5 minute read

CUIDE DO SEU Um programa destinado à prevenção da violência contra a

Next Article
Social

Social

Mulher

Uma rede que ampara, orienta e dá segurança às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

Advertisement

por Karina Oesterreich

Desde dezembro de 2022 Itapoá conta com a Rede Catarina, um programa institucional da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) direcionado à prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher O objetivo é dar voz e estimular a denúncia quanto às agressões, além de dar mais agilidade às ações de proteção à mulher.

O programa foi institucionalizado em 2017, em Chapecó, desde então vários municípios do Estado estão implantando A rede está pautada na filosofia de polícia de proximidade, que é uma estratégia que aposta numa relação entre as populações e as forças de segurança, com o objetivo de prevenir a criminalidade. O programa se ampara em ações de proteção, como o policiamento direcionado da Patrulha Maria da Penha e a disseminação de solução tecnológica - aplicativo.

Conforme divulgado no site oficial da PMSC, "A Rede Catarina de Proteção à

Mulher é mais que uma patrulha; é mais que uma ronda de fiscalização de medidas protetivas. É, de fato, a necessária atenção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, dando-lhes voz e dignidade a partir do conceito de que é possível fazer mais e melhor, de forma mais simples e efetiva.

Rede Catarina Itapoá

Em Itapoá, desde que foi implantado, o programa já atendeu aproximadamente 150 pessoas. Segundo Danieli Cristina Soares, cabo da Policial Militar e responsável pela Rede Catarina no município, atualmente, Itapoá tem 17 Botões do Pânico ativos e 127 mulheres sendo atendidas. A policial revela que três homens já foram presos na cidade por crime da Maria da Penha. Revelou, também, que no município acontecem de 8 a 12 descumprimentos mensais de medidas protetivas.

A cabo explica que qualquer pessoa tem acesso ao aplicativo - Rede Catarina, mas somente as mulheres com Medida Protetiva de Urgência (MPU) têm direito a função "Botão do Pânico". Quem determina quem terá a MPU é o Poder Judiciário ou o Ministério Público e as ocorrências geradas através desse dispositivo têm prioridade no atendimento. Danieli informa, ainda, que toda vez que ocorre algum descumprimento da MPU, os policiais militares encaminham um relatório para o Poder Judiciário e/ou Ministério Público no intuito de que seja determinada alguma penalidade ao agressor.

A policial expõe que o seu atendimento, como responsável pela rede, ocorre após o crime As mulheres que possuem MPU recebem visita domiciliar. Já para as que não possuem a medida protetiva, o contato é feito por telefone ou whatsapp, uma vez por semana. Nesses atendimentos Daniele conta que procura saber como a vítima está, se a medida protetiva está sendo respeitada, além de orientar sobre os direitos.

A cabo conta que, no município, as vítimas de agressão não possuem faixa etária, nem classe social. "Atendo vítimas de 19 a 70 anos", revela.

Para Danieli um grande problema é o preconceito Inclusive, ela expõe que a maioria das denúncias de agressão familiar são feitas por vizinhos ou pessoas próximas à vítima. Segundo ela, as mulheres com mais recursos financeiros não denunciam as agressões por vergonha. Já as que têm menos condições financeiras, não fazem por depender dos parceiros.

A policial conta que uma das mulheres que atendia tem cinco filhos com o agressor Ela se separou, mas por não conseguir manter os filhos sozinha acabou voltando com o ex-marido "Eu não julgo! Essas mulheres são vítimas dos parceiros e quando se separam são vítimas do sistema, pois o poder público não dá suporte A sociedade julga, ela não tem condições de se manter sozinha, ela não tem apoio psicológico e ai ela volta para o marido Muitas voltam!", revela a policial.

Danieli finaliza dizendo que a Rede Catarina veio para trazer segurança para essas mulheres e que é apaixonada pelo programa.

Depoimentos de vítimas atendidas pela Rede Catarina

Algumas mulheres que receberam ou estão recebendo apoio da Rede Catarina de Itapoá, nos enviaram depoimentos sobre como foi o atendimento e como isso afetou suas vidas. As identidades delas não serão reveladas, por se tratar de um assunto extremamente delicado e que envolve os filhos menoresdeidade Confiranaíntegra:

Depoimento 1

"A Rede Catarina me deu a oportunidade de recomeçar como uma fênix. Reza a lenda que a fénix transfigura a morte, fazendo dela passagem para a plenitude da vida. Assim, a cada encontro, orientação da Cabo Daniele consigo me ver humana. Me ver como mulher, linda, responsável, mãe e com novos objetivos e desafios. A cada dia eu recomeço com mais otimismo e segurança, que já estavam apagados pelo fato do relacionamento desgastado e sufocante onde descobri que a culpa não era só do outro, sim também minha por permitir ser dilacerada aos poucos, sejam por palavras, gestos, ou olhares.

Deixei de ser invisível para satisfazer o outro! Com a Rede Catarina acabei conhecendo a força feminina que estava oculta em mim e as informações, orientações e acolhimento, me deram suporte para surgir como fênix, não só para uma vida em transformações e novos horizontes e desafios. A Rede Catarina me mostrou que vai existir penhascos e rochas, porém o que sustenta é a fé, força de vontade e coragem; Que existem motivos para renascer das cinzas; Que é necessário olhar no espelho por horas para acreditar nisso; Que possamos chorar e olhar nossos "erros" e com eles crescer, se proteger e assim "O êxito de amanhã é a determinação de hoje" Gratidão a rede catarina e a cabo Daniele e a PM de Itapoápelaoportunidadederecomeçar"

Depoimento 2

"Através da Rede Catarina conheci mais sobre meus direitos, recebi visitas de apoio em casa por várias vezes. Me ajudaram a ir ao médico, me ajudaram com alimentos, com orientações, até, em um dia especial prepararam em um lugar especial. Me orientaram e me deram apoio

Através desse projeto conheci pessoas especiais dispostas a ajudar sem julgar Hoje eu conheço meus direitos, sei que não estou sozinha e é possível viver uma vida longe da violência familiar

Através desse projeto é possível um contato maior entre polícia e população, ajuda na reconstrução familiar e do cidadão Sou muito grata por tudo que me fizeram Hoje posso dizer que sou uma mulher mais forte Vim de uma família desestruturada, sofri violência desde criança e não sabia como me defender Tudo isso influenciou nas minhas escolhas depois de adulta Eu não sabia como me defender. Acabei sofrendo agressões em casa com o pai dos meus filhos O que me levou a fazer um boletim de ocorrência e uma medida protetiva Através desse pedido foi que eu conheci a Rede Catarina e fiz da Polícia Militar minha amiga

Hoje estou com o pai das crianças novamente. Decidi voltar por acreditar no poder familiar, na educação dos meus filhos. Creio que dois juntos é mais forte que um.

Mas tudo que aconteceu fez ele querer se consertar e ser uma pessoa melhor pra família dele Acredito que uma família estruturada constrói pessoas estruturadas. Mas se não fosse o apoio que recebi, nada disso seria possível hoje. Eu me via uma pessoa fraca e sem condições de cuidar dos meus filhos. Hoje me vejo forte e capaz de tudo por eles."

O aplicativo da Rede Catarina é o mesmo que o PMSC Cidadão, ele é gratuito e está disponível na Play Store (Android) e na App Store (iOS). Para baixar é necessário ter um dispositivo móvel com tecnologia de dados móveis, ou Wi-Fi, e GPS. É preciso também realizar um cadastro prévio e aceitar a política de privacidade e segurança da informação Esse cadastro requer foto, CPF, nome, data de nascimento, e-mail, telefone, endereço, além de outros dados complementares.

QUALIDADE DE VIDA

This article is from: