REVISTA HOJE_EDIÇAO 53

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Índice Urbanismo

Ao leitor Na entrevista especial desta edição, Beth Fernandes, uma goiana que se destaca por ser ativista em favor da comunidade LGBTT, fala de uma realidade pouco percebida pelo público geral: a do preconceito de que são vítimas os homossexuais, transexuais, travestis e afins. Psicóloga com diploma de mestrado e com projeto de doutorado, ela, que é transexual, sabe do que fala. Já a matéria de capa tem conteúdo histórico e parte de uma constatação: o atual governador de Goiás, Marconi Perillo, eleito pela 3ª vez, alcançou destaque como protagonista de cena política igual a poucos em Goiás. Vale conferir.

Melhorias em ação: um giro por Goiânia

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Tocantins Reportagem de Capa A vez do Marconismo

Colunas

Turismo Izabel Todeschini

Resenha Renato Dias

Auto Hoje Fabrício Oliveira

Urubuservando Carlos Brandão

Culturamix Carlos Pompeu

Caiu na Rede Pedro Guedes

Coluna Social Jane Sebba

Um município em pleno desenvolvimento social, tecnológico e econômico

Beth Fernandes Presidente do Fórum de Transexuais

Desenvolvimento

A Sudeco volta

Editora Caraíba Ltda.: CNPJ: 08629243/0001-03 Rua 103, nº 46, Setor Sul Goiânia-GO CEP 74.080-200 Fone: 62 3091-5959/Fax: 62 3293-1454 Redação Revista Hoje: Administração: revista.hoje@yahoo.com.br Redação: redacao.hoje@yahoo.com.br Rua 261 nº 438 Setor Coimbra Goiânia - GO - CEP: 74.533-050

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História 43 anos depois: Uruguai, o reencontro

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Diretores Tarzan de Castro e Valterli Guedes

A revista do Centro-Oeste e Tocantins

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Aparecida de Goiânia

Entrevista

Primeiro Plano Valterli Guedes

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A volta de Siqueira Campos

Diretor administrativo-financeiro Joari Sousa Barreira Diretor de Projetos Especiais Eliezer Penna HOJE Editor-Geral Valterli Guedes (guedesvalterli@gmail.com) Edição Karla Rady (karlarady@gmail.com) Reportagens Janaina Gomes, Marina Costa e Rhadá Costa

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Design e Diagramação Gustavo Nascimento (gustavomorc@gmail.com) Leo de Andrade (superleosan@gmail.com) Colaboradores Pedro Guedes e Valterli Filho Sucursal do Tocantins Maria Paula Bueno (mariapaulabueno@hotmail.com) Sucursal de Brasília Adriana Ferraz (adriana@juridiconet.com.br) Sucursal de São Paulo (Capital) Maria de Fátima Vital (fatvital@gmail.com) Impressão Gráfica e Editora Elite (62) 9106-7883 Tiragem: 20.000 exemplares


Entrevista I Beth Fernandes

É preciso ser para saber Karla Rady, Marina Costa, Rhadá Costa

P

sicóloga, presidente do Fórum de Transexuais de Goiás, Beth Fernandes, 45, pós-graduada quatro vezes, com mestrado e com projeto de doutorado em curso é, como ela própria gosta de dizer, especialista em militância e ativismo. Em janeiro, recebeu prêmio do Ministério da Saúde pela crônica “O Cheiro do Latex – Crônicas e Vidas dos Travestis no Brasil”. Pioneira em Goiás na luta pelos direitos da mulher e das causas LGBTT, fez cirurgia de redesignação sexual no Hospital das Clínica da Universidade Federal de Goiás, um dos poucos centros do País com domínio da técnica. Beth nasceu em Goiânia, tem quatro irmãos e é casada. Nesta entrevista, ela abre o debate para a questão do gênero, explica porque é difícil a situação do travesti na sociedade e como governos, religiões, educadores e famílias se relacionam com temas como o preconceito. 4 | Hoje - Fevereiro de 2011

HOJE – Como a senhora ingressou na militância pelos direitos da população LGBTT? Beth Fernandes – Comecei a militância com mulheres e AIDS e não como ativista político dentro do grupo LGBTT. Sou anterior a Roberta Close, a primeira transexual do Brasil. Várias manchetes da época diziam: “Mulher mais bonita do País é um homem’”. Víamos coisas estúpidas, como a entrevista do Faustão e as piadas ridículas que eram feitas pelo Sílvio Santos. Hoje, caberia processo. Na

época, quando as pessoas ouviam falar de mim, diziam: “Ah, aquela doida que quer arrancar o pinto”. HOJE – Como foi o papel da AIDS no debate da homossexualidade? Beth – A AIDS era conhecida como a “peste gay”. Os homossexuais eram muito reprimidos. Ninguém falava sobre homossexualidade. Quando a AIDS apareceu, as pessoas fizerem toda uma manifestação do homossexualismo enquanto doença e não enquanto


identidade. Os próprios homossexuais se assumiam assim. Eles não eram atendidos em postos de saúde e em lugar nenhum. Aí aparece o Cazuza, que dá uma martelada no público. Era uma pessoa definhando na tela. Admiro o que ele fez, pois não teve medo de contar sua história. Meu nome veio da música dele, Beth Balaço. Desenvolvi um trabalho de discussão e prevenção da AIDS e dentro desse movimento comecei a perceber que determinados públicos, até mesmo dentro das ONGs, eram estigmatizados, como os públicos das travestis, das profissionais do sexo. As transexuais ninguém nem sabia o que eram, não se discutia essa vertente. Por isso, tenho um espaço no Centro que se chama Café Prevenção, que trabalha não só com prevenção da AIDS, no sentido estrito da saúde, mas com prevenção às violências. Hoje, usamos uma palavra para abordar todos os preconceitos que é a homofobia, mas existem a lesbofobia e muitas outras. As lésbicas em Goiás sofrem muito mais com o preconceito e com a violência doméstica do que os homens homossexuais, já que estamos numa cultura extremamente machista. A agressão neste caso diz respeito à travestilidade. Escrevi uma crônica para o Ministério da Saúde, pela qual recebi um prêmio, que alerta para o fato de não se confundir travesti com prostituição, como se fossem sinônimos. Vale lembrar que a sobrevivência da travesti está dentro do mercado da prostituição, o mercado do sexo. Elas são expulsas de casa, da rede de educação e o que sobra para elas é a prostituição. Como psicóloga, comecei a atender essas pessoas e a discutir o tema com as ONGs. Tenho quatro pós-graduações, mestrado e estou fazendo meu projeto de doutorado em gênero, para trabalhar especificamente com determinadas relações e não ganho no Estado o que uma travesti linda e com silicone ganha nas ruas. Isso só acontece porque tem mercado. Sempre acusamos o outro, fazemos julgamento como se a travesti fosse a responsável por sua situação, mas não vemos o tipo de homem que consome este mercado. Tem muitas travestis em Goiânia e todas estão ganhando muito dinheiro. Isso acontece porque existem clientes: homens que assumem o papel de machistas na sociedade. A nossa

cultura vem da colonização e é muito carregada de preconceito. Temos um problema sério de abuso de crianças e adolescentes porque, há um tempo, era normal um homem se casar com uma criança de 13 anos. HOJE – Em relação ao preconceito, o que mudou da década de 1980 para cá? Beth – O amadurecimento. Falar da questão da travesti, explicar que a travesti não é mulher, por exemplo. Ser mulher dentro de uma sociedade é muito mais. Depois de trabalhar com o Movimento de Mulheres, fui para o movimento gay. Tivemos vários impasses dentro do movimento, de definição mesmo do que era. Quando critico a

“Tenho quatro pós-graduações, mestrado, estou fazendo meu projeto de doutorado em gênero e não ganho no Estado o que uma travesti ganha nas ruas” Ariadne (transexual e primeira integrante eliminada do BBB 11), é que ela tinha um papel importantíssimo de discutir a questão da transexualidade politicamente. Hoje, é muito mais fácil construir um corpo de mulher fisicamente perfeito, a tecnologia está a favor disso. Mas o corpo político, não. A mulher vem há décadas queimando sutiã, pedindo para votar, vestindo calça e ainda recebe menos que os homens e passa por situação de violência desumana em várias culturas. Quantos casos temos por dia de mulheres vítimas de violência? E olha que estou falando só de violência física,

nem é de violência verbal e psicológica, que não são registradas pelas mulheres nas delegacias. Esta é a luta política. Sem falar que ainda tem a ditadura da estética: mais uma forma de opressão e submissão. O movimento gay tinha outra forma de pensar e de encarar esta questão. As ONGs foram surgindo como pipoca para pedir um dinheiro que era da AIDS. E quantas ONGS temos LGBT em Goiás? Nenhuma. Porque não existe mais dinheiro da AIDS. HOJE – A senhora acha que o governo está se omitindo em relação às questões LGBTTs? Beth – Acredito que como o governo não dá conta do problema, fica passando a responsabilidade de mãos em mãos: joga para a Assistência Social, que passa para outra e assim por diante. Vira uma instituição perversa que te roda e não traz nenhuma ação ou soluções efetivas. O governo tem feito isso. Falta alguém que assuma politicamente onde o movimento LGBT será tratado. Tem espaços de ação que são exclusivos da saúde, como trabalhar a prevenção de DSTs e AIDS, o que é essencial em populações vulneráveis. Só que a saúde da população LGBT não é só AIDS. Por exemplo: eu, que trabalho com a questão das mulheres, sei que na mulher lésbica a principal incidência é de hepatites virais e carcinoma uterino. As práticas sexuais são diferentes, só que acarretam certos tipos de doenças. Temos que começar a trabalhar outras saúdes. E a questões de Direito, onde vamos tratá-las? Temos a competência de cada instituição, mas como fica difícil cada lugar assumir isso, deve-se colocar na competência de um lugar só. É como se tudo fosse jogado na área da Secretaria da Mulher e quando chegamos para pedir apoio na Secretaria da Cultura para um evento como a Parada Gay, nos respondem que não, pois não é da competência deles. Quando queremos fazer dia 2 de junho, o Dia da Prostituta, a reação é de espanto e totalmente contrária. Por outro lado, a sociedade adora assistir a um filme erótico. HOJE – Mas e a população LGBTT, tem consciência política e de luta? Beth – Vou te falar de uma estatística. No Centro de Referência da Semira, Fevereiro de 2011 - Hoje | 5


Entrevista I Beth Fernandes atendo dentro de um Núcleo que reúne mulheres, crianças e adolescentes. O número de homens homossexuais que nos procura, a maioria com problemas de justiça e trabalho, é muito grande. Com as mulheres, os casos são de violência doméstica: o pai que bateu, a violência sexual de primos para ver se “viram mulher”, essas coisas. E as lésbicas mais resolvidas querem o casamento. A violência doméstica e nas ruas é muito maior com as lésbicas do que com os homens gays. Estima-se que os gays sejam 10% da população em Goiânia. Um número muito alto, incluindo aí gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais. E a bissexualidade é outra história. Eu sou muito mais aceita hoje do que uma travesti. Isso porque sou mulher, tenho nome de mulher, uma vagina construída e sou casada. Tenho todo um ritual da heteronormativa. A travesti não está dentro daquele quadro de gênero bem definido. Quando a gente vai trabalhar com a travesti na questão de gênero, que é o masculino e o feminino, ela transita entre estes dois. HOJE – Essa confusão quanto à afirmação do gênero e das pessoas em relação ao transexual e ao travesti ajuda

a reforçar o preconceito? Beth – O que facilita, principalmente para o grupo das transexuais, é a afirmação do gênero. O que é gênero? Gênero é masculino e feminino. A gente não inventou mais nenhum, né? Trabalhar como se sente no gênero é a questão que quero trazer para a minha formação. Porque discutir gênero é cultural, é história, é todo um processo. Se pergunto a um rapaz como ele se sente e ele diz se sentir homem, esse homem é um complexo muito maior. Tem que ligar todas as identidades: genital, de gênero... A sociedade é bipolar, então é feminino ou masculino e acabou. Para a mulher a mesma coisa. Aí você pergunta para uma travesti: “Como você se sente?” “Ah, me sinto travesti”. Mas a questão só tem dois itens para marcar o x. “Ah, Beth, ora me sinto masculina ora me sinto feminina. Tenho o gênero misto”. Essa é a problemática da travesti porque a sociedade não consegue entender que saiu de um lugar masculino de poder, teve toda uma transformação corpórea, de indumentárias, silicone, trejeitos, enfim, fez toda uma transformação no lugar do papel feminino, não é nem de mulher, é de feminino. Só que transita nesse lugar ora feminino ora masculino. Temos vários tipos de travestis e vários conceitos sobre travesti. Travesti é prostituição? Não. Não é isso. Se você senta com uma drag queen ela fala que não é travesti; se posiciona como uma drag, trabalha como drag, se diz gay, mas não travesti. Travesti é uma identidade social. Mas tem uma identidade de gênero. E a identidade de gênero é feminina? Não é porque se fosse seria tratada dentro de um hospital ou ambulatório das mulheres. Se fosse feminina, seria aceita, não teria confusão no banheiro público, por exemplo. Essa confusão de gênero é que traz essa problemática para a travestilidade. É a travesti não se posicionar afirmativamente dentro de um lugar, ao contrário da transexual. Uma transexual, mesmo sem ser operada se sente e se diz feminina. HOJE – O que temos de concreto em Goiás em relação às políticas afirmativas? Beth – Temos algumas coisas com relação à travestilidade e à transexualidade. O nome social das travestis dentro da

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escola, por exemplo. Tem uma portaria assinada, há dois anos, dizendo que a rede de educação tem que aceitar o nome social das travestis na escola. A travesti e a transexual precisam desse nome porque a gente percebeu que a maioria foi expulsa de casa e da rede escolar. Elas se negam a voltar porque, neste espaço, tem que tirar brinco, indumentária... A mesma coisa é uma travesti adolescente na rua não ter uma casa de passagem. Ela tem que ir para um abrigo masculino e aí é complicado. Pode-se dizer: “Ah, mas lá a gente tira tudo para ela entrar como um rapazinho”. Você vai retirar a identidade dessa pessoa? Não existe isso. A escola faz a mesma coisa. Percebemos isso com alunos de 10 anos. A professora fala: “Você está de brinco?” Está porque nas férias furou a orelha porque foi à praia, viu, gostou e o pai deixou. Mas a professora pede para tirar o brinco. Isso é meio complicado. Agora imagina com uma travesti? Foi aí que percebemos que não era só isso, que tinha a questão do nome delas. Elas não respondiam a chamada e tinha o constrangimento da professora. “João”. Aí me levantava a Maria daquele tamanhão com silicone. Hoje elas estão tomando hormônio e colocando silicone muito mais cedo. A sexualidade tem aflorado nos meninos e nas meninas, independente da sua orientação sexual, muito mais cedo. E isso tem acontecido com as travestis também. HOJE – E o Centro de Referência no Combate à Homofobia? Beth – O Centro de referência está num momento de transição no governo, mas é um projeto do Brasil Sem Homofobia. Fui da comissão provisória, em 2004, quando foi lançado pelo Governo Federal. É só o Governo Estadual pedir o convênio e manter os profissionais atendendo porque lá é o lugar de atendimento a essas pessoas: gays, lésbicas, travesti que sofreu violência na rua, transexual que não consegue mudar o nome... Temos problemas com as transexuais. Uma transexual que acaba de sair da sala de cirurgia; sua documentação já devia ir direto do hospital para o fórum. Ela não tinha que mexer com isso. Depende da cara do juiz. Se ele tiver boa vontade é rapidinho, se não tiver enrola a transexual uns dez anos.


Não tem uma política afirmativa nesse sentido. O nome social para travesti na escola é uma coisa, na documentação dela vai continuar João. Mas a professora só de olhar na chamada vai falar Maria ou não vai falar nada. Foi o que já discuti com algumas pessoas na rede de educação. Por que você consegue chamar o Joãozinho de neguinho ou qualquer coisa assim e não consegue falar Raquel para o Rafael? Querem dizer que é diferente, mas não é. Temos casos dentro da universidade de pessoas que iam tomar bomba por falta porque não respondiam a freqüência. Isso retirava as pessoas da rede de educação. E quanto mais você tira as pessoas, as exclui dos processos de educação, de ensino, de cidadania. É a mesma coisa de tirar você, por exemplo, de uma construção política, de ter o direito de estudar, de ir a um posto de saúde. HOJE – Esse tipo de atitude acaba empurrando essas pessoas para uma situação de violência? Beth – Claro. Esse povo aí vai para o salão de beleza. Se uma travesti ficar das 8 às 20 horas num salão de beleza, esticando o cabelo, vai ganhar 200 reais. Uma travesti que vai pra rua ganha isso numa transa. E aí? Não sou profissional do sexo, mas deve ser muito bom gozar e ganhar dinheiro. A gente tem que pensar. Isso a gente pode ver em Marx, em construções sociais do comunismo, socialismo, a engenharia da máquina social e do capitalismo. “Você presta pra isso, você pra aquilo... Esse povo não presta para nada. Ah, presta pro sexo porque está na rua”. E está tendo muita gente na rua porque tem cliente. A gente consegue fazer isso com as pessoas. Há determinadas populações negras, da favela, que a gente põe para ser favelado. Isso é desumano socialmente, não só com a parcela LGBT, mas com a mulher negra, por exemplo. HOJE – Como a senhora vê o papel das religiões no processo de conscientização de acabar com o preconceito? Elas ajudam ou atrapalham? Beth – Tem tido algum tipo de avanço, mas eles atrapalham muito mais. Primeiro, faço uma crítica. Vamos lembrar de um evento violento que ocorreu agora em Santo Antônio do Descober-

to. A comunidade brigando, a polícia batendo... O padre abriu a igreja e disse que na comunidade dele ninguém iria bater em ninguém . Achei lindo. O padre falou assim: “Esse é o meu povo e no meu povo ninguém vai bater”. Quando perguntaram para ele se queria ser prefeito da cidade, ele falou que não, que lugar de padre é na igreja. Achei fantástico porque é um padre do interior dando lição de moral. Isso que ele fez é política, mas ele não precisa estar dentro de um cargo político. O que ele fez foi dizer que o lugar da Igreja é na Igreja, de padre é na missa, de pastor é no culto. Isso tem sido ultrapassado para outras dimensões, como parlamentar. Isso é um incômodo e uma indigestão para as camadas vulneráveis porque eles têm emperrado todos os processos de abertura para outras populações. Por exemplo, o PL 122, que é a lei contra a homofobia, que descrimina pessoas que xingarem e baterem em homossexuais, o que é crime. Só que emperra quando junta um grupo fundamentalista religioso que fala não, “esse povo não tem direito”. Acho que aí está o nó da Igreja e do fundamentalismo religioso, de esquecer que o lugar deles é na igreja, no culto e não no parlamento tentando emperrar avanços de outras populações. Gosto de ser ativista política porque posso enfiar o dedo na cara do político e xingar e o máximo que pode acontecer é ele ter ódio de mim. Em um novo artigo que estou escrevendo para o Ministério da Saúde, coloco a problemática da religião com a criança e o adolescente. Tem uma novela que tem um padre que monta um sítio com um monte de criancinha no Araguaia. Aquilo não é ficção, é verdade. As religiões começaram a cuidar de crianças e adolescentes; é o papel da religião, do católico, do padre: isso é política. A criança e o adolescente precisam de política; aí coloca a religião para tomar conta dessa política e fazer a atenção ao cuidado da criança e do adolescente. Mas aí a gente não discute direito sexual com criança e o adolescente porque os padres e pastores pensam que criança e adolescente não tem sexo, são anjinhos. Meu amor, com dez anos eles estão dando aula pra mim. Eles não têm o papel de assistência social; podem fazer sua creche, sua escola. Quantas escolas religiosas a gente tem? A escola

religiosa é aquela que a Igreja montou para educar a criança e o adolescente. É o catecismo da coisa, da época do colonialismo que a gente tinha. Isso é da história do Brasil e traz uma situação complicada porque tem certos assuntos que não entram. Um exemplo: Uma discussão que tivemos no interior acerca de uma menina de 11 anos grávida. Não que eu seja a favor do aborto, mas na visão deles não pode. Meu bem, é uma menina de 11 anos! Ela não tem condições legais de decidir sobre isso, mas os pais dela têm. Mas não pode. Só Deus pode decidir sobre isso. Estou falando que a confusão histórica das religiões junto ao cuidado da criança e do adolescente, na história que temos, tira uma política que é a dos direitos sexuais. HOJE – A senhora acha que entre política, educação e religião, as famílias se perderam nesse contexto? Beth – A questão hoje é a da violência contra o professor. Até brinco com isso quando vou trabalhar na formação do educador. Exemplifico assim: “Tenho três catarrentos (falo catarrento pela questão da adolescência) dentro de casa me dando trabalho num calor infernal de Goiânia. Mando para a escola às 13 horas. Nesse momento tenho que cozinhar, passar, lavar, trabalhar ou até mesmo pensar em dar uma nova realidade de educação para meu filho. Aí me livrei disso e coloquei na escola, mas não dou autonomia para a escola trabalhar e o professor se perde”. Isso tem acontecido em todas as famílias, como temos percebido no Centro de Referência, na Semira, em um grupo que estava sendo montado com mães. As mães têm procurado a Semira porque estão tendo Fevereiro de 2011 - Hoje | 7


Entrevista I Beth Fernandes dificuldade com os filhos gays que tem assumido a sua homossexualidade muito cedo. Uma mãe não cria um corpo... A diferença está aí. Quando nasce um corpo, um bebê, a mãe não o cria para ser gay; está criando para ser hétero e criou uma expectativa para que seja hétero. Mas quando chega numa determinada fase em que essa menina ou menino de 14 anos assume sua sexualidade, como é que ficam esses pais? Outro exemplo são as mães que tem filhos usuários de drogas. O crack tem dilacerado famílias. Delegar a responsabilidade para o outro é passar o problema pro outro. Como estão se constituindo as famílias? Qual é a responsabilidade do governo diante desse fato? O que esses adolescentes têm tido de lazer, cultura e esporte? Políticas! Isso é política. Hoje nossas meninas estão engravidando precocemente. E olha que não estou discutindo sobre AIDS. Está aí o anticoncepcional, o preservativo... A mãe delega essa responsabilidade para o outro porque tem medo de falar de sexo com a filha porque ela também teve medo na geração dela. E a mãe dela teve medo de falar de sexo com a avó. Essas histórias são replicadas. No caso do cara que leva a namorada pra rodoviária e mata ela e o filho a pauladas, como se ela fosse culpada. Ela estava no terceiro filho sozinha. Se põe na condição dessa mãe. Ela queria que ele tivesse sua responsabilidade porque não fez o filho com o dedo. Mas ele mata ela e um bebê e a sociedade não discute. Discute o crime, se ele vai ser preso ou não. Isso é uma questão penal, não é comigo. Mas discuto anterior a isso, a condição dessa mulher. Qual foi o papel social que ela teve pra chegar nesse ponto dessa construção? Hoje, o tráfico de pessoas é visto como a prostituta que vai ganhar dinheiro na Europa. É um puta de um jogo político. Você abre os classificados e vê uma página cheia de meninas. “Sou loira, gostosa, acompanhantes”. Pra mim é puta mesmo. Acompanhantes, massagistas... Cada um dá o nome que quer. Só que do outro lado da página está “Alemão procura moças, pode ser com filho, para morar na Alemanha ou outro país”. Isso é tráfico e está no jornal. Ela vai acreditando num sonho de conhecer, não um botinudo com cocô de vaca que não vai aceitá-la com o filho, mas um

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europeu que possa dar valor nela. Tem toda uma cultura por trás amarrando isso. A gente tem que ver o que temos que alcançar para cada um desses nas suas políticas. O gay precisa de uma série de coisas? Precisa, porque discutir a parada GLBT, antiga parada gay, é discutir política. Mas sempre tem que vá dizer que “a gente aproveita porque é o único dia que a gente pode ir para rua, colocar um shortinho curto, e dar beijo na boca”. Mentira, porque a polícia bate em todos, e ela tem batido todo ano. A polícia está enfezada. A segurança pública é outro nó que temos. É um problema com GLBT? Não, eles têm um incomodo porque não podem ver dois bigodudos se beijando. Não tem como ver duas mulheres se beijando porque é como

“Tenho muita esperança nesse governo, de participar de uma gestão que vá construir políticas públicas e que vá mantê-las” ter perdido a parada para uma mulher. Tem também o incômodo de que o cara era um homem e está vestido de mulher com aquele peitão. Saiu de um lugar de poder com pinto para virar mulher, que é um lugar de menosprezo, de inferioridade. Se você sai de um lugar de poder para outro inferior, então tem que apanhar porque a gente bate em mulher todo dia, porque não vou bater no gay?A segurança pública é um nó que a gente tem fortíssimo, porque ela não tem um curso de direitos humanos. HOJE – O que a senhora espera do novo governador de Goiás em relação a essas questões?

Beth – Quero participar desse governo com esperança. Não quero participar enfiando dedo na cara de ninguém porque, como disse, adoro ser especialista em ativismo, militância. É um incômodo quando tenho que sair de um lugar de movimento social e ser governo. Enquanto governo não vou poder abrir minha boca, como ativista social posso falar loucamente o que está errado. HOJE – O governador Marconi Perillo levantou alguma proposta para o movimento LGBTT? Beth – Foi entregue junto com o Conem, Conselho Estadual da Mulher, a proposta de manter as nossas políticas afirmativas: o Centro de Referência de Homofobia, a questão do nome social das travestis, o apoio à parada, inclusive de mídia. Isso está afirmado em carta. O governo tem uma porcentagem em relação à mídia que é para fazer aqueles comerciais de TV. Aquele casal lindo, ela loirinha com o filhinho loirinho – nunca tem um negrinho. Então que coloque nesse programa de governo dois gays ou um gay amarrado numa bandeira. HOJE – A senhora falou que a Segurança Pública em Goiás é um nó. Como é a polícia em Goiás em relação às questões homofóbicas? Beth – Conheço vários delegados de polícia que não agem compactuados com a violência policial. Analisam o que é crime e exercem bem o seu papel como profissionais idôneos. Uma simples ação como a daquele delegado que puniu os agressores de um homossexual foi política. O que vocês estão fazendo com esta entrevista é política. Amanhã sua revista estará em determinado lugar, nas mãos de uma pessoa que dirá: “Nunca tinha pensando nisso sob este ângulo”. De tudo que falamos, é preciso ressaltar que construir essas ideias é muito importante. As pessoas não sabem o que é orientação sexual. Por exemplo: Beth, qual sua orientação sexual? Sou hétero, uma mulher adequada, tenho vagina e relações com meu marido, que é homem e gosta de vagina. Então, sou hétero. Existem transexuais que fizeram a cirurgia e são lésbicas. Isso é identidade de gênero. Isso não é orientação sexual. Orientação sexual é você ser hétero, ser bissexual ou homo. Falo isso didaticamente.


Desenvolvimento

A Sudeco volta “Muito antes do que a gente imagina”, destaca o secretário Nacional de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Marcelo Dourado

P

restes a ser recriada, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco) volta a ganhar destaque nas discussões políticas, e com razão, estima-se que a região venha receber bilhões em recursos. O decreto está no Ministério do Planejamento, vai para Casa Civil, e há expectativa de que em poucos dias siga para sanção da presidenta Dilma. A autarquia federal foi criada em 1° de dezembro de 1967 (lei nº 5.365) e substituiu a extinta Fundação Brasil Central. Durante o governo Collor, em 1990 também foi extinta como sua antecessora, sob alegação de corrupções e desvios. Em 2004, o governo do presidente Lula propõs a sua recriação, através do projeto de lei complementar 184/04, mas somente em dezembro de 2008, conseguiu enviálo à Câmara Federal. Volta a existir em 2011, três anos depois das suas “colegas” (Sudam e Sudene), que tem o renascimento datado de 2006. Parte do Ministério da Integração Nacional, a Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste é uma das responsáveis pelo andamento do processo de recriação da superintendência da região. O secretário da pasta, Marcelo Dourado, tem consciência da importância das autarquias. “Quando Sudene, Sudeco e Sudam foram criadas eram instrumentos fomentadores do desenvolvimento nacional. Perdemos o bonde da história e agora temos de recuperar o tempo perdido”, avalia. A expectativa é de que a nova Sudeco “seja uma autarquia especial, com autonomia”. Segundo Dourado, “vai definir junto com os quatro estados quais são os programas necessários para o desenvolvimento regional e terá papel pró-ativo na definição de programas macro-indutores”.

Este papel relevante na definição dos investimentos é estratégico não só às questões de desenvolvimento, mas às questões políticas. Quem vier a gerenciar a autarquia terá um papel relevante junto aos municípios, governos e seus gestores. A Sudeco vai passar a administrar o Fundo do Centro-Oeste, por intermédio do Banco do Desenvolvimento do Centro-Oeste, já pronto para funcionar, dizem, e deve contar recursos na ordem de R$ 5,3 bilhões, se não houver cortes no orçamento. A promessa é que sejam priorizados aqueles que apresentaram o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vários deles localizados no Estado de Goiás. O Governo Federal almeja que os programas de todas as superintendências sejam redefinidos para atender às metas de erradicação da miséria no país, no caso da Sudeco, da região Centro Oeste. “Vamos definir um Plano Estratégico e investir em obras de infraestrutura e logística, priorizar micro e pequeno empreendedores e empresários, através do FCO. O trabalho visa além da inclusão social, a inclusão produtiva”, diz Dourado. Segundo informações da senadora Lúcia Vânia (PSDB/GO), uma das entusiastas e defensoras da Sudeco, o órgão tem como objetivo principal integrar as políticas públicas voltadas para o CentroOeste em todas as áreas. “A grande vantagem é o planejamento integrado, que vai pôr fim às ações isoladas e maximizar os recursos da região”, observa. A senadora destaca que já tem até uma previsão orçamentária simbólica de R$ 50 milhões, “o que vai assegurar sua instalação”. Especula-se que o superintendente possa vir a ser o ex-prefeito de Goiânia Iris Re-

Lúcia Vânia, uma das defensoras da Sudeco

zende (PMDB). Para a senadora, Goiás tem que lutar para indicar os diretores, já que a Sudeco só virou realidade a partir da cobrança dos empresários e do empenho de alguns parlamentares goianos, entre eles o deputado federal Rubens Otoni (PT/GO). O secretário Marcelo Dourado reforça que os agentes públicos, estados e municípios, deverão priorizar o combate à miséria. “Os convênios com os municípios e estados com este enfoque serão priorizados, e os mais carentes terão tratamento diferenciado. É um pedido da presidenta Dilma, assim como coibir qualquer desvio e formas de corrupção”. Ele explica que a ideia da Secretaria de desenvolvimento do Centro Oeste é que haja uma maior celeridade no estabelecimento dos convênios. “Queremos capacitar os municípios na organização dos projetos e utilização do Sistema de Cadastramento e Execução”. Dez cidades próximas ao Distrito Federal devem ser as primeiras a serem beneficiadas: Mimoso de Goiás, Vila Boa, Cabeceiras, Água Fria de Goiás, Alexânia, Cocalzinho de Goiás, Padre Bernardo, Santo Antônio do Descoberto, Pirenópolis e Corumbá de Goiás. “O GDF deverá correr atrás dos prejuízos, nos últimos anos, porque de um total de 678 projetos, firmou apenas quatro. Goiás fechou 276; Mato Grosso, 132; e Mato Grosso do Sul, 249”. Fevereiro de 2011 - Hoje | 9


PRIMEIRO PLANO

O racha no DEM Dois grupos se digladiam no DEM, um composto por seguidores do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, Jorge Bornhausen, Marco Maciel, Vilmar Rocha e Kátia Abreu, entre outros. Na outra corrente, estão Rodrigo Maia, ACM Neto, Ronaldo Caiado e Demóstenes Torres. O consenso em torno

de Agripino Maia, senador pelo Rio Grande do Norte (do grupo de Rodrigo Maia), não estabelece a unidade. É que Kassab está de olho no PMDB de São Paulo, sem liderança depois da morte de Orestes Quércia. Com mais de 60 prefeitos, o PMDB só elegeu um dos 70 deputados federais paulistas em 2010.

Alckmin X Kassab Em 2008, Geraldo Alckmin, atual governador paulista, disputou com Kassab a prefeitura e perdeu. Parte do PSDB de Alckmin apoiou Kassab, além do então governaodor, José Serra, com certa discrição. A vice de Kassab é do PMDB de Quércia, Alda Marcantônio. Quércia apoiou Kassab em 2008 e Serra, para presidente, em 2010.

Resistência A 2ª quinzena de fevereiro chegou e só dois dos 246 prefeitos de Goiás ainda estão sem despachar com o governador Marconi Perillo: a prefeita de Santa Helena e ex-primeira dama de Goiás, Raquel Rodrigues (mulher do ex-governador Alcides Rodrigues Filho, e o prefeito de

Aragarças, Marco Antônio de Oliveira, o Marcão do PT. O prefeito de Aragarças, vale lembrar, apoiou um marconista, o deputado Wellington Valin, para a Assembléia Legislativa. Daí pode-se supor que tão logo haja espaço na agenda, irá ao encontro do governador.

PPP As dificuldades financeiras do governo de Goiás estão a exigir criatividade. Uma idéia é buscar recursos particulares para concretizar obras, como o

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projetado Credeq. Tipo assim: o particular constrói e aluga ao Estado. Pelo menos um grupo econômico, da Alemanha, já manifestou interesse.

Parque de Exposições A implantação do futuro Parque de Exposições da SGPA (Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura) é meta do governador Marconi Perillo. Sua localização, ainda não está 100% definida. Quanto ao destino da área

do atual parque, no setor Nova Vila, em Goiânia, considerada estratégica e de grande valor, o provável é que seja ocupada por empreendimentos que possibilitem renda suficiente à manutenção do futuro parque.

Sudeco forte Recriada e em vias de ser reimplantada, a Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro Oeste) poderá renascer forte, na hipótese de ser confirmada a indicação do ex-governador de Goiás, ex-ministro da Agricultura e da Justiça, e

ex-prefeito Iris Rezende, para dirigi-la. É que Iris, pelo prestígio nacional de que desfruta, tem tudo para conseguir os recursos indispensáveis a financiar o planejamento estratégico e o desenvolvimento da vasta região Centro Oeste.


Novo Autódromo divide governo Construído no início dos anos 1970 pelo então governador Leonino Caiado (Arena), o Autódromo Internacional de Goiânia poderá ser substituído por um outro, que seria construído em Aparecida de Goiânia. Mas há no governo uma corrente que advoga o simples desaparecimento do autódromo, cuja

A ministra Delaíde área, hoje valorizadíssima, receberia um residencial luxuoso. Calcula-se que o terreno do autódromo poderia render ao governo mais de 200 milhões de reais, a serem aplicados, por exemplo, na implantação do Credeq, o prometido Centro de Recuperação de Dependentes Químicos.

