidade de açúcar! Vocês vão ver que o café vai fazer mais sucesso e a instituição ainda vai ficar feliz com a economia”. Mas não colou. E Heloísa explica por quê: “Uns consideram muito doce, mas tem também quem ache que tem pouco açúcar. Gosto é gosto, né? A gente tenta um meio termo para atender a maioria”. Enfim, o cafezinho pode até não agradar a todos. Já o sorriso e o bom humor de Noêmia, Luciana e Heloísa... isso sim é unanimidade! ■ 27


Pós-Graduação Foto: Gian Cornachini

A Rural oferece mestrados e doutorados em áreas correlatas a muitos cursos da FEUC

Que tal a carreira acadêm Por Pollyana Lopes

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epois de concluir o ensino superior, quem pretende continuar estudando, no Brasil, tem basicamente duas opções: as pós-graduações lato sensu e stricto sensu. As primeiras compreendem as especializações e os MBA’s, geralmente têm menor duração e atendem necessidades específicas do mercado de trabalho. Já os mestrados e doutorados são voltados para a carreira acadêmica, pesquisa e docência, e precisam da autorização do governo para funcionar. Entre essas duas modalidades estão os mestrados profissionais. Ofertados por instituições públicas e privadas, eles seguem as regras dos mestrados tradicionais, mas têm foco na prática, no mercado. Para começar a fase de especialização após a graduação, os alunos têm diversas opções lato sensu aqui mes-

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mo na FEUC, que mantém cursos nas áreas de Educação, Ciências Humanas, Ciências Exatas, Ciências Ambientais e Letras. E se a ideia depois for seguir para o mestrado, saiba que a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a apenas 22km daqui, oferece diversos mestrados e doutorados em áreas correlatas às graduações das FIC. O professor Mauro Lopes é um dos mestres da casa com o diploma da Rural. Ele, que é formado e pós-graduado em História pelas FIC, fez o mestrado em Ciências Sociais na UFRRJ. “A minha formação é em história, mas ministrando aulas no curso de Ciências Sociais há alguns anos eu acabei tendendo para essa área”, conta. Mauro explica que o fator distância foi crucial para concluir o curso. “Eu escolhi a Rural justamente por ser mais perto. Porque eu pude continuar trabalhando e prosseguir com meus es-

tudos. Determinado semestre eu saía da escola municipal às 14h25, tinha que estar às 15h na Rural para uma aula e às 19h eu tinha que estar aqui na FEUC. A proximidade ajuda bastante”, disse. O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRRJ, Roberto Lelis, explica o perfil do aluno de pós-graduação stricto sensu: “O mestrado abre caminhos para o profissional que, a princípio, queira seguir na carreira acadêmica, que queira se tornar professor ou pesquisador. O aluno de mestrado é aquele que quer estudar e que tem um diferencial. Ele tem que demonstrar esse interesse, precisa se engajar, de alguma forma, num projeto de pesquisa e tentar desenvolver alguma coisa junto da monografia”. É o que pretende fazer Ismar Rocha Peixoto, egresso das FIC que concluiu o curso de História no primeiro semestre de 2015. Ele desenvolveu o trabalho de conclusão de curso sobre as práticas


Foto: Pollyana Lopes

Para quem mora em Campo Grande e região e quer seguir estudando além da pós

lato sensu, a Rural fica a 22km daqui e oferece vários mestrados e doutorados, como Pró-reitor da UFRRJ, Roberto Carlos Costa Lelis afirma que o foco do mestrado é o aluno

você pode conferir nos destaques

mica? de cura feitas por escravos no fim do século XVIII e início do século XIX e pretende dar continuidade à pesquisa no mestrado de História da UFRRJ. “A graduação foi de essencial importância para que eu tivesse interesse no mestrado, porque me iniciou cientificamente no mundo da pesquisa e me apresentou uma gama de autores e fontes de pesquisa histórica”, destacou Ismar. Para aqueles que não têm tanto tempo disponível agora, ou consideram que ainda estão crus para o mestrado, a professora Gabriela Barbosa, coordenadora de Pós-Graduação, Extensão e Pesquisa das FIC, recomenda iniciar por um curso lato sensu: “Uma das grandes vantagens de se fazer uma pós é que o trabalho final já pode ser praticamente o projeto para um mestrado, e aí fica sempre mais fácil se engajar em um bom programa”, diz. ■

