Fôlego #02

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DIRETORES Douglas Popenga d.popenga@editoradfp.com.br Felipe Pedroso felipe.pedroso@editoradfp.com.br Julie Fank julie.fank@editoradfp.com.br

Diretor Administrativo Douglas Popenga Diretor Executivo Felipe Pedroso Diretor de Criação João Victor Alves

Diretores de Arte Danny Fernandes e Fábio Bagatoli Assistente de Arte Carolina Maffei Mincarone Diretora de Redação Tátila Pereira Jornalista Responsável Giovana Danquieli

Jornalistas Claudemir Hauptmann e Tátila Pereira

Estagiário de Jornalismo Ricardo Pohl Executivos de Contas Renato do Prado Assis e Hudson Rocha Assessora Executiva Patrícia Velte Marcato Fotógrafo Rodrigo Vieira COLABORADORES Adriana Visioli, Adriano Kwiatkowski, Carol Wieser, Julie Fank, Marcele Antonio, Marja Antonello A revista Fôlego é uma publicação bimestral da DFP Editora Ltda. Rua Manoel Ribas, 2477 - Centro - Cascavel - PR - CEP 85801-230 www.editoradfp.com.br Inscrita no ISSN sob o número 2318-3853 CENTRAL DE ATENDIMENTO 45 3306 6336 - 3306 3663 jornalismo@revistafolego.com.br www.revistafolego.com.br REDAÇÃO contato@revistafolego.com.br COMERCIAL Felipe Pedroso felipe.pedroso@editoradfp.com.br 45 9937 8873 Renato Prado r.prado@editoradfp.com.br 45 9973 4029 Hudson Rocha hudson@editoradfp.com.br 45 9931 1931

IMPRESSÃO Gráfica Positiva PAPEL Kgepel MARKETING E COMUNICAÇÃO

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start

Sobre hashtags e outras cositas

V

ejo um movimento interessante e que me perturba, apesar de se repetir todos os anos. Ele está nas ruas, nos parques, nas academias, na internet. É a corrida contra o tempo, contra a gravidade, contra o sedentarismo. Preciso confessar que também faço parte dessa manada que vai ao encontro de um verão de menos pelancas e mais músculos. Faz parte do nosso instinto: temperaturas sobem, as roupas ficam menores e o que é para se mostrar tem que estar bonito. São os projetos da estação, acompanhados das hashtags: #projetofulana, #projetacicrana, #projetobeltrana. Só que, depois de pular o carnaval, é quase certo que grande parte dos atletas veranistas baterão em retirada da rotina de exercícios físicos. Processo inverso e controverso. Sabemos que tudo vai recomeçar quando outubro de 2014 chegar, então por que não aguardar os dias quentes já nos trinques?! Já que está na moda, também proponho uma hashtag para minha vida, resto da vida, aliás. Em contato com tanta gente feliz com o shape e com a saúde, entendi que não é o verão que merece um corpão, é você que merece qualidade de vida o ano todo. Quer entrar nesta parada?! Então, vem comigo no #projetofôlegoparaavidatoda. Para entrar nessa, escolhi a corrida – tá, confesso que, por enquanto, é uma caminhada intercalada com corrida, mas não me crucifique, estou no caminho. Com isso, entendi na pele os efeitos da serotonina e dopamina explicadas lá na matéria sobre a corrida (página 60). Sem dúvida, o símbolo da busca de um projeto forever está na figura do Jorge Bentes, uma subcelebridade da internet, graças à força

de vontade para jogar no lixo 70 quilos de gordura e uma vida inteira de sedentarismo. Que história! (página 24). Se quiser começar limpando tudo por dentro, que tal um suco verde delicioso?! (página 20). Caso seu objetivo esteja só da cintura pra cima, siga os exercícios para os bíceps e os tríceps (página 40). Ou ainda mexa o corpo todo na patinação (página 44). E se o que te falta é obstinação, pega um pouco lá nas páginas da Prosa com o Roberto Maehler (página 50). O convite tá aí, cheio de opções e adaptações para que você faça só o que te faz bem – 12 meses por ano. Se ainda não te convenci, você tem mais de 70 páginas aí pela frente para se engajar. Bora lá?!

Tátila Pereira Diretora de Redação

Roberto Maehler no Lago Municipal

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índice

nov/dez 2013 edição 02

COMES E BEBES

PROSA

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NÃO DIGA “ECA”! Aprenda a degustar o suco verde e

desfrutar de todos os benefícios dele

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PEIXE Fora D’ÁGUA bemsucedido

Roberto Maehler está na rota das Olimpíadas de 2016 e não vai se perder no caminho

65 ÓCIO PRODUTIVO

Pitadas de entretenimento, com Ricardo Pohl

HOJE TEM

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A SATISFAÇÃO DO POMPOARISMO

36 SALA DE ESPERA

OI, TUM, TUM, BATE CORAÇÃO

Comida certa e exercício na medida, em busca da batida perfeita

Faz bem para a saúde delas, aumenta o desejo deles

VITRINE

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EM FORMA DESLIZE IMPECÁVEL

Prepare seu arsenal contra o

Patinar é uma arte, emagrecer

sedentarismo

faz parte

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SUSTANÇA ELE CANSOU DE SER GORDO!

Jorge Bentes limou mais de 70 quilos da vida e virou uma subceleb fitness



índice

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nov/dez 2013 edição 02

PODIUM

TRINCADO

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CORRA MESMO! NÃO A ESMO!

NEM PRECISA DE ESPINAFRE

Edson dos Reis mostra a trilha da corrida correta

15 EIS A QUESTÃO

Um circuito para fermentar o bíceps e o tríceps

Quem entende, responde

57 troféu fôlego

Projeto Atacar em Toledo mudou o rumo de várias histórias

63 VAMBORA NUNCA DIGA: DESTA ÁGUA NÃO BEBEREI DE CARONA

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OUTRO TIPO DE ARTE

Leo Borges foi ao berço do Muay Thai se especializar no esporte

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Carol Wieser vai fundo nas indicações de lugares para mergulhar

73 ONDE TEM Como, quando, onde

74 COLABORADORES

A galera que deu aquela força nesta edição

BELEZURA

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BARBARIDADE

As dores e as delícias de ter a cara coberta por pelos


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Eis a questão! Quem entende, responde!

arquivo pessoal

R . VIEIRA

R . VIEIRA

j o r n a l i s m o @ r e v i s ta fo l e g o . c o m . b r

Carla Patrícia Maffei

Aline Basso

Robson Olivoto

É VERDADE QUE A gema do ovo faz mal À SAÚDE?!

A BANANA É A MELHOR OPÇÃO PARA EVITAR A CÂIMBRA?

A gema não faz mal. Segundo a

Fazer exercício no aparelho focando na repetição rápida sem peso ou focando no peso tem o mesmo efeito?

nutricionista Carla Patrícia Maffei, “na

Não, eles têm efeitos e indicações

educador físico e Mestre em Biologia

gema do ovo, encontramos, além da

diferentes, como explica a educadora

Celular e Molecular Robson Olivoto. “A

proteína, ômega 3 (diminui a resposta

física Aline Basso. “Com as repetições

concentração de potássio na banana, do

inflamatória nas lesões musculares e

rápidas, vamos alcançar o melhor

acelera o processo de recuperação),

condicionamento físico. A musculação

colina, ácido fólico e minerais e todos

de alta velocidade é indicada para

eles são responsáveis pelo bom

atletas de alta performance, praticantes

funcionamento corporal. A proteína é

de modalidades específicas que

de extrema importância para aqueles

necessitam desenvolver explosão e

indivíduos que buscam ganho de massa

potência muscular. Já a musculação

muscular, já que é utilizada para a

focada no peso e com as repetições

síntese proteica que ocorre no período

compassadas desenvolve o aumento da

pós-atividade física. Durante o exercício,

massa muscular e da força, objetivo que

ocorrem lesões nas fibras musculares

a maioria dos alunos procura. A variável

que precisam ser reparadas, e,

nesse caso não será a velocidade,

fornecendo a quantidade necessária de

mas a carga que ele vai usar, prática

proteínas, pode-se acelerar o reparo

recomendada para treinamentos de

muscular e favorecer o aumento de

hipertrofia, emagrecimento e qualidade

massa muscular. Para os atletas e não

de vida. Temos sempre que lembrar que

atletas, o que deve estar bem claro

os alunos devem realizar os exercícios

é o benefício de uma alimentação

com uma velocidade compassada,

ativação, para trabalharem. Isso quer dizer

balanceada em todos os seus nutrientes

buscando sempre dar ênfase na

que, durante esforços de longa duração,

dependendo da necessidade nutricional

execução do movimento correto de

pode-se desenvolver uma desidratação leve,

de cada pessoa”.

acordo com sua limitação.”

que pode resultar na câimbra”.

Pode comer o ovo inteiro, caro leitor!

Comer banana é bom, mas não resolve esse problema, não, de acordo com o

ponto de vista da biofísica e fisiologia, não se sustenta como algo verdadeiro no combate à câimbra. As últimas análises demonstraram que a contração involuntária é resultado da incapacidade momentânea, transitória e passageira de ressíntese de ATP, molécula responsável por liberar energia para que as funções vitais ocorram, ou seja, para que todas as células funcionem. As câimbras aparecem após um dia de desgaste físico ou então durante desgastes físicos intensos. Para reduzir a possibilidade de desenvolvermos a câimbra, o remédio fundamental é a água. Uma das características das enzimas que são responsáveis pela ressíntese de ATP é que elas utilizam, em parte, a energia contida nos hidrogênios da água, como energia de

Tá com alguma dúvida?! A gente ajuda você. Envie um e-mail para jornalismo@revistafolego.com.br com sua pergunta - além do nome completo, cidade e estado –, que os nossos especialistas respondem. Só que, atenção: as dúvidas são respondidas de forma genérica. Portanto, mesmo que sua pulga atrás da orelha seja tirada, sempre é preciso procurar um profissional.

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VITRINE

p o r tát i l a p e r e i r a

fotos divulgação

1 Pulo sem malandragem

2 Tudo o que vai, volta

3 Suporte para correr

Dá para pular corda de um jeito mais profissa. Ao invés de você ir contando os seus pulinhos, a corda digital Torian faz isso, além de marcar o tempo do exercício e as calorias queimadas. Um BIP avisa quando o tempo estipulado terminou. E atenção, espertinho: se parar de pular, o tempo para de contar. Então, nada de roubar, malandro! São três metros de extensão, fabricados em PVC. O visor é de LCD e os vários botõezinhos são fáceis de mexer.

Com certeza, jogar bumerangue não deve estar na lista das atividades físicas que você costuma praticar. Mas nunca é tarde. Esta opção tem uma mistura de cores que dá um efeito bacana quando lançado e, ainda, percorre até oito metros, aí, volta para suas mãos. O bumerangue Buzzy tem o desenho ideal para campos, praias e até espaços mais reduzidos, como quadras cobertas. R$ 12

A leveza do tênis Mizuno Wave Prophecy é o que você precisa para voar no treino. O modelo ainda te dá o bônus da tecnologia Dynamotion Fit, que minimiza contusões e o estresse das articulações. O calor excessivo, normalmente presente, é jogado para fora com o sistema de ventilação. Para completar, a palmilha foi anatomicamente pensada para deixar a corrida um conforto só. R$ 999

www.bumeranguesbrasil.com.br

www.mizunobr.com.br

www.estrela10.com.br

4 Pendurado e malhado A Barra Vollo permite intensa malhação sem você arredar o pé de casa. Anote aí! Os materiais necessários para isso são: a barra e uma porta. Pronto. Com ela, é possível variar os exercícios, trabalhando movimentos abdominais e lombares e dando maior elasticidade e resistência física ao seu corpo. A barra se adapta a qualquer batente de porta e para montar é rapidinho. O máximo de peso suportado é 110kg. R$ 100

www.americanas.com.br

5 O que falta no tamanho

sobra na potência

Mesmo pequenininho, o Ipod Shuffle não deixa nada para trás e, para um atleta animado como você, o quadradinho faz sucesso. São 2 gigas de capacidade. E ele não é só portátil: vira um acessório de tão bonitinho que é. Dá para colocar na camisa, no shorts, na bolsa... Ele está disponível em 7 opções de cores, com show no design e na praticidade. R$ 259

www.apple.com.br

6 Derrapar é o que importa É para adulto, sim! Para adultos afim de uma overdose de diversão. A mistura já é um atrativo: o triciclo Drift Trike Dream parece uma evolução híbrida dos carrinhos de rolimã misturados com as bikes bmx. O bom mesmo é descer uma ladeira com ele, derrapando, o que é potencializado pelas rodas de plástico, que têm menos atrito com o asfalto. R$ 540

www.drifttrike.com.br 17


VITRINE

7 Pule de alegria É muito divertido sair pulando com um destes por aí. Como se trata de um exercício aeróbico, o Kangoo estimula a queima de calorias, aproximadamente 800 em 45 minutos. Isso tudo quer dizer que a alegria será redobrada para quem quer perder peso sem abrir mão do entretenimento. O Kangoo é indicado para todas as idades e não exige que você seja um canguru para usá-lo por aí. R$ 890

www.pedala.com.br

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Passada diferente

O Springblade é cheio de tecnologia – e isso você já nota no formato. São 16 lâminas com ângulos precisos e densidades específicas para cada fase da passada. O material, em conjunto com o sistema Techfit, oferece alta flexibilidade e deixa o produto 7 vezes mais resistente à temperatuta do que o EVA padrão. É uma relação recíproca: a força da pisada é devolvida para você. Tem versões feminina – como a da foto – e masculina. R$ 999

www.adidas.com.br

9 Na linha – parte 2 Viu a prática de slackline na edição passada e ficou com vontade de começar a fazer também?! Dê os primeiros passos com este kit. O Slackline Gibbon Classic conta com uma fita mais grossa, ideal para quem é iniciante ou está no nível intermediário do esporte – o que facilita o aprendizado. A tensão máxima suportada é de 4 toneladas e a catraca com trava deixa o exercício mais seguro. R$ 319

www.casadobrother.com.br

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EKAMBA

190

R$

,00

6X

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COMES E BEBES

Não diga “ECA!” Fazer careta para o suco esverdeado não é uma atitude muito saudável. Entenda os benefícios que fizeram a bebida estar na boca do povo e até no copo das famosas P o r TÁTILA PEREIRA

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F o t o s R o d r i g o V i e i r a E DIVULGAÇÃO

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Comes e bebes

NÃO DIGA “ECA!”

O

preconceito deve ter vindo das memórias – traumáticas – de infância. Aquela época em que muitos eram gentilmente obrigados pelas mães a engolirem algumas folhas verdes. Daí a tendência a tapar e torcer o nariz para o suco verde. Mas o tributo à vida saudável deu uma nova chance à bebida. Hoje, não há blogueira fitness, não há nutricionista pop, não há famosa gata que não tome o suco. E você não vai ficar para trás, certo?! A cor traz consigo uma gama

MARJA ANTONELLO

imensa de benefícios, todos elencados e aproveitados pela nutricionista, pósgraduada em Nutrição Clínica Funcional, Marja Antonello. É uma imersão em coisas boas. “O suco verde tem ácido fólico, que faz a manutenção do sistema nervoso e dos glóbulos vermelhos no sangue; magnésio, que alivia o stress, cólicas menstruais e participa da maioria das reações orgânicas; cálcio, importante para saúde dos ossos; zinco e ferro, importantes para o sistema imunológico; e antioxidantes capazes de impedir a ação dos radicais livres, que levam ao envelhecimento precoce e a doenças”. Está bom para começar. Copos de suco verde também proporcionam a você uma faxina no organismo. “A bebida auxilia na desintoxicação, isto é, estimula o corpo, sobretudo o fígado, a eliminar toxinas, confere saciedade, equilíbrio do ph, melhora a circulação sanguínea e linfática, diminuindo a retenção de líquidos,

melhorando a pele e a celulite”, explica Marja, o que soa como música aos ouvidos dos vaidosos. A cereja do bolo fica para o emagrecimento, possível se você tomar regularmente o suco. A perda de peso acontece por conta das fibras presentes na mistura, que dão saciedade e melhoram o funcionamento do intestino. Não tem hora certa para consumi-lo. Mas para maximizar todos os efeitos citados, bom mesmo é tomá-lo em jejum. Assim, os nutrientes são melhor aproveitados pelo organismo. Os cúmplices para o verde aparecer podem ser vários: salsinha, espinafre, agrião, brócolis, rúcula, alface. Todos têm o seu valor, mas nenhum deles é tão poderoso quanto a couve, santa couve! Ela tem mais ferro que a carne, mais vitamina C que a laranja, o cálcio dela é melhor absorvido que o do leite e faz bem para os olhos, pele, coração e ossos. Nenhuma aversão ou trauma de infância vai resistir ao poder desse verdinho.

Vai pra cozinha! Potencializando seu suco A nutricionista dá ainda mais dicas para que os benefícios do suco verde sejam ainda mais presentes

1 Prefira tomar o suco logo após sua preparação, assim você minimiza a perda de vitaminas.

2 Evite coar a suco para manter as fibras que promovem a saciedade e auxiliam no funcionamento intestinal. 3 Evite adicionar açúcar ou adoçante aos sucos. Se for necessário adoçar, utilize o mel, xarope de agave ou stévia.

4 Prefira que os ingredientes utilizados no suco sejam orgânicos. 5 Se você deseja potencializar o efeito do suco sobre a função intestinal, você pode acrescentar nele fontes de fibras como a chia e a linhaça.

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Existem zilhões de receitas de suco verde por aí! Não conhece nenhuma? Comece por essa delicinha indicada pela Marja, ótima para quem está se sentindo inchado:

Ingredientes:

1 pires de couve manteiga crua picada 1 fatia média de abacaxi 350ml de água de coco 1 colher de sobremesa de salsinha 3 folhas de hortelã ½ limão descascado bem superficialmente

Por que tomá-lo?

Modo de Fazer:

No copo do liquidificador ou na centrífuga, bata bem a água de coco, a couve e a salsinha. Acrescente o abacaxi, gotas de suco de limão e a hortelã. Bata até ficar bem homogêneo. Se preferir, substitua o abacaxi por melão.

“A couve tem efeitos cicatrizantes sobre a mucosa do aparelho digestivo, especialmente por conta da quantidade de magnésio. O abacaxi contém uma enzima (a bromelina) que é digestiva. E a hortelã contém óleos essenciais que auxiliam na produção de ácido clorídrico no estômago – o que aumenta a capacidade de digestão. O limoneno, aquela película branca logo abaixo da casca do limão, aumenta a capacidade do organismo de expulsar toxinas, inclusive aquelas que podem atrapalhar o funcionamento intestinal. A salsinha, rica em vitamina C, junto com o limão, dá um sabor especial ao suco e atua como conservante de todos os nutrientes.” Marja Antonello


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Pratique natação e sinta todos os seus benefícios: bem-estar, relaxamento e melhorias para a sua saúde. Treinos para fortalecimento muscular ou reabilitação.

Quer saber mais? Assista uma matéria completa sobre a natação da Fitness.

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SUSTANÇA

Ele cansou de ser

gordo!


P o r MARCELE ANTONIO

arquivo pessoal

Era uma vez um cara enorme, de 150 kg, que cansou da vidinha de ter que bolar estratégia para passar em catracas, ficou exausto da rotina de ter medo de sentar em cadeiras de plástico e decidiu dar um basta na gordice. Por vaidade, por saúde, para se manter vivo! Com vocês, Jorge Bentes, o jornalista de 32 anos, que usou a reeducação alimentar e os exercícios físicos para jogar fora 70 quilos! Que deixou as camisas Extra GG para sair divo com camisetas M folgadinhas! E tudo isso com um bom humor impagável, levando todo mundo junto no bordão: “Bora emagreceeeeer, geeeente!”. /

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F o t o s R o d r i g o V i e i r a E ARQUIVO PESSOAL


sustança

E L E C A NSOU DE SER G ORDO

N

o dia 31 de outubro de 2013, ele subiu na balança da academia para a pesagem rotineira. Mas, dessa vez, com expectativa maior e vontade extra de ver aqueles numerozinhos. Num fim de tarde de quinta-feira, o jornalista Jorge Bentes, registrou na balança 78,9 kg: um peso idealizado por nove meses. Ele atingiu, com bônus, a meta de passar dos incômodos 150 kg para os satisfatórios 80 quilinhos. Poderia ser mais uma história de um obeso que passou por cirurgia bariátrica, resolvendo tudo na “faca”. Só que o gordinho dessa história nunca pensou em cirurgia. “Minha mãe queria que eu fizesse, fiz até consulta, mas já sabendo que eu nunca ia fazer aquilo, porque eu tenho medo. É uma coisa muito invasiva: o índice de pessoas que fazem a cirurgia e depois trocam a comida pelo álcool é muito grande, cai cabelo, é um monte de coisa que eu não acho saudável. Só é bom para casos muito extremos, e acho que a cirurgia está banalizada, tipo ‘vou ali na esquina fazer uma redução de estômago e já volto’, ‘eu tô com cento e poucos quilos, eu vou engordar pra fazer cirurgia’ é o que mais tem. Por isso decidi não seguir por esse caminho”, justifica o “ex-cheinho” alto astral. Tá... mas se não rolou uma reduçãozinha, se não teve interferência de cirurgião plástico, ‘qualé’ a da mudança drástica do cara?! Como ele mesmo diria, “câmeras em mim”, porque vai começar “A” história! É que o Jota Ben, gente... o Jota Ben fez tudo do jeito mais caxias e certinho da face do world! Reeducação alimentar é o nome da tática infalível e transformadora. “Eu sabia por onde começar, porque eu sempre fui um gordinho interessado em nutrição. Já tive muitos amigos nutricionistas, então sabia tudo sobre dieta, eu não fazia porque era sem vergonha mesmo! Então, eu procurei uma nutricionista, e isso é importante: mesmo você sabendo de tudo, procurar ajuda de um especialista. Liguei para ela e comecei a seguir a dieta”, esclarece, contando que, junto com a rotina saudável

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sustanรงa

E L E C A NSOU DE SER G ORDO


de alimentação, veio também uma programação diária de exercícios aeróbicos e de musculação. A atitude foi tomada quando o jornalista se viu sem saída. Depois de episódios e mais episódios frustrados, de dietinhas malucas do tipo “coma somente arroz integral e uvas verdes durante o dia todo”, de matrículas nunca efetivamente usadas em academias... Ele deu o bye bye definitivo para aquilo tudo que sobrava. “Minha ficha caiu quando eu cheguei em Cascavel no início desse ano, tinha 31 anos. Fui fazer uma caminhada no parque e percebi que não conseguia andar. E falei: eu tenho 31 anos e não consigo caminhar meia hora, ou eu dou um basta agora ou eu vou morrer! Quando eu tomei essa consciência, quando a ficha caiu que eu tava morto, porque ninguém me olhava, eu não tinha prazer em nada, só em comer, então ou eu mudava ali ou era o fim”, detalha. Nasce a subcelebridade fitness! Dali para frente ele se assumiu: colocou na cabeça que era um compulsivo por comida, mas não se aceitou assim. E nasceu ali um Jorge diferente: um cara determinadíssimo, que trocou todos os chocolates, pizzas e refrigerantes por uma marmitinha de batata doce, que faz parte da dieta inicial de 1600 calorias. Um cara que precisou praticamente adotar uma costureira, já que “os sacos de batatas” se transformaram em enxutas calças número 40. Um cara que não precisa caminhar, porque agora consegue correr! Um bem humorado garoto fitness, que não perde nenhuma aula nova na academia (já dançou até zumba!) e por conta disso agora consegue cruzar as pernas e passou a sentir uma parte do corpo que nem sabia mais que tinha (calma, que é a saboneteira!). Ah, e é claro, com tudo isso, surge a óbvia fama: Jorge Bentes, meu queridos, é uma subcelebridade: um “muso” da Internet! É que toda a trajetória de emagrecimento foi minuciosamente registrada em um blog. O www.r7.com/canseidesergordo é o diário de um gordo em transformação. Tem vídeo desde os primeiros dias de dieta, até o esperado dia do cumprimento da meta de eliminar 70kg! Jorge grava tudo: os exercícios suados nos aparelhos mais tensos da academia, as dicas da nutricionista, e até os momentos mais íntimos (coisas do tipo #gordocomprisãodeventre). Assistindo aos vídeos, é possível ver nitidamente a mudança. Cada gravação 29


sustança

E L E C A NSOU DE SER G ORDO

nova mostrava menos papada, menos volume abdominal, mais felicidade e, consequentemente, mais admiradores. Jorginho começou a ser seguido por uma legião de gordinhos em busca do mesmo objetivo. E não só seguido no sentido virtual: uma galera leva a sério todas as receitas lights e informações nutricionais postadas por ele. Tem gente mudando a vida por causa do gordinho ousado. “Meu público do blog é um público que não tem dinheiro para pagar uma nutricionista. Que não tem dinheiro para fazer o exame, se informar com o médico, enfim. Então ele vai pesquisar essas coisas na internet. Assim, eu descobri que a minha missão é combater a obesidade, mas fazendo um trabalho social. Percebi que o governo em vez de gastar dinheiro tratando essas doenças, pode investir com outras coisas que podem ser mais úteis para

a sociedade. Meu sonho de vida hoje é justamente dar informação para quem não tem informação. Seja para as camadas mais baixas da sociedade, porque a gente sabe que hoje o pobre sabe comprar comida, mas ele não sabe comer. Ou também para uma menina que faz academia comigo, que é uma advogada, que lê também meu blog e precisa tirar dúvidas, como o uso do glúten. É informação que as pessoas precisam e eu quero fazer isso, usando o que eu aprendi com comunicação”, almeja o paraense de nascença, paulistano de convivência, e paranaense só de passagem, porque essa foi a terra escolhida para a transformação. Agora, uma hora dessas, Jorginho está na terra da garoa, na cidade que nunca para, motivando uma plateia a mudar de vida. #partiuemagrecer!

Gordo responde Ele agora é referência de saúde e tem propriedade de sobra para dar as dicas mais preciosas para quem quer começar a emagrecer.

1

Não comece com dietas radicais de, por exemplo, 1000 calorias. Porque você vai perder muito no começo, mas depois o corpo vai estabilizar e vai ser muito difícil eliminar mais peso.

