Revista Hotéis - Edição 153

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Ano de oportunidades

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Diretor editorial

nxergando muitas oportunidades onde muitos enxergam crise, começamos 2016 com mais uma edição especial. E bota especial nisto, pois esta edição contém matérias com altíssimo padrão de qualidade para deixar nossos leitores muito bem informados. E você vai comprovar ao abrir e começar a ler, pois as matérias são muito atuais e uma rica fonte de conhecimento para quem necessita acompanhar o dia deste setor tão dinâmico como é a hotelaria. Estou convicto que esta é mais uma das edições que você vai começar a ler e só vai parar quando chegar na última página, mas se parar de ler antes do término, ai vai um conselho. Esconda a revista para ler posteriormente, pois quem pegar não vai devolver. E com esta edição reafirmamos nosso compromisso com você leitor de continuar sendo a referência do setor no Brasil.

Esta edição tem patrocínio de:

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Exigentes, Pets ganham tratamento VIP em hotéis

Fractional conquista espaço na hotelaria nacional

E se os Hotéis Cassino voltassem ao Brasil?

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Hotéis incrementam Parques dentro dos ho- Design e demanda popermutas para enfrentar téis aumentam as taxas dem orientar escolha do o momento econômico de ocupação piso dos apartamentos

42 Gestão de recursos hídricos orientam ações sustentáveis de hotéis

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Climatização pode ser Motéis surgem como determinante para nova opção de permanência hospedagem do hóspede

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Softwares reduzem custos e melhoram a performance dos hotéis

Preocupação com segurança alimentar norteia gestão de A&B

Qualidade da limpeza é forte aliada na fidelização do hóspede

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Cartas de vinho fazem a diferença nos hotéis

Airbnb: concorrente ou inimigo da hotelaria?

Internet de qualidade faz a diferença na reserva

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OTAs como aliadas: até onde vai esta parceria?

Hostels começam a conquistar turistas brasileiros

Tecnologia como aliada do hotel

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Exigentes, Pets ganham tratamento VIP em hotéis Sérgio Azevedo

De ração a carta de boas vindas, hotéis criam saídas para agradar os novos hóspedes

Cama especial, ossinhos e comida são apenas alguns dos mimos oferecidos pelos empreendimentos para agradar os ‘novos hóspedes’ – o que pode ser determinante para o retorno de seu dono

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a hora de viajar, muitas pessoas já enfrentaram o dilema: “Quem vai ficar com as crianças?”. Neste caso, as crianças não são humanas, mas sim, os filhos de quatro patas que estão o tempo todo com seus donos. Hoje, cães e gatos fazem parte da família e passaram do quintal para o sofá, e nas férias, do chão para o colo. Com essa mudança de conceito, inclusive no turismo, os animais de esti-

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mação têm ganhado cada vez mais espaço nos locais públicos junto de seus tutores e passaram a ser bem vindos em alguns hotéis brasileiros. Programas especiais, mimos e mordomias ainda são pouco para agradar os bichinhos, que estão cada vez mais exigentes e certamente merecem o melhor tratamento. Não apenas aos novos hóspedes, mas a iniciativa agrada principalmente seus donos, já que não precisarão se despedir de

seus pets a cada viagem. Trata-se de uma estratégia que está gerando lucro, pois a taxa de ocupação dos hotéis que recebem os animais aumenta e o cliente satisfeito, que pode levar toda a família, acaba voltando. Um estabelecimento Pet Friendly é aquele que permite a entrada de animais domésticos junto com seus donos, e apesar de ainda não ser culturalmente intrínseco no Brasil, é um conceito que está se tornando notável no País. Apesar dos hotéis, que investem neste nicho de mercado apontarem resultados positivos, ainda assim, não se pode generalizar. Muitos hotéis ainda não aceitam animais de estimação ou até chegam a recebê-los, mas não apresentam


programas específicos, deixando de divulgar esse tipo de ação — o que pode ser um erro fatal, principalmente se o hotel está na mira de um possível hóspede que não quer deixar seu pet em casa. Segundo dados da Abinpet – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, a população de cães e gatos no Brasil é a segunda maior do mundo, com pelo menos 53 milhões de cães e 22 milhões de gatos, apontados em pesquisa da entidade em 2013. A última pesquisa divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que quase metade das residências brasileiras possui pelo menos um cachorro. Além disso, é crescente o número de pessoas consideram os animais de estimação como parte integrante da família e com isso, é normal que queiram levá-los em suas viagens.

Visão privilegiada A cultura Pet Friendly tem crescido de forma exponencial, e os hotéis de luxo estão atentos a isso. De acordo com Cris Berger, criadora do Guia Pet Friendly — que visita e indica locais que recebem animais e os serviços que oferecem ao público de quatro patas —, 64% das famílias brasileiras que têm um pet em casa insere seu animalzinho em seus programas de lazer. Um dos espaços que a jornalista visitou foi a suíte 1906 do hotel Tivoli São Paulo — Mofarrej, na capital paulistana. “O serviço é um dos pontos fortes do hotel ao lado do conforto. As janelas de esquina do 1906 tomam conta de todas as paredes de cima a baixo; por isso, a abundância de luz é generosa. Antes de chegar ao quarto, há a uma espaçosa salinha com sofá, em seguida o closet e em frente dele o banheiro com banheira. Em cima

dos potes vermelhos, um para água e outro para a comida, é colocado o cartão de boas-vindas para o pet. Para o distrair, há uma bolinha de borracha. E para dormir, uma caminha, que muitas vezes é substituída pela enorme e supermacia cama dos donos. O mimo de boa-noite dos pets são biscoitos entregues pelo mordomo”, descreve a autora do Guia Pet Friendly. Cristian Bernardi, diretor de marketing e vendas do Tivoli São Paulo – Mofarrej explica que a demanda de hóspede com cães e gatos que ‘fazem parte da família’ foi o que motivou o hotel a receber os bichos. “Com o pet por perto, acreditamos que o hóspede se sente ainda mais acolhido, a experiência é diferente e mais divertida. Prezamos tanto pelo bem estar dos donos quanto pelo dos nossos hóspedes de quatro patas, recebendo-os com carinho não apenas no check-in mas antes dele.

FreeImages/Aneta Blaszczyk

Cão feliz, hóspede satisfeito: quanto mais mimos aos pets, maior a chance de seu dono voltar

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Cris Berger/Guia Pet Friendly

Ella ‘se hospedou’ no hotel Tivoli São Paulo – Mofarrej com direito aos mesmos luxos de sua dona

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Assim que a reserva pet friendly é efetuada, a equipe de mordomia do hotel é avisada sobre o novo hóspede para que possam providenciar mimos”, explica o gerente. O hotel aceita animais de pequeno a médio porte com as vacinas em dia. Em caso de comportamento inadequado, os colaboradores entrarão em contato pessoalmente com o hóspede para alertar sobre a situação. O empreendimento também cobra uma taxa extra na

diária de higienização para que a limpeza seja reforçada.

Veterinário à disposição Também situado na capital paulista, o hotel Fasano preza pelos detalhes na hora de receber os hóspedes de quatro patas. Com carta de boas vindas personalizada com o nome do pet, o empreendimento conta até com veterinários de confiança à disposição que atendem em algum tipo de emergência. “Sentimos que muitos dos nossos

hóspedes têm animais de estimação ao mesmo tempo em que os animais estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. O hóspede se sente ainda mais bem-vindo quando proporcionamos ao seu pet um tratamento especial. No hotel, eles são recebidos com potinhos de água e comida, tapete higiênico, caminha, além de outros mimos como brinquedos e biscoitos para pet”, explica Claudia Marino, Gerente Geral do Hotel Fasano São Paulo. Segundo Claudia, tanto famílias

Suíte Deluxe do Fasano São Paulo: bastante espaço para o pet ficar à vontade

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Higiene: no Pullman S達o Paulo Ibirapuera, os c達es recebem um tapete e os gatos, uma bacia de areia

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SĂŠrgio Azevedo

AlĂŠm de petiscos, o hotel Petit Casa da Montanha (RS) disponibiliza um guia com dicas de passeios Pet Friendly

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durante os finais de semana quanto os hóspedes que vão a trabalho ao hotel levam seus pets para não deixá-los sozinhos em casa e para fazer companhia durante o tempo em que estão fora de suas casas. “Cada hóspede é responsável pelo seu pet. Caso precisem de cuidados específicos, possuímos veterinários de confiança que atendem no próprio hotel”, conta.

Welcome Gifts Os hotéis Pullman, marca urbana de luxo da rede AccorHotels com unidades na capital paulista e na Grande SP, fazem parte do grupo

dos empreendimentos que recebem hóspedes com animais. O Pullman São Paulo Ibirapuera, na zona sul da capital, recebe até dois pets por apartamento, na suíte comum ou na Suíte Pullman, sendo cães e gatos de pequeno porte pesando até 10 quilos. No Pullman International Airport, em Guarulhos (SP), a exigência é para cães de pequeno porte com até 40 cm. Para recebê-los, os donos devem desembolsar uma diária de R$ 150 por pet, que terão como Welcome Gifts à disposição, na unidade paulistana, um comedouro e bebedouro, um brinquedo, um snack, um

tapete higiênico para o cães e uma bacia com areia para gatos (a equipe da governança faz a higienização do tapete e da bacia uma vez por dia). Na unidade situada ao lado do aeroporto de Cumbica, o cão recebe um Kit Pet Comfort, que contém uma Ecobag com comedouro e bebedouro, um brinquedo, um snack, um tapete higiênico para o cães e uma bacia com areia para gatos. Em todos os hotéis, os pets não podem circular por áreas sociais, como restaurante, SPA e piscina, e os hóspedes são responsáveis pela higienização e alimentação dos animais.

Vênus, uma lhasa apso que se hospedou no Promenade Toscanini em Belo Horizonte (MG)

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Sébastien de Courtivron, Gerente Geral do Pullman, lembra que o número de famílias que criam pets já superou o número de famílias com filhos: são 45 milhões de crianças ante quase 53 milhões de cães, segundo pesquisa do IBGE. Diante deste cenário, a AccorHotels entendeu que tem se tornado mais frequente as famílias desejarem viajar com seus cãezinhos, e por isso a demanda por hotéis que oferecem esse tipo de serviço cresceu. “Para muitos, poder se hospedar com seus cães enquanto estão fora de casa é um motivo a mais para decidir viajar, sabendo que poderão ficar tranquilos quanto à hospedagem dos animais de estimação, não precisando deixá-los em algum hotel para cães ou com outra pessoa. Conhecer um estabelecimento que oferece esse tipo de serviço acaba aumentando a satisfação do hóspede com o hotel, que sempre lembrará dos hotéis da rede quando for programar a próxima viagem”, afirma o gerente. Todos os colaboradores dos hotéis Pullman recebem treinamento para receber hóspedes com cães e as camareiras possuem produtos específicos para limpeza e higienização dos quartos. Para levar o cãozinho ou gato para se hospedar em uma unidade da rede, o dono precisa apresentar o cartão de vacinas atualizado e assinar o termo de responsabilidade no momento do check-in. O Termo confere ao dono a responsabilidade de trazer todo o material necessário para o cuidado do animal (alimentação, higiene, guia etc.), assim como da limpeza de resíduos sólidos e líquidos. Ele também será o responsável por ressarcir qualquer dano causado ao apartamento ou nas dependências do hotel.

Direitos iguais Os seres humanos providenciam as reservas, enquanto o check-in pode ser realizado com latidos e rabos abanando na recepção. A proposta do hotel Petit Casa da Montanha, lo-

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calizando no centro de Gramado, na Serra Gaúcha, é oferecer um serviço diferenciado aos animais que muitas vezes são considerados membros da família. Neste hotel, os pets ficam acomodados no mesmo quarto que seus donos, com muito conforto e diversos mimos especiais. O hotel gramadense aceita cães de pequeno porte com até 10 quilos. No Pet Petit, os hóspedes terão a satisfação de compartilhar as alegrias de viagens ao lado de seus animais de estimação. Logo na chegada, recebem ossinhos e biscoitos, mimos do hotel. No quarto, uma cama para o cãozinho e pratos de água e ração personalizados. Além disso, um jornal personalizado com absorvente, para o pet fazer suas necessidades. Outro diferencial é o serviço em parceria com Pet Shops locais para entrega de ração ou medicamentos, ou busca e entrega do animalzinho para banho e tosa. A possibilidade de aproveitar as férias com seu animal de estimação faz com que os donos possam ficar mais tranquilos e não desistam de passear. Pensando em todo conforto para melhor aproveitar as diárias e a cidade, o hotel disponibiliza um guia com dicas de passeios e locais que aceitam pets em Canela e Gramado. Outra novidade é a atividade “Um Dia de Cão”: lá o animal pode passar o dia em um hotel fazenda se divertindo com outros bichos e, no final do dia, é entregue após o banho.

Credenciamento 4 Patas A alta demanda de hóspedes que possuem pets e os levam para todo lugar foi apenas um dos motivos que levaram os hotéis Promenade a se tornarem Pet Friendly. As unidades da Promenade Hotéis e Apart que oferecem esse serviço são credenciadas pelo Portal Turismo 4 Patas na categoria super Premium em Meios de Hospedagem Pet Friendly. A classificação é, reconhecidamente, um instrumento de divulgação de informações claras e objetivas sobre

meios de hospedagem, sendo um importante mecanismo de comunicação com o mercado. Ela possibilita a concorrência justa entre os meios de hospedagem e auxilia turistas, donos de pets, em suas escolhas. O portal Turismo 4 Patas é o primeiro guia on-line brasileiro com o conteúdo especializado em Turismo e Eventos para animais de estimação. O Diretor Comercial da rede no Rio de Janeiro, Diogo Affonso, ressalta que na Europa, por exemplo, um em cada quatro donos de cães (26%), escolhe o local de férias na condição de poder levar os animais de estimação. “Também não podemos deixar de considerar que essa é ainda uma estratégia de diferenciação que visa atrair um novo nicho de clientes. Para os hóspedes que desejam viajar com seu cachorro essa opção é sinônimo de conforto e tranquilidade. Muitos deixavam de viajar por não poder levar o cão e não ter a confiança de deixar com outras pessoas ou outros lugares”, afirma Affonso. Os hotéis da Promenade, tanto em Minas Gerais como no Rio de Janeiro, não se resumem em apenas aceitar o animal como hóspede. As unidades também oferecem mimos especiais como, por exemplo, uma cama com cobertor para os cachorros, brinquedos, tapete higiênico, opções de petiscos como osso e biscoitos, além dos utensílios para água e comida. Quanto a espaços exclusivos, isso depende da infraestrutura das unidades. Algumas têm áreas externas, o que propicia um maior conforto para as horas de lazer, ou para os momentos de refeições. “O cartão de vacina é essencial para a hospedagem. Além disso, só aceitamos animais de pequeno porte ou até 15 quilos”, explica o Diretor Comercial. Para receber o cão como hóspede, a rede Promenade firmou parcerias tanto com o pet shopping, como também com clínicas e veterinários, para uma eventual urgência. “No momento do check in o hóspede assina um termo


de responsabilidade contendo todas as informações necessárias para uma boa convivência como, por exemplo, não deixar o cachorro sozinho no apartamento, se o mesmo não for acostumado. Além disso, os animais só podem circular nas áreas externas e comuns do hotel acompanhados do seu dono e sempre com guia ou no colo, pois há adultos e crianças que têm medo de animais, mesmo que mansos e dóceis”, declara o executivo. Caso o animal não tenha o comportamento adequado durante sua estadia no hotel, o proprietário deverá retirar o animal – fazer check out - sempre que ele for considerado ou se mostrar agressivo, barulhento ou de difícil convivência com os demais, animais e pessoas. As vantagens e desvantagens desse nicho de mercado ainda não é vista de forma unânime pela hotelaria brasileira. Muitos dos hotéis, que veem aspectos positivos em aceitar hóspedes com animais de estimação, destacam a importância da fidelização, não só da marca, mas do cliente com o hotel, que esse serviço diferenciado traz consigo. O hóspede feliz e satisfeito com o atendimento dado a ele e a seu amado bichinho, certamente o fará voltar muitas outras vezes.

FreeImages/Dorte Krogh Nielsen

‘E aí, vai abrir a porta para mim?’

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Fractional conquista espaรงo na hotelaria nacional

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Apesar de não existir legislação específica para esta modalidade de negócios, a venda de imóveis fracionados vem ganhando força em diversas regiões do País, conquistando cada vez mais compradores, sendo uma opção para a expansão hoteleira

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ocê já pensou em adquirir um imóvel com serviços hoteleiros e dividir com mais sócios para utilizar em períodos determinados? Esta modalidade é muito comum na Europa e Estados Unidos e possui o nome de Fractional (ou propriedade fracionada). No Brasil este modelo de investimento imobiliário vem ganhando força nos últimos anos e já se tornou uma opção para desenvolver empreendimentos hoteleiros no Brasil. Similar ao timeshare (tempo compartilhado), o conceito de propriedade fracionada consiste na comercialização fracionada de um imóvel em algum destino turístico, com a disponibilidade de serviços hoteleiros básicos como: recepção, central de reservas, arrumação, troca do enxoval, manutenção e serviços pay-per-use. Estes podem incluir room service, concierge, lavanderia, spa, serviço de praia, mediantes ao pagamento de taxas de condomínio. Muitos meios de hospedagem de lazer, como os resorts, por exemplo, tem investido nesta prática a qual traz um custo benefício viável para o empreendedor, pois através dela é possível fidelizar o cliente (que geralmente frequenta o resort em suas férias), e possibilita um lucro maior na operação do estabelecimento. Com isto, cada Fracionar uma casa em cotas imobiliárias é um modelo de negócio muito utilizado na Europa e Estados Unidos e que ganha força no Brasil

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Caldas Novas possui águas termais que atrai milhares de visitantes ao ano o que possibilita a expansão do fractional

vez mais a hotelaria se rende ao fractional que já é uma realidade no Brasil, pois o produto une dois desejos dos Brasileiros, viajar e ter uma segunda moradia de férias. “É um produto que se adequa a todas as realidades econômicas. Nos momentos de crise é um produto financeiramente acessível, nos de euforia, quando tudo está indo bem, é um produto inteligente. Apesar de ser um modelo consolidado, assim como ocorre com os upgrades dos produtos de informática, ainda há espaço para melhorias”,avalia Marcos Freitas Pereira, Diretor de negócios da empresa Wam Brasil Negócios Inteligentes. Mas ele lembra que esta realidade de consolidação é bem recente. “Alguns anos atrás o produto era destinado apenas ao segmento de clientes de alta renda, pois os preços de cada

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cota variavam entre US$ 100 a 200 mil. Eram projetos de poucas unidades, 20 a 40 unidades, pois também atendiam a um mercado pequeno se comparado com o potencial do mercado consumidor brasileiro. A Wam Brasil e o Grupo Privé revolucionaram este mercado na medida em que abriram espaço para a nova classe média, facilitando ao cliente de menor potencial econômico, classes B e C, adquirirem suas frações imobiliárias. Vale dizer, o posicionamento estratégico da WAM transformou um mercado de baixa oferta e pouca demanda (modelo antigo do fractional brasileiro) num modelo onde existe alta oferta e grande demanda”, enfatiza Pereira. O fractional foi uma solução encontrada pelo Grupo Privê em Caldas Novas (GO) para administrar com maior rentabilida-

de várias unidades de segunda residência. Isto foi constatado através de uma pesquisa mercadológica realizada no período de março a maio de 2008 que identificou que apenas 15,8% dos clientes turistas da cidade de Caldas Novas (GO) tinha renda suficiente para a compra do apartamento no sistema tradicional. A renda mínima para qualificação era de R$ 12 mil para pagamentos de parcelas da ordem de R$ 1.500 por mês. Esta pesquisa apontou ainda que 64,5% dos clientes ganhavam mais de R$ 5 mil por mês e não possuía renda mínima para a compra do apartamento. Foi a partir desta constatação que Waldo Palmerston, Diretor Presidente do Grupo Privé teve a ideia de criar um produto, de propriedade e não direito de uso, para atingir esta clientela, que


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até então não tinha condições da compra da segunda residência. Para tanto seria necessário criar um produto que tivesse parcela entre R$ 400 a R$ 500 por mês, daí nasceu a cota imobiliária, benchmarking do produto fractional comercializado há vários anos no exterior e recém lançado (2008) no Brasil em projetos de alto valor de venda. A diferença da cota imobiliária do produto fractional é

de que o segundo é focado em clientes de alta renda, propriedade de valor alto, casas de cinco dormitórios, mansões, iates, aeronaves e helicópteros. Outra diferença é a quantidade de unidades comercializadas, sempre em pequena quantidade, sem ganhos de escala, até porque o público target para este produto é menor, como constatado na pesquisa realizado em Caldas Novas. Por outro lado, a cota

Gustavo Rezende: “Percebemos um crescimento de fractional nos últimos anos e passamos a apostar neste modelo de negócios”

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imobiliária é focada em produto de valor baixo tendo como target cliente de renda média, acima de R$ 5 mil por mês e o mais importante precisa ter volume para se auto sustentar, ter ganhos de escala.

Negócio compartilhado Se no mundo dos negócios hoje grandes empresas como Uber, Zipcar, Airbnb ou mesmo a Bla Bla Car crescem de forma vertiginosa, por que não crescer utilizando este conceito de investimento. Este é o ponto de vista de Pereira em relação ao crescimento da Wam Brasil nos próximos anos e cita trecho o trecho de uma palestra do sócio-diretor do Instituto Data Popular, Renato Meireles, num evento promovido pela WAM/ Privé. “Nada mais inteligente do que pagar pelo o que usa. Esta é uma das premissas básicas para a economia de compartilhamento: pagar apenas o que usa, pois, a conta financeira fecha para o cliente/consumidor, as outras premissas são: a utilização e acesso ao produto e serviço de forma simples e ampliada e a utilização em vez de propriedade. O desapego a propriedade e busca do acesso tem sido o novo sentimento na economia de compartilhamento”. Como fractional é um modelo de negócio relativamente novo no Brasil, Pereira lembra que um dos pontos mais importantes é ajudar o cliente a compreender o conceito do produto. “Ele precisa entender que não está comprando um apartamento inteiro, mas uma fração adequada a seu uso. Ao invés de comprar uma casa de praia que utilizaria por quatro semanas e deixaria ociosa pelo resto do ano, o cliente está adquirindo exatamente a parcela que utilizará. Mas, assim como todo negócio, o fractional também tem o risco. Infelizmente


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O Gramado Termas Spa Resort é uma das apostas do Grupo GR

há comercializadoras que não se responsabilizam pelo comportamento em uso do empreendimento e prometem coisas que não irão entregar, o que representa um sério

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risco para clientes e empreendedores. Os empreendimentos precisam ser administrados após a entrega por uma empresa que entenda do negócio e do conceito do negócio.

A formatação do produto não pode seguir os trâmites de uma formatação comum de timeshare (tempo compartilhado), pois as realidades são diferentes e descuidar disso


pode tornar dificultosa a operacionalização e utilização das unidades nas semanas em função das complicações advindas das regras de uso”, alerta.

Janela de oportunidades É o que apresenta o mercado na visão de Gustavo Rezende, Diretor comercial do Grupo GR que já implantou vários empre-

endimentos no Brasil, em cidades como Caldas Novas (GO) e Olímpia (SP), apostando nos modelos de condo hotel e pool hoteleiro. “Nos últimos três

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Cristiano Fiuza e Cássio Nardon criaram a Brazilian Sharing em 2012 e hoje já comemoram resultados expressivos

anos percebemos a necessidade do mercado por um produto mais modulado e inteligente. Com essa premissa, embarcamos plenamente no mercado de frações imobiliárias. Algumas das vantagens desse modelo de negócio em relação ao convencional está a flexibilidade de uso em vários destinos, uma vez que temos a RCI (maior intercambiadora de férias do mundo) como nossa parceira, logo nosso cliente além de passar suas férias nos hotéis construído por nos, fazem as trocas de suas semanas em destinos diversos por todo o mundo”, destaca Rezende. Outra vantagem no sistema apresentado por ele é o fato de permitir ao cliente pagar somente pelo que desfruta, ou

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seja, não paga por um imóvel o ano inteiro, enquanto o mesmo fica fechado e acumulando despesas. “Somado a esta vantagem, está o fato da aquisição da fração imobiliária ter um custo menor em comparação ao imóvel de segunda residência, com parcelas mais acessíveis a todos os bolsos. E o melhor de tudo, também é escriturado, o que garante um investimento passado de gerações em gerações”, finalizou Rezende afirmando que o fractional chegou para ficar e o Grupo GR vai continuar apostando. “Adquirimos recentemente um percentual da New Time, empresa comercializadora de fracionado; acabamos de abrir uma sala de vendas este mês em Olímpia (SP) para comercializar

o Royal Star com 4000 frações; assim como 1000 frações no empreendimento Serra Madre em Rio Quente (GO). Estamos também comercializando em Gramado (RS) o empreendimento Gramado exclusive e preparando projetos para lançamento em Suzano (SP) do Magic City”, completou Rezende. Outra importante rede hoteleira no Brasil que acaba de aderir ao fractional é a Mabu Hotéis & Resorts que lançou no mês de novembro uma grande novidade que deverá alavancar o turismo de Foz do Iguaçu (PR) nos próximos anos. Trata-se do My Mabu, empreendimento que será oferecido sob o conceito de fractional junto à intercambiadora RCI. Este projeto, juntamente com o Blue


E para o futuro os planos de crescimento da Wam são audaciosos. A empresa espera lançar no próximo ano seis empreendimentos, com quase três mil unidades habitacionais, totalizando 75 mil cotas. “O VGV estimado para 2016 é da ordem de R$ 1,5 bilhão e até o final do próximo ano estaremos atuando nas regiões do Nordeste, Sudeste, Centro-oeste e Sul”, assegurou Pereira.

Aprimorando as vendas

Márcia Rezeke: “Mesmo sem ser regulamentado o fractional tem sustentação jurídica no Brasil”

Park, parque aquático com uma série de atrações, vão demandar investimentos que totalizam R$ 200 milhões a serem captados no mercado de investidores. O investimento abrange duas torres com 420 apartamentos que serão implantadas dentro do complexo Mabu Thermas Grand Resort, em Foz do Iguaçu (PR), até 2019. O My Mabu será vendido em 12 frações de direito de uso para 50 anos, sendo cada comprador detentor de quatro semanas por ano com registro em cartório. De acordo com Wellington Estruquel, CEO da rede Mabu, este é um investimento muito vantajoso, principalmente em fases de recessão. “O fractional demanda 30% a menos do que o valor investido em uma propriedade de férias, sem

os serviços hoteleiros e todos os atrativos oferecidos. Serão 5 mil frações disponíveis para direito de uso não apenas no My Mabu, mas em todos os 4.500 destinos da RCI no mundo, sendo quase 200 só no Brasil”, destaca. A Wam Brasil também apresenta números expressivos utilizando o fractional. Em apenas quatro já comercializou oito empreendimentos, com 3.369 unidades habitacionais, totalizando mais de 52 mil cotas vendidas. As vendas do ano de 2015, quase 25 mil cotas, corresponderam VGV da ordem de R$ 1 bilhão. Desde 2012 o VGV acumulado foi da ordem de R$ 2,4 bilhões. Destes oito empreendimentos comercializados, dois já foram entregues e encontram-se em plena operação.

E foi de olho nas oportunidades criadas por este novo modelo de negócios que os empresários Cristiano Fiuza e Cássio Nardon resolveram criar em 2012 a Brazilian Sharing. O objetivo da empresa é fornecer soluções mais completa do mercado para implantação, comercialização e CRM de projetos de timeshare e fractional”, explica Fiuza. Segundo ele, um dos diferenciais da empresa é ganhar somente com o sucesso do projeto, estipulando um percentual sobre a venda, sendo remunerados apenas se esta venda acontecer. “Nosso trabalho começa no estudo de viabilidade para o cliente, segue na sugestão e criação do melhor produto para comercialização, indicação da melhor intercambiadora, desenvolvimento, implantação e acompanhamento do plano de marketing, vendas e pós Vendas”, revela Fiuza. E os resultados deste trabalho são apontados por Cássio Nardon. “Hoje temos no nosso portfólio dois cases de sucesso e o lançamento de mais dois, sendo o CTC Travel em Caldas Novas (GO) com mais de quatro mil contratos vendidos e o Salinas Park Resort Salinópolis/ PA) já com 50% das cotas vendidas. Iniciamos a comercialização do Villagio Águas de São Pedro Thermas Flat (Águas de São

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Maria Carolina Pinheiro: “Diante das oportunidades que o mercado de fractional apresenta no Brasil, a RCI tem muito a crescer ainda”

Pedro/SP). O Panaquatira Beach Resort – Projeto de Fractional, primeiro resort cinco estrelas de São Luis (MA) deverá ser em breve totalmente comercializado em cotas. Estamos bem convictos do sucesso destes empreendimentos e entendemos que fractional é um modelo de negócio que tem tudo para crescer ainda mais nos próximos anos”, avalia Nardon. Ele entende que a que a venda do fractional é muitas vezes mais fácil que a venda do timeshare. “Neste modelo vendemos um sonho ao cliente, uma possibilidade de viajar com a família, mas que depende da disponibilidade. Já no Fractional vendemos um bem palpável, no nosso caso com possibilidade de escriturar, é um patrimônio da família, isso dá muita credibilidade na hora da venda”, destaca Nardon dando uma boa dica para quem deseja entrar neste mercado. “Uma

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empresa que deseja atuar nessa área precisa entender que nesse segmento não cabe amadorismo, pois basta um empreendimento não ser entregue no tempo hábil, ou o produto comercializado não ser adequado à utilização, para construir uma imagem negativa de todo segmento no mercado imobiliário”.

Falta legislação A falta de uma legislação específica para este novo mercado segura um pouco o crescimento do fractional no Brasil. O mercado acaba utilizando algumas leis emprestadas de outros países para concretizar as vendas destas propriedades ou mesmo de outros segmentos. “Hoje utilizamos a lei 4591 da incorporação, para comercializar, construir e administrar o produto”, justifica Gustavo Rezende. “Se analisarmos a estrutura atual do produto timeshare,

veremos que apesar de comercializado há décadas no país, o mesmo também não dispõe de regulamentação legal. A regulamentação da Embratur por deliberação normativa ( DN n. 378) não tem força cogente pois não é lei, é anterior ao Decreto Federal nº 7.381/2010 que trata rapidamente do assunto sem descer a minúcias de regulamentação, e não foi convalidada. Isso não quer dizer, todavia, que o produto seja ilegal ou que não encontre guarida na legislação. O mesmo ocorre com o fracionado que está apoiado em bases legais muito sólidas, que não só o permitem como o alicerçam, quais sejam: Princípios constitucionais da livre concorrência e finalidade social da propriedade; Lei de incorporações e condomínios; Código Civil Brasileiro; Lei de Registros Públicos; e Código de Defesa do Consumidor. Mesmo assim, é necessário que o mercado se auto regule visando garantir a sustentabilidade do projeto e proteger os incorporadores de comercializadoras aventureiras”, manifesta Pereira. Mas o que dizem os juristas a respeito? A advogada Márcia Rezeke, especialista na área de Direito Imobiliário se manifesta preocupada com a falta de legislação específica para o produto, que segundo ela, pode levar a desvio e degenerações do produto. “Entretanto, me parece uma tendência não só nacional, como mundial, o interesse das pessoas pelo compartilhamento de uso, na busca de encontrar um melhor equilíbrio entre o uso e o gasto dele decorrente. O modelo que se utiliza hoje no Brasil para dar sustentação jurídica ao fractional é utilizando-se, de forma geral, dois institutos, o condomínio voluntário ou a concessão


real de uso. Para mim, a utilização emprestada de um instituto pode levar a desvirtuamento do produto. Os Estados Unidos é o país onde o produto é mais fervilhante, sendo que todos os Estados têm uma legislação própria. Me parece que a legislação da Flórida ou de Nevada, dois dos Estados que mais comercializam fractional e time sharing, pode trazer boas luzes para uma legislação nacional”, avalia Márcia.

Instrumentos jurídicos De acordo com ela, no sentido de auxiliar as autoridades a regulamentar o assunto, o Secovi/SP, por meio da Vice-Presidência de Assuntos Turísticos e Imobiliários, vem buscando junto ao Ministério do Turismo uma regulamentação melhor para uso compartilhado relacionado à cessão de uso de direito pessoal (o time sharing), haja vista as disposições, tímidas, mas existentes, constantes da Lei Geral do Turismo e de seu decreto regulamentador. “Quanto ao fractional, considerando que ele tem natureza de direito real, montamos um grupo de trabalho na VicePresidência de Assuntos Turísticos e Imobiliários para aprofundarmos a discussão sobre o tema e elaborarmos uma proposta legislativa”, explica Márcia. Uma questão que polemiza o setor é se existe um número ideal de cotas para ser comercializada do mesmo imóvel e como conciliar os interesses futuros dos herdeiros. A advogada Márcia manifesta sua opinião a este respeito. “Me parece que a questão não está no número de cotas, mas na necessidade do número inicial não poder ser fracionado, como ocorre com a cota-parte ideal do condomínio voluntário, em razão de sucessão. Na minha opinião a cota deveria ter um tratamento jurídico similar àquele dado às cotas

sociais ou ações de empresas, ou seja, independente de sucessão ou término de relação conjugal, a cota social ou ação é indivisível. Isso traria maior segurança jurídica e organizacional para o sistema”, assegura Márcia. E quanto conciliar os interesses futuros dos herdeiros sua posição é: “Se o instituto jurídico utilizado pelo empreendedor for o de condomínio voluntário, infelizmente não há como evitar, ainda que se inclua nos instrumentos jurídicos que o adquirente renuncia ao direito de fracionamento. Esse tipo de renúncia não costuma ser aceito pelo Poder Judiciário, de modo que a cláusula inserida tende a ser considerada nula. Me parece que na concessão real de uso essa questão pode ser melhor manejada, considerando que o adquirente tem um direito real de uso e, não, a propriedade imobiliária, sendo que em caso de falecimento prevalecerá a estipulação prevista no contrato, sendo comum haver previsão de que em face da proprietária concedente o direito real de uso concedido é indivisível, numa linha muito parecida com o que ocorre com cota social ou ação de sociedade empresária”, avalia Márcia, lembrando que: “O fractional é um produto espetacular, não só sob a ótica do usuário de poder adquirir algo que lhe proporcione uso na medida de suas necessidades, com gastos de aquisição e manutenção adequados, mas como instrumento de desenvolvimento econômico. Entretanto, há um caminho legislativo importante a ser perseguido, com alguns paradigmas a serem quebrados no que toca ao direito de propriedade”, lembrou.

Experiência internacional A empresa RCI — Resorts Condominiums International é a principal administradora no Brasil de empreendimentos que adotam

o conceito fractional e utiliza sua expertise do exterior em administrar empreendimentos de luxo com a marca de luxo The Registry Collection. “No Brasil, o conceito de fractional foi desenvolvido com esta marca e a RCI Weeks. Temos vários afiliados no Brasil, como o Itacaré Paradise – Itacaré, Aguativa Privilège – Londrina, Quintas Private Residencias – Costa do Sauípe, Maluí Ilha do Sol – Londrina, Malai Manso – Cuiabá, Prime Jalim – Caldas Novas, Resort do Lago – Caldas Novas, Laguna Resort Residence– Caldas Novas, Tayayá – Ribeirão Claro, Salinas Park Resort – Salinópolis, Gramado Termas Resort – Gramado, entre outros”, explica Maria Carolina Pinheiro, Diretora da RCI Brasil. Ela se mostra com uma expectativa bem otimista em relação ao crescimento da empresa no Brasil nos próximos anos e explica: “Como o interesse do brasileiro por conhecer o Brasil tem crescido significativamente nos últimos anos, e podemos comprovar isso pela quantidade de viagens que nossos clientes associados realizaram nos últimos anos e continuam viajando. Além do desejo inerente de todo brasileiro em possuir uma casa de férias. Analisamos como positivo o cenário desse modelo fractional para o futuro. Atualmente, em número de novos projetos, ou seja, novas afiliações, o Fractional cresceu bastante, acompanhando o ritmo de novos viajantes associados. Com isso, acreditamos neste modelo principalmente em destinos turísticos no qual existe demanda para a segunda residência. Desta forma, é possível dizer que os brasileiros já conseguem incorporar a ideia de comprar semanas de uma casa de férias”, concluiu.

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E se os HotĂŠis Cassino voltassem ao Brasil?

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Público fiel de cassinos em países vizinhos, os brasileiros seriam os principais beneficiados com a regulamentação dos jogos no País: empregos, economia aquecida e fontes de financiamento para o setor hoteleiro

A liberação dos jogos nos hotéis poderia ser uma boa fonte de recursos para fomentar o setor no Brasil

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Q

uando o Presidente Eurico Gaspar Dutra resolveu acabar com os cassinos no Brasil em 1946, além de gerar milhares de desempregos levou também a falência de vários tradicionais hotéis que exploravam os jogos, como o Grande Hotel Lambari (MG), o Quitandinha em Petrópolis (RJ), o Ahú, em Curitiba (PR), e muitos outros. Os hotéis que ficaram, tiveram que buscar outras fontes de renda para se manterem competitivos no mercado, como o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o Thermas em Araxá (MG) ou mesmo o Boulevard em Santos (SP). Desde então, o assunto permanece sendo um tabu até hoje. A volta da legalização, regulamentação e liberação dos jogos no País e da implantação de hotéiscassino são assuntos que rodeiam o Senado, conversas de investidores, empresários e da sociedade, mas até hoje não tiveram nenhum avanço considerável. Diversos projetos de lei foram criados para que as atividades fossem retomadas no País, com argumentos favoráveis à atividade, já que se trata de um modelo de negócio que funciona em outros países de maneira rentável, mas nenhum deles até hoje chegou a ser votado na câmara de deputados. As burocracias e legislações atuais são dois dos grandes empecilhos para que a atividade volte a ser praticada no País. A hipocrisia é reinante, pois estima-se que o jogo ilegal movimente cerca de R$ 18 bilhões por ano no Brasil. Uma vez regulamentado, haveria uma boa fonte de tributação para o Governo, mas este deveria criar uma rigorosa fiscalização para não acontecer como recentemente com os bingos, em que a maioria sonegavam impostos e não repassavam verba para os clubes de futebol. Com isto, vários bilhões de reais de brasileiros deixariam de sustentar várias cidades

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Juan García – “Nosso objetivo é investir pesado do hotel, além de trabalhar no fortalecimento de Punta del Este como um destino turístico de importância mundial”

do Uruguai, Argentina e Paraguai, onde o jogo é regulamentado. Em 2014, os cassinos do Uruguai movimentaram cerca de US$ 235 milhões, além de terem empregado mais de 1,2 mil funcionários, de acordo com o Casinos del Estado Uruguay, órgão ligado ao Ministério de Economia e Finanças do Uruguai. Os fundos arrecadados com os jogos são destinados

para o fundo de previdência, ministério do turismo, comissão do patrimônio histórico, artístico e cultural do país, entre outros.

Preferido dos brasileiros Situado no Uruguai, o Conrad Punta del Este Casino & Resort conta com um cassino estilo Las Vegas e é o preferido dos brasileiros. O Brasil é exatamente o princi-


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pal mercado do empreendimento, representando cerca de 70% do público no hotel/ano. Demonstrando o quanto o público brasileiro é importante para o resort, o hotel possui dois voos charters semanais com 172 lugares, saindo do aeroporto de Guarulhos direto para Punta del Este. Os voos são exclusivos para os clientes do complexo e partem todas as quintas e domingos. Recentemente, o empreendimento fez uma parceria com a LATAM para mais voos semanais diretos de Punta Del Leste para São Paulo e Rio de Janeiro. Para atender tamanha demanda, principalmente brasileira, o Conrad anunciou recentemente um ambicioso plano de expansão. O investimento total, que chegará a US$ 220 milhões, inclui a construção de três torres, além de outras reformas e ampliação do edifício existente. Os investimentos também incluem a extensão da superfície do cassino em 670 metros quadrados, e da área dos restaurantes e bares em 1.180 metros quadrados, a construção de novos espaços gastronômicos e piscinas externas. “Quando assumimos a gestão do Enjoy Conrad pouco mais de dois anos atrás, antecipamos o nosso objetivo de investir pesado do hotel, além de trabalhar no fortalecimento de Punta del Este como um destino turístico de importância mundial. Este projeto - em conjunto com outras iniciativas já realizadas - está de acordo com o objetivo principal e mostra que nós estamos mantendo nossas promessas”, comentou o Gerente Geral do Enjoy Conrad, Juan Eduardo García. Para manter a programação do resort variada durante todo o ano, o empreendimento sempre prepara com antecedência um calendário de atividades que incluem todos os torneios de slots, Poker e Baccarrat, além dos festivais gastronômicos, desfiles de moda e shows. “Desde a

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abertura do OVO, oferecemos propostas para o segmento mais jovem que antes concorria com o Conrad. No OVO Nightclub temos uma programação com grandes DJs internacionais e festas de prestígio. No complexo Conrad o cliente não encontra apenas um bom cassino, mas uma boa experiência gastronômica, boas festas, SPA e atividades para crianças, onde toda a família pode desfrutar de uma boa experiência”. Para se ter uma ideia da movimentação que o resort uruguaio recebe no ano, basta analisar os números de seu cassino. Por dia, cerca de 12.000 pessoas passam pelo Cassino durante a alta temporada. Na média e baixa temporada, cerca de 5.000 pessoas passam pelo local diariamente. O inverno é a época mais importante para o hotel, tendo em vista que na temporada de abril a novembro de 2014 se hospedaram aproximadamente 90.822 pessoas no resort. A implantação do Enjoy Conrad na região marcou um antes e um depois no desenvolvimento do balneário. A abertura deste empreendimento fortaleceu o turismo local, que conta com turistas o ano inteiro, assim como tem influenciado diretamente na economia da região e possibilitando maiores possibilidades para as empresas que trabalham direta e indiretamente com o resort.

Ambiente de ilegalidade Enquanto Punta del Este e outras cidades da América do Sul agradecem a presença dos jogadores brasileiros para fomentarem suas economias, os que não podem sair do País ou desejam arriscar os jogos ilegais encontram ambiente propício. De acordo com o Instituto Jogo Legal, Organização Não Governamental que estimula estudos e pesquisas sobre jogos e loterias, a legislação de proibição não alterou o cenário de ilegalidade do jogo no Brasil. A atividade

movimenta anualmente em apostas clandestinas R$ 18,9 bilhões com o jogo do bicho (R$ 12 bi), bingos (R$ 1,3 bi), caça-níqueis (R$ 3,6 bi) e apostas esportivas, i-Gaming e pôquer pela internet (R$ 2 bi), segundo estudo desenvolvido pelo BNL - Boletim de Notícias Lotéricas. Portanto, o jogo ilegal no Brasil movimenta quase o dobro que os R$ 12,1 bilhões dos jogos oficiais, se somados os R$ 11,4 bilhões das loterias da Caixa Econômica Federal, R$ 400 milhões das Loterias Estaduais e R$ 300 milhões do turfe, sem nenhuma contrapartida destes recursos para o Estado e para a sociedade. Utopicamente, de forma regulamentada, a renda dos jogos poderiam ser destinadas para investimentos na cultura, educação, promoção do destino, além de gerar milhares de empregos. Contudo, a falta de credibilidade apontada no governo, principal conferente de tais atividades, e a mentalidade da sociedade, são ainda os maiores inimigos do retorno dos jogos de cassino no Brasil — independente de quem esteja no poder.

Cassinos no Brasil Os cassinos chegaram no Brasil junto com o Império, e eram frequentados pela alta nobreza brasileira. Foram proibidos em 1917, quando a democracia foi consolidada, e voltaram a ser praticados legalmente em 1934 após decisão do então presidente da República Getúlio Vargas. Durante os 12 anos que os jogos eram legalizados, os estabelecimentos se proliferaram, geravam empregos e fomentavam o turismo, trazendo turistas do mundo inteiro para os grandes shows que eram realizados no mesmo ambiente dos jogos. Os hotéis eram alvos preferidos para se montar cassinos e alguns ficaram muito famosos, como o Thermas de Araxá, o Quitandinha, em Petrópolis,


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o do Copacabana Palace, na capital fluminense. A cidade de Santos, no litoral paulista, abrigou alguns dos principais cassinos brasileiros da época. Antes da primeira proibição, o Parque Balneário Hotel era o ponto preferido da elite paulistana e de turistas estrangeiros em meados de 1914. Já

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em 1933, o Hotel Balneário, cresceu e construiu fama graças ao cassino. No mesmo período, o Cassino Atlântico, no Posto 6 e o Hotel Copacabana Palace, ambos no Rio de Janeiro, atingiram o ápice, com frequentadores não apenas da elite carioca e paulista, mas de dezenas de artistas nacionais

e internacionais. Na baixada santista, o auge veio entre os anos de 1936 e 1946, quando só em Santos, existiam quatro cassinos: o Miramar; o Monte Serrat; o Atlântico Hotel e o Parque Balneário, o grande preferido da época. No Guarujá (SP), funcionava o cas-


O Quitandinha foi construído em 1944 para ser o maior cassino hotel da América do Sul, mas em 1964 o jogo foi proibido no Brasil

plexo de entretenimento, com salões de bailes e shows de artistas internacionais, peças teatrais e restaurantes de alta gastronomia.

Anos Dourados

sino do Grande Hotel, em São Vicente o “Cassino da Ilha Encantada”, que disputavam com os de Santos a preferência dos turistas que vinham para a cidade, e até para outros pontos do País. Estes empreendimentos não ofereciam como atrativo apenas as mesas, baralhos e roletas, mas todo um com-

O antigo Cassino-Hotel Quitandinha, em Petrópolis (RJ) é o melhor exemplo do potencial desperdiçado no Brasil e que poderia ser aproveitado com a regulamentação dos jogos. A imponente construção em estilo normando foi erguida em 1944 pelo empresário mineiro Joaquim Rolla, para ser o maior cassino hotel da América do Sul, ocupando uma área de 50 mil m2. O lago tem formato do mapa do Brasil com o farol na Ilha de Marajó. Com o fim dos jogos no Brasil, o Quitandinha tentou sobreviver como um hotel de luxo, porém sem sucesso. Os apartamentos foram vendidos a terceiros e se criou o Condomínio Quitandinha. Com isto, se preservou seu interior que foi decorado por Doroth Draper, cenógrafa dos filmes famosos de Hollywood que especificou banheiros em mármore, lustres com pingentes de cristal e um sistema de iluminação que seria suficiente para iluminar uma cidade de 60.000 habitantes. Seus salões podem abrigar até 10.000 pessoas simultaneamente. A cúpula do Salão Mauá é a maior do mundo, com 30 m de altura e 50m de diâmetro, sendo comparada a redoma da Catedral de São Pedro em Roma; o Teatro Mecanizado com três palcos giratórios tem capacidade para 2.000 pessoas. Atualmente a parte social do Quitandinha é utilizada para congressos, eventos, shows e feiras e hoje na edificação funciona a Unidade Multifuncional SESC Quitandinha e o Condomínio Quitandinha.

