01 SET/Out 2013
No Alasca
P R O I B I D A V E N D A
EDIÇÃO 01 SET/OUT 2013
EXEMPLAR DE ASSINANTE
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA
Cansado da vida de executivo, jovem se aventura no lugar gelado por 30 dias
Amanda Brock e Ladir Salvi Os opostos se atraem e os iguais ganham títulos
Poderoso
No nome, nas atitudes, no currículo
Balança do contra
Os invejáveis seres que só querem engordar
Pernocas nos trinques
Não espere o calor chegar para fazer os ajustes
Slackline A corda bamba saiu do circo e ganhou as ruas
EDITORIA
02
editoria
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EDITORIA
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editoria
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EDITORIA
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editoria
SAÚDESAÚDE - ESTÉTICA SAÚDE - ESTÉTICA --ESTÉTICA NUTRIÇÃO - NUTRIÇÃO - NUTRIÇÃO
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Expediente
DIRETORES Douglas Popenga d.popenga@editoradfp.com.br Felipe Pedroso felipe.pedroso@editoradfp.com.br Julie Fank julie.fank@editoradfp.com.br
Tátila Pereira tatila.pereira@editoradfp.com.br
Diretor Administrativo Douglas Popenga Diretor Executivo Felipe Pedroso
Diretor de Arte Juliano Caobianco Diretora de Projetos Editoriais Julie Fank Diretora de Redação Tátila Pereira
Jornalista Responsável Giovana Danquieli Jornalistas Claudemir Hauptmann e Tátila Pereira Executivo de Contas Renato do Prado Assis
Assessora Executiva Patrícia Velte Marcato Fotógrafo Rodrigo Vieira
Estagiária de Publicidade e Propaganda Carolina Maffei Mincarone Estagiário de Jornalismo Ricardo Pohl COLABORADORES Priscila Grutzmacher, Adriana Visioli, Angélica Maria, Julie Fank A revista Fôlego é uma publicação bimestral da DFP Editora Ltda. Rua Manoel Ribas, 2477 - Centro - Cascavel - PR - CEP 85801-230 www.editoradfp.com.br Inscrita no ISSN sob o número
CENTRAL DE ATENDIMENTO 45 3306 6336 - 3306 3663 jornalismo@revistafolego.com.br www.revistafolego.com.br REDAÇÃO contato@revistafolego.com.br COMERCIAL Felipe Pedroso felipe.pedroso@editoradfp.com.br 45 9937 8873 Renato Prado r.prado@editoradfp.com.br 45 9973 4029 IMPRESSÃO Gráfica Positiva TIRAGEM 2000 exemplares PAPEL Kgepel MARKETING E COMUNICAÇÃO
DESIGN E PROJETO GRÁFICO
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START
Cada primavera é um recomeço enhum começo é fácil. Basta lembrar da agonia que deu ao soltar a mão da mãe no primeiro dia de aula. O primeiro contato com alguém de quem você estava afim. Ou ainda, o turbilhão de medos e sensações do primeiro emprego. Na hora, essas ações pareciam quase missões impossíveis, mas, com o passar do tempo, você percebeu que elas faziam parte do processo natural da vida e foram responsáveis por tantas outras atitudes tomadas em sua trajetória. E começar a mudar hábitos, que tal?! Aqueles enraizados, como biritar sem se hidratar ao mesmo tempo? Ou comer rápido demais? Ou ainda se exercitar sem se alongar? Não é simples sair do piloto-automático-dascoisas-mal-feitas. Para ajudar você a assumir o controle e mudar o parágrafo inicial dessa história - e, por consequência, o resto todo -, convocamos craques da escrita, da fotografia, do design gráfico, do fitness, da saúde, da estética, da nutrição, do esporte com o intuito simples: te fazer viver melhor. A ideia, desde a concepção da Fôlego, foi criar um guia diferente, não ortodoxo, pop, para motivar você a fazer uma faxina no corpo e na mente. E aos que já são habituados com essa rotina, a ideia é mantê-los no ritmo. A gente tem bala na agulha: nossas reportagens, por mais leves e divertidas que sejam, sempre possuem uma base científica. É com esse manancial de informações balizadas que mostramos caminhos para você sair da sua zona de conforto, transformar sua vida. Logo de prima, começamos a falar com uma parcela triste da população, o seres que só querem engordar (pág. 22). Mas também mostramos o que faz a tal da chia, sementinha para lá de poderosa para os que querem fazer o caminho inverso – perder quilos (pág. 19). Para ficar com
um shape nos trinques, há várias opções: na academia, caprichando nos treinos inferiores (pág. 36); na quadra, encontrando-se no vôlei, assim como fizeram Ladir e Amanda (pág. 52); ao ar livre ou indoor, tentando manter-se firme sobre a fita do slackline (pág. 40). E só para te inspirar um pouquinho mais, tenha uma dedinho de prosa com Rodrigo Poderoso, um multicampeão que leva a teoria e a prática ao pé da letra (pág. 50). Portanto, sedentários ou ratos de academia; hiperativos ou comedidos; ociosos ou megaocupados; molengas ou duros na queda, podem embrenhar-se por nossas páginas sem pedir licença. Que a nova estação possa ser o empurrãozinho para cair de cara no bem-estar.
Tátila Pereira Diretora de Redação
Lennon Biancato tentando manter-se firme sobre a fita do slackline
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índice
SET/out 2013 edição 01
COMES E BEBES
PROSA
19
CHIA, ESSA É PARA APLAUDIR Entenda porque 11 entre 10 sarados colocaram a chia no cardápio
46
SIM, ELE PODE
Rodrigo Poderoso: o multicampeão ainda
22
quer fazer muito mais
14 ÓCIO PRODUTIVO
Pitadas de entretenimento com Ricardo Pohl
57 HOJE TEM
Dicas sobre uma das mais eficientes atividades físicas, o sexo
VITRINE
16
32 SALA DE ESPERA
SE MEUS JOELHOS NÃO DOESSEM MAIS
Você pode não notar, mas, sem um bom par de joelhos, sua vida não teria o mesmo amortecimento
EM FORMA NA LINHA!
40
Prepare seu arsenal contra o
Ao ar livre ou indoor, divirta-se
sendentarismo
na corda bamba
10
SUSTANÇA ENJOAMOS DOS BIOTÔNICOS
Quando ganhar peso passa de medo a desejo
índice
52
SET/out 2013 edição 01
PODIUM
TRINCADO
36
MATCH POINT PARA A PERSITÊNCIA
DA CINTURA PRA BAIXO
Amanda Brock, Ladir Salvi e o vôlei: uma história de teimosia e talento
PRE-PA-RA o bumbum e as
15 EIS A QUESTÃO
pernocas para o verão
Quem entende, responde
63 VAMBORA BONITOS POR NATUREZA Três points de respeito para o
DE CARONA
58
PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS MOCHILAS Maurício Cervenka se libertou das amarras sociais por 80 dias e partiu para o Alasca
12
Ecoturismo no Paraná
64 ONDE TEM? Como, quando, onde
66 COLABORADORES
A galera que deu aquela força nesta edição
66 #Fôlego
www.revistafolego.com.br
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BELEZURA TOUCHÊ, GORDURA LOCALIZADA A criolipólise aplica um golpe fatal naquele excesso indesejável
editoria
Rua Paranรก 2130. Cascavel-PR 13
com Ricardo Pohl
P i ta d a s d e e n t r e t e n i m e n t o
Quando fui procurar pelo último álbum do Daft Punk, esperava escutar mais de músicas como Harder, Better, Faster, Stronger e One More Time. Fui surpreendido. Já tinha escutado uma versão de Get Lucky e tinha gostado pra xuxu! Daft Punk sempre massageou meus tímpanos. Pois bem, nessa nova fase, existe uma presença muito marcante de estilos retrôs, que agregam um elemento dançante às músicas, transformando o ato de balançar o corpo num movimento involuntário. O novo CD da dupla francesa rompe com tudo que já fizeram, conferindo um novo aspecto à banda, o que assusta de primeira, mas demonstra que a principal característica do grupo ainda reside em suas faixas: ser contagiante.
divulgação
Random Access Memories Daft Punk
divulgação
Velozes e furiosos 6 Exagero não existe no dicionário do diretor Justin Lin, o que fica claro no sexto filme de uma das franquias mais lucrativas da Universal atualmente, Velozes e Furiosos. Se por um lado, o diretor demonstra não ter limites, por outro, demonstra também não ter limites... Se você espera destruição neste sexto (mas não último) filme da série, suas expectativas serão saciadas! E, como estamos tratando de uma sequência, é necessário que você assista aos filmes anteriores ah, vá!? Luke Hobbs reaparece propondo (com um grande incentivo) a Dom e sua família um novo desafio: o de caçar Shaw, um novo inimigo. Em troca, toda a trupe terá sua ficha limpa e poderá voltar aos EUA. Velozes & Furiosos 6 é recheado de adrenalina e humor nos seus 130 minutos. Outro aspecto que caracteriza o filme é a honestidade: o roteiro de Chris Morgan oferece uma história suficiente para sustentar toda a ação.
Não se trata apenas de um bárbaro, um ciborgue ou de um fisiculturista. Mas de tudo isso. Com a colaboração de Peter Petre, Arnold Schwarzenegger apresenta na autobiografia A Inacreditável História da Minha Vida toda sua vivência até ao cargo de Governator. Acompanhamos a infância pobre de Arnold Strong na Áustria, com uma riqueza de detalhes sobre seu convívio familiar; a vida de fisiculturista; a carreira de astro de filmes de ação; sua entrada na política e até a chegada do filho que teve fora do casamento mantido com Maria Schriver. Depois de citar várias realizações de sua vida, num vídeo promocional de lançamento do livro, Schwarzenegger afirma “Mas essas coisas vocês já conhecem, e agora, querem ler sobre algo que não sabem?”. E aí, o que você está esperando? Hasta la leitura, Baby! 14
divulgação
A Inacreditável História da Minha Vida Arnold Schwarzenegger
Eis a questão! Quem entende, responde!
arquivo pessoal
arquivo pessoal
R . VIEI R A
j o r n a l i s m o @ r e v i s ta fo l e g o . c o m . b r
Bruna Cecchele Lima
Renan Nunes
Nilson Zortea Ferreira
A segundona é mesmo o melhor dia para começar uma dieta?
Comer rápido demais faz mal à saúde?
instituída como o Dia Internacional do
Quanto tempo depois de começarmos a praticar atividades físicas paramos de sentir dores musculares?
Início da Dieta. No entanto, na avaliação
Tudo depende, segundo o educador
Cirurgia do Aparelho Digestivo, Nilson
da nutricionista Bruna Cecchele Lima,
físico e Mestre em Fisiologia do
Zortea Ferreira (CRM-PR 16301). “Quando
o dia de começar uma dieta é hoje,
Exercício Renan Nunes. “Assim como
independentemente de que dia da
um medicamento, para cada dose de
semana for! “Se planejarmos o dia de
exercício, uma resposta irá ocorrer,
iniciar a dieta, geralmente ocorre um
dose essa mensurada através da carga
boicote, pensamos em começar no
imposta (volume e intensidade do
próximo dia, ou na semana que vem,
exercício), o que irá gerar uma resposta
ou no mês que vem! O maior erro é
(adaptação) a esse estímulo. Porém, cada
marcar um dia para começar a dieta e,
um responde de uma forma diferente,
na véspera, exagerar na alimentação.
respeitando a individualidade biológica.
Então, se pensar em iniciar uma dieta na
Fatores como uma boa alimentação
segunda-feira, cuidado com os abusos
e descanso são essenciais. O nível de
do fim de semana. Eles podem fazer
condicionamento físico do individuo
você engordar até 2 quilos dependendo
e a projeção de treino também são
do que come. Vale ressaltar: excesso
fatores preponderantes. Após algumas
de pressão gera ansiedade, por isso
semanas, a musculatura tende a se
pergunte a si mesmo se está preparado
adaptar, porém, com a projeção, novas
para iniciar uma dieta, se sim, qualquer
cargas serão prescritas com o intuito do
dia é dia”. Beleza?!
progresso na atividade proposta”.
É clássico! A segunda-feira já foi
Em todos os sentidos, segundo o Médico gastroenterologista, Especialista em
comemos rápido, ingerimos alimentos até acharmos que estamos satisfeitos, porém, o cérebro precisa de, no mínimo, 20 minutos para perceber que o organismo está totalmente satisfeito. Quando isso acontece, o cérebro libera um hormônio chamado PYY que é responsável por dar a sensação de saciedade, por isso quando comemos devagar, comemos menos. Uma pesquisa da Universidade de Osaka monitorou os hábitos alimentares de 3 mil pessoas e descobriu que 84% dos homens que comiam rápido eram mais propensos à obesidade. Em um estudo publicado no Journal of the American Dietetic Association, foi evidenciado que mulheres com idade entre 40 e 50 anos e que comem rápido demais são mais propensas a serem obesas do que as que comem devagar”.
Tá com alguma dúvida?! A gente ajuda você. Envie um e-mail para jornalismo@revistafolego.com.br com sua pergunta - além do nome completo, cidade e estado –, que os nossos especialistas respondem. Só que, atenção: as dúvidas são respondidas de forma genérica. Portanto, mesmo que sua pulga atrás da orelha seja tirada, sempre é preciso procurar um profissional.
