dezembro 2012
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SETOR VITIVINÍCOLA De Portugal para o Mundo
ALDEIAS DE PORTUGAL ATA – Rumo à Promoção do Turismo Rural
100 ANOS LIBERTY SEGUROS Entrevista ao Dr. José Duarte de Sousa Revista Mensal Distribuição gratuita com o Jornal de Notícias e Diário de Notícias
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s um á r io tema de c a pa
100 ANOS LIBERTY SEGUROS
É preciso recuar um século para perceber a origem da Liberty Seguros e a sua estratégia para a implantação de uma cultura de empresa a nível mundial, consequência de ter a sua origem numa Associação Mutual sedeada em Boston, nos Estados Unidos que, como todas as associações deste tipo, assume como prioritárias as questões sociais.
Entrevista ao Dr. José Duarte de Sousa
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ed i to r i a l
opini ão
p ro po sta do mês
ORGULHOSAMENTE UNIDOS
O MOMENTO PARA ARRISCAR
TÊXTIL EM PORTUGUÊS: DE NOVO!
pág. 4
pág. 30
setor vitivinícola: de portugal para o mundo
revitalizar as aldeias de portugal: um projecto em expansão
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alma de pias: um vinho com paixão pág. 10
a tradição e referência vitivinículas pág. 12
da vinha para a mesa pág. 14
lado a lado com um enólogo pág. 16
sabor português pelo mundo
duas décadas de inovação no sector da higiene em portugal
o design como motor para o progresso da indústria do calçado
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Diretor Geral António Matos (amatos@gestaoglobal.pt) Editora Rita Almeida e Silva (rita.gestaoglobal@gmail.com) Redação Marta Cabral, Adélia Abreu, Liliana Marinho (gestaoglobal.redacao@gmail.com) Gestora Comercial Cátia Amorim Departamento Comercial Gestão Global Secretariado Cristiana Sousa
Distribuição gratuita com o Jornal de Notícias e Diário de Notícias Publicação editada ao abrigo do novo acordo ortográfico
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ed ito r i a l
O Dr. Boavida para este Natal quer sol, calor, nada de chuva nem frio e já agora que os duendes do Pai Natal fiquem por cá para ajudarem nas consultas dos meninos.
A Dra. Fofoka portou-se muito bem, por isso pede tudo para os outros também! Saúde para todos não só no natal, acho uma prenda fenomenal. Peço ao Pai Natal Paz, amor, bondade e solidariedade. Não só no natal! para a eternidade.
Se da obra que nasce se diz que a precede o sonho, não seremos menos empreendedores se nos dissermos sonhadores. Afinal, “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança” e é pelo sonho que nós, os portugueses, não raras vezes lançamos desafios, vamos à luta, remamos contra as marés e fazemos nascer a obra. Desta obra que me proponho enaltecer, não há paredes erguidas, traços de obra de arte ou sequer ditos ou dizeres gravados para a eternidade. Há pessoas. Profissionais que são palhaços e da alegria fazem a cura. Ser palhaço é, por definição de dicionário, ser-se “personagem cómica e burlesca de circo que diverte o público com brincadeiras, anedotas, etc.” Há-os de circo, de teatro, de rua. O que é rico, que os que são pobres estão sempre a trapacear. E há-os doutores. Doutores Palhaços, bem entendido, que garantem, por lema e convicção, que “o coração bem-disposto é um remédio eficiente”. Destes doutores, cujo princípio ativo da profissão assenta em fazer rir as crianças doentes, reza a história que nasceram pela convicção de Michael Christensen, fundador da Clown Care Unit, nos Estados Unidos. E de lá chegaram até cá quando Beatriz Quintella, depois de ler um artigo sobre o trabalho desta associação, se fez Doutora Palhaço e foi prescrever sorrisos para o Hospital D. Estefânia. Fê-lo como voluntária durante oito anos, até que, em 2002, Bárbara e Mark, de nariz vermelho em riste, se juntaram ao projeto e do sonho se fez obra, ou se quisermos, operação Operação Nariz Vermelho (ONV). Atualmente são vinte e dois os Doutores Palhaços que semanalmente contagiam com alegria as crianças hospitalizadas, as famílias e os profissionais de saúde de doze hospitais nacionais. “Hoje, estou especialmente orgulhosa por ser também portuguesa e orgulhosa de Portugal, um país que acredita no bom humor como ferramenta de transformação do mundo e premeia uma Associação de Palhaços”. 4
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ORGULHOSAMENTE UNIDOS Assim o disse Beatriz Quintella, no dia 11 de Dezembro de 2009, quando a Operação Nariz Vermelho recebeu na Assembleia da República a medalha de ouro do Prémio dos Direitos Humanos. E assim acreditamos todos nós que, apesar de todos os pesares dos ciclos e contraciclos económicos, contribuímos para que estas pessoas, que tomaram para si, mais do que a profissão, a missão de transformar o mundo pelo sorriso, o façam de forma profissional e contínua. A Operação Nariz Vermelho é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem vinculações políticas ou religiosas que necessita da contribuição da sociedade para manter a sua presença nos hospitais. Então, porque o Natal está a chegar e o tal espírito natalício determina a exacerbação da veia solidária, ou então só porque vale a pena por um sorriso, vamos adotar um nariz vermelho. E depois vamos mudar o mundo. Afinal, há quem defenda que, “De Doutor e Palhaço, todos temos um pouco”. Liliana Marinho
Nesse Natal a Dra. Da Graça quer um super computador hipersónico megabarico inoxidável para mandar muitas fotos lindas e mensagens para todos os meninos nos hospitais em Portugal No Natal eu
quero que o Pai Natal traga de Vermelho só o Nariz para brincar todo o ano com o seu petiz Que ele traga muitas cócegas na pança para rir todo o ano com a sua criança (Doutor Migas Migalhas)
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Seeing is believing* 5 GESTÃO GLOBAL Ver para crer
tema de capa
A CONSOLIDAÇÃO DE UM PROJETO SÓLIDO E FIRME NO MUNDO É preciso recuar um século para perceber a origem da Liberty Seguros e a sua estratégia para a implantação de uma cultura de empresa a nível mundial, consequência de ter a sua origem numa Associação Mutual sedeada em Boston, nos Estados Unidos que, como todas as associações deste tipo, assume como prioritárias as questões sociais.