2

Dificilmente você encontra roupa de academia para gordo. Improvise: adote uma costureira, mande fazer tudo do seu tamanho. No começo, você se sente um ET, mas passa.

3

Não ache que musculação vai te “aumentar”. Isso é mito. Se fizer do jeito certo, pode acelerar seu processo de perda.

4

Mude os exercícios e a alimentação de tempo em tempo. Conforme for perdendo peso, você precisa ir adaptando seu corpo, senão ele estaciona.

5

Seja melhor amigo do chá de hibisco, planta medicinal que tem propriedades diuréticas, digestivas e até calmantes.

6

Perca a vergonha de levar uma marmitinha para o trabalho ou para os seus compromissos. É chique se manter firme na dieta, mesmo com a correria!

7

Se for pai ou mãe de gordinho: não peça para ele parar de comer. Quanto mais você implica, mais vontade de comer por birra ele tem. Calma que uma hora a ficha dele cai!

8

Conforme for perdendo, faça baterias de exames. Sempre tenha acompanhamento de profissionais da saúde, mesmo que você já tenha decorado a dieta e os exercícios.

9

Quando chegar perto do teu objetivo, vai ficar mais difícil emagrecer. Aí é preciso usar artifícios: óleo de cártamo antes da malhação, o auxílio de chás durante o dia,

etc.

10 Por último, mas com importância de 1º colocado: emagreça se você se sentir mal sendo gordo, emagreça se tiver problemas de saúde, emagreça por você e não pelos outros!

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BELEZURA


Barba ridade

É desmerecer a extensão da personalidade que molda o charme. Entenda como cuidar e tratar sua barba P o r RICARDO POHL

/

F o t o s RODRIGO VIEIRA


BELEZURA

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B A R B A R I D A DE


Sabe porque o ZZ Top já recusou 1 milhão da Gilette? Porque eles sabem o que uma barba representa, e por isso não arrancaram as suas para uma campanhazinha mequetrefe na década de 90. Garras de adamantium são maneiras, mas costeletas são mais, e o seu Wolverine sabe disso. Lembro quando a personalidade introspectiva, revestida por uma camisa de flanela, era completada por uma recente barbixa preta que me concedia um novo título, de lesado para lesado-estranho/ imprevisível-demaispara-se-zoar. E isso era bom? Era ótimo! Entendam: significava o fim dos chazões. Tudo, graças à barba.

Barbudos sim! Bárbaros talvez

Quem cultiva uma barba é Edegar Junior – que além de trabalhar na indústria madeireira, faz uns bicos como Diretor de Arte. “Sempre achei que a barba deixa o homem com um ar mais, digamos assim, magnífico, transmitindo uma aparência que vai do sério ao badman”, conta relembrando da felicidade ao perceber a invasão dos pelos no rosto, aos 13 anos. “Além da aparência, ela encobria alguns defeitos, então a barba fez com que eu me sentisse bem com minha aparência”, acrescenta. Fabio Guilherme Bagatoli nunca sentiu diferença na forma de tratamento do antes e depois da barba, porque nunca houve um antes: “Sempre tive, sempre mesmo, desde que a minha barba começou a crescer, sei lá, com uns 16, 17 anos”. Não que Fabio seja uma espécie de homem-ovelha, pois ele sempre a aparava, mas agora que trabalha numa agência de publicidade, aproveita a liberdade do trabalho para deixá-la crescer, como se fosse uma Rapunzel macho à espera de um príncipe fêmea – que não seja alérgico a lã. Além de não precisar mais de toalhas de rosto nem de guardanapos, uma barba é muito vantajosa porque traz muitos benefícios à pele, que a Doutora Denise Santos Martins ressalta: “Os pelos têm a função de controlar e manter a temperatura corporal, assim como proteger a pele contra diversas agressões, inclusive da radiação ultravioleta”.

Direto de Vênus – a opinião que interessa

Uma enquete feita em nossa fanpage indica que 98,6 % das mulheres preferem homens com barba, o restante não gosta de barbudos e 100 % delas acreditam que homens com barba ficam com mais pelos no rosto. Essa preferência é autenticada pelas mais de 322 mil curtidas da fanpage Faça amor, não faça a barba. “Acreditamos que deixa com um tom mais másculo”, admite a equipe da página. “Mexe com a imaginação, a barba tem um poder, quem já gosta, sabe do que ela é capaz (risos), sendo assim, já se olha um homem com barba com outros olhos!”, complementam.

Isso é um indício de que seu sex appel aumenta proporcionalmente ao crescimento dos pelos do seu rosto. Brad Pitt nada, tesudo mesmo era o Enéas! O favoritismo feminino incentiva Fabio a preservar seu tapete de testosterona. Segundo o Diretor de Arte, sua autoestima melhorou “pelo fato de receber elogios que vieram de meninas, isso fez diferença, tive uma boa receptividade feminina”, conta. O publicitário Edegar acredita que tudo depende de gosto. “Minha namorada gosta, já me falou que eu fico melhor com barba”. Mas como ser um peludo sexy? Simples. A higiene deve ser primorosa, evitando que sua barba vire um motel de bactérias. E a coceira? “A coceira na região da barba está, na maioria das vezes, relacionada a alguma doença subjacente. Portanto, se essa coceira for frequente ou intensa, é necessário uma consulta médica com dermatologista para evitar doenças no local”, instrui a médica. “As doenças que mais frequentemente causam coceiras são a dermatite de contato alérgica, a dermatite seborreica e as infecções por fungos ou bactérias”. Entendeu? É a fornicação desse povo aí - fungos e bactérias - que causa a coceira. Uma medida simples e eficaz é amenizar a coceira “Com água fria, isso é bom para retirar o suor que pode também estar contribuindo com a coceira”, aconselha a Esteticista Luciana Weiber da Silva.

Barba não pressupõe sujeira...

“O principal cuidado deve ser a higienização da barba. Quando a barba está com os fios mais longos, essa higiene deve ser de forma semelhante à feita nos cabelos, inclusive em alguns casos com a utilização de xampu”, recomenda a Dra. Denise. “O xampu, assim como o sabonete, não deve ser usado para barbear os pelos, pois ressecam a pele e aumentam as irritações no local”, alerta. “Sempre que estou no banho, eu lavo a barba também, com o mesmo xampu do cabelo”. Não seria melhor falar que você lava o cabelo com o mesmo xampu que compra para a barba, Fabio? “Não tem nada de frescura, é sabão e ampoo”, enfatiza o publicitário Edegar, que e arremata: “Lavo o rosto, lavo a barba; Lavo

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BELEZURA

B A R B A R I D A DE

não poderá mais dar aquela lambida no bigode; você não poderá mais dar uma de intelectual quando coçava a barba numa discussão e, por último e não menos importante, você poderá novamente, ser vitimado pelos chazões – preservando a barba, você preserva suas cuecas!

Corte a barba, não a jugular Dicas da Dra. Denise Santos Martins para um barbear bem feito!

o cabelo, lavo a barba, e pronto”.

...pressupõe personalidade

“Eu não consigo desassociar a barba da minha pessoa”, expõe Fábio. Ela é uma companheira, que deve até fazer aniversário à parte. “Não consigo me desfazer dela, é como um ser que dominou meu rosto”, declara Edegar – que, para tirar a barba, precisa banhar a lâmina em água benta. “Minha personalidade é barbuda, lenhador, que come bacon com ovos no café da manhã e sai para cortar uma árvore com machado e brigar com um urso”, acrescenta Edegar.

No fio da navalha, ou machado

Os principais problemas relacionados à barba são causados pelo barbear incorreto. “Podem surgir irritações e escoriações na pele, causando vermelhidão e coceira após o barbear. Além disso, os pelos, se cortados incorretamente, podem encravar na pele e causar inflamações semelhantes a espinhas”, sentencia Dra. Denise. “Isso acontece principalmente na região do pescoço e chamamos de foliculite de barba”. Então, nada de fazer a barba na espada 36

e nem no machado pessoal... sem que eles estejam devidamente afiados! “De vez em quando, dou uma aparadinha, com o aparelhinho de cabelo mesmo. Mas é só o que eu faço, cara, não tem muita frescura”, disse, Fabio sem muita vaidade. “Uso uma maquininha simples, daquelas que existem nos cabeleireiros, com níveis de corte Quanto ao aparelho de barbear? Esquece, já abandonei faz tempo. Na verdade, bem simples, bem macho”, enfatiza Edegar, o Varão. Mas você odeia barba, lembra-se? Para não ver a cara dela por um bom tempo, ou melhor, para não vê-la na sua cara por um bom tempo, “O método mais efetivo é a depilação a laser”. Porém, “Muitos fatores devem ser avaliados antes da depilação a laser para diminuir as chance de complicações como manchas e cicatrizes. Por isso essas tecnologias devem ser aplicadas somente por um profissional médico, preferencialmente um dermatologista”, adverte Dra. Martins.

A Fôlego adverte:

Na ausência de barba, socos serão recebidos com mais impacto; maus espíritos não serão mais repelidos; a cerveja não será mais degustada como antes – você

1 Antes de iniciar o procedimento, lavar o rosto com sabonete. 2 Enxaguar e aplicar água morna na região por até 3 minutos. Isso amacia a pele e os fios, assim como dilata os poros e facilita o deslizamento do aparelho de barbear. 3 Utilize sempre espumas ou gel de barbear, deixando-o alguns segundos na pele antes de iniciar o barbear. Nunca utilize sabonetes ou outros produtos, isso irá trazer problemas a você futuramente. 4 Estique a pele durante a aplicação do aparelho de barbear, fazendo movimentos leves e rápidos com o mesmo. Nunca aperte o aparelho de barbear contra a pele. A lâmina é quem deve cortar os pelos e não a força aplicada por você. 5 Se possível, aplique uma loção pósbarba sem álcool após terminar. Isso ajudará a hidratar e evitará a sensação de “repuxamento” que pode ficar na pele. 6 Evite fazer a barba diariamente. Se isso não for possível, siga sempre as orientações anteriores. 7 Utilize lâminas de boa qualidade e somente enquanto tiverem um bom fio (corte). Não utilize lâminas velhas, manchadas ou “cegas”, pois isso irá prejudicar a sua pele. Aparelhos com lâminas triplas conferem melhor corte dos fios e mais facilidade para se barbear. 8 Sempre que existirem lesões na pele, procure um médico dermatologista.



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Oi, tum, tum, bate coração

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Oi, tum, coração pode bater. Ah, se pode! Mas o ritmo perfeito desse músculo depende do que se põe à mesa, do que se canta, encanta, enfim, do que se faz da vida... P o r CLAUDEMIR HAUPTMANN

música Bate Coração, de Cecéu (Mary Maciel Ribeiro) e Antonio Barros, que colocou Elba Ramalho (Alegria, 1982) no cenário das estrelas nacionais da música, tem um ritmo cativante. É divertida e tem lá uma carga de, digamos, “sabedoria popular” que podemos aproveitar aqui. Quando diz “bate, bate, bate coração, dentro desse velho peito. Você já está acostumado a ser maltratado, a não ter direito”, parece estar falando mesmo de como nos acostumamos a tratar o coração. E nosso coração merece tratamento vip, com direito até a muita música boa. Sim, estudos científicos mostram que as músicas de que se gosta (e pouco importa o estilo) fazem muito bem ao coração. Mas nem só de música vive o coração em busca da batida perfeita. É preciso tratá-lo bem, desde o prato que se põe à mesa até a completa reprogramação da agenda diária: nada de estresse, tristeza, preguiça. A correria profissional de 60 horas semanais ou mais, que certamente vai te levar para o topo da carreira, também vai cobrar uma passada por algum pronto-socorro, porque não tem coração que aguente essa carga toda sem uma boa preparação.

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F o t o s DIVULGAÇÃO

E se você é jovem e pensa que quem deve se preocupar mais com o coração são os mais velhos, ledo engano. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram ano a ano um aumento do número de internações por infarto entre jovens de 20 a 39 anos. E a mortalidade beira os 70% nesses casos. Os infartos são a maior causa de mortes no mundo segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), fazendo mais de 17 milhões de vítimas a cada ano. O infarto acontece quando uma placa de gordura entope um vaso sanguíneo do coração. Sem os nutrientes e oxigênio trazidos pelo sangue, as células do órgão morrem e o coração já não funciona como deve. Perde o ritmo até parar de vez. A rotina desses tempos modernos ajuda a maltratar o bom e velho amigo do peito. Temos uma população cada vez mais estressada por conta da vida profissional, que come mal – a junk food é o que rola – e que, ainda, leva uma vida sedentária, sem exercícios físicos regulares. Some-se a isso a obesidade e consumo de álcool e cigarros e tem-se um coquetel que faz explodir as estatísticas tão chatas como música de uma nota só. Vamos ver então o que podemos fazer para ajudar nosso coração. A Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou no início desse ano um documento em que estabelece consensos sobre os riscos nutricionais: a I Diretriz sobre Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. O documento, que circula entre médicos e nutricionistas, é assertivo logo nas 39


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primeiras linhas ao afirmar que gestos simples podem ser incorporados à rotina dos pacientes e fazer “grande diferença” à saúde cardiovascular. “E cada gesto conta”, adverte a cartilha. É que 75% das doenças cardiovasculares são causadas por fatores de risco modificáveis, como sedentarismo, alterações nos níveis de colesterol e hábitos alimentares inadequados. O que os profissionais podem fazer para contribuir decisivamente para a saúde do coração? A Diretriz responde em três passos: pedir exames regulares de colesterol e suas frações (HDL, LDL), estimular a prática de exercícios físicos, estimular a substituição das gorduras saturadas e trans por gorduras mono e poliinsaturadas. A nutricionista esportiva Paula Vasconcelos, de Cascavel (PR), destaca que vem ocorrendo uma mudança no perfil alimentar brasileiro. E para pior. Os alimentos industrializados ocupam cada vez mais espaço nas dispensas e nas dietas, elevando o consumo de carboidratos e de gorduras saturadas. Paula lembra que os carboidratos refinados, como pães, bolachas, biscoitos, massas (basicamente produtos feitos à base de farinha de trigo refinada), são o grande problema atual da dieta brasileira. As gorduras já são mais conhecidas. E Paula reitera que as gorduras, em si, não são as vilãs. O problema é qual delas usamos no dia a dia. O truque é trocar as gorduras ruins, como as gorduras saturadas (de origem animal) que aumentam o colesterol, e as gorduras trans (abundantes em bolachas, sorvetes, biscoitos e tantas guloseimas

industrializadas que abusam do uso de gorduras hidrogenadas e chocolate hidrogenado) por gorduras boas, como as insaturadas, que são as gorduras de origem vegetal. As insaturadas colaboram com o aumento do nosso colesterol bom (HDL) e não se depositam somente na região da barriga e ainda colaboram com o nosso coração. São gorduras que encontramos facilmente no óleo de linhaça, azeite, óleos vegetais, abacate, castanhas e nozes, entre outros. A nutricionista vai direto ao assunto e recomenda: resistam ao mal e fujam da chamada junk food, que é “comida lixo” e que os nossos avós chamariam simplesmente de porcaria. São industrializados, doces ou salgados, cheios de calorias, gorduras, açúcar e sódio. Esse tipo de alimentação está intimamente ligada aos riscos de doenças do coração. Assim, de um modo geral, a nutricionista recomenda o aumento do consumo de cereais, optar sempre por alimentos integrais (todos) e buscar carboidratos em fontes tradicionais, como batatas e mandioca. As gorduras boas podem ser encontradas nas sementes já conhecidas e também no coco, no abacate, no azeite de oliva e até mesmo em outros óleos vegetais tradicionais, como o de soja, milho e canola. Nos peixes, como salmão, encontramos fontes importantes de gorduras boas para o organismo. Quando se fala de uma dieta para o coração, a nutricionista basicamente recomenda fugir dos alimentos industrializados, do fast e do junk food.

Mas adverte: coração saudável não existe só com uma boa mesa. Precisa fundamentalmente de uma boa rotina de exercícios!

Cardiologista avisa: atividade física não é vacina para os males do coração Quando um paciente do tipo futuro exsedentário entra no consultório do médico Sandro Toledo, em busca de um checkup que o libere para um programa de atividade física ou esportiva, ouve sempre uma máxima que é música aos ouvidos do especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: Exercício físico é vital para o coração saudável. “Mas exercício físico não é vacina. É remédio. Ou seja, só faz efeito enquanto se toma. E como remédio, tem a dose certa para cada pessoa”. Sandro Toledo, da Clínica PróCardíaco, de Cascavel (PR), destaca que, em âmbito de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a prática de atividade física “na maior parte dos dias”. O ideal, recomenda a instituição, é que se tenha alguma atividade física pelo menos quatro vezes por semana. Com essa prática, mesmo que considerando exercícios de baixa intensidade, como uma caminhada leve, já é suficiente para que a população saia do estado de sedentarismo. Nesse sentido, Toledo diz que as pessoas devem, sempre que possível, fazer caminhadas, 41


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O I , TUM , TUM , B A TE C OR A Ç Ã O

1.

FICA LIGADO AÍ, NOVINHO!

Jovens entre 20 e 39 anos têm 70% de chance de morrer após um infarto Fonte: Sistema Único de Saúde (SUS)

2.

MAIOR CAUSA DE MORTE DO MUNDO

Todos os anos, 17 milhões de pessoas morrem por infarto no mundo

3.

TUDO PODE MUDAR!

75% das doenças cardiovasculares são causadas por fatores de risco modificáveis, como: sedentarismo alterações nos níveis de colesterol hábitos alimentares inadequados

4.

ONDE ENCONTRAR AS GORDURAS AMIGAS DO PEITO:

Óleo de linhaça, peixes, azeite, óleos vegetais, abacate, castanhas nozes.

andar de bicicleta. “De repente é possível deixar o carro e ir de bicicleta para o trabalho. Quem vai de transporte público pode parar alguns pontos antes para caminhar um pouco”, especula. “O importante é se mexer”, diz. Mas quando o âmbito é o da saúde do indivíduo, Sandro Toledo diz que é importante fazer uma avaliação médica para a atividade física. As mais recentes diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, inclusive, orientam os médicos sobre o que fazer. Basicamente, os indivíduos são classificados em três grupos distintos, para os quais existem uma série de consensos específicos. O primeiro grupo é o que pratica ou quer praticar esportes sem qualquer preocupação com performance. Um grupo em que estão pessoas geralmente acima do peso, preocupadas com o colesterol, pressão alta. “São pessoas que querem melhorar a saúde e partem para a prática de esportes”, resume. O outro grupo é o de esportistas. Já é um grupo mais competitivo, preocupado com a saúde, mas que também gosta de pensar em performance, embora não sejam pessoas que vivam do esporte. E o terceiro grupo é o de atletas, pessoas que já treinam visando a alta performance, gente que corre atrás de rendimento esportivo. Para as pessoas do primeiro grupo, é importante consultar um cardiologista para fazer um eletrocardiograma. Sem alterações, desde que a pessoa não pertença a grupos de risco, a atividade física é liberada, sem restrições. No caso de o paciente pertencer a algum grupo de risco, pede-se mais exames, como o teste ergométrico, que é um teste de esforço na esteira que visa a medir a tolerância ao esporte como forma de avaliar o risco. “A ideia é investigar o sujeito para identificar os grupos de risco, gente com maior probabilidade de doenças cardíacas, como pessoal acima dos 40, com excesso de peso, histórico de diabetes ou de morte súbita na família”, explica o médico, especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia com

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habilitação em ergometria. Se o paciente chegar ao consultório dizendo que quer competir em algum esporte, independentemente de faixa etária ou de estar em grupos de baixo risco, também vai ser submetido a um teste ergométrico para se investigar eventual limite para a intensidade do esforço físico. “Esses testes são feitos para avaliar os riscos e para orientar os educadores físicos com relação ao limite dos treinos. Tudo no sentido de reduzir riscos”, explica. Já as pessoas que querem performance esportiva, ainda que não profissionalmente, devem, ainda, ser submetidas ao teste de avaliação cardiopulmonar, além do eletro e do ergométrico. Nesse tipo de teste verifica-se o consumo de oxigênio, a produção de gás carbônico para se obter mais detalhes para alcançar alto rendimento. Para qualquer pessoa que apresentar alguma variação no eletrocardiograma, ou ainda para as pessoas que já têm histórico cardíaco, o ideal é que se faça um ecocardiograma para investigar melhor o caso. No caso de um doente cardíaco, a atividade física deve ser objeto de prescrição médica. Com relação a esses cuidados, o cardiologista ainda faz um alerta específico com relação a crianças e adolescentes: “Se a criança pratica algum esporte com regularidade, se tem talento e está se encaminhando para competições, deve ser tratada como atleta”. Ao se fazer os exames dentro do que orientam as diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, todos os pacientes podem descobrir eventuais riscos e, com informações suficientes, partir para alguma prática esportiva. De repente o sujeito não pode ser maratonista. Mas ainda pode andar de bicicleta ou jogar uma “pelada” com os amigos. A prática esportiva, assim, é um santo remédio para a qualidade de vida. É como a música de Cecéu. Enquanto o coração bater, temos tempo para amar as coisas que fazemos. Então, “ Oi, tum, tum, tum, bate coração, coração pode bater...”.

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TRINCADO

COM A d r i a n o K w i a t k o w s k i

Nem precisa de espinafre! P o r Tát i l a P e r e i r a

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Fotos Rodrigo Vieira

Peça para um garoto de oito anos mostrar o quanto ele é forte. Pode ter certeza que ele fará pose contraindo o bíceps e mostrando o muque. Daí já dá para perceber toda a afeição da ala masculina por um bração bonito. E para ter um conjunto harmonioso, o tríceps também precisa estar nos trinques. Então, se você está querendo se exibir no verãozão, rapaz, aí vão as dicas. Segundo o personal trainner Adriano Kwiatkowski, como o bíceps e o tríceps são músculos

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Modelo: Vinícius Souza

pequenos, o ideal é um treino com no máximo três exercícios PARA CADa, que podem ser feitos de uma a duas vezes por semana. Com larga experiência no ramo da academia – praticante de musculação desde 1998 e personal desde 2003 -, o profissional passa a seguir um circuito rápido e alternado para a dupla braçal, conhecido como agonista e antagonista – enquanto um músculo descansa, o outro trabalha. Em menos de meia hora é possível fazê-lo.

Rosca Direta Barra W

A Manter a postura ereta e os joelhos levemente flexionados

c

b Pegada na linha do ombro. Movimentar a barra próximo ao corpo

Fazer o máximo de contração até o fim do movimento por dois segundos

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições

2 TRíceps TESTA BARRA W A Cuidado com a pegada. Mantenha a empunhadura reta

b Controle a carga negativa

c A linha do braço precisa estar na horizontal e o antebraço na vertical. A barra deve chegar próximo à testa

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições 45


TRINCADO

NEM PRE C I S A DE ESP I N A F RE !

3 Bíceps alternado com halteres A Peito para fora e ombros para trás

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições

b Ao iniciar o movimento, comece a girar o halter

c Girar o halter bem para fora e fazer a contração ao final do movimento


COM A d r i a n o K w i a t k o w s k i

4 Tríceps PullEY A

c

b

Pés na linha dos ombros. Manter braço e antebraço em um ângulo de 90 graus

Observar a postura e a empunhadura

Fazer o máximo de contração ao final do movimento

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições

5 Bíceps corda A Cotovelos levemente abertos e mãos uma de frente para outra – soco contra soco

c

b Pés na linha dos ombros, postura correta

Cuidar com ângulo e a contração ao final do movimento

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições

6 Tríceps corda A Manter o braço em um ângulo de 90 graus. Observar postura e empunhadura

b Comece a afastar levemente as mãos. Prestar atenção na execução do movimento

Recomenda-se 4 séries, com 12 a 20 repetições

O Personal Adriano Kwiatkowski adverte: Fazer os exercícios com a postura correta, como apresentado nas fotos, é essencial para que os resultados apareçam e também para que você não tenha nenhum problema. Não importa a carga, mas sim a intensidade dos movimentos. Entre cada dupla de exercícios, é necessário descansar 30 segundos. O circuito acima é recomendado apenas para homens, já que, para as mulheres, o trabalho nesses músculos deve ser menos intenso. Lembre-se: faça tudo acompanhado por um personal.

c Estender completamente o braço, afastando-o do corpo com contração ao final do movimento



EM FORMA

Deslize

impecável Nada de desvios acidentais. Na prática de patins, com técnica, escorregar vira arte P o r J u l i e Fa n k Fotos João Guilherme Clos


Ela adiantou que não contaria a idade, nem por reza. A curiosidade é notável – não sou a primeira a pensar em perguntar, por isso, ela já adianta que não vai responder, previne-se. Digo que vou descobrir. Contra qualquer inveja branca de sua forma invejável aos ? anos, desconversa num sotaque nitidamente carioca: “’Bora patinar?”.

Confira no site outros benefícios da prática de patins para a saúde e para a boa forma!

Thais Ferraz

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DES L I Z E I MPE C ÁV E L

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ora. Lá vamos nós. Alguns anos depois de descer as ladeiras da casa dos primos, durante a infância, coloco os patins nos pés de novo para conversar com Vanessa Nóbrega, instrutora de patins que reavivou o esporte em Cascavel. O medo é inevitável, mas ela me tranquiliza dizendo que também morre de medo de bola, por exemplo: “O medo é relativo, você perde com o tempo”. (Mas e quando você tem medo de bola e de esportes que exijam equilíbrio e de um bocado de coisas mais? Não perguntei.) Em cinco minutos de aula, deu para ver que estava com a pessoa certa. Com a mão direita me segurando e a esquerda segurando a minha mão, levantei pronta para cair. Nenhum tombo.

PATINS COMO ESTILO DE VIDA

Alguns cones depois e numa oração secreta ao chão, torcendo para que ele se tornasse repentinamente almofadado, caso a gravidade agisse, lembrei dos patins de cadarço, esquecidos na estante. Ela também lembrou dos dela, foi como ela começou: “Descobri o patins brincando com os amigos, na casa da minha mãe, tinha várias ladeiras grandes. E eu ia embora! Usava aqueles patins tradicionais de cadarço, que na verdade era para patinação artística.”. Começou sozinha, intuitivamente – como todo grande artista começa, mas pendeu para o esporte – e é assim que leva a vida hoje. Ao longo do tempo, foi se especializando com workshops e cursos na área: “Na patinação, a gente tem que ter noção de técnica e tem que se proteger, senão...” Não é preciso completar a frase. Tentando desafiar as leis da gravidade, sofreu as consequências: abriu queixo, quebrou dente, mas levantava e continuava – sempre liberada pelo médico: “Se o seu médico te libera para qualquer tipo de esporte, cai dentro da patinação. É muito bom, é gostoso, é prazeroso.”.

Foi nessa vibe que deu início a um movimento a favor da prática do esporte em Cascavel. Há sete anos na cidade em virtude da vinda do marido a trabalho, começou a despertar olhares de curiosidade quando patinava no lago. Foi uma amiga que deu o start: “Ela queria aprender e precisava de alguém para ensinar.”, conta. Isso foi há quase 3 anos. Vanessa então retomou a profissão de instrutora em que atua há quase 10 anos: hoje, em Cascavel e região, tem alunos de 6 a 70 anos – todos com um objetivo: equilíbrio, na vida, na saúde e nas rodas. O que nos grandes centros sempre foi encarado como esporte, aqui, no início, ganhou status de mania e moda: “Eu não quero deixar isso morrer, então estou criando grupos e trazendo novas modalidades.”, adianta. A iniciativa já movimenta um grupo grande de pessoas nos fins de tarde com o nosso querido horário de verão: no Centro Esportivo Ciro Nardi, no centro de Cascavel e, nos fins de semana, no Lago Municipal, é comum encontrar pessoas que já se arrisquem sobre 8 rodas – em linha, vale lembrar. O que ainda é pouco comum é a migração da quadra improvisada para a pista de skate, ao lado: “São poucos os que se arriscam.”, complementa. Ela ainda não cogita voltar para o Rio. Apesar da dificuldade inicial de adaptação, hoje não larga Cascavel por nada: “A qualidade de vida, a facilidade de você, por exemplo, ter um espaço destes, um centro esportivo rápido, uma ciclovia boa, como a do lago, e, além de tudo isso, não ter violência, poder proporcionar boas escolas para o seu filho é o que me faz ficar aqui.”. E já que pretende se fixar por aqui, adianta novidades para os adeptos da patinação nos espaços para prática do esporte – mas essa parte é segredo, como a idade, aliás.

Zigue-zague contra o efeito sanfona

Tays Ferraz, 18 anos, era a típica da geração anos 90, 2000: não fazia nada, a não ser assistir tevê e comer. Sedentária confessa, levou uma bronca do primo e o incentivo virou hábito. William Rafaelli, o primo da mesma idade, que também pratica há algum tempo, foi o responsável pelo empurrãozinho que hoje ela dispensa na hora de descer uma rampa. “Hoje eu respiro patins!”, adianta a amadora que pretende, um dia, competir.

EM FORMA

Quem quer começar! 1o passo: Equipamento – O cuidado com a sua escolha é essencial. Se o seu objetivo é entrar em forma, a instrutora recomenda que seja comprado um patins específico para o fitness, no início, com base de alumínio, rolamento Abec 7 e bota acolchoada. Descarte os de recreação. 2o passo: Espaço – Não se arrisque na rua sem ter experiência. O local deve ter pavimentação e o mínimo de buracos. O espaço deve fluir e permitir as manobras, sem interrupções. 3o passo: Alongamento – Como toda a atividade física, o aquecimento dos músculos é fundamental. Assim, você reduz os riscos de contusões. 4o passo: Roupas – Roupas adequadas são fundamentais para conferir mobilidade aos movimentos. Calças jeans, nem pensar!

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EM FORMA

d e s liz e i m p e cáv e l

Vanessa Nóbrega

Gabriel Nóbrega

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E respira mesmo: hoje trabalha numa loja especializada e entende tudo quando se trata de equipamento e proteção. Depois do expediente como vendedora, é hora de colocar a teoria em prática e mostrar porque hoje leva o patins como um estilo de vida: são mais 3h a 4h de treino, brincando – 5 vezes por semana. “Não consigo parar de andar!”, confessa. Há 9 meses, no entanto, a frase era diferente: não conseguia parar de comer. “Eu comecei a andar de patins para perder peso e hoje já perdi mais do que eu queria. Acabei me encontrando no esporte e hoje não consigo nem me imaginar sem o patins.”, comemora a futura estudante de educação física que expunha alguns hematomas nos cotovelos enquanto conversávamos. Quem começou com medo e sem pretensão nenhuma no esporte diz que, nove meses e 11 kg a menos depois, cair não é um problema: “Caio muito mais agora, porque eu tento muita coisa. Manobras, giros, a gente sempre quer conseguir fazer algo diferente”, confessa.


Acessórios de segurança

Capacete

JOELHEIRAS COTOVELEIRAS

PATINS PARA RECREAÇÃO

Os primeiros passos dos filhos de Vanessa não foram nos patins, mas nasceram com um pezinho dentro do esporte, por questões óbvias: Paloma, de 16 anos, ama patinar, mas é Gabriel, de 6 anos, o que tem levado o esporte mais a sério: “Já sei descer rampa e fazer manobra.”, avisa. A mãe orgulhosa conta que as manobras do filho impressionam gente que patina há algum tempo: “As pessoas não acreditam no que ele é capaz de fazer com o patins e tem mais medo por ele do que eu tenho.”. Ao responder com quantos anos começou, Gabriel deixa escapar que já aos dois anos conseguia ficar de pé, mas a mamãe nunca o deixou andar. Quando completou seis anos, aí até os problemas de disposição acabaram. Enquanto não era seguro deslizar por aí, a mãe colocou Gabriel para nadar, jogar futebol – tudo para tentar conter a ânsia pelo videogame e por ficar dentro de casa. “Nada funcionou, ele queria mesmo patinar.”, admite, com aquela pitada de

orgulho. Foi começar no esporte e a saúde melhorou, a convivência aumentou (já que agora ele é fiel escudeiro da mãe), ele perdeu o peso que já estava preocupando. Só benefícios. Sente tanta falta que quer praticar todo dia, quantas horas forem possíveis – contra qualquer horário tabelado que a natação ou o futebol delimitavam. No dia da entrevista, estava triste porque estava doente: “Meu nariz está escorregando!”, assumiu. Como as rodas do patins, né, Gabriel? A gente entende! Perguntei quantos anos tinham os filhos de Vanessa, na tentativa de descobrir quão bem fez a prática de patins para ela – e a idade, claro. Deslizou, impecavelmente: “Você tem que patinar, menina! Estamos sempre aqui no fim da tarde. Você tem equilíbrio, aproveita.”, convidou. E não revelou a idade.


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PROSA

Peixe fora d’água bemsucedido O canoísta Roberto Maehler nem cogita a possibilidade de não estar na final das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. E vai pegar o embalo para isso somente em águas cascavelenses, no Lago Municipal. Para ele, é o que basta P o r Tát i l a P e r e i r a

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Fotos Rodrigo Vieira

Dizem que o proibido é mais gostoso. Refrescar-se na água do Lago Municipal de Cascavel – local em que isso não é permitido – era a simples pretensão que Roberto Maehler tinha, 14 anos atrás. Os únicos que desfrutavam dessa vantagem eram os canoístas, então, ele se juntou a eles. Mas Roberto teve poucas oportunidades de sentir o frescor da água, já que a harmonia entre ele e a canoa foi tão grande que vê-la virada era raridade e os banhos não eram frequentes. Sem problema. Do desejo pelo fruto proibido veio o que norteia a vida dele até hoje. Canoagem de manhã, canoagem à tarde, canoagem nos fins

de semana. E um dos melhores do país em sua modalidade só arreda o pé de Cascavel para competir. De resto, tem tudo aqui – e, desse jeito, vive um conflito com a Confederação Brasileira de Canoagem, que quer o pupilo por perto para os treinamentos. Dissabores à parte, Roberto rala no presente cheio de gana por um futuro com ano marcado: 2016. Só que para essa conquista não quer ninguém dentro do caiaque com ele: vai assumir a bronca e competir na categoria individual nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Se perder ou ganhar, quer ser o único culpado. Leia as próximas páginas que você vai torcer junto!

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PROSA

p e i x e f o r a d ’ ág u a b e m - s u c e d i d o

a medalha de bronze, logo na primeira competição. Voltando para Cascavel, eles fizeram a proposta para morar em uma casa com o técnico e outros atletas da canoagem. Não pensei duas vezes, porque eu não tinha um rumo na minha vida e me preocupava com isso. A família sem condições financeiras e um futuro incerto. Por isso, fui morar na casa com os atletas, em troca, tinha alimentação e não pagava nada para morar. Isso foi aos 15 anos. Em 2001, já fui campeão brasileiro. Ganhei medalha individual no Sulamericano na categoria cadete. Já comecei a me destacar.

“Eu acredito que 2008 e 2012 não foram para que 2016 seja o melhor de todos”

POR QUE CANOAGEM?

Eu já fiz karatê, capoeira, taekwondo, judô e atletismo, sempre por iniciativa própria. Na minha família ninguém praticou esporte e nós não tínhamos boas condições financeiras também. Por isso, não continuei nessas modalidades que exigiam custo pessoal. Quando comecei o atletismo, até consegui o título paranaense. Um dia, fui fazer um treinamento no Lago Municipal, com um amigo. Nós vimos uma galera fazendo treinamento de canoagem. Alguns remando, outros nadando, porque, como estavam iniciando, o barco virava. Aí eu pensei: “Poxa, a gente correndo nesse calor, no fim da primavera de 99, vamos se inscrever nessa canoagem aí”. Era a 56

A partir daí começaram os convites para compor a Seleção Permanente de Canoagem. Por que não topou?

forma de a gente entrar no Lago, já que era proibido nadar, então a gente se inscreveu com o intuito de nadar e não de remar. Aí eu comecei a conciliar o atletismo e a canoagem.

Como foi o progresso para que o hobby refrescante passasse a ser profissão?

O meu atual técnico [Dênis Ferreira Lopes] veio pra cá e fez uma proposta: “Se você for até aquela boia e voltar sem virar, eu te levo para o Campeonato Brasileiro”. Foi um desafio. E eu gosto disso. Eu consigo melhorar a partir de uma adversidade. E aí eu consegui, treinei um mês e fui para a competição. Lá, consegui

O técnico da Seleção era polonês. No Chile, em 2001, ele me disse que eu estava convidado a ficar na Seleção Permanente. Só que esse treinador já treinou o meu técnico e eles têm um atrito, pelo estilo autoritário do então comandante da Seleção. Eu disse que só iria se ele pedisse para o meu treinador daqui. Ele insistiu dizendo que eu é que precisava me decidir e me deu um prazo. Eu bati o pé na mesma proposta. E aí ele disse: “Então, a partir de hoje, você não vai mais para a Seleção Permanente e só vai viajar para competições comigo se for o melhor do Brasil. Se você for segundo, eu não vou te levar”. Voltei para casa e contei tudo para o meu treinador e ele disse para eu não me preocupar, porque nossa parte iríamos fazer. No ano seguinte, me matei treinando, já que era ser o melhor ou nada. Acabei subindo de categoria, e fui campeão brasileiro em cima do atleta que tinha sido o oitavo melhor do mundo. Esse atleta ia para a Polônia fazer estágio e a gente aqui na precariedade. E, mesmo assim, conseguimos superá-lo. Desde essa época, eu já tenho essa ideia que de que não há necessidade de sair de um lugar onde eu consigo treinar e ser o melhor do Brasil.

Por que seu rendimento é melhor aqui?

Prefiro treinar em casa pelo meu treinador, pelo local, por estar em casa. Tenho minha namorada e meu irmão aqui. É minha cidade natal. Eu tenho uma rotina em Cascavel que me favorece. Os patrocinadores que acreditam em mim estão aqui. É muito melhor do que estar lá em São Paulo, naquele stress que é


aquela cidade. Eu me sinto melhor aqui. A diferença de treinar em Cascavel é que, na Seleção Permanente, o técnico passa um treinamento global: atletas de 16 e 30 anos fazem a mesma coisa. Então, não existe o princípio da individualidade biológica. Já em Cascavel, eu tenho um técnico que me conhece, sabe quando eu estou mal, sabe quando eu estou bem, sabe os momentos certos de dar o puxão de orelha. É o cara que me conhece, que tem o feeling do treinamento especificamente para mim.

Como é sua preparação física?

Eu treino de segunda a sábado, de manhã e à tarde. Descanso na quarta à tarde, mas, dependendo da competição e do ritmo de treino, trabalhamos neste dia à tarde também. Agora, por exemplo, estamos num período pré-competitivo, então o treino é mais curto e mais intenso, são apenas estímulos só para que eu não perca o que conquistei nos últimos meses. Quando retorno da competição, já volto remando até o dobro do que remava antes da competição. Trabalho no meu limite,

“Não há necessidade de sair de Cascavel para ser o melhor do Brasil”

esgotando minha musculatura, porque nas provas sou exigido dessa forma. Aí, perto da prova dou essa supercompensação, diminuindo o ritmo. Nunca o que a gente faz no treino se repete na competição. O tempo que eu faço treinando, normalmente, baixo 2, 3, 4, 5 segundos na prova.

