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A Vida Descalço
por Pedro Silvano Gunther
Com essas palavras Alan Pauls começa seu livro "A vida descalço", usando as reminiscências do tempo em que morou à beira-mar para avançar em história social e ensaio cultural.
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Não precisou mais do que a notícia do livro e as primeiras linhas da resenha no site da Companhia das Letras para que eu me transportasse a 60 anos atrás, quando pisei pela primeira vez nas areias de Itapoá. Tanto a distância no tempo, como o fato de eu ser uma criança na época, contribuem para uma lembrança de tempos mágicos, quase oníricos.
Chegávamos a Itapoá em uma Kombi carregada de crianças (éramos seis) e latas de mantimentos (arroz, feijão, farinha), porque não havia comércio local. Para compras era necessário ir de barco a São Francisco do Sul.
A temporada era de um mês. Janeiro significava liberdade, aventura e, no dizer do meu pai, saúde Ele explicava que esse período ao sol, com o ar puro e o sal e iodo do água, nos prevenia de doenças e evitava despesa com remédios e hospital...
A praia nos encantava. Era, no dizer do escritor argentino, "esse lugar franco, transparente, aberto ao céu."
Com o tempo formamos uma comunidade de famílias que passavam boa parte do verão em Itapoá. Uma dessas famílias era a do Sr Demétrio da Silva Braga. Ele vinha do "norte do Paraná", com filhas, genros, netos e netas. Nós gostávamos especialmente de um genro dele, o João Galdino, casado com a Ivonice O João, dentista em Andirá, é um aventureiro Gosta de caçar e empalhar animais. É um estudioso de História Natural. A piazada grudava no João para ouvir suas histórias. O João e a Ivonice têm duas filhas, a Denise e a Daisy, e um filho, o Neto
As imagens que ilustram esse artigo são fotos que fiz em 1975. Na foto principal da matéria estão a Daisy e seu primo Paulo Afonso, depois de ajudar a desencalhar um carro Nessa época esperava-se a maré baixar para ir comprar peixe em Itapema. E era comum encalhar o carro nas subidas da praia para o combro em razão da areia fofa (areião).
Nas demais fotos aparecem também a Denise e o Neto. Depois uma "escolinha do Professor Leonardo". E uma foto recente, onde eu e minha esposa Luciene tivemos o prazer de reencontrar o meu ídolo João (reparem na minha cara de alegria!), a Daisy e seu marido Marcos.
Termino com uma outra frase da resenha do livro: "O autor faz da praia o lugar da disponibilidade, dos encontros, do ócio, espaço-chave na vida moderna; experiência íntima e estereótipo, utopia selvagem e palco daquiloquechamamosdecivilização.»