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Educação especial
no ensino regular, Heros divide o mesmo espaço com os colegas de turma e conta com o acompanhamento de Eliane Eleoterio de oliveira, auxiliar monitora
Volta às aulas: como funciona o atendimento para os alunos da Educação Especial?
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Além do acompanhamento no ensino não presencial, o retorno dos estudantes conta com o monitoramento de professor de sala de aula, auxiliar monitora e profissional do Atendimento Educacional Especializado (AEE)
Renata Bomfim
Paramentada com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), Eliane Eleoterio de Oliveira separa o avental, luva, protetor facial e máscara para receber o único aluno que atende na Escola Municipal Nelson de Miranda Coutinho, depois de oito meses sem o contato presencial. Heros Kauã Lorena Reitz, 10, foi diagnosticado com paralisia cerebral logo após os três primeiros meses de vida. Na unidade desde o terceiro ano, o aluno conta com o acompanhamento de uma auxiliar monitora, Atendimento Educacional Especializado (AEE), além de cursar o quinto ano do Ensino Fundamental na turma de ensino regular.
Eu estava com medo de trazê-los à escola, mas eles queriam vir, principalmente o Heros, porque ele fica só dentro de casa, a escola é a única distração dele.” Dhulhane Faria de Lorena, mãe de Heros
Heros desenvolve propostas e atividades adaptadas e de acordo com o conteúdo da turma em que acompanha no ensino regular
Por vontade própria e autorizado pela mãe Dhulhane Faria de Lorena, Heros voltou para o atendimento presencial com encontro uma vez na semana e duração de duas horas. Distante dos colegas e próximo a entrada da sala, com passagem livre do ar, o aluno desenvolve atividades de matemática com reconhecimento dos números. “Eu estava com medo de trazê-los à escola, mas eles queriam vir, principalmente o Heros, porque ele fica só dentro de casa, a escola é a única distração dele”, conta Dhulhane que também tem outro filho matriculado na unidade.
Com conteúdos adaptados de acordo com a necessidade de Heros, Paula Leonela Lanser é professora de Língua Portuguesa e acompanha o desenvolvimento do aluno desde o ano passado. Atenta aos interesses e gostos do estudante, as atividades propostas buscam envolver o conhecimento que ele já tem para aprimoramento das habilidades e coordenação. “Eu avalio o que ele faz no dia a dia comigo, o desenvolvimento e evolução dele”, comenta a professora.
Ainda no zona Sul de Joinville, a Escola Municipal João de Oliveira também atende alunos na Educação Especial e que passam pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Professora responsável pelo trabalho na unidade, Indianara Schavetock Oligini Viana atende cerca de 15 alunos e acompanha os módulos postados pelos professores na plataforma Educa Joinville para ajudar na adaptação das atividades de acordo com a necessidade de cada estudante. No retorno do atendimento presencial, ela diz que a sala do AEE acompanha onde o aluno está, como é o caso de Livia Izabelly Furlaneto que voltou para a unidade. Com múltiplas deficiências, a estudante do nono ano está prestes a fechar o ciclo de Ensino Fundamental.
Eu achei que não é o momento de isolar na sala, essa parte de vir à escola e ver os amigos, para a Livia mesmo, é o diferencial. Aqui ela rende, porque tem o estímulo de ver o colega do lado fazendo.” indianara Schavetock oligini Viana, professora da aEE
“Eu achei que não é o momento de isolar na sala, essa parte de vir à escola e ver os amigos, para a Livia mesmo, é o diferencial. Aqui ela rende, porque tem o estímulo de ver o colega do lado fazendo”, comenta a professora. Com a busca de material impresso na unidade e tempo estendido para a produção dos módulos, Indianara é quem está em contato direto com Livia, mesmo no ensino remoto. Com o retorno à escola, ela consegue observar melhorias no desenvolvimento da aluna. “A memória dela fica ativa e a coordenação também”, comenta.
Paramentada para atender os alunos, Indianara entende que o papel do Atendimento Educacional Especializado é ser os olhos da Educação Especial dentro da escola. “É um olhar diferenciado. A gente não foca na evolução, a gente conta a participação, com o envolvimento. Não tem que só aprender, mas na convivência, estar aqui, nas atividades de vida diária (ADV), como ela está se virando como pessoa, sozinha”, conta a professora.
Coordenadora do Núcleo de Educação Especial, Josiani Souza conta que o setor tem fornecido formações e suportes necessários para toda a comunidade escolar e responsáveis para garantir o direito de acesso ao conhecimento e dar continuidade na educação de todas as crianças. Com quatro formas de atender os alunos da Educação Especial, seja pela plataforma, entrega de material impresso, oferta de aula síncrona e, agora, com o atendimento presencial, o núcleo faz toda a cobertura dos mais de 3600 alunos com deficiência que são atendidos pela rede municipal de ensino de Joinville. “Nós temos planilhas de controle, acompanhamento e monitoramento se os nossos alunos público-alvo da Educação Especial estão ou não realizando as atividades. Se não estão, a gente entra em contato com a escola, com a família, para ver as possibilidades de dar a essa criança o acesso ao seu direito ao conhecimento e dar continuidade a sua escolarização.”