A parte mental também é um fator importante. Como você se prepara?

Eu tenho feito um trabalho de coaching, o que tem me ajudado muito. Faço isso há mais de um ano. De alguma forma, esse trabalho me ajuda a descobrir dentro de mim minhas melhores qualidades e como enfrentar o medo, viver cada momento, curtir mais. Eu passei a dar mais valor às coisas. Antigamente, eu tinha muito a obsessão de treinar porque tem que treinar e, hoje, eu aprendi a curtir esse momento, a apreciar a água, a natureza. Passei a entender que a melhor parte não está lá na medalha, está em todo esse processo. Por exemplo, eu me mato para chegar às Olimpíadas e curtir apenas aquele

momento, quando, na verdade, posso curtir todo o processo. É um novo método em que eu venho trabalhando e que eu considero parte importantíssima para a vitória em 2016. Se eu continuar assim, a conquista daqui 3 anos vai passar a ser algo normal, porque eu vou estar tão preparado que vou chegar lá já sabendo que iria estar lá.

Faz parte da sua personalidade a confiança, não é?!

Antes de começar esse processo de coaching, eu vivia um sonho. Eu colocava na cabeça: ‘para chegar lá, eu preciso treinar’. E eu treinava feito um louco. Mas aí aprendi que não bastava só treinar, é preciso aproveitar outras coisas para que se chegar no final e não der certo o objetivo, que você tenha perdido todo o tempo que passou. Assim, eu consigo ter mais prazer remando. Hoje, eu entendo que sou um cara privilegiado. E aí tirei dois fardos de cima de mim. Antes, eu colocava que eu ia ser medalhista olímpico. Agora, na minha cabeça está, primeiro me classificar,


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“eu considero que poderia ter alcançado mais coisas com o esporte. Financeiramente, ficou a desejar. Financeiramente, ficou a desejar.”

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PROSA

PE I XE F o r a D ’ Á G U A B EM - SU C ED I DO

depois ser finalista e aí, por último, vem a medalha. E para isso, eu preciso fazer, nada mais, nada menos, do que fiz aqui em Cascavel. Nem encaro mais como uma competição, mas como uma apresentação. Já tirei um pouco do peso de chegar nas competições e olhar do lado e pensar: ‘caraca, esse é o campeão mundial! Meus Deus, o que eu estou fazendo aqui?!’. Você já entra com cabeça de perdedor. E esse treinamento que eu tô fazendo me ajudou nisso, a entender que se eu estou ali, sou tão merecedor quanto ele.

O que o esporte já retribuiu para você?! Quais foram as recompensas culturais e financeiras obtidas com a canoagem?!

Eu vim para o esporte para mudar minha vida. Ter um destino, um futuro. E o esporte me transformou num cidadão. Tudo que eu tenho é graças ao esporte: sou formado em Educação Física, faço inglês, conheço muitos países. Sou grato ao esporte por isso. Já tive várias glórias e com elas eu esperava ter um incentivo a mais

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dos órgãos governamentais, principalmente quando eu fui campeão Panamericano. Até houve boatos de que eu seria o novo nome da canoagem brasileira, mas não foi o que aconteceu. Eu só consegui me manter com os patrocinadores de Cascavel, que sempre estiveram comigo nesse sonho de ir para as Olimpíadas. Então, eu considero que poderia ter alcançado mais coisas com o esporte. Financeiramente, ficou a desejar. Hoje, eu vivo do esporte. O que me salvou, assim como outros atletas, foi o Bolsaatleta do Governo Federal, que eu tenho desde 2009. Essa foi uma renda que me auxiliou a pagar as despesas pessoais e de competição. Mas eu esperava que depois de 2007 as coisas fossem melhorar. Eu tenho até um documento da Confederação dizendo que daria um prêmio por medalha e eu estou só com o documento até hoje, nunca recebi nada. Alguns atletas até receberam, mas eu não. Em 2011, quando fomos bronze, também prometeram e nada. Mas isso não me desanimou. Eu continuo o meu trabalho confiando que um dia será reconhecido. Às vezes eu deixo

de ir para competições por falta de verba.

Você acredita que a sua negativa em ter ido para a Seleção Permanente influencia nesse tratamento do Governo Federal?

Não, porque os atletas que estão lá têm o mesmo benefício que eu. A diferença é que eles têm o patrocínio do BNDES, que aí traz alguns benefícios a mais para eles. Mas nada que eu não consiga em Cascavel.

A falha é só de incentivo ou também é estrutural?

Com certeza é estrutural. Ainda mais agora, por ser o país-sede das Olimpíadas de 2016, a gente ainda está engatinhando. A China, (Olimpíadas 2008) 4 anos antes do evento, já tinha um centro de treinamento com milhares de atletas treinando para 2008. Tanto é que os resultados foram inéditos, sendo a primeira vez que os Estados Unidos ficaram para trás no quadro de medalhas, com


a China em primeiro. Aqui no Brasil, nada começou a se fazer. Só se fala em corrupção. Isso é muito triste. Tem vários atletas que já tiveram um destaque e a ideia no Brasil agora é formar novos atletas, mas é muito difícil você conseguir fazer um atleta em 3, 4 anos, a não ser que o cara seja sobrenatural. Fora isso, a pessoa leva 7,8 anos para chegar ao nível olímpico.

Você já competiu em todas as modalidades. Quais as diferenças entre elas? Tem o k1, que é individual, k2, que é em dupla e k4, em quarteto. As provas são de 1000 e 200 metros. Eu sempre me destaquei no individual, mas competi poucas vezes sozinho em disputas internacionais (somente em três Sulamericanos em 2001, 2005 e 2012). E todas as vezes que competi sozinho tive bons resultados. Só que nos eventos internacionais importantes, de grande porte, como o Pan e o Campeonato Mundial fui como parte da equipe, por

ser muito forte e barco coletivo exigir competidores com essa característica. Em 2008, eu fiquei doente antes do préolímpico, estava como favorito para ir para Pequim na categoria K2 e, agora em 2012, nós ficamos menos de 1 segundo da vaga olímpica, também no K2. São oito anos de trabalho para chegar na hora, na reta final, por um cisco, você ficar de fora. Então, nesse ciclo agora, até 2016, eu, por decisão própria, vou tentar competir no K1. Para se, caso não classificar para as Olimpíadas, saber que foi uma coisa só minha, que eu não fui o melhor no momento. Não quero dividir responsabilidade, quero tudo pra mim.

primeiro concurso que participei passei para bombeiro militar, fiquei pra segunda chamada. É uma área que gosto muito, quando for chamado, espero conseguir conciliar as duas profissões.

O esporte está nos seus planos depois que parar de competir?!

Então vai o ser o seu momento!?

Sobre meu futuro, já tenho algumas propostas para ser treinador em outros estados, fiz o curso de Educação Física pensando em ser treinador, mas hoje tenho pensado em outras coisas. Nos últimos meses, tenho estudado e no

Como é a questão da idade na canoagem?

Não tem uma idade específica. Tem atleta de 19 anos sendo campeão mundial, assim como também tem atleta de 40 anos com a mesma conquista. Claro, a idade ideal em que a maior parte dos atletas se destaca é entre 25 e 32 anos. Então nas Olimpíadas de 2016, quando terei 31 anos, vou estar no fim do pico, no limite, onde os atletas conseguem chegar nas suas melhores fases. É a cartada final também. É onde eu quero encerrar minha carreira, representando o Brasil nas Olimpíadas 2016, no meu país. Então vou unir várias coisas importantes num momento só. Não existe outro momento. Eu acredito que 2008 e 2012 não foram para que 2016 seja o melhor de todos.

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troféu fôlego

PAULO E JAIME atletas da Atacar

Protagonismo em duas rodas Em Toledo, nasceu o Handebol com Cadeira de Rodas. A ideia expandiu e hoje milhares de atletas dão um chega pra lá nas dificuldades P o r Tát i l a P e r e i r a

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F o t o s ANG É LICA MARIA

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J TROFÉU FÔLEGO

aime nunca andou. Ele nasceu em uma época em que a vacina contra a Paralisia Infantil ainda não era para todos. Com menos de um ano de idade, a doença tirou-lhe o movimento das pernas. Paulo andou. Fez isso até os 11 anos de idade. Em um dia propício para soltar pipas em São Paulo-SP, ele teve a ideia de sentir o vento ainda mais forte, sobre o telhado de casa. De lá, caiu e, com a queda, perdeu o movimento das pernas. Começos de histórias diferentes, mas que tiveram um entrelaçar bonito a partir do esporte. O ponto de virada na trajetória de Jaime Augusto Reis e Paulo Ricardo Franco aconteceu a partir de uma nova prática esportiva, com assinatura do oeste do Paraná. Eles encontraram um outro significado para a existência com o Handebol em Cadeira de Rodas (HCR), criado em meados de 2005 na cidade de Toledo-PR. O trabalho surgiu a partir do projeto de extensão AMA (Atividades Motoras Adaptadas), do curso de Educação Física da Universidade Paranaense (Unipar). A novidade evoluiu para a criação da primeira entidade de Toledo focada no estímulo do esporte para pessoas com deficiência física: a Associação Toledense dos Atletas em Cadeira de Rodas – ATACAR.

JAIME é um dos craques da equipe

A sigla é bem sugestiva. Atacar é do esporte, da vida. Faz parte da superação de barreiras. Hoje, 30 atletas fazem parte da Associação e a partir do HCR recomeçaram. “Eu comecei a querer a viver sozinho, a ficar mais independente”, esclarece Paulo, que teve o handebol como primeiro esporte. Jaime já tinha se aventurado em outras áreas, como futebol e vôlei, mas o HCR se tornou o porto seguro. “O handebol foi a resposta de tudo para mim, foi onde me encontrei. Me fez pensar que ainda faço parte de alguma coisa”. Nesse embalo, a equipe coleciona

diversos títulos, dentre eles, a de campeã Sul-americana de HCR. A ideia se espalhou e, atualmente, o esporte é praticado em dez estados brasileiros – Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Amapá, Pará, Sergipe, Alagoas, Maranhão e Rio Grande do Sul – e em doze países – Brasil, Chile, Bolívia, Argentina, Portugal, França, Inglaterra, Espanha, Áustria, Suécia, Austrália e Japão. Lugares em que um monte de histórias com um capítulo triste podem se unir, na tentativa de protagonizar momentos melhores.

O esporte é assim

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O HCR pode ser praticado por sete ou quatro atletas em cada equipe. O HCR7 é uma adaptação do handebol convencional em que se jogam sete contra sete, com as mesmas características, mas com algumas modificações na regra devido ao uso da cadeira. O HCR4, que é uma adaptação do handebol de areia em que se jogam quatro contra quatro, com as mesmas características, mas com as adaptações necessárias na regra devido ao uso da cadeira. O Jogo é disputado em 2 tempos de 10 minutos cada, que são denominados sets. O vencedor do set ganha um ponto. Empatando em 1 x 1, há o set desempate, com 5 minutos de duração, e, caso ocorra empate, a partida é decidida no gol de ouro. Existe uma classificação para os jogadores de acordo com seu desempenho em habilidades do handebol como driblar, passar, empurrar a cadeira e arremessar. As classes são: 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0, 3.5, 4.0, 4.5 e 5.0. A cada jogador é atribuído um valor em pontos igual à sua classificação. Podem praticar este esporte pessoas com as seguintes condições de deficiência física: lesão medular, sequela de poliomielite, mielomeningocele (espinha bífida), amputação de membro inferior, má formação congênita, outros fatores que causam limitações físicas e motoras.