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VITRINE
EQUIPAMENTOS
1 La pelota
2 Vença-se
3 Saltitando e emagrecendo!
Firmeza se adquire, gente! E esta bola de pilates promete dar um help para deixar tudo durinho. Isso sem contar a resistência, força, coordenação e o equilíbrio que o uso regular da Bola de Pilates Professional Gym, da Polishop, trará para seu corpinho. Os extensores removíveis permitem a variedade de exercícios e combinações, potencializando os resultados. R$ 120
Dizem que o seu maior adversário é você mesmo. Então, o jeito é se superar. Para provar em quantos segundos, milésimos você está levando vantagem, vai um cronômetro aí?! A memória deste aparelho tem o rendimento de um atleta: resiste a 500 voltas. Nada de telinha pequena: o modelo Stopwatch VL 237 da Vollo tem um generoso visor de LCD. Dá até para nadar com ele. R$ 229
Perder uns quilinhos pulando que nem pipoca, quem quer?! O Trampolim Polimet Profissional é ideal para o uso em academias, condomínios e residências. São mais de 30 molas a seu favor. E, o mais importante, é seguro: os pés em PVC antiderrapantes removíveis se encaixam e travam através de pinos de fixação na parte inferior do arco. R$ 260
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4 Não se amedronte
5 Pedala!
6 Vigiado, monitorado
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FASHION
p o r tát i l a p e r e i r a
fotos divulgação
7 Nem tão lindo, mas leve e solto Digamos que a beleza não é um dos principais atributos deste tênis, mas pela liberdade de parecer estar descalço, você nem se importará com isso. Acompanhadas pela leveza, flexibilidade e resistência do Tênis Vibram FiveFingers Classic W, as atletas podem experimentar corridas mais leves e divertidas para tocar a linha de chegada e sair para o abraço. Pesa só 154 gramas. R$ 150 www.vibramfivefingers.com
8 Alto impacto Amortece que é uma beleza! E, para um bom corredor, essa deve ser a primeira característica a ser observada. O Tênis Asics Gel Kinsei 4 também vai bem na movimentação dos aparelhos da academia. As tramas abertas na parte superior deixam o ar circular, tudo bem fresquinho. E o grand finale fica por conta do gel. Gel?! Isso, o gel. Ele está ali no solado, na base de silicone, e dá uma reforçada na estabilidade e no amortecimento. R$ 800 www.asics.com.br
9 Na cola
11 Dois em um Femininíssima! É para correr, é para malhar, é para arrasar. Esta saia/short – ou vice-versa – Mizuno Run Huldra é aquele toque mulherzinha no visual da atividade física. A bermuda é mais apertadinha para facilitar as passadas e movimentos durantes os treinos. E para aquelas que curtem um som, tem um bolso interno para você guardar seu celular ou dispositivo de música. A Tecnologia DryLite dá um chega pra lá no suor e não deixa a temperatura do corpo aumentar. R$ 140 www.adidas.com.br
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10 Muito Top Ele é verde na cor e na concepção. Feito de poliéster reciclado, o Top Nike Pro Zíper tem decote redondo, alças médias e costas nadador. Para dar maior sustentação, possui um elástico na parte inferior. A compressão minimiza os movimentos peitorais. O Dri-Fit e o Stay Cool – tecnologias presentes na peça - deixam o corpo mais fresquinho para o mexe-mexe dos exercícios. R$ 110 www.nike.com.br
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comes e bebes
FOTO s h u t t e r s t o c k
o que é, o que faz?
Essa sementinha andina é protagonista num verdadeiro show em nosso organismo. Ela detona a gula, combate o envelhecimento precoce, dá um gás nos músculos e é um poderoso anti-inflamatório capaz de prevenir doenças graves Por Claudemir Hauptmann 19
comes e bebes
C h i a , e s s a é pa r a ap l a u d i r !
semente extraída de uma planta nativa da Guatemala e do México, a Salvia hispânica L., a chia tem tanto talento que fica até difícil para se destacar um deles. Embora ainda seja novidade para nós, a sementinha é produzida e consumida há milhares de anos por maias e astecas. De tão poderosa, civilizações pré-colombianas a adoravam, literalmente. Exatamente por suas relações, digamos, religiosas, as plantações chegaram a ser destruídas na invasão espanhola à América, ainda no século XVI. A chia tem tantas propriedades que num primeiro momento chega a levantar uma certa desconfiança numa sociedade que já se desencantou com tantas promessas não cumpridas. Mas isso logo acaba quando se percebe a seriedade dos estudos científicos que estão sendo realizados na Europa e na América. A cada estudo, uma nova virtude é incluída na lista ou um “velho” talento é confirmado. E todos mostram que a chia é digna de aplausos pelo que cumpre. A nutricionista Paula Vasconcelos, de Cascavel, que estuda muito sobre as propriedades da chia, cita uma série de pesquisas para dizer que ela tem mais desempenho quando comparada outras sementes famosas, como a linhaça e a quinua. A chia tem uma maior capacidade antioxidante, um maior conteúdo de ácidos graxos ômega-3 e 6 e ácidos graxos poli-insaturados e também a maior quantidade de fibra. Paula Vasconcelos explica que isso significa dizer que ela é mais eficaz no combate aos chamados radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento precoce do organismo, além de auxiliar na manutenção de níveis adequados do colesterol (LDL, HDL), triglicérides e gordura corporal. Acredite, a chia ajuda até 20
mesmo na regulação da pressão arterial. Além disso, as fibras auxiliam o funcionamento do intestino, favorecendo a saúde do organismo como um todo. É fácil entender a chia como um alimento multitarefas em nosso organismo. Como ela tem um grande conteúdo de ácido alfa linolênico (ômega-3) e o ácido linoléico (ômega-6), ela traz benefícios muito importantes para a saúde, como alguns relacionados ao câncer e a outras doenças, especialmente inflamatórias como a artrite reumatóide. A chia ainda contribui para o perfil hormonal, para a saúde mental e até na capacidade muscular, ajuda a manter o balanço entre os lipídeos séricos (triglicerídeos, colesterol HDL, LDL), além de minimizar inflamações do trato respiratório superior em alguns atletas. Os ácidos graxos ômega-6 e ômega-3, poli-insaturados (tipos especiais de gordura, a chamada gordura boa), são considerados essenciais para o organismo. O problema é que nosso corpo não os sintetiza, o que pode ser corrigido através de uma alimentação balanceada. Daí que alimentos que contenham esses ácidos tornam-se indispensáveis. A chia tem esses ácidos em abundância. O ácido graxo ômega-6 é encontrado na maioria dos óleos vegetais, como o de soja, milho e girassol, e o ômega-3 nos vegetais de folhas verdes, nos óleos de linhaça e canola, e principalmente nos animais marinhos. A chia se popularizou rapidamente no Brasil em razão de sua principal característica, que é a de contribuir com o processo de emagrecimento. A popularização da semente faz sentido quando entendemos que o
sobrepeso e a obesidade são verdadeiras epidemias em nossa sociedade. A chia ajuda a emagrecer quando cria uma sensação de saciedade, combatendo a gula. Em contato com a água, ela se transforma numa espécie de gel em nosso organismo. Por causa dessa característica, uma receita bem simples vem se popularizando entre as pessoas que querem emagrecer. A semente (numa porção que deve ser recomendada dentro de um programa específico controlado por nutricionista) é deixada na água por cerca de 40 minutos. A mistura se transforma em um tipo de gelatina e é adicionado um suco de frutas natural, sem açúcar, formando uma espécie de sagu. Essa mistura é consumida no café da manhã ou a tarde, entre as refeições. Basicamente isso vai evitar os abusos nas principais refeições. Embora seja tão eficaz no combate a uma série de problemas de saúde, a chia não deve ser vista apenas como “remédio” para quem encara essas doenças ou algum desequilíbrio de saúde. Desde os tempos das civilizações pré-colombianas, astecas e maias consumiam a chia para aperfeiçoar a força e resistência físicas. E estudos recentes em algumas universidades americanas comprovam que a estratégica
shutterstock
Por con ce nt r a r tan tas prote ína s , é recom e nda da também pa r a que m q u e r gan ha r m a ss a musc u l a r e este j a t raba l h a nd o para i sso
É muito fácil usar a chia no dia a dia A chia tem qualidades que parecem não ter fim. Outra característica é a versatilidade na hora do consumo. É fácil usar a chia todos os dias, nas mais diferentes situações, exigindo pouca elaboração, ao contrário do que ocorre com outras sementes. Por ser tão poderosa e tão fácil de usar e de encontrar – a chia está disponível em diversas lojas especializadas no mercado, nas versões em grão, óleo, farinha, flocos ou cápsulas – algumas pessoas podem inclusive se sentir tentadas a exagerar na dose. E a nutricionista Paula Vasconcelos destaca, no entanto, que esse encantamento com os efeitos da chia não deve resultar em exageros. Ela cita estudos científicos que indicam que a ingestão diária de chia não deve ser superior a 48 g por dia. O correto é que todos que queiram perder peso ou estejam ampliando a capacidade física, procurem também a orientação de um nutricionista para que a alimentação seja feita de forma equilibrada para potencializar os resultados sem riscos à saúde. Fora isso, divirta-se com essa aliada da saúde. Ela pode ser utilizada em saladas, bebidas, cereais, com frutas, em sopas e no iogurte. Se for moída ou adquirida na
A nutricionista Paula Vasconcelos diz que tem uma infinidade de formas de se usar a chia em nosso dia a dia. Normalmente costuma orientar aos pacientes a utilizar a sementes de chia com cereais (granolas), com iogurtes e também em sucos. Por ser muito simples de usar, as pessoas acabam inventando suas próprias formas de uso e algumas ficam realmente muito saborosas, aproveitando o que a chia de tem de melhor. Uma dessas receitas é um suco especial criado por Luciana Weber, uma das pacientes de Paula Vasconcelos. Ela divide conosco a receita. Confira:
suco especial
forma de farinha, pode ser usada em pães, bolos e biscoitos. Quanto fica na água e forma aquela gelatina, por exemplo, pode substituir os ovos em algumas preparações. As sementes ou ainda o óleo de chia pode ser utilizado em diferentes aplicações no café da manhã, inclusive em barrinhas de cereais. Como pode ser encontrada em diversas formas no mercado, vale a pena ponderar um pouco sobre alguns aspectos. Paula Vasconcelos destaca que diversos fatores podem provocar uma variação das concentrações dos componentes ativos da chia. Diferenças nas mudanças climáticas, solo, disponibilidade de nutrientes, podem alterar o conteúdo nutricional da semente. O mecanismo industrial utilizado no processamento também pode fazer com que alguns nutrientes sejam perdidos, porém existem diversos estudos encontrando efeitos benéficos à saúde utilizando tanto farinha, óleo, bebidas, pão e até em ovos de galinhas alimentadas com chia. Essa sementinha é polivalente mesmo!
FOTO ILUST R ATIVA s h u t t e r s t o c k
realmente funciona. Há pesquisas que compararam o rendimento da chia, num preparado líquido, com os tradicionais isotônicos recomendados a atletas. O Omega-3 da chia melhorou o rendimento dos atletas da mesma forma que o carboidrato do isotônico. Mas a chia tem vantagem por ser livre de açúcar. Por concentrar tantas proteínas, é recomendada também para quem quer ganhar massa muscular e esteja trabalhando para isso. Deve ser usada após os exercícios. Mesmo para quem não é atleta, a chia também acaba sendo recomendada a partir de resultados em outras pesquisas. Após as atividades físicas, ela deve ser consumida na forma de farinha ou em grãos. É que, além de ter muitas fibras solúveis que ajudam no trato intestinal, ela absorve muita água, prolongando o processo de hidratação do organismo.
Ingredientes
2 folhas de couve 1 maçã com casca 1/2 copo de suco integral de uva (sem açúcar) 1/2 copo de água mineral ou água de coco 1 colher de sobremesa de chia Gengibre e canela à gosto
Modo de preparo
Bata todos os ingredientes (exceto a chia) no liquidificador. Depois de pronto adicione a chia e beba na hora (não coe).
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sustança
Problemas hormonais, metabolismo ou um buraco negro? Com a ajuda de uma nutricionista e de um endocrinologista, esclarecemos questĂľes ligadas aos magricelas
Por Ricardo Pohl, 58 quilos
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Fotos Rodrigo Vieira
Carolina Mincarone 47 quilos, acabou ganhando o apelido de Magali no trabalho por conta da gulosice.
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sustança
En j o a m o s d o s b i o t ô n i c o s
aria para publicar quilos e quilos de crônicas sobre nosso cotidiano. Ao contrário da maioria, torcemos para que nosso peso tenha aumentado, porém, o máximo que o ponteiro da balança aponta é para a seção de antianêmicos e vitaminas da farmácia. Morreremos sem entender a função do raio-X (basta uma lanterna) e qualquer vento mais forte que surge nos aparenta ser mais um tornado – já procuramos um poste ou algo para que possamos nos agarrar. De acordo com o endocrinologista Dr. Renê Azzolini, nós, franzinos, não conseguimos engordar porque existe um desequilíbrio entre o que comemos e o que gastamos de energia, ou por nosso metabolismo basal ser muito alto. “Na maioria das vezes, isso é fisiológico”, esclarece. Não adianta procurarmos comer o máximo possível, como faz Carolina Mincarone, 47 quilos, que acabou ganhando o apelido de Magali no trabalho por conta da gulosice. O problema pode também ser causado “Por intolerâncias ou alergias alimentares”, aponta a nutricionista Dra. Christiane Azzolini. Situação que provavelmente não é a de Willian Guetter, 62 quilos, já que o programador não aparenta ter intolerância nem a lactose, nem a glúten, nem a aço “Como quase de tudo e sem horários definidos. Às vezes, fico horas sem comer nada e, às vezes, como várias vezes ao dia, ou seja, nada regular”. Kawana Lamboia, 50 quilos, até tentou ter uma alimentação de Rocky Balboa: “Tomei whey protein, comi barrinha de proteína e tenho aulas com um personal trainer”, mas afirma que a batata frita lhe persegue. Hoje, quase desistindo de adquirir uns quilos a mais, sua alimentação é ruim: “Como bastante, mas nada que uma pessoa saudável comeria, não como fruta, não sou muito fã de salada e como muito rápido”. 24
Kawana Lamboia
50 quilos, até tentou ter uma alimentação de Rocky Balboa: “Tomei whey protein, comi barrinha de proteína e tenho aulas com um personal trainer”.