Delaíde Alves Miranda Arantes, goiana de Pontalina, competente advogada trabalhista, líder de sua categoria profissional, autora de livros jurídicos, foi nomeada por Lula, no finalzinho do governo, ministra do TST – Tribunal Superior Trabalho. Lula telefonou para o ex-deputado Aldo Arantes, marido de Delaíde: – Companheiro, eu aqui trabalhando, nomeando sua mulher para ministra, e você veraneando aí em Cancun?! Aldo não estava no México a passeio, participava de evento oficial, mas não ficou ofendido. Ao contrário, agradeceu ao presidente.

Surpresas Algumas surpresas no secretariado do novo governo tocantinense: Danilo de Melo Sousa (PT) é secretário da Educação; o ex-ministro da Saúde Luiz Carlos Borges da Silveira (Governo Sarney), secretário de Ciência e Tecnologia, e Igor Avelino, ex-deputado federal do PMDB, secretário de Habitação. Na Agência Tocantinense de Saneamento, o presidente é o ex-deputado Edmundo Galdino, que há 20 anos escreveu um livro de denúncias contra Siqueira Campos, e prometia nos palanques que iria pegá-lo “pela parte mais longa, o rabo”.

PT com Siqueira Com três deputados estaduais na Assembléia do Tocantins, o PT por pouco estaria hoje dirigindo aquela Casa. Mas as brigas resultantes da última campanha eleitoral, ou razões outras,

levaram dois deputados petistas, Amália Santana e Zé Roberto, a votar no siqueirista Raimundo Moreira (PSDB), que derrotou a petista Solange Dualibi, mulher do prefeito de Pal-

mas, Raul Filho. A articulação da vitória coube ao secretário do Planejamento, Eduardo Siqueira Campos, principal articulador político do governaodor Siqueira Campos.

O PMDB do Tocantins

Raimundo Moreira

Desorganizado e desunido (as derrotas costumam estimular a desunião), o PMDB do Tocantins tem destino incerto. Uma corrente está pedindo a destituição do atual presi-

dente regional, o ex-deputado Oswaldo Reis, que não tem diálogo com o ex-governador Marcelo Miranda, que não se entende com o ex-governador Carlos Henrique Gaguim, que nutre ojeriza ao ex-governador

Moisés Avelino, no que é correspondido. Mas os entendidos da política tocantinense acham que o partido tem potencial para afirmar-se e, no futuro, alcançar novas vitórias.

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Urbanismo

Melhorias em ação: um Goianienses vivenciam no dia-a-dia da cidade uma série de intervenções no espaço público. Benefícios fazem parte de planejamento da administração municipal comandada por Paulo Garcia. A revista Hoje faz um giro e pontua as principais mudanças

B

asta um breve giro por Goiânia para observar várias intervenções pela cidade, todas resultado de um planejamento executado pela prefeitura de Goiânia através das secretarias municipais competentes, visando trazer melhorias significativas para o dia-a-dia da população. Vários quesitos de infraestrutura vêm sendo contemplados, como: pavimentação, planejamento urbanístico, revitalização dos logradouros públicos e itens pontuais como a ampliação do programa de Coleta Seletiva. As mudanças podem ser observadas até mesmo nos próprios aparelhos municipais. A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) realizou durante todo mês de fevereiro constantes serviços de manutenção em prédios públicos municipais. Obras que vão desde a pintura, troca de telhado, revisões na rede elétrica e hidráulica, até adequações de espaços físicos. Recentemente, a Seinfra participou da frente de serviços realizada no Setor Pedro Ludovico com ações nas escolas municipais Benedita Luiza e Frei Demétrio Zanqueta, no mercado municipal, posto de saúde e na Unidade Municipal de Assistência Social (Umas), além do posto de

Paulo Garcia entrega revitalização da Avenida Goiás

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atendimento da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), localizado no Jardim Botânico. Outros prédios que receberam manutenção são: Centro de Formação de Professores da Educação (Cefpe), mais de doze Cmeis e dez Escolas Municipais, além do Educandário Rainha da Paz, loja de atendimento do Setor Vila Nova, Mercado Municipal Paranaíba, sede da Secretaria Municipal de Cultura, sede da Secretaria Municipal de Educação, UABSF Vila Mauá e a sede da Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos.

Revitalização

Uma marca e prioridade da administração tem sido a revitalização do espaço público com obras executadas pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e Agência Municipal de Obras (Amob). As avenidas Coronel Joaquim Bastos e Eugênio Jardim, no Setor Marista; o canteiro central da Avenida Goiás e o Grande Hotel, ambos no Centro; e a avenida Circular, no setor Pedro Ludovico, estão entre os espaços revitalizados. No dia 24 de fevereiro, a administração lançou mais um projeto: a reurbanização da Alameda Ricardo Paranhos, também no Setor Marista. A proposta dos projetos de revitalização é proporcionar a humanização do espaço público, oferecendo beleza e acessibilidade, com a instalação de rampas para portadores de necessidades especiais. Um novo visual e a melhora no trânsito são percebidos por quem passa pela avenida Circular (setor Pedro Ludovico). A via, em toda sua extensão, passou por uma ampla reformulação urbanística, incluindo a revitalização da Praça do Ginásio de Esporte. Por meio do trabalho de operários da Comurg e da Amob, agora são 950 metros de pista de caminhada no modelo paver (permeável e ecologicamente correto), 9,5 mil metros de


giro por Goiânia

Avenida Goiás recebe obras de revitalização

grama esmeralda, 14 pergolados, novos bancos e lixeiras, além de moderna iluminação, com a instalação de 47 postes ornamentais, contendo duas luminárias em cada, árvores e plantas. Outro benefício inaugurado pelo prefeito e o presidente da Comurg, Luciano Castro, foi a revitalização da Alameda Joaquim Bastos, no setor Marista. A ação fez parte das comemorações do aniversário de 77 anos da capital e computou um custo de aproximadamente R$ 50 mil. A Alameda ganhou novo projeto paisagístico, com troca do piso e da iluminação que passa a contar com postes de pergolato. O local também recebeu bancos e lixeiras novos. Toda a grama foi replantada e novas árvores substituíram as que estavam doentes. “Goiânia é conhecida por ser acolhedora e fraterna. A entrega desta obra é um exemplo disso”, afirmou o prefeito Paulo Garcia em discurso proferido à época da entrega, em outubro de 2010. “Isto eleva a autoestima da nossa cidade, mostra que estamos preocupados com a sociedade e, ao

mesmo tempo, com o meio ambiente”, destacou o prefeito, elogiando o trabalho dos servidores da Comurg. Ainda no setor Marista, Prefeitura e Comurg trabalharam na revitalização da Alameda Coronel Eugênio Jardim, entregue à população em dezembro do ano passado. A via recebeu um projeto de ornamentação e paisagismo e agora conta com 1.870 m² de calçada no modelo paver, com rebaixamento especial para cadeirantes e feito com material resistente e permeável. O local passou a contar ainda com grama esmeralda, plantas ornamentais, nove estruturas de pergolato, 21 novos bancos, 24 novas lixeiras, e um moderno projeto de iluminação, com 44 luminárias. Em setembro de 2010, a prefeitura inaugurou três obras de revitalização na Avenida Goiás, que recebeu uma nova iluminação, além da restauração das calçadas, dos canteiros centrais, dos bancos, das lixeiras e a reativação do tradicional relógio e das fontes iluminadas, que se encontravam inoperantes. Em entrevista, Paulo Garcia disse

que apesar de ser uma obra simples, é de extrema importância para a nossa comunidade. “Revitalizar a Avenida Goiás, que é a principal avenida de acordo com o projeto inicial de Goiânia, e poder entregá-la novamente como um espaço de convivência é um motivo de muita satisfação”. Segundo ele, a intenção é transformar o Centro da capital em um lugar aplausível e seguro para o povo goianiense. Importante ressaltar que o Centro tem se tornado espaço para várias manifestações culturais como o Projeto Grande Hotel Revive o Choro e a Revirada Cultural, ambas capitaneadas pela administração municipal. O Grande Hotel, inclusive, recentemente ganhou a revitalização da pintura na parte externa do prédio histórico, promovida pela Senfira. Além do projeto de resgate ao choro, o local oferece ainda uma série de cursos para a área cultural e artística e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O município anunciou mais uma importante obra que visa à humanização dos espaços públicos. A próxima obra a ser reurbanizada será a Alameda Ricardo Paranhos, também localizada no setor Marista. O projeto, além de ousado do ponto de vista arquitetônico e urbanístico, inova no modelo de execução. Será realizado por meio de parceria público-privada, a chamada PPP. Duas construtoras, a Opus Inteligência Construtiva e a TCI InPar, arcarão com os custos em conjunto com a Prefeitura. A Comurg será a responsável direta pela obra, que já teve início no dia 24 de fevereiro e deverá ser concluída em um mês. Com esta iniciativa, a Prefeitura vem atender uma demanda dos moradores da região, que já há algum tempo têm utilizado a via para a prática de esportes. O projeto foi elaborado pela OPUS Inteligência Construtiva a partir de um estudo conceitual avaliativo, que considerou as necessidades das pessoas que frequentam o local, conferindoFevereiro de 2011 - Hoje | 13


Urbanismo lhes segurança e bem estar. O projeto foi pensado para tornar aquele logradouro um espaço seguro e adequado, com pista especial para corrida, pontos de apoio como bebedouros e vestiários, e uma academia a céu aberto. Questionado sobre a importância social destas obras, o presidente da Comurg, Luciano de Castro, afirma que a revitalização desses espaços públicos é fundamental para aumentar a autoestima da cidade e garantiu a entrega de outras obras para breve. “Estamos trabalhando em diversos locais, como a Avenida do Povo (Vila Mutirão), Praça do Terminal das Bandeiras (Jd. Europa), Praça General Joaquim Xavier Curado (St. Aeroporto), dentre outros”. Sobre os projetos futuros, a assessoria da Comurg informou que propostas estão sendo estudadas pelo prefeito.

Pacote de Pavimentação

A administração municipal recebeu investimentos na ordem de R$ 150 milhões, provenientes do Tesouro

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Municipal e do Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC II), destinados a pavimentação de 31 novos bairros, recapeamento e compra de equipamentos. Segundo Paulo Garcia, os recursos integram o novo Pacote de Pavimentação da Prefeitura – capeamento e recapeamento asfáltico. Para o prefeito, trata-se de uma política de Estado e não apenas de um Governo. Ele destacou que entre as ações da administração ainda estão a aquisição de um novo complexo de britagem, que ampliará a capacidade de produção da usina de 190 mil toneladas para 560 mil por ano em um período de até cem anos. A usina é responsável pela produção de asfalto, solo brita (cascalho), tubos de concreto, tijolos, piso para calçada, estacionamentos permeáveis e concretos diversos. Os materiais são utilizados nas obras executadas pela Comurg, Amma, além das Secretarias da Habitação e de Infraestrutura. A demanda atual da cidade é de cerca de 315 toneladas/ano de produção. Paulo Garcia informou que as obras de pavimentação para 2011 já tiveram início e que serão aceleradas tão logo o período chuvoso cessar. “Serão asfaltados 31 novos bairros num total de 200 km de ruas e avenidas.” Entre as principais obras de asfalto, está a interligação entre o Setor Jardim Guanabara e o Residencial Vale dos Sonhos e entre

o Bairro Santa Fé e o Setor Grajaú. As seguintes vias também estão previstas para serem alargadas: as avenidas do Povo, na Vila Mutirão; T-10, entre T-60 e C-244 até a rotatória da C-233; Vera Cruz, entre a Av. São Francisco e BR-153, no Jardim Guanabara; Rua Benjamim Luiz Vieira, no trecho da Avenida Mal. Rondon e Av. Goiás Norte. Já os trechos das avenidas T-8, Rio Verde, C-267, da Divisa Engler e Neropólis serão duplicados. Serão recuperados ainda outros 35 quilômetros de asfalto das principais ruas e avenidas da capital. A Prefeitura, por meio da Amob, iniciou na primeira semana de fevereiro, a demolição das edificações localizadas às margens da Marginal Botafogo, no trecho entre a Av. 136 e 2ª Radial. O trabalho dará continuidade ao prolongamento da duplicação da Marginal. A previsão de duração da obra é de dois anos e está orçada no valor R$ 45.908.621,20, sendo R$ 16.940.197,93 em Recursos do Tesouro Municipal e R$ 28.968.423,27 provenientes do Governo Federal. Para a indenização dos imóveis que haviam no local foram gastos um total de R$502 mil. Além destas importantes intervenções, Prefeitura e Amob realizam diariamente serviços de terraplanagem e arruamento, conservação e manutenção de obras, limpeza de galerias pluviais e bocas de lobo, execução e conservação da capa asfáltica e obras de artes correntes e complementares.

Trânsito

O trânsito também sofreu intervenções com o objetivo de melhorar o fluxo dos veículos e solucionar problemas relacionados ao tema. Os progressos fazem parte do plano de Melhorias do Trânsito, em desenvolvimento pela Prefeitura de Goiânia. Entre os últimos benefícios, estão as alterações na Praça do Cruzeiro e na Avenida Circular. Objetivando aumentar a fluidez do tráfego na Praça do Cruzeiro e adjacências, no Setor Sul, a Prefeitura por meio da Agência de Trânsito e Mobilidade (AMT) colocou em vigor, no último dia 19 de fevereiro, uma nova sinalização e sentidos de circulação no


local. As alterações objetivam reduzir o carregamento de veículos na Praça e vias alimentadoras, distribuindo parte do fluxo para ruas próximas. Para tanto, novas sinalizações foram implantadas, como a instalação de quatro semáforos: na Rua 90 com a Rua 123, na Av. 84 com a Rua 107, na Rua 86 com a Rua 107 e na Av. 88 com a Rua 123. O fluxo também foi melhorado com a proibição de estacionamento de um lado da via, enquanto que nas aproximações dos semáforos a parada de veículos está coibida nos dois lados das vias. Também foi feito todo um trabalho educativo prévio para orientar a população sobre as alterações no trânsito e as possíveis alternativas de trajeto para os condutores que passam pela região. O trabalho de melhoria na fluidez da Praça do Cruzeiro ainda contou com ações da Amob para melhorar as condições das ruas periféricas à Praça, que passaram a comportar grande parte do fluxo de veículos após o fechamento do lado norte da praça (entroncamento com Av. 84), e a abertura de um canteiro central no cruzamento da Rua 90 com a Rua 123, onde já existe um semáforo para pedestres. Entre as ações, também estiveram o recapeamento asfáltico de várias ruas adjacentes e do anel viário da Praça. Os serviços que fazem parte do Pacote de Pavimentação também objetivam pretendem destinar uma atenção especial aos portadores de mobilidade reduzida, que serão beneficiados com estruturas adequadas de acessibilidade. Outro ponto que sofreu melhorias foi a avenida Circular, no setor Pedro Ludovico. Além da já citada revitalização, a via passou por importantes mudanças no trânsito com a instalação de dois semáforos. De acordo com o presidente da AMT, Miguel Tiago, as mudanças na circulação de veículos e a implantação de semáforos em substituição às rótulas dos cruzamentos das Avenidas Circular com a T-63 e com a 4ª Radial vêm trazendo uma significativa melhora ao trânsito movimentado da região Sul. O presidente da Agência lembra que todas as mudanças foram previamente discutidas pela AMT

com a comunidade em uma grande audiência pública realizada no final do ano passado. Ainda em fevereiro, o prefeito legitimou mais uma etapa do plano de ação executado pelo Poder Público Municipal com o propósito de melhorar a fluidez no trânsito. A capital passará a contar com três novos viadutos: na BR153, ligando o Jardim Goiás ao Jardim Novo Mundo por meio da Rua 117; na GO-080, tendo como elo a Avenida Perimetral Norte; e no encontro dessa com a Avenida Goiás Norte. Para tanto, recebeu o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit-GO/DF), Alfredo Soubihe Neto, que autorizou todas as intervenções. De acordo com o presidente da Amob, Francisco Almeida, o projeto das intervenções na BR-153 já estava pronto e aprovado. Mas, como se trata de um trecho urbano de uma área federal, a autorização o Dnit era o ponto que faltava para que a Prefeitura começasse os trabalhos. As obras devem iniciar em breve.