Ao longo destes 100 anos de atividade, como foi possível fazer perdurar no tempo a cultura da Empresa que parece ainda hoje ter um forte impacto na sua forma de estar nos vinte e três países onde tem unidades de negócio? O mais importante foi manter viva essa chama ao longo das décadas a nível do mercado “mãe”– os Estados Unidos, onde o Liberty Mutual Group cresceu de forma orgânica, através da aquisição de muitas entidades e respeitando sempre as suas competências e os direitos das entidades que vai adquirindo. May the best person win, é a fórmula assente na meritocracia que acaba por melhorar o ADN corporativo da entidade que resulta da fusão das duas. Só assim se conseguem fundir culturas empresariais de forma harmoniosa, não apenas mantê-las, mas fortalecê-las ao longo das décadas. Como se desenvolveu o processo de internacionalização do Grupo? O processo de internacionalização do grupo começou apenas em 1995, ou seja, já com uma cultura muito forte consolidada a nível da casa-mãe, em Boston. A partir daí espalhou-se a mensagem através da “prata da casa” sempre que se comprava uma companhia num país distinto aos EUA, respeitando a idiossincrasia da cultura local, sem abdicar dos valores e princípios que são caros ao grupo, e que nos transformaram, após um século, num dos grupos seguradores mais fortes e representativos no mundo. Presentes no nosso país desde 2003, integrados num mercado tão competitivo como é o dos seguros, quais as particularidades na política de desenvolvimento da Liberty em território nacional? Baseia-se numa estratégia simples, bem comunicada, partilhada em total alinhamento com todos - colaboradores, fornecedores, parceiros; Uma operação administrativamente muito bem “oleada”, que executa com rigor, celeridade, qualidade e total transparência todas as tarefas necessárias para que os nossos clientes, fornecedores e parceiros não só não tenham razões de queixa, como também nos procurem por ser a entidade que melhor garantias lhes dá de resposta certa no momento certo, e de qualidade sustentada de serviço
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ao longo dos anos; Produtos que satisfazem as naturais expectativas de cobertura dos clientes, sem surpresas nem letra pequena que lhes tenha sido omitida no processo de venda, a preços acessíveis e razoáveis; Uma política de responsabilidade social muito virada para as comunidades em que estamos inseridos, partilhando o nosso êxito com os mais desfavorecidos. Não há uma fórmula mágica para retratar o que tem sido a nossa maneira de estar: muito trabalho, uma estrutura com processos de decisão rápidos, fortes valores e princípios, e uma dedicação genuína em tudo aquilo que fazemos. É por isso que um dos lemas do grupo é «People serving people since 1912», frase em que eu destaco a palavra «a servir» e a palavra «pessoas» com tudo aquilo que isso implica. É essa a nossa vocação. Apesar da crise emergente por toda em Europa, o sector segurador continua a conseguir cumprir os requisitos de solvência estabelecidos pela legislação em vigor. De que forma os seguros são importantes num tempo de conturbada instabilidade que se vive atualmente? Nos tempos conturbados que vivemos é bom saber que há autoridades de supervisão vigilantes, e discretamente, mas severamente atuantes, no sector segurador. Ao longo dos últimos anos foram várias as seguradoras obrigadas a injetar capital para manter os rigorosos níveis de solvência que estamos obrigados a observar, enquanto sector de atividade económica. A legislação que foi publicada nos últimos anos também beneficiou fortemente o consumidor, estabelecendo prazos mais céleres para as seguradoras se organizarem e efetuar as peritagens de sinistros e o seu correspondente pagamento. Ou seja, o sector segurador, num mundo turbulento, está sólido e recomenda-se! Nestes tempos agitados é mais importante do que nunca proteger o património e a vida. O seguro deve fazer parte da estratégia de poupança e de planeamento orçamental familiar de qualquer casal num momento como este.
Desde 2008, ano em que a crise se mostrou mais intensa, denotam-se mudanças de prioridades nos seguros feitos quer pelas famílias como pelas empresas? Não necessariamente no tipo de coberturas pedidas ou contratadas, mas sim na amplitude ou abrangência das coberturas. Nas empresas trata-se de restruturar os programas de seguro para refletir, por exemplo, a menor atividade económica e, portanto, conseguir diminuir o volume de prémios pagos. Já as famílias e os particulares, por exemplo, mudam o seu seguro contra Danos Próprios (incorretamente e falsamente denominado “contra todos os riscos”) para a cobertura de Terceiros, reduzindo a fatura do seguro e podendo continuar a circular com o seu carro. A Liberty Seguros dispõe de um conjunto enormíssimo de produtos para particulares e para empresas. Qual o produto mais solicitado nos dois casos anteriormente mencionados? Liberty Auto e Liberty Família, no caso dos particulares, e Liberty Empresas, um pacote empresarial, no caso das PME. Para empresas maiores é necessário ser feito um «fato à medida», pois os riscos variam em função de uma multiplicidade de fatores, que não permitem enquadrar a empresa num «pacote» pré-fabricado.
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Prémios Arrecadados pela Liberty no ano 2011 · Prémio Excelência no Trabalho pelo 2º ano consecutivo, o que significa que a Liberty Seguros é a melhor grande empresa para trabalhar em Portugal. · Distinguida como a melhor seguradora no segmento do ramo não vida. · Prémio Sapo 2011 Ouro, pela campanha eu respeito a estrada. · Prémio Entidade do Ano, em consequência do apoio dado pela Liberty Seguros ao ciclismo nacional.
O Grupo Liberty dispõe de um Código de Ética e Conduta Profissional aplicado em todas as unidades do Grupo Liberty e complementado com um Termo de Responsabilidade distribuído anualmente a todos os quadros superiores e monitorizado por Departamentos internos do Grupo a nível central. Em que medida este Código é responsável pela eficácia do Grupo Liberty e dos seus colaboradores, passando para o exterior uma imagem de competência e profissionalismo essenciais ao sucesso? Temos lido recentemente centenas de notícias que abalam as nossas crenças até ao mais íntimo do nosso ser, e que põem em causa os valores e princípios que herdamos dos nosso pais, e com os quais procuramos gerir as nossas vidas pessoais e profissionais. Muita gente em Portugal acaba por acreditar que o «chico-espertismo» compensa na vida. Mas na Liberty Seguros acreditamos que a seriedade, a ética pessoal e no trabalho, a honestidade e transparência, o rigor e a disciplina, são condições indispensáveis para ter êxito de longo prazo. Uma reputação leva muitos anos a construir, e segundos a destruir. Nós, Liberty Seguros, conseguimos ganhar a pulso no mercado a reputação de uma companhia séria, responsável, justa com todos os seus “stakeholders”, honesta e rigorosa. O Código de Conduta e de Ética que temos em vigor, e o Termo de Responsabilidade que anualmente assinamos, são peças fundamentais da nossa cultural, porque balizam aquilo que é importante para nós em termos éticos e comportamentais. Mas o mais importante será sempre o exemplo, que tem que vir de cima, e a forma como vivemos esses documentos no nosso quotidiano.