“Existe um desequilíbrio entre o que comemos e o que gastamos de energia, ou nosso metabolismo basal é muito alto.” “Tenho mãe nutricionista”, responde, sem vergonha na cara, Carol, que confessa não ter uma vida livre de bacon, biscoito recheado, frituras e refrigerante. A estudante de publicidade tenta evitar as “deliciosas tentações do dia a dia” e está há 13 horas limpa, sem coxinhas. Dr. Azzolini adverte que alimentos gordurosos e ricos em sódio, podem levar, ironicamente, à obesidade, diabetes, hipertensão e aumento do risco cardiovascular. Apesar de magros, não dá para ignorar essa informação: nossas artérias entopem normalmente. Aí lá vem você que faz de tudo para não ganhar nem um grama: “Nossa, quanto sofre esse pessoal que pode comer de tudo e quanto quiser sem engordar”. Pois é, e nós entendemos sua observação, pois você não deve ter sido chamado de “chassi de frango”, “garibaldo”, “pilha de osso”, “perna de saracura” etc. “As pessoas têm medo de me quebrar”, relata Carol. Ela acredita na facilidade que seria encontrar roupas, se vestisse o número 38. Magali, digo, Carol, às vezes, se vê como uma das figuras de Edvard Munch, como no Grito, por achar seu rosto esquelético demais. A redatora Kawana já foi apelidada de Olívia Palito e aponta como principal beneficio no ganho de peso não se assemelhar mais à namorada do marinheiro Popeye.
Como ter um corpo galante
• Não se esqueça de filar uma bóia de cinco a seis vezes por dia: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar; • Acrescente azeite de oliva às refeições; • Coma castanhas, nozes, cereais integrais e alimentos ricos em carboidratos.
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sustança
En j o a m o s d o s b i o t ô n i c o s
Para o Dr. Renê, os problemas de ser mais leve, mais magro e mais esquelético do que as pessoas “normais” não estão atrelados somente à fisionomia, mas a uma série de enfermidades como “doenças psicológicas, câncer, tuberculose, AIDS, doenças intestinais, renais, pulmonares e endocrinológicas”, lista, e acrescenta que os principais fatores para a variação de peso são a puberdade, o pós-cirurgias, o pós-gestação, a parada do tabagismo e a redução da atividade física. Também estamos em desvantagem nos esportes. No boliche, quase pegamos uma carona com a bola no arremesso. “Geralmente não ganho no jogo de corpo”, conta Willian, lembrando as partidas de basquete. Segundo o Dr. Azzolini, os exercícios físicos são tão importantes para os obesos que buscam emagrecer, quanto para os magros que buscam engordar. “No caso do baixo peso, a musculação se destaca por propiciar maior ganho de massa muscular”, recomenda o especialista. Aí você viu sua história escrita e descrita e decidiu colocar músculos nestas canelas ocas? Consultar um endocrinologista para fazer exames e afastar possibilidade de doenças é a primeira coisa a ser feita. E após tomar devidamente seus vermicidas, você faz o quê? Forra o bucho de pão seco e miojo? Negativo! É fundamental que você marque uma consulta com uma nutricionista, que fará um programa nutricional conforme suas necessidades. E caso você esteja satisfeito com seu corpo, e não ligue para o que seus parentes falam, ótimo! Vale consultar um médico só para saber a quantas anda, ou voa, o seu corpo. Para melhorar, o Doutor Renê anuncia: “O baixo peso está relacionado com maior longevidade”. Ao menos os apelidos nos servirão de algo. Em resumo, seremos assim, magrelos, porém magrelos por muito tempo. Após comer uma tortinha de palmito, um bolo de aniversário e um pacote de biscoito, termino esta matéria com os mesmos 58 quilos e uma estrutura óssea pra lá de charmosa.
Willian Guetter 62 quilos. “Às vezes, fico horas sem comer nada e, às vezes, como várias vezes ao dia, ou seja, nada regular”.
“Também estamos em desvantagem nos esportes. No boliche, quase pegamos uma carona com a bola no arremesso.
O que é? O metabolismo basal é a quantidade de calorias que você gasta todos os dias, para sustentar as funções básicas do seu corpo. Ou seja, respirando ou mantendo os batimentos cardíacos. O que acontece nas pessoas que são muito magras, bem magras e magras demais, é que elas têm um metabolismo basal muito acelerado (equivalente até as pessoas que praticam esportes) para pessoas sedentárias. Em resumo, o que você gasta numa caminhada, nós gastamos numa soneca.
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#MAGALICESCOMPARTILHADAS Tá aí de bobeira e se identificou com a nossa causa? Compartilhe sua foto no instagram com a gente! É só colocar as hashtags #magrosderuim #revistafôlego #chegadebiotônico A gente vai compartilhar aqui na próxima edição!
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Tarde e Noite
(turmas de no máximo 10 alunos)
Matrículas
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BELEZURA
Touchê, gordura localizada A partir de uma delícia engordativa, surgiu uma técnica emagrecedora. A Criolipólise mata aquela maldita saliência que insiste em grudar em você
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P o r Tát i l a P e r e i r a
Eureka
Para criar o picolé, não houve fórmula, nem uma súper pesquisa: foi puro esquecimento mesmo. Uma das delícias do verão surgiu numa noite invernal, pelas mãos de um menino, Frank Epperson, de 11 anos. Ele esqueceu o suco no copo. No outro dia, o líquido tinha congelado. Foi aí que nasceu o “eppsicle”, que significava “gelinho do papai”.
U
“É para quem está magro, mas tem aquelas gordurinhas localizadas, difíceis de tirar”
m dia em que a sobremesa foi a heroína do emagrecimento. Quem diria, né?! A pura observação fez com que, do picolé, nascesse uma técnica para eliminar as gordurinhas. Há quase quatro décadas, pesquisadores notaram que as crianças que tomavam picolé tinham “covinhas” e tentaram entender o motivo. Concluíram que aquilo acontecia porque parte das células de gordura do canto da boca morria após o contato com o produto gelado. Voilá! Se isso dava certo na boca, por que não daria no corpo inteiro?! Foi então que estudiosos de Harvard entraram na briga e, virando o feitiço a favor do feiticeiro, criaram algo que acabava com as gorduras adquiridas depois da sobremesa – usando a mesma fórmula. Eis que surgiu um novo soldado para linha de frente da guerra contra as causas engordativas: a criolipólise (quebra de gordura com gelo), vista como menina dos olhos no quesito exterminadora das células adiposas. Aquela incômoda “pochetezinha” no abdômen, o danado culotezinho que cisma em aparecer, o saliente pneuzinho nas costas. São esses desagradáveis companheiros que a criolipólise manda embora. É um tratamento estético, não milagre. Portanto, não é qualquer gordura que é eliminada com as sessões. “É para quem está magro, mas tem aquelas gordurinhas localizadas, difíceis de tirar”, pontua a fisioterapeuta, especialista em dermatofuncional, Thaisa Kamiji.
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“É preciso analisar a pele, a quantidade de gordura e outros fatores
Um ponto positivo da técnica é não ser invasiva - sem corte, furo, anestesia. Ela é aplicada com um aparelho (que parece um aspirador e custa R$ 350 mil no Brasil), que suga a gordura. A máquina pode chegar a -13˚ C, mas cada corpo pede uma temperatura. “É preciso analisar a pele, a quantidade de gordura e outros fatores detectados durante a consulta”. Para matar as células de gordura, a área escolhida para a sessão precisa ficar em contato com o aparelho por uma hora. Ao fim do trabalho, a gordura está lá congelada, então o profissional massageia para que volte ao normal. O efeito de perda de gordura não é imediato. 80% do resultado aparece depois de três meses. Mesmo com a demora em perceber a silhueta mais fina em frente ao espelho, a espera vale a pena. Outras técnicas apenas diminuem as partículas gordurosas, a criolipólise as destrói. O acúmulo não volta, enquanto os outros métodos estão sujeitos ao novo inchaço da célula e retorno do tecido adiposo”. Aí você pensa: “fiz a crio’, logo, não engordarei novamente”. Calma, aqui vale a mesma regra de qualquer manual da pessoa magra e saudável: é preciso se alimentar corretamente e fazer exercícios físicos. O que você jamais voltará a ter que conviver são as gorduras antigas, eliminadas na sessão, mas isso não impede que novas surjam. 30
A gordura abdominal tirava o sono da Luana Alves, de 24 anos. Era daquelas insistentes, que não saía nem com academia, nem com dieta e nem com reza. Então, a administradora deu uma chance à criolipólise e está feliz com o resultado gradativo. Em um mês, perdeu 3 centímetros. “Na hora que a máquina puxa a gordura, dá um sustinho, mas logo passa. No decorrer da sessão, é tudo bem tranquilo, não é dolorido. Segui minha rotina normal depois da sessão”. Como ela quer que a felicidade dure, está se cuidando. “Deixei de comer doce e controlei um pouco o refrigerante”.
A técnica é mais um procedimento que veio para espantar as gordurinhas e acelerar o projeto verão.
Além do abdômen, a Criolipólise também pode ser aplicada nos flancos, costas, braços e coxas. E não é só mulher que procura, não. Os homens também estão afim de eliminar a pancinha de cerveja. As perdas notadas em ambos os sexos no consultório da fisioterapeuta Thaisa foram de 3 a 10 centímetros por sessão, que custa de R$ 800,00 a R$ 1000,00, de acordo com a área escolhida. A criolipólise já é quase tão querida quanto o picolé, a única diferença é que a técnica não precisa ser “consumida” só no verão: congelar no outono, inverno ou na primavera não vai ser uma má ideia.
CONTRAINDICAÇÕES Sobrepeso; Obesidade; Diabetes (quando a doença divulgação
detectados durante a consulta”
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Touchê, gordura localizada
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BELEZURA
ANTES
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DEPOIS
Após um mês da primeira sessnao, Luana perdeu três centímetros
estiver descontrolada); Hérnia no local a ser tratado; Urticária ao frio; Crioglobulinemia (doença relacionada ao frio).
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SALA DE ESPERA
SE MEUS JOELHOS NÃO DOESSEM MAIS... Só quem já não consegue fazer com autonomia e segurança, e sem dor, movimentos que normalmente fazemos sem consciência alguma, como sentar e levantar do sofá, subir ou descer uma escada, descer uma rampa ou amarrar o cadarço do calçado, sabe o significado dessa frase que intitula nosso texto. Talvez nem mesmo o baterista Marcelo Yuka, de o Rappa, que compôs a canção Pescador de Ilusões (Rappa Mundi, 1996) tenha pensado nessa dimensão da frase...
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Por Claudemir Hauptmann
em, sem um bom par de joelhos não dá nem para curtir o balanço da música na versão do Monobloco! Muito de nossa autonomia depende das condições em que se encontram essas articulações. Tenha fé! Quem não consegue se sentar sozinho ou fazer uma simples caminhada daria qualquer coisa para voltar a ter os joelhos bons. Apesar de tão importante, os joelhos não recebem a atenção devida. E exatamente por isso, são a segunda principal causa das agendas lotadas nas clínicas ortopédicas. Só perdem para a coluna. O médico ortopedista Fábio Branco, um dos especialistas da equipe do Centro Especializado em Ortopedia e Traumatologia (Ceot), de Cascavel, enfrenta essa situação diariamente. “As pessoas não dão muita bola para o joelho. Só procuram ajuda quando não conseguem mais fazer movimentos simples. Normalmente por não suportar mais a dor”, diz. E as estatísticas não são das mais favoráveis. Estimase que de 10% a 15% da população vai enfrentar problemas de joelho ao longo da vida. Segundo o médico, que tem treinamentos em Medicina Esportiva e Artroscopia no currículo, o número de pessoas com lesões no joelho está aumentando, por conta principalmente de atividades físicas sem controle e sobrepeso. “Hoje todo mundo recomenda atividade física para combater o sedentarismo, o excesso de peso. E fazer corrida é muito fácil. O sujeito quer emagrecer e resolve correr. Alguns dias depois, começa a sentir dor. Então vai ao médico e descobre que está com uma lesão por conta de uma atividade de alto impacto sem a preparação adequada. Isso é muito comum”, relata o médico, que é da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Segundo ele, já nas primeiras caminhadas as pessoas se sentem bem e são tentadas a arriscar um trote. Continuam se sentindo bem e resolvem forçar os limites, ampliando o ritmo, o tempo. Até surgirem as dores decorrentes dos problemas no joelho.
R . VIEI R A
Diante de um bom motivo, que me traga fé... “As pessoas não dão muita bola para o joelho.” Dr. Fábio Branco
Logo, vale a pena conhecer um pouco melhor essa articulação e se cercar de cuidados para que, com o acúmulo dos anos e das aventuras vividas, tenhamos mais do que um histórico de dores para relatar. Essa importante articulação do corpo humano, na prática, depende do equilíbrio de um delicado sistema que envolve músculos, ossos, cartilagens, ligamentos e tendões. Qualquer desequilíbrio nesse sistema vai provocar dores e, se não receber a devida atenção, pode implicar em severas limitações de movimentos no futuro. Os joelhos suportam uma carga pesada no dia a dia. Sair da sala para ir buscar água na cozinha no intervalo do programa preferido de TV é uma prova para os joelhos. A cada passo dado, eles suportam em média duas vezes o peso corporal do indivíduo. E se o sujeito resolver dar uma corrida para não perder o reinício do programa, cada passada pode representar uma carga de até seis vezes o peso do corpo. Num pequeno salto, como quando pulamos, pela pressa, os últimos degraus da escada, o joelho pode sofrer impacto equivalente a mais de oito vezes o peso da pessoa. Para Fábio Branco, salvo os casos em que a pessoa tem problemas genéticos, como artrose, os joelhos “dão conta do recado” sem maiores problemas, se bem tratados ao longo da vida. Assim, ao falar de prevenção, o ortopedista vai logo alertando: “A primeira coisa a fazer é ter consciência de que joelho bom, bem cuidado, significa qualidade de vida no futuro”. Depois, recomenda os passos seguintes: atividade física regular, fortalecimento da musculatura, alongamento e dieta para o controle de peso. “E ressalte-se que atividade física não quer dizer atividade física feita de qualquer jeito. Estou falando de caminhadas, corridas, bicicleta, academia, mas sempre com orientação e acompanhamento profissionais”. 33
SALA DE ESPERA
SE MEUS JOELHOS N Ã O DOESSEM M A IS . . .