Coleta Seletiva

Outra ação da Prefeitura é o Programa Goiânia Coleta Seletiva (PGCS). Desde sua inauguração, vem colhendo resultados positivos e ampliando sua abrangência. Uma novidade foi a implantação do programa na Feira de Sol, a fim de contribuir para a redução na produção do lixo e aumento da correta separação dos resíduos. Segundo a chefe da divisão da Coleta Seletiva, Marisa Berganasco, foram recolhidos, em apenas um dia de Coleta Seletiva na feira, 28 quilos de garrafa pet, 4 quilos de alumínio, 8 quilos de papel, 2 quilos de vidro e 87 quilos de lixo orgânico. Desse total de lixo orgânico, 70% dos resíduos eram cascas de coco e bagaço de laranja. Ela lembra que a iniciativa de levar a Coleta Seletiva a uma das maiores e mais tradicionais feiras de Goiânia tem o intuito de despertar a consciência, a educação e a responsabilidade ambiental. “Vamos agora tentar espalhar esse Projeto para as demais feiras da capital”, conclui Marisa. A Coleta Seletiva realiza recolhi-

Recapeamento do anel externo à Praça do Cruzeiro

mento dos materiais recicláveis que não devem ser misturados no lixo comum. São vários os benefícios gerados com essa ação: redução da retirada dos recursos naturais; economia de água e energia; diminuição da poluição do solo, da água e do ar; melhoria da limpeza da cidade e prevenção de enchentes; aumento da vida útil do Aterro Sanitário de Goiânia; controle de vetores de doenças como a dengue, febre amarela e leptospirose; e geração de trabalho e renda para catadores conveniados ao Programa Goiânia de Coleta Seletiva (PGCS). O lixo e a sua destinação são um dos problemas ambientais mais preocupantes da atualidade. Para se ter uma ideia desse quantitativo, semanalmente, a Comurg recolhe 9.500 toneladas de lixo orgânico, 450 toneladas de lixo reciclável e 57 mil toneladas de resíduos hospitalares. Em Goiânia, cada habitante produz uma média diária de 600 gramas a um quilo de lixo. Apesar de a capital ter sido uma das cidades pioneiras na implantação de Coleta Seletiva, a quantidade de lixo produzido pela população ainda é muito alta. De acordo com o presidente da Comurg, Luciano Henrique de Castro, ainda é necessário reduzir mais a quantidade de lixo descartada. Fevereiro de 2011 - Hoje | 15


Resenha

Renato Dias | renatodias67@gmail.com

“A eleição de Dilma Rousseff é a rejeição à lógica do neoliberalismo” (De Aldo Arantes, em ato do PC do B para receber Euler Ivo) 1º tempo Após tour pelos EUA, Paulo Garcia reassumiu o cargo de Prefeito de Goiânia.

Democratas

Demóstenes Torres quer o Paço em 2012 e a Casa Verde quando 2018 vier.

Números

Giuseppe Vecci diz que Marconi Perillo herdou déficit de R$ 150 milhões/mês.

Consignados

Giuseppe Vecci baixou novas regras.

Sem surpresa

Marconi Perillo abençoou Benedito Torres ao cargo de procurador-geral de Justiça.

Discreto

José Eliton, vice-governador, está afinadíssimo com Marconi Perillo.

Iquego

A empresa teria, hoje, dívidas de R$ 67 milhões.

Desestatização

2º tempo Iram Saraiva (PMDB) retornou à presi dência da Câmara Municipal.

Ceasa, Iquego, Serra Dourada, Autódromo Internacional podem ser desestatizadas.

A 1ª faz tcham

Estilo light

Misael Oliveira quer acabar com as oito sessões extras por mês na Assembléia.

E va n d r o M a g a l adota postura discreta, elegante e de independência no Palácio Alfredo Nasser.

Acordo? A equipe econômica do governo estadual caça saída para a crise da Celg, diz Giuseppe Vecci.

Crise

Djalma Araújo, líder do Governo, está com a pá virada para Iram Saraiva.

Filigranas

Darci Accorsi não irá mais lançar Adriana Accorsi à Câmara Municipal em 2012.

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A 2ª faz tchum

O enfant terrible do PDT condena também o pagamento de auxílio-moradia.

E tcham, tcham, tcham

A remuneração da convocação extraordinária é inconstitucional, fuzila o parlamentar.


Troco

Marxismos

Abençoado

Nilo Resende ataca Misael Oliveira: – Isso é demagogia!

Nilton Perillo irá para a Goiasprev.

Questão de ordem

No Facebook, João Maria, presidente do Stiueg, condena os rumores de privatizações.

Radical chique, Elias Vaz (Psol) abençoa a cruzada moralizadora de Misael Oliveira.

Não matarás!

Mauro Rubem reuniuse, a portas fechadas, com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. No cardápio, Operação Sexto Mandamento.

Sindicalismo

O que é isso?

15 anos do desaparecimento de Antenor Neto Monturil, exchefe de gabinete da Advocacia Geral da União.

29

É o número de desaparecidos em Goiás após abordagens de PMs.

Euler Ivo tro

A Tendência Marxista do PT fez barulho em seu planejamento estratégico para 2011, 2012, 2013 e 2014.

Le Cirque

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou que o IBAMA devolva ao Circo LE CIRQUE, os animais aprendidos em agosto de 2008, informa o advogado Edilberto de Castro Dias.

Vermelhou o PC do B. cou o PDT pel

Vermelhou (I)

Radicais livres Luís Cesar Bueno condena privatização e defende que a Iquego seja repassada à União.

Euler Ivo ingressou no PC do a AP (Ação Popular) foi do B quanà legenda da foice e do ma incoporada rtelo: 1972.

Quem rendeu-se às redes sociais foi Francisco Gedda: e-mail, site, Twitter, Facebook e Youtube.

Porrada

O PSDB quer o afastamento de Ernesto Roller da procuradoria-geral de Goiânia. Palavras de Maurício Beraldo.

Ofício

Vereador, Luiz Teófilo quer núcleo para atender empreendedores.

C´est fini

Por hoje é só!

Vermelhou (II) ler Ivo da repressão, Eu

ste Para fugir , morou no Nordezes ve mudou de Estado ês e casou-se tr e Norte do Brasilaura Lemos. com Is Araguaia

WWW

Estrela vermelha

H u m b e r t o A i d a r, Mauro Rubem, Luís Cesar Bueno, Karlos Cabral e Rubens Otoni participaram da exposição de fotos do aniversário de 31 anos do PT.

E por falar em repressão, tem a assinatura de Adalberto Monteiro no documentário da Guerrilha do Araguaia produzido pela Fundação Maurício Grabois.

Carnaval

Vira e mexe, Itamar Correia está envolvido no carnaval de Goiânia.

244

É o número de prefeitos recebidos por Marconi Perillo em 50 dias.

Estrela vermelha (I) O advogado Edilberto de Castro deu o ar da graça em ato dos 31 anos da legenda no Palácio Alfredo Nasser. A psicóloga Martha de Lourdes Batista também.

Tucanato

Túlio Isac teve sessão de cochichos com o secretário de Estado da Saúde, Antônio Faleiros.

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Tocantins

A volta de Siquei Depois de superar muitos desafios e vencer uma eleição das mais difíceis, a posse de José Wilson Siqueira Campos para mais quatro anos de Governo significa um desafio a mais: o de trabalhar com criatividade para superar-se a si mesmo enquanto governador Valterli Guedes

A

os 82 anos, mesma idade com a qual Miguel Arraes de Alencar foi eleito para o seu 3º e último mandato de governador do Pernambuco, José Wilson Siqueira Campos chegou, pela 4ª vez, ao governo do Estado do Tocantins. Esse retorno, com a posse no dia 1° de janeiro, tem diversos significados, sendo o principal deles a vitória da garra, da obstinação e do arrojo de um político afeito aos

desafios, marca de Siqueira desde criança. Nascido em Crato, Ceará, por sinal a mesma cidade onde nasceu Miguel Arraes, Siqueira Campos, filho de Pacífico Siqueira Campos e de dona Regina Siqueira Campos, ficou órfão de mãe aos 12 anos. Pouco tempo depois estava na capital, Fortaleza, tentando iniciar a construção de seu futuro. Foi lá que, com um jejum de três dias, procurando emprego, deparou-se com dona Zefinha, dona de modesta pensão que além de hospedar servia comida aos hóspedes. A experiente dona Zefinha

Com faixa própria Eleito por pequena margem na disputa com o sucessor de Miranda eleito pela Assembléia, Carlos Henrique Gaguim, Siqueira teve uma posse tumultuada. Depois da posse propriamente, no plenário do palácio “deputado João D’Abreu”, o governador marchou a pé em direção ao Palácio Araguaia, cercado por forte esquema de segurança. Aproximar-se dele, que haveria de? Enquanto isso, acompanhado da esposa, dona Rose, do prefeito de Palmas

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Raul Filho, de militares e outras pessoas, estava a aguardá-lo, para a transmissão do cargo simbolizado pela faixa, o governador Gaguim. Impaciente. “Não posso esperar mais, porque tenho que ir a Brasília para a posse da presidenta Dilma”, repetia Gaguim, quando alguém dele se aproximou dizendo: “Então vá, porque o Siqueira já está discursando com uma faixa no pescoço”. E Gaguim foi, depois de colocar a faixa no pescoço de um cinegrafista”.

percebeu que o garoto estava faminto e perguntou-lhe se aceitaria “um prato de sopa”. O menino Siqueira Campos aceitou não apenas um, mas três. Foi ao local onde existia a pensão de dona Zefinha que Siqueira Campos resolveu ir, tão logo perdeu a eleição, há quatro anos, na tentativa de mais uma vez governar o Tocantins. Lá agora está um prédio imponente, que o experimentado político olhou Siqueira Campos


ira Campos admirado. Só não mudou de todo a miséria de boa parcela dos cearenses, como de resto dos brasileiros. No momento da visita, emocionado, Siqueira Campos foi de encontro a dois homens que, do outro lado da rua, recolhiam do lixo um pedaço de carne imunda. Deu a cada um 100 reais, dizendo-lhes: “Comprem carne boa com esse dinheiro, ao menos para uma semana”. Surpresos, os interlocutores

quiseram saber quem era tão inesperado benfeitor. “Sou um brasileiro como vocês”, respondeu, desviando a conversa para outros assuntos, e preferindo ouvir mais do que falar. E então teve sensibilidade suficiente para chocar-se com algo que ouviu, sobre a riqueza de um figurão da política cearense. Depois do rosário de bens descritos pelos dois, propriedades do político-empresário,

Siqueira despediu-se e saiu a pensar: – Pobre Brasil, onde o roubado elogia e admira aquele que o rouba.”

Desafios

Político de atuação controversa, devedor ao público de uma biografia detalhada capaz de separar o que seja lenda da realidade, os desafios foram uma constante na vida de Siqueira Campos. Ele teria

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Tocantins militado mesmo, como contínuo, no Partido Comunista Brasileiro? Sua ligação com o Tocantins começou no início dos anos 1960, ao tempo de Goiás continente. Com a mulher, dona Aureny, e as crianças, chegou dirigindo um jeep pela rodovia Belém-Brasília, estrada de chão, à pequenina Colinas de Goiás, hoje Colinas do Tocantins. Empresário madereiro, em pouco tempo elegeu-se vereador e, no pleito seguinte, deputado federal. Ficou na Câmara dos Deputados durante uns 16 anos, sempre sustentando a bandeira de criação do Estado do Tocantins. Controverso, repita-se (fez erguer um museu – monumento em Palmas em homenagem ao líder comunista Luiz Carlos Prestes, embora, durante a ditadura, tenha embarcado na tentativa de “eleição”, um golpe dentro do golpe, do general ultra direitista, Silvio Feota , ministro de Guerra do presidente-general Geisel para a sucessão deste), quando o assunto era dividir Goiás, criando o Tocantins, Siqueira nunca tergiversou. Até fez greve de fome, algo redundante para um cearense de origem humilde, na luta pelo novo Estado, afinal vitoriosa com o advento da constituição de 1988.

Líder consolidado

Primeiro governador eleito, fundador de Palmas, Siqueira Campos é considerado a principal figura política tocantinense. Não obstante, um tropeço: em 2006, perdeu na disputa do governo para o noviço Marcelo Miranda por ele próprio inventado. Foi assim: o pai de Marcelo, ex-deputado José Edmar Brito Miranda, secretário Marcelo Miranda

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de infra-estrutura com atribuições também no campo político durante o 3° governo de Siqueira, queria suceder o governador. Siqueira fez sondagens e concluiu pela inviabilidade. Chamou Brito Miranda, que compareceu acompanhado da esposa, dona Marly, e deu a ambos a notícia “ruim”, para em seguir anunciar a “boa”: “Você não vai ser o governador, mas eu vou colocar seu filho, o Marcelo, no lugar”. - Não serve, é incompetente” – teriam obstado, a um só tempo, o pai e a mãe de Marcelo, conforme relato de Siqueira a este repórter. Foi aí que Siqueira Campos teria dito: Não se preocupe, eu irei orientálo, você também, com a sua experiência, e ele será bom governador”. Eleito e empossado, há quem diga que Siqueira tanto se empenhou em orientá-lo, até dizendo durante reuniões públicas que “o governador precisa trabalhar mais”, que o rompimento, depois de uma internação hospitalar de Marcelo por pressão alta, tornou-se o caminho natural. Na eleição seguinte (2006) o ex-pupilo resolvera passar de Marcelinho a Marcelão e encarou na disputa ninguém menos que o próprio Siqueira. E ganhou, bem ou mal. “Mal”,

dizem Siqueira e a Justiça, tanto que o mandato de Marcelo foi cassado como desfecho de volumoso processo. Corrupção, da qual a parte mais visível foi a distribuição de dezenas de milhares de óculos através do programa “O Governo mais perto de você”.

Gaguim

Adversários, quase inimigos A troca do governador pelo cinegrafista – e no caso de Siqueira a substituição de Gaguim pelos Pioneiros Mirins (garotos do programa de primeiro emprego tocantinense), repercutiu nacionalmente. No Tocantins, algumas publicações consideram prejudicial à imagem do Estado a atitude do governador que deixava o cargo, como se lhe restasse melhor opção. Do ponto de vista da política tocantinense, Siqueira sinalizou, ao deixar de receber a faixa de Gaguim, que o tem como adversário político. Ele demonstrou não gostar do ex-governador. Provavelmente, Siqueira goste menos ainda dos Miranda, pai e fi-

lho, a quem define como “traidores”. No Governo, Siqueira diz haver encontrado uma situação caótica . Resolveu logo de início demitir cerca de 20.000 servidores comissionados. A determinação judicial era para que essa situação fosse regularizada até junho. O governador decidiu enfrentá-la logo. Extinguiu os cargos e criou outros, só que apenas 2.500, ao que parece insuficientes para abrigar os seus. É crise sobre crime. A demissão dos comissionados atingiu até o comércio e agências de bancos, pela diminuição das vendas, no primeiro caso e, quanto aos bancos, porque agora não têm mais a mesma facilidade para receber os créditos consignados que haviam concedido aos servidores.


Pedro Guedes | @guedzin

Caiu na Rede

A Rua do Lazer no Centro de Goiânia é uma piada de mau gosto! Não tem nada de lazer. Precisa ser revitalizada. Carlinhos do Esporte, radialista goianiense

Querem fazer arrocho e jogar a culpa nos assalariados, sem cortar os gastos e as mordomias. Marisa Serrano, senadora PSDB-MS reafirmando oposição ao governo federal @marisa_serrano

@carlinhosdoesp

Queremos trabalhar dentro da legalidade. Com o atual código, não é possível. Se isso não acontecer, o Banco do Brasil vai cortar crédito. Kátia Abreu, presidente da CNA e senadora (DEM-TO) sobre o atual Código Florestal brasileiro @katiaabreu

Novo Partido. Partido da Democracia Brasileira. Mas bem poderia significar Partido Dormitório Brasileiro.

Tenho muitas dúvidas. O Sizenando tem cara de derrota e é teimoso feito uma mula.

César Maia (DEM), ex-prefeito do Rio de Janeiro, cutucando seu correligionário Gilberto Kassab sobre a possível criação de um novo partido

Luiz Gama, jornalista esportivo, respondendo a um seguidor no twitter sobre o novo projeto do presidente, Sinzenando Ferro, frente ao Vila Nova

@cesarmaia

@luizgama

Mutação importante na espécie “corruptius burocraticus”. O corrupto atual jamais usa colarinho branco. Repito um velho conselho, cada vez mais válido, sobretudo pro Congresso: Quando alguém gritar Pega Ladrão, finge que não é com você. Nesse ritmo de incompetência, as civilizações tropicais vão acabar morrendo de frio. Millôr Fernandes, cartunista, dispensa legendas @millorfernandes

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Urubuservando

Carlos Brandão | carlosbrandao7@gmail.com

Poética

Paulo e a reeleição Entra prefeito, sai prefeito e o Centro de Goiânia continua feio. As placas e letreiros horrorosos continuam cobrindo as fachadas dos prédios art déco. Até quando os comerciantes continuarão obrigando a cidade a ser feia, brega, antiga e mal cuidada? Paulo Garcia tem nas mãos uma chance de mostrar ao goianiense por que é candidato à reeleição. A transformação do Centro de Gyn numa atração turística, a reconstrução total do Mutirama, a criação de Praças Culturais, são itens que ajudam a eleger um bom prefeito. Vamos tentar?

Castigo Taleban

Kaio Bruno Dias. Anotem esse nome. Um poeta garoto, um texto adulto, um escritor contemporâneo. Uma novidade boa na literatura local. O primeiro livro já está sendo pensado. Lançamento em 2012. Nome: E no final da festa? Amostra grátis para o leitor:

A violência continua sendo a pauta do dia para a imprensa. Seja em forma de denúncia, seja em forma de sensacionalismo pra vender ou dar audiência. No casa do foto do jovem afegã que teve o nariz e as orelhas cortadas pelo marido, serve como denúncia. O clic é da sul-africana Jodi Bieber (prêmio World Press Photo) e mostra Bibi Aisha, de 18 anos, que teve seu “castigo” aprovado por um comandante do grupo islâmico Taleban. Religião e ignorância continuam sendo a desgraça do mundo.

“O tempo está passando os dentes começam a cair. Venha logo me ver sorrir.”