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Desenvolvem várias campanhas comunicacionais. Qual o intuito destas campanhas e que retorno trazem para a Liberty enquanto seguradora? O intuito é sempre o de reforçar a marca, dar a conhecer às pessoas a nossa forma de estar na vida, aquilo que é importante para nós, os nossos valores, fazer a comunidade partilhar os momentos que são importantes para nós, e transmitir à comunidade que são a nossa razão de existir, e portanto é para eles que trabalhamos todos os dias com um sorriso na cara. Para os servir com profissionalismo. Que campanhas estão já agendadas até ao final do ano? Iniciamos o ano com a campanha dirigida a apoiar os agentes profissionais de seguro; temos a decorrer a campanha do centenário, e pensamos continuar com campanhas vocacionadas para o apoio ao “mediador de seguros, o seu ombro amigo quando mais se necessita de uma seguradora”. Como vê os prémios que arrecadou e até que ponto não são mais do que o espelho de uma Organização bem estruturada e com objetivos bem definidos? Os prémios são a prova evidente de que o sistema, levado à prática com seriedade e rigor, funciona! É um orgulho contar em Portugal com uma das melhores equipas profissionais com as quais trabalhei até hoje!
s ecto r v it iv in íco l a
14,4 km.
por dia
882 kcal. 1,52 l.de suor
trabalhadores
dias
218,88 l.
de suor
12 DIAS
T RA BA LH AD OR ES
115 TON.
de uvas
73.440 L.
de mosto
Apesar da reduzida área geográfica de Portugal, o nosso país à beira-mar plantado oferece um surpreendente e inesperado leque de vinhos que tem vindo a conquistar os palatos nacionais e internacionais. Um exemplo deste sucesso é o recente destaque de vinhos portugueses na última edição da revista norte-americana “Wine Enthusiast”, que selecionou dez marcas nacionais para o “Top 100 Best
Buys”. Portugal ocupa a terceira posição neste “Top 100”, ultrapassado apenas pela França e Estados Unidos e tendo ficado à frente de grandes produtores mundiais como Espanha, Argentina e Chile. A mesma publicação norte-americana elegeu ainda dez vinhos portugueses para integrarem a lista “Top Cellar Selection”. Uma lista de vinhos para guardar e desfrutar. A propósito deste reco-
nhecimento, Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, afirmou que: “Em Portugal são produzidos vinhos diferentes, consistentemente bons, resultado de um investimento na produção com base nas castas autóctones, a que se associa a diversidade climática e dos solos das nossas regiões vitivinícolas”.
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ALMA DE PIAS UM VINHO COM PAIXÃO Interessada em conhecer aprofundadamente o vinho Alma de Pias, líder de mercado na região da Grande Lisboa, a Revista Gestão Global deslocou-se até à Quinta S. José da Lage, em Alenquer, onde se encontrou com Diogo Martins, fundador da Casco Real.
Diogo sempre teve paixão pelas regiões rurais e pelo negócio dos vinhos. Depois de estudar durante três anos numa Escola Agrícola, decidiu abraçar um projeto inovador e fundar uma empresa que pudesse trazer mais valias para a economia nacional. Surge assim a Casco Real, uma empresa empreendedora que pretende dinamizar o mercado dos vinhos em todo o território português.
Criada há dez anos, a Casco Real, rapidamente se integrou no mercado dos vinhos. Com apenas dez trabalhadores, Diogo Martins fez da Empresa um verdadeiro sucesso na distribuição do vinho Alma de Pias na Grande Lisboa onde, no espaço de quatro meses, duplicou o seu valor inicial de venda colocado no mercado a preço de custo. Ciente da concorrência do mercado, Diogo privilegiou uma estratégia baseada na forte relação entre o preço e a qualidade através da qual conseguiu alavancar cada vez mais clientes.
Vendido em centenas de estabelecimentos comerciais da Grande Lisboa, este vinho é, sem dúvida, um dinamizador do comércio tradicional, carente de novas apostas sólidas no mercado que o fortaleçam, como esta que aqui retratamos. Para o futuro, Diogo Martins pretende conquistar o Norte de Portugal, tal como fez com Lisboa e obter o mesmo reconhecimento pela qualidade e pelas características de um produto que, com tanto amor e afeição, coloca à mesa para degustação e proveito de inúmeros portugueses.
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Alma de Pias (…) dinamizador do comércio tradicional.
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A TRADIÇÃO E REFERÊNCIA VITIVINÍCOLAS Fundada por Adriano Ramos Pinto em 1880, quando este tinha apenas 21 anos, a Casa Ramos Pinto depressa se fez notar pela sua estratégia de inovação e pioneirismo, sendo hoje referência no sector vitivinícola. Associada a vinhos engarrafados de qualidade, implantou-se no mercado brasileiro no início do século XX e rapidamente se tornou responsável por metade do vinho exportado para a América do Sul. “Na altura, ainda não havia o conceito de marketing, mas Adriano Ramos Pinto fez um trabalho fantástico de propaganda de tal forma qualitativa que o vinho do Porto passou a chamar-se Adriano, no Brasil”, conta João Nicolau de Almeida, atual administrador.
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A Casa Ramos Pinto possui hoje, na Região do Douro, um total de 360 hectares de vinha com produção própria e associada a vinhos engarrafados de qualidade. A Gestão Global foi conhecer a história de uma casa oitocentista, legado de Adriano Ramos Pinto.
As guerras afastaram a Ramos Pinto do Brasil, mas esta depressa conquistou os países europeus, estando hoje também na América, Angola e Moçambique. No início da década de 80, incentivado pelo seu tio José Rosas, João Nicolau de Almeida abraça o desafio de estudar e selecionar doze das melhores castas tintas do Douro, para a produção de vinhos. Do estudo saíram as cinco castas recomendadas, ainda hoje, na Região Demarcada do Douro: Touriga Nacional, Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinto Cão. “Estabelecemos então uma estratégia de produção própria, que passava, sobretudo, por fazer o vinho na vinha”, recorda João Nicolau de Almeida. A Casa pertence hoje ao grupo Roederer, cuja história tem características idênticas.
A Casa Ramos Pinto criou um conceito Wine Sensing para juntar experiências únicas e momentos que podem ser vividos, de várias formas, num ou em vários cenários. O seu resultado pode ser apreciado numa visita e/ou estadia numa das quintas, numa visita ao centro de visitas de Gaia, que dispõe de uma sala de eventos, na prova dos vinhos ou até mesmo na contemplação da coleção de cartazes Belle Epoque, apresentada no Museu Adriano Ramos Pinto. Todos estes serviços estão disponíveis mediante consulta prévia.
Pioneirismo
A revolução feita na viticultura de produção faz da Ramos Pinto uma Casa pioneira no sector. “Nessa altura a viticultura estava muito separada do vinho e esta foi a primeira vinha a ser plantada em termos modernos, já com uma estratégia planeada de raiz”, refere o administrador. Depois da vinha, a empresa investe ainda numa equipa de jovens enólogos e viticultores onde se inserem, Carlos Peixoto, Teresa Ameztoy e Ana Rosas, que estão hoje a renovar e a preparar o futuro em termos de viticultura/enologia. O objetivo é adaptar a tradição e o conhecimento empírico às exigências atuais dos tempos modernos.
Uma cultura própria
Desde sempre a Casa Ramos Pinto entendeu que a qualidade dos seus vinhos começava na terra mãe do Douro e, por isso, tornou-se proprietária de diversas quintas na Região Demarcada. Destas, fazem parte as quintas do Bom Retiro, da Urtiga, dos Bons Ares e de Ervamoira. Com o Museu de Sítio de Ervamoira, que faz parte do roteiro do parque arqueológico do Côa, a Ramos Pinto dá a conhecer todo o seu arquivo histórico. A Casa inaugurou ainda a Área Museológica da Casa Ramos Pinto, dedicada à história da empresa e à arte publicitária. Pelo futuro desta Casa passam projetos ligados à produção biológica (já se estão a produzir seis hectares de vinha por ano) e vocacionados para manterem uma produção e cultura próprias, sendo fiéis aos sempre fiéis apreciadores em Portugal e no mundo. Dezembro 2012
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DA VINHA PARA A MESA
A Caves Vale do Rodo, CRL foi criada, em 1950, e surgiu da necessidade, que é real até hoje, de dar resposta à produção dos viticultores da região, criando melhores condições de negócio e melhorando assim o rendimento e a vida dos seus cooperadores. “Antigamente, a fonte principal de rendimento, de grande parte das pessoas do Douro, estava ligada à agricultura e à viticultura, e por isso, foi fundamental a criação de uma cooperativa que escoasse toda a produção”, conta António Lencastre, atual presidente.