“Um simples movimento errado é suficiente para provocar uma lesão”
“Postura é tudo.” Educador físico Emílio Martini
VALEU A PENA, Ê, Ê... O joelho está sujeito ao trauma direto, como através de pancada numa queda, ou indireto, como no caso de uma entorse. Mas nas estatísticas das clínicas e consultórios de especialistas, a maior causa de traumas é pelo excesso de uso e pelo uso inadequado. Os joelhos agradecem e o sujeito terá qualidade de vida melhor na medida em que se corrija, por exemplo, alguns hábitos nada saudáveis para eles. Quando pensarmos em nossos joelhos, o “simples” ato de sentar não terá mais o mesmo sentido. Sentar-se com um dos pés presos por baixo da outra perna ou colocando um dos pés sobre o assento, de forma a nos permitir abraçar o joelho, por exemplo, exige uma flexão máxima. A pressão exercida no conjunto é de várias vezes o peso do indivíduo e isso se agrava muito se a posição for mantida por longo tempo. Outra mania terrível para os joelhos, que praticamente todos têm, é a de se sentar e cruzar os pés para trás, embaixo do assento da cadeira. Novamente, cria-se com esse simples gesto uma hiperpressão sobre os joelhos. E o preço a se pagar no futuro será muitas dores no joelho, decorrentes de vários tipos de lesões. 34
ostura é tudo. Quando falamos em atividades físicas regulares, precisamos de orientação profissional para fazer os movimentos corretos. Um movimento inadequado pode gerar uma lesão no joelho. Um hábito diário pode levar a uma lesão no futuro”, ensina o educador físico Emílio José Martini, da Physical - Clínica de Atividade Física Personalizada, de Cascavel, uma academia que faz atendimento exclusivo para apenas dois clientes a cada hora. Para ele, só assim, bem feita e programada especificamente para atender a necessidade da pessoa, a atividade física pode ser bem feita. Para Martini, independentemente de ser o caso de um “rato de academia” ou iniciante, é preciso ter um profissional que acompanhe o caso para evitar. A musculação, destaca o especialista, é uma atividade que agride muito por conta das sobrecargas. “Sem uma orientação, o sujeito pode usar uma carga inadequada, fazer um movimento errado e isso vai ter consequências”, diz o personal trainer, que é especialista em treinamento desportivo e personalizado. Experiente na rotina de academias, o educador físico diz que não é raro enfrentar situações como essas na academia. “As academias tradicionais têm horários de pico no movimento. E nesses horários é muito fácil ter muita gente treinando, o que torna insuficiente o número de educadores físicos para orientar a todos. De repente, nessas horas, o sujeito resolve impressionar alguém ao lado ou mesmo tenta desafiar os limites e abusa dos pesos e provoca lesão”. Para Martini, nas academias existem muitos exercícios bastante populares que exigem demasiadamente dos joelhos, como os agachamentos, usados para fortalecer o quadríceps e o bumbum. “Um simples movimento errado é suficiente para provocar uma lesão”, avisa. Sem o devido acompanhamento profissional, destaca Martini, a pessoa também pode desenvolver conjuntos musculares com desequilíbrio e isso também sempre vai impactar nos joelhos. Martini diz que é preciso um esforço conjunto para levar informações de qualidade para o público comum, que é muito atingido atualmente pelas mensagens que estimulam a atividade física como solução para uma melhor qualidade de vida. “Fazer caminhada, por exemplo, é muito simples e não tem maiores problemas porque é um movimento natural”, diz. Mas se as pessoas resolverem aumentar o percurso, reduzir o tempo de fazer o percurso ou arriscar a fazer uma corridinha, antes precisam buscar uma orientação profissional. A pessoa deve fazer uma avaliação médica criteriosa e depois procurar o acompanhamento das atividades com um educador físico. “Aí sim a atividade física vai valer a pena do ponto de vista da qualidade de vida”, conclui.
TRINCADO
COM A n d e r s o n B e n i t e s
“Eu quero ganhar bumbum, perna e perder barriga”. O personal trainer Anderson Benites já nem conta mais quantas vezes ouve isso na academia. A mulherada chega com gana para deixar, principalmente, a parte inferior do corpo nos trinques, durinha, definidinha. Homem já é mais duro na queda, não pede nada específico, mas, quase sempre, tem como foco inicial a parte superior. “Quando ele vê a evolução nessa parte, aí ele pensa em treinar perna. Mas hoje já é P o r Tát i l a P e r e i r a
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bem mais comum eles procurarem treino de inferiores, porque perceberam que é preciso equilibrar”, acrescenta o personal. Então, para realizar o sonho feminino e deixar as dicas para a ala masculina, Anderson preparou uma série para seus músculos pularem de alegria. Com dedicação - leia-se ter boa alimentação e disciplina nos treinamentos -, até a próxima estação você já poderá se exibir toda-toda (ou todo-todo) por aí
Fotos Rodrigo Vieira
/
ATLETA S a n d r a B e t e m p s
“É o exercício mais completo da musculação”
1 Agachamento livre A
É o exercício mais completo da musculação. Se feito corretamente, trabalha mais de 200 músculos.
b
Com as pernas paralelas, é preciso manter a coluna reta.
c Com o peso (que depende do nível do aluno), agachar até o final para completar o movimento.
Recomenda-se 8 séries, com 12 a 15 repetições
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TRINCADO
2
Agachamento hack A
Posicione as costas contra o encosto e os ombros por baixo dos rolos.
b
Fique em pé com os dedos apontando para frente. Abaixe lentamente o peso, flexionando os joelhos até 90 graus.
c
COM A n d e r s o n B e n i t e s
Da c i n t u r a pa r a ba i x o
Empurre o peso de volta à posição inicial, estendendo as pernas.
3
Leg Press 45 A
A posição correta para o trabalho neste aparelho é sentar-se no banco com a coluna totalmente colada no encosto.
b
Os pés firmes na plataforma, próximos e alinhados em paralelo.
c
Para a execução, deve-se empurrar a plataforma com velocidade média até a extensão quase completa.
4
Leg sentado A
Sentado com uma leve inclinação, as pernas devem ficar flexionadas para fazer força e empurrar o peso.
b
Para aumentar o estímulo para a coxa, o encosto deve ser regulado mais para baixo e para trás.
c
Em uma posição neutra, você deve manter seus joelhos dobrados.
5
Extensora A
Este aparelho isola o quadríceps. É importante deixar os pés paralelos e com as pontas para cima.
b
Execute o movimento em velocidade média/lento. Quanto mais lento, maior será a ativação das fibras musculares locais.
c
Para estabilizar, é preciso apoiar o cotovelo no banco para melhorar a estabilidade.
Recomenda-se 5 séries, com
Recomenda-se 5 séries, com
Recomenda-se 5 séries, com
Recomenda-se 5 séries, com
12 a 15 repetições
12 a 15 repetições
12 a 15 repetições
12 a 15 repetições
Da cintura para cima É importante lembrar que os músculos de todo o corpo merecem cuidados. Não é porque no verão a parte de baixo está em evidência, que os braços femininos devem ser esquecidos. Na próxima edição, confira o que fazer para dar aquela turbinada nos bíceps.
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EM FORMA
r, e t a w , h g Long, hi eja S . k c a l s trick ou ,o a h n i l a r qual fo : ó s m u é objetivo ! a l e d r i a não s nk l i e Fa Por Ju ira go Vie Rodri Fotos
EM FORMA
N A LI N H A
aía a tarde feito um viaduto, quando, em 2011, tive meu primeiro contato com o slackline. Para qualquer leigo que estivesse naquela inauguração de um brechó, no centro da cidade de Cascavel, a atmosfera circense e a luz do fim de dia do evento confeririam ao esporte ares de corda bamba. A qualquer momento, apareceria uma bailarina, de bastão ou sombrinha, para fazer seu show. Nada. Ao contrário disso, uma galera jovem, antenada e atlética subiu na corda, que àquela altura já sabíamos ser uma fita, para o espetáculo de equilíbrio. De saia e certa de que iria levar um tombo, pulei minha vez. No outro ano, no mesmo brechó, lá estavam outros adeptos da ideia já organizados em grupo, promovendo a mesma brincadeira. Tantos que nem sonhavam que isso era um esporte arriscavam os primeiros passos na linha, levando um tombo atrás do outro. Ponto para eles que tentaram. E eu, novamente, de saia. A prática me perseguiu. Encontrei praticantes nas praias de Ipanema, no lago municipal de Cascavel e, finalmente, num encontro de família. Nem arrisquei, de medo. Em vez disso, deixava a brincadeira para quem pudesse nos agraciar com manobras e minutos de equilíbrio na corda. Eu sabia que iria cair no primeiro passo. Já em 2013, com o projeto da Fôlego prestes a entrar no papel, a diretora de redação Tátila Pereira e eu visitamos uma academia indoor na cidade de Cascavel. Com o sugestivo nome Equilíbrio Vertical, o espaço se propõe a ser o reduto de quem não tem medo de altura – nem de tombos. Pudera, com um colchão gigante distribuído no espaço que comporta uma parede de escalada indoor, ninguém tem medo de cair. Chegamos lá para uma aula experimental de slackline, mas não houve como escapar: como, para ocupar o espaço do colchão, precisaríamos esperar a prática de escalada acabar, restou escalarmos. Equipadas com sapatilha e carbonato de magnésio, cumprimos algumas “vias” e resolvemos alguns “problemas” – o que é assunto para outra matéria. Com as mãos já secas e cansadas, hora de relaxar e praticar o slack. É mais ou menos assim que era a ordem dos fatores por lá, explica o treinador pessoal e proprietário da academia Roberto Lazzari: “Para a gente, o slack é um 42
complemento da escalada, nós escalamos, desgastamos o corpo, desgastamos o braço e, no final, para descansar um pouco o braço, para trabalhar um pouquinho de concentração e relaxar, nós utilizamos slack.” O esporte ali é praticado com todo o aparato necessário, colchões, fita profissional e equipamentos de tração próprios para a fita de slack, mas há quem, por economia, opte por um material alternativo: fitas e catracas de tração de carga. O professor alerta para a falta de segurança desses equipamentos: “Ela é específica para carga e não vai ter o mesmo resultado tanto de tração, quanto de elasticidade para você fazer alguns movimentos de equilíbrio ou para o próprio caminhar na fita. Como ela não tem o mesmo resultado em segurança, uma
fita dessa pode arrebentar e, por menor que seja a queda, você vai cair e pode se machucar.” Sinal de que optar por uma fita própria para a prática de slack é garantir a própria segurança e contar com certificação. A elasticidade, técnica e tensão da fita, já que o material é o mesmo utilizado na escalada, são os diferenciais para se aperfeiçoar e conseguir fazer manobras mais arrojadas, sem correr o risco de a corda arrebentar e machucar o lado mais fraco: quem pratica. O esporte, mesmo que exija habilidades como o equilíbrio e o foco, difíceis de adquirir, é de fácil acesso e baixo custo. Para começar, o professor indica: “um calçado, caso a fita incomode, uma roupa maleável para você ficar
à vontade para trabalhar o movimento de perna e, é claro, a fita e a catraca.” Na lista de itens, a vantagem é que o custo é quase zero: a roupa maleável pode ser encontrada em qualquer fundo de gaveta e o calçado é dispensável no início já que a maioria das pessoas pratica descalço. O equipamento, bem, a graça está em rir do outro caindo e aprendendo: juntar um grupo e adquirir o necessário pode ser o primeiro passo para um novo programa do projeto verão – bem mais divertido do que alguns esportes solitários. Como o rodízio é grande, cada um sobe e desce conforme o desempenho. Enquanto isso, vale uma roda de violão e um tererê para recuperar o fôlego e logo ir para fita novamente – no melhor sentido da coisa.
O primeiro passo
Se o começo da prática é intuitiva, a permanência em cima da linha exige, sim, um pouco de técnica, que vai sendo aprendida assim, passo a passo: “Para começar, procure sempre deixar um pé próximo do outro, porque quanto mais largo o passo, maior a exigência de equilíbrio. O ideal é também flexionar os joelhos para dar um pouco mais de estabilidade ao corpo e trabalhar com a musculatura mais contraída”, orienta o professor. Ele explica que a prática é muito próxima dos movimentos automáticos da
caminhada: “Você não olha para o pé quando está caminhando, você olha para a frente. No slackline, é a mesma coisa, você deve olhar para a frente, procurar um ponto de referência (na fita, no final da fita ou depois da fita), afastar os braços para conseguir equilíbrio e fazer o balanço. É aí que você trabalha com o equilíbrio.”. Há quem se arrisque a começar no meio da fita, mas isso exige prática. Roberto Lazzari alerta que “Começar já subindo na fita é um pouco difícil, então, se você conseguir começar em cima da fita ou se você segurar numa árvore, por exemplo, pode subir de pé e começar primeiro a trabalhar o equilíbrio, para depois começar a subir de baixo, porque subir de baixo é um pouco difícil.” Um dos erros apontados por quem aprendeu na prática é não manter o pé anterior na mesma direção que o da frente. Natália Dias de Oliveira, estudante de engenharia civil e slacker, conta que, ao observar os amigos tentando andar e, frustrados, desistindo, resolveu observar: “Os amigos que não tinham receio andavam melhor que todo mundo. Temos um amigo que não tinha medo, ficava pulando sem nem saber se conseguiria se equilibrar. Outro amigo ficava sempre meio mal por não conseguir se equilibrar. Até que eu vi que o problema era que ele girava o pé anterior. Sempre que ele ia dar outro passo, o pé detrás girava e, automaticamente, ele perdia o equilíbrio. Ele girava contra o eixo. Depois que ele passou a não girar mais o pé, evoluiu tanto quanto outras pessoas.”, conta. Lennon Biancato Runkhe, também estudante de
engenharia civil, confirma a tese da namorada: “Foi aí que eu comecei a andar. Antes, quando eu girava contra o eixo, eu sempre me desequilibrava.”. Hoje, equilibrar não é mais uma dificuldade para Natália e Lennon: “Depois que você pega o jeito, você fica, e que daí a hora que você sobe e fica bem equilibrado, você já começa a fazer outras coisas, e acaba caindo, mas, mesmo assim, consegue ficar bastante tempo em cima da fita.”, aconselha Lennon. Alguns fatores ajudam a acelerar o processo de aprendizagem: a distância entre os pontos, no começo, pode ser menor, o que facilita a travessia. Além disso, a frequência inicial e a insistência auxiliam na descoberta dos segredos e macetes do esporte. “Quando
MODALIDADES DO SLACKLINE Slackline é a junção de slack- (solto) e -line (linha). Numa tradução livre, linha solta ou corda bamba. É esse o nome que se dá à modalidade como um todo. Às práticas diferenciadas dentro dela, dá-se um nome para cada, que varia conforme a altura e o local onde é praticado, a espessura e a tensão da fita. Há como fazer a combinação de uma ou mais dessas modalidades. Longline [De 30 a 60 metros de extensão] Exigência de mais equilíbrio e técnica Highline [De 10 a 15 metros acima do chão] Exigência de equipamento de segurança Trickline [Até 20 metros de extensão] Altura baixa, próximo do chão, para a prática de manobras e acrobacias Waterline [Sem metragem ou altura mínimas] Praticado acima de piscinas, lagos, lagoas, mares A espessura da fita pode variar de 25mm a 50mm.