Retocando a realidade O artista belga Ben Heine usa um método bacana para dar mais impacto às fotos que faz. Utilizando lápis, ele desenha sobre folhas de papel brancas para brincar com a realidade das fotografias e acaba conseguindo resultados surpreendentes. “Vou retocando e alterando as fotos

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até chegar nesse resultado”, fala. Ele cria os desenhos e os encaixa sobre as fotos, criando dois mundos, duas realidades irmãs. Na verdade, Heine usa quatro métodos, que vão do desenho manual, até o computadorizado. Criatividade, tá na cara, é o ponto forte desse belga.


Intelectual do miolo mole Um repentista baiano avaliou o deprimente programa BBB e as tiradas do “intelectual made in Roberto Marinho”, Pedro Bial. Bial é badalado como um um cara inteligente e outros papos. Mas no fundo é mais um filhote da Globo, sem muito conteúdo e disposto a fazer tudo para dar audiência à sua emissora do coração. O Brasil, cada dia mais pop e pobre, quando o papo é educação e cultura, acaba colocando sujeitos bobos como Bial, num pedestal errado. Veja parte do repente: “Cuidado, Pedro Bial/ chega de esculhambação/ respeite o trabalhador/ dessa sofrida Nação/ deixe de chamar de “heróis”/ essas girls e esses boys/ que têm cara de bundão.”

GTI Achei um barato a nova designação para velhotes metidos a galãs. GTI: Gatinho da Terceira Idade. Assuma sua beleza, velharia!!! rsrs

É muita depressão

O cara que escreve “eu mim encontrei com jesus”, não vai pro céu mesmo!!! Leva pau em português até no vestiba do inferno. Ouvi agora na TV: “a vitrine da fama não pode nunca ficar vazia”. Nada melhor do que morar no centro de Gyn e tomar café de manhã com pão de queijo saindo do forno, no Mercado Central. É que nem casa de vó. Meus companheiros amados, não vos espero nem chamo: porque vou para outros lados. Mas é certo que vos amo. (Cecília Meireles é demais). Ô, dorzinha de cabeça fia duma égua!

Nunca tive muita paciência com a música do Renato Russo. Sempre achei aquilo muito deprê, ruim mesmo. Mas é fato que, apesar de ser chato, o cantor e compositor continua a fazer a cabeça do público e de intérpretes. Agora é a vez da cantora Leila Pinheiro homenagear Renato, com o disco e show Meu Segredo Mais Sincero. O que ouvi deixa claro que a excelente interpretação de Leila não consegue tirar a mágoa e a depressão que permeia todo o trabalho da banda Legião Urbana. Não gosto mesmo!

Vi mari, cru cré, corroró calô goiá. A cada frase postada, o postante se sente ouvido e diminuída a solidão. O twitter é isso: remédio e porta voz pra um mundo cada vez mais só. Graças a todos os santos, o Hélio dos Anjos vazou do meu VILA!!! Treinador meia boca, autoritário, um policial travestido de técnico. Some! meu twitter: @carlosbrandao7 Fevereiro de 2011 - Hoje | 23


Cidade

Aparecida de Goiânia Um município em pleno desenvolvimento social, tecnológico e econômico

A

ntes tida como cidade-dormitório, o segundo município mais populoso de Goiás, com aproximadamente 510 mil habitantes, passa por um momento de transição, se consolidando como polo industrial -- abrigo de empresas de grande faturamento nacional. Indústria e serviços juntos -- aproximadamente 13 mil empresas e 2.736 estabelecimentos do comércio varejista -- contribuem para afastar de Aparecida de Goiânia a antiga pecha de cidade dormitório. Dados do Ministério do Trabalho também ajudam a derrubar o estereótipo. Segundo o órgão, o município perde apenas para Goiânia no ranking

estadual de evolução de empregos formais no ano de 2007, quando foram admitidas 39.550 pessoas e desligadas 35.439, com saldo de 4.111. Sua localização geográfica é tida como uma das razões para sua expansão econômica. A cidade é servida por uma das principais rodovias federais, a BR-153, que favorece o escoamento da produção industrial. Além de Goiânia, o município faz limite com Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Hidrolândia e Senador Canedo. E os números continuam a ratificar o potencial de crescimento da cidade. Entre os anos de 2002 e 2006, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o PIB de Aparecida teve elevação de 54%, bem maior do que os 35% computados para o PIB geral do Estado, no mesmo período.

Terceiro setor: Movimentando divisas

Merece destaque o setor de serviços, que tem uma participação de

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mais de 60% no PIB do município. A área -- que engloba administração pública, comércio, alojamento, alimentação, transporte e armazenagem, comunicações e atividades imobiliárias -- injetou mais de R$ 1 bilhão em 2006, último ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os indicadores econômicos dos municípios brasileiros. À época, Aparecida pôde comemorar o avanço de uma posição no ranking estadual do PIB, quando passou de 5º lugar, com um montante de R$ 2,2 bilhões, para o 4º, com R$ 2,6 bi. Em porcentagem, o valor agregado de R$ 429 milhões corresponde a um crescimento nominal de 19,26%. Aparecida conta ainda com o primeiro condomínio empresarial do Estado, a Cidade Empresarial, que reúne um conglomerado de lojas e prestadores de serviços em sintonia com as tendências mundiais. Na cidade também está o segundo maior shopping de Goiás, o Buriti Shopping, com cerca de 300 lojas.


Polo Industrial: Fortalecimento econômico

Outro setor que fortalece raízes no município é o industrial, que responde por 26% do PIB aparecidense e, no ranking estadual, está em sexto lugar, atrás de municípios como Goiânia, Anápolis e Rio Verde. Em 2006, a atividade puxou o índice de riquezas do município com um montante de R$ 617 milhões. A vocação industrial de Aparecida teve início na década de 1980. A disposição de espaço, o potencial para atrair investimentos em infraestrutura e a logística de transporte são fatores apontados como positivos por grade parte dos empresários ali instalados. Ao todo, são 964 indústrias no município, um terço delas em quatro dos cinco polos presentes na cidade. Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Daiag), Distrito Industrial do Município de Aparecida de Goiânia (Dimag), Polo Empresarial e Parque Industrial concentram em suas dependências aproximadamente

320 estabelecimentos, alguns em fase de construção. Nos últimos meses, Aparecida ganhou destaque no cenário como o polo da beleza. Dados publicados em abril pela Abhipec, a associação do setor, mostram que entre os seis Estados com mais fábricas do setor de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal no Brasil, Goiás apresentou o crescimento mais veloz nos últimos cinco anos. Das 120 empresas deste setor em Goiás, 90 estão instaladas em Aparecida.

Infraestrutura: Uma cidade cada dia melhor

Saneamento básico, pavimentação e tratamento de lixo. O município tem ganhado pontos com amplos investimentos em infraetrutura. Segundo dados da Secretaria de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia de junho de 2010, 67,8% dos lares do município são atendidos com o sistema de água tratada e 22,9% com a rede de tratamento Fevereiro de 2011 - Hoje | 25


Cidade de esgoto. Para ampliar o tratamento de esgoto do município – atualmente, encontra-se em operação apenas uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) -- uma nova ETE está em construção e deverá entrar em operação ainda em 2011.Em relação ao tratamento do lixo, Aparecida implantou a primeira Área de Transbordo e Triagem (ATT) da Construção Civil de Goiás e conta com um aterro sanitário para o tratamento adequado dos resíduos sólidos e uma área destinada para futura instalação do polo de reciclagem. Conforme a Secretaria do Meio Ambiente de Aparecida, responsável pela gestão do aterro, a atual administração está urbanizando o aterro para transformá-lo em centro de excelência para pesquisa. A partir de agosto o lixo hospitalar deverá ser incinerado. A pavimentação é outro ponto que merece destaque. Em 18 meses de governo, o prefeito Maguito Vilela (PMDB) conseguiu pavimentar 2,3 milhões de metros quadrados de asfalto, reduzindo um déficit de ruas habitadas sem aslfalto para 5,2 milhões de metros quadrados.

Cultura e esporte para todos

A atual administração desenvolve o Projeto Ação Cultural, que leva atividades culturais a diversas regiões da cidade. Em 2009, o programa promovido pela Secretaria de Cultura de Aparecida teve público superior a 100 mil pessoas. Tradicionalmente, no mês de maio é realizada a festa em comemoração pela

fundação da cidade. O evento ocorre no Centro de Cultura e Lazer José Barroso. Em relação ao esporte, Aparecida conta com um Centro Olímpico destinado a atender a juventude da cidade com a oferta de diversas modalidades esportivas. Além disso, a Secretaria de Esportes e Lazer oferece diversos Núcleos de Iniciação Esportiva.

Educação: do básico ao superior Sua rede municipal de ensino possui 35 mil alunos matriculados, com uma estrutura que comporta 69 escolas municipais e Centros Municipais de Educação Integral (Cmeis). Já a rede estadual atende mais de 50 mil alunos divididos em 91 estabelecimentos de ensino fundamental e médio. Quanto ao ensino superior, Aparecida conta com três instituições de ensino privadas e uma pública, a Universidade Estadual de Goiás (UEG). Atualmente, o município emprega cerca de 4300 professores entre os ensinos pré-escolar, fundamental, médio e superior.

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Saúde em pauta

Segundo dados do IBGE, Aparecida possui 53 estabelecimentos de saúde. Destes, 23 são estabelecimentos de saúde pública municipal, 29 particulares e um hospital público gerenciado pelo Governo de Goiás.


Plano específico de zoneamento de ruído

Futuro: Tecnologia e desenvolvimento

Para atender uma frota de aeronaves crescente – estudos apontam que em 15 anos serão mais de 25 mil aeronaves em Goiás, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, juntamente com a Associação Comercial e Industrial, por meio da Secretaria de Indústria e Comércio, iniciou estudo para

construção de aeroporto executivo, o qual prioriza aeronaves de pequeno porte. Para tanto, pretende-se investir em um conceito aeroporto-cidade moderno, com termnais de passageiros e de cargas. Além do aeródromo, a Prefeitura investe em um polo tecnológico, o AparecidaTEC, com o intuito de disseminar a cultura da inovação tecnoló-

gica no Estado de Goiás, promovendo, assim, um salto de qualidade na mãode-obra do município, atraindo cada vez mais investimentos e modernos equipamentos. Localizado próximo ao Polo Empresarial Goiás, anel viário e BR-153, engloba uma área de 220 mil metros quadrados, estrategicamente organizados em espaços para criação de empresas inovadoras.

Balanço 2009/ 2010

Acompanhe a evolução de Aparecida de Goiânia nos últimos dois anos • Mais de 170 empresas se instalaram somente nos Pólos municipais de Aparecida, gerando mais R$ 2 bilhões em investimentos entre 2009 e 2010. • Criação da Superintendência de Turismo. • Criação dos Conselhos Municipais de Ciência e Tecnologia e Trabalho. • Revitalização da Avenida Rio Verde. • PPP’s de Infra-Estrutura nos Polos, no valor de R$ 10 milhões.

Planejamento 2011

O que vem de bom pela frente • Polo Tecnológico AparecidaTEC • Mini Polo de Confecção do Garavelo. • CVT – Centro Vocacional Tecnológico. • Aeroporto Executivo e Polo Aeronáutico. • Lei de Zoneamento dos Polos. • Conclusão do Anel Viário. • Porto Seco de Aparecida. • Expansão dos Distritos Industriais de Aparecida.

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A vez do Ma Goiás

Ao conquistar seu 3ª mandato de governador, Marconi Perillo garante um lugar de destaque na galeria dos grandes líderes da História de Goiás

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arconismo Valterli Guedes

A

o sair vitorioso das urnas de 2010, Marconi Ferreira Perillo Júnior consolidou uma posição já conquistada em 2006: passou a ocupar definitivamente o seu lugar na galeria dos maiores chefes, ou grandes líderes políticos goianos. Seus antecessores são José Leopoldo de Bulhões Jardim, Antônio (Totó) Ramos Caiado, Pedro Ludovico Teixeira e Iris Rezende Machado, protagonistas principais, por períodos prolongados, da cena política regional. De todos, foi Pedro Ludovico o detentor – direto ou indireto -, do poder por mais tempo (cerca de 30 anos). Marconi já se iguala em tempo de poder, uma vez que governará Goiás durante os próximos quatro anos, a Iris Rezende, que exerceu o poder como governador em dois mandatos e foi decisivo na eleição de dois outros governadores (Henrique Santillo e Maguito Vilela). Cabe agora perguntar: quem virá depois de Marconi Perillo? Quem o sucederá, ocupando a posição de “grande líder?”

Cuidando do futuro

Habilidoso, como bem demonstra o fato de em tempos democráticos nunca antes experimentados na História deste estado, ter alcançado a 3ª vitória para governador, Marconi tem tudo para conquistar a reeleição em 2014. Até porque o instituto da re-

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Goiás eleição, em país cujo desenvolvimento torna boa parcela da população dependente das benesses do poder, haja vista os diversos programas sociais em vigor, tende a beneficiar eleitoralmente quem está no exercício do poder. E, mesmo que não venha a disputar novamente o governo, caso seja convocado por seu partido, o PSDB, e forças aliadas, para a área federal (a disputa da presidência ou da vice-presidência da República), nada obsta neste caso, aliás ao contrario, que venha a ser mais uma vez decisivo na eleição do sucessor frente ao governo de Goiás. Isso feito, já seriam 20 anos contínuos de protagonismo (1998/2018). Tempo suficiente para suplantar seu histórico opositor Iris Rezende que, veterano com 16 anos de protagonismo, tem lugar assegurado na galeria dos grandes. Quanto ao depois, ou seja, a quem virá depois de Marconi (a força do tempo é inexorável), certamente há muitos candidatos. Estão por aí mesmo, embora ainda invisíveis. Um que começou a salientar foi o deputado federal Thiago Peixoto (PMDB). Atento, Marconi percebeu a empolgação do PMDB e tratou de buscar o jovem político para seu ninho, instalando-o na importante Secretaria de Estado da Educação. Com isso, mesmo Thiago chegando um dia a governar Goiás, conforme insinuou-lhe o próprio Marconi durante as conversas reservadas com ele mantidas, isso acontecerá como extensão do Marconismo. A construção do pós-Marconismo é missão transferida por Thiago a quem ousar, e conseguir, valendo ressalvar ser essa uma tarefa exclusiva, conquista de apenas um a cada vez.

Desafios

A ascensão de Marconi em 1º de janeiro deste ano foi tarefa de quem, como no dizer do grande escritor Euclides da Cunha, “vinga uma montanha”. Além de eleger-se governador pela 3ª vez diretamente, único caso em toda a História de Goiás, sua vitória desafiou as principais forças políticas de Goiás e do Brasil. Além disso, deu vitória em Goiás ao presidenciável tucano José Serra. Em Minas, terreiro do notório Aécio Neves, a presidente Dilma ga-

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nhou de Serra por cerca de um milhão e setecentos mil votos. Marconi recebeu o combate, na campanha, do presidente mais popular da História. Lula da Silva, nos palanques de Iris Rezende, bateu sem dó nem piedade. “Mentiroso”, “irresponsável” e outros epípetos que, ditos por qualquer outro presidente, pegariam mal. Lula, como é sabido, é inimputável. Contra Marconi, além de Iris (o Marconi de ontem, em termos de

popularidade), estavam os prefeitos da maioria das principais cidades de Goiás, a começar pelas três maiores: Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. A maior cidade cujo prefeito esteve com Marconi é Luziânia. Vitória incontestável, portanto, a de Marconi. Agora, os desafios: recursos poucos, demandas a perder de vista. Repetir tão somente seus dois governos anteriores, tão bem avaliados que lhe permitiram eleger o sucessor (Alcides Rodrigues Filho)


e, contra a vontade deste, tornar a ser eleito, pode ser pouco para quem, igual a Marconi, acalenta sonhos de dimensão nacional. Será necessário superarse no social, sua marca, e avançar na infra-estrutura, área na qual Iris tem a imagem de ser campeão. Feito isso, é superar-se na condução da política e na conquista da opinião pública ( algo como matar um leão por dia). Áreas em que, para o bem de Marconi Perillo, mostra-se vocacionado.

Marconi e Valéria Perillo

Opinião

Helio Moreira

Marconi e a cultura

Conheço, pessoalmente, o Dr. Marconi Perillo há muitos anos, na verdade desde o inicio do seu primeiro mandato como governador do estado; no entanto, acompanho sua trajetória política desde o tempo em que ele foi presidente do PMDB jovem. Um momento de insignificante dificuldade existencial aproximounos um pouco mais, quando fui honrado com a sua confiança para prestar assistência médica a uma pessoa da sua família. Sempre admirei sua garra e suas posições políticas firmes e equilibradas, sua inteligência e principalmente sua honestidade de propósitos; sua vida pública nunca me trouxe qualquer decepção; homem de palavra ao assumir compromissos e, principalmente, cumpri-los. Agora, na qualidade de Presidente de uma instituição cultural tão importante para a vida goiana, a Academia Goiana de Letras, penso que estou em condições de analisar suas ações nesta área; é com prazer que observo, aliás, toda a comunidade cultural observa, seu interesse pelo setor, desde a sua primeira gestão frente aos destinos do nosso estado. Posso afirmar que os confrades da Academia Goiana de Letras estão otimistas com os rumos que começam a serem alinhavados pelo

Dr. Marconi, tendentes a levantar a nossa autoestima, uma vez que, normalmente, este segmento tem sido pouco lembrado ao ser elaborado os orçamentos do Estado. Recentemente participei de uma reunião no Palácio das Esmeraldas na companhia de vários

Sempre admirei sua garra e suas posições políticas firmes e equilibradas, sua inteligência e principalmente sua honestidade de propósitos outros dirigentes de entidades culturais, fomos recebidos com galhardia; nada pleiteamos neste encontro a não ser almejar sucesso para a sua gestão; por outro lado sentimos sinceridade nas suas palavras e saímos com a certeza de que, no seu governo, a área cultural será respeitada e incentivada a participar das ações que ele pretende implementar nestes quatro anos que virão.