PPGEduCIMAT

PPGCS

PPGA

PPHR

Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (Mestrado Profissional) Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeducimat Sobre: Iniciou as atividades em 2015. Tem o Ensino e Aprendizagem de Ciências e Matemática como área de concentração. Destina-se, preferencialmente, a professores de ciências da natureza que atuam em escolas de ensino fundamental, médio e superior. Vagas: 20 Linhas de pesquisa: • Educação em Ciências e Matemática e Organização Curricular; • Processos de Ensino-Aprendizagem em Ciências e Matemática.

Programa de Pós Graduação em Administração Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppga/ Sobre: Tendo como área de concentração Gestão e Estratégia, o programa foi criado em 2013 e propõese a gerar e disseminar conhecimento e reflexão na área da Administração. Oferece apenas mestrado. Vagas: 20. Linhas de pesquisa: • Estado e Sociedade; • Estratégias, Mercados e Aprendizagem.

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Site: http://r1.ufrrj.br/wp/ppgcs/ Sobre: Programa interinstitucional realizado em parceria entre os institutos de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Seropédica, Multidisciplinar (IM), em Nova Iguaçu, e Três Rios (ITR). Privilegia abordagens interdisciplinares. Oferece apenas mestrado. Vagas: 24 Linhas de pesquisa: • Instituições, Políticas Públicas e Teoria Política; • Sociabilidades, Conflito e Processos Identitários; • Dinâmicas Sociais, Práticas Culturais, Representações e Subjetividade.

Programa de Pós-Graduação em História Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/pphr/ Sobre: Criado em 2008, tem como área de concentração Relações de Poder e Cultura. Conta com mestrado e doutorado. Vagas: 30 Linhas de pesquisa: • Relações de Poder, Linguagens e História Intelectual; • Relações de Poder, Trabalho e Práticas Culturais. 29


Pós-Graduação PPGGEO

Programa de Pós-Graduação em Geografia Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppggeo/ Sobre: Iniciou as atividades em 2015 e tem como área de concentração Espaço, Questões Ambientais e Formação em Geografia. Oferece apenas mestrado. Vagas: 15 Linhas de pesquisa: • Espaço e Política; • Dinâmicas da Natureza e Questões Ambientais; • Processos Formativos, Prática e Ensino de Geografia.

PPGEDUC

Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeduc/ Sobre: Fruto de uma parceria entre o Instituto Multidisciplinar, em Nova Iguaçu, e o Instituto de Educação, em Seropédica, iniciou as atividades em 2008. Tem mestrado e doutorado. Vagas: o número é definido de acordo com a disponibilidade dos professores orientadores. No edital 2015, foram abertas 33 vagas. Linhas de pesquisa: • Estudos Contemporâneos e Práticas Educativas; • Desigualdades Sociais e Políticas Educacionais; • Educação e Diversidades Étnico-Raciais.

PPGEA

Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgea Sobre: Voltado para o ensino técnico, o programa agrega professores pesquisadores de Pedagogia, Educação Física, Ciências Agrícolas, Psicologia, Biologia, Letras. Oferece apenas mestrado. Vagas: 30 Linhas de pesquisa: • Formação Docente e Políticas para a Educação Agrícola; • Metodologia do Ensino e da Pesquisa para a Educação Agrícola; • Construção de Saberes na Educação Agrícola: Conhecimento Técnico e Ciência; • Educação Agrícola, Ambiente e Sociedade; • Identidades Culturais e Representações Coletivas. 30

PROFMAT

Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (semipresencial) Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/profmat/ Sobre: Oferecido por instituições de ensino superior de todo o país, o programa é coordenado nacionalmente pela Sociedade Brasileira de Matemática. Os alunos ingressantes que comprovem o exercício da docência de matemática em escolas públicas podem solicitar uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Vagas: 15 vagas para o pólo UFRRJ Linhas de pesquisa: • Análise Funcional; • Sistemas Dinâmicos; • Geometria Diferencial; • Otimização; • Análise Numérica; • Ensino Básico de Matemática; • Ensino Universitário de Matemática.