estávamos começando, a gente andava umas 3 vezes por semana e íamos em 4. Levávamos um tererê e ficávamos trocando até conseguirmos!”, narra Natália. “Eu via bastante vídeo no youtube (Estava empolgado no começo, né?) e ficava olhando para ver o que os caras faziam. Eu via e depois tentava imitar e ‘me largar’. Mas é sempre sorte de principiante, né? Na primeira vez que consegui cair sentado e parar em pé na corda, eu fiquei maluco. Naquela vez, tentei mais umas duas vezes e não consegui mais.”, conta Lennon. Com observação, prática e toda a persistência possível, aprenderam e não pararam mais. Já praticaram até variações apelidadas de slackwine ou drunkline depois de algumas formaturas, mas já alertaram que dar uma de bêbado e equilibrista pode ser mais perigoso do que a modalidade highline sem equipamentos. O que antes era um lazer entre amigos aproximou os dois e, hoje, você pode encontrálos n’algum fim de tarde praticando e tomando tererê no Parque Tarquínio, lugar preferido do casal para o esporte.
Vem, todo mundo!
A prática que lembra as nossas brincadeiras com elástico da infância já conquistou certa popularidade entre os cascavelenses: os parques e praças nos fins de semana são a prova disso. A diferença para a brincadeira é que os dois pontos fixos onde se prende a fita elástica são postes, troncos e pilares – não mais pessoas que devem ficar paradas esperando sua vez de brincar. No esporte, é também sempre a vez de alguém. Um de cada vez, todos os envolvidos devem, com muito equilíbrio, tentar se manter em cima da fita e, conforme a habilidade e a coragem, arriscar algumas manobras – sempre 43
EM FORMA
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voltando para cima da linha. Explicar isso, no início, era desnecessário. É observar durante cinco minutos para entender a sistemática da coisa. Roberto Lazzari e seu amigo Douglas descobriram o esporte em 2009 fora de Cascavel e foram uns dos primeiros a levar a prática para as ruas. No improviso, compraram apenas a fita. O mosquetão da escalada virou catraca e quebrou o galho durante um tempo: “Começamos e não sabíamos nem como caminhar, nós primeiro tentamos caminhar com os pés de lado, depois de frente, fomos tentamos conseguir tirar os primeiros passos. Até que um dia, com um pouco mais de prática, a gente montou no lago.”, conta. O que mais impressionou o slacker foi a curiosidade e interação das pessoas. Apesar de ser um esporte individual, não há como praticá-lo sozinho. É no incentivo que ele ganha corpo e se torna menos difícil e mais desafiador: “Cada pessoa que passava e olhava já chegava e perguntava: ‘Nossa, o que é isso?’. O pessoal sociabilizava muito. Aí subia, já conseguia arriscar um passo ou outro.”, relata.
Mas o rodízio, que pode ser uma forma de conhecer pessoas e fazer novos amigos, pode ser também um empecilho para o aperfeiçoamento no esporte: “Nós fazíamos assim: andávamos um pouquinho, caíamos, aí trocávamos. Só que daí a gente resolveu insistir, senão não iríamos evoluir nunca!”, comenta Lennon. A dica é a persistência: “Ir várias vezes, até cansar. E é absurdo o quanto cansa: você trabalha bastante as pernas, aí fica tenso, não respira direito porque está tentando manter o equilíbrio.”, avisa. Natália conta que a fita é um “chamacriança”. É sempre visto como brinquedo e, em qualquer lugar que estejam praticando, logo aparece uma criança para saciar a curiosidade e a vontade de brincar. “Era muito engraçado! Teve uma vez que estávamos num parque aqui da cidade praticando slack e de repente um monte de crianças estava por ali para tentar andar. Quando eu fui subir na fita, um menino olhou para mim e gritou ‘Tem fila!’ lá do final dela já. O menino não batia nem no meu ombro! Aí eu tinha que dar uma de tia chata e falar: ‘Parou, parou, agora sou eu!’”, conta. No fim, as crianças nem ficavam chateadas. Paravam e sentavam em volta, só observando. Num outro fim de tarde, desta vez com a Natália e o Lennon, tivemos uns amigos e eu a oportunidade de praticar. Eles, pela primeira vez. Eu, pela quarta, mas desta vez, sem colchão. Apesar do frio do inverno, o sol nos presenteou com um fim de tarde fresco. Na esperança de, desta vez, conseguir, entrei na linha e perdi o medo. O empecilho desta vez não foi a saia, mas a meia-calça. Não havíamos saído de casa com as roupas adequadas. A fita lisa não permite que você dê dois passos de meia sem arriscar cair num spacatto nem um pouco proposital. Na impossibilidade de trocar de roupa, assisti meus amigos testarem sua habilidades de equilíbrio, foco e concentração. Numa certa altura, todos desistimos, menos nossos anfitriões. Sentamos e admiramos o pôr-do-sol e as acrobacias maduras de quem já tinha caído muito. Mesmo ansiosos para conseguir atravessar a corda, sabíamos que o show de todo artista, com ou sem plateia, tem que continuar.
Dá pra manter a forma? Apesar de ainda não ter tradição no mundo dos esportes, a prática de slackline tem sido encarada além do lazer. Não é um esporte com regras e rigor técnico, mas, de acordo com o professor Roberto Lazzari, “Por não trabalhar com tanta carga, não tem como dizer que você vai adquirir definição de músculos trabalhando com o slack, mas ele vai exigir equilíbrio, concentração e foco, habilidades importantes para qualquer atividade.”. A notícia boa é que tem músculo que é trabalhado também, mesmo que em meia horinha de prática: “O legal do slack é que ele trabalha muito a perna e o abdômen no momento em que você tenta se equilibrar na fita. Ele exige equilíbrio, exige muita contração muscular para manter o equilíbrio na fita, tanto nas pernas, quanto no tronco e no abdômen, porque cada vez que você desequilibra para um lado e para outro, o abdômen faz esse trabalho de estabilizar de novo no centro.”, complementa o professor. Em uma hora de equilíbrio (ou tentativa de), o praticante pode gastar de duzentas a setecentas calorias. Tudo depende do nível do que cada um consegue fazer na fita e com que intensidade irá fazê-lo.
Tá afim de conhecer o esporte? Um grupo no facebook, o /slacklinecascavel, organiza eventos e encontros para reunir apaixonados, praticantes e curiosos. Na página, que já conta com mais de 300 curtidas, os responsáveis pelas atualizações indicam em qual praça ou parque estarão no dia. Vale se informar! Há ainda academias especializadas, indicadas na nossa seção Onde tem?.
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Sim, ele pode! Rodrigo Poderoso já foi o melhor de todos em Cascavel, na região Oeste, no Paraná, no sul do Brasil, no Brasil, na América e no mundo P o r Tát i l a P e r e i r a
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ntes que alguém pergunte, não, não é nome artístico. O questionamento é compreensível, principalmente, ao ter um breve contato com o currículo de Rodrigo Poderoso. São 20 páginas. O compilado de formação acadêmica, habilidades profissionais, experiência profissional, cursos de aperfeiçoamento, cursos e seminários ministrados, artigos científicos apresentados e títulos foi adquirido em 25 anos dedicados ao esporte, principalmente às artes marciais. Não é de Cascavel (nasceu em Marília, São Paulo), porém já adotou a cidade como sua terra. Todo o poder do sobrenome é de origem espanhola, herança do pai militar. Mas a pitada que melhorou a composição de
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Fotos Rodrigo Vieira
campeão veio da descendência oriental da mãe. Poderoso foi inserido nas artes marciais aos 14 anos, junto dos irmãos. Eles pararam. Ele, não. Tentou se esquivar para a carreira do Direito. Foi até o último ano e parou, pois não se via engravatado. Recomeçou – ele é um especialista nisso, aliás – e #partiu para a Educação Física – de aprendiz passou a Mestre. Tem quatro pós-graduações e está finalizando um Mestrado. Por duas vezes, em todo o mundo do jiu-jitsu não houve ninguém melhor que ele. Na América do Sul, ele foi o primeiro a levantar 250 quilos na modalidade supino. Muitas partes do planeta só ficaram sabendo da existência do jiu-jitsu depois da passagem dele. O exército norte-americano é ainda mais habilidoso após dois anos e meio de instruções do Poderoso.
PROSA
COM R o d r i g o P o d e r o s o
“A arte marcial te ensina princípios como autocontrole, perseverança, obstinação, superar limites”
Então decidi não voltar mais para os EUA. Tinha mais tempo de contrato, mas pensei que como eu estava fazendo um investimento intelectual e me preparando para uma carreira de docência, preferi optar em ficar por aqui. E tem outro detalhe, o tempo passa e você começa a perder espaço, outras pessoas vão preencher o seu espaço, é um processo natural. Depois de um certo tempo, vi que a experiência lá fora já era o suficiente e decidi retornar. Encaminhei outra pessoa de confiança para o meu lugar. Minha família (esposa e dois filhos) ficou aqui e isso também contou, e muito, para a minha volta.
Também carimbou o passaporte na Europa, não é?!
Sim. Também pela experiência no Jiu-Jitsu, foi chamado para seminários em diversas partes da Europa. Morei por seis meses lá, divididos entre a Finlândia, a Suécia e a Inglaterra.
O Brasil é bem visto lá fora?
O Brasil é muito bem visto lá fora. Do lado do esporte e economia, principalmente. O que eles criticam bastante é a corrupção, principalmente na política. Eu não gosto de política porque é difícil você perceber alguém que entre nessa área buscando o bem comum. Muitos vêm, primeiramente, atrás do benefício próprio. Não é que lá fora não exista roubalheira, tem sim, mas em escala menor porque a punição é bem mais rígida. No Brasil, a impunidade é um problema.
Nestas idas e vindas, como ficou a família?
Como surgiu a oportunidade de ir para os Estados Unidos? Como passou a ser muito a forte o MMA nos Estados Unidos, um General do Exército, percebendo que nas últimas guerras o combate no solo estava mais frequente e, com isso, a luta corporal também, decidiu incrementar o treinamento dos soldados. Por isso, pelo trabalho que já vinha fazendo, fui chamado para ensinar o Jiu Jitsu aos instrutores do Exército Americano no Fort Banning, Estado da Geórgia. Depois de muito tempo sendo convidado, resolvi aceitar, porque acho importante você sempre procurar agregar conhecimento. Então, fui morar no Fort Banning, tido como o berço do exército, onde treinam 120 mil soldados num espaço físico 48
de 750 km2. Tudo o que você quer ser no exército aprende lá. Fiquei lá dois anos e meio, não só ensinando, mas também aprendendo. Lá aprendi o Cross Fit. Tive contato com os Rangers, soldados da linha de frente do Exército americano. Pude conhecer todo o aparato de combate que eles têm. Eu queria aprimorar meu inglês, então, não foi só o lado financeiro que contribuiu para a minha ida para lá.
Você tinha um contrato de 6 anos e permaneceu apenas 2 anos e meio lá. O que te fez voltar?
Quando eu voltei de férias, em setembro do ano passado, fiz um teste seletivo para dar aulas na universidade na qual eu trabalho hoje. Passei.
Minha esposa também é personal, então é mais fácil para ela compreender tudo o que eu faço. Família é o alicerce de tudo. E ela me ajudou muito, segurou a barra enquanto eu estive fora, entendeu que era para o meu crescimento profissional. Um relacionamento a dois é assim, a evolução te leva a admirar a pessoa, a respeitála. Depois disso, fica tudo mais sólido. Não se trata apenas de sexo, é uma base que você precisa ter. Então, eu admiro muito a esposa como mãe, como mulher, como profissional. Um homem precisa de uma companheira para servir de guia, porque o homem é meio “burrinho” (risos). A mulher tem raciocíonio mais lógico. Muitos homens ficam bravos por eu falar isso, mas é verdade.
Cascavel praticamente não conhecia o Jiu-jitsu até sua chegada aqui?
Eu fui a primeira pessoa a trazer o Jiu-jitsu para Cascavel, há 13 anos. Meu desafio foi mostrar
para as pessoas que a modalidade é diferente do MMA, que é uma modalidade de arte marcial como judô, como karatê que é uma filosofia de vida. A arte marcial mexe com a parte física, mental e espiritual. A arte marcial te ensina princípios como autocontrole, perseverança, obstinação, superar limites. E tudo isso te ajuda em vários momentos da vida. Consegui uma boa aceitação na cidade e, hoje, tem muita gente que vive do Jiu-Jitsu por aqui.
Como foi a transição do jiu-jitsu para o MMA? Foi por curiosidade. Queria experimentar. Quando o atleta chega em um nível, quer desafios diferentes, até por questão motivacional. Nas três primeiras lutas eu comecei com derrota, até pensei em parar, mas depois decidi continuar. Depois desse obstáculo inicial tive uma sequência de 10 vitórias. A quarta derrota só veio depois disso. No total, foram 25 lutas, 20 vitórias e 5 derrotas.
Por que parou?