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Cabeça de Burro
O Cabeça de Burro foi um dos primeiros vinhos DOC engarrafados no Douro. Este é, de facto, um vinho de excelência, produzido com as melhores uvas das mais nobres castas do Douro, provenientes de três zonas diferentes: Régua, Armamar e Tabuaço. Este vinho tem tido, ao longo da sua existência, um sem número de medalhas em concursos de vinhos nacionais e internacionais. Em 2012 alcançou medalhas de ouro na China e Japão. São características do Cabeça de Burro o seu equilíbrio na madeira, o seu corpo, a sua leveza, a cor granada intensa que o tornam um vinho facilmente adaptável a várias ementas e aos mais distintos consumidores. O Cabeça de Burro é hoje uma marca âncora da Caves Vale do Rodo CRL sendo líder de vendas no vinho tinto, branco e, recentemente, nos espumantes. As suas vendas anuais já atingem as 300.000 garrafas.
Porto e Douro Reccua
A Caves Vale do Rodo CRL começou por vender vinho a granel, passando, só mais tarde, ao engarrafamento. É nessa altura que surge a marca Reccua, dedicada aos vinhos do Porto. Hoje a marca Reccua abrange toda a gama de vinhos desde os de mesa aos melhores Portos, numa linha que hoje é das mais premiadas, tendo como o expoente o Porto Reccua 10 anos que, a cada concurso, ganha nova medalha de ouro! A Caves Vale do Rodo tem feito um esforço imenso no sentido de divulgar e concorrer com os seus produtos no espaço nacional e internacional, sendo hoje uma empresa em que quase 50% do seu produto engarrafado tem como destino a exportação.
Inserida no coração do Douro, no Peso da Régua, cidade internacional da vinha e do vinho, e também capital da Região Demarcada do Douro, a Caves Vale do Rodo Crl. engarrafa atualmente uma vasta variedade de produtos entre vinhos do Douro e vinhos do Porto.
Caves Vale do Rodo, c.r.l. O Presente e o Futuro
O avanço tecnológico, o know-how, e a contínua procura de novas oportunidades, permitiram, ao longo destes anos, o desenvolvimento de muitos vinhos desde os Porto Reccua Tawny’s em garrafa pote à nova gama de produtos, como o Reccua Moscatel, o Porto Reccua Rosé e o Porto Reccua Rubi Reserva, que aliam um novo formato a uma nova forma de estar e beber. “Antigamente havia a ideia de que os vinhos das adegas cooperativas tinham falta de qualidade. Hoje, devido à evolução tecnológica, ao conhecimento adquirido e à formação contínua dos seus colaboradores, a Caves Vale do Rodo CRL consegue ter os seus vinhos topo de gama que já fazem inveja a muita gente!”, observa António Teixeira, vice-presidente.
A Caves Vale do Rodo foi uma das primeiras adegas com certificação de qualidade de acordo com a norma ISO 9001 e é essa qualidade que a empresa pretende garantir, ano após ano, nos seus vinhos. No presente trabalha-se para o futuro na otimização da empresa nos seus dois setores principais: melhorar a qualidade das uvas e fortalecer o seu lado comercial. “O caminho mais certo para o nosso sucesso passa pela produção de uvas de qualidade, para vinhos excelentes altamente valorizados, cá dentro e lá fora”, explica o presidente. A Caves Vale do Rodo é hoje líder do setor, na Região do Douro, graças à qualidade dos seus produtos e ao esforço permanente na sua divulgação.
www.cavesvaledorodo.pt Dezembro 2012
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LADO A LADO COM O ENÓLOGO
E se pudesse melhorar os seus vinhos, usando o que a Mãe Natureza lhe oferece? Esta é a questão que a Enartis tem colocado aos enólogos em diversos países vitivinícolas, e para a qual pretende contribuir com respostas.
A enologia é uma ciência cada vez mais atenta ao mercado global, mas que se caracteriza por consumidores cada vez mais conhecedores e criteriosos nas suas preferências. A Enartis Portugal apresenta-se com o intuito de contribuir com produtos enológicos de superior qualidade e de ser usada por enólogos, que visam incrementar valor aos seus vinhos. Fazendo parte do grupo italiano ESSECO S.R.L., de cariz familiar, beneficia de mais de cinco décadas dedicadas ao fabrico de especialidades enológicas e da presença em todos os continentes e países onde se produz vinho. Com a Enartis, a evolução foi natural, fortemente assente na investigação, resultando em produtos com forte vertente de biotecnologia. Daniel Gomes, gestor comercial em Portugal, explica o porquê do seu posicionamento: “A missão da nossa equipa é apoiar os enólogos, no sentido de poderem utilizar ferramentas que lhes permitam trabalhar melhor os seus vinhos, obtendo melhor qualidade geral para os mercados a que se destinam, desde a
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proteção da qualidade das uvas, até ao engarrafamento dos vinhos”. As soluções e produtos apresentados visam garantir assim o máximo de segurança e perfil desejado aos vinhos produzidos. “Testemunhamos as dificuldades sentidas pelos produtores em, ano após ano, criarem vinhos de maior valor acrescentado; mas se contribuirmos para que, ao longo do processo produtivo, o enólogo possa economizar ou elevar a qualidade dos vinhos, creio que prestamos um bom serviço ao nosso cliente”, refere o gestor.
Melhoria na produção
A Enartis pauta por ser atualmente, não um mero distribuidor ou representante de uma marca comercial, mas sim um parceiro de negócio, lado a lado com o enólogo. Está presente em todos os países vitivinícolas e, para além de em primeira mão disponibilizar os produtos que fabrica, transmite aos seus clientes experiências e ensaios realizados por colegas noutros países, transferindo o know-how resultante e apoiando o enólogo em Portugal, nas suas tomadas de decisão.
Fazendo um trabalho progressivo, a Enartis foi ganhando notoriedade no mercado, ao nível de produtos muito específicos de afinamento como os taninos. Em 2013, as atenções irão concentrar-se em etapas muito específicas da estabilização dos vinhos, bem como consolidar a presença em segmentos que vêm crescendo no nosso País, como é o caso dos espumantes (métodos clássico e Charmat). “O que esperamos é que os nossos clientes produzam sempre melhores vinhos e que os comercializem melhor”, afirma o gestor. Parceiros de negócio
Com formação em agronomia, Daniel Gomes abraçou a Enartis em 2009 e lidera uma equipa de mais dois técnicos comerciais - Sandra Alegria e Ângelo Jesus (ambos licenciados em enologia) -, no acompanhamento dos clientes. Diana Martins, formada em química pela UP, é a responsável pelo back-office. “Somos quatro pessoas que trabalham com admiração pelo trabalho dos nossos clientes e gostamos de estar lado a lado com eles, desde a uva até à garrafa”, conclui Daniel Gomes. Dezembro 2012
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REVITALIZAR AS ALDEIAS DE PORTUGAL UM PROJECTO EM EXPANSÃO A Associação do Turismo de Aldeia (ATA) surgiu há treze anos e caracteriza-se por ser uma organização de âmbito nacional, sem fins lucrativos, que se destina à requalificação de aldeias rurais onde se insere a dinamização dos espaços, serviços, produtos e atividades complementares, como a animação, as tradições, e os costumes. “A ATA foi criada tendo por base a importância das Aldeias Rurais e o seu potencial em termos turísticos”, esclarece Ana Paula Xavier, diretora da Associação. A ATA resultou de uma parceria entre Associações de Desenvolvimento Local (ADL`s), cuja ambição envolve o desenvolvimento e a promoção dos territórios rurais, a promoção e valorização das aldeias e dos recursos endógenos, a formação/ sensibilização da população e agentes económicos, a organização do produto turístico “Aldeias de Portugal”, e a representação do interesse dos associados e dos seus territórios. Com vista ao alargamento da ATA e fomento da cooperação entre as Associações de Desenvolvimento Local, o Programa LEADER, dinamizador da iniciativa, permitiu às ADL`s desenvolver um plano de cooperação interterritorial denominado “Aldeias de Portugal”, com foco na melhoria da qualidade de vida da população rural e do culto das vivências e tradição
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rural portuguesa, através da promoção e preservação do património rural. Esta estratégia, que tem sido dinamizada em parceria desde o ano de 2005 pela ATA e as ADL`s promotoras do projeto, tem permitido à Associação desenvolver a sua actividade como responsável na promoção e desenvolvimento integrado do turismo nos territórios classificados, na valorização de recursos e produtos locais e na preservação da cultura e do património do mundo rural através da marca “Aldeias de Portugal”. Atualmente estão englobadas no projeto 15 Associações de Desenvolvimento Local, cobrindo toda a região norte do país. A rede “Aldeias de Portugal” é constituída, neste momento, por 71 aldeias classificadas da Região de Entre o Douro e Minho e Trás-os-Montes. “Pretendemos que daqui a uns anos a ATA seja uma entidade reconhecida pelo sector do turismo de Aldeia não somente como alojamento mas também por uma série de atividades que se podem desenvolver ao nível da animação e alargar a sua atuação não somente à região norte mas também ao resto do país”, afirma Ana Paula Xavier. “O conceito Aldeias de Portugal diferencia-se da restante oferta existente por proporcionar aos seus visitantes a “Experiencia da Ruralidade”, através de um produto turístico único e inimitável”. Apesar destes espaços rurais se distinguirem pela sua pre-sença remota na história, conservam legados de grande valor patrimonial e cultural, através do qual se destacam as calçadas pavimentadas onde predomina a pedra granítica ou o xisto; as elegantes praças e os pelourinhos, os chafarizes, as quintas e os amplos terrenos, cautelosamente trabalhados para fazer brotar os legumes e a fruta biológica que tanto apreciamos. As Igrejas românticas, barrocas ou renascentistas, os santuários, mosteiros e conventos são igualmente um ponto de grande atração não somente pela sua beleza arquitetónica bem como pelo seu interior minuciosamente trabalhado. Os edifícios termais dão hoje lugar a modernas estâncias balneares, lugares de tratamento de inúmeras doenças ósseas, respiratórias, ou simplesmente espaços de libertação de stress e de relaxamento.
Caracteriza-se por “Aldeias de Portugal” um aglomerado populacional inserido no meio rural, constituindo um espaço de relevante valor patrimonial, social e cultural, possuindo um carácter próprio que se expressa na tradição das suas actividades e produtos, e cuja população se identifica com um projecto integrado e sustentado de salvaguarda, valorização e promoção desses valores.
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Constituem a ata, e a parceria do projecto Aldeias de Portugal, as seguintes adl’s da região norte: adril; adriminho; atahca; sol-do-ave; adersousa; adrimag; dolmen; probasto; beira douro; adritem; adrat; corane; desteqe; douro histórico e douro superior.
Parte integrante da cultura destas regiões, é de indiscutível referência, o folclore e as festas e romarias que animam as aldeias e se enchem de povo em dias específicos da semana, do mês ou do ano. São um ponto de encontro e de partilha entre os moradores que vêm, através delas, irradiar alegria e vida. O património gastronómico também é indissociável destes lugares que proporcionam sempre manjares apetitosos, através dos enchidos e fumeiros tradicionais, assim como dos vinhos típicos da região. A procura de alojamento nas zonas rurais é cada vez mais uma constante, sobretudo pelos habitantes das grandes cidades que procuram as casas tradicionais ou de campo, circunscritas por espaços verdes, para se libertarem do stress do quotidiano. Nas “Aldeias de Portugal” facilmente se encontram parques naturais onde é possível desfrutar de ar puro, de modo sereno e despreocupado. Ana Xavier salienta que o turismo rural tem cada vez mais saída: “as pessoas desejam cada vez mais passar uns dias à margem da vida stressante quotidiana, entre montes e vales desertos, sem barulho, onde paira a tranquilidade”. Acrescenta ainda que a procura das casas turísticas não é sazonal uma vez que são muito solicitadas para fins de semana. Cada vez é mais reconhecido às “Aldeias de Portugal” um passado de tradições expresso pelas suas gentes, cultura, usos e costumes, uma tradição que não morreu com o tempo e que tem deixado cada vez menos gente indiferente.
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As pessoas desejam cada vez mais passar uns dias à margem da vida stressante
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SABOR PORTUGUÊS PELO MUNDO
A Adalma, empresa direcionada essencialmente para a transformação de carne suína, já garantiu a confiança no paladar dos vários apreciadores pela Europa e África.
A empresa de carácter familiar iniciou a sua atividade no início do século XX, com Amélia Santos, avó de Manuel Santos (atual dono), numa firma conhecida por Santos & Filhos, Lda. Foi Adelino Santos, pai de Manuel Santos quem se seguiu na gerência da firma, que viria a passar, anos mais tarde para as
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mãos dos filhos. Assim, em 1976 os irmãos Alcino e Manuel Santos tornam-se sócios da empresa e optam por criar uma marca comercial. Era o nascimento da Adalma, conjugando as iniciais de Adelino, Alcino e Manuel Santos. A empresa cresceu a um ritmo visto e a partir de 1990 a propriedade e gestão da mesma passou a ser única e exclusivamente de Manuel Santos. Em 1994, fruto das novas disposições legais e comunitárias que se passaram a aplicar às indústrias alimentares, teve que evoluir para um novo espaço físico, implicando uma ligeira deslocalização mas mantendo-se em Ribeirão. Posteriormente (no ano 2000), já quando a empresa era propriedade de Manuel Santos, procedeu-se ao registo legal e fiscal de Adalma – Indústria de Carnes Lda. O foco assenta essencialmente na transformação de carne suína, para produção de enchidos, fumados e cozidos, dando também alguma atenção à comercialização de carne fresca.
Dar Resposta ao Mercado
Inicialmente a empresa estava vocacionada e orientada para um mercado local e regional. Atualmente, cobre direta e indiretamente todo o país. “Esta empresa foi criada para um determinado volume de produção e para um nicho de mercado. Contudo, por questões do próprio mercado e de oportunidade de negócio que foram surgindo, aliadas a uma política de economia de escala, evoluiu-se em poucos anos para um patamar que não estava inicialmente programado, sendo que a Adalma tem neste momento uma produção acima da capacidade instalada” conta José Araújo, representante da firma. Num mercado competitivo como o da área alimentar, torna-se necessária a focalização na comercialização de produtos mais rentáveis ao nível das margens obtidas. Assim, 70% da faturação provém dos produtos transformados, correspondendo o restante à comercialização de carne fresca de suíno, apenas a nível nacional. Também pelo resto do mundo se saboreiam os produtos transformados da Adalma, em países europeus como o Reino Unido, Espanha, França, Suíça, e ainda nos países africanos de Moçambique, São Tomé, Cabo Verde e Angola.
crescer mais e, por acréscimo, criar mais postos de trabalho. Ainda existe muito mercado para crescer. No entanto, essa decisão está a ser condicionada por um sistema judicial que não funciona na plenitude. Só queria que a justiça fizesse pagar quem nos fica a dever e que essas decisões fossem tomadas e assumidas em tempo útil, ou seja, muito mais rapidamente”, afirma. O exemplo, a flexibilidade e o respeito são valores presentes em cada dia de trabalho, que este empresário procura partilhar com os 26 membros da equipa. “Estou todos os dias aqui às 7:00H da manhã; sou dos primeiros a chegar e dos últimos a sair. Estou aqui para os ajudar e tento cumprir com isso, para que eles se sintam motivados”. Para além destes valores, o gerente recorda que “vender, satisfazer os clientes, criar riqueza e postos de trabalho” são uma missão a cumprir pela Adalma.
Sabor e Aparência
Numa área onde o sabor e a aparência contam muito, Manuel Santos não tem dúvidas da qualidade reconhecida nas bocas do mundo, com marca própria da Adalma ou com as marcas que representa: “Apercebo-me que os nossos produtos têm qualidade pela evolução que estamos a ter. Neste momento estamos a comercializar entre 35 a 40 toneladas por semana; isto é sinal de que o produto tem qualidade. Tem alguns traços artesanais, o que em termos de sabor é elogiado”, observa. “Satisfazer o pedido do cliente, indo ao encontro das suas necessidades” faz parte da política de gestão da empresa. O Futuro
Para Manuel Santos, as perspetivas de futuro são animadoras apesar de toda a crise que o país vive. “Sinto que poderia
Adalma, Indústria de Carnes, Lda. Sede: Rua da Carvalha, 21, 4760-725 Ribeirão, Portugal Telefone: +351252490690 www.adalma.pt E-mail: adalma@adalma.pt Dezembro 2012
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p ro po sta do mê s
TÊXTIL EM PORTUGUÊS: DE NOVO! Da moda, diz-se ser cíclica. De nós, os portugueses, diz-se já termos sido mestres e senhores nas lides da indústria têxtil: na década de 90, o sector do têxtil e vestuário representava mais de 33% das exportações nacionais e empregava cerca de 300 mil pessoas. Atualmente, são 155 mil os postos de trabalho diretos e o volume de exportações representa 10% do total nacional. Culpa da atual conjuntura, ou talvez ainda antes – em2005 a liberalização do comércio têxtil e vestuário mundial levou ao aumento exponencial da concorrência – há no entanto quem defenda que esta é a consequência da ausência de investimento em produtos próprios, em marcas e ideias que mostrem que há em nós muito mais do que mão-de-obra barata. E há, de facto! Há todos aqueles que, no meio da turbulência desta interminável crise, se movem em contraciclo e estão a ser responsáveis pela renovação do tecido empresarial português. Voltamos ao têxtil, mas as linhas que cozem, são outras…
A Indústria Têxtil e de Vestuário é uma das mais importantes indústrias para a economia portuguesa. Associação Têxtil e Vestuário de Portugal ( atp ) .
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São Bits, Bytes e T-shirts!
T-shirt Lovers, por assim dizer: há uma ideia, um desenho, uma t-shirt e uma loja. Online. “Em Portugal há muitos criadores que estão parados por falta de oportunidade de emprego. É possível trabalhar a criatividade através do crowd contribution utilizando a internet para trabalhar, divulgar e vender”. João Freire de Andrade, presidente do clube de empreendedorismo da Universidade Católica de Lisboa e fundador da T-shirt Lovers resume assim a premissa sobre a qual se alicerça esta comunidade. A ideia, conta-nos o fundador, “já vinha sendo maturada há algum tempo,” até que juntou cinco amigos e juntos criaram uma plataforma que permite a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, criar a sua loja online. As vantagens, essas, vão-se enumerando pelos dedos de uma mão: começam na multiplicidade de potenciais clientes que a web alberga, passam pela total despreocupação do criador com a logística de produção e entrega dos produtos (porque a T-shirt Lovers assume “toda essa parte chata”) e há ainda há um dedo de conversa para aconselhar os criadores sobre as melhores técnicas e táticas para expandir a rede de clientes e mantê-la ativa.
Lá pelo meio conta-se ainda que só se produz o que o cliente encomenda o que evita o “stock mal parado” – “Nunca mais vais ter aquela camisola ‘S’ de cor roxa que ninguém quer” – e a imagem, o estilo e o preço de venda são decididos pelo criador. Na T-shirt Lovers, frisa o fundador, “colocamos o foco da criação em quem quer criar. Queremos ter muitos criadores, que criem muitas coisas e que as pessoas encontrem mais pessoas e a comunidade ganhe dinâmica.” Uma semana depois de ter sido lançada no admirável mundo da internet (a 18 de Julho), a T-shirt Lovers contava já com 130 mentes criadoras inscritas e desde então não param de crescer: o número de criadores e os cliques no “Gosto” social da marca – quase nos 2500. Destes números que evidenciam a boa recetividade do projeto junto do público, João Freire de Andrade diz ser “surpreendente” e ao mesmo tempo “o indicador de que o mercado estava a precisar de algo assim”. Assumida impulsionadora do empreendedorismo jovem nacional pela criatividade, a T-shirt Lovers delega a produção e estampagem dos seus produtos a empresas portuguesas: “É uma forma, ainda que neste momento residual, de dinamizar e promover a nossa produção têxtil”. Queremos “retirar a criatividade do desemprego, produzir para toda a Europa e mostrar o que de melhor se faz em Portugal,” remata o fundador.
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As empresas precisam cada vez mais de produtos que as diferenciem das restantes.