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PODIUM

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Corra mesmo! Não a esmo Com a corrida, você deixa para trás problemas de obesidade, depressão, estresse... e, se continuar, eles não te alcançam mais

P o r RICARDO POHL

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F o t o s RODRIGO VIEIRA

*Desculpem qualquer informação rápida, é que fiz a matéria correndo

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podium

corra mesmo! não a esmo

orrer parece e é fácil. É natural. Faz parte do nosso instinto. Há dezenas de milhares de anos, corremos de encrenca, como dinossauros, por exemplo – tá, eu sei que eles morreram bem antes do primeiro de nós aparecer, mas eu precisava de um contexto maneiro. Como você não quer correr feito um homem das cavernas, demos uma corridinha atrás de alguém de peso, ou melhor, alguém de quilometragem. Edson Hernandes Dos Reis já foi o quarto melhor nos 400 metros com barreira; 11 vezes campeão paranaense e campeão sul-americano; bicampeão brasileiro; 68

tricampeão pan-americano; recordista paranaense e dos Jogos Abertos e campeão, como técnico, dos Jogos Abertos e Jogos da Juventude. “Meu casamento, meus filhos, minha empresa, o meu trabalho, tudo isso eu devo para a corrida!”, agradece. Edson traz na perna a gratidão, a tatuagem de um corredor: “Eu fiz como um presente para mim, porque realmente o esporte só me deu presentes, sem a corrida, eu não sou nada”. Mais extenso que o currículo do recordista, somente as vantagens da corrida. “O maior beneficio da corrida é a questão do meio social” e completa que as pessoas que praticam são mais felizes devido à liberação de hormônios como dopamina e serotonina. Nesse mesmo contexto, a depressão e o estresse perdem


fôlego no esporte. Muito mais que só emagrecer, o pós-graduado em Ciência do Treinamento afirma: “Há pessoas que chegam com testes laboratoriais todos negativos, depois de 40, 60 dias, os exames mudam positivamente”. Quais são os primeiros passos que devo dar para começar a correr? Dar, literalmente, os primeiros passos, amigo leitor! “Você tem que correr”, recomenda. Mas calma lá! Antes de tudo, você precisa fazer uma boa caminhada, uma marcha, um trote para, só depois, engatar a segunda! “A grande diferença, é quando você começa a sair do chão, porque no trote, você sempre mantém um pé no chão e na corrida, não”, especifica. Seu organismo tem razão quando reclama daquele alongamento antes do exercício, feito com o corpo frio. Antes dele, “é interessante você fazer alguns aquecimentos iniciais, articulares, para tornozelo, joelho, quadril, ombro”. Segundo o recordista, essa é uma maneira de informar ao seu corpo quais os exercícios que ele terá que executar. O alongamento deve priorizar principalmente a região do quadríceps, o músculo da região da coxa. E se você acha esses movimentos complicados demais para fazer, ou até mesmo para se lembrar, Edson prescreve que o aquecimento pode, sim, ser uma leve corrida, ou uma corrida de leve, fica ao seu critério. A fuga das câimbras também é possível, mas demanda tempo. De acordo com o educador físico, a câimbra é uma espécie de Alzheimer muscular, assim, é preciso fortalecer a musculatura, de maneira intramuscular com movimentos mais lentos e cadenciados para gravar uma memória muscular e acabar com essa amnésia que mais dói do que esquece. E o que mais preciso para correr? De um chão, caro leitor. O solo escolhido é muito importante, mas depende de vários fatores. Um deles é o caso das pessoas acima do peso, aí solos mais duros não são indicados. “É interessante que essa pessoa não tenha tanto impacto no solo direto, e inicie um trabalho na grama, num piso mais tranquilo”. E um solo carinhoso, onde encontro? Na esteira! A absorção nela é muito menor, pequena se comparada aos outros. Quem quer perder peso sabe que a corrida é a atividade mais indicada para emagrecer. Mas e quem já é magro? “Acredito que dá para correr igual,

porém, o que deve ser feito é um trabalho multidisciplinar, principalmente, com o profissional da nutrição e um educador físico [...], um trabalho de musculação, visando a um aumento de ganho de massa muscular, junto com um trabalho aeróbico”, respalda. Nesse começo, é importante que você conheça seu desempenho. É para isso que existe o Pace, que é o tempo que levamos para percorrer determinada distância, ou seja, quantos minutos você usa para fazer um quilômetro. Ela é fundamental para saber se você está lento demais ou muito rápido... Porque você sabe, com tantos radares na cidade, é bom se precaver! Estamos no calor, mas a dica para continuar dando pernadas no frio, é correr para dentro da academias, com boas esteiras e professores. Para embalar, aproveite as estações mais quentes para começar. Ou melhor, deveria começar a correr hoje, de preferência agora! Corra! Corra! Pera... Deixa a gente em algum lugar antes, não vai correr com a Revista na mão, né?!

O que é Serotonina é um neurotransmissor que regula o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura, sensibilidade à dor, movimentos e as funções intelectuais. Isto quer dizer: a serotonina é uma funcionária dos Correios especializada em trazer mensagens alegres que acalmam e te deixam feliz da vida. A dopamina também trabalha nos Correios (ela também é um neurotransmissor). Porém, a corregedoria (novas pesquisas) descobriu que ela estava no setor errado. Na verdade, ela é responsável por trazer cartas de motivação para te impulsionar a descobrir como resolver as coisas e, finalmente, agir!

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EKAMBA


ÓCIO PRODUTIVO

Pi t a d a s d e e n t r e t e n i m e n t o

com Ricardo Pohl

Empire of The Sun Ice On The Dune

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Agora entendo porque gostei dessa dupla. Já simpatizava com We Are The People do primeiro álbum da Empire of The Sun e, recentemente, com o Ice On The Dune, percebo, ou melhor, escuto muitas semelhanças com os falsetes do Erasure e Pet Shop Boys. Essa semelhança não para por aí. Além da genética, que concede ao Empire a mesma harmonia do Synthpop dos anos 80, há também um parentesco entre os australianos e bandas do New Wave, como Depeche Mode, uma coisa de família, sabe?! (Que ao invés de passar um nariz grande para a próxima geração, por exemplo, ensina como transformar os tímpanos numa zona prazerosa.)

A Família

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É muita empolgação. Um filme de máfia sem ser sobre máfia, saca? O crime organizado ítalo-americano serve apenas como plano de fundo (Sopranos, que saudades!) para que o profissional Luc Besson desenvolva esta comédia. Após o personagem de Robert De Niro ter testemunhado contra sua antiga família, o programa de proteção à testemunha transfere ele, sua esposa (vivida por Michelle Pfeiffer) e os dois filhos para a França, com a proteção do policial Stansfield (referências, como gosto!) representado por Tommy Lee Jones. As maiores qualidades do filme são a despretensão e as referências, nem sempre propositais... Para se assistir, como gritaria um outro Stanfield, com EVERYONE! para sustentar toda a ação.

Casagrande e Seus Demônios CASAGRANDE E GILVAN RIBEIRO

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Um rockstar que foi fazer riffs com a bola, agora, faz questão de deixar as crises com drogas em evidência, representadas por demônios, para alertar os desinformados sobre o inferno que sua vida pode se tornar. Porém, a vida de Casão é muito mais que futebol, drogas e rock’n’ roll. Walter Casagrande Júnior demonstrava em campo sua revolta contra a ditadura militar e participou, ao lado do amigo Sócrates, da venerada Democracia Corinthiana, além de ser filiado ao PT e lulista convicto. Realizada com Gilvan Ribeiro, a biografia ilustrada contará todos os altos da carreira do comentarista, bem como seus baixos, ou demônios. 71


HOJE TEM

SEXO

A SATISFAÇÃO DO POMPOARISMO

so

o r e z a r p é , o tid r ve i d é , vel É saudá

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uitas pessoas, sejam elas homens ou mulheres, possuem insegurança quando o assunto é a sua própria sexualidade. Uma forma de amenizar essa insegurança é o aprendizado e o autoconhecimento, e uma técnica que é capaz de auxiliar nessa autodescoberta é o pompoarismo. O pompoarismo é uma técnica milenar oriental, criada na Índia, que, ao longo dos anos, vem sendo estudada como função terapêutica – são inúmeros os benefícios que os exercícios podem proporcionar, não apenas para o sexo, mas também para a saúde íntima da mulher. O fortalecimento da musculatura vaginal ajuda a prevenir e auxilia no tratamento da incontinência urinária, no prolapso uterino e nas infecções. Também é capaz de ajudar mulheres grávidas durante o parto

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normal e na recuperação pós-parto. Esses exercícios são conhecidos também como exercícios de Kegel. Na vida sexual, o pompoarismo proporciona efeitos maravilhosos não apenas para a mulher que o pratica, mas também para o seu parceiro, e para o relacionamento. Ele é capaz de dar um “fogo” numa vida sexual pacata, já que, em primeiro lugar, ajuda no autoconhecimento da mulher, o que é muito importante para a sua sexualidade. Antes de iniciar os exercícios de contração vaginal, é necessário que a mulher busque conhecer seu próprio corpo, ficando cada vez mais íntima de si própria. A auto-observação, o toque, a percepção de sensações são primordiais para que a intimidade aconteça. Com o autoconhecimento, a mulher poderá se sentir muito mais à vontade de expor ao homem o que a excita,

como isso acontece e onde deve ser tocada, ficando muito mais fácil para o homem satisfazê-la sexualmente. Isso auxilia também no despertar da libido, funcionando como um estímulo para reacender o desejo sexual. A mulher que pratica o pompoar poderá se sentir muito mais sedutora, se sentir mais desejada, pois saberá que será capaz de proporcionar um prazer intenso ao parceiro. Esse prazer é relacionado ao fortalecimento e à habilidade de controlar totalmente seus músculos vaginais, ou seja, poderá fazer o que quiser durante uma penetração, desde sugar o pênis com a vagina, torce-lo, massageá-lo, conter a ejaculação do homem, expulsar o pênis de dentro da vagina a prendê-lo, não deixando com que se retire da penetração. Enfim, a mulher pode ter total controle durante a penetração, e muitos homens relatam


adorar essa situação, pois também estas contrações proporcionarão um prazer muito mais intenso para eles. Através do fortalecimento da musculatura, da percepção de sensações, do aumento da irrigação sanguínea, dos estímulos para o aumento da libido e da autoestima, o pompoarismo ajuda a mulher a conseguir um orgasmo com a penetração (muitas mulheres só conseguem com estimulação do clitóris), e mulheres que já conseguem intensificam esse prazer. Além de todos esses benefícios, o pompoarismo auxilia no tratamento de diversas disfunções e dificuldades sexuais. É importante a mulher buscar ajuda de um profissional especializado em sexologia. Por mais que existam livros explicativos, algumas mulheres podem se frustrar com o resultado, pois é necessário ter disciplina nos exercícios, ter uma preparação da musculatura e, em alguns casos, incluir a terapia sexual no tratamento. O acompanhamento é importante para realizar um progresso nos exercícios. O terapeuta dará subsídios e orientações para a mulher criar uma consciência corporal, a fim de melhorar a qualidade da vida sexual. Vale lembrar: na terapia, não há nenhum contato físico com o cliente, todos os exercícios serão realizados em casa.

Como fazer?!

Os exercícios do pompoarismo se baseiam na contração voluntária dos músculos circunvaginais, ou seja, a musculatura interna da vagina. Durante a técnica, a mulher desenvolve um controle mental sobre essa musculatura. A musculatura vaginal é composta por 3 anéis, e será nesses anéis a maior concentração dos exercícios de contrações. O primeiro passo é identificar esses anéis. Após a identificação, são realizados inúmeros exercícios de maneira gradativa. Nesses exercícios, são utilizados alguns acessórios, como o ben-ya, as bolinhas tailandesas, os pesos vaginais e o vibrador personal. Vale ressaltar que o casal pode aproveitar de alguns exercícios e dos acessórios para colocar um fogo na relação sexual. O jogo sensual torna o sexo muito mais leve e prazeroso, portanto, treine com o seu parceiro, seduza-o e deixe-se curtir este momento.

R . VIEIRA

POR A d r i a n a V i s i o l i

Convide-o para participar dos exercícios, pedindo para ele fazer uma massagem íntima até ficar lubrificada, introduzir o colar tailandês pérola por pérola e pedir para ele puxar. Você pode ainda pedir para ele introduzi-las, tente sugar as pérolas do ben-ya na frente dele, mostre o quanto está excitada, brinque com ele, use o vibrador, enfim, criem um clima erótico e estreitem essa intimidade, afinal, sexo bom também é sexo divertido!

Quem já fez

Depoimento do casal A.S.R. e M.R. Esposa A.S.R.: ¨Quando comecei, achei bobeira. Jamais pensei que teria tanto resultado. Faço há um ano e meio. Antes de fazer a terapia sexual e praticar os exercícios do pompoarismo, eu era supertímida, não falava com meu marido sobre sexo. O pompoarismo fez com que conversássemos mais, porque eu também fui descobrindo coisas que jamais sabia, sensações muito prazerosas. Eu não conseguia ter um orgasmo de jeito nenhum, ou melhor, só me masturbando, tinha até algumas dores durante o sexo. Hoje meu marido e eu damos risada sobre isso, porque tenho orgasmos maravilhosos, fico nas nuvens, e isso estimula ele também. Estou até conseguindo segurar o pênis dele dentro de mim, dou uns apertões e ele adora. Não quero parar nunca com esses exercícios, vai que volta como antes, né? (risos) e isso eu não quero. Se fez milagre eu não sei, mas que mau marido e eu aprovamos, isso sim. Valeu a pena¨. Marido M.R.: ¨Minha mulher melhorou muito, e eu também. Comecei a ser muito mais participativo e a entender mais ela, porque ela começou a falar mais o que gosta. Fora que, quando ela aperta meu pênis, o sexo se torna sensacional, ela está me dando muito mais prazer. Estou muito contente com o resultado do pompoarismo e da terapia. Sabe que começamos a usar os utensílios dos exercícios durante o sexo? E está sendo muito bom, brincamos bastante. Sinceramente, o sexo deixou de ser algo cheio de regras, está muito mais gostoso, e minha mulher também. (risos)¨ 73


DE CARONA

OUTRO TIPO DE ARTE

O publicitário Leo Borges foi até o berço do muay thai para se aperfeiçoar nas lutas marciais - aqui, ele conta para a gente o que viu por lá

T P o r J u l i e Fa n k

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F o t o s ARQUIVO PESSOAL

ailândia, em tailandês, significa “terra livre”. Por lá, a palavra “thai” é utilizada para definir a cultura, a língua, os habitantes e a luta mais importante do país – que, aliás, é o esporte que define o destino de milhares de crianças todos os anos. É o muay thai o futebol do país do sudoeste asiático – e é para lá que quem quer se especializar no esporte

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vai, a exemplo de Leonardo Borges, instrutor da Academia Thai Box e um dos representantes do Poderoso Team.