PPGMMC

Programa de Mestrado em Modelagem Matemática e Computacional Site: http://r1.ufrrj.br/ppgmmc/ Sobre: Iniciou as atividades em 2012. O programa propõe-se a articular de forma interdisciplinar três áreas de conhecimento - Matemática, Estatística e Computação - a subáreas alvo em Química, Física e Engenharia. Vagas: 15 Linhas de pesquisa: • Modelagem Matemática e Estatística; • Inteligência Computacional e Otimização.

PPGE

Programa de Pós-Graduação em Gestão e Estratégia (Mestrado Profissional) Site: http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppge/ Sobre: Mestrado Profissional em vigor desde 2000. Tem o propósito de capacitar profissionais para realizarem pesquisas no campo da gestão. Vagas: 30. Linhas de pesquisa: • Processos e Tecnologias; • Organizações, Sociedade e Mercados.


Ecoeficiência

Tomara que chova, para encher o cofrinho! Sistema de reuso da água de chuva, que está sendo implantado por funcionários da casa, trará economia e exemplo de sustentabilidade Por Tania Neves

Foto: Gian Cornachini

Q

uem passa em frente à entrada da Educação Infantil já deve ter percebido, no lado oposto, a presença de um estranho objeto azul claro conectado à coluna que canaliza as águas pluviais vindas do alto do prédio A. Trata-se do pontapé inicial de um importante projeto que, a médio prazo, poderá levar a FEUC a reduzir consideravelmente sua conta de água com a Cedae. É um filtro que separa os resíduos que vêm com a chuva e lança a água diretamente na cisterna, a partir de onde será reaproveitada nas descargas de todos os banheiros daquele prédio e também para regar plantas e lavar chão. “Se tudo der certo com este primeiro teste, replicaremos o sistema nos demais prédios, o que nos permitirá reduzir o consumo de água da Cedae, utilizando-a apenas nas pias e terminais onde se necessita de água potável”, explica o presidente da FEUC, professor Durval Neves, ele próprio o “engenheiro” da obra, que vem sendo tocada por três funcionários da casa: o bombeiro hidráulico Carlos Jorge Rocha, o serralheiro Carlos Alberto Plácido Luiz e o analista de sistemas Fábio Alves Lima, que pesquisa os temas de sustentabilidade e energia alternativa por paixão. Os Carlos estão animados com o projeto. “Acreditamos que em outubro já estará tudo pronto para os primeiros testes, dependendo só de ter chuva”, diz Carlos Jorge, explicando que é preciso primeiro ver se o mecanismo funcionará, fazer os ajustes necessários e somente depois conectá-lo à cisterna. “Funcionando, o passo seguinte é colocar nos outros prédios. E nós vamos construir aqui mesmo os próximos filtros, inspirados neste aí que foi comprado”, completa Carlos Alberto. Uma vez armazenada na cisterna, a água será

A água que desce do telhado passará pelo filtro e os resíduos maiores (folhas, pedrinhas) serão descartados pelo cano da direita, enquanto a água descerá pelo outro cano à esquerda, que será conectado à cisterna impulsionada para a caixa d’água por meio de uma bomba movida a energia solar, outro projeto piloto para o qual Fábio também faz pesquisas: “Esta placa já está em funcionamento, e no futuro teremos muitas outras, que nos permitirão produzir parte da energia usada no prédio”, diz. Claro que a economia é importante, mas o presidente reforça o caráter mais abrangente da iniciativa: “Somos uma instituição de educação, e educar sobre sustentabilidade passa por essas ações, que servirão de laboratório para nossos alunos dos cursos técnicos e poderão estimular nossos funcionários a replicarem em suas casas, na medida do possível”, diz o professor Durval. ■ 31


Zona Oeste

Coletivo feminino de artistas e artesãs de Pedra de Guaratiba produz encantamento e beleza com o que o mundo joga fora PorTania Neves