Regulamentação legal Sob o argumento de reconhecimento do valor histórico-cultural e a finalidade social dos jogos de azar no Brasil, foi apresentado em 2014 um PL - Projeto de Lei, de autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI) que autoriza a prática de jogos de cassino no País. O texto estabelece o funcionamento de cassinos e bingos, regulariza o jogo do bicho, traz a definição dos jogos que podem ser explorados, os critérios para autorização e as regras para distribuição de prêmios e arrecadação de tributos. Até o fechamento desta reportagem (dia 15 de dezembro de 2015), o PLS nº 186/2014 havia sido aprovado pela Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, relatado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT), que apresentou substitutivo fazendo algumas alterações ao texto. Maggi acatou emenda do senador Benedito de Lira (PP-AL) para proibir que políticos possam ser donos de casas de jogos de azar. Além disso, o texto do relator inclui uma restrição: apenas pessoas jurídicas que comprovem regularidade fiscal podem explorar esse tipo de negócio. A matéria prevê ainda o credenciamento máximo de dez casas de bingo por município e que os cassinos funcionem ligados a complexos integrados de lazer, construídos especificamente para esse fim, com hotéis e restaurantes. A ideia é associar os jogos ao turismo, de modo a potencializar os lucros e, consequentemente, a arrecadação do governo com essa atividade. O autor do projeto estima que o Estado brasileiro pode arrecadar até R$ 15 bilhões em impostos após a regulamentação dos jogos de azar. Durante a votação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e a senadora Gleisi Hoffmann (PTPR) esboçaram receio de que a regulamentação da exploração de jogos de azar venha associada ao

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Jane Santin

Herculano Passos – “O Brasil é naturalmente belo, nosso povo é acolhedor, quando tivermos os cassinos, quem não vai querer vir pra cá?”

aumento de práticas ilícitas como prostituição e tráfico de drogas. Buarque votou contra a matéria, enquanto Hoffmann preferiu se abster. Outro embate foi sobre uma emenda do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) para que as casas de jogos ficassem restritas às regiões menos desenvolvidas do país, mas a proposta não foi acatada. O senador Antônio Anastasia (PSDBMG) disse que “em Minas Gerais, com 853 municípios, acompanhei o drama das prefeituras ao longo dos últimos anos, com a queda da receita, e também do estado”. Como o texto aprovado é um substitutivo, ainda precisará passar por nova votação em turno suplementar para ratificar o resultado. Em seguida, deverá ir para a Câmara

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dos Deputados, exceto se nove senadores apresentarem recurso para que o projeto seja apreciado também no plenário da Casa. O PLS nº 186/2014 defende que a prática dos jogos poderia aquecer o mercado turístico brasileiro, assim como garante a existência econômica de muitos países, incluindo os vizinhos sul-americanos. Trata-se de dezenas de milhares de novos postos de trabalho e renda, diretos e indiretos, e a possibilidade de atrair investimentos, nacionais e internacionais, no potencial turístico de Estados e Municípios. Segundo o documento, dos 193 países-membros da ONU, a grande maioria (146 nações) tem bingos e cassinos legalizados enquanto o Brasil integra a lista dos países em

que há a proibição, sendo 75% deles países islâmicos. Na justificação do projeto, o autor argumenta que os jogos de azar fazem parte da cultura e sua proibição não tem sido capaz de impedir que ocorram. “A realidade evidencia que ninguém vai deixar de apostar em determinada forma de loteria porque está proibido; as apostas continuarão a ser realizadas, só que de forma clandestina, com todos os seus malefícios”. No Brasil se fala tanto em fonte de financiamento e expansão da hotelaria brasileira, tendo em vista que o BNDES é bastante moroso e burocrático na liberação de verbas, assim como o assunto é tratado como um tabu nos bancos privados. Então, por que não se


regulamenta os jogos nos hotéis e parte do que for arrecado poderia ser destinado a fundo de investimento no próprio setor? Este é o ponto de vista de um importante representante de entidade do setor hoteleiro que pediu para não ser identificado. Ele não poupa críticas à falta de vontade política de regulamentar o assunto. “Vivemos num País em que a hipocrisia impera e mesmo sabendo que bilhões de reais são perdidos na sonegação de impostos e a jogatina corre solta, o Governo Federal não faz absolutamente nada para equacionar o assunto. Talvez por que não queira arrumar concorrentes para os jogos da Caixa. Que por sinal, não são diferentes dos chamados jogos do azar dos cassinos, pois a arrecadação do Governo é de 70% e os 30% que sobram, são repartidos entre os apostadores e quem ganha um prêmio grande nunca aparece”, questiona a fonte.

Primeiros passos A legalização dos cassinos no Brasil voltou a ser debatida em 2015. Quem está à frente deste assunto é o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, o deputado federal Herculano Passos (PSD-SP), que realizou uma audiência pública na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados em novembro de 2015. Conforme o deputado, o fomento do turismo, a geração de empregos e o aumento da arrecadação de tributos são as principais vantagens da legalização dos cassinos no País. “A legalização dos cassinos gerará uma arrecadação oriunda de impostos que apenas quem joga irá pagar. Dessa forma não penalizamos toda a população com a criação de mais um imposto como a CPMF, por exemplo. A previsão é que, no primeiro ano de funcionamento, os cassinos gerem R$ 20 bilhões de arrecadação e em

10 anos isso chegue a R$ 100 bilhões”, argumenta o Deputado. A manutenção do turista brasileiro no País e a vinda de estrangeiros para jogar aqui é outra das vantagens apontadas por Herculano. “Quando você vai para o Uruguai ou Las Vegas, o que mais vê são brasileiro jogando. Então, todo esse dinheiro que eles estão gastando lá com passagem, hospedagem, alimentação, shows, etc, poderia estar sendo gasto aqui”, destaca o parlamentar. “Além disso, o Brasil é naturalmente belo, nosso povo é acolhedor, quando tivermos os cassinos, quem não vai querer vir pra cá?”, argumentou. O ex-presidente da Associação Brasileira de Resorts, Luiz Daniel Guijarro, disse que a legalização dos cassinos permitiria um aumento das taxas de ocupação dos resorts no País e dobraria o faturamento do setor. As projeções feitas, caso os cassinos sejam legalizados, apontam que a receita seria de R$ 2,16 bilhões. “Há um espaço para crescimento, se a gente considera a probabilidade de ter cassinos, já que, com esse segmento, vamos dar um salto de ocupação. É um segmento que traz uma linearidade, diferente do lazer e de eventos corporativos que são sazonais”, disse Guijarro.

Potencial econômico O Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, reiterou que o jogo ilegal no Brasil movimenta R$ 18 bilhões e com isso, o País tem um potencial em várias cidades do interior e será benéfico para a economia se os cassinos forem legalizados. “Só com os cassinos, o setor de turismo teria mais 400 mil postos de trabalho e ganharia mais investimentos internacionais”, prevê Sampaio ao defender a possibilidade de cassinos nas capitais, mas ressaltando que o foco seja a interiorização dos empreendimentos.

Para o presidente da Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux, Márcio Santiago, o Ministério do Turismo deveria ser responsável pela regulação, fiscalização e arrecadação dos impostos relacionados aos cassinos. “O Brasil é o 4º país que joga nos cassinos de Las Vegas. Nós saímos daqui para jogar lá fora. São divisas que o Brasil deixa de receber”, lamentou.

Desenvolvimento dos municípios O vice-presidente Institucional da Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes Municipais de Turismo, Tenielson Campos, afirmou que a legalização dos cassinos no Brasil é uma saída para levar o desenvolvimento onde não existe o turismo e que não se restrinja apenas aos resorts. “O cliente chega do aeroporto, vai direto para o resort e faz tudo ali. Isso não pode ficar só lá dentro, é preciso gerar oportunidade para o empreendedor local”, defendeu. O assessor da presidência da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo, Walter Ferreira, acredita que os cassinos no Brasil poderão ser um atrativo para o país perante os demais países quando não houver mais os grandes eventos em pauta. “É preciso se preocupar com a imagem do Brasil no exterior quando não tivermos mais a mídia espontânea (como a Copa e as Olimpíadas). Olhando experiências internacionais, essa pode ser uma fonte de recurso para a promoção internacional permanente. A Embratur precisa de recursos perenes para bancar essa promoção no exterior”, salientou. Para Ferreira, todas as formas que buscam desenvolver o turismo no Brasil interessam ao governo. “Nosso País fideliza: 78% das pessoas que nos visitam voltam. Com o fim dos grandes eventos, essas podem ser as novas saídas.” As sugestões

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Cláudio Araujo

levantadas na audiência pública foram encaminhadas para a Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, que analisa a liberação de outros jogos de azar como bingos e jogo do bicho.

Defesa sindical Sob o argumento da volta dos cassinos no Brasil ser uma das saídas para a crise econômica no país, com déficit de 0,9% do PIB projetado no Orçamento da União em 2016, a CONTRATUH - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade também defende a volta da legalização do jogo no Brasil. “O jogo é uma possibilidade de arrecadação para

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o governo que não onera o trabalhador, capacita funcionários e atrai investimentos em infraestrutura e crescimento para regiões turísticas”, afirma Moacyr Roberto Tesch Auersvald, presidente da Confederação. Somente casas de bingo empregavam cerca de 320 mil trabalhadores diretos e indiretos antes da proibição para funcionarem. “Essa também pode ser uma das alternativas à polêmica volta da CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira”, explica o sindicalista. Para ele, a crise precisa de soluções imediatas e de impacto positivo, pois afeta não só a qualidade de vida da população, mas os serviços

em geral e as negociações trabalhistas. “O aumento do desemprego deixa o trabalhador vulnerável, com menos força para negociar seus direitos e correções salariais”, argumenta Moacyr.

Diversão gratuita para toda família Enquanto a discussão da legalização dos cassinos nos hotéis no Brasil se arrasta, alguns empreendimentos promovem regularmente a diversão dos hóspedes, principalmente nas férias, como se eles estivessem em Las Vegas com direito a mesas profissionais de pôquer, black jack, roleta, etc. Este é o caso do resort Costão do Santinho, em Florianópolis (SC) e dos hotéis paulistas, Sofitel Jequitimar Guarujá, Grande


A audiência pública à favor da volta dos jogos de cassino no Brasil ocorreu no último mês de novembro

Hotel Campos do Jordão e o Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort. E os resultados animadores atraem e fidelizam os hóspedes, que se divertem sem desembolsar absolutamente nada para jogar ou aprender, contando com o apoio de empresas especializadas. Um dos jogos mais praticados é o pôquer, que é um esporte e não um jogo de azar, já que desde 2010 está integrado à Associação Internacional dos Esportes de Mente, ficando na mesma categoria do xadrez e do jogo de damas. O pôquer é um jogo de combinação de cartas: as duas que os jogadores recebem com as cinco que são abertas na mesa. A cada rodada, é possível apostar ou desistir. Quem fizer a melhor sequência, em tese, tem

mais chance de ganhar as fichas. São essas as simples regras do pôquer, que se tornou, nos últimos anos, um dos principais jogos de inteligência praticados no Brasil e no mundo. De olho nesta tendência, o Intercity Premium Caxias do Sul, hotel situado na cidade homônima da Serra Gaúcha, abriga o Poker City, um espaço de 320 m², localizado no sétimo andar do empreendimento. O local contempla cinco mesas de jogo – com capacidade para atender ao mesmo tempo 60 jogadores –, sala de estar com lareira, além de bar e bistrô, que serão administrados pelo próprio hotel, por meio do maître Marcelo Oliveira e do chef de cozinha Guilherme Quintian. O Poker City é aberto também aos hóspedes e funciona de segunda a sexta-feira, a partir das 18h00, e aos sábados, domingos e feriados, a partir das 14h00. Para Vinicio Bin, Gerente Geral do hotel Intercity Premium Caxias do Sul, a prática de jogo de pôquer é uma novidade, principalmente no mundo hoteleiro. “Existem torneios que ocorrem há mais tempo em hotéis do Brasil, mas ainda é muito revestido de preconceito e dúvidas acerca da prática. É fato que a prática deste esporte da mente, reconhecido pelo Ministério do Esporte e ligado à Federação de Xadrez, vem cada vez mais ocupando espaço no cenário brasileiro e conta com mais adeptos a cada dia. A hotelaria não pode ficar de fora dessa tendência que se traduz num novo tipo de negócio e oportunidades em âmbitos turísticos”, afirma o gerente. Segundo Vinicio, os hotéis tem cada vez mais se preocupado em oportunizar experiências novas e únicas para seus hóspedes e o pôquer é uma forma de proporcionar

aos hóspedes e ao público em geral uma forma de entretenimento. Quando esse entretenimento ocorre no ambiente do hotel, soma-se a todas as outras facilidades e conforto que ele busca, sem precisar se deslocar. “Acredito que o jogo é uma prática antiga, mas que sofre resistências no Brasil e carece de uma regulamentação adequada, para que possa proporcionar os devidos benefícios à população como ocorre em outros países. Acredito que o Brasil teria muito a ganhar com uma legislação adequada. Em determinados polos hoteleiros, seria muito benéfico ao turismo e a distribuição de renda interna, se houvessem locais que pudessem explorar jogos no Brasil. Não faz sentido que o brasileiro tenha que sair do país que vive para poder jogar em outro país porque considera a prática de jogos ilegal”, opina o gerente. De acordo com Vinicio, deveriam haver formas de combater que as pessoas percam verdadeiras fortunas nesses cassinos e caiam em ruína. “Certamente, temos muito que avançar na discussão desse assunto que acredito que há muita polêmica e opiniões contrárias no país. Mas a proibição cria mercados ilegais mais danosos à sociedade do que a liberação regulamentada”, aponta o gerente. O hotel locou um espaço do hotel para a prática de torneios de pôquer, que são permitidos no Brasil. A operação desse tipo de atividade requer dedicação especial e diferenciada. Contudo, o hotel não vê como possa operar esse nicho de mercado. Na opinião do gerente geral do Intercity, talvez um hotel projetado com essa proposta possa ousar em operar um clube de pôquer, mas na modelagem dos hotéis atuais, voltados a negócios ou ao turismo de lazer, é incompatível a operação pelo próprio hotel. O Poker City é uma empresa que locou uma área do hotel, administrado

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Fernando Cavalcanti

Moacyr Roberto – “O jogo é uma possibilidade de arrecadação para o governo que não onera o trabalhador, capacita funcionários e atrai investimentos em infraestrutura e crescimento para regiões turísticas”

pelo empresário Julio Trindade, e que já carrega a experiência de uma operação no hotel Majestic de Florianópolis (SC). O clube realiza torneios de pôquer na modalidade única e exclusiva Texas hold. O clube está aberto ao público por meio de inscrições nos torneios de curta duração e com número limitado de inscrições. Nesse sentido, todos que dominam e conhecem esse jogo tem condições de participar desses torneios. De toda forma, o Intercity Premium não visa competir com outros hotéis da América Latina que dispõem de cassinos propriamente ditos. Na realidade, o Poker City é uma operação totalmente distinta de um cassino. O gerente explica que o Clube tem uma proposta de entretenimento unicamente na prática de torneios de pôquer, que não pode ser confundido com Cassino, que tem outra conotação, principalmente no Brasil. “A

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proposta do hotel com a locação desse espaço para a prática desse jogo se dá muito mais buscando o lazer do hóspede como uma forma de aumentar o faturamento. Inegavelmente, quando pensamos em proporcionar atratividade ao hotel, a expectativa de aumento de ocupação e receita vem atrelada ao conceito e esperamos poder proporcionar a melhor experiência possível a nossos hóspedes e clientes. Para que possamos surpreendê-los, precisamos ousar nas operações hoteleiras, saindo do convencional. As pessoas buscam cada vez mais novas experiências e sensações positivas em suas viagens. Os hotéis precisam fazer parte desse circuito e proporcionar aos seus hóspedes experiências que possam ir além de suas expectativas. Não cabe mais em nosso mercado fazer mais do mes-

mo. É necessário ir além e buscar em outros mercados práticas inovadoras e que gerem resultados positivos”, conclui Vinicio. Outro empreendimento que apostou numa estratégia comercial com a temática de jogos de cassino é o Paradise Golf & Lake Resort. O resort localizado em Mogi das Cruzes (SP) já promoveu uma série de ações para atrair, fidelizar e divertir os hóspedes. “Debatemos uma série de ações e resolvemos nos inspirar 100% na cidade de Las Vegas que é sinônimo de entretenimento. Mesmo com jogos de cassinos sem apostas, nossa ação teve uma programação contando com casamento em capela e até show com Elvis Cover. Temos trabalhado para buscar formas inovadoras e diferenciadas de entretenimento para atender nossos hóspedes”, destacou Ricardo Aly, Diretor Comercial do Paradise Golf & Lake Resort.


Vinicio Bin – “Em determinados polos hoteleiros, seria muito benéfico ao turismo e a distribuição de renda interna, se houvessem locais que pudessem explorar os jogos no Brasil”

O Intercity Premium Caxias do Sul (RS) conta com o Poker City, um espaço de 320 m², localizado no sétimo andar do empreendimento

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Hotéis incrementam permutas para enfrentar o momento econômico A prática que remonta os primórdios da humanidade ganha força no segmento hoteleiro que repõe equipamentos e ainda combate à baixa ocupação

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troca de bens por produtos, serviços ou utensílios remonta os primórdios da humanidade onde se trocava sal por carne de caça, frutas por couro ou peles de animais, ou mesmo arcos e flechas por pedras lascadas que serviam de armas ou mesmo para acender fogo. O sistema de escambo evoluiu, ganhou força e chegou até mesmo às academias de ensino. Durante os primórdios da Universidade de Harvard no século 17, as mensalidades podiam ser trocadas por madeira, gado ou materiais de construção. A chamada moeda escambo evoluiu no tempo e ainda hoje continua sendo uma prática muito comum, mesmo com a evolução tecnológica dos meios de pagamentos. Realizar compras sem desembolsar dinheiro, preservando o fluxo de caixa das empresas é uma prática comum na Europa e em vários países do mundo. Um exemplo é a Argentina, que durante a crise econômica da década de 1990 investiu no desenvolvimento desse mercado. Atualmente, existem dezenas de empresas gerenciadoras de permutas no país vizinho. Outro exemplo é os Estados Unidos, maior mercado de trocas do mundo, onde são realizados anualmente mais de 450 milhões de negócios. Com a adoção dos meios eletrônicos de pagamentos a indústria

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da permuta perdeu um pouco o espaço, mas diante do atual cenário econômico mundial, ganhou força total, principalmente no segmento corporativo. Segundo estimativas da IRTA - International Reciprocal Trade Association -, aproximadamente 470.000 empresas permutam um total de US$ 4,5 bilhões de dólares em vendas anuais no mundo.

Negócio seguro e vantajoso A permuta multilateral, diferente da troca bilateral, praticada em alguns segmentos, permite uma infinidade de possibilidades de trocas. Os produtos e serviços são ofertados à rede de associados, que por sua vez os compram com créditos gerados pelas vendas de seus próprios produtos e serviços. É um conceito inovador de fazer negócios, que promove o consumo responsável por meio da utilização de estoques parados e capacidade ociosa. Além de contribuir para a redução de custos, já que a empresa pode trocar seus produtos e serviços ao invés de investir caixa em novas aquisições, a permuta multilateral incentiva o uso dos estoques do que já foi produzido. Desta forma, a permuta multilateral estimula a sustentabilidade, ao refrear a produção de novos bens. Com a atual conjuntura econômica, a popular permuta se consolida com força total no Brasil e vários hotéis estão vendo isto como

uma grande oportunidade de negócio ao trocar camas, colchões, equipamentos e utensílios de cozinha, montar uma sala de ginástica ou de reuniões, preservando o fluxo de caixa. Para fazer estas intermediações existe no Brasil a empresa Tradaq que utiliza em suas transações a moeda chamada de único. A Tradaq trouxe para o Brasil o conceito de permuta multilateral em 2000 e desde então tem seguido como a maior empresa do setor no País. É afiliada à IRTA - International Reciprocal Trade Association, organização internacional que promove os interesses da indústria de permuta pelo mundo. “Atualmente contamos com uma rede de mais de 1500 associados que por meio de seus produtos e serviços transformam capacidade ociosa e estoques parados em

José Rivero: “Hoje os hotéis são responsáveis por 15% das operações realizadas pela nossa empresa”


dinheiro e liquidez para seus negócios. Esperamos crescer 15% em 2016 dentro do complicado entorno econômico que o País enfrenta, pois representamos uma proposta muito atrativa em tempos de pouca liquidez”, revela José Rivero, Diretor geral da Tradaq no Brasil.

Momento de oportunidades Rivero vê o atual momento econômico que vive o País como uma grande oportunidade e tem percebido o interesse de empresas que procuram a permuta não somente para diminuir custos, mas principalmente para alavancar os seus negócios diante do cenário reces-

sivo, com a prospecção de novos clientes. Rivero projeta uma estimativa de crescimento de 100% para os próximos cinco anos. E um dos setores que mais vai alavancar este crescimento são os hotéis. “O setor hoteleiro possui enorme potencial para a permuta multilateral. Além da constante demanda por parte dos associados, o segmento pode aproveitar os momentos de baixa ocupação para alavancar as vendas e acessar novos clientes. Hoje os hotéis são responsáveis por 15% das operações realizadas pela nossa empresa. Os mais de 100 associados que temos, buscam constantemente as ofertas de hotéis tanto

para negócios como para lazer e os hotéis, por sua vez, procuram desde publicidade e comunicação institucional ate produtos como: linha branca, guarda-sol, móveis de piscina e serviços de tecnologia e informática”, explica Rivero. A permuta pode ser também uma boa alternativa para os hotéis aumentarem a ocupação dos apartamentos na baixa temporada. Os quartos não vendidos significam receita que deixa de entrar no caixa da empresa, uma vez que não se pode estocálos para vender quando a demanda aumentar. Em contrapartida, com a venda de diárias em permuta o hotel transforma

O Hotel Vacance de Águas de Lindóia (SP) já adquiriu diversos equipamentos na base de permuta que equivalem a R$ 1,5 milhão

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O Hotel Casa Grande no Guarujá é outro meio de hospedagem que utiliza o sistema de permuta

quartos e apartamentos em oportunidades de negócios. O mesmo vale para o setor de turismo, seja para as locadoras que não conseguem estocar diárias de carros não vendidos, como para companhias aéreas que não estocam assentos desocupados.

Ferramenta comercial O Hotel Vacance, localizado em Águas de Lindóia, interior de São Paulo, é um dos empreendimentos que utiliza a permuta com uma eficiente ferramenta comercial. “Através da empresa Tradaq já adquirimos piso laminado, carpetes, mídia impressa, outdoor, locação de bens móveis, gêneros alimentícios diversos, móveis de escritório, material elétrico e hidráulico, gra-

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nito e mármore, material gráfico, enxoval diverso de cama, mesa e banho, hospedagem em outros hotéis e até serviços de entretenimento que chega ao valor de R$ 1,5 milhão. Considero interessante este sistema de permutas em virtude do que ele pode representar ao estabelecimento de parcerias comerciais que proporcionam indiretamente a divulgação de sua marca e a difusão dos seus serviços com maior fidelidade. Portanto, indo muito além da simples operação de troca entre fornecedores distintos”, analisa Flávio De Lucca, Gerente do Vacance Hotel. Segundo ele, no momento está negociando a aquisição de carpete de alto tráfego que tem como propósito a inovação do centro de convenções.

Outro tradicional meio de hospedagem que utiliza permuta para é o Casa Grande, localizado na praia da Enseada no Guarujá (SP). “Nós já trabalhamos com o sistema de permuta há mais de 20 anos, pois facilita o processo de renovação e manutenção de nossos equipamentos. Ao longo deste período, fizemos inúmeros produtos e serviços, e entre outros, está uma divisória acústica para sala de reunião, tapetes e carpetes para diversas áreas do hotel que teve um valor aproximado R$150 mil. Devemos incrementar ainda mais as permutas em 2016 em razão do atual momento econômico que incentiva e promove esta modalidade de negócio”, destaca o Gerente de hospedagem, German Montoya.


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Parques dentro dos hotéis aumentam as taxas de ocupação

Este conceito é largamente utilizado nos Estados Unidos e assegura uma alta taxa de ocupação durante o ano todo. No Brasil o segmento avança, mas é necessário superar uma série de dificuldades em razão do alto custo dos equipamentos e a atividade complexa

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Os parques da Disney recebem um grande público e asseguram altas taxas de ocupação aos hotéis

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O

s parques temáticos nos Estados Unidos são fontes inesgotáveis para atrair turistas do mundo inteiro e com isto, os hotéis que ficam dentro ou no entorno, asseguram altas taxas de ocupação durante o ano inteiro. E um bom exemplo é Orlando, onde se concentram vários parques, fazendo com que a cidade recebesse 62 milhões de turistas em 2014, de acordo com o Visit Orlando, o órgão de turismo oficial da cidade da Flórida. E a maioria dos visitantes são estrangeiros. Para se ter uma ideia comparativa, o Brasil que é um verdadeiro continente com muitas belezas naturais e ecossistemas agora que conseguiu chegar a casa de 6 milhões de turistas ano, isto graças a visibilidade da Copa do Mundo de 2014. A importância que representa os parques para a hotelaria de Orlando é traduzida nos números de turistas. O resultado foi um recorde de 32 milhões de diárias vendidas nos hotéis de Orlando no ano passado, com uma arrecadação de impostos de US$ 200 milhões. E os esforços para atrair e fidelizar os hóspedes continuam, pois somente no ano passado, as duas maiores empresas de entretenimento de Orlando inauguraram novas áreas nos seus parques temáticos. O Walt Disney World Resort inaugurou uma nova área, a New Fantasyland, e o Universal Orlando Resort inaugurou a he Wizarding World of Harry Potter – Diagon Alley. No Brasil esta realidade ainda está um pouco distante, mas já começamos a andar em passos largos para que os parques sejam verdadeiras âncoras para atrair cada vez mais hóspedes aos hotéis. Nas décadas de 80 e 90 houve várias implantações de parques aquáticos no Brasil. Alguns destes não obtiveram sucesso, pois não faziam parte de um resort ou nem mesmo tinham uma estrutura hoteleira próximas. Dependiam exclusivamente da venda de tickets

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Carlos Mauad: “Entre os parques que estamos projetando e os que estão sendo implantados, estimamos um investimento na ordem de R$ 160 milhões”

para visitantes. “Hoje a realidade mudou e existe uma sinergia muito forte entre o negócio resort e o negócio parque aquático. O Parque Aquático já nasce com uma demanda de usuários garantida, que são os hóspedes do resort. Esta demanda é significativa e muitas vezes chega a 60% dos usuários do Parque, percentual este que normalmente cobre todos os seus custos operacionais. A venda de tickets para visitantes (40 % dos usuários) entra para maximizar o resultado econômico. O resort por sua vez agrega na sua estrutura de lazer um parque aquáti-

co que por vocação é um complexo de diversões aquáticas, que abrange praticamente todas as faixas etárias fortalecendo desta forma o produto família. O parque aquático também servirá para eventos noturnos tais como Shows de médio e grande porte, jantares exclusivos entre outros. Com este importante diferencial agregado, o resort tem um aumento na sua taxa de ocupação”, assegura o Arquiteto Carlos Mauad. Ele fala com bastante propriedade do assunto, pois nos últimos 20 anos projetou vários parques aquáticos no Brasil, entre eles o


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Hot Park do Rio Quente Resorts e o Enotel Parque Aquático exemplos de Parques junto com Resorts. “Em implantação de nossos projetos está o Hot Beach em Olímpia que é um Parque Aquático juntamente com um complexo hoteleiro com aproximadamente 1.100 apartamentos; a Praia Thermal do Mabu Foz do Iguaçu, que é a fase um do projeto completo. Em fase de projeto, estamos desenvolvendo mais dois Parques Aquáticos no nordeste, inseridos também em Resorts existentes. Entre os que estamos projetando e os que estão sendo implantados, estimamos um investimento na ordem de R$ 160 milhões”, diz Mauad. Para Alain Baldacci, Presidente do SINDEPAT — Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas, o conceito de parques que literalmente estão dentro de hotéis, é muito desenvolvido no exterior, mas principalmente nos Estados Unidos, sendo que grande maioria deles, são parques aquáticos indoor (cobertos) e aquecidos. Esta tem sido uma poderosa fórmula de sucesso, totalmente consolidada. “No Brasil temos muito poucos exemplos dessa simbiose. O maior e mais bem sucedido caso é a Pousada do Rio Quente, a pioneira e que evoluiu se tornando um grande complexo reunindo vários hotéis e atrações para explorar o parque termal e que há alguns anos construiu o Parque Aquático Hot Park que é um case de sucesso”, revela Baldacci. Segundo ele, no Brasil os parques aquáticos são os que de fato predominam como atrativo junto aos hotéis, principalmente os termais e acredita que isto seja uma herança histórica da presença de uma piscina em hotéis de boa categoria, as quais recentemente não têm sido bastante utilizado pelos hóspedes, como no passado. Mas os parques temáticos também possuem uma grande sinergia com a hotelaria, pois muitos hotéis foram construídos no Brasil em

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seu entorno. Por outro lado, outros resorts desenvolveram algumas atividades temáticas e aquáticas para entreter hóspedes, porém estas não são consideradas de fato parques temáticos. “Como os parques temáticos são sempre um atrativo que funciona como uma âncora na captação de turistas e considerando que o turista é aquele que viaja e pernoita fora do lar, a relação Parque/Hotel é quase que umbilical. No passado os parques não se preocupavam com a instalação de hotéis próximos aos empreendimentos e deixaram que

esta tarefa fosse resolvida espontaneamente pelo mercado através dos hoteleiros tradicionais. Mais modernamente, novos e grandes projetos de Parques já contemplam no seu planejamento inicial, a construção de unidades hoteleiras próximas, que possam trabalhar em complemento ao atrativo turístico. Portanto, não se trata de parques temáticos nos hotéis e sim de Parques e Hotéis trabalhando próximos fisicamente e muito ligados comercialmente”, assegura Baldacci. Ele destaca que para o crescimen-

Alain Baldacci: “Os parques temáticos são sempre um atrativo que funciona como uma âncora na captação de turistas”


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to dos parques temáticos no Brasil é necessário superar uma série de dificuldades em razão do alto custo dos equipamentos e atividade complexa. “Os parques temáticos é talvez uma das mais complexas dentro do setor de serviços e no segmento de turismo. Possui custos elevados de equipamentos, que na maioria são estrangeiros, altíssimos impostos de importação, leis trabalhistas anacrônicas para uma atividade sazonal de muitos altos e baixos de visitação, preço exorbitante da energia elétrica, falta de linhas de financiamentos adequadas, pouco apoio na promoção comercial e tantos outros que tornam este um negócio muito difícil. Apesar de tantos empecilhos, o mercado brasileiro é enorme e muito carente deste tipo de empreendimento, razão pela qual, ainda vale a pena aventurar-se a empreender neste setor que, quando tiver as condições de negócio mais facilitadas, será um grande instrumento de ampliação e crescimento do turismo no Brasil”, assegura Baldacci, revelando que os 18 parques que integram o SINDEPAT recebem mais de 12 milhões de visitantes por ano e, juntos, faturam cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. E quem também acredita no potencial de crescimento dos parques junto aos hotéis no Brasil nos próximos anos, é Maria Carolina Pinheiro, Diretora geral no Brasil da RCI — Resorts Condominiums International. A empresa lidera o segmento de vacation no Brasil, sistema de férias compartilhadas por uma semana, e na opinião de Carolina, este é sistema é perfeito para ser implantando em hotéis que possuem parques. “Um hotel que desenvolve um Vacation Club, um time share ou um fractional, agrega muito valor a um parque. Consideramos um casamento perfeito, especialmente pelo fato de facilitar a captação de clientes no parque para venda do vacation. No Brasil,

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Maria Carolina Pinheiro: “Um hotel que desenvolve um Vacation Club, um time share ou um fractional, agrega muito valor a um parque”

identificamos que todas as regiões dispõem de endereços de sucesso que contam com parques aquáticos. São os casos dos complexos Rio Quente Resorts, com o Hot Park; di Roma, com o di Roma Acqua Park, todos em Goiás, no Centro-Oeste. Representando a região Sudeste, podemos citar o tradicional Parque Aquático e Pousada Magic City, em Suzano, e o Hot Beach, em construção em Olímpia, ambos em cidades do interior paulista, enquanto o Rio de Janeiro conta, entre outros, com o Le Canton com uma parque de diversões em Teresópolis. Na região Sul, recentemente inaugurado o

Parque Snowland em Gramado, um parque indoor com neve, e o Parque Aquático Termal Lago de Itaipu, no Paraná. A Rede Mabu também criou uma praia termal no hotel em Foz do Iguaçu. Não poderíamos falar do Nordeste do País sem citar o Enotel Acqua Club, em Pernambuco, e, ainda o tão conhecido Beach Park, localizado no Ceará, uma case na região Nordeste. Todos estes são empreendimentos afiliados à RCI e reconhecidos como endereços de sucesso em seus destinos”, revela Carolina. Ela acredita que o perfil do brasileiro, da família brasileira, o passeio ou viagem tem mudado muito nos


últimos anos e que o parque faz todo o sentido para nossa cultura, que gosta de viajar com toda a família. “Sem dúvida alguma, existe uma cultura estabelecida e os empreendedores brasileiros já estão buscando essa amenidade como uma opção de lazer. Mais do que tendências, estas são demandas já consolidadas pelo turista brasileiro. Citando especificamente o conceito de propriedade compartilhada, time share e fractional, podemos dizer que um parque é o lugar ideal para captação de clientes, um fator muito importante no sucesso de um projeto de time share ou fractional”, conclui Maria Carolina. Para o empresário que pretende investir no setor, aí vai uma importante recomendação de um especialista. “É necessária a assessoria de uma empresa experiente e solidifi-

cada, que possa analisar toda viabilidade e riscos do projeto, visando o sucesso, crescimento e faturamento do mesmo. Temos uma equipe especializada com mais de 20 anos de mercado em empresas nacionais e multinacionais, atendendo desde o estudo de viabilidade de um projeto até a entrega do produto ao consumidor final, passando por toda capacitação dos profissionais envolvidos. Sendo este um dos segmentos em crescimento, contamos com a experiência e assessoramos projetos em vários estados Brasileiros que trabalham nesse conceito”, enfatiza Antônio Carlos Melchiades Gomes, Diretor da empresa TC Brasil. Uma dica que ele deixa é que os parques aquáticos continuarão dominando por um curto período, até que os demais modelos de parques se consolidem, como por exemplo, parques de

neves, parques temáticos, que são alternativas promissoras para este segmento de mercado.

Case de sucesso O Aldeia das Águas Park Resort, em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro é considerado um case de sucesso no Brasil, pois oferece uma grande estrutura de lazer e hospedagem a menos de duas horas da cidade do Rio de Janeiro. Com o acesso feito tanto pela Via Dutra, quanto pela BR-393 atrai centenas de visitantes dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. O parque, internacionalmente conhecido pelo Kilimanjaro, certificado como o maior toboágua do mundo pelo Guinness Book com 49,9 metros de altura, é, desde 2009, sede do Village das Águas, um hotel com 160 apartamentos, área de lazer exclusi-

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O Kilimanjaro fica dentro do Aldeia das Águas Park Resort, e com seus 49,9 metros de altura é certificado como o maior toboágua do mundo pelo Guinness Book

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va e total acesso ao parque aquático. Até 2017 duas novas unidades serão inauguradas. Foi lançado no final de 2015 o Quartier das Águas com 192 apartamentos, piscinas adulto e infantil, bar molhado, spa e área fitness. Os investimentos ultrapassam os R$ 15 milhões. Também será lançado o Imperium das Águas, a unidade cinco estrelas do complexo hoteleiro com 216 apartamentos. De acordo com Júlio Sellani, Gerente comercial e marketing do Aldeia das Águas, implementar hotéis em parques temáticos é a nova tendência do mercado, nós já investimos nesse ramo há alguns anos e podemos afirmar que os negócios se complementam. “Temos um amplo centro de convenções com 12 salas onde realizamos desde palestras a festas de casamento e de formaturas. O parque atua como um chamariz e o hotel como um importante ponto de apoio. Esse tipo de investimento abre um vasto leque de negociações”, salienta Sellani. Além das novidades da hotelaria o parque está inaugurando dois novos brinquedos. Um voltado para toda a família e o outro para quem gosta de emoção e adrenalina. Mais desafiador, vai complementar o Circuito Radical, composto atualmente pelo Kilimanjaro, arvorismo, tirolesa e muro de escalada. “Os investimentos no parque prosseguem. Estamos preparando duas novas atrações que prometem agradar a todos os gostos. Nesta temporada inauguramos um brinquedo chamado Yuppie, uma rampa molhada com 35 metros de comprimento onde é possível escorregar de boia até a queda na água. O investimento foi de R$ 700 mil, mas o retorno é incalculável, a rampa é uma das atrações preferidas de pessoas de todas as idades”, comemora Sellani.

Incentivo governamental Recentemente o Governo Federal publicou no Diário Oficial da União,

a Resolução Camex n°23/2013, que incluiu sete novos ex-tarifários na LETEC - Lista Brasileira de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul, referentes a equipamentos para parques aquáticos, classificados no código 9508.90.90 da NCM — Nomenclatura Comum do Mercosul. O objetivo da redução tarifária é incentivar a instalação e modernização de parques temáticos no Brasil, contribuindo para desenvolver o turismo, geração de empregos e distribuição de renda. Com a inclusão dos novos ex-tarifários na Letec, o imposto de importação de equipamentos para parques aquáticos que era de 20% passou para 0%. O que pesou nesta decisão, foi que não há fabricação nacional de equipamentos dentro das especificações que estão detalhadas na resolução. Isto foi um incentivo para o empresariado brasileiro importar os equipamentos para instalar nos parques aquáticos e os resultados começam a aparecer. O Rio Quente Resort inaugurou no mês de novembro de 2015 o Hotibum, um brinquedo instalado no Hot Park que demandou um investimento de R$ 12,5 milhões. O Hotibum é uma mega estrutura de 5.400 m² de área total, onde estão duas piscinas, oito toboáguas, um balde com 12 metros e 221 itens interativos, como sprays, jatos, cortinas e rodas d’água, que permitem a exploração e a criação de diversas brincadeiras. Os toboáguas e brinquedos são de fabricação da canadense Whitewater, que possui mais de 30 anos de experiência no segmento. O modelo escolhido para o Hotibum é o Aquaplay Rain Fortress6. O complexo aproveitou para reformular os personagens da Turma do Cerrado que ficaram de cara nova. O design e visual dos oito animais e do indiozinho foram modernizados e agora contam com imagem em 3D. Zira, Kaipó, Blá, Bola, Juba, Lara, Marina, Piopardo e Valente são os responsáveis pela

diversão, e continuam interagindo com os pequenos, organizando atividades como caça ao tesouro, escolinha de artes e gincana, além de incentivá-los a perceber e respeitar a natureza ao seu redor.

Vaikuntudo Outro importante parque aquático localizado dentro de um hotel que acaba de implantar um novo brinquedo é o Beach Parque, localizado em Aquiraz (CE). No nome do brinquedo já é um incentivo, se chama Vaikuntudo que possui 25 metros de altura, o equivalente a um prédio de seis andares. O brinquedo tem um toboágua que conduz até um grande funil colorido com 18,5 metros de abertura e a velocidade média de descida poderá atingir 43 km/h ao percorrer o tubo de 240 metros. O tempo de descida no brinquedo é de 20 segundos a 43 km/h, com quatro pessoas por vez. O fluxo de água da nova atração equivale a 690 baldões de uma outra grande equipamento, o Acquashow. “Foi investido R$ 13 milhões nessa atração, que é maior toboágua do mundo na categoria tornado”, disse Murilo Pascoal, Diretor geral do Beach Park.

Parque aquático Blue Park A Mabu Hotéis & Resorts também aposta em parque aquático para atrair e fidelizar ainda mais seus hóspedes e lançou recentemente o parque aquático que será construído na unidade de Foz do Iguaçu e será o primeiro na terra de águas termais do Paraná. A previsão é de que a primeira fase seja entregue em dezembro de 2017 e a entrega final está prevista para 2019. O projeto contará com atrações como o Wizzard – quatro toboáguas interligados –, o Aqualoop – tobogã com 20 metros de altura e 70 metros de extensão, o Rio Lento Infantil com 40 cm de profundidade; o Aquaplay e uma grande praia de ondas. Os clientes do My Mabu poderão acessar livremente o

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Am3 Filmes

Jerôme Dardillac – “Ninguém ingressa na cozinha sem passar por treinamento”

parque aquático durante as semanas de hospedagens, com o mesmo tempo de uso do empreendimento sem pagar nada a mais para tal. O parque demandará investimentos de R$ 50 milhões, e busca atrair não apenas hóspedes e proprietários do My Mabu, mas também moradores de cidades vizinhas e visitantes de Foz do

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Iguaçu. “O turismo representa 15% do PIB de Foz, e este será um novo atrativo para a região, gerando movimento constante e aquecimento do turismo e da economia da cidade e do estado”, afirma Wellington Estruquel, CEO da Mabu Hotéis & Resorts.

Novas atrações

Outro empreendimento hoteleiro que acaba de concluir um investimento em parque aquático é o resort temático Barretos Country, na cidade de Barretos (SP). No último dia 10 de dezembro de 2015 foi inaugurado dez novas atrações de sua expansão iniciada em meados de abril, entre elas uma moderna piscina de


O Hotbum é uma mega estrutura de 5.400 m² e esta nova atração do Hot Park demandou um investimento de R$ 12,5 milhões

e conta com extensa praia que percorre área de 2,5 mil m 2 simulando uma verdadeira orla com infraestrutura típica de litoral, com quiosques, ambientação com coqueiros e tematização country. Com a ampliação, o parque aquático integrado ao hotel passa a ter 60 mil m 2, podendo receber até 3 mil pessoas por dia. A expectativa é que o empreendimento receba até 100 mil pessoas por ano.

Investimentos de R$ 130 milhões

ondas, seis novos toboáguas e tirolesa de 210 metros de extensão que atravessará parte da fazendinha instalada no local, completando as atrações de aventura recentemente implantadas no local, como arvorismo e escalada. O principal atrativo da ampliação é uma piscina com 2.139 m 2, que gera até 32 tipos de onda

Quem visita a cidade paulista de Olímpia já pode observar, praticamente de qualquer ponto da cidade, o toboágua, uma das atrações mais radicais do Parque Aquático Hot Beach, que entra em operação no último trimestre de 2016. O escorregador gigante tem cerca de 35 metros de altura, o equivalente a um prédio de 12 andares, com partes curvas e outras retas, proporcionando descidas em alta velocidade. Além deste escorregador, existem outros brinquedos importados do Canadá e México para agradar o público adulto, infanto-juvenil e infantil, para quem quer muita emoção e para quem prefere mais tranquilidade. “Estamos entrando na reta final da montagem das atrações. No início de 2016 vamos iniciar uma campanha para que o público nos ajude a escolher o nome de cada um deles”, adianta Manoel Carlos Cardoso, Diretor de Operação, Entretenimento e Hospitalidade do Grupo Ferrasa, responsável pelo Complexo Aquático Hot Beach que exigirá um investimento de R$ 130 milhões. As atrações infantis, importados do Canadá, como mini escor-

regadores, gira-gira aquático, esfera d’água, fonte aquática, entre outros, já estão praticamente montados. “São brinquedos menores, com muita segurança. Já estão 80% instalados”, relata Gilberto Tonelli, Gerente de Obras e Manutenção do Grupo Ferrasa. Também segue dentro do cronograma a montagem das atrações infanto-juvenis, como escaladas aquáticas, pistas ligeiras, entre outros, importados do México. Igualmente, está entrando na fase final a instalação das atrações para o público adulto, como a piscina com 14 tipos de ondas e a praia artificial. “De maneira geral, as obras de todo o Parque Aquático estão 80% prontas, dentro do cronograma. Inclusive a construções civis grandes, como restaurantes, vestiários e banheiros. O paisagismo de todo o parque já está bem adiantado. E já estamos começando o trabalho de decoração, de composição dos detalhes”, acrescenta Tonelli. O Parque Aquático Hot Beach, além de praia artificial com areia branquinha, coqueiros e piscina com ondas, terá ampla área aquática para crianças, rio lento artificial adulto e infantil com água quente e natural, piscina com bares aquáticos, integrada ao lounge, deck molhado e sombrites em madeira rústica, cabanas Vips e muito mais. O Complexo aquático Hot Beach Olímpia, com 140 mil m² de área, é mais um empreendimento do Grupo Ferrasa, da sociedade Ferrato e Sant’Anna de Olímpia. O Hot Beach Resort, que está sendo construído no interior do Completo Hot Beach e será entregue último trimestre de 2016, também segue com as obras dentro do cronograma. O resort terá 484 apartamentos de 40 m² e restaurante projetado com padrões internacionais, além de uma praça de cozinha show, bar com estrutura para eventos musicais, lounge bar e centro comercial.

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O toboágua é uma das novidades que acaba de ser implantadas no Barretos Country

As obras do Parque Aquático Hot Beach estão bastante adiantadas e ele entra em operação no último trimestre de 2016

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Divulgação Transamérica Hospitality Group

Design e demanda podem orientar escolha do piso dos apartamentos

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A tecnologia na fabricação de carpetes evoluiu muito nos últimos anos, mas ele deixou de reinar absoluto na preferência dos hoteleiros, passou a dividir espaço com pisos frios e muitas opções e novidades estão chegando

O piso do apartamento é uma extensão da decoração da suíte

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O

setor hoteleiro no Brasil recebeu nos últimos anos um volume muito grande de recursos na modernização do setor, principalmente para receber os turistas que vieram e estão vindo para os grandes eventos esportivos – a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas deste ano. Prédios modernos, confortáveis e seguros estão moldando o cenário urbano de grandes e médias cidades do País, assim como pousadas e resorts que se inseriram no meio de praias e lugares paradisíacos. Muitos hotéis e resorts no Brasil investiram em moderni-

zação para se posicionarem de forma competitiva no mercado e receberem estes turistas. Com isso, os apartamentos recebem uma atenção especial, pois é neste ambiente que os hóspedes passam grande parte de seu tempo quando estão hospedados num hotel. Modernizar um apartamento passa também pela troca do piso e muitas vezes os hoteleiros não conhecem as tecnologias disponíveis no mercado de pisos. Por isto, se equivocam na melhor escolha para seu empreendimento. Entre os tipos de pisos que encontramos atualmente no mercado estão os carpetes, que

ainda são utilizados pela hotelaria devido ao seu conforto e custo. A sua durabilidade varia de acordo com o material de que é feito: um produto sintético é preferível a um produto de lã e servirá melhor ao controle de ácaros, fungos e bactérias. Também é oferecido no mercado em rolos ou em placas, que facilita a colocação e substituição. Uma de suas vantagens é a ótima absorção de som, luz e ruídos. Hoje no mercado podem ser encontrados facilmente carpetes anti-alérgicos, anti-micróbios, anti-estáticos, auto-extinguíveis, e apresentam tipos diferentes para serem aplicados em

O carpete ainda é utilizado em boa parte dos empreendimentos por sua segurança e conforto

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áreas de alto e médio tráfego. Os pisos vinílicos tem a seu favor a maleabilidade, durabilidade, custo, colorido resistente e a facilidade de manutenção e limpeza, além de serem ecologicamente corretos e sustentáveis. Já os pisos de madeira, tem a inconveniência de necessitarem um constante tratamento com cera, aspirador e vassoura, além de não absorverem bem os ruídos e serem, algumas vezes, os próprios produtores destes ruídos. Outro grande problema dos pisos de madeira é a sua sensibilidade à umidade e a deterioração fácil, por fungos, bactérias ou insetos. A água deve ser evitada na limpeza, sendo necessário

o uso de um impermeabilizante. Tem como vantagens a permanência de suas qualidades, bom isolamento térmico e baixa sensibilidade às variações de temperatura. Entre outros pisos frios que estão disponíveis no mercado e que muitos hotéis utilizam são os de cerâmica, pedra e metal. A pedra e a cerâmica possuem boa resistência, apresentam versões antiderrapantes e são esteticamente agradáveis. São, porém de alto custo, baixa absorção acústica e reposição difícil e tornam o ambiente frio e úmido, não sendo indicados para locais onde o inverno é rigoroso. Os pisos metálicos são novidade e têm como principal vantagem

a grande resistência, mas possuem baixa absorção acústica e são muito impessoais e frios.

Exigências dos hotéis Atendendo à demanda de seus clientes, o Royal Palm Plaza, resort de luxo situado em Campinas (SP), escolheu a dedo o tipo de piso que utiliza em seus apartamentos. De acordo com Cleide Balestri, Gerente de Governança do empreendimento, “optamos por produtos de qualidade e bom gosto, pois queremos que nossos hóspedes sejam acolhidos em espaços confortáveis, bem decorados, que causem bem-estar e vontade de voltar”, declara. O empreendi-

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Suíte Executiva do Royal Palm Plaza, em Campinas (SP)

mento utiliza carpetes e piso laminados em suas dependências. A gerente conta que o hotel escolhe produtos atuais e quem tenham o estilo dos apartamentos, um conceito clean, clássico e otimizado. “Trocamos nossos pisos de acordo com um processo de manutenção corretiva. Cuidamos de efetuar as trocas antes que tenham ficado obsoletos ou aparência que não condiz com a nossa estrutura” explica a gerente, que destaca que a segurança, vida útil e aparência são essenciais para a escolha dos pisos. No empreendimento, os carpetes passam por processo de

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lavagem periódico com produtos adequados e processo a seco. Já o piso frio, são usados produtos neutros (desinfetantes) para manter a higienização e aparência de ambiente cuidado.

Sensação de requinte O hotel Transamérica São Paulo já passou por um processo de modernização de todas as suas 396 unidades habitacionais, para se posicionar de forma ainda mais competitiva no mercado. Em alguns apartamentos, se manteve a preferência da utilização do carpete. Segundo o Gerente Operacional do ho-

tel, Fabrício Nunes, a escolha do carpete em alguns apartamentos transmite não apenas a sensação de requinte, como também de limpeza das unidades. “Há hóspedes que, no momento de decidirem o hotel em que irão se hospedar, também levam em conta a existência de apartamentos com esse tipo de piso. No entanto, é fundamental que as condições do carpete estejam sempre impecáveis. Disso, nós aqui no Transamérica São Paulo jamais abriremos mão”, esclareceu Nunes. O gerente destaca que o carpete oferece muitas vantagens ao empreendimento e ao inves-


tidor. “Na verdade, ao contrário do que muitos pensam, os custos de acessórios para instalação de carpetes, assim como a mão de obra, geralmente são menores quando comparados aos materiais usados na instalação de outros pisos. A manutenção diária de um bom carpete, como o que usamos no Hotel Transamérica, exige basicamente o aspirador de pó, enquanto outros pisos precisam de muita água e de mais produtos de limpeza”, afirma o executivo. Nunes também acredita que o carpete não irá desaparecer da hotelaria. “Não cremos nisso, não apenas pelos motivos que

já citamos, como também devido à segurança que o carpete proporciona em um hotel. Basta lembrar que com o piso de carpete as quedas e escorregões são menos frequentes. Além disso, entendemos que o carpete gera comodidade aos apartamentos, ou seja, colabora para tornar o ambiente mais calmo, mais silencioso. Isso porque, na prática, também temos que considerar que o carpete ajuda muito a diminuir o barulho. O carpete também ajuda manter a temperatura do ambiente, o que é positivo em termos de sustentabilidade, pois com o piso de carpete geralmente não há necessidade

de gastar tanta energia com a refrigeração”, salientou o gerente. Segundo ele, o hotel teve o cuidado de pensar em cada detalhe dos apartamentos, pensando nas facilidades que um executivo procura para o trabalho e descanso, assim como no conforto de uma família que passará um final de semana no hotel e, ainda, nos grupos de eventos que sempre precisam de acomodações amplas e funcionais. “Em termos de decoração, podemos dizer que as suítes modernizam os ambientes, adotando um estilo contemporâneo, com design clean. Ou seja, a decoração traz elementos mais atuais, sem per-

Suíte Design do Royal Palm Plaza (SP)

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Divulgação Transamérica Hospitality Group

O apartamento Superior Twin do hotel Transamérica São Paulo conta com carpete estilizado

der o requinte usual do Hotel Transamérica São Paulo. Os apartamentos acarpetados têm um grau de sofisticação e conforto que dificilmente o hóspede encontrará em outros hotéis da cidade, pois aqui temos todo o cuidado no sentido de escolher o carpete certo, adequado para o volume de pessoas que circulam em nossas dependências e levando ainda em consideração detalhes como cores, confecção e textura”, conclui o gerente.

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Tendências de mercado O planejamento correto é sem dúvida a melhor forma do investidor hoteleiro assegurar e evitar possíveis problemas relacionados ao custo benefício e o cronograma da obra de revitalização de seus empreendimentos, pois muitas vezes estas reformas são realizadas com o hotel em operação e isso, requer muito jogo de cintura para driblar qualquer

imprevisto que surja durante a obra. Além da contratação de um renomado escritório de arquitetura que tenha credibilidade e expertise suficiente para elaborar um projeto que reuni decoração arrojada e tendência de mercado com praticidade de manutenção. O hoteleiro tem que estar também atento a cumprimento de prazos e se a escolha do piso atende sua necessidade e se é viável ao empreendimento.


A arquiteta Daniela Facchini, da FH&S Hotelaria, responsável pelo projeto das suítes de luxo do hotel Transamérica São Paulo, explica que nos projetos feitos pelo escritório sempre são incluídos os carpete de nylon ou vinílico. “No caso do carpete, usamos sempre que queremos um resultado mais sofisticado, coisa que o vinílico não traz. O vinílico é utilizado em categorias mais simples e o seu grande beneficio é na operação devido à praticidade e rapidez na limpeza”, afirma Daniela. A arquiteta explica que no

caso das suítes de luxo do hotel Transamérica São Paulo foi adotado o carpete devido ao visual e conforto proporcionado ao hóspede que ao sair da cama pisa num chão fofo e quente. “No que se diz aos custos estão quase que equivalentes, entre carpete e vinílico, claro que dependendo do material ou marca do carpete é bem mais caro”, assegurou a projetista. Daniela ainda acredita que o carpete ainda é tendência de mercado e é um item insubstituível na hotelaria. “Os estrangeiros preferem sempre carpete, e este grande público sempre estão frequentan-

do nossos hotéis. Aconteceu é que ficamos um bom tempo sem muita opção de produtos para hotelaria, e agora com os carpetes em placa facilitou a sua implantação e manutenção. Temos agora muitas opções de desenhos e cores de carpetes, e o preço ficou mais acessível aos investidores. Também acredito que sempre haverá espaço para todos os revestimentos, pois se for hotel de praia o piso frio ou até o vinílico estarão adequados aos ambientes. Na cidade nós da FH&S sempre que podemos colocamos o carpete em nossos projetos”, conclui a arquiteta.

Divulgação Transamérica Hospitality Group

O piso utilizado na Suíte Diplomata do Hotel Transamérica São Paulo proporciona comodidade e sofisticação

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FreeImages/Maripepa M.

Gestão de recursos hídricos orientam ações sustentáveis de hotéis

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O aviso aos hóspedes de troca ou não de toalhas, deixou de ser ação sustentável. Mas sim, o melhor aproveitamento, a captação e armazenamento de água para a utilização em áreas comuns. Quantos hotéis fazem isso no Brasil?

Os hotéis estariam preparados para uma possível escassez de água?

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FreeImages/Michal Mojek

Para não ver as torneiras secarem, os hotéis passaram a reutilizar sua água para outros fins

A

água é um bem natural necessário a todo o ser humano. Não apenas ao corpo, é também fundamental para o funcionamento de diversos segmentos da indústria, como a agropecuária, automobilística, e inclusive o setor hoteleiro. Seja em favor do meio ambiente ou para atrair clientes, muitos empreendimentos já exercem ações sustentáveis que incluem economia de água e energia, como a inserção de mensagens para a troca de toalhas nos apartamentos. Porém, esta informação a qual solicita a conscientização dos hóspedes no reuso das toalhas de banho, por vezes, tem apenas o intuito de redução de custos operacionais dos hotéis. Algumas redes insistem em utilizar isto como ferramenta de marketing para dizer que são sustentáveis, mas

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na maioria das vezes a sustentabilidade se resume apenas a isto. Há pelo menos dois anos figura nos principais noticiários a crise hídrica que abalou diversas regiões brasileiras — a pior em 84 anos, segundo declarou a Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira no início de 2015 — e que vai levar tempo para se recuperar totalmente. Por conta deste cenário, muitas empresas ainda estão se preocupando com a crise de abastecimento e estão reforçando ainda mais as ações de economia e implantando novos hábitos para não deixar que as torneiras sequem. A gestão de nossos cursos d’água e mananciais é regida pela Lei Federal nº 9.433/1997- Política Nacional de Recursos Hídricos, que introduziu no território nacional um conceito de inspiração francesa, de adminis-

tração por Bacia Hidrográfica, sendo cada bacia considerada uma unidade de planejamento relativamente autônoma. Três anos após sua entrada em vigor, contudo, o marco foi alterado pela Lei Federal nº 9.984/2000- que criou uma agência reguladora de âmbito nacional para todo o sistema, a ANA - Agência Nacional de Águas. As autoridades públicas confiaram na sorte que não seria investir na captação de água de novos mananciais e acabaram jogando a culpa em “São Pedro”. No caso dos hotéis, a situação chega a ser muito preocupante, pois, como seria receber um hóspede sem água? Soluções existem, o que não existe é a vontade de muitos hoteleiros fazerem investimentos na captação de água. É comum andar na cidade de São Paulo e ver milhares de


litros de água do lençol freático que ficam embaixo da fundação da edificação ser bombeado e jogado fora. Esta água poderia ser perfeitamente utilizada para limpeza de áreas externas ou mesmo para dar descarga nos vasos sanitários. Ou, que tal a captação da água que cai na cobertura da edificação através de calhas para armazená-la? Soluções existem, mas enquanto vários hotéis não se preocupam com isto e fazem a famosa economia burra, são afetados em suas despesas com o gasto excessivo de água por alguns hóspedes. Muitos acham que, por não estarem em sua casa, “não pagam pela conta”, e demoram até quatro vezes mais tempo no banho, sem se dar conta que tratase de um recurso natural limitado. Uma recente pesquisa chamada “O uso e o consumo da água no Estado de São Paulo”, realizada pelo CPDEC – Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada, aponta que 78% do volume de água consumido por hotéis provém da companhia de abastecimento regional; 17% de poços artesianos e 5% de caminhões pipa. Foram entrevistados 16 representantes de hotéis, de pequeno, médio e grande porte, de 13 a 340 apartamentos. Cerca de 56% dos hotéis afirmaram ter um plano de contingência,

que contempla apenas recorrer ao abastecimento por caminhão pipa. Já 81,25% dos estabelecimentos não têm sistema de reuso. Entre os que reutilizam água (18,75%), apenas 6,25% souberam informar o volume reutilizado. Com todos estes dados, paira no ar a dúvida: Será que os hotéis estariam de fato preparados para uma possível escassez de água?

Empresa sustentável? Quando começamos a abordar o assunto ‘sustentabilidade’, logo nos vem à mente ações ligadas ao meio ambiente. Porém, o conceito de sustentabilidade vai muito mais a fundo, englobando não somente o meio ambiente, mas a administração de determinado negócio, de maneira que ele tenha sustento, ou, seja sustentável. Este conceito engloba três pilares, sendo o ambiental, sociocultural e econômico. Ações sustentáveis em um empreendimento hoteleiro vão desde manter o bairro em condições para atrair turistas, cobrar segurança pública, entre outras, até mesmo ter e manter fornecedores de qualidade e o ambiente de trabalho adequado. Na opinião do consultor hoteleiro Mario Cezar Nogales, a empresa que pretende ser sustentável deve pensar em diversos aspectos e colocá-los em prática para ser denomi-

nada como tal. Para ele, muitos hotéis solicitam aos hóspedes para que eles reutilizem as toalhas de banho e lençóis por mais de uma vez, porém, os empreendimentos estão visando apenas a redução de custos operacionais. “Nenhum hotel se limita em solicitar aos seus hóspedes a reutilizarem as toalhas uma vez que não somente é uma questão de consumo de água e manutenção do meio ambiente, contudo, são poucos os hóspedes que de fato compreendem que não é apenas uma questão de economia de custos. Medidas ideais para a sustentabilidade são várias e enormes, mas as que podem ser aplicadas na prática vão desde a formação de mão de obra local até mesmo consumo consciente”, afirma. Nogales acredita que os hotéis deverão investir em outras saídas para conseguirem atender toda a demanda de hóspedes sem que falte uma gota de água. Além disso, o consultor diz que o problema não esteja na falta de água, mas sim na falta de distribuição dela. “Havendo de fato a falta de distribuição de água, e não falta de água - haja visto que nossas represas estão cheias - os hotéis que não possuem poços artesianos podem investir neste se houver espaço, caso contrário, terão de comprar água de quem tem estes poços

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artesianos como as distribuidoras de água. Com relação a tecnologias para redução do consumo de água, a grande maioria dos hotéis já as possuem e vão desde menos fluxo de água nos vasos sanitários até mesmo redutores nos crivos das duchas”, pontuou. Dentre as ações que o consultor acredita que sejam eficazes durante a crise de abastecimento, principalmente no estado de São Paulo, estão a diminuição do fluxo de água nas descargas dos vasos sanitários, redutor de fluxo de água para as duchas, coleta de água de chuva e seu devido tratamento para torná-la potável, tratamento dos esgotos antes de enviar ao esgoto público, utilizar os serviços de lavagem a seco que diminui em até 90% o consumo de água para esta ação, utilizar tecnologia de limpeza a seco que também

diminui em até 90% o consumo de água para esta ação, não fazer troca de roupas diárias para os mesmos hóspedes, corrigir todos vazamentos e por fim, realizar manutenção preventiva no lugar de corretiva. “Eu sou partidário de que as pessoas não precisam de leis para serem éticas ou tenham moral, isto é uma questão de berço, e hotéis como meios de hospitalidade devem atender as necessidades de seus hóspedes da maneira que eles desejam, logo parte dos hóspedes o desejo e a aplicação das necessidades de economia de água”, avalia Nogales.

Investimento constante Por conta da crise de abastecimento de água, que ocorre desde o ano passado, muitos hotéis e resorts decidiram ampliar o número de

Mário Cezar Nogales - “As medidas que podem ser aplicadas na prática vão desde a formação de mão de obra local até mesmo consumo consciente”

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ações para minimizar o desperdício deste recurso. A Rede de Hotéis Privé, com três empreendimentos em Caldas Novas (GO), região com abundância de águas termais, decidiu investir cerca de R$ 1,5 milhão em uma nova Estação de Tratamento de Água (ETA). De acordo com o engenheiro ambiental da Rede, Glauco Tito Passarinho, após a construção desta estação, o grupo registrou uma economia de R$ 2,27 milhões. Segundo ele, o empreendimento evita o descarte da água na rede municipal de esgoto ou em qualquer corpo hídrico, minimizando o desperdício e adequando-se aos conceitos de sustentabilidade. “Desta forma, demonstramos ainda nosso respeito a esse recurso natural e garantimos às novas gerações a oportunidade de conhecer as águas termais com a mesma qualidade de hoje”, afirma. Atualmente, o complexo hoteleiro do grupo conta com cerca de 3.080 m³ de volume de água circulando por dia, o que equivale a cerca de 3,08 milhões de litros de água, sendo que 45% deste volume passa pela estação de tratamento e é reaproveitado no próprio complexo. De acordo com Passarinho, após a instalação desta estação de tratamento, a rede deixou de gastar cerca de 504 mil m³ de água em 2014. Para se ter uma ideia do consumo de um dos empreendimentos do Grupo Privé, citamos o exemplo do Privé Riviera Park Hotel, situado em Caldas Novas (GO): O consumo mensal de água deste hotel gira em torno de 27.500m³, proveniente de água tratada, água de poço termal e água da concessionária DAMAE. Por mais que o empreendimento esteja localizado no centro oeste brasileiro, local que não sofreu com a crise de abastecimento, o engenheiro afirma que notou redução do consumo de água neste período de crise, onde os funcionários e clientes fizeram o uso sustentável de água e energia elétrica. A estação de tratamento de água


O grupo Privé (GO) investiu cerca de R$ 1,5 milhão em sua própria ETA – Estação de Tratamento de Água

do complexo hoteleiro realiza o reaproveitamento da água de suas piscinas. Logo após o tratamento, a água passa por um teste de qualidade em um laboratório independente e credenciado junto ao órgão ambiental do Estado de Goiás, onde são feitos testes físico/químico/bacteriológico. A estação de tratamento funciona 20 horas por dia e tem capacidade para tratar 100m³/hora de água, o que acaba resultando em um reaproveitamento de 60 milhões de litros d’água por mês, representando uma economia de R$ 64.260 ao mês, e, de acordo com Passarinho, o investimento da estação será amortizado em menos de dois anos. O engenheiro acredita que além de promover o reaproveitamento da água, é importante que seja feito um trabalho de conscientização ambien-

tal com os hóspedes, funcionários e comunidade local. “Além de respeitar o meio ambiente e também trazer dividendos, a sustentabilidade tem a capacidade de mudar de forma positiva a imagem da empresa junto aos consumidores. As vantagens das práticas sustentáveis estão em melhoria na imagem da empresa junto aos consumidores e comunidade em geral. A economia, com redução dos custos de produção. Isto é obtido, por exemplo, por meio da reciclagem, reutilização da água e medidas de economia de energia elétrica. Em relação ao estímulo do governo para investir em ações sustentáveis, ainda não buscamos diretamente alguma linha de financiamento para investimentos, apesar de termos conhecimento da existência destes recursos na esfera federal para este fim. O

que já percebemos foi o efeito positivo das campanhas que promovem o consumo consciente visando gerar economia de água e energia elétrica. Os clientes com certeza irão cobrar cada vez mais das empresas ações de sustentabilidade”, frisa. A Rede de Hotéis está investindo aproximadamente R$ 120 mil com novas estratégias, para que os 45% de água reaproveitada atualmente dessem um salto para 100% de reaproveitamento até o segundo trimestre de 2015.

Banheiros econômicos Uma das expectativas que os hóspedes mais têm no momento de fazer uma reserva num hotel é encontrar um bom chuveiro. Mas em tempos de crise hídrica, é aí que mora o perigo. Muitos hóspedes acabam demorando além da conta durante uma

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As suítes do hotel Marina Palace (RJ) contam com banheiros modernizados que promovem economia de água

ducha para desfrutar de um banho revigorante e prazeroso. Por conta disso, os hotéis, além de tentarem conscientizar os hóspedes a reduzirem o tempo no banho, necessitam adotar soluções técnicas que garantem economia de água. Pensando em reduzir os custos com desperdício de recursos hídricos, a rede BHG - Brazil Hospitality Group investiu cerca de R$ 500 mil em algumas soluções como retrofit de chuveiros e torneiras, instalação de redutores de vazão, lavagem inteligente de enxovais, programa para eliminar vazamentos, campanhas de conscientização, entre outras. De acordo com Eder Pereira, Gerente patrimonial da BHG, em um dos hotéis da rede, o Marina Palace, situado na capital fluminense, os banheiros do empreendimento já contam com chuveiros e torneiras que propiciam a diminuição da vazão da água. “O material utilizado gera uma economia de 35 litros por minuto para 9,5 litros por minuto e isso não afeta a qualidade do banho. Podemos garantir o conforto para todos os hóspedes. Além disso as descargas de válvula de parede dos banheiros foram substituídas pelas de caixa acoplada. Essas descargas

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de fluxo duplo têm dois botões, para resíduo líquido ou sólido, e gastam três ou seis litros de água por descarga. Uma válvula comum gasta, no mínimo, três vezes mais: 18 litros. A troca de todos esses itens por modelos econômicos que regulam a vazão da água para padrões internacionais são investimentos simples, que tem payback rápido e refletem diretamente em um consumo de água mais responsável”, afirma. Segundo Nilton Camilo, superintendente regional da BHG em São Paulo, processos de troca de toalhas e roupas de cama nos apartamentos se tornaram menos frequentes. “Antes, tudo era trocado diariamente, mesmo que não houvesse necessidade. Hoje, para que isso aconteça é preciso que o hóspede siga algumas regras simples. Essa foi uma das formas que priorizamos para controlar o desperdício de água na lavanderia”. Com essas medidas, a rede notou uma redução de consumo em torno de 5% a 10%. Agora, a BHG está estudando a hipótese de adaptar estações de tratamento de efluentes e reuso de água da chuva para o maiores hotéis da rede.


Da chuva ao sabonete Localizada em Bombinhas, município litorâneo de Santa Catarina, a Pousada Dom Capudi não apenas tem uma lista de atitudes que visam a sustentabilidade local, como também segue um modelo de gestão voltado ao turismo sustentável. Este padrão tem como base indicadores da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 15401:2006, que estabelece os requisitos de sustentabilidade para os meios de hospedagem nas dimensões da sustentabilidade ambiental, sociocultural e econômica. Algumas ações já realizadas pelo empreendimento, que não foi atingido pela crise hídrica atual, são a cap-

tação de água da chuva, que é usada para regar os jardins e lavar os panos de limpeza; o aproveitamento de energia solar para aquecimento de água, a permeabilidade do solo, uso de poucas calçadas e mais gramado, separação do lixo, compostagem com as cascas de frutas para funcionarem como adubo orgânico para horta e jardim; produtos de limpeza biodegradável, dentre outras. Uma solução recente foi a implantação de sabonete líquido para banho e mãos, evitando as sobras de sabonetes em barras e geração de embalagens. De acordo com a proprietária da pousada, Roseli Capudi, o modelo de gestão seguido proporciona uma

base estável, coerente e consistente para o alcance do desempenho sustentável dos empreendimentos, bem como a sua manutenção e qualidade dos serviços. “O sistema seguido é parecido com as normas ISO, mas para os meios de hospedagem com foco sustentável. Por causa de nossas políticas de sustentabilidade, somos convidados para ministrar palestras em associações, escolas, entidades fora da cidade. Isso contribui para fortalecer o empreendimento e multiplicar as boas práticas. É preciso que os empreendimentos turísticos deem atenção às práticas sustentáveis, de forma a contribuir para o equilíbrio do planeta e ga-

A Pousada Dom Capudi (SC) prioriza e explora a manutenção dos recursos naturais de seu entorno

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nhar, assim, respeito de seus hóspedes, que estão cada vez mais exigentes e conscientes. O retorno é sempre compensador”, afirma Roseli. Segundo ela, não há incentivo à prática sustentável no município por parte do governo, tendo em vista que, às vezes, o custo para a implantação de sistemas que visam a sustentabilidade são caros. “O retorno vem com o tempo. Incentivamos pequenos gestos de conscientização, que são ações que todos deveriam fazer no cotidiano. Uma

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empresa, seja ela do ramo em que atuar, deve se envolver com a comunidade, contribuir com o desenvolvimento do seu entorno”, pontuou a empresária.

Gestão da Sustentabilidade Listado entre um dos dez hotéis que possuem certificação ambiental da ABNT, o Vitória Hotel Concept Campinas, localizado em Campinas (SP), está investindo constantemente em ações de sustentabilidade. O hotel recebeu a certificação

da norma ABNT NBR 15.401:2006 Meios de Hospedagem - Sistema de gestão da Sustentabilidade ainda em 2014. Em agosto de 2015, o empreendimento conseguiu a manutenção da certificação que está vigente até outubro de 2017. De acordo com a Analista Ambiental do Vitória Hotel Concept Campinas, Tathiane de Jesus Oliveira, o hotel investiu desde 2012 na implantação da norma, a qual é específica para meios de hospedagem. “Após


O Vitória Hotel Concept Campinas (SP) aposta no reúso do enxoval, uso de lâmpadas LED, separação e coleta dos resíduos recicláveis, entre outras ações

um ano da certificação, em agosto de 2015, passamos pela manutenção que durou dois dias. Alguns itens da norma foram auditados e solicitados evidências. A manutenção da certificação serve para garantir que o nosso sistema de gestão da sustentabilidade não apenas permaneça em conformidade, mas melhore continuamente”, explica a analista. Para ela, a sustentabilidade tornouse um fator de suma importância na administração de um empreendimen-

to, já que a sociedade pede por práticas empresariais que sejam transparentes e socioambientalmente responsáveis. “Nesse contexto, buscamos atender aos nossos clientes da melhor forma possível. A certificação favorece o desenvolvimento cultural dos nossos colaboradores com relação à preocupação por práticas sustentáveis. Sendo assim, a certificação contribuiu significantemente no fortalecimento do conceito, e vem contribuindo com o desenvolvimento sustentável assegurando eficiência, eficácia e melhoria contínua dos nossos produtos e serviços”, conta Tathiane. Ações como o reúso do enxoval, trocas por lâmpadas LED, substituição de aparelhos de ar condicionados pelos mais econômicos, separação e coleta dos resíduos recicláveis, redução no desperdício de alimentos, divulgação e conscientização junto aos hóspedes e colaboradores, entre outras, são algumas das ações praticadas na rede Vitória. Ainda em 2015, foram criados dois projetos, um para a criação de uma horta orgânica que permite que as hortaliças cultivadas sejam usadas na cozinha do Esquinica Natural, e a reutilização de cascas de frutas e vegetais nas cozinhas, ambos que iniciam neste ano de 2016. “No ano de 2015, até a presente data, tivemos uma redução de 3,3% na energia, em comparação ao ano de 2014. Temos uma meta de 4% de redução para esse ano, e acreditamos que até o final nossa meta será batida com êxito neste hotel. Além das ações já vigentes, conscientização junto aos colaboradores e hóspedes são constantemente realizadas para um resultado mais efetivo”, comemora a Analista ambiental.

Planejamento que fez a diferença Antes mesmo de ser concebido, o Hotel SPaventura Ecolodge, situado

em Ibiúna (SP), já caminhava para ser 100% sustentável. Antes do início da construção do hotel, os empresários responsáveis pela administração ficaram observando durante um ano o clima, vegetação, solo, relevo e ciclos naturais do local para entender como poderia ser construída uma edificação inteligente e sustentável. Após terem concebido todas essas informações, nasceu o Hotel SPaventura Ecolodge, com um conceito de sustentabilidade bem amplo. O empreendimento está localizado no alto da Serra de Paranapiacaba, um local com muitas nascentes e altíssimos índices de chuva. A primeira preocupação do hotel foi evitar a contaminação da água por esgoto doméstico, já que rio abaixo se encontram inúmeras famílias de agricultores orgânicos. Foram construídos então sistemas biológicos que tratam a água com a ajuda de microrganismos e plantas, além de produzir gás, de acordo com o sócio e um dos diretores do hotel, Alexandre Haberkorn. Já na concepção do projeto do empreendimento, foi pensado na captação e reaproveitamento da água da chuva. Para isso foram instaladas calhas em todos os telhados dos chalés, e a água então foi direcionada para cisternas. Depois, ela passa por um grande filtro de areia e é então bombeada para as caixas d’água. Antes de ser consumida, a água passa por um processo de ozonização, para garantir a sua potabilidade. O custo para a implantação do sistema de captação de água da chuva foi de aproximadamente R$ 5 mil/uh. Os itens mais caros na implementação do sistema foram as cisternas e o sistema de ozônio. Atualmente, o empreendimento utiliza em média 80% da água proveniente do sistema de captação de água da chuva, além disso, o hotel mantém um poço semi-artesiano para utilizar nos meses de estiagem. Dentre as principais medidas para economia de recursos hídricos estão a instalação de chuveiros com baixa va-

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são, que consomem três vezes menos água, além das descargas econômicas. De acordo com o executivo, a maior economia vem da parte agrícola, já que esta é responsável por 70% do

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consumo da água. Na fazenda Morros Verdes, o cultivo de frutas e hortaliças é feito com cobertura de palha no solo, o que garante maior umidade e menor evaporação da água do solo. A irriga-

ção é feita preferencialmente com gotejamento, reduzindo a quantidade de água utilizada. Para se proteger dos efeitos climáticos extremos que virão, o empreendimento criou uma infraes-


O hotel SPaventura Ecolodge (SP) possui um poço semi-artesiano para utilizar nos meses de estiagem

árvores nativas. As árvores possuem papel fundamental na manutenção da qualidade e da quantidade de água disponível. Para Alexandre, a sustentabilidade não é opção, e sim o único caminho a ser adotado. “Não dá para conceber a ideia de implantar um hotel que não seja inteligente no consumo de recursos naturais. Como apresentamos a um hóspede, um hotel que é perdulário no consumo de água, desatento no uso de energia elétrica e pouco preocupado no destino de seu esgoto? Essa irresponsabilidade é inaceitável nos dias de hoje”, alerta.

Arquitetura verde

trutura capaz de aproveitar ao máximo os recursos disponíveis (água, sol, vento) da forma mais integrada com o ambiente. Construções de baixo impacto foram planejadas, aproveitando

a água da chuva, a energia solar, utilizando materiais com baixo impacto ambiental. Além disso, o SPaventura se preocupou em recuperar o ambiente degradado através do plantio de

Com um projeto arquitetônico desenvolvido pela GCP Arquitetos, o hotel Nau Royal, localizado na Praia de Camburi, em São Sebastião (SP), conta com 15 suítes e possui soluções eco eficientes na área de economia de recursos naturais. De acordo com o proprietário do hotel, Roberto Ibrahim, a ideia de investir em soluções sustentáveis no empreendimento vieram desde o início de sua concepção. O empreendimento não conta com o abastecimento de água pela Sabesp, assim como outros estabelecimentos da Praia de Camburi, por conta disso, o hotel possui poços artesianos para o abastecimento. “Neste projeto, foi contemplada a captação de água das chuvas e o reuso de águas cinzas. Foram investidos três vezes mais em tubulações do que o normal, para separar as águas e reutilizá-las. Também investimos em economizadores e arejadores em todos os pontos, e o reuso das águas para rega de jardim e lavagem de áreas comuns. Na minha opinião, a importância de se investir em medidas sustentáveis está para as futuras gerações e manutenção do equilíbrio da Terra, mas não temos incentivos do governo e nem redução de impostos”, comentou. Como parte das ações sustentáveis

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Alexandre Haberkorn, sócio e diretor do SPaventura Ecolodge

Com construção ecológica, o hotel Nau Royal (SP) tem iluminação artificial e reutiliza sua água

do projeto arquitetônico, com o objetivo de demandar menos ar condicionado, ventiladores e iluminação artificial, a construção foi orientada de modo a aproveitar de maneira coerente o sol e a corrente de vento. De acordo com Alessandra Araújo, Diretora executiva e responsável pelas ações de sustentabilidade da GCP Arquitetos, “A prática da arquitetura responsável é realizada através de entendimentos holísticos e de equipes multidisciplinares orientadas pelo objetivo de criar projetos eficientes no uso dos recursos naturais e na promoção do bem-estar”, afirma. Durante a construção foram utilizadas tintas com base de terra ou água, as quais causam menor impacto ambiental. Além disso, o hotel conta com iluminação predominantemente composta por lâmpadas LED e o aquecimento da água é solar.

Leis e Certificações Ambientais A preocupação com o meio ambiente é importante e louvável, mas para colocá-la em prática é necessário mais do que boa vontade. Ter conhecimento de determinadas medidas e normas específicas é fundamental para que a sustentabilidade aconteça, de fato. As Certificações Ambientais visam orientar o consumidor a optar por produtos que respeitam a natureza e contribuem para o desenvolvimento social e econômico, já que seguem um padrão pré-estabelecido por entidades competentes. Uma das certificações mais confiáveis são da ABNT e as Internacionais, que possuem um conjunto de medidas para este fim. Partindo do princípio de que a cer-

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tificação é fundamental para o bem do empreendimento e de seu entorno, foi criado em Belo Horizonte, capital mineira, o “Selo BH Sustentável”, uma certificação de desempenho para incentivar a redução do consumo de água, de energia, de emissões de gases de efeito estufa e para a gestão dos resíduos sólidos (redução e reciclagem).

Os empreendimentos com o selo chegam a reduzir o consumo de água em até 30%; de energia elétrica em 25% e em 70% dos resíduos sólidos passíveis de reciclagem ou compostagem. Esta certificação visa o alcance dos resultados de eficiência estabelecidos, que são monitorados com uma periodicidade de dois anos, interva-

lo estabelecido para a realização das auditorias de conformidade e de performance. A primeira auditoria - a de conformidade - ocorre após aprovação da proposta e busca a verificação da implantação das medidas de eficiência sugeridas pelo empreendedor. Em seguida, quando é feita auditoria de performance, é realizada a avaliação

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“Na área de legislação, devemos preparar os laudos e o Prontuário de Instalações, que é uma pasta contendo projeto Civil, Estrutural, Hidráulico e Gás, Incêndio e Pânico”

do atendimento aos índices de eficiência estabelecidos para cada dimensão (água, energia, resíduos e Gases de efeito estufa). Essas auditorias são realizadas por instituição externa e não oneram o empreendedor, já que são custeadas pela Prefeitura de Belo Horizonte. Sugere-se que os hotéis, como líderes de um segmento importante da sociedade, devam assumir compro-

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missos com sua região, com gestão e tecnologia. É o que afirma o engenheiro Gerson Sampaio, que acredita na execução de projetos que busquem a obtenção do Certificado Ambiental. “O mercado excluirá aqueles que não o fizerem. Ações pontuais ajudam no local, mas não resolvem, como o aumento do volume de reservatórios, contratação de carros-pipas, uso de poços artesianos, e a utilização de

pratos, copos e talheres descartáveis, transferindo o problema para outros”, declarou o engenheiro. Segundo ele, o uso de máquinas eficientes, redução da pressão e aeradores em torneiras e vasos, podem ser complementados com captação de água das chuvas, hoje com tecnologias de baixo custo, reaproveitamento de águas usadas, e Estações de tratamento de esgotos. Porém, nenhum prejuízo é maior do que o hóspede perdido por falha de energia e água, pois cada hóspede perdido tem imensa repercussão pelas informações negativas ao mercado. “Na área de legislação, devemos preparar os laudos e o Prontuário de Instalações, que é uma pasta contendo projeto Civil, Estrutural, Elétrico, Hidráulico e Gás, Incêndio e Pânico. Todos os hóspedes e funcionários devem ter acesso aos dados do edifício, pois a qualquer momento podem ocorrer acidentes e incêndios, e a segurança de todos dependerá de ações eficazes”, explica. A norma de desempenho de edificações NBR 15575 estabelece parâmetros, objetivos e quantitativos que podem ser medidos. De acordo com o engenheiro, somente com medições especializadas é possível saber o nível de sustentabilidade e conforto do edifício. Quanto ao reuso da água, Sampaio diz que esta medida é um conjunto de investimentos, podendo chegar a 70% do consumo. “Neste conjunto é necessário o LTVP - Laudo Técnico de Vistoria Predial, assinado por profissional de Engenharia, avaliando o estado do prédio e as alternativas de mudanças nas instalações. Note-se que na área de segurança, esta Vistoria, pela sua importância, já é lei em muitas cidades, estabelecendo prazos máximos de cinco anos. Catástrofes recentes (Rio, Santa Maria, São Paulo, etc.) teriam sido evitadas com esta análise”, declarou.

Captação de água com reciclados Em regiões onde a água é escassa, o empresariado precisa ter soluções


criativas para lidar com a situação e reduzir custos sem perder a qualidade dos produtos e serviços. É o que ocorre na Pousada Pedra Grande, situada em Monte das Gameleiras, cidade serrana do Agreste Potiguar, há 123 quilômetros de Natal. Preocupado com a estiagem no Rio Grande do Norte, o advogado Junior Gurgel, proprietário da pousada, decidiu apostar na sustentabilidade para viabilizar o negócio. Após pesquisas, o empresário construiu um sistema que reutiliza a água usada para irrigar os jardins do empreendimento. No equipamento montado pelo empreendedor, a água com os dejetos passam por uma unidade coletora composta por cascos de navio e chapas de aço nas cores preta e marrom, onde é feita a separação dos resíduos. Depois da filtragem, a água desce para um reservatório, que são verdadeiros tambores com filtros de carvão ativado com lâmpadas ultravioletas, responsáveis por remover pequenas impurezas, matar as bactérias, tirar o odor e mudar significativamente a cor da água. O equipamento também utiliza brita, cascalhinho e areia de filtro de piscina, que serve para purificar a água. Após esse processo, finalmente o recurso é destinado através de mangueiras para os cuidados do jardim, ornamentado com grama e muitas plantas, responsáveis por dar ainda mais charme ao estabelecimento. As chapas de aço, os cascos de navio e os tambores de PVC usados foram todos reciclados. Para construir o sistema de tratamento de água foi necessário investir R$ 12 mil. Com o apoio do Sebrae do Rio Grande do Norte, o empresário pretende estender a ideia para outras áreas da pousada além dos jardins, já que a quantidade de hóspedes que frequentam o estabelecimento é relativamente alta, principalmente no período de inverno. A intenção do advogado é fazer com que a água usada nos apartamentos seja reutilizada para

a descarga. De acordo com o gerente de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae no estado, a instituição João Bosco Cabral, juntamente com parceiros locais, está formatando um programa específico sobre uso eficiente de água. A proposta deve ser parecida com o programa de Eficiência Energética Ligados na Economia, lançado em março de 2015. O intuito é difundir a cultura do desperdício zero de água entre os proprietários das micro e pequenas empresas. “O aumento das tarifas energéticas vem como consequência dos baixos níveis nos reservatórios de água do país. Isso é incontestável. Mas é importante que todos os empresários evitem o desperdício. Por isso, por meio do Sebraetec, programa que leva inovação e tecnologia a pequenos negócios, temos orientado os empreendedores a usar tecnologias para diminuir o volume de água consumida e principalmente desperdiçada”, afirma. O recurso que é um dos itens mais importantes e o mais utilizado para a manutenção da pousada, agora está sendo utilizado de forma simplificada. Além de contribuir com a natureza, a água de reuso vem sendo considerada um alívio no bolso do empresário. Se antes eram gastos 12 mil litros de água, hoje são necessários apenas oito mil litros. Uma redução de 50% no valor da conta de água no fim do mês, o que representa cerca de R$ 1,5 mil. Segundo o inventor, a tendência é diminuir ainda mais o volume do insumo utilizado. “A necessidade nos obriga a fazer as coisas. Não tem outra saída. O jeito mesmo é economizar”, pontua o empresário.

Economia na lavanderia Um dos maiores gargalos d’água em um hotel é o setor de lavanderia. Apesar das soluções já citadas que ajudam na economia, como o uso da mesma toalha por mais de um dia, por exemplo, e a opção de terceirizar o serviço, o enxoval quando mantido e lavado no empreendimento é sem-

pre um motivo de preocupação em relação ao grande consumo de água. Para contribuir com a economia dos hotéis nesta área, a Electrolux Profissional oferece alguns produtos que utilizam menos ou pouca quantidade de água na hora da lavagem de enxovais e roupas. A empresa tem soluções para lavanderias com funcionalidades inteligentes que asseguram o uso consciente dos recursos naturais com o menor impacto ao meio ambiente. São máquinas e equipamentos dimensionados para baixo consumo de energia, água e químicos, além de reduzidas taxas de emissão de CO2. Todas as fábricas da Electrolux são certificadas com a ISO 14001. Para cargas parciais, que são uma constante no dia a dia das lavanderias, a economia de água é obtida graças ao dispositivo “Automatic Saving”, presente em suas lavadoras. O recurso, “AS”, faz a medição da carga exata carregada na lavadora e preenche o cesto com água proporcional. Ou seja, se uma lavadora com capacidade para 28 kg for carregada com 14kg de roupa, a quantidade de água utilizada será a requerida para 14kg e não para 28 kg de roupa. Assim, com o AS e meia carga, ela é de nada menos que 42%. Em uma lavanderia onde mais de 50% do total da energia utilizada é consumida pelas secadoras, é preciso otimizar ao máximo o uso deste equipamento. Pensando nisso, a Electrolux criou uma outra funcionalidade exclusiva chamada “Auto Stop”, que a partir de sensores inteligentes interrompe o processo de secagem quando a carga está completamente seca, sem interferência do operador durante o processo. Segundo a empresa, este recurso é válido para grandes volumes de toalhas de banho que são diariamente processados nas lavanderias de hotéis, motéis e resorts em geral, já que além de economizar energia e aumentar a produtividade, também pode esten-

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der a vida útil e garantir a melhor qualidade do enxoval por mais tempo. Patricia Trindade, Gerente nacional de vendas da Divisão de Lavanderia Profissional da Electrolux, afirma que são funções que permitem realizar um processo “perfeito e sem desperdícios. Uma lavanderia profissional precisa ser competitiva. E contar com soluções, máquinas e equipamentos que garantam economia de água e energia é fundamental, especialmente em momentos de crise como este, em que só se fala em

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poupar esses recursos. Nossos equipamentos apresentam economia de até 50% no consumo de água e de 18 a 24% no consumo de energia (gás, eletricidade ou vapor)”, explica. De acordo com a gerente da empresa, a Electrolux presta uma consultoria a quem está interessado em adquirir as máquinas e equipamentos para lavanderia, o que vai além da venda em si. A necessidade do cliente é estudada, é montado um layout do espaço a ser ocupado pelo produto, além de se-

rem realizados treinamentos, suporte técnico, entre outros serviços.

Higienização inteligente Para garantir o máximo em questão de limpeza, economia de materiais e remoção de micro-organismos com utilização mínima de água, a Rubbermaid Commercial Products (RCP) lançou no mercado a linha Hygen, formada por equipamentos de microfibras para limpeza que pode ser aplicado em hotéis, hospitais e empresas do ramo de food service, por


Situada no Rio Grande do Norte, a Pousada Pedra Grande criou um coletor de água com cascos de navio e chapas de aço

exemplo. As microfibras são constituídas por fibras sintéticas que penetram nos poros das superfícies e além disso, possuem uma carga eletroestática que atrai partículas como poeira e microrganismos. A densidade da microfibra permite que ele absorva seis vezes seu próprio peso em água. O Sistema Hygen é um programa abrangente que reúne a inovadora tecnologia de limpeza úmida/seca junto às ferramentas exclusivas que ajudam a maximizar a produtividade,

bem como baldes e carros projetados para aumentar o poder de higienização. Ainda são oferecidos três componentes importantes: desempenho ideal de limpeza para a prevenção de infecções; sistema integrado de produtos (carros funcionais, microfibras, equipamentos) e suporte da equipe interna de vendas com intuito de auxiliar em quaisquer ocasiões necessárias (atendimento personalizado, treinamentos em locais de implementação e aplicação das melhores práticas em relação a utilização do produto). “A linha Hygen é composta por mais de 30 produtos e tem como principal diferencial a performance de limpeza comprovada. A sua família de mops, panos e espanadores, projetados com uma exclusiva tecnologia em microfibra “explodida” são, comprovadamente, capazes de capturar e segurar 99,9% dos micro-organismos”, explica Francisco Puertas, diretor de marketing da RCP. Com design em zigue-zag, os mops e panos oferecem mais microfibra expandida por peça frente aos produtos tracionais com material similar, o que representa uma melhora na limpeza em relação aos mops tradicionais. Além disso, os produtos da Rubbermaid Hygen são compatíveis com diversos químicos tais como: detergentes neutros, desinfetantes quat e com fenóis, peróxido de hidrogênio ou água sanitária. Traz uma tecelagem em trama torcida que possibilita uma estrutura mais forte e com melhor resistência a rasgos e esgarce. Confere também um perfil mais largo, tecido mais espesso e, ainda, a manutenção da forma após a lavagem, sem diminuição ou deformação da peça. “Somados a estes diferenciais o sistema Hygen também apresenta acessórios leves e ergonômicos, que não só propiciam uma menor exposição dos usuários a líquidos perigosos, como promovem uma diminuição de 27%

no tempo de trabalho ao higienizar ambientes. Equipes mais eficazes e eficientes colaboram para uma contribuição significativa no desempenho financeiro de suas organizações. Melhorias na atividade de funcionários podem levar a um aumento das receitas, bem como o aumento da satisfação do paciente, reduzindo o tempo dedicado à limpeza”, completa Francisco.

Soluções econômicas Encontrar soluções para reduzir os impactos ambientais é um desafio que ocupa cada vez mais as equipes de gestão das empresas. Incentivadas pela crise hídrica em várias regiões do Brasil, além da busca por maior produtividade dos colaboradores com o foco na diminuição dos gastos, a Rubbermaid testou o sistema Hygen na unidade Morumbi do Hospital Israelita Albert Einstein e atingiu resultados importantes. Foi realizado um teste comparativo entre o andar onde houve a utilização do Hygen e outro no qual manteve-se o sistema convencional (panos descartáveis, garrafas spray, escadas). Foram observados alguns aspectos, como o uso de recurso hídrico e produtos químicos, tempo envolvido na limpeza e satisfação e bem-estar dos colaboradores e clientes. Também foi feita uma avaliação de risco ergonômico, utilizando o software REBA (Rapid Entire Body Assessment), com dados coletados durante um período de três semanas com início em julho de 2013 e término em meados do mês seguinte. O Hygen demonstrou resultados superiores quando comparado com o sistema convencional de limpeza, atingindo performances singulares, como, por exemplo, quando compara-se a utilização de água. A redução do uso de água com o sistema Hygen no Einstein foi de 98%. Os estabelecimentos de saúde estão entre os grandes consumidores de recursos hídricos e reduzir esse consumo proporciona uma importante

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A linha Hygen da Rubbermaid tem produtos com tecido mais espesso e, ainda, a manutenção da forma após a lavagem, sem diminuição ou deformação da peça.

redução deste recurso e de custos relacionados com abastecimento e esgoto. O consumo de produtos provenientes de composições químicas agressivas foi reduzido em 47%. A Rubbermaid espera implantar este sistema de limpeza em grandes instalações e realizará um lançamento em que apresentará acessórios leves e ergonômicos que promovem um incremento de até 27% na velocidade de trabalho ao higienizar ambientes. “É mais eficiência para os funcionários e mais seguro para

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os usuários, ou seja, um investimento que traz retorno muito rápido, apresentando um ótimo custo-benefício”, conta Francisco Puertas, diretor de marketing para a América Latina da empresa. “A linha Hygen garante o máximo em questão de limpeza, eficiência, economia de materiais e remoção de micro-organismos”, conclui. Algumas ações para minimizar o desperdício de água: •Inserir placas informativas para diminuir o consumo de

água em banhos e torneiras •Invista em reúso de água. Toda água oriunda dos boxes dos banheiros, pias, e a última etapa da lavagem de roupas da lavanderia pode ser destinada a uma estação de tratamento e após tratada, a água retorna a uma caixa d’ água especial e desce para uso somente nos vasos sanitários de todo o hotel, a partir daí para o esgoto •Colocar mensagens junto às as toalhas (banheiro) informando o hóspede que caso ele concorde utilizar a toalha mais de uma vez, que essa seja pendurada no rack de toalhas, caso não que deixa as toalhas sobre a pia •Instalação de sensores nas torneiras somente ativadas quando a mão está abaixo delas •Acompanhar todas as contas de água, assim como, a manutenção preventiva de todas as tubulações do hotel. Tais ações poderão evitar danos maiores •Separação de roupa de acordo com a sujidade: roupas semi-limpas gastam menos água e produtos que as mais sujas. Isso permite aumento na vida útil da roupa •Otimizar o uso de água nas torneiras de pias e verificar se estão corretamente fechadas, em caso de vazamento acionar a Manutenção •Evitar banhos longos e atenção ao fecho completo das torneiras e chuveiros após o banho •Aplicação de redutores de vasão e arejadores de torneira •Revisão dos procedimentos de abertura e limpeza dos quartos •Promover a reutilização de amenities •Desligar sauna e jacuzzi que não estejam em utilização •Efetuar descarga do sanitário somente se estiver sujo, assim como substituir as válvulas de descarga por caixas acopladas •Reduzir e alternar os dias para rega de plantas e limpeza de áreas públicas •Não molhar o piso laminado de madeira. Somente usar o pano úmido


Motéis surgem como nova opção de hospedagem

A ideia de que motel é um meio de hospedagem inferior e de beira de estrada já está no passado e hoje, esse segmento movimenta R$ 4 bilhões por ano no Brasil

Com os grandes eventos que o país recebeu nos últimos anos, muitos estrangeiros acabaram se hospedando em motéis pela praticidade e comodidade

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mercado de motéis está em franco crescimento no Brasil. De acordo com IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os motéis representam hoje o segundo maior meio de hospedagem do Brasil, com aproximadamente cinco mil estabelecimentos. Dados da empresa ZEAX Expertise em Motéis revelam que este segmento movimenta em torno de R$ 4 bilhões por ano, empregam mais de 250 mil trabalhadores formais e hospedam em torno de 100 milhões de hóspedes por ano. A expectativa é de que até 2020 este segmento cresça 27% ao ano e movimente R$ 10 bilhões ao ano.

Ao contrário do que muita gente imagina que os motéis foram criados apenas para encontros amorosos e surgiu no Brasil, está cometendo um ledo engano. O nome motel foi criado nos Estados Unidos na década de 20, onde foi inaugurado o primeiro estabelecimento com foco nos viajantes que passavam por horas nas estradas americanas. O termo ‘motel’ quer dizer motor + hotel, ou, hotel econômico à beira de estrada, e por conta disso, esse modelo de negócio foi criado para atender este público. Muitas vezes os motéis no Brasil são confundidos com os chamados “Love Hotels’, modelo de hospeda-

gem encontrado em muitos países, sobretudo no Japão, o qual abriga o maior número mercado de motéis para esta finalidade, com mais de 30 mil empreendimentos distribuídos nos diferentes perímetros urbanos do país. Somente para se ter um breve histórico da época, os locais com o fim de encontros amorosos surgiram no Japão em estabelecimentos de 10 a 15 apartamentos durante o período do Edo, entre 1600-1868. Nesses locais, os casais eram recebidos por uma funcionária que cuidava dos pertences dos hóspedes, servia chá e bolo e preparava um banho para o casal. O pagamento pelos serviços era realizado apenas na saída do casal. O primeiro motel com essa finalidade de encontros amorosos foi inaugurado no Brasil no final da década de 60, em Itaquaquecetuba,

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região metropolitana de São Paulo (SP), em plena ditadura militar. Na época uma lei proibia hospedagens de curta permanência, e por conta disso, o empreendimento teve que iniciar suas atividades de maneira ‘maquiada’, onde fingia ser um clube para poder funcionar.

Quebra de paradigma Quem pensa que todos os motéis brasileiros só dispõem de camas redondas, espelhos no teto, iluminação neon e decoração extravagante está muito equivocado. Dados da ABMOTÉIS – Associação Brasileira da Indústria de Motéis revelam que cerca de 30% dos motéis no Brasil estão com foco maior em Negócios e Turismo. Durante a realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, muitos turistas estrangeiros optaram por se hospedar nesses meios de hospedagem, pois o foco desses era apenas encontrar uma suíte para descansar e recompor as energias durante o mundial. Na visão da consultora Gabriela Otto ainda existe um paradigma muito grande com relação aos motéis no Brasil. De acordo com ela, muitos indivíduos têm a ideia de que os motéis possuem um serviço inferior com enxovais de má qualidade, decoração irregular, entre outros tópicos. “É preciso quebrar este paradigma. Essa ideia de que os motéis possuem um serviço inferior está ultrapassada. Esses empreendimentos já contam com suítes com decoração e design clean, podendo até ser comparados com quartos de hotéis cinco estrelas. Os motéis já contam com alta tecnologia de automação em suas suítes, gastronomia diferenciada, tanto que existe um evento chamado Motéis Gourmet em Belo Horizonte, que está em sua terceira edição e foi criado para demonstrar a excelente qualidade de culinária desses meios de hospedagem”, comentou. De acordo com Gabriela, o con-

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Gabriela Otto – “É preciso quebrar o paradigma de que os motéis não possuem qualidade. Esses empreendimentos já contam suítes com decoração e design clean, podendo até ser comparados com quartos de hotéis cinco estrelas”

ceito dos motéis está mudando e que será questão de pouco tempo para que esses meios se consolidem como uma nova opção de hospedagem para hóspedes que necessitam de uma suíte. “Acredito que os hotéis estão entendendo melhor hoje o conceito de day use, onde o hóspede paga pelo período em que irá ficar hospedado no hotel. O poder não está mais nas mãos do dono do

negócio hoje em dia. O poder está nas mãos do consumidor. É ele quem decide o que é melhor e mais prático para sua estadia. O mercado precisa se adaptar a esses novos modos de comportamento dos indivíduos. E para que os hotéis consigam concorrer com os motéis, será necessário fornecer um serviço a altura para este cliente”. A consultora finaliza afirman-


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Falta regulamentação Embora a tendência de hospedagem nos motéis tenha crescido nos últimos anos, esses empreendimentos ainda não são reconhe-

Eusébio Ribeirinha – “A sociedade vem mudando hábitos e desfazendo preconceitos e é necessário estar atento e acompanhar essas mudanças”

do que é muito importante reforçar que a proposta dos motéis em comparação com os hotéis é totalmente diferente. “Temos que parar de achar que os motéis devem ser considerados como hotéis. É outro modelo de negócio. Aquele comportamento do zelo, de hospitalidade, de sorrir já na entrada do hóspede é somente para os hotéis. Nos motéis o atendimento é diferente. Não existe um julgamento do hóspede que está ingressando no estabelecimento. O atendente não pode nem sequer levantar o olhar para o cliente, não existe essa ligação hospitaleira. O trato com o hóspede é diferente de um meio de hospedagem para o outro. O que deve ser ressaltado é qualidade da suíte, do que o hóspede encontrará ao se hospedar. O serviço prestado deve ser de alta qualidade”, finaliza. O motel Lush (SP) conta com suítes com design diferenciado

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cidos pelo Ministério do Turismo como meio de hospedagem. Em busca desse reconhecimento está a ABMOTÉIS, uma entidade criada em setembro de 2012, que conta


com mais de 500 empreendimentos associados, e busca desde sua criação alcançar os mesmos benefícios que os hotéis possuem atualmente. De acordo com Eusébio

Ribeirinha, Presidente da entidade, é uma incoerência que, com mais de 5 mil empreendimentos espalhados pelo Brasil, os motéis não sejam considerados pelos órgãos

públicos como meios de hospedagem. “A ABMÓTEIS tem formalizado e profissionalizado o serviço dos motéis. Para isso, elaborou uma classificação específica para

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os estabelecimentos moteleiros e protocolou junto ao Ministério do Turismo em uma audiência realizada em janeiro de 2015. Neste mesmo encontro, foi exposto, de acordo com dados de pesquisas, que o motel é o segundo meio de hospedagem mais utilizado no Brasil, sendo então de grande importância o desenvolvimento do segmento. Existem muitos motéis pelo Brasil com alto padrão de qualidade nas suas instalações, serviços e cozinhas. Cada vez mais os motéis são uma opção de lazer, assim como jantar ou ir ao cinema. A sociedade vem mudando hábitos e desfazendo preconceitos e é necessário estar atento e acompanhar essas mudanças”, afirmou. Ribeirinha afirma que diferente do que o setor em geral pensa, o interesse do setor moteleiro não é transformar os estabelecimentos em hotéis, mas sim desenvolver uma hospedagem diferenciada para um casal ou até mesmo para um hóspede sozinho. “Não é foco estruturar os motéis para, por exemplo, colocar três camas e criar um quarto triplo. Na verdade, quem manda é o hóspede, seja pelas condições de disponibilidade financeira ou pela hospedagem em si. Se o cliente quiser se hospedar em um hotel, não terá o que o motel disponibiliza e vice-versa. Os motéis são mais uma opção de hospedagem para o público”.

Passos para regulamentação Para que os motéis sejam reconhecidos como meio de hospedagem, seriam necessários que esses empreendimentos cumprissem algumas normas como: realizar check-in dos hóspedes, desativar canais pornográficos, tirar produtos eróticos de exposição, incluir café da manhã na diária, entre outras coisas. O Flamingo Motel possui diferentes suítes tematizadas

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Segundo um representante do Ministério do Turismo que pediu para não se identificar, para que esses estabelecimentos se enquadrem como meio de hospedagem, deverão ser alterados vários pontos. “No fim de 2013, o MTur recebeu representantes da Associação Brasileira de Motéis (ABMOTEIS), que apresentaram o interesse em incluir motéis no Cadastur — Sistema de cadastro dos prestadores de serviços turísticos. Porém, este sistema está regulamentado por lei e antes de qualquer modificação na Lei do Turismo (nª 11771/2008), o tema deve ser amplamente debatido em espaços como a Câmara Temática de Legislação, do Conselho Nacional de Turismo, audiências no Congresso e consultas públicas. Hoje, conforme a Lei do Turismo, as categorias de meios de hospedagem aptas a obter a classificação por estrelas são: hotel, resort, hotel fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada, flat/apart. No Cadastur, além dessas modalidades, albergues e acampamentos turísticos também podem se cadastrar como meios de hospedagem”. O posicionamento do representante do Ministério do Turismo ainda ressalta que este assunto precisa ser debatido com o setor, analisando, por exemplo, se os motéis têm tratamento tributário semelhante a outras categorias de hospedagem, e principalmente a disposição dos empresários do setor em adotar padrões de formalização, qualidade e segurança semelhantes aos dos outros meios.

Preser vativos nas suítes Se os motéis ainda aguardam parecer para serem reconhecidos como meio de hospedagem, eles já atendem normas que servem também para os hotéis e que a grandiosa maioria não cumpre. Um bom exemplo é a lei federal n° 1272/2011 que vigora em caráter conclusivo

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na Câmara dos Deputados e que vai sobrepor a várias leis municipais. O projeto torna obrigatório o fornecimento gratuito de preservativos e de folhetos educativos sobre doenças sexualmente transmissíveis nos hotéis, motéis, pousadas, pensões e similares. Este projeto foi aprovado pela Comissão de Turismo e Desporto da câmara e agora depende apenas da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para entrar em vigor. Dentre as penalidades que os meios de hospedagem poderão sofrer caso não disporem de preservativos em suas suítes estão cancelamento de alvará de funcionamento e multa ao estabelecimento. Em algumas cidades brasileiras como Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Natal (RN), Araraquara (SP), entre outras, os meios de hospedagem são obrigados a fornecerem preservativos por conta de leis municipais. A fiscalização das suítes fica a cargo das vigilâncias sanitárias dos municípios e muitos empreendimentos estão sendo multados por descumprirem a legislação. Por estar em caráter conclusivo, é essencial que todos os hotéis, motéis, pousadas e similares se adequem para evitar possíveis penalidades previstas em lei.

Motel Design Presente na capital paulista há 25 anos, o Motel Lush é considerado o primeiro Motel Design do Brasil. Cada suíte do empreendimento é única, com decoração moderna e contemporânea, aliando conforto e requinte em um mesmo local. No Lush o hóspede consegue vivenciar uma boa experiência gastronômica agregada ao serviço premium de hotelaria. O empreendimento conta com 60 suítes, e as categorias Spa Splash, Splash, Cine 4D, Spa, Lounge,

Hidro, Lush e Special. Algumas possuem 75 m², piscina aquecida com cachoeira, área externa com teto solar, sauna, hidromassagem, ducha dupla com cromoterapia, 2 TVs de LED de 40 polegadas, ar split (quente e frio), DVD, frigobar, adega de vinhos, som com MP3 Player , Internet Wi-fi e garagem Privativa. Na Cine 4D, os hóspedes contam com um cinema 4D privativo para duas pessoas dentro da suíte, com mais de 100 títulos de filmes onde é possível assistir em tela 3D e exclusiva poltrona que recria os movimentos dos filmes. A suíte Special se destaca também por ser adaptada para portadores de deficiências físicas. Ela possui chuveiro com cromoterapia e iluminação de lED na cama com a opção de escolher a cor que desejar para compor na ambientação.

Suítes temáticas Situado na Asa Norte de Brasília, na capital federal, o Flamingo Motel oferece 11 tipos de acomodações todas inspiradas em características de vários países, onde o hóspede consegue ter uma viagem pelo mundo em uma experiência diferenciada. Dentre os diferenciais do Flamingo Motel pode-se citar a cozinha internacional e uma completa adega com diversos rótulos de vinhos. As categorias de suítes Marrakech e Taj Mahal contam com decoração temática, churrasqueira, hidromassagem, sauna, piscina e teto solar, assim como vista para Brasília. Recentemente o motel inaugurou as suítes Lisboa e Ibiza, que também seguem a mesma tradição de acomodações tematizadas e decoração diferenciada. O motel também oferece a opção de suíte para hóspedes cadeirantes, adaptada para proporcionar conforto e segurança. Há também opções de suítes com hidro e sauna. freeimages


Climatização pode ser determinante para permanência do hóspede FreeImages/Kerem Yucel

Um bom equipamento e projeto de ar condicionado fazem toda diferença na experiência de hospedagem

Item obrigatório em ambientes fechados, o ar condicionado influencia em toda experiência do hóspede e deve ser tratado como prioridade desde sua concepção até periodicidade de manutenção

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magine um consultório médico, um Shopping Center ou um escritório localizado em um prédio comercial de qualquer grande cidade sem ar condicionado. Todos, ambientes impossibilitados de abrirem suas janelas por causa do alto nível de poluição, ruídos e altas

temperaturas externas. Agora pense em um hotel, lugar que deve oferecer conforto e sensação de estar em casa: como seria sem climatização? Graças ao invento do engenheiro norte-americano Willis Carrier em 1902, todos podem desfrutar de um ambiente mais agradável quando in-

seridos em um local fechado. Sistemas de climatização são vitais para a sobrevivência dos seres humanos, para usos que vão desde a fabricação e conservação de remédios, alimentos, hospitais, datacenters, indústrias, aeroportos, entre tantos outros tipos de ambientes de circulação da massa humana. Cada ser humano respira cerca de 450 litros de ar por hora, 10 mil litros por dia. E com tanta importância e participação na vida do homem, o cuidado com a escolha do melhor projeto, sistema e

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instalação de ar condicionado dentro do hotel deve ser minucioso. A relação do consumo de energia elétrica e um sistema de ar condicionado é relativa, e o uso correto do equipamento está diretamente ligado ao crescimento da economia e a qualidade de vida. Para a Abrava – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, um sistema de ar condicionado bem projetado e dimensionado, corretamente instalado, com a operação e manutenção realizada periodicamente, significa um ambiente climatizado com controle de temperatura, umidade, filtragem, renovação de ar, controle da velocidade e distribuição uniforme do ar no ambiente – principais parâmetros a serem observados para o desenvolvimento do projeto de climatização ideal. Estes fatores são responsáveis por aumentar a produtividade, purificar o ar respirado, apresentar sensação de bem estar, e propiciar melhores condições de trabalho, configurando uma melhor qualidade de vida a quem está no local, além de um ambiente silencioso e sem ruídos externos. Outro item não menos importante é a manutenção e o momento correto de modernização de sistemas obsoletos. Para se ter uma ideia, 85% do dia de seres humanos são passados em ambientes fechados, onde circula um ar que pode ser 10 vezes mais poluído do que em ambientes externos, de acordo com a associação do setor. Com tantos motivos para se investir em um sistema de ar condicionado de qualidade, muitos hotéis insistem em “esquecer” de seus aparelhos de climatização ou apostam em soluções baratas, submetendo seus hóspedes e próprios funcionários a riscos de saúde que podem ser evitados. Riscos que podem causar a queda de seu próprio negócio.

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FreeImages/Jason Krieger

Um filtro sujo pode custar a saúde do hóspede e dos funcionários: um risco impensável, mas que pode ser evitado

Passo a passo do projeto A primeira observação do projetista de ar condicionado é a necessidade do empreendimento, e o tipo de serviço ou atividade que recebe em seu prédio. É o que explica o engenheiro mecânico Eduardo Bonani, que desenvolve projetos de refrigeração de ar e climatização de ambientes há mais de 20 anos. Segundo ele, depois dos cinco parâmetros a serem analisados (temperatura, tipo de filtragem, tipo de condição sonora, pressão do ambiente e umidade relativa), outros dois pontos importantes para um bom resultado é a instalação perfeita e a manutenção bem feita. “Não adianta fazer uma manutenção bem feita e for mal instalado; ou fazer uma instalação bem feita e não cuidar depois. Outros fatores como consumo energia e água, também são importantes. Com estes parâmetros, vejo qual deles devo controlar de acordo com o tipo de estabelecimento e escolho o tipo de equipamento mais adequado. No hotel, basicamente, você vai controlar a temperatura, filtragem e a umidade relativa, que

é quase uma consequência desse controle. A umidade considerada padrão vai estar próximo de 50%”, explica o engenheiro. Segundo Bonani, o ideal é unir o projeto do ar condicionado aos projetos civil e arquitetônico do empreendimento, ou seja, o investidor e hoteleiro devem pensar na climatização antes mesmo de implantar o prédio. “Para se ter uma ideia, o ar condicionado representa cerca de 40% do consumo de energia do prédio. Vamos pegar um prédio normal, como a maioria dos hotéis: além desse consumo de energia muito alto, o custo da instalação é muito alta também, deve representar em torno de 30% do custo total do prédio. Então, se o prédio custar R$ 10 milhões, alguma coisa dentro de R$ 2 ou R$ 3 milhões vão para o ar condicionado, um valor muito pesado. A tendência hoje é tentar reduzir o consumo de energia e ainda manter a eficácia e eficiência do equipamento, pra deixar todo equipamento na melhor condição possível com menor consumo de energia”, afirma. No Brasil, existem referências


para sistemas de ar-condicionado, como a Norma ABNT NBR 16401 que estabelece parâmetros de projeto, conforto e qualidade do ar, em aplicações comerciais em geral; a Portaria 3.523/98 que estabelece o PMOC - Plano de Manutenção, Operação e Controle de sistemas de ar condicionado; a Resolução Anvisa RE-09 que estabelece os níveis de tolerância para diversos contaminantes do ar; entre outras específicas. O descumprimento dos parâmetros exigidos expõe o responsável pelo ambiente a sanções de caráter administrativo, civil e penal. Há duas opções de instalação de ar condicionado: a central e unitária. A primeira é voltada para empreendimentos de grande porte, é mais econômica em questão de consumo de energia e tem maior vida útil, chegando a 20 anos de uso com manutenção adequada. A instalação central é inserida em uma área téc-

nica que não utilizará espaço nobre do empreendimento, como um espaço de uma loja de departamentos que seria destinada a vendas ou um quarto que poderia ser comercializado, no caso de um hotel. A instalação central diferencia-se da instalação unitária (menor) porque o seu gerador de frio é feito em um local só. Depois, esse frio é distribuído em todos os locais: nos quartos, restaurante, cozinha – se necessário - e lá encontram-se os pontos terminais do ar condicionado, que seriam ou eventualmente uma máquina de ar condicionado ou mesmo só a boca de ar, os difusores e etc. “A manutenção da instalação central é mais localizada, então quando for realizada, não precisa ficar entrando no quarto da pessoa ou dentro do restaurante do hotel; é um ponto central, que fica fora destes locais, como uma área técnica, e lá é feita toda a manutenção -

rotineira, corretiva e preventiva. Se você acabar o prédio para depois fazer o ar condicionado, você vai estar remediando algo que deveria ter sido feito lá atrás. Uma instalação de ar condicionado tem um impacto muito grande na estrutura do prédio, desde o tamanho dos locais que você vai ter que colocar os equipamentos que são grandes, as redes de dutos que são grandes, e ficam correndo pelos ambientes para distribuir o ar; até a estética, porque tem as bocas de ar. Então, tudo isso você consegue fazer no projeto inicial junto com a arquitetura. Caso contrário, não vai ficar esteticamente melhor para o arquiteto, não vai ser o melhor em relação ao consumo de energia e não vai ter o prédio com a melhor ocupação. O ar condicionado, em via de regra, tira uma área nobre do prédio e você consegue minimizar isso quando você tem o projeto

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Raiza Santos

Eduardo Bonani – “A tendência hoje é tentar reduzir o consumo de energia e ainda manter a eficácia e eficiência do equipamento”

desde o começo. Então, você começa a pensar em shafts, que são as aberturas para passagem dos dutos, as aberturas corretas para passagem dos tubos de água, o espaço correto para por os equipamentos, entre outros. O ideal é a compatibilização dos projetos, que inclusive é uma disciplina que você deve ter, fazendo com que essas áreas andem juntas sem trombar e sempre disputando o mesmo espaço”, descreve Eduardo Bonani. A instalação unitária é mais simples, e utiliza o split dentro do ambiente. São indicadas para empreendimentos de porte menor, como pousadas e hotéis boutique ou individualizados no quarto do hotel, e tem menor vida útil, mesmo sendo menos usado que o de instalação central. “Uma pousada que tem vários chalezinhos, por exemplo, pode-se usar o split que é mais barato, pelo próprio tipo de construção civil, que é mais espalhado. Como são geralmente de uso não tão contínuo como em um prédio de hotel de grande porte, por exemplo, que fica 24h por dia todo fechado, a pessoa pode deixar a porta aberta, a janela aberta, e o consumo não é tão grande. Mesmo ele tendo uma vida útil não tão extensa como a de outro equipamento, ele consegue ter uma vida

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prolongada porque a utilização dele é menor. Às vezes, o proprietário desses hotéis menores não tem capital para investir tudo de uma vez, então, ele põe em cinco chalés, depois põe em mais dois e assim por diante; enquanto no central, ele tem que fazer tudo de uma vez. Tudo depende do tamanho do empreendimento que tem que ser analisado, além da localização, a condição do cliente e se ele está disponível para fazer tudo de uma vez”, pontua o engenheiro.

Impacto na experiência A climatização de todo meio de hospedagem é de suma importância para a satisfação do hóspede, o que vai de encontro direto ao que é qualidade, uma vez que ela é subjetiva e deve atender as necessidades individuais do usuário. É o que analisa o consultor hoteleiro Mario Cezar Nogales, que acredita que o que pode ser bom para um hóspede pode não ser para outro. Por este motivo, meios de hospedagem devem ter não apenas um sistema de climatização, mas uma variedade de sistemas que possam ir de encontro às diferentes necessidades dos hóspedes para garantir a satisfação de todos, como condicionadores de ar, ventiladores, umidificadores,

desumidificadores, eliminadores de ácaros e fungos, etc. Para Nogales, a preocupação do investidor/implantador a instalar um sistema de ar-condicionado, já que se trata de investimento no ativo da empresa são as seguintes: 1) Tecnologia existente com relação a consumo energético; 2) Custo de manutenção e planejamento de manutenção periódica; 3) Análise da proliferação bacteriológica e ácaros; 4) Prazo de reposição do equipamento ou seja a depreciação do mesmo e seu planejamento para substituição; 5) Capacidade real do equipamento para área destinada; 6) Decibéis e ruídos que o equipamento apresentará. Independente da marca do equipamento, o principal é de que ele faça a ambientação necessária de acordo com a qualidade que o cliente exige sem que o ruído atrapalhe. “O principal pecado que pode ser cometido pelo empreendedor é a escolha baseada no preço do equipamento, o que muitas vezes acarreta a compra de gato por lebre. Conheço um case de implantação de Ar-Condicionado Central envolvendo redução de custo de obra, onde a instalação foi realizada em um edifício e alguns meses depois da inauguração do hotel, nas UHs localizadas em um setor (tipo quartos finais 3, 4 e 5) a canaleta de distribuição de ar condicionado central que transportava água fria pelos dutos estava mal instalada e se localizava exatamente acima do guarda roupas. O que ocorreu foi que estas canaletas deixavam vazar água e em vários quartos “chovia” no guarda roupa, obrigando o hotel interditar pelo menos 30% de suas unidades habitacionais para manutenção por um período de quatro meses”, conta o consultor. Para Nogales, o grande problema da hotelaria nacional, ainda nos dia de hoje, está baseada na


implantação hoteleira a partir do design arquitetônico. “Por incrível que pareça, o custo de operações dos diferentes hotéis se baseiam exatamente na estrutura construída e como a maioria dos escritórios de arquitetura e engenharia desconhecem as nuances hoteleiras pecam muito, e quando o hoteleiro se dá conta, por causa de sua estrutura, seu custo de operações é mais alto do que se imaginava. Sistemas ambientadores são um exemplo disto, e isto se dá por conta da velha e conhecida frase “está caro”, sem de fato analisar o que realmente é necessário”, alerta o consultor.

Saúde e temperatura ideal O ar climatizado pode oferecer muito conforto, mas é preciso tomar alguns cuidados para minimizar seus efeitos nocivos à saúde. Com as temperaturas elevadas, é

quase impossível ficar sem ar condicionado, principalmente dentro de um quarto de hotel. Com isso, o hóspede fica sob exposição contínua, apesar de aparentemente agradável – o que pode ser bastante prejudicial à saúde, especialmente para pessoas portadoras de alergias respiratórias. Por isso, é importante o hoteleiro ou responsável pela manutenção do hotel estar atento à preservação de filtros de ar, responsáveis pela passagem do vento que pode conter diversas bactérias. A mucosa nasal é revestida por cílios que têm a função de evitar que vírus e bactérias entrem no organismo. O contato com o ar frio e seco compromete esta defesa, aumentando as chances de infecção. Sintomas como desconforto ao respirar, tosse, garganta seca e irritação no nariz e olhos indicam o impacto negativo do ar refrigerado. O

efeito pode ser ainda pior em pessoas portadoras de doenças respiratórias crônicas – como rinite alérgica, asma e enfisema pulmonar. De acordo com Humberto Bogossian, médico pneumologista no Hospital Israelita Albert Einstein, o principal problema que o ar condicionado pode ocasionar à saúde é a soltura de fungos no ar através da umidade. “O equipamento possui um mecanismo que pega o ar que está em um determinado ambiente, e passa por dentro do aparelho por filtros, e a partir desse momento ele resfria esse ar. No processo de resfriar o ar, ele fica mais úmido e todo aquele ambiente que esse ar mais frio e úmido vai passar, ele pode acumular umidade e pode favorecer o crescimento de algumas bactérias e fungos. Então, o grande problema do ar condicionado com a manutenção mal feita

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ou sem higienização é transmitir bactérias e fungos que estão paradas nesse sistema. Então sabemos de casos de algumas bactérias, que podem se desenvolver nesse sistema mais úmido, e fungos que podem levar a infecções respiratórias, que pode ser uma mais simples ou até quadros de pneumonia”, explica o especialista. Para resfriar, o ar condicionado tira um pouco da umidade do ar, que sai no ambiente mais seco. Por isso, quando se trabalha muito no ar condicionado, ou fica exposto por muito tempo em um ambiente climatizado, no final do dia a pessoa tem um incômodo na garganta e pode ficar com rouquidão. Bogossian fala ainda que, para quem tem doenças respiratórias, por exemplo, do mesmo jeito que seca a boca, garganta e nariz, secam também brônquios e traquéia e então, o cuidado deve ser maior. Na hora que a pessoa tem o sistema respiratório um pouco mais seco, a película de água que tem neste sistema — uma umidade na mucosa do trato respiratório que o protege para não deixar bactérias e fungos entrarem — é comprometida. “Quando você seca muito isso, o ar passa com um pouquinho mais de atrito e em paralelo a isso, a mucosa seca fica mais sensível, mais friável, e às vezes fica mais permeável à penetração de bactérias e fungos que tem no trato respiratório normalmente. Então, para algumas pessoas, isso pode ser um mecanismo que pode desencadear infecção respiratória”, afirma o pneumologista. Outro aspecto a se tomar cuidado, segundo o médico, é o contraste de temperatura, entre muito quente e muito frio. Em algumas pessoas asmáticas, isso pode acarretar uma crise de asma, e pessoas com rinite podem ter seu quadro de saúde piorados pela exposição ao ar condicionado mal regulado. “Isso depende de paciente para paciente, sendo uma questão de sus-

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cetibilidade. Não é todo paciente asmático e com bronquite crônica que vai ter isso. E pelo fato do ar condicionado ser uma necessidade, os problemas só ocorrem em casos de manutenção mal feita do equipamento – o que não é muito comum”, comenta o médico. A temperatura ideal também depende de pessoa para pessoa, mas a indicada é uma média de

21 a 23 graus Celsius, considerada confortável em locais públicos, conforme conclusão do corpo clínico do laboratório Alta Excelência Diagnóstica. Uma das formas mais simples e eficazes de minimizar os efeitos nocivos dos refrigeradores de ar é utilizar soluções para umidificar as vias respiratórias e se hidratar com frequência. A hidratação, aliás, é fundamental ao se

Mario Cezar Nogales – “O principal pecado que pode ser cometido pelo empreendedor é a escolha baseada no preço do equipamento, o que muitas vezes acarreta a compra de gato por lebre”


exercitar em ambientes climatizados, pois a baixa temperatura pode dar a falsa impressão de conforto e disfarçar uma possível desidratação. A limpeza do equipamento também é fundamental, pois o filtro acumula impurezas com o passar do tempo, promovendo uma maior circulação de bactérias, ácaros e fungos no ambiente. A troca do filtro deve ser feita pelo menos uma vez por ano e os dutos devem ser higienizados a cada seis meses.

Meio Ambiente Por razões de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, e também pela escalada dos custos com energia elétrica nos últimos quinze anos, o setor de ar-condicionado industrial, comercial e residencial empreendeu inúmeros

esforços para desenvolvimento e modernização tecnológica, desta forma contribuindo com a matriz energética do país. As tecnologias disponíveis na fabricação e aplicação de equipamentos, submetidos a controles e automação adequada, em especial nos projetos que contemplam soluções de engenharia personalizadas as necessidades do ambiente, permitem construir edificações que consomem menos da metade de energia normalmente requerida no passado. Estes fatores aumentam a vida útil dos equipamentos e sistemas que conseguem operar com índices mais elevados de rendimento e performance. Os itens tecnologia e eficiência energética se mantêm na pauta dos fabricantes de equipamentos e empresas de engenharia, que vêm

ano a ano investindo em novas tecnologias, novas formas de projetar instalações, sistemas de automação e controle, métodos de operação e manutenção mais eficientes que demandam menores índices de consumo de energia. Pode-se observar que nas últimas duas décadas a eficiência média dos sistemas de ar-condicionado e equipamentos dobrou, o que significa dizer que, em geral um equipamento de ar-condicionado gasta menos da metade do consumo de energia de 20 anos atrás. Vale ressaltar que o Retrofit de equipamentos e sistemas obsoletos pode gerar uma média de 40% do economia de energia, após o processo de revitalização do sistema de climatização. De acordo com o engenheiro Eduardo Bonani, até 20 anos atrás,

FreeImages/Sebastian Smit

Um ar condicionado mal regulado ou com filtros sujos podem trazer problemas à saude que vão desde resfriados até pneumonia

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um dos principais produtos que refrigerava o ar era o CFC, à base de cloro. Depois, se descobriu que esse gás atacava a camada de ozônio, que está ligada com a incidência dos raios ultravioletas. Então, quando descobriram que o CFC atacava, a indústria começou a substituir esse produto. “Agora, o produto que estão utilizando não chega a ser 100% livre de atacar a camada de ozônio, mas ele é muito melhor que o CFC. Inclusive ele tem sido trocado aos poucos, porque você não pode tirar de repente um gás que está aí há quase 100 anos, com um monte de máquinas funcionando com ele. Então, foi prolongado o uso desse gás e vai ser permitido até, no máximo, 2020. Aí você não pode mais usá-lo. Por enquanto, o vão retirando aos poucos pras empresas e indústria irem se adaptando, se não você mexe na economia de uma maneira muito forte. Agora ele foi substituído por outros produtos, gases refrigerantes que não têm mais o cloro como componente. São vários tipos, porque várias empresas desenvolveram, como o 147”, conta Bonani.

Solução Verde Com projetos de climatização especial ou conforto, ventilação e exaustão mecânica, a Green Solutions desenvolve pressurização de escadas e extração de fumaça, alinhando tecnologias de ponta às expectativas e necessidades do cliente, sem perder de foco a preocupação com o meio ambiente e as exigências do Protocolo de Montreal. Através da aplicação de conhecimento técnico, junto à ética e boa prática da engenharia, a empresa projeta soluções sustentáveis, buscando o melhor custo x benefício em relação à implantação, operação, manutenção, monitoramento e controle dos sistemas, viabilizando o empreendimento através de soluções sustentáveis e com grande tecnologia agregada. A Green Solutions recebeu o selo GBC, conferido pela Green Building Council Brasil às empresas alinhadas com produtos, serviços e soluções ecologicamente corretos, para desenvolvimento de empreendimentos de construções sustentáveis.

A experiência em projetos de climatização e ventilação, e as parcerias com fabricantes nacionais e internacionais com forte presença no setor, tornam a Green Solutions uma alternativa confiável para os mais diversos empreendimentos: hospitalares, industriais, hoteleiros, comerciais, residenciais; através de sistemas de Água Gelada, ou de VRF, para condições de conforto ou especiais. Dentre as tecnologias disponíveis no mercado para hotéis destacam-se Água Gelada, VRF e Splits. Cada empreendimento exige uma solução dedicada, por esta razão, adotar uma das soluções acima vai muito além da engenharia de acordo com a administração da empresa. É essencial entender o perfil do empreendimento através de uma análise criteriosa (em relação ao padrão, localização e disponibilidade de mão de obra), e as expectativas do cliente (quanto aos custos de implantação, operação e manutenção), agregando-as ao conhecimento técnico. O sucesso

Raiza Santos

O gás CFC, à base de cloro, está sendo substituído aos poucos por gases refrigerantes que atacam menos o meio ambiente

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do projeto de climatização está em alinhar estas análises às Normas e Legislações de Conforto Térmico e Qualidade do Ar Interior.

FreeImages/Yaroslav B.

Sob medida

A temperatura ideal para um ambiente varia de 21 a 24 ºC

A empresa Jetfrio criou o JetService, que avalia equipamentos e faz, se necessário, desmontagem, troca de componentes e finalização com pintura

Ao analisar as características apreciadas pelos hóspedes e as características pretendidas pelos turistas no geral, um bom aparelho de ar condicionado Midea Carrier em um hotel pode adequar o seu produto a diversos clientes. Assim, as ferramentas corretas de conforto, permitem ao hotel alargar o seu número de clientes e de potenciais clientes, tornando o produto hoteleiro cada vez mais internacional, todavia mais específico para cada cliente. A empresa Jetfrio, voltada ao ramo de condicionadores de ar em parceria com a Totaline, oferece equipamentos e serviços de alta qualidade. A Jetfrio conta com um departamento para desenvolver projetos e cálculos para câmaras frigorificas, salas climatizadas e túneis de congelamento, além de uma infraestrutura para proporcionar um selecionamento com alta performance. Com um portifólio incluindo fluidos refrigerantes, unidades condensadoras e evaporadoras e mais de cinco mil itens, somado ao apoio de grandes marcas do setor, a Jetfrio sentiu a necessidade de expansão. Em parceria com a Totaline inaugurou a Jetline, empresa direcionada à venda e instalação completa de condicionadores de ar. A empresa também acaba de inaugurar a JetService, uma divisão que vai se posicionar na retífica de compressores. Neste serviço, a JetService faz uma avaliação do equipamento, a desmontagem total, executa a retífica de compressores, troca de componentes por novos e finaliza com a pintura padrão de cada marca, mantendo a característica e originalidade do equipamento.

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Softwares reduzem custos e melhoram a performance dos hotĂŠis

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Utilizando um simples smartphopne ou tablet o gestor de um hotel pode saber a ocupação, faturamento, diária média, lucratividade, entre outras informações em tempo real

F

oi-se o tempo em que os hoteleiros controlavam toda a operação de seu empreendimento de forma manual e com papel. Os registros antigamente eram feitos com máquinas registradoras na recepção, com cartões com ponto batido. Cada cartão representava um extrato e tudo era somado na saída. Havia uma divisão entre a recepção e o caixa, o que predispunha a muitos riscos, como não lançar as entradas, a perda de papéis e a dificuldade no controle dos processos. Quando o hóspede entrava, o lançamento das fichas não era imediato, e por esse motivo era preciso manter alguém circulando em todas as áreas, checando a movimentação. Com a chegada do fax, as reservas das agências começaram a chegar mais rapidamente. Com a digitalização, os processos ficaram ainda mais rápidos. Diminuiu a necessidade de controles e o sistema passou a suprir essas necessidades. Quem recorda destes tempos é Cláudio Cordeiro, pois seu pai trabalhava em hotéis e desde pequeno vivenciava este ambiente em que solidificou carreira por vários empreendimentos, sendo o mais recente o Jatiúca Resort em Maceió, Alagoas. Atualmente Cordeiro é Diretor da vertical hospitality da Bematech. Ele explica que uma mudança muito nítida foi a velocidade dos processos internos utilizando as novas tecnologias que estavam ganhando força na época. “Com a disponibilização dos apartamentos, a liberação passou a ser automática, o que facilitou o dia a dia do hoteleiro. Houve melhoria dos controles, diminuição das perdas e melhor controle dos custos, já que o sistema passou a conferir tudo. As estruturas administrativas dos hotéis aumentaram a produtividade e ficaram mais competitivas e não é mais preciso um telefonista para o acompanhamento. A comanda eletrônica acabou com os papéis de pedido. Com ela, todas as informações vão direto para o sistema e A tecnologia hoje é uma forte aliada dos hotéis e os hóspedes já começam a utilizá-la antes mesmo do check-in

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Cláudio Cordeiro: “Treinamentos virtuais e suporte as tecnologias implantadas no hotel reduzem os custos”

geram um cupom. Ela também oferece maior sustentabilidade, já que economiza recursos. As mudanças continuam acontecendo e o maior desafio é a adaptação cultural. Ou seja, as pessoas precisam entender esses novos procedimentos e aprender a tirar o melhor deles. Os garçons, por exemplo, podem apresentar resistência, ainda mais os que atuam há mais tempo na área. O que irá fazer a diferença e prevenir problemas é a implementação bem feita e investimentos em treinamento”, revela Cordeiro. Segundo ele, a hotelaria está caminhando para ser algo mais intuitivo. Os mecanismos de venda estão se pulverizando, assim como os sites seguem expandindo sua atuação. O CRM também possibilitou a interação mais rápida e fidelização dos clientes, já que também é uma forma global de registro em nuvem, que permite a localização de informações do hóspede mesmo que ele não tenha ainda vindo ao hotel. Com ele é também possível saber as preferências dos clientes e sua média de consumo. “Um dos desafios encarados nos últimos tempos é a disponibilização dessas informações para toda a cadeia hoteleira, bem como o tratamento dessa informação para a oferta de comodidade aos

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clientes. A integração da Bematech com a Totvs traz know how e melhora a nossa capacidade. Estamos buscando cada vez mais inovação e melhoria da produção, e para isso, criamos a área de marketing de produtos para mapear as necessidades do mercado e traduzir nos softwares. Isso irá melhorar a usabilidade e a interação com o usuário”, revela Cordeiro. Para facilitar o treinamento dos colaboradores do hotel com estas tecnologias, o E-learning tem se mostrado uma boa alternativa em redes maiores. Afinal, os custos para deslocar as pessoas podem ficar muito altos e em muitos casos isso inviabiliza o investimento nos profissionais. “Como reflexo disso, eles passam a ter dificuldade no suporte às tecnologias. A implantação de treinamentos virtuais com certificação reduz os custos e aumenta o nível da eficiência da equipe. Isso também ajuda a diminuir o turnover. Também acredito que é uma tendência o investimento no módulo consolidador de indicadores do hotel para facilitar a gestão móvel e a ampliação do leque de integração de reservas”, avalia Cordeiro. Os softwares de gerenciamento hoteleiro, também chamados PMS – Property

Management Systems são requisitos básicos na operação hoteleira como eficiência, segurança e rapidez no atendimento. Mesmo não sendo visíveis para os hóspedes, os softwares são imprescindíveis para os meios de hospedagem de qualquer porte, pois neles são registrados todos os cadastros de clientes, tanto individuais como empresas e agências de viagens, controle de disponibilidade e tarifas e contas de clientes. Além disso, um bom PMS deve fornecer relatórios práticos, precisos e confiáveis, permitindo assim a análise de situação e de performance do empreendimento, tanto no front office (recepção e governança), como no back office (contabilidade, faturamento, cash flow, eventos, etc.), tudo de forma ágil e segura. E como a automação se tornou uma importante ferramenta para os hotéis controlarem custos, existe a necessidade de aprimoramento constante dos softwares para garantir o máximo de conforto dos hóspedes e o controle e segurança na operação hoteleira. “No passado tínhamos que convencer um hotel a se informatizar, mas hoje em dia a realidade é diferente, pois todo hotel já nasce sabendo a importância de ter um sistema. No princípio, as máquinas registradoras armazenavam o saldo da conta dos hóspedes e diariamente recebiam o incremento de novos débitos e estes eram impressos em uma fatura. Depois, os primeiros softwares tinham a função de processar informações pós-fato ocorrido. Processava informações e devolviam em forma de relatórios que precisavam ser consultados para obter a informação. Com o advento da informática mais amigável, com acesso a computadores no próprio local de trabalho, o processamento passou a ser feito junto ao cliente, frente a frente, para ter a informação online. Os primeiros softwares informatizavam e automatizavam processos manuais existentes e hoje em dia ter um software de gestão é indispensável”, assegura Alcir Toigo, Gerente de Relacionamento com Clientes da


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empresa Desbravador, que já atua no mercado há 27 anos apresentando soluções em software para os hotéis. Segundo Toigo, hoje os softwares de gestão otimizam o tempo e melhoram a performance de todo o empreendimento hoteleiro, de forma integrada, pois o sistema processa desde a reserva feita no sistema pelo site do hotel ou mesmo por uma OTA (agência online) até a contabilidade. Passando pelo estoque, financeiro, CRM e outros módulos e este processo gera relatórios de extrema importância para a gestão. “Nós ainda instalamos, configuramos e treinamos a equipe dentro hotel. Para um sistema trazer os benefícios esperados é necessário que a equipe saiba operar na totalidade. Após estar em operação a empresa tem equipes de suporte a disposição para atendimento online, presencial e com visitas técnicas pre-

ventivas”, destaca Toigo. Ele lembra que certas operações feitas há muito tempo já não se fazem mais necessárias. O garçom já não precisa ter um bloco de comandas, pois um dispositivo móvel é usado para fazer pedido no restaurante. A camareira já não precisa ligar para a recepção para informar o consumo de frigobar do cliente, pois faz isso com um dispositivo móvel ou digita no teclado do telefone. As reservas já não entrarão via ligação telefônica e sim via website do hotel. Mas as vantagens vão além: Clareza, agilidade e velocidade. Estas mudanças radicais talvez sejam um dos fatores mais contundentes durante o processo de informatização numa administração baseada em rotinas antigas e paradigmas engessados. Neste tipo de administração qualquer sistema sofre resistências para ser instalado e operacionalizado. Mas não há dúvidas que, depois que um hotel é

informatizado, jamais voltará para um processo manual. E isso porque são notáveis os benefícios da informatização. Os dados são levados com agilidade, clareza e se tornam informação para ser usada na tomada de decisão de maneira segura e ágil. Isso faz diferença para o hotel e para o hóspede. “Temos diferentes produtos para a gestão para hotéis, que atendem desde pequenos estabelecimentos à grandes redes, como: Desbravador Light, Desbravador Light 3, Desbravador 3.1, Desbravador 4.1, Desbravador Reservas Online, Channel Management, entre outros. E todos estes produtos podem ser modulados para atender a necessidade específica de cada tipo de hotel”, revela Toigo.