Porque o tempo de recuperação estava cada vez maior. A idade, dificuldade de treino, lesões
me fizeram parar. Quando você tem 25 anos, no outro dia já está recuperado. Agora quando a idade vai chegando, fica mais complicado. Eu estava demorando dois, três dias para me recuperar. E isso para você que quer voltar para uma modalidade de alto rendimento fica complicado. Como eu tinha só interesse em conhecer e transmitir algo para os alunos de como é o esporte, parei em 2008. Minha última luta foi em Cascavel.
Você acompanhou a evolução do MMA, do início, visto com olhares de preconceito, e depois, como um dos esportes que mais geram dinheiro no mundo. Como foi essa transição? O vale-tudo era uma questão de desafios, então era difícil impor regras para modalidades diferentes. Então, depois que o MMA se tornou mais comercial, televisionado, ter mais visibilidade foi possível ampliar as regras para se tornar mais apreciado. A partir do momento que você ganha mais visibilidade é preciso perder um pouco da violência. Por exemplo, sangrou tem parada médica. Imposição de
limite de peso, categorias diferentes, tudo evoluiu. Antes, você lutava em nome da modalidade, ao invés de lutar pelo lado financeiro. Hoje, os atletas têm uma bolsa e aí você tem um profissional em luta, não algo amador, como era antes.
O que a arte marcial ensina? Com meus alunos eu tento introduzir essa questão de que o treino não é somente luta corporal. Entre 100 alunos acaba despontando um atleta que, é claro, nós damos o acompanhamento, mas 90% dos meus alunos eu tento direcionar à qualidade de vida, disciplina, honra, hierarquia, formação de caráter que é, na verdade, o mais importante, porque é com isso que você estará contribuindo para a sociedade. Estou reformulando equipe. Tive um problema em relação à conduta de muitos atletas. Você tem que trabalhar pela sua remuneração, mas isso não pode vir antes da sua ética moral. A prostituição profissional faz você ser enganado, passado para trás. Eu mandei 150 atletas embora (mandei os professores e, automaticamente, os alunos foram junto) porque não eram compatíveis
“Nunca a prática vai dar certo se você deixar de lado a teoria”
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COM R o d r i g o P o d e r o s o
com a disciplina que eu tentava empregar. Pode ter sido uma falha minha também. Então estou construindo uma nova equipe. Por isso, continuo competindo para ser exemplo atual, e não só com o passado.
Você mandou embora todos os atletas?
Fiquei com 70 alunos. É melhor você ter 10 em quem você confia, do que mais de 100 que te dêem dor de cabeça. Essa já é a segunda vez que faço isso. Mas não tem problema, é um desafio que vale a pena. O trabalho agora é formar esses novos atletas primeiramente na parte filosófica da arte marcial.
“O trabalho agora é formar novos atletas primeiramente na parte filosófica da arte marcial”
Você leva muito em cosideração a parte teórica?
Tenho mais de 20 artigos publicados. De uns anos para cá, começaram a surgir muitos estudos na Educação Física, principalmente em relação à qualidade de vida, quais os benefícios. Hoje nós sabemos que a atividade física é um dos principais meios de prevenção de doenças. Então são diversos estudos que embasam a prática. Eu não posso simplesmente chegar e tentar te convencer de algo baseado em achismo. Eu tenho certeza porque têm estudos, validados, comprovados que apoiam a prática. Nunca a prática vai dar certo se você deixar de lado a teoria. Lógico que existem algumas variações, afinal, ninguém é igual, mas os métodos podem ser readequados.
Como está o seu Mestrado? Faço mestrado no norte de Portugal, na Universidade Trás os Montes e Alto Douro, Vila Real. Vou fazer a defesa em dezembro. Até o fim do ano já tenho 12 fins de semana ocupados com eventos. É preciso aprender a conciliar. Eram 25 vagas. Escolhi lá pela questão cultural. Surgiram oportunidades em outros países. Entre o Brasil e lá, a infraestrutura é o diferencial. Eles estão bem mais à frente. Não é uma crítica, acredito que o Brasil também chega lá. A minha linha de pesquisa é focada no Efeito agudo de combate de MMA nas Concentrações Séricas de Lactato, Testosterona e Cortisol em Atletas de Alto Rendimento, estudo voltado ao MMA. Eu procuro entender exatamente os limites do ser humano no esforço físico. Para isso foram feitos exames uma hora antes, uma hora depois e 24 horas depois da atividade física. 55 pessoas participaram. É como você conseguisse descobrir o máximo que aquela pessoa pode alcançar. Pretendo fazer um Doutorado na mesma linha. 50
Cascavel pode ficar pequena para você?
Eu adotei Cascavel como minha cidade, quero sempre colocá-la no lugar mais alto do pódio. Não pretendo sair daqui, porque é uma cidade boa de se viver. É um lugar de potencial, com grande expansão. Claro, que se alguma proposta financeira for tentadora, posso até pensar em sair daqui, mas tem que ser muito atrativa. Meus filhos nasceram aqui. Já tive proposta para ir para Dubai, levando o Jiu-jitsu; me chamaram para voltar aos Estados Unidos, mas prefiro ficar aqui. A minha área está crescendo muito em Cascavel, tem muito campo.
O que ainda falta no seu currículo?
Eu quero criar uma academia popular em algum bairro mais precário de Cascavel. Quero levar, principalmente às pessoas com mais de 50 anos, o exercício físico como um método preventivo e de tratamento. Quero fazer um Projeto social a partir das artes marciais para pessoas carentes. Quero ainda me aperfeiçoar como docente. Quero trazer mais competições para Cascavel.
Já está pensando em parar?
Estou em uma fase de transição. Logo, logo vou parar de competir e apenas ensinar os outros.
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A boa mobilidade e uma velocidade de reação transformaram a “zero à esquerda” numa jogadora da Seleção.
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para a persistência Ela teimou que queria parar, ele persistiu para ela continuar. Nessa confusão toda, quem solucionou o problema foi a confiança que convidou o talento para um treino, sacou? Por Ricardo Pohl
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Fotos Rodrigo Vieira
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podium
Ma t c h p o i n t pa r a a p e r s i s t ê n c i a
Equivalentes não só em altura. Além de altos, Ladir e Amanda têm personalidades fortemente proporcionais.
omo alguém que pronuncia um mantra, Amanda Brock segue um ritual antes de todas as cortadas bem sucedidas: ela grita. Uma vivaz presença, por vezes incentivando as colegas, que deve ter feito falta no time cascavelense. A jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei esteve fora da cidade e, para ser mais exato, do Brasil. É que a atleta estava na Tailândia representando o país no Mundial em que conquistou o terceiro lugar. Só neste ano, Amanda visitou cinco países disputando amistosos com a Seleção, entre eles Itália, Polônia e Japão. “Se eu não estivesse jogando, eu não estaria indo pra tantos lugares” diz. Quanto à convocação para o Mundial, a reação não poderia ser menos previsível e mais afetuosa: “Liguei pra minha mãe, pro meu pai, meu namorado – e para o Ladir... Nossa... Eu senti que ele se emocionou no telefone, e eu 54
disse pra ele: Você tenha certeza de que isso só ta acontecendo por sua causa!”. Ladir Salvi, atual Coordenador Geral do Voleibol em Cascavel, foi quem descobriu os 188 centímetros de habilidade de Amanda: “Estávamos dando treinamento, eis que desce a loirona lá”, descreve. Instantaneamente, o semblante de Amanda é invadido pelo sorriso confesso: “Lembro que, da primeira vez que o outro técnico tinha me colocado pra fazer um joguinho, eu não tinha noção que tinha que ter três toques. Todo mundo ficou me olhando assim: qual que é o problema dela?”. E foi um grande salto! Em aproximadamente quatro anos, quem fazia alguns trabalhos como modelo, agora “posava” dentro de quadra, vestindo o uniforme da Seleção Brasileira de Vôlei: “Não deu tempo de sonhar com alguma coisa, tipo quero ser jogadora de vôlei”, e a carreira imediata deixou a central confusa. “Eu achava que eu não queria mais, porque aconteceu tudo muito rápido”. Passado esse dilema, a modalidade, além de se tornar parte do cotidiano, transformou a vida da medalhista. “Eu respiro vôlei, tudo que eu vou comer eu tenho que pensar no vôlei, meu namorado conheci pelo vôlei, a minha família
respira vôlei, na minha casa, tem um monte de foto de vôlei, vôlei hoje é a minha vida”, expõe. Amanda também teve momentos em que, por conta da pressão, não suportava mais o tal do vôlei: “Eu tinha raiva de olhar pra bola de vôlei” (um tal de Tom Hanks, na pele de Robinson Crusoé, lhe entende, Amanda). E apesar de ser neta e filha de ex-praticantes do esporte, as cobranças só acontecem em quadra. Ainda que tenha uma carreira recente, a cascavelense é dona de um considerável número de títulos, entre os quais, destaca o de campeã do Sul-americano disputado em 2011 com a Seleção Brasileira, um Estadual disputado com o time do Cascavel, também como vencedora, e um segundo lugar alcançado nos Jogos da Juventude, novamente com o time cascavelense. “Eu me orgulho muito dela”, declara o Coordenador, que começou a se interessar pelo vôlei no seminário, mas já jogava desde tempos de colégio agrícola, desenhando a história com uma lesão no dedo, consequência de cinco décadas no esporte. Ainda no colégio, Ladir já mostrava competência em liderar: “Lá, eu mesmo montei as equipes, independente do professor, e disputava jogos de colégio agrícola”. Ao conhecer a história do também professor
pode ser uma pessoa contida, senão “vão montar de colégios estaduais, uma pergunta se faz em cima”. instantânea: Por que não optou pela carreira de A visão apurada de Padre – apelido que jogador? Entenda: Salvi não se dedicou apenas ganhou porque usava “oclinhos” tipo, de padre ao vôlei. Ele já subiu no pódio do decatlo, – no descobrimento de novos talentos apontou uma competição composta por dez provas para Amanda e deu no que deu... Em sucesso? de atletismo (DEZ provas!); foi considerado Sim, claro! Mas deu também em “Brigas o melhor atleta de handebol em 1974 e foi homéricas”, declara. “Foi a atleta com quem eu capitão da Seleção brasileira em dois brasileiros; mais briguei em toda minha vida”. Mesmo com vice-campeão de vôlei dos Jogos Escolares do as brigas, Ladir deixa claras suas preferências: Paraná em 1981, participando das duas Seleções “Prefiro doze bandidas na quadra, do que doze Paranaenses – vôlei e basquete – ufa, acho que é anjos. A probabilidade de ter resultado positivo isso (DEZ provas?!). é 99% maior, com atletas, entre aspas, bandidas, Só que era “muito difícil, muito difícil”, se do que com atletas muito comportadas”. refere à época em que era técnico do feminino, “Mas eu sempre fui ruim só com o Ladir”, masculino e ainda explica Amanda, com um ar cômico. jogava, já que “batia “Um sentimento de amor “Eu sabia o motivo escanteio, cabeceava de pai pra filha e de filha por que a gente pro gol e ainda brigava tanto, porque fazia súmula”. O pra pai e fico feliz porque o gênio é muito colecionador de parecido, daí eu era sinto que é recíproco medalhas foi, aos chata, eu brigava, poucos, deixando de eu retrucava, só que jogar e, de técnico, passou para Coordenador eu sabia que ele fazia isso pro meu bem”. No Geral do Voleibol em Cascavel. fundo, tudo se revela numa relação de pai e Formado pela Fundação Universidade do filha. “Um sentimento de amor de pai pra filha Paraná (hoje UEM), veio para Cascavel com e de filha pra pai, e fico feliz porque sinto que é o objetivo de dar aulas de handebol. Não deu. recíproco”, o que, segundo Amanda, aconteceu Outro professor tinha chegado à frente e desde início. E nesse relacionamento, a última pegado as aulas. Ironia do destino: “Na época, palavra é uma briga. A vantagem é que as outras disputas não querem nem saber de algum eu até fiquei chateado por que eu queria ter último lugar. ficado com o handebol”. O especialista em três toques ensina meninas desde 1976, no esporte no qual acredita ter grandes possibilidades de grandes conquistas. Porém, admite que trabalhar com o feminino é realmente mais Uma futura chama na tocha complicado. “A mulher por olímpica si só é muito complexa” explica, “dependendo do Sobre a possibilidade de disputar que você falar, você perde a próxima Olimpíada, Amanda uma atleta até”. Entretanto, é objetiva: “Acho muito cedo”. o professor, famoso por “É muito cedo porque ela pulou ser enérgico – “Sempre muitos degraus”, assente Ladir. fui linha dura e vou ser o “Ela tem chance sim, não para resto da minha vida” -, é esta, está muito em cima para também um paizão: “Faço ela”. Amanda Brock diz que, como não é de sonhar alto, para ela, tudo pelas minhas atletas, Rio 2016 não se trata nem de um eu me entrego de corpo sonho, mas de algo impossível. e alma pra elas, só que eu Será? cobro muito, eu não dou de graça, não”. A postura tem dado resultados, e é legitimada por Amanda que acredita que, para dominar um grupo de meninas, o técnico não
Não se trata apenas de três toques O Coordenador menciona que o Paraná está famoso porque atletas vêm agora para o estado ao invés de irem embora. Mas ele, que já treinou por várias vezes filhas de ex-alunas, alerta: “O esporte hoje, no Brasil, subsiste” e conclui que ele só subsiste por causa das prefeituras. Ladir defende que, pelo histórico que o voleibol possui em Cascavel, a verba deveria ser bem maior. Consciente dos trâmites que envolvem o repasse para o esporte, entende que a prefeitura tem prioridades, mas que, assim que elas forem resolvidas, espera um maior investimento não só no vôlei. Segundo o técnico, “ninguém tem no Paraná a estrutura que nós temos hoje, já me rasgaram elogios à nossa estrutura, ao trabalho que nos fazemos em Cascavel, à nossa equipe docente”. Entre os serviços que as atletas têm à disposição, Salvi menciona clínicas de cirurgia, ortopedia, entre outros serviços gratuitos. “O voleibol de Cascavel sempre teve muitos altos e poucos baixos e, mesmo assim, podemos dizer, com tranquilidade, que esse esporte em Cascavel é referência no Paraná”. Salvi ainda afirma que o Brasil é hoje o país do voleibol: “Quem tem as grandes conquistas da última década, dos últimos 15 anos?”, indaga já respondendo: “É o voleibol”.