A

velha casa da Rua Saião Lobato respira arte e cultura. Há mais de 30 anos é ponto de encontro de artistas locais da Pedra de Guaratiba e de “forasteiros” – gente que, cada vez mais, vem de longe para participar do Sarau Poético, uma das várias atividades que marcam a atuação do coletivo Mulheres de Pedra. Formado há cerca de 15 anos, na esteira da efervescência cultural do endereço onde inicialmente morava a pedagoga Leila de Souza Netto e o artista plástico Sérgio Vidal da Rocha, hoje o coletivo conta com 12 a 15 integrantes mais assíduas e pelo menos duas dezenas de mulheres que vão e voltam. A família acabou se mudando para outro lugar, e o coletivo fincou bandeira na simpática casinha de pescador, onde nos dias de reunião e trabalho as artistas e artesãs se espalham em mesas e cadeiras pelos diversos cômodos e até mesmo no terreiro, sob a sombra do arvoredo. Leila de Souza Netto conta que o trabalho colaborativo começou com uma visita ao ateliê de Dora Romana, onde a artista plástica convidou as mulheres a expressarem sua arte em quadrados de pano, que depois seriam unidos e transformados numa grande colcha. Assim surgiram as colchas de retalhos – ou painéis temáticos, pois se pautam sempre por um assunto – que são a marca registrada das Mulheres

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de Pedra. “Foi uma descoberta para além do fazer arte, o que muitas de nós já fazia. Foi sobre o que fazer com a arte, porque não é só o trabalho artístico, tem principalmente o sentido da colaboração, de saber trabalhar com os outros, de se despir dos egos”, define. Formada em Pedagogia pela FEUC em 1997, Leila trabalhou por mais de uma década administrando um curso particular para jovens e adultos em Campo Grande. Hoje, aos 60 anos, define-se como educadora popular. Além de artista e ativista social, claro. E tempera todas essas atividades – educação, arte, ativismo – com solidariedade e sustentabilidade: “A gente defende a economia solidária, o comércio justo. E faz esse trabalho não só porque precisa vender, ter renda, mas para mostrar que é possível reaproveitar coisas, reciclar, deixar menos pegadas no meio ambiente”. Quando pedi para ver alguma coisa produzida por ela, Leila apareceu com aventais feitos de tecido reaproveitado de sombrinhas, aquelas que entortam em dias de chuva de vento e os donos jogam fora nas ruas. De tão lindos, não resisti e comprei um, rosinha florido, que ainda não tive coragem de sujar na cozinha... “Tirar do ambiente algo que estava lá poluindo e dar um uso, esse é o compromisso”, diz a artista. No coletivo há diversas mulheres que trabalham com peças recicladas e também com material novo, como é o caso de Andréa, conhecida pelas roupas e bijuterias de temática afro, em que mistura o velho e o novo. Juliana, a mais nova integrante, está se iniciando no artesanato com a produção de delicados ímãs de geladeira: bonequinhos feitos com lacre de latinhas de alumínio e massa de biscuit. Fazer intercâmbios com outros coletivos do Brasil e do mundo tem sido importante para as Mulheres de Pedra, que com isso ganharam visibilidade nacional e internacional. Por exemplo, já mostraram seu trabalho no Fórum Social Mundial (em Belém, 2009) e por quatro vezes participa-


Foto: Tania Neves

Junto ao painel “Água”, Leila posa com a filha Lívia e Juliana, a mais nova do grupo

ram da Semana da Solidariedade Internacional (em Paris), entre outras parcerias. Quem dá detalhes é Lívia, uma das filhas de Leila: “Já fizemos intercâmbios com coletivos do Rio Grande do Sul, Bahia e outros estados. E agora estamos conversando com o Mijiba, de mulheres negras da periferia de São Paulo, para trazê-lo aqui”. E como fazer experimentações em novas áreas é com elas mesmas, as Mulheres de Pedra se inscreveram este ano no Festival 72 Horas Rio, em que os concorrentes recebem uma frase em torno da qual devem produzir um filme de 6 minutos em apenas 72 horas – contando desde a concepção, filmagem, edição, sonorização... tudo! Pois elas juntaram suas forças e talentos, atraíram outras parceiras mulheres e deram conta do recado tão bem que faturaram os prêmios de melhor filme, melhor som e melhor ficção com o belíssimo “Elekô”, que pode ser assistido no YouTube. A frase condutora do enredo? “Tudo faz sentido agora”. O que não faz mais sentido é apenas continuar contando tantas coisas sobre essas guerreiras: está na hora de você ir lá conhecer pessoalmente. O Sarau Poético acontece no segundo sábado de cada mês, de 18h às 23h, sempre com apresentação de algum convidado especial, embora participações improvisadas de visitantes sejam bem recebidas. No último final de semana de setembro terá a Festa da Primavera, com a Rua Saião Lobato fechada para a montagem de mais de 40 barracas onde não somente as mulheres do coletivo, mas também outros artistas da região, vão expor e vender suas peças. Paralelamente será realizada a 1ª Mostra de Arte de Rua, com apresentação de artistas da Zona Oeste. E diversos outros eventos costumam ser marcados ao longo do ano, como o Vidas (Vivências, Interações e Visibilidades de Afro-Brasileiras), exposições, rodas de jongo e outros mais, sempre anunciados na página www.facebook.com/MulheresDePedra. Esse é pra curtir! ■

Foto: Facebook/Mulheres de Pedra

As colchas, ou painéis temáticos, reúnem a criação de várias mulheres sobre um tema 33


Artigo Fabrício Ferreira de Medeiros Graduando do 7º período de História e bolsista PIBID/FIC

Imprensa e Política: fiscalização do poder público ou autopromoção?* A Imprensa é um dos personagens mais presentes em nosso cotidiano. Através de jornais, revistas etc., apreendemos acontecimentos que fogem à nossa experiência pessoal. Por sua vez, os órgãos de comunicação costumam atribuir grande importância a seus serviços prestados à sociedade, enquanto agentes de mediação entre o poder político (agentes e instituições públicas) e o povo. Apresentam-se na condição de fiscalizadores do poder público. Contudo, a Imprensa não se define apenas por informar o cidadão. Como observou Nelson Werneck Sodré, “a história da imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista”. A partir do momento em que o jornal deixa de ser produzido artesanalmente, no decorrer do século XIX, e se torna um produto industrial, seu caráter sofre alterações. O jornal, aponta Francisco Surian, “continua a apresentar-se como legítimo guardião da liberdade de imprensa”, porém passa a ser instrumento de novos interesses. “Na qualidade de empresa, preocupa-se mais com as necessidades da empresa, insere-se no jogo do mercado, necessita gerar lucro e afasta-se da defesa da cidadania e dos direitos do cidadão”. Ainda assim, os grandes jornais de hoje (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo etc.) se

consideram fiéis intérpretes da opinião pública. Consta nos Princípios Editoriais do Grupo Globo, por exemplo, que “só se divulga informação relevante”. Obviamente, a atividade jornalística é limitada e seletiva, sendo impossível noticiar tudo o que acontece na sociedade. Então, cabe a pergunta: será que os interesses de uma empresa midiática, como o Grupo Globo, que fatura bilhões de reais por ano, são os mesmos do trabalhador assalariado? Dificilmente. Portanto, os jornais tendem a se afastar do papel de simples fiscalizadores do poder público, na medida em que têm como objetivo maior o lucro. Além disso, a Imprensa não só informa, como também busca influenciar o público leitor/ telespectador, enfatizando determinados “princípios de visão e divisão” do mundo social em detrimento de outros, diria Pierre Bourdieu. Ao dizer “conflito” em vez de “massacre”, noticiando a relação estabelecida entre uma determinada categoria profissional (professores, garis etc.) e as forças policiais, em meio a um ato de reivindicação de direitos trabalhistas, o jornal interpreta o acontecimento de acordo com os interesses e valores de seu grupo diretor. Em suma, há uma distância enorme entre a autoimagem da Imprensa e seus noticiários que precisa ser questionada. ■ *Este artigo é parte de pesquisa (em andamento) para o Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da professora Nathalia Faria, em que é analisado o posicionamento político e ideológico do jornal O Globo nas eleições presidenciais de 1994 e 1998.

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