Impressão científica
“Vivemos rodeados de ciência: nos nossos telemóveis, nos medicamentos que tomamos, no alarme do carro, nos cremes que usamos. Se compreendermos o que está por trás de um desenvolvimento científico podemos perceber melhor os impactos que têm na nossa vida e tomar decisões mais ponderadas sobre os seus benefícios.” As palavras são de Sílvia Castro e explicam o projeto de três amigas que decidiram mudar de vida. Views of Sciense (VOS) é o nome. Comunicar ciência o mote. Conta-nos a história deste projeto que Sílvia Castro, Maria João Leão e Sónia Martins, depois de concluírem os respetivos doutoramentos em Londres, regressam a Portugal e deixam a investigação de bancada para se dedicarem exclusivamente a carreiras associadas à promoção de ciência através da comunicação de ciência e angariação de fundos. “A VOS alia a experiência científica e a experiência em comunicação visual e escrita da ciência que todas desenvolvemos. Tentamos comunicar conceitos científicos de forma atrativa, para o público alargado,” resume Sílvia Castro. Resolveram assim comunicar através de T-shirts. Como? Há cromossomas e moléculas de ADN estampados em T-shirts e nas etiquetas o conceito científico que designam, devidamente explicado por todas as palavras a que tem direito. “As T-shirts são um artigo simples, de uso comum e que possibilitam a implementação de conceitos gráficos diversificados,” elucidam as fundadoras. Disponíveis para adultos e crianças, estas T-shirts,
fabricadas por uma empresa portuguesa, pretendem também ser um fator de dinamização e distinção da indústria têxtil e de vestuário nacional: “As empresas precisam cada vez mais de produtos que as diferenciem das restantes e a introdução duma temática gráfica científica, acompanhada por uma mensagem de cariz educativo, pode certamente ser esse fator diferenciador numa campanha. Principalmente quando no nosso trabalho notamos por parte do público um interesse cada vez maior em conhecer, aprender, explorar e discutir ideias e conceitos,” revela Sílvia Castro. “Nunca tivemos dúvidas quanto à produção ser nacional, a VOS é uma empresa portuguesa e com orgulho na qualidade dos produtos portugueses e na ciência que se realiza no nosso país,” conclui. A criação de outros produtos de inspiração científica e a prestação de serviços na área de comunicação e angariação de fundos são os próximos objetivos que as fundadoras da VOS esperam concretizar. “Há cada vez maior abertura e desejo por parte da comunidade científica em trazer a ciência “para fora de portas” e o “dialeto científico” vai-se desconstruindo e “infiltrando” no dia-a-dia através dessa interação facilitada por profissionais de comunicação de ciência. É claro que ainda há muito caminho para percorrer e a VOS espera poder ajudar a traçar esse caminho através das imagens e mensagens científicas que acompanham cada um dos seus produtos,” rematam. Liliana Marinho
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DUAS DÉCADAS DE INOVAÇÃO NO SECTOR DA HIGIENE EM PORTUGAL A Jofigi, presente desde 1990 no mercado português, é uma Empresa de distribuição líder na armazenagem de papel e sistemas de higiene. Ângelo Freitas, atual dono e gerente da empresa, recebeu-nos nas suas instalações, onde nos satisfez a curiosidade acerca da sua empresa e do seu percurso ao longo de mais de duas décadas de existência. Começou por contar a história relegando grande valor ao seu pai, Joaquim Freitas que, desde o inicio apadrinhou a iniciativa desta empresa assumindo a sua gestão durante cerca de doze anos. Nesta altura, Joaquim passa a pasta da liderança para o seu filho que se mantém na administração até hoje e que ao longo destes anos se tem esforçado por fazer crescer um projeto que começou numa casa e que agora vê o seu espaço ampliado para um armazém com 120m2. Eram cinco os funcionários no início, atualmente são nove os trabalhadores a cargo da empresa. Apesar de pequena, Ângelo Freitas realça que “possui um processo de desenvolvimento lento mas sustentado”. A Jofigi iniciou a sua atividade direcionada para a armazenagem de papel e hoje em dia mostra-se multifacetada na venda de inúmeros produtos, especializada em serviços de entrega, montagem e reposição de sistemas, assistência aos equipamentos e apoio a planos de higiene: “Começamos por vender suportes para o papel higiénico em cafés e empresas, soluções ainda pouco divulgadas na altura”, afirma o gerente, ao mesmo tempo que sublinha que a entrada de novos produtos tem surgido de forma natural, proporcionada pelas necessidades que vão sendo transmitidas pelo cliente. Mesmo não dispondo de capacidade produtiva, a Jofigi representa duas marcas nacionais sedeadas na zona norte – SOLIS e MISTOLIN. O interlocutor refere que o sector da restauração é um dos principais clientes, embora a empresa também sirva hotéis, cantinas, escolas, clínicas e hospitais, supermercados, centros de estética, entre outras entidades. Segundo revela Ângelo, apesar das toalhas de mesa, guardanapos, o papel das mãos e o papel higiénico serem produtos periodicamente necessários, não são os mais vendidos, que veem o seu lugar ocupado pelos detergentes: “ O primeiro 28
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detergente que começamos a vender foi o detergente líquido para a casa de banho, seguido do sabonete, do sabão, dos lava-loiças e por último dos produtos para lavandaria”, declara Ângelo Freitas. Com a solução HACCP (sistema de análise de perigos e controlo de pontos críticos) surgiram os produtos químicos confinados à limpeza do sector alimentar que integra espaços como as adegas, os matadouros, as queijarias ou as leiteiras. “Deve haver uma preocupação acrescida com a área alimentar e com a limpeza e desinfeção das suas infraestruturas”, afirma o gerente da Jofigi. Através desta solução, para além dos desinfetantes de mãos, foram introduzidos outro tipo de proteções como: luvas, toucas ou aventais. Ângelo Freitas sublinha que não é suficiente vender os artigos ao cliente, assumindo, resolutamente, que é necessário efetuar a entrega do produto acompanhada de uma explicação esclarecedora de como funciona e de como deve ser usado. O apoio e a atenção fazem parte da política da empresa em relação ao cliente “A melhor maneira para o cliente confiar em nós é trabalharmos com seriedade, aconselhando-o de forma a que fique satisfeito com a encomenda que adquiriu, uma vez que se tratam de produtos cuja compra será obrigatória”, atesta o interlocutor garantindo que a prontidão de resposta é um dos pontos fortes da empresa: “99% das encomendas que recebemos são entregues no dia seguinte”, confirma. A Jofigi é uma distribuidora que atua sobretudo no mercado nacional, sabendo-se que apenas cerca de 5% do que distribui se destina ao mercado externo. O administrador refere que, “apesar da internacionalização ainda não estar bem enraizada na empresa, este é um objetivo para o futuro”. Para os tempos vindouros, Ângelo Freitas pretende continuar a assistir ao crescimento exponencial e sustentado da empresa, mantendo os seus valores que faz questão de transpor para os seus colaboradores: “A concorrência absorve-nos, por isso estagnar é morrer”.
papéis
detergentes
equipamentos
Guardanapos
Limpeza da Cozinha,
Secadores para mãos e cabelo
Toalhas de mesa
pavimentos e WC
Baldes INOX e contentores
Toalhas de Mão
Área Alimentar
Cinzeiros
Rolos
Desinfectantes
Exterminadores
Papel Higiénico
Higiene Pessoal
Fraldários
Lenços
Vidros
Apoio para deficientes
Rolos de Máquina
Mobiliário
Escovas piaçava
Ambiente
Sinalética
acessórios de limpeza
Lavandaria
Limpa vidros
Auto
dispensadores
Cabos
Pesticidas e controle
Saboneteiras
Franjas
Acessórios
Toalheiros
Esfregonas
Dispensador Rolos
Discos
máquinas
Luvas
Aspiradores
Rodos
Rotativas
diversos
Vassouras e apanhadores
Lavadoras
Velas
Varredoras
Pilhas
Maquinas de pressão
Fita Adesiva
embalagens Film Estirável,
Doseadores
Lâmpadas
alimentar e de alumínio
utensílios
Formas de alumínio e papel
Haccp
Fraldas
Embalagens plásticas e de cartão Vestuário de proteção
sacos
Pratos de papel
Tábuas de cozinha
Sacos plásticos para lixo
Caixas para bolos
Cinzeiros
Sacos plástico e Sacos de papel
Loiça descartável Palhinhas Palitos
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o p i nião
O MOMENTO PARA ARRISCAR Perguntaram-me uma vez numa entrevista televisiva o que queria dizer “empreendedorismo”. Refleti por breves instantes e respondi que significava realizar algo por iniciativa própria, não sabendo que essa era precisamente a definição que alguns dicionários apresentam para esta palavra que entrou repentinamente no vocabulário de todos os portugueses. A verdade é que quando tomei conhecimento do que fazia a Junior Achievement esta palavra estava ainda em fase de crescimento, mas hoje é fulcral saber o seu significado. Cada vez mais os jovens, com a crescente adversidade que os rodeia, precisam de perceber a urgência de fazer algo por iniciativa própria - ser empreendedor não significa apenas criar a sua própria empresa, significa inovar, ter atitude, ser versátil e desafiar – algo que pode ser útil no lançamento do próprio negócio ou na procura de um emprego. Ao longo dos últimos anos, as escolas e as universidades portuguesas têm falhado nessa mudança de mentalidades, ainda se apoiam muito num modelo industrial tradicionalista – tirar um curso para ter um emprego seguro durante toda a vida já não é viável. Falta o gosto pelo desafio, pela criatividade e pelo desembaraço mental.
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Desde o início do século XX que organizações quase centenárias como a Junior Achievement ensinam a empreender às crianças mais pequenas e os resultados obtidos têm sido surpreendentes. Em Portugal continuam a existir muitas oportunidades, mas é preciso procurá-las e aproveitálas – felizmente uma nova geração de empresários tem sabido como fazê-lo. Não podemos ver o nosso país como um jardim à beira mar plantado, devemos vê-lo como uma plataforma de lançamento para o Mundo, que apesar de menos poético é bem mais funcional. Veja-se o exemplo de muitas empresas instaladas em cidades como Braga ou Maia transformadas em autênticas bases de operações com negócios por todo o Mundo. A lamúria por tempos melhores nunca trouxe benefícios: é necessário sair de casa, saber em que somos bons e arriscar! Ricardo Martins Costa Vice-President JA-YE Alumni Europe www.alumnieurope.org
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Fundada em 1993, a Mazoni mantém-se uma referência no fabrico de calçado para homem de média/alta qualidade. Fernando Sampaio é o fundador e atual dono da Empresa. Recebeu-nos nas suas Instalações e começou a conversa por sublinhar a importância de se fazer uma alusão à Indústria do calçado num âmbito geral, particularizando a região de Felgueiras e o seu desenvolvimento ao longo do tempo.
O DESIGN COMO MOTOR PARA O PROGRESSO DA INDÚSTRIA DO CALÇADO Fernando Sampaio destaca a elevada dose de “aventureirismo” que conferiu grande valor aos empresários da Indústria, permitindo-lhes revigorar as suas fábricas e fazer frente às adversidades. “Se não assumirmos o risco, jamais poderemos prosseguir”, confere. Em paralelo, Fernando Sampaio refere a grande capacidade de Felgueiras em maquinizar as suas unidades fabris, o que exigiu o abandono de sistemas primitivos, quase artesanais, rentabilizando-se, desta forma, tempo e dinheiro. “Foi a rápida capacidade de resposta a grandes e pequenas encomendas que permitiu à Europa resistir perante países como a Índia ou a China”, confirma. Ao contrário da grande maioria dos Empresário que relegam à crise uma elevada dose de pessimismo e derrotismo, Fernando Sampaio acredita que esta não veio mais se não contribuir para que os empresários procurem soluções para o seu combate, desacomodando-se das suas situações precárias, por forma a revitalizar as suas Empresas: “A solução foi apresentar algo inovador para andar à frente dos outros”, afirma, acrescentando que “é preciso ir à procura dos nichos da moda e do design para se superar um momento de conjuntura mais conturbada”. Fernando Sampaio conta que já havia experienciado largos anos na indústria do calçado antes de abrir a Mazoni. Contudo, em jeito de riso e descontração, confidencia que deveria ter sido advogado e não sapateiro. O Show Room da Mazoni, onde conversámos com Fernando Sampaio, está dividido em duas zonas: uma destinada aos produtos da Mazoni e outra da Dark, sendo que a primeira é a Fábrica e a segunda a Marca criada há cerca de doze anos. Há meia década Pedro Sampaio, com apenas 25 anos de idade e licenciado em Gestão de Empresas, entra para a Mazoni, o que imprimiu algumas alterações sobretudo na marca, que se encon-
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trava adormecida há alguns anos. Fernando Sampaio encontra no filho, atualmente responsável pela área comercial, uma descendência do seu trabalho e do seu legado. Num contexto mais abrangente e no seguimento do foi dito anteriormente, Fernando Sampaio salienta ainda a importância de “sangue novo” nas Empresas, através da entrada de jovens com formação adequada às suas funções, com ideias e conceitos inovadores em conformidade com os novos tempos. “É esta nova geração que agora entra para as Empresas que vai ser o futuro da Indústria”. A diferença das coleções Mazoni e Dark são o estilo clássico da primeira e o look descontraído e jovial da segunda. O empresário ressalta a importância de ter uma marca própria através da qual se demonstra a elevada preocupação com o design e com criações, onde se denota grande preocupação em conceber produtos com grande valor estético, que sirvam para atrair novos clientes e surpreender os antigos. Por dia a Mazoni produz em média 800/900 pares de sapatos, que se dirigem ao mercado internacional, sobretudo para a Europa embora também constem mercados como o Japão, Austrália, Canadá ou EUA, no mapa de distribuição da Empresa. “100% do que produzimos destina-se à exportação”, confirma Fernando Sampaio. Com um valor médio de faturação anual a rondar os 6 milhões de Euros, o dono da Mazoni destaca a equipa coesa e disciplinada composta por cerca de 90 pessoa, que contribuiu para o que a Mazoni é atualmente: “orgulho-me de dizer que grande parte dos nossos funcionários estão cá desde a fundação da Empresa porque só com uma equipa bem formada e experiente é que se consegue responder ao elevado grau de exigência da Empresa”, confirma o interlocutor. Para o futuro a Mazoni quer continuar a estar presente nas maiores feiras internacionais de calçado assim como continuar a apostar no design do produto, na qualidade e no crescimento da Dark que deve ser alcançado “step by step”.
É esta nova geração que entra agora para as empresas que vai ser o futuro da Indústria.
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