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SEXO
POR Adriana Visioli
Reclamações em crise
Por Angélica Maria Jornalista
A sexóloga Adriana Visioli joga a boia salva-vidas para os casais em crise
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reclamação parece fazer parte da rotina das pessoas, principalmente quando se trata de uma vida a dois. Reclamar é fácil, difícil mesmo é fazer com que as pessoas façam alguma coisa para mudar o que está incomodando.
Eis alguns pontos a serem refletidos: »»A vida não está como você gostaria? »»O relacionamento está ruim? »»Sua vida sexual não está sendo satisfatória? »»E o que você tem feito para mudar isso? Se você está insatisfeito, comece a propor mudanças e a agir perante elas. Vale lembrar que a vida sexual também é o reflexo de como está o relacionamento. Se a vida do casal não está muito bem, por que o sexo estaria? A rotina e as reclamações deixam o relacionamento desgastado, chato, e a tendência a piorar é grande quando só existem reclamações e lamentações e nenhuma mudança, afinal, quem gosta de estar ao lado de uma pessoa que só reclama, ou ao lado de uma pessoa que não faz nada para melhorar? As duas coisas precisam andar juntas, parar de reclamar e melhorar, e isso deve acontecer entre os dois envolvidos no relacionamento. Começar quebrando a rotina pode fazer com que o casal lide melhor com as dificuldades que irão surgindo, pois irão ficar mais “leves”. Não que a rotina seja ruim, é boa e até é necessária, mas tudo tem o seu limite. Se nada é modificado no dia a dia do casal, vai ficando cansativo e monótono ao ponto de um não querer mais agradar ou desejar o outro. Aproveite que o inverno já foi, e anime-se nesta mudança de estação para dar um upgrade nesse relacionamento. Vamos lá para algumas dicas:
Foquem em atividades a dois. Há quanto tempo não saem sem pais, filhos, amigos e afins? Priorizem um dia na semana, ou pode ser uma vez por mês, mas dêem valor a esses momentos.
Deixem os filhos na casa de alguém, e tenha a casa livre para os dois namorarem. No sexo, explore outros cômodos da casa, deixe a cama como última opção.
Conversem sobre coisas boas, não apenas
reclamem da vida. Busquem conversar sobre sexo, sobre o que estimula cada um. Deixem a vergonha de lado.
Busquem cuidar da aparência e se arrumar, tudo o que é mais bonito é muito mais gostoso, um exemplo é a comida, não é muito mais gostoso e apetitoso um prato de comida bem elaborado e bem apresentado do que um feio e todo misturado? Surpreenda, inove, use da criatividade para mostrar ao outro o quanto é desejado.
Apimente a hora do sexo com brinquedos eróticos. E saiba erotizar os momentos a dois.
Escute mais quais são as prioridades do outro, e dê importância a isso. Enfim, qualquer crise pode ser modificada, basta o casal querer e buscar essa mudança. Vá em frente, mas não espere que a mudança venha apenas do outro, mude também, propor e realizar mudanças pode ser positivo para o amadurecimento e a felicidade do casal.
Sexo com amor ou amor sem sexo? Ou vice-versa!? arquivo pessoal
HOJE TEM
R . VIEI R A
C R Ô NICA
Promíscua. Essa palavra é pejorativa mesmo quando usada para incentivar as mulheres a deixarem de ser tão pudicas. Outra palavra feia. Esses deveriam ser dois belos palavrões. Pior que são. Por mais bem resolvida que seja a mulher, ser chamada por um desses dois nomes é ofensa. Ofensa letrada. Mas o que será hoje: promíscua ou pudica? Talvez letrada! Complicada é certo. Toda a mulher é complicada. Um ginecologista, desses bafentos, que sempre encabeçam um top Five, disse que as mulheres têm que ser mais safadas e os homens, mais afetivos. Num perfeito equilíbrio. Preliminares demais, segundo o doutor especialista, não estão com nada, porque não adianta ser só romântica. O homem fica meio frouxo. O lado promíscua viajava pelo tempo. Pelas noites fadadas a fracassos românticos na busca de um frouxo, enquanto ele – o louco do ginecologista – prosseguia em seu discurso. Um homem frouxo é cheio de nhê-nhê-nhê! Será que nunca perdeu uma só noite da vida com um exemplar masculino desse tipo? Não é romântica. Só pode ser isso. É isso que a lógica afirma. Definitivamente, não. Não podia se render assim. A vaga lembrança que tem no lugar de memória deve ter deixado passar alguém sem importância. Mas em algum momento da vida deve ter sido romântica. Tem que haver salvação. Ela não admite ter passado 30 e pouquinhos – bem pouquinhos anos – da vida fazendo sexo sem amor. A pudica então lembrou. Ela não iria se deixar vencer assim. Claro, como pode se esquecer de Carlos? Moreno, alto, bonito, sensual e... frouxo. Ele era um perfeito príncipe de contos de fadas. Saíam aos domingos. Iam ao parque, à igreja, tomavam sorvete e se beijavam. Com todo o respeito. Nunca treparam. Ele nunca ousou nada. Nenhuma tentativazinha de nada. Nada. Não houve sexo. Será que havia amor? A letrada se confundiu. Ela o amava? Naqueles dias, talvez. Ela queria sexo. Oh, isso sim. Fez o que era necessário, passou o frouxo a uma amiga romântica. Definitivamente, ela não o amava. Molhava a calcinha por qualquer exemplar “problema”. Homem que não tinha nada de frouxo. Tinha é pegada. Ela amou algum? Ela bem que queria, mas, no íntimo, sabia que era só mais um treps para a lista. Desistiu? Com certeza não. Mesmo promíscua, era um tanto pudica. E quase todas as vezes fez com amor. A seu modo, é claro.
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O clichê de o melhor da viagem é a viagem se aplica com precisão a uma aventura de 30 dias pelo Alasca – com direito a muito esporte e lição de vida P o r J u l i e Fa n k
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F o t o s A R QUIVO P ESSOAL
DE CARONA
A lição é sobre mochilas, mas é também sobre a natureza e a vida, esta coisa. Para construir um personagem, escritores recomendam criá-lo, definir suas características e deixá-lo num período de incubação, esquecido. Ao ler novamente, vale cortar palavras e o que sobrar é lixo. O que ficar, aos poucos, ganha corpo. Aí a gente muda esse personagem de cenário e vê como ele age: em família ou entre amigos, o que muda na sua personalidade? E entre desconhecidos num dos lugares mais inóspitos do mundo? O que esse personagem leva nas costas – na mochila e na alma?
Assista o trailer do documentário NEVERLANDING
Recomenda-se ler esta matéria ao som de Eddie Vedder. 59
DE CARONA
P a r a nã o d i z e r q u e nã o f a l e i d a s m o c h i l a s
nosso personagem é Maurício Cervenka. Formado em Propaganda e Marketing pela ESPM e com uma pós-graduação em Gestão Empresarial pela FGV, aos 29 anos, saiu de São Paulo com destino ao país do consumo na tentativa de fugir da rota. Na mochila, o suficiente para sobreviver ao frio e à fome. No coração, a vontade de tomar as rédeas do próprio tempo. 85 litros nas costas e a alguns quilômetros da civilização, as fotos eram o que restava para lembrar da família e da namorada. Em busca de um tempo para si mesmo e com a vontade de se sentir “realmente vivo”, passou por 80 dias de viagem pelos Estados Unidos num lugar bem longe das mecas de consumo: o Alasca.
Na natureza selvagem
A primeira parte da viagem correspondeu a um treinamento de uma escola chamada NOLS (National Outdoor Leadership School). Febre entre executivos que almejam posições de liderança, as escolas de treinamentos externos testam os limites de seus alunos em experiências outdoor, dando todo o suporte necessário às expedições. Mas engana-se quem pensa que o suporte e a supervisão tornam a tarefa fácil. Encarar uma expedição de 30 dias pelo Alasca exige persistência, espírito de equipe e uma extrema capacidade de lidar com situações de risco, além é claro de preparação física. O último quesito foi facilmente preenchido por Maurício: “Eu sempre fui atleta competidor de esportes de aventura em geral. Eu treinava já há alguns anos corrida em trilha, mountain bike e canoagem frequentemente e, através dessas modalidades, eu competia regularmente em provas de corrida de aventura. No final, o preparo físico não foi um obstáculo, porém, o preparo emocional tornou-se uma das maiores barreiras e consequentemente um dos grandes aprendizados.”, comenta a versão brasileira de Alexander Supertramp. No filme Na natureza selvagem (Into the wild, 2007), dirigido por Sean Penn e baseado no livro de mesmo nome escrito por Jon Krakauer, Alexander Supertramp, que, em português pode ser traduzido como “súper andarilho”, era a identidade de viajante de 60
Depois de passar por um visual destes, fica difícil mesmo estar de volta à sociedade.
Christopher McCandless, um jovem recémformado que abandonou a família para viajar. O lema da vida de Chris era viver com pouco dinheiro, em meio à natureza e o seu destino era o norte. Por que o Alasca, perguntamos!? “Por que não o Alasca? Na verdade, eu recebo esta pergunta com frequência, e o Alasca era dos lugares que me fascinava por sua beleza pouco tocada pelo homem. Esse estado norte-americano também é considerado uma dos grandes pontos de referência para a canoagem oceânica, modalidade que eu queria obter mais experiência. Para finalizar, se o Alex Supertramp pôde, por que eu não poderia!?”, provoca o atleta. Ao contrário de Christopher McCandless, Maurício não se desentendeu com a família, nem mesmo se aborreceu com a sociedade. Incomodado com a incompatibilidade de seus planos e de sua vida, resolveu ficar um tempo sem nada que o controlasse: nem relógios, nem celulares, nem cidades. “Tinha diversos planos que não se encaixariam em períodos esporádicos de férias e aceitar este padrão como sendo minha realidade para o resto da vida me perturbava profundamente.”, desabafa.
A viagem
No primeiro dia, já no pé do local de partida, o grupo que encararia a jornada passa por dinâmicas para conhecer a turma, treinamentos de como sobreviver à presença/
aproximação de ursos negros, experimento de todos os equipamentos, provisão de alimentos e organização da mochila. Na preparação para encarar as montanhas, o grupo aprende até a como se vestir – para se manter sempre secos e aquecidos. “Tudo neste curso é realizado de forma com que o grupo seja 100% autossuficiente, tanto na expedição quanto durante o planejamento, o que torna o aprendizado bastante intenso e ao mesmo tempo extremamente cativante.”, conta em seu blog. No meio do caminho, pedras, é claro. Para os primeiros sete dias, a comida estava garantida. Para o resto da viagem, uma meta. Encontrar dali sete dias, depois de uns 50km de trekking, no local combinado, um pequeno avião que pousaria e deixaria a provisão para os outros dias da viagem. “Após um curto sobrevoo, este maluco cuja profissão é conhecida como ‘bush pilot’ pousou em uma pista improvisada no meio do nada, que sequer tinha 150 metros. Sinceramente, coisa de louco!”, conta Maurício. Nos primeiros 15 dias, muito trekking. Uma média de 15km por dia com 22kg nas costas. Todos os dias, tinham uma média de 2h para preparar o jantar, guardar os equipamentos e montar o acampamento para passar a noite “estudando” no meio das montanhas geladas: “Nos concentrávamos em uma ou duas aulas, que variavam sobre temas como liderança, tomada de decisão, gestão de risco, gestão de equipes e os mais diversos tipos de comportamentos perante a natureza.”, narra o brasileiro. “Tivemos dias maravilhosos, fizesse
chuva ou sol. Passamos por paisagens típicas do Alasca e tive muitas oportunidades de afinar minha navegação através de mapas e bússola.”, complementa. “Azimutar”, que na língua de quem é adepto das bússolas significa “apontar para o norte”, era o mais fácil para quem já era adepto de um pouco de adrenalina: “Além dos esportes de aventura, também sou praticante do surf, skate downhill e skimboard e, sempre que possível, me arrisco também no snowboard.”, diz. A diferença, em termos de sobrevivência, era o ambiente: uma das melhores experiências, para Maurício, foi “conhecer e aprender sobre a cultura local e como este povo conseguiu evoluir suas técnicas de sobrevivência em um ambiente extremamente hostil e gelado”. Os outros 15 dias reservavam mais aventura: no meio da viagem, encontraram com um ônibus que os levaria até a pequena cidade portuária de Valdez, onde permaneceriam por dois dias treinando técnicas de caiaque oceânico. Depois de preparados, partiram para a cidade de Whittier, por meio do mar Prince William Sound. Foram 15 dias de percurso. 100 milhas náuticas. Mais ou menos 185km. Coisa pouca para quem já havia andado por mais de 200km, né? Um brinde às cenas épicas das aventuras de Alexander Supertramp em seu caiaque. Bateu uma invejinha branca das paisagens vistas por aí aqui no pessoal da Fôlego! Se você ainda não assistiu, a gente permite uma pausa nos exercícios para o cinema, mas sem pipoca! A parte mais oceânica da expedição selou um espetáculo à parte na memória de Maurício e de quem participou da jornada. Os próximos
Maurício e o caiaque utilizado para a prática de canoagem oceânica, nos últimos 15 dias de expedição.
trechos da aventura reservavam o que quem convive com a natureza em harmonia merece: “o voo preciso das bald eagles (águias símbolo dos EUA), a brincadeira na água das focas e dos leões marinhos e a desova do salmão.”, conta. Haviam se despedido da área em que corriam o risco de encontrarem-se com ursos marrons para encontrar até baleias jubarte. Entre as experiências que os últimos 15 dias de expedição revelaram a Maurício, ele narra o que experimentou: “Remamos perto de glaciares e icebergs que com seus deslizamentos podem se tornar grandes ameaças aos caiaques; realizamos travessias com ventos desafiadores e águas congelantes; encontramos uma fazenda de ostras em uma ilha aparentemente deserta, na qual conhecemos a sua única moradora que toma conta da criação e vive feliz e sozinha longe de tudo e de todos; e aprendemos a viver em nossa pequena comunidade expedicionária, preparando bons jantares e aprendendo até mesmo a fazer pizza em nosso acampamento.”, avalia. O acampamento terminaria com a chegada dos expedicionários à cidade de Whittier, mas a aventura não pararia aí.
A volta – Society, you’re crazy breed*
“Minha primeira aquisição após estes 30 dias foi um suco de laranja e um sorvete de palito! As pessoas olhavam para nós assustadas na loja de conveniência, talvez por nossa aparência ou talvez por nosso cheiro não condizente com os padrões da sociedade.”, foi o que declarou em seu blog ao retornar à “sociedade” e à “rede”, logo que voltou da expedição. Depois da experiência em meio à natureza, a segunda parte da viagem contemplou mais um mês entre hotéis, pousadas, albergues, sofás e o
“A sensação de estar de volta à sociedade é bem estranha.” banco do carro alugado. Entre os estados que passou, Califórnia, Arizona e Nevada. A pegada era outra, um pouco mais confortável, é certo, mas continuava sozinho. Mesmo antes, estar com pessoas sem vínculo, para o viajante, é, de alguma forma, estar sozinho. “Sem sombra de dúvidas lidar com essa solidão foi a maior de todas as dificuldades. Quem já viajou sozinho sabe bem do que estou falando e ficar 80 dias rodando por conta própria não foi fácil. Houve também desafios físicos em alguns momentos como o próprio frio, porém, de longe se comparam aos desafios psicológicos de estar só.”, relata. Para quem pensa que estar alheio às tecnologias foi um problema, Maurício assegura que não teve maiores problemas nesse quesito. A frase “Happiness is only real when shared” ficou famosa depois de aparecer na cena final com Chris no filme Na natureza Selvagem. Em português, “A felicidade só é real quando compartilhada”. No fim da viagem, a volta para a civilização reservava a Maurício uma sensação típica da mudança de cena: “O desafio agora era retornar à sociedade e conseguir se encaixar nela. Chegar em uma cidade, por menor que ela fosse, parecia algo maluco. Carros, barulho, pessoas, estradas, semáforos, dinheiro, espelhos, banheiros, telefones celulares e computadores. Um pacote de novas decisões que haveríamos de tomar em breve, no passado tão corriqueiras, agora seriam bem estranhas à nós.”, desabafa o viajante. Na vida, o cenário mudou. Era preciso tomar banho e vestir outras roupas para se adaptar à sociedade. “Acredito que este período tenha me tornado um ser humano muito melhor e um profissional mais completo. Acho importante que os jovens de hoje tenham formações 61
DE CARONA
P a r a nã o d i z e r q u e nã o f a l e i d a s m o c h i l a s
O que ficou na memória – So I can breathe... Necessidades fisiológicas
“Na segunda parte da expedição, podíamos nos dar ao luxo de ir ao banheiro apenas em 2 pessoas. Antes, tínhamos que arrumar mais 3 pessoas e isso tornava a simples tarefa de realizar nossas necessidades diárias um desafio e motivo de muitas piadas durante a expedição.”
A desova do salmão – um capítulo à parte
“Milhares de salmões sobem o rio para depositar seus ovos em um local seguro. Muitos morrem no caminho, e os que conseguem atingir seu objetivo morrem logo depois. É uma cena marcante de vida e morte, demonstrando o real sentido da vida que é a perpetuação das espécies.”
A sorte “Rasgamos muito mato pois aqui no Alaska não tem trilha não! A coisa aqui é bruta e o mato aqui é denso e espinhoso.”
acadêmicas, porém, acho também que elas valem muito pouco se não forem combinadas com períodos de vivência e aprendizado humano.”, relata. A bússola, já aqui no Brasil, apontou – se é possível – para o sul: um resquício nômade não o impediu de aceitar de bom grado uma nova vida em Curitiba e um novo trabalho em uma empresa de outro porte. No enredo, o personagem só trocou de roupa. Nada daquilo “Sou outra pessoa”. As mudanças são inevitáveis, mas o aventureiro que sempre se arriscou e nunca teve medo de se “jogar” nas oportunidades que apareciam apenas fixou características mais que necessárias a alguém que passa 30 dias acampando no Alasca: “Continuo não tendo medo e acreditando nos meus planos.”. As características da personalidade apenas se intensificaram. E se antes não sabia como lidar com algumas situações de risco, agora, treinado e escolado na arte da sobrevivência, sabia que sua carga de trabalho ou de responsabilidade, por mais pesada que fosse, não teria o peso da mochila que carregou por 30 dias. Tudo seria muito mais leve e, quem sabe, mais fácil – pelo menos, sem o peso que as grandes decisões pré-Alasca traziam: “O pacote de experiências adquiridas fez com que o processo de tomada de decisões fosse mais tranquilo. Agora consigo tomar decisões mais assertivas.”, comenta Maurício. Decisão difícil deve ser a de escolher o próximo destino de viagem, mas a gente entende se, um dia, ele decidir repetir a figurinha. Ah, se entende. Um hasta-la-vista desta escrevente que está indo, adivinha!, arrumar a mala. Para mais informações: http://neverlandingexpedition.wordpress.com
“Quando finalmente podíamos pescar salmão, essa teria sido uma das tarefas mais emocionantes, não fosse pelo dia em que, após remar durante 15 milhas náuticas ou 27km (um de nossos dias mais longos), ao pousar em uma praia, deparamos com uma águia que havia acabado de pescar um salmão. Com nossa chegada, resolveu fugir deixando a iguaria para nós. Não há como comer um salmão mais fresco que esse. Outros também faziam piadas sobre “roubar” da américa, se referindo a roubar o salmão de uma águia, símbolo dos Estados Unidos. Bem ou mal, o Tio Sam havia nos presenteado com um banquete nesse dia e nós não iríamos recusar.”
O que aprendi
“Presenciar a desova do Salmão e degustar maravilhosos pratos deste peixe após ter pescado bons exemplares da espécie. Me isolar por uma semana uma cabana no meio de uma mata repleta de ursos negros e conviver em harmonia com a natureza. Ser deixado de helicóptero em uma lagoa de um glaciar e voltar remando durante dois dias até a civilização mais próxima. Aprender a participar de uma expedição de 1 mês acampado e principalmente a trabalhar em equipe para atingir os objetivos em comum e levar todos em segurança até o objetivo final. Enfim, seria difícil mencionar todas em poucas palavras.”
Esportes
“Durante meu período no Alasca, realizei muito trekking e corridas em montanha, muita canoagem oceânica, rafting e também um pouco de downhill de mountain bike. Isso sem mencionar da pesca do Salmão, que também é um esporte além de uma maneira de sobreviver em meio à natureza.”
Você também partiu para expedições que envolvem esportes radicais? Compartilhe sua história com a gente! jornalismo@ revistafolego.com.br ou fotografe e compartilhe com as
* Trecho de uma das músicas da trilha sonora do filme Into the wild. Em português, “Sociedade, sua raça louca”. 62
hashtags #revistafôlego #fôlego #esportesradicais #mochilão
VAMBORA
P O R P r i s c i l a Gr u t z m a c h e r
BONITOS POR NATUREZA FOTOS a r q u i v o p e s s o a l
A bióloga Priscila Grutzmacher traça um roteiro supimpa do Paraná, ecoturisticamente falando
Foz do Iguaçu/PR Parque Nacional do Iguaçu
Paranaguá/PR Ilha do Mel
“O lugar é magnífico. Toda a vez que vou ao Parque, vejo algo diferente e me sinto anestesiada diante de tanta beleza. Existem duas épocas distintas, a de seca e a chuvosa, que exibem belezas diferentes, uma melancólica devido à escassez de água, outra exuberante, mostrando todo o poder das águas. Além disso, poucos sabem, mas existem trilhas ecológicas no meio da mata para se fazer caminhando, além de arvorismo, que é muito divertido. Também dá para alugar bicicletas e dar uma bela pedalada pelas trilhas. A hospedagem pode ser em hotel, mas do lado argentino existem bons campings e, para os que gostam de boa comida e música, a noite argentina traz ótimas atrações. Portanto, Foz do Iguaçu seria um destino para quem quer se aventurar na natureza de dia e ter ótimas aventuras gastronômicas à noite”.
“Dentro da baía de Paranaguá encontra-se esta ilha linda, de praias extensas, dunas e um verde exuberante, até então bem conservados devido ao número restrito de turistas que se pode receber a cada estação. Na ilha existem pousadas para os que querem mais conforto e campings para os mais ousados. A natureza fala por si só, uma vez que em média 80% da ilha é reserva natural. A ilha possui muitas trilhas no meio da mata, até porque não são utilizados veículos de nenhuma forma. O meio de locomoção é de barco ou a pé. Um ótimo local para esquecer da vida cotidiana, contemplar a natureza terrestre ou aquática e, de quebra, surfar ou mesmo deitar sobre a areia e pegar um bronzeado. Ainda existem os passeios históricos que são igualmente belos, como o do Farol das Conchas e da Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres”.
Guaraqueçaba/PR Reserva Natural do Salto Morato “Localizada no litoral paranaense, Guaraqueçaba é uma típica vila de pescadores, um dos primeiros, se não o primeiro local a ser colonizado por portugueses no estado do Paraná, em 1545. A cidade é pacata, muito boa para descansar. Na localidade e arredores existem muitas pousadas simples, porém, aconchegantes, uma vez que a demanda turística ainda não é grande. Isto possibilitou, de certo modo, a preservação da natureza de forma única. Uma vez que se encontra na beira da Serra do Mar, a imensidão verde da Mata Atlântica é um dos principais atrativos, mais até do que a praia. Existem muitas trilhas para exploração turística da mata, com observação de pássaros, flora e também com rios e cachoeiras. Um pouco distante da cidade está a Reserva Natural Salto Morato, pertencente à Fundação Grupo Boticário, creio que um dos lugares mais lindos de lá. Rios pedregosos em meio aos montes verdes erguidos no meio da serra, muitas flores, pássaros, cachoeiras de águas cristalinas e muito sossego. Dá para acampar no local, porém, deve é preciso fazer reservas com antecedência.”
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ONDE TEM
Nutricionista Paula Vasconcelos Cascavel – PR (45) 9964-4225 paulafvasconcelos@gmail.com
Physical Fitness Travessa Cristo Rei, 145 Cascavel – PR (45) 3039-0055 www.physicalpr.com.br
Magazine Luiza Avenida Brasil, 6418 Cascavel – PR (45) 3219-1050 www.magazineluiza.com.br
Petrol Fitness – Rodrigo Poderoso Rua Manaus, 2333 (45) 3096-8644 www.petrolfitness.com.br
Clinika – Thaisa Kamiji e Bruna Cecchele Lima Rua Santa Catarina, 1656 Cascavel – PR (45) 3035-2595 / (45) 3039-2575 www.clinika.com.br
Two Dogs (41) 3046-0338 www.twodogs.com.br
Ieden – Instituto de Endocrinologia, Diabetes e Nutrição Dr. Renê Azzolini e Dra. Christiane Azzolini Rua Curitiba, 918 (45) 3222-9905 www.ieden.com.br Personal Trainer Anderson Benites (45) 9969-7060 andersonbenites@hotmail.com Sexóloga Adriana Visioli Rua Rio Grande do Sul, 1853 Cascavel – PR (45) 3223-6381 / (45) 3225-0123 www.adrianavisioli.com.br Ceot – Centro Especializado em Ortopedia e Traumatologia Rua Dom Pedro II, 2139 Cascavel – PR (45) 3222-1440 / (45) 3037-1440 www.ceot.com.br
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Renan Felipe Hartmann Nunes Academia Corpu’s Fit Brasil Rua Marechal Deodoro, 1483 - Centro Marechal Cândido Rondon nunesrenan85@hotmail.com 45 99643172 Dr. Nilson Zortea Ferreira Rua Antônio Alves Massaneiro, 414 Cascavel – PR (45) 2101-7700 Netshoes Rua Vergueiro, 943 São Paulo – SP (11) 3028 – 5355 / (11) 3070-6999 www.netshoes.com.br Polishop Rua Kanebo, 175 Jundiaí – SP (11) 3444-0114 www.polishop.com.br
Adidas 0800 55 62 77 www.adidas.com.br Nike 0800 703 6453 / (11) 5504 6453 www.nike.com Vibram FiveFingers www.vibramfivefingers.com Asics 0800-0777776 www.asics.com.br Equilíbrio Vertical R. Paraná, 365 - São Cristovão, Cascavel - PR, 85813-010 (45) 3035-3191 www.equilibriovertical.com.br
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Adriana Visioli não espera que alguém traga a felicidade ou que ela venha bater na sua porta. Para a psicóloga, as coisas dependem dela. A sexóloga gosta de (ah, safadinho!) ler, escrever e, quando lhe resta um tempo, correr e puxar uns ferros na academia. O trabalho para ela é muito gratificante, porque se sente bem fazendo os outros se sentirem também bem.
Priscila Grutzmacher não é qualquer bicho grilo de prédio – já conseguiu ficar um mês sem energia elétrica numa viagem. A bióloga faz jus à profissão, é uma amante da natureza que adora aventura – Aiô, Silver! A poluição e o estresse da cidade de Campinas lhe fazem sentir ainda mais falta da convivência com o verde e o ar puro. Além da paz que alcança observando paisagens e os animais, Priscila acredita que essas sensações proporcionam um maior autoconhecimento.
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Angélica Maria Apesar de fazer poesia no tempo livre, Angélica Maria é pós-graduada em estratégias da comunicação e sonha
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muito alto para uma jornalista: busca por tranquilidade e tempo livre. A dançarina de balé gosta mesmo é de viajar, já que a maioria de seus amigos mora longe. Ela também se sente revigorada com uma cerveja gelada num dia quente e tem como trilha sonora um bom samba raiz. Ela dispensa qualquer poltrona pelo conforto da rede.
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ANTIA DE
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