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Goiás

Entrevista: Marconi Perillo

“Minha responsabilidade agora é maior, porque a população exige mais” Tarzan de Castro Durante entrevista a HOJE, o governador Marconi Perillo, agora no exercício do seu 3º mandato frente ao governo de Goiás, disse ter “clareza de que agora a população goaina exige de mim muito mais empenho e dedicação”, acrescentando que, contudo, está agora mais “preparado e muito mais experiente”. O governador falou de seu relacionamento com o governo federal, para cujo êxito disse está “trabalhando canais permanentes”, e dos objetivos que pretende alcançar no campo administrativo. Segue a entrevista: HOJE – Ainda jovem e governador pela 3ª vez, eleito democraticamente. Qual é a sensação diante dessa experiência, única, pelo menos em Goiás? Marconi Perillo – É importante,

porque nas três vezes fui escolhido democraticamente pelo povo de Goiás para gerir os destinos do Estado. Tenho a clareza de que agora a população goiana exige de mim muito mais empenho e dedicação e sei que minha responsabilidade aumenta, porque terei de confirmar e reafirmar toda a expectativa depositada no meu trabalho. No entanto, estou preparado e muito mais experiente, e por isso mesmo reafirmo que procurarei fazer o melhor governo da vida dos goianos. HOJE – O senhor já adotou diversas iniciativas, especialmente propondo uma nova legislação voltada para alterar a estrutura administrativa. Quanto a metas de desenvolvimento do Estado, quais são seus principais projetos? Marconi Perillo – A intenção primeira e planejada é a de colocar o governo do Estado a serviço do cidadão goiano. Se conseguirmos atender bem os anseios de cidadania do nosso povo, creio que estaremos dando um grande passo

rumo ao crescimento e ao desenvolvimento sustentado de Goiás. O cidadão sendo bem atendido nas áreas de educação, infraestrutura e saúde nós teremos alcançado o pleno êxito no governo, porque daí advirão, certamente, novas perspectivas para o desenvolvimento econômico e social. Não será tarefa fácil, mas toda nossa equipe está imbuída nesse propósito e determinada a trabalhar muito para alcançar esses resultados. HOJE – Quais são suas principais metas com vistas a acelerar a industrialização? Marconi Perillo – No que depender do governo, tudo faremos para mostrar aos possíveis investidores o potencial que Goiás detém para sua expansão industrial e também como polo de irradiação de desenvolvimento em todos os setores da atividade produtiva. Nossa principal meta é mostrar aos empreendedores brasileiros e de fora do país o que Goiás representa no contexto de mercado, de produção e de irradiação

Desde o Bulhonismo Valterli Guedes* Quando a República substituiu o Império e D. Pedro II foi trocado pelo marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1989, José Leopoldo de Bulhões Jardim, que se tornaria conhecido nacionalmente por Leopoldo de Bulhões, despontou como líder influente em Goiás. Sua liderança, aliás,

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vinha do período imperial, pois era voz ouvida na Corte desde pelo menos uns 10 anos antes. Homem culto, dotado de capacidade de liderança, não lhe foi difícil fazer-se influente, indicando presidentes do estado (termo usado até 1930), decidindo a eleição de deputados estaduais e federais, bem como de senadores, inclusive os senadores estaduais, que existiram até 1930. Desde Bulhões, em toda a


de possibilidades. Para isso o governo tem de atuar em algumas frentes, como a da melhoria da infraestrutura e a de fornecimento de boas condições para o desenvolvimento das atividades industriais, para que elas sejam competitivas a partir de Goiás. HOJE – Está satisfeito com relacionamento recíproco atual entre o governo de Goiás e a presidente da República? Marconi Perillo – Nós estamos trabalhando canais permanentes de comunicação e entendimento com o governo da presidente Dilma Rousseff. Ambos os governos têm objetivos comuns, que extrapolam as possíveis diferenças políticas. Tanto a presidente Dilma quanto eu sabemos disso e temos trabalhado para firmar e aprimorar essa parceria, porque o que é bom para Goiás é bom também para o Brasil e isso interessa a mim, à presidente Dilma e à população que representamos. As primeiras sinalizações foram muito boas, pois nossas primeiras pretensões foram bem atendidas e encaminhadas pelo governo federal. Já, inclusive, encaminhei um pedido de audiência com a presidente Dilma, para apresentar os pleitos de Goiás e nos colocarmos à disposição do governo dela visando profícuas parcerias.

tem no governo pelo menos um secretário, o da Educação, deputado Thiago Peixoto, que pertence a esse partido. Isto sinaliza alguma possibilidade futura de uma aliança PSDB-PMDB em Goiás? Marconi Perillo – Não significa necessariamente. Convidei o deputado federal Thiago Peixoto para a Secretaria da Educação porque acompanho o trabalho dele nessa área e percebi que dando a ele essa oportunidade quem ganharia com isso era a população de Goiás, era Goiás como um todo. Desejo realizar um trabalho diferenciado na educação, priorizando-a, porque vejo que essa é a saída mais consistente para se atingir um estágio de desenvolvimaento seguro. Todos os países que investiram mais em educação conseguiram isso. Não tem mágica. Com uma educação melhor, Goiás certamente terá sustentabilidade suficiente para galgar novos patamares de desenvolvimento. Thiago Peixoto pensa assim. Tanto ele como eu queremos o bem de Goiás. Essa, sinceramente, foi a máxima que me levou a fazer o convite. Claro que é inevitável, no contexto de Goiás, que essa decisão de ambos os lados tenha contornos políticos, mas não foi essa a motivação.

HOJE - Durante a campanha eleitoral de 2010 o senhor contou com o apoio declarado de setores do PMDB. Agora,

HOJE - Na área social o senhor deixou marcas em seus dois governos anteriores. E agora, alguma novidade

História republicana não foram numerosos os líderes com influência marcante em Goiás. Eles podem ser contados nos dedos da mão: Antônio Ramos Caiado, que sucedeu Bulhões; Pedro Ludovico Teixeira, sucessor de Caiado, e Iris Rezende Machado. Antes de Iris, no período ditatorial, só um governador foi eleito diretamente (mas apoiado pela ditadura), Otávio Lage de Siqueira. Os três governadores seguintes – Leonino Di Ramos Caiado, Irapuan Costa Júnior e Ary Ribeiro Valadão –, foram escolhidos pela cúpula militar brasileira, que nesse

período (1970-1983) desempenhou o papel que, até então, coube a um grande líder estadual em sintonia com o poder central. E agora, Goiás vive sob influência de quem? Sem dúvidas, o que um dia foi Bulhonismo, ou Caiadismo, Ludoviquismo ou Irismo, hoje pode ser definida por Marconismo. Marconi Ferreira Perillo Júnior, o jovem consagrado pelas urnas para o exercício de seu 3º mandato de governador, se acha definitivamente incluído na galeria republicana, inaugurada por José Leopoldo de Bulhões Jardim.

significativa nessa área, em que Goiás e o Brasil exibem tantas deficiências? Marconi Perillo – Nós precisamos investir mais e melhor nos passos seguintes desse trabalho social, procurando formas que garantam realmente avanços à cidadania. Esse é o nosso grande desafio, buscar saídas para as famílias beneficiadas , para que elas subam do patamar de beneficiárias para o da autosustentação. Nossos programas sociais precisarão melhorar nesse aspecto. Alguns deles já vão nessa direção, como o Bolsa Universitária e o Banco do Povo. Mas é prioritário se trabalhar isso com o programa Renda Cidadã, por exemplo. Já temos parceria com o governo federal nesse sentido, e vamos procurar fazer parcerias com os municípios para que, unidos, possamos dar um salto de qualidade em nossos programas sociais.

O poder na palma da mão

Os chamados grandes líderes assim são denominados tendo em vista a influência decisiva de cada um deles sobre a vida dos goianos. Quanto mais recuar no tempo o pesquisador descobrirá o exercício mais amplo, até absoluto, desse poder. A preocupação maior era estar de bem com o poder central; no caso do período republicano, com a presidência da República. A partir daí, o campo doméstico geralmente não apresentava problemas. Leopoldo de Bulhões representou o povo goiano junto à Câmara Fevereiro de 2011 - Hoje | 33


Goiás

Caiadismo Tendo assumido a liderança principal em Goiás graças a um movimento armado, Antônio Ramos Caiado, o Totó Caiado, expoente máximo da família com maior participação, e por mais tempo, na política em Goiás, só veio a perder o comando em 1930, também pelas armas. Durante o seu período de mando, nunca quis ser governador, a exemplo de Bulhões. Foi deputado federal (1909 / 18) e senador da república (1918 / 30). Nessa época, para deslocar-se entre Goiás e o Rio de Janeiro, percorria a cavalo, num primeiro momento, o percurso entre a cidade de Goiás e Araguari, no Triângulo Mineiro. A partir dali, seguia de trem para o Rio. Pessoas de sua confiança eram encarregadas, nos dias que precediam essa viagem, de percorrer o roteiro, certificandose de que o senador poderia viajar com segurança. Entre 1912 e 1930, todos os presidentes (governadores) de Goiás foram indicados por Totó. Uma curiosidade: em 1925, Totó indicou ao Partido Democrata, do qual era o líder inconteste, o nome de um primo seu, o médico Lincoln Caiado de Castro, para ser homologado com vista a assumir o governo. Mas o PD preferiu contrariá-lo, homologando o nome de outro médico, Brasil Ramos Caiado. Essa indicação por certo não terá causado grande contrariedade ao cacique. Brasil Caiado era, afinal, seu irmão.

Toto Caiado

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Federal ainda nos anos 1880. Instalado o Poder Republicano, não lhe foi difícil impor-se como o maior líder de Goiás. Ele próprio não quis governar Goiás, tanto que, eleito em 1892, preferiu renunciar antes de assumir. Mas coube a ele indicar os presidentes do estado, não raro saídos do seu círculo familiar, a exemplo de Urbano Coelho de Gouveia, de quem era cunhado. A propósito, dizem alguns pesquisadores que o rompimento entre Bulhões e o governador José Xavier Almeida, eleito em 1901, aconteceu porque o mandatário preferiu casar-se com uma filha do coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, de Morrinhos, e não com uma das irmãs de Leopoldo de Bulhões. Xavier, por sinal, teria tentado implantar o Xavierismo, derrotando Bulhões ao conseguir a eleição do governador Miguel da Rocha Lima (natural do Ceará), derrubado pela revolução ou movimento que triunfou no dia 1º de maio de 1909. Os acontecimentos de 1909 abriram espaço para o fim do Bulhonismo, reinante desde o início da República. Até 1912, Bulhões, ao lado de Antônio (Totó) Ramos Caiado e de Eugênio Jardim, ainda manteve forte influência. A partir de 12, despontou, como líder maior, Totó Caiado. Mas Bulhões prosseguiu senador por Goiás até 1917. Eugênio Jardim manteve influência, como aliado de Caiado, até à morte, ocorrida em 1926, quando, senador por Goiás, atravessava uma rua do Rio de Janeiro e foi atropelado por um bonde. Entre os líderes aqui destacados, talvez Leopoldo de Bulhões tenha sido o mais influente, nacionalmente. Mas quando de seu desentendimento com Xavier de Almeida, o presidente Rodrigues Alves, de cujo governo foi ministro da Fazenda (1902/1906), não atendeu o seu pedido para que decretasse intervenção federal em Goiás. Ainda assim, numa clara compensação, o presidente indicou um cunhado de Bulhões, Guimarães Natal, para ministro do Supremo Tribunal Federal. Natal foi avô do professor Colemar Natal e Silva, primeiro reitor da Universidade

O Irismo Depois do período em que Goiás foi governado por Otávio Lage de Siqueira, apareceram os governadores chamados biônicos, porque eleitos indiretamente (pela Assembléia Legislativa), depois de indicados a partir de Brasília pela cúpula militar. Havia consultas às lideranças locais, mas até hoje existem mistérios sobre a influência dessas consultas, tanto que nenhum dos governadores, no exercício do cargo, conseguiu ser sucedido pelo nome de sua preferência. Exemplos: Otávio queria Joaquim Guedes de Amorim Coelho ou Luiz Barreto Correa de Menezes Neto, mas foi sucedido por Leonino de Ramos Caiado, que foi sucedido (meio a contra-gosto) por Irapuan Costa Júnior, que queria o deputado federal José Alves de Assis como sucessor. Assis quase foi escolhido, mas, na última hora, o general Goldbery do Couto e Silva viabilizou a indicação de Ary Valadão, seu compadre. Valadão foi sucedido por Iris Rezende Machado no início de 1983. Eleito em 82, Iris já era

Federal de Goiás. Até os dias atuais, foi o único goiano a alcançar o posto de ministro da Suprema Corte. Ainda sobre a influência de Leopoldo de Bulhões, foi graças a ela que os trilhos da estrada de ferro chegaram a Goiás. Foi ministro da fazenda também do governo Nilo Peçanha (1910/1911). Depois de desligar-se da política de Goiás chegou a exercer o posto de prefeito de Petrópolis, onde foi também vereador por vários mandatos. Nascido na cidade de Goiás em 28 de setembro de 1856, José Leopoldo de Bulhões Jardim morreu no dia 15 de dezembro de 1928, em Petrópolis. *Colaborou Jalles Guedes Coelho Mendonça


cotado para candidato a governador no final dos anos 60. Esse projeto foi frustrado em outubro de 1969, quando a ditadura cassou o mandato do então jovem e revolucionário prefeito de Goiânia (Iris havia sido matéria de capa de uma grande revista nacional) e suspendeu por 10 anos os seus direitos políticos. “Santinhos” com a foto de Iris já eram, então, distribuídos em todo o Estado, com o slogan “Bom Prá 70”. Em 1982, a ditadura já nos seus estertores, Iris surgiu como candidato imbatível. Elegeu-se com cerca de 400 mil votos de frente, derrotando Otávio Lage. Estava inaugurado o Irismo, que dominaria o poder durante os 16 anos seguintes. Em 1998, candidato pela 3ª vez a governador, Iris, sucedido por Henrique Santillo (1986), a quem sucedeu no pleito de 1990, sendo sucedido por seu vice, Maguito Vilela, em 1994, foi derrotado por Marconi Perillo. Iniciava-se, então, o Tempo Novo, agora consolidado como o Marconismo, consagrado pelo atual governador, um dos cinco personagens dominantes da política em Goiás desde o final do Impérito.

governador. Entre 1930 e 1964 (quando a ditadura comendada por Humberto de Alencar Castello Branco destituiu seu filho Mauro Borges Teixeira do governo estadual, no dia 26 de novembro daquele ano, Goiás foi governado por Pedro Ludovico pessoalmente (quase 19 anos), ou por governadores eleitos sob sua influência. A única exceção, entre 1946 e 1950, foi o udenista Jerônimo Coimbra Bueno, jovem engenheiro diplomado nos Estados Unidos a quem Ludovico havia conferido o título de “Construtor de Goiânia”, em decorrência do trabalho que desempenhou nas obras de construção da atual capital goiana, idealizada e consolidada por Pedro. Os demais governadores desse período, todos do PSD, foram José Ludovico de Almeida (1954/58), José Feliciano Ferreira (eleito em 1958 para um mandato tampão de dois anos) e, finalmente, Mauro Borges. Em 1965, na última eleição direta dos tempos de Ludovico, o PSD lançou candidato o médico, ex-secretário de estado e deputado José Peixoto da Silveira. Na convenção do PSD, a última da história desse partido, realizada no plenário da Assembléia Legislativa, a votação foi nominal e a chamada teve início pelo nome de Pedro Ludovico Teixeira que, à pergunta sobre quem indicava para candidato a governador, respondeu: “Peixoto da Silveira”. Foi a senha, pois o candidato dissidente, deputado federal Gerson de Castro Costa, que teria a simpatia de Castello Branco, obteve votação pífia.

Ludoviquismo O Fundador de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira, era médico e ativista contra o Caiadismo em 1930, ano em que ocorreu a Revolução que levou Getúlio Dornelles Vargas ao poder no Brasil. Casado com dona Gercina Borges Teixeira, filho do senador estadual Antônio Martins Borges (caiadista), Ludovico estava preso e era transportado pelo chefe de polícia (função correspondente hoje à de secretário de Segurança Pública), César da Cunha Bastos, de Rio Verde para a Cidade de Goiás, então capital. A poucos quilômetros dessa cidade, no local denominado Areias, a comitiva tomou

conhecimento de que o movimento de 30 estava vitorioso. César Bastos ainda o convidou para, como carona, chegarem juntos de automóvel a Goiás, o que aconteceu. Hóspede da mãe, dona Josefina Ludovico, Pedro adotou a primeira providência: comunicou aos até então detentores do poder (caiadistas), que ele deveria passar a dar ordens dali para a frente, o que realmente passou a acontecer. Ele foi membro da primeira junta governativa, governador e interventor pelos 15 anos seguintes (1930/45), sendo em seguida eleito senador e, em 1950, novamente Fevereiro de 2011 - Hoje | 35


Cenários

Negócios, Empreendedorismo e Agronegócio

Inadimplência

Acieg Jovem Com auditório lotado, a Acieg foi palco, em 21/2, da cerimônia de posse do novo presidente da Acieg Jovem, Diego Siqueira. “O evento foi um

marco no fortalecimento da classe empresarial de Goiás e comprova que as lideranças jovens vêm conquistando cada vez mais espaço”, celebrou Diego. Além da transição de cargo de Paulo Ricardo para Diego Siqueira, foram empossados todos os membros escalados para comporem a nova diretoria. A ocasião reuniu importantes autoridades. Entre eles, o presidente da Amob, Francisco Almeida, representando o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia; o secretario

de Ciência e Tecnologia, Marcos Faiad, representando o governador Marconi Perillo; o secretário da Fazenda do Estado de Goiás, Simão Cirineu Dias; o secretário da Educação, Thiago Peixoto; o presidente da Câmara municipal de Goiânia, Iran Saraiva; o presidente da Fieg, Pedro Alves de Oliveira; o presidente da CDL, Romão Tavares Rocha; e o superintendente de Micro e Pequenas Empresas, Ulisses Maranhão.