Tecnologia como forte aliada A hotelaria hoje não vive sem a tecnologia. A distribuição por meio das OTAs, (agências online) um bom site

Os softwares de gestão otimizam o tempo e melhoram a performance de todo o empreendimento hoteleiro

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com motor de reservas, o acompanhamento da equipe de vendas e, principalmente, a gestão das tarifas do hotel são alguns exemplos. Por isso, a APP Sistemas contratou a consultoria da G.O. Associados para cuidar dos recursos de RM (Revenue Management). “Com o apoio da consultora Gabriela Otto, estamos recriando e modernizando nosso PMS, além de incorporar as melhores práticas de RM a recursos inéditos para os profissionais deste setor”, explica Gerson Pedrinho, Diretor de tecnologia da APP Sistemas, que está próxima de completar 30 anos de atividades. E diante das oportunidades e dos desafios nos próximos anos, a APP Sistemas fez uma parceria com a SAP, uma das maiores empresas do mundo no mercado de aplicações de software empresarial, que tem cerca de 300 mil clientes no mundo e está presente no Brasil há 20 anos. “A oferta de soluções de TI para o segmento hoteleiro é carente quando comparada à gama de ofertas para os outros segmentos, como indústria, varejo, entre outros. Com base nisso, agregamos nossa experiência à da SAP Business One para ser uma plataforma de soluções que apoiará o crescimento dos empreendimentos que utilizarão a solução. A plena satisfação de nossos clientes está em nosso DNA e em nossa missão”, diz Cláudio Azevedo, Diretor comercial da empresa. Segundo ele, entre as soluções que a empresa dispõe ao mercado hoteleiro está o APP Hotel, um PMS com um ERP que atende ao front office e ao back office. Para a integração com o SAP Business One (B1), o PMS foi desacoplado do ERP, nascendo o APP Hotel One. “Estamos muito felizes com a parceria, pois já demonstramos a B1 para alguns hoteleiros e eles ficaram impressionados com os recursos, as facilidades e a confiabilidade o produto oferece. A SAP tem centenas de milhares de colaboradores no mundo para oferecer soluções horizontais tão completas como o Business One. Dessa maneira, podemos focar no que

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realmente conhecemos: soluções para hotelaria”, conta Azevedo. Outro aspecto importante de soluções apresentadas pela APP Sistemas é a automatização das comandas dos bares e restaurantes, agilizando as entregas e melhorando o ticket médio. Também deve ser ressaltada a constante atualização dos sistemas, atendendo às obrigatoriedades do fisco. E, por fim, a gestão por meio de dispositivos móveis, por meio da qual o gestor pode saber tudo sobre seu hotel (ocupação, faturamento, diária média, lucratividade, entre outras informações) em gráficos, dashboards e cockpit, lançando mão de um smartphopne ou tablet, onde quer que ele esteja.

Informações nas nuvens Com o grande volume de informações geradas diariamente e a necessidade de protegê-las, a solução encontrada por muitos hotéis foi a adoção do cloud computing (computação nas nuvens). Este sistema consiste no armazenamento de dados em plataformas on-line, que podem ser acessadas de qualquer lugar do mundo e a qualquer hora, desde que com acesso autorizado. Os usuários podem acessar seus arquivos e aplicações, independente do sistema operacional instalado e não precisam ter uma máquina potente para isso. E diante das oportunidades existentes neste mercado, a Faitec Informática lançou um sistema

em nuvem personalizado para hotéis em parceria com a Datacenter. O FTC Cloud Hotels oferecerá autonomia aos hoteleiros no armazenamento em DataCenter para os sistemas de ERP — Enterprise Resource Planning Hoteleiro do mercado. Com Data Center operado no Brasil, na Europa, Estados Unidos e na Ásia, o FTC Cloud Hotels é um serviço de nuvem destinado aos hotéis que buscam reduzir custos, encurtar prazos de implementação de soluções e aumentar a disponibilidade da infraestrutura. O FTC Cloud Hotels é compatível com qualquer ERP Hoteleiro do mercado e visa por fim aos serviços terceirizados de TI e gerenciamento do Sistema de ERP interno no hotel. A ferramenta pode ser usada tanto em hotéis grandes como em médios e pequenos, quem podem ganhar com esta parceria. “São hotéis com orçamentos limitados e que nem sempre contam com equipes de TI internas. A possibilidade de usar a infraestrutura na nuvem não só resolve esses desafios como provê a melhoria contínua do ambiente tecnológico das empresas, algo essencial para o crescimento dos negócios”, explica Antonio Mocelim, Diretor Comercial da M3Corp , empresa parceira da Faitec nas soluções de segurança através de firewall e UTM sophos , soluções de backup arcserver, para o cloud FTC Hotels. De acordo com o CEO da Faitec

O check-in online já é uma realidade em muitos hotéis do Brasil


Fábio Santana: “A maioria dos hotéis não possuem infraestrutura preparada para suportar o crescimento de seu sistema de ERP, BI e CRM”

Informática e Tecnologia, Fabio Santana, o FTC Cloud Hotels possui flexibilidade, sendo a maneira pela qual a Faitec irá suportar vários hotéis simultaneamente conectados, entregando a necessidade ideal de computação em uma nuvem privada. “Todos os sistemas de ERP que serão utilizados pelos usuários estarão em um Datacenter Tier III seguro, na capital paulista,” afirma Santana. Segundo ele, a Faitec oferece soluções de TI com ênfase em Banco de Dados para o mercado hoteleiro, e mais de 200 hotéis já estão na nuvem da empresa. “Muitos dos hotéis não trabalham com a gestão dos custos envolvidos na manutenção de seus equipamentos de informática e empresas terceiras, como também licenciamento de software e contratação de novas tecnologias. Por isso, a Faitec possui uma equipe preparada para ajudar e potencializar os hotéis a criar uma comparação baseada no custo total de

propriedade de seus equipamentos, serviços terceirizados e softwares”, revela Santana. Ele ressalta ainda que, geralmente, a infraestrutura do hotel não está preparada para suportar o crescimento de seu sistema de ERP, BI e CRM e muito menos seus servidores virtualizados, e o serviço entra como agregado a outros, como por exemplo, os usuários poderão não mais ficar confusos em caso de uma necessidade de suporte. Hoje as empresas terceiras possuem atendimento e suporte 8X5, já o gerenciamento e suporte da Faitec funciona 24h00, sete dias por semana, 365 dias por ano. De acordo com o executivo, este é um ponto chave para a escolha da Faitec, pois ninguém deve levar seu sistema para uma nuvem, sem que tenha um atendimento adequado e especializado em seu segmento. “Trazer seu sistema para nossa nuvem é muito simples. Criamos ambientes em menos de 24 horas, com toda a gestão montada e com isso, a redução de custo é altíssima”, explica. Com o sistema de ERP na nuvem, a latência no acesso a elas cai bastante, já que o que trafega entre o Datacenter e a estação do usuário são apenas tráfegos de telas, ficando a aplicação hospedada no Datacenter e a estação recebendo apenas a tela da aplicação. A empresa utiliza uma solução robusta chamado Go-Global, da americana GraphOn. A Faitec foi a pioneira em parceria com a Centric System, distribuidor do produto no Brasil, em apostar na solução, já preparada para rodar SaaS (Software as Service), (Hardware as a Service) e Iaas (Infrastructure as Service). “Isto trouxe um resultado significativo no mercado, por isto hoje somos reconhecida no setor hoteleiro como a solução mais aderente a qualquer ERP”, revela Santana. Gustavo Pimentel - Diretor de Marketing da Centric System afirma “Se o sistema ERP e os servidores de Banco

de Dados e Aplicação estiverem na mesma rede, que é o que ocorre num ambiente Datacenter como o ofertado pela Faitec, a otimização no acesso a aplicação pode chegar entre 40% e 50%, e isso já levando em conta a conexão remota entre o usuário final e o Datacenter”, explica.

Escolha certa do software Atualmente cerca de 85% dos hotéis no Brasil são independentes, ou seja, não pertencem a redes hoteleiras nacionais e internacionais. Isto possibilita um potencial muito grande de crescimento de softwares voltados a hotelaria. Neste cenário, é imprescindível contar com um software que facilite a gestão destes pequenos meios de hospedagem e auxilie nas atividades diárias e ainda pauta as estratégias do negócio de grandes redes nacionais e internacionais. Fabio Adriano, CEO da Check-In – empresa que desenvolve softwares de gerenciamento hoteleiro – explica o valor de sistemas que envolvam as informações de todas as áreas do hotel, dizendo que a importância é de ordem organizacional, sistêmica, processual, operacional e gerencial. “Com o software consigo pautar processos, procedimentos e tarefas. Tenho controle e posso monitorar todas as áreas e tomar decisões rápidas. Além disso, é possível ter, num único software, informações que ajudem os gerentes no dia a dia”, declara Fábio Adriano. O CEO afirma que atualmente, em virtude da necessidade de se ter informações em tempo real, contar com um software que disponibilize dados de todos os setores que envolvem a empresa ajuda, até mesmo, na tomada de decisões diárias. “Poder guardar informações dos hóspedes, mapear a situação financeira e econômica, e atender as exigências do governo, torna possível a busca de informação para saber qual vai ser o melhor caminho para a estratégia gerencial”, concluiu Fabio Adriano.

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Preocupação com segurança alimentar norteia gestão de A&B

Foto: Divulgação ClubMed

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Da compra atĂŠ o preparo, o alimento passa por um longo processo antes de chegar Ă mesa do cliente

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A contaminação alimentar de apenas uma pessoa pode acabar com toda a reputação do hotel, e com a alta rotatividade de clientes e hóspedes, é preciso estar atento a todos os processos do alimento: desde a compra e armazenagem, até a manipulação

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ecepção atenciosa, quarto bem arrumado, mimo sobre a cama e chuveiro quente. Tudo isso é imprescindível para uma estada memorável em um hotel. Contudo, a experiência pode virar um pesadelo se o maior setor do empreendimento pecar em alguma etapa: a área de Alimentos e Bebidas. A gestão de A&B apresenta muitos desafios e todos os processos do estabelecimento são importantes e devem estar integrados para que o negócio apresente resultados positivos na entrega final. O gerente de A&B, Diretor de compras, o chef e toda a equipe da cozinha precisam estar igualmente atentos a diversos elementos, a fim de garantir a segurança alimentar do empreendimento afastando todos os riscos possíveis à saúde dos hóspedes, o maior dos males. Um caso de contaminação ou intoxicação de um cliente pode gerar processos e requerimentos de indenizações milionárias, decretando o fim do negócio. Desde o controle do estoque até a higiene do local onde são preparados os alimentos, há diOs hotéis devem estar atentos aos alimentos dispostos na bancada, evitando refrigeração inadequada

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versas normas que devem ser seguidas, principalmente pelos meios de hospedagem que têm uma grande demanda em seus restaurantes. Em seu “Caderno ‘Segurança Alimentar”, o professor do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/ UFRRJ), Renato Maluf definiu que “Segurança alimentar e nutricional é a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. Esta condição não pode comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro, devendo se realizar em bases sustentáveis”. Uma das normas a serem seguidas pelos empreendimentos para garantir a Segurança Alimentar é a Portaria 1428 do Ministério da Saúde. Esta portaria estabelece desde 1994 a obrigatoriedade da implementação das Boas Práticas de Fabricação e da APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, como ferramentas preventivas para o controle de perigos veiculados pelos alimentos. Cada vez mais, as pessoas têm feito suas refeições fora de casa. Seja por falta de tempo de cozinhar ou mesmo de estar em casa, os restaurantes têm sido por muitas vezes a única opção de alimentação, principalmente nas grandes cidades. A ABIA - Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, em pesquisa divulgada em janeiro de 2013, estimou que nos grandes centros urbanos o número de refeições fora do lar chegue a 30% das refeições totais e, de suas despesas com a alimentação, os brasileiros destinam 23,7% do total às refeições fora do domicílio; os americanos destinam 50% e os europeus quase 70%. No Brasil, o merca-

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do de alimentação vem crescendo cerca de 3% ao ano, e o de refeições fora do lar cresce 8,5% ao ano — o que aumenta a responsabilidade dos empreendimentos do segmento.

Gestão eficiente = refeição de qualidade Existem diversas ferramentas para auxiliar o responsável por A&B no controle dos alimentos estocados no hotel, o que não garante uma gestão eficiente por si só. É o que afirma Marcelo Haro, Consultor na empresa de gestão estratégica e consultoria hoteleira Mapie. Segundo ele, é muito importante que outros aspectos marginais também sejam controlados, como homologação de fornecedores, programação dos pedidos, cotação de produtos de maneira consistente, administração de recebimento e armazenamento destes produtos, entre outros. “Para tudo isso funcionar melhor, é muito importante que o gestor de A&B tenha uma visão abrangente de todo o setor e de todas as suas interfaces. Enxergar o hotel como um organismo único onde a estocagem de alimentos sofre influências desde o local onde o hotel está localizado e, consequentemente, da agilidade de abastecimento pelos fornecedores,

até do departamento de reservas que pode fechar um grande grupo de última hora”, explica Haro. Se em muitos setores o “algo novo” deve ser apresentado em todos os processos, em A&B é o contrário. Neste setor existem inúmeras atividades obrigatórias, pois os profissionais lidam diretamente com a saúde e a qualidade de vida dos clientes, fazendo da rotina uma grande aliada. Ao mesmo tempo, esta área do hotel também é altamente dinâmica e “cada dia é um novo dia”. Para o consultor, não saber como manter a rotina é o principal erro do gestor de A&B, que destaca a necessidade do controle. “Normalmente esse departamento nunca fecha, funciona ininterruptamente, suas etapas não são mecanizadas (algumas delas nunca serão), e o gestor não consegue observar e participar de todas elas. Não ter meios de controle dos resultados, atividades e desempenho é um erro que traz impactos significativos na percepção da qualidade por parte dos clientes/hóspedes, impactos financeiros que podem inviabilizar a operação e riscos para a equipe. Não tenho dúvida que a gestão precisa ser diária. Quando você negocia um cardápio personalizado, quando decide por uma compra, quando defi-

Higienização de folhas no La Torre Resort, em Porto Seguro (BA)


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ne o staff para um evento ou quando analisa seus indicadores internos você está também fazendo a gestão de custos do seu departamento. Uma falha muito comum é deixar para o dia seguinte essa análise pois alguém está “de atestado” ou existe uma reserva grande para o almoço. Não agir no momento correto pode interferir no desempenho do setor e você não terá como voltar no tempo para corrigir”, pontua Marcelo Haro. Princípios morais e sociais também devem ser levados em conta na hora da compra e manuseio dos alimentos, considerando o desperdício de alimentos, consequência tão comum em grandes estabelecimentos. Haro lembra que no final do último mês de março de 2015 foi aprovado um projeto de lei na França que proíbe que supermercados joguem fora alimentos vencidos, obrigando estes a doarem ou darem alguma utilidade para estes alimentos enquanto ainda podem ser consumidos. “Isso quer dizer que, além de moral e social, aos poucos isso se tornará uma questão legal. E não é por menos: estima-se que o desperdício na França custa por ano até 20 bilhões de euros ao país”, comenta. Segundo ele, “Um indicador muito usado na gestão de A&B é o CMV (custo de mercadoria vendida). Quando o seu “custo” começa a subir é porque algo não vai bem: você pode ter comprado mal os insumos ou o preço de venda pode estar baixo ou você está desperdiçando em alguma etapa interna. Mas é vital que esse acompanhamento seja feito diariamente. Outra necessidade vital é trabalhar de maneira organizada e antecipada. Sempre que sua equipe está trabalhando atrasada ou atrapalhada fatalmente você estará desperdiçando. Ou você derruba algo no chão ou esquece algo queimando na fritadeira. Também acredito muito na conscientização. Todos nós já aprendemos, por conta da necessidade, como economizar água devido à redução de abaste-

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Gisleine Del Santi – “O almoxarifado se torna um cofre que guarda os valores da empresa, assim deve ser cuidado e controlado todos os dias”

cimento que ocorreu em algumas cidades do nosso país. Antes disso passamos algumas dificuldades com energia elétrica também. Tudo isso acaba servindo de aprendizado para o usuário. Na cozinha não é diferente”, afirma o consultor da Mapie.

Capacitação interna No La Torre Resort, localizado na Praia do Mutá em Porto Seguro (BA), os colaboradores fizeram um curso de Manipulação de Alimentos ministrado pela nutricionista Gabriela Doria de Souza. Colocar os alimentos nos devidos lugares, etiquetar, limpeza geral, lavar as mãos várias vezes ao dia utilizando produtos apropriados, manusear os alimentos e armazenagem foram algumas das matérias abordadas durante o curso. “Estudar é importante e aplicar o curso é importante para o hóspede e para a empresa”, argumentou o diretor geral do La Torre Resort, Luigi Rotunno. “Lidar com a alimentação é lidar com a vida, tem sempre o que melhorar”, acrescentou a nutricionista. O curso é realizado uma vez ao ano pela nutricionista, que dá palestras de reforço durante o ano todo. Um dos objetivos

é que os resultados sejam vistos através de uma equipe sã, cuidando de seu corpo e aumentando a produtividade e diminuição nos riscos de contaminações alimentares. No hotel baiano, os alimentos são armazenados de forma a impedir a contaminação e a proliferação de microrganismos. Os recipientes e embalagens devem ser recebidos sem alterações e danos. O local de armazenamento deve ser limpo todos os dias, sendo os alimentos mantidos separados por tipo ou grupo, sobre estrados distantes do piso, ou sobre paletes, bem conservados e limpos, afastados das paredes e distantes do teto de forma a permitir apropriada higienização, iluminação e circulação de ar. Gisleine del Santi, gerente de alimentos do La Torre Resort, explica que as etapas para o processo de compras devem ser extremamente criteriosas, pois é dele que depende a movimentação de dinheiro da empresa; sendo então responsáveis por parte dos custos dos alimentos. “Após a fase de compra precisamos receber os insumos, onde verificamos a qualidade, quantidade e


o preço. No processo de estocagem é onde garantimos a qualidade dos insumos, principalmente dos perecíveis, onde o almoxarifado se torna um cofre que guarda os valores da empresa, assim deve ser cuidado e controlado todos os dias, com leitura de temperaturas, prazos de validade, e com rodízio feito de acordo com o estoque”, explica a Gerente. Para a produção, todos os dias é verificada a quantidade de hóspedes e através de fichas técnicas, é requisitado o que será necessário para a produção do cardápio diário. Na estocagem, há câmaras de congelamento e refrigeração, para cada tipo de proteína animal, e uma separada para hortifruti e laticínios. O hotel também conta com um açougue dentro do Resort para manipular os alimentos de forma adequada, seguindo as boas práticas de manipulação de alimentos.

Acompanhamento nutricional É importante que todo o processo de recebimento dos alimentos perecíveis e/ou refrigerados para estoque seja sempre acompanhado pela equipe de Nutrição, que possui conhecimento técnico para realizar a avaliação do produto, desde o aspecto e temperatura até o veículo e os entregadores. No Paradise Golf & Lake Resort, localizado em Mogi das Cruzes (SP), a equipe de nutrição faz este acompanhamento, e, após serem aprovados, os produtos são encaminhados para estoques que variam de acordo com sua natureza e especificidades de armazenamento. No estoque seco, os produtos são armazenados em prateleiras, respeitando as normas da RDC216/2004, Portaria CVS 5/2013 – organizados por ordem de vencimento, em local seco, ventilado, sem incidência de luz solar e livre de bolores e umi-

dade. Os refrigerados e congelados são armazenados em câmaras específicas: uma para peixes, uma para carnes, outra para laticínios e outra para hortifrutícolas, todas em acordo com a legislação vigente quanto à estrutura e a manutenção. Duas vezes ao dia, os setores de armazenamento recebem visita da equipe de Nutrição para verificação das conformidades dos produtos quanto a armazenamento, validade e temperatura dos equipamentos, registrados em planilha de controle. Ricardo Aly, Diretor Comercial do Paradise Resort, explica que para todos os grupos de alimentos existe o acompanhamento diário aplicado e monitorado pela equipe de nutricionistas visando o atendimento às boas práticas de fabricação dos alimentos e procedimentos operacionais padronizados – desde o fornecedor externo ao manipulador interno.

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Ricardo Aly – “Temos uma preocupação muito grande com a qualidade dos alimentos servidos”

“A primeira preocupação do resort é com a escolha dos fornecedores. O hotel só compra de empresas idôneas, certificadas nos órgãos competentes como o S.I.S.P. e o S.I.F. e bem conceituadas no mercado. A equipe de Nutrição realiza visitas técnicas nas empresas, analisando parâmetros indispensáveis para as boas práticas na fabricação de alimentos como higiene do ambiente, rastreabilidade, controle de potabilidade e cloração compulsória da água utilizada e atestados de saúde dos colaboradores da fábrica”, conta. No hotel, a equipe de Nutrição controla, além do recebimento, o armazenamento sob temperatura controlada, o pré-preparo, o preparo e

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a distribuição dos alimentos com registro em planilhas de controle e supervisão do Chef Executivo e dos Sous-Chefs. As carnes (boi, aves e peixes) são armazenadas e manipuladas de acordo com sua natureza, evitando o risco de contaminação. Os processos de descongelamento e dessalgue respeitam a CVS 5/13, havendo, inclusive, uma câmara refrigerada exclusiva para esta finalidade. “Para um hotel do porte do Paradise, o desperdício é um desafio constante e cada setor tem participação efetiva nessa tarefa, não apenas pela questão moral e social, mas também com o intuito de melhorarmos nossos serviços à medida em que controlamos melhor os custos

dos processos. Entre as estratégias adotadas para esse fim estão a preferência por hortifrutis da estação, controle das sobras do bufê por meio de pesagem e treinamento dos colaboradores”, afirma o Diretor. De acordo com o Aly, os procedimentos adotados para a segurança alimentar do resort são implantados do recebimento à distribuição. Controle de temperatura, identificação no armazenamento e manipulação correta são algumas ferramentas utilizadas. O treinamento básico é aplicado pela nutricionista chefe a todos os colaboradores que manipulam alimentos. Dividido em quatro módulos, ele contempla os requisitos da CV5/13 e da RDC 216 e é adaptado às necessidades do Paradise. Treinamentos específicos também são aplicados conforme a necessidade. O buffet recebe atenção especial devido à exposição dos produtos quentes e frios. Os pratos prontos e alimentos perecíveis expostos para consumo em distribuição e espera, permanecem sob controle de tempo e temperatura, protegidos de contaminações. Os alimentos quentes são mantidos em Rechauds e os frios mantidos sobre pista fria. O sistema de reposições constantes é uma conduta adotada pelo empreendimento, com o intuito de reduzir o tempo de exposição e evitar desperdícios.

Feito na hora Como na maioria dos estabelecimentos do ramo alimentício, a rede Bourbon Hotéis & Resorts adota o conceito PVPS – Primeiro que Vence, Primeiro que Sai, quanto o armazenamento das mercadorias. Até que sejam comprados, todos os produtos passam por um processo, que inclui, previamente, a aprovação do chef executivo e as homologações com os chefs de cozinha e os setores de compras e nutrição. Contudo, os restaurantes da rede funcionam sob regime de Buffet, que gera mais desperdícios que o serviço à La Carte. Para


evitar o desperdício de alimentos e que alguns alimentos estraguem enquanto são expostos nos rechauds, a rede faz muitos preparos “à la minute”. Todas as carnes, peixes, risotos e pizzas são feitos na hora, na frente do hóspede. De acordo com Jérôme Dardillac, Chef Executivo de Cozinha Corporativa da rede, isso permite que o prato ganhe muito em qualidade, sabor, e ao gosto do hóspede quanto à cocção e tempero, o que minimiza muito o desperdício. Para evitar contaminações, dos alimentos servidos nos buffets (almoço, jantar, café da manhã, refeitório, coquetel e coffee break), são coletadas amostras e, mensalmente, feitas análises microbiológicas e swab das mãos dos manipuladores. Além disso, o setor de nutrição ministra treinamentos para os funcionários. “Ninguém ingressa na cozinha sem passar por esse treinamento. São fei-

tos controles rígidos de temperatura para não haver nenhum risco de proliferação de microrganismos. Os alimentos quentes devem ficar sempre acima de 65 graus e, os frios, abaixo de 10 graus, expostos por no máximo 2 horas e todos os alimentos prontos para consumo são manipulados com o uso de luvas. Os funcionários devem sempre trajar uniformes limpos, usando touca, apresentando unhas cortadas e limpas, sem adornos, para evitar contaminação física. Os produtos expostos nos buffets, após sua retirada, são descartados”, explica o Chef. O Bourbon Atibaia, unidade situada no interior de São Paulo também separa o lixo orgânico e o destina corretamente de acordo com as legislações locais, bem como todas as outras 14 unidades da rede no Brasil e América Latina. Nas unidades de Atibaia (SP) e Foz do Iguaçu (PR), é

realizado o processo de compostagem, que consiste na decomposição da matéria orgânica para situação estável, diminuindo o acúmulo de lixo e gerando benefícios para a natureza. Com a compostagem, os resíduos são transformados em adubo, sem a emissão de odores e sem riscos para quem os manuseia. O adubo gerado é utilizado nas hortas e na manutenção das árvores frutíferas dos empreendimentos. A medida, consequentemente, diminui a produção de lixo. Outro benefício é a geração de novos empregos, já que foram contratados funcionários para manusear, separar e triturar o composto.

O melhor da América Latina Com ações rigorosas de controle de temperatura e armazenamento, segundo as normas de higiene da Anvisa e da HACCP (Hazard Analysis & Critical Control Points),

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Jerôme Dardillac – “Ninguém ingressa na cozinha sem passar por treinamento”

o Club Med Itaparica, empreendimento situado na cidade de Itaparica, na Bahia, foi reconhecido como o Melhor Hotel em Segurança Alimentar da América Latina pela Cristal International Standars, quando recebeu o selo Latin America FoodCheck’ de 2015. O programa Foodcheck, desenvolvido de acordo com as diretrizes estabelecidas pela OMS – Organização Mundial da Saúde, inclui auditorias rigorosas em termos de higiene e segurança

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alimentar. Estas auditorias ajudam o hotel a manter um serviço de alta qualidade alimentar e melhora a experiência do hóspede. Para Fábio Freitas, Comprador de Alimentos e Bebidas do Club Med Itaparica, as auditorias são muito importantes em todos Villages para manter um alto nível de higiene. “Receber a premiação representa uma recompensa de todos os esforços e investimentos realizados nos últimos anos para atender com exce-

lência a quem se hospeda nos nossos resorts. Essa premiação mostrou que nossos hotéis no Brasil têm um nível de higiene internacional. Além disso, as auditorias internas permitiram manter a qualidade de treinamento dos nossos profissionais, característica diretamente ligada aos bons resultados encontrados nos Villages”, conta. No empreendimento, os cuidados tomados com os alimentos perecíveis, como peixes, carnes e aves, são ainda mais rigorosos. Todos os perecíveis são transportados de acor-


Club Med Itaparica (BA) recebeu o selo Latin America FoodCheck’ de 2015

do com as normas vigentes de higiene e segurança determinados pela Anvisa, nas temperaturas adequadas para cada tipo de produto. Em cada entrega, verifica-se o estado do meio de transporte e a temperatura dos produtos, assim como as embalagens, datas de produção/validade e aspectos físicos das mercadorias. No caso das frutas e dos legumes, também é observada a temperatura do meio de transporte, aspectos físicos e limpeza das caixas. Nesta ação também é feita uma amostragem

para verificar o interior e a composição e o sabor do produto. Caso seja algum produto transformado, devem constar na embalagem a data de produção e o limite de consumo. Para aves, peixes, e proteicos em geral, também devem ser transportados em temperatura adequada, prevista em lei, seguindo as normas da Anvisa e com o selo SIF . Imediatamente, após sua chegada, os alimentos devem ser transferidos em suas respectivas câmaras frias, para evitar perda de temperatura.

Para frios, a conservação é em 4°C, tolerando no momento da entrega no máximo 8°C. Para congelados, a conservação é de -18°C e o limite tolerado na entrega de -12°C. As frutas e legumes são transportadas e conservadas entre 6 e 8°C, para evitar a queima das folhagens e desidratação precoce. Bananas, coco, batatas, mandioca, inhame, cebola e alho, devem permanecer fora de câmaras frias, em uma temperatura máxima de 15°C, para evitar escurecimento e processo de putrefação acelerado.

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Cuidados na hora da compra No Club Med Itaparica, um longo procedimento de compras é seguido para que a higiene e a segurança alimentar sejam mantidas constantemente. Ele é dividido em duas fases, válido para 100% dos produtos de A&B e envolve, em um primeiro momento, o Comprador Corporate e o Chef Executivo. A primeira fase acontece no escritório da rede e a segunda, no Village. Todos os produtos que serão usados nos Villages são validados pelo Chef Executivo e, em seguida, são negociados pelo Comprador Corporativo baseado no Escritório do Rio. Depois que são negociados, os produtos são inseridos em sistema de gerenciamento interno, no qual os Villages visualizam os produtos e preços. No Village, o RSA (responsável por abastecer o Village) verifica os diferentes buffets

e seu consumo + o nº de GMs estabelecido. Com essas informações, ele pode emitir os seus pedidos de compra diretamente ao fornecedor referenciado. Os fornecedores são cadastrados seguindo algumas normas básicas: Ter empresa estabelecida; Atender as exigências de vigilância sanitária e certificados exigidos pelo Governo tais como SIF para comercialização de carne e peixes e Certificado de Pesca, respeitando o defeso para produtos como lagosta e camarão, além de respeitar as normas da Vigilância Sanitária para transporte e acondicionamento de produtos. Os produtos devem estar em caixas plásticas retornáveis; Todos os produtos alimentares devem ser transportados em caminhões refrigerados; Além disso, no contrato de fornecimento existe uma cláusula específica sobre o meio ambiente e as leis trabalhis-

tas: os fornecedores se comprometem a reciclar lixo, economizar água, não empregar menores, não empregar sem carteira assinada e pagar os impostos como FGTS E INSS. De acordo com o professor do curso de pós-graduação Gestão de Meios de Hospedagem do Senac Aclimação, Carlos Bernardo, para controlar os estoques do empreendimento hoteleiro é preciso ter muito claro o estoque mínimo e máximo necessário para a operação do empreendimento, sempre levando em conta o consumo médio e o tempo de entrega da mercadoria pelo fornecedor; Ter local apropriado para estocar (geladeiras e freezers evitando desperdícios); Utilizar o processo de just in time evitando estoques exagerados (produto na prateleira e dinheiro parado). “Comprar de fornecedores homologados (que tenham sido auferidos quanto à higiene, estocagem,

Carlos Bernardo – “Muitos estabelecimentos ainda trabalham no ‘olhômetro’, verificando no Carlosalmoxarifado os estoques e fazendo os pedidos conforme entendam ser necessários”

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uniformes, transporte, legalidade e etc) é muito importante. Devemos sempre envolver compras, gestor do salão (restaurante/banquetes/ bar), e chef de cozinha ou profissional capaz de receber as mercadorias para que estejam em boa qualidade e temperatura”, aponta. Segundo o docente, há várias ferramentas que dão o custo real dos pratos, a fim de gerir os custos de forma eficiente no setor. “Ao fazer uma ficha técnica, temos as quantidades, modo de preparo e foto. Quando se vende um prato, a ferramenta reduz do inventário a quantidade de alimentos consumido, fazendo com que o comprador ou almoxarifado gerem um novo pedido para suprir aquele produto ao estoque máximo necessário para a operação. Lamentavelmente, mesmo com a ferramenta, muitos estabelecimentos ainda trabalham no “olhômetro” verificando no almoxarifado os estoques e fazendo os pedidos conforme entendam ser necessários”, afirma. “Quando não se tem um departamento de custo ou uma ferramenta que proporcione as informações mais precisas, é necessário basear seus preços conforme o concorrente e ao final do mês fazer uma conta básica com os produtos estocados (estoque inicial + compras estoque final = consumo período); isto gera o valor gasto com a mercadoria, que dividido pelo valor total de vendas identificará o custo do período”, explicou o professor, que destaca a importância do setor ter pessoas com diferentes ideias e posições, pois faz o gerente pensar e refletir se está mesmo no caminho certo.

abrange os celíacos, os alérgicos a nozes, frutas, legumes, frutos do mar, ovo, leite, peixe, glutamato de sódio e os diabéticos. Os cartões são entregues ao hóspede no momento do check-in (quando anunciarem a sua condição específica) e todos os bares e restaurantes do hotel estão aptos (funcionários e alimentos) a identificar e proceder mediante a apresentação do cartão.

Este ano, o hotel recebeu certificação Earth Check, baseada na Agenda 21 da ONU – Organização das Nações Unidas, que reconhece ações na área da conscientização ambiental, otimização de gastos de recursos naturais e reciclagem. “A manipulação dos alimentos é acompanhada em tempo integral pelas nutricionistas e chefs de cozinha para

Cartão para dietas restritivas Para garantir a segurança alimentar de pessoas com alguma intolerância alimentar ou patologia alimentar específica, o Grand Palladium Imbassaí, na Bahia, tem o projeto Palladium Dietary Card, que consiste em cartões de alergias ou restrições alimentares que

Jesús Zalvidea – “Fazemos monitoramento das temperaturas de alimentos, das equipes e das áreas durante o dia”

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Os estoques de alimentos devem estar constantemente limpos e controlados, a fim de que não atraiam pragas e sejam “esquecidos” até o vencimento

assim conseguirmos ter o controle de todos os processos e reduzir os riscos de contaminação. Além disso, fazemos monitoramento das temperaturas de alimentos, das equipes e das áreas durante todo o dia. Com os alimentos estão expostos nos buffets, fazemos as coletas das preparações todos os dias e em todos os horários de refeições para garantir a segurança dos nossos clientes. Temos procedimentos de boas práticas alimentares muito rigorosos baseados nas normativas ditadas pela ANVISA”, explica o Diretor de A&B do Grand Palladium, Jesús Zalvidea.

Custo não: investimento Na rede hoteleira Vert Hotéis, os profissionais envolvidos no processo de compras são treinados na própria Vert, como Gerentes de Alimentos e Bebidas, os Gerentes Gerais e os Controllers. Os fornecedores são escolhidos com base no atendimento primeiramente à legislação pertinente seguido da qualidade dos insumos oferecidos e por ultimo preço. Todos os fornecedores devem ser homologados pela rede hoteleira, dirigida pela CEO Érica Drumond. Sempre que possível, dá-se preferência à utilização de produtos locais fornecidos por comerciantes locais. “A gestão de custos está umbilicalmente

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ligada à gestão de desperdícios. Entendemos que todo produto que tem como destinação a satisfação do hóspede não é custo, é investimento. Portando procuramos trabalhar com produtos nobres, bem selecionados, recebidos, porcionados e utilizados à medida da necessidade”, afirma Henrique Michel, Consultor de A&B da rede. Todos os empreendimentos da Vert trabalham com consultorias especializadas em segurança alimentar que monitoram semanalmente o atendimento às exigências da legislação federal no tocante ao recebimento de mercadorias e inspeção de fornecedores. A empresa faz a inspeção periódica das instalações dos fornecedores, veículos de entrega, uniforme dos colaboradores que fazem as entregas, além do monitoramento da temperatura dos alimentos quando do seu recebimento, inspeção das embalagens, etc.

Planejar, organizar, dirigir e controlar Na rede Nobile Hotéis, todos os processos do setor de A&B só podem ser realizados depois de quatro funções básicas de administração: planejar, organizar, dirigir e controlar. “Graças a essas funções, os hotéis e o departamento de Alimentos & Bebidas, conseguem seguir adiante e implementar os processos”, con-

ta Henrique Marcolini, Gerente de Alimentos & Bebidas Corporativo da Nobile Hotéis. Dentro do sistema de gestão, a rede primeiro define o almoxarifado central e almoxarifados secundários. Depois, confere o estoque de cada almoxarifado secundário. O chef de cozinha deverá fazer pedidos diários ao almoxarifado central, com algumas requisições informando para qual almoxarifado secundário ele irá direcionar os insumos pedidos, como também as requisições que deverão ser informadas no estoque atual. O responsável pelo almoxarifado central deve fazer uma análise das requisições, e solicitar autorização junto ao Gerente de Alimentos & Bebidas sobre a liberação dos insumos. Na rede, os custos apoiam-se no planejamento, execução e mensuração das atividades. Para obter vantagens competitivas, Henrique aponta alterações no mix de produtos; no processo de formação de preços e nos processos; Redesenho de produtos; Eliminação ou redução de custos de atividades que não agregam valor; Eliminação de desperdícios e elaboração de orçamentos com base em atividades como principais ações para que os resultados sejam atingidos e o lucro garantido. “As ações são conferidas pelo departamento de Alimentos & Bebidas corporativo.


Vale dizer também que os Gerentes Gerais dos hotéis também recebem treinamento de boas práticas e manual de Alimentos & Bebidas”, comenta Marcolini. As exigências nos procedimentos de estocagem também são minusciosas. “O chef de cozinha e a nutricionista precisam aprovar os fornecedores escolhidos. Na entrega das mercadorias, o almoxarife, chef de cozinha e a nutricionista devem acompanhar as entregas das mercadorias, como também verificar as condições de higiene dos veículos de entrega. Cada mercadoria precisa ser vistoriada no que tange a data de validade, desta forma, a nutricionista será responsável por verificar a temperatura dos veículos refrigerados e as embalagens. É também função da nutricionista e chef de cozinha dar negativa às mercadorias que não atenderem a excelentes condições de higiene. Mercadorias entregues em caixas de papelão serão substituídas por caixas de polietileno; e no almoxarifado, as mercadorias deverão seguir o processo PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) e UEUS (Último que Entra, Último que Sai), como também acondicionados em paletes de polietileno”, conclui o Gerente de A&B.

cebidos fora dos padrões e acabam se deteriorando dentro das câmaras frigoríficas dando a entender equivocadamente que a razão disso foi alguma deficiência deste equipamento”, explica Augusto Dalman Boccia, Diretor administrativo da São Rafael Câmaras Frigoríficas. As principais classes de temperatura de conservação são: - Frutas legumes e verduras: +6º a +8º C - Diversos resfriados como laticínios e embutidos: +3ºC a +5ºC - Carnes resfriadas em geral: 0ºC - Diversos congelados: -18º a -20ºC Com exceção do FLV que chegam a temperatura ambiente os outros produtos dever ser recebidos à temperaturas próximas às de conservação. De acordo com Boccia, as câmaras frigoríficas precisam ser dimensionadas para manter os produtos nas

temperaturas corretas. A arrumação dos produtos nas câmaras precisa ser de forma que aconteça uma boa circulação de ar para que haja a troca de calor, devidamente embaladas ou acondicionadas em containers e com sua validade destacada visualmente de modo que seja proporcionada a rotatividade dos produtos sem risco de perder-se a validade. “É bom lembrar que alimentos processados ou pré-preparados não podem ser armazenados nas mesmas câmaras de recebimento dos produtos brutos e que o asseio e treinamento dos funcionários que operam as câmaras precisa ser impecável. De modo geral, todos estes procedimentos fazem parte dos manuais de boas práticas em operações de cozinha e regulamentados pela ANVISA”, pontua o diretor.

Temperatura ideal Os cuidados relativos a segurança alimentar a ser dedicada aos hóspedes é fundamental. Por isso, é de suma importância que os gestores de operação de câmaras frigoríficas de cozinhas de hotéis estejam alertas para as condições de armazenagem dos produtos alimentícios. Certamente este cuidado se inicia na seleção dos fornecedores. É preciso que haja um controle severo no recebimento dos alimentos no que tange a qualidade geral enfatizando as condições de higiene da embalagem e da temperatura padrão suposta para aquele produto em específico. “Muitas vezes, os produtos são re-

Henrique Marcolini – “Os gerentes gerais dos hotéis também recebem treinamento de boas práticas e manual de A&B”

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Cuidados com a limpeza e higienização das câmaras são primordiais. Confira alguns procedimentos importantes: Carregamento do Produto • Certificar a temperatura de entrada dos produtos (ver condições operacionais). • Ao entrar na câmara, o operador deverá usar agasalho apropriado. • O carregamento deve ser feito o mais rápido possível. • A entrada dos produtos deve ser feita pela portinhola (quando houver). • A arrumação dos produtos deve obedecer uma forma de proporcionar boa circulação do ar. As embalagens precisam ficar desencostadas das paredes (aproximadamente 3cm), do teto. (Aproximadamente 50cm) e, na medida do possível, ter algum espaço entre si. Os produtos não podem bloquear a saída nem o retorno do ar dos evaporadores. • Os produtos e as prateleiras devem ser arrumados de maneira a não danificar a tubulação do(s) dreno(s) e/ou sua refrigeração. Porta • Manter as gaxetas magnéticas e respectivos encostos de aço inox sempre limpos. Use álcool. • Verificar, constantemente, o estado das gaxetas magnéticas e das borrachas varredoras da parte inferior da porta.

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• Verificar, igualmente, o funcionamento do dispositivo de abertura interna de emergência e do funcionamento da mola-gás. Limpeza Para a limpeza da câmara frigorífica, utilizar pano úmido e detergente neutro, não aplicar jatos d’água, principalmente nas emendas entre os painéis. • Na limpeza e sanitização da câmara frigorífica, é recomendado que não seja utilizado nenhum produto a base de cloro, uma vez que estes causarão manchas de oxidação tanto em painéis de alumínio quanto em painéis de aço inox. • Os produtos abaixo são indicados para a limpeza de câmaras, e atendem às normas da Vigilância Sanitária: Ecolab • P3 Nexobil - detergente para limpeza de alumínioe aço inox • Triquart B - sanitizante a base de Quaternário de Amônia Nippon • Neutergem DNHG - detergente para limpeza de alumínio • Prodigy NP 3 - detergente para limpeza de aço inox • Ni – Tex GF 40 - sanitizante a base de Quaternário de Amônia


Qualidade da limpeza é forte aliada na fidelização do hóspede Divulgação/ Rubermaid

Buscar fornecedores de qualidade auxilia muito no processo de limpeza dos hotéis

Assim como uma boa ducha, colchão e internet fidelizam o hóspede, a qualidade da limpeza das áreas dos hotéis fazem total diferença durante a estadia

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preocupação com a conservação, higiene e limpeza nos hotéis deve ser constante e ela começa com o cuidado e a atenção na hora da escolha dos produtos. Isto pode parecer um

pequeno detalhe, mas é imprescindível saber se os produtos seguem todas as regulamentações legais e se os funcionários conhecem os critérios de segurança adequados ao manuseio desses materiais. Assim

como um hóspede não volta a um hotel quando não encontra um quarto confortável, a falta de limpeza faz o cliente simplesmente riscar definitivamente a opção desse hotel para suas próximas viagens. Se preocupar com a escolha correta dos produtos e procedimentos de limpeza faz com que hotel diminua os riscos de acidentes e eventuais situações de desconforto, priorizando o serviço de qualidade. É

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Oferecer um quarto limpo e confortável é mais que uma obrigação do hotel

interessante ressaltar que cada área possui uma necessidade própria e exige um produto específico visando segurança e bem-estar do hotel e de seus clientes, assim como garantir completa e segura higienização de todo o hotel como pisos, carpetes, banheiros, louças e etc.

Limpeza acolhedora Assim como todo conforto oferecido para o cliente, uma boa limpeza faz parte do processo de acolhimento do hóspede. É o que afirma Cleide Balestri, Gerente de Governança do Royal Palm Plaza Resort, empreendimento localizado em Campinas (SP). “Quando oferecemos um espaço limpo, organizado e cuidado para nossos hóspedes, passamos para ele toda a nossa intenção de recebê-lo e acolhê-lo em um espaço pensado e cuidado para ele”.

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O empreendimento possui atualmente uma equipe de 30 profissionais na área de limpeza e que atuam em três turnos diferentes, assim como uma equipe de manutenção composta por 50 colaboradores. Para que os funcionários do resort sempre prestem um bom serviço, o empreendimento já na contratação trabalha com um processo de integração, onde o resort reserva um dia inteiro para que o profissional conheça toda a área do complexo, quais são as regras e processos, etc. De acordo com Cleide, “Temos treinamentos periódicos com toda a equipe, pois acreditamos que o reforço de tempos em tempos refresca a memória e reforça ensinamentos”, afirma. Na área de limpeza, o resort busca sempre escolher produtos de qualidade e que não propiciem ris-

cos tanto para seus colaboradores quanto para os hóspedes. “Com relação a escolha correta dos produtos de limpeza, entendemos que a qualidade deles é essencial. Não economizamos nestes itens, consideramos extremamente importante a composição e princípios ativos de qualidade. Cuidamos para que não contenham fragrâncias agressivas e sejam produtos hipoalérgicos evitando qualquer tipo de problema aos nossos hospedes”. Atualmente o resort utiliza somente produtos de marcas reconhecidas no mercado, realizando periodicamente testes e visitas técnicas no local de fabricação dos insumos. Após todo esse processo, o empreendimento realiza a homologação do item e sempre antes da implantação realizam treinamentos internos com os funcionários e


Cleide Balestri – “Quando oferecemos um espaço limpo, organizado e cuidado para nossos hóspedes, passamos para ele toda a nossa intenção de recebê-lo e acolhê-lo em um espaço pensado e cuidado para ele”

que são repetidos periodicamente. Demonstrando a preocupação de não interferir na rotina do hóspede, o resort possui alguns procedimentos especiais de limpeza de maneira que não atrapalhe o dia-a-dia dos clientes. De acordo com Cleide, “Durante o dia a nossa limpeza é preventiva. Nossos colaboradores são treinados para que, quando o hóspede esteja passando, a limpeza seja cessada e o hóspede seja cumprimentado, afinal de contas nosso pessoal de frente são os nossos hóspedes! Fazemos todas as lavagens e ações mais efetivas durante a madrugada, horário em que o hospede está descansando em seu apartamento. Desta forma, quando o dia amanhece, o hotel está novamente limpo sem que o hóspede tenha percebido a movimentação”. A profissional afirma que existem cronogramas de limpeza específicos para determinadas áreas do hotel,

sempre com relatórios diários, semanais e quinzenais, para cada região do empreendimento. O empreendimento também se preocupa com a proteção de seus funcionários, onde todos somente iniciam sua jornada de trabalho trajando todos os equipamentos de proteção e segurança necessários. Cada colaborador, dentro da tarefa a ser realizada no dia, recebe os itens de proteção individual e também temos os itens de proteção que fazem parte de um kit dado de tempo em tempo (sapatos específicos, luvas, óculos, mascaras, entre outros). Um dos principais pontos quando falamos em limpeza e manutenção nos hotéis é com relação a custos. Segundo Cleide, o resort possui uma forte cultura em incentivar o correto uso dos recursos naturais como a água, por exemplo. No resort, os colaboradores trabalham com pro-

dutos químicos que não produzem muita espuma, de modo que o consumo de água para enxague será reduzido. “Falamos muito a respeito do cuidado que precisamos ter com os recursos naturais e reforçamos que as ações internas sejam levadas para as vidas pessoais de nossos colaboradores”, comenta.

Higiene aliada com a sustentabilidade Localizado na zona sul da capital paulista e pertencente a rede francesa AccorHotels, o hotel Pullman São Paulo Ibirapuera dispõe de uma série de procedimentos para garantir a limpeza correta de todas as suas áreas. Na opinião de Alejandro Geis, gerente geral do empreendimento, o hóspede, além de buscar os serviços oferecidos pelo hotel, preza pela qualidade de seus materiais que fazem parte do ambiente das áreas sociais, restaurantes e apartamentos e

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que ele irá utilizar do início ao fim da hospedagem. “A conservação torna o investimento constante para a boa utilização do cliente. O cliente espera encontrar, no mínimo, um ambiente limpo e bem conservado ao se hospedar”, afirma. O empreendimento, assim como todos os hotéis na rede, busca sempre utilizar produtos sustentáveis para a limpeza de seus ambientes. De acordo com Geis, o hotel utiliza apenas fornecedores referenciados com foco em sustentabilidade, como é o caso dos fornecedores de produtos de limpeza. “Na governança, por exemplo, temos o produto Alpha HP que não tem cor, odor e não faz espuma, portanto agride menos o meio ambiente. Ele também possui diluição específica para limpeza leve e desinfecção. Todos os produtos utilizados são de limpeza profissional, não trabalhamos com produtos domésticos”. Para que os hóspedes não se sintam incomodados durante o processo de limpeza de algumas áreas do hotel, Alejandro afirma que são programados diversos métodos para que isso não aconteça. Isso pode ser constatado quando o hotel decide realizar uma limpeza profunda em seus apartamentos, onde o hotel interdita apartamentos ao lado do que será higienizado, de modo que o hóspede não seja incomodado. “Tentamos na maioria das vezes respeitar ao máximo a privacidade dos nossos hóspedes, sem intervir nos procedimentos de limpeza diária. O aspirador de pó, por exemplo, só é ligado em horário comercial, apesar de termos arrumadores trabalhando em todos os turnos. Ao interditar os apartamentos vizinhos aos que serão limpos, minimizamos barulhos com o arraste de mobília. A todo momento trabalhamos nosso foco de O hotel Pullman São Paulo Ibirapuera (SP) possui uma série de procedimentos de limpeza

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limpeza, mas não permitimos que o hóspede seja incomodado pelo processo, pois a satisfação dele que dá sentido ao nosso trabalho”. Segundo Geis, o empreendimen-

to possui uma equipe de 49 colaboradores na área de governança e mais 14 na área de manutenção. Além disso, o Pullman São Paulo Ibirapuera conta com um manual interno o


qual prevê todo o cronograma de limpeza do hotel e todos os procedimentos das superfícies, como pisos, carpetes, etc. O empreendimento recebe constantemente um auxílio de

seus fornecedores de produtos de limpeza, sempre auxiliando nos testes para melhor eficácia de limpeza e polimento de cada tipo de material. “Por vezes é necessário investir em

maquinários específicos, daí a importância de fazer testes e apresentar para gerência o resultado com o intuito de melhorar a produtividade e a apresentação das áreas”.

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Alejandro Geis – “Tentamos na maioria das vezes respeitar a privacidade dos nossos hóspedes, sem intervir nos procedimentos de limpeza diária”

O hotel dispõe de um Manual de Padrões da Governança, onde o colaborador tem acesso a todas as normas e procedimentos de limpeza que deverão ser implementados no hotel, como por exemplo o uso de panos de limpeza identificados para limpeza de cada tipo de superfície (chão, pia, boxe, piso, mobília e vaso sanitário), além de treinamento para uso adequado de produtos e EPI´S (Equipamentos de Proteção Individual). “Todos os departamentos do hotel que utilizam equipamento de proteção individual, possuem uma pasta de controle para entrega EPI com respectivo CA (código de aprovação) e assinatura do colaborador a cada entrega. O uso de equipamentos de proteção garante a integridade dos colaboradores de acordo com as normas brasileiras”. Os profissionais do hotel recebem anualmente um treinamento anual com a empresa fornecedora de produtos de limpeza, onde todos os funcionários passam pela capacitação.

Os panos de microfibra Rumermaid Hygen absorvem 25% a mais que os panos convencionais e removem 99,9% dos micróbios

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Referência de mercado De uma maneira geral, o interesse e a constante preocupação com a limpeza, higienização e conservação, torna os hotéis mais qualificados e posicionados no mercado. Permite também ao cliente identificar quais hotéis que se empenham em atualizar esse tipo de setor, transformando-o em uma espécie de serviço especializado para atender, por exemplo, hóspedes que possuem algum tipo de alergia. A Rubermaid Commercial Products dispõe de uma série de soluções e produtos profissionais para a hotelaria. Recentemente a empresa trouxe para o mercado brasileiro o sistema tecnológico para limpeza Hygen. O sistema é composto por 30 produtos, onde se destacam os panos de microfibra pois absorvem 25% a mais do que os panos de microfibra e algodão convencionais, assim como sua capacidade de remover 99,9% dos micróbios. Os panos Hygen possuem dupla funcionalidade, onde um lado da peça é desenvolvido para ser utilizado em limpezas a seco, enquanto o outro lado é adequado para situações úmidas, sendo que um lado não interfere no outro. Dessa maneira, o mesmo pano pode ser utilizado para ambas as situações, sem necessidade de troca e poupando muito esforço durante a limpeza, podendo acelerar o processo em até 27%. Os panos são ideais para serem utilizados em vidros e superfícies polidas pois a malha não solta fiapos ou pelos. Os panos contam com uma variedade de cores (amarelo, vermelho, verde e azul) para que possam ser separados por área ou tarefas, facilitando a identificação. Além disso, o produto pode ser levado até 500 vezes em máquina ou 200 vezes com água sanitária. Outro destaque da empresa são as lixeiras compactas Slim Jim com capacidade de 60,1 litros. O produto tem como diferencial sua versa-

lidade, podendo se adaptar em diferentes ambientes como cozinhas, quartos e banheiros de hotéis. A lixeira possui design diferenciado, onde sua tampa com amortecedor permite um abrir e fechar silencioso. Os canais de ventilação internos também facilitam a retirada do saco de lixo sem exigir muito esforço do usuário.

A lixeira possui design diferenciado, onde sua tampa com amortecedor permite um abrir e fechar silencioso

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Cartas de vinho fazem a diferença nos hotéis

Oferecer uma boa carta de vinhos é fundamental

Durante o inverno, o consumo da bebida aumenta nos hotéis. Investir em uma boa carta de vinhos torna-se fator essencial para o sucesso do negócio

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enocultura, termo criado com relação ao consumo do vinho, está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. O vinho, por se tratar de uma das bebidas mais antigas e tradicionais da história, ganha cada vez mais espaço nos estabelecimentos que aliam a bebida à alta gastronomia. Por conta dessa popularização da enocultu-

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ra, onde os clientes estão cada vez mais exigentes ao pedir a bebida, muitos estabelecimentos tem procurado investir na implantação de adegas e cartas de vinhos com rótulos aclamados por especialistas. De acordo com editora do portal Vinho & Gastronomia e autora do livro “O que é Enologia”, Silvia Cintra Franco, os hotéis tem começado a se preocupar com em

fornecer uma boa carta de vinhos aos clientes, e que alguns contam até com sommeliers durante todo o expediente, assim como tem contratado consultorias especializadas na elaboração de adegas e cartas de vinho. “A enocultura vem crescendo no Brasil, em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais e claro, Rio Grande do Sul. E tem crescido porque se começa a oferecer no Brasil vinhos de preço baixo e qualidade aceitável. No passado, há 50 anos, havia pouquíssimas vinícolas brasileiras que chegavam a São Paulo. Hoje em dia elas contam com apoio do IBRAVIN – Instituto


Brasileiro do Vinho e a população já consegue beber vinho a preços acessíveis. E beber vinho é algo realmente prazeroso”, afirma. Ela lembra que elaborado a partir de diferentes tipos de uvas, o vinho pode ser consumido durante o ano inteiro e em diferentes ocasiões, mas é no inverno que ele se torna o mais lembrado pelos clientes no momento de degustar uma massa, filet, entre outros pratos.

Degustações sazonais O Royal Palm Plaza Resort, empreendimento localizado em Campinas (SP), oferece aos seus clientes uma adega repleta de rótulos nacionais e importados. De acordo com Agnaldo Souza, Sommelièr do Departamento de Alimentos & Bebidas da Adega

Cave do Douro, localizada dentro do resort, o empreendimento altera o estilo de vinho vendido no inverno. “Deixamos de vender os espumantes brancos e roses em grande quantidade, para nos concentrarmos nos tintos. O brasileiro está adquirindo o costume de consumir vinho. Antes era uma questão de status ter uma garrafa de vinho na mesa durante a refeição. Hoje temos mais pessoas aderindo à bebida como uma alternativa, até porque há bons vinhos com preços acessíveis. A satisfação do cliente em saber que vai encontrar ótimas opções no hotel, com uma combinação de uma cozinha de qualidade gastronômica”, comentou. Voltado apenas para o consumo de vinhos, a Cave do Douro possui

uma adega climatizada para 1.200 garrafas, com três diferentes temperaturas no restaurante principal, além de adegas para 220 garrafas nos demais restaurantes e um almoxarifado climatizado para os vinhos de grande volume que são utilizados em eventos. Os rótulos de nacionalidade chilena e argentina são os mais requisitados pelos hóspedes e clientes. Para sempre prestar um bom treinamento aos colaboradores da área de A&B e atualizar sua carta de vinhos, o hotel conta com um sommerlier que sempre se atualiza quanto às tendências do momento. “Levamos em conta o perfil de nossos clientes, nossos restaurantes e rótulos tradicionais e clássicos, para quem não quer arriscar, além de bebida de novos produtores,

A Adega Cave do Douro é climatizada e conta com mais de 1.200 rótulos de vinhos

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Além de aliar a alta gastronomia à apreciação de vinhos, o Spa do Vinho (RS) possui mais de 40 tratamentos vinoterápicos no Spa Caudalie

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novas regiões ou até mesmo uvas diferenciadas para quem quiser experimentar”, afirmou. De acordo com Souza, o empreendimento realiza diversos jantares harmonizados com a bebida. No restaurante Vila Real, os clientes podem apreciar um buffet internacional com grande variedade de pratos acompanhados de vinhos mais frutados, com frescor e de médio corpo. Já no bistrô La Palette, o menu oferecido é mais elaborado, e que combina com vinhos específicos para cada prato. Um exemplo é o “Magret de pato ao mel de alecrim e abóbora assada” com a sugestão do vinho “Valpolicela Ripasso Capitel della Crosara”. O empreendimento dá preferência aos rótulos importados em sua adega, principalmente os provenientes da América do Sul. Em segundo lugar os vinhos de natureza europeia, que, segundo Souza, são escolhidos por estarem em locais de longa tradição na vinicultura. Em relação aos Espumantes, o hotel seleciona os rótulos brasileiros, “Há uma ótima aceitação dos nacionais por apresentarem boa qualidade”, afirma o sommelier.

nado e exigente, que retorna muitas vezes para acompanhar a evolução da produção local, desde que se sinta muito bem atendido. Mantemos um serviço primoroso de hotelaria e várias opções de lazer e entretenimento, como degustações orientadas, trilhas entre os parreirais, aulas de sabrage e reuniões mensais da Confraria Spa do Vinho. Dentro do verdadeiro enoturismo, não basta que o empreendimento adote a “temática do vinho”, com uma decoração cenográfica e uma boa carta. É preciso proporcionar ao hóspede uma vivência completa e autêntica do universo da vinhodesde o cultivo, a vinificação, a degustação e harmonização, até mesmo aos tratamentos vinoterápicos”, afirmou. Dentre outros diferenciais do hotel estão os jantares à luz de velas com três ou quatro courses harmonizados; e no Spa Caudalie, o cliente poderá usufruir de cerca de 40 tratamentos a partir dos polifenóis da uva, destinados ao relaxamento e rejuvenescimento. Há programas de meio período ou um dia, como o DaySpa e também completas imersões vinoterápicas, de 2 a 6 dias, incluindo refeições e atividades de Health Center.

Enoturismo Com foco em enoturismo, o Spa do Vinho Hotel & Condomínio Vitivinícola, localizado na região do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, possui diversos serviços onde o vinho é o foco. O estabelecimento conta com um centro de tratamentos vinoterápicos, onde é explorado o potencial rejuvenescedor da uva. De acordo com Deborah Villas-Bôas Dadalt, Diretora de Marketing do empreendimento, o fato do hotel possuir diversas atrações baseadas no vinho, torna-se um fator essencial para a fidelização do hóspede. “O “enoturista” tem um perfil refi-

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Qualidade Nacional No geral, a maioria dos hóspedes que planejam apreciar um jantar harmonizado em um hotel possui um alto conhecimento quando o assunto é vinho. É muito comum encontrarmos empreendimentos hoteleiros que investem de maneira expressiva na elaboração de sua carta de vinhos, bem como na construção de sua adega e no momento de servir a bebida acabam destinando pouca parte do orçamento na aquisição de taças. De acordo com a sommelier Gabriela Bigarelli, a taça é muito importante no processo de degus-

tação do vinho. “Hoje em dia, não faz sentido você trabalhar com uma taça de vidro, não tem como. Temos que analisar tudo. A taça é um instrumento de trabalho do restaurante. Não adianta você ter uma super adega, com ótimos rótulos, e servir em uma taça de vidro. Servir o vinho na taça ideal faz muita diferença, no nariz e na boca, e torna a experiência muito melhor”, avaliou. A Oxford Crystal, empresa tradicional na confecção de cristais para o mercado e situada em Pomerode (SC), disponibiliza para o mercado um amplo mix de produtos com matéria-prima de alta qualidade, onde as peças são elaboradas em um processo de fabricação feito de maneira artesanal desde o sopro até a lapidação. A empresa conta com a linha Profissional Oxford Crystal, a qual possui taças que respeitam algumas especificações, como tamanho e curvas, fazendo com que cada uma tenha desempenho especial durante a degustação. De acordo com Zaira da Silva, Gerente de Marketing da Oxford, cada taça tem formato exclusivo que visa conduzir aspectos singulares do vinho para a boca e nariz, de maneira que realça os aromas e sabores, respeitando as características únicas de cada tipo de bebida. “O detalhe da taça é primordial, pois há um grande cuidado nos processos de fabricação do vinho. Um Terroir não pode ser desperdiçado na última e mais importante etapa, ao servir. Queremos muito que todas as pessoas que apreciam um bom vinho tenham a oportunidade de fazer a experiência da análise sensorial da bebida, degustando na taça de cristal e no mesmo momento na taça de vidro. Estamos tão empenhados em difundir esse benefício que desenvolvemos um selo especial que indica o artigo ‘Ideal para Vinhos Finos’”, afirma.


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Gabriela Bigarelli – “É preciso ter em mente que todo investimento em adega demora um pouco para gerar um retorno para o hotel”

Dentre alguns diferenciais da linha Profissional Oxford Crystal estão: confecção em peças únicas; lapidação de borda, transparência e brilho, as quais auxiliam a estimular os sentidos durante a degustação das bebidas; modelos de taças ideais para cada tipo de vinho, entre outros. Um dos destaques da coleção de produtos da empresa está a taça ideal para a degustação de vinhos Bourdeaux, e que de acordo com Zaira, possui algumas características, “A borda fina e lapidada da taça de cristal, direciona o vinho para a ponta da língua, permitindo que os sabores frutados dominem antes que os taninos sejam direcionados para a parte de trás da boca. Sua haste

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permite o fácil manuseio da taça. Além dos Grand Crus de Bordeaux, essa taça permite também degustar com propriedade outros tintos como Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec entre outros”, explica.

Adega ideal Ao investir em uma boa carta de vinhos é essencial pensar no tipo de público o qual o hotel irá receber. De acordo com Gabriela, é essencial planejar bem o número de rótulos que cada adega contará. “É preciso ter em mente que todo investimento em adega demora um pouco para gerar um retorno para o hotel. Acho que é ideal iniciar a operação da adega com uma carta menor, se for

um hotel novo, pois desta forma o proprietário irá sentir a aceitação da carta de vinhos. Acho que hoje em dia, com a situação que estamos, começar com uma certa cautela é inteligente, por que não se sabe o que vai acontecer, então é melhor você ter em mãos as possibilidades para aumentar, do que construir uma coisa gigantesca e não ter como manter. Para encher uma adega de mil garrafas, o proprietário tem que pensar que ele terá que ter dinheiro para manter sempre cheia esta adega. O número de rótulos ideal para cada empreendimento dependerá muito do porte do hotel”, alerta. O hotel Gran Hyatt, localizado na capital paulista, possui uma adega com mais de 400 rótulos internacionais. De acordo com Ricardo Barrero, Gerente de Bebidas do empreendimento, o hotel busca oferecer vinhos que atinjam as necessidades dos clientes. “Nenhum hóspede precisará deixar o hotel para encontrar um bom rótulo, o que traz conforto e segurança a nossos clientes”. Com um alto investimento em infraestrutura para o armazenamento correto da bebida, o hotel dá preferência aos rótulos internacionais, principalmente os argentinos e chilenos, pelo fato do perfil do hóspede ser proveniente de países europeus e da América do Norte. “Dois fatores são de extrema importância e andam lado a lado quando se elabora uma carta de vinhos: as tendências do mercado e as preferências dos clientes. Como exemplo, aqui no Grand Hyatt São Paulo, a maioria de nossos hóspedes é estrangeira, e busca conhecer rótulos da América do Sul. Dessa maneira, dispomos de uma grande gama de rótulos regionais. Em termos de consultoria, contamos com o auxílio de nossos fornecedores, que nos ajudam a estar em linha com as ten-


O hotel Gran Hyatt (SP) possui uma adega climatizada com mais de 400 r贸tulos internacionais

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O consumo de espumantes é muito comum nas estações climáticas mais quentes Manoel Beato – “Um bom restaurante não caminha sem uma boa carta de vinhos. Ela é tão importante quanto a arquitetura e a decoração do ambiente”

dências do mercado”, afirmou.

Vinho não é só no inverno Ao contrário do que muitos pensam, os vinhos podem ser consumidos tanto no inverno quanto no verão, pois são inúmeros tipos de vinho que acabam ‘casando’ com o clima ideal. O sucesso de uma boa carta de vinhos pode ser encontrado com um cardápio bem variado, onde cada prato pode ser harmonizado com um deter-

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minado tipo de vinho. De acordo com Manoel Beato, Sommelièr do Restaurante Fasano São Paulo (SP), localizado no Hotel Fasano, é essencial contar com uma boa carta de vinhos como valor agregado aos clientes. “Um bom restaurante não caminha sem uma boa carta de vinhos – é tão importante quanto a arquitetura e a decoração do ambiente. Cada vez mais os clientes esperam uma car-

ta de vinhos bem elaborada, com variedade, sofisticação, boa seleção e principalmente que harmonize com o cardápio da casa. Mais do que o investimento financeiro, a dedicação em pensar em cada detalhe é o mais importante – construir uma adega fisicamente adequada, climatizada, com controle de umidade e temperatura, que tenha um bom espaço para guardar adequadamente os vinhos é o principal”, afirmou. Para se elaborar uma boa carta


Freeimages.com/Dani Simmonds

de vinhos, de acordo com Beato, é essencial considerar a origem da cozinha da casa, variedade de produtores, regiões e preços. Na visão do sommelier, oferecer uma boa carta de vinhos ao hóspede traz rentabilidade ao empreendimento. “A carta de vinhos é um importante atrativo, pois gera interesse pela qualidade e variedade de opções, atraindo mais clientes para a casa, o que resulta em uma maior rentabilidade. A cozinha do Restaurante Fasano

é inspirada nos sabores da Itália, convite perfeito para a harmonização com os vinhos da região. Além dos italianos, os franceses estão dentro da preferência dos clientes, e também harmonizam perfeitamente com os pratos. Deve-se desmistificar a ideia de que o vinho é uma bebida para o inverno. Ele é um item fundamental na gastronomia, tendo se tornado parte da cultura e do dia a dia das pessoas. Os vinhos brancos, principalmente os feitos

com a uva Pinot Gris, além dos rosés e espumantes, são ótimas opções para dias mais quentes. Ao elaborar uma carta de vinhos, algumas características devem ser consideradas: origem da cozinha da casa, variedade de produtores, regiões e preços. Além dos clássicos, a casa apresenta os trunfos e novidades atrativas – pois muitos de nossos clientes nos procuram devido à exclusividade de alguns rótulos. A escolha dos vinhos é elaborada detalhadamente por

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No hotel Sheraton Rio (RJ) os vinhos tem papel fundamental no faturamento

Rogério Fasano e eu – buscamos sempre ter uma carta de vinhos atrativa e completa”, afirmou. Para o sommelier, existe uma tendência maior de consumo de vinhos estrangeiros, devido à qualidade e tradição de alguns rótulos, apesar dos vinhos nacionais possuírem boa qualidade no mercado e sofrerem um pouco de preconceito. “Até hoje sinto que, infelizmente, muitos não conhecem a fundo os vinhos nacionais - que são de qualidade - o que de certa forma gera um pouco de resistência na escolha destes”.

Harmonização é essencial A harmonização de determi-

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nado tipo de vinho com um prato é, sem dúvida, fator principal para a boa experiência do hóspede. De acordo com a especialista em vinhos Silvia Cintra Franco, a harmonização de vinho e gastronomia já é uma terceira fonte de prazer que se soma ao prazer de beber e de comer. “Degustar um bom prato com o vinho certo, é mais um prazer!”. Pensando nesse ponto, o hotel Shetaron Rio, localizado na capital fluminense, disponibiliza para os seus hóspedes e passantes diversos jantares harmonizados como fator de fidelização do cliente. De acordo com o sommelier do restaurante, Wallace

Neves, o objetivo principal é sempre agradar a todos os clientes com uma boa seleção de vinhos dos mais importantes países do novo e velho mundo, “em nosso restaurante servir vinhos de qualidade resulta em rentabilidade para o hotel. Posso mensurar que o vinho representa algo em torno dos 30% do estabelecimento. Aqui encontramos duas situações. A primeira é a escolha do hóspede, geralmente eles escolhem vinhos do novo mundo, principalmente Chilenos e Argentinos. A segunda situação é quando o hóspede pede a ajuda de um especialista. Nesse caso eu recomendo vinhos do velho mundo como os franceses, italianos, espanhóis, portugueses, enfim, busco recomendar vinhos elegantes, gastronômicos, poucos conhecidos”. Como o hotel sempre realiza diversos eventos enograstronômicos, o sommelier do restaurante sempre indica para o cliente qual seria o prato que mais se encaixaria com o prato escolhido pelo hóspede. “Uma recomendação que funciona muito bem e agrada muitos hóspedes em nosso francês L’Etoile é o prato é costeleta de vitela em crosta provençal. Muito saboroso e suculento, o prato acompanha um mousseline de batatas com azeite trufado. Para acompanhar esse prato, eu sempre recomendo um vinho tinto da região de Cahors (França) feito com a uva Malbec. Não tem erro! Para muitos empreendimentos fornecer uma boa carta de vinhos é obrigação. Porém, pode ser um diferencial quando oferecemos opções variadas de estilos (leves, corpo médio e encorpados) com uma boa relação preço/qualidade”, conta. De acordo com Neves, a procura por rótulos nacionais de es-


Wallace Neves – “Posso mensurar que o vinho representa algo em torno dos 30% do faturamento do estabelecimento”

pumantes tem crescido cada dia mais, porém, os clientes ainda buscam em maior escala os rótulos importados, sobretudo os chilenos e argentinos. Para ele, isso ocorre pelo fato do Brasil ainda ser novo na fabricação da bebida, e também por conta do preço aplicado no produto nacional. “O bom vinho nacional está com o valor alto comparado

ao dos nossos vizinhos sulamericanos”, alerta.

Enogastronomia Diante da importância da gastronomia aliada à enocultura, muitas redes hoteleiras buscam oferecer aos hóspedes e clientes, festivais gastronômicos harmonizados. A rede hoteleira Bourbon Hotéis &

Resorts realiza desde 2012 o evento enogastronômico Bourbon Wine Tasting & Dinner, que reúne na Cave Bistrô, localizada no Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort, em Atibaia (SP), um encontro entre apreciadores e especialistas em enologia e gastronomia, que realizam uma harmonização entre pratos e diversos rótulos de vinhos de alta qualidade. Nesse ano de 2016, o evento inicialmente nomeado como Wine Encontro, terá como temas: “Portugal”, em abril, “Sulamericano”, em junho; “Francês”, em agosto e “Itália de norte a sul”, em outubro. Na visão do vice-presidente de operações da rede Bourbon, José Ozanir, oferecer uma carta de vinhos com rótulos variados, diversas faixas de preço e regiões produtoras acaba sendo uma necessidade básica para o hotel que lide com um público exigente. “Oferecer uma boa carta de vinhos agrega valor à toda gastronomia do resort e de seus respectivos pontos de venda. Na intimista Cave Bistrô, os hóspedes encontram uma carta de vinhos que são harmonizadas com os menus artesanais, elaborados pelo chef executivo corporativo da Bourbon Hotéis & Resorts, Jérôme Dardillac e equipe. As saladas e temperos desse menu são colhidos na horta do resort e vão, frescos, aos pratos, evidenciando aroma e sabor à degustação”. A Cave Bistrô é um dos dez espaços gastronômicos do empreendimento e possui uma adega climatizada com mais de 180 rótulos de vinícolas de diversas regiões. Atualmente, o comércio de vinhos no resort é responsável por 35% do faturamento geral de vendas de bebidas alcoólicas do empreendimento. Dentre os vinhos mais pedidos pelos hóspedes, estão o sul-americanos vindos da Argentina e Chile. “Oferecer uma carta de vinhos diferenciada e de qualidade traz, sim,

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Divulgação Bourbon Hotéis & Resorts

No Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort o evento enogastronômico Bourbon Wine Tasting & Dinner reúne apreciadores e especialistas em vinhos e gastronomia

rentabilidade ao empreendimento” Apesar do consumo de vinhos ser mais frequente nas estações mais frias do ano, de acordo com Ozanir, os clientes apreciam a bebida durante o ano inteiro. “Durante o ano o consumo é sempre muito bom, mas a maior demanda ocorre durante as férias de fim de ano e os pacotes de feriados. Ou seja, já não há

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mais aquele perfil, no Brasil, como há muitos anos, em que o vinho era mais consumido no inverno ou em ambientes mais formais. Com o clima quente, aumenta o consumo de vinhos brancos e espumantes e, para agradar aos hóspedes do resort – que são muito exigentes – e atender a essa demanda, criamos uma carta de vinhos exclusiva para as piscinas

do Bourbon Atibaia”, conta. Para auxiliar na elaboração das melhores sugestões de rótulos em seus espaços gastronômicos, o Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort conta com o trabalho do sommelier Robson Vital, que elabora a carta de vinhos do resort, visita feiras do setor, assim como mantém contato com seus fornecedores parceiros,


Bourbon Atibaia, que aposta em diferentes espaços gastronômicos – entre eles a Cave Bistrô, focado em enogastronomia –, apresentar uma carta de vinhos extensa e selecionada como a nossa chega a ser um diferencial. Aqui em Atibaia, notamos que nossos hóspedes preferem os vinhos inter-

através de visitas e degustações, para a elaboração e a manutenção da carta de vinhos. Para Ozanir, oferecer uma carta de vinhos é essencial para o empreendimento hoteleiro, “Apresentar uma carta de vinhos – ainda que simples – é, mais do que uma obrigação, de costume e interesse de qualquer estabelecimento que investe em gastronomia. No caso de um resort como o

nacionais. No resort, trabalhamos com distribuidoras que sempre nos permitem trazer novidades a preços interessantes, o que proporciona ao hóspede degustar novos rótulos internacionais que, muitas vezes, estão nos mesmos valores das prateleiras de lojas especializadas”, afirmou.

José Ozanir – “Oferecer uma carta de vinhos diferenciada e de qualidade traz, sim, rentabilidade ao empreendimento”

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FreeImages/Lillian Nelson

Airbnb: concorrente ou inimigo da hotelaria?

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Sem regulamentação, qualquer pessoa física pode disponibilizar seu quarto para hospedagem, configurando competição desleal com hotéis que são rigorosamente taxados

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a era do compartilhamento, é possível dividir tudo: até o próprio quarto de casa com um estranho viajante. Foi o que fizeram dois estudantes norte-americanos em 2007, na cidade de São Francisco, na Califórnia, ao criarem o Airbnb. Vendo que os hotéis da cidade estavam cheios por causa de um congresso, eles colocaram à disposição três colchões de ar (airbed, em inglês) e café da manhã (breakfast) no apartamento que dividiam para hospedagem temporária. Pronto. Bastou uma momentânea falta de oferta hoteleira na região para que fosse criada a startup que impactou o setor naquele País, no Brasil e no mundo inteiro. Atualmente, a empresa está presente em mais de 190 países e vale cerca de 25 bilhões de dólares no mercado. Mas a ‘facilidade’, ideal para o turista da nova era, tem feito os hoteleiros entrarem em alerta. Hoje, o Airbnb administra uma comunidade para que as pessoas anunciem e reservem espaços pela internet (via computador, tablets ou por celular). O portal permite que qualquer um alugue sua casa completa ou um ou mais quartos. Atuando como intermediário, o site oferece um seguro a ambas as partes e cobra 3% dos anfitriões e entre 6% e 12% do viajante, de acordo com o preço (quanto mais caro, menor o percentual cobrado). No mundo, mais de 35 milhões de pessoas já se hospedaram atraUm simples quarto alugado foi o pontapé inicial da empresa que incomodou o setor hoteleiro em todo o mundo

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Samuel Soares – “O Airbnb acrescentou uma nova fatia de viajantes no mercado do turismo. Muitos que antes não possuíam condições, hoje conseguem alugar um espaço em qualquer lugar do mundo”

vés do Airbnb desde o seu início. No Brasil, a empresa conta com 45 mil anúncios em mais de 22 estados e 670 cidades. Durante a Copa do Mundo de 2014, 120 mil pessoas de mais de 150 nacionalidades vieram ao País hospedados pelo Airbnb. Mas tudo isso, no Brasil inclusive, não conta com quase nenhuma regulamentação e não segue nenhuma norma de segurança ou alvará de funcionamento, tornando, na opinião de muitos hoteleiros, uma competição desleal no mercado.

À primeira vista, vantagens Segundo os próprios fundadores, as principais vantagens do Airbnb em relação a um hotel convencional são o espaço, onde uma família de quatro pessoas, por exemplo, pode ficar em um apartamento de até três quartos

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com um preço inferior a duas suítes que seriam necessárias em um hotel; cozinha para preparo das próprias refeições; itens de lazer gratuitos, como bicicletas, caiaques, vista para o mar, estacionamento, piscina, e outros; localizações residenciais; informações e dicas sobre a cidade que são passadas pelos proprietários e são muito mais apropriadas (para alguns) do que as oferecidas pelos concierges de hotéis, e dentre outras, não menos importante, o preço mais baixo. De acordo com o Gerente de Marketing do Airbnb para o Brasil, Samuel Soares, os viajantes que se hospedam pelo Airbnb vivem uma troca cultural, pois tem a oportunidade de viver como um local e se sentir em casa, em qualquer lugar do mundo. Além disso, têm à disposição acomodações

que atendem diferentes perfis e diferentes bolsos. “O anfitrião que decide abrir a sua casa no Airbnb, também vive uma experiência intensa de troca cultural, mas ainda tem na plataforma uma maneira de gerar renda extra. Estudos do Airbnb comprovam que pessoas que se hospedam pela plataforma tendem a ficar mais na cidade, e muitas vezes longe dos centros comerciais, onde normalmente se encontram os hotéis da cidade. Esse movimento fortalece os comércios locais, como padarias, mercados e salões de beleza, isso significa maior renda não só para o anfitrião, mas para as pessoas que moram e trabalham no bairro”, aponta Soares. O executivo afirma ainda que o setor turístico tem potencial para crescer muito, em especial no Brasil, pela proximidade de gran-


cisão de compra é o cliente. “Esse é o impacto. Vivemos em um mundo onde todo mundo vende para todo mundo. O Airbnb é mais uma opção para os viajantes atuais. E daqui a pouco surgirão outras. É o mercado em constante transformação, evolução, e não vai parar por aqui. Daqui a pouco surgirão outras startups, outros investidores dispostos a apostar em boas ideias, e outros consumidores ávidos por inovação. O grande aprendizado que o Airbnb traz aos hoteleiros é a importância do investimento em tecnologia. E isso não tem volta”, aponta Gabriela.

Ascensão e ameaça

Gabriela Otto – “O grande aprendizado que o Airbnb traz aos hoteleiros é a importância do investimento em tecnologia”

des eventos como as Olimpíadas, e o Airbnb é um grande aliado dos hotéis neste contexto. “Há espaço para todos, porque as propostas são diferentes e os modelos acabam sendo complementares. Existem diferenças entre o público que se hospeda pelo Airbnb e o que procura acomodações tradicionais, como os hotéis. O Airbnb acrescentou uma nova

fatia de viajantes no mercado do turismo. Muitos que antes não possuíam condições financeiras, hoje conseguem alugar um espaço em qualquer lugar do mundo e viajar”, declara Samuel. Para a consultora hoteleira e do mercado de luxo Gabriela Otto, o sucesso desse tipo de negócio deixa uma mensagem muito clara: hoje quem domina a de-

Atualmente, a plataforma registra 37 milhões de reservas por ano, o que representa somente 20% da IHG, que faz 177 milhões anuais. Entretanto, até o final de 2016, sua previsão é chegar às 129 milhões de reservas por ano. Hoje, ele representa 17,2% da oferta de quartos de New York, 11,9% de Paris e 10,4% de Londres. Considerando estes dados, é preciso ficar atento aos seus movimentos. As últimas novidades da empresa são: a) Foco na implantação da precificação dinâmica. b) Ampliação do projeto ‘Business Travel’, onde colocam suas propriedades em portfólios de viagens de mais de 1.000 empresas em 35 países, incluindo Google. c) Contratação do Relações Públicas que ajudou Bill Clinton a sobreviver ao impeachment. d) Contratação do ex-CFO da Blackstone, empresa que possui grande quantidade de hotéis. e) No Brasil, passou a aceitar cartões em Reais e parcelamento. f) Obsessão dos fundadores com Big Data. Eles já se intitulam as ‘Agências de Viagens do Futuro’. Em recente pesquisa, o

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Barclays, fornecedor global de serviços financeiros, se mostrou muito otimista com o Airbnb, afirmando que representa uma ameaça clara para o segmento midscale da hotelaria. Entretanto, somente 10% das reservas do Airbnb hoje são resultantes de viagens de negócios. “Este estudo também concorda que as questões regulatórias vão retardar esse crescimento. Em resumo, o Airbnb pode crescer mais do que qualquer rede hoteleira do mundo, mas também pode desaparecer muito rapidamente dependendo das regulamentações de cada país. E já que falamos de economia compartilhada, vale lembrar que o Uber (que está para os taxistas como o Airbnb para os hoteleiros) já vale mais de USD 50 bilhões em cinco anos de existência”, compara a consultora.

Os ‘contras’ Nem só flores rodeiam o Airbnb. Fora do País, muitos casos de falta de pagamento, roubo, reservas canceladas em cima da hora e perigos já foram registrados. Em Nova Iorque, recentemente, uma locatária teve seu apartamento totalmente destruído em uma noite por um ‘hóspede’ que deu identidade falsa via Airbnb. Em Barcelona, na Espanha, ocorreu uma situação onde um mesmo usuário tinha dezenas de anúncios no site, mas apenas quatro mostravam o número do cadastro no Registro de Turismo da Catalunha. Segundo as normas do país, este número deve estar visível em qualquer tipo de publicidade de apartamentos turísticos. No Brasil, os prejuízos assombram tanto os locatários e/ou proprietários, como os viajantes que alugam um quarto ou apartamento. Registrando todo tipo de queixa contra empresas e marcas, no

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site Reclame Aqui constávam em dezembro de 2015, 432 reclamações diretas à marca Airbnb, e algumas outras em relação às empresas de pagamento ligadas ao portal. Até então, o Airbnb recebeu 229 avaliações, e tem 100% de suas reclamações atendidas. Destas, 73,8% foram solucionadas e 62,9% do público voltariam a fazer negócio mesmo tendo problemas. Queixas como apartamento inexistente, cobrança em dólares ou euros (após a possibilidade do pagamento em reais), estorno não realizado após cancelamento, reserva cancelada no mesmo dia, pagamento confirmado e reserva cancelada são as mais comuns encontradas no portal. Todas elas, contam com uma resposta ao cliente, oferecendo contatos posteriores e uma primeira solução viável àquele problema. O gerente de marketing da plataforma no Brasil, Samuel Soares explica que para tornar a plataforma segura e garantir uma experiência positiva para seus usuários, o Airbnb conta com mais de 40 ferramentas de segurança, verificação de e-mail, telefone, documento de identidade, Facebook e outras redes sociais. “Na própria plataforma, auxiliamos e direcionamos para que a comunidade tenha a melhor experiência possível, tanto viajando quanto se hospedando. Utilizar o chat da ferramenta para se comunicar, ver os comentários de outras pessoas sobre as características dos anúncios e dos anfitriões também são formas de garantir uma estadia perfeita. Há também a Garantia ao Anfitrião, que cobre até cerca de R$ 3 milhões se algo acontecer com o espaço anunciado”, defende o gerente. O executivo explica que na própria plataforma, é recomendado aos anfitriões que consultem sua convenção de condomínio para se certificarem que sublocações não são proibidas ou que não haja

nenhuma restrição em relação à hospedagem. Também é sugerido que o anfitrião leia os termos da sua locação e consulte seu locador, se necessário. Segundo o próprio site do Airbnb, a Garantia do Anfitrião de até R$ 3 milhões não é um seguro e não deve ser considerada como um substituto ou reserva do seguro de proprietário ou inquilino. Ela não protege dinheiro e numerários; animais de estimação; responsabilidade civil e áreas comuns ou compartilhadas. A Garantia ao Anfitrião fornece uma proteção sob o valor mencionado aos danos causados a uma propriedade elegível, no raro evento de os hóspedes causarem danos que não são solucionados diretamente com o hóspede, em países específicos, incluindo o Brasil. Estes pagamentos estão sujeitos a certas condições, limitações e exclusões. Como se trata de uma locação, os cuidados que deverão ser adotados pelo proprietário do imóvel, em tese, são os mesmos adotados por qualquer locador de imóvel no Brasil, tais como: celebração de um contrato escrito, até para que seja fixado de forma inequívoca o estado no qual o imóvel é entregue; análise do perfil do locatário e, se possível, de sua condição financeira, especialmente nas hipóteses nas quais a locação perdure por um prazo maior; solicitação, se possível, de uma garantia locatícia, como, por exemplo, a caução de aluguéis, até para fazer frente a eventuais estragos que possam ser ocasionados ao imóvel; contratação de um seguro para o imóvel; e disponibilização de uma cópia do regimento interno do Condomínio ao locatário ou de eventuais regras de convivência existentes no imóvel. Além dos cuidados mencionados acima, o advogado Luciano Mollica, especializado em direito


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Da esquerda para direita, os fundadores e sócios do Airbnb: Joe Gebbia, Nathan Blecharczyk e Brian Chesky

imobiliário, menciona a importância de se observar que este conceito de locação “rotativa”, especialmente de apartamentos no Brasil, é algo relativamente novo e pode gerar grandes conflitos no âmbito condominial. “Isto porque, o condômino que aluga seu imóvel por curto período de tempo - às vezes somente por um dia e com muita frequência, infelizmente, não se pode negar, que pode expor o Condomínio e os demais condôminos a situações de risco, principalmente com relação à segurança dos demais condôminos”, explica. Atualmente, a modalidade de seguro mais indicada é de Seguro de Responsabilidade Civil Geral,

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que cobre danos corporais e/ou materiais, causados a terceiros, ocorridos no interior dos estabelecimentos segurados, de acordo com o advogado. É possível, também, que o locador contrate um Seguro Residencial, capaz de cobrir danos causados por incêndios, danos elétricos, explosão de gás doméstico, roubos, entre outros. “No entanto, é importante que o locador verifique a apólice de seguro antes de realizar a sua contratação já que, em algumas seguradoras, o seguro não cobrirá danos havidos em imóveis que não possuam pessoas residentes regularmente ou moradias coletivas”, destaca Luciano.

Europa: primeira multa Em 2011, com o investimento da empresa A-Grade Investment, os atuais sócios Joe Gebbia, Brian Chesky e Nathan Blecharczyk abriram os dois primeiros escritórios internacionais: Hamburgo (pois compraram um concorrente alemão, Accoleo) e Londres. Em 2012, o foco foi justamente na expansão internacional, e as cidades escolhidas foram: Paris, Milão, Barcelona, Copenhagen, e Moscou. Mesmo sem essa proposta inicial, o Airbnb chegou e revolucionou o mercado de hospedagem informal, e na Europa não foi diferente. De apartamentos a castelos, este chega a ser o con-


tinente preferido dos viajantes, que podem ter diversos tipos de experiências por um preço baixo. Com sede alemã, a empresa investiu no continente e logo já incomodou a indústria turística tradicional local. Há cerca de dois anos, os órgãos públicos iniciaram ações para lutar contra a economia informal, e a Catalunha foi o primeiro lugar da Europa a multar o Airbnb, que teve de pagar 30 mil euros por comercializar apartamentos de forma ilegal na Espanha. O argumento para condenação foi de que as vendas intermediadas pela plataforma não foram devidamente registradas na Secretaria de Turismo da Catalunha, de acordo com fontes do Governo Catalão ao jornal El País. O portal também oferece quartos em casas particulares, o que é proibido pela legislação catalã. Desde a entrada em vigor da legislação, o governo catalão legalizou quase 200 mil leitos para este fim turístico. O decreto permite que as casas sejam usadas para turismo, desde que os proprietários comuniquem a atividade para a Secretaria de Turismo da Catalunha, atendendo requisitos mínimos de higiene e cuidados. Contudo, o artigo 66.2 do Decreto 159/202 daquele país proíbe que os quartos sejam alugados, tornando a atividade inicialmente simples, um tanto complexa. Madri também tem penas previstas que vão de 3 mil a 300 mil euros para aquele que descumprir o decreto local, permitindo apenas imóveis completos e registrados para tal finalidade. Londres e Amsterdã, dois dos principais destinos europeus, além de Hamburgo, na Alemanha, já aprovaram regras para fomentar o uso do Airbnb.

Competição desleal Mesmo declarando ter propostas diferentes, o Airbnb também

incomodou os hoteleiros brasileiros. Sem regulamentação específica, os proprietários dos apartamentos utilizados para prática do Airbnb não pagam as diversas taxas e não seguem as exigências dos hotéis convencionais, como alvarás de funcionamento, verificações dos bombeiros, contas comerciais de água e energia, entre outros – configurando assim, uma competição injusta no mercado de hospedagem. Assim como as autoridades locais da Espanha, o FOHB – Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil, não vê problema na existência de plataformas como o Airbnb, desde que estejam em equidade de cobrança de impostos e normatizações perante o Ministério do Turismo e principalmente de segurança. Para Manuel Gama, Presidente da entidade, a atividade que o Airbnb promove não é exatamente algo novo, e cita que a hospedagem é uma ação que começa antes de Cristo com as pessoas abrindo suas casas e alojamento para pessoas de fora. Por isso, ele afirma que não é contra a atividade. “Queremos apenas que as mesmas regras de extrema segurança que acontecem nos hotéis, de segurança predial e segurança física do hóspede, e também a carga tributária que cai em cima dos hotéis, além de PIS, COFINS e ISS sejam aplicadas ao Airbnb”, diz. Para que um empreendedor passe a comercializar diárias de hospedagem, é preciso que ele tenha uma empresa especializada na área, que deve estar registrada no Cadastur, Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor de turismo. Essa empresa também precisa de um alvará de funcionamento, deve emitir notas fiscais e seguir todas as normas de segurança dos bombeiros. “Temos ainda a grande gama de funcionários registrados

para atender o cliente e o imposto de renda. Então, é muito fácil você não ter uma carga tributária, não ter os patamares de segurança, com os custos de segurança, e colocar um imóvel pra usar a um preço mais baixo. Porque não sofre esses ônus, e também não emite nota fiscal. Então eu não sei até onde cada uma das pessoas que apresentam seu imóvel ao Airbnb colocam sua receita no imposto de renda. E existem as normas dos impostos também de exportação de divisas. Creio que isso não acontece no Airbnb, nós não temos conhecimento disso, porque isso não está claro, não é transparente”, explica o presidente do FOHB. Gama explica que, para atender o público, os hotéis têm que se adaptar às normas do AVCB Comercial, que é mais rigoroso do que as normas dos bombeiros para edifícios residenciais. Segundo ele, a segurança deveria ser um item primordial a ser fiscalizado nos apartamentos e quartos anunciados pelo Airbnb. “Aqui resta a grande preocupação. Através do Airbnb, você coloca um imóvel, que é a sua casa, à disposição de um cliente, onde você não tem sprinklers, detectores de fumaça, não tem corredor e escadas de incêndio. Ou seja, o imóvel não está preparado para atender o público do ponto de vista de segurança”, defende o executivo. Manuel Gama aponta ainda outro problema. O Airbnb utiliza os condomínios, que são taxados como residenciais pela companhia de água do estado, sendo mais da metade do preço de uma conta comercial. “No momento que você começa a ter um fluxo de Airbnb nesse condomínio, ele pode começar a ser taxado pela companhia de água como empresa, como um hotel. Então, são diversos fatores que nos fazem pen-

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Manuel Gama – “Não somos contra: queremos apenas que as mesmas regras de extrema segurança que acontecem nos hotéis sejam aplicadas ao Airbnb”

sar um pouquinho nos detalhes, detectando que está havendo uma inversão de valores”, declara.

Regulamentação urgente Com tantos argumentos contra a atividade sem regulamentação, os hoteleiros brasileiros não ficaram parados. Em setembro de 2015, o Presidente em exercício da ABIH Nacional – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Nérleo Caus Souza apresentou um Projeto de Lei ao Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) que

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trata sobre a importância da regulamentação urgente para os novos modelos de serviços disponíveis a partir do avanço tecnológico. Entre os serviços oferecidos e que afetam a hotelaria profissional está o Airbnb. O PL passou pela comissão de justiça do Senado e foi encaminhado para o plenário da Câmara dos Deputados. “Saudamos o novo, entretanto, numa sociedade democrática, com leis e obrigações que normatizam nossas ações, especialmente num país com uma

das maiores cargas tributárias do mundo, é urgente e necessária a regulamentação desses inúmeros sites e aplicativos. Os serviços prestados pelas novas plataformas devem estar alinhados com um tratamento igualitário nos campos fiscal, tributário, sanitário e de segurança ao segmento ao que se propõe atuar”, explica o presidente da entidade, em acordo com o presidente do FOHB. O texto do PL apresenta alterações aos artigos 21 e 23 da Lei 11.771/2008, a Lei Geral do Turismo. Ao artigo 21, acresceuse o inciso 8º. “Qualquer empresa que vise exclusivamente a realizar serviços de aproximação entre clientes e meios de hospedagem, utilizando-se de qualquer meio para tal finalidade, inclusive digital”. Já, ao inciso 5º do artigo 23, inclui-se o trecho “Equipara-se a meios de hospedagem qualquer forma de prestação de serviços de alojamento temporário, inclusive prestado por pessoas físicas”. Nerleo Caus completa ainda que o compartilhamento de espaços é uma tendência mundial, já presente nas principais cidades do mundo e agora mais intensamente no Rio de Janeiro, com a realização das Olimpíadas, mas também ressalta a questão da competição injusta. “Nossa preocupação é com os abusos, a concorrência desleal e a falta de fiscalização, por isso é necessário que esses meios de hospedagem sejam fiscalizados pelo poder público e passem a contribuir com a sociedade, recolhendo normalmente os seus impostos e se adequando às demais regras do mercado”, aponta.

Airbnb perante a lei O Airbnb é um site de pesquisa de acomodações, no qual os usuários criam uma conta gratuita para anunciarem seus espaços (“anfitriões ou locadores”)


Nerleo Caus – “Num país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, é urgente e necessária a regulamentação desses inúmeros sites e aplicativos”

ou reservarem suas acomodações (“viajantes ou locatários”). Sob este conceito, o advogado Luciano Mollica explica que os locatários poderão realizar uma locação parcial de imóvel, tais como aluguel de quartos compartilhados ou quartos privados ou, ainda, uma locação total do imóvel (por exemplo: apartamentos, casas, chalés), mediante o pagamento de um aluguel aos locadores. Assim, a legislação aplicável no Brasil para os imóveis alugados por meio do Airbnb será a Lei nº 8.245/91 (Lei de Locações). Segundo ele, vale lembrar que uma das grandes diferenças das acomodações oferecidas no Airbnb com as acomodações típicas de uma operação hoteleira é que o usuário não terá acesso aos serviços de lavanderia; arrumação; concierge; restaurante, etc., ao longo de sua estadia, mesmo que queira pagar por estes serviços. “É importante observar, ainda, que a empresa administradora

do Airbnb no Brasil desempenha funções correlatas à intermediação imobiliária. Neste sentido, é possível que haja questionamentos sobre a eventual necessidade de a administradora do Airbnb obedecer às disposições constantes na Lei nº 6.530/78, que regulamenta a atividade dos corretores de imóveis no país”, explica Mollica. De acordo com a Lei nº 11.771/08, é considerado meio de hospedagem o estabelecimento destinado a prestar serviços de alojamento temporário e serviços necessários aos usuários (serviços de hospedagem), mediante cobrança de diária. Assim, tendo em vista que o intuito dos imóveis disponibilizados no Airbnb é de simples locação, o Airbnb não deve ser considerado um meio de hospedagem nos estritos termos da lei. “No entanto, se o conceito de locação for deturpado por seus usuários, por meio da prestação de serviços de hospedagem (tais como lavanderia, arrumadeira,

serviço de quarto, etc), juridicamente, estaremos diante de um meio de hospedagem e, portanto, deverão ser aplicadas as mesmas regras das operações hoteleiras, nos termos da Lei nº 11.771/08, que disciplina a exploração da atividade de hospedagem no país”, pontua o advogado. Quanto às tributações, Mollica explica que os rendimentos decorrentes de um contrato de locação são tributáveis pelo imposto de renda (IR), cujas alíquotas podem chegar ao limite de 27,5%, nos casos em que o contribuinte é uma pessoa física e alíquotas variáveis em caso de pessoas jurídicas, a depender de seu regime tributário e objeto social. No caso dos serviços de hospedagem, além da tributação decorrente do Imposto de Renda, os rendimentos são geradores de imposto sobre serviços (ISS), cuja alíquota é variável conforme o Município em questão. “Do ponto de vista tributário, em alguns casos, a locação da acomodação pelo Airbnb poderá ser mais vantajosa ao locador, uma vez que não haverá incidência do imposto sobre serviços (ISS). Porém, é importante lembrar que a empresa administradora do Airbnb será responsável pelo recolhimento de ISS, em razão da prestação dos serviços de administração de locações”. Em relação a concorrência desleal, o advogado pontua que as atividades - contratação de locações pelo Airbnb e a contratação de meios de hospedagem – possuem uma legislação específica e, portanto, são responsáveis pelo recolhimento de um tipo de tributo. “De todo modo, conforme já dito, se houver o desvirtuamento da locação, por meio da oferta de serviços de hospedagem, no que se refere aos aspectos tributários, a atividade desenvolvida pelo Airbnb poderia ser configurada irregular”, declara.

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Luciano Mollica – “Se houver oferta de serviços de hospedagem, a atividade pode ser configurada irregular”

Posicionamento O Ministério do Turismo afirmou em nota que o serviço de hospedagem Airbnb não se enquadra na Lei Geral do Turismo (11.771/2008), mas na Lei do Inquilinato – como já citado pelo advogado Luciano Mollica. No texto ainda consta que os meios de hospedagem alternativos são uma opção para atender aos diversos perfis de turistas que viajam pelo Brasil e, na medida em que amplia o leque de ofertas, aumenta a competitividade do mercado turístico. Diante desse cenário, o Ministério do Turismo acompanha, por meio de pesquisa mensal, o interesse dos brasileiros em realizar viagens e os meios de hospedagem escolhidos com o estudo “Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem”, que mensalmente avalia nas principais ci-

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dades do País o perfil do turista e as intenções de viagem para os próximos seis meses.

Alternativas Já ouviu o ditado “Se não pode contra eles, junte-se à eles”? É isso o que estão cogitando algumas empresas hoteleiras em algumas partes do mundo em relação ao Airbnb. A empresa afirma que não tem parceria formal com redes hoteleiras, mas não proíbe hotéis de distribuírem seu portfólio em seu site. De acordo com a consultora Gabriela Otto, o site HomeAway, concorrente do Airbnb, já conectou suas propriedades com Expedia (grupo do qual faz parte). Com isso, uma análise do Deutsche Bank concluiu que OTAs podem ser as mais impactadas, ainda mais com a ampliação do inventário de ho-

téis pelo Airbnb. Hoje em dia, alguns proprietários de apartamentos em hotéis estão oferecendo suas unidades diretamente no Airbnb ao invés de distribuírem pelo ‘pool’ da rede hoteleira. “Recentemente soube de um hotel onde um dos proprietários mantinha uma pessoa no lobby, que abordava os hóspedes sugerindo que cancelassem a reserva e fizessem diretamente com ele pelo Airbnb, por um preço mais acessível. Nesse caso, uma revisão no contrato se faz urgente. Mas porque deixar isso acontecer? Se os hoteleiros tem a oportunidade de contar com mais um canal de distribuição, por que não?”, questiona a consultora. As grandes redes Hyatt e Wyndham já estão investindo em concorrentes do Airbnb, além da Hilton e Marriott, que demonstram


As diferentes experiências pelo mundo são o principal atrativo do Airbnb

interesse em contarem com mais esse canal de distribuição. “Outros hotéis já estão lá. Sébastien Bazin, CEO da Accor, admitiu que foi um erro não ter investido neles no passado, e sinalizou estar aberto a trabalhar mais próximo do Airbnb”, conta Gabriela, que destacou que a melhor coisa a fazer agora é entender que a economia compartilhada é um modelo de

negócios interessante e atrativo, mas não é o único. “A preocupação dos hoteleiros deve ser ‘entregar o que prometem’. É possível minimizar riscos com uma boa comercialização, aprimoramento constantemente do produto e serviço, e não ficar parado no tempo. O novo modelo oferece transparência, dinamismo e proximidade, abafando muitas

vezes a apatia das marcas hoteleiras que não se renovam. Os hotéis precisam promover as vantagens do seu modelo de negócio, e trabalhar constantemente de forma criativa para se manter consistentes e rentáveis perante tantos desafios do mercado atual. O Airbnb não é o primeiro nem será o último desafio”.

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Internet de qualidade faz a diferença na reserva

A maioria dos hóspedes comparam a importância de ter uma internet de qualidade num hotel, como a de uma boa cama e chuveiro

Prezar pela qualidade é mais importante do que ter a internet. Pois, oferecer internet lenta pode deixar o hóspede muito mais irritado do que ele ficaria sem ela

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rimeiro a internet, depois o conforto. Este é o fator decisivo de muitos indivíduos no momento em que se hospedam em um hotel. Após fazer o check-in, a primeira coisa que o hóspede pergunta na recepção é a senha do wi-fi. Em um recente estudo divulgado pelo grupo hoteleiro IHG – International Hotels Group, dos

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10.00 hóspedes entrevistados, 40% deles afirmam que a pior coisa que pode acontecer durante sua viagem, é ficar sem internet, pois a prioridade desse hóspede é estar conectado com a família e amigos. A pesquisa foi além e constatou que 61% dos hóspedes acham mais importante ter internet dentro do apartamento do que o minibar (1%).

Apenas com esses dados, já é possível notar que hoje em dia a qualidade internet é tão importante num hotel, quanto uma boa ducha e um bom colchão. Os hotéis que não investirem na modernização do serviço de internet sem fio correm o risco de não fidelizar o hóspede, pois além de buscar uma boa experiência, o cliente procura compartilhá-la com seus amigos e familiares. E mais importante do que ter internet, é ter um serviço de qualidade, pois, oferecer um serviço de internet lento pode deixar o hóspede muito mais irritado do que ele ficaria


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sem ter o serviço. Para se ter ideia de quanto a internet wi-fi é essencial em um hotel, foi lançado no mercado, em outubro de 2013, o site Hotel Wi-fi Test, onde o usuário consegue antes de efetuar sua reserva, pesquisar hotéis com base no wi-fi oferecido. O portal conta com mais de 100 mil hotéis cadastrados, onde é possível que o cliente pesquise os hotéis pelo nome, além de conferir o ranking geral da cidade, comparando os empreendimentos pela qualidade do wi-fi. Em poucos cliques, o usuário consegue verificar a velocidade média de internet no local, e se necessita pagar pelo serviço ao se hospedar. Portanto, investir na qualidade da internet é fator decisivo na fidelização do hóspede.

Item essencial Podemos afirmar que o avanço da internet transformou de maneira efêmera a rotina das pessoas. Hoje em dia, é possível acompanhar diversos serviços e informações com uma facilidade não encontrada décadas atrás. Antigamente, era muito comum estudantes recorrerem à livros e enciclopédias para fazerem seus trabalhos escolares, hoje, com alguns minutos de pesquisa na web, o indivíduo consegue acessar informações completas e diferentes. Pela web podemos assistir televisão, ouvir rádio, acompanhar as últimas notícias, fazer compras, jogar, realizar reuniões de negócios via videoconferência, acompanhar o resultado de exames médicos, nos comunicar via mensagens de texto, entre muitas outras coisas. A internet se tornou algo tão importante para o ser humano quanto a energia elétrica. Para o Diretor Técnico e Comercial da Inac Sistemas, Miguel Soihet, a internet é essencial para qualquer indivíduo, seja para trabalho, lazer, informação, entre outras coisas, onde as pessoas já estão acostumadas a usar a internet como

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se fosse a luz de sua casa. Na visão do executivo, não existir o serviço de internet em determinados estabelecimentos é inadmissível. “Hoje em dia não existe a possibilidade da internet não estar disponível em certos locais como hotéis, shopping, bares, restaurantes, sala de espera etc... As pessoas precisam de internet para as mais variadas situações”. De acordo com Soihet, hoje em dia, a internet ainda é considerada pelos hoteleiros como um custo, o que acaba sendo um problema para o investimento no link de internet e nas redes wi-fi para garantir um serviço estável, seguro e rápido. “A melhor configuração para uma rede de conexão sem fio em hotéis hoje é dois links de internet dedicados em um balanceador e antenas dual band ( 2.4 Ghz - 5.8 GHZ ), além de um empresa de qualidade para administrar todas as conexões. Atualmente existem várias formas de fornecer o wi-fi no Hotel, a principal hoje é a gratuita, mas, ser gratuita não quer dizer ser de qualidade, na maioria dos hotéis esse serviço funciona muito bem até ás 19h00. Após esse horário, existe um consumo elevado do link e da rede, fazendo que a percepção do hóspede seja sempre ruim em relação a internet sem fio. Para que esse problema seja resolvido é essencial investir em links de internet e antenas dual band”, afirma Soihet.

Três pilares Podemos basear em três pilares uma boa experiência com internet dentro de um hotel, sendo: bons links de internet; bom gateway de internet e boa cobertura e velocidade de navegação. Ao fazer uma rápida busca sobre a internet, diversas pesquisas apontam que ela está entre a segunda e a quarta maior variável no momento de se escolher ou retornar para o hotel, onde muitos hóspedes deixam de lado o conforto e o café da manhã para se ter uma boa experiência com a internet. De acordo Matheus Quincozes,

Miguel Soihet: “A internet ainda é considerada pelos hoteleiros como um custo, o que acaba sendo um problema para o investimento”

Diretor executivo da empresa Vega I.T., com relação aos bons links de internet, é essencial que o empreendimento hoteleiro opte por escolher diferentes operadoras, pois dessa maneira há redundância em caso de falha de uma delas, além de dimensionar a velocidade do link adequadamente para o número de UHs e perfil dos hóspedes. O executivo afirma que é necessário ter um gateway que gerencie a distribuição desses links, com controle de uso, divisão entre os hóspedes que utilizam simultaneamente, além dos controles de acesso obrigatórios pela legislação. Além disso, Quincozes ressalta a necessidade de uma boa cobertura e velocidade da internet. “Aqui talvez seja a parte que menos dão importância no trio. Boas antenas e uma infraestrutura de cabeamento bem feita são essenciais para que os links de internet e o controle do gateway possam ser efetivamente entregues aos dispositivos dos hóspedes (celulares, notebooks, tablets, etc.)”, explica. A empresa está presente no mercado de tecnologia há 15 anos, e ao prestar serviços para um empreen-


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clientes, através de indicação pessoal e os meios específicos para avaliações, como TripAdvisor. Gestores, esqueçam essa ideia de que a internet é uma despesa e sim um investimento”, alerta. Dentre o diferencial que pode ser implantado pelo empreendimento hoteleiro, está o Guest Guide, onde os hóspedes conseguem acessar em uma área online exclusiva as programações e horários de funcionamento, serviços oferecidos pelo hotel, checar gastos, entre outros.

Por dentro da lei

Matheus Quincozes – “Boas antenas e uma infraestrutura de cabeamento bem feita são essenciais para que o serviço prestado seja eficaz”

dimento hoteleiro, a Vega I.T. realiza todo o investimento inicial de infraestrutura, cabendo ao hotel apenas o pagamento de uma mensalidade dos serviços prestados. Cabe a empresa a escolha de todos os equipamentos que se enquadrem de acordo com as necessidades do hotel, verificação dos pontos estratégicos para a instalação dos equipamentos, de maneira que a qualidade da conexão não seja interrompida, além de um serviço 24h para auxiliar os hoteleiros em eventuais problemas. “Assumimos

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tanto o controle do gateway como formulamos toda a rede WiFi, além de prestar consultoria aos empreendimentos para contratação de links de internet. Assim, garantimos que todos os pilares sejam bem atendidos para que tenhamos sucesso em levar ao hóspede uma experiência de uso que o satisfaça e, principalmente, fidelize-o. Uma internet de qualidade não só diminui perdas de receita como aumenta a receita através da fidelização dos hóspedes, assim como a divulgação para novos

Publicada no dia 23 de abril de 2014, a lei 12.965 (também conhecida como o Marco Civil da Internet) estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Em alguns de seus artigos a lei estipula que os hotéis devem guardar por um determinado tempo todos os logs de acesso registrados em seu sistema como medida de segurança. Assim que a lei foi lançada, muitos hoteleiros ficaram com algumas dúvidas do que realmente precisa ser guardado, se é o log do que o usuário fez na internet ou o log de quem esteve conectado durante aquele período. De acordo com Rafael de Albuquerque, CEO da Zoox Media & Connectivity, os únicos registros que os hotéis devem guardar por um ano são os de conexões (Nome, Documento, IP/ MAC) e não os históricos do conteúdo acessado por seus usuários. Na visão do executivo, a internet se transformou em algo tão importante quanto um bom travesseiro. Para ele, a internet wifi gratuita é algo que os hóspedes mais buscam, mas que se não tiver acesso fácil, rápido e estável, a experiência do hóspede não é satisfatória. “Repito sempre, para o bom funcionamento da internet o hotel precisa ter os três pilares fundamentais, uma boa infraestrutura, um bom link e um software para gerenciar tudo isso com harmonia, se algum desses itens não funcionar bem, pronto, o caos começa no hotel. Hoje, a Zoox administra apro-


ximadamente 1.3 milhões de conexões por mês e garantimos 99,3% de sucesso nas conexões. Aproximadamente 8 em cada 10 hóspedes utilizam o WiFi no Hotel, 73% utilizam dispositivos móveis e mais da metade utiliza mais de um dispositivo na rede. Para tudo isso disponibilizamos um suporte em três idiomas. Resultado, não importa quantos dispositivos o hóspede tenha, ele quer conectar e quer que funcione como na casa dele e caso isso não ocorra gera uma frustração imediata”, enfatiza. Albuquerque afirma que para se ter uma boa cobertura de internet sem fio em um hotel, é essencial que o hoteleiro invista em um SiteSurvey no local, que nada mais é do que um estudo de abrangência do sinal, e, após esse levantamento será determinado aonde ficarão as

antenas. “Recomendamos que as “antenas” sejam alimentadas por switches gerenciáveis POE (Power Over Ethernet) com nobreak, basta plugar o cabo do switche na antena e a energia e dados já estarão alimentando aquele ponto, sem precisar fazer elétrica independente. Além da estrutura física o hotel tem que se preocupar com os links, afinal, hoje não basta apenas ter um link, é extremamente necessário ter fail-over (caso um link caia o outro assume) e load balance (dois links dividindo a carga), mas para isso é necessário um link primário e outro secundário. Para tudo isso funcionar com qualidade, é necessário um software que faça a gestão da infra mais link e controle o acesso dos hóspedes”, finaliza.

Fibra ótica Com objetivo de oferecer ao hóspede uma experiência tecnológica agradável, o La Torre Resort de Porto Seguro, localizado na Praia do Mutá, na Bahia, investiu recentemente mais de R$ 400 mil em um novo sistema de informática e internet, diretamente ligado à fibra ótica. Após as melhorias, foi possível implantar sinal wifi em diversas áreas do resort, como o Clube da Praia. De acordo com o Diretor geral do resort, Luigi Rotunno, o novo sistema de internet conta com uma banda dedicada de 60 MB, o que propicia muito mais velocidade na navegação. “Hoje o wi-fi é um elemento essencial para atrair e fidelizar os hóspedes, pois ele é fator decisivo no momento da diária. Hoje o La Torre

Rafael de Albuquerque – “Os únicos registros que os hotéis devem guardar por um ano são os de conexões e não os históricos do conteúdo acessado por seus usuários”

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Luigi Rotunno – “Hoje o wi-fi é um elemento essencial para atrair e fidelizar os hóspedes, pois ele é fator decisivo no momento da reserva”

Resort é a única estrutura hoteleira de Porto Seguro que dispõe de fibra ótica. Investimos muito nessa tecnologia para garantir uma internet de qualidade. Temos acesso à internet até na cabana de praia. Entendemos que a internet deve ser gratuita. Ela é mais do que um serviço, é uma conexão permanente com a família os amigos, e as vezes com o trabalho. No resort, onde o hóspede for, ele deve estar conectado”, comentou. A tecnologia wifi serve para diversas finalidades no resort, como a difusão da web rádio La Torre via conexão sem fio. Na visão de Rotunno, essa tecnologia permite ter a mesma música em todos os ambientes ao mesmo tempo e que outras ferramentas de comunicação interna com os hóspedes estão sendo estudadas com a mesma tecnologia.

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Rede atualizada Presente no mercado de tecnologia há mais de dez anos, a empresa Linktel Corporate fornece para o mercado hoteleiro diversas soluções quando o assunto é internet. A empresa conta com diferenciais que agregam toda a estrutura de rede wi-fi, além do desenvolvimento de um sistema completo de autenticação e controle dos usuários. De acordo com Fábio Simonagio, Diretor de engenharia da Linktel Corporate, investir em soluções de internet que garantam economia faz toda a diferença em um empreendimento hoteleiro. “Somos os responsáveis por desenvolver o sistema completo para autenticação e controle dos usuários que utilizam nossos serviços. Dessa maneira, guardamos

todos os logs de acessos dos usuários para identificação caso seja necessário. Nossa rede wi-fi conta com a ABGN de alta velocidade, com controle de banda individual por usuário e todo sistema atual”, frisou. O executivo enfatiza que o investimento em soluções de gerenciamento hoteleiro na área de internet não acaba sendo alto, onde a Linktel arca com todos os custos de infraestrutura e conectividade, cabendo aos hotéis apenas o pagamento de uma mensalidade para a manutenção do serviço, de maneira que com um baixo investimento, a internet consegue alcançar um número maior de pessoas dentro do estabelecimento. “Estimamos que cada estabelecimento economiza aproximadamente 30% por todos os serviços que a operadora traz”, finaliza.


Parceiros estratégicos

Do extrato de serviços ao room service

já são itens essenciais para o conforto de qualquer hóspede. Logo a relevância da Internet é total”. Com relação aos investimentos da rede nessa área, Rodrigues comenta que a empresa tem investido constantemente na qualidade da internet, tendo em vista que a tecnologia se modifica com o passar do tempo e que é sempre necessário se atualizar. O executivo afirma que um hóspede utiliza até três conexões durante sua estadia e que em eventos, o número de conexões aumenta de maneira exponencial. “Por conta desse cenário, nossa infraestrutura de rede prevê todas essas situações, de maneira que oferecemos ao cliente um acesso fácil e gratuito em todas as dependências dos hotéis da rede GJP. Oferecer um sinal de qualidade, capaz de funcionar com todos os dispositivos. Velocidade é outro ponto de atenção que requer evolução contínua. A velocidade de ontem não satisfaz mais o hóspede de hoje. Evoluir sempre é chave para surpreender o hóspede a cada nova estada”, frisa.

É inquestionável o quanto a internet facilitou na prestação de serviços. E hoje em dia ela é fator decisivo no momento da escolha de um hotel, pois em um mundo globalizado e conectado, todo cidadão necessitará da internet em algum momento de seu cotidiano. Nos hotéis da rede GJP Hotels & Resorts, os hóspedes tem ao seu alcance diversos serviços prestados através da web, como a consulta do extrato de serviços, pedido de room service online, entre outros. De acordo com o Gerente de Tecnologia da Informação da Rede, Maurício Rodrigues, a internet se tornou um item de total importância na vida das pessoas. “Hoje em dia a Internet é fator decisório na escolha do hotel por parte do hóspede. Num mundo de extrema conectividade, é um fator primordial, mais importante até do que “cama e chuveiro”, que

Maurício Rodrigues – “A velocidade de ontem não satisfaz mais o hóspede de hoje”

Fábio Simonagio – “Nossa rede wi-fi conta com a ABGN de alta velocidade, com controle de banda individual por usuário e todo sistema atual”

Muitos hotéis acabam recorrendo a empresas amadoras no momento de implantar um sistema de internet sem fio. Por vezes, pensam que basta assinar um pacote de wi-fi básico e replicar o sinal com aqueles modens que são instalados em suas residências. Porém, o tipo de internet que o usuário utiliza em sua casa, não possui a mesma qualidade que um plano empresarial, com foco no segmento em que atua, afinal, em uma residência, a área total gira em torno de 150 m², e em um hotel, esta área é muito maior e dividida em andares, áreas de lazer, etc. Por conta disso, é essencial realizar parcerias estratégicas, com empresas que conhecem e prestam um bom serviço. A rede de hotéis Slaviero tem investido constantemente na modernização de seu serviço de internet sem fio através de parcerias com empresas reconhecidas no mercado. De acordo com Arturo Rottmann, Gerente Regional de Operações da rede, investir em internet de qualidade é essencial. “Oferecer uma rede Wifi de

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cada dia mais e mais”, afirma. Na visão do executivo, dentre as principais preocupações que os hotéis devem ter ao oferecer um serviço de wi-fi, estão a gratuidade da mesma, facilidade de conexão, velocidade de navegação, conexão sem interrupção nas diversas áreas do hotel e ampla cobertura do sinal. Rottmann afirma ser essencial buscar no mercado parceiros que ofereçam serviços atualizados para os hotéis. “Procuramos parceiros comerciais que nos ofereçam equipamentos e soluções de software avançados e atualizados. Aumenta assim a possibilidade de oferecer Wifi descomplicado, rápido e confiável. Ao monitorar os comentários dos nossos hóspedes na mídia social e web em geral, assim como verificar diariamente os comentários enviados através do nosso sistema web de questionário de satisfação, estamos sempre atentos e prontos para oferecer o que tem de mais moderno. As pessoas que se hospedam em nossos hotéis, estejam elas a lazer ou negócios, têm necessidade de estar permanentemente conectadas com sua família e amigos, assim como realizar suas atividades profissionais utilizando seus telefones, tablets e computadores numa rede Wifi eficiente, e dentro de um ambiente seguro e confiável. Nós da Slaviero Hotéis, temos foco nisso”, finaliza.

Conexão eficaz Arturo Rottman – “As pessoas que se hospedam em nossos hotéis devem estar conectadas em um wi-fi eficiente em um ambiente seguro e confiável”

qualidade, é tão importante quanto oferecer um quarto sem barulho, uma cama confortável, um bom chuveiro, ou boas opções de TV a cabo. Ou seja, não há sobrevivência sem ela neste mundo tecnológico de hoje. Todo cliente reserva um hotel com a expectativa de encontrar uma wifi de qualidade, em especial gratuita, e essa experiência é fator decisivo para reter clientes. A Slaviero tem consciência da grande importância de uma Wifi

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de qualidade para seus clientes, portanto investe forte nesse aspecto com parceiros estratégicos. Há necessidade de monitorar a qualidade da conexão, a cobertura do sinal e sua velocidade de navegação, pois trata-se de uma tecnologia que precisa acompanhar as crescentes necessidades de utilização pelos hóspedes. Uma internet Wifi muito boa, pode ficar rapidamente defasada pela inovação de equipamentos e softwares que demandam

A administradora e franqueadora Nobile Hotéis sabe muito bem da importância de se fornecer um serviço de internet de qualidade. A empresa administra hotéis de diferentes segmentos e afirma que é essencial propiciar aos hóspedes as mínimas condições para que sua estada seja positiva seja em uma viagem a lazer ou a trabalho. Por mais que os hóspedes busquem se modernizar quanto as novas tecnologias presentes no mercado de smartphones e tablets, muitos ainda não possuem aparelhos que contam com a internet 3G/4G, e por isso necessitam de uma conexão wi-fi.


Na opinião do Diretor executivo da Nobile Hotéis, Maarten Van Sluys, a internet é um item de ‘primeira grandeza’ no momento da escolha do hotel. “Experimente desligar um servidor de e-mail em um hotel , e espere o número de chamados e idas a recepção para saber o que está havendo. Todo mundo está conectado (wireless) o tempo todo, e apesar dos personal devices (tablets e smartphones), muitos não dispõem de 3G e 4G próprios. Chego a afirmar que internet rápida e de boa qualidade (estabilidade) é o item número 1 em especial para hotéis corporativos, isso também inclui os hotéis econômicos”. Muitos hóspedes quando viajam necessitam da internet para trabalhar, e se o hotel não dispõe dessa funcionalidade, o hóspede nunca mais retornará, pois os apartamentos dos hotéis acabam sendo nessas viagens uma extensão do escritório dele. O Gestor de Tecnologia da Informação da Nobile Hotéis, Marcos Gonçalves, sabe muito bem disso, e constantemente o executivo tem buscado atualizar a infraestrutura de internet dos hotéis administrados pela rede. “A internet nos hotéis é possivelmente um dos temas referentes à tecnologia de viagens mais debatidos pelo consumidor atual. Ninguém esquece de um hotel que não ofereceu condições mínimas para você trabalhar, então com certeza uma internet de ótima qualidade reflete sim na fidelização do hospede. Chego a afirmar que internet rápida e de boa qualidade (estabilidade) é o item número 1 em especial para hotéis corporativos (isso vale incluir para hotéis econômicos). Temos um case de sucesso na rede, que foi a implantação do Nobile Inn Beach Class Convention e Nobile Suítes Beach Class Convention, em Recife (Pernambuco). Implantamos os itens seguintes que garantem o sucesso perante os hóspedes: Equipamentos de última geração tecnológica; Internet de alta disponibilidade; Acesso rápido com criptografia segura; Wi-fi

Marcos Gonçalves – “Ninguém esquece de um hotel que não ofereceu condições mínimas de internet para você trabalhar”

disponível em todos os apartamentos e áreas comuns gratuito; Dispositivos móveis Tablets e Smartphones sempre conectados. Com essas simples ferramentas, conseguimos fidelizar nossos hóspedes com um serviço de qualidade”, comenta.

mente o acesso a ela – é, sem dúvida um fator decisivo para a conquista da preferência e a fidelização dos hóspedes. Temos investido constante e maciçamente na ampliação e na modernização de suas áreas WiFi, oferecendo acesso sem fio à internet cada vez mais rápido e melhor, tanto nas áreas comuns quanto nas unidades habitacionais. Devemos nos preocupar em oferecer ao hóspede acesso sem fio à internet de maneira simplificada, garantindo a segurança dos dados e, claro, proporcionar tráfego de dados rápido e de qualidade aos hóspedes”, salienta. Um dos diferenciais da rede hoteleira pode ser encontrado na área de eventos, onde os clientes tem a possibilidade de ter um link dedicado e exclusivo, rede particular virtual (VPN) e perfil personalizado para cada evento. Dessa maneira é possível deixar o portal da empresa na página inicial e o nome da Rede (SSID) também personalizado.

Serviço obrigatório Com o avanço da tecnologia, podemos dizer que oferecer um bom sinal de internet wifi acabou se tornando tarefa obrigatória dos empreendimentos hoteleiros que desejam alcançar o protagonismo no mercado. Anteriormente a discussão era se essa funcionalidade deveria ser cobrada ou não, hoje, o foco está em oferecer um serviço gratuito e que funcione. A rede Bourbon Hotéis & Resorts tem investido constantemente em melhorias no sistema de internet para que todos os hóspedes possam estar conectados em todas as suas unidades espalhadas pelo Brasil e América Latina. De acordo com Tiago Dutra, Diretor de TI & Telecom da rede, por conta da popularização de notebooks, smartphones, tablets, entre outros dispositivos móveis, oferecer o acesso de qualidade e sem fio, se tornou tarefa obrigatória dos hotéis. “A adoção da tecnologia wi-fi – sobretudo se for oferecido gratuita-

Tiago Dutra - “Devemos nos preocupar em oferecer ao hóspede acesso sem fio à internet de maneira simplificada”

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OTAs como aliadas: até onde vai esta parceria?

FreeImages/Pierre Amerlynck

A distribuição de reservas hoteleiras on line é um bom canal, mas vários hotéis só possuem esta opção de venda e acabam ficando reféns

A grande maioria dos hotéis brasileiros preferem pagar comissão de 30% para as agências intermediadoras (brokers) para comercializarem suas diárias, do que investir num site responsivo com motor de reserva No empreendedorismo, aprende-se que mesmo antes de abrir um novo negócio, é necessário definir o público alvo e, principalmente, como chegar até ele. Como exemplo, para que um produtor rural de tomates obtenha rentabilidade em seu negócio, ele primeiro deve pensar e investir em como irá distribuir seus alimentos. Seja venda de porta em porta, ou entrega agendada, o cliente quer receber o que comprou imediatamente, de preferência, lidando com o próprio vendedor. E na hotelaria não deveria ser diferente, pois assim como o

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tomate que amadurece e ninguém compra é jogado fora, o hotel nunca repõe a perda de um apartamento que dorme vazio. O apartamento é o setor mais perecível de um hotel, e vender o produto em boas condições e sem a figura do atravessador é o sonho de desde um simples produtor rural de tomates até uma mega rede hoteleira. O propósito ideal deste processo é o mesmo: receber lucro total. O modelo de comercialização aplicado na atualidade pelos meios de hospedagem no Brasil baseia-se

num conceito ultrapassado, com mais de 50 anos, no qual fornecedor, GDS, operador, agência e clientes se relacionam de forma linear. Além de ultrapassado, favorece a prática de reserva de mercado, impedindo a adesão de novos integrantes. “Era um formato, o melhor possível para o momento pré-internet, até o ano de 1995. Contudo, este modelo ainda persiste e se tornou nocivo aos hoteleiros que se acomodaram na terceirização das suas vendas e permanecem estagnados, porém, agora, de forma desconfortável”, afirma Vadis Luiz da Silva, CEO e cofundador da Gestour Brasil, que tem entre os sócios, o ex-jogador de vôlei Giba. Com o advento da internet e sua popularização, esse formato tornou-se obsoleto. De olho nessa lacuna, empresas de tecnologia e


fundos de investimento criaram as OTAs - Online Travel Agencies, que passaram a dominar a comercialização dos produtos, via web, deixando os hoteleiros reféns também neste novo mercado. Atualmente, os custos do processo de comercialização atingem marcas superiores a 60% do valor do produto, o que impacta definitivamente no lucro, resultando em prejuízo certo, mesmo para aqueles que acham que estão no azul. Desse total, os custos com remuneração de canais de venda são responsáveis por uma faixa que vai de 13% a 35% do valor do produto. Dados da fundação HSMAI - Hospitality Sales & Marketing Association International apontam que mais de 42% de room nights nos hotéis independentes são reservados através de canais online. Desses, 24% vêm dos sites do hotel, enquanto 76% são através das

Agências de Viagem On Line. “Se forem somadas as comissões que certos portais (OTAs e operadoras) cobram, mais as taxas de cartões de crédito, bancadas pelo hotel, o empreendimento compromete seu faturamento e vira refém das Operadoras”, avalia Moris Litvak, Diretor Geral do Easy Hotel, empresa que fornece soluções de gestão, motor de reservas e distribuição eletrônica. Ele questiona: “para quem é boa esta parceria? O hotel precisa ter margens de lucro altíssimas para arcar com essas comissões mais os impostos e ainda sobrar algum lucro para seus proprietários que justifique sua operação”, analisa Litvak.

Política suicida Com a atual conjuntura econômica, muitas OTAs ou agências brokers (intermediárias) aumenta-

ram suas comissões para colocar o hotel nas primeiras páginas e tem muitos empreendimentos pagando até 30% de comissão na venda da diária. “Na minha visão, pagar uma comissão tão alta é uma política suicida para qualquer hotel, pois ele compromete quase 1/3 de seu faturamento. O atravessador, travestido de OTAs simplesmente faz a venda, embolsa a comissão e todo o ônus fica por conta do hotel, que prefere ficar refém dos atravessadores do que buscar canais próprios de reservas e distribuição. “Quantos hotéis no Brasil possuem sites responsivos com motores de reservas? A grande maioria das reservas são feitas através de aplicativos móveis. Em vez de pagar comissão alta, por que os hotéis não investem nestas tecnologias”, questiona um renomado consultor do mercado hoteleiro que pediu para não ser identificado. FreeImages/Keely Dugger

A grande maioria dos hotéos no Brasil vivem no passado em relação à utilização da tecnologia para melhorar os serviços prestados e assim, rentabilizar seu negócio

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Ele lembra que os brasileiros estão entre os turistas que mais usam smartphone para viajar, ficando atrás apenas da China e da Tailândia em índice de turistas que usam o aparelho para organizar o passeio, segundo pesquisa do site TripAdvisor. O estudo mostra que 59% dos brasileiros são classificados como “viajantes conectados” – termo que define pessoas que usam o aparelho para planejar ou reservar a viagem. China e Tailândia aparecem na pesquisa com 65% da população cada. O levantamento identificou que 45% dos viajantes conectados costumam usar o smartphone para reservar atrações, 72%, para procurar restaurantes enquanto estão de férias e 34% esperam que as acomodações ofereçam check-in via dispositivos móveis. O estudo também mostra que os empresários brasileiros precisam investir mais nesse tipo de cliente, já que 61% do público que pretende visitar o Brasil nos próximos 12 meses pertence à categoria de viajantes conectados. Isso mostra que o cliente não quer mais ser obrigado

a solicitar sua reserva e receber um retorno cinco dias depois, muitas vezes com a resposta de que não há vagas para o período escolhido. A frustração fará com que este cliente não só se hospede no hotel concorrente, mas que faça um “boca-boca” negativo – principalmente nos sites de avaliação. O TripAdvisor sugere que, para atender a este público, o hotel deve oferecer adaptadores, conversores e uma variedade de carregadores. Além disso, o investimento no desenvolvimento de aplicativos é fundamental, pois 45% dos Viajantes Conectados gostariam de usar aplicativos para fazer reservas enquanto estão viajando e 34% gostariam de fazer o check-in via dispositivo móvel. O problema é que apenas 16% dos hoteleiros no mundo oferecem essa ferramenta.

Comissões elevadas x visibilidade O trade hoteleiro tem se submetido a comissionamentos elevados para distribuição de suas UHs. Mas, encontra-se um paradoxo: se o hotel ‘trocar’ as OTAs por um

Luiz Arthur Medeiros – “Se o hotel trocar as OTAs por um motor de reservas próprio, pode não ter tanta visibilidade para o público”

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motor de reservas próprio, pode não ter tanta visibilidade para o público que está escolhendo um meio de hospedagem para seu passeio, proporcionada até então pelas agências. Para Luiz Arthur Medeiros, Consultor da Concierge Hotelaria, as agências de turismo estão perdendo espaço num mercado cada vez mais digital, e talvez não sobrevivam em sua forma física por muito tempo. Segundo ele, as pessoas compram passagens, reservam hotéis e agendam passeios via internet de maneira crescente, e muitas vezes diretamente com um fornecedor, seja ele uma companhia aérea, um hotel ou receptivo. Assim, neste modelo de negócio, as agências não entram. Contudo, no caso da hotelaria, a capilaridade é maior. “Se eu quero ir para o Rio de Janeiro, há apenas duas ou três companhias aéreas que podem me servir, o que facilita minha busca on-line, mas há uma infinidade de hotéis, e ninguém tem tempo ou paciência para ficar acessando o site de cada hotel no intuito de encontrar o melhor negócio. É aí que entram os portais de reservas on-line, compilando uma grande quantidade de hotéis em uma base única, facilitando o trabalho do hóspede / internauta”, aponta o consultor. Neste cenário, Medeiros acredita que as comissões são excessivas em virtude da pouca concorrência no mercado digital. “Quantas OTAS realmente atuantes temos hoje no mercado? São poucas, o que nos mostra, portanto, um quadro de demanda crescente, tanto de consumidores que buscam hotéis, quanto de hotéis que querem estar integrados na base de dados da OTA, num panorama de oferta digital (quantidade de OTAS) ainda reduzido. Para facilitar o entendimento, tente pensar no mercado turístico de São Paulo há 20 anos atrás com apenas 4 ou 5 agências


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de viagens para atender a toda a demanda. Já imaginou quanto elas cobrariam de comissões dos hotéis e demais entes do mercado? O resultado disso não está apenas nas comissões altas, mas também no serviço ruim que algumas destas OTAS prestam ao hoteleiro, espremendo suas margens, exigindo condições especiais e até atendimento distinto em alguns casos”, explica Luiz Arthur.

Rentabilidade comprometida O ônus que os hotéis possuem firmando uma parceria com operadoras que cobram um comissionamento alto afetam diretamente na sua rentabilidade. Segundo o consultor, para compensar a perda, os hotéis acabam corrigindo seus preços para cima. “O problema desta estratégia é que estamos em crise, e subir preços em momento de crise é suicídio. Para buscar a rentabilidade é preciso fazer um mix de vendas em que entrem as vendas via OTAS, mas também vendas diretas, que costumam ter um retorno um pouco mais atrativo ao hoteleiro. Estar numa base de comércio que não é gerida pelo hoteleiro, principalmente num mercado em que 90% dos hotéis é independente”, indica Arthur. Para ele, o bônus é exatamente estar na rede e ter visualização. Contudo, esta exposição também facilita a avaliação pelo seu hóspede, que nem sempre tece comentários positivos sobre o empreendimento. “O consumidor de reservas on-line deve saber filtrar as informações mais relevantes, e abandonar as avaliações muito fora da curva, tanto para o mal quanto para o bem. Nenhum hotel pode ser péssimo para um hóspede e magnífico para outro em períodos próximos. É provável que ambos estejam exagerando na avaliação”, pontua.

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Melhor preço ou falta de controle? Em sua maioria, as OTAs fixam em seus contratos que o hotel participante deve lhe garantir o melhor preço e que as promoções praticadas pelos hotéis não podem ser menores que as publicadas na agência contratada. De acordo com o consultor hoteleiro Mário Cezar Nogales, isto retira completamente o poder do hotel de poder praticar preços de acordo com a sua disponibilidade e sazonalidade assim como remove a competição entre as próprias OTAs, uma vez que seu hotel pode estar inserido em várias delas. Logo, seu preço terá de ser igual a todas elas. “Gerentes comerciais ficam atados a um contrato, ou então, devem alterar todas as tarifas ao mesmo tempo, restringindo a competição de mercado, afinal, aquele que pode vender mais com melhor preço, qualidade e rentabilidade, terá a mesma tarifa que uma não tão eficiente assim ou então o cliente que busca promoções e oportunidades diretamente no hotel acaba não encontrando. Além do mais, cansei de pesquisar preços em OTAs e em seguida verificar a mesma nos hotéis e acabei descobrindo que neste último as tarifas acabam até saindo mais caras, dando mais poder para a OTA do que para o Hotel. O pior é o fato de que a venda realizada através da OTA não significa que o hotel receba o valor pago integralmente uma vez que existem taxas e comissões que serão retidas ou cobradas pelo agenciamento, reduzindo a rentabilidade”, explica Nogales. Existe também a possibilidade do hotel não conseguir parar as vendas via OTA mesmo se atingir overbooking. Em geral, o setor de reservas administra muito bem esta situação, o que é demonstrado pelo número pequeno de reclamações a respeito do tema na hotelaria junto ao PROCON. No entanto, como os hotéis não estão on-line

em tempo real como a OTA, a administração dos allotments para estas pode complicar a vida dos hotéis, mesmo que a agência possibilite a garantia de hospedagem com realocação — o que fica fora da alçada da gestão do hotel, sendo um grande transtorno para a qualidade e satisfação do hóspede. “Supondo que o overbooking ocorra em um momento que o hóspede chegue no hotel com reserva confirmada e não exista um quarto disponível, o hotel sempre consegue uma realocação confortável em um hotel de mesmo nível e próximo da necessidade de seu cliente. Isso pode não acontecer quando administrado pela agência, levando o cliente a outro hotel de qualidade até mesmo inferior e longe de suas necessidades, além do transtorno de maiores pagamentos com multas por não alocar o cliente em seu hotel. Além do mais, a responsabilidade legal acaba caindo diretamente ao hotel e não a agência que fez a reserva mesmo com o hotel lotado. Devo lembrar que toda reserva é um contrato e por assim dito, o contrato deve ser honrado”, destaca o consultor. Segundo ele, muitas OTAs já estão colocando em seus contratos um item em que a quantidade de UH’s disponíveis a eles deve ser igual ou superior a de seus concorrentes contratados pelo hotel. Também colocam nos contratos que você não pode comercializar ao mesmo cliente, seja on-line ou offline, diretamente ou indiretamente e isto, para pequenos hotéis, com certeza lhe trará grandes dores de cabeça, uma vez que estará restrito ao número pequeno de agências ou até mesmo a uma exclusividade indesejada de comercializar seu empreendimento. “Como gestores devemos nos lembrar de que o negócio deve sempre estar em nossas rédeas e não nas rédeas de um terceiro. Deve ser bom para ambos e


não apenas para um. Não podemos e nem devemos entregar a soberania das decisões a outros, pois desta maneira, perderemos o controle do hotel e com certeza bons resultados não serão atingidos”, declara Nogales.

Links patrocinados como aliados Já está mais que comprovado que todo investimento que o hotel fizer em seu empreendimento deve começar pela tecnologia. O Google, o principal portal de buscas do mundo, é — há tempos — um grande aliado das empresas no setor de marketing e propaganda, já que é o primeiro canal que o turista irá acessar até chegar no site do hotel, ou mesmo da OTA. O site tem um histórico de mais 900 termos de buscas (variações de palavras-chave de como as pessoas buscam por esse tipo de serviço) específicas sobre o mercado hoteleiro brasileiro. Esse conjunto de variações termos de buscas somam hoje no Brasil mais de 2 milhões de buscas por mês no Google sobre serviço de hospedagem (Hotel), chegando a picos de mais de 3 milhões no mês de janeiro – isso equivale a mais de 74 consultas por minuto só no Google – hoje 30% dessas buscas são efetuadas por meio de um dispositivo móvel (Smartphones, Tablets, etc), segundo dados da Ferramenta de Palavras-chave do Google AdWords. Atenta a essa gigantesca demanda de buscas no Google, pessoas com reais interesses de serviços de hospedagem, as empresas especializadas (agregadores de ofertas), tais como Booking.com, Trivago. com.br, Tripadvisor.com.br, dentre outras, oferecem para os hotéis, principalmente para aqueles que não tem uma cultura de investimento em publicidade no Google, a possibilidade para tais hotéis de conseguir hóspedes sem investir em propaganda, ou seja, o hotel

paga uma comissão (que varia em torno de 25% a 30%) para cada hospedagem advinda por meio desses agregadores de ofertas. “Cabe salientar que o hotel somente paga essa comissão por que assinou um acordo com essas empresas, ninguém forçou o hotel a fazer parte das regras desse jogo. Outro ponto importante para se avaliar é que o hotel não está pagando para fazer propaganda do hotel dele e sim para participar de uma lista de opções que o agregador de oferta disponibiliza – porem o hotel somente paga pela reserva efetivada, um pagamento de comissão por uma venda real”, explica Ricardo Azevedo, CEO da empresa Clinks, Agência Certificada do Google AdWords. Segundo ele, os hotéis mais atentos a essa metodologia de in-

vestimento, versus resultados efetivos, passaram a fazer seus próprios anúncios de links patrocinados no Google, ou seja, o valor da comissão que seria paga para esses agregadores de ofertas para cada venda de hospedagem efetiva, passaram a investir no Google com anúncios de links patrocinados exclusivos do seu hotel. “Cabe ressaltar que alguns hotéis mesmo fazendo sua própria ação de publicidade de links patrocinados no Google, continuam fazendo parte desses agregadores de ofertas de hotéis, pois de alguma forma avaliaram que valia a pena pagar por tal comissão por uma venda de hospedagem efetivada – para isso cada hotel precisar ter muito bem alinhado sua avaliação de retorno sobre investimento em ações de pu-

Mario Cezar Nogales – “A responsabilidade legal acaba caindo diretamente ao hotel e não a agência que fez a reserva mesmo com o hotel lotado”

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blicidade”, aponta. Para Azevedo, o hotel precisa avaliar o montante total pago no mês para esses agregadores de ofertas para receberem uma venda efetiva de hospedagem – frente ao que se teria de retorno ao investir o mesmo valor em campanhas de links patrocinados no Google, em anúncios exclusivos do seu hotel. Somente assim o hotel poderá dizer se é caro ou barato, se vale apena ou não continuar a utilizar o serviço desses agregadores de ofertas.

Soluções próprias De acordo com o portal TripAdvisor, menos da metade (41%) dos hotéis brasileiros tem um site responsivo, ou seja, com

layout que se adapta quando acessado por um dispositivo móvel, smartphone/tablet. Sites com esta tecnologia conseguem entregar uma qualidade superior de navegabilidade, atendendo a pelo menos 30% de todo volume de acesso que os usuários estão fazendo para acessar um site após terem feito uma busca no Google. O viajante conectado é uma parcela muito importante para não se considerar e tal perfil de acesso vem aumentando exponencialmente. Ter um site que se adapta a diversas plataformas e até que apareça no topo da listagem do Google é muito importante, mas isso não será o bastante se o conteúdo do site não for interessante. Se a pági-

Ricardo Azevedo – “Links patrocinados no Google são boa alternativa para os hotéis incrementarem a comercialização de suas diários”

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na do hotel não impactar o possível cliente logo em sua home, apresentando fotos de boa qualidade de todos os ambientes e detalhes em informações, o motor de reservas nem será notado pelo internauta, que certamente voltará rapidamente para o buscador, à procura de outro hotel que forneça tudo isso. “Grande parte da rede hoteleira brasileira tem capacidade para utilizar as tecnologias existentes no ambiente digital, seja de publicidade ou softwares de gestão, pois existem várias opções no mercado para cada tipo de perfil de investimento. O que falta é um pouco de conhecimento da existência de tais possibilidades ou quando sabem, de usar efetivamente. Seu hotel tem que ter um site capaz de convencer seu possível cliente de se hospedar, pois será dele essa tarefa. Para saber como deve ser esse site, coloque-se no lugar do seu possível hóspede: O que você gostaria de ver em um site de hotel? Quais informações? Quais imagens/fotos do hotel gostaria de ver (estacionamento, hall de entrada, quartos, salas de reunião e convenção, sauna, piscina, sala de ginástica/academia, bar, etc)? Qual a qualidade dessas imagens? Como gostaria que fosse o mapa de localização? O que o hotel oferece? Enfim, quais informações você julga importantes e primordiais para aparecerem no site para tornar seu possível cliente em um hospede efetivo?”, questiona o CEO da Clinks. A venda online tem crescido de forma muito rápida no Brasil e no mundo, e manter um motor de reservas no site envolve muitos aspectos. De acordo com pesquisa da eMarketer.com, mais de 50% dos viajantes de lazer do país estão inscritos em mailings de e-mail marketing de OTAs e companhias aéreas, enquanto somente 39% assinam news de hotéis. Além disso, 57% reservam voos em sites


da companhias aéreas, OTAs ou aplicativos, e 43% opta por reservar hotéis por esses canais. Os PCs ainda dominam as reservas de viagens, com 69% das vendas, sendo 27% por smartphones e 20% por tablet. Por outro lado, hotéis que pretendem adicionar uma tecnologia de reservas on-line, devem levar em consideração que existem algumas variáveis nesse tipo de recurso, comparando-se quase com um sistema de e-commerce. “Nesse sentido, o hotel precisa ter sistemas que se comuniquem perfeitamente entre si, tais como Agendamento de hospedagem/ocupação; Pagamento via boleto, cartões de crédito, dentre outros passíveis desse mercado e obrigatoriamente isso envolve também em segurança da informação. Eu já presenciei um projeto similar em um hotel e infelizmente não vingou, teve que ser abandonado depois que entrou no ar, pois o investimento contínuo nesse tipo de recurso era incompatível com a

estrutura do hotel de manter um profissional/empresa para manter o sistema funcionando corretamente. É recomendável o hotel contratar esse tipo de serviço de empresas de softwares especializados”, sugere Ricardo.

Google no mercado de reser vas Recentemente, o site de pesquisas mais popular do mundo passou a permitir reservas em hotéis dentro da sua plataforma. Analistas preveem que não vai tardar muito para que o buscador comece a integrar voos e hotéis, embora não esperem que venha a constituir-se em OTA (agência de viagens on-line). Notícias da imprensa internacional assinalam que discretamente o Google começou a permitir na América do Norte as reservas de alguns hotéis no Google Search, Google Maps e no Google+, por meio do Book on Google, em parceria com o software GDS Sabre. Para os hoteleiros, a adesão a esta nova funcionalidade pode ser

feita mediante pagamento de comissões ao Google e ao Sabre pela gestão dos pagamentos com cartões de crédito ou pelo pagamento por cliques do Google Hotel Ads. A opção pelo pagamento de comissões, segundo especialistas, tem o atrativo para os hoteleiros de lhes permitir ambicionar uma maior taxa de conversão das pesquisas no Google, na medida em que torna menos ‘tortuoso’ o processo de reserva. A nova iniciativa do Google assemelha-se ao que o Trip Advisor vem fazendo por meio do Instant Booking, que permite reservas de hotéis sem que usuários tenham de sair de sua plataforma. Para o consultor Arthur Medeiros, as OTAS vão avançar de maneira cada vez mais abrangente no mercado. Outras surgirão, haverá o aumento da concorrência e a tendência é a queda nas taxas de comissão. Algumas destas OTAs vão fazer parcerias com redes sociais como Facebook para avançar sobre cada usuário oferecendo ho-

Menos da metade dos hotéis brasileiros possuem um site responsivo

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téis e viagens de acordo com seu perfil. “É preciso lembrar que redes sociais são gigantescos bancos de dados de nossos usos e costumes e as OTAS já estão de olho nisso. As agências de viagens físicas, aquelas com porta na rua, em 10 anos não existirão mais. Em 2025 não haverá agências de viagens. As grandes redes hoteleiras continuarão seus programas de pós-vendas e fidelidade mas também elas ampliarão sua penetração nas bases das OTAs, pela simples razão de cortar custos de pessoal”, opina o consultor.

Otimização e autonomia Depois de investir em um bom site e até em um motor de reservas, mesmo este último gerando também uma taxa para o hotel — que deve ser mensurada por ele se prefere as-

sim ou ter a parceria das OTAs —, ainda há mais passos a serem seguidos para que o empreendimento se adeque às necessidades do novo perfil de viajante, que está 100% conectado e atento às inovações de mercado. E não bastam investimentos visíveis: é preciso construir uma estratégia para alcançar, de forma eficiente, seu público alvo. De acordo com Matheus Acaccio, Diretor da empresa Trip Digital, os administradores de hotéis e pousadas podem sim vender mais sem precisar estarem sujeitos às altas comissões pagas às OTAs. “É preciso parar de ‘improvisar’ no ambiente online. Aceite como verdade o que você já sabe há muito tempo: o simples fato de ter um site, página nas redes sociais, etc. não é o suficiente para garantir aumento das

vendas do hotel. Além de verificar se seu atual site está passando a devida credibilidade e dá atenção aos critérios de acessibilidade, se adaptando aos acessos via mobile, analise como está seu posicionamento no Google para as principais palavras chave do seu negócio e também sua exposição nas redes sociais. Também crie o hábito de publicar conteúdo de valor para seu público, como postagens em blogs e vídeos no YouTube, com depoimentos de clientes e apresentações do seu hotel/pousada”, explica Acaccio, afirmando também que investir em marketing digital não é tão caro como se pensa. Os custos na internet são sempre medidos de acordo com a interação do seu público com a sua marca, segundo Acaccio. Diferente

FreeImages/Cleferson Comarela Barbosa

Ter o próprio site como canal de distribuição pode aumentar a margem de lucro do empreendimento

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Vadis Luiz da Silva, CEO e cofundador da Gestour Brasil ao lado de seu sócio, o ex-jogador de vôlei Giba

do tradicional, não se paga somente para veicular a propaganda: seus custos são proporcionais ao seu retorno. Uma pesquisa recentemente realizada pela Buuteeq e Killer Infographics no mercado hoteleiro dos Estados Unidos revelou que o marketing digital atualmente é responsável por 50% das reservas dos hotéis, enquanto no ano de 2000 esse percentual chegava a apenas 1%. “A questão é que, além do grande volume que as ações de publicidade online geram, elas também conseguem ao empresário o menor custo por reserva (US$ 2 a US$ 6), ao passo que por telefone o custo é de US$ 6 a US$ 10 e nas agências de turismo este valor varia de US$ 12 a US$ 40”, conta. “Ao invés de confiar a divulgação às OTAs, faça suas próprias experiências e veja que pouco a pouco, sua margem de lucro será maior tendo seu próprio site como canal de distribuição. Pense que 25% dos custos

com comissões agora podem ser enquadrados no quadro de receita da empresa”, conclui Accacio.

Opções de distribuição Visando ser uma alternativa de canal de distribuição para a hotelaria nacional com um ótimo custo benefício, a Gestour Brasil criou uma plataforma, a Gestour eMarketplace que exigiu um investimento superior a R$10 milhões, na qual possibilita a estruturação de um eMarketplace especializado no Turismo Nacional. “Para mudar esse quadro desfavorável, foi preciso atacar o problema e criar uma nova solução, ‘fora da caixa’. Não adianta somente podar a árvore. Precisamos matar o mal pela raiz”, explica Vadis. Segundo ele, o eMarketplace é estruturado num modelo baseado colaborativo, 100% web, onde todos os players são capazes de gerenciar seus próprios negócios de forma autônoma no qual todos ganham: fornecedores, canais de vendas, consumidores e a

plataforma”, completa. O novo modelo de gestão, promoção, distribuição e comercialização, de forma integrada e em rede e na rede, oferece 20 benefícios detalhados disponíveis para consulta dos leitores no link: turismomeunegocio.com.br/ hospedagem, o que garante uma melhora de no mínimo 20% na rentabilidade dos produtos comercializados online, podendo chegar até 40% se a estrutura tecnológica disponibilizada for aproveitada intensamente. Este novo modelo aplicado reduz gastos com motores de venda e elimina riscos financeiros e operacionais das empresas integradas. Outra vantagem do eMarketplace é que ele potencializa o efeito de economia de escala. Além do que, quanto mais empreendimentos integrarem seus negócios à plataforma, maior será o impacto na sua promoção. “A marca de um fortalece a do outro, gerando repercussão para todos”, finaliza Vadis.

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BH Boutique Hostel

O Brasil está entre os 15 países com o maior número de hostels no Mundo

Hostels começam a conquistar turistas brasileiros Muito utilizados por turistas estrangeiros no mundo todo, os Hostels têm conquistado cada vez mais os hóspedes brasileiros pela experiência única e conforto

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eio de hospedagem muito explorado no exterior, os Hostels proporcionam ao viajante uma opção de estadia de baixo custo e com uma experiência completamente diferente, onde o hóspede tem a possibilidade de trocar experiências com viajantes de diferentes países. No Brasil, este mercado tem registrado um crescimento exponencial, onde o destino está entre os 15 países com o maior número de hostels no Mundo, de acordo com dados da HI – Hostelling International Brasil. Fatores como proximidade a pontos turísticos interessantes, possibilidade de interação social com turistas de outras nacionalidades, qualidade dos apartamentos e instalações, fácil acesso aos meios de transporte e o mais importante, o preço, tem conquistado cada vez mais os turistas,

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que tem buscado novas experiências a um bom custo benefício. Se a diária média em um hotel simples gira em torno de R$ 200, em um hostel o turista pode pagar a partir de R$ 40, o que acaba atraindo-o muito mais, pois além de poder dormir em um quarto compartilhado confortável, ele tem a possibilidade de utilizar a cozinha do hostel, economizando ainda mais com custos de restaurante e tornando a viagem muito mais rentável e autêntica. De acordo com dados do Ministério do Turismo, durante a Copa do Mundo de Futebol, cerca de 10,6% dos visitantes internacionais optaram pelos hostels ou campimgs para se hospedar no País. Atualmente existem 164 empreendimentos inscritos no Sistema Cadastur, e mais de 30 mil turistas credenciados à rede Hosteling International no Brasil.

Experiência Multicultural Na opinião da consultora e sóciadiretora da Mapie, Trícia Neves, atualmente o cliente busca por experiências únicas, e essas ele consegue ter ao se hospedar em um hostel. Fatores como boa localização, facilidade de acesso ao transporte público, qualidade do atendimento, segurança e autenticidade contribuem para o crescimento da demanda dos hostels no Brasil. “Hostels são originais, costumam ter personalidade na decoração, no atendimento e, ainda, proporcionam maior interação entre os hóspedes. Além disso, a geração Millennial, até mesmo pela idade, demonstra menor apetite em investir o dinheiro em hospedagens mais caras durante as suas férias, o que sinaliza que há mercado para o modelo dos Hostels”. Para quem pensa que os hostels são amplamente frequentados pelo público mais jovem, saiba que isso não é verdade. De acordo com Ramis Bedran, vice-presidente da HI Hostel Brasil, o público da faixa etária de 60


a 75 anos representa 3% dos hospedes de hostels no País. O perfil que mais se hospeda nesses empreendimentos são de 25 a 39 anos, representando 52% do público. Segundo ele, os hostels começaram a se disseminar no Brasil por conta do acesso às informações que os turistas começaram a receber, seja aqui ou em viagens ao exterior. “Os hostels começaram a ficar mais conhecidos por conta da informação, da globalização e estilo de viagem. Foi uma questão de saber que este é um meio muito utilizado lá fora. Os brasileiros têm uma cultura muito de viagem para o exterior, de ficar em grandes hotéis, e os estrangeiros, com toda essa globalização, começaram a ver que é legal se hospedar em hostel, é interessante, é mais econômico, tem acesso ao multiculturalismo, contato com gente do mundo inteiro. E hoje, sinceramente, a pessoa que não sabe o que é hostel e o conceito hoje em dia, ela está desplugada”, avalia.

Estilo de Vida Muito mais do que um meio de hospedagem alternativo, os hostels propiciam ao viajante um estilo de vida. É o que afirma Ramis Bedran, pois além do multiculturalismo, o hostel oferece outras vantagens para o hóspede como a disponibilização de uma cozinha e lavanderia, que acaba reduzindo os custos na viagem da pessoa, assim como o internet wi-fi grátis, entre outras coisas. “Os hostels proporcionam ao indivíduo diversas vantagens. No âmbito econômico é nítido que esses meios de hospedagem são mais acessíveis. Mas além disso tem outras questões: os hostels são um estilo de vida. Tem a questão de estar sozinho, viajar sozinho, e não ficar sozinho, pois o turista consegue trocar experiências com outras pessoas nos espaços coletivos. Esse segmento tem recebido bastante investimentos. Alberguistas que eram alberguistas há dez, quinze, vinte anos atrás, não abandonaram o movimento e o estilo de viajar; e aí casaram, constituíram família. A maioria dos hotels hoje tem quarto para casal, para poder atender toda essa demanda

do mercado. Os hostels têm acompanhado o crescimento e desenvolvimento do cliente. O foco sempre foi na juventude, e como é um estilo de vida viajar ‘de hostel’ – porque hostel é um estilo de vida – então as pessoas não abandonam este estilo de vida. Mas a HI procurou se modernizar em cima disto, a gente tem hostels mais para baladas, para ambiente mais familiar, entre outros”, afirmou. Na visão de Ramis, a luta pelo reconhecimento desses meios de hospedagem está muito mais atualizada nos dias de hoje. Segundo eles, esses meios de hospedagem são reconhecidos como cama-café, e não como hostels, pois a HI é detentora da marca e criadora do segmento. “Hoje a HI certifica os estabelecimentos dela, que certifica a qualidade, então o intuito é que quem queira ser certificado como hostel, tenha um padrão mínimo, como tem um hotel tradicional”.

Albergue ou Hostel? Antigamente no Brasil, era muito comum as pessoas confundirem os hostels como um meio de hospedagem de baixa qualidade. De acordo com Ramis, a nomenclatura “hostel” passou a ser adotada há pouco tempo no País, pois o nome Albergue da Juventude era compreendido de maneira pejorativa pelo público. Segundo ele, a palavra albergue era associada a um meio de hospedagem para desabrigados e o termo da juventude fazia com que as pessoas se sentissem excluídas. “Por conta disso começamos a mudar a nomenclatura desses meios de hospedagem. Nossos estabelecimentos são empreendimentos turísticos frequentados por jovens de todas as idades. A palavra hostel vem de hospedaria, onde qualquer um pode usar. Quando a HI surgiu era Hi Hostel. Na época da troca de nomes tinha uma novela da TV Globo chamada “Paraíso Tropical”, e conseguimos uma parceria, onde a personagem tinha um hostel da HI. Foi bem nessa época que estávamos promovendo a troca de nomes. Começamos

Trícia Neves – “Hostels são originais, costumam ter personalidade na decoração, no atendimento e, ainda, proporcionam maior interação entre os hóspedes”

a explicar o que era hostel e ficou o nome, já que somos americanizados. Foi uma mudança de termo para tirar um pouco o preconceito. Quem ainda tem, é porque não conhece um hostel. Toda novela e seriado tem hostel. A pessoa não tem conceito de viagem, e surpreendentemente temos tido uma demanda de pessoas mais velhas que tem descoberto essa opção. Nosso maior público é de 25 a 35 anos mas em seguida, de 35 a 50 anos. Muitos hostels já são adaptados para portadores de necessidades especiais e com acessibilidade para idosos”.

Segurança Um dos principais pontos que os hostels devem se atentar é com relação a segurança dos hóspedes e seus perten-

Ramis Bedran – “Os hostels são um estilo de vida”

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O BH Boutique Hostel, localizado em Belo Horizonte (MG), foi instalado em um edifício histórico dos anos 30

ces, afinal, muitos viajantes optam pelos conhecidos quartos compartilhados que esses empreendimentos oferecem. O Ministério do Turismo divulgou recentemente algumas dicas para os viajantes que se hospedarão em hostels pela primeira vez, como levar cadeados para os armários do quartom, malas e mochilas. O ministério também deu outras dicas aos futuros viajantes como a opção de escolher entre quartos compartilhados femininos, masculinos e mistos. De acordo com o MTur, se a ideia é ter mais privacidade, prefira os que oferecem quartos individuais e para casais. Na visão de Trícia Neves, com relação a segurança, os hostels possuem os mesmos gargalos que qualquer outro meio de hospedagem. “É preciso ter um ambiente seguro para que os hóspedes guardem seus pertences. Os outros desafios de segurança são os que todos os meios de hospedagem têm. Os novos consumidores buscam por autenticidade, personalidade no conceito e na forma de receber e valorizam a conexão com outras pessoas e interação que esses locais proporcionam . O hostel é ambiente pronto para isto”, pontuou. De acordo com Ramis. A Hostelling International possui seis premissas, sendo receptivo, segurança, limpeza, conforto, privacidade, preservação do meio ambiente. “A segurança é um dos nossos Standards e ela vai muito além das questões dos roubos. O hostel tem que ter um alvará de funcionamento, apresentar projetos de abertura, elétrico, projeto de bom-

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beiro, questão de evacuação, extintor de incêndio, questão de segurança interna dos hóspedes, escadas; instalações elétricas, chuveiros. Todos os hóspedes possuem normas internas de convivência, então é um dos nossos standards e ficamos atentos a isso. Não só na questão de roubos, mas na segurança do hóspede dentro do nosso estabelecimento enquanto ele estiver viajando”. A HI Hostel Brasil deverá lançar em janeiro de 2016 em parceria com a Porto Seguro, uma carteira do alberguista mundial assegurada, que contará com seguro viajante básico.

Certificação HI Para os meios de hospedagem que pretendem fazer parte da Hotelling International, existem algumas premissas que devem ser cumpridas, como as seis já mencionadas: receptivo, segurança, limpeza, conforto, privacidade e preservação do meio ambiente. De acordo com Ramis, existe também um manual de abertura, o qual norteia os proprietários com todos os procedimentos para a construção de um hostel da HI, desde o tamanho ideal dos quartos, necessidade de colchões, tamanho da beliche, tamanho do armário, número de banheiros por leito, entre outros. O processo de cadastramento do hostel se dá pela assinatura de um termo de intenção, onde o proprietário recebe este manual e constrói ou adapta o seu estabelecimento em cima das normas prevista no mesmo. Após

todo esse procedimento, o empreendimento é vistoriado pelo controle de qualidade da HI e se estiver tudo correto, o empreendimento é contemplado com um aval para seu funcionamento dentro da rede HI. “Dando positivo, ele passa a fazer parte dos 4.500 estabelecimentos da Hi, espalhados pelos 5 continentes no mundo e os mais de 90 hostels aqui no Brasil”. A entidade também possui um certificado de excelência conhecido como HI-Q, que é como se fosse um ISO de qualidade. “Nesse manual existe alguns procedimentos para a recepção: como é feito um check in, como é dado um atendimento, como é feito o check out, como é o recebimento de um hóspede, como é explicado as normas; o manual de procedimento de A&B: como são cortadas as frutas, como é colocada a mesa, a disposição da mesa do café, como são preparados os sucos, quais são os integrantes do café; além de você padronizar, se você tem uma troca de staff, as pessoas que entram têm um norteador, contendo todos estes procedimentos. Então é um manual de procedimentos básicos, e check list diário. E em cima disto você consegue tabular se seu hostel melhorou, pesquisas também, diárias com os hospedes, que dão feedback, dicas, sugestões, elogios; tudo isso é importante. No Brasil são apenas 12 os empreendimentos certificados e 13 em processo de certificação. Cama todo mundo vende, uma boa cama, com um bom colchão, uma boa roupa de cama, um bom café da manhã, um ambiente limpo, é o que a gente busca nos hostels da HI. Os proprietários devem abrir a cabeça e saber que eles têm que ter qualidade, tem que trabalhar com qualidade porque isso gera clientes, isso mantem o local no topo”. Além de toda a preocupação que os hostels possuem em manter a qualidade dos serviços prestados aos clientes, ainda existe a concorrência com a plataforma de aluguel de apartamentos Airbnb. Na visão de Ramis, tanto os hostels


como as unidades ofertadas pelo site acabam sendo co-irmãs, pois acabam oferecendo uma experiência diferenciada. Porém, na questão financeira não é bem assim. “Eu tenho um hostel em Jericoacoara (CE), pago muitos impostos, meus funcionários são todos aqui da região, eu só compro frutas aqui da região, eu tenho política de redução do uso de água, então eu tenho várias coisas para poder funcionar como meio de hospedagem. Se tiver um tipo de certificação, pagamento, de algo assim para os quartos e imóveis ofertados pelo Airbnb, legal! Mais um meio de hospedagem. Mas se for pra ficar algo assim, da forma em que está, eu vejo como algo negativo, mas sempre vendo esses dois lados. Mas a gente sempre vê com bons olhos os concorrentes, o estilo do viajante, um estilo mais despojado, que entregue novas experiências. Mas que não prejudique ninguém no mercado; se a pessoa está arrecadando com esse tipo de serviço, que ela contribua para o turismo em geral, já que ela está nesta fatia do mercado”.

Os dez melhores do Brasil Recentemente, a rede HI Hostel Brasil elegeu os dez melhores hostels do Brasil em 2015. Os estabelecimentos foram escolhidos com base nas avaliações realizadas pelos turistas brasileiros e estrangeiros que se hospedaram nos estabelecimentos da rede entre os meses de setembro de 2014 e setembro de 2015. Dentre os principais quesitos avaliados estiveram: serviço, limpeza do estabelecimento e localização. Confira como ficou o ranking: 1° lugar Barra da Lagoa Hostel, localizado em Florianópolis (SC); 2º Paudimar Hostel, em Foz do Iguaçu (PR); 3º Arrecifes Hostel, Recife (PE); 4º Laranjeiras Hostel, Salvador (BA); 5º Porto Alegre Hostel Boutique, Porto Alegre (RS); 6º Reggae Hostel, Morro de São Paulo (BA); 7º Rio Rockers Hostel; Rio de Janeiro (RJ); 8º Jeri Brasil Hostel, Jericoacoara (CE); 9º Belo Horizonte Hostel, Belo Horizonte (MG); e 10º Okupe Hostel, São Paulo (SP).

O Hello Hostel já recebeu viajantes de 40 países diferentes

Edificação histórica Concebido em uma edificação histórica estilo art déco dos anos 30, no bairro Santo Agostinho, na capital mineira, o BH Boutique Hostel oferece aos hóspedes um serviço diferenciado e com o conceito boutique. Para receber essa construção, o prédio passou por uma reforma que durou quatro anos e agora disponibiliza aos hóspedes um ambiente espaçoso com elevador, espaço de convivência com TV LED 50´, bilhar, bar, computadores à disposição dos hóspedes, cozinha de hóspedes e terraço, 39 quartos, sendo 14 suítes, tudo isso em uma área de 2.500 m². De acordo com a proprietária do empreendimento e também presidente da ABIH/MG – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais, Patrícia Coutinho, dentre os diferenciais do hostel estão nas beliches, que são de madeira de demolição, assim como os colchões que são os mesmos usados em um hotel e wi-fi e café da manhã inclusos na diária. Segundo ela, apesar da superoferta hoteleira em Belo Horizonte e da crise macroeconômica a qual o Brasil tem enfrentado, a média de ocupação do empreendimento, que inaugurou durante a Copa do Mundo de 2014, ainda está aquém do desejado na idealização do projeto. “Acreditamos muito no sucesso do mesmo pelo feed back que temos dos que aqui se hospedam. Além disso temos duas coisas que todos gostam: qualidade, preço e localização. Estamos em uma região central próxima ao Mercado Central, Minascentro, shopping,

hospitais, igrejas... até o bairro de Lourdes é passível de ir a pé. Apesar de BH ser uma cidade de turismo de negócios, o nosso maior movimento ocorre aos fins de semana, o turismo de lazer vem nos surpreendendo positivamente e vem se firmando como perfil do nosso hóspede”, afirmou. Dentre os diferenciais do empreendimento estão a acessibilidade com quartos adaptados para cadeirantes, quartos para família, quartos com varanda e os quartos compartilhados com até três beliches cada e banheiro, assim como televisão a cabo. “No geral, hostel recebe um público composto por 40% de estrangeiros e 60% de brasileiros. Os brasileiros estão “aprendendo” a utilizar este novo tipo de hospedagem, é realmente uma questão cultural que está sendo vencida e desmitificada no Brasil. Até em razão da nova safra de hostels, que contam com uma qualidade muito melhor em todos os aspectos, e que entraram no Brasil mirando os grandes eventos esportivos. De forma geral, quando um brasileiro viaja ele prioriza essencialmente o bem estar e conforto do local onde ele vai se hospedar. Muitas vezes o foco é o local onde ele vai se hospedar e não o destino. Já o estrangeiro não. O estrangeiro busca a experiência que o destino pode proporcionar. Ele busca gastar seu dinheiro conhecendo as atrações turísticas do local, em passeios, sua bebida favorita ou programas noturnos. Em um hotel talvez o hóspede se sinta sozinho, deslocado, essa é a grande diferença. É uma nova forma de pensar em hospedagem, pra mim é um conceito novo no Brasil”, afirmou.

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Recepção irreverente do Hostel7 Brasília, na capital federal

Com relação à segurança dos hóspedes, Patrícia afirma que o empreendimento nunca registrou nenhum episódio. “Quem se hospeda nos quartos compartilhados tem uma chave e um “locker” para guardar suas coisas. Inclusive, se o hóspede precisa deixar carregando seu celular ou computador há espaço no locker para o cabeamento chegar até as tomadas”. O hostel conta com uma equipe de nove pessoas nos dias normais, mas quando realizam algum evento gastronômico ou festas internas, eles contratam empresas terceirizadas. Atualmente eles tem realizado muitos eventos no roof top (terraço), o que, de acordo com Patricia Coutinho, tem sido uma nova tendência que está funcionando muito bem.

Decoração despojada Com arquitetura moderna e contemporânea, o Hello Hostel está em operação a pouco mais de um ano e é considerado o primeiro da cidade de Pelotas (RS). O empreendimento foi caracterizado como hostel design, onde suas dependências contam com decoração diferenciada e iluminação indireta, e foi desenvolvido visando atender a uma demanda de público que não vinha sendo atendida na cidade gaúcha. Ao todo são seis quartos, sendo três de uso compartilhado e os outros três de uso privado, todos com beliches feitos sob medida, bom espaçamento entre camas, lockers (armários) individuais embaixo de cada beliche, persianas black-out,

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ar-condicionado Split quente/frio e colchões em espuma densidade 33. Os quartos privados possuem o diferencial de poderem ser configurados de acordo com a necessidade do hóspede, com camas box com colchões densidade 45. As roupas de cama do hostel são todas em 180 fios, padrão hotelaria, além de coberdrons da Serra Gaúcha (um tipo especial de coberta que mixa cobertor com edredom), que se mostra bastante eficiente para nosso inverno e bastante elogiado pelos clientes. De acordo com o proprietário do empreendimento Saviani Nunes, pelo empreendimento estar em operação há pouco mais de um ano a taxa de ocupação do Hello Hostel vem crescido gradativamente, onde atualmente a ocupação média varia entre 30% e 40%. “Em Pelotas por ser uma cidade universitária tem uma busca bem uniforme, mas no verão somado ao fluxo de turistas entre Brasil e Uruguay nosso volume de clientes aumenta. Em nosso tempo de funcionamento já hospedamos pessoas de 40 países, com clientes de países bem atípicos como República Tcheca, Ucrânia e Coréia do Norte. Podemos afirmar que temos como público principal brasileiros que formam 85% dos nossos clientes”, afirmou. O empreendimento oferece aos viajantes recepção 24 horas, armários individuais para todas as camas dos quartos coletivos. De acordo com Nunes, o empreendimento pretende instalar câmeras de segurança em todos os ambientes compartilhados

como medida preventiva. “Durante a construção realizada em 2014 buscamos utilizar o que há de mais moderno em tecnologia de construção e acabamento, para que tivéssemos ambientes eficientes e de baixa manutenção. Mantemos também um trabalho constante de evolução da nossa decoração, sempre buscando manter nossa proposta de gerar uma experiência única aos nossos clientes. Atualmente contamos com uma equipe de seis recepcionistas e mais dois parceiros terceirizados”.

Na rota dos mochileiros Com o objetivo de colocar Brasília na rota dos mochileiros e viajantes em geral, foi inaugurado o Hostel7 Brasília, empreendimento localizado na Asa Norte, e que possui decoração que remete aos anos 60, época em que a capital federal foi inaugurada e quartos que homenageiam grandes personalidades que contribuíram na construção da cidade como o arquiteto Oscar Niemeyer, o artista plástico Athos Bulcão, o urbanista Lúcio Costa e o paisagista Burle Marx. O empreendimento possui um total de 38 leitos, em uma estrutura composta por áreas compartilhadas, cozinha com geladeira de uso coletivo, biblioteca, computadores de livre acesso à internet wi-fi, lockers individuais nos quartos, bicicletas para aluguel, sistema de segurança com câmeras de vigilância e fechaduras eletrônicas nas portas dos quartos, recepção 24 horas, tv a cabo, entre outros. De acordo com um dos diretores do empreendimento, “queríamos colocar Brasília na rota dos mochileiros, viajantes em geral, além de propiciar uma hospedagem com custos menores, foi daí que surgiu o Hostel7 Brasília. Quando tivemos a oportunidade levamos criamos o Hostel7 Goiânia, mesmo porque dois sócios são goianienses”, afirmou.


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Tecnologia como aliada do hotel

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Divulgação Savioke

Em alguns hotéis do exterior a tecnologia está sempre em primeiro lugar, onde até as entregas de room service são feitas por robôs mensageiros

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A tecnologia tem simplificado muito os processos burocráticos nos hotéis e tornando a rotina dos profissionais que trabalham nesse meio muito mais produtiva

A

o decidir fazer a reserva num hotel, o hóspede leva em consideração que sua estada deve ter o conforto e comodidade no mínimo igual ao de sua residência, mas a expectativa é ser surpreendido com uma nova expe-

riência. Um bom colchão e chuveiro hoje em dia já não é mais diferencial para atrair o hóspede, mas sim os serviços diferenciados. E tecnologia é um fator muito importante para agregar conforto e comodidade e ela está presente em todos os lugares: check-in re-

Trícia Neves – “A tecnologia é uma ótima solução, mas isolada ela não resolve nada. O hotel precisa de bons gestores e de funcionários capacitados que entreguem aquilo que a tecnologia não faz”

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alizado através de aparelhos celulares para evitar filas na recepção, aberturas das portas dos apartamentos com a aproximação do celular, assim como a solicitação de serviços utilizando aplicativos em equipamentos mobile, ou mesmo controlar o ar condicionado, o som ambiente, os canais de TV e check-out, entre outras facilidades. O hotel que não acompanhar a evolução tecnológica para oferecer serviços diferenciados aos hóspedes, estará em rota de colisão com a modernidade e deixará de ser competitivo no mercado. De acordo com a Sócia Diretora da consultoria Mapie, Trícia Neves, a tecnologia hoje é cada vez mais acessível e oferece soluções para todos os tamanhos de empreendimentos. “Embora no Brasil a velocidade da hotelaria para investir em soluções é um pouco mais lenta que outras áreas, temos visto investimentos interessantes. O cliente está acostumado com um mundo onde é possível resolver muitas coisas no poder de um clique e, por isto, já não tem a mesma tolerância para processos demorados ou burocráticos. É importante investir em soluções que facilitem a vida do cliente”. Na visão da executiva, com a abundância de informações que circulam hoje por meios digitais como aplicativos para dispositivos móveis, sites, entre outros, é essencial que os empreendimentos se preocupem com a segurança dos dados dos clientes. “Este é um importante alerta aos hoteleiros, que possuem diversas informações pessoais dos seus clientes e que devem garantir a máxima segurança e sigilo destes dados. Acredito que o hóspede abre mão de se hospedar em hotéis que não propiciem uma boa experiência. A tecnologia é uma solução para muitas coisas, mas isolada ela não resolve nada. A tecnologia precisa de inteligência por trás, precisa de bons gestores que saibam aplicá-la corretamente e de funcionários capacitados que entreguem aquilo que a tecnologia não faz. Acredito que quanto mais automatizarmos processos burocráticos, mais tempo nossas equipes terão para encantar os clientes”, frisou.


Júlio Gavinho – “Hoje você pode entrar e sair em um hotel nosso exclusivamente utilizando recursos móveis”

Robô Mensageiro Já imaginou solicitar um prato no room service e ao recebê-lo, ele ser entregue por um simpático robô de um metro de altura? Alguns hotéis da rede Crowne Plaza e Alof localizados fora do Brasil já disponibilizam mensageiros-robôs que realizam entregas nos apartamentos de maneira rápida e irreverente. O Dash, nome dado ao robô, foi desenvolvido pela empresa especializada em robótica Savioke. Ele está em período de teste no Crowne Plaza Milpitas, localizado na Califórnia. Com o objetivo de incrementar a experiência com os clientes, o dispositivo realiza de maneira rápida a entrega de lanches, escovas de dente e outras amenidades. O robô foi projetado para ‘andar’ no mesmo ritmo dos passos humanos e de maneira autônoma pelo hotel, pois foi programado para acessar todos os andares do empreendimento,

onde ele consegue chamar o elevador por conta de uma conexão wifi especial para essa atividade. Ao fazer sua entrega, o robô retorna à recepção do hotel, onde fica em uma estação de carregamento a espera da próxima solicitação.

Tecnologia em prol da hospitalidade Com o foco em oferecer um modelo de hospedagem para a nova geração de brasileiros, a rede hoteleira doispontozero hotéis criou a bandeira Zii Hotel, a qual tem como objetivo oferecer serviços hoteleiros de maneira ágil e eficaz. Quando o assunto é tecnologia, a rede não desaponta e dispõe de diversas soluções que tem agradado os hóspedes. De acordo com o diretor geral da rede, Júlio Gavinho, a bandeira Zii foi desenvolvida após algumas pesquisas apontarem a necessidade de um empreendimento hoteleiro que possuísse

soluções tecnológicas para um público diferenciado e que representasse a evolução da hotelaria com padrões e serviços internacionais, aliados a tecnologia. Atualmente a rede possui total integração entre o ambiente de trabalho e o sistema de gerenciamento do hotel através de um aplicativo móvel desenvolvido especialmente para a marca. “A tecnologia tem total importância para nós. Por mais que a gente tenha elementos de tecnologia, por mais que ofereça possibilidades para o nosso cliente, nada substituirá o fator humano, isso depende exclusivamente de pessoas, nós precisamos ser hospitaleiros, mas essa hospitalidade passa inclusive pelo respeito ao tempo do nosso cliente, evitando filas na entrada ou na saída do hotel e telefonemas para reserva, cancelamento. No Zii tudo é feito online e de maneira integrada. O conceito da empresa foi desenvolvido para a nova geração de

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executivos que estão entrando no mercado hoje. Desenvolvemos o produto para essa geração e temos tido boa receptividade dos hóspedes tradicionais que estão deixando a hotelaria tradicional – e optando por uma proposta nova de conectividade, uma proposta nova de café da manhã, sustentabilidade. As pessoas estão em busca de uma lufada de ar fresco e tem sido muito receptivas à nossa nova geração de hotéis”. Através do aplicativo da bandeira o hóspede consegue efetuar sua reserva, fazer o check-in e check-out em poucos minutos, tudo de maneira simples e rápida. No hotel, o cliente não precisa ficar na fila do check-out, pois ele recebe em seu e-mail uma cópia da fatura já realizada no cartão de crédito que ele registrou, além da nota fiscal. Na visão de Gavinho, essas ações tornam a experiência do cliente muito mais agradável. “Hoje você pode entrar e sair em um hotel nosso exclusivamente utilizando recursos móveis. No nosso app você consulta a disponibilidade de reserva, faz reservas, faz check-in, tem acesso a informações da cidade e faz checkout sem falar com nenhuma pessoa se não considerar necessário, embora tenhamos todo o nosso corpo de atendimento à disposição”. Para ele, as facilidades que a tecnologia proporciona aos hoteleiros jamais irão substituir o fator humano,

pois a hotelaria faz parte do setor de serviços, e que a necessidade de interação entre as pessoas é sempre ideal. “Estamos no setor de serviços que precisa ser prestado por alguém e não por alguma coisa, precisa necessariamente do fator humano, não tem jeito. Você tem totens no mundo inteiro e aeroportos, e as pessoas ainda vão no balcão. Há uma necessidade de interação e para isso precisamos das pessoas”.

Dispositivos inteligentes O IHG – InterContinental Hotel Group, rede com diversos hotéis espalhados no Brasil e no mundo, implantou recentemente uma série de facilidades tecnológicas em seus hotéis com a intenção de facilitar e flexibilizar a administração da estadia dos hóspedes em seus hotéis. Dentre as soluções mais relevantes estão o Mobile Check In and Check Out (check in e check out móvel), o Mobile Folio e o IHG Translator App for Apple Watch. No programa de Check-in e check out anywhere, o hóspede tem a liberdade de administrar toda sua estadia através de seu smartphone ou tablet, incluindo confirmação do horário de chegada e notificação por SMS quando o quarto estiver pronto. Esse programa vem sendo implantado em todos os empreendimentos da rede a nível global. O IHG Translator App for Apple Watch facilita a estadia do cliente em

qualquer lugar no mundo. Ao falar diretamente ao relógio, ou ao selecionar uma frase comum entre uma variedade de frases pré-carregadas, o aplicativo traduz o que o cliente pretende do inglês para 13 idiomas diferentes. De acordo com o Diretor de tecnologia da rede IHG para o México e América Latina para o IHG, José Pinto, é importante investir em soluções tecnológicas que facilitem a estadia do cliente durante sua hospedagem. “A importância se dá principalmente em ter um serviço personalizado para o hóspede. Queremos que eles sintamse como se estivessem em sua casa. Pensamos em ter o hóspede fazendo uso do hotel sem ter que passar no front desk. Além disso, a tecnologia influencia na otimização do tempo tanto para o estabelecimento quanto para o cliente. Podemos ressaltar que, com as facilidades, o funcionário terá mais tempo para o cliente, mantendo o conceito de atendimento mais personalizado. Com as novas tecnologias, ele terá seu tempo utilizado de modo mais efetivo para o atendimento e soluções de serviços para os hóspedes”. Dentre as novas soluções que a rede está implantando está o aplicativo com a tecnologia Cisco Meraki, onde atualmente 200 hotéis nos Estados Unidos utilizam dessa tecnologia e o início da implantação na América Latina e México começa a partir desse

A rede IHG – InterContinental Hotels Group tem investido em diversas tecnologias como o aplicativo de tradução para Apple Watch

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ano. Essa tecnologia é a mesma que a do wi-fi, que mantém todo sistema do hotel em nuvem. De acordo com o executivo, dessa maneira será muito mais eficiente o controle da qualidade dos serviços entregues, podendo monitorar e promover melhorias na conectividade dos hóspedes.

Web check-in Uma das atividades que tomam maior tempo do hóspede ao chegar em um hotel é o check-in. Pensando em agilizar o ingresso dos hóspedes durante sua chegada, a rede Bourbon Hotéis & Resorts, lançou recentemente a ferramenta de web check-in para os 14 estabelecimentos localizados no Brasil, Argentina e Paraguai. O hóspede pode acessar a ferramenta através de um link recebido por e-mail juntamente com o voucher de confirmação de reserva. Através desse link, o hóspede preenche todos os seus dados de maneira antecipada, fazendo com que ele somente apresente seus documentos pessoais no momento do check-in. De acordo com o diretor de TI da rede, Tiago Dutra, “O projeto visa oferecer mais uma conveniência para nosso hóspede, que pode agilizar seu processo de entrada nos hotéis e resorts da Rede após seus deslocamentos, bem como melhorar o atendimento aos clientes, já que a equipe de recepção consegue atendê-los mais rapidamente e já partindo da premissa de que todos os dados dos hóspedes estão no sistema, facilitando o trabalho”, afirma.

capaz de atender e prestar informações aos hóspedes do hotel em vários idiomas via telefone, de maneira que a comunicação entre hotel e cliente fica muito mais personalizada e de baixo custo. O Concierge Eletrônico conta com um mecanismo de atendimento automático que permite a escolha do idioma no momento em que o hóspede solicita uma informação via telefone. Através desse sistema, é possível atender duas chamadas ao mesmo tempo e já no idioma do hóspede, solução que acaba reduzindo a necessidade de novos colaboradores e liberando os funcionários para outras atividades. Dentre as principais ações possíveis no sistema, estão: Auxiliar o hóspede com informações sobre o horário de funcionamento do restaurante; Disponibilizar dicas sobre o

cardápio; Informar regras e taxas de câmbio; Fornecer informações sobre atrações turísticas; Prestar informações úteis sobre hospitais, polícia, farmácia, táxi, entre outras coisas. Além do Concierge Eletrônico, a empresa possui a solução de Guest Center, onde é possível conectar toda a telefonia do hotel ao sistema de gestão (PMS), permitindo o otimização de diversas atividades de rotina do hotel e uma melhor gestão dos custos de telefonia. Através dessa ferramenta, o gestor realiza diversas ações como: Despertador automático. Serviço executado via telefone com relatório; Lançamento de consumo de mini-bar através do ramal do apartamento; Alteração imediata do estado do quarto através do ramal. Por exemplo: Sujo, em limpeza, limpo, dispo-

Redução de custos Existem no mercado brasileiro várias empresas que oferecem soluções tecnológicas para agregar valor aos serviços prestados pelos hotéis. A Leucotron além de possuir várias opções de centrais PABX, serviços para atendimento a clientes, e soluções avançadas em telefonia, disponibiliza para o mercado hoteleiro ferramentas com alta tecnologia, e uma delas é o Concierge Eletrônico. Esse sistema é

Tiago Dutra – “O web check-in facilita o trabalho da equipe de recepção, fazendo com que o hóspede seja atendido com mais agilidade”

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nível, entre outros; Lançamento de ligações feitas pelo hóspede em sua fatura; Controle de uso do telefone com desbloqueio e bloqueio automático do ramal no check-in e check-out; Correio de Voz no idioma do hóspede (Consulte idiomas disponíveis); Identificação de chamadas com apartamento, nome e idioma do hóspede; além de otimizar o trabalho dos colaboradores do hotel, pois através dessa ferramenta é reduzido o tempo de espera do hóspede durante o check-in e check-out. Na opinião do Diretor da empresa Zoox, Rafael Albuquerque, a tecnologia é uma ferramenta imprescindível para os hoteleiros reduzirem o custo operacional e oferecer serviços com mais comodidade aos hóspedes. “Participamos anualmente da HiTec, o maior evento de tecnologia hoteleira do mundo e percebemos que o evento aumenta a cada ano. Esse movimento é dado pela grande

O Smart CheckIn da Zoox permite que o hóspede faça o Check-In via web, de qualquer dispositivo, integrado ao PMS

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demanda que o setor hoteleiro necessita para preencher algumas lacunas que a tecnologia consegue resolver rapidamente e reduz o custo operacional, utilizando tecnologias inovadoras. Hoje os hóspedes estão cada vez mais conectados, querem mais facilidades mas com o seu próprio controle, na palma da sua mão”, destaca Albuquerque. Pensando nessas facilidades, a Zoox possui algumas ferramentas que ajudam desde o CheckIn, com o produto Smart CheckIn no qual permite que o hóspede faça o Check-In via web, de qualquer dispositivo, integrado ao PMS, sem necessidade de preencher a FNRH no balcão do Hotel. Em breve a empresa lançará o aplicativo MyHotel, que permitirá que o hóspede veja suas reservas, preencha a FNRH — Ficha Nacional de Registro de Hóspede e abra a porta do quarto com o celular, integrado as fechaduras eletrônicas. Para facilitar a operação hoteleira, a Zoox possui o MaGoo, uma solução que centraliza toda a operação de governança e manutenção em um único aplicativo, reduzindo o tempo de arrumação em mais de 25%. Já o GuestControl, permite que o hóspede utilizando seu próprio dispositivo dentro do Hotel, conecte a rede WiFi e além de ter acesso a internet, consegue acessar o extrato da conta, roomservice online, filmes, pesquisa de satisfação, concierge e diversos outros serviços, totalmente integrado aos principais PMS do mercado. Outro tradicional fornecedor da hotelaria nacional que em breve estará lançando um produto para facilitar a operação dos hotéis, é a Desbravador. “O produto deverá unir as funcionalidades do Desbravador Light com a praticidade da web, tendo como foco os hotéis de pequeno e médio porte. Esta solução está sendo desenvolvido em linguagem de programação JavaTM, com acesso 100% web. Com um design moderno e funcional, busca

facilitar o processo de gerência hoteleira, permitindo a realização das atividades não apenas nas estações de trabalho, mas também dispositivos móveis, como notebooks, smartphones e tablets”, assegura o Diretor geral da empresa, Marcelo Pompeo.

Acesso tecnológico O smartphone tornou-se uma parte central de nossas vidas, e os hóspedes do hotel esperam cada vez mais dispositivos móveis inteligentes para ser a base de suas experiências de viagem. Estudos internacionais demostram, por exemplo, que mais de 70% dos hóspedes do hotel preferem usar seus celulares para check-in e acessar com segurança seus quartos de hotel. Esta tendência está a aumentar, com a geração mais jovem a tornar-se milenar uma parcela ainda maior da população global de viagens. E de olho nesta tecnologia que já é uma realidade no exterior, a Assa Abloy traz agora para a hotelaria nacional esta solução de acesso móvel. O celular se interage com as fechaduras de tecnologia de rádio frequência (RFID) VingCard através da tecnologia BLE — Bluetooth Low Energy. Esta solução agrega grande valor à experiência do hóspede, removendo filas para check-in e codificação de cartão-chave. Ele também tem o potencial de aumentar a rentabilidade global da sua propriedade, agregando valor e relevância para estratégias baseadas em aplicativos e de comunicação móvel do seu hotel. Esta tecnologia desenvolvida pela Assa Abloy oferece soluções de acesso móvel abrangente, incluindo aplicativos compatíveis com a mais ampla gama de smartphones com sistema iOS e Android baseados e dispositivos inteligentes. Além disso, a plataforma de solução inclui gerenciamento de chaves móvel altamente confiável e seguro e serviços Trusted Service Manager com garantias de desempenho.


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