O LUTADOR

Ele deixou de lado as campanhas publicitárias para fazer outro tipo de arte: sabia desde os 5 anos que o seu destino eram as faixas e tatames. Treinou durante 10 anos karatê e, aos 18, se iniciou no muay thai, tangenciando o jiu-jitsu como esporte paralelo. Hoje, com 26 anos, é faixa preta no muay thai e, há um ano, resolveu entender um pouco mais sobre a luta para se fixar no esporte como atleta e ensinar quem ainda quer ser um. Já vice-campeão paranaense na modalidade, Leo Borges

ficou 70 dias na Ásia treinando com os mais experientes lutadores do mundo. Foram duas semanas na capital e mais dois meses de treino intenso numa academia na cidade vizinha de Pattaya, a poucas horas de distância de Bangkok. “Era só eu de ‘gringo’, meu treino era com nativos que ensinavam o muay thai tradicional.”, relembra. Por intermédio de um conhecido, chegou ao país sem conhecer nada além do que seu maior patrimônio: a luta.

O TREINO

Ele compartilhava da paixão dos tailandeses e, assim como aqui, faça chuva ou faça sol, lá vão os adeptos do futebol encarar uma pelada, ele não desistiu.


Leo Borges e seus companheiros de treino diário numa academia em Pattaya.

E como fazia sol. Em condições bem diferentes do treino por aqui, o brasileiro treinava a um calor de 42o – temperatura nada fácil para um cascavelense. Ele comenta que nem os nativos aguentavam: “O horário de treino era diferenciado: até às 11h da manhã e depois das 16h, de 4h a 5h por dia – além das corridas. Eu corria de 4km a 6km por dia. E só tínhamos folga no domingo. Todos os outros dias eram de treino.” O resultado da temporada asiática foram 7kg a menos contados dos 75kg que a balança acusava quando saiu do Brasil. A dieta também contribuiu: à base de frango, peixe, arroz e muita salada, ele conta que essa talvez tenha sido a pior parte da adaptação. Até no idioma, arriscou: “Eles falam um pouco

de inglês. Bem pouquinho. Eu falo bem pouquinho também, então conseguíamos nos comunicar, a gente se entendeu.”, brinca. Ainda que o idioma nativo tenha sido um pequeno empecilho, hoje lembra as situações com humor: às vésperas de uma luta, depois de dois dias insuportáveis, conta que estava com muitas dores no ouvido, e o farmacêutico, que só entendia tailandês, não soube receitar nada além de cotonetes.

A EXPERIÊNCIA

Depois de 25 dias de treino, foi para o ringue – sem nenhum conterrâneo ou estrangeiro por perto: somente entre tailandeses, encarou duas lutas. Fazendo jus

aos 50% de chance, perdeu uma, ganhou outra. Na que perdeu, deslocou o braço. E acha que foi moleza? No outro dia, ainda estava treinando para, em duas semanas, voltar ao Brasil. A persistência foi um dos valores aperfeiçoados: “Lá o povo vive de luta, se eles não lutarem, eles não comem. Até porque são todos do mesmo nível por lá, para você se destacar, você tem que ser muito bom – e treinar muito.”, argumenta. Por essas e outras questões culturais, considera-se que, em terras tailandesas, pratica-se o verdadeiro muay thai: uma luta de contato sem tantas restrições quanto aqui – quando vale até cotovelos. E se, por aqui, os ídolos dos campos detêm a bola, na Tailândia, os ídolos do esporte são quem incentivam as crianças a 75


DE CARONA

OUTRO T I PO DE A RTE

seguirem na luta como atletas profissionais: “As crianças são muito pobres. O pai incentiva o filho a lutar desde criança. A primeira opção de profissão deles é essa.”, avalia o lutador. E por falar em ídolo, engana-se quem pensa que os ídolos levam a cidadania tailandesa no passaporte – o maior campeão do mundo, Ramon Dekkers, o estrangeiro mais famoso na Tailândia, foi o ídolo da década de 90. Um mês antes da morte do ícone holandês, Leo Borges e ele trocaram algumas palavras em uma academia por lá. Entre outras personalidades, Yodsanklai Fairtex, figurinha conhecida por quem é adepto do esporte, foi outro com quem Leo teve a oportunidade de conversar e treinar. E se sorte pouca é bobagem, foi com o conhecido francês Youssef Boughanem com quem ele lutou, num treino de uma manhã qualquer. Ali, estavam lado a lado, aprendendo com quem é considerado mestre por lá – qualidade medida pela quantidade de cabelos brancos.

PRÓXIMO DESAFIO

Outros planos confirmam que a carreira de publicitário foi só um acontecimento de percurso: “Eu vou focar mais na preparação física agora, porque eu tenho minha primeira luta em fevereiro em Santos, valendo cotovelo (muay thai tradicional).”, planeja. É na carreira de professor e lutador que ele encontrou seu norte – mesmo que em constante processo de aperfeiçoamento. A recompensa pela dor de ouvido, pelo braço deslocado, pela comida (que, ao lado do Brasil, não era lá aquelas coisas) e pelas adversidades que fazem parte de qualquer história de viagem que se preze veio com a bagagem no currículo e com o sucesso reconhecido aqui: à frente da própria equipe, com mais de 150 alunos, o professor, hoje, um ano depois da experiência, cogita repeti-la por mais 2 meses ano que vem. A necessidade de ser melhor é o que manda na vontade de embarcar novamente – sabe que, por lá, vale mesmo o aprendizado, para na volta passar à função de mestre. “A missão não está cumprida ainda, preciso aprender mais!”, lembra. Uma lição de humildade e força de vontade – que nenhum braço ou ouvido doendo vai fazer parar.

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EKAMBA


VAMBORA POR CAROL WIESER

Nunca diga: desta água não beberei A publicitária Carol Wieser conta para a gente para que cantinhos do mundo aquático ela vai voltar sempre que puder

FOTOS a r q u i v o p e s s o a l

Fernando de Noronha Brasil

Los Roques Venezuela

Ilhas Mauritius Oceano Índico

“Moreias, raias, tartarugas, tubarões, golfinhos e muitos, muitos peixes! Mesmo os mergulhadores mais experientes ficam deslumbrados com a riqueza subaquática do arquipélago de Fernando de Noronha. Com mais de 24 pontos de mergulhos, águas quentes o ano todo e visibilidade de mais de 30 metros, é quase impossível sair da ilha sem pelo menos fazer uma visitas às profundezas do oceano noronhense.”

“Ainda na América Latina, as águas transparentes e quentes de Los Roques são um convite para mergulhar, seja de cilindro ou apenas de snorkel em alguma praia/ilha paradisíaca. Para os mergulhadores autônomos, Los Roques reserva algumas surpresas extras como uma exuberante barreira de corais que circunda o arquipélago e uma enorme quantidade de vida marinha. É como submergir em um enorme aquário com um ecossistema extremamente equilibrado.”

“Com águas azul-turquesa no Oceano Índico, o mergulho na barreira de corais das Ilhas Mauritius é uma grata surpresa. A diversidade de pontos de mergulhos é imensa e os recifes que rodeiam a ilha são repletos de corais, peixes coloridos, camarões limpadores e anêmonas gigantes – além dos vários naufrágios, alguns do séculos XIX.”

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ONDE TEM

4U Academia Personalizada Rua Recife, 411 Cascavel-PR (45) 3306 0633 Adriana Visioli – Terapeuta Sexual Rua Rio Grande do Sul , 1853 Cascavel-PR (45) 3225 0123 www.adrianivisioli.com.br Aline Basso – Academia Body and Soul Rua Minas Gerais, 2334 Cascavel-PR (45) 3306 0564 Atacar – Associação Toledense dos Atletas em Cadeira de Rodas Toledo-PR www.atacartoledo.com.br Brasil Fitness Academia Rua Castro Alves, 1664 Cascavel – PR (45) 3038 1100 www.brasilfitness.eu Blindagem Suplementos Rua Riachuelo, 1845 Cascavel - PR (45) 3036 9500 www.blindagemsuplementos.com.br Body and Soul Rua Minas Gerais, 2334 Cascavel-PR (45) 3306 0564 Brazuca Surf Wear Rua Paraná, 2208 Cascavel-PR (45) 3222 8137 Carla Patrícia Maffei – Nutricionista (45) 9961 0337 Centro de Formação de Pilotos André Pedralli Avenida Rocha Pombo, 2305 Cascavel-PR (45) 9838 7072 Centro Integrado ATM Rua Fortaleza, 481 Cascavel - PR (45) 3225 2505 www.centrointegradoatm.com.br

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Clínica Magrass Rua Manoel Ribas, 2249 Cascavel - PR (45) 3037 3223 www.magrass.com.br Clinika Rua Santa Catarina, 1656 Cascavel - PR (45) 3035 2595 www.clinika.com.br Corpo Culto Rua Barão do Cerro Azul, 866 Cascavel-PR (45) 3229 6838 Denise Santos Martins – Dermatologista Centro Dermatológico de Cascavel Rua Vicente Machado, 1587 Cascavel - Pr (45) 3322-0200 Edson Hernandes dos Reis – Personal Trainner Neo Saúde Academia Personalizada Rua Recife, 1325 Cascavel-PR (45) 3328 0839

Mercado do Peixe Rua Manaus, 2330 Cascavel - PR (45) 3096 0041 Moda Fitness Rua Castro Alves, 1664 Cascavel - PR (45) 3322 2767 Nova Fórmula Farmácia de Manipulação Rua Paraná, 2130 Cascavel-PR (45) 3224 2701 www.novaformulafar.com.br Nutricertta Suplementos Avenida Brasil, 2962 Cascavel-PR (45) 3039-1616 Nutrilatina 0800 41 2324 www.nutrilatina.com.br Paula Vasconcelos – Nutricionista Cascavel-PR (45) 9964 4225 paulavasconcelos@gmail.com

Fitness Center Academia Rua Osvaldo Cruz, 1970 Cascavel-PR (45) 3038 5883 www.academiafitnesscenter.com

Physical Fitness Travessa Cristo Rei, 145 Cascavel-PR (45) 3039 0055 www.physicalpr.com.br

Kgepel Rua Erechim, 799 Cascavel - PR (45) 3220 2441 www.kgepel.com.br

Sandro Toledo – Cardiologista Clínica PróCardíaco Rua Vicente Machado, 1587 (45) 3222 2475 www.clinicaprocardiaco.com.br

Luciana Weiber da Silva – Esteticista Sublime Cosméticos Cascavel – Pr Rua Afonso Pena, 1846 (45) 3324-3800

Shox Sport Rua Mato grosso, 2798 Cascavel-PR (45) 3227 6468 www.shoxsport.com.br

Marja Antonello – Nutricionista Clínica São Paulo Rua Marechal Cândido Rondon, 1596 Cascavel-PR (45) 3037-5091 www.clinicasaopaulo.fst.br

Siluets Rua Afonso Pena, 1749 Cascavel-PR (45) 3037 7606 Tokyo Sushi Rua Manaus, 2360 Cascavel - PR (45) 3097 0604 www.tokyosushi.com.br


EKAMBA


COLABORADORES

Os fortes que disseram ‘presente’ na edição #02

Marcele Antonio Ela sempre ficava por último na escolha dos times das aulas de educação física. A jornalista Marcele Antonio preferia fazer páginas e mais páginas de trabalho teórico sobre um esporte do que efetivamente praticá-lo. Com dois bons exemplos em casa, chegou uma hora em que a consciência falou mais alto e o trabalho fez um chamado. Começou a ir para academia com os pais e investir no aeróbico e na musculação; no trabalho, passou a cobrir eventos esportivos. O que era obrigação se tornou viciante e aí escrever para a Fôlego virou só mais uma

João Guilherme Clos Com uma tendência ao sedentarismo e dificuldade de

parte de um bom costume - que pretende manter até, quem sabe em outra vida, experimentar o futsal.

se manter tranquilo, o fotógrafo João Guilherme Clos é daqueles que prefere esportes ao ar livre. Sempre jogou futebol e praticou skate. Ficou 2 anos sem praticar nada. Foi depois de passar a fotografar esportes, que se sentiu instigado a recomeçar - o patins e a caminhada funcionam desde então como um alívio, um período para dar tempo à cabeça e consequentemente, atenção ao corpo. Na patinada, carrega a esposa Aline - na tentativa de se livrar das preocupações do dia a dia e do estresse, com uma ótima companhia.

#fôlego www.revistafolego.com.br

Caroline Wieser

A gente sabe que tem muitas coisas

Criadora e editora do blog Travel Forever, Caroline Wieser está sempre

interessantes para fazer offline – nossas

planejando uma nova viagem! Sua Bucket List é enorme (e azul),

páginas estão aí como prova impressa. Só que

dificilmente irá conhecer todos os destinos que deseja, mas continua

se você decidir entrar no mundo virtual, não

esperançosa! Pratica atividades físicas que envolvam o mar, mas como

se reprima: acesse nosso site para se ligar nas

mora longe dele, faz musculação e caminhadas diariamente. Torce

novidades.

todo dia para chegar logo um feriado para poder colocar os pés na água salgada.

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