Em janeiro, a inadimplência das empresas apresentou recuo de 0,8%, na comparação com dezembro de 2010, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Empresas. Desde 2006, o primeiro mês do ano não registrava queda na comparação com o último mês do ano anterior. A inadimplência das pessoas jurídicas decresceu 2,1% ante janeiro de 2010. Na variação mensal, as micro e pequenas empresas foram as únicas que tiveram queda na inadimplência (1,0%).

do Sucesso. O show ocorrerá no dia 16 de setembro no Sol Music Hall, do Clube Jaó. A festa será restrita aos funcionários e cooperados da instituição. Comemorar com cultura e lazer já faz parte da história da cooperativa. Em

2007, ela promoveu sessão fechada de cinema aos cooperados no Bougainville e contou com a presença de quase mil pessoas. De lá para cá, todas as comemorações foram um sucesso: em 2008, show com Renato Teixeira; em

2009, show com Moacyr Franco; e por último, em 2010, show com a banda Pato Fu, atração escolhida pelos próprios cooperados em votação no site. Todos eventos muito prestigiados pelos cooperados.

Sicoob Engecred Em 2011, o Sicoob Engecred-GO comemora dez anos de existência em grande estilo e por isso decidiu trazer a Goiânia a animação de uma banda de rock nacional de primeira: Os Paralamas

MBA A Empreza Educação, instituição que atua em Goiânia e é conveniada a Fundação Getulio Vargas, está com inscrições abertas para últimas vagas em seus cursos de MBA em áreas como Marketing, Gestão Comercial, Gestão Empresarial e Direito Empresarial. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 62 3237-3443.

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SindPit-Dog O sindicato dos proprietários de Pit-Dogs e Similares de Goiás (SindPit-Dog) está engajado em uma campanha contra a Dengue. No último dia 16 de fevereiro, o SindPitDog realizou uma grande

mobilização contra a dengue. Os proprietários de Pit-Dogs e Lanches e o presidente do sindicato, Ademildo Pereira de Godoy, se reuniram na Av. Circular, no Setor Pedro Ludovico, para distribuir materiais informativos e sensibilizar as

pessoas que passavam pelo local sobre o problema social causado pela doença. Na ocasião, Ademildo reiterou que a ação de combate ao mosquito não se restringe apenas a esta mobilização. “Os proprietários de Pit-Dogs e lanches continu-

arão distribuindo panfletos e materiais informativos em seus estabelecimentos. Eles também trabalharão junto aos funcionários para evitar a proliferação de focos em seus estabelecimentos”, reforçou.

Agrocenários

Sustentabilidade

Crédito

O site do Centro Nacional de Referência em Biomassa criou uma ferramenta para estimar a produção de biogás, geração de eletricidade e redução de carbono para fazendas de pequeno e médio portes no Brasil. Também é possível baixar e consultar o manual do usuário para aprender a utilizar a ferramenta. Acesse:http://cenbio.iee.usp.br/destaques/2010/ ferramenta_biodigestores.htm

Representantes do Banco do Brasil e produtores rurais se reuniram em fevereiro para discutirem o acesso ao crédito agrícola. Com perspectivas positivas para o setor, o principal agente financiador da agricultura no País anunciou créditos para o custeio das despesas com insumos agrícolas para a safra verão. Segundo o diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, o agente renegociará dívidas vencidas até 31 de dezembro de 2010. Foi anunciado também ampliação dos prazos com recursos para sustentar a

Sicoob Credi-Rural A Cooperativa de Crédito do Sudoeste Goiano, o Sicoob CrediRural, comemora a expansão de sua moderna sede própria em Rio Verde, um quadro de 65 funcionários, mais de 1960 associados, equipamentos de última geração e Postos de Atendimento ao Cooperado em Jataí, Acreúna, Paraúna, Montividiu,

Indiara, Santa Helena de Goiás e Iporá. O Sicoob Credi-Rural é, hoje, a maior cooperativa de crédito de Goiás em patrimônio de referência. Segundo os diretos, sucesso explicado pelo “desempenho exemplar, o trabalho com foco nos interesses comuns dos associados, um alicerce calcado nos preceitos do cooperativismo e ações bem planejadas”.

EUA O governo brasileiro aproveitará a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao país para avançar em temas agrícolas bilaterais. O Brasil tentará “colocar no papel” o compromisso dos americanos de iniciar o processo que permitirá a exportação de carnes bovina e suína “in natura” de 14 Estados do Brasil. Em conversas “pontuais”, os negociadores também vão manter na agenda bilateral dois temas, cuja resolução deve exigir mais tempo: a eliminação dos subsídios americanos concedidos aos produtores de algodão e a urgência de substituir o milho como principal matéria-prima do etanol fabricado nos EUA.

comercialização; e para o plano safra 2011/2012, espera-se a adoção de um seguro agrícola com garantia de preço e crédito rural rotativo/simplificado com recursos da poupança rural. “É consenso para atender à necessidade de investimento dos produtores”, diz.

Malha rodoviária Restaurar cerca de cinco mil quilômetros da malha rodoviária estadual goiana em um prazo de quatro anos é a proposta apresentada pela Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) à Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). De acordo com o vice-

presidente da Agetop, Adriano Rodrigues de Oliveira, a entidade está finalizando um plano para a recuperação das estradas goianas que tem o objetivo de restaurar a metade da malha total, ainda durante o mandado do atual governo.

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Empreendimentos

Construção sus Mais que um conceito, a sustentabilidade deixou de ser um mero discurso e se tornou fator de competitividade, ganhando cada vez mais espaço no ramo da construção. Muitos consumidores levam o fator em conta antes de fechar um negócio

Canteiro ecológico: a ideia é diminuir os impactos ambientais da construção e, de quebra, conquistar o consumidor

E

m Goiás, apesar das construções sustentáveis ainda ocuparem espaço modesto, os números de construtoras que tem empregado as técnicas como uma prática rotineira tem crescido ano após ano. Graças ao novo perfil do consumidor, mais antenado com as questões ecológicas,

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e a alguns incentivos institucionais, como premiações e certificações, cada vez mais empresas têm incorporado o lema de ser ecologicamente correta. Vale ressaltar que, na construção civil, o conceito de sustentabilidade está diretamente relacionado ao equilíbrio entre o interesse das empresas, da sociedade

e o respeito ao meio ambiente. Além de produtos finais que atendam a estas necessidades, casas e prédios com opções diversas de uso consciente e econômico de recursos naturais, a tarefa de executar um trabalho que, de fato, promova um diferencial começa ainda antes do início da obra.


stentável Previamente à construção de qualquer grande edificação, é preciso investir em uma estrutura que dará suporte para os trabalhadores daquele empreendimento: o canteiro de obras. Dele fazem parte um espaço para armazenar materiais, outro para reunião de engenheiros e equipe administrativa, cantina e banheiros. Este espaço demanda o uso de recursos e serviços naturais e é justamente nesse ponto que muitas empresas têm investido em estratégias para racionalizar a utilização destes recursos em suas atividades. A pioneira na implantação de canteiro de obra ecológico em Goiânia foi a Toctao Engenharia. O projeto piloto da empresa se deu no Ambient Park Residencial, no Celina Park, e foi totalmente construído com materiais e medidas que causassem o menor impacto ambiental possível. “Acreditamos que estas questões são essenciais ao nosso ambiente de negócios e devem ser incorporadas aos princípios do crescimento econômico como uma saída para a manutenção da qualidade de vida”, salienta Cinthia Marins dos Santos, coordenadora de meio ambiente da Toctao. Além disso, o canteiro ecológico vem ao encontro do conceito do empreendimento construído. O Ambiente Park conta com aproveitamento de água da chuva e sistema de alimentação de lençol freático, entre outras coisas.

Canteiro ecológico

Para ser considerado realmente ecológico, um canteiro deve obedecer a algumas diretrizes, como as da AQUA, norma de certificação ambiental de edifícios. Edificação com materiais recicláveis, iluminação alternativa, telhado que favorece o conforto térmico, energia solar para aquecimento dos chuveiros, reaproveitamento da água do lavatório das mãos para a limpeza

de outras áreas, verificação da procedência da matéria-prima por meio de licença ambiental; coleta seletiva de lixo de acordo com as regras do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), e central de concreto ecológica são alguns procedimentos que podem contribuir imensamente para a preservação ambiental.

Problema concreto

Um dos problemas mais sérios observados nos canteiros de obra diz respeito ao despejo do concreto. Em grandes obras, o concreto vem pronto de fornecedores e os caminhões-betoneiras que o entregam precisam lavar rapidamente o tambor para que o resíduo não seque. “Muitos entregadores param o caminhão em lotes vazios para fazer esta limpeza, pois não dá tempo de chegar na sede da empresa”, explica o engenheiro Higor José Rezende. O problema é que, ao lavar o tambor, a água com resto de concreto escoa nos logradouros públicos e nas margens de córregos. No canteiro do Ambient, para evitar esta contaminação, foi instalado um espaço ecológico, composto de

Garrafas PET: iluminação alternativa

Nos Estados Unidos, cerca de 15% das construções governamentais e 4% dos novos edifícios comerciais são projetados conforme a pontuação dos Green Buildings, certificação usada para atestar ao usuário e ao investidor que um empreendimento é melhor que outro neste conceito. Na Europa, especialmente Espanha e Portugal, alguns anúncios imobiliários já trazem como informação o nível de consumo de energia dos empreendimentos. No Brasil, já existem alguns projetos sendo certificados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Em Aparecida de Goiânia, uma empresa processa casca de coco, transformando em diversos produtos, evitando que milhares de cascas de coco sejam depositadas no lixo, produzindo grandes volumes e sobrecarregando lixões e aterros sanitários. A indústria processa cerca de sete mil cascas de coco por dia, 14% do consumo de Goiânia, que é de 50 mil. Fevereiro de 2011 - Hoje | 39


Empreendimentos como ferramenta fundamental para mostrar ao consumidor cada vez mais exigente que empresas estão somando pontos nesta área. Ganha mais pontos quem investe mais na comunidade, com projetos que extrapolam os limites da construção. Recuperação de lagos e conservação de bosques são alguns dos artifícios para envolver a sociedade e divulgar o produto.

Todos os recursos possíveis

Reciclagem na ordem do dia

um sistema de tratamento e efluentes, disponível para que o fornecedor lave ali mesmo seu caminhão. A água utilizada na limpeza da betoneira cai em um decantador, para ser reutilizada em processos de secagem da laje ou na produção de argamassa.

Sistema de tratamento de efluentes: cimento no lugar certo

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Resultado social, ambiental e econômico

Uma produção mais limpa e sustentável. Este é o certame que ditará a tendência da construção civil doravante. Aliado às práticas responsáveis, o marketing aparece

Reutilizar: uma das regras da sustentabilidade

Mas o consumidor quer mais. Além de práticas responsáveis e produtos de procedência assegurada, o resultado final tem que apresentar propostas inovadoras e que primem pela preservação ambiental. Aproveitamento da água das chuvas e dos aparelhos de ar condicionado, medição individualizada de água potável, sistema ecoflush, o qual permite dois tipos de acionamento de descarga; e aquecimento solar são alguns dos procedimentos já encontrados nos empreendimentos lançados recentemente. A Pontal Engenharia é outra empresa pioneira no uso de recursos sustentáveis em Goiás. A construtora realiza em todas as suas unidades, desde 2007, o projeto Produção Mais Limpa e Sustentável voltado para o gerenciamento de resíduos e gestão ambiental na área da construção civil – tudo de acordo com as normas da NBR ISO 14001:2004. O projeto foi reconhecido em uma das categorias da 9ª edição do Prêmio Crea Goiás de Meio Ambiente, entregue em novembro de 2010. Desde 2001, utiliza o sistema de aproveitamento da água das chuvas para uso em bacias sanitárias dos apartamentos e torneiras de jardins das áreas comuns dos edifícios que assina. Isso significa para o morador uma economia de 30% a 40% no consumo de água. O sistema de bacia sanitária ecoflush também é usado pela empreendedora, reduzindo em cerca de 15% o consumo de água. As tarifas de energia de seus apartamentos e condomínios também apresentam economia de 25% a 30%, graças ao sistema desenvolvido pela própria empresa Pontoa de aquecimento de água.


DecorArt

Morar Mais

O conceito Morar Mais representa a idéia de acrescentar ao planejamento de uma obra ou projeto de decoração os conceitos de sustentabilidade, que estão associados à economia dos recursos naturais, à qualidade e à tecnologia de novos produtos e materiais, e ainda à valorização da produção regional, da inclusão social e da brasilidade. Ou seja, cria ambientes que, além dos anseios estéticos e funcionais, tem um compromisso social, econômico e ambiental. Em sua 4ª edição em Goiânia, o Morar Mais acontece entre os dias 22 de fevereiro a 3 de abril e prioriza entre os profissionais convidados a criação de espaços que agreguem esses conceitos de sustentabilidade. Entre os destaques estão, por exemplo, o reaproveitamento do vidro como matéria prima nas pastilhas de vidro utilizadas no revestimento de banheiros. A sugestão de uso do vidro reciclado partiu dos arquitetos Laura, César e Bárbara.

Morar Mais II O Morar Mais também abrigada três exposições em sua galeria particular de arte que funcionará no segundo andar da casa. Trabalhos de Marcelo Solá, Antonio Poteiro e gravuras de artistas conceituados como Siron Franco, Iberê Camargo, Cildo Meireles, Waltércio Caldas, Gilvan Samico, entre outros, foram selecionados para o visitante Morar Mais. Marcelo Solá, artista goiano que se destaca no cenário nacional e internacional, abre a mostra com 11 quadros da sua mais recente produção. Na seqüência serão expostos quadros de Antonio Poteiro (foto). As obras são do acervo particular de Luiz Otávio Vargas Dumond e passeiam por todas as fases do artista português, naturalizado brasileiro, e que faleceu em junho do ano passado. Gravuras dos artistas goianos, Rodrigo Flávio e Carlos Sena, fecham a agenda cultural. As gravuras foram criadas seguindo a técnica giclée. A curadoria da galeria particular do Morar Mais é de Lúcia Bertazzo, marchand também responsável pelo acervo disponibilizado nos ambientes.

Casa Cor 2011 A 15ª edição da Casa Cor Goiás foi lançada oficialmente no dia 09 de fevereiro no Castro’s Park Hotel, durante brunch promovido pela organização do evento para os profissionais participantes, patrocinadores, jornalistas e outros convidados. Inovadora, surpreendente e inspiradora, a Casa Cor Goiás 2011 explora o tema “Dia a dia com tecnologia” para mostrar, de forma criativa, como a tecnologia pode ser integrada à rotina, agregando conforto, economia, tempo e deixando a casa em sintonia com o meio ambiente, por meio de soluções sustentáveis. Neste ano, a Casa Cor Goiás será realizada entre os dias 13 de maio e 21 de junho no Espaço Merzian, localizado na esquina da Av. T-2 com a Rua T-55, no Setor Bueno, abrigará o evento em uma área de 3.300 m². Durante 40 dias, o público poderá conferir 45 ambientes projetados por 60 renomados arquitetos, decoradores, designers e paisagistas do estado, em espaços inovadores. Além de completar sua 15ª edição no Estado, a mostra de Goiás homenageará ainda os 25 anos da marca Casa Cor. A realidade contemporânea, impregnada de tecnologia, será a marca registrada de cada ambiente. ”A tecnologia estará presente em itens simples, como o controle remoto de uma TV, até os mais sofisticados, como a automação completa de um ambiente, explica a diretora de franquias da Casa Cor, Silvana Lorenzi. Na fora, as organizadoras Sheila Podestá e Eliane Martins

Convidado ilustre O programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual (Mestrado/ Doutorada) da Faculdade de Artes Visuais - FAV da Universidade Federal de Goiás – UFG, realiza entre os dias 14 a 16 de março, o seminário inaugural do Doutorado, intitulado A Vida das Imagens com W.J.T. Mitchell, professor de História da Arte e editor da Critical Inquiry, revista dedicada à teoria crítica nas artes e nas ciências humanas. Pesquisador e teórico da mídia e das artes visuais, seu nome está associado a emergência do campo da cultura visual. Seus escritos são traduzidos para o francês, alemão, dinamarquês, sueco, japonês, chinês, espanhol e português. Informações 62. 3521-1000.

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DecorArt

Nova loja A Alameda Ricardo Paranhos ganha uma nova loja de decoração: a Coreto, localizada no número 236, Setor Marista. A Coreto Móveis está presente em Goiás e Tocantins há quase 40 anos, como representante da maior e mais moderna indústria de mobiliário corporativo da América Latina, a Alberflex, empresa com mais de 52 anos de mercado, presente em 21 estados brasileiros e 6 países da América Latina. Seus principais clientes são: 3M do Brasil, Avon Cosméticos, Banco Central do Brasil, O Boticário, Vale do Rio Verde, Embraer, Embratel, HSBC, TV Globo, Souza Cruz, dentre outros. Com um suporte de sofisticado maquinário, a Alberflex cria, programa, fabrica, monta e distribui as mais completas linhas de móveis para o Brasil e para a América Latina.

Aquático A Gail Arquitetura em cerâmica desenvolveu uma coleção completa para piscinas e decks. Composta pelas linhas Sport e Deck, que podem ser combinadas entre si, a coleção é indicada para piscinas e áreas de competição e lazer. Como são voltadas exclusivamente para revestir piscinas, as peças não mancham nem desbotam devido a exposição dos raios UV, não sofrem impacto com choque de temperatura e são resistentes aos produtos químicos usados na manutenção. A coleção Piscinas também conta com um sistema exclusivo que elimina as bordas altas e dispensa o uso do quebra-ondas. Em suma, a coleção simplifica a manutenção e aumenta a durabilidade das piscinas.

Dia da Mulher Metal e cristais refletem liberdade no design dos relógios Condor New para o Dia Internacional da Mulher. Delicado em todos os elementos, o modelo KW25855, por exemplo, traduz a elegância em prata e cristais. Versátil, a peça pode facilmente ser usada com pulseiras avulsas para compor desde looks divertidos até composições mais comportadas. Já o chique modelo KJ85089 é a atualização do básico bracelete e é a combinação perfeita tanto para um visual red carpet, quanto para turbinar uma composição mais básica ou clássica. Sempre apostando em estilo, a Condor New traz uma série de novidades que prometem aquecer o estilo das mulheres antenadas. Conheça mais: www. condornew.com.br .

Expoente O artista plástico Marcelo Solá é o único goiano a participar do Prêmio Marcantonio Vilaça de Artes, cujo foco é incentivar a arte contemporânea brasileira e a inovação. De abrangência nacional, pela primeira vez o prêmio expõem trabalhos selecionados de artistas de Goiânia. Para quem gosta de arte ou costuma investir neste segmento, pode ficar atento a este nome: Marcelo Solá, promessa certa no mundo das artes. Na foto, imagem de técnica mista sobre papel 200x170cm assinada por Solá. O artista passou a ser reconhecido desde cedo pela sua produção em desenhos. Porém, não atua somente nesta área. Este foi o caso da sua participação na XXV Bienal de São Paulo, em 2002, quando apresentou uma instalação composta por escultura, desenhos e um desenho/pintura mural.

Champ de Mars Com localização privilegiada, a poucos metros da Alameda Couto Magalhães, próximo de parques e de vias de acesso rápido, o Champ de Mars é o mais novo e charmoso empreendimento da Construtora Queiroz Silveira. O nome do novo empreendimento é de inspiração francesa: Champ de Mars é uma das maiores áreas verdes em Paris, França. Suntuosidade arquitetônica.

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Aniversário

Pablo Winckler com a esposa, Elda, e os filhos, o jornalista da Folha S. Paulo, Bruno Henrique, e Ana Paula, no Clube Jaó, quando familiares e amigos o homenagearam pelos seus 80 anos.

Campeão

Presidente da SGPA, Ricardo Yano, sua esposa Abilane Muniz e filhas. Ricardo Yano é destaque em sua trajetória no esporte. Atleta campeão de basquete no Ajax e na presidência da Agel. Como deputado, deixou sua marca em uma brilhante gestão. Hoje é presidente da SGPA. Parabéns à família.

Glamour e muita animação Excelência

A segunda-feira de carnaval há alguns anos tem reportado “antigos carnavais” em Goiânia, onde amantes de carros antigos embalados pelos músicos com marchinhas carnavalescas saem pelas ruas da cidade. A alegria começa no fim de tarde na residência do casal Wanderley e Vera Marques, reunindo o Clube do Carro Antigo, amigos e apreciadores da folia, terminando no bar Cerrado com muita animação e a certeza de que os “bons carnavais” ainda estão presentes em muitos foliões. Animação: Franklin (Banda Aurora).

Jadir Camilo,58 anos, médico Anestesiologista,coordenador do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Urgências de Goiânia,Diretor Técnico e Médico Intervencionista do SIATE ( CBM-GO) e nas horas de lazer, artista plástico,cozinheiro e pescador e tem como companheira, não só no trabalho mas na pesca, a esposa Dra Lúcia C.Caamaño Camilo,Médica Anestesiologista,53 anos, que nas horas de lazer dedicase à pesca, música e ao artesanato (semi-jóias),pais de Jadir Camilo Neto,Maurício Camilo e Janaína Taiana Camilo -- todos cirurgiões dentistas,com suas respectivas especialidades. Fevereiro de 2011 - Hoje | 43


Turismo

Muita emoção e surpresas ao percorrer caminhos de Jesus na Terra Santa Izabel Todeschini izabelace@yahoo.com.br

C

onhecer Israel foi uma experiência espiritual e histórica única para mim. Por isso, tenho claro o que leva milhares de peregrinos cristãos a passarem a Semana Santa seguindo os passos de Jesus até o calvário, relembrando todo o martírio. Acredite: percorrer as 14 estações da Via Sacra, em Jerusalém, é comovente. É olhar o divino em dimensão humana. É ter a sensação de estar levitando entre o céu e a terra. Para refazer alguns dos caminhos descritos no Velho e no Novo Testamento, comecei a viagem por Tel Aviv, a face moderna do Estado judeu, com extensas

Em Cesaréia, ruínas históricas

tempo andando pelos mercados, bazares e pelas estreitas ruelas. Na Via Dolorosa, gotas de sangue, suor e o toque de Jesus se imortalizaram em cada pedra. No empurra-empurra entre peregrinos com terços, quipás ou turbantes, turistas com máquinas a tiracolo e moradores, chega a ser comum – e assustador – esbarrar com uma garotada vestindo jeans, camiseta e com uma metralhadora nas costas. Pisei em solo sagrado, e segundo os israelenses, cumpri um mandamento. Para mim, foi o momento, aqui na Terra, em que estive mais perto do céu.

Semana Santa em

praias onde estão cafés, bares e lojas. O início do roteiro bíblico foi pertinho dali, em Jaffa - cidade portuária fundada pelo filho de Noé, após o dilúvio - seguindo por Cesaréia, Haifa e Acre. Minha emoção veio à flor da pele em Tabkha, no monte das Bem-Aventuranças, onde Cristo fez o famoso Sermão da Montanha. Fiquei paralisada, imaginando a cena. Permaneci em estado de graça na Igreja da Multiplicação dos Pães, à beira do Mar da Galiléia e às margens do Rio Jordão, revivendo capítulos da Bíblia Sagrada. Só fui despertada do estado de meditação na Cisjordânia, ao ver quilômetros de cercas de arame farpado, tanques do exército e soldados armados nas barreiras militares e ao longo do percurso entre Samaria e o Deserto da Judéia. Mantinha a serenidade, apesar da constante ameaça no ar de ataques terroristas e conflitos entre judeus e palestinos. Jerusalém, a “cidade da paz”, merece um capítulo à parte. Na Cidade Velha, claramente dividida entre os centros da fé cristã, judaica e muçulmana, voltei no

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Vista de Jerusalém

Jovens armados nas ruas


Além das paisagens bíblicas, há outros lugares e cenas marcantes Memorial Yad Vashem – Fica em Jerusalém o complexo que lembra milhões de judeus mortos no holocausto. É de estremecer a visão de sapatos queimados e empilhados, ao lado de fotos e objetos pessoais das vítimas. Acampamentos de refugiados - Na beira da estrada, na Cisjordânia, é um dos cenários mais desoladores. Barreiras militares em Belém – É triste ver que a cidade de Belém, ponto crucial da peregrinação cristã, está sob domínio dos palestinos muçulmanos e com acesso restrito.

Uma peregrinação à Terra Santa leva você a um estado de contemplação e paz profunda...

Israel Benção no Rio Jordão

Nas igrejas construídas em locais sagrados – como no lugar onde Jesus nasceu, fez milagres, ou foi sepultado - não há ostentação. Ao contrário, há simplicidade e autenticidade. Nas paisagens bucólicas por toda a região e nas descobertas arqueológicas respira-se Deus, além da história das Cruzadas, bizantinos e mamelucos. Espiritualidade, rivalidade. Emoção, tensão. Israel faz você oscilar entre o humano e o divino.

Fevereiro de 2011 - Hoje | 45


História

43 anos depois: Uru Beleza, história e cultura: de Montevidéu a Punta Del Leste, Uruguai oferece diversão garantida

Praça Independência, estátua de Artigas e palácio Salvo

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uguai, o reencontro Fotos: Geralda de Castro

Tarzan de Castro

P

assados 43 anos, acompanhado de Geralda, minha mulher, Otávio e Murillo, nossos filhos, voltei a Montevidéu. A emoção foi muito forte, porque ali naquele país amigo, depois de fugir da prisão da ditadura militar brasileira, senti novamente o gosto da liberdade. Eu e os companheiros James Allen Luz, Gerson Parreira, com a ajuda decisiva do cabo Arraes, no dia 20 de novembro de 1966, tomamos o controle da Fortaleza de Lajes, uma ilha que servia de prisão, localizada na Baía de Guanabara. Rendemos os soldados e jogamos as armas no mar. Desembarcamos na praia do Flamengo e fomos a pé até à embaixada do Uruguai, pulamos o muro, pedimos e obtivemos asilo político, menos para o cabo que, apesar dos nossos protestos, o embaixador entregou para o Exército brasileiro, alegando que ele era um desertor. Punido com crueldade, ele foi condenado pela Justiça Militar da ditadura a 5 anos de prisão pelo seu gesto de ousadia libertária. A comoção criada com a fuga e a malfadado gesto do embaixador, provocou à época uma verdadeira batalha nos meios de comunicação, político e diplomático contra a ditadura e a atitude do embaixador. Sem imaginar que chegaria a tanto, a fuga foi um golpe contra a ditadura. Os setores democráticos do Uruguai, ainda livres da terrível ditadura que conheceria anos depois, protestaram com vigor exigindo a punição do diplomata. As repercussões sobre o assunto foram tão significativas na época que a questão recebeu no Uruguai o título de “O Caso Arraes”, ou seja, um deslize da tradicional diplomacia do país que primava até então pela concessão de asilo a qualquer perseguido político que ali buscasse refúgio.

Portal para a Cidade Velha

A difícil saída

Considerado pelos militares como o principal mentor da fuga, por essa razão fui punido de forma singular e indireta. O governo ditatorial do Brasil não fornecia o necessário salvo conduto, autorização para deixar o país na qualidade de asilado político, conforme lei. Dessa forma permaneci meses e meses na embaixada no Rio de Janeiro como forma de castigo. Somente após a mobilização no Uruguai e no Brasil, a autorização foi concedida para que eu pudesse ir para Montevidéu.

Universidade da República Oriental do Uruguai Fevereiro de 2011 - Hoje | 47


História

O belo cassino de Carrasco

Mercado do Porto

Fui levado em um avião da Força Aérea Uruguaia e durante o vôo conheci Maria Cristina Uslengi Rizzi, brava jovem militante do Partido Socialista Uruguaio. Quis a vida que ela viesse a ser minha companheira de luta e mãe dos nossos queridos filhos Gregório e Luana.

Enfim, a liberdade Em Montevidéu fomos recebidos por uma multidão de repórteres dos mais variados setores da imprensa; aí pude falar livremente de tudo que tinha acontecido conosco. Denunciei os crimes da ditadura. Fui recebido honrosamente por duas comissões representantes de asilados brasileiros. No pé da escada do avião, lembro-me bem, o famoso almirante Cândido Aragão, ex-comandante do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha, asilado político. Em nome do ex-presidente João Goulart, saudou-me e disse–me que o ex-presidente me receberia como

Aeroporto Carrasco

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hóspede em uma de suas propriedades até que eu arrumasse um jeito para me sustentar. Ao lado, outra comissão liderada por meu companheiro de militância e fuga da prisão, James Allen Luz. Agradeci ao almirante e de imediato aceitei o convite de James e seus companheiros, passando a morar com eles em um casarão velho cedido pelo Partido Comunista do Uruguai, um verdadeiro “muquifo” situado num dos bairros mais pobres de Montevidéu. Lá os asilados eram o tempo todo vigiados pelos agentes da ditadura. Meu envolvimento sentimental, político, cultural é muito grande com o Uruguai; para completar, nasceu em Montevidéu minha querida filha Silvana, mãe do meu neto Guilherme e filha da italiana Gabriela.

Montevidéu, bela e culta

A agradável e emotiva viagem que agora realizamos começa chegando ao moderníssimo aeroporto de Carrasco,

belo projeto de arquitetura, motivo de orgulho para os montevideanos. Hospedamos em um hotel ao lado da praça Independência, local estratégico para visitarmos à pé o centro histórico da cidade (ciudad vieja El Puerto). Caminhando, fomos até o Mercado do Porto, um espetáculo para ver e se deliciar com a arquitetura e a comida da região. De passada visitamos a imponente Catedral Metropolitana. O velho mercado foi transformado: no lugar das bancas tradicionais, foram instalados dezenas de pequenas parillas (churrasqueiras), uma verdadeira exibição de carnes bovinas e ovinas, miúdos e entranhos dos animais, assados e consumidos por milhares de pessoas, locais e turistas. Escolhemos a parilla “El Palenque” e fomos à luta. Comemos uma parillada completa acompanhada de vinho e cerveja uruguaios. Que maravilha de carne, segundo eles “a melhor do mundo”. No outro dia propus visitarmos os locais onde morei, freqüentei e estudei. Fizemos uma longa caminhada, saindo


da praça independência até praticamente o final da avenida 18 de julho, o coração palpitante da capital. O comércio, o povo nas ruas, os museus, as cantinas, os cassinos legais e do governo funcionando o dia todo, cheios de senhores e senhoras respeitáveis, aposentados ou não. A Universidade onde estudei, as livrarias, enfim a vida dessa rica, culta e politizada cidade do rio da Prata. No início notei um desinteresse por parte dos meus convidados, porém, com o desenrolar do passeio percebi que estavam tão interessados ou mais do que eu. Os dias seguintes foram preenchidos com um tour em Punta Del Leste, o balneário dos ricos da América do Sul, principalmente brasileiros e argentinos. O litoral uruguaio é muito lindo, cheio de belas praias, lindas paisagens. Finalmente, fizemos um passeio pela Rambla, espécie de Avenida beira mar que circunda toda a cidade, saindo da cidade velha até Carrasco, passando por parques e praias, os bairros mais sofisticados da metrópole. Paramos em Pocitos para pegar um pouco de praia, sol e cerveja; aproveitei para fazer uma caminhada no Boullevard España, até a casa que residi em companhia de minha companheira de então, a solidária e corajosa Aparecida. Vários brasileiros estavam exilados no Uruguai, destacando-se: João Goulart, Leonel Brizolla, Darci Ribeiro, Amauri Silva, Almirante Aragão, Paulo Schilling, Cel. Dagoberto Rodrigues, Emanuel Nicool, Neiva Moreira, deputado federal por várias legislaturas, o jornalista Carlos Cunha, tio do senador Aécio Neves, Paulo Cavalcante, James e Gerson e muitos outros mais. Nunca esqueci o dia em que o Che Guevara foi assassinado na Bolívia. Eu estava na praia de Pacitos quando recebemos a triste notícia. Em Montevidéu, vivi grandes momentos, foi meu primeiro aprendizado para viver posteriormente em vários países um longo exílio durante a ditadura militar no Brasil. Ao final, Geralda, Murillo e Otávio estavam felizes com nossa proveitosa e divertida viagem nas terras de Artigas, Battle, Onetti, Benedetti, Galeano, Sendic e Mujica. Voltaremos em breve, valeu a pena; Montevidéu é a cidade. Após 5 dias, partimos rumo a Buenos Aires. Esta é outra história, que será contada depois.

Casa del Pueblo, Piriápolis,. Na foto, a família reunida: Murillo, Otávio, Geralda e Tarzan

Dedos para a liberdade e o agito da praia de Punta Del Leste Fevereiro de 2011 - Hoje | 49


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Na Periferia do Punk Exposição do artista plástico Oscar Fortunato

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Registro

José Francisco das Neves, presidente da Valec, recebe Grã-Cruz da Ordem do Mérito Anhanguera e anuncia que trecho da Norte-Sul em Goias será inaugurado em junho.

Posse do desembargador Amaral Wilson de Oliveira, prestigiado por sua esposa, Sônia Machado de Oliveira, e todos os seus amigos confrades do Santo Ofício: Suely Wesley, Marizete, Divino, Jovino, Álvaro Pompeu de Pina, Otávio, Sílvia, Bruno Limongi, Emival, Veralice, Sônia Cruz e Maria Paula Bueno.

Momentos de descontração do secretário da Agepel Gilvan Felipe e amigos na casa do escritor Bariani Ortêncio.

A missionária Terezinha Borba e casal amigo Onofre e Ilda Martins. Residente em Orlando, nos Estados Unidos. Terezinha passa uma temporada com os amigos e parentes em Goiás.

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O governador Marconi Perillo recebe representantes do segmento da cultura na Arena da